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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO
CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO
Niterói, 2011
Niterói
2011
AGRADECIMENTOS
iii
iv
RESUMO
A energia primária de um reservatório, responsável pela extração do óleo acumulado
neste, eventualmente diminui e chega a níveis onde a produção torna-se inviável
economicamente.
Assim sendo, é fundamental que sejam tomadas providências para reverter esse quadro
desfavorável. Uma opção é abandonar os poços que já não se mostram lucrativos e investir
em descobertas de novos reservatórios ou perfuração de novos poços em reservatórios que
ainda estão bastante produtivos. Outra opção, mais utilizada mundialmente, é tomar
providências com técnicas de recuperação secundária, que têm como objetivo aumentar a
produção de reservatórios com energia primária já reduzida. Esses métodos de recuperação
secundária são, em grande parte, baseados na injeção de fluidos no reservatório. O principal
método é o de injeção de água.
Assim, nas plataformas offshore atuais, existe um módulo de injeção de água, o qual
requer toda uma estrutura adptada e preparada na plataforma. Por conseguinte, as inovações
nas técnicas de injeção de água (e tratamento de água de injeção) são relacionadas a inovações
também nas plataformas.
O presente trabalho tem como objetivo fazer um estudo de caráter evolutivo de tais
inovações. Para tal, serão abordados os principais métodos de recuperação secundária, bem
como as inovações nesta área da indústria petrolífera. Em paralelo, será feito um estudo do
histórico das plataformas FPSO’s1 (Floating Production Storage and Offloading),
relacionando as mudanças das plataformas com as inovações nos sistemas de injeção,
provenientes dos avanços nas técnicas de injeção de fluidos nos reservatórios de óleo e gás.
v
vi
ABSTRACT
The primary energy of a reservoir, which is responsible for the extraction of the oil,
will inevitably decrease to a level where the production becomes impracticable economically.
Therefore, it is essencial that something is done in order to revert this adverse
situation. One option available is to abandon the wells that aren’t profitable anymore and
invest resources in new reservoirs that haven’t been explored yet, or in the discovery of new
ones. Another option, more common, is to apply techniques of Enhanced Oil Recovery
(EOR), with the intent to increase the production of reservoirs that are already with that low
primary energy. These EOR methods are, in vast majority, based on the injection of fluids
into the reservoir. The main method is the water injection.
Thus, current offshore rigs are provided with a water injectino module, which requires
adaptations on the structure of the ship. Consequently, the innovations surrounding the water
injection techniques (and, of course, the water injection treatment) are directly related to the
adaptations and changes required on the ships.
This paper aims to study the evolution of such changes. In order to do that, the main
EOR methods will be explained, as well as the innovations regarding those methods.
Simultaneously, the whole historic of the Floating Production Storage and Offloading
(FPSO)2 will be covered, related with the adaptations that the ships need in order to receive
the changes regarding water injection modules, triggered by the innovations in the water
injection method.
vi
LISTA DE SIGLAS
vii
viii
WAG Water-Alternating-Gas
ix
viii
LISTA DE FIGURAS
.
Figura 1.1 P.P. Moraes (P-34) e sua evolução de ancoragem ......................................... 4
Figura 2.8 Processo miscível de injeção de GLP e água alternativamente, WAG .......... 22
Figura 2.9 Envelope de fases para óleo, GLP e gás seco ............................................... 22
Figura 2.11 Processo de injeção miscível de CO2 alternado com água, WAG ................ 25
Figura 2.17 Perfil de temperatura entre poço injetor e produtor na combustão in situ ..... 36
x
Figura 3.6 Evolução da queda de injetividade com o tempo pelo programa INJECT .... 59
Figura 4.6 Tratamento de água do mar com URS à montante da desaeradora ................ 73
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 Características de FPSO’s de acordo com suas fases .................................... 5
xii
SUMÁRIO
1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................. 1
xiii
xv
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Eventualmente, todo poço de petróleo chega numa fase onde o fluido a ser
produzido, dentro do reservatório, não tem mais energia suficiente para vencer as perdas
de carga e chegar à cabeça de poço, levando assim a uma queda na vazão de produção
do poço. Esta queda de vazão chega a um ponto onde não é mais economicamente
viável manter o poço em produção, devido ao esgotamento dessa energia primária.
Pode-se então abandonar o mesmo (quando algum motivo particular inviabiliza de
alguma forma implementações de métodos adicionais para produção) ou implementar
técnicas com o intuito de acelerar a produção para adiantar o fluxo de caixa ou alcançar
a viabilidade econômica a partir do aumento da vazão, chamadas de métodos de
recuperação secundária.
Antigamente, estes métodos de recuperação secundária eram os métodos
aplicados após a fase de recuperação primária, e após aquela fase de recuperação
secundária vinham as técnicas de recuperação terciária. A partir da década de 1990
começou-se a usar o termo de recuperação secundária para qualquer método que venha
a ser utilizado para aumentar a vazão de produção e/ou a eficiência de drenagem do
reservatório. Em adição, estes métodos são divididos em convencionais (anteriormente
chamados de recuperação secundária) e especiais, anteriormente conhecidos como
recuperação terciária. Atualmente, todos são chamados de métodos de recuperação
secundária ou métodos de Enhanced Oil Recovery (EOR). (ROSA, 2006)
Os métodos de recuperação secundária convencionais são a injeção de água e
injeção imiscível de gás. A técnica de injeção de água, mais usada mundialmente, foi
primeiramente posta em uso no campo de Bradford, EUA. No Brasil foi utilizada pela
primeira vez no campo de Dom João, na Bahia, em 1953. Os métodos especiais de
recuperação secundária são injeção miscível de gás, injeção de vapor, injeção de
polímeros e surfactantes, combustão in situ, injeção de hidrocarbonetos, além de muitos
outros.
Um método ainda menos convencional que os supracitados, que deverá ser
amplamente utilizado pela Petrobras na explotação do Campo de Lula, anteriormente
conhecido como Tupi, é o método de Water-Alternating-Gas (WAG). O processo de
WAG consiste em slugs, ou rajadas, de injeção alternando entre gás e água. Este
1
método, que visa aumentar a mobilidade do óleo a ser produzido, foi proposto em 1958
por Claude e Dyes, ganhando maior enfoque e avanços recentemente.
Todos estes métodos de injeção aqui introduzidos serão discutidos e estudados
mais à frente, para melhor compreensão do sistema de injeção dos mesmos. Após a
revisão bibliográfica dos métodos de recuperação, será feita também uma revisão da
dispersa literatura sobre os sistemas de injeção das plataformas, em especial as offshore.
Será feito então um estudo sobre a evolução destes sistemas, motivada pela necessidade
de maiores vazões e pelas intensas inovações tecnológicas na área.
1.1 Motivação
1
OOIP – Quantidade de óleo no reservatório originalmente, anterior ao início da produção.
2
CAPEX – Despesas relacionadas ao investimento.
2
comum há décadas, tendo seu primeiro sucesso no projeto de Sacroc e NorthCross, no
Texas, onde o CO2 era produzido, separado, e então reinjetado.
Assim sendo, é claro que melhorias e inovações no upstream vêm sendo feitas a
cada ano, e evidentemente, as plataformas sofrem adaptações baseadas em novos
conceitos, equipamentos e objetivos. Estas mudanças anuais estimulam um trabalho que
visa reunir, definir e explorar esses conhecimentos e as plataformas com seus sistemas
de injeção.
1.2 Objetivo
3
aliviadores, responsáveis pelo transporte dos fluidos produzidos da plataforma até a
costa. A Petrobras começou a utilizar as FPSO’s em suas operações no ano de 1979,
através da instalação de uma planta de processos sobre o deck da P.P.Moraes,
posteriormente renomeada para P-34. A evolução que este tipo de plataforma sofreu ao
longo destes últimos 30 anos é notória e será explicada adiante, resultando em projetos
modernos como os da semi-submersível P-51, que terá, inclusive, seu sistema de
tratamento de água para injeção discutido no capítulo 4.
A Petrobras classifica as FPSO’s e suas instalações e projetos em 3 fases. A
primeira, abrangendo FPSO’s de 1979 até o começo dos anos 90, consiste em FPSO’s
oriundas de adaptações de outras plataformas. A fase 2, englobando a década de 90,
consiste de um boom na construção e instalação de FPSO’s. A fase 3 consolidou a
construção de novas gerações de plataformas, com projetos inovadores.
1.3.1 Fase 1
Em 1978, a primeira boia CALM (Catenary Anchor Leg Mooring) foi instalada
no campo de Anchova, na Bacia de Campos, área offshore contendo cerca de 40 campos
de petróleo, com o intuito de permitir a ancoragem de um tanker de óleo, que receberia
a produção de hidrocarbonetos de outra plataforma.
No ano seguinte, a P.P. Moraes, antiga tanker, recebeu uma planta de processo
com o intuito de transformá-la em uma FPSO para uso no campo de Garoupa, ancorada
por um sistema de torre-Yoke. Nos anos seguintes, a plataforma sofreria mais mudanças
nos sistemas de ancoragem, como pode ser visto na figura 1.1, a seguir.
Figura 1.1. P.P Moraes (P-34) e sua evolução de ancoragem: Tower-yoke, CALM-yoke e Turret.
Fonte: PETROBRAS, OTC 18 681 (2007)
4
Durante esse período, as plataformas utilizadas para produção nos campos da
Bacia de Campos eram, em grande maioria, semi-submersíveis. Chamadas de FPU’s
(Floating Production Units), essas unidades exportavam o óleo para navios tipo tankers,
aliviadores, conectados permanentemente a boias de carregamento. O primeiro projeto
da estatal deste tipo foi em 1992, no campo de Marlim, onde uma FSO (Floating
Storage and Offloading) do tipo Aframax, Horta Barbosa, foi ancorada a 625 metros de
lâmina d’água, quebrando recordes mundiais da época para boias CALM. A FSO Horta
Barbosa foi pioneira na operação de alívio na Bacia de Campos, provando que as
operações eram seguras para as condições adversas daquele campo, àquela época.
As modificações necessárias para os tankers funcionarem como FSO’s eram
mínimas, já que eram restritas também pelos tamanhos dos navios, Panamax ou
Aframax. Consequentemente, as FPSO’s/FSO’s da época não tinham unidades de
injeção de água e nem exportavam gás. Algumas outras características são apresentadas
na tabela 1.1, adaptada do artigo OTC 18 681, da Petrobras.
Nesta primeira fase, pode-se considerar que a P.P. Moraes foi um laboratório
flutuante para testes de ancoragem, de comportamento frente às condições marinhas e
de efeitos dos movimentos sobre a planta de processamento.
