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Departamento de Línguas

7º Ano | Português
Ficha de Avaliação Sumativa nº 2 | novembro | Ano Letivo 2020/2021

Lê com atenção o texto que se segue e responde às questões dos grupos I e II.

A VISITA À MADRINHA

Agora, agora mesmo quase à beirinha do sono da noite, dou comigo a colocar uma cassete
especial no vídeo da minha vida e a preparar-me para assistir a certas coisas que me aconteceram por
volta dos meus 5 anos de idade!
(...) Um dia, por alturas da Páscoa desse ano, a nossa mãe olhou para mim e para as minhas
5 duas irmãs, mais novas do que eu e, apontando apenas para mim, anunciou em voz solene: «Amanhã
vamos todos fazer uma visita à tua Madrinha!»
(...) A minha Madrinha era nossa tia-avó. Pequenina e delicada, não parecia muito preparada
para viver neste mundo. Digo isto porque andava muito devagarinho, como se tivesse medo de pisar o
chão e de ele se queixar. E passava por entre os móveis e as cadeiras, e de porta em porta, com muita
10 cerimónia, assim como que a pedir licença para passar. E o seu cabelo era só caracolinhos muito
brancos à roda da cabeça. A Madrinha morava no Porto, junto da Rua Sá da Bandeira, numa moradia
muito bonita. Quando no dia seguinte lá chegámos, a mãe e o pai, e nós três muito bem arranjadas, de
luvas e chapéu, com os ouvidos cheios de «Não façam isto, não façam aquilo»... «Portem-se bem»...
«Não batam os pés»... «Não mexam em nada»..., já sabíamos que a Madrinha estava à nossa espera,
15 pois esta visita anual era sempre anunciada com a devida antecedência. Tocámos à campainha,
alguém veio abrir a porta e pegar nos nossos casacos e chapéus e luvas, que não vi onde penduraram.
À nossa frente, num vasto chão imaculadamente branco, uma passadeira de veludo vermelho parecia
não ter fim. Lá muito ao fundo, numa sala cheia de quadros e de esculturas, e de muitos, muitos livros,
estavam a Madrinha e o Padrinho, de braços abertos. O Padrinho, o nosso tio-avô Alberto Villares, «era
20 um sábio» – dizia sempre o meu pai, «e que até era um cientista ilustre, tinha um Observatório de
Astronomia no telhado da casa, onde estudava os mistérios do céu, e que do Observatório de Paris
estavam sempre a pedir a opinião dele»..., e por tudo isto, embora ele fosse sempre muito delicado e
muito simpático para nós, eu tinha imenso medo de dizer os meus costumados disparates ao pé dele.
Ora, neste dia, ele quis saber se eu já sabia ler, e eu, sem querer, disse que sim, mas a verdade
25 é que ainda não sabia. Então, ele foi buscar um livrinho com desenhos. Em cada página havia um lindo
e colorido desenho muito grande, que tinha por baixo, escrita, o que eu já percebia que era uma
palavra. E foi assim: numa página vi uma grande maçã e... apontando com um dedo a palavra que
estava debaixo, fingi que, a muito custo, lia a palavra MAÇÃ. Na página a seguir, vi um pato e fingi que
lia, a custo, a palavra que estava por baixo: PATO.
30 Como a vida me estava a correr bem, fiquei mais calma. Até que apareceu uma página com um
desenho que era mesmo uma grande mão. Sem hesitar nem um bocadinho, apontei para a palavra em
baixo e, muito lampeira, quase gritei: MÃO! Foi uma risota. Os meus pais e os padrinhos riam com
gosto, e eu sem perceber porquê! Até que a minha mãe, devagarinho e docemente, me disse: – «Não,
filha, o que aqui está escrito não é MÃO. O que está escrito é LUVA». Fiquei tão envergonhada que
35 nunca mais me esqueci daquele momento. A seguir, já nem o lanche me soube a nada, nem o bolo de
chocolate, nem os docinhos, nem as torradinhas com manteiga, nem os rebuçados de tantas cores. E
foi nesse momento que resolvi que tinha de aprender a ler de verdade. Mesmo que ninguém tivesse
paciência para me ensinar, havia de aprender a ler sozinha! E assim foi. Sozinha e às escondidas,
aprendi a ler à minha moda, pouco tempo depois, já nos campos de um Ribatejo com extremas para o
40 Alentejo, em terras da minha mãe, onde passámos a viver. Só aos 9 anos fui pela primeira vez para um
Colégio, em Lisboa. E nessa altura já eu era tu cá-tu lá com todas as historinhas que apanhava à mão e
com toda a experiência boa que uma Natureza campestre e sábia tinha posto à minha disposição.

Maria Alberta Menéres, Contos da Cidade das Pontes, Porto, Editorial Âmbar, 2001
Grupo I

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.

1. Para responderes a cada item (1.1. a 1.5.), seleciona a opção que permite obter uma
afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que
identifica a opção escolhida.

