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Capítulo 6

Análise funcional: o comportamento do


cliente como foco da análise funcional
MalyPcIitti
IX/C/ST

O modelo clínico da Terapia Comportamental baseia-se na proposta do


Òehaviorismo, que preconiza o conhecimento empírico e os dados obtidos em laboratório
como substrato indispensável para a compreensão do homem e conseqüente utilização
na análise do comportamento humano.
No que diz respeito á aplicação deste campo do conhecimento na prática clínica
existem uma série de questões que podem ser apontadas, principalmente no que diz
respeito à objetividade e acurácia do processo terapêutico.
Kanfer (1989) questiona o método científico como um Instrumento infalível para
a obtenção de dados e discute a possibilidade ou não de uma relação direta entre os
eventos de pesquisa e a sua aplicação na prática clínica.
Esse autor aponta alguns aspectos interessantes entre o clínico e o pesquisador,
afirmando que Hos sistemas conceituais científicos e a prática da psicoterapia não podem
ser idênticos". É feita uma análise de alguns dados, objetivos, critério de sucesso, tamanho
da unidade de análise, etc., que poderiam levar a um distanciamento entre as duas
áreas de atividade. No entanto, Kanfer (1989) propõe que uma série de cuidados sejam

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tomados com o objetivo de garantir que o conhecimento científico seja efetivamente
utilizado na prática clínica. A formulação adequada e objetiva do problema segundo uma
linguagem científica, a busca constante de tecnologia derivada do laboratório e a
monitoração objetiva dos resultados são alguns dos passos propostos pelo autor.
Com a mesma preocupação quanto à questão da distância entre o laboratório e
a psicoterapia, Kerbauy (1996) coloca que:

"A interpretação de um fenômeno, fora do laboratório, mas usando princípios


descobertos, faz parte da construção e aplicabilidade da ciência. Em clinica,
estamos interessados em investigar a história passada e os comportamentos da
vida diária e explicá-los e não temos experimentos sobre os mesmos. No entanto,
a interpretação ô o melhor que podemos fazer, e nos pautamos pela ética e
metodologia de trabalho.
A situação clinica, ao ser estudada, apresenta um conjunto de dificuldades
metodológicas e o estudo experimental, de grupo ou individual, não esgota a
situação clinica. Além de aplicar princípios e fazer análises, 6 possível, através da
análise do comportamento (AC) identificar variáveis controladoras das
verbalizações do terapeuta e do cliente durante a interação. ”

A análise funcional, nesta perspectiva, é um dos instrumentos mais valiosos


para a prática clinica, pois é a partir dela que é possível o levantamento correto dos
dados necessários para o processo terapêutico. Entretanto, fazer a análise funcional
correta é o grande desafio para os terapeutas, por se tratar de uma das tarefas mais
difíceis do processo. A identificação das variáveis e explicitação das contingências que
controlam o comportamento permitem que sejam levantadas hipóteses acerca da
aquisição e manutenção dos repertórios considerados problemáticos e, portanto,
possibilita o planejamento de novos padrões comportamentaís.
O processo terapêutico envolve, no mínimo duas pessoas e, embora o terapeuta
seja fundamental, de modo geral, é o comportamento do cliente que é o foco primário da
análise funcional. O cliente é alguém que se encontra em uma situação que considera
aversiva, e procura o terapeuta para que este quadro se altere. Ele busca alguém que o
“cure", isto é, sente e percebe em sua vida que algo está errado, e quer mudar. No
entanto, o analista do comportamento sabe que o comportamento que um indivíduo
emite foi selecionado pelas conseqüências, tem uma função dentro do seu repertório,
mesmo quando aparentemente é inadequado.
Um exemplo do caráter funcional de um comportamento aparentemente
inadequado é aquele padrão comportamental chamado, por alguns terapeutas, de
“paradoxo-neurótico". Trata-se do indivíduo portador de Transtorno Obsessivo-compulsivo
(TOC), que tem pensamentos (comportamentos encobertos) relacionados a sujeira, ou
germes em suas mãos. A ansiedade relacionada a tais pensamentos traz uma estimulação
aversiva da qual o indivíduo se esquiva lavando as mãos compulsivamente. Entretanto,
o lavar de mãos compulsivo tem como conseqüência outro estímulo aversivo: mãos
feridas, dores, etc. Então, este indivíduo, diante de um conflito esquiva-esquiva (ou

