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DPS 1016

Engenharia Econômica
Material de Aula

Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas


Centro de Tecnologia - Universidade Federal de Santa Maria - RS

Engenharia Econômica Prof. Dr. Eng. Dipl. Wirt. Ing. Andreas Dittmar Weise 1
ANDREAS.WEISE@UFSM.BR
SUMÁRIO

1. Introdução e conceitos básicos

1.1 O objeto de estudo da econômia


1.2 Fundamentos da análise macroeconômica
1.3 Fundamentos da análise microeconômica
1.4 Definição de Engenharia Econômica
1.5 Definição e modalidades de Juros
1.6 Juros simples e compostos
1.7 Diagrama de fluxo de caixa

2. Relações de equivalência

2.1 - Dado “P” achar “F”


2.2 - Dado “F” achar “P”
2.3 - Dado “A” achar “F”
2.4 - Dado “F” achar “A”
2.5 - Dado “A” achar “P”
2.6 - Dado “P” achar “A”
2.7 - Dado “G” achar “A”
2.8 - Dado “G” achar “P”
2.9 – Séries perpétuas

3. Taxas de juros

3.1 - Considerações gerais


3.2 - Taxa Nominal e Taxa Efetiva
3.3 - Taxas cobradas antecipadamente
3.4 - Taxas Equivalentes
3.5 - Taxa Global de Juros
3.6 - Taxa Mínima de Atratividade

4. Financiamento

4.1 - Fontes de recursos


4.2 - Seleção das fontes de financiamento
4.3 - Amortização de dívidas
4.4 - Sistema de amortização francês (Tabela Price)
4.5 - Sistema de amortização constante (SAC)
4.6 - Sistema de amortização misto (SAM)
4.7 - Sistema de amortização crescente (SACRE)
4.8 - Outros sistemas de amortização
4.8.1 - Sistema americano
4.8.2 - Pagamento único, com juros postecipados
4.8.3 - Pagamento único, com juros antecipados
4.8.4 - Sistema de amortizações variáveis
4.9 - Comentários sobre os sistemas de amortização
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4.10 - Correção monetária dos empréstimos
4.10.1 - Prestação calculada após a incorporação da correção monetária ao saldo
devedor
4.10.2 - Prestação calculada antes da incorporação da correção monetária ao saldo
devedor

5. Métodos determinísticos de análise de investimentos

5.1 - Valor Presente Líquido


5.1.1 - Projetos com vidas iguais
5.1.2 - Projetos com vidas diferentes
5.2 - Valor (ou Custo) Anual Uniforme Equivalente
5.2.1 - Valor anual uniforme equivalente
5.2.2 - Custo anual uniforme equivalente
5.3 - Taxa Interna de Retorno
5.3.1 - Casos especiais
5.3.2 - Análise incremental
5.3.3 - Interseção de Fisher
5.3.4 - Projetos com vidas diferentes
5.4 - Análise Benefício/Custo
5.5 - Tempo de Recuperação do Capital - PAYBACK
5.6 - Métodos Modificados
5.7 - Estudo de Caso

6. Bibliografia

7. Calendário

8. Apendice

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1. INTRODUCAO E CONCEITOS BÁSICOS

1.1 O OBJETO DE ESTUDO DA ECONOMIA

A palavra economia é de origem Grega (oikonomes) (de oikos = casa e nomos = norma,
lei), que significa a administração de uma casa. Xenofontes (455 a 345 a.c.) foi o primeiro
a usar o termo Economia no sentido exposto anteriormente, ou seja, abrangendo apenas o
governo ou a administração do lar.
A Economia se define como “uma ciência social que estuda como o individuo e a
sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de
bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a
fim de satisfazer as necessidades humanas da melhor maneira possível.” (PINHO;
VASCONSELLOS, 2006, p. 2).
Percebe-se os cinco conceitos básicos escrita na definição anterior, como:
 Recursos;
 Escassez;
 Necessidades;
 Produção; e
 Distribuição.

Os recursos (seja mão-de-obra, terra, matérias-primas, etc.) são limitados. Ao contrário as


necessidades que se renovam e mudam, ou seja, são ilimitadas, pois sempre o individio tem
o desejo elevar o padrão de vida e a população cresce mundialmente.
Mesmo nos países mais ricos do mundo, todos os recursos disponíveis não estão
suficientes para satisfazer todas as necessidades. Por isso, se fala de escassez, ou seja,
recursos limitados. Viviendo com a escassez, a sociedade busca alternativas de produção e
de distribuição dos resultados da atividade produtiva para atender as necessidades de
diversos grupos da sociedade.
Para satisfação das necessidades:

Produção → Distribuição → Consumo

Nesse processo de produção e consumo, surgem e são solucionados muitos problemas de


caráter econômico:

Produção ↔ Consumo

↓ ↓

Que bens produzir Como vão gastar


e
Que meios utilizará para produzir

Assim se encontra a questão principal da economia: Como alocar recursos produtivos


limitados para satisfazer todas as necessidades da população?
Então a sociedade deve tomar decisão sobre a melhor forma da utilização de recursos
limitados, sendo estudar assuntos como inflação, taxa de juros, taxa de câmbio,
desemprego, crescimento, déficit público, vulnerabilidade externa, etc.

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Micro
Economia Descritiva → T E [ ] PE
Macro

↓ ↓

Economia Positiva Economia Normativa

Economia Descritiva trata da identificação do fato econômico. É a partir dos


levantamentos descritivos sobre a conduta dos agentes econômicos que se inicia o
complexo de conhecimento sistematizado da realidade no campo da economia positiva. È a
tarefa de levantamento e descrição dos fatos que se dedica a economia descritiva; é através
dela que a realidade começa a ser submetida a um criterioso tratamento no sentido de que
possam se analisados as relações básicas que se estabelecem entre os diversos agentes que
compõem o quadro da atividade econômica.
Teoria Econômica (TE) é o compartimento central da economia, compete-lhe dar
ordenamento lógico aos levantamentos sistematizados fornecidos pela economia descritiva,
produzindo generalizações que sejam capazes de ligar aos fatos entre si, desvendar cadeias
de ações manifestadas e estabelecer relações que identifiquem os graus de dependência de
um fenômeno em relação a outro. Surgiram então em decorrência conjunto de princípios,
de teorias, de modelos e de leis fundamentadas nas descrições apresentadas.
A teoria econômica adota duas posições distintas na apresentação e análise do fenômeno
econômico, estas posições são conhecidas como microeconomia e macroeconomia.
A microeconomia é aquela parte da teoria econômica que estuda o processo de formação
de preços e o funcionamento dos mercados, ou seja, comportamento das unidades, tais
como os consumidores, as indústrias e empresas, e suas inter-relações.
A macroeconomia estuda o funcionamento do sistema econômico em seu conjunto. Seu
propósito é obter uma visão simplificada da economia que, porém, ao mesmo tempo,
permita conhecer e atuar sobre o nível da atividade econômica de um determinado país ou
de um conjunto de países.
Os desenvolvimentos elaborados no compartimento da teoria econômica tem a finalidade
de servir a Política Econômica (PE). Nesse terceiro compartimento é que serão utilizados
os princípios, as teorias, os modelos e as leis. A utilização terá a finalidade de conduzir
adequadamente a ação econômica com vistas a objetivos pré-determinados. Quando
empregamos a expressão política econômica governamental estamos nos referindo as ações
praticas desenvolvidas pelo governo com a finalidade de condicionar, balizar e conduzir o
sistema econômico no sentido de que sejam alcançados um ou mais objetivos
politicamente estabelecidos.
Para completar existem ainda a Lei da Economia, que é a relação entre um fenômeno e sua
causa, Economia política é uma ciência e conseqüentemente possui princípios, normas e
leis. Assim, as leis podem ser dividas:
Leis Naturais são aquelas de forma global, gerias; exprimem uma relação constante entre
a causa e o efeito. Ex: leis físicas são aquelas onde cientistas podem determinar
perfeitamente a causa; a água a zero grau congela.
Leis Sociais exprimem a tendência que certos fatos tem em produzir certos efeitos. Ex:
fenômenos econômicos podem garantir a tendência de acontecimento do fato, segundo as
condições propostas; a escassez do produto indica um aumento do preço.
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Leis Tipicamente Econômicas é lei da oferta e da procura – essa lei diz que o preço
aumenta. Não pode dizer quanto (em valores), quando e como acontecera e nem em que
medida poderá ser produzida.

1.2 FUNDAMENTOS DA ANÁLISE MACROECONÔMICA

A Macroeconomia, segundo Garcia e Vasconcellos (2002, p. 83), “[...] estuda a economia


como um todo, analisando a determinação e o comportamento de grandes agregados, tais
como: renda e produto nacionais, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de
moeda e taxas de juros, balança de pagamentos e taxa de câmbio”.
Assim sendo, a Macroeconomia faz uma abordagem global das unidades econômicas
individuais e de mercados específicos. Por exemplo, essa teoria considera apenas o nível
geral de preços, e não atende as mudanças dos preços dos bens das diferentes indústrias.
Basicamente, a macroeconômia constitui-se de cinco mercados, que através de suas ofertas
e demandas determinam os agregados macroeconômicos. Estes cinco mercados são
mercado de bens e serviços, de trabalho, monetário, de títulos e de divisas.

1.2.1 Mercado de Bens e Serviços

Determina o nível de produção agregada, bem como o nível geral de preços. Para Garcia e
Vasconcellos (2002, p. 90) “A idéia seria a de idealizarmos a economia como se ela
teoricamente produzisse apenas um único bem, que seria obtido através da agregação dos
diversos bens produzidos.”
O nível geral dos preços e do agregado da produção depende da demanda agregada –
consumidores, empresas, governo, setor externo – e da oferta agregada de bens e serviços.
Para que ao menos houvesse um equilíbrio de mercado, seria necessário que a oferta
agregada de bens e serviços fosse igual à demanda agregada de bens e serviços.
O mercado de bens e serviços define as variáveis de: nível de renda, produto nacional e de
preços, consumo, poupança e investimentos agregados e exportações e importações
globais.

1.2.2 Mercado de Trabalho

Nesse mercado admite-se um único tipo de mão-de-obra, independente do grau de


qualificação, escolaridade, sexo etc. Ele determina os salários e o nível de emprego. A
oferta de mão-de-obra dá-se pelo salário e pela evolução da população economicamente
ativa. E a procura de mão-de-obra ocorre pelo seu custo à empresa e do nível de produção
desejada pela mesma. O equilíbrio nesse mercado se dá pela igualdade entre a oferta e a
demanda de mão-de-obra. Esse mercado determina o nível de emprego e a taxa de salário.

1.2.3 Mercado Monetário

Existem em função de que todas as operações comerciais da economia são realizadas


através da moeda. Nele existe, portanto, uma demanda e também uma oferta de moeda –
através do Banco Central – que juntas determinam uma taxa de juros. Aqui, a igualdade
entre a oferta e a demanda de moeda é dá a condição de equilíbrio no mercado monetário.
E é ele que impõe, além da taxa de juros, o estoque de moeda.

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1.2.4 Mercado de Títulos

Determina o preço dos títulos, por exemplo, do título público federal. Ele analisa o papel
dos agentes econômicos superavitários – que gastam menos e ganham mais, podendo
efetuar empréstimos – e dos agentes econômicos deficitários – que gastam mais que
ganham, que geralmente recorrem à empréstimos dos superavitários. Quando a oferta de
títulos se iguala a sua demanda, ocorre o equilíbrio desse mercado.

1.2.5 Mercado de Divisas

Divisas são moedas estrangeiras, dessa forma ele também é chamado de mercado de moeda
estrangeira, e cuida das transações da economia com o resto do mundo. Para que ocorra um
equilíbrio nesse mercado a oferta de divisas – gerada pelas exportações e entrada de capital
– seja iguala sua demanda – gerada pelas importações e saída de capital financeiro. A taxa
de câmbio é a variável determinada neste mercado que possui interferência do Banco
Central, que fixa ou deixa a taxa de câmbio flutuar.
Na análise macroeconômica, os gastos do governo e a oferta da moeda [...] não são
determinadas nesses mercados, mas sim de forma autônoma pelas autoridades. [...] já que
dependem do tipo de política econômica adotada pelas autoridades. [...] Elas vão
condicionar o comportamento de todos os demais agregados, [...] (GARCIA;
VASCONCELLOS, 2002, p. 92).

1.3 FUNDAMENTOS DA ANÁLISE MICROECONOMICA

A Microeconomia é concebida como o ramo da ciência econômica voltado ao estudo do


comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos ao estudo das
empresas, suas respectivas produções e custos, e ao estudo da geração e preços dos
diversos bens, serviços e fatores produtivos (PINHO; VASCONCELLOS, 2006).
O individuo é considerado como fornecedor de trabalho e capital, demandantes de bens de
consumo. Já a firma é considerada demandante de trabalho e fatores de produção e
fornecedoras de produtos. Assim, o individuo requer maximizar o seu consumo e uma
firma (empresa) maximizar o seu lucro.
Entre estes dois pontos, a microeconomia procura analisar o mercado, e, ainda, os tipos de
mecanismos, que estabelecem preços relativos entre os produtos e serviços, tentando alocar
de modos alternativos os recursos dos quais dispõe determinados indivíduos organizados
numa sociedade.
Para este fim, a microeconomia preocupa-se em explicar como é gerado o preço dos
produtos finais e dos fatores de produção num equilíbrio, geralmente perfeitamente
competitivo. A explicação pode ser feito a partir de seguintes teorias (PINHO;
VASCONCELLOS, 2006):
 Teoria do Consumidor estuda as preferências do consumidor analisando o seu
comportamento, as suas escolhas, as restrições quanto a valores e a demanda de
mercado. A partir dessa teoria se determina a curva de demanda.
 Teoria da Firma estuda a estrutura econômica de organizações cujo objetivo é
maximizar lucros. Organizações que para isso compram fatores de produção e
vendem o produto desses fatores de produção para os consumidores. Estuda
estruturas de mercado tanto competitivas quanto monopolísticas. A partir dessa
teoria se determina a curva de oferta.

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 Teoria da Produção estuda o processo de transformação de fatores adquiridos pela
empresa em produtos finais para a venda no mercado. Estuda as relações entre as
variações dos fatores de produção e suas conseqüências no produto final. Determina
as curvas de custo, que são utilizadas pelas firmas para determinar o volume ótimo
de oferta.

Em geral a economia estuda o mercado em si, a produção, custo e eficiência, e a oferta e


demanda, entre outros assuntos.
Os estudos sobre o mercado incluem o comportamento dos agentes (indivíduos e firmas) e
as suas interações em mercados específicos, considerando a escassez de recursos e a
regulação governamental. Um determinado mercado pode ser para de um produto ou de
serviços de um fator de produção. A teoria considera ainda considera o “jogo” de uma
quantidade demandada (comprador) e quantidade ofertada (vendedor) para cada preço
possível por unidade. Com estes dois lados, oferta (procura) e demanda, a microeconomia
descreve como o mercado pode atingir o equilíbrio entre o preço e a quantidade negociada
ou explicar as variações do mercado ao longo do tempo.
A estrutura do mercado pode ser classificada em:
 Monopólio;
 Monopsónio;
 Oligopólio;
 Oligopsónio;
 Concorrência perfeita; e
 Concorrência monopolística.

Um segundo ponto de estudo de microeconomia é a produção, custo e eficiência. A


produção é um processo que usa insumos para criar produtos, destinados ao comércio ou ao
consumo (PINHO; VASCONCELLOS, 2006). A produção é um fluxo, logo é mensurável
através de um rácio por unidade de tempo. É comum distinguir entre a produção de bens de
consumo (alimentos, etc.), bens de investimento (novos carros, edifícios, estradas, etc.),
bens públicos (defesa nacional, segurança pública, proteção civil, etc.) ou bens privados
(computadores novos, bananas, etc.).
Já o custo de oportunidade está relacionado com o custo econômico: é o valor da melhor
alternativa dispensada, quando se tem que fazer uma escolha entre duas ações desejadas,
mas mutuamente exclusivas (EHRLICH; MORAES, 2009). É descrita como sendo a
expressão da “relação básica entre escassez e escolha.” O custo de oportunidade é um fator
que garante a utilização eficiente dos recursos escassos. Os custos de oportunidade não se
restringem a custos monetários. Podem também ser medidos em tempo, lazer, ou qualquer
outra coisa que corresponda a um benefício alternativo (utilidade).
As entradas para o processo de produção incluem fatores de produção básicos como o
trabalho, capital (bens duradouros usados na produção, como uma fábrica) e terra
(incluindo recursos naturais). Outros fatores incluem bens intermédios usados na produção
dos bens finais, como seja o aço num carro novo.
Quando a economia se refere a eficiência econômica na produção, na verdade, descreve o
quanto um sistema utiliza bem os recursos disponíveis, dada a tecnologia disponível. A
eficiência pode aumentar se conseguirá obter um maior resultado sem aumentar os recursos
usados, ou seja, se conseguirá reduzir o “desperdício”.
A fronteira de possibilidades de produção (FPP) é uma ferramenta analítica que
representa a escassez, custo e eficiência (PINHO; VASCONCELLOS, 2006). No caso mais
simples, estuda-se uma economia que produz apenas dois bens. A FPP é uma tabela ou
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gráfico (ver Figura 1) que mostra as várias combinações de quantidades dos dois produtos
que são possíveis, dado a tecnologia e os fatores de produção disponíveis.
Cada ponto na curva da Figura 1 mostra uma produção potencial total máxima para a
economia, que é a produção máxima de um bem (Carne), dada uma quantidade de
produção do outro bem (batata).
A escassez é representada na Figura 1 pelas pessoas poderem querer além da FPP, mas não
poderem consumir. Quando a produção de um bem aumenta, a produção do outro diminui,
numa relação inversa. Isso ocorre porque uma maior produção de um bem requer a
transferência de insumos da produção do outro bem, diminuindo-a. A inclinação da curva
num ponto determina o trade-off entre os dois bens e mede o quanto uma unidade adicional
de um bem implica reduzir o outro bem, que é um exemplo de custo de oportunidade
(PINHO; VASCONSELLOS, 2006). Ao longo da FPP, escassez significa que escolher
mais de um bem implica ter menos do outro. Ainda assim, numa economia de mercado, o
movimento ao longo da curva pode ser explicado como uma escolha que os agentes vêm
como preferível.

