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Estado de Goiás

Secretaria de Estado da Educação


Superintendência de Ensino Médio
Gerência da Mediação Tecnológica

2023
ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Governador do Estado de Goiás


Ronaldo Ramos Caiado

Vice Governador do Estado de Goiás


Lincoln Graziane Pereira da Rocha

Secretária de Estado da Educação


Aparecida de Fátima Gavioli Soares Pereira

Superintendente de Ensino Médio


Osvany da Costa Gundim Cardoso

Gerente de Mediação Tecnológica


Wanda Maria de Carvalho

Coordenadora Pedagógica de Mediação Tecnológica


Luciane Aparecida de Oliveira Rodrigues

ELABORARDORES/AS

Linguagens e suas Tecnologias


Daniela de Souza Ferreira Mesquita – Coordenadora de Área/Língua Portuguesa
Guilherme Francisco Oliveira Cruvinel – Língua Estrangeira/Inglês
Ivair Alves de Souza – Língua Portuguesa
Luciana Evangelista Mendes – Língua Estrangeira/Espanhol
Luiz Carlos Silva Junior – Educação Física
Maria Caroline Guimarães Leite Logatti – Arte/Mundo do Trabalho

Matemática e suas Tecnologias


Luan de Souza Bezerra – Coordenador de Área
Evandro de Moura Rios
Luara Laressa Ferreira dos Santos Lima
Ujeverson Tavares Sampaio

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


Pedro Ivo Jorge de Faria – Coordenador de Área/História
Alejandro de Freitas Paulino Matos – Geografia
Carlos César Higa – Sociologia/Mundo do Trabalho
Gustavo Henrique José Barbosa – Sociologia/Filosofia/Projeto de Vida

Ciências da Natureza e suas Tecnologias


Rosimeire Silva de Carvalho – Coordenadora de Área/ Química
Francisco Rocha – Física
George Fontenelle Costa – Física
Luiz Carlos Silva Júnior – Biologia
Núbia Pontes Pereira – Biologia

Revisão
Daniela de Souza Ferreira Mesquita

Designer Gráfico
Hugo Leandro de Leles Carvalho – Capa

EQUIPE GOIÁS TEC


TELEFONE: 3201-3253
E-MAIL: gmt@seduc.go.gov.br

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“Todos os direitos reservados”


Sumário

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS............................................................................. 5

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS........................................................ 127

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS......................................................................... 207

CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS.............................................................. 235

PROJETO DE VIDA...................................................................................................... 297


Linguagens e
suas Tecnologias
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPETÊNCIAS DA BNCC PARA A ÁREA DE LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

1 - Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e


verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos, nos diferentes campos de
atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as
possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
2 - Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais
de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com
base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando
o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo precon-
ceitos de qualquer natureza.
3 - Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração,
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo
pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
6 - Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características
locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significa-
do e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crítica e
criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.
5 - Compreender os processos de produção e negociação de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as
e vivenciando-as como formas de expressão de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e
de respeito à diversidade.
4 - Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, cultural, social, variável, heterogêneo e
sensível aos contextos de uso, reconhecendo suas variedades e vivenciando-as como formas de expressões
identitárias, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer natureza.

7 - Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas,
éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas,
e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.
Fonte: Documento Curricular Para Goiás – Etapa Ensino Médio

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES - DCGOEM – 1º BIMESTRE

(EM13LGG101) Compreender e analisar (GO-EMLGG101A) Identificar as várias tipologias textuais e gêneros dis-
processos de produção e circulação de dis- cursivos de circulação cotidiana, analisando as diferentes linguagens para
cursos, nas diferentes linguagens, para fa- possibilitar a criticidade e promover a adequação textual.
zer escolhas fundamentadas em função de
interesses pessoais e coletivos.

(EM13LGG201) Utilizar as diversas lingua- (GO-EMLGG201A) Sintetizar e resenhar textos, utilizando paráfrases,
gens (artísticas, corporais e verbais) em marcas do discurso reportado e citações, para empregar em textos de
diferentes contextos, valorizando-as como divulgação de estudos e pesquisas.
fenômeno social, cultural, histórico, variá-
vel, heterogêneo e sensível aos contextos
de uso.
(EM13LGG203) Analisar os diálogos e os (GO-EMLGG203A) Questionar o uso de debates, quanto ao raciocínio críti-
processos de disputa por legitimidade nas co, analítico de questões sociais, presentes em textos midiáticos de âmbito
práticas de linguagem e em suas produções nacional e local, examinando diálogos nas diversas práticas de linguagem
(artísticas, corporais e verbais). para ampliar as possibilidades de construção de sentido e análise crítica.
(GO-EMLGG203B) Promover debates e discussões de temas de interesses
da juventude, apropriando-se de bases legais, como o Estatuto da Juven-
tude e as políticas públicas vigentes, para tornarem-se protagonistas de
ações que contemplem a condição juvenil.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(EM13LGG602) (GO-EMLGG602A) Apreender diversas manifestações artísticas, conside-
Fruir e apreciar esteticamente diversas ma- rando os elementos da linguagem em Artes Visuais, Dança, Música ou Tea-
nifestações artísticas e culturais, das locais tro para apreciar esteticamente suas obras e o conjunto de suas práticas.
às mundiais, assim como delas participar, de
modo a aguçar continuamente a sensibilida- (GO-EMLGG602B) Observar manifestações artísticas de culturas: local, re-
de, a imaginação e a criatividade. gional e mundial, analisando os elementos da linguagem em Artes Visuais,
Dança, Música ou Teatro para ampliar seu repertório de conhecimento
estético- artístico.

(GO-EMLGG602C) Experienciar diversas práticas artísticas, fruindo através


dos elementos da linguagem em Artes Visuais, Dança, Música ou Teatro
para potencializar o desenvolvimento pessoal de sua sensibilidade, ima-
ginação e criatividade.
(EM13LGG501) Selecionar e utilizar movi- (GO-EMLGG501B) Enumerar os espaços de infraestrutura (quadras, praças,
mentos corporais de forma consciente e galpões, pátios), discriminando os que possuem condições dentro e fora
intencional para interagir socialmente em da escola para organizar práticas corporais em condições seguras para a
práticas corporais, de modo a estabelecer comunidade.
relações construtivas, empáticas, éticas e de
respeito às diferenças.
(EM13LGG502) (GO-EMLGG502A) Associar os diversos discursos que as mídias (impressa,
Analisar criticamente preconceitos, este- televisiva, internet e podcasts etc.) fazem entre a ginástica e os padrões de
reótipos e relações de poderes presentes beleza por meio de propagandas publicitárias, debatendo sobre as ques-
nas práticas corporais, adotando posiciona- tões de individualidade biológica para estabelecer relações de respeito e
mento contrário a qualquer manifestação de solidariedade entre as diferenças, posicionar criticamente sobre padrões
injustiça e desrespeito a direitos humanos e de beleza estabelecidos e construir significado em seu Projeto de Vida.
valores democráticos.
(EM13LGG503) (GO-EMLGG503A) Reconhecer a prática da ginástica como uma possibilida-
Vivenciar práticas corporais e significá-las de de atividade física, identificando seu interesse através da vivência nas
em seu projeto de vida, como forma de au- diversas possibilidades para se movimentar e buscar o autoconhecimento.
toconhecimento, autocuidado com o corpo
e com a saúde, socialização e entretenimen- (GO-EMLGG503B) Identificar as capacidades físicas, por meio de leituras
to. e vídeos, aplicando nas vivências práticas (ginástica, jogos esporte, lutas
etc.) para manutenção da condição física individual, possibilidades de mo-
dificação da composição corporal, estimulando o posicionamento crítico
e de respeito às individualidades biológicas.

(GO-EMLGG503C) Diferenciar características entre as atividades físicas


e os exercícios físicos, utilizando-os nas práticas corporais para produzir
sentidos em diferentes contextos.

(GO-EMLGG503D) Comparar manifestações das ginásticas alternativas (Pi-


lates, Yoga e Shiatsu) com outros métodos de ginástica, estabelecendo
semelhanças e diferenças entre elas para possibilitar a escolha daquela
que melhor se enquadra em seu Projeto de Vida e desenvolver novos
repertórios dessa prática corporal no seu autoconhecimento.

(GO-EMLGG503F) Identificar os fatores de riscos para doenças hipociné-


ticas (sedentarismo), analisando as práticas diárias e estilo de vida para
apropriar-se criticamente de informações relativas a hábitos saudáveis no
dia a dia e desenvolver o autoconhecimento.

(GO-EMLGG503G) Selecionar informações sobre os benefícios referentes a


prática de atividades e exercícios físicos, organizando momentos de divul-
gação através de diversas mídias (folhetos, redes sociais, rádio escola etc.)
para promover saúde, bem-estar e integração da comunidade na escola.
(GO-EMLGG503H) Avaliar os riscos relacionados às dietas, consumo de
suplementos alimentares, sem acompanhamento profissional e o uso de
esteroides anabolizantes e outras formas de dopping, analisando situações
reais de usos e seus efeitos na saúde para desenvolver ações pessoais de
autocuidado.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(EM13LGG401) (GO-EMLGG401A) (Re)conhecer o vocabulário empregado em textos diver-
Empregar nas interações sociais, a variedade sos, por meio das técnicas de compreensão auditiva e leitora de gêneros
e o estilo de língua adequados à situação co- discursivos (diálogos orais e escritos, blog/vlog, formulários, folhetos tu-
municativa, ao/à interlocutor/a e ao gênero rísticos, guias, diário, flyers), identificando o tema (skimming) e o contexto
do discurso, respeitando os usos das línguas no qual os enunciados foram produzidos para detectar em quais situações
por esse/a interlocutor/a e sem preconceito do dia a dia tais vocabulários são empregados.
linguístico.
(GO-EMLGG401D) Localizar as formas dos tempos e modos verbais utiliza-
dos em gêneros discursivos, empregando técnicas de leitura instrumental
[dedução e indução] para relacionar a forma ao uso/funcionalidade desses
objetos de conhecimento.

(GO-EMLGG401F) Distinguir os contextos de formalidade e informalida-


de em textos (orais e escritos) diversos [charges, quadrinhos, memes,
fanzines/mangás, entrevistas, diálogos, narrativas etc.] selecionando os
trechos correspondentes, analisando tais funções em múltiplas variações
linguísticas [diatópicas, diafásicas e diastráticas] para possibilitar escolhas
adequadas à situação comunicativa.
(EM13LP02) Estabelecer relações entre as (GO-EMLP02A) Utilizar as variedades linguísticas e a norma padrão como
partes do texto, tanto na produção como língua materna, nas mais diversas situações comunicativas, consideran-
na leitura/escuta, considerando a construção do as situações adequadas de uso da língua para evitar o preconceito
composicional e o estilo do gênero, usando/ linguístico.
reconhecendo adequadamente elementos e
recursos coesivos diversos que contribuam (GO-EMLP02B) Estruturar as partes de textos escritos e orais, estabele-
para a coerência, a continuidade do texto cendo as relações adequadas, considerando a composição presente na
e sua progressão temática, e organizando disseminação das práticas culturais contemporâneas, no estilo e na sua
informações, tendo em vista as condições funcionalidade em diferentes situações de uso para desenvolver as rela-
de produção e as relações lógico-discursivas ções de textualidade e de interdiscursividade.
envolvidas (causa/efeito ou consequência;
tese/argumentos; problema solução; defini-
ção/exemplos etc.).
(EM13LP16) Produzir e analisar textos orais, (GO-EMLP16A) Analisar o papel dos recursos linguísticos, paralinguísti-
considerando sua adequação aos contextos cos, cinésicos e da variedade linguística na produção de discursos orais
de produção, à forma composicional e ao e multissemióticos, considerando o contexto de produção, circulação e
estilo do gênero em questão, à clareza, à recepção para discernir os discursos correntes.
progressão temática e à variedade linguís-
tica empregada, como também aos ele-
mentos relacionados à fala (modulação de
voz, entonação, ritmo, altura e intensidade,
respiração etc.) e à cinestesia (postura cor-
poral, movimentos e gestualidade significa-
tiva, expressão facial, contato de olho com
plateia etc.).
(EM13LP31) Compreender criticamente tex- (GO-EMLP31-A) Elaborar pesquisas variadas, utilizando as etapas de produ-
tos de divulgação científica orais, escritos e ção, para avaliar cada parte do processo de construção do conhecimento
multissemióticos de diferentes áreas do co- científico, a partir dos gêneros textuais envolvidos na realização e divulga-
nhecimento, identificando sua organização ção de pesquisas, para uma posse ativa da forma como o conhecimento
tópica e a hierarquização das informações, científico é produzido.
identificando e descartando fontes não con-
fiáveis e problematizando enfoques tenden-
ciosos ou superficiais.
(EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na (GO-EMLP01A) Investigar os diferentes graus de parcialidade/imparciali-
produção como na leitura/ escuta, com dade (no limite, a não neutralidade) em textos jornalísticos, comparando
suas condições de produção e seu contexto relatos de diferentes fontes e examinando o recorte feito de fatos/dados
sócio-histórico de circulação (leitor/audiên- e os efeitos de sentido provocados pelas escolhas realizadas pelo/a au-
cia previstos, objetivos, pontos de vista e tor/a do texto, mantendo uma atitude crítica diante dos textos para ter
perspectivas, papel social do autor, época, consciência das escolhas feitas como produtor/a.
gênero do discurso etc.), de forma a ampliar
as possibilidades de construção de sentidos
e de análise crítica e produzir textos adequa-
dos a diferentes situações.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

(EM13LP53) Produzir apresentações e (GO-EMLP53A) Avaliar, com o uso de textos literários diversos, a produção
comentários apreciativos e críticos so- de comentários de livros, filmes, canções e espetáculos, observando os
bre livros, filmes, discos, canções, espe- critérios de composição de cada produto cultural para a produção oral e
táculos de teatro e dança, exposições escrita do raciocínio crítico avaliativo sobre os principais artistas e suas
obras.
etc. (resenhas, vlogs e podcasts literá-
rios e artísticos, playlists comentadas,
fanzines, ezines etc.).
(EM13LP20) Compartilhar (GO-EMLP20A) Dialogar e produzir entendimento mútuo, nas diversas
gostos, interesses, práticas linguagens (artísticas, corporais e verbais), com vistas ao interesse comum
culturais, temas/ problemas/questões que pautado em princípios e valores de equidade assentados na democracia
despertam maior interesse ou preocupação, e nos Direitos Humanos, examinando as práticas culturais, as situações-
respeitando e valorizando diferenças, como -problemas e os temas que despertam maior interesse para respeitar as
forma de identificar afinidades e interesses diferenças e identificar as afinidades.
comuns, como também de organizar e/ou
participar de grupos, clubes, oficinas e afins.
EM13LP28) Organizar situações de estudo e (GO-EMLP28A) Organizar e experimentar estratégias de estudo utilizando
utilizar procedimentos e estratégias de lei- leituras, resolução de exercícios, interpretação de vídeos, gráficos e ima-
tura adequados aos objetivos e à natureza gens acerca do conteúdo em questão para produzir uma aprendizagem
do conhecimento em questão. significativa e otimizar o tempo.

(EM13LGG701) (GO-EMLGG701A) Compreender o papel das TDICs, listando possíveis cam-


Explorar tecnologias digitais da informação e pos de atuação nas áreas de conhecimento para legitimar sua existência
comunicação (TDICs), compreendendo seus e importância tanto no aspecto escolar como extraescolar.
princípios e funcionalidades, e utilizá-las de
modo ético, criativo, responsável e adequa- (GO-EMLGG701B) Explorar as TDICs de modo ético, criativo, responsável e
do a práticas de linguagem em diferentes adequado às práticas de linguagem em diferentes contextos, relacionando
contextos. seus elementos constituintes à sua aplicabilidade no meio social para
ampliar as possibilidades de uso dessas ferramentas digitais.

(GO-EMLGG701C) Refletir sobre a importância de uma videoaula e outros


recursos digitais pedagógicos, questionando seus princípios básicos e os ele-
mentos que constituem o repertório digital via debates, seminários, fóruns
de discussão sobre a responsabilidade social e política no uso das TDICs
para ressignificar possibilidades de intergenericidade e hibridismo textual.

(GO-EMLGG701D) Utilizar softwares de edição de textos, fotos, vídeos e


áudio, além de ferramentas e ambientes colaborativos, observando nor-
mas de formatação de um conteúdo para organizar os elementos que
constituem o/s gênero/s digital/is específico/s.

(GO-EMLGG701E) Utilizar adequadamente ferramentas de apoio a apre-


sentações orais, usando tipos e tamanhos de fontes, e critérios para or-
ganização do conteúdo e das imagens, gráficos e tabelas para autenticar
a importância da estética e da visualização de exibições orais.
(EM13LGG702) (GO-EMLGG702A) Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramentas di-
Avaliar o impacto das tecnologias digitais da gitais em processos de produção coletiva, colaborativa e projetos autorais
informação e comunicação (TDICs) na for- em ambientes digitais, identificando os elementos implícitos ambivalen-
mação do sujeito e em suas práticas sociais, tes, e seus efeitos discursivos para analisar as implicações quanto ao uso
para fazer uso crítico dessa mídia em práti- crítico das TDICs.
cas de seleção, compreensão e produção de
discursos em ambiente digital. (GO-EMLGG702B) Realizar pesquisas de diferentes tipos, usando fontes
abertas e confiáveis, o registro do processo e a comunicação dos os resul-
tados para promover um diálogo aberto e um debate democrático sobre
os desdobramentos do uso das mídias sociais.

(GO-EMLGG702C) Usar procedimentos de checagem de fatos noticiados


e fotos publicadas, de forma a combater a proliferação de notícias falsas,
analisando veículo, fonte, data e local da publicação, autoria, URL, forma-
tação para ampliar as possibilidades de uso crítico da língua.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(GO-EMLGG702D) Organizar situações de estudo e utilizar procedimentos e
estratégias de leitura adequadas aos objetivos e à natureza do conhecimen-
to em questão, consultando e comparando diferentes fontes, ferramentas
e sites de busca para expandir as perspectivas de construção de sentido.

(GO-EMLGG702E) Analisar criticamente o histórico e o discurso políti-


co de candidatos, propagandas políticas, políticas públicas, programas
e propostas de governo, discutindo as condições e os mecanismos de
disseminação de “fake news” e também exemplos, causa e efeito desse
fenômeno e da prevalência de crenças e opiniões sobre fatos para ampliar
as possibilidades de participação em debates políticos e tomar decisões
conscientes e fundamentadas.

(GO-EMLGG702F) Analisar o fenômeno da pós-verdade para adotar uma


atitude crítica em relação ao fenômeno e desenvolver uma postura fle-
xível comparando autonomamente esses conteúdos, levando em conta
seus contextos de produção, referências e índices e confiabilidade, para
perceber coincidências, complementaridades, contradições, erros ou im-
precisões conceituais e de dados.

(GO-EMLGG702G) Avaliar o impacto das diferentes discursividades e ideo-


logias de linguagem presentes nos conteúdos abordados nas ferramentas
TDICs, refletindo sobre as contradições dos discursos analisados e sobre
a organização das informações presentes nas tecnologias digitais para
construir reflexões mais consistentes e críticas sobre as particularidades
dos conteúdos estudados.
(EM13LGG703) (GO-EMLGG702A) Analisar formas contemporâneas de publicidade em
Utilizar diferentes linguagens, mídias e fer- contexto digital, identificando valores e representações de situações, gru-
ramentas digitais em processos de produção pos e configurações sociais veiculadas para potencializar a compreensão
coletiva, colaborativa e projetos autorais em da mensagem e ampliar atitudes críticas.
ambientes digitais.
(GO-EMLGG703B) Avaliar o impacto das TDICs na formação do sujeito e em
suas práticas sociais levantando estratégias de engajamento e viralização
para problematizar os aspectos éticos de uso, bem como posicionar se
criticamente sobre os conteúdos digitais e estabelecer recortes precisos
sobre o tema abordado.

(GO-EMLGG703C) Apropriar-se criticamente de processos de pesquisa


e busca de informação, identificando evidências de autenticidade das
fontes de informação e relacionando os fatos apresentados em outros
canais que operam na intertextualidade para reconhecer os efeitos de
um compartilhamento de informações distantes da verdade e atuar com
ética e consciência crítico reflexiva.
(EM13LGG704) (GO-EMLGG704A) Analisar os processos humanos e automáticos de cura-
Apropriar-se criticamente de processos de doria que operam nas redes sociais e outros domínios da internet, com-
pesquisa e busca de informação, por meio parando os feeds de diferentes páginas de redes sociais para ampliar as
de ferramentas e dos novos formatos de possibilidades de trato com o diferente e minimizar o efeito bolha e a
produção e distribuição do conhecimento manipulação de terceiros.
na cultura de rede.
(GO-EMLGG704B) Qualificar a veracidade e confiabilidade dos conteúdos
abordados nas diversas mídias, analisando formas de construção da lin-
guagem nos contextos digitais para exercitar o diálogo cultural e aguçar
a perspectiva crítica.

(GO-EMLGG704C) Fazer curadoria de informação, propondo a checagem


de outras fontes que abordem o mesmo tema, quem são os/as autores/
as dos textos e as datas de publicação imprecisa para se inserir e intervir
com autonomia e criticidade no meio midiático.

(GO-EMLGG704D) Elaborar roteiros para a produção de vídeos variados,


reconhecendo as diferentes perspectivas que podem ser ressaltadas em
sua construção para ampliar as possibilidades de produção de sentidos e
engajar-se em práticas autorais e coletivas.
Fonte: Documento Curricular Para Goiás – Etapa Ensino Médio - Bimestralização

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO


HABILIDADES DA BNCC
DO DC-GOEM DO DC-GOEM
(GO-EMLGG602A) Apreender diversas
manifestações artísticas, considerando
os elementos da linguagem em Artes Artes Visuais - Abstrato e figurativo. Li-
Visuais, Dança, Música ou Teatro para near e pictórico. Bi e tridimensional
apreciar esteticamente suas obras e o
conjunto de suas práticas.
Dança - Movimento. Corpo dançante.
(GO-EMLGG602B) Observar ma- Espaço. Som e silêncio
nifestações artísticas de culturas:
(EM13LGG602) Fruir e apreciar local, regional e mundial, analisan- Música - Estruturação e arranjos. Parâ-
esteticamente diversas manifes- do os elementos da linguagem em metros do som. Formas de registro.
tações artísticas e culturais, das Artes Visuais, Dança, Música Performances (como modos de realizar
locais às mundiais, assim como
ou Teatro para ampliar seu reper- a música)
delas participar, de modo a agu-
çar continuamente a sensibilida-
tório de conhecimento estético-ar-
de, a imaginação e a criatividade. tístico. Teatro - Ator e público. Sonoridade (so-
(GO-EMLGG602C) Experienciar di- noplastia). Caracterização (maquiagem,
versas práticas artísticas, fruindo figurino e adereços). Espaço
através dos elementos da lingua- cênico (iluminação e cenografia). For-
gem em Artes Visuais, Dança, Mú- mas de registro (dramaturgia, escrita
sica ou Teatro para potencializar o cênica, roteiro, storyboard etc.)
desenvolvimento pessoal de sua
sensibilidade, imaginação e criati-
vidade.

COMPONENTE CURRICULAR: ARTE A. Dondis, que acredita que estes elementos coordena-
dos entre si, dão lugar a uma espécie de gramática das
Introdução formas, que determinam códigos visuais aptos para a
intercomunicação entre os vários setores da sociedade.
Arte como Linguagem* O foco do ensino da arte (visual) nesta perspectiva
seria, portanto, a linguagem visual, que seria também
de grande importância para a percepção e apreciação
das demais linguagens artísticas.
É importante ressaltar que esta concepção se con-
figura em paralelo ao desenvolvimento das tecnologias
visuais no século XX. O espetacular incremento da cul-
tura visual nas sociedades tecnificadas, os avanços na
reprodução técnica de imagens junto a despreparação
dos sujeitos para compreender o poder dessas imagens
dão sentido a estas novas necessidades de aprendizado.
É a partir desta concepção que se dissemina a
ideia da alfabetização visual, tendo como paralelo os
processos de aprendizagem da linguagem verbal, de-
senvolvendo competências para a leitura e emissão
de textos visuais.
No século XX, houve uma virada linguística tam- Segundo Imanol Aguirre (2005, p. 256), as com-
bém repercutiu no campo da arte. O conceito de arte petências e objetivos formativos se resumem a:
como linguagem deu lugar a propostas formativas e • Habilidades de ver-observar;
programas centrados mais na ideia de comunicação • Habilidades de leitura para decodificar as
do que no objeto artístico ou no sujeito criador. imagens ou mensagens visuais;
Com base na psicologia da percepção, os teóricos da • Habilidades de escritura-produção de ima-
comunicação visual buscaram estabelecer os elemen- gens ou mensagens visuais;
tos constitutivos desta linguagem, tais como: o ponto, • Habilidades para emitir mensagens com e so-
a linha, a superfície, a cor, a luz e a textura. Uma das bre as imagens.
mais conhecidas defensoras desta linha teórica é Donis

11
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A partir de análises dos signos visuais e sua orga- canônicas e a cultura visual, entre o teatro e as
nização semântica particular, inclui-se como objeto produções dramatúrgicas dos meios de comuni-
de estudo um novo elenco de produções gráficas e cação de massa, ou a legitimidade e hegemonia
plásticas como a fotografia, o cinema, o vídeo etc. O das formas de arte culta frente as formas po-
enfoque formalista, no entanto, restringe as análises pulares. Houve um deslocamento de interesse
à qualidade do signo das imagens, desprezando os da obra ou do artista para os processos de cir-
aspectos históricos e culturais, o que será contornado culação, de recepção e de apropriação da arte.
por abordagens do tipo semiótica e pós estrutura- Passou-se a observar como a arte interatua com
listas, que são tentativas de atualização da ideia de o social, o político ou o estético e como incita o
alfabetização visual. olhar do espectador, não mais entendido como
um sujeito passivo, mas como um interator.
Ampliação da perspectiva de Arte - Arte como • O terceiro fator é a evidência da crescente in-
cultura e a pós-modernidade fluência educativa da cultura visual nas socie-
dades tecnológicas. Na atualidade, tanto o co-
Pensar a arte como um sistema autônomo, de- nhecimento quanto o entretenimento se apre-
rivado da relação entre o sujeito criador e o objeto sentam em formas visuais, diferente da cultura
criado não é o suficiente para as necessidades da das letras do século passado, exaltando mundo
pós-modernidade, onde uma nova perspectiva vem das imagens. No contexto da juventude de hoje,
sendo formulada que concebe a arte, não como um a pedagogia escolar está sendo suplantada pela
saber normatizado, nem como expressão interior, pedagogia cultural, ou seja, aquela que advém
nem como linguagem, mas como um fato cultural. dos meios de comunicação de massa (cinema,
Para melhor compreender e se situar nas pers- televisão, videogames, música popular, inter-
pectivas que se abrem na contemporaneidade é ne- net, publicidade etc.) com as quais os jovens
cessário de antemão refletir sobre a ideia de cultura. interatuam em seu tempo de ócio. Esta cultura
Quando falamos de cultura na perspectiva da pós- massificada transmite valores e aporta conhe-
-modernidade, ao invés de assumir um conceito de cimentos aos processos identitários.
cultura como elemento aglutinador de identidades,
como algo fixo e homogeneizador, importa pensar a * Texto adaptado do material Ensino de Arte no Brasil: Aspectos
históricos e metodológicos. Disponível em: <https://acervodigital.
cultura como redes de significados, como comunida-
unesp.br/bitstream/123456789/40427/3/2ed_art_m1d2.pdf>
des de sentidos, de pertinência e de pertencimento, acessado em junho de 2021.
que revela heterogeneidade e contradições.
Portanto, é uma ideia mais dinâmica de cultura
Linguagens Artísticas
que comporta transfusões e mestiçagens nos trânsi-
tos entre culturas. Fruto das rupturas e mudanças de
paradigmas que se forjaram no pensamento ocidental
desde meados do século XX, em sintonia com as re-
voluções que a pós-modernidade havia introduzido
nos estudos sobre a arte.
Podemos identificar três fatores de mudança no
contexto da cultura contemporânea:
• O primeiro é a ampliação da ideia de arte. A
arte contemporânea, de certa maneira conti-
nuadora das propostas das vanguardas moder-
nistas, se caracteriza por enfatizar questões que
se referem a narração de histórias, por abordar
temas controvertidos ou que chamam atenção A linguagem artística refere-se aos códigos co-
para aspectos sociais e políticos da vida cotidia- municativos que um artista usa para transmitir a sua
na em sociedade. A ordem formal sede lugar mensagem. Parte dessa mensagem é estética, mas
às linguagens híbridas que se configuram em também deve provocar sentimentos, reflexões e ou-
narrativas. tras interpretações consideradas pelo artista e pelo
• O segundo fator são as transformações no cam- espectador.
po das pesquisas das teorias e história da arte. Uma das principais características do ser huma-
Diante da diversificação do campo das práticas no é sua capacidade de se comunicar. É fundamental
artísticas, os estudos sobre a arte se viram diante em todos os aspectos da vida: desde objetivos mais
de paradoxos que os levaram a questionar, por simples para garantir a sobrevivência, até níveis mais
exemplo, as analogias e diferenças entre as artes elaborados, como o psicológico e o transcendente.

12
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Embora possivelmente a palavra seja a linguagem • O segundo nível é feito inconscientemente; o
comunicativa mais poderosa disponível para qualquer observador contempla (ou ouve) o trabalho e
pessoa, também são utilizados gestos, expressões cor- estabelece analogias em sua mente.
porais, silêncio e muitas outras ferramentas. Tudo o • Se os outros dois foram bem-sucedidos, o ter-
que é necessário é que o remetente e o destinatário ceiro nível estabelece um tipo de diálogo entre
possam compartilhar os códigos utilizados, para que o destinatário e o autor.
possam ser entendidos adequadamente.
No caso da arte, essa comunicação também é fun- Para refletir um pouco sobre a arte como lingua-
damental. Da música – um dos primeiros métodos gem, leia o breve artigo publicado na revista digital
comunicativos da história humana – ao cinema, tudo Obvious, pela colunista Natally Rodrigues:
faz parte de um sistema para transmitir sentimentos
e informações. A ARTE COMO UM GRITO DA LINGUAGEM
Os códigos de cada manifestação artística são
diferentes, embora existam algumas características
comuns semelhantes às de outros tipos de idiomas.
A linguagem artística tem uma particularidade em
comparação com o restante das mensagens, o que a
torna mais complexa.
Com a linguagem oral (sempre que a linguagem
é compartilhada), a gestual (com gestos quase uni-
versais) ou a escrita, você pode ter certeza de que os
mesmos códigos serão compartilhados. No entanto,
essa situação nem sempre ocorre na arte. Além disso,
sendo criações individuais nas quais o destinatário não
conhece a intenção do autor, é comum que cada obser-
vador interprete a obra de arte de maneira diferente. A arte rodeia tudo o que fazemos e produzi-
Por isso, dizemos que é uma percepção subjetiva, uma mos, ela carrega todo um sentido e um significado.
característica importante desse tipo de linguagem. Trabalha com a subjetividade de cada um de forma
Ainda que haja subjetividade, devemos continuar objetiva e assim brinca com o poético, o imagético
insistindo que os códigos de arte são importantes para e a alma. Um importante detalhe que nos esque-
uma comunicação eficaz. Já foi dito muitas vezes que cemos de olhar é que a arte é um dos principais
a música é uma linguagem universal. Embora possa instrumentos da linguagem.
ser verdade, nem todos os ouvintes o interpretam da O que nos leva a atribuir significado para uma
mesma maneira. Existem até diferenças culturais que representação é a interação que temos com o meio
às vezes fazem um ocidental não apreciar ou enten- social. Isso se delonga nos estereótipos criados e
der uma composição feita no Extremo Oriente. Mas cultivados pela sociedade. A partir do momento
são essas diferenças que enriquecem as linguagens que é repassado em uma cultura em massa deter-
artísticas. minados tipos de beleza e modos de vida criam-
-se formas de levar a vida até que chegue a de-
Os níveis da linguagem artística terminado horizonte, e isso é apenas reproduzido
sem nenhum cerne de reflexão ou olhar crítico. O
preconceito tanto está presente nas obras de arte
como fator questionador para gerar conscientiza-
ção quanto uma obra que se alimenta exatamente
de estereótipos e a mídia cultua e propaga como
ideais.
A partir disso, nenhum objeto é um objeto em
si, mas o que vemos dele, como o interpretamos.
Ou seja, o que ou para que nós temos exatamen-
te olhado? O que realmente enxergamos ou pro-
curamos enxergar? Temos nos deixado levar pela
ideologia individualista e racional? Até que ponto
nos permitimos olhar com afetividade para o outro
e nós mesmos?
Três níveis foram descritos na linguagem da arte: Outro ponto relevante é sobre os paradigmas
• O primeiro é responsável por atrair a atenção criados que podem propiciar coisas terríveis, jus-
– percepção objetiva.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
tamente pela rigidez em fluir visões de mundo. A pacto no receptor, tanto sentimental quanto estético.
linguagem é um objeto do homem, a partir dela Para transmitir sua mensagem, usa todos os
há a comunicação. É exatamente nessa relação da meios que permitem combinar diferentes sons har-
linguagem existir por si só e também pelo que o monicamente. Além dos instrumentos musicais, as
mundo demanda que se dão os diversos signos. ferramentas são ritmo, tons, harmonias, repetições,
Somos mediados por símbolos interligados aos silêncio e outros. Tudo isso acaba formando um todo
signos, e então temos a representação simbólica. que chega ao receptor, que o decodifica para receber
Uma forma de demonstrar o nosso eu, a nossa iden- a mensagem. Lembre-se de que esse entendimento
tidade, com o que nos identificamos e o motivo é pessoal e subjetivo, apesar de existirem elementos
disso. É o resultado de cada indivíduo, mas este é formais e sistematizados.
influenciado pelo meio, por exemplo, a tatuagem
pode ser a representação de algo mais pessoal e PINTURA
singular, enquanto a cultura representa algo mais
grupal, uma sociedade, um país inteiro.
A arte é porta voz. Ao mesmo tempo em que
ela tem o sentido e a subjetividade de quem a cria,
ela também tem o sentido e a subjetividade de cada
um que a interpreta. Um instrumento da linguagem
humana, por isso ela é utilizada como um meio
para críticas e reflexões sociais. Somos influencia-
dos quando entramos em contato com a arte, com
um texto, uma poesia, um vídeo, uma fotografia,
um quadro etc. A energia e o sentimento da troca
entre estes objetos que formam a relação, a inte-
ração e faz com que tudo tenha papel de produto
e produtor na nossa sociedade. A arte, assim como
a linguagem, tem o poder de indagar, questionar, A pintura é a arte plástica e visual mais conhecida.
comunicar e também interiorizar e exteriorizar ao Apesar da aparente facilidade que o destinatário
mesmo tempo. tem para capturar a mensagem do autor, há estudio-
Enfim, que nós olhemos com mais afinco para sos que afirmam que é uma arte antidemocrática e
os detalhes que constituem a vida humana e saiba- que ele precisa de conhecimentos prévios para poder
mos enxergá-los com destreza. Que saibamos cons- capturá-la em sua totalidade. Certamente, não é o
cientemente da força que as palavras carregam, de mesmo contemplar um quadro hiper-realista do que
toda a história e significado que cada uma traz. E a um abstrato, uma vez que a linguagem utilizada é di-
arte é um grito silencioso carregado de linguagem ferente, o que implica que a percepção do observador
e emoções. também pode variar.
Disponível em: <http://obviousmag.org/doce_menina/2018/a- As ferramentas utilizadas pela linguagem pictórica
arte-como-um-grito-da-linguagem.html> - acessado em junho de
2021.
são as desta arte. Entre essas, destacam-se cor e luz,
com muitas variáveis ​​de significado. O volume e a
Alguns exemplos de linguagem artística perspectiva também são usados, o que torna a pintura
mais realista e mais próxima. Finalmente, a linha, o
MÚSICA material pictórico e a técnica podem ser citados como
outros elementos dessa linguagem.

DANÇA

A dança é outro dos


modos mais antigos de co-
municação do ser humano.
Além disso, é um tipo de
comunicação que usa vá-
rios códigos diferentes: da
música ao figurino.
Muitas vezes conhecida como linguagem universal A principal ferramenta
e como uma das primeiras maneiras de comunicar a é o corpo dos dançarinos.
história, a música é capaz de causar um grande im- A mensagem ou a história

14
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
é transmitida através dos movimentos rítmicos dos Além disso, a música é usada no cinema para en-
protagonistas. Apesar da óbvia plasticidade, é uma fatizar situações, figurinos para fornecer informações,
modalidade que exige certa cumplicidade do espec- além de encenação e comunicação não-verbal, entre
tador e que ele possui algum conhecimento prévio outros recursos.
para decodificar o que lhe estão dizendo.
FOTOGRAFIA
TEATRO

O teatro é uma arte que utiliza quase todas as Refletir a realidade no papel (agora na tela do
ferramentas de comunicação que o homem possui. computador) também possui sua própria linguagem
Assim, ele criou uma linguagem muito rica, na qual artística.
ele pode usar música, gestos, ritmo e, claro, a palavra. A fotografia, embora não possua movimentos ou
A montagem do trabalho é outra maneira pela palavras, é capaz de transmitir emoções, informações,
qual o espectador pode receber a mensagem, acom- sugestões, entre outros elementos.
panhado pela iluminação usada ou pelos efeitos vi- Para fazer isso, ela usa vários códigos e ferra-
suais. Essa linguagem requer cumplicidade do espec- mentas, como a luz e a cor, destacando significativa
tador. Ele precisa se envolver no trabalho e acreditar diferença entre preto e branco, nuances de cor e di-
no que está vendo, decodificar a mensagem e não ver ferenças de iluminação e perspectiva.
apenas um grupo de atores em um palco próximo. O uso do ritmo também é importante. Um bom fo-
tógrafo poderá chamar a atenção do espectador para
CINEMA onde quiser e, juntamente com o enquadramento e
a profundidade, criar uma mensagem reconhecível.

ESCRITA

Deixando de lado as manifestações artísticas mais


modernas encontradas na Internet, o cinema é a arte
que desenvolveu códigos linguísticos mais completos.
Não existe um modo de comunicação que não
apareça na tela e, portanto, é um dos mais completos
quando se trata de refletir histórias.
Entre suas ferramentas está a palavra, um de seus
fundamentos. Na era do cinema mudo, esse recurso
foi compensado com uma linguagem gestual mais É a maneira mais transparente de se comunicar,
próxima do teatro. além da fala. A escrita, uma vez que se sabe ler e

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
aprende certos códigos comuns, expressa muito di- som, tais como duração, altura, intensidade e timbre,
retamente o que o autor deseja contar. que podem ocorrer em diferentes ritmos, melodias
A ferramenta principal é a palavra. Existem inúme- ou harmonias.
ros recursos estilísticos que ajudam a criar a história
ou provocar a reação do leitor. Poesias, narrativas, Compreendendo a Música
ficção, quadrinhos e muitos outros estilos que se uti-
lizam das palavras para alcançar nossa imaginação. O que é som?
O som é um fenômeno acústico. Sons são ondas
ARQUITETURA produzidas pela vibração de um corpo qualquer, trans-
mitida por um meio (gasoso, sólido ou líquido), por
meio de propagação de frequências regulares ou não,
que são captadas pelos nossos ouvidos e interpreta-
das pelos nossos cérebros.

Como os sons são produzidos?


Todos os sons conhecidos são produzidos por
vibrações. Quando agitamos ou tocamos algum ins-
trumento, uma parte dele vibra. As vibrações pro-
duzidas se deslocam formando ondas sonoras que
são captadas por nossos ouvidos. Essa propagação é
semelhante às ondulações que se formam na água de
A arquitetura tem uma dupla função: uma delas é um lago quando jogamos uma pequena pedra.
meramente funcional e a outra é artística. Essa função Cada instrumento possui uma característica di-
artística possui uma linguagem própria que deseja ferente, por isso são tocados de formas diferentes.
expressar algo para quem olha uma construção em Os instrumentos podem ser dedilhados, percutidos,
particular. sacudidos, soprados ou produzidos por interferência
Para isso, brinca com vários códigos, desde os eletrônica.
materiais utilizados até a forma de sua planta, sua
altura ou sua estrutura. Um bom exemplo pode ser as Elementos formais da música
antigas catedrais góticas projetadas para impressionar
os crentes e incentivá-los a temer a Deus, para isso,
usaram a grande altura de suas paredes e os diferen-
tes elementos arquitetônicos, pictóricos e esculturais.

3 – Elementos da Música

A música é um dos principais elementos da nossa


cultura. Há indícios de que desde a pré-história já se
produzia música, provavelmente como consequência
da observação dos sons da natureza. É de cerca do
ano de 60.000 a.C. o vestígio de uma flauta de osso
e de 3.000 a.C. a presença de liras e harpas na Me- Os elementos formais são características próprias
sopotâmia. que dão forma à música, percebidas pelos nossos ou-
No panteão grego, por exemplo, Apolo é a di- vidos. São cinco os elementos formadores do som,
vindade que rege as artes. Por isso vemos várias re- e é articulando esses cinco elementos que se criam
presentações suas, nas quais ele porta uma lira. Vale músicas: timbre, intensidade, altura, densidade e
lembrar que na Grécia Antiga apenas a música e a duração.
poesia eram consideradas manifestações artísticas da
maneira como as compreendemos atualmente.
Música é uma palavra de origem grega - vem de
musiké téchne, a arte das musas - e se constitui, ba-
sicamente, de uma sucessão de sons, entremeados
por curtos períodos de silêncio, organizada ao longo
de um determinado tempo. Assim, é uma combina-
ção de elementos sonoros que são percebidos pela
audição. Isso inclui variações nas características do

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Composição
As composições são baseadas no conhecimento
sonoro que o compositor adquiriu no local onde vive.
A música que cada um compõe depende do lugar e
da época em que vive, dos sons que conhece e dos
quais tem acesso, enfim, da sua história pessoal esco-
lhendo e articulando de formas diferentes a imensa
variedade de sons aos quais tem acesso: a harmonia,
a melodia e o ritmo.

Intensidade: é a percepção da amplitude da onda


sonora. Também é chamada, frequentemente, de vo-
lume ou pressão sonora. O timbre nos permite distin-
guir se sons de mesma frequência foram produzidos
Altura é a forma como o ouvido humano percebe por instrumentos diferentes. Por exemplo, quando
a frequência dos sons. As baixas frequências são per- ouvimos uma nota tocada por um saxofone e, depois,
cebidas como sons graves e as mais altas como sons a mesma nota, com a mesma altura, produzida por
agudos, ou tons graves e tons agudos. um trompete, podemos imediatamente identificar os
É por meio da altura que podemos distinguir um dois sons como tendo a mesma frequência, mas com
som agudo (fininho, alto), de um grave (grosso, baixo). características sonoras muito distintas.
A altura de um som musical depende do número de A intensidade é a força do som, também chama-
vibrações. As vibrações rápidas produzem sons agudos da de sonoridade. É uma propriedade do som que
e os lentos sons graves. São essas vibrações que defi- permite ao ouvinte distinguir se o som é fraco (baixa
nem cada uma das notas musicais: dó, ré, mi, fá, sol, intensidade) ou se o som é forte (alta intensidade) e
lá, si; assim, a velocidade da onda sonora determina a ela está relacionada à energia de vibração da fonte
altura do som, por isso cada nota tem sua frequência que emite as ondas sonoras. Ao se propagar, as ondas
(número de vibrações por segundo). A altura de um sonoras transmitem energias que se espalham em
som pode ser caracterizada como definida ou indefi- todas as regiões. Quanto maior é a energia que a onda
nida. Em ambos os casos, os sons podem ser agudos transporta, maior é a intensidade do som que o nosso
ou graves. Os instrumentos de altura indefinida são ouvido percebe. É semelhante ao que habitualmente
incapazes de produzir uma melodia, visto que a maio- chamamos de volume.
ria deles emite um só som, que a voz humana ou outro A intensidade sonora é a força com que as ondas
instrumento de altura definida não conseguem imitar. sonoras empurram o ar e é medida em uma unidade
chamada bel, em homenagem ao cientista inglês Gra-
Tom é a altura de um som na escala geral dos sons. nham Bell, o qual fez estudos que culminaram com
a invenção do telefone. No entanto, os submúltiplos
do bel são mais utilizados: 1 decibel = 1dB = 0,1 bel.
A partir de 140db aparece o chamado limite da dor
ao ouvido humano: o som é dificilmente suportável
pelo ouvido e pode causar lesões no sistema auditivo.

Timbre: O Timbre é a “cor” do som. Aquilo que


distingue a qualidade do tom ou voz de um instru-
mento ou cantor, por exemplo, a flauta do clarinete, o
soprano do tenor. Cada objeto ou material possui um
timbre que é único, assim como cada pessoa possui
um timbre próprio de voz, tão individual quanto as Densidade: A densidade sonora é a qualidade que
impressões digitais. estabelece um maior ou menor número de sons si-
multâneos. Quando ouvimos um grande conjunto de

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
timbres simultaneamente dizemos que a música em música apenas com uma nota de cada vez, porém
questão tem uma grande densidade sonora. ficaria sem graça. Por isso, quanto mais notas musi-
cais você tocar simultaneamente (acordes) de forma
agradável, harmoniosa, melhor será a música.

Melodia: É uma sequência de sons em intervalos


irregulares.
A Melodia caminha por entre o Ritmo. A Melodia
normalmente é a parte mais destacada da Música, é a
parte que fica a cargo do Cantor, ou de um instrumen-
to como Sax ou de um solo de Guitarra etc. Sempre
que ouvir um Solo - notas tocadas individualmente
- você estará ouvindo uma Melodia.
E para experimentar e apreciar as diversas com-
binações que a música proporciona, existem os ins-
trumentos musicais.
Conhecer quais são os diferentes tipos de instru-
Duração: A duração é o tempo que o som per- mentos musicais é também entender a história, uma
manece em nossos ouvidos, isto é, se o som é curto vez que muitos deles se originaram muitos anos antes
ou longo. É a característica que revela o tempo de de Cristo, uma prova de quão antiga e importante é
emissão de um som. Depende do tempo que duram a música.
as vibrações do objeto que os produz. As diversas Além da relevância em momentos de lazer, a mú-
durações são utilizadas em combinação com uma sica é fundamental para o desenvolvimento cerebral,
regularidade básica chamada de pulso ou pulsação. para o raciocínio e a cognição. Nos últimos anos, estu-
Essas variações são comumente chamadas de ritmo. dos científicos apontaram a relação da musicalidade
Alguns sons possuem ressonância curta, isto é, com o aprendizado, assim como também mostraram
continuam soando por um breve período, como o som os benefícios dessa arte para o tratamento de doen-
dos tambores, e outros tem ressonância longa, como ças, como depressão e Mal De Alzheimer.
os sons dos sinos que permanecem soando por um Para os artistas, as melodias representam muito
período de tempo maior. mais, uma vez que despertam emoções, inspiram e dá
a eles a força necessária para criar e expor sua arte.
A classificação dos tipos de instrumentos mu-
sicais está ligada ao material de sua base e ao som
que produz. A primeira delas aconteceu na China no
século IV a.C., ou seja, é bastante antiga e remete
Ritmo: Em música, a duração de um som está re- aos sons originados do papel, da seda e da pedra,
lacionada ao tempo, mas não como ele é medido, por entre outros elementos. Hoje, na cultura ocidental,
exemplo, em um relógio. A relação entre o tempo de a orquestra sinfônica divide os tipos de instrumentos
duração das notas musicais e o tempo das pausas cria musicais como: cordas, sopros e percussão. Porém, é
o ritmo. Ritmo, portanto, é o que age em função da válido ressaltar que essa classificação pode variar de
duração do som, é a definição de quanto tempo cada acordo com a região.
parte da melodia continuará à tona. Sem falar nas suas variações mais específicas,
como, por exemplos, os chamados eletrofones, que
são instrumentos que funcionam com base na cor-
rente elétrica e que, assim, têm seu som propagado
por meio de alto-falantes.
Nesse contexto, há os instrumentos tradicionais,
como, por exemplo, a guitarra que pode ter seu som
potencializado eletricamente, como os teclados ele-
trônicos, que contam com sintetizadores para fun-
cionar.

“Sem a música, a vida seria um erro” – Friedrich


Harmonia: é a combinação dos sons ouvidos si- Nietzsche
multaneamente, é o agrupamento agradável de sons.
No nosso exemplo, você poderia muito bem tocar a

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
4 – Elementos da Dança presente como fundamental para o estudo da dança.
O corpo precisa estar aberto às mudanças decorrentes
no tempo em diferentes momentos.
Exploração do espaço: interno e externo, público
e privado, relacionando o entendimento de corpo e
ambiente/contexto. Dentro do espaço estudamos as
direções (cima, baixo, lado, frente, trás e diagonais),
dimensões (pequeno, médio e grande), níveis (baixo,
médio e alto), extensões (perto, médio e longe). As
conexões que se estabelecem com o ambiente podem
ser vistas como relação de compartilhamento e troca.

Elementos Estruturantes da Dança

Entendendo a Dança

Quem dança tem mais facilidade para construir a


imagem do próprio corpo, o que é fundamental para o
crescimento e a maturidade do indivíduo e a formação
de sua consciência social. A criança estimulada a se Fonte: Adaptado de Laban (1978)
movimentar explora com mais frequência e esponta-
neidade o meio em que vive, aprimora a mobilidade MOVIMENTO CORPORAL
e se expressa com mais liberdade.
A dança é uma linguagem artística baseada no KINESFERA: A kinesfera é tudo que podemos al-
movimento. cançar com todas as partes do corpo, perto ou lon-
ge, grande ou pequeno, com movimentos rápidos ou
“Um dos objetivos educacionais da dança é a lentos etc. A Kinesfera ou Cinesfera é a esfera que
compreensão da estrutura e do funcionamento delimita o limite natural do espaço pessoal, no en-
corporal e a investigação do movimento humano.” torno do corpo do ser movente. Esta esfera cerca o
(Brasil, 1997a, p.68) corpo esteja ele em movimento ou em imobilidade,
e se mantém constante em relação ao corpo, sendo
O que é movimento? ‘carregada’ pelo corpo quando este se move.

O movimento nada mais é do que a variação de


posição de um corpo relativamente a um ponto, é o
deslocamento no espaço. É a variação da posição de
um objeto ou ponto material no decorrer do tempo.
São 4 os fatores do movimento: tempo, espaço, flu-
ência e peso – O que move? Como? Onde? Por quê?
Para quê?

FLUXO: Qualidade de Movimento que refere-se à


Fonte: Adaptado de Laban (1978) tensão muscular com a qual se deixa fluir um movi-
mento - fluência contínua e interrompida e seus graus
Estudo do movimento corporal: o movimento de tensão.
do corpo ou parte dele num determinado tempo e Fluxo Livre: uma movimentação sem interrupções,
espaço. onde o indivíduo está livre para se movimentar como
Percepção do tempo: caracteriza a velocidade do quiser desde que seja sem pausa. EX: Correr em um
movimento corporal (ritmo e duração); contrastes (rá- parque, o fluxo de um rio.
pido, médio, lento), contratempo. Além dessas carac- Fluxo Conduzido Ou Controlado: é um estado de
terísticas do tempo entende-se a atenção ao tempo cuidado com o movimento, há uma maior tensão

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
muscular para se possa controlar a intensidade desse
movimento. Ex: escrever um texto com uma caneta
em um papel, movimentos de taichi chuan.
Fluxo Interrompido: é o máximo da tensão para
que se faça uma interrupção imediata do movimento,
que origina movimentos quebrados. Ex: escovar os
dentes.

GIROS: O giro vai depender do estilo de dança PESO: Qualidade de Movimento que refere-se
se é balé, street dance, contemporâneo, de qualquer às mudanças de força utilizadas pelo corpo ao movi-
forma é rotacionar o corpo no seu próprio eixo. Os mentar-se. Passivo, ativo, leve, pesado, transferência,
giros trazem a experiência de equilíbrio estável e de- contrapeso e suas graduações. Estabilidade e insta-
sequilíbrio. bilidade.
Peso leve: Transmite uma sensação de leveza, ou
de ausência de peso como por exemplo uma bailarina
dançando na ponta dos pés, ou um carinho delicado
no rosto de alguém querido.
Peso Pesado: Exige uma carga maior de força para
ser executado, como por exemplo o bater do martelo
de um operário, um elefante andando ou dar um soco
em alguém.

SALTOS: utilizando eixos verticais e horizontais; os


saltos ou pulos são movimentos que deixam o corpo
temporariamente sem suporte; ocorrem quando o
corpo fica suspenso no ar, perdendo o contato com
o chão ou outra base de sustentação em que o corpo
se apoie. O salto pode ser visto com relação ao peso
(leve ou forte) e com relação ao tempo (rápido ou
lento). Os saltos podem ser executados de dois pés ESPAÇO: Pode ser a relação entre o corpo e o es-
para dois pés, de dois pés para um pé, de um pé para paço (ambiente no qual está), o corpo em relação ao
dois pés, de um pé para o mesmo pé, ou de um pé seu próprio corpo ou em relação a um outro corpo e
para outro pé. o corpo e um outro objeto.

NÍVEIS: (em relação à altura) alto, médio e baixo


- de modo geral são movimentos possíveis do corpo
utilizando os espaços acima da cabeça, na altura da
cintura ou abaixo dela.

DIMENSÃO: é uma extensão entre duas direções


opostas. É um elemento básico de orientação no es-
paço. São três as dimensões: amplitude (ou largura),
comprimento (ou altura) e profundidade. É o que La-
ban chama de plano de mesa (largura), plano de porta
(altura) e plano de roda (frente/trás).

DIREÇÃO: é a trajetória traçada no espaço. Deve-


mos sempre ficar atentos para o que Laban chama de
EIXO: fortalecimento das cadeias musculares prin- direção, que indica, na verdade, o sentido para onde
cipalmente do centro como eixo da movimentação, o movimento segue, partindo sempre do centro do
possibilitando o estudo da sustentação e equilíbrio. corpo. Direções (sentido; aonde se vai): Frente, trás,
lado, diagonais, em cima, em baixo.

20
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
5 – Elementos do Teatro

O teatro é uma manifestação artística e um fenô-


meno cultural de vários povos e remonta às socieda-
des primitivas.
É a arte em que um ou mais atores interpretam
uma história ou conjunto de atividades com o objetivo
de apresentar situações e fazer aflorar sentimentos e
reflexões a quem os assiste.
Uma peça teatral não é feita apenas pelos atores
que aparecem no palco, outras pessoas também par-
ticipam de uma peça e, mesmo que não apareçam,
são fundamentais para que o espetáculo se realize.
Um espetáculo cultural depende de muitos deta-
lhes além da apresentação em si. É fundamental, por
exemplo, estar atento à qualidade do que será exibi-
do e, também, à estrutura do projeto — da locação
aos equipamentos, do mobiliário à cenografia. Não
Símbolos das direções espaciais
Fonte: LABAN, 1978 apenas no teatro, mas em palestras, apresentações
musicais, gravações de vídeo e até mesmo em estan-
DESLOCAMENTO: o deslocamento se dá quando des de vendas, a adequação da estrutura ao que se
você está utilizando por exemplo um palco ou uma pretende apresentar pode influenciar (e muito) na
cena, você se desloca para pontos específicos de uma experiência do público.
coreografia. No caso da dança contemporânea não
há um ponto central ou um sentido único ou predo- Cenografia
minantemente simétrico no espaço. O deslocamento
pode ser feito de diferentes formas em uma dança.
Saltando, andando, correndo, sendo carregado, se ar-
rastando, girando, entre outras. Esses deslocamentos
podem se dar por meio de “caminhos” retos ou cur-
vos, e serem feitos individual ou coletivamente.

DIREÇÃO: o movimento pode ser feito para di-


versas direções no espaço: frente, trás, diagonal, es-
querda, direita etc. Essas direções são determinadas
pelo espaço e tipo de dança.

TEMPO: velocidade em que são executados de- Deen Van Meer/Mary Poppins, The Musical.
terminados movimentos pode ser rápido, moderado Fonte: http://bit.ly/1PqwOxF
e lento. É uma qualidade bastante subjetiva, pois de-
ve-se sempre ter um parâmetro de comparação para Muito mais do que decoração e ornamentação,
definir o que é rápido e o que é lento. a cenografia é técnica, técnica de organizar todo o
RÁPIDO: Quando mantém a sua aceleração espaço onde as ações dramáticas são encenadas. A
constante ou um ritmo rápido sem alterações, por
cenografia é parte importante do espetáculo, pois ela
exemplo, um samba enredo, ou um carro correndo
ambienta e ilustra o espaço/tempo materializando o
na estrada.
imaginário e aproximando o público da representação.
LENTO: Mantém seu tempo lento, ou vai reduzin-
do a sua velocidade constantemente quase até parar, A cenografia cria e transforma o espaço cênico.
por exemplo, um adágio para a música clássica ou uma A cenografia envolve vários símbolos, normal-
lagarta se deslocando em uma folha. mente baseados em um roteiro predefinido para o
MODERADO: É o meio termo entre o rápido e o espetáculo cultural. Todo o cenário e a construção de
lento, por exemplo uma caminhada tranquila numa sensações para o público estão em jogo. Painéis de
praça. fundo, mobiliário, cores, identidade visual, iluminação
e quaisquer outros elementos visuais estão inseridos
A maneira como são feitas as combinações dos na cenografia.
movimentos, as variações, é que constituem os di- Além disso, a cenografia tem o poder de recons-
ferentes tipos de dança. truir espaços, imprimindo percepções diferentes onde

21
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
quer que seja. A cenografia também está relacionada Por seu intermédio, é possível criar uma lingua-
com a criação da atmosfera desejada no espetáculo gem através das formas, cores e texturas; transmitir a
e não abrange apenas uma estrutura física, mas sim época em que a peça decorre e o seu contexto político
todo o período do espetáculo — podendo, inclusive, e econômico; e indicar a região ou cultura da perso-
ser modificada ao longo da apresentação. nagem através do seu estilo. É possível afirmar que o
O cenógrafo é aquele que cria o cenário, é o pro- figurino há muito deixou de ser apenas a roupa que a
fissional responsável em conceber, criar e utilizar os personagem está a usar quando entra em cena, sendo
elementos da cenografia de acordo com o roteiro e agora parte integrante tanto do espetáculo como da
a ideia do espetáculo. Ele coordena a montagem da personagem.
estrutura, o processo de criação e a construção do Até ao século XIX, os figurinos limitavam-se a ser
espaço usando luz, itens de decoração e todas as pos- meramente ilustrativos, representando apenas tipos
sibilidades técnicas que tiver em mãos. Mas ele não específicos de personagens que fossem de fácil enten-
trabalha sozinho: outros profissionais também estão dimento para o público. Era necessário que os figuri-
envolvidos com a cenografia, como o contrarregra, o nos tivessem entrançados na imagem do espetáculo,
cenotécnico e o iluminador. para que as cores em si contidas se harmonizassem
Todo espetáculo tem uma mensagem ou imagem com os restantes elementos cênicos.
a passar, e essa imagem pode influenciar profunda- Ao longo do século XX, o figurino estabelece-se
mente na percepção do público. Por mais que pare- como parte importante do espetáculo, acumulando
ça um detalhe que pode ser ignorado ou produzido novas funções. Neste século nasce a profissão de fi-
por conta própria, uma escolha como essa pode se gurinista. Este aparecimento deve-se ao facto de os
configurar em um erro grave, reduzindo o resultado textos teatrais se terem tornado mais complexos e
desejado. as personagens mais detalhadas ao nível psicológi-
co, sendo posta de parte a interpretação meramente
Figurino tipificada da personagem.
Nos dias de hoje, ainda é possível observar uma
É um elemento importante da linguagem visual fronteira na questão do gênero. A androginia é ainda
do espetáculo formado por, além das vestimentas, tabu no vestuário masculino e feminino, embora seja
pelos acessórios. O figurino auxilia na compreensão mais aceitável no segundo caso. A construção da ima-
do personagem, ele é carregado de simbologia e gem, tanto do homem como da mulher, ainda aparece
pode acentuar o perfil psicológico do personagem, muito ligada a estereótipos como o de que a mulher
objetivos e características da história. Os figurinos deve usar um vestido e o homem calças.
e acessórios utilizados em cena devem ser sempre Assim, o figurino tem duas funções básicas: a
coerentes com a época em que acontece a ação ou de ajudar o ator a “encontrar” a personagem e a de
com o simbolismo que o diretor queira dar a ela. O auxiliar no estabelecimento daquilo que irá ser o es-
figurinista é o responsável pelas roupas e acessórios petáculo, ou seja, o tema, a atmosfera de produção,
utilizados na peça teatral. o que é que vai estar em cena, quais serão as cores
centrais da peça e o que elas pretendem transmitir.

Maquiagem

Fonte: Artistas pela Graça

No universo ficcional, o figurino exerce a fun-


ção de narrar visualmente certas características da Cirque Du Soleil
personagem. A criação deste é feita na fase final da
produção após a definição estrutural do desenho da A maquiagem é parte da composição do espetá-
encenação (luz e cenário), de modo a realizar uma culo, é um instrumento fundamental que auxilia na
espécie de “vestimenta” final do espetáculo. criação do personagem e na transformação estética

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
dos atores. O maquiador atua junto com toda a pro- Tudo começou assim, agora a maquiagem artís-
dução do espetáculo acompanhando sempre a con- tica é muito além de rápidas pinceladas para cobrir
cepção do mesmo, com vistas a ressaltar e/ou criar imperfeições da pele, ela se destaca como um dos im-
elementos que ressaltem aspectos importantes para portantes elementos de criação da linguagem cênica
a compreensão do personagem. e requer reflexão estética, pesquisa e elaboração. O
O maquiador é o responsável pela pintura do rosto trabalho com maquiagem auxilia atores, dançarinos,
ou do corpo dos atores e atrizes. artistas circenses entre tantas outras formas de arte
A maquiagem é parte da composição do espetá- a exprimirem emoções e o caráter simbólico de seus
culo, é um instrumento fundamental que auxilia na personagens. Variando entre criações realistas ou po-
criação do personagem e na transformação estética éticas, a maquiagem cênica pode ajudar a transmitir
dos atores. mensagens na cena, quando colocada de maneira
Há indícios de que nos ritos religiosos ancestrais forte e pertinente com o espetáculo.
na Grécia nos cortejos em louvor ao deus pagão Dio- A maquiagem pode estar diretamente ligada ao
nísio, os participantes usavam a borra do vinho no corpo, à pele do ator e pode potencializar sua ex-
rosto ou passavam farinha ou argila branca, como um pressividade além de aproximá-lo das características
ato simbólico de semelhança ao deus, esses homens físicas e simbólicas da personagem. Quando o ator en-
pintavam o rosto, mas não havia uma consciência de tende e tem domínio do que a maquiagem representa
que era uma maquiagem ou o fazer teatral, e, sim, para uma proposta cênica, pode dominar suas carac-
de entrar em contato com as divindades. Desta for- terísticas e acentuá-las em cena. As maiores variações
ma criavam pinturas diversas no rosto, com materiais são conforme a distância do público, necessidade de
extraídos da natureza, para conceber uma caracte- aproximação com o real ou destaque de estruturas
rização do que acreditavam ser essas divindades, e simbólicas propostas pela encenação. Reforçando as
assim, tornando possível, através destas manifesta- características dos personagens, caracteriza e desca-
ções, um reconhecimento e uma identificação entre racteriza indivíduos e possibilita a criação de seres
divindades e seres humanos, viabilizando um contato diferentes, além de valorizar a interpretação através
com os deuses. dos traços expressivos.
Passado um tempo essa “maquiagem” desapa- Para o artista no palco a maquiagem é tão im-
rece com a construção dos grandes teatros, surgindo portante quanto a cenografia, o figurino, a luz, a
a partir de uma nova forma de comunicação entre o expressão corporal, o texto ou a emoção articulada
palco e a plateia, a máscara, que permite essa nova por um ator no momento do espetáculo. Todos estes
interação. elementos se unem para compor uma atmosfera de
A máscara é um acessório utilizado no teatro textos visíveis e invisíveis para o espectador.
até hoje, têm uma função primordial: a de chamar Estamos rodeados por imagens o tempo intei-
a atenção e aproximar o público, da ação teatral que ro em todos os lugares e nossa leitura do mundo é
está sendo apresentada. As máscaras expressivas são atravessada radicalmente pelas sensações produzi-
estilizadas e carregadas nos traços, formas, cores e das pelo que vemos. Na cena, o mesmo acontece. A
texturas, para chamar a atenção do público, sinteti- maquiagem pode caracterizar um personagem antes
zando ao máximo as informações contidas sobre o mesmo que o ator fale uma palavra ou execute qual-
caráter dos personagens. quer movimento”. (ANDRADE, 2017)
A máscara no teatro grego, - nos primórdios do
teatro ocidental, quando este surgiu no século VI a.C. Sonoplastia
como forma espetacular - era um elemento funda-
mental na encenação, com a função de ampliação
sonora e visual, potencializando o trabalho do ator em
cena através das suas expressões, e com o propósito
de fixar tipos que facilitavam identificação dos perso-
nagens pelo público. Desde o teatro grego antigo a
máscara já podia ser encarada como algo que ia além
de um mero adereço Jean Jacques Roubine afirma:
“A máscara acentua e esquematiza os traços do
rosto. Na dramaturgia grega ela assumia, ao que pare- Mesa de som
ce, uma tripla função: amplificação visual, permitindo
ao espectador mais distante uma apreensão satisfa- A sonoplastia é um som ou conjunto de sons
tória do personagem; ampliação sonora na medida que auxilia a enfatizar as cenas e ou as emoções dos
em que ela podia servir de auto falante; ampliação atores. O sonoplasta trabalha os elementos sono-
estética.” ros ajudando a envolver o público na construção de

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
imagens e sensações. As músicas e sons utilizados que concebe e planeja a colocação das luzes em uma
devem estar intimamente ligados ao que acontece peça teatral.
na cena, o sonoplasta deve estudar o texto e depois O trabalho com luz na arte já vem desde o teatro
acompanhá-lo passo a passo. O sonoplasta é aquele grego, onde a luz era exclusivamente natural, os es-
que compõe e faz funcionar os ruídos e sons de um petáculos iniciavam com o nascer do sol e, às vezes,
espetáculo teatral. avançavam à noite. Esses artistas utilizavam da criati-
A sonoplastia é de suma importância na atividade vidade e buscavam sempre a luz para poder produzir;
teatral. O estudo de técnicas, teorias teatrais e princi- indo atrás de locais com luzes abundantes e auxílio
palmente música é fundamental. Quanto às suas tare- do fogo para fazer suas produções. Hoje em dia a luz
fas específicas, é necessário que o sonoplasta possua fica dentro dos espaços cênicos podendo compor um
um repertório musical minimamente diversificado, bom cenário.
para que possa fazer de sua atividade um instrumento O conhecimento técnico é indispensável para um
de ampliação do sentimento da cena. Lembrando-se bom profissional da área. É preciso saber lidar com
sempre de que as músicas e sons utilizados devem equipamentos, para se ter noção do ângulo para os
estar intimamente ligados ao que acontece na cena, refletores, por exemplo, conhecer a cabine de con-
o sonoplasta deve acompanhar o texto passo a passo trole de onde se pode acionar todos os itens do es-
e estudá-lo também, a fim de desempenhar cada vez petáculo.
mais satisfatoriamente sua tarefa. Primeiramente se prepara o esboço, que são de-
É muito raro um espetáculo não ter música. Assim, senhos que servem para materializar as ideias. Em
o sonoplasta é o responsável pela criação, pesquisa, seguida, os esboços são repensados, até se tornarem
gravação, finalização, sonorização e operação dos efei- realidade de um projeto, virando o mapa de luz. Po-
tos sonoros e músicas que o espetáculo necessita. É dendo criar atmosferas lindas dentro do espetácu-
ele que, com criatividade e técnica, resolve os climas lo como, por exemplo: se a peça é mais dramática,
e efeitos propostos durante os ensaios ou rubricados você utiliza uma velocidade x na cena. Se o ator está
no texto. E mais: o sonoplasta apreende a ideia da em evidência, pode-se aumentar a luz. Dar sentido
concepção da montagem do diretor e participa do a sentimentos e condições espirituais (ódio, prazer,
processo de criação do espetáculo. felicidade, amor, glória etc.) dos atores, atrizes e ele-
Fazer sonoplastia para teatro significa deixar a mentos na atuação.
música penetrar no espetáculo, compor uma criação Enfatizando alguns momentos primordiais na cena
artística de tal forma que ela entre na cabeça e no como até mesmo o clima do ambiente cênico (frio,
coração do público sem que ele se dê conta. calor etc.). De tensão: referentes a momentos que
sugerem condições psicológicas de apreensão, deleite
Iluminação etc. Isso tudo é possível com a mudança de cores,
dando estímulo visual referente a efeitos de ilumina-
ção que provocam efeitos na retina do espectador.
A utilização da iluminação é mais um elemento
cênico. Os objetos de cena, adereços, maquiagens,
figurinos e cenários, na maioria das vezes precisam
ser testados com a luz para não dar uma alusão ines-
perada para o espetáculo. Nesse sentido, a sombra
também se torna uma linguagem plástica e como já
podemos entender a luz transforma todos os elemen-
tos da cena se tornando uma ferramenta de auxílio
que, por instantes, pode até virar protagonista de um
espetáculo.
A iluminação pode dar ênfase a certos aspectos
do cenário, pode estabelecer relações entre o ator
6 – Elementos das Artes Visuais
e os objetos, pode enfatizar as expressões do ator,
pode limitar o espaço de representação a um círculo
Linguagem visual é todo tipo de comunicação que
de luz e muitos outros efeitos. A iluminação é muito
se dá através de imagens e símbolos. Os elementos
importante para o teatro, pois através dela pode-
visuais constituem a substância básica daquilo que
mos ambientar a cena e ampliar as emoções nela
vemos, são a matéria-prima de toda informação vi-
exploradas. É fundamental que o iluminador conheça
sual. Entretanto, esses elementos isolados não repre-
bem o texto e as marcações cênicas determinadas
sentam nada, não tem significados preestabelecidos,
pelo diretor do espetáculo. O iluminador é aquele

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
nada definem antes de entrarem num contexto for- Em grande número e justapostos os pontos criam
mal. a ilusão de tom ou de cor.
De acordo com o estudo de vários autores, po- Observe:
dem-se identificar como principais elementos visuais:
o ponto, a linha, a forma, o plano, a textura, e a cor.

1. Ponto

Definições:
O ponto é o elemento básico da geometria, atra-
vés do qual se originam todas as outras formas ge-
ométricas.
Ponto é o lugar onde duas linhas se cruzam.
Ponto é um sinal sem dimensões, deixado na su-
perfície.
Ponto é a unidade de comunicação visual mais
simples e irredutivelmente mínima (DONDIS, 1997).
Considera-se como ponto qualquer elemento que
funcione como forte centro de atração visual dentro Georges Seurat.
de um esquema estrutural, seja numa composição ou
num objeto (FORTES, 2001). 2. Linha

Formas de Representação do Ponto Definições


O ponto pode ser representado graficamente de Linha é a trajetória definida pelo movimento de
duas maneiras: pela interseção de duas linhas ou por um ponto no espaço;
um simples toque na superfície com um instrumento Linha é um conjunto de pontos que se sucedem
apropriado. É identificado através de uma letra mai- uns aos outros, numa sequência infinita;
úscula do nosso alfabeto. Linha é o elemento visual que mostra direcio-
namentos, delimita e insinua formas, cria texturas,
carrega em si a ideia de movimento.

Classificação
Alguns autores classificam as linhas simplesmente
Utilização do Ponto nas Artes Visuais como físicas, geométricas e geométricas gráficas.
Qualquer ponto tem grande poder de atração vi- Físicas – são aquelas que podem ser enxergadas
sual, quando juntos eles são capazes de dirigir o olhar pelo homem no meio ambiente. Ex.: fios de lã, bar-
do espectador. Essa capacidade de conduzir o olhar é bantes, rachaduras de pisos, fios elétricos etc.
intensificada pela maior proximidade dos pontos, ou Geométricas – apresentam comprimento ilimi-
seja, quanto mais próximos uns dos outros estiverem tado não possuindo altura e espessura, sendo apre-
os pontos, mais rápido será o movimento visual. sentadas através da imaginação de cada um de nós
quando observamos a natureza.
Geométricas gráficas – são linhas desenhadas
numa superfície, sendo concretizadas quando colo-
camos a ponta de qualquer material gráfico sobre uma
superfície e o movemos seguindo uma direção.

Nas artes visuais um único ponto não é capaz de Em artes Visuais, estudaremos as linhas geométri-
construir uma imagem. Porém com um conjunto de cas gráficas que são classificadas quanto ao formato
pontos podemos obter imagens visuais casuais ou em SIMPLES e COMPLEXAS. As linhas simples podem
organizadas. ser retas ou curvas. Observe:

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Utilização das Linhas nas Artes Visuais


As linhas nascem do poder de abstração da mente humana, uma vez que não há linhas corpóreas no espaço
natural. Elas só se tornam fato físico quando são representadas pela mão humana.
Independente de onde seja utilizada, a linha é o instrumento fundamental da pré-visualização, ou seja, ela
é o meio de apresentar em forma palpável, concreta, aquilo que só existe na imaginação.
Nas artes visuais, a linha é o elemento essencial do desenho, seja ele feito a mão livre ou por intermédio
de instrumentos.
Segundo ARNHEIM (1994) as linhas apresentam-se basicamente de 3 modos diferentes nas artes visuais:

Significados Expressos pelas Linhas


A linha pode assumir formas muito diversas para expressar uma grande variedade de estados de espírito,
uma vez que reflete a intenção do artista, seus sentimentos e emoções e principalmente sua visão de mundo.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Quando predomina uma direção, a linha possui uma tensão que pode ser associada a determinado sen-
timento ou sensação. Exemplos:

3. a Forma

Forma é o aspecto exterior dos objetos reais, imaginários ou representados. A linha descreve uma forma,
ou seja, uma linha que se fecha dá origem a uma forma. Na linguagem das artes visuais, a linha articula a
complexidade da forma.

Formas Básicas
Existem três formas básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero. Cada uma das formas básicas
tem suas características específicas, e a cada uma se atribui uma grande quantidade de significados, alguns
por associação, outros por vinculação arbitrária, e outros, ainda, através de nossas próprias percepções psi-
cológicas e fisiológicas. Ao quadrado se associam enfado, honestidade, retidão e esmero; ao triângulo ação,
conflito, tensão; ao círculo, infinitude, calidez, proteção.
Todas as formas básicas são figuras planas e simples, fundamentais, que podem ser descritas e construídas
verbalmente ou visualmente.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
4. Plano e Superfície O homem também simula texturas naturais em suas
vestimentas (como é o caso dos soldados camuflados).
O plano é uma superfície sem ondulações, de ex- As texturas podem também ser divididas em visuais
tensão infinita, ou seja, uma superfície plana que se (óticas) e táteis.
estende infinitamente em todas as direções possíveis. A textura visual ou ótica possui apenas qualidades
Temos a noção de um plano quando imaginamos uma óticas. Ela simula as texturas táteis. Ex.: Uma pintura
superfície plana ilimitada e sem espessura. que crie o efeito da maciez de uma pétala de rosa,
ou o pelo do cachorrinho. A textura tátil possui tanto
qualidades visuais quanto táteis. Existe textura tátil
em todas as superfícies e esta nós podemos realmente
sentir através do toque ou do contato com nossa pele.
Quanto à forma de apresentação a textura pode
ser geométrica ou orgânica. Nas artes gráficas pode
ser reproduzida através de desenhos, pinturas, im-
pressões, fotografia etc. Podemos representar as tex-
turas em forma de trama de sinais, pontos, traços,
manchas com os quais se realizam as mais variadas
atividades gráficas e artísticas. Exemplos:

Pense numa folha de papel prolongada infinita-


mente em todas as direções, desprezando a sua es-
pessura.
A representação do plano será feita através de
uma figura que sugere a ideia de uma parte dele. Tam-
bém nesse caso, fica por nossa conta imaginar que
essa superfície se estende indefinidamente em todas
as direções possíveis. Os planos são denominados por
letras minúsculas do alfabeto grego: alfa (α), beta (β),
A textura é tão importante quanto a forma, tama-
gama (γ), delta (δ) etc.
nho, cor etc. Existem várias técnicas para se criar tex-
turas nas artes plásticas. O pintor, por exemplo, utiliza
uma infinidade de técnicas para reproduzir ou criar
a ilusão de textura tátil da vida real em suas obras.
Entre as técnicas mais conhecidas estão a tinta
diluída e o empasto (uso livre de grossas camadas de
tinta para dar efeito de relevo). Outra técnica conhe-
cida é a frotagem. A palavra “Frottage” é de origem
Superfície é a extensão que delimita no espaço francesa - frotter, que significa “esfregar”. Consiste
um corpo considerável, segundo a largura e a altura, em colocar uma folha de papel sobre uma superfície
sem levar em conta a profundidade. É o suporte onde áspera, que contém alguma textura, e esfregá-la, pres-
o artista criará sua composição. sionando-a com um bastão de giz de cera, por exem-
plo, para que a textura apareça na folha. No campo
5. Textura da arte, essa técnica foi usada pela primeira vez pelo
pintor, desenhista, escultor e escritor alemão Max Er-
Textura, nas artes plásticas, é o elemento visual nest (1891 – 1976), um dos fundadores do movimento
que expressa a qualidade tátil das superfícies dos ob- “Dada” e posteriormente um dos grandes nomes do
jetos (DONDIS, 1997). A palavra textura tem origem Surrealismo.
no ato de tecer. Existem várias classificações para a Os abstracionistas utilizam uma grande variedade
textura, segundo diferentes autores que tratam do de técnicas como a colagem com pedaços de jornais
assunto. Para começar, ela pode ser classificada como e materiais “expressivos” como madeira, papelão,
natural – quando encontrada na natureza – ou arti- barbante, areia, pedaços de pano etc.
ficial - quando produzida pelo ser humano (simula
texturas naturais ou cria novas texturas). A textura Os artistas recorrem às texturas para:
natural de alguns animais, como o camaleão, pode • Traduzir visivelmente o sentido de volume e os
ser modificada quando ele simula outra cor de pele. efeitos de superfície;

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• Representar graficamente o claro e o escuro, a Definição
luz e a sombra. A cor é o elemento visual caracterizado pela sen-
• Na escultura, os artistas utilizam texturas dife- sação provocada pela luz sobre o órgão da visão, isto
rentes conforme os padrões estéticos do perí- é, sobre nossos olhos. O pigmento é o que dá cor a
odo ou movimento artístico a que pertencem. tudo o que é material.
No Renascimento observamos texturas lisas e Ao falarmos de cores, temos duas linhas de pen-
suaves, enquanto no Impressionismo percebe- samento distintas: a Cor-Luz e a Cor-Pigmento.
mos superfícies inacabadas como nas obras de A Cor-Luz pode ser observada através dos raios lu-
Rodin. minosos. Cor-luz é a própria luz que pode se decompor
em muitas cores. A luz branca contém todas as cores.
Além das artes visuais a textura ocorre também No caso da Cor-Pigmento a luz é que, refletida
em diferentes espaços da vida. No cotidiano nós a pelo material, faz com que o olho humano perceba
observamos nos utensílios domésticos, nas roupas, esse estímulo como cor. Os pigmentos podem ser di-
nos calçados, nos papéis, nos vidros, na decoração vididos em dois grupos diferentes: os transparentes
de interiores etc. A tecnologia favoreceu a criação de e os opacos.
uma variedade muito grande de texturas. A tinta de As cores pigmento transparentes são mais utiliza-
parede, por exemplo, é encontrada em diversos tipos das nas artes gráficas, nas impressoras coloridas entre
e para as mais diversas aplicações. Essas por si só já outros meios de produção.
permitem efeitos de texturização. As cores pigmento opacas são geralmente utiliza-
das nas artes plásticas, são mais populares, portan-
6. A Cor to, são mais conhecidas pelos estudantes da escola
básica.
Os dois extremos da classificação das cores são:
o branco, ausência total de cor, ou seja, luz pura; e o
preto, ausência total de luz, o que faz com que não
se reflita nenhuma cor. Essas duas “cores”, portanto,
não são exatamente cores, mas características da luz,
que convencionamos chamar de cor.

Nomenclatura das Cores

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Tanto a cor-luz quanto a cor-pigmento, seja ela na/2018/a-arte-como-um-grito-da-linguagem.html>
transparente ou opaca se divide em: acessado em junho de 2021.
Cores primárias - aquelas consideradas puras, que
Tipos de instrumentos musicais: 9 para conhecer e se
não se fragmentam.
encantar. In> LAART - galeria de arte on-line. Disponí-
Cores secundárias - obtidas através da mistura em
vel em: <https://laart.art.br/blog/tipos-instrumentos-
partes iguais de duas cores primárias.
-musicais/> acessado em junho de 2021.
Cores terciárias - são obtidas pela mistura de uma
primária com uma secundária ou a partir das primárias Qual a importância da cenografia para um espetáculo
em proporções desiguais. cultural? Disponível em: <https://fosforocenografia.
Cores neutras - o preto e o branco, embora sejam com.br/qual-a-importancia-da-cenografia-para-um-
consideradas como ausência e totalidade das cores- -espetaculo-cultural/> acessado em junho de 2021.
-luz respectivamente, no entendimento das cores-pig- A importância do figurino na criação de uma persona-
mento são também conhecidas, juntamente com o gem. Disponível em: <https://escsfm.ipl.pt/escs-ma-
cinza, como cores neutras. Não aparecem no círculo gazine/a-importancia-do-figurino-na-criacao-de-uma-
cromático. -personagem/> acessado em junho de 2021.

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Links:
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na_Arte_Seculo_XX.pdf - acessado em junho de 2021.
https://acervodigital.unesp.br/bitstre-
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sado em junho de 2021.
RODRIGUES, Natally. A arte como grito da linguagem.
Disponívem em: <http://obviousmag.org/doce_meni-

30
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR mas ganha destaque na Grécia antiga surgindo como
EDUCAÇÃO FÍSICA modalidade fundamental para garantir o equilíbrio
do corpo e da mente.
Olá estudante, estamos “nave- O ideal de beleza humana ajuda a ginástica se
gando pelo mar do conhecimento” destacar na Grécia, mas na civilização Romana devido
no Ensino Médio, assim, a apostila aos exercícios militares a ginástica fica afastada do
será para você uma importante fer- cotidiano das pessoas.
ramenta na construção integral do A ginástica ganha força novamente com o Renas-
ser humano em suas esferas, e a centismo e a revalorização das referências culturais
educação física será um componente da antiguidade clássica. Desta maneira, a ginástica
curricular interligado com seu coti- atual surge no século XIX quatro grandes escolas do
diano e com o meio escolar. Espero esporte (Inglesa, Alemã, Sueca e Francesa).
que possa realmente desfrutar dos conhecimentos e
objetos que iremos trabalhar no Goiás Tec ao longo Ginástica Geral
do nosso ano letivo.
Um grande abraço do seu professor Luiz Priman- Conhecida tam-
dade bém como a ginástica
para todos ou tam-
MÓDULO 1 bém como Ginástica
Básica, Ginástica Ex-
HABILIDADES DA BNCC pressiva ou Ginástica Acrobática, ela é uma prática
(EM13LGG501) Selecionar e utilizar movimentos corporal não competitiva.
corporais de forma consciente e intencional para A ginástica geral envolve possibilidades de expres-
interagir socialmente em práticas corporais, de são corporal, acrobáticas, de interações sociais e de
modo a estabelecer relações construtivas, empá- compartilhamento de aprendizagem, podendo ser
ticas, éticas e de respeito às diferenças. constituída de exercícios no solo, no ar, em aparelhos,
podendo ser individual ou coletivo, combinando um
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM conjunto variado de movimentos corporais.
(GO-EMLGG501B) Enumerar os espaços de infra-
estrutura (quadras, praças, galpões, pátios), dis- Ginástica de Condicionamento Físico
criminando os que possuem condições dentro e
fora da escola para organizar práticas corporais em Como o próprio nome já
condições seguras para a comunidade. diz é a ginástica que realiza
exercícios físicos com intuito
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM de melhorar a condição física
Ginásticas (ginásticas de condicionamento físico, do indivíduo e consequente-
ginásticas de conscientização corporal, ginásticas mente a transformação da sua
de competição e/ou ginástica geral): composição corporal.
Sentidos e/ou significados do corpo humano, mo- São realizadas várias repe-
vimento, práticas corporais e suas relações na área tições e séries com intensidades variando com idade,
de Linguagens e Suas Tecnologias. sexo, biotipo, saúde entre outros fatores para definir
Práticas corporais desenvolvidas em diferentes a frequência e quantidade que serão realizados os
contextos: educacional, de participação e lazer e/ exercícios.
ou do rendimento. Idosos, gestantes, crianças e pacientes em recu-
peração também podem realizar exercícios voltados
para o condicionamento físico. Quando existe uma
O nome GINÁSTICA vem destinação específica para os exercícios ela pode ser
do grego “gymnádzein”, que classificada como ginástica laboral.
significa treinar, desenvol-
vendo, fortalecendo e pro- Ginástica de Conscientização Corporal
porcionando flexibilidade
ao corpo através de rotinas Este tipo caracteriza-se por movimentos lentos e
de exercícios. suaves, com objetivo de melhorar a condição corporal
A ginástica já era praticada na Antiguidade, quan- e postura, a partir da conscientização de exercícios
do homens primitivos desempenhavam atividades respiratórios, aumentando a capacidade pulmonar e
com o intuito de se protegerem de ameaças naturais, consequentemente melhorando o metabolismo.

31
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Promovendo a percepção do próprio corpo, po- de dar treinamento físico aos jovens, a primeira es-
demos citar como exemplos a ioga, o tai chi chuan, cola de ginástica ao ar livre foi fundada pelo alemão
a ginástica chinesa, a “biodança”, a bioenergética, a Johann Friedrich Ludwig Jahn (1778-1852).
eutonia, a antiginástica e o Método Feldenkrais. Extraído de: https://www.todamateria.com.br/ginastica/

Ginásticas Competitivas
Mãos à obra
As competitivas, estimu-
lam a competição, individual Você deverá citar os espaços
ou coletivas, são promovidas de infraestrutura (quadras,
em campeonatos, intercole- praças, galpões, pátios), discri-
giais, Pan-americanos e até minando os que possuem con-
mesmo nas olimpíadas. Tra- dições dentro e fora da escola para organizar práticas
balhada como esporte de corporais em condições seguras para a sua comunida-
alto rendimento, além dos de. Existem algum espaço na sua região que possam
movimentos exige uma es- ser praticadas exercícios relacionados à ginástica?
trutura física com força, elasticidade e agilidade com Anote na sua apostila como estão a infraestrutura,
intuito de alcançar a vitória e possivelmente meda- e se não possuir anote quais alternativas podemos
lhas. encontrar para substituir ou adaptar espaços para
garantir uma boa aula de ginástica.

Imagem: Arthur Zanetti – extraído de https://www.


olimpiadatododia.com.br/lima-2019/ginastica-artistica/argolas/

Sua prática requer concentração, raciocínio, dis-


ciplina e horas de treinamentos diários com acompa-
nhamento de um técnico, por exemplo, para melhorar
sua performance.

Imagem: Daiane dos Santos – 2008


Criador: LLUIS GENE | Crédito: AFP via Getty Images Direitos
autorais: 2008 AFP

A PRIMEIRA ESCOLA DE GINÁSTICA


Na Era Moderna, a ginástica foi fortemente im-
pulsionada pelos alemães. Em 1811, com o objetivo

32
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
MÓDULO 2 A mídia vincula na maioria das vezes, corpos que
se encaixam no padrão de beleza, com intuito de aten-
HABILIDADES DA BNCC der interesses da indústria do consumo, utilizando
(EM13LGG502) Analisar criticamente preconceitos, indivíduos, imagens, vídeos, comerciais entre outros
estereótipos e relações de poderes presentes nas para seduzir pessoas a se tornarem potenciais com-
práticas corporais, adotando posiciona mento con- pradores.
trário a qualquer manifestação de injustiça e des- As percepções sobre o que é “feio ou bonito” são
respeito a direitos humanos e valores democráticos. subjetivas e variam de indivíduo para indivíduo, as-
sim como mudam conforme as culturas, países ou
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM momentos históricos.
(GO-EMLGG502A) Associar os diversos discursos Na ginástica competitiva podemos observar niti-
que as mídias (impressa, televisiva, internet e po- damente que existem alguns padrões corporais que
dcasts etc.) fazem entre a ginástica e os padrões são estabelecidos pela rotina de treinos realizados e
de beleza por meio de propagandas publicitárias, constantes competições que os atletas participam.
debatendo sobre as questões de individualidade Até mesmo a altura de um atleta de alto rendimento
biológica para estabelecer relações de respeito e pode afetar seu resultado na competição.
solidariedade entre as diferenças, posicionar criti- Desta maneira, precisamos
camente sobre padrões de beleza estabelecidos e ter muito cuidado ao abordar
construir significado em seu Projeto de Vida. este assunto para não gerar
bullying nem atitudes precon-
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM ceituosas em nossas vidas e
Ginásticas (ginásticas de condicionamento físico, em nossa escola.
ginásticas de conscientização corporal, ginásticas
A adoção de um único
de competição e/ou ginástica geral):
conceito de beleza, além de
Elementos sócio histórico culturais, político-econô-
ser restritiva, pode reforçar
micos e estético-artísticos das práticas corporais.
Comunicação, mídias e tecnologias no contexto sentimentos de desprezo e
das práticas corporais. Acessibilidade, diversidade preconceito em relação a to-
e inclusão no contexto das práticas corporais. das as formas de apresentação
estética que sejam diferentes do que foi escolhido e
determinado como belo.
Padrão de beleza é uma ex-
pressão usada para caracterizar um
modelo de beleza que é considera-
do “ideal” em uma sociedade, por
exemplo, na civilização Romana o
corpo saudável e definido para os homens era consi-
derado um padrão de beleza.
Os padrões mudam de acordo com a época e com
a sociedade, para Detrez (2002), quando criamos uma
associação entre o corpo ideal e o sucesso, construin-
do a imagem do belo, formando o corpo conforme os
saberes e os valores de uma sociedade.
UMA BREVE REFLEXÃO
SOBRE O PODER DA ESTÉTICA

A palavra estética tem a sua origem da palavra


grega “aísthesis” que tem como significado sensa-
ção, sentimento. É fácil de se imaginar o motivo,
quando você tem a sua atenção atraído por um
objeto ou uma pessoa o qual você julga bonito ou
feio, seu sentimento é desperto, no qual o seu pró-
prio julgamento sobre o que é bonito ou feio está
submetido a essa sensação.
Aqui fazemos uso da nossa capacidade do gos-
to, ou seja, a nossa faculdade de julgar se algo ou
Imagem extraída de: https://www.significados.com.br/padrao- alguém nos promove prazer ou desprazer, o que é
de-beleza/

33
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
bonito ou feio. Mas será que o sistema midiático
pode impor em nós convenções e valores enquanto
aos nossos juízos de valores estéticos?
Será que o que afirmamos como beleza é um
padrão criado e valido de forma universal?
E a obra de arte tem essa capacidade de mani-
pular os nossos sentimentos e gosto?
A disciplina acadêmica estética foi criada pelo
filosofo alemão Alexander Baumgarten no século
XVIII, mas em obras filosóficas clássicas já eram
trabalhados esses temas nomeados de estudo so-
bre “o belo”. Na antiguidade o padrão de beleza
também era associado a cultura e ao desenvolvi-
mento histórico de um povo, sendo integradas no
comportamento do culto religioso e nas práticas
éticas ( tanto no cenário político como o social),
como nos objetos em que os mais adornados eram
a confirmação de um status social elevado ou a
exclusividade do uso de determinados objetos por
uma figura de status social elevado na sociedade.
Se analisarmos esse tipo de padrão até hoje se
repete, seja pela moda em que buscamos seguir um
determinado padrão ou tendência que ocorre na
sociedade, ou seja pelo desejo de possuir mercado-
rias ou modos de vida que não são acessíveis para
todos e ter o sentimento de exclusividade, de posse
de algo que nos destaca dos demais e associar esse
sentimento a algo bom, ou que traz uma qualidade
aceita e bem vista na sociedade. Em que podemos
pecar por não desassociar o padrão estético com
a satisfação individual gerada por um objeto ou
indivíduo, ética e a política, possibilitando assim
o desenvolvimento de técnicas de produção que
culminam na massificação do ser humano. Ou seja,
julgamos o livro pela capa e por conta de sermos
facilmente influenciados pelos padrões criados de
beleza, associamos aquele objeto ou comporta-
mento como corretos e desejados.
Barbosa. Gustavo Henrique José. Texto: Uma breve reflexão
sobre o poder da estética. Seduc-2022.

Mãos à obra

RODA DE DEBATE
Associar os diversos discursos
que as mídias (impressa, te-
levisiva, internet e podcasts
etc.) fazem entre a ginástica e
os padrões de beleza por meio
de propagandas publicitárias.
Procure em jornais, revistas,
internet ou em outros meios, imagens que mostrem
os padrões de beleza impostos pela mídia.
Após encontrar estas imagens, posicione criticamente
sobre padrões de beleza estabelecidos pela mídia e
conte sua opinião para o restante da turma.
________________________________________

34
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
MÓDULO 3 A nutrição é importante processo para todos os
seres vivos, assim
HABILIDADES DA BNCC como, para todos os
(EM13LGG503) Vivenciar práticas corporais e sig- seres humanos,
nificá-las em seu projeto de vida, como forma de existe a necessidade
autoconhecimento, autocuidado com o corpo e de ter uma alimen-
com a saúde, socialização e entretenimento. tação balanceada e
rica em todos os ti-
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM pos de alimentos.
(GO-EMLGG503B) Identificar as capacidades físi-
cas, por meio de leituras e vídeos, aplicando nas
vivências práticas (ginástica, jogos esporte, lutas TRANSTORNOS ALIMENTARES
etc.) para manutenção da condição física individu-
al, possibilidades de modificação da composição Quando pensamos em padrões de beleza po-
corporal, estimulando o posicionamento crítico e demos relacionar com os diversos transtornos ali-
de respeito às individualidades biológicas. mentares encontrados em nossa sociedade.
Na anorexia, a pessoa desenvolve uma espécie
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM de obsessão pela perda de peso e pode utilizar di-
Ginásticas (ginásticas de condicionamento físico, versos métodos pouco saudáveis para emagrecer,
ginásticas de conscientização corporal, ginásticas além de passar muitas horas sem se alimentar.
de competição e/ou ginástica geral): Na anorexia, é comum que as pessoas tenham
Estudo bio-anátomo-fisiológico dos aparelhos e/ou
uma distorção de sua autoimagem, enxergando-se
sistemas do corpo humano aplicados ao movimen-
maior ou mais pesadas do que realmente são.
to no contexto das práticas corporais.
Na bulimia, é comum que ocorra a ingestão
de excesso de comida, alternada com episódios de
SAÚDE
vômitos provocados. O processo cíclico ocorre para
alimentar o desejo de evitar o ganho de peso.
Conforme dados do Instituto
Existem ainda outros distúrbios, como a vi-
Nacional de Saúde Mental dos Es-
gorexia (alteração da autoimagem) e a ortorexia
tados Unidos, aproximadamente 70
(obsessão por alimentação saudável).
milhões de pessoas desenvolvem Fonte: www.significados.com.br/padrao-de-beleza/
algum tipo de transtorno alimentar durante a vida.
As mulheres são a maioria desse índice e corres- A imagem abaixo representa os tipos de alimentos
pondem a cerca de 85% dos casos. que devem ser encontrados em proporções adequa-
Anorexia e bulimia são dois dos trans- das em nossa dieta alimentar:
tornos com maior ocorrência.

35
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Vale ressaltar que a quantidade de alimentos não Os três principais órgãos do corpo humano, se-
é padrão para todas as pessoas, variando por exemplo gundo ele, seriam:
a quantidade de acordo com a idade, altura, peso, o • o fígado;
tipo de exercício que pratica, ou seja, a fisiologia e • o coração;
anatomia do indivíduo. • cérebro;

A FISIOLOGIA O sangue seria produzido no fígado a partir dos


alimentos absorvidos no intestino, e daí distribuído
A Fisiologia (do grego physis = natureza e logos para todo o organismo, passando pelo lado direito do
= estudo) é o estudo das funções e do funcionamen- coração. No ventrículo direito, uma pequena parte
to normal dos seres vivos, bem como dos processos do sangue atravessaria o septo interventricular atra-
físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, ór- vés de minúsculos canais, penetrando o ventrículo
gãos e sistemas dos seres vivos sadios. Na Fisiologia esquerdo, local em que o sangue se misturaria ao ar
se estuda o funcionamento dos sistemas celulares e trazido dos pulmões. Dessa maneira, Galeno e os fisio-
orgânicos (nervoso, muscular, endócrino, cardiovascu- logistas que o sucederam não concebiam a circulação
lar, respiratório, digestório e urinário), bem como suas sanguínea: o sangue seria continuamente produzido
interações entre si e com o meio ambiente. De forma no fígado. O esquema galênico dominou os estudos
geral, a fisiologia aborda assuntos relacionados à nu- fisiológicos até ser derrubado por William Harvey, no
trição, circulação, respiração, excreção, aos sistemas século XVII.
de integração aos movimentos corporais, suporte e Texto extraído e adaptado de: https://mcv.ufes.br/fisiologia aces-
so 05/12/2022.
movimentos corporais, controle imunitário e repro-
dução, ao logo da história evolutiva.
Como as demais ciências ocidentais, a fisiologia
Atividade
nasceu na Grécia, há mais de 2500 anos. A origem
da palavra fisiologia vem do termo grego phýsis, que
Escreva em seu caderno os
significa natureza. Este termo deu origem tanto à pa-
quais são os alimentos en-
lavra física quanto à fisiologia. Entretanto, a distin-
contrados no seu cotidiano
ção entre essas duas disciplinas, uma relacionada ao
e classifique estes alimen-
funcionamento do universo e a outra relacionada ao
tos de acordo com a tabela acima.
funcionamento dos organismos vivos só foi levada a
cabo na modernidade. Os primeiros pensadores gre-
gos foram os chamados pré-socráticos, que recebem
essa denominação por terem vivido antes de Sócra-
tes. Esses homens, mistos de filósofos e cientistas,
foram os pioneiros em realizar um estudo racional e
científico da natureza. São, dessa forma, considerados
os primeiros fisiólogos, os “estudantes da natureza”.
A medicina, concebida como uma prática racional,
nasceu também na Grécia, na mesma época dos
pré-socráticos. Sua fundação está ligada à figura de
Hipócrates (460 e 370 a.C.); o conjunto de sua obra
forma o Corpus Hippocraticus, onde encontramos
descrita sua concepção de fisiologia. Ela baseava-se
na doutrina dos “quatro humores”, segundo a qual o
corpo humano seria constituído por uma mistura de
quatro fluidos, ou humores: o sangue, a fleuma, a bile
amarela e a bile negra.
A mais influente figura fisiológica da Antiguidade
foi Cláudio Galeno (129-200 d.C.). Médico de gladiado-
res, ele viveu em Roma e chegou a tratar do imperador
Marco Aurélio. Alguns o consideram o pai da fisiologia
experimental, devido às grandes descobertas que re-
alizou por meio de experimentos em animais. Galeno
julgava-se herdeiro intelectual de Hipócrates e da ci-
ência grega, e sua fisiologia baseava-se na doutrina
dos quatro humores.

36
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
MÓDULO 4 Você realiza mais atividades físicas ou realiza mais
exercícios físicos? Cite alguns exemplos.
HABILIDADES DA BNCC
(EM13LGG503) Vivenciar práticas corporais e sig-
nificá-las em seu projeto de vida, como forma de
autoconhecimento, autocuidado com o corpo e
com a saúde, socialização e entretenimento.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM


(GO-EMLGG503C) Diferenciar características entre
as atividades físicas e os exercícios físicos, utilizan-
do-os nas práticas corporais para produzir sentidos
em diferentes contextos.

OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


Ginásticas (ginásticas de condicionamento físico,
ginásticas de conscientização corporal, ginásticas
de competição e/ou ginástica geral):
Conhecimento teórico-prático sobre atividade
física, exercício físico e treinamento corporal no
Antes de começar a praticar atividades físicas, é
contexto das práticas corporais.
importante que sejam feitos exames médicos para
Vamos destacar a importância do discernimento
verificar o estado geral de saúde, avaliar as articula-
entre o conceito de Atividade Física que é uma
ções e o funcionamento cardíaco, principalmente no
expressão genérica que pode ser definida como
caso de a pessoa ser sedentária, procure a ajuda de
qualquer movimento corporal, produzido pelos
um profissional da área de saúde, como por exemplo,
músculos esqueléticos, que resulta em gasto ener-
um cardiologista.
gético maior do que os níveis de repouso, e do Exer-
cício Físico (um dos seus principais componentes),
que é uma atividade física planejada, estruturada e
repetitiva que tem como objetivo final ou interme-
diário aumentar ou manter a saúde/aptidão física.
(CASPERSEN et al 1985).

O QUE É ATIVIDADE FÍSICA?

Como vimos, atividade física é


todo movimento produzido pelo cor-
po que causa um gasto energético
acima do que teria se estivesse em
repouso. Na prática, é tudo que reali-
zamos no dia a dia, desde limpar a casa até passear
Desta maneira, quando você varre a casa, lava o com o cachorro.
carro, vai até a mercearia comprar algum produto e Embora não seja uma prática programada, é
até mesmo sobe uma escada, está realizando ativi- muito importante realizar atividades físicas com
dades físicas. Quando você vai para academia três frequência, pois elas tornam o cotidiano mais mo-
vezes por semana, joga vôlei duas vezes por semana vimentado e reduzem os riscos do sedentarismo.
e faz natação todos os dias, está realizando exercícios Algumas atividades físicas que ajudam seu corpo
físicos. a se manter ativo sem você perceber:
O exercício físico leva o indivíduo a uma maior parti- • andar;
cipação social, resultando em um bom nível de bem-es- • correr;
tar bio-psicofísico, fatores esses que contribuem para • dançar;
a melhoria de sua qualidade de vida. (BROGAN 1981). • subir escadas.

37
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
MÓDULO 5
Quem automatiza de maneira excessiva a vida
e usa o carro para tudo, com o objetivo de evitar HABILIDADES DA BNCC
esforços, reduz a quantidade de atividades físicas (EM13LGG503) Vivenciar práticas cor-
realizadas no dia a dia. Isso pode ser prejudicial à porais e significá-las em seu projeto de
saúde e resultar em alguns quilos extras. vida, como forma de autoconhecimen-
to, autocuidado com o corpo e com a
O QUE É EXERCÍCIO FÍSICO? saúde, socialização e entretenimento.

O exercício físico é uma atividade OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM


bem estruturada, com uma sequên- (GO-EMLGG503G) Selecionar informações sobre os
cia sistematizada de movimentos do benefícios referentes a prática de atividades e exer-
corpo, que são executados com um cícios físicos, organizando mo-
objetivo específico. É uma prática repetitiva, que mentos de divulgação através
geralmente precisa de acompanhamento de um de diversas mídias (folhetos,
profissional, já que envolve intensidade, duração e redes sociais, rádio escola etc.)
outros fatores que variam de acordo com o estado para promover saúde, bem-es-
físico da pessoa. tar e integração da comunida-
Por serem repetitivos, os exercícios físicos provo- de na escola.
cam o aumento da musculatura e a redução do peso
corporal com mais rapidez, quando comparados às OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
atividades físicas. Além disso, também melhoram Ginásticas (ginásticas de condicionamento físico,
a capacidade do sistema cardiovascular, reduzem a ginásticas de conscientização corporal, ginásticas
pressão arterial, previnem o surgimento de diabetes de competição e/ou ginástica geral):
e outras doenças associadas ao sedentarismo. Estrutura, organização e/ou funcionamento de
Alguns exercícios físicos muito comuns: eventos no contexto das práticas corporais.
• natação;
• ginástica;
• futebol; Neste módulo você irá en-
• caminhadas diárias; contrar “passos” para montar
• treino na academia; seu evento no contexto das prá-
• crossfit. ticas corporais na sua escola/
colégio, lembrando que toda e
A prática de exercícios físicos requer um pouco qualquer prática de atividade
mais de atenção e planejamento, comparada à prá- física deve ser realizada mediante a presença de um
tica de atividades físicas. É importante, por exem- profissional formado da área e do atestado médico,
plo, procurar exercícios alinhados ao estilo de vida que possa garantir a saúde o bem-estar do estudante.
de cada um, de modo que o horário não atrapalhe
outros compromissos de rotina. Isso é fundamental CINCO PASSOS PARA ORGANIZAR SEU EVENTO
para manter o corpo ativo com regularidade e, só
assim, obter os benefícios com a saúde. • O primeiro passo é definir qual será o tipo de
Texto extraído e adaptado de: https://conteudo.omronbrasil.
com/ acesso 05/12/2022 competição e disputa realizada em sua instituição. É
crucial que você inicie a organizar sua competição. O
Mãos à obra mediador(a) pretende organizar um torneio ou cam-
peonato de futebol, handebol, queimada, basquete-
Produção de uma pro- bol ou voleibol amador, por exemplo?
paganda incentivando as Nos torneios, geralmente a forma de eliminações é
pessoas quanto a prática de simplificada por partidas “mata-mata”, ou seja, quem
exercícios físicos e a procura- perdeu está fora, são mais comuns em partidas ama-
rem recomendação médica. doras, por terem um sistema mais simples e rápido.
Você pode utilizar sua cria- Nos campeonatos, os mediadores deverão organi-
tividade para construir uma zar os times ou atletas em grupos, que disputarão en-
propaganda aproveitando os tre si por pontuações, ou seja, ao final do campeonato,
recursos que tem disponíveis. Poderá utilizar a propa- quem tiver mais pontos, irá vencer o campeonato.
ganda para promover a saúde e prática de exercícios O sistema de disputa em eliminatórias simples vai
em sua comunidade escolar. melhor, caso optar por um torneio simples num estilo

38
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
de mata-mata, neste caso, precisa organizar os times nha” da comunidade ou mesmo de empresários, suas
e quem perder, sai do torneio. demandas serão contempladas mais rapidamente.
Nos campeonatos, um molde em rodízio seria o
mais indicado, sendo que acontece justamente a com-
posição dos grupos que disputam entre si.
Ainda existe o método misto, como ocorre na copa
do mundo de futebol, os jogos começam numa forma
de rodízio e, na próxima fase, tornam-se eliminatórios.
Caso esteja montando um torneio amador com
menos participantes, as eliminatórias simples são uma
boa pedida. Além de tornarem a competição mais
rápida e dinâmica, facilita a organização.

• Segundo passo, é a definição do o local da sua


competição esportiva com antecedência. Importantís- • Quarto passo, seria montar as tabelas de par-
simo definir com bastante antecedência onde ocorre- ticipantes de acordo com o sistema escolhido. Bem,
rá a sua competição esportiva. Caso faça um torneio agora que você tem os times inscritos em seu torneio
de natação, por exemplo, precisará de uma piscina ou campeonato e já sabe em qual sistema vai fazer a
que seja compatível com a disputa.
sua competição esportiva, está na hora de colocar a
Certifique-se antes, no local onde deseja realizar
mão na massa.
o torneio, as taxas para utilização da piscina, horários
A confecção da sua tabela, seja para o campe-
disponíveis, entre outros. O mesmo vale para esportes
onato ou para o torneio, precisa ser feita de forma
praticados em quadras.
planejada, para que dê tudo certo na hora da disputa.
Mesmo que seja num local habitualmente aberto
Na hora de colocar tudo “no papel” o PDFelement
ao público, é necessário que seja verificado perante
pode te dar uma ajuda enorme.
a associação de moradores do bairro ou similar, se
Com essa ferramenta você pode criar ou editar
não há outra competição ocorrendo na mesma data.
arquivos em PDF e tem liberdade para convertê-los
Além de deixar o local reservado previamente
para o formato que mais te ajudar.
para a disputa, certifique-se de que o espaço tenha a
Fora que pode trabalhar o PDF da sua tabela de
infraestrutura mínima para atender os atletas e tam-
bém os espectadores. organização de torneio tanto na parte visual quanto
Banheiros com vestiários, locais para os jogadores na parte escrita e deixar tudo mais bonito e prático.
reservas e espaços para que os espectadores possam E claro, se desejar pode criar proteção por senha
acompanhar toda a competição com segurança são para os seus arquivos ou mesmo desbloquear PDF’s
ideais. protegidos por senha.
Com essa poderosa ferramenta em mãos, temos o
• No terceiro passo refere-se a logística do evento, material ideal para colocar a construção da sua tabela
verifique a necessidade de compras ou contratações. de organização dos jogos pronta para ser disponibili-
A dica anterior já diz muito sobre a logística da sua zada para todos os participantes.
competição, mas não se esqueça que existem mais Uma dica muito importante caso esteja fazendo
coisas envolvidas. torneios com eliminatórias simples, o sistema mais
Além do local escolhido previamente, prezando indicado para competições menores: para saber quan-
pela segurança e viabilidade da realização da disputa, tos jogos deverá colocar em sua tabela, basta subtrair
verifique a necessidade de adquirir equipamentos ou 1 do total de times inscritos.
contratar ajuda.
• Quinto passo refere-se à divulgação da sua com-
Não dá pra fazer tudo sozinho, não é? petição. Claro, se está organizando uma competição,
seja ela qual for, a divulgação é parte integrante dessa
Estude a necessidade de comprar produtos ou empreitada.
serviços que atendam as demandas dos atletas ou Após estar com o local escolhido e reservado
demandas de segurança. Se o custo estimado for alto previamente, divulgue em suas redes sociais como
– no caso de competições um pouco mais complexas Instagram ou Facebook, que costumam ser poderosas
– pense na possibilidade de angariar patrocinadores. ferramentas para essa tarefa.
Caso necessite de mão de obra extra, verifique os Após estar com os atletas inscritos e a sua tabela
preços dos profissionais necessários sempre com an- de torneio criada, faça flyers que mostrem onde sua
tecedência. Com o planejamento certo e uma “mãozi- disputa acontecerá e quais as datas e horários.

39
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Dessa forma, você garante que o evento tenha o MÓDULO 6
apoio da comunidade local e se torne uma atividade
muito prazerosa, tanto para quem assiste, quanto para HABILIDADES DA BNCC
quem participa. (EM13LGG503) Vivenciar práticas corporais e sig-
nificá-las em seu projeto de vida, como forma de
Não se esqueça, é claro, da segurança. autoconhecimento, autocuidado com o corpo e
com a saúde, socialização e entretenimento.
Um evento divulgado na internet tem sempre
mais chances de alcançar um público maior. Por isso, OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
assim como falado no passo anterior, tenha um lo- (GO-EMLGG503H) Avaliar os riscos relacionados
cal preparado para receber a demanda do público. às dietas, consumo de suplementos alimentares,
Certifique-se sempre que tem espaço para receber sem acompanhamento profissional e o uso de es-
todos ou estabeleça uma limitação de público, para teroides anabolizantes e outras formas de doping,
que corra tudo bem em sua competição. analisando situações reais de usos e seus efeitos
na saúde para desenvolver ações pessoais de au-
Divirta-se tocuidado.
Como amante do esporte, aposto que sua maior
meta ao organizar uma competição é se divertir, não OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
é? Ginásticas (ginásticas de condicionamento físico,
Assim como os participantes e a comunidade, o ginásticas de conscientização corporal, ginásticas
grande objetivo em geral é apenas esse. de competição e/ou ginástica geral):
Com tudo devidamente planejado, as ferramentas Saúde individual e/ou coletiva (orgânica, mental e
certas e a ajuda necessária, a disputa será incrível, seja social), bem-estar, patologias e qualidade de vida
ela um torneio amador de futebol com seus amigos no contexto das práticas corporais.
ou algo mais grandioso.
Texto extraído e adaptado de: https://www.gazetaesportiva.
com/institucional/5-dicas-simples-para-criar-e-organizar-
competicoes-esportivas/ acesso 03/12/2022. Neste módulo iremos en-
contrar algumas questões para
você testar seus conhecimentos
SUGESTÃO DE ATIVIDADE e começar a familiarizar-se com
a EDUCAÇÃO FÍSICA presente no
Após a realização do seu evento envie Exame Nacional do Ensino Mé-
as fotos e vídeos, via mídias sociais dio (ENEM). Tente realizar os
para a coordenação do Projeto Goiás exercícios sem acessar os gabaritos na internet, afinal
Tec. Considere a realização do evento de contas, você está testando os seus conhecimentos
como atividade que irá compor o por�ólio. e precisa valorizar sua capacidade.
Sabemos que o Exame Na-
cional do Ensino Médio, assim
como a BNCC e o Currículo
Referência do Estado de Goi-
ás, abordam a Educação Física
dentro da grande área de con-
centração de Linguagens, e até
a presente data (dezembro de
2022) a disciplina aparece no 1º dia de provas junto
com Língua Portuguesa, Língua Estrangeira e Arte.