Tabela 1.1. Características de FPSO’s de acordo com suas fases. (Petrobras, OTC 18 681, 2007)
Fase
Característica
I – 1979-1993 II – 1995-2001 III – 2002-2006
P.P. Moraes, Juruperna, P-31 / P-33 / P-35 /
Unidades P-50 / P-54 / P-53
Horta Barbosa P-37
Tamanho e Capacidades
Capacidade de
Processamento < 60.000 ~100.000 180.000
(bpd)
Tamanho do Navio Panamax, Aframax VLCC VLCC
Pequenos Moto- Grandes Moto-
Compressores de Grandes Turbinas
Compressores Compressores (2
Gás (1~2 MMm3/dia)
(<600.000 m3/dia) MMm3/dia)
Caldeiras a Vapor + Caldeiras ou Turbo- Grandes Turbo-
Geração Principal
Moto-Geradores 1 MW Geradores 5~10MW Geradores 23MW
Completo, com
Tratamento de Água Bastante Limitado Completo
alguns gargalos
5
Tabela 1.1. (cont). Características de FPSO’s de acordo com suas fases.
Capacidade de
Nenhuma Completa Completa + URS
Injeção de Água
Gerenciamento de
3 Guindastes +
Carga 2 Guindastes 3 Guindastes
Monocarril
Em 1994, após 15 anos de seu primeiro uso como unidade de produção, a P.P.
Moraes foi movida para o campo de Barracuda e foi renomeada para P-34. A
ancoragem passou a ser feita por turrets, devido à grande quantidade de risers (34)
conectados à FPSO. Além do novo sistema de ancoragem, a P-34 recebeu uma nova
planta de processamento, incluindo unidades de compressão de gás, e operou neste
campo de 1997 a 2003.
Essas modificações sofridas pela P.P. Moraes (P-34) caracterizam um período de
transição entre a fase 1 e a fase 2, pois a FPSO apresentava características clássicas de
plataformas da fase 1, tais como tamanho médio e ausência de sistema de injeção de
água, e outras referentes à fase 2, como ancoragem via turret, possibilitando
movimentos de 360o em torno do mesmo.
1.3.2 Fase 2
6
concluído que para os campos de águas profundas Marlim e Albacora, o uso de FPSO’s
em vez de FPU’s seria recomendável.
Consequentemente, a estatal começou a conversão de 4 FPSO’s, sendo uma para
o campo de Albacora, a Vidal de Negreiros (P-31), e três para o campo de Marlim, a
Cairu (P-32), Henrique Dias (P-33) e José Bonifácio (P-35). Todas foram convertidas a
partir de VLCC’s (Very Large Crude Carriers) da própria frota da empresa. Alguns
meses depois, a P-37 foi contratada para o campo de Marlim.
Pela primeira vez no Brasil, as FPSO’s estavam sendo usadas como unidades de
produção durante toda a vida produtiva dos campos de petróleo. Obviamente, as
unidades eram grandes o suficiente (antigos VLCC’s), com grandes plantas de processo
para a época (no mínimo 100.000 bpd), incluindo completas unidades de compressão de
gás, e finalmente, sistemas de tratamento e injeção de água. Adicionalmente, todas
contavam com turrets e swivels grandes o suficiente para receber uma elevada
quantidade de risers, responsáveis pelo carregamento do óleo desde os manifolds
submarinos até as respectivas embarcações. Para duração a longo prazo, algumas
estratégias novas foram analisadas, incluindo o uso de novos materiais para certos
equipamentos submarinos, como por exemplo plástico reforçado de fibras, ou Fibre-
Reinforced Plastic – FRP, no sistema de elevação de água do mar. Pouco tempo depois,
mais duas FSO’s foram convertidas para FPSO’s para uso no campo de Roncador (P-
47) e Marlim Sul (P-38).
A alta eficiência destas 7 FPSO’s na Bacia de Campos mostrou que a escolha
deste tipo de plataforma ao invés de FPU’s foi correta. Contudo, algumas ressalvas
mostraram que ainda havia o que aprimorar e consertar. Algumas das ressalvas foram as
limitações nas plantas de tratamento de água e óleo, além de problemas operacionais
nos sistemas de exportação do óleo.
1.3.3 Fase 3
7
1.1. A seguir, alguns pontos do projeto da P-50 são levantados, caracterizando as
FPSO’s da fase 3, como as P-53 e P-54.
8
os produtos, conectados por tubos flexíveis para os containers apropriados. A abertura
de duas válvulas permitia o fluxo dos produtos químicos por efeitos gravitacionais,
evitando contato direto entre os produtos e qualquer operador da plataforma.
9
CAPÍTULO 2 – MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO SECUNDÁRIA
10
Os dados são do fim de 1993 e são relacionados às atividades petrolíferas dos
Estados Unidos, somente. Pode-se observar que 536 x 109 barris tinham sido
descobertos até aquela data. A produção acumulada era de 162 x 109 barris e a reserva
provada era de 23 x 109 barris de óleo (bbl). Vale ressaltar que reserva provada é o
parâmetro que mede a quantidade de óleo descoberto cuja produção é viável
economicamente com a tecnologia disponível na data especificada. Assim sendo, os 23
x 109 barris de reserva provada não incluem óleo que poderia ser recuperado apenas
com técnicas de recuperação secundária que não eram usados na época. Com o avanço
dessas técnicas, a quantidade de óleo que se torna recuperável é de 351 x 109, mais que
triplicando a quantidade de óleo recuperável até então (produção acumulada mais
reserva à época).
As características físico-químicas do óleo a ser extraído com as técnicas de EOR
são variadas. Óleos de alto grau API (menos viscosos, mais voláteis e de maior valor
agregado) e óleos de baixo grau API (viscosos, menos voláteis e, portanto, menos
valorizados) podem ser extraídos com os diversos métodos de recuperação secundária.
Além desta variedade, a espessura e profundidade do reservatório e as condições
de temperatura e pressão no mesmo também são diversas. Assim sendo, a tecnologia
implementada nesses métodos não pode focar em um tipo específico de petróleo e
apenas a certas condições de reservatório. Por outro lado, nenhum dos métodos de EOR
é aplicável a qualquer situação e a qualquer tipo de óleo. Consequentemente, todos os
métodos são de suma importância para a exploração maximizada de petróleo nos
reservatórios mundiais.
Apesar da importância das técnicas de EOR, é importante atentar ao fato que
elas são úteis apenas a partir do momento que ficam viáveis economicamente, para
competir de forma acirrada com a recuperação primária que pode ser feita em
reservatórios ainda inexplorados. Portanto, conforme os reservatórios amadurecem, uma
dúvida é criada entre investir em recuperação secundária nos reservatórios que estão
sendo explorados e investir em poços para produzirem óleo de reservatórios que até
então não foram ainda acessados. Assim sendo, as operadoras devem sempre analisar
financeiramente a viabilidade e lucratividade de cada projeto. Devido ao fato de que as
descobertas recentes raramente são de reservatórios ou campos de fácil acesso, pouco
profundos, a recuperação secundária fica cada vez mais atrativa.
Em alguns casos, os métodos de recuperação secundária podem ser usados no
primeiro estágio de produção. Em reservatórios que contêm óleos muito viscosos,
11
usualmente os métodos de EOR resultam numa produção superior à que se obteria com
os usuais mecanismos de produção, como capa de gás e influxo de água. Na verdade,
esta prática é a conduta atual, exercendo uma manutenção constante de pressão.
Como explanado neste capítulo, há diversos fatores que influenciam na escolha
do melhor método de recuperação secundária para cada caso. Esses fatores citados são,
entre outros, o tipo de óleo, tipo de formação e rocha, assim como a distribuição, estado
e saturação do óleo resultante das operações anteriores. Essa ampla gama de fatores
resulta em diversos casos diferentes, que devem ser estudados única e profundamente
para a correta escolha do melhor método de EOR. Esses investimentos e estudos da área
estimularam e propiciaram o desenvolvimento de vários tipos de técnicas secundárias
hoje existentes.
12
Recentemente o uso de poços especiais tem se mostrado também essencial para
a indústria petrolífera. Poços inclinados, horizontais e multilaterais podem aumentar a
velocidade de drenagem do reservatório e a eficiência de recuperação em relação aos
convencionais poços verticais.
Apesar das reservas de petróleo serem um recurso não renovável, limitado, elas
não foram ainda totalmente exploradas. Principalmente no mar, ainda há uma boa
perspectiva de novas descobertas. É importante que não cessem os estudos buscando
novas áreas, tanto em terra quanto offshore. Os avanços tecnológicos desse segmento da
indústria sempre levam a novas descobertas. Também é fundamental estudar formações
cada vez mais profundas e áreas previamente consideradas esgotadas ou
economicamente inviáveis.
13
Como mostrado na figura 2.2, o uso de polímeros previne que ocorra o que se
chama de fingering, ilustrado na parte da esquerda da figura, melhorando a eficiência de
deslocamento do óleo.
Processos químicos, por sua vez, são os que envolvem agentes surfactantes ou
alcalinos injetados para aprimorar a eficiência de varrido do óleo. A figura 2.3, adaptada
de Green & Willhite (1998), explana melhor o processo de polímeros e surfactantes.
14
Figura 2.4. Injeção miscível de dióxido de carbono.
Fonte: GREEN & WILLHITE (1998)
15
2.2.1 Processos de Controle de Mobilidade
16
valores menores que os da camada de óleo/água a ser deslocada, devido às reduções de
viscosidade e de permeabilidade efetiva.
Outros tipos de polímeros também podem ser utilizados. As alternativas mais
comuns são chamadas de biopolímeros, produzidos a partir de processos de
fermentação. Estes biopolímeros afetam a viscosidade aparente da solução e afetam
apenas ligeiramente a permeabilidade da rocha, já que a retenção é significativamente
menor.
A única desvantagem aparente desse método de EOR é a baixa eficiência, em
termos de taxas de recuperação, em relação aos outros processos de recuperação
secundária. Além disto, o processo é afetado por operações de produção previamente
executadas no poço. Assim sendo, um influxo de água feito com sucesso anteriormente
pode resultar numa injeção de polímeros pouco eficiente, devido ao já elevado
acréscimo na taxa de recuperação causado pelo influxo de água.
Há ainda alguns processos de controle de mobilidade com aplicações de
espumas, alteração de permeabilidade relativa, entre outros. Essas técnicas de
recuperação secundária de controle de mobilidade frequentemente são usadas em
conjunto com os outros métodos de EOR para melhorar a eficiência global.
17
concentração, é formada uma solução. Se a concentração do surfactante for elevada
acima de um valor crítico, são formadas as micelas, onde a extremidade hidrofílica de
cada molécula atrai uma molécula de água. Quando o óleo é misturado neste sistema de
surfactante e água, as miscelas atraem as gotículas de óleo para o interior delas, onde há
as extremidades oleofílicas. Este tipo de mistura é chamado de miscelas inchadas com
água externamente, onde a miscela é inchada de óleo e dispersa na água. Miscelas
inchadas de óleo externamente também são utilizadas nos métodos de injeção de
solução micelar. A tabela a seguir mostra os valores usuais de composição da solução
micelar.
