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Doenças do Trabalho
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Primeiro Socorros

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Primeiro Socorros

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução ;
• Importância dos Primeiros Socorros;
• Primeiros Socorros no Contexto da Organização
Geral da Saúde e Segurança;

Fonte: Getty Images


• Relacionamento com outros Serviços Relacionados à Saúde;
• Organização e Planejamento;
• A Organização dos PS em Atividades
de Trabalho sem Estabelecimento Fixo;
• Requisitos Básicos de um Programa de Primeiros Socorros.

Objetivo
• Apresentar aos alunos informações básicas sobre primeiros socorros e destacar a impor-
tância do atendimento rápido, da organização e formação da equipe, da comunicação,
do treinamento básico e avançado e dos meios de transporte. Sempre visando às bar-
reiras de segurança, obrigações legais, responsabilidades técnicas e ações que visem à
proteção dos trabalhadores acidentados.

Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Primeiro Socorros

Contextualização
A atividade dos profisisonais do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança
e em Medicina (SESMT) tem como objetivo utilizar os conhecimentos de engenharia
de segurança e de medicina do trabalho de modo a reduzir, e até eliminar, os riscos ali
existentes para a saúde do trabalhador (BRASIL, 2016).

Amplia-se o olhar com o modelo da gravata-borboleta (HALE et al., 2007), que au-
xilia os profissionais do SESMT. Considerando as barreiras de segurança que podem
ser preventivas e protetivas, nesse modelo, existem barreiras ou medidas de prevenção,
situadas à esquerda da gravata, que se destinam a evitar ou prevenir a ocorrência dos
acidentes; à direita da gravata, estão medidas ou barreiras denominadas de proteção,
que podem minimizar as consequências do acidente (HALE et al., 2007).

P
e
r Distais Proximais Proximais Distais
i
g
o 2 - Evento
Indesejado
1 - Antecedentes 3 - Consequências

Barreiras de Prevenção: Agem para Barreiras de Prevenção: Agem para


evitar a ocorrência do evento minimizar as consequências do evento
Figura 1 – Modelo da gravata-borboleta
Fonte: Adaptado de Hale, 2007

Dessa forma, amplia-se o olhar da equipe para ultrapassar as causas imediatas (pró-
ximas ao evento), visando à busca das causas e condições latentes. Esse olhar sistêmico
perimite ampliar o leque para identificar os perigos e riscos presentes no sistema e con-
sequentemente propror medidas de controle de forma a melhorar a confiabilidade do
sistema (ALMEIDA; VILELA, 2010).

Deve-se considerar que os primeiros socorros são barreiras protetivas, e o tempo,


a comunicação, o planejamento e a formação dos profissionais são fundamentais para
que essa barreira funcione de forma a atender às medidas protetivas. Como exemplo,
o deslocamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) deve ser
rápido e, para isso, a comunicação deve ser clara. Por conta disso, em um ambiente de
trabalho, se tivermos profissionais que consigam informar de forma clara aos serviços de
emergência as situações, já temos um avanço na tentativa de socorrer um profissional
em caso de acidente de trabalho.

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O SESMT deve estabelecer programas de educação em saúde e segurança para
prevenir acidentes de trabalho, dirigidos a trabalhadores e gerentes, garantindo medidas
preventivas e, em caso de acidentes, devendo organizar ações de redução de danos.

Portanto, para dar início ao conteúdo, é fundamental a leitura da função do Serviço de


Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192). Acesse aqui o texto: http://bit.ly/2UCA5np.
Assista ainda ao vídeo Saiba como funciona o Samu – 192.
Acesse aqui o vídeo aqui: https://youtu.be/zKGW4R5iHKs.

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Introdução
Acidentes no ambiente de trabalho, mesmos com ações preventivas, podem ocorrer e
por isso é essencial saber como agir e prestar os primeiros cuidados antes da chegada do
serviço e/ou profissional especializado (MOURA et al., 2018). Após o acidente, a falta de
conhecimento e as decisões tomadas, como ações incorretas de manejo da vítima no local
do acidente, podem acarretar em consequências sérias e até levar o trabalhador à morte.

