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(Jundiaí – SP)
MAIO - 2019
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – PÓS-GRADUAÇÃO EM
JORNALISMO DIGITAL. TCC – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO.
(Jundiaí - SP)
MAIO - 2019
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – PÓS-GRADUAÇÃO EM
JORNALISMO DIGITAL. TCC – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO.
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1. ESCOLHA DO TEMA:
2. PROBLEMATIZAÇÃO
3. JUSTIFICATIVA
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muitas pessoas, muitas vezes sem possibilidade de que fosse descoberta sua
origem ou identificado o responsável pela sua criação.
Autoridades como parlamentares ou mesmo do Poder Judiciário também
se mostraram, muitas vezes, despreparados para reconhecer uma Fake News
ou mesmo do uso responsável de ferramentas de comunicação, ajudando a
espalhar desinformação por suas redes sociais.
Nesse ambiente, o jornalismo digital é o que mais tem sofrido ataques e
trava uma verdadeira batalha para manter sua credibilidade.
4. OBJETIVO GERAL
5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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7. METODOLOGIA DE PESQUISA
8. INTRODUÇÃO
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estivesse mais centrado em grandes veículos de imprensa e tradicionais
empresas de comunicação, é que elas começaram realmente a atrapalhar em
grande escala o jornalismo como conhecemos.
9. O JORNALISMO DE MENTIRA
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Em 1994, os proprietários da escola e mais quatro funcionários foram acusados de abusar
sexualmente de quatro alunos. O delegado responsável pelo caso determinou a prisão dos
acusados antes do término das investigações e a imprensa, com raras exceções, fez ampla
cobertura parcial do suposto crime. No entanto, com a troca de delegado pouco mais de um
mês após as denúncias, o caso foi arquivado por falta de provas. O casal de proprietários – já
falecidos – moveram processos por danos morais e o caso ficou conhecido como Escola Base.
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jornalístico e da checagem das informações antes da divulgação.
Esse tipo de “veículo de informação” ajudou a criar casos bizarros, como
o ocorrido em 3 de maio de 2014, quando uma página no Facebook divulgou a
foto de uma pessoa que supostamente estaria sequestrando crianças e usando
em rituais de magia negra, na cidade de Guarujá (SP). Confundida com a mulher
da imagem, Fabiane Maria de Jesus, mulher de 33 anos, foi linchada por
moradores do bairro onde residia e faleceu dois dias depois de ser agredida. A
história do sequestro de crianças nem sequer chegou a ser investigada pela
polícia e tratava-se apenas de boato, disponível em
<http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-
boatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html> (acessado em 02/04/2019).
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R$ 150 mil e citou matérias divulgadas com ausência de fontes, como a que diz
que a ex-primeira-dama e esposa do ex-presidente Lula estaria viva e escondida
na Itália; que a Interpol estaria investigando Aécio Neves por tráfico de drogas;
entre outras.
Também é citada a dificuldade de contato com os veículos, o que reforça
a prática de divulgação de textos apócrifos e a demora para que sejam retirados
do ar, em caso de um processo judicial, por exemplo, disponível em
<https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/02/1859808-como-funciona-a-
engrenagem-das-noticias-falsas-no-brasil.shtml> (acessado em 02/04/2019):
“A maioria dos sites sensacionalistas é registrada fora do país,
não identifica os autores dos textos e não publica expediente,
endereço ou telefone para contato. O Pensa Brasil segue a
cartilha quase à risca. Na seção Quem Somos, diz estar
registrado no Arizona (EUA), avisa que ‘qualquer pessoa que se
sinta ofendida’ deve entrar em contato por e-mail e reproduz
trechos da Constituição sobre acesso à informação, resguardo
do sigilo da fonte e liberdade de expressão.”
Também, de acordo do (SAKAMOTO, 2016, p2. 42):
“Sites anônimos e páginas sem assinaturas, instalados em
servidores fora do Brasil e que, portanto, dificilmente são
processados, já rivalizam com os veículos tradicionais e os
independentes na formação da população conectada. (...) Se por
um lado isso democratiza a comunicação, por outro, facilita a
divulgação de conteúdo sem arcar com a responsabilidade por
ele.”
Os idealizadores destes tipos de veículos de comunicação sabem que o
sensacionalismo é o que atrai visitas para seus sites e páginas. Na maioria dos
casos, não são formados em comunicação e, muito menos jornalistas, sem
experiência na área ou mesmo passagem pelo mercado de trabalho.
Alberto Júnio da Silva, “Beto Silva”, responsável por várias das páginas
citadas na reportagem da Folha de São Paulo, é um dos entrevistados. Sua
alegada formação em Comunicação Social/Publicidade é desmentida pela
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Os livros usados para o trabalho foram as versões virtuais, encontradas no Kindle. No serviço, não há
paginação e sim “posição” onde a referida citação é encontrada. Todos os livros deste trabalho seguem
esse padrão.
