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BLOCOS DE CONCRETO

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BLOCOS DE CONCRETO PAVIMENTO INTERTRAVADO

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PAVIMENTO INTERTRAVADO

Projeto Avaliação de Ciclo


de Vida Modular de Blocos
e Pisos de Concreto

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APRESENTAÇÃO MODULAR
PAVIMENTO INTERTRAVADO

“A indústria do bloco de concreto tem vivenciado e seguido as diferentes fases da Construção


Civil. Passamos pela fase da normatização dos sistemas construtivos nas décadas de 70 e 80,
com as primeiras normas ABNT para os materiais de construção. Nas décadas de 90 e anos
2000, o movimento da cadeia foi o da qualidade, com a criação dos selos de qualidade e dos
programas setoriais de qualidade – PSQ. Nesse contexto, os blocos de concreto sempre conta-
ram com normas de produtos e dos sistemas construtivos atualizados, e em relação à quali-
dade, o Selo ABCP e o PSQ de blocos de concreto gerenciado pelo Sinaprocim são referências
importantes para o mercado que procura fornecedores qualificados.
Quando o foco da construção civil foi a racionalização e a industrialização de processos, o
bloco de concreto demonstrou ser uma excelente opção construtiva. Agora, vivemos o momento
em que toda a cadeia de Construção Civil se volta para a sustentabilidade, cujos pilares social,
econômico e ambiental confluem para a ecoeficiência dos produtos e sistemas.
E é com uma iniciativa como esta, partilhada entre BlocoBrasil e ABCP, de colocar a indús-
tria de blocos de concreto como o primeiro setor da Construção Civil, de entender e executar os
passos necessários para se atingir o equilíbrio da ecoeficiência, que este importante trabalho
realizado pelo CBCS para nosso setor se apresenta como a ferramenta ideal para a avaliação
ambiental da indústria.”

Ramon O. Barral
Presidente da BlocoBrasil

“A indústria de cimento no Brasil é reconhecida por sua eficiência energética e é referência mun-
dial na produção de cimento com baixa emissão de carbono. A ABCP, em seu papel de fomentar o
desenvolvimento de produtos e sistemas construtivos à base de cimento, incentiva que a mesma
eficiência seja também alcançada nas cadeias que utilizam o cimento como matéria-prima.
Estamos seguros que ao aliar cimentos com baixa emissão de carbono com produtos fabri-
cados de forma otimizada - isto é, justo consumo de matérias-primas com baixa geração de
resíduos - é possível obter sistemas construtivos à base de cimento de elevada contribuição à
sociedade e ao meio ambiente.
O trabalho pioneiro, desenvolvido pelo CBCS e aplicado na indústria de blocos de concreto, deve
ser multiplicado por toda a cadeia dos produtos à base de cimento, o que permitirá destacar ainda
mais a indústria brasileira de cimento e sua cadeia produtiva como referências mundiais.”

Renato José Giusti


1
Presidente da ABCP
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS –
RELATÓRIO ACV-M
ACV Avaliação do Ciclo de Vida
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRAMAT Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção
ACV-m Avaliação do Ciclo de Vida Modular
ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres
BCE Blocos de Concreto para Alvenaria Estrutural
BCP Blocos de Concreto para Pavimento Intertravado
BCV Blocos de Concreto para Alvenaria de Vedação
BEN Balanço Energético Nacional
BRE Building Research Establishment
CBCS Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CLF Carbon Leadership Forum
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CSI Cement Sustainability Initiative
Deconcic Departamento da Indústria da Construção
ELCD European Reference Life Cycle Database
EPA Environmental Protection Agency
EPD Product Category Rules
EPE Empresa de Pesquisa Energética
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
GRI Global Reporting Initiative
IEMA Instituto Estadual de Meio Ambiente
IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change
ISO International Organization for Standardization
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
MME Ministério de Minas e Energia
PBACV Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida
PCR Product Category Rule
PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
PURA Programa de Uso Racional de Água
SINDIBRITA Sindicato da Indústria de Mineração de Brita do Estado do RJ
UF Unidade Funcional
2 WBCSD World Business Council for Sustainable Development
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SUMÁRIO MODULAR
PAVIMENTO INTERTRAVADO

A realização de uma Avaliação do Ci- de Concreto (Bloco Brasil), o projeto


clo de Vida (ACV) é fundamental para foi inicialmente implementado no setor
o levantamento dos principais po- de blocos de concreto para alvenaria e
tenciais impactos ambientais causa- para pavimento. Esse projeto é consi-
dos por um produto ou serviço. Essa derado o piloto para o estabelecimen-
quantificação somente é possível pelo to de uma plataforma nacional de ACV
conhecimento dos fluxos de entrada simplificada proposta pelo CBCS.
e saída de um processo produtivo. A O objetivo do Projeto ACV-m é esti-
simplificação do método de ACV per- mar faixas dos cinco principais indica-
mite que esse estudo seja realizado dores do setor de blocos de concreto:
em sistemas que não possuam todos uso de materiais, consumo de energia
os dados mensuráveis disponíveis. O e água, emissão de CO2 e geração de
uso de dados secundários e a redu- resíduos no processo de produção. Os
ção do sistema considerado são cami- blocos de concreto selecionados para
nhos para tornar a realização de uma o estudo são blocos estruturais e de
ACV factível e representativa, além de vedação e blocos para pavimentos
estimular nas empresas a cultura de intertravados com 35 MPa. Para o
registrar informações importantes da estudo foi utilizada a metodologia da
produção, que possam contribuir para avaliação do ciclo de vida simplificada,
melhorias contínuas no desempenho denominada modular, por representar
de cada uma delas. uma primeira etapa, com um escopo
O Conselho Brasileiro de Constru- específico, para a execução de uma ACV
ção Sustentável (CBCS) teve a inicia- completa no futuro.
tiva de desenvolver um projeto para Os dados analisados foram coleta-
levantamento de impactos ambien- dos em 33 fábricas de blocos, locali-
tais causados pela indústria brasileira zadas em diferentes regiões do Brasil.
de materiais de construção, nomeado Com as informações declaradas pelas
de Projeto ACV Modular (ACV-m). Com empresas, foram calculados os princi-
parceria da Associação Brasileira de Ci- pais indicadores ambientais referentes
mento Portland (ABCP) e da Associa- aos produtos mais representativos no
ção Brasileira da Indústria de Blocos mercado nacional.

3
ÍNDICE
Apresentação...........................................1 6 Metodologia.............................. 24
Lista de abreviaturas e siglas – Relatório 6.1 Levantamento dos dados................... 24
ACV-m...............................................2
6.2 Treinamento .................................... 24
Sumário...................................................3
6.3 Definição das unidades dos insumos ... 24

1 Introdução.................................. 6 6.4 Fator de emissão de CO2 e energia


incorporada dos insumos................... 26
6.4.1 Eletricidade e Combustíveis................. 26
2 Projeto ACV Modular.................... 8
6.4.2 Matérias-primas ................................ 28
2.1 Introdução à ACV................................8
6.5 Métodos para análise de inventário
2.2 Abordagem modular............................9 do ciclo de vida – Produtos
analisados no estudo......................... 29
2.3 Escopo mínimo da ACV-m................... 10
6.5.1 Produção em massa............................ 31
2.3.1 Emissões de CO2 ................................ 10
6.5.2 Produção em número de peças............ 31
2.3.2 Energia............................................. 11
6.5.3 Produção em área ............................. 31
2.3.3 Água ............................................... 11
6.5.4 Teor de cimento por peça................... 31
2.3.4 Resíduos........................................... 11
6.5.5 Teor de cimento em % da massa.......... 32
2.3.5 Uso de matérias-primas...................... 12
6.5.6 Teor de cimento em kg/m³................. 32

3 ACV de Blocos de Concreto......... 13 6.5.7 Consumo de água por peça................. 32


6.5.8 Consumo de água em % da massa........ 32
3.1 Produtos estudados........................... 13
6.5.9 Consumo de água em litro/m²............. 33
3.2 Universo de empresas representadas... 14
6.6 Estimativa da quantidade total de
3.3 Fronteira do estudo........................... 15 produtos da fábrica........................... 33
6.6.1 Produção total da fábrica em m².......... 34
4 Resíduos .................................. 16
6.6.2 Produção total da fábrica em m³.......... 34
4.1 Perdas de processo............................ 16
6.7 Estimativa de combustível pelo
4.2 Alocação dos impactos....................... 17 transporte das matérias-primas..............34
6.7.1 Transporte por caminhão.................... 35
5 Pegada de água.......................... 18 6.7.2 Transporte por trem........................... 36
5.1 Pegada de água no âmbito da ACV-m... 20 6.8 Cálculo dos indicadores...................... 36
5.1.1 Quantidade de água doce retirada/ 6.8.1 Indicador de cimento ........................ 36
captada classificada por fonte .............. 20
6.8.2 Indicador de agregados ...................... 37
5.2 O caso da produção de blocos de
6.8.3 Energia............................................. 37
concreto.......................................... 21
6.8.4 Emissão de CO2 ................................. 39
5.2.1 Uso indireto de água – nos insumos..... 21
4 6.8.5 Água ............................................... 40
5.2.2 Uso direto – na fábrica....................... 22
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6.8.6 Resíduos .......................................... 41 14.3 Incerteza da massa informada do
produto........................................... 80
7 Análise de consistência 14.4 Estimativa do volume do produto
dos dados - Balanço de quando o teor de cimento foi
massa entre insumos e informado em kg/m³......................... 81
produtos informados............... 43 14.5 Incerteza quanto às considerações
realizadas para o levantamento da
água de composição por peça............. 81
8 Análise da massa informada por
produto................................... 50 14.6 Estimativas de quantidades de
insumos transportadas e veículo
utilizado.......................................... 82
9 Tipos de cimentos utilizados
14.7 Levantamento de alguns
e cura térmica......................... 54 combustíveis utilizados na fábrica...... 82
14.8 Imprecisão na definição de perdas e
10 Análise das perdas e resíduos resíduos de produção total................. 82
informados............................. 56
14.9 Outros resíduos, que não oriundos
das perdas de produção..................... 83
11 Indicadores setoriais............... 58 14.10 Metodologia para realização das
auditorias........................................ 83
12 Indicadores da ACV-m.............. 59
12.1 Indicador de energia incorporada...... 59 15 Conclusões – Projeto ACV-m..... 84
12.2 Indicador de Emissão de CO2 ............ 61 15.1 Indicador de energia incorporada...... 84
12.3 Indicador de Água........................... 63 15.2 Indicador de emissão de CO2 ............ 84
12.3.1 Consumo de água de composição
do concreto por peça........................... 63 16 Referências............................. 85
12.3.2 Consumo de água total da fábrica..... 67 Anexos.................................................. 87
Sobre o CBCS.......................................... 90
13 Sobre os intervalos de incerteza.79
CBCS - Conselho Brasileiro de Construção
Sustentável...................................... 90
14 Análise crítica da metodologia .80 Missão................................................... 90
14.1 Escopo limitado do projeto............... 80 Ficha técnica.......................................... 90
14.2 Unidade de produção total da fábrica.80

5
1 INTRODUÇÃO
A construção civil é um dos setores que para tomada de decisão é equivocada e
mais impacta o meio ambiente, consu- pode causar enormes impactos.
mindo recursos naturais mais do que Essa realidade traz a necessidade de
qualquer outro setor industrial. Os resí- empregar a ACV Modular (ACV-m), que
duos gerados pelo setor correspondem trabalha apenas com os aspectos am-
a quase metade dos resíduos sólidos bientais mais críticos. O objetivo é re-
urbanos. De 5 a 10% das emissões de duzido, mas é mantida a sincronia com
gases do efeito estufa de um país estão o método de ACV tradicional. Assim, a
associadas ao uso em larga escala do característica principal e a sua impor-
cimento e do concreto (JOHN, 2011). tância não são perdidas, obtendo uma
Dentre os diversos atores presentes redução de tempo e de custo.
na cadeia da construção civil (fabri- O Projeto ACV-m tem como objetivo
cantes de materiais, construtoras, usu- avaliar os impactos ambientais da in-
ários, empresas de manutenção, entre dústria de materiais de construção, sen-
outros) e as diferentes etapas do ciclo do inicialmente implementado no setor
de vida (fabricação de materiais, cons- de blocos de concreto. Em principio, os
trução, uso, demolição, destinação produtos cimentícios em foco são blo-
final), a seleção de materiais e com- cos para pavimentação, de alvenaria
ponentes durante a etapa de projeto estrutural e de vedação, onde foram
e construção do edifício no Brasil tem selecionados os tipos de produtos mais
impactos significativos em termos de representativos no mercado consumidor.
emissão de gases do efeito estufa. A metodologia adotada gera múlti-
A ferramenta consolidada e interna- plos produtos. Auxiliará os usuários na
cionalmente difundida para quantificar avaliação dos principais impactos am-
os impactos ambientais associados à bientais das construções que utilizam os
fabricação dos materiais é a Avaliação componentes de concreto. Uma inovação
do Ciclo de Vida (ACV). Dados brasilei- importante é que o resultado público não
ros baseados em ACV não foram desen- se resume a um único valor típico, mas
volvidos para a quase totalidade dos se- apresenta toda a faixa de variação ob-
tores. A ausência de dados para análise servada no mercado, o que cria um alerta
e diagnóstico faz com que referências aos consumidores para a importância de
internacionais sejam empregadas pelo selecionar fornecedores comprometidos
mercado nacional. Adotar os dados de com qualidade e meio ambiente.
outras realidades produtivas pode ge- Como o processo envolveu um
6
rar um falso cenário, cuja utilização grande número de empresas, será pos-
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sível a cada fabricante participante ser feita periodicamente, indicando a


que: a) avalie, de forma quantitativa, evolução do setor e das empresas in-
o potencial dos impactos ambientais dividuais, criando um movimento pela
mais relevantes dos produtos; b) com- ecoeficiência setorial, com benefícios
pare o desempenho da empresa com para toda a sociedade.
as demais participantes; c) controle o O projeto pode ser apontado como
processo produtivo com intervenções um instrumento para a formação da
fundamentadas em critérios ambien- metodologia da simplificação, que
tais; e d) estabeleça metas internas poderá facilitar a execução de uma
de desempenho e melhoraria do de- ACV mais completa no futuro. O mé-
sempenho geral da empresa. As asso- todo desenvolvido é compatível com
ciações setoriais poderão analisar o o adotado pelo Programa Brasileiro de
desempenho agregado do setor. Como Avaliação do Ciclo de Vida (PBACV) e
muitos aspectos ambientais implicam poderá ser adotado pelas indústrias de
em custos, está implícita uma com- materiais de construção e construto-
paração econômica, o que aumenta ras ­brasileiras.
a atratividade. Uma vez estabelecida A Associação Brasileira de Cimento
uma metodologia que seja simples e Portland e a Bloco Brasil são pioneiras
7
robusta, a coleta dos dados poderá nesta abordagem.
2 PROJETO ACV MODULAR
O projeto ACV Modular (ACV-m) faz mundo. Em regiões onde sua realização
parte do Programa Brasileiro de Ava- é possível, muitas informações podem
liação do Ciclo de Vida (PBACV), sendo não estar disponíveis nos primeiros es-
responsável pelo inventário dos mate- tágios de desenvolvimento de um pro-
riais e componentes de construção ci- duto (SUN; RYDH; ­KAEBERNICK, 2003),
vil. Esta atividade é coordenada pela onde a ACV poderia ser uma ferramenta
ABRAMAT e FIESP-Deconcic. muito útil.
Todos estes fatores diminuem a
2.1 INTRODUÇÃO À ACV participação da Avaliação do Ciclo
A Avaliação do Ciclo de Vida é uma de Vida nas tomadas de decisões de
ferramenta de medida dos impactos mercado, reduzindo sua capacidade de
ambientais aceita mundialmente. Ela contribuir na diminuição dos impac-
é baseada em uma lista de fluxos1 de tos ambientais. Adotar soluções sim-
massa e energia de todas as etapas, ao plificadoras é uma imposição nos dias
longo do ciclo de vida de um produto atuais. Para essa ação, três vias são
ou serviço. Estes fluxos de massa são possíveis: (a) qualitativa; (b) dados
combinados, permitindo a avaliação do secundários e escopo completo e (c)
impacto do ciclo de vida de um produ- redução do escopo.
to por meio de diferentes categorias de A ação qualitativa é também chama-
impactos ambientais. da de ACV conceitual, pois é mais simples
As categorias mais comuns são: es- e dispensa o levantamento de dados. O
gotamento de recursos abióticos, aque- uso de dados secundários com o escopo
cimento global, destruição da camada completo é adotado em muitos estudos
de ozônio, toxicidade humana, toxici- de caso que utilizam a ACV, apesar de
dade em meio aquático, acidificação, não serem divulgados como sendo uma
eutrofização, entre outras. Entretanto, simplificação. A redução do escopo pos-
uma avaliação que contemple todas es- sibilita que os resultados encontrados
sas categorias necessita de dados espe- pela sua adoção sejam mais simples,
cíficos, o que requer equipamentos so- visando compreender o setor em que a
fisticados por um longo período, além ACV é aplicada. Ela também reduz a ne-
de uma equipe especializada, que não cessidade do uso de dados secundários.
estão disponíveis em muitas partes do Esse tipo de abordagem tem baixo custo
e continua sendo quantitativa, mas per-
mite a realização de inventários em um
8 1 Os fluxos de massa e energia são também chamados de
aspectos ambientais. grande número de processos.
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Na prática, é possível e até neces- mas associá-lo às faixas de variação


sário combinar as diferentes formas de dos impactos esperados no mercado.
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ACV simplificada. É também possível A adoção de um valor médio, típico PAVIMENTO INTERTRAVADO

ampliar progressivamente o conteúdo da simplificação baseada em utiliza-


de uma ACV de escopo reduzido, tor- ção de dados secundários e adotado
nando-a gradativamente mais comple- quase universalmente (inclusive pelo
ta. Esta proposta evolutiva é adotada ELCD - European Reference Life Cycle
pela ACV-m. Database), tem inúmeros problemas. O
valor médio se baseia na hipótese de
2.2 ABORDAGEM MODULAR que “rotas tecnológicas” iguais levam
A avaliação do ciclo de vida modular a impactos ambientais que podem ser
(ACV-m) é uma evolução da ACV. Em seu comparados.
nível básico, as empresas participantes Em primeiro lugar, o valor médio
listam apenas os impactos ambientais do produto tende a se tornar uma
mais críticos. O escopo é reduzido, mas verdade e passa a ser associado pelo
continua sincronizado com o método de consumidor (e até pelo fabricante)
ACV tradicional e, na medida em que a como sendo uma característica da-
empresa e o setor ganhem experiência, quele produto. Basta lembrar que até
pode ser rapidamente ampliado. Assim, hoje permanecem na literatura brasi-
não se perde sua característica essen- leira, e em apostilas de muitos cursos,
cial e nem a sua importância. Além informações de que a produção de ci-
disso, ao reduzir o tempo de execução, mento utiliza 6 GJ/t e emite 1 tCO2/t
permitem que o inventário seja atua- de produto, valores típicos dos anos 70
lizada continuamente. Ao se reduzir o e que são 40% superiores à média do
custo e a complexidade, faz com que setor atualmente. Este tipo de informa-
as pequenas e médias empresas possam ção permitiu a proliferação de estudos
integrar esta ferramenta de gestão am- e artigos comparando aritmeticamente
biental ao dia a dia da empresa. os impactos de sistemas construtivos
Uma característica muito impor- baseados em diferentes materiais, mui-
tante da abordagem da ACV-m é evi- tas vezes apresentando informações
tar associar as emissões de um pro- aleatórias. A ACV passa a ser então um
duto a um valor “representativo2”, instrumento de competição entre as ca-
deias industriais, um problema quando
2 Na realidade, nos dias de hoje, poucos inventários rea- se sabe que, devido à enorme deman-
lizados em uma amostra significativa de fabricantes em
um determinado mercado permitem estimar uma média da por materiais de construção, não é
de forma objetiva. Assim, a escolha do “representati- possível imaginar um futuro em que
vo” reflete frequentemente o dado existente ou uma
algum dos materiais mais populares
escolha com variado grau de arbitrariedade, dentro da 9
hipótese de que rotas tecnológicas são ­comparáveis. não tenha mercado.
Em segundo lugar, esta prática fa- Na metodologia ACV-m sempre que
lha em alertar o consumidor sobre o forem usados dados genéricos a incer-
potencial de diminuir os impactos teza deve ficar clara, apresentando-se
ambientais pela simples seleção de a faixa de variação em que é provável
fornecedores, sem mudança de tec- que o impacto do produto ou serviço
nologia. Do ponto de vista do fabri- em questão se encontre. Assim, o ob-
cante (e dos agentes públicos), falha jetivo é, a partir do inventário de um
em alertar o potencial de melhoria dos número razoável de empresas, estimar
processos produtivos. faixas, com valores mínimos e máxi-
Em terceiro lugar, iguala empresas mos dos consumos de matérias-primas,
com compromissos ambientais mui- energia e água, das emissões de CO2 e
to diferentes. Mais do que isto, ao de resíduos gerados.
divulgar somente um valor, o procedi- O Projeto ACV-m está sendo colocado
mento claramente protege as empresas em prática primeiramente no setor de blo-
com impactos ambientais maiores que cos de concreto. Em princípio, os produ-
a média. Ao fazê-lo, expõe as empresas tos cimentícios contemplados são blocos
mais comprometidas com a proteção para pavimento, de alvenaria estrutural e
ambiental – as quais são de interesse de vedação, selecionando-se os mais re-
da sociedade proteger – atribuindo a presentativos no mercado consumidor.
elas a responsabilidade e o custo de A seguir é apresentado o escopo
reunir evidências e divulgar que elas mínimo da metodologia de ACV-m. Se-
são melhores que a média, em uma luta tores industriais e empresas poderão, a
desigual, que exige recursos que mui- seu critério, realizar estudos em esco-
tas vezes não possuem. po ampliado para atender suas neces-
Por outro lado, ao divulgar apenas as sidades de identificação dos impactos
faixas de impacto ambiental, a aborda- ambientais mais importantes.
gem da ACV-m mostra à sociedade e ao
fabricante o potencial de diminuição de 2.3 ESCOPO MÍNIMO DA ACV-M
impactos que existe dentro desta mesma 2.3.1 EMISSÕES DE CO2
tecnologia. Ao não “rotular” um produ- O impacto do homem no clima, cola-
to como tendo determinado impacto, borando para um aquecimento global
ela facilita ao fabricante a tarefa de in- de desastrosas consequências, é uma
formar seus próprios impactos. Ao ado- das preocupações mais importantes da
tar o escopo mínimo simplificado, abre humanidade. Uma série de gases que
espaço para pequenas e médias empre- podem ser liberados por atividades
sas realizarem suas listas para o levan- ­humanas (chamados gases antropogê-
tamento dos seus impactos ambientais. nicos) contribuem para a mudança no
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clima. Segundo o IPCC, devido à larga biental e possui muitas ações voltadas
escala de produção, o CO2 – gás car- para edifícios.
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bônico – é responsável por 76,6% do A energia é também um elevado PAVIMENTO INTERTRAVADO