Figura 1: Fronteira de possibilidades de produção

A última das grandes áreas de estudo da microeconomia é a oferta e demanda, se refere à


determinação do preço e quantidade num mercado de concorrência perfeita. Assim, eles
estão fundamentalmente importantes na construção de modelos para outras estruturas de
mercados.

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Preço do apartamento (R$)
Excesso de oferta

c d

Preço de equilíbrio
210.000
a
b Excesso de procura
0 45
Número de apartamentos
Figura 2: Oferta e demanda

Para o mercado de um bem, a demanda mostra a quantidade que os possíveis compradores


estariam dispostos a comprar para cada preço unitário do bem (ver Figura 2). A demanda é
freqüentemente representada usando uma tabela ou um gráfico relacionando o preço com a
quantidade demandada (ver Figura 2).
A teoria da demanda descreve os consumidores individuais como entes “racionais” que
escolhem a quantidade “melhor possível” de cada bem, em função dos rendimentos,
preços, preferências, etc.
A lei da demanda diz que, regra geral, o preço e a quantidade demandada num determinado
mercado estão inversamente relacionados, ou seja, quanto mais alto for o preço de um
produto, menos pessoas estarão dispostas ou poderão comprá-lo (tudo o resto inalterado).
Quando o preço de um bem sobe, o poder de compra geral diminui (efeito renda) e os
consumidores mudam para bens mais baratos (efeito substituição). Outros fatores também
podem afetar a demanda. Por exemplo, um aumento na renda desloca a curva da demanda
em direção oposta à origem.
Já a oferta é a relação entre o preço de um bem e a quantidade que os fornecedores colocam
à venda para cada preço desse bem. A oferta é normalmente representada através de um
gráfico relacionando o preço com a quantidade ofertada.
Assume-se que os produtores maximizam o lucro, o que significa que tentam produzir a
quantidade que lhes irá dar o maior lucro possível.

1.4 DEFINICAO DE ENGENHARIA ECONÔMICA

Os estudos sobre engenharia econômica iniciaram nos Estados Unidos em 1887, quando
Arthur Wellington publicou seu livro “The Economic Theory of Railway Location”, texto
que sintetizava análise de viabilidade econômica para ferrovias.
“A Engenharia econômica objetiva a análise econômica de decisões sobre investimentos. E
tem aplicações bastante amplas, pois os investimentos poderão tanto ser de empresas, como
de particulares ou de entidades governamentais.” (CASAROTTO; KOPITTKE, 2007,
p. 105).
Pode-se definir Engenharia Econômica como o estudo que compreende os métodos, as
técnicas e os princípios necessários para se tomar decisões entre alternativas de
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investimentos, relativas à aquisição e à disposição de bens de capital, tanto de empresas,
como de particulares ou de entidades do governo, indicando a mais econômica.
Segundo Hess et al. (1984, p.1) “justifica-se o nome, porque grande parte dos problemas de
investimento dependem de informações e justificativas técnicas e porque na maioria das
organizações tais decisões são tomadas ou por engenheiros, ou por administradores agindo
com base nas recomendações dos engenheiros”.
Ela é importante para todos que precisam decidir sobre propostas tecnicamente corretas, e
seus fundamentos podem ser utilizados tanto para empresas privadas como estatais.
Todo o fundamento da engenharia econômica se baseia na matemática financeira, que se
preocupa com o valor do dinheiro no tempo.
O estudo de Engenharia Econômica envolve:
a) um problema a resolver ou uma função a executar, como por exemplo o transporte
de material dentro de um almoxarifado;
b) diversas alternativas possíveis, por exemplo, transporte manual, por empilhadeira,
por carrinhos ou ainda por correia transportadora;
c) avaliação de cada alternativa, determinando as vantagens e desvantagens, tais como
custo, eficiência, distância, volume transportado, etc.;
d) comparação e escolha da melhor alternativa, sendo que, neste caso, devemos
“otimizar alternativas”, ou seja, minimizar custos ou maximizar lucros.

As principais características de um estudo econômico são:


a) avaliar quantitativamente vantagens e desvantagens;
b) adotar unidades coerentes (R$, €, U$,…);
c) determinar o investimento necessário;
d) estimar custos (manutenção, mão-de-obra, energia elétrica, impostos, refugos, …);
e) avaliar receitas (vendas, mercado, …);
f) conhecimento técnico do processo em estudo;
g) considerar somente problemas futuros (ex.: já investi tanto em um determinado
projeto que o jeito é investir um pouco mais nele);
h) inicialmente desprezar fatores imponderáveis, considerado-los somente após a
análise (prestígio, status, valor promocional, etc.);
i) avaliar o risco do investimento;
j) considerar critérios econômicos, ou seja, a rentabilidade do investimento;
k) considerar critérios financeiros, ou seja, a disponibilidade de recursos.

Pode-se citar como exemplos de aplicação (CASAROTTO; KOPITTKE, 2007):


 Efetuar o transporte de materiais manualmente ou comprar uma correia
transportadora;
 Fazer uma rede de abastecimento de água com tubos grossos ou finos;
 Substituição de equipamentos obsoletos;
 Comprar carro a prazo ou à vista.

Para fazer um estudo econômico adequado alguns princípios básicos devem ser
considerados, sendo os seguintes:
a) deve haver alternativas de investimentos. É infrutífero calcular se é vantajoso
comprar um carro à vista se não há condições de conseguir dinheiro para tal;
b) as alternativas devem ser expressas em dinheiro. Não á possível comparar
diretamente 200 horas/mensais de mão de obra com 500 kWh de energia.
Convertendo os dados em termos monetários teremos um denominador comum
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muito prático. Alguns dados, entretanto, são difíceis de converter em dinheiro.
Exemplos que ocorrem muito nos casos reais são: boa vontade de um fornecedor,
boa imagem da empresa ou status. São os chamados intangíveis;
c) só as diferenças entre as alternativas são relevantes. Numa análise para decidir
sobre o tipo de motor a comprar não interessa sobre o consumo dos mesmos se
forem idênticos;
d) sempre serão considerados os juros sobre o capital empregado. Sempre existem
oportunidades de empregar dinheiro de maneira que ele renda alguma coisa. Ao se
aplicar o capital em um projeto devemos ter certeza de ser esta a maneira mais
rendosa de utilizá-lo;
e) nos estudos econômicos o passado geralmente não é considerado; interessa-nos o
presente e o futuro. A afirmação: “não posso vender este carro por menos de $
10000 porque gastei isto com ele em oficina” não faz sentido, o que normalmente
interessa é o valor de mercado do carro.

Os critérios de aprovação de um projeto são os seguintes:


 critérios financeiros: disponibilidade de recursos;
 critérios econômicos: rentabilidade do investimento; e
 critérios imponderáveis: fatores não convertidos em dinheiro.

Neste curso, a atenção especial será sobre os critérios econômicos, ou seja, a principal
questão que será abordada é quanto o financiamento e a rentabilidade dos investimentos.

1.5 DEFINICAO E MODALIDADES DE JUROS

Para podermos compreender o conceito de capitalização temos de começar pelos seguintes


conceitos base:
 Capital (Principal) é a quantidade de moeda (meios líquidos) que originou uma
transação entre duas entidades ou indivíduos que é aplicada durante um certo
período de tempo.
 Tempo é o prazo pelo qual o capital é aplicado;
 Período de tempo é a unidade de tempo em que o tempo global da aplicação foi
subdividido, para efeito de cálculo dos juros. Toda transação financeira deve
necessariamente prever quando (datas de início e do término da operação) e por
quanto tempo (duração da operação) se dará a cedência (o empréstimo) do capital.
Este prazo deve estar expresso em determinada unidade de tempo (que pode ser:
dia, mês, trimestre, semestre, ano, etc.).
 Juro será a remuneração recebida (ou paga) em troca do empréstimo de algum
recurso financeiro. Ao possuir um recurso financeiro que excede as necessidades,
pode-se, em geral, adquirir alguns bens extraordinários ao dia a dia (tais como
imóveis, veículos, viagens etc.), pode também aplicá-los (ou mesmo emprestá-los).
Quando se empresta recursos financeiros, então, abre-se mão, temporariamente, da
disponibilidade deles e em troca desta disponibilidade recebe-se o juro. Sendo
assim, podemos dizer que o juro é o aluguer pago (ou recebido) pelo uso de um
recurso financeiro, e, portanto, será função do prazo deste aluguer, do valor do
recurso alugado e do risco envolvido na transação.
 Taxa de juro é a constante de proporcionalidade entre o juro produzido e o capital
aplicado numa unidade de tempo.

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 Inflação defini-la como sendo o aumento generalizado de preços na economia. Este
fenômeno provoca a redução do poder aquisitivo da moeda, que nada mais é do
que, com a mesma quantidade de moedas (unidades monetárias, dinheiro), passar-se
a comprar menos produtos e serviços. O processo inverso da inflação, quando há
uma queda generalizada dos preços na economia, denomina-se deflação.
 Forma de pagamento de juros determina como os juros serão pagos e sua
periodicidade.
 Spread é a taxa de intermediação cobrada pelo intermediário financeiro.

Os tipos de taxa de juros são expressos em período anual ou mensal, com base em ano
comercial, convencionado em 360 dias (semestral = 180 dias, trimestral= 90 dias, mensal =
30 dias). Nada impede que sejam contratadas com base no ano civil, 365 dias. Os títulos
federais, por exemplo, adotavam como período de remuneração o ano civil. Atualmente,
utilizam com base em ano de 252 dias úteis. Os tipos de taxas de juros se diferenciam de
seguinte maneira:
a) Taxas fixas: São aquelas que não se alteram durante todo o prazo da operação
financeira (tomador – cedente), mesmo que exista mais de um período de
capitalização.
b) Pré-fixada: Quando determinada ou definida no ato da contratação. Por exemplo,
2,69% a.m.; 4,50% por 90 dias.
c) Pós-fixada: Quando o valor efetivo do juro é calculado somente após o reajuste da
base de cálculo. Normalmente, é utilizado para contratos com previsão de reajuste
monetário, atrelado a um índice de variação de preços, como, por exemplo, IGP-M,
INPC, IPCA, IGP-DI.
d) Taxa Flutuante (ou variáveis): São as que variam a cada período de capitalização,
ou seja, são fixadas novas taxas para o novo período de capitalização. Para tanto, há
uma taxa de juros referencial como Libor – London Interbank Offered Rate
(mercado londrino), Prime (mercado americano), Anbid (mercado brasileiro), etc.
Por ser uma espécie de indexação (que engloba uma taxa de inflação e uma taxa de
juros) esse modelo de taxa de juros proporciona maior segurança ao investidor.

1.6 JUROS SIMPLES E COMPOSTOS

Os juros são a remuneração do capital. Representam o dinheiro pago pelo uso de dinheiro
emprestado ou o ganho de dinheiro gerado pelo capital empregado num investimento. A
especificação dos juros é feita pela taxa de juros, definida como a razão entre os juros que
serão cobrados no fim do período e o capital inicialmente empregado (HESS ET AL.,
1984). O intervalo de tempo no qual os juros são calculados é o seu período de
capitalização. A taxa deve sempre especificar este período.

Exemplo 1: Seja uma quantia de R$ 1.000,00 que rendeu R$ 120,00 de juros após um ano.
A taxa de juros foi de R$ 120,00 / R$ 1.000,00 = 0,12 ou 12% a.a. (ao ano).

Define-se montante (F) como sendo o principal (P) mais os juros (J) devidos:

F=P+J (1)

Exemplo 2: Para o Exemplo 1, F = R$ 1.000,00 + R$ 120,00 = R$ 1.120,00

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Existem dois regimes de capitalização para os juros, denominados de juros simples e juros
compostos (EHRLICH; MORARES, 2009).

 Juros simples: apenas o principal rende juros.


J=iPn (2)
F = P (1 + i n) (3)
onde: J – juros
i – taxa de juros
P – principal
n – número de períodos de capitalização
F – montante

 Juros compostos: a cada período de capitalização, os juros são incorporados ao


capital e passam a também render juros.
J = P [(1 + i)n – 1] (4)
F = P (1 + i)n (5)
onde : J – juros
i – taxa de juros
P – principal
n – número de períodos de capitalização
F – montante

A Equação 5 permite calcular o montante F que se obtém a partir de um investimento P


aplicado à taxa i, após n períodos. Esta é uma das mais importantes equações da
Matemárica Financeira.

Resolução em planilha eletrônica:

Fórmulas da planilha:
C7 = C2*(1+C3*C4)
C10 = C2*(1+C3)^C4

Exemplo 3: Seja R$ 1.000,00 aplicados a 15% a.a., durante 5 anos. Calcular o montante
após cada período de capitalização, a o total a receber no final do 5º ano, empregando a
fórmula.
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Solução:

Montante (F) – [R$]


Período
Juros simples Juros compostos
0 1.000,00 1.000,00
1 1.000 + 0,15 x 1.000 = 1.150,00 1.000 + 0,15 x 1.000 = 1.150,00
2 1.150 + 0,15 x 1.000 = 1.300,00 1.150 + 0,15 x 1.150 = 1.322,50
3 1.300 + 0,15 x 1.000 = 1.450,00 1.322,50 + 0,15 x 1.322,50 = 1.520,88
4 1.450 + 0,15 x 1.000 = 1.600,00 1.520,88 + 0,15 x 1.520,88 = 1.749,01
5 1.600 + 0,15 x 1.000 = 1.750,00 1.749,01 + 0,15 x 1.749,01 = 2.011,36
Fórmula F = P (1 + i n) F = P (1 + i)n
1.000 x (1 + 0,15 x 5) = 1.750,00 1.000 x (1 + 0,15)5 = 2.011,36

Na prática, em estudos econômicos são utilizados quase sempre juros compostos. Neste
texto, daqui para frente, sempre será considerada a hipótese dos juros compostos, salvo
quando mencionado o contrário.
No Exemplo 3, R$1.000,00 hoje são equivalentes a R$ 2.011,36 daqui a cinco anos, à taxa
de 5% a.a. (juros compostos). Assim, a taxa de juros e o número de períodos estabelecem
um fator de conversão para tornar equivalentes duas quantias de dinheiro, considerado em
diferentes pontos no tempo.

Exemplo 4: Qual é o fator de conversão para tornar equivalente uma quantia hoje numa
quantia daqui a cinco anos, considerando juros de 15% ao ano? Considere as quantias
fornecidas e calculadas no Exemplo 3.
Solução: R$ 2.011,36 / R$ 1.000,00 = 2,01136

Este fator de conversão pode ser aplicado a qualquer quantia presente para calcular a
equivalência no futuro, sob as mesmas condições para i e n.

Exemplo 5: Qual é a quantia equivalentes a um valor de R$ 5.370,00 hoje, considerando


juros de 15% ao ano, durante 5 anos?
Solução: F = 5.370,00 x 2,01136 = R$ 10.801,00

1.7 DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA

Para elaborar o fluxo de caixa deve-se estimar o momento no tempo em que se darão os
desembolsos e as receitas previstas para o empreendimento. Necessita-se, portanto, de
orçamentos para o custo de construção e do respectivo cronograma, da planilha de vendas e
do respectivo plano de vendas, bem como da estimativa de desembolsos diversos
associados ao empreendimento.
Os principais elementos a considerar no fluxo de caixa de um empreendimento imobiliário
são os seguintes:
1. Custo do terreno: corresponde ao valor do terreno. A aquisição do terreno pode
dar-se por desembolso de dinheiro, por troca de área construída, ou por uma
combinação destas duas modalidades.
2. Custo da legalização do terreno: corresponde às despesas com impostos de
transmissão, escritura e registro do imóvel.
3. Custo dos projetos: refere-se ao custo de elaboração de todos os projetos
necessários ao empreendimento.

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4. Custo de construção: corresponde aos custos diretos de construção, conforme
cronograma previsto para a execução da obra.
5. Despesas administrativas: inclui todos os custos administrativos necessários para
a execução do empreendimento.
6. Despesas com seguros: correspondem aos prêmios das apólices de seguros
(responsabilidade civil do construtor, danos físicos, garantia de término da obra,
etc.)
7. Despesas de vendas: inclui todos os custos referentes à publicidade do
empreendimento. Os maiores custos incorrem no momento de seu lançamento e nos
meses seguintes.
8. Corretagem: é a comissão sobre as vendas, devida ao corretor. É paga à vista, no
momento da venda.
9. Receita de vendas: segue o plano de vendas e é função da estratégia do
incorporador.
10. Financiamentos: no caso de empreendimentos financiados, devem-se considerar
também as receitas e despesas destes financiamentos (juros e amortizações,
comissões diversas, IOF, etc.).
11. Receita financeira: Sempre que houver sobra de caixa, este valor pode ser
aplicado, proporcionando uma receita.
12. Impostos e taxas diversas: taxas para habite-se e averbação, imposto de renda,
etc., de acordo com a legislação fiscal em vigor.