Neste capítulo para familiarizar com as questões


de Educação Física no Enem, você irá fazer 10 ques-
tões que apareceram em provas anteriores.

40
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Questão 01 (Enem 2020) Uma das mais contunden- Questão 03. (Enem 2019) Mídias: aliadas ou inimigas
tes críticas ao discurso da aptidão física relacionada da educação física escolar?
à saúde está no caráter eminentemente individual de No caso do esporte, a mediação efetuada pela câmera
suas propostas, o que serve para obscurecer outros de TV construiu uma nova modalidade de consumo: o
determinantes da saúde. Ou seja, costuma-se apre- esporte telespetáculo, realidade textual relativamente
sentar o indivíduo como o problema e a mudança autônoma face à prática “real” do esporte, construída
do estilo de vida como a solução. Argumenta-se ain- pela codificação e mediação dos eventos esportivos
da que o movimento da aptidão física relacionada à efetuados pelo enquadramento, edição das imagens
saúde considera a existência de uma cultura homo- e comentários, interpretando para o espectador o
gênea na qual todos seriam livres para escolher seus que ele está vendo. Esse fenômeno tende a valorizar
estilos de vida, o que não condiz com a realidade. a forma em relação ao conteúdo, e para tal faz uso
O fato é que vivemos numa sociedade dividida em privilegiado da linguagem audiovisual com ênfase na
classes sociais, na qual nem todas as pessoas têm imagem cujas possibilidades são levadas cada vez
condições econômicas para adotar um estilo de vida mais adiante, em decorrência dos avanços tecnoló-
ativo e saudável. Há desigualdades estruturais com gicos. Por outro lado, a narração esportiva propõe
raízes políticas, econômicas e sociais que dificultam uma concepção hegemônica de esporte: esporte é
a adoção desses estilos de vida. esforço máximo, busca da vitória, dinheiro... O preço
FERREIRA. M. S. Aptidão física e saúde na educação física que se paga por sua espetacularização é a fragmenta-
escolar; ampliando o enfoque. RBCE, n. 2. jan. 2001 (adaptado).
ção do fenômeno esportivo. A experiência global do
ser-atleta é modificada: a sociabilização no confronto
Com base no texto, a relação entre saúde e estilos e a ludicidade não são vivências privilegiadas no en-
de vida foque das mídias, mas as eventuais manifestações de
A) constrói a ideia de que a mudança individual de violência, em partidas de futebol, por exemplo, são
hábitos promove a saúde. exibidas e reexibidas em todo o mundo.
B) considera a homogeneidade da escolha de hábitos BETTI, M. Motriz, n. 2, jul.-dez. 2001 (adaptado).
saudáveis pelos indivíduos.
C) reforça a necessidade de solucionar os problemas A) reflexão trazida pelo texto, que aborda o esporte
de saúde da sociedade com a prática de exercícios. telespetáculo, está fundamentada na
D) problematiza a organização social e seu impacto A) distorção da experiência do ser-atleta para os es-
na mudança de hábitos dos indivíduos. pectadores.
E) reproduz a noção de que a melhoria da aptidão B) interpretação dos espectadores sobre o conteúdo
física pela prática de exercícios promove a saúde. transmitido.
C) utilização de equipamentos audiovisuais de última
Questão 02 - (Enem 2020) LUTA: prática corporal im- geração.
previsível, caracterizada por determinado estado de D) valorização de uma visão ampliada do esporte.
contato proposital, que possibilita a duas ou mais pes- E) equiparação entre a forma e o conteúdo.
soas se enfrentarem numa constante troca de ações
ofensivas e/ou defensivas, regidas por regras, com o Questão 04. (Enem 2019) Esporte e cultura: análise
objetivo mútuo sobre um alvo móvel personificado acerca da esportivização de práticas corporais nos
no oponente. jogos indígenas
GOMES, M. S. P. et al. Ensino das lutas: dos princípios condicionais
Nos Jogos dos Povos Indígenas, observa-se que as
aos grupos situacionais.
práticas corporais realizadas envolvem elementos
tradicionais (como as pinturas e adornos corporais) e
De acordo com o texto, podemos identificar uma abor-
modernos (como a regulamentação, a fiscalização e a
dagem das lutas nas aulas de educação física quando
padronização). O arco e flecha e a lança, por exemplo,
o professor realiza uma proposta envolvendo
são instrumentos tradicionalmente utilizados para a
A) contato corporal intenso entre o aluno e seu opo-
caça e a defesa da comunidade na aldeia. Na ocasião
nente.
do evento, esses artefatos foram produzidos pela pró-
B) contenda entre os alunos que se agridem fisica-
pria etnia, porém sua estruturação como “modalidade
mente.
esportiva” promoveu uma semelhança entre as técni-
C) confronto corporal em que os vencedores são pre-
cas apresentadas, com o sentido único da competição.
viamente identificados. ALMEIDA, A. J. M.; SUASSUNA, D. M. F. A. Pensar a prática, n. 1,
D) combate corporal intencional com ações regula- jan.-abr. 2010 (adaptado).
mentadas entre os oponentes.
E) conflito resolvido pelos alunos por meio de regras A relação entre os elementos tradicionais e modernos
previamente estabelecidas. nos Jogos dos Povos Indígenas desencadeou a
A) padronização de pinturas e adornos corporais.

41
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
B) sobreposição de elementos tradicionais sobre os revista científica Nature, em janeiro, sugere que é pos-
modernos. sível modificar a gordura corporal sem fazer exercício.
C) individuação das técnicas apresentadas em dife- Pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute e da
rentes modalidades. Escola de Medicina de Harvard, nos EUA, isolaram em
D) legitimação das práticas corporais indígenas como laboratório a irisina, hormônio naturalmente produ-
modalidade esportiva. zido pelas células musculares durante os exercícios
E) preservação dos significados próprios das práticas aeróbicos, como caminhada, corrida ou pedalada. A
corporais em cada cultura. substância foi aplicada em ratos e agiu como se eles
tivessem se exercitado, inclusive com efeito protetor
contra o diabetes.
O segredo foi a conversão de gordura branca — aquela
que estoca energia inerte e estraga nossa silhueta —
em marrom. Mais comum em bebês, e praticamente
inexistente em adultos, esse tipo de gordura serve
para nos aquecer. E, nesse processo, gasta uma ener-
gia tremenda. Como efeito colateral, afinaria nossa
silhueta.
A expectativa é que, se o hormônio funcionar da mes-
ma forma em humanos, surja em breve um novo me-
dicamento para emagrecer. Mas ele estaria longe de
substituir por completo os benefícios da atividade físi-
Questão 05. (Enem 2019) Educação para a saúde me- ca. “Possivelmente existem muitos outros hormônios
diante programas de educação física escolar musculares liberados durante o exercício e ainda não
A) educação para a saúde deverá ser alcançada me- descobertos”, diz o fisiologista Paul Coen, professor
assistente da Universidade de Pittsburgh, nos EUA.
diante interação de ações que possam envolver o
A irisina não fortalece os músculos, por exemplo. E
próprio homem mediante suas atitudes frente às
para ficar com aquele tríceps de fazer inveja só o le-
exigências ambientais representadas pelos hábitos
vantamento de controle remoto não daria conta.
alimentares, estado de estresse, opções de lazer, LIMA, F. Galileu. São Paulo, n. 248, mar. 2012.
atividade física, agressões climáticas etc. Dessa
forma, parece evidente que o estado de ser sau- Para convencer o leitor de que o exercício físico é
dável não é algo estático. Pelo contrário, torna-se importante, o autor usa a estratégia de divulgar que
necessário adquiri-lo e construí-lo de forma indivi- A) a falta de exercício físico não emagrece e desen-
dualizada constantemente ao longo de toda a vida, volve doenças.
apontando para o fato de que saúde é educável e, B) se trata de uma forma de transformar a gordura
portanto, deve ser tratada não apenas com base em branca em marrom e de emagrecer.
referenciais de natureza biológica e higienista, mas C) a irisina é um hormônio que apenas é produzido
sobretudo em um contexto didático-pedagógico. com o exercício físico.
GUEDES, D. P. Motriz, n. 1, 1999. D) o exercício é uma forma de afinar a silhueta por
eliminar a gordura branca.
A educação para a saúde pressupõe a adoção de E) se produzem outros hormônios e há outros bene-
comportamentos com base na interação de fatores fícios com o exercício.
relacionados à
A) adesão a programas de lazer. Questão 07. (Enem 2019) No
B) opção por dietas balanceadas. Brasil, a disseminação de uma
C) constituição de hábitos saudáveis. expectativa de corpo com base
D) evasão de ambientes estressores. na estética da magreza é bastan-
E) realização de atividades físicas regulares te grande e apresenta uma enor-
me repercussão, especialmente,
Questão 06. (Enem 2019) Emagrecer sem exercício? se considerada do ponto de vista
Hormônio aumenta a es- da realização pessoal. Em pesquisa feita na cidade
perança de perder gordura de São Paulo, aparecem os percentuais de 90% entre
sem sair do sofá. A solução as mulheres pesquisadas que se dizem preocupadas
viria em cápsulas. O sonho com seu peso corporal, sendo que 95% se sentem
dos sedentários ganhou insatisfeitas com “seu próprio corpo”.
novo aliado. SILVA, A. M. Corpo, ciência e mercado: reflexões acerca da
Um estudo publicado na gestação de um novo arquétipo da felicidade. Campinas:
Autores Associados; Florianópolis: UFSC, 2001.

42
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A preocupação excessiva com o “peso” corporal pode Questão 09. (Enem PPL 2019) A mídia divulga à exaus-
provocar o desenvolvimento de distúrbios associados tão um padrão corporal determinado, padrão único,
diretamente à imagem do corpo, tais como branco, jovem, musculoso e, especialmente no caso
A) anorexia e bulimia. do corpo feminino, magro. Pesquisas apontam para o
B) ortorexia e vigorexia. fato de que esse padrão de beleza divulgado se aplica
C) ansiedade e depressão. apenas de 5 a 8% da população mundial. Especialmen-
D) sobrepeso e fobia social. te no Brasil, onde a diversidade é uma característica
E) sedentarismo e obesidade. marcante, a mídia no geral acaba por mostrar seu
desprezo pela riqueza de tipos, de raças, pela própria
Questão 08. (Enem PPL 2019) Slow Food mestiçagem, insistindo num padrão único de beleza
A favor da alimentação com prazer e da responsabi- tanto para mulheres quanto para homens.
MALDONADO, G. A educação física e o adolescente: a imagem
lidade socioambiental, o slow food é um movimento corporal e a estética da transformação na mídia impressa.
que vai contra o ritmo acelerado de vida da maioria Revista Mackenzie de Educação Física e Esportes, n. 1, 2006
das pessoas hoje: o ritmo fast-food, que valoriza a (adaptado).
rapidez e não a qualidade. Traduzido na alimentação,
o fast-food está nos produtos artificiais, que, apesar Em relação aos aspectos do padrão corporal dos bra-
de práticos, são péssimos à saúde: muito processados sileiros, compreende-se que esta população
e muito distantes da sua natureza — como os lanches A) é caracterizada pela sua rica diversidade.
cheios de gorduras, os salgadinhos e biscoitos con- B) possui, em sua maioria, mulheres obesas.
vencionais etc. C) está devidamente representada na grande mídia.
Agora, vamos deixar de lado o fast e entender melhor D) tem padrão de beleza idêntico aos demais países.
o slow food. Segundo esse movimento, o alimento E) é composta, na maioria, por pessoas brancas e
deve ser: magras.
• bom: tão gostoso que merece ser saboreado com
calma, fazendo de cada refeição uma pausa especial Questão 10 (Enem 2018) Tanto os Jogos Olímpicos
do dia; quanto os Paralímpicos são mais que uma corrida por
• limpo: bom à saúde do consumidor e dos produto- recordes, medalhas e busca da excelência. Por trás
res, sem prejudicar o meio ambiente nem os ani- deles está a filosofia do barão Pierre de Coubertin,
mais; fundador do Movimento Olímpico. Como educador,
• justo: produzido com transparência e honestidade ele viu nos Jogos a oportunidade para que os povos
social e, de preferência, de produtores locais. desenvolvessem valores, que poderiam ser aplicados
não somente ao esporte, mas à educação e à socieda-
de. Existem atualmente sete valores associados aos
Deu pra ver que o slow food traz muita coisa interes-
Jogos. Os valores olímpicos são: a amizade, a excelên-
sante para o nosso dia a dia. Ele resgata valores tão
cia e o respeito, enquanto os valores paralímpicos são:
importantes, mas que muitas vezes passam desper-
a determinação, a coragem, a igualdade e a inspiração.
cebidos. Não é à toa que ele já está contagiando o MIRAGAYA, A. Valores para toda a vida.Disponível em: www.
mundo todo, inclusive o nosso país. esporteessencial.com.br.Acesso em: 9 ago. 2017 (adaptado).
Disponível em: www.maeterra.com.br. Acesso em: 5
ago. 2017. No contexto das aulas de Educação Física escolar, os
Algumas palavras funcionam como marcadores tex- valores olímpicos e paralímpicos podem ser identifi-
tuais, atuando na organização dos textos e fazendo cados quando o colega
os progredir. No segundo parágrafo desse texto, o A) a procura entender o próximo, assumindo atitu-
marcador “agora” des positivas como simpatia, empatia, honestida-
A) define o momento em que se realiza o fato descrito de, compaixão, confiança e solidariedade, o que
na frase. caracteriza o valor da igualdade.
B) sinaliza a mudança de foco no tema que se vinha B) faz com que todos possam ser iguais e receber o
discutindo. mesmo tratamento, assegurando imparcialidade,
C) promove uma comparação que se dá entre dois oportunidades e tratamentos iguais para todos, o
elementos do texto. que caracteriza o valor da amizade.
D) indica uma oposição que se verifica entre o trecho C) dá o melhor de si na vivência das diversas ativida-
anterior e o seguinte. des relacionadas ao esporte ou aos jogos, partici-
E) delimita o resultado de uma ação que foi apresen- pando e progredindo de acordo com seus objeti-
tada no trecho anterior. vos, o que caracteriza o valor da coragem.
D) ο manifesta a habilidade de enfrentar a dor, o so-
frimento, o medo, a incerteza e a intimidação nas

43
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
atividades, agindo corretamente contra a vergo- https://www.goias.gov.br/conheca-goias/cultura.
nha, a desonra e o desânimo, o que caracteriza o html
valor da determinação.
https://sme.goiania.go.gov.br/conexaoescola
E) inclui em suas ações o fair play (jogo limpo), a ho-
nestidade, o sentimento positivo de consideração https://daqui.opopular.com.br/editorias/geral/dia-
por outra pessoa, o conhecimento dos seus limites, -do-%C3%ADndio-conhe%C3%A7a-10-esportes-tra-
a valorização de sua própria saúde e o combate ao dicionalmente-ind%C3%ADgenas-1.1071946
doping, o que caracteriza o valor do respeito. https://sports.fanato.com.br/blog/cabo-de-guerra/
https://memoria.ebc.com.br/esportes/2015/10/co-
nheca-modalidades-esportivas-dos-jogos-mundiais-
-indigenas
https://jus.com.br/artigos/61621/etica-no-esporte-
-uma-poderosa-ferramenta-de-formacao-de-carater
https://www.boavontade.com/pt/esporte/promover-
-paz-no-esporte-e-exercer-cidadania

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRACHT, V. Sociologia crítica do esporte: uma intro-
dução. Vitória: UFES, Centro de Educação Física e
Desportos, 1997.
BROGAN D.R. Rehabilitation services needs: Phy-
sicians’s perceptiions and referrals. Arch Phys Med
Rehabil. 1981; 62 : 215.
CASPERSEN, C.J.; POWELL, K.E.; CHRISTENSON, G.M.
Physical activity, exercise, and physical fitness: defi-
nitions and distinctions for health-related research.
Public Health Rep. 1985, 100: 126-31
DA MATTA, Roberto et. al. O universo do Futebol: es-
porte e sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Pinako-
theke,1982.
DAOLIO, J. Da cultura do corpo. Campinas, SP: Papi-
rus, 2005.
DETREZ, C. La construction solicale du corps. Paris:
Èditions du Senil, 2002.
MARQUES, R. F. R.; GUTIERREZ, G. L.; ALMEIDA, M.
A. B. de. Esporte na empresa: a complexidade da in-
tegração interpessoal. Revista Brasileira de Educação
Física e Esporte, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 27-36, jan/
mar, 2006.

IMAGENS sem direitos autorais extraídas de:


https://pixabay.com/
https://br.freepik.com/

REFERÊNCIAS DE SITES
https://impulsiona.org.br/cultura-esporte-transfor-
macao/

44
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR: c) Para vocês, o que é “conhecimento prévio”?
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – INGLÊS

CLASS 01 - ENGLISH

Caro professor/a, iniciar a nossa aula de INGLÊS,


com um momento de IMERSÃO, será trabalhado
nessa unidade ideias sobre a verificação e percep-
ção dos conhecimentos prévios relacionados a lín-
gua inglesa, de modo a compreendê-la e aprendê-
-la. Será explorado todo o contexto sobre assunto d) Quais conhecimentos prévios foram necessários
e posteriormente os exercícios. para vocês conseguirem ler o texto?

CONCEITO: INGLÊS EM TODA PARTE

Dear student, você já deve ter estudado inglês


nas séries anteriores. Certamente, você costuma ter
contato com palavras dessa língua em diversas situa-
ções de seu dia a dia. Esse será o objetivo da aula de
hoje. Let’s start!!!

SUGESTÃO DE ATIVIDADE
2- Observe o texto abaixo, vamos ler e responder as
1- Leiam este texto e façam o que se pede. questões.

a) O que está escrito no texto? O que vocês fizeram


para conseguir ler?

b) Na opinião de vocês, por que conseguimos ler o


texto apesar de ele não estar escrito com as letras
na ordem correta?
a) Que tipo de texto é esse? Que finalidade ele tem?
A quem é dirigido?

45
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
b) Que informações vocês conseguem identificar no 4. Em cada item abaixo há uma palavra intrusa. Vocês
texto? conseguem identificar qual é?

c) Vocês sabem em que língua esse texto está escrito?


Se não souberem, levantem algumas hipóteses.

5. Leiam o título e o subtítulo de uma notícia. Em


seguida, respondam às perguntas.

3- Neste caça-palavras há dez palavras em inglês que


você certamente já usou alguma vez. Encontre as pa-
lavras e escreva no espaço indicado.

5.1. A notícia se refere a quem?

5.2. Qual era a profissão e a idade dessa pessoa?

5.3. O que aconteceu?

5.4. Anos atrás, essa pessoa foi diagnosticada com uma


doença. Quando isso ocorreu? Qual era a doença?

46
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 02 - ENGLISH • Quando usar o Simple Present?

Caro professor/a, iniciar a nossa aula de INGLÊS, Emprega-se o SIMPLE PRESENT em situações rela-
com um momento de IMERSÃO, será trabalhado cionadas com o dia a dia: para descrever verdades e/
nessa aula a 1ª parte do conteúdo sobre o tempo ou fatos, para especificar as características físicas ou
verbal Simple Present. os estados emocionais, para contar histórias e acon-
tecimentos, para quantificar a frequência com que
CONCEITO: SIMPLE PRESENT fazemos algo, para descrever nossa rotina e nossos
hábitos etc. Percebemos que o emprego do Simple
Estudante, como sugestão para a nossa segunda Present é amplo.
aula, faremos a introdução ao tempo verbal SIMPLE
PRESENT. Let’s go!!! EXEMPLO(S):
ü Fato, verdade: The Earth turns around the sun.
• O tempo verbal Simple Present (A terra gira em torno do sol.)
ü Aspecto físico: They aren’t very tall. (Eles não
Quando falamos do nosso dia a dia, devemos fazer são muito altos.)
uso do tempo verbal SIMPLE PRESENT, que correspon-
de ao presente do indicativo da língua portuguesa. ü Estado emocional: Chris seems happy today.
Porém, a conjugação dos verbos no presente simples (Chris parece feliz hoje.)
em inglês é um pouco diferente do que acontece na ü Frequência, rotina, hábito: We don’t go to ci-
nossa língua materna, pois eles não são conjugados nema very often. (Nós não vamos ao cinema
em todas as pessoas. com muita frequência.)

· Observação: Há no Simple Present, apenas dois verbos irregulares, o verbo to be (ser/estar) e o verbo
to have (ter). Veja a sua conjugação a seguir:

I am I have
You are You have
He is He has
She is She has
to be (ser, estar) to have (ter)
It is It has
We are We have
You are You have
They are They have

PRINCIPAIS REGRAS DO SIMPLE PRESENT

Para compreender o Simple Present, devemos ter em mente algumas regras estruturais e ortográficas.
Veja quais são essas regras:
1- APENAS na forma afirmativa, para a conjugação para os pronomes/sujeitos (he, she, it), por tratar-se
da conhecida 3ª pessoa do singular, o verbo sofrerá modificação em sua escrita (acrescentando-se os sufixos
-s/-es/-ies). Para a conjugação com os pronomes/sujeitos (I, you, we, they), o verbo não sofrerá nenhuma
modificação. Veja os exemplos:

I sleep I play
You sleep You play
He sleeps He plays
She sleeps to play (jogar, brin- She plays
to sleep (dormir)
It sleeps car, tocar) It plays
We sleep We play
You sleep You play
They sleep They play

47
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
2- Verbo auxiliar do/does: O verbo auxiliar do/does é utilizado para indicar um aspecto da oração. No
Simple Present, ele é utilizado apenas em frases/conjugações negativas e interrogativa.

I do not sleep I don’t sleep Do I sleep?


You do not sleep You don’t sleep Do you sleep?
He does not sleep He doesn’t sleep Does he sleep?
She does not sleep She doesn’t sleep Does she sleep?
to sleep (dormir)
It does not sleep It doesn’t sleep Does it sleep?
We do not sleep We don’t sleep Do we sleep?
You do not sleep You don’t sleep Do you sleep?
They do not sleep They don’t sleep Do they sleep?

I do not play I don’t play Do I play?


You do not play You don’t play Do you play?
He does not play He doesn’t play Does he play?
to play (jogar, She does not play She doesn’t play Does she play?
brincar, tocar) It does not play It doesn’t play Does it play?
We do not play We don’t play Do we play?
You do not play You don’t play Do you play?
They do not play They don’t play Do they play?

EXEMPLO(S): BOY: Wooow...how fantastic! Are you a teacher?


She doesn’t live here. (Ela não mora aqui.) GIRL: Yes, I am.
Does she live here? (Ela mora aqui?) BOY: Cool! Thank you teacher Zayla for your help.
GIRL: My pleasure.
Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/
ingles/simple-present.htm
a) (___) Zayla is a new student.
b) (___) Ramon studies Spanish.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE c) (___) Romilda is a German teacher.
d) (___) Romilda is in room 16.
1- Como proposta para atividade, leiam o diálogo abai- e) (___) Ramon is surprised that Zayla is a teacher.
xo. Em seguida, respondam o exercício que se segue, f) (___) Ramon isn’t a new student and he isn’t lost
assinalando T (true) ou F (false). at school.

2. Now it’s your turn! In pairs practice this dialogue.


BOY: Hi, excuse me!
GIRL: Uuuh...Hello! 3. Complete each sentence with the Simple Present
BOY: Hi! my name is of the verb to be.
Ramon. I’m a new a) Zayla and Ramon ________________ young
student and I’m a little people.
lost. What is your b) ________________ the boy a new student?
name? c) Romilda ________________ (to be – neg.) a
GIRL: My name is Zayla. German teacher.
So, Ramon, how can I d) Ramon ________________ a student.
help you? e) I _____ teacher Zayla.
BOY: Do you know f) Romilda and Ramon _____ relatives.
where teacher
Romilda’s room is?
GIRL: Ah! She is in room 16. Do you study Spanish
Ramon?
BOY: Oh yeah! What about you?
GIRL: Well, I’m not a student. I am teaching German
classes for beginners students this semester.

48
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 03 - ENGLISH I mix I go
You mix You go
Caro professor/a, iniciar a nossa aula de INGLÊS,
com um momento de IMERSÃO, será trabalhado He mixes He goes
nessa aula a complementação (2ª parte) ao con- to mix She mixes to go She goes
teúdo sobre o tempo verbal Simple Present, que (misturar) It mixes (ir) It goes
trata das regras de aplicação do sufixo -s/-es/-ies.
We mix We go
CONCEITO: THE -S/-ES/-IES SUFFIX SPEELING RULES You mix You go
They mix They go
Estudante, como sugestão para a nossa segunda
aula, daremos continuidade ao Simple Present, agora 3. Para verbos terminados em “consoante + y”:
apresentando as regras de aplicação do sufixo -s/-es/- retira-se o “y” e, depois, acrescenta-se o sufixo/ter-
-ies ao verbo principal. Após a explicação do/a profes- minação “-ies”.
sor/a, realizaremos as atividades para consolidação
do que aprendemos. Let’s go!!! I study I worry
You study You worry
As regras ortográficas aplicam-se exclusivamente He studies He worries
à terceira pessoa do singular (he, she, it), e apenas to study She studies to worry She worries
à forma afirmativa. Para as outras pessoas, o verbo (estudar) It studies (preocupar) It worries
não se flexiona. We study We worry
You study You worry
1- Regra geral: para a maioria dos verbos, apenas
They study They worry
acrescenta-se o sufixo/terminação “-s”. Exemplos:
4. Exceção: Para verbos terminados em “vogal +
I dance I talk y”, APENAS acrescenta-se o sufixo/terminação “-s”.
You dance You play
He dance He talks I buy I play
to dance She dance to talk She talks
You buy You play
(dançar) It dance (conversar) It talks
We dance We talk He buys He plays
to play
You dance You talk to buy She buys (jogar, She plays
They dance They talk (comprar) It buys brincar, It plays
tocar)
We buy We play
2- Para verbos terminados em “ss, sh, ch, z, x, o”:
You buy You play
acrescenta-se o sufixo/terminação “-es”. Exemplos:
They buy They play
I miss I watch
You miss You watch
He misses He watches
to miss She misses to watch She watches
(faltar) It misses (assistir) It watches
We miss We watch
You miss You watch
They miss They watch

I finish I buzz
You finish You buzz
He finishes He buzzes
to finish She finishes to buzz She buzzes
(terminar) It finishes (zumbir) It buzzes
We finish We buzz
You finish You buzz
They finish They buzz

49
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
SUGESTÃO DE ATIVIDADE

1- Reescreva os verbos da tabela abaixo acrescentando os sufixos -s/-es/ies, da maneira correta. Depois,
traduza cada um deles.

Infinitive Verb + suffix -s/-es/-ies Translation

a) to do

b) to reply

c) to snow

d) to lay

e) to watch

f) to hurry

g) to destroy

h) to buzz

i) to mix

j) to understand

k) to approach

l) to slash

m) to blow

n) to win

50
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 04 - ENGLISH

Caro professor/a, iniciar a nossa aula de INGLÊS, com um momento de IMERSÃO, será trabalhado nessa
aula a finalização (3ª parte) do conteúdo sobre o Simple Present, que trata da aplicação da estrutura deste
tempo verbal.

CONCEITO: SIMPLE PRESENT

Estudante, como sugestão para a nossa segunda aula, finalizaremos o SIMPLE PRESENT. Após a explicação
do/a professor/a, realizaremos as atividades para consolidação do que aprendemos. Let’s go!!!

• Formação estrutural: para a forma afirmativa, tem-se o verbo no infinitivo sem “to”. Todavia, apenas
na 3ª pessoa do singular, acrescenta-se -s/-es/-ies ao verbo principal. Nas formas negativas e interrogativa,
utiliza-se o verbo auxiliar do/does.

Afirmativa Negativas Interrogativa


I walk to the park every day. I do not (don’t) walk to the park Do I walk to the park every day?
every day.

He walks to the park every day. He does not (doesn’t) walk to Does he walk to the park every
the park every day. day?

They walk to the park every day. They do not (don’t) walk to the Do they walk to the park every
park every day. day?

I watch the news on TV. (Eu assisto ao noticiário na TV.)


Diego sleeps only for six hours. (Diego dorme apenas por seis horas.)
She doesn’t do the homework. (Ela não faz as tarefas de casa.)
Marco and Lucas don’t drive carefully. (Marco e Lucas não dirigem com cuidado.)
Do you wake up early every day? (Você acorda cedo todos os dias?)
Does she work here? (Ela trabalha aqui?)

Afirmativa Negativas Interrogativa


I read a book. do not (don’t) read a book. Do I read a book?
You read a book. do not (don’t) read a book. Do you read a book?
SINGULAR

He reads a book. does not (doesn’t) read a book. Does he read a book?
She reads a book. does not (doesn’t) read a book. Does she read a book?
It reads a book. does not (doesn’t) read a book. Does it read a book?
We read a book. do not (don’t) read a book. Do we read a book?
PLURAL

You read a book. do not (don’t) read a book. Do you read a book?
They read a book. do not (don’t) read a book. Do they read a book?

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

1- Rewrite each sentence so that the italic verb is a negative contraction.

1.1. Peter likes chocolate cake.


1.2. The sun sets in the east.
1.3. I get up early on Saturday.
1.4. We live in a big city.
1.5. They send the homework by e-mail.

51
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
b) When does she go to school?

c) Does Jane have everything she wants?

2- Read the text and answer the questions below.


3- Write (T) true or (F) false.
A dedicated teenager a) (___) Jane doesn’t help her mother in the after-
noon.
Jane is a very intelligent teenager. She is fifteen years b) (___) Jane studies English at a university.
old and has two brothers. She goes to school in the c) (___) She doesn’t like meat.
morning and helps her parents in the afternoon. In d) (___) Her brothers love to study.
the evening, she studies English at a school. She loves e) (___) Jane wants to be a doctor.
ice cream and barbecue; she eats an ice cream every
day and, on the weekend, she eats barbecue. Her bro- Disponível em: https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/
thers don’t like to study but they help their parents exercicios-ingles/exercicios-sobre-simple-present.htm
too. They want to open a small restaurant because
they like to work with food. Jane likes science and
she wants to be a doctor. Her father tells her that it is
necessary to study a lot to be a doctor. Jane tells her
father: “Yes, you are correct. This is my dream and I
know it is possible because I am dedicated.”
Jane’s family has problems but they believe there are
solutions and they never give up. Jane doesn’t have
everything she wants but she works hard.
https://www.englishexperts.com.br/forum/exercicio-texto-em-
ingles-com-o-presente-simple-s-present-t17593.html

a) How old is Jane?

52
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 05 - ENGLISH 2- Read the text and answer the questions.

Caro professor/a, iniciar a nossa aula de INGLÊS,


com um momento de IMERSÃO, será trabalhado
nessa aula a finalização (3ª parte) do conteúdo
sobre o Simple Present, que trata da aplicação da
estrutura deste tempo verbal.

CONCEITO: QUESTION WORDS

Ainda dando continuidade ao conteúdo sobre o


present tense, trataremos aqui das Question Words,
que são termos bastante utilizados para perguntas
em inglês.
Question words (também conhecidas como In-
terrogative Pronouns) são pronomes interrogativos
utilizados para fazer perguntas, na qual você obtém
respostas mais específicas em inglês. Elas costumam
ser colocadas antes de verbos auxiliares ou modais.
Nós costumamos nos referir a elas também como WH
Question, pois a maioria das question words inicia
com “wh”. Veja o quadro abaixo.

2- Read the text and answer the questions.

a) Where is Florent Amodio from?

b) Where does Florent Amodio live?

c) When is his birthday?

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

1- Choose the correct option.


a) (When / Who) is that person? d) How old is he?
b) (Where / What) does she live? She lives in Caval-
cante
c) (Why / Which) rhythm do you prefer: K-pop or trap?
d) (Why / Which) teenagers participate in that rock
band? e) Where does he practice skating?
e) (Why / Which) month is your birthday? It’s in Sep-
tember.
f) (Why / Which) is your favorite food: chocolate cake
or vanilla cake?

53
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
3- Now, is your turn! Complete the chart below with your own information.

54
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 06 - ENGLISH Confira esta lista com os advérbios de frequência
indefinida.
Na aula de hoje, iremos falar uma pouco dos Ad- • always: sempre
verbs of Frequency, que são bastante comuns em • usually: geralmente
textos em inglês, pois indicam quantas vezes você • frequently: frequentemente
fez, faz ou fará alguma coisa. • often: frequentemente
• sometimes: às vezes
CONCEITO: ADVERBS OF FREQUENCY • rarely: raramente
• never: nunca
Os advérbios estão para os verbos como os adje-
tivos estão para os substantivos. Os adjetivos têm a
função de dar uma característica aos substantivos (ou
seja, o nome das coisas, pessoas, objetos, animais),
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
pode ser uma característica sobre beleza (bonito, feio,
lindo), sobre tamanho (grande, pequeno) e assim por
1- Rewrite the sentence and put the main adverb in
diante.
the correct place.
Os advérbios de frequência que, como o nome diz,
indicam o número de vezes que uma ação é realizada.
a) She goes to bed early (always).
Para compreender melhor seus significados e as regras
a serem utilizadas, vamos dividi-los em dois grupos: os
de frequência indefinida e os de frequência definida.

• Adverbs of definite frequency


b) We watch TV (never).
Estes advérbios geralmente costumam aparecer
no final da oração, mas em alguns momentos quando
queremos dar ênfase, podem ser utilizados no início
da frase.

Exemplos: c) Julie and Tom go to the cinema (often).


Sean writes daily. (Sean escreve diariamente.)
I go jogging on Saturdays. (Eu corro aos sábados.)

Veja alguns outros exemplos de advérbios com


frequência definida.
• once (a day): uma vez (por dia) d) Alex meets John (once a week).
• twice (a week): duas vezes (por semana)
• fortnightly: quinzenalmente
• every day: todos os dias
• every week: todas as semanas
• on weekdays: nos dias da semana e) I eat fast food (sometimes).
• on weekends: aos fins de semana

• Adverbs of indefinite frequency

Advérbios de frequência indefinida são aqueles


f) He studies English (every night).
que aparecerão antes do verbo principal da oração,
exceto se o verbo for o “to be”. Nesse caso, ele será
colocado logo após o verbo.

Exemplos:
Lucas usually meets his friends for brunch. (Lucas g) You drink coffee (normally).
geralmente encontra seus amigos para um brunch.)
Brad thinks he is always right! (Brad acha que está
sempre certo!)

55
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
2- Read the text about Bob’s routine and then answer atividades físicas, descansa, dorme etc. Lembre-se de
the questions about it. que será necessário o emprego do Simple Present. E
caso seja necessário, consulte os anexos que estão
nesta apostila. Have fun!!!

2.1 Which child is older?


a) not sure
b) same age
c) Melissa
d) Samuel

2.2 What time does Bob finish his work?


a) at 8:30 a.m.
b) on wednesdays
c) at lunch time
d) at 5:00 p.m.

2.3 What’s his occupation?


a) professor
b) engineer
c) lawyer
d) driver

2.4 How often does Bob take the kids to school?


a) twice a week
b) only on Wednesdays
c) every day
d) never

3- Now, it’s your turn! (Agora, é a sua vez!). Que tal


escrever sobre sua rotina em inglês? Fale dos horários
que você acorda, se alimenta, estuda/trabalha, faz

56
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 07 - ENGLISH

Na aula de hoje, iremos falar uma pouco dos Adverbs of Frequency, que são bastante comuns em textos
em inglês, pois indicam quantas vezes você fez, faz ou fará alguma coisa.

CONCEITO: PERFIL EM REDES SOCIAIS

Estudante, ainda dando continuidade com a temática sobre redes sociais, vamos iniciar esta aula com a
leitura de um texto. Para isso, procure utilizar seu conhecimento prévio, bem como as estratégias de leitura
para compreender o texto a seguir.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

1- Read the following text and replace the ??? with the appropriate words to complete the profile below.

First name: ???

Last name: ???

Age: ??? years old

City: Naperville

Country: ???
Quote: “Every one should have the right to ???, persist in their dream and see that become a ???”

57
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
,2- Relacione as figuras com as ações que estão des-
critas abaixo.

POSTING - TEXTING - TAKING SELFIES -


WATCHING VIDEO CLIPS

a)
b)
c)
d)

3- Now is your turn! Entreviste dois/uas colegas de


sala e, baseado no perfil de Trisha (Atividade anterior),
crie um perfil para eles/as. Utilize as perguntas abaixo
para lhe ajudar na coleta de dados.
· What’s your first name?
· What’s your last name?
· How old are you?
· Where are from?
· What’s your dream/passion?

58
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 08 - ENGLISH She is not (She isn’t) watching TV. (Ela não está
assistindo TV.)
Na aula de hoje, iremos falar uma pouco dos Ad- They are not (They aren’t) watching TV. (Eles/Elas
verbs of Frequency, que são bastante comuns em não estão assistindo TV.)
textos em inglês, pois indicam quantas vezes você
fez, faz ou fará alguma coisa. Ø Forma interrogativa
Am I watching TV? (Eu estou assistindo TV?)
CONCEITO: PRESENT CONTINUOUS Is she watching TV? (Ela está assistindo TV?)
Are they watching TV? (Eles/Elas estão assistindo
Hello student! Para a aula de hoje, vamos iniciar TV?)
com o estudo do Present Continuous, que é um tempo
verbal em que é utilizado para diversas situações do
cotidiano.

Present Continuous ou Present Progressive (em


português, presente contínuo ou progressivo) é um
tempo verbal usado para indicar ações que estão em
progresso no presente, no momento da fala.
Como as frases com o Present Continuous se re-
ferem sobre situações temporárias que estão acon-
tecendo, é comum observarmos a utilização de ad-
vérbios de tempo nas frases. Veja alguns advérbios
de tempo comumente utilizados:
• now (agora)
• at the moment (no momento)
• at present (no presente, atualmente)

EXEMPLO(S):
She is talking to her mom now. (Ela está falando
com a mãe dela agora.)
Are they studying at the moment? (Eles estão es-
tudando no momento?)

Na língua portuguesa, o Present Continuous Tense


(modo Indicativo do Presente Contínuo) corresponde
ao nosso gerúndio e às terminações “ando” (como
em andando), “endo” (como em fazendo) e “indo”
(como em sorrindo).

• Formação estrutural do Present Continuous:


presente do verb to be (am / is / are) + verbo prin-
cipal + -ing.

Observação: Utiliza-se o verb to be em sua forma


escrita do presente (am / is / are) como verbo auxiliar
deste tempo verbal.

Ø Formas afirmativas
I am (I’m) watching TV. (Eu estou assistindo TV.)
She is (She’s) watching TV. (Ela está assistindo TV.)
They are (They’re) watching TV. (Eles/Elas estão
assistindo TV.)

Ø Formas negativas
I am not (I’m not) watching TV. (Eu não estou
assistindo TV.)

59
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 09 - ENGLISH • Exceções
Não há alterações ortográficas em outros casos,
Na aula de hoje, iremos falar uma pouco do tempo como:
verbal Present Continuous, que é bastante conheci- Ø verbos dissílabos, terminados em consoante +
do no inglês, pois indica continuidade em relação às vogal + consoante (regra do C.V.C.), cuja vogal
ações do presente, e que acontecem no momento não seja tônica.
da fala.
to open – opening to travel – traveling
CONCEITO: THE -ING SUFFIX SPEELING RULES
verbos terminados em “i” / “w” / “x” / “y”, ou
Ø
Estudante, como sugestão para a nossa segunda já terminados em “ing”.
aula, daremos continuidade ao Present Continuous,
agora apresentando as regras de aplicação do sufixo to ski – skiing to say – saying to mix – mixing
“-ing” ao verbo principal. Após a explicação do/a pro- to show – showing to sing – singing
fessor/a, realizaremos as atividades para consolidação
do que aprendemos. Let’s go!!! SUGESTÃO DE ATIVIDADE

O sufixo –ing (“-ndo” em português) pode ser 1- Reescreva os verbos abaixo acrescentando o sufi-
acrescentada à maioria dos verbos da gramática da xo “–ing”.
língua inglesa (regra geral). Sempre quando é em- a) to visit - __________________________________
pregado, este sufixo transforma o verbo principal de
frases/orações, da sua forma original do infinitivo b) to rain - __________________________________
(usando “to”) para a forma do gerúndio (sem “to”).
c) to shine - _________________________________
to work – working to start – starting

Entretanto, para alguns verbos, devemos obser- d) to dance - ________________________________


var algumas normas ortográficas diferenciadas para a
aplicação do sufixo “–ing” (regras especiais). e) to free - _ ________________________________
Para verbos terminados em:
f) to tie - ___________________________________
“e”: retire o “e” e acrescente –ing.
ü
to use – using to write – writing g) to destroy - _______________________________

“ee”: apenas acrescente –ing.


ü h) to worry - ________________________________
to agree – agreeing to see – seeing
i) to relax - _ ________________________________
“ie”: retire o “ie” e acrescente “y” + -ing.
ü
to die – dying to lie – lying k) to blow - _________________________________

“ic”: acrescente “k” + -ing.


ü l) to permit - ________________________________
to panic – panicking to traffic – trafficking
m) to worship - ______________________________
ü (verbos monossílabos) terminados em conso-
ante + vogal + consoante (regra do C.V.C), repita
n) to trek - _ ________________________________
a consoante final e acrescente –ing.
to set – setting to cut – cutting
o) to commit - _ _____________________________
ü (verbos dissílabos) terminados em consoante
+ vogal tônica + consoante (regra do C.V.C.), p) to mimic - ________________________________
repita a consoante final e acrescente –ing.
to admit – admitting to begin – beginning q) to forget - ________________________________
to control – controlling to prefer – preferring
r) to bring - _________________________________

60
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 10 - ENGLISH

Na aula de hoje, iremos falar uma pouco do tempo verbal Present Continuous, que é bastante conhecido
no inglês, pois indica continuidade em relação às ações do presente, e que acontecem no momento da fala.

CONCEITO: THE -ING SUFFIX SPEELING RULES

Hello student! Para a aula de hoje, vamos iniciar com o estudo do Present Continuous, que é um tempo
verbal em que é utilizado para diversas situações do cotidiano.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

1- (Enem/2015)

RIDGWAY, L. Disponível em: http://fborfw.com. Acesso em: 23 fev. 2012.

Na tirinha da série For better or for worse, a comunicação entre as personagens fica comprometida em um
determinado momento porque
(A) as duas amigas divergem de opinião sobre futebol.
(B) uma das amigas desconsidera as preferências da outra.
(C) uma das amigas ignora que o outono é temporada de futebol.
(D) uma das amigas desconhece a razão pela qual a outra a maltrata.
(E) as duas amigas atribuem sentidos diferentes à palavra season.

2- Match the definition with the correct picture.

A.


B.

61
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
C.


D.


E.

(___) They’re using their smartphones.


(___) He’s using a computer at school.
(___) They’re watching the news on TV.
(___) He’s listening to a podcast.
(___) She’s reading the newspaper.

3. Circule nas alternativas abaixo os trechos das canções que estão no Present Continuous Tense:

62
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
4. Coloque o verbo entre parênteses no Present Continuous. Se necessário consulte o conteúdo explicativo
da sua apostila quanto as regras e a ortografia das palavras.

a) The children ____________________ (to play) in the garden.

b) She ____________________ (to drive) fast today.

c) They ____________________ (to talk – neg.) each other today.

d) Be quiet please! The baby ____________________ (to sleep).

e) At the moment my wife ____________________ (to feed) the dogs and I ____________________ (to water)
the plants.

f) Why ____________________ you ____________________ (to read) the letter again? Because I
____________________ (to check) for spelling mistakes.

g) The sky ____________________ (to get) dark. You’d better take an umbrela.

h) John ____________________ (to study – neg.) at the momet. He ____________________ (to read) a comic
book.

i) Where is Carla? She ____________________ (to sit) in the living room. What ____________________ she
____________________ (to do)? She ____________________ (to watch) television.

j) What a nice dress you ____________________ (wear) today.

63
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ANEXO 01 - LIST OF IRREGULAR VERBS

BASE FORM PAST SIMPLE PAST PARTICIPLE TRANSLATION


to be was, were been estar; ser
bater; derrotar, vencer;
to beat beat beaten
superar
to become became become tornar-se
to begin began begun começar
to bet bet bet apostar
to blow blew blown soprar
to break broke broken quebrar
to bring brought brought trazer
to build built built construir
to buy bought bought comprar
to catch caught caught capturar, pegar
to choose chose chosen escolher
to come came come vir
to cut cut cut cortar
to deal dealt dealt lidar; negociar, tratar
to do did done fazer
atrair, chamar (a
to draw drew drawn
atenção); desenhar
to dream dreamed/dreamt dreamed/dreamt sonhar
to drink drank drunk beber
to drive drove driven dirigir
to eat ate eaten comer
to fall fell fallen cair
to feel felt felt sentir
to fight fought fought brigar; lutar
to find found found encontrar
to fit fit fit ajustar; caber, servir
to flee fled fled escapar, fugir; evitar
to forget forgot forgotten esquecer
adquirir; conseguir,
to get got got/gotten
obter; receber
to give gave given dar
to go went gone ir
to grow grew grown crescer; cultivar
to have had had ter
to hear heard heard ouvir
to hide hid hidden esconder, ocultar
to hold held held abraçar; segurar
to keep kept kept manter
to know knew known conhecer; saber
to lay laid laid colocar, pôr; deitar
to lead led led comandar, conduzir; levar

64
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
to learn learned/learnt learned/learnt aprender
abandonar, deixar; partir,
to leave left left
sair
to let let let deixar, permitir
to lose lost lost perder
to make made made fazer
to mean meant meant significar
to meet met met conhecer; encontrar
entender mal, interpretar
to misunderstand misunderstood misunderstood
mal
to overcome overcame overcome superar
to pay paid paid pagar
to put put put colocar, pôr
to read read read ler
to rise rose risen erguer, levantar
to run ran run correr
to say said said dizer
to see saw seen ver
to seek sought sought buscar; objetivar
to send sent sent enviar
ajustar, marcar, pôr em
to set set set
determinada
to shake shook shaken sacudir
to shine shone shone brilhar, reluzir
to show showed showed/shown apresentar, mostrar
to sing sang sung cantar
to sit sat sat sentar
to sleep slept slept dormir
to speak spoke spoken falar
gastar (dinheiro); passar
to spend spent spent
(tempo)
to spread spread spread espalhar
to stand stood stood ficar em pé; suportar
to steal stole stolen roubar
to strive strove striven esforçar-se, lutar
to swim swam swum nadar
to take took taken pegar
to teach taught taught ensinar
to tell told told contar, relatar
to think thought thought achar, pensar
to throw threw thrown arremessar, jogar
to understand understood understood compreender, entender
usar (roupa, calçado,
to wear wore worn
acessório), vestir

65
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ANEXO 02 - SIMPLES PRESENT

66
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ANEXO 03 - DAILY ROUTINES IN ENGLISH

67
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR: Texto II
LÍNGUA PORTUGUESA
No livro “Os perigos da internet”, o autor Giovanni
HABILIDADE Godoy escreve uma fábula infantil, onde um peixinho
(EM13LGG101) Compreender e analisar processos conhece um gato, via internet. O gato, que se passava
de produção e circulação de discursos, nas diferen- em seu perfil com uma foto de passarinho, enganava
tes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas os outros animais para terem encontros presenciais,
em função de interesses pessoais e coletivos. e então devorava os animais enganados, porém na
narrativa o peixinho consegue se livrar do gato de
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM uma forma muito inteligente. A fábula estabelece uma
(GO-EMLGG101A) Identificar as várias tipologias complexa relação com o cenário atual das enganações
textuais e gêneros discursivos de circulação coti- que ocorrem na internet, tanto de crianças quanto
diana, analisando as diferentes linguagens para de adultos.
possibilitar a criticidade e promover a adequação Na atual era digital é notável o uso da internet
textual. para toda e qualquer informação que se deseja sa-
ber, tornando fácil o acesso de crianças e jovens a
OBJETOS DE CONHECIMENTO conteúdos proibidos, como pornografia, violência ou
Contexto de produção (época, objetivos, produtor/ conteúdos sensíveis. Tamanha exposição, mediante
receptor), circulação e recepção de textos. a pesquisa na rede, pode colocar esses adolescentes
Gênero do discurso. em grandes riscos.
Relação entre os símbolos representados. A grande rede de aplicativos e sites criados nos
últimos anos proporcionou uma liberdade para seus
Texto I internautas, que compartilham, de forma desorde-
nada, sua vida pessoal e o que fazem em seus dias.
Kalunga Diante disso, seus usuários acabam fazendo uma
Alcileia Torres auto exposição, postando informações pessoais, que
acabam se tornando o foco de criminosos e pessoas
A comunidade Vão de Almas mal intencionadas, acarretando assim uma série de
se encontra no nordeste de Goiás, clonagens e possíveis chantagens, que ainda causam
são tantas coisas bonitas assédios, pedofilia e outras formas de danos morais.
que essa comunidade nos traz. Com tudo, conclui-se que seja necessária a ado-
Tem a cultura Kalunga ção de medidas de conscientização dos usuários da
que é muito tradicional, internet por meio de projetos e incentivos dos líderes
é lindo de se ver governamentais, para que os jovens aprendam, de for-
essa beleza cultural. ma segura, em suas instituições de ensino, a navegar
Tem as histórias Kalunga na rede. Tornando-a assim uma rede segura, confiável,
contadas de geração a geração, que propicia uma navegação somente benéfica.
é lindo de ouvir, Diógenes.
é uma inspiração!
A comunidade Vão de Almas Texto III
é cheia de aspectos naturais,
nela habita os quilombolas, Cara Sra. Mente,
que falam sobre seus ancestrais! Seus ancestrais so- Olá, sou eu mais uma vez! Hoje nos foi proposto
freram bastante, algo diferente, um projeto de leitura e produção de
no tempo da escravidão, texto, achei interessante, e, como você bem sabe, sou
até hoje sofremos, apaixonada por livros e amo inventar histórias român-
quando deparamos com discriminação. ticas. Eu li toda a proposta atentamente e achei bem
Os habitantes do Vão de Almas legal, é uma forma de incentivar os outros a lerem
fazem as suas plantações, mais. Mas, então surgiu o problema: o tema. “Como
eles fazem as suas roças, foi o seu segundo bimestre”, eles disseram. Tenho que
trabalham com as próprias mãos! admitir, não foi fácil. Na verdade, foi mais difícil do
Nesse breve poema, que eu gostaria de admitir. E eu não estou falando só
não dá pra contar toda a história, da escola. O famigerado segundo bimestre foi bem
os Quilombolas Kalunga estressante. As aulas permaneceram (permanecem)
têm uma grande trajetória! on-line, e, particularmente, não gosto nada desse
método de ensino. Sinto falta das aulas presenciais

68
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
com professores ali para ajudar quando preciso, sinto tudo tem um propósito e todas as coisas cooperam
falta de ter a experiência chata de acordar todos os para o bem daqueles que creem em Deus, e eu estou
dias cedo e ir para a escola, de ter aquelas famosas mais do que grata por tudo, porque sou ensinada dia-
“discussões” sobre justiça dentro da sala de aula, da riamente a lidar com o cotidiano (complicado) no qual
união da turma... De tudo. Nesse segundo bimestre, vivemos. Segure as pontas, Sra. Mente, ainda temos
passei um grande stress com algumas matérias, por- muito pelo o que passar lado a lado, e ninguém vai
que não consegui pegar o ritmo delas, nem enten- impedir o nosso sucesso!
der completamente, não por falta de dedicação (na Um beijão e um abraço açucarado, Anna Vitória,
verdade, a mim existe é falta de vivência). Eu sei que ou, Nana.
não sou a pessoa mais fácil de se lidar, mas também Anna Vitória.
preciso descansar desse tipo de coisa. Sou extrema-
mente perfeccionista, odeio atrasos, odeio meus re- Texto IV
pentinos ataques de ansiedade por conta de situações
que fogem do meu controle (emocional), admito: eu
sou uma pessoa chata às vezes, e sei que durante esse
segundo bimestre, todos os problemas que surgiram
me tornaram um pouco mais dura comigo mesma e
sem paciência, mas eu reconheço e tento melhorar,
por mim e por quem vive ao meu lado. O pior de
tudo, é que todas as coisas vão somando-se entre si
e o resultado, é uma terrível bola de neve instável.
Tenho que ser sincera com você, Sra. Mente, não
foi uma ou duas vezes em que quis jogar tudo para o Cauã, Thais, Werik e Ana Luiza
alto e me trancar no meu mundinho por dias, acho
que tentar ajudar os outros quando você se sente Sabem o que todos estes textos têm em comum? São
pressionada demais, é uma cilada. Parece que os pro- de estudantes do Goiás Tec!!!
blemas dobram de tamanho (suspiro). Mas! A vida não
é só coisas ruins, certo? Eu também tive momentos
de muita alegria, e que, parando para reparar, se so- Chegou a sua hora de escrever... Quais são as suas
brepõem a tudo ali em cima. Senti que minha fé au- expectativas para 2023?
mentou de tamanho, e tenho cultivado ela com muito
carinho, hoje eu sei, que tem alguém, muito maior que
eu, me guiando e auxiliando (principalmente nos mo-
mentos de stress, porque, foi Ele quem me ajudou a
manter a calma e a me valorizar mais). Eu amo passar
um tempo com a minha família, e felizmente tivemos
bons dias juntos, dias de alegria e muitas risadas. Sou
apaixonada por telenovelas! E no meu tempo livre,
aproveitei para assistir várias delas, fazendo críticas
internas sobre cada uma e comparando seus enredos
chamativos. Felizmente, agora no final do bimestre,
voltei a praticar um hobby muito amado: a dança!
Sei que não sou nenhuma profissional, nem nada do
tipo, mas soltar o som e praticar uma coreografia que
amo dos boygroups e girlgroups que acompanho, foi
muito revigorante. Sei que você me agradece até ago-
ra por ter voltado a praticar exercícios, Sra. Mente
(risadas).Mas, uma das minhas maiores alegrias, foi
voltar a escrever uma história que fiz no final do ano
passado. Ela estava precisando de umas reformas e
eu (finalmente!!!!!!!) tomei vergonha na cara e estou
a reescrevendo vagarosamente. Ainda no assunto, en-
contrei um grupo de amantes da leitura e escrita, são
todos bem maluquinhos, mas são ótimas pessoas e
estão me ajudando a evoluir pouco a pouco. Sou grata
por tudo o que aconteceu, do pior ao melhor, porque

69
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
O QUE É TIPOLOGIA TEXTUAL?

São as classificações recebidas por um texto de acordo com as regras gramaticais, dependendo de suas
características. São as classificações mais clássicas de um texto: A narração, a descrição e a dissertação. Hoje
já se admite também a exposição e a injunção.

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=rjKXuGu-fnc

NARRAÇÃO

Ao longo de nossa vida estamos sempre relatando algo que nos aconteceu ou aconteceu com outros,
pois nosso dia-a-dia é feito de acontecimentos que necessitamos contar/relatar. Seja na forma escrita ou na
oralidade, esta é a mais antiga das tipologias, vem desde os tempos das cavernas quando o homem registrava
seus momentos através dos desenhos nas paredes.

Regra gramatical para este tipo de texto (NARRAÇÃO):


Narrar é contar uma história que envolve personagens e acontecimentos. São apresentadas ações e per-
sonagens: O que aconteceu, com quem, como, onde e quando.
Segue a seguinte estrutura:

Personagens (com quem/ quem vive a história – reais ou imaginários)


NARRAÇÃO/NARRAR
Enredo (o que/ como – fatos reais ou imaginários)
(CONTAR)
Espaço (onde? /quando? )

Exemplo:

Minha vida de menina


Faço hoje quinze anos. Que aniversário triste! Vovó chamou-me cedo, ansiada como está, coitadinha e
disse: “Sei que você vai ser sempre feliz, minha filhinha, e que nunca se esquecerá de sua avozinha que lhe
quer tanto”. As lágrimas lhe correram pelo rosto abaixo e eu larguei dos braços dela e vim desengasgar-me
aqui no meu quarto, chorando escondida.
Como eu sofro de ver que mesmo na cama, penando com está, vovó não se esquece de mim e de meus
deveres e que eu não fui o que deveria ter sido para ela! Mas juro por tudo, aqui nesta hora, que eu serei um
anjo para ela e me dedicarei a esta avozinha tão boa e que me quer tanto.

70
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Vou agora entrar no quarto para vê-la e já sei o Subjetiva: aparecem, neste tipo de descrição, as
que ela vai dizer: “Já estudou suas lições? Então vá se opiniões, sensações e sentimentos de quem descre-
deitar, mas antes procure alguma coisa para comer. ve pressupondo que haja uma relação emocional de
Vá com Deus”. Helena Morley quem descreve com o que foi descrito.

DESCRIÇÃO Características do texto descritivo


• É um retrato verbal
A intenção deste tipo de texto é que o interlocutor • Ausência de ação e relação de anterioridade
possa criar em sua mente uma imagem do que está ou posterioridade entre as frases
sendo descrito. Podemos utilizar alguns recursos au- • As classes gramaticais mais utilizadas são: subs-
xiliares da descrição. São eles: tantivos, adjetivos e locuções adjetivas
• Como na narração há a utilização da enumera-
A-) A enumeração: ção e comparação
Pela enumeração podemos fazer um “retrato do • Presença de verbos de ligação
que está sendo descrito, pois dá uma ideia de ausência • Os verbos são flexionados no presente ou no
de ações dentro do texto. pretérito (passado)
• Emprego de orações coordenadas justapostas
B-) A comparação:
Quando não conseguimos encontrar palavras que A estrutura do texto descritivo
descrevam com exatidão o que percebemos, podemos
utilizar a comparação, pois este processo de compa- A descrição apresenta três passos básicos:
ração faz com que o leitor associe a imagem do que 1- Introdução: apresentação do que se pretende
estamos descrevendo, já que desperta referências no descrever.
leitor. Utilizamos comparações do tipo: o objeto tem 2- Desenvolvimento: caracterização subjetiva ou
a cor de ..., sua forma é como ..., tem um gosto que objetiva da descrição.
lembra ..., o cheiro parece com ..., etc. 3- Conclusão: finalização da apresentação e ca-
racterização de algo.
C-) Os cinco sentidos:
Percebemos que até mesmo utilizando a compara- Exemplo:
ção para poder descrever, estamos utilizando também Alguns dados sobre Rudy Steiner
“Ele era oito meses mais velho do que Liesel e
os cinco sentidos: Audição, Visão, Olfato, Paladar, Tato
tinha pernas ossudas, dentes afiado, olhos azuis es-
como auxílio para criação desta imagem, proporcio-
bugalhados e cabelos cor de limão. Como um dos seis
nando que o interlocutor visualize em sua mente o
filhos dos Steiner, estava sempre com fome. Na rua
objeto, o local ou a pessoa descrita.
Himmel, era considerado meio maluco ...”
Por exemplo: Se você fosse descrever um momen-
to de lazer com seus amigos numa praia. O que você
DISSERTAÇÃO
perceberia na praia utilizando a sua visão (a cor do mar
neste dia, a beleza das pessoas à sua volta, o colorido
Podemos dizer que dissertar é falar sobre algo,
das roupas dos banhistas) e a sua audição (os sons
sobre determinado assunto; é expor; é debater. Este
produzidos pelas pessoas ao redor, por você e pelos
tipo de texto apresenta a defesa de uma opinião, de
seus amigos, pelos ambulantes). Não somente estes
um ponto de vista, predomina a apresentação deta-
dois, você pode utilizar também os outros sentidos lhada de determinados temas e conhecimentos.
para caracterizar o objeto que você quer descrever. Para construção deste tipo de texto há a neces-
sidade de conhecimentos prévios do assunto/tema
Regra Gramatical para este tipo de texto (Des- tratado.
crição):
Descrever é apresentar as características princi- Regra gramatical para esse tipo de texto (Dis-
pais de um objeto, lugar ou alguém. sertação):
Dissertar é expor os conhecimentos que se tem
Pode ser: sobre um assunto ou defender um ponto de vista so-
Objetiva: Predomina a descrição real do objeto, bre um tema, por meio de argumentos.
lugar ou pessoa descrita. Neste tipo de descrição não
há a interferência da opinião de quem descreve, há
a tendência de se privilegiar o que é visto, em detri-
mento do sujeito que vê.

71
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Estrutura da dissertação
EXPOSITIVA ARGUMENTATIVA
Predomínio da exposição, explicação Predomínio do uso de argumentos, vi-
sando o convencimento, à adesão do
leitor.
Introdução Apresentação do assunto sobre o qual se Apresentação do assunto sobre o qual se
escreve (Apresentação da tese). escreve (apresentação da tese) e do pon-
to de vista assumido em relação a ele.
Desenvolvimento Exposição das informações e conheci- A fundamentação do ponto de vista e sua
mentos a respeito do assunto (é o mo- defesa com argumentos. (Defende-se a
mento da discussão da tese) tese proposta)
Conclusão Finalização do texto, com o encerramen- Retomada do ponto de vista para fechar
to do que foi dito o texto de modo mais persuasivo

Exemplo: inciso IV de nossa Carta Magna não admite que se-


jam objeto de deliberação de emenda à Constituição
Redução da maioridade penal, grande falácia os direitos e garantias individuais, pois se trata de
O advogado criminalista Dalio Zippin Filho explica cláusula pétrea.
por que é contrário à mudança na maioridade penal. A prevenção à criminalidade está diretamente
Diuturnamente o Brasil é abalado com a notícia associada à existência de políticas sociais básicas e
de que um crime bárbaro foi praticado por um adoles- não à repressão, pois não é a severidade da pena que
cente, penalmente irresponsável nos termos do que previne a criminalidade, mas sim a certeza de sua apli-
dispõe os artigos 27 do CP, 104 do ECA e 228 da CF. cação e sua capacidade de inclusão social.
A sociedade clama por maior segurança. Pede pela Dalio Zippin Filho é advogado criminalista. 10/06/2013
Texto publicado na edição impressa de 10 de junho de 2013
redução da maioridade penal, mas logo descobrirá
que a criminalidade continuará a existir, e haverá mais
EXPOSIÇÃO
discussão, para reduzir para 14 ou 12 anos. Analisando
a legislação de 57 países, constatou-se que apenas
Aqueles textos que nos levam a uma explicação
17% adotam idade menor de 18 anos como definição
sobre determinado assunto, informa e esclarece sem
legal de adulto. a emissão de qualquer opinião a respeito, é um texto
Se aceitarmos punir os adolescentes da mesma expositivo.
forma como fazemos com os adultos, estamos admi-
tindo que eles devem pagar pela ineficácia do Esta- Regras gramaticais para este tipo textual (Expo-
do, que não cumpriu a lei e não lhes deu a proteção sição):
constitucional que é seu direito. A prisão é hipócrita, Neste tipo de texto são apresentadas informações
afirmando que retira o indivíduo infrator da socieda- sobre assuntos e fatos específicos; expõe ideias; expli-
de com a intenção de ressocializá-lo, segregando-o, ca; avalia; reflete. Tudo isso sem que haja interferência
para depois reintegrá-lo. Com a redução da meno- do autor, sem que haja sua opinião a respeito. Faz uso
ridade penal, o nosso sistema penitenciário entrará de linguagem clara, objetiva e impessoal. A maioria
em colapso. dos verbos está no presente do indicativo.
Cerca de 85% dos menores em conflito com a lei Exemplos: Notícias Jornalísticas
praticam delitos contra o patrimônio ou por atuarem
no tráfico de drogas, e somente 15% estão internados INJUNÇÃO
por atentarem contra a vida. Afirmar que os adoles-
centes não são punidos ou responsabilizados é per- Os textos injuntivos estão presentes em nossa vida
mitir que a mentira, tantas vezes dita, transforme-se nas mais variadas situações, como por exemplo quan-
em verdade, pois não é o ECA que provoca a impu- do adquirimos um aparelho eletrônico e temos que
nidade, mas a falta de ação do Estado. Ao contrário verificar manual de instruções para o funcionamento,
do que muitos pensam, hoje em dia os adolescentes ou quando vamos fazer um bolo utilizando uma re-
infratores são punidos com muito mais rigor do que ceita, ou ainda quando lemos a bula de um remédio
os adultos. ou a receita médica que nos foi prescrita. Os textos
Apresentar propostas legislativas visando à injuntivos são aqueles textos que nos orientam, nos
redução da menoridade penal com a modificação ditam normas, nos instruem.
do disposto no artigo 228 da Constituição Federal Regras gramaticais para este tipo de texto (In-
constitui uma grande falácia, pois o artigo 60, § 4º, junção):

72
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Como são textos que expressão ordem, normas, Gêneros textuais pertencentes aos textos nar-
instruções tem como característica principal a utili- rativos:
zação de verbos no imperativo. Pode ser classificado • romances;
de duas formas: • contos;
• Instrucional: O texto apresenta apenas um con- • fábulas;
selho, uma indicação e não uma ordem. • novelas;
• Prescrição: O texto apresenta uma ordem, a • crônicas;
orientação dada no texto é uma imposição.
Gêneros textuais pertencentes aos textos des-
Exemplo: critivos:
BOLO DE CENOURA • diários;
Ingredientes • relatos de viagens;
Massa • folhetos turísticos;
3 unidades de cenoura picadas • cardápios de restaurantes;
3 unidades de ovo • classificados; ...
1 xícaras (chá) de óleo de soja
3 xícaras (chá) de farinha de trigo Gêneros textuais pertencentes aos textos expo-
2 xícaras (chá) de açúcar sitivos:
1 colheres (sopa) de fermento químico em pó • jornais;
Cobertura • enciclopédias;
1/2 xícara (chá) de leite • resumos escolares;
5 colheres (sopa) de achocolatado em pó • verbetes de dicionário; ...
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de Margarina Gêneros textuais pertencentes aos textos argu-
mentativos:
Como fazer • artigos de opinião;
Massa • abaixo-assinados;
Coloque os ingredientes no liquidificador, e acres- • manifestos;
cente aos poucos a farinha. Leve para assar em uma · sermões; ...
forma untada. Depois de assado cubra com a cober-
tura. Gêneros textuais pertencentes aos textos injun-
Cobertura tivos:
Misture todos os ingredientes e leve ao fogo e • receitas culinárias;
deixe ferver até engrossar. • manuais de instruções;
• bula de remédio; ...
ELEMENTOS TEXTUAIS E FUNÇÃO SOCIAL
Gêneros textuais pertencentes aos textos pres-
Quando usamos a língua, organizamos as frases critivos:
com o objetivo de produzir um texto que se comuni- • leis;
que com o interlocutor. A produção do texto é orga- • cláusulas contratuais;
nizada, por sua vez, com base numa tradição discur- • edital de concursos públicos; ...
siva que prevê determinadas sequências e elementos
textuais. Assim, reconhecemos uma entrevista, uma Gêneros textuais e gêneros literários
conversa em rede social, um contrato de aluguel ou
uma aula. Conforme o próprio nome indica, os gêneros tex-
Tipos e gêneros textuais são duas categorias di- tuais se referem a qualquer tipo de texto, enquanto
ferentes de classificação textual. os gêneros literários se referem apenas aos textos
Os tipos textuais são modelos abrangentes e fixos literários.
que definem e distinguem a estrutura e os aspectos Os gêneros literários são divisões feitas segundo
linguísticos de uma narração, descrição, dissertação características formais comuns em obras literárias,
e explicação. agrupando-as conforme critérios estruturais, con-
Os aspectos gerais dos tipos de texto concreti- textuais e semânticos, entre outros.
zam-se em situações cotidianas de comunicação nos
gêneros textuais, textos flexíveis e adaptáveis que Exemplos de gêneros literários:
apresentam uma intenção comunicativa bem defini- • Gênero lírico;
da e uma função social específica, adequando-se ao • Gênero épico ou narrativo;
uso que se faz deles. • Gênero dramático.

73
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

ATIVIDADES 1 damentos científicos deveriam, sim, provocar


reações muito estridentes. Carr mergulha em
1. Leia o texto a seguir para responder à próxima dezenas de estudos científicos sobre o funcio-
questão. namento do cérebro humano. Conclui que a inter-
net está provocando danos em partes do cérebro
Em 2008, Nicholas Carr assinou, na revista que constituem a base do que entendemos como
The Atlantic, o polêmico artigo “Estará o Google inteligência, além de nos tornar menos sensíveis
nos tornando estúpidos?” O texto ganhou a capa a sentimentos como compaixão e piedade.
da revista e, desde sua publicação, encontra-se O frenesi hipertextual da internet, com seus
entre os mais lidos de seu website. O autor nos múltiplos e incessantes estímulos, adestra nos-
brinda agora com The Shallows: What the inter- sa habilidade de tomar pequenas decisões. Sal-
net is doing with our brains, um livro instrutivo tamos textos e imagens, traçando um caminho
e provocativo, que dosa linguagem fluida com errático pelas páginas eletrônicas. No entanto,
a melhor tradição dos livros de disseminação esse ganho se dá à custa da perda da capacidade
científica. de alimentar nossa memória de longa duração
Novas tecnologias costumam provocar incer- e estabelecer raciocínios mais sofisticados. Carr
teza e medo. As reações mais estridentes nem menciona a dificuldade que muitos de nós, depois
sempre têm fundamentos científicos. Curiosa- de anos de exposição à internet, agora experi-
mente, no caso da internet, os verdadeiros fun- mentam diante de textos mais longos e elabora-

74
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
dos: as sensações de impaciência e de sonolência, trica nos últimos anos. A facilidade de crédito e
com base em estudos científicos sobre o impacto a isenção de impostos são alguns dos elementos
da internet no cérebro humano. Segundo o autor, que têm colaborado para a realização do sonho
quando navegamos na rede, “entramos em um de ter um carro. E os brasileiros desses municípios
ambiente que promove uma leitura apressada, passaram a utilizar seus carros até para percor-
rasa e distraída, e um aprendizado superficial.” rer curtas distâncias, mesmo perdendo tempo
A internet converteu-se em uma ferramenta em congestionamentos e apesar dos alertas das
poderosa para a transformação do nosso cérebro autoridades sobre os danos provocados ao meio
e, quanto mais a utilizamos, estimulados pela car- ambiente pelo aumento da frota.
ga gigantesca de informações, imersos no mundo Além disso, carro continua a ser sinônimo
virtual, mais nossas mentes são afetadas. E não de status para milhões de brasileiros de todas
se trata apenas de pequenas alterações, mas de as regiões. A sua necessidade vem muitas vezes
mudanças substanciais físicas e funcionais. Essa em segundo lugar. Há 35,3 milhões de veículos
dispersão da atenção vem à custa da capacidade em todo o país, um crescimento de 66% nos úl-
de concentração e de reflexão. timos nove anos. Não por acaso oito Estados já
(Thomaz Wood Jr. Carta capital, 27 de outubro registram mais mortes por acidentes no trânsito
de 2010, p. 72, com adaptações)
do que por homicídios.
(O Estado de S. Paulo, Notas e Informações, A3, 11 de
Em relação à estrutura textual, está correta a setembro de 2010, com adaptações)
afirmativa:
(A) Os quatro parágrafos do texto são indepen- Não por acaso oito Estados já registram mais
dentes, tendo em vista que cada um deles mortes por acidentes no trânsito do que por ho-
trata, isoladamente, de uma situação dife- micídios. A afirmativa final do texto surge como
rente sobre a internet. (A) constatação baseada no fato de que os brasi-
(B) O 1º parágrafo, especialmente, está isolado leiros desejam possuir um carro, mas perdem
dos demais, por conter uma informação, dis- muito tempo em congestionamentos.
pensável no contexto, a respeito das publica- (B) observação irônica quanto aos problemas de-
ções de um especialista. correntes do aumento na utilização de carros,
(C) Identifica-se uma incoerência no desenvolvi- com danos provocados ao meio ambiente.
mento do texto, comprometendo a afirmativa (C) comprovação de que a compra de um carro
de que as novas tecnologias provocam incerte- é sinônimo de status e, por isso, constitui o
za e medo, embora os sites sejam os mais lidos. maior sonho de consumo do brasileiro.
(D) No 3º parágrafo há comprometimento da cla- (D) hipótese de que a vida nas cidades menores
reza quanto aos reais prejuízos causados ao tem perdido qualidade, pois os brasileiros
funcionamento do cérebro pelo uso intensivo desses municípios passaram a utilizar seus
da internet. carros até para percorrer curtas distâncias.
(E) A sequência de parágrafos é feita com coe- (E) conclusão coerente com todo o desenvolvi-
rência, por haver progressão articulada do mento, a partir de um título que poderia ser:
assunto que vem sendo desenvolvido. Carro, problema que se agrava.

2. Leia o texto a seguir para responder à próxima 3. Leia o texto a seguir para responder à próxima
questão. questão.

Também nas cidades de porte médio, locali- CIDADE MARAVILHOSA?


zadas nas vizinhanças das regiões metropolitanas
do Sudeste e do Sul do país, as pessoas tendem Os camelôs são pais de famílias bem pobres,
cada vez mais a optar pelo carro para seus des- e, então, merecem nossa simpatia e nosso cari-
locamentos diários, como mostram dados do nho; logo eles se multiplicam por 1000. Aqui em
Departamento Nacional de Trânsito. Em conse- frente à minha casa, na Praça General Osório,
quência, congestionamentos, acidentes, poluição existe há muito tempo a feira hippie. Artistas e
e altos custos de manutenção da malha viária artesãos expõem ali aos domingos e vendem suas
passaram a fazer parte da lista dos principais pro- coisas. Uma feira um tanto organizada demais:
blemas desses municípios. sempre os mesmos artistas mostrando coisas
Cidades menores, com custo de vida menos quase sempre sem interesse. Sempre achei que
elevado que o das capitais, baixo índice de de- deveria haver um canto em que qualquer artis-
semprego e poder aquisitivo mais alto, tiveram ta pudesse vender um quadro; qualquer artista
suas frotas aumentadas em progressão geomé- ou mesmo qualquer pessoa, sem alvarás nem

75
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
licenças. Enfim, o fato é que a feira funcionava, grande, porque a estender a vista não podíamos ver
muita gente comprava coisas – tudo bem. Pois senão terra e arvoredos, parecendo-nos terra muito
de repente, de um lado e outro, na Rua Visconde longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja
de Pirajá, apareceram barracas atravancando as ouro nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem
calçadas, vendendo de tudo - roupas, louças, fru- de ferro; nem as vimos. Mas, a terra em si é muito
tas, miudezas, brinquedos, objetos usados, am- boa de ares, tão frios e temperados, como os de En-
polas de óleo de bronzear, passarinhos, pipocas, tre-Douro e Minho, porque, neste tempo de agora,
aspirinas, sorvetes, canivetes. E as praias foram assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas
invadidas por 1000 vendedores. Na rua e na areia, e infindas. De tal maneira é graciosa que, querendo
uma orgia de cães. Nunca vi tantos cães no Rio, e aproveitá-la dar-se-á nela tudo por bem das águas
presumo que muita gente anda com eles para se que tem.
defender de assaltantes. O resultado é uma sujei- (In: Cronistas e viajantes. São Paulo: Abril Educação, 1982. p.
ra múltipla, que exige cuidado do pedestre para 12-23. Literatura Comentada. Com adaptações)
não pisar naquelas coisas. E aquelas coisas secam,
viram poeira, unem-se a cascas de frutas podres 4. A respeito do trecho da Carta de Caminha e de
e dejetos de toda ordem, e restos de peixes da suas características textuais, é correto afirmar
feira das terças, e folhas, e cusparadas, e jornais que:
velhos; uma poeira dos três reinos da natureza (A) No texto, predominam características argu-
e de todas as servidões humanas. mentativas e descritivas.
Ah, se venta um pouco o Noroeste, logo ela (B) O principal objetivo do texto é ilustrar ex-
vai-se elevar, essa poeira, girando no ar, entrar periências vividas através de uma narrativa
em nosso pulmão numa lufada de ar quente. fictícia.
Antigamente a gente fugia para a praia, para o (C) O relato das experiências vividas é feito com
mar. Agora há gente demais, a praia está excessi- aspectos descritivos.
vamente cheia. Está bem, está bem, o mar, o mar (D) A intenção principal do autor é fazer oposição
é do povo, como a praça é do condor – mas podia aos fatos mencionados.
haver menos cães e bolas e pranchas e barcos e (E) O texto procura despertar a atenção do leitor
camelôs e ratos de praia e assaltantes que tra- para a mensagem através do uso predomi-
balham até dentro d’água, com um canivete na nante de uma linguagem figurada.
barriga alheia, e sujeitos que carregam caixas de
isopor e anunciam sorvetes e quando o inocente 5. Em todos os trechos a seguir podemos comprovar
cidadão pede picolé de manga, eis que ele abre a participação do narrador nos fatos menciona-
a caixa e de lá puxa a arma. Cada dia inventam dos, EXCETO:
um golpe novo: a juventude é muito criativa, e (A) “Pelo sertão, pareceu-nos do mar muito gran-
os assaltantes são quase sempre muito jovens. de,...”
Rubem Braga
(B) “... Porque a estender a vista não podíamos
ver senão terra e arvoredos,...”
Em vários momentos do texto, Rubem Braga uti-
(C) “... Parecendo-nos terra muito longa.”
liza longas enumerações cujos termos aparecem
(D) “Nela, até agora, não pudemos saber que haja
ligados pela conjunção E. Esse recurso tem a se-
ouro...”
guinte finalidade textual:
(E) “Mas, a terra em si é muito boa de ares, ...”
(A) trazer a ideia de riqueza da cidade, em sua
ampla variedade;
06. Leia o texto a seguir para responder à próxima
(B) mostrar desagrado do autor diante da con-
fusão reinante; questão.
(C) indicar o motivo de a cidade ser ainda consi- Painel do leitor (Carta do leitor)
derada “maravilhosa”; Resgate no Chile
(D) demonstrar simpatia pelo comércio popular; Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação
(E) procurar dar maior dinamismo e vivacidade de salvamento de vidas, após 69 dias de perma-
ao texto. nência no fundo de uma mina de cobre e ouro
no Chile.
Leia o texto a seguir para responder às próximas 2 Um a um os mineiros soterrados foram içados com
questões. sucesso, mostrando muita calma, saúde, sorrindo
e cumprimentando seus companheiros de tra-
A Carta de Pero Vaz de Caminha balho. Não se pode esquecer a ajuda técnica e
material que os Estados Unidos, Canadá e China
De ponta a ponta é toda praia rasa, muito plana e ofereceram à equipe chilena de salvamento, num
bem formosa. Pelo sertão, pareceu-nos do mar muito gesto humanitário que só enobrece esses países.

76
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
E, também, dos dois médicos e dois “socorristas” gico de reserva. Encontrei dois, mas não me dei por
que, demonstrando coragem e desprendimento, satisfeito, fiquei viciado no negócio. Dei de vasculhar
desceram na mina para ajudar no salvamento. livrarias país afora, só em São Paulo adquiri meia dúzia
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – de exemplares, e ainda arrematei o último à venda a
painel do leitor – 17/10/2010)
Amazom.com antes que algum aventureiro o fizesse.
Eu já imaginava deter o monopólio (açambarcamen-
Considerando o tipo textual apresentado, algu- to, exclusividade, hegemonia, senhorio, império) de
mas expressões demonstram o posicionamento dicionários analógicos da língua portuguesa, não fos-
pessoal do leitor diante do fato por ele narrado. se pelo senhor João Ubaldo Ribeiro, que ao que me
Tais marcas textuais podem ser encontradas nos consta também tem um quiçá carcomido pelas traças
trechos a seguir, EXCETO: (brocas, carunchos, gusanos, cupins, térmitas, cáries,
(A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...” lagartas-rosadas, gafanhotos, bichos-carpinteiros).
(B) “... após 69 dias de permanência no fundo de A horas mortas eu corria os olhos pela minha pra-
uma mina de cobre e ouro no Chile.” teleira repleta de livros gêmeos, escolhia um a esmo
(C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e ma- e o abria a bel-prazer. Então anotava num Moleskine
terial...” as palavras mais preciosas, a fim de esmerar o voca-
(D) “... gesto humanitário que só enobrece esses bulário com que embasbacaria as moças e esmagaria
países.” meus rivais.
(E) “... demonstrando coragem e desprendimen- Hoje sou surpreendido pelo anúncio desta nova
to, desceram na mina...” edição do dicionário analógico de Francisco Ferreira
dos Santos Azevedo. Sinto como se invadissem minha
Leia o texto a seguir para responder à próxima ques- propriedade, revirassem meus baús, espalhassem ao
tão. vento meu tesouro. Trata-se para mim de uma terrível
(funesta, nefasta, macabra, atroz, abominável, dilace-
Os dicionários de meu pai rante, miseranda) notícia.
(Francisco Buarque de Hollanda, Revista Piauí, junho de 2010)
Pouco antes de morrer, meu pai me chamou ao
escritório e me entregou um livro de capa preta que 7. O modo predominante de organização textual é:
eu nunca havia visto. Era o dicionário analógico de (A) descritivo
Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Ficava quase (B) narrativo
escondido, perto dos cinco grandes volumes do dicio- (C) argumentativo
nário Caldas Aulete, entre outros livros de consulta (D) dissertativo
que papai mantinha ao alcance da mão numa estante (E) injuntivo
giratória. Isso pode te servir, foi mais ou menos o que
ele então me disse, no seu falar meio grunhido. Era Leia o texto a seguir para responder à próxima ques-
como se ele, cansado, me passasse um bastão que tão.
de alguma forma eu deveria levar adiante. E por um
tempo aquele livro me ajudou no acabamento de ro- Olhar o vizinho é o primeiro passo
mances e letras de canções, sem falar das horas em
que eu o folheava à toa; o amor aos dicionários, para Não é preciso ser filósofo na atualidade, para
o sérvio Milorad Pavic, autor de romances-enciclo- perceber que o “bom” e o “bem” não prevalecem
pédias, é um traço infantil de caráter de um homem tanto quanto desejamos. Sob a égide de uma moral
adulto. individualista, o consumo e a concentração de renda
Palavra puxa palavra, e escarafunchar o dicionário despontam como metas pessoais e fazem muitos de
analógico foi virando para mim um passatempo. O nós nos esquecermos do outro, do irmão, do próximo.
resultado é que o livro, herdado já em estado precário, Passamos muito tempo olhando para nossos próprios
começou a se esfarelar nos meus dedos. Encostei-o umbigos ou mergulhados em nossas crises existenciais
na estante das relíquias ao descobrir, num sebo atrás e não reparamos nos pedidos de ajuda de quem está
da sala Cecília Meireles, o mesmo dicionário em en- ao nosso lado. É difícil tirar os óculos escuros da indi-
cadernação de percalina. Por dentro estava em boas ferença e estender a mão, não para dar uma esmola
condições, apesar de algumas manchas amareladas, à criança que faz malabarismo no sinal, para ganhar
e de trazer na folha de rosto a palavra anauê, escrita um trocado simpático, mas para tentar mudar uma
a caneta-tinteiro. situação adversa, fazer a diferença. O que as pessoas
Com esse livro escrevi novas canções e romances, que ajudam outras nos mostram é que basta querer,
decifrei enigmas, fechei muitas palavras cruzadas. E para mudar o mundo. Não é preciso ser milionário,
ao vê-lo dar sinais de fadiga, saí de sebo em sebo pelo para fazer uma doação. Se não há dinheiro, o trabalho
Rio de Janeiro para me garantir um dicionário analó-

77
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
também é bem-vindo. Doar um pouco de conheci- (C) em que o uso de letras com espessuras diver-
mento ou expertise, para fazer o bem a outros que sas está ligado a sentimentos expressos pelos
não têm acesso a esses serviços, é mais que caridade: personagens, como pode ser percebido no
é senso de responsabilidade. Basta ter disposição e último quadrinho.
sentimento e fazer um trabalho de formiguinha, pois, (D) que possui em seu texto escrito característi-
como diz o ditado, é a união que faz a força! Graças a cas próximas a uma conversação face a face,
esses filósofos da prática, ainda podemos colocar fé como pode ser percebido no segundo qua-
na humanidade. Eles nos mostram que fazer o bem é drinho.
bom e seguem esse caminho por puro amor, vocação (E) em que a localização casual dos balões nos
e humanismo. quadrinhos expressa com clareza a sucessão
(Diário do Nordeste. 28 abr. 2008) cronológica.

8. Com relação ao gênero, o texto ATIVIDADES 2


A) é uma dissertação.
B) mistura descrição com narração. 01. Futuro do pagamento móvel dispensará uso de
C) é uma narração. senhas e cartões de crédito
D) mistura narração e dissertação. Novas opções já transitam entre pagamentos com
E) é uma descrição selfies, biometria de veias e até pagar ‘enquanto
caminha’; entretanto, há ainda um longo caminho
9. ENEM 2009 - La Vie em Rose para serviços se popularizarem
Pagamentos digitais em breve serão feitos com
qualquer coisa, dos nossos celulares e relógios in-
teligentes até geladeiras e carros, incluindo nosso
próprio corpo ou o ambiente. O benefício disso
é duplo: mais opções de pagamento e compras
mais rápidas, mais convenientes e mais seguras.
Usando novos dispositivos conectados, biometria
e lojas adaptadas (como a Amazon Go) tudo ao
nosso redor vai gerenciá-los.
Uma desvantagem? Pode tornar-se tão fácil gas-
tar dinheiro que você desperdiçará todo o seu
salário sem perceber (e isso é exatamente o que
os varejistas esperam que você faça em compras
por impulso).
Entretanto, conforme mostra o CNet, este admi-
rável mundo novo dos pagamentos digitais sem
cartões de crédito ou senhas não chegará da noite
para o dia. Devido à rígida estrutura regulatória
do setor financeiro, veremos nossos rituais de
pagamento mudarem de forma incremental à
medida que as regras evoluem para acompanhar
avanços tecnológicos.
A disponibilidade de redes de pagamento móvel
como a Apple Pay e a Samsung Pay são apenas
ITURRUSGARAI, A. La Vie en Rose. o começo. Dar permissão para efetuar um paga-
Folha de S.Paulo, 11 ago. 2007.
mento ainda atrasa o processo de compra. Mas
comprar está ficando mais rápido graças a tecno-
Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em logias biométricas de todo tipo.
Quadrinhos constituem um gênero textual
(A) em que a imagem pouco contribui para facili- Selfi e Pay
tar a interpretação da mensagem contida no Se você se interessou pelo “selfi e pay” da Mas-
texto, como pode ser constatado no primeiro tercard ou pelo Face ID da Apple, já está fami-
quadrinho liarizado com os fundamentos dos pagamentos
(B) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida biométricos que estão tomando forma. A biome-
e clara, que facilita a compreensão, como se tria facial ou por digitais é questão de segurança
percebe na fala do segundo quadrinho: “...” e também de conveniência. Segundo pesquisa

78
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
realizada pela Mastercard com a Universidade é chamar a atenção do público para um produto,
de Oxford, 93% dos consumidores preferem usar serviço ou ideia. O objetivo deste anúncio é
biometria a senhas tradicionais ou PINs. (A) exigir das autoridades ações a favor da doa-
[...] ção de órgãos.
(B) instruir a população sobre como ser um do-
Futuro promissor ador de órgãos.
Os experimentos do Amazon Go, porém, ainda (C) expor conhecimentos científicos sobre a do-
não foram para além de Seattle, e como isso vai ação de órgãos.
funcionar em escala é uma questão. Trata-se de (D) informar a população a respeito das leis que
uma tecnologia complexa. Mas a Amazon não é controlam a doação de órgãos.
a única empresa que quer fazer isso acontecer. (E) conscientizar a população sobre a necessida-
Um supermercado britânico está testando um de de praticar a doação de órgãos.
aplicativo feito com a Mastercard que permite
digitalizar e pagar por itens com o celular enquan- 3. Observe:
to se anda pela loja em experiência similar.
Aos poucos as coisas estão saindo do papel. E, em
breve, talvez ninguém tenha mais que esperar em
longas filas para pagar pelo que comprou.
Disponível em: <htt p://idgnow.com.br/
mobilidade/2018/04/24/futurodo-pagamento-movel-
dispensara-uso-de-senhas-e-cartoes-de-credito>.
Acesso em: 24 abr. 2018.

Os gêneros textuais que circulam na sociedade


desempenham funções sociais diversificadas, as
quais podem ser reconhecidas pelo leitor com
base em suas características específicas, bem
como na situação comunicativa em que são pro-
duzidos. Assim, o objetivo principal deste texto é
(A) argumentar para persuadir o interlocutor a
uti lizar o pagamento digital.

(B) informar sobre as novas formas de pagamen-
tos digitais como selfi es pay.
Entre as funções de um cartaz, está a divulgação
(C) narrar uma história fictícia sobre os experi-
de campanhas. Para cumprir essa função, as pala-
mentos do Amazon Go.
vras e as imagens desse cartaz estão combinadas
(D) expor conhecimentos formais, científicos e
de maneira a
tecnológicos.
(A) evidenciar as formas de contágio da tubercu-
(E) instruir como proceder para efetuar paga-
lose.
mentos digitais.
(B) mostrar as formas de tratamento da doença.
2. Leia: (C) discutir os tipos da doença com a população.
(D) alertar a população em relação à tuberculose.
(E) combater os sintomas da tuberculose.

4. Leia.


Disponível em: <https://temporalcerebral.com.br/
melhores-campanhaspublicitarias-2017>. Acesso em:
02 de fevereiro de 2020.

O anúncio publicitário, geralmente, é veiculado


nas propagandas que vemos na televisão, revis-
tas, outdoors ou cartazes, sendo uma das for-
mas atrativas de se trabalhar quando a intenção

79
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A charge aborda uma situação do cotidiano de O reconhecimento dos diferentes gêneros textu-
algumas famílias. Nesse sentido, ela tem o obje- ais, seu contexto de uso, sua função específica,
tivo comunicativo de seu objetivo comunicativo e seu formato mais
(A) denunciar os prejuízos da falta de diálogo comum relacionam-se com os conhecimentos
entre pais e filhos. construídos socioculturalmente. A análise dos
(B) mostrar as diferenças entre as preferências elementos constitutivos desse texto demonstra
de entretenimento entre pais e filhos. que sua função é:
(C) evidenciar os excessos de utilização das redes (A) vender um produto anunciado.
sociais em momentos de vivência familiar. (B) informar sobre astronomia.
(D) demonstrar que as mudanças culturais ocor- (C) ensinar os cuidados com a saúde.
ridas na sociedade impõem novos comporta- (D) expor a opinião de leitores em um jornal.
mentos das famílias. (E) aconselhar sobre amor, família, saúde, traba-
(E) enfatizar que a socialização de informações lho.
sobre os filhos é uma forma de demonstrar
orgulho de familiares. 7. (ENEM 2019)
19-11-1959
5. (ENEM 2010) - MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É Eu a conheci da primeira vez em que estive aqui.
MELHOR DO QUE A DE COMPUTADOR E GUARDE Parece-me que é esquizofrênica, caso crônico,
ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS. Revista Época.
doente há mais de vinte anos — não estou bem
N° 424, 03 jul. 2006.
certa. Foi transferida para a Colônia Juliano Mo-
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se
reira e nunca mais a vi. [...]
como práticas de linguagem, assumindo funções
À tarde, quando ia lá, pedia-lhe para cantar a ária
específicas, formais e de conteúdo. Considerando
da Bohème, “Valsa da Musetta”. Dona Georgiana,
o contexto em que circula o texto publicitário, seu
objetivo básico é recortada no meio do pátio, cantava — e era de
(A) definir regras de comportamento social pau- doer o coração. As dementes, descalças e rasga-
tadas no combate ao consumismo exagerado. das, paravam em surpresa, rindo bonito em si-
(B) influenciar o comportamento do leitor, por lêncio, os rostos transformados. Outras, sentadas
meio de apelos que visam à adesão ao con- no chão úmido, avançavam as faces inundadas
sumo. de presença — elas que eram tão distantes. Os
(C) defender a importância do conhecimento de rostos fulgiam por instantes, irisados e indestrutí-
informática pela população de baixo poder veis. Me deixava imóvel, as lágrimas cegando-me.
aquisitivo. Dona Georgiana cantava: cheia de graça, os olhos
(D) facilitar o uso de equipamentos de informá- azuis sorrindo, aquele passado tão presente, ela
tica pelas classes sociais economicamente que fora, ela que era, se elevando na limpidez das
desfavorecidas. notas, minhas lágrimas descendo caladas, o pátio
(E) questionar o fato de o homem ser mais inte- de mulheres existindo em dor e beleza. A beleza
ligente que a máquina, mesmo a mais mo- terrífica que Puccini não alcançou: uma mulher
derna. descalça, suja, gasta, louca, e as notas saindo-lhe
em tragicidade difícil e bela demais — para existir
6. (ENEM 2010) Câncer 21/06 a 21/07 fora de um hospício.
O eclipse em seu signo vai desencadear mudan- CANÇADO, M. L. Hospício é Deus. Belo Horizonte:
ças na sua autoestima e no seu modo de agir. O Autêntica, 2015.
corpo indicará onde você falha – se anda engo-
lindo sapos, a área gástrica se ressentirá. O que O diário da autora, como interna de hospital psi-
ficou guardado virá à tona, pois este novo ciclo quiátrico, configura um registro singular, funda-
exige uma “desintoxicação”. Seja comedida em mentado por uma percepção que
suas ações, já que precisará de energia para se (A) A atenua a realidade do sofrimento por meio
recompor. Há preocupação com a família, e a da música.
comunicação entre os irmãos trava. Lembre-se: (B) B redimensiona a essência humana tocada
palavra preciosa é palavra dita na hora certa. Isso pela sensibilidade.
ajuda também na vida amorosa, que será testa- (C) C evidencia os efeitos dos maus-tratos sobre
da. Melhor conter as expectativas e ter calma, a imagem feminina.
avaliando as próprias carências de modo madu- (D) D transfigura o cotidiano da internação pelo
ro. Sentirá vontade de olhar além das questões poder de se emocionar.
materiais – sua confiança virá da intimidade com (E) E aponta para a recuperação da saúde mental
os assuntos da alma. graças à atividade artística.
Revista Cláudia. Nº 7, ano 48, jul. 2009.

80
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
8. (ENEM 2019) Qual a diferença entre publicidade para nós — eu acho que é exagero de gente su-
e propaganda? persticiosa, e prefiro não ficar falando no assunto.
Esses dois termos não são sinônimos, embora Eu — e creio que também a grande maioria dos
sejam usados indistintamente no Brasil. Propa- munícipes — não espero dela nada em particu-
ganda é a atividade associada à divulgação de lar; para mim basta que ela fique onde está, nos
ideias (políticas, religiosas, partidárias etc.) para alegrando, nos inspirando, nos consolando.
influenciar um comportamento. Alguns exemplos VEIGA, J. J. A máquina extraviada: contos. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1974
podem ilustrar, como o famoso Tio Sam, criado
para incentivar jovens a se alistar no exército
dos EUA; ou imagens criadas para “demonizar” Qual procedimento composicional caracteriza a
os judeus, espalhadas na Alemanha pelo regime construção do texto?
nazista; ou um pôster promovendo o poderio mi- (A) As intervenções explicativas do narrador.
litar da China comunista. No Brasil, um exemplo (B) A descrição de uma situação hipotética.
regular de propaganda são as campanhas polí- (C) As referências à crendice popular.
ticas em período pré-eleitoral. Já a publicidade, (D) A objetividade irônica do relato.
em sua essência, quer dizer tornar algo público. (E) As marcas de interlocução.
Com a Revolução Industrial, a publicidade ganhou
um sentido mais comercial e passou a ser uma 10. (ENEM 2019) Qual a diferença entre freios ven-
ferramenta de comunicação para convencer o tilados, perfurados e sólidos?
público a consumir um produto, serviço ou mar-
ca. Anúncios para venda de carros, bebidas ou
roupas são exemplos de publicidade.
VASCONCELOS, Y. Disponível em: https://mundoestranho.
abril.com.br.Acesso em: 22 ago. 2017 (adaptado).

A função sociocomunicativa desse texto é


Da esquerda para a direita: perfurado, ventilado
(A) ilustrar como uma famosa figura dos EUA foi
e sólido. (No detalhe, a câmara interna do disco
criada para incentivar jovens a se alistar no
ventilado).
exército.
(B) explicar como é feita a publicidade na forma
Frenagens geram calor. O sistema de freios
de anúncios para venda de carros, bebidas
transforma a energia cinética do movimento em
ou roupas.
energia térmica por meio do atrito entre as pas-
(C) convencer o público sobre a importância do
tilhas de freio e os discos. Em duas linhas, esse é
consumo.
o princípio de funcionamento do freio.
(D) esclarecer dois conceitos usados no senso
Mas há um efeito colateral. Esse calor gerado
comum.
provoca fadiga dos discos e pastilhas e compro-
(E) divulgar atividades associadas à disseminação
mete a eficiência do conjunto de freios.
de ideias.
O disco de freio sólido é uma peça só, fei-
ta de ferro maciço. A vantagem está em custar
9. (ENEM 2019)
mais barato que os outros. Contudo, tem baixo
rendimento em situações extremas de frenagem
A máquina extraviada
(em descidas de serras, por exemplo) por não ter
estruturas que favoreçam seu resfriamento. Por
Você sempre pergunta pelas novidades da-
isso, discos sólidos são usados em aplicações mais
qui deste sertão, e finalmente posso lhe contar
leves, comuns no eixo dianteiro dos compactos
uma importante. Fique o compadre sabendo que
1.0 e no eixo traseiro de carros maiores, como
agora temos aqui uma máquina imponente, que
sedãs e SUVs médios.
está entusiasmando todo o mundo. Desde que
O modelo ventilado, por sua vez, é formado
ela chegou — não me lembro quando, não sou
por dois discos mais finos unidos por uma câmara
muito bom em lembrar datas — quase não temos
interna que tem a função de proporcionar uma
falado em outra coisa; e da maneira que o povo
passagem do ar entre eles, resfriando com mais
aqui se apaixona até pelos assuntos mais infantis,
rapidez o conjunto. Eles estão nos eixos diantei-
é de admirar que ninguém tenha brigado ainda
ros dos compactos mais potentes. Mas também
por causa dela, a não ser os políticos. [...]
aparecem nos eixos traseiros de carros esporti-
Já existe aqui um movimento para declarar a
vos. Mas esportivos com motores de alto desem-
máquina monumento municipal. [...] Dizem que a
penho e carros de luxo têm discos perfurados.
máquina já tem feito até milagre, mas isso — aqui

81
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Há pequenos furos no disco com o objetivo de subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um
aumentar o atrito e dispersar o calor. casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto
RODRIGUEZ, H. Disponível em: http://quatrorodas.abril. morre no trajeto e é enterrado por um coveiro
com.br. Acesso em: 22 ago. 2017 (adaptado).
que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de
uma série que a menina vai surrupiar ao longo
O texto mostra diferentes tipos de discos de freio
dos anos. O único vínculo com a família é esta
e defende a eficácia de um modelo sobre o outro.
obra, que ela ainda não sabe ler.
Para convencer o leitor disso, o autor utiliza o
A vida ao redor é a pseudorrealidade criada em
recurso de
torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela
(A) definir em duas linhas o princípio de funcio-
assiste à eufórica celebração do aniversário do
namento do freio de esportivos de alto de-
sempenho com discos perfurados. Führer pela vizinhança. A Morte, perplexa diante
(B) divulgar os modelos de carros que adotam da violência humana, dá um tom leve e divertido
os melhores sistemas de frenagem e resfria- à narrativa deste duro confronto entre a infância
mento dos componentes. perdida e a crueldade do mundo adulto, um su-
(C) apresentar cada tipo de disco, criticando a cesso absoluto – e raro – de crítica e público.
forma como eles geram calor nas frenagens. Os gêneros textuais podem ser caracterizados,
(D) evidenciar os riscos do baixo desempenho dentre outros fatores, por seus objetivos. Esse
dos diferentes modelos de discos de freio. fragmento é um(a)
(E) comparar o custo, a eficiência e a forma como (A) reportagem, pois busca convencer o interlo-
os discos dissipam o calor da frenagem. cutor da tese defendida ao longo do texto.
(B) resumo, pois promove o contato rápido do
11. A trajetória de Liesel Meminger é contada por leitor com uma informação desconhecida.
uma narradora mórbida, surpreendentemente (C) sinopse, pois sintetiza as informações rele-
simpática. Ao perceber que a pequena ladra de vantes de uma obra de modo impessoal.
livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e (D) instrução, pois ensina algo por meio de ex-
rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de plicações,
uma sobrevivente: a mãe comunista, persegui- (E) resenha, pois apresenta uma produção inte-
da pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o lectual de forma crítica.

CRÔNICA

82
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
GÊNERO ÉPICO –> NARRATIVO –> CRÔNICA: Texto rá alguma coisa à custa do meu labor e cheque. A
que conta uma história! senhorita Regina Celi tem a cara afogueada, os pés e
as pernas avançam e ficam no mesmo lugar, o corpo
Vamos ler o texto a seguir? Após a leitura, você todo treme e sua, até que ela me estende o braço.
consegue contar essa história com suas palavras? Con- — Vem, papai!
segue identificar quem narrou a história? E citar os O peso dos meus invernos e minhas banhas causa
personagens e suas características? breve hesitação. Mas ali estamos, eu e a senhorita
Regina Celi, uma menina que ainda pego no colo e
Do rock aqueço com meu amor e o meu carinho, quando ela
tem medo do mundo ou de não saber os afluentes da
Carlos Heitor Cony margem esquerda do rio Amazonas na hora do exame.
Ela me chama e me perdoa.
Tocam a campainha e há um estrondo em meus Então, aumento o volume do som, espero o tal do
ouvidos. A empregada estava de folga, o remédio era U2 dar um grito histérico e medonho — e esqueço o
atender o mau-caráter que me batia à porta àquela cheque, a vida e a faina humana rebolando este can-
hora da manhã. Vejo o camarada do bigodinho com sado corpo-pasto de espantos — até que o fôlego e
o embrulho largo e enfeitado. o U2 acabem na manhã e no som.
— É aqui que mora a senhorita Regina Celi? Disponível em: <https://tinyurl.com/GPMDGO-LPD24>
Acesso em 29 jan. 2020.
Digo que não e fulmino o importuno com um olhar
cheio de ódio e sono, mas antes de fechar a porta sin-
Você conseguiu pontuar as observações? Contar
to alguma coisa de íntimo naquele “senhorita Regina
a história, identificar o narrador e os personagens e
Celi”, sim, há uma Regina Celi em minha casa, minha
suas características? Consegue dizer onde e quando
própria filha, mas apenas de 12 anos, uma guria bo-
aconteceu aquela história?
chechuda ainda, não merecia o título e a função de
senhorita.
- Todos esses elementos são parte de qualquer
Chamo o homem que já estava no elevador. Eram
texto narrativo. Vamos defini-los para facilitar o es-
CDs, a garota encomendara um mundão de CDs numa
tudo:
loja próxima, e pedira que mandassem as novidades,
pois as novidades estavam ali, embrulhadinhas e com
ELEMENTOS DA NARRATIVA
a nota fiscal bem às claras.
Gemo surdamente na hora de assinar o cheque e
É importante entender quais são os elementos
recebo o embrulho. A garota dormia impune, o mun-
que não podem faltar em uma narrativa.
do podia desabar, e ninguém a despertaria do sono
12 anos. Deixo o embrulho em cima do som e volto
Enredo
para a cama, forçar o sono e a tranquilidade interior,
abalada pelo cheque tão matutino e fora de propó-
O enredo é um elemento fundamental para a nar-
sito. Quando ordeno os pensamentos e ambições no rativa. Trata-se do conjunto de fatos que acontecem,
estreito espaço do meu pensamento e retomo um ligados entre si, e que contam as ações dos persona-
sono e um sonho sem cor nem gosto, começa o rock. gens. Ele é dividido em algumas partes:
Anos atrás, seria começa o beguine. Mas o be- • Situação inicial: é quando o autor apresenta
guine passou de moda, e o swing, o mambo, o baião os personagens e mostra o tempo e o espaço
e outras pragas vindas de alheias e próprias pragas. em que estão inseridos, geralmente logo na
Pois aí estava o rock, matinal, cor de sangue e metal introdução;
inundando o dia e o quarto com sua voz rouca, seu · • Estabelecimento de um conflito: um aconteci-
compasso monótono e histérico. mento é responsável por modificar a situação
Purgo honestamente meus pecados e lembro o inicial dos personagens, exigindo algum tipo de
pai, que me aturava a mania pelos sambas de Ary ação;
Barroso. O velho não dizia nada, mas me olhava fundo • Desenvolvimento: ao longo desta seção, o au-
e talvez tivesse ganas de me esganar. Mas me atu- tor conta o que os personagens fizeram para
rava e aturava o meu Brasil brasileiro. Hoje, aturo o tentar solucionar o conflito;
rock. Vou ao banheiro, lavo o rosto, visto um short • Clímax: depois de diversas ações dos persona-
e vou para a sala disposto a causar boa impressão à gens, a narrativa é levada a um ponto de alta
senhorita Regina Celi, que de babydoll, esbaforida, se tensão ou emoção, uma espécie de “encruzi-
degringola ao som de U2. lhada literária” que exige uma decisão ou des-
O tapete já fora arrastado e amarfanhado a um fecho;
canto. Meu castiçal de prata foi profanado com a cara • Desfecho: é a parte da narrativa que mostra a
de um tipo até simpático que naquela manhã ganha- solução para o conflito.

83
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Espaço ir além dos acontecimentos. Ele consegue narrar até
mesmo os pensamentos e sentimentos dos persona-
Espaço é o lugar em que a narrativa acontece. gens, como se tivesse um conhecimento sobrenatural.
Ele é importante não só para situar o leitor quanto Pelo falo desse narrador conhecer muito os per-
ao local, mas principalmente porque contribui para sonagens, bem como seus pensamentos, sentimen-
a elaboração dos personagens. tos, ideias, atitudes, etc, ele pode opinar sobre tais
Afinal, o espaço onde as pessoas (mesmo que fic- comportamentos ao longo da narrativa.
tícias) vivem interfere na sua aparência, vestimenta,
costumes, oportunidades, atividades e até mesmo sua Tipos de personagens
personalidade.
Finalmente, vamos falar das estrelas da narrativa:
Tempo os personagens. São os seres reais ou fictícios que
participam da história. Como a Literatura é criativa,
O tempo da narrativa diz respeito ao desencadear pode ser uma pessoa, um animal, um ser mitológico
das ações, e pode ser dividido em: ou fantástico, um objeto personificado ou até mesmo
um sentimento.
Cronológico Os personagens podem ser divididos entre:
Está relacionado a passagem das horas, dos dias, • Protagonistas: são destaques da narrativa, ocu-
meses, anos etc. pam o lugar principal da história;
• Antagonistas: são os adversários dos protago-
Psicológico nistas, aqueles que vão criar ou alimentar o
Está relacionado às lembranças da personagem conflito, dificultando a vida dos principais;
e aos sentimentos vivenciados por ele. • Secundários: são personagens menos impor-
Assim como espaço, ele é muito importante para tantes na história, mas que de alguma forma
definir características das personagens, principal- contribuem para a sequência de fatos do en-
mente as psicológicas. Afinal, pessoas que vivem em redo.
épocas diferentes costumam ter visões de mundo, ati-
tudes, pensamentos e situações também diferentes. Narrar é montar uma história com episódios se-
quenciados, de tal modo encadeados, que formem
Ação um todo coeso. A narrativa pode ser uma crônica,
Envolve tudo que as personagens fazem na nar- um conto, uma novela, um romance. As narrativas
rativa. Inclui não só os movimentos, mas também escolares são sempre um início para uns poucos que
aquilo que falam e pensam no decorrer da história. no futuro serão cronistas, romancistas, contistas...

