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Jornalismo Local E Esportivo

Jornalismo Local
É difícil dizer o que não foi afetado direta ou indiretamente pelo
advento das novas tecnologias. A mídia, em geral, bem como o
jornalismo local, foram muito impactados. O que por um lado
significou mais acesso por parte do público e novos espaços para
anunciantes, por outro significou transformações que levaram a
demissões e fechamento de diversas empresas em muitas cidades.
A vida mudou e o profissional de jornalismo teve que mudar
também. Surgiram novas possibilidades e plataformas digitais com
infinitas oportunidades para uma distribuição rápida de conteúdo.
Observe agora as novas possibilidades (exigências) que as TDICs
(Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação) trouxeram
para o mercado, criando alternativas profissionais: a prática do
jornalismo local vem mudando ao longo do tempo e foi atropelada
pelas TDICs.
O que antes era somente um caderno de “Bairros”, uma parte de
um conjunto, com as mídias sociais, se tornou um ambiente cujo
foco é ouvir as comunidades, bem como aproveitar plataformas
digitais para contar histórias. O uso do vídeo e das mídias sociais já
é um meio bem estabelecido para engajar o público e compartilhar
"a notícia".
Do nosso ponto de vista, o conceito de proximidade pode ser
explorado a partir de diferentes perspectivas, mas, quando se trata
de mídia local e regional, ele se refere aos laços originados pela
familiaridade e pela singularidade de uma determinada região, que
têm muito a ver com a questão do locus territorial (PERUZZO,
2005, p. 76).
As mídias têm que criar novas maneiras de aumentar a receita. A
receita tradicional dos jornais eram publicidade, publicações
especiais (encartes), assinatura e vendas avulsas. Isso tudo mudou
com as novas mídias e, para garantir a sustentação do negócio,
surgiu a necessidade de explorar várias maneiras de expandir a
base de receitas.
Atualmente, encontramos cupons e paywalls , que são os
conteúdos pagos para acessar. Vários jornais estão adotando esse
formato, que consiste em liberar um conjunto de notícias, por
exemplo, cinco por semana, e, se o leitor desejar, pode assinar o
periódico por um número pré-definido de dias; além de assinaturas
(aquele modelo tradicional, com preços promocionais e até mesmo
venda em sites de outras empresas), eventos, apoio de fundações,
patrocínios e modelos de associação, e
o crowdfunding (financiamento coletivo).
Houve mudanças no modelo de negócios dos provedores de
notícias locais, profundas transformações no modelo de negócios
do que antes era a mídia local. Grande parte da renda e empregos
foram impactados em função da oferta de informação e publicidade
via mídias sociais. Além de consumidor de informações, o público,
agora, também é produtor.
Para sobreviver enquanto produtor de notícias, os jornais tiveram
que dobrar o conteúdo local exclusivo para sobreviver. O caminho
seria investir em reportagens, denúncias, cobertura local de
esportes, artes, matérias de interesse humano e listas, que podem
ser os classificados ou suporte a diferentes necessidades de
informação.
Em geral, o que encontramos na mídia local? Conteúdo exclusivo é
o mote da mídia local, o ineditismo e a proximidade com o leitor são
os diferenciais que somente a mídia local pode proporcionar. O
público, em geral, agora, tem acesso a mais informações e as
mídias locais têm um cliente mais exigente. Há a necessidade de
fazer a diferença em termos de conteúdo, perspectivas e valores
jornalísticos.
As reportagens de denúncias, cobertura de jogos e matérias de
interesse são as mais valiosas para a mídia local. Sem medo de
errar, é possível afirmar que grande parte desse conteúdo não será
encontrada em outro lugar.
A reviravolta e a transformação que o mercado editorial sofreu
profundamente no mundo todo tiraram a centralização da
informação, a concentração do quarto poder (a imprensa) mudou de
mãos com as TDICs.
Vamos em frente? No que diz respeito às transformações nas salas
de redação, a mídia local agora é multimídia, ou seja, contempla
texto, imagem e vídeo.
Atualmente, as tecnologias permitem produzir em um único
computador edição de textos, imagens e vídeo, o que acarretará em
equipes cada vez menores, com apoio de agências de serviços,
havendo profundas alterações na forma de fazer notícia.
A tendência é dar mais ênfase à formação de conteúdos e
informação das novas editorias do que era feito nas salas de
redação. O jornalista, agora, precisa ter habilidades de dados e
visuais, especialmente na edição de vídeos.
Quanto à qualidade antes quase que desprezada (engajamento), a
fidelidade ao veículo agora tem outro nome, e as definições de
engajamento valem para os relacionamentos digitais e off-line .
Para isso, o público precisa participar diretamente da informação, o
que exige que o jornalista do século XXI vá além de apenas
informar: leve os leitores diretamente para a conversa. As mídias
medem o engajamento a partir do conteúdo, número de
visualizações de páginas, quantos visitantes estiveram na página
pela primeira vez, tempo de permanência no site , entre outras
métricas, que vão desde cliques em links até publicidade
“encartada” na notícia.
A mídia local precisa ser diversificada para privilegiar o pessoal e o
conteúdo, pois a sociedade humana sempre foi diversificada. O que
não havia era a possibilidade de manifestação dos diferentes
grupos que a compõem. Existia muita homogeneidade não somente
nas equipes de redações, mas também no diálogo com o público
leitor. A inserção de várias das minorias trouxe uma estratificação
aos contextos editoriais.
O jornalista hoje deve se parecer mais com seus leitores e com
seus seguidores. O jornalismo local é a saída – a grande mídia está
falida. Opa! Agora pegamos pesado. Convido você a fazer uma
pesquisa, não precisa ir muito fundo, não. Quantos jornais em sua
região ainda sobrevivem?
Os jornalistas locais estão mais próximos de cada morador, de cada
empresário, em geral, e são muito conhecidos na região. Tornam-se
porta-vozes da cidade, uma espécie de ombudsman , que é a
pessoa encarregada de defender os direitos dos cidadãos, recebe e
investiga queixas e denúncias de abuso de poder ou de mau
serviço por parte de funcionários ou instituições públicas.
Um jornalista precisa estar engajado com a localidade,
desempenhar bem essa função e dedicar às pessoas um
relacionamento individual. É essencial que os jornalistas saiam do
escritório e vão para a comunidade.
Fatos que antes eram limitados a quem lia, ouvia ou reportava uma
notícia, agora, desafiam os profissionais da comunicação, na qual o
engajamento de repórteres e editores com a população é
imprescindível e uma questão de sobrevivência. Hoje, um jornalista
precisa estar engajado com a comunidade. Pois é isso mesmo, a
palavra mágica é engajamento.
Para entender melhor, siga a leitura. Se por um lado, os moradores
de um bairro não ajudam na coleta de dados e na contextualização
dos fatos, é quase impossível cobrir uma pauta capaz de despertar
o interesse dessa mesma população local. Por outro, a comunidade
participa da produção de notícias locais somente quando ela
acredita no projeto e nos jornalistas. Assim, deve haver uma relação
de confiança entre as partes. E para obter essa confiança, o
jornalista precisa ser acolhido pela comunidade e ser aceito por ela.
Para começar a buscar esse engajamento, o jornalista deve saber
que vai enfrentar alguns problemas, como: desconfiança; ser
considerado um forasteiro por locais preocupados com as
consequências que possam surgir de um modelo editorial que saia
do padrão comum da cidade; e as suspeitas de que existam
compromissos velados com grupos políticos e empresariais da
cidade. Sabendo disso, para enfrentar essas questões, é preciso
muito jogo de cintura, tolerância, inteligência e persistência.
Essas são virtudes que precisam ser postas em prática, e são bem
mais fáceis de conseguir quando há o apoio de um conjunto de
plataformas digitais em uma proposta de informação local
inovadora. Mesmo assim, não se pode abrir mão do uso de
impressos para chegar a um público que não utiliza internet, o qual
ainda é bastante numeroso em cidades do interior. Boa sorte!
Jornalismo de Cidades Hoje
Para você, o que é um jornal de cidades? Antes, eram os jornais
comunitários, os jornais de bairro e os jornais locais. Mas, hoje,
como são?
Para responder a essa pergunta, temos que considerar que a
internet quebrou os limites da geografia das cidades e apresenta,
onde quer que você esteja, conteúdos que não são mais somente
locais. Eles podem ser universais.
Os canais de comunicação foram atingidos em cheio, nem tiveram
tempo de se ajustar. Foi-se o tempo em que o jornal reportava
somente o que estava em seu raio de ação, como os jornais de
cidades, seja no rádio, na tv ou nos impressos, o caderno de
cidades ou mesmo aqueles que dedicavam um noticiário inteirinho
para tratar apenas de assuntos locais.
Algumas, senão todas, as pautas, atualmente, são produzidas com
o apoio da internet, já não existe mais o tempo em que se afirmava
que na internet não havia nada certo. Essa afirmação é muito
achismo. Dentre tantas, a principal habilidade que um jornalista de
cidade deve ter é a de saber pesquisar e investigar. Na internet, há
muito material de qualidade que poderá embasar qualquer que seja
a matéria a ser escrita.

A reportagem local já foi uma escola que se pretendia jornalista. Em


geral, começava na redação do caderno das cidades. Era o
ambiente no qual o repórter aprendia a gastar a sola do sapato e
tinha que garimpar notícias. Mas, hoje, isso se converteu. Dessa
nova tipografia dos grandes jornais diários, imposta pelo modismo
da cadernização , há páginas que já foram as mais fervilhantes
porque tratavam do nosso cotidiano.
Alguns dos exemplos de jornais que ultrapassaram fronteiras
são:
O caderno local do O Estado de S. Paulo , "Cidades", de fato não
mais se refere apenas à grande São Paulo, apresenta também fatos
e fotos de outras cidades, tais como: Palmas, Osasco, Araraquara e
Uruguaiana.
Um dos também muito famosos é o Jornal do Brasil . Nele, foi
criado o caderno "Cidade", no singular, para se referir
exclusivamente ao grande Rio. Porém, cerca de 40% do seu
espaço é ocupado pelo noticiário local, 10% por uma coluna
generalista e é complementado pela cobertura de economia e
negócios.
Jornalismo de Esportes Hoje
No jornalismo esportivo, não há tantas mudanças, embora as redes
sociais também estejam presentes. Mesmo com a mudança de
meio, o esporte, de alguma forma, desde o início da inserção de
vídeos na internet, ganhou um enorme campo de trabalho que se
tornou disponível ao jornalismo esportivo.
Se você é ou está estudando para ser jornalista, saiba que no
jornalismo esportivo não basta saber escrever bem. É preciso
gostar.
Na temática “jornalismo esportivo”, se você gosta de esportes,
diferentes  possibilidades de formação profissional estão
disponíveis. Essa é uma das especializações que possibilita cobrir
fatos relacionados aos esportes, tais como: ginástica, jogos
olímpicos e inúmeras outras atividades.
Como quem dita as normas nem sempre é o jornalista – e muitas
vezes, mesmo sendo jornalista, é alguém que já perdeu de vista
onde termina o negócio e onde começa o interesse coletivo –, fica
difícil distinguir quem mostra o evento hoje em dia: algum
divulgador ou algum parceiro do proprietário do evento (COELHO,
2011, p. 67).
No jornalismo esportivo, é muito fácil ser parcial, encontramos
muitos exemplos de jornalistas que têm preferências por
determinados times ou atletas. Por essa razão, o profissional da
área deve estar atento à sua paixão ou repúdio, pois seu texto
facilmente pode provocar no público aversão ao seu trabalho. Isso
pode acarretar em perda de leitores ou seguidores.
Você deve ter conhecido algum jornalista “tendencioso”, que torce
descaradamente por um clube de futebol. Em geral, sua crítica é
muito mais ácida com os clubes adversários.
Formação das Cidades
Até onde se sabe, as primeiras cidades surgiram há mais ou menos
5.000 anos, na Mesopotâmia. O Iraque é o novo nome desta região
que, desde então, passou por uma série de mudanças e evoluções.
Compreender o processo que originou a cidade e o fenômeno da
urbanização, constituintes da sociedade urbana industrial, significa
entender as fases de determinados estágios atingidos pela
sociedade por meio do desenvolvimento político, social, urbano e
econômico ao longo da história humana no planeta. Requer,
também, um breve histórico, a título de compreensão, dos
processos e relações sociais que criaram as condições para a
existência das cidades como produto das sociedades humanas.
Esses processos são contínuos e descontínuos, ou melhor, são
descontinuidades e constituem dialeticamente a trama social
(CASTRO, 2014, p. 40).
A Revolução Industrial criou novas atividades econômicas e fez
com que uma grande quantidade de pessoas migrasse para as
cidades. As cidades correspondem a uma parcela significativa dos
municípios, abrigando grande população.
Você deve imaginar, agora, que tudo o que acontece nos
grupamentos humanos (em quase todos) acontece nessas áreas
urbanas, nas quais estão localizados também todos os problemas.
O campo depende das cidades, pois é onde encontram-se todos os
produtos e serviços necessários ao desenvolvimento da vida rural, e
é nas cidades que estão as concessionárias de implementos
agrícolas, assistências técnicas e cooperativas.