Outras despesas ainda podem ser consideradas, dependendo de sua importância em termos
de valor. Estas despesas, que não foram detalhadas no projeto, podem ser consideradas
numa conta genérica de despesas diversas. Deve-se lembrar também que existe sempre
uma incerteza associada às estimativas feitas, tanto em valor quanto ao momento de sua
ocorrência. Assim, não será de grande valia esmiuçar excessivamente o fluxo de caixa. Em
algumas situações, pode ser interessante considerar na análise um valor de contingência,
que leva em conta estas incertezas (quanto maior a incerteza, maior a contingência).

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2. RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA

2.1 DADO “P” ACHAR “F”

Esta relação permite determinar o valor futuro F (montante) equivalente a um valor


presente P (principal) e vice-versa, considerando uma aplicação à taxa de juros i durante
um período n (Figura 3).

0 0

n n

Figura 3: Dado P determinar F, e vice-versa

F = P (1 + i)n (6)

O termo entre parênteses na Equação 2.1 representa um fator de conversão, denominado de


“achar F dado P”, e tem a seguinte notação e significado:

(F/P; i; n) = (1 + i)n (7)

A notação aqui adotada é a notação internacional. O exemplo do que já foi comentado


sobre a simbologia, também não existe uniformização de notação para os fatores de
conversão, na bibliografia existente.
Estes fator, e os que serão apresentados a seguir, podem sr facilmente tabelados, em função
de i e n. O uso destas tabelas apresenta utilidade quando se dispõe de apenas uma
calculadora não financeira para resolver problemas de matemática financeira. Embora não
faremos apelo a este tipo de tabela neste texto, indicaremos a resolução de problemas
através destes fatores, por serem de mais fácil memorização do que as fórmulas
respectivas. Além disto, interessa destacar o raciocínio aplicado na resolução dos
problemas propostos, mais do que “fazer contas”. Calculadoras financeiras e planilhas
eletrônicas dispõem de rotinas para fazer os cálculos respectivos. Caso não se disponha
destes instrumentos, deve-se calcular o valor dos fatores usando as respectivas fórmulas ou
consultando as já referidas tabelas.

A Equação 5 pode então ser reescrita como:

F = P (F/P; i; n) (8)

Exemplo 6: Uma construtora contraiu um empréstimo de R$ 30.000,00 para ser devolvido


em 5 meses. Qual o montante a ser devolvido, se a taxa de juros deste empréstimo é de
4,5% a.m.? Solução:

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30.000
5

0
F

F = P (F/P; i; n) = P (1 + i)n
F = P (F/P; 4,5%; 5) = 30.000 (1 + 0,045)5
F = R$ 37.385,46

2.2 DADO “F” ACHAR “P”

Da Equação 6 tira-se que:

F
P (9)
(1  i) n
1
Fazendo (P/F; i; n) = (fator “achar P dado F”) (10)
(1  i) n
tem-se que P = F (P/F; i; n) (11)

Exemplo 7: Uma empreiteira precisa adquirir escoras metálicas no valor de R$ 8.000,00,


que serão necessárias daqui a 6 meses. Quanto ela deve investir hoje em papéis que rendem
2,2% a.m., para ter este dinheiro disponível quando necessário?
Solução:

8.000
0

6
P

F
P = F (P/F; i; n) =
(1  i) n
8.000
P = 8.000 (P/F; 2,2%; 6) =
(1  0,022) 6
P = R$ 7.020,77

2.3 DADO “A” ACHAR “F”

Em muitas situações práticas, onde se tem uma série uniforme de pagamentos, exige-se que
o primeiro pagamento da série seja feito no momento de fechamento do negócio, servindo
como entrada. Tem-se então uma série uniforme antecipada, como mostrado na Figura 4.
Observa-se nesta figura que a série antecipada A' inicia no período 0 (zero) e termina no
período (n-1). Uma outra situação prática é aquela na qual se faz depósitos regulares num

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fundo que rende juros i, iniciando na data 0 (zero) e terminando na data (n-1), para retirar
um valor F na data n. Também nesta situação tem-se uma série uniforme antecipada.

A' F

0 (n-1)

0 (n-1) n n

A'
P

Figura 4: Série uniforme antecipada

A relação entre uma série uniforme A e uma série uniforme antecipada A' é a seguinte:

A
A' = (12)
(1  i )
ou A' = A (P/F; i; 1) (13)
e A = A' (1+i) (14)
ou A = A' (F/P; i; 1) (15)

Como F = A (F/A; i, n) ,aplicando a Equação 11 tem-se:

F = A' (F/P; i; 1) (F/A; i, n) (16)

Substituindo os fatores pelas suas expressões (Equação 7 e Equação 21, respectivamente),


chega-se a:

[(1  i) n - 1] (1  i)
F = A' (17)
i
i
e A' = F (18)
[(1  i) - 1] (1  i)
n

ou A' = F (A/F; i; n) (P/F, i; 1) (19)

Exemplo 8: Num financiamento de compra de apartamento, uma parcela de R$ 6.000,00,


referente à entrega de chaves, vence daqui a 5 meses. O comprador propõe parcelar esta
quantia em 5 parcelas iguais, iniciando hoje. Se a TMA do vendedor é de 2,5% a.m., de
quanto deve ser a prestação exigida do comprador?

6.000

0 4

A'

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Solução 1:
i
A' = F
[(1  i) - 1] (1  i)
n

0,025
A' = 6.000
[(1  0,025) 5 - 1] (1  0,025)
A' = 6.000 x 0,1856066
A' = R$ 1.113,64

Solução 2:

A' = F (A/F; i; n) (P/F, i; 1)


A' = 6.000 (A/F; 2,5%; 5) (P/F, 2,5%; 1)
i 1 0,025 1
A' = F x x = 6.000 x x
(1  i) - 1 (1  i)
n n
(1  0,025) - 1
5
(1  0,025)1
A' = 6.000 x 0,1902468 x 0,9756097 = R$ 1.113,64

Exemplo 9: Se um investidor aplicar R$ 1.000,00 por mês, durante 2 anos numa aplicação
que lhe renderá 12% a.a., capitalizados mensalmente, qual a quantia que ele terá disponível
em 2 anos?

1 24

1.000

Solução:
i = 12% a.a./12meses = 1% a.m.
(1  i) n - 1
F = A (F/A; i; n) = A
i
F = 1.000 (F/A; 1%; 24)
(1  0,01) 24 - 1
F = 1.000
0,01
F = R$ 26.973,47

2.4 DADO “F” ACHAR “A”

Esta relação permite determinar o valor futuro F equivalente a uma série uniforme A e
vice-versa, considerando uma aplicação à taxa de juros i durante um período n (Figura 5).

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F

0 1 n 0

Figura 5: Dado A determinar F, e vice-versa

(1  i) n - 1
F=A (20)
i
(1  i) n - 1
Fazendo (F/A; i; n) = (fator “achar F dado A”) (21)
i
tem-se que F = A (F/A; i; n) (22)

Da Equação 20 tem-se que:

i
A=F (23)
(1  i) n - 1
i
Fazendo (A/F; i; n) = (fator “achar A dado F”) (24)
(1  i) n - 1
tem-se que A = F (A/F; i; n) (25)

Exemplo 10: Uma construtora necessitará comprar um carro novo daqui a um ano. Nesta
ocasião, dará um carro usado como parte do pagamento, mas mesmo assim estima que
precisará desembolsar R$ 15.000,00 para efetuar o negócio. Quanto ela deverá aplicar por
mês num fundo de investimentos que lhe renderá 1,8% a.m. neste período, para ter
disponível esta quantia?

15.000

1 12

Solução:

i
A = F (A/F; i; n) = F
(1  i) n - 1
A = F (A/F; 1,8%; 12)

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0,018
A = 15.000
(1  0,018)12 - 1
A = R$ 1.131,03

2.5 DADO “A” ACHAR “P”

Em muitas situações práticas, onde se tem uma série uniforme de pagamentos, exige-se que
o primeiro pagamento da série seja feito no momento de fechamento do negócio, servindo
como entrada. Tem-se então uma série uniforme antecipada, como mostrado na Figura 6.
Observa-se nesta figura que a série antecipada A' inicia no período 0 (zero) e termina no
período (n-1). Uma outra situação prática é aquela na qual se faz depósitos regulares num
fundo que rende juros i, iniciando na data 0 (zero) e terminando na data (n-1), para retirar
um valor F na data n. Também nesta situação tem-se uma série uniforme antecipada.

A' F

0 (n-1)

0 (n-1) n n

A'
P

Figura 6: Série uniforme antecipada

A relação entre uma série uniforme A e uma série uniforme antecipada A' é a seguinte:

A
A' = (26)
(1  i )
ou A' = A (P/F; i; 1) (27)
e A = A' (1+i) (28)
ou A = A' (F/P; i; 1) (29)

Como P = A (P/A; i, n) ,aplicando a Equação 28 tem-se:

P = A' (F/P; i; 1) (P/A; i, n) (30)

Substituindo os fatores pelas suas expressões (Equação 10 e Equação 38, respectivamente),


chega-se a:

(1  i) n - 1
P = A' (31)
i (1  i) n-1
i (1  i) n-1
e A' = P (32)
(1  i) n - 1
ou A' = P (A/P; i; n) (P/F, i; 1) (33)

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Exemplo 11: A poupança de um apartamento é de R$ 15.000,00. Um comprador propõe
parcelar esta poupança em 6 vezes, iniciando os pagamentos hoje. Se a TMA da empresa
vendedora é de 2% a.m., de quanto deve ser a prestação exigida?

A'

0 5 6

15.000

Solução 1:

i (1  i) n-1
A' = P
(1  i) n - 1
0,02 (1  0,02) 6-1
A' = 15.000
(1  0,02) 6 - 1
A' = 15.000 x 0,1750253
A' = R$ 2.625,38

Solução 2:

A' = P (A/P; i; n) (P/F, i; 1)


A' = 15.000 (A/P; 2%; 6) (P/F, 2%; 1)
i (1  i) n 1 0,02 (1  0,02) 6 1
A' = P x x = 15.000 x x
(1  i) - 1 (1  i)
n n
(1  0,02) - 1
6
(1  0,02)1
A' = 15.000 x 0,1785258 x 0,9803921 = R$ 2.625,38

2.6 DADO “P” ACHAR “A”

Esta relação permite determinar uma série uniforme A, que é equivalente a um valor
presente P e vice-versa, considerando uma aplicação à taxa de juros i durante um período n
(Figura 7).

0 0

n 1 n

Figura 7: Dado P determinar A, e vice-versa

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i (1  i) n
A=P (34)
(1  i) n - 1
i (1  i) n
Fazendo (A/P; i; n) = (fator “achar A dado P”) (35)
(1  i) n - 1
tem-se que A = P (A/P; i; n) (36)

Da Equação 34 tem-se que:


(1  i) n - 1
P=A (37)
i (1  i) n
(1  i) n - 1
Fazendo (P/A; i; n) = (fator “achar P dado A”) (38)
i (1  i) n
tem-se que P = A (P/A; i; n) (39)

Exemplo 12: As condições de financiamento de um apartamento exigem como poupança a


quantia de R$ 20.000,00. Um comprador está interessado no negócio, mas precisa parcelar
esta poupança em 5 vezes, iniciando os pagamentos em 30 dias. Se a TMA da empresa
vendedora é de 2% a.m., de quanto deve ser a prestação exigida?
Solução:

0 1 A

5
20.000

(1  i) n - 1
A = P (P/A; i; n) = P
i (1  i) n
A = 20.000 (A/P; 2%; 5)
0,02 (1  0,02)5
A = 20.000
(1  0,02)5 - 1
A = R$ 4.243,17

Exemplo 13: A poupança de um apartamento é de uma entrada mais 12 prestações mensais


fixas de R$ 1.200,00, com vencimentos iniciando em 30 dias. Um potencial comprador
propõe pagar a entrada solicitada mais R$ 12.000,00 hoje, para liquidar a parte parcelada
da poupança. Se a TMA do vendedor é de 2,5% a.m., ele deve aceitar este negócio?
Solução:

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0 1 1.200

12
P

(1  i) n - 1
P = A (P/A; i; n)= A
i (1  i) n
P = 1.200 (P/A; 2,5%; 12)
(1  0,025)12 - 1
P = 1.200
0,025 (1  0,025)12
P = R$ 12.309,32

Como a proposta do comprador é inferior ao valor equivalente das parcelas vincendas, o


vendedor não deve aceitar a proposta.

2.7 DADO “G” ACHAR “A”

Esta relação permite determinar uma série uniforme A equivalente a uma série gradiente G
e vice-versa, considerando uma taxa de juros i durante um período n (Figura 8).

0 1 2 n

0 n
G

(n-1)G

Figura 8: Dado G determinar A, e vice-versa

1 n i
A=G [ - x ] (40)
i i (1  i) n - 1
1 n i
Fazendo (A/G; i; n) = [ - x ] (fator “achar A dado G”) (41)
i i (1  i) n - 1
tem-se que A = G (A/G; i; n) (42)

Exemplo 14: Considere os mesmos dados do Exemplo 15 e calcule a série uniforme


equivalente.
Solução:

A = 2.000,00 + 200 (A/G; 10%, 6)


1 6 0,10
A = 2.000,00 + 200 [ - x ]
0,10 0,10 (1  0,10) 6 - 1
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A = 2.000,00 + 200 x 2,2235572 = 2.000,00 + 444,71
A = R$ 2.444,71

2.8 DADO “G” ACHAR “P”

Esta relação permite determinar o valor presente P equivalente a uma série gradiente G e
vice-versa, considerando uma taxa de juros i durante um período n (Figura 9).

0 1 2 n

0 n
G

(n-1)G

Figura 9: Dado G determinar P, e vice-versa

(1  i) n - 1 n 1
P = G {[ - ] } (43)
i 2
i (1  i) n
(1  i) n - 1 n 1
Fazendo (P/G; i; n) = { [ - ] } (fator “achar P dado G”) (44)
i 2
i (1  i) n
tem-se que P = G (P/G; i; n) (45)

Exemplo 15: Um determinado veículo tem um custo anual de manutenção de R$ 2.000,00.


Estima-se que, a partir do 2º ano de uso, devido ao crescente desgaste, este custo aumente
em R$ 200,00 ao ano. Considerando que este veículo tem 6 anos de vida útil, calcule o
valor presente dos custos de manutenção, para uma TMA de 10% a.a.

0 1 2 6
0 1 2 6
0 1 2 6

2.000
200
2.000
200
1.000
1.000

Solução:

O problema pode ser decomposto em uma série uniforme de R$ 2.000,00 e uma série
gradiente com G = R$ 200,00. O valor presente será então:

P = 2.000 (P/A; 10%; 6) + 200 (P/G; 10%, 6)


(1  0,10) 6 - 1 (1  0,10) 6 - 1 6 1
P = 2.000 + 200 { [ - ] }
0,10 (1  0,10) 6
0,10 2
0,10 (1  0,10)6
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P = 2.000 x 4,3552607 + 200 x 9,6841712 = 8.710,52 + 1.936,83
P = R$ 10.647,35

2.9 – SÉRIES PERPÉTUAS

Uma série perpétua é aquela na qual os pagamentos (ou recebimentos) não tem um
horizonte de tempo finito, ou o número de períodos no qual eles ocorrem é muito grande.
O valor presente de uma série perpétua é:
(1  i) n - 1 1
P = lim A =A
n i (1  i) n
i
A
P= (46)
i
e A=iP (47)

Exemplo 16: Quanto deve ser depositado numa caderneta de poupança que rende 0,5%
a.m., para fazer-se retiradas perpétuas de R$ 3.000,00 a cada seis meses?

Solução: i = (1 + 0,005)6 – 1 = 0,030378 a.s.


3.000
P= = R$ 98.755,68
0,030378

Exemplo 17: Qual é o custo, em termos de valor presente, de uma máquina que tem vida
útil muito longa, cujo valor de aquisição é R$ 10.000,00 e que consome anualmente R$
2.000,000 em despesas de operação e manutenção? Considere uma taxa de juros de 15%
a.a.
Solução:
A 2.000
P = 10.000,00 + = 10.000,00 + = 10.000 + 13.333,33
i 0,15
P = R$ 23.333,33

Exemplo 18: Quanto pode-se retirar a cada doze meses de um fundo de investimento que
rende 1% a.m., de forma a que ele sempre permaneça com o mesmo valor do investimento
inicial, que foi de R$ 50.000,00?
Solução:
i = (1 + 0,01)12 – 1 = 0,126825 a.a.
A = i P = 0,126825 x 50.000,00
A = R$ 6.341,25
Ou seja, a série perpétua corresponde aos rendimentos da aplicação.

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3. TAXAS DE JUROS

3.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Todas as decisões que envolvem quantias de dinheiro, além da quantia propriamente dita,
devem também considerar o momento no tempo em que esta quantia será desembolsada ou
recebida.
O fluxo de caixa é um diagrama que mostra as quantias de dinheiro (desembolsos e
recebimentos) ao longo do período considerado na análise. Este diagrama é composto de
uma reta horizontal, que constitui-se na escala de tempo, e por flechas verticais, que
representam as entradas e saídas de dinheiro (Figura 10).

Fn
F2 F3
F1 F4

0 1 2 3 4 n

P (=I =F0)

Figura 10: Fluxo de caixa genérico

Os períodos de tempo são representados em intervalos contíguos, progredindo da esquerda


para a direita, iniciando no instante 0 (início do primeiro período a ser considerado na
análise) e terminando no instante n (fim do último período a ser considerado na análise).
Assim, cada número representa o período de tempo acumulado até aquele ponto.
Por convenção, as saídas de dinheiro são representadas por flechas para baixo, abaixo da
linha de tempo, e as entradas de dinheiro são representadas por flechas para cima, acima da
linha de tempo. As flechas não precisam representar em escala as quantias de dinheiro.
Por hipótese, os valores ocorrem num único momento em cada período considerado. O
valor inicial é desembolsado (ou recebido) no instante zero, e os demais recebimentos (ou
desembolsos) dão-se no fim de cada período em que ocorrem, a menos que indicado de
outro modo.
Não existe uniformização de simbologia na bibliografia disponível, variando de autor para
autor. A simbologia apresentada a seguir é a mais comum, e será adotada neste texto.
Costuma-se identificar genericamente a quantia inicial pela letra P (valor Presente) ou I
(Investimento) e as quantias seguintes por Fi, com i = 1, ..., n (valor Futuro). A quantia
inicial também pode ser representada por F0.
Quando todos os valores futuros são iguais e consecutivos, eles são comumente
representados pela letra A (de Anuidade, embora nem sempre os períodos considerados
tenham esta periodicidade). Estes valores constituem uma série uniforme de pagamentos
(ou recebimentos), iniciando no período 1 e terminando no período n (Figura 11).