aquecimento global, seguido pelo me- custo para empresas. Por esse motivo,
tano (14,3%) e N2O – óxido nitroso – invariavelmente, o consumo é medido
(7,9%) (IPCC, 2007). permanentemente. Energia é um dos
As emissões de CO2 de um proces- indicadores mínimos da ACV-m.
so são relativamente simples de esti-
mar. Vários métodos estão disponíveis 2.3.3 ÁGUA
e fatores de emissão são razoavelmen- Água é um recurso escasso, particular-
te bem estabelecidos para os combus- mente nas regiões onde existe grande
tíveis mais importantes. Muitas em- concentração populacional, como as
presas já realizam esta medição como metrópoles brasileiras. O governo fede-
parte do sistema de gestão ambiental ral mantém o Programa de Uso Racional
usando metodologias largamente acei- de Água (PURA). Apenas recentemente
tas, como a do GHG Protocol. Por esta a água foi incorporada na metodologia
razão, o módulo “básico” da metodolo- de ACV com a emissão da norma ISO
gia de ACV-m inclui obrigatoriamente 14046:2014.
as emissões de CO2. Água e esgoto são também impor-
tantes itens de custo para as empresas.
2.3.2 ENERGIA Consumo de água é também um item
A energia não é um impacto ambiental, do escopo mínimo do projeto ACV-m. O
mas sua produção está, invariavelmen- item “Pegada de água” será detalhado
te, fortemente relacionada a impactos a seguir.
ambientais importantes. Isto inclui a
produção de energias renováveis, como 2.3.4 RESÍDUOS
a hidrelétrica e a f­otovoltaica. A geração de resíduos faz parte de qual-
Além disso, a energia elétrica, por quer processo de produção e consumo.
exemplo, exige no Brasil elevados in- A massa de resíduos, associada ao ciclo
vestimentos governamentais, trazendo de vida de um produto, é ­sempre maior
custos à sociedade. Eficiência energéti- que a do próprio produto, que certamen-
ca é uma meta nacional para a maioria te será resíduo ao final da sua vida útil.
dos países. Está no centro de todas as Os resíduos das atividades de cons-
certificações ambientais voltadas para trução e demolição são tratados pe-
edifícios. No Brasil, o Programa Nacio- las resoluções Conama 307 e 348. Em
nal de Conservação de Energia Elétri- 2013, o Congresso Nacional aprovou a
ca (PROCEL) é o mais antigo programa Política Nacional de Resíduos Sólidos,
11
governamental com forte impacto am- fazendo desse tema uma prioridade na-
cional. O custo de gestão dos resíduos riais não renováveis. Próximo aos gran-
vem crescendo. des centros urbanos, o preço elevado
Resíduos são também parte do es- da terra e a necessidade de proteção
copo mínimo de ACV-m. ambiental vêm tornando escassos os
materiais que são considerados abun-
2.3.5 USO DE MATÉRIAS-PRIMAS dantes. Este é o caso da areia em São
A construção é o maior usuário de ma- Paulo e em outros locais. A desmate-
térias-primas naturais do planeta. Pro- rialização da atividade de construção é
gressivamente, a fração dos materiais uma necessidade.
que é destinada para a construção ci- A eficiência no uso dos recursos
vil cresce em relação à retirada total. materiais é também parte do escopo
Gradualmente também usamos mate- mínimo da ACV-m.

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3.1 PRODUTOS ESTUDADOS considerados mais representativos jun-


Para o estudo foram selecionados blo- to ao mercado consumidor brasileiro.
cos de concreto para pavimento inter- Essa seleção foi realizada pela ABCP
travado (bcp), retangular e 16 faces, e pela Bloco Brasil. As especificações
e blocos de concreto para alvenaria, dos produtos do estudo encontram-se
(estrutural - bce e de vedação - bcv), na Tabela 1 e na Tabela 2.

Tabela 1 – Blocos de concreto para pavimento selecionados para o estudo.

Produto Formato Espessura (cm) Resistência (MPa)


6
Retangular 8
Blocos de
10
concreto para 35
6
pavimentação (bcp)
16 faces 8
10

Tabela 2 – Blocos estruturais e de vedação selecionados para o estudo.


Largura Comprimento Espessura Resistência
Produto Tipo
(cm) (cm) (cm) (MPa)
4
6
Estrutural
Blocos de 14 39 19 8
(bce)
concreto para 10
alvenaria 12
Vedação 14 2
39 19
(bcv) 9 2

Para a simplificação da ACV também de água e suas respectivas quantidades


foram definidas previamente as princi- também foram limitados, mas sem pre-
pais matérias-primas utilizadas para a judicar o alcance do objetivo do projeto.
produção de blocos de concreto, que O período de análise para a coleta
são cimento e agregados. O levantamen- de dados foi fixado em 12 meses, sem
13
to das fontes de consumo energético e necessariamente que esse período fos-
Tabela 3 – Lista de empresas
se em um ano fechado. Esse estabele- participantes, por estado da federação.
cimento foi feito considerando que, em
Empresa Estado
um ano, a fábrica pode ter períodos de
maior e de menor produção. Verificou-se Arevale SP

também que períodos chuvosos ou se- Aroucatec SP


cos podem influenciar no processo, em Calblock SP
um maior ou menor consumo de ener- Exactomm SP
gia e água. O objetivo foi diluir essas Glasser SP
variações, considerando o mesmo perí- Intercity SP
odo de coleta de dados para todas as JB Blocos SP
participantes. Empresas que informaram Oterprem SP
dados referentes a um período de tem- Prensil SP
po menor não tiveram seus resultados Presto SP
incorporados nos resultados do projeto. Quitaúna SP
Tatu SP
3.2 UNIVERSO DE EMPRESAS Tinari SP
REPRESENTADAS
Casalit RJ
As empresas participantes do Projeto ACV
FLG RJ
Modular - localizadas nas regiões Sul, Su-
Pavibloco RJ
deste, Centro-Oeste e Nordeste - são as-
Pentágono RJ
sociadas à Bloco Brasil e possuem o selo
Blojaf MG
de qualidade da ABCP. A Tabela 3 apre-
senta a lista de empresas participantes. Sigma MG

Trata-se de um conjunto de Uni Stein MG


33  ­fábricas que operam formalmente, Pavimenti - Filial PR
e contam com sistemas de gestão da Pavimenti - Matriz PR
qualidade organizados. Desta forma, Tecpaver PR
o estudo não representa a parcela Valleblock PR
significativa do mercado de empre- Vanderli Gai e Cia. PR
sas menos organizadas, que operam Kerber SC
em graus variados de informalidade. Vale do Selke SC
Estas empresas menores tendem a ter Votorantim SC
menor capacidade técnica e adminis- Prontomix RS
trativa do que as empresas participan- Tecmold RS
tes deste estudo. Em consequência, es-
Civil BA
pera-se que estas empresas apresentem
Original DF
graus de eficiência ambiental inferiores
14
aos aqui descritos.
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3.3 FRONTEIRA DO ESTUDO a fábrica, foram sempre incluídos, assim


A fronteira do sistema é responsável por como as etapas de produção dos blocos
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determinar quais processos e unidades e ­pavimentos. PAVIMENTO INTERTRAVADO

dos processos serão incluídos no inven- Os impactos causados pela distribui-


tário da ACV, ou seja, quais atividades ção do produto pronto (após a saída do
que transformam as entradas em saídas portão) não foram analisados devido à
devem ser consideradas. complexidade que a grande variação das
O sistema analisado para a produção distâncias de transporte ocasionaria para
dos blocos de concreto foi limitado como se alcançar o resultado final. A Figura 1
sendo “do berço ao portão”, ou seja, da representa o sistema de produto para a
extração das matérias-primas até o por- fabricação de blocos de concreto.
tão da fábrica, com o produto acabado. Unidade funcional (UF) é a quanti-
Assim, fora algumas exceções – especifi- ficação da unidade de produto, ou seja,
camente no uso de água e g­ eração de re- um (1) bloco com dimensões modula-
síduos - onde não foi possível encontrar res de 20 x 40 cm para alvenaria, 1 m2
dados confiáveis destes aspectos relati- de bloco para piso. Um dos principais
vos à etapa de fabricação dos insumos objetivos da UF é fornecer uma refe-
(realizada fora dos portões da empresa, rência para as entradas e saídas do sis-
e, portanto, indiretas) – foram incluídos tema (ABNT, 2009). Nesse estudo, as
os impactos associados ao ciclo “berço unidades funcionais utilizadas serão o
ao portão” dos insumos. Os aspectos as- m² para os blocos para pavimento, e a
sociados ao transporte dessas matérias unidade de produto para os blocos para
-primas, desde a porta do fornecedor até alvenaria, estruturais e de vedação.
Matérias-Primas
Água e Emissões e
Areia Pó de Pedra Pedrisco Cimentos
Energia Resíduos

Transporte
Armazenamento
Transporte
Transporte Mercado
Água Dosagem /
Consumidor
Energia Mistura
Transporte
Emissões
Energia Prensagem Atmosféricas

Transporte Resíduos
Água Sólidos
Cura
Energia
E uentes
Transporte
Energia
Plástico Embalagem
Pallets
Transporte
Reciclagem Descarte
Energia
Estocagem
Pallets

15
Figura 1 – Sistema de produto para a fabricação de blocos de concreto para pavimento e para alvenaria.
4 RESÍDUOS
Adota-se nesse trabalho a definição de dos pela EN 15804:2012 (BRE, 2013):
que resíduo é toda a matéria resultante
do processo produtivo que não aquela a) Resíduos perigosos
que é o objetivo pelo qual se montou b) Resíduos não perigosos
o processo. c) Resíduos radioativos (que podem
A Product Category Rule para pro- ser classificados de acordo com o
dutos à base de cimento, elaborada nível de radioatividade)
pela Cement Sustainability Initiative d) Materiais para reciclagem
(SCI/WBCSD), apresenta uma defini- e) Componentes para reúso
ção menos clara, definindo como re- f) Materiais para recuperação e­ nergética
síduo aquilo que (a) não tem uso de-
finido, (b) não tem valor econômico, Assim, a ACV-m apresenta a medi-
(c) não possui critérios técnicos que da objetiva do que é resíduo, discrimi-
permitam seu aproveitamento ou (d) nando sua periculosidade (perigosos,
contém substâncias perigosas acima não perigosos, radioativos) e sua des-
dos limites estabelecidos pelas legisla- tinação: reciclagem, reúso, recupera-
ções, causando efeitos ambientais ad- ção energética ou aterro.
versos (EPD, 2013). Esta definição, de Nas fábricas de blocos, os óleos de
uma forma geral, não considera resíduo máquinas (empilhadeiras, escavadei-
tudo aquilo que consegue entrar na ras, etc.) são resíduos. O mesmo acon-
economia. Adotada esta definição, um tece com rejeitos cimentícios, produ-
mesmo material poderia ser resíduo em tos defeituosos ou quebrados, areia,
uma cidade ou região do Brasil, pois cimento e pallets.
lá não tem mercado, e um produto em
outra. Isto traz considerável confusão 4.1 PERDAS DE PROCESSO
para o processo de ACV, ainda mais em Do ponto de vista a permitir ao setor
um e­ stágio inicial. analisar a eficiência do processo de pro-
Uma classificação objetiva sobre o dução, é interessante também registrar
que é resíduo não exclui a divulgação a fração de produtos defeituosos que
precisa daqueles resíduos que são en- podem retornar ao processo produtivo –
viados para a reciclagem, reúso ou até como ocorre com os blocos ainda não
mesmo os que são transformados em curados, que quebram devido a falhas
energia, como pode ser visto na lista de reologia ou manuseio. Tecnicamen-
de indicadores de resíduos apresenta- te estes materiais não são resíduos do
16
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processo, pois não saem do portão da para alocação de impactos consideran-


fábrica e são incorporados integralmen- do os subprodutos ou coprodutos dos
MODULAR
te dentro do produto. São, portanto, re- processos industriais. A PCR do CSIPAVIMENTO
es- INTERTRAVADO
gistrados como perdas de processo, mas tabelece em seu item 2.3.5.3 a aloca-
não são contabilizadas como resíduos. ção opcional, mesmo quando o resíduo
tem valor econômico. Neste mesmo
4.2 ALOCAÇÃO DOS IMPACTOS sentido, a Product Category Rule norte
Alocação, ou atribuição de impacto, -americana para concreto (CLF, 2012)
para coprodutos ou subprodutos, resí- estabelece no seu item 3.7 que a alo-
duos que possuem aplicação de mer- cação não é necessária se os produtos
cado já consolidada – como escória de são considerados resíduos.
alto-forno, cinzas volantes, sucata de Na ausência de acordos setoriais na-
aço - tem sido uma tendência na co- cionais entre as cadeias produtivas en-
munidade Europeia. No entanto, dife- volvidas na produção e reciclagem, que
rentes critérios de alocação podem le- estabeleçam claramente os critérios de
var a conclusões muito diferentes e um alocação, o Projeto ACV-m não aloca
só critério de alocação não parece ser impacto para os resíduos, tanto para os
adequado para todos os resíduos. que entram como insumos, como aque-
As normas EN 15.804 e EN ISO les que saem para a  reciclagem.
14.044 (ISO, 2006) apresentam regras

17
5 PEGADA DE ÁGUA
Existem diversas metodologias para o serviços consumidos, medido ao longo
cálculo da pegada de água, como o The da cadeia de produção e ­abastecimento.
Water Footprint Network e a norma ISO As Product Category Rules (PCR)
14046:2014, além de diretrizes para a são documentos de orientação que de-
avaliação do desempenho ambiental finem regras e requerimentos para gerar
que incluem a gestão de água das em- uma declaração ambiental de produto
presas. A seguir são apresentados al- (EPD – Environmental Product Declara-
guns métodos existentes que realizam tion), que apresentam as informações
o levantamento do consumo de água. sobre o impacto ambiental. As PCR des-
No entanto, há divergências entre as crevem as fases do ciclo de vida de um
definições adotadas por cada sistema. produto concreto, define regras para a
Nenhuma ferramenta para a avaliação prestação de informações adicionais
do uso de água possui critérios consoli- para permitir que outras fases do ci-
dados para o levantamento do consumo clo de vida sejam avaliadas. Na EPD
de água de um sistema de produto. de concreto (EPD, 2013) são descritos
A norma ISO 14046:2014 (ISO, como são realizados os inventários de
2014), que é o método mais recente e será água, por fonte, e como deve ser rea-
utilizado pelo Projeto ACV Modular como lizado o levantamento do consumo de
base, define a pegada de água como um água potável. No entanto, não deixa
conjunto de indicadores que quantificam claro quanto ao levantamento do con-
os impactos ambientais potenciais rela- sumo dos demais tipos de água.
cionados com a água. Esta metodologia é O Sustainability Reporting Guide-
o novo padrão internacional que especifi- lines (GRI, 2013) é a metodologia de
ca os princípios, requisitos e orientações avaliação de desempenho ambiental
para avaliação e informações sobre a pe- mais popular no mundo. Suas diretrizes
gada de água. Sua metodologia é aplica- oferecem princípios, conteúdos básicos
da a produtos, processos e organizações e um manual de práticas para a elabo-
com base em avaliações do ciclo de vida. ração de relatórios de sustentabilidade
Já o conceito de pegada de água por organizações que queiram divulgar
foi introduzido por Hoekstra em 2002 seu desempenho ambiental, indepen-
(HOEKSTRA et al., 2009) e é até hoje dentemente do tamanho, setor ou lo-
promovido pela The Water Footprint calidade. Empresas cimenteiras, como
Network. Nessa metodologia, a pegada a Holcim e o Grupo Lafarge, utilizam
de água é definida como o total de água essa metodologia em seus relatórios
18
doce utilizada para produzir os bens e ambientais. Apesar de esse método re-
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700
600
Água consumida (litro/t)
600 MODULAR
Lafarge PAVIMENTO INTERTRAVADO

500
Holcim
400

300

200
116,4
100

0
Agregados

Figura 2 – Consumo de água da Lafarge e da Holcim para a produção de agregados no ano de 2011.

gistrar a quantidade total de água por ƒƒ Água superficial: toda a água


fonte, não define como devem ser reali- no escoamento superficial e de
zados os levantamentos dos consumos armazenamento, por exemplo, rios
de água em um processo (GRI, 2013). e lagos, excluindo a água do mar.
A falta de uma metodologia consis- ƒƒ Água subterrânea: água que está
tente é observada pelas diferentes abor- sendo contida e que pode ser
dagens adotadas para o levantamento do recuperada a partir de uma formação
impacto ambiental de um produto. Isso é subterrânea (poço, por exemplo).
evidenciado pela Figura 2, que apresenta ƒƒ Retirada ou captação de água:
a comparação entre as empresas Lafar- água removida por ação humana de
ge (LAFARGE, 2011) e Holcim (HOLCIM, uma bacia de drenagem ou corpo de
2011) em relação ao consumo de água água, mesmo que temporariamente.
na produção de agregados no ano de Pela definição da norma, observa-
2011. Apesar do relatório de ambas as se que deve incluir a umidade
empresas terem adotado a metodologia presente nos minerais. Por outro
de ­Sustainability Reporting Guidelines, lado, não inclui água combinada
observa-se uma diferença significativa em minerais naturais ou água
no consumo de água levantado, uma vez retirada do ar por condensação.
que os processos de produção para os
agregados são semelhantes. Neste trabalho será adotada como
A seguir, algumas definições de água água retirada aquela que a empresa in-
19
estabelecidas pela ISO 14046:2014 formou como utilizada na fábrica, que
quanto à origem da água. vem da concessionária de serviço pú-
blico, de rios ou lagos, de poço ou de cia das atividades dos seus forne-
chuva. Não será abordada a questão da cedores, inclusive água de reúso
água consumida, ou seja, a que fica re- utilizada pelos fornecedores.
tida no produto, evapora ou é eliminada
em uma fonte que seja diferente a de A água obtida da concessioná-
sua origem (potável ou como efluente). ria (Escopo 2) sempre é medida. No
Essas considerações ainda são muito entanto, as quantidades de águas
complexas para levantamento, uma vez captadas pelas empresas (Escopo 1)
que são dados de difícil medição. frequentemente não são medidas de
forma precisa, o que dificulta a sua
5.1 PEGADA DE ÁGUA NO avaliação. Neste caso, é necessário
ÂMBITO DA ACV-M o registro de que a empresa utiliza
Com base nas metodologias estudadas esta prática, auxiliando na explica-
e nos dados informados pelas empre- ção da variação de pegada de água. O
sas, neste trabalho são consideradas escopo 3 não será obrigatoriamente
as fontes e os usos de água descritos reportado quantitativamente em um
a seguir. primeiro momento.
Na Figura 3 é ilustrado o balanço
5.1.1 QUANTIDADE DE ÁGUA DOCE de água no processo de produção de
RETIRADA/CAPTADA CLASSIFICADA blocos de concreto. A água que re-
POR FONTE torna para a mesma fonte, atendendo
A água será classificada de acordo com aos limites legais, não é considerada
as fontes utilizadas em: parte da pegada de água. A mesma
é registrada apenas para permitir um
a) Escopo 1: Água captada diretamen- balanço de massa.
te pela empresa, como chuva, su- No entanto, nesse trabalho não
perficial, subterrânea ou de qual- será abordada a pegada de água, pois
quer outro corpo de água. O reúso os dados levantados junto às empresas
de água é também considerado uma apenas tratam da água retirada. Infor-
fonte, uma vez que evita a capta- mações sobre o consumo de água nos
ção diretamente pela empresa; produtos foram informadas de modo
b) Escopo 2: Água captada indireta- incompleto por falha no formulário de
mente pela empresa e fornecida coleta de dados, o que impossibilitou
pela concessionária; essa análise. Além disso, não fez parte
c) Escopo 3: Água captada indireta- desse módulo da ACV o levantamento
mente pela empresa em consequên- de dados de efluentes da fábrica.