Tipos de narrador ATIVIDADES

Sempre que existe uma narrativa, a história é con- Leia o texto a seguir.
tada por alguém. Esse é o papel do narrador. Ele pode
relatar os fatos a partir de perspectivas diferentes, o Eduardo E Mônica
que pode transformá-lo em um personagem, um ob-
servador ou um ser onisciente. Entenda as diferenças: Legião Urbana / Composição: Renato Russo

Narrador personagem Quem um dia irá dizer/Que existe razão?/Nas coi-


Neste caso, o narrador participa da história, e por sas feitas pelo coração?/E quem irá dizer/Que não
isso o texto é escrito em primeira pessoa do singular existe razão?/Eduardo abriu os olhos, mas não quis
ou plural (eu, nós). se levantar/Ficou deitado e viu que horas eram/En-
quanto Mônica tomava um conhaque/No outro canto
Narrador observador da cidade, como eles disseram.../Eduardo e Mônica
Também existe a possibilidade de o narrador não um dia se encontraram sem querer/E conversaram
participar da história. Ele observa a situação de fora, muito mesmo pra tentar se conhecer.../Um carinha
o que faz o texto ser escrito em terceira pessoa (ele, do cursinho do Eduardo que disse:/”Tem uma fes-
ela, eles, elas). ta legal, e a gente quer se divertir/”Festa estranha,
com gente esquisita/”Eu não ‘to’ legal, não aguento
Narrador onisciente mais birita/”E a Mônica riu, e quis saber um pouco
É aquele que sabe de todos os fatos, mesmo que mais/Sobre o boyzinho que tentava impressionar/E
não participe da história. Sua compreensão costuma o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa/”É

84
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
quase duas, eu vou me ferrar.../”Eduardo e Mônica “Porque não quis pagar uma garrafa de cerveja,
trocaram telefone/Depois telefonaram e decidiram se Pedro da Silva, pedreiro, de trinta anos, residente
encontrar/O Eduardo sugeriu uma lanchonete,/Mas na rua Xavier, 25, Penha, matou ontem em Vigário
a Mônica queria ver o filme do Godard/Se encontra- Geral, o seu colega Joaquim de Oliveira. ”
ram então no parque da cidade/A Mônica de moto (A) Lugar
e o Eduardo de camelo/O Eduardo achou estranho, (B) Época
e melhor não comentar/Mas a menina tinha tinta no (C) Personagens
cabelo/Eduardo e Mônica era nada parecidos/Ela era (D) Fato
de Leão e ele tinha dezesseis/Ela fazia Medicina e (E) Modo
falava alemão/E ele ainda nas aulinhas de inglês/Ela
gostava do Bandeira e do Bauhaus De Van Gogh/ e 03. (UFV) Considere o texto:
dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud/E o Eduardo “O incidente que se vai narrar, e de que Antares
gostava de novela/E jogava futebol-de-botão com seu foi teatro na sexta-feira 13 de dezembro do ano
avô/Ela falava coisas sobre o Planalto Central/Tam- de 1963, tornou essa localidade conhecida e de
bém magia e meditação/E o Eduardo ainda tava no certo modo famosa da noite para o dia. (…) Bem,
esquema “escola, cinema, clube, televisão”./E mesmo mas não convém antecipar fatos nem ditos. Me-
com tudo diferente, veio mesmo, de repente/Uma lhor será contar primeiro, de maneira tão sucinta
vontade de se ver/E os dois se encontravam todo dia/E e imparcial quanto possível, a história de Antares
a vontade crescia como tinha de ser.../Eduardo e Mô- e de seus habitantes, para que se possa ter uma
nica fizeram natação, fotografia/Teatro, artesanato, e ideia mais clara do palco, do cenário e principal-
foram viajar/A Mônica explicava pro Eduardo/Coisas mente das personagens principais, bem como
sobre o céu, a terra, a água e o ar.../Ele aprendeu a da comparsaria, desse drama talvez inédito nos
beber, deixou o cabelo crescer/E decidiu trabalhar/E anais da espécie humana. ” (Érico Veríssimo)
ela se formou no mesmo mês/Que ele passou no ves- Assinale a alternativa que evidencia o papel do
tibular/E os dois comemoraram juntos/E também bri- narrador no fragmento acima:
garam juntos, muitas vezes depois/E todo mundo diz (A) O narrador tem senso prático, utilitário e quer
que ele completa ela/E vice-versa, que nem feijão com transmitir uma experiência pessoal.
arroz/Construíram uma casa há uns dois anos atrás/ (B) É um narrador introspectivo, que relata ex-
Mais ou menos quando os gêmeos vieram/Batalha- periências que aconteceram no passado, em
ram grana, seguraram legal/A barra mais pesada que 1963.
tiveram/Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília/E a (C) Em atitude semelhante à de um jornalista ou
nossa amizade dá saudade no verão/Só que nessas de um espectador, escreve para narrar o que
férias, não vão viajar/Porque o filhinho do Eduardo tá aconteceu com x ou y em tal lugar ou tal hora.
de recuperação/Ah! Ahan!/E quem um dia irá dizer/ (D) Fala de maneira exemplar ao leitor, porque
Que existe razão/Nas coisas feitas pelo coração?/E considera sua visão a mais correta.
quem irá dizer/Que não existe razão! (E) É um narrador neutro, que não deixa o leitor
Disponível em http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/22497/
perceber sua presença.
1. Podemos dizer que a música ouvida é uma nar-
4. (ENEM 2019)
rativa? Por quê?
Quais os personagens apresentados na música?
As cores
O narrador é personagem ou observador? Justi-
fique sua resposta.
Maria Alice abandonou o livro onde seus de-
Os acontecimentos narrados acontecem de forma
dos longos liam uma história de amor. Em seu
mais ou menos rápida? A ordem é cronológica ou
pequeno mundo de volumes, de cheiros, de sons,
não?
todas aquelas palavras eram a perpétua renova-
Cobrem um período longo ou curto de tempo?
ção dos mistérios em cujo seio sua imaginação
A história se passa em um espaço delimitado?
se perdia. [...] Como seria cor e o que seria? [...].
Destaque do texto trechos que se referem ao
Era, com certeza, a nota marcante de todas as coi-
espaço.
sas para aqueles cujos olhos viam, aqueles olhos
Qual fato deu origem à narrativa?
que tantas vezes palpara com inveja calada e que
Fica claro na música o desfecho da narrativa? Qual
se fechavam, quando os tocava, sensíveis como
é o desfecho?
pássaros assustados, palpitantes de vida, sob seus
dedos trêmulos, que diziam ser claros. Que seria
2. (UNIFENAS) Com base no texto abaixo, indique a
o claro, afinal? Algo que aprendera, de há muito,
alternativa cujo elemento estruturador da narra-
ser igual ao branco. [...]
tiva não foi interposto no episódio:

85
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
E agora Maria Alice voltava outra vez ao Ins- dondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus
tituto. E ao grande amigo que lá conhecera. [...]. verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o
Lembrava-se da ternura daquela voz, da beleza pai abandonara a mulher depois que esta não soubera
daquela voz. De como se adivinhavam entre de- explicar o nascimento de um bebê chinês.
zenas de outros e suas mãos se encontravam. – E o meu nome? Outro engano.
De como as palavras de amor tinham irrompido – Seu nome não é Lírio?
e suas bocas se encontrado... De como um dia – Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e…
seus pais haviam surgido inesperadamente no Os enganos se sucediam. Na escola, vivia receben-
Instituto e a haviam levado à sala do diretor e se do castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com
haviam queixado da falta de vigilância e moralida- sucesso, mas não conseguira entrar na universidade.
de no estabelecimento. E de como, no momento O computador se enganara, seu nome não apareceu
em que a retiravam e quando ela disse que pre- na lista.
tendia se despedir de um amigo pelo qual tinha – Há anos que a minha conta do telefone vem
grande afeição e com quem se queria casar, o pai com cifras incríveis. No mês passado tive que pagar
exclamara, horrorizado: mais de R$ 3 mil.
— Você não tem juízo, criatura? Casar-se com – O senhor não faz chamadas interurbanas?
um mulato? Nunca! – Eu não tenho telefone!
Mulato era cor. Estava longe aquele dia. Estava Conhecera sua mulher por engano. Ela o confun-
longe o Instituto, ao qual não saberia voltar, do dira com outro. Não foram felizes.
– Por quê?
qual nunca mais tivera notícia, e do qual somente
– Ela me enganava.
restara o privilégio de caminhar sozinha pelo rei-
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia in-
no dos livros, tão parecido com a vida dos outros,
timações para pagar dívidas que não fazia. Até tivera
tão cheio de cores...
LESSA, O. Seleta de Orígenes Lessa.
uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico
Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. dizer:
– O senhor está desenganado.
No texto, a condição da personagem e os des- Mas também fora um engano do médico. Não era
dobramentos da narrativa conduzem o leitor a tão grave assim. Uma simples apendicite.
compreender o(a) – Se você diz que a operação foi bem…
(A) percepção das cores como metáfora da dis- A enfermeira parou de sorrir.
criminação racial. – Apendicite? – perguntou, hesitante.
(B) privação da visão como elemento definidor – É. A operação era para tirar o apêndice.
das relações humanas. – Não era para trocar de sexo?
(C) contraste entre as representações do amor
1. Que elementos o cronista utilizou para gerar hu-
de diferentes gerações.
mor no texto?
(D) prevalência das diferenças sociais sobre a
liberdade das relações afetivas.
2. Justifique o título do texto.
(E) embate entre a ingenuidade juvenil e a ma-
nutenção de tradições familiares. 3. Indique que consequências os seguintes fatos
têm na narrativa:
ANÁLISE DA CRÔNICA a) Troca na maternidade
b) A ida de outro bebê para sua mãe
O Homem Trocado c) Engano do cartório.
(Luís Fernando Veríssimo) d) Engano do computador
e) Engano da companhia telefônica
O homem acorda da anestesia e olha em volta. f) Engano do médico
Ainda está na sala de recuperação. Há uma enfermeira 4. Observe a fala do médico: “— O senhor está de-
do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem. senganado”. Qual o sentido da palavra “desenga-
– Tudo perfeito – diz a enfermeira, sorrindo. nado”?
– Eu estava com medo desta operação…
– Por quê? Não havia risco nenhum. 5. Por que o narrador não fica apreensivo com este
– Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido diagnóstico?
uma série de enganos…
E conta que os enganos começaram com seu nas- 6. Por que, no contexto, o uso da palavra “ desen-
cimento. Houve uma troca ganado” gera humor?
de bebês no berçário e ele foi criado até os dez
anos por um casal de orientais, que nunca enten- 7. Comente o final da crônica. Como se produziu o
deram o fato de terem um filho claro com olhos re- humor nessa passagem?

86
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADE nos atos comunicativos, os falantes da língua vão de-
(EM13LP31) Compreender criticamente textos de terminando expressões, sotaques e entonações de
divulgação científica orais, escritos e multissemió- acordo com as necessidades linguísticas.
ticos de diferentes áreas do conhecimento, identifi- De tal modo, o preconceito linguístico surge no
cando sua organização tópica e a hierarquização das tom de deboche, sendo a variação apontada de ma-
informações, identificando e descartando fontes neira pejorativa e estigmatizada.
não confiáveis e problematizando enfoques ten- Quem comete esse tipo de preconceito, geralmen-
denciosos ou superficiais. te tem a ideia de que sua maneira de falar é correta
e, ainda, superior à outra.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Entretanto, devemos salientar que todas as va-
(GO-EMLP31-A) Elaborar pesquisas variadas, uti- riações são aceitas e nenhuma delas é superior, ou
lizando as etapas de produção, para avaliar cada considerada a mais correta.
parte do processo de construção do conhecimento
científico, a partir dos gêneros textuais envolvidos ATIVIDADES
na realização e divulgação de pesquisas, para uma
posse ativa da forma como o conhecimento cien- 1. Tendo em vista que “as gírias” compõem o quadro
tífico é produzido. de variantes linguísticas ligadas ao aspecto socio-
cultural, analise os excertos a seguir, indicando o
OBJETOS DE CONHECIMENTO significado de cada termo destacado de acordo
Uso de estratégias de impessoalização (uso de ter- com o contexto:
ceira pessoa e de voz passiva etc.). a) Possivelmente não iremos à festa. Lá, todos os
Sistemas de linguagem. convidados são patricinhas e mauricinhos!
Forma de composição do texto, coesão e articula- b) Nossa! Como meu pai é careta! Não permitiu
dores e progressão temática. que eu assistisse àquele filme.
Estratégia de leitura: apreender os sentidos globais c) Os namoros resultantes da modernidade ba-
do texto. seiam-se somente no ficar.
Efeitos de sentido. d) E aí mano? Estás a fim de encontrar com uma
Construção composicional e estilo. mina hoje? A parada vai bombar!
e) Aquela aula de matemática foi péssima, não
LÍNGUA, LINGUAGEM – VARIAÇÃO saquei nada daquilo que o professor falou.

Observe e responda: 2. (FUVEST)


Capitulação
Delivery
Até para telepizza
É um exagero.
Há quem negue?
Um povo com vergonha
Da própria língua.
Já está entregue.
Luís Fernando Veríssimo

a) O título dado pelo autor está adequado, tendo


em vista o conteúdo do poema? Justifique sua
Preconceito Linguístico resposta.
b) O exagero que o autor vê no emprego da pa-
Está intimamente relacionado com as variações lavra “delivery” se aplicaria também à “telepi-
linguísticas, uma vez que ele surge para julgar as ma- zza”? Justifique sua resposta.
nifestações linguísticas ditas “superiores”.
Para pensarmos nele não precisamos ir muito 3. A seguir são apresentados alguns fragmentos
longe, pois em nosso país, embora o mesmo idioma textuais. Sua tarefa consistirá em analisá-los,
seja falado em todas as regiões, cada uma possui suas atribuindo a variação linguística condizente aos
peculiaridades que envolvem diversos aspectos his- mesmos:
tóricos e culturais. a) Antigamente
Sendo assim, a maneira de falar do norte é muito “Antigamente, as moças chamavam-se ma-
diferente da falada no sul do país. Isso ocorre porque demoiselles e eram todas mimosas e muito

87
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
prendadas. Não faziam anos: completavam a) Os livros estão sobre a mesa. Por favor, devolve
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, eles na biblioteca.
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-al- b) Falar no celular é uma falha grave. A consequ-
feres, arrastando a asa, mas ficavam longos ência deste ato pode ser cara.
meses debaixo do balaio.” c) Me diga se você gostou da surpresa, pois levei
Carlos Drummond de Andrade muito para preparar ela.
d) No aviso havia o seguinte comentário: Não
b) Vício na fala aproxime-se do alambrado. Perigo constante.
Para dizerem milho dizem mio e) Durante a reunião houveram reclamações con-
Para melhor dizem mió tra o atraso do pagamento dos funcionários.
Para pior pió
Para telha dizem teia 5. A letra musical abaixo se compõe de alguns regis-
Para telhado dizem teiado tros de variação linguística. Identifique-os tecendo
E vão fazendo telhados. um comentário acerca do referido assunto, levan-
Oswald de Andrade do em consideração os preceitos trazidos pela lin-
guística, em se tratando de tais variedades.
c) Aqui no Norte do Paraná, as pessoas chamam
a correnteza do rio de corredeira. Quando a Cuitelinho
corredeira está forte é perigoso passar pela Cheguei na beira do porto
pinguela, que é uma ponte muito estreita feita, Onde as onda se espaia
geralmente, com um tronco de árvore. Se te- As garça dá meia volta
mos muita chuva a pinguela pode ficar submer- E senta na beira da praia
sa e, portanto, impossibilita a passagem. Mas E o cuitelinho não gosta
se ocorre uma manga de chuva, uma chuvinha Que o botão de rosa caia, ai, ai
passageira, esse problema deixa de existir.” Ai quando eu vim
da minha terra
d) E aí mano? Ta a fim de dá uns rolé hoje? Despedi da parentáia
Qual é! Vai topá a parada? Vê se desencana! Eu entrei no Mato Grosso
Morô velho? Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
4. Os enunciados linguísticos em evidência encon- Enfrentei fortes batáia, ai, ai [...]
tram-se grafados na linguagem coloquial. Reescre- Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó
va-os de acordo com o padrão culto da linguagem.

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

Veja esta capa do Correio, da Bahia, que recebeu um prêmio por seu design.

88
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Elementos da Comunicação

Para exemplificar os elementos da comunicação, 2. O pai conversa com a filha ao telefone e diz que
vamos imaginar uma aula expositiva, ministrada por vai chegar atrasado para o jantar. Nesta situação,
uma professora de língua portuguesa sobre elementos podemos dizer que o canal é:
da comunicação. a) o pai b) a filha c) fios de telefone d) o código
e) a fala
• Locutora: a professora.
• Receptores/Interlocutores: os estudantes. 3. Assinale a alternativa incorreta:
• Mensagem: o texto verbal oral elaborado pela a) Só existe comunicação quando a pessoa que
professora em seu ato de fala. recebe a mensagem entende o seu significado.
• Referente: os elementos da comunicação, o b) Para entender o significado de uma mensa-
assunto da aula. gem, não é preciso conhecer o código.
• Canal: a voz da professora, impulsionada pelo ar c) As mensagens podem ser elaboradas com vá-
que entra e sai de seus pulmões, utilizando-se rios códigos, formados de palavras, desenhos,
também de seu aparelho fonador. números etc.
• Código: a língua portuguesa. d) Para entender bem um código, é necessário
conhecer suas regras.
ATIVIDADES e) Conhecendo os elementos e regras de um códi-
go, podemos combiná-los de várias maneiras,
1. (UFG-GO) A frase abaixo foi extraída de um anún- criando mensagens.
cio que “vende” produto para pele:
Hoje você é uma uva. Mas cuidado, uva passa. 4. Uma pessoa é convidada a dar uma palestra em
(Cláudia, ago. 1996) espanhol. A pessoa não aceita o convite, pois não
a) Comente a superposição de funções gramati- sabia falar com fluência a língua Espanhola. Se
cais que recai sobre a palavra passa. esta pessoa tivesse aceitado fazer esta palestra
b) Explique os efeitos persuasivos provocados por seria um fracasso porque:
essa superposição. a) não dominava os signos
c) Discorra sobre a função da linguagem que pre- b) não dominava o código
domina na frase. c) não conhecia o referente
d) não conhecia o receptor
e) não conhecia a mensagem

89
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
5. Um guarda de trânsito percebe que o motorista FUNÇÕES DA LINGUAGEM
de um carro está em alta velocidade. Faz um ges-
to pedindo para ele parar. Neste trecho, o gesto
que o guarda faz para o motorista parar podemos
dizer que é:
a) o código que ele utiliza
b) o canal que ele utiliza
c) quem recebe a mensagem
d) quem envia a mensagem
e) o assunto da mensagem

6. A mãe de Felipe toca-o levemente e o chama:


“FELIPE, ESTÁ NA HORA DE ACORDAR”.
O que está destacado é:
a) o emissor
b) o código
c) o canal
Quando se processa a comunicação, um ou mais
d) a mensagem
desses elementos ficam em evidência, dependendo
e) o referente
da intenção depreendida no contexto. Nesse sentido,
7. Podemos afirmar que Referente é: quando o interlocutor dá ênfase a um desses elemen-
a) quem recebe a mensagem tos básicos da comunicação no processo comunica-
b) o assunto da mensagem tivo com o outro, afirma-se que há um determinado
c) o que transmite a mensagem objetivo.
d) quem envia a mensagem A comunicação pode existir para pedir informação
e) o código usado para estabelecer comunicação. sobre a localização de uma rua, para falar sobre sen-
timentos ou para convencer alguém da sua opinião,
por exemplo. Assim, é preciso lembrar sempre que as
situações comunicativas assumem funções, objetivos
diferentes, dependendo do contexto em que estão
inseridas – ou seja, cada uma tem suas características
específicas.
Esses objetivos focalizam elementos da comunica-
8. Leia o texto a seguir. ção distintos e vão determinar as funções da lingua-
Na situação retratada na tira, houve um ruído gem em cada ato comunicativo. Confira as funções da
na comunicação. O problema na comunicação linguagem e suas características:
ocorreu porque
a) a situação do texto é um pedido de ajuda que FUNÇÃO EMOTIVA/EXPRESSIVA
não foi compreendido.
b) o emissor não entende a mensagem do recep- Dentre as funções da linguagem, a função emo-
tor. tiva é concentrada no emissor da mensagem e tem
c) o código usado pelo emissor e pelo receptor, o objetivo de expressar os sentimentos, as emoções,
nesta comunicação, não é o mesmo. as opiniões de quem constrói. Algumas características
d) a palavra “bater” causou a confusão no diálogo. são normalmente encontradas nos textos com essa
e) os sinais feitos com o dedo pelo homem que função:
está atrás do carro não transmitem sentido Linguagem expressiva / Uso da primeira pessoa
nesta imagem. gramatical / Uso de adjetivações / Interjeições / Al-
guns sinais de pontuação, como as reticências e o
ponto de exclamação.

Características da função emotiva ou expressiva:


A mensagem transmitida é subjetiva, conforme
a visão do emissor. É pessoal, sendo utilizada a 1.ª
pessoa do discurso.
Há a presença de interjeições que enfatizam o
discurso.

90
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Utiliza pontuação que acentua a sua entonação base fatos e dados concretos; É impessoal, não apre-
emotiva, como os pontos de exclamação e as reti- sentando a opinião do emissor; Utiliza uma linguagem
cências. denotativa; Utiliza a 3.ª pessoa do discurso.
Onde se usa a função emotiva ou expressiva:
poemas; cartas pessoais; memórias; autobiografias; Onde se usa a função referencial ou denotativa:
depoimentos; entrevistas; músicas. notícias de jornal; textos técnicos; artigos científi-
cos; livros didáticos; documentos oficiais; correspon-
Exemplos da função emotiva ou expressiva: dências comerciais.
Ah, fiquei tão feliz com essa notícia!
Minho nossa, sinto-me tão triste e cansado. Estou Exemplos da função referencial ou denotativa:
sentindo um ódio extremo dele. As tarifas dos transportes públicos aumentarão
de preço no próximo mês.
FUNÇÃO APELATIVA/CONATIVA Os artigos podem ser classificados em artigos de-
finidos e artigos indefinidos.
A linguagem assume a função apelativa quando Os médicos recomendam uma alimentação sau-
a intenção do emissor da mensagem é convencer, dável e a realização de exercício físico diário.
persuadir, envolver o destinatário da mensagem. O
objetivo é, portanto, influenciar o comportamento do FUNÇÃO FÁTICA
destinatário e, por isso, o foco da mensagem está nes-
se elemento da comunicação. Como exemplo, têm-se
A linguagem assume função fática quando se pre-
os textos publicitários, que têm por base esse tipo
ocupa em manter contato entre o emissor e o inter-
de função. Algumas marcas gramaticais podem ser
locutor. O objetivo desta é testar o canal para iniciar,
utilizadas nesse tipo de função, como:
prolongar ou terminar o processo comunicativo. Além
Presença de vocativo / Uso de segunda pessoa do
discurso / Uso de verbos no imperativo / Interlocução disso, possui também a intenção de manter um am-
biente de relacionamento amistoso e favorável. Os
Características da função apelativa ou conativa: cumprimentos, como o “alô” e o “tchau” ao telefone,
Predomina o uso de verbos no imperativo. Utiliza são exemplos dessa função da linguagem.
a 2.ª ou 3.ª pessoa do discurso (tu e você).
Há a presença de vocativos que direcionam a men- Características da função fática:
sagem. Recorre a pontos de exclamação para enfatizar Recorre a frases interrogativas para obter resposta
o discurso. do receptor. Utiliza interjeições e onomatopeias para
manter o discurso.
Onde se usa a função apelativa ou conativa:
publicidades; propagandas; discursos políticos; Onde se usa a função fática: cumprimentos; sau-
sermões religiosos; livros de autoajuda; horóscopo. dações; conversas telefônicas.

Exemplos da função apelativa ou conativa: Exemplos da função fática:


Aproveite as melhores ofertas! Alô! Alô? Bom dia!
Não perca esta chance! Ligue ainda hoje! Cidadão Não é mesmo? Sei...
consciente vote em mim! Hum... hum...

FUNÇÃO REFERENCIAL/DENOTATIVA FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

A função referencial tem como objetivo transmitir Esta função refere-se à metalinguagem, que ocorre
uma mensagem, informar o conteúdo de forma clara quando o emissor explica um código usando o próprio
e objetiva ao receptor. Por isso, é muito utilizada nos código. O foco, portanto, é o código. Os dicionários
textos informativos de jornais e revistas. Nesses tex- são exemplos dela, já que se tem a língua portuguesa
tos, alguns aspectos gramaticais são comuns, como: como código explicando o seu próprio uso.
Uso da terceira pessoa do discurso / Opção pelo
sentido denotativo / Uso de linguagem clara e precisa Características da função metalinguística: Utiliza
o código como tema da mensagem. Tem uma função
Características da função referencial ou denota- explicativa.
tiva:
Transmite uma informação de forma clara, obje-
Onde se usa a função metalinguística: dicioná-
tiva e direta; Informa sobre a realidade, tendo como
rios; gramáticas.

91
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplos da função metalinguística: b) fática, porque o texto testa o funcionamento
O código linguístico é um sistema de signos usados do canal de comunicação.
na construção de mensagens. Uma mensagem é uma c) poética, porque o texto chama a atenção para
comunicação oral ou escrita que visa transmitir uma os recursos de linguagem.
informação. d) conativa, porque o texto procura orientar com-
portamentos do leitor.
FUNÇÃO POÉTICA e) referencial, porque o texto trata de noções e
informações conceituais.
Tem-se a função poética da linguagem quando se
percebe que a atenção do emissor da mensagem está 2. (UERJ 2010)
voltada não apenas para o conteúdo, mas também Não-coisa
para sua construção, para sua formulação. Trata-se Ferreira Gullar
da utilização da língua para produzir mensagens que O que o poeta quer dizer
chamem a atenção do leitor ou do ouvinte pela forma no discurso não cabe
como estão construídas. O foco nesta função é, por- e se o diz é pra saber
tanto, a mensagem. A seleção vocabular, a arrumação, o que ainda não sabe.
o jogo de palavras, o ritmo e as figuras de lingua-
gem marcam essa função. Muitas poesias e ditados Uma fruta uma flor
populares apresentam, de maneira marcante, essa um odor que relume...
preocupação formal, e, por isso, podem ser tomados Como dizer o sabor,
como exemplos também. seu clarão seu perfume?

Características da função poética: Como enfim traduzir


Utiliza uma linguagem elaborada e cuidada. na lógica do ouvido
Dá importância ao ritmo, melodia e sonoridade o que na coisa é coisa
das palavras. Procura o que é belo e inovador. e que não tem sentido?

Onde se usa a função poética: A linguagem dispõe


de conceitos, de nomes
poemas; obras literárias; letras de músicas; publi-
mas o gosto da fruta
cidade; propaganda.
só o sabes se a comes
Exemplos da função poética: “O poeta é um fin-
só o sabes no corpo
gidor”. Finge tão completamente
o sabor que assimilas
Que chega a fingir que é dor “A dor que deveras
e que na boca é festa
sente.” Fernando Pessoa
de saliva e papilas
“Basta-me um pequeno gesto, feito de longe e
de leve,
invadindo-te inteiro
para que venhas comigo
tal do mar o marulho
e eu para sempre te leve...”
e que a fala submerge
Cecília Meireles e reduz a um barulho,
ATIVIDADES um tumulto de vozes
de gozos, de espasmos,
1. (ENEM 2010) A biosfera, que reúne todos os am- vertiginoso e pleno
bientes onde se desenvolvem os seres vivos, se como são os orgasmos
divide em unidades menores chamadas ecossis-
temas, que podem ser uma tem múltiplos me- No entanto, o poeta
canismos que regulam o número de organismos desafia o impossível
dentro dele, controlando sua reprodução, cres- e tenta no poema
cimento e migrações. dizer o indizível:
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
subverte a sintaxe
implode a fala, ousa
Predomina no texto a função da linguagem
incutir na linguagem
a) emotiva, porque o autor expressa seu senti-
densidade de coisa
mento em relação à ecologia.

92
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
sem permitir, porém, Cada vez mais cheia
que perca a transparência De afetos e de mulheres.
já que a coisa ë fechada O vento varria os meses
à humana consciência. E varria os teus sorrisos…
O vento varria tudo!
O que o poeta faz E a minha vida ficava
mais do que mencioná-la Cada vez mais cheia
é torná-la aparência De tudo.
pura — e iluminá-la. BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967

Toda coisa tem peso:


Predomina no texto a função da linguagem
uma noite em seu centro.
a) fática, porque o autor procura testar o canal
O poema é uma coisa
de comunicação.
que não tem nada dentro,
b) metalinguística, porque há explicação do sig-
nificado das expressões.
a não ser o ressoar
c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a
de uma imprecisa voz participar de uma ação.
que não quer se apagar d) referencial, já que são apresentadas informa-
— essa voz somos nós. ções sobre acontecimentos e fatos reais.
e) poética, pois se chama a atenção para a elabo-
A primeira estrofe expõe ideias no campo da me- ração especial e artística da estrutura do texto.
talinguagem, já que apresenta concepções acerca
da própria linguagem poética. Os versos que mais 4. Identifique a frase em que a função da linguagem
se aproximam dessas ideias são: predominante é a função expressiva.
a) Uma fruta uma flor / um odor que relume… a) Não deixe de aproveitar esta oportunidade!
b) sem permitir, porém, / que perca a transpa- b) Estou muito desapontada com o seu compor-
rência tamento.
c) é torná-la aparência / pura – e iluminá-la. c) O corpo humano é formado por água (cerca
d) Toda coisa tem peso: / uma noite em seu cen- de 70%).
tro. d) Sim... Claro… Entendo…

3. (ENEM 2009) 5. Qual a função da linguagem presente na frase:


“Os verbos transitivos são classificados em dire-
Canção do vento e da minha vida tos, indiretos e diretos e indiretos.”
a) Função expressiva;
O vento varria as folhas, b) Função referencial;
O vento varria os frutos, c) Função metalinguística;
O vento varria as flores… d) Função fática.
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia 6. Com qual elemento da comunicação está relacio-
nada a função apelativa da linguagem?
De frutos, de flores, de folhas. […]
a) Código;
O vento varria os sonhos
b) Canal;
E varria as amizades…
c) Mensagem;
O vento varria as mulheres…
d) Receptor.
E a minha vida ficava

7. ENEM 2012


LAERTE. Disponível em: http://blog.educacional.com.br. Acesso em: 8 set. 2011.

93
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Que estratégia argumentativa leva o personagem e) valorização do efeito de estranhamento cau-
do terceiro quadrinho a persuadir sua interlocu- sado no público, o que faz a obra ser reconhe-
tora? cida.
a) Prova concreta, ao expor o produto ao consu-
midor. 9. (ENEM 2016) Ler não é decifrar, como num jogo
b) Consenso, ao sugerir que todo vendedor tem de adivinhações, o sentido de um texto. E, a par-
técnica. tir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado,
c) Raciocínio lógico, ao relacionar uma fruta com conseguir relacioná-lo a todos os outros textos
um produto eletrônico. significativos para cada um, reconhecer nele o
d) Comparação, ao enfatizar que os produtos tipo de leitura que o seu autor pretendia e, dono
apresentados anteriormente são inferiores. da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou
e) Indução, ao elaborar o discurso de acordo com rebelar-se contra ela, propondo uma outra não
os anseios do consumidor. prevista.
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura
do mundo. São Paulo: Ática, 1993.
8. (ENEM 2013)

Lusofonia Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre


o processo de produção de sentidos, valendo-se
rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; da metalinguagem. Essa função da linguagem
menina; (Brasil), meretriz. torna-se evidente pelo fato de o texto
a) ressaltar a importância da intertextualidade.
Escrevo um poema sobre a rapariga que está b) propor leituras diferentes das previsíveis.
sentada no café, em frente da chávena de café, c) apresentar o ponto de vista da autora.
enquanto alisa os cabelos com a mão. Mas não d) discorrer sobre o ato de leitura.
posso escrever este poema sobre essa rapariga e) focar a participação do leitor.
porque, no brasil, a palavra rapariga não quer
dizer o que ela diz em Portugal. Então, terei de
escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
a menina do café, para que a reputação da pobre
rapariga que alisa os cabelos com a mão, num
café de Lisboa, não fique estragada para sempre
quando este poema atravessar o atlântico para
desembarcar no rio de janeiro. E isto tudo sem
pensar em África, porque aí lá terei de escrever
sobre a moça do café, para evitar o tom dema-
siado continental da rapariga, que é uma palavra
que já me está a pôr com dores de cabeça até
porque, no fundo, a única coisa que eu queria
era escrever um poema sobre a rapariga do café.
A solução, então, é mudar de café, e limitar-me
a escrever um poema sobre aquele café onde
nenhuma rapariga se pode sentar à mesa porque
só servem café ao balcão.
JÚDICE, N. Matéria do Poema. Lisboa: D. Quixote, 2008.

O texto traz em relevo as funções metalinguística


e poética. Seu caráter metalinguístico justifica-se
pela
a) discussãodadificuldadedesefazerarteinovado-
ranomundocontemporâneo.
b) defesa do movimento artístico da pós-moder-
nidade, típico do século XX.
c) abordagem de temas do cotidiano, em que a
arte se volta para assuntos rotineiros.
d) tematização do fazer artístico, pela discussão
do ato de construção da própria obra.

94
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADE e o asfalto grita
(EM13LP28) Organizar situações de estudo e utilizar denunciando
procedimentos e estratégias de leitura adequados mentiras vencidas
aos objetivos e à natureza do conhecimento em
questão. são heranças de uma
cidade açoitada
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM em silêncio
(GO-EMLP28A) Organizar e experimentar estra-
tégias de estudo utilizando leituras, resolução de nos mocambos de hoje
exercícios, interpretação de vídeos, gráficos e ima- germina a resistência
do amanhã
gens acerca do conteúdo em questão para produzir
uma aprendizagem significativa e otimizar o tempo.
em cada quintal um trançado
autoestima se firma
OBJETOS DE CONHECIMENTO
no olhar da mulecada
Estratégia de leitura: apreender os sentidos globais
vejo uma trilha
do texto. sedenta de história
Estratégias de escrita: textualização, revisão e edi-
ção. é batuque,
Planejamento e produção de questionários. rodeando as intenções
Organização de cronograma de estudo. cravando horizontes
Forma de composição do texto.
Relação entre contexto de produção e característi- grafitando nos
cas composicionais e estilísticas dos gêneros. muros, poemas
Reconstrução da textualidade e compreensão dos da nossa virada
efeitos de sentido provocados pelos usos de recur-
sos linguísticos e multissemióticos. declamando ação,
sacudindo vozes
TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO
e na espreita das ruas
MAPAS DE ASFALTO – MICHEL YAKINI ecoam as rimas
num versar ritmado de redenção!
há tempos que o céu
das beiradas a) As cinco primeiras estrofes revelam uma re-
acorda cinzento alidade dura, penosa. Como as imagens expressam
essa ideia?
as pedras ficam intactas b) A sexta estrofe marca uma mudança de pers-
endurecendo vidas pectiva. Usando as suas palavras, explique o sentido
pelas esquinas dos versos.
c) nas três últimas estrofes, quais palavras reme-
a esperança passa tem ao campo da arte, especialmente da literatura?
como ventania d) Segundo o poema, qual é o papel da arte? Ex-
pelas ladeiras plique sua resposta.

Disponível em https://suburbanodigital.blogspot.com/2019/04/tirinha-do-armandinho-vendo-por-do-sol.html

Podemos dizer que nem sempre os vocábulos apresentam apenas um significado, podendo apresentar
uma variedade deles de acordo com o contexto em que são empregados.
As variações de significado de um signo linguístico são chamadas de denotação e conotação. Elas devem
estar subordinadas ao tipo de linguagem que se deseja empregar.

95
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
DENOTAÇÃO x CONOTAÇÃO Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão

Texto Não Literário

Caracterizado por ser construído de forma objeti-


Texto literário va e com linguagem denotativa, sempre priorizando
a informação. Portanto, o autor deve ser imparcial e
É destinado à expressão, com a realidade demons- objetivo no jeito de escrever, oferecendo apenas uma
trada de maneira poética, podendo haver subjetivi- interpretação daquilo que está sendo dito.
dade e sentido conotativo. Aquele que expressa de
alguma maneira o pensamento do autor de forma São textos não literários:
reflexiva e não necessariamente de acordo com a re- • notícias de jornais, TV;
alidade. Oferece ao autor uma maior liberdade na • Artigos científicos;
hora da escrita, podendo ele dar o destino que bem • Anúncios publicitários (com linguagem deno-
entender ao enredo, permitindo várias leituras. tativa);
• Bulas de remédios;
São textos literários: • Conteúdo de livros didáticos;
• os poemas; • Receitas culinárias;
• os romances; • Cartas comerciais;
• os contos; • Manuais de instrução.
• as novelas;
• as lendas; Exemplos:
• as fábulas; Enfermeira alemã é suspeita de ter aplicado mor-
• as crônicas; fina em bebês – Correios Braziliense
• as peças de teatro; Os bebês tinham entre um dia e um mês de vida e
· as letras de músicas; teriam recebido a morfina em dezembro, na unidade
de prematuros do centro médico
Exemplos: A Justiça alemã informou nesta quinta-feira (30/1)
A Arte de Ser Feliz (Cecília Meireles) sobre a prisão de uma enfermeira que supostamente
“Houve um tempo em que minha janela se abria
tentou envenenar bebês ao aplicar morfina neles. Eles
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Per-
tinham entre um dia e um mês de vida.
to da janela havia um pequeno jardim quase seco.
A profissional de saúde foi presa na cidade de Ulm,
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e
na parte sul do país. Segundo informações da polícia,
o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha
os cinco recém-nascidos sobreviveram.
um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando
De acordo com o promotor Christof Lehr, a mulher
com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não
era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, foi presa por “tentativa de assassinato” e por feridas
para que o jardim não morresse. E eu olhava para as graves causadas às crianças.
plantas, para o homem, para as gotas de água que No armário da enfermeira no Hospital de Ulm, a
caíam de seus dedos magros e meu coração ficava polícia encontrou uma seringa para conteúdo oral,
completamente feliz.” que continha leite materno e restos de morfina. Os
bebês haviam recebido as doses da substância em
O Cio da Terra dezembro, quando estavam na ala de recém-nascidos
(Chico Buarque/ Milton Nascimento) do centro médico.
Posteriormente, as crianças apresentaram proble-
Debulhar o trigo mas respiratórios agudos, mas conseguiram ser salvas
Recolher cada bago do trigo por intervenção imediata das equipes médicas, que
Forjar no trigo o milagre do pão garantiram que elas não terão sequelas.
E se fartar de pão Em um primeiro momento, o hospital cogitou
Decepar a cana que poderia se tratar de uma infecção, hipótese des-
Recolher a garapa da cana cartada por exames de urina, como relatou o policial

96
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Bernhard Weber, durante uma coletiva de imprensa. *Leia o texto:
A análise mostrou, no entanto, que havia traços de
morfina no organismo das crianças. (...) SOBRE A ORIGEM DA POESIA

Bolo de chocolate Arnaldo Antunes


Bolo de chocolate pode ser servido no café da
manhã, lanche da tarde ou até a merenda das crianças A origem da poesia se confunde com a origem
na escola. Esta receita feita com achocolatado é batida da própria linguagem.
no liquidificador e assada no forno. A dica para fazer a Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a
cobertura penetrar na massa do bolo é fazer furinhos linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a
origem do discurso não poético, já que, restituindo
com o garfo antes de derramar a calda.
laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles
5 PORÇÕES
designadas, a poesia aponta para um uso muito pri-
Ingredientes - Receita de Bolo de Chocolate Sim-
mário da linguagem, que parece anterior ao perfil de
ples - Massa
sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas,
1 xícara de chá de leite conferências, discussões, discursos, ensaios ou tele-
1 xícara de chá de óleo de soja fonemas [...]
2 unidades de ovo No seu estado de língua, no dicionário, as pala-
2 xícaras de chá de farinha de trigo vras intermedeiam nossa relação com as coisas, im-
1 xícara de chá de achocolatado em pó pedindo nosso contato direto com elas. A linguagem
1 xícara de chá de açúcar poética inverte essa relação, pois, vindo a se tornar,
1 colheres de sopa de fermento químico em pó ela em si, coisa, oferece uma via de acesso sensível
Modo de Preparo - Receita de Bolo de Chocolate mais direto entre nós e o mundo [...]
Simples - Massa Já perdemos a inocência de uma linguagem plena
Coloque os líquidos no liquidificador e bata até assim. As palavras se desapegaram das coisas, assim
misturar bem. Coloque os outros ingredientes, sendo como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como
o fermento o último. Leve para assar em forno médio, a criação se desapegou da vida. Mas temos esses pe-
numa forma untada e enfarinhada. quenos oásis – os poemas – contaminando o deserto
de referencialidade.
Relacionando o texto literário ao não literário, de-
vemos considerar que o texto literário tem uma 2. No último parágrafo, o autor se refere à plenitu-
dimensão estética, plurissignificativa e de intenso de da linguagem poética, fazendo, em seguida,
uma descrição que corresponde à linguagem não
dinamismo, que possibilita a criação de novas rela-
poética, ou seja, à linguagem referencial.
ções de sentido, com predomínio da função poética
Pela descrição apresentada, a linguagem refe-
da linguagem. É, portanto, um espaço relevante de
rencial teria, em sua origem, o seguinte traço
reflexão sobre a realidade, envolvendo um proces- fundamental:
so de recriação lúdica dessa realidade. No texto (A) O desgaste da intuição
não literário, as relações são mais restritas, tendo (B) A dissolução da memória
em vista a necessidade de uma informação mais (C) A fragmentação da experiência
objetiva e direta no processo de documentação da (D) O enfraquecimento da percepção
realidade, com predomínio da função referencial
da linguagem, e na interação entre os indivíduos, 3 - A comparação entre a poesia e outros usos da
com predomínio de outras funções. linguagem põe em destaque a seguinte caracte-
rística do discurso poético:
ATIVIDADES (A) revela-se como expressão subjetiva
(B) manifesta-se na referência ao tempo
1. Sobre a linguagem não literária é correto afirmar: (B) afasta-se das praticidades cotidianas
(A) Sempre utilizada em textos cujo caráter seja (D) conjuga-se com necessidades concretas
essencialmente emocional.
(B) Sua principal característica é a subjetividade. 4 . Leia os textos abaixo para responder à questão:
(C) Utiliza recursos como a denotação para escla- (Texto 1) Descuidar do lixo é sujeira
recer o sentido que elas realmente possuem. Diariamente, duas horas antes da chegada do
(D) Utiliza a linguagem conotativa para expressar caminhão da prefeitura, a gerência de uma das
filiais do McDonald’s deposita na calçada dezenas
o real significado das palavras, sem metáforas
de sacos plásticos recheados de papelão, isopor,
ou preocupações artísticas.

97
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um Este açúcar veio
lamentável banquete de mendigos. Dezenas de- da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
les vão ali revirar o material e acabam deixando os dono da mercearia.
restos espalhados pelo calçadão. (Veja São Paulo, Este açúcar veio
23-29/12/92) de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
(Texto 2) O bicho e tampouco o fez o dono da usina.
Vi ontem um bicho / Na imundície do pátio / Ca-
tando comida entre os detritos. Este açúcar era cana
Quando achava alguma coisa, / Não examinava e veio dos canaviais extensos
nem cheirava: /Engolia com voracidade. que não nascem por acaso
O bicho não era um cão, / Não era um gato, / Não no regaço do vale.
era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem. Em lugares distantes, onde não há hospital
(Manuel Bandeira.)
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
I. No primeiro texto, publicado por uma revis-
aos 27 anos
ta, a linguagem predominante é a literária, pois
plantaram e colheram a cana
sua principal função é informar o leitor sobre os
transtornos causados pelos detritos. que viraria açúcar.
II. No segundo texto, do escritor Manuel Bandei-
ra, a linguagem não literária é predominante, pois Em usinas escuras,
o poeta faz uso de uma linguagem objetiva para homens de vida amarga
informar o leitor. e dura
III. No texto “Descuidar do lixo é sujeira”, a in- produziram este açúcar
tenção é informar sobre o lixo que diariamente branco e puro
é depositado nas calçadas através de uma lin- com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
guagem objetiva e concisa, marca dos textos não
literários. TEXTO II
IV. O texto “O bicho” é construído em versos e A cana-de-açúcar - Originária da Ásia, a cana-de-açúcar
estrofes e apresenta uma linguagem plurissignifi- foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portu-
cativa, isto é, permeada por metáforas e simbolo- gueses no século XVI. A região que durante séculos
gias, traços determinantes da linguagem literária. foi a grande produtora de cana-de-açúcar no Brasil
é a Zona da Mata nordestina, onde os férteis solos
Estão corretas as proposições: de massapé, além da menor distância em relação ao
(A) I, III e IV. mercado europeu, propiciaram condições favoráveis a
(B) III e IV. esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de
(C) I, II, III e IV. cana-de-açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco,
(D) I e IV. Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de pro-
(E) II, III e IV. duzir o açúcar, que em parte é exportado e em parte
abastece o mercado interno, a cana serve também
*Leia os fragmentos abaixo para responder às ques-
para a produção de álcool, importante nos dias atuais
tões que seguem:
como fonte de energia e de bebidas. A imensa ex-
pansão dos canaviais no Brasil, especialmente em São
TEXTO I
Paulo, está ligada ao uso do álcool como combustível.
O açúcar - Ferreira Gullar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema 5. Para que um texto seja literário:
não foi produzido por mim (A) basta somente a correção gramatical; isto é,
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. a expressão verbal segundo as leis lógicas ou
naturais.
Vejo-o puro (B) deve prescindir daquilo que não tenha corres-
e afável ao paladar pondência na realidade palpável e externa.
como beijo de moça, água (C) deve fugir do inexato, daquilo que confunda
na pele, flor a capacidade de compreensão do leitor.
que se dissolve na boca. Mas este açúcar (D) deve assemelhar-se a uma ação de desnuda-
não foi feito por mim. mento. O escritor revela ao escrever, revela o

98
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
mundo, e em especial o Homem, aos outros 1) Por que ele não encontrou o resultado espe-
homens. rado?
(E) deve revelar diretamente as coisas do mundo: 2) Como poderia ter resolvido esse problema?
sentimentos, ideias, ações.
A polissemia é a capacidade que uma palavra tem de
6. Sobre os textos I e II, só é possível afirmar que: apresentar diferentes significados, conforme o con-
A. O texto I é literário também pela forma com texto em que é utilizada. A polissemia ocorre na maior
que se apresenta. parte dos vocábulos.
B. O texto II poderia ser literário pela forma. Vocábulos polissêmicos ou palavras polissêmicas
C. Pela pluralidade significativa da linguagem, só são, assim, palavras que apresentam mais do que um
é possível afirmar que o literário é o texto II. significado.

Está(ao) correta(s) apenas Exemplos de polissemia


(A) a I e a II • Bala: projétil de arma de fogo e guloseima de
(B) a II e a III açúcar
(C) a I e a III (com origem comum na palavra em francês
(D) apenas a II balle)
(E) Todas estão corretas • Cabeça: parte do corpo humano e líder do grupo
(com origem comum na palavra em latim capi-
7. Ainda com relação aos textos I e II, assinale a tia)
opção incorreta • Gato: animal mamífero e pessoa atraente
(A) No texto I, em lugar de apenas informar sobre (com origem comum na palavra em latim cattus)
o real, ou de produzi-lo, a expressão literária
é utilizada principalmente como um meio de
refletir e recriar a realidade.
(B) No texto II, de expressão não-literária, o autor
informa o leitor sobre a origem da cana-de-
-açúcar, os lugares onde é produzida, como
teve início seu cultivo no Brasil etc.
(C) O texto I parte de uma palavra do domínio
comum – açúcar – e vai ampliando seu poten-
cial significativo, explorando recursos formais
para estabelecer um paralelo entre o açúcar
– branco, doce, puro – e a vida do trabalhador
que o produz – dura, amarga, triste.
FIGURAS DE LINGUAGEM
(D) O texto I, a expressão literária desconstrói há-
bitos de linguagem, baseando sua recriação
As figuras de linguagem são recursos linguísticos a
no aproveitamento de novas formas de dizer.
que os autores recorrem para tornar a linguagem mais
(E) O texto II não é literário porque, diferente-
rica e expressiva. Esses recursos revelam a sensibili-
mente do literário, parte de um aspecto da
realidade, e não da imaginação. dade de quem os utiliza, traduzindo particularidades
estilísticas do emissor da linguagem. As figuras de lin-
guagem exprimem também o pensamento de modo
PALAVRAS E SEUS SENTIDOS original e criativo, exploram o sentido não literal das
palavras, realçam sonoridade de vocábulos e frases e
Um velejador havia esquecido o nome de uma
até mesmo, organizam orações, afastando-a, de algum
vela específica que precisava adquirir para seu barco
modo, de uma estrutura gramatical padrão, a fim de
e, a fim de identifica-la, usou um buscador de imagens
dar destaque a algum de seus elementos. As figuras
na internet, obtendo a seguinte tela como resultado.
de linguagem costumam ser classificadas em figuras
de som, figuras de construção e figuras de palavras
ou semânticas.

Figuras de som ou sonoras

As figuras de som ou figuras sonoras são aquelas


que se utilizam de efeitos da linguagem para repro-
duzir os sons presentes nos seres.

99
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Aliteração: consiste na repetição ordenada de Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos
mesmos sons consonantais. ligando termos da oração ou elementos do período.
“Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi ber- “...e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre...”
rando...Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá (Clarice Lispector)
direito”. (Guimarães Rosa)
Anacoluto: consiste em deixar um termo solto na
Assonância: consiste na repetição ordenada de frase. Isso ocorre, geralmente, porque se inicia uma
mesmos sons vocálicos. determinada construção sintática e depois se opta
“O que o vago e incógnito desejo/de ser eu mesmo por outra.
de meu ser me deu”. (Fernando Pessoa) “Eu, que me chamava de amor e minha esperança
de amor.”
Paronomásia: consiste na aproximação de pala- “Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras
vras de sons parecidos, mas de significados distintos. espertas botassem as mãos.” (Camilo Castelo Branco)
“Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das Os termos destacados não se ligam sintaticamente
massas e das maçãs”. (Almir Sater e Renato Teixeira) à oração. Embora esclareçam a frase, não cumprem
nenhuma função sintática nos exemplos.
Onomatopeia: consiste na criação de uma palavra
para imitar sons e ruídos. É uma figura que procura Hipérbato ou Inversão: consiste no deslocamento
imitar os ruídos e não apenas sugeri-los. dos termos da oração ou das orações no período. Ou
Chega de blá-blá-blá-blá! seja, é a mudança da ordem natural dos termos na
frase. São como cristais suas lágrimas. Batia acelerado
É importante destacar que a existência de uma meu coração.
figura de linguagem não exclui outras. Em um mes- Na ordem direta, as frases dos exemplos expostos
mo texto podemos encontrar aliteração, assonância, seriam:
paronomásia e onomatopeia. Suas lágrimas são como cristais.
Meu coração batia acelerado.
Figuras de construção ou sintaxe
Anáfora: é a repetição da mesma palavra ou
As figuras de construção ou figuras de sintaxe são expressão no início de várias orações, períodos ou
desvios que são evidenciados na construção normal versos.
do período. Essas figuras de linguagem ocorrem na “Tudo é silêncio, tudo calma, tudo mudez.” (Olavo
concordância, na ordem e na construção dos termos Bilac)
da oração. São as seguintes: elipse, zeugma, pleonas-
mo, assíndeto, polissíndeto, anacoluto, hipérbato, hi- Silepse: ocorre quando a concordância se faz com
pálage, anáfora e silepse. a ideia subentendida, com o que está implícito e não
com os termos expressos. A silepse pode ser:
Elipse: consiste na omissão de um termo facil- De gênero: Vossa excelência é pouco conhecido.
mente identificável pelo contexto. (concorda com a pessoa representada pelo pronome)
Na sala, apenas quatro ou cinco convidados. De número: Corria gente de todos os lados, e gri-
(omissão de havia) tavam. (gente dá ideia de plural, gritavam concorda
com “gente”)
Zeugma: ocorre quando se omite um termo que De pessoa: Os brasileiros somos bastante otimis-
já apareceu antes. Ou seja, consiste na elipse de um tas. (brasileiros dá ideia de nós (1º p. do plural) somos,
termo que antes fora mencionado. 1º p. do plural “concorda” com “somos”)
Nem ele entende a nós, nem nós a ele. (omissão
do termo entendemos) Hipálage: ocorre quando se atribui a uma palavra
uma característica que pertence a outra da mesma
Assíndeto: é a supressão de um conectivo entre frase:
elementos coordenados Esse sapato não entra no meu pé! (= Eu não entro
“Todo coberto de medo, juro, minto, afirmo, assi- nesse sapato!)
no.” (Cecília Meireles) Essa blusa não cabe em mim. (= Eu não caibo mais
Acordei, levantei, comi, saí, trabalhei, voltei. nessa blusa.)

Pleonasmo: é uma redundância cuja finalidade é Figuras de palavras ou semânticas


reforçar a mensagem.
“E rir meu riso e derramar meu pranto....” (Vinicius As figuras de palavras ou semânticas são figuras de
de Moraes) linguagem que consistem no emprego de uma palavra

100
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
num sentido não convencional, ou seja, num sentido Um doce abraço ele recebeu da irmã. (sensação
conotativo. São as seguintes: comparação, metáfora, gustativa e sensação tátil)
catacrese, metonímia, antonomásia, sinestesia, antí-
tese, eufemismo, gradação, hipérbole, prosopopeia, Antítese: é o emprego de palavras ou expressões
paradoxo, perífrase, apóstrofe e ironia. de significados opostos.
Os jardins têm vida e morte.
Comparação ou símile: ocorre comparação quan-
do se estabelece aproximação entre dois elementos Eufemismo: consiste em atenuar um pensamento
que se identificam, ligados por nexos comparativos desagradável ou chocante.
explícitos, como tal qual, assim como, que nem e etc. Ele sempre faltava com a verdade (= mentia)
A principal diferenciação entre a comparação e a me-
táfora é a presença dos nexos comparativos. Gradação ou clímax: é uma sequência de palavras
“E flutuou no ar como se fosse um príncipe.” (Chico que intensificam uma ideia.
Buarque) Porque gado a gente marca, / tange, ferra, engor-
da e mata, / mas com gente é diferente.
Metáfora: consiste
Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com
em empregar um termo
finalidade enfática.
com significado diferen-
Estou morrendo de sede!
te do habitual, com base Não vejo você há séculos!
numa relação de similari-
dade entre o sentido próprio e o sentido figurado. Na Prosopopeia ou personificação: consiste em atri-
metáfora ocorre uma comparação em que o conectivo buir a seres inanimados características próprias dos
comparativo fica subentendido. seres humanos.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo”. (Fer- O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
nando Pessoa)
Paradoxo: consiste no uso de palavras de senti-
Catacrese: ocorre quando, por falta de um termo do oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas,
específico para designar um conceito, toma-se outro no contexto se completam, reforçam uma ideia e/ou
por empréstimo. expressão.
Ele comprou dois dentes de alho para colocar na Estou cego, mas agora consigo ver.
comida.
O pé da mesa estava quebrado. Perífrase: é uma expressão que designa um ser
Não sente no braço do sofá. por meio de alguma de suas características ou atri-
butos.
Metonímia: assim como a metáfora, consiste O ouro negro foi o grande assunto do século. (=
numa transposição de significado, ou seja, uma pa- petróleo)
lavra que usualmente significa uma coisa passa a ser
utilizada com outro sentido. Ou seja, é o emprego de Apóstrofe: é a interpelação enfática de pessoas
um nome por outro em virtude de haver entre eles ou seres personificados.
algum relacionamento. A metonímia ocorre quando “Senhor Deus dos desgraçados! / Dizei-me vós,
Senhor Deus! ” (Castro Alves)
se emprega:
A causa pelo efeito: vivo do meu trabalho (do pro-
Ironia: é o recurso linguístico que consiste em
duto do trabalho = alimento)
afirmar o contrário do que se pensa.
O efeito pela causa: aquele poeta bebeu a morte
Que pessoa educada! Entrou sem cumprimentar
(= veneno)
ninguém.
O instrumento pelo usuário: os microfones cor-
riam no pátio = repórteres).

Antonomásia: É a figura que designa uma pes-


soa por uma característica, feito ou fato que a tornou
notória.
A cidade eterna (em vez de Roma)

Sinestesia: Trata-se de mesclar, numa expressão,


sensações percebidas por diferentes órgãos senso-
riais. Disponível em https://querobolsa.com.br/enem/portugues/ironia

101
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADES HABILIDADE
(EM13LGG201) Utilizar as diversas linguagens (ar-
1. Leia um miniconto do escritor paulista Fernando tísticas, corporais e verbais) em diferentes contex-
Bonassi. tos, valorizando-as como fenômeno social, cultu-
Era como se o ruído do despertador rachasse ral, histórico, variável, heterogêneo e sensível aos
o seu crânio. Não acreditou que conseguisse contextos de uso.
levantar da cama. Quase se afogou na água do
chuveiro. Já na hora em que a mulher lhe serviu OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
suco, não acreditou que pudesse engolir. Desceu (GO-EMLGG201A) Sintetizar e resenhar textos, uti-
as escadas e os degraus pareciam desdobrar-se lizando paráfrases, marcas do discurso reportado e
neles mesmos, infinitos, como numa perseguição citações, para empregar em textos de divulgação
de filme. O tráfego até o trabalho nada menos de estudos e pesquisas.
que intransponível. O calor: insuportável. Traba-
lhou violentamente o resto da vida. OBJETOS DE CONHECIMENTO
BONASSI, Fernando. 100 histórias colhidas na rua. Linguagens, seus diálogos e práticas culturais.
São Paulo: Scritta, 1996.
Contextos e práticas.
Relação entre textos, reconstrução da textualida-
a) O conto caracteriza-se pelo uso enfático de de e efeitos de sentido provocados pelos usos de
uma figura de linguagem. Qual? recursos linguísticos e multissemióticos.
b) Explique, empregando exemplos, como ela foi Linguagem e sentido.
construída. A dimensão discursiva da linguagem.
c) Que efeito expressivo é obtido com o uso dessa
figura de linguagem?
RESENHA CRÍTICA
2. Leia um poema de Luiz Silva, poeta conhecido
A resenha crítica é gênero textual informativo,
como Cuti.
descritivo e opinativo sobre uma determinada obra,
por exemplo: livro, artigo, filme, série, documentá-
Ferro
rio, exposição de artes, peça teatral, apresentação de
dança, shows.
Primeiro o ferro marca
Nela, o resenhista sintetiza as ideias e expõe suas
a violência nas costas
apreciações, influenciando seus leitores.
Depois o ferro alisa
Assim, a função da resenha crítica é fazer uma
a vergonha nos cabelos
análise interpretativa da obra expondo considerações
Na verdade o que se precisa
pessoais sobre o objeto analisado.
é jogar o ferro fora
Esse texto é muito utilizado no mundo acadêmico,
e quebrar todos os elos
pois eles são lidos pelos pesquisadores para conhecer
dessa corrente
melhor os aspectos positivos e negativos, expandir a
de desesperos.
Cuti, In: Santos, Luiz Carlos dos. (Org). Antologia da Poesia visão sobre o tema explorado e entender a abordagem
Negra Brasileira: o negro em versos. São Paulo, Moderna, utilizado pelo autor.
2005.
Como fazer uma boa resenha crítica: passo a
a) quais são os sentidos de ferro, no 1º e no 3º passo
verso?
b) em qual dessas ocorrências o eu-lírico se refere 1. Conheça muito bem a obra
a ideologia do branqueamento? Explique: Para começar uma resenha crítica é necessário
c) que sentido deve ser atribuído a ferro no 6º ler/assistir atentamente à obra analisada. Se neces-
verso do poema? sário, pode-se fazer isso mais de uma vez para que
d) de que forma o poema constrói uma visão his- nenhuma parte passe despercebida. Assim, se ficou
tórica da situação do negro? alguma dúvida, não hesite em ler/ver novamente.

2. Faça anotações sobre a obra


Durante a fase inicial, é importante ir fazendo al-
gumas anotações sobre o tema, a estrutura da obra,
o autor/autora.
• Qual o nome da obra?
• Quem é o autor/autora?

102
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• Qual a temática explorada pelo autor/autora e • O autor: nome, nacionalidade, data de nasci-
sua relevância? mento e morte, algumas características que o
• Qual a opinião defendida pelo autor/autora? destaque.
• Quando ela foi publicada, lançada ou apresen- • O tema: o tema central levantado pelo autor
tada? da obra e que será apresentado na resenha.
• Qual a estrutura e divisão apresentada (partes,
capítulos, seções)? No caso de ser uma resenha crítica acadêmica é
• A obra faz parte de outras, por exemplo, é uma obrigatório citar a obra nas normas da ABNT e isso
trilogia? deve estar antes da introdução. Nas normas da ABNT,
as citações das obras é feita da seguinte maneira:
3. Pesquise sobre o autor/autora sobrenome e nome do autor, título da obra, edição,
Para fazer uma resenha crítica é importante saber local, editora e ano da publicação.
mais sobre o autor ou autora da obra, por exemplo: Exemplo: BOSI, Alfredo. História concisa da litera-
• Qual o nome completo do autor/autora? tura brasileira. 38 ed. São Paulo: Cultrix, 1994.
• Qual o local e data de nascimento/morte do
autor/autora? Desenvolvimento
• O tema da obra produzida é recorrente em ou-
tras obras do mesmo autor/autora? O desenvolvimento da resenha envolve a maior
parte do texto, que inclui os argumentos e as apre-
4. Crie sua opinião sobre a obra ciações do resenhista sobre o objeto analisado. Nesse
Para produzir sua opinião sobre a obra analisada, momento, as ideias e as opiniões que surgiram na
responder algumas questões podem ajudar a definir análise anterior devem estar bem fundamentadas, ex-
melhor o caminho a ser seguido: plicadas e coerentes. Isso porque as resenhas críticas
• Gostou da obra? pretendem influenciar os leitores e o resenhista deve
• Qual parte foi mais interessante? utilizar esse espaço para argumentar, indicar os pontos
• Que relações ela pode ter com outras obras? positivos e negativos da obra, sempre explicando o
• Quais as principais considerações e apreciações porquê da sua constatação. Se a resenha crítica não
sobre o tema? tiver a posição do resenhista, ela pode ser conside-
• Sentiu que teve alguma parte que não ficou rada uma síntese ou um resumo. Em alguns casos,
muito bem explicada? pode-se recorrer a outras obras que apresentem te-
• Quais as emoções geradas depois de ler/assistir mas semelhantes para contrapor alguns argumentos
a obra? do autor, comparar conceitos e ideias, apresentando
assim, outro ponto de vista.
5. Produza a resenha crítica
Conclusão
Analisando as informações coletadas acima, che-
gou a hora de produzir o texto. Por isso, recorra a
O final da resenha contempla o fechamento das
todas as anotações feitas, pois elas serão valiosas e
ideias e não é necessariamente uma parte muito gran-
servirão de guia e apoio para desenvolver melhor a
de. Embora no desenvolvimento a opinião do rese-
resenha crítica.
nhista tenha sido exposta, aqui é hora de sintetizar e
opinar sobre alguns aspectos da obra:
A estrutura da resenha crítica segue o modelo
• A obra e o tema são relevantes no contexto
dos textos dissertativos-argumentativos, ou seja: in-
atual?
trodução, desenvolvimento e conclusão. Sendo assim, • A linguagem e a abordagem utilizada facilita o
confira abaixo o que será contemplado em cada parte entendimento?
da resenha: • Quais os pontos positivos e negativos da obra?
• Quais as principais contribuições da obra para
Introdução o público?
• Comparando a obra com outras do mesmo au-
Para começar a resenha, é necessário fazer uma tor, quais as principais conclusões?
exposição inicial sobre a obra, o tema e o autor. Essa
parte inicial é mais informativa e tem como intuito Segue abaixo uma resenha crítica do livro o “Me-
situar o leitor para que ele saiba o que vai encontrar nino Maluquinho” (1980), do escritor Ziraldo Alves
no texto. Esse resumo inicial pode ser feito da seguinte Pinto, feita pela professora Daniela Diana.
maneira:
• A obra: título, subtítulo (se houver) e ano de Quem nunca ouviu falar do menino que ‘tinha
publicação. ventos nos pés’, o ‘olho maior que a barriga’, ‘fogo

103
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
no rabo’, ‘umas pernas enormes (que davam para Após a leitura fica claro que, com uma linguagem e
abraçar o mundo)’ e que ‘chorava escondido se ti- uma narrativa simples, Ziraldo conseguiu transmitir ao
nha tristezas’? público, a trajetória e os momentos quase universais
de uma infância feliz. Talvez por isso houve, durante
É assim que caracterizamos um dos personagens essas décadas, enorme aceitação do público. Essa
de Ziraldo, que com mais de 30 anos de existência cor- obra vendeu cerca de 2,5 milhões de exemplares, ao
robora sua atemporalidade. “O Menino Maluquinho”, mesmo tempo que acompanhou nossa era digital. As-
lançado em 1980 pelo escritor e cartunista Ziraldo, é sim, hoje encontramos sites do Menino Maluquinho,
um clássico da literatura e que continua conquistan- com vídeos, jogos e quadrinhos.
do o universo infanto-juvenil. Em entrevista ao Diário
Catarinense (2011), Ziraldo afirma que a ideia de criar “E, como todo mundo, o menino maluquinho cres-
o Menino Maluquin ho surgiu de considerações e ob- ceu (...) E foi aí que todo mundo descobriu que ele não
servações pessoais: tinha sido um menino maluquinho ele tinha sido era
um menino feliz!”.
“Eu já tinha visto o que tinha acontecido com
meninos felizes e infelizes. Os felizes viraram adultos A simplicidade com que o livro termina, nos leva
mais bem resolvidos. Os infelizes e desamados, fica- a pensar que como toda criança travessa, sua infância
ram adultos mais sofridos.” e trajetória de vida está repleta de acontecimentos
tão ‘humanos’. Destacam-se: fazer travessuras, ter
No tocante ao uso da inocência e da simplicidade, inquietudes, se apaixonar, brincar com os familiares,
muitas obras de arte nos levam a recordar da célebre tirar nota baixa na escola, ter bons amigos, algumas
frase de Leonardo da Vinci quando nos alerta que: “A namoradas, segredos, jogar futebol, empinar pipa, se
machucar, ter decepções e alegrias... Todos os acon-
simplicidade é o último grau de sofisticação”.
tecimentos que resumem uma vida simples e feliz e
No livro o “Menino Maluquinho” isso não é dife-
que o tornam esse ‘cara legal’, são desvendadas pelo
rente e se torna claro no momento em que iniciamos
próprio Ziraldo no final da estória.
a leitura. De partida, já nos familiarizamos com seus
O Maluquinho revela diante das coisas boas e nem
desenhos naif, sua linguagem simples, ‘nada de es-
tão boas da vida que consegue sorrir e ter princípios
pecial’, diriam alguns, ‘tudo de essencial’, afirmariam
e valores. Segundo o poeta e filósofo estadunidense
outros. Assim, o essencial e o especial se mesclam
Henry Thoreau (1817-1862): “Muitos homens inicia-
numa narrativa fluida, simples e familiar. Isso porque
ram uma nova era na sua vida a partir da leitura de
a obra trata de aspectos do cotidiano, da simplicida- um livro”. Essa frase faz sentido na medida em que
de dos momentos, de um menino travesso com uma meu encontro com o “Menino Maluquinho” foi de
felicidade contagiante. extrema identificação, percepção, magia, catarse. ‘De-
Interessante notar que o sucesso da obra não fora vorei’ a obra nos espaçosos corredores de uma feira
passageiro, e seu reconhecimento implicou no aumen- de livros na década de 90 na cidade de São Paulo. Eu
to considerável do número de vendas e edições ao tinha 8 anos.
longo desses anos. E, se pensarmos assim, já temos Naquele momento, inebriada com o cheiro de
certeza que esse ‘personagem lendário’ adquiriu uma livros, luzes coloridas e brilhantes, vozes em verso
posição de destaque, já que é considerada uma das e prosa, e as mãos dadas ao papai, eu sabia que iria
maiores obras infanto-juvenis do Brasil. crescer, igual o Menino Maluquinho. Assim, o meu
Atualmente, ela é utilizada nas escolas como fer- novo desafio a partir daí foi a busca para me tornar
ramenta de acesso e, ainda, para disseminar o gosto aquele ‘cara legal’ descrito por Ziraldo.
pela leitura. Além disso, a obra foi adaptada para cine- Afinal, ‘ventos nos pés’, vontade de ‘abraçar o
ma, série televisiva e desenho animado, expandindo mundo’ e ‘imaginação’ eu já tinha, e bastante.
ainda mais os corriqueiros momentos de travessuras
desse menino tão maluquinho. ATIVIDADES
Nesse momento, surgem as perguntas: o que tor-
na uma obra literária parte do imaginário de um povo? ‘O Juízo’ é tentativa honesta, ainda que imperfeita,
Como adquire uma posição de destaque? Para respon- de visão nacional no terror
der essas questões, podemos pensar na psicologia e FOLHAPRESS Francesca Angiolillo
pressupor uma identificação da personagem com a
nossa personalidade. Ou ainda, percorrer os cami- SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Experiente em di-
nhos da linguística para explicar que uma linguagem ferentes formatos, Andrucha Waddington se lança,
simples e cheia de significados absorve a atenção do com “O Juízo”, no filme de suspense. Uma história
público. Entretanto, aqui, a ideia não é esta! de corte psicológico-sobrenatural foi a opção da atriz

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
e escritora Fernanda Torres, colunista da Folha, para Elenco: Fernanda Montenegro, Criolo e Lima Duarte
fazer desta parceria com o marido diretor seu primeiro Produção: Brasil, 2019
voo solo como roteirista de cinema. Direção: Andrucha Waddington
A fazenda do período escravocrata, outrora às Disponível em https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-
e-lazer/noticia/2019/12/o-juizo-e-tentativa-honesta-
margens do caminho do ouro e hoje isolada em meio
ainda-que-imperfeita-de-visao-nacional-no-terror-
a florestas e cachoeiras, dá o cenário perfeito --antiga, ck3rwsi1z018b01msqien3k1w.html.
brumosa e sombria, é um bom lar para fantasmas.
Num enredo com reminiscências de “O Ilumina- Por ter um caráter argumentativo, as resenhas críticas
do”, Guto (Felipe Camargo) se muda para a proprie- fazem um uso ainda mais evidente e intencional de
dade herdada do avô com a mulher, Tereza (Carol Cas- termos que expressam avaliação. Após ler a resenha
tro), e o filho, Marinho (Joaquim Torres Waddington, de Francesca Angiolillo, sobre o filme “O juízo”, res-
filho do diretor e da roteirista, estreando no cinema). ponda às atividades.
Pouco sabemos da família, além do fato de que
Guto foge da vida urbana para tentar se livrar do al- 1. No primeiro parágrafo, a autora afirma que o
coolismo. A falta de rumo do trio --apenas Tereza se diretor “se lança (...) no filme de suspense. Que
mantém realmente ocupada, tentando fazer da velha particularidade de sentido é traduzida pelo em-
casa um lar-- é propícia para que suas mentes sejam prego do verbo “lançar-se”?
cooptadas pelas assombrações.
No caso, os fantasmas do escravo Couraça (Criolo) 2. No sexto parágrafo, a autora afirma que o “plot”
e de sua filha, Ana (Kênia Bárbara), assassinados ali (o enredo) “propicia possíveis desdobramentos
graças a um antepassado de Guto. interessantes”.
É um plot que propicia possíveis desdobramentos a) Explique a importância do adjetivo utilizado
interessantes. Trataria o filme de reparação histórica? para a construção do sentido do trecho.
Ou será um terror em que não se sabe se os mistérios b) Reescreva o trecho, retirando o adjetivo e al-
vêm do além ou da psique? Tudo isso «O Juízo» pro- terando a forma verbal de modo a manter o
mete. Na primeira metade, ou pouco mais, cumpre. sentido original.
A estética contribui --planos aéreos, a fotografia
desenhando um cenário que mistura idílio e medo--, 3. O modo como as ideias são redigidas pode resul-
assim como as interpretações contidas. tar em imprecisões. Releia o seguinte trecho:
Entre estas, destaca-se Joaquim Torres Wadding- “Também há as atuações coadjuvantes, porém ins-
ton, que expressa bem, com seu olhar de severas so- piradas, de Lima Duarte, como o ourives Costas
brancelhas, seu tédio adolescente, ao vagar por uma Breves, e Fernanda Montenegro, como sua irmã,
paisagem que lembra a estreia cinematográfica de sua a médium Marta Amarantes.”
mãe em “Inocência”, filme de Walter Lima Jr. de 1983. a) O que o leitor poderia supor, equivocadamen-
Também há as atuações coadjuvantes, porém ins- te, sobre a ação de atores coadjuvantes em
piradas, de Lima Duarte, como o ourives Costa Breves, geral? Que palavra é responsável por essa lei-
e Fernanda Montenegro, como sua irmã, a médium tura? Explique sua resposta.
Marta Amarantes. b) O que a autora pretendeu, de fato, afirmar?
Algo, contudo, desanda na fórmula promissora. c) Por que se espera que a autora não tenha
O ritmo não se encaminha para a escalada da an- pretendido expressar o sentido identificado
gústia, como pede a convenção do gênero; segue na no item a?
mesma toada, com cenas que isoladamente fazem a
ação avançar. Se o espectador esperava sustos --pois 4. O décimo parágrafo é constituído por apensa um
sustos são parte desse tipo de filme--, eles não vêm. período: “Algo, contudo, desanda na fórmula pro-
A fotografia acompanha o ensombrecer das al- missora.”
mas; de repente faz-se a noite sem fim que, no terror a) Por que a palavra “contudo” evidencia que a
e no suspense, anuncia o desenlace cruento. autora passará a apontar falhas do filme?
A alvorada vem, mas não de maneira redentora, b) A forma verbal “desanda” é coerente com a
a relaxar a tensão --pois esta não chegou a se instalar avalição da obra? Explique sua resposta.
nessa tentativa honesta, ainda que imperfeita, de dar
uma visão nacional de um gênero de volta à moda. 5. Apesar de a resenha apresenta algumas crítica, a
expressão “tentativa honesta” é bastante enfática
O JUÍZO em sua defesa. Qual é o sentido de “honesta”
Avaliação: bom nesse contexto?
Quando: Estreia nesta quinta (5)
Classificação: 14 anos

105
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADE A intertextualidade pode estar implícita ou ex-
(EM13LGG203) Analisar os diálogos e os processos de plícita
disputa por legitimidade nas práticas de linguagem e Este recurso linguístico pode ser classificado de
em suas produções (artísticas, corporais e verbais). duas formas de acordo com a nitidez com que se
apresentam:
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLGG203A) Questionar o uso de debates, Intertextualidade explícita
quanto ao raciocínio crítico, analítico de questões A intertextualidade é explícita quando a referên-
sociais, presentes em textos midiáticos de âmbito cia ao texto-fonte é clara e de fácil percepção, não
nacional e local, examinando diálogos nas diversas
sendo necessários conhecimentos prévios específicos
práticas de linguagem para ampliar as possibilida-
por parte do leitor.
des de construção de sentido e análise crítica.
(GO-EMLGG203B) Promover debates e discussões
de temas de interesses da juventude, apropriando- Intertextualidade implícita
-se de bases legais, como o Estatuto da Juventude A intertextualidade implícita é menos evidente,
e as políticas públicas vigentes, para tornarem-se não é tão fácil identificá-la e exige do leitor conhe-
protagonistas de ações que contemplem a condi- cimentos prévios. Caso este não conheça a obra que
ção juvenil. está sendo referenciada, a compreensão do significa-
do pode ficar comprometida.
OBJETOS DE CONHECIMENTO Especialmente no caso da intertextualidade implí-
Tipos de discursos. cita, a compreensão das obras será tanto maior quan-
Intertextualidade. to maior for o conhecimento de mundo e o repertório
Literatura da Língua Portuguesa. de leitura e conhecimentos do leitor.
Interpretação na Libras de textos nas diversas lin-
guagens (artísticas, corporais e verbais): configu- Quais são os tipos mais comuns de intertextu-
ração da mão, locação, movimento e orientação. alidade?
Gêneros discursivos.
A linguagem do gênero seminário, debate etc.
Citação
A citação acontece quando as ideias de um autor
Intertextualidade são trazidas para dentro de outra obra. As citações
podem ser diretas, quando são copiadas e coladas
O que é intertextualidade?
do texto original, ou indiretas, quando são reescritas
A intertextualidade é um recurso linguístico que com outras palavras.
faz o diálogo entre duas ou mais obras utilizando um As citações são muito comuns em trabalhos aca-
texto-fonte como referência. dêmicos, como monografias, dissertações e teses e
Um autor utiliza um recurso intertextual quando devem sempre indicar o nome do autor da ideia.
ele traz elementos de outras obras para dentro da sua, Quando a educação não é libertadora, o sonho do
estabelecendo uma relação entre elas. oprimido é ser o opressor. (Paulo Freire)
Os recursos intertextuais não acontecem apenas
entre textos, é muito comum encontrá-los em músicas, Paródia
anúncios publicitários, cinema, pinturas e charges. A paródia é um recurso intertextual, geralmente
Quando uma imagem é construída tendo outra utilizado com uma finalidade cômica. A paródia sub-
como referência, verificamos a utilização de um re- verte um texto, uma música ou qualquer outro tipo
curso intertextual, por exemplo. de obra, dando-lhe um novo sentido.
Podemos citar como exemplo a música “Mulhe-
res” de Doralyce Gonzaga e Silvia Duffrayer, que é uma
releitura da música “Mulheres” de Martinho da Vila.

Mulheres - Doralyce Gonzaga e Silvia Duffrayer


Nós somos Mulheres de todas as cores
De várias idades, de muitos amores
Lembro de Dandara, mulher foda que eu sei
De Elza Soares, mulher fora da lei
Lembro de Anastácia, Valente, guerreira
De Chica da Silva, toda mulher brasileira
Crescendo oprimida pelo patriarcado, meu corpo
A obra Mona Lisa de Botero (à direita) foi inspirada na obra Mona
Lisa de Leonardo da Vinci (à esquerda).
Minhas regras

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Agora, mudou o quadro reescrevê-lo da maneira mais próxima ao que preten-
Mulheres cabeça e muito equilibradas dia o autor. Isso significa que traduzir uma obra, não
Ninguém tá confusa, não te perguntei nada é apenas reescrevê-la em outro idioma.
São elas por elas
Escuta esse samba que eu vou te cantar If you can dream it, you can do it. (Walt Disney)
Se você pode sonhar, você pode realizar.
Mulheres - Martinho da Vila
Já tive mulheres de todas as cores Crossover
De várias idades, de muitos amores O crossover é o encontro ou diálogo de persona-
Com umas até certo tempo fiquei gens de universos fictícios diferentes. Um dos exem-
Pra outras apenas um pouco me dei plos é o filme Os Vingadores, que reúne super-heróis
Já tive mulheres do tipo atrevida de diferentes narrativas.
Do tipo acanhada, do tipo vivida
Casada carente, solteira feliz
Já tive donzela e até meretriz
Mulheres cabeça e desequilibradas
Mulheres confusas, de guerra e de paz
Mas nenhuma delas me fez tão feliz
Como você me faz

Paráfrase
A paráfrase acontece quando um autor reescreve
a ideia de outro com suas palavras, sem alterar o sen-
tido da mensagem. A ideia é a mesma, mas a estrutura Epígrafe
e as palavras podem ser diferentes. A epígrafe é um trecho de um texto colocado no
A diferença de uma paráfrase para a citação in- início de uma obra e que serve como um elemento
direta é que na citação deve-se fazer referência ao introdutório, pois dialoga com o conteúdo que será
texto-fonte, na paráfrase não existe essa necessidade. apresentado a seguir.
Um trabalho que trata da luta de classes, por
não discuto exemplo, poderia utilizar uma citação de Karl Marx
com o destino em sua epígrafe:
o que pintar Não é a consciência do homem que lhe determi-
eu assino. (Paulo Leminski) na o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe
determina a consciência.
Podemos parafrasear esse haicai de Paulo Le-
minski da seguinte forma: Qual a relação entre interdiscursividade e inter-
Paulo Leminski disse que com o destino, ele não textualidade?
discute. O que pintar, ele assina.
A intertextualidade está no plano material, acon-
Alusão tece entre duas obras que já foram feitas, isto é, já
A alusão é uma menção a elementos de outro estão materializadas. A interdiscursividade, por sua
texto. É uma intertextualidade que acontece de ma- vez, está no campo das ideias, no mundo dos pensa-
neira indireta e sutil e pode não ser compreendida mentos e da abstração.
pelo leitor se ele não conhecer a referência, veja a A relação entre discursos pode ser notada quando
seguinte frase: dois textos falam coisas muito parecidas e baseadas
em uma mesma visão de mundo, mesmo sem que os
Afinal, traiu ou não traiu? autores tenham conhecimento uma da outra.
Quando diferentes obras colocam mulheres em
Para o leitor que desconhece o livro Dom Casmur- posições de inferioridade, por exemplo, ainda que não
ro, essa frase pode parecer sem sentido e sem contex- haja relação entre essas obras, percebe-se que ambas
to. No entanto, para quem conhece esta famosa obra estão relacionadas com um discurso machista.
de Machado de Assis, a alusão é evidente. Disponível em https://www.significados.com.br/
intertextualidade/.

Tradução
A tradução é considerada uma intertextualidade,
pois para traduzir um texto é preciso interpretá-lo e

107
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADE OBJETOS DE CONHECIMENTO
(EM13LP02) Estabelecer relações entre as partes Uso de estratégias de impessoalização (uso de ter-
do texto, tanto na produção como na leitura/es- ceira pessoa e de voz passiva etc.).
cuta, considerando a construção composicional e Sistemas de linguagem.
o estilo do gênero, usando/reconhecendo adequa- Forma de composição do texto, coesão e articula-
damente elementos e recursos coesivos diversos dores e progressão temática.
que contribuam para a coerência, a continuidade Estratégia de sentidos globais do texto.
do texto e sua progressão temática, e organizando Efeitos de sentido.
informações, tendo em vista as condições de pro- Construção composicional e estilo.
dução e as relações lógico-discursivas envolvidas Gêneros de divulgação científica.
(causa/efeito ou consequência; tese/argumentos;
problema solução; definição/exemplos etc.). PROGRESSÃO TEMÁTICA - COESÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLP02A) Utilizar as variedades linguísticas
e a norma padrão como língua materna, nas mais
diversas situações comunicativas, considerando as
situações adequadas de uso da língua para evitar
o preconceito linguístico.
(GO-EMLP02B) Estruturar as partes de textos escri-
tos e orais, estabelecendo as relações adequadas,
considerando a composição presente na dissemina-
ção das práticas culturais contemporâneas, no esti-
lo e na sua funcionalidade em diferentes situações
de uso para desenvolver as relações de textualidade
e de interdiscursividade.

OBJETOS DE CONHECIMENTO
Gêneros discursivos.
Variedades linguísticas da língua portuguesa: so-
ciocultural, regional e histórica.
Textualidade: estrutura do texto.
Coesão: conjunções, preposição e pronomes, ad-
vérbios (referentes e referenciais, elementos de
coesão).
Estrutura (textos híbridos e multissemióticos).
Tema/assunto, fato e opinião.

HABILIDADE
(EM13LP16) Produzir e analisar textos orais, con-
siderando sua adequação aos contextos de produ-
ção, à forma composicional e ao estilo do gênero
em questão, à clareza, à progressão temática e à va-
riedade linguística empregada, como também aos
elementos relacionados à fala (modulação de voz,
entonação, ritmo, altura e intensidade, respiração
etc.) e à cinestesia (postura corporal, movimentos e
gestualidade significativa, expressão facial, contato
de olho com plateia etc.).

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLP16A) Analisar o papel dos recursos lin-
guísticos, paralinguísticos, cinésicos e da variedade
linguística na produção de discursos orais e multis-
semióticos, considerando o contexto de produção,
circulação e recepção para discernir os discursos Jaguar. Átila, você é bárbaro. Rio de Janeiro:
correntes. Civilização Brasileira, 1968, p. 166-67.

108
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
1. Podemos dizer que cada desenho recupera algum 4. Qual a estratégia do autor para fazer o texto pro-
dado do desenho anterior? gredir?
2. Se recupera, acrescenta uma informação nova?
Comente. AVALIANDO OS TEXTOS
3. Podemos dizer que houve uma progressão cons-
tante até o desfecho da história? No cartum, podemos perceber que cada desenho
4. O que se pode inferir da leitura desse cartum? recupera um dado do anterior e apresenta um dado
novo, numa progressão constante, até o desfecho
Dificilmente um caso de imoralidade pública terá da narração.
sido tão clamoroso, tão irrefutável, tão estarrecedor No texto da Folha de S. Paulo, defrontamo-nos
como o da concorrência para a construção da ferrovia com a contraposição da gravidade da fraude na con-
Norte-Sul; atitudes do governo Sarney diante do episó- corrência pública para a construção da ferrovia Nor-
dio, todavia, não têm surgido como uma reação à altura te–Sul com as atitudes consideradas inadequadas do
da gravidade e evidência de tudo o que se revelou. governo Sarney diante do episódio. Há, aqui, uma
(Folha de S. Paulo, 16 de maio de 1987, p.2. In: Para progressão que vai da gravidade do fato, enfatizada
Entender o texto. Platão & Fiorin. p.319) pela gradação dos adjetivos (clamoroso, irrefutável,
estarrecedor), à inadequação das medidas governa-
1. Qual é o tema desse texto? mentais diante do episódio.
2. Segundo o texto, como são consideradas as ati- Disponível em: https://www1.educacao.pe.gov.br/
tudes do governo Sarney diante do episódio? cpar/ProfessorAutor/L%C3%ADngua%20Portuguesa/
L%C3%ADngua%20Portuguesa%20%20I%20%203%C2%BA%20
3. A gravidade do fato é enfatizada pela gradação ano%20%20I%20%20M%C3%A9dio/Mecanismos%20
de algumas palavras. Que palavras são essas? enunciativos%20progress%C3%A3o%20tem%C3%A1tica..ppt

COMPETÊNCIAS ENEM – PRODUÇÃO DE TEXTO

109
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/98172074/o-que-e-progressao-tematica.

110
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Disponível em: https://www.escrevendoofuturo.org.br/formacao/pergunte-a-olimpia/132/progressao-textual-e-tematica.

Coesão referencial e coesão sequencial

A coesão referencial e sequencial criam vínculos entre as palavras, orações e as partes de um texto, con-
tribuindo para a coerência interna e para a progressão temática e textual.

A coesão referencial e sequencial criam vínculos entre as palavras, ora-


ções e as partes de um texto

A coesão referencial e a coesão sequencial são chamadas de recursos


coesivos por estabelecerem vínculos entre as palavras, orações e as
partes de um texto.

111
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Coesão referencial Explicação - Como se nota; com efeito; como vi-
mos; portanto; pois; é óbvio que; isto é; por exemplo;
A coesão referencial é responsável por criar um a saber; de fato; aliás...
sistema de relações entre as palavras e expressões Conclusão - Em suma; por conseguinte; em última
dentro de um texto, permitindo que o leitor identi- análise; por fim; concluindo; finalmente; por tudo isso;
fique os termos aos quais se referem. O termo que em síntese, posto isso; assim; consequentemente...
indica a entidade ou situação a que o falante se refere Continuação - Em seguida; depois; no geral; em
é chamado de referente. termos gerais; por sua vez; outrossim...
Disponível em; https://www.portugues.com.br/redacao/
coesao-referencial-coesao-sequencial.html
Exemplo:
• Ana Elisabete gritou. Ela fica apavorada quan-
do fica sozinha, apesar de ser uma menina calma e
inteligente.

Nesse exemplo, o termo referente é Ana Elisabete.


Todas as vezes que o referente precisa ser retomado
no texto, podemos utilizar outras palavras para que
os leitores possam retornar e recuperar a ideia.
É bastante frequente o uso de figuras de cons-
trução/sintaxe para a coesão referencial, como as
anáforas, catáforas, elipses e as correferências não
anafóricas (contiguidades, reiterações).

Coesão sequencial

A coesão sequencial é responsável por criar as


condições para a progressão textual. De maneira
geral, as flexões de tempo e de modo dos verbos e
as conjunções são os mecanismos responsáveis pela
coesão sequencial nos textos.
Os mecanismos de coesão sequencial são utili-
zados para que as partes e as informações do texto
possam ser articuladas e relacionadas. Além da pro-
gressão das partes do texto, os mecanismos de coesão
sequencial contribuem para o desenvolvimento do
recorte temático. Dessa forma, o autor do texto evita
falta de coesão, garantindo boa articulação entre as
ideias, informações e argumentos no interior do texto
e, principalmente, a coerência textual.

→ Alguns termos responsáveis pela coesão se-


quencial nos textos:
Adição/inclusão - Além disso; também; vale lem-
brar; pois; outrossim; agora; de modo geral; por iguais
razões; inclusive; até; é certo que; é inegável; em ou-
tras palavras; além desse fator...
Oposição - Embora; não obstante; entretanto;
mas; no entanto; porém; ao contrário; diferentemen-
te; por outro lado...
Afirmação/igualdade - Felizmente; infelizmente;
obviamente; na verdade; realmente; de igual forma;
do mesmo modo que; nesse sentido; semelhante-
mente...
Exclusão - Somente; só; sequer; senão; exceto;
excluindo; tão somente; apenas...
Enumeração - Em primeiro lugar; a princípio...

112
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADE literário? O que é a História da Literatura? Ou ainda,
(EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção o que e quais são os chamados gêneros literários?
como na leitura/ escuta, com suas condições de
produção e seu contexto sócio histórico de circu- O que é?
lação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos
de vista e perspectivas, papel social do autor, épo- A definição mais antiga comumente usada pelos
ca, gênero do discurso etc.), de forma a ampliar teóricos da Literatura é aquela construída por Aristó-
as possibilidades de construção de sentidos e de teles. Para o pensador grego, a Literatura seria uma
análise crítica e produzir textos adequados a dife- imitação ou representação da realidade mediante as
rentes situações. palavras. Na época, o filósofo ainda dividiu a Literatura
em três categorias ou gêneros clássicos – o lírico, o
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM épico e o dramático.
(GO-EMLP01A) Investigar os diferentes graus de Atualmente, definir Literatura parece não ser tare-
parcialidade/imparcialidade (no limite, a não neu- fa tão simples. Isso porque, a depender da civilização
tralidade) em textos jornalísticos, comparando re- em que é escrita ou ainda da época da produção, uma
latos de diferentes fontes e examinando o recorte obra pode ou não ser considerada literária.
feito de fatos/dados e os efeitos de sentido pro- De todo modo, é possível dizer que Literatura é toda
vocados pelas escolhas realizadas pelo/a autor/a manifestação de linguagem que tem como uma das fi-
do texto, mantendo uma atitude crítica diante dos nalidades a expressão estética – ou seja, é Literatura um
textos para ter consciência das escolhas feitas como discurso que não pretende apenas comunicar algo, mas
produtor/a. também construir um dizer que seja belo ou envolvente
em um nível sensível e humanamente profundo.
OBJETOS DE CONHECIMENTO
Linguagens, seus diálogos e práticas culturais.
Contextos e práticas. Funções
Relação entre textos nas Línguas Espanhola, Inglesa A Literatura não tem uma função absoluta e definiti-
e Portuguesa, reconstrução da textualidade e efei- va. Na verdade, em cada leitor, a Literatura relaciona-se
tos de sentido provocados pelos usos de recursos de um jeito diferente. Para alguns, ler um poema pode
linguísticos e multissemióticos. ser uma maneira de entender os próprios sentimen-
Linguagem e sentido. tos. Para outros, um romance pode funcionar como um
A dimensão discursiva da linguagem. modo de conhecer um mundo diferente do seu.
Há aqueles que podem encontrar filosofias de vida
LITERATURA em um texto literário. Outros ainda encontram uma
forma profunda de pensar a sociedade e a política
lendo livros de Literatura.
Não há, portanto, como dizer qual é a função da
Literatura. Não obstante, é possível dizer que ela tem
papel fundamental na construção do homem enquan-
to sujeito e cidadão. Por meio do texto literário, é
possível compreender a si mesmo e às diversas dinâ-
micas sociais do mundo.

História da Literatura

A história da Literatura pode ser definida como


uma ciência que estuda a produção literária de um
A Literatura é uma arte produzida com palavras. povo sob um viés cronológico. Quando se estudam
Sua definição específica depende de questões diver- diversos autores do passado, em alguma medida,
sas, tais quais de ordem social, histórica, cultural etc. percebe-se certa correlação entre os dizeres de cada
A Literatura tem papel fundamental na construção escritor, construindo-se movimentos ou escolas lite-
do homem enquanto sujeito e cidadão. rárias. No Brasil, a história da Literatura é dividida da
A Literatura está presente em todas as civilizações, seguinte forma:
das mais antigas tribos até no cotidiano das grandes
cidades contemporâneas. Seja nos livros clássicos, • Quinhentismo
seja nos muros das capitais, manifestações verbais Literatura produzida nos primeiros anos do desco-
podem ser consideradas expressões literárias. Mas, brimento do Brasil, por volta do século XVI. É dividido
afinal, o que é a Literatura? Para que serve o texto em Literatura de informação e de catequese.

113
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• Barroco tais, como Monteiro Lobato, Lima Barreto, Euclides
Obras produzidas por volta do século XVII, sob da Cunha e José Lins do Rego.
influência do Barroco europeu.
• Modernismo
• Arcadismo Movimento fundado em 1922, durante a Semana
Com manifestações líricas, satíricas e épicas, esse de Arte Moderna, é considerado o marco inicial da
movimento ocorreu durante parte do ciclo do ouro Literatura brasileira do século XX.
no Brasil, no século XVIII.
• Literatura Contemporânea
• Romantismo É considerada Literatura contemporânea brasileira
Movimento literário das primeiras décadas do sé- toda manifestação literária produzida após os anos
culo XIX, foi fundador de várias bases da nossa iden- de 1945 no Brasil.
tidade nacional, com autores como Gonçalves Dias e
José de Alencar. TROVADORISMO

• Realismo / Naturalismo Nossa literatura


Em oposição ao Romantismo, o Realismo e o Na- tem origem na Litera-
turalismo ocorreram nos anos finais do século XIX e tura de nosso coloniza-
tiveram como principais expoentes Machado de Assis dor: Portugal. Quando
e Aluísio Azevedo, respectivamente. Cabral “descobre” o
Brasil inicia-se um pro-
• Simbolismo cesso de colonização que entre seus objetivos estava o
Movimento poético de revolução nos signos lin- de impor a nova língua: Português. Então para poder-
guísticos e nas percepções sobre o sujeito, o Simbo- mos entender nossa literatura (brasileira) precisamos
lismo ocorreu no final do século XIX. analisar de onde vem todo esse processo: Literatura
Portuguesa.
• Parnasianismo Para definir a forma de estudo da literatura, con-
Escola literária que buscava atingir o belo clássi- vencionou-se dividi-la em Períodos Literários ou Escolas
co por meio do apurado trabalho formal dos poetas, Literárias, ou Estilos de Época. Nas Escolas Literárias os
comparados a ourives. autores têm uma aproximação estilística e ideológica.
Na Literatura Portuguesa temos: Era Medieval:
• Pré-modernismo Trovadorismo, Humanismo. Era Clássica: Classicismo,
Embora não seja exatamente um movimento lite- Barroco, Arcadismo. Era Moderna: Romantismo, Rea-
rário, esse período histórico teve autores fundamen- lismo/Naturalismo, Simbolismo, Modernismo

114
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Quando estudamos a literatura de Portugal não Tipos de Cantiga
podemos esquecer que a formação do reino portu-
guês, separado do reino espanhol, ocorre apenas As cantigas são divididas em:
quando a Guerra da Reconquista (durante a qual os Líricas: constituídas de temas amorosos (cantigas
visigodos cristãos, partindo da região das Astúrias, de amor e cantigas de amigo)
lutaram contra os árabes, expulsando-os da Península Satíricas: tem como características a crítica. Havia
Ibérica) chega a sua fase final. Nesse ponto, assume preocupação em denunciar os falsos valores morais
papel preponderante a povoação de Portucale, na foz vigentes, atingindo todas as classes sociais: senhores
do rio Douro. O reino da Galícia (ou Galiza) localiza- feudais, clérigos, povo e até eles próprios (cantigas de
va-se na região noroeste da Península Ibérica (e hoje escárnio e cantigas de maldizer).
é uma das comunidades autônomas que compõem a
Espanha). Antes disso, no entanto, Espanha e Portugal Cantigas Líricas:
formavam um só conjunto de reinos mais ou menos
independentes, nos quais os falares, os dialetos con- Cantigas de amor
viviam lado a lado, influenciando-se mutuamente. O eu lírico geralmente é masculino. Tratam, ge-
O Trovadorismo, ou Primeira Época Medieval, é o ralmente, de um relacionamento amoroso platônico,
primeiro movimento literário da língua portuguesa. inatingível, em que o trovador assume a posição de
Seu marco inicial é baseado na primeira cantiga que vassalo e canta a dor de amar e não ser correspondi-
se tem registro, CANTIGA DA RIBEIRINHA (ou Cantiga do a uma dama idealizada. Ela é colocada num plano
de Guarvaia*), feita por Paio Soares Taveirós, prova- superior, num pedestal, pois ele faz parte dos cam-
velmente em 1198 (ou 1189). O nome Ribeirinha se poneses e ela da nobreza. O trovador roga a dama
deu por ter sido dedicada à Dona Maria Paes Ribeiro, que aceite sua dedicação e submissão e, em troca,
a ribeirinha. espera benefícios dela. Essa relação amorosa vertical
é chamada “vassalagem amorosa”, pois reproduz as
relações dos vassalos com os seus senhores feudais.
Sua estrutura é mais sofisticada. A Cantiga da Ribei-
rinha é classificada como cantiga de amor.

Como identificamos que é uma cantiga de amor?


Eu lírico masculino
Assunto Principal:
o sofrimento amoroso
do eu lírico perante
uma mulher idealizada
e distante.
Amor cortês; vas-
A poesia desse movimento literário compõe-se salagem amorosa.
basicamente de cantigas, que geralmente eram acom- Amor impossível.
panhadas por instrumentos (alaúde, flauta, viola, gaita Ambientação aris-
etc.). Quem cantava e tocava essas poesias musicadas tocrática das cortes.
eram os jograis ou menestréis, normalmente homens Forte influência provençal.
que perambulavam por feiras, aldeias e castelos. Os Vassalagem amorosa “o eu lírico usa o pronome
trovadores eram aqueles que compunham a poesia de tratamento “senhor”
e a melodia e deram origem ao nome desse estilo de
época português. Era comum pertencerem à pequena Cantigas de amigo
nobreza, embora alguns reis tivessem sido poetas. São cantigas de origem popular, com marcas evi-
Mais tarde, as cantigas foram compiladas em dentes da literatura oral (reiterações, paralelismo,
Cancioneiros. São conhecidos três Cancioneiros: o refrão, estribilho), recursos esses próprios dos tex-
“Cancioneiro da Ajuda”, o “Cancioneiro da Biblioteca tos para serem cantados e que propiciam facilidade
Nacional de Lisboa” e o “Cancioneiro da Vaticana”. na memorização. Esses recursos são utilizados, ainda
As cantigas medievais portuguesas eram expres- hoje, nas canções populares.
sas na chamada “medida velha”, as redondilhas, ver- Esse tipo de cantiga, que não surgiu em Provença
sos de cinco ou sete sílabas, de tradição medieval. O como as outras, teve suas origens na Península Ibérica.
idioma empregado era o galaico-português, comum Nela, o eu lírico é geralmente feminino (apesar de
à Galícia e a Portugal. as cantigas serem escritas por homens, devido aos
costumes da sociedade feudal e o restrito acesso ao

115
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
conhecimento da época), que canta seu amor pelo Como identificamos que é uma cantiga de mal-
amigo (isto é, namorado). Os elementos da natureza dizer?
(ambiente bucólico, campestre) estão quase sempre Crítica direta; pessoa satirizada é identificada.
presentes e muitas vezes há diálogo com a mãe ou Linguagem agressiva, direta.
amigas, evidenciando, assim, o caráter popular da can- Zombaria.
tiga de amigo. A figura feminina que as cantigas de Linguagem Culta.
amigo desenham é, pois, a da jovem que se inicia no
universo do amor, por vezes lamentando a ausência PROSA TROVADORESCA
do amado, por vezes cantando a sua alegria pelo pró-
ximo encontro. Outra diferença da cantiga de amor, É representada pe-
é que nela não há a relação Suserano x Vassalo, ela é las novelas de cavalaria,
uma mulher do povo. Muitas vezes tal cantiga também que retratam a vida dos
revelava a tristeza da mulher pela ida de seu amado cavaleiros medievais e
à guerra. também elementos da
religião. A novela mais
Como identificamos que é uma cantiga de amigo? importante desse movi-
Eu lírico feminino. mento é A demanda do
Presença de paralelismos (refrão). Santo Graal. Ela conta a
Predomínio da musicalidade. história dos cavaleiros da távola redonda (cavaleiros
Assunto Principal: o lamento da moça cujo na- do Rei Artur) que são incumbidos de encontrar o Santo
morado partiu. Graal, cálice em que José de Arimatéia teria recolhido
Amor natural e espontâneo. o sangue de Jesus Cristo quando Ele foi crucificado. O
Amor possível. cavaleiro Galaaz consegue encontrá-lo.
Ambientação rural.
Influência da tradição oral ibérica. ATIVIDADES
Deus é o elemento mais importante do poema.
Pouca subjetividade. 1. Interpretando historicamente a relação de vassa-
lagem entre homem amante/mulher amada, ou
Cantigas Satíricas: mulher amante/homem amado, pode-se afirmar
que:
Cantiga de escárnio (A) o Trovadorismo corresponde ao Renascimento.
As cantigas de escárnio ca- (B) o Trovadorismo corresponde ao movimento
racterizam-se por serem sátiras humanista.
indiretas a alguma pessoa. A (C) o Trovadorismo corresponde ao Feudalismo.
pessoa criticada não é identifi- (D) o Trovadorismo e o Medievalismo só pode-
cada, pois o nome daquele que riam ser provençais.
é satirizado não é revelado e ela (E) tanto o Trovadorismo como o Humanismo são
é cheia de duplos sentidos, suti- expressões da decadência medieval.
lezas e ironias.
2. O Trovadorismo, quanto ao tempo em que se
Como identificamos que é uma cantiga de es- instala:
cárnio? (A) tem concepções clássicas do fazer poético.
Crítica indireta; normalmente a pessoa satirizada (B) é rígido quanto ao uso da linguagem que,
não é identificada. geralmente, é erudita.
Linguagem trabalhada, cheia de sutilezas, troca- (C) estabeleceu-se num longo período que dura
dilho e ambiguidades. 10 séculos.
Ironia. (D) tinha como concepção poética a epopeia, a
louvação dos heróis.
Cantiga de maldizer (E) reflete as relações de vassalagem nas cantigas
As cantigas de maldizer caracterizam-se por serem de amor.
sátiras diretas. O nome da pessoa satirizada pode ou
não ser revelado, porém é possível identificar quem 3. (UNESP) Leia e observe com atenção a composi-
está sendo criticado. Há agressão verbal, não há pre- ção seguinte:
sença de duplos sentidos e muitas vezes são usadas “Ay flores, ay flores do verde pinho, se sabedes
palavras de baixo calão (palavrões). novas do meu amigo! ay Deus, e hu é1? 1 E hu
é: onde está Ay flores, ay flores do verde ramo,

116
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
se sabedes novas do meu amado! ay Deus, e hu (B) Desenvolveu-se especialmente no século XV
é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que e refletiu a transição da cultura teocêntrica
mentiu no que pôs comigo! ay Deus, e hu é? Se para a cultura antropocêntrica.
sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu (C) Devido ao grande prestígio que teve durante
no que me há jurado! ay Deus, e hu é?” toda a Idade Média, foi recuperado pelos po-
(A) composição, parcialmente transcrita, perten- etas da Renascença, época em que alcançou
ce à lírica medieval da Península Ibérica. níveis estéticos insuperáveis.
(A) O autor é Paio Soares de Taveirós. Destacam- (D) Valorizou recursos formais que tiveram não
-se o paralelismo das estrofes, a alternância apenas a função de produzir efeito musical,
vocálica e o refrão. O poeta pergunta pelo como também a função de facilitar a memo-
seu amigo. rização, já que as composições eram trans-
(B) O autor é Nuno Fernandes Torneol. Destaca- mitidas oralmente.
-se o refrão como interpelação à natureza. (E) Tanto no plano temático como no plano ex-
Trata-se de uma cantiga de amigo. pressivo, esse estilo de época absorveu a influ-
(C) O autor é el-rei D. Dinis. Destacam-se o para- ência dos padrões estéticos greco-romanos.
lelismo das estrofes, a alternância vocálica e o
refrão. O poeta canta na voz de uma mulher e 7. Uma das diferenças fundamentais entre as can-
pergunta pelo amado, porque é uma cantiga tigas de amor e as de amigo é
de amigo. (A) a autoria.
(D) O autor é Fernando Pessoa. Destaca-se a al- (B) o eu lírico.
ternância vocálica. Trata-se da teoria do fin- (C) a língua em que eram escritas.
gimento, que já existia no lirismo medieval. (D) o caráter épico.
(E) O autor é Martim Codax. Destaca-se o am- (E) a linguagem rebuscada.
biente campestre. O poeta espera que os
pinheiros respondam à sua pergunta. 8. Assinale a alternativa correta:
(A) não houve prosa no período trovadoresco.
4. (UNIFESP) Senhor feudal / Se Pedro Segundo (B) a prosa, no período trovadoresco, sofreu a
/ Vier aqui / Com história / Eu boto ele na ca- influência provençal.
deia. (Oswald de Andrade) O título do poema de (C) a prosa do período trovadoresco era exclusi-
Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, as- vamente histórica.
sim como nas cantigas de amor, a ideia de poder (D) a prosa do período trovadoresco era literal-
retoma o conceito de mente inferior à poesia do mesmo período.
(A) fé religiosa. (E) só houve prosa no período trovadoresco.
(B) relação de vassalagem.
(C) idealização do amor.
(D) saudade de um ente distante.
(E) igualdade entre as pessoas.

5. (FUVEST) Sobre o Trovadorismo em Portugal, é


correto afirmar que:
(A) sua produção literária está escrita em galego
ou galaico-português e divide-se em: poesia
(cantigas) e prosa (novelas de cavalaria).
(B) utilizou largamente o verso decassílabo por-
que sua influência é clássica.
(C) a produção poética daquela época pode ser
dividida em lírico-amorosa e prosa doutrinária.
(D) as cantigas de amigo têm influência provençal.
(E) a prosa trovadoresca tinha claro objetivo de
divertir a nobreza, por isso têm cunho satírico.

6 - (MACKENZIE) Assinale a afirmativa correta com


relação ao Trovadorismo.
(A) Um dos temas mais explorados por esse estilo
de época é a exaltação do amor sensual entre
nobres e mulheres camponesas.

117
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HUMANISMO

Corrente filosófica e artística que surgiu no sécu- As Grandes Navegações trouxeram ao homem de
lo XV na Europa. Na literatura, representou o período Portugal confiança de sua capacidade e vontade de
de transição entre o Trovadorismo e o Classicismo, conhecer e descobrir várias coisas. A religião começou
bem como da Idade Média para a Idade Moderna. a decair (mas não desapareceu) e o teocentrismo deu
O termo “Huma- lugar ao antropocentrismo, ou seja, o homem passou
nismo”, no geral, cor- a ser o centro de tudo e não mais Deus.
responde ao conjunto Os artistas começaram a dar mais valor às emo-
de valores filosóficos, ções humanas. É bom ressaltar que todas essas mu-
morais e estéticos que danças não ocorreram do dia para a noite.
focam no ser humano. A época renascentista foi um momento de im-
Trata-se de uma ciên- portantes transformações na mentalidade europeia.
cia que permitiu ao Assim, com a invenção da imprensa, as grandes na-
homem compreender vegações, a crise do sistema feudal e o aparecimento
melhor o mundo e o da burguesia, surge uma nova visão do ser humano.
próprio ser. Isso ocor- Essa mudança veio questionar os velhos valores num
reu durante o período impasse desenvolvido entre a fé a razão.
do Renascimento Cul- Nesse momento, o teocentrismo (Deus como cen-
tural. tro do mundo) e a estrutura hierárquica medieval (no-
O Humanismo foi breza-clero-povo) sai de cena, dando lugar ao antro-
uma época de transição entre a Idade Média e o Re- pocentrismo (homem como centro do mundo). Esse
nascimento. Como o próprio nome já diz, o ser huma- último, foi o ideal central do humanismo renascentista.
no passou a ser valorizado. Foi nessa época que surgiu
uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses não O marco inicial do humanismo literário português
eram nem servos e nem comerciantes. foi a nomeação de Fernão Lopes para cronista-mor
Com o aparecimento desta nova classe social da Torre do Tombo, em 1418. O movimento com
foram aparecendo as cidades e muitos homens que foco na prosa, poesia e teatro, terminou com a
moravam no campo se mudaram para morar nestas chegada do poeta Sá de Miranda da Itália em 1527,
cidades, como consequência o regime feudal de ser- ele trouxe inspirações literárias baseadas na nova
vidão desapareceu. medida, chamada de “dolce stil nuevo” (Doce estilo
Foram criadas leis e o poder começou a migrar das novo) - esse fato permitiu o início do classicismo
mãos da Igreja Católica e dos reis para as mãos da- como escola literária.
queles que, apesar de não serem nobres ou clérigos,
estavam ficando mais ricos. No Humanismo o “status” Características do Humanismo
econômico passou a ser muito valorizado, muito mais • Racionalidade.
do que o título de nobreza. • Antropocentrismo.
(Homem Vitruviano – Leonardo Da Vinci) • Cientificismo.

118
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• Separação entre a música e a poesia. Os humanistas eram os estudiosos da cultura an-
• Descrição da figura humana (inclusive a mu- tiga que se dedicavam, sobretudo, aos estudos dos
lher), suas expressões, detalhes e proporções textos da antiguidade clássica greco-romana.
(beleza e perfeição).
• Descoberta da natureza, dos campos, das flo- • Petrarca, Dante Alighieri e Boccaccio são cer-
restas, das montanhas, considerados refúgios tamente os poetas italianos humanistas que mere-
para as mágoas do amor. cem destaque. Todos eles foram influenciados por
• Descentralização do conhecimento, até então características do período como o culto às línguas e
controlado pela Igreja Católica. às literaturas greco-latinas (modelo clássico).
• Apoio aos valores cristãos e medievais. Além deles, grandes representantes da literatura
humanista foram:
AUTORES E OBRAS • o teólogo holandês Erasmo de Roterdã (1466-
1536);
O teatro popular, a poesia palaciana e a crônica • o escritor inglês Thomas More (1478-1535);
histórica foram os gêneros mais explorados durante • o escritor francês Michel de Montaigne (1533-
o período do humanismo em Portugal. 1592).

Teatro – A Dramaturgia foi a manifestação literá- ATIVIDADES


ria onde ficavam mais claras as características desse
período. 1. Sobre o Humanismo, identifique a alternativa falsa:
Gil Vicente (1465-1536) foi considerado o pai do (A) Em sentido amplo, designa a atitude de va-
teatro português, escrevendo “Autos” e “Farsas”, dos lorização do homem, de seus atributos e re-
quais se destacam: alizações.
(B) Configura-se na máxima de Protágoras: “O
• Auto da Visitação (1502)
homem é a medida de todas as coisas”.
• O Velho da Horta (1512)
(C) Rejeita a noção do homem regido por leis
• Auto da Barca do Inferno (1516)
sobrenaturais e opõe-se ao misticismo.
• Farsa de Inês Pereira (1523)
(D) Designa tanto uma atitude filosófica intempo-
ral quanto um período específico da evolução
Prosa – Crônicas
da cultura ocidental.
Registravam a vida dos personagens e aconteci- (E) Fundamenta-se na noção bíblica de que o
mentos históricos – Fernão Lopes foi o mais importan- homem é pó e ao pó retornará, e de que só
te cronista (historiador) da época, tendo sido a transcendência liberta o homem de sua in-
Fernão Lopes (1390-1460) considerado o “Pai da significância terrena.
História de Portugal”, foi o maior representante da
prosa historiográfica humanista, pela seriedade da 2. Ainda sobre o Humanismo, assinale a afirmação
pesquisa histórica, pelas qualidades do estilo e pelo incorreta:
tratamento literário, além de fundador da historiogra- (A) Associa-se à noção de antropocentrismo e
fia portuguesa. Foi também o 1º cronista que atribuiu representou a base filosófica e cultural do
ao povo um papel importante nas mudanças da his- Renascimento.
tória, essa importância era, anteriormente, atribuída (B) Teve como centro irradiador a Itália e como
somente à nobreza. precursor Dante Alighieri, Boccaccio e Petrarca.
De suas obras merecem destaque: (C) Denomina-se também Pré-Renascentismo, ou
• Crônica de El-Rei D. Pedro I Quatrocentismo, e corresponde ao século XV.
• Crônica de El-Rei D. Fernando (D) Representa o apogeu da cultura provençal
• Crônica de El-Rei D. João I que se irradia da França para os demais paí-
ses, por meio dos trovadores e jograis.
Poesia (E) Retorna os clássicos da Antiguidade greco-
Novos recursos, novas formas poéticas e temas -latina como modelos de Verdade, Beleza e
novos. Esses recursos se distanciaram da formalidade Perfeição.
do Trovadorismo. Em 1516 foi publicada em Portugal
a obra “Cancioneiro Geral”. Era uma coletânea de 3. O Cancioneiro Geral não contém:
poemas de época, organizada por Garcia Rezende. (A) Composições com motes e glosas.
O Cancioneiro Geral foi a primeira obra impressa em (B) Cantigas e esparsas.
Portugal, e tinha textos em Português e em Castelha- (C) Trovas e vilancetes.
no, retratando a obra de diversos autores com poemas (D) Composições na medida velha.
amorosos, satíricos, religiosos entre outros. (E) Sonetos e canções.

