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Diretor: PEDRO CATALLO

Redação e Administração
Rua Rubino de Oliveira, 85
A IDÉIA É COMO A GOTA D'ÁGUA. PODE REFLETIR A IMENSIDADE. Correspondência: Caixa Postal 5739
São Paulo
ANOII NÚMERO 10 SÃO PAULO, DEZEMBRO DE 1967 PREÇO NCr$ 0,20

A falsa e a verdadeira fraternidade Universal


Deveria ter sido um ingê- do Tai-Xô; o primeiro dia do não bastasse, precisaríamos tar às tribos e às religiões, quantas mil maneiras diver- em determinado dia do ano,
nuo idealista quem se lem- mês de Tut, dos egípcios; ou de ir à Índia misteriosa, à aos brâmanes e aos feiticei- sas o homem denomina e di- que não corresponde ao co-
brou de dispor que fosse con- o início do ano positivista, África escravizada, à quase ros, quando começa o seu vide o tempo, que o devora, meço do ano de todos os po-
sagrado à Fraternidade Uni- segundo Comte. Como isto despovoada Oceania, pergun- ano. Veríamos então de por esse mundo imenso. Ve- vos, mas a verdadeira Frater-
versal o primeiro dia do ano. ríamos quanto as raças, as nidade Universal. Será quan-
E, daí, talvez que não. Esta- religiões, as pátrias, os cos- do, sobre a Terra, abençoada
mos em crer que houve mais tumes dividem, e inimizam os pela redenção, não mais exis-
um agudo sarcasmo ao íi- homens. tirem oprimidos e opressores,
xar-se dia para confraterni- aristocracia e povo, burgue-
zarmos, ccan licença, porém, Fraternidade Universal! Pa-
ra que votar-lhe oficialmente sia e proletariado, patrões e
para nos malquerermos nos operários. Será quando todos,
364 dias seguintes. E porquê um dia, se no âimago dos co-
rações a ânsia de querê-la pela aplicação dos verdadei-
a escolha do primeiro de Ja- ros princípios duma econo-
neiro para nos darmos for- não habita?! Para quê a hi-
pócrita laicização do «amai- mia nova, humana e justa, se
temente as mãos? Por ser o considerem iguais. Será quan-
início do ano? Ora, para nós, vos uns aos outros», se, no
fundo, somos todos fariseus do os produtos da terra e do
homens do Ocidente, traba- engenho humano forem igual-
lhados pela cultura cristã, é, para o nosso semelhante?!
Para quê ? mente repartidos por todos.
na verdade, a 1' de janeiro Será quando a Beleza não
que o ano começa. Mas, para óh, as irrisórias fórmulas, fôr mais religião duns tantos,
o resto do mundo ? os sórdidos preconceitos! nem o bem-estar regalia dos
Socorramo-nos duma folhi-. Festa da Família!... Frater- piores. Será quando as mães
nha do ano, dessas que tra- nidade Universal!... Que re- famintas não se virem mais
zem tudo quanto é preciso à presenta isso no regime de obrigadas a negar, com lá-
humana sabedoria. Lá vere- desigualdade econômica em grimas, os seios vazios aos
mos que o primeiro dia do que vivemos?! Como pode o filhinhos débeis. Será quando
mês de Pisseri do ano 5685, trabalhador bem querer ao o amor deixar de ser aviltan-
da era israelita, fica lá para que o explora, o escravo ao te mercadoria, para ser dá-
meados de setembro; que o senhor, o preso ao carcerei- diva esplêndida. Será quan-
princípio do ano chinês, ro? Como pode haver Fra- do as tiaras dos pontífices,
quer dizer o primeiro dia do ternidade Universed, se as re- os cetros dos reis, as espa-'
primeiro «tchangki do atual ligiões atiçam ódios, pvara do- das dos generais e os cofres
«tchang», deve ser pouco de- minar; se os políticos açulam dos banqueiros forem sim-
pois de 20 de janeiro; que é interesses, para vencer? Co- ples e inúteis objetos de mu-
vainLéiii ió paia seLeinLici --n»«--j^4a?<L^t»iM''jf^.tMí.nn(*»'i '^'^-r seu, .^L j ^ Â
que se fixa o dia primeiro do ternura, onde o ódio e a dor E essa Fraternidade Uni-
mês de Moharem do ano imperam ? versal, que não reinará um
1344 da Hégira; que, se vi- Fraternidade Universal!... dia, mas uma idade, essa
gorasse aquele curioso calen- E a inveja, e o ciúme, e a Fraternidade Universal, que
dário que os homens da Re- fome, e a doença ? Fraterni- nem os fundadores de reli-
volução Francesa, à falta de dade Universal!... Más há giões, nem os ditadores, nem
cabeças para decepar, inven- soldados nos quartéis, velan- os reis, ijem os presidentes
taram, o primeiro do «Ven- do armas para matar... puderam realizar, essa Fra-
démiaire» do ano 159 da Re- Fraternidade Universal! Mas, ternidade, que Cristo e Buda,
pública recairia ainda em nos prostíbulos, homens ven- Francisco de Assis e Fran-
fins de setembro; que, con- dem e homens compram car- cisco Ferrer, Bacúnine e
soante a contagem do tempo ne de irmãs nossas, à hora, Durrúti, Kropótkine e Za-
pelo calendário juliano, só a com a bênção do Estado e menhof sonharam e não pu-
14 deste mês principiaria o da Igreja... deram ver itriunfante, essa
ano. Fraternidade, perpétua, plena
E, depois destes informes, Fraternidade Universal!... e verdadeiramente universal
que vêm em qualquer folhi- Ah, sim, ela chegará, um — será obra do pensamento
nha do ano, poderíamos ain- dia. Não essa, de barrete frí- e da ação, dos obscuros, sa-
da averiguar quando começa gio, que uma ridícula conven- crificados apóstolos e márti-
no Japão o 39» ano do perío- Frafernidade é união de mãos trabalhando para igualar a humanidade sofredora. ção nos manda comemorar. res da Idéia Nova.