História do Desenvolvimento das Cidades


Remontemos à Grécia Antiga, onde, separadas por montanhas, as
comunidades se organizavam em diferentes tipos de governo. Para
dar um exemplo, Atenas é chamada de “o berço da democracia” e
Esparta, que, naquela época, era uma fortaleza militar, tinha reis
como governantes. A Grécia Antiga era constituída de cidades-
estado, as quais eram muito vulneráveis e, por isso, sofreram
sucessivas invasões de macedônios e, depois, de romanos. Tanto
foi que a maioria dessas cidades-estado foi destruída.
Essa evolução das cidades-estado fez com que, na Europa, durante
a Idade Média, entre os séculos XI e XV, diferentes atividades
profissionais surgissem, o que fez também com que as cidades-
estados prosperassem até perderem sua independência para reinos
maiores.

Dinâmicas Demográficas das Cidades Contemporâneas


A organização social das cidades não é uma estrutura estática,
vários são os fatores que contribuem para esse dinamismo, como
histórico, arquitetônico, econômico, cultural e turístico, sem contar a
natureza do grupo humano que ali vive e suas contribuições.
Temos, também, os fatores climáticos que em muito contribuem
para as alterações que impulsionam demolições, reformas,
construções e até deterioração das paredes, praças e monumentos.

A cidade em Dados
Se você se deparar com o desafio de produzir alguma matéria para
o caderno de cidade de qualquer veículo, em uma rápida busca no
Google com a expressão “cidade em dados”, é possível encontrar
dezenas de indicações acerca de cidades, brasileiras ou não.
Imagine agora que você está buscando conteúdo e informações
sobre uma determinada cidade. Nesse caso, recomendo começar
por fontes oficiais, pois os dados estatísticos serão muito mais
seguros. Muitas fontes são disponibilizadas e é relativamente fácil
conseguir informações sobre qualquer lugar, as principais fontes
são o IBGE, as câmaras comerciais, sites de municípios, anuários
estatísticos etc.
Após observar os dados sobre Joinville, se você ainda não conhece
a cidade, deve ter ficado com vontade de conhecê-la. Além de
apresentar os dados numéricos sobre as suas características
demográficas, o site também acrescenta informações relevantes ao
jornalista que pretende escrever sobre ela. Esse é um bom exemplo
de como deve ser atendida a legislação da transparência. Vamos
em frente?
Jornalismo de Dados Aplicado à Cobertura de Cidades
O jornalismo de dados teve seu desenvolvimento a partir da década
de 1960, com relatos de que o jornalista Philip Meyer foi um dos
primeiros a adotá-lo. Há até um novo conceito: o do jornalismo de
precisão. Desde então, a sola de sapatos vem sendo substituída
pelo computador, apoiado em metodologias largamente utilizadas
para reduzir as chances de erros.
Desde que a teoria dos Grandes Dados (Big Data) se tornou
conhecida, ela passou a ser usada por todos os meios, sejam eles
esportivos ou corporativos. Mas o que mais nos interessa agora é o
meio jornalístico. O Big Data foi um dos maiores ganhos que a
profissão jornalística obteve com as tecnologias digitais.
Esses novos procedimentos ajudaram os jornalistas a aprimorar o
seu próprio conhecimento acerca da realidade social e política,
reduzindo a dependência de fontes externas ao processo de
produção e de análise da informação. Tudo isso ganha uma nova
importância quando o contexto muda de um cenário de escassez,
no qual jornalistas tinham enormes dificuldades para obter
informação, para um momento de abundância, no qual o problema
deixa de ser encontrar a informação, mas saber qual deve ser
buscada, analisada e utilizada para subsidiar a notícia jornalística
(FLEW et al., 2012 apud MANCINI; VASCONCELLOS, 2016, p. 72).
De posse desses novos procedimentos, os jornalistas conseguiram
aprimorar seu conhecimento acerca da realidade social e política,
reduzir a dependência de fontes externas e obter maior facilidade
na análise da informação.

Principais Bases de Dados em Cidades


As principais bases de dados disponíveis em nosso país são o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), do Governo
Federal e pertencente ao Ministério do Planejamento, e o IPEA
(Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), os quais produzem
as estatísticas oficiais, como características demográficas, sociais e
econômicas. Constituem-se as principais e mais precisas fontes de
dados do país.
Em acréscimo às confederações representativas setoriais, como as
ligadas às atividades agrícolas, comerciais e industriais, são
também fontes confiáveis de consulta acerca das ações de cada
setor.
No Brasil, temos inúmeras outras fontes, por exemplo, as ligadas às
organizações não governamentais, que tratam de temas como
economia sustentável (Rede Social de Cidades) e são excelentes
referências para desenvolvimento de conteúdo relativo à cidade.
Portanto, é interessante que o jornalista sempre utilize essas
referências em seus trabalhos, pois assim terá mais credibilidade e
despertará o interesse em seus leitores-seguidores nas redes
sociais. As fontes oficiais, apesar de no passado terem sofrido
interferência política, atualmente, são reconhecidas
internacionalmente por sua seriedade e riqueza de produção de
informações. Elas são o ambiente ideal de inspiração para falarmos
sobre as nossas cidades. Aproveite!

A Pauta das Cidades


É nesta fase do trabalho jornalístico que são definidas quais das
sugestões de assuntos serão trabalhadas, trazidas por
componentes da equipe, por solicitação de moradores ou noticiário
de outros veículos. De nada adianta sair levantando informações
sem saber exatamente o que iremos produzir. Para levantar uma
pauta, é necessário responder a perguntas clássicas do jornalismo,
como:
 O quê?
 Quando?
 Onde?
 Como?
 Por quê?
A pauta é importante porque separamos as matérias a serem feitas,
organizamos e planejamos o trabalho. A partir disso, torna-se
possível definir quais as matérias que requerem maior
profundidade, as que são apenas notas ou até mesmo o que e
como divulgar.
As pautas devem ser levantadas previamente, o que significa dizer
que há basicamente dois tipos de pautas: matérias que debulham
fatos acontecidos do cotidiano das cidades e matérias que
apresentam eventos que ainda irão ocorrer, tais como divulgação
de palestras, shows ou cursos que serão abertos ao público.

A Organização da Reportagem de Cidades


Definida a pauta, partimos para a fase de apuração. Agora nos
conte: como você conseguiria produzir uma matéria jornalística sem
conhecer o tema? É necessário descobrir quem pode dar
depoimentos e quais serão as fontes. Uma matéria construída na
base da opinião de quem escreve não é matéria, é uma opinião.
Qual é o papel essencial do jornalista?
O jornalismo participativo é um fenômeno emergente de baixo para
cima, no qual há pouca ou nenhuma supervisão editorial ou fluxo de
trabalho jornalístico formal que dita as decisões de uma equipe. Em
vez disso, é o resultado de muitas conversas simultâneas e
distribuídas que florescem ou se atrofiam rapidamente na rede
social da web (BOWMAN; WILLIAMS, 2003, p. 9 apud XAVIER,
2020, p. 22).
O jornalismo hoje é escrito por muitas mãos, conhecido como
jornalismo participativo, no qual a população colabora com o
jornalista ao fornecer fatos e dados, em qualquer mídia, como
mensagens via Whatsapp, imagens ou vídeos colhidos no local dos
fatos.

É fundamental, para o jornalista profissional, ter clareza nos


objetivos de seu trabalho. Para ser objetivo na forma de comunicar,
ao escrever suas matérias e seus roteiros de mídia, o jornalista
deve ter clareza e concisão. Mas como ser objetivo? Tudo começa
com saber o que se quer e aonde se quer chegar. Essa é a
condição básica para realizar com sucesso seu trabalho. Toda
informação depende de vários fatores, dentre eles, está a melhor
forma de comunicar, que é uma das maiores responsabilidades do
jornalista.
Comece com a pré-apuração. Vamos em frente?
Estratégias de Pré-Apuração em Cidades
Por ser uma atividade intelectual, o jornalismo requer reflexão
constante, sendo um eterno descobrir e inovar. Ser jornalista é ser
desafiado diariamente em cada cobertura, estar sempre em busca
de respostas para contextualizar um fato a ser narrado.
Percebe-se, assim, que o processo de produção e construção do
conteúdo informativo não caracteriza-se por um movimento linear e
sim pendular, mesclando de forma contínua, porém finita, apuração,
redação do texto e verificação. É válido mencionar, como os
próprios autores colocam, que essas constatações sobre um
procedimento metodológico não são embrionárias e sim fruto de
estudos e observações práticas por um conjunto de profissionais
(ROCHA, NORONHA, 2016, p. 180).
Dessa forma, entendemos que não basta saber sobre algo, temos
que investigar e ir mais a fundo em relação ao que acontece,
aconteceu ou irá acontecer. A apuração de informações é tal qual
em um garimpo: paciência e persistência à serviço de um objetivo, a
notícia.

Reflexões sobre o Jornalismo na Sociedade Contemporânea


O advento das tecnologias digitais da comunicação e informação
(TDICs) trouxe para a sociedade um grau de informatização e estes
aparatos tecnológicos passaram a fazer parte do nosso cotidiano.
Automóveis agora estão conectados à internet, empresas,
faculdades, praças públicas e até mesmo pessoas, com a internet
das coisas, Internet of Things, (IoT), e esses elementos se
entrelaçam em uma gigantesca rede de computadores mundo
afora.
Diferentes estudiosos, como Manuel Castells e o filósofo Pierre
Lévy, dizem que novos comportamentos sociais e novos arranjos
sociais foram introduzidos. A  cibercultura se constitui de três linhas:
polo de emissão, conexão em rede e reconfiguração de formatos e
práticas sociais.
A forma de produzir cultura e a educação foi impactada e
A nova dinâmica técnico-social da cibercultura instaura assim, não
uma novidade, mas uma radicalidade: uma estrutura midiática
ímpar na história da humanidade onde, pela primeira vez, qualquer
indivíduo pode, a priori, emitir e receber informação em tempo real,
sob diversos formatos e modulações, para qualquer lugar do
planeta e alterar, adicionar e colaborar com pedaços de informação
criados por outros (LEMOS apud SOUZA, 2019, p. 2).
A facilidade de acesso, que democratiza o uso da tecnologia, além
de naturalmente baratear os equipamentos, possibilita que
tenhamos cada vez mais vozes que se expressam, na internet, por
meio dos livres canais, como o Youtube, ou até mesmo por meio de
um blog no Wordpress , plataforma de código aberto. Ao mesmo
tempo, o mais interessante e desafiador é que eventos ao vivo,
jogos de videogame, em redes sociais como o Twitch.tv e Facebook
Games, ou movimentos populares, acidentes ou fatos que estejam
acontecendo em tempo real são transmitidos pelas redes sociais.
Saímos da TV e fomos para o smartphone , e o jornalismo na
sociedade contemporânea também se transformou. Integramos
uma sociedade altamente conectada, na qual quase todas as
pessoas possuem um smartphone . Quem nasceu antes de 1990
teve boa parte da vida dependente de uma câmera fotográfica e
filmes a serem revelados ao registrar fatos da vida.
Nossos smartphones permitem fotografar, gravar um vídeo, editar
um conteúdo e publicar na internet. Nossas vidas estão registradas
nas redes sociais, nos mecanismos de buscas ou em outras
plataformas interativas.

Jornalismo e a Lista de Curiosidades: A Busca pelas


Postagens Virais
A forma de nos informar mudou: de um para muitos, agora de
muitos para muitos. Nós, humanos, reproduzimos a forma
tradicional de informar. O chefe da tribo, o professor ou o guru eram
personagens que detinham o poder do conhecimento, sabiam de
algo antes de todos.
Atualmente, como você já deve estar percebendo, somos todos
potenciais jornalistas: tiramos uma foto, publicamos uma informação
e até opinamos em alto e bom som. Dessa maneira, qual seria o
papel do jornalismo na sociedade conectada?
Quem é jornalista há algum tempo deve ter percebido a crise que o
setor de informação e comunicação atravessa. Os principais
veículos de comunicação do Brasil e do mundo estão fechando as
portas e alguns estão sobrevivendo com um outro modelo de
negócios. As redações agora se limitam a poucas pessoas, a corte
de custos e a notícias consumidas de forma gratuita.
Quem ainda tem o hábito de ler um jornal? Isso mesmo, aquele que
é impresso em folhas de papel para ler o que acontece no mundo?
As informações agora chegam por meio de redes sociais e sites ,
como o Facebook e o Google, ou até mesmo pelo Whatsapp.
Jornais tradicionais como o El País já experienciam a reformulação,
são várias as tentativas de resgate de leitores. Por conta dessas
várias transformações tecnológicas, até os hábitos de leitura
mudaram. Hoje, é mais importante compartilhar uma notícia do que
consumi-la.
O conteúdo também mudou, pois quase ninguém mais se interessa
por uma matéria extensa que aprofunda um fato na tentativa de
mostrar vários lados da história. Para alguns veículos, com as
novas formas de informar, especialmente, as redes sociais, o que
vale mais são as 10 curiosidades sobre uma celebridade, as 15
dicas de como ter uma vida de sucesso ou, até mesmo, os 10 filmes
que mudaram a minha vida. São matérias e vídeos curtos e
chamativos, os quais disputarão a atenção do leitor com as fotos da
última balada, por exemplo.