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ansiedade ou dor nas mãos) emite um comportamento que parece estar sendo punido,
mas que, na realidade, é reforçado negativamente pela remoção dos estímulos aversivos
relacionados aos comportamentos encobertos.
Portanto, a primeira consideração que precisa ser feita é que o comportamento
do cliente tem uma função. Cabe ao terapeuta descobrir porque (em que contingências)
este comportamento se instalou e como ele se mantém. Esta descoberta se faz pela
análise funcional que, em clínica, envolve pelo menos três momentos da vida do cliente:
sua história passada, seu comportamento atual, e sua relação com o terapeuta.
Vou agora traçar algumas considerações acerca de cada um destes momentos.
Para exemplificar, escolhi fragmentos de sessões de um mesmo cliente em diferentes
etapas do processo terapêutico.
O cliente é um homem de 34 anos, a quem chamarei de P.; é engenheiro
eletrônico, e trabalha em uma empresa de telecomunicações. Mora com os pais, com
quem tem um péssimo relacionamento, falando com eles apenas o essencial. Tem um
irmão mais velho que já se casou e com quem quase não tem contato. Sua queixa
refere-se a uma extrema dificuldade de relacionamento em geral, com ênfase no contato
social e afetivo com mulheres. Nunca teve uma namorada, não tem amigos ou amigas e,
embora o quisesse, nunca teve experiência sexual, pela dificuldade de aproximação.
Passa seu tempo livre em casa, assistindo televisão ou em frente ao computador. É
inteligente, bem articulado, percebe seu défícit comportamental, e relata sentir muita
solidão, tristeza e ansiedade, tendo uma “vida chata, vazia, cinzenta” (sic.).
Em relação à história passada, o acesso é feito via relato verbal, embora haja
casos em que seja difícil analisar a aquisição do padrão comportamental. Isto é comum
quando o cliente tem dificuldade de se lembrar, ou se esquiva de falar de situações
passadas por serem aversivas. O terapeuta pode se utilizar então de outros recursos
para acessar estas contingências pouco claras. Estou me referindo ao uso de análise
funcional através do relato de sonhos, fantasias, ou a utilização de poemas ou músicas
que possam funcionar como estímulos discriminativos para evocar eventos da história
passada do cliente.
De modo geral, entretanto, através do relato verbal, o terapeuta tem acesso à
história de vida do cliente (sua história de aprendizagem, desde processos de modelação,
instrução ou reforçamento diferencial, esquemas de reforçamento, contingências
aversivas, etc.).
O terapeuta poderá então avaliar o repertório existente no passado, a capacidade
de discriminação do cliente e as contingências que atuaram na instalação ou não daquele
conjunto de padrões comportamentais. A partir desta avaliação, e da análise de sua
relação com o ambiente, será possível levantar hipóteses acerca de porque determinados
padrões comportamentais permanecem (mantidos por regras) mesmo quando as
contingências são totalmente diferentes. O primeiro exemplo que quero citar refere-se a
dados da história passada de P. aos quais tive acesso através de seu relato e do
depoimento de sua mãe, que o mesmo fez questão que comparecesse a urna das
sessões.
P. relatou que “era um adolescente tímido, constantemente curioso e assustado
com as meninas", que riam dele, por achá-lo desajeitado. Seu pai referia-se a ele como