Inqjienta anos de vã esperança


A Revolução Russa que comemorará 50 anos de existência merecia melhor sorte
A revolução russa, iniciada nea», e, «Recordações da Ca- daquele povo que havia con- rante, o dever de desgeistar o de que estavam servindo de ça e inequívoca e pasmante;
em fevereiro de 191'i' e que sa dos Mortos» de Dostoye- seguido destruir todos os ar- Estado, de consumir o Esta- musa inspiradora ao monstro fascismo e comunismo são
se prolongou por vários anos, wsk, é que se pode avaliar quivos feudais da proprieda- do até o seu completo desa- negro que se relambia na sinônimos de um mesmo ver-
continua sendo o episódio de o preço que pagaram os gran- de privada, abolindo-a. E o parecimento e instituir, de- Itália. Foi a ditadura comu- bo, a mesma essê'ncia em di-
maior transcendência social des revolucionários russos do padrão moeda, como medida pois, a sociedade sem classes nista de Lenine que inspirou ferentes cores. Lamentamos
verificado no decurso dêstt üéculo passado, na luta pela de poderio econômico, tam- tão sonhada por todos os o nascimento do fascismo na dizer estas coisas num mo-
século. A ação revolucionária libertação daquele povo. Daí bém fora suprimido. É preci- bons socialistas. O que acon- Itália, foi ela quem deu ma- mento em que eles estão
daquele povo foi de tão gran- a gravidade dos êbrros e pre- samente aqui onde reside a teceu na Rússia foi comple- turidade aos sentimentos .sór- sendo vitimas dum processo
de profundidade que ultra- varicações dos chefes do par- profunda significação social tamente o contrário: foi o didos que vejetavam na alma de perseguição que é larga-
passou todas as grandes' re- tido comunista russo, princi- daquele feito. Estado que desgastou o mar- negra de Benito Mussollni. mente usado em todos os paí-
voluções que historicamente palmente Lenine, Trotsky e xismo, foi o Estado que con- Assenta-lhes muito mal aos ses onde os comunistas co-
se conhecem. A sua impor- Stalin, que tendo em suas E é disto que os comunis- sumiu e devorou o marxis- comunistas quando lhes ad- mandam. Mas os velhos mi-
tância foi de tal ordem que mãos o destino da humanida- tas terão de prestar contas mo reduzindo-o ao simples es- judicamos essas responsabili- litantes do partido que nos
cnegou a sacudir violenta- de preferiram trair a missão perante a História algum dia, queleto de um partido, sem dades. Mas, a história ai es- conhecem através das nossas
mente os fundsmaentos bási- que lhe fora confiada. Traí- e as novas gerações serão doutrina e sem filosofia, co- tá, fria e implacável testemu- atuações, sabem muito bem
cos de todo o sistema capita- ram as gerações presentes seus juizes. O Princípio de mo qualquer outro partido to- nhando os acontecimentos. que não se trata de uma con-
lista. Todos os países do mun- porque a revolução russa es- Autoridade embriagou-os. Le- talitário e comum. Em agosto de 1921, quando clusão de momento, mas
do, por vários anos, tiveram tava destinada a mudar o nine primeiro e Stalin depois, «Recuar um passo para os exércitos vermelhos, de- sim, de uma posição ideoló-
os seus momentos de pânico, curso da históría, estabele- deram espansão ao megaló- avançar dois», e, «A liberda- pois de premeditada traição, gica, definida, tomada nos
de hesitação e incógnita, an- cendo uma nova ordem de en- mano que vivia latente den- de é um prejuízo burguês», assestavam os últimos gol- primórdios da revolução
te o dileniático desenrolar de trelaçamento humano e dan- tro deles. E assim, lambuza- foram alguns dos primeiros pes aos guerrilheiros libertá- russa.
tmia revolução que foi elabo- do à vida um novo sentido slogans criados por Lenine rios da Ucralna, orientados Em contrapartida à euforia
rada, penosamente elaborada social. Traíram, também, e dos de «Poder», ingurgitados para esconder o acendrado por Nestor Makno, e que
de mando e de autoridade, comunista que festeja o cin-
durante mais de meio século, covardemente, todo o sacrifí- amor que sentia pelo Estado eram os únicos que ainda de- qüentenário de uma revolução
j>or um manancial de homens cio dequeles revolucionários os «sábios mestres» do so- Forte, pelo nascente Est#tdo fendiam o verdadeiro espíii-
cialismo cientifico preferiram malograda, «Dealbar» pres-
e mulheres de tão grande que puzeram suas vidas co- nazi-fascista-comunista que já to daquela revolução, Eenito ta a sua modesta homena-
abnegação humana que difi- mo degraus na ascensão ma- acomodar seus «traseiros» lhe borbulhava n'alma, e pe- Mussolini, louco de inveja pe- gem a todos aqueles que, sin-
cilmente se repetirá na his- numissora que eclodiu em nas imperíais e fofas pol- lo partido único, totalitário, la situação de Lenine que já ceramente, deram suas vidas
tória da-«mancipação dos po- 1917, e da qual os cornunistas tronas do KremUn a ter que no qual se sentiu confortàvel- se proclamava ditador, ini- para que a Rússia fosse o
vos. foram perversos e danosos lutar pelo completo definha- mente bem. Dolorosamente, ciava a sua ridícula «marcha marco inicial da libertação
Quanta dor, quantos sacri- depositários. mento do Estado, como re- estes e outros claudicantes dei fasci» sobre Roma. Como humana, e não o apanágio de
fícios e quantas vidas rola- zam todos os breviários co- slogans de flagrante traição, Lenine, êle também impôs o uma nova classe de mandões,
ram para mover as fundas pi- A revolução russa que nos munistas. Segundo a Dialéti- fabricados em Moscou, foram partido único; como Lenine, Da terra fecunda pelo sangue
lastras da fortaleza zarista dias de hoje comemora cin- ca de Marx, a conquista do mecanicamente repetidos em suprimiu violentEimente to- generoso daquele heróico sa-
•que pareciam eternas, incon- qüenta anos de existência, Poder seria apenas uma eta- todo o mundo por legiões de das as liberdades públicas; crifício, hão de brotar as flo-
«ussas, impenetráveis. Quan- era merecedora de melhor pa transitóría da ditadura «inocentes úteis» e de perver- como Lenine, se fêz ditador, res da nova revolução.
do se lê o rarissimo livro de sorte. Merecia um tratamento chamada «proletária», a qual sos chefetes de partidos co- e como Lenine, prendeu, per-
Stepnyak: «Rússia Subterrâ- consentâneo com a aspiração teria, como missão preponde- munistas, sem se importarem seguiu e matou. A semelhan- Pedro Catallo

Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa

10 11 unesp"^ CZedap aculdade de Ciências e Letras de As:


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Ninguém pode afirmar:
"ESTA É MINHA FÉ DEFINITIVA"
Não há convicção que, de- e subjugado, ordenando ao contraditório e tumultuoso. consigo cada hora, em ames-
A' pois de aduiri-la, devas con- seu redor, por sua própria Mas, cada idéia que ganhes trá-la para a caça do êtro,
!\ ) siderá-la irremovível. Ainda virtude e eficácia, todas as para tua mente, se a puzeres em procurar que ela envol-
que a sua fundamentação na coisas com que a confrontas- em adequada relação com a vesse em seus anéis uma
verdade seja para ti a mais te? A convicção mais firme idéia syperior e mestra que completa e acertada concep-
firme e completa, nada im- será aquela que maior núme- ocupa o centro de tuas medi- ção do mundo.
pede que a removas, a are- ro de idéias contenha e que tações, será um nó a mais Ninguém pode afirmar:
jes, a retemperes e a compa- possa uni-las na mais fecha- assegurando a firmeza desta, «Esta é minha fé definitiva».
PUBUCAÇAO MENSAL res como novos aspetos da da e concorde relação. como nova raiz que dela se Enquanto mantermos alto
realidade, mostrando sua Tudo o que vive e evolui, despreende e se entranha no o empenho de areJEir e exer-
ItaSlttrade ne 1* Oficio d* R*gUtro d* Tllulos • Decunwnto» fortaleza em novas batalhas, move-se duplamente no sen- seio das coisas. citar a convicção de nossa
Livro B n. 3 tob n. 2.097 levando-a contigo a explorar tido de maior complexidade e Ainda que soubesses que ^ mente, se surgir ante nós
terras do pensamento, mares mais ordem. Se só te preo- nunca abandonarias a atual uma idéia que não só se opo-
da incredulidade e da duvida, cupa aperfeiçoar a unidade e posição de teu espirito, mas nha à nossa convicção, mas
EXPEDIENTE que ela possa submeter ao o bom arranjo de tua convic- que descansarias por toda a que, originando o conflito, fe-
seu império, engrandecendo- ção, sem somar-Uie elemen- vida sobre o que agora jul- re-a no íntimo de modo que
a: nem que, examinando-a em tos de fora que a ampliem e gas a verdade, nem assim de- não possamos defendê-la, que
Redação e administração: si mesma, procures tornar reanimem, cairás no automa- verias abrir mão dos instru- nos restará por fetzer se não
Rua Rubino de Oliveira, 85 mais forte e harmoniosa 3 tismo de uma fé bem disci- mentos da investigação e do declarar vencida a velha po-
conexão das partes que a plinada, mas estreita. Se só juizo, como o operário qUe testade e passar o cetro de
compõem. procuras aumentar a provi- dá por terminada sua tarefa. nosso pensamento à nova
Correspondência: são de idéias de tua mente G Tua tarefa consistiria, desde idéia, se devemos de proce-
Pois, se é a verdade, não é não cuidas de distribuí-las então, em aumentar as rela- der com estas idéias de acor-
teu dever aprofundar-te cada em perfeitas normas, cairás ções de tua verdade, em do com a viril e cavalheires-
vez mais nela, aderindo a na desordem do pensamento adaptá-la ao novo que traz ca ordenança da razão?...
Caixa Postal, 5739 — São Paulo ela o quanto mais possível,
com mais motivos de convic-
ção e amor? Trabalha, pois,
Diretor responsável: PEDRO CATALLO sobre a convicção adquirida:
relaciona-a com novas idéias,
CENTRO DE ESTUDOS PROF. JOSÉ OITICICA
Composto • Impresso nss oficinas da Gráfica Trevo com novas experiências, com
Rua Garibaldi, 1093 — P. Alegre (RGS) novos desafios da contradi- As atividades do «Centro de trás. As que maiores interes- das Neves e leituras e comen-
ção, com novos espectáculos Estudos Professor José Oiti- ses provocaram foram: A Ma- tários do livro de poesias de
Os artigos publicados sio de responsabilidade de seus autores resiste e prevalece, tanto cíca» no decorrer do ano de turidade Mental pela profes- Letícia Maria. 3' Administra-
mais provada ficará sua 1967 se resumem nos se- sora Esther Rpdes; Os Tipos ção — realizadas até o pre-
energia. Quantos mais ele- guintes itens: 1') Conferên- Psicológicos pela professora sente momento 36 reuniões
mentos não terá conquistado cias — realizadas 25 pales- Emília Espírito Santo Car- administrativas. Foram efe-
doso; O Que vi nas Kib- tuados três pique-niques, três
butzas por Alzira Conh; A reuniões gerais, além de me-
Amazônia que eu Vi pelo es- sas redondas para debates de
O TERCEIRO MUNDO SERÁ MELHOR? tudante Paulo Antônio Pinto;
O Oriente Médio e a Crise
Mundial por Oussama Sou-
temas de atualidades. Pela
constância e interesse mani-
festado pelas atividades do
É opinião aceita que a paz do bem que é esse saber, com querela de cegos na que cada tal que a idade nova exige, hail; O Pensamento Político Centro destacamos os nomes
entre Estados Unidos e URSS a possibilidade de ser au- ura reclama, com máximo de Camus pelo dr. Arnaldo dos associados dr. Paulo Fer-
da sombra para a luz, do pas- Sant Anna. 2' Leituras — rea-
é mantida pelo reciproco mentado pela ajuda mútua. egoísmo, a maior parte de um Kandes (presidente). Diaman-
terror nuclear. Deve-se admi- Os homens são movidos sado para o futuro, da pai- lizadas três sessões de leitu- tino Augusto, Estheí de O.
sacrifício que pertence a am-
tir outra razão: a conciência mais pela paixão do que pelo bos. xão para o saber. ras comentadas. Uma sobre o Redes, Antônio Costa, Antô-
de que a guerra é inútil, por- interesse; a paixão extingue- livro era preparo de artigos nio Correia, Fernando Neves,
que nada há para ser con- se, enquanto que o interêtese Por razões históricas ainda JEAíí COIÜKN de José Oiticica por Roberto Manoel Ramos.
quistado. Houve tempo em permanece. O exemplo das re- mal explicadas, só o Ociden-
que a terra era a única ri- lações franco^alemãs oferece te foi capaz de inventar os
queza, bem que não se podia uma prova. A cooperação métodos da ciência experi-
aimientar sem tirar do patri- árabe-israelense é, atualmen- mental. É seu dever atual
mônio alheio. A alternativa te, uma utopia, e no entanto
era simples: a miséria ou a
guerra. Hoje, as coisas muda-
ram. A fonte de riquezas ra-
sua necessidade está nos fa-
tos.
Se existe o problema do
propiciar a transmissão do
que conseguiram. Etetados
Unidos e URSS possuem os
mesmos meios. O que neces-
sita o «terceiro mundo» não
O Movimento Libertário Estudantil
dica-se no cérebro humano, trânsito, é porque os automó-
sendo um bem que cada qual veis de hoje circulam nas
possui, virtualmente, por di- vias de ontem. O mesmo pro-
são armas, mas professores
e ensino. A independência que
acordo Mec-Usaid
reito de natureza, impossível blema existe era política. Os os países subdesenvolvidos
de ser conquistado, mas que conseguiram não passará de Tendo o acordo MEC-USAID provocado uma onda de polêmicas
dirigentes de todas as na- e debates nos meios estudantis, onde a par de verdades contundentes
muito interessa o seu desen- ções continuam julgando os uma ficção se não forem do- são disserninad&s falsas razões e falases argumentos, o Movimento
volvimento. É uma fortuna problemas humanos nos mes- tados de uma formação ínte- ,^. libertário Estudantil resolveu fixar posição ante assunto que afeta
lit&do.. Se.^ >irfig^ leiAita^-t»g^-bardes'^feu'- -4e<?t-üai-sei»-ar^jial^iã&-ha¥«»- — 'üiretãmente os estudantes e indiretamente o povo de modo geral.
os homens quizessem verda- dais. Que contraste ver a rá desenvolvimento social e Para uma ai|álise concreta seria indispensável dispor da regi\-
deiramente e unissem seus mesma humanidade capaciea- econômico. O «terceiro mun- laraentação do acordo na íntegra. Mas isto é totalmente impossível,
esforços para esse fim, a da a vôos interplanetários e do» possui imensa vantagem pois forças indeterminadas impedem sua integral publicação. Valemo-
abundância reinaria na terra incapaz de franquear o mu- sobre a Europa do ano 1000:
antes que as crianças de ho- não precisa inventar os co- nos do que é dado a conhecer através de informações filtradas pela