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0 1 2 3 n

Figura 11: Série uniforme de pagamentos

Uma variante da série uniforme é a série uniforme antecipada, que difere daquela apenas
no fato de que os pagamentos (ou recebimentos) iniciam já no período inicial (data zero) do
fluxo de caixa, terminando no período n-1, conforme mostrado na Figura 12.

0 1 2 3 n-1 n

Figura 12: Série uniforme antecipada de pagamentos

Uma série de pagamentos (ou recebimentos) que cresce a uma razão constante G em cada
período, iniciando com o valor G no período 2, e terminando com o valor (n-1)G no
período n, é denominada de série em gradiente (Figura 13). Observe que esta série não
apresenta nenhum valor no período 1.

0 1 2 3 4 n

G
2G
3G
(n-1)G

Figura 13: Série gradiente de pagamentos

3.2 TAXA NOMINAL E TAXA EFETIVA

Uma taxa de juros efetiva é aquela na qual o período referido na taxa coincide com o
período de capitalização (exemplo: 12% a.a. com capitalização anual). Mas nem sempre o
período referido na taxa coincide com o período de capitalização (exemplo: 12% a.a. com
capitalização mensal). Muitas vezes uma taxa de juros é assim enunciada para aparentar
um rendimento maior, ou aparentar uma cobrança de juros mais baixa. Nesta situação, tem-
se uma taxa de juros nominal.
Para uma taxa nominal in, capitalizada k vezes por período, a taxa efetiva i é:

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in k
(1  i)  (1  ) (48)
k
in k
i  (1  ) -1 (49)
k

Um outro modo de solucionar o problema consiste em transformar primeiro a taxa nominal


numa taxa efetiva, considerando o período de capitalização enunciado, e a seguir aplicar a
Equação 51:

in
i (50)
k
ieq = (1 + i)k– 1 (51)

Resolução em planilha eletrônica:

Fórmulas da planilha:
C5 = (1+C2/C3)^12-1
C6 = EFETIVA(C2;C3)

Exemplo 19: Qual a taxa anual efetiva equivalente a taxa de 30% a.a. com capitalização
mensal?
Solução 1:

in k 0,3 12
i  (1  ) -1  i  (1  ) - 1 = 0,3449 = 34,49% a.a.
k 12

Solução 2:

in 30%
i  i  2,5% a.m.
k 12
Ieq = (1 + i)k– 1 = (1 + 0,025)12 – 1 = 0,3449 = 34,49% a.a.

Exemplo 20: Qual a taxa mensal efetiva equivalente a taxa de 4% a.m. com capitalização
anual?
Solução 1:

in k 0,04 1/12
i  (1  ) -1  i  (1  ) - 1 =0,0332 = 3,32% a.a.
k 1/12
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Solução 2:

in 4%
i  i i = 4% a.m. x 12 meses = 48% a.a. (taxa efetiva)
k 1
12
Ieq = (1+ i)k – 1 = (1 + 0,48)1/12 – 1 = 0,0332 = 3,32% a.m.

3.3 TAXAS COBRADAS ANTECIPADAMENTE

Em alguns empréstimos costuma-se cobrar antecipadamente os juros. Ou seja, os juros são


pagos no momento em que se recebe o dinheiro emprestado, sendo devolvido no final
apenas o principal emprestado. Nestas situações, a taxa de juros real é maior do que aquela
enunciada.

Exemplo 21: Calcule a taxa efetiva anual e mensal de um empréstimo de R$ 10.000 por
um ano a uma taxa de 30% a.a., sendo os juros cobrados antecipadamente.
Solução. Juros: J = R$ 10.000 x 0,3 = R$ 3.000,00
Dinheiro efetivamente recebido: P = R$ 10.000,00 – R$ 3.000,00 = R$ 7.000,00
Dinheiro a ser devolvido: F = R$ 10.000,00

7.000

10.000

F = P (1 + i)n
10.000 = 7.000 (1 + i) * 1
i = (10.000 / 7.000) – 1
i = 0,4286 = 42,86% a.a.
i = (1+ i)1/m – 1 = (1 + 0,4286)1/12 – 1 = 0,0302 = 3,02% a.m.

3.4 TAXAS EQUIVALENTES

A taxa de juros sempre é expressa em termos numéricos e com menção de seu período de
capitalização. Duas taxas de juros podem ser equivalentes, ou seja, produzirem o mesmo
montante após um mesmo período de tempo, porém com períodos de capitalização
diferentes.
A conversão entre taxas de juros é feita utilizando-se a relação:

P(1 + ieq) = P(1 + i)k (52)


ieq = (1 + i)k– 1 (53)
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onde: ieq – taxa de juros equivalente
i - taxa de juros a ser convertida
k – número de vezes que a taxa i vai ser capitalizada no período

Duas situações podem ocorrer: converter uma taxa de juros com um período de
capitalização menor em uma taxa com um período de capitalização maior ou converter
uma taxa de juros com um período de capitalização maior em uma taxa com um período de
capitalização menor.

Exemplo 22: Converter a taxa de juros de 1% a.m. para uma taxa de juros com
capitalização anual.
Solução:

ieq = (1 + i)k – 1 = (1 + 0,01)12 – 1 = 12,68% a.a.

Exemplo 23: Converter a taxa de juros de 12% a.a. para uma taxa de juros com
capitalização mensal.
Solução:

ieq = (1+ i)k – 1 = (1 + 0,12)1/12 – 1 = 0,9489% a.m.

3.5 TAXA GLOBAL DE JUROS

Pcorr.

0  1

Pcorr. = P(1 + ) (54)


F = Pcorr.(1 + i) (55)
F = P(1 + )(1 + i) (56)
F = P(1 + ig) (57)

Onde ig é a taxa global que considera simultaneamente a inflação e os juros.

P(1 + ig) = P(1 + )(1 + i) (58)


(1 + ig) = (1 + )(1 + i) (59)
ig = (1 + )(1 + i) - 1 (60)

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Exemplo 24: Determine o valor atualizado de um investimento de R$ 75.000,00 feito a 12
meses. Neste tempo, ele foi corrigido pela inflação que ocorreu no período (8%) e foi
remunerado por uma taxa de juros de 12,0%.
Solução:

F = P(1 + )(1 + i)
F = 75.000,00(1 + 0,08)(1+0,12) = 90.720,00

Exemplo 25: Um cliente deseja financiar uma compra de R$ 8.500,00 em 6 vezes, sem
entrada. Qual é o valor de cada prestação que deve ser cobrada dele, se estima-se uma
inflação de 2,3% a.m. e a TMA da empresa vendedora for de 1,5% a.m.?

A=?

1 6

8.500

A P
1  i  g
n
 ig
1  i  g
n
1
(1 + ig) = (1 + i)(1 + )
(1 + ig) = (1 + 0,015)(1 + 0,023)
ig = 3,83% a.m.
0,0383.1  0,0383
6
A  8500 
1  0,03836  1
A = 1.612,51

3.6 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE

A taxa mínima de atratividade (TMA) é a menor taxa que um investidor aceita como
rentabilidade para um investimento. É a taxa a partir da qual o investidor considera que
está tendo ganhos financeiros (Casarotto; Kopitke, 1994). Sua determinação deve
considerar duas situações:
1. A TMA deve remunerar adequadamente os capitais (próprios e de terceiros)
investidos:

Quant Cap Própr x Custo Cap Própr  Quant Cap 3os x Custo Cap 3os
Custo de Capital  (61)
Total do Capital

2. A TMA deve expressar a remuneração de um investimento alternativo, de baixo risco,


para o investidor.

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A TMA a ser adotada é a maior das encontradas nas duas situações acima mencionadas.
Assim sendo, verifica-se que a TMA depende da situação econômica e financeira do
investidor. Cada investidor, ou empresa, tem sua própria TMA.
Somente pode-se somar ou comparar quantias de dinheiro que estejam referidas a um
mesmo período de tempo. Para movimentar quantias de dinheiro no tempo, utiliza-se uma
taxa de juros denominada de taxa de desconto (normalmente, deve-se comparar valores
atuais com valores futuros, devendo-se, pois “descontar” estes últimos valores).
Numa análise de investimento, a taxa de desconto a ser utilizada pelo investidor é a sua
TMA. Por isso, um investimento pode ser atrativo para um investidor A e não ser atrativo
para um investidor B, por exemplo.

Exemplo 26: Uma empresa está avaliando a possibilidade de diversificar seus negócios.
Para tal, dispõe de 35% do capital necessário, devendo financiar os 65% restantes, a um
custo de 12% a.a. (o dinheiro emprestado somente poderá ser aplicado neste projeto). Os
acionistas exigem uma remuneração de 15% a.a. do capital investido na empresa. Caso a
empresa desista deste negócio, ela pode aplicar seu dinheiro em papéis do governo, a um
rendimento de 12,8% a.a. Qual a TMA que a empresa deve adotar na análise deste
investimento?
Solução:
Custo do dinheiro:

35% x 15%  65% x 12%


Custo de Capital   13,05%
100%

Remuneração do investimento alternativo: 12,8% a.a.

Logo, para a análise de viabilidade econômica deste empreendimento deve ser adotada uma
TMA de 13,05% a.a.

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4. FINANCIAMENTO

4.1 FONTES DE RECURSOS

Para a execução de um projeto de investimento, nem sempre os recursos próprios são


suficientes, devendo uma parte ser financiada. De qualquer forma, o aporte de capital
próprio é muito importante, dado que quase sempre as instituições financeiras só
emprestam dinheiro até certos limites do capital total necessário.
A decisão de financiar o projeto implica em modificações no custo do capital para a
empresa. Este custo é uma média ponderada do custo dos recursos próprios e do custo dos
recursos de terceiros. O retorno de um projeto deve, no mínimo, cobrir estes custos.
O dinheiro proveniente de empréstimos, ao contrário do capital próprio, não participa no
risco empresarial associado ao projeto. Por isso, normalmente é remunerado a uma taxa
mais baixa do que o capital dos acionistas (quotistas). Além disso, os juros são
considerados como despesas para efeito de tributação, ou seja, diminuem o imposto de
renda a pagar. A desvantagem dos empréstimos é que eles tem datas de vencimentos
prefixadas para serem restituídos. Além disto, os direitos dos credores tem preferência
sobre os direitos dos proprietários da empresa, numa eventual liquidação.
O capital próprio não tem data de vencimento, salvo nos casos de sociedades constituídas
por tempo limitado. Por participarem no risco do projeto, os proprietários recebem uma
remuneração média maior e tem o controle administrativo do empreendimento.
Para obter crédito junto às instituições financeiras, as empresas precisam atender algums
requisitos. Entre outras condições, elas devem:
• aportar uma parcela mínima de recursos próprios;
• oferecer garantias reais;
• demonstrar que tem condições de cumprir os compromissos assumidos; e
• demonstrar que o projeto é rentável.

O endividamento excessivo pode provocar um risco financeiro elevado, que pode


comprometer a viabilidade do projeto. A capacidade financeira do projeto corresponde à
capacidade dele gerar receitas que cubram, pelo menos, os custos de produção, as despesas
financeiras (juros) e gerar recursos para devolver os empréstimos.
Define-se como risco primário a risco associado à possibilidade de que o fluxo de caixa
gerado pelo projeto não seja suficiente para pagar os juros e as amortizações das dívidas
(incluindo as debêntures e os dividendos obrigatórios dos acionistas preferenciais). A
possibilidade de que os proprietários (possuidores de ações ordinárias ou quotistas) não
sejam remunerados é defino como risco secundário (Woiler & Mathias, 1985).

4.1.1 Fatores a serem considerados na seleção das fontes de financiamento

Para a análise dos recursos necessários à implementação de um projeto, deve-se prever o


volume total de investimentos e o correspondente cronograma de desembolsos. Com estes
dados, pode-se fazer a busca e seleção das fontes de recursos necessários à execução do
projeto. Woiler & Mathias (1985) recomendam analisar os seguintes fatores na seleção de
financiamentos:
a) Compatibilidade: os fundos devem ser adequados às aplicações previstas. Deve-se
considerar que os financiamentos de curto prazo são normalmente mais caros que
os de longo prazo. Daí a recomendação de que eles sejam utilizados apenas para
financiar parte do ativo circulante.
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b) Risco: fontes que participam do risco do negócio exigem uma remuneração maior.
Para otimizar seu custo de capital, a empresa deve balancear adequadamente a
participação das diferentes fontes de recursos.
c) Rendimento: quanto mais elevado for o risco do empreendimento, maior será a
remuneração exigida do projeto de investimento.
d) Controle: um endividamento excessivo levar à perda do controle da empresa – os
credores podem querer interferir na sua administração, de modo a garantir a
restituição dos empréstimos.
e) Flexibilidade: um endividamento elevado pode dificultar a concessão de novos
empréstimos à empresa, mesmo que existam recursos a custos baixos. Isto dificulta
a flexibilidade da empresa de alterar a composição dos fundos que a financiam.
f) Época: a disponibilidade de recursos e os seus custos dependem da liquidez
existente na economia. Assim, em termos de obtenção de recursos, um projeto
pode ser viável numa época e inviável em outra.

4.1.2 Classificação das fontes de financiamento

As fontes de financiamentos podem ser classificadas (Holanda, 1975; Woiler & Mathias,
1985):
a) Quanto ao prazo:
• curto prazo: empréstimos bancários em conta corrente; crédito mercantil,
operações de desconto de duplicatas;
• médio prazo: empréstimos e créditos diversos;
• longo prazo: empréstimos bancários, debêntures, aporte próprio (lucros retidos,
ações).
b) Quanto à origem:
• fontes internas: reservas (depreciação, exaustão, outras reservas, etc.), lucros
retidos, outros fundos e provisões;
• fontes externas: aportes novos de capital próprio (ações), e empréstimos
(instituições financeiras, fornecedores, debêntures, etc.).
ou ainda:
• recursos próprios: lucros retidos, reservas diversas e ações;
• recursos de terceiros: empréstimos diversos.

4.2 SELEÇÃO DAS FONTES DE FINANCIAMENTO

Evidentemente, procura-se sempre obter recursos nas fontes que representam os menores
custos de financiamento.
Na maior parte das vezes, os custos especificados pelas instituições financeiras são
nominais. Para chegar-se aos custos efetivos, deve-se calcular as taxas efetivas de juros e a
cobrança de diversas taxas (administrativas, de abertura de crédito, de aval, etc.),
comissões, além do imposto sobre operações financeiras (IOF). Também as contrapartidas
exigidas pela instituição financeira, como saldo médio em conta corrente e/ou aplicações,
seguros, etc., representam um custo adicional.
O problema da seleção da fonte de financiamento resume-se, pois a selecionar aquela que
tem o menor custo efetivo dentre as opções disponíveis. O custo efetivo de um empréstimo
é obtido através do cálculo da taxa de juros real do empreendimento, que corresponde à
taxa interna de retorno do fluxo de caixa do empréstimo.

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Além do critério econômico acima mencionado, deve-se também considerar o critério
financeiro, ou seja, a questão ligada à disponibilidade de caixa da empresa. O sistema de
amortização, que determina o fluxo de caixa da devolução do empréstimo e do pagamento
dos juros correspondentes, fornece elementos para este estudo.
Os principais sistemas de amortização são:
• sistema francês ou tabela price (TP);
• sistema de amortização constante (SAC);
• sistema de amortização misto (SAM);
• sistema de amortização crescente (SACRE);
• sistema americano;
• pagamento único com juros postecipados;
• pagamento único com juros antecipados;
• sistema de amortizações variáveis.

4.3 AMORTIZAÇÃO DE DÍVIDAS

Muitas vêzes, para viabilizar um empreendimento imobiliário faz-se necessário financiar


uma parte dos recursos necessários. A devolução do empréstimo dá-se através de
prestações. A cada período t é paga uma prestação, que é composta de uma parcela de
amortização e de uma parcela de juros:

pt = at + jt (62)
onde: p – prestação
a – amortização
j – juros

A amortização corresponde à devolução do dinheiro (principal) emprestado. Os juros são


a remuneração deste dinheiro. Os juros incidem sobre o saldo devedor do período:

jt = SD(t-1) x i (63)
onde: j – juros
SD – saldo devedor
i – taxa de juros

O saldo devedor do t-ésimo período é obtido mediante a subtração da parcela de


amortização do período, do saldo devedor anterior:

SDt = SD(t-1) – at (64)


onde: SD – saldo devedor
a – amortização

Os juros variam com o saldo devedor; à medida que este vai decrescendo, os juros também
vão ficando menores.
Alguns financiamentos incluem um prazo de carência, durante o qual não há devolução
do principal emprestado. Duas situações podem ocorrer:
 durante o prazo de carência ocorre o pagamento de juros; e
 durante o prazo de carência não há necessidade de pagamento de juros, que são
capitalizados (somados ao saldo devedor, passam a também render juros).

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A seguir serão apresentadas as principais modalidades de amortização de dívidas.

