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Fenomenologia do aparecer
Creio no mundo como num malmequer, / Porque o vejo. Mas não penso nele /
Porque pensar é não compreender... / O mundo não se fez para pensarmos nele
/ (Pensar é estar doente dos olhos) / Mas para olharmos para ele e estarmos de
acordo. (p. 26)
Perfis perceptivos
A percepção de uma coisa não presentifica o que não está presente, como se
a percepção fosse uma lembrança ou uma imagem; ela apresenta, ela toca a
coisa mesma em sua presença corporal, e isso em virtude do seu sentido próprio:
violentaríamos seu sentido se supuséssemos outra coisa a seu respeito. Se, como
se faz aqui, visa-se, sobretudo, a percepção das coisas, sua essência implica que
ela seja uma percepção que procede por perfis; correlativamente, o sentido do
seu objeto intencional, quer dizer, da coisa na qualidade de dada na percepção,
implica, por princípio, que apenas seja perceptível por meio de percepções desta
sorte, ou seja, procedendo por perfis. (Husserl, 1913/2008, p. 140, itálicos do autor)
Se o sujeito está situado no seio do mundo, ele existe, contudo, de modo bem
diferente daquele dos outros seres mundanos: enquanto mediador do aparecer,
ele está adaptado à sua estrutura, ele existe de tal forma que, por ele, a presença
da inapresentabilidade do mundo no seio do horizonte torna-se possível. (p. 107)
Vê-se que o vivente forma com seu meio uma totalidade em que é impossível,
de direito, distinguir o que cabe propriamente ao organismo e o que provém do
exterior, discernir uma dimensão de passividade que já não seria atravessada por
atividade. (Barbaras, 2006, p. 143)
Tal é sem dúvida a diferença entre o vivente e os outros corpos: estes permanecem
na calma continuidade com o Todo, enquanto o vivente, fazendo-se ele mesmo
totalidade, não pode se reportar à Totalidade originária senão sob o modo de
ausência. (Barbaras, 2006, p. 146)
À guisa de conclusão
Résumé: Dans cet article, nous faisons l’analyse du travail théorique réalisé par Renaud
Barbaras dont l’objectif est de mettre en évidence et de développer la potentialité
de la théorie husserlienne de la perception, fondée sur la doctrine de donation par
esquisses perceptives. Nous nous centrons principalement sur son ouvrage intitulé
Le désir et la distance: introduction à une phénoménologie de la perception. Nous
soulignons la description, accomplie par l’auteur, du mouvement vital comme désir et
la caractérisation du sujet de la perception comme sujet vivant. Sous cette condition,
émerge la formulation de la priorité d’une dimension que Barbaras qualifie de
pulsionnelle en regard de la dimension objectivante de la relation sujet-objet admise
par l’épistémologie classique. Nous signalons que, selon l’auteur, ces remaniements
conduisent à la nécessité de penser le corps, la perception et le mouvement selon la
catégorie de vie.
Barbaras, R. (2009). La perception: essai sur le sensible (2a ed.). Paris: Vrin.
Henry, M. (2005). Voir l’invisible: sur Kandinsky. Paris: PUF. (Trabalho original publicado
em 1988)
Pessoa, F. (2001). Poesia: Alberto Caeiro. São Paulo: Companhia das Letras.
Pinto, D. (2012). A vida entre desejo e criação: Renaud Barbaras, leitor crítico de
Bergson. Cadernos Espinosanos, 27, 31-61.
Recebido: 03/5/2013
Aceito: 29/09/2013