119
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
04. A obra de Fernão Lopes tem um caráter: 07. Leia com atenção o fragmento do Auto da Barco
(A) Puramente científico, pelo tratamento docu- do Inferno, de Gil Vicente:
mental da matéria histórica; Parvo – Hou, homens dos breviários,
(B) Essencialmente estético pelo predomínio do Rapinastis coelhorum
elemento ficcional; Et pernis perdigotorum
(C) Basicamente histórico, pela fidelidade à docu- E mijais nos campanários.
mentação e pela objetividade da linguagem Não é correto afirmar sobre o texto:
científica; (A) As falas do Parvo, como esta, sempre são
(D) Histórico-literário, aproximando-se do mo- repletas de gracejos e de palavrões, com in-
derno romance histórico, pela fusão do real tenção satírica.
com o imaginário. (B) Nesta fala, o Parvo está denunciando a cor-
(E) Histórico-literário, pela seriedade da pesquisa rupção do Juiz e do Procurador.
histórica, pelas qualidades do estilo e pelo (C) O latim que aparece na passagem é exemplo
tratamento literário, que reveste a narrativa de imitação paródia dessa língua.
histórica de um tom épico e compõe cenas (D) Por meio de seu latim, o Parvo afasta-se de
de grande realismo plástico, além do domínio sua simplicidade, mostrando-se conhecedor
da técnica dramática de composição. de outras línguas.
(E) Ao misturar um falso latim com palavrões, Gil
05. (FUVEST) Aponte a alternativa correta em relação Vicente demonstra a natureza popular de seu
a Gil Vicente: teatro e de seus canais de expressão.
(A) Compôs peças de caráter sacro e satírico.
(B) Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal. CLASSICISMO
(C) Escreveu a novela Amadis de Gaula.
(D) Só escreveu peças em português.
(E) Representa o melhor do teatro clássico por-
tuguês.

06. (FUVEST-SP) Caracteriza o teatro de Gil Vicente:


(A) A revolta contra o cristianismo.
(B) A obra escrita em prosa.
(C) A elaboração requintada dos quadros e ce-
nários apresentados.
(D) A preocupação com o homem e com a religião.
(E) A busca de conceitos universais.
A Criação do Homem – Michelangelo

120
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
O Classicismo foi um movimento cultural que fez • Perfeição formal (rigor em busca da pureza for-
parte do Renascimento europeu, durante os séculos mal);
XV e XVI. Como o próprio nome aponta, a proposta • Busca do equilíbrio entre razão e sentimento;
do Classicismo era um retorno às formas e temas da • Influência do pensamento humanista.
Antiguidade Clássica, ou seja, Grécia e Roma antigas. • Contenção da subjetividade, dos ímpetos da
interioridade: o que vale é a obra, não o que
CONTEXTO HISTÓRICO sente ou pensa o autor. O autor deve desapa-
recer perante a obra.
O período da Idade Média durou cerca de 10 • Separação das artes: os gêneros textuais não
séculos na Europa (século V – século XV). Durante se misturam. A poesia lírica tem seu próprio
esse longo período de tempo, o desenvolvimento método e características que não devem ser
científico e cultural dependia do aval ou do aceite confundidos com aqueles da poesia épica, ou
da Igreja Católica, que exercia influência política e da dramaturgia, por exemplo.
socioeconômica em toda a Europa.
Enquanto a riqueza na Idade Média estava relacio- Classicismo em Portugal
nada à posse da terra e à tradição, as trocas comerciais
que se estabeleceram com o mercantilismo tornaram Embora na Itália o Classicismo tenha se insinuado
o dinheiro a grande fonte de poder. O intercâmbio em meados do século XIII, é apenas em 1527, com Sá
com civilizações da Ásia e da África, sobretudo com de Miranda, que o movimento tem início em Portugal.
povos de origem árabe, abriu para os europeus novos Influenciado pelo dolce stil nuovo, “doce estilo novo”,
horizontes, como o desenvolvimento da matemática em tradução livre, que aprendera na Itália, Sá de Mi-
e os instrumentos de navegação, como o astrolábio. randa introduz à literatura o gênero do soneto decas-
Os espaços geográficos abriam-se, com a desco- sílabo, que ficaria conhecido como “medida nova”, em
berta de novas rotas pelo mar, levando até a chegada oposição à “medida velha”, a das redondilhas (cinco
aos territórios do grande continente americano: eram ou sete sílabas métricas).
as Grandes Navegações. Foi predominante no Classicismo português a
Tudo isso foi possível graças ao Renascimento, temática do neoplatonismo, escola filosófica que
movimento científico e cultural que tomou conta retomava a filosofia amorosa de Platão, tratando o
da Europa no século XV. Esquivando-se da censura amor não a partir da sensualidade, mas por seu viés
ideológica da Igreja, pensadores e cientistas elabo- filosófico e religioso. Além disso, os poetas do período
raram novas teorias e invenções: Nicolau Copérnico valorizaram sobretudo os grandes feitos nacionais,
propõe o modelo heliocêntrico do Universo, Galileu as conquistas do povo português, assunto da poesia
Galilei descobre as leis que regem a queda dos cor- épica. Pode-se entender, portanto, que o Classicis-
pos, Johann Gutemberg inventa os tipos móveis para mo em Portugal se voltou para dois principais temas:
imprimir os livros, tarefa antes delegada aos monges amor e bravura.
copistas.
O horizonte cultural do Renascimento era a An- Principais autores e obras
tiguidade Clássica. A Grécia Antiga é considerada o • Francisco de Sá de Miranda (Coimbra, 1481 –
berço do pensamento ocidental (tendo influencia- Amares, 1558) - Precursor do Classicismo português,
do diretamente a cultura dos romanos), por isso o foi o responsável pela introdução do verso decassí-
retorno às formas clássicas foi o propósito estético labo em Portugal. Teve algumas poesias publicadas
dos renascentistas. O Classicismo tem sua gênese na no Cancioneiro geral (1516), compilado antológico da
Itália, ao final do século XIII, com o surgimento do poesia humanista.
pensamento humanista. Introduziu também, em língua portuguesa, as for-
mas da canção da sextina e as produções em tercetos
Principais Características do Classicismo e em oitavas, sendo responsável pela formação dos
• Imitação dos autores clássicos gregos e roma- poetas portugueses, tendo grande influência na lite-
nos da antiguidade; ratura que se desenvolveu no período.
• Uso da mitologia dos deuses e o uso de musas Eram parte de suas temáticas a reflexão moral,
como inspiração; filosófica e política, além do lirismo amoroso. Escre-
• Racionalismo: predomínio da razão sobre os veu também textos dramatúrgicos e cartas em forma
sentimentos; de verso.
• Universalismo: abordagem de temas universais “Comigo me desavim, Sou posto em todo perigo;
como, por exemplo, os sentimentos humanos; / Não posso viver comigo / Nem posso fugir de mim. /
• Antropocentrismo: o homem como o centro do Com dor da gente fugia, / Antes que esta assi cre-
Universo; cesse: / Agora já fugiria / De mim, se de mim pudesse. /

121
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Que meo espero ou que fim / Do vão trabalho que Os Lusíadas
sigo, / Pois que trago a mim comigo / Tamanho imigo Camões ficou muito conhecido por seu trabalho
de mim?” (Sá de Miranda) como sonetista, mas sua grande obra foi Os Lusía-
das, poema épico de cunho nacionalista que exalta
• Luís Vaz de Camões (1524/1525-1580) - O berço o período das Grandes Navegações portuguesas. Ins-
de nascimento de Camões é incerto: provavelmen- pirado em Virgílio e Homero pela forma e pelo tema,
te Lisboa, provavelmente em 1524 ou 1525, mas as Camões utiliza-se também da mitologia greco-romana
cidades de Coimbra, Santarém e Alenquer também para tecer a epopeia: Baco teria se voltado contra os
reivindicam ser o local onde o poeta nasceu. De ori- portugueses, por ser dono dos territórios indianos, e
gem fidalga, Camões teve uma educação sólida e era Vênus, por gostar do povo lusitano, estaria a seu favor.
conhecedor de história, geografia e literatura. Deu iní- Assim, a viagem real de Vasco da Gama mistura-
cio ao curso de Teologia na Universidade de Coimbra, -se a essa narrativa mitológica. Escritos em 10 cantos
que abandonou por levar uma vida incompatível com com oito estrofes cada um, Os Lusíadas é obra de
os preceitos religiosos. Conquistador, Camões teve linguagem culta e elevada, conforme a característica
muitas paixões e seus versos eram muito prestigia- da poesia épica, e canta heroicamente os reis e os
dos pelas damas da corte. Envolveu-se em duelos e fidalgos portugueses a partir da conquista dos novos
fez inimizades, o que o levou a alistar-se e embarcar, territórios, adicionando também outros episódios
como soldado, para Ceuta, lutando contra os mouros e gloriosos da história de Portugal.
perdendo o olho direito em combate. Já em liberdade,
embarcou para a Índia, em 1554, e viveu também em
Macau. Salvou-se de um naufrágio em 1556, levando
consigo os originais de sua mais célebre obra, o poema
épico Os Lusíadas. Morreu em Portugal, em 1580.
Camões é considerado o mais importante poeta
de língua portuguesa e um dos maiores da literatura
universal. Sua produção literária é múltipla e con-
templa tanto as formas eruditas quanto as formas
populares, de trovas, inspiradas em velhas cantigas
medievais. A obra de Camões pode ser dividida em
dois eixos principais: a poesia lírica e a épica.
A lírica camoniana é composta principalmente de
temas amorosos, bastante influenciada pelo neopla-
tonismo, que convive com os temas sensuais, estabe-
lecendo quase sempre uma contradição. As antíteses
da presença-ausência, amor espiritual-amor carnal,
vida-morte, sonho-realidade são muito presentes em
seus poemas, o que o torna um antecipador do mo- Canto I
vimento maneirista. Além disso, Camões compôs na As armas e os barões assinalados
chamada “medida velha”, as redondilhas, ligadas à Que, da Ocidental praia Lusitana,
tradição popular, e na “medida nova”, o poema de- Por mares nunca dantes navegados,
cassílabo, forma preferida para a exposição de temas Passaram ainda além da Taprobana,
e sentimentos complexos. Em perigos e guerras esforçados
“Alma minha gentil, que te partiste / Tão cedo Mais do que prometia a força humana,
desta vida, descontente, / E entre gente remota edificaram
Repousa lá no Céu eternamente / E viva eu cá na Novo reino, que tanto sublimaram;
terra sempre triste. E também as memórias gloriosas
Se lá no assento etéreo, onde subiste, / Memória Daqueles Reis que foram dilatando
desta vida se consente, / A Fé, o Império, e as terras viciosas
Não te esqueças daquele amor ardente / Que já De África e de Ásia andaram devastando,
nos olhos meus tão puro viste. E aqueles que por obras valerosas
E se vires que pode merecer-te / Algua cousa a dor Se vão da lei da Morte libertando:
que me ficou / Da mágoa, sem remédio, de perder-te, Cantando espalharei por toda a parte,
Roga a Deus, que teus anos encurtou, / Que tão Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.
cedo de cá me leve a ver-te, /Quão cedo de meus [...] (Camões, Os Lusíadas.)
olhos te levou. (Camões) Disponível em https://www.todamateria.com.br/
os-lusiadas-de-luis-de-camoes/

122
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Também são autores que se destacaram no pe- Fala de quem a morte e a vida pende,
ríodo: Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
• Bernardim Ribeiro – poeta e escritor português, Repouso nela alegre e comedido:
Ribeiro introduziu o bucolismo em Portugal e colabo- Estas as armas são com que me rende
rou no Cancioneiro de Garcia de Resende junto a poe- E me cativa Amor; mas não que possa
tas palacianos, como Gil Vicente e Sá de Miranda. Sua Despojar-me da glória de rendido.
principal obra, a novela ‘Saudades’, mais conhecida CAMÕES, L. Obra completa. Rio de janeiro:
Nova Aguilar, 2008.
como ‘Menina e Moças’, é a primeira novela pastoril
escrita em português.
• Antonio Ferreira – considerado por muitos como
um dos maiores poetas do classicismo, Ferreira era
mais conhecido como ‘o Horácio português’. Sua obra
mais notável, ‘Tragédia de D. Inês de Castro’, marcou
a cultura e a história portuguesa.

O Renascimento foi um movimento cultural, eco-


nômico e político, surgido na Itália no século XIV e
se estendeu até o século XVII por toda a Europa.
Inspirado nos valores da Antiguidade Clássica e
gerado pelas modificações econômicas, o Renas-
cimento reformulou a vida medieval, e deu início à
Idade Moderna. O termo Renascimento foi criado
no séc. XVI para descrever o movimento artístico
que surgiu um século antes. Posteriormente acabou
designando as mudanças econômicas e políticas do
período também e é muito contestado hoje em dia. A pintura e o poema, embora sendo produtos
Afinal, as cidades nunca desapareceram totalmente de duas linguagens artísticas diferentes, partici-
e os povos não deixaram de comercializar entre si, param do mesmo contexto social e cultural de
nem de usar moeda. Houve, sim, uma diminuição produção pelo fato de ambos
dessas atividades durante a Idade Média. Observa- (A) apresentarem um retrato realista, evidencia-
mos, porém, que na Península Itálica várias cidades do pelo unicórnio presente na pintura e pelos
como Veneza, Gênova, Florença, Roma, dentre ou- adjetivos usados no poema.
tras, se beneficiaram do comércio com o Oriente. (B) valorizarem o excesso de enfeites na apre-
Estas regiões se enriqueceram com o desenvolvi- sentação pessoal e na variação de atitudes
mento do comércio no Mar Mediterrâneo dando da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do
origem a uma rica burguesia mercantil. A fim de poema.
se afirmarem socialmente, estes comerciantes pa- (C) apresentarem um retrato ideal de mulher
trocinavam artistas e escritores, que inauguraram marcado pela sobriedade e o equilíbrio,
uma nova forma de fazer arte. A Igreja e nobreza evidenciados pela postura, expressão e ves-
também foram mecenas de artistas como Miche- timenta da moça e os adjetivos usados no
langelo, Domenico Ghirlandaio, Pietro della Fran- poema.
cesa, entre muitos outros. (D) desprezarem o conceito medieval da idea-
lização da mulher como base da produção
artística, evidenciado pelos adjetivos usados
no poema.
ATIVIDADES (E) apresentarem um retrato ideal de mulher
marcado pela emotividade e o conflito inte-
1. (Enem 2012)- LXXVIII (Camões, 1525?-1580) rior, evidenciados pela expressão da moça e
Leda serenidade deleitosa, pelos adjetivos do poema.
Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso; 2. São os principais representantes, na literatura
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; portuguesa, do Classicismo:
Presença moderada e graciosa, (A) Gregório de Matos, Augusto dos Anjos, Padre
Onde ensinando estão despejo e siso José de Anchieta e Almeida Garret.
Que se pode por arte e por aviso, (B) Luiz de Camões, Gregório de Matos, Augusto
Como por natureza, ser fermosa; dos Anjos e Antero de Quental.

123
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(C) Luiz de Camões, Sá de Miranda, Antônio Fer- Referências Bibliográficas:
reira e Bernardim Ribeiro.
(D) Almeida Garret, Florbela Espanca, Eça de A Criação do Homem, Michelangelo. Cola da web. Dis-
Queiroz e Antônio Ferreira. ponível em: https://www.coladaweb.com/literatura/
classicismo Acesso em 02 fev, 2020.
3. Identifique a alternativa que não contenha ideais
clássicos de arte: A importância do figurino na criação de uma persona-
(A) Universalismo e racionalismo. gem. Disponível em: <https://escsfm.ipl.pt/escs-ma-
(B) Formalismo e perfeccionismo. gazine/a-importancia-do-figurino-na-criacao-de-uma-
(C) Obediência às regras e modelos e contenção -personagem/> acessado em junho de 2021.
do lirismo.
(D) Valorização do homem (do soldado, do sábio Atividades de Literatura. Norma Culta. 2008. Disponí-
e do amante) e verossimilhança (imitação da vel em: https://www.normaculta.com.br/texto-litera-
verdade e da natureza). rio-e-nao-literario/ Acesso em 31 de janeiro de 2020.
(E) Liberdade de criação e predomínio dos im-
Atividades Humanismo. Cola da web. 2008. Disponível
pulsos pessoais.
em: https://www.coladaweb.com/exercicios-resolvi-
dos/exercicios-resolvidos-de-portugues/humanismo-
4. Não se relaciona à medida nova: -ou-pre-renascentismo
(A) versos decassílabos; (B) influência italiana; (C)
predileção por formas fixas; Atividades Texto Literário e não Literário. Blog do
(D) sonetos, tercetos, oitavas e odes; (E) cultura Enem, 2017. https://blogdoenem.com.br/texto-lite-
popular, tradicional. rario-e-nao-literario-literatura-enem/ Acesso em 31
de janeiro de 2020.
5. O Classicismo propriamente dito, tem por limites
cronológicos, em Portugal, as datas de: Atividades Trovadorismo. Racha Cuca. 2016. Disponí-
(A) 1500 e 1601. vel em: https://rachacuca.com.br/quiz/solve/123778/
(B) 1434 e 1516. trovadorismo-i/ Acesso em 02 fev, 2020.
(C) 1502 e 1578.
(D) 1527 e 1580. Classicismo. Literatura Portuguesa. Brasil Escola. Dis-
(E) 1198 e 1434. ponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/
enem/lingua-portuguesa/classicismo Acesso em 03
6. (FUVEST-SP) Na Lírica de Camões: fev., 2020.
(A) o verso usado para a composição dos sonetos
Coesão. Disponível em: https://www.portugues.com.
é o redondilha maior;
br/redacao/coesao-referencial-coesao-sequencial.
(B) encontram-se sonetos, odes, sátiras e autos;
html. Acesso em 26 jan, 2022.
(C) cantar a pátria é o centro das preocupações;
(D) encontra-se uma fonte de inspiração de mui- Correio Brasiliense. 2020. Disponível em: https://
tos poetas brasileiros do século XX; www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mun-
(E) a mulher é vista em seus aspectos físicos, do/2020/01/31/interna_mundo,824678/enfermei-
despojada de espiritualidade. ra-alema-e-suspeita-de-ter-aplicado-morfina-em-be-
bes.shtml Acesso em 31 de janeiro de 2020.
7. (PUC-PR) Sobre o narrador ou narradores de os
Lusíadas, é lícito afirmar que: Denotação e Conotação. Portal da Linguagem. 2012.
a) existe um narrador épico no poema: o próprio Disponível em: https://portodalinguagem.com.br/
Camões; denotacao-e-conotacao/ Acesso em 31 de janeiro
b) existem dois narradores no poema: O eu-épico, de 2020.
Camões fala através dele, e o outro, Vasco da
Gama, que é quem dá conta de toda a História Elementos da narrativa. Disponível em: https://www.
de Portugal. todamateria.com.br/elementos-da-narrativa/Acesso
c) o narrador de Os Lusíadas é Luiz Vaz de Ca- em 18 de março de 2020.
mões;
d) O narrador de os Lusíadas é o Velho do Restelo; Escolas literárias. Mais Uma Página. Disponível em:
e) O narrador de Os Lusíadas é o próprio povo https://maisumapagina.com/as-escolas-literarias/
português. Acesso em 03 fev., 2020.

Exercícios de Classicismo. Mundo Educação. Dispo-


nível em: https://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.

124
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
com.br/exercicios-literatura/exercicios-sobre-classi- Português – Literatura. Pharma. 2018. Disponível em:
cismo.htm#resposta-1137 Acesso em 03 fev, 2020. http://pharmacistresponde.blogspot.com/2013/01/
literatura-portuguesa-trovadorismo.html>. Acesso
Exercícios literatura. Brasil Escola. 2018. Disponível em 02 fev, 2020.
em: https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exer-
cicios-literatura/exercicios-sobre-linguagem-litera- Progressão Temática. Disponível em: https://www.
ria-nao-literaria.htm#questao-1 Acesso em 31 de escrevendoofuturo.org.br/formacao/pergunte-a-o-
janeiro de 2020. limpia/132/progressao-textual-e-tematica. Acesso
em 26 jan, 2022.
Figuras de Linguagem. 2016. Disponível em: https://
www.figuradelinguagem.com/gramatica/qual-a-di- Redação: Crônica. Disponível em: https://brasilesco-
ferenca-entre-texto-literario-e-texto-nao-literario/ la.uol.com.br/redacao/cronica.htmAcesso em 18 de
Acesso em 31 de janeiro de 2020. março de 2020.

Figuras de Linguagem. Disponível em: https://www. Texto Literário e não Literário. Toda Matéria. 2005.
todamateria.com.br/exercicios-de-figuras-de-lingua- Disponível em: https://www.todamateria.com.br/tex-
gem/ Acesso em 11 dez, 2020. to-literario-e-nao-literario/ Acesso em 31 de janeiro
de 2020.
Gênero textual: Relato. Disponível em: https://des-
complica.com.br/artigo/genero-textual-and8211-re- Trovadorismo. UOL. 2004. Disponível em: https://
lato-pessoal/4gB/Acesso em 18 de março de 2020. educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/trovado-
rismo---origens-e-prosa-cronicas-hagiografias-livros-
História da Literatura Brasileira. Cola da Web. Dispo- -de-linhagens-e-novelas-de-cavalaria.htm. Acesso em
nível em: https://www.coladaweb.com/literatura/ 02 fev, 2020.
literatura-brasileira Acesso em 03 fev., 2020.

Humanismo, Literatura Portuguesa. Toda matéria.


2004. Disponível em: https://www.todamateria.com.
br/humanismo/ Acesso em 02 fev, 2020.

Intertextualidade. Disponível em: https://www.signi-


ficados.com.br/intertextualidade/

Literatura – Trovadorismo. Acrobatas das Letras. 2013.


Disponível em: https://www.acrobatadasletras.com.
br/2014/08/trovadorismo-primordios-da-literatura-
-em-portugal.html Acesso em 02 fev, 2020.

Literatura Brasileira. Estudo Prático. Disponível em:


https://www.estudopratico.com.br/literatura-brasi-
leira/ Acesso em 03 fev., 2020.

Literatura de Informação. Português. Disponível em:


https://www.portugues.com.br/literatura/aliteratu-
rainformacao.html Acesso em 03 fev., 2020.

ORMUNDO, Wilton. Se liga na língua: literatura, pro-


dução de texto, linguagem. Wilton Ormundo e Cristia-
ne Siniscalchi. 1ª ed. São Paulo: Moderna, 2016, p 75.

ORMUNDO, Wilton. Se liga nas linguagens. Wilton


Ormundo e Cristiane Siniscalchi. 1ª ed. São Paulo:
Moderna, 2020.

ORMUNDO, Wilton. Se liga nas linguagens. Coleção


Experimenta. Wilton Ormundo e Cristiane Siniscalchi.
1ª ed. São Paulo: Moderna, 2020.

125
Ciências da
Natureza e suas
Tecnologias
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR: por esta instituição. Uma publicação interessante do
BIOLOGIA IBGE diz respeito aos “Indicadores de Desenvolvimen-
to Sustentável (2015)”. Por meio de tabelas, gráficos
Capítulo 1 e mapas, essa publicação fornece subsídios para o
acompanhamento da sustentabilidade do padrão de
CIÊNCIA EM DADOS
desenvolvimento brasileiro nas dimensões ambien-
tal, social, econômica e institucional, oferecendo um
Competência específica
panorama abrangente de informações necessárias ao
Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica
conhecimento da realidade do País, ao exercício da
da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argu-
cidadania e ao planejamento e formulação de políticas
mentos, realizar previsões sobre o funcionamento
públicas para o desenvolvimento sustentável.
e a evolução dos seres vivos e do Universo, e funda-
Nesta publicação citada, por exemplo, são apre-
mentar e defender decisões éticas e responsáveis.
sentados 63 indicadores, produzidos com dados ad-
quiridos nas pesquisas do IBGE e de diversas outras
Habilidade específica
instituições, procurando mensurar, em seus aspectos
(EM13CNT205) Interpretar resultados e realizar
essenciais, as qualidades ambiental e de vida da po-
previsões sobre atividades experimentais, fenôme-
pulação, o desempenho macroeconômico do País, os
nos naturais e processos tecnológicos, com base
padrões de produção e consumo e a governança para
nas noções de probabilidade e incerteza, reconhe-
o desenvolvimento sustentável.
cendo os limites explicativos das ciências.
O indicador 5 – Uso de agrotóxicos – traz uma
aproximação da intensidade de uso de agrotóxicos
Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM
nas áreas plantadas de um território, em determina-
(GO-EMCNT205C) Interpretar informações quanti-
do período. Alguns dados estão assim apresentados:
tativas por meio de linguagem gráfica, consideran-
Distribuição percentual dos ingredientes ativos
do coleta de dados e tratamento de informações
de agrotóxicos mais comercializados, por classes de
obtidos a partir de processos químicos e biológicos
uso - Brasil – 2012
para analisar resultados obtidos.

Objeto(s) de conhecimento
- Gráficos e tabelas.

Descritor Saeb
Compreender o funcionamento de instrumentos e
os métodos utilizados para a realização de obser-
vações e medidas astronômicas.

Imersão Curricular

Gráficos e tabelas – o que são e para que


servem?

Diariamente vemos tabelas e gráficos nos mais


variados veículos de comunicação (tais como jornais,
revistas, livros, televisão, Internet, redes sociais etc.),
associadas a assuntos diversos da nossa rotina diária,
como resultados de pesquisas eleitorais, esportes,
segurança pública, saúde, trabalho, emprego, renda,
economia, cidadania, etc. A importância das tabelas
e dos gráficos está ligada, sobretudo, à facilidade e
agilidade na absorção e conhecimento dos dados por
parte do leitor e, também, às diversas maneiras de
ilustrar e resumir as informações apresentadas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), por exemplo, dispõe de diversas publicações
resultantes de coleta de dados e estudos realizados

128
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

Você saberia dizer, por exemplo, qual substância é a


mais utilizada na composição de herbicidas? E qual o
ingrediente conhecido presente em menor propor-
ção nos inseticidas? E qual a proporção de Oxicloreto
de cobre nos fungicidas? Volte aos gráficos e pense
um pouco... Responda às três perguntas acima.

Fonte: IBGE. Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/


Ainda utilizando a publicação do IBGE - Indicado-
visualizacao/livros/liv94254.pdf. Acesso em 06 out 2022. res de Desenvolvimento Sustentável (2015) – como
fonte de exemplos sobre gráficos, temos o indicador
Este tipo de gráfico conhecido como “gráfico de 7 – Queimadas e incêndios florestais – que expressa
pizza”, também chamado de “Gráfico de Setores”, é a ocorrência anual de queimadas e de incêndios flo-
circular. Eles são utilizados para reunir valores a partir restais, em determinado território.
de um todo, segundo o conceito de proporcionalida- As queimadas e os incêndios florestais são de-
de, tanto que se você somar todas as porcentagens tectados por satélites como focos de calor sobre a
apresentadas e cada um dos gráficos perceberá que superfície terrestre. Assim, para este indicador, foram
o total será sempre 100%. Essa percepção é impor- utilizados dados coletados diariamente por satélite,
tante no momento de interpretados das informações permitindo a análise de tendências nos números de
apresentadas. focos para as regiões e períodos de interesse.
Um dos gráficos obtidos foi:

Número de focos de calor nos Biomas Brasileiros - 2008-2013

Fonte: IBGE. Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94254.pdf. Acesso em 06 out 2022.


Observe que este gráfico apresenta os dados na ou seja, provavelmente queimadas, no ano 2010?
forma de linhas e daí vem sua nomenclatura: “Grá- Ou quais os dois biomas que mais sofreram quei-
fico de Linhas”, que também pode ser chamado de madas ao longo do intervalo entre os anos 2008 e
“Gráfico de Segmento”. Ele é usado para apresentar 2013? O gráfico não nos retorna informações como
valores (sequência numérica) em determinado espaço “por que tais biomas têm sido mais devastados por
de tempo. Ou seja, mostra as evoluções ou diminui- queimadas do que outros”, mas serviria para emba-
ções de algum fenômeno. sar argumentos e conclusões acerca do assunto em
uma publicação científica, em uma reportagem, ou
mesmo em uma redação do ENEM sobre o tema.
Volte ao gráfico e reflita respondendo aos dois
SUGESTÃO DE ATIVIDADE questionamentos acima.
Observando este gráfico, você saberia dizer em qual
bioma ocorreram maior número de focos de calor,

129
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Tipos de gráficos

Estes gráficos de “pizza” e de “linhas” são dois dos principais tipos que podemos utilizar para apresentar
dados. Além destes podemos citar:

Gráfico de barras:
Também conhecido como “Gráfico de Barra”, eles são usados para comparar quantidades ou mesmo de-
mostrar valores pontuais de determinado período. As colunas podem surgir de duas maneiras:

• Vertical:

Fonte: IBGE. Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94254.pdf. Acesso em 06 out 2022.

• Horizontal:

Fonte: IBGE. Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94254.pdf. Acesso em 06 out 2022.

130
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Gráfico de área: • Histograma com Dois Picos: nesse caso, temos
Esse tipo de gráfico é utilizado para demostrar duas análises de dados distintas que apresen-
as alterações ou comparar valores ao longo de um tam dois picos (pontos maiores).
tempo. Ele é formado por um conjunto de linhas e • Histograma Platô: no centro da figura nota-se
pontos, onde a área é preenchida. a aproximação das frequências, o que forma
uma figura menos desigual.
• Histograma Retângulos Isolados: também cha-
mado de “ilha isolada”, esse caso de histograma
apresenta lacunas, que por sua vez, indicam
uma anormalidade ou erros no processo.

Inserção Curricular

Para o momento de “Recomposição da Aprendiza-


gem” vamos mobilizar conhecimentos da Astronomia,
Fonte: Blog Gestão de Segurança Privada. Disponível em: https://
gestaodesegurancaprivada.com.br/grafico-o-que-e-objetivo-
que estuda os corpos celestes e os fenômenos que
caracteristica-e-tipos/. Acesso em 06 out 2022. se originam fora da atmosfera da Terra, e os conhe-
cimentos da Física, que estuda fenômenos naturais,
Histograma: baseando-se em teorias e por meio da observação e
Histograma é uma ferramenta de análise de dados experimentação.
que apresenta diversos retângulos justapostos (barras A Astronomia e a Física são ciências da natureza
verticais). Por esse motivo, ele se assemelha ao gráfico cujos dados pesquisados, informações levantadas e
de colunas, entretanto, o histograma não apresenta conhecimentos construídos, podem ser apresentados
espaço entre as barras. na forma de gráficos, tabelas, quadros, dentre outras
representações gráficas estudadas neste capítulo.
Esta atividade tem como orientador o descritor
para o Saeb “Compreender o funcionamento de ins-
trumentos e os métodos utilizados para a realização
de observações e medidas astronômicas”. Para pro-
porcionar que você desenvolva esta habilidade, realize
as atividades propostas a seguir.

1º Momento: Individualmente...

1. Leia o artigo “Captada imagem mais nítida já feita


da estrela mais massiva do Universo” publicado
pela revista Galileu online em 19 de agosto de
2022, disponível no link:
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/
noticia/2022/08/captada-imagem-mais-nitida-ja-feita-da-
Fonte: Toda Matéria. Disponível em: https://www. estrela-mais-massiva-do-universo.html.
todamateria.com.br/tipos-de-graficos/. Acesso em 06
out 2022. 2. Com base no texto sugerido na questão anterior,
explique como os astrônomos conseguem esti-
Ele é muito utilizado na área da estatística, sendo mar a massa de um estrela.
um importante indicador para a distribuição de dados.
Segundo sua representação gráfica, eles são classificados em: 2º Momento: Agora em grupo...
• Histogramas Simétricos: composto de uma fre-
quência mais alta (no centro) e que aos poucos 3. Façam uma pesquisa sobre os diferentes tipos
vai diminuindo conforme se aproxima das bor- de instrumentos que podem ser utilizados para
das. a realização de observações astronômicas.
• Histogramas Assimétricos: apresenta somente
um ponto mais alto, sendo que o resto dos re- 4. Organize as informações pesquisadas para a
tângulos são assimétricos. questão anterior em um quadro que resuma as
• Histograma Despenhadeiro: nesse tipo, a re- principais informações relacionadas a cada tipo
presentação parece incompleta, pois é usado de instrumento, como, por exemplo, peças que
quando alguns dados são eliminados. os compõem, indicações de uso, tipos etc.

131
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
5. Existem peças que são comuns à estrutura de de interesse das pessoas com relação àqueles pro-
alguns dos instrumentos listados no quadro an- dutos etc.
terior? O que diferencia, no geral, todos estes
instrumentos? 2º momento:
Organize, com seus colegas de grupo, os dados em
6. Pesquisem como é feita a medida da distância uma tabela.
entre corpos celestes, como, por exemplo a dis- Produza uma parte teórica na qual demarque o
tância entre a Terra e o Sol ou entre a Terra e a contexto social, econômico e histórico dos locais
Lua. escolhidos para a pesquisa dentro das limitações
dos dados obtidos.
7. Construam uma tabela apresentando as médias
das distâncias entre os planetas do Sistema Solar, 3º momento:
em quilômetros (km) e em unidades astronômi- O terceiro momento é a análise e debate dos dados
cas (UA), em relação ao Sol. da tabela obtida. Para tanto, é bom que os grupos
produzam uma apresentação de slides ou constru-
am uma tabela maior em papel. Cada grupo falará
sobre todas as informações disponíveis que foram
encontradas.
ATIVIDADE INTEGRADORA A tabela em si pode ser apresentada a partir dos
valores mínimos, máximos e médios das informa-
Atividade prática ções mais importantes da lista e, também, com
comentários sobre o significado desses números.
Nivelamento e Ampliação
4º momento:
Essa etapa destina-se à construção de gráficos.
Objetivo: Obter dados a serem apresentados atra-
Cada grupo terá que construir um gráfico com as
vés de gráficos e tabelas.
informações obtidas na pesquisa. Isto pode ser feito
à mão em um cartaz ou com a ajuda de um aplica-
tivo de planilhas como o Excel.

SAIBA MAIS

Para mais informações sobre como utilizar o Ex-


cel como gerador de gráficos consultar o vídeo
“Aprenda tudo sobre como criar GRÁFICOS no EX-
CEL” disponível em: https://www.youtube.com/
Metodologia:
watch?v=P_SnCOqMYqQ produzido pelo canal do
1º momento:
YouTube “Hashtag Treinamentos”.
Em grupos, com 4 ou 5 colegas defina temas de
pesquisa parecidos com os seguintes:
Outras formas de apresentação de dados
1 – Valor da cesta básica em cinco supermercados
diferentes;
Além de gráficos e histogramas, dados e infor-
2 – Valor dos combustíveis em dez postos diferen-
mações podem ser organizados e apresentados na
tes;
forma de:
3 – Idade, altura e peso de 10 familiares diferentes.
4 – Número de indivíduos vacinados contra a co-
• Infográficos: representam a união de uma ima-
vid na comunidade escolar (1ª e 2ª doses mais os
gem com um texto informativo. As imagens podem
reforços), considerando-se os tipos diferentes de
conter alguns tipos de gráficos.
vacinas disponibilizados
Os temas não precisam ser esses, mas devem ser
temas que possam ser pesquisados facilmente e
retornem dados quantitativos (em números).
É preciso colher o maior número de informações
que for possível: a região da cidade onde a pes-
quisa foi feita, o objeto de pesquisa em si, o grau

132
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Sendo assim, são usadas para melhor visualização
de informações em diversas áreas do conhecimento.
Também são muito frequentes em concursos e ves-
tibulares.
Além disso, é por meio de tabelas que os dados
são organizados para finalmente comporem um grá-
fico.

Fonte: Toda Matéria. Disponível em: https://www.todamateria.


com.br/tipos-de-graficos/. Acesso em 06 out 2022.

• Diagramas: são tipos de representações gráficas,


que demostram, por exemplo, um esquema ou uma
maquete. Também são usados para simplificar uma
ideia ou conceito, e, portanto, facilitam na interpreta-
Fonte: Microsoft Support. Disponível em: https://support.
ção do tema. Geralmente incluem linhas, setas, dese- microsoft.com/pl-pl/office/wybieranie-danych-do-wykresu-
nhos, etc. São muito utilizados na área das estatísticas 5fca57b7-8c52-4e09-979a-631085113862. Acesso em 06 out
e administração. 2022.

Aplicativos de planilhas eletrônicas podem utilizar


os dados organizados para gerar automaticamente
um gráfico. Estes podem, inclusive, serem sugeridos
pelo próprio aplicativo de acordo com o tipo de dados
apresentados. Normalmente estes dados envolvem
nomes e principalmente números. Esta é uma das
principais diferenças entre tabelas e quadros.
No que diz respeito ao conteúdo, a tabela trabalha
com dados quantitativos (números, valores, porcenta-
gens, estatísticas) e o quadro traz dados qualitativos
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Diagrama_da_Cadeia_Alimentar_
(ideias, informações, resumos, títulos).
simples.svg. Acesso em 08 nov 2022. Por exemplo, esta é uma tabela:

• Tabelas: são usadas para organizar algumas in-


formações ou dados. Da mesma forma que os gráficos,
elas facilitam o entendimento, por meio de linhas e
colunas que separam os dados.

Fonte: Smart Planilhas. Disponível em: https://smartplanilhas.


Fonte: Diferença. Disponível em: https://www.diferenca.com/ com.br/planilha-gratuita/tabela-nutricional-em-excel/. Acesso
tabelas-quadros-e-figuras/. Acesso em 06 ago 2022. em 06 out 2022.

133
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
E este é um quadro: De acordo com o gráfico, os meses em que ocorreram,
respectivamente, a maior e a menor vendas absolutas
em 2011 foram
(A) março e abril.
(B) março e agosto.
(C) agosto e setembro.
(D) junho e setembro.
(E) junho e agosto.

QUESTÃO 2 - (Enem-2020) Em uma pesquisa estão


sendo testados cinco quimioterápicos quanto à sua
capacidade antitumoral. No entanto, para o tratamen-
to de pacientes, sabe-se que é necessário verificar
Fonte: Blog Alex Bager. Disponível em https://bab.empreendedor- também o quanto cada composto agride células nor-
academico.com.br/especies-ameacadas-e-estradas/especies-
mais. Para o experimento, partiu-se de cultivos de
ameac%cc%a7adas-mais-registros-sistema-urubu/. Acesso em
06 out 2022. células tumorais (colunas escuras na figura) e células
normais (colunas claras) com o mesmo número de
Elementos dos gráficos e tabelas células iniciais. Dois grupos-controle não receberam
quimioterápicos: controle de células tumorais (CT)
Alguns elementos importantes são: e de células normais (CN). As colunas I, II, III, IV e
• Título: geralmente possuem um título a respei- V correspondem aos grupos tratados com os cinco
to da informação que será apresentada. compostos. O número de células viáveis após os tra-
• Fonte: muitos gráficos e tabelas, sobretudo os tamentos está representado pelas colunas.
da área de estatística, apresentam a fonte, ou
seja, de onde as informações foram retiradas.
Também podem apresentar o ano de publica-
ção da fonte referida.
• Números: estes são essenciais para comparar
as informações dadas pelos gráficos e tabelas.
A maior parte deles utilizam números, seja para
indicar quantidade ou tempo (mês, ano, trimes-
tre).
• Legendas: grande parte dos gráficos apresen-
tam legendas que auxiliam na leitura das infor-
mações apresentadas. Junto a ela, cores que
destacam diferentes informações, dados ou
períodos, são utilizadas. Nas tabelas, podem
ser ou não necessárias. Qual quimioterápico deve ser escolhido para trata-
mento desse tipo de tumor?
(A) I
(B) II
(C) III
MOMENTO ENEM (D) IV
(E) V
QUESTÃO 1 - (Enem-2012) O dono de uma farmácia
resolveu colocar à vista do público o gráfico mostrado QUESTÃO 3 - (Enem 2016) Um pesquisador investi-
a seguir, que apresenta a evolução do total de vendas gou o papel da predação por peixes na densidade e
(em Reais) de certo medicamento ao longo do ano tamanho das presas, como possível controle de po-
de 2011. pulações de espécies exóticas em costões rochosos.
No experimento colocou uma tela sobre uma área
da comunidade, impedindo o acesso dos peixes ao
alimento, e comparou o resultado com uma área adja-
cente na qual os peixes tinham acesso livre. O quadro
apresenta os resultados encontrados após 15 dias de
experimento.

134
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 2
INTRODUÇÃO À BIOESTATÍSTICA

Competência
Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica
da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argu-
mentos, realizar previsões sobre o funcionamento
e a evolução dos seres vivos e do Universo, e funda-
mentar e defender decisões éticas e responsáveis.

Habilidade da BNCC
(EM13CNT205) Interpretar resultados e realizar
previsões sobre atividades experimentais, fenôme-
nos naturais e processos tecnológicos, com base
O pesquisador concluiu corretamente que os peixes
nas noções de probabilidade e incerteza, reconhe-
controlam a densidade dos(as)
cendo os limites explicativos das ciências.
(A) algas, estimulando seu crescimento.
(B) cracas, predando especialmente animais peque-
Objetivos de aprendizagem do DC-GOEM
nos.
(GO-EMCNT205C) Interpretar informações quanti-
(C) mexilhões, predando especialmente animais pe-
tativas por meio de linguagem gráfica, consideran-
quenos.
do coleta de dados e tratamento de informações
(D) quatro espécies testadas, predando indivíduos
obtidos a partir de processos químicos e biológicos
pequenos.
para analisar resultados obtidos.
(E) ascídias, apesar de não representarem os menores
organismos.
Objeto de conhecimento
Introdução à Bioestatística

REFERÊNCIAS
O que é Bioestatística?
RÉBULA U. Tabelas e Gráficos. O que são e para que Bioestatística é o estudo aplicado da Estatística
servem? Blog Profes. 2018. Disponível em: https:// nas áreas da Biologia e da Medicina.
profes.com.br/aulasdeestatistica/blog/tabelas-e-gra- Este estudo busca compreender o planejamento,
ficos-o-que-sao-para-que-servem. Acesso em 06 out a coleta, a avaliação e a análise de todos os dados
2022. obtidos nas pesquisas biológicas e médicas, sendo
Brasil. IBGE. Indicadores de desenvolvimento susten- de fundamental importância para os campos da epi-
tável. 2015. Disponível em: https://biblioteca.ibge. demiologia, ecologia e psicologia social.
gov.br/visualizacao/livros/liv94254.pdf. Acesso em Uma vez que os objetos de estudo da Biologia se
06 out 2022. tornaram variados, a Bioestatística ampliou o campo
para que qualquer modelo quantitativo pudesse ser
IBGE Educa. Indicadores de desenvolvimento susten- empregado nas pesquisas e que pudesse atender às
tável (IDS). Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/ necessidades de cada área específica.
professores/educa-recursos/20580-ibge-explica-indi- Neste contexto, ela é capaz de avaliar com segu-
cadores-de-desenvolvimento-sustentavel-ids.html. ridade dados médicos e biológicos, para obter uma
Acesso em 06 out 2022. maior segurança nas análises clínicas, por meio de
ferramentas avançadas e softwares específicos para a
BEZERRA J. Tudo Sobre Gráficos. Site Toda a Matéria.
realização das análises estatísticas sobre o problema
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/ti-
estudado.
pos-de-graficos/. Acesso em 06 out 2022.
Portanto, ela pode ser considerada um ramo es-
MOREIRA L. P. Sugestão de aula para análise de gráfi- pecializado da Informática Médica, que é aplicação
cos e tabelas. Site Brasil Escola. Disponível em: https:// das comunicações e da informática à saúde, com-
educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensi- plementada pela Bioinformática, que é a tecnologia
no/sugestao-aula-para-analise-graficos-tabelas.htm. empregada para gestão e análise de dados biológicos.
Acesso em 06 out 2022. A Bioestatística tem como principal vantagem o
fato dela não apenas resolver, como é capaz de com-
preender uma complexa metodologia de estudo para

135
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
responder às hipóteses, além de agilizar e organizar juntos de dados, a um grande número de dados, ou
o sistema de investigação, desde o projeto geral, a seja, procura estabelecer conclusões para toda uma
amostra, o controle da qualidade de informação e a população, quando apenas se observou uma parte
prestação dos resultados. desta (denominada mostra).
Ela também tem benefícios como poder desen- De maneira geral a Bioestatística é a Estatística
volver estudos que possibilitem a criação de novos aplicada a dados biológicos e de ciências agrárias,
remédios e a compreensão de doenças crônicas, como como tal, está interessada na coleta, organização,
a AIDS e o câncer. Ela também tem se tornado funda- resumo, apresentação e análise de tais dados.
mental para as pesquisas na saúde pública, como o
estudo sobre epidemiologia, saúde ambiental, nutri-
ção e saneamento, genética populacional, medicina,
ecologia e bioensaios.
ATIVIDADE INTEGRADORA
Bioestatística e Estatística
Atividade prática
A Bioestatística é um ramo mais amplo da área
Estatística. Então, para fins didáticos vamos, inicial-
mente, definir o termo Estatística. A Estatística é
fundamental na análise de dados provenientes de
quaisquer processos onde exista variabilidade, es-
tando assim, interessada nos métodos e processos
quantitativos que servem para a coleta, organização,
resumo, apresentação e análise desses dados, bem
como na obtenção de conclusões válidas e na tomada
de decisões a partir de tais análises. Assim, de maneira Quantos peixes têm no lago?
geral, a estatística pode ser dividida em três áreas: Tópicos: Gráficos e Tabelas, Probabilidade e Mode-
los, Inferência Estatística.
A Estatística Descritiva: Recursos: Sacola ou caixa de sapato com fichas
Geralmente utilizada nas etapas inicias dos tra- (bolinhas ou cartões).
balhos, se refere à maneira de representar dados em Duração: 3 horas-aula.
tabelas e gráficos, resumi-los por meio de algumas Objetivo: simular um procedimento para avaliar o
medidas sem, contudo, tirar quaisquer informações número de peixes em um lago.
sobre um grupo maior. Portanto, informações e con-
clusões a respeito do fenômeno estudado são tiradas Estimação
de modo informal e direto, restritas àquele particular Em Estatística há alguns procedimentos que permi-
conjunto de valores. tem estimar o tamanho de populações. Por exem-
plo: quantos peixes há no Lagoa Rodrigo de Freitas,
A Probabilidade: no Rio de probabilidade é o valor em que a frequ-
É a teoria matemática utilizada para se estudar a ência relativa se estabiliza após um número muito
incerteza oriunda de fenômenos de caráter aleatório. grande de ensaios. lisbeth@maua.br 16 Janeiro?
Seu estudo é fundamental na bioestatística/estatísti- Ou no Dique do Tororó em Salvador? Ou no Lago
ca, tem sua origem ligada aos jogos de azar. Esses jo- do Ibirapuera? Já no século XVIII Laplace procurou
gos implicam em ações como girar uma roleta, lançar desenvolver metodologia para estimar o tamanho
um dado ou uma moeda, tendo como característica de populações. Provavelmente Petersen foi o pri-
a incerteza de ocorrer determinado acontecimento meiro que no final do século XIX, querendo estimar
(como a face cara de uma moeda, ou o às de ouro o número de peixes do Mar Báltico, desenvolveu o
em um set de baralho) em determinada tentativa, e método que iremos analisar nesta Atividade.
a regularidade em longo prazo, que permite prever
o número de vezes que ocorrerá determinado acon- Descrição da atividade
tecimento em uma série de tentativas conduzidas de Passo 1 – Em grupos, de 4 a 5 estudantes, criar
maneira uniforme. uma população de “peixes” em cartões, fichas ou
na forma de bolinhas. Cada grupo irá criar a quan-
A Inferência Estatística: tidade que desejar, desde que o número seja maior
Ao contrário da estatística descritiva, é o estudo que o de estudantes do grupo. Depois todos serão
de técnicas que possibilitem a extrapolação das in- colocados juntos numa caixa ou pacote (não fazer
formações e conclusões obtidas a partir de subcon- contagem).

136
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Agora, cada grupo anota a sua estimativa para o nú- Passo 9 – Igualar os quocientes anteriores para
mero de “peixes” apresentados (tem que ser uma descobrir o valor de N. A primeira estimativa para
estimativa feita de longe, com a mera visualização N será chamada de ^N1. Ficará assim:
da caixa ou pacote.

Passo 2 – Retirar da caixa/pacote um elemento (um


por aluno).
(observe que este é o exemplo que considera 30
Passo 3 – Captura. Agora a classe já terá retirado elementos retirados na etapa de captura, sendo
uma amostra da população (esta amostra tem o 10 elementos marcados retirados na etapa de re-
mesmo número de elementos da classe). Fazer uma captura)
marca no seu elemento (com canetinha).
Passo 10 e 11 (a critério do/a professor/a)
Passo 4 – Devolver todos os “peixes” marcados para
a “lago” (caixa/pacote). Passo 12 – Contar todos os elementos presentes
no pacote. Verificar se algum grupo acertou ou
Passo 5 – Recaptura. Misturar bem os elementos chegou bem próximo do valor durante a etapa de
dentro da caixa/pacote. Aleatoriamente, cada es- estimativa.
tudante, deve retirar, novamente, um “peixe” do
“lago”. Isto significa que teremos uma nova amos-
tra, ou seja, se forem 30 alunos na sala, teremos Recapitulando o processo:
30 elementos retirados, provavelmente com alguns 1. Quantos “peixes” o grupo capturou inicialmente?
marcados e outros não marcados, independente 2. Quantos “peixes” foram marcados inicialmente?
da primeira vez, dada a aleatoriedade do processo. 3. Quantos “peixes” foram Recapturados?
4. Quantos estavam marcados dentre os Recaptu-
Passo 6 – Escolher um colega para ir à lousa para rados?
fazer as seguintes anotações: 5. Considerando o tamanho da amostra Recaptura-
• Quantidade de alunos que tiraram “peixes” mar- da qual a proporção de marcados nessa amostra?
cados. 6. Qual a proporção de peixes marcados na popu-
• Razão entre o número de “peixes” marcados e lação?
o número de “peixes” retirados (esta razão dará a 7. Como relacionar os itens 5 e 6?
frequência relativa amostral de marcados; supondo 8. Como estimar o valor de N (tamanho da popu-
que este número tenha sido 10 em uma sala com lação).
30 alunos, a frequência amostral será 10/30). 9. Repetindo o procedimento, obtém-se sempre a
mesma estimativa para N?
Passo 7 – Em grupo, sugira uma frequência relativa 10. A estimativa foi construída com qual tamanho
populacional de marcados (que seria o número de de amostra?
marcados (no caso 30, na sala de 30 alunos) sobre 11. Em sua opinião, qual a influência do tamanho
o tamanho desconhecido da população (o qual po- da amostra na estimativa?
deríamos chamar de N)  30/N.
Conceitos básicos
Passo 8 – Sugerir valores de “N” (considerando
aquele exemplo anterior de uma turma com 30 Populações e amostras
alunos e 10 “peixes” recapturados que estavam Na terminologia estatística, o grande conjunto de
marcados – os quocientes que deverão estar ano- dados que contém a característica que temos interes-
tados na lousa serão: se recebe o nome de População. Esse termo refere-se
Frequência relativa amostral: 10/30 (número de não semente a uma coleção de indivíduos, mas tam-
“peixes” retirados na recaptura que estavam marca- bém ao alvo sobre o qual reside o nosso interesse. As-
dos, dividido pelo número de “peixes” capturados sim, nossa população pode ser tanto todo o conjunto
da primeira vez – que coincide com a quantidade de cervos em uma área de proteção, todas as árvores
de alunos da sala); de uma determinada espécie na floresta amazônica,
Frequência relativa populacional: 30/N (quantidade todas as lâmpadas produzidas em uma fábrica em
de “peixes” capturados da primeira vez, dividido um determinado período de tempo. Dentro dessa de-
pela quantidade total de “peixes” do “lago” – que finição de população, poderemos, ainda, fazer uma
é um número desconhecido). distinção entre os tipos de população:

137
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Populações Comuns: Variável:
Uma população é um conjunto de pessoas (ou Uma característica que pode diferir de uma en-
coisas) que possuem uma característica observável tidade biológica para outra é denominada variável.
comum – este é o conceito mais amplo de população, É a característica de estudo do pesquisador. As in-
e temos como exemplos: população de pessoas que formações a respeito das variáveis de interesse são
moram na Região Centro-oeste do Brasil que apresen- armazenadas na forma de dados.
tam resultado positivo para hepatite C, a população
de plantas de uma variedade de soja plantada na re- Tipos de variáveis
gião sul do Brasil, a população de bovinos de corte
do estado de Goiás.

Populações Estatísticas:
A população estatística se refere a dados (infor-
mação), e não às pessoas, indivíduos ou objetos nessa
abordagem, a população é composta de característi-
cas das pessoas (ou objetos de estudo). Tomando o
exemplo anterior, na população comum de pessoas
que moram na Região Sudeste do Brasil que apresen-
tam positivo para hepatite C, teríamos como popula- Fonte: os autores, 2022.
ções estatísticas um parâmetro que indicasse se todas
as pessoas necessitaram de transfusão sanguínea em • Variável Quantitativa é aquela que apresenta
algum momento de suas vidas, por exemplo. No caso como possíveis realizações (valores) números resul-
da população de uma variedade específica de soja tantes de uma contagem ou mensuração, podendo
teríamos como população estatística, a sua produ- ser:
tividade. Portanto, a população estatística consiste a) Discreta: é aquela cujos possíveis valores for-
em características de pessoas ou objetos de estudo, mam um conjunto finito ou enumerável de números
independente de terem sido medidas ou não. e que resultam, frequentemente, de uma contagem e
não de mensurações em uma escala contínua. Exem-
Amostra: plos: número de filhos, número de células, número de
Na maioria dos casos, não conseguimos acessar ovos, número de ácaros ou insetos em uma planta.
toda uma população para estudar as características b) Contínua: é aquela cujos possíveis valores for-
de interesse, isso devido às razões econômicas, éticas mam um intervalo de números reais e que resultam,
e dificuldades de outra natureza. Assim, tomaremos normalmente, de uma mensuração. Exemplos: peso,
alguns elementos dessa população para formar um altura, produção de leite, pressão arterial, teor de
grupo a ser estudado. Este subconjunto da popula- nitrogênio no solo ou na planta.
ção, em geral com menores dimensões, é denominado
amostra, ou seja, qualquer subconjunto da população. • Variável Qualitativa é aquela que apresenta
como possíveis realizações uma qualidade (ou atri-
Dado: buto) do indivíduo pesquisado, podendo ser:
Esse termo se refere ao registro das medições de a) Nominal: é aquela para a qual não existe or-
características de interesse. Assim, as características denação alguma das possíveis realizações. Exemplos:
tipo sanguíneo e altura de alguns, ou todos, os ele- sexo, grupo sanguíneo, tipo de doença, causa da mor-
mentos de uma população são avaliados e registrados. te, cor.
Os resultados desses processos são obtidos na forma b) Ordinal: é aquela para a qual existe certa or-
de dados. Assim, em um ensaio experimental ou le- dem nos possíveis resultados. Exemplos: avaliação ao
vantamento, o pesquisador terá medido, ou observa- nascer de animais, estágio de uma doença, aparência,
do, as características que compõe a amostra e as terão classe social, grau de instrução, gestão de dor (nenhu-
registradas em forma de dados. Entretanto, o mesmo ma, leve, moderada, forte).
não será verdade no caso da população. Tomemos
como exemplo um experimento no qual temos por Distribuição de frequência de uma variável
objetivos realizar um teste clínico para aferição da
pressão sanguínea dos alunos de uma determinada Quando se estuda uma variável, deve-se conhecer
universidade. Nesse caso, será impraticável medir a a distribuição de frequência dessa variável por meio
pressão sanguínea de todos os alunos, mas é bastante das possíveis realizações (dados) da mesma. Uma ma-
razoável fazer medições em uma amostra de 50 dessas neira de disposição de um conjunto de valores, de
pressões sanguíneas. modo a termos uma ideia global sobre estes valores,

138
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
ou seja, de sua distribuição, é por meio de um gráfico
denominado histograma, como representado abaixo.
MOMENTO ENEM

Questão 1. (Enem 2005) Um estudo caracterizou 5


ambientes aquáticos, nomeados de A a E, em uma
região, medindo parâmetros físico-químicos de cada
um deles, incluindo o pH nos ambientes. O Gráfico I re-
presenta os valores de pH dos 5 ambientes. Utilizando
o gráfico II, que representa a distribuição estatística de
espécies em diferentes faixas de pH, pode-se esperar
um maior número de espécies no ambiente:

Fonte: Toda Matéria. Disponível em: https://www.todamateria.


com.br/tipos-de-graficos/. Acesso em 06 out 2022.

Quando o conjunto de dados consiste de muitos


dados, indica-se alocá-los numa tabela de distribui-
ção de frequência ou tabela de frequência. Os dados
nessa tabela são divididos em classes pré-estabeleci-
das, anotando-se a frequência de cada classe. Então
uma tabela de frequência é um arranjo tabular dos
dados com a frequência correspondente. As tabelas
de frequência servem de base para as representações
gráficas.
O primeiro trabalho para construção de uma ta-
bela de frequência é a escolha das classes.
Quando está usando variáveis discretas, devemos
unir duas ou mais classes em uma só. Por exemplo,
no censo de carros por família na cidade de Goiânia,
as classes serão: 0, 1, 2, ..., n. Onde n é o maior nú-
mero de carros por família. Se a classe 0 e 1 for muito
frequente, devemos uni-las então as classes serão: (A) A
0-1, 2-3, ...,n. (B) B
Quando tratar-se de variáveis contínuas as classes (C) C
deverão ser escolhidas de um modo ao acaso. A esco- (D) D
lha depende do número total de observações, ampli- (E) E
tude da variação e a precisão requerida nos cálculos.
Deve ser observado que quanto maior o nº de Medidas de tendência central utilizadas em
classes, maior poderá ser o erro na análise estatística. estatística
Pode então fazer classes de pequenas amplitudes, po-
rém pode-se aumentar excessivamente o nº de classes Média
(de 10 a 20 classes é um número aceitável).
As classes devem ser mutuamente exclusivas (um A média (Me) é calculada somando-se todos os
valor de classe exclui o outro) para que não haja dú- valores de um conjunto de dados e dividindo-se pelo
vida na localização do dado. As classes devem der número de elementos deste conjunto.
definidas (inaceitáveis classes como “50 ou mais”). Como a média é uma medida sensível aos valores
O centro da classe é a média dos limites da classe. da amostra, é mais adequada para situações em que
Os centros de classe e as respectivas frequências são os dados são distribuídos mais ou menos de forma
usados nos cálculos das estatísticas descritivas. uniforme, ou seja, valores sem grandes discrepâncias.

139
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Fórmula: Exemplos
1) Em uma escola, o professor de educação física
anotou a altura de um grupo de alunos. Considerando
que os valores medidos foram: 1,54 m; 1,67 m, 1,50
Sendo, m; 1,65 m; 1,75 m; 1,69 m; 1,60 m; 1,55 m e 1,78 m,
Me: média qual o valor da mediana das alturas dos alunos?
x1, x2, x3,..., xn: valores dos dados
n: número de elementos do conjunto de dados Solução
Primeiro devemos colocar os valores em ordem.
Exemplo: Neste caso, colocaremos em ordem crescente. Assim,
Os jogadores de uma equipe de basquete apre- o conjunto de dados ficará:
sentam as seguintes idades: 28, 27, 19, 23 e 21 anos. 1,50; 1,54; 1,55; 1,60; 1,65; 1,67; 1,69; 1,75; 1,78
Qual a média de idade desta equipe?
Como o conjunto é formado por 9 elementos, que
Solução: é um número ímpar, então a mediana será igual ao
5º elemento, ou seja:

Md = 1,65 m

2) Calcule o valor da mediana da seguinte amostra


de dados: (32, 27, 15, 44, 15, 32).

Moda Solução
Primeiro precisamos colocar os dados em ordem,
A Moda (Mo) representa o valor mais frequente assim temos:
de um conjunto de dados, sendo assim, para defini-
-la basta observar a frequência com que os valores 15, 15, 27, 32, 32, 44
aparecem.
Um conjunto de dados é chamado de bimodal Como essa amostra é formada por 6 elementos,
quando apresenta duas modas, ou seja, dois valores que é um número par, a mediana será igual a média
são mais frequentes. dos elementos centrais, ou seja:

Exemplo:
Em uma sapataria durante um dia foram vendidos
os seguintes números de sapato: 34, 39, 36, 35, 37,
40, 36, 38, 36, 38 e 41. Qual o valor da moda desta
amostra?

Solução: SUGESTÃO DE ATIVIDADE


Observando os números vendidos notamos que
o número 36 foi o que apresentou maior frequência QUESTÃO 1 - (Fuvest – 2015) Examine o gráfico.
(3 pares), portanto, a moda é igual a:

Mo = 36

Mediana

A Mediana (Md) representa o valor central de um


conjunto de dados. Para encontrar o valor da mediana
é necessário colocar os valores em ordem crescente
ou decrescente.
Quando o número elementos de um conjunto
é par, a mediana é encontrada pela média dos dois
valores centrais. Assim, esses valores são somados e
divididos por dois.

140
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Com base nos dados do gráfico, pode se afirmar cor- (C) média<moda<mediana.
retamente que a idade (D) mediana<média<moda.
(A) mediana das mães das crianças nascidas em 2009 (E) mediana=média=moda.
foi maior que 27 anos.
(B) mediana das mães das crianças nascidas em 2009 Referências
foi menor que 23 anos.
Estatística e Bioestatística. Universidade Estadual
(C) mediana das mães das crianças nascidas em 1999
Paulista Júlio de Mesquita Filho. Publicação digital
foi maior que 25 anos.
disponível em: https://www.fcav.unesp.br/Home/
(D) média das mães das crianças nascidas em 2004
departamentos/cienciasexatas/alanrodrigopanosso/
foi maior que 22 anos.
apostila_bioestatistica_2019.pdf. Acesso em 06 out
(E) média das mães das crianças nascidas em 1999
2022.
foi menor que 21 anos.
OLIVEIRA R. R. de. Moda, média e mediana. Brasil
QUESTÃO 2 - Considerando a Estatística aplicada a Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.
Biologia, o texto abaixo se refere a: br/matematica/moda-media-mediana.htm. Acesso
em 06 out 2022.
“É a observação que ocupa a posição central, depois DUARTE M. Distribuição de frequências. Infoescola.
que os dados são ordenados em forma crescente ou Disponível em: https://www.infoescola.com/estatis-
decrescente. Esta medida de posição não é afetada tica/distribuicao-de-frequencias/. Acesso em 06 out
por valores discrepantes na amostra já que depende 2022.
do número de elementos da amostra e não dos seus
valores.”
(A) amplitude
(B) média
(C) moda
(D) mediana
(E) frequência

QUESTÃO 4 - (FCC - Sergás - Assistente Técnico Admi-


nistrativo - Área: Recursos Humanos – 2013) Acerca
das Representações Gráficas, considere:
I. Histograma é um gráfico que apresenta a distri-
buição de frequências de uma variável por meio de
retângulos justapostos, feitos sobre as classes dessa
variável, sendo que a área de cada retângulo é pro-
porcional à frequência observada da correspondente
classe.
II. O gráfico de setores não é adequado para repre-
sentar variáveis quantitativas.
III. O gráfico de colunas contrapostas (ou opostas) não
é adequado para representar variáveis quantitativas
contínuas.

Está correto o que consta APENAS em


(A) I.
(B) III.
(C) I e II.
(D) I e III.
(E) II e III.

QUESTÃO 5 - (FUNDEP / UFMG - CRM MG - Estatístico


– 2021 O histograma a seguir apresenta a distribuição
do nível de colesterol para uma amostra de pacientes
de um hipotético hospital.
(A) moda<média<mediana.
(B) moda<mediana<média.

141
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 3 • Surgimento de girinos nas lagoas: a lama do
ORIGEM DA VIDA lago se transforma em girinos
Um médico belga, conhecido como Helmont
Competência chegou a criar uma receita para se criar ratos:
Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica • Colocando-se num ambiente, grãos de trigo e
da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argu- uma camisa com suor, após três semanas sur-
mentos, realizar previsões sobre o funcionamento gem ratos.
e a evolução dos seres vivos e do Universo, e funda-
mentar e defender decisões éticas e responsáveis. Segundo Helmont, os grãos de trigo se transfor-
mavam em ratos devido a presença do suor (princípio
Habilidade ativo).
(EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias
e leis propostos em diferentes épocas e culturas
para comparar distintas explicações sobre o surgi-
SAIBA MAIS
mento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo
com as teorias científicas aceitas atualmente.
Jan Baptista van Helmont foi um médico, alquimista,
e fisiologista belga. Grande defensor da abiogênese
Objetivos de aprendizagem
(geração espontânea) e da hipótese de Aristóteles,
(GO-EMCNT201A) Compreender as teorias cien-
que afirmava a existência de um “princípio ativo”
tíficas aceitas atualmente, discutindo modelos
(capacidade de originar seres vivos), Van Helmont
propostos em diferentes épocas e culturas para
acreditava que conseguiria formar um ser vivo por
comparar explicações diferentes a respeito do sur-
meio da matéria bruta. Dessa forma defendia que
gimento do Universo, do planeta Terra e de toda a ratos e outros animais poderiam surgir da matéria
vida contida neste. não-viva.
(GO-EMCNT201G) Comparar as teorias da biogê- Jan-Baptista-van-Helmont
nese e abiogênese (geração espontânea), conside-
rando os momentos históricos em que cada uma foi
proposta e as contribuições dos cientistas envolvi-
dos para analisar a evolução do pensamento cientí-
fico e as bases históricas das Ciências da Natureza.

(GO-EMCNT201H) Analisar as teorias sobre a ori-


gem da vida, discutindo as evidências científicas
apresentadas em seus aspectos físicos, químicos e
biológicos para desenvolver um pensamento crítico
acerca da evolução do pensamento científico.

Objeto de conhecimento:
- Origem da vida

Fonte: Encyclopedia Britannica. Disponível em: https://www.britanni-


ca.com/biography/Jan-Baptista-van-Helmont. Acesso em 10 out 2022.
Geração espontânea ou abiogênese

Até o século XIX, imaginava-se que os seres vivos


Biogênese
poderiam surgir não só da reprodução, mas, também
Muitos cientistas não concordavam com a abio-
espontaneamente da matéria inanimada, sem vida.
gênese, dentre eles podemos citar Francesco Redi,
Para essa hipótese, determinados materiais conti-
biólogo italino que derrubou a hipótese da abiogê-
nham um “princípio ativo” que os transformavam em
nese com o experimento que ficou bem conhecido,
seres vivos. Seu maior defensor foi o filósofo grego
envolvendo carnes em putrefação como descrito na
Aristóteles.
imagem a seguir.
Sob esta visão seriam possíveis os seguintes ce-
Em seu experimento, Redi colocou pedaços de
nários: carne em dois frascos abertos, cobrindo um deles com
• Surgimento de larvas de insetos no lixo: o lixo uma fina camada de gaze. Após instantes da prepa-
se transformaria em larvas de insetos. ração, analisou que os dois frascos ficaram rodeados

142
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
por moscas, mas elas só podiam pousar no pedaço século XVII pelo holandês Antonie van Leeuwenhoek
de carne contido no frasco descoberto. (1632-1723). Essa teroria parecia realmente adequada
para explicar a origem dos microrganismos, pois era
difícil imaginar que seres aparentemente tão simples,
presentes em quase todos os lugares, pudessem surgir
por meio da reprodução. Muitos estudiosos, porém,
estavam convencidos de que a geração espontânea
não ocorria nem para seres grandes nem para seres
microscópicos.
Contemporêneo de Needham, o pesquisador
Spallanzani (1770) foi seu opositor de ideias, sendo,
então, defensor da biogênese.
Fonte: Difference Between.com. Disponível em: https://www.
differencebetween.com/difference-between-abiogenesis-and-
spontaneous-generation/. Acesso em 10 out 2022.

SAIBA MAIS
Abiogênese x biogênese
Lazzaro Spallanzani foi um sacerdote católico, fi-
Com a descoberta dos microrganismos houve uma siologista italiano, estudioso das ciências naturais.
retomada das discussões sobre a origem da vida. Educado num colégio de jesuítas, Spallanzani aban-
Nesse cenário, aparece o naturalista inglês John donou os seus estudos em Direito na Universidade
Needham (1745) como um defensor da abiogênese. de Bolonha para se dedicar à ciência. O seu traba-
lho centrou-se na investigação da teoria da geração
espontânea.

SAIBA MAIS Lazzaro Spallanzani

John Needham.

Fonte: SciencephotoLibrary. Disponível em: https://www.sciencepho-


to.com/media/87400/view. Acesso em 10 out 2022.

Needhan alegava que Spallanzani havia destruído


Fonte: Timetoast.com. Disponível em: https://www.timetoast.com/ a “força vital” do caldo ao fervê-lo, mas que o ar fresco
timelines/teoria-celular-a3ad59b3-408d-4256-bbaf-a9d11b6e654e.
Acesso em 10 out 2022.
reestabelecia o “princípio ativo” que possibilitava o
surgimento dos microrganismos.
John Needham foi naturalista inglês, extremo de- Spallanzani concluiu que a vedação ou o tempo
fensor da Abiogênese, ficou conhecido pelas vá- curto de fervura utilizados por Needham, ou ambos,
rias experiências com frascos de vidro contendo haviam sido incapazes de impedir a contaminação do
“caldos nutritivos” abertos, fechados com rolhas, caldo. Em resposta a Spallanzani, Needham alegou
pouco aquecidos ou nem aquecidos, conseguindo que, devido à fervura prolongada, o caldo poderia ter
proliferação de microrganismos em todos os casos. perdido sua “força vital”, um princípio imaterial que
seria indispensável ao surgimento de vida. Spalanzani,
A teoria da geração espontânea perdeu credibili- então quebrou os gargalos fundidos de alguns frascos,
dade com os experimentos de Redi, mas voltou a ser que ainda se mantinham livres de microrganismos,
utilizada para explicar a origem dos seres microscópi- expondo seu conteúdo ao ar. Em pouco tempo, eles
cos, ou microrganismos, descobertos em meados do ficaram repletos de microrganismos, mostrando que
a fervura prolongada não havida destruído a “força vi-

143
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
tal” do caldo. Needham contra-argumentou mais uma sucesso de suas pesquisas, Pasteur foi membro da
vez, sugerindo a hipótese de que o princípio ativo, Academia de Medicina, da Academia de Ciências
embora deteriorado pelo longo tempo de fervura, se e da Academia Francesa.
restabelecera com a entrada de ar fresco, permitindo Em 1885, a principal descoberta do cientista francês
que os microrganismos surgissem espontaneamen- foi a vacina contra a raiva e o tratamento contra
te. Dessa vez, Spallanzani não conseguiu elaborar um a raiva humana. Essa descoberta foi realizada por
experimento para descartar o contra-argumento de meio de sua teoria germinal das enfermidades in-
Needham, e a controvérsia não foi resolvida. fecciosas que concluiu que diversas doenças têm
como causa principal a contaminação por micror-
Derrubada da abiogênese ganismos, que podem facilmente se propagarem
nas pessoas.
No início da década de 1860, a Academia Francesa Por ter descoberto e estudado o funcionamento e a
de Ciências ofereceu um prêmio em dinheiro para vida desses microrganismos patogênicos, procurou
quem realizasse um experimento definitivo sobre a meios de combatê-los, como as vacinas e a adoção
origem dos microrganismos. Estimulado pelo desafio, de melhores práticas de higienização e esterilização
o pesquisador francês Louis Pasteur (1822-1895) co- dos ambientes.
meçou a trabalhar no assunto. Este pesquisador tra-
balhou então com experimentos envolvendo frascos Pasteur montou diversos frascos contendo dife-
de gargalos em formato “pescoço de cisne” contribuiu rentes soluções nutritivas, como suco de beterraba,
para derrubar a teoria da abiogênese. urina, água com suspensão de lêvedo de cerveja.
O formato do gargalo do tubo (pescoço de cisne)
e as gotículas de água nas dobras (filtro) dificultaram
o contato de microrganismos com os caldos nutritivos.
SAIBA MAIS Os frascos com pescoço de Cisne, de Pasteur, der-
rubaram definitivamente a teoria da ABIOGÊNESE,
Louis Pasteur foi um cientista francês, cujas desco- corroborando que toda vida provém de outra vida
bertas tiveram enorme importância na história da preexistente.
química e da medicina. É reconhecido pelas suas
notáveis descobertas das causas e prevenções de
doenças.
Natural de Dole, na França, Louis Pasteur (1822 –
1895), era filho de um sargento do exército francês
e se mudou para Arbois com sua família logo após
seu nascimento.

Louis Pasteur.

Fonte: Ler e Aprender. Disponível em: https://lereaprender.com.br/


conheca-o-cientista-louis-pasteur/. Acesso em 10 out 2022.

Casou-se com a filha do reitor da Universidade de


Estrasburgo, onde lecionou, Marie Laurent. Du-
rante sua carreira, por consequência do grande

144
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(A) seres vivos podem ser criados em laboratório.
(B) a vida se originou no planeta a partir de micro-or-
ganismos.
(C) o ser vivo é oriundo da reprodução de outro ser
vivo preexistente.
(D) seres vermiformes e micro-organismos são evo-
lutivamente aparentados.
(E) vermes e micro-organismos são gerados pela ma-
téria existente nos cadáveres e nos caldos nutriti-
vos, respectivamente.

Ideias sobre a origem da vida

A origem da vida Terra é um dos temas mais con-


troversos e não totalmente resolvidos. Por isso, mui-
tos se dedicaram a estudar e tentar explicar como
surgiram os seres vivos no planeta.
As principais hipóteses são:
• Teoria criacionista: as diferentes formas de vida
Ilustração: ChristoLopez / Shutterstock.com (adaptado).
surgiram através de uma criação divina.
• Biogênese: um ser vivo só pode ser originado
Em seu experimento, Pasteur utilizou um balão de a partir de um ser vivo preexistente.
vidro com gargalo curvado e um caldo nutritivo • Abiogênese: alguns tipos de materiais possuem
fervido em seu interior. O caldo permaneceu sem um tipo de “princípio ativo” capaz de gerar vida.
a presença de micro-organismos até que o gargalo • Panspermia: a vida na Terra foi trazida do es-
foi removido. paço através de meteoros e cometas.
• Evolução química: compostos simples presen-
Com o descrédito da teoria da geração espontânea tes na Terra primitiva passaram por diversas
e consolidação da teoria da biogênese, uma nova ques- reações e formaram compostos tão complexos
tão sobressaiu: se os seres vivos não provêm da matéria ao ponto de conceber seres vivos. Essa é a hi-
inanimada, mas apenas por reprodução de outros seres pótese mais aceita atualmente.
vivos, como eles surgiram na Terra pela primeira vez?
De onde teriam vindo as moléculas orgânicas que origi- Origem pré-biótica dos precursores da vida
naram os primeiros seres vivos? Ainda não há resposta
definitiva para essa questão. Uma das possibilidades, Oparin e Haldade (1920)
embasada em descobertas recentes, é que substâncias
precursoras da vida tenham vindo do espaço sideral, O bioquímico russo Oparin e o biólogo inglês Hal-
trazidas por cometas e asteroides. Há experiências, no dane, em meados da década de 20, aprofundaram-se,
entanto, que demonstram que a combinação química de forma independente, na teoria proposta anterior-
de substâncias inorgânicas gasosas presentes na Terra mente pelo biólogo inglês Huxley, denominada teoria
primitiva poderia ter originado moléculas orgânicas. da evolução química (ou molecular).

Condições da Terra primitiva

A Terra primitiva sofria constantes erupções vul-


MOMENTO ENEM cânicas e sua atmosfera não tinha oxigênio. Encon-
trava-se em um estágio de mudança da superfície
terrestre e da atmosfera, eliminando vapor de água
(ENEM 2012) Em certos locais, larvas de moscas, pelos vulcões e assim, se formavam as nuvens de chu-
criadas em arroz cozido, são utilizadas como iscas va que resfriaram a Terra. A partir desta mesma fonte
para pesca. Alguns criadores, no entanto, acreditam surge o oxigênio.
que essas larvas surgem espontaneamente do arroz Formaram-se, a partir do acúmulo da água na su-
cozido, tal como preconizado pela teoria da geração perfície, os oceanos, rios e lagos. E foi na água que
espontânea. se tem evidências do surgimento das primeiras mo-
Essa teoria começou a ser refutada pelos cientistas léculas orgânicas.
ainda no século XVII, a partir dos estudos de Redi e Os aminoácidos, que são moléculas orgânicas me-
Pasteur, que mostraram experimentalmente que nores, formaram proteínas que, ao longo do tempo,

145
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
formaram os coacervados. Estes são definidos como
moléculas de proteína revestidas por água onde, no
seu interior, forma-se o DNA.
Teriam a partir destas organizações complexas de ATIVIDADE INTEGRADORA
substâncias orgânicas e inorgânicas os seres unicelula- Química e Biologia
res. Os seres pluricelulares surgiram posteriormente,
após bilhões de anos de evolução da vida a partir dos
seres unicelulares.
Essas ideias foram teorizadas por Oparin e Halda-
ne, mas só foram testadas por Slanley Miller (1953)
que elaborou um experimento capaz de obter subs-
tâncias orgânicas a partir dos elementos da atmosfera
primitiva. O esquema do experimento está na figura
a seguir.
A evolução química é a hipótese mais aceita para a
Representação do experimento realizado por Miller. origem da vida no planeta. Segundo essa hipótese,
associações entre moléculas geraram agrupamen-
tos cada vez mais complexos até que foi possível o
surgimento da vida, na forma de organismos sim-
ples, provavelmente unicelulares semelhantes aos
procariontes atualmente existentes.
Observe o esquema a seguir que representa os ní-
veis de organização da matéria e da vida, ou seja,
uma representação da gradação de complexidade
existente, desde uma das menores partículas que
compõem a matéria à uma organização mais ampla
que engloba todos os seres vivos do planeta Terra:

Fonte: Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.


br/biologia/origem-vida.htm. Acesso em 10 out 2022.

Esse experimento tem hoje significado apenas his- Fonte: Vivendo Ciências. Disponível em: https://www.vivendociencias.
com.br/2020/02/niveis-de-organizacao-da-vida.html. Acesso em 10
tórico, pois novos dados sugerem que a composição out 2022.
atmosférica da Terra primitiva era diferente da mistura
de gases empregada no simulador de Miller. Evidên- Sobre este assunto, realize as atividades a seguir para
cias recentes indicam que a atmosfera terrestre, en- compreender a importância do entendimento de
tre 4 e 3,5 bilhões de anos atrás, era provavelmente conceitos da Química pra compreender as pesquisas
constituída por 80% de gás carbônico, 10% de metano, científicas e conhecimentos relacionados à Biologia.
5% de monóxido de carbono e 5% de gás nitrogênio, 1. Explique todos os conceitos que compõem a
além de vapor-d’água. Seguindo os passos de Miller, imagem acima.
diversos outros experimentos simularam as condições 2. Quais destes conceitos se originam na Química
supostamente existentes na Terra primitiva, com pro- e quais são específicos da Biologia?
dução de diversas substâncias orgânicas encontradas 3. O intervalo “molécula-organela” pode ser am-
nos seres vivos. Isso dá sustentação à hipótese de pliado. Acrescente entre estes dois níveis pelo
que, nas condições reinantes nos primórdios do nos- menos mais um termo que represente um nível
so planeta, a matéria precursora da vida poderia ter acima de “molécula” e, ao mesmo tempo, abaixo
surgido por um processo abiogênico. de “organela”.
4. Explique o conceito que este termo acrescentado
representa. Ele é da Química ou da Biologia?
5. Qual a relação entre átomo e biosfera?

146
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
inorgânicos presentes na Terra primitiva reagiram entre
si, originando moléculas orgânicas como aminoácidos,
SAIBA MAIS pequenos açúcares, bases nitrogenadas, ácidos graxos
etc., que formariam proteínas, lipídios e ácidos nuclei-
Pasteurização cos que se organizariam em estruturas capazes de con-
trolar suas próprias reações químicas e se autoduplicar.
É interessante pensar que os experimentos pionei-
ros de Spallanzani sobre geração espontânea abri- Hipótese da panspermia
ram caminho para o desenvolvimento da indústria
de alimentos enlatados. Ao saber das pesquisas e Há cientistas, que defendem a ideia de que a vida
das controvérsias sobre a origem dos microrganis- na Terra surgiu pela colonização do planeta por subs-
mos, o confeiteiro francês Nicholas Appert (1749- tâncias precursoras da vida (ou mesmo seres vivos)
1841) suspeitou que eles poderiam ser responsáveis provenientes de outros locais do cosmo.
pela deterioração dos alimentos, problema então Essa hipótese voltou a ganhar força nos últimos
enfrentado pelos fabricantes de produtos alimen- anos com a descoberta de substâncias orgânicas em
tícios. Partindo do princípio de caldos nutritivos meteoritos, asteroides e cometas.
previamente fervidos podiam ser guardados sob No Lago Mono (Califórnia, EUA, 2010) foram encon-
vedação hermética sem estragar, como Spallanza- trados microrganismos vivendo em condições até então
ni havia demonstrado, Appert desenvolveu uma consideradas impróprias para a existência da vida. Essa
tecnologia para produzir alimentos em conserva, descoberta sugere a existência de vida em outros lu-
que podiam ser armazenados por longo tempo gares do cosmo, apoiando a hipótese da panspermia.
sem sofrer deterioração. A história da fermentação Os estudos da origem da vida enfrentam uma
grande dificuldade: a falta de vestígios dos primeiros
remonta à década de 1850. Naquela época, Louis
seres vivos, quase totalmente destruídos pelas drás-
Pasteur, já famoso por seus estudos sobre os micror-
ticas transformações ocorridas na crosta terrestre nos
ganismos, interessou-se por um problema de dete-
primeiros milhões de anos de sua existência. Já foram
rioração do vinho que afetava a indústria vinícola de
encontrados vestígios de atividade biológica em ro-
Arbois (França), sua terra natal. Ele descobriu que o
chas datadas de 2,7 bilhões de anos, provavelmente
aquecimento do vinho por apenas alguns minutos,
deixados por ancestrais de cianobactérias. Acredita-
a 57C, era suficiente para eliminar os microrganis- -se, entretanto, que a vida na Terra teve início muito
mos indesejáveis sem alterar o sabor da bebida; antes, há aproximadamente 3,5 bilhões de anos, em-
com isso, estava inventado o processo que, em sua bora não existam evidências fósseis disso.
homenagem, recebeu o nome de pasteurização.
Origem das primeiras células vivas

Atualmente os processos químicos que caracte-


rizam a vida ocorrem no interior de células que são
MÍDIAS INTEGRADAS delimitadas por membranas, estrutura fundamental
para a origem da vida.
O assunto “pasteurização” pode ser estudado, Sob as condições da Terra primitiva teria sido
também, com o vídeo “O que é pasteurização?”, possível a formação de coacervatos (representados
publicado no Youtube, pelo canal Tubepédia em 6 na figura a seguir). Algo semelhante foi produzido
de set. 2019, disponível online pelo link: https:// laboratório, já no experimento de Miller citado ante-
www.youtube.com/watch?v=ILlW-JrQTp0. Acesso riormente. Neste caso eram aglomerados proteicos
em 10 out 2022. microscópicos delimitados por moléculas de água.

Primeiras ideias sobre origem da vida Esquema da formação dos primeiros coacervados.

Teoria da evolução molecular

Uma questão que ainda desafia os cientistas é:


como os ingredientes precursores puderam originar
complexos moleculares dotados de metabolismo e
de reprodução, ou seja, seres vivos?
Atualmente, a maioria dos cientistas defende a
Fonte: Realize Educação. Disponível em: https://realizeeducacao.
ideia de que a vida surgiu por um longo processo de com.br/wiki/origem-dos-primeiros-seres-vivos/. Acesso em 10
evolução molecular, em que, inicialmente, compostos out 2022.

147
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Representação do processo de formação de organelas
membranosas.

ATENÇÃO

A Teoria de Oparin diz que existiam coacervados


formados a partir de ligação entre compostos or-
gânicos que teriam se originado no mar com o tem-
po. Os mais instáveis quebraram e se desfizeram.
Outros uniram-se de outras formas e a moléculas
inorgânicas, formando coacervados complexos.
Fonte: Adaptado de Referensi Biologi. Disponível em: https://
www.referensibiologi.com/2016/01/proses-pembentukan-inti-
O salto definitivo rumo aos seres vivos teria ocor- sel-dan.html. Acesso em 10 out 2022.
rido há pelo menos 3,5 bilhões de anos, no momen-
to em que esses glóbulos microscópicos adquiriram Teoria Endossimbiótica de Lynn Margulis:
estabilidade e capacidade e produzir seus próprios
componentes, podendo crescer e se reproduzir. Como Mitocôndrias e cloroplastos eram organismos
teria se dado esse passo crucial na evolução da vida? livres (procariontes) que passaram viver no interior
Essa é uma pergunta para a qual os pesquisadores de outros organismos (unicelulares) numa relação
ainda não têm resposta. mutualística (endossimbiose).
Hipótese Heterotrófica e Autotrófica

A nutrição dos primeiros organismos, se estes


eram organismos heterotróficos ou autotróficos, é ATENÇÃO
um tema de discussão. Duas hipóteses buscam elu-
cidar a questão. Mitocôndrias e Cloroplastos mantém sua capaci-
Alguns autores acreditam que os primeiros or- dade reprodutiva.
ganismos seriam heterotróficos. Isso se deveria ao
fato de os primeiros organismos serem simples, não Observação:
possuindo estrutura para realizar um processo bio- Bactéria heterotrófica aeróbia  mitocôndria
químico mais complexo para a obtenção de alimento,
por exemplo, a fotossíntese. Assim, esses organismos Bactéria fotossintetizante (ou cianofícea) autotró-
nutriam-se de matéria orgânica simples, apresentan- fica  cloroplasto
do como produto final desse processo gás carbônico
(CO2) e álcool (C2H5OH), ou seja, os primeiros organis- Englobamento de um organismo procarionte me-
mos vivos seriam fermentadores. nor por outro maior. Tal associação simbiótica teria
Outros autores consideram que a Terra primitiva levado à formação de plastos e a mitocôndrias em
não teria matéria orgânica suficiente para alimentar os diferentes tipos de células eucariontes.
organismos heterotróficos. Assim, os primeiros orga-
nismos seriam autotróficos, produzindo suas molécu-
las nutritivas a partir da energia liberada em reações
de compostos inorgânicos presentes nas rochas, como
ferro e enxofre. Esses organismos são chamados de
quimiolitoautotróficos.

Surgimento das células eucarionte

Teoria de Robertson: Fonte: Cell Biology. Disponível em: https://www.biologyforlife.


com/1-cell-biology.html. Acesso em 10 out 2022.
Células procariontes teriam desenvolvido dobra-
mentos da membrana (aumento da superfície) que
A teoria endossimbiótica foi proposta por Lynn Mar-
formaram as estruturas endomembranosas, dando
gulis, em 1981, e admite que algumas organelas
origem às células eucariontes.
(mitocôndrias e cloroplastos) existentes nas célu-
las eucarióticas surgiram graças a uma associação
simbiótica.

148
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(C) roupas sujas de suor como forma de atrair formas
de vida.
(D) uma mistura de metano, amônia, hidrogênio e
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM vapor de água no interior de um balão de vidro.
(E) um microscópio no qual foi possível identificar
QUESTÃO 1 - (Unicamp-SP) Em 1953, Miller e Urey micro-organismos.
realizaram experimentos simulando as condições da
Terra primitiva: supostamente altas temperaturas e QUESTÃO 4 - Uma teoria para explicar a origem da
atmosfera composta pelos gases metano, amônia, vida proposta no fim do século XIX, é a teoria que
hidrogênio e vapor-d’água, sujeita a descargas elétri- nosso planeta foi povoado por seres vivos ou elemen-
cas intensas. A figura a seguir representa o aparato tos precursores da vida oriundos de outros planetas;
utilizado por Miller e Urey em seus experimentos. que se propagaram por meteoritos e poeira cósmica
a) Qual a hipótese testada por Miller e Urey nesse até a Terra.
experimento? Essa teoria ganhou mais força com a descoberta da
b) Cite um produto obtido que confirmou a hipótese. presença de substâncias orgânicas oriundas de outros
c) Como se explica que o O2 tenha surgido posterior- locais do espaço, como o formaldeído, álcool etílico e
mente na atmosfera? alguns aminoácidos. A descoberta de um meteorito
na Antártica, na década de 80, contendo um possível
QUESTÃO 2 - Numa tarde quente e úmida de verão fóssil de bactéria também reforça esta teoria.
João, enquanto espantava algumas moscas voando Texto adaptado e extraído de: https://mundoeduca-
próximo à sua cabeça, recolhia o lixo da lixeira da co- cao.bol.uol.com.br/biologia.
zinha, onde costuma descartar restos de alimentos. De acordo com o texto a teoria que melhor explica a
Olhando para dentro da lata percebeu a presença de origem da vida na Terra seria:
organismos vermiformes se movimentando sobre o (A) Hipótese autotrófica
material orgânico que já estava acumulado ali, na li- (B) Hipótese heterotrófica
xeira fechada, há três dias. Ele fez cara de nojo, mas (C) Biogênese
se aproximou para observar mais de perto. Viu que (D) Abiogênese
também haviam estruturas ocas que ele pensou se- (E) Panspermia cósmica
rem cascas de ovos de onde os tais vermes poderiam
ter saído. Então agachou-se e juntou tudo, colocando QUESTÃO 5 - Dentre as várias teorias para explicar
este saco com o restante do lixo da residência na porta o surgimento da vida na Terra podemos citar duas
de casa para que fosse recolhido mais tarde pelos importantes nesta construção da ciência. De um lado
funcionários da empresa de coleta de lixo local. Entrou temos a hipótese autotrófica e de outro lado temos
para casa e não pensou mais nisso. a hipótese heterotrófica. Marque a alternativa que
João não refletiu sobre o que acabara de observar, melhor explica uma destas hipóteses:
mas você irá fazer isso por ele. Então responda a se- (A) Hipótese autotrófica afirma que os primeiros seres
guir: a surgir seriam capazes de produzir seu próprio
a) Eram vermes os animais encontrados por João no alimento;
lixo? O que seriam? Quais evidências dadas pelo texto (B) Hipótese autotrófica afirma que a vida na Terra
orientam sua hipótese? surgiu a partir do espaço;
b) Como Needham teria explicado este fato há pouco (C) Hipótese heterotrófica afirma que os primeiros
mais de dois séculos atrás? seres a surgir seriam capazes de produzir seu pró-
b) Como Spallanzani teria explicado este mesmo fato? prio alimento;
c) O que João poderia fazer para não ter mais este (D) Hipótese heterotrófica afirma que os primeiros
tipo de “verme” em sua casa? seres vivos eram moléculas formadas de metano;
(E) Hipótese autotrófica e heterotrófica afirmavam
QUESTÃO 3 - A teoria da abiogênese, também cha- que os seres vivos não eram capazes de produzir
mada de teoria da geração espontânea, foi derrubada seu próprio alimento.
após experimentos de pesquisadores como Louis Pas-
teur, que realizou um trabalho considerado conclusivo QUESTÃO 6 - Segundo a pesquisadora Lynn Magu-
para vários estudiosos. Louis Pasteur utilizou em seu lis as mitocôndrias e cloroplastos eram organismos
experimento: livres (procariontes) que passaram viver no interior
(A) alguns frascos, abertos e fechados, contendo car- de outros organismos (unicelulares) numa relação
ne em seu interior. mutualística. Esta teoria ficou conhecida como:
(B) um balão de vidro com gargalo alongado e caldo (A) Teoria mutualística
nutritivo em seu interior. (B) Teoria Endossimbiótica

149
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(C) Teoria Heterotrófica Capítulo 4
(D) Teoria Autotrófica A VIDA NA TERRA
(E) Teoria Biogênese
Competência
QUESTÃO 7 - (UFMG/2005 - ADAPTADA) Observe esta Analisar fenômenos naturais e processos tecno-
figura: lógicos, com base nas interações e relações entre
matéria e energia, para propor ações individuais e
coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, mi-
nimizem impactos socioambientais e melhorem as
condições de vida em âmbito local, regional e global.

Habilidade
(EM13CNT103) Utilizar o conhecimento sobre as
radiações e suas origens para avaliar as potenciali-
É CORRETO afirmar que a presença de lagartas em dades e os riscos de sua aplicação em equipamentos
espigas de milho se deve ao processo de geração es- de uso cotidiano, na saúde, no ambiente, na indús-
pontânea comum aos invertebrados? Justifique sua tria, na agricultura e na geração de energia elétrica.
resposta.
Objetivo de aprendizagem
QUESTÃO 8 - (UNI-RIO) Cientistas propõem a hipótese (GO-EMCNT103E) Compreender a relação entre
de que certas organelas celulares originaram-se de radiação solar, camada de ozônio e efeito estufa,
organismos que há mais de um bilhão de anos passa- utilizando ou não aplicativos digitais ou protótipos
ram a viver simbioticamente com eucariotos antigos. para avaliar a importância desses fenômenos para
Apoiam no fato de que essas organelas possuem DNA a manutenção da vida na Terra.
próprio, semelhante ao das bactérias, podendo-se au-
torreplicar. Essas organelas são: Objeto de conhecimento:
(A) mitocôndrias e ribossomos. - Condições para o desenvolvimento e manutenção
(B) mitocôndrias e cloroplastos. da vida na Terra
(C) mitocôndrias e dictiossomos. - Zonas habitáveis
(D) dictiossomos e cloroplastos.
(E) dictiossomos e ribossomos. A Terra possui os mais variados ambientes. Alguns
são mais propícios à biodiversidade, outros apresen-
tam condições limitantes para a maioria dos seres
vivos. Contudo, mesmo ambientes de condições ex-
REFERÊNCIAS tremas podem abrigar seres vivos, que em sua maio-
ria, são microrganismos chamados de extremófilos.
Apesar de variadas condições ambientais, algumas
Amabis & Martho. Biologia Moderna. 1.ed. – São Pau-
são fundamentais para a existência de vida.
lo: Moderna, 2016.
Por exemplo, as fontes hidrotermais são ambien-
tes extremos onde vivem mexilhões, vermes, cama-
Origem da vida – BIOAPOIO. Sítio eletrônico:
rões dentre outros tipos de pequenos animais resis-
http://www.bioapoio.com.br/wp-content/uplo-
tentes a estas condições.
ads/2013/01/Origem-da-vida.ppt. Acesso em 10 out
2022.

Origem da vida. Sítio eletrônico: https://www.cole-


giorodin.com.br/2019/sala%20de%20materias/Ar-
quivos/Ben%C3%AA/2ano/Cap.%201%20-%20ORI-
GEM%20DA%20VIDA.ppt. Acesso em 10 out 2022.

Evolução e origem da vida. Sítio eletrônico: http://


www.educacional.com.br/upload/dados/materia-
lapoio/134490001/8756643/Origem_da_Vida.ppt.
Acesso em 10 out 2022.
Fonte: Jornal o Painel. Disponível em: https://www.jornalopainel.
com/origem-da-vida-na-terra-pode-estar-em-fendas-no-fundo-
do-mar/. Acesso em 11 out 2022.

150
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Fatores primordiais para o desenvolvimento Veja a zona habitável do Sistema Solar representa-
da vida na Terra da na ilustração a seguir. Apenas o planeta Terra está
localizado nesta faixa de habitualidade. Observe qual
Determinar quais são as condições necessárias à seria a zona habitável de outros possíveis sistemas
existência de vida em qualquer parte do Universo não planetários que tivessem estrelas de massa superior
é uma tarefa simples. Mas por meio de estudos ba- ou inferior a do Sol.
seados nas características da vida na Terra, é possível
dizer que, para sua manifestação, é preciso água no
estado líquido, uma fonte de energia constante e ma-
téria orgânica. Entretanto estes fatores podem não ser
limitantes para o desenvolvimento da vida em outro
lugar no Universo. A Terra orbita uma estrela de longa
vida, o Sol, que há bilhões de anos fornece de maneira
constante e estável energia térmica (calor) e luminosa
(luz) ao planeta. Esse longo tempo de vida do Sol foi, e
continua sendo fundamental para que processos rela-
cionados ao início da vida pudessem acontecer, assim
como sua evolução até os dias atuais. Estes processos Fonte: AulaVET. Disponível em: http://www.if.ufrgs.br/fis02001/
evolutivos vão continuar ocorrendo durante bilhões aulas/vida_ET/vet.htm. Acesso em 11 out 2022.
de anos, até que o Sol inicie seu processo de mor-
te. A distância na qual a Terra orbita o Sol permite a A atmosfera terrestre
existência de temperaturas que garantam a presença
de água líquida em sua superfície. A manutenção da Estima-se que a atmosfera terrestre tenha surgido
temperatura média da Terra é outro ponto importante há cerca de quatro bilhões de anos. Essa camada de
para a manifestação da vida. Esta temperatura média gás formou-se quando o planeta Terra, depois de um
se mantém por meio do efeito estufa, fenômeno na- elevado aquecimento, resfriou-se. Vapor d’água, gases
tural que ocorre devido à capacidade de alguns gases e outros elementos provenientes do interior da Terra
presentes na atmosfera em absorver o calor. Assim, emergiram. Parte desses gases e elementos dissipa-
parte do calor que é irradiado pela superfície terrestre, ram-se no espaço, contudo, alguns fixaram-se ao re-
é absorvido e mantido no planeta. Durante os primei- dor do planeta em decorrência da gravidade atuante.
ros milhões de anos de formação da Terra, o carbono, A atmosfera terrestre possibilita o efeito estufa,
elemento essencial para a vida como a conhecemos, responsável pela manutenção da vida na Terra. Essa
deveria ter se evaporado, ou permanecido preso no camada de ar impede que o calor proveniente do
núcleo, por meio de ligações com o ferro. Entretanto Sol retorne ao espaço rapidamente, evitando, assim,
não foi isso o que aconteceu. Entre as explicações ela- grandes amplitudes térmicas entre o dia e a noite. Isso
boradas para este fenômeno está a de que o carbono possibilita a manutenção de uma temperatura média,
foi incorporado à Terra a partir de pequenos planetas que permite a existência de vida na Terra. Além dessa
recém-formados que colidiram com a Terra e mudaram importante função, a atmosfera terrestre desempe-
a dinâmica da estruturação do planeta. nha outras funções:
• Funciona como filtro, impedindo que os raios
Zonas habitáveis ultravioletas provenientes do Sol cheguem até
a superfície terrestre.
Uma série de fatores foram importantes para o • Evita que meteoritos ou fragmentos rochosos
desenvolvimento da vida na Terra. Mas para muitos que orbitam no espaço cheguem até a Terra,
cientistas, a existência de água líquida é a condição fragmentando-os por meio de processos de
mais importante para possibilitar a existência de vida. combustão em uma de suas camadas.
A presença de água líquida e as condições que a per-
mitam existir nesse estado físico são utilizadas como Graças à atmosfera, é possível que haja vida no
parâmetros para a definição de zonas habitáveis. planeta. É importante ressaltar que essa camada de
A zona habitável de um sistema planetário, por- gás não possui um limite físico que a identifique, pois,
tanto, é a região ao redor de uma estrela cuja radia- à medida que se eleva altitude, os gases tornam-se
ção emitida permita temperaturas suficientes para cada vez mais rarefeitos.
que a água seja encontrada no estado líquido. Nesse
sentido, os planetas localizados em zonas habitáveis
podem conter água líquida, e, consequentemente,
abrigar vida.

151
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
des de calor proveniente do Sol. Apesar de ser o gás
com maior volume na atmosfera, não apresenta papel
muito importante.

2. Oxigênio: representa cerca de 21% do volume


da atmosfera. O oxigênio é o gás que possibilita a vida
no planeta e que forma o gás ozônio na atmosfera.

3. Argônio: representa cerca de 0,93% do volume


da atmosfera. O argônio é considerado um gás inerte,
pois não reage com outros gases que estão presentes
na atmosfera. Assim, pode ser encontrado em sua
forma pura.
Fonte: Mundo Educação. Disponível em: https://mundoeducacao.
uol.com.br/geografia/efeito-estufa.htm. Acesso em 11 out 2022.
4. Gás carbônico: representa cerca de 0,039% do
volume da atmosfera. O gás carbônico é encontrado
Qual é a altura da atmosfera?
na atmosfera em decorrência do processo de respi-
ração dos seres vivos. Também pode ser proveniente
Alguns estudiosos do campo da climatologia li-
de processos de combustão.
mitam a atmosfera terrestre em aproximadamente
100 quilômetros, considerando que não há um limi-
5. Outros gases: há, na atmosfera, gases como
te superior estabelecido fisicamente. Contudo, em
neônio, metano, hidrogênio, ozônio e hélio.
decorrência da força atuante da gravidade sobre os
Na atmosfera terrestre, também é encontrado va-
gases que constituem a atmosfera terrestre, esta pode
por d’água, que não é um gás. O vapor d’água repre-
alcançar até 10.000 quilômetros, transitando, então,
senta cerca de 4% do volume atmosférico e diminui à
para o espaço sideral.
medida que há o aumento da altitude. Esse elemento
atmosférico influencia diretamente nas dinâmicas das
temperaturas médias em todo o planeta, pois conse-
gue absorver e emitir calor para atmosfera.

A camada de ozônio

Em volta da Terra há uma frágil camada de um gás


chamado ozônio (O3), que protege animais, plantas e
seres humanos dos raios ultravioletas emitidos pelo
Sol. Na superfície terrestre, o ozônio contribui para
agravar a poluição do ar das cidades e a chuva ácida.
Mas, nas alturas da estratosfera (entre 25 e 30 km
acima da superfície), é um filtro a favor da vida. Sem
ele, os raios ultravioletas poderiam aniquilar todas as
formas de vida no planeta.
Na atmosfera, a presença da radiação ultravioleta
desencadeia um processo natural que leva à contínua
formação e fragmentação do ozônio, como na imagem
Fonte: Mundo Educação. Disponível em: https://mundoeducacao. abaixo:
uol.com.br/geografia/camadas-atmosfera.htm. Acesso em 11 out
2022.

Gases que compõem a atmosfera

Os gases que compõem a atmosfera terrestre não


se dissipam com facilidade em decorrência da ação
atuante da gravidade. São eles:

1. Nitrogênio: representa cerca de 78% do volume Fonte: WWF.org.br. Disponível em: https://www.wwf.
da atmosfera. O nitrogênio absorve poucas quantida- org.br/nossosconteudos/educacaoambiental/conceitos/
camadadeozonio/. Acesso em 11 out 2022.

152
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O que está acontecendo com a camada de ozô- de reações, um outro átomo de cloro será liberado
nio? e voltará a novamente desencadear a destruição do
Há evidências científicas de que substâncias fa- ozônio.
bricadas pelo homem estão destruindo a camada de
ozônio. Em 1977, cientistas britânicos detectaram pela Os problemas causados pelos raios ultravioletas
primeira vez a existência de um buraco na camada de
ozônio sobre a Antártida. Desde então, têm se acu- Apesar de a camada de ozônio absorver a maior
mulado registros de que a camada está se tornando parte da radiação ultravioleta, uma pequena porção
mais fina em várias partes do mundo, especialmente atinge a superfície da Terra. É essa radiação que acaba
nas regiões próximas do Polo Sul e, recentemente, provocando o câncer de pele, que mata milhares de
do Polo Norte. pessoas por ano em todo o mundo. A radiação ultra-
violeta afeta também o sistema imunológico, minando
a resistência humana a doenças como herpes.
Os seres humanos não são os únicos atingidos
pelos raios ultravioleta. Todos as formas de vida, inclu-
sive plantas, podem ser debilitadas. Acredita-se que
níveis mais altos da radiação podem diminuir a pro-
dução agrícola, o que reduziria a oferta de alimentos.
A vida marinha também está seriamente ameaçada,
especialmente o plâncton (plantas e animais micros-
cópicos) que vive na superfície do mar. Esses organis-
mos minúsculos estão na base da cadeia alimentar
Fonte: USP. Disponível em: https://aun.webhostusp.sti.usp.br/
marinha e absorvem mais da metade das emissões
index.php/2021/01/26/camada-de-ozonio-boas-e-mas-noticias-
de-2020/. Acesso em 11 out 2022. de dióxido de carbono (CO2) do planeta.

Diversas substâncias químicas acabam destruindo O “buraco” na camada de ozônio


o ozônio quando reagem com ele. Tais substâncias
contribuem também para o aquecimento do planeta, Uma série de fatores climáticos faz da estratosfera
conhecido como efeito estufa. A lista negra dos pro- sobre a Antártida uma região especialmente suscetível
dutos danosos à camada de ozônio inclui os óxidos à destruição do ozônio. Toda primavera, no Hemisfério
nítricos e nitrosos expelidos pelos exaustores dos veí- Sul, aparece uma região onde a camada de ozônio se
culos e o CO2 produzido pela queima de combustíveis encontra menos densa sobre o continente aparen-
fósseis, como o carvão e o petróleo. Mas, em termos temente abrindo um espaço na continuidade desta
de efeitos destrutivos sobre a camada de ozônio, nada camada gasosa, dando origem ao termo “buraco”. Os
se compara ao grupo de gases chamado clorofluor- cientistas observaram que este buraco vem crescendo
carbonos, os CFCs. e que seus efeitos têm se tornado mais evidentes. Mé-
dicos da região têm relatado uma ocorrência anormal
Ação dos CFCs na camada de ozônio de pessoas com alergias e problemas de pele e visão.
O Hemisfério Norte também é atingido: os Estados
Depois de liberados no ar, os CFCs (usados como Unidos, a maior parte da Europa, o norte da China
propelentes em aerossóis, como isolantes em equi- e o Japão já perderam 6% da proteção de ozônio. O
pamentos de refrigeração e para produzir materiais Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
plásticos) levam cerca de oito anos para chegar à (PNUMA) calcula que cada 1% de perda da camada
estratosfera onde, atingidos pela radiação ultravio- de ozônio cause 50 mil novos casos de câncer de pele
leta, se desintegram e liberam cloro. Por sua vez, o e 100 mil novos casos de cegueira, causados por ca-
cloro reage com o ozônio que, consequentemente, é tarata, em todo o mundo.
transformado em oxigênio (O2). O problema é que o
oxigênio não é capaz de proteger o planeta dos raios O efeito estufa
ultravioleta. Uma única molécula de CFC pode destruir
100 mil moléculas de ozônio. O efeito estufa é um fenômeno natural de extre-
A quebra dos gases CFCs é danosa ao processo ma importância para a existência de vida na Terra.
natural de formação do ozônio. Quando um desses É responsável por manter as temperaturas médias
gases (CFCl3) se fragmenta, um átomo de cloro é libe- globais, evitando que haja grande amplitude térmica
rado e reage com o ozônio. O resultado é a formação e possibilitando o desenvolvimento dos seres vivos.
de uma molécula de oxigênio e de uma molécula de Esse fenômeno, no entanto, tem sido agravado
monóxido de cloro. Mais tarde, depois de uma série pela ação antrópica, que tem elevado as emissões

153
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
de gases de efeito estufa à atmosfera, provocando estrutura metálica e placas de vidro. Dentro dela
alterações climáticas em todo o planeta. Essa grande podem ser colocadas diversas espécies de plantas.
concentração de gases dificulta que o calor seja de- Nesta ilustrada, pode-se ver vários vasos de flores.
volvido ao espaço, aumentando, consequentemente,
as temperaturas do planeta.

Como funciona o efeito estufa?

Fonte: Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.


br/geografia/efeito-estufa.htm. Acesso em 11 out 2022. 1. Considerando o conceito de “estufa” explique
o uso de tal tipo de construção mencionando os
O Sol emite calor à Terra. Parte desse calor é ab- seguintes conceitos da Física e da Biologia:
sorvida pela superfície terrestre e pelos oceanos, ou- • Radiação solar
tra parte é devolvida ao espaço. Contudo, uma parcela • Irradiação térmica
da radiação solar irradiada pela superfície fica retida • Convecção térmica
na atmosfera em decorrência da presença de gases • Calor
de efeito estufa, que impedem que esse calor seja • Plantas
devolvido totalmente ao espaço. Dessa forma, man-
tém-se o equilíbrio energético e evitam-se grandes Estes termos devem ser utilizados na elaboração
amplitudes térmicas. do seu texto-resposta.
Para exemplificar melhor, imagine um carro es-
tacionado em um dia bastante ensolarado. Os raios 2. Justifique a denominação “Efeito estufa” atri-
solares atravessam os vidros e aquecem o interior do buída ao fenômeno natural estudado no tópico
veículo. O calor tende a ser devolvido para fora do car- anterior a esta atividade.
ro, saindo pelo vidro, contudo encontra dificuldades.
Assim, parte do calor fica retido no interior do carro, Gases do efeito estufa
mantendo-o aquecido.
Fazendo uma analogia, os gases de efeito estufa Existem quatro principais gases de efeito estufa.
presentes na atmosfera funcionam como o vidro do São eles:
carro, permitindo a entrada da radiação solar e difi- • Dióxido de carbono: É o gás de maior abundân-
cultando que toda ela seja devolvida ao espaço. cia na atmosfera. A queima de combustíveis
fósseis é uma das principais atividades respon-
sáveis por emitir esse gás. Desde a era indus-
trial, a quantidade de dióxido de carbono na
atmosfera aumentou, aproximadamente, 35%.
ATIVIDADE INTEGRADORA • Gás metano: É o segundo gás que mais contri-
bui para o aumento das temperaturas globais,
com poder 21 vezes maior que o dióxido de
Biologia e Física carbono. Aproximadamente 60% da emissão
de metano provém de ações humanas ligadas
Observe a imagem a seguir. a aterros sanitários e lixões. Além disso, é eli-
Nela você pode ver um tipo minado por meio da digestão de ruminantes.
de estufa para plantas fei- • Óxido nitroso: Pode ser emitido à atmosfera
ta, basicamente, de uma por meio de bactérias no solo ou no oceano.

154
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividades agrícolas, como uso de fertilizantes Questão 2 - (Enem 2007) Devido ao aquecimento glo-
nitrogenados, também são fontes desse gás. O bal e à consequente diminuição da cobertura de gelo
óxido nitroso pode colaborar cerca de 298 vezes no Ártico, aumenta a distância que os ursos polares
mais que o dióxido de carbono para o aumento precisam nadar para encontrar alimentos. Apesar de
das temperaturas. exímios nadadores, eles acabam morrendo afogados
• Gases fluoretados: Os gases fluoretados são devido ao cansaço.
produzidos pelo homem a fim de atender às ne- (A) situação descrita acima
cessidades industriais. São exemplos desses ga- (A) enfoca o problema da interrupção da cadeia ali-
ses: hidrofluorcarbonetos, usados em sistemas mentar, o qual decorre das variações climáticas.
de aquecimento e refrigeração; hexafluoreto de (B) alerta para prejuízos que o aquecimento global
enxofre, usado na indústria eletrônica; perflu- pode acarretar à biodiversidade no Ártico.
orcarbono, emitido na produção de alumínio; e (C) ressalta que o aumento da temperatura decorren-
os clorofluorcarbonos (CFCs), responsáveis pela te de mudanças climáticas permite o surgimento
destruição da camada de ozônio. de novas espécies.
• Vapor d’água: Bastante presente na atmosfera, (D) mostra a importância das características das zonas
é responsável por mais da metade do efeito frias para a manutenção de outros biomas na Terra.
estufa. O vapor d’água capta o calor irradiado (E) evidencia a autonomia dos seres vivos em relação
pela superfície terrestre, distribuindo-o para ao habitat, visto que eles se adaptam rapidamente
todas as direções e aquecendo a superfície. às mudanças nas condições climáticas.

Questão 3 - (Enem 2009)

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM

As mudanças climáticas estão ocorrendo e já é possí-


vel notar algumas modificações que provavelmente
relacionam-se com a ação do homem. Assim sendo,
são necessárias ações urgentes para que nosso im-
pacto no meio ambiente seja reduzido.
Posto o problema, agora elenque ações que con-
figurem soluções em âmbito local (na escola, nas
residências, na comunidade) e em âmbito regional
(pelas prefeituras, representantes do governo esta-
dual, sociedade) para deter o avanço das mudanças
climáticas.
Observe a charge acima sobre o aquecimento global.