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Faculdade Anhanguera de Campinas, já que seu cadastro não consta na
instituição, e suas afirmações demonstram como o objetivo de seu trabalho nada
tem a ver com o do jornalista. “Quem tem de saber o que é verdade ou mentira
é quem lê a matéria”, afirma à reportagem, disponível em
<https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/02/1859808-como-funciona-a-
engrenagem-das-noticias-falsas-no-brasil.shtml> (acessado em 02/04/2019),
usando como justificativa um modelo de mídia sensacionalista dos EUA e
Europa:
“É, a gente corre esse risco (de publicar notícia falsa). Todo
mundo corre. Somos passíveis de erros (...) O problema vai ser
de quem está me tachando de 'Fake News'. Minha preocupação
é com meus milhares de leitores – eles é que me dão o feedback
correto.”
Como argumento, Beto Silva busca justificar-se com um suposto
subjetivismo da verdade, alegando que é uma questão de pontos de vista.
"Acredito que a verdade não existe. Isso é o meu ponto de vista.
Existe o ponto de vista da Folha, cada um tem o seu. Quantas
vezes os veículos de comunicação no Brasil tiveram que se
retratar? Porque não existe uma verdade absoluta”.
Por fim, Beto aponta algo que, se no início de 2017 já se apresentava
como preocupante para o jornalismo profissional, se intensificaria nos meses
vindouros:
“O problema é que, no Brasil, os pequenos sites se aventuraram
a navegar pelo marketing digital para ganhar uma grana e
começaram a sobressair em relação às grandes mídias,
simplesmente por copiar o modelo de fazer notícia de uma forma
sensacionalista.”
HEZROM & MOREIRA (2018, p. 540) ratificam:
“Cada vez mais o jornalismo também é construído por mídias
alternativas e outras formas recentes de fazer um conteúdo
circular. Questões minoritárias ganharam mais espaço e, mais
que isso, as redes sociais foram pontos chave do impacto, por
exemplo, das Manifestações de Junho em 2013, período
marcado por uma onda de protestos de insatisfação política e
reinvindicação de direitos, que se espalhou por várias cidades
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brasileiras e mobilizou milhares de pessoas.”
A grande questão, no entanto, não é a disputa diária de grandes veículos
com páginas apócrifas sensacionalistas e, sim, o ataque à credibilidade desses
veículos e o crescimento de notícias falsas.
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Brasileira de Psiquiatria, Claudio Martins, explicou que compartilhar uma notícia,
ainda que falsa, mas que reforce a crença em que a pessoa acredita, tem um
efeito semelhante à sensação causada por alguns tipos de drogas ao cérebro.
Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45767478> (acessado em
02/04/2019):
"Quando a pessoa recebe uma notícia que a agrada, são
estimulados os mecanismos de recompensa imediata do
cérebro e dão uma sensação de prazer instantâneo, assim como
as drogas. Ocorre uma descarga emocional e gera uma
satisfação imediata.”
Sobre a questão política/ideológica, ele também afirmou:
"O ser humano tem essa tendência a buscar essas crenças,
mágicas. Quando ele recebe correntes de pensamento político,
incorpora aquilo como uma verdade absoluta, amplia e divulga
para reforçar sua satisfação. Ele usa o mecanismo para
compartilhar sem pensar.”
Também comenta sobre isso SAKAMOTO (2016, p. 42):
“Para muitos leitores, não há mesmo diferença entre um meme
de origem duvidosa, uma denúncia anônima no WhatsApp e
uma reportagem extremamente bem apurada. Quando um
conteúdo vai ao encontro do que eles acreditam, não se
importam com a veracidade do fato. Abraçam o argumento e
compartilham-no, alimentando a tal rede.”
Dessa forma, o que se observa é que o fato de encontrar uma notícia com
que concorde ou que reforce o seu posicionamento político ou ideológico é um
dos principais motores para que as Fake News se espalhem com grande
velocidade, repetindo também um “comportamento de manada” que, aplicado
aos seres humanos, significa um grande número de pessoas seguindo um
influenciador para continuar pertencendo ao grupo, conforme explica o professor
da Universidade Federal de Minas Gerais, Fabrício Benevenuto, citado por
GRAGNANI, disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-42243930>
(acessado em 04/04/2019):
"Se muitas pessoas compartilham uma ideia, outras tendem a
segui-la. É semelhante à escolha de um restaurante quando
você não tem informação. Você vê que um está vazio e que outro
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tem três casais. Escolhe qual? O que tem gente. Você escolhe
porque acredita que, se outros já escolheram, deve ter algum
fundamento nisso."
Se antes eram utilizadas para obter visitas e gerar renda para sites
apócrifos, a estratégia foi adotada por políticos das mais diversas esferas em
épocas de campanha.
