Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Porto Alegre
2022
Giulia de Mello Medeiros
Porto Alegre
2022
AGRADECIMENTOS
Pensei que esse momento não chegaria, mas agora esse é o espaço onde
agradeço todos que torceram por mim nesses sete anos. A emoção de chegar até
aqui não cabe dentro de mim, por isso divido esse espaço com todos que nunca
soltaram a minha mão. Principalmente os meus tios, Andressa e Christian.
Família, vocês não fazem ideia de quantas vezes pensei em desistir, mas
olhava cada um e lembrava a minha missão aqui. Obrigado por ajudar sempre a me
levantar, cada abraço e cada lágrima que me ajudaram a secar. Todos vocês são à
base da pessoa que me tornei até aqui, e ainda tenho muito a evoluir com vocês.
Agradeço os meus avós, Luiza e Antonio. O amor que sinto por vocês não
tem tamanho. Aos meus BonsAvósDrastos, Vanderlei e Rose. Agradeço todos os
dias por ter vocês em minha vida. Obrigado por cada carinho e palavra amiga.
Por fim, agradeço o meu paidrasto que me incentivou a tirar os meus sonhos
do papel e me ajudou a concretiza-los. O Rock in Rio, de 2024 nos espera.
RESUMO
A presente pesquisa possui como tema o jornalismo independente e como ele vem
ganhando espaço na sociedade, por meio de pautas locais. Dentro desse aspecto, a
monografia consiste em abordar como o Grupo Matinal Jornalismo foi pauta das
mídias tradicionais, no caso representada pelo Portal GZH. O objetivo da pesquisa é
analisar o jornalismo independente sendo pauta das grandes mídias. Além disso,
refletir sua autonomia para escrever na hora de selecionar as notícias. Para analisar
a pesquisa, foi estabelecido como processo metodológico o Estudo de Caso de
(YIN,2001), com base no valor-notícia, Teoria de Gatekeeper e “como” e “por que” o
Grupo Matinal Jornalismo deu a notícia primeiro. O estudo foi durante o período de
24 de agosto a 2 de setembro. O intervalo foi selecionado durante o tempo em que o
caso foi investigado e denunciado pelo Grupo Matinal Jornalismo. Para referenciar a
monografia, a fundamentação teórica escolhida foi os autores como YIN (2001),
LAGE (2015), TRAQUINA (2005), FERNANDES (2014), WOLF (2012),
FERRARETTO, MORGADO (2020) e entre outros. O problema de pesquisa a ser
respondido é “O que levou um portal de jornalismo independente a ser referência de
pauta aos grandes veículos tradicionais de comunicação”? Por meio da pergunta é
possível responder que entre um dos motivos é a liberdade editorial que o jornalismo
independente tem.
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7
4 O GATEKEEPER .................................................................................................. 27
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 52
INTRODUÇÃO
No ritmo de constantes mudanças, o jornalismo busca cada vez mais se reinventar e buscar
soluções para eventuais crises. Atualmente, percebe-se que o jornalismo vive uma grande crise de
credibilidade. O caso ocorre devido aos inúmeros veículos que propagam informações falsas ou
simplesmente não cumprem com seu papel principal de informar a população e defender a
democracia.
Em meio a demissões e diminuição das equipes nas redações dos veículos de comunicação
de mídia tradicional, os jornalistas buscaram meios para se reinventar dentro das suas profissões
(GOSH, 2021, p.13):
No final do ano de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre casos de
pneumonia em Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China. Desde então, o vírus
SARS-CoV2, nome científico dado ao coronavírus/COVID-19, começou a se espalhar rapidamente.
No ano de 2020, o mundo parou diante da maior crise sanitária dos últimos tempos. A
pandemia de COVID-19 era decretada e a maior fonte de informações chegava através da
Organização. Com os estudos sobre o vírus, maiores informações foram passadas. Os veículos
sérios de comunicação repassaram as informações aos jornalistas.
No ambiente social das redes, foi o local onde os atuais veículos independentes começaram
a chegar. Por isso, o veículo escolhido para ser analisado é o Grupo Matinal Jornalismo, que é um
portal de notícias feito de forma independente. O Grupo foi escolhido devido à investigação e
denúncia sobre o Hospital da Polícia Militar do RS, que testou proxalutamida sem autorização da
Anvisa em pacientes com COVID-19.
