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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PÓS-GRADUAÇÃO MBA EM JORNALISMO DIGITAL.

TCC - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO.

Deisy Boroviec

NETNOGRAFIA DA TV PÚBLICA
Feedback da TV Assembleia de Mato Grosso no Youtube

Cuiabá - Mato Grosso


Dezembro de 2018
2

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PÓS-GRADUAÇÃO MBA EM JORNALISMO DIGITAL.

TCC - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO.

DEISY BOROVIEC

NETNOGRAFIA DA TV PÚBLICA
Feedback da TV Assembleia de Mato Grosso no Youtube
3

Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado à
Universidade Estácio de Sá
como requisito parcial para
conclusão do Curso de Pós-
Graduação em MBA em
Jornalismo Digital. Professor
Orientador: Me. Raul Fonseca
Silva

CUIABÁ – MT
Dezembro de 2018
4

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PÓS-GRADUAÇÃO MBA EM JORNALISMO DIGITAL.

TCC - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO.

Deisy Boroviec

Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado à
Universidade Estácio de Sá
como requisito parcial para
conclusão do Curso de Pós-
Graduação em MBA em
Jornalismo Digital. Professor
Orientador: Me. Raul Fonseca
Silva

Aprovada em: ........... / ...................... / .............. Nota: ........ (


...............)
5

DEDICATÓRIA:

Dedico esse trabalho aos meus colegas da


TV Assembleia de Mato Grosso que
contribuem todos os dias para meu
crescimento profissional.
6

AGRADECIMENTOS:

Agradeço à Santa Terezinha do Menino


Jesus, que me iniciou neste caminho do
conhecimento.
7

Resumo

Neste artigo há uma proposta de engendrar métodos para realizar a


netnografia dos internautas/telespectadores da TV Assembleia de Mato
Grosso. É também um incentivo para que a TV Pública interaja mais com o
cidadão mato-grossense por meio da linguagem simples dos memes que são
grandes formadores de opinião pública atualmente. É o despertar para o
melhor uso dos hiperlinks que os meios convergentes do século XXI
promovem. O cerne deste artigo científico é a adaptação do audiovisual
legislativo para a rede mundial de computadores.

Palavras-Chave: Comunicação intermediada por computadores,


Linguagem audiovisual, Cidadania, Políticas Públicas, TV Pública, TV
Legislativa, TV Assemlbeia MT.
8

Abstract
This article was one proposal of use methods for the network of
international networks / telespectators of TV Assembly of Mato Grosso. It is also
an incentive for Public TV to interact more with the Mato Grosso citizen through
the simple language of the memes who are great educators of public opinion
today. It is the awakening for the best use of the hyperlinks that the converging
media of the 21st century promote. The core of this scientific paper is the
adaptation of the legislative audiovisual to the global computer network.

Key words: Computer-mediated communication, Audiovisual language,


Citizenship, Public Policy, Public TV, Legislative TV, TV Assemlbeia MT.
9

" No retrato que me faço


- traço a traço -
Às vezes me Pinto nuvem
Às vezes me Pinto árvore"
(Mário Quintana)
10

1. NETNOGRAFIA NA TV PÚBLICA 11

2. PROBLEMATIZAÇÃO 11

3. JUSTIFICATIVA 11

4. METODOLOGIA 12

5. INTRODUÇÃO 12

6. O CONCEITO DE TV PÚBLICA 14

7. CIDADÃO: UM NAVEGANTE NAS NOVAS REDES 18

8. PROJEÇÕES DE CRESCIMENTO DA TV ASSEMBLEIA NO 23

CIBERESPAÇO EM MT

9. O CIBRIDISMO DETECTADO NA NETNOGRAFIA DA TV 27

PÚBLICA

10. O CONFLITO FORMADO PELA UBIQUIDADE 27

DESORGANIZADA

11. ANTROPOFAGIA DAS FAKENEWS 28

12. DESAFIO: POLARIZAÇÃO X PARTICIPAÇÃO SOCIAL 30

13. CONSIDERAÇÕES FINAIS 36

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36

15. REFERÊNCIAS W.E.B. 37


11

1. NETNOGRAFIA NA TV PÚBLICA
A convergência das mídias alavanca diariamente a transparência
dos atos públicos, que já eram garantidos pela Constituição Federal de 1988 e
regulamentados por Lei, a exemplo da Lei Complementar número 131, de 27
de maio de 2009, que estabelece normas, inclusive, sobre disponibilização, em
tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e
financeira da União, dos Estados e dos Municípios, bem como do Distrito
Federal.
A TV Pública Legislativa, nos Estados brasileiros, nasceu em 2001,
período em que os sites, portais, blogs e até redes sociais eram engendradas
sem previsão do formato que seria obtido, muito menos estava claro para o
cidadão comum que haveria a convergência das mídias, de tal forma que hoje
o celular não é apenas um telefone móvel, mas sim um computador completo
com acesso à rede. Junto com essa nova tecnologia surge também um novo
termo que coleta dados de um povo, não mais de forma física, mas virtual que
é a netnografia.
2. PROBLEMATIZAÇÃO
O avanço tecnológico permitiu mais informação e interação real no
virtual. A comunicação fomentada pelas redes sociais ampliou a ramificação do
conhecimento de forma desordenada, inclusive, com desinformação formando
polarização entre culturas que já eram difíceis de estabelecer sua etnografia.
Como tudo que o ser humano cria é para amplificar sua
sensorialidade, a internet não foi diferente. Da mesma forma que a Escola de
Sagres não pode prever o resultado da ocupação dos continentes, os
inventores das redes sociais também não puderam e não podem estimar o
futuro próximo, principalmente com um ‘admirável mundo novo’ –
parafraseando o britânico Aldous Huxley – das redes sociais.
A partir daqui devemos pensar qual será a missão da jovem TV
Pública, em especial a emissora do Parlamento mato-grossense, que realizou
seu primeiro concurso para jornalistas em 2013, atendendo, dessa forma, a
Constituição Federal de 1988.
3. JUSTIFICATIVA
O fenômeno das redes sociais tem causado polarizações
amplificadas e com consequências imprevisíveis, como tivemos o caso da
12

‘greve dos caminhoneiros’ neste junho de 2018. A desinformação esgotou o


combustível nas grandes cidades e levou milhares de brasileiros a estocarem
mantimentos com medo do desabastecimento real com que o mundo virtual
propagava.
O cidadão comum aprendeu o que é um locaute e se confundiu com
o que estava acontecendo nas redes sociais e replicava a desinformação, por
meio dos fakenews, nas comunidades onde moram. O cibridismo do ser
humano é corroborado a cada instante.
As grandes emissoras de TV perderam grande parte de sua
credibilidade. As relações verticais foram sendo horizontalizadas e a Esfera
Pública ganhou novos contornos nesta segunda década deste milênio. A partir
daqui qual é o modelo de TV Pública? Especificamente para TV Assembleia de
Mato Grosso.
4. METODOLOGIA DE PESQUISA
O método usado para realizar este trabalho está fundamentado em
pesquisas de fontes secundárias como livros, artigos científicos e de revistas,
bem como o site www.al.mt.gov.br e sua correspondente virtual representada
pelo YOUTUBE, mas com característica essencial de uma revisão bibliográfica.
5. INTRODUÇÃO
A TV Assembleia MT foi engendrada no início deste milênio. O
sistema de TV Legislativa brasileira foi instituído a partir da lei 8.977 de 1995,
discutida e aprovada pelo Congresso Nacional, bem como sancionada pelo
presidente Fernando Henrique Cardoso em 6 de janeiro do mesmo ano.
A primeira emissora a entrar no ‘ar’ foi a TV Senado em 1998 e
depois a TV Câmara em 1998. A partir daí os Estados começaram a conceber
o novo veículo de comunicação pública. Em 2001, por meio de Lei começa a
história da TV Assembleia de MT, assim como em cada Estado, cada uma com
sua trajetória. Atualmente, são três TVs legislativas no Distrito Federal: TV
Distrital, TV Câmara e TV Senado. Nos Parlamentos Estaduais, as TVs
legislativas estão em 25 Estados.
Neste artigo científico há uma compilação do pensamento das
Ciências que foram segregadas nas academias – Matemática, Filosofia,
Psicologia, Comunicação, Direito etc – mas que convivem concomitantemente
em nosso dia-a-dia. O foco neste trabalho é a Comunicação Pública
13

