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Julianna Sofia (/colunas/julianna-sofia/)

PREVIDÊNCIA (HTTPS://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/MERCADO/PREVIDENCIA)

Por que não cobrar dos riquíssimos para dar aos


paupérrimos?
O 1% mais rico do país tem 30% da renda; os 5% mais pobres ganham R$ 165 por
mês

28.ago.2020 às 23h15

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2020/08/29/)

O ministro Paulo Guedes (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/08/em-processo-de-fritura-


guedes-propoe-escalonar-valor-do-renda-brasil-a-partir-de-r-220.shtml) encontra-se numa encruzilhada

na busca por recursos para o Renda Brasil


(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2020/08/ex-ministro-de-fhc-mendonca-de-barros-diz-que-liberalismo-

radical-de-guedes-perdeu-forca-sob-bolsonaro.shtml),
peça de propaganda capaz de pavimentar
o caminho para reeleição de Jair Bolsonaro. A situação falimentar das
contas públicas e as travas fiscais vigentes, a incompetência do governo em
endereçar reformas estruturais, além do voluntarismo do ocupante do
Planalto, fizeram da tarefa bufonaria autêntica.

Propostas a esmo para bancar o programa social de Bolsonaro. Guedes já


tentou vincular o gasto à criação da nova CPMF —o imposto digital que não
tributa só transações digitais. E alertou que um benefício de R$ 300 ao
Renda Brasil exigiria o fim das deduções do Imposto de Renda
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/08/nao-posso-tirar-de-pobres-para-dar-a-pauperrimos-diz-bolsonaro-

sobre-renda-brasil.shtml). Planejou ainda cortar o abono salarial, o Farmácia Popular


e o seguro defeso para abrir espaço no teto de gastos e, assim, turbinar com
R$ 20 bilhões o novo Bolsa Família.

A um só tempo, atirou na classe média —sempre a pagar o pato— e na


população de baixa renda. Levou uma pisa de Bolsonaro ("Não posso tirar
de pobres para dar para paupérrimos").

Há mérito na discussão sobre a qualidade do gasto público, reavaliando a


eficiência de programas sociais e benefícios fiscais. Mas é imprescindível
incluir os super-ricos no encontro de contas.

Só na pandemia, mais de 70 bilionários da América Latina e do Caribe


aumentaram suas fortunas em US$ 48 bilhões, segundo a Oxfam. A maioria
dessa turma está no Brasil. Em 2019, o 1% mais rico do país ganhou R$ 29
mil mensais. O grupo concentra quase 30% da renda total. Os 5% mais
pobres receberam R$ 165 por mês.

Tributar lucros e dividendos e tornar mais progressiva a taxação de altos


salários são formas de financiar um programa para miseráveis. Ademais,
faz-se urgente o empenho do governo para tirar da gaveta a reforma
administrativa e dirimir distorções de renda que se perpetuam em polpudos
contracheques.

Por que não cobrar dos riquíssimos para dar aos paupérrimos?

Julianna Sofia
Jornalista, secretária de Redação da Sucursal de Brasília.

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