ro de Berlim! Que paradoxo imprensa e principalmente de uma análise consciente fruto de reuniões
je fossem velhos. esse de abrir caminho para nhecimentos, mas apenas e debates sobre o assunto.
A vitória de Israel não é a Lua e fechar o golfo de adotá-los. Mas seria indisi)en-
sável que aqueles que os po- O acordo MEG-USAID é um instrumento que pretende trans-
de origem divina, nem ela Acaba!... plantar o sisteraa universitário de um país de estrutura social, econô-
marca a superioridade de dem retransmitir compreen-
Os Estados Unidos e a Rús- dessem a urgêhcía de fazê-lo. mica, psicológica e racial totalmente diferente do Brasil. Considera-
uma raça. Os israelenses ven- mos certa a necessidade de uma reformulação geral do ensino. Tam-
ceram em três- dias porque sia admitem a coexistência bém é certo, apesar de constrangedor, que não tenhamos técnicos e
possuem um patrimônio por pacifica. Se a rivalidade per- O drama de nosso tempo é
siste é porque os dois «gran- esse: ura pequeno número de homens capazes para esta reformulação. Assim sendo é lógico pedir
pessoa dez vezes superior ao ajuda e experiência a outros países, mas por que justamente aos Es-
dos egípcios, por que são ho- des» disputam os favores do nossos contemporâneos pôde
tados Unidos, que desde 1957 apresenta o sisteraa universitário em
mens provenientes da Euro- «terceiro mundo», como se medir a dimensão formidável ^
esses povos fossem um bem, dos descobrimentos dos três' crise e decadélicia? Por que não era Paris, Basiléia, Leydon,. Leypzig,
pa, levando consigo o equipa- Bolonha, Cambridge que além de apresentaréra urai passado universi-
mento mental que o velho quando são na realidade uma últimos séculos. Somente
tário digno de nota, enfatizam uma cultura do tipo global e huraanisti-
continente g2istou mil anos carga que pesará in crescen- eles compreenderam que, se-
camente determinada.
para fabricar. Superioridade do sobre os ombros de quem gundo a expressão de Tei-
a assiraia. Suponhamos que a Ihard, a humanidade chega ao Os estudantes, diretamente interessados, não foram nem ou-
que, por sua vez, criou-lhes vidos nem cheirados sobre o assunto. Os estudantes conscientes não
um direito e um dever. Di- URSS conseguisse a adesão fim do neolítico e, que seus
problemas não vão desapare- querem de nenhuma forma que as suas costas èeja atrelada a canga
reito de permanecer sobre a da totalidade do «terceiro de uma filosofia totalitária, anti-humana e tecnológica. Cientes da
terra que fertilizaram, e de- mundo» e que o convencesse cer, mas mudar de aspeto.
Os homens ainda vivem reforma pseudo cultural que intentam implantar através de pressões
ver de repartir o fruto dela de recusar, como fazemi os econômicas, os universitários que constituem os futuros estratos que
colhido, isto é, o conhecimen- árabes, a ajuda do Ocidente. sob o imi>ério das ideologias,
isto é, de sistemas passionais orientarão a sociedade, não admitem que se ignore a realidade de mi-
to de técnicas para enrique- Que faria a URSS com mil séria e degradação de nosso povo, que ora é lugar comum.
cer o solo do deserto. Dis- milhões de assistidos? A dis- coerentes. A ideologia políti-
ca substituiu a religiosa, mas A reforma universitária independente de esquemas e países,
truindo Israel, os árabes nada tância entre ela e a América, tem que apresentar quatro pontos básicos :
mais teriam feito que acres- livre desse fardo, iria aumen- ambas são de idêntica nature-
za e igualmente superadas pe- 1' Criação de uma Universidade que atenda as necessidades
centar 20.000 quilômetros tando e, enquanto os russos raíníraas do povo.
aos dois milhões que já pos- conseguiriam mais votos na la revolução científica. A so-
lução — e só existe uma — 2" O ensino deverá ser gratuito a fim de possibilitar a ascen-
suem. Cooperando com Is- ONU, os americanos desem- dência do realmente mais capacitado e não de determinada classe
rael, os árabes participariam barcariam na Lua. Estranha consiste na conversão men-
social prevílegiada.
3' Liberdade total de filosofia e cátedra, tanto para aluno como
para professores.
CONGRESSO DE PROVAS NA ITÁLIA 4' Participação ativa dos estudantes ,através de acessórias
aos postos administrativos.
No dia 2 de julho, reuniu- po Betnick «C 13» de Lucca, vos de Firenza, Provos de O exame do pouco que realmente se conhece sobre o acordo e
-se em Carrara, Itáúla, uma Mundo Beat de Milão, Grupo Milão, Beatnicks de Gênova, principalmente por isso, nos leva as seguintes indagações :
centena de jovens Provos, Provo de Bolonha, Grupo Beatnicks de Spezia. 1' Por que havendo bons exemplos de Universidades na Europa
realizando no salão Germinal Provo de Livorno, Grupo Pro- O tema central do Congres- fomos importar a experiência de uma Universidade era crise ?
dos grupos Ubertárioá, o Pri- vo «Gênova 3», Juventude so foi a unificação do movi- i 2" Por que sendo o acordo tão bom não se promovem estudos e
meiro Congresso Italiano de Nova de Savona, Grupo Li- mento de protesto Beatníck- debates com a participação dos estudantes ?
Provos. bertário de «Resistência a Provo em um único movi- 3.' Por que não se divulga o acordo na íntegra ?
Estavam representadas as Guerra» de Savona, Cavalhei- mento. Isto foi conseguido em < 4' Por que o Conselho Federal de Educação se abstem de um
seguintes organizações: Gru- ros do Nada de Roma, Pro- parte. Reconheceu-se a neces- esclarecimento positivo ?
sidade de uma troca de expe- A resposta a todas estas perguntas é uma só :
riência entre os vários movi- Os burocratas, militaristas, totalitários e tecnocratas que detém
mentos de protesto. o poder em todas as partes do mundo, necessiteim de seres robotiza-
Encerrando o Congresso dos para seus desígnios de opressão e manutenção do «status-quo». Sa-
Contribuições recebibas foi realizado um desfile pelas
ruas de Carrara, sendo trans- bendo-se que nos países subdesenvolvidos aos estudantes corapete, era
futuro próximo, a detenção dos pontos chaves da sociedade, nada me-
portado um caixão: simboli- lhor do que tomá-los inertes, insensíveis, anti-humanos, indiferentes
(continuação) zando a sociedade que assas-
sina o homem e m.últijjJ^os às misérias sociais e ao sofrimento. E isto facilmente será conseguido
Panzarini, NCr$ 20,00; Germinal, NCr$ 5,00; V. Vettori, carteizes com frases tais: através de uma Universidade desagregada, tecnológica e alienante.
NCr$ 10,00; Venda, NCr$ 0,80; Virgílio, NCr$ 20,00; Arre- «Burguês, não ria; porém, Nada de reforraas autênticas !
bola, NCr$ 5,00; Navarro, NCr$ 1,00; Aielpo, NCr$ 1,00; olhe e chore», «Espaço Moral Nada de cultura centrada no ser humano !
para uma Geração de Emer- Nada de direitos para o povo !
Ferrua, NCr$ 5,00; Irmãs Peixe, NCr$ 10,00; Italchenko, Nada de conquistas sociais e econômicas !
NCr$ 2.00; Trubillano, NCr$ 15,00; Doutor, NCr$ 20,00; gência». A Vossa Vida é uma
Morte Contínua». «Mais vale Estes são os seus lemas. E contra a falsa reforma se insurge
J. Valverde, NCr$ 5,00; G. A. F., NCr$ 1,00; Gumersindo, o Movimento Libertário Estudantil manifestando seu repúdio ao acor-
NCr$ 5,00; de Santos: F. L. S., NCr$ 5,00; Navarro, NCr$ um Beat hoje, do que um
soldado amanhã». do fantasma MEC-USAID ao mesmo tempo que conclama os estudaria
1,00; Avulso, NCr$ 0,20; M. Sanches, NCr$ 3,00; Castor, tes a exigir :
NCr$ 3,00; Anônimo, NCr$ 2,00; Agostinho, NCr$ 4,00; Foi atingido o ebjetivo de Divtilgração total do acordo !
José Dias, NCr$ 20,00; Nito, NCr$ 10,00; Justo, NCr$ 2,00; promover rasúor solidarieda-
de entre os vários grupos e Debates sem o «argiunento das borrachadas» !
Severo, NCr$ 2,00; Paço, NCr$ 1,00; Raya, NCr$ 1,00; Ger- Diálogfo com os estudantes e educadores !
minal de Amor, NCr$ 1,00; Orlando, NCr$ 1,00 Jaime, foi encontrada uma platafor-
NCr$ 5,00. ma comum de ação. Ficou de- MOVIMENTO LIBERTÁRIO ESTUDANTIL
cidido que o grupo de Savoia
editará um jomed.