Se as fake News foram uma estratégia adotada por sites para garantir
visitas e aumentar a receita, foi com a popularização das redes sociais que elas
ganharam verdadeira capacidade “viral”, ou seja, de se espalharem
rapidamente, cometendo estragos, denegrindo pessoas e direcionando as
opiniões nos debates públicos.
O Facebook e o Twitter são dois dos canais mais utilizados para esses
fins, segundo análise da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação
Getúlio Vargas – FGV/DAPP, “Robôs, redes sociais e política no Brasil”,
publicado em agosto de 2017 sob coordenação de Marco Aurélio Ruediger.
(RUEDIGER, 2017).
Na publicação, a FGV/DAPP estuda o funcionamento e a influência dos
“robôs” ou “bots” que se espalharam na internet utilizados principalmente para
favorecer ou atacar algum candidato.
Um bot é um perfil em uma rede social controlado por um programa de
inteligência artificial, programado para reagir a palavras chaves ou compartilhar
informações sobre determinado assunto ou pessoa, interagindo em perfis de
pessoas reais e se passando como tal. (RUEDIGER, 2017, p3. 6):
“Nas discussões políticas, os robôs têm sido usados por todo o
espectro partidário não apenas para conquistar seguidores, mas
também para conduzir ataques a opositores e forjar discussões
artificiais. Eles manipulam debates, criam e disseminam notícias
falsas e influenciam a opinião pública postando e replicando
mensagens em larga escala. Comumente, por exemplo, eles
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Neste caso o número de paginação segue o tradicional, já que a obra está disponível online, mas não
pelo serviço do Kindle.
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promovem hashtags que ganham destaque com a massificação
de postagens automatizadas de forma a sufocar algum debate
espontâneo sobre algum tema”.
Empresas também investiram na criação de perfis falsos manipulados por
pessoas reais, mas apenas para fins políticos. De acordo com reportagem da
BBC Brasil, uma pessoa poderia ser responsável por dezenas de perfis nas
redes sociais e passava o dia postando em cada um deles. A princípio, postagens
cotidianas como comentários sobre o dia a dia, para, só então, no período
eleitoral, intensificarem as postagens políticas apoiando ou atacando
determinado candidato. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-
42172146> (acessado em 04/04/2019).
Nem os bots e nem os perfis falsos, necessariamente, utilizam notícias
falsas como principal conteúdo, embora no caso dos bots, o sistema
automatizado impede que seja feita uma análise sobre a veracidade da
informação, o que ajuda na proliferação de qualquer tipo de notícia que se
enquadre em suas diretrizes pré-estabelecidas. Já no segundo caso, o tipo de
notícia compartilhada deveria ser pautada pela ética, mas como o trabalho é
baseado em criar perfis de pessoas que não existem, apenas para beneficiar ou
prejudicar algum candidato, não há nada que impeça o uso de Fake News, como
foi observado nas últimas eleições brasileiras.
No país, no entanto, uma terceira ferramenta foi utilizada para influenciar
o debate e, muito provavelmente, tenha sido a mais influente: o WhatsApp,
aplicativo de mensagens instantâneas.
Bastante popular, ele é ferramenta digital de troca de mensagens mais
utilizada no Brasil, com cerca de 120 milhões de usuários em 2018 (a população
brasileira é estimada em 209 milhões). Disponível em
<https://www1.folha.uol.com.br/tec/2018/07/facebook-chega-a-127-milhoes-de-
usuarios-mensais-no-brasil.shtml> (acessado em 04/04/2019).
Na última eleição, o WhatsApp se mostrou fundamental no processo de
divulgação de Fake News, principalmente por conta da sua política de
privacidade de usuário, que impossibilita quebrar o sigilo de algum grupo ou da
troca de mensagens e já gerou diversos debates na esfera jurídica,
principalmente nos Estados Unidos, de onde o aplicativo é originário. No Brasil,
a ferramenta já chegou a ser suspensa por não permitir acesso às conversas
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privadas e sofrer questionamentos na Justiça. Disponível em
<https://www.tecmundo.com.br/whatsapp/117364-whatsapp-diz-inviolavel-
policia-federal-retruca-aplicativo-stf.htm> (acessado em 04/04/2019).
Um detalhe importante, mas que não deve ser ignorado quando se fala do
compartilhamento das notícias falsas por meio do WhatsApp, é sobre os planos
de internet móvel de algumas operadoras de telefonia no país, que oferecem
acesso ilimitado ao aplicativo, mesmo quando a franquia de internet do usuário
já está esgotada, o que gera um efeito colateral não planejado, já que, dessa
forma, muitas pessoas que recebem notícias falsas pelo mensageiro, não tem a
possibilidade de acessar o conteúdo, quando enviada por um link, ou mesmo de
verificar a veracidade da informação, já que estão condicionados a acessar
apenas as mensagens dentro do WhatsApp, conforme pontua Yasodara
Córdova, pesquisadora-sênior sobre desinformação e dados na Digital Harvard
Kennedy School, citada em matéria da BBC, disponível em
<https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47547772> (acessado em 06/04/2019).