Por isso, o objetivo geral da pesquisa é analisar o jornalismo independente sendo pauta das
grandes mídias. Além disso, refletir seu espaço na sociedade local e sua autonomia para escrever na
hora de selecionar as notícias.
Neste projeto, será mostrado o jornalismo independente a serviço do público e como levar
mais do seu poder de pauta. Segundo a Organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) no seu 20°
Índice Global de Liberdade de Imprensa, o Brasil ocupa no ranking a posição 110° entre 180 países.
O jornalismo independente pode ser a saída para tirar o país dessa posição.
A monografia será feita com base no Estudo de Caso (YIN), analisando “como” e “por que” o
Grupo Matinal Jornalismo deu a notícia primeiro. A comparação será feita com o Portal GZH.
Para analisar a mídia tradicional versus a mídia independente, serão utilizados para a análise
(MICK, CHRISTOFOLETTI, LIMA 2021) e (MUNHOZ,2022). Logo em seguida, (PRADO, 2011) será
base para o jornalismo digital. Continuando o estudo, entraremos nas fake news, (Silva Gomes e
Dourado, 2019) serão a base para entender a pós-verdade.
Assim não existe tempo para consumir todas, apenas algumas emissoras
oferecem plataformas de streaming para que o consumidor possa ver depois a
programação. ”Poder-se-ia dizer que o jornalismo é um conjunto de “estórias”,
“estórias” da vida, “estórias” das estrelas, “estórias” de triunfo e tragédia”.
(TRAQUINA, 2005). A sociedade está cada vez mais inserida em notícias e
mergulhada em informações, e o jornalista está fazendo seu principal papel para que
isso seja possível: informar e contar histórias. Para (MEDINA,1988, p.25):
(...) é o terceiro e marcante movimento, que vai até 1930. Neste período,
com a proclamação da República, as notícias meramente informativas
passam a ser adotadas. Há uma segregação entre os meios de
comunicação da época, alguns começam a ser perseguidos, outros
fechados, o que causa um aumento da censura. Em contraposição a isso,
os jornais ficavam cada vez mais profissionalizados com tecnologia vinda do
exterior, possibilitando sua melhoria estética. De 1930 a 1969, com a Era
Vargas, as mídias impressas iniciaram a utilização da técnica do lide, que
facilitava a elaboração do texto de forma padronizada. A partir de 1969
prevalece a cultura visual, como a televisão, que passará a moldar jornais e
revistas. A partir de 1980 começamos a verificar a informatização das
redações e a adoção de técnicas mais apuradas de diagramação.
1
Matéria feita pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Disponível em:
<https://www.abraji.org.br/noticias/um-ano-depois-da-pandemia-jornalistas-relatam-desafios-e-danos-
a-saude-mental> Acesso em 26 de out.22
2
Matéria feita pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Disponível em:
<https://www.abraji.org.br/noticias/um-ano-depois-da-pandemia-jornalistas-relatam-desafios-e-danos-
a-saude-mental> Acesso em: 22 de out. 2022
14
Em 2020, primeiro ano da pandemia, o Brasil passou por uma das mais
controversas medidas tomadas pelo Governo Brasileiro. No dia 5 de junho de 2020,
o Ministério da Saúde apagou os dados que revelavam a dimensão da Covid-19 no
Brasil. No dia 6 de junho, um dia depois, o site voltou ao ar, mas somente com
números que registravam apenas casos e óbitos das últimas 24 horas, sem oferecer
um panorama da situação desde o início da pandemia e a situação em cada estado.
A imprensa e os especialistas chamaram o momento de “apagão” 3. O ato foi um
claro momento de tentar silenciar a imprensa e os cientistas com a falta de números,
assim negando a informação à sociedade. Os dados, no início da pandemia, eram
atualizados até as 19 horas, com a entrada do ministro da saúde Eduardo Pazuello,
os números começaram a ser atualizados às 22 horas. Desta forma os telejornais
não poderiam dar os números atualizados. Na época, o presidente Jair Bolsonaro
chegou a dizer “acabou a matéria no Jornal Nacional”4.
