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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS


FACULDADE DE PSICOLOGIA
TÓPICOS ESPECIAIS EM PSICOLOGIA CLÍNICA

RAFAELA LEVINTHAL DA SILVA

RESENHA CRÍTICA - COMPORTAMENTAL

MANAUS - AM
2019
RAFAELA LEVINTHAL DA SILVA

RESENHA CRÍTICA - TERAPIA COMPORTAMENTAL

Fichamento apresentado à Profª. Dra.


Nazaré Maria de Albuquerque Hayasida,
para obtenção de nota parcial da
disciplina de Tópicos Especiais em
Psicologia Clínica da Faculdade de
Psicologia, da Universidade Federal do
Amazonas.

MANAUS – AM
2019
RESUMO

A terapia analítico-comportamental tem como método a análise funcional cujo intuito é


averiguar como se mantém o comportamento, buscando maneiras de intervir. Para
entender os fenômenos investigados, ademais de ser necessário para a prática clínica, é
preciso ter domínio dos conceitos, como generalização de estímulos e dessensibilização
sistemática. Com relação a aprendizagem, embora seja possível adquiri-la, de acordo
com o behaviorista Skinner, por reforço através do condicionamento operante, outro
método também é por observação que, segundo Bandura, é muito mais eficaz (FEIST,
J.; FEIST, G. J.; ROBERTS, T-A, 2015). Por fim, é importante salientar a singularidade
dos seres e em razão disso não se deve sistematizar a aplicação da teoria.

Palavras-chave: terapia analítico-comportamental, análise funcional, aprendizagem,


SUMÁRIO

FICHA ANALÍTICA 1 ................................................................................................... 4


FICHA ANALÍTICA 2 ................................................................................................... 6
FICHA ANALÍTICA 3 ................................................................................................... 8
FICHA ANALÍTICA 4 ...................................................................................................
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FICHA ANALÍTICA 5 ...................................................................................................
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FICHA ANALÍTICA 6 ...................................................................................................
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NENO, Simone. Análise funcional: Definição e aplicação na terapia analítico-


comportamental. Revista brasileira de terapia comportamental e cognitiva, v. 5, n. 2,
p. 151-165, 2003.
O termo “análise funcional” começou com Skinner e identifica que um evento só
ocorre em função de outro, nessa relação de dependência. Diferente da noção
mecanicista, que envolve a causa em si e a linearidade dos fenômenos, fala-se sobre um
“desencadeador” e seleção por consequências das quais o comportamento – advindo da
filogênese, ontogênese e cultura – para ser emitido, necessita. Skinner levou em conta
também a realidade, logo, a metafísica está fora de questão quando se trata disso, visto
que o comportamento é a interação entre o organismo e o ambiente (real).
No entanto, como Skinner deu início com o comportamento reflexo no qual um
estímulo elicia uma resposta, ao perceber que o processo era mais complexo teve de
reelaborar o funcionalismo para se adequar ao comportamento operante. A análise
funcional passa, então, a correlacionar uma ocasião precedente, uma resposta e uma
consequência, ou seja, uma nova perspectiva entra em voga, a do multideterminismo do
comportamento, levando em conta variáveis ambientais. Desse modo, a junção de
fatores ambientais, somados com a percepção de cada um, definem a característica de
unicidade do comportamento.
O que está em evidência não é a causa, e sim as variáveis causais em evidência
para que ou o terapeuta ou o cliente possam controlá-las no que diz respeito a
probabilidade de ocorrência de respostas (comportamentos).
No entanto, por a análise funcional não impor regras e consequentemente não ser
replicável, incomoda alguns autores que gostariam de vê-la sistematizada com os
tratamentos equiparados, por exemplo, tratar os pacientes que chegam com determinada
demanda da mesma maneira. Ela, na terapia comportamental, é a base para que haja o
planejamento da intervenção, contudo essa estratégia deve ser específica para cada caso,
isto é, não deve ser igual para todos e tampouco deve ter um modelo a ser seguido. Uma
vez que o ser humano tem sua forma própria de se comportar no mundo devido a
diversos fatores, como é possível padronizar os processos de atendimento? A
padronização só faria perder a eficácia interventiva.
Assim sendo, abordagens que visam apenas enquadrar os clientes em um
diagnóstico e metodizar os processos não ajudam em nada a mudança de
comportamento. Para ser eficaz a intervenção precisa, a priori, de uma avaliação
funcional e posterior análise funcional, nas quais primeiro, como descreve Neno (2003,
5