MOMENTO ENEM

QUESTÃO 1 – (Enem 2019) O mármore, rocha meta-


mórfica composta principalmente de carbonato de
cálcio (CaCO3), é muito utilizada como material de
construção e também na produção de esculturas.
Entretanto, se peças de mármore são expostas a am-
bientes externos, particularmente em grandes cidades
e zonas industriais, elas sofrem ao longo do tempo
um processo de desgaste, caracterizado pela perda
de massa da peça.
Esse processo de deterioração ocorre em função da
(A) oxidação do mármore superficial pelo oxigênio.
(B) decomposição do mármore pela radiação solar.
(C) onda de choque provocada por ruídos externos.
(D) abrasão por material particulado presente no ar.
(E) acidez da chuva que cai sobre a superfície da peça.

155
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Reunindo-se as informações contidas nas duas char-
ges, infere-se que
(A) os regimes climáticos da Terra são desprovidos de REFERÊNCIAS
padrões que os caracterizem.
(B) as intervenções humanas nas regiões polares são SOUSA, Rafaela. “Efeito estufa”; Brasil Escola. Dispo-
mais intensas que em outras partes do globo. nível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/
(C) o processo de aquecimento global será detido com efeito-estufa.htm. Acesso em 19 de janeiro de 2022.
a eliminação das queimadas.
(D) a destruição das florestas tropicais é uma das cau- O que é camada de ozônio? WWF. Disponível em: ht-
sas do aumento da temperatura em locais distan- tps://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_
tes como os polos. ambientais/camada_ozonio/. Acesso em 19/01/2022.
(E) os parâmetros climáticos modificados pelo ho-
mem afetam todo o planeta, mas os processos Sousa R. Atmosfera terrestre. Mundo Educação. Dis-
naturais têm alcance regional. ponível em: https://mundoeducacao.uol. com.br/ge-
ografia/atmosfera-terrestre.htm#:~: text=Estima%2D-
Questão 4 – (Enem 2008) se%20 que%20a%20atmosfera, do%20interior%20
da%20Terra%20emergiram. Acesso em 19/01/2022

O diagrama acima representa, de forma esquemática


e simplificada, a distribuição da energia proveniente
do Sol sobre a atmosfera e a superfície terrestre. Na
área delimitada pela linha tracejada, são destacados
alguns processos envolvidos no fluxo de energia na
atmosfera.
Com base no diagrama, conclui-se que
a) a maior parte da radiação incidente sobre o planeta
fica retida na atmosfera.
b) a quantidade de energia refletida pelo ar, pelas nu-
vens e pelo solo é superior à absorvida pela superfície.
c) a atmosfera absorve 70% da radiação solar inciden-
te sobre a Terra.
d) mais da metade da radiação solar que é absorvida
diretamente pelo solo é devolvida para a atmosfera.
e) a quantidade de radiação emitida para o espaço
pela atmosfera é menor que a irradiada para o espaço
pela superfície.

156
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 5 ção e interação entre matéria e energia propiciou o
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DA VIDA desenvolvimento da vida. É possível encontrar seres
vivos em praticamente quase todos os ambientes da
Competência Terra. Uma gota de água do oceano, por exemplo, é
Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica uma mistura homogênea constituída por aproximada-
da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argu- mente 1,67x10²¹ moléculas de água, e diversos outros
mentos, realizar previsões sobre o funcionamento compostos químicos. Nela também podem ser encon-
e a evolução dos seres vivos e do Universo, e funda- tradas diferentes espécies de seres vivos.
mentar e defender decisões éticas e responsáveis.
Os componentes de um ecossistema
Habilidade
(EM13CNT202) Analisar as diversas formas de mani- O conjunto dos organismos vivos e seus ambientes
festação da vida em seus diferentes níveis de orga- físicos e químicos é chamado de ecossistema.
nização, bem como as condições ambientais favorá- O termo ecossistema é originado a união das
veis e os fatores limitantes a elas, com ou sem o uso palavras “oikos” e “sistema”, ou seja, tem como sig-
de dispositivos e aplicativos digitais (como softwares nificado, sistema da casa. Ele representa o conjunto
de simulação e de realidade virtual, entre outros). de comunidades que habitam e interagem em um
determinado espaço.
Objetivo de aprendizagem Os componentes dos ecossistemas são:
(GO-EMCNT202A) Compreender os fatores abió- • Fatores bióticos
ticos (climáticos e edáficos) como fatores limitan- • Fatores abióticos
tes dos ecossistemas, considerando as alterações
físicas, químicas e biológicas que são capazes de Os fatores bióticos e abióticos representam as
proporcionar ao meio ambiente para examinar o relações existentes que permitem o equilíbrio do
crescimento, atividade e características dos seres ecossistema.
que compõem um determinado ecossistema. Os fatores abióticos são os elementos físicos,
químicos ou geológicos do ambiente, responsáveis
Objeto de conhecimento: por determinar, em larga escala, a estrutura e funcio-
- Níveis de organização da vida namento dessas comunidades. São exemplos: água,
- Fatores bióticos e abióticos solo, ar e calor.
- Fatore limitantes dos ecossistemas Já os fatores bióticos correspondem às comunida-
des vivas de um ecossistema, que pode ser tanto uma
O Universo é composto por matéria e energia. floresta quanto um pequeno aquário. São exemplos:
No caso do planeta Terra, a constante transforma- plantas, animais, fungos e bactérias.

Fonte: Toda Matéria. Disponível em: https://static.todamateria.com.br/upload/fa/to/fatoresbioticoseabioticos.jpg. Acesso em 08 nov


2022.

157
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Importância dos fatores abióticos por transpiração diminui, causando uma maior pres-
são hídrica. A umidade está diretamente relacionada
Os fatores físicos constituem o clima, determinado à temperatura, variando consideravelmente entre as
principalmente pela radiação solar que chega à terra, diferentes regiões do planeta;
e a temperatura — que influencia outros aspectos
climáticos, como a umidade relativa do ar e a plu- E) Atmosfera - as condições atmosféricas também
viosidade. Os fatores químicos, como os nutrientes afetam os ecossistemas, podendo agir como perturba-
minerais e os ciclos biogeoquímicos (do nitrogênio, do ções de intensidades variadas. O vento quente de um
oxigênio, do carbono), são importantes para garantir deserto causa uma maior perda de água nos organis-
a sobrevivência dos organismos e manter o equilíbrio mos que lá habitam enquanto um ciclone ou tufão tem
dos ecossistemas. consequências catastróficas para o equilíbrio ecológi-
co, aumentando a taxa de mortalidade drasticamente.
Os principais fatores abióticos
As massas de ar que se deslocam através das correntes
de ar são essenciais para carrear umidade para regiões
Os principais fatores abióticos são:
mais secas. Nos oceanos, os ventos influem na força
A) Água - essencial a vida de todos os seres vivos,
seja como recurso ou como local de vida. O balanço das marés e são muito importantes para a oxigenação
hídrico de um ecossistema é vital para a manutenção das camadas superficiais da água;
de seu funcionamento. Este balanço é mantido pelo
ciclo da água, através do regime pluviométrico, flu- F) Solo - possui uma porção biótica (microrganis-
xo dos rios, tempo de residência da água em lagos e mos e substâncias de origem orgânica) e uma porção
acesso a fontes de água subterrânea. O stress hídrico abiótica, associada às diferentes formações rochosas e
é tão devastador para um ecossistema que, caso seja tipos de solo. O solo serve de substrato para o cresci-
uma situação duradoura e continua, pode levar ao mento dos vegetais, participando do ciclo de diversos
colapso completo de toda uma comunidade; nutrientes essenciais, além de também servir como
B) Luz e radiação - os organismos produtores de- abrigo e habitat para organismos crípticos.
pendem da luz para produzir as moléculas orgânicas Além das condições ambientais, os recursos de
que lhes mantem vivos. Muitas populações são adap- origem inorgânica de um local também são classifi-
tadas para sobreviver em locais com alta radiação e cados como um fator abiótico. Exemplos seriam os
longos períodos iluminados (regiões tropicais) assim nutrientes minerais do solo absorvidos pelas plantas e
como também existem comunidades adaptadas as as tocas ou cavernas utilizadas como habitat. Estes são
condições de períodos curtos de luminosidade (nas essenciais para o crescimento e a sobrevivência das
altas latitudes). A energia solar também serve para populações e também são levados em conta quando
aquecer o corpo dos animais e auxiliar na manuten-
definimos se um ecossistema é funcional e está em
ção de suas taxas metabólicas, especialmente para os
equilíbrio acerca de seus fatores abióticos.
organismos ectodérmicos como os répteis;

C) Temperatura - a variação térmica de uma região Particularidades dos fatores bióticos


define os limites de vida dos organismos vivos. Em
muitos casos, como ocorre nas zonas temperadas, as Assim como alguns dos fatores abióticos, como a
baixas temperaturas fazem os organismos migrarem água, todos os fatores bióticos, ou seja, os seres vivos,
ou hibernarem, alterando toda a dinâmica do ecossis- são constituídos de matéria. São compostos por áto-
tema. Inversamente, os períodos quentes e secos das mos e moléculas e diversas transformações físicas e
savanas africanas exigem o máximo de resiliência das químicas ocorrem em seu interior. Entretanto, os seres
populações que nelas habitam. As adaptações com- vivos possuem algumas características que os diferen-
portamentais e morfológicas dos seres vivos relacio- ciam da matéria inanimada. Entre as características
nadas às condições térmicas tem uma longa história gerais de todos os seres vivos, podemos destacar as
evolutiva e, por este motivo, o rápido e recente aque- apresentadas a seguir.
cimento do planeta é extremamente preocupante,
pois muitos organismos não serão capazes de sobre- Propriedades dos seres vivos
viver a tais mudanças; • Ciclo de vida: todo ser vivo passa pelas fases
do nascimento, desenvolvimento, reprodução
D) Umidade - é o vapor de água presente na at- e morte. Durante o desenvolvimento, seu or-
mosfera que exerce pressão direta sobre os organis- ganismo passa por diversas modificações que o
mos vivos. Em florestas tropicais, por exemplo, onde
preparam para a reprodução, fase em que ele
a umidade do ar é alta, a eficiência da troca de calor
pode ou não gerar descendentes.

158
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
• Respostas a estímulos externos: os seres vivos
são capazes de responder a estímulos ambien-
tais, como temperatura, pressão, umidade,
luminosidade, substâncias químicas, entre ou- ATIVIDADE INTEGRADORA
tros.
• Metabolismo: é o conjunto de reações quími-
cas que ocorrem nos seres vivos promovendo
transformações da matéria e energia obtidas
do meio em que vivem.
• Organização celular: todos os seres vivos são
formados por uma ou mais células.

Diversos cientistas colaboraram com a construção Você já sabe que todos os seres vivos são formados
do conhecimento sobre a composição dos seres vivos. por células, assim como é postulado pela Teoria
No século XIX, o fisiologista alemão Theodor Schwann Celular com base nas contribuições dos cientistas
(1810-1882) propôs uma teoria que estabelecia que Mathias Schleiden (1804-1881), Theodor Schwann
todos os tecidos vegetais e animais eram formados (1810-1882) e Rudolph Virchow (1821-1902). Os
por células. Ela ficou conhecida por teoria celular e dois primeiros propuseram a base dessa teoria.
passou por diversas modificações com o avanço dos
estudos. Atualmente, essa teoria estabelece que to- A Teoria celular pode ser dividida em três postu-
dos os seres vivos são formados por células, e que lados:
elas são as unidades básicas estruturais e funcionais 1. Todos os seres vivos são formados por células e
dos seres vivos. Isso significa dizer que a célula é a por estruturas delas derivadas. Assim sendo, as cé-
menor unidade que compõe a estrutura de um ser lulas são as unidades morfológicas dos seres vivos;
vivo e a menor unidade que desempenha as funções 2. Na célula são realizados processos que são fun-
necessárias para sua existência. damentais à vida. Isso significa, então, que as cé-
Níveis de organização biológica lulas são as unidades funcionais ou fisiológicas dos
seres vivos;
Atualmente, estima-se que a Terra possua de 1 a 6 3. Todas as células só se originam de outras células
bilhões de espécies de seres vivos. Mais de 70% des- preexistentes. Com esse postulado, considera-se
sas espécies apresentam somente uma célula, sendo que as células realizam divisão celular.
chamados de unicelulares. O restante apresenta mais
de uma célula e são chamados de organismos plurice- Por estes motivos, os vírus não são considerados
lulares. Nos seres vivos podem-se também perceber seres vivos por grande parte dos cientistas. No
níveis de organização diferentes: de átomos até orga- entanto, esses seres microscópicos apresentam
nismo. Como exemplo, veja os níveis de organização grande dependência de células para realizar suas
do corpo humano. atividades, sendo considerados parasitas intrace-
lulares obrigatórios. Por isso, mesmo que não te-
nham células, os vírus necessitam de células para
seu funcionamento.

Agora que você já sabe o que diferencia vírus de


células (e seres vivos). Faça uma pesquisa sobre as
características comuns a estes dois tipos de estru-
turas: vírus e células.

Dica: essa semelhança envolve conhecimentos da


Química.

Fonte: Passei Direto. Disponível em: https://img.passeidireto.com/


material/59553038/74494ba5-8d65-4e59-94d9-b9fc1ed8c56a.
png. Acesso em 08 nov 2022.

159
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Características das células Os lipídios mais abundantes da membrana são os
fosfolipídios. Essas moléculas possuem uma região
hidrofílica, ou seja, que interage com a água. A parte
hidrofóbica, que não interage com a água, está voltada
para o interior da dupla camada. Existem dois tipos
de proteínas que podem estar associadas à bicamada
lipídica: as proteínas transmembranas (ou integrais),
que atravessam ambos os lados da bicamada, e as
proteínas periféricas, que estão ligadas a uma das su-
perfícies da membrana. As proteínas são importantes
para a entrada e saída de substâncias nas células, e
também para a comunicação entre elas.

Tipos celulares

Fonte: Mundo Educação. Disponível em: https://static.mundoedu- As células podem apresentar diferentes forma-
cacao.uol.com.br/mundoeducacao/2019/10/celula-eucarionte.jpg
tos. Contudo, podemos distinguir basicamente dois
padrões de tipos de células: células procarióticas e
Embora existam diversos tipos de células, a maio-
células eucarióticas. É importante ressaltar que o
ria possui algumas características em comum, como a
presença de material genético, citoplasma e a mem- que veremos a seguir são apenas modelos e que, na
brana plasmática. O material genético armazena infor- realidade, a estrutura e os componentes celulares
mações que se referem ao funcionamento da célula. podem variar de uma célula para outra, mesmo que
Ele se apresenta sob a forma de uma molécula de DNA elas pertençam ao mesmo tipo.
(sigla em inglês para ácido desoxirribonucleico). O ci-
toplasma é preenchido por um fluido rico em água, Célula procariótica
denominado citosol, no qual estão imersas as organe- Estas células não apresentam núcleo delimitado
las celulares. Nele, ocorre uma série de reações quí- por membrana nem estruturas membranosas em seu
micas. A membrana plasmática separa o interior das interior. Os seres formados por células procarióticas
células do meio extracelular. Por meio dela ocorrem são denominados procariontes, como as bactérias.
a entrada e a saída de água e de outras substâncias
nas células, controle denominado permeabilidade se-
letiva. Outra função desempenhada pela membrana
plasmática é o reconhecimento de outras células e de
moléculas, por meio, por exemplo, de sinais químicos.
Em 1972, o físico-químico Seymour Jonathan Singer
(1924-2017) e o bioquímico Garth Nicolson (1943-),
ambos estadunidenses, propuseram que a membrana
plasmática é formada por duas camadas de lipídios,
nas quais estão presentes proteínas. A maioria des-
ses componentes está em constante movimento, o
que lhe confere fluidez. Esse modelo ficou conhecido
como mosaico fluido.

Fonte: InfoEscola. Disponível em: https://www.infoescola.com/


wp-content/uploads/2016/01/celula-procariotica.jpg. Acesso em
08 nov 2022.

Célula eucariótica
As células eucarióticas apresentam um núcleo
organizado, delimitado por membrana, e estruturas
membranosas em seu interior. Os seres formados por
células eucarióticas são denominados eucariontes,
como os protozoários, as algas, os fungos, os animais
Membrana plasmática: modelo do mosaico fluido.
Fonte: Brasil Escola. Disponível em: https://s1.static.brasilescola. e as plantas. Como exemplo, vejamos as principais es-
uol.com.br/img/2019/06/estrutura-da-membrana-plasmatica. truturas e funções de uma célula animal generalizada.
jpg. Acesso em 08 nov 2022.

160
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
As células vegetais apresentam muitas estruturas (C) Fatores abióticos - o conjunto de todos os fatores
similares às células animais. Contudo, comparativa- físicos que podem incidir sobre as comunidades
mente, apresentam estruturas exclusivas, como os de uma certa região. Fatores bióticos - conjunto
plastos e a parede celular. de todos componentes inanimados de uma certa
região.
(D) Fatores abióticos - o conjunto de todos os seres
vivos que podem incidir sobre as comunidades
de uma certa região. Fatores bióticos - conjunto
de todos seres vivos e que interagem uma certa
região e que poderão ser chamados de biocenose.

Questão 3 - Um pesquisador preparou um fragmento


do caule de uma flor de margarida para que pudesse
ser observado em microscopia óptica. Também pre-
parou um fragmento de pele de rato com a mesma
finalidade. Infelizmente, após algum descuido, as
amostras foram misturadas.
Que estruturas celulares permitiriam a separação das
amostras, se reconhecidas?
(A) Ribossomos e mitocôndrias, ausentes nas células
animais.
(B) Centríolos e lisossomos, organelas muito nume-
Fonte: Manual da Biologia. Disponível em: https://1. rosas nas plantas.
bp.blogspot.com/-jU7VeALT2YE/YRiFqITmBBI/AAAAAAAAB2c/ (C) Envoltório nuclear e nucléolo, característicos das
tY1dShUQwPMRS5DXPhS60glHdUQ88sGDQCLcBGAsYHQ/s320/
celula-eucarionte.jpg. Acesso em 08 nov 2022.
células eucarióticas.
(D) Lisossomos e peroxissomos, organelas exclusivas
de células vegetais.
(E) Parede celular e cloroplastos, estruturas caracte-
rísticas de células vegetais.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Questão 4 – Faça desenhos que ilustrem as principais
Questão 1 - A ecologia é uma parte da biologia que estruturas presentes em células animais, vegetais e bac-
estuda a relação dos organismos com o meio que os terianas. Indique quais são eucariontes e procarionte.
cerca. Os organismos interagem entre si e com todas
as partes não vivas do ambiente, tais como solo, água,
temperatura e umidade. Essas partes não vivas são
chamadas de:
(A) fatores abióticos. REFERÊNCIAS
(B) fatores bióticos. Magalhães L. Ecossistema. Toda Matéria. Disponível
(C) biosfera. em: https://www.todamateria.com.br/ecossistema/.
(D) nicho ecológico. Acesso em 21/01/2022.
(E) ecossistema. Dextro R. B. Fatores abióticos. InfoEscola. Disponível
em : https://www.infoescola.com/ecologia/fatores-a-
Questão 2 - Os ecossistemas são formados pela união bioticos/. Acesso em 21/01/2022.
de dois fatores:
(A) Fatores abióticos - o conjunto de todos os fatores D’Alpaos, A., 2011. The mutual influence of biotic and
físicos que podem incidir sobre as comunidades abiotic components on the long-term ecomorphody-
de uma certa região. Fatores bióticos - conjunto namic evolution of salt-marsh ecosystems. Geomor-
de todos seres vivos e que interagem uma certa phology, 126(3-4), pp.269-278.
região e que poderão ser chamados de biocenose. Odum, E.P., Odum, H.T. and Andrews, J., 1971. Funda-
(B) Fatores bióticos - o conjunto de todos os fatores mentals of ecology (Vol. 3). Philadelphia: Saunders.
físicos que podem incidir sobre as comunidades
de uma certa região. Fatores abióticos - conjunto Sun, D., Meng, J. and Chen, W., 2013. Effects of abiotic
de todos seres vivos e que interagem uma certa components induced by biochar on microbial commu-
região e que poderão ser chamados de bioce- nities. Acta Agriculturae Scandinavica, Section B-Soil
nose. & Plant Science, 63(7), pp.633-641.

161
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR: Imersão Curricular
FÍSICA
1 O que é Ciência?
Capítulo 6
CONHECIMENTO CIENTÍFICO A humanidade sempre sentiu a necessidade de
saber o porquê dos acontecimentos. Desse impulso
Competência específica 3 inerente à espécie humana, surgiu a ciência. Para en-
Investigar situações-problema e avaliar aplicações tender melhor esse assunto, você precisa compreen-
do conhecimento científico e tecnológico e suas der o que é ciência e, também, distinguir ciência de
implicações no mundo, utilizando procedimentos e senso comum.
linguagens próprios das Ciências da Natureza, para Etimologicamente, ciência significa conhecimen-
propor soluções que considerem demandas locais, to. Mas, nem todos os tipos de conhecimento perten-
regionais e/ou globais, e comunicar suas descober- cem à ciência, como o conhecimento vulgar e outros.
tas e conclusões a públicos variados, em diversos
A ciência é um modo de compreender e analisar o
contextos e por meio de diferentes mídias e tecno-
mundo empírico, envolvendo o conjunto de procedi-
logias digitais de informação e comunicação (TDIC).
mentos e a busca do conhecimento científico através
do uso da consciência crítica que levará o pesquisador
Habilidade da BNCC
a distinguir o essencial do superficial e o principal do
(EM13CNT301) Construir questões, elaborar hi-
póteses, previsões e estimativas, empregar ins- secundário.
trumentos de medição e representar e interpretar Dessa forma podemos inferir que a ciência deve
modelos explicativos, dados e/ou resultados expe- ser capaz de fornecer respostas dignas de confiança
rimentais para construir, avaliar e justificar conclu- sujeitas a críticas; é uma forma de entender, com-
sões no enfrentamento de situações-problema sob preender os fenômenos que ocorrem. Na verdade, a
uma perspectiva científica. ciência é constituída pela observação sistemática dos
fatos; por intermédio da análise e da experimentação,
Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM extraímos resultados que passam a ser avaliados uni-
(GO-EMCNT301A) Aplicar os conceitos de medi- versalmente.
das, erros (teoria de erros) e gráficos, em ativida- Assim, pode-se referir que todos os fenômenos
des experimentais, baseando-se na interação dos relacionados a natureza social, biológica, física, quí-
fenômenos químicos, físicos e biológicos para jus- mica e tecnológica são objetos da ciência.
tificar conclusões no enfrentamento de situações
problema relacionadas ao seu dia a dia sob uma
perspectiva científica
(GO-EMCNT301B) Discutir interpretações científi-
cas, confrontando os demais tipos de conhecimen-
to construídos ao longo do tempo ou em diferentes
culturas com o conhecimento científico para julgar
hipóteses, previsões e estimativas empregadas nas
explicações de diferentes fenômenos e processos
físicos, químicos e biológicos.

Objeto(s) de conhecimento
- Conhecimento Científico
- Método nas Ciências Fig.1 - Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/88276379/
metodologia-cientifica-4-edicao-p-b
Acesso: 09/11/2022
Descritores Saeb EM13CNT301
O Senso Comum

O senso comum, enquanto conhecimento apren-


dido à luz das experiências e observações imediatas
do mundo circundante, é uma forma de conhecimento
que permanece no nível das crenças vividas, segundo
uma interpretação previamente estabelecida e adota-
da pelo grupo social. Ao contrário do conhecimento

162
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
científico, leva a pensar de forma assistemática, sen- experimentais de materiais, componentes e métodos,
sitiva e subjetiva, sem atribuir o rigor e a utilização possibilitando a aplicação destes conhecimentos cien-
do método científico. tíficos na produção e obtenção de novos produtos e
processos.

ATENÇÃO

É importante sabermos que a partir do conhe-


cimento do senso comum podemos desenvolver o
conhecimento científico, pois ditos populares podem
gerar questões que, às vezes, levam à pesquisa e à
investigação científica, ou seja, aquilo que o senso
comum não responde, a ciência pode responder.
Você pode entender melhor a diferença entre o
senso comum e o conhecimento científico, pensando
Fig.3 - Fonte: https://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/
nos tratamentos médicos. Muitos remédios foram uti- admin/arquivosUpload/4490/material/Metodologia_
lizados, inicialmente, pelas comadres ou pelos índios, Cientifica_4_Edicao_P_B.pdf
uma vez que o conhecimento deles era advindo do Acesso: 09/11/2022
senso comum, que também chamamos de conheci-
mento vulgar. Podemos concluir a partir disso que uma das fun-
Aos remédios produzidos pelas comadres, pode ções da ciência é o aperfeiçoamento do conhecimento
ser aplicado um método científico, após ser compro- em todas as áreas para tornar a existência humana
vada a eficácia dos métodos de cura; passam, então, mais significativa.
a ser considerados um conhecimento científico. Antes
disso, não era válida a comprovação do senso comum, 2 Método nas Ciências
mesmo que já tivesse curado diversas doenças, por-
que não havia passado pelo método científico. Método Científico

Princípios e Objetivos da Ciência Atualmente a ciência está estruturada de tal forma


que só aceita um resultado como verdadeiro se este
É importante entender que o conhecimento cien- for passível de verificação mediante comprovação
tífico nunca é absoluto ou final, pode ser sempre mo- compatível com o método científico.
dificado ou substituído. A exatidão sobre um conheci-
mento nunca é obtida integralmente, mas sim, através Mas o que é o método científico?
Pode-se dizer que um método é “uma maneira de
de modelos sucessivamente mais próximos. Por isso,
como se fazer algo”. Assim, em se tratando de prática
um conhecimento é válido até que novas observações
científica é necessária a existência e aplicação de um
ou experimentações o substituam.
método.
Este consiste em um conjunto de etapas ordena-
das dispostas a serem executadas e que tem por fina-
lidade a investigação de fenômenos para a obtenção
de conhecimento.
Historicamente, pode-se utilizar o método pro-
posto por Galileu Galilei. As etapas propostas foram:
observar os fenômenos, analisar seus elementos
constitutivos visando estabelecer relações quantita-
tivas entre os mesmos, induzir hipóteses com base na
Fig.2 - Fonte: https://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/ análise preliminar, verificar as hipóteses utilizando um
admin/arquivosUpload/4490/material/Metodologia_
Cientifica_4_Edicao_P_B.pdf
procedimento experimental, generalizar o resultado
Acesso: 09/11/2022 alcançado para situações similares, confirmar estas
generalizações para se chegar a uma lei geral. Esque-
Assim, na área da tecnologia por exemplo, a ci- maticamente, temos:
ência tem por objetivo estabelecer conceitos, defi-
nições e parâmetros a partir de novas descobertas

163
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
que haja uma organização do processo de elaboração
das ações.

MÍDIAS INTEGRADAS

Para fixar melhor o significado de Ciência e como o


método científico faz parte dela, sugerimos que você
acesse ao vídeo do canal “Olá, ciência!” no qual se
discute esse assunto.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=QA0P-
D7eu4yE

CNT - ATIVIDADE PRÁTICA

Resumo: Os alunos manipulam uma caixa selada


“misteriosa” e fazem tentativas para descobrir o
conteúdo do interior da caixa, que terá objetos
Fig.4 - Fonte: https://docplayer.com.br/docs-images/
de diferentes materiais e tamanhos dentro. Eles
45/21254092/images/page_2.jpg irão experimentar a fonte da incerteza inerente ao
Acesso: 09/11/2022 processo de solução de problemas e buscarão uma
conclusão através da colaboração com os colegas e
Um exemplo possível de aplicação é mostrado na argumentação científica.
figura a seguir:
Objetivos: Alunos farão a distinção entre observação
e interpretação; reconhecer duas causas de incerteza
na ciência; ilustrar formas não-visuais de se obter
informação; reconhecer elementos da solução de
problemas científica através do experimento.

Material Necessário e preparação (para o professor):


acesse o link - https://aulanapratica.files.wordpress.
com/2016/04/o-mistc3a9rio-da-caixa.pdf

Atividade retirada do site: https://aulanapratica.


wordpress.com/category/sem-categoria/metodo-
cientifico/

Fig.5 - Fonte: https://docplayer.com.br/docs-images/


45/21254092/images/page_2.jpg Nivelamento e Ampliação
Acesso: 09/11/2022

Medidas de uma Grandeza

Antes de mais nada é conveniente definir o signi-


ATENÇÃO ficado dos termos medição, medida(s), dados expe-
rimentais e resultados experimentais.
Não existe uma única concepção de ciência, as- • Medição é o ato ou efeito de medir.
sim como não existe uma única concepção de mé- • Medida é o termo usado para se referir ao valor
todo científico. Dessa foram, não importa a filosofia numérico (em unidade padrão) resultante de
do método, as etapas existem necessariamente para uma dada medição.

164
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
• Dados experimentais são os valores obtidos nas
medições diretas.
• Resultados Experimentais geralmente são os
valores obtidos após serem realizados cálculos
com dados experimentais, podendo ser obtidos
de duas maneiras: através de medições diretas
ou de medições indiretas.

Um dos princípios básicos da ciência é que não se Fig.6 - Fonte: https://www1.univap.br/irapuan/files/Apostila_


consegue medir uma grandeza com precisão absoluta, Fisica_Experimental.pdf
ou seja, “qualquer medição, por mais bem-feita que Acesso: 17/11/2022
seja, é sempre aproximada”.
Assim, o valor medido nunca representa o valor Tratamento Estatístico de Medida
verdadeiro da grandeza, pois este nunca é conheci-
do com total certeza. Chama-se valor verdadeiro ou Para obter um melhor resultado de medidas dire-
valor do mensurando ao valor que seria obtido se a tas ao invés de se fazer uma infinidade de medidas,
medição da grandeza fosse feita de maneira perfeita o que demandaria muito tempo, pode-se recorrer à
e com instrumentos perfeitos. Quando um resultado Estatística, para obter o melhor valor possível. A se-
deve ser aplicado ou registrado é necessário saber guir são apresentadas definições de dois parâmetros
com que confiança se pode dizer que o número obti- estatísticos associados a um conjunto de N medidas
do representa a grandeza física. O valor medido ou o obtidas da repetição de um mesmo mensurável.
resultado deve ser expresso associado ao erro, desvio, O valor médio de um conjunto de N medidas é
ou incerteza da medida, utilizando uma representação definido como a média aritmética dos valores que
em uma linguagem universal, fazendo com que seja compõem este conjunto, de acordo com a relação:
compreensível a outras pessoas.

Algarismos Significativos

Ao expressar uma medida é necessário saber ex-


pressar o número de algarismos com que se pode Fig.7 - Fonte: https://www1.univap.br/irapuan/files/Apostila_
escrever tal medida, a unidade e o grau de confiança Fisica_Experimental.pdf
do valor expresso, ou seja, é necessário incluir uma Acesso: 17/11/2022
primeira estimativa de incerteza. O erro de uma me-
dida é classificado como incerteza do tipo A ou incer- Sendo xi o i-ésimo elemento do conjunto de me-
teza do tipo B. A incerteza obtida a partir de várias didas.
medições é chamada de incerteza padrão do tipo A O desvio absoluto associado ao conjunto de N
que é o desvio padrão determinado por métodos esta- medidas é definido a partir da somatória do resíduo
tísticos. A incerteza estimada em uma única medição d x i = (xi - x) de cada i-ésima medida integrante do
é classificada como incerteza padrão tipo B, que é a conjunto, de acordo com a relação:
incerteza obtida por qualquer método que não seja
estatístico. A estimativa da incerteza é uma avaliação
visual, podendo ser considerada uma fração da menor
divisão da escala, feita mentalmente por quem realiza
Fig.8 - Fonte: https://www1.univap.br/irapuan/files/Apostila_
a medição. Fisica_Experimental.pdf
Vamos exemplificar como podemos realizar uma Acesso: 17/11/2022
medida científica. Suponha que estejamos realizando
a medida de alguma peça como mostrado na figura a
seguir. Pode-se observar que o comprimento da peça
está entre 7 e 8 centímetros. Qual seria o algarismo
que viria após o 7? Apesar da menor divisão da régua SUGESTÃO DE ATIVIDADE
ser 1 cm, é razoável fazer uma subdivisão mental do in-
tervalo compreendido entre 7 e 8 cm. Desta maneira, 01 - (FUVEST) O tema “teoria da evolução” tem pro-
representa-se o comprimento da peça como sendo 7,3 vocado debates em certos locais dos Estados Unidos
cm. O algarismo 7 desta medida foi lido com certeza, da América, com algumas entidades contestando seu
porém o 3 não. Não se tem certeza do algarismo, por ensino nas escolas. Nos últimos tempos, a polêmica
isso, ele é denominado como algarismo duvidoso.

165
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
está centrada no termo teoria que, no entanto, tem agrimensor encontrou 75 km.
significado bem definido para os cientistas. Sob o pon- a) Qual o algarismo duvidoso desta medida?
to de vista da ciência, teoria é: b) É aceitável escrever esta medida como 75000 m?
(A) Sinônimo de lei científica, que descreve regulari- Por quê?
dades de fenômenos naturais, mas não permite c) Qual é a maneira certa de se expressar esta medida
fazer previsões sobre eles. em metros, sem deixar dúvidas quanto aos algarismos
(B) Sinônimo de hipótese, ou seja, uma suposição significativos?
ainda sem comprovação experimental.
(C) Uma ideia sem base em observação e experimen- 3 Medições e Ordem de Grandeza
tação, que usa o senso comum para explicar fatos
do cotidiano. Para que possamos realizar uma medida de uma
(D) Uma ideia, apoiada no conhecimento científico, grandeza física de forma correta precisamos:
que tenta explicar fenômenos naturais relaciona- 1. Escolher o instrumento adequado para a me-
dos, permitindo fazer previsões sobre eles. dida;
(E) Uma ideia, apoiada pelo conhecimento científi- 2. Aprender o procedimento de utilização do ins-
co, que, de tão comprovada pelos cientistas, já é trumento escolhido;
considerada uma verdade incontestável. 3. Aprender a ler a escala de medida desse instru-
mento e avaliar o resultado criticamente.
02 - Ao examinar um fenômeno biológico, o cientista
sugere uma explicação para o seu mecanismo, base- Por exemplo, se quisermos medir o comprimento
ando-se na causa e no efeito observados. Esse proce- de uma sala de aula, a largura de uma folha de cader-
dimento (marque V para verdadeiro e F para falso): no e o diâmetro de um fio de cabelo, devemos utilizar
a) Faz parte do método científico. instrumentos de medida diferentes. Para a medida do
b) É denominado formulação de hipóteses. comprimento da sala de aula poderíamos utilizar, por
c) Deverá ser seguido de uma experimentação. exemplo, uma trena. Uma régua deve ser mais que
d) Deve ser precedido por uma conclusão. suficiente para medir a largura da folha de caderno
e um micrômetro pode ser utilizado para o diâmetro
03 - Considere a figura abaixo: do fio de cabelo. Note que, nos três casos citados,
queremos realizar medidas de comprimento, ou seja,
medidas de mesma dimensão. Mesmo assim, necessi-
tamos de instrumentos diferentes em cada caso, pois
as medidas a serem efetuadas são, quantitativamente,
muito diferentes. Em linguagem científica diríamos
que as medidas são de ordens de grandeza diferentes.
a) Qual é o comprimento da barra? A ordem de grandeza de uma dimensão é um
b) Quais são os algarismos corretos e o avaliado desta número, representado na forma de potência de 10,
medida? que melhor representa o valor típico da dimensão em
c) Expresse sua medida também em função da in- questão, acompanhado da sua unidade. No exemplo
certeza. acima, a ordem de grandeza do comprimento da sala
é 103 cm, da folha de papel, 101 cm e do fio de cabelo,
04 - Uma pessoa sabe que o resultado de uma medida 10-4 cm. O universo das medidas físicas abrange um
deve ser expresso apenas com algarismos significati- intervalo de muitas ordens de grandeza. Por exemplo,
vos. Se esta pessoa lhe disser que a velocidade de um um núcleo atômico tem dimensões da ordem de 10-15
carro era de 153 km/h, m, enquanto o Universo tem dimensões estimadas
a) Quais são os algarismos que ela leu no velocímetro da ordem de 1026 m. A diferença entre esses dois ex-
analógico? tremos deixa claro a necessidade de instrumentos de
b) Qual foi o algarismo duvidoso avaliado pela pessoa? medida específicos para cada situação.

05 - A temperatura de um menino foi medida usan-


do-se dois termômetros diferentes, encontrando-se
36,8°C e 36,80°C.
a) Qual é o algarismo duvidoso da primeira medida? MOMENTO ENEM
b) Na segunda medida o algarismo 8 é o duvidoso ou
correto? Justifique. 01. (Enem 2019) A lenda diz que, em um belo dia en-
solarado, Newton estava relaxando sob uma macieira.
06 - Ao medir o comprimento de uma estrada, um Pássaros gorjeavam em suas orelhas. Havia uma brisa

166
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
gentil. Ele cochilou por alguns minutos. De repente, Capítulo 7
uma maçã caiu sobre a sua cabeça e ele acordou com GRANDEZAS FÍSICAS E
um susto. Olhou para cima. “Com certeza um pássaro
INSTRUMENTOS DE MEDIDA
ou um esquilo derrubou a maçã da árvore”, supôs.
Mas não havia pássaros ou esquilos na árvore por
Competência específica 2
perto. Ele, então, pensou: “Apenas alguns minutos
Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica
antes, a maçã estava pendurada na árvore. Nenhuma
da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argu-
força externa fez ela cair. Deve haver alguma força
mentos, realizar previsões sobre o funcionamento
subjacente que causa a queda das coisas para a terra”.
e a evolução dos seres vivos e do Universo, e funda-
The English Enlightenment, p. 1-3, apud MARTINS,
mentar e defender decisões éticas e responsáveis.
R. A. A maçã de Newton: história, lendas e tolices.
In: SILVA, C. C. (org.). Estudos de história e filosofia
Habilidade da BNCC
das ciências: subsídios para aplicação no ensino. São
(EM13CNT204) Elaborar explicações, previsões e
Paulo: Livraria da Física, 2006. p. 169 (adaptado)
cálculos a respeito dos movimentos de objetos na
Em contraponto a uma interpretação idealizada, o
Terra, no Sistema Solar e no Universo com base na
texto aponta para a seguinte dimensão fundamental
análise das interações gravitacionais, com ou sem
da ciência moderna:
o uso de dispositivos e aplicativos digitais (como
(A) Falsificação de teses.
softwares de simulação e de realidade virtual, entre
(B) Negação da observação.
outros).
(C)Proposição de hipóteses.
(EM13CNT205) Interpretar resultados e realizar
(D) Contemplação da natureza.
previsões sobre atividades experimentais, fenôme-
(E) Universalização de conclusões
nos naturais e processos tecnológicos, com base
nas noções de probabilidade e incerteza, reconhe-
cendo os limites explicativos das ciências.

Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM


REFERÊNCIAS
(GO-EMCNT204A) Diferenciar grandezas escalares
de vetoriais aplicando esse conhecimento em si-
GODOY, L.; AGNOLO, R.; MELO W. Ciências da Natu- tuações- problema que evidenciem a matemática
reza – Movimentos e Equilíbrios na Natureza. 1. ed., vetorial para mostrar sua aplicação enquanto fer-
São Paulo: FTD, 2020. ramenta nas Ciências.
(GO-EMCNT205A) Entender as medições de gran-
HALLIDAY, D.; WALKER, J.; RESNICK R. Fundamentos dezas da área de Ciências da Natureza usando ins-
de Física Volume 1. 8. ed., Rio de Janeiro: LTC, 2009. trumentos simples de medidas (régua, trena, gar-
rafas pets entre outros) para explorar o sistema
KESTEN, Philip R.; Tauck, David L. Física na Universi- internacional de unidades.
dade Volume I. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
Objeto(s) de conhecimento
- Grandezas Físicas
- Instrumentos de Medida

Descritores Saeb EM13CNT204 e EM13CNT204


- Reconhecer características, grandezas e represen-
tações associadas ao movimento dos corpos.
- Compreender o funcionamento de instrumentos
e os métodos utilizados para a realização de obser-
vações e medidas.

1 Sistema Internacional de Unidades

No Sistema Internacional de Unidades (SI) existe


um grupo de sete grandezas físicas independentes,
também chamadas de unidades de base, ou grande-
zas de base. Para cada uma das sete grandezas existe

167
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
uma unidade de medida padrão e um símbolo que Corrente elétrica (A): A 9ª CGPM, em 1948, ado-
representa tal unidade, como está mostrado na ta- tou o ampere como unidade de corrente elétrica,
bela abaixo: definida no Comitê Internacional de Pesos e Medi-
das (CIPM), em 1946, como sendo a corrente elétrica
Grandeza Unidade de invariável que, mantida em dois condutores retilíneos,
Símbolo paralelos, de comprimento infinito e de área de se-
de base medida
ção transversal desprezível, situados no vácuo, a um
Tempo segundo (s)
metro de distância um do outro, produz entre esses
Massa quilograma (Kg) condutores uma força igual a 2.10-7 Newton por metro
Comprimento metro (m) de comprimento desses condutores.
Temperatura Kelvin (K)
Quantidade de subs- Intensidade luminosa (cd): A 16ª CGPM, em 1979,
mol (mol) adotou a seguinte definição -> candela é a intensida-
tância
de luminosa, numa direção dada, de uma fonte que
Corrente elétrica ampère (A) emite uma radiação monocromática de frequência
Intensidade luminosa candela (cd) 540.10^12 hertz e cuja intensidade energética naque-
la direção é 1/683 watt por esferorradiano.
Tempo (s): O segundo é a duração de 9 192 631
770 períodos da radiação correspondente à transição
entre os dois níveis hiperfinos do estado fundamental
do átomo de césio 133. Essa definição se refere a um SAIBA MAIS
átomo de césio em repouso, a uma temperatura de 0
K. O segundo tem uma definição recente e tem sido re- Como sugestão de aprofundamento no assunto
alizado com incertezas cada vez menores, com relativa sugerimos a leitura da cartilha “O novo Sistema
facilidade, inclusive utilizando equipamentos comer- Internacional de Unidades” acessando o link
ciais. É baseado em propriedades atômicas, do átomo http://metrologia.org.br/wpsite/wp-content/
de um isótopo do Césio, na região das microondas. uploads/2019/07/Cartilha_O_novo_SI_29.06.2029.
pdf.
Massa (Kg): O quilograma é a unidade de massa;
ele é igual à massa do protótipo internacional do qui-
lograma. Definida por um artefato material, o protó-
tipo internacional é conservado com suas seis cópias
oficiais no BIPM/França. ATENÇÃO
No próximo quadro estão listados alguns prefixos dos
Comprimento (m): O metro é o comprimento do múltiplos e submúltiplos mais comuns das grandezas
trajeto percorrido pela luz no vácuo durante um in- fundamentais, todos na base de potências de 10. Os
tervalo de tempo de 1/299 792 458 de segundo. Essa prefixos podem ser aplicados a qualquer unidade.
definição aconteceu em 1983, durante a 17ª CGPM. Assim, 10-3 s é o mesmo que 1 milissegundo, ou ainda
1 ms; 106 W é 1 megawatt ou 1MW.
Temperatura (K): O kelvin, unidade de temperatu-
ra termodinâmica, é a fração 1/273,16 da temperatura
termodinâmica do ponto triplo da água. A 13ª CGPM,
em 1967-1968, adotou o nome de kelvin para essa
unidade (K), ao invés de grau kelvin (°K) e definiu a
unidade da temperatura termodinâmica em termos
de uma fração da temperatura termodinâmica do
ponto triplo da água.

Quantidade de substância (mol): O mol é a quan-


tidade de substância de um sistema que contém tan-
tas entidades elementares quantos átomos existem
Fonte: https://deividfacio.blogspot.com/2016/04/revisao-
em 0,012 quilogramas de carbono 12. Nesta definição, multiplos-e-submultiplos.html. Acesso:09/11/2022.
entende-se que se faz referência aos átomos não li-
gados de carbono 12, em repouso e no seu estado
fundamental.

168
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
2 Medida de Comprimento é composto por muitos elementos que apresentam
variações durante o processo de construção e cali-
Quando se realiza uma medida de comprimento bração do instrumento. Nesse caso, deve-se sempre
utilizando uma régua comum, a menor divisão disponí- consultar o manual do fabricante que especifica as
vel é, em geral, 1 milímetro (1 mm). Para se medir dé- incertezas instrumentais para cada modo de leitura
cimos ou centésimos de mm não bastaria acrescentar do aparelho.
traços intermediários à régua, uma vez que os mesmos
seriam de difícil (até mesmo impossível) leitura. Além
disso, dadas as pequenas dimensões envolvidas, seria
muito difícil posicionar corretamente o instrumento.
Nesse caso, apesar do instrumento ser preciso, o mé- CNT - ATIVIDADE PRÁTICA
todo de medida limita a precisão de medida possível
de ser alcançada pelo experimentador. Quando se quer Podemos reproduzir de forma qualitativa a experiência
efetuar medidas com precisão de décimos ou centési- de Galileu e constatar que todos os corpos caem
mos de milímetro utilizam-se instrumentos especiais, com a mesma velocidade. Dessa maneira é possível
tais como o micrômetro e paquímetro. exercitamos nossos conhecimentos sobre medidas
e a utilização do sistema internacional de unidades.
Para isso você irá precisar de:
- Uma folha de papel;
- Um caderno;
- Uma trena (ou fita métrica);
- Uma balança (opcional).

Procedimentos:
1°) Meça a massa da folha de papel e do caderno (se
não tiver a balança ignore essa etapa);
2°) Faça uma bolinha amassando toda a folha de
papel;
Fonte: https://focusmetrologia.com/2020/04/25/regua- 3°) Com a trena, marque próximo a parede uma altura
graduada/ . Acesso:09/11/2022. de 2 m;
4°) Da altura marcada, solte o caderno e a bolinha
Instrumentos Digitais feita com a folha de papel.
5°) Repita a etapa anterior soltando o caderno e a
Instrumentos digitais são cada vez mais comuns folha de papel sem amassá-la.
no nosso dia a dia, devido à facilidade de uso e aos
custos de fabricação cada vez menores. Instrumentos Perguntas:
digitais fornecem a leitura direta dos algarismos cor- a) Quem possui maior massa? A folha de papel ou o
respondentes à medida efetuada, tornando a leitura caderno?
muito mais fácil. Exemplos comuns de instrumentos b) A bolinha feita a partir da folha de papel possui
de medida digitais incluem paquímetros e micrôme- massa diferente da folha sem amassá-la?
tros digitais, cronômetros, balanças, multímetros, etc. c) Qual dos corpos atingiu primeiro o solo? A bolinha
Quando se efetua a leitura de uma medida em de papel ou o caderno?
um instrumento digital, pode ocorrer a flutuação no d) O que explica o caderno ter atingido o solo primeiro
último algarismo (ou nos últimos) da leitura. Nesses do que a folha de papel (aberta, sem amassar)?
casos, o experimentador deve estar atento à medi- Obs.: Nessa atividade é importante que se leve em
da efetuada e tomar como valor de medida aquele consideração os algarismos significativos da medida.
correspondente à média visual realizada durante a
medida efetuada. Dessa maneira, deve-se estimar
uma incerteza estatística da leitura a partir da varia-
ção observada durante a medida.
Outro aspecto importante na utilização de instru- SUGESTÃO DE ATIVIDADE
mentos digitais é a determinação da incerteza instru-
mental envolvida. Ao contrário de instrumentos ana-
lógicos, nos quais, em geral, a incerteza instrumental 01.(EEAR-2018) A unidade de momento de uma força
vale metade da menor divisão, é muito difícil esta- em relação a um ponto pode ser derivada a partir das
belecer uma regra para incertezas de instrumentos unidades fundamentais do Sistema Internacional de
digitais. Isso vem do fato que cada instrumento digital Unidades (S.I.), como:

169
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
a) kg.s2/m2 3 Grandezas Escalares e Vetoriais
b) kg.m2/s2
c) g.s2/m Grandezas escalares são aquelas que podem ser
d) kg.m/s2 definidas apenas com um valor e sua unidade de me-
dida. Se te perguntam a temperatura, é comum res-
02. (UERJ-2014) O acelerador de íons pesados relati- ponder 23°C, por exemplo. Não vemos necessidade
vísticos de Brookhaven (Estados Unidos) foi inaugu- de ter mais nenhuma informação.
rado com a colisão entre dois núcleos de ouro, libe- Já as grandezas vetoriais necessitam, além do va-
rando uma energia de 10 trilhões de elétrons-volt. Os lor e da unidade de medida, informar o sentido e a
cientistas esperam, em breve, elevar a energia a 40 direção. Elas podem ser representadas por um vetor.
trilhões de elétrons- volt, para simular as condições Um exemplo de grandeza vetorial é a força. Ima-
do Universo durante os primeiros microssegundos gine uma brincadeira de cabo-de-guerra, como a da
após o Big Bang. imagem a seguir:
Sabendo que 1 elétron-volt é igual a 1,6.10-19 joules,
a ordem de grandeza da energia, em joules, que se
espera atingir em breve com o acelerador de Brookha-
ven é:
a) 10 – 8
b) 10 – 7
c) 10 – 6
d) 10 – 5
e) 10 – 4 Fonte: https://unidospelavida.org.br/toemcasadica34/ .
Acesso:17/11/2022
03.(CEFET-MG-2013) Nos trabalhos científicos, núme-
ros muito grandes ou próximos de zero, são escritos Faz sentido dizer que o jogo acabou porque uma
em notação científica, que consiste em um número das pessoas puxou a corda com uma força de 40 N?
x, tal que 1 < x < 10 multiplicado por uma potência Para sabermos qual lado ganhou, precisamos também
de base 10. informar em qual direção e sentido a força de 40 N
Assim sendo, 0,00000045 deve ser escrito da seguinte foi aplicada. Por exemplo: foi aplicada uma força de
forma: 40 N na direção horizontal e no sentido da direita.
a) 0,45.10-7 Agora sim!
b) 4,5.10-7 Veja a representação de um gráfico para ficar bem
c) 45.10-6 clara a diferença entre direção e sentido:
d) 4,5.10-8
e) 4,5.10-5

04.(CEFET-SP) Uma pessoa percebeu que, durante 10


anos, para acender o seu aquecedor, consumiu uma
caixa de palitos de fósforo a cada mês. Cada caixa
apresenta, em média, 40 palitos. A ordem de gran-
deza do número de palitos consumidos ao final dos Fonte: https://intranet.policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/
10 anos é: uploadFCK/ctpmbarbacena/11042017090549535.pdf
Acesso:17/11/2022
a) 10
b) 102
Operações com Vetores
c) 103
d) 104
As operações com vetores dependem da direção
e) 105
e do sentido entre eles. Para cada caso, utilizamos
uma equação diferente. Veja a seguir as principais
05.(EEAR-2017) Assinale a alternativa na qual a unida-
operações que podem ser realizadas com vetores:
de descrita não é uma unidade básica, ou fundamen-
tal, do Sistema Internacional de Unidades.
Vetores na mesma direção
a) grama [g]
Para realizar operações com vetores na mesma
b) metro [m]
direção, devemos inicialmente estabelecer um sentido
c)segundo [s]
como positivo e outro como negativo. Normalmente
d)Ampère [A]
utilizamos como positivo o vetor que “aponta” para
a direita, já o negativo é o vetor que aponta para a

170
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
esquerda. Após convencionar os sinais, somamos al- formada corresponde a um triângulo retângulo, em
gebricamente os seus módulos: que os vetores d1 e d2 são os catetos e d é a hipote-
nusa. Sendo assim, podemos calcular o módulo de d
através do Teorema de Pitágoras:

d 2 = d1 2 + d2 2

PONTO DE ATENÇÃO!!
Caso o ângulo seja diferente de 90°, devemos usar
a seguinte regra para encontrar o módulo do vetor
resultante:

Fonte: https://intranet.policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/
uploadFCK/ctpmbarbacena/11042017090549535.pdf
Acesso:17/11/2022

Os vetores a, b e c têm a mesma direção, porém


o vetor c possui sentido contrário. Utilizando a con-
venção de sinais, temos a e b com sinais positivos e c
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
com sinal negativo. Sendo assim, o módulo do vetor
resultante d será dado pela equação:
d=a+b–c 01. Marque E se a grandeza for escalar e V se a gran-
O sinal de d indica o sentido do vetor resultante: deza for vetorial:
se d for positivo, seu sentido será para a direita; mas ( ) Volume
se for negativo, seu sentido será para a esquerda. ( ) Força
( ) Velocidade
Vetores perpendiculares entre si ( ) Temperatura
Dois vetores são perpendiculares quando fazem ( ) Área
um ângulo de 90° entre si. Suponha que um móvel ( ) Posição
saia do ponto A e vá na direção oeste, deslocando-se a ( ) Deslocamento
uma distância d1 e chegando ao ponto B. Em seguida, ( ) Tempo
ele sai do ponto B e vai até um ponto C, deslocando-se ( ) Distância
a uma distância d2 agora na direção norte, conforme ( ) Aceleração
mostra a figura:
02. João caminha 3m para oeste e depois 6m para o
sul. Em seguida, ele caminha 12m para leste. Repre-
sente cada deslocamento de João por meio de vetores
e depois, desenhe o vetor deslocamento total.

03. Usando a regra do paralelogramo, desenhe na os


vetores resultantes em cada um dos casos a seguir.

Fonte: https://intranet.policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/
uploadFCK/ctpmbarbacena/11042017090549535.pdf
Acesso:17/11/2022

04. Um barco tem o motor funcionando em regime


O descolamento resultante do ponto A até o ponto constante e sua velocidade em relação a água tem
C é representado pelo vetor d. Observe que a figura módulo igual a 5m/s. A correnteza se movimenta em

171
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
relação às margens a 2 m/s. Usando seus conhecimen-
tos sobre vetores, determine o módulo da velocidade
nas seguintes circunstâncias (Faça uma figura para REFERÊNCIAS
cada um dos casos):
a) o barco navega na direção e no sentido da corren-
GODOY, L.; AGNOLO, R.; MELO W. Ciências da Natu-
teza.
reza – Movimentos e Equilíbrios na Natureza. 1. ed.,
b) o barco navega na direção e em sentido contrário
São Paulo: FTD, 2020.
ao da correnteza.
c) o barco se movimenta perpendicularmente a cor-
HALLIDAY, D.; WALKER, J.; RESNICK R. Fundamentos
renteza. (Use a regra do paralelogramo.)
de Física Volume 1. 8. ed., Rio de Janeiro: LTC, 2009.
05. Dados dois vetores de módulos a = 20u (20 uni-
KESTEN, Philip R.; Tauck, David L. Física na Universi-
dades) e b = 15u, determine o módulo do vetor soma
dade Volume I. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
dos dois vetores dados, nos seguintes casos:
a) Os vetores dados têm a mesma direção e sentido.
KESTEN, Philip R.; Tauck, David L. Física na Universi-
b) Os vetores dados têm a mesma direção e sentidos
dade Volume II. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
contrários
c) Os vetores formam entre si um ângulo de 90°
FREITAS, P.L. Movimento de Queda Livre, 2000. PDF.
Disponível em: <encurtador.com.br/kuPQ2>. Acesso
06.(EEAR-2018) Um avião de brinquedo voa com uma
em: 03 de ago. de 2022.
velocidade de módulo igual a 16 km/h, numa região
com ventos de velocidade de módulo 5 km/h. As dire-
ções da velocidade do avião e da velocidade do vento
formam entre si um ângulo de 60º, conforme figura
abaixo. Determine o módulo da velocidade resultante,
em km/h, do avião nesta região.

a) 19
b) 81
c) 144
d) √201

07.(EEAR-2015) Considerando que a figura represen-


ta um conjunto de vetores sobre um quadriculado,
assinale a alternativa que indica o módulo do vetor
resultante desse conjunto de vetores.

a) 10
b) 8
c) 6
d) 0

172
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 8
ESTUDO DOS MOVIMENTOS
ATENÇÃO
Habilidade da BNCC
(EM13CNT204) Elaborar explicações, previsões e
Referenciais em repouso ou em movimento retilí-
cálculos a respeito dos movimentos de objetos na
neo e uniforme são chamados de inerciais.
Terra, no Sistema Solar e no Universo com base na
O sistema cartesiano da figura abaixo representa
análise das interações gravitacionais, com ou sem um referencial onde a posição da mosca é dada pelas
o uso de dispositivos e aplicativos digitais (como coordenadas (x1,y1). Se as coordenadas da mosca se
softwares de simulação e de realidade virtual, entre alterarem com o tempo, a mosca estará em movi-
outros). mento em relação ao eixo das abscissas e ordenadas.
Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM
(GO-EMCNT204B) Comparar os conceitos de re-
ferenciais inerciais e não inerciais, mostrando
exemplos concretos do cotidiano para descrever
o movimento em diversas situações.

Objeto de conhecimento
Movimento dos Corpos
Por isso, podemos dizer que uma partícula está em
Você já deve ter ouvido do que se trata a cinemá- movimento em relação a um sistema de referência (re-
tica. É a parte da mecânica que estuda os movimentos ferencial) quando sua a posição se altera no decorrer
sem considerar suas causas. Imagina uma pipa subin- do tempo neste referencial. Como consequência pelo
do e considere as seguintes frases: menos uma de suas coordenadas varia com o tempo.
O repouso ocorre quando nenhuma das coordenadas
“Nossa! Essa pipa subiu mais rápido hoje!” da partícula se altera, em relação ao sistema de refe-
“Ah! Deve ser por causa do vento” rência, no decorrer do tempo.

A primeira frase simplesmente descreve o movi- 3. Posição e Deslocamento


mento sem falar o que o causou de fato. Isso é um
estudo feito pela cinemática. Já a segunda frase tenta Para falar em posição (uma dimensão), deve-se
explicar o movimento mencionando o vento como ter um sistema de coordenadas em mente (para o
causa. Isso é estudado pela dinâmica, que será visto momento estamos usando o sistema cartesiano). É
mais adiante. necessário ter uma origem, como posição zero, e um
sentido positivo. A posição é a distância até a origem
1 Conceitos Iniciais com um sinal de acordo com as coordenadas ado-
tadas.
1. Ponto Material

O planeta Terra pode ser considerado uma partí-


cula? Um corpo é considerado ponto material ou par-
tícula quando suas dimensões podem ser desprezadas
em relação a um fenômeno estudado.
Dessa forma e dependendo da situação um ho-
mem, um automóvel e até mesmo a Terra podem ser
considerados pontos materiais.
Repare que a posição pode ser negativa: basta
A Terra é considerada uma partícula quando o seu
ela estar atrás da origem, como é o caso mostrado na
movimento em torno do Sol é estudado.
figura (−10 m). Pode ser positiva, se estiver a frente
da origem (10 m). Na origem, a posição é zero.
2. Referencial
O deslocamento é um vetor que mede a variação
dessa posição. É calculado como:
O corpo que usamos como base para definir as
posições de outros corpos é denominado referencial.
É em relação ao referencial que determinamos se um Sendo x aposição final e x0 a posição inicial de algo
corpo está ou não em movimento. que se moveu nessas coordenadas.

173
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Para dar um exemplo, vamos ver abaixo a coruja
em sua corrida diária, ao longo do eixo x. Inicialmente,
ela estava na posição x0=-10. No final de sua corrida,
foi para a posição x=+10 .

A função horária que representa o movimento é


dada por:

Onde:
S – Posição final;
S0 – Posição inicial;
Dessa forma, o vetor deslocamento foi: v – Velocidade.
t – Tempo.

Esse conceito é também usado no cálculo de ve-


locidades. ATIVIDADES

2 Velocidade Média 01. (EEAR) O avião identificado na figura voa horizon-


talmente da esquerda para a direita. Um indivíduo no
A razão entre o deslocamento sofrido pelo móvel solo observa um ponto vermelho na ponta da hélice.
em um dado intervalo de tempo chamamos de velo- Qual figura melhor representa a trajetória de tal ponto
cidade escalar média e representamos pela equação em relação ao observador externo?
a seguir.

Nesse caso, ΔS = S-S0 (onde preferimos, para ge-


neralizar, utilizar a letra “S” ao invés de “x” para ex-
pressar a posição da partícula) e Δt = t-t0. Os termos
inicial e final correspondem ao período de contagem
do tempo, não importando se o carro ficou parado
durante algum momento ou se houve variação de
velocidade no percurso. a)
No Sistema Internacional (SI) a unidade de velo-
cidade média é o metro por segundo (m/s).

b)

ATENÇÃO
c)
1- Para transformarmos km/h em m/s basta divi-
dirmos o número por 3,6;
2- Para transformarmos m/s em km/h basta mul- d)
tiplicarmos o número por 3,6.

Movimento Retilíneo e Uniforme 02. (PUC/SP/2002- Adaptada) Leia com atenção a tira
da Turma da Mônica mostrada abaixo e analise as
Um corpo realiza MRU quando sua velocidade é afirmativas que se seguem, considerando os princípios
constante e diferente de zero. da Mecânica Clássica.

174
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Calcule, para esse automóvel, a variação de espaço ()
e a distância percorrida {d):
a) na ida;
b) na volta;
c) na ida e na volta juntas.

05.(CESGRANRIO) Um trem anda sobre trilhos hori-


zontais retilíneos com velocidade constante igual a
80 km/h. No instante em que o trem passa por uma
estação, cai um objeto, inicialmente preso ao teto do
trem. A trajetória do objeto, vista por um passageiro
parado dentro do trem, será:
I – Cascão encontra-se em movimento em relação
ao skate e também em relação ao amigo cebolinha.
II – Cascão encontra-se em repouso em relação ao
skate, mas em movimento em relação ao amigo ce-
bolinha.
III- Cebolinha encontra-se em movimento em relação
ao skate.
Estão corretas:
a) Apenas a I
b) I e II
c) I e III
d) II e III

03. (Enem/INEP/2013) Conta-se que um curioso inci-


06. (2017/EEAR) Duas esferas A e B que estavam em
dente aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial.
um balão, caem simultaneamente em direção ao solo.
Quando voava a uma altitude de dois mil metros, um
Com relação ao seu estado de repouso ou movimen-
piloto francês viu o que acreditava ser uma mosca
to, desconsiderando o atrito e os deslocamentos de
parada perto de sua face. Apanhando-a rapidamen-
massa de ar atmosféricos, pode-se afirmar que:
te, ficou surpreso ao verificar que se tratava de um
a) as duas esferas estão em repouso em relação a
projétil alemão.
PERELMAN, J. Aprenda física brincando.
qualquer referencial.
São Paulo: Hemus, 1970. b) as esferas estão em Movimento Uniformemente
Variado uma em relação à outra.
O piloto consegue apanhar o projétil, pois c) as duas esferas estão em repouso, desde que se
a) ele foi disparado em direção ao avião francês, frea- considere uma em relação à outra como referen-
do pelo ar e parou justamente na frente do piloto. cial.
b) o avião se movia no mesmo sentido que o dele, d) durante a queda o movimento de ambas será uni-
com velocidade visivelmente superior. forme em relação a um referencial no solo terres-
c) ele foi disparado para cima com velocidade cons- tre.
tante, no instante em que o avião francês passou.
d) o avião se movia no sentido oposto ao dele, com 07. (2016/EEAR) Após observar o clarão de um
velocidade de mesmo valor. raio, uma criança cronometrou o tempo para ouvir
e) o avião se movia no mesmo sentido que o dele, o estrondo causado, o trovão. Contou, então, dez
com velocidade de mesmo valor. segundos desde avistar o clarão até ouvir o trovão.
Procurando na internet, descobriu que a velocidade
04. Um automóvel parte do km 12 de uma rodovia e média do som no ar é 346 m/s. A distância estimada
deslocasse sempre no mesmo sentido até o km 90. Aí da criança ao raio é melhor expressa, em metros, por:
chegando, retorna pela mesma rodovia até o km 20. Observação: considere a detecção do clarão pela

175
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
criança como instantânea, como se a velocidade da Capítulo 9
luz fosse infinita. MOVIMENTO SUJEITO
a) 34,6
A ACELERAÇÃO CONSTANTE
b) 123
c) 3460
Habilidade da BNCC
d) 6920
(EM13CNT204) Elaborar explicações, previsões e
cálculos a respeito dos movimentos de objetos na
08. (2017/EEAR) Um móvel completa 1/3 de um per-
Terra, no Sistema Solar e no Universo com base na
curso com o módulo da sua velocidade média igual
análise das interações gravitacionais, com ou sem
a 2 km/h e o restante com o módulo da velocidade
o uso de dispositivos e aplicativos digitais (como
média igual a 8 km/h. Sendo toda a trajetória retilí-
softwares de simulação e de realidade virtual, entre
nea, podemos afirmar que a velocidade média desse
outros).
móvel durante todo o percurso, em km/h, foi igual a
a) 4
Objetivo de aprendizagem
b) 5
(GO-EMCNT204D) Explicar o movimento de obje-
c) 6
tos na Terra, utilizando experimentos simples para
d) 10
analisar a influência da gravidade na formação da
vida como a conhecemos.
09. (EEAR) Os corredores olímpicos da prova de cem
metros (100m) a completam em menos de 10 s. Já o
Objeto de conhecimento
atleta Usain Bolt venceu essa prova em 9,5 s. O mó-
Movimento dos Corpos
dulo da velocidade média de um atleta que percorre
os 100 m em 10 s é igual a _____ km/h.
a) 0,1
b) 0,9 1 Aceleração Escalar Média
c) 10
d) 36 Examine o deslocamento do tubarão da figura a
seguir e observe que, entre t=0 e t=0,5 s sua veloci-
10. (ESsPCex) Um automóvel percorre a metade de dade aumentou de 10 m/s em 0,5 s e ele realizou um
uma distância D com uma velocidade média de 24 m/s movimento acelerado.
e a outra metade com uma velocidade média de 8 m/s.
Nesta situação, a velocidade média do automóvel, ao
percorrer toda a distância D, é de:
a) 12 m/s
b) 14 m/s
c) 16 m/s Disponível em: http://fisicaevestibular.com.br/novo/wp-
d) 18 m/s content/uploads/migracao/aceleracao/i_38b74d02b231f054_
html_23e79220.jpg. Acesso em: 01 dez. 2021
e) 32 m/s
Entre 0,5s e 1,0s ele manteve sua velocidade
constante, realizando um movimento uniforme, não
possuindo, portanto, aceleração.
Entre 1s e 1,5s, o módulo da velocidade diminuiu
REFERÊNCIAS
de 10m/s em 0,5s, e ele realizou um movimento re-
GASPAR, A. Compreendendo a Física – Mecânica. 1. tardado.
Ed., São Paulo: Editora Ática, 2013. Define-se aceleração escalar média (am) ao quo-
ciente entre a variação de velocidade (ΔV) pelo res-
GODOY, L.; AGNOLO, R.; MELO W. Ciências da Natu- pectivo intervalo de tempo (Δt), ou seja:
reza – Origens. 1. ed., São Paulo: FTD, 2020.

HALLIDAY, D.; WALKER, J.; RESNICK R. Fundamentos


de Física Volume 1. 8. ed., Rio de Janeiro: LTC, 2009.

KESTEN, Philip R.; Tauck, David L. Física na Universi-


dade Volume I. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. Disponível em: http://fisicaevestibular.com.br/novo/wp-
content/uploads/migracao/aceleracao/i_38b74d02b231f054_
html_3101bd8b.png. Acesso em: 21 dez. 2021.

176
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Assim vemos que a velocidade do tubarão, de 0 a nas proximidades do planeta. Esse “algo” seria força
1s, aumentou de 10m/s, ou seja, nesse2
intervalo de de gravidade.
tempo sua aceleração foi de 10m/s .
Para calcularmos o espaço percorrido ou a posição
final do móvel no M.U.V. utilizamos preferencialmente
a equação horária do espaço:

Disponível em: http://fisicaevestibular.com.br/novo/wp-


content/uploads//migracao/funcao-muv/i_8c5cdb2bcd75627c_
html_5118a5aa.png. Acesso em: 21 dez. 2021.

E caso não tenhamos o tempo, utilizamos a equa-


ção de Torricelli, que leva esse nome em homenagem
a seu criador Evangelista Torricelli, um importante
cientista da idade média.

Disponível em: http://fisicaevestibular.com.br/novo/mecanica/


cinematica/conceitos-e-definicoes-movimento-e-repouso/.
Acesso em: 21 dez. 2021.
Fig.1 - Fonte: http://grupoevolucao.com.br/livro/Fisica1/
2 Experimento de Galileu lanamento_vertical_e_queda_livre.html. Acesso: 11/08/2022.

Ao liberarmos determinado corpo de uma certa


altura podemos observar que sua velocidade aumenta
gradualmente. Inversamente ao lançarmos um objeto
verticalmente para cima, sua velocidade decresce. Na SUGESTÃO DE ATIVIDADE
intenção de compreender esse movimento, o notório
cientista italiano Galileu Galilei (1564 - 1642) realizou De alguma maneira, podemos reproduzir de forma
várias experiências envolvendo a queda dos corpos qualitativa a experiência de Galileu e constatar que
(Figura 1). Antes de Galileu, acreditava-se erronea- todos os corpos caem com a mesma velocidade. Para
mente que se dois corpos de pesos diferentes fossem isso você irá precisar de:
abandonados juntos de uma mesma altura, o corpo - Uma folha de papel;
mais pesado chegaria primeiro ao chão. Utilizando o - Um caderno;
método experimental, Galileu subiu no alto da torre - Uma trena (ou fita métrica);
de Pizza, tomou duas esferas de massas diferentes e - Uma balança (opcional).
abandonou-as juntas daquela altura para que caíssem.
Conforme o pensamento da maioria das pessoas Procedimentos:
daquela época, esperava-se que o objeto mais pesa- 1°) Meça a massa da folha de papel e do caderno (se
do caísse mais rapidamente que o objeto mais leve. não tiver a balança ignore essa etapa);
Para o espanto de Galileu, os dois corpos atingiram 2°) Faça uma bolinha amassando toda a folha de pa-
o chão juntos. Galileu concluiu que se um corpo pe- pel;
sado e um corpo leve forem abandonados juntos de 3°) Com a trena, marque próximo a parede uma altura
uma mesma altura, eles cairão juntos, chegando ao de 2 m;
mesmo tempo no chão. Mais tarde, pôde-se perceber 4°) Da altura marcada, solte o caderno e a bolinha
que havia “algo” que influenciava a queda dos corpos feita com a folha de papel.

177
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
5°) Repita a etapa anterior soltando o caderno e a
folha de papel sem amassá-la.

Perguntas:
a) Quem possui maior massa? A folha de papel ou o
caderno?
b) A bolinha feita a partir da folha de papel possui
massa diferente da folha sem amassá-la?
c) Qual dos corpos atingiu primeiro o solo? A bolinha
de papel ou o caderno?
d) O que explica o caderno ter atingido o solo primeiro
do que a folha de papel (aberta, sem amassar)?

3 Aceleração da Gravidade

Utilizando um experimento semelhante ao pro-


posto por Galileu, é possível determinar a velocidade
em cada instante de queda de um corpo. Indepen-
dentemente da massa, podemos encontrar aproxima-
damente os valores (em módulo) da tabela a seguir:

Fig.2 - Fonte: encurtador.com.br/nCHPQ Acesso: 11/08/2022.

SAIBA MAIS
Tabela 1 – Posição e velocidade de um corpo em queda.
Dependência da Aceleração da Gravidade
Com o método gráfico ou alternativamente subs- O valor da aceleração da gravidade pode mudar
tituindo-se os valores da tabela na função horária dos segundo parâmetros de altura e latitude dentre ou-
espaços do movimento uniformemente variado, po- tros. Para entender como e por que essa variação
demos encontrar a aceleração de queda. No nível do acontece acesse o link encurtador.com.br/d�HW.
mar essa aceleração tem módulo de: Ele irá lhe direcionar para o trabalho acadêmico
realizado pelo pesquisador Wilson Lopes do Depar-
tamento de Física da Universidade de Guarulhos.

Assim, quando qualquer corpo é abandonado do


repouso e sem resistência do ar, sua velocidade au- 4 Movimento de Queda Livre
menta a cada segundo conforme mostra o esquema
a seguir. O movimento de queda livre é um movimento
uniformemente acelerado que ocorre em uma situa-
ção específica na qual não há resistência do ar. Dessa
maneira, ao soltarmos um corpo, a aceleração sofrida
por ele é sempre constante. Vamos analisar a seguinte
situação (Fig. 3):

178
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Fig.3 - Fonte: https://www.colegioanchieta.com.br/recife/apostilas/APOSTILA-DE-FISICA.pdf Acesso: 11/08/2022.

Podemos empregar um raciocínio semelhante Perceba que o sinal +/- diz respeito ao referencial
para o lançamento vertical. Nos dois casos as equa- adotado. Para o caso de adotarmos o sentido da ace-
ções válidas para realizar previsões da posição, ve- leração da gravidade a equação fica com sinal positivo
locidade e tempo, são as equações do movimento caso contrário, utilizamos o sinal negativo.
uniformemente variados a saber (Fig. 4):

ATIVIDADE INTEGRADORA

A influência da atração gravitacional é um dos


grandes fatores que determinam a evolução dos seres
viventes em nosso Planeta. Por consequência, nosso
organismo está plenamente adaptado à aceleração da
gravidade local. De fato, se passarmos algum tempo
em uma localidade na qual a aceleração da gravidade
é diferente da que estamos acostumados, nosso corpo
pode sofrer alterações como:
• Problemas de fertilidade;
Fig.4 - Fonte: https://www.colegioanchieta.com.br/recife/ • Perda de massa muscular e óssea;
apostilas/APOSTILA-DE-FISICA.pdf Acesso: 11/08/2022. • Envelhecimento prematuro;
• Alterações na estatura;
• Entre outros.

179
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Para explorar um pouco mais sobre esse assun- 6 - (FUC-MT) Um corpo é lançado verticalmente para
to, sugerimos que você possa acessar a reportagem cima com uma velocidade inicial de 𝑣0 = 30 m/s. Sendo
da BBC intitulada “O que aconteceria se a gravidade g = 10 m/s2 e desprezando a resistência do ar qual
deixasse de existir?” (Link: https://www.bbc.com/ será a velocidade do corpo 2,0 s após o lançamento?
portuguese/noticias/2016/02/160214_vert_earth_ (A) 20 m/s.
falta_gravidade_ml). (B) 10 m/s.
(C) 30 m/s.
Após a leitura, faça grupos para discutir suas prin- (D) 40 m/s.
cipais conclusões sobre o estudo. Teorize a respeito da (E) 50 m/s.
existência da vida na ausência de campo gravitacional.
7 - (FUC-MT) Em relação ao exercício anterior, qual é
a altura máxima alcançada pelo corpo?
(A) 90 m.
(B) 135 m.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE (C) 270 m.
(D) 360 m.
1 - Uma fruta madura cai da árvore com velocidade (E) 45 m.
inicial zero. Calcule a velocidade com que ela atinge
o solo, sabendo que ela caiu de uma altura de 4,0m. 8 - (Fafi-BH) Um menino lança uma bola verticalmente
para cima do nível da rua. Uma pessoa que está numa
2 - Um menino joga uma pedra para cima e observa sacada a 10 m acima do solo apanha essa bola quando
que ela atingiu a altura máxima num tempo de 2,5 s. está a caminho do chão. Sabendo-se que a velocidade
Calcule a velocidade com que o menino arremessou inicial da bola é de 15 m/s, pode-se dizer que a velo-
a pedra. cidade da bola, ao ser apanhada pela pessoa, era de
(A) 15 m/s.
3 - Calcule o tempo gasto para um objeto cair de uma (B) 10 m/s.
altura de 30 m, supondo que ele parte do repouso e (C) 5 m/s.
não sofre resistência do ar durante a queda. (D) 0 m/s.
(E) 10 m/s.
Obs.: As questões anteriores foram retiradas da
apostila constante no link https://ufrb.edu.br/pibid/ 9 - Um balão em movimento vertical ascendente à
documentos/category/53-cinematica?download=- velocidade constante de 10 m/s está a 75 m da Terra,
169:apostila-de-fsica. Acesso: 17 ago 2022. quando dele se desprende um objeto. Considerando a
aceleração da gravidade igual a 10 m/s2 e desprezando
4 - (UEPI) Um corpo é abandonado de uma altura de a resistência do ar, o tempo, em segundos, em que o
20 m num local onde a aceleração da gravidade da objeto chegará a Terra, é:
Terra é dada por g 10 m/s2. Desprezando o atrito, o (A) 50.
corpo toca o solo com velocidade: (B) 20.
(A) igual a 20 m/s. (C) 10.
(B) nula. (D) 8.
(C) igual a 10 m/s. (E) 5.
(D) igual a 20 km/h.
(E) igual a 15 m/s. 10 - (Enem-2018) Ao soltar um martelo e uma pena
na lua em 1973, o astronauta David Scott confirmou
5 - (PUC-RJ) Uma bola é lançada de uma torre, para que ambos atingiram juntos a superfície. O cientista
baixo. A bola não é deixada cair mas, sim, lançada italiano Galileu Galilei (1564-1642), um dos maiores
com uma certa velocidade inicial para baixo. Sua pensadores de todos os tempos, previu que, se mi-
aceleração para baixo é (g refere-se à aceleração da nimizarmos a resistência do ar, os corpos chegariam
gravidade): juntos à superfície.
OLIVEIRA, A. A influência do olhar. Disponível em:
(A) exatamente igual a g.
www. cienciahoje.org.br. Acesso em: 15 ago. 2016.
(B) maior do que g.
Adaptado.
(C) menor do que g.
Na demonstração, o astronauta deixou cair em um
(D) inicialmente, maior do que g, mas rapidamente
mesmo instante e de uma mesma altura um martelo
estabilizando em g.
de 1,32 Kg e uma pena de 30 g. Durante a queda no
(E) inicialmente, menor do que g, mas rapidamente
vácuo, esses objetos apresentam iguais
estabilizando em g.

180
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(A) inércias COMPONENTE CURRICULAR:
(B) impulsos QUÍMICA
(C) trabalhos
(D) acelerações
Capítulo 10
(E) energias potenciais
LINGUAGEM E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Competência específica
Investigar situações-problema e avaliar aplicações
REFERÊNCIAS do conhecimento científico e tecnológico e suas
implicações no mundo, utilizando procedimentos e
GODOY, L.; AGNOLO, R.; MELO W. Ciências da Natu- linguagens próprios das Ciências da Natureza, para
reza – Movimentos e Equilíbrios na Natureza. 1. ed., propor soluções que considerem demandas locais,
São Paulo: FTD, 2020. regionais e/ou globais, e comunicar suas descober-
tas e conclusões a públicos variados, em diversos
HALLIDAY, D.; WALKER, J.; RESNICK R. Fundamentos contextos e por meio de diferentes mídias e tecno-
de Física Volume 1. 8. ed., Rio de Janeiro: LTC, 2009. logias digitais de informação e comunicação (TDIC).
KESTEN, Philip R.; Tauck, David L. Física na Universi- Habilidade específica
dade Volume I. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. (EM13CNT303) Interpretar textos de divulgação
científica que tratem de temáticas das Ciências da
KESTEN, Philip R.; Tauck, David L. Física na Universi- Natureza, disponíveis em diferentes mídias, consi-
dade Volume II. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. derando a apresentação dos dados, tanto na forma
de textos como em equações, gráficos e/ou tabelas,
FREITAS, P.L. Movimento de Queda Livre, 2000. PDF. a consistência dos argumentos e a coerência das
Disponível em: <encurtador.com.br/kuPQ2>. Acesso conclusões, visando construir estratégias de sele-
em: 03 de ago. de 2022. ção de fontes confiáveis de informações.

Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM


(GO-EMCNT303A) Identificar as características
de um texto de divulgação científica, analisando
a diferença entre a linguagem científica e as lin-
guagens de divulgação disponíveis em diferentes
mídias para avaliar estratégias e busca de fontes
mais confiáveis de informações.

Objeto(s) de conhecimento
- Linguagem e divulgação científica

Imersão Curricular

O uso de textos de divulgação científica, observa-


dos os cuidados relativos à sua seleção e aplicação,
pode fornecer um caminho para melhorar o ensino de
Ciências, aproximando seus conteúdos do cotidiano
dos estudantes e despertando mais efetivamente seu
interesse.
O avanço tecnológico permitiu que a comunicação
dos resultados conquistados pelos cientistas pudesse
ser expandida por meio da rede mundial de compu-
tadores.
Fazer com que as ações científicas tenham maior
visibilidade e sejam mais facilmente assimiladas é uma
missão que exige dos pesquisadores bom senso, paci-
ência e uma boa estratégia de comunicação.

181
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Estrutura do texto de divulgação científica

“ A estrutura dos textos de divulgação científica


pode variar a depender do assunto ou assuntos trata-
dos, dos dados e conceitos que serão abordados, além
das interferências contextuais, como o público-alvo e
o veículo de divulgação. Entretanto, é possível identi-
ficar uma organização básica comum a esse gênero.
A primeira parte é a introdução, que apresenta o
Fonte: encurtador.com.br/bdDMR . Acesso em : 18 de nov. de assunto do texto, trazendo informações conhecidas
2022. e algumas novas, no intuito de situar e atrair o leitor
para o texto. Toda introdução cumpre uma função
Os textos de divulgação científica servem para essencial no texto, pois é ela quem deve prender a
apresentar a um público leigo pesquisas e informações atenção inicial e situar o leitor, preparando-o para o
especializadas. A linguagem é acessível e objetiva. desenvolvimento da leitura.
“Sendo assim, esses textos se estruturam de O desenvolvimento do texto deve apresentar as
modo a garantir a compreensão do leitor, utilizando novas informações, explicá-las, embasá-las cientifica-
exemplos, comparações e explicações sempre que mente, a fim de que o leitor possa se apropriar des-
necessário. Na estrutura, é possível encontrar, além se conhecimento, mesmo não sendo especialista da
das informações verbais, elementos não verbais que área. Desse modo, é necessário que se apresentem
potencializam e enriquecem o texto.” metodologias de pesquisas, dados e estatísticas, ce-
Fonte://brasilescola.uol.com.br/redacao/ nários e características específicas, tudo para que o
texto-divulgacao-cientifica.htm.
assunto seja bem direcionado ao público.
Por fim, na conclusão, devem ser apresentados os
Características do texto de divulgação científica resultados alcançados, caso se aborde uma pesquisa
em específico, ou fazer um fechamento da exposi-
“ Os textos de divulgação científica são utilizados
ção temática, por meio de um entrosamento entre
para compartilhar informações, pesquisas e outros
as ideias apresentadas e discutidas anteriormente.”
dados, de cunho científico, mas com uma linguagem Fonte:https://brasilescola.uol.com.br/redacao/texto-
explicativa, didática e, por isso, mais superficial e divulgacao-cientifica.htm. Acesso em: 18 de nov. de 2022.
abrangente, distinguindo-se, portanto, da linguagem
especializada do texto científico Como fazer um texto de divulgação científica
Para cumprir esse objetivo, os textos precisam
evitar alguns comportamentos linguísticos, como o “Os textos de divulgação científica compartilham
uso de termos especializados ou explicações teóricas informações especializadas de modo acessível.
com linguagem técnica. É aconselhável que esses con- Para produzir um texto de divulgação científica,
teúdos sejam, de certa forma, traduzidos para uma primeiramente é necessário que se tenha clareza so-
comunicação simples, objetiva e acessível. O propósi- bre a ideia principal que será apresentada, em alguns
to é compartilhar, a um grande e diverso público, um casos pode se tratar de uma afirmação ou um concei-
conteúdo importante que está restrito aos ambientes to. A certeza da ideia que será exposta é imprescindí-
e sujeitos inseridos na área. vel para garantir que o texto se desenvolva de modo
Apesar dessa forte necessidade de acessibilizar as gradual, estratégico e objetivo.
informações, os textos de divulgação científica neces- A partir dessa escolha, parte-se para a seleção das
sitam de embasamento teórico, por isso, comumente, “provas” que embasarão a mensagem do texto. Nesse
apresentam teorias e conceitos teóricos, acompanha- sentido, é importante destacar comparações perti-
dos de explicações, sempre que necessário. Outra nentes, relações de causa e efeito, metodologias de
característica desse gênero textual é a apresentação pesquisa e seus resultados, dados estatísticos e outras
de ideias, procedimentos, descobertas e resultados referências argumentativas para o desenvolvimento.
a respeito de algum tema. Esses dois passos iniciais ocorrem antes da pro-
Por seu caráter explicativo, esses textos costumam dução textual em si, pois são as atividades de estu-
ter predominância do tipo textual expositivo, o qual do e pesquisa que qualificam toda a escrita. A partir
apresenta temas e os explica no intuito de garantir a disso, deve-se, na introdução, apresentar o tema do
compreensão do leitor. A depender do texto, é pos-
texto de modo simples e aproximativo do leitor, para
sível também que haja presença de linguagem não
situá-lo e atraí-lo. No desenvolvimento, apresentam-
verbal, como ilustrações, fotos, gráficos e outros.”
Fonte:https://brasilescola.uol.com.br/redacao/texto-
-se as estratégias argumentativas que comprovam as
divulgacao-cientifica.htm . Acesso em: 18 de nov. de 2022. informações.

182
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Na conclusão, as ideias anteriormente apresenta- seminários, colóquios, palestras, conferências, publi-
das devem ser “amarradas”, pontuando as reflexões cações variadas (livros, revistas, jornais, folhetos, etc).
pertinentes e apresentando, se necessário, resulta- Museus com exposições abertas ao público, jardins
dos e conclusões das pesquisas. Ao longo do texto, se botânicos, planetários, até filmes, vídeos, programas
necessário, é possível acrescentar textos não verbais de rádio e TV, internet, jogos de vídeo game, centros
para potencializar a compreensão dos assuntos.” de ciência, parques temáticos, escolas, faculdades e
Fonte:https://brasilescola.uol.com.br/redacao/texto- universidades também são espaços para populari-
divulgacao-cientifica.htm . Acesso em: 18 de nov. de 2022.
zação da ciência. Lembrando que interatividade é a
palavra do momento e muitos destes equipamentos
Exemplo de texto de divulgação científica já divulgam ciência a partir da interatividade.
Abaixo segue um exemplo de texto de divulgação
científica, publicado no site da UOL.
SAIBA MAIS
“Cientistas descobrem que animais usam dialetos
para se comunicar
Cientifi-CIDADE: estimulando a divulgação da Ciência
Alguns animais utilizam “dialetos” para se comuni-
por meio da extensão universitária. Química Nova
car, como as baleias, os golfinhos, as
abelhas e as aves, afirmou a revista alemã de di- na Escola, Vol. 43, N° 3, p. 244-253, AGOSTO 2021.
Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc43_3/
vulgação científica “P.M. Magazin” em sua edição 04-EA-57-20.pdf. Acesso em: 18 de nov. de 2022.
de setembro.
Este é outro aspecto mais em comum entre a for- O presente trabalho discute a importância da
ma de comunicação humana e dos animais, des- extensão universitária como um meio de divulgação
coberta recentemente pela comunidade científica. científica. Foi realizada uma análise dos resultados de
Os golfinhos inventam diferentes assobios para se um programa de extensão chamado “Cientifi-CIDADE:
comunicar, segundo cientistas. popularizando a Ciência e a universidade”, desenvol-
Um exemplo dos diferentes dialetos ocorre com vido por professores e acadêmicos da licenciatura em
o estrelinha-de-poupa (Regulus), um pássaro de Química de uma universidade na cidade de Joinville-
pequeno porte caracterizado por ter uma mancha -SC, ao longo de dois anos de sua execução. As três
amarela na cabeça, e cujo piar difere no tom de ações que formam o programa (Universidade na Rede;
seus congêneres da China. Universidade na Escola e Escola na Universidade)
No caso dos golfinhos, animais que teriam uma in- mostraram-se eficazes na divulgação científica e na
teligência parecida com a dos homens, os cientistas construção de conhecimentos por parte de estudan-
comprovaram que inventam diferentes assobios tes do Ensino Médio e trouxeram contribuições para
para se comunicar. a formação docente dos acadêmicos do programa.
Um grupo de pesquisadores da Universidade de St.
Andrews, na Escócia, demonstrou que os golfinhos
têm a capacidade de conversar sobre um terceiro
animal que não está presente.
O corvo ou o tuim-da-colômbia (Forpus conspi- ATIVIDADE INTEGRADORA
cillatus), por exemplo, usam nomes personaliza-
dos para se chamar entre si. Além dos acústicos,
Caro/a estudante, essa atividade será composta de
alguns animais também utilizam outros meios de
três momentos distintos para a produção de um artigo
comunicação.
científico a partir de um infográfico. É fundamental
É o caso das aranhas-macho, que usam a rede te-
que você participe de cada momento efetivamente.
cida por uma fêmea para perguntar se podem se
aproximar dela, já que se, dependendo do ritmo
1º Momento - Leitura colaborativa
como andam pelos fios, podem ser confundidos
com uma presa.” Estudante, nesse momento é proposto uma Leitu-
Fonte:https://brasilescola.uol.com.br/redacao/texto- ra compartilhada do texto: Linguagem e divulgação
divulgacao-cientifica.htm . Acesso em: 18 de nov. de 2022. científica.

Quais são as linguagens que devemos utilizar na


Divulgação Científica? 2º Momento - Infográfico
Elaborar um texto escrito a partir do que está con-
A linguagem deve ser adaptada ao público destina- tido no infográfico apresentado. De acordo com as
do e ao meio utilizado que pode ser desde congressos, seguintes orientações:

183
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
1. Reúna-se em trio;
2. Selecione um tema para abordar seu artigo;
3. Levantem os dados necessários para aprofundar o tema abordado;
4. Organizem as informações que são importantes para a produção do artigo;
5. Verifiquem a possibilidade de transformar dados em gráficos, tabelas etc;
6. Busquem informações dadas por estudiosos a fim de reforçar o teor científico do texto.
Infográfico- Unidades de Medidas

Figura 1- Unidades de Medidas

Fonte:https://accmetrologia.com.br/redefinicao-do-sistema-internacional-de-unidades-si/. Acesso em: 18 de nov. de 2022.

3º Momento - Socialização- Roda de conversa UNIDADES SI


As equipes deverão ler seus esboços de artigo e ano- Em 1960, houve um acordo internacional sobre as
tar as informações presentes nos textos dos demais unidades métricas para uso nas medidas científicas.
colegas. Essas unidades preferidas são as unidades SI. O
sistema SI tem sete unidades fundamentais, de
onde derivam todas as outras unidades. A tabela
abaixo relaciona estas unidades fundamentais e os
respectivos símbolos.

REVISANDO

Unidades de Medida SUGESTÃO DE PESQUISA


As unidades de medida são padrões estabelecidos Para relembrar as tabelas de conversões das unidades
para se comparar e medir grandezas que envolvem de medidas acessem o material referentes as unidades
quantidades, tais como massa, volume, densidade, utilizadas na Área de ciências da Natureza.
temperatura e pressão. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.
br/4082/4082.PDF . Acesso em: 18 de nov. de 2022.

184
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
formou que não haveria problema se consumisse mais
desses minerais do que o recomendado.
O cliente encontrou cinco suplementos, vendidos em
MOMENTO ENEM sachês unitários, cujos preços e as quantidades dos
minerais estão apresentados a seguir:
01.(ENEM-BR/2020) – É comum as cooperativas ven- • Suplemento I: contém 50 mg do mineral A, 100 mg
derem seus produtos a diversos estabelecimentos. do mineral B e 200 mg do mineral C e custa R$ 2,00;
Uma cooperativa láctea destinou 4 m3 de leite, do • Suplemento II: contém 800 mg do mineral A, 250 mg
total produzido, para análise em um laboratório da do mineral B e 200 mg do mineral C e custa R$ 3,00;
região, separados igualmente em 4000 embalagens • Suplemento III: contém 250 mg do mineralA, 1 000
de mesma capacidade. mg do mineral B e 300 mg do mineral C e custa R$
Qual o volume de leite, em mililitro, contido em cada 5,00;
embalagem? • Suplemento IV: contém 600 mg do mineralA, 500 mg
(A) 0, 1 do mineral B e 1 000 mg do mineral C e custa R$ 6,00;
(B) 1,0 • Suplemento V: contém 400 mg do mineral A, 800 mg
(C) 10,0 do mineral B e 1 200 mg do mineral C e custa R$ 8,00.
(D) 100,0
(E) 1 000,0 O cliente decidiu comprar sachês de um único su-
plemento no qual gastasse menos dinheiro e ainda
02. (ENEM/2021) - Um zootecnista pretende testar se suprisse a falta de minerais indicada pelo nutricio-
uma nova ração para coelhos é mais eficiente do que nista, mesmo que consumisse alguns deles além de
a que ele vem utilizando atualmente. A ração atual sua necessidade. Nessas condições, o cliente deverá
proporciona uma massa média de 10 kg por coelho, comprar sachês do suplemento
com um desvio padrão de 1 kg, alimentado com essa (A) I.
ração durante um período de três meses. (B) II.
O zootecnista selecionou uma amostra de coelhos e (C) III.
os alimentou com a nova ração pelo mesmo período (D) IV.
de tempo. Ao final, anotou a massa de cada coelho, (E) V.
obtendo um desvio padrão de 1,5 kg para a distribui-
ção das massas dos coelhos dessa amostra. 04. (ENEM /2021)- Um automóvel apresenta um de-
Para avaliar a eficiência dessa ração, ele utilizará o sempenho médio de 16 km/L. Um engenheiro desen-
coeficiente de variação (CV) que é uma medida de volveu um novo motor a combustão que economiza,
dispersão definida por CV = s/x , em que s representa em relação ao consumo do motor anterior, 0,1 L de
o desvio padrão e , a média das massas dos coelhos combustível a cada 20 km percorridos.
que foram alimentados com uma determinada ração. O valor do desempenho médio do automóvel com o
O zootecnista substituirá a ração que vinha utilizando novo motor, em quilômetro por litro, expresso com
pela nova, caso o coeficiente de variação da distribui- uma casa decimal, é
ção das massas dos coelhos que foram alimentados (A) 15,9.
com a nova ração for menor do que o coeficiente de (B) 16,1.
variação da distribuição das massas dos coelhos que (C) 16,4.
foram alimentados com a ração atual. (D) 17,4.
A substituição da ração ocorrerá se a média da distri- (E) 18,0.
buição das massas dos coelhos da amostra, em qui-
lograma, for superior a 05.(ENEM/2021) - Uma pessoa pretende viajar por
Alternativas uma companhia aérea que despacha gratuitamente
(A) 5,0. uma mala com até 10 kg.
(B) 9,5 Em duas viagens que realizou, essa pessoa utilizou
(C) 10,0 a mesma mala e conseguiu 10 kg com as seguintes
(D) 10,5 combinações de itens:
(E) 15,0

03.(ENEM/2021) Um nutricionista verificou, na dieta


diária do seu cliente, a falta de 800 mg do mineral A,
de 1 000 mg do mineral B e de 1 200 mg do mineral
C. Por isso, recomendou a compra de suplementos
alimentares que forneçam os minerais faltantes e in- Para ter certeza de que sua bagagem terá massa de
10 kg, ela decide levar essa mala com duas calças, um

185
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
sapato e o máximo de camisetas, admitindo que itens Um sexto atleta, que também participará da mara-
do mesmo tipo têm a mesma massa. tona, pretende realizar um treino percorrendo uma
Qual a quantidade máxima de camisetas que essa distância igual à média das distâncias percorridas pe-
pessoa poderá levar? los cinco atletas no último treino por eles realizado. A
(A) 22 distância, em quilômetro, que esse sexto atleta deverá
(B) 24 percorrer em seu treino é
(C) 26 (A) 41,8.
(D) 33 (B) 42,4.
(E) 39 (C) 42,6.
(D) 42,8.
06. (ENEM/2021) A relação de Newton-Laplace es- (E) 43,4
tabelece que o módulo volumétrico de um fluido é
diretamente proporcional ao quadrado da velocidade 09. (ENEM/2022)-Um nutricionista preparou cinco
do som (em metro por segundo) no fluido e à sua opções de dieta para seus clientes. A quantidade de
densidade (em quilograma por metro cúbico), com calorias, em quilocaloria, de cada dieta é apresentada
uma constante de proporcionalidade adimensional. no quadro, em função de três componentes básicos:
Nessa relação, a unidade de medida adequada para proteínas, carboidratos e suplementos.
o módulo volumétrico é
(A) kg . m–2 . s–1
(B) kg . m–1 . s–2
(C) kg . m–5 . s2
(D) kg-1 . m1 . s2
(E) kg-1 . m5 . s–2

07. (ENEM/2021) Uma pessoa comprou uma caneca


para tomar sopa, conforme ilustração.
Como um de seus clientes apresentou muita redução
de massa corporal, o nutricionista recomendou que
ele escolhesse uma das cinco dietas do quadro e qua-
druplicasse a quantidade de proteínas, triplicasse a
quantidade de carboidratos e duplicasse a quantidade
de suplementos recomendadas pela dieta escolhida. O
cliente seguirá a recomendação do nutricionista, mas
deseja escolher a dieta na qual ele consumirá a menor
quantidade de calorias dentre as opções disponíveis.
Sabe-se que 1 cm3 = 1 mL e que o topo da caneca O cliente deverá escolher a dieta
é uma circunferência de diâmetro (D) medindo 10 (A) I.
cm, e a base é um círculo de diâmetro (d) medindo 8 (B) II.
cm. Além disso, sabe-se que a altura (h) dessa caneca (C) III.
mede12 cm (distância entre o centro das circunferên- (D) IV.
cias do topo e da base). (E) V.
Utilize 3 como aproximação para π.
Qual é a capacidade volumétrica, em mililitro, dessa 10. A massa de um tanque de combustível depende:
caneca? I. da quantidade de combustível nesse tanque;
(A) 216 II. do tipo de combustível que se utiliza no momento;
(B) 408 III. da massa do tanque quando está vazio.
(C) 732 Sabe-se que um tanque tem massa igual a 33 kg quan-
(D) 2 196 do está cheio de gasolina, 37 kg quando está cheio de
(E) 2 928 etanol e que a densidade da gasolina é sete oitavos da
densidade do etanol. Qual é a massa, em quilograma,
08. (ENEM/2022)- Cinco atletas que participarão de do tanque vazio?
uma maratona treinam frequentemente. As distâncias (A) 1,0
percorridas por eles no último treino estão registra- (B) 3,5
das, em quilômetro, no quadro. (C) 4,0
(D) 5,0
(E) 9,0

186
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 11 e deram origem a moléculas orgânicas inicialmente
MATÉRIA simples, mas que, com o tempo, foram combinando-
-se e originaram moléculas mais complexas.
Competência específica Segundo essa teoria, metano, amoníaco, hidrogê-
Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica nio e vapor de água eram os gases que predominavam
da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argu- na Terra primitiva. Compostos por elementos básicos
mentos, realizar previsões sobre o funcionamento da constituição de todos os seres vivos (carbono, hi-
e a evolução dos seres vivos e do Universo, e funda- drogênio, oxigênio e nitrogênio), estes eram liberados
mentar e defender decisões éticas e responsáveis. a partir de atividades vulcânicas; ficando retidos em
razão da força gravitacional e dando origem à atmos-
Habilidade específica fera primitiva.
(EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias
e leis propostos em diferentes épocas e culturas Essa hipótese pode ser dividida em três partes:
para comparar distintas explicações sobre o surgi- 1) síntese pré-biótica de moléculas orgânicas;
mento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo 2) formação de agregados moleculares com um
com as teorias científicas aceitas atualmente. metabolismo primitivo;
3) evolução para organismos com aparato bioquí-
mico semelhante ao existente atualmente.
Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM
(GO-EMCNT201E) Descrever substâncias simples e
Referência
compostas, aplicando os conceitos da classificação
SANTOS, Vanessa Sardinha dos. A Hipótese de
da matéria no contexto da teoria de Oparin e co-
Oparin. Mundo Educação. Disponível em: https://
nhecimentos afins para esquematizar processos de
mundoeducacao.uol.com.br/biologia/a-hipotese-
evolução da vida.
oparin-haldane.htm. Acesso em 21 de nov. de 2022.
Objeto(s) de conhecimento
- Matéria

SAIBA MAIS
Teoria de Oparin e Haldane
Para saber mais sobre a origem da vida leia o artigo
Figura 2- Planeta Terra
abaixo , escrito por: Maria Márcia Murta e Fabio Al-
meida Lopes .

A compreensão da origem das moléculas orgânicas


Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/a-hipotese- e, por conseguinte, da formação de biomoléculas
oparin-haldane.htm. Acesso em: 21 de nov. de 2022. complexas, é considerada um dos pilares necessá-
rios nas tentativas de se investigar a origem da vida.
O planeta como conhecemos hoje é completa- Neste artigo, serão apresentadas algumas das princi-
mente diferente daquele quando as primeiras formas pais abordagens experimentais acerca dos prováveis
de vida surgiram mecanismos de síntese das moléculas orgânicas que
A origem da vida é um tema que ainda intriga constituem o alicerce das formas de vida atuais, como
muitos pesquisadores. Até o momento não há provas os aminoácidos, as bases nitrogenadas do ADN e os
concretas de como a primeira forma de vida surgiu açúcares, a partir dos cenários propostos para a Terra
na Terra, entretanto, algumas teorias tentam explicar primordial.
esse importante acontecimento. Uma das teorias mais
aceitas foi proposta por Oparin e Haldane. Referência
Na década de 1920, Aleksandr Oparin (1894- Química pré-biótica: sobre a origem das moléculas
1980) apresentou sua hipótese, assumindo a ideia de orgânicas na Terra. Química Nova na Escola, n.22,
que a vida se iniciou a partir de uma evolução quí- p.26. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/
mica, na qual compostos inorgânicos combinaram-se qnesc22/a05.pdf. Acesso em : 21 de nov. de 2022.

187
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
b) Você sabe quais átomos são mais comuns no uni-
verso, em nossa vida e no nosso planeta?

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

1- Caro/a estudante, realize a leitura do texto “O con-


ceito de Substância Química e seu Ensino”. Reflita so-
bre as perguntas e dialogue com seus colegas:
• Você conhece algum elemento químico?
• Já ouviu falar de substâncias?
• De que são feitas as moléculas?
• Sabe o que são substâncias simples?
•E o que são substâncias compostas?

2- Utilizando a tabela abaixo, construa as moléculas c) Construa uma tabela no seu caderno para registrar
das substâncias indicadas no quadro. Denomine e as respostas complementando as informações solici-
quantifique os átomos presentes nas moléculas. So- tadas. Utilize a tabela abaixo como exemplo:
cialize sua produção com os colegas.
Obs.: Utilize sua Tabela Periódica como suporte
Nome da Quantidade Modelos para responder essas informações
Substância de elementos construídos
O2
H2O
CO2
NH3

Para construir as moléculas solicitadas, sugere-se a


utilização do Simulador “Construa as moléculas” Si-
mulador “Construa uma molécula”, disponível em:
https://cutt.ly/BEXs2Lq . Acesso em: 29 jul. 2020.
Outra opção, seria a construção de moléculas com
massa de modelar, bolinhas de reuso, frutas, feijão,
botões ou ainda o desenho, onde o/a estudante
possa desenvolver sua criatividade. Para tanto, é
importante observar a quantificação e a denomi-
nação dos elementos, moléculas e substâncias.

Fonte: https://brainly.com.br/tarefa/39450651.
3- Em 1980, o astrônomo norte-americano Carl Sagan Acesso em: 21 de nov. de 2022.
declarou: “nós somos feitos de matéria estelar”.
a) O que quer dizer essa frase?

188
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 12
M ATÉRIA - ESTADOS DE
AGREGAÇÃO DA MATÉRIA

Competência específica
Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumen-
tos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e
defender decisões éticas e responsáveis.

Habilidade específica
(EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias e leis propostos em diferentes épocas e culturas para
comparar distintas explicações sobre o surgimento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo com as
teorias científicas aceitas atualmente.

Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM


(GO-EMCNT201E) Descrever substâncias simples e compostas, aplicando os conceitos da classificação da
matéria no contexto da teoria de Oparin e conhecimentos afins para esquematizar processos de evolução
da vida.

Objeto(s) de conhecimento
- Matéria

Estados de agregação da Matéria


Figura 3- Estados de agregação da matéria

Fonte: https://aquimicaesquematizada.co /. Acesso em: 22 de nov. de 2022.

189
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
b) Por que uma mesma quantidade de água,
mantida nas mesmas temperatura e pressão,
evapora mais rapidamente em uma bandeja
SUGESTÃO DE ATIVIDADE do que em um copo.

EXERCÍCIOS FUNDAMENTAIS

1. Identifique cada uma das mudanças de estado


físico da água mostradas nas fotos, como: eva-
poração, ebulição ou condensação.

3. Acompanhe a explicação sobre o ciclo da água.

Figura 4- Representação esquemática do ciclo da água,


com visualização do solo em corte, sem escala e em cores-
fantasia.

A evaporação da água forma massas de ar úmi-


do que, quando resfriadas, formam as nuvens
(1). A água então volta à terra, alimentando as
fontes subterrâneas de água [lençóis freáticos),
rios, lagos etc. [2) antes de evaporar novamente
(3), fechando o ciclo. A água, quando cai sob a
forma de chuva, dissolve os gases presentes no
ar: oxigênio, nitrogênio e também o dióxido de
carbono. Este, ao se dissolver na água, forma um
ácido: o ácido carbônico.
Assim, toda chuva e ligeiramente acida. Nas re-
giões onde o ar e poluído, existem outras subs-
tâncias, como óxidos de nitrogênio e óxidos de
enxofre, que também se combinam com a água,
formando outros ácidos e tornando a chuva ainda
2. Explique os seguintes fatos: mais acida. Nesse caso, ela e chamada de chuva
a) De que maneira o suor produzido pelo corpo, ácida.
durante exercícios físicos, diminui a tempera- Quando a água da chuva penetra no solo, ela dis-
tura do corpo. solve sais presente nas rochas, carregando-os até
o mar.
Esses sais permanecem na água do mar. Com base
no texto e nos seus conhecimentos prévios, res-
ponda:

1. Em qual faixa de temperatura provavelmente


se encontra a água da chuva?

190
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
b) Qual o estado físico dos dois metais em um
deserto onde a temperatura chega a 45 ºC?

2. Em que estado físico se encontra a água per-


dida na transpiração das plantas pelas folhas?
c) Como você identificaria esses metais, sem dis-
por de nenhum equipamento, em um dia com
temperatura de 25 ºC?

3. Explique o aparecimento da água líquida na


parte externa [superfície) de um copo que con-
tém água gelada. 5. Observe os gráficos a seguir, que mostram as
mudanças de estado físico da substância pura
chumbo quando submetida a:

4. Qual “água” contém mais impurezas: a “água


da chuva” recolhida em uma grande cidade ou a
recolhida na zona rural? Justifique.
1. Indique, durante o aquecimento:
a) a temperatura de fusão [TF);
b) a temperatura de ebulição [TE);
c) o estado físico aos 5 min;
d) o estado físico aos 15 min;
e) o estado físico aos 30 min;
f) o estado físico aos 40 min;
4. Gálio e rubídio são dois metais visualmente muito g) o estado físico aos 55 min.
parecidos e apresentam as seguintes proprieda-
des físicas: Considerando esses dados, responda 2. Indique, durante o resfriamento:
às questões: a) a temperatura de liquefação;
b) a temperatura de solidificação.

a) Qual o estado físico dos dois metais em um dia


com temperatura de 25 ºC?

191
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Testando seu conhecimento

1. [Unirio-RJ)

A partir do 5º quadrinho, Calvin começa a se tor- Que a natureza inventou,


nar líquido por um processo físico de: água que hoje e suja,
a) condensação. Amanhã já se limpou.
b) fusão. Fonte: http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/agua.html .
Acesso em: 23 de nov. 2022.
e) sublimação.
d) evaporação.
e) solidificação. a) O que os versos acima explicam, de maneira
simplificada?
2. Leia o poema e depois responda aos itens que
seguem.

Cai chuva, molha a terra.


Águas limpas ficam impuras.
Vem o sol, aquece a água,
Nuvens cinza, nuvens brancas,
Tempestade ou chuva fina. b) Qual é o nome das mudanças de estado fí-
E água que volta à Terra sico mencionadas nos versos? e) Explique o
E o vaivém não termina. significado da frase: “A água que hoje é suja,
/ Amanhã já se limpou”.
E o vapor vai para as alturas.
O vapor sobe, limpinho.
Em sujeira, nem se pensa.
Porém, lá em cima e tão frio,
Que o vapor logo condensa.

E assim, num ciclo eterno

192
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
3. [Enem-MEC) O ciclo da água é fundamental para a) líquido, gasoso e líquido.
a preservação da vida no planeta. As condições b) gasoso, líquido e sólido.
climáticas da Terra permitem que a água sofra c) líquido, gasoso e sólido.
mudanças de fase, e a compreensão dessas trans- d) sólido, líquido e sólido.
formações é fundamental para entender o ciclo e) gasoso, líquido e sólido.
hidrológico. Numa dessas mudanças, a água ou
a umidade da terra absorve o calor do sol e dos 6. [ETEC-SP) No ambiente, a água apresenta-se nos
arredores. Quando já foi absorvido calor suficien- estados sólido, líquido e gasoso, estando em
te, algumas das moléculas do líquido podem ter constante interação com o solo, com a atmosfera,
energia necessária para começar a subir para a com a flora e com a fauna. A compreensão desta
atmosfera. interação não é simples, pois a água muda de
Disponível em: http://www.keroagua.blogspot.com/. estado em determinadas ocasiões. No desenho
Acesso em: 30 mar. 2009 (adaptado). temos uma representação simplificada do ciclo
da água.
A transformação mencionada no texto é a:
a) fusão.
b) liquefação.
c) evaporação.
d) solidificação.
e) condensação.

4. [Enem-MEC) Em certas regiões litorâneas, o sal é


obtido da água do mar pelo processo de cristali-
zação por evaporação. Para o desenvolvimento
As mudanças de estados físicos que acontecem
dessa atividade, é mais adequado um local:
em 1, 2 e 3 são, respectivamente,
a) plano, com alta pluviosidade e pouco vento.
a) sublimação, condensação e evaporação. b)
b) plano, com baixa pluviosidade e muito vento.
ebulição, condensação e evaporação.
c) plano, com baixa pluviosidade e pouco vento. c) ebulição, condensação e condensação.
d) montanhoso, com alta pluviosidade e muito d) evaporação, liquefação e sublimação.
vento. e) condensação, condensação e evaporação.
e) montanhoso, com baixa pluviosidade e pouco
vento. 7. Dois copos, A e B, contendo respectivamente 100
ml e 200 ml de água destilada, são aquecidos
5. [UFRRJ) Onda de calor mata mais de 120 pessoas uniformemente com a mesma fonte de calor.
na Ásia. A temperatura mais alta foi registrada no
distrito de Sibi, na Província do Baluquistão, no
Paquistão, onde o calor chegou a 52 ºC. Publici-
dade. Folha On-Line, agosto 2006.
Disponível em: http://wwwl.folha.uol.com.br/folha/
mundo/ult94u303366.shtm1. Acesso em: 23 de nov. de 2022

A notícia acima ilustra as possíveis consequências


do descaso com a natureza. A tabela a seguir in-
dica o ponto de fusão e o ponto de ebulição de
algumas substâncias presentes no nosso cotidia-
no. Sendo tA e t8 os tempos gastos para iniciar a ebu-
lição nos copos A e B; TEA e TEB as temperaturas
de ebulição nos copos A e B, podemos afirmar:
a) tA = t 8 ; TEA = TE8
b) tA < t 8 ; TEA < TE8
c) tA > t 8 ; TEA > TE8
d) tA > t8 ; TEA = TE8
e) tA < t8 ; TEA = TE8
Essas substâncias, quando expostas à mesma
temperatura registrada no distrito de Sibi [52 °C).
apresentam-se, respectivamente, nos estados

193
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
8. O gráfico abaixo representa a variação da tempe- ção. Para investigar o problema, foram compa-
ratura observada ao aquecer um sistema durante radas as curvas de aquecimento para cada um
70 minutos. dos metais isoladamente com aquela da mistura,
todas obtidas sob as mesmas condições de tra-
balho.