Primeiros socorros não evitam o acidente, mas têm um papel importante sobre as
consequências. A assistência imediata prestada às vítimas de acidentes antes da chegada
de pessoal médico especializado tem sempre o objetivo de parar e, se possível, reverter
os danos causados. Existem uma série de medidas rápidas e simples, como liberar as
vias aéreas, aplicar pressão em feridas com sangramento ou lavar queimaduras químicas
localizadas nos olhos ou na pele (DAJER, 2019).

Para garantir bons serviços de primeiros socorros, é preciso conhecer os principais


fatores que definem riscos específicos do local de trabalho e assim planejar e treinar a
equipe. Como exemplo, a assistência requerida por uma lesão causada por uma serra
de alta potência é radicalmente diferente daquela requerida pela inalação de um produto
químico. Contudo, do ponto de vista dos primeiros socorros, uma lesão grave na coxa
que ocorre perto de um hospital é diferente da lesão que ocorre em uma zona rural para
oito horas mais próximas das instalações médicas (DAJER, 2019).

A equipe do SESMT deve considerar o conceito de primeiros socorros como flexível,


porque não é apenas sobre o que deve ser feito – por quanto tempo, com que grau de
complexidade –, mas também sobre quem executa tem papel importante nesse processo,
e a informação para esse profissional é primordial, sempre garantido atualizações.

Embora seja necessário agir com muito cuidado, todo trabalhador pode conhecer
de cinco a dez regras fundamentais sobre primeiros socorros. Nesses casos, meios de
comunicação e materiais educativos simples podem salvar vidas.

Acesse o vídeo dos Bombeiros PMESP – Primeiros Socorros: https://youtu.be/Z_0XT_6opiQ.

Importância dos Primeiros Socorros


A atividade do primeiro atendimento tem como foco diminuir o dano causado, por
exemplo: nos casos de parada cardíaca por fibrilação ventricular, a desfibrilação realiza-
da durante os primeiros quatro minutos atinge taxas de sobrevida de 40% a 50%, em
comparação com valores abaixo de 5% se administrada posteriormente (DAJER, 2019).

Em relação às lesões nos olhos decorrentes de agentes químicos, uma ação imediata é a
lavagem com água que pode salvar a visão. Por isso que nas empresas que usam produtos
químicos temos que ter o chuveiro e lava-olhos de emergência. Nas lesões da medula es-
pinhal, a imobilização correta pode fazer a diferença entre recuperação completa e paralisia.

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Na hemorragia, a simples aplicação da ponta de um dedo em um vaso sanguíneo
pode interromper uma hemorragia com risco de vida.

Muitas vezes, mesmo os cuidados médicos mais avançados não conseguem reparar os
efeitos de primeiros socorros inadequados.

Primeiros Socorros no Contexto da


Organização Geral da Saúde e Segurança
A prestação de primeiros socorros deve ter sempre uma relação direta com a organi-
zação do SESMT, uma vez que os primeiros socorros em si não resolvem nada mais do
que um pequena parte da assistência total dos trabalhadores. Os primeiros socorros na
prática, a sua aplicação dependerá em grande parte das pessoas presentes no momento
do acidente, sejam eles colegas de trabalho ou pessoal médico com treinamento padro-
nizado. Essa intervenção imediata deve ser completada com assistência médica especia-
lizada quando necessário (DAJER, 2019).

Qualquer programa do SESMT deve incluir primeiros socorros, pois eles contribuem
para minimizar as consequências dos acidentes e são, portanto, um dos componentes da
prevenção terciária. Existe uma ligação entre a identificação de riscos ocupacionais, sua
prevenção, primeiros socorros, tratamento de emergência, atendimento médico adicio-
nal e tratamento especializado para a reintegração e readequação ao trabalho. Acidentes
que exigem apenas primeiros socorros são um tema a ser abordado por profissionais
de saúde e segurança ocupacional para que se possa direcionar e promover medidas
preventivas (DAJER, 2019).