O cosurfactante ajuda no ajuste da viscosidade e auxilia as micelas a
solubilizarem mais óleo ou água, se inchando em maiores proporções, estabilizando a
solução. Esse álcool usado como cosurfactante minimiza também o problema da
adsorção do surfactante à rocha reservatório. Os eletrólitos têm como função ajudar
ainda mais no ajuste da viscosidade, e normalmente é um sal, como o cloreto de sódio
ou sulfato de amônia.
Componentes Volume %
Hidrocarbonetos 0 – 80
Água 10 – 95
Surfactantes < 1 – 15
Cosurfactante 0 – 10
Eletrólito < 1 – 10
Fonte: GREEN & WILLHITE (1998)
18
dos poros. Com a coalescência que ocorre com as gotas de óleo, cria-se uma camada
que se desloca, junto com a água, à frente da golfada química deslocante. Esta golfada
micelar também é projetada para que tenha uma razão de mobilidade favorável em
relação ao óleo e à água para prevenir o fenômeno de infiltração (fingering).
Consequentemente, essa mobilidade favorável permite uma maior eficiência de
deslocamento.
A golfada de solução de polímeros é injetada com o objetivo de deslocar a
solução micelar eficientemente. A baixa tensão interfacial e a razão de mobilidade
favorável entre o polímero e a solução micelar permitem esse deslocamento de alta
eficiência. A figura a seguir ilustra o processo de injeção de polímeros e surfactantes,
também chamado de injeção de solução micelar.
19
quantidade de óleo remanescente no reservatório após a injeção de água é grande. Se o
controle de mobilidade não for bem mantido, podem ocorrer grandes perdas dessas
soluções, por adsorção, aprisionamento, entre outros. Outro problema encontrado nessa
técnica é a alta sensibilidade das soluções de surfactantes a altas temperaturas e
salinidades. Devem ser feitos estudos particulares e o processo global deve suportar essa
sensibilidade de tal forma que se torne aplicável a diferentes situações. Como exemplo,
temos os primeiros estudos que descartavam a aplicabilidade em reservatórios de
carbonatos e que continham íons de cálcio ou magnésio em excesso na água, devido à
alta salinidade e fácil adsorção de surfactante nos mesmos.
Resumidamente, o método de injeção de solução micelar é melhor aplicado em
reservatórios de arenitos, de preferência com óleo de grau API médio. Em formações
contendo óleos muito viscosos, de baixo grau API, o custo torna-se ainda maior,
tornando o projeto inviável economicamente. Isto ocorre pois é necessária uma maior
redução de viscosidade por parte da solução micelar e da solução de polímeros.
Portanto, há diversas variações dos processos de surfactantes. Outros métodos
químicos também têm sido desenvolvidos, como injeção de alcalinos. Este processo
consiste na injeção de químicos alcalinos que reagem com certos componentes no óleo
para a formação de um surfactante in situ. Apesar de ter potencial, esta técnica parece
ter um alcance pequeno de aplicação. Outros processos, envolvendo álcoois, foram
testados em laboratório, mas ainda não chegaram a passar por testes de campo.
(GREEN & WILLHITE, 1998)
20
Usualmente, quaisquer hidrocarbonetos líquidos, como nafta e querosene, são
miscíveis com os óleos do reservatório, assim como os gases etano, propano e butano,
que compõe os gases liquefeitos de petróleo, GLP. Este processo é chamado de first-
contact-miscible (FCM), que em português significa miscibilidade ao primeiro contato.
Nesta variação, o fluido é injetado e é diretamente miscível com o óleo do reservatório
nas determinadas condições de temperatura e pressão. A figura 2.7 ilustra o processo de
FCM.
21
Figura 2.8. Processo miscível de injeção de GLP e água alternativamente, WAG.
Fonte: ROSA (2006)
pressão do diagrama da figura, invade o segmento de reta OG , o que não ocorre com
os segmentos OL e LG .
22
necessária para permitir um deslocamento miscível do banco de GLP é muito alta,
muitas vezes impraticável.
As permeabilidades elevadas no banco miscível e na frente gás/GLP, somadas às
baixas viscosidades, resultam em uma razão de mobilidade desfavorável, resultando em
baixa eficiência de varrido. Este fato justifica o uso do método de WAG, onde um
banco de gás é injetado atrás do GLP, e atrás daquele vem água e gás. Isto reduz a
permeabilidade relativa ao gás e melhora as razões de mobilidade. As viscosidades,
permeabilidades relativas e saturação da água e do gás são usadas em cálculos
fundamentais para a definição do volume injetado de cada tipo de fluido. O período de
injeção de cada fluido é de alguns dias.
Além das condições de pressão mínima para miscibilidade, que requer também
uma profundidade mínima entre 1500 pés e 2500 pés, e de temperatura máxima para
evitar vaporização do GLP, limitando o processo a uma profundidade máxima, há
outros fatores que afetam a aplicabilidade desse processo de FCM. A viscosidade do
óleo é de suma importância para que ocorra uma razão de mobilidades aceitável, e deve
ser no máximo 5 cp ou 10 cp. Adicionalmente, formações de espessura e
permeabilidade pequenas são desejáveis, pois causam uma redução na segregação
gravitacional.
O principal atrativo para o uso de injeção de GLP é que este processo de
miscibilidade ao primeiro contato desloca quase todo o óleo residual da rocha-
reservatório em contato. A pressão necessária para o sucesso da operação normalmente
é menor que a requerida pelos outros processos miscíveis, como os de multiple-contact-
miscible (MCM), explicados adiante. Essa injeção de GLP também tem se mostrado
eficiente após uma injeção de água.
Contudo, essa técnica de EOR engloba algumas desvantagens. As eficiências de
varrido são baixas e o dimensionamento do banco de GLP é difícil, além de não existir
um modo de corrigir o tamanho do mesmo após este ser injetado. Se há pouco GLP,
parte do óleo que podia ser recuperado é deixada para trás. Se há GLP demais, ocorrem
gastos elevados e desnecessários. Em adição a esses fatores, a técnica de injeção de
fluidos miscíveis ao primeiro contato foi criada quando o propano, e outros gases leves,
eram abundantes e baratos. Com os preços atuais, entretanto, os gastos tornam-se
excessivos.
A segunda variação dos processos miscíveis é chamada de multiple-contact-
miscible (MCM), que em português significa múltiplos contatos miscíveis. Neste caso,
23
o fluido injetado não é totalmente miscível com o óleo do reservatório no primeiro
contato, apesar de sua forte atração pelo óleo. Alternativamente, o processo depende da
modificação da composição da fase que foi injetada e da fase de óleo, através de
contatos múltiplos entre as fases e da transferência de massa dos componentes
envolvidos. Com as corretas condições de composição, temperatura e pressão, a
modificação de composição gera então uma miscibilidade in situ, entre as fases
deslocante e deslocada. O processo de injeção miscível de CO2 é ilustrado na figura 2.4.
Certa quantidade de CO2 é injetada com a intenção de mobilizar e deslocar óleo
residual. Através dos múltiplos contatos entre o CO2 e a fase óleo, hidrocarbonetos
intermediários e pesados são extraídos para a fase rica em CO2. Sob as condições
apropriadas, esta fase chega a uma composição que é miscível com o óleo do
reservatório. A partir desse momento, a interface entre essas fases começa a ser
eliminada. Usualmente o volume de CO2 que é injetado neste processo é de cerca de
25% v/v. Vale lembrar que este processo é usado como forma de recuperação
secundária. Mais à frente, será discutido o processo de armazenamento de dióxido de
carbono em geoformações com objetivo de removê-lo da atmosfera.
Os processos de MCM não recuperam todo o óleo disponível nas rochas
contatadas enquanto a frente miscível é criada ou regenerada. Portanto, fica um resíduo
de asfalteno, que ocupa cerca de 5% do volume poroso.
O método onde o gás injetado é o dióxido de carbono pode ser mais utilizado em
diferentes tipos de reservatório, principalmente nos quais o mecanismo de produção
utilizado na recuperação primária foi de gás em solução.
A principal dificuldade deste método é dada pelas condições críticas do CO2. O
dióxido de carbono tem uma temperatura crítica de 87,8 ºF (31ºC) sendo, portanto,
injetado normalmente acima da temperatura crítica. A viscosidade do CO2 nessas
condições de injeção é baixa, entre 0.06 cp e 0.10 cp. Assim sendo, o CO2 desloca a
água e o óleo sob uma razão de mobilidade desfavorável. Consequentemente, ocorre o
fenômeno de fingering e a eficiência de deslocamento (macroscópica) torna-se baixa.
Existem vários esquemas de injeção de CO2, tais como injeção contínua do
mesmo e banco de CO2 deslocado por água ou gás de hidrocarbonetos ou injeção
alternada de CO2 e água (WAG). Esta última abordagem é usada para superar o
problema da baixa eficiência de deslocamento e de fingering. O intuito da injeção de
água é reduzir a permeabilidade relativa do dióxido de carbono, e portanto, reduzir sua
mobilidade. Outra vantagem da técnica WAG é a distribuição da demanda de CO2 ao
24
longo do tempo do projeto, conforme este é produzido. Outros processos de controle de
mobilidade têm sido estudados, como o uso de espumas e polímeros em conjunto com a
injeção de dióxido de carbono. [AHMED, 2004]
O tamanho do banco de CO2 é de cerca de 5% em volume do meio poroso.
Segue portanto uma injeção alternada de água e dióxido de carbono, até que se obtenha
uma quantidade acumulada de CO2 de 15% a 20% em volume poroso. A partir deste
momento a injeção passa a ser de água, apenas. Esta avança pelo meio poroso e
aprisiona o CO2 como saturação residual que ocupa os poros previamente ocupados por
óleo. O esquema é mostrado na figura 2.11, a seguir.
Figura 2.11. Processo de injeção miscível de CO2 alternado com água, WAG.
Fonte: ROSA (2006)
Outro problema que deve ser contornado na injeção miscível de gás vem da
diferença de densidade entre o CO2 e a água e, às vezes, entre aquele e o óleo também.
Nas condições de injeção, a densidade do CO2 gira em torno de 0,4, dependendo das
condições específicas do reservatório. Dependendo da massa específica do óleo, o CO2
pode tender a mover-se para o topo da formação, sobrepondo a fase de óleo e de água.
Uma possível solução é injeção no topo do reservatório, deslocando os fluidos no
sentido oposto. Entretanto, a aplicabilidade desta técnica depende muito da estrutura do
reservatório em questão.
Devido aos motivos supracitados, o CO2 eventualmente corre pelo reservatório e
chega aos poços produtores relativamente rápido. Como o custo do CO2 produzido é
baixo, normalmente ele é separado dos outros gases produzidos, recomprimido e
reinjetado. Apesar dos custos da separação, é um processo mais rentável que comprar
CO2. Além disso, possibilita que o gás natural tenha seu valor original como
combustível e possa, então, ser vendido, em vez de injetado para este fim.