Perguntas que o Jornalismo deve Saber Responder


Todas as informações que aparecem nas redes sociais têm um
grave problema: sua origem. Permanece a dúvida sobre a
veracidade da notícia e sua fonte.
A utilização das TDICs, agora, faz parte do cotidiano de todos. Além
do entretenimento, elas permitem que tenhamos alternativas de
apoio à produção jornalística, que antes nos obrigava a
levantamentos fora das redações, em bibliotecas e nas ruas,
expondo, algumas vezes, o jornalista a riscos.
Para ter qualidade, sabemos que o jornalismo local requer custos e
dedicação. E se era preciso ir a um local isolado e, muitas vezes,
permanecer por lá para levantar provas e informações para a
construção de uma matéria, hoje, com a internet, muito deste
trabalho se tornou mais simples e rápido.
Falando em custos, diversas redações, como a do jornal Diário do
Centro do Mundo (DCM), utilizam um recurso que, por meio da
internet, facilita a ação: o crowdfunding (financiamento coletivo).
Uma outra experiência, não mais do financiamento coletivo, mas de
uma forma de transmissão praticamente gratuita, foi durante o
Congresso de Comunicação Móvel. A TV Barcelona fez uma
experiência com as novas tecnologias da informação, utilizando o
recurso da transmissão móvel, as lives do Facebook e do Youtube,
para transmitir o evento e fazer a cobertura.
Com apenas três repórteres, um smartphone , microfones,
carregadores e um aplicativo de edição e transmissão, a forma de
fazer TV mudou bastante e mudará ainda mais com a implantação
da tecnologia 5G.
Aqui no Brasil, a Mídia Ninja, que são jornalistas independentes,
realiza a cobertura de manifestações e mobilizações sociais.
Trabalha com uma rede descentralizada, atuando em mais de 150
cidades do país por meio das redes sociais.

Internet x Mau Jornalismo: Há Quem Assim Considere


É fato que a internet facilitou a vida de muita gente. Por um lado,
tirou empregos, por outro, facilitou o trabalho de várias pessoas.
Uma enorme parcela da população mundial está conectada e está
em pelo menos uma das redes sociais disponíveis. E é no ambiente
destas redes, em seus posts, que nos informamos e nos
conectamos socialmente. As relações sociais nas redes, por um
lado, são próximas em função do imediatismo da comunicação
entre os indivíduos. Por outro, a sensação de impunidade favorece
a postagem de quaisquer informações, mesmo sem as garantias de
veracidade e interesse público.
Mesmo que em menor número, os ainda existentes blogs
jornalísticos têm seu valor, por serem os ambientes que preservam
o conteúdo e as informações ali depositadas ao longo da existência
do sítio.

Nesse sentido, é o oposto do que vai para as redes sociais, uma


vez que, quando a timeline é atualizada, se torna muito difícil
conseguir localizar algo que tenha sido comentado no dia anterior.
Isso favorece mais uma vez o mau jornalismo quando são
publicadas notícias falsas ou sem a devida comprovação.

Na seção a seguir, há a indicação de um filme muito importante


para quem adora o jornalismo local e o jornalismo investigativo. Ele
trata de um caso político que foi muito comentado nos anos 1970,
em um escândalo com o presidente dos Estados Unidos Richard
Nixon.

História do Carro e do Transporte Individual no Brasil


A mobilidade urbana está diretamente ligada à forma como as
cidades surgiram e cresceram em todas as partes do mundo. O que
podemos considerar como um padrão encontrado em quase todas
as cidades é que a expansão pós-Segunda Guerra Mundial
fortaleceu um crescimento, até certo ponto, descontrolado.
Naquele período, é desenvolvido no Brasil o ideário de que o
problema das cidades é resultante da sua desregulamentação e do
crescimento desordenado. E, para a resolução desses problemas,
haveria a necessidade de instrumentos de planejamento urbano,
para que as cidades fossem eficientes (CARVALHO; GRASSI;
SOBRINHO, 2018, p. 77).
Ao chegar ao nosso país, os automóveis eram caros e raros,
disponíveis apenas a uma pequena parcela da população.
Tínhamos, então, os bondes, inicialmente por tração animal, depois
movidos à energia elétrica.
Na metade dos anos 1900, surgem as ferrovias e, assim, uma
ampla rede de bondes elétricos; com isso, a mobilidade paulistana
estava resolvida. Mais tarde, a popularização de lotações (micro-
ônibus) e ônibus, caminhões e automóveis diminuiu as distâncias, e
em pouco tempo, graças aos baixos custos, as cidades foram se
transformando.

Com os governos pressionados nos seus vários âmbitos pela -


indústria automobilística, houve a migração dos trilhos para o
asfalto e a chegada dos motores a diesel. O transporte público e o
privado se entrelaçam nas cidades.
[…] o automóvel passou a ser considerado a máquina da liberdade,
da energia, da conquista e do poder. Quem o adquire tem a
sensação de conforto, bem-estar, e faz desse bem a extensão de
seu próprio corpo. Atualmente, esse cenário toma grandes
proporções, pois o homem supervaloriza o objeto, e não compra
somente a tecnologia do produto, mas também a experiência
daquele símbolo. O automóvel é, portanto, o signo da linguagem
simbólica que remete ao indivíduo ótimas sensações (LUCHEZI,
2010, p. 4).
O acordo das montadoras de automóveis no final dos anos 1950
exigiu que o Brasil desativasse todas as suas linhas ferroviárias.
Mais um retrocesso: arrancamos os trilhos e os cobrimos de asfalto.
O Brasil é um dos poucos países que praticamente extinguiu o
transporte ferroviário. Hoje, há poucos trechos atendidos por esse
tipo de transporte no país. Apenas nas grandes cidades, temos
companhias ferroviárias metropolitanas.

A prioridade passou a ser o automóvel. O transporte de cargas, por


sua vez, deixou de se beneficiar das vantagens, como custos
menores, que o sistema ferroviário e o de cabotagem proporcionam,
e privilegiou as rodovias.
Esta foi a derrocada do desenvolvimento sustentável. Devido à
expressiva falta de planejamento e acordos, hoje é preciso desfazer
estruturas criadas ao longo de mais de 60 anos, em busca de
corrigir os problemas.
A cidade de São Paulo, a maior do país, após diversas tentativas de
planejamento, retirou as faixas para ônibus, um projeto até agora
inconcluso.

Grandes Temas das Cidades: Transportes


Para definirmos o que se entende por transportes, é necessário que
olhemos para o que eles representam e como são constituídos. De
modo geral, trata-se da reunião de um conjunto de materiais e
instrumentos que são empregados no deslocamento de pessoas e
cargas. Mas não podemos nos limitar a esse entendimento, não é?
Você já deve ter percebido que a evolução dos meios de transporte
está diretamente associada à evolução e ao crescimento das
cidades. Quanto maior for o crescimento econômico, mais
indústrias, mais atividades agrárias e mais atividades comerciais
existirão, logo maiores são as alternativas de transporte rápido e
eficiente.
Além de transportar a mercadoria para perto do consumidor, a
movimentação de cargas também exige que o transporte seja feito
no menor tempo possível, de modo a agregar valor de tempo ao
produto. Por exemplo, se a máquina de uma indústria para devido a
um defeito em uma de suas peças, é possível que esta empresa
aceite pagar a mais pela peça caso a receba no menor tempo
possível (VITORINO, 2016, p. 2).
É uma relação de mão dupla: os setores econômicos impactam o
desenvolvimento dos meios de transporte, e os meios de transporte
proporcionam maior crescimento às cidades.
O transporte marítimo é responsável pelo maior volume de
movimentação de cargas ao redor do mundo, com navios cada vez
maiores, capazes de deslocar bilhões de toneladas a cada ano
entre os países do mundo todo.

Desde o final do século XX, até hoje, o mundo precisou dessa


transformação promovida pelo setor de transportes, principalmente
nas grandes cidades. A evolução humana em diferentes tempos
resultou na Revolução Industrial e no surgimento do trem a vapor e
dos grandes navios, na invenção do carro e na popularização deste.
O transporte aéreo contribuiu para esta nova dimensão, facilitando
para que pessoas, matérias-primas e mercadorias se desloquem
pelo mundo.

O Transporte Público como Direito


Apesar de ser um direito do cidadão, o transporte público em nossa
cidade pode não ser o que merecemos ou idealizamos. Ajustes
ainda são necessários, mas nem sempre possíveis, por serem
economicamente inviáveis ou até mesmo a cidade não ter recursos
suficientes para garantir um transporte público gratuito.
Devido à arrecadação insuficiente para tornar realidade um
transporte público de qualidade e gratuito, foram estabelecidos os
permissionários — empresas que obtêm concessão para explorar
esses serviços. Porém:
No tocante ao problema brasileiro, perguntamo-nos: como proceder
à melhora do quadro da mobilidade urbana em questão, quando se
vê que décadas de rodoviarismo sedimentaram um forte
empresariado de transportes por ônibus? Alheio a quaisquer
inovações que agreguem outros modos de transporte em
intermodalidade na cidade? O empresariado de transportes
públicos por ônibus no Brasil congrega-se em uma classe
organizada nacionalmente e com forte poder de pressão sobre os
poderes públicos municipais, estaduais e quiçá o próprio governo
federal (SILVEIRA; COCCO, 2013, p. 47).
Por ser uma concessão, o serviço de transportes públicos é definido
no escopo das permissões ou licitações que estabelecem
obrigações, tais como: número de linhas, itinerário, tamanho da
frota de atualização tecnológica, bem como metas de eficácia do
serviço prestado. O que nem sempre se aplica à realidade.
A Constituição Brasileira estabelece em seu Artigo nº 6 que o
acesso ao transporte, o direito de ir e vir, deve ser assegurado ao
cidadão (BRASIL, 1988). O fato é que, mesmo sendo uma
conquista definida como direito básico à existência cidadã, alguns
questionamentos relativos a ela ainda estão presentes.
Nesta unidade, saberemos quais são tais direitos. E as definições
importantes em nosso estudo são:
Mobilidade urbana é entendida como a capacidade de se deslocar
dentro de uma cidade para atender a necessidades sociais e
econômicas; nem sempre está associada à qualidade de vida. É
função do poder público, que rege as providências em direção ao
atendimento da qualidade de vida da população.
Possuir um carro, no entanto, é apenas a ponta do problema da
mobilidade nas grandes cidades, agravado pela utilização cotidiana
e excessiva do veículo. Prova disso é que, apesar de Nova York ter
uma das maiores taxas de motorização do mundo, é em São Paulo
que as pessoas gastam mais tempo no deslocamento casa-trabalho
(RUBIM; LEITÃO, 2013, p. 56).

Outro tópico importante na mobilidade urbana é a eficiência .


Entende-se por eficiência a capacidade de entregar um serviço com
pontualidade e qualidade. Além disso, efetivamente fazer o que se
propõe.
A infraestrutura do sistema de transporte público é o que vai
proporcionar a mobilidade e a eficiência.

Cobertura de Transporte Público


Você sabia que um dos critérios de acessibilidade é a distância que
uma pessoa, a pé, deve percorrer para acessar o transporte
público?
O conforto e o atendimento à população devem ser a prioridade, e
os serviços devem ser fornecidos de forma eficiente e com
qualidade.
O fato contundente é que o empresariado de transporte público por
ônibus, mas também as encarroçadoras e fabricantes de chassis
possuem forte poder de pressão. Em alguns congressos do setor
pode-se observar um poderoso lobby que tende a desqualificar a
aplicação de sistemas sobre trilhos (que pode ser combinada ao
ônibus), vendendo a aplicação do BRT como solução unívoca.
Ademais, poucas cidades e regiões brasileiras possuem
efetivamente uma autarquia para o planejamento e a gestão dos
transportes coletivos, para garantir a transparência contábil dos
operadores privados de ônibus, sua justa remuneração e a
qualidade do serviço para o usuário (SILVEIRA; COCCO, 2013, p.
45).
É muito comum, nas cidades, o empresariado do transporte coletivo
ter voz ativa no Conselho Municipal de Serviços Públicos, bem
como nos Departamentos Municipais e Estaduais de Transportes;
ainda, por possuírem frotas muito numerosas, essas empresas são
usuárias dos serviços dos Detrans. Quando isso acontece, como o
jornalista deve se posicionar?
O Governo Federal Brasileiro publicou em 2016 um caderno técnico
que orienta e estabelece normas para projetos de mobilidade
urbana, com diretrizes para implantação de um sistema viário
urbano especial para grandes cidades, como Rio de Janeiro e São
Paulo. Vale a pena conferi-lo.
Ao longo do ano de 2021, o transporte público sofrerá mudanças
estruturais em função da redução do número de passageiros, por
causa do distanciamento social imposto pela pandemia. Afinal, o
modelo de negócio experiencia um esgotamento em suas bases de
sustentação, visto que a receita provém exclusivamente da
passagem paga pelos usuários.
Uma cobertura efetiva parte da definição da pauta, com o foco em
algum problema com o transporte público de sua cidade — tudo
começa a partir da pauta.