Relacionamento com outros


Serviços Relacionados à Saúde
As instituições que podem participar na organização de primeiros socorros e na pres-
tação de assistência após um acidente ou doença no trabalho são as seguintes:
• O serviço de saúde no trabalho da própria empresa ou de outras entidades de saúde
no trabalho;
• Outras instituições que podem fornecer serviços, tais como:
» serviços públicos de salvamento e emergência;
» serviços de ambulância privado;
» hospitais;
» clínicas e centros de saúde públicos ou privados;

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» médicos particulares;
» centros de toxicologia;
» defesa civil;
» serviços de bombeiros e policiais.
Relato de caso

Em um bairro industrial, existe um serviço de ambulância que, de forma coletiva,


presta o serviço para várias empresas do local. Considerando que possui profissionais
capacitados e profecientes, esse tipo de serviço pode reduzir muito o tempo de aten-
dimento, uma vez que só o tempo de deslocamento dos bombeiros e o SAMU até o
bairro é de no mínimo 15 minutos. O serviço de ambulância pode reduzir esse tempo
em até 80% e aguardar os serviços públicos para o deslocamento, caso necessário.

A cooperação entre esses serviços é muito importante para a prestação de primeiros


socorros adequados, especialmente no caso de pequenas empresas. Muitos deles podem
orientar a organização sobre os primeiros socorros e o planejamento necessário para
atender a uma emergência. Existem boas práticas que são muito simples e eficazes. Por
exemplo, no centro de um cidade onde há várias lojas pequenas, podemos convidar
bombeiros para visitar suas instalações e receber conselhos sobre prevenção e controle
de incêndios, planos de emergência, extintores de incêndio, kit de primeiros socorros
etc. Em outros casos de empresas maiores, a brigada de incêndio conhecerá a empresa
e estará preparada para intervir de forma mais rápida e eficaz (DAJER, 2019).

Serviços de saúde e disponilidade


O nível de formação e o grau de organização dos primeiros socorros são determinados,
basicamente, pela proximidade da empresa com os serviços de saúde, dependendo da
facilidade do acesso e da integração e comunicação com eles. Um relacionamento próximo,
com um fluxo adequado de informações, para evitar atrasos no transporte e no pedido
de ajuda, pode ser mais decisivo para a obtenção de bons resultados do que habilidades
na aplicação de procedimentos médicos. Todo programa de primeiros socorros no local
de trabalho deve ser adaptado ao serviço médico que fornece a assistência definitiva aos
trabalhadores acidentados e se torna uma extensão do mesmo (DAJER, 2019).

Organização e Planejamento
A equipe do SESMT, ao organizar os primeiros socorros, deve fazer isso evitando
planejar esse processo de forma isolada, porque essas ações dependem de uma aborda-
gem organizada composta por:

Equipamentos Sistema Transporte


Pessoas e materias
Instalações de apoio da vítima

Figura 2

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A organização de primeiros socorros deve ser um esforço cooperativo envolvendo
gerentes da empresa, os serviços de saúde pública e SESMT. O envolvimento dos tra-
balhadores é essencial porque eles geralmente são os principais recursos em caso de
acidentes em situações específicas.
Relato de caso

Um trabalhador de manutenção de máquina Torno CNC estava realizando sua ati-


vidade dentro da máquina e em um dado momento a máquina foi ligada pelo ope-
rador. O movimento de um peça metálica prendeu a perna do trabalhador, vindo a
corta a artéria femoral. Após o acidente, o trabalhador consciente pediu para outro
profissional chamar a emergência enquanto ele sozinho tirava os parafusos para
desmontar a peça que o prensou. Ele tinha ciência que se tirasse rápido poderia
complicar sua situação, por isso foi realizando lentamente o processo, esperando
a equipe de emergência que chegou depois de 4 minutos, quando o trabalhador
estava no último parafuso. Nesse momento, precisou da ajuda de um amigo, que
tirou o parafuso porque a mão do acidentado estava cheia de sangue e ele estava
perdendo a consiciência. Ao tirar o último parafuso, foi socorrido pela equipe de
emergência. O atendimento rápido foi bem-sucedido e levou o acidentado para o
hospital onde fez a cirurgia. Atualmente o trabalhador tem uma vida normal, mes-
mo com sequelas físicas do acidente.

Independentemente do grau de complexidade ou disponibilidade de instalações, a se-


quência de ações que devem ser realizadas no caso de um episódio imprevisto precisam
ser determinadas com antecedência. Para fazer isso, as circunstâncias e os perigos exis-
tentes devem ser mapeados e levados em conta, assim como as formas de obter ajuda
adequada imediatamente (DAJER, 2019).