25
Outros gases podem ser adequados para o método MCM de forma similar à que
acontece com o CO2. Isso inclui gases relativamente secos (alto teor de metano) à alta
pressão, nitrogênio ou gases combustíveis. A principal diferença é que esses gases
citados precisam de pressões muito maiores para atingirem a miscibilidade com o
petróleo que a necessária para o CO2. Eles são mais usados, portanto, em reservatórios
profundos, onde pressões elevadas são atingidas mais facilmente, sem a ocorrência de
fraturamento da rocha. Uma regra grosseira para pressões de fraturamento é de 0,6 psi
por pé de profundidade. Se a pressão de fraturamento é excedida durante o processo, a
rocha reservatório irá fraturar e os fluidos injetados passarão por canais decorrentes
destas fraturas, contornando maior parte do petróleo. Portanto, o projeto do método a
ser utilizado, assim como a escolha do fluido de injeção, requer um estudo sobre as
pressões de operação, que por sua vez dependem da profundidade do reservatório.
Os problemas citados anteriormente sobre o processo de MCM com CO2 são as
principais dificuldades ocorrentes neste método de recuperação secundária.
Adicionalmente, a heterogeneidade do reservatório amplia estes problemas. O
desenvolvimento de técnicas novas de controle de mobilidade tem se mostrado uma
tarefa árdua, que requer estudos profundos e elevados incentivos financeiros. As já
discutidas diferenças de densidade contribuem para a complexidade deste método. No
caso de injeção alternada de gás e água, é ainda necessária a instalação de dois sistemas
de injeção, um para cada fluido. Finalmente, os fluidos utilizados em reservatórios de
pressões moderadas são caros e, às vezes, escassos.
26
de CO2 com o objetivo de armazenar o gás longe da atmosfera é um conceito
relativamente recente. O primeiro projeto de grande escala começou em 1996 no Mar do
Norte, onde a norueguesa Statoil – na época conhecida por StatoilHydro – removeu gás
carbônico de gás natural e injetou em um profundo aquífero salino. Outro projeto, numa
usina da empresa sueca Vattenfall, em Schwarze Pumpe, na Alemanha, começou a
operar em setembro de 2008, com o intuito de responder questões levantadas acerca da
viabilidade econômica e tecnológica do processo de captura e armazenamento de
carbono, ou carbon capture and storage (CCS). Foi constatado que usinas funcionando
com técnicas de CCS podem emitir quantidades de CO2 entre 80% e 90% menores que
usinas sem CCS. O processo é ilustrado na figura 2.12, a seguir.
27
200 e 500 Gton de carbono, e que as camadas de carvão são capazes de armazenar entre
100 e 300 Gton. Os aquíferos salinos, devido à abrangência dos mesmos, podem
armazenar entre 100 e 1000 Gton de carbono.
Esse armazenamento geológico consiste na injeção do gás supercrítico
diretamente nas formações subterrâneas supracitadas, enquanto mecanismos
geoquímicos e/ou físicos são responsáveis por aprisionar o CO2, evitando que este
escape para a superfície.
Os reservatórios esgotados de óleo e gás se apresentam como excelente opção
para o armazenamento do dióxido de carbono porque sua geologia já é bem conhecida e
estudada, além da possibilidade de corte de gastos reutilizando poços previamente
produtores ou injetores. Camadas de carvão ainda não minadas também são zonas de
armazenamento em potencial devido à atração das moléculas de CO2 com a superfície
do carvão. Este processo libera metano previamente absorvido no carvão, levando a
uma redução de gastos quando aquele é vendido. Por outro lado, a queima desse
metano, se não tratado apropriadamente, libera CO2, indo de encontro à ideia inicial do
projeto. No caso dos aquíferos salinos, a principal vantagem da utilização destes nos
processos de CCS é a abundância dos mesmos, além da falta de utilidade que
apresentam atualmente à população. A única utilização de tais aquíferos salinos até
então tem sido para armazenamento de dejetos químicos, em alguns casos. No entanto,
pouco é conhecido sobre tais aquíferos, principalmente em comparação ao
conhecimento já adquirido pela indústria referente a campos de petróleo e gás.
Entretanto, um problema agregado a este processo de armazenamento é a
dificuldade e incerteza da segurança em relação a vazamentos de CO2 de volta à
atmosfera.
28
Alternativamente, o IPCC crê que os riscos de vazamentos maiores estarão relacionados
à tubulação de injeção, como já aconteceu anteriormente. Entretanto, vazamentos
anteriores serviram de aprendizado para melhorar a segurança nesse tipo de operação,
mitigando os riscos e danos subsequentes.
Em conclusão, a utilização de injeção de CO2 em reservatórios esgotados de óleo
e gás, além de outras formações geológicas, tem recebido bastante atenção, graças aos
crescentes problemas ambientais relativos aos gases de efeito estufa e ao crescente
consumo global de combustíveis fósseis. Assim sendo, a captura e o armazenamento de
dióxido de carbono através da injeção do mesmo se mostra fundamental para o
crescimento sustentável da indústria petrolífera, e em breve ganhará ainda mais espaço
nos projetos e plantas de processo.
29
Como já explanado, o calor aumenta o fator de recuperação do óleo através de
uma redução de viscosidade e pela expansão e destilação do óleo e extração de solvente,
aumentando portanto a eficiência de deslocamento e a eficiência de varrido.
O efeito mais evidente é a redução da viscosidade com o aumento de
temperatura. No entanto, é importante frisar que essa relação inversa ocorre em maior
escala no início das mudanças de temperatura. A partir de um determinado valor para a
mesma, é necessário aumentar demais a temperatura para reduções pequenas na
viscosidade. Portanto, é evidente que este processo tenha maior efeito em óleos de baixo
ºAPI, mais viscosos, mais suscetíveis a acréscimos de temperatura, do que em óleos de
alto ºAPI, de alta qualidade, pouco viscosos.
Outro efeito, a expansão do óleo, também é de grande importância para um bom
resultado final de injeção de fluidos aquecidos. A expansão do óleo acelera a produção
pois quando o mesmo dilata, ganha energia para expulsar os fluidos do reservatório. A
dilatação do óleo varia de 10% a 20%, dependendo da composição, durante uma injeção
de vapor. No caso de injeção de água quente, esse valor cai um pouco devido à menor
temperatura.
A destilação do óleo também é um efeito considerável nesses processos
térmicos. Quando um óleo volátil é deslocado por um vapor, à alta temperatura, as
frações de menor peso molecular do óleo residual podem vaporizar e condensar quando
entram em contato com uma formação mais fria adiante, formando um tipo de solvente
ou zona miscível à frente do vapor.
Apesar de acontecerem alguns outros efeitos, como os causados por mecanismos
de gás e possíveis alterações nas permeabilidades relativas, estes são de difícil medição.
Estes efeitos têm importância variável com o tipo de projeto, características da
formação e características do óleo. Mesmo com estudos particulares para cada caso, é
frequente a falta de conhecimento suficiente para determinação da contribuição destes
fatores ao aumento do fator de recuperação.
O fluido injetado nestes métodos é, normalmente, a água. Esta pode ser aquecida
até a temperatura de vapor ou convertida para o mesmo. Quando a qualidade do vapor
(fração em peso de água convertida em vapor) chega a um, mais calor é fornecido para
que ocorra a injeção de vapor superaquecido. Um dos motivos do uso de vapor em
muito maior número que água quente é a capacidade de carrear calor do mesmo. Na
faixa de pressão das operações térmicas, 1 bbl de água com qualidade de vapor de 0,8
pode carrear mais de 1,5 x 108 BTU a mais que a água em evaporação. (ROSA, 2006)
30
2.2.4.1.1 Injeção de água aquecida
31
mecanismo de produção é o gás em solução, a energia do reservatório é rapidamente
dissipada, limitando o número de ciclos de injeção viáveis.
Evidentemente, quanto mais ciclos forem executados, menor a eficiência dos
últimos ciclos, pois menos óleo permanece no reservatório, dificultando a dissipação do
calor. As vazões médias e máximas e a recuperação do óleo declinam com o tempo de
injeção cíclica. Em reservatórios de óleos de baixo ºAPI, este método pode atingir uma
recuperação bem interessante nos primeiros ciclos. Um bom medidor para tal
recuperação é a razão entre óleo produzido e vapor injetado. Os primeiros ciclos, em
condições favoráveis, podem chegar a uma recuperação de cerca de 30 bbl de óleo por 1
bbl de água injetada em forma de vapor.
O segundo processo de injeção de vapor ocorre de forma contínua, ilustrado na
figura 2.14.
32
maximizada nessa área devido às menores viscosidades, à dilatação do óleo e às altas
temperaturas. Enquanto os efeitos de mecanismo de gás costumam ser desprezados, a
destilação do vapor pode vir a ajudar a produção de alguns tipos de óleo.
A quantidade de calor injetada e as perdas associadas são fatores determinantes
para a viabilidade e rentabilidade do projeto. O crescimento rápido e contínuo da zona
de vapor, necessário para um bom deslocamento do óleo, faz com que uma parcela
desse calor se dissipe através das linhas de superfície, poços de injeção e formações
adjacentes.
Essas perdas chamam atenção então para o estudo da curva de pressão de vapor,
relacionada com a temperatura. Quanto maior a pressão, maior é a temperatura
necessária para a vaporização e consequentemente maiores são as perdas de calor. Isto
revela também a importância da profundidade do reservatório. Quanto mais profundo
for o mesmo, maiores são as pressões encontradas e maiores são as temperaturas
necessárias para converter a água em vapor. Consequentemente, maiores são as perdas
de calor. Estas são influenciadas também pela permeabilidade da formação, que afeta as
vazões de injeção, pressões e temperaturas do vapor, além de permitir que o óleo
viscoso flua mais suavemente. Zonas mais fechadas significam maiores pressões e
portanto maiores temperaturas de injeção, causando então grandes perdas de calor.
As causas para perdas de calor supracitadas são referentes ao ambiente de
subsuperfície. Na superfície, o comprimento e o tipo das linhas de superfície interferem
nas perdas de calor entre o gerador e o poço injetor. É interessante que o gerador fique
próximo do poço para minimizar estas perdas. Na tubulação do poço, algumas técnicas
para mitigar estas perdas também são bem vindas. Usualmente a completação do poço
já é feita visando um sistema com pouca troca de calor, prevendo a utilização de algum
processo térmico de EOR. Além disso, o espaço anular entre o revestimento e a
tubulação pode ser preenchido com gás à alta pressão ou com packers (obturadores)
térmicos, mantendo a temperatura do revestimento baixa. [ROSA, 2006]
Infelizmente, a maior fonte de perda de calor é a formação. Pouco pode ser feito
para minimizar as perdas por esta fonte, já que o calor passa por condução da zona de
vapor para as formações adjacentes, produtoras ou não. Com o aumento da zona de alta
temperatura do vapor, cresce também o contato entre as rochas de diferentes
temperaturas e consequentemente maiores são as perdas. Em formações espessas, a
zona de calor acaba cobrindo uma área menor que em zonas pouco espessas, resultando
assim numa menor perda de calor.
