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NOVA EDIÇÃO
COM CARTAS /
COLORIDAS

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NAVEGAOAOAVISUAU
ESTIMADA
mmrm HtusRoos
índice
A Navegação Aérea 1
A Terra e seu gradeado 4
Operações angulares 8
Posição, Direção e Distância 12
Ortodromia e Loxodromia 16
Projeções 18
Proa, Rumo e Rota 22
Magnetismo terrestre 24
Pé-de-galinha 28
Instrumentos da aeronave 32
Estudo do Tempo 39
Perfil de subida e descida 45
Regime de cruzeiro 54
Computador de Vôo 58
Exercícios no Computador de Vôo 79
Provas de Navegação 84
Gabarito das provas 99
Solução da parte prática das provas 16 a 20 100
Introdução à Navegação Rádio 108
Abreviaturas e siglas usadas 110
Cartas Aeronáuticas 111
Cartas WAC para utilizar nas provas 116

ATENÇÃO
As cartas e dados utilizados nas provas deste livro NÃO deverão
ser utilizados em vôos reais, pois para isto devem ser utilizadas
cartas mais atualizadas. Prestam-se somente ao treinamento para
prestação de provas junto à ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).
V J

Este livro está de acordo com o programa da ANAC.

Pedidos pelo telefone: (11) 2979 3876 - São Paulo / SP


ou pore-mail: titusroos@uol.com.br
Sobre o autor
^^^^ itus Roos é daqueles sujeitos intrigantes. Bigode, cara fechada e sem
È muito papo. Porém, basta colocá-lo em frente a uma turma de alunos que
*^* ele muda completamente —bem, na verdade o bigode continua lá. Nesse
momento, ele se torna um senhor professor. O cara faz um assunto complicado
parecer moleza. Estica o dedopara lá, revela uns macetes de matemática e pronto:
você aprende. Parece mágica, mas ofenômeno também é conhecido como didática.
Numa explicação mais simples eu diria que ele sabe ensinar como ninguém!
Atuante na área de navegação aérea desde 1971, quando ingressou na FAB
(Força Aérea Brasileira) como controlador de tráfego aéreo, ele acompanhou
de perto a evolução da aeronáutica. Ainda na FAB como encarregado da SIAT
(Seção de Instrução e Atualização Técnica), elaborou cursos de especialização
para profissionais da área. Depois, em 1980, no ramo da aviação civil, tornou-se
coordenador de cursos do Aeroclube de São Paulo, acompanhando dezenas de
milhares de alunos, entrepilotos, comissários ou mesmo instrutores de vôo.
Sua obra é a publicação de navegação aérea de maior aceitação no Brasil. Os
principais aeroclubes, escolas e universidades de ciências aeronáuticas adotam.
Além de atualizado, o livro apresenta didática única. Como nos cursos
especializados, ele ensina o aluno deforma objetiva, seja ele umfuturo piloto de
helicópteros ou de aviões. A edição traz também as dicas reveladas em sala de
aula e 20provas completas (nopadrão da ANAC, a Agência Nacional de Aviação
Civil). ('No livro de PP os exercícios são todos resolvidos, passo a passo, ensinando
os segredos para cada situação ", revela o professor.
Agora, passe logo para a outra página para aprender navegação aérea
de verdade.
Darius Roos
Jornalista e "filho coruja "

Obras do autor:
• Navegação Visual e Estimada -15a Edição
Piloto Privado "Dedico esta obra a
• Navegação Rádio - 8a Edição CONCY, minha esposa.
Piloto Comercial e IFR

PROIBIDA a reprodução, total ou parcial,


sem a expressa autorização do autor. Editoração Eletrônica
Registro 13.683/89
Biblioteca Nacional do Livro Dawis Roos