Suponha que a pauta seja: “horário dos ônibus não é respeitado”.


Basicamente, você precisa explicitar:

O quê
Horários do ônibus não são respeitados.
Quando
Diariamente, principalmente nos horários de pico.
Onde
Na região central? Nos bairros mais afastados?
Por quê
A frota de ônibus é insuficiente, a frota está envelhecida e requer
modernização.
Quem
Quem são as autoridades responsáveis pela fiscalização? Quem
são as empresas? Quem são os responsáveis pela prestação dos
serviços?
Como
São os serviços prestados?

Grandes Temas das Cidades: Violência


Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), o uso intencional da
força física ou do poder, real ou sob a forma de ameaça, contra
alguém — seja contra outra pessoa ou até mesmo um grupo ou
uma comunidade — que cause algum tipo de dano físico ou
psicológico é caracterizado como violência.
Um tópico muito importante é o que trata da invisibilidade da
violência, a dificuldade para identificar as vítimas de violência. As
dificuldades do profissional da saúde para identificar as vítimas de
violência se devem, algumas vezes, à falta de sensibilidade e à
capacidade de escuta, que prejudicam a percepção dos fatos.

lém disso, no ambiente hospitalar, o jornalista tem dificuldades para


levantar estes casos — primeiro, por não ser profissional da saúde;
segundo, que as informações ficam acessíveis somente após a
confecção dos boletins de ocorrência nas delegacias policiais, e
estes estarão, em geral, filtrados pela interpretação de quem os
lavrou.
A Emergência da Violência nas Cidades
Tudo tem que começar com a identificação do caso de violência, o
que, segundo profissionais da saúde, não é fácil. Conforme
evidenciam Rosa et al . (2010, p. 86), “os violentados não falam,
muito menos para pessoas estranhas”, e a pessoa que sofreu
violência não necessariamente esconde do profissional de saúde,
mas demonstra “constrangimento, dificuldade para se expressar”.
Se os profissionais da saúde têm dificuldades na identificação dos
casos, imagine o jornalista? Este é um dos fatores que complicam a
efetividade da cobertura dos casos de violência. Vamos agora nos
deter à cobertura de crimes.
A Cobertura de Crimes
É uma linha muito tênue, para o jornalista, cobrir e apresentar os
fatos de violência sem influenciar a opinião pública. Um dos
caminhos a seguir para elucidar crimes é analisar as manchetes,
assim como as notícias publicadas, com ou sem prejulgamentos
dos jornalistas, pois, ao analisar o conteúdo disponível, é possível
se aproximar da real intensidade dos crimes.
O quadro abaixo pode auxiliá-lo neste e em outros enfoques do
jornalismo local e esportivo.

Critérios de noticiabilidade

Tipo de critério Descrição

Proximidade Noticiário local

Marco geográfico Fato ocorrido em outro local

Impacto Acontecimentos impressionantes

Proeminência Notícias sobre pessoas importantes (celebridades

Aventura e conflito Assassinatos, rixas e golpes, grandes roubos

Consequências Fato que possa atingir o país — pandemia, por ex

Humor Algo engraçado


Raridade Curiosidades

Progresso Melhorias na cidade

Sexo e idade Nudez e pornografia

Interesse pessoal Notícias de utilidade — doenças, datas importante

Interesse humano Histórias e dramas pessoais

Importância Acontecimentos de grande relevância do dia

Rivalidade Noticiário esportivo

Utilidade Utilidade pública e direitos do cidadão

Política editorial Posicionamento da empresa

Oportunidade Notícia em um contexto específico

Dinheiro Noticiário econômico, loterias e outros

Suspense Sequestros, acidentes, catástrofes

Originalidade Algo diferente, inédito ou raro

Culto de heróis Atos de bravura, pessoas famosas ou não

Descobertas Noticiário de ciências e tecnologia


Repercussão Gera outras notícias, comentários e desdobramen

Confidências Revelações pessoais sobre algum fato ou alguém

No noticiário sobre crimes, principalmente, é muito comum o


posicionamento da imprensa (vale para os esportes também) ao
prejulgar um acusado ou suspeito. Há muitas pré-considerações a
respeito da pessoa acusada e muitos julgamentos pela imprensa. O
recorte e o foco da notícia não devem influenciar o leitor em suas
considerações.
A mudança é fundamental, já que a mídia tem desempenhado um
papel cada vez mais importante no debate público sobre o tema. Os
jornais influenciam a opinião da sociedade e motivam e fiscalizam a
implantação de políticas de Estado. Formar uma imprensa
capacitada a analisar o contexto da criminalidade e da segurança
pública em toda a sua complexidade, livre de preconceitos e
determinada a proteger os direitos humanos é, dessa forma,
estratégico para a evolução do Brasil no setor. É surpreendente,
portanto, que o diálogo entre especialistas em segurança e
profissionais de imprensa seja ainda incipiente, quase sempre
limitado a entrevistas eventuais (RAMOS; PAIVA, 2008, p. 31).
Algumas vezes, o cadáver parece ser mais importante do que a
pessoa vitimada. O jornalismo ao longo do tempo deixou de apenas
noticiar o crime para tentar investigar o fato, baseado no simples
relato dos fatores da ocorrência.
Que padrões éticos e jornalísticos são adotados nas redações para
enfrentar as dificuldades que surgem no dia a dia da imprensa?
Questões Éticas Relacionadas à Cobertura de Crimes
O Art. 1º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, publicado
pela primeira vez em 1987, tem como base o direito fundamental do
cidadão à informação, que abrange seu direito de informar, de ser
informado e de ter acesso à informação (FENAJ, 2007).
Com base nisso, para abordar questões éticas que norteiam a
atividade do profissional do jornalismo, é necessário que sempre
consultemos o Código de Ética da profissão.
No que se refere à cobertura de crimes, e incluo nesta discussão
também os acidentes de quaisquer naturezas, alguns pontos são
muito importantes, com sérias recomendações e vetos no Código
de Ética, aos quais o jornalista deve estar muito atento.
Em seu serviço, o profissional não deve incitar a violência, a
intolerância, o arbítrio e o crime, bem como explorar o caráter
mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, de
acordo com o Artigo 7º do Código de Ética (FENAJ, 2007).
Se você, profissional do jornalismo, estiver atento a esses pontos e
agir dentro dos padrões éticos, sua narrativa dos fatos sempre será
informativa e não tendenciosa perante os seus leitores.
Como deve ser o papel do jornalista na produção informativa da
violência urbana? Veremos já.
O Papel do Jornalista Diante da Violência Urbana
Algo que se discute muito é o quanto do noticiário que trata da
violência atrai leitores. Trata-se dos critérios de noticiabilidade.
Um artigo de pesquisadoras da UFSC, publicado na Revista do
Jornalismo Brasileiro , já em sua introdução, afirma: “A tragédia
humana comumente atrai a atenção das pessoas e por muito tempo
o jornalismo utilizou-se — e em alguns casos ainda se utiliza –
deste recurso para atrair audiência” (BANDEIRA; ROZENDO, 2012,
p. 1).
[…] os prodígios, as monstruosidades, as obras ou os feitos
maravilhosos e insólitos da natureza, da arte, as inundações ou as
tempestades horrendas, os terremotos, os fenômenos descobertos
ou detectados ultimamente, fatos que têm sido mais abundantes do
que nunca neste século. Depois as diferentes formas de impérios,
as mudanças, os movimentos, os afazeres da guerra e da paz, as
estratégias, as novas leis, os julgamentos, os cargos políticos, os
dignatários, os nascimentos e mortes dos príncipes, as sucessões
de um reino, as inaugurações e cerimônias públicas […], as obras
novas dos homens eruditos, as instituições, as desgraças, as
mortes e centenas de coisas mais que façam referência à história
natural, à história da sociedade, da Igreja, da literatura: tudo isto
costuma ser narrado de forma embaralhada nos periódicos
(PEUCER, 2004, p. 20).
Foi proposto um modelo que visa sistematizar a análise dos
acontecimentos noticiáveis; dentre as diferentes categorias,
apresento a seguir apenas a que se refere ao nosso estudo:
Tragédia/drama
Catástrofe
Acidente
Risco de morte e Morte
Violência/crime
Suspense
Emoção
Interesse humano
Chamo atenção ao fato de que os valores-notícia se aplicam a
todas as fases da atividade jornalística e não são isolados, e sim
sempre em combinações e formas que fazem parte da cultura.
Uma reflexão surge de imediato: o que leva os seres humanos a se
interessarem por violência ou narrativas de crimes?
O jornalismo e os jornalistas têm papel preponderante na
construção de uma sociedade mais consciente e envolvida com os
direitos humanos e suas implicações. Não se trata de acobertar
crimes nem deixar de dar o devido peso às suas ocorrências.
Porém, uma violência pode levar a outra, e o jornalista não deve ser
o agente desse fomento (FENAJ, 2007).

Meio Ambiente
A literatura define meio ambiente como um conjunto de condições
regidas por leis, mediante o qual as interações da natureza (física e
biológica) inserem a vida e todas as suas formas.
Os cuidados com o meio ambiente são, atualmente, as principais
pautas de praticamente todos os jornais ao redor do mundo. Tanto
é que o recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Joe
Biden, reintroduziu o país no clube do Acordo de Paris, no qual os
principais países do mundo estão reunidos para discutir e
apresentar propostas de preservação do meio ambiente e
prevenção ao aquecimento global.
Aquecimento global: o que é?
Este termo é muito comentado, porém nem todos o compreendem.
Em suma, aquecimento global se refere ao aumento da temperatura
média em todo planeta.
Um dos principais problemas é provocar aumento na concentração
de gases como o dióxido de carbono (CO22), e outros relacionados
ao efeito estufa, na atmosfera.
Há muitos anos, somos advertidos pela classe científica de que o
aquecimento global trará enormes malefícios à vida humana. Isso
está presente nos noticiários, em publicações sobre meio ambiente
e até, para quem for mais curioso, nos relatórios de clima e tempo.
Em 2018, a Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) identificou
que a temperatura média do planeta aumentou muito, sendo a
quarta mais alta na história das observações climáticas.
É papel do jornalista trabalhar mais intensamente em suas matérias
e participações sobre este que não é um problema novo, e sim
objeto de estudo há muitíssimo tempo. O aquecimento global é um
tema complexo e impacta governos, empresas e a todos nós.
Mas quais são então as consequências deste aquecimento?

Por causa do aumento das emissões de gases, forma-se uma


espécie de escudo na atmosfera, como se fosse uma estufa, o que
resulta na elevação da temperatura média do planeta, no degelo
nos polos e na elevação do nível dos oceanos.
De fato, uma mudança de paradigma é essencial: temos que
encarar a crise climática e pensar em soluções para que o planeta
se desenvolva sem comprometer a vida.

