JSL, 55 anos, negro, natural e procedente de Serrinha –
BA. comerciante. Vem para consulta na Unidade de Hemodiálise, encaminhado pela UBS. Relata alteração de escorias nos exames laboratoriais U 105, Cr 3,5, K 5,0, Hb 10,5, ECG SVE, ECO sinais de hipertrofia cardíaca. RX de torax – aumento de área cardíaca. Antec: HAS de longa data (15 anos), controle irregular. Realizou check up há 1 mês pois notava fraqueza e cefaleia matinal. Usava Enalapril 20 2 x dia, HCTZ 25 1 x dia, nifedipina 20 1 x dia, porém esquece de tomar e está há 2 dias sem tomar nifedipina. Ao exame apresenta descorado +/IV, aspecto debilitado com idade aparente > refereida. PA 180 x 100. Edema +/4 em MMII Com esses dados: procurou o nefrologista. Solicito exames e faço ajuste de medicações enquanto aguardo resultados: ✓ Enalapril 20 (mantido) ✓ Nifedipina ajusto a dose para 2 x dia ✓ Furosemida 40 1 x dia. ✓ Qual a taxa de filtração glomerular? HAS – sindrome clínica caracterizado por aumento sustendado de PA acima de limites normais PA sist > 140 ou PA diast > 90. HAS “essencial” – Não se encontra a causa após investigação clínica e laboratorial. HAS frequentemente se associa a disúrbios metabólicos, funcionais ou estritos em órgãos alvo. Não essencial – secundária – 5 a 10 %. Causas mais comuns de DRC em programa de diálise ◦ HAS. 35 %. ◦ DM 30%. Fisiopatologia da HAS –> PA = DC x RP. ◦ HAS : ↑ RP por desequilibrio ente fatores vasopressores e dilatatores. Associado a HAS crônica. Negros - > risco 8 x maior de desenvolver DRT por HAS. Componente genético identificado Proteinuria leve – moderada, DRC e HAS Ausencia de doença renal priméria identificavel. Associado a lesão em orgãos alvo HAS ◦ Nefroesclerose – Iniciada por isquemia, lesões glomerulares, túbulo-intesticiais -> DRC Lesão anatomo-patológica: ◦ Arterioloesclerose. Espessamento camada média vascular Depositos hialinos arteriolares. Fibrose variavel da íntima. ◦ Glomeruloesclerose(lesões segmentares ou globais). ◦ Atrofia tubular. ◦ Fibrose intesticial. Alguns estudos relatam aparecimento de lesões vasculares precedendo a HAS. Lesões vasculares e escleróticas semelhantes podem ser vistas em processo normal de envelhecimento. ◦ Obs: sem clinica de HAS ou DRC. Possível interação de fatores genéticos e ambientais na etiologia da nefroesclerose. ◦ HAS, envelhecimento , obesidade, tabagismo, estresse oxidativo, inflamação crônica. Depósitos hialinos. ◦ ↑ permeabilidade capilar com deposição de macromoléculas na íntima. ◦ Lesões ocorrem sucessivamente nas artérias, arteríolas, glomérulos e espaço túbulo-intesticial. Esclerose glomerular global – resultante de isquemia e (contração)obsolescência. Focal e segmentar – Resultante de hipertrofia e ↑pressão intracapilar para compensar a perda de néfrons. Comprometimento túbulo-intesticial. ◦ Aparentemente a isquemia e esclerose glomerular reflete na vasculatura pós glomerular. Atrofia. Fibrose. Inflamação. Relembrando: 35% das admissões em hemodiálise. Notadamente em indivíduos negros. No longo prazo HAS maior risco de desenvolver a DRC avançada. Estudos anatomo-patológicos – percentual significativo -> nefro substituição de estruturas por colágeno(esclerose). ◦ Na evolução de nefropatias isquemicas, glomerulopatias principalemnte GESF Nota-se persistencia da doença em pacientes negros, mesmo com PA controlada o que leva a pensar em fatores genéticos. Pode estar relacionado a desnutrição materna levando ao baixo peso ao nascer.(desenvolmento renal prejudicado). Variantes do gene da apolipoproteina L1 (APOL1) G1 e G2 muito mais comuns em negros > brancos. Portadores dessa variante tem risco ↑700 % de nefroesclerose hipertensiva, alem de ↑efeitos sobre a GESF e nefropatia do HIV. Baseado na história clínica e evolução da doença. Longa historia de HAS com HVE, EAS com sedimento normal, rins diminuídos, lento comprometimento da função renal. HAS precede o decrécimo de função renal ou proteinúria e não há outra causa óbvia de doença renal. Doença renal isquemica bilateral – HAS grave e refratária ◦ Redução rápida da função renal sec oclusão completa de uma ou ambas AR ou uso de IECA ou BRA. ◦ Elevação aguda de HAS anteriormente estável.
Biopsia renal raramente utilizada:
◦ Rins tamanho normal, declínio progressivo de FR, proteinúria, sedimento EAS anormal. Grau de controle de HAS - > ↓probabilidade de evolução para DRCT. BRA e IECA - > drogas de escolha para tratamento de HAS em DR com proteinúria. O tratamento eficaz da HAS geralmente retarda a progressão da lesão renal Não está claro se IECA ou BRA se diferenciam como protetores em nefroesclesose não proteinúrica. Resultado de exames : Proteinúria de 4 horas : 300 mg /24 hs. EAS sem anormalidades no sedimento. Provas sorológicas : HIV, Aghbs, Anti HCV normais. FAN, anti DNA, ANCA P, C, Complementos normais. USG aumento de ecogenicidade renal: RD 9 cm e RE 9,5 cm. Fundoscopia : retinopatia hipertensiva. Bioquímica : ácido úrico 9,0, função renal U 106, cr 3,3, Na 140, K 4,9, Ca 9,5, P 5,6, PTH 80. Vit D 34. Lipidograma sem alt. Feito orientações de dieta, atividade física, uso correto de medicações . PA 130 x 80. Retorno 30 dias para avaliar evolução. Obrigado
Referencias : Princípios de Nefrologia, Riella, 6ª edição.
Up to Date : Clinical features, diagnosis, and treatment of hypertension