^Ü|
ANavegação Aérea
INTRODUÇÃO minar em qualquer deslocamento per
Desde os princípios da civilização, o manecem os mesmos. O importante é
homem tem procurado solucionar pro descobrir constantemente o local ocupa
blemas de deslocamento entre dois do em relação à superfície terrestre e
pontos e, para obter sucesso, utiliza como se dirigir a outro ponto.
va normalmente refe
rências tais como rios,
córregos, árvores,
pedras, montanhas,
cavernas e outras
que permitiam-lhe
arriscar, gradati-
vamente, explo
rações da região
que o circunda
va. Nascia as
sim o primeiro
navegador da
humanidade.
Posteriormente
observou que
os astros da
abóboda ce
leste (princi
palmente o
Sol), poderiam
ser úteis na de NAVEGAÇÃO AÉREA
terminação da direção A palavra navegação é de origem lati
a seguir e até na estimativa de posi na, "navis" que significa embarcação,
ção geográfica ocupada, originando o e "agere" que significa locomover-se.
processo de navegação conhecido Poderíamos definir navegação aérea
como celestial. como sendo a ciência que possibilita a
O homem continuou evoluindo e gra um navegador conduzir uma aeronave
ças à sua inteligência, iniciou a constru no espaço, levando-a de um ponto a
ção de máquinas para se deslocar, in outro. Implicitamente verificamos que,
ventou instrumentos, estudo a Terra e a pela definição, navegar implica em de
atmosfera, criou sistemas para facilitá- terminar constantemente dois elemen
lo nestas tarefas expedicionárias, espe tos fundamentais, quais sejam: LOCA
cificou padrões e etc. Surgem processos LIZAÇÃO e ORIENTAÇÃO.
sofisticados que visam a perfeição e, evi
dente, minimizam cada vez mais o es PROCESSOS DE NAVEGAÇÃO
forço mental e físico do navegador. Para determinação dos dois elementos
No entanto, se nos detivermos a uma básicos: posição em relação à superfície
análise, verificamos que aos navegado terrestre e direção a seguir, o navega
res da antigüidade e aos atuais, os ele dor poderá se valer de diversos meios
mentos básicos que procuravam deter ou processos, a saber:
m
a) Navegação Visual, por Contato ou gráfica e orientação de uma aeronave,
Praticagem (figura abaixo) por meio da interpretação de mostrado-
É aquele em que se utiliza referências vi res no painel, da direção de ondas de
síveis na superfície terrestre, tais como rádio emitidas por estações terrestres de
estradas de ferro, de rodagem, lagos, rios, posição conhecida. Como exemplo de
montanhas, ilhas, cidades, vilas, etc. É o estações rádio temos as "broadcasting",
mais utilizado pelos principiantes da avi rádio-farol, etc.
ação e se caracteriza principalmente por
9
não ser necessário o uso de instrumen d) Navegação Eletrônica
tos de bordo no deslocamento. Baseada em equipamentos eletrônicos
Na navegação visual os pontos de munidos de computadores. Como 9
destaque na superfície terrestre loca exemplo temos o Sistema InerciaJ_
lizam e orientam uma aeronave con (INS = Inertial Navigation System),
forme a figura abaixo. Doppler e Ômega. S
9
MONTÀNUAS
9

9
b) Navegação estimada e) Navegação Astronômica
Neste processo a condução da aeronave ou Celestial
vale-se do uso das indicações de três ins Processo bastante conhecido pelos ma 9
trumentos de bordo: bússola, velocíme- rítimos onde as referências são astros
tro e relógio, considerando-se a direção da abóboda celeste que, visados com
e distância voadas a partir de um ponto sextantes, fornecem posição de um ob
de referência conhecido. Este método é o servador na superfície terrestre.
básico de todos os outros mais sofistica
f) Navegação por Satélite 9
dos e objeto principal do nosso curso.
Sistema que se baseia em 24 satélites
c) Navegação Rádio colocados em órbita de 12900 milhas náu
ou Radionavegação ticas, iniciado em junho de 1977. Utiliza
Consiste em determinar a posição geo- os princípios aplicados às navegações
9


celestial e eletrônica e sem dú- i eixo Y
vida será o sistema de navega- 6 >
ção do futuro.

SISTEMA DE
COORDENADAS PLANAS B
A padronização do sistema que
JP*
permite facilmente a localização
e orientação, fez com que o ho
mem imaginasse um sistema de
A
gratícula ou gradeado sobre
IP*
uma superfície plana. Teríamos
assim linhas verticais e horizon
1
tais cruzando-se num ângulo de
eixo X
90 graus e mantendo estas li
nhas paralelismo e distâncias 0
iguais. Partindo-se de dois ei
xos arbitrários "X" e "Y" e numerando- Coordenadas planas:
se todas as linhas coerentemente, veri ponto A (1, 2)
ficamos que qualquer ponto deste plano ponto B (3, 4)
poderá ser expresso matematicamente ponto C (6, 3)
por dois algarismos. Esta representação
chamamos de coordenadas planas.
Mas ao navegador importa, além da horário, a partir da direção de referência
localização, determinar orientação (dire até a direção pretendida.
ção a seguir) entre dois pontos quais Devemos notar que este sistema de
quer. Pode-se imaginar que as linhas localização e orientação foi criado sobre
verticais, sentido de baixo para cima, são uma superfície plana, mas o navegador
áp^
direções de referência, e assim qualquer irá fazer vôos em torno da Terra, que
direção tomada neste plano formará com sabemos ser esférica. Aí teremos outro
a direção de referência um valor angular sistema de gradeado, parecido mas não
compreendido entre 000° e 360°, ou igual ao estudado nesta página, confor
l-P seja, o ângulo será medido no sentido me veremos no capítulo seguinte.