"No Brasil, 60% dos celulares são pré-pagos e têm acesso grátis
a essas redes sociais, oferecido pelas operadoras [que não
descontam do pacote de dados o acesso a esses serviços].
Então, essas pessoas que usam pré-pago ficam rendidas a
essas fontes de informação e interação."
Dentro dos grupos montados para apoiar candidatos, o tráfego de Fake
News é grande e costuma ser acompanhada de mensagens que prometem
combater a mídia tendenciosa, representada pelos veículos de comunicação
tradicional, muitas vezes caracterizados como esquerdistas ou comunistas, no
campo ideológico mais conservador; e de fascista ou até nazista, no campo mais
progressista. (FILGUEIRAS, 2018, p. 129)
“Inúmeras foram as vezes em que, nessa crise política brasileira,
recebemos comentários de leitores que nos acusavam de
esquerdistas, quando outros nos chamavam de fascistas em
relação a uma mesma matéria. Isso porque quem lê da
perspectiva da direita, achou o texto da direita, achou o tempo
muito à esquerda e vice-versa. Por mais que nós, repórteres,
façamos o esforço de não sermos tendenciosos, sempre
sofreremos com críticas de um lado ou de outro por dar voz ao
‘inimigo’.”
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Principais interessados em manter a credibilidade e alertar os usuários
sobre Fake News, vários jornais tradicionais dedicaram inúmeras matérias ao
assunto, como o El País, que produziu uma reportagem, em 2018, relatando a
experiência da equipe depois de três semanas em grupos de WhatsApp a favor
do então candidato a presidente, Jair Bolsonaro, para realizar um diagnóstico de
como atuavam as Fake News dentro desses grupos. Disponível em
<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/26/politica/1537997311_859341.html>
(acessado em 06/04/2019):
“Difusão de mentiras camufladas como notícias, vídeos que
tentam desmentir publicações negativas da imprensa,
desconfiança das pesquisas e falsos apoios de celebridades à
candidatura Jair Bolsonaro. Assim funcionam no aplicativo de
mensagens WhatsAapp uma amostra de grupos públicos de
eleitores do presidenciável do PSL.”
Nesse período, a reportagem identificou o grande número de notícias
falsas circulando entre os militantes, algumas delas divulgadas por pessoas
públicas, como a jornalista e atual líder do governo no Congresso, Joice
Hasselmann, que afirmou que um veículo de comunicação famoso (que muitos
concluíram que se tratava da revista Veja) haveria recebido R$ 600 milhões para
atacar o candidato Bolsonaro.
O WhatsApp, de acordo com reportagem da Folha de São Paulo, ainda
seria alvo de outra polêmica durante a campanha. Na matéria “Empresários
bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp”, o jornal afirma que empresários
estariam “comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT
no WhatsApp”, uma prática ilegal e que envolveria grandes empresas, como a
Havan, cujo proprietário, Luciano Hang, fez campanha aberta por Bolsonaro,
chegando a ser multado por isso, em gastos que chegariam a R$ 12 milhões, de
acordo com a apuração. Disponível em
<https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/empresarios-bancam-
campanha-contra-o-pt-pelo-whatsapp.shtml> (acessado em 06/04/2019),
A ala de apoio ao candidato reagiu ferozmente e a jornalista responsável
pelo texto, Patrícia Campos Mello, passou a ser atacada pelas redes sociais e
receber ameaças telefônicas, além de se tornar alvo de notícias falsas
envolvendo seu nome.
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O uso de Fake News na campanha não foi exclusividade de um partido
ou grupo, mas uma estratégia adotada no ambiente político com raras exceções.
Em comum, no entanto, quase sempre o mesmo inimigo, além do candidato
opositor: a imprensa.
A grande maioria de participantes dos grupos que militavam pela
candidatura de um ou outro eram a favor de banir quem questionasse a
“verdade” apresentada pelo grupo, mesmo que a imprensa tradicional e séria a
desmentisse ou, como no caso da reportagem de Patrícia, na Folha,
desagradasse.
Infelizmente, a estratégia não foi usada apenas na campanha e, tal qual
o presidente americano, Jair Bolsonaro, já empossado presidente do Brasil, com
frequência se refere a notícias que o desagradem como Fake News, atacando a
grande mídia e fazendo do Twitter pessoal o canal oficial de comunicação. “(...)
estamos em meio a uma onda de difamação da mídia, útil para os políticos que
veem a imprensa como ameaça” (FILGUEIRAS, 2018, p. 142).