Parlamentar do Legislativo estadual mato-grossense e sua relação com o


cibridismo que alavancou o conhecimento sobre os trabalhos dos deputados
estaduais, bem como do próprio Poder em questão.
Em 2012 houve um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre
a Assembleia Legislativa de Mato Grosso e o Ministério Público do Estado que
resultou no primeiro concurso para jornalistas da TV Parlamentar, inclusive. Até
então todo o quadro de servidores era formado por comissionados.
Os servidores que passaram no concurso realizado pela Fundação
Getúlio Vargas, em 2013, começaram a tomar posse em 2014, resultado de
uma forte pressão dos concurseiros de todo país que haviam sido aprovados
no certame, bem como da imprensa local que deflagrou grande apoio com
manchetes que aceleraram o processo de posse, basta uma breve pesquisa no
Google para corroborar as informações até aqui.
Ao começar o trabalho, os novos servidores ‘jornalistas’ tiveram que
pedir permissão para abrir as redes sociais nos computadores de trabalho, o
que até então era proibido em todo o Parlamento. O objetivo dos
comunicadores era não perder fontes preciosas, daqueles, principalmente, que
eram de Mato Grosso.
O segundo passo foi pedir anuência da chefia para veicular o
material audiovisual no canal do YOUTUBE, visando maior audiência para a TV
Parlamentar. Primeiro foram feitos os uploads dos programas de entrevistas.
Depois a jornalista, concursada, Larissa Campos criou um canal bem
organizado que pode ser acessado digitando na rede mundial de
computadores: “TV Assembleia MT”.
Com um rico material bibliográfico, apresento as etapas seguintes
deste artigo científico, com a pretensão de entender o quanto a Cultura aqui no
Estado fomenta a TV Parlamentar, bem como se essa emissora pode
influenciar na cultura do povo mato-grossense que é formado inicialmente por
povos autóctones até a chegada dos Bandeirantes no século XVIII.
Tudo parecia ‘estagnado’ por aqui até a realização de outra
mudança significativa para Mato Grosso. Durante o governo militar pós 1964 foi
construída a rodovia BR 163 – 3.470km de extensão que liga Tenente Portela
(RS) à Santarém (PA). Com o Plano de Integração Nacional (PIN) e o lema
“Integrar para não entregar”, os sulistas do agronegócio abriram parte do
14

Cerrado e da Amazônia – dois dos três biomas de MT – para erigir cidades e


conquistar possibilidades de sustentar suas famílias.
Mas da mesma forma como os europeus, que colonizaram o Sul do
país no início do século XX, os sulistas se surpreenderam com as etnias
nativas. A recíproca foi verdadeira para os povos indígenas que aqui viviam e
não conheciam a pujante cultura cuiabana e mato-grossense. Por isso, o
adjetivo estagnado está entre aspas no início deste parágrafo.
Os cuiabanos têm uma cultura poderosa registrada nos anais dos
três Poderes, bem como na Academia de Letras Mato-grossense etc. Mas esse
não é o foco deste artigo e sim como toda essa miscelânea etnográfica se
comporta na rede mundial de computadores quando o assunto é a TV
Assembleia MT, a primeira emissora pública de Mato Grosso que tem suas
informações registradas no Instituto Memória do Legislativo, bem como em
artigo científico intitulado ‘TV PÚBLICA EM MATO GROSSO’, publicado em
2016.
A netenografia proposta aqui é o início de um trabalho que registra
fatos que se movem a cada instante, assim como vimos a evolução das
tecnologias no final do milênio passado. A não linearidade é que impulsiona
esta pesquisa científica. A percepção de gente que nasceu no século passado
é como ter a Barsa e outras milhares de obras linkadas etc, tudo na rede
mundial de computadores.
Da grande biblioteca física, atualmente os ‘buscadores’ trazem
informações que temos que ter discernimento para crivar o que realmente é
relevante. E para fazer a TV Pública não podemos agir analogamente como
jogar uma garrafa ao mar com uma carta sem conhecer o nosso cliente: o
cidadão. Schopenhauer há 150 anos já deixou registrado que muita informação
não faz sentido quando não se sabe o que fazer com ela. Em meados do
século XX, Mac Luham não poderia prever a interatividade que estava por vir,
pois isso não acontece com quem ouve rádio ou vê TV, mas com a
convergência das mídias temos participação efetiva na notícia.
Como chegar aos cidadãos com a TV Pública?! O que eles falam
sobre o que produzimos?! Como conquistar a credibilidade que grandes
emissoras do Brasil perderam num público amplamente segregado nas redes
sociais?!
15

6. O CONCEITO DE TV PÚBLICA
A TV Pública é fomentada pela carga tributária do Estado, logo o
serviço do Poder Público deve ser apresentado ao cidadão de acordo com o
artigo 37 da Constituição Federal: com Legalidade, Impessoalidade,
Moralidade, Publicidade e Eficiência; seguindo as orientações da carta magna
para um servidor público oferecendo um produto para o contribuinte. Um
trabalho norteado, inicialmente, pela EBC (Empresa Brasileira de
Comunicação):

“Baseados nas informações acima citadas, bem como na


Lei 8.977/95 e de acordo com o artigo 221 da Constituição Federal,
esclarecemos que a TV Pública deve ter finalidade educativa,
artística, cultural e informativa. Os parlamentares da casa aparecem
no último adjetivo: informativo. O canal legislativo atende ao povo e
não aos deputados e suas necessidades específicas. Portanto, a TV
pública informa o que é notícia, ou seja, registros históricos
importantes. Não podemos, por exemplo, deslocar uma equipe para
mostrar a visita de um prefeito do interior a um parlamentar, sem que
haja realmente um interesse público envolvido.” (fonte:
http://memoria.ebc.com.br/tv-publica-ebc/)

A TV Pública se destacou e mostrou a que veio no Brasil,


principalmente pelas transmissões ao vivo de sessões, que antes só podiam
ser vistas presencialmente. A deputada federal de São Paulo, a petista Ângela
Guadagnin em 2006, comemorou absolvição de João Magno (PT/MG) depois
de ele ser acusado de receber propina. As imagens foram reproduzidas em
grande escala por redes sociais e ficou conhecida como a ‘dança da
impunidade’. Com esse exemplo, já citado em outro artigo científico, os
representantes políticos se mostram mais atentos, bem como os magistrados,
como foi registrado pelas câmeras da Justiça Federal no julgamento de Lula
pelo TRF-4 no Rio Grande do Sul, no ano passado. O fato é corroborado pelo
doutor em Jornalismo que escreveu um livro sobre as tvs legislativas no Brasil:

“...a transparência das práticas políticas que um canal de


televisão local pode contribuir para modificar hábitos dos próprios
16

vereadores, além de favorecer, prestar atenção e inspirar modos de


controle por parte dos cidadãos sobre a ‘coisa pública’”. (MONTEIRO,
2011, p. 11)

A transmissão ao vivo é ímpar e nem precisa de mais justificativas


para existir e legitimar o conceito de TV Pública. No caso dos programas e
reportagens que são editados vamos ter, de certa forma uma concorrência com
as TVs comerciais se não observarmos que devemos fazer diferente porque a
informação se multiplicava a cada 150 anos, a partir da prensa, a cada 50 anos
e a partir da internet a velocidade é maior – fonte: TecMundo – mas o ser
humano é o mesmo tentando amplificar tudo à sua volta. Por isso o papel da
TV Pública é também ensinar o povo sobre cidadania, inclusive, e
principalmente interpretar os números do Orçamento Público que são, ou
deveriam ser, responsáveis pelo desenvolvimento do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). Durante essa pós-graduação em Jornalismo
Digital, na disciplina de Jornalismo de Dados e Novas Técnicas de
Reportagem, ministrada pela professora Márcia Furtado Avanza, a mestre
avalia as noções de estatística para o uso em textos informativos:

"As pessoas tendem a acreditar mais em números do que em


palavras, e a forma como eles são apresentados no noticiário
desempenha um papel fundamental no reforço ou desafio de tal
credulidade. Sem a ajuda dos jornalistas para compreender os
dados, o público fica à mercê da política, do interesse comercial e da
manipulação, o que compromete o grau de informação que recebe e
a tomada de decisões decorrentes da sua interpretação dos fatos."