3
Material sobre o assunto. Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/06/06/apos-
reduzir-boletim-governo-bolsonaro-retira-dados-acumulados-da-covid-19-de-site-oficial.ghtml> Acesso
em: 20 de out. 22
4 Matéria sobre o assunto. Dísponível em: <https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/06/05/dados-
do-coronavirus-bolsonaro-defende-excluir-de-balanco-numero-de-mortos-de-dias-anteriores.ghtml>
Acesso em: 20 de out.22
5
Consórcio de Veículos de Imprensa - Disponível em
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Cons%C3%B3rcio_de_Ve%C3%ADculos_de_Imprensa> Acesso em: 21
out.22
15
As fake news, em livre tradução, são notícias falsas. O termo ganhou vida no
Brasil, durante as eleições presidenciais nos Estados Unidos, em 2016. Segundo
(Roxo, Melo, 2018), em uma busca preliminar pelas palavras fake news no portal da
Folha de S. Paulo6 é possível constatar que, só de 01 de janeiro a 26 de abril de
2018, o termo apareceu 257 vezes nas reportagens e colunas do jornal.
As notícias falsas foram tão rápidas, que se alastraram de tal forma que
muitas vezes os jornalistas tinham que desmentir a informação que tinha dado a
pouco. O remédio que não tinha comprovação científica, que a máscara era
necessária e entre outras verdades em que negacionistas tornam mentiras. O
profissional não teve apenas que buscar o conteúdo correto e lutar por sua
sobrevivência, afinal estava exposto na rua para trazer a informação, mas também
lutar contra ataques feitos ao vivo e pela internet. (FERRARETTO,MORGADO,
2020):
6
Folha de S.Paulo, também conhecida como Folha de São Paulo ou simplesmente Folha, é um jornal
brasileiro editado na cidade de São Paulo e é atualmente o segundo maior jornal do Brasil em
circulação.
17
“(...) (2) Nunca foi tão necessário ter tanta precisão na veiculação de
informações por esses veículos de comunicação. (3) Nunca foi tão
necessário combater fake news. (4) Nunca foi tão necessário cuidar da
saúde de quem produz comunicação”.
2 O JORNALISMO INDEPENDENTE
18
Contudo, foi verificado que o entendimento do que pode ser definido como
jornalismo independente oscila de acordo com a visão de quem o conceitua,
diante das iniciativas nativas digitais. Ademais, ainda é necessário aumentar
e buscar na literatura da academia brasileira, mais bases conceituais sobre
jornalismo independente (...).
19
7
O Correio Braziliense foi fundado por Hipólito José da Costa, considerado o pioneiro do jornalismo
no Brasil.
20
8
Rádio Guaíba é uma emissora de rádio brasileira sediada em Porto Alegre, capital do estado do Rio
Grande do Sul.
21
3 JORNALISMO DIGITAL
9
Aliança Francesa
10
Projeto cultural do Departamento de Difusão Cultural da UFRGS. (N.A.).
11
Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul. Fundado em 1940(N.A)
12
Livraria e grupo editorial composto das editoras: Bambolê, Opala e Elipse. (N.A)
13
Veículo de Comunicação Independente fundado em 2015
22
“Divulgar informação ou notícia que sabe ser falsa e que possa modificar ou
desvirtuar a verdade com relação à saúde, segurança pública, economia ou
processo eleitoral ou que afetem interesse público relevante. Pena –
detenção, de um a três anos, e multa, se o fato não constitui crime mais
grave”.
14
Pesquisa disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/06/08/cultura/1528467298_389944.html> Acesso em: 25 out. 22.
26
15
Matéria sobre. Disponível em:<https://www.abraji.org.br/noticias/um-ano-depois-da-pandemia-
jornalistas-relatam-desafios-e-danos-a-saude-mental> Acesso em: 2 de nov. 22
Matéria sobre. Disponível em:<https://www.abraji.org.br/noticias/um-ano-depois-da-pandemia-
jornalistas-relatam-desafios-e-danos-a-saude-mental> Acesso em: 2 de nov. 22
27
4 O GATEKEEPER
A partir dos “portões” não é mais o jornalista tem que decidir, e sim alguém
em um cargo superior, normalmente o editor-chefe. Pode-se resumir em: A Teoria
do Gatekeeper analisa a seleção de notícias somente pela visão do jornalista e seus
próprios juízos de valor (TRAQUINA, 2005).