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P^M^ Aos quatro ventos


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Para os negros de Alabama,


Hoje é meu dia'. Detroit,
Ou ao menos creio que hoje é meu dia, senhores, Do Harlem
Porque hoje E de Cuba
Vou-lhes Também, •
Pedir uma coisa — O negro do ébano é por fora,
Mui formosa,
Formosíssima,
Porém, mui vilip>endiada,
E digo mui vilipendiada porque, por inverdade que pareça,
Alardeasteis de porta-estandarte
Por dentro.
Cal
De Moron de Ia Frontera-.
E para todos os seres da terra
livros
Sem direito algum, por humano, Sem que importem as cores da pele
Nem siquer a dizer tal palavra. Por quanto fizesteis criminosamente
Para que desconhecessem
TUDO É POSSÍVEL NA
Por isso, já não digo nem que este é meu dia,
Nem que vos pedirei...
A realistica vida
Colorida...
, ETERNIDADE?
Senão que desde agora, e em nome da verdadeira poesia,
E em nome de todas as verdades ocultas até agora, E se por todos eles não fosse em suficiência. gosas da patologia dos senti-
Vou-lhes gritar, DR. VIVALDO SIMÕES
Paz mentos, sem que este lhe so-
E aos quatro ventos. Para vós também, senhores, Comentar o Uvro do pre- fra os impactos.
Forte, forte, forte... Porque, por mais que o contrário queirais claro amigo Dr. Vivaldo Si-
Fazer mões é para nós imia tarefa Em suas incursões pelas re-
Para os que plantam o trigo em abundância, Ver, cônditas paxagens freudianas,
que está muito acima da nos-
Mas o pão lhes escasseia. Bem que o medo aflora sa capacidade, de vez que, se o autor arreuica os segredos
Para os que colhem o algodão a toneladas A vossos rostos já destituídos trata de uma obra de cunho recalcados e com a suavidade
E uma camisa lhes é muito. De humana expressão humana. profissional, apesar • mesmo lírica dos poetas, escalpela as
Para os que cultivam seara após seara...-. do caráter francamente popu- emoções doentias e serve ns,
E não sabem dizer o sabor de um cozido. II lar preferido pelo autor. To- depois, em pratos limpos, por
Para os que constróem arranhando as nuvens davia, sentimo-nos na obriga- entre as páginas merídianas
E não têm um teto. E é necessário... ção de agradecer de púbUco de bondade e inteligência. Pá-
E é preciso que esse povo honesto e simples o envio de um exemplar gen- ginas que sorvem-se com so-
Para os que nascem da terra e crescem na terra e lavram Que é o povo russo tilmente autogrsifado, que já freguidão é fé porque são
A terra e semeiam a terra e regam a terra e colhem Faça uso foi lido por nós e que reco- torrentes de otimismo que
Da terra e na terra são prescritos De sua querida balalaica mendEunos a todos os £unan- abrem novos horizontes para
Em todos os sentidos. Em ara da Paz, tes da leitura seleta. A pre- as almas desalentadas que
Para os que na terra, E que o mesmo sentido imprima buscam lenitivos para os ma-
No ar ciosa e erudita apresentação
O mesmo povo da formosa América "^ do Prof. Buonaduce, aliada ao les. O capítulo: O PERIGO
E no mar Em ritmo de jazz ' DAS FORTES EMOÇÕES, a
Constróem o progresso mecânico, tratamento altamente huma-
no dispensado pelo seu cria- despeito da curta dimensão, é
Hidráulico, E que a cante o fado, uma leitura obrigatória na
Guiado, dor, fazem dêiste livro um la-
E que a cante o samba, zer obrigatório pleno de en- vertiginosa vida dos nossos
Teleguiado E que a cante o tango, cantos e proveitosos ensina- dias. Ou melhor dizendo: não
E Explosivo E que se cante... até mentos. O Dr. Vivaldo, arma- é uma leitura, é uma recei-
Dos vossos interesses mesquinhos. Por taranta. ta intimativa para cada um
do da argúcia que a profis-
*,. % são lhe confere e a sensibili- de nós. Com o seu alto espí-
Para os que regaram e ainda regam a terra do Vietnam E que já nem se cante em puro canto.
Com o próprio sangue, dade própria das pessoas rito de altruísmo e a bonda-
Senão que se grite, afeitas ao contínuo contato de imensurável de seu cora-
E para os que com o mesmo sangue regam e regaram De Este ' ;
A terra dos profetas. com os problemas subtis que ção, o Dr. Vivaldo destina o
A Oeste. l brotam das profundezas vul- fruto da venda dos seus li-
Para e pelos que na Hungria De Norte
Caíram com o grito malferido de liberdade na boca, cânicas da psique humana, vros para a CASA DOS VE-
A Sul, transporta o inadvertido lei- LHINHOS DE OSASCO. Pa-
E para os que com o mesmo grito de justiça caíram Forte, forte, forte... , '
Nessa Mater Dolorosa tor por entre as vielas pedre- rabéns, Doutor.
Sempre e eterna doce amada do etemô Chopin. Com a mesma potência vesuviana
Para e por todos os quixotes caídos no solo ibérico, Do grito caucasiano,
E para os que ainda ficam por cair. ^
Com a mesma e titânica airosidade
Do grito numantino. O CANTO DA TERRA
Para os que na Sibéria
Ruminam o castigo de seu maldito humanismo...
Iss.o é o que desejo de vós outros, ,---,,■ poftsíaa -de -o. '.'erba ojUPTitfti do artistg p^u ,
Para e pelas centenas e centenas de martirizados De todos os que mal comeis um pedaço de pão sador que cinzela em brôn-
Que foram e se tornaram motivo único Com séculos de amargura, ; J. G. DE ARAÜJO JORGE zeas frases os angustiantes
De vosso terrível pesadelo Neste que já não é meu dia. problemas de uma época que
De tantos e tantos anos, Senão que nosso, nosso, nosso... Recebemos, cordialmente busca o ensolarado caminho
E em cujo umbral dois nomes se estilhaçam: E desde agora, em nome da verdadeira poesia... autografado pelo autor, um da - libertação. Seus poemas
Hiroshima, exemplar da 3» edição aumen- abrem-se em múltiplas fagu-
Nagasaki. GERMINAL DE AMOB tada de O CANTO DA TER- Ihas coloridas, onde o idea-
RA, capeado com uma suges- lismo fustigante do poeta to-
tiva concepção artística de ma contornos de sublime re-
- UMA MULHER NA PRAÇA — Maria Luiza Campeio. É um
Uvro de poesias vibrantes, to-
das banhadas com a ternura
beldia e O CANTO DA TER-
RA se espraia por entre as
tempestades sociais como
Por Ansicos amarfanhado, mal feito. Re- Não se precisa falar da inca- de trabalhar. Não a protege- altiva da temática social, on- uma promessa para os que
f costa-se... e morre... pacidade dos governos de re- ram em um abrigo. Não teve de aparece corajosamente o sofrem, um enunciado para
Praça da Bandeira, iim dLi Morreu !... solver estes problemas. nada. Ou melhor, ela teve um inconformismo sadio do au- os que pensam e uma mensa-
agosto de 1967, 4 horas da Chamado o «rabecão» para De que adiantam as vota- direito, o direito de moirer. tor. De suas páginas emana gem jara os que lutam :
buscar o corpo, que ficou ali ções ? Morrer de fome...
tairde. De que adiantam as pro-
até a noite, o médico a exami- n-i essas políticas ? \
A mulher mal vestida pára na. Dá o diagnóstico: não De que adianta termos es- «A liberdade é meu clarim de guerra,
no ponto de taxi, e, com vo;; morreu de mal-súbito, não aipa- perança, termos fé, esperar- eu sou, no meu viver amplo e sem véus,
rentava nenhuma doença que Revoltemo-nos! Não se pode
trêtaula pede a um chofer mos que algo de bom prove- continuar assim! É preciso como os caminhos soltos pela terra !
Ciue lhe pague algo para co melhor, portava a doença que nha daí ? como os pássaros livres pelos céus !
aflige a humanidade. Ela so- que todos os homens, de todos
mer. Explica que há três Nada... nada... não adian- os países, de todas as raças,
dias não coloca nada na boca. fria fome... Ela morreu Sinto-a viva em meu sangue, palpitando,
de fome... ta nada, absolutamente nada! de todos os credos se unam!
O chofer vendo a penúria o A mulher que morreu de Se unam em um grande laço seja utopia, seja ideal... — que importa?
a extrema miséria em que ela Incrível, na Praça da Ban- fome teve esperança. Teve fé. fraternal, ufn laço humano, quero viver por esse ideal lutando !
:;e encontra, sente-se compa- deira, às 4 horas da tarde, Teve confiança. Mas não te- de amigos, para que juntos, quero morrer, — se essa utopia é morta !»
decido, e faz algo dentro de uma mulher morre de fome ! ve oportunidade. Oportunida- lutando contra a miséria que
nuas possibilidades. Pouca Em plena cidade de São Se- (Je alguma '^e se salvar. Não se alastra pelo mundo acon- Ê assim o verbo lírico e eandente de J. G. de Araújo,
coisa. Paga-lhe um café. bastião do Rio de Janeiro, podia apelar para nada. A teça menos isto... .grande arquiteto da poesia social.
uma mulher morre de fome ! sociedade lhe negava tudo. P. Catallo
A mulher se dirige para a Creio que depois desta no- ... que outra mulher não
tícia, nada mais precisa ser JSTão teve a oportunideide morra de fome !
praça. Senta-se em um banco,
e deposita em seu colo um dito. Não sé precisa falar das
embrulho. Um embrulho contradições da sociedade.
AGRADECIMENTO AOS SOLDAOINHÜS VIETCONGS
(Diante de lun clichê, nos jornais, mostrando me- Soldadinhos de 15 anos morrem por nós
ninos de 10 a 15 anos, armados, em luta contra o soldadinhos que não são de chumbo, nem de brinquedo,
invasor norte-americano). soldadinhos que lutam de verdade
cuja infância desembocou na tragédia monstruosa
Inédito de J. C. de Araújo Jorge que está em toda parte, e a quem ninguém pode fugir
sem sair de seu povo.
Faleceu Do outro lado do mundo
morrem por nós.
■,
, Não sobrassaram livros, não encontrarcun namoradas,
não fizeram planos para o futuro
ANTÔNIO Tão pouco sabemos de sua terra molhada não conhecem a palavra sonho
de seus arrozais amarelos como a pele de sua gente, a palavra amor,