1.1. - Com a frase «… dou comigo a colocar um cassete especial no vídeo da minha vida…»
(linhas 1 e 2), a narradora pretende dizer-nos que...
(A) antes de dormir, foi ver, no vídeo, um filme sobre a sua vida.
(B) antes de adormecer, recordou acontecimentos do seu passado.
(C) antes de se deitar, viu uma cassete sobre o seu quinto aniversário.
(D) quando adormeceu, sonhou com factos vividos aos cinco anos.

1.2. - Lê a seguinte frase (linhas 4 a 6): «Um dia, por alturas da Páscoa desse ano, a nossa
mãe (…) anunciou em voz solene…». O tom solene da voz da mãe significava que...
(A) ela ia dizer uma coisa importante.
(B) estava aborrecida com as filhas.
(C) queria ser imediatamente obedecida.
(D) estava cansada de repetir o mesmo.

1.3 - As visitas a casa da Madrinha aconteciam...


(A) uma vez por semana.
(B) uma vez por quinzena.
(C) uma vez por mês.
(D) uma vez por ano.

1.4 - Lê novamente a seguinte passagem do texto (linhas 28 e 29): «Ora, neste dia, ele quis
saber se eu já sabia ler, e eu, sem querer, disse que sim, mas a verdade é que ainda não
sabia.»
A menina deu essa resposta porque...
(A) pensou que as irmãs fariam troça dela.
(B) teve medo de que a mãe lhe ralhasse.
(C) já era habitual a menina mentir.
(D) quis fazer boa figura perante os padrinhos.

1.5 - Depois do que lhe aconteceu, a menina tomou a decisão de...


(A) para a próxima fingir melhor.
(B) nunca mais visitar os padrinhos.
(C) aprender a ler nem que fosse sozinha.
(D) pedir à mãe que a ensinasse a ler.

2 - Relê o terceiro parágrafo do texto (linhas 7 a 27). 6.1. Seleciona todas as alíneas cujas
afirmações são verdadeiras de acordo com o sentido do texto.
(A) Os padrinhos residiam no Porto.
(B) A rua onde moravam chamava-se Sá da Bandeira.
(C) A Madrinha veio abrir a porta.
(D) As meninas arrumaram os casacos e as luvas.
(E) O vermelho da passadeira contrastava com o branco do chão.
(F) A sala onde entraram só tinha livros e esculturas. Os padrinhos receberam-nos de forma
carinhosa.

3 - Enquanto esteve em casa dos padrinhos, a menina foi tomando várias atitudes e experi
mentando diferentes emoções e sentimentos. Associa cada um dos momentos da história
(coluna A) às atitudes, emoções e sentimentos que, na tua opinião, lhe correspondem
(coluna B). Associa a cada número uma única letra.

Coluna A Coluna B
(1) «… eu tinha imenso medo de dizer os
meus costumados disparates…» (linha 26)G (A) nervosismo e irritação
(2) «Sem hesitar nem um bocadinho (…) (B) humilhação e vergonha
quase gritei…» (linhas 36 e 37) D (C) arrogância e vaidade
(3) «Os meus pais e os padrinhos riam com (D) entusiasmo e confiança
gosto, e eu sem perceber porquê!» (linhas (E) surpresa e incompreensão
38 e 39) B (F) calma e indiferença
(4) «... nunca mais me esqueci daquele (G) insegurança e receio
momento. A seguir, já nem o lanche me
soube a nada...» (linha 41) A

Grupo II
Responde às seguintes questões de forma bem estruturada.
1. Classifica o narrador quanto à presença, justificando a tua resposta com base em
elementos textuais.
Narrador participante “dou por mim; me; nossa mãe e minhas irmãs”

2. Indica de que forma estão organizadas as sequências narrativas do texto que acabaste de
ler. OU Transcreve uma expressão textual que comprove que existe encaixe de sequências
narrativas na sua organização. OU Comprova que existe a técnica de encaixe narrativo neste
excerto do conto.

As sequencias narrativas do conto estão organizadas em sistema de encaixe uma vez que
temos a ação da viagem a casa dos padrinhos e depois a história de ela saber ler. A de
aprender a ler sozinha.

3. Caracteriza o espaço social em que se movimentavam os Padrinhos, indicando três


aspetos que contribuam para caracterizar esse mesmo espaço.

Era um espaço social rico, pois os padrinhos tinham uma “grande moradia, alguém veio abrir a
porta e pegar nos nossos casacos e chapéus e luvas, que não vi onde penduraram. À nossa
frente, num vasto chão imaculadamente branco, uma passadeira de veludo vermelho parecia não
ter fim. Lá muito ao fundo, numa sala cheia de quadros e de esculturas, e de muitos, muitos livros”

4. Traça o retrato psicológico da personagem principal do texto.

Quando estava frente ao Padrinho ela tinha medo de dizer disparates, porque via no Padrinho
uma pessoa muito culta.

Gostava que os outros a vissem como culta então fingia que lia, mesmo ser saber ler.

Era envergonhada, insegura receosa.

10
5. Caracteriza, de forma completa, a Madrinha.
Fisicamente a Madrinha era: pequenina, e o seu cabelo era só caracolinhos muito brancos à roda
da cabeça.