20
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Água evaporada ou outra fonte


MODULAR
Água da concessionária Água integrada ao produto PAVIMENTO INTERTRAVADO

PROCESSO DE
Água captada PRODUÇÃO DE
pela organização Água enviada para esgoto
BLOCOS DE
Água para produção CONCRETO Água que retorna à sua fonte
de insumos e energia com a mesma qualidade

Figura 3 – Entradas e saídas de água no processo de produção de blocos de concreto.

5.2 O CASO DA PRODUÇÃO 5.2.1 USO INDIRETO DE


DE BLOCOS DE CONCRETO ÁGUA – NOS INSUMOS
Nesse estudo não foram considerados A produção de agregados envolve o uso
os consumos individuais da água de- da água de diferentes formas. A água
correntes de cada etapa da produção nesse setor é utilizada no desmonte
de blocos de concreto. Os cálculos dos das jazidas de areia, no abatimento de
resultados e as análises foram reali- poeira em operação de desmonte e de
zados apenas com base nos dados de fragmentação da rocha para a produção
água retirada/captada pela empresa, de agregados artificiais (britas, areia ar-
de maneira geral. Até o momento, não tificial), na lavagem de agregados para
existem informações disponíveis de remoção de finos, nas operações de lim-
consumo de água para o processamen- peza e nos escritórios. A água também é
to das matérias-primas utilizadas, nem bombeada das cavas de mineração, mas
métodos de quantificação consolidados caso ela seja simplesmente desviada e
para verificação do consumo de água permaneça na mesma bacia de drena-
em cada etapa da ­fábrica. gem, o PCR do CSI/WBCSD recomenda
A seguir são descritos os possí- não contabilizá-la, exceto a quantidade
veis usos de água dentro da fábrica, evaporada. Além disso, agregados são
mas os mesmos não foram quantifica- estocados usualmente ao ar livre e re-
dos ­individualmente. cebem água de chuva, retida em quan-

Água nos
Água adicionada Umidade dos agregados
aditivos

Figura 4 – Origem e proporção da água de mistura do concreto dos blocos.


21
tidade incerta. Os dados sobre a pegada tudos realizados por Petrucci (2005) con-
de água para a produção de agregados cluíram que a umidade média da areia na-
são escassos e contraditórios, conforme tural é 4,2%, com desvio padrão de 1%.
é mostrado na Figura 2. Além disso, existe a água dos aditi-
A moderna produção de cimento vos e pigmentos. Como estes produtos
utiliza predominantemente método são utilizados em pequenos volumes,
a seco. Assim, o uso de água ocorre este item pode ser na maioria das ve-
principalmente para o controle de pó, zes desconsiderado.
operações de limpeza e administração. A Figura 4 ilustra a proporção da
Os relatórios ambientais dos grupos água de diferentes origens utilizada
­Holcim e Lafarge reportam médias glo- para a produção do concreto dos b­ locos.
bais entre 257 e 317kg/t de cimento Sendo assim, a água adicionada ao
nos anos 2010 e 2011. misturador é inferior à água de mistu-
De maneira geral, a água presente ra. É possível que, em situações extre-
na forma de umidade ou combinada mas, a água presente nos agregados
no cimento que chega até a fábrica de seja suficiente para realizar a mistura.
blocos de concreto não é considerável. Parte da água de mistura irá eva-
porar, parte ficará na forma combina-
5.2.2 USO DIRETO – NA FÁBRICA da com o cimento e parte permanecerá
5.2.2.1 Água de mistura como umidade.
do concreto
A mistura do concreto exige a adição 5.2.2.2 Água de cura
de água de mistura para garantir não A cura dos blocos de concreto normal-
apenas a reação de hidratação do ci- mente é realizada em câmaras úmidas,
mento, mas principalmente garantir ou seja, por meio da aspersão de água.
a trabalhabilidade. Segundo a ABCP3, Uma alternativa é a cura térmica a vapor,
a produção de blocos por vibroprensa que é um dos mecanismos utilizados na
exige um teor de água em torno de 6% indústria de pré-moldados para acelerar o
da massa dos materiais secos. ganho da resistência. O processo de cura
No entanto, parte da água de mistura pode incluir água da chuva captada por
provém da umidade dos agregados. Esta material em estoque, mesmo que estes
umidade inclui a água indireta (originá- não estejam oficialmente no processo de
ria do fornecedor), mas também pode cura. Esta água precisaria ser contabili-
incluir a água de chuva captada quando zada, já que é desviada do seu curso na-
o agregado já está em poder da empresa tural. Considera-se que a água de cura
fabricante, armazenado a céu aberto. Es- irá evaporar, exceto a retida na umida-
de de equilíbrio com a atmosfera.
22
3 E-mail com Eng. Claudio Oliveira Silva, da ABCP.
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5.2.2.3 Abatimento de material retornar à sua fonte de origem, que


particulado pode ser diversa e deve ser destacada,
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Para amenizar a quantidade de material ela gera um volume de efluente. PAVIMENTO INTERTRAVADO
disperso no ar, devido ao transporte in-
terno de materiais na fábrica, costuma-se 5.2.2.5 Limpeza do ambiente
borrifar água para o abatimento da poei- Assim como os equipamentos, o am-
ra nas áreas destinadas ao ­deslocamento. biente da fábrica necessita de limpeza
Apesar dessa água não ser usada di- devido à grande circulação de material
retamente no produto, seu levantamento composto de partículas, seja em gran-
deve ser feito por ser um volume que não des quantidades ou associado aos equi-
retorna à fonte de origem, pois em sua pamentos e veículos utilizados. Assim
quase totalidade evapora. Além disso, como para a lavagem dos equipamen-
seu registro permite verificar a logística tos, o registro do consumo da água
da fábrica, através da análise das áreas utilizada para a limpeza do ambiente
que precisam de maior consumo de água é importante, visto que a água não re-
para o abatimento do pó. O rastreamento torna à sua fonte de origem e gera um
das etapas responsáveis pela produção volume de efluente. A origem da água
de pó possibilita a adoção de medidas deve ser registrada. Parte desta água
que minimizem esse tipo de resíduo. evapora, e parte vai para o esgoto.

5.2.2.4 Água de limpeza de 5.2.2.6 Administração


equipamentos Apesar de o consumo ser muito inferior
No processo produtivo é necessária a ao da fábrica, é importante registrar o
lavagem de equipamentos, como beto- volume de água utilizado nas instalações
neiras, formas, vibroprensas, entre ou- destinadas aos escritórios, cozinha, ba-
tros, cuja não execução pode influen- nheiros, etc. . Apesar de não estar sendo
ciar na qualidade do produto. Além utilizada diretamente no produto, essa
disso, é realizada a limpeza dos veícu- quantidade de água serve à infraestru-
los que realizam o transporte dos pro- tura do processo produtivo. Além disso,
dutos, externa ou internamente. seu uso gera um efluente. A fonte de ori-
O registro do consumo dessa água gem também deve ser registrada. A maior
é fundamental, pois além da água não parte desta água vai para o esgoto.

23
6 METODOLOGIA
6.1 LEVANTAMENTO ais complementares via e-mail ou te-
DOS DADOS lefone junto aos responsáveis de cada
A obtenção dos dados junto às empresas empresa, com objetivo de ampliar e
participantes foi realizada por meio de assegurar a análise dos indicadores. O
um formulário padrão, ­desenvolvido em mesmo procedimento foi utilizado du-
Excel. Os dados referem-se a um período rante as revisões dos dados.
de 12 meses, determinado pela empresa.
O formulário foi dividido em quatro 6.2 TREINAMENTO 
partes: Cadastro, Práticas da empre- Após o preenchimento preliminar dos
sa, Produto e Inventário. Na planilha formulários, as empresas participa-
“Cadastro” foram coletadas informações ram de workshops ministrados pela
da empresa, da unidade produtora e do equipe técnica. Nesses eventos foram
responsável pelo preenchimento do for- transmitidos aos representantes das
mulário. Na segunda foram fornecidas empresas os objetivos do projeto e a
informações classificatórias e qualita- metodologia da avaliação de ciclo de
tivas sobre as práticas da empresa. Em vida, visando esclarecer sobre o pre-
“Produto” foram solicitados dados refe- enchimento do formulário e garantir
rentes à composição e à quantidade fa- a qualidade dos dados recebidos. A
bricada dos produtos selecionados para partir das informações recebidas, foi
o estudo. Também foram requisitadas solicitado às empresas verificar o for-
algumas informações da produção total mulário e revisar seus d­ ados.
da fábrica para permitir a alocação dos Para possibilitar que todas as em-
insumos gerais da empresa nos produ- presas participassem do treinamento
tos analisados. Na planilha “Inventário” foram realizados dois workshops na
foram coletados os consumos totais da cidade de São Paulo, um na cidade
fábrica dos principais insumos energéti- do Rio de Janeiro e um na cidade
cos e matérias-primas. de ­Florianópolis.
O preenchimento do formulário pa-
drão necessitou de algumas revisões 6.3 DEFINIÇÃO DAS UNIDADES
para confirmação ou retificação de certos DOS INSUMOS 
dados. Essa foi uma preocupação cons- Para facilitar o preenchimento do for-
tante para se alcançar resultados com mulário pelas empresas, permitiu-se
qualidade e de acordo com a ­realidade. que algumas unidades de medida fos-
Durante o desenvolvimento do tra- sem especificadas pelo responsável
24
balho foram solicitados dados individu- pelo preenchimento. No entanto, ou-
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tras unidades foram fixadas, por serem e) Lenha: tonelada. A densidade


consideradas mais usuais, sendo elas da madeira utilizada como lenha
MODULAR
as referentes aos consumos de água pode variar por uma série de mo-PAVIMENTO INTERTRAVADO

(m³), eletricidade (kWh), óleo diesel tivos, como tipo madeira e umi-
(litro), gasolina (litro), álcool (litro) dade. Com isso, por causa das
e cimento (t). A fim de padronizar as incertezas em relação à origem
unidades dos insumos energéticos, al- da lenha utilizada pelo setor de
gumas conversões foram realizadas. blocos de concreto, algumas con-
Para os agregados, decidiu-se que a siderações foram necessárias.
unidade padrão seria a tonelada, con- Entre as fábricas analisadas, cinco
vertendo os consumos fornecidos em informaram que utilizam lenha em
volume. A seguir são apresentadas as seu processo industrial. Dessas,
unidades definidas como padrão e os apenas uma informou seu consumo
dados considerados para as conver- em massa. Entre as que fornece-
sões que foram ­necessárias. ram seu dado em m³, uma infor-
mou que utiliza eucalipto, mas não
a) GLP: tonelada. A densidade adota- especificou se o valor se encontra
da é a divulgada pelo Balanço Ener- em m³ estéreo (medida de madei-
gético Nacional 2013 (EPE; MME, ra empilhada). Com isso, decidiu-
2013), que é 0,552 t/m³. se adotar para essa empresa a pior
b) Gás natural: m³. A densidade ado- situação, a densidade do eucalipto
tada é a divulgada pelo Balanço verde, que é de 1,10 t/m³. Dizer
Energético Nacional 2013 (EPE; que a madeira é verde significa que
MME, 2013) para o gás natural seco, a mesma possui teor crítico de umi-
que é 0,74 kg/m³. dade (60%) (PUNHAGUI, 2014).
c) Óleo BPF: m³. A densidade adotada Duas fábricas informaram que ob-
é a divulgada pelo Balanço Ener- tiveram o valor de lenha consumi-
gético Nacional 2013 (EPE; MME, da através do valor pago por m³ de
2013) para o óleo combustível, que lenha e dos volumes totais utiliza-
é 1.000 kg/m³. dos no período. No entanto, não
d) Óleo de xisto: tonelada. A densida- informaram dados sobre a madeira.
de adotada foi levantada junto ao Assim, decidiu-se utilizar a densi-
site de algumas empresas pesquisa- dade verde adotada para diferentes
das4, que é 0,97 t/m³. tipos e origens de madeira (pinus,
eucalipto e nativas), que é de 0,97
4 Empresas: Ravato (www.ravato.com.br/v2/documen- t/m³ (PUNHAGUI, 2014). Uma das
tos/especificacoes_xisto.pdf) e Betunel (www.betu-
empresas não informou sobre o
nel.com.br/pdf/oleo_xisto.pdf) – acessos em julho de 25
2014. tipo de lenha utilizada, dado soli-
citado por contatos via telefone e k) Agregado reciclado: apenas uma
e-mail. Para esta decidiu-se adotar empresa informou o consumo de
a densidade média para diferentes agregado reciclado em volume. Com
tipos e origens de madeira (pinus, isso, adotou-se a densidade apa-
eucalipto e ­nativas). rente média calculada com base nos
f) Areia natural: a densidade apa- dados de Ryu (2002), que resultou
rente das areias fina, média e em 1,45 t/m³.
grossa foi levantada no website de
dois fornecedores5. Adotou-se o 6.4 FATOR DE EMISSÃO DE CO2
valor médio calculado entre os da- E ENERGIA INCORPORADA DOS
dos pesquisados, que foi de 1,46 INSUMOS
t/m³, pois o tipo de areia não foi 6.4.1 ELETRICIDADE E
especificado. COMBUSTÍVEIS
g) Areia industrial: adotou-se a den- Na Tabela 4 são apresentados os dados
sidade aparente adotada pelo Sin- utilizados para o cálculo das emissões
dibrita6, que é de 1,70 t/m³. de CO2 e do consumo energético devi-
h) Brita 0: adotou-se a densidade do à produção dos blocos de concre-
aparente média do pedrisco misto, to. Nesse levantamento foi verifica-
apresentada por um fornecedor7 e o do como os dados foram calculados e
Sindibrita7, que é 1,54 t/m³. quais considerações feitas pelos auto-
i) Pedrisco de seixo: a única empresa res. Quando possível, foi considerado
que o utiliza esse tipo de agregado o ciclo de vida dos combustíveis para
informou a densidade aparente do a composição desses dados, além das
mesmo, que é 1,5 t/m³. emissões diretas e do poder calorífico
j) Pó de brita: adotou-se a densidade resultante do consumo direto desses
aparente média apresentada por um insumos. Nesse caso se enquadram
fornecedor8 e pelo Sindibrita7, que diesel, gasolina, álcool hidratado, gás
é 1,53 t/m³. natural, lenha, GLP e óleo BPF.

5 Fornecedores de areia: Ertcon (www.ertcon.com.br/pa-


ges/produtos); Pirâmide (www.areiapiramide.com.br/
index.php/produtos.html) – acesso em julho de 2014.

6 Dados técnicos do Sindibrita: www.sindibrita.org.br/


destaque/svp.htm – acesso em julho de 2014.

7 Fornecedor de brita 0: Ertcon (www.ertcon.com.br/


pages/produtos/p:pedrisco-misto) – acesso em julho
de 2014.

8 Fornecedor de pó de brita: Ertcon (www.ertcon.com.


26 br/pages/produtos/p:po-pedra) – acesso em julho de
2014.
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Tabela 4 – Fatores de emissão de CO2 e energia incorporada dos insumos energéticos.


MODULAR
Unidade Fator de PAVIMENTO INTERTRAVADO
Energia Fonte Fator de
Fonte Funcional Emissão Fonte Energia
(MJ/UF) Emissão de CO2
(UF) (kgCO2/UF)
Diesel l 37,3 3,3 SILVA, 2013 (EPA- SILVA, 2013
2010 e CETESB-2010) (Wang et al-2004)
Gasolina l 34,8 2,7 SILVA, 2013 (EPA- SILVA, 2013
2010 e CETESB-2010) (Wang et al-2004)
Álcool l 21,5 0,4 MACEDO; SEABRA; MACEDO; SEABRA;
hidratado SILVA, 2008 SILVA, 2008
Gás natural m³ 41,3 5,4 MACEDO; SEABRA; IPCC, 2006; Planilha
SILVA, 2008 do GHG Protocol 9;
MACEDO; SEABRA;
SILVA, 2008
Lenha t 6.204,3 689,9 PUNHAGUI, 2014 PUNHAGUI, 2014
(plantada
torete) 13.734,3 1.512,2

Lenha t 6.073,0 0,0 PUNHAGUI, 2014 Resíduo de floresta


(resíduo- plantada ou nativa
plantada/ 12.980,0 0,0
nativa)
Eletricidade kWh 6,0 0,06 Cálculo com base nos MCT - média dos anos
dados BEN 2013 10
de 2011, 2012 e
201311
GLP t 56.140,0 3.759,6 SILVA, 2013 SILVA, 2013 (Wang et
(Wang et al-2004; al-2004; Dario-2006;
Dario-2006; BEN BEN 2010)
2010)
Lixívia t 11.970,0 0,0 EPE; MME, 2013 Resíduo da indústria de
(licor negro) celulose
Óleo BPF m³ 49.786,0 3.835,0 MACEDO; SEABRA; MACEDO; SEABRA;
SILVA, 2008 SILVA, 2008
Óleo de xisto t 38.100,0 2.792,7 IPCC, 2006 Planilha do GHG
Protocol9

9 Ferramenta do Programa Brasileiro GHG Protocol: http://ghgprotocolbrasil.com.br.

10 EPE; MME, 2013: para o calculo foram consideradas as principais fontes responsaveis pela producao de eletricidade no
Brasil: hidreletrica, biomassa, gas natural, petroleo, nuclear e carvao e seus derivados.
27
11 www.mct.gov.br/index.php/content/view/321144.html#ancora.
6.4.2 MATÉRIAS-PRIMAS  consideradas as etapas de extração e pro-
Na Tabela 5 são apresentados os dados cessamento. Como nesse primeiro módu-
usados para os cálculos da emissão de CO2 lo da ACV-m foram selecionados apenas
e da energia referentes à produção das os consumos das principais matérias-pri-
matérias-primas. Os valores foram levan- mas, os dados considerados foram extra-
tados apenas em fontes que forneciam es- ção e processamento dos agregados e a
sas informações para o cenário nacional. produção do cimento. Esses valores não
Para o levantamento desses dados foram consideram o transporte do material.

Tabela 5 – Fatores de emissão de CO2 e energia incorporada das matérias-primas.


Energia
Fator de Emissão Fontes - Fator de
incorporada
Matérias-primas de CO2 (kgCO2/t) Emissão de CO2 e
(MJ/t)
Energia
mínima máxima mínima máxima
Areia natural 4,2 9,6 55,3 109,0 SOUZA, 2012

Areia industrial 1,3 1,9 17,1 42,1 FALCÃO et al., 2013

Brita 0 1,2 1,9 13,5 55,3 ROSSI, 2013

Cinza volante 0,0 0,0 0,0 0,0 Resíduo de outro setor

Pedrisco de seixo 1,3 1,9 14,6 42,1 FALCÃO et al., 2013

Pedrisco 1,3 1,9 14,6 42,1 FALCÃO et al., 2013

Pó de pedra 1,3 1,9 17,1 42,1 FALCÃO et al., 2013

Agregado reciclado 0,8 1,8 13,8 20,7 OLIVEIRA et al., 2013

Cimento CP II-F 716,4 804,4 3.096 3.240 HEINRICHS12; WBCSD13

Cimento CP II-Z 599,8 804,4 2.592 3.240 HEINRICHS12; WBCSD13

Cimento CP II-E 433,2 804,4 1.872 3.240 HEINRICHS12; WBCSD13

Cimento CP III 174,9 545,2 756 2.196 HEINRICHS12; WBCSD13

Cimento CP IV 344,3 723,9 1.476 2.916 HEINRICHS12; WBCSD13

Cimento CP V 758,0 858,0 3.276 3.456 HEINRICHS12; WBCSD13

12 Estratégias para a minimização da emissão de CO2 de concretos estruturais, de autoria de Vanessa C.H.C. Oliveira – disser-
tação de mestrado em andamento. Escola Politécnica da Universidade São Paulo, 2014.

13 Para o cálculo desses valores foi adotado o valor médio do consumo energético para a produção de uma tonelada de clín-

28 quer (últimos cinco anos - 2008 a 2012) publicado pelo WBCSD (www.wbcsdcement.org/GNR-2012/Brazil/GNR-Indicator_
329-Brazil.html) e os teores de clínquer permitidos pelas normas brasileiras.
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No caso do cimento, o levanta- 11578, NBR 5735, NBR 5736 e NBR


mento da emissão de CO2 e a energia 5733). A Figura 5 ilustra como o tipo
MODULAR
incorporada considerou os teores de de cimento pode influenciar na emis-
PAVIMENTO INTERTRAVADO

clínquer permitidos por norma (NBR são de CO2.

900
800
Emissão de CO2 (CO2 / t clínquer)

700
600
500
400
300
CP IV CP V
200
CP III CP II-Z
100 CP II-E
CP II-F
0
15 25 35 45 55 65 75 85 95
Teor de clínquer (%)

Figura 5 – Variação da emissão de CO2 por tipo de cimento, considerando a faixa de teor de clínquer
permitido por norma (Heinrichs et al., 201414).

14 Artigo “Estratégias para a minimização da emissão de CO2 de concretos”, aceito em 2014 pela revista Ambiente Construído,
de autoria de Vanessa Carina Heinrichs Chirico Oliveira, Bruno Luis Damineli, Vahan Agopyan, Vanderley Moacyr John.