Responda: Considerando as informações das figuras, é cor-


a) O sistema é formado por uma substância ou reto afirmar que a sucata é constituída por uma
uma mistura? Justifique. a) mistura eutética, pois funde a temperatura
b) Em qual faixa de temperatura o sistema per- constante.
manece sólido? b) mistura azeotrópica, pois funde a temperatura
e) Em qual faixa de temperatura o sistema per- constante.
manece líquido? c) substância pura, pois funde a temperatura
d) Qual a temperatura de ebulição do sistema? constante.
e) Quais os estados físicos encontrados após 20 d) suspensão coloidal que se decompõe pelo
minutos de aquecimento? aquecimento.
f) Quais os estados físicos encontrados após 50 e) substância contendo impurezas e com tempe-
minutos de aquecimento? ratura de ebulição constante.

9. Considere os seguintes dados obtidos sobre pro-


priedades de amostras de alguns materiais e res-
ponda aos itens a seguir. REFERÊNCIAS
Usberco, João Conecte Química, 1: química/ João
Usberco, Edgard Salvador. -2. ed. - São Paulo: Saraiva,
2014.

a) Indique o estado físico de X e Y a 20 ºC.


b) Indique a substância que, a 20 ºC, encontra-se
no estado gasoso.
c) O material T é uma substância pura ou uma
mistura? Justifique sua resposta.
d) Determine a densidade, em g/L, do material Z
a 20 ºC.

10. [Vunesp-SP) No campo da metalurgia é crescente


o interesse nos processos de recuperação de me-
tais, pois é considerável a economia de energia
entre os processos de produção e de reciclagem,
além da redução significativa do lixo metálico. E
este é o caso de uma microempresa de recicla-
gem na qual desejava-se desenvolver um método
para separar os metais de uma sucata, composta
de aproximadamente 63% de estanho e 37% de
chumbo, usando aquecimento. Entretanto, não
se obteve êxito nesse procedimento de separa-

194
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 13
MATÉRIA – FENÔMENOS FÍSICOS E QUÍMICOS

Competência específica
Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumen-
tos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e
defender decisões éticas e responsáveis.

Habilidade específica
(EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias e leis propostos em diferentes épocas e culturas para
comparar distintas explicações sobre o surgimento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo com as
teorias científicas aceitas atualmente.

Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM


(GO-EMCNT201E) Descrever substâncias simples e compostas, aplicando os conceitos da classificação da
matéria no contexto da teoria de Oparin e conhecimentos afins para esquematizar processos de evolução
da vida.

Objeto(s) de conhecimento
- Matéria

Fenômenos Físicos e Químicos


Figura 5- Fenômenos Físicos e Químicos

Fonte: https://aquimicaesquematizada.co /. Acesso em: 22 de nov. de 2022.

1. (Cesgranrio - RJ) Entre as transformações adiante, assinale a alternativa que representa um fenômeno
químico:
a) Obtenção de amônia a partir de hidrogênio e nitrogênio.
b) Obtenção de gelo a partir da água.
c) Obtenção do oxigênio líquido a partir do ar atmosférico.
d) Solidificação da parafina.
e) Sublimação da naftalina.

195
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
2. (UFMG) Reações químicas são fenômenos em Capítulo 14
que, necessariamente, ocorrem mudanças: MATÉRIA – SUBSTÂNCIAS PURAS
a) de cor.
b) de estado físico. Competência específica
c) de condutibilidade elétrica. Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica
d) de massa. da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argu-
e) na natureza das substâncias. mentos, realizar previsões sobre o funcionamento
e a evolução dos seres vivos e do Universo, e funda-
3. Entre as transformações a seguir, indique quais mentar e defender decisões éticas e responsáveis.
podem ser consideradas transformações físicas:
a) obtenção de vinho através da fermentação da Habilidade específica
uva. (EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias
b) queima de madeira em uma lareira. e leis propostos em diferentes épocas e culturas
c) decantação de uma amostra de água turva. para comparar distintas explicações sobre o surgi-
d) ebulição da água. mento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo
e) fabricação de fios de cobre a partir de uma com as teorias científicas aceitas atualmente.
barra de cobre.
Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM
4. As imagens dos quadros A, B e C mostram, respec- (GO-EMCNT201E) Descrever substâncias simples e
tivamente, os sistemas iniciais e finais de algumas compostas, aplicando os conceitos da classificação
transformações da matéria: da matéria no contexto da teoria de Oparin e co-
nhecimentos afins para esquematizar processos de
evolução da vida.

Objeto(s) de conhecimento
- Matéria

Substâncias Puras

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

ÁTOMO: Menor partícula da matéria que mantém


Exercício sobre transformações da matéria as propriedades de determinado elemento.
A partir da análise das imagens, indique em que
situação(ões) há indício(s) de transformação(ões) ELEMENTO: Representação de todos os isótopos
química(s): possíveis de certo tipo de átomo.
a) Apenas em C.
b) Em A e C. MOLÉCULA: Conjunto de átomos (iguais ou dife-
c) Em A e B. rentes) unidos entre si por ligação covalente.
d) Apenas em A.
e) Todas as situações. SUBSTÂNCIA PURA (ou simplesmente SUBSTÂN-
CIA): Sistema formado por moléculas IGUAIS.

Uma substância pura pode ser dividida em:


a. SUBSTÂNCIA pura SIMPLES: é formada por um
só elemento químico.
Exemplo: H2, Ne, O3, Au, Fe, N2

b. SUBSTÂNCIA pura COMPOSTA: é formada por


um dois ou mais elementos químicos.
Exemplo: H2O, C2H5OH, FeSO4, N2H4

196
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CURVAS DE AQUECIMENTO

Aquecendo-se uma amostra, desde a fase sólida até a fase gasosa, podemos definir o sistema como sendo
uma substância pura ou mistura, de acordo com as características do gráfico gerado a partir dos dados de
temperatura em função do tempo.

a. SUBSTÂNCIA PURA: apresenta patamar* de fusão e ebulição.


Patamar*: (região de temperatura constante)

Figura 6- Substância Pura

Fonte: https://aquimicaesquematizada.co /. Acesso em: 22 de nov. de 2022;

197
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 7- Misturas

Fonte: https://aquimicaesquematizada.co /. Acesso em: 22 de nov. de 2022

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

EXERCÍCIOS FUNDAMENTAIS

1. Classifique os materiais destacados nas legendas


das fotografias a seguir como substância pura ou
mistura.

198
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
8. Identifique o número de fases e de componentes
nos sistemas a seguir:

9. Qual o número de fases e de componentes de


um sistema constituído por uma solução aquosa
de cloreto de sódio, cloreto de sódio sólido [não
dissolvido) e dois cubos de gelo?

TESTANDO SEU CONHECIMENTO


O cobre apresenta cor avermelhada e é o metal
mais utilizado em instalações elétricas. 1. [Cefet-SC) Em um laboratório de química, em con-
dições ambientais, foram preparadas as seguintes
misturas:
Considere as ilustrações para responder às questões I. gasolina + areia
de 2 a 7. II. água + gasolina
III. oxigênio + nitrogênio
IV. água + sal
V. água + álcool

Quais misturas podem ser homogêneas?


a) III, IV e V, somente.
b) II, III e IV, somente.
c) IV e V, somente.
d) I, II e IV, somente.
2. Quais das ilustrações representam substâncias e) I e II, somente.
puras?
2. [UTFPR) O soro hospitalar é formado por uma
3. Quais são misturas? solução aquosa de cloreto de sódio e glicose. Esse
sistema apresenta:
4. Quais são sistemas homogêneos? a) uma fase e um componente.
b) três fases e um componente.
5. Quais são sistemas heterogêneos? c) uma fase e dois componentes.
d) três fases e três componentes.
6. Em qual frasco temos uma mistura heterogênea? e) uma fase e três componentes.

7. Em qual frasco temos uma mistura homogênea? 3. [PUC-MG) Considere as seguintes proposições:
I. Não existe sistema polifásico formado de vários
gases ou vapores.

199
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
II. A água é uma mistura de hidrogênio e oxigênio. 7. [UFRGS) Indique o sistema que não corresponde
III. Todo sistema homogêneo é uma mistura ho- a uma mistura homogênea:
mogênea. a) gasolina filtrada.
IV. Existe sistema monofásico formado por vários b) ar puro.
sólidos. c) aço inoxidável.
V. Todo sistema polifásico é uma mistura hetero- d) granito.
gênea. e) uísque.

São verdadeiras as afirmações:


a) I, II e III
b) I e II apenas
e) I e IV apenas
d) III, IV e V

4. [Cefet-SC) Quando uma garrafa de água gaseificada


é aberta, formam-se bolhas de dióxido de carbono.
Nessa situação, o sistema água + gás forma:
a) uma substância simples.
b) uma mistura homogênea.
c) uma solução.
d) uma mistura heterogênea.
e) uma substância composta.

5. [UEL-PR) Um rapaz pediu sua namorada em ca-


samento, presenteando-a com uma aliança de
ouro 18 quilates. Para comemorar, sabendo que
o álcool é prejudicial à saúde, eles brindaram com
água gaseificada com gelo, ao ar livre. Os siste-
mas: ouro 18 quilates, água gaseificada com gelo
e ar atmosférico são, respectivamente:
a) substância heterogênea, mistura heterogênea
e mistura homogênea.
b) mistura heterogênea, mistura homogênea e
substância homogênea.
c) substância homogênea, mistura heterogênea
e mistura homogênea.
d) mistura homogênea, mistura heterogênea e
mistura homogênea.
e) mistura heterogênea, substância homogênea
e substância heterogênea.

6. [Mack-SP) Granito, refresco de xarope de grose-


lha, água mineral fluoretada e sangue visto ao
microscópio são, respectivamente, exemplos de
misturas:
a) homogênea, homogênea, heterogênea e he-
terogênea.
b) heterogênea, heterogênea, homogênea e ho-
mogênea.
c) homogênea, heterogênea, heterogênea e ho-
mogênea.
d) heterogênea, homogênea, homogênea e he-
terogênea.
e) heterogênea, homogênea, homogênea e ho-
mogênea.

200
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 15
MATÉRIA- SEPARAÇÃO DE MISTURAS

Competência específica
Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas impli-
cações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor
soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclu-
sões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de
informação e comunicação (TDIC).

Habilidade específica
(EM13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de programas de infraestrutura e demais serviços básicos
(saneamento, energia elétrica, transporte, telecomunicações, cobertura vacinal, atendimento primário à
saúde e produção de alimentos, entre outros) e identificar necessidades locais e/ou regionais em relação a
esses serviços, a fim de avaliar e/ou promover ações que contribuam para a melhoria na qualidade de vida
e nas condições de saúde da população.

Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM


(GO-EMCNT310A) Aplicar conhecimentos referentes aos processos de separação de materiais, analisando
atividades experimentais e protótipos, para solucionar situações-problema locais e regionais, envolvendo
questões de infraestrutura e qualidade de vida.

Objeto(s) de conhecimento
- Matéria

SEPARAÇÃO DE MISTURAS
Figura 8- Separação de Misturas

201
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Fonte: https://aquimicaesquematizada.co /. Acesso em: 22 de nov. de 2022.

EXERCÍCIOS FUNDAMENTAIS preparo, é adicionada água quente ao mate. Com


uso de uma bomba, as pessoas ingerem a infusão
1. Associe cada mistura ao processo de separação formada. A respeito do chimarrão, responda:
mais adequado.

2. O aspirador de pó separa a poeira do ar, isto é,


os sólidos dos gases. O nome desse método de a) A infusão ingerida é uma substância pura ou
separação é: uma mistura?
b) De onde são provenientes as substâncias pre-
sentes na bebida assim preparada?
c) Qual o nome desse processo?
d) A bebida seria preparada com a mesma rapidez
se usássemos água fria?
e) Cite outro exemplo em que esse processo é
usado na nossa vida diária.

a) sifonação. 4. Em uma das etapas do tratamento de água para


b) filtração. as comunidades, o líquido atravessa espessas
e) decantação. camadas de areia. Essa etapa é uma:
d) centrifugação. a) decantação.
e) destilação. b) filtração.
e) destilação.
3. O chimarrão é uma bebida típica do sul da Amé- d) flotação.
rica do Sul. Beber chimarrão é um hábito legado e) levigação.
pelas culturas guarani, aimará e quíchua. No seu

202
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
5. As velas do filtro de água de uso doméstico têm Pode-se afirmar:
o aspecto da ilustração abaixo: a) A mistura das três substâncias, a 1 O ºC, será
heterogênea.
b) Se a mistura for esfriada a -30 ºC, apenas o gás
A irá liquefazer.
c) Efetuando-se a liquefação total da mistura e
a destilação fracionada, o gás C destilará em
primeiro lugar:
d) Abaixando-se gradativamente a temperatura,
o gás C irá liquefazer em primeiro lugar.
e) A mistura, na temperatura de -60 ºC, certa-
mente estará no estado gasoso.

TESTANDO SEU CONHECIMENTO


O carvão em pó [ativado) retém [adsorve) possí-
veis gases presentes na água. 1. Nas unidades de separação de materiais reciclá-
a) O que deve ficar retido na parte externa da veis, um dos métodos indicados para separar os
porcelana? objetos que contêm ferro dos demais resíduos é
b) A água que sai da vela, pela parte inferior, é a:
uma substância pura? a) decantação.
b) destilação simples.
6. Para se obter água pura a partir da água do mar, c) fusão fracionada.
faz-se uma: d) separação magnética.
a) evaporação. e) flotação.
b) destilação.
e) liquefação. 2. Quando colocamos um saquinho de chá em uma
d) filtração. xícara com água quente, como mostrado na fo-
e) sedimentação. tografia ao lado, ocorrem processos físicos de
separação de substâncias. Nesse procedimento,
7. O esquema ao lado mostra o tradicional alambi- os processos verificados são:
que usado para preparar bebidas alcoólicas pro- a) extração e sublimação.
venientes da fermentação de açúcares ou cereais. b) extração e filtração.
c) destilação e sublimação.
d) filtração e cristalização.
e) cristalização e filtração.

3. Considere as seguintes características de três mis-


turas formadas por dois componentes [binárias):
• mistura I: formada por um sólido e um líquido
- heterogênea;
• mistura lI: formada por dois líquidos - hetero-
gênea;
• mistura III: formada por um sólido e um líquido
- homogênea.
Faça um esquema com aparelhos de laboratório
que possa substituir o alambique. Dê o nome de Escreva os nomes dos processos de separação
cada aparelho e explique seu funcionamento. que melhor permitem recuperar cada componen-
te das misturas.
8. Considere uma mistura de três gases, A, B e C,
que possuem os seguintes pontos de liquefação 4. Observe as ilustrações:
[PL):
Gás A: PL = O ºC
Gás 8: PL = -25 ºC
Gás C: PL = -40 º

203
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Associe as três misturas com a aparelhagem mais A produção de pomadas, tinturas, extratos e cáp-
adequada para separar seus componentes: sulas a partir de vegetais envolve diversas opera-
ções de laboratório, tais como:
I. trituração;
II. secagem;
III. medidas de líquidos;
IV. filtração comum;
V. filtração a vácuo.

Associe esses procedimentos aos equipamentos


5. A ilustração abaixo representa uma mistura he- listados abaixo.
terogênea de três sólidos. Conhecendo-se a so- A. estufa;
lubilidade dessas substâncias em água fria e água B. funil de Bünchen;
quente, presentes na tabela a seguir, descreva os C. almofariz e pistilo;
procedimentos necessários para separar as três D. provetas e pipetas;
substâncias. E. funil e papel de filtro.

8. As imagens abaixo representam equipamentos


que realizam uma mesma operação em escala
laboratorial e industrial.

6. O hexano é uma substância insolúvel na água,


enquanto o cloreto de sódio é solúvel. Essas três
substâncias foram colocadas em um funil de bro-
mo [ou de separação). submetidas a agitação e
posterior repouso, conforme ilustração abaixo.

Qual seria o aspecto observado no sistema após a) Como se chama a operação realizada por esses
o repouso? Dados: densidades: hexano = 0,66 g/ equipamentos?
cm3; água = 1,0 g/cm3. b) Dê um exemplo de mistura que possa ser se-
parada por meio dessa operação.
7. Um ramo muito popular da Medicina é a fito-
terapia [do grego: phyton = vegetal; therapia = 9. O diagrama abaixo representa as diversas etapas
tratamento). da produção de álcool e açúcar. Informações: ál-
cool 96 °GL = etanol 96%, água 4%; álcool 100 °GL
= etanol 100%; composição do mosto fermenta-
do: água - 80%, etanol - 15%, outros - 5%
Os processos I, II e III do diagrama são:

204
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
isotônica de NaCl. Esse tubo foi colocado em um
rotor de centrífuga, equilibrado por um outro
tubo.
Considere as seguintes massas médias para algu-
mas organelas de uma célula eucariota:
1. mitocôndria: 2 – 10-8 g;
2. lisossoma: 4 - 10-10 g;
3. núcleo: 4 - 10-16 g.

Dentre os sistemas a seguir, aquele cujos compo-


nentes podem ser separados por centrifugação
é:
a) petróleo.
b) álcool hidratado.
c) solução de sacarose em água.
d) suspensão de leite de magnésia.
Os processos 1, li e Ili do diagrama são:

REFERÊNCIAS

Usberco, João Conecte Química, 1: química/ João


Usberco, Edgard Salvador. -2. ed. - São Paulo: Saraiva,
2014.

10. [Uerj) A técnica de centrifugação é usada para


separar os componentes de algumas misturas.
Pode ser utilizada, por exemplo, na preparação de
frações celulares, após o adequado rompimento
das membranas das células a serem centrifuga-
das.

Em um tubo apropriado, uma camada de ho-


mogeneizado de células eucariotas rompidos foi
cuidadosamente depositada sobre uma solução

205
Matemática e
suas Tecnologias
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
NOTAÇÃO CIENTÍFICA Solução:

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM f) ­A distância entre a Terra e a Lua é de


• (GO-EMMAT313A) Registrar informações numéricas .
apresentadas em textos diversos (científicos, técnicos
ou para expressar uma medida, Jornalísticos etc.), uti-
lizando a notação cientifica para adequar a escrita de
números muito grandes ou muito pequenos.
• (GO-EMMAT313B) Resolver problemas de ori-
gem científica ou técnica, efetuando cálculos com
números muito grandes ou muito pequenos, para
expressar a solução com registros representados
em notação científica.
Fonte: https://www.canva.com. Acesso em: 22 dez 2021.
OBJETO DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
• Notação cientifica.
Solução:

A notação científica foi introduzida para facilitar g) A massa de um próton é de


o modo de operar com números muito grandes ou
muito pequenos. Antes de definir tal conceito, veja-
mos alguns exemplos, com o objetivo de facilitar a
compreensão.
A notação científica permite escrever números
usando potências de base 10. Sua principal utilidade
é a de fornecer, em um relance, a ideia da ordem
de grandeza de um número que, se fosse escrito por
extenso, não daria essa informação de modo tão ime-
diato. E sua maior aplicação é representada pelos va-
lores muito grandes ou muito pequenos, permeando
várias áreas do conhecimento, como Física, Química,
Astronomia, Biologia, Meio Ambiente etc. Fonte: https://www.canva.com. Acesso em: 22 dez 2021.
Um número expresso em notação científica está
escrito como o produto de dois números reais:
Solução:
• um número real e
• uma potência de 10 e expoente inteiro.
h) Ano-luz é a distância percorrida pela luz em
um ano, no vácuo, à velocidade aproximada de
Observe alguns exemplos:
Escreva os números, nas informações a seguir, em . Um ano-luz equivale a aproximada-
notação cientifica. mente .

d) .
e) A massa do planeta Terra é
.

Fonte: https://www.canva.com. Acesso em: 22 dez 2021.

208
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
A Nebulosa Cabeça de Cavalo (ou Bernard 33) está 2. Dê o valor de cada número escrito em notação
localizada logo abaixo de Zeta Orionis, estrela que faz científica:
parte do cinturão de Órion. Está a aproximadamente a)
1500 anos-luz da Terra. Veja mais em: https://youtu.
b)
be/UKMakfQ1EOw
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nebulosa_ c)
Cabe%C3%A7a_de_Cavalo . Acesso em: 22 dez 2021.
d)

Solução: e 3. Escreva em notação científica, as seguintes me-


didas:
i) Quando o nível de ozônio no ar em certa região a) a distância média do Sol a Marte: 227 900 000
atinge , inicia-se o estado de atenção na km;
região. Isso significa que cada metro cúbico de ar con- b) a distância média do Sol a Júpiter: 778 300 000
tém g de ozônio. km;
c) a massa de um elétron, aproximadamente
0,000000000000000000000000000911 g.

4. (Enem/2015) As exportações de soja no Brasil


totalizaram 4,129 milhões em toneladas no mês
de julho de 2012 e registraram um aumento em
relação ao mês de julho de 2011, embora tenha
havido uma baixa em relação ao mês de maio de
2012.
A quantidade, em quilogramas, de soja exportada
Fonte: https://www.canva.com. Acesso em: 22 dez 2021.
pelo Brasil no mês de julho de 2012 foi de:

Solução: e

j) 1 grama corresponde a 1 milhão de microgramas.

5. (Enem/2017) Uma das principais provas de veloci-


dade do atletismo é a prova dos 400 metros rasos.
No Campeonato Mundial de Sevilha, em 1999, o
atleta Michael Johnson venceu essa prova, com
a marca de 43,18 segundos.
Fonte: https://www.canva.com. Acesso em: 22 dez 2021.
Esse tempo, em segundo, escrito em notação
científica é
Solução:

ou


ATIVIDADES

1. Escreva em notação científica os seguintes nú-


meros:





209
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS E 1. A base 10 e seu expoente não são considerados
TÉCNICAS DE ARREDONDAMENTO significativos;
2. Um número que seja reescrito com o auxílio da
base 10 não deve ser aproximado, isto é, deve manter
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM todos os seus algarismos significativos;
• (GO-EMMAT313B) Resolver problemas de ori- 3. O algarismo zero à esquerda, desde que não
gem científica ou técnica, efetuando cálculos com precedido de outro algarismo diferente de zero, não
números muito grandes ou muito pequenos, para é considerado significativo.
expressar a solução com registros representados
em notação científica. Exemplos:
• (GO-EMMAT313C) Identificar em registros refe- a) Possui 7 algarismos signifi-
rentes às medidas (de comprimento, área ou vo- cativos .
lume) algarismos significativos e duvidosos, anali- b) Possui 3 algarismos sig-
sando em textos e/ou situações problema a origem nificativos .
ou ponto de partida da medida apresentada para c) Possui 12 algarismos sig-
criticar se as informações apresentadas são total-
nificativos .
mente verdadeiras.
d) Possui 4 algarismos significativos.
OBJETO DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM e) Possui 4 algarismos significativos.
• Algarismos significativos e técnicas de arredon- f) Possui 2 algarismos significativos.
damento.
g) Possui 4 algarismos significativos.
h) Possui 10 algarismos
significativos (carga do elétron em C).
Algarismos significativos i) Possui 10 algaris-
mos significativos (permitividade elétrica no vácuo
Um grande problema existente quando se usa em ).
aparelhos de formato analógico, são as leituras equi- j) Possui 2 algarismos significativos.
vocadas, que em muitos casos obrigam a realização
k) Possui 3 algarismos significativos.
de aproximações na sua escrita.
l) Possui 3 algarismos significativos.
Vamos considerar uma balança analógica, utiliza-
m) Possui 3 algarismos significativos.
da na medida da massa de certo objeto e que apre-
senta uma leitura entre os valores ge , com
marcação de , como mostrado na figura abaixo. Técnicas de arredondamento

A norma brasileira da Associação Brasileira de


Normas Técnicas (ABNT) que trata das regras de ar-
redondamento na numeração decimal é a ABNT NBR
5891:2014, válida a partir de 10/01/2015 e confirma-
da em 11/02/2019. Segundo essa norma: “Quando o
algarismo a ser conservado for seguido de algarismo
inferior a 5, permanece o algarismo
a ser conservado e retiram-se os posteriores. Por
exemplo, o número 1,3333 arredondado à primeira
decimal torna-se 1,3. Quando o algarismo a ser con-
servado for seguido de algarismo superior ou igual a 5
Balança Analógica (e-FÍSICA, 2007). seguido de no mínimo um algarismo diferente de zero,
soma-se uma unidade ao algarismo a ser conservado
A leitura possível dessa medida, só permite dizer e retiram-se os posteriores. Por exemplo, o número
que a massa possui e algumas gramas que po- 1,6666 arredondado à primeira decimal torna-se 1,7.
dem ser estimadas, provavelmente maior que E, o número 4,8505 arredondado à primeira decimal
e menor que . torna-se 4,9. Quando o algarismo a ser conservado
A precisão do resultado de uma grandeza obtida for ímpar, seguido de 5 e posteriormente de zeros,
em um experimento está associada ao número de soma-se uma unidade ao algarismo a ser conservado
dígitos que compõe o valor numérico associada a ela. e retiram-se os posteriores. Por exemplo, o número
Algumas regras importantes devem ser observadas na 4,5500 arredondado à primeira decimal torna-se 4,6.
contagem dos algarismos significativos: Quando o algarismo a ser conservado for par, seguido

210
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
de 5 e posteriormente de zeros, permanece o algarismo a ser conservado e retiram-se os posteriores. Por
exemplo, o número 4,850 arredondado à primeira decimal torna-se 4,8.”
(Fonte: Quím. nova esc. – São Paulo – SP, BR. Vol. 43, N° 2, p. 155-160, MAIO 2021)

Exemplos:
a) 5,348250375 arredondando para 3 algarismos significativos: 5,35.
b) 5,348250375 arredondando para 6 algarismos significativos: 5,34825.
c) 53,21 passa para 53,2
d) 42,87 passa para 42,9
e) 25,08 passa para 25,1
f) 53,99 passa para 54,0

ATIVIDADES 4. (Cesgranrio-RJ) Um estudante, tendo medido o


corredor de sua casa, encontrou os seguintes va-
1. Faça o arredondamento dos números em duas lores: Comprimento: 5,7 m Largura: 1,25 m. De-
casas decimais: sejando determinar a área deste corredor com a
a) 3,444... maior precisão possível, o estudante multiplica os
b) 0,085 dois valores anteriores e registra o resultado com
c) 6,555... o número correto de algarismos, isto é, somente
d) 11,995 com os algarismos que sejam significativos. Assim
e) 8,777... fazendo, ele deve escrever:


2. (U. E. Londrina-PR) O velocímetro indica a velo-
cidade instantânea de um veículo. Num certo
instante, a indicação do aparelho está represen-
tada a seguir. A melhor leitura da velocidade, em
km/h, é:
a) 80 5. O número 3,768 arredondado com duas casas
b) 84 após a vírgula fica:
c) 87 a) 3,77
d) 90 b) 3,78
e) 92 c) 3,76
d) 3,75

3. (PUC–SP) O número de algarismos significativos


de 0,00000000008065 é:
a) 3
b) 4
c) 11
d) 14
e) 15

211
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
SISTEMA INTERNACIONAL DE MEDIDA segundo tempo
intensidade de
ampère
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM corrente elétrica
• (GO-EMMAT103A) Reconhecer as unidades temperatura
kelvin
de medidas (comprimento, capacidade, massa, termodinâmica
tempo, volume, armazenamento e velocidade de mol quantidade de matéria
transferência de dados) identificando característi-
candela intensidade luminosa
cas específicas a suas respectivas grandezas para
compreender seus usos em situações específicas e radiano ângulo plano
em contextos relativos a atividades cotidianas (das
áreas de Ciências Humanas e da Natureza ou tec- Existem alguns múltiplos das unidades fundamen-
nológica), divulgados por diferentes meios. tais, que não pertencem ao SI, mas têm uso permitido.
• (GO-EMMAT103B) Compreender os usos das di- São eles:
ferentes representações das grandezas de medidas
(comprimento, capacidade, massa, tempo, volume,
armazenamento e velocidade de transferência de
dados) utilizando procedimentos matemáticos para
interpretar textos científicos ou divulgados pelas
mídias, que empregam tais grandezas e as conver-
sões possíveis entre elas, adotadas ou não pelo SI. Para a medição de ângulos planos o SI estabelece
a unidade radiano ( ), mas permite o uso do grau
OBJETO DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM ( ), do minuto ( ’ ) e do segundo ( ” ).
• Sistema Internacional de Medida. Pelo fato de o grau ser a unidade mais comumente
usada na medição de ângulos planos – nos esquadros,
por exemplo, podemos encontrar, além do ângulo de
O Sistema Internacional de Medidas, abreviado , dois ângulos de ou um de e outro de
por SI, é um conjunto de unidades de medida de to- – é altamente provável que, você estudante, não conhe-
das as grandezas, adotado mundialmente. Além das ça a unidade radiano, mas isso não deve preocupá‑lo
unidades, ele inclui prefixos, que são múltiplos e sub- porque mais adiante ela será definida. Se quiser saber
múltiplos, na base 10, dessas unidades, e normas or- a quantos graus ela corresponde, veja: .
tográficas que estabelecem como devem ser escritos Combinando convenientemente as oito unidades
os prefixos e as medidas. do quadro anterior, obtemos todas as outras unidades
de medida, ditas unidades derivadas, usadas na me-
dição das demais grandezas, também ditas grandezas
Medidas derivadas.
Se multiplicarmos metro por metro, por exemplo,
A partir de sete medidas, ditas medidas funda- obteremos a unidade metro quadrado ( ), para me-
mentais, e de mais duas, ditas medidas suplementa- dir a grandeza derivada área.
res (destas, apenas uma será usada em nosso curso), Analogamente, a multiplicação metro por metro
foram definidas todas as outras medidas. por metro fornece o metro cúbico ( ), que é a uni-
Cada unidade fundamental ou suplementar tem dade de volume no SI.
um padrão preciso e reproduzível. Entretanto, apesar de não pertencer ao SI, esse
Entre as fundamentais estão o metro, o quilogra- sistema também aceita a unidade de volume litro,
ma e o segundo. cujo símbolo é (ou L, para evitar eventual risco de
O quadro a seguir fornece as sete unidades fun- confusão com o algarismo 1). A unidade
damentais (incluindo uma suplementar – a última da 1 1 000 .
lista), seus símbolos e as grandezas – também ditas O quociente da unidade metro pela unidade se-
grandezas fundamentais, além de uma suplementar gundo, por sua vez, gera a unidade metro por segundo
– que são medidas nessas unidades: ( ), para medir a grandeza velocidade, e assim por
diante.
Unidade
Grandeza
Nome Símbolo Prefixos usados no SI
metro comprimento
Os prefixos apresentados na tabela a seguir signi-
quilograma massa ficam potências de dez e são simbolizados por letras
comuns, exceto uma: a letra grega m (lê‑se “mi”).

212
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Seu uso simplifica sobremaneira a grafia de quan-
tidades muito grandes ou muito pequenas:
Essa unidade é útil principalmente para medir
distâncias entre estrelas.
Já no caso de medições das dimensões de um
átomo e de outros comprimentos extremamente pe-
quenos, usa‑se uma unidade denominada angstrom,
cujo símbolo é Å.

As medidas do rei

Aquelas unidades definidas pelas medidas do rei,


como o pé e a polegada, por exemplo, juntamente
com várias outras unidades, compuseram o sistema
inglês de unidades. Entretanto, nesse sistema, elas
têm relações bem definidas com as unidades corres-
pondentes do SI.
Principalmente para satisfazer eventuais curiosi-
dades, citamos a seguir algumas dessas relações:
• (na constru-
ção civil, usualmente aproximada para 25 milímetros);
• ;
• ;
• .

Em trabalhos científicos só se utiliza atualmente


É importante observar que o prefixo quilo é sim- o SI, mas na linguagem comum dos países de língua
bolizado por minúsculo, diferentemente do que inglesa o sistema inglês ainda é bastante usado.
podemos ver com frequência em açougues, feiras, No Brasil, a polegada, por exemplo, já foi muito
mercearias, supermercados e placas de sinalização usada como unidade de medida de diâmetros inter-
de trânsito. nos de canos e tubulações, de bitolas de vergalhões
Consulte a tabela anterior para entender as se- de ferro usados em vigas e colunas de concreto, mas
guintes igualdades: hoje está quase abandonada.
• ;
(1 quilograma é igual a 1 000 gramas)
• ;
(1 milímetro é igual a 1 milésimo do metro)
• ;
(1 miligrama é igual a 1 milésimo do grama)
• ;
(1 gigametro é igual a 1 bilhão de metros)
• .
(1 centímetro é igual a 1 centésimo do metro)

Muito grande e muito pequeno Fonte: https://is.gd/ymKZQn. Acessado em 15 jan 2022.

Para medir distâncias extremamente grandes ou Canos de esgoto de 100 mm, também chamados
extremamente pequenas, além do uso dos prefixos, tubos de 100, são indicados para a saída do vaso sa-
também são definidas algumas unidades especiais. nitário. Estes são, também, chamados de tubo de PVC
Na Astronomia, por exemplo, usa‑se uma unidade de 4 polegadas.
de comprimento denominada ano-luz, que é a distância Entretanto, a polegada ainda se impõe na defini-
percorrida pela luz, no vácuo, durante 1 ano terrestre: ção do tamanho da tela de televisores e monitores.

213
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Portanto a duração do espetáculo foi de:


.

3. Ao correr 20 jardas uma atleta terá percorrido


quantos metros? ( ).

Fonte: https://is.gd/HSP5kC. Acessado em: 15 jan 2022. Solução: Sabendo que e que
, temos que
Além da polegada, convivemos com outras uni-
dades do sistema inglês.
Ao calibrar os pneus de um veículo, por exemplo,
informamos quantas libras por polegada quadrada de
pressão queremos (na verdade, erroneamente, fala-
mos apenas “libras”). Portanto a atleta terá percorrido .
Quando se pretende adquirir um aparelho de ar-
‑condicionado, logo vem a pergunta: 4. Embalou-se, em frascos de , de
detergentes líquido. O número de frascos usados foi:
— De quantos “Btu”?
Escrita corretamente, Btu/hora, a sigla citada na
pergunta, é uma unidade de potência do sistema in-
glês
Gab: A
Exemplos:
1. Converta 1 hora em segundos. Solução: Temos que:

então,
e
Logo:
.
2. Um espetáculo tem início exatamente às
Dividindo
e termina às . De-
termine a duração desse espetáculo.

Solução: Para calcular essa diferença, devemos


realizar a subtração entre o momento em que termina
o espetáculo e o momento que inicia. ATIVIDADES
Assim, temos:
1. Uma pessoa, atualmente pesando , deseja
voltar ao peso normal de . Suponha que
uma dieta alimentar resulte em um emagreci-
mento de exatamente por semana. Fazen-
do essa dieta, essa pessoa alcançará seu objetivo
Na coluna dos segundos temos para o térmi-
ao fim de quantas semanas?
no do espetáculo e para o início. Como
, passamos da coluna dos minutos para 2. Das unidades abaixo, escreva a grandeza a qual
a coluna dos segundos. Ficando assim: se refere e informe se a unidade é do Sistema
Internacional de Unidades.
a) quilômetro (km)

214
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
b) mol (mol) delas realizou algumas medições e registrou que
c) ampère (A) a planta que está no vaso da pessoa X tem 0,6 m
d) newton (N) de altura. Já as plantas que estão nos vasos de Y
e) quilômetro por hora (km/h) e Z têm, respectivamente, alturas medindo 120
f) minuto (min) cm e 900 mm.
g) watt (W) O vaso de maior capacidade e a planta de maior
h) metro (m) altura são, respectivamente, os de:
a) Y e X.
3. Uma corrida de fórmula 1 tem início às b) Y e Z.
e termina às c) Z e X.
. Qual é o intervalo de duração da corrida em d) Z e Y.
horas, minutos e segundos? e) Z e Z.

4. Uma TV de 32” (32 polegadas), tem quantos


de diagonal?

5. A massa do Sol é cerca de . A massa


do átomo de hidrogênio, constituinte principal
do Sol, é . Quantos átomos de
hidrogênio há, aproximadamente no Sol?



6. (ENEM-2011) Um mecânico de uma equipe de


corrida necessita que as seguintes medidas rea-
lizadas em um carro sejam obtidas em metros:
a) distância a entre os eixos dianteiro e traseiro;
b) altura b entre o solo e o encosto do piloto.

Ao optar pelas medidas a e b em metros, obtêm-


-se, respectivamente:
a) 0,23 e 0,16
b) 2,3 e 1,6
c) 23 e 16
d) 230 e 160
e) 2300 e 1600

7. (ENEM-2020) Três pessoas, X, Y e Z, compraram


plantas ornamentais de uma mesma espécie que
serão cultivadas em vasos de diferentes tama-
nhos. O vaso escolhido pela pessoa X tem capa-
cidade de 4 dm³. O vaso da pessoa Y tem capaci-
dade de 7 000 cm³ e o de Z tem capacidade igual
a 20 L. Após um tempo do plantio das mudas,
um botânico que acompanha o desenvolvimento

215
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
FUNÇÕES POLINOMIAIS DO 1º GRAU como ) ao passo que o conjunto B é o con-
(FUNÇÃO AFIM, FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO tradomínio de (indicado como ). O conjunto
CONSTANTE, FUNÇÃO IDENTIDADE) constituído pelos elementos de B que são imagem
de algum elemento do conjunto A é um subconjunto
de B denominado conjunto imagem de (indicado
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM como , ou ).
• (GO-EMMAT501A) Compreender o conceito de De acordo com essa definição mais geral, se con-
função polinomial do 1º grau, identificando a rela- siderarmos dois conjuntos A e B, uma função é uma
ção entre duas variáveis apresentadas em textos de relação que associa a cada elemento de A um único
origem socioeconômicas e/ou de natureza técnico elemento de B. Esse elemento,
ou científica, entre outros para resolver situações
problemas do cotidiano. ,
• (GO-EMMAT501B) Identificar possíveis leis de for-
mação que se estabelecem da relação entre duas
é chamado imagem de .
grandezas, analisando conjecturas apresentadas
em quadros e/ou tabelas para expressar algebrica-
mente as generalizações que se definem da relação
entre duas grandezas.

OBJETO DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


• Funções polinomiais do 1º grau (função afim,
função linear, função constante, função identidade)
Um exemplo de função está ilustrado na figura a
seguir, na qual consideramos dois conjuntos numé-
A IDEIA DE FUNÇÃO ricos:

O estudo das funções é um dos conceitos mais


importantes da matemática, que estará presente ao
longo de todo o ensino médio e, também, nas mais
variadas disciplinas.
Por exemplo:
• a função horária dos espaços, na Física:

( )

• as funções inorgânicas, na Química:

( )
Ao associarmos a todo ponto do conjunto A um e
DEFINIÇÃO DE FUNÇÃO apenas um ponto do conjunto B temos em mãos um
exemplo de função. Observe que dispomos de uma
Sejam A e B conjuntos não-vazios. Uma função regra (a cada número associamos o mesmo número
de A em B é uma relação f que a cada elemento de A acrescido de ). Temos, assim, a seguinte associa-
associa um único elemento de B. ção:
• Ao ponto associamos o ponto imagem
Notação: (lê-se “f de A em B”) . Isto é: .
• Ao ponto associamos o ponto imagem
(lê-se “x é levado em y”)
. E, portanto: .
(lê-se “ em função de ”)
• Ao ponto associamos o ponto imagem
é chamado de variável dependente e é a va- . O que implica .
riável independente.
Portanto, o domínio é , o contra-
Geralmente, no contexto da teoria dos conjuntos, domínio é e o conjunto
o conjunto A é denominado domínio de (indicado imagem é

216
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
As funções a seguir são exemplos de funções com 5) 1ª lei de Ohm
muita aplicação à física. A primeira lei de Ohm mostra que a diferença de
potencial (ddp) entre dois pontos é fruto do produto
1) Velocidade média entre a resistência elétrica encontrada e a corrente
A velocidade média é definida como a razão entre elétrica.
o espaço total percorrido por um móvel e o tempo
gasto por ele.

6) Potência elétrica
Potência fala a respeito da quantidade de energia
“gasta” por unidade de tempo. A potência elétrica é
2) Função horária da posição para o movimento dada pelo produto entre a ddp e a corrente elétrica.
uniforme

A função horária da posição determina a posição


ocupada por um móvel a partir da velocidade e do
tempo decorrido. Faz-se necessário conhecer os grá-
ficos que envolvem essa função.

7) Transformação entre escalas termométricas


Existem três escalas em uso oficial para a determi-
nação de temperaturas: Celsius , Fahrenheit
e a Kelvin . A equação abaixo permite a conversão
de valores entre essas escalas.
3) Equação de Torricelli
A equação de Torricelli é extremamente impor-
tante por não depender do tempo.
Ou

4) Velocidade de propagação das ondas 8) Calor sensível


As ondas propagam-se pelo espaço e possuem O calor sensível é a quantidade de energia térmica
as suas velocidades determinadas a partir de suas que é fornecida a um corpo sem que haja mudança
frequências e comprimentos de onda característicos. de estado físico.

217
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplos: 3. Observe os diagramas abaixo e marque o que
1. Observe o esquema a seguir: representa uma função de A em B?
a)

O contradomínio corresponde a
(A) {5; 12; 23}. b)
(B) {7; 14; 25}.
(C) {5; 7; 14; 15; 16; 25; 26}.
(D) {5; 7; 12; 14; 15; 16; 23; 25; 26}.
(E) {5; 15; 16; 26}.
Resposta: C

2. Dados os conjuntos e
definida pela função
, tal que, . O conjunto ima- c)
gem dessa função corresponde a
(A)
(B) .
(C)
(D)
(E)
Resposta: D

ATIVIDADES d)

1. A relação, indicada na figura a seguir, é uma fun-


ção de A em B. Assim o domínio D é:

e)
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)

2. Considere-se os conjuntos

e 4. Dada a função , definida


pela fórmula . A sua imagem é
e a relação . O conjunto imagem, (A)
desta relação é: (B)
(A) (C)
(B) (D)
(C)
(E)
(D)
(E)

218
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
5. A figura a seguir representa uma função de A em FUNÇÕES POLINOMIAIS DO 1º GRAU
B , determine: (FUNÇÃO AFIM, FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO
CONSTANTE, FUNÇÃO IDENTIDADE)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM


• (GO-EMMAT501A) Compreender o conceito de
função polinomial do 1º grau, identificando a rela-
ção entre duas variáveis apresentadas em textos de
origem socioeconômicas e/ou de natureza técnico
ou científica, entre outros para resolver situações
a) o domínio da função; problemas do cotidiano.
b) a imagem da função; • (GO-EMMAT501B) Identificar possíveis leis de for-
c) ; mação que se estabelecem da relação entre duas
d) . grandezas, analisando conjecturas apresentadas
em quadros e/ou tabelas para expressar algebrica-
mente as generalizações que se definem da relação
entre duas grandezas.

OBJETO DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


• Funções polinomiais do 1º grau (função afim, fun-
ção linear, função constante, função identidade).

Plano Cartesiano

O plano cartesiano é formado por 2 retas perpen-


diculares e a sua interseção é denotado pelo ponto
“O”, chamado de origem do sistema.

O eixo horizontal é o eixo das abscissas e, o eixo


vertical é o eixo das ordenadas. Cada abscissa e or-
denada será representada, respectivamente, por “x”
e “y”.

Os dois eixos, das abscissas e das ordenadas, di-


videm o plano em quatro partes chamadas de qua-

219
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
drantes que são dispostos na seguinte ordem: 1º qua- Vamos, por exemplo, localizar os pontos
drante, 2º quadrante, 3º quadrante e 4º quadrante. no plano cartesiano. Veja a figura a
seguir:

Importante: Quando o par ordenado for da forma


ou o ponto será determinado sobre
o eixo coordenado determinado pelo valor diferente
Como podem ver, a numeração dos quadrantes se- de zero.
gue o sentido anti-horário partindo do quadrante que Assim:
determina o ponto com coordenadas positivas.

Par ordenado
Na matemática, chamamos de par ordenado ao
conjunto de dois elementos com
dispostos exatamente na ordem apresentada que de-
terminam as coordenadas de um ponto qualquer no
sistema cartesiano.
É válido salientar que dois pares ordenados são
iguais se, e somente se, apresentarem os mesmos
elementos, na mesma ordem. Observe:

Assim, para

Para representarmos o par ordenado em


um plano cartesiano devemos identificar a coordena-
da no eixo das abscissas e a coordenada no eixo Exemplos:
das ordenadas. A intersecção das duas retas imaginá-
rias que cortam o eixo na vertical passando sobre 1) Determine as coordenadas de cada um dos
e o eixo na horizontal passando sobre determinam pontos representados no plano cartesiano:
o ponto definido pelo par ordenado .
Associando-se ao par o ponto P, como re-
presentado no plano cartesiano a seguir, dizemos que:
• P é o ponto de coordenadas x e y;
• o número x é chamado abscissa de P;
• o número y é chamado ordenada de P;
• a origem do sistema é o ponto (0, 0).

220
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Gabarito: d) ( ) O ponto B (-2, -6) pertence ao 4º quadrante.
e) ( ) O ponto C (0, -3) pertence ao eixo das or-
denadas.
f) ( ) Qualquer ponto pertencente ao eixo das
ordenadas tem sua abscissa igual a zero.
2) Observe o plano cartesiano a seguir:
g) ( ) O ponto D (2, -5) pertence ao 3º quadrante.

3) Determineascoordenadasde ,
sabendo que é um quadrado de lado 7 e
EFGH é um quadrado de lado 5.

A abscissa e a ordenada do ponto P são, respec-


tivamente, iguais a
(A) 4 e 3,5.
(B) 3,5 e 4.
4) Em um jogo o cavaleiro localizado no ponto P do
(C) -4 e -3,5.
sistema cartesiano a seguir deve reunir-se com
(D) -3,5 e 4.
seus dois outros amigos localizados nos pontos T
(E) 4 e -3,5.
e Q, respectivamente, para juntos chegarem ao
Gabarito: (D)
castelo no ponto R.
ATIVIDADES

1) Represente no plano cartesiano os pontos a se-


guir:
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g) As coordenadas dos pontos P, T, Q e R, nessa mes-
ma ordem são expressas por
h)
(A) P(–2, –6), T(–3, 4), Q(4, 1) e R(3, –5).
i) (B) P(–2, –6), T(–3, 4), Q(4, 1) e R(–5, 3).
(C) P(–6, –2), T(4, –3), Q(1, 4) e R(3, –5).
2) Marque V para as afirmativas verdadeiras e F para (D) P(–6, –2), T(4, –3), Q(1, 4) e R(–5, 3).
as afirmativas falsas. (E) P(–6, –2), T(4, –3), Q(4, 4) e R(–5, 3).
a) ( ) Os pares ordenados (m, n) e (n, m) são
iguais.
b) ( ) O ponto A (0, 4) pertence ao 2º quadrante.
c) ( ) Qualquer ponto pertencente ao eixo das
abscissas tem sua ordenada nula.

221
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
5) Observe o loteamento representado na malha FUNÇÕES POLINOMIAIS DO 1º GRAU
quadriculada a seguir, em que cada lote é indi- (FUNÇÃO AFIM, FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO
cado por um número romano.
CONSTANTE, FUNÇÃO IDENTIDADE)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM


• (GO-EMMAT501A) Compreender o conceito de
função polinomial do 1º grau, identificando a rela-
ção entre duas variáveis apresentadas em textos de
origem socioeconômicas e/ou de natureza técnico
ou científica, entre outros para resolver situações
problemas do cotidiano.
• (GO-EMMAT501B) Identificar possíveis leis de for-
mação que se estabelecem da relação entre duas
grandezas, analisando conjecturas apresentadas
em quadros e/ou tabelas para expressar algebrica-
mente as generalizações que se definem da relação
entre duas grandezas.

OBJETO DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
Ana Clara comprou um lote cujos vértices estão • Funções polinomiais do 1º grau (função afim, fun-
representados respectivamente pelas coordena- ção linear, função constante, função identidade).
das:

O lote que Ana Clara comprou foi o de número NOTAÇÃO E VALOR NUMÉRICO DE UMA
A) XIV. FUNÇÃO
(B) XV.
(C) XVI. Os sapatos possuem numeração referentes ao ta-
(D) XVII. manho dos pés. Geralmente os sapatos são medidos
(E) XVIII. pelos números 35, 36, 37, 38 e 39 para a maioria das
mulheres e 38, 40, 41 e 42 para a maioria dos homens.
Consideremos que o número do sapato dependa
do comprimento x (em cm) do pé, e que a fórmula
para calcular é dada por

Com base nessa relação, responda:


a) Que número calça uma pessoa cujo pé mede
24,8 cm?
b) Que número calça uma pessoa cujo pé mede
20 cm?
c) Quanto mede o comprimento de um pé que
calça 42?

Do enunciado temos que o número do sapato


de uma pessoa está em função do comprimento de
seu pé através da lei de correspondência

Temos que , para cada comprimento do pé,


existe um único número do calçado, isto é, para
cada número existe um único número
associado.

222
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Portanto, Com base nessas informações determine:
a) Para o comprimento , temos: a) a fórmula que determina o espaço,
conhecido o tempo.
R: De acordo com o enunciado, o tempo é
associado ao espaço percorrido . Usando a tabela,
temos:
Ou seja, uma pessoa cujo pé mede 24,8 cm calça
o número 38.

b) Para o comprimento , temos:

Vemos que a cada hora o espaço aumenta em

Assim podemos escrever a função:


Ou seja, uma pessoa cujo pé mede calça
b)
o número 32.
R: Observando a tabela temos que para
c) Para o número , temos:

c) , usando a lei de formação obtida no


item a.
R: Temos que Assim,

2) Sendo definida por ,


determine:
Ou seja, 28 cm é a medida do comprimento do pé
a)
de uma pessoa que calça 42.
R:
Observe que no exemplo, o número do sapato b)
depende do comprimento x (em cm) do pé. Assim, R:
podemos dizer que no par ordenado , é deno-
minado de variável independente e é denominado c)
variável dependente.
Logo, podemos escrever uma função de R:
através das variáveis , onde
chamamos de valor numérico de uma função ao re- d)
sultado que a variável assume quando R:
atribuímos a um determinado valor.

­Lembrando que:
lê-se: f é função de A em B
lê-se: y é função de x, com .
3) Sendo definida por
Exemplos: , determine:
1) Na tabela a seguir a função associa
ao tempo (em horas) o espaço percorrido (em ) a)
por determinado objeto. R:

b)
R:

223
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
c) (C) entre 11 e 12 quilômetros.
(D) entre 13 e 14 quilômetros.
R:
(E) acima de 15 quilômetros.

4) Dada a função .
d)
De acordo com a função dada, pode se afirmar
R:
que o valor de para que dessa função
é
(A) um número maior que 2.
(B) exatamente igual a 2.
(C) um número menor que 2.
(D) um número negativo.
(E) um número decimal.

5) Considerando a função, em que .


O valor de é igual a
(A) -2.
(B) -1.
(C) 0.
Assim, para temos . (D) 1.
(E) 2.
ATIVIDADES

1) A função associa ao tempo (em horas)


o espaço percorrido (em km), de acordo com a
tabela:

Com base nessas informações determine:


a) a fórmula que determina o espaço,
conhecido o tempo.
b) .
c) , usando o dado do item a.

2) Sendo definida por ,


determine:
a) .
b) .
c) , tal que .

3) Em certa cidade o táxi comum, em bandeira 1,


a tarifa inicial é de , mais o qui-
lômetro rodado, cálculo esse definido pela fun-
ção polinomial do 1º grau ,
onde P é o preço pago, em reais, e representa
o valor da quantidade de quilômetros rodados.
Sabe-se que um passageiro pagou .
Sobre essa situação pode-se afirmar que o taxi
percorreu
(A) menos de 10 quilômetros.
(B) entre 10 e 11 quilômetros.

224
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
FUNÇÕES POLINOMIAIS DO 1º GRAU
(FUNÇÃO AFIM, FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO
CONSTANTE, FUNÇÃO IDENTIDADE)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM


• (GO-EMMAT501A) Compreender o conceito de
função polinomial do 1º grau, identificando a rela-
ção entre duas variáveis apresentadas em textos de
origem socioeconômicas e/ou de natureza técnico
ou científica, entre outros para resolver situações
problemas do cotidiano.
• (GO-EMMAT501B) Identificar possíveis leis de for-
mação que se estabelecem da relação entre duas
grandezas, analisando conjecturas apresentadas Zero da função afim
em quadros e/ou tabelas para expressar algebrica-
mente as generalizações que se definem da relação No estudo da função afim, precisamos em muitos
entre duas grandezas. casos determinar o zero da função. Para isso, basta
resolver a equação .
OBJETO DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM O valor de para o qual se anula
• Funções polinomiais do 1º grau (função afim, fun- é denominado zero da função.
ção linear, função constante, função identidade). O zero de uma função afim indica
onde a reta intercepta o eixo . Assim, fica determi-
nado o ponto .
FUNÇÃO AFIM
Exemplos:
Dizemos que uma função é dita função 1) Descubra os pontos das funções a seguir, onde
afim (ou função polinomial do 1º grau), quando existir a reta intercepta os eixos e :
a relação , onde a e b são números
reais. a)
R: a função intercepta o eixo no ponto , ou
Exemplos: seja, vamos determinar o valor de para .
a)

b)

c)

d) logo a função intercepta o eixo no ponto .

E a função intercepta o eixo no ponto , ou


e)
seja, vamos determinar o valor de para .
Os valores de a e b são denominados coeficientes
angular e linear, respectivamente.
Coeficiente angular: é o valor da tangente do ân-
gulo de inclinação que a reta determinada pela função logo a função intercepta o eixo no ponto .
forma com eixo x. Esse ângulo deve ser, obrigatoria-
mente, diferente de .
b)
Coeficiente linear: é o ponto onde a reta inter-
R: a função intercepta o eixo no ponto , ou
cepta o eixo .
seja, vamos determinar o valor de para .
Observe no plano cartesiano a seguir que a é o
ângulo de inclinação que o gráfico da função forma
com o eixo x.

225
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
2) Às margens do Rio das Almas tem uma locadora
de canoa. O proprietário cobra uma taxa fixa de
mais um acréscimo por dia de locação no
valor de .
a) Escreva a lei de formação chamando de o
logo a função intercepta o eixo no ponto .
número de dias de locação e o preço pago.
b) Quanto pagará uma pessoa que locar uma ca-
E a função intercepta o eixo no ponto , ou
noa por dias?
seja, vamos determinar o valor de para .
3) Um clube vende ações com o seguinte preço:
uma parcela fixa de e cada acionista paga
mensalmente para manutenção do clube.
Quanto terá gastado, uma pessoa que comprar
logo a função intercepta o eixo no ponto . uma ação e ficar associado durante 18 meses?
c) 4) Descubra os pontos das funções a seguir, onde a
R: a função intercepta o eixo no ponto , ou reta intercepta os eixos .
seja, vamos determinar o valor de para .
a)
b)
c)
d)
logo a função intercepta o eixo no ponto . e)
E a função intercepta o eixo no ponto , ou
seja, vamos determinar o valor de para . 5) Sabendo que é o zero de uma função afim
e que o seu coeficiente linear
é . Determine a função afim.
logo a função intercepta o eixo no ponto .
6) (Enem 2019) Uma empresa tem diversos funcio-
nários. Um deles é o gerente, que recebe R$ 1
000,00 por semana. Os outros funcionários são
Observe que em todos os exemplos acima, cada
diaristas. Cada um deles trabalha 2 dias por se-
função intercepta o eixo no ponto , ou mana, recebendo R$ 80,00 por dia trabalhado.
seja, Chamando de X a quantidade total de funcioná-
rios da empresa, a quantia Y, em reais, que esta
empresa gasta semanalmente para pagar seus
funcionários é expressa por:
a) Y = 80X + 920.
b) Y = 80X + 1 000.
e intercepta o eixo no ponto , ou seja, c) Y = 80X + 1 080.
d) Y = 160X + 840.
e) Y = 160X + 1 000.

ATIVIDADES

1) Determine os coeficientes linear e angular em


cada uma das funções a seguir:
a)
b)
c)
d)

e)

226
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
GRÁFICOS DE FUNÇÕES

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM


• (GO-EMMAT501A) Compreender o conceito de
função polinomial do 1º grau, identificando a rela-
ção entre duas variáveis apresentadas em textos de
origem socioeconômicas e/ou de natureza técnico
ou científica, entre outros para resolver situações
problemas do cotidiano.
• (GO-EMMAT501B) Identificar possíveis leis de for-
mação que se estabelecem da relação entre duas
grandezas, analisando conjecturas apresentadas
em quadros e/ou tabelas para expressar algebrica-
mente as generalizações que se definem da relação O domínio da função é
entre duas grandezas. A imagem da função é

OBJETO DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


• Funções polinomiais do 1º grau (função afim, fun-
ção linear, função constante, função identidade).
• Gráficos de funções

GRÁFICO DA FUNÇÃO AFIM

Nesta aula iremos construir o gráfico da função


afim.
Para isso, precisamos de pares ordenados que
satisfaçam uma função do tipo .O
gráfico da função será dado pelo conjunto de todos os
pontos do plano cartesiano com pertencendo
ao domínio e à imagem da função.

O gráfico da função são os pontos .

2) Esboce o gráfico da função .


Neste caso observe que o domínio da função
é logo o gráfico é uma reta, por isso precisamos de
pelo menos dois pontos.

Exemplos:
1) Esboce o gráfico da função , onde
e .
R: Para esboçar o gráfico, vamos determinar os
pares ordenados conforme os elementos que perten-
cem ao domínio. Para facilitar, vamos organizar esses
dados em uma tabela.

227
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Crescimento e Decrescimento da Função Afim


Dada uma função , do tipo
, em muitos casos é necessário ana-
lisar se a função é crescente ou decrescente. Para isso
podemos fazer uso do coeficiente angular, ou seja,
o valor de indicará se a função é crescente ou de-
crescente.
Se , a função será crescente.

b)
Solução: como , a função é decres-
cente.
Para esboçar o gráfico precisamos apenas de dois
pontos e estes pode ser , logo:

Se , a função será decrescente.

Exemplo:
Indique em cada função , a seguir, se é
crescente ou decrescente e esboce seu gráfico:
a)
Solução: como , a função é crescente.
Para esboçar o gráfico precisamos apenas de dois
pontos e estes pode ser , logo:

228
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

c)
Solução: como , a função é crescente.

Para esboçar o gráfico precisamos apenas de dois


pontos e estes pode ser , logo:

6) (Enem 2017) Em um mês, uma loja de eletrônicos


começa a obter lucro já na primeira semana. O
gráfico representa o lucro (L) dessa loja desde o
início do mês até o dia 20. Mas esse comporta-
mento se estende até o último dia, o dia 30.

ATIVIDADES

1) No mesmo plano cartesiano construa o gráfico


das seguintes funções:
a)
b)
c)
A representação algébrica do lucro (L) em função
do tempo (t) é:
2) Na produção de um determinado produto o custo
a) L(t) = 20t + 3 000
da produção é calculado pela fórmula
b) L(t) = 20t + 4 000
, c) L(t) = 200t
onde indica a quantidade de produto e o d) L(t) = 200t – 1 000
custo da produção. Construa o gráfico de em e) L(t) = 200t + 3 000
função de .

3) Relacione cada função com relação a seu cresci-


mento ou decrescimento:

• • Crescente
• • Decrescente

4) Determine a função afim cuja intersecção com


os eixos . Essa função é
crescente ou decrescente?

5) Determine a função geratriz de cada um dos grá-


ficos abaixo:

229
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
FUNÇÕES POLINOMIAIS DO 1º GRAU Neste caso, dizemos que a função é identidade,
(FUNÇÃO AFIM, FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO pois, para quaisquer valores de assumirá os
CONSTANTE, FUNÇÃO IDENTIDADE) mesmos valores de x. Veja o gráfico a seguir

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM


• (GO-EMMAT501A) Compreender o conceito de
função polinomial do 1º grau, identificando a rela-
ção entre duas variáveis apresentadas em textos de
origem socioeconômicas e/ou de natureza técnico
ou científica, entre outros para resolver situações
problemas do cotidiano.
• (GO-EMMAT501B) Identificar possíveis leis de for-
mação que se estabelecem da relação entre duas
grandezas, analisando conjecturas apresentadas
em quadros e/ou tabelas para expressar algebrica- Se , a função ficará assim:
mente as generalizações que se definem da relação
entre duas grandezas.
.
OBJETO DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
Neste caso, dizemos que a função é linear, pois
• Funções polinomiais do 1º grau (função afim, fun-
para quaisquer valores de x, o seu gráfico interceptará
ção linear, função constante, função identidade).
o eixo y na coordenada 0. Veja o gráfico a seguir

Função constante, identidade e linear

No estudo da função afim


, os valores dos coeficien-
tes a e b são números reais, portanto, podem acon-
tecer alguns casos particulares, vejamos:
Se a = 0, a função ficará assim:

.
Neste caso, dizemos que a função é constante,
pois, para quaisquer valores de x, teremos que
permanece inalterada. Veja o gráfico a seguir Exemplo:
1. Em um mesmo plano cartesiano, esboce o grá-
fico das seguintes funções:

Solução:

Se , a função ficará assim:

230
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
2. Represente no plano cartesiano as seguintes 3. Um rapaz desafia seu pai para uma corrida de
funções: 100 metros. O pai permite que o filho comece a
corrida 30 metros à sua frente. Um gráfico bas-
tante simplificado dessa corrida é dado a seguir.

Solução:

a) Pelo gráfico, como é possível dizer quem ga-


nhou a corrida e qual foi a diferença de tempo?
ATIVIDADES b) A que distância do início o pai alcançou seu
filho?
1. Complete a cruzadinha, indicando o tipo de cada c) Em que momento depois do início da corrida
uma das funções a seguir (constante, linear ou ocorreu a ultrapassagem?
afim):

- Observe a figura a seguir e responda no caderno às


questões a partir do gráfico da função :

4. Em quantos pontos o gráfico corta o eixo x? E o


eixo y?

5. é maior, menor ou igual a ?

6. Qual é o valor máximo de ? E o valor mínimo?

7. Qual ponto do gráfico tem abscissa 21?
2. Construa em um mesmo plano cartesiano as se-
guintes funções: 8. O ponto pertence ao gráfico de ?

9. Qual é o valor de x quando ?

231
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
FUNÇÕES POLINOMIAIS DO 1º GRAU Assim, considerando um aumento de 1000 uni-
(FUNÇÃO AFIM, FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO dades, a partir da produção de 2 000 camisetas
, o aumento no custo é
CONSTANTE, FUNÇÃO IDENTIDADE)
de reais , o que elevaria os gastos
a .
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
• (GO-EMMAT501C) Modelar situações relaciona- Para obter a lei da função que relaciona y e x,
das as leis de formação definidas no campo das podemos utilizar a taxa média de variação da função.
funções polinomiais do 1º grau, representando Como vimos, na lei , temos , isto
no plano cartesiano os dados apresentados em é, .
quadros e/ou tabelas para analisar situações que
possibilitem a tomada de decisões. Como o ponto pertence à reta,
• (GO-EMMAT501D) Compreender as relações es- temos:
tabelecidas entre duas grandezas, analisando os
dados e informações apresentadas em quadros e
tabelas para construir gráficos de funções polino- (custo fixo
miais do 1º grau. da fábrica).
OBJETO DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM Daí, a lei é: .
• Funções polinomiais do 1º grau (função afim,
função linear, função constante, função identidade) ATIVIDADES
Nesta aula vamos realizar a análise e/ou a modela- 1. Na produção de peças, uma indústria tem um
gem de situações relacionadas as funções polinomiais custo fixo de mais um custo variável de
do 1º grau, representando no plano cartesiano os da- por unidade produzida. Sendo x o núme-
dos apresentados em quadros e/ou tabelas para ana- ro de unidades produzidas:
lisar situações que possibilitem a tomada de decisões. a) escrevam no caderno a lei da função afim que
fornece o custo total de x peças;
Exemplo: b) indiquem a taxa de variação dessa função e o
1. O gráfico a seguir mostra o custo total mensal seu valor inicial;
(y), em reais, para se confeccionar x unidades de ca- c) calculem o custo de 100 peças.
misetas em uma pequena fábrica.
2. Considere o retângulo a seguir.

Nessas condições:
Qual é o custo de confecção de 3 000 camisetas? a) calcule o perímetro do retângulo quando a
largura for 1 cm; 1,5 cm; 2 cm; 3 cm e 4 cm;
Solução: b) construam uma tabela no caderno associando
Considerando o intervalo de P a Q, a taxa média cada largura ao perímetro do retângulo;
de variação, em reais/camiseta, dessa função é: c) se x representa a largura, escrevam no caderno
a lei da função que expressa o perímetro desse
retângulo;
d) informem qual é a taxa de variação dessa fun-
ção e qual é o seu valor inicial.
Como se trata de uma função afim, sabemos que
essa taxa é constante. isso significa que, a cada cami-
seta produzida, o custo aumenta em 5 reais.

232
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
3. Uma pessoa vai escolher um plano de saúde entre mido. O segmento de reta no gráfico mostra o
duas opções. Veja a seguir. resultado desse teste, no qual a quantidade de
combustível no tanque é indicada no eixo y (ver-
tical), e a distância percorrida pelo automóvel é
indicada no eixo x (horizontal).

O gasto total de cada plano é dado em função do A expressão algébrica que relaciona a quantidade
número x de consultas. de combustível no taque e a distância percorrida
Determinem: pelo automóvel é:
a) a lei da função correspondente a cada plano;
b) qual delas tem maior taxa de variação e como
isso poderia ser interpretado;
c) em que condições é possível afirmar que: o
plano A é mais econômico; o plano B é mais
econômico; os dois planos são equivalentes.

4. Um tanque estava inicialmente com 10 litros de


água. A torneira desse tanque foi aberta deixando
sair a água na razão de 5 litros por segundo. 7. (Enem 2017) Um sítio foi adquirido por R$ 200
a) Escrevam no caderno a função afim que repre- 000,00. O proprietário verificou que a valoriza-
senta a quantidade de água após t segundos. ção do imóvel, após sua aquisição, cresceu em
b) Qual é a taxa de variação da função afim assim função do tempo conforme o gráfico, e que essa
obtida? tendência de valorização se manteve nos anos
c) Qual é o valor inicial da função afim assim ob- seguintes.
tida?

5. O proprietário de uma fábrica de chinelos veri-


ficou que, quando se produziam 600 pares de
chinelos por mês, o custo total da empresa era
de e, quando se produziam 900
pares, o custo mensal era de .A
função que representa a relação entre o custo
mensal (C) e o número de chinelos produzidos
por mês (x) é uma função afim.
a) Obtenha em função de x.
b) Se a capacidade máxima de produção da em-
presa é de chinelos/mês, qual o valor
do custo máximo mensal? O valor desse sítio, no décimo ano após sua com-
pra, em real, será de:
6. (Enem 2018) Uma indústria automobilística está a) 190 000.
testando um novo modelo de carro. Cinquenta b) 232 000.
litros de combustível são colocados no tanque c) 272 000.
desse carro, que é dirigido em uma pista de testes d) 400 000.
até que todo o combustível tenha sido consu- e) 500 000.

233
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
8. (Enem) O saldo de contratações no mercado for-
mal no setor varejista da região metropolitana de
São Paulo registrou alta. Comparando as contra-
tações deste setor no mês de fevereiro com as
de janeiro deste ano, houve incremento de 4 300
vagas no setor, totalizando 880 605 trabalhadores
com carteira assinada.
Disponível em: http://www.folha.uol.com.br.
Acesso em: 26 abr. 2010 (adaptado).

Suponha que o incremento de trabalhadores no


setor varejista seja sempre o mesmo nos seis pri-
meiros meses do ano.
Considerando-se que y e x representam,
respectivamen­te, as quantidades de trabalha-
dores no setor varejista e os meses, janeiro se
do o primeiro, fevereiro, o segundo, e assim por
diante, a expressão algébrica que relaciona essas
quantidades nesses meses é:
a) y = 4 300x
b) y = 884 905x
c) y = 872 005 + 4 300x
d) y = 876 305 + 4 300x
e) y = 880 605 + 4 300x

234
Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
COMPONENTES: FILOSOFIA, MOMENTO HISTÓRIA
GEOGRAFIA, HISTÓRIA, SOCIOLOGIA

CONCEITO
Módulo 01
FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA História e historiografia da ciência:
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS considerações para pesquisa histórica
em análise do comportamento
APLICADAS
Robson Nascimento da Cruz
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais -
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA: 01- Analisar processos
Unidade São Gabriel
políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais
nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em
A história pode ser considerada o conjunto de
diferentes tempos, a partir da pluralidade de pro-
acontecimentos, situações e fatos que ocorreram no
cedimentos epistemológicos, científicos e tecnoló-
passado, e a historiografia pode ser definida como a
gicos. Desse modo a compreender e posicionar-se
produção dos historiadores, o discurso sobre a histó-
criticamente em relação a eles, considerando dife-
ria. Discurso este essencialmente apresentado através
rentes pontos de vista. Tomando decisões baseadas
do texto escrito, que tem como objetivo expor uma in-
em argumentos e fontes de natureza científica.
terpretação sobre os fatos históricos. (Martins, 2004).
Como principais propósitos da historiografia, Mor-
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS103) Elaborar
ris et.al. (1990) afirmam que ela pode ser útil para
hipóteses, selecionar evidências e compor argu-
evitar repetir erros do passado; é extremamente
mentos relativos a processos políticos, econômicos,
importante na resolução de problemas metodoló-
sociais, ambientais, culturais e epistemológicos,
gicos e conceituais que uma disciplina enfrenta no
com base na sistematização de dados e informa-
presente; possibilita, através da análise da origem de
ções de diversas naturezas (expressões artísticas,
determinadas questões, observar como uma área do
textos filosóficos e sociológicos, documentos his-
conhecimento trilhou certos caminhos; é eficaz na
tóricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tra-
identificação das diversas influências sociais, políticas,
dições orais, entre outros).
econômicas e pessoais que um cientista ou ciência
sofreu, entre outras funções.
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS103A) Iden-
Historiografia é, então, a escrita da história, mas
tificar o objeto e os objetivos das Ciências Humanas
ela não é apenas isso. A historiografia é uma disciplina
e Sociais Aplicadas elaborando hipóteses sobre os
preocupada com a pesquisa histórica em si; em como
processos sociais, políticos, econômicos, espaciais,
fazer a coleta de dados; quais os critérios de escolha
ambientais e culturais para distinguir suas aproxi-
dos dados; como analisar; qual orientação teórica
mações e diferenças frente a outras ciências.
utilizar. Todas essas e outras mais são questões que
(GO-EMCHS103B) Compreender o conceito de
envolvem o trabalho historiográfico ou meta-historio-
subjetividade utilizando métodos investigativos
gráfico, uma reflexão sobre a atividade dos historiado-
próprios das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
res, como alguns historiadores preferem denominar
para avaliar as relações sócio-históricas, artísticas
(Martins, 2004). Assume-se, portanto, que a pesquisa
e filosóficas do mundo contemporâneo.
historiográfica, como qualquer pesquisa em qualquer
(GO-EMCHS103C) Avaliar os processos de formação
campo do conhecimento, irá definir critérios arbitrá-
das identidades culturais aplicando a sistematização
rios para direcionar sua investigação. Critérios esses
de dados de diversas naturezas (expressões artísti-
que estão baseados na concepção epistemológica e
cas, textos filosóficos e sociológicos, documentos
científica que se tem do objeto de estudo e da própria
históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas,
história.
tradições orais, entre outros) para compreender
Do mesmo modo que os analistas do compor-
se como agente social frente os processos sociais
tamento adotam uma noção de comportamento ao
e seus desdobramentos político-sociais, culturais,
estudarem esse fenômeno, o trabalho historiográfico
econômicos, ambientais e humanos.
requer, a priori, uma noção do que seja a história, o
que significa que o historiador, no caso de uma ciência,
Objeto de conhecimento: Conceito de Identidade
ao realizar uma pesquisa, tem um conceito de história
Cultural, Memória, Subjetividade Métodos nas Ci-
e de ciência, embora nem sempre o historiador tenha
ências Humanas e Sociais Aplicadas e Imaginação
consciência dessa variável que controla seu comporta-
Sociológica
mento como historiador. Como Martins sugere (1993):

236
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
“Os pontos de vista abordados trazem consigo uma conhecimento da natureza. Francis Bacon e Auguste
mensagem metodológica ou historiográfica, implícita Comte são os mais famosos autores dessa abordagem
ou explícita, associada ao enfoque adotado. A atitude que destacava, principalmente, os objetivos filosóficos
transmitida depende da visão historiográfica. (...) e dessa historiografia, que eram a exaltação da ciência e
ela pode ser não consciente. (p.78) do conhecimento positivo como um processo cumu-
Uma descrição histórica de qualquer área do co- lativo e progressivo.
nhecimento é, portanto, uma interpretação da história Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php .
dessa área. Com isso, tem-se, por exemplo, histórias Acesso em 04 nov. 2022
do behaviorismo e não a história do behaviorismo. A
importância de tal asserção, aparentemente óbvia,
é que toda interpretação histórica está comprometi-
da com certos pressupostos, está fundamentada em
preceitos filosóficos, culturais, pessoais e científicos, MÍDIAS INTEGRADAS
no caso da história de uma ciência. Então, é fato que
toda reconstrução histórica é parcial e enviesada.
Em termos comportamentais, poderíamos dizer
que a história de uma ciência é a história do compor-
tamento dos cientistas e do contexto social em que
a ciência foi constituída, e a historiografia de uma
área do conhecimento estaria relacionada ao com-
portamento dos historiadores de uma ciência. Então,
como nenhuma pessoa apresenta uma história com-
portamental idêntica à outra, nenhum historiador irá
escrever a história de maneira idêntica a outro histo-
riador. Todavia, isso não quer dizer que não haja um Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?-
padrão do comportamento textual nas descrições e v=PHzSbcXrfFA&t=9s . Acesso em 04 nov. 2022.
interpretações da história de uma ciência. E nem mui-
to menos que essa variabilidade no comportamento
dos historiadores seja um problema.
Para entender um pouco dos padrões tradicionais SUGESTÃO DE ATIVIDADE
da história da ciência, faz-se necessária uma sucinta
digressão. Uma breve retrospectiva em estudos da
história da ciência revela que a história de uma disci- Responder as questões abaixo acerca da temática
plina científica é, em geral, realizada inicialmente por tratada neste momento de História:
eminentes cientistas de um determinado campo do
conhecimento, e são histórias que têm como função Questão 01: Leia as Frases abaixo e marque apenas
legitimar um campo disciplinar, a história é nesse caso uma alternativa:
uma espécie de mero “produto colateral pedagógico”
(Kuhn, 1989). Histórias contadas pelos cientistas para “A história é testemunha do passado, luz da verdade,
demonstrar o desenvolvimento vitorioso de sua área, vida da memória, mestra da vida, anunciadora dos
as histórias apresentadas na introdução de manuais tempos antigos.”
técnicos e científicos são um ótimo exemplo desse Cícero.
tipo de padrão historiográfico da ciência.
Os estudos históricos sobre a ciência surgiram e “A memória guardará o que valer a pena. A memória
tiveram - desde o Renascimento até o início do século sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que
XX - como uma de suas principais características ser merece ser salvo.”
uma espécie de Biografia Heroica; o historiador em Eduardo Galeano.
muitos casos um cientista, fazia, em geral, narrativas
de histórias sempre bem-sucedidas de um cientista “Lembrar é fácil para quem tem memória. Esquecer
e/ou área do conhecimento. A história estava em é difícil para quem tem coração.”
consonância com uma visão iluminista de ciência; a William Shakespeare.
história da ciência era citada como fonte e exemplo do
progresso do homem moderno. Essa é a história como “É bom ter livros de citações. Gravadas na memória,
nos foi ensinada (Morris et.al., 1990). Outra tradição elas inspiram-nos bons pensamentos.”
historiográfica contemporânea e complementar a essa Winston Churchill.
foi caracterizada pelo uso da história para o maior

237
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Ao trabalhar com memorias escritas de pessoas, o A) Reunião e análise das informações ou dos conhe-
Historiador irá utilizar uma fonte: cimentos sobre o passado e sobre o desenvolvimento
A) ORAL. da humanidade.
B) VISUAL. B) A disciplina que estuda os micro-organismos.
C) TEXTUAL C) A ciência que estudo os números e algoritmos.
D) CORPORAL D) A disciplina que não estuda o passado e seus acon-
E) Nenhuma das alternativas acima. tecimentos.
E) Nenhuma das alternativas acima.
Questão 02: Observe a imagem abaixo:

OBSERVAÇÃO

A intencionalidade pedagógica destas questões é


identificar os conceitos de História.

MOMENTO GEOGRAFIA
Disponível em: http://www.mir12.com.br/br/2019/estudos/ MOMENTO 01. CIÊNCIA GEOGRÁFICA E SEU OB-
celulas/1534-o-tempo-de-deus .Acesso em 04 nov. 2022.
JETO DE ESTUDO.
A imagem acima retrata um dos principais instrumen-
tos de trabalho da História. Ele nos faz pensar na ideia
de passado, presente e futuro. Nos remete também a
ideia do homem e suas mudanças e transformações
no decorrer de sua vida.
Assinale a resposta que contém o nome deste instru-
mento de trabalho do História:
A) Museu.
B) Tempo.
C) Vida.
D) Espaço.
E) Brasil.

Questão 03: Leia o texto abaixo e responsa:


Quadro 1: Princípios referenciais básicos na construção do
O QUE É HISTÓRIA? saber geográfico e suas características.
Fonte: Nogueira (2009
A palavra “história” vem do idioma grego antigo, que
significava “testemunha” ou “investigação”.
A partir daí, ao longo dos séculos, surgiram diferentes
definições de História. Num sentido geral podemos
entender a História como a Ciência que investiga o
desenvolvimento das sociedades humanas ao longo
do tempo.
O trabalho do historiador, o profissional especializa-
do no estudo e na análise da História, é investigar as
pistas e vestígios deixados pelos povos do passado, é
investigar as pistas e vestígios deixados pelos povos
do passado para interpretar a realidade, sempre ba-
seando-se em vestígios e documentos, quando eles
existem.
-Você conhece outras definições de “História”? Pro-
cure no dicionário, e assinale outros significados in-
teressantes.

238
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
A importância da Geografia Região, regionalização e Territorialização

Necessidade de conhecer o espaço geográfico/ Na Geografia, a região refere-se a uma porção


espaço produzido. Entender a dinâmica da superfície superficial designada a partir de uma característica
terrestre. Entender os impactos das relações entre a que lhe é marcante. Assim, existem regiões naturais,
humanidade e a natureza. regiões econômicas, regiões políticas, entre muitos
outros tipos.
Objetivos da geografia Na próxima aula iremos aprofundar nos conceitos
de regionalização e territorialização.
Entender a dinâmica do espaço para auxiliar no
planejamento das ações humanas sobre ele.
Entender as formas de relevo, os fenômenos cli-
máticos, as composições sociais, os hábitos humanos
nos diferentes lugares, além de ser usada para fins ATIVIDADE
militares.
A geografia é a ciência responsável para compre- 01. Explique que desigualdades do espaço geográ-
ender O ESPAÇO e a relação que ele possui com o fico estão sendo apontadas na charge a seguir
ser humano. e comente qual parece ser o ponto de vista do
Estuda O ESPAÇO GEOGRÁFICO, ou seja, todo o cartunista a esse respeito
espaço terrestre produzido pelos seres humanos ou
que possui relação direta ou indireta com este.
O espaço geográfico: Espaço que se relaciona com
o ser humano.
O espaço também pode ser dito como: humani-
zado, cultural, antrópico (dando a entender como um
espaço alterado pelo ser humano.
Podemos também dizer que um espaço é natural:
quando apresenta características naturais mais mar-
cantes, como elementos do relevo, da vegetação ou
da hidrografia.

Outros conceitos geográficos:

Região: Espaços delimitados de acordo com ca-


racterísticas semelhantes. O espaço será agrupado
(regionalizado) à partir de semelhanças presentes nos
espaços.
Ex: Divisão política, IDH, vegetação, clima...

Estado: O termo Estado data do século XIII e se


refere a qualquer país soberano, com estrutura pró-
pria e politicamente organizado;

02. No dia 1º de julho de 2012, a cidade do Rio de


Janeiro tornou-se a primeira do mundo a rece-
ber o título da Unesco de Patrimônio Mundial
como Paisagem Cultural. A candidatura, apre-
sentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), foi aprovada durante
a 36.ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial.
O presidente do Iphan explicou que “a paisagem
carioca é a imagem mais explícita do que pode-
Nação: Povo/população (número de pessoas que mos chamar de civilização brasileira, com sua
ocupam um determinado espaço) com uma cultura originalidade, desafios, contradições e possibi-
(conjunto de hábitos e costumes de uma população) lidades”. A partir de agora, os locais da cidade
em comum. valorizados com o título da Unesco serão alvo de

239
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
ações integradas visando à preservação da sua c) A concentração da riqueza permite a uma pe-
paisagem cultural. quena parcela da sociedade viver em condo-
Disponível em: www.cultura.gov.br. mínios fechados de alto padrão, que, fortifica-
Acesso em: 7 mar. 2013 (adaptado).
dos por aparatos de segurança, aprofundam a
fragmentação do espaço urbano.
O reconhecimento da paisagem em questão d) A favela é um espaço monofuncional, exclusi-
como patrimônio mundial deriva da: vamente residencial, desprovido de serviços
a) presença do corpo artístico local. urbanos básicos como energia elétrica, água,
b) imagem internacional da metrópole. saneamento, limpeza e, portanto, equilibrada-
c) herança de prédios da ex-capital do país. mente coeso à malha urbana.
d) diversidade de culturas presente na cidade.
e) relação sociedade-natureza de caráter singular. 05. De acordo com o que foi visto na aula, descreva
os seguintes conceitos:
03. (Uece-CE,2015) “O espaço geográfico agora mun- A) Geografia:
dializado define-se pela combinação de signos.
Seu estudo supõe que se levem em conta esses
novos dados revelados pela modernização e pelo
capitalismo agrícola, pela especialização Regional
das atividades, por novas formas e localização das
indústrias”
O trecho acima expressa novas determinações
do espaço geográfico identificadas com: B) Espaço:
a) Os territórios de exclusão.
b) as paisagens distópicas.
c) o meio técnico científico e informacional.
d) a redefinição de hierarquias urbanas.
e) As paisagens naturais.

04. Considerando a imagem, assinale a alternativa


correta. C) Espaço geográfico:

D) Paisagem:


Imagem: Tuca Vieira

a) A organização do espaço geográfico nas metró-


poles brasileiras caracteriza-se, na atualidade, E) Lugar:
pela tendência à homogeneização das formas
de habitar, em função da existência de políticas
urbanas e sociais exitosas.
b) Os moradores do condomínio fechado e os mo-
radores da favela compartilham áreas comuns
de lazer, fato que expressa o enfraquecimento
dos conflitos entre as diferentes classes sociais
na metrópole.

240
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
F) Território: MOMENTO FILOSOFIA

MITOLOGIA E FILOSOFIA: UM DEBATE

Um dos fatos mais interessantes na história da


humanidade como um todo é tentar explicar o início
de tudo, os acontecimentos do cotidiano e as possi-
bilidades de entender a vida pós-morte. Em todos
G) Estado: os tempos sempre ocorreu aos homens perguntar-se
sobre sua origem e a do próprio universo que os cerca.
Estas respostas ou tentativas de respostas às
questões acima levantadas nunca foram privilégio
de todos, sempre “especialistas” de todas as mati-
zes, dos sacerdotes, aos reis, os papas, ou mesmo
os cientistas, sempre tiveram o privilégio de tentar
deter o “saber responder”, estes questionamentos.
Desta forma, sempre ocorreu a interrogação do “de
H) População:
onde viemos” e “para onde iremos” e as respostas se
sucedem no transcorrer do tempo. Quando falamos
que são perguntas ou explicações que estão presentes
no transcorrer da evolução da vida racional do ser
humano, queremos dizer que, qualquer tribo perdida
em qualquer lugar do planeta de uma maneira ou de
outra vai apresentar essas inquietações, basta ver as
tribos indígenas na América do Sul, seus mitos tentam
I) Cultura: explicar a natureza e seus fenômenos.
“O mito é uma narrativa imaginária que estrutura
e organizam de forma criativa as crenças culturais.
As divindades constituíam os personagens que, pelas
divergências, intrigas, amizades e desejo de justiça,
explicavam tanto a natureza humana como os resul-
tados das guerras e os valores culturais”. (Cassiano
Carde in “Para Filosofar”, p. 9 Ed. Scipione).
J) Nação: Portanto, o fantástico entra em cena para dar
conta de um real, isto é, a realidade antes de tudo
explicada dentro de uma super dimensão. A questão é
que temos que entender o processo mitológico como
uma estrutura de entendimento da realidade, não só
no passado mas também no presente.
Em dois momentos, séc. XVIII (com o Iluminismo)
e séc. XIX (com o hegelianismo e o positivismo), en-
contramos a ideia de que superar a perspectiva mi-
tológica é para a humanidade uma evolução. Desta
forma, a reflexão mitológica pertenceria a culturas
primitivas ou mesmo atrasadas. Na antropologia, a
perspectiva de uma explicação mítica é defendida por
Lévi-Strauss como bricoleur, isto é, a produção de ob-
jetos partindo de pedaços e fragmentos de outros
objetos. Desta forma, a realidade vai interligando-se
paulatinamente ao conjunto de suas crenças. O pensa-
mento mítico vai estruturando-se como experiências,
relatos e narrativas. Desta forma, o pensamento míti-
co, como afirma Chauí (ob. cit. p.161/162), apresenta
três características principais.
A função explicativa: o presente é explicado por
alguma ação passada cujos efeitos permanecem no

241
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
tempo. Por exemplo, uma constelação existe porque, Desta forma, o mito é explicado dentro de uma
no passado, crianças fugitivas e famílias morreram na realidade, porém não podemos deixar de destacar o
floresta e foram levadas ao céu por uma deusa que as processo mitológico na Grécia antiga. O mito entre os
transformou em estrelas; as chuvas existem porque, gregos assume um papel diferente na sua dimensão
nos tempos passados, uma deusa apaixonou-se por do fantástico, pois este, é mais humano, está interli-
um humano e, não podendo unir-se a ele diretamente, gado à vida cotidiana das pessoas, o que não encon-
uniu-se pela tristeza, fazendo suas lágrimas caírem tramos no Oriente por exemplo. Esta é uma questão
sobre o mundo, etc.; primordial, a filosofia nasce debatendo com o mito –
não vamos aqui entrar no debate sobre se a filosofia é
A função organizativa: um derivado maior da perspectiva mítica da realidade
o mito organiza as relações – e, portanto, apresentando uma estrutura racional
sociais (de parentesco, de sobre a realidade na sua perspectiva de construção
alianças, de trocas, de sexo, de uma cosmologia.
de idade, de poder, etc) de
modo a legitimar e garantir a FILOSOFIA E MITO – o debate.
permanência de um sistema
complexo de proibições e permissões. Por exemplo, Portanto, pensar sobre o
um mito como o de Édipo ( Quando Édipo nasce, um debate entre mitologia e filo-
vidente, Tirésias, prevê que o menino matará o pai sofia é, antes de tudo, procurar
e casará com a mãe. Apavorado, o rei Laio – o pai – as razões que se diferem nas
manda matar Édipo. O escravo que deveria matar o duas explicações de realidade.
menino sente piedade e o lança num precipício sem A mitologia é uma narrativa que
conta de maneira fantástica o
verificar se está ou não morto; e entrega ao rei o cora-
passado, já á filosofia tem uma
ção de uma corça, como se fosse o de Édipo. A criança
preocupação com o passado, o presente e o futuro.
não morre e é recolhida por um pastor. Este, por sua
Desta forma, o refletir filosófico é, antes de tudo, uma
vez, a entrega a um outro rei, que, idoso, lamentava
perspectiva de totalidade de tempo.
não ter filhos. Ao crescer, Édipo suspeita que não é
filho de seus país adotivos e sai à procura dos pais
verdadeiros. No caminho, vê uma batalha entre um
grupo numeroso e um pequeno; coloca-se ao lado
deste último e mata o chefe do outro grupo - seu pai,
Laio. Chegando a sua cidade natal, fica sabendo que
um monstro estava devorando as virgens e só inter-
romperá a matança se alguém decifrar um enigma
que propõe. Édipo decifra o enigma. Como recom-
pensa, recebe a rainha em casamento. Casa-se com
Jocasta, sem saber que se tratava de sua verdadeira
mãe, e com ela tem filhos. A profecia se cumpre. A
cidade será castigada com a peste e, ao tentar com-
bate-la, pedindo aos deuses que lhe digam o que a
causou, Édipo fica sabendo, por Tirésias, que matou
o pai e casou-se com a mãe. Fura os olhos e exila-se,
enquanto Jocasta se suicida.) existe (com narrativas
diferentes) em quase todas as sociedades selvagens
e tem a função de garantir a proibição do incesto,
sem a qual o sistema sociopolítico, baseado nas leis
de parentesco e de alianças, não pode ser mantido;

A função compensatória: o mito narra uma si-


tuação passada, que é a negação do presente e que pintura: PandoraJohn William Waterhouse, de 189.Acessa-
serve tanto para compensar os humanos de alguma do https://www.wikiart.org/pt/john-william-waterhouse/
perda como para garantir-lhes que um erro passado pandora-1898 em 02/12/2022.
foi corrigido no presente, de modo de oferecer uma
visão estabilizada e regularizada da Natureza e da vida Quando o mito narra a origem das coisas apre-
comunitária.” senta toda uma genealogia com rivalidades e alianças

242
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
entre as coisas, as forças divinas que são sobrenaturais A leitura da realidade passa por vários caminhos,
ou mesmo personalizadas. Já na filosofia encontramos tanto no passado como no presente, desvendar os
uma busca explicativa sobre como a natureza deter- mitos, tornar possível os caminhos da razão humana
mina um elemento único de formação da cosmologia. é o papel do filosofar no passado e no presente, pois
Assim, os primeiros filósofos pré-socráticos, estão pro- só assim, poderemos construir uma episteme capaz
curando o elemento norteador do Universo e da vida de estruturar uma totalidade. Por José Sobreira Barros
na terra, água, fogo, ar, átomo, etc. Assim, o mito fala Júnior. Mestre em Filosofia-PUC/SP.
em Urano, Ponto e Gaia e a reflexão filosófica apresen- Fonte:http://www.paradigmas.com.br/index.
ta o céu, o mar e a terra. Sendo que diferentemente php/revista/edicoes-31-a-40/edicao-32/317-mitolo-
da explicação mitológica onde estes elementos sur- gia-e-filosofia-um-debate
gem por casamentos a filosofia os explica, como um
processo de separação de quatro elementos (úmidos, CONHECIMENTO FILOSÓFICO
seco, quente e frio ou água, terra, fogo e ar).
A autoridade religiosa do narrador permite a este Autor: Carlos José Giudice dos Santos
não se importar com as possíveis contradições narra-
tivas do processo mítico. A filosofia por sua vez não Na visão de Matallo Júnior, os gregos foram os
permite contradições, fabulações, mas sim o discur- primeiros a criar condições para uma sistematização
so lógico, sem contradições, a autoridade não está do conhecimento. Essa sistematização só foi possível
no filosofo, mas sim na razão que está permeando o devido à separação de classes (homens livres cabeça
pensamento lógico. trabalho intelectual e escravos mãos trabalho braçal).
Chauí destaca ainda que alguns elementos tais O comércio (que colocou a Grécia em contato
como, as viagens marítimas, a invenção do calendário, com outros povos além mar) e a moeda (um símbolo
a invenção da moeda, o surgimento da vida urbana, a aceito como padrão para substituir o escambo) foram
invenção da escrita alfabética e a invenção da política, alguns dos fatores que alargaram os horizontes dos
foram fundamentais para o surgimento da filosofia gregos, permitindo ampliar também os horizontes do
na Grécia Antiga. pensamento. Os primeiros pensadores gregos, ao to-
mar contato com estrangeiros, verificaram que eram
homens como eles.
Ao perguntarem sobre monstros marítimos e/
ou lendários, começaram a perceber que esses não
existiam, ou se existiam, não podiam ser comprova-
dos, ganhando assim, o status de lenda. Essa busca
da verdade levou ao questionamento dos mitos. A
indagação em busca da verdade levou ao nascimento
da filosofia.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Marilena_Chaui
Acessado em 02/12/2022.

O filósofo é aquele que tem como ponto de par-


tida para a análise da realidade a razão, esta com
seus princípios e regras determina um critério para
o seu processo de evolução analítica. Somente desta
maneira a reflexão filosófica poderá trabalhar com
a contradição e com o pensamento universal. Será
ainda parte do refletir filosófico a dúvida constante
e a tendência para a generalização. Entendemos ge-
neralização como é apresentado por Chauí (ob. cit.
p.33) ; “mostrar que uma explicação tem validade Pintura O Filósofo
para muitas coisas diferentes porque, sob a variação Ernest Meissonier, de 1878. Acessado em https://
percebida pelos órgãos de nossos sentidos, o pensa- www.wikiart.org/pt/ernest-meissonier/o-filosofo-1878
mento descobre semelhanças e identidades.”. Porém, 02/12/2022.
não podemos esquecer, os próprios filósofos na Gré-
cia Antiga utilizaram a mitologia ou a alegoria para o Ao se estudar a história do nascimento da filoso-
processo de reflexão filosófica. É o caso de Platão e a fia, que influenciou todo o pensamento ocidental, é
alegoria da Caverna ou “mito” da Caverna. comum dividirmos essa história em duas: antes de

243
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Sócrates (os pensadores pré-socráticos) e depois de Aristóteles (o terceiro grande filósofo grego), que
Sócrates (representados pelo três grandes filósofos: foi discípulo de Platão, discordou da doutrina platô-
Sócrates, Platão e Aristóteles). nica, depois de mais de vinte anos de Academia. Ele
De acordo com Russel, vários são os pensadores promoveu uma aproximação entre os fenômenos e
pré-socráticos: Tales, Anaximandro, Anaxímenes, re- as formas, o que levou à criação do método induti-
presentantes da escola milésia (da cidade de Mileto); vo. Essa discordância gerou uma grande divergência
Pitágoras, Xenófanes (da cidade de Samos); Heráclito com o seu mestre, Platão, a quem é atribuída a frase:
(da cidade de Éfeso); Parmênides (da cidade de Eléia, “Aristóteles me despreza como o potro que escoiceia
ao sul da Itália); Empédocles (da cidade de Agrigento); a mãe que o deu à luz”. Aristóteles respondeu: “Amigo
Anaxágoras (natural da cidade de Clazomenas) que vivia de Platão, mas mais amigo da verdade”. Aristóteles
em Atenas; Zenão (também da cidade de Eléia); Melisso deixou Atenas e foi para a Macedônia, onde se tor-
(também da cidade de Samos); Demócrito (da cidade de nou tutor do futuro rei Alexandre durante três anos.
Abdera); Protágoras, um dos primeiros sofistas, e outros. Quando retornou a Atenas, fundou a sua própria
Não faz parte dos objetivos deste texto listar to- escola, chamada de Liceu (que recebeu inestimável
das as conquistas que os pré-socráticos fizeram, mas auxílio financeiro de seu ex-aluno, Alexandre), onde
o primeiro filósofo pré-socrático conhecido, Tales trabalhou por treze anos seguidos. Suas obras mais
de Mileto, nos fornece uma importante lição sobre famosas são Física (em quatorze volumes) e Política .
a importância prática da busca da verdade. Muitas Filosofia e Ciência são irmãs: nasceram no mesmo
histórias são atribuídas a Tales. Em uma dessas his- local (Grécia), mesma época (aproximadamente seis
tórias, Tales é desafiado sobre a utilidade prática de séculos antes de Cristo) e com o mesmo objetivo: a
se pensar. Diante desse desafio, busca da verdade. Ambas buscam uma sistematização
demonstrou o seu gênio prático monopolizan- do conhecimento. As duas caminharam praticamen-
te juntas desde o nascimento até o final do século
do o mercado de azeite de oliva. Seu conhecimento
XIX, quando houve uma cisão mais definitiva entre
de meteorologia antecipou-lhe que a colheita seria
as duas devido ao Positivismo. As perguntas que a
abundante. Portanto, alugou todos os lagares que
Filosofia tenta responder são diferentes daquelas que
conseguiu e, chegada a hora, alugou-os, estipulando
a Ciência consegue responder. Enquanto a Ciência é
o preço. Assim, obteve uma grande quantia e demons-
fortemente baseada em fatos, tentando estabelecer
trou aos seus algozes que os filósofos podem ganhar
leis e padrões, a Filosofia é especulativa, baseada prin-
dinheiro quando se dispõem. cipalmente na argumentação. Perguntas como “Por-
Sócrates é o primeiro grande filósofo grego, sendo que um corpo cai?” ou “Porque alguém morre?” ou
a ele atribuída a criação da Dialética (debate no campo ainda “Como prolongar a vida?” são objetos de estudo
das ideias, que faz surgir as contradições), da Mai- da Ciência. Perguntas como “Existe alma?” ou “Se as
êutica (a arte de partejar espíritos) e a ironia (a arte almas existem, como se ligam ao corpo” ou ainda “Até
de interrogar). Sócrates não deixou nada escrito, mas que ponto a eutanásia é um procedimento ético” são
muitas das suas histórias chegaram até nós por meio objetos de estudo da Filosofia. Fonte do texto: t.ly/KcAo
das obras de discípulos como Platão e Xenofonte.
Platão, o segundo grande filósofo grego, defende Questões de Filosofia
a tese do inatismo da razão, ou seja, que o homem
já nasce com conhecimento. Platão fundou uma es- 1. (Uece 2020) Leia a seguinte passagem, que rela-
cola, a Academia, onde se desenvolveu a Dialética e ciona o regramento democrático ao desenvolvi-
o seu mundo das formas (ou ideias). Era um escritor mento de uma prática social baseada na razão:
de grande talento, que utilizava em seus escritos, um
procedimento literário que o auxiliava a expor suas “A democracia representa exatamente a possibili-
teorias mais difíceis. Tal procedimento é a alegoria dade de se resolverem, através do entendimento
ou o mito. Suas obras mais famosas são Mênon e mútuo, e de leis iguais para todos, as diferenças e
República, além de O político e As leis. divergências existentes em nome de um interesse
comum. As decisões serão tomadas por consen-
so, o que acarreta persuadir, convencer, justificar,
explicar. Anteriormente, havia a imposição, a vio-
lência, a obediência. A linguagem, o diálogo e a
discussão rompem com a violência na medida em
que todos os falantes têm, no diálogo, os mesmos
direitos (isegoria): interrogar, questionar, contra
argumentar. A razão se sobrepõe à força”.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia:
Fonte: https://semeandoconhecimento.com.br/socrates- dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar
-platao-aristoteles/ acessadoem 02/12/2022. Ed.1998. Adaptado.

244
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Considerando a passagem acima, analise as se- volvimento e o processo social e político dos
guintes afirmações: povos que deram origem à civilização grega.
I. O surgimento de todas as formas de manifes- b) o poder despótico, característico dos povos
tação cultural, entre elas a filosofia, a arte e a da antiguidade, consolidou de forma gradual
narrativa histórica deve ser entendido a partir do e constante o surgimento de movimentos so-
contexto social e histórico no qual determinada ciais de contestação na Grécia antiga, o que
sociedade está imersa. foi fundamental para o surgimento da razão
II. O alvorecer da filosofia, no mundo antigo, teve filosófica, no período clássico.
como motivação o desenvolvimento de uma vida c) a mudança de pensamento do povo grego e
social democrática, mais voltada à harmonia e a originalidade de sua reflexão sobre o cosmo
conciliação de interesses diversos, o que requeria se relacionam às transformações da vida polí-
o uso do argumento racional. tica grega, na qual o debate público por parte
III. O processo democrático na Grécia antiga de cidadãos iguais substituiu a onipotência do
inaugurou a obediência ao poder de todos e para poder real ancorada em mitos de soberania.
todos e isso se refletiu no surgimento de um pen- d) não há diferenças significativas entre os siste-
samento racional que, embora fosse inovador, ma de organização social dos povos que vive-
continuava prisioneiro de uma visão autoritária ram na Grécia micênica e os processos sociais
de sociedade. que vigoraram nos períodos subsequentes,
seja no período homérico, seja nos períodos
É correto o que se afirma em arcaico e período clássico.
a) I e III apenas.
b) I e II apenas. 3. (Ufpr 2019) Quando soube daquele oráculo,
c) II e III apenas. pus-me a refletir assim: “Que quererá dizer o
d) I, II e III. Deus? Que sentido oculto pôs na resposta? Eu
cá não tenho consciência de ser nem muito sá-
2. (Uece 2020) Atente para a seguinte passagem, bio nem pouco; que quererá ele então significar
que trata do alvorecer da filosofia: declarando-me o mais sábio? Naturalmente não
está mentindo, porque isso lhe é impossível”.
“A derrocada do sistema micênico ultrapassa, Por longo tempo fiquei nessa incerteza sobre o
largamente, em suas consequências, o domí- sentido; por fim, muito contra meu gosto, deci-
nio da história política e social. Ela repercute di-me por uma investigação, que passo a expor.
no próprio homem grego; modifica seu universo (PLATÃO. Defesa de Sócrates. Trad. Jaime Bruna. Coleção
Os Pensadores. Vol. II. São Paulo: Victor Civita, 1972, p.
espiritual, transforma algumas de suas atitudes
14.)
psicológicas. A Grécia se reconhece numa certa
forma de vida social, num tipo de reflexão que
O texto acima pode ser tomado como um exem-
definem a seus próprios olhos sua originalida-
plo para ilustrar o modo como se estabelece,
de, sua superioridade sobre o mundo bárbaro:
entre os gregos, a passagem do mito para a fi-
no lugar do Rei cuja onipotência se exerce sem
losofia. Essa passagem é caracterizada:
controle, sem limite, no recesso de seu palácio,
a) pela transição de um tipo de conhecimento
a vida política grega pretende ser o objeto de um
racional para um conhecimento centrado na
debate público, em plena luz do Sol, na Ágora,
fabulação.
da parte de cidadãos definidos como iguais e de
b) pela dedicação dos filósofos em resolver as
quem o Estado é a questão comum; no lugar das
incertezas por meio da razão.
antigas cosmogonias associadas a rituais reais
c) pela aceitação passiva do que era afirmado
e a mitos de soberania, um pensamento novo
pela divindade.
procura estabelecer a ordem do mundo em re-
d) por um acento cada vez maior do valor confe-
lações de simetria, de equilíbrio, de igualdade
rido ao discurso de cunho religioso.
entre os diversos elementos que compõem o
e) pelo ateísmo radical dos pensadores gregos,
cosmos”.
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de
sendo Sócrates, inclusive, condenado por isso.
Janeiro: Bertrand Brasil, 1996, p.6/adaptado.
4. (Uece 2019) “É no plano político que a Razão,
Com base na passagem acima, é correto afirmar na Grécia, primeiramente se exprimiu, cons-
que tituiu-se e formou-se. A experiência social só
a) a filosofia decorre fundamentalmente de um pôde tornar-se entre os gregos objetos de uma
longo processo de evolução dos mitos antigos, reflexão positiva, porque se prestava, na cidade,
não havendo relação direta entre seu desen- a um debate público de argumentos. O declínio

245
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
do mito data do dia em que os primeiros Sábios Sobre a gênese do pensamento filosófico, está
puseram em discussão a ordem humana, pro- CORRETO afirmar que
curaram defini-la em si mesma, traduzi-la em a) a evidência da verdade com o crivo da racio-
fórmulas acessíveis à sua inteligência, aplicar-lhe nalidade tem resposta no mito.
a norma do número e da medida.” b) o critério da logicidade está presente na ade-
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de são à crença e ao mito.
Janeiro: Bertrand do Brasil, 1989, p. 94. c) a gênese do pensar filosófico e a inspiração
criadora de sentidos consistem na fantasia.
Com base nessa citação, é correto afirmar que d) a origem do pensamento filosófico surge entre
a filosofia nasce os gregos, no século VI a.C., na busca por expli-
a) após o declínio das ideias mitológicas, não ha- cação do sobrenatural com a força do divino.
vendo nenhuma linha de continuidade entre e) o despertar da filosofia grega surge na verdade
estas últimas e as novas ciências gregas. argumentada da razão com o critério da inter-
b) das representações religiosas míticas que se pretação.
transpõem nas novas representações cosmo-
lógicas jônicas. MOMENTO SOCIOLOGIA
c) da experiência do espanto, a maravilha com
um mundo ordenado e, portanto, belo. Origem da Sociologia
d) da experiência política grega de debate, argu-
mentação e contra argumentação, que põe em Por Marcele Juliane Frossard de Araujo
crise as representações míticas. do site Infoescola

5. (Uece 2019) “Como se sabe, a palavra mythos


raramente foi empregada por Heródoto (apenas
duas vezes). Caracterizar um logos (narrativa)
como mythos era para ele um meio claro de
rejeitá-lo como duvidoso e inconvincente. [...]
Situado em algum lugar além do que é visível,
um mythos não pode ser provado.”
HARTOG, F. Os antigos, o passado e o presente. Brasília,
Editora da UnB, 2003, p. 37.