O SESMT, na organização dos primeiros socorros, deve avaliar com olhar sistêmico,
observando o tamanho da empresa, a sua localização (cidade ou área rural), o tipo de
trabalho a ser realizado e o nível de risco associado, a disponibilidade de outros serviços
de saúde, o desenvolvimento do sistema de saúde e a legislação Saúde e Segurança do
Trabalho (SST) em todo o país (DAJER, 2019).

Acesso à assistência adicional


O plano de referência é uma parte importante do plano de emergência da empresa. O plano de refe-
rência requer o apoio de um sistema de comunicação e meios para transportar a vítima. Em alguns
casos, podem ser sistemas de comunicação e transportes organizados pela própria empresa. Nas
pequenas empresas, o transporte de vítimas pode ser feito por meio de um serviço externo, como
sistemas de transporte público, serviços públicos de ambulância, táxis etc. É aconselhável estabelecer
sistemas alternativos ou de alerta. Os procedimentos previstos para situações de emergência devem
ser comunicados aos trabalhadores, salva-vidas, agentes de segurança, serviços de saúde ocupacio-
nal, serviços de saúde ao qual a vítima pode ser encaminhada e entidades relacionadas a comunica-
ções e transportes de vítimas, por exemplo: serviços telefônicos, serviços de ambulância, empresas de
táxi etc. (DAJER, 2019).

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Procedimento para Primeiros Socorros


Organização de primeiros socorros na empresa, incluindo o procedimento previsto
para identificar ou aprensentar:
• as formas de acesso à assistência adicional;
• os trabalhadores designados para primeiros socorros;
• as formas de comunicação;
• a localização do kit de primeiros socorros;
• a localização da sala de primeiros socorros;
• a localização do equipamento de resgate;
• as ações que os trabalhadores devem realizar em caso de acidente;
• a localização de rotas de evacuação;
• as ações que os trabalhadores devem realizar após um acidente;
• as formas de apoiar o pessoal de primeiros socorros no desempenho de sua tarefa.

Tipo de Trabalho e Nível de Risco Associado


Os riscos de lesão variam muito entre empresas e profissões. Mesmo dentro da
mesma empresa, por exemplo, em uma usina de açúcar, existem diferentes riscos, con-
forme o envolvimento do trabalhador: pode ser na operação de tombamento da cana,
onde as prensagens dos membros superiores são mais frequentes; ou do mantenendor
que fica exposto à parte mecânica e elétrica durante suas atividades; há ainda operado-
res de armazenamento de inflamáveis que podem ter queimaduras ou produtos químicos
nos olhos; há acidentes decorrentes das muitas movimentações de carga, como os atro-
pelamentos; entre outros. A variablidade de acidentes, não só nesse tipo de empresa, é
muito grande, por isso deve haver um plano de emergência.

A classificação para planejar os primeiros socorros e estabelecer requisitos mais ou


menos rígidos depende muito do olhar da equipe de saúde e segurança. Considerando,
assim, que a NR 4 realiza a distinção entre tipos de trabalho e riscos potenciais especí-
ficos, chamado de Grau de Risco (GR), e que utiliza a Relação da Classificação Nacional
de Atividades Econômicas (CNAE) para organizar.

Assim, a equipe de SESMT sempre levan em conta as instruções normativas dos


bombeiros, porque é preciso mensurar a quantidade de pessoas expostas e a localidade
do estabelecimento.  A Tabela 1 a seguir foi criada como um exemplo de como tudo
isso pode ser pensado pela equipe, considerando que no setor de educação e de saúde
devam ter profissionais que atendam à emergência ou mesmo dentro de um shopping,
ou um evento com grande acumulação de pessoas.

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Tabela 1 – Divisão de atividades por grau de risco para a ocorrência de acidente de trabalho
Baixo risco Médio risco Alto risco
Atividades Financeiras e de Seguros Comércio Agricultura
Atividades Imobiliárias Correio Indústrias Extrativas
Informação e Comunicação Alojamento e Alimentação Indústrias de Transformação
Atividades Profissionais, Científicas
Administração Pública Eletricidade e Gás
e Técnicas
Água, Esgoto, Atividades de Gestão
Atividades Administrativas Artes, Cultura, Esportes e Recreação
de Resíduos e Descontaminação
Serviços Domésticos Saúde Humana e Serviços Sociais Construção
Educação Transporte e Armazenagem

O SESMT, por meio da análise de perigos potenciais, pode estabelecer os requisitos minimos para
a organização dos primeiros socorros. Sempre observando o potencial de gravidade, como as
quedas de altura, amputações, lesões por esmagamento, alto risco de incêndio e explosão, into-
xicação química no trabalho, outras exposições a substâncias químicas, eletrocussão, exposição
a calor excessivo ou frio, falta de oxigênio, exposição a agentes infecciosos, mordidas e mordidas
de animais.