triste NUNES de suas serras agressivas como baionetas-caladas,


de seu povo que antes, cruzava as pernas
nos quietos pagodes de bambu, em pacientes peregrinações
mas, em compensação manejam canhões anti-tanques,
tocaiam armadilhas pelas selvas,
e arrastam-se como ofidios, com a lâmina do ódio

notícia
Profundamente comovidos nos deixa aos 73 anos de ida-
ao Nirvana.
Agora, o Nirvana cai do céu, de estranhos
Pássaros metálicos
entre os dentes.
Do outro lado do mundo
morrem por nós.

numa cega postura de ovos de fogo ;


devemos registrar o faleci- de, foi um anônimo e incan- já não são bonzos, já não podem cruzar as piernas: Nem todos nos apercebemos disto. .
mento do nosso velho amigo sável batalhador dia liberda- precisam delas para correr, ninguém sabe para onde, Sinto isto na carne como "Mm estilhaço de granada
e companheiro, Antônio Nu- de, que, (segiuido depoimen- precisam delas para marchar, de qualquer jeito. encravado, a doer !
nes, que deixou de existir no to familiar) em pleno delírio Não é pois, por acaso, que um poeta ^
dia 13 de outubro p. p., al- da febre imprecava contra o Do outro lado do mundo Antecipa este agradecimento
gruns dias depois de Iiaver so- • fascismo. morrem por nós: \ 4 uma lalavra sem importância que não chegará certamente
frido um violento derrame Com a morte dele «Dealbar» tão longe, ^
cerebral. > perde um grande companhei- soldadinhos amarelos que imprevistamente — solitária e solidária — .. '
Este doloroso acontecimen- ro,, um bom amigo e um as- brotaram da terra calcinada, mas que um dia talvez possa ser cantada
to nos surpreende bastante síduo contribuinte. — já nasceram' soldados do vento da terra numa hora que virá.
porque só viemos a saber da A seus irmãos, José Ma- entre gemidos de companheiros, '
gravidade do seu estado, mo- noel e Salvador, à sua esposa sem ouvir o próprio choro Se não tiver que ser fundida
mentos antes do seu faleci- e filhos, as nossas mais sen- abafado pela metralha. „ e posta na agulha do fuzil.
mento. Antônio Nunes, que tidas) condolências.
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os NOSSOS ARTISTAS
LABOBATOBIO talento que promete, domi- atitude, numa boa criação do balho sóbrio no papel do
, DE ENSAIO nando com segurança um pa- personagem. Luiz Coelho Bonzo, apesar de entrsu: na
pel extenso e difícil. Luiz C. Neto, como o vendedor, con- peça nos últimos dias de en-
Os frequerytadores mais as- La False, como o gerente, ou- tinua nesta peça se revelan- saios, completa o elenco que Bcdii,'io e AdniniMcitto
Kua HUIMM de Olivciia. S5
síduos do Laboratório de En- tro estreante, que entrou pa- do um ator talentoso e tran- evidentemente aprimorará o ..=::: CarKtfonitnci»: Caixa pMtaJ 5799
saio, do Centro de Cultura ra a peça na semana da qüilo. Cuberos Neto, como o espetáculo em apresentações Slo Pauio

Social, gozaram do privilégio apresentação. Demonstrou ta- g^eneral. Sua presença impri- sucessivas, corrigindo imper-
Ano 2 - Número 10 DEZEMBRO DE 1967 — Preço NCP$ 0,20
de assistir no dia 27 de outu- lento e se deixou transpare- primiu força ao espetáculo, feições em pequenos detalhes
bro p. . à apresentação da pe- cer em alguma oportunidade seja pelo próprio persona- que só o observador mais
ça «Zoo History», de Edward que não tinha domínio com- gem, seja pela interpretação, acurado pode notar.