Sendo assim a missão da TV Pública deve servir ao contribuinte, já


que não há necessidade da venda de publicidade para se manter. O foco na
cultura mato-grossense deste artigo científico faz parte do conceito da TV
Assembleia MT, voltada para os acontecimentos locais, principalmente
fomentando a Cultura no Estado. A Folkcomunicação foi estudada por Luiz
Beltrão de Andrade Lima (1918-1996), mas rejeitada pelas Ciências da
Comunicação no período militar da década de 1960. O folclore é defendido
como um grande canal de comunicação coletiva. Aproximação com a
comunidade.
17

“A vinculação estreita entre folclore e comunicação popular registrada


na colheita dos dados para este estudo, inspirou o autor na
nomenclatura desse tipo cismático de transmissão de notícias e
expressão do pensamento das vindicações coletivas. Folkcomunicação
é, assim, o processo de intercâmbio de informações e manifestações
de opiniões, ideias e atitudes da massa, através de agentes e meios
ligados direta ou indiretamente ao folclore.” (BELTRÃO, 2014, p. 70)

“O homem do povo lê o mundo tanto quanto o intelectual, mas com


lentes diferentes”, frase de Juremir Machado da Silva no livro que enaltece a
obra Folkcomunicação de Beltrão. Antônio Hohfeldt destaca a trilogia de
Beltrão: Jornalismo informativo que se destaca pela impessoalidade, o
jornalismo interpretativo que se desdobra pela tolerância, e finalmente o
jornalismo interpretativo que traz à luz o repertório interno do autor. Mas
basicamente o gatekeeper é o jornalista de todas as teorias da Comunicação.
Luiz Beltrão começa pelos instrumentos e efeitos da comunicação coletiva, é a
sensação de pertencimento e crescimento porque é possível acumular o
conhecimento, guarda-lo com mais fidelidade por meio dos códigos.

“Os grupos acham-se, assim, vinculados a uma ordem semelhante de


ideias e a um propósito comum: adquirir sabedoria e experiência para
sobreviver e aperfeiçoar a espécie e a sociedade. Sabedoria e
experiência, sobrevivência e aperfeiçoamento que só se conseguem
mediante a comunicação, o processo mínimo verbal e gráfico pelo qual
os seres humanos intercambiam sentimentos, informações e ideias”
(BELTRÃO, 2014, p. 47)

Beltrão aborda também a dicotomia ético-cultural: elites e massa,


tema essencial para efetivar o trabalho de uma TV Pública.

“Continuaram as elites do poder, as classes bem pensantes, a assumir


posições e a tomar decisões sem ter em conta o processo mental do
homem do povo, menosprezando-o, a despeito do registro científico...”
(BELTRÃO, 2014, p. 55)

O que ainda acontece na democracia brasileira, quando homens do


povo são eleitos e ao chegarem aos parlamentos são cegados pelo luxo e pelo
poder, dali não enxergam mais suas bases que deveriam representar. Beltrão
defende o líder de opinião que promove a interação social:
18

“Para que a mudança se verificasse, uma outra influência se colocava


entre os meios e o grupo afetado: a influência do ‘líder de opinião’ –
personagem quase sempre do mesmo nível social e de franco convívio
com os que se deixavam influenciar, levando sobre eles uma
vantagem: estava mais sujeito aos meios de comunicação do que os
sus liderados.” (BELTRÃO, 2014, p. 59)

O líder de opinião volta neste novo milênio na persona do líder dos


grupos em redes sociais, como ressalta Habermas:

“...em um fórum online de discussão, nem todas as conversas são, de


fato, argumentos: quando um participante desvia o assunto ou
começa a fazer ataques pessoais a outro indivíduo (algo
ironicamente, facilitado pela mesma arquitetura horizontal e
anonimato que permitem a igualdade), a discussão deixa de existir
nos moldes de uma Esfera Pública” (MARTINO, 2015, P. 97)

Aqui deixamos claro o conceito de TV Pública e passamos ao


próximo tópico que começa a tratar especificamente a netnografia já registrada
pela literatura.

7. CIDADÃO: UM NAVEGANTE NA REDE

Depois das grandes navegações físicas promovidas pelos reis,


principalmente da península Ibérica, no século XVI, outras viagens tomam
conta quatro séculos mais tarde. No início do século XVIII o homem consegue
fixar a captação da luz numa fotografia. No final do século XIX, além de
conseguir colocar em movimento as imagens, com o Cinema, mudo,
inicialmente, logo foi possível levar mais longe a voz humana pelas ondas
eletromagnéticas do Rádio.
Em meados do século XX, todas essas novidades começavam a
serem deliberadas porque impactariam na sociedade. As novas tecnologias
começaram a conquistar cientistas que viam de forma positiva o uso de
aparelhos que reproduziam as vozes, as imagens etc. Na França, no início da
década e 1970, havia quem reconhecia o favorecimento das máquinas do
futuro para construir uma sociedade mais reflexiva e quem sabe melhor.
19

Pesquisadores da área da Educação viam na Comunicação de Massa uma


possibilidade positiva:

“...a evolução não confirmou estas análises: parece, bem pelo


contrário, que se verifica agora no domínio dos meios de comunicação
de massa uma marcha em direção à diversidade, no sentido, portanto,
duma multiplicação das possibilidades de escolha. “(PORCHER, 1974,
p. 66)”

Na América Latina também os pesquisadores começaram a unificar


as Ciências segregadas e usar as novas tecnologias como aliadas da
Educação e usar a Comunicação para o Conhecimento, ou seja, negar o
acesso dos novos meios seria ignorar, inclusive, a convivência em
comunidade:

“Constatar hoje os sinais de uma crescente influência dos meios de


comunicação de massa sobre as sociedades contemporâneas
dispensa qualquer trabalho rigoroso de pesquisa. Pode-se discutir a
profundidade de seu alcance sobre o comportamento social, mas é
inegável reconhecer que o acesso a esses meios torna-se cada vez
maior.” (FREIRE, 1997, p. 51)

Os investigadores das ciências percebem a necessidade de


interação com as novas formas de se comunicar, principalmente, com os
jovens em desenvolvimento:

“Obcecados com o poder maléfico dos meios, e muito particularmente


da televisão, os educadores acabam se esquecendo da complexidade
do mundo adolescente ou juvenil, reduzindo-o à condição de
consumidores de música e televisão. “(BARBERO, 2014, p. 52)

Todo esse escopo do pensamento e das especulações científicas


demonstraram a necessidade da convergência das Ciências, em primeiro lugar.
Nas Ciências Humanas a Psicologia Social teve papel importante na
Comunicação. A Teoria científica da Gestalt, ou psicologia da forma, teve seus
estudos como fundamentais para o desenvolvimento do Cinema e da Arte,
assim como os conhecimentos científicos da física, especialmente da cinética e
da ótica.
20

Para o cidadão comum, toda essa história não faz o menor sentido,
mas é a base de toda a Comunicação que ele conhece atualmente ou está
aprendendo a usar. Da mesma forma que os games foram vilipendiados no
princípio, agora ganham destaque por ter feito muita gente ficar rica da noite
para o dia, bem como os influenciadores midiáticos que construíram patrimônio
`brincando` nas redes sociais, não devem ser desprezados pela academia que
acompanha o desenvolvimento humano mediado por computadores.