6.5 MÉTODOS PARA ANÁLISE Algumas empresas adotaram


DE INVENTÁRIO DO CICLO mais de uma opção, uma para os
DE VIDA – PRODUTOS blocos para pavimento e outra
ANALISADOS NO ESTUDO para os blocos para alvenaria.
Para facilitar o preenchimento do Nenhuma empresa adotou o m³
formulário, algumas unidades de como unidade de produção dos
medida foram definidas pela própria produtos  selecionados.
empresa. ƒƒ O teor de cimento por tipo de
produto poderia ser informado em
ƒƒ A quantidade comercializada % da massa, kg/m³ ou kg/peça.
de cada produto no período em ƒƒ O consumo de água de composição
análise poderia ser informada em por peça tinha as opções apenas
m², m³, tonelada ou mil peças. em volume (m³ ou litro), mas
29
algumas empresas informaram em unidades de alguns itens solicita-
% da massa ou litro/m². dos pelo formulário. Na Tabela 6 são
apresentadas as unidades de produ-
As análises desses dados e o cál- ção, por tipo de produto, informadas
culo dos indicadores foram feitos nas pelas empresas. Na Tabela 7 são apre-
seguintes unidades: sentadas as unidades de consumo
de cimento por peça e as unidades
ƒƒ Produção vendida: número de peças escolhidas para informar o consumo
e tonelada; de água de composição por peça são
ƒƒ Teor de cimento: kg/peça; apresentadas na Tabela 8. Os números
ƒƒ Água: litro/peça. sublinhados na Tabela 6 indicam as
empresas que utilizaram unidades di-
Para isso, foram necessárias algu- ferentes para apresentar a produção
mas conversões e estimativas. de blocos para pavimento e de blocos
As tabelas a seguir apresentam para alvenaria.
como as empresas informaram as

Tabela 6 – Unidade de produção informada por tipo de produto pelas empresas.


Unidade de produção informada por tipo
Empresas
de produto analisado

massa (tonelada) 3, 5, 7, 12, 16, 33

1, 2, 4, 6, 8, 10, 11, 13, 14, 15, 18, 19, 20, 21,


quantidade de peças (milheiro ou unidades)
22, 23, 24, 25, 26, 27, 29, 30, 31, 32, 34

m² 15, 17, 24, 26, 27, 28, 30, 31, 32

Tabela 7 – Unidades de consumo de cimento (por peça) informadas


pelas empresas.
Unidade de consumo de cimento
Empresas
informada
1, 2, 3, 4, 6, 7, 11, 12, 14, 19, 21, 22, 24, 25, 28,
kg/peça
30, 32, 33

% da massa 5, 8, 10, 13, 15, 18, 20, 23, 26, 27, 29

kg/m³ 16, 17, 30, 31

30
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Tabela 8 – Unidades de consumo de água (por peça) informadas pelas empresas.


Unidade de consumo de cimento
Empresas MODULAR
informada
PAVIMENTO INTERTRAVADO
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18,
litro/peça
19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 28, 30, 31, 32, 33, 34

% da massa 10, 29

litro/m² 26, 27

6.5.1 PRODUÇÃO EM MASSA massatotal = qtdtotal.pç × massaunitária.pç


Os indicadores desse estudo foram
calculados tendo como referência as
unidades funcionais definidas para 6.5.3 PRODUÇÃO EM ÁREA
cada tipo de bloco de concreto, para Quando a produção foi informada em
pavimento em m² e para alvenaria em área, primeiramente levantou-se a
unidade de peça. Por esse motivo, quantidade de peças por m² de cada
quando a produção total foi infor- empresa, através de contato via e-mail
mada em tonelada, para se calcular ou em sua homepage. Assim, para se
a quantidade de peças, a massa total obter o número total de peças produ-
informada foi divida pela massa uni- zidas, multiplicou-se a área total pela
tária do produto, como expresso na quantidade de peças por m². Com o nú-
equação a seguir. mero de peças calculado, levantou-se a
massa total para cada produto selecio-
massatotal
qtdtotal.pç = nado para o estudo.
massaunitária.pç

qtdtotal.pç = áreatotal × qtdpç / m²


6.5.2 PRODUÇÃO EM NÚMERO
DE PEÇAS
massatotal = qtdtotal.pç × massaunitária.pç
A alocação dos consumos de energia
(eletricidade e combustíveis) e de
água e da geração de resíduos foi re- 6.5.4 TEOR DE CIMENTO POR PEÇA
alizada em massa. Para isso, quando O teor de cimento em massa (kg), por
a produção comercializada por tipo peça, foi considerado a unidade de re-
de produto foi informada em milheiro ferência para o cálculo dos indicadores.
(mil peças), a massa total foi calcula- Algumas empresas passaram esse dado
da multiplicando a quantidade de pe- já em quilo, não sendo necessário rea-
31
ças pela massa unitária. lizar conversões.
6.5.5 TEOR DE CIMENTO EM % ƒƒ bcp retangular:  o volume da peça
DA MASSA foi calculado com base na geometria
Quando o teor de cimento foi informa- informada, por se tratar de uma
do em % da massa, baseou-se na massa peça com formato regular.
seca da peça para estimar a quantidade ƒƒ bcp de 16 faces:  o volume foi
de cimento por produto. Para isso, con- calculado a partir da quantidade
siderou-se que a massa informada pela de peças por m². Com esse dado
empresa se encontrava em equilíbrio estimou-se a área de uma peça e,
com a umidade do ar, adotada como em seguida, com a espessura de
igual a 5%. Assim, a massa de água cada peça, seu volume.
contida na peça e a massa seca foram ƒƒ bce e bcv:  o volume de cada
expressas pelas equações a seguir. bloco foi calculado com base na
geometria informada e na espessura
de paredes especificada pela NBR
mágua.pç = massapç × 0,05 6136 (ABNT, 2007).

massaseca.pç = massapç – massaágua.pç Com o volume de cada peça, multi-


plicou-se esse valor com o teor de ci-
mento fornecido em kg/m³, como apre-
Logo, a massa de cimento é esti- sentado na equação a seguir:
mada pela multiplicação da massa seca
estimada pelo teor de cimento infor- massacimento.pç =
mado em porcentagem, cálculo expres- volumeestimado.pç × teor cimento (kg/m³)
so pela seguinte equação:

massacimento.pç =
6.5.7 CONSUMO DE ÁGUA POR PEÇA
O consumo de água em volume (litro),
massaseca.pç × %teor cimento
por peça, foi considerado a unidade de
referência para o cálculo dos indicado-
res. Algumas empresas passaram esse
6.5.6 TEOR DE CIMENTO EM KG/M³ dado em litro, não tendo sido necessá-
Para o teor de cimento informado em rio realizar conversões.
kg/m³, primeiramente foi necessá-
rio estimar o volume de cada peça. 6.5.8 CONSUMO DE ÁGUA EM %
Para cada tipo de produto foi adotado DA MASSA
um procedimento. Quando o consumo de água por peça
foi informado em % da massa, a mes-
32
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ma consideração adotada para calcu- água por peça, calculado pela equação
lar a quantidade de cimento, quando apresentada a seguir:
MODULAR
o teor também foi informado em por- PAVIMENTO INTERTRAVADO

centagem, foi feita. Como se baseou água/m2


águapç =
qtdpç/m2
na massa seca da peça para estimar
a quantidade de água por produto,
considerou-se que a massa informa- 6.6 ESTIMATIVA DA
da pela empresa estava equilibrada QUANTIDADE TOTAL DE
com a umidade do ar, adotada como PRODUTOS DA FÁBRICA
sendo 5%. Para realizar os procedimento de
A massa de água é calculada por alocação dos insumos energéticos e
meio da multiplicação da massa seca análise da consistência dos dados de
estimada pela porcentagem de água in- matérias-primas informados, a produ-
formada, cálculo expresso pela seguin- ção total da fábrica foi solicitada. Per-
te equação: mitiu-se que esse valor fosse informa-
do em algumas unidades para facilitar
massaágua.pç = massaseca.pç × %água o preenchimento do formulário pela
empresa: tonelada, mil peças, m² e
m³. Na Tabela 9 são apresentadas as
6.5.9 CONSUMO DE ÁGUA considerações de cada empresa.
EM LITRO/M² No entanto, quando a quantidade
Quando a quantidade de água infor- total da fábrica foi informada em m²
mada referia-se ao m² de peças, fez-se ou m³, para calcular a massa total da
necessário obter a quantidade de peças fábrica, foi necessário fazer antes algu-
por m² da empresa, através de sua ho- mas conversões para estimar o número
mepage ou por contato com o respon- total de peças. Essas estimativas foram
sável pelos dados. Com essas informa- realizadas para possibilitar o cálculo
ções foi possível estimar o consumo de dos indicadores do estudo.

Tabela 9 – Unidades de produção total da fábrica informadas pelas empresas.


Unidade de produção total informada Empresas
3, 5, 7, 8, 10, 12, 13, 14, 16, 20, 25, 26, 27,
tonelada
30, 33, 34
número de peças 1, 2, 4, 6, 11, 18, 19, 21, 22, 23, 24, 29

m² 15, 17, 28

m³ 31
33
6.6.1 PRODUÇÃO TOTAL DA cados (­VolumeTPF) e o volume médio,
FÁBRICA EM M² estimou-se o número total de peças
Estimou-se o número total de peças produzidas no período.
produzidas para cada categoria de
produto a partir da quantidade de pe- Volume TP
Volumemédio =
ças por m². Essa informação foi obtida QTD TP

pela empresa através de contato com VolumeTPF


QTDTP =
o responsável ou dos dados disponí- Volumemédio

veis no site da empresa. Calculou-se


a quantidade média de peças por m² 6.7 ESTIMATIVA DE COMBUSTÍVEL
pela divisão do número total de pro- PELO TRANSPORTE DAS
dutos do estudo (QTDTP) pela somató- MATÉRIAS-PRIMAS
ria das áreas informadas (ÁreaTP). Com Para a estimativa do consumo de com-
a área total de peças produzidas na bustível (óleo diesel) devido ao trans-
fábrica (ÁreaTPF) e a quantidade média porte das matérias-primas foi solicita-
de peças por m², estimou-se o número da das empresas a distância média de
total de peças produzidas pela empre- deslocamento e a cidade onde cada
sa no período analisado. fornecedor está localizado. Essa infor-
mação foi verificada com o auxílio da
QTD TP ferramenta online Google Maps.
QTDmédia/m2 =
Área TP
O formulário não solicitou as quanti-
QTDTP = ÁreaTPF x QTDmédia/m2
dades de insumos entregues a cada pedi-
do da fábrica a seus fornecedores e o tipo
6.6.2 PRODUÇÃO TOTAL DA de veículo utilizado. Essas informações
FÁBRICA EM M³ foram solicitadas através de contatos
Estimou-se o volume por peça com com as empresas por e-mail ou telefone.
base na geometria informada (peças Nos casos em que não houve sucesso no
retangulares), na quantidade de pe- levantamento dessas informações, foi
ças por m² (peças de 16 faces) e na estimada uma faixa de massa total de
geometria e espessura da parede es- transporte (massa do caminhão e massa
pecificada em norma (blocos estru- da carga). Esses valores foram baseados
turais e de vedação). Através desses nas quantias de insumos entregues por
volumes e do número total de cada pedido das empresas que retornaram,
produto analisado (dado informado), bem como nas massas dos tipos de ve-
calculou-se o volume total dos blocos ículos informados. Para o cimento, as
analisados no projeto (VolumeTP) e, massas totais de transporte consideradas
em seguida, o volume médio por peça. foram 39 e 64 toneladas. Para os agrega-
34
Com o volume total de produtos fabri- dos, a faixa variou de 21 a 64 toneladas.
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O transporte das matérias-primas é declararam apenas a variação no for-


realizado majoritariamente por meio de necimento do cimento. Para esses ca-
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caminhões. Houve apenas um caso em sos, foram consideradas as equações a INTERTRAVADO
PAVIMENTO

que há a associação de dois tipos de seguir para se estimar o consumo de


transporte no fornecimento de cimento, combustível. Essa diferença foi consi-
onde um trecho do percurso é realizado derada porque o caminhão que apre-
por trem e outro trecho por caminhão. senta maior capacidade de carga realiza
menos viagens para entregar a mesma
6.7.1 TRANSPORTE POR CAMINHÃO quantidade de material e, consequen-
Com as quantidades totais de cada ma- temente, consome menos combustível:
téria-prima (QTDmp) e as quantidades en-
tregues a cada pedido (QTDtransp.), o nú- FCmín x nºviagensmín x MTTmáx x DIST
CDmín =
mero de viagens necessárias foi estimado QTDmp
como apresentado na equação a seguir: FCmáx x nºviagensmáx x MTTmín x DIST
CDmáx =
QTDmp
QTDmp
nºviagens =
QTDtransp
Devido à variação de modelos de ve-
A maioria das empresas informou ículos utilizados pelo setor, da capaci-
um valor fixo de carga transportada por dade de carga e da distância percorrida,
pedido. Para elas, a faixa de consumo decidiu-se adotar um valor mínimo e
de combustível (CD) foi estimada de um valor máximo, ao invés de um valor
acordo com as equações a seguir: médio. O consumo devido ao transpor-
te feito por meio de caminhão varia de
FCmínx nº viagens x MTTmín x DIST
CDmín = 0,006 a 0,022 l/t.km (­CAMPOS, 2012).
QTDmp
Essa faixa de consumo de diesel por
FCmáx x nº viagens x MTTmáx x DIST tonelada-quilômetro adotada foi esti-
CDmáx =
QTDmp
mada com base em dados de revistas
Onde: do segmento de veículos de transporte
FC = faixa de consumo de diesel. de cargas e pessoas, entrevistas com
MTT = massa total de transporte, algumas empresas que comercializam
carga transportada mais a massa do produtos de madeira e comunicação
­caminhão. governamental (CAMPOS, 2012). Essas
No entanto, algumas empresas in- informações foram comparadas com
formaram que a quantidade de insumos alguns dados referentes ao transporte
entregues por pedido aos seus fornece- das matérias-primas do setor de blo-
dores é variável. Essas empresas foram cos de concreto. Com isso, observou-se
as de numeração 1, 4, 11, 22, 23, 25, que a faixa de variação de consumo de
35
29, 31 e 32. As empresas 12, 19 e 33 diesel por km de transporte é similar.
Como o estudo considerado realizou No inventário, o combustível uti-
um levantamento de dados maior para lizado para o levantamento do fator
o cálculo da faixa, decidiu-se adotar de emissão de CO2 é o óleo diesel.
seus resultados. ­Assim, com o valor total de CO2 encon-
A massa total de transporte foi esti- trado e o fator de emissão do CO2 do
mada com base na quantidade de cada diesel (FEdiesel), calcula-se a quantidade
matéria-prima entregue por pedido e de combustível (CD) necessária para o
do tipo de veículo utilizado. A massa transporte unitário da matéria-prima
do caminhão foi levantada nos manuais em questão. Esse cálculo é expresso
técnicos da Ford e da Volkswagen. A pela equação dada a seguir:
massa das carrocerias foi levantada em
CO2
manuais técnicos, sites e contatos com CD =
fabricantes de implementos rodoviários FEdiesel
(Guerra, Randon, Bruscal, Norma).
6.8 CÁLCULO DOS
6.7.2 TRANSPORTE POR TREM INDICADORES
O consumo de combustível pelo Para o cálculo e divulgação dos indi-
transporte realizado por trem foi cal- cadores foi estabelecida como unidade
culado com base na faixa do fator de funcional (unidade de referência) o m²
emissão de CO2 disponível no 1º Inven- para os blocos para pavimento e uni-
tário Nacional de Emissões Atmosféri- dade de peça para os blocos estrutu-
cas do Transporte Ferroviário de Cargas rais e de vedação.
(ANTT; IEMA, 2012). Esse valor é for-
necido em kgCO2/t.ku e varia de 0,0049 6.8.1 INDICADOR DE CIMENTO 
a 0,0364. Sendo assim, calculou-se a Para a análise de dados definiu-se que
quantidade de CO2 total emitida con- a unidade padrão do teor de cimento é
forme a equação a seguir. a quantidade em massa por m² (kg/m²)
para os bcp e por peça (kg/pç) para os
FETmín x nº viagens x Mtransp x DIST
CO2 mín = bce e bcv.
QTDmp
Algumas empresas forneceram seus
FETmáx x nº viagensmáx x Mtransp x DIST
CO2 máx = dados nessa unidade, sendo que para as
QTDmp
demais os consumos foram convertidos
Onde: nas unidades comuns a elas. Para o cál-
FET = fator de emissão de CO2 devi- culo do indicador por m², multiplicou-
do ao transporte ferroviário fornecido se a quantidade de cimento por peça
pelo 1º Inventário. pela quantidade de peças que compõe
Mtransp = massa de matéria-prima 1 m², referente a cada empresa.
36
transportada por viagem.
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6.8.2 INDICADOR DE AGREGADOS  Assim, com a massa total de agre-


Os dados de consumos de agregados gados calculada em cada produto e a
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solicitados pelo formulário se referiam proporção estimada de cada tipoPAVIMENTO
de INTERTRAVADO
à produção total da fábrica no perío- agregado, os consumos para uma peça
do, não apenas aos blocos seleciona- puderam ser estimados, apresentados
dos para o estudo. Assim, o consumo na equação abaixo. Assim como o in-
de agregados por tipo de produto foi dicador de cimento, o indicador de
estimado com base na massa unitária agregados é apresentado em kg/peça
informada para cada peça. para os blocos para alvenaria e em kg/
Para isso, considerou-se que a mas- m² para os blocos para pavimento. Para
sa do produto é constituída por cimento, o cálculo do indicador por m², multi-
agregados e água. Essa última parcela plicou-se a quantidade de agregados
é composta pela água que reage com o por peça pela quantidade de peças que
cimento (20% da massa de cimento) e compõe 1 m², referente a cada ­empresa.
a água de equilíbrio com a umidade do
massaagregado.n.pç = %agregado.n x massaagregados.pç
ar (adotado 5%). A massa de agregados
necessária para cada tipo de produto, por
peça, foi calculada pela equação a seguir. O consumo informado refere-se ao
total de agregados. Não é apresenta-
massaagregados.pç = massaunitária.pç – massacimento.pç – massaágua do consumo por tipo de agregado, por
haver variação entre as composições
apresentadas pelas empresas.
Sendo: Essas massas foram importantes para
determinar quanto do impacto referente
massaágua = 20% (massacimento.pç) + 5%(massaunitária.pç)
ao transporte de cada tipo de agregado
está direcionado a cada  produto.
Como não foi exigida de cada empre-
sa a proporção dos agregados em cada 6.8.3 ENERGIA
tipo de produto, estimou-se a parcela O consumo de energia da peça foi esti-
de cada agregado através do consumo mado com base em três origens: trans-
total da fábrica. Esses cálculos são re- porte das matérias-primas, a produção
presentados nas equações a seguir: das mesmas e a energia consumida pela
fábrica. Sendo assim, o indicador de
massaagregados.fábrica = massaagregado.1 +
energia total da peça é calculado como
massaagregado.2 + ... + massaagregado.n apresentado na equação a seguir. As
massaagregado.n
energias embutidas dos insumos foram
%agregado.n = apresentadas no item 6.4.
massaagregados.fábrica 37
Energiatotal.pç =
tipo de cimento, de acordo com a faixa
Energiatransporte.pç + Energiamp.pç + Energiafábrica.pç
de teor de clíquer permitida por norma.
Esse cálculo resulta no indicador de
energia em MJ/peça. Para a obtenção Energiamp.pç = ∑(EEmp x massamp.pç)
do mesmo em MJ/m², multiplicou-se
a quantidade de energia por peça pela
quantidade de peças que compõe 1 m², 6.8.3.3 Fábrica 
referente a cada empresa. Os dados da energia utilizada na fábri-
ca foram informados através dos consu-
6.8.3.1 Transporte mos de eletricidade e de combustíveis.
Com as faixas de volumes estimados Como essas informações se referem a
de óleo diesel para transportar cada toda produção da fábrica, primeiramen-
tonelada de matéria-prima (CD – valo- te estimou-se a proporção em massa de
res mínimos e máximos), calculou-se o cada produto do estudo (MTP) em re-
consumo de combustível utilizado para lação ao total da fábrica (MTPF), como
transportar cada insumo contido em apresentado pela equação a seguir.
uma peça (CDpç). Esse cálculo é apre-
sentado na equação a seguir: MTP
%produtosprojeto =
MTPF
CD.pç = CD x massa insumo.pç
Com essa relação e o consumo total
de cada insumo energético da fábrica,
Com o valor de energia embutida realizou-se a alocação em cada produto
(EE) do óleo diesel, calcula-se a ener- selecionado para o estudo.
gia incorporada por peça referente ao
consumoenergia.prod = %produtoprojeto x consumoenergia.fábrica
transporte das matérias-primas.