ãtèh Direção AB = 045°


Direção CD = 252°

Observação: direção não é


propriamente um ângulo,
mas este pode ser utilizado
ra expressar um sentido de
#s eslocamento.
ATerra e seu gradeado
A superfície terrestre é de forma
Polo Norte
irregular, com elevações e de
Verdadeiro
pressões e também apresenta
sentido de
um achatamento nas regiões po
rotação
lares que ocasiona uma diferen
ça entre os diâmetros medidos
entre os pólos e no sentido per
pendicular a este, num valor
aproximado de 43 quilômetros.
Entretanto, como estas dife
renças de cota e diâmetro, se
comparadas ao tamanho da su
perfície terrestre, são conside
radas desprezíveis, para efeito
de navegação consideramos a
Terra uma esfera.
Também é de conhecimento Polo Sul

que a Terra gira em torno de Verdadeiro

um eixo imaginário (chamado


polar ou terrestre) num movi
mento de rotação, realizado no senti gradeado na superfície terrestre será por
do anti-horário, se considerarmos a vi intermédio de círculos. Temos duas es
são do Polo Norte. pécies de círculos que podem ser
Aos lugares formados pela intersecção contruídos numa esfera:
do eixo polar com a superfície terrestre CÍRCULO MÁXIMO - formado numa
chamamos de pólos geográficos ou ver esfera por um plano que a divide em
dadeiros. Temos o Polo Norte Verdadei duas semi-esferas iguais. Sendo assim,
ro e o Polo Sul Verdadeiro. o plano passa pelo centro da esfera, fa
Dados estes elementos, vamos verifi zendo com que o raio e centro do círcu
car que o melhor modo de fabricar um lo são os mesmos da própria esfera.

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CÍRCULO MENOR - formado por um plano que NÃO passa pelo centro da esfe
ra, dividindo-a em duas partes desiguais.

planos que não passam


pelo centro da Terra

Com estes círculos, máxi


mos e menores, formare
mos um sistema de gra-
tícula na superfície terres
tre que facilitará a deter
minação dos dois elemen
tos básicos: localização e
orientação.

Linha do Equador - É um
círculo máximo formado
por um plano perpendicu
lar ao eixo polar, que divi
de a Terra em dois hemis
plano de um
férios chamados Norte
paralelo
(N=North), acima do Equa
dor, e Sul (S=South), abai
xo do Equador.

Paralelos de Latitude ou
•—fe
Paralelos -Tao os^cfrculos
formados por planos para
lelos ao plano do Equador.
Devemos concluir que
formaremos infinitos para
lelos de latitude, sendo que
o Equador é o único parale
lo que é um círculo máxi
mo, todos os outros são cír
culos menores. plano do
Equador

jfíS
I
Meridianos de Longitude ou Meri
dianos - são semi-círculos máximos, li
mitados pelos pólos, cujos planos que os
formam contém o eixo polar.

Meridiano de Greenwich, Zero, de Ori


gem, Primário ou Primeiro Meridiano
- é o meridiano que passa peJoJ_aborató- n
rio Naval de Greenwich (Inglaterra).

Meridiano 180° - é o meridiano que


está oposto 180° ao Meridiano de
Greenwich.
O círculo máximo formado pelos Meridiano
de Greenwich e 180° divide a Terra em
dois hemisférios, chamados de Oeste
Meridiano de
(W=West) e Leste ou Este (E=East).
Greenwich

Meridiano 180
Sendo assim, podemos ter uma visão de
gratícula ou gradeado formado imagina-
riamente no globo terrestre pela Linha
do Equador, paralelos e meridianos.
É importante observar que:
• os meridianos são convergentes do Equa
dor para os pólos, onde se encontram;
• os paralelos mantém entre si um mes
mo afastamento;
• os meridianos e os paralelos se cru
zam num ângulo de 90°;
• o cruzamento de um paralelo e um
meridiano define um ponto chamado de
ponto geográfico.