“O fenômeno das celebridades é anterior às mídias


digitais. No entanto, a explosão no número de pessoas que podem
receber esse rótulo cresceu vertiginosamente a partir do momento em
que se tronar uma celebridade ficou consideravelmente fácil. Talvez
isso não signifique que todos se tornarão, de fato, celebridades, mas
que qualquer um pode ser uma. E a diferença não é pouca.”
(MARTINO, 2014, p, 173)

As celebridades emergem dos cidadãos conectados por muitos


motivos: diversão, estudos, trabalho etc. Por isso, para haver um levantamento
netnográfico é importante a participação efetiva da Psicologia nas novas
comunicações, assim como ela é fundamental na Comunicação nos últimos
100 anos.

“Os primeiros estudos sobre o florescente meio da


interação online foram baseados na teoria psicológica social e em
testes experimentais.” (KOZINETS, 2014, p. 28)

De fato, nosso cidadão que navega atualmente tem interesse em


informação, diversão e reage com a capacidade de interatividade com o meio.

“Os netnógrafos dão grande significado ao fato de que as


pessoas voltam-se às redes de computador para participar de fontes
de cultura e obter um senso de comunidade.” (KOZINETS, 2014, p.
14)

A nova Teoria das Mídias Sociais desenha o comportamento do


cidadão baseada em fatores cientificamente comprovados, com autores
clássicos que ajudaram a construir este artigo científico, bem como em
hipóteses de velhos e também de novos conceitos deixados por pesquisadores
21

da atualidade. A percepção é de que conhecimento coletivo vai sendo


emoldurado por novidades netnográficas que chegam a todo instante:

“...sem perder a inteligência individual, todas as pessoas


podem, potencialmente, contribuir com algum elemento para a
constituição de um conjunto de saberes que, sem pertencerem
especificamente a ninguém, estão à disposição de todos para serem
usados e transformados.” (MARTINO, 2014, p. 31)

A internet pode ser considerada a forma ideal de democracia quando


o uso desta interfere na Esfera é Pública. Vamos rever como a Comunicação
era verticalizada e só se tornou de massa em meados do século passado. A
horizontalização foi possível com a convergência das mídias na Web 4.0. A
partir daqui temos o perfil dos que estão navegando nas redes para exercer a
cidadania:

“A internet, lugar privilegiado para eventual discussão


sobre temas de relevância social, se destaca pelas possibilidades de
interação entre públicos diferentes, de discutir assuntos de interesse
geral e de participação política nos vários sentidos desta expressão.”
(MARTINO, 2014, p. 90)

A tão sonhada Democracia, para quem desconhece completamente


o termo usado na Grécia antiga e sua forma cruel do uso do tempo ocioso às
custas da escravidão, chega para aqueles que querem ter voz ativa na Política:

“A circulação de informações encontra nas redes o


melhor tipo de arquitetura. A velocidade da circulação de informações
significa também que novidades estão presentes o tempo todo,
gerando como padrão uma instabilidade constante. Qualquer
informação pode ser alterada, complementada ou cancelada por uma
nova, muitas vezes sem deixar indícios dos caminhos seguidos.”
(MARTINO, 2014, p. 101)

Mas fazer Política implica mais conhecimento teórico do que se


imagina fora do mundo acadêmico ou mesmo entre os parlamentares que
vivem empiricamente legislando e fiscalizando. Aos `berros` os internautas
superam o que imaginam ser maquiavélico e perdem princípios da educação
mínima para a boa convivência. O abate do oponente de ideias toma lugar de
um bom debate:
22

“...usar estratégias retóricas para desqualificar o


adversário ou tentar acabar com a discussão quando se está em
desvantagem implodem as possibilidades de deliberação”
(MARTINO, 2014, p. 98)

A falta de respeito pelos interlocutores é inescrupulosamente maior


do que em um relacionamento face a face, sem mediação por computador. A
sensação é de que voltamos a viver na idade medieval, a qual levava ao
choque entre as culturas tão preservadas pelas distâncias geográficas. A
globalização trouxe mais resiliência e um pouco de entendimento sobre o outro,
a rede mundial de computadores mostrou que mais uma barreira
intercontinental foi quebrada: a convivência entre seres humanos de ideias
avessas uns dos outros, dentro, inclusive, das mesmas comunidades.

“Com o crescimento dessas ferramentas, o aparecimento


de indivíduos com quem normalmente as pessoas não estariam
conectadas ema ambientes mais sociais passa a constituir um
problema no sentido de forçar os atores a negociar suas falas dentro
de contextos e audiências diferentes.” (RECUERO, 2012, p. 147)

Na última década os amigos, familiares e grupos de trabalho


aprendem a conviver com o mínimo de harmonia em redes sociais baseandos
no erro húbris da falta de resiliência quanto ao diferente, bem como renegando
a cortesia, ou mesmo a gentileza numa conversa. Por isso houve a
necessidade de um aprendizado específico ao usar a interação promovida e
mediada por computadores.

“A polidez, assim, consiste em um conjunto de


estratégias utilizado no contexto da conversação como forma de
cooperação, de modo a permitir que a conversação atinja os objetivos
dos atores envolvidos e mantenha a coerência.” (RECUERO, 2012, p.
90)

Os cidadãos do mundo começaram a trocar conhecimento por meio


das redes sociais e precisaram voltar ao princípio: ter educação para conversar
com o outro. Política ainda é melhor que a Guerra. Por isso é importante
salientar o quanto os sentimentos verbalizados de forma desordenada podem
influenciar negativamente as relações mediadas por computadores. Cuidados
23

que vão além da polidez e que englobam a proteção para quem deve receber a
mensagem.

“Da mesma forma que um vírus infecta pessoas por meio


do contato físico passando adiante sua carga genética, o mesmo
conceito pode ser aplicado a pragas do mundo virtual, quando, por
exemplo, uma pessoa com centenas de contatos em seu programa
de email decide encaminhar uma figura bonitinha de um cachorrinho
carregando um trojan ou worm.” (GABARDO, 2015, p. 34)

A oportunidade de interação pelas redes sociais é responsável por


letrar os analfabetos políticos.

“A forma da participação política em rede parece se


desenvolver em torno de polos de interesse e ação, permitindo a
formação de espaços de discussão objetivados na livre troca de
argumentos entre os participantes. Em outras palavras, na formação
de ‘esferas públicas’, no plural. Online.” (MARTINO, 2014, p. 110)

Ainda estamos longe de ter um pensamento homogêneo, por hora é


fundamental que a TV Pública esteja preparada para a convergência midiática
por meio de uma linguagem que alcance os cidadãos, sem a pretensão de criar
uma `massa` orientada por tecnologias que dominaram o início do século
passado.

“As árvores do conhecimento não têm a ambição de


suprimir completamente as desigualdades sociais, mas progredir para
uma maior democracia nas relações com o saber.” (LÉVY, 2008,
p.174)

O desafio é conhecer o cidadão conectado e saber como fazer uma


TV Pública pode atuar nas mídias sociais envolvendo o cidadão nas tomadas
de decisões por meio de deliberações, mediando as polarizações, bem como
usar uma linguagem pacificadora que respeite as diferenças de um Estado com
141 municípios que abrangem um território de 903.378,292 km2 quadrados.