p. 161), há a “coleta de informações e a formulação de hipóteses” e posterior testagem


das últimas.
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VIEGA, Marla; VANDENBERGHE, Luc. Behaviorismo: reflexões acerca da


sua epistemologia. Revista brasileira de terapia comportamental e cognitiva, v. 3, n.
2, p. 9-18, 2001.
Para tornar-se o que é, o behaviorismo passou por várias etapas de contribuição e
foi o ponta pé que a psicologia precisava para ser vista com uma natureza científica
(VIEGA; VANDENBERGHE, 2001). É uma filosofia e, embora tenha como base a
relação do comportamento do organismo com o meio, dentro dele há várias vertentes
que se ramificam. Esse modelo de ciência busca a generalização, uma certa constância e
por ser dependente do método precisa primeiro que se crie um problema para direcionar
o terapeuta.
É fundamental avaliar as teorias a partir de sua essência, uma vez que
individualidades internas causam fenômenos. É chamada formismo, segundo Pepper
(1942, apud VIEGA; VANDENBERGHE, 2001), exatamente essa forma de mensurá-
los. Pepper traz mais três abordagens: a organicista, a mecanicista e a contextualista.
Na primeira, o que é almejado é a causa dos fenômenos e estes são oriundos da
mente, que, no caso, teria vida própria –, a mecanicista, na qual o funcionamento mental
é comparado ao de uma máquina. Na segunda, estímulo e resposta tem relação
linearidade, denotando algo como se o organismo não fosse ativo), isto é, os
mecanicistas compartimentalizam o comportamento ao analisarem apenas uma ínfima
parte do todo em vez de estudarem o todo, mas, apesar disso, com base nesse saber foi
possível a replicabilidade das pesquisas. Já a última citada traz a ideia de que o
comportamento pode ser determinado por diversos fatores e, ademais, varia conforme o
contexto.
Em seu começo, verificou-se a presença de um estímulo eliciador de resposta e
isso configurou o caráter científico do behaviorismo. Logo, foi contra o formismo e o
organicismo em razão, respectivamente, da inferência para explicar o que se observa e
do forte subjetivismo (VIEGA; VANDENBERGHE, 2001). Em contrapartida, Watson,
ao notar a relação de causa e efeito, teve contribuição do mecanicismo, visto que o
mesmo é baseado nesse paradigma. Por conseguinte, percebeu através dos
comportamentos respondentes ser possível entender comportamentos ditos superiores,
como o aprendizado de novas emoções.
A inovação ocorre quando Skinner traz o conceito do comportamento ser
produzido de modo diferente e muda, assim, a ideia de linearidade ao substituí-la por
interações do organismo com o meio em um determinado contexto. Os conceitos de
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ocasião, resposta e consequência passam a estar interrelacionados ativamente, isso


significa a dependência do histórico de condicionamento e reforçamento, dentre outras
coisas, a fim de que um comportamento seja emitido.
Tal interrelação caracteriza o porquê de cada ser comportar-se de um jeito, dado
que mesmo em face ao mesmo estímulo, pessoas podem emitir respostas diferentes, por
exemplo, para uns a música “Still Loving You”, da banda Scorpions, pode eliciar
tristeza, ao passo de que para outros pode gerar tanta animação a ponto de cantarem
com muito entusiasmo.
Logo, é inadmissível um psicólogo tratar demandas iguais ou semelhantes
utilizando um protocolo, como tratar da mesma maneira pessoas diferentes que
apresentam o mesmo transtorno. A linguagem é o comportamento fundamental,
principalmente para fortalecer a relação paciente-terapeuta, já que é por meio dela a
identificação de comportamentos nocivos que podem ser mudados para não mais causar
prejuízo. Dessa maneira, Skinner rejeitou o princípio de verdade por concordância em
virtude da existência da percepção, do significado dado a situação, o qual é individual.
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FEIST, J.; FEIST, G. J.; ROBERTS, T-A. Skinner: Análise do Comportamento.