Psicologicamente, era delicada isto porque “andava muito devagarinho, como se tivesse medo de
pisar o chão e de ele se queixar”. Era cerimoniosa não só com as pessoas como com os objetos
da casa “ passava por entre os móveis e as cadeiras, e de porta em porta, com muita cerimónia”,
Educada “assim como que a pedir licença para passar.. não parecia muito preparada para viver
neste mundo.”

6. Explica, por palavras tuas, o sentido da expressão: « (...) com os ouvidos cheios...»

45 Já tinham ouvido muitas vezes os pais a dizerem as mesmas coisas.

7.Explica, por palavras tuas, o sentido desta afirmação: “ já eu era tu cá-tu lá com todas as
historinhas que apanhava à mão.”

Neste momento, já ela sabia ler e escrever e perceber tudo quanto lia.

8. Explica, por palavras tuas, o sentido desta afirmação: “ muito lampeira”.


Muito rapidamente.

9. Indica um recurso expressivo na seguinte expressão e comenta a sua expressividade: “Digo


isto porque andava muito devagarinho, como se tivesse medo de pisar o chão e de ele se queixar”

10. Indica um recurso expressivo na seguinte expressão e comenta a sua expressividade: “A


seguir, já nem o lanche me soube a nada, nem o bolo de chocolate, nem os docinhos, nem as
torradinhas com manteiga, nem os rebuçados de tantas cores.”

Enumeração. Tudo o que ela fosse comer já não teria o mesmo gosto, mesmo se fosse o melhor
manjar do mundo. Ela ficou desapontada, por não ter acertado na palavra.

Grupo III

1 - Maria Alberta Menéres contactou cedo com o mundo da leitura e da escrita e as histórias
fizeram sempre parte da sua vida. É ela quem nos conta esse facto. Lê o que está escrito no
retângulo, adaptado da obra De que São Feitos os Sonhos.
50
quando era criança de vez em quando dizia para os meus pais amanhã faz de conta que estou doente
quero canja e que me contem histórias todo o dia

15
Quando era criança, de vez em quando, dizia para os meus pais:
- Amanhã faz de conta que estou doente, quero canja, e que me contem histórias todo dia.
55
Reescreve o que acabaste de ler, usando corretamente os recursos adequados (parágrafo, pontuação,
letra maiúscula/minúscula).

2 – Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde,
de modo a identificares a subclasse dos verbos sublinhados nas frases.

A B
A) Provavelmente, mais tarde, ficará famoso. 5 1. Verbo principal intransitivo
B) Os pais foram surpreendidos pela sua arte.7 2. Verbo principal transitivo direto
C) A Marta chorou na escola. 1 3. Verbo principal transitivo indireto
D) A avó recebeu-o dois dias depois.4 4. Verbo principal transitivo direto e
indireto
E) O bebé sorriu à mãe. 3
5. Verbo copulativo
F) Os amigos gostam de o ouvir.2 6. Verbo auxiliar dos tempos compostos
G) Ele tem tocado em muitas festas.6 7. Verbo auxiliar da voz passiva

2 – Seleciona a única frase que não contém um verbo defetivo.

(A) Os portugueses aboliram a pena de morte antes de todos os outros.


(B) Os meninos coloriram um desenho sobre esta história.
(C) Todos acordaram sobressaltados quando o galo cantou.
(D) Falindo, a empresa não poderia manter os seus empregados.

3 - Completa cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentado entre
parênteses, no tempo e no modo indicados. Escreve a letra que identifica cada espaço,
seguida da forma verbal correta.

3.1 - Pretérito Perfeito Composto do Conjuntivo


Espero mesmo que o pai ______a) tenha ido ____ (ir) passear o cão ao jardim.

3.2 - Presente do indicativo


Nós ______b) intervimos________ (intervir) regularmente no debate do Parlamento dos
jovens.

3.3 - Pretérito imperfeito do conjuntivo


Esperaram que nós ______c) dessemos ____ (dar) a nossa opinião, para chegar a uma
conclusão.

3.4 - Futuro Composto do conjuntivo


No momento em que tu _____d) tiveres lido_____ (ler) os livros, telefona-me.
4. Indica o superlativo absoluto sintéticos dos adjetivos:
4.1 – doce - dulcíssimo
4.2 – fácil - facílimo
4.3 – fiel - fidelíssimo
4.4. – negro – nigérrimo / negríssimo
4.5 – penoso – penosíssimo

Grupo IV

Supõe que o fidalgo não aceitou as mentiras do filho do lavrador como pagamento da
sua dívida.
Imagina que és o lavrador e escreve uma carta ao fidalgo, pedindo o perdão das tuas
dívidas, explicando as suas razões e oferecendo uma solução para este problema.
A tua carta deve ter um mínimo de 160 e um máximo de 200 palavras.

Cotações
Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV
1 – 20 pontos (4x5) 1 – 5 pontos 1 – 5 pontos
2 – 3 pontos 2 – 6 pontos 2 – 2 pontos 30 pontos
3 – 6 pontos 3 – 3 pontos
4 – 4 pontos 4 – 6 pontos
5 - 6 pontos 5 – 4 pontos

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