Energiatransporte.pç = EEdiesel x CDpç Dividindo-se esse consumo pela


quantidade de peças produzidas para
6.8.3.2 Materiais cada produto, no período em análise, ob-
A energia incorporada no produto, de- teve-se o consumo energético por peça.
vido ao consumo de cimento e agrega-
consumoenergia.prod
dos, foi calculada através das massas consumoenergia.pç =
de matérias-primas estimadas por peça QTDTP
(massamp.pç), ou seja, por meio dos indi- A energia incorporada por peça
cadores de materiais. Os diferentes tipos foi calculada através da multiplicação
de agregados foram relacionados às suas do consumo de energia por peça pela
respectivas energias embutidas. Para o energia embutida do respectivo insu-
38
cimento houve diferenciação quanto ao mo energético.
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Energiafábrica.pç = EEinsumo.energ x consumoenergia.pç


Com o valor do fator de emissão de
CO2 (FE) do óleo diesel, calcula-se a
MODULAR
6.8.4 EMISSÃO DE CO2 emissão de CO2 por peça referentePAVIMENTO
ao INTERTRAVADO
Os mesmos procedimentos adotados transporte das matérias-primas.
para a estimativa do indicador de ener-
Emissão CO2 transporte.pç = FEdiesel x CDpç
gia foram utilizados para o levantamen-
to do indicador de emissão de CO2. A
emissão da peça foi calculada com base 6.8.4.2 Materiais
no transporte das matérias-primas, na A emissão de CO2 do produto, devido ao
produção das mesmas e na energia con- consumo de cimento e agregados, foi
sumida pela fábrica, conforme apresen- calculada através das massas de matérias
tado na equação a seguir. Os fatores -primas estimadas por peça (­massamp.pç),
de emissão de CO2 dos insumos também ou seja, por meio dos indicadores de ma-
foram apresentados no item 6.4. teriais. Os diferentes tipos de agregados
foram relacionados aos seus respectivos
Emissão CO2 total.pç = Emissão CO2 transporte.pç +
fatores de emissão de CO2. O cimento,
+ Emissão CO2 mp.pç + Emissão CO2 fábrica.pç principal responsável pela emissão de
CO2, teve sua análise realizada pelo tipo
Esse cálculo resulta no indicador de de cimento informado.
emissão de CO2 em kgCO2 / peça. Para a
obtenção desse cálculo em kgCO2  /  m², Emissão CO2 mp.pç = ∑(FEmp x massamp.pç)
multiplicou-se a quantidade de CO2 por
peça pela quantidade de peças que com-
põe 1 m², referente a cada e­ mpresa. 6.8.4.3 Fábrica 
Os dados da energia utilizada na fábri-
6.8.4.1 Transporte ca foram informados através dos consu-
Com as faixas de volumes estimados mos de eletricidade e de combustíveis.
de óleo diesel para transportar cada to- Como essas informações se referem a
nelada de matéria-prima (CD – valores toda produção da fábrica, primeiramen-
mínimos e máximos), calculou-se o te estimou-se a proporção em massa de
consumo de combustível utilizado para cada produto do estudo (MTP) em re-
transportar cada insumo contido em lação ao total da fábrica (MTPF), como
uma peça (CDpç): apresentado pela equação a seguir.

MTP
CD pç = CD x massainsumo.pç %produtosprojeto =
MTPF

39
Com essa relação e o consumo total No entanto, em relação ao consu-
de cada insumo energético da fábrica, mo de água solicitado por peça, hou-
realizou-se a distribuição em cada pro- ve diferentes interpretações no pre-
duto selecionado para o estudo. enchimento do formulário. A maioria
das empresas (58%) informou a água
consumoenergia.prod =
total de composição, ou seja, conside-
%produtoprojeto x consumoenergia.fábrica rou a água adicionada e a contida nos
agregados. Algumas (24%) informaram
Dividindo-se esse consumo pela quan- apenas a água que foi adicionada aos
tidade de peças produzidas para cada materiais secos. As demais (18%) não
produto no período em análise, ­obtém-se especificaram como o dado foi levan-
o consumo energético por peça. tado. As considerações da empresa no
levantamento de água por peça foram
apuradas por contato com os respon-
consumoenergia.prod
consumoenergia.pç = sáveis pelo preenchimento. No entan-
QTDTP
to, algumas empresas que informaram
apenas a água adicionada apresenta-
A emissão de CO2 por peça é calcu- ram consumo por peça muito alto, en-
lada através da multiplicação do con- quanto outras que consideraram a água
sumo de energia por peça pelo fator de composição do concreto na sua esti-
de emissão de CO2 do respectivo insu- mativa possuíam consumo de água por
mo energético. peça muito baixo.
A ABCP informou que a água de
Emissão CO2 fábrica.pç = composição representa em média 6%
FEinsumo.energ x consumoenergia.pç da massa seca (levantamento feito em
trabalhos de dosagem realizado com al-
guns fabricantes15). Fernandes (2013)
6.8.5 ÁGUA  indica em seu livro, Blocos e Pavers –
Os dados de água solicitados no for- produção e controle de qualidade, que a
mulário foram o consumo de água por umidade final da mistura fica em torno
peça, na composição do concreto, e de 7% da massa total de materiais se-
consumo de água total da fábrica. Re- cos. Marchioni (2013) apresentou que
lacionado a esse segundo consumo, so- a umidade para o concreto seco, uti-
licitou-se a origem da água consumida, lizado para confecção de blocos, varia
que poderia ser rede pública, rios ou entre 6% e 8% da massa total. Decidiu-
lagos, poço, pluvial, represa e reúso. se adotar para as análises do presente
Nenhuma empresa indicou que utiliza
40
água das duas últimas fontes. 15 E-mail com o Eng. Claudio Oliveira Silva, da ABCP.
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estudo a umidade definida pela ABCP composição do concreto. Esse indica-


por representar um valor médio. dor total de água da fábrica foi calcu-
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Assim como foi distribuído o con- lado em litro/peça, para os blocos para
PAVIMENTO INTERTRAVADO

sumo de energia da fábrica (eletricida- alvenaria e em litro/m², para os blocos


de e combustíveis) pela proporção em para pavimento. Para a obtenção des-
massa por produto (%produtoprojeto), re- te último, multiplicou-se a quantidade
alizou-se o mesmo procedimento para de água por peça pela quantidade de
a água da fábrica. Com os consumos peças que compõem 1 m², referentes a
de água informados para toda a fábrica cada empresa.
(águatotal.fábrica), somando todas as fon-
tes, multiplicou-se esse valor pela pro- 6.8.6 RESÍDUOS 
porção de cada produto para se obter Neste projeto, para estimar a ge-
o consumo total de água por produto ração de resíduos foi solicitado a cada
(águatotal.prod). empresa que informasse a porcentagem
de cada produto que é perdida e a per-
MTP da total de produção da fábrica (média
%produtosprojeto = dos últimos 12 meses). Esta definição
MTPF
águatotal.fábrica = ∑fonteágua
não abrange a ampla gama de resíduos
que podem ser gerados, como (a) agre-
águatotal.prod = %produtoprojeto x águatotal.fábrica
gados; (b) cimento; (c) embalagens e
pallets; (d) perdas (quebras e sobras de
Dividindo-se esse consumo pela produto formulado), seja no estado fres-
quantidade de peças produzidas para co ou endurecido. Isto ocorreu pelo fato
cada produto no período em análise, de que, neste momento, boa parte das
obtém-se o consumo de água da fábri- empresas não registra sistematicamente
ca, por peça. as quantidades de resíduos descartadas
ou enviadas para a reciclagem.
águatotal.prod Um complicador é que parte das per-
águafábrica.pç =
QTDTP das de produtos formulados da fábrica
O indicador de água representa (quebras e sobras, estes últimos ain-
apenas a água total da fábrica (reti- da não hidratados) pode retornar para
rada/captada pela empresa), visto que a mistura, sendo reutilizado. Assim, as
nesse primeiro momento não foi pos- perdas incluem resíduo (material que
sível analisar a água consumida por não retorna ao processo) e material reu-
peça no processo de produção, devido tilizado. Estes valores são registrados de
às diversas considerações feitas pelas forma agregada, pois representam per-
empresas no levantamento da água de da de produtividade da unidade fabril,
41
impactando diretamente nos custos. As-
perdaprod = %perdainformada x MTP (kg)
sim, não foi possível calcular um in-
dicador de resíduo, sem considerar a
parcela das perdas que é reutilizada. Com a massa total de perda por pro-
Deixou-se a critério da empresa a duto, dividiu-se esse valor pelo núme-
unidade de medida para informar a per- ro de peças fabricadas para se obter o
da total de produção da fábrica. Para indicador de perdas por peça (perdapç),
os casos em que essa perda foi passada como indicado pela equação a seguir.
em volume (m3), para a conversão em Para calcular o indicador de perdas para
massa adotou-se a densidade aparente os blocos para pavimento, multiplicou-
média considerada para o agregado reci- se esse indicador pela quantidade de
clado, que é de 1,45t/m3 (ver item 6.3). peças que compõe 1 m², específico
Para estimar a perda de cada pro- para cada empresa.
duto analisado, primeiramente calcu-
lou-se a massa total de peças perdidas perda prod
perdapç =
(­perdaprod), diretamente da massa total QTDTP
por produto (MTP).

42
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7 ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DOS MODULAR


DADOS - BALANÇO DE MASSA ENTRE
PAVIMENTO INTERTRAVADO

INSUMOS E PRODUTOS INFORMADOS


Os dados fornecidos pelas empresas presentatividade (faixa de valores) dos
passaram por análise de consistência para produtos analisados dentro do total da
verificar a uniformidade das informações produção. Esse valor estava relacio-
coletadas. O objetivo foi comparar os da- nado ao número de peças totais ou à
dos informados dos produtos selecionados massa total de produtos da fábrica. A
para o estudo com o total produzido pela representatividade calculada com os
fábrica. Algumas estimativas foram neces- dados informados e estimados se en-
sárias pelo fato dos dados informados pe- contra dentro ou próxima aos valores
las empresas se encontrarem em unidades da faixa para a maioria das empresas.
diferentes das utilizadas na comparação. A comparação entre os resultados
As empresas informaram a produ- percentuais de número de peças e a
ção total da fábrica em massa, uni- massa total mostrou-se incompatível
dades, m² ou m³. Para possibilitar a para um grupo de empresas. As empre-
comparação com os totais de insumos sas 11, 14, 26 e 27 se apresentaram
da fábrica, foi necessário estimar a abaixo da faixa informada, enquanto
massa total dos produtos da empre- a empresa 18 se mostrou acima dessa
sa. Com a quantidade total em unida- faixa. Essa diferença pode ser explica-
des (QTDTP) e a massa total (MTP) dos da pelo fato dos produtos selecionados
produtos analisados, calculou-se a apresentarem massa média maior do que
massa média (M ­média). Com base nessa os demais produtos, mas serem produzi-
massa e na quantidade de produtos dos em menor quantidade. O contrário
da fábrica (QTDTPF) em unidades, esti- também poderia ter ocorrido, os produ-
mou-se a massa total de produção da tos analisados possuindo massa média
fábrica (MTEF). menor do que os outros produtos, mas
sendo produzidos em maior quantidade.
MTP
Mmédia = A empresa 32 não informou a pro-
QTDTP
dução total da fábrica, apenas a repre-
MTEF = Mmédia x QTDTPF
sentatividade dos produtos. Com isso,
As empresas também informaram, não foi possível estimar a massa total
em um percentual aproximado, a re- da fábrica, nem a representatividade
43
em massa. Pelas unidades escolhidas sentatividade da massa total desses
para comunicar a quantidade dos pro- produtos em relação à massa total da
dutos analisados, essa representativi- fábrica, para avaliar a qualidade e pre-
dade deve estar em número de peças. cisão dos ­dados.
Como a empresa 19 não pôde in- Analisando o consumo de cimen-
formar a produção total da fábrica no to total da fábrica e o calculado, com
período, nas análises de balanço de os dados informados para os produ-
massa foi indicado que os produtos do tos analisados, estimou-se a parcela
estudo correspondem à produção to- de cimento da fábrica destinada a es-
tal da fábrica, o que não corresponde ses produtos. Comparando esse valor
à realidade. Isso foi considerado nas com a representatividade em massa
análises posteriores, sendo que alguns da fábrica, algumas observações são
resultados não puderam ser calculados importantes, e estão apresentadas na
pela falta de dados sobre a produção Tabela 10. Essas informações são ilus-
total da fábrica. tradas na Figura 6, onde os pontos em
Com os dados informados pelas vermelho são os consumos totais de
empresas e as quantidades estimadas, cimento calculados para os produtos
calcularam-se as porcentagens de ci- em análise e os pontos em azul indi-
mento, agregados e de materiais se- cam a representatividade desses pro-
cos para os produtos analisados. Esses dutos na produção total da fábrica.
valores são comparados com a repre-

Tabela 10 – Análises de consumo de cimento: comparação entre o consumo


total da fábrica e o consumo nos produtos em análise.
Observação Empresas
% cimento ≈ % produtos 1, 3, 4, 6, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 19, 20,
21, 26, 27, 28, 29, 30, 34
% produto (100%) > % cimento 2, 5
% produto (100%) < % cimento 22, 33
% cimento (≈100%) > % produtos 17
% cimento (>100%) > % produtos 23, 24
% cimento (≈100%): % produtos não informados 32
% cimento > % produtos (>20%) 14
% cimento < % produtos (>20%) 18, 25, 31

44
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150%
140%
Cimento da fábrica
130%
120%
Cimento nos produtos MODULAR
%produtos PAVIMENTO INTERTRAVADO
110%
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34

Empresas

Figura 6 – Comparação entre a massa de cimento utilizada na fabricação dos produtos em análise com a
massa de cimento total empregada pela fábrica e a porcentagem que os produtos analisados representam
na massa total dos produtos.

Quando os pontos estão próximos, Analisando o consumo de agregados


significa que a representatividade do totais da fábrica e o calculado para os
consumo de cimento nos produtos em produtos analisados com base nos da-
análise está proporcional à representa- dos informados, estimou-se a parcela de
tividade desses produtos na produção agregados da fábrica destinada a esses
total da fábrica. Já quando esses pon- produtos. Comparando esse valor com a
tos estão distantes, pode significar que representatividade dos produtos na fá-
mais ou menos de todo o cimento con- brica, algumas questões são observadas,
sumido pela fábrica é destinado à fa- apresentadas na Tabela 11 e ilustradas
bricação apenas desses produtos. Se o na Figura 7. Os pontos em vermelho são
ponto em vermelho está acima do ponto os consumos totais de agregados esti-
em azul, significa que é consumido mais mados para os produtos em análise e os
cimento nos produtos analisados do que pontos em azul correspondem à repre-
nos demais produtos. Quando o ponto sentatividade desses produtos na produ-
vermelho está abaixo do azul, ocorre o ção total da fábrica.
contrário. Observa-se pela figura que Quando os pontos estão próximos,
quando o ponto vermelho está locali- significa que a representatividade do
zado fora da barra azul significa que o consumo de agregados nos produtos
consumo calculado para os produtos é em análise é proporcional à represen-
45
superior ao consumo total da fábrica, o tatividade desses produtos na produ-
que pode indicar erro no inventário. ção total da fábrica. Já quando esses
pontos estão distantes, pode signifi- Quando o ponto vermelho está abai-
car que quase todo agregado consu- xo do azul, ocorre o contrário. Obser-
mido pela empresa é destinado ape- va-se pela figura que quando o ponto
nas à fabricação desses produtos. Se o vermelho está localizado fora da barra
ponto vermelho está acima do ponto azul, significa que o consumo calcu-
em azul, significa que são consumi- lado para os produtos é superior ao
dos mais agregados nos produtos ana- consumo total da fábrica, o que pode
lisados do que nos demais produtos. indicar erro no inventário.

Tabela 11 – Análises de consumo de agregados: comparação entre fábrica e


produtos analisados.
Observação Empresas
% agregados ≈ % produtos 1, 3, 4, 6, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 19,
21, 26, 27, 28, 29, 31, 33, 34
% produto (100%) > % agregados 2, 5
% produto (100%) < % agregados 22
% agregados (≈100%) > % produtos 17
% agregados (>100%) > % produtos 20, 22, 23, 24, 30
% agregados (≈100%): % produtos não informados 32
% agregados > % produtos (>20%) 14
% agregados < % produtos (>20%) 18, 25

150%
140% ~230%
Agregados fábrica
130%
Agregados produtos
120%
%produtos
110%
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34

Empresas
Figura 7 – Comparação entre a massa de agregados utilizada na fabricação dos produtos em análise
46 com a massa total de agregados empregados pela fábrica e a porcentagem que os produtos analisados
representam na massa total dos produtos.
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Analisando o consumo de mate- tos em análise é proporcional à repre-


riais secos (cimento e agregados) to- sentatividade desses produtos na pro-
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tais da fábrica e o calculado com base dução total da fábrica. Já quando esses
PAVIMENTO INTERTRAVADO

nos dados informados para os produ- pontos estão distantes, pode significar
tos analisados, estima-se quanto da que quase todo o material seco consu-
fábrica é destinado a esses produtos. mido pela fábrica é destinado à fabrica-
Comparando esse valor com a repre- ção desses produtos apenas. Se o ponto
sentatividade dos produtos na fábrica, vermelho está acima do ponto em azul,
alguns resultados que são apresenta- significa que são consumidos mais ma-
dos na Tabela 12 e na Figura 8 podem térias-primas nos produtos analisados
ser observados. Os pontos vermelhos do que nos demais produtos. Quando o
são os consumos totais de materiais ponto vermelho está abaixo do azul, o
secos estimados para os produtos em contrário pode ser pressuposto. Obser-
análise e os pontos em azul corres- va-se pela figura que quando o ponto
pondem à representatividade desses vermelho está localizado fora da barra
produtos na produção total da fábrica. azul, significa que o consumo de maté-
Quando os pontos estão próximos, rias-primas estimado para os produtos
significa que a representatividade do é superior ao consumo total da fábrica,
consumo de materiais secos nos produ- o que pode indicar erro no inventário.

Tabela 12 – Análises de consumo de materiais secos: comparação entre a


fábrica e os produtos analisados.
Observação Empresas
% materiais secos ≈ % produtos 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 19,
21, 26, 27, 28, 29, 31, 33, 34

% produto (100%) > % materiais secos 2

% materiais secos (>100%) > % produtos 17, 20, 22, 23, 24, 30

% materiais secos > % produtos (>20%) 14

% materiais secos < % produtos (>20%) 18, 25

47
150%
140% ~210%
Materiais secos fábrica
130%
Materiais secos produtos
120%
%produtos
110%
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34

Empresas

Figura 8 – Comparação entre a massa de materiais secos utilizados na fabricação dos produtos em
análise com a massa total de materiais secos empregados pela fábrica e a porcentagem que os produtos
analisados representam na massa total dos produtos.

A massa dos produtos é majorita- próximos, o que pode ser causado pela
riamente composta por cimento, agre- presença de umidade do ar contida nas
gados e água. Logo, a massa total dos peças de concreto.
produtos selecionados deve ser inferior A empresa 17 informou que o ci-
à massa total de matérias-primas in- mento e agregados informados estão
formadas como sendo da fábrica toda. relacionados a toda a produção da fá-
Esse valor deve ser próximo, no caso da brica, não apenas aos blocos analisa-
empresa produzir somente os produtos dos. No entanto, o levantamento das
selecionados para o projeto. matérias-primas dos produtos do proje-
As empresas 11, 14, 20, 22, 23, 24, to corresponde ao consumo informado
29 e 30 apresentaram o valor da massa como total da fábrica.
total informada/estimada para todos A empresa 19 informou como pro-
os produtos da fábrica acima do valor dução total da fábrica apenas os pro-
de cimento e agregados informados dutos selecionados para o estudo, pois
como totais da empresa. Nas empre- não foi possível fazer um levantamento
sas 8, 21, 28 e 34 esses valores foram sobre os demais produtos.

48
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A empresa 20 apresentou um total da fábrica, apesar dos produtos do pro-


de cimento dos produtos analisados jeto não corresponderem à produção
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coerente com o valor total utilizado na total da fábrica. PAVIMENTO INTERTRAVADO

fábrica. No entanto, o total de agrega- A empresa 30 apresentou o consumo


dos se encontra muito acima do total de cimento dos produtos estudados coe-
da fábrica. rente com o consumo total da fábrica. Já
A empresa 22 apresentou o consumo o consumo de agregados desses produtos
de cimento calculado um pouco superior se apresentou superior ao consumo to-
ao total da fábrica. Como foi informado tal. O inverso pode ser observado com os
que os produtos selecionados para estu- produtos da empresa 32, que apresentou
do correspondem a 100% da produção consumo de cimento superior ao total da
da fábrica, o dado está coerente, con- fábrica, mas um consumo de agregados
siderando que pode ter havido consu- que pode ser considerado coerente.
mo um pouco superior de cimento em Deve-se considerar que o único
algum tipo de produto. Em relação ao consumo informado referente aos blo-
consumo de agregados, observa-se que cos analisados foi o de cimento. O con-
o consumo estimado está muito supe- sumo de agregados e a proporção de
rior ao consumo total da ­fábrica. cada tipo utilizado nos produtos foram
As empresas 23 e 24 apresentaram estimados com base nos dados de mas-
tanto o consumo de cimento e de agre- sa e cimento da peça e das quantidades
gados dos produtos analisados superior de cada tipo de agregado utilizado pela
aos valores informados, como os totais fábrica toda.