Sobre a diferença entre mythos e logos acima


sugerida, é INCORRETO afirmar que
a) o problema do mythos era limitar-se ao que é
visível e, por isso, não podia ser pensado. A Sociologia é uma ciência social que surge em
b) filosofia e história nasceram, na Grécia clássica, consequência das ideias iluministas e da busca de di-
com base numa mesma reivindicação do logos ferentes intelectuais de compreender a sociedade e
contra o mythos. suas dinâmicas. O principal fator social que conduz
c) o mythos não poderia ser submetido à clarifica- ao surgimento deste campo de conhecimento foi a
ção argumentativa e à prova — demonstração Revolução Industrial e suas consequências, como a
— discursiva. divisão do trabalho e o processo de urbanização.
d) em contraposição ao mythos, o logos era um Autores como Karl Marx, Friedrich Engels, Alexis
uso argumentativo da linguagem, capaz de de Tocqueville, Le Play, Spencer, se dedicaram a es-
criar as condições do convencimento. tudar os problemas da nova sociedade que surgia na
Europa. Em diferentes países começava a aparecer,
6. (Upe-ssa 1 2017) Observe o texto a seguir sobre no século XIX, o interesse de conhecer os problemas
a gênese do pensamento filosófico. sociais e políticos a partir de um ponto de vista cien-
Com a filosofia, novo critério de verdade se tífico e todo esse processo indicava o surgimento de
impunha: o critério da logicidade. Verdade é um novo campo de conhecimento.
aquilo, que concorda com as leis do lógos (pen- O nome “Sociologia” foi criado por Auguste Com-
samento, razão). É a razão, que nos dá garantia te, também considerado o pai do positivismo. Comte
da verdade, porque o real é racional. observava uma transformação da sociedade europeia,
LARA, Tiago Adão. A Filosofia nas suas origens gregas, mais especificamente da sociedade francesa, em que
1989, p. 54. a sociedade militar e teocrática era substituída por
uma sociedade industrial e científica (LALLEMENT,

246
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
2008, pg. 71). Essa crise poderia ter consequências
catastróficas, e a memória do que havia sido a Revo-
lução Francesa ainda era muito recente para desejar
que outras revoltas acontecessem.
É assim que surge, no século XIX, a Sociologia,
enquanto campo de estudos da sociedade e suas
dinâmicas. A sociologia francesa é conhecida como
a principal responsável pela institucionalização da
disciplina, quando Émile Durkheim foi convidado a
ministrar a disciplina em Bordéus em 1887. Assim
sendo, foi primeiramente na França que a disciplina
passou a ser considerada uma ciência e a fazer parte
das disciplinas universitárias.
Émile Durkheim, foi na verdade o primeiro a es-
tabelecer um método sociológico e a definir o ob- A historiografia de Philippe Ariès e Pierre Nora
jeto de análise dessa disciplina, é por isso que ele defende que a cultura popular, a história da vida fa-
também é considerado um dos pais da Sociologia.
miliar e a religiosidade são elementos importantes na
Assim como Comte, Durkheim também pretendia
construção social da memória. Quanto à Sociologia, a
entender a sociedade e seus problemas para evitar
influência veio principalmente através do ex-aluno e
crises e revoltas sociais. O problema que mais o in-
discípulo de E. Durkheim, o filósofo e sociólogo Mau-
quietava era o da anomia social, ou seja, a falta de
rice Halbwachs, considerado o expoente máximo da
solidariedade e o crescimento do individualismo. Ele
«sociologia da memória coletiva». Segundo Halbwa-
também foi responsável por conceituar o fato social
chs, «it is in society that people normally acquire their
enquanto saber coletivo, formas de agir e pensar, que
memories. It is also in society that they recall, recog-
coagem os indivíduos.
nize, and localize their memories» Para este autor,
Outro autor que também é considerado um dos
a memória, como fenômeno social, é coletivamente
fundadores da sociologia é Gabriel Tarde. Ele também
se dedicou a compreender o que constitui o vínculo construída e reproduzida ao longo do tempo.
social e o fato social, mas sua teoria se distanciava da Assim como o património cultural (ou como um
de Durkheim por considerar que o fato social poderia património cultural), a memória social é dinâmica,
ser definido a partir das interações entre as consciên- mutável e seletiva; seletiva porque nem tudo o que é
cias individuais. Para Tarde o fundamento do vínculo importante para o grupo fica «gravado na memória»,
social era a imitação, os homens imitam os atos dos fica registado para as gerações futuras. Há uma ques-
outros homens e ao reunirem esses atos em comum, tão pertinente nesta discussão sobre memória: existe
de pequenas ações, de modos de pensar, essas simi- uma memória individual ou ela é necessariamente
litudes formam um conjunto, o coletivo. coletiva? Segundo Halbwachs, a memória individual
Por fim, é na virada do século XIX para o XX que a (se é que ela existe) é construída necessariamente a
Sociologia realmente se estabelece como uma ciência partir e no interior de um grupo; portanto, de uma
e uma disciplina universitária. Foi na França, na Alema- memória coletiva e de uma memória histórica.
nha, nos Estados Unidos e na Inglaterra que surgiram A memória histórica é entendida como o «pas-
suas principais teorias. E autores como Max Weber, sado vivido», constituído pela sucessão de aconteci-
Georg Simmel, Thorstein Veblen, Robert E. Park, den- mentos/momentos marcantes na vida do grupo, da
tre outros são também importantes neste início. nação, do país, e que possibilita a construção de uma
narrativa sobre o passado. Qual é a relação da memó-
A MEMÓRIA SOCIAL ria social com a identidade? Segundo Halbwachs, a
identidade reflete todo o investimento que um grupo
Autor: Donizete Rodrigues. faz, ao longo do tempo, na construção da memória.
Portanto, a memória coletiva está na base da constru-
A Antropologia cultural procura entender como as ção da identidade. Esta reforça o sentimento de per-
sociedades, dos primórdios até hoje e em diferentes tença identitária e, de certa forma, garante unidade/
regiões do mundo, produzem, reproduzem e materia- coesão e continuidade histórica do grupo.
lizam o saber, isto é, como as diferentes sociedades A memória pode ser entendida como processos
formam e transmitem o seu conhecimento acumulado sociais e históricos, de expressões, de narrativas de
ao longo dos tempos. Dito de outra forma, como elas acontecimentos marcantes, de coisas vividas, que legi-
formam e transmitem a sua memória social. A análise timam, reforçam e reproduzem a identidade do grupo.
antropológica da memória social foi muito influencia- A Antropologia tem demonstrado que todas as socie-
da pelas Escolas históricas e sociológicas francesas. dades humanas produzem, diferentemente, objetos,

247
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
ideias, representações simbólicas e comportamentos, localizadas no desenvolvimento do pensamento social
que nós, os antropólogos, denominamos cultura. Esse europeu do século XVI, alavancado pelo Renascimento
património cultural, que pode ser material, ou seja, cultural e científico e depois pelo Movimento Iluminista.
o que é visível, como os artefatos, e não-material, o E a partir do século XVIII, a sociedade e os fenômenos
que não é visível como ideias, comportamentos, siste- sociais voltados para a organização econômica e política
ma simbólico e religioso, é reproduzido e preservado e o próprio declínio do mundo feudal e modificação
através da memória social. da instituição da monarquia e servidão entre outros
No entanto, é importante realçar que o patrimó- fenômenos começaram a serem problematizados e
nio cultural não é só o que é materializado, escrito, aceitos como uma construção humana ( se despren-
musealizado e edificado, como é o caso da Arqueolo- dendo de pretextos e significados de providência divi-
gia industrial. Como nos ensina a Antropologia, existe na e/ou um fenômeno natural). Logo toda construção
também a memória oral, a oralidade, considerada, humana pode ser transformada, mantida, destruída e
nos contextos das sociedades ágrafas/primitivas/ in- reconstruída, conforme os objetivos delineados pela
dígenas/nativas, como uma «escavação da memória», própria sociedade baseadas em seus princípios éticos
para utilizar uma linguagem arqueológica. modernos que insuflaram os ideais de liberdade, igual-
Mas, podíamos indagar, se vivemos num mundo dade e fraternidade contra a servidão, a hierarquia e
dominado pela escrita e pela imagem, no sentido do a exploração. A Sociologia surgiu como a ciência que
audiovisual; também ele um património valioso, qual visa compreender os conflitos, as permanências e as
é a importância da oralidade no mundo altamente transformações das sociedades contemporâneas.
tecnológico de hoje? Apesar do predomínio das novas A antropologia surgiu do contexto da expansão
tecnologias de comunicação/informação via internet, colonial europeia dos séculos XIX e XX. Tendo como
twitter, facebook, google plus, criando identidades co- principal objetivo estudar as características sociais e
letivas em escala 5 global, é ainda pertinente a discus- culturais de sociedades distintas, sendo uma ciência
são sobre o oral e o escrito no contexto das socieda- da alteridade porque estuda as sociedades diferen-
des (pós)modernas, pois esses dois domínios culturais tes do sistema urbanizado e industrializado. Com o
desempenham um papel marcante na transmissão desenvolvimento dos debates científicos a antropolo-
do saber, na forma como as sociedades constroem a gia substitui a visão evolucionista pelas correntes de
sua memória coletiva e se reproduzem socialmente. pensamentos teóricos funcionalistas e estruturalistas,
A Antropologia, neste contexto da oralidade como expandindo e valorizando o estudo da diversidade
forma de reprodução do saber, é de extrema impor- cultural e com o princípio do relativismo cultural que
tância, pois ela desenvolve estudos morfológicos e es- afirma como legítima as manifestação cultural de cada
truturalistas (Lévi-Strauss), principalmente das mani- povo, devido que a mesma é um resultado das expe-
festações mitológicas das sociedades primitivas, mas riências cotidianas de cada agrupamento humano e
também do maravilhoso popular das comunidades a sua interação com outros grupos, logo valorizando
camponesas, no contexto das sociedades complexas, a alteridade ( reconhecimento das práticas, conheci-
como é o caso de Portugal. É importante realçar que mento, valores e normas do outro que são distintas
nas comunidades rurais, sub-sociedades sem escrita, das nossas) criticando as visões etnocêntricas.
a viverem no contexto de uma sociedade letrada, a
denominada alta cultura, a oralidade é a forma privile- Atividades Sociologia
giada de formação e reprodução da vida coletiva. Isto
é, é através da oralidade que os camponeses criam e 1. Baseado no conceito de imaginação sociológica
vivem o seu quotidiano, passado e presente, e per- do sociólogo estadunidense Wright Mills, Anthony
petuam no tempo a sua «história». Giddens (2008) apresenta a seguinte reflexão so-
Fonte do texto: t.ly/RBhF bre a disciplina: Estudar sociologia não pode ser
apenas um processo rotineiro de adquirir conheci-
Um pouco sobre as Ciências Humanas mento. Um sociólogo é alguém capaz de se liber-
tar da imediatidade das circunstâncias pessoais e
A Sociologia se constituiu apresentar as coisas num contexto mais amplo.
como ciência no século XIX, Corresponde à concepção defendida por Giddens:
inserida em um contexto de a) O sociólogo deve se preocupar com o proces-
valorização do conhecimento so de desnaturalização ou estranhamento da
metódico, racional e de gran- realidade para estabelecer leis gerais de expli-
des transformações sociais, sobretudo a dois fatores cação das regularidades universais presentes
históricos fundamentais: a Revolução Francesa e ao na vida social.
processo de industrialização e urbanização promovidas b) Qualquer aspecto da vida social, mesmo os
pela Revolução Industrial. Mas suas raízes podem ser mais rotineiros e familiares, pode ser pensado

248
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
a partir de um ponto de vista sociológico, pois a) descrição densa
está relacionado a diferentes aspectos da vida b) etnocentrismo
social (políticos, econômicos, ideológicos etc.). c) etnometodologia
c) A sociologia é uma ciência positiva, que deve d) estranhamento
definir com critérios objetivos os fatos sociais e) essencialismo
a serem estudados.
d) O sociólogo deve estudar somente questões 4. O estudo da Sociologia possibilita que nos li-
sociais familiares e relacionadas a seu entorno. bertemos, em parte, da percepção cotidiana,
e) A sociologia se diferencia da biologia e da psi- muitas vezes ingênua, do mundo que nos cerca,
cologia porque estuda a cultura e a sociedade, ampliando nossa visão de uma forma sistemática,
e não a natureza ou o indivíduo. baseada em instrumentos próprios de análise.
Para Wright Mills Isso requer o desenvolvimen-
2. Ciente de que nossa visão é repleta de pré-no- to e cultivo de um modo de pensar que envolve
ções e juízos de valor, a construção de um olhar ter consciência das ligações que existem entre a
sociológico principia com o estranhamento, ao se vida pessoal e as estruturas que organizam e dão
observar a realidade. Tal procedimento confronta forma à vida social. Assinale a alternativa que
o conhecimento do senso comum e possibilita apresenta o conceito que representa esse modo
a construção do conhecimento científico. Essa de pensar:
reflexão propõe: a) Percepção social.
a) buscar as suas próprias experiências para a b) Imaginação sociológica.
explicação do conhecimento científico. c) Perspectiva sociológica.
b) estudar a realidade observada, segundo o cri- d) Problematização sociológica.
tério teórico-metodológico. e) Sensibilização
c) tomar decisões fundamentadas no conheci-
mento do cotidiano.
d) fazer diferentes leituras do fato social, toman- 5. Nossa época é uma época de inquietação e indife-
do por base o senso comum. rença – ainda não formuladas de modo a permitir
e) considerar verdadeiras as explicações biológicas que sobre elas se exerçam a razão e a sensibilidade.
para o comportamento humano em sociedade. Ao invés de problemas – definidos em termos de
valores e ameaças – há com frequência a miséria da
inquietação vaga; ao invés das questões explícitas,
3. Leia o fragmento a seguir. “A imaginação socio-
há com frequência o sentimento desanimador de
lógica exige que pensemos fora das rotinas fa-
que algo não está certo. (MILLS, Charles Wright. A
miliares de nossas vidas cotidianas, a fim de que
Imaginação Sociológica. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar
as observemos de modo renovado. Considere o
Editores, 1982, p. 18) Wright Mills notabilizou-se
simples ato de tomar uma xícara de café. Ele não
por interpretar a pesquisa sociológica como um
é somente um refresco. Ele possui valor simbólico
“artesanato intelectual”, assim como por empreen-
como parte de nossas atividades sociais diárias.
der uma crítica àquilo que denominava de “grande
Frequentemente, o ritual associado a beber café
teoria”. Dentre os procedimentos metodológicos
é muito mais importante do que o ato de con-
preconizados pelo autor, destaca-se a
sumir a bebida propriamente dita. Em segundo a) elaboração de um vocabulário de termos téc-
lugar, o café é uma droga, por conter cafeína. O nicos sociológicos, de maneira a permitir uma
café é uma substância que cria dependência, mas comunicação fundada em bases consensuais,
os viciados em café não são vistos pela maioria estabelecidas pela categoria profissional.
das pessoas na cultura ocidental como usuários b) imperiosidade do trabalho de campo e a rejei-
de drogas. Como o álcool, o café é uma droga ção da “sociologia de gabinete”.
socialmente aceita, enquanto a maconha, por c) prevalência da consideração dos processos
exemplo, não o é”. No entanto, há sociedades microssociológicos nos quais o sociólogo pu-
que “toleram o consumo da maconha ou, até desse interagir com seu objeto, reservando-se
mesmo, da cocaína, mas desaprovam o café e o um papel minoritário ao exame das estruturas
álcool. Os sociólogos estão interessados no por- sociais e dos processos históricos.
quê da existência de tais contrastes”. (Adaptado d) recusa da teoria em favor da observação dos
de GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: fenômenos imediatos e da pesquisa empírica em
Artmed, 2008. p. 24. Grifos do autor.) geral, como fontes exclusivas do conhecimento.
O exercício de análise baseado na imaginação socio- e) integração entre as experiências pessoais de
lógica, proposto por Anthony Giddens, é um exem- vida e o trabalho teórico, assim como entre a
plo da adoção de uma orientação denominada: biografia do pesquisador e a história.

249
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Módulo 02 MOMENTO DE HISTÓRIA
ORIGENS DA HUMANIDADE, POVOS
ORIGINÁRIOS E DINÂMICA TERRITORIAL
CONCEITO

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA: 01- Analisar processos


políticos, econômicos, sociais, ambientais e cultu- Fragmento de contexto I:
rais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial
em diferentes tempos, a partir da pluralidade de “PRÉ-HISTÓRIA”
procedimentos epistemológicos, científicos e tec-
nológicos. Desse modo a compreender e posicio- “Pré-História é o período do passado da humani-
nar-se criticamente em relação a eles, consideran- dade que vai do aparecimento do homem à invenção
do diferentes pontos de vista. Tomando decisões da escrita e que abrange milhões de anos.
baseadas em argumentos e fontes de natureza A origem da humanidade é objeto de pesquisas
científica. de arqueólogos, paleontólogos, geólogos e biólogos.
Suas pesquisas baseiam-se em vestígios que so-
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS101) Identificar, breviveram no tempo, como fósseis, pinturas rupes-
analisar e comparar diferentes fontes e narrativas tres, utensílios de uso diário, restos de fogueira etc.
expressas em diversas linguagens, com vistas à Esses vestígios são encontrados em cavernas ou
compreensão de ideias filosóficas e de processos soterrados por diversas camadas de solo.
e eventos históricos, geográficos, políticos, econô-
micos, sociais, ambientais e culturais. Divisão da Pré-História

Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS101A) A Pré-História se divide em dois grandes períodos:


Identificar diferentes fontes e narrativas expressas a Idade da Pedra e a Idade dos Metais.
nas civilizações do Mundo Antigo Ocidental, Orien- • Idade da Pedra - está compreendida entre o
tal, América Pré-colombiana e Àfrica, observando aparecimento dos primeiros hominídeos e mais
a tradição oral, as imagens, textos filosóficos e/ou ou menos 10000 a.C.. Para fim de estudo tam-
sociológicos para compreender os processos histó- bém se divide:
ricos e a dinâmica territorial da origem da humani- – Período Paleolítico ou Idade da Pedra Lasca-
dade e a relação ser humano - espaço - natureza. da (do surgimento da humanidade até 8000
a.C.);
(GO-EMCHS101B) Compreender diferentes fontes – Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida
e narrativas históricas, presentes nos eventos eco- (de 8000 a.C. até 5000 a.C.);
nômicos e sociais nas mais diversas civilizações uti- • Idade dos Metais (5000 a.C. até o surgimento
lizando os conhecimentos cartográficos, localização da escrita, por volta de 3500 a.C.).
e orientação geográfica para distinguir a dinâmica Saiba também sobre a Pré-História Brasileira.
territorial, populacional e as relações socioeconô-
micas e ambientais que permitiram o desenvolvi- Paleolítico
mento da humanidade.
Paleolítico é o período mais extenso da Pré-His-
(GO-EMCHS101C) Utilizar as diferentes fontes e tória da humanidade, compreendido entre seu surgi-
narrativas históricas expressas nas diferentes lin- mento, por volta de 4,4 milhões de anos, até 8000 a.C.
guagens dos povos originários americanos, africa- Nessa época os homens viviam em bandos e
nos, europeus e orientais reconhecendo o desen- ajudavam uns aos outros na obtenção de alimentos,
volvimento do pensamento racional nas diversas através da caça, da pesca e da coleta de frutos, raízes
culturas para perceber as diferenças entre pontos e ovos, o que os obrigava a uma vida nômade.”
de vista científicos e senso comum. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/pre-
historia-resumo . Acesso em 04 nov. 2022.
Objeto de conhecimento: Origem da humanidade,
Socialização, História e dinâmica territorial e popu-
lacional dos povos originários americanos, africa-
nos, europeus e orientais. Conhecimento Filosófico,
Conhecimento Científico x Senso Comum.

250
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
A) Pintura.
B) Arte.
C) Escrita.
MÍDIAS INTEGRADAS D) Fogo.
E) Água.

Questão 03: Analise as três afirmações abaixo, julgan-


do se são verdadeiras ou falsas. Em seguida, assinale
a alternativa correta.
I- A Pré-história é o período histórico que marca os
seres humanas antes do surgimento da escrita.
II- A revolução agrícola demarca o domínio da agri-
cultura pelo homem.
III- O surgimento das primeiras sociedades é fruto
direto da revolução agrícola, onde o homem passa a
produzir seu próprio alimento.

Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?- A) Todas as proposições são verdadeiras.


v=xYWiN9f7uOI&t=167s . Acesso em 04 nov. 2022. B) Apenas as proposições I e II são verdadeiras.
C) Apenas as proposições I e III são verdadeiras.
D) Apenas as proposições II e III são verdadeiras.
E) Nenhuma das alternativas acima.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE

Responder as questões abaixo acerca da temática


tratada neste momento de História: OBSERVAÇÃO
A intencionalidade pedagógica destas questões é
Questão 01: Observe a imagem abaixo e responda: identificar o período denominado de Pré-História.

Disponível em: https://www.infoescola.com/pre-historia/


idade-da-pedra/ . Acesso 04 nov. 2022.

Os instrumentos representados pela imagem ao lado


foram fabricados em pedra________ e ________, e
eles são oriundos de diferentes períodos pré-históri-
cos e de várias regiões do mundo. Assinale a alter-
nativa que preenche as lacunas acima:
A) Raspada e Lisa.
B) Lascada e Polida.
C) Lascada e Raspada.
D) Raspada e Polida.
E) Nenhuma das alternativas acima.

Questão 02: Leia o trecho abaixo e assinale a alter-


nativa correta:
“O período histórico conhecido como Pré-História
é definido como o momento da História da huma-
nidade em que o homem ainda não havia criado a
_____________.”

251
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
MOMENTO GEOGRAFIA

MOMENTO 01. TERRA: PLANETA EM MOVIMENTO: ORIGEM E FORMAÇÃO. ERAS GEOLÓGICAS.

Disponível em: Atlas da Cuesta (itapoty.org.br). Acesso em 26 de fev. de 2020.

ATIVIDADES

01. Em trios, observe a tabela das eras geológicas e desenvolva um esquema ilustrado (infográfico, história em
quadrinhos...) representando as eras geológicas e os principais acontecimentos e transformações de cada era.

252
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
MOMENTO 02. CAMADAS INTERNAS DA TERRA A superfície terrestre também é dividida em três
camadas, a saber: a litosfera, a hidrosfera e a atmos-
A estrutura da Terra é composta por três camadas, fera. Essas camadas são respectivamente, a camada
que podemos chamar de camadas internas da Terra. das rochas, a camada das águas e a camada de gases.
São elas: o núcleo, o magma e a crosta. Essas três camadas se combinam formando as dife-
rentes paisagens da Terra.

Litosfera
Essas paisagens são formadas por agentes inter-
nos, chamados também de agentes formadores do
relevo.

ATIVIDADES
h t t p s : / / w w w. g o o g l e . c o m . b r / u r l ? s a = i & u r l = h t-
tps%3A%2F%2Fwww.estudokids.com.br%2Fcama-
das-da-terra%2F&psig=AOvVaw0oMog6gVCQGwDZd_oEi- 01. A Terra é como uma cebola: é dividida em vá-
Fgd&ust=1584536355461000&source=images&cd=vfe&- rias camadas. Entre essas diferentes formas que
ved=0CAIQjRxqFwoTCIDquY7IoegCFQAAAAAdAAAAABAJ compõem a estrutura interna do nosso planeta,
qual(is) dela(s) pode(m) ser considerada(s) sóli-
Essas camadas se diferenciam por temperatura, da(s).
pressão e densidade. Esses elementos são maiores no a) somente a crosta terrestre
interior da Terra e diminuem quanto mais se aproxi- b) somente o manto
mam da superfície. c) somente o núcleo
d) a crosta e o núcleo interno
O Núcleo e) o manto externo e a crosta

É composto principalmente por Níquel e Ferro. 02. Quando um forte terremoto abalou o norte
O núcleo externo encontra-se no estado líquido e o do Chile no dia primeiro de abril, os cientistas
interno é sólido em virtude da influência da pressão encontraram rapidamente uma explicação: ele
interna do planeta sobre ele. Apresenta temperatura ocorreu ao longo de uma falha onde as tensões
média de 7000°C. estavam crescendo […]. Essa explicação pode es-
tar clara agora, mas até boa parte do século 20,
Manto ou Magma os cientistas sabiam relativamente pouco sobre
os mecanismos por trás desses grandes eventos
A segunda camada da Terra é o Manto. Este apre- sísmicos. Entretanto, tudo isso mudou quando
senta profundidades que vão dos 30 km abaixo da um terremoto devastador atingiu o centro-sul do
superfície até 2900 km, além de temperaturas inter- Alasca no dia 27 de março de 1964, quase 50 anos
nas que variam de 1000° à 5000°C, o que propicia o antes do terremoto chileno.
derretimento das rochas, transformando-as em mag- Estudos sobre o grande terremoto do Alasca –
ma. No manto interno, o material é mais líquido, haja realizados em grande parte por um geólogo que
vista que as temperaturas são maiores; já no manto sabia muito pouco sobre sismologia quando co-
externo o material magmático é mais pastoso. meçou sua pesquisa – revelaram o mecanismo
que liga as mudanças observadas na paisagem
Crosta terrestre com a teoria da época, a das placas tectônicas
[…].
A crosta é a menor das estruturas do planeta, mas “— Placas tectônicas foram originalmente pro-
é a mais importante para as atividades humanas. Ela é postas como uma teoria cinemática —ela tratava
composta por uma grande variedade de rochas leves, de deslocamentos, movimentos e velocidades. A
tendo como minerais predominantes o silício, o alumí- maior conquista foi ligar os terremotos a esses
nio e o magnésio. Nas zonas continentais, apresenta movimentos”, afirmou Arthur Lerner-Lam, vice-
uma variação de 20 a 70 km de espessura, medidas -diretor do Observatório Terrestre Lamont-Doher-
que diminuem nas zonas oceânicas, onde a variação ty, parte da Universidade de Columbia.
é de 5 a 15 km. (FOUNTAIN, H. ZH Planeta Ciência, 21/04/2014.
Disponível em: zh.clicrbs.com.br).

253
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Como notamos, a ocorrência de terremotos en- II. ( ) A Crosta Oceânica, uma porção da Litosfera,
contra-se, em vários casos, associada à dinâmica é composta fundamentalmente por rochas gra-
de movimento das placas tectônicas. Portanto, níticas e não apresenta, em suas camadas infe-
podemos considerar que os abalos sísmicos que riores, rochas basálticas.
aterrorizam várias sociedades ao longo do plane- III. ( ) Sob a Litosfera existe uma camada de ro-
ta devem-se a eventos geológicos que ocorrem: cha menos rígida, conhecida como Astenosfera;
a) exclusivamente na crosta terrestre. trata-se de uma zona de baixa velocidade sobre
b) a partir do meio externo do relevo. a qual “flutuam” as placas litosféricas.
c) em toda a estrutura interna da Terra. IV. ( ) O Núcleo é formado basicamente por níquel
d) entre a crosta e o manto, tendo consequências e alumínio; essa camada, que produz o campo
sobre a superfície. magnético do planeta, apresenta elevadas tem-
e) exclusivamente no manto externo. peraturas.
V. ( ) A Litosfera acha-se dividida em blocos mais
03. “Com o desenvolvimento da rede sismográfica ou menos rígidos designados como “placas”; es-
mundial e dos métodos de observação e análise, sas placas são deslocadas por correntes de con-
foram encontradas novas interfaces e zonas de vecção que se formam no Manto.
transição no interior terrestre, mostrando que a Disponível em: https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/
exercicios-geografia/exercicios-sobre-camadas-terra.htm.
crosta, o manto e o núcleo são domínios hete-
Acesso em: 16 de Dez. de 2020.
rogêneos. Partindo das velocidades sísmicas, cal-
culam-se as densidades das camadas principais
e de suas subdivisões, para em seguida buscar a MOMENTO FILOSOFIA
identificação das rochas presentes nessas cama-
das”. A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA
(PACCA, I. G. e MCREATH, I. A composição e o Calor da
Terra. In: TEIXEIRA, W. et. al (orgs.). Decifrando a Terra. São A Filosofia é muito importante para nós, embora
Paulo: Oficina de Textos, 2000. p.85). muitos não saibam da sua importância. Ela nos ajuda
desvendar os mistérios e histórias da nossa existência,
Sobre a estrutura interna da Terra, julgue as afir- e compreender o porquê e a razão fundamental para
mativas a seguir: tudo o que existe.
I. A crosta terrestre pode ser classificada em con-
tinental e oceânica.
II. O núcleo externo encontra-se no estado líquido.
III. Entre o manto e o núcleo encontra-se a des-
continuidade de Mohorovicic.
IV. A litosfera abrange o núcleo e a crosta da Terra.
V. O manto é a maior das camadas internas do
planeta.
VI. O manto externo é menos denso e mais pas-
toso do que o manto interno.

Sobre a pertinência das afirmações acima, é vá-


lido dizer que:
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I, III e VI estão corretas.
c) III e IV estão incorretas.
d) I, II, V e VI estão corretas.
e) Todas estão incorretas.

04. (UFPE) O estudo das ondas sísmicas e dos campos


magnéticos permitiu o descobrimento e a carac-
terização de três importantes camadas internas
da Terra: a Litosfera, o Manto e o Núcleo. Com
relação a esse tema, estão corretas as afirmações
abaixo:
Pintura: A Philosopher, auto: Tintoretto de: 1570. https://
I. ( ) O Manto envolve o núcleo terrestre, ocupa a www.wikiart.org/pt/tintoretto/a-philosopher-1570 acessa-
maior parte do volume do planeta e se comporta do em 02/12/2022.
como um fluido que se move lentamente.

254
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
A Filosofia é a busca constante do conhecimento, , poderemos dizer que sempre houve Filosofia. De
da verdade, é um olhar para dentro de nós mesmos, fato, ela responde a uma exigência da própria natu-
está sempre à procura de respostas, é um ato filosó- reza humana; o homem, imerso no mistério do real,
fico para o homem refletir, criticar e argumentar o vive a necessidade de encontrar uma razão de ser
pouco conhecimento que possui diante desde mundo para o mundo que o cerca e para os enigmas de sua
imperfeito e maravilhoso que vivemos. E ela nos de- existência.
safia a despertar o espírito crítico, para que possamos Nesse sentido, todo povo, por primitivo que seja,
ter uma visão clara diante dos fatos da vida e dos possui uma concepção do mundo. Mas se compre-
extremos da natureza humana, como a vida e morte. endermos a Filosofia em um sentido próprio, isto é,
Temos que estar sempre prontos às mudanças que como resultado de uma atividade da razão humana
aparecerem em nossas vidas, por que a mudança é que se defronta com a totalidade do real, torna-se
contínua e a natureza muda, as pessoas mudam, o impossível pretender que a Filosofia tenha estado em
mundo em geral muda, nunca é tarde demais para todo em qualquer tipo de cultura.
mudar o rumo da sua vida. O que a história nos mostra é exatamente o con-
Deus é o nosso Senhor, que criou o mundo, a natu- trário: a Filosofia é um produto da cultura grega. E é
reza e os seres vivos, e nos conduz a compreender os justamente este incrível e sofisticado florescimento
fundamentos da nossa existência, nos deu a inteligên- cultural, que permitiu o nascimento da Filosofia em
cia, o amor, a fé, nos deu a vida. A partir da Filosofia sentido racional, que chamamos de milagre grego.
surge a ciência que é o conhecimento científico por
sua própria natureza.
Cada vez que praticamos uma ação, ao pensar-
mos, ao compreender o que o próximo quer lhe dizer
e saber dizer o que você quer para o seu próximo
estamos filosofando, porque cada um de nós carre-
gamos dentro de nós um grande filósofo. Eis porque
a Filosofia não se transforma em credo, pois, ela está
em contínua luta consigo mesma.
Patrícia Veríssimo Alves. Graduação em
Administração Egressa da FAF

FONTE:http://ienomat.com.br/administrasempre/index.
php/2012/04/13/a-importancia-da-filosofia/#:~:text=A%20
Filosofia%20%C3%A9%20muito%20importante,para%20
tudo%20o%20que%20existe.&text=A%20partir%20da%20
Filosofia%20surge,cient%C3%ADfico%20por%20sua%20
pr%C3%B3pria%20natureza. A contribuição de outros povos

TEXTO IV: O milagre grego e o nascimento da Filosofia O mitológico barco “Argos” foi inspirado nos bar-
Postado por Netmundi.org - Filosofia na Rede em cos que eram comuns entre os povos gregos e muito
Filosofia Antiga utilizados no comércio com outros povos, como os
egípcios. Esse florescimento da navegação e do co-
mércio também proporcionou o intercâmbio cultural
que iria incentivar (mas não determinar) o milagre
grego.
A Filosofia teve seu início nas colônias da Grécia,
nos séculos VI e V a.C. Assim, a filosofia grega se de-
senvolve da periferia para o centro, concentrando-se
em Atenas somente mais tarde, com os sofistas e os
filósofos chamados Socráticos.
E aqui devemos acenar a um primeiro problema
importante: o da origem da filosofia grega e a influ-
ência do Oriente.
A florescente navegação e a rica atividade comer-
cial das colônias jônicas da Ásia Menor as colocaram
em contato com os povos do Egito, da Fenícia e da
Mesopotâmia, e a influência desses povos vizinhos
Se compreendermos a Filosofia em um sentido sobre o processo de formação da filosofia grega não
amplo — como concepção da vida e do mundo — pode ser ignorada.

255
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
A opinião dos comentaristas sobre esse proble-
ma, sobretudo no século passado, debatia-se entre
duas teses extremas: a primeira afirma que a Grécia
trouxera do Oriente todos os principais conteúdos
de sua cultura, e assim sendo, seria ela destituída de
originalidade maior, mesmo em relação à Filosofia.
E a segunda tese faz o elogio do milagre grego e
defende a independência do gênio helênico, conside-
rando-o uma espécie de produto exótico dentro do
panorama “bárbaro” dos povos antigos.
As duas teses são exageradas e hoje vêm sendo
substituídas por uma visão mais equilibrada.
Sem dúvida os gregos sofreram influência de ou-
tros povos. Todo povo desenvolve certas ideias sobre
Esculturas de Sócrates (lado esquerdo) e Platão, os mais
a vida e o mundo, desdobra certas concepções sobre
representativos filósofos gregos que voltaram suas inves-
a alma, sobre a origem do mundo a partir do caos, tigações racionais para a ética e influenciam toda a cultura
sobre os ciclos cósmicos e a unidade do universo, etc. ocidental.
Estas ideias sob a forma de mitos, estão presentes
nas mais antigas religiões. Sem esta autonomia do comportamento racional,
Povos mais adiantados, como os do Egito e ou- não se poderia compreender o surto da filosofia grega.
tros países do Oriente Médio, chegaram até mesmo Por isso em seu sentido forte e específico, a Filosofia
a desenvolver uma matemática, uma astronomia e é um produto original da cultura grega. O filósofo ale-
uma medicina. mão Friedrich Nietzsche (1844-1900) resumiu assim
Que o contato com todos esses povos não poderia o milagre grego: “Outros povos nos deram santos, os
deixar os gregos imunes, , isso é óbvio. Mas a despeito gregos nos deram sábios”.
disso, pode-se dizer que os gregos constituem uma Autor: Gerd. A. Bornheim
exceção e que nos legaram uma cultura e um pensa- FONTE:https://www.netmundi.org/filosofia/2017/o-
mento original. milagre-grego-nascimento-da-filosofia/
Esta originalidade pode ser constatada em dois
pontos básicos: Lévi-Strauss e a Filosofia Indígena
a) Se certos elementos “bárbaros” ou exteriores
penetraram na Grécia, isso não significa que todo o Analisando as ideias presentes na obra de Lévi-
conteúdo do pensamento grego seja estrangeiro. Re- -Strauss, Sztutman (SZTUTMAN; MATAREZIO FILHO,
ceberam, sem dúvida, certas ideias gerais, mais ou 2015, p. 6) afirma a ideia de que o pensamento indíge-
menos comuns a todos os povos primitivos; dos povos na é do mesmo estatuto que o pensamento filosófico
mais adiantados, receberam certa ciência — mas seria ocidental e que Lévi-Strauss fala tanto de uma filosofia
absurdo pretender que se tenham limitado ao que re- ameríndia, quanto de uma filosofia indígena.
ceberam de fora. Estes conteúdos funcionaram como Lévi-Strauss, no entanto, sentia um certo incô-
ponto de partida, que de forma alguma é incompatível modo e descontentamento com certas categorias
com a rica contribuição do povo grego. abstratas da filosofia ocidental como a “supremacia
b) Por maior que tenha sido o impacto do não-gre- de um sujeito pensante, dos conceitos abstratos. Ele
go sobre o grego, o surto da Filosofia jamais poderia sempre teve um descontentamento, um mal-estar em
ser explicado pela mera coincidência de conteúdos. relação a isso [...] filosofia do sujeito, o idealismo...”
O que importa salientar é que na Grécia se instaura (SZTUTMAN; MATAREZIO FILHO, 2015, p. 3).
um tipo de comportamento humano mais acentua- Lévi-Strauss foi sempre foi muito crítico com rela-
damente racional. É esta maior atenção à dimensão ção à filosofia. Falava sempre que estava se afastando
especificamente racional que caracteriza o povo grego da filosofia, que a antropologia era uma ciência, em
e o chamado milagre grego. contraposição àquilo que seria a filosofia. Mas temos
“Outros povos nos deram santos, os gregos nos vários indícios na obra dele de uma reaproximação
deram sábios” com a filosofia, uma outra filosofia não como aquela
Não se trata de contrapor os gregos aos outros filosofia que ele identificou como filosofia do sujeito –
povos como se estes fossem destituídos de raciona- que está presente de Descartes a Sartre, que é um au-
lidade. Mas diante da realidade do mundo, os gregos tor com quem ele vai realmente brigar –, mas dentro
não se limitaram a uma atividade prática ou a um da filosofia ocidental ele vai escolher alguns autores,
comportamento religioso; souberam assumir um com- como o Rousseau, para estabelecer um contraponto,
portamento propriamente filosófico, pois a pergunta segundo Lévi-Strauss, a esse pensamento mais carte-
filosófica exige uma postura intelectual. siano (SZTUTMAN; MATAREZIO FILHO, 2015, p. 9-10).

256
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Sua obra O Pensamento Selvagem discute “com sendo necessário “analisar os diversos pontos de vista
a filosofia como uma resposta para a filosofia, então sobre o problema do conhecimento, a construção da
ela vai dialogar com Comte, Rousseau e termina no teoria do conhecimento e da epistemologia”.
Sartre, passando pelo Bergson” (SZTUTMAN; MATARE- Uma produção filosófica indígena ajuda-nos a des-
ZIO FILHO, 2015, p. 6). Em Triste Trópicos, Lévi-Strauss construir a perspectiva colonialista, de que só se pode
se afastou da filosofia, dessa filosofia do sujeito, fazer filosofia “em grego ou em alemão”.
dessa filosofia que congela tudo, que coloca o sujeito A afirmação de outras epistemologias se insere
supremo, um “eu penso”, que separa o homem do no que Santos (2007, p. 33) chama de ecologia de
mundo natural, toda essa filosofia que não interessava saberes, que supõe a existência de culturas diferentes
a ele – e que ele viu um contraponto nisso na antro- “em que o saber científico possa dialogar com o saber
pologia, viu um contraponto disso no pensamento laico, com o saber popular, com o saber dos indígenas,
dos índios –, ele reencontra nesses filósofos, como com o saber das populações urbanas marginais, com
Bergson e Rousseau, um contraponto a essa filosofia o saber camponês”.
standard e uma crítica possível também a essa filoso- Ao abordar a temática do ensino de Filosofia no
fia do sujeito, em que há essa separação radical entre Brasil, Nogueira (2015, p. 398-399) propõe incluir te-
o homem e a natureza, o mundo natural” (SZTUTMAN; máticas que estejam de acordo com a questão racial e
MATAREZIO FILHO, 2015, p. 8). relacionadas ao Ensino de História e Cultura Afro-Brasi-
Lévi-Strauss recorre a Rousseau como antídoto leira e Indígena. Neste aspecto, ressalta a possibilidade
para a ideia do cogito, do penso logo existo, essa sepa- de incluir tais temáticas, seja no campo da História
ração entre o homem e o natural. Quando Rousseau diz da Filosofia, da Teoria do Conhecimento, da Ética, da
que a condição do pensamento é a identificação com Lógica e até de Problemas Metafísicos (Filosofia Geral).
o outro, e esse outro não é necessariamente humano, Levando em consideração as diretrizes fundamen-
ele é animal, ele é planta, isso é condição para o pen- tais do ensino de filosofia de acordo com a Lei de
samento (SZTUTMAN; MATAREZIO FILHO, 2015, p. 8). Diretrizes e Bases (alterada pela lei 10.639/2014), a
Ao criticar essa filosofia centrada no eu, no cogi- Filosofia pode contribuir na construção de:
to cartesiano, Lévi-Strauss propõe pensar “o eu em 1º) Uma Estética plural e antirracista [estética da
relação ao outro e o homem em relação ao Mundo” sensibilidade], incluindo elementos indígenas; 2º)
(SZTUTMAN; MATAREZIO FILHO, 2015, p. 11). Uma Política que combata as assimetrias baseadas
Ele [Lévy-Strauss] vai dizer que para pensar o ho- em critérios Étnico-raciais [política da igualdade], des-
mem é necessário pensar o homem dentro do mundo catequizando e descolonizando a agenda dos povos
e não fora do mundo, é preciso pensar o homem a indígenas; 3º) Uma Ética que combata as discrimina-
partir da identificação necessária que ele estabelece ções negativas endereçadas para grupos Étnico-raciais
com as outras espécies, e essa identificação é a maté- [ética da identidade] que historicamente têm sido
ria do pensamento mítico, acho isso muito importante subalternizados, colocando nos circuitos curriculares
(SZTUTMAN; MATAREZIO FILHO, 2015, p. 10). as questões éticas dos povos indígenas (NOGUEIRA,
2015, p. 399).
Episteme
Ethos

No campo da ética e dos valores, a Filosofia é


chamada a refletir e problematizar as justificações e
fundamentações de princípios e valores em diversas
culturas, incluindo aí as sociedades e culturas amerín-
dias e dos povos indígenas. A ética entendida como o
“ramo da filosofia que analisa conceitos morais (tais
como os da bondade e da verdade moral) e preceitos
morais (tais como os da reciprocidade)” (BUNGE, 2002,
p. 130), ou como um ramo “da filosofia prática que tem
por objetivo elaborar uma reflexão sobre os problemas
fundamentais da moral (finalidade e sentido da vida
humana, os fundamentos da obrigação e do dever,
A dimensão crítica epistemológica nos permite
natureza do bem e do mal, o valor da consciência moral
realçar a pluralidade e a variedade de culturas, afir-
etc.)” (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2001, p. 69).
mando novas possibilidades de se conceber o mundo
Não é difícil pensar em como a Filosofia pode
(novas cosmovisões). Neste aspecto, Nogueira (2015,
contribuir com o pensamento indígena se levarmos
p. 398) ressalta como a Filosofia deve avaliar criti-
em consideração que toda sociedade, incluindo aí
camente o que ele chama de “racismo epistêmico”

257
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
as comunidades indígenas, possuem um ethos, um
conjunto de valores que determinam o modo de ser,
pensar e agir de um determinado grupo social.
Segundo Matarezio Filho, “Lévi-Strauss já antevia
uma moral indígena implícita na mitologia, nos ritu-
ais e nos cuidados com o corpo [...] Uma moral com
a qual temos muito o que aprender” (SZTUTMAN;
MATAREZIO FILHO, 2015, p. 2 – ver também a parte
final de A Origem dos Modos à Mesa chamado de “A
moral dos mitos”, de Lévy-Strauss). Podemos, portan-
to, falar de uma moral que pode ser pensada através Davi Kopenawa
dos mitos e dos rituais. Existe uma ética do sujeito,
como por exemplo, quando as meninas menstruam Gersem Baniwa (do povo Baniwa e professor da
e precisam ficar reclusas elas precisavam entrar em UFAM), por sua vez, em entrevista a Rubens Lopes,
reclusão porque aquela desordem que acontece no ressalta a forma como os povos indígenas compre-
corpo delas tem um efeito, pode ter um efeito para endem o território que é fonte e condição de vida,
sociedade e para o cosmos. Quer dizer, a realidade é tudo o que envolve o meio ambiente, o ar que se
física daquelas pessoas não é assunto só delas, não respira, os espíritos sagrados, lugar de coexistência
compete só a elas, mas está em relação com toda
de todos os seres, humanos e não-humanos. Não é
uma outra realidade, física e metafísica do cosmo e
possível viver sem o território, porque ele é natureza
da sociedade [...] Temos que saber controlar os nossos
integrada, é o cosmos.
fluidos para viver num mundo social, portanto, num
Não há sofrimento maior para o povo indígena do
mundo cósmico. Tem toda uma ética do sujeito que
que ser retirado de sua terra, porque ao ser tirado dali,
parte do princípio – que é uma ética indígena – de
ele perde a conexão com a vida sagrada. A relação não
que este sujeito está integrado a um mundo maior.
é com o solo, é a cosmologia que concebe tudo que
As próprias substâncias que compõem aquele corpo
vive como sujeitos, com seus espíritos. [...] Na visão
não dizem respeito apenas a ele, mas dizem respeito
cosmológica indígena o que prevalece é a vida, e os
às relações, e estas relações são entre pessoas e são
povos entendem a necessidade da auto realização da
entre pessoas e o mundo. Então tem um princípio
ético que aparece via mito e rito indígena (SZTUTMAN; natureza. O que interessa é justamente o equilíbrio.
MATAREZIO FILHO, 2015, p. 11). Isso se choca com a visão materialista da cultura oci-
A filosofia moral indígena é distinta da filosofia dental (BANIWA, 2016).
moral ocidental, segundo a análise que Sztutman Sendo a questão ambiental umas das mais im-
(SZTUTMAN; MATAREZIO FILHO, 2015, p. 11) faz do portantes questões do nosso tempo, e levando em
pensamento de Lévy-Strauss, porquê: “as filosofias consideração que precisamos repensar a nossa forma
morais ocidentais, ou seja, a ética ocidental, elas de se relacionar com a natureza, uma forma de pensar
partem do princípio de um sujeito, que é um sujeito que “nos ajude a entender que nós, seres humanos,
unitário, autônomo, de uma certa maneira que vai dar estamos interligados na teia da existência da vida”
na discussão dele com o Sartre, no sujeito supremo, (MEDEIROS, 2012, p. 81), então o pensamento indí-
livre, sem amarras”. gena é muito próximo da discussão atual no campo da
filosofia da natureza sobre a relação entre o homem
Oikos e o meio ambiente.
Esta questão também pode ser analisada a partir
A questão ambiental, por sua vez, pode ser articu- da crítica que vimos do antropólogo Lévi-Strauss ao
lada, em certa medida e em sentido amplo, com o que modelo filosófico centrado no eu, no cogito cartesia-
podemos chamar de uma filosofia da natureza e, neste no, e que o antropólogo propõe pensar o eu, tanto
campo, dois personagens de renome são conhecidos: em relação ao outro, quanto em relação ao Mundo: “o
Daniel Munduruku e Davi Kopenawa. O primeiro é humanismo mais razoável tem que colocar o homem
autor de vários livros, como Banquete dos deuses. O dentro, ao lado das espécies, o homem ao lado dos
segundo é um xamã do povo yanomami. A visão de outros homens e a humanidade ao lado do mundo
Munduruku sobre a natureza é a de que natural, que por sua vez faz parte de um mundo mais
A natureza não pertence a outra família. Humanos geral do universo” (SZTUTMAN; MATAREZIO FILHO,
e natureza são da mesma família, o que só pode ser 2015, p. 11).
alçado, compreendido e experimentado através de FONTE: https://www.sabedoriapolitica.com.br/filosofia-
politica/filosofia-contempor%C3%A2nea/filosofos-
um modo de vida peculiar. A narrativa de Munduruku
brasileiros/indigena/
pretende provocar, estimular e garantir a apreensão
desse modo de vida (NOGUEIRA, 2015, p. 401).

258
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
QUESTÕES FILOSOFIA Ao final do escrito de Platão, Sócrates diz aos juízes:
Mas, está na hora de nos irmos: eu, para morrer;
1. (Uece 2019) “Somos amantes da beleza sem ex- vós, para viver. A quem tocou a melhor parte, é o
travagâncias e amantes da filosofia sem indolên- que nenhum de nós pode saber, exceto a divin-
cia. Usamos a riqueza mais como uma oportuni- dade. (42a).
dade para agir que como um motivo de vanglória; (PLATÃO. Apologia de Sócrates. Trad. Carlos Alberto Nunes.
Belém: EDUFPA, 2001. p. 122-23; 147.)
entre nós não há vergonha na pobreza, mas a
maior vergonha é não fazer o possível para evi-
tá-la. Ver-se-á em uma mesma pessoa ao mes- Com base no texto e nos conhecimentos sobre
mo tempo o interesse em atividades privadas e a disputa entre filosofia e tradição presente na
públicas, e em outros entre nós que dão atenção condenação de Sócrates, assinale a alternativa
principalmente aos negócios não se verá falta de correta.
discernimento em assuntos políticos, pois olha- a) O desprezo socrático pela vida, implícito na
mos o homem alheio às atividades públicas não resignação à sua pena, é reforçado pelo reco-
como alguém que cuida apenas de seus próprios nhecimento da soberania do poder dos juízes.
interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos b) A aceitação do veredito dos juízes que o con-
atenienses, decidimos as questões públicas por denaram à morte evidencia que Sócrates con-
nós mesmos, ou pelo menos nos esforçamos por sentiu com os argumentos dos acusadores.
compreendê-las claramente, na crença de que c) A acusação a Sócrates pauta-se na identifica-
não é o debate que é empecilho à ação, e sim o ção da insuficiência dos seus argumentos, e a
fato de não se estar esclarecido pelo debate antes corrupção que provoca resulta das contradi-
de chegar a hora da ação”. ções do seu pensamento.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso, Livro II, d) A crítica de Sócrates à tradição sustenta-se no
40. Trad. de Mario da Gama Kury. Brasília, DF: Editora da repúdio às instituições que devem ser aban-
Universidade de Brasília, 2001. donadas em benefício da liberdade de pensa-
mento.
Considerando as teses sobre o surgimento da e) A sentença de morte foi aceita por Sócrates
filosofia na Grécia, essa passagem do famoso porque morrer não é um mal em si e o livre
discurso do legislador ateniense Péricles, no se- pensar permite apreender essa verdade.
gundo ano da Guerra do Peloponeso, apresenta
elementos que nos remetem à tese de 3. (Upe-ssa 1 2017) Leia o texto a seguir:
a) John Burnet (1863-1928), para quem a filosofia O exemplo dos filósofos gregos nos deixou uma
nasce em completa ruptura com o pensamento grande lição: nunca se conformar com as estru-
tradicional grego, pois teria surgido nas novas turas existentes como se fossem as únicas pos-
cidades gregas na Costa da Ásia Menor – a Jônia. síveis. Quem quer ser criativo no seu momento
b) Jean-Pierre Vernant (1914-2007), que defende histórico deve refletir atenta e criticamente: é
a relação entre o debate público, os discursos preciso filosofar. Filosofar é preciso para partici-
argumentativos na pólis grega e a elaboração par criativamente da luta pela humanização.
da linguagem argumentativa na filosofia. CORDI, Cassiano e Outros. Para Filosofar, 2000, p. 18.
c) Francis Cornford (1874-1943), de que há uma
continuidade entre as representações religiosas No tocante ao pensamento grego, assinale a al-
tradicionais, transmitidas pela poesia grega e pe- ternativa CORRETA.
los rituais, e a primeira filosofia grega, na Jônia. a) No pensamento grego, o diálogo foi o exercí-
d) Rodolfo Mondolfo (1877-1976), que situa ex- cio da filosofia de Sócrates para expandir um
clusivamente no ato psíquico-intelectual da projeto de humanização.
maravilha, no sentido do espanto, a causa e o b) No pensamento grego, a busca pelo bem na
início da filosofia como investigação sobre os vida em sociedade estaria dissociada da criti-
fenômenos da natureza. cidade.
c) Filosofar é refletir as estruturas existentes; o
2. (Uel 2018) Sócrates, Giordano Bruno e Galileu bem e a verdade seriam separáveis do ato de
foram pensadores que defenderam a liberdade humanização.
de pensamento frente às restrições impostas pela d) No pensamento grego, o conhecimento deve
tradição. Na Apologia de Sócrates, a acusação estar atrelado às impressões sensoriais; ser
contra o filósofo é assim enunciada: criativo é permanecer na esfera da opinião.
Sócrates [...] é culpado de corromper os moços e) A dimensão relacional entre o conceito e a re-
e não acreditar nos deuses que a cidade admite, alidade tem valor secundário na esfera crítica
além de aceitar divindades novas (24b-c). da filosofia.

259
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
4. (Upe-ssa 1 2016) Atente ao texto a seguir: a) constituição do regime democrático.
Sobre o pensamento grego b) contato dos gregos com outros povos.
c) desenvolvimento no campo das navegações.
d) aparecimento de novas instituições religiosas.
e) surgimento da cidade como organização social.

MOMENTO SOCIOLOGIA

O que é Positivismo?

Por Juliana Bezerra do site Toda Matéria

Apesar de a filosofia possuir data e local de nas- O Positivismo é uma corrente filosófica que surgiu
cimento, suas origens não são um fato simples, na França no início do século XIX. Ela defende a ideia
mas, objeto de controvérsias (o que, aliás, é mui- de que o conhecimento científico seria a única forma
to próprio da filosofia). A causa da controvérsia de conhecimento verdadeiro. A partir desse saber,
é, justamente, o conteúdo da filosofia nascente, pode-se explicar coisas práticas como das leis da física,
isto é, a cosmologia. das relações sociais e da ética.
CHAUÍ, Marilena. Introdução à História da Filosofia, 1994.

No tocante ao pensamento grego, assinale a al-


ternativa CORRETA.
a) O pensamento grego, no enfoque da filosofia, é
a expressão máxima da racionalidade no trato
com o conhecimento.
b) No pensamento grego, a singularidade da filo-
sofia está imbuída na tarefa de uma explicação
sensível sobre a origem e a ordem do mundo.
c) Os primeiros filósofos gregos pretenderam
explicar, apenas, a origem das coisas e da or-
dem do mundo sem atentar para o fluxo das
mudanças e repetições. Eles buscavam, pelo
simples discurso, o estudo do cosmos.
d) Desde o seu início, o problema cosmológico é
o último a destacar-se claramente como ob-
jeto de pesquisa e sistematização. Ou seja, a
cosmologia estava em segundo plano.
e) No pensamento grego, os primeiros filósofos
acreditavam que o princípio de todas as coisas
É notável, no positivismo, duas orientações:
se encontrava na substância imaterial e des-
• a orientação científica, que busca efetivar uma
prezavam a natureza material – o enfoque na
divisão das ciências;
cosmologia.
• a orientação psicológica, uma linha teórica da
sociologia, a qual investiga toda a natureza hu-
5. (Enem PPL 2016) O aparecimento da pólis, si-
mana verificável.
tuado entre os séculos VIII e VII a.C., constitui,
na história do pensamento grego, um aconteci-
A corrente positivista promove o culto à ciência,
mento decisivo. Certamente, no plano intelectual
o mundo humano e o materialismo em detrimento
como no domínio das instituições, a vida social e
da metafísica e do mundo espiritual. O termo positi-
as relações entre os homens tomam uma forma
vismo foi utilizado como conceito pela primeira vez
nova, cuja originalidade foi plenamente sentida
para designar o cientificismo enquanto método, pelo
pelos gregos, manifestando-se no surgimento da
filósofo francês, Claude-Henri de Rouvroy, Conde de
filosofia.
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Saint-Simon (1760-1825). Porém, será Auguste Comte
Janeiro: Difel, 2004 (adaptado). (1798-1857), seu discípulo, quem irá se apropriar do
termo para denominar sua corrente filosófica.
Segundo Vernant, a filosofia na antiga Grécia foi Sua obra fundamental, o “Curso de Filosofia Posi-
resultado do(a) tiva”, escrito entre 1830 e 1842, é o tratado metodo-

260
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
lógico positivista. Vale destacar que Comte viveu no • o Teológico, onde o ser humano busca expli-
contexto do fim do iluminismo e ascensão do cien- cação para a realidade por meio de entidades
tificismo, no qual existe a crença de que a força do supranaturais;
intelecto tudo pode. Contudo, como morreu alguns • o Metafísico, do qual os deuses são substituídos
anos antes de Darwin publicar “A Origem das Espé- por entidades abstratas, como “o Éter”, para
cies” (1859) e Marx escrever “O Capital” (1867-1894), explicar a realidade;
ele não se influenciou pelas ideias desses autores. • o Positivo da humanidade, onde não se explica
Enquanto doutrina filosófica, sociológica e políti- o “porquê” das coisas, mas sim o “como”, a
ca, o positivismo tem a Matemática, a Física, a Astro- partir do domínio sobre as leis de causa e efeito.
nomia, a Química, a Biologia e também a Sociologia
como modelos científicos. Isso porque estas se desta- A influência positivista na
cam segundo seus valores cumulativos e transcultu- Proclamação da República
rais. Por outro lado, podemos dizer que o positivismo
é a “romantização da ciência”. Ele deposita sua fé na Do site: http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/
omnipotência da razão, apesar de estabelecer os va- conteudo/conteudo.php?conteudo=165
lores humanos como diametralmente opostos aos da
teologia e a metafísica. O projeto sociopolítico de Comte pressupunha
É também uma classificação totalmente cientifi- uma evolução ordeira da sociedade, incompatível
cista do conhecimento e da ética humana, onde se com revoluções e mudanças bruscas. Curiosamente,
desconfia da introspecção como meio de se atingir o no Brasil, os ideais positivistas serviram para alavancar
conhecimento. Assim, não há objetividade na infor- uma troca de regime com a Proclamação da República.
mação obtida, tal como nos fenômenos não observá- O aparente paradoxo se explica, em parte, pelo
veis. Estes seriam inacessíveis à ciência, uma vez que fato de a influência positivista ter resultado em pensa-
ela somente se fundamenta em teorias comprovadas mentos muito diversos no Brasil, conforme se combi-
por métodos científicos válidos. Desse modo, a expe- nou com outras correntes ideológicas. Nenhum setor
riência sensível seria a única a produzir dados concre- teve maior presença da ideologia comtiana do que as
tos (positivos), a partir do mundo físico ou material. Forças Armadas, de onde saiu o vitorioso movimen-
A metodologia básica positivista é a observação to republicano e a ideia de adotar o lema “Ordem e
dos fenômenos. Dela, se privilegia a observação à ima- Progresso”. Várias das medidas governamentais dos
ginação dos fatos, desconsiderando completamente primeiros anos da República tiveram inspiração posi-
todo conhecimento que não possa ser comprovado tivista, como a reforma educativa e a separação oficial
cientificamente. entre Igreja e Estado, ambos em 1891.
O positivismo ficou de tal forma conhecido no
Brasil que o prenome de Comte foi aportuguesado
para Augusto e a corrente filosófica tornou-se tema
de um samba de Noel Rosa e Orestes Barbosa. A can-
ção intitulada Positivismo, lançada em 1933, termina
com os versos:

“O amor vem por princípio, a


ordem por base/O progresso é
que deve vir por fim/Desprezaste
esta lei de Augusto Comte/E foste
ser feliz longe de mim”.

Básico da Sociologia:
Durkheim, Weber e Marx

A Sociologia se assenta sobre as reflexões de três


pensadores: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx.
Em seu caderno, faça um quadro comparativo entre
estes três estudiosos da sociedade apontando quais
são as suas principais características.

Por fim, vale dizer que a ideia-chave do Positi-


vismo Comtiano é a “Lei dos Três Estados”, a saber:

261
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
A RELAÇÃO ENTRE INDIVÍDUO E SOCIEDADE é homem. Não nasceu pra ser atraente. Nasceu
pra mandar. Ele é xingado. Mas de outras coisas.
Até quando a gente quer bater no homem, é na
mulher que a gente bate. A maior ofensa que se
pode fazer a um homem não é um ataque a ele,
mas à mãe ou à esposa. Nos dois casos, ele sai
ileso: calhou de ser filho ou de casar com uma
O processo de socialização é o contato que o in- mulher da vida.
divíduo tem com outras pessoas ou com um deter- DUVIVIER, Gregorio. Xingamento. Folha de S.Paulo. 6 jan.
2013. Disponível em: <http://www.folha.uol.com.br>.
minado grupo. Nessa convivência são transmitidas as (adaptado)
regras, valores, cultura e normas sociais que influen-
ciam a construção da individualidade dos indivíduos, A leitura do texto permite inferir que
ou seja, na formação da identidade pessoal de cada a) homens e mulheres sofrem igualmente pres-
membro da sociedade. Logo esse processo de socia- sões sociais para que seus corpos estejam ade-
lização permite a transformação e/ou manutenção de quados aos padrões estéticos vigentes.
determinados valores sociais. b) na sociedade contemporânea, as mulheres so-
Segundo a teoria da estruturação de Anthony frem uma violência simbólica que tem como
Giddens existem duas etapas para o processo de so- principal alvo o seu corpo.
cialização, a primeira ocorre no período da infância e c) a herança cultural judaico-cristã reserva à mu-
a segunda na fase adulta dos indivíduos. E para isso lher um papel autônomo diante da família e
contamos com a esfera familiar sendo a primeira da sociedade como um todo.
forma de contato ( socialização primária) em que o d) os valores patriarcais foram superados pelos
indivíduo tem com a sociedade, depois as esferas da avanços do movimento feminista e pelo de-
amizade, trabalho e por último a esfera do Estado ( senvolvimento da noção de direitos humanos.
socialização secundária). e) o preconceito sobre a figura feminina recai
A socialização ocorre em um processo cíclico e principalmente sobre sua suposta inferiorida-
permanente que transmite códigos culturais de um de cognitiva em relação aos homens.
grupo ao indivíduo pertencentes a ele. Que por sua
vez é interiorizado e reaplicado pelo mesmo, sendo 3. “O primeiro beijo é sempre o último”. Assim um
assim, esse processo vai desde o nascimento ao de- informante define, com certa nostalgia, o surgi-
correr da vida do indivíduo e por meio do contato e mento de uma nova rotina na prática de “ficar”
relacionamentos gerados pelos membros da socieda- entre os jovens ao longo da night. “Ficar” é essen-
de. Isso é possível devido a aptidão que o ser huma- cialmente beijar, beijar em série, beijar muito. O
no tem para viver junto com outras pessoas que é primeiro beijo, marcado por algo absolutamente
denominada de sociabilidade proporcionando a vida fugaz, registro imediato do tátil, desliga-se do que
em sociedade, assimilando e adquirindo os hábitos, outrora era ritual do enamoramento, prelúdio de
regras, normas e costumes do grupo que estamos uma trajetória sentimental. [...] No campo do afe-
inseridos pela interação ou contato primário, possi- to e do exercício da sociabilidade, essa mesma
bilitando assim uma vida social que é denominada noite propicia comportamentos que revelam a
de socialização. transitoriedade, a seriação e o deslocamento afe-
tivo como um novo mecanismo de agrupamento
ATIVIDADES DE SOCIOLOGIA dos jovens.
ALMEIDA, M. I. M. de. Guerreiros da noite - cultura jovem
e nomadismo urbano. In: Ciência Hoje, v. 34, n. 202, p. 28.
1. Leia o texto “Charles Wright Mills: Criador do con-
ceito de imaginação sociológica” (Link: https://
A prática abordada no texto nos sugere que, em
cafecomsociologia.com/charles-wright-mills/) e
algumas formas de sociabilidade atuais,
faça um mapa mental sobre as principais ideias
a) prevalece a noção de interagir sem criar vín-
trabalhadas neste texto.
culos profundos.
b) existe a falta de coesão social entre segmentos
2. Baranga, tilanga, canhão, dragão, tribufu, jaburu, etários mais jovens.
mocreia. Nenhum dos xingamentos estéticos tem c) desenvolve-se uma continuidade de padrões
equivalente masculino. Nunca vi ninguém dizen- afetivos das gerações anteriores.
do que o Lula é feio: “O Lula foi um bom presi- d) continua marcada pela influência de padrões
dente, mas no segundo mandato embarangou.” morais religiosos e dogmáticos.
Percebam que ele é gordinho, tem nariz adunco e e) não constrói rituais e nem valores culturais e
orelhas de abano. Se fosse mulher, tava frito. Mas sociais próprios.

262
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
04. A vida na cidade, diz Simmel, bombardeia a soas determinando inclusive as relações que
mente com imagens e impressões, sensações e as mesmas passam a ter no futuro.
atividades. Esse é “um profundo contraste com c) ao amar mais um objeto do que o ser huma-
o ritmo mais habitual e mais fluente” da cidade- no que está próximo, o homem evolui apenas
la ou aldeia. Nesse contexto, os indivíduos não materialmente, mas esquece de acompanhar
podem responder a cada estímulo ou atividade tal evolução espiritualmente.
com que se deparam; como lidam, então, com d) o amor não pode ser algo identificado com
tal bombardeio? objetos, pois os mesmos não têm vida para
GIDDENS, A. Sociologia. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2012, gerar tal sentimento.
p. 158.
e) a tecnologia desponta como algo dominado-
ra a ponto de inverter valores humanos, mas
De acordo com a argumentação de Simmel, assi- incapaz de mudar o amor das pessoas.
nale a resposta mais correta à pergunta do texto.
a) Os indivíduos se protegem desse bombardeio,
tornando-se indiferentes e desinteressados e
distanciando-se emocionalmente uns dos ou-
tros.
b) Os indivíduos se esforçam para manter as re-
lações afetivas e para evitarem o estado de
anomia social.
c) Há um desejo coletivo pela apropriação de
bens de consumo, que faz com que as pes-
soas se tornem mais interessadas no espaço
privado.
d) As relações se tornam mais fluidas, de acordo
com a noção de individualidade líquida, criada
por Simmel.
e) Os indivíduos se inserem em uma multidão
metropolitana, lutando pelo espaço público
como local de convivência pacífica.

05. Leia e observe a charge:

A charge de Quino com Mafalda faz uma ironia


sobre a troca de valores que objetos e pessoas
tiveram com o advento da tecnologia. Sobre tal
tema é correto afirmar que
a) ao longo da história os objetos mantêm a qua-
lidade de serem apenas elementos sem vida e,
portanto, descartáveis por não gerarem apego.
b) muitos objetos extrapolam o limite de “ele-
mentos sem vida” e passam a dominar as pes-

263
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Módulo 03 a questão do poder na modernidade. Esses proce-
TEMAS DECOLONIAIS, BRASIL E AFRICA dimentos conceituais são: 1 . A localização das ori-
gens da modernidade na conquista da América e no
controle do Atlântico pela Europa, entre o final do
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA: 01- Analisar processos século 15 e o início do 16, e não no Iluminismo ou
políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais na Revolução Industrial, como é comumente aceito;
nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em 2 . A ênfase especial na estruturação do poder por
diferentes tempos, a partir da pluralidade de pro- meio do colonialismo e das dinâmicas constitutivas
cedimentos epistemológicos, científicos e tecnoló- do sistema -mundo moderno/ capitalista e em suas
gicos. Desse modo a compreender e posicionar-se formas específicas de acumulação e de exploração
criticamente em relação a eles, considerando dife- em escala global; 3 . A compreensão da modernidade
rentes pontos de vista. Tomando decisões baseadas como fenômeno planetário constituído por relações
em argumentos e fontes de natureza científica. assimétricas de poder, e não como fenômeno simétri-
co produzido na Europa e posteriormente estendido
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS102) Identificar, ao resto do mundo; 4 . A assimetria das relações de
analisar e discutir as circunstâncias históricas, geo- poder entre a Europa e seus outros representa uma
gráficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais dimensão constitutiva da modernidade e, portanto,
e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, implica necessariamente a subalternização das prá-
racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/ ticas e subjetividades dos povos domina - dos; 5 . A
desenvolvimento etc.), avaliando critica mente seu subalternização da maioria da população mundial se
significado histórico e comparando-as a narrativas estabelece a partir de dois eixos estruturais basea-
que contemplem outros agentes e discursos. dos no controle do trabalho e no controle da inter-
subjetividade; 6 . A designação do eurocentrismo/
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS102A) ocidentalismo como a forma específica de produção
Identificar as circunstâncias históricas, geográficas, de conhecimento e subjetividades na modernidade.
políticas e econômicas do etnocentrismo, respon- A categoria colonialidade do poder, proposta por
dendo perguntas e atividades reflexivas para avaliar Quijano para nomear o padrão de dominação global
seu significado histórico. que se constitui como a face oculta da modernidade, é
(GO-EMCHS102B) Analisar os processos históricos, a noção central que entrelaça as operações epistêmi-
sociais e culturais do racismo, utilizando canais de cas anteriores. Noção que permite nomear a matriz de
inovação tecnológica da informação e comunicação poder própria da modernidade, que impregna desde
(TDICs) para avaliar o contexto político dessa temática. sua fundação cada uma das áreas da existência social
(GO-EMCHS102C) Problematizar a modernidade, humana. A colonialidade do poder configura -se com
criando canais virtuais de discussão entre profes- a conquista da América, no mesmo processo histórico
sor/a, estudante e comunidade escolar para avaliar o em que tem início a interconexão mundial (globali-
significado histórico do racismo e do etnocentrismo. dade) e começa a se constituir o modo de produção
capitalista. Esses movimentos centrais têm como prin-
Objeto de conhecimento: Temas Decoloniais, cipal consequência o surgimento de um sistema iné-
Pré-história Brasileira e africana, Etnocentrismo, dito de dominação e de exploração social, e com eles
Relativismo, Racismo, Processos de ocupação do um novo modelo de conflito. Nesse cenário histórico
território brasileiro. geral, a colonialidade do poder configura -se a partir
da conjugação de dois eixos centrais. De um lado, a
organização de um profundo sistema de dominação
MOMENTO HISTÓRIA cultural que controlará a produção e a reprodução
de subjetividades sob a égide do eurocentrismo e
da racionalidade moderna, baseado na classificação
CONCEITO hierárquica da população mundial. De outro, a con-
formação de um sistema de exploração social global
UMA BREVE HISTÓRIA que articulará todas as formas conhecidas e vigentes
DOS ESTUDOS DECOLONIAIS de controle do trabalho sob a hegemonia exclusiva
do capital.8 Nesse sentido, a colonialidade do poder,
Pablo Quintero, Patricia Figueira tal como foi conceitualizada por Quijano, é a chave
e Paz Concha Elizalde analítica que permite visualizar o espaço de confluên-
cia entre a modernidade e o capitalismo, bem como
Os estudos decoloniais compartilham um conjun- o campo formado por essa associação estrutural. É
to sistemático de enunciados teóricos que revisitam justamente nesse campo de confluência e conjunção

264
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
que se veem afetadas, de modo heterogêneo porém QUESTÃO 01: Leia o excerto abaixo:
contínuo, todas as áreas da existência social, tais como
a sexualidade, a autoridade coletiva e a “natureza”, “Os estudos decoloniais compartilham um conjunto
além, é claro, do trabalho e da subjetividade. sistemático de enunciados teóricos que revisitam a
A colonialidade, em seu caráter de padrão de questão do poder na modernidade. Esses procedi-
poder, acarretou profundas consequências para a mentos conceituais são: 1 . A localização das origens
constituição das sociedades latino -americanas, pois da modernidade na conquista da América e no contro-
assentou a conformação das novas repúblicas, mo- le do Atlântico pela Europa, entre o final do século 15
delando suas instituições e reproduzindo nesse ato a e o início do 16, e não no Iluminismo ou na Revolução
dependência histórico -estrutural. Impondo a repro- Industrial, como é comumente aceito.”
dução, subsumida ao capitalismo, das demais formas Fonte: https://masp.org.br/uploads/temp/temp-
QE1LhobgtE4MbKZhc8Jv.pdf
de exploração do trabalho, desenvolveu -se um mo-
delo de estratificação socio racial entre “brancos” e
as demais “tipologias raciais” consideradas inferiores. Segundo o excerto os estudos decoloniais são:
Embora em cada uma das diversas sociedades os se- a) Uma tentativa de construir o pensamento europeu.
tores brancos fossem uma reduzida minoria do total b) Uma tentativa de descontruir o pensamento eu-
da população, eles exerceram a dominação e a explo- ropeu.
ração das maiorias de indígenas, afrodescendentes c) Um conjunto de filósofos europeus.
e mestiços que habitavam as repúblicas nascentes. d) Um conjunto de Histórias vindas da Europa.
Esses grupos majoritários não tiveram acesso ao con- e) Nenhuma das alternativas acima.
trole dos meios de produção e foram forçados a su-
bordinar a produção de suas subjetividades à imitação QUESTÃO 02: Leia o trecho abaixo e responda:
dos modelos culturais europeus. Em outras palavras, a
colonialidade do poder tornou historicamente impos- “A colonialidade, em seu caráter de padrão de poder,
sível uma MASP real democratização nessas nações. acarretou profundas consequências para a constitui-
Por isso a história latino- -americana se caracteriza ção das sociedades latino -americanas, pois assentou
pela parcialidade e precariedade dos Estados -nação, a conformação das novas repúblicas, modelando suas
assim como pelo conflito inerente a suas sociedades. instituições e reproduzindo nesse ato a dependência
Disponível em: https://masp.org.br/uploads/temp/temp- histórico -estrutural.”
QE1LhobgtE4MbKZhc8Jv.pdf . Acesso em 04 nov. 2022. Fonte: https://masp.org.br/uploads/temp/temp-
QE1LhobgtE4MbKZhc8Jv.pdf

O trecho acima destaca:


a) O pensamento antigo.
MÍDIAS INTEGRADAS b) O pensamento feudal.
c) A Colonialidade.
d) A Europa.
e) O Brasil.

OBSERVAÇÃO
A intencionalidade pedagógica destas questões é com-
preender o que são estudos decoloniais.

Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?-


v=8qs9uXf0I0Y&t=349s . Acesso em 04 nov. 2022.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

Responder as questões abaixo acerca da temática


tratada neste momento de História:

265
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
MOMENTO GEOGRAFIA

MOMENTO 01. PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UM


MAPA/CARTA ATIVIDADES

Título: designação do mapa. Contribui para dire- 01. Croqui é um esboço cartográfico de uma determi-
cionar a interpretação do seu conteúdo (informações nada área ou, em outras palavras, um mapa produzido
e símbolos); sem escala e sem os procedimentos padrões na sua
elaboração, servindo apenas para a obtenção de in-
Legenda: parte do mapa que ilustra as suas con- formações gerais de uma área.
venções. Contém os símbolos e as cores utilizadas
na representação e as suas respectivas explicações Elabore um croqui (com título, legenda e orientação),
(chave de interpretação). representando seu principal caminho de casa até a
escola. (Insira no mapa os principais pontos de re-
Escala: relação entre as dimensões dos elemen- ferência e construa uma legenda para os símbolos
tos representados em um mapa e as correspondentes criados na elabora do seu mapa).
dimensões na natureza;

Orientação: Como os elementos naturais podem TERRA: PLANETA EM MOVIMENTO: EVOLUÇÃO.


ser utilizados para se orientar no espaço. Para facili- AGENTES INTERNOS: DERIVA CONTINENTAL E TEC-
tar essa orientação foi desenvolvido um sistema de TÔNICA DE PLACAS.
orientação com o uso da Rosa dos Ventos. A bússola,
instrumento produzido para facilitar a orientação no Deriva continental
espaço, faz uso do norte magnético. Já as coordenadas
geográficas indicam o norte geográfico. Deriva Continental é uma teoria que inicialmente
postulou o movimento das massas continentais ao
Coordenadas geográficas: sistema de coordena- longo do tempo geológico da Terra, considerando que,
das esféricas (cruzamento entre paralelos e meridia- anteriormente, os atuais continentes possuíam outras
nos. Ex. latitude e longitude); formas e até mesmo se situavam em outras localida-
des do planeta. Essas observações foram realizadas
Projeção cartográfica: “É a correspondência ma- antes mesmo do conhecimento a respeito das placas
temática entre as coordenadas plano-retangulares da tectônicas, o que serviu como uma posterior com-
carta e as coordenadas esféricas da Terra” (Libault, provação da movimentação não só dos continentes
1975,p.105). “Processo de transformação de pontos terrestres, mas de toda a crosta.
homólogos de uma esfera para uma superfície plana” A teoria da deriva continental surgiu há muito
(Robinson, 1966, p.51). tempo, pois desde que o mapeamento de alguns
pontos da Terra foi realizado, desconfiava-se que os
continentes estavam unidos anteriormente. Francis
Bacon, em 1620, sugeriu, por exemplo, que a costa
leste do continente sul-americano e a costa oeste da
África encaixava-se perfeitamente, dando a ideia de
que eles haviam se separado em um passado remoto.
Uma observação semelhante a essa já havia sido feita
por Abraham Ortelius, em 1596.
No ano de 1912, o alemão Alfred Wegener for-
mulou a teoria da Deriva Continental. No entanto,
tratava-se apenas de uma polêmica teoria que ainda
não havia encontrado uma comprovação completa,
baseando-se apenas em evidências, como a existência
de fósseis e grupos de vegetação semelhantes em
áreas separadas por oceanos inteiros.
Wegener defendia que, no passado, havia apenas
um único continente: Pangeia (termo que significa “toda
a Terra”). Com a sua lenta fragmentação, formaram-se
então dois grandes continentes: a Laurásia e a Gondwa-
na. Em seguida, novas fragmentações aconteceram e,

266
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
em alguns casos, uniões de massas continentais tam-
bém, a exemplo da inserção da área correspondente
ao território da Índia que se juntou à Ásia.

Convergente:
Movimento convergente é o choque entre duas
placas tectônicas. Com o choque entre as placas pode
ocorrer a obdução (movimento ascendente) e/ou a
subducção (movimento descendente).

Divergentes:
É o afastamento entre as placas tectônicas, pro-
movido pelas células de convecção.
A evolução da deriva continental terrestre
Transformante:
Embora fosse uma teoria baseada em muitos es- Deslocamento de placas, sem choque, porém com
tudos e evidências empíricas, a Deriva Continental atrito entre elas.
de Wegener não foi muito aceita em sua época, pois Exemplo: Falha de Santo André.
não se concebia uma ideia que explicasse o motivo da
movimentação desses continentes, embora houvesse Os agentes internos são responsáveis pela forma-
suspeitas de que a camada superficial terrestre esti- ção das estruturas geológicas: os maciços antigos, os
vesse flutuando sobre uma camada líquida quente, dobramentos modernos e as bacias sedimentares.
que hoje sabemos ser o manto. Existem também os agentes externos, modela-
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), dores do relevo. São eles: o intemperismo e a erosão
com o desenvolvimento de equipamentos e tecno- (esses agentes modelam o relevo de acordo com a
logias mais avançadas, a exemplo dos sonares, é que ação do vento, da água e de seres vivos).
se pôde conceber o fato de que a crosta terrestre é Os agentes externos, transformam as estruturas
apenas uma fina camada superior do planeta que se geológicas nas unidades de relevo: planícies, planal-
encontra dividida em várias placas tectônicas, que se tos, montanhas e depressões.
movimentam continuamente. Com isso, as suspeitas
levantadas no passado e defendidas por Wegener
puderam ser finalmente comprovadas.
Vale ressaltar que a formação dos continentes
atuais não é o processo “final” da deriva continental, ATIVIDADES
uma vez que eles continuam a movimentar-se, porém
em uma velocidade de apenas poucos centímetros ao
longo de vários anos. Daqui a alguns milhões de anos, 05. (ACAFE SC/2000/julho) O que acontece no inte-
é bem possível que a configuração das terras emersas rior do planeta é um assunto que sempre excitou
apresente diferenças em relação ao seu estágio atual. a imaginação do ser humano. Uma teoria que
Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com. domina a cena científica é a das placas tectônicas,
br/geografia/deriva-continental.htm Acessado em dispostas lado a lado, que se movimentam sobre
16/04/2020, às 10h28 uma massa pastosa. O movimento e o contato
entre as placas seriam responsáveis por:
Tectônica de placas (A) intemperismo e ação eólica.
(B) terremotos e vulcanismo.
Tipos de movimentos das placas tectônicas: (C) terremotos e ação glacial.
• Convergente (D) orogênese e ação pluvial.
• Divergente (E) ação fluvial e erosão marinha.
• Transformante

267
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
06. (ETAPA SP/2006) Observe o mapa-múndi apre- (B) erosão, abrasão e corrosão;
sentando as principais placas tectônicas: (C) pedogênese, terremoto e erosão;
(D) vulcanismo, erosão e sedimentação;
(E) abalos sísmicos, desligamento e pedogênese.

09. (UFPI/2002) O uso de agrotóxicos prejudica os


mananciais hídricos subterrâneos em diferentes
áreas. No entanto, alguns terrenos são mais sen-
síveis aos seus efeitos, devido a maior permeabi-
lidade do tipo de rocha que os constituem.
Assinale a opção que contém o tipo de rocha re-
ferido acima.
(A) Sedimentar.
(B) Cristalina.
(C) Magmática.
(D) Ígnea.
(E) Vulcânica.

10. (MACK SP/2004/janeiro) Do ponto de vista geo-


lógico, a parte centro-oriental do mapa pode ser
A colisão entre as placas tectônicas da América caracterizada por:
do Sul e a de Nazca originou:
(A) as Montanhas Rochosas.
(B) a cordilheira dos Andes.
(C) a Cadeia da Costa.
(D) os Montes Apalaches.
(E) o Altiplano Mexicano.

07. (ACAFE SC/2001/janeiro) As formas de relevo


resultam de processos de origem estrutural e
escultural. Os processos esculturais são coman-
dados por atividades climáticas diferenciadas que
atuam sobre a superfície terrestre, promovendo:
(A) Movimentações da crosta terrestre que se
manifestam sob a forma de terremotos cau- (A) áreas que se encontram dentro das faixas
sados pelo deslocamento das placas tectôni- orogênicas ativas.
cas. (B) áreas que apresentam embasamento geoló-
(B) Alterações químicas e físicas nas partes mais gico bastante instável.
expostas da litosfera que geram processos (C) áreas que se encontram fora das faixas oro-
erosivos, transportes e deposições de sedi- gênicas ativas.
mentos. (D) áreas que estão sujeitas a intenso processo
(C) A formação de grandes cadeias de monta- de tectonismo no presente.
nhas que definiram as formas mais elevadas (E) áreas que são ocupadas por dobramentos
de relevo existentes na Terra. modernos originados do entrechoque de
(D) A associação de forças endógenas e exógenas placas.
responsáveis, ao longo de diferentes períodos
geológicos, pela preservação do modelado do 11. (UECE/2004/2ªFase/janeiro) A parte sólida da
relevo. terra é uma camada mais ou menos rígida e que
(E) Transformações nas paisagens naturais, mui- apresenta uma espessura variada. Ela é denomi-
to embora todas as cadeias de montanhas nada de:
mantenham sua forma original. (A) Magma.
(B) Troposfera.
08. (UFPI/2000) Assinale a alternativa que contém (C) Litosfera.
os principais agentes internos de formação do (D) Criosfera.
relevo. (E) Atmosfera.
(A) tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos;

268
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
12. (UFJF MG) Leia o seguinte texto:
No último mês de março, a Terra teve um de seus
piores desastres naturais: o Japão foi atingido
pelo maior terremoto de sua história, seguido por
um tsunami, que varreu uma vasta área da costa
nordeste do país. Com uma força equivalente ao
poder de 30.000 bombas de Hiroshima, os estra-
gos foram imensos e a situação de calamidade A explicação que conseguiram foi na teoria das
foi potencializada pela explosão de uma usina placas tectônicas. Essa teoria afirma que a crosta
nuclear e pelo vazamento radioativo na província terrestre é formada por grandes placas, as placas
de Fukushima, a 270 quilômetros ao norte de tectônicas. O movimento destas placas pode ter
Tóquio. sido a causa da fragmentação da Pangeia.
Disponível em: <http://www.macroplan.com.br/
Documentos/Noticia
Macroplan201146101445.pdf>. Acesso em: 25 set. 2011. b) Quais são os três tipos de limites entre as pla-
Adaptado. cas tectônicas?

Qual a relação entre o terremoto e o tsunami?

Movimentos divergentes - São os movimentos de


separação das placas tectônicas no direção horizontal
13. (UNIFESP SP) Observe a imagem, leia o texto e (figura 2). Quando ocorre esse movimento, a grande
responda. pressão do magma presente no planeta, forma fendas
na crosta terrestre.

Movimentos conservativos - São os movimento


de deslizamento em sentidos opostos das placas tec-
tônicas (figura 3). Ocorre devido ao pressionamento
das placas tectônicas, fazendo com que elas deslizem
em sentidos opostos, assim provocando grandes fa-
lhas na crosta.

Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br>/


Acesso em: 20 fev. 2020 MOMENTO SOCIOLOGIA

De acordo com a teoria das placas tectônicas, a Processo de Socialização


crosta terrestre está dividida em placas de es-
pessura média de 150 km, que flutuam sobre o Por Thamires Santos do site Educamais
substrato pastoso, a astenosfera.
(Almeida e Rigolin, 2005. Adaptado.) O processo de socialização remete à forma como
os indivíduos assimilam os hábitos, comportamentos,
a) Qual a relação existente entre a teoria da de- valores e crenças que conduzem a sociedade onde
riva dos continentes e a teoria das placas tec- estão inseridos. É durante essa aprendizagem que
tônicas? as maneiras de pensar e agir, os traços culturais e
a própria compreensão da realidade são internaliza-
dos, compartilhados e possibilitam o entendimento
dos símbolos que fazem parte das relações estabe-
lecidas entre os grupos sociais. Seja qual for a etnia,

269
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
situação socioeconômica, educacional ou religiosa, Assim como professores e colegas, que contribuem
todos os seres humanos estão constantemente em para ampliação desse conhecimento e apresenta um
socialização. Isso acontece porque as características novo ambiente social, os meios de comunicação –
comportamentais e culturais de cada grupo (família, especialmente a internet – tornaram-se um dos prin-
escola, trabalho, igreja, etc.) os moldam à medida que cipais agentes de socialização presentes nesta fase.
são apresentadas ao longo da vida. Secundária – Etapa em que o indivíduo já foi in-
O processo de socialização relaciona-se com for- serido em diferentes contextos (espaços de trabalho,
mação cultural do sujeito. Essa identidade, criada religiosos, lazer, políticos, etc.) e participou de diversas
através do contato com códigos, padrões, hábitos interações. Os papéis sociais também são estabeleci-
e valores, que determina as ações na sociedade e o dos, revelando os comportamentos e/ou caracterís-
modo como enxergá-la. O começo da sua construção ticas que precisam ser seguidos. Em ambos os casos,
é na infância, quando os pais passam a ensinar as re- há uma internalização das práticas e visões que fazem
gras, linguagens e normas apropriadas para a vivência parte da sociedade, mas também dos conflitos diante
familiar. É a partir desse momento que os primeiros das discordâncias. Mesmo que o meio forneça os há-
vínculos com o mundo também são estabelecidos. bitos culturais que permitem a atuação do indivíduo,
Embora a criança tenha seus próprios instintos, é a ele também é dotado de individualidades, vontades,
absorção dos valores e regras que reafirma o perten- opiniões – fatores que o movem ou não para direções
cimento a um determinado grupo e serve de emba- inesperadas.
samento para as formas de atuação em cada meio
social que transitará no futuro. O modo de pensar, O que é Etnocentrismo?
as preferências e os comportamentos herdados da
família integram o conjunto de repertórios chamado Do site Politize
pelo filósofo Pierre Bourdieu de habitus.
Para Bourdieu, o habitus é o elo entre a socieda- Antes de definir o que é etnocentrismo, é pre-
de e o indivíduo. É um elemento específico de uma ciso entender o conceito de cultura e como ele está
classe, sendo internalizado subjetivamente pelos seus interligado com o conceito de etnocentrismo. Cul-
integrantes. Além disso, dá a eles uma variedade de tura é um conceito amplo, existem vários tipos de
condutas que poderão ser aplicadas de acordo com definições. Para o antropólogo Franz Boas:
as suas relações sociais.
Apesar da influência coletiva, o processo de so- “Cultura abrange todas as manifestações de
cialização não ocorre do mesmo jeito para todos. E hábitos sociais de uma comunidade, as rea-
o fator decisivo é o papel social, que ordena as res- ções do indivíduo afetado pelos hábitos do
ponsabilidades, direitos e deveres que o sujeito ou grupo em que vive e o produto das atividades
grupo deve assumir pelo fato de ocupar certa posição humanas, como determinado por esses há-
na sociedade. bitos.” (Boas, 1930, tradução própria)
É por esse motivo que, segundo Émile Durkheim,
a socialização se dá, na verdade, por meio da coerção. A palavra etnocentrismo é um conceito que
Independente dos desejos ou escolhas individuas, se- vem dos radicais “etno” (etnia) e “centrismo” (cen-
gue-se apenas o que é pré-estabelecido. Quando se tro), portanto, etnocentrismo é o ato de julgar a
nasce em certa sociedade cabe apenas aprender e cultura do outro baseado na sua própria crenças,
dar continuidade às suas normas e regras. Aqueles moral, leis, costumes e hábitos. Por exemplo: achar
que não se adequam aos padrões ou desempenham que a cultura ocidental é o modelo de sociedade
o seu papel conforme o esperado ficam suscetíveis às correta e a cultura do oriente médio é errada ou
punições, a exemplo de chacotas, episódios de discri- vice-versa.
minação e preconceito, ou exclusão social. O antropólogo britânico Edward Tyler (1832-
No decorrer da socialização, o indivíduo é inserido 1917) em seus estudos utilizava a corrente evolu-
em diferentes contextos, resultando em experiências cionista que embasava a existência de cultura su-
que levam à construção da identidade cultural. Para o perior e inferior. A corrente evolucionista acredita
sociólogo Anthony Giddens e outros estudiosos, esse que a sociedade começa de forma primitiva até
processo é motivado por alguns agentes e acontece chegar ao progresso.
em duas fases distintas. São elas:
Primária – Período de aprendizagem na infância Conforme as palavras de Edward Tyler:
e que ocorre por meio das relações familiares e es-
colares. Esse é o momento em que os sentimentos, “Comparando os vários estágios de civiliza-
regras e comportamentos são nomeados e trabalha- ção entre as raças conhecidas da história,
dos para que haja uma repetição por parte da criança. com ajuda da inferência arqueológica de-

270
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
rivada dos restos de tribos pré-históricas, Relativismo Cultural:
parece possível formar uma opinião, ainda um conceito antropológico
que grosseira, sobre uma condição anterior
geral do homem. Do nosso ponto de vista, Por Cristiano das Neves Bodart
essa condição deve ser tomada como a pri-
mitiva, mesmo que na realidade, algum es- É muito comum ouvirmos a expressão “temos que
tágio ainda mais remoto possa ter existido relativizar”. Mas a final, o que é Relativizar? Grosso
antes dela. Essa condição primitiva hipotéti- modo, é a compreensão de que não existindo normas
ca corresponde, em considerável medida, à e valores absolutos não devemos avaliar o outro a par-
das tribos selvagens modernas que, apesar tir de nossos valores e normas, como se estes fossem
da diferença e distância entre si, têm em um padrão a ser copiado.
comum certos elementos de civilização que Na Sociologia utilizamos com frequência o termo
parecem resíduos de um estágio anterior da “relativismo cultural”. A “lógica” é a mesma da ex-
raça humana em geral. Se essa hipótese for pressão anterior, porém envolvendo a observação da
verdadeira, então, apesar da contínua inter- cultura do outro. Relativismo cultural é a atitude de
ferência da degeneração, a tendência central olhar uma cultura ou um elemento cultural de forma
da cultura, desde os tempos primevos até os a compreender que os indivíduos são condicionados
modernos, foi avançar, a partir da selvageria, a terem um modo de vida específico e particular de
na direção da civilização” (TYLOR, 2005). acordo com o processo de endoculturação, sendo
entendido que seus sistemas de valores são próprios
Entretanto, o etnocentrismo sempre existiu. de sua cultura.
Os europeus acreditavam que a cultura europeia É justamente ao fato de que é comum a formu-
era a certa e que todas as outras culturas deve- lação de juízos em relação a cultura do outro que a
riam compartilhar dos mesmos valores. Ao longo Sociologia e a Antropologia apontam a necessidade de
da história vários momentos etnocêntricos foram nos afastarmos de tais julgamentos, evitando classifi-
acontecendo, a exemplo a Segunda Guerra Mundial car a cultura do outro como inferior, feia, atrasada, etc.
com o Nazismo, que acreditava na superioridade da O relativismo cultural é importante para que as
raça ariana sobre as outras, e a Guerra Fria onde os culturas não sejam estratificadas em camadas hie-
Estados Unidos da América – EUA e União Soviética rárquicas, como se existisse “cultura pior” e “cultura
competia para impor qual cultura era melhor. melhor”.
O etnocentrismo existe até hoje e pode ser O relativismo cultural é importante na prática do
expressado de diversas formas, desde as mais ex- “olhar o outro” sem, contudo, olhar a partir de “onde
plícitas e até veladas. São práticas para classificar, estamos”. Os usos e costumes de cada povo só tem
subjugar e inferiorizar outras culturas. sentido a partir do próprio povo e não é possível com-
A sua narrativa é sempre impor uma opinião, preende-los a partir de nosso lugar, sob os julgamen-
julgamento, doutrina, moral, valores, segundo a sua tos de nossos valores. Para compreendê-los, ainda que
própria visão de mundo ou de determinado grupo. em parte, o sociólogo, ou o antropólogo, deve buscar
Ela não busca compreender o mundo na visão do “se colocar no lugar do outro”. Certamente esse “se
outro, e sim utilizar a violência verbal ou física. São colocar no lugar do outro” nunca ocorrerá de forma
exemplos de etnocentrismo a intolerância religiosa plena, haja visto que ele levará consigo toda a sua
e a xenofobia. No caso da intolerância religiosa, bagagem cultural, seja como membro de seu grupo
ou etnocentrismo religioso, o intolerante acredita cultural, seja como pesquisar “indiferente”.
que sua religião é a certa e todas as outras devem O relativismo cultural possibilita um maior afas-
seguir os mesmo preceitos. tamento dos pré-conceitos, da discriminação e da
Por último, a xenofobia, o xenofóbico acredita intolerância, sendo o oposto do etnocentrismo, tão
que existe uma cultura superior, denominando a presente em nossa sociedade e tão danosa às rela-
de “primeiro mundo” e a cultura inferior que se- ções sociais.
ria o “terceiro mundo”. E todas as demais culturas É comum críticas ao relativismo cultural por par-
devem seguir seus hábitos, moral e vestimentas. te dos universalistas. Antropólogos e Sociólogos são
Logo, o etnocentrismo não aceita o diferente, sua constantemente acusados de defender práticas cul-
visão de mundo é centrada nele mesmo, em sua turais perversas. É claro que há Antropólogos e Soci-
própria cultura e modo de vida. ólogos que defendem coisas perversas, assim como
padeiros, médicos, advogados, pintores, atores, mili-
tares, floristas, etc., mas isso não é inerente de cada
uma dessas profissões. Ao Sociólogo e ao antropólogo,
mais que aos demais profissionais, cabe a descrição

271
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
e a interpretação. Juízos de valores não me parece ATIVIDADE SOCIOLOGIA
ser inerente da profissão, mas do “indivíduo político”.
É claro que o conhecimento acaba “empurrando” o 1. Leia o trecho abaixo e responda:
indivíduo à práticas políticas e tomadas de posições.
Neutro, ainda que aclamada desde a fundação da So- O etnocentrismo não é propriedade, como já disse, de
ciologia, só mesmo shampoo. Nesse caso, já notamos uma única sociedade, apesar de que, na nossa,
o posicionamento político do autor deste texto. revestiu-se de um caráter ativista e colonizador
com os mais diferentes empreendimentos de
Perspectiva Universalista conquista e destruição de outros povos. A atitude
Os universalistas defendem a existência de pa- etnocêntrica tem, por outro lado, um correlato
drões culturais universalistas, aceitos universalmente bastante importante e que talvez seja elucidativo
como bons, belos e benéficos – a exemplo dos Direitos para a compreensão destas maneiras exacerba-
Humanos. Para esses, o julgamento de um compor- das e até cruéis de encarar o “outro”. Fonte do texto:
tamento social independe da visão moral interna do t.ly/dsmC

grupo cultural onde este se deu.


O trecho acima ressalta que:
Perspectiva Relativista a) O etnocentrismo não tem caráter colonizador.
Para os relativistas, é impossível afirmar que exista b) O etnocentrismo tem um caráter colonizador.
uma concepção de bom, belo, gostoso e benéfico que c) O etnocentrismo só foi praticado no mundo
seja unívoca e universal para todos os povos, indepen- antigo.
dente de seu tempo e espaço ocupado. Para esses o d) O etnocentrismo só é praticado na atualidade.
que é bom, belo, gostoso e benéfico são percepções e) Nenhuma das alternativas acima.
construídas socialmente.
É importante não olvidar que existem relativis- 2. (UniOeste) O relativismo cultural é um princípio
tas radicais e relativistas moderados, assim como segundo o qual não é possível compreender, in-
universalistas radicais e moderados. Se por um lado, terpretar ou avaliar de maneira significativa os
os relativistas radicais têm uma tendência a priori- fenômenos sociais a não ser que sejam conside-
zar os julgamentos internos de uma sociedade, con- rados em relação ao papel que desempenham
siderando a cultura a única fonte de validade para no sistema cultural.
os julgamentos, por outro, os universalistas radicais
tendem a afirmar que a cultura é irrelevante para o Tendo por base o anúncio transcrito acima, é correto
julgamento do que é bom, belo, gostoso e benéfico, afirmar que:
acreditando existir um padrão “ideia universal” para
ser usado como referência. a) relativizar é construir descrições exteriores
O relativismo cultural é fruto do reconhecimento sobre diferentes modos de vida.
da incapacidade de mensurar a cultura de um grupo, b) relativizar é uma tentativa de construir des-
assim como manifesta-se como uma crítica as abor- crições e interpretações dos fatos culturais a
dagens evolucionistas, segundo as quais sociedades partir do que nos dizem e do que fazem os
e culturas podiam ser classificadas das primitivas às atores destes fatos culturais.
avançadas. O relativismo social foi desenvolvido no c) relativizar é uma defesa da homogeneidade
seio da antropologia social, buscando romper com as cultural.
comparações e a utilização de critérios independentes d) é o reconhecimento da unidade biológica da
para emitir juízo de valor. Assim a cultura só pode ser espécie humana. Através dessa unidade bioló-
considerada dentro de seu próprio contexto cultural. gica podemos explicar as realidades culturais
e o comportamento das pessoas.
Referência e) o relativismo defende que todas as culturas
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. tendem a se assemelhar com o passar do tem-
Sociologia Geral. 7ª ed. Atlas: Sã Paulo, 2010. po, e que ao difundir nossos hábitos estamos
BODART, Cristiano das Neves. O que é relativismo colaborando com esse processo.
cultural. Blog Café com Sociologia. 2016. Disponível
em: <coloqueaquiolinkdapostagem>. Acessado em: QUESTÕES DE FILOSOFIA
dia, mês, ano.
Publicado originalmente 17 de outubro de 2016 1. (Enem 2015) A filosofia grega parece começar
com uma ideia absurda, com a proposição: a
água é a origem e a matriz de todas as coisas.
Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la

272
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lu- d) mostra que o corredor mais rápido ultrapassa-
gar, porque essa proposição enuncia algo sobre rá inevitavelmente o corredor mais lento, pois
a origem das coisas; em segundo lugar, porque o isso nos apontam as evidências dos sentidos.
faz sem imagem e fabulação; e enfim, em tercei- e) pressupõe a noção de continuidade entre os
ro lugar, porque nela embora apenas em estado instantes, contida no pressuposto da acelera-
de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é ção do movimento entre os corredores.
um.
NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. 3. (Ufu 2013) De um modo geral, o conceito de
São Paulo: Nova Cultural. 1999 physis no mundo pré-socrático expressa um
princípio de movimento por meio do qual tudo
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o o que existe é gerado e se corrompe. A doutrina
surgimento da filosofia entre os gregos? de Parmênides, no entanto, tal como relatada
a) O impulso para transformar, mediante justifi- pela tradição, aboliu esse princípio e provocou,
cativas, os elementos sensíveis em verdades consequentemente, um sério conflito no debate
racionais. filosófico posterior, em relação ao modo como
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a ori- conceber o ser.
gem dos seres e das coisas. Para Parmênides e seus discípulos:
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a a) A imobilidade é o princípio do não-ser, na me-
causa primeira das coisas existentes. dida em que o movimento está em tudo o que
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as existe.
diferenças entre as coisas. b) O movimento é princípio de mudança e a pres-
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos suposição de um não-ser.
empíricos, o que existe no real. c) Um Ser que jamais muda não existe e, portan-
to, é fruto de imaginação especulativa.
2. (Uel 2013) No livro Através do espelho e o que
d) O Ser existe como gerador do mundo físico,
Alice encontrou por lá, a Rainha Vermelha diz
por isso a realidade empírica é puro ser, ainda
uma frase enigmática: “Pois aqui, como vê, você
que em movimento.
tem de correr o mais que pode para continuar
no mesmo lugar.”
(CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou
4. (Unioeste 2012) O que há em comum entre
por lá. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p.186.) Tales, Anaximandro e Anaxímenes de Mileto,
entre Xenófanes de Colofão e Pitágoras de Sa-
Já na Grécia antiga, Zenão de Eleia enunciara mos? “Todos esses pensadores propõem uma
uma tese também enigmática, segundo a qual o explicação racional do mundo, e isso é uma re-
movimento é ilusório, pois “numa corrida, o cor- viravolta decisiva na história do pensamento”
redor mais rápido jamais consegue ultrapassar o (Pierre Hadot).
mais lento, visto o perseguidor ter de primeiro Com base no texto e nos conhecimentos sobre
atingir o ponto de onde partiu o perseguido, de as relações entre mito e filosofia, seguem as se-
tal forma que o mais lento deve manter sempre guintes proposições:
a dianteira.” I. Os filósofos pré-socráticos são conhecidos como
(ARISTÓTELES. Física. Z 9, 239 b 14. In: KIRK, G. S.; RAVEN, filósofos da physis porque as explicações racio-
J. E.; SCHOFIELD, M. Os Pré-socráticos. 4.ed. Lisboa: nais do mundo por eles produzidas apresentam
Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p.284.)
não apenas o início, o princípio, mas também o
desenvolvimento e o resultado do processo pelo
Com base no problema filosófico da ilusão do
qual uma coisa se constitui.
movimento em Zenão de Eleia, é correto afirmar
II. Os filósofos pré-socráticos não foram os primei-
que seu argumento
ros a tratarem da origem e do desenvolvimento
a) baseia-se na observação da natureza e de suas
do universo, antes deles já existiam cosmogonias,
transformações, resultando, por essa razão,
mas estas eram de tipo mítico, descreviam a his-
numa explicação naturalista pautada pelos
tória do mundo como uma luta entre entidades
sentidos.
personificadas.
b) confunde a ordem das coisas materiais (sensí-
III. As explicações racionais do mundo elaboradas
vel) e a ordem do ser (inteligível), pois avalia o
pelos pré-socráticos seguem o mesmo esquema
sensível por condições que lhe são estranhas.
ternário que estruturava as cosmogonias míticas
c) ilustra a problematização da crença numa ver-
na medida em que também propõem uma teoria
dadeira existência do mundo sensível, à qual
da origem do mundo, do homem e da cidade.
se chegaria pelos sentidos.

273
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
IV. O nascimento das explicações racionais do Módulo 04
mundo são também o surgimento de uma nova MUNDO ANTIGO,
ordem do pensamento, complementar ao mito;
SOCIEDADE E CULTURA
em certos momentos decisivos da história da fi-
losofia as duas ordens de pensamento chegam a
coexistir, exemplo disso pode ser encontrado no
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA: 01- Analisar processos
diálogo platônico Timeu quando, na apresenta-
políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais
ção do “mito mais verossímil”, a figura mítica do
nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em
Demiurgo é introduzida para explicar a produção
diferentes tempos, a partir da pluralidade de pro-
do mundo.
cedimentos epistemológicos, científicos e tecnoló-
V. Tales de Mileto, um dos Sete Sábios, além de
gicos. Desse modo a compreender e posicionar-se
matemático e físico é considerado filósofo – o
criticamente em relação a eles, considerando dife-
fundador da filosofia, segundo Aristóteles – por-
rentes pontos de vista. Tomando decisões baseadas
que em sua proposição “A água é a origem e a
em argumentos e fontes de natureza científica.
matriz de todas as coisas” está contida a propo-
sição “Tudo é um”, ou seja, a representação de
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS104) Analisar
unidade.
objetos e vestígios da cultura material e imaterial
de modo a identificar conhecimentos, valores,
Assinale a alternativa correta.
crenças e práticas que caracterizam a identidade
a) As proposições III e IV estão incorretas.
e a diversidade cultural de diferentes sociedades
b) Somente as proposições I e II estão corretas.
inseridas no tempo e no espaço.
c) Apenas a proposição IV está incorreta.
d) Todas as proposições estão incorretas.
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS104A)
e) Todas as proposições estão corretas.
Identificar vestígios da cultura material e imate-
rial, observando conhecimentos, valores, crenças
e práticas que caracterizam a identidade e a diver-
sidade de diferentes sociedades para entender as
características do Mundo Contemporâneo.

Objeto de conhecimento: Cultura material e ima-


terial, Roma Antiga, Feudalismo, Idade Média Es-
cravidão, Servidão, Trabalho Livre.

MOMENTO HISTÓRIA

CONCEITO

“ROMA ANTIGA”

“Tito Lívio reconhece que as origens de Roma fo-


ram embelezadas pelos poetas, o que dificulta a tare-
fa dos historiadores.2 Mas não deixa de reportar as
aventuras de Eneias e Antenor, supostamente poupa-
dos pelos aqueus graças a laços de hospitalidade, por
terem sido sempre defensores da paz e da devolução
de Helena3 . Dares da Frígia, alegado autor da História
da Queda de Troia, confessa a traição de Antenor e
seus aliados, que desafiaram a autoridade do rei Prí-
amo para entregar a cidade aos invasores, em troca
de proteção. Eneias sobreviveu ao massacre por ser
um dos conjurados mas, ao tentar salvar Políxena que
Antenor queria entregar a Neoptólemo para sacrificar
no túmulo do pai, foi expulso de Troia. Se os aqueus

274
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
regressaram a casa, Eneias partiu para o exílio na frota
usada por (Páris) Alexandre para raptar Helena.4 Tito
Lívio admite que as aventuras de Antenor e Eneias fo-
ram diferentes mas, na sua versão, o primeiro velejou SUGESTÃO DE ATIVIDADE
para “zona mais distante do Adriático” e fundou uma
nova Troia cujo nome se “estendeu aos arredores”. Responder as questões abaixo acerca da temática
Eneias separou-se do grupo, “tornou-se num vaga- tratada neste momento de História:
bundo” e fez uma incursão contra o rei Latino mas,
numa reviravolta do destino, estabeleceu com ele uma Questão 01: (FAU) A consolidação do poder romano
aliança familiar e fundou a cidade de Lavínio. Trans- sobre o mar Mediterrâneo se deu a partir dos conflitos
correram trinta anos até à colonização de Alba Lon- conhecidos como Guerras Púnicas.
ga, após a qual se estabeleceu a paz “com o rio Tibre Qual cidade foi o principal núcleo de rivalidade com
como fronteira entre etruscos e latinos”5. Portanto, a a Roma Antiga naquele conflito?
tradição faz referência a um berço civilizacional (mítico a) Esparta
Ílion) destruído por invasão externa. Os vencidos, que b) Tiro
escaparam à destruição, tentaram fundar colónias da c) Babilônia
cidade perdida. Um destes grupos conseguiu vingar no
d) Cartago
Lácio, ao aliar-se aos latinos, “mas com crescimento
e) Nínive
demasiado rápido para a segurança dos seus vizinhos”.
6 Razão pela qual Alba Longa brotou num contexto de
grandes batalhas. Se as lendas possuírem fundo de Questões 02: Os dois tribunos da plebe que procura-
verdade, aludem a uma pressão migratória de leste ram realizar reformas agrárias na república romana
para ocidente. Na tentativa de testar esta hipótese, do século II a.C. ficaram conhecidos como:
faz-se pesquisa arqueológica na Toscânia, desde o a) Irmãos César
século XVIII, como parte integrante do entusiasmo b) Irmãos Bruto
pela cultura etrusca. A cidade de Cartona até reclama c) Irmãos Augusto
Dardânio (herói fundador de Troia) como seu criador.7 d) Irmãos Caio
Também foram efetuados estudos genéticos na região; e) Irmãos Graco
por exemplo, por cientistas dos EUA e da GrãBretanha,
em 2004 e 2006, que admitiram origem etrusca para
os toscanos, e encontraram padrão genético comum
entre os etruscos e as populações da Ásia Menor8. OBSERVAÇÃO
Existem versões complementares9 ou alternativas10,
mas não podemos esquecer a componente política do A intencionalidade pedagógica destas questões é com-
tratamento deste material11 . Posto isto, admite-se preender as origens de Roma Antiga.
que os romanos possuem algum tipo de relação com
os etruscos provenientes da Ásia Menor e que, até
prova em contrário, descendem dos troianos. Nalgum
momento houve um processo de cisão entre dois gru- MOMENTO GEOGRAFIA
pos, um dos quais tentou vingar na região do Lácio.”
Disponível em: https://www.repository.utl.pt/ TERRA: PLANETA EM MOVIMENTO: EVOLUÇÃO.
bitstream/10400.5/14269/4/wp159a.pdf . Acesso em 04 AGENTES EXTERNOS: EROSÃO E INTEMPERISMO.
nov. 2022.

Agentes de transformação do Relevo

Apesar de nem sempre percebermos diretamente,


MÍDIAS INTEGRADAS
o relevo terrestre é bastante dinâmico e está sempre
se transformando. Algumas dessas transformações
podem ser mais facilmente visualizadas, como as ero-
sões; outras já são mais longas e demoram milhares de
anos para acontecer, como a formação de montanhas.
Essas transformações acontecem graças aos agen-
tes de transformação do relevo, que são elementos
responsáveis pelas alterações e construções das for-
mas que observamos na superfície terrestre. Assim,
para melhor compreender esses agentes, eles foram
Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?- divididos em agentes internos ou endógenos e agen-
v=QNK9uTncolU&t=10s . Acesso em 04 nov. 2022. tes externos ou exógenos.

275
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Os agentes internos ou endógenos de transfor- (A) deslizamentos de vertentes.
mação do relevo são aqueles que surgem ou agem de (B) Soterramento das áreas de baixada.
dentro da Terra, ou seja, abaixo da superfície. São os (C) Tectonismo e vulcanismo.
terremotos, os vulcanismos e o tectonismo. (D) Desmatamento das florestas.
Os agentes externos ou exógenos, por outro lado, (E) Causas tectônicas como os furacões e falha-
são aqueles que agem acima do relevo, ou seja, sobre mentos.
a superfície. São as ações dos ventos, das águas, do
intemperismo e dos seres vivos. TERRA: PLANETA EM MOVIMENTO: EVOLUÇÃO.
Os agentes endógenos atuam graças às forças ESTRUTURAS GEOLÓGICAS, TIPOS DE RELEVO,
exercidas pela movimentação do magma terrestre, RELEVO BRASILEIRO E RELEVO SUBMARINO.
que movimenta os vários “pedaços” que formam
a crosta terrestre, chamados de placas tectônicas. Estruturas geológicas
Assim, graças ao choque e ao afastamento de duas
dessas placas, temos a ocorrência dos vulcões e dos A estrutura geológica é a classificação da litosfe-
terremotos, além da formação de montanhas, vales, ra terrestre conforme as suas diferentes origens e as
entre outras formas de relevo. composições de suas rochas. Assim, todo o relevo ter-
Já os agentes exógenos “esculpem” as formas restre foi dividido a partir de seus três principais tipos.
de relevo que se formaram e se transformaram ao Podemos perceber, com a correta leitura do mapa,
longo do tempo. Aquela expressão “água mole em que existem três tipos principais de estruturas geoló-
pedra dura, tanto bate até que fura” expressa bem gicas: os crátons, as bacias sedimentares e os dobra-
essa questão. Por exemplo, as águas da chuva, ao es- mentos modernos (clique nos nomes para conhecer
coarem sobre a superfície, “lavam” o solo, retirando detalhadamente cada uma dessas formas).
dele algumas de suas camadas, que são transportadas Os crátons, também conhecidos como escudos
para os rios. Quando não há vegetação no local, essa cristalinos ou maciços antigos (na verdade, esses no-
enxurrada pode provocar a formação de grandes bu- mes representam um de seus subtipos), são forma-
racos, chamados de erosões. ções geológicas consideradas antigas, formadas nas
Dessa forma, podemos entender melhor por que primeiras eras geológicas do planeta, durante a sua
as formas de relevo que compõem a superfície são formação. São compostos por rochas ígneas, ou mag-
tão variadas e transformam-se ao longo do tempo. máticas, e metamórficas, apresentando uma elevada
Disponível em:https://escolakids.uol.com.br/geografia/
agentes-de-transformacao-do-relevo.htm/ Acesso em 21 quantidade de grandezas minerais (como o ouro, o
de fev. de 2020. ferro, o alumínio e muitos outros). São áreas geolo-
gicamente estáveis, ou seja, com poucos terremotos
14. (FURG RS/2000) A paisagem do globo nem sem- e vulcanismos, costumando dar origens a regiões de
pre foi como a que conhecemos hoje. Ela foi se planaltos.
modificando através de agentes internos e ex- As bacias sedimentares são composições rochosas
ternos. Dentre os processos externos, temos as formadas a partir de extensas e inúmeras camadas
categorias pluvial e eólica, que correspondem, de rochas sedimentares, que surgiram a partir da
respectivamente, à ação de: deposição de sedimentos ao longo das eras. São as
(A) rios e ventos. mais extensas das estruturas geológicas, recobrindo
(B) rios e sol. cerca de 70% do relevo terrestre. São importantes por
(C) geleiras e rios. apresentarem, dependendo das condições locais, uma
(D) chuvas e ventos. grande quantidade de fósseis e até petróleo.
(E) chuvas e sol. Por fim, os dobramentos modernos, também cha-
mados de cadeias orogênicas, são formações geoló-
15. (FURG RS/2000) “...Mais de 1200 prédios [...] gicas consideradas recentes, cujo início ocorreu na
desabaram no país em consequência de um de- era cenozoica, no período Terciário (há cerca de 250
vastador terremoto (7,6 graus na Escala Richter) milhões de anos). São resultantes das ações do tecto-
que abalou a ilha na terça-feira 21. O pior tremor nismo, geralmente do choque ou conflito entre duas
dos últimos 100 anos em Formosa deixou mais placas tectônicas. Essas formações são originárias das
de dois mil mortos, quatro mil feridos e cerca de grandes cadeias de montanhas da Terra, como a Cordi-
100 mil desabrigados.” lheiras dos Andes (América do Sul) e a Cordilheira do
(Fonte: Isto É, 29 ago. 1999)
Himalaia (Ásia), onde se encontra a montanha mais
elevada do planeta, o Everest.
Através do texto acima verificamos as consequên- Publicado por: Rodolfo F. Alves Pena
cias que um terremoto pode causar em um país. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.
Os terremotos são eventos catastróficos ocasio- br/geografia/estruturas-geologicas.htm/ Acesso em:
nados por: 21/02/2020.

276
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Os relevos manifestam as transformações super- perfície, geralmente trazidos pela água das chuvas,
ficiais da litosfera e são a principal expressão do di- dos rios ou, no caso das planícies litorâneas, pela água
namismo da Terra. dos oceanos e dos mares.
O relevo é a parte superficial da litosfera (camada
sólida da Terra). É onde as transformações geológi- Depressão: são áreas que apresentam altitudes
cas se expressam mais nitidamente, sendo também inferiores em relação ao relevo circundante (depres-
o local de habitação do ser humano e da maior parte são relativa) ou em relação ao nível do mar (depres-
dos animais terrestres. Em síntese, podemos definir são absoluta). Em geral, costuma abranger regiões
o relevo como o conjunto de formas físicas que com- geologicamente antigas e que, portanto, sofreram
põem a superfície da Terra. bastante com ações de erosão e sedimentação das
A ciência que estuda as composições e variações rochas e dos solos, o que se revela em sua superfície
nas formas de relevo é a Geomorfologia, que é um geralmente ondulada.
ramo do conhecimento que possui uma interface com Por Me. Rodolfo Alves Pena
duas ciências: a Geografia e a Geologia. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/
geografia/o-que-e-relevo.htm/ Acesso em 21/02/2020

Tipos de relevo
Relevo submarino.
Para melhor estudar e compreender as suas di-
nâmicas de formação e transformação, dividiu-se o
relevo em alguns tipos principais, com base em suas
fisionomias externas, são eles: montanhas, planaltos,
planícies e depressões.