Apontam HEZROM & MOREIRA (2018, p. 738), citando Bruce
Mccomiskey, autor de “Pós-verdade, Retórica e Composição:
“(...) aqueles comunicadores que utilizam a comunicação para
induzir ao erro o fazem pois conhecem a verdade, fatos e
realidade. Nesse sentido, a comunicação não é comprometida
por conta de ‘mercenários’ da comunicação, como afirma
Maccomiskey: ‘Os retórios precisam reconhecer a verdade para
enganar por meio de falácias e eles precisam entender a
realidade e manipulá-la por meio da linguagem ambígua’.”
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exemplarmente punido. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-
42360574> (consultado em 10/04/2019).
Já no período eleitoral, antes da eleição do segundo turno, um grupo de
sites, cuja especialidade é realizar a checagem de notícias, o fact-checking,
apresentou um documento ao TSE com propostas para aprimorar o trabalho de
apuração.
A maioria dos sites continua em atividade, como a Agência Lupa, que se
diz a primeira empresa especializada em fact-cheching no Brasil; e Aos Fatos,
que firmaram parceria com o Facebook Brasil no período eleitoral para realizar
a checagem de notícias divulgadas na plataforma, algo que foi criticado por
alguns grupos, como o Movimento Brasil Livre (MBL). Disponível em
<https://catracalivre.com.br/cidadania/grupos-atacam-agencias-checagem/>
(acessado em 10/04/2019).
Também se destacam no ambiente de desmentir as notícias falsas, sites
como o Boatos.org e o E-farsas, portal criado em 2002 pelo analista de sistemas
Gilmar Henrique Lopes, que, apesar de não ser jornalista de ofício, realiza um
trabalho reconhecido na internet desde esse período, a pontos dos dois sites
terem se juntado às agências de checagem no grupo que apresentou propostas
ao TSE no ano passado.
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“O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos
fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela
sua correta divulgação”, aponta o Código de ética do jornalista brasileiro, Art 4º,
Capítulo III.
Vale destacar que o jornalista não é o dono da verdade e nem está livre
de cometer erros, mas, por conta do ofício, trabalha com ferramentas que o
permitam apurar fatos e chegar a um resultado condizente com a realidade.
Segundo HEZROM & MOREIRA (2018, p. 439), “a verdade jornalística,
nessa perspectiva, precisa ter correspondência com a realidade, ser coerente
com o contexto o qual foi publicada, e, ao mesmo tempo, trazer algum benefício
à sociedade”.
O trabalho de apuração de informações, busca de fontes e checagem de
fatos, práticas inerentes ao jornalismo, muitas vezes é deixado em segundo
plano ou feito superficialmente, pois o imediatismo trazido pela internet faz com
que o jornalista, muitas vezes, viva em uma corrida constante, sabendo que “ficar
para trás” e perder o grande furo do momento pode custar caro à sua carreira.
A concorrência, que antes era de veículos de comunicação ou
profissionais da área, passou a ser de qualquer pessoa com acesso à internet,
e transformou o jornalismo digital em refém de sua própria natureza: ao mesmo
tempo em que busca trazer notícias atualizadas antes de qualquer outro
concorrente, corre o risco de “pular etapas” na apuração e ser, ele próprio, vítima
de uma notícia falsa, abalando perante seu público a credibilidade do veículo.
(HEZROM & MOREIRA, 2018, p. 517)
“O jornalismo está ‘em crise’. Cada vez mais a procura em banco
de dados e o imediatismo ganham espaço no lugar do tempo
que antes era dedicado a conseguir/manter fontes e a verificar
fatos. A mídia tem se baseado no que todo mundo anda falando
em determinado momento, enquanto o público tem se baseado
em conteúdos por indicações de amigos.”
No entanto, a busca pela divulgação rápida de uma notícia não pode
ignorar os princípios básicos do jornalismo, dentre eles, uma apuração precisa,
que diminua ao máximo o risco de chance de veiculação de informações
incorretas, o que custaria caro à credibilidade não só do jornalista, como também
da empresa que ele representa e, principalmente, a um possível alvo de
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desinformação.
Destaca SAKAMOTO (2016, p. 650):
“Se ele ou ela fizer o trabalho direitinho e checar tudo conforme
manda o figurino, pode ser ultrapassado pelo concorrente que
não chegou e simplesmente replicou. Ou pelos leitores munidos
de suas contas de Facebook, Twitter, Instagram e WhatsApp,
que não têm a mesma preocupação com ética na circulação de
notícias. Ou querem intencionalmente ver o circo pegar fogo.
No limite, pode ser criticado dentro da redação, cobrado pelo
atraso e até dispensado por não se ‘encaixar’ na empresa.”