49
8 ANÁLISE DA MASSA INFORMADA
POR PRODUTO
Alguns dados são estimados com base cm, verifica-se que as massas de todas
na massa da peça informada pela em- as empresas encontram-se abaixo da
presa. Eles são a estimativa do núme- massa seca de referência. Ao comparar
ro de peças quando o total produzido as peças de 8 cm, nota-se que a massa
é informado em massa e os consumos de referência da ABCP tem valor pró-
de cimento e água, quando suas quan- ximo à mediana. Não foi informada a
tidades são informadas em porcenta- massa de referência para a peça de 10
gem. Sendo assim, qualquer erro de cm, mas observa-se que uma empresa
informação da massa pode ocasionar apresenta diferença de 50 kg/m² em
em erro nos resultados que dependem relação à empresa que possui menor
da massa da peça para serem obtidos. massa, cuja variação com as outras
Por causa disso, fez-se necessário uma empresas é de no máximo 15 kg/m².
análise entre as massas dos produtos A Figura 10 apresenta a variação
das empresas. das massas por m² entre as empresas
A ABCP forneceu uma tabela con- para os blocos para pavimento de 16
tendo a massa de referência de al- faces de 35 MPa. O mesmo observado
guns produtos para comparação com nos blocos retangulares é verificado
as massas das empresas16. A variação nesse caso, atentando para maior dis-
das massas de blocos para pavimento persão entre as empresas. Isso pode
retangulares de 35 MPa é ilustrada na ser decorrente da maior variação nas
Figura 9, apresentada por m². Observa- dimensões das peças, pois não há
se que há dispersão entre as empre- uma padronização para as dimensões
sas, apesar de todos os produtos pos- das mesmas, apesar de apresentarem
suírem a mesma resistência e o mesmo o mesmo formato. Não foram informa-
formato. Comparando esses dados com dos os dados de massa de referência
os valores da ABCP para as peças de 6 da ABCP para peças de 16 faces para
comparar com os dados informados
16 E-mail com o Eng. Claudio Oliveira Silva, da ABCP: dados levanta-
pelas empresas.
dos de trabalhos de dosagem realizados com alguns fabricantes.

50
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280
270
260 MODULAR
PAVIMENTO INTERTRAVADO
250
Massa/m2 (kg/m2)

240
230
220
210
200
190
180 Massa das empresas
170 Mediana
160 ABCP - referência
150
140
130
120
110
5 6 7 8 9 10 11
Espessura(cm)

Figura 9 – Variação da massa informada e dado ABCP – Bloco para pavimento de 35 MPa. A variabilidade
é função da variação da densidade das formulações e dos agregados.

250
240
230
220
Massa/m2 (kg/m2)

210
200
190
180
170
160
150
140
130 Massa das empresas
120 Mediana
110
100
5 6 7 8 9 10 11
Espessura(cm)

Figura 10 – Variação da massa informada – Blocos para pavimento de 16 faces (35 MPa). A variabilidade é
função da variação das dimensões das peças e da variação da densidade das formulações e dos agregados.

Para os blocos estruturais, foi rea- variação de massa entre as informações


lizada a mesma análise apresentada na declaradas pelas empresas, apesar dos
51
Figura 11. Observa-se que há grande blocos apresentarem as mesmas resis-
tências e as mesmas dimensões. Isso sa da peça. Como algumas vibroprensas
pode ser resultado de uma série de fa- não apresentam a eficiência necessária
tores. O tipo de equipamento utilizado para o alcance de algumas resistências,
para a moldagem da peça influencia algumas empresas utilizam a tolerância
na massa da mesma, pois quanto mais da espessura das paredes para que seus
eficiente for a compactação, menor a produtos obtenham a resistência espe-
quantidade de poros, mais resistente é cificada para seu bloco.
o concreto e maior a massa do bloco. A massa de referência da ABCP pos-
A proporção e os tipos de agregados sui valor próximo ou igual à mediana
utilizados também são importantes na dos valores informados pelas empresas.
determinação da resistência do bloco, A menor massa informada para os
além de influenciar na massa do ­mesmo. blocos de 8 MPa e 10 MPa pertencem à
Apesar da NBR 6136 (ABNT, 2007) mesma empresa, sendo que esse valor
especificar as dimensões e as espessu- é considerado baixo para as respectivas
ras das paredes dos blocos, ela tolera resistências. Já a maior massa levanta-
pequenas variações, o que pode ocasio- da para o bloco de 12 MPa é considera-
nar uma considerável variação de mas- da fora do normal.

15,0
Massa das empresas
14,5 ABCP - referência
Mediana
14,0
Massa (kg)

13,5

13,0

12,5

12,0

11,5

11,0
2 4 6 8 10 12 14
Resistência (MPa)

Figura 11 – Variação da massa informada – Blocos estruturais. A variabilidade é função da variação da


densidade das formulações e dos agregados. Desgaste de formas é fator importante.
52
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A Figura 12 apresenta a variação dos Presume-se que o maior valor infor-


blocos de vedação de 2 MPa, com di- mado para o bloco com largura de 9 cm
MODULAR
ferentes dimensões. Nesse caso pode-se esteja incorreto, pois a empresa PAVIMENTO
res- INTERTRAVADO
observar uma dispersão maior em com- ponsável (19) informou que tanto este
paração com outros produtos, com di- bloco, quanto o de 14 cm de largura
ferença entre empresas superior a 3 kg. possuem a mesma massa.

13,5
13,0
12,5
12,0
11,5
Massa (kg)

11,0
10,5
Massa das empresas
10,0
ABCP - referência
9,5
Mediana
9,0
8,5
8,0
7,5
7,0
6,5
8 9 10 11 12 13 14 15
Largura do bloco (cm)

Figura 12 – Variação da massa informada – Blocos de vedação. A variação é associada à espessura da


parede, além dos fatores de densidade. O dado referente a blocos de 9 cm com massa de 13 kg pertence
à empresa 19, que forneceu o mesmo valor para blocos de 14 e 9 cm.

53
9 TIPOS DE CIMENTOS UTILIZADOS
E CURA TÉRMICA
A Tabela 13 apresenta os tipos de cimen- traram o uso de cura térmica. Certa-
to utilizados pelas empresas, onde se mente, existem situações intermediárias,
observa que uma mesma empresa pode onde a cura térmica é usada na época de
utilizar mais de um tipo de c­ imento. menor temperatura ou de alta demanda
Apenas 12 das 33 empresas regis- ou ainda, apenas em alguns produtos.

Tabela 13 – Tipos de cimento utilizados pelas empresas associados


ao uso de cura térmica.
Empresa Tipos de cimentos Realiza cura térmica
1 CP V X

2 CP V

3 CP V

4 CP V

5 CP V

6 CP V X
7 CP II-Z
8 CP II-Z; CP V X
10 CP V X
11 CP V
12 CP V X
13 CP V
14 CP V
15 CP V
16 CP V
17 CP II-E; CP V
18 CP IV X
19 CP V

54 Continua >
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Tabela 13 – Tipos de cimento utilizados pelas empresas associados ao uso de cura térmica. – continuação

Empresa Tipos de cimentos Realiza cura térmica


MODULAR
20 CP V X PAVIMENTO INTERTRAVADO

21 CP V
22 CP V
23 CP V
24 CP V X
25 CP III; CPV
26 CP V X
27 CP V X
28 CP V
29 CP V X
30 CP V
31 CP II-Z
Não informou consumo de
32 CP V
combustíveis
33 CP V X
34 CP V

55
10 ANÁLISE DAS PERDAS E RESÍDUOS
INFORMADOS
Dados de perdas de produção, re- cimentício reciclam esse montante, in-
ferentes a todos os produtos da fábri- terna e/ou externamente.
ca, foram solicitados no formulário. No No formulário não foram especifi-
entanto, a forma como essa informa- cados os demais resíduos gerados de-
ção foi pedida gerou dúvidas quanto vido às etapas de fabricação dos blo-
aos dados a serem informados. Isso cos de concreto. Essa informação foi
fez com que algumas empresas forne- preenchida por cada empresa, o que
cessem dados de resíduos cimentícios pode ter influenciado na quantidade
que saem da fábrica, enquanto outras de dados que retornaram, uma vez que
passassem seus valores de perdas de nem todas as participantes indicaram
produção, que não necessariamente se a geração de outros resíduos que não
tornam resíduos. A destinação que é os cimentícios. Na Tabela 14 são apre-
dada a esse material permitiu observar sentadas as quantidades de empresas
que 97% das empresas que informaram que informaram dados referentes aos
dados referentes às perdas de material resíduos que foram informados.

Tabela 14 – Levantamento do número de empresas que informaram dados


de resíduos gerados no processo de fabricação dos blocos de concreto –
cimentícios e outros.
Embalagem Oleosos
Sucata metálica
Papel e papelão

(aço incluído)

cimentício
Tambores
Plásticos

Material
Madeira

Empresa
Pallets

estopa
Graxa
Óleo

Informou dados de
9 4 6 3 4 4 1 2 2 29
resíduos

Recicla 7 4 4 2 3 3 1 2 2 28

Descarta 2 0 2 1 1 1 0 0 0 1

% recicla 77,8 100,0 66,7 66,7 75,0 75,0 100,0 100,0 100,0 96,6

56
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Apesar do número de empresas não mercado na medida de resíduos e per-


ser representativo ao grupo participan- das de processo. Os dados revelaram
MODULAR
te do projeto (33 fábricas), observa-se a necessidade de uma metodologia PAVIMENTO INTERTRAVADO

elevada taxa de reciclagem de seus re- padrão adequada a empresas de dife-


síduos, tanto os referentes às perdas de rentes tamanhos e que seja confiante.
processo quanto aos demais informados. Esta será desenvolvida em outra etapa
Com as informações levantadas do projeto
observa-se que não existe padrão de

57
11 INDICADORES SETORIAIS
Os indicadores setoriais são os re- valores apenas foram divulgados junto
sultados que indicam para a empresa, às empresas participantes.
de modo simples e direto, a eficiência Os consumos de materiais levanta-
de seu processo produtivo comparada dos foram considerados no cálculo dos
com as demais empresas participantes indicadores de energia incorporada e
do projeto, sendo um indicador de de- emissão de CO2.
sempenho. Esses indicadores também Dados clara e objetivamente incon-
informam para as participantes que sistentes não são incluídos na análise.
existem possibilidades de melhorar seu Algumas empresas passaram por audi-
desempenho ambiental. toria para verificação dos dados infor-
Estes indicadores correspondem mados nos formulários. No entanto, a
ao consumo de materiais (cimento e metodologia seguida pela equipe de
agregados) e às perdas de produção. auditoria não conseguiu esclarecer al-
Por serem considerados resultados que gumas dúvidas ou dirimir inconsistên-
indicam a eficiência da empresa, seus cia observadas.

58
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12 INDICADORES DA ACV-M MODULAR


PAVIMENTO INTERTRAVADO

Os indicadores da ACV-m são os 12.1 INDICADOR DE ENERGIA


resultados que indicam quantitativa- INCORPORADA
mente para a empresa os impactos am- O indicador de energia incorporada é
bientais originados devido à produção composto pela energia total envolvida
de blocos de concreto. Assim como os na obtenção dos insumos e fabricação
indicadores setoriais, eles também são da peça, ou seja, a energia estimada
apresentados em faixas compostas pe- para o transporte das matérias-primas,
los menores e maiores resultados en- a energia de extração e processamento
contrados com os dados analisados. das mesmas e a energia utilizada no pro-
Dados clara e objetivamente incon- cesso produtivo dos produtos. As figuras
sistentes não são incluídos na análise. a seguir apresentam, além dos valores
Algumas empresas passaram por audi- que limitam a faixa energia incorporada,
toria para verificação dos dados infor- os resultados máximos (círculo vazado
mados nos formulários. No entanto, a vermelho) e mínimos (círculo vazado
metodologia seguida pela equipe de verde) estimados para cada empresa.
auditoria não conseguiu esclarecer al- As faixas são apresentadas na Figura 13
gumas dúvidas ou dirimir inconsistên- para os blocos para pavimento e na Figura
cia observadas. 14 para os blocos estruturais e de vedação.

900
Versão Out/2014 Mínimo
(sujeito a revisão) Máximo
800
Mínimo - empresas
Máximo - empresas
700
Consumo energético (MJ/m2)

600

500

400

300

15 29
200 10 ≈12 12
10 7
100
17 17 17 17 17 17
0
Retang.6 cm Retang.8 cm Retang.10 cm 16Faces.6 cm 16Faces.8 cm 16Faces.10 cm

59
Figura 13 – Indicador de energia incorporada – Blocos para pavimento de 35 MPa. Alguns resultados
não foram considerados por serem julgados produtos de erro de inventário.
60
Versão Out/2014 Mínimo
(sujeita a revisão)
Máximo
Mínimo - empresas
50 Máximo - empresas
Consumo energético (MJ/pç)

40

30

20

29 29
25 25 25
10 25 25

4 4 4 4 4 34 34
0
4 MPa 6 MPa 8 MPa 10 MPa 12 MPa 14 cm.2 MPa 9 cm.2 MPa

Figura 14 – Indicador de energia incorporada – Blocos estruturais e de vedação. Alguns resultados não
foram considerados por serem julgados produtos de erro de inventário.

Os pontos que apresentam valo- corporada por serem considerados


res iguais a zero no gráfico represen- produtos de erro de inventário. Os
tam as emrpesas que não produzem o resultados das empresas 3, 18, 26 e
produto em questão. Como os resul- 27 foram retirados da faixa, porque
tados foram calculados com base nas implicaria em blocos de concreto com
massas, total dos produtos analisa- maior energia incorporada do que a da
dos e total de produtos fabricados produção de clínquer, se comparada
no período analisado, não foi pos- a mesma quantidade de produtos em
sível analisar os dados de energia massa. Os resultados referentes aos
das empresas 19 e 32. A primeira blocos para pavimento da empresa
não pôde informar a massa total de 25 também não foram considerados,
produtos fabricados no período e a pois estes possuem grande influência
segunda não informou dados de pro- do consumo de cimento informado,
dução total da fábrica referente ao resultado que não foi considerado na
período de 12 meses. composição da faixa desse indicador.
Alguns resultados ilustrados nas Os valores máximos e mínimos que
figuras foram retirados da faixa de limitam as faixas estimadas para os
60
variação do indicador de energia in- bcp pertencem a diferentes empresas.
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Entre elas algumas tiveram a massa 12.2 INDICADOR DE EMISSÃO


total de produção da fábrica estimada DE CO2
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(15, 17 e 29). O resultado máximo da Assim como os indicadores PAVIMENTO
de INTERTRAVADO
faixa do bcp retangular de 8 cm per- energia, o indicador de emissão de
tence a duas fábricas diferentes. CO2 é composto pela emissão total
Em relação aos bce e bcv, os valo- por peça, ou seja, a quantidade es-
res mínimos pertencem às empresas 4 timada procedente da queima de
e 34, onde a primeira teve sua massa combustíveis para o transporte das
total de produção estimada. totais de matérias-primas, extração e proces-
produtos da empresa também foram samento das mesmas e o CO2 emitido
estimadas. Os valores máximos per- devido ao funcionamento da fábrica.
tencem às empresas 25 e 29, cujas As figuras apresentam além dos valo-
massas totais de produtos da empre- res que delimitam a faixa, os valores
sa também foram estimadas. máximos (círculos vazados em verme-
As energias incorporadas, referen- lho) e mínimos (círculos vazados em
tes tanto aos bcp quanto aos bce e verde) estimados para cada empre-
aos bcv, apresentam como principal sa. Na Figura 15 são apresentadas as
responsável o consumo de cimento emissões dos blocos para pavimento
informado pela empresa. (35 MPa) e na Figura 16 as emissões
dos blocos estruturais e de vedação.

70
Versão Ag/2014
(sujeita a revisão)

60 Mínimo
Máximo
Mínimo - empresas
50 Máximo - empresas
Emissão de CO2 (kgCO2/m2)

40
29
10 33
30 12 ≈ 29
10 7
20

10 17 17
17 17
17 17
0
Retang.6 cm Retang.8 cm Retang.10 cm 16faces.6 cm 16faces.8 cm 16faces.10 cm

Figura 15 – Indicador de emissão de CO2 – Blocos para pavimento (35 MPa). Alguns resultados não
foram considerados por serem considerados produtos de erro de inventário. 61
4,0
Versão Ag/2014 Mínimo
(sujeita a revisão) Máximo
3,5 Mínimo - empresas
Máximo - empresas

3,0
Emissão de CO2 (kgCO2 / pç)

2,5 29

29
2,0

22 29
1,5 22

22
1,0 25

0,5 4
4 4 4 16≈20≈
4≈14≈34
31≈34 20≈34
0,0
4 MPa 6 MPa 8 MPa 10 MPa 12 MPa 14 cm.2 MPa 9 cm.2 MPa

Figura 16 – Indicador de emissão de CO2 – Blocos estruturais e de vedação. Alguns resultados não foram
considerados por serem considerados produtos de erro de inventário.

Assim como mencionado no indicador pavimento da empresa 25 também não


de energia incorporada, não foi possível foram considerados, pois estes pos-
realizar a análise dos dados de emis- suem grande influência do consumo de
são de CO2 das empresas 19 e 32. A cimento informado, resultado que não
primeira não pôde informar a massa total foi considerado na composição da faixa
de produtos fabricados no período e a se- desse indicador.
gunda não informou dados de produção Como observado na Figura 23, os
total da fábrica no período de estudo. Os valores mínimos dos bcp pertencem a
pontos que apresentam valores iguais a apenas uma empresa, enquanto os va-
zero no gráfico representam as empresas lores máximos pertencem a diferentes
que não produzem o tipo de produto a empresas. Alguns valores extremos das
que esse indicador está associado. faixas correspondem aos resultados de
Alguns resultados ilustrados nas fi- mais de uma empresa.
guras não compõem a faixa do indica- O principal responsável pela emis-
dor de emissão de CO2 por serem consi- são de CO2 é o tipo de cimento usado
derados produtos de erro de inventário. pelas empresas, com exceção do bloco
As empresas representadas por esses para pavimento de 16 faces de 6 cm,
pontos são as 3, 18, 26 e 27. Os re- cujo fator principal foi o consumo de
62
sultados referentes aos blocos para cimento. As empresas 17 e 29 tiveram
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a massa total de produção da fábrica forneceram essa informação em por-


estimada, pois informaram esse dado centagem da massa (empresas 10 e 29)
MODULAR
em unidades de peças ou em m². ou em litros por m² (empresas 26 e 27).
PAVIMENTO INTERTRAVADO

Em relação aos bce e bcv o principal Nesse último caso, bastou levantar a
fator para os resultados máximos é o uso quantidade de peças por m² para se ob-
de CP V, no entanto a emissão mínima ter a quantidade de água por peça.
não está relacionada ao uso de apenas No caso dos dados em porcentagem,
um tipo de cimento. Com exceção da em- estimou-se a quantidade de água por
presa 25, as demais tiveram a massa to- peça (litro), por meio da massa informa-
tal de produção da fábrica estimada. da. Para isso, considerou-se que a massa
informada (kg) possui uma umidade de
12.3 INDICADOR DE ÁGUA equilíbrio com o ar de 5%, ou seja, cal-
Para o estudo do consumo de água no culou-se o volume de água com base na
processo produtivo de blocos de concre- massa seca da peça. Esse cálculo é re-
to foram solicitados dois tipos de infor- presentado pela equação a seguir (mas-
mação: o consumo de água de compo- sa específica da água igual a 1,0 kg/l):
sição do concreto por peça (apenas dos
águapeça = (massapeça x 0,95) x %águainformada
produtos analisados) e o consumo total
de água da fábrica por fonte de origem.
Na Tabela 15 e na Tabela 16 são
12.3.1 CONSUMO DE ÁGUA DE apresentados os consumos de água for-
COMPOSIÇÃO DO CONCRETO POR PEÇA necidos pelas empresas, após as devi-
O consumo de água de composição do das conversões. Também são apresen-
concreto por peça foi solicitado em tados os valores máximos, mínimos e
litros, no entanto, algumas empresas médios para cada tipo de produto.

Tabela 15 – Quantidade de água de composição do concreto informada para os


blocos para pavimento (35 MPa).
Quantidade de água de composição do concreto por peça (litro/pç)
Empresa
Pç.ret.6 cm Pç.ret.8 cm Pç.ret.10 cm Pç.16f.6 cm Pç.16f.8 cm Pç.16f.10 cm
1 0,17 0,23 - 0,19 0,25 -
2 0,15 0,20 - 0,15 0,20 -
3 0,16 0,22 - 0,21 0,27 0,36
4 - - - - - -
5 0,15 0,20 - - 0,25 -
6 0,15 0,19 - - - -
7 0,03 0,06 - 0,04 0,07 -
Continua > 63
Tabela 15 – Quantidade de água de composição do concreto informada para os blocos para pavimento (35 MPa).