28
O termo gatekeeper foi introduzido pelo psicólogo social Kurt Lewin, referindo-
se à pessoa que toma decisões em uma sequência de decisões. Já o responsável
pela Teoria do Gatekeeper no Jornalismo foi David Manning White na década de
1950 (TRAQUINA, 2005) .
Não é nada fácil escolher o que mais importante para ser noticiado antes ou
depois e o que vai ser pauta no dia ou não. Cada um de nós conceitua as coisas por
comparação e contraste, do ângulo da utilidade, da função. Para comunicar esses
conceitos, aplicamos princípios lógicos (...) (LAGE, 2011). Os critérios pessoais,
junto à ideologia de vida e caráter, entram em conflito com os critérios que devem
ser seguidos na hora de escolher o que entrará no ar, irá para rede ou será para a
televisão.
4.2 Valor-Notícia
que um acontecimento pode ser de interesse para o seu público, o tornarão mais
rapidamente notícia”.
Negatividade: Embora já tenha sido tratado acima por Alsina (2009) esse valor
negativo, é preciso salientar que Galtung e Ruge (1993) entendem que as notícias
negativas são as preferidas do público. De acordo com Traquina (2008), as
justificativas dos autores para esse estado de coisas são: as notícias negativas
satisfazem melhor os critérios de frequência; as notícias negativas são mais
facilmente consensuais e inequívocas no sentido de que haverá acordo acerca da
interpretação do acontecimento como negativo; as notícias negativas são mais
consonantes com, pelo menos, algumas pré-imagens dominantes do nosso tempo e
as notícias negativas são mais inesperadas do que as positivas, tanto no sentido de
que os acontecimentos referidos são mais raros, como no sentido de que são menos
previsíveis.
Proximidade: Pode tanto ser usado em termos geográficos quanto culturais. Para
Galtung e Ruge (1965), esse valor-notícia se referia à significância.
33
Relevância: Assim como foi definido por Galtung e Ruge (1993) esse critério diz
respeito a um acontecimento que é importante e que tem um impacto sobre a vida
das pessoas.
Novidade: A busca pelo novo é sempre uma das missões dos jornalistas.
Tempo: Esse valor-notícia se refere a datas e comemorações. Pode ser usado como
“gancho” para tratar na atualidade de uma comemoração do passado. Um exemplo
são as datas festivas.
Inesperado: Assim como já foi tratado por Galtung e Ruge (1965), esse critério se
refere a tudo aquilo que surpreende a expectativa da comunidade jornalística.
Conflito: Esse valor-notícia está associado a uma ruptura na ordem social. Pode ser
exemplificado por uma briga entre deputados.
5 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Nesse contexto Yin (2001) ressalta que o estudo de caso constitui em uma
estratégia de pesquisa que não pode ser classificada a priori como qualitativa nem
quantitativa, por excelência, mas no que está interessada no fenômeno a ser
estudado.
Porém, justamente por ter tal liberdade na escrita por falta de anunciantes, a renda é
menor.
Já o Portal GZH tem limites de caracteres, pois uma reportagem muito longa
não serve de interesse para o próprio Portal. Além disso, o limite é estabelecido
devido a publicidade, que geralmente é bastante procurada pela relevância dos
maiores grupos de comunicação. O foco maior das reportagens é concentrado em
notícias do estado do Rio Grande do Sul, e quando traz denúncias geralmente não
Figura 4 - A notícia foi dada pelo GZH, que faz parte da RBS, afiliada do grupo
Globo.
● Proximidade
● Relevância
● Concorrência
Valor - notícia relevância: Nesse valor vai ser analisado como uma
reportagem do Grupo Matinal Jornalismo atingiu o Portal GZH e por que a
investigação e denúncia foi reportada antes da mídia comercial. (FEITOZA, 2015):
Nas primeiras análises sobre o fator proximidade, ambas deixam claro onde
acontece o caso. O Portal GZH deu a notícia um dia depois, o que subentende que
houve a checagem antes de replicar em seu site. Por tratar-se de um assunto
importante entende-se que o Portal GZH deu a notícia por ser uma denúncia em um
hospital da cidade sede da redação. O porquê se dá pelo fato de autoridades
maiores, como o Ministério Público Federal, já está investigando o caso.
locais. Um dos motivos seria o tempo em que o Grupo Matinal Jornalismo investiu na
reportagem com mais aspecto de cobrança do que foi tratado em GZH.