“A avalanche de novas oportunidades também trouxe


diversos desafios, tanto para as equipes de marketing quanto para os
cientistas da computação que precisam resolver problemas e criar
ferramentas na mesma velocidade com que as notícias e ‘curtidas’ se
espalham” (GABARDO, 2015, p. 18)
24

Desafio que levará anos a ser conquistado, mas que deve começar a
ser enfrentado com trabalhos como este artigo científico que busca dados
sobre o povo mato-grossense que usa redes sociais e é um
telespectador/internauta em potencial da TV Assembleia MT.

8. PROJEÇÕES DE CRESCIMENTO DA TV ASSEMBLEIA NO


CIBERESPAÇO EM MT
Para avançar nesta pesquisa literária é importante apontar a
relevância do assunto para o cidadão. As estruturas não são criadas a partir de
ideias que surgem alhures. As políticas públicas são fundamentadas na
existência humana. Assim como o plástico ou a lata não podem ser jogados na
Natureza porque é conhecida sua dificuldade de decomposição, mas bem se
sabe que esses materiais não vieram de outro planeta, são resíduos sólidos da
industrialização do meio; temos consciência de que o crescimento demográfico
desordenado também é um desafio para esse mesmo meio ambiente, mas que
os próprios seres humanos vão buscar alternativas para melhorar suas vidas
pelo instinto de sobrevivência.

Aqui, a questão é a necessidade de liberdade de expressão, porque


é óbvio ululante a carência da Comunicação e seus meios para transportar a
mensagem que brota do trabalho dos neurônios de cada indivíduo. A diferença
é que da oralidade partimos para a impressão das ideias e sentimentos em
elementos da natureza, em princípio as rochas marcadas pela existência dos
Sapiens, único elemento que ficou para contar a história da evolução dos seres
pensantes na Terra.

A Comunicação e seus meios sempre foram elementos


indispensáveis para o acúmulo de informação que será o responsável pela
continuidade da espécie dentre tantas outras que foram extintas deste chão.

“A Comunicação é um processo fundamental e a base de


toda organização social. É mais do que a mera transmissão de
mensagens; é uma interação humana entre indivíduos e grupos por
meio da qual se formam identidades e definições.” (CREMADAS,
2009, p. 201)
25

A TV Assembleia MT tem o dever de fomentar essa capacidade de


organização da Esfera Pública mato-grossense por meio de transmissão da
mensagem do Parlamento, isso não significa trabalhar para os 24 deputados,
mas sim para o povo que eles representam. Por isso, os servidores são
concursados, para que não haja vínculo político na realização do trabalho e a
impessoalidade exigida pela Carta Magna seja cumprida.

As transmissões ao vivo das sessões ordinárias realizadas todas as


terças e quartas a partir das 17h e nas quartas e quintas-feiras no período
matutino servem de instrumento de cidadania, bem como as transmissões das
Audiências Públicas praticadas na sede do Legislativo e nos 141 municípios do
Estado, inclusive, em áreas indígenas promovendo a inclusão dos autóctones.

O estímulo à participação popular pode ir além do envolvimento do


cidadão que está presente nessas ações parlamentares. Atualmente a
integração é feita exibindo essas deliberações públicas por meio do canal 30.1
e 30.2, bem como pela internet. Nas sessões ordinárias há uma galeria para os
cidadãos ouvirem pessoalmente as proposituras, sem o poder de intervenção,
da mesma forma como acontece nas transmissões. Nas Audiências Públicas
há a possibilidade de interação real no recinto, mas pela internet -redes sociais
- ainda não foi feita essa experiência.

A liberdade de expressão ainda é uma ‘mensagem dentro de uma


garrafa jogada ao mar’ quando o assunto é opinar pelas redes sociais. Para
mudar isso, é necessário abrir um canal de conversação em rede legislativa. Já
foi criado um espaço na plataforma da Assembleia Legislativa de Mato Grosso
para o cidadão expor suas ideias, mas isso não está aberto para o público
acompanhar nem as opiniões, nem as respostas. Um canal realmente interativo
seria abrir espaços para comentários nas matérias veiculadas no site oficial do
Parlamento.

As matérias postadas no canal do YOUTUBE esperam o feedback


dos internautas que podem escolher os temas, bem como os horários para
acessar um pouco do trabalho da emissora legislativa, mas por enquanto não
temos um retorno com comentários sobre o trabalho. Esse canal é o princípio
da participação efetiva na Esfera Pública, no entanto não foi reconhecida ainda
26

como o ‘Speaker`s Corner’ da terra de Rondon, grande expoente das


comunicações brasileiras.

Longe de ser o espaço de grandes discursos políticos, como foi


aquela pequena área delimitada no Hyde Park britânico, que ainda hoje
alimenta a liberdade de expressão iniciada no século XIX. Um espaço do Reino
Unido que ainda mantem a severidade de manter a exigência para que o
cidadão não use o ‘Speaker`s Corner’ para criticar a família Real, bem como o
governo inglês.

“Desde então, o Speaker’s Corner converteu-se em um


lugar tradicional para discursos e debates sobre questões públicas e
obviamente, no lugar favorito para iniciar protestos, assembleias e
manifestações.” (CREMADAS, 2009, p. 200)

O cidadão mato-grossense ainda não despertou para o uso do seu


micropoder dentro do canal do YOUTUBE ocupado pela emissora parlamentar
em Mato Grosso. Não é difícil corroborar a frase anterior, basta entrar no
espaço do gigante do audiovisual na World Wide Web. Ao reconhecer seu
micropoder dentro dessa nova tecnologia, pode ser o princípio do efetivo
exercício da cidadania por meio virtual.

“O poder de intervir no diálogo social, que configura a


opinião pública e o governo da comunidade, é precisamente uma das
características do micropoder. Essa circunstância está modificando o
próprio sistema que a tornou possível. Porque, se o micropoder é
resultado do de envolvimento democrático impulsionado pelas novas
tecnologias, também pode-se afirmar que o micropoder modifica o
próprio sistema democrático.” (CREMADAS, 2009, p. 28)

Para isso, é inexorável o conhecimento ou a identificação do


micropoder de cada cidadão acompanhando efetivamente cada passo do
Parlamento, mesmo que seja em temas específicos de acordo com a
necessidade de cada um dentro da Esfera Pública, resolvendo um problema de
todos.

“O poder de intervir no diálogo social, que configura a


opinião pública e o governo da comunidade, é precisamente uma das
características do micropoder. Essa circunstância está modificando o
27

próprio sistema que a tornou possível. Porque, se o micropoder é


resultado do de envolvimento democrático impulsionado pelas novas
tecnologias, também pode-se afirmar que o micropoder modifica o
próprio sistema democrático.” (CREMADAS, 2009, p. 28)

Portanto é necessário que seja criado um mecanismo de dados para


levantamento netnográfico não somente dentro da TV Assembleia MT, mas em
toda a Secretaria de Comunicação social do Parlamento que envolve uma série
de profissionais da Comunicação como jornalistas, publicitários, operadores do
Direito, bem como das máquinas etc.

9. O CIBRIDISMO DETECTADO NA NETNOGRAFIA DA TV PÚBLICA


A discussão da atualidade gera em torno de que não há separação
entre o ser humano virtual e o real. A vida se estende nas redes sociais. A
dilatação da convivência conquista a ‘nuvem’, que não tem espaço delimitado e
encontra poucas barreiras para alongar a cauda.