Quantidade de água de composição do concreto por peça (litro/pç)


Empresa
Pç.ret.6 cm Pç.ret.8 cm Pç.ret.10 cm Pç.16f.6 cm Pç.16f.8 cm Pç.16f.10 cm
8 0,10 0,14 - 0,13 0,18 0,22
10 0,12 0,16 - - - -
11 - - - - - -
12 0,15 0,21 - - 0,27 -
13 0,14 0,18 - - - -
14 - - - - - -
15 0,16 0,20 0,27 0,18 0,26 0,30
16 0,16 0,21 - 0,20 0,27 -
17 0,15 0,19 0,24 0,19 0,24 0,30
18 0,35 - - 0,35 0,52 0,87
19 - - - - - -
20 - - - - - -
21 - - - - - -
22 0,01 0,02 - 0,02 0,03 0,06
23 0,28 0,40 0,49 - 0,53 -
24 0,22 0,27 - 0,36 0,41 -
25 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40
26 0,09 0,12 - - - -
27 0,09 0,12 - - - -
28 0,14 0,18 0,23 0,17 0,24 0,29
29 0,43 0,51 - 0,53 0,70 0,91
30 0,20 0,30 - 0,28 0,39 -
31 0,14 0,18 - 0,15 - 0,33
32 0,09 0,10 - 0,07 0,08 0,10
33 0,02 0,04 0,05 - 0,04 0,05
34 - - - - - -

Máximo 0,43 0,51 0,49 0,53 0,70 0,91


Média 0,16 0,20 0,28 0,21 0,28 0,35

64 Mínimo 0,01 0,02 0,05 0,02 0,03 0,05


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Tabela 16 – Quantidade de água de composição do concreto informada para os


blocos estruturais e de vedação.
Quantidade de água de composição do concreto por peça (litro/pç) MODULAR
Empresa PAVIMENTO INTERTRAVADO
Bl.est.4 MPa Bl.est.6 MPa Bl.est.8 MPa Bl.est.10 MPa Bl.est.12 MPa Bl.ved.14 cm Bl.ved.9 cm
1 0,82 0,82 0,88 0,88 0,89 0,67 0,54
2 0,55 0,55 0,55 0,55 0,55 0,40 0,35
3 0,78 0,79 0,79 0,85 - 0,66 0,59
4 1,10 1,10 1,20 1,20 1,30 1,00 0,90
5 0,70 0,70 - 0,71 0,84 0,67 0,48
6 0,20 0,21 - - - 0,19 -
7 0,14 0,18 - 0,29 - - 0,09
8 0,63 0,63 0,64 - 0,68 - 0,40
10 0,66 0,66 0,66 0,74 0,74 0,48 0,39
11 0,38 0,38 0,38 0,38 0,38 0,33 0,31
12 0,77 0,74 0,77 0,77 0,78 0,48 0,58
13 0,33 - - - - 0,30 0,22
14 0,29 0,30 0,35 0,41 0,65 0,24 0,21
15 0,77 0,72 0,82 0,83 0,85 0,63 0,46
16 0,81 0,82 0,83 - - 0,66 0,56
17 - - - - - - -
18 1,35 1,35 1,42 1,46 1,79 1,36 1,36
19 0,32 0,32 0,32 0,32 0,32 0,32 0,32
20 0,20 0,25 0,25 0,30 0,30 0,20 0,20
21 0,28 - - - - 0,20 0,18
22 0,10 0,11 - - - 0,07 0,04
23 1,24 1,25 1,26 1,30 1,31 0,94 0,85
24 0,63 0,72 0,81 0,92 - 0,59 0,54
25 0,88 0,88 0,88 0,88 0,88 0,88 0,88
26 0,50 0,50 - - - - -
27 0,50 0,50 - 0,50 - - -
28 - - - - - - -
29 2,00 2,08 2,11 2,14 2,18 - -
30 1,00 1,00 1,00 1,00 1,20 0,80 0,80
31 0,80 0,80 0,80 0,80 - 0,67 0,67
32 0,32 0,34 0,34 0,35 0,35 0,33 0,33
33 0,04 0,05 0,07 0,09 0,12 0,03 0,02
34 0,44 0,43 0,44 0,42 0,42 0,47 0,44
Máximo 2,00 2,08 2,11 2,14 2,18 1,36 1,36
Média 0,63 0,66 0,76 0,75 0,83 0,52 0,47
65
Mínimo 0,04 0,05 0,07 0,09 0,12 0,03 0,02
100

90

80
Distribuição das empresas (%)

70

60

50
Blocos de concreto
40 Peças de concreto de 35 MPa

30

20

10

0
0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20%
Teor de água da peça

Figura 17 – Gráfico de distribuição do teor de água de composição do concreto que foi informada pelas
empresas.

Com os dados de água por peça (li- Observa-se na Figura 17 que existe
tro/pç) e da massa informada por pro- uma grande dispersão nos resultados.
duto (kg), calculou-se a proporção de Segundo a ABCP17, os teores típicos de
água com base na massa seca, também água, para a produção dos concretos
considerando a umidade de equilíbrio secos utilizados nos componentes, está
com o ar igual a 5%. A equação utili- em torno de 6%. A configuração está di-
zada para esse cálculo é dada a seguir: retamente relacionada ao teor de água,
pois os blocos apresentam paredes com
águapeça pequena espessura, enquanto as outras
%águaproduto =
(0,95 x massapeça) peças são maciças. Se a massa de con-
creto possuir mais ou menos água que
O objetivo desse levantamento foi o ideal para a vibroprensa utilizada, a
tornar possível a comparação dos da- compactação não será eficiente.
dos informados com o teor de água Como os agregados contêm água
considerado adequado pela ABCP, que é de origem diversa (de extração ou de
de 6% da massa seca. Com esses dados, chuva), o volume adicionado por oca-
construiu-se o gráfico de distribuição
66
apresentado na Figura 17. 17 E-mail com o Eng. Claudio Oliveira Silva, da ABCP.
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sião da mistura é tipicamente inferior à 6%, sendo que 20% informaram valores
água necessária para sua composição. acima de 10%. Estes valores são os tí-
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Neste caso, espera-se valores abaixo de picos de concretos plásticos ou mesmo
PAVIMENTO INTERTRAVADO

6% quando uma empresa informa ape- argamassas fluidas. Uma justificativa


nas a água adicionada. Como a umidade plausível para esses valores elevados
dos agregados poderia chegar a uns 5% é o uso de agregados muitos porosos
(em uma média anual), e os agregados (como os reciclados) em grande quan-
são tipicamente 90% da massa, é pos- tidade. Existe, portanto, uma grande
sível que a água presente nos agrega- inconsistência nestes valores, que
dos represente 4% da mistura, situação precisam ser revisados.
em que a empresa precisaria adicionar O formulário precisa ser revisado
apenas 2%. No entanto, observa-se deixando claras as informações solici-
que 10% dos valores informados estão tadas: (a) água adicionada (b) água
abaixo de 2%. de agregados; (c) teor de umidade
Por outro lado, valores de deman- do concreto.
da de água acima de 6% podem ocor-
rer devido à morfologia de agregados, 12.3.2 CONSUMO DE ÁGUA TOTAL
configuração da prensa, etc. Também é DA FÁBRICA
possível – embora incomum - o uso de É possível identificar o consumo de
agregados secos. Mesmo neste cenário, água distribuindo-se, por massa, o con-
não é possível justificar valores muito sumo da fábrica. O consumo de água
superiores a 6% como água de compo- total da fábrica foi solicitado em m³ e
sição do concreto. A distribuição mos- por tipo de fonte. A Tabela 17 apresen-
tra, no entanto, que mais de 50% das ta as origens das águas utilizadas por
empresas informaram valores acima de cada fábrica.

Tabela 17 – Consumo de água total da fábrica por fonte de origem.

Fonte Superficial Subterrânea Chuva Concessionária


1 - 100% - -
2 53% - - 47%
3 - - - 100%
4 - 100% - -
5 88% - - 12%
6 - 100% - -
7 - 79% - 21%
8 - - - 100%
Continua >
67
Tabela 17 – Consumo de água total da fábrica por fonte de origem. – continuação

Fonte Superficial Subterrânea Chuva Concessionária


10 - 100% - -
11 - 77% - 23%
12 - 100% - -
13 - 100% - -
14 - 94% - 6%
15 - 82% - 18%
16 - 100% - -
17 - 0% 97% 3%
18 - 100% - -
19 - - - 100%
20 - 100% - -
21 100% - - -
22 - 100% - -
23 - - - 100%
24 - 51% - 49%
25 - 100% - -
26 - 33% 23% 43%
27 - - - 100%
28 - 93% - 7%
29 - - - -
30 - 100% - -
31 - 97% - 3%
32 - 100% - -
33 - - 6% 94%
34 - 100% - -

Observa-se que a maioria das empre- tes para a análise, já que o período de
sas utiliza água subterrânea e/ou água coleta dos dados é de 12 meses.
da concessionária. Apenas três empresas A empresa 28, além das origens de
usam água superficial e duas empresas água apresentadas na Tabela 17, infor-
usam água de chuva associada, e esta, mou a quantidade de água proveniente
associada à outra fonte. A empresa 29 da umidade dos agregados. Existe uma
não informou o consumo total da fá- grande incerteza quanto à origem das
brica no período do estudo. Já a em- águas dos agregados: chuva, água de
presa 32 informou dados referentes a lavagem, água captada durante a ex-
68
apenas dois meses, dados insuficien- tração, etc. Como apenas essa empresa
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águatotal.prod
informou o volume dessa fonte e sa- águafábrica.pç =
QTDTP
bendo-se que as demais também fazem
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uso dessa água incorporada, resolveu- PAVIMENTO INTERTRAVADO

se não considerar esse dado no desen- A empresa 19 não informou a


volvimento do indicador de água. massa total de produtos fabricadas
A alocação da água total da fábrica no período analisado, nem outro
em cada produto foi realizada em mas- dado que permitisse a estimativa
sa, ou seja, calculou-se a razão da mas- desse valor. Portanto, não foi possí-
sa total de cada produto (MTP) na mas- vel fazer a distribuição da água da
sa total produzida pela fábrica (MTPF) e fábrica nos produtos selecionados
através desse valor, fez-se a divisão da para o estudo.
água total em cada peça. Com os con- As tabelas a seguir apresentam va-
sumos de água informados para toda lores médios de consumo de água por
a fábrica (águatotal.fábrica), somando-se a fonte, conforme o tipo de produto –
todas as fontes (fonteágua), multiplicou- bcp (Tabela 18), bce (Tabela 19) e bcv
se esse valor pela proporção de cada (Tabela 20 e Tabela 21).
produto para se obter o consumo total As empresas que têm sua identi-
de água por produto (águatotal.prod). As ficação marcada em vermelho não in-
equações utilizadas são apresentadas formaram a massa total de produtos
a seguir: da fábrica, sendo que este valor foi
estimado com base nos dados levan-
MTP tados pelo formulário.
%produtosprojeto =
MTPF Na Tabela 18, os consumos são
águatotal.fábrica = ∑fonteágua apresentados em m², unidade funcio-
águatotal.prod = %produtoprojeto x águatotal.fábrica nal adotada para os blocos para pa-
vimento. Para seu cálculo bastou-se
multiplicar a quantidade de água para
Dividindo-se esse consumo pela uma peça pela quantidade de peças
quantidade de peças produzidas para por m² (qtdpçs/m²), como representado
cada produto no período em análise, pela equação abaixo. Esse último dado
obtém-se o consumo de água da fábri- foi fornecido pelas empresas em sua
ca por peça, como mostra a equação homepage ou por meio de contato por
a seguir. Esses valores compõem o in- telefone ou e-mail.
dicador de água, sendo informados em
águafábrica/m = águafábrica.pç x qtdpçs / m2
litro/peça.

69
Tabela 18 – Consumo de água da fábrica para os blocos para pavimento (35 MPa).
Pisos - Indicador Médio de Água (litro/m²)
Empresa Total
Concessionária Subterrânea Superficial Chuva
1 - 10,57 - - 10,57
2 6,34 - 7,23 - 13,57
3 10,46 - - - 10,46
4 - - - - -
5 1,71 - 12,11 - 13,82
6 - 8,33 - - 8,33
7 0,72 2,66 - - 3,38
8 7,94 - - - 7,94
10 - 5,87 - - 5,87
11 - - - - -
12 - 16,01 - - 16,01
13 - 6,58 - - 6,58
14 - - - - -
15 1,13 5,23 - - 6,37
16 - 16,57 - - 16,57
17 0,76 - - 24,88 25,64
18 - 14,26 - - 14,26
19 - - - - -
20 - - - - -
21 - - - - -
22 - 0,44 - - 0,44
23 5,82 - - - 5,82
24 4,95 5,10 - - 10,05
25 - 112,60 - - 112,60
26 9,19 7,07 - 4,95 21,22
27 17,34 - - - 17,34
28 0,36 4,82 - - 5,18
29 - - - - -
30 - 11,12 - - 11,12
31 2,92 97,24 - - 100,16
32 - - - - -
33 3,25 - - 0,22 3,48
34 - - - - -
70
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Tabela 19 – Consumo de água da fábrica para os blocos estruturais.


Blocos estruturais - Indicador Médio de Água (litro/pç)
Empresa Total MODULAR
Concessionária Subterrânea Superficial Chuva PAVIMENTO INTERTRAVADO

1 - 0,95 - - 0,95
2 0,54 - 0,62 - 1,17
3 0,81 - - - 0,81
4 - 1,38 - - 1,38
5 0,14 - 0,97 - 1,11
6 - 0,66 - - 0,66
7 0,06 0,23 - - 0,29
8 0,62 - - - 0,62
10 - 0,52 - - 0,52
11 0,16 0,55 - - 0,71
12 - 1,29 - - 1,29
13 - 0,55 - - 0,55
14 0,03 0,52 - - 0,56
15 0,08 0,39 - - 0,47
16 - 1,46 - - 1,46
17 - - - - -
18 - 1,17 - - 1,17
19 - - - - -
20 - 0,33 - - 0,33
21 - - 0,91 - 0,91
22 - 0,03 - - 0,03
23 0,42 - - - 0,42
24 0,39 0,40 - - 0,78
25 - 8,08 - - 8,08
26 0,79 0,61 - 0,43 1,83
27 1,51 - - - 1,51
28 - - - - -
29 - - - - -
30 - 0,95 - - 0,95
31 0,22 7,23 - - 7,45
32 - - - - -
33 0,22 - - 0,01 0,23
34 - 1,25 - - 1,25 71
Tabela 20 – Consumo de água da fábrica para os blocos de vedação de 14 cm.
Blocos de vedação 14 cm - Indicador de Água (litro/pç)
Empresa Total
Concessionária Subterrânea Superficial Chuva
1 - 0,75 - - 0,75
2 0,40 - 0,46 - 0,86
3 0,66 - - - 0,66
4 - 0,98 - - 0,98
5 0,13 - 0,91 - 1,04
6 - 0,66 - - 0,66
7 - - - - -
8 - - - - -
10 - 0,40 - - 0,40
11 0,13 0,42 - - 0,54
12 - 0,81 - - 0,81
13 - 0,47 - - 0,47
14 0,03 0,42 - - 0,44
15 0,07 0,31 - - 0,38
16 - 1,17 - - 1,17
17 - - - - -
18 - 0,93 - - 0,93
19 - - - - -
20 - 0,25 - - 0,25
21 - - 0,79 - 0,79
22 - 0,03 - - 0,03
23 0,31 - - - 0,31
24 0,31 0,32 - - 0,64
25 - 5,72 - - 5,72
26 - - - - -
27 - - - - -
28 - - - - -
29 - - - - -
30 - 0,70 - - 0,70
31 0,21 6,94 - - 7,15
32 - - - - -
33 0,19 - - 0,01 0,21
72 34 - 1,03 - - 1,03
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Tabela 21 – Consumo de água da fábrica para os blocos de vedação de 9 cm.


Blocos de vedação 9 cm - Indicador de Água (litro/pç)
Empresa Total MODULAR
Concessionária Subterrânea Superficial Chuva PAVIMENTO INTERTRAVADO

1 - 0,60 - - 0,60
2 0,34 - 0,39 - 0,73
3 0,59 - - - 0,59
4 - 0,85 - - 0,85
5 0,09 - 0,66 - 0,76
6 - - - - -
7 0,04 0,15 - - 0,19
8 0,38 - - - 0,38
10 - 0,34 - - 0,34
11 0,10 0,34 - - 0,44
12 - 0,97 - - 0,97
13 - 0,35 - - 0,35
14 0,02 0,37 - - 0,39
15 0,05 0,23 - - 0,28
16 - 0,99 - - 0,99
17 - - - - -
18 - 0,76 - - 0,76
19 - - - - -
20 - 0,19 - - 0,19
21 - - 0,59 - 0,59
22 - 0,02 - - 0,02
23 0,28 - - - 0,28
24 0,28 0,29 - - 0,56
25 - 4,78 - - 4,78
26 - - - - -
27 - - - - -
28 - - - - -
29 - - - - -
30 - 0,59 - - 0,59
31 0,14 4,82 - - 4,97
32 - - - - -
33 0,16 - - 0,01 0,17
34 - 0,77 - - 0,77 73
Comparando a massa total seca de toda a água da fábrica, não apenas
produtos analisados com o consumo a água de composição do concreto.
total de água da fábrica distribuído, Já as empresas 25 e 31 apresentaram
encontram-se as proporções de água valores muito elevados, de aproxima-
direcionadas para cada peça. Esses va- damente 65%.
lores são apresentados na Tabela 22, Comparando os consumos totais da
juntamente com o valor médio levanta- fábrica com os consumos por peça para
do com base nos consumos de água por a composição do concreto, observa-se
peça, informados pelas empresas. que alguns valores apresentam incon-
Analisando o total de água infor- sistência. O consumo por peça para o
mado para a fábrica, observa-se que concreto deve ser inferior ao consumo
algumas empresas (valores em verme- total da fábrica alocado por peça, pois
lho) apresentam essa relação inferior este último considera toda a água uti-
a 6%, valor considerado como ade- lizada para a produção, além da água
quado pela ABCP para a composição de composição adicionada. As empre-
do concreto. Isso pode ser conside- sas que apresentaram esses valores in-
rado inconsistente, uma vez que para feriores ou muito acima disso precisam
esse levantamento foi considerada ser revistos.

Tabela 22 – Quantidade de água total da fábrica alocada à massa seca dos


produtos analisados, comparada com a média da água de composição do
concreto informada pelas empresas.
Observação
Total da Composição
Empresa* Concessionária Subterrânea Superficial Chuva água da
fábrica Média
fábrica

1 - 7,9% - - 7,9% 7,2% OK

2 4,4% - 5,1% - 9,5% 4,9% OK

3 6,8% - - - 6,8% 6,8% REVISÃO

4 - 11,2% - - 11,2% 10,2% OK

5 1,1% - 7,5% - 8,6% 5,6% OK

6 - 6,1% - - 6,1% 3,3% OK

7 0,5% 1,9% - - 2,4% 1,6% REVISÃO

8 5,0% - - - 5,0% 4,7% REVISÃO

10 - 4,3% - - 4,3% 5,4% REVISÃO


74
Continua >
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Tabela 22 – Quantidade de água total da fábrica alocada à massa seca dos produtos analisados, comparada com
a média da água de composição do concreto informada pelas empresas – continuação.

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Observação
Total da Composição PAVIMENTO INTERTRAVADO

Empresa* Concessionária Subterrânea Superficial Chuva água da


fábrica Média
fábrica

11 1,3% 4,3% - - 5,6% 3,2% REVISÃO

12 - 10,6% - - 10,6% 6,3% OK

13 - 4,4% - - 4,4% 3,8% REVISÃO

14 0,3% 4,2% - - 4,5% 3,0% REVISÃO

15 0,7% 3,3% - - 4,0% 6,5% REVISÃO

16 - 11,4% - - 11,4% 6,4% OK

17 50,0% - - 15,2% 65,2% 5,9% REVISÃO

18 - 9,3% - - 9,3% 13,0% REVISÃO

19 - - - - - 2,5% REVISÃO

20 - 2,8% - - 2,8% 2,3% REVISÃO

21 - - 7,7% - 7,7% 2,2% OK

22 - 0,3% - - 0,3% 0,8% REVISÃO

23 3,4% - - - 3,4% 10,8% REVISÃO

24 3,5% 3,6% - - 7,1% 8,0% REVISÃO

25 - 65,4% - - 65,4% 9,6% REVISÃO

26 6,2% 4,8% - 3,4% 14,4% 3,8% OK

27 11,8% - - - 11,8% 3,8% OK

28 0,2% 2,8% - - 3,0% 5,3% REVISÃO

29 - - - - - 16,8% REVISÃO

30 - 7,7% - - 7,7% 8,8% REVISÃO

31 1,9% 61,9% - - 63,8% 6,4% REVISÃO

32 - - - - - 2,9% OK

33 1,8% - - 0,1% 1,9% 0,8% REVISÃO

34 - 10,6% - - 10,6% 4,2% OK


75
*Número das empresas em vermelho tiveram sua massa total de produção estimada - valor utilizado para alocação da água total da fábrica.
A Figura 18 apresenta a distribuição lores de consumo total de água mui-
das empresas em relação ao consumo to elevado, quando comparado com
de água total da fábrica, estimado pela as demais empresas e que claramen-
massa dos produtos. Observa-se grande te não poderiam ser justificados em
dispersão dos resultados. condições operacionais destas. Esses
A Figura 19 e a Figura 20 apre- dados foram retirados da composição
sentam a faixa dos indicadores dos da faixa por serem considerados pro-
consumos de água total estimados dutos de erro de inventário. No en-
para as peças de concreto de 35 MPa tanto, valores muito baixos também
e para os blocos para alvenaria, res- podem ser avaliados como resultados
pectivamente. As empresas 19 e 34 de falha de inventário. Preferiu-se
não tiveram esse resultado calculado não descartar esses valores baixos,
por não apresentarem a massa total por não existir um parâmetro para
de produtos fabricados pela fábrica, esse corte, uma vez que a umidade
dado importante visto que a alocação dos agregados pode ser elevada e
da água total foi realizada em massa. parte da água captada de chuva pode
As empresas 25 e 31 apresentaram va- não ter sido contabilizada.