In: ______. Teorias da Personalidade. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. p. 304-325.
Os conhecimentos sobre as consequências do comportamento humano se
originaram dos experimentos realizado por Thorndike (1898, 1913, apud FEIST, J.;
FEIST, G. J.; ROBERTS, T-A, 2015), foi o primeiro a trazer a noção de consequências
reforçadoras e punitivas. Anos mais tarde surge Watson com uma visão mecanicista,
logo, não acreditava no comportamento oriundo de vontade ou da mente.
Esses dois nomes influenciaram fortemente Skinner e, como eles, julgava a
necessidade de excluir o fator motivação do comportamento humano pois isso
configuraria um caráter não científico à psicologia. Consequentemente, focou-se nos
eventos observáveis. Pôde replicar seu experimento em condições laboratoriais e foi
capaz de generalizar seu estudo; começou com a interpretação do comportamento de
animais, crianças e posteriormente, adultos.
Há dois tipos de condicionamento observados por Skinner, o respondente e o
operante. No primeiro, um estímulo neutro (não eliciador de resposta) é associado a um
incondicionado (elicia resposta reflexa) até que, sem a presença do incondicionado, o
neutro passe a eliciar resposta, tornando-se um estímulo condicionado (aprendido).
Watson em seu experimento com o pequeno Albert, no qual pareava um rato branco
(estímulo neutro) com um som estridente (estímulo incondicionado para a resposta
medo), depois ao mostrar apenas o rato, Albert chorava. Percebeu-se que o bebê
aprendeu a sentir medo, por conseguinte constatou que emoções também poderiam ser
aprendidas.
Já o condicionamento operante consiste em oferecer um reforço logo após uma
resposta, porque reforçando aumenta a probabilidade de o comportamento ocorrer
novamente. Para Skinner, a maior parte dos comportamentos se aprende através dele.
(FEIST, J.; FEIST, G. J.; ROBERTS, T-A, 2015). Em suma, a resposta emitida gera uma
consequência. Quando o comportamento alvo é mais complexo, utiliza-se a modelagem,
isto é, quanto mais próximo do comportamento alvo estiver o indivíduo, mais se fornece
o reforço. um exemplo é o pai fazendo o dever de casa de matemática com o filho, na
próxima vez que o assunto for o mesmo o filho saberá fazer sozinho porque passou pelo
processo de aprendizagem quando o pai ficava ao seu lado auxiliando.
No entanto, é possível aprender sem ter havido antes um reforço. por exemplo,
Joana pode não gostar de Maria, sem conhecê-la, simplesmente por ter o jeito parecido
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com o de uma menina que ela conhece que fala mal das pessoas. No caso, Joana não
precisou conhecer Maria para concluir esse fato. Isso acontece por meio da
generalização do estímulo, ou seja, há semelhanças nos estímulos que fizeram Maria
generalizar.
O reforço e a punição, presentes no processo de aprendizagem, podem ser
positivas ou negativas – o reforço positivo aumenta a probabilidade de um
comportamento ocorrer acrescentando um estímulo benéfico, como ir a uma padaria e o
padeiro dar 3 pães para quem comprar 3, esse estímulo aumenta as chances da pessoa
retornar e levar mais pães; já o negativo igualmente aumenta a probabilidade de um
comportamento ocorrer, contudo retira o estímulo aversivo do ambiente – exemplo: uma
pessoa com o colesterol alto passa a se alimentar de forma saudável para que sua saúde
melhore. Relacionado a punição positiva e negativa, as duas diminuem as chances de
um comportamento ser emitido novamente, sem embargo, a primeira acrescenta um
estímulo aversivo ao ambiente e no outro retira o estímulo reforçador.
Existem, ademais, reforçadores condicionados generalizados, ou seja, uma
consequência reforçadora serve de estímulo discriminativo - que significa que a resposta
será reforçada - para várias outras respostas, como o dinheiro; com ele é possível fazer
diversas coisas (comprar, ir ao cinema etc).
Por fim, o aprendizado também pode ser extinto, decorrente da suspensão do
reforço o comportamento emitido vai perdendo a frequência e isso diminui a
probabilidade de ser emitido novamente, até ser completamente extinto.
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FEIST, J.; FEIST, G. J.; ROBERTS, T-A. Bandura: Teoria Social Cognitiva. In:
______. Teorias da Personalidade. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. p. 328-347.
Albert Bandura observou o que ninguém antes havia observado, então postulou
em sua terapia social cognitiva a casualidade e eventos fortuitos como fator de
influência na personalidade e, consequentemente, no comportamento. Uma vez que as
pessoas possuem a característica da plasticidade, ou seja, aprendizagem e remodelação
constante, o fundamento da sua filosofia é a aprendizagem como maior parte sendo
vicariante, quer dizer que ao observar é possível aprender de forma passiva, sem emitir
comportamento.
O conhecimento adquirido basicamente por modelagem e reforço, como
afirmava Skinner, seria muito limitado e o ser humano seria menos desenvolvido no
quesito aprendizagem. Logo, para o autor a aprendizagem vicariante – aprender
observando ou ouvindo – tem uma eficácia maior do que o condicionamento operante,
um exemplo corriqueiro são as crianças que assistem a desenhos que ensinam a falar
palavras em outra língua e repetem tanto que aprendem.
No entanto, a aprendizagem por observação não é apenas adquirida por imitação
pois envolve também processos cognitivo; para Bandura, como se processa esse modelo
é chamado modelagem. Para que a pessoa, de fato, aprenda depende de alguns fatores,
como do modelo usado de referência – é mais provável usar como referência uma
pessoa de mais sucesso; pessoas sem status, ou derivados, são mais fáceis de modelar, e
aquilo que o comportamento pode causar – o valor dado a ele (FEIST, J.; FEIST, G. J.;
ROBERTS, T-A, 2015).
O modelo vicariante de aprendizagem se desenrola por quatro etapas. A primeira
delas é a atenção cujos determinados estímulos ganham função discriminativa por meio
de aprendizagem, e outros são ignorados, consequentemente, devemos ter alguma
relação e a pessoa tem de ser atraente de alguma maneira para que alguém de dê
atenção. A seguinte trata da retenção ou representação, nela o que se observa se codifica
e é armazenado, por exemplo, repetir a mesma coisa antes de uma apresentação. A
terceira, reprodução ou produção de comportamento, após processar os anteriores na
memória, é possível emitir um novo comportamento. A última, motivação, quando está
presente, esse tipo de aprendizagem é mais eficiente, visto que ao observar o
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comportamento de alguém e não o reproduzir, as chances de aprender são praticamente