O desafio do jornalismo digital, em tempos em que a internet traz
facilidades, concorrência e riscos diversos para o trabalho dos profissionais,
passa por encontrar maneiras de se aproximar da sociedade e oferecer
ferramentas para lutar contra as Fake News que, como detalhado, são
ferramentas importantes usadas por grupos que buscam assumir o domínio da
narrativa e impedir que a população seja bem informada.
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“Ao longo do tempo, enquanto nossas credenciais de jornalista
ainda bastavam para que uma parte do público acreditasse no
que escrevíamos, as empresas e os profissionais cometeram
erros que levantaram a desconfiança do consumidor. Cada um
desses erros – como interesses comerciais acima de editorias
(sim, por uma questão de sobrevivência, às vezes), ou
problemas com a apuração, prejudicaram os outros inúmeros
acertos da imprensa. O jornalismo é imperfeito. Sempre
cometerá erros. Faz parte do jogo. Mas precisa aperfeiçoar a
forma como lida com eles e desarmar o discurso que se forma
para desacreditá-lo.”
Em março de 2019, a BBC News Brasil realizou o seminário “Beyond Fake
News – Em Busca de Soluções”, cujo o objetivo era justamente o de discutir o
avanço da desinformação no Brasil e no mundo.
Com a participação de especialistas de diversas áreas, o seminário
discutiu vários pontos da desinformação e maneiras com que o jornalismo pode
lidar para recuperar a credibilidade diante o público, como criar o hábito nos
próprios leitores/espectadores de verificar a veracidade das notícias, como
também evoluir o modelo de comunicação para que seja mais atraente para os
consumidores, conforme destaca matéria da BBC, disponível em
<https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47547772> (Acesso em 15/04/2019)
“Para um grupo de cinco jornalistas, pesquisadores e
influenciadores digitais reunidos pela BBC News Brasil no
seminário ‘Beyond Fake News - Em Busca de Soluções’, a
resposta passa por educar melhor os leitores, de um lado, e por
tornar conteúdo da imprensa mais atraente, mantendo a
credibilidade.”
SAKAMOTO (2016, p. 57 e 70) também reforça a importância de munir os
receptores das notícias com ferramentas para que possam descartar notícias
falsas por conta própria, o que se inicia com um projeto educacional:
“Nesse mundo em que todos têm acesso a ferramentas de
comunicação de massa, mas nem todos se importam com a
qualidade do conteúdo que recebem e divulgam, em que se quer
discutir, mas não se conhece os ritos do debate, a educação
para a mídia ganha importância.
Educação para a mídia não é uma ferramenta para a censura.
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Significa preparar as pessoas para selecionar e interpretar
conteúdo e, ao mesmo tempo, produzir e veicular conteúdos
com responsabilidade. (...) Acredito que um dos grandes
desafios dos próximos anos seja fomentar o sentimento de
responsabilidade em quem produz, lê e compartilha
informações.”
A tarefa, que não é simples, deve começar com o bom senso dos
profissionais de imprensa, que devem resgatar os valores básicos do jornalismo
e as principais ferramentas para garantir a credibilidade e uma margem
absolutamente baixa de erros de qualquer natureza. Só assim, é possível iniciar
um trabalho e fornecer ferramentas para que as demais pessoas, que não vivem
do ofício da comunicação, sejam capazes de interpretar as notícias por si
mesmas, conforme escreve FILGUEIRAS (2018, p. 155):
“(...)nós, jornalistas, devemos encarar o trabalho com uma
seriedade que pode ser confundida até com caretice. Talvez seja
preciso desacelerar as produções insanamente rápidas que
correm para ser as primeiras na web para priorizar a precisão.
Outro ponto a destacar é que, dentro dos ciclos históricos do
jornalismo, que ora valoriza opinião, ora prefere informação
imparcial, teremos que distinguir mais que nunca uma da outra.
A confusão entre ambas pode se tornar mais uma arma contra
nosso trabalho.”
Ou seja, conforte aponta, também é preciso educar os consumidores para
que eles possam ser capazes de identificar o que é uma notícia factual, o que é
uma reportagem investigativa, o que é um artigo opinativo, entre outros.
A autora ainda cita uma situação enfrentada pelo tradicional jornal norte-
americano Washington Post, em novembro de 2017. Na ocasião, o Project
Veritas4 tentou aplicar um golpe no jornal, para em seguida acusá-lo de divulgar
Fake News, mas o periódico foi salvo pelo bom senso dos jornalistas envolvidos
no caso, que desconfiaram da suposta vítima de assédio de um senador
republicano e foram capazes de desmascará-la, o que resultou em uma
reportagem que expôs as más intenções do Veritas. “O senso crítico dos
repórteres resultou em perguntas incisivas que confundiram a falsa fonte. Tanto
4
Liderado pelo ativista político conservador americano James O’Keefe, o grupo surgiu com a promessa
de lutar contra a corrupção, e realiza um trabalho focado em desacreditar a mídia progressista ou liberal.