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um fracassado, dizendo que com mulheres ele não tinha jeito, ao contrário de seu irmão
mais velho, que era um grande namorador. Quando tinha quinze anos, P. tentou se
aproximar da menina mais bonita e popular da classe. Esta, além de rir dele, contou para
todòs os colegas que ele havia ficado “vermelho como um tomate” ao falar com ela.
“Vermelho como um tomate" adquiriu propriedades de estimulo aversivo condicionado,
e a regra “se eu for falar com alguma moça, vou fícar vermelho como um tomate, e tudo
vai dar errado" passou a controlar o comportamento de esquiva de se afastar de moças
em geral.
A partir destes dados do passado, pude perceber que o ambiente deste cliente
foi pródigo em punições, e que a constante comparação com o irmão mais velho
(namorador) era uma fonte de estimulação aversiva, pois o irmão funcionava como um
modelo inatingível, sempre reforçado pelo pai. Seu comportamento, já inadequado, de
aproximar-se de uma mulher, ficou ainda mais deteriorado a partir do momento em que
foi punido pela garota que riu dele e o expôs ao ridículo. Pode-se até hipotetizar que,
aproximar-se da menina mais bonita e popular foi um comportamento imitativo resultante
do efeito de modelação exercido pelo grupo de colegas. Sabemos que na época da
adolescência, os modelos de prestígio controlam fortemente o comportamento dos jovens.
Esta situação, além da história de punição por parte do pai levou-o ao desenvolvimento
da regra que passou a controlar seu comportamento de esquiva social.
O segundo aspecto da análise funcional refere-se ao comportamento que o cliente
emite e as contingências que o mantém no momento atual. Novamente, nesta situação,
o acesso que o terapeuta tem a esses dados é através do relato verbal do cliente ou,
mais raramente, ao menos na situação de terapia em clínica particular, através do registro
do comportamento. No caso de P. tive a oportunidade de ouvir o registro de uma interação
verbal. A terapia deste cliente estava em sua 24a sessão, quando ele conheceu uma
moça em seu ambiente de trabalho. A partir de discussões na situação clínica, ele se
propôs a enfrentar seus temores advindos da regra "se eu for falar, vou fícar vermelho
como um tomate e tudo vai dar errado”. Ao invés do comportamento de esquiva, ele se
dispôs a emitir outra classe de comportamento: falar com a moça; pois já discriminava
que a situação era outra, isto é, as contingências haviam mudado. O cliente agora estava
sob controle de uma nova regra, desenvolvida na situação terapêutica : “se eu tentar,
tenho 50% de chance de conseguir; se nSo tentar, a chance é zero”. Sendo engenheiro
eletrônico, o cliente tomou a iniciativa (sem solicitação ou sugestão do terapeuta) de
gravar uma conversa telefônica entre ele e a colega de trabalho. Tive, a partir deste fato,
a oportunidade de levantar algumas reflexões que me pareceram, e ainda me parecem,
bastante relevantes. Primeiramente, ao ouvira fita, concluí que não havia um problema
quanto à forma ou topografia de seu comportamento verbal. Isto é, ele falava de modo
claro, bem articulado, em um tom adequado, sem titubear ou gaguejar. Por outro lado, o
conteúdo de sua fala mostrou-se, no mínimo, atípico para uma situação de paquera ou
tentativa de namoro. Durante os minutos de gravação que ele fez, todas as usas
verbalizações envoíviam queixas de doenças, descrição de sintomas e relatos de
medicamentos e seus efeitos colaterais:

P: - Oi, como vai ?


M: - Tudo bem, e vocô ?