33
Além das perdas de calor, considerável problema deste método térmico, há
outras desvantagens. A menor densidade do vapor em relação à água e ao óleo podem
frequentemente levar o vapor ao topo do reservatório, passando pelo óleo sem o devido
aquecimento do mesmo, ocorrendo então fingering. Adicionalmente, problemas de
emissão de poluentes na superfície devido à geração de calor também merecem atenção,
além de possíveis problemas em equipamentos devido às altas temperaturas
operacionais. Os gastos também são um problema. O investimento inicial em geradores
de calor é alto, e o aluguel de algumas unidades portáteis para avaliar a resposta do
reservatório à injeção também é considerável. Outro fator relevante, que deve ser levado
em consideração, é a disponibilidade e custo do combustível para aquecimento da água,
que pode ser gás natural ou óleo. Devido a essas complicações dos processos térmicos,
este tipo de operação envolve uma maior atenção do pessoal de engenharia e operação.
Testes frequentes nos poços também são necessários, especialmente no processo de
injeção cíclica de vapor, com o intuito de controlar melhor os próximos ciclos.
[GREEN, 1998]
Tendo em vista que o óleo a ser recuperado neste método é viscoso, este é de
menor valor de mercado. Associando isto às questões de investimentos discutidas, o
resultado é uma baixa resposta financeira. Portanto, como em qualquer método EOR, a
viabilidade do projeto é motivada pelo preço atual do petróleo.
Assim sendo, a aplicação destes métodos de injeção de fluidos aquecidos é bem
clara. Um óleo viscoso, normalmente de 10 a 20º API, é desejável para um alto fator de
recuperação. Óleos voláteis também são bem vindos devido à recuperação extra por
destilação do óleo e extração por solvente. Como já explicado anteriormente, devido às
menores pressões, reservatórios pouco profundos, de até 3000 pés (900 metros),
facilitam o processo devido às menores temperaturas requeridas para manter o vapor
superaquecido. Formações com permeabilidade acima de 500 md e mais espessas que
30 pés também facilitam o uso de injeção de vapor, limitando as perdas de calor e
auxiliando o fluxo de óleos viscosos, que são os óleos mais visados neste tipo de
projeto.
Apesar das complicações supracitadas, o processo de injeção de fluidos quentes,
vapor principalmente, é muito importante para a indústria petrolífera. Este é o melhor
processo para recuperar óleos de baixa qualidade, baixo grau API. Apresenta também
uma vantagem sobre a combustão in situ, que danifica mais os poços. A injeção de
34
vapor também oferece maior vazão de injeção de calor, aquecendo o reservatório mais
rapidamente e eficientemente.
35
Com o aquecimento e vapor criados pela combustão, as frações mais leves do
óleo vaporizam e seguem adiante. Dependendo da temperatura da combustão, pode
ocorrer um craqueamento térmico e o vapor deste também é liberado à frente. Estes
gases gerados na combustão e no craqueamento seguem conduzidos adiante até
condensar e se dissipar nas regiões mais frias do reservatório. O óleo queimado deixa
como resíduo um material pesado, como um tipo de coque, que serve de combustível
conforme mais oxigênio é injetado. Assim sendo, o óleo se move em direção ao poço
produtor apenas quando todas as queimas são finalizadas. As figuras 2.17 e 2.18, a
seguir, ilustram respectivamente o processo e um perfil de temperatura na zona entre os
poços injetor e produtor.
Figura 2.17. Perfil de temperatura entre poço injetor e produtor na combustão in situ.
Fonte: ROSA (2006)
36
a frente de combustão já passou e todo o líquido da rocha foi removido, deixando
apenas poros saturados de ar. Adiante desta zona, vem a área onde está ocorrendo a
combustão, com temperaturas entre 315 ºC e 650 ºC.
Após a frente de combustão, tem a zona de vaporização, onde encontram-se os
produtos da combustão, do craqueamento, hidrocarbonetos leves vaporizados e vapor
d’água. As temperaturas na zona de vaporização são entre a temperatura da combustão e
a temperatura necessária para vaporizar a água na pressão do reservatório, normalmente
por volta dos 400 ºF. A partir desta área a temperatura começa a decair continuamente.
Adiante da zona de vaporização vem a zona de condensação, onde o óleo se
desloca de diversas formas. Os hidrocarbonetos leves deslocam o óleo miscivelmente, o
vapor é condensado criando uma camada de água quente e os gases de combustão criam
um mecanismo de deslocamento por gás. As temperaturas nessa zona são entre 10 ºC e
95 ºC acima da temperatura inicial do reservatório.
Esse óleo deslocado se acumula no banco de óleo, zona seguinte. Nesta zona, o
espaço poroso é ocupado por alguns gases de combustão, água conata e o óleo
deslocado. Evidentemente, a temperatura é bem próxima da inicial, já que a zona
seguinte é a zona de óleo original, que ainda não foi afetada pelo processo e tem suas
condições iniciais mantidas.
Uma variação bastante utilizada da combustão in situ é chamada de combustão
in situ molhada. Este método, conhecido também como COFCAW (Combination of
Forward Combustion and Waterflooding) consiste na injeção alternada de oxigênio e
água, para que a água vaporize quando chegue ao reservatório e se sobreponha à frente
de combustão, aquecendo o reservatório adiante da mesma. Além disso, ela ajuda a
reduzir a temperatura da combustão. Uma outra variante, menos usada, é chamada de
combustão in situ reversa. Nesta, o movimento da frente de combustão se dá no sentido
contrário da injeção de ar e se mostrou interessante no uso de óleos ainda mais viscosos.
A injeção é iniciada em um poço que futuramente se tornará produtor. Após a ignição, o
injetor é colocado em produção e um outro poço é usado como injetor de oxigênio. O
óleo aquecido na frente de combustão se move pela zona aquecida em direção ao poço
produtor, enquanto a frente de combustão se move em direção ao poço injetor. Portanto,
é possível a produção de óleos que seriam viscosos demais para fluir sob as condições
de reservatório. Contudo, o reservatório precisa ser bem permeável ao ar e essa variante
da combustão in situ é de baixa eficiência, devido à queima parcial do óleo que flui e à
quantidade de injeção de ar requerida, que é normalmente excessiva. [GREEN, 1998]
37
A aplicação deste tipo de injeção (de ar ou oxigênio para combustão) se estende,
então, a óleos de grau API entre 10 e 40. Óleos abaixo dessa faixa depositam coque em
excesso para o sucesso comercial da operação, enquanto óleos acima de 40 ºAPI
depositam pouco combustível para o sustento da combustão. [ROSA, 2006]
Outros requisitos de extrema importância são a espessura do reservatório, que
deve ser de no mínimo três metros para evitar perdas demasiadas de calor, a
permeabilidade, que deve ser superior a 100 md para possibilitar o fluxo de óleos de
alto ºAPI, profundidade do reservatório, ideal entre 100 e 1200 metros, a quantidade de
óleo (preferencialmente maior que 0,1 m3/m3 de formação), entre outros.
Algumas complicações consideráveis são os possíveis danos por calor e corrosão
e a ineficiente distribuição de calor, onde a zona aquecida é formada atrás da frente de
combustão, trazendo pouco benefício para o projeto. Contudo, a técnica de combustão
molhada minimiza este problema. Outra desvantagem é que a quantidade de OOIP
necessária para combustão pode chegar a 30%.
Como já explicado, há uma outra categoria dos métodos de EOR. Esta envolve
diversos tipos de técnicas, tais como injeção de vapor com solvente, Steam Assisted
Gravity Drainage (SAGD), aquecimento eletromagnético, injeção de ar, de surfactante,
Microbial Enhanced Oil Recovery (MEOR), entre outros. Este último consiste em
algumas espécies de bactérias injetadas com água, seguidas da injeção de algum
nutriente, formando um biopolímero de forma in situ. Este tem como objetivo desviar o
fluxo da água que é injetada posteriormente para zonas do reservatório ainda não
varridas. Alguns projetos estão em andamento pelo mundo, sendo a Petrobras
responsável por um projeto piloto no campo de Carmópolis, em Sergipe.
38
quantidade possível de volume de injeção seja produzida, permanecendo em grande
parte dentro do reservatório.
Estes esquemas podem ser divididos em dois grupos principais, dependendo da
estrutura do reservatório e da distribuição dos poços. Um dos grupos envolve injeção
periférica, injeção no topo e injeção na base. Neste grupo, os poços de mesmo tipo
(produção ou injeção) são concentrados em determinadas zonas do reservatório. A
figura 2.18 mostra o uso de injeção periférica numa formação anticlinal. Os poços de
injeção de água são completados na base da estrutura, enquanto os poços de produção se
agrupam na região central do reservatório. No mapa estrutural, os poços injetores
aparecem na periferia do reservatório, nomeando esse esquema de injeção.
39
Figura 2.19. Esquema de injeção no topo.
Fonte: ROSA (2006)
40
específicas. Portanto, para cada reservatório e para cada diferente fluido de injeção há
uma distribuição intuitiva dos poços com o intuito de simular e reproduzir os resultados
de um reservatório sob influxo de água ou capa de gás.
Após muito tempo de produção, os poços produtores podem ser transformados
em injetores. Conforme o contato óleo/água se aproxima dos poços produtores, a vazão
de produção de água cresce. Com o passar do tempo, é de interesse fechar os poços mais
fundos (no caso da água) ou transformá-los em injetores.
O outro grupo envolve a injeção em malhas. Neste esquema, os poços
produtores e injetores estão uniformemente distribuídos pela área do reservatório. Neste
esquema, a movimentação natural dos fluidos e a distribuição de saturações são
completamente perturbadas quando o fluido deslocante é injetado diretamente na zona
de óleo. O esquema de injeção em malhas, também conhecido como injeção em padrão
repetido, é mais usado em reservatórios grandes porém de pequenas espessura e
inclinação. O reservatório é todo coberto por um modelo que consiste em uma malha ou
padrão básico que se repete.
Alguns modelos entre os vários tipos de injeção em malhas são mais estudados
devido à facilidade de aplicação que têm, graças à geometria fixa e predefinida, que
permite estudos adminensionais e desenvolvimento de gráficos e tabelas que assistem os
cálculos para reservatórios reais.
Um dos modelos mais usados é o de injeção em linha direta. Neste esquema
ilustrado na figura 2.21, os poços são dispostos em linhas de injeção alternadas com
linhas de produção, com uma distância d entre elas. Esta distância, em conjunto com a
distância entre poços da mesma linha, x, dimensiona a malha base que se repete
padronizadamente neste esquema.