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a paciência e o rigor para averiguar os fatos, como a ética na lida com a situação,
salvaram o Post de um vexame” (FILGUEIRAS, 2018, p. 159).
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Dentre outras ferramentas, também desenvolveu uma tecnologia de
inteligência artificial para ajudar na checagem de vídeos e imagens e auxiliar o
trabalho das Agências de Checagem de Fatos; passou a oferecer um tipo de
denúncia específica para Fake News, que preserva a identidade do denunciante
e que, segundo a empresa, conta com cerca de 15 mil pessoas revisando os
conteúdos denunciados; remoção de páginas e que promovam notícias falsas5
e perfis falsos; lançou um botão de contexto, que dá mais detalhes sobre as
notícias compartilhadas e busca ajudar o usuário, oferecendo links sobre o
mesmo assunto, a avaliar a veracidade da notícia.
Já no início de abril de 2019, o Estadão Verifica também passou a integrar
o programa de verificação de fatos do Facebook no Brasil, para identificar
notícias falsas, segundo explica a matéria, disponível em
<https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/estadao-verifica-fecha-
parceria-com-facebook-para-checar-conteudo-falso-na-rede-social/> (acesso
em 25/04/2019):
“Ao trabalhar com conteúdo do Facebook, os jornalistas
do Estadão Verifica terão acesso a uma lista de publicações
sinalizadas como potencialmente enganosas por usuários e pelo
próprio sistema de detecção de anomalias da rede social. Após
o processo de checagem, a postagem pode ser enquadrada em
uma entre nove categorias, incluindo ‘falso’, ‘misto’, ‘título falso’
e ‘verdadeiro’.
A partir dessa triagem, conteúdos marcados como falsos têm
exposição reduzida em até 80% no feed de notícias dos usuários
da rede. Além disso, páginas que postam repetidamente
conteúdo enganoso têm seu alcance diminuído de forma
geral. Usuários e administradores de páginas com publicações
marcadas como ‘falso’, ‘mistura’ e ‘título falso’ recebem
notificações do Facebook. Um aviso também é enviado a quem
quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como
enganoso anteriormente.”
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Em julho de 2018, o Facebook removeu 197 páginas e 87 perfis brasileiros, sob a justificativa de que se
tratavam de páginas e perfis que pertenciam a uma rede coordenada para espalhar desinformação, a
maioria ligadas ao MBL (Movimento Brasil Livre), que acusou a empresa de perseguição ideológica.
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Além do Facebook, o Twitter, que assim como o Facebook tem perdido
adesão, mas ainda conta com cerca de 335 milhões de usuários ativos, anunciou
um recurso para que usuários possam denunciar Fake News em processos
eleitorais. A ferramenta, anunciada no dia 24 de abril de 2019, foi lançada um
dia depois na Índia e em seguida chegou ao Reino Unido, países que terão
disputas eleitorais em breve. A empresa anunciou que durante o ano ela estará
disponível para outros países, seguindo o cronograma de preferência dos que
têm eleições programadas, conforme explica matéria disponível em
<https://canaltech.com.br/redes-sociais/twitter-adicionara-recurso-contra-fake-
news-de-eleicoes-137837/> (Consultado em 27/04/2019): “
“A política do Twitter proíbe que usuários usem a plataforma
para manipular eleitores ou interferir nas eleições. A empresa
detalhou alguns casos que violam essas regras: tweets
contendo informações erradas sobre como votar ou como se
registrar para votar e tweets dizendo que os usuários podem
votar via mensagem de texto.”
Antes disso, ainda em 2018, a empresa já tinha informado que removera
contas informatizadas, os “bots”, que espalhavam desinformação pela rede.
Já o YouTube, plataforma de compartilhamento de vídeos de propriedade
da gigante Google, anunciou no ano passado (2018) algumas ações para
combater Fake News, como fornecer mais contexto para pesquisas no site sobre
acontecimentos recentes, oferecendo um link que leve a um site confiável com
uma notícia sobre o caso (exclusivo apenas para os Estados Unidos até o
momento); uma sessão inicial chamada Breaking News, com destaque para
vídeos de notícias produzidos por canais jornalísticos confiáveis; além de
anunciar o investimento de 25 milhões de dólares nas áreas inovação e suporte,
consideradas fundamentais para combater Fake News; e também trabalhar com
youtubers populares para desenvolver palestras e cursos virtuais buscando
capacitar as pessoas para identificar por conta própria notícias falsas, conforme
informações disponíveis em <https://olhardigital.com.br/noticia/youtube-anuncia-
medidas-para-combater-teorias-da-conspiracao-e-fake-news/77305>
(Consultado em 27/04/2019).