100

90

80
D istribuição das em presas (%)

70

60

50
Peças de concreto de 35 MPa
40 Blocos de concreto

30

20

10

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9
Consumo de água total da fábrica (litro/pç)

Figura 18 – Gráfico de distribuição do consumo total de água pelas fábricas, alocado nos blocos pela
massa da peça.

76
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35
ver. Ag/2014 Mínimo 17
sujeita à revisão Máximo 17
Empresas
30 MODULAR
PAVIMENTO INTERTRAVADO
17
17
Água alocada da fábrica (litro/m ²)

25

17 17
20

15

10

33
22 22 22 22 22
0
Retang.6 cm Retang.8 cm Retang.10 cm 16faces.6 cm 16faces.8 cm 16faces.10 cm

Figura 19 – Indicadores de consumo total de água da fábrica – Blocos para pavimento de 35 MPa.

2,0
26 26 Mínimo ver. Ag/2014
Máximo sujeita à revisão
1,8
Empresas
27
1,6
4≈16 4
Água alocada da fábrica (litro/pç)

1,4
16
1,2
12≈16
1,0

0,8

0,6

0,4

0,2
20≈33 7≈20≈33 33
22 22 22 22
0,0
4 MPa 6 MPa 8 MPa 10 MPa 12 MPa 14 cm.2 MPa 9 cm.2 MPa

Figura 20 – Indicadores de consumo total de água da fábrica – Blocos estruturais e de vedação.

77
A Figura 21 e a Figura 22 apresen- o funcionamento. 62,7% das empresas
tam as fontes de água utilizadas pelas utilizam água subterrânea em algu-
fábricas analisadas pelo projeto. Ob- ma etapa de seu processo. A empresa
serva-se que considerável parcela das 29 não possui dados por não infor-
fábricas analisadas não tem na água da mar a quantidade de água consumida
concessionária sua fonte principal para no ­período.

100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34
Empresas analisadas

Concessionária Superficial Subterrânea Chuva

Figura 21 – Fontes de água utilizadas por fábrica participante do projeto. A empresa 29 não informou
dados de consumo de água da fábrica.

Fontes de água das fábricas de blocos e pisos de concreto analisadas


Superficial 7.5%

Chuva 3.9%

Subterrânea Concessionária
25.8%
62.7%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Figura 22 – Fontes de água utilizadas pelas fábricas analisadas de blocos de concreto para pavimento
78 e alvenaria.
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13 SOBRE OS INTERVALOS DE INCERTEZA


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PAVIMENTO INTERTRAVADO

A metodologia da ACV-m tem setor, não se conhecem os teores de


como princípios explicitar a incerteza clínquer exatos do cimento utilizado,
relativa à estimativa de cada aspecto nem tampouco as emissões do fabri-
ambiental estudado. Esta não é uma cante, que dependem da eficiência
prática comum: o usual é apresentar energética da empresa e da matriz
valores médios e, eventualmente, um energética. Nestes casos, decidiu-se
desvio padrão. Ocorre que como não pela adoção de valores máximos e mí-
existe uma amostragem representati- nimos esperados no mercado brasilei-
va de fabricantes nos inventários do ro para o produto. No momento que
ciclo de vida, com isso, não é possí- os fornecedores divulgarem seus va-
vel falar em média, ou típico, e muito lores, na forma de declaração ambien-
menos em desvio padrão. tal de produto auditada, a incerteza
A necessidade de incorporar a in- irá diminuir substancialmente. Outra
certeza é reconhecida na literatura. fonte de incerteza está associada às
Na falta de inventários com quantida- transformações de unidades, que fo-
de de empresas suficiente para medir ram necessárias para estabelecer as
a dispersão, observa-se a tentativa emissões com base nas unidades fun-
de adotar ferramentas de simulação cionais selecionadas. Esta incerteza
pelo método de Monte Carlo para ge- será diminuída na medida em que as
rar os estudos de incerteza. No en- empresas passarem a controlar siste-
tanto, estas ainda requerem que se maticamente e de forma padronizada
assuma a natureza da distribuição e seus insumos e resíduos.
parâmetros que a descrevam (míni- Na metodologia ACV-m optou-se
mo, máximo, desvio padrão, média), por apresentar apenas a faixa de va-
sem de fato conhecê-las. riação detectada, o mínimo e o máxi-
Neste inventário existe incerteza mo, sem adotar qualquer hipótese de
substancial em várias informações valor médio, a menos que este este-
relevantes. Uma delas é referente à ja determinado. Em consequência, a
emissão de CO2 e energia associa- divulgação que será feita para o pú-
dos à fabricação do cimento. Embo- blico apresentará apenas os valores
ra existam dados médios sólidos do mínimos e máximos observados.

79
14 ANÁLISE CRÍTICA DA METODOLOGIA
14.1 ESCOPO LIMITADO DO gumas estimativas, uma vez que a alo-
PROJETO cação dos consumos de energia e água
A seleção de apenas alguns produ- da fábrica foi realizada em massa. Com
tos resultou em algumas dificuldades o cálculo da massa média, conside-
observadas no desenvolvimento do rando apenas os produtos analisados,
estudo. Como a maioria das empresas a massa total de produção estimada
informou que produz outros produtos como total da fábrica pode ter sido su-
além dos analisados, comparou-se a perior ou inferior ao valor real. Assim
quantidade de matérias-primas estima- como os produtos selecionados podem
das para os produtos estudados com o possuir massa média igual à massa mé-
consumo total da fábrica. Nessa análise dia da fábrica, eles podem representar
verificou-se que os valores de algumas a parcela de produtos com menos ou
empresas apresentaram inconsistência. com mais massa entre todos os produ-
Por exemplo, o consumo de cimento tos da fábrica. Caso a situação seja uma
dos produtos selecionados foi superior dessas duas últimas, o fato da empresa
ao consumo da fábrica toda, apesar das não ter informado sua produção total
mesmas fabricarem outros produtos. em massa pode ter influenciado signifi-
A análise dos dados teria sido faci- cativamente a quantidade de energia e
litada e poderia apresentar menos erros água utilizada nos produtos analisados
agregados caso fossem selecionados no estudo. A realização da ACV-m para
para o projeto todos os produtos. Isso todos os produtos da fábrica evitaria
porque teria sido feita a análise das en- este erro.
tradas de matérias-primas e saídas de
produtos e resíduos. O fechamento do 14.3 INCERTEZA DA MASSA
ciclo facilitaria a identificação de erros INFORMADA DO PRODUTO
de inventário, além de imprimir maior Na análise das massas de todos os
precisão nos resultados. produtos, verificou-se considerável dis-
persão entre as empresas participantes
14.2 UNIDADE DE PRODUÇÃO do projeto. Além de fatores como va-
TOTAL DA FÁBRICA riações das dimensões das peças, in-
No formulário foi permitido que as clusive as associadas ao desgaste de
empresas escolhessem entre quatro formas, densidade dos agregados e o
unidades para informar sua produção grau de compactação, a variação de
total (mil peças, m³, tonelada, m²). massa pode estar associada ao método
80
Isso tornou necessária a adoção de al- e condições nas quais a massa foi me-
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dida (produto seco em estufa ou ao ar, matizadas, o volume foi estimado de


produto saturado, etc.). É possível que acordo com a norma NBR 6136 (ABNT,
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em alguns casos tenha sido utilizada a 2007). No entanto, essa norma permite
PAVIMENTO INTERTRAVADO

massa do produto que é passada para tolerâncias quanto às dimensões (±3,0


a transportadora, que para evitar mul- mm na altura e no comprimento, ±2,0
tas por sobrecarga no caso dos blocos mm na largura e ±1,0 mm na espessura
estarem saturados, pode ser superior à das paredes). As empresas que produ-
massa real. Existem também dúvidas zem blocos com dimensões maiores ou
sobre a representatividade da medida, menores que as estabelecidas pela nor-
que pode inclusive ser de período ante- ma, mas dentro dos limites permitidos,
rior ao estudado. podem apresentar consumos de cimento
Neste estudo foi adotada a hipóte- superiores ou inferiores ao estimado.
se de que o produto foi pesado após o
mesmo estar em equilíbrio com a umi- 14.5 INCERTEZA QUANTO ÀS
dade do ar. Assim, para as empresas que CONSIDERAÇÕES REALIZADAS
informaram massas medidas em situa- PARA O LEVANTAMENTO DA
ção diferente da considerada, os resul- ÁGUA DE COMPOSIÇÃO POR PEÇA
tados calculados com base nesse dado A inclusão da água é recente na
podem apresentar valores diferentes do ACV – a primeira norma ISO é de junho
verdadeiro cenário. A realização de me- deste ano. Trata-se também de tema
dição representativa e padronizada é, que tem ainda bastantes indefinições
portanto, condição para precisão. e, em muitos aspectos, não controla-
dos quantitativamente pelas empresas,
14.4 ESTIMATIVA DO VOLUME particularmente a água captada direta-
DO PRODUTO QUANDO O TEOR mente pela própria empresa. O formu-
DE CIMENTO FOI INFORMADO lário solicitava a água de composição
EM KG/M³ do concreto por peça para cada tipo
Algumas empresas informaram o de produto. No entanto, ao se analisar
teor de cimento do produto em kg/m³. o preenchimento desses dados, obser-
Assim, para o cálculo do indicador de vou-se que foram realizadas diferentes
consumo de cimento foi necessário es- considerações nesse levantamento. Al-
timar o volume de concreto utilizado gumas empresas informaram apenas a
para confeccionar cada peça. O volume água adicionada à mistura de cimento
dos blocos para pavimento foi estimado e agregados, enquanto outras registra-
com base na quantidade de peças por ram a água total necessária para fazer
m², específico para cada empresa, e na o concreto, considerando a água incor-
espessura do mesmo. Para os blocos de porada aos agregados. Devido a essa
81
alvenaria, como as dimensões são nor- incerteza, não foi possível calcular uma
faixa para o indicador de consumo de responsável pelos impactos ambientais
água para a composição do concreto. analisados, essa adoção não interferiu
Para tentar determinar a água de com- no resultado final.
posição, em virtude da incerteza quan-
to ao levantamento desse dado, foi rea- 14.7 LEVANTAMENTO DE
lizada uma pesquisa junto às empresas ALGUNS COMBUSTÍVEIS
sobre o teor de umidade médio de seus UTILIZADOS NA FÁBRICA
agregados, já que é assim que parte da Durante a análise do consumo ener-
água utilizada chega à empresa. Contu- gético da fábrica foi observado que al-
do, essa determinação não é usual, já gumas empresas informaram consumo
que sensores realizam medida indireta. unitário muito elevado de alguns com-
Trata-se de tema que deverá exigir bustíveis, quando comparadas com as
o estabelecimento de padrões mais cla- outras, em especial GLP e lenha. Enten-
ros de medida. de-se que no levantamento desse dado
pode ter havido falha de conversão de
14.6 ESTIMATIVAS DE unidades ou mesmo alocação por parte
QUANTIDADES DE INSUMOS da empresa que produz outros tipos de
TRANSPORTADAS E VEÍCULO produtos além dos selecionados. Algu-
UTILIZADO mas empresas realizaram a correção de
No processo de simplificação do seus valores durante a análise dos dados.
formulário, alguns itens foram suprimi- Por causa disso, as empresas que apre-
dos. No entanto, no processo de análi- sentaram consumo muito alto de alguns
se dos dados observou-se a necessida- combustíveis não foram consideradas no
de de se levantar algumas informações. desenvolvimento dos indicadores.
A quantidade de matéria-prima que é
entregue a cada pedido e o tipo de ve- 14.8 IMPRECISÃO NA
ículo utilizado são importantes para a DEFINIÇÃO DE PERDAS E
estimativa do consumo de combustível RESÍDUOS DE PRODUÇÃO TOTAL
devido ao transporte. Esses dados fo- Resíduo é todo material que sai da
ram levantados junto às empresas por fábrica e não é produto, podendo ser
e-mail ou contatos por telefone. Como enviado para aterro, reciclagem inter-
não foi possível ter o retorno de todas, na ou externa e até mesmo recupe-
adotou-se para estas os valores máxi- ração de energia. Trata-se de insumo
mo e mínimo levantados junto àquelas que não é comercializável. Já perda é
que responderam. Os resultados podem um indicador de eficiência do proces-
não corresponder à realidade dessas so, pois é perda de matéria-prima não
empresas, mas como nesse estudo o endurecida ou produto perdido, cura-
82
transporte não representa o principal do com baixa resistência ou quebra-
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do, por exemplo. Perda não é necessa- 14.9 OUTROS RESÍDUOS, QUE
riamente resíduo, mas o seu controle NÃO ORIUNDOS DAS PERDAS
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tem evidente interesse econômico. No DE PRODUÇÃO PAVIMENTO INTERTRAVADO

entanto, durante a análise dos dados O formulário solicitou descrição e


observou-se que empresas interpreta- quantidades de outros tipos de resíduos
ram de forma variável estes termos. além das perdas de produção. No entan-
Com isso, foram obtidas as perdas de to, menos da metade das empresas in-
produção de cada produto selecionado formou esses dados. Por falta de dados
para o estudo, mas não ficaram bem específicos para a formação de um indi-
definidos quais dados foram informa- cador por tipo de resíduo, essa análise
dos referentes a toda fábrica. Pela não foi realizada nesta etapa.
análise dos valores levantados, obser-
vou-se que algumas empresas podem 14.10 METODOLOGIA PARA
ter informado dados relativos aos re- REALIZAÇÃO DAS AUDITORIAS
síduos que saem da fábrica, enquan- Algumas auditorias foram realiza-
to outras informaram seus valores de das para verificação dos dados de al-
perdas, que não necessariamente se gumas empresas, selecionadas a partir
tornam resíduo. Assim, não foi possí- da análise dos primeiros resultados. No
vel criar um indicador de resíduo ge- entanto, as dúvidas que existiam sobre
rado pela fábrica. Este é um tema que o levantamento por parte das empresas
precisará ser aperfeiçoado. permaneceram após as visita da equipe
O indicador de perdas foi criado para responsável pela auditoria (SENAI-RJ).
apresentar às empresas a eficiência do A falta de uma metodologia especí-
seu processo. Mesmo que o material que fica para a verificação dos dados levan-
não se converte em produto seja rein- tados pelo formulário do Projeto ACV-m
serido no processo, ele mostra que par- contribuiu para a permanência das dú-
cela dos insumos utilizados é perdida. vidas. Como alguns dados informados
Isso porque parte da água e energia, por foram estimados, como o consumo de
exemplo, que deveria ser utilizado na água por peça, a abordagem para ve-
produção dos produtos, se converteu em rificação dessa informação deveria ser
material que não era o objeto final do específica para facilitar o detalhamento
processo. Essa informação pode auxiliar do levantamento por parte da empre-
a empresa a analisar seus procedimen- sa. Assim, uma metodologia específica
tos e levantar quais etapas são passíveis para a verificação do preenchimento do
de melhorias para se reduzir a perda de formulário do Projeto ACV-m deverá ser
produtividade da fábrica. criada para as próximas etapas.

83
15 CONCLUSÕES – PROJETO ACV-M
15.1 INDICADOR DE ENERGIA posição do calcário que ocorrem na
INCORPORADA produção de materiais, principalmen-
A energia incorporada associada te de cimento, transporte, geração de
às matérias-primas (processamento e energia elétrica e geração de energia
transporte), especialmente ao cimen- térmica, inclusive na fábrica.
to, pode englobar erros referentes aos Como a emissão de CO2 está di-
consumos de insumos estimados. Con- retamente ligada ao consumo e tipo
sumo e tipo de cimento, além da efici- de cimento, quanto menor o teor de
ência térmica do processo de cura, são clínquer do produto e quanto menor
críticos neste item. o consumo de cimento, menor é a
Dados referentes ao consumo de emissão. O cimento (CP V) que pos-
alguns combustíveis no funcionamen- sui alto teor de clínquer e alta emis-
to da fábrica de algumas empresas não são é o principal ligante na produ-
foram considerados na composição da ção de blocos. Cimentos com baixo
faixa desse indicador por resultarem teor de clínquer tendem a ter hidra-
em quantidades energia incorporada tação mais lenta, o que implicariam
muito acima do que é concebível. Es- em cura térmica, elevando emissões
sas informações devem ser revisadas e pegada energética. De uma forma
pelas empresas. geral a estratégia mais eficiente é a
redução do teor de cimento, possível
15.2 INDICADOR DE EMISSÃO de obter com melhor empacotamen-
DE CO2 to dos inertes e com melhor energia
As emissões do CO2 tem como ori- de compactação.
gem o uso de energia fóssil e a decom-

84
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16 REFERÊNCIAS MODULAR
PAVIMENTO INTERTRAVADO
ABNT, A. B. DE N. T. ABNT NBR 6136: EPE, E. DE P. E.; MME, M. DE M. E E. Balanço
Blocos vazados de concreto simples para Energético Nacional 2013. [S.l.]: [s.n.],
alvenaria — Requisitos. 2013.

ABNT, A. B. DE N. T. NBR ISO 14040: Gestão FALCÃO, C. M. B. DE B. et al. Análise da


Ambiental - Avaliação do Ciclo de Vida - qualidade do investimento e emissões de
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MARCHIONI, M. L. Desenvolvimento de técnicas SOUZA, M. P. R. DE. Avaliação das emissões


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da Universidade de São Paulo, 2013. na Região Metropolitana de São Paulo.
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dos agregados reciclados de resíduos Ambiental.
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Nacional Sobre Reaproveitamento de Material grouping for simplified product
Resíduos na Construção Civil - ENARC, life cycle assessment. The Journal of
2013. p. 15. Sustainable Product Design, 2003. v. 3,
86 n. 1, p. 45–58. Acesso em: 12 set. 2012.
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ANEXOS MODULAR
PAVIMENTO INTERTRAVADO
100

90

80
Distribuição das empresas (%)

70

60

50
Bloco para pavimento
40 Bloco de vedação
Bloco estrutural
30

20

10

0
0 5 10 15 20 25 30 35

Energia incorporada mínima (MJ/pç)

100

90

80
Distribuição das empresas (%)

70

60

50
Bloco para pavimento
40 Bloco de vedação
Bloco estrutural
30

20

10

00 10 20 30 40 50 60 70

Energia incorporda máxima (MJ/pç) 87


100

90

80
Distribuição das empresas (%)

70

60

50 Bloco para pavimento


Bloco estrutural
40 Bloco de vedação

30

20

10

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8 3
Emissão mínima de CO2 (kgCO2/pç)

100

90

80
Distribuição das empresas (%)

70

60

50
Bloco para pavimento
40 Bloco de vedação
Bloco estrutural
30

20

10

0
0 0.3 0.6 0.9 1.2 1.5 1.8 2.1 2.4 2.7 3 3.3 3.6 3.9 4.2 4.5 4.8 5.1 5.4 5.7 6 6.3 6.6 6.9 7.2 7.5

Emissão máxima de CO2 (kgCO2/pç)

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BLOCOS DE CONCRETO

100

90
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PAVIMENTO INTERTRAVADO
80
Distribuição das empresas (%)

70

60

50
Bloco para pavimento
40 Bloco de vedação
Bloco estrutural
30

20

10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Teor de água informado pela empresas para


composicão do concreto (%)

89
SOBRE O CBCS
CBCS - CONSELHO BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
www.cbcs.org.br

O CBCS - Conselho Brasileiro de Cons- e econômica dos negócios. As ativi-


trução Sustentável é uma OSCIP, Or- dades são desenvolvidas em Comitês
ganização da Sociedade Civil de In- Temáticos, que debatem boas práticas
teresse Público, de âmbito nacional, para as áreas mais prementes da cons-
constituída em 2007. Com quadro so- trução, tais como Água, Avaliação de
cial composto por pessoas físicas e Sustentabilidade, Econômico e Finan-
jurídicas, busca contribuir para a ge- ceiro, Energia, Gerenciamento de Ris-
ração e disseminação de conhecimen- cos, Materiais, Projeto e Urbano.
tos e boas práticas de sustentabilida-
de na cadeia produtiva da construção MISSÃO
civil. Resultado da articulação entre Promover a melhoria da qualidade de
lideranças empresariais, pesquisado- vida da população brasileira e a pre-
res, consultores, profissionais atuan- servação de seu patrimônio natural,
tes e formadores de opinião, o CBCS pelo desenvolvimento e implemen-
se relaciona com importantes organi- tação de conceitos e práticas mais
zações nacionais e internacionais que sustentáveis e que contemplem as
se dedicam ao tema, sob diferentes dimensões social, econômica e am-
perspectivas, a partir da ótica am- biental da cadeia produtiva da indús-
biental, de responsabilidade social tria da construção civil.

FICHA TÉCNICA
CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável Colaboração
www.cbcs.org.br Carlos Alberto Tauil (Bloco Brasil)
Coordenação: Prof. Dr. Vanderley M. John Cláudio Oliveira Silva (ABCP)

Programa Avaliação de Ciclo de Vida Modular Parceria


acv@cbcs.org.br ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland
www.acv.net.br
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Equipe
Prof. Dr. Vanderley M. John Bloco Brasil - Associação Brasileira da Indústria de
Prof. Dr. Sérgio Almeida Pacca Blocos de Concreto
Prof. Dr. Sergio Cirelli Angulo www.blocobrasil.com.br
Prof. Dra. Katia Regina Garcia Punhagui
Eng. Lidiane Santana Oliveira Projeto Gráfico
Eng. Yazmin Lisbeth Mack Vergara Konsept design & projetos
90 Arq. Érica Ferraz de Campos www.konsept.com.br
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Empresas participantes
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