Nunca é demais afirmar que devemos preservar a natureza; a inter-


relação entre o variado conjunto de fatores da natureza deve estar
equilibrada. O processo de constante degradação que nós,
humanos, promovemos leva a uma qualidade de vida cada vez
mais comprometida.
O Meio Ambiente no Espaço Urbano
Nos principais centros urbanos, a urbanização, junto com o
crescimento das cidades, empurra a população mais pobre para as
periferias, deslocando-a para áreas menos valorizadas e até
mesmo para locais inadequados.
O ambiente, construído e natural, da cidade é um espaço que
possui uma ocupação política intencional, tanto pelo Estado quanto
pela sociedade. O que faz com que o espaço seja produtivo,
valorizado, é o seu uso. Mesmo os espaços ditos “vazios” estão
cheios de intencionalidades de usos, subordinados aos interesses
de valor Os valores de uso são criados de acordo com as
possibilidades do mundo da mercadoria e são, ao mesmo tempo,
valores de troca, que estão na base do processo de fragmentação
do espaço (PENNA, 2002, p. 126).
O problema da moradia nas cidades está associado,
invariavelmente, a fatores políticos e sociais, resultando em
diferentes impactos ambientais. A falta de moradia é um dos
problemas que mais contribui para a ocupação de áreas de várzea,
encostas de morros, áreas de preservação permanente, margens
de córregos e rios etc., o que expõe as pessoas aos impactos
negativos causados pelos fenômenos naturais.
Fatores climáticos, como chuvas torrenciais em geral, trazem
deslizamentos de encostas e enchentes, podendo causar perda de
vidas humanas etc. Devido ao acelerado processo de urbanização,
lixo, esgotamento sanitário, efluentes industriais, entulho,
assoreamento e erosões são o que mais impacta as características
do solo.
É muito comum encontrarmos resíduos sólidos nos rios e córregos,
somados a um sistema precário de sistema de saneamento básico
— quando existe esgoto doméstico, este também é lançado
diretamente nesses cursos d’água.
Aqui vai uma dica para você: a produção de matérias educativas,
informativas e de advertência visa minimizar esses impactos tão
substanciais, como os que ocorrem em nosso país, com forte
contribuição para o desenvolvimento da sociedade.
O Jornalismo Ambiental na Cobertura do Cotidiano
Você já deve ter lido ou ouvido: “desastre ambiental”, “deserto na
Amazônia”, “Amazônia pede socorro” — estas e outras foram
manchetes em diferentes jornais no Brasil e pelo mundo afora.
Pergunto a você:
Será que a sociedade realmente compreende as causas e as
consequências dos fenômenos naturais que estamos
experimentando?
Os alertas vêm de diferentes fontes e direções: mudanças
climáticas, devastação de florestas, garimpos ilegais etc. Nós, seres
humanos, temos que optar imediatamente por novos modelos
econômicos, adaptar o que já está estabelecido e envolver a
sociedade civil organizada e os governos.
Se, por um lado, haverá localidades com secas mais intensas; por
outro, alguns cenários predizem o aumento no volume de chuvas e
em eventos extremos. As políticas envolvendo adaptação e
mitigação de impactos ligados à chuva em cenários de mudanças
climáticas vêm sendo amplamente discutidas, pois será um dos
principais problemas desse fenômeno climático (CASTELHANO,
2020, p. 206).
Uma das principais e mais nobres funções do jornalista é a de
educar, isto é, sua performance na produção de matérias, alertas e
orientações à sociedade, não somente denunciando, como também
fornecendo informações relevantes para os seus leitores.

O trabalho do jornalista pode encontrar alguns desafios, como estar


frente a alguém que tenha sido o causador de acidente que inundou
uma cidade inteira, por exemplo. Este é o caso de Mariana, em
Minas Gerais, onde uma única empresa não cuidou
adequadamente de seus resíduos e, de uma hora para outra,
destruiu completamente uma cidade.
Para tanto, o jornalista deve estar bem informado sobre o tema que
abordará e saber que a fonte poderá desviar do assunto principal,
para não responder a verdade sobre os fatos. Na atividade a seguir,
veremos alguns dos pontos importantes para a condução de uma
entrevista.

História do Esporte Moderno – Sociologia


Reza a lenda que um dos primeiros passatempos, qualificado
inicialmente como esporte moderno, era a caça à raposa, no século
XVIII. De todo modo, é bem peculiar considerar esta atividade como
moderna. O que se reservava nesta “prática esportiva” era o prazer
de perseguir e de matar, inicialmente com armas, que depois foram
proibidas, e posteriormente com cães caçadores.
Um aspecto desse processo abrangente, de suma importância para
a compreensão do desenvolvimento do esporte moderno, tem sido
o controle cada vez maior da violência no interior das sociedades,
embora não atinja o que fora conquistado no que diz respeito às
relações entre as sociedades (DUNNING, 2011, p. 14)
A figura, a seguir, ilustra o que normalmente era encontrado nas
práticas esportivas; como você viu acima, neste período as
atividades não eram competitivas da forma como temos atualmente.
Era mais uma prática de lazer do que uma competição.

A interdependência entre jogadores e o jogo – um não existe sem o


outro – e a dinâmica de grupo faz com que o jogo aconteça e estas
podem sempre ser ajustadas ao longo do tempo.
[...] não podemos supor que exista um único esporte praticado em
todo o mundo. Para citar um exemplo, não podemos supor que
todas as pessoas do planeta pratiquem o mesmo basquete: que o
basquete praticado nos subúrbios dos EUA seja o mesmo praticado
dentro das escolas americanas, nos campeonatos de NBA, ou, nas
escolas brasileiras (MARTINS; ALTMAN, 2007, p. 6).
A prática de esportes, para se tornar mais atrativa e trazer público,
antes mesmo de se tornar um negócio, incorporou elementos de
disputa e de pontuação. Assim, foram desenvolvidos os
campeonatos, até chegar aos modelos atuais. Antes, a premiação
era apenas um troféu, e por esta razão os clubes ainda mantêm
uma sala de troféus em suas sedes.
O Brasil e o Esporte
Com certeza você se perguntou: quando será que o futebol
começou?
A época mais remota que encontrei nos registros do esporte
brasileiro apontam que foi em Recife, em 1641, quando brasileiros
se uniram aos portugueses para jogar contra os holandeses.
Maurício de Nassau, o príncipe, dono da Companhia das Índias
Ocidentais, era quem comandava o comércio no Nordeste no
século XVII. Com certeza tinha seu esporte predileto, e não era o
futebol.
Comandava também um time holandês de torneios equestres. Não
imagine campeonatos ou pontuações para campeões etc. Eram
competições com uma série de desafios de habilidades, destreza e
força.
Antes de ser uma unanimidade nacional, o esporte começou como
recreação de nobres, até chegar ao formato das competições que
conhecemos hoje. Era muito mais um símbolo de poder e riqueza,
uma diversão para os nobres que participavam.
Quase duzentos anos depois, em 1837, começaram os projetos de
ginástica, natação, equitação e dança voltados para meninas
desamparadas do Rio de Janeiro; a igreja católica, em suas
paróquias, era quem organizava tudo.
Mas e os campeonatos?
Os primeiros registros são que começaram em 1846.
No Brasil, foi com o remo que tudo começou. Sim, foi no remo que
tivemos a  regata no Rio de Janeiro. E muita gente prestigiou, pois
foi no século XIX a “assombrosa massa popular” na Regata da
Abolição, em maio de 1888.

Há uma reforma do ensino, promovida por Rui Barbosa, que inclui a


educação física e os esportes na formação dos jovens do país em
1882. E você, continua pensando no futebol?
Acredite, foi somente em 1894 que surgiu o começo do futebol.
Charles Miller trouxe para o Brasil duas bolas de futebol. De lá para
cá, deu no que deu. As maiores distorções começaram bem depois.
Os jogos em colégios do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande
do Sul se desenvolveram desde meados do século XIX até hoje e
fazem parte do cotidiano brasileiro. Dizem que marinheiros ingleses
disputaram a primeira partida no Brasil para a Princesa Isabel.

Depois, Getúlio Vargas, em 1937, criou a Divisão de Educação


Física, uma divisão do Ministério da Educação e Saúde. Há
registros de que, quando da criação do Conselho Nacional de
Desportos (CND), em 1941, veio para  fiscalizar, orientar e
incentivar a prática esportiva no país. Detalhe: era uma cópia fiel do
esquema fascista italiano.
O bom de tudo é que a Divisão de Educação Física é parte
integrante do Ministério de Educação e Saúde e que, em tempos de
democracia, havia sinergia entre esses departamentos. Havia uma
espécie de inquietação, e o remo não poderia ser o único esporte.
Tanto é que...
A febre do remo já estava superada. Esse esporte produziu boa
parte da glória que passou para o futebol. A maioria dos clubes
futebolísticos tradicionais do Rio de Janeiro nasceu das regatas.
Não é à toa que três dos quatro grandes clubes cariocas têm a
palavrinha no nome: Clube de Regatas do Flamengo, Clube de
Regatas Vasco da Gama, Botafogo de Futebol e Regatas. Em
1926, o campeão carioca foi outro time proveniente das regatas:
São Cristóvão de Futebol e Regatas. O Botafogo nasceu da fusão
de um clube de futebol e outro de regatas. Nos primeiros anos do
século XX, era o Clube de Regatas Botafogo o que mais chamava a
atenção para o interesse do Rio de Janeiro em remo (COELHO,
2011, p. 13).
Como poderia ser nosso país se não tivesse havido esta união de
fato entre saúde, educação e esportes?
O Esporte como Ferramenta Política no Brasil
A política começa a se envolver com o futebol. Passou-se a usar o
esporte como elemento para manipular a opinião pública.
Para encobrir sua face cruel, o governo gastava muito em
propaganda destinada a melhorar sua imagem. Um
dos slogans dessa propaganda dizia: Brasil – ame-o ou deixe-o .
Na prática, significava apóie o regime militar ou abandone o país. E
o futebol teve um importante papel no fortalecimento da imagem do
governo. O tricampeonato, em 1970, catalisou sentimentos
positivos com relação ao presidente Médici. Ele se fez fotografar ao
lado do Pelé, um dos principais, se não o melhor dos jogadores da
história do futebol (SANTOS, 2014, n.p.).
A ditadura militar brasileira soube como ninguém fazer uso do
futebol, um instrumento de distração para o povo, ao divulgá-lo
como oportunidade de ascensão social.
Um pouco da história do futebol e da política
Vários foram os presidentes que se alçaram a partir de posições
dentro de clubes de futebol. Em toda a América Latina encontramos
esta “simbiose”. Não há separação entre política e futebol em boa
parte do mundo, principalmente nos países subdesenvolvidos.
Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo está
organizado em 193 países; por outro lado, para a Fifa, somos 211
países-membros. A entidade do futebol mundial consegue obter
adesão entre os países associados, enquanto a ONU nem sempre
consegue ter suas normas acatadas. Percebe o tamanho da
influência que os governantes têm em relação ao futebol? Ele vale
mais do que a política.
Na Argentina, aqui pertinho, por exemplo, o presidente Mauricio
Macri, em 1995, afastou-se das empresas da família, disputou e
ganhou a presidência do clube Boca Juniors. E não era um fanático
do futebol, mas, ao conquistar o posto de cartola do futebol
argentino, mesmo que pela primeira vez, aprendeu sobre as
manobras políticas, tinha interesse em obter o apoio da classe
operária.
Administrou o Boca como uma empresa, algo que ninguém tinha
tentado, e com isso criou seu próprio partido político para, em 2007,
deixar o Boca para se tornar prefeito de Buenos Aires.
Algo parecido aconteceu no Uruguai, com Tabaré Vázquez, que
usou o mesmo artifício, tornou-se presidente do Club Atlético
Progreso em 1989, e fez o time pela primeira e única vez ser
campeão na Primeira Divisão do Uruguai. Também  virou
presidente do país.
A receita é a ideal. Tanto é que, no Paraguai, temos Horacio Cartes,
outro exemplo de empresário que manobrou a opinião pública para
chegar ao poder. Ele comandou um dos principais times do país, o
Libertad. Durante a sua gestão no clube, conseguiu que o Libertad
voltasse à Primeira Divisão do campeonato paraguaio, conquistou o
tetracampeonato e chegou até as semifinais da Libertadores de
2006.
Cartes constituiu uma empresa holding , composta por 25
empresas, estruturando assim o suporte financeiro do clube. No
Paraguai, Horácio Cartes foi diretor na Associação Paraguaia de
Futebol, que levou a seleção paraguaia até as eliminatórias da
Copa de 2010. Para variar, também virou presidente do país em
2013.
Esses três presidentes, em seguida, uniram-se para pleitear que a
Copa do Mundo de 2030 fosse em seus países, em um consórcio
entre Uruguai, Argentina e Paraguai para que juntos realizassem a
edição centenária das Copas, pois foi em Montevidéu onde tudo
começou, em 1930.
E aqui, na América Latina, a coisa não parou nestes três países, no
Chile também não é diferente. Sebastián Piñera, o maior bilionário
do país, presidente do clube Colo-Colo, foi mais longe. Ele, em
2004, tornou-se o maior acionista da empresa que controlava o
Colo-Colo. Porém, em 2010, o jornalismo denunciou algumas ações
dele, e mesmo depois de tomar posse como presidente da
República, em 2010, fortes suspeitas foram levantadas de que
usava o clube com fins políticos. Resultado: ele vendeu sua
participação na holding .
E não pense que é somente na América Latina, veja isto.
Na Copa de 1934, na Itália, Benito Mussolini usou a competição
para promover seu regime fascista: milhares de torcedores agitando
bandeiras italianas serviam para desviar a atenção dos problemas
econômicos e da censura. Uma verdadeira superprodução
hollywoodiana.
Por todo o mundo, ditadores são obsessivos; porém, no futebol, um
esporte que, aparentemente, tem natureza imprevisível e que não
se submete ao controle de um governo, há sempre esta simbiose,
uma explosiva mistura do esporte com manobras políticas de poder.
Homens de Mussolini ameaçavam os jogadores caso o resultado
positivo nas partidas não fosse atingido. Havia denúncias de
atentados contra o próprio jogador ou seus familiares, caso
perdessem.
Assistimos, ao longo da história, diferentes estratégias de
envolvimento popular com a prática esportiva. Em todos os gêneros
esportivos, governos aproveitaram a popularidade dos atletas para
“colar” sua imagem e ser o artífice de seus interesses, nem sempre
muito confessáveis.
Futebol, Cultura e Identidade
O Futebol é um dos maiores construtores da identidade brasileira.
A história brasileira tem, por mais de um século, com craques e
ídolos com a camisa da seleção brasileira, um estrondoso
envolvimento da população. Raros são os que ignoram o que vai
pelo futebol, em especial a seleção brasileira.