Autoritarismo
Albee, cujos personagens pleto do texto soube com cujo domínio e segurança con- Noutra oportunidade fala-
Jerry e Petter foram repre- tranqüilidade impressionante tagiou todo o elenco. E Luiz remos sobre o texto, que con-
sentEuJos respectivamente por valorizar cada palavra, cada Antônio Lopes com um tra- sideramos importante.
Ibsen Wilde e Odilon de Sou-
za. Trabalho de inteiT)retação
de nível profissional no mais
elevado sentido, valorizado (continuação do número anterior)
por debates que se seguiram
à apresentação da peça, com Os traços sádicos e masoquistas são provavelmente
a participação dos intérpre- encontrados em toda a gente. Num dos extremos há indi-
tes. A direção foi de Ibsen víduos cuja personalidade toda acha-se dominada por esses
Wilda traços, e no outro aqueles em quem esses traços não são
( OS GUEBBEIBOS característicos. Só ao discutir os primeiros é que podemos
Finalmente deu-se a es- falar de um caracter sadomasoquista. O termo «caráter»
tréia da peça «Os Guerrei- ó aqui usado no sentido dinâmico empregado por Freud.
ros», de Kopezky, ainda que Neste sentido, refere-se não apyenas à soraa total dos pa-
em caráter de ensaio, dia 28 drões de comportamento caracteristicos de uraa pessoa,
de outubro p. p. como aos impulsos dominantes que motivara esse corapor-
Embora ressentindo-se de tamento. Desde que Freud presumiu que as forças motiva-
alguns senões, causados pe- doras básicas eram sexuais, chegou a conceitos como os
los mesmos motivos que de- de caracteres «oral», «Anal» ou «genital». Como não parti-
termínaraun o adiamento da lhamos dessa suposição, somos obrigados a conceber tipos
estreia — tais como substi- de caráter diferentes; o conceito dinâmico, contudo, per-
tuição de atores à última ho- manece o mesrao. As forças impulsoras não são necessa-
ra e outros de ordem técnica riamente conscientes como tais a uraa pessoa que se acha
— o espetáculo ao seu final dominada por elas. A pessoa pode estar inteiramente do-
foi calorosamente aplaudido minada por seus anelos sádicos e conscientemente crer que
de pé pelo público que super- está motivada por seu sentimento de dever. Pode até não
lotava o pequeno teatro de cometer nenhum ato sádico ostensivo, mas suprimir seus
arena do Laboratório. Aplau- impulsos sádicos suficientemente para fazê-lo aparecer
sos provocados principalmen- coma alguém que não seja sádico. Não obstante, uma aná-
te pelo valor do texto, tanto lise mais cerrada de seu comportamento, suas fantasias,
mais sentido pelo público na sonhos e gestos mostrará os impulsos sádicos atuando em
medida em que os atores me- camadas mais profundas da personalidade dela.
lhor transmitiam a vivência Malgrado o caráter das pessoas era que predominara
dos personagens. Waldyr
Kopezky, sendo o autor e o os impulsos sadomasoquistas possa ser classificado como
diretor da peça, incumbiu-se sadomasoquista, essas pessoas não são forçosamente neuró-
do ptópel principal, do intelec- ticas. Depende, em grande parte, das tarefas especiais que
tual. Iniciou bastante nervo- as pessoas têm de realizar em sua situação social e de
so, afirmando-se depois, con- quais são os padrões de sentimentos e comportamento pre-
tribuindo para valorizar sua sentes em sua cultura, para se saber se um determinado
interpretação a afinidade que tipo de estrutura de caráter é «neurótico» ou «normal». Em
como autor tem com o perso- verdade, o caráter sadomasoquista é representativo de con-
nagem. Farias Magalhães, sideráveis parcelas da classe média inferior da Alemanha
como o homem australiano, Da esquerda para a direita, em cima: Luiz C. La False, Fatrias Magalhães, e de outros países europeus, e é, consoante raostraremos
bom, com uma interpretação adiante, aquele sobre o qual a ideologia nazista exerceu
tranquiUi. Dinah Kruse, como Waldyr Kopezky, IAúX Antônio Lopes. Em baixo: Luiz OoeDio Neto, Cuberos Neto maior fascínio. Visto o nome «sadomasoquista» estar asso-
Chila, a secretária, estreante, ciado a idéias de perversão e neurose, prefiro falar do ca-
surpreendeu, demonstrando e Dinah Knise, o elenco de «OS GUERREIROS». ráter sadomasoquista, especialmente quando não se refere
à pessoa neurótica mas à norraal, corao sendo o «car&ter
autoritário».
Esta terrainologia justifica-se porque a ipessoa sado-
O SOLIDARISMO NA VIDA masoquista sempre é assinalada por sua atitude face à
autoridade. Ela admira a autoridade e mostra-se inclinada
a submeter-se a esta, mas, ao mesrao tempo, deseja ser,
SOCIAL BRASILEIRA ela mesraa, uraa autoridade e fazer com que os outros se
lhe submetam.
J>lo6 entretuilmentõs to de relações, que, de pes- ra também .se desenvolvem Há outra razão para escolher esta denominação. O
proveitosos soais passam a tomar pro- atividades praticadeis como sistema fascista chama-se a si mesmo de autoritário por
Entre as organizações de porções coletivas, não só den- passa-tempo («hobbys»), co- causa do papel dominante da autoridade em sua estrutura
Iniciativa particular surgidas Na tecitura do convívio tro do País, mas através das mo os cultivadores de rosas política e social. Pelo nome «caráter autoritário» suben-
livremente, sem a interven- social há atividades que sen- fronteiras de todos os qua- do qualidades raras, promo- tendemos o que êle representa na estrutura de personali-
ção do Estado incluem-se do praticadas com objetivos drantes, concretizando-se em vendo exposições. dade que constitui as funções humanas do fascismo.
também atividades que envol- de entretinimentos, passa- organizações de existência Há núcleos ativos de culti-
vem incumbências do Estado, tempo, ou, usando um desses permanente, em cujas ativi- vadores de flores que se têm Antes de prosseguirmos no exame de caráter auto-
tanto no âmbito nacional co- estrangeirismos muito em dades incluem a realização de ultimamente destacado pela ritário, cumpre esclarecer o têrrao «autoridade». Autorida-
mo estadual e municipal, ou, moda — como «hobby», che- exposições periódicas e de sua atividade — os orquidó- de não é uma qualidade que uma pessoa «tem», na acep-
mais positivamente, que sa gam a tomar feição utilitária. congressos nacionais com in- filos, com organização pró- ção em que possui qualidade físicas ou bens materiais. A
relacionam com os serviços tervenção nos internacionais. pria, promotora de exposições autoridade refere-se a uma relação Interpessoal era que
públicos. São essas atividades exerci- uraa pessoa vê outra corao seu superior. Há, no entanto,
das não profissionalmente, que constituem mostras en-
Essas agrupações assumem Em São Paulo existe um cantadoras pela raridade e be- uma diferença fundamental entre o tipo de relação de su-
mas em horas vagas, exigin- perioridade-inferioridade que pode ser chamada autorida-
modalidades diversas, não do preocupações, trabalho e numeroso e ativo núcleo de leza dos esptécimes que exi-
apenas em suas finalidades, filatelístas, muitos dos quais, bem. de racional e o que pode ser descrito como autoridade ini-
despesas, sem outra compen. bidora.
mas também em suas estru- sação senão a satisfação pes reunem-se, aos domingos, Ainda recentemente, os or-
turas. Umas tê!m caracter per- soai que proporciona a seus numa das praças mais cen- quidófílos do Brasil partici- Um exemplo mostrará o que tenho em mente. A re-
manente e outras sáo de executores. trais da cidade (Praça da Re- param da III Conferência In- lação entre professor e aluno e a entre o dono de escra-