41
O modelo chamado de injeção em linhas esconsas consiste num defasamento das
linhas de metade da distância dos poços do mesmo tipo, ou seja, x/2. Este esquema é
mostrado a seguir, na figura 2.22.
42
Figura 2.24. Esquema de injeção de malha seven-spot.
Fonte: ROSA (2006)
Nas malhas mostradas acima, do tipo normal, poços de injeção cercam um poço
produtor. Uma variação destes esquemas de linhas esconsas consiste no caso contrário,
com malhas chamadas invertidas, onde um poço de injeção é cercado por poços
produtores. As figuras a seguir mostram, respectivamente, as malhas seven-spot e nine-
spot, ambas invertidas.
43
Figura 2.27. Esquema de injeção de malha nine-spot invertida.
Fonte: ROSA (2006)
44
2.4.1 Questões que afetam o processo de injeção de água
Uma característica dos fluidos que deve ser estudada é a razão de mobilidades
água/óleo. Se esta razão é elevada, significa que a água tem mais mobilidade que o óleo,
acelerando o processo de fingering, e consequentemente uma erupção (breakthrough)
prematura nos poços produtores, produzindo pouco óleo. Este fator é minimizado com
um aumento do número de poços injetores e consequentemente uma redução da malha
de injeção, elevando os custos do projeto.
Outra questão essencial é a compatibilidade química requerida entre a água da
formação e a de injeção. Para evitar a precipitação de sulfatos, altamente indesejáveis, é
necessário que haja uma compatibilidade entre a água conata e a água a ser injetada.
Quando esta compatibilidade não existe naturalmente, o tratamento da água de injeção é
encarecido, com a implementação de Unidades de Remoção de Sulfatos (URS), e/ou
utilização de inibidores de incrustação, melhor explicados na seção de tratamento de
água e no capítulo 4. Evidentemente, cada caso deve ser estudado particularmente.
46
necessidade da injeção de mais água para manutenção da pressão do reservatório é
reduzida, e até mesmo dispensada em alguns casos. Através de um balanço de materiais,
define-se o volume e a vazão total de água a serem compensados pela recuperação
secundária.
Por outro lado, em reservatórios produzidos por gás em solução é necessário
maiores volume e vazão de água do que em outros. Normalmente, reservatórios nessas
condições têm uma queda veloz de pressão estática, causando uma depleção acentuada e
rápida, exigindo soluções a curto prazo. É comum a montagem de um Sistema
Antecipado de Injeção de Água (SAIA), até que seja construído um sistema permanente.
(ROSA, 2006)
47
CAPÍTULO 3 – COMPONENTES DOS SISTEMAS DE INJEÇÃO DE ÁGUA
Primeiramente deve-se decidir de onde a água a ser injetada será captada. Uma
fonte bastante comum é o mar. A água é abundante e de alta salinidade, prevenindo
choques salinos. No entanto, a água do mar contém uma alta quantidade de sais de
sulfato, que servem de nutrientes para bactérias redutoras de sulfato, que por sua vez
liberam o gás sulfídrico (H2S), altamente indesejado na indústria de petróleo. A
aplicação desta água em reservatórios contendo sais de bário, cálcio e/ou estrôncio
também é perigosa, pois possibilita a formação dos respectivos precipitados. Até
recentemente, utilizavam-se inibidores de incrustação para que esses sulfatos não
entupissem as tubulações, principalmente o poço produtor. Os anti-incrustantes têm,
portanto, o objetivo de inibir ou retardar tal incrustação (sais de carbonato de cálcio) ou
depósitos inorgânicos (sais de sulfato de bário e de estrôncio).
Esses inibidores de incrustação variam em composição de acordo com o tipo de
depósito que devem agir contra, com maior eficiência em injeção contínua em pontos
próximos à árvore de natal (seca ou molhada). Nos últimos anos, a instalação de uma
URS no sistema de tratamento de água (com uso em conjunto com os inibidores de
48
incrustação) tem se tornado uma melhor opção para combater a incrustação inorgânica
(sulfatos), como será visto no capítulo 4.
A água doce proveniente de lagos e rios tem a vantagem de não oferecer perigo
em relação à corrosão ou formação de precipitados. Na maior parte dos casos, é
necessária apenas a remoção de sólidos e do oxigênio dissolvido. No entanto, esta água
doce pode causar problemas de choques salinos.
A água de subsuperfície apresenta também um bom potencial como água de
injeção. Normalmente esta apresenta baixo teor de sólidos e ausência de gases em
solução perigosos, como CO2, H2S e O2, simplificando o tratamento da água. A
salinidade da mesma, porém, depende da profundidade do aquífero. Logo, é necessário
ainda um estudo sobre a possibilidade de choques salinos.
Frequentemente os poços de captação são perfurados inicialmente para a
produção de óleo, tornando-se produtores de água, através de uma recompletação,
quando se mostram não produtores. Devido às altas vazões, costumam ser produzidos
através de bombas centrífugas submersas, BCS.
Uma opção muito usada na indústria é a reinjeção de água previamente
produzida. Este tipo de água normalmente apresenta uma tendência à corrosão e à
incrustação, e seu tratamento é complicado devido à presença de óleo residual em
emulsão, levando ao uso excessivo de equipamentos caros, como tratadores
eletrostáticos e hidrociclones. O uso frequente da água produzida para injeção é devido
também à impossibilidade de descartá-la em rios. Como essa água é de alta salinidade,
causaria poluição nos mesmos e portanto deve sempre ser injetada ou descartadas em
poços de descarte, após tratamento. Em alguns casos é comum o acúmulo de produção
de água em um determinado campo para que esta seja injetada então em outro campo,
com o intuito de controlar a poluição e em alguns casos minimizar gastos. Entretanto, é
importante a compatibilidade química entre a água produzida e a água do reservatório
onde aquela será injetada.
A respeito da fase de adução, é importante levantar que a água transportada
pelas adutoras frequentemente ainda não foram tratadas. Por conseguinte, é importante
que as adutoras sejam construídas visando a compatibilidade com a agressividade da
água a ser transportada. É ainda necessário uma análise sobre tratamentos de
incrustações e remoção de possíveis depósitos, como sais de cálcio, magnésio, ferro,
bário, entre outros, que servem de atrativo para as bactérias do ferro ou para as
redutoras de sulfato.
49
3.2 Tancagem
3.3 Tratamento
50
com o intuito de prevenir que a matéria orgânica da água seja carreada para o sistema de
injeção de água da plataforma. Em seguida, a água salgada passa por um sistema de
filtração, composto por dois filtros de porosidade de 40 µm, que funcionam
alternadamente, ou seja, um filtro fica em stand-by sendo utilizado quando há a
necessidade de manutenção ou troca do primeiro. Este primeiro sistema de filtração é
também conhecido como sistema de filtragem grosseira, e pode ser projetado para
filtros convencionais ou auto-limpantes, através de retro-lavagem, acionada por tempo
de operação, manualmente ou até mesmo diferencial de pressão. Usualmente cada filtro
contém 24 elementos filtrantes em seu interior, funcionando com uma eficiência de
aproximadamente 98%.
A próxima etapa do tratamento da água salgada é um conjunto de filtros,
menores, do tipo filtros cartuchos. Usualmente um projeto de tratamento de água
apresenta 3 desses filtros, com dois em operação e um em stand-by. Cada um destes
contém 25 cartuchos descartáveis com grau de filtração de 5 µm. A figura abaixo ilustra
dois destes filtros de 5 µm.
51
função remover o ar e outros gases dissolvidos na água, com o intuito de mitigar os
efeitos por corrosão, incrustação e crescimento de bactérias. A unidade de remoção de
sulfato tem também a intenção de evitar a incrustação e crescimento de bactérias,
através de remoção de sulfatos presentes na água salgada, e será melhor explicada, junto
com as possíveis configurações de posicionamento de ambos equipamentos, no capítulo
4.
Passadas a desaeradora e a URS, á água é puxada pela bomba de injeção, que
imprime ao fluido a pressão necessária para injeção. Usualmente esta bomba é
centrífuga de alta pressão, capacitada para altas vazões.
Há ainda um sistema de injeção de produtos químicos, posicionado normalmente
para fazer a injeção antes e depois dos filtros. Este sistema injeta três tipos de produtos:
sequestradores de cloro (chlorine scavenger), inibidores de incrustação (scale inhibitor)
e biocidas. Com este tratamento, é possível minimizar o gasto excessivo das membranas
da URS, além de facilitar seu trabalho.
É sempre importante frisar que com as rápidas inovações tecnológicas, as
esquematizações desses projetos de tratamento variam também. A própria unidade de
remoção de sulfato, e o seu processo em si, têm sofrido mudanças significativas ao
longo das últimas décadas. Outro exemplo de avanço tecnológico na área é o novo
sistema de tratamento da norueguesa Well Processing, chamado de SWIT (Subsea
Water Injection Treatment). Este sistema, como o nome já diz, é localizado no leito
marinho. As grandes vantagens alegadas pela Well Processing ao levar o tratamento da
água de injeção para o leito do mar são as alegadas reduções em 50% do CAPEX
(despesas de capital) e 25% do OPEX (despesas operacionais). Além disso, por
contornar as limitações de peso e espaço das plataformas, discutidas também no
capítulo 4, o SWIT permite a utilização de quantos poços injetores forem necessários,
além de uma maior liberdade para suas localizações. Consequentemente, este sistema
exclui a necessidade dos engenheiros de reservatórios preverem a localização dos poços
injetores antes do reservatório começar a produzir. As figuras abaixo ilustram o
esquema de tratamento com e sem o uso do SWIT, respectivamente.
52
Figura 3.2. Esquematização submarina tradicional.
Fonte: WELLPROCESSING.COM
53
água de injeção, parte das economias vêm do fato que a água salgada puxada pelas
bombas de elevação não tenham que subir à plataforma e depois descerem para o poço.
54
O uso de manifolds submarinos é justificado pela vantagem de centralizar os
testes de injetividade, além da facilidade para detecção de vazamentos nas linhas e para
a passagem de pigs, com todos poços conectados a um ponto em comum. Entretanto, a
limpeza interna do manifold é complicada em casos de água com tendências à
deposição, sendo possível apenas através de hidrojateamento.
Apesar de uma maior dificuldade na passagem de pigs e na detecção de
vazamentos, o uso de distribuição em marcha economiza no comprimento das linhas,
como pode ser visto na figura acima. No entanto, esta economia pode ser
descompensada pelo aumento de custo causado pela necessidade da instalação de um
hidrômetro de alta pressão, equipamento caro, em cada poço.
Independentemente do sistema de distribuição escolhido, é sempre fundamental
a passagem de um pig ou de esfera para uma limpeza mecânica. Portanto, é necessária
sempre uma revisão detalhada do raio mínimo das curvas, instalação de câmaras de pigs
e construção de instalações para abrigar o material removido das linhas que foram
limpas.
