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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
4 a Câmara de Direito Privado

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


A r n n n à r\ ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA
ALUKÜAU REGISTRADO(A) SOB N°

*02215402*

Agravo Interno. Ação coletiva. Tutela antecipada.


Direito da parte e poder dever do Magistrado quando
presentes os requisitos do art. 273 do CPC. Prova da
verossimilhança e do risco de dano irreparável que
justifica a suspensão da exigibilidade de saldo de
apuração final dos adquirentes. A questão acerca da
legitimidade passiva não foi apreciada em primeira
instância e, por isso, não pode ser analisada pelo
tribunal. Recurso manifestamente improcedente.
Seguimento negado. Decisão monocratica mantida.
Agravo interno improvido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


AGRAVO INTERNO n° 6 2 2 . 3 3 6 - 4 / 5 - 0 1 , da Comarca de São Paulo, em que é
agravante Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo - Bancoop,
sendo agravada Associação dos Adquirentes de Apartamentos do Condomínio
Residencial Pêssego:

ACORDAM, e m Quarta Câmara d e Direito


Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por votação
u n â n i m e , negar provimento ao agravo interno.

Insurge-se o agravante, nos termos do art. 557, §


o
I , do Código de Processo Civil, contra a decisão monocratica deste relator que
concedeu a antecipação de tutela para suspender a exigibilidade de qualquer
saldo de apuração final lançado em desfavor dos associados da autora,
renovando a agravante os argumentos da inicial para a revogação da
antecipação de tutela concedida pela r^decisão agravada.
Este é o\relatório.
Ao decidir o a^gravo^ e negar-lhe seguimento,
ponderei o seguinte:
Agravo Interno nc 622 336 A/5 01 - SâS^Páulo - Voto 'i° 17 530 Alessandra
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4 a Câmara de Direito Privado

"Decido monocraticamente, nos termos do caput do art.


557 do Código de Processo Civil, para negar seguimento a recurso
manifestamente improcedente.
Tal se afirma porque é pacífica a jurisprudência no sentido
de que a antecipação de tutela deve ser concedida quando presentes a prova da
verossimilhança das alegações e do risco de dano de difícil reparação. Presentes
os requisitos legais de que cogita o art. 273 do Código de Processo Civil, a
concessão da tutela consubstancia direito subjetivo da parte, e, por conseguinte,
um poder-dever do Magistrado.
Nessa linha de raciocínio é a lição de NELSON NERY JR:
"Embora a expressão "poderá", constante do CPC 273 caput possa indicar
faculdade a discncionanedade do JUIZ, na verdade constitui obrigação, sendo
dever do magistrado conceder a tutela antecipatóna, desde que preenchidos os
pressupostos legais para tanto não sendo licito concedê-la ou negá-la pura e
simplesmente".
E é o caso porque o conjunto probatório é suficiente,
mesmo no contexto da unilateralidade própria dos provimentos liminares ou
antecipados, para suspender a exigibilidade da cobrança do rateio final pretendido
pela agravante.
Além de diversas irregularidades apontadas na
administração da ré e ilegalidade na cobrança de saldos apurados
unilateralmente, o que é notório frente à ação civil pública promovida pelo
Ministério Público e às diversas ações coletivas ajuizadas pelas associações de
adquirentes, o fato é que, no caso, não se vislumbra, ao menos nessa fase
processual, a origem da cobrança do valor pretendido pela agravante. E, por
conseguinte, surge a prova da verossimilhança que acarreta a concessão da
antecipação de tutela concedida pela r. decisão agravada.
Não se nega a possibilidade de rateio do saldo final para a
conclusão da obra. Mas não se vê, de plano, legalidade bastante quanto ao valor
pretendido, o que permite, no contexto do caso concreto, a concessão da
suspensão da antecipação da tutela para impedir a cobrança até que se apure a
liquidez, certeza e exigibilidade do saldo devedor pretendido a título de rateio final
da obra. O risco de dano de difícil reparação é notório diante as conseqüências
maléficas advindas do madimplemento.
Não se nega que, em regra, não tem esta 4a Câmara de
Direito Privado e este Egrégio Tribunal de Justiça concedido tutela antecipada
para a suspensão de cobrança de débito contratual discutido em ação revisional
ou declaratóna de inexistência dedívtdaj-como mostra a agravante em sua inicial,
o que se decide pela possibilidade de a cobrança ser julgada simultaneamente
com a revisional sem prejuízo aos adqwrentes.jDcorre, contudo, que se vislumbra
situação diversa e prejudicial aos litigantes corrido ajuizamento de ações de

Agravo Inferno n~ 622 3 3 6 - < í / 5 - 0 l \ SâçyTaUo - Voto n° 17.530 - Alessandra


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cobrança do rateio final da obra, já que, nesta ação, se apurada a legalidade do


valor pretendido, será objeto de cobrança com o afastamento da alegação de
ilegalidade do valor cobrado e apurado em assembléia.
Outrossim, é bom lembrar que a ilegitimidade passiva da
agravante ainda não foi apreciada em primeiro grau e, por isso, não pode ser
analisada pelo tribunal, sob pena de supressão de um grau de jurisdição.
Enfim, o recurso é manifestamente improcedente e, por
isso, não pode ter seguimento." (VT16.939 - fl. 873/875)
Não obstante as bem lançadas razões recursais,
adota-se o que ficou acima expendido para o improvimento do agravo interno e
para a confirmação da decisão monocrática do relator, anotando-se que
efetivamente não foi decidida a questão da legitimidade passiva de forma a
permitir que o Tribunal se manifeste a respeito.

Pelo exposto é que se nega provimento ao


agravo interno e se mantém, na íntegra, a decisão monocrática
agravada.

Presidiu o julgamento o Desembargador Enio Zuliani


e dele participaram os Desembargadores Teixeira Leite ( 2 o Juiz) e Fábio Quadros
(3° Juiz).

São PàulcvI15 de março de 2009.

MAIA DA CUNHA
RELATOR

Agravo Interno n° 622 336-4/5-01 - São Paulo - Voto n° i . 530 - Alessandra

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