nulas.
O indivíduo age em função do ambiente, comportamento e pessoas. Essa
interação, nomeada por Bandura como causação recíproca triadídica, é recíproca devido
a um influenciar o outro e todos se influenciarem entre si. Isto é, uma filha, apesar de
estar sentindo-se bem, pede a mãe para faltar a escola. A mãe pode refletir sobre e
pensar que isso pode se tornar um hábito se ela deixar uma vez e opta por não a deixar
faltar. Isto é, a mãe está controlando (no sentido de probabilidade de ocorrência) o
ambiente da filha, além de estar controlando também o próprio comportamento. A
reflexão influenciou no comportamento da mãe e no ambiente da filha. Em suma, todos
os elementos estão interligados.
A agência humana, a essência da humanidade (FEIST, J.; FEIST, G. J.;
ROBERTS, T-A, 2015), tem como base a autoeficácia. Partindo do preceito em que as
pessoas tem o poder de controlar seus comportamentos e explorar suas potencialidades,
a autoeficácia refere-se a crença na própria capacidade. Ela varia de situação para
situação, depende do valor dado ao lado negativo ou positivo, fracasso ou sucesso.
Portanto, isto posto, se o ambiente demanda muito, pessoas com alta autoeficácia vão
procurar uma forma de mudá-lo.
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MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. O reflexo inato. In: ______.


Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 17-28.
Reflexos inatos são reflexos que não precisam passar pelo processo de
aprendizagem, ou seja, o organismo já nasce com essa capacidade de interagir com o
ambiente. Fornece, também, auxílio para a sobrevivência (Moreira & Medeiros, 2007).
Desta forma, por exemplo, não é necessário aprender a contrair o braço para tirar o dedo
espetado por um espinho.
Para entender no que consiste o reflexo, além do conceito do mesmo, é
necessário saber que se há mudança no ambiente se refere ao estímulo e se a mudança é
no organismo, fala-se de resposta. Apesar de remeter ao conceito de resposta, no senso
comum, ao dizer “reflexo”, este último não consiste apenas na resposta, e sim na relação
de um estímulo que a elicia.
Pesquisadores estabeleceram leis nas relações padrões de estímulos e respostas,
chamadas Lei da intensidade-magnitude, lei do limiar e lei da latência. A primeira
especifica a intensidade do estímulo proporcional a magnitude da resposta, isto é,
quanto mais intenso o estímulo, maior a magnitude da resposta. Logo, citando uma
realidade de muitos, com relação ao uso de substancias alucinógenas, quanto mais uso
faz, mais alterada a pessoa fica.
No que diz respeito à segunda, há uma intensidade mínima do estímulo para que
suceda o reflexo – um indivíduo, a título de exemplo, só começa a transpirar no
momento em que a temperatura marca 27ºC, intensidade mínima para a começar a suar
(resposta). Já a terceira lei explica que por ser essencial o intervalo para que ocorra o
reflexo, a intensidade do estímulo é diretamente proporcional a duração da resposta,
ademais, maior o tempo de latência, menos intenso é o estímulo.
Além disso, à medida em que o estímulo é apresentado diversas vezes em um
curto período de tempo sem mudar sua intensidade, a magnitude da resposta vai
decaindo, resultado da chamada habituação. O exemplo utilizado na primeira lei pode,
da mesma maneira, ser aplicado aqui, uma vez que um indivíduo adicto em morfina
passa a aplicar doses cada vez mais altas em razão de a do início não fazer mais efeito
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(habituou-se). O contrário igualmente pode ocorrer – denominada potenciação, na qual


a magnitude da resposta aumenta. (Moreira & Medeiros, 2007)
Os seres humanos nascem, portanto, preparados tanto para relação deles próprios
com o ambiente quanto para ter respostas emocionais. Para estas últimas ocorrerem,
contudo, é indispensável que estejam inseridas em uma situação - que pode, inclusive,
ser um pensamento -, além disso, são consideradas reflexas porque a maioria das
emoções são repostas fisiológicas. As emoções são respostas fisiológicas intensas,
embora de curta duração e decorrem de estímulos tanto internos quanto externos
(Dalgalarrondo, 2008). O uso de medicamentos para depressão, por exemplo, prova a
origem orgânica das mesmas, visto que o medicamento serve para regular algo em
desequilíbrio no organismo.
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MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. O reflexo aprendido:


Condicionamento Pavloviano. In: ______. Princípios básicos de análise do
comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 29-46.
A expressão “nascer sabendo” não acontece ao pé da letra, porém, cada ser traz
consigo sua historia filogenética, o que significa que com a evolução da espécie
tornaram-se capazes de discriminar perigos, como não comer determinada fruta que
seus ancestrais ao comer, sentiam-se mal. Logo, como o ambiente não é fixo e vive em
incessante mudança, vê-se a necessidade de aprender outros reflexos. Como apontado
por Moreira & Medeiros (2007, p. 29), além de reflexos inatos, há também a
característica de poder aprender novos reflexos, incorporando-os no repertório
comportamental – e ambos são imprescindíveis para a conservação da vida.
A concepção de aprender novos reflexos sucedeu de um experimento cujo intuito
era investigar o reflexo salivar em um cão, feito por Pavlov (1903). O chamado
condicionamento pavloviano, condicionamento clássico ou condicionamento
respondente/reflexo consistia em apresentar para o sujeito experimental um estímulo
incondicionado (carne), ou seja, não aprendido, e logo depois um estímulo neutro (som
da sineta) que não eliciava a resposta de salivação. Após isso feito isso várias vezes, o
animal ao ser exposto apenas ao som da sineta, salivou. Pavlov, por conseguinte,
constatou que o estímulo antes neutro (som da sineta) havia se tornado estímulo
condicionado, isto é, o som da sineta ganhou propriedades eliciadoras e o cão aprendeu
um novo reflexo.
É importante salientar que sendo um comportamento reflexo ou respondente, ao
se falar em um estímulo, fala-se com relação à resposta investigada. Em vista disso, no
experimento, o som da sineta era estímulo neutro e passou a ser condicionado para a
resposta salivar, já a carne é estímulo incondicionado para a mesma resposta.
Entretanto, para a resposta arrepiar a carne seria um estímulo neutro, uma vez que não
eliciaria resposta alguma (Moreira & Medeiros, 2007).
Como emoções, em sua maioria, são comportamentos respondentes, é possível
aprender novas respostas emocionais. Foi a descoberta de Watson no experimento com
o pequeno Albert (1920), que ratificou a utilidade do condicionamento reflexo ao tratar-
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se das emoções. Em um laboratório, Watson notou pelas respostas fisiológicas do bebê


que ele se assustava ao ouvir um som agudo (estímulo incondicionado). Em outra
sessão, exibiu um rato albino (estímulo neutro) e Albert interagiu normalmente, não
demonstrou medo. Após isso, associou os dois estímulos diversas vezes, em seguida
expôs somente o rato e, dessa forma, comprovou que o bebê aprendeu a ter medo do
rato.
Esse experimento valida que a forma como os seres humanos se comportam
depende de seu repertorio comportamental. Devido a isso, é viável a possibilidade de
duas pessoas emitirem respostas diferentes frente ao mesmo estímulo, como por
exemplo pessoas andando de teleférico, embora a situação seja a mesma, alguma pode
se sentir mal por ter medo de altura e outra feliz por ter a sensação de liberdade.
Depende do histórico de condicionamento.
Além de mostrar o rato para o Albert, Watson também mostrou coisas como
animais de pelúcia, barba branca, e eliciou ainda a resposta de medo. Constatou assim
que estímulos semelhantes ao estímulo condicionado podem eliciar a mesma resposta
condicionada, conhecido por generalização respondente. Ademais, há o chamado
gradiente de generalização; quanto mais parecido for o estímulo com o original, maior
será a magnitude da resposta.
Em suma, o processo então chamado de condicionamento respondente compõe-
se de um estímulo neutro associado a um incondicionado e ao ser apresentado apenas o
neutro, elicia resposta, o que significa dizer que houve condicionamento. Sem embargo,
expor um sujeito ao estímulo condicionado sem o incondicionado, em um dado
momento ocorre a extinção, isto é, a resposta eliciada por meio do estímulo
incondicionado cessa. No entanto, pode ser que haja uma recuperação espontânea da
resposta extinta, agora de menor magnitude.
Portanto, é necessário ter o domínio dos conceitos, pois na prática clínica duas
das práticas utilizadas para extinguir um comportamento são o contracondicionamento e
a dessensibilização sistemática. A primeira consiste em condicionar respostas
incompatíveis com outras, o exemplo clássico é o fumante que toma um remédio para
eliciar vômito logo após fumar. Em outras palavras, uma atividade que antes lhe
proporcionava prazer, agora associada ao vômito diminui a probabilidade da ocorrência.
E, por fim, a segunda é fundamentada na generalização respondente, pois quanto
mais diferente for o estímulo presente do estímulo condicionado, menor a magnitude da
resposta. Por consequência, o terapeuta tem de criar uma escala crescente da intensidade
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do estímulo para que então, aos poucos, o paciente seja capaz de ficar cara a cara com o
estímulo original.

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