Tamanho e Organização da Empresa


Toda empresa, independentemente de seu porte, deve ter Primeiros Socorros (PS), já
que a frequência de acidentes é, em muitos casos, inversamente proporcional ao tama-
nho da empresa. Em grandes empresas, o planejamento e a organização dos primeiros
socorros podem ser mais sistemáticos. Assim, montamos a Tabela 2, uma esquematiza-
ção simples para a equipe do SESMT pensar sobre o assunto.

Tabela 2
Tamanho Localidade
Ações
da empresa (urbana e rural)
Ter equipe interna multidisciplinar treinada, capacitada
Grande e orientada para realizar o PS. Valorizar a formação, as
instalações, os equipamentos de comunicação e o transporte.
Acesso do PS externo Garantir profissionais que realizem o PS e os trabalhadores
rápido, demorado treinados para a identificação da gravidade do caso.
Média
ou remoto Valorizar a formação, os equipamentos, a comunicação
e o transporte.
Treinar os trabalhadores para a identificação da gravidade
Pequena
do caso. Valorizar a formação, comunicação e o transporte.

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Relato de caso

Um trabalhador de 20 anos se acidentou em uma empresa de extração de areia


localizada na área rural, 40 Km de distância da unidade de saúde mais próxima.
Local com sistema de comunicação com falhas e que apresentava cinco traba-
lhadores no momento do acidente. O trabalhador recebeu um choque de alta
voltagem em cabine de força, quando ele tentava religar o sistema – o acesso
a essa cabine é permitido para qualquer trabalhador. A forma de socorro foi
conduzida da seguinte forma: tentaram a comunicação com o SAMU, mas com
falha, por isso os profissionais presentes resolveram colocá-lo no carro e levá-
-lo à unidade de saúde mais próxima. Considerando a gravidade da situação, foi
acertada essa tomada de decisão, tendo em vista o tempo de espera do SAMU, a
dificuldade de chegar no estabelicimento e a falha de comunicação. Mesmo com
cinco trabalhadores, a unidade de trabalho apresentava um SESMT coorporativo
porque se tratava de uma grande empresa. Pensando como profissional de Saúde
e Segurança, como deveria ser a organização e formação dos profissionais para
o primeiro socorro?

A Organização dos PS em Atividades


de Trabalho sem Estabelecimento Fixo
O tipo de atividade e o local onde está sendo realizado o trabalho contém muitas
váriavéis, ou seja, os locais em que os trabalhadores executam sua atividade devem
ser pensandos pelo SESMT no momento do planejamento e na organização dos pri-
meiros socorros.

Um exemplo é a organização de um serviço rural na plantação, manunteção e


corte de cana, onde existem atividades diversas: manuais, com máquinário, em locais
variados, com produtos químicos, expostos às intempéries etc. Portanto, a variedade
de atividades influência o fornecimento de equipamentos e de materiais, o número e a
distribuição de pessoal de primeiros socorros e os meios disponíveis para o resgate de
trabalhadores acidentados e seu transporte para centros médicos mais especializados.
Outras situações diferentes são atividades temporárias ou sazonais. Isso significa que
alguns locais de trabalho existem apenas temporariamente ou que, no mesmo local
de trabalho, algumas funções são realizadas apenas durante determinados períodos de
tempo e, consequentemente, podem acarretar riscos diferentes. Os primeiros socorros
devem estar disponíveis sempre que necessário, independentemente da situação mudar,
e devem ser planejados de acordo com essas circunstâncias.

O trabalho conjunto com a interação de atividades, como na construção, deve estabelecer


também conjuntamente acordos para combinar as ações dos primeiros socorros. É necessá-
rio atribuir claramente as responsabilidades e a divisão dos trabalhadores de cada empresa
e informar de forma adequada as ações a serem tomadas nos casos em que se precisar de
primeiros socorros. O SESMT deve garantir que a organização dos primeiros socorros para
essa situação específica seja a mais simples possível (DAJER, 2019).