4.4 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO FRANCÊS (TABELA PRICE)

O Sistema Francês de amortização também é conhecido como “sistema de prestações


constantes”. Este sistema de amortização caracteriza-se por ter suas prestações constantes.
Foi popularizado no crédito direto ao consumidor e pelos financiamentos para aquisição de
casa (moradia) própria. Atualmente, é utilizado comumente e em alguns financiamentos de
curto prazo.
A Tabela Price (TP) é um caso particular do sistema francês, no qual as taxas usadas nos
contratos são nominais (usualmente são dadas em termos anuais) e as prestações tem
periodicidade menor do que aquela enunciada na taxa (em geral, usam-se prestações
mensais).
Como a prestação é constante, a amortização é variável, crescendo exponencialmente ao
longo do tempo. O saldo devedor decresce exponencialmente, seguindo o movimento dos
juros (Figura 14).

Prestação Saldo Devedor


($) ($)

juros

amortização Período Período

1 n 1 n
(a) (b)

Figura 14: Evolução da prestação (a) e do saldo devedor (b) no

Sistema Francês de amortização


O valor da prestação p (que corresponde ao valor A de uma série uniforme, conforme visto
no capítulo 2) é dado por:

p = P (A/P; i; n) (65)
i (1  i) n
ou p=P (66)
(1  i) n - 1
i
ou ainda: p=P (67)
1  (1  i) -n
onde: p – valor da prestação (constante)
P – principal (dívida inicial)
i – taxa de juros
n – número de períodos para amortização da dívida

A amortização é obtida subtraindo-se da prestação paga o valor correspondente aos juros


do período:

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a=p–j (68)

Após o pagamento da t-ésima parcela, o saldo devedor é o valor presente das prestações
que ainda faltam pagar (Casarotto e Kopitke, 1994), conforme mostra a Figura 15.

SDt

(t+1) n

t p

Figura 15: Saldo devedor no sistema francês

Então: SDt = p [P/A; i; (n-t)] (69)


(1  i) (n -t) - 1
ou SDt = p (70)
i (1  i) (n -t)

Para acompanhar a evolução do pagamento da dívida, costuma-se montar uma planilha


onde aparecem, período a período, a prestação, juros, amortização e saldo devedor.

Resolução em planilha eletrônica:

Fórmulas da planilha:
C8 = +PGTO($C$3;$C$4;-$C$2)
D8 = C2*C3
E8 = C8-D8
F9 = F8+E9
G9 = G8-E9

Exemplo 27: Fazer a planilha de amortização, usando o sistema francês, de um


empréstimo de R$ 100.000, a ser pago em 10 parcelas mensais. A taxa de juros é de 2,5%
a.m. Calcule também o saldo devedor após o pagamento da 6ª prestação, usando a fórmula.

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Solução:

i (1  i) n i
p = P (A/P; i; n) = P =P
(1  i) - 1
n
1  (1  i) -n
p = 100.000 (A/P; 2,5%; 10)
0,025 (1  0,025)10
p  100000  11.425,88
(1  0,025)10 - 1
0,025
ou p  100000  11.425,88
1  (1  0,025) -10
SD6 = 11.425,88 x [P/A; 2,5%; (10-6)]
(1  0,025) (10-6) - 1
SD 6  11425,88  42.983,87
0,025 (1  0,025) (10-6)

Exemplo 28: Fazer a planilha de amortização, utilizando o sistema francês (tabela PRICE),
de um empréstimo de R$ 100.000, a ser pago em 10 parcelas mensais, com carência de três
meses, durante a qual serão pagos apenas os juros. A taxa de juros é de 2,5% a.m.
Solução:

valor dos juros durante carência: j = 100.000,00 x 0,025 = R$ 2.500,00

Os demais cálculos são idênticos ao Exemplo 27. A planilha é mostrada abaixo:

Período Prestação Juros Amortização Saldo Devedor


0 100.000,00
1 2.500,00 2.500,00 0,00 100.000,00
2 2.500,00 2.500,00 0,00 100.000,00
3 2.500,00 2.500,00 0,00 100.000,00
4 11.425,88 2.500,00 8.925,88 91.074,12
5 11.425,88 2.276,85 9.149,02 81.925,10
6 11.425,88 2.048,13 9.377,75 72.547,35
7 11.425,88 1.813,68 9.612,19 62.935,16
8 11.425,88 1.573,38 9.852,50 53.082,66
9 11.425,88 1.327,07 10.098,81 42.983,85
10 11.425,88 1.074,60 10.351,28 32.632,57
11 11.425,88 815,81 10.610,06 22.022,51
12 11.425,88 550,56 10.875,31 11.147,20
13 11.425,88 278,68 11.147,20 0,00
Total 100.000,00

Exemplo 29: Fazer a planilha de amortização, utilizando o sistema francês (tabela PRICE),
de um empréstimo de R$ 100.000, a ser pago em 10 parcelas mensais, com carência de três
meses, sendo os juros capitalizados durante este período. A taxa de juros é de 2,5% a.m.
Solução: valor da dívida após capitalização dos juros:

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F = P (F/P; i; n) = P (1 + i)n
F = 100.000 (F/P; 2,5%; 3) = 100.000 (1 + 0,025)3 = R$ 107.689,06
Este é o novo saldo devedor (R$ 107.689,06), que deve ser devolvido em dez prestações.
i (1  i) n
valor da prestação: p = P (A/P; i; n) =
(1  i) n - 1
p = 107.689,06 (A/P; 2,5%; 10)
0,025 (1  0,025)10
p  107689,06  12.304,42
(1  0,025)10 - 1

Segue abaixo a planilha de amortização. Observe que os juros dos meses de carência, por
não serem pagos neste período, constituem amortizações negativas.

Período Prestação Juros Amortização Saldo Devedor


0 100.000,00
1 0,00 2.500,00 (2.500,00) 102.500,00
2 0,00 2.562,50 (2.562,50) 105.062,50
3 0,00 2.626,56 (2.626,56) 107.689,06
4 12.304,42 2.692,23 9.612,19 98.076,87
5 12.304,42 2.451,92 9.852,50 88.224,37
6 12.304,42 2.205,61 10.098,81 78.125,56
7 12.304,42 1.953,14 10.351,28 67.774,28
8 12.304,42 1.694,36 10.610,06 57.164,22
9 12.304,42 1.429,11 10.875,31 46.288,91
10 12.304,42 1.157,22 11.147,20 35.141,71
11 12.304,42 878,54 11.425,88 23.715,83
12 12.304,42 592,90 11.711,52 12.004,31
13 12.304,42 300,11 12.004,31 0,00
Total 100.000,00

4.5 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC)

Como o nome indica, o sistema de amortização constante caracteriza-se por ter suas
amortizações constantes. Neste sistema, a prestação e o saldo devedor decrescem
linearmente (Figura 16).

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Prestação Saldo Devedor
($) ($)

juros

amortização
Período Período

1 n 1 n
(a) (b)

Figura 16: Evolução da prestação (a) e do saldo devedor (b) no SAC

O valor da t-ésima prestação é dado pela relação:

P t = a + jt (71)
onde: p – prestação do período t
a – amortização (constante)
j – juros do período t

A amortização de cada período é dada por:

P
a= (72)
n
onde: a – amortização (constante)
P – principal (dívida inicial)
n – número de períodos para amortização da dívida

Os juros referentes ao t-ésimo período obtém-se fazendo:

jt = SD(t-1) x i (73)
onde: j – juros
SD – saldo devedor
i – taxa de juros

Como o saldo devedor no t-ésimo período é dado por:

SDt = P – a x t (74)

tem-se que jt = [P – a x (t-1)] x i (75)


(t  1)
ou ainda jt = [1 – ]x Pxi (76)
n

A prestação em qualquer período será então:

1 t 1
pt = P [ + (1- )i] (77)
n n

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Para o primeiro período (t = 1) tem-se:

P SD0
p1  Pxi   SD0 x i (78)
n n

Resolução em planilha eletrônica:

Fórmulas da planilha:
C8 = D8+E8
D8 = C2*C3
E8 = C2/C4
F9 = E9+F8
G9 = C$2-F9

Exemplo 30: Fazer a planilha de amortização, utilizando o sistema de amortização


constante (SAC), de um empréstimo de R$ 100.000, a ser pago em 10 parcelas mensais. A
taxa de juros é de 2,5% a.m. Calcule também o saldo devedor após o pagamento da 6ª
prestação, usando a fórmula.
Solução:

pt = a + jt
P 100.000
a= = = R$ 10.000,00
n 10

Para o 1º período tem-se: jt = [P – a x (t-1)] x i

j1 = [100.000 – 10.000 (1-1)] x 0,01 = R$ 1.000,00


então: p1 = a + j1 = 10.000,00 + 1.000,00 = R$ 11.000,00

e o saldo devedor é:

SDt = P – a x t  SD1 = 100.000 – 10.000 x 1 = R$ 90.000,00


 SD6 = 100.000 – 10.000 x 6 = 40.000,000

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Período Prestação Juros Amortização Saldo Devedor
0 100.000,00
1 12.500,00 2.500,00 10.000,00 90.000,00
2 12.250,00 2.250,00 10.000,00 80.000,00
3 12.000,00 2.000,00 10.000,00 70.000,00
4 11.750,00 1.750,00 10.000,00 60.000,00
5 11.500,00 1.500,00 10.000,00 50.000,00
6 11.250,00 1.250,00 10.000,00 40.000,00
7 11.000,00 1.000,00 10.000,00 30.000,00
8 10.750,00 750,00 10.000,00 20.000,00
9 10.500,00 500,00 10.000,00 10.000,00
10 10.250,00 250,00 10.000,00 0,00
Total 100.000,00

4.6 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO (SAM)

O sistema de amortização misto (SAM) é uma composição entre o sistema francês (tabela
price – TP) e o sistema de amortização constante (SAC). Assim sendo, apresenta
amortizações crescentes e juros decrescentes.
Suas prestações correspondem à média aritmética das prestações calculadas pelo sistema
francês e pelo sistema de amortização constante. O valor da primeira prestação é:

P i (1  i) n 1
p= [( ) + ( + i)] (79)
2 (1  i) n - 1 n

onde: p – valor da prestação inicial


P – principal (dívida inicial)
i – taxa de juros
n – número de períodos para amortização da dívida

O valor da prestação em qualquer período é dado por:

1 i (1  i) n P
p= [P + ( + (P-(a(t-1)i))] (80)
2 (1  i) - 1
n
n
P  i(1  i) n  1  t  1  
p     1  i 
n   
ou (81)
2  (1  i)  1  n 
n

O cálculo dos juros, das amortizações e do saldo devedor para cada período seguem os
princípios já expostos neste texto.

Resolução em planilha eletrônica:

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Fórmulas da planilha:
C8 = (C2/2)*(((C3*(1+C3)^C4)/(((1+C3)^C4)-1))+((1/C4)+(1-((C5-1)/C4))*C3))
D9 = G8 *C3
E9 = C9-D9
F9 = E9+F8
G9 = C2-F9

Exemplo 31: Fazer a planilha de amortização, utilizando o sistema de amortização misto


(SAM), de um empréstimo de R$ 100.000, a ser pago em 10 parcelas mensais. A taxa de
juros é de 2,5% a.m.
Solução:
Valor da prestação inicial:

P  i(1  i) n  1  t  1  
p     1  i 
2  (1  i)  1  n 
n
n   
100000  0,025(1  0,025)10  1  1  1  
p     1  0,025 
2  (1  0,025)  1 10 
10
10  
p = 50.000 (0,1142587 + 0,125) = R$ 11.962,94

Período Prestação Juros Amortização Saldo Devedor


0 100.000,00
1 11.962,94 2.500,00 9.462,94 90.537,06
2 11.837,94 2.263,43 9.574,51 80.962,55
3 11.712,94 2.024,06 9.688,87 71.273,68
4 11.587,94 1.781,84 9.806,10 61.467,58
5 11.462,94 1.536,69 9.926,25 51.541,33
6 11.337,94 1.288,53 10.049,40 41.491,93
7 11.212,94 1.037,30 10.175,64 31.316,29
8 11.087,94 782,91 10.305,03 21.011,25
9 10.962,94 525,28 10.437,66 10.573,60
10 10.837,94 264,34 10.573,60 0,00
Total 100.000,00

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4.7 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CRESCENTE (SACRE)

O sistema de amortização crescente (SACRE) é uma variação do sistema de amortização


constante (SAC). No SACRE, a prestação é calculada como no SAC, mas é mantida
constante. Normalmente, esta prestação permanece congelada por períodos determinados
em contrato (geralmente 1 ano), após os quais se recalcula a prestação.
O cálculo dos juros, das amortizações e do saldo devedor para cada período seguem os
princípios já expostos anteriormente. No SACRE, as parcelas de amortização são
crescentes e os juros são decrescentes.
Atualmente, este é o sistema mais utilizado pela Caixa Econômica Federal em suas linhas
de crédito imobiliário.

Resolução em planilha eletrônica:

Fórmulas da planilha:
C8 = C2/C4+C2*C3
D9 = G8*C3
E8 = C7-C8

Exemplo 32: Fazer a planilha de amortização, utilizando o sistema de amortização


crescente (SACRE), de um empréstimo de R$ 100.000, a ser pago em 10 parcelas mensais.
A taxa de juros é de 2,5% a.m. Considere que:
a) não haverá recálculo da prestação; e
b) haverá um recálculo da prestação, na metade do prazo de financiamento.

Solução do item a):


Valor da prestação do período 1 até o período 9:

P t = a + jt
SD0 100.000
p1 = ... = p9 = + SD0 x i = + 100.000 x 0,025 = R$ 12.500,00
10 10

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Período Prestação Juros Amortização Saldo Devedor
0 100.000,00
1 12.500,00 2.500,00 10.000,00 90.000,00
2 12.500,00 2.250,00 10.250,00 79.750,00
3 12.500,00 1.993,75 10.506,25 69.243,75
4 12.500,00 1.731,09 10.768,91 58.474,84
5 12.500,00 1.461,87 11.038,13 47.436,71
6 12.500,00 1.185,92 11.314,08 36.122,63
7 12.500,00 903,07 11.596,93 24.525,70
8 12.500,00 613,14 11.886,86 12.638,84
9 12.500,00 315,97 12.184,03 454,81
10 12.500,00 11,37 12.488,63 -12.033,82
Total 112.033,82
p10 = 466,18

O valor da última prestação é:

p10 = 12.500,00 – 12.033,82 = R$ 466,18


ou p10 = SD9 + j10 = 454,81 + 454,81 x 0,025 = R$ 466,18

Solução do item b): Valor da prestação do período 1 até o período 5:

P t = a + jt
SD0 100.000
p1 = ... = p5 = + SD0 x i = + 100.000 x 0,025 = R$ 12.500,00
10 10

Cálculo da 6ª até a 9ª prestação:

SD5 47.436,71
p6 = ... = p9 = + SD5 x i = + 47.436,71x 0,025 = R$ 10.673,26
5 5

Período Prestação Juros Amortização Saldo Devedor


0 100.000,00
1 12.500,00 2.500,00 10.000,00 90.000,00
2 12.500,00 2.250,00 10.250,00 79.750,00
3 12.500,00 1.993,75 10.506,25 69.243,75
4 12.500,00 1.731,09 10.768,91 58.474,84
5 12.500,00 1.461,87 11.038,13 47.436,71
6 10.673,26 1.185,92 9.487,34 37.949,37
7 10.673,26 948,73 9.724,53 28.224,85
8 10.673,26 705,62 9.967,64 18.257,21
9 10.673,26 456,43 10.216,83 8.040,37
10 10.673,26 201,01 10.472,25 -2.431,88
Total 102.431,88
p10 = 8.241,38

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O valor da última prestação é:
p10 = 10.673,26 – 2.431,88 = R$ 8.241,38
ou p10 = SD9 + j10 = 8.040,37 + 8.040,37 x 0,025 = 8.241,38

4.8 OUTROS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO

4.8.1 Sistema Americano


No sistema americano pagam-se apenas os juros durante o prazo de empréstimo. No final,
são pagos os juros e devolvido o principal (Figura 17).

1 n

iP

Figura 17: Sistema Americano

A prestação, do período 1 ao período (n-1) resume-se aos juros:

p1 = ...= p(n-1) = j = i P (82)


e o último pagamento é: pn = i P + P (83)
onde: p – prestação
j – juros
i – taxa de juros
P – principal

Resolução em planilha eletrônica:

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Fórmulas da planilha:
C8 = C2*C3
C18 = C2*C3+C2

Exemplo 33: Calcule as prestações mensais, utilizando o sistema americano, de um


empréstimo de R$ 100.000, a ser devolvido em dez meses. A taxa de juros é de 2,5% a.m.
Solução:
Prestações do mês 1 ao 9: p1 = ... = p9 = i P = 0,025 x 100.000 = R$ 2.500,00
Prestação do mês 10: p10 = i P + P = 0,025 x 100.000 + 100.000 = R$ 102.500,00

4.8.2 Pagamento único, com juros postecipados


No sistema de pagamento único, com juros postecipados, tanto o principal como os juros
são devolvidos numa única parcela, no final do prazo de empréstimo:

p = P (1 +i)n (84)
onde: p – prestação
P – principal
i – taxa de juros
n – número de capitalizações no prazo do empréstimo

Resolução em planilha eletrônica:

Fórmulas da planilha:
C7 = C2*(1+C3)^C4

Exemplo 34: Calcule a quantia a ser devolvida após dez meses, no sistema de pagamento
único com juros postecipados, referente a um empréstimo de R$ 100.000, à taxa de juros
de 2,5% a.m.
Solução: p = P (1 +i)n = 100.000 (1 + 0,025)10 = R$ 128.008,45

4.8.3 Pagamento único, com juros antecipados


No sistema de pagamento único, com juros antecipados, os juros são cobrados no instante
em que o empréstimo é cedido, e o principal é devolvido numa única parcela, no final do
prazo de empréstimo.
Deve-se observar que neste tipo de empréstimo a taxa de juros enunciada é sempre menor
do que a taxa efetivamente cobrada.