“Existe uma distinção útil entre a vida social online e os


mundos sociais da ‘vida real’? Cada vez mais, a resposta parece ser
não. As duas se mesclaram em um mundo: o mundo da vida real,
como as pessoas o vivem. É um mundo que inclui o uso da
tecnologia para se comunicar, debater, socializar, expressar e
compreender.” (KOZINETS, 2014, p. 11)

O mundo binário é a realidade do novo milênio. As dicotomias fazem


parte da história da humanidade. Mas acabou a Era ‘Offline X Online’. Estamos
todos conectados a uma nova época! É um período de adaptação às novas
tecnologias, sem que haja mudança efetiva no comportamento humano e sim
uma nova variável para a Comunicação. Assim como a caixa de som amplifica
a voz, a internet expande o ‘ser’ humano. Espantados ficam aqueles que não
conhecem outras formas de pensar, outras culturas, outras economias, outras
hierarquias sociais etc.

A internet causa espanto, logo, pela lógica do saudoso Rubem Alves,


temos a melhor ferramenta de ensino e aprendizagem: a conexão online. Tema
proibido em países autoritários como Coreia do Norte, China e Cuba, por
exemplo. Por que será?! Porque ‘refletir’ não é um verbo ‘bem vindo’ para a
28

manipulação das massas, seja ela de pensamento de Esquerda ou de Direita.


Questionadores do mundo é algo trabalhoso para os governantes, significa
ouvir mais o cidadão antes de engendrar políticas públicas.

10. O CONFLITO FORMADO PELA UBIQUIDADE DESORGANIZADA


É notável o resultado da polarização gerada a partir da ubiquidade
formada a partir de um novo terreno pronto para o ato de se comunicar. Não
teria como acontecer ordenadamente porque o produto chegou sem o manual,
não diferente o surgimento da prensa, da fotografia, do rádio, do cinema, da
televisão etc.

Sem manual de como os seres humanos usariam essas tecnologias,


mas com a consciência de que a ‘velocidade’ da convivência estava mudando.
Vivendo e aprendendo empiricamente que com a convergência das mídias
havia também a possibilidade de interagir na Web 4.0. A conversação em rede
foi logo sendo delineada pelos autores: cidadãos do mundo.

“...o falante não tem a noção exata de quem constitui sua


audiência. Não sabe quem são os demais por uma das duas razões:
ou porque não controla quem acessa sua mensagem ou porque
esses estão utilizando uma máscara (como, por exemplo, um
nickname).” (RECUERO, 2014, p. 57)

A princípio voltamos à Era das Cavernas: muita briga, lutas, batalhas


verbais sem fim para encontrar a verdade absoluta e incontestável aprendida
com a dominação ocidental na igreja romana. Lidar com a liberdade de
expressão é o dilema atual: todos querem ter razão, sem considerar as
diferenças socioeconômicas e principalmente em relação ao conhecimento de
cada um.

“No espaço da mediação do computador, as redes


sociais são diferentes, mais complexas e menos custosas para os
atores.” (RECUERO, 2014, p. 136)

A ubiquidade desorganizada criou deuses do conhecimento profundo


como um pires. A falta de profundidade nas ciências acadêmicas tomou a
forma rasa de frases de efeito que simplificam o modo de pensar e garantem
29

lideranças para quem domina a nova linguagem dos memes – notícias curtas –
transformados muitas vezes em fakenews – notícias falsas, produzidas para
abater o oponente. Há a necessidade de intervenção para que o cidadão tenha
discernimento quanto a notícia que recebe no instante do acontecimento. Uma
forma de refletir para não aceitar como certeza o que chega pela rede.

11. ANTROPOFAGIA DO FAKENEWS


Diante dessa realidade bem analisada por pesquisadores da
atualidade, o obstáculo é mostrar que a fonte da informação deve ser
cuidadosamente observada pelo pueril cidadão acostumado a seguir lideranças
‘globais’ da velha televisão brasileira no século passado. As redes sociais
desestruturam crenças inabaláveis, como aconteceu quando Martinho Lutero
ousou em traduzir para o alemão a Bíblia, conhecida pela Europa em Latim até
então. Assim proporcionam as redes sociais uma quebra de paradigma e uma
nova história a ser escrita a partir daqui.

“A multimodalidade aponta para o fato de que a


conversação não possui uma estrutura fixa, estática, mas de se
adaptar e se readaptar. Depende, como dissemos, das práticas
sociais que vão valorizar e construir o espaço da interação e que
podem ser negociadas diante dos mais variados contextos.”
(RECUERO, 2014, p. 63)

A análise das fontes deve ser orientada pela TV Pública e ser


distribuída pela rede mundial de computadores. É improvável que as TVs
legislativas criadas no início do milênio atinjam a credibilidade das TVs
comerciais que iniciaram seus negócios em períodos totalitários do Brasil
como, por exemplo, a Rede Globo e a TV Tupi. Por isso é importante surfar nas
ondas das redes para levar o audiovisual criado na emissora parlamentar. Um
dever constitucional de dar liberdade de expressão e mais espaço na
programação para produções regionais e no canal do YOUTUBE analisar o
feedback da novidade.

De certa forma impedir a antropofagia dos fakenews que vão


desorientando quem ainda não sabe usar sua liberdade de expressão com
responsabilidade. Porque a informação tem tomado caminhos desconhecidos e
muito mais rápidos com a Era da Instantaneidade.
30

O escritor estadunidense, Alvin Toffler, pesquisou sobre o impacto


das tecnologias até a sua morte em 2016. Toffler definiu A Revolução da
Informação em ‘ondas’. Na primeira onda, os dados eram duplicados a da 150
anos. Na segunda onda, a duplicidade dos dados passou a ocorrer a cada 50
anos. A terceira onda chegou em 1950, quando isso acontecia a cada dez
anos. O universo digital dobrou os dados a cada dois anos e ele estimava que
até 2020 essa duplicidade aconteceria a cada 73 dias. O que realmente temos
atualmente?! O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda não
disponibiliza essa informação sobre os dados coletados no Brasil.

Para estancar a sangria das notícias falsas, ou amenizar essa


situação que gera insegurança. O movimento antropofágico registrado por
Oswald de Andrade na primeira metade do século passado durante o
modernismo brasileiro deve ser observado e trazido para enfrentar as
fakenews, que não devem ser engolidas pelos cidadãos sem o ato da reflexão
e análise sobre qual é a fonte de informação.

12. DESAFIO: POLARIZAÇÃO X PARTICIPAÇÃO SOCIAL


Para integrar é preciso conhecer o público, por essa razão a
netnografia deve ter ferramentas para que os dados sejam coletados.
Recordando que Mato Grosso foi ocupado, na década de 1970, por colonos
sulistas insuflados pelo governo militar. Então vamos começar pelo princípio da
história de migração no Brasil, desde o ‘descobrimento’ como os professores
ainda ensinam nas escolas em todo território nacional, bem como em Portugal.

Comunicar-se significa sobreviver, mas o conteúdo ainda é o mais


importante. A informação não faz sentido se não houver aplicabilidade. Os
registros da comunicação pré-cabralina, Colonial, Império e República estão
muito bem colocados na obra Folkcomunicação: um estudo dos agentes e dos
meios populares de informação de fatos e expressão de ideias. A viagem pela
história proposta por Luiz Beltrão começa com a fumaça e os grunhidos que
ecoavam pelas florestas brasileiras antes de aportar por aqui os portugueses.

“Meios de comunicação não faltavam ao indígena, para quem a selva


não tinha segredo: ele a percorria, abrindo picadas e deixando roteiros
31

mediante incisões nas árvores, inscrições rupestres e marcas diversas;


comunicava-se a distância pelas pancadas do trocano, chama e fumo
das fogueiras e pelos sons transmitidos pelo camiassu; recebia as
notícias de viva voz pelos pajés e caraíbas, em constantes andanças
de taba em taba....” (BELTRÃO, 2014, p. 81)

Com a chegada dos portugueses, o ensinamento dos seguidores da


Sociedade de Jesus, Inácio de Loiola criou um exército, formado por
autóctones, com técnica de informação que formou o Brasil colonial. Seus
discípulos tinham relatórios, balancetes, consultas, listas e correios, tudo com
sucesso para apresentar aos jesuítas.