estava presente nos dois Portais. A hipótese é que GZH acompanhou o caso depois
da sua repercussão. Desta maneira, o Portal não tinha outra saída. A reportagem,
por mais relevante que fosse, precisava de um por que para dar seguimento e não
perder para um jornal independente. Em sua opinião, o repórter responsável pela
investigação e denúncia, o portal tradicional não se interessa cobrar e fiscalizar o
poder público com a mesma intensidade que o jornalismo independente. Conforme
Pedro, às vezes o que interessa para a mídia tradicional investir em colunistas que
ficam opinando assim, gerando cliques com mais frequência.
mídia tem como correr atrás do prejuízo de publicar depois a denúncia, pois conta
com mais recursos devido ao número de patrocinadores e assinaturas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por não ter muitos patrocinadores e ter sua renda praticamente toda vinda
somente de assinaturas, o Grupo Matinal Jornalismo não tem limites de caracteres
para escrever. A falta de anunciantes é positivo nesse lado, pois permite mais
liberdade editorial. Já o Portal GZH, um dos que mais tem visibilidade entre os
veículos tradicionais no Rio Grande do Sul, tem bastantes anunciantes.
Portanto a resposta a pergunta principal desta monografia é que por ter mais
liberdade editorial e dedicar mais o seu tempo ao jornalismo local, o Grupo Matinal
Jornalismo, chegou antes na denúncia que faz parte da sua proximidade. Assim, o
jornalismo independente chegou antes no caso do “Hospital da polícia militar do RS
testou proxalutamida sem autorização da Anvisa em pacientes com Covid-19”.
Tipo, como foi chamado por alguns autores durante a monografia, é o futuro que
está cada vez mais próximo e muito provavelmente, vai ser a maneira de fazer
jornalismo dos novos profissionais que estão se formando na Academia. Já que
partes das mídias tradicionais ainda não se reinventaram e o mercado de trabalho
está se afunilando nos grandes veículos. A época em que vivemos salienta bem a
realidade estudada durante a pesquisa.
A sociedade em que estamos inseridos precisa da atenção para que cada vez
mais possamos combater as fake news e levar a informação correta, principalmente
nas mídias digitais, onde a informação é muita. Nós, jornalistas e acadêmicos de
52
7 REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro Gráfico,
1988.
53
CAMPONEZ, Carlos Camponez,; BAPTISTA FERREIRA, Gil; RODRÍGUEZ DÍAZ, Raquel. Estudos
do Agendamento: Teoria, desenvolvimentos e desafios — 50 anos depois. Estudos do
Agendamento: Teoria, desenvolvimentos e desafios — 50 anos depois, Covilhã, ano 2020, v. 1, n. 6,
ed. 1, p. 1-232, 2020
Covid-19 e comunicação : um guia prático para enfrentar a crise [livro eletrônico] / Luiz Artur
Ferraretto, Fernando Morgado. -- Rio de Janeiro : Válega, 2020
Delmazo, C., & Valente, J. C. L. (2018). Fake news nas redes sociais online: propagação e reações
à desinformação em busca de cliques. Media & Jornalismo, 18(32), 155-169.
https://doi.org/10.14195/2183-5462_32_11. Acesso em: 15 out. 22
FERNANDES, Mario Luiz. A proximidade como critério de noticiabilidade: a força da notícia local. In:
SILVA, Gislene; SILVA, Marcos Paulo; FERNANDES, Mario Luiz (org.). Critérios de noticiabilidade:
problemas conceituais e aplicações. Florianópolis: Insular, 2014.
GOSCH, Raisa Moreira. O conceito de jornalismo independente no contexto dos nativos digitais
brasileiros. 2021. 88 f. TCC (Graduação) - Curso de Jornalismo, Universidade Federal de Santa
Catarina, Disponível
em:https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/223837/TCC.pdf_Raisa%20G
osch.pdf?sequence=1&isAllowed=y.Acesso em: 2 ago.22.
LAGE, Nilson, 1936- Estrutura da notícia / Nilson Lage. - 1.ed. - São Paulo : Ática, 2011. -
(Princípios ; v.29)
LUSTOSA, Elcias. O texto da notícia. 1. ed. Brasília: Editora UNB, 1996. cap. 68, p. 1-192.