existência transitória; umas pública), para a permuta de ternacional de Orquídeas. Tal vos e seu escravo baseiam-se, Eunbas, na superioridade de
têm por incumbência estudar Entre essas atividades po selos e troca de impressões a o desenvolvimento desta ati- um sobre o outro. Os interesses do professor e do aluno
os problemas de interesse co- dem ser citadas a numisma propósito de suas atividades. vidade que já existem possi-
letivo e sugerir às institui- têm direção coincidente. O professor fica satisfeito se con-
ti ca e o filatelismo, cuja ori- Sem que sejam praticadas bilidades de ganho. segue aperfeiçoar o aluno; se não o consegue, o fracasso
ções devidas medidas a serem gem vem do tempo de anta propriamente com esse obje- Todas essas atividades são é dele e de seu aluno. O dono de escravos, pelo contrário,
postas em prática em benefí- nho. tivo, essas duas modalidades desenvolvidas pela iniciativa
cio de bairros, subúrbios ou quer explorar o escravo tanto quanto possível; quanto
Parecendo constituírem de entretenimento, consti- particular, sem a intervenção mais tirar dele, tanto mais satisfeito ficará. Ao mesmo
cidades, ou, ainda, de logra- preocupações banais, além de tuem um veículo de pesqui- do Estado, que só se apre-
douros públicos, bem como tempo, o escravo procura defender ao máximo seus anseios
entretenimento, servem igual- sas de interessantes elemen- senta como o «bicho-papão»... por um mínimo de felicidade. Estes interesses são decidi-
indicar reparações a fazer e mente de elemento de sociabi- tos históricos.
melhoramentos a serem exe- damente antagônicos, pois o que é vantajoso para um pre-
lidade, com o estabelecimen- — No campo da floricultu- EDGARD LEVENROTH judica o outro. A superioridade tera uma função diferente
cutados em serviços públicos.
Para esses fins as socieda- nos dois casos: no primeiro, ela é a condição para o auxi-
des dos Amigos das Cidades lio à pessoa sujeita à autoridade; no segundo, é a condi-
ou de bairros e de subúrbios ção para sua exploração.
são agora comuns. Já se tra-
ta de constituir a Federação
das Sociedades dos Amigos
O HOMEM... UM AUTÔMATO?! A dinâmica da autoridade, nestes dois tipos, é dis-
tinta também: quanto mais o aluno aprender, raenor será
a distância que o separa do professor; êle ficará cada vez
dos Bairros. mais semelhante ao professor. Por outras palavras, a re-
Em suas finalidades essas lação autoritária tende a desvanecer. Porém, quando a su-
sociedades não incluem intui- Por ROBERTO COSTA filme «Tempos Modernos». que havia era o artesanato. perioridade serve de base à exploração, a distância vai-se
tos políticos ou religiosos. Naquela situação, seu perso- Um homem que trabalhasse, intensificando era toda sua longa duração.
— Com intuito de existêii- Máquinas, máquinas, má- nagem é um operário de uma por exemplo, com calçados,
cia efetiva, existem, em cer- quinas. Alavancas, engrena- grande fábrica, integralmen- fazia um sapato do princípio A situação psicológica é diferente era cada uma des-
tas cidades do interior, orga gens, porcas e parafusos. te condicionado, totalmente ao fim. Realizava-se com seu tas situações autoritárias. Na primeira prevalecem elemen-
nizações de Bombeiros Vo- Nas grandes capitais e nos alienado à sua restrita fun- trabalho e sentia-se útil. Ho- tos de amor, admiração ou gratidão; a autoridade é, si-
luntários, que prestam servi- centros industriais moderni- ção na gigantesca empresa. je, o operário de uma fábrica multaneamente, um êmulo com quem a pessoa quer iden-
ços onde não há corpos de zados, é atribuída à máquina Tudo isso num clima bem é apenas uma pequena peça tificar seu eu, parcial ou inteiramente. Na segunda situa-
bombeiros municipais ou es- uma importância cada vez engraçado, mas que faz o es- de uma complexa engrena- ção formar-se-á ressentiraento ou hostilidade contra o ex-
taduais. maior. Um cérebro eletrôni- pectador sair do cinema e gem. E o que se vê são ho- plorador, pois subordinar-se a êle contraria os interesses
— Existem também socie- co, após ser adquirido por pensar no assunto. mens se ocupando 8 horas du- próprios da pessoa. Muitas vezes, contudo, como no caso
dades dos Amigos das Árvo- alguma empresa ou estabele- É por esse serviço em que rante o dia em fazer ranhu- do escravo, este ódio só leva a conflitos que submetera o
res, cuja finalidade está ex- cimento bancário, vem, de o operário se aliena total- ras para determinado tipo de escravo a sofriraentos sem possibilidade de vitória. Por
pressa em sua deriominação. imediato, substituir dezenas, mente é que estamos diame- roldana. Ou mulheres pas- conseguinte, a tendência será geralmente peu-a reprimir o
— Além dessas organiza centenas de homens. E o que tralmente contra. A pessoa sando o dia inteiro fazendo sentimento de ódio e, às vezes, até mesmo para substitui-
ções de caráter permanente, acarreta com isso? Um pro- não se realiza com seu traba- «casas» para botões. lo por um de adrairação cega. Esta tem duas funções: 1',
há as que se formam para blema de desemprego que lho. Não constrói nada. O ho- Não vai nesse artigo ura afastar o perigoso e doloroso sentimento de ódio; 2', ame-
. atender a certas necessidades está se revelando cada vez mem necessita de um empre- protesto contra o progresso. nizar o sentimento de humilhação.
^ emergentes de serviços pú- mais grave. E o homem vai go onde êle se sinta satisfei- Isso seria inconcebível. Pen- Se a pessoa que manda era mira é tão maravilhosa
blicos, como reparação de assistindo, perplexo, à uma to, onde êle possa criar algu- samos apenas que o proleta- ou perfeita, eu não devo ter temta vergonha de oliedecer-
pontes, abertura ou limpeza transformação em que êle, o ma coisa, ver o fruto do seu riado deveria participar um Ihe. Não posso ser seu igual porque ela é muito mais forte,
de caminhos e estradas, ar- senhor, o inventor da máqui- tiabalho. Nêtese trabalho êle pouco mais das finalidades da sábia, raelhor etc. do que eu. Em conseqüência, no tipo
ranjos de logradouros públi- na, toma-se vítima de sua vai colocar amor, carinho, de- empresa em que trabalhasse. inibidor de autoridade o elemento, quer de ódio ou de su-
cos etc. própria inteligência, passan- dicação. E o homem do sécu- Nunca fazer seu serviço co- perestima ou admiração irracional pela autoridade, tende-
Nessa obra de cooperação do à condição de servo e lo XX carece dessa sensação mo um autômato, sem sal>er rá a intensificar-se. No tipo racional de autoridade, êle
espontânea e livre sem obje- tornando-se um verdadeiro es- de criação. Em seu incons- por que e para que. tenderá a descrever na razão direta do grau com que a
tivos de remuneração para a cravo dos mais variados «ca- ciente, êle se julga um inútil, pessoa submetida à autoridade vá-se tomando mais forte
execução de serviços é, em prichos» da máquina. um elemento perfeitamente Alguns psicólogos, inclusi- e, por isso, mais semelhante àquela.
muitos casos, usado o muti- Toda essa problemática é dispensável ou Rubstitulve^ ve, explicara essa sociedade
rão, velho sistema de ajuda magistralmente exposta pelo Na Idade Média, em vez alienada era que viveraos, (continua no próximo número)
mútua, tradicional na vida genial Charles Chaplin, em dessa produção em massa de através dessa automatização
rural. termos de comédia, era seu nossas indústrias atuais, o de que somos \^timas.

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