3.6 Poços
55
Figura 3.5. Equipamentos de superfície de sistema de injeção de água.
Fonte: ROSA (2006)
A limpeza da linha de injeção é dada por uma tomada para descarga desta linha e
uma câmara de recebimento de pig. Em seguida, há uma válvula de bloqueio para a
eventual necessidade de fechamento temporário do poço.
À frente dessa válvula há uma tomada para amostragem química e
microbiológica da água. Uma tela cilíndrica é responsável por reter as maiores
impurezas sólidas que são carreadas pela água, apenas por segurança, já que a filtração
grosseira e a fina são realizadas na etapa de tratamento.
No caso da inutilização de manifolds que possam centralizar as medições de
vazões dos poços, um hidrômetro é usado individualmente para este fim, como
explicado anteriormente. Neste caso, o filtro supracitado se mostra importante também
para aumentar a proteção deste hidrômetro.
Um regulador de fluxo é utilizado em seguida para regular automaticamente a
cota de injeção. No interior deste, é usada uma placa de orifício com um diâmetro
compatível, mantendo a vazão constante e igual à estabelecida nos projetos para o poço.
A válvula seguinte, de retenção, tem como objetivo permitir o fluxo de água em um
sentido apenas, com o intuito de evitar volta da mesma quando há a necessidade de uma
paralisação do sistema de injeção. Há ainda a tomada de pressão, que consiste numa
válvula, usualmente de meia polegada, com um manômetro instalado para controle da
pressão na cabeça do poço.
A coluna de injeção conduz a água até a região canhoneada, e acaba protegendo
o revestimento de corrosão e das pressões elevadas. Há uma válvula de centro que
bloqueia essa coluna de injeção, mantida completamente aberta quando o poço está em
operação.
56
Um packer é usado como isolante da zona de injeção de outras zonas injetoras
ou produtoras no poço. Analogamente ao regulador de fluxo de superfície, há um de
subsuperfície utilizado quando há injeção em mais de uma região ou um conjunto de
zonas com vazões de injeção diferentes.
Um nipple de assentamento do regulador de fluxo de subsuperfície, chamado de
D Nipple, é enroscado na coluna. Quando há a necessidade da descida de algum
equipamento em frente à zona canhoneada, utiliza-se o aparelho chamado boca de sino,
com um formato que possibilita a descida daquela pela extremidade da coluna.
Aparafusado na cabeça de produção, há o flange KTH, que tem como objetivo
adaptações onde as cunhas que mantêm a coluna tracionada se assentam. Por fim, há a
cabeça de produção, com comunicação com o anular do poço.
57
3.7 Novas tecnologias dos sistemas de injeção de água
58
a manutenção da vazão de injeção são o dano na formação e a eficiência operacional.
Esta, por sua vez, é influenciada pelas condições da plataforma, eficiência das bombas
mecânicas, fornecimento de energia, entre outros. O dano da formação pode ocorrer
devido à migração de finos, precipitação de sais e principalmente por partículas de
sólidos e óleo presentes na água. Estas, por sua vez, podem ficar retidas nos poros da
rocha, levando à queda da injetividade. Portanto, claramente é necessário um bom
tratamento da água para evitar tais problemas.
Outro avanço a respeito de estudos de declínio de injetividade é a criação de um
programa pela Petrobras, em conjunto com algumas Universidades, chamado INJECT.
Este software foi produzido para gerar predições de campo usando resultados de
experimentos laboratoriais para deslocamento de óleo e água. Alguns testes de campo
também foram executados com o objetivo de garantir simulações mais parecidas
possíveis com a realidade. A figura 3.6 mostra a evolução do declínio de injetividade
num poço offshore através do software INJECT.
Figura 3.6. Evolução da queda de injetividade com o tempo pelo programa INJECT.
Fonte: PETROBRAS, OTC 17 258 (2005)
59
No entanto, devido a condições operacionais, reservatórios em condições físico-
químicas desfavoráveis e regulamentações ambientais cada vez mais restritas fazem
com que todos esses processos de tratamento tornem-se obrigatórios atualmente,
independentemente da queda de injetividade. Os parâmetros de corrosão, controle de
bactérias, filtração, e outros fatores são monitorados pela Petrobras através da utilização
de um índice chamado IQUAI.
Operações de workover nos poços injetores também são uma forma para mitigar
dano da formação. Porém, essas operações são extremamente caras em águas profundas
e ultra profundas, pois requerem aluguel de sondas. Alternativamente, tratamentos
usando ácido para remover o dano têm se mostrado eficientes em alguns poços offshore
da estatal.
Outras possíveis soluções incluem o aumento de vazão de injeção em poços
adjacentes ou a perfuração de novos injetores. Uma técnica chamada de Subsea Raw
Water Injection, SRWI, também pode ser uma opção viável.
Todas as estratégias supracitadas para manutenção da injetividade são de custo
elevado, seja CAPEX2, OPEX3 ou ambos. Eventualmente, pode ser mais viável
economicamente aumentar a pressão de injeção, permitindo certa perda de índice de
injetividade (análogo ao índice de produtividade), porém evitando que a vazão seja
reduzida. Esta técnica leva à chamada injeção acima da pressão de propagação de
fratura, ou IFPP, em inglês.
A IFPP consiste em manter a vazão de injeção mesmo com água de qualidade
relativamente baixa, usando pressões altas o suficiente para manter a fratura aberta.
Amplamente usada no Mar do Norte e no Alasca, esta técnica começou a ser usada pela
Petrobras em poços offshore há pouco tempo.
Diversos fatores devem ser considerados e estudados num processo de IFPP, tais
como penetração horizontal e vertical da fratura, pressão, efeito de varrido e direção da
propagação. É necessária uma monitoração constante do processo, além de modelos
para melhor entender a geometria da fratura. Um avanço que a estatal brasileira fez na
área foi o desenvolvimento de um simulador baseado em equações geomecânicas com o
objetivo de modelar o crescimento da fratura e sua propagação, chamado PROPAG.
2
CAPEX – Despesas relacionadas ao investimento.
3
OPEX – Despesas relacionadas à operação.
60
3.7.4 Subsea Raw Water Injection (SRWI)
62
antes que o projeto entre em operação. Tais efeitos incluem altas temperaturas de
injeção da água, levando à melhor injetividade e mudanças na propagação da fratura,
avaliação de possibilidades de incrustação, substituição dos materiais de equipamentos e
de linhas de fluxo por outros compatíveis.
63
característica levar a problemas relacionados ao menor tempo de retenção, essa opção
mostra-se satisfatória pois o processo de separação pode ser aprimorado por métodos
pouco convencionais até pouco tempo, como separadores eletrostáticos e separação por
ciclones. Outro desafio que deve ser superado é a manutenção dos equipamentos para
que a água produzida, após tratamento, fique compatível com as características do
reservatório.
Outra limitação, passível de correção com a ampliação da técnica, é a adaptação
desse sistema em operações de produção que não foram projetadas para tal. Os tipos de
conexão das linhas de fluxo com a árvore de natal levam a limitações de distância entre
a árvore de natal e os equipamentos de separação. Além disso, algumas conexões
podem ser feitas apenas com a remoção da árvore de natal, levando a operações de
workover extremamente custosas e a uma extensa parada da produção.
Alternativamente, pode-se deslocar as linhas de fluxo para uma posição mais próxima à
árvore de natal. Contudo, esta solução afeta a eficiência da separação, já que a
temperatura dos fluidos cai ao percorrer esse trecho adicional de tubulação. Entretanto,
as árvores de natal recentes têm recebido sistemas de conexões que podem ser
desligados independentemente da árvore de natal. Portanto, com o tempo, este problema
será solucionado para novas instalações. O poço de injeção da água produzida em
Marlim neste projeto está distante 2.100 metros dos equipamentos separadores.
Evidentemente, a separação submarina requer um desenvolvimento complexo,
onde cada atividade está anexada a algumas outras, necessitando de forte integração
entre as diversas áreas envolvidas, assim como todas os outros equipamentos e técnicas
inovadoras apresentadas neste trabalho. Em contrapartida, é interessante no que diz
respeito ao sistema de injeção pois possibilita que a água separada e posteriormente
injetada não tenha que subir à plataforma. Isso leva a gastos menores relacionados às
bombas de injeção, espaço e peso das plataformas, entre outros.
64
CAPÍTULO 4 – REMOÇÃO DE SULFATO EM ÁGUAS SALGADAS DE
INJEÇÃO
65
Usada pela primeira vez na plataforma Brae Alpha, no Mar do Norte, a
nanofiltração tinha o intuito apenas de controle de incrustação do reservatório em
questão. Posteriormente, este processo mostrou-se útil em outras aplicações, tais como
no desenvolvimento de reservatórios complexos e sofreu avanços tecnológicos que
baratearam sua implementação, tornando-se popular como método de controle de
incrustação. [DAVIS & McELHINEY, 2002]
Ao longo do desenvolvimento do reservatório de óleo em South Brae, a empresa
Marathon Oil, responsável pela produção do mesmo, concluiu que uma manutenção da
pressão seria necessária com o uso da água do mar. Contudo, os reservatórios de Brae
continham entre 800 e 2500 miligramas de bário por litro de água da formação. Ao
injetar água salgada contendo íons sulfato numa concentração de aproximadamente
2700 mg/l, criar-se-ia um potencial grande de formação de incrustação devido à reação
do sulfato da água do mar com o bário da água da formação. Esta ainda continha rádio
226 e 228, compostos radioativos que causariam uma incrustação do tipo NORM
(Naturally Ocurring Radioactive Material), que em português significa Material
Radioativo de Ocorrência Natural. Assim sendo, a simples injeção de água salgada nos
reservatórios de Brae causou operações extremamente custosas de workover, já que a
coluna de produção ficou completamente entupida, devido à incrustação formada, sendo
assim removida e levada para a costa para limpeza.
A alta concentração de bário na água da formação de Brae, em conjunto com a
alta concentração de sulfato da água marinha, superava, então, a eficácia dos
tradicionais produtos químicos inibidores de incrustação, que não conseguiam controlar
a precipitação de sulfato de bário. Adicionalmente, o pH baixo da água de Brae e os
altos níveis de cálcio também dificultaram as medidas necessárias para controle de
incrustação, pois eram formados também sulfatos de cálcio. Por outro lado, essas
dificuldades levaram ao desenvolvimento de inibidores de incrustação mais eficazes e
propícios para a área de Brae, à base de sulfonatos.
Em adição a estes novos inibidores, as operações em Brae levaram ao estudo de
uma nova possibilidade: a remoção dos sulfatos presentes na água a ser injetada.
