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Atuação na Fase Judicial – Júri – primeira parte

O JÚRI POSSUI ‘DUAS FASES’


O procedimento do Júri é chamado de bifásico ou escalonado, isso porque
tem duas fases distintas:

 A primeira é o juízo de acusação (iuditioaccusationis) (parece com


o procedimento ordinário).
 A segunda é o juízo da causa (iuditio causae) (plenário)

A sequência de atos da primeira fase (iuditioacusationis) é a seguinte:


Oferecimento da denúncia ou queixa > (art. 41 do CPP)
Recebimento da denúncia ou queixa >
Citação >
Resposta à acusação> (art. 406 do CPP)
Manifestação do Ministério Público >
Audiência de instrução, debates e Julgamento >

Obs: a regra é que o acusado seja julgado pelos jurados na segunda fase do
júri (em plenário). Destarte, a atuação na primeira fase do júri, deve ser
pensada com a possibilidade da segunda fase, ou seja, já deve ser pensada
no plenário.
Oferecimento da denúncia ou queixa > (art. 41 do CPP): tanto a
denúncia como a queixa deve indicar a condutado acusado de forma
pormenorizada, caso contrário, se a denúncia for mal feita enseja nulidade
absoluta. E nesse caso o advogado tem que explicar por que cabe essa
nulidade.
Citação: se a citação for mal feita cabe nulidade. Que pode ser alegada em
preliminar de apelação.
Resposta à acusação> (art. 406 do CPP): a defesa tem que ser genérica,
pois a defesa completa só será feita em plenário. Aqui você pode arrolar até
8 testemunhas, requerer diligências e juntar documentos. Prazo 10 dias.
Manifestação do Ministério Público: é uma manifestação do MP sendo a
favor ou contra a resposta à acusação. Onde pode ser feita diligências.
Audiência de instrução, debates e Julgamento: primeiro vem a instrução
que é a colheita de provas, depois se houve o ofendido, depois as
testemunhas de acusação, depois as testemunhas de defesa. Após isso o juiz
abre espaço para as partes fazerem requerimentos (acareação,
reconhecimento pessoal). Depois é feito o interrogatório do réu. E após o
depoimento do réu é feito os debates orais. 20 minutos para acusação e para
defesa, acrescidos de mais 10 minutos para ambos.
Obs: o procedimento do júri não prevê memoriais, ou seja, manifestação
oral por escrito. Porém em casos complexos pode ser admitido o uso de
memoriais. (Art. 403 ou 404 do CPP) + (art. 394, parágrafo 5° do CPP)
Obs: crime de tentativa vai a júri.
Sequência da Audiência de instrução debates e Julgamento:
1 Sequência:
2 Oitiva do ofendido
3 Oitiva das testemunhas de acusação
4 Oitiva das testemunhas de defesa
5 Requerimentos
6 Interrogatório do réu
7 Debates orais
8 Decisão

Obs: ao final da primeira fase do júri não existe condenação ou absolvição,


pois quem condena ou absolve o réu no júri são os jurados. E isso só
acontece ao final da segunda fase. (Art. 386 ou 387 do CPP).
E na decisão da primeira fase do júri o juiz pode proferir:
-pronúncia (art. 413 do CPP)
-impronúncia (art. 414 do CPP)
-absolvição sumária (art. 415 do CPP)
-desclassificação (art.419 do CPP)
Pronúncia: é a decisão que encerra a primeira fase do júri e que faz com
que o acusado seja levado a julgamento pelo Plenário do Júri, faz ter a
segunda fase, e agora está prevista no art. 413 do CPP.(Regra)
O juiz pronunciará quando houver materialidade e indícios suficientes de
autoria.
Se o réu está revel ele poderá ser intimado da pronúncia por edital
(antigamente o processo ficaria parado). Na dúvida entre pronunciar ou
não, deverá o Juiz pronunciar o réu (in dubio pro societate).
Dica: Às vezes pode acontecer do promotor denunciar o réu com diversas
qualificadoras, mas essas qualificadoras não ficaram provadas. Então é
melhor você se concentrar no afastamento das qualificadoras.
Impronúncia: se dará quando o magistrado não se convencer da
materialidade ou os autos não tiverem indícios suficientes de autoria ou
ainda quando faltarem materialidade e indícios de autoria, com previsão no
art. 414 do CPP. É basicamente a falta de provas para acusar o réu de algo.
A Impronúncia arquiva o processo que poderá ser reaberto (antes da
prescrição) com novas provas.
Desclassificação: operar-se-á a desclassificação do delito, sempre que o
Juiz se convencer que o crime em testilha não é doloso contra a vida e nem
guarda conexão ou continência a um.
Na desclassificação o Juiz encaminha os autos ao Juízo singular, onde o réu
terá nova oportunidade de defesa.
Absolvição sumária: por expressa disposição constitucional, quem
condena ou absolve os crimes dolosos contra a vida, conexos ou
continentes a esses é o Tribunal do Júri. O juiz, em regra, não tem
competência para fazê-lo
Mas a lei, entendendo que o réu não pode ser punido injustamente por esse
dispositivo, conferiu ao magistrado a possibilidade de absolvê-lo antes da
sessão plenária. É uma absolvição antecipada que acaba por sumariar o
processo. É a chamada “absolvição sumária”.
Para que o Juiz absolva sumariamente o réu, é necessário que:
Esteja provada a inexistência do fato, provado não ser o réu o autor ou
partícipe do fato, o fato não constituir infração penal ou ficar demonstrada
causa de isenção de pena ou exclusão do crime (excludente de ilicitude ou
excludente de culpabilidade).
Obs: A lei faz uma ressalva para expor que a tese de excludente de
culpabilidade oriunda de doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não pode ser argüida para a absolvição sumária,
salvo se for tese única.
Recursos das decisões que encerram a primeira fase: das decisões
pronúncia e desclassificação cabe RESE, recurso em sentido estrito (art.
581 incido IV do CPP) da decisão de absolvição sumária e de impronúncia,
segundo a nova redação do art. 416 do CPP caberá apelação.

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