Jornalismo em tempos da pandemia do novo coronavírus. Hebe Maria Gonçalves de Oliveira e Sérgio
Gadini (Orgs.). - 1a edição - Aveiro: Ria Editorial, 2020.
MICK, Jacques; CHRISTOFOLETTI, Rogério; LIMA, Samuel Pantoja (orgs.). Jornalismo local a
serviço dos públicos: Como práticas de governança social podem oferecer respostas às crises
do jornalismo. 1. ed. Florianópolis, SC: Editora Insular, 2022. E-Book (PDF; 5,96 Mb). ISBN 978-85-
524-0237-4.
PEREIRA, Fábio. As Diferentes maneiras de ser jornalista: um estudo sobre as carreiras profissionais
no jornalismo brasileiro. In: PEREIRA, Fábio. As Diferentes maneiras de ser jornalista: um estudo
sobre as carreiras profissionais no jornalismo brasileiro. 2. ed. Brasília: Universidade de Brasília,
2020. v. 2, cap. sobre escolhas e carreiras, p. 1-296.
PRADO, Magaly, 2011- webjornalismo/ Magaly Prado. - 1.ed - Livros Técnicos e Científicos Editora
Ltda. Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional
ROXO, M. A., & Melo, S. (2018). Hiperjornalismo: Uma visada sobre fake news a partir da autoridade
jornalística. Revista FAMECOS, 25(3), ID30572. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2018.3.30572.
Acesso em: 20 de out. 22
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. Tradução: Karina Jannini. 6. ed. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos I Robert K. Yin; trad.Daniel Grassi- 2.ed.-
Porto Alegre: Bookman, 2001.
55
R - Então é um espaço de pesquisa para ti. Saiu até um livro agora, que eu fui
pra SBPJOR nesse último final de semana, porque fui apresentar um trabalho do
meu TCC também e o pessoal lá UFSC, do Rogério Christofoletti e outros assim,
eles publicaram um livro chamado jornalismo local a serviço dos públicos. Imagino
que ajude, talvez tenha algum artigo ou alguma coisa que possa te ajudar.
R - Tu diz de propagar?
R - Eu acho que de modo geral, a gente corre o risco nos mesmo vieses, as
vezes que talvez alguém de mídia comercial pode acabar. Se tu não faz um trabalho
correto, seja para mídia independente, seja para mídia comercial, eu acho que você
acaba cometendo esse tipo de coisa. Lembro, por exemplo, o diário do centro
mundo que em tese é mídia independente, não sei se são, mas eles publicavam
várias matérias erradas, factualmente esquecitíssimas, por exemplo. E eles são
como se fosse mídia independente. O Brasil 247 fez aquele documentário da facada,
que é uma salada de frutas muito esquisita, em tese eles são mídias independentes
mais vai do quão independente você é. A partir do momento que você começa a
tomar partido pelo um partido e tu começa a abrir mão de determinados valores
jornalísticos, eu acho que você deixa um pouco de ser mídia independente. Então,
eu não saberia dizer. De modo geral, se você segue a linha do jornalismo preciso
correto, se tu segue o ideal tu não cai, mas o ideal nem sempre está praticamente
concretizado para as pessoas o que elas estão fazendo.
R - Acho que ninguém mais lê o impresso, quase ninguém liga mais pro
impresso. Eu fiz um trainee no Estadão e uma das coisas que eu ouvi lá foi que a
58
tendência do impresso era ele virar um artigo de luxo, um artigo sabe? O assinante
premium vai receber no lugar do assinante comum, sabe? Ser um produto premium
pra pessoa que é bem de nicho, que gosta de ter alí o papel na mão. Então acho
que sim, a tendência é o jornalismo digital prevalecer, eu acho que já prevalece, né.