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Requisitos Básicos de um
Programa de Primeiros Socorros
O SESMT é o responsavel técnico pela gestão dos Primeiros Socorros, mas não po-
dem ser eficazes sem a participação total dos trabalhadores. Por exemplo, a cooperação
dos trabalhadores em operações de salvamento e primeiros socorros pode ser necessária.

No Brasil, a construção de uma brigada de incêndio tem uma legislação específica


dos bombeiros, onde o médico e o enfermeiro do trabalho devem se responsabilizar pelo
treinamento de primeiros socorros e determinar os procedimentos básicos de emergên-
cia, que são: o alerta, a análise da situação, de primeiros socorros, isolamento da área,
exercícios simulados, identificação da equipe de primeiro socorros, comunicação interna
e externa e o grupo de apoio.

Nesse sentido, o SESMT deve fornecer instruções escritas sobre primeiros socor-
ros, preferencialmente na forma de cartazes, em locais estratégicos de suas instalações.
Os elementos básicos de um programa de primeiros socorros são os listados a seguir

Equipamentos, materiais e instalações


• Equipamento spara o resgate da vítima no local do acidente, a fim de evitar mais
ferimentos (por exemplo, em caso de incêndio, fumaça de gás, eletrocussão);
• Kits de primeiros socorros, equipamentos similares, com uma quantidade suficiente de
material e instrumentos necessários para o fornecimento de primeiros socorros básicos;
• Equipamentos e materiais especializados que possam ser necessários em empresas
com riscos específicos ou incomuns no trabalho;
• Sala de primeiros socorros adequadamente identificada ou instalação similar na
qual os primeiros socorros podem ser administrados;
• Fornecimento de meios de evacuação e transporte de emergência dos feridos para
o serviço de primeiros socorros ou locais onde a assistência médica complementar
esteja disponível;
• Significa levantar o alarme e comunicar a situação de alerta.

Recursos humanos
• Garantir a seleção dos profissionais, o que pode ser organizada pelo SESMT, con-
forme determina a formação da brigada de incêndio;
• Garantir o treinamento e a reciclagem de profissionais de primeiros socorros;
• Garantir a designação dos profissionais em locais-chave da empresa;
• Garantir treinamento com exercícios práticos para simular situações de emergên-
cia, levando em conta os perigos profissionais específicos que existem na empresa.

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Primeiro Socorros

Comunição interna sobre o acidente


• Garantir a educação e a informação para todos os trabalhadores sobre a prevenção
de acidentes e ferimentos, e as medidas que os trabalhadores devem tomar após
uma lesão;
• Garantir as informações sobre as disposições de primeiros socorros e a atualização
periódica dessas informações;
• Grantir a divulgação de anúncios com informações – como cartazes e regras sobre
primeiros socorros, bem como planos para a prestação de assistência médica após
os primeiros socorros;
• Garantir a organização das informações através do registro do tratamento de pri-
meiros socorros;
• Desenvolver relatório interno que contém dados sobre a saúde da vítima, além de
referências à segurança do trabalho;
• Desenvolver análise do acidente (hora, local, circunstâncias); o tipo e gravidade
da lesão; o primeiro socorro fornecido; a assistência médica adicional solicitada;
o nome da pessoa afetada e os nomes das testemunhas e outros trabalhadores
relacionados, especialmente aqueles que transportaram a vítima, bem como as
medidas adotadas para evtiar acidentes.

Treinamentos
Considerando que é a função do SESMT, não está vedado o atendimento de emer-
gência quando esse se tornar necessário. Entretanto, a elaboração de planos de controle
de efeitos de catástrofes, de disponibilidade de meios que visem ao combate a incêndios
e ao salvamento e de imediata atenção à vítima desse ou de qualquer outro tipo de aci-
dente estão incluídos em suas atividades (BRASIL, 2016). Por isso da importancia da
construção de um programa que vise à capacitação dos trabalhadores para ações de
primeiros socorros.

Na prática, uma diferença pode ser feita entre dois tipos de pessoal de primeiros so-
corros: a equipe de primeiros socorros de nível básico, que recebe treinamento básico,
conforme descrito a seguir, e que está qualificada para atuar nos casos em que o risco
potencial no trabalho é baixo; a equipe de primeiros socorros de nível avançado, que
deve receber treinamento básico e avançado, e deve estar qualificado para atuar nos
casos em que o risco potencial é maior, especial ou raro.