Consequentemente, a fonte de incrustação, os sulfatos, não existiria e em vez de
controlar os problemas de incrustação com inibidores impotentes frente à tamanha
concentração de sulfato de bário, a solução viria da remoção dos sulfatos ainda na água,
evitando assim a precipitação e, consequentemente, a incrustação. Essa remoção de
66
sulfatos seria, portanto, um método preventivo, ao contrário do uso de químicos
inibidores de incrustação.
67
Figura 4.2. Processo de Remoção de Sulfatos – Nanofiltração.
Fonte: DAVIS & MCEELHINEY (2002)
4
Ångström – Unidade de medida de tamanho para átomos e moleculas. Um Å equivale a um
nanometro.
68
Figura 4.3. Membranas de nanofiltração.
Fonte: DAVIS & MCELHINEY (2002)
Seis destes módulos ilustrados na figura acima são inseridos em vasos, em série.
Uma corrente de rejeito contém alta concentração de sulfatos e baixa concentração de
cloretos. A outra corrente, portanto, contém bastante cloretos e uma baixa quantidade de
sulfatos. Estes vasos são arranjados numa disposição de dois para um, com as correntes
de rejeitos dos primeiros vasos indo para os vasos no segundo arranjo, como ilustrado
na figura 4.4, melhorando a eficácia do processo. Adicionalmente, a corrente rejeitada
pela membrana de ambos os vasos, ao cair para o vaso seguinte, tem vazão suficiente
para fornecer um mecanismo de auto-limpeza nas membranas.
69
Assim sendo, o controle de formação de incrustação se tornou gerenciável,
mesmo em casos onde os inibidores tradicionais não seriam suficientes para tal.
Consequentemente, as operações extremamente caras de workover realizadas devido a
problemas de incrustação reduziram-se drasticamente, resultando, portanto, em grandes
economias.
Assim sendo, as membranas de nanofiltração começaram a ser usadas
comercialmente em reservatórios com altos níveis de bário, comumente encontrados no
Mar do Norte, onde apenas inibidores não seriam capazes de controlar as incrustações
formadas. Um exemplo brasileiro de campo com alta concentração de bário (e
estrôncio) é o de Albacora Leste.
A utilização mais importante do processo de remoção de sulfatos é explicada a
seguir, na remoção de sulfatos em águas profundas.
70
inibidores, espaçadores e água, principalmente em operações onde a FPSO está distante
da cabeça do poço em questão. Nesses casos, usualmente utiliza-se uma plataforma de
perfuração para tratamento de cada poço individualmente, o que pode elevar o custo da
operação em torno de US$ 3.000.000. Ainda assim, devido ao emaranhado de poços e
ao fato que cada um tem características únicas, um devido monitoramento da
concentração de inibidores seria prejudicado. Este incorreto monitoramento pode levar a
perda do poço, que por sua vez levaria a perdas em torno de US$ 18.000.000 com
operações de workover. Além de outras complicações, reservatórios de alta e variável
permeabilidade podem prejudicar o lançamento dos inibidores nos locais onde é
necessário. O uso de tubos flexíveis (coil tubing) para tratamentos de inibição de
incrustação poderia ser uma alternativa viável, se não fosse a necessidade de usar uma
sonda de perfuração para cada poço onde o tratamento será feito.
Todas as dificuldades supracitadas do tratamento de controle de incrustação por
inibidores, aliadas aos problemas encontrados em reservatórios com presença em alta
quantidade também de bário, levam a um crescimento notório das técnicas de remoção
de sulfatos da água do mar, principalmente em reservatórios em águas ultra profundas
(como por exemplo, no campo de Roncador) ou que apresentem alguma outra tendência
a altas quantidades de formação de incrustação, como presença em alta concentração de
cálcio ou bário,como os reservatórios de Brae e Albacora Leste.
71
Figura 4.5. Relação de controle de incrustação com seus fatores.
Fonte: DAVIS & MCELHINEY (2002)
72
Figura 4.6. Tratamento de água do mar com URS à montante da desaeradora.
Fonte: GATE KEEPER (2010)
73
captação da água do mar, com o intuito de controlar microorganismos e bactérias. Como
as membranas da URS degradam-se rapidamente conforme são expostas a cloro livre,
tornam-se necessários tratamentos adicionais prévios à unidade de remoção de sulfato,
encarecendo novamente o projeto.
A segunda configuração de posicionamento da URS é mostrada na figura 4.7, a
seguir.
76
CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 Conclusão
77
barateada devido às simplificações que a indústria encontra e descobre no que diz
respeito à logística offshore.
O próprio processo de recompletar um poço, anteriormente produtor de óleo,
para injeção (ou produção) de água requer tecnologias extremamente avançadas, e
merecem destaque.
A fase de tratamento da água para injeção pode ser a que mais evoluiu nas
últimas décadas. Como foi explicitado no Capítulo 4, a URS tornou a injeção de água
um processo ainda mais viável, lucrativo e aberto a diversas aplicações. O uso do
processo de nanofiltração por membranas eletronicamente carregadas permitiu que essa
água salgada, de grande disponibilidade, fosse injetada em regiões onde inibidores
químicos de incrustação não conseguiriam conter os absurdos gastos com operações de
workover que seriam causados pelo entupimento dos tubos. Adicionalmente, o controle
de incrustação cresceu bastante em poços onde os gravel packs, indispensáveis para o
controle de produção de areia, inviabilizariam o uso dos inibidores supracitados. A
própria produção de reservatórios em elevadas profundidades tornou-se mais econômica
e possível com a utilização da URS.
A remoção de sulfato da água do mar era utilizada, inicialmente, apenas em
reservatórios contendo alta concentração de bário, como já dito. No entanto, com a
descoberta de novas aplicações da remoção de sulfato, esta tem se tornado um processo
fundamental para a injeção de água salgada. Como exemplo de aplicação alternativa,
podem-se citar exemplos onde os poços nos quais deseja-se controlar a incrustação,
apesar de não estarem sujeitos a grandes formações de sulfatos, não podem receber
inibidores de inscrutação devido ao posicionamento de gravel packs. Adicionalmente,
foi estudado e percebido que reservatórios contendo altas concentrações de cálcio e
estrôncio, além de água com salinidade elevada também eram formações em potencial
para uso do processo de remoção de sulfato. Recentemente, a complexidade do
desenvolvimento de certos reservatórios que incluem produção através de poços
horizontais ou multilaterais e/ou de poços extremamente profundos, tem tornado a
remoção de sulfato, na grande maioria dos casos, a única alternativa viável à
manutenção do fluxo pelo controle de incrustação.
Cada reservatório, durante seu desenvolvimento, em conjunto com seu projeto
de injeção de água associado, deve ser estudado em particular para se assegurar de que
processo de controle de incrustação é o mais barato, como ilustrado na figura 4.5. Para
uso somente de inibidores de incrustação, são necessários cálculos prevendo a
78
concentração de inibidores ao longo da vida produtora do reservatório, bem como em
que momento ocorre o breakthrough e dos custos relativos aos inibidores residuais.
Todos estes cálculos devem se basear inclusive, mas não se limitar, a dados de produção
de reservatórios com características similares, principalmente no que diz respeito à
perda de injetividade e produtividade. Por outro lado, deve-se analisar a possibilidade
da utilização de unidade de remoção de sulfato a partir de estudos sobre os custos de
operação da mesma, além dos impactos que serão causados na injetividade e
produtividade pelo uso desta ao invés de somente inibidores de incrustação.
A remoção de sulfato tem se mostrado, assim como as outras inovações
tecnológicas discutidas nos Capítulos 2 (sequestro de carbono) e 3 (tratamento e injeção
de água), fundamental para as operações offshore e é produto de alguns fatores que
sempre estimulam a criação de novas tecnologias: alto preço do petróleo e dificuldades
encontradas que precisam ser superadas. A própria remoção de sulfato se desenvolveu,
levando a maiores vantagens, com estudos sobre o posicionamento da URS em relação
à torre desaeradora. A tabela 5.1 resume as vantagens e desvantagens de cada arranjo
relativo possível.
Tabela 5.1. Vantagens e desvantagens dos possíveis posicionamentos da URS em relação à desaeradora.
79
Esses fatores são recorrentes na indústria do petróleo. A tendência de mercado
aponta não só para oscilações no preço do petróleo, como também para uma elevação
geral no preço desta commodity. Por outro lado, dificuldades são sempre encontradas, e
os profissionais do setor se mostraram capazes de superá-las, umas com mais facilidade,
outras com menos. É essencial que pesquisadores e estudiosos continuem trabalhando
para sempre superar estas dificuldades e manter a evolução dos sistemas de injeção de
água crescente, como é hoje.
Outras inovações, mais recentes, são as instalações de equipamentos
submarinos. Equipamentos atualmente utilizados na superfície começam a ser
instalados no leito marinho por algumas empresas. É o caso do Subsea Water Injection
Treatment (SWIT) da Well Processing, onde o tratamento da água de injeção é feito no
fundo do mar. A água é captada em poços satélites, transportada por dutos para o
sistema de tratamento (SWIT) e então injetada no reservatório. Segundo a empresa, este
esquema pode resultar em economias de até 50% do CAPEX e 25% do OPEX.
Tecnologias parecidas ao SWIT têm sido desenvolvidas no Brasil, pela Petrobras. O
esquema chamado Subsea Raw Water Injection (SRWI) consiste na injeção de água
recém captada, tratamento apenas por filtros e injeção da mesma no reservatório,
economizando assim a necessidade de todo um sistema de injeção na plataforma,
reduzindo custos significativamente.
Outro projeto da Petrobras, já em uso pela P-37, é o de separação submarina de
óleo e água. Com a mesma ideia de instalação de equipamentos submarinos, o espaço na
plataforma torna-se maior. Apesar de não ser diretamente relacionado com o sistema de
injeção de água, este esquema da Petrobras pode ser usado futuramente em conjunto
com o próprio SRWI, ou com algum projeto parecido com o SWIT. Seria então possível
fazer a separação do óleo e reinjeção da água produzida sem a necessidade de levar
estes fluidos à plataforma primeiramente.
80
investindo nestas tecnologias e que estas se tornarão viáveis e amplamente utilizadas
num futuro próximo. Por outro lado, novas tecnologias também aparecerão e precisarão
de muito estudo e investimento para se tornarem viáveis.
Em conclusão, é de suma importância que os incentivos financeiros na pesquisa
de novas tecnologias não cessem, para que a produção de óleo seja cada vez mais barata
e que cada vez mais do OOIP seja produzido. Somando o fato de que o petróleo é uma
fonte de energia não renovável à futura escassez de reservas e à dificuldade de encontrar
jazidas facilmente exploráveis atualmente, resulta-se na necessidade de inovações e
evoluções em toda a cadeia produtiva, inclusive nos sistemas de injeção de água.
81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1998.
82
Henriques, C. C. D.; Brandão, F. N. From P-34 to P-50: FPSO Evolution. OTC 18681.
Texas, 2007.
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84