De 1937, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, um regime


político autoritário, buscou a integração nacional e o futebol por
meio do futebol, o que causou enormes desavenças entre paulistas
e cariocas. Percebeu de onde começou essa disputa entre cariocas
e paulistas?
Dos anos 1930 até os anos 1950, o futebol foi incentivado pelos
governantes, pois era enxergado como uma possível arma para a
mobilização nacional. Superstições e crendices aparecem após a
derrota do Brasil no Maracanã.
Um complexo de vira-latas, expressão de Nelson Rodrigues, face
ao profundo sentimento de inferioridade que os brasileiros
cultivaram a partir da derrota da seleção brasileira. Somente em
1958 é que o jogo virou: Juscelino Kubitschek, o presidente, pôde
aproveitar a euforia da conquista da Copa do Mundo e com isso se
tornar popular e querido.
O país viveu, entre 1964 e 1985, um período em que era governado
por uma junta militar e, neste período, até mesmo a Copa do Mundo
apareceu para dar um clima de normalidade ao mundo e à
população. Enormes foram os investimentos em mídia para
construir no ideário popular um país que “vai pra frente”.
O Brasil, em 1970, com um General de Exército, presidente do
país, de 1969 a 1974, foi a Era da "linha-dura". Pertencia à ala mais
radical dos militares. Durante todo o seu governo, provavelmente, o
mais repressivo da história política do país, morte e tortura de
centenas de integrantes da oposição, acusados de "subversão"
(SANTOS, UNESP, 2014, n.p.).
Perceba como este processo de transformação social surgiu a partir
do elemento de identidade nacional que o futebol conquistou ao
longo dos anos, culminando com a conquista do tricampeonato
mundial.
O futebol foi entendido como um poderoso instrumento de
identidade, capaz de unificar o país e gerar um forte sentimento de
orgulho nacional. Essa valorização foi reforçada constantemente
pela crônica esportiva através de figuras populares como Mário
Filho, Nelson Rodrigues e José Lins do Rego, que sempre
valorizaram as qualidades atléticas do negro e do mestiço. Essa
também foi uma forma de simbolizar a miscigenação como um
importante traço cultural do jeito brasileiro, valorizando as
características e reforçando a identidade nacional (GIGLIO et al.
apud FREITAS, 2019, p. 131-132).
O futebol é um dos maiores símbolos de nossa identidade e foi
moldado ao longo dos tempos em um fator de integração nacional.
São mais de 120 anos de história e não há como dissociar o Brasil,
o espírito brasileiro e o futebol. Esta percepção é internacional.

O Jornalismo Esportivo Informativo


Para começo de conversa, existe um enorme debate dentro do
jornalismo esportivo. Ele existe para veicular notícias sobre
competições, atletas e resultados ou é um conteúdo que trata quase
que exclusivamente da vida pessoal dos atletas e das
celebridades?
O esporte é considerado, hoje, um espetáculo e, a cada dia que
passa, atrai mais adeptos. Adeptos estes que nem sempre
praticam, mas que prestigiam as transmissões. Desde o final do
século XX e início do século XXI, o esporte trazido como um
espetáculo pela televisão, através de imagens e da alta tecnologia,
foi introduzido nas massas, transformando o espetáculo em show.
Assim, aproveitando-se da massificação dos meios e da
informação, o esporte, principalmente o futebol, obteve uma rápida
aceitação e popularização, tornando-se um produto da cultura de
massa (IKEDA et al. 2012, p. 2).
É inegável que o jornalismo esportivo desempenha um papel
importante na socialização e formação cultural de nosso povo. É
uma importante instituição, de formação social, cultural e
comportamental, talvez mais influente do que a família e a escola.
Faz parte da transformação da realidade de muitos, gera empregos
diretos e indiretos.
Porém, além do envolvimento social, cumpre importante papel
também na construção da opinião e da identidade, como já
afirmamos anteriormente. Para que o verdadeiro papel do
jornalismo aconteça nesta área da vida humana que é o esporte e
por ser ele fator de envolvimento social e emocional, torna-se
possível classificar o jornalismo esportivo sob três gêneros:
1. Informativo – neste gênero, a base é a informação, portanto, é
a prática deste jornalismo informar. São exemplos: nota,
notícia e release .
2. Opinativo – aqui, neste gênero, é esperada a opinião do autor.
São exemplos: crônicas, editoriais e artigos.
3. Interpretativo – o tratamento é mais aprofundado, espera-se
mais detalhes e argumentação baseada em fatos reais e
dados. Exemplo: reportagem.
Jornalismo Esportivo informativo
É um estilo difícil de encontrar no meio esportivo , pois a paixão
tem por hábito “apimentar” os comentários. Em grande parte,
encontramos estes dois gêneros no jornalismo esportivo. Para que
o grande público participe mais, apela-se para a opinião, e com ela
as discussões aparecem, chegando em alguns casos à difamação.
Veja o que acontece com os técnicos de futebol quando um
clube perde muitos jogos em sequência.

Técnicas de Apuração e Redação em Jornalismo Esportivo


O trabalho do jornalista, quando cobrindo eventos esportivos, por
um lado, é facilitado pelo simples fato de conhecer quem serão os
participantes (personagens) e por possuir informações extras,
sendo possível selecionar os dados anteriormente.
Vamos a um roteiro simplificado de como fazer o seu trabalho?
1. Levantar todos os aspectos que envolvem a competição, se
houver noticiário.
2. Levantar o histórico da competição.
3. Trabalhar os dados colhidos por você e pela equipe (se
houver), tais como: escalação, resultados anteriores,
contusões, torcidas organizadas (se houver), doping ,
punições, regulamento, comissão técnica etc.
4. Definir antes da competição os personagens a serem
entrevistados.
5. Ir além do “deve ser”, confirmar informações.
6. Observar os critérios de noticiabilidade – momento do
acontecimento.
Pelo “momento do acontecimento", é muito comum acontecer, em
entrevistas de campo, no futebol, devido à informalidade do diálogo,
de os entrevistados exporem as suas ideias livremente.
Foi-se o tempo em que uma pessoa só se pronunciava quando era
chamada a dar o seu depoimento. Hoje, todos temos processos e
técnicas jornalísticas para nos fazermos ouvidos. Na internet, todos
são receptores e emissores ao mesmo tempo.
Os meios de comunicação digitais promoveram alterações na forma
de apurar e na formatação do conteúdo ao produzir uma notícia.
Antes, alguns fatos eram exclusivos da vida particular; hoje, através
das redes sociais, todos falam de todos, o que mudou radicalmente
o cotidiano de diversas pessoas. No mundo esportivo não poderia
ser diferente.
Os atletas têm muita exposição e são bem parecidos com os atores,
antes do cinema, agora da TV. Ou até mesmo os influenciadores no
YouTube, que influenciam desde o corte de cabelo até hábitos de
consumo em todo o mundo.
No Jornalismo Esportivo, a produção de pautas diferentes é um
desafio. Deve-se evitar o uso frequente de reportagens com um
mesmo atleta, seja pela ausência do assunto ou pelo esgotamento
de pautas. Algumas vezes, busca-se usar a vida e/ou a carreira
esportiva de um atleta, com chamadas quase perfeitas para as
matérias.
Os pontos de semelhança e a distância entre uma pessoa real e um
personagem são aqueles que se convertem em reportagens para
serem veiculadas durante a cobertura de competições importantes,
e são a maior busca do jornalista esportivo.
São esses alguns dos cuidados que devem ser tomados pelo
jornalista esportivo em sua carreira profissional.
Agora, vamos falar do clubismo (o jornalista torcedor)?

Clubismo e outros Problemas Éticos da Cobertura


O clubismo é muito utilizado para definir as discussões em grupos
sobre futebol. Das mesas de um bar até na internet, é dito como
uma espécie de ofensa a quem, durante uma discussão, puxa um
pouco mais para o time que torce. Pode o jornalista esportivo ser
clubista? Vejamos os porquês.
O “clubismo” na mídia esportiva é, relativamente, muito comum.
Não deveria acontecer, pois, além de não estar em acordo com o
que deve ser o jornalismo, nada acrescenta à maneira esperada de
se fazer jornalismo.
Por que digo isso?
No meio da comunicação, o lado pessoal, a preferência por um
clube, uma equipe, um time, pode tendenciar as narrativas
esportivas. O jornalista precisa ter um auto policiamento, pois sua
paixão não pode estar em primeiro plano, aliás, não deve se
manifestar. Um requisito importante da imparcialidade.
O jornalismo não combina com a ilusão ou a mentira. Por princípio,
ele é contrário a isso. Desde que passamos a considerar o
jornalismo como uma prática de caráter social voltada para o
coletivo, vinculamos as atividades jornalísticas à verdade e à
fidelidade dos fatos e versões. O entendimento geral é de que o
noticiário nos auxilia a compreender o mundo ao redor e que as
manchetes permitem alguma organização dos acontecimentos
passados (CHRISTOFOLETTI, 2018, p. 29).
Ainda durante a formação, nas faculdades de jornalismo, é muito
comum que existam estudantes que escolhem a área esportiva por
acharem que poderão falar sobre o seu clube de coração
livremente.
Antes presente apenas nos jornais impressos, o jornalismo foi
ganhando espaço nas rádios, na televisão, nas revistas, nas
assessorias de imprensa e, mais recentemente, na internet.
Percebe-se que as transformações do jornalismo se deram no lócus
material por intermédio dos novos meios de comunicação, embora
esse não tenha sido o único local. Também está presente com uma
mudança quase que regular, na superestrutura, no que tange aos
objetivos da sociedade capitalista (BERNARDO; LEÃO, 2013, p.
339).
No mundo acadêmico, textos de professores ou de alunos têm que
seguir determinadas normas. Dependendo da instituição e natureza
dos cursos, as normas da ABNT ou Vancouver são as mais usadas
e delimitam a forma, o conteúdo e a distribuição dos textos.

Em resumo, o bom jornalista é quem sabe lidar e tem respeito às


ideias dos demais à sua volta. Mantém um senso crítico moderado
quando se defronta com situações que possam expor sua opinião
ou preferências.

Voltando ao nosso objetivo, o “clubismo”, é algo muito comum nas


rodas de bar, em conversas entre colegas, de trabalho ou de sala
de aula e até mesmo nas reuniões familiares.
É inadmissível que, no exercício profissional de jornalista, tenha que
se fazer uma “peneira”, filtrar apenas o que interessa e que possa
ser considerado relevante. Não cabe, nestas horas, as costumeiras
brincadeiras, tais como: “meu time é melhor que o seu” e por aí vai.
O jornalista então mescla os fatos com os depoimentos,
trabalhando-os em sequência, sem deixar nenhuma dúvida sobre o
que realmente aconteceu naquela competição. A matéria possui
uma ligação com os fatos passados que foram transmitidos em
matérias anteriores sobre a fase de preparação. O resultado final é
mostrado pelo repórter como decorrente de uma série de fatores
(MALULY, 2004, p.14).
Assistimos a este comportamento em alguns momentos de quem
menos esperávamos. No rádio e na TV é quase frequente que
profissionais ultrapassem os limites do profissionalismo, com o uso
de termos e palavreados inadequados.
Na web , nas redes sociais ou em blogs , é enorme a exposição à
qual o jornalista se coloca quando tem posicionamentos que ferem
a ética profissional.
Ou seja, a imagem, a ética e a credibilidade como jornalista é o
mote para o sucesso profissional. Sem elas no dia a dia, nós,
jornalistas, temos que ser propagadores de informações relevantes
e, não mais uma daquelas figuras no meio de tantos outros
palpiteiros, o torcedor com voz.
OS Gêneros do Jornalismo Opinativo
O estudo dos gêneros do jornalismo é bem interessante e é objeto
de debates até hoje nas universidades brasileiras. Os diferentes
pontos de vista aos quais todos os profissionais estão submetidos
exige, na prática profissional, um ritmo que traduz naturalmente um
dos estilos característicos do gênero do jornalismo opinativo.
Vamos ao que interessa? Agora, você vai descobrir quais são os
gêneros jornalísticos.