A maior parte das pessoas não lê jornal. Eu inclusive, quando fui pra São Paulo, eu..
pelo amor de Deus a gente não lê. Até quando fui pra São Paulo agora, eu peguei
uma cópia da Folha, uma cópia do Globo e uma cópia do valor econômico lá na
redação no Estadão, peguei uma cópia do Estadão também, e eu lembro que eu
peguei a Folha de São Paulo e eu fique assim: Cara pra que tanto texto, tinha tanta
coisa ali que eu ficava assim pô isso aqui é uma revista, mas na verdade era de um
dia, um dia da semana. Ai eu fiquei porra, quem que le essa merda toda . Ninguém
lia, sabe, ninguém tem tempo pra ler aquilo, sei lá́ , só um cara aposentado que vai
ter tempo pra acordar de manhã e ler tudo que está ali. E mesmo assim, os
aposentados estão no zap, sei lá, né tô falando coisa assim, mas ninguém lê, eu
acho e é tanta informação assim que também, que tanto ali no jornal ou como na
internet e etc que falta justamente essas coisas e curadoria, né. De algo que ordene
o que é importante e não é. Eu lembro que eu abri o jornal tmbém e tive essa
mesma sensação de confusão, porra tanta coisa acontecendo e tudo parece
importante, sabe. Enfim, mas acho que sim vai prevalecer o jornalismo digital e a
gente tem que encontrar um jeito de ordenar essa bagunça. Porque quem faz essa
bagunça são os algoritmos, né? Tu entra no twitter e no twitter que diz o que é
importante pra ti. O instagram que joga na tua cara e diz o que é importante. O
facebook, sabe.
que dependendo do editor. O meu estilo, aí é o meu estilo, vai que tem gente,
pessoas que pensam diferente de mim, mas a minha concepção diz que tu deve
enxergar milhares de coisas todos os dias, não todos os dias. Assim sempre tem
alguma coisa acontecendo e pra eleger prioridades, que às vezes uma investigação
precisa despender tempo e às vezes, demora tu encontrar algo. Eu acho que o fator
impacto, assim como aquilo impacta aquela comunidade, como aquilo é uma coisa
desconhecida, aquilo é uma coisa que pode gerar alguma mudança? O que aquilo
acrescenta de novo ao assunto, tem alguém falando nisso. Eu lembro que , por
exemplo, uma notícia bem local que saiu que eu achei grave, que obviamente não
iria sair em lugar nenhum, mas que eu achei grave e fui atrás no Matinal, foi um
lance da criação de uma loteria municipal. O Melo queria porque queria criar uma
loteria municipal, só que assim, tem discussões que falam da incostinualidade.
Primeiro que não se tem certeza se é legal ou não, seria uma criação de uma loteria
municipal no meio de um vácuo jurídico. Porque não se tem certeza se pode e
caberia uma ação direta de incostinualidade e vindo uma ação desse gênero teria
todo tipo de repercussão jurídica que iria gerar responsabilização eventualmente
administrativa e criminal pra uma penca de gente da administração municipal. Então
seria uma aventura jurídica muito grave, sabe? E aí eu fui atrás, mas assim porque
eu achei grave e era um aspecto muito assim"loteria municipal de Porto Alegre". Não
teve se lá uma repercussão, algumas pessoas leram, claro e talvez tenha ajudado e
nem foi muito pra frente a proposta. Talvez alguém tenha se ligado na matéria, não
sei, nunca dá para saber, mas sabe tua ajuda, sei lá. É aquela coisa de escala tu
tem uma GZH que é uma tendência regional ela não vai lidar com esse tipo de
assunto, sabe? Então eu acho que é isso, pensando no impacto e pensando nas
lacunas de cobertura que a mídia comercial não cobre.
tem, até porque leitor no modo geral é fraco.Eu acho que no Brasil a gente tem os
leitores de modo geral eles não tem a cultura de assinar, né? De pagar jornal e
apoiar, sabe. Então acaba precisando desses parceiros comerciais, mas eu não sei
exatamente a quantidade que eles bancam, mas tem um patrocinador.
P - Tu falou que saiu em agosto, né? e Tu entrou quando? Como foi a tua
vivência trabalhando com o Matinal? Como é com reportagem, enfim
R - Eu tava trabalhando meio que como um freela fixo, né? Eu fiquei um ano.