Linha do
Meridiano de -—. ponto A
Equador Greenwich

Latitude de
COORDENADAS GEOGRÁFICAS A = 45°N
Todo paralelo e meridiano (linhas) te
rão a sua posição geográfica informa
plano do Equador
da através de valores angulares. Es
tes valores angulares, acompanhados
de letras designativas de seu hemis Latitude de um ponto - é o ângulo de
fério, nos fornecerão as coordenadas finido pelo arco de meridiano que parte
geográficas, expressas em graus (°), do Equador ao ponto considerado. E fácil
minutos ('), e segundos ("), sendo que observar que as latitudes assumem valo
Io = 60' e l ' = 60". res entre 00° até 90° para Norte ou Sul.

u ^ s
<c

Longitude de um ponto - é o ângulo


definido pelo menor arco de paralelo que -Xj /xX^W^-
parte do Meridiano de Greenwich
ao ponto considerado. Verificamos Greenwich
que as longitudes assumem valo
res entre 000° e 180° para Este
ou Oeste. Os graus inteiros de lon
gitude são informados sempre com Longitude de
três algarismos, e os minutos e se B = 080°W

gundos com dois algarismos.


Devemos ressaltar que em al
gumas situações as letras dos he- ponto B plano do
misférios devem ser omitidas.
Meridiano de
Como exemplo a latitude de um
Greenwich
ponto que está sobre a Linha do
Equador: latitude 00°. Outros exemplos
seriam um ponto no Meridiano de
Greenwich: longitude 000°, ou no
Meridiano 180: longitude 180°.

Conclusão: Um ponto

' COOjgíí, JS6TS geográfico na superfície


terrestre (cruzamento de
6R££H\ um paralelo com um
meridiano) é informado
através das coordenadas
geográficas (latitude e
longitude, nesta ordem),
MERIDIANOS pmuu.êios£5. sendo que a latitude é
medida sobre um arco de
meridiano e a longitude é
medida sobre um arco de
paralelo. Abaixo coloca
mos alguns exemplos da
maneira com que normal
mente expressamos a
posição de um ponto.

CERTO ERRADO
a) 10°25'30"S - 067°35'28"W d) 33°48'15" - 005°56'20" (faltam as letras)
b) 55°43'N - 089°10'E e) 11° S - 185° E (não existe esta-longitude)
c) 00° - 000° f) 45°65'N - 133° 80'W (os niinutos^segundos
não podem passar de 59)

O' ^r
M^1
\-JfrJu ^fe^-Q "g= Cp j ffr^Q

\c.—
Operações Angulares ^^V. a A IA
/f>^U
Alguns problemas de navegação exigem
LATV
cálculos envolvendo latitudes e longitu
des de dois pontos. Estes cálculos são
apresentados a seguir:
Diferença de Latitude (DL ou DLA)
eTítrendoís^põntos - é o ângulo definido
pelo arco de meridiano que une os para
lelos dos pontos dados.

Exemplo 1 ^
Dados: latitude de A = 55° 40W LATr
DLA
latitude de B= 31^2S?n)
^P Solução:/pLAAB_^at/(^)LauLl
DESa7^55° 40' - 31°25' Latitude Média-(J»M) entre dois pon
DLAab = 24° 15' tos - éa~làtítude de um paralelo que está
na bissetriz do ângulo obtido na DLA
entre dois paralelos considerados, ou
DLA
ab seja, é a latitude do paralelo médio.

Exemplo 1
Dados: latitude de A = 10°22\S
latitude de B= 32°14^
Solução: LMab = [LatA^Late^
LMab = [42°36']í
LMab = 21°18<

E importante observar que não nos inte


ressa saber a LONGITUDE dos pontos.
LAT\
Exemplo 2
Dados: latitude*de c = 25°10/33'© paralelo
médio
latttuo^-o^-B-^4^28'12'^ LAT,
Solução: DLAcd = Latq
-^—DLAlu-= + 43°28/12"
DLAcd = 68°38'45 Exemplo 2
Dados: latitude de c = 45°4(í"
Deve-se observar que a DLA será o re- latitude de D = 17°2l
/
sultado da soma de duas latitudes, quan Solução: LMcd =[Lat^\atD]f(Í2)
do estas estiverem em hemisférios dife- LMcd = [45°40- 17°Z6'] :2
\rentes, ou o resultado da subtração de LMcd = [28°14'p2
duas latitudes, quando estas estiverem LMcd = 14
ío mesmo hemisfério.
Observa-se que a Latitude Média vem
acompanhada da letra designativa de

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