Editorial
O editorial é um texto utilizado para manifestar o posicionamento de
uma empresa jornalística, seja ela impressa, falada ou televisada.
É, em geral, usado para emitir a opinião oficial de uma empresa, em
temas de grande repercussão. O que não significa dizer que é a
“voz do dono”, e, sim, que representa a opinião médica da
organização.
De todo modo, cada empresa tem seu estilo, seu jeito de fazer sua
produção jornalística. A Folha de São Paulo, por exemplo, assim
como outros jornais, expressa, em seu editorial, a posição da
empresa, de um jornalista ou de um grupo de jornalistas, sobre um
dado assunto.
Não há regra para o número de editoriais em uma dada publicação,
a casos de cinco editoriais em uma mesma edição. Uma
característica importante dos editoriais é que eles não são
necessariamente assinados: há editorial sem assinatura; outros
com assinatura de membros da equipe; alguns são produzidos por
jornalistas convidados; e há outros que são produzidos por
escritores ou colaboradores eventuais.
O editorial é dividido em três
partes: introdução , desenvolvimento e conclusão .
Na introdução, há uma contextualização do tema; no
desenvolvimento, um aprofundamento do tema, com acréscimo de
novas informações; e, na conclusão, há a “síntese”, uma espécie de
resumo geral e reafirmação do tema abordado.
Editorial é relativamente bem conhecido e, nos jornais impressos,
via de regra, é um texto que aparece na página dois. Vamos ao
próximo gênero?
Artigo
Praticamente tudo que é publicado na imprensa, é artigo. Como
estamos tratando dos gêneros, nesta unidade, o artigo tem uma
definição do ambiente jornalístico, que é a matéria jornalística, na
qual o escritor apresenta uma ideia e manifesta sua opinião.
Dicas para produzir um bom artigo de opinião:
1. Anote, em separado, argumentos úteis para fundamentar seu
ponto de vista.

2. Escreva para quem vai ler: é importante saber previamente a
linguagem a ser utilizada e perfil do leitor.

3. Selecione entre os argumentos selecionados os que mais se
adéquam ao seu objetivo.

4. Escolha um enunciado ( lead ) que apresente o tema que
pretende abordar.

5. Organize-se, o melhor possível, para finalizar seu texto
retomando a ideia principal, acrescentando citações ou
referências.

6. Crie um título interessante, que chame a atenção.

Com isso, temos: artigos jornalísticos e artigos científicos. Cada um
no seu lugar. Um artigo científico tem dois elementos essenciais:
atualidade (independente do assunto tratado, ele deve ser atual); e
opinião (o ponto de vista do autor).
No que diz respeito ao artigo jornalístico, há periódicos que contêm
seções diárias ou semanais sobre um determinado assunto. Quer
exemplos? Coluna Debates, O que vai pela cidade, Política
Nacional, Esportes e por aí vai. O importante é que esse espaço é
destinado a especialistas que levantam problemas, problematizam e
explicam questões referentes ao tema.

Carta do leitor
Esse meio é o espaço mais democrático nos veículos informativos.
Por muito tempo foi o principal “termômetro” da taxa de preferência
e de avaliação do conteúdo nos jornais. Ele servia, também, para
abrir debates nos quais o público leitor se manifestava.
Antigamente, qualquer pessoa era capaz de enviar sua opinião por
meio dessas cartas; hoje, porém, isso é feito por e-mail, um espaço
aberto em que a empresa jornalística consegue aferir seus leitores.
Essa seção não publicava tudo que recebia; primeiro, devido ao
conteúdo, e, segundo, pelo volume recebido.  Essas cartas
passavam por uma seleção, pois era necessário atender à política
editorial do veículo.
Coluna
As colunas são assinadas, geralmente, pelo jornalista responsável
por sua redação. Elas têm estilo livre e pessoal, sem comparação
com os demais conteúdos da publicação. Tem regularidade, diária
ou semanal, estrutura dinâmica e opinião, cumprindo uma função
específica do jornalismo impresso, vinculada à personalidade de
seu autor.
Comentário
Os comentários existem para aumentar o entendimento do leitor,
quase que um saiba mais. Quem comenta é alguém com
capacidade de desenvolver uma explicação de forma que o leitor se
sinta mais bem informado.
Nesse gênero, são permitidas opiniões, sem que a empresa
jornalística que a veicula seja responsabilizada. O espaço destinado
aos comentários no jornal é amplo, e os autores têm liberdade para
escrever.
Caricatura
Caricaturas estão presentes nas charges , imagens que são um
instrumento de opinião, influenciando um público maior do que
outros gêneros que descrevemos anteriormente.
É uma forma de expressão artística, em geral, política, com
desenho sendo caracterizado por algumas formas:
caricatura, charge , cartoon e comic .
Crítica
Há quem chame de “resenha”, na qual se pode apresentar a opinião
dos autores sobre temas gerais, como culturais, livros, obras de
arte, dentre outros. A resenha é um gênero jornalístico, muito
parecido com um comentário, destinado à orientação do grande
público na seleção das atrações circulantes no mercado.
Crônica
Esse, sim, é muito interessante. É onde o texto jornalístico se
aproxima bastante da literatura. Na história do jornalismo brasileiro,
temos inúmeros exemplos de cronistas. As crônicas são, em geral,
um texto curto que trata de acontecimentos do dia a dia.
Grandes escritores brasileiros começaram com as crônicas em
jornais e, depois, as reuniram em livros. Vários são os exemplos,
vou citar alguns para você pesquisar e aproveitar o conteúdo.
Acredito que você conhecerá a evolução histórica brasileira por
meio dos textos produzidos por estes excelentes cronistas:
 Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta.
 Carlos Drummond de Andrade.
 José Veríssimo.
 Wilson Figueiredo.
 Carlos Castelo Branco.
 Apicius.
 Danusa Leão.
 Hildegart Angel.
Os maiores jornais brasileiros, como o Jornal do Brasil e O Globo,
ambos do Rio de Janeiro, e O Estado de São Paulo e a Folha de
São Paulo, de São Paulo, dentre tantos outros no país, sempre
estiveram nesses ambientes de projeção, contendo em suas
páginas colunas assinadas por cronistas que se tornaram famosos
por seus textos, além de contribuírem para a cultura e formação
social brasileira.

A Ciência Esportiva
Começando do começo: O que é Ciência do Esporte?
É uma das áreas do conhecimento que estuda o desempenho
esportivo e pode ser definida como a busca por inovação no âmbito
esportivo, para uma vantagem competitiva.
Há um questionamento que ainda expõe uma antiga discussão. Não
somente na área do esporte mas também em outras áreas do
conhecimento. Encontraremos uma espécie de consenso, em que a
transferência do conhecimento científico para a prática ainda é
baixa.
Na área da saúde, por exemplo, a Psicologia, suas pesquisas e
novas perspectivas requerem publicações específicas, mas nem
sempre são acessíveis ao grande público. A pesquisa científica tem
pouca influência sobre os processos e a tomada de decisão,
principalmente quando tratamos da prática clínica, em comparação
a outros fatores.
Voltando à contribuição da Ciência do Esporte, quando dirigida à
orientação da prática no Esporte, certamente ainda é pequena. É
muito comum treinadores, por exemplo, buscarem informações com
colegas ou em encontros específicos de treinadores.
(...) o modelo de pesquisa e os interesses plurais dos
pesquisadores, muitas vezes distantes das demandas e
necessidades do cotidiano do Esporte, também dificultam a
produção de conhecimento com potencial de orientar a prática
(VIVEIROS et al., 2015, p.165).
Segundo alguns dados disponíveis na literatura, como informações
acumuladas pelos cientistas, indicam que o principal argumento dos
treinadores é de que não há tempo hábil para análises e
interpretações dos artigos disponíveis, e que a influência da Ciência
do Esporte para a atuação de técnicos e preparadores físicos é
quase nula.
Jornalismo Esportivo e Audiovisual

A internet mudou tudo!


O jornalismo, até a chegada e a popularização da web, era um,
depois dela, tornou-se outro, com mudanças profundas, sem volta.
Com a popularização da web nos anos 90, proporcionando
jornalismo audiovisual o acesso a informações de modo quase
irrestrito e ilimitado aos usuários, o jornalismo, já feito em outros
meios, vislumbrou nesse ambiente um novo espaço para a
divulgação de notícias. Os primeiros passos foram dados pelos
veículos impressos que construíram sites para disponibilizar seus
conteúdos também no formato digital (MACHADO; FERREIRA,
2012. p. 136-137)
O jornalismo esportivo aparecia em diferentes mídias: falada,
escrita e televisada, explorando um modelo “um-para-todos” antes
da chegada do sistema digital.
(...) o sistema digital rompeu com o modelo de produção e
distribuição da informação de “um-para-todos”, pois no ciberespaço
a relação acontece no texto “todos-todos”, modificando
comportamentos sedimentados pelas mídias tradicionais. O
crescimento e a influência das mídias sociais e as novas formas de
apresentação e compartilhamento de informações por meio da
Internet têm contribuído para mudanças em todos os setores da
comunicação (GRIJÓ, SOUZA, p. 37).
A partir da disponibilização do sistema digital e de sua
democratização, observamos uma convergência midiática que não
pode ser entendida apenas como um processo que reuniu todas as
funções em um só lugar, em um só equipamento, como
os smartphones ,
As emissoras tradicionais passaram a produzir conteúdo em
plataformas on-line , com um formato próprio. A partir disto, nasce
um novo gênero de produção, que, agora, é exclusivo para a Web ,
um estilo sintético e conciso, trazendo um novo público. O que traz
mais riscos de replicação de conteúdo, como se fosse um
intercâmbio, muitas vezes sem qualquer adaptação.
Rádio e Esporte
Apesar da digitalização, o rádio tradicional ainda existe, porém
diversas emissoras do formato analógico estão fechando as portas,
pois não conseguiram se adaptar ao meio digital. Os podcasts ,
as lives e as transmissões ao vivo via web estão pouco a pouco
transferindo a audiência de um para o outro lado (do analógico para
o digital, do rádio para a TV, da TV para o Youtube, do rádio para
o podcast ).
As transmissões por ondas eletromagnéticas têm seus dias
contados, uma vez que esse formato tende a desaparecer, pois as
frequências, antes exclusivas das transmissões radiofônicas, estão
sendo utilizadas pelas ondas da telefonia celular.
Se você observar bem, algumas das emissoras tradicionais
modernizaram seus equipamentos e sua programação, mudando
seus estilos. Mesmo sendo ouvida no formato tradicional, é possível
sintonizá-la via web e assisti-la, isso mesmo, assistir o que se
passa nos estúdios com transmissão direta via internet.

Não há como trabalhar em uma redação sem internet, e o jornalista


atual precisa dominar esse ambiente, saber onde encontrar as
informações e usar estratégias de busca nos buscadores digitais
para ter acesso a repositórios acadêmicos. Portanto não basta que
o jornalista saiba escrever; ele precisa saber transitar muito bem no
ambiente digital, utilizar as ferramentas de busca em redes sociais
e, principalmente, participar delas. Há algum tempo, ouvi de um
colega jornalista dizer: “Não sei como lidar com estas coisas da
internet, sou muito fora deste tempo, detalhe: não é velho”.
TV Esporte
Não tem como olharmos para a TV e não percebermos que a
existência da internet não tenha impactado esse veículo. Todos os
grupos de comunicação que investiram na web estão construindo
um novo paradigma, o do fazer televisão.
Para a medir audiência e as preferências dos ouvintes das
emissoras de rádio, foi criado, em 1942, o Instituto Brasileiro de
Opinião Pública e Estatística (Ibope), para aplicar técnicas de
pesquisa e saber sobre o comportamento da audiência de
emissoras de rádio e TV. Hoje, com a internet, esse tipo de
pesquisa deixa de ser única, pois as métricas das redes sociais e
de mecanismos de busca são muito mais precisos e com custos
infinitamente menores.
O que nos interessa é estabelecer um olhar para TV Esporte, sem
qualquer restrição ao ambiente digital que a tudo transformou. As
transmissões esportivas, que se iniciaram com o modelo radiofônico
e, em seguida, migrou para as transmissões televisivas, sem
transformações radicais, segue o mesmo modelo.
A maior transformação acontece com a chegada da internet e dos
novos equipamentos móveis,
como: smartphones , tablets e laptops . Experiências de
interatividade durante as transmissões foram testadas durante as
Copas do Mundo de 2014 e 2018, com experiências com outras
mídias.
A emissora tanto produz material jornalístico exclusivo para a
internet, que pode ser acessado pelo portal do canal e pelos
assinantes através do E+I Plus, como também disponibiliza o
conteúdo completo dos principais programas veiculados na TV
convencional no Esporte Interativo Plus (MACEDO; RODRIGUES,
2014, p.8)
Durante as transmissões esportivas, utilizamos posts no Facebook
com comentários sobre o jogo e compartilhamento de informações
no whatsapp. Durante a Copa de 2014, foram experimentadas o
uso de enquetes gamificadas, como pontuação e cupons.
Ai de quem for apaixonado por futebol e entrar na redação
pensando que irá escrever só sobre futebol. Ai mais ainda de quem
tiver loucura por outro esporte. Quem for louco por vôlei, por
basquete, quem tiver paixão por tênis e sonhar em ser especialista
no esporte de que gosta. Não, tal possibilidade não está excluída.
Mas, se já dá trabalho conquistar reconhecimento na profissão
trabalhando com futebol, é muito mais feroz a luta para chegar ao
topo com outro esporte (COELHO, 2011, p. 38)
A multiplicidade de transmissões, com formatos e conteúdos
diferentes, graças às tecnologias, torna possível o encantamento de
um público cada vez maior, que não estava nem no rádio, nem na
TV. Surge, então, a figura do internauta-telespectador.
Podemos considerar que o internauta-telespectador participa e
interfere na transmissão feita pelo narrador da emissora por meio
do envio de opiniões em tempo real; é o do todos-para-todos ao
vivo e em cores.
Política Esportiva no Brasil