Na verdade eu comecei em agosto de 2021 e sai no final de julho deste ano para
começar o trainee no Estadão que eu fui fazer. E basicamente. eu estava em um
freela fixo e eu ficava atendendo demandas de editores. Quando eu comecei no
Matinal, eu tava associado ao estudo Fronteira. A fronteira é meio que uma
cooperativa de jornalistas freelancers e eu já tava como estagiário e naquele
momento eu fui efetivado na fronteira pra ser como um adido no Matinal. Eu era a
pessoa que prestava serviço, que fazia conteúdo pro Matinal que era cliente da
Fronteira. Então era essa relação cruzada, né. Era o Matinal que contratava a
Fronteira e a Fronteira me designou como a pessoa que atendesse o cliente. Em um
momento inicial, o plano do Matinal ele tinha uma ideia de ser um Nexo, a inspiração
era ser um Nexo. Daí é aquela coisa mais explicativa, né? Com aquela coisa meio
académica e no primeiro mês, eu sempre tive um viés mais investigativo, não só a
Fronteira, mas alguns repórteres que tavam ali no nosso entorno também. Enquanto
eles estavam se organizando pra me pautar em relação ao que fazer e o que não
fazer e etc, acho que na segunda semana de trabalho no Matinal eu já recebi a dica
da Proxalutamida. Então a proxalutamida acabou sendo a segunda matéria que eu
publiquei no Matinal, porque eu comecei oficialmente em agosto e a partir da
segunda semana eu já estava apurando a proxalutamida. E acabou sendo a
segunda matéria e ao longo do segundo semestre de 2021, o Matinal por causa da
repercussão nacional que deu o caso, acabou se dedicando ao investigativo. Eles
me deixaram no investigativo e contrataram um outro repórter pra fazer a cobertura
diária explicativa que era o que eles queriam. Ao longo de 2022, primeiro semestre
de 2022, esse outro repórter ele largou, né, cortaram e ficou só eu. E aí eu meio que
assumi as duas coberturas diária e coberturas investigativas. Acabou não dando
muito certo. Até porque, eu acho que tinha uma espécie de crise de identidade um
pouco no Matinal, porque se tinha essa ideia de seguir um padrão meio Nexo, de um
61
R - Então, eu acho que o lance das fontes eu acho que algo vai da
credibilidade do repórter que vai se construindo. Então, isso é uma coisa que eu
aprendi até em uma coisa do Estadão, uma coisa que eu identifiquei que eu achei
interessante descobrir. É porque às vezes, e eu ficava, será que as pessoas não me
respondem porque eu sou de um veículo menor? Será que estão me tratando mal,
porque eu sou do Matinal e não da GZH. Então eu fiz o trainee no Estadão e às
vezes eu era ignorado da mesma maneira, sabe. Sendo o Estadão ou não. Então ,
uma das coisas que eu fui identificando foi que vai da credibilidade do repórter essa
coisa da fonte. De cultivar a fonte sabe, mais que o veículo, mas de modo geral eu
acho que as pessoas estão mais ligadas nisso e mais algumas denúncias chegavam
até nós, mas geralmente elas vinham por meio jornalístico, porque o jornalista ficou
sabendo de tal coisa, acho curioso e mandava pra gente, sabe. Então de modo
geral era isso. Às vezes leitores. Um ou outro leitor mandava algumas coisas, mas a
partir do momento, pelo menos a partir da proxa, que a gente ficou um pouco mais
reconhecido como veículo que vai atrás e até o Matinal tentou se vender um pouco
assim, várias coisas chegaram até nós ou até mim. Muitas coisas chegavam até
mim. Uma ou outra fonte me enviava diretamente alguma coisa ,mas eu acho que é
isso assim, é um misto é coisa da credibilidade . A credibilidade se constrói, ela é
62
P - Então eu acho que essas são as principais perguntas. Tinha umas aqui,
mas foi respondendo conforme. Então é isso Pedro, muito obrigado por ceder teu
tempo, teu espaço.
R - Eu que agradeço pelo teu interesse na matéria, foi uma cobertura bem
estimulante. Eu estou até ... hoje mesmo eu recebi uma ligação de uma pessoa lá da
época e agora buscando ação judicial e tal. Eu to vendo em escrever um livro sobre
esse assunto, que é uma coisa que foi bem impactante, né? É um tipo de assunto
que foi muito complexo, foi uma loucura total da nossa equipe, foi uma coisa muito
grande, com repercussões internacionais e eu acho que é bom ter um registro
histórico com essa doideira toda.
matéria do tamanho que fosse necessária, um textão tem uns 30 mil caracteres até
porque a ideia é dar uma história completa e não fragmentada, eu acho que foi um
tanto divido em série e eu acho que é isso de maneira geral, acrescentando esse
aspecto.