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Treinamento básico
Os programas básicos de treinamento geralmente podem ser divididos em duas par-
tes: tarefas gerais a serem realizadas e prática específica de primeiros socorros. Eles
cobrem as áreas mencionadas a seguir:

Tabela 3
Organização de primeiros socorros;
Sistema de comunicação;
Material educativo;
Avaliação da situação, a magnitude e gravidade das lesões e a necessidade de solicitar
assistência médica adicional;
Proteção da vítima contra novos ferimentos, sem risco para o salva-vidas;
Localização e uso de equipamentos de resgate;
Observação e interpretação da condição geral da vítima (por exemplo, inconsciência,
distúrbios respiratórios e cardiovasculares, hemorragia);
Localização, uso e manutenção de equipamentos e instalações de primeiros socorros;
Planejar o acesso a assistência adicional;

Conteúdo do treinamento de primeiros socorros


Tabela 4
Treinamento básico Treinamento avançado
O objetivo é fornecer conhecimentos teóricos e práticos básicos O objetivo do treinamento avançado é a especialização, e
para a prestação de primeiros socorros. não o entendimento geral.
• feridas; • reanimação cardiopulmonar;
• hemorragias; • envenenamento;
• fraturas ósseas ou articulares; • lesões causadas por corrente elétrica;
• lesões por esmagamento (por exemplo, no peito ou no • queimaduras graves;
abdômen); • lesões oculares graves;
• inconsciência, especialmente se acompanhada por • lesões de pele;
dificuldade ou parada respiratória; • contaminação com material radioativo (interno ou
• ferimentos nos olhos; contaminação da pele e feridas);
• queimaduras; • outros procedimentos relacionados a riscos específicos
• hipotensão ou choque; (por exemplo, estresse devido ao frio ou ao calor,
• higiene pessoal durante o manuseio das feridas; situações de emergência devido à imersão).
• cuidado dos dedos amputados.
Fonte: Dajer (2019)

No link a seguir, é possível acessar vários videos de Educação Pública realizados pelo Corpo
de Bomberios do Estado de São Paulo. Acesse aqui e procure: http://bit.ly/2UHHMZt.

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UNIDADE
Primeiro Socorros

Conteúdo básico
Considerando que na equipe do SESMT é onde o médico e o enfermeiro do trabalho
devem se responsabilizar pelo treinamento de primeiros socorros, essa equipe deve de-
finir as informações a serem passados tendo por base o ambiente de trabalho presente
na empresa. Assim, apresentamos um kit de primeiros socorros relativamente simples
que inclui os seguintes itens:
• curativos adesivos estéreis embalados individualmente;
• ataduras (e bandagens compressivas, quando apropriado);
• diferentes tipos de curativos;
• curativos estéreis para queimaduras;
• óculos estéreis;
• bandagens triangulares;
• alfinetes de segurança;
• tesoura;
• solução antisséptica;
• algodão;
• um cartão com instruções de primeiros socorros;
• sacos plásticos estéreis;
• possibilidade de obtenção de gelo;

Veja o video sobre o kit avançado completo de primeiros socorros de um bombeiro.


Acesse aqui: https://youtu.be/Qvt71iTUelE.

Equipamentos especializados
Equipamentos especializados devem sempre estar localizados próximos aos locais
em que podem ocorrer acidentes e na sala de primeiros socorros. Transportar o equi-
pamento de uma posição central, como o serviço de saúde no trabalho, para o local do
acidente pode levar muito tempo. Como exemplo: em caso de intoxicação, deve-se ter
antídotos disponíveis em um recipiente individual.

Equipamentos de resgate
Em algumas situações de emergência, pode ser necessário usar um equipamento
de resgate especializado para mover ou resgatar a vítima de um acidente. Embora seja
difícil fazer previsões, algumas situações de trabalho (como aquelas que ocorrem em es-
paços fechados, em grandes altitudes ou debaixo d’água) podem estar ligadas a uma alta

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probabilidade desse tipo de incidente. O equipamento de resgate pode ser composto,
entre outros elementos, por roupas de proteção, cobertores para extinção de incêndios,
extintores de incêndio, respiradores, aparelhos respiratórios autônomos, instrumentos
de corte e macacos hidráulicos ou mecânicos, como cordas e macas especiais para
transportar a vítima. Deve também incluir todo o material necessário para proteger o
pessoal de primeiros socorros das lesões (DAJER, 2019).