“Ninguém suplantou os jesuítas na sua compreensão do valor da


informação; ninguém como ele soube aprender o significado dos fatos
correntes e, através deles, descortinar o futuro.” (BELTRÃO, 2014, p.
92)

Assim como os políticos ainda buscam exemplos em ‘Maquiavel”, os


jornalistas que trabalham nas TVs legislativas, em especial a TV Assembleia
MT, devem buscar no exemplo dos Jesuítas a forma simples e eficaz para se
comunicar com o cidadão, tendo consciência que seu trabalho não é para o
parlamentar, mas sim para o povo que ele representa.

Movimentar a sociedade atual com a mesma destreza que os


Jesuítas conseguiram fazê-lo no período de colonização lusófona. Repito, letrar
os analfabetos políticos, parafraseando Bertold Brecht, apontar o caminho do
exercício da cidadania por meio de participação efetiva, usando a informação
da TV Pública para estimular o pertencimento concreto a uma sociedade
organizada.

“Enquanto as comunidades da época ainda se mantinham isoladas,


enfeudadas, recebendo com morosidade e atraso apenas os ecos
das informações de ideias e fatos que iriam influir decisivamente no
seu destino, os jesuítas tinham diante de si, com exclusividade, fresco
e vivo, mediante essas trocas constante de notícias todo o quadro da
atualidade.” (BELTRÃO, 2014, p.89)

Uma tarefa própria da natureza humana, que pode ser favorecida


com as novas tecnologias e integrar um Estado de grandes distâncias
32

geográficas, mas que já se comunica com o mundo e precisa aprender a se


comunicar com as instituições públicas, sem esperar no seu hinterland as
notícias dos Poderes concentrados na capital mato-grossense e que interferem
diretamente no cotidiano das comunidades. É uma proposta de proatividade,
que sem a rede mundial de computadores significava uma aspiração por
novidades, sem uma grade de programação exata.

“A informação oral corre como que nas asas do vento. O ouvinte de


agora será o veículo de daqui a pouco, em razão daquela
necessidade instintiva da natureza humana de informar-se e informar.
Como antigamente o mascate e o tropeiro, os grandes portadores de
novidades dos dias atuais, no hinterland, são o caixeiro-viajante e o
chofer de caminhão. O seu contato frequente com os grandes
centros, a sua extraordinária mobilidade, os seus conhecimentos das
pessoas, dos costumes, das sociedades interioranas, o seu interesse
profissional – tudo os torna excelentes veículos de informação, hábeis
repórteres e porta-vozes da opinião coletivas.” (BELTRÃO, 2014,
136)

Os memes são melhores assimilados e o cidadão comum, que paga


muitos impostos, não tem o tempo da vida acadêmica que reserva
profundidade em assuntos. Por esse motivo, talvez seja atávico, está a
comunidade esperando o ‘salvador da pátria’. Um axioma vindo da religião
ocidental que se customiza a cada dia no entendimento Bíblico, bem como os
advogados fazem com a interpretação das leis brasileiras, que dão margem a
muitas formas de entendimento.

Evidenciada que é a linguagem simples e direta que nasceu no rádio


e depois imigrou para a televisão, essa deve ser usada para o treinamento do
cidadão do século XXI que está cada vez mais ligado ao seu computador de
mão, que também serve como telefone.

Analisando a netnografia do cidadão, a TV Pública encontra o


caminho para se comunicar com as minorias, que conquistaram espaço neste
milênio. O primeiro trabalho, reforço, é a netnografia, pouco explorada para
planejamento de execução audiovisual.
33

“A perspectiva cognitiva toma o comportamento e seus produtos não


como objeto de pesquisa, mas como um dado que pode fornecer
evidências sobre os mecanismos internos da mente e sobre os modos
como esses mecanismos operam ao executar as ações e ao
interpretar a experiência” (CHOMSKY, 2005, p. 33)

Indubitavelmente, a reserva de mercado, produzida pelas


academias, afastou o cidadão empreendedor, que coloca comida na mesa da
sociedade, bem como produz bens e serviços, esse não aprendeu na escola o
b-a-bá da convivência democrática. Na sociologia e na filosofia do Ensino
Fundamental, que mais uma vez este ano saíram da obrigatoriedade dos
colégios, os professores cobram datas, nomes e textos, mas não a
compreensão dos estudantes. Isso forma uma massa social adulta que não se
lembra o que estudou porque nunca foi ensinada a usar seu conhecimento no
dia-a-dia. Por esse motivo o jornalismo precisa atuar de forma didática.

“Com a indústria e a técnica nascem novos senhores,


novos tipos de patrões, mas o tom é o mesmo: ‘ao fatalismo da
natureza, das chuvas e do destino, sucederá a religião do progresso,
da renda per capita e da eficácia milagrosa. Nesta religião o novo
pecado será o espírito crítico, a superação da disseminação
silenciosa dos marginalizados, a organização e a ação política’ (Silva,
1972: 10). A escola continua consagrando uma linguagem retórica e
distante da vida, de suas penas, suas ânsias e suas lutas, tornando
absoluta uma cultura que asfixia a voz própria, transmitindo ‘a visão
que a minoria dominante tem da história nacional, seu culto dos
heróis, seus ódios, e seus entusiasmos, seus mitos e seus
preconceitos que ficaram como conteúdo das cartilhas que
metodicamente soletram os estudantes de todo o país’ (Restrepo,
1970: 7)” (BARBERO, 2014, p. 25)

Para corroborar a frase do parágrafo anterior, sobre adultos


analfabetos-funcionais, está a pesquisa de Barbero sobre a necessidade do
deslocamento da escola tradicional para a capacitação constante, é preciso
despertar para isso, caso contrário outro sociólogo pode ser citado para
referendar a reflexão: Barbero cita Bourdieu quando o assunto é que os alunos
fingem que aprendem e os professores fingem que ensinam sem se adaptarem
aos novos modelos de vida:
34

“Não por culpa dos professores ou dos alunos, mas pela existência
de um ecossistema comunicativo que, ao catalisar as sinergias entre
a perda de vitalidade das grandes instituições modernas e o
surgimento de outras formas de pertencimento e sociabilidade, faz
com que o sistema educativo seja incapaz de conectar-se a tudo o
que os alunos devem deixar de fora para estar-na-escola: seu corpo e
sua alma, suas sensibilidades e gostos, suas incertezas e raivas.”
(BARBERO, 2014, p. 122)

Barbero corrobora o pessimismo metafísico que não permite pensar.


Ele ainda aponta a incompreensão das Ciências Sociais para com o mundo
audiovisual, denuncia o rancor dos intelectuais:

“O que significa que as lutas contra a avassaladora lógica mercantil


que devora esse meio – acelerado a concentração e o monopólio -, a
defesa de uma televisão pública que esteja nas mãos não do governo,
mas sim das organizações da sociedade civil, a luta das regiões para
construir as imagens de sua diversidade cultural acabariam por
completo irrelevantes e ineficazes.” (BARBERO, 2014, p. 50)

O ensino básico e fundamental pluraliza os analfabetos por rejeitar


tanto as novas tecnologias quanto o conhecimento produzido por uma cultura
específica que não faz parte da Academia. Barbero trata dos múltiplos
deslocamentos do livro, trata da incapacidade da escola em inserir novos e
ativos modos de relação com o mundo, critica o etnocentrismo dos letrados
ocidentais, critica o livro como único caminho de saber e de reflexão, trata da
alienação e exclusão que marca a formação das américas.