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Resolução em planilha eletrônica:

Fórmulas da planilha:
C7 = C2*(1+C3)^C4-C2

Exemplo 35: Calcule a taxa de juros efetiva de um empréstimo de R$ 100.000,00 por dez
meses, à taxa de juros de 2,5% a.m., cobrados antecipadamente.
Solução:
juros a serem pagos antecipadamente:
j = P (1 +i)n – P = 100.000 (1 + 0,025)10 – 100.000,00 = R$ 28.008,45

Cálculo da taxa de juros:

F = P (1 +i)n
100.000 = (100.000,00 – 28.008,45) (1 +0,025)10 = 71.991,55 (1 +0,025)10
i = (100.000 / 71.991,55) 1/10 – 1 = 0,0334 = 3,34% a.m.

4.8.4 Sistema de amortizações variáveis


No sistema de amortizações variáveis as prestações contradas pelas partes são variáveis.
Por isso, as amortizações também são variáveis (Figura 18).

Prestação
($)

juros

amortização Período

1 n

Figura 18: Sistema de amortizações variáveis

O cálculo dos juros, das amortizações e do saldo devedor para cada período seguem os
princípios já comentados anteriormente.

4.9 COMENTÁRIOS SOBRE OS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO

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Qual é o melhor sistema de amortização? A resposta a esta pergunta depende de uma série
de fatores e da forma com que estes pesam na análise: velocidade de recuperação do
capital, valor das prestações, quantia de juros pagos, risco envolvido na transação, etc.
Cada situação apresenta particularidades que devem ser cuidadosamente estudadas. Além
disto, há que se considerar que o ponto de vista do credor nem sempre coincide com o
ponto de vista do devedor.
Qual o sistema que mais cobra juros? Para responder a esta pergunta, deve-se calcular o
valor presente dos juros pagos em cada sistema. Para exemplificar, a Tabela 1 mostra os
resultados destes cálculos para os exemplos resolvidos neste capítulo, para os principais
sistemas de amortização utilizados em empréstimos de longo prazo. Não foi considerado
nenhum prazo de carência e a taxa utilizada foi a mesma dos exemplos (2,5% a.m.).

Sistema de amortização Valor Presente dos juros pagos (R$)


Sistema francês (TP) 12.918,28
Sistema de amortização constante (SAC) 12.479,36
Sistema de amortização misto (SAM) 12.698,82
Sistema de amortização crescente (SACRE (a)) 11.839,82
Sistema de amortização crescente (SACRE (b)) 12.214,76
Tabela 1: Juros pagos em diferentes sistemas de amortização

A Tabela 2 e a Figura 19 mostram o comportamento das prestações nos sistemas TP, SAC,
SAM e SACRE, para os exemplos explorados.

Período Prestação [R$]


[meses] TP SAC SAM SACRE (a) SACRE (b)
1 11.425,88 12.500,00 11.962,94 12.500,00 12.500,00
2 11.425,88 12.250,00 11.837,94 12.500,00 12.500,00
3 11.425,88 12.000,00 11.712,94 12.500,00 12.500,00
4 11.425,88 11.750,00 11.587,94 12.500,00 12.500,00
5 11.425,88 11.500,00 11.462,94 12.500,00 12.500,00
6 11.425,88 11.250,00 11.337,94 12.500,00 10.673,26
7 11.425,88 11.000,00 11.212,94 12.500,00 10.673,26
8 11.425,88 10.750,00 11.087,94 12.500,00 10.673,26
9 11.425,88 10.500,00 10.962,94 12.500,00 10.673,26
10 11.425,88 10.250,00 10.837,94 466,18 8.241,38
Tabela 2: Comportamento da prestação em alguns sistemas de amortização

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13.000
12.500
12.000
Prestação [$] 11.500
TP
11.000
SAC
10.500
SAM
10.000
SACRE (b)
9.500
9.000
8.500
8.000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Período

Figura 19: Comportamento da prestação em alguns sistemas de amortização

A Tabela 3 apresenta o comportamento dos saldos devedores nos sistemas TP, SAC, SAM
e SACRE, para os exemplos explorados.

Período Saldo Devedor [R$]


[meses] TP SAC SAM SACRE (a) SACRE (b)
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00
1 91.074,12 90.000,00 90.537,06 90.000,00 90.000,00
2 81.925,10 80.000,00 80.962,55 79.750,00 79.750,00
3 72.547,35 70.000,00 71.273,68 69.243,75 69.243,75
4 62.935,16 60.000,00 61.467,58 58.474,84 58.474,84
5 53.082,66 50.000,00 51.541,33 47.436,71 47.436,71
6 42.983,85 40.000,00 41.491,93 36.122,63 37.949,37
7 32.632,57 30.000,00 31.316,29 24.525,70 28.224,85
8 22.022,51 20.000,00 21.011,25 12.638,84 18.257,21
9 11.147,20 10.000,00 10.573,60 454,81 8.040,37
10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Tabela 3: Comportamento do saldo devedor em alguns sistemas de amortização

O sistema que permite a menor prestação, para o tomador de empréstimo, é o sistema


francês. Em contrapartida, é o sistema onde se pagam os maiores juros. Em empréstimos de
curto prazo, é o sistema mais utilizado, pois evidencia ao tomador do empréstimo se ele
poderá cumprir o compromisso assumido.
O sistema de amortização constante (SAC), normalmente empregado em empréstimos de
longo prazo, permite uma recuperação mais rápida, por parte do credor, do dinheiro
emprestado. Com isso, ele tem seu risco diminuído. Para o tomador do empréstimo, apesar
de exigir uma maior capacidade de pagamento nos períodos iniciais, a vantagem está no
pagamento de menos juros.
O sistema de amortização misto (SAM) é exatamente o meio termo entre a tabela price e o
sistema de amortização constante.
O sistema de amortização crescente (SACRE) é atualmente muito utilizado pela Caixa
Econômica Federal em suas linhas de crédito imobiliário (Apenas algumas linhas de

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crédito voltadas à população de baixa renda continuam usando a tabela price). É o sistema
que permite a mais rápida recuperação do capital emprestado. Outro fator de diminuição do
risco do credor é o modo de cálculo da prestação, que dilui significativamente o impacto
negativo da inflação sobre o saldo devedor e no recálculo das prestações.
Os outros métodos apresentados (sistema americano, pagamento único com juros
postecipados e pagamento único com juros antecipados, sistema de amortizações variáveis)
são normalmente utilizados apenas em empréstimos de curto prazo.

4.10 CORREÇÃO MONETÁRIA DOS EMPRÉSTIMOS

A correção monetária dos empréstimos é feita para compensar a inflação ou uma variação
cambial, no caso de empréstimos em moeda estrangeira.
Duas situações podem ocorrer: a prestação é calculada após a incorporação da correção
monetária ao saldo devedor, ou, a prestação é calculada antes da incorporação da correção
monetária ao saldo devedor.

4.10.1 Prestação calculada após a incorporação da correção monetária ao saldo devedor

Nesta situação, o saldo devedor deve ser recalculado considerando-se a taxa de correção
monetária relativa ao período transcorrido. Calculam-se então a prestação, os juros e a
amortização em função do saldo devedor corrigido.
Na montagem da planilha de amortização é conveniente inserir uma coluna para o cálculo
do saldo devedor corrigido.
O saldo devedor corrigido é obtido pela Equação 85.

SDt corrig = SDt-1 . (1 + t) (85)

Onde: t – taxa de correção monetária para o período t


SDt corrig – saldo devedor corrigido, relativo ao início do período t
(final do período t –1)

Para o Sistema Francês (Tabela Price) tem-se as seguintes relações:

i (1  i) n-(t -1)
pt = SDt corrig (A/P; i; n) = SDt corrig
(1  i) n-(t -1) - 1
jt = SDt corrig. i
at = pt – jt
SDt = SDt corrig – at

Onde os elementos das fórmulas tem o mesmo significado já apresentado em fórmulas


anteriores.
Para os demais sistemas de amortização, o procedimento é análogo.

Exemplo 36: Fazer a planilha de amortização do Exemplo 27 (Sistema Francês),


considerando o seguinte comportamento para as taxas de correção monetária:

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Período 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Correção Monetária (%) 1,5 1,7 2,0 2,3 2,1 1,7 1,3 1,8 2,4 2,0

A prestação devida é calculada após a incorporação da correção monetária ao saldo


devedor.
Solução: P = R$ 100.000,00 i = 2,5% a.m. n = 10 meses

Período Taxa de CM SD corrig. Prestação Juros Amortização Saldo Devedor


0 100.000,00
1 1,5% 101.500,00 11.597,26 2.537,50 9.059,76 92.440,24
2 1,7% 94.011,72 11.794,42 2.350,29 9.444,12 84.567,59
3 2,0% 86.258,95 12.030,31 2.156,47 9.873,83 76.385,11
4 2,3% 78.141,97 12.307,00 1.953,55 10.353,45 67.788,52
5 2,1% 69.212,08 12.565,45 1.730,30 10.835,15 58.376,93
6 1,7% 59.369,34 12.779,06 1.484,23 11.294,83 48.074,51
7 1,3% 48.699,47 12.945,19 1.217,49 11.727,70 36.971,77
8 1,8% 37.637,26 13.178,20 940,93 12.237,27 25.399,99
9 2,4% 26.009,59 13.494,48 650,24 12.844,24 13.165,35
10 2,0% 13.428,65 13.764,37 335,72 13.428,65 0,00

SD1 corrig = SD0 . (1 + 1) = 100.000,00 x (1+0,015) = 101.500,00


i (1  i) n
p = P (A/P; i; n) = P
(1  i) n - 1
p1 = SD1 corrig . (A/P; 2,5%; 10)
0,025 (1  0,025)10
p1  101500  11.597,26
(1  0,025)10 - 1
j1 = SD1 corrig. i = 101.500,00 x 0,025 = 2.537,50
a1 = p1 – j1 = 11.597,26 – 2.537,50 = 9.059,76
SD1 = SD1 corrig - a1 = 101.500,00 - 9.059,76 = 92.440,24

SD2 corrig = SD1 . (1 + 2) = 92.440,24 x (1+0,017) = 94.011,72


p2 = SD2 corrig . (A/P; 2,5%; 9)
0,025 (1  0,025)9
p 2  94.011,72  11.794,42
(1  0,025)9 - 1
j2 = SD2 corrig . i = 94.011,72 x 0,025 = 2.350,29
a2 = p2 – j2 = 11.794,42 – 2.350,29 = 9.444,13
SD2 = SD2 corrig – a2 = 94.011,72 - 9.444,13 = 84.567,59

Um outro procedimento possível, é calcular a planilha de amortização sem a correção


monetária, e após, corrigir cada linha da planilha de amortização pelo índice de correção
monetária (ou de variação cambial) acumulado. Para maior clareza, é interessante incluir
colunas onde são registrados os índices de correção monetária do período e os índices de
correção monetária acumulados a serem aplicados.
O índice de correção monetária acumulado é obtido pela Equação 86:

ICMt = (1+1). .(1+2)... .(1+t) (86)


Onde: ICMt - índice de correção monetária acumulado na data t
i – taxa de correção monetária relativa ao período i
i = 1, 2, ..., t
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O Quadro 1 mostra a montagem da planilha de amortização.

Taxa de
Índice de CM Saldo
Período Correção Prestação Juros Amortização
Acumulado Devedor
Monetária
0 SD0
1 1 ICM1 = (1+1) p1 . ICM1 j1 . ICM1 a1. ICM1 SD1 . ICM1
2 2 ICM2 = (1+1). .(1+2) p2 . ICM2 j2 . ICM2 a2 . ICM2 SD2 . ICM2
... ... ... ... ... ...
ICMn = (1+1).
n n pn . ICMn jn . ICMn an . ICMn 0
.(1+2)... .(1+n)
Quadro 1: Planilha de amortização com correção monetária

Exemplo 37: Fazer a planilha de amortização do Exemplo 27 (Sistema Francês),


considerando o seguinte comportamento para as taxas de correção monetária:

Período 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Correção Monetária (%) 1,5 1,7 2,0 2,3 2,1 1,7 1,3 1,8 2,4 2,0

Solução:
a) Planilha de amortização sem correção monetária:

Período Prestação Juros Amortização Saldo Devedor


0 100.000,00
1 11.425,88 2.500,00 8.925,88 91.074,12
2 11.425,88 2.276,85 9.149,02 81.925,10
3 11.425,88 2.048,13 9.377,75 72.547,35
4 11.425,88 1.813,68 9.612,19 62.935,16
5 11.425,88 1.573,38 9.852,50 53.082,66
6 11.425,88 1.327,07 10.098,81 42.983,85
7 11.425,88 1.074,60 10.351,28 32.632,57
8 11.425,88 815,81 10.610,06 22.022,51
9 11.425,88 550,56 10.875,31 11.147,20
10 11.425,88 278,68 11.147,20 0,00
Total 100.000,00

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b) Planilha de amortização com correção monetária:

Período Taxa CM Índice Acum. SD corrig. Prestação Juros Amortização Saldo Devedor
0 100.000,00
1 1,5% 1,0150 101.500,00 11.597,26 2.537,50 9.059,76 92.440,24
2 1,7% 1,0323 95.421,90 11.794,42 2.350,29 9.444,12 84.567,59
3 2,0% 1,0529 89.041,23 12.030,31 2.156,47 9.873,83 76.385,11
4 2,3% 1,0771 82.275,69 12.307,00 1.953,55 10.353,45 67.788,52
5 2,1% 1,0997 74.549,49 12.565,45 1.730,30 10.835,15 58.376,93
6 1,7% 1,1184 65.290,61 12.779,06 1.484,23 11.294,83 48.074,51
7 1,3% 1,1330 54.467,04 12.945,19 1.217,49 11.727,70 36.971,77
8 1,8% 1,1534 42.641,94 13.178,20 940,93 12.237,27 25.399,99
9 2,4% 1,1810 29.998,55 13.494,48 650,24 12.844,24 13.165,35
10 2,0% 1,2047 15.859,85 13.764,37 335,72 13.428,65 0,00

4.10.2 Prestação calculada antes da incorporação da correção monetária ao saldo devedor

Neste caso, as prestações são calculadas sobre o saldo devedor sem correção, havendo um
resíduo no final dos pagamentos das prestações, devido a correção monetária não paga(s)
na(s) prestação(ões).
A correção monetária, que é calculada sobre o saldo devedor do final do período anterior e
sobre a parcela de juros, é incorporada ao saldo devedor do início do período em questão,
que se mantém desta forma atualizado. Assim, a amortização e os juros calculados pela
Equação 62 são nominais. A amortização efetiva (real) deve considerar o efeito negativo da
correção monetária. As equações 87 a 89 mostram como se fazem estes cálculos.

CMt = SDt-1 . t + jt . t = (SDt-1 + jt ). t (87)


a t efetiva = at nominal – CMt (88)
SDt = SDt-1 – at efetiva = SDt-1 – at nominal + CMt (89)
Onde: CMt – Correção monetária do período t
t - taxa de correção monetária do período t
SD, j, a – saldo devedor, juros, amortização

lembrando que pt = at nominal + jt nominal (90)

onde at nominal e jt nominal são ditos nominais porque no seu cálculo não foi considerada
a correção monetária.

Exemplo 38: Fazer a planilha de amortização do Exemplo 27 (Sistema Francês),


considerando o seguinte comportamento para as taxas de correção monetária:

Período 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Correção Monetária (%) 1,5 1,7 2,0 2,3 2,1 1,7 1,3 1,8 2,4 2,0

A prestação devida é calculada antes da incorporação da correção monetária ao saldo


devedor.
Solução: P = R$ 100.000,00 i = 2,5% a.m. n = 10 meses
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Taxa Amortização Correção Amortização Saldo
Período
CM Prestação Juros Nominal Monetária Efetiva Devedor
0 100.000,00
1 1,5% 11.425,88 2.500,00 8.925,88 1.537,50 7.388,38 92.611,62
2 1,7% 11.618,77 2.315,29 9.303,48 1.613,76 7.689,72 84.921,91
3 2,0% 11.843,83 2.123,05 9.720,79 1.740,90 7.979,89 76.942,02
4 2,3% 12.118,02 1.923,55 10.194,47 1.813,91 8.380,56 68.561,46
5 2,1% 12.447,33 1.714,04 10.733,29 1.475,79 9.257,51 59.303,95
6 1,7% 12.764,99 1.482,60 11.282,39 1.033,37 10.249,02 49.054,93
7 1,3% 13.039,68 1.226,37 11.813,30 653,66 11.159,65 37.895,29
8 1,8% 13.268,55 947,38 12.321,17 699,17 11.622,00 26.273,29
9 2,4% 13.631,30 656,83 12.974,46 646,32 12.328,14 13.945,15
10 2,0% 14.293,78 348,63 13.945,15 285,88 13.659,27 285,88

p10 = 14.293,78 + 285,88 = 14.579,66


Ou p10 = 14.293,78
e p11 = SD10 + j11 + CM11 = SD10 + j11 + (SD10 + j11) x 11
p11 = 285,88 + 285,88 x 0,025 + (285,88 + 7,15) x 11

Muitos contratos de financiamento prevêem reajustes periódicos, entre os quais a prestação


se mantém constante.
Observe-se que, apesar das prestações serem reajustadas somente após um período de
tempo maior do que o período de capitalização dos juros, o saldo devedor é reajustado a
cada pagamento de prestação.