Montanhas: são formas de relevo que apresen-


tam elevações e altitudes superiores em comparação
com regiões imediatamente vizinhas. Alguns autores
afirmam que uma elevação no relevo só pode ser con- Disponível em: https://www.google.com/url?sa=i&url=ht-
siderada como formação montanhosa se possuir mais tps%3A%2F%2Fwww.infoescola.com%2Fgeografia%2Ffor-
de 300 metros de altitude em relação ao relevo que mas-de-relevo%2F&psig=AOvVaw1WV5piSQpes-EV4pL-
se encontrar ao redor. -J_L0&ust=1607796023878000&source=images&cd=vfe&-
Esse tipo de relevo geralmente é caracterizado por ved=0CAIQjRxqFwoTCLiXuYzOxu0CFQAAAAAdAAAAABAX.
ser geologicamente recente, possuindo essa forma Acesso em: 23 de jun. de 2020.
mais acidentada por ter sofrido por menos tempo a
ação dos agentes modeladores da superfície terrestre.
Quando grupos de montanhas ou serras locali-
zam-se paralelamente uns aos outros, formando uma
espécie de “parede” em grandes extensões, há o que ATIVIDADES
se chama de cordilheira, como a Cordilheira dos Andes
(América do Sul) e a Cordilheira do Himalaia (Ásia). 16. (Fac. Israelita de C. da Saúde Albert Einstein
SP/2019) Analise a imagem.
Planaltos: algumas vezes chamados de platôs, os
planaltos são elevações de relevo que possuem uma
extensão um pouco ampla e a parte mais alta relati-
vamente plana. Apresentam, em geral, altitudes me-
dianas, sendo menores que as montanhas e maiores
que as planícies.
Eles são classificados conforme a composição pre-
dominante de suas rochas, dividindo-se em planaltos
cristalinos (formados por rochas ígneas intrusivas e
metamórficas), planaltos sedimentares (formados por
rochas sedimentares) e planaltos basálticos (formado
por rochas ígneas extrusivas).
(www.folha.uol.com.br)
Planícies: são áreas mais ou menos planas e que
possuem uma altitude menor em relação às monta- O evento geomorfológico retratado na imagem
nhas e aos planaltos. Caracterizam-se pela grande foi desencadeado por um ___________ índice de
quantidade de sedimentos acumulados em sua su- chuva sazonal, que __________ o solo e criou um

277
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
ambiente geológico instável, propício à ocorrên- conhecido como sismo de Mara Rosa, por ser a
cia de um ___________. cidade próxima mais importante. (...) Brasília, 21
de setembro de 2017”
As lacunas do texto devem ser preenchidas por: (http://intrasis.unb.br/pdf/Nota_EN.pdf, acesso em
a) baixo – impermeabilizou – assoreamento. 30/10/2017).
b) baixo – impermeabilizou – diastrofismo.
c) alto – encharcou – terraceamento. O trecho acima, retirado do relatório emitido pelo
d) alto – saturou – soerguimento. Observatório, permite-nos refletir sobre a ideia
e) alto – saturou – deslizamento. amplamente difundida de que não há ocorrência
de terremotos no Brasil.
17. (SANTA CASA/2019) Em algumas cidades, às ve-
zes, é possível observar no horizonte a poluição Quanto a esse fato, é CORRETO afirmar que:
concentrada e, logo acima desse bloco de ar a) O evento apontado na nota do observatório faz
amarronzado, o céu azul livre de nuvens. A polui- referência a um acontecimento isolado. Como
ção é tão distinta que parece existir uma linha fina o Brasil está localizado no centro e não nas
transparente dividindo a atmosfera. Essa concen- bordas da Placa Sul-americana a possibilidade
tração de poluentes ocorre, geralmente, quando da ocorrência de terremotos no país é muito
há uma inversão térmica. Durante o inverno, é pequena.
mais comum no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do b) A nota aponta a frequência com que estes
Brasil. No Nordeste ocorre, praticamente, o ano eventos ocorrem. Especialistas que acompa-
todo. nham esses fenômenos afirmam que as várias
(http://revistapesquisa.fapesp.br. Adaptado.) falhas geológicas que a Placa Sul-americana
possui podem ser uma das explicações para
Favorecem a formação da inversão térmica as ocorrência de terremotos em determinadas
seguintes condições climáticas: áreas do país.
a) alta pressão atmosférica e chegada de frente c) É preciso verificar os epicentros das ocorrên-
quente. cias desses fenômenos antes de afirmarmos
b) baixa pressão atmosférica e baixa pluviosidade.
que ocorrem em território brasileiro. A Placa
c) baixa umidade e ausência de nuvens.
Sul-americana, onde está o Brasil, recebe mui-
d) alta umidade e elevada acidez das partículas
tas ondas sísmicas secundárias provenientes
de água.
de abalos que se deram em outros países.
e) grande amplitude térmica e alta pluviosidade.
d) A Placa Sul-americana faz limite com a Placa
de Nazca. Essa área de encontro entre as duas
18. (PUC SP/2018) Nota do Observatório de Sismo-
placas é a área de ocorrência de terremotos
logia da Universidade de Brasília do dia 21 de
setembro de 2017: na América do Sul. Países como o Brasil, que
“Sismógrafos da Rede Sismográfica Brasileira estão no centro de uma placa, pouco ou quase
(RSBR) registraram, na manhã de hoje, às 05:33h nada sofrem quando estas se deslocam.
(hora local), um sismo de magnitude 3.2 na Escala
Richter sentido na região de Mutunópolis, Estrela 19. (IFMT/2018) “O território brasileiro, com uma
do Norte e em outras cidades vizinhas. O evento área superior a 8.500.000 km², é considerado um
foi localizado entre as cidades de Mutunópolis e país com dimensões continentais. Por esse moti-
Estrela do Norte/GO. Terremotos dessa magnitu- vo, apresenta grande diversidade no que se refere
de são frequentes no Brasil, com ocorrência de à fisionomia de suas paisagens e às características
cerca de 20 tremores somente em 2017. No local de suas formas de relevo, o que tornou o seu
do epicentro desse sismo de hoje, já foram regis- detalhamento uma tarefa bastante difícil. Assim,
trados 11 tremores com magnitudes acima de 3.0 para melhor compreender a estrutura física do
desde 8 de outubro de 2010, quando ocorreu o nosso país foram elaborados diferentes modelos
maior tremor de terra já registrado no estado de classificação do relevo brasileiro. Uma delas, o
de Goiás (às 15:15h - local), com magnitude 5.0 do geógrafo Jurandyr L. S. Ross, que estabeleceu,
na Escala Richter sentido inclusive em Brasília e em um minucioso mapeamento, três formas de
Goiânia, localizadas a mais de 250 km do epicen- relevo no território nacional que resultou em uma
tro. Na área epicentral foram produzidas trincas, classificação mais completa e complexa”.
rachaduras e queda de telhas (intensidade VI na (Disponível em http://escolaeducacao.
com.br/classificacao-do-relevo-brasileiro/.
Escala Mercalli Modificada - MM). Em Brasília,
Acesso em 08 out. 2017).
alguns prédios foram evacuados. Este sismo ficou

278
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
As três formas de relevo terrestre descritas nessa tros tipos de rochas. São exemplos de rochas
classificação são: sedimentares: areia, argila, sal-gema e calcário.
a) montanhas, planaltos e planícies • Metamórficas: esse tipo de rocha tem sua ori-
b) planícies, planaltos e plataforma continental gem na transformação de outras rochas, em
c) cadeias montanhosas, planaltos e chapadas virtude da pressão e da temperatura. São exem-
d) planaltos, depressões (relativa) e planícies plos de rochas metamórficas: gnaisse (formada
e) serras, chapadas e encostas a partir do granito), ardósia (originada da argila)
e mármore (formação calcária).
20. (IFGO/2018) Leia o trecho abaixo, para depois
responder à questão. As mais antigas rochas são as do tipo ígneas e
“O dinamismo da superfície da Terra é fruto da metamórficas, que surgiram respectivamente na era
atuação antagônica de duas forças ou de duas Pré-Cambriana e Paleozoica. Essas rochas são deno-
fontes energéticas – as forças endógenas ou in- minadas de cristalinas, por causa da cristalização dos
ternas e as forças exógenas ou externas”. minerais que as formaram.
ROSS, Jurandyr. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, Ao contrário das outras, as rochas sedimentares
1995, p. 17.
são de formações mais recentes, da era Paleozoica
à Cenozoica. Essas são encontradas em aproximada-
Sobre a estrutura do relevo brasileiro, marque a mente 5% da superfície terrestre.
alternativa correta. Dessa forma, os minerais e as rochas compõem
a) A formação de cadeias de montanhas no Mato uma parcela primordial da litosfera, que correspon-
Grosso é de origem geológica recente no perí- de ao conjunto de elementos sólidos que formam os
odo Pré-cambriana. continentes e as ilhas.
b) As bacias sedimentares são originárias da de- Por Eduardo de Freitas
posição de sedimentos ígneos oriundos do Graduado em Geografia
interior da crosta terrestre. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/
tipos-rochas.htm/ Acesso em: 21/02/2020
c) As forças endógenas são responsáveis pela
formação da superfície da crosta terrestre,
fenômeno que esculpe a paisagem pela ação O que é solo
antrópica.
d) As forças exógenas remodelam o relevo, como Solo corresponde à massa natural que compõe a
o vento, a chuva e o calor. Em conjunto, esses superfície da Terra que suporta ou é capaz de suportar
fenômenos são responsáveis por transformar plantas. Essa massa contém matéria viva e é resultante
a paisagem. da ação do clima e da biosfera sobre a rocha, que é seu
material de origem. A transformação da rocha em solo
se realiza durante um certo tempo e é influenciada
Tipos de Rochas, formação do Solo e tipos de solo.
pelo tipo de relevo.
O solo é constituído por diferentes partículas, que
Tipos de Rochas
são:
• Areia: É um acúmulo de pequenos pedaços de
Existem diferentes tipos de rochas, sendo elas:
rochas ou minerais. Seu diâmetro varia entre
rochas ígneas ou magmáticas, rochas sedimentares
0,05 a 2 milímetros (mm). O mineral predo-
e rochas metamórficas.
minante na maioria das areias é o quartzo.
Rocha é a união natural de minerais, compostos
Entretanto, outros minerais como muscovita,
químicos definidos quanto à sua composição, podem
turmatita, feldspato, mica, magnetita e outros
ser encontrados no decorrer de toda a superfície ter-
também podem serem encontrados. É a areia
restre.
que dá a sensação de aspereza (atrito) do solo.
Veja alguns exemplos de minerais: quartzo, grafi-
• Silte: Partícula do solo com um diâmetro que
ta, calcita, mica, feldspato, talco, diamante.
varia de 0,05 a 0,002 mm, composta por felds-
pato, piroxênio, anfibólio, biotita etc. É o silte
As rochas são classificadas em:
que dá a sensação de sedosidade.
• ígneas ou magmáticas: são rochas formadas
• Argila: Partícula de solo tão pequena que não
pelo esfriamento e solidificação de elementos
pode ser vista a olho nu, seu diâmetro é me-
endógenos, no caso, o magma pastoso. São
nor que 0,002 mm. É composta por minerais
exemplos de rochas magmáticas: granito, ba-
secundários (ilita, montmorillonita e caulinita).
salto, diorito e andesito.
É a argila que dá a sensação de plasticidade e
• Sedimentares: esse tipo de rocha tem sua for-
pegajosidade.
mação a partir do acúmulo de resíduos de ou-

279
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
A importância do solo Este recurso natural é renovável, mas pode passar
a não ser em função do desgaste constante em função
O solo é um dos recursos naturais mais impor- de seu uso intensivo, que muitas vezes não respeita
tantes da natureza, pois exerce funções ambientais suas limitações individuais.
essenciais à vida.
Para que as plantas cresçam, suas raízes devem Camadas do solo
penetrar no solo de modo a sustentar sua parte aé-
rea. Elas extraem nutrientes, que juntamente com o As camadas do solo, também chamadas de hori-
oxigênio (O2), o gás carbônico (CO2), a luz e o calor, zontes, são subdivisões que do solo que, dentro de
contribuem para o seu crescimento. uma determinada profundidade, compartilham as
Considerando os preceitos de sustentabilidade, o mesmas características. Essas semelhanças devem
recurso solo ganha cada vez mais destaque nos deba- ser tanto de constituição (minerais presentes e tex-
tes nacionais e internacionais. tura) quanto de respostas e estímulos (como a cor, a
consistência e outras mais).

Por Juliana Ramiro


Disponível em: https://boaspraticasagronomicas.com.br/artigos/tipos-de-solo/Acesso em 21/02/2020

22. (UFAM/2005) Para se evitar a erosão do solo em


terrenos inclinados:
(A) emprega-se um plano racional de adubação
ATIVIDADES verde.
(B) cultiva-se ao longo dos vales fluviais.
21. (FURG RS/2000) As falésias são representadas (C) cultiva-se no sentido da declividade do terreno.
por: (D) cultiva-se em curvas de nível.
(A) Formações de coral junto às praias. (E) faz-se a correção da acidez do solo.
(B) Paredões abruptos.
(C) Afloramentos vulcânicos situados próximo ao 23 - (UNIMONTES MG/2004) A água é, comprova-
litoral. damente, o principal fator de erosão dos solos.
(D) Extensos cordões arenosos. Mas outros fatores também contribuem para a
(E) Conjunto de dunas altas. ocorrência desse problema, EXCETO

280
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
(A) o predomínio de solo arenoso. Atividade prática - Terra e Usos de seus Recursos
(B) a existência de cobertura vegetal.
(C) o grau de declividade das encostas. 27. (UFJF MG)
(D) a qualidade da ação antrópica.
(E) A retirada da mata ciliar.

24. (UEM PR/2006/janeiro) A degradação dos solos


transforma muitas regiões em desertos. Assinale
a alternativa incorreta sobre os fatores direta-
mente causadores de degradação do solo.
(A) O controle biológico de pragas e a adubação
orgânica.
(B) O desmatamento e a consequente erosão dos
horizontes do solo.
(C) As queimadas, que destroem a matéria orgâ-
nica.
(D) A lixiviação de nutrientes provocada pela
ação das chuvas sobre os solos desprotegi-
dos.
(E) A compactação do terreno provocada pela
atividade pecuária.

25. (PUC MG/2008/janeiro) A ONU alerta que o res-


secamento do solo poderá afugentar 50 milhões Para essa experiência foram utilizados: lápis, copo de
de pessoas em uma década, atingindo principal- papel, canudo, massa de modelar, prancha de madeira
mente a África Subsaariana e a Ásia Central. de 30 cm de comprimento, terra e recipiente com 4
NÃO confirma a afirmativa acima: l de água.
(A) A perda da produtividade do solo e a degra-
dação dos mecanismos naturais refletem uma Procedimento:
crise ambiental de proporções globais, amea-  Com o lápis, fazer um buraco perto do fundo do
çando a subsistência de milhões de pessoas. copo de papel.
(B) A desertificação ameaça grande parte das  Cortar o canudo ao meio e inserir uma das metades
terras áridas e semiáridas que sofrem pro- no buraco que foi feito no copo.
cessos de cultivos acima da sua capacidade  Vedar o buraco com massa de modelar.
de suporte.  Pousar a prancha de madeira no chão e colocar
(C) A aplicação de recursos em pesquisas, polí- terra embaixo de uma de suas extremidades, de
ticas educacionais e recuperação de terras modo a elevá-la cerca de 5 cm
afetadas favorece a participação articulada  Cobrir a prancha de madeira com uma camada fina
dos diversos agentes envolvidos. de terra.
(D) A degradação causada pelo uso desordenado  Assentar o copo sobre o lado mais elevado da pran-
do solo para cultivos e pastagens, pelo des- cha, com o canudo apontado para baixo.
matamento, erosão e pouca irrigação, acele-  Tampar a extremidade do canudo com um dedo,
ra o processo de desertificação, tornando as enquanto enches o copo com água.
terras improdutivas.  Destampar o canudo e observar o movimento da
água.
26. (UNINOVE SP/2009) Nos dias atuais, a busca em  Limpar a prancha e depois cobri-la novamente com
conciliar o desenvolvimento econômico com o terra.
respeito ao meio ambiente é um desafio para  Aumentar a inclinação da prancha para cerca de 15
toda a Humanidade. cm.
O conceito descrito denomina-se  Colocar o copo sobre a parte mais elevada.
(A) Biodiversidade.  Tampar a extremidade do canudo com um dedo,
(B) Desenvolvimento Ambiental. enquanto enches o copo com água.
(C) Direitos Humanos.  Destampar o canudo e observar o movimento da
(D) Preservação das espécies. água.
(E) Desenvolvimento Sustentável.

281
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Resultados: A terra é arrastada pela água corrente. carregam a herança cultural de determinado povo, ao
Quando a inclinação aumenta, a quantidade de terra mesmo tempo que promovem sua identidade.
arrastada pela água é maior. Associada aos elementos concretos de uma socie-
dade está a cultura material ou o patrimônio cultural
VANCLEAVE, Janice. Ciências da Terra para jovens: 101 material. Esses elementos foram sendo criados ao
experiências fáceis de realizar. longo do tempo e, portanto, representam a história
Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1993.
de determinado povo. Diversas edificações, objetos
artísticos e cotidianos, fazem parte da cultura mate-
a) Na experiência, por que quando se aumenta a
rial, os quais são classificados de duas maneiras:
inclinação aumenta também a quantidade de terra
Bens móveis: podem ser transportados e reúnem
arrastada pela água?
os acervos e coleções.
Bens imóveis: são estruturas fixas e representam
os centros históricos, sítios arqueológicos, etc.

Associada aos hábitos, comportamentos e costu-


mes de determinado grupo social está a cultura imate-
rial ou patrimônio cultural imaterial. Este representa
os elementos intangíveis de uma cultura. Sendo assim,
ele é formado por elementos abstratos que estão in-
timamente relacionados com as tradições, práticas,
comportamentos, técnicas e crenças de determinado
grupo social. Diferente do patrimônio material, este
tipo de cultura é transmitida de geração em geração.
Vale notar que a cultura imaterial está em cons-
tante transformação, uma vez que seus elementos são
b) Além da declividade, na natureza, há outros fato- recriados coletivamente. Isso faz com que o patrimô-
res que interferem na quantidade de terra arrastada nio intangível seja muito vulnerável. Por esse motivo,
numa encosta. Cite dois desses outros fatores. muitos programas e projetos vêm sendo desenvolvi-
dos no Brasil e no mundo com o intuito de levantar e
registrar essas práticas.

Patrimônio Material e Imaterial – O que são?


Significado, Diferenças e Exemplos

POR UMBERTO OLIVEIRA


EM 07/12/2021, ÀS 10:12

O termo patrimônio tem, atualmente, diferentes


significados, dependendo da área em que se discute,
seja no campo do Direito, da História ou da Economia.
Atualmente é muito comum ouvirmos sobre os con-
ceitos de patrimônio material e imaterial, que estão
MOMENTO SOCIOLOGIA muito ligados ao chamado Patrimônio Cultural.
Conceito de patrimônio: A palavra patrimônio
Cultura Material e Cultura Imaterial vem do latim “patrimonium”, junção da palavra “pa-
ter” (pai) e “monium” (recebido). Portanto, em sua
Por Daniela Diana do site Toda Matéria origem, o termo estava ligado à ideia de herança,
ou seja, patrimônio se relacionava como tudo aquilo
A Cultura Material e Imaterial representam os dois que era deixado pela figura do pai e transmitido para
tipos de patrimônio cultural, e que juntos constituem seus filhos.
a cultura de determinado grupo. A cultura material Com o passar do tempo, a noção de patrimônio
está associada aos elementos materiais e, portanto, se ampliou, à medida que o conceito passou a ser tra-
é formada por elementos palpáveis e concretos, por balhado por diferentes áreas. Dentro da história, pa-
exemplo, obras de arte e igrejas. Já a cultura imate- trimônio se refere a um conjunto de bens materiais
rial está relacionada com os elementos espirituais ou ou imateriais que estão intimamente relacionados
abstratos, por exemplo, os saberes e os modos de com a identidade, a cultura ou o passado de uma
fazer. Ambas possuem aspectos simbólicos, posto que determinada coletividade.

282
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Segundo a legislação brasileira, o Patrimônio Cul- espólio da RFFSA têm sua proteção feita por
tural Brasileiro pode ser definido como: meio de tombamento;
• Chancela: esse instrumento, instituído pela
“O conjunto de bens móveis e imóveis existentes Portaria Iphan No. 127/2009, reconhece a im-
no País e cuja conservação seja de interesse públi- portância cultural de certas porções do ter-
co, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da ritório nacional, representativas do processo
história do Brasil, quer por seu excepcional valor ar- de interação do homem com o meio natural,
queológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”. ao qual a vida e a ciência humana imprimiram
marcas ou atribuíram valores. Esse instrumen-
O que é patrimônio material e imaterial? Dentro to estabelece um pacto entre o poder público,
da definição acima, e como forma de melhor gerir os a sociedade civil e a iniciativa privada, com o
esforços de proteção e estudos específicos de cada objetivo de estabelecer uma gestão compar-
área, o patrimônio histórico foi dividido em: tilhada da porção do território nacional assim
• Patrimônio Material; reconhecida.
• Patrimônio Imaterial;
• Patrimônio Arqueológico; O que é um patrimônio imaterial? O patrimônio
• Patrimônio Mundial. imaterial se refere às práticas e domínios da vida so-
cial que podem ser encontrados em:
O que é um patrimônio material? Patrimônio ma- • Saberes, ofícios e modos de fazer;
terial é o conjunto de bens culturais móveis e imóveis • Celebrações;
existentes no país, cuja conservação seja de interesse • Formas de expressão cênicas, plásticas, musi-
público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis cais ou lúdicas;
da história do Brasil, quer por seu excepcional valor, • Lendas, costumes e outras tradições;
seja ele arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou • Locais que abrigam práticas culturais coletivas,
artístico. Também, pode ser subclassificado como: como mercados, feiras e santuários.

Bens Móveis O patrimônio imaterial é transmitido por gera-


• Coleções arqueológicas; ções, sendo constantemente recriado por comunida-
• Acervos museológicos, documentais, bibliográ- des e grupos, em função de seu ambiente, de sua
ficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos interação com a natureza e de sua história, de forma
e cinematográficos. a gerar um sentimento de identidade, continuidade, e
diversidade cultural. Incluem-se no conceito de patri-
Bens Imóveis mônio imaterial as expressões culturais e as tradições
• Núcleos urbanos; preservadas por um grupo de indivíduos a respeito
• Sítios arqueológicos e paisagísticos; da sua ancestralidade, para as gerações futuras. FON-
• Bens individuais. TE:https://treinamento24.com/library/lecture/read/
121856-o-que-e-cultura-material-sociologia
O Patrimônio Material é regulado pelo Decreto
Lei nº 25, de 1937, da Constituição Federal, em seus MOMENTO FILOSOFIA
artigos 215 e 216, Decreto Lei nº 3.551/2000, e pode
ser preservado por meio de ações de: DIVERSIDADE CULTURAL EM GOIÁS
• Tombamento: é o mais antigo instrumento de
proteção, e consiste em proibir a destruição No coração do Brasil. A partir dessa estratégica
de bens culturais tombados, colocando-os sob localização, Goiás acumulou ao longo dos séculos uma
vigilância do Instituto. Para ser tombado, é ne- infinidade de elementos e tradições responsáveis por
cessário que um bem passe por um processo criar a sua própria identidade. Em solo goiano pulsa
administrativo, até ser inscrito em pelo menos um pouco da história dos vários povos que constru-
um dos quatro Livros do Tombo instituídos íram o Estado, dando origem a uma cultura tão rica
pelo Decreto Lei nº25/1937: Livro do Tombo quanto diversificada. É tudo característico e marcante:
Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; Livro o sotaque puxado no “r”, a arquitetura, a culinária, as
do Tombo Histórico; Livro do Tombo das Belas gírias, as danças e as músicas.
Artes; e Livro do Tombo das Artes Aplicadas; Dos casarões da cidade de Goiás, passando pelos
• Valoração do Patrimônio Cultural Ferroviário: vários prédios centenários pelo interior até o acervo
responsável pela guarda e manutenção do es- art déco de Goiânia: belezas que encantam e atra-
pólio da extinta RFFSA (Rede Ferroviária Fede- em turistas. Tantas riquezas históricas contam com
ral). Bens ferroviários que não fazem parte do proteção e até reconhecimento internacionais. É o

283
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
caso, por exemplo, da antiga Vila Boa, classificada pela é representada pela Orquestra Filarmônica de Goiás
Unesco como Patrimônio Cultural Mundial, em 2001. (OFG), mantida pelo Estado, e pela Orquestra Sinfô-
O Estado de Goiás possui ainda dois parques nacionais nica Municipal, mantida pela Prefeitura de Goiânia. A
reconhecidos pela Unesco como Patrimônio Natural cena do rock e da música alternativa também faz parte
Mundial: o da Chapada dos Veadeiros e o das Emas. da cultura goiana, com festivais como o Bananada,
São vários os prédios tombados pelo Instituto Vaca Amarela e Goiânia Noise.
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Entre os destaques estão os conjuntos urbanos das Festas populares
históricas Corumbá de Goiás, Goiás, Pilar de Goiás
e Pirenópolis. São ruas, casarões e igrejas que, por Cavalhadas
meio de sua arquitetura, narram a origem do Estado Registros históricos apontam as Cavalhadas de
– com forte presença dos arraiais, criados a partir de Santa Cruz de Goiás como a festa mais antiga do Es-
exploração de jazidas de ouro. tado, segundo o pesquisador Jacy Siqueira. Tradição
bicentenária, a festividade também ocorre em outros
Manifestações culturais dez municípios: Pirenópolis, Palmeiras de Goiás, Pos-
se, Jaraguá, Crixás, Hidrolina, São Francisco de Goiás,
Artes Plásticas: É um dos setores mais movimen- Santa Terezinha de Goiás, Corumbá de Goiás e Pilar
tados da cultura goiana. A partir de José Joaquim Veiga de Goiás. Em agosto de 2019 o governador Ronaldo
Valle e Octo Marques, respectivamente dos séculos Caiado encaminhou pedido ao Instituto do Patrimô-
XIX e XX, Goiás se mostrou um terreno fértil para nio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que a
artistas. Siron Franco, Antônio Poteiro e Ana Maria festividade se torne Patrimônio Cultural do Brasil. O
Pacheco são exemplos contemporâneos. Sobre es- processo está em andamento.
trutura, Goiânia possui diferentes espaços, como o As Cavalhadas encenam batalhas medievais en-
Museu de Arte Contemporânea (Mac), o Museu de tre cristãos e mouros, ocorridas em meio à ocupação
Arte de Goiânia (Mag), a Galeria Frei Confaloni e a moura na Península Ibérica (século IX ao século XV).
Galeria Sebastião dos Reis. Durante três dias, dois exércitos, com 12 cavaleiros
cada, fazem as apresentações, simulando lutas com
Dança: Tem forte influência do índio, do por- auxílio de coreografias bem orquestradas. Paralelo a
tuguês e do africano, tal como as raízes goianas. A isso, os personagens conhecidos como Mascarados
contradança, por exemplo, resiste há 138 anos como saem às ruas fazendo algazarras.
manifestação folclórica de Santa Cruz de Goiás. Já a As Cavalhadas ocorrem entre junho e setembro,
catira é uma dança rural, cantada e disposta em fileiras logo após os festejos do Divino Espírito Santo. A festa
opostas. O nome teria origem tupi, mas a coreografia é envolve toda a comunidade local e se destaca por
um legado da cultura africana. Já a congada ou congo conseguir reunir, em um único evento, cultura, turis-
teria vindo de Moçambique e é uma das atrações na mo e a manifestação pública da fé das pessoas. Mais
Festa de Nossa Senhora do Rosário, em Catalão. que manter a tradição, repassando de geração em
geração, a festividade movimenta a economia local.
Literatura: No cerne das letras, Goiás tem autores Quando: entre julho e setembro
que inspiram. Impossível não lembrar de Cora Corali-
na (1889-1985), poetisa vilaboense criadora de obras Congada de Catalão
marcadas pela beleza e simplicidade. Em destaque Festividade realizada há mais de 125 anos, ela
está Bernardo Élis (1915-1997), único goiano a ingres- divide-se em duas partes: a religiosa, com missas,
sar na Academia Brasileira de Letras (concorreu com procissão e reza de terço; e a folclórica, que consiste
Juscelino Kubitschek). Entre outros nomes conhecidos em apresentação de músicas e danças, além de visitas
estão Hugo de Carvalho Ramos (1895-1911) e José J. às casas de moradores pioneiros.
Veiga (1915-1999). A festa começa com os ternos de congos, que são
grupos de dançarinos, reunidos na Igreja de Nossa
Música: A música goiana tem uma rica história e Senhora do Rosário, em Catalão. Após a alvorada, os
um cenário atual com muita diversidade. A tradição cantadores saem pelas ruas. Durante toda a semana
das modinhas, violas e saraus está presente em gru- acontecem a novena e a visitação.
pos como a Orquestra dos Violeiros, com repertório A Congada de Catalão tem abertura no segundo
raiz e sertanejo-romântico. A música sertaneja atrai domingo de outubro. De origem africana, o ritual era
grande público para bares, casas de shows e grandes realizado inicialmente apenas por integrantes da Ir-
eventos, como a Pecuária, Caldas Country e o Villa mandade do Rosário. Hoje, a festa reúne cerca de 1,3
Mix, com uma programação expandida de diversos es- mil pessoas, divididas em 16 grupos de dança.
tilos. Premiada internacionalmente, a música clássica Quando: 2ª segunda-feira de outubro

284
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Festa em Louvor ao Divino Pai Eterno – Trindade que geralmente ocorre no terceiro final de semana
A Festa do Divino Pai Eterno, em Trindade, é uma de maio, em Piracanjuba. Todos os anos, o evento
das mais importantes do Estado e reúne, todos os reúne colecionadores e vendedores de orquídeas de
anos, fiéis de todo o Brasil, e até de outros países. A todo o Brasil e de outros países. A mostra conta com
romaria teria começado em 1840, no arraial de Barro cerca de 50 expositores e exibe a média de 25 mil
Preto, que deu lugar ao município. Na época, morado- flores originárias de diversas regiões do mundo.
res encontraram uma medalha de barro, onde estava Quando: geralmente no terceiro domingo de maio
representada a Santíssima Trindade coroando Nossa
Senhora. O fato levou várias pessoas ao local. Com o Festa de Nossa Senhora do Pilar
tempo, surgiu a romaria. A festa em louvor à Nossa Senhora do Pilar, em
A Romaria de Carros de Boi da Festa do Divino Pai Pilar de Goiás, atrai fiéis de todas as regiões do País
Eterno de Trindade foi reconhecida como Patrimônio e conta com uma programação que inclui missa can-
Cultural Brasileiro, em 2016, e inscrita no Livro de tada, procissão, novena, desfile cívico e cavalhadas.
Registro das Celebrações do Iphan. Quando: início de setembro, próximo ao dia 8,
O antigo medalhão foi substituído por uma ima- quando se celebra o Dia de Nossa Senhora do Pilar
gem semelhante, esculpida em madeira pelo artista
plástico Veiga Valle. Mesmo representando a Santíssi- Festa de São Sebastião — Silvânia
ma Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), a festa é em Embora não haja registro oficial, acredita-se que
louvor ao Divino Pai Eterno. A festividade ocorre entre a Festa de São Sebastião tenha surgido no século 19,
a última semana de junho e o primeiro domingo de em Silvânia. Ela tem início na segunda quinzena de
julho. Ainda hoje se mantém a tradição de desfile de julho. Em dez dias de evento, são realizadas novena,
carros de boi. Também é comum que fiéis peregrinem folia e procissão luminosa. Há ainda bingos, leilões e
a pé até Trindade. Entre Goiânia e a capital da fé, por barraquinhas que comercializam produtos diversos.
exemplo, o trajeto possui 18 quilômetros e a GO-060 Quando: segunda quinzena de julho
foi batizada de Rodovia dos Romeiros.
Quando: no final de junho e começo de julho. Festival Internacional de Cinema e Vídeo Am-
biental (Fica) – Cidade de Goiás
Procissão do Fogaréu – Cidade de Goiás Realizado pelo Governo de Goiás, na antiga Vila
A Procissão do Fogaréu acontece há mais de 260 Boa, o festival tem como objetivo fomentar a criação
anos na cidade de Goiás, antiga capital do Estado, de filmes voltados para a preservação do meio am-
por ocasião da Semana Santa. Com uma mistura de biente. Ao mesmo tempo, o evento movimenta os
religiosidade e folclore, o ritual teria chegado ao Ar- diversos setores da cultura goiana e realiza uma pro-
raial de Sant’Anna - que deu origem à Cidade de Goiás gramação paralela diversa, com atividades educativas,
- durante a exploração do ouro pelos portugueses. fóruns, oficinas e apresentações musicais.
À meia-noite da chamada Quarta-Feira das Trevas, Quando: geralmente em junho, mês internacional
40 farricocos, encapuzados, entoam canções oitocen- do meio ambiente
tistas. Eles seguem um percurso que passa pela Igreja
da Boa Morte, Igreja de Nossa Senhora do Carmo e Mostra Nacional de Teatro de Porangatu
Igreja do Senhor dos Passos. No momento da saída Como mecanismo de valorização das artes cêni-
da procissão, todas as luzes da cidade se apagam. No cas, o Governo de Goiás realiza a Mostra Nacional de
ritual há o som cadenciado de caixas. No percurso, Teatro em Porangatu, na região Norte do Estado. São
estão previstas algumas paradas. apresentados espetáculos teatrais regionais e peças
A Procissão do Fogaréu está repleta de simbolis- com grupos de expressão nacional. Paralelamente, o
mos. O principal deles é representar a perseguição a público pode contar com uma programação musical
Jesus Cristo. Os archotes servem para procurar o Filho variada, tudo gratuitamente.
de Deus, em meio às trevas da ignorância humana. Quando: geralmente em novembro
Um dos farricocos toca o clarim no meio da noite. É a
senha para anunciar a prisão de Jesus Cristo, represen- Canto da Primavera – Pirenópolis
tado por um estandarte, pintado pelo artista plástico A festa foi inserida no calendário goiano de festas
Veiga Valle, no Século XIX. em novembro de 2000. Trata-se de uma amostragem
Em seguida, o bispo local faz o sermão alusivo à da música brasileira nos seus diferentes gêneros. Do
morte de Cristo. erudito ao sertanejo, do rock ao popular, com desta-
Quando: geralmente dentro da Semana Santa que para as criações regionais. A primeira edição da
mostra levou a Pirenópolis um público estimado em
Exposição Nacional de Orquídeas — Piracanjuba 25 mil pessoas, oriundas principalmente de Brasília
Uma festa de cores, formas, aromas e muita be- e cidades vizinhas.
leza. Assim é a Exposição Nacional de Orquídeas, Quando: geralmente entre setembro e outubro

285
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Romaria de Muquém – Niquelândia MÓDULO 05
GOIÁS, HISTÓRIA E CULTURA.
De 5 a 15 de agosto, o alvo do turismo goiano é
Niquelândia, a 360 quilômetros de Goiânia. Ali, no
povoado de Muquém, acontece a festa em louvor de COMPETÊNCIA ESPECÍFICA: 01- Analisar processos
Nossa Senhora da Abadia. Na data, o fluxo de turistas políticos, econômicos, sociais, ambientais e cultu-
e fiéis atinge seu ponto máximo por causa das festivi- rais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial
dades que reúnem missas, batizados, casamentos e em diferentes tempos, a partir da pluralidade de
procissão. Em meio à programação religiosa, há barra- procedimentos epistemológicos, científicos e tec-
cas com comidas típicas e o comércio de artesanatos e nológicos. Desse modo a compreender e posicio-
outros artigos. Muitos romeiros vão pagar promessas nar-se criticamente em relação a eles, consideran-
por graças recebidas. O povoado de Muquém teria do diferentes pontos de vista. Tomando decisões
surgido por volta de 1750. Uma das versões sobre a baseadas em argumentos e fontes de natureza
romaria no local está na obra O Ermitão de Muquém, científica.
do romancista Bernardo Guimarães.
Quando: 5 a 15 de agosto HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS105) Identifi-
car, contextualizar e criticar tipologias evolutivas
Patrimônio Arqueológico (populações nômades e sedentárias, entre outras)
A presença das populações indígenas que ocupa- e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/
ram o território goiano é frequente nos sítios arqueo- natureza, civilizados/ bárbaros, razão/emoção, ma-
lógicos cadastrados nacionalmente. Até dezembro de terial/virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
2014, o Iphan reuniu dados sobre 1.246 sítios distribu-
ídos por todo o Estado de Goiás, onde há vestígios de Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS105B) En-
aldeias, acampamentos, cemitérios, grutas e oficinas tender a relação dicotômica entre civilizados/bár-
líticas. Dentre os sítios mais conhecidos, estão os que baros, utilizando a ideia eurocêntrica de construção
apresentam grande quantidade de grafismos rupes- histórica, fazendo uma analogia com o processo de
tres, como aqueles encontrados em Serranópolis. Em ocupação do território brasileiro, e da relação entre
outros municípios - entre eles Palestina de Goiás, Po- colonizadores europeus, povos nativos e escraviza-
rangatu, Caiapônia, Itajá, Quirinópolis, Santa Helena dos africanos para contextualizar as ambiguidades
de Goiás e Baliza -, também foram cadastrados sítios e limites da produção do pensamento.
arqueológicos com arte rupestre e oficinas líticas. (GO-EMCHS105C) Criticar as tipologias evolutivas,
FONTE DO TEXTO: https://www.goias.gov.br/conheca-
goias/cultura.html
bem como as oposições dicotômicas (cidade/cam-
po, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/
ATIVIDADE DE FILOSOFIA emoção, material/virtual etc.), explicitando suas
ambiguidades para avaliar esses processos histó-
1. Escolha algum mito, conto ou folclore nacional ou ricos na ocupação da América, do Brasil, de Goiás
da sua cidade e explique a reflexão e significado e dos municípios.
contido nele e como representa as identidade de
seu povo. Objeto de conhecimento: Estudos culturais, Diver-
sidade cultural em Goiás, “Pré-história em Goiás”,
2. Qual é a Moral contida no mito, folclore ou conto Processos de ocupação do território brasileiro.
que você escolheu? Justifique a sua resposta.

MOMENTO HISTÓRIA

CONCEITO

“Em Goiás, especificamente, essas reorientações


do governo português fizeram surgir mais de cin-
quenta arraiais em um território que desde os pri-
meiros momentos do século XVIII foi controlado por
regimentos, levantamentos cartográficos, criação de
caminhos, instituição da Prelazia, da Capitania, funda-

286
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
ção da capital (Vila Boa), definição de procedimentos reformador urbano da Vila foi o governador Cunha
jurídico-administrativos, instalação de intendências, Menezes, que propôs o realinhamento e a expansão
formação de aldeamentos, casas de fundição e pos- do traçado da Vila e a elaboração de um Código de
tos alfandegários. A ocupação dessa região insere- Posturas que definiu a uniformidade das fachadas e
-se, desta maneira, no contexto expansionista e de áreas para construções de novos edifícios. Como seu
consolidação de posses de terras, garantidas pelas antecessor, planejou também o aldeamento e deu
formações de núcleos urbanos, cujas concepções ou continuidade aos esforços para o desenvolvimento
modos de organização podem remontar às diversas do comércio da região, com mercadorias circulando
e complexas formas de fazer cidades possibilitadas pelos rios Araguaia e Tocantins.”
pelas ricas experiências da Expansão Ultramarina, não Disponível em: https://teses.usp.br/teses/
disponiveis/16/16133/tde-13052010-090028/publico/
só no Brasil como também na África e na Ásia. Esse
Tese.pdf . Acesso 20 nov. 2022.
é o momento em que se pode encontrar as raízes
do urbanismo colonial brasileiro, quando Portugal
formou um programa de fundação de cidades com
novas práticas urbanísticas que se desenvolveram,
se diversificaram e se estenderam até, pelo menos, SUGESTÃO DE ATIVIDADE
o período pombalino, como diz Rafael Moreira1 . É,
portanto, sob essa perspectiva que se pode entender 01. (UFG) Leia o trecho a seguir:
as formações urbanas de Goiás, pois elas são resul-
tados de sínteses de diferentes modelos de cidades, A impraticabilidade de se povoar a dita capita-
reproduzidos ora por ações dos bandeirantes, ora nia [Goiás] nem outra qualquer parte da América
por governadores como Luiz de Mascarenhas, José Portuguesa senão com os nacionais da mesma
de Almeida e Cunha Menezes. Os bandeirantes foram América. E que achando-se todo o sertão daquele
os primeiros responsáveis pela maioria dos assenta- vasto continente coberto de índios, estes deviam
mentos goianos e com eles veio a tradicional forma ser principalmente os que povoassem os lugares,
de fazer cidades. Organizadas a partir do edifício reli- as vilas e as cidades que se fossem formando.
gioso, caracterizavam-se por estruturas lineares, que (Carta régia de D. José I a D. José Vasconcelos,
se desenvolviam geralmente ao longo das estradas. governador da Capitania de Goiás. 1758. In: PA-
Um outro modelo urbano inaugura-se com Luiz de LACIN, Luís. O Século de ouro em Goiás. Goiânia.
Mascarenhas, com tendências à regularidade, em que Editora da UCG, 1994. p, 84.)
a ordenação do espaço era pré-estabelecida segundo
normas gerais que se apresentavam em várias cartas O documento aponta a preocupação da Coroa
de fundação de cidades brasileiras, iguais à de Vila Portuguesa com o povoamento da Capitania de
Boa. Diferentemente da concepção anterior, escolhia- Goiás, cujo desdobramento foi a política de:
-se um sítio próximo a boas águas, onde se marcava a) Ocupação das terras indígenas.
a praça, agora o elemento gerador e de expansão do b) Guerra justa contra as tribos indígenas.
novo núcleo urbano, auxiliada pela antiga prática do c) Mestiçagem de brancos, índios e negros.
arruamento, como fizeram Mascarenhas e seu au- d) Embates intermitentes com as tribos indíge-
xiliar Domingos Pires ao escolher e arruar um lugar nas.
para fundar o Arraial de Arraias. Mas o primeiro pla- e) Implantação de aldeamentos indígenas.
no regular plenamente implementado e concebido
por meio de desenhos só surgiu na segunda metade 02. (UEG) A integração de Goiás nos quadros da
do século XVIII, com o dinâmico governador José de economia nacional encontrou na construção de
Almeida Vasconcelos Soveral e Carvalho, quando pro- Brasília um momento de inflexão: Goiânia trans-
pôs o aldeamento São José de Mossâmedes, em 15 formou-se em ponto de apoio fundamental para a
de novembro de 1774. Suas ações visavam também construção da nova capital. Acerca da integração
reorganizar o território, mediante levantamentos to- econômica de Goiás entre as décadas de 1950 e
pográficos, criação de novas estradas, mudanças de 1970, marque a alternativa CORRETA:
localização de registros, formação de mais julgados, a) Houve uma enorme resistência da elite política
estabelecimento de limites territoriais dos maiores goiana em ceder imensa quantidade de terras
arraiais e incentivo à navegabilidade dos rios Ara- para formação do Distrito Federal, uma vez que
guaia e Tocantins. Na capital, fez calçamento nas ruas, a atividade pecuarista era desenvolvida inten-
construiu o grande Chafariz e recuperou pontes que sivamente nas terras onde a nova capital seria
haviam sido destruídas na inundação de 1776. Atri- construída.
bui-se também a ele a primeira ponte que se ergueu b) A construção de Brasília recebeu apoio incon-
sobre o Rio das Almas, em Meia Ponte. Mas o maior teste de todos os partidos políticos, pois a

287
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
interiorização da capital já estava prevista na Estuprador é diferente, né?
primeira constituição republicana. O sonho de Toma soco toda hora, ajoelha e beija os pés
se construir uma nova capital ultrapassou as E sangra até morrer na rua 10
divisões ideológicas. Cada detento uma mãe, uma crença
c) O golpe de 1964 paralisou os investimentos Cada crime uma sentença
na modernização da agricultura brasileira. O Cada sentença um motivo, uma história de lágrima
modelo econômico adotado reservara à agri- Sangue, vidas inglórias, abandono, miséria, ódio
cultura papel secundário, concentrando os Sofrimento, desprezo, desilusão, ação do tempo
investimentos no desenvolvimento industrial. Misture bem essa química
d) A modernização da agricultura goiana foi uma Pronto, eis um novo detento
decorrência da transferência da capital, pois
o estado de Goiás tornou-se responsável pelo Lamentos no corredor, na cela, no pátio
abastecimento de Brasília, o que permitiu uma Ao redor do campo, em todos os cantos
profunda alteração na agricultura goiana, com Mas eu conheço o sistema, meu irmão, hã
o crescimento da pequena propriedade. Aqui não tem santo
e) A integração da economia goiana nos fluxos Rátátátá preciso evitar
de investimentos nacionais iniciou-se no final Que um safado faça minha mãe chorar
da década de 1920 com a chegada dos trilhos, Minha palavra de honra me protege
mas só ganhou impulso decisivo com o desen- Pra viver no país das calças bege
volvimento da agricultura moderna, com o cul- Tic, tac, ainda é 9 e 40
tivo da soja. O relógio da cadeia anda em câmera lenta

MOMENTO GEOGRAFIA Ratatatá, mais um metrô vai passar


Com gente de bem, apressada, católica
Diário de Um Detento Lendo jornal, satisfeita, hipócrita
Com raiva por dentro, a caminho do centro
Racionais MC’s Olhando pra cá, curiosos, é lógico
Não, não é não, não é o zoológico
São Paulo, dia 1º de Outubro de 1992, oito horas da
manhã Minha vida não tem tanto valor
Aqui estou, mais um dia Quanto seu celular, seu computador
Sob o olhar sanguinário do vigia Hoje tá difícil, não saiu o Sol
Você não sabe como é caminhar com a cabeça na Hoje não tem visita, não tem futebol
mira de uma HK Alguns companheiros têm a mente mais fraca
Metralhadora alemã ou de Israel Não suportam o tédio, arruma quiaca
Estraçalha ladrão que nem papel Graças a Deus e à Virgem Maria
Na muralha, em pé, mais um cidadão José Faltam só um ano, três meses e uns dias
Servindo o Estado, um PM bom Tem uma cela lá em cima fechada
Passa fome, metido a Charles Bronson Desde Terça-feira ninguém abre pra nada
Ele sabe o que eu desejo Só o cheiro de morte e Pinho Sol
Sabe o que eu penso Um preso se enforcou com o lençol
O dia tá chuvoso, o clima tá tenso
Qual que foi? Quem sabe? Não conta
Vários tentaram fugir, eu também quero
Ia tirar mais uns seis de ponta a ponta
Mas de um a cem, a minha chance é zero
Nada deixa um homem mais doente
Será que Deus ouviu minha oração?
Que o abandono dos parentes
Será que o juiz aceitou a apelação?
Aí moleque, me diz, então, cê quer o quê?
Mando um recado lá pro meu irmão
A vaga tá lá esperando você
Se tiver usando droga, tá ruim na minha mão
Pega todos seus artigos importado
Ele ainda tá com aquela mina
Seu currículo no crime e limpa o rabo
Pode crer, moleque é gente fina
A vida bandida é sem futuro
Tirei um dia a menos ou um dia a mais, sei lá
Sua cara fica branca desse lado do muro
Tanto faz, os dias são iguais
Acendo um cigarro, e vejo o dia passar Já ouviu falar de Lúcifer?
Que veio do Inferno com moral
Mato o tempo pra ele não me matar Um dia no Carandiru, não, ele é só mais um
Homem é homem, mulher é mulher Comendo rango azedo com pneumonia

288
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Aqui tem mano de Osasco, do Jardim D’Abril, Pare- Fleury foi almoçar, que se foda a minha mãe
lheiros Cachorros assassinos, gás lacrimogêneo
Mogi, Jardim Brasil, Bela Vista, Jardim Ângela Quem mata mais ladrão ganha medalha de prêmio
Heliópolis, Itapevi, Paraisópolis O ser humano é descartável no Brasil
Como modess usado ou Bombril
Ladrão sangue bom tem moral na quebrada Cadeia? Guarda o que o sistema não quis
Mas pro Estado é só um número, mais nada Esconde o que a novela não diz
Nove pavilhões, sete mil homens Ratatatá sangue jorra como água
Que custam trezentos reais por mês, cada Do ouvido, da boca e nariz
Na última visita, o neguinho veio aí O Senhor é meu pastor
Trouxe umas frutas, Marlboro, Free Perdoe o que seu filho fez
Ligou que um pilantra lá da área voltou Morreu de bruços no Salmo 23
Sem padre, sem repórter
Com Kadett vermelho, placa de Salvador
Sem arma, sem socorro
Pagando de gatão, ele xinga, ele abusa
Vai pegar HIV na boca do cachorro
Com uma nove milímetros embaixo da blusa
Cadáveres no poço, no pátio interno
Adolf Hitler sorri no inferno
Aí neguinho, vem cá, e os manos onde é que tá? O Robocop do governo é frio, não sente pena
Lembra desse cururu que tentou me matar? Só ódio e ri como a hiena
Aquele puta ganso, pilantra corno manso Ratatatá, Fleury e sua gangue
Ficava muito doido e deixava a mina só Vão nadar numa piscina de sangue
A mina era virgem e ainda era menor Mas quem vai acreditar no meu depoimento?
Agora faz chupeta em troca de pó Dia 3 de Outubro, diário de um detento
Esses papos me incomoda
Se eu tô na rua é foda Composição: Mano Brown / Josemir Prado.
É, o mundo roda, ele pode vir pra cá Disponível em: https://www.letras.mus.br/racionais-mcs/63369/.
Acesso em 27 de dez de 2021.
Não, já, já, meu processo tá aí
Eu quero mudar, eu quero sair
Se eu trombo esse fulano, não tem pá, não tem pum
E eu vou ter que assinar o 121
ATIVIDADES
Amanheceu com Sol, dois de Outubro
Tudo funcionando, limpeza, jumbo 01. Atividade de pesquisa.
De madrugada eu senti um calafrio
Não era do vento, não era do frio Pesquisar, a partir da música ‘diário de um detento”,
Acertos de conta tem quase todo dia sobre o sistema carcerário brasileiro, o racismo, vio-
Tem outra logo mais, hãn, eu sabia lência urbana e moradia.

Lealdade é o que todo preso tenta


Conseguir a paz, de forma violenta MOMENTO 01. CATEGORIAS DE ANÁLISE DA GE-
Se um salafrário sacanear alguém OGRAFIA. O TERRITÓRIO BRASILEIRO
Leva ponto na cara igual Frankestein
Fumaça na janela, tem fogo na cela A REGIÃO NA VISÃO DE MILTON SANTOS
Fudeu, foi além, se pã, tem refém
Na maioria, se deixou envolver “Na década de 60 Milton Santos pensava a região
Por uns cinco ou seis que não têm nada a perder a partir da visão marxista e capitalista. O capital e
Dois ladrões considerados passaram a discutir seu modo de produção são segundo ele os principais
Mas não imaginavam o que estaria por vir formadores e transformadores do espaço geográfico.
Traficantes, homicidas, estelionatários Segundo ele a sociedade local ou a região é in-
Uma maioria de moleque primário fluenciada diretamente por este capital e seu modo de
Era a brecha que o sistema queria produção o que torna as relações econômicas a prin-
Avise o IML, chegou o grande dia cipal fonte modeladora da dinâmica sócio espacial.
Depende do sim ou não de um só homem Na perspectiva materialista da análise geográfica
Que prefere ser neutro pelo telefone de Milton Santos cada forma geográfica é representa-
Ratatatá, caviar e champanhe tiva de um modo de produção. Milton vê a formação

289
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
econômica social como a totalidade da unidade da O território brasileiro
vida social. possui como característi-
Para definir região Milton divide o espaço em ca principal a sua grande
subespaços as quais afirma serem áreas funcionais, extensão, o que o faz ser
que estão sujeitas ao processo de globalização e frag- considerado como um país
mentação. de dimensões continentais,
Em suas reflexões mais recentes, Santos (1996) ou seja, apresenta uma área
destaca a universalidade do fenômeno de região e equivalente à de um conti-
afirma “nenhum subespaço do planeta pode escapar nente, detendo 8.514.876 km² de extensão. Por de-
ao processo de globalização” e critica os que afirmam finição, todo país ou região que apresente uma área
que a expansão do capital hegemônico por todo o maior que a da Austrália (7.692.024 km²) é conside-
planeta acabaria eliminando as diferenças regionais. E rado continental, pois esse país equivale à extensão,
acrescenta que as regiões são suportes para os acon- quase totalmente, do menor continente existente na
tecimentos globais. Terra, a Oceania.
Sendo assim, Milton via a região como a expres-
são das diferenças entre os lugares, formadas por seu
modo de produção e influenciadas pela globalização. “
Apud: José David da Silva Gomes

O ato de regionalizar o espaço está associado a


uma necessidade de compreendê-lo e deve ser base-
ada em critérios bem definidos.

Algumas formas de regionalização:


• Regionalização pelo Índice de desenvolvimento
(IDH)
• Regionalização por continentes
• Regionalização pelo nível de industrialização
• Regionalização Países do Norte e países do Sul
• Regionalização: Estados; Municípios; área rural Assim sendo, o Brasil é o quinto maior país exis-
e área urbana; Bairros e setores; Quadras, ruas, tente, ficando atrás de Rússia, Canadá, China e Estados
lotes... Unidos. Sua área é tão grande que, a título de compa-
ração, é pouco menor que a Europa, que possui cerca
Território e territorialização de 10,5 milhões de km². Dessa forma, podemos ter
Propriedade - Posse - Poder uma ideia do quanto o espaço geográfico e também
É basicamente o espaço apropriado pelas relações o meio natural do nosso país são amplos e diversos,
de poder ou pertencimentos. Pode apresentar fron- apresentando as mais distintas características.
teiras naturais, políticas e culturais. A extensão do território brasileiro é marcada pela
grande distanciação de seus pontos extremos de lo-
Categorias de análise da Geografia. O Território calização. No sentido norte-sul, o Brasil possui uma
brasileiro distância de 4.394 km entre o Monte Caburaí – ponto
localizado no estado de Roraima e posicionado no
Território e territorialização extremo norte do país – e o Arroio Chuí, esse último
posicionado no extremo sul, no Rio Grande do Sul. Já
Propriedade - Posse - Poder no sentido leste-oeste, a distância é bastante pareci-
É basicamente o espaço apropriado pelas relações da, com 4.319 km separando a Nascente do Rio Moa
de poder ou pertencimentos. Pode apresentar fron- (Acre), no extremo oeste, da Ponta do Seixas (Paraíba),
teiras naturais, políticas e culturais. no extremo leste.
Em termos de posição, a localização do território
Territorialização brasileiro é considerada a partir de vários fatores. O
Refere-se ao termo território utilizado em um sen- nosso país encontra-se em três hemisférios diferen-
tido mais amplo, uma área delimitada pelo exercício tes ao mesmo tempo: a maior parte no hemisfério
de poder de uma coletividade: exemplo – O território sul, uma pequena parte no hemisfério norte e todo
do município, do bairro da aldeia de uma tribo indí- o seu território no hemisfério oeste. É cortado ao
gena etc. norte pela Linha do Equador e ao Sul pelo Trópico
de Capricórnio, apresentando 92% de sua área em
uma zona tropical.

290
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Outro aspecto da posição geográfica do Brasil são
as suas latitudes e longitudes, ou seja, as suas coor-
denadas geográficas, que costumam ser medidas a
partir da Linha do Equador (latitudes) e a partir do ATIVIDADES
Meridiano de Greenwich (longitudes). Sendo assim,
em termos latitudinais, o território brasileiro esten- 13. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa
de-se desde algo próximo aos 5° Norte até cerca de INCORRETA:
33° Sul. Em termos longitudinais, a extensão vai des- a) o Brasil é um país com dimensões continentais.
de os 35° oeste até um pouco menos que os 75° oes- b) a extensão do território brasileiro denuncia a
te. Mas isso se desconsiderarmos algumas ilhas oce- grande distância de seus pontos extremos.
ânicas situadas no Atlântico, essas posicionadas em c) a localização do Brasil indica-se por longitudes
longitudes um pouco menores. negativas, no hemisfério ocidental.
Em razão de sua larga d) a grande variação de latitudes explica a homo-
extensão no sentido Leste- geneidade climática do país.
-Oeste, o Brasil apresenta e) apresenta 92% de sua área em uma zona tro-
uma variação grande de pical.
fusos horários, totalizando
quatro regiões distintas. 14. “Moro num país tropical, abençoado por Deus
O primeiro fuso está duas E bonito por natureza, mas que beleza
horas atrasado em relação Em fevereiro (em fevereiro)
ao Meridiano de Greenwi- Tem carnaval (tem carnaval)”.
ch (-2GMT, portanto) e abrange apenas as ilhas do (JOR, J. B. ; SIMONAL, W. País Tropical.
Atlântico. O segundo e mais importante fuso (-3GMT) Intérprete: Jorge Ben Jor).
abrange a maioria dos estados brasileiros, incluindo o
Distrito Federal e a capital Brasília, sendo, portanto, o Ao dizer que o Brasil é um “país tropical”, o trecho
horário oficial do país. O terceiro fuso (-4GMT) abran- acima está, em uma perspectiva geográfica,
ge alguns estados a oeste, a saber: Mato Grosso, Mato a) correto, pois o território brasileiro é cortado
Grosso do Sul, Rondônia, Roraima e a maior parte do por ambos os trópicos da Terra.
Amazonas. Já o quarto fuso (-5GMT) abrange uma b) incorreto, pois nenhum trópico, de fato, corta
pequena parte oeste do Amazonas e o estado do Acre. a área do país.
c) correto, pois a maior parte do país encontra-se
As fronteiras do Brasil em uma zona intertropical.
• Fronteiras do Brasil: 23.102 km. d) incorreto, pois não existe o “clima tropical” na
• Fronteiras terrestres: 15.735 km. classificação climática do Brasil.
• Fronteiras marítimas: 7.367 km . e) incorreto, pois a maior parte do país está na
• Na América do Sul, o Brasil faz fronteira com zona polar sul.
quase todos os países do continente, exceto
Chile e Equador. 15. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas
na América do Sul, totalizam 23.102 quilômetros
Áreas oceânicas: de extensão. Desse total, mais de 15 mil quilô-
• Oceano Atlântico; metros encontram-se em terras emersas, fazen-
• Praias e regiões completamente habitáveis; do fronteira com todos os países sul-americanos,
• Turístico brasileiro; exceto:
• Soberania sobre 12 milhas além do litoral (Mar a) Venezuela e Colômbia
Territorial); b) Chile e Equador
• Zonas contíguas; c) Uruguai e Guiana Francesa
• Zonas econômicas exclusivas. d) Panamá e Peru
e) Guiana Francesa e Suriname
Modernização do espaço rural
• Regiões: Sul, Sudeste e Centro-oeste 16. (Faculdade Trevisan)
• Mercado interno crescente Em síntese, o Brasil é um país inteiramente oci-
dental, predominantemente do Hemisfério Sul e
da Zona Intertropical.
Considere as afirmações:
I) O Brasil situa-se a oeste do Meridiano de Gre-
enwich.

291
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
II) O Brasil é cortado ao norte pela Linha do Equador. momento, o cientista se arrisca em interpretações so-
III) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Câncer. ciológicas do ambiente humano, até porque, como
IV) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Capricór- médico e naturalista, esse não era seu objeto de tra-
nio, apresentando 92% do seu território na Zona balho. Quando instigado a fazer qualquer comparação
Intertropical, entre os Trópicos de Câncer e de entre sua teoria e o meio social, Darwin exclamava
Capricórnio. com indisfarçável inquietação: “se a miséria de nossos
V) Os 8% restantes estão na Zona Temperada do pobres não é causada pelas leis da natureza, mas por
Sul. nossas instituições, grande é a nossa culpa!”.
a) Apenas I, II e IV são verdadeiras. Todavia, difundira-se no século XIX e XX interpreta-
b) Apenas I e II são verdadeiras. ções que utilizavam a Teoria da Seleção Natural como
c) Apenas IV e V são verdadeiras. instrumento de análise do meio social. Ideologias ra-
d) Apenas I, II, IV e V são verdadeiras. cistas e preconceituosas estas que visavam explicar
e) Apenas I, II, III e V são verdadeiras. e legitimar, de maneira determinista e reducionista,
a desigualdade em um sistema capitalista que alega
ter a igualdade como sua palavra-de-ordem.
MOMENTO SOCIOLOGIA As ideias difundidas pelo Darwinismo social acre-
ditam que as sociedades evoluem naturalmente de
Darwinismo Social um estágio inferior para os estágios superiores e mais
complexos de organização social. Assim, povos ditos
Por Rodrigo Santos do site Geledes civilizados (os europeus) têm o dever de ocupar, do-
minar e explorar as culturas “mais atrasadas”, a fim
Os negros têm pele escura porque sua região de de levar-lhes desenvolvimento, progresso, avanços
origem, a África, recebe intensas radiações ultravio- tecnológicos e permitir-lhes que alcancem os estágios
leta. Como o excesso de sol é nocivo à saúde, a pele superiores de civilização.
escura protege o organismo e mantém o nível de ácido Desafortunadamente, no Brasil do século passa-
fólico (vitamina do complexo B) no corpo, garantindo, do, não faltaram aqueles que deturparam o conceito
assim, a descendência sadia, pois a deficiência de fola- evolucionista consagrado por Darwin, ora a serviço
to em mulheres grávidas pode causar graves defeitos dos interesses dominantes, ou de nações estrangeiras,
ora de grupos racista ou em defesa de suas convicções
no feto. Ao migrarem para ambiente onde o sol é mais
pessoais ou interesses financeiros.
fraco, como a Europa, os seres humanos passaram a
Com o objetivo de descobrir se o brasileiro é racis-
nascer com uma pigmentação mais clara, enquanto
ta e que tipo de racismo seria esse, o Instituto Datafo-
recurso de sobrevivência para melhor recepcionar e
lha, depois de rigoroso levantamento em todas as re-
armazenar a escassez dos raios solares, essenciais
giões do País, publicou o livro Racismo cordial (1995),
para a formação das vitaminas A e D, evitando, entre
concluindo que o brasileiro é racista, sim, só que esse
outros problemas, que as pessoas fiquem raquíticas
racismo é “cordial”. A cordialidade está representada
e anêmicas, pois é a vitamina D que responde pelo
no abismo existente entre os que consideram haver
sistema imunológico e pelo desenvolvimento dos os-
racismo (89% dos brasileiros) e os que admitem se,
sos. O naturalista Charles Darwin resume a adaptação
eles próprios, racistas (10%).
do homem à natureza, convencido de que a evolução A prova maior de nossa discriminação está na ne-
é uma série de erros bem-sucedidos. cessidade de fazer constar na Constituição a classifi-
Robert Charles Darwin (1809-1882), cientista in- cação de racismo como crime. Diz o artigo 5º, inciso
glês que revolucionou o pensamento da Biologia do XLII: “A prática de racismo constitui crime inafiançável
século XIX com a Teoria da Seleção Natural, chama- e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter-
da de Evolução das Espécies, em seu livro A origem mos da lei.”
das espécies por meio da seleção natural (1859), de- São atos racistas as ações discriminatórias (como
monstra que os organismos vivos tendem a produzir não permitir que um negro entre em uma loja, proi-
descendentes ligeiramente diferentes dos pais, com o bir que um indígena se hospede em um hotel, im-
processo de seleção natural favorecendo aqueles que pedir que um branco frequente um clube social).
melhor se adaptam ao ambiente. Alguns seres têm Crime inafiançável é aquele para o qual é vedado o
propriedades que os tornam mais aptos para sobrevi- pagamento de fiança (em dinheiro), não podendo,
verem, evoluindo e transmitindo as características aos consequentemente, o autor do crime responder por
seus descendentes. Darwin concluiu que as criaturas ele em liberdade; é imprescritível quando a sentença
da fauna e da flora que não se adaptam ao meio em judicial nunca perde a validade, devendo ser cumprida
que vivem estão fadadas ao desaparecimento. a qualquer tempo; e a pena de reclusão determina
Verifique que essa teoria se refere ao universo que o criminoso fique preso numa penitenciária, em
da vida biológica em nosso planeta e, em nenhum regime fechado.

292
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Antropologia Funcionalista Quando Surgiu ffe-Brown e alguns dos seus seguidores mais diretos
como Isaac Schapera, Evans-Pritchard e Meyer For-
A Antropologia Funcionalista se desenvolveu tes. O foco dos trabalhos desses estudiosos estava
como reação ao estabelecimento das ideias evolu- nas estruturas sociais bem como nos seus sistemas
cionistas que se difundiram no começo do século 20. de relações sociais que permitem ter uma sociedade
A corrente antropológica do funcionalismo foi criada devidamente integrada e estável.
e solidificada a partir da década de 1920. A base dessa O trabalho de Malinowski por sua vez mantém a
corrente teórica é o estudo dos valores sociais e cultu- sua atenção em outras questões como funções sociais
rais sendo que da sua compreensão surgem respostas e psicológicas de diferentes fatos e processos culturais
para questões relevantes socialmente. A década de que se mostram bastantes relevantes para a criação
1920 foi o momento do surgimento da Antropologia de paradigmas tanto para a sociedade como para os
Funcionalista em que havia a crença de que valores indivíduos. As observações de Malinowski permitem
sociais e culturais deviam ser compreendidos como chegar a conclusão de que cada civilização, cada cos-
um todo. Nessa época predominou o foco no trabalho tume e cada tipo de material avaliados tem ligação
no campo. com uma necessidade de cada grupo social.
Críticas a Antropologia Funcionalista
O Que é Antropologia Funcionalista? O principal ponto criticado da Antropologia Fun-
cionalista é a forma como tenta comparar culturas a
O objetivo da Antropologia Funcionalista é expli- organismos. Nesse contexto os antropólogos funcio-
car fenômenos sociais a partir das suas funções. Cada nalistas entendiam que quaisquer mudanças geravam
camada da sociedade era vista como a resposta para desequilíbrio e deveriam ser vistas como anomalias.
uma função específica e como parte da solução para Para Durkheim as anomalias eram na verdade dia-
o cumprimento de uma tarefa social. Os funcionalistas nomias que consistiam em fases que deveriam ser
defendiam que cada uma das camadas sociais tinha superadas através de adaptações, sempre observando
uma função que era relevante para a manutenção a necessidade de retornar ao equilíbrio perdido.
do todo. Fonte:https://cultura.culturamix.com/antropologia/
antropologia-funcionalista-quando-surgiu

Lévi-Strauss

Grande representante do estruturalismo francês,


Lévi-Strauss viveu quase o século XX inteiro, e impac-
tou a teoria antropológica com suas ideias.
Lévi-Strauss foi um dos pesquisadores mais co-
nhecidos e com as teorias mais relevantes dentro da
antropologia social. Assim, conhecido pelo seu estru-
turalismo francês, o autor transformou o modo de
pensar as sociedades humanas. Uma de suas grandes
ideias foi a de sugerir que a forma como a humani-
dade organiza seus pensamentos, suas experiências
e suas culturas ocorre de modo semelhante. Conse-
quentemente, Lévi-Strauss foi responsável também
por amenizar a visão tradicional de considerar povos
Os funcionalistas são apontados como fundadores não-ocidentais como “atrasados” ou “primitivos”.
da Antropologia Social e tinha como grandes influên- Conheça mais do autor a seguir.
cias de suas ideias Durkheim, Radcliffe-Brown e Ma-
linowski. Algo importante de ressaltar é que existem Biografia
grandes diferenças entre o funcionalismo e funcio-
nal-estruturalismo na Antropologia e na Sociologia.

Funcionalismo em Sentido Estrito x Funcionalis-


mo Estrutural

A vertente do funcionalismo em seu sentido es-


trito tem como principal nome Lamark e alguns de
seus discípulos como Raymond Firth. Já na vertente
conhecida como funcionalismo estrutural está Radcli- Lévi-Strauss. UNESCO/Michel Ravassard (2005).

293
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Claude Lévi-Strauss nasceu em 1908 em Bruxe- Como já foi mencionado, a estrutura mental que
las, na Bélgica, e morreu em 2009. Ou seja, ele viveu é compartilhada por toda a humanidade é uma ideia
praticamente o século XX inteiro e sua passagem ao importante em Lévi-Strauss. Assim, a partir dessa te-
XXI. Desse modo, além de sua teoria, a sua trajetória oria, o autor estuda como algumas práticas culturais
de vida também é interessante de se acompanhar. possuem uma eficácia simbólica. Por exemplo, as
Lévi-Strauss veio de uma família judia e abastada. curas xamânicas feitas por algumas tribos indígenas
Assim, se formou em filosofia em 1931 na França, e podem ser consideradas irracionais ou falsas sob um
tinha um contato próximo de outros filósofos como ponto de vista preconceituoso. Contudo, elas de fato
o Jean-Paul Sartre. Entretanto, foi em 1934, na fun- curam doenças e estados mentais de sofrimento. Ao
dação da Universidade de São Paulo e na criação da invés de dizer simplesmente que essas são curas “psi-
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFLC) que ele cológicas” ou “placebo”, Lévi-Strauss explica como,
foi chamado para ser professor no Brasil. Portanto, foi a partir dos símbolos compartilhados culturalmente,
no Brasil que suas reflexões antropológicas ganharam mudanças no organismo são efetuadas. Desse modo,
peso ao estudar as populações indígenas na Amazônia a teoria de Lévi-Strauss é abrangente. Atualmente, ela
e no Mato Grosso. Nessa direção, Lévi-Strauss assu- já passou por críticas e releituras, mas ainda continua
miu em 1959 uma cadeira de Antropologia Social no um paradigma importante na antropologia social.
Collège de France. Fonte:https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/
Assim, Lévi-Strauss foi um antropólogo reconheci- estruturalismo---estudos-contemporaneos-a-antropologia-
do e considerado um dos pensadores mais relevantes cultural.htm
do século XX. Não apenas pela sua atualidade, suas
teorias são consideradas um clássico na antropologia. Como Surgiu a Antropologia no Brasil?

Principais teorias: Lévi-Strauss é um autor bas- O nascimento da Antropologia se deu durante o


tante importante na antropologia social. Contudo, século XX quando a humanidade buscou fazer uma
suas formulações teóricas são bastante complexas e compilação de estudos sobre culturas diferentes que
podem soar difíceis inicialmente. Portanto, veja a se- eram entendidas como exóticas. Num primeiro mo-
guir algumas ideias trazidas em suas principais teorias mentos cientistas europeus se dedicaram ao estudo
para ajudar no seu estudo: dos povos indígenas do nosso país. A partir dos anos
1960 houve um direcionamento dos estudos para os
Estruturalismo: O grande representante do estru- grupos culturais e passíveis de formar uma identi-
turalismo francês é Lévi-Strauss. Para o autor, existe dade brasileira.
uma estrutura mental universal da humanidade que Com o passar do tempo e difusão dessa ciência
organiza as nossas experiências em formas simbólicas. seus estudos saíram das margens para receber re-
Em outras palavras, não existe diferença na mente ou conhecimento político. Atualmente, o debate a res-
na intelectualidade entre seres humanos, seja qual peito de questões políticas com fundo antropológico
for a sua sociedade. Assim, é a partir dessa estrutura tem crescido e se tornado mais intenso. O Brasil já
universal que os seres humanos produzem uma diver- vive um momento de amadurecimento de sua An-
sidade cultural. As formas diferentes de cultura que tropologia.
se encontram em todo o planeta não devem, desse
modo, ser interpretadas como inferiores ou superio- Etnografia – O método principal da Antropologia
res. De fato, o que existe são modos diferentes de
organizar a experiência a partir de símbolos. Concebido como o método principal da Antro-
Inspirado em Marcel Mauss, Lévi-Strauss ajudou pologia, a etnografia, se concentra na observação e
a discutir sobre o princípio da reciprocidade: em toda descrição profunda da forma como as pessoas vivem.
a sociedade, é possível visualizar práticas de troca em De maneira geral os antropólogos obtêm essa visão
que cada indivíduo precisa retribuir o presente do ou- detalhada e complexa observando de perto o dia a dia
tro. Um exemplo é a festividade do Natal, em que as dos grupos que são do seu interesse, o que se chama
pessoas costumam trocar presentes. Ou seja, o prin- de trabalho de campo. Observar fatos no local em que
cípio da reciprocidade revela que há um sentimento eles acontecem é uma maneira de compreender como
de obrigação de retribuir quando alguém nos dá algo as pessoas vivem e de que forma a cultura delas se
– principalmente se for uma ocasião simbólica, espe- desenvolve o cotidiano. O estudo etnográfico é aquele
cial ou cerimonial. Nesse caso, se retornamos algo que registra a analisa as características culturais mais
equivalente, a obrigação fica “quitada”. No entanto, se pronunciadas de um determinado grupo.
a outra pessoa retribuir um bem maior do que o que
foi dado, permanece o sentimento de reciprocidade,
de ter de devolver à mesma altura. Assim, as trocas
continuam indefinidamente.

294
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

Interesse Pelo Ser Humano

Para os antropólogos o ser humano é o centro


de interesse e nisso se enquadram povos que ainda
habitam a terra como aqueles que já foram extintos.
Dependendo do tipo de estudo que está sendo empre-
endido é possível apontar para diferentes subáreas da
Antropologia. Quando o estudo é feito em relação a um
povo já extinto se realiza um estudo de arqueologia.
No caso da descrição das sociedades humanas se
desenvolve um estudo de etnografia. Um estudo que
compare diferentes sociedades é um estudo de etno-
logia. A observação e significação de linguagens é um
estudo de linguística e finalmente um estudo a respeito
de manifestações culturais é um estudo de folclore.
Fonte:Https://cultura.culturamix.com/antropologia/como-
surgiu-a-antropologia-no-brasil

ATIVIDADES DE SOCIOLOGIA

1. Leia o texto abaixo e responda:

No coração do Brasil. A partir dessa estratégica


localização, Goiás acumulou ao longo dos sécu-
los uma infinidade de elementos e tradições res-
ponsáveis por criar a sua própria identidade. Em
solo goiano pulsa um pouco da história dos vários
povos que construíram o Estado, dando origem a
uma cultura tão rica quanto diversificada. É tudo
característico e marcante: o sotaque puxado no
“r”, a arquitetura, a culinária, as gírias, as danças
e as músicas.
FONTE DO TEXTO: https://www.goias.gov.br/conheca-
goias/cultura.html

O texto acima afirma que:


a) Em Goiás não há uma cultura.
b) Que em Goiás há uma cultura rica e diversa.
c) Que em Goiás existe apenas um elemento cul-
tural.
d) Que no Brasil a cultura é única.
e) O nordeste brasileiro é único.

295
Projeto de Vida
PROJETO DE VIDA
Cara/o Estudante, Aula 01 - A Vida é um Projeto
Convido você hoje a traçar o projeto mais impor- OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM:
tante da sua vida! (EM1PV01) Compreender a importância de plane-
jar o futuro, a partir do seu Projeto de Vida, re-
A maioria dos grandes feitos começou com um conhecendo-se como ser único com qualidades e
projeto traçado por alguém. Seus pais, seus avós e potenciais a desenvolver para construir e valorar
tios/as já traçaram alguns projetos também, talvez positivamente os conceitos acerca de si.
até você mesmo já tenha planejado realizar alguma
coisa um dia. Pela definição do próprio dicionário, Competências Socioemocionais: Autoconsciência.
um projeto nada mais é que um desejo, intenção de Autogerenciamento.
fazer ou realizar (algo) no futuro. Antes de construir
uma casa, antes de criar uma lei, antes de abrir uma A vida é a soma de suas escolhas.
empresa, projetos são pensados e criados para que >> Albert Camus<<
os planos sejam realizados.
É no projeto que você define suas metas, estabele-
ce etapas para alcançar aquilo que pretende, elabora
estratégias de atuação em cada uma dessas etapas,
estipula prazos, exercitando assim, sua determinação,
perseverança e autoconfiança para realizar seus pro-
jetos presentes e futuros.
E sem dúvida essa é a melhor forma de se atin-
gir algo: planejando! Quando você planeja consegue
ampliar suas ideias e descobrir a melhor forma de
alcançar o que almeja, além de fazer as devidas corre-
ções e adaptações quando necessário. Deixar as coisas
acontecerem sozinhas, sem ter controle da situação
pode ser um grande risco, podendo ter bons ou maus
resultados.
Diante disso, você está convidado a pensar em um
projeto muito maior e mais importante do que qual-
quer outro que você possa imaginar. O seu PROJETO
DE VIDA! Exatamente isso! Você pode e deve planejar
sua vida. Ter um projeto de vida é justamente saber
o que você quer ser e ter, definindo o que você vai
precisar fazer para alcançar isso. Você deve e precisa
desejar sempre algo mais de sua vida. E saiba que
isso é possível.
Assim, o seu Projeto de Vida como qualquer ou-
tro projeto, também, pode mudar, ao longo do seu
caminho, e isso realmente acontece com todo mun-
do. Hoje, você pode querer ser um/a engenheiro/a,
advogado/a, jogador/a de futebol, chefe de cozinha,
mas, daqui a alguns anos você pode mudar de ideias e
descobrir que adoraria, por exemplo, ser um/a profes-
sor/a. O importante mesmo é estar sempre aberto/a
e disposto/a apensar e repensar sobre seus sonhos,
anseios e desejos, que você quer para a sua vida.
A partir de agora você definirá objetivos para sua
vida pessoal, acadêmica, profissional e cidadã, plane-
jando, trabalhando e se esforçando para concretizar
seus sonhos, descobrindo-se o protagonista de sua
própria história.
Sucesso na sua Jornada!

298
PROJETO DE VIDA
AULA 02: Somos quem podemos Ser AULA 03: Meus Caminhos

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM: OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM:


(EM1PV02) Desenvolver a capacidade de se reco- Competências Socioemocionais:
nhecer ao observar a própria realidade, descreven-
do a própria história pessoal para reconhecer os SER QUEM SE É
talentos, pontos de atenção e habilidades.
Quem sou eu?
Competências Socioemocionais:
Tomada de decisão responsável. Habilidades de Essa pergunta inicia seu Projeto de Vida! O convite
relacionamento. Autoconsciência. Autogerencia- dessa atividade é para você responder muito além do
mento seu nome, as coisas ou pessoas que te inspiram ou
os seus sonhos. O Projeto de Vida quando começa a
ser traçado na prática nem sempre é fácil, a imagem
que temos e construímos de nós mesmos nem sempre
corresponde a maneira como o outro está nos vendo
ou que achamos que tem que ser. Mas tudo é um pro-
cesso! A maneira como nos vemos também é. Quanto
mais exercitamos falar sobre nós, melhor vamos elabo-
rando aquilo que somos. Anotar as características que
descobrimos sobre nós, ajuda-nos a refletir e realizar
outras coisas que temos para fazer na Vida. Tente!

Atividades MEU(s) SONHO(s)

Liste seus cinco maiores Sonhos:

1-................................................................................

2-................................................................................

3-................................................................................

4-................................................................................

5-................................................................................
♫ O seu conceito não altera minha visão.
Foi tanto sim, que agora digo não.
Porque a vida é louca...
-Iza-

299
PROJETO DE VIDA
AULA 04: Presente! Convivo com:

MEUS CAMINHOS

Eu nasci em:

Acontecimentos importantes do ano que nasci:

O _________________________________________

O _________________________________________

O _________________________________________

O _________________________________________

O _________________________________________

O _________________________________________

O _________________________________________ ♫ Peço um anjo que me acompanhe


Em tudo eu via a voz de minha mãe
O _________________________________________ Em tudo eu via nóis
A sós nesse mundo incerto
Pesquisar fatos que aconteceram no ano de nas- -Emicida-
cimento ajuda a conectar nossa história de vida com
o contexto social que vivemos. O que estava aconte- PRESENTE!
cendo no mundo nesse ano? Você conseguiu encon-
trar notícias nacionais? E do nosso Estado? Fazemos Como está a sua vida agora?
parte de um todo muito maior e nossa história não
está sozinha, ela cruza muitos aspectos da vida que
várias pessoas. E lugares participaram e participam.

✎ Tenho apenas duas mãos e o


sentimento do mundo
Ainda refletindo sobre isso você consegue listar -Carlos Drummond de Andrade-
a profissão das pessoas que convivem com você? E
a profissão dos pais delas? Isso, de algum modo, in-
centiva a suas escolhas hoje? Para onde os caminhos
que te trouxeram até aqui estão te levando? Escreva
um pouco sobre isso na próxima página:

300
PROJETO DE VIDA
AULA 05: Escolhas Atividade 2

Atividade 1 VOCÊ JÁ PAROU PARA PENSAR


COMO SERIA SUA VIDA SE...
TOMADA DE DECISÃO

A construção do Projeto de Vida deve ser contínua


e as nossas escolhas influenciam as mudanças que
podem acontecer nesse percurso. É importante re-
fletir sobre suas escolhas e depois disso será possível
começar a organizar o plano de ação.
Já parou para pensar quais são os valores que você
considera importante e valorizam a suas escolhas?
As escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas
também 50% de chance de darem errado e a escolha
é de cada um. Nesta atividade relacionada ao autoco-
nhecimento, será possível conhecer suas forças, suas
limitações e perspectivas ao trabalhar a confiança e
a disciplina.

Liste suas principais escolhas e defina como seus va-


lores contribuem com seu Projeto de Vida:

1. ................................................................................

2. ................................................................................

3. ................................................................................

4. ................................................................................ Produzir um texto curto sobre você apresentando o


que faria se pudesse reescrever a sua história ou fazer
5. ................................................................................ coisas diferentes para alcançar seus objetivos.

Quais as escolhas eu faço hoje? Liste quantas achar


necessário:

1. ................................................................................

2. ................................................................................

3. ................................................................................

4. ................................................................................

5. ................................................................................

301
PROJETO DE VIDA
AULA 06: O que me move Atividade 1

Caros/as estudantes, A LÂMPADA MÁGICA DE


ALADDIM E OS TRÊS DESEJOS
Vamos iniciar mais uma aula sobre Projeto de
Vida. Estamos ainda na fase de autoconhecimento, O Filme “Alladim” apresenta em seu enredo um
portanto esteja pré-disposto a participar, refletir to- jovem humilde descobre uma lâmpada mágica, com
dos esses momentos, pois a longo prazo tudo isso um gênio que pode lhe conceder desejos.
fará sentido. O rapaz quer conquistar a moça por quem se apai-
Na aula de hoje, o tema “o que me move” traz xonou, mas o que ele não sabe é que a jovem é uma
uma ampla oportunidade de nos percebermos no princesa que está prestes a se noivar.
contexto histórico de nossas vidas, dos nossos ante- Agora, com a ajuda do gênio, ele tenta se passar
passados como já foi discutido anteriormente, e nos por um príncipe para conquistar o amor da moça e a
coube concluir que somos o resultado de todas as confiança de seu pai.
nossas vivências. Sendo assim, somos fruto do meio
por termos em nossas vidas a influência familiar, social
e cultural.
E poderíamos ainda, repensar sobre nossas ori-
gens. Qual a naturalidade dos nossos avós. De onde
vieram? E os nossos pais, onde se conheceram? Nas-
ceram no mesmo Estado, na mesma cidade? E assim
por diante...
O que me move? Outra oportunidade para refle-
tirmos quem somos, onde estamos e aonde vamos.
Somos convidados nesta aula a pensarmos sobre
metas e objetivos, que serão imprescindíveis para a
elaboração do Projeto de Vida. Desta forma vamos
abordar sucintamente sobre metas e objetivos.
O que é meta?
A meta é entendida como um marco alcançá-
vel dentro de um projeto. As metas são tarefas que
tendem a se modificar de acordo com o sucesso em
atingi-las, são as estratégias para o desenvolvimento
de um empreendimento. Metas são estratégias para
alcançar um objetivo.
O que é objetivo?
O objetivo é a definição do que se deseja. Possui a
ideia de finalidade da ação, seja ela individual, coletiva
ou empresarial. O objetivo deve ser o propósito de
todas as tomadas de decisão dentro de um projeto.
Objetivo é a definição do propósito de um empreen-
dimento Atividade1
Desejamos a vocês um ótimo estudo!
A LÂMPADA MÁGICA DE
ALADDIM E OS TRÊS

302
PROJETO DE VIDA
E OS TRÊS DESEJOS

Agora é hora de exercitar sua imaginação, e buscar


seus desejos.
O que você gostaria muito que se concretizassem em
sua vida?
Quais seriam seus três desejos?

Faça seus três pedidos!

Atividade 2

Nunca Pare de Sonhar

(Gonzaguinha)
Interpretação: Erasmo Carlos

Ontem um menino
Que brincava me falou
A LÂMPADA MÁGICA DE Hoje é a semente do amanhã
ALADDIM E OS TRÊS DESEJOS Para não ter medo
Que este tempo vai passar
Mas a vida não é construída de forma mágica, para Não se desespere, nem pare de sonhar
que os nossos sonhos, os nossos desejos tornem-se Nunca se entregue
reais, precisamos traçar metas e trabalhar para che- Nasça sempre com as manhãs
garmos lá. Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar
Pensando nos seus três desejos, vamos escalar a Fé na vida, fé no homem, fé no que virá
escada, estabelecendo metas para cada um deles, a Nós podemos tudo, nós podemos mais
fim de que nossos sonhos se tornem reais. Em cada Vamos lá fazer o que será
degrau, escreva o que é preciso fazer para que o seu Ontem um menino
desejo seja concretizado. Que brincava me falou
Hoje é a semente do amanhã
Estabeleça 3 metas para cada desejo.

Mundo Jovem

(Negra Li)

Ei Mundo Jovem
Ei Mundo Jovem, Ei Mundo Jovem
O futuro é de vocês
Ei Mundo Jovem

303
PROJETO DE VIDA
Ei Mundo Jovem, Ei Mundo Jovem Atividade 2
Vocês só tem viver
Ei Mundo Jovem Além da melodia, bom mesmo é entender a men-
Ei Mundo Jovem, Ei Mundo Jovem sagem das letras das músicas. E que sejam sempre
O Mundo é de vocês mensagens positivas assim como ouvimos em “Nunca
Ei Mundo Jovem para de sonhar” e “Mundo Jovem”. Agora faremos
Ei Mundo Jovem, Ei Mundo Jovem uma reflexão e escrever nossas conclusões a partir
Livre pra viver do tema: “Jovens, nossos sonhos são as sementes
Como pode o homem viver e esquecer o futuro? do amanhã”
Sabe que ele planta hoje amanhã os jovens que co-
lherão os frutos
Visam o poder, fama, lucro, dinheiro sujo. É inútil.
Sabedoria é bem melhor do que isso tudo. É o nosso
estudo.
Pra gente mudar o mundo é só estar junto. Não é
pedir muito.
Basta ceder um pouco, respeitar o outro, amarem
todos, ser justo.
Na lembrança a infância, inocência de criança é a es-
perança.
É tempo de mudança, confiança.
Ei Mundo Jovem...[repete a primeira estrofe]
Homem de pouca fé reclamam daquilo, disso
Se sentem sozinhos mas nunca evitam fazer inimigos
Dê exemplo aos seus filhos, a vida é como é.
Ensine-os não enfrentar e sim desviar dos conflitos.
Todos tem dentro de si um pouco de herói, um pouco
de covarde

Mundo Jovem
Livre pra viver...
Pra se desculpar enfim, é preciso ter muita coragem
Nunca é tarde
Quem tem atitude e força de vontade faz sua parte
Não é um covarde
Ei Mundo Jovem,
Ei Mundo Jovem, Ei Mundo Jovem
O futuro é de vocês
Ei Mundo Jovem
Ei Mundo Jovem, Ei Mundo Jovem
Livre pra viver
Mundo Jovem
Quem não quer viver a liberdade de um jovem?
Quem não quer viver sem preocupar-se com a morte?
Então não ignore
O mundo chora quando chove
Só você não vê
E insiste em perder sua juventude
Está dentro de você sua virtude é poder escolher
Então mude pelo o bem, não seja rude
Mude pelo bem
Mude
Ei mundo jovem...[repete]
Mundo Jovem
Livre pra viver...

Ei mundo jovem...[repete]

304
PROJETO DE VIDA
AULA 07: Para onde me movo

Atividade 1

O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO


AGORA PARA REALIZAR ESSE SONHO?

Antes de responder a enquete abaixo faça uma leitura reflexiva da figura acima. Pense em como você se
auto avalia? Agora sim marcar um X nas respostas propostas de acordo com sua autoavaliação.

Questões e pontuação: Regular Bom Ótimo


(de 0 a 4) (de 5 a 7) (de 8 a 10)
Como você se avalia enquanto uma pessoa ética?
Como está seu planejamento para alcançar seus objetivos?
Como está seu lado criativo/a?
Como está sua capacidade para decidir sobre suas vontades
ou escolhas?
Como está sua produtividade?

305
PROJETO DE VIDA
Atividade 2

PLANO DE AÇÃO

Minha META é:
O que vou fazer? Quando vou Como vou fazer isso? Que estratégias vou usar
começar? para não falhar?

Atividade 3

Enquanto houver sol

Titãs

Quando não houver saída Ainda há de haver desejo


Quando não houver mais solução Em cada um de nós
Ainda há de haver saída Aonde Deus colocou
Nenhuma ideia vale uma vida Enquanto houver sol
Quando não houver esperança Enquanto houver sol
Quando não restar nem ilusão Ainda haverá
Ainda há de haver esperança Enquanto houver sol
Em cada um de nós Enquanto houver sol
Algo de uma criança Enquanto houver sol
Enquanto houver sol Ainda haverá
Enquanto houver sol Enquanto houver sol
Ainda haverá Enquanto houver sol
Enquanto houver sol Enquanto houver sol
Enquanto houver sol Enquanto houver sol
Quando não houver caminho Ainda haverá
Mesmo sem amor, sem direção Enquanto houver sol
A sós ninguém está sozinho Enquanto houver sol
É caminhando
Que se faz o caminho Compositores: Sergio De Britto Alvares Affonso
Quando não houver desejo Letra de Enquanto Houver Sol
Quando não restar nem mesmo dor © Warner Chappell Music, Inc

306
PROJETO DE VIDA
AULA 08: Valores e saberes Atividade 1

Caros/as estudantes, O Profeta Gentileza

Nesta aula de Projeto de Vida trataremos sobre José Dantrino, mais conhecido como Profeta Gen-
os saberes e os valores. O mundo atualmente é muito tileza (Cafelândia, 11 de abril de 1917 – Mirandópolis
dinâmico traz milhões de informações em tempo real, , 29 de maio de 1996), foi um pregador urbano bra-
mas isso nos proporciona interpretá-lo com sabedo- sileiro , que se tornou conhecido por fazer inscrições
ria? Quais os valores importantes para a vida, para a peculiares nas pilastras do Viaduto do Gasômetro ,
convivência? no Rio de Janeiro , e se tornou uma espécie de per-
É neste contexto que pretendemos refletir nesta sonalidade daquela cidade. Andava pela Zona Central
aula, sobre o conhecimento e os valores, necessários com uma túnica branca e longa barba.
na construção da convivência ética e sustentável. So- Com mais de onze anos teve uma infância de mui-
mos convidados a refletir sobre nossas vidas, nosso to trabalho, na qual lidava diretamente com a terra
comportamento, nossos valores e de que forma isso e com os animais. Para ajudar a família, puxava car-
interfere no mundo em que vivemos. roça vendendo lenha nas proximidades. O campo o
Somos todos responsáveis pela construção de um ensinou a amansar burros para o transporte de car-
mundo melhor, partindo das nossas próprias vidas, do ga. Tempos depois, como profeta Gentileza, se dizia
nosso bem-estar que refletir-se-ão no mundo melhor "amansador dos burros homens da cidade que não
que pretendemos e sonhamos. tinham esclarecimento"
A palavra saber usamos em grande parte do nosso No dia 17 de dezembro de 1961, ocorreu a tragé-
idioma para designar a sabedoria, o conhecimento dia do GranCircus Norte-Americano, considerada uma
que alguém estabelece em um assunto, tema ou das maiores fatalidades em todo o mundo circense.
ciência. Seu saber não tem limites. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a
Uma pessoa pode conseguir o saber, isto é, o co- maioria, crianças. Na antevéspera do Natal, seis dias
nhecimento sobre algo, através de sua experiência, após o acontecimento, José acordou alegando ter ou-
ou seja, do contato com aquilo que se conhece, pela vido "vozes astrais", segundo suas próprias palavras,
educação recebida; adquire-se também através do que o mandavam abandonar o mundo material e se
ensino que alguém pronuncia com o conhecimento dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou
prático e teórico de um tema ou realidade. E o nosso um de seus caminhões e foi para o local do incêndio
mover, a nossa caminhada pela vida também contri- onde hoje encontra-se a Policlínica Militar de Niterói.
bui na construção desses saberes, uma construção Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em
contínua e ilimitada. Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias,
Outras abordagens importantes, nesta aula, são mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada
sobre os valores. Falar sobre valores pessoais é um por quatro anos. Lá, José Dantrino incutiu nas pessoas
pouco complicado, partindo do princípio de que cada o real sentido das palavras Agradecido e Gentileza. Foi
indivíduo possui sua própria gama de valores. Mas um consolador voluntário, que confortou os familiares
fazendo alguns estudos e pesquisas, é possível se- das vítimas da tragédia com suas palavras de bonda-
lecionar uma lista de valores pessoais que movem de. Daquele dia em diante, passou a se chamar "José
as pessoas vencedoras, as pessoas que conquistam Agradecido", ou "Profeta Gentileza".
seus objetivos e correm atrás de seu sucesso pessoal Após deixar o local que foi denominado "Paraíso
e profissional. Talvez se discuta pouco sobre esses Gentileza", o profeta Gentileza começou a sua jor-
assuntos, mas existe uma forma simples de descobrir nada como personagem andarilho. A partir de 1970
seus valores pessoais, com uma simples atitude: percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças,
Pare por um momento da correria do dia a dia, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de
relaxe tranquilamente, seja num banco de praça, num Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pre-
cantinho sossegado de sua casa, logo após o almoço, gação e levando palavras de amor, bondade e respeito
escolha um momento para ser somente seu, e faça a pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem
seguinte pergunta a si mesmo: O que é importante seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele res-
para mim? pondia: - "Sou maluco para te amar e louco para te
Desejamos a você um ótimo estudo! salvar". O Profeta Gentileza, também oferecia, em
gesto de gentileza, flores e rosas para as pessoas que
cruzavam seu caminho nas ruas do Rio de Janeiro.
Seu verdadeiro nome era José Dantrino, nascido
em 1917. Antes de tornar-se “Profeta Gentileza”, Dan-
trino possuía uma empresa de transporte de cargas

307
PROJETO DE VIDA
e residia, com sua família, no bairro de Guadalupe. O BONDADE EQUILÍBRIO PACIÊNCIA
Profeta Gentileza também morou na cidade de Conse- CLARIDADE ESPIRITUALIDADE COLETIVIDADE
lheiro Lafaiete, em Minas Gerais, onde fazia pregações COLABORAÇÃO ESTABILIDADE PAZ INTERIOR
de frente ao prédio onde está instalado o INSS, isso COMPANHEIRISMO EXITO PODER
ocorreu por volta dos nos 1977 e 1978. Fazia prega- COMPREENSÃO FIDELIDADE PROATIVIDADE
ções e realmente chamava a atenção dos estudantes. COMUNICAÇÃO FLEXIBILIDADE PROGRESSO
"Gentileza gera gentileza" é sua frase mais conhe- COMUNITARISMO FRANQUEZA REALIZAÇÃO
cida. CONECÇÃO FLUEZA RESPEITO
CONFIANÇA GENEROZIDADE SABEDORIA
CONSTÂNCIA GENTILEZA SEGURIDADE
DINÂMICA: COOPERAÇÃO GRATIDÃO SENSIBILIDADE
CRIATIVIDADE HUMILDADE SERENIDADE
QUAIS SÃO OS SEUS VALORES?

Material:
Folha de papel
Caneta.

Siga as instruções do seu professor/a.

Atividade 2

Música: Gentileza
(Marisa Monte)
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro ficou coberta de tinta
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro tristeza e tinta fresca
Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras e as palavras de gentileza
Por isso eu pergunto a você no mundo
Se é mais inteligente o livro ou a sabedoria
O mundo é uma escola
A vida é um circo
"Amor" palavra que liberta
Já dizia o profeta
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só…

LISTA DE VALORES

ALEGRIA HONESTIDADE RESILIÊNCIA


AFETO CUIDADO HUMOR
APEGO CULTIVO IGUALDADE
APOIO CUMPRIMENTO INDEPENDÊNCIA
APRENDIZAGEM DESAPEGO INTEGRIDADE
HARMONIA DISCIPLINA JUSTIÇA
AUTENCIDADE EDUCAÇÃO LEALDADE
AVENTURA EMPATIA LIBERADE
BELEZA ENTREGA MATURIDADE
BEM ESTAR ENTUSIASMO NOBREZA

308
PROJETO DE VIDA
AULA 09: Permita que eu fale Com uma presença aérea
Onde a última tendência é depressão com aparência
Atividade 1 de férias
Vovó diz, Odiar o diabo é mó boi, difícil é viver no
Ouvir e cantar: AmarElo inferno
(Emicida) E vem à tona
Que o mesmo império canalha, que não te leva a sério
Presentemente eu posso me considerar um sujeito Interfere pra te levar a lona
de sorte Revide
Porque apesar de muito moço me sinto são e salvo Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
e forte Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
do meu lado Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
E assim já não posso sofrer no ano passado Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro Elas são coadjuvantes, não, melhor, figurantes, que
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro nem devia 'tá aqui
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro Tanta dor rouba nossa voz, sabe o que resta de nóiz?
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro Alvos passeando por aí
Eu sonho mais alto que drones Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Combustível do meu tipo? A fome Se isso é sobre vivência, me resumir a sobrevivência
Pra arregaçar como um ciclone (entendeu?) É roubar o pouco de bom que vivi
Pra que amanhã não seja só um ontem Por fim, permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Com um novo nome Achar que essas mazelas me definem, é o pior dos
O abutre ronda, ansioso pela queda (sem sorte) crimes
Findo mágoa, mano, sou mais que essa merda (bem É dar o troféu pro nosso algoz e fazer nóiz sumir
mais) Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Corpo, mente, alma, um, tipo Ayurveda Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Estilo água, eu corro no meio das pedra Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Na trama, tudo os drama turvo, eu sou um dramaturgo Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Conclama a se afastar da lama, enquanto inflama o Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
mundo Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Sem melodrama, busco grana, isso é hosana em curso Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Capulanas, catanas, buscar nirvana é o recurso Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
É um mundo cão pra nóiz, perder não é opção, certo? Aí, maloqueiro, aí, maloqueira
De onde o vento faz a curva, brota o papo reto Levanta essa cabeça
Num deixo quieto, num tem como deixar quieto Enxuga essas lágrimas, certo? (Você memo)
A meta é deixar sem chão, quem riu de nóiz sem teto Respira fundo e volta pro ringue (vai)
Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro 'Cê vai sair dessa prisão
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro 'Cê vai atrás desse diploma
(demais) Com a fúria da beleza do Sol, entendeu?
Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro Faz isso por nóis, faz essa por nóis (vai)
(Belchior tinha razão) Te vejo no pódio
Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Figurinha premiada, brilho no escuro, desde a que-
brada avulso 1- Em grupo ouvir a música acompanhando a letra.
De gorro, alto do morro e os camarada tudo Observar na música e na arte, as expressões de cons-
De peça no forro e os piores impulsos cientização e debate em torno de questões que expri-
Só eu e Deus sabe o que é não ter nada, ser expulso me os anseios e angústias das juventudes.
Ponho linhas no mundo, mas já quis pôr no pulso
Sem o torro, nossa vida não vale a de um cachorro, Endereço eletrônico da música: https://www.youtube.
triste com/watch?v=spmmkWmJ3ck
Hoje cedo não era um hit, era um pedido de socorro
Mano, rancor é igual tumor envenena raiz
Onde a plateia só deseja ser feliz (ser feliz)

309
PROJETO DE VIDA
Atividade 2
Organizar e realizar a apresentação do
A turma foi separada 5 grupos, cada um estará re- grupo socializando e dialogando sobre os
cebendo partes da música AmarElo. Cada grupo irá temas que surgiram na análise do trecho
debater com a equipe, como vocês percebem os sig- da música.
nificados e mensagens da letra no trecho recebido.
Após 15 minutos, retomar a turma e apresentar com
palavras, gravuras ou desenhos, a mensagem que o Escreva os principais temas que apa-
trecho recebido passou para a equipe. receram no trecho da música, que seu
• O que a capa do álbum da música AmarElo repre- grupo analisou.
senta para você?
• Que relação tem a capa e a letra da música?
• Quais os temas sociais aparecem na música?

Atividade 3

Cada grupo deverá socializar com o restante da turma


como compreendem o trecho da música. Após a socia-
lização dos trechos, toda a turma deverá juntamente
com o professor, relacionar o que foi discutido nos
trechos com o entendimento de toda turma sobre
a música e como esta, se relaciona com as escolhas
proposta no início da aula.
Para que você possa refletir antes da apresentação
do grupo:
• A proeza de ninguém pode ser resumida ao mero
ato de sobreviver.
• A importância de fazer escolhas e defender uma
vida plena de sentidos e sonhos pra todos (o povo
das filas, vilas, favelas, outros).
• Compreender uma vida em que esse, todos se en-
xerguem maiores dos que os problemas do dia-a-
-dia.

310
PROJETO DE VIDA
AULA 10: O que eu escuto

Atividade 1

Dinâmica “Se a carapuça servir…”

1- O professor irá organizar a sala em seis grupos e


cada grupo irá receber dois cartões com dizeres típicos
das mídias sociais.

2- Cada grupo irá discutir a frase que lhe foi proposta,


identificando e anotando duas possíveis interpreta-
ções para ela, considerando:
• Possíveis contextos em que foi escrita.
• Os potenciais destinatários para quem “a carapuça
serviria”. Hashtags são palavras-chave ou termos associados
• Eventuais intrigas que estariam “por trás” da pos- a uma informação, tópico ou discussão que se dese-
tagem. ja indexar de forma explícita no aplicativo Twitter, e
também adicionado ao Facebook, Google+, Youtube e
Instagram. Hashtags são compostas pela palavra-cha-
ve do assunto antecedida pelo símbolo cerquilha(#).

Exemplo: #ficaemcasa
Agora é sua vez, junto com o grupo crie algumas hash-
tags # que representem o que você, ou a sociedade
está vivendo hoje.

3- Eleger um representante em cada grupo que ex-


ponha, brevemente, as considerações feitas. Fazer a
apresentação da conclusão do grupo em relação a
frase analisada.

4- Estimule seu grupo na construção de hipóteses


sobre a impressão causada por quem utiliza esses
recursos como hashtags (#) com a função de enfa-
tizar o recado:
 Imaturidade, uma vez que não aborda os problemas
diretamente, de modo franco, e se atém a provo-
cações “infantis”.
 A impressão de que é uma pessoa que está brigan-
do com todo mundo o tempo todo.
 Não dar chance para que as pessoas reflitam e se
defendam, quando o assunto diz respeito a elas.
 Falta de ética, expondo publicamente assuntos de
interesse privado envolvendo outras pessoas.
 A sensação de querer controlar o conteúdo postado
pelos outros.
 Alguém que faz um juízo exageradamente elevado
de si mesmo, pois acha que é alvo constante da
inveja dos outros.

311
PROJETO DE VIDA
REFERÊNCIAS Processo de avaliação qualitativo
[1] GARCIA, Luiz Fernando. Pessoas de Resultado: O Caro/a Estudante,
Perfil de Quem se Destaca Sempre. 4ª Ed. São Paulo:
Gente, 2003. A disciplina Projeto de Vida está incluída como
parte obrigatória do currículo de ensino médio, sendo
[2] MACHADO, Nilson José. Projeto de vida. Entrevista a carga horária distribuída em uma hora/aula para a
concedida ao Diário na Escola-Santo André, em 2004. 1ª, 2ª e 3ª séries. A organização pedagógica desse
componente curricular tem o objetivo de estimular,
[3] MARCELINO, Maria Quitéria dos Santos; CATÃO, motivar e desenvolver o senso crítico e a percepção de
Maria de Fátima Fernandes Martins; LIMA, Claudia sua realidade, como de suas implicações nos aspectos
Maria Pereira de. Representações sociais do projeto e contextos socioculturais, possibilitando a definição
de vida entre adolescentes no ensino médio. Psicolo- de metas e estratégias para alcançar seus objetivos de
gia: ciência e profissão, v. 29, n. 3, p. 544-557, 2009. vida, sendo um direcionamento, não cabe reprovação.
O Projeto de Vida parte de uma proposta interdi-
[3] MORAN, José. Metodologias ativas para uma mensional, aliando aspectos cognitivos e não cogni-
aprendizagem mais profunda. Metodologias ativas tivos em busca de uma educação com significado, de
para uma educação inovadora: uma abordagem teó- forma integral e tornando o estudante capaz de seguir
rico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018, 02-25. sua trajetória fazendo boas escolhas com consciência,
autonomia e responsabilidade.
[4] NOVOA, A. Professor se forma na escola. Nova Para desenvolver essa metodologia é necessário
Escola. São Paulo, n. 142, p. 13-15, mai. 2001. promover o acolhimento da diversidade constitutiva
em vocês, jovens estudantes e o desenvolvimento da
[5] NOVOA, A. (Org.) Profissão professor. Portugal: sexta competência geral da BNCC na construção do
Porto, 2. ed., 1995. Projeto de Vida conectado ao Projeto de Protagonis-
mo Juvenil. Nessa perspectiva, com a orientação do
[6] WALLON, H. As origens do pensamento na criança. professor registra a contribuição das atividades inte-
São Paulo: Manole, 1999. gradoras desenvolvidas em sala de aula e o que julgar
necessário para a construção de seu Projeto de Vida.
[7] Youtu.be/fDZ5EnSxLTE. Acesso: 15 de fevereiro O processo de desenvolvimento será analisado a
de 2020. partir da frequência e verificação de comportamentos
observáveis em relação ao investimento do quanto
[8]Material do Educador: Aulas de Projeto de Vida. 1º você está efetivamente se dedicando a essa constru-
e 2º Anos do Ensino Médio. ICE: Instituto de Corres- ção cotidianamente, bem como ao desenvolvimento
ponsabilidade pela educação. de habilidades, como autoconhecimento, autonomia,
autorregulação, compromisso, iniciativa, planejamen-
to, resolutividade, responsabilidade pessoal e social
dentre outros.
A proposta de avaliação do Projeto de Vida não
tem atribuição de nota, pois trata-se de um modelo
de avaliação qualitativa, que por sua vez, refere-se ao
que não pode ser mensurável. O intuito do registro é
obter elementos complementares às observações a
respeito das motivações, comportamentos e necessi-
dades do estudante, bem como sua opinião e expec-
tativas. Nesse tipo de avaliação, os dados gerados não
são números, pois seu caráter é exploratório.
Estudantes o olhar atento do docente durante as
aulas de Projeto de Vida possibilitará o acesso a infor-
mações valiosas, que poderão alcançar o estudante
de forma individualizada, percebendo as potenciali-
dades (competências e habilidades), as evoluções ou
regressões, possibilidades de avanços, proposta de
novos planejamentos e atividades, relacionamento
com os colegas, e muitas outras são alguns dos exem-
plos possíveis.

312
PROJETO DE VIDA
Por fim, a cada aula de Projeto de Vida você, estudante poderá realizar sua autoavaliação, percebendo
suas próprias dificuldades de forma mais concreta, desenvolvendo seu autoconhecimento e entendendo as
relações construídas ao longo da vida, entenderá que esses são fatores importantes para a realização pessoal
e profissional de todo ser humano.

PROJETO DE VIDA

NOME: __________________________________________________
DATA: ___/____/2023
_____ BIMESTRE
1. AUTOCONHECIMENTO

REVENDO SUA VIDA PESSOAL

1. Como anda a relação com você mesmo, ( ) ótimo Como melhorar?


ao cumprir suas responsabilidades com ( ) Bom
os compromissos de casa, da escola ou ( ) Regular
do trabalho?
2. Como andam seus relacionamentos com ( ) ótimo Como melhorar?
família, professores, colegas, amigos? ( ) Bom
( ) Regular
3. Nas atividades domésticas, quando solici- ( ) ótimo Como melhorar?
tado e por visão da necessidade do outro, ( ) Bom
sempre me coloco a disposição. Esse meu ( ) Regular
comportamento é:
4. Nas atividades escolares, demonstro-me ( ) ótimo Como melhorar?
sempre disposto a executar minhas obri- ( ) Bom
gações. Estou sempre aberto ao novo e ( ) Regular
gosto de ser participativo.
5. O lazer é importante, bem como grupos ( ) ótimo Como melhorar?
de amigos etc. Tenho vivenciado tudo isso ( ) Bom
com disciplina em relação aos horários e ( ) Regular
as regras sociais e pessoais?

Levando em consideração todos os temas trabalhados e todas as minhas reflexões, numa escala de 0 a 10,
você poderia atribuir qual nota para as suas conclusões, atitudes e participação?

O QUE APRENDI?

NOTA: _____

313
PROJETO DE VIDA

314
PROJETO DE VIDA
ORIENTAÇÃO DO PROCESSO do que esse número/total poderá chegar a 100. Com
DE AVALIAÇÃO QUALITATIVA base nos valores dessa escala os estudantes poderão
perceber como estão evoluindo no decorrer de cada
O processo de avaliação do desempenho e da bimestre.
auto avaliação dos estudantes poderá ser realizado Acreditamos que o processo de avaliação de de-
a partir das três fichas propostas para os estudantes sempenho, a auto avaliação dos estudantes e a ava-
e uma ficha para o(a) professor(a). Cada estudante liação qualitativa dos mediadores sendo realizada de
deverá ter as três fichas de auto avaliação durante forma contínua poderá contribuir significativamente
os 04 bimestres para que possam responder. No final no processo do autoconhecimento dos estudantes
da avaliação realizada pelos estudantes o mediador colaborando com a maturidade dos estudantes para
irá recolher as fichas e colocar num arquivo. A cada a construção do projeto de Vida.
bimestre o mediador poderá propor a ficha 1 com
outras questões e aplicar as fichas 2 e 3.

A FICHA DOS ESTUDANTES: AUTOCONHECIMEN-


TO/REVENDO SUA VIDA PESSOAL será utilizada por
todos os estudantes da turma para que eles possam
com base nas questões propostas se auto avaliar. Essa
ficha poderá ser usada para os quatro (04) bimestres,
com as mesmas questões ou com outras questões
que o mediador achar pertinente. Serão cinco (05)
questões para que os estudantes analisem como ele
está de acordo com os conceitos REGULAR, BOM e
ÓTIMO. Também poderão listar os pontos que preci-
sarão melhorar. Na parte que propõem a nota o estu-
dante irá se avaliar numa escala de 0 a 10, o intuito é
que cada estudante possa se auto avaliar dessa forma
será possível que cada um possa acompanhar se está
evoluindo ou não, de acordo com sua avaliação.

Na segunda FICHA DOS ESTUDANTES: AUTOCO-


NHECIMENTO há três questões de auto avaliação
para serem respondidas pelos estudantes utilizando
a escala de 0 a 10, sendo: SIM, SEMPRE com valor da
escala corresponde de 8 a 10; ÀS VEZES com valor
da escala corresponde de 4 a 7 e NÃO, NUNCA com
valor da escala corresponde de 0 a 3. O mediador irá
utilizar a mesma ficha no decorrer de cada bimestre,
dessa forma o estudante poderá perceber como está
seu desenvolvimento nas questões levantadas. Neste
caso é importante que os estudantes elenquem os
pontos de atenção que precisarão ficar atentos du-
rante a construção do Projeto de Vida.

Na terceira FICHA DOS ESTUDANTES: AUTOCO-


NHECIMENTO os estudantes irão avaliar sua assidui-
dade, disciplina, iniciativa, Responsabilidade, produ-
tividade e descrição. As seis questões também serão
respondidas com base na escala de 0 a 10 sendo: SIM,
SEMPRE com valor da escala corresponde de 8 a 10;
ÀS VEZES com valor da escala corresponde de 4 a 7
e NÃO, NUNCA com valor da escala corresponde de
0 a 3.

Ao finalizar a auto avaliação das três fichas, os


estudantes poderão somar todos os resultados, sen-

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