Portanto a adaptação ao novo é o caminho, deixando de lado a


legitimidade do prestigio intelectual cristalizado, inclusive, por meio da
Gramática. Sim, alguém que passou por uma graduação deve no mínimo
conhecer a língua pátria, mas não é nossa realidade formada por cidadãos com
ascendência europeia, africana e dos povos autóctones com suas diferentes
etnias. O Português foi imposto aos indígenas, bem como aos imigrantes,
principalmente os que chegaram depois das duas grandes guerras e
precisaram aprender o idioma.

A ‘torre de babel’ brasileira da primeira metade do século passado


não pode ser negligenciada, muito menos as idiossincrasias instaladas em
35

Mato Grosso no período chamado de integração nacional, promovida pelos


militares que tomaram o Poder em meados do século passado. A norma culta
está sendo revista na atualidade. Ela é importante, mas cria segregação injusta
para os cidadão que vivem à margem da sociedade.

“Convertida em moral de Estado, a gramática procuro impor a ordem


dos signos na mais desordenada realidade social, ao mesmo tempo
que o formalismo linguístico, reforçando o formalismo legalista, se pôs
a serviço da exclusão cultura.” (BARBERO, 2014, p. 62)

A primeira massa de traços culturais tão diferentes que se encontrou


na terra de Cabral concentrou sua atenção no rádio, como o porta voz da
interpelação comunicacional. Desde o Império havia expectativas de abrandar
as diferenças socioeconômicas com romances de José de Alencar, mas ainda
a barreira da leitura impedia a massa de conhecer esses movimentos de
interação. Com o rádio e a televisão convergidos atualmente na rede mundial
de computadores, somado ao fato de real interação com o meio, há uma
possibilidade de diálogo social.

“Pela forma como os meios se relacionam com o público, ocorre,


finalmente, uma das mudanças mais importantes: a transformação da
cultura de massas em uma cultura segmentada” (BARBERO, 2014, p.
73)

Portanto o desafio de amenizar a polarização nas redes sociais


resultando em agressão verbal e acarretando problemas ainda mais sérios é
arquitetar uma conversação em rede do Poder Legislativo com o cidadão
representado na Casa de Leis.

“É a comunicação da educação com sua cidade-ambiente que está


nos exigindo pensar a fundo o novo estatuto da mutação
sociotécnica, que hoje desafia o sistema educativo ao abalar não
poucas hierarquias e fronteiras na sociedade” (BARBERO, 2014, p.
141)

Concomitante ao espaço virtual para deliberações deve haver um


planejamento para atingir também a cognição que efetive o exercício da
cidadania por meio de políticas públicas orientadas por especialistas de cada
área. Isso já existe na Assembleia Legislativa de Mato Grosso por meio das
36

comissões parlamentares e câmaras setoriais temáticas. No entanto essas


discussões, que são transmitidas ao vivo, não chegam ao grande público ou
não são entendidas por todos porque tratam de diferentes áreas científicas
segmentadas.

“Encontraria a explosão da opinião pública em palavras e atos


aparentemente vazios ou inócuos de sentido reivindicatório.
Editorialistas vibrantes em iletrados e analfabetos. Editores sagazes
em pobres-diabos sem tostão e sem empresa” (BELTRÃO, 2014, p.
67)

O desafio é aplacar os ferozes ignorantes dando-lhes informação


necessária para o exercício da cidadania e acompanhamento da execução
orçamentária que tem publicidade, mas que precisa ser colocada em uma
linguagem acessível num texto que evite exacerbamentos de adjetivos, com
credibilidade formando a legitimidade do Poder instituído.

13. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Utopicamente este artigo científico propõe a criação de métodos
netnográficos para a TV Assembleia MT. O resultado do trabalho é criar um
espaço de deliberações efetivas, com polidez, para a construção de políticas
públicas adequadas à sociedade mato-grossense.
Estimular a participação popular para que a cidadania seja efetivada por
intermédio das redes sociais já existentes, para que não haja mais gastos do
dinheiro público. Tudo isso por meio da adequação da linguagem audiovisual
para a rede mundial de computadores.

A ideia é incentivar o setor de informática do Parlamento a orientar os


jornalistas no cruzamento de dados e a partir dos dados coletados teremos a
netnografia da TV Pública.

Com esse material, as informações devem ser direcionadas de forma


simples e eficaz de acordo com o interesse dos cidadãos, bem como
posicionando políticas públicas conforme o desenvolvimento planejado. A TV
Assembleia MT já é uma realidade e está aberta ao cidadão. A proposta desse
37

artigo científico é dar mais eficiência ao trabalho que deve beneficiar quem
paga impostos, bem como otimizar o orçamento.

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BACELLAR, Luciane e Luciana Bistane. Jornalismo de TV, editora Contexto,
2010.

BARBEIRO, Heródoto e Paulo Rodolfo de Lima. Manual de telejornalismo: os


segredos da notícia na TV, Editora Campus, 2ª edição, 2005.

BARROS, Aidir Jesus Paes de Barros e Neide Aparecida de Souza lehfeld.


Fundamentos de Medologia, editora McGraw-Hill, 1986.

BAUMAN, Zygmunt. 44 cartas do mundo líquido, Zahar, 2011.

BAUMAN, Zygmunt. Capitalismo Parasitário, editora Zahar, 2010

BELTRÃO, Luiz. Folkcomunicação: um estudo dos agentes e dos meios


populares de informação de fatos e expressão de ideias, EdiPURS, 2014.

CHOMSKY, Noam. Novos Horizontes no Estudo da linguagem e da Mente,


editora Unesp, 2005.

COLLARO, Antonio Celso. Produção Visual e Gráfica, Summus Editorial, 2005.

CREMADES, Javier. Micro Poder: a força do cidadão na era digital, editora


Senac SP, 2009.

FREIRE, Paulo e Sérgio Guimarães. Educar com a Mídia: novos diálogos sobre
Educação, editora Paz e Terra, 2011.

GABARDO, Ademir C. Análise de REDES SOCIAIS: uma visão computacional,


editora Novatec, 2015.

INTERVOZES. Levante Sua Voz - Documentário que mostra o poder da mídia


na nossa formação. Publicado em 9 de mar de 2013 por Jean Lucas no canal
do Youtube.

KOZINETZ, Robert V. Netnografia: realizando pesquisa etnográfica online,


editora Penso, 2014.
38

LÉVY, Pierre e Michel Authier. As árvores de conhecimento, editora Escuta,


2008.

LIBERALI, Rafaela. Metodologia Científica Prática: um ‘saber fazer’ competente


da Saúde à Educação, editora Post Mix, Florianópolis, 2011.

MARTIN-BARBERO, Jesus. A comunicação na Educação, editora Contexto,


2014.

MARTINO, Luís Mauro Sá. Teoria das Mídias Digitais, editora Vozes, 2014.

MELO, José Marques de. Mídia e cultura popular, editora Paulus, 2008.

PORCHER, Louis. A escola paralela, editora Livros Horizonte, 1974.

RECUERO, Raquel. A conversação em Rede, editora Sulina, 2012.

UTSCH, Sérgio e Alexandre Carvalho, Fabio Diamante, Thiago Bruniera.


Reportagem na TV, editora Contexto, 2010.

VILALBA, Rodrigo. Teoria da Comunicação: conceitos básicos – São Paulo:


Ática, 2006.

15. REFERÊNCIAS DA INTERNET


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http://unicanews.com.br/artigo/crise-no-mundo-dos-influenciadores-
digitais/18281

CIBRIDISMO. Martha Gabriel: https://www.youtube.com/watch?v=qGJ3iYCpyik

CAPACITAÇÃO CONTINUADA:
https://www.youtube.com/watch?v=WauIURFTpEc

SITE DE CONCURSEIROS:
http://www.forumconcurseiros.com/forum/forum/concursos/%C3%81rea-
legislativa/estadual-ac/132716-concurso-al-mt-2013

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