O esporte é um fenômeno social, e pessoas de diferentes classes


sociais, de quaisquer idades, se reúnem com o objetivo de
entretenimento ou da prática esportiva. Antes de mais nada, a
prática esportiva deve ser estimulada mais como atividade saudável
e menos como competição.
Um aspecto que deve ser destacado sobre o esporte é a sua
capacidade de mobilização de inúmeros setores. Antes, durante e
após a realização de eventos esportivos ou outras atividades
correlatas, para as equipes esportivas ou seus torcedores. Assim, o
esporte pode muitas vezes ser utilizado como um meio para atingir
determinado fim político (NUNES, 2014, p. 9).
A divisão social acontece quando há competição, e o futebol é um
dos melhores exemplos disso, como quando algumas torcidas
organizadas promovem conflitos e depredações antes, durante e
depois das competições, algo que acontece, praticamente, no
mundo todo.
A prática esportiva tem que ser estimulada, pois é uma questão de
saúde pública, reduzindo atendimentos médicos e intervenções
medicamentosas, além de proporcionar longevidade. Estudiosos
classificam as políticas segundo os modelos aplicados em
diferentes países, com diferentes resultados.
Vamos olhar cada um dos modelos agora.
Modelo Institucional , em que as políticas serão públicas somente
se tiverem origem em instituições governamentais. A seguir,
veremos modelos que buscam processos ou comportamentos
políticos, para permitir que se compreenda os processos de decisão
dos modelos institucionais, com o objetivo de desenvolvimento,
implantação e mudança das políticas vigentes.
Um outro modelo é o de grupos; aqui se pressupõe a interação
entre os diversos grupos de influência, de partidos políticos, de
organizações não governamentais, da sociedade civil organizada e
de indivíduos, agrupando-se para apresentar as demandas ao
governo.
Esse modelo (de elite) é polêmico, pois a apatia e a desinformação
popular mobilizam grupos mais influentes no cenário político. São
políticas, ao contrário da anterior, e fluem de cima para baixo.
O modelo racional seleciona as políticas mais eficientes ao
considerar o custo-benefício das opções, incluindo valores sociais,
alternativas políticas e prováveis consequências.
Está achando complexo?
Vamos ao modelo incremental. Esse modelo pressupõe a
continuidade de projetos iniciados em governos anteriores, ajusta
as insuficiências dos modelos institucionais e estabelece alterações
nestes, visando a otimização dos resultados.
Modelo da teoria dos jogos; aqui entram em cena a abstração e a
dedução, considerando as opções dos inúmeros atores envolvidos
e visando maximizar ganhos, minimizar perdas e o mínimo de
ajustes.
Modelo Sistêmico
Esse modelo considera as políticas públicas consequentes do
sistema político, das forças do meio ambiente, do apoio ou do
sistema social. Essas políticas são produtos do sistema, com
capacidade de responder às demandas do modelo sistêmico, gerar
acordos e o cumprimento das políticas públicas pelas partes
interessadas.
Listei acima as principais formas de traçar políticas públicas que
são aplicadas ao desenvolvimento esportivo, cultural, político e
social. Lembre-se, nosso foco é o do Jornalismo Esportivo, e, neste
capítulo, vimos como são as estratégias do poder público ao
estabelecer legislação que normatizam e influenciam diretamente o
desenvolvimento do esporte.
Legislação do Esporte
A legislação em um estado democrático se origina em um processo
legislativo que a constrói a partir das demandas de ordenação
social. O esporte é algo que fanatiza e envolve milhões de pessoas
e interesses, e não pode mais ser tratado como uma prática
corporal e cultural, pois é algo que move centenas de pessoas e
cifras astronômicas. O esporte é um fenômeno sociocultural.
O esporte é um fenômeno que requer leis que o regulamentem, e,
embora encerre muitos interesses políticos, sociais e econômicos, a
Legislação Esportiva Brasileira evoluiu de maneira significativa em
relação a décadas atrás.
Não nos cabe aqui detalhar as leis e os regulamentos, e, sim, que
você saiba que existe uma extensa legislação que normatiza o que
é a prática esportiva e que estabelece bases para as competições e
suas características.

Esporte e Corrupção
O Instituto Ethos, em 2014, apresentou o projeto “JOGOS LIMPOS”
dentro e fora dos estádios. Ele buscou o apoio de empresas e de
governantes ao firmar compromissos de transparência,
disponibilizando ferramentas para ações coletivas de vigilância, de
monitoramento e de controle social sobre a Copa do Mundo em
2014 e a Olimpíada e Paraolimpíada de 2016.
A corrupção é um dos problemas mais graves e acontece em
diversos países, e o Brasil não está fora dessa. Os recursos
desviados pela corrupção e os superfaturamentos afetam
diretamente o crescimento econômico e social ao drenar recursos
públicos.
Vários são os exemplos colhidos na imprensa contendo denúncias
e apresentando escândalos de corrupção no esporte. Desde o início
desse projeto, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) rompeu
contratos com várias empresas, dentre elas: Michelin, Seguros
Unimed, P&G e Sadia. À imprensa, todas as empresas se
posicionaram afirmando que não era mais foco a aplicação de
publicidade no esporte. Em uma pesquisa rápida na internet, você
encontrará o que realmente aconteceu.
Mas por que uma empresa precisaria patrocinar o esporte no
Brasil?
A imagem do esporte traz aos torcedores imagens de empenho, de
perseverança, de desafio e de disciplina. É realmente positiva a
imagem de uma empresa que associa sua marca a esses
elementos de sucesso. E você sabe: marca é tudo no mundo
esportivo.
Quem não quer ter um tênis Nike que o Neymar usou?
Quem não quer a camisa polo que o Federer usa nos jogos?
Tais posicionamentos fazem com que seja atrativo para as
empresas associarem sua imagem a clubes e a atletas, partilhando
valores, tornando a marca mais visível e associando-a a ações
positivas, estabelecendo um relacionamento direto com o
consumidor.
São vários os tipos de público que acompanham o esporte; para as
marcas, é um grande aumento nas vendas, além disso,
o marketing esportivo é o que financia os treinamentos dos atletas
ou da equipe.
Quais são os riscos no patrocínio de atividades esportivas?
Na CBF, por exemplo, temos casos de fraude e lavagem de
dinheiro, fato que levou à investigação dos dirigentes, com
condenações de ressarcimento aos cofres públicos, prisão e
exclusão do mundo esportivo.
Os tais “contratos de patrocínio”, “contratos de mídia”, que
significam associar a marca da empresa patrocinadora a uma
entidade do esporte, pode ser um verdadeiro “tiro no pé”, ao
associar a marca da empresa ao comportamento de atletas,
técnicos ou até mesmo de dirigentes dos clubes esportivos.
Algumas leis foram aprovadas visando combater a corrupção. A Lei
Anticorrupção Empresarial , nº 12.846 de 2013, trouxe sanções a
instituições que financiam acusados de praticar atos de corrupção.
A corrupção no esporte abala a relação de confiança entre empresa
e consumidor.
A sociedade esportiva, juntamente com operadores da mídia,
estabeleceu, de forma voluntária, um conjunto de pactos e acordos
para combater a corrupção. No Brasil, o Instituto Ethos, em
companhia da ONG Atletas pelo Brasil e do grupo desportivo Lide
Esporte, lançaram esse Pacto pelo Esporte.
O Pacto pelo Esporte se constituiu na primeira iniciativa em que
patrocinadores do esporte brasileiro, visando tornar mais
transparente e correta a prática esportiva ao utilizar modelos de
gestão profissional, buscam a construção de um ambiente saudável
entre empresas, clubes, federações e confederações esportivas.
Juntos, eles promovem e estabelecem as regras que definam com
mais transparência como deve ser o patrocínio esportivo e
estabelecem as bases para a governança e a gestão de entidades
esportivas positivas.
Diferentes políticas, agora mais rigorosas contra os casos de
corrupção no esporte, estabeleceram limites para o mandato de
dirigentes esportivos, para a participação dos atletas na gestão de
instituições, para o sistema eleitoral, para a contratação de
fornecedores e para outras medidas.
Sabemos que não eliminamos a corrupção, mas reduzimos
drasticamente sua existência.
Os princípios éticos devem nortear todas as relações de todas as
naturezas.
Ética do Jornalismo Esportivo

O nome que me vem à mente é: João Saldanha. Tenho certeza de


que muitos dos alunos nem sequer ouviram falar dele. Ele teve uma
curta carreira como treinador de futebol, porém com relativo
sucesso.
João Saldanha, tinha 51 anos quando foi convidado por João
Havelange, então presidente da CBD, para dirigir a Seleção
Brasileira que precisava se classificar nas eliminatórias para
disputar o Mundial de 1970 no México (BRANDÃO, 2019, on-line).
João Alves Jobim Saldanha, o João Sem-Medo, nasceu em
Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 3 de julho de 1917. Foi para o
Rio de Janeiro ainda adolescente, um apaixonado por futebol.
Sujeito culto, politizado e combativo, não tinha filtros na língua e era
um opositor ferrenho ao regime militar. Ele chegou a ser técnico do
Botafogo, seu time de paixão, e, em dois anos, levou o time a
conquistar o campeonato carioca, isso ainda em 1957. Em 1966,
com a derrota da seleção brasileira, ele não deixou por menos,
criticou diretamente a atuação não somente da seleção mas
também de seus dirigentes.
Em 1969, a CBF o contratou como técnico da seleção brasileira, o
que foi uma surpresa, pois foi uma época em que o alinhamento
da Comissão Técnica de Desportos do Exército era quem
mandava na CBF, apostaram no João Saldanha.
Mas por que estamos comentando sobre João Saldanha, e não
sobre a ética no jornalismo esportivo? vou chegar agora no ponto.
Em uma reunião com dirigentes na antiga TV Manchete, com várias
autoridades da televisão.
João Saldanha afirma: “Jogador não casa com a minha filha”.
Mas quais seriam estes padrões éticos? Para falar de ética no
jornalismo esportivo, resolvi desafiar a sua mente. Irei abordar os
padrões antiéticos, que tal?
Quando se trata do campo da moralidade, esbarramos
necessariamente em certos conceitos. Não se pode falar em moral
sem mencionar valores, princípios; nem existe discussão ética sem
o julgamento de atitudes e a reflexão sobre a conduta humana.
Diariamente, as pessoas se veem diante de situações de escolha,
precisando optar por caminho (CHRISTOFOLETTI, 2008, p. 32).
Prestar serviço remunerado para entidades esportivas , para
emitir ou não opiniões, como comentarista profissional em
emissoras de televisão, rádio e outras mídias (aqui tratamos de
clubes pagando jornalistas para opinar).
Receber vantagens financeiras e/ou de qualquer outra entidade
esportiva para divulgar seus produtos e serviços pagos e da venda
de produtos oficiais geridos por entidade esportiva.
Em hipótese alguma reescrever e/ou alterar fatos históricos para
melhorar a imagem de um clube.
Dificultar a entrada de novos profissionais com os quais não
mantém relacionamento de amizade e/ou profissionais de outras
áreas, mesmo que não tenham diploma de jornalista.
Nesse caso, até mesmo na produção científica não é ético utilizar
textos e/ou partes de textos de outro autor sem citá-los como
referência e/ou fonte de pesquisa.
Aqui, tratamos do que chamamos de isenção, que é quando um
jornalista mantém relação social assídua com árbitros, atletas,
profissionais técnicos e dirigentes que possam fazer parte de
comentários profissionais em emissoras de televisão, rádio e outras
mídias.
Concorda que fica muito difícil para um comentarista elogiar quando
um clube vai bem ou criticar quando outro vai mal, principalmente
quando está claro que o comentarista é tendencioso, com
preferências por um dado time de futebol. Complicado não?

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