Exemplo 39: Fazer a planilha de amortização, utilizando o sistema de amortização


crescente (SACRE), de um empréstimo de R$ 30.000, a ser pago em 36 parcelas mensais.
A taxa de juros é de 1% a.m mais a variação da TR, estimada em 0,5% a.m. Considere que
haverá recálculo da prestação a cada 12 meses.
Solução:
Os cálculos referentes à planilha de amortização da página seguinte, são explicitados
abaixo, para os períodos em que há mudança de cálculo da prestação. Os demais cálculos
seguem os princípios já expostos.
Prestações 1 a 12:

SD0 30.000
p1 = + SD0 x i = + 30.000 x 0,01 = R$ 1.133,33
36 36

Correção monetária no período 1: CM1 = SD0 x TR + j1 x TR


CM1 = 30.000 x 0,005 + 300 x 0,005 = R$ 151,50
Saldo devedor no período 1:
SD1 = SD0 – a1 efetiva = SD0 – a1 nominal + CM1
SD1 = 30.000,00 – 681,83 = 30.000,00 – 833,33 + 151,50 = R$ 29.318,17

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Amortização Correção Amortização Saldo
Período Prestação Juros
Nominal Monetária Efetiva Devedor
0 30.000,00
1 1.133,33 300,00 833,33 151,50 681,83 29.318,17
2 1.133,33 293,18 840,15 148,06 692,09 28.626,07
3 1.133,33 286,26 847,07 144,56 702,51 27.923,56
4 1.133,33 279,24 854,10 141,01 713,08 27.210,48
5 1.133,33 272,10 861,23 137,41 723,82 26.486,66
6 1.133,33 264,87 868,47 133,76 734,71 25.751,95
7 1.133,33 257,52 875,81 130,05 745,77 25.006,19
8 1.133,33 250,06 883,27 126,28 756,99 24.249,20
9 1.133,33 242,49 890,84 122,46 768,38 23.480,81
10 1.133,33 234,81 898,53 118,58 779,95 22.700,87
11 1.133,33 227,01 906,32 114,64 791,69 21.909,18
12 1.133,33 219,09 914,24 110,64 803,60 21.105,58
13 1.090,45 211,06 879,40 106,58 772,82 20.332,76
14 1.090,45 203,33 887,13 102,68 784,45 19.548,32
15 1.090,45 195,48 894,97 98,72 796,25 18.752,06
16 1.090,45 187,52 902,93 94,70 808,24 17.943,83
17 1.090,45 179,44 911,02 90,62 820,40 17.123,43
18 1.090,45 171,23 919,22 86,47 832,75 16.290,68
19 1.090,45 162,91 927,55 82,27 845,28 15.445,40
20 1.090,45 154,45 936,00 78,00 858,00 14.587,40
21 1.090,45 145,87 944,58 73,67 870,91 13.716,48
22 1.090,45 137,16 953,29 69,27 884,02 12.832,46
23 1.090,45 128,32 962,13 64,80 897,33 11.935,14
24 1.090,45 119,35 971,10 60,27 910,83 11.024,30
25 1.028,94 110,24 918,69 55,67 863,02 10.161,28
26 1.028,94 101,61 927,32 51,31 876,01 9.285,28
27 1.028,94 92,85 936,08 46,89 889,19 8.396,09
28 1.028,94 83,96 944,97 42,40 902,57 7.493,51
29 1.028,94 74,94 954,00 37,84 916,16 6.577,35
30 1.028,94 65,77 963,16 33,22 929,95 5.647,41
31 1.028,94 56,47 972,46 28,52 943,94 4.703,47
32 1.028,94 47,03 981,90 23,75 958,15 3.745,32
33 1.028,94 37,45 991,48 18,91 972,57 2.772,75
34 1.028,94 27,73 1.001,21 14,00 987,21 1.785,55
35 1.028,94 17,86 1.011,08 9,02 1.002,06 783,48
36 1.028,94 7,83 1.021,10 3,96 1.017,14 -233,66

Prestações 13 a 24:
SD12 21.105,58
p13 = + SD12 x i = + 21.105,58 x 0,01 = R$ 1.090,45
24 24
Correção monetária no período 13: CM13 = SD12 * TR + j13 * TR
CM13 = 21.105,58 x 0,005 + 211,06 x 0,005 = R$ 106,58
Saldo devedor no período 13:
SD13 = SD12 – anominal 13 + CM13 = 21.105,58 – 879,40 + 106,58= R$ 20.332,76
Prestações 25 a 35:
SD24 11.024,30
p25 = + SD24 x i = + 11.024,30 x 0,01 = R$ 1.028,94
12 12
Correção monetária no período 25: CM25 = SD24 * TR + j25 * TR
CM25 = 11.024,30 x 0,005 + 110,24 x 0,005 = R$ 55,67
Saldo devedor no período 25:
SD25 = SD24 – anominal 25 + CM25 = 11.024,30 – 918,69 + 55,67 = R$ 10.161,28
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O valor da última prestação é:
p36 = 1.028,94 – 233,66 = R$ 795,27
ou p10 = 783,48 + 783,48 x 0,01 + (783,48 + 7,83) x 0,005 = 795,27

Exemplo 40: Refaça o exercício anterior, considerando agora que a variação da TR seja de
1,5% a.m.
Solução:
Principal juros prazo TR
30.000,00 1% 36 1,50%

Amortização Correção Amortização Saldo


Período Prestação Juros Nominal Monetária Efetiva Devedor
0 30.000,00
1 1.133,33 300,00 833,33 454,50 378,83 29.621,17
2 1.133,33 296,21 837,12 448,76 388,36 29.232,81
3 1.133,33 292,33 841,01 442,88 398,13 28.834,68
4 1.133,33 288,35 844,99 436,85 408,14 28.426,54
5 1.133,33 284,27 849,07 430,66 418,41 28.008,13
6 1.133,33 280,08 853,25 424,32 428,93 27.579,20
7 1.133,33 275,79 857,54 417,82 439,72 27.139,48
8 1.133,33 271,39 861,94 411,16 450,78 26.688,71
9 1.133,33 266,89 866,45 404,33 462,11 26.226,60
10 1.133,33 262,27 871,07 397,33 473,73 25.752,86
11 1.133,33 257,53 875,80 390,16 485,65 25.267,21
12 1.133,33 252,67 880,66 382,80 497,86 24.769,35
13 1.279,75 247,69 1.032,06 375,26 656,80 24.112,55
14 1.279,75 241,13 1.038,62 365,31 673,32 23.439,23
15 1.279,75 234,39 1.045,36 355,10 690,25 22.748,98
16 1.279,75 227,49 1.052,26 344,65 707,61 22.041,37
17 1.279,75 220,41 1.059,34 333,93 725,41 21.315,96
18 1.279,75 213,16 1.066,59 322,94 743,65 20.572,30
19 1.279,75 205,72 1.074,03 311,67 762,36 19.809,95
20 1.279,75 198,10 1.081,65 300,12 781,53 19.028,42
21 1.279,75 190,28 1.089,47 288,28 801,19 18.227,23
22 1.279,75 182,27 1.097,48 276,14 821,33 17.405,90
23 1.279,75 174,06 1.105,69 263,70 841,99 16.563,90
24 1.279,75 165,64 1.114,11 250,94 863,17 15.700,74
25 1.465,40 157,01 1.308,39 237,87 1.070,53 14.630,21
26 1.465,40 146,30 1.319,10 221,65 1.097,45 13.532,76
27 1.465,40 135,33 1.330,07 205,02 1.125,05 12.407,70
28 1.465,40 124,08 1.341,33 187,98 1.153,35 11.254,35
29 1.465,40 112,54 1.352,86 170,50 1.182,36 10.072,00
30 1.465,40 100,72 1.364,68 152,59 1.212,09 8.859,91
31 1.465,40 88,60 1.376,80 134,23 1.242,58 7.617,33
32 1.465,40 76,17 1.389,23 115,40 1.273,83 6.343,51
33 1.465,40 63,44 1.401,97 96,10 1.305,86 5.037,64
34 1.465,40 50,38 1.415,03 76,32 1.338,71 3.698,94
35 1.465,40 36,99 1.428,41 56,04 1.372,37 2.326,56
36 1.465,40 23,27 1.442,14 35,25 1.406,89 919,68
37 942,80 9,20 933,61 13,93 919,68 0,00

P37= 919,68 + 919,68 x 0,01 + (919,68 + 9,19) x 0,015 = 942,80

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5. MÉTODOS DETERMINÍSTICOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

5.1 VALOR PRESENTE LÍQUIDO

O Valor Presente Líquido (VPL) de um fluxo de caixa é obtido pela soma de todos os
valores do fluxo de caixa, trazidos para a data presente. Ou seja, desconta-se os valores
futuros para a data presente e soma-se estes valores descontados com o valor que o fluxo
de caixa apresenta na data inicial. Como taxa de desconto, utiliza-se a TMA do investidor.

n
Ft
VPL  P  
t 1 1  i 
t (91)

n
Ft
VPL  
t  0 1  i 
ou: t (92)

Para ser viável, o projeto deve ter VPL  0.

Resolução em planilha eletrônica:

Fórmulas da planilha:
C10 = =VPL(C2;D6:I6)+C5+(I7/((1+C2)^6))

Exemplo 41: Os investimentos em uma concreteira, entre equipamentos, veículos e


aquisição de uma jazida, somam US$ 200.000,00. Os lucros esperados são de US$
56.000,00/ano. Após 6 anos, a jazida estará esgotada, e a empresa terá um valor residual de
US$ 20.000,00. Determine o valor presente líquido (VPL) deste negócio, considerando
uma TMA de 12% a.a.

Período 0 1 2 3 4 5 6
Investimentos -200.000,00
Lucro Anual 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00
Valor Residual 20.000,00
Fluxo de Caixa -200.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 76.000,00

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20.000

56.000
0
1 6

200.000

Solução:
VPL = P + A . (P/A; i; n) + F . (P/F; i; n)
VPL = -200000 + 56000 . (P/A; 12%; 6) + 20000 . (P/F; 12%; 6)
(1  i) n  1 F
VPL   P  A. 
i.(1  i) n
(1  i) n
(1  0,12) 6  1 20000
VPL  200000  56000. 
0,12.(1  0,12) 6
(1  0,12) 6
VPL = -200.000,00 + 230.238,81 + 10.132,62 = 40.371,43

Para ser viável, um projeto deve ter VPL  0. No caso de escolha entre mais de uma
alternativa, a melhor será aquela que apresenta o maior VPL.

5.1.1 Projetos com vidas iguais

Neste caso, o horizonte de planejamento a ser considerado corresponde à vida dos projetos.

Exemplo 42: Dadas as duas opções de investimento abaixo, determine a melhor delas, para
um investidor cuja TMA é de 14% a.a. Utilize o método do VPL.

17.000 20.000

0 0
1 2 3 4 1 2 3 4

42.000
35.000 Investimento A Investimento B

VPLA = -35000 + 17000(P/A; 14%; 4)

VPL A  35000  17000 


1  0,144  1  14.533,11
0,14  1  0,14
4

VPLB = -42000 + 20000(P/A; 14%; 4)

VPL B  42000  20000 


1  0,14  1
4
 16.274,25
0,14  1  0,14
4

Logo, a melhor opção é o investimento B.


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5.1.2 Projetos com vidas diferentes

Neste caso, duas situações são possíveis: os projetos podem ser repetidos quando sua vida
acabar, ou não podem ser repetidos. Cada caso tem um procedimento de análise que será
exposto a seguir.

5.1.2.1 Projetos com repetição


Se dois projetos tem vidas diferentes, usa-se na análise como horizonte de planejamento, o
mínimo múltiplo comum da duração dos mesmos.

Exemplo 43: Calcular, pelo VPL, qual das alternativas abaixo para a compra de um
equipamento, é mais econômica, supondo que haja repetição. A TMA do investidor é de
12% a.a.

Equipamento A Equipamento B
Custo inicial 30.000,00 51.000,00
Vida útil 3 anos 6 anos
Economias Anuais 14.000,00 15.000,00
Valor residual 10.000,00 12.000,00

10.000 12.000

0 14.000 0 15.000

1 3
1 6
30.000 51.000

Equipamento A Equipamento B

Solução:

12.000
10.000 10.000
0 15.000
0 14.000 6
1
1 3 6
51.000
30.000 30.000
Investimento A Investimento B

VPLA= - 30000 + 14000(P/A; 12%; 6) - 20000(P/F; 12%; 3) + 10000(P/F; 12%; 6)

VPL A  30000  14000 


1  0,126  1  20000  10000  18.390,4
0,12  1  0,12 1  0,12 1  0,12
6 3 6

VPLB = -51000 + 15000(P/A; 12%; 6) + 12000(P/F; 12%; 6)

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VPL B  51000  15000 
1  0,12  1
6

12000
 16.750,68
0,12  1  0,12 1  0,12
6 6

A melhor opção é o Equipamento A, pois apresenta o maior VPL.

5.1.2.2 Projetos sem repetição


Neste caso, cada projeto será analisado tomando-se como horizonte de planejamento a sua
respectiva vida útil. Considera-se que na diferença entre os horizontes de tempo analisados,
os recursos do projeto de menor vida sejam aplicados à TMA. Como o valor presente de
um fluxo de caixa de qualquer quantia aplicada à TMA é nulo, a contribuição desta parcela
no VPL total é nula, podendo-se pois, desconsiderá-la na análise. Então, calcula-se o VPL
para cada um dos projetos com sua respectiva vida, e escolhe-se o projeto com maior valor.

Exemplo 44: Considere os mesmos dados do exemplo anterior, supondo agora que não
haja repetição (caso o investidor opte pela alternativa A, ele sairá do mercado após 3 anos,
reaplicando seus ganhos à TMA).

Equipamento A Equipamento B
Custo inicial 30.000,00 51.000,00
Vida útil 3 anos 6 anos
Economias Anuais 14.000,00 15.000,00
Valor residual 10.000,00 12.000,00

10.000 12.000

0 14.000 0 15.000

1 3 1 6

30.000 51.000

Equipamento A Equipamento B

Solução:

VPLA= - 30000 + 14000(P/A; 12%; 3) + 10000(P/F; 12%; 3)

VPL A  30000  14000 


1  0,123  1  10000  10.743,44
0,12  1  0,12 1  0,12
3 3

VPLB = -51000 + 15000(P/A; 12%; 6) + 12000(P/F; 12%; 6)

VPL B  51000  15000 


1  0,12  1
6

12000
 16.750,68
0,12  1  0,12 1  0,12
6 6

A melhor opção agora é o Equipamento B, pois apresenta o maior VPL.

5.2. VALOR (OU CUSTO) ANUAL UNIFORME EQUIVALENTE – VAUE OU CAUE

5.2.1 Valor anual uniforme equivalente


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O Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE) ou simplesmente Valor Uniforme
Equivalente (VUE), é um método que consiste em achar a série uniforme equivalente (A)
ao fluxo de caixa do investimento em análise, à TMA do investidor. Se VAUE  0 o
projeto é viável.

Resolução em planilha eletrônica:

Fórmulas da planilha:
C10 = VPL($C$2;$D$6:$I$6)+$C$5+(I7/((1+C2)^6))
C11 = PGTO(C2;I4;-C10)

Exemplo 45: Determine o valor anual uniforme equivalente (VAUE) da empresa


caracterizada abaixo. A TMA do investidor é de 12% a.a.

Período 0 1 2 3 4 5 6
Investimentos -200.000,00
Lucro Anual 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00
Valor Residual 20.000,00
Fluxo de Caixa -200.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 76.000,00

20.000

56.000

0
1 6

200.000

Solução:
VAUE = P . (A/P; i; n) + A + F . (A/F; i; n)
VAUE = -200000 . (A/P; 12%, 6) + 56000 + 20000 . (A/F; 12%; 6)

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i.(1  i) n i
VAUE   P.  A  F.
(1  i)  1
n
(1  i) n  1
0,12.(1  0,12) 6 0,12
VAUE  200000.  56000  20000.
(1  0,12)  1
6
(1  0,12) 6  1
VAUE = -48.645,14 + 56.000,00 + 2.464,51
VAUE = 9.819,37

Se um projeto apresenta VAUE  0, ele é viável. Entre dois projetos, deve-se escolher
aquele que apresenta o maior VAUE.

5.2.1.1. Projetos com vidas iguais


O horizonte de planejamento a ser considerado é o tempo de vida dos projetos.

Exemplo 46: Os fluxos de caixa abaixo mostram duas alternativas para aquisição de um
determinado sistema produtivo. Calcule a alternativa mais econômica para uma empresa
que tem uma TMA de 18% a.a.

10.500 12.000

0 0
1 5 1 5

27.000 33.000
Alternativa A Alternativa B

Solução:

VAUEA = -27.000,00(A/P; 18%; 5) + 10.500,00


0,18  1  0,18
5
VAUE A  27000   10500  1.866,00
1  0,185  1
VAUEB = -33.000,00(A/P; 18%; 5) + 12.000,00
0,180  1  0,18
5
VAUE B  33000   12000  1.447,33
1  0,185  1
A melhor opção é a alternativa A, por proporcionar o maior retorno.

5.2.1.2. Projetos com vidas diferentes


Também neste caso, duas situações são possíveis: os projetos podem ser repetidos quando
sua vida acabar, ou não podem ser repetidos. Os procedimentos para cada caso serão
expostos a seguir.
5.2.1.2.1. Projetos com repetição
Determina-se diretamente os VAUE’s sem necessidade de calcular o mínimo múltiplo
comum das vidas das alternativas.

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Exemplo 47: Selecione a alternativa mais vantajosa entre as duas mostradas abaixo.
Considere uma TMA = 16% a.a.