Sala de primeiros socorros


Uma sala ou área preparada para a administração de primeiros socorros deve estar
disponível. As características ideais de uma sala de primeiros socorros são as seguintes:
• Permitir o acesso a macas e ambulâncias ou outros meios de transporte;
• Garantir espaço para abrigar uma cama, com espaço suficiente para que a equipe
possa contorná-la;
• Garantir que esteja limpo, bem ventilado, bem iluminado e organizado;
• Garantir que seja reservado para ações de primeiros socorros;
• Garantir a identificação de serviço de primeiros socorros, com a sinalização correta
e sob a responsabilidade do pessoal de primeiros socorros;
• Garantir água corrente, de preferência quente e fria, sabão e uma escova de unha.
Se não houver água corrente, deve haver água armazenada em recipientes descar-
táveis perto do kit de primeiros socorros para lavar e irrigar os olhos;
• Garantir toalhas, travesseiros e cobertores, roupas limpas que possam ser usadas
pelo pessoal de primeiros socorros e um recipiente de resíduos.

Sistemas de comunicação e encaminhamento


O SESMT deve garantir meios de comunicação e de alerta na ocorrência de um aci-
dente ou durante a necessidade de atendimento urgente. Por isso, é importante entrar em
contato com o pessoal de primeiros socorros imediatamente. Para isso, deve-se garantir:
• meios de comunicação entre as áreas de trabalho, o pessoal de primeiros socorros
e a sala de primeiros socorros;
• comunicações telefônicas se possível, especialmente se as distâncias forem maiores
do que 200 metros, embora nem todos os estabelecimentos estejam disponíveis;
• alertas como forma de comunicação, como as sirenes, que permitem alertar a equipe
de primeiros socorros;
• a comunicação com a assistência médica especializada ou avançada geralmente
é feita por telefone, assim como a chamada para a ambulância ou os serviços
de emergência;
• que os endereços, nomes e números de telefone sejam registrados de forma clara e
visível em todas as suas instalações, bem como na sala de primeiros socorros.

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UNIDADE
Primeiro Socorros

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Conheça o aplicativo de primeiros socorros do Dr. Dráuzio Varella
https://youtu.be/LgdAqdtlqsc
Primeiros socorros – Dr. Dráuzio Varella
https://youtu.be/fsnv8b1vNUY
Vídeos preventivos dos bombeiros
http://bit.ly/2UHHMZt

Leitura
Protocolos de Intervenção para o SAMU 192 – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
http://bit.ly/2UJIhSV
Manual de Primeiros Socorros – Ministério da Saúde
http://bit.ly/2UBBIl0

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Referências
ALMEIDA, I. M.; VILELA, R. A. G. Modelo de análise e prevenção de acidente de
trabalho – MAPA. Piracicaba: CEREST, 2010. Disponível: <http://www.cerest.piraci-
caba.sp.gov.br/site/images/images/MAPA_IMPRESSO_CERTO240810_PDFX.pdf>.
Acesso em: 13/04/2019.

BRASIL (2016). Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora nº 4 – Serviços


especializados em engenharia de segurança em medicina do trabalho, 2016. R.
Disponível em: <https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/
NR-04.pdf>. Acesso em: 13/04/2019.

DAJER A.J. (2019). Organização Internacional do Trabalho (OIT). Primeros Auxilios


y Servicios Medicos de Urgencia, 1-10. Disponível em: <http://www.insht.es/
InshtWeb/Contenidos/Documentacion/TextosOnline/EnciclopediaOIT/tomo1/14.
pdf>. Acesso em: 13/04/2019.

HALE. et al. (2007). Modeling accidents for prioritizing prevention. Reliability


Engineering & System Safety, v. 92, n. 12, Cambridge, 1-15.

MOURA et al. (2018). Práticas Educativas em Primeiros Socorros: Relato de Experiência


Extensionista. Revista Ciência em Extensão – UNESP, v.14, n.2., 180-187, 2018. Dis-
ponível em: <http://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/1644>. Acesso
em: 13/04/2019.

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