Em março deste ano (2019), o YouTube também anunciou que passará a
trabalhar com agências de checagem de notícias e mostrar painéis de
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informação sobre temas pesquisados na plataforma e que, segundo a própria,
sejam passíveis de desinformação, conforme matéria disponível em
<https://canaltech.com.br/redes-sociais/youtube-testa-ferramenta-para-alertar-
os-usuarios-sobre-fake-news-134275/> (Consultado em 27/04/2019), que traz
informações sobre a ferramenta, ainda em testes apenas na Índia:
“Para que o projeto funcione, a Google fechou contratos de
parceria com quase uma dezena de agências de fact checking
da Índia, que irão fornecer as informações que serão
apresentadas nesses painéis. Além disso, muitas dessas
agências já trabalham com o Facebook para coibir a proliferação
de notícias falsas na rede social de Zuckerberg, então são
organizações que já estão há algum tempo no combate às
teorias da conspiração e Fake News.”
O WhatsApp, que é de propriedade do Facebook, também adotou
medidas para tentar diminuir a divulgação de Fake News. No início de 2019, a
empresa restringiu ainda mais o encaminhamento de mensagens para
indivíduos ou grupos. O recurso já havia sido limitado para apenas 20 contatos
no ano anterior e passou a ser para apenas cinco desde então.
Já no início de abril deste ano (2019), o WhatsApp lançou na Índia um
recurso para classificar mensagens pelo mensageiro como verdadeiras, falsas
ou enganosas. Além disso, um recurso de busca reversa de imagens, que
poderão ser verificadas pelo Google, também já foi identificado na plataforma,
mas segue sem data de lançamento.
Na Espanha, às vésperas da eleição marcada para o dia 28 de abril, os
canais oficiais de importantes partidos no país tiveram suas contas no WhatsApp
suspensas, segundo comunicado da empresa, por terem desrespeitado os
Termos de Serviços impostos pela empresa.
De acordo com matéria divulgada pelo El País, “O Facebook afirma que
deixou claro em suas reuniões com os partidos antes da campanha que proibiria
as contas que não cumprissem as regras. No final, acabou por aplicar a norma
de maneira rigorosa”. Disponível em
<https://brasil.elpais.com/brasil/2019/04/26/tecnologia/1556299063_495863.ht
ml> (Consultado em 27/04/2019).
Como se pode ver, a luta contra as Fake News realmente chegou aos
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grandes veículos, que têm buscado criar mecanismos e oferecer ferramentas
para que elas possam ser identificadas e combatidas, não porque as empresas
sejam “boas”, mas porque sabem que a falta de credibilidade acarreta em
prejuízo e que um ambiente de caos instaurado por desinformação, só é benéfico
para alguns agentes que buscam o poder abafando os sistemas democráticos.
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rumos da comunicação.
O jornalismo digital, por sua natureza, é o principal prejudicado pelas Fake
News, enquanto ferramenta de comunicação. O fato de grande parte da
população ser incapaz de verificar a veracidade de uma notícia, atribuindo a sites
apócrifos hospedados fora do país e sem o menor comprometimento com a ética
e a verdade, a mesma importância que sites de grandes, médios ou pequenos
jornais, que investem recursos e tempo para garantir a qualidade das notícias
que divulga, demonstra o grande desafio que a imprensa tem pela frente.
Além disso, também é notável que as grandes empresas têm, sim,
trabalhado para disponibilizar recursos para que qualquer pessoa tenha
ferramentas para desmascarar Fake News.
As Agências de Checagem de Notícias, ainda que sejam alvo de
difamação de uma pequena parcela de fanáticos políticos ou intervencionistas
conspiratórios, cresceram, ganharam autenticidade junto a órgãos internacionais
e passaram a agir em conjunto com redes sociais, na tentativa de suprimir as
Fake News.
Assim como as próprias plataformas como Facebook, Twitter, YouTube e
até o WhatsApp, cuja criptografia garante justamente o sigilo das conversas
entre os usuários, respeitando os direitos de privacidade, ao mesmo tempo em
que se torna uma ferramenta que facilita o tráfego de notícias falsas, iniciaram
ações para combater a proliferação das Fake News.
Ainda é muito cedo para saber quais ações trarão resultados positivos,
mas é possível reconhecer os esforços conjuntos das empresas, dos
profissionais da área e, também, por que não, de uma grande parcela da
população, que aos poucos vai entendendo o seu papel nessa nova sociedade
digital, em que um simples compartilhamento em sua rede social pode tirá-lo do
anonimato e transformá-lo em um influente comunicador em questão de
instantes.
Essa responsabilidade é de todos e o grande desafio para que o
jornalismo digital, em um futuro esperamos que não tão distante, seja facilmente
identificado como tal e não precise brigar por espaço com notícias inventadas,
criadas apenas para espalhar a desinformação.
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