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P: - Ai, você nem imagina, estou super gripado.
M; - Que chato.
P: - Pois é, uma gripe horrível, com dor de garganta, febre, e nariz escorrendo.
M: - Puxa!
P: - Pois 6, eu comecei a tomar aspirina, mas me deu dor de estômago. Aí tomei um
remédio para azia, me deu dor de cabeça. Nem sei mais o que fazer.
M: - Tenta descansar e tomar vitamina C. Aquele dia no trabalho, vocô se queixou que
estava cansado.
P: - Também já tomei, mas nâo adiantou. E você, está legal?
M: - Ah, eu estou. Hoje é sábado, não tem trabalho, pude dormir até tarde, e estou
ótima. E você, vai fícar em casa hoje ?
P: - Acho que vou. Também com esta dor horrível no corpo, indisposição e cansaço.
Acho que vou tomar um dorflex.
M: - Olha, faz assim, vamos desligar, você descanse bem, outro dia a gente conversa.
P: - Bom, tá bem, já que você quer assim.
M: - Não, é que vocô está muito mal. Tchau.
P: - Tchau
Pode-se claramente perceber que o conteúdo desta conversa não se enquadra
em nenhuma categoria de comportamentos que podemos chamar de paquera ou
aproximação social; ao contrário, é um comportamento que poderia ser considerado
adequado se ocorresse entre o cliente e seu módico, farmacêutico, ou em uma situação
cujo objetivo não fosse namorar. Além da constatação do défícit deste repertório, também
pode-se perceber que o comportamento verbal do cliente foi reforçado pela atenção da
jovem, com quem falava. Percebe-se também que esta, gradualmente foi se mostrando
aborrecida. Quando ela pergunta o que ele vai fazer no sábado, parece que está
sinalizando alguma possibilidade de reforçamento para ele (talvez pudessem sair), mas
quando ele recomeça a se queixar da doença, ela encerra a conversa (punição). O
registro desta interação verbal me deu oportunidade de observar e analisar com o cliente
como o comportamento dele influía no dela e vice-versa.
Nesta sessão, P. me relatou que não tinha assunto, que não sabia sobre o que
conversar. Levantamos então alguns assuntos que seriam adequados para uma conversa
social, como cinema, política, poesia, música, etc. Ele me perguntou se eu gostava de
poesia, e ficou satisfeito ao saber que sim. Foi interessante perceber que, nesta ocasião,
ele discriminou que assuntos que achava serem chatos para os outros (como poesia)
podiam, na verdade, ser interessantes. Nessa interação, ele aprendeu via modelação do
terapeuta.
Além disso pude ainda questionar o por que deste cliente ter me trazido este
registro. Ou seja, qual foi a função deste comportamento em sua interação comigo? Ele
me trouxe a fita porque achava que eu não conseguiria imaginar como ele se comportava
e portanto duvidava da minha capacidade de discriminação? Ou duvidava da sua

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capacidade de relatar com precisão? Ou trouxe, porque tendo um padrão obsessivo de
comportamento, precisou me mostrar em detalhe como realmente se comportava fora
da terapia? Conversando com ele, conclui que se tratava da terceira hipótese. Ele me
disse que queria que eu fosse “uma mosquinha para ver como ele se esforçava para
mudar” .
Estou agora me referindo ao terceiro aspecto do cliente que deve ser foco da
análise funcional: o comportamento que ocorre dentro da sessão terapêutica. Sempre
que pergunto ao cliente o que você está sentindo agora ?"ou *- quando você me faiou
sobre este assunto, o que estava pensando ?" estou tentando analisar as contingências
do momento da sessão.
Quanto à situação terapêutica, é impossível deixar de lembrar que ua audiência
não punitiva cria condições para que o comportamento outrora punido volte a aparecer
no repertório do cliente" (Skinner, 1967). Além disso, como aponta KOhlenberg (1987),
os comportamentos clinicamente relevantes, quando ocorrem durante a sessão, podem
ser mais eficazmente observados e modificados pela intervenção direta do terapeuta.
Na verdade, a sessão de terapia é a única situação em que o terapeuta pode
realmente fazer a análise funcional, porque é o único momento de ocorrência do
comportamento que pode ser observados diretamente em sua topografia, intensidade e
frequência de ocorrência.
Comparando-se os dados da história passada com os dados comportamentais
do momento da relação terapêutica, posso fazer um prognóstico, pois posso avaliar
como era o repertório deste indivíduo, e como ele se desenvolveu durante sua vida. Meu
planejamento ficará mais efetivo, pois saberei melhor acerca da capacidade de
discriminação do indivíduo (se já desenvolvida ou não); se o mesmo reage facilmente a
eventos externos, ou se precisa de uma estimulação mais intensa; qual é a sua capacidade
de reagir às punições, ou sua resistência à extinção; seu potencial para lidar com a
ansiedade, etc..
Na verdade, o sucesso do processo terapêutico depende da inter-relação entre
estes três momentos da análise funcional.
Para concluir, gostaria de apontar alguns cuidados que me parecem aumentar a
probabilidade de a análise funcional se mostrar eficaz. Em primeiro lugar, ao fazer a
análise dos comportamentos que ocorrem durante a sessão, o terapeuta deve estar
atento ao fato de que ele próprio está fazendo parte das contingências, sendo ao mesmo
tempo estímulo discriminativo e reforçador, ou melhor dizendo, funcionando como um
elo da cadeia comportamental. Explicando melhor, o terapeuta precisa ter bem claro se
o comportamento que o seu cliente está emitindo faz parte de seu repertório geral, ou se
ocorre especificamente no controle de estímulos da situação terapêutica e, portanto,
tem a ver com a relação terapêutica.
Voltando mais uma vez a um fragmento do processo terapêutico que escolhi
para apresentar neste trabalho, gostaria de relatar um fato que ocorreu em uma das
sessões mais recentes:

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P. chegou, sentou-se e me disse: *Maly, abre aspas..
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes réles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu, tantas vezes, irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
(...)

Poema em linha reta (Fernando Pessoa-Âlvaro de


Campos)

Assim que ele terminou, eu disse: “P., abra aspas...

Sou um evadido,
Logo que nasci, fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi

Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser,
Por que nâo se cansar ?

(...)

Poesias Coligldas/lnédltas (Fernando Pessoa)


Ao terminar minha‘fala, eu fiquei em silêncio, e ele me disse
“É, você sempre consegue me entender'.
Perguntei-lhe porque ele escolhera esta linguagem (a poética) neste dia, e ele
respondeu que era porque achava que este poema exprimia bem seus sentimentos
naquele momento, e também porque se lembrava que eu gostava de poesia. Como se
percebe, este foi um comportamento que foi reforçado na sua relação comigo, e que já
havia sido generalizado para outras situações (P. escreveu uma poesia e levou para sua
colega de trabalho, que ficou contente).
Um segundo cuidado, mas igualmente indispensável para a eficácia da análise
funcional é que o terapeuta continue ligado aos dados de pesquisa, às novas descobertas,
que estudam cada vez mais comportamentos complexos. Sabemos que a definição da
unidade de resposta é um dos maiores problemas para a análise funcional, ainda mais
na situação clínica onde os comportamentos sâo extremamente complexos. Portanto, a

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preocupação e o envolvimento do terapeuta com a situação de pesquisa devem ser
constantes. Kerbauy (1996) afirma que existem “dificuldades: grande número de variáveis
existentes no processo terapêutico, e especialmente a natureza do evento privado de
parte delas". O desafio é “encontrar maneiras de fazer esta análise, de especificar como
é a interpretação realizada por aquele terapeuta específico" (Kerbauy, 1996).
Acredito que para resolver questões tão importantes como a do papel da análise
funcional na prática clínica, uma série de iniciativas vêm sendo tomadas em pesquisa e
aplicação.
Para encerrar, gostaria de dizer que a prática da análise funcional acompanha o
terapeuta desde o início do processo - no levantamento das hipóteses durante o
mesmo - orientando a observação acerca do comportamento do cliente na sessão e
seus relatos sobre o que acontece fora da mesma e também no final do processo -
no planejamento da manutenção e generalização das mudanças comportamentais
obtidas.

Bibliografia

KANFER, F.H. (1989) The Scientist-Practitioner connection: Myth or Reality? A Response


to Perrez". New Ideas in Psychology. 7, nç 2
KERBAUY, R.R. (1996) Preenchendo a distância entre o laboratório e a psicoterapia.
Anais da 489 Reuniôo Anual da SBPC.
KÕHLEMBERG, R.J. (1987) Functional Anaiitic Psychoterapy. From: Jacobson, N.S.
Ed. Psychoterapists in Clinicai Practice: Cognitive and Behaviorai
Perspectives.New York: Guilford Press.
PESSOA, F. (1976) Obra Poética. Rio de Janeiro. Ed. Nova Aguilar.
SKÍNNER, B. F. (1967) Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes

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