19.000 20.000

0 0
1 3 1 4

35.000 47.000
Alternativa A Alternativa B

Solução:

VAUEA = -35000(A/P; 16%;3) + 19000


0,16  1  0,16
3
VAUE A  35000   19000  3.415,97
1  0,163  1
VAUEB = -47000(A/P; 16%; 4) + 20000
0,16  1  0,16
4
VAUE B  47000   20000  3.203,37
1  0,164  1
A melhor opção é o investimento A, pois apresenta o maior VAUE.

5.2.1.2.2. Projetos sem repetição


Neste caso, transforma-se um dos fluxos em fluxo equivalente de mesmo horizonte de
tempo do outro, utilizando-se a TMA do investidor.

Exemplo 48: Resolva o Exemplo 47 considerando que os projetos não podem ser
repetidos.
Solução: Neste caso, transforma-se a série uniforme de três anos numa série uniforme
equivalente de quatro anos.

19.000 15.249,87

0 0
1 3 1 4

Alternativa A
35.000 35.000

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(1  0,163 )
VP rec = 19000(P/A; 16%; 3)  VP rec  19000  42.671,90
0,16(1  0,16)3
Série uniforme (A) para 4 anos:
A = 42671,90(A/P; 16%; 4) = 15.249,87
0,16  1  0,16
4
A  42671,90   15.249,87
1  0,164  1
VAUEA = -35000(A/P; 16%; 4) + 15249,87
0,16  1  0,16
4
VAUE A  35000   15249,87  2.741,75
1  0,164  1
Como VAUEB = 3.203,37 a melhor opção agora é a alternativa B.

5.2.2 Custo anual uniforme equivalente

O método do Custo Anual Uniforme Equivalente (CAUE) é uma variante do método do


Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE).
Este método é utilizado quando faz-se análise de investimentos onde preponderam as
saídas de caixa, tendo-se, no final, um valor que representa um custo anual ao invés de uma
receita anual. Por isso, no CAUE inverte-se a convenção de sinais: as saídas (desembolsos)
tem sinal positivo e as entradas (recebimentos) tem sinal negativo. No mais, ele é idêntico
ao VAUE.
Entre outras aplicações, o CAUE é usado para determinar a vida econômica de um bem.

A vida econômica de um bem é o horizonte de tempo no qual este bem apresenta o menor
custo total. O custo total considera o custo de capital (custo de aquisição) e os custos de
operação (que inclui a manutenção) (Figura 20).

CAUE Custo
Total

Custo de
Operação

Custo de
Capital

Vida Útil
Vida Econômica

Figura 20: Vida econômica de um bem

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Exemplo 49: Calcule a vida econômica de um veículo pelo método do CAUE. O preço do
veículo novo é R$ 60.000 e a TMA do comprador é 14% a.a O valor de revenda e os custos
de operação, ano a ano, são mostrados abaixo.

Ano 1 2 3 4
Valor Revenda 54.000 49.000 45.000 41.000
Custo Operacional 10.000 11.000 12.500 15.000

Solução:
1 ano: 2 anos:
54.000
49.000

0 1 0 1 2
60.000
10.000
10.000
11.000
60.000

4 anos:
3 anos: 41.000
45.000

0 1 2 3 4
0 1 2 3
10.000
10.000
11.000
11.000 12.500
12.500
15.000
60.000
60.000

CAUE1 = 60000.(F/P; 14%; 1) – 54000 + 10.000 = 24.400


Ou CAUE1 = [60000 - 54000.(P/F; 14%; 1) + +10000.(P/F; 14%; 1)].(A/P; 14%; 1)
= 24.400
CAUE2 = [60000 + 10000.(P/F; 14%; 1) + 11000.(P/F; 14%; 2) –
49000.(P/F; 14%; 2)].(A/P; 14%; 2) = 24.007
CAUE3 = [60000 + 10000.(P/F; 14%; 1) + 11000.(P/F; 14%; 2) –
32500.(P/F; 14%; 3)].(A/P; 14%; 3) = 23.819
CAUE4 = [60000 + 10000.(P/F; 14%; 1) + 11000.(P/F; 14%; 2) +
12500.(P/F; 14%; 3) - 26000.(P/F; 14%; 4)].(A/P; 14%; 4) = 24.120

Resumindo:

Ano 1 2 3 4
CAUE 24.400 24.007 23.819 24.120

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A vida econômica do veículo é de 3 anos, pois para este tempo ele apresenta o menor custo
anual uniforme equivalente.

5.3 TAXA INTERNA DE RETORNO

A Taxa Interna de Retorno (TIR) é a taxa que iguala os recebimentos futuros aos
investimentos feitos no projeto, ou seja, é a taxa de desconto para a qual tem-se VPL = 0.
É determinada por tentativas, testando-se diversas taxas de desconto. Se para uma tentativa
tiver-se VPL>0, deve-se aumentar a taxa; se VPL<0, deve-se diminuí-la. A taxa final pode
ser obtida por interpolação linear entre uma taxa que fornece VPL>0 e outra taxa que
fornece VPL<0. Na realidade, o decréscimo do VPL quando se aumenta a taxa de desconto
não acontece de forma linear, por isso, quanto mais próximas forem estas duas taxas,
melhor será a interpolação.

n Ft
VPL  
t  0 1  i 
Como t (93)

então, a TIR é a taxa i para a qual


n Ft
 0
t  0 1  i 
t (94)

Um projeto é considerado viável se TIR  TMA.

Resolução em planilha eletrônica:

Fórmulas da planilha:
C10 = TIR(C8:I8)

Exemplo 50: Determine a taxa interna de retorno (TIR) da empresa caracterizada abaixo.
A TMA do investidor é de 12% a.a.

Período 0 1 2 3 4 5 6
Investimentos -200.000,00
Lucro Anual 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00
Valor Residual 20.000,00
Fluxo de Caixa -200.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 76.000,00

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20.000

56.000

0
1 6

200.000

Solução:
VPL = P + A . (P/A; i; n) + F . (P/F; i; n) = 0
-200000 + 56000 . (P/A; i; 6) + 20000 . (P/F; i; 6) = 0
(1  i) n  1 F
VPL   P  A.  0
i.(1  i) n
(1  i ) n
(1  i)6  1 20000
 200000  56000.  0
i.(1  i)6 (1  i)6

para i = 15%  VPL = 20.577,58


para i = 20%  VPL = -7.073,47
para i = 19%  VPL = -589,37
para i = 18%  VPL = 936,18

Portanto, a TIR está entre 18% a.a. e 19% a.a. O valor pode ser obtido por interpolação
linear:

936,18

19%

18%
x
-589,37

x % a.a.  936,18
1% a.a. (19% - 18%)  1525,55 (=936,18 + 589,37)
x 936,18

1 1525,55
x = 0,61 % a.a.
Então: TIR = 18 + 0,61 = 18,61 % a.a.
Teste: para i = 18, 61%  VPL = 24,27  0

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5.3.1 Casos especiais

A equação

n Ft
 0
t 0 1  i 
t
(95)

pode não apresentar nenhuma solução no domínio dos números reais. Neste caso, sua
solução será um número imaginário.
Esta equação também pode ter mais de uma solução, pois segundo a regra de sinais de
Descartes, podem existir tantas raízes quantas forem o número de variações de sinais na
equação. Neste caso, utiliza-se o artifício apresentado no exemplo abaixo.

Exemplo 51: Verifique a viabilidade do investimento abaixo, para um investidor que tem
uma TMA de 20% a.a. (Fleischer, 1973).

10.000
1.600
1
0 2

10.000

Há duas soluções possíveis: TIR = 25% a.a. e TIR = 400% a.a. O problema pode ser
resolvido capitalizando-se o adiantamento recebido no período 0 até o período 1, pela
TMA do investidor. Tem-se então:

F1 = 1600.(1,2) - 10000 = 1920 – 10000 = -8080


e a equação para o cálculo da TIR passa a ser:
-8.080 + 10.000 (1 + TIR)-1 = 0
que tem como solução TIR = 23,8 % a.a.

5.3.2 Análise incremental

O critério para análise de viabilidade de um projeto é a comparação da TIR com a TMA do


investidor. Sempre que a TIR for maior do que a TMA, o projeto é viável. Mas, se um
projeto A apresentar uma TIR maior do que um projeto B (TIRA  TIRB), não significa
necessariamente que o projeto A é melhor do que o projeto B. Na comparação entre
diversas alternativas deve-se fazer uma análise incremental.
A análise incremental consiste em determinar a TIR do fluxo de caixa do projeto
incremental, obtido pela diferença entre o projeto que exige o maior investimento e o
projeto que necessita de menos recursos. O projeto que exige mais recursos será melhor do
que o outro somente se a TIR do projeto incremental for maior do que a TMA do
investidor.

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Na comparação entre diversos investimentos, deve-se ordená-los em ordem crescente,
considerando o investimento inicial necessário. Depois, comparam-se os projetos entre si,
dois a dois, fazendo-se a análise incremental. Assim, a TIR do investimento incremental
vai mostrar o rendimento do investimento adicional, que é feito no projeto maior. Se este
rendimento for maior do que a TMA, vale a pena o esforço de investir no projeto que exige
maior desembolso, devendo-se então escolher o projeto maior.

Exemplo 52: Usando o método da TIR, determine qual o melhor dos dois investimentos
abaixo. A TMA do investidor é de 15% a.a.

Investimento A Investimento B
6.500 9.200

0 0
1 7 1 7

20.000 30.000

Solução:

-20000 + 6500(P/A; i; 7) = 0 -30000 + 9200(P/A; i; 7)

 20000  6500 
1  i 7  1  0  30000  9200 
1  i 7  1  0
i  1  i  i  1  i 
7 7

TIRA = 26,1% a.a.  TMA  viável TIRB = 23,8% a.a.  TMA  viável
VPL(TMA=6%)A = 7.042,73 VPL(TMA=6%)B = 8.275,86

A TIR do investimento A é maior do que a TIR do investimento B, porém o VPL do


investimento A é menor do que o VPL do investimento B. Como o método do Valor
Presente Líquido e o método da Taxa Interna de Retorno são equivalentes, devem conduzir
ao mesmo resultado, ou seja, os dois métodos devem apontar o mesmo investimento como
sendo o melhor dos dois.
A aparente contradição entre os VPLs e TIRs calculados pode ser resolvida pela análise
incremental. Nesta análise é determinada a TIR de um investimento fictício, obtido
tomando-se o fluxo de caixa do investimento maior e diminuindo-se dele o fluxo de caixa
do investimento menor.
Então:

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Investimento Incremental (B-A)
2.700

0
1 7

10.000

-10.000 + 2700(P/A; i; 10) = 0

 10000  2700 
1  i 7  1  0
i  1  i 
7

TIR(B – A) = 19,0% a.a.  TMA  viável

Se a empresa optasse por investir em A, teria que aplicar o saldo num projeto que rendesse
19% a.a. para equivaler ao projeto B. Como a alternativa que a empresa tem é investir na
TMA (15% a.a.), sua melhor opção é investir em B. Investir em B, neste caso, traz um
retorno equivalente a investir em A e no projeto incremental (A-B).

5.3.3 Interseção de Fisher

A TIR do investimento incremental identifica a taxa para a qual o VPL deste investimento
é nulo.
Como Invest(INCREMENTAL) = InvestMAIOR - InvestMENOR
então VPL(INCREMENTAL) = VPLMAIOR - VPLMENOR
ou VPLMAIOR = VPL(INCREMENTAL) + VPLMENOR

quando VPL(INCREMENTAL) = 0
tem-se que VPLMAIOR = VPLMENOR

Num gráfico VPL x TMA, o ponto no qual as curvas de dois investimentos se cruzam, é
denominado de interseção de Fischer (Figura 21). Este ponto identifica a taxa para a qual
os VPLs dos dois investimentos são iguais. Assim, a interseção de Fischer é dada pela taxa
para a qual o VPL do investimento incremental é nulo, ou seja, pela TIR do investimento
incremental.

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VPL

B
A Interseção de Fisher

VPLA = VPLB

15 19 24 26
taxas

Escolher B Escolher A
(maior invest) (menor invest)

Figura 21: Interseção de Fischer

No Exemplo 52 a interseção de Fischer é dada pela taxa de 19% a.a. Para investidores que
tenham uma TMA menor do que esta taxa, o investimento B é melhor; para investidores
que tenham uma TMA maior do que 19%, A é a melhor opção de investimento, conforme
mostrado na Figura 21.

5.3.4 Projetos com vidas diferentes

Na aplicação do método da Taxa Interna de Retorno, quando se compara dois projetos que
tenham vidas diferentes, o procedimento a adotar é o mesmo que para o método do Valor
Presente:
a) Projetos com repetição: utiliza-se como horizonte de planejamento o mínimo
múltiplo comum das vidas dos dois projetos.
b) Projetos sem repetição: calculam-se diretamente as TIRs de cada investimento.
c) Nos dois casos, para selecionar o melhor projeto, deve-se fazer a análise
incremental.

5.4 ANÁLISE BENEFÍCIO/CUSTO

Neste método, calcula-se um índice expresso pela relação entre o VPL dos benefícios
(receitas e/ou economias de custo) e o VPL dos investimentos para execução do projeto.
Então:

n
benefício t

IBC  n
t 0 1  i
t

investimentot (96)

t 0 1  i t

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O IBC também pode ser calculado tomando-se uma base anual. Neste caso, será a relação
entre os benefícios anuais e o valor dos investimentos anualizados, de acordo com a
Equação 96.

benefício anual
IBC  (97)
investimento anual

Se IBC  1 então o investimento é viável.

Exemplo 53: Determine o índice benefício/custo (IBC) da empresa caracterizada abaixo. A


TMA do investidor é de 12% a.a.

Período 0 1 2 3 4 5 6
Investimentos -200.000,00
Lucro Anual 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00
Valor Residual 20.000,00
Fluxo de Caixa -200.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 76.000,00

20.000

56.000

0
1 6

200.000

Solução:

n
benefício t (1  i ) n  1 F
 A. 
IBC  n
t 0 1  i
t

i.(1  i ) n
(1  i ) n
investimentot P

t 0 1  i t

(1  0,12)6  1 20000
56000. 
0,12.(1  0,12) 6
(1  0,12)6
IBC 
200000

230.238,81  10.132,62 240.371,43


IBC  
200.000,00 200.000,00
IBC = 1,202
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i
A F
benefício anual (1  i ) n  1
Ou: IBC  
investimento anual i.(1  i ) n
P
(1  i ) n  1
0,12
56000  20000.
(1  0,12) 6  1
IBC 
0,12(1  0,12) 6
200000.
(1  0,12) 6  1
56.000,00  2.464,51 58.464,61
IBC  
48.645,14 48.645,14
IBC = 1,202

Se IBC  1 então o investimento é viável. Na comparação entre dois investimentos, para


decidir qual é o melhor, também deve-de fazer uma análise incremental, a exemplo do que
foi feito para a TIR.

Exemplo 54: Utilizando-se os dados do Exemplo 52, calcule o IBC de cada um dos
investimentos A e B, indicando qual o melhor dos deles.
Solução:
6500  P / A; 15%;7  9200  P / A; 15%; 7 
IBC A   1,35 IBC B   1,28
20.000 30.000
IBCA = 1,35  1  viável IBCB = 1,28  1  viável

Análise incremental:

2700  P / A; 15%; 7  2700 1  0,15  1


7
IBC B A      1,12
10.000 10000 0,15  1  0,157

IBC(B – A) = 1,12  1  viável. Este índice indica que o investimento adicional feito em B
(em relação a A), traz benefícios maiores do que os custos adicionais.
Logo, a melhor opção é o investimento B.

5.5. TEMPO DE RECUPERAÇÃO DO CAPITAL (PAYBACK)

O Tempo de Recuperação do Capital (TRC), também chamado de Período de Recuperação


do Investimento (PRI) e payback (PB), mede o tempo necessário para recuperar o capital
investido. O Payback é um método não exato de análise de investimento, mas é muito
usado por permitir uma avaliação do risco através do tempo necessário para recuperar o
capital investido.

Resolução em planilha eletrônica:

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Fórmulas da planilha:
C4 = C2/C3

Exemplo 55: Determine o tempo de recuperação do capital (TRC) ou pay-back (PB) da


empresa caracterizada abaixo.

Período 0 1 2 3 4 5 6
Investimentos -200.000,00
Lucro Anual 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00
Valor Residual 20.000,00
Fluxo de Caixa -200.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 76.000,00

20.000

56.000

0
1 6

200.000

Solução: Recuperação do capital (RC):


No período 3: RC = 3 x 56.000,00 = 168.000,00 < 200.000,00
No período 4: RC = 4 x 56.000,00 = 224.000,00 > 200.000,00
Então, o payback é de 4 anos.

Contudo, no Exemplo 54 não foi considerado o valor do dinheiro no tempo, o que está
incorreto. Para contornar esta deficiência, foi criado o TEMPO DE RECUREPAÇÃO DO
CAPITAL DESCONTADO (TRCD) ou PAY-BACK DESCONTADO (PBD), que leva em
conta a TMA do investidor.

Exemplo 56: Determine o tempo de recuperação do capital descontado (TRCD) ou


payback descontado (PBD) da empresa caracterizada abaixo. A TMA do investidor é de
12% a.a.
Período 0 1 2 3 4 5 6
Investimentos -200.000,00

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Lucro Anual 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00
Valor Residual 20.000,00
Fluxo de Caixa -200.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 76.000,00

20.000

56.000

0
1 6

200.000

Solução:
56000
PBD1   50.000,00  200.000,00
(1  0,12)
56000
PBD2  PBD1   50.000,00  44.642,86  94.642,86  200.000,00
(1  0,12) 2
56000
PBD3  PBD2   94.642,86  39.859,69  134.502,55  200.000,00
(1  0,12)3
56000
PBD4  PBD3   134.502,55  35.589,01  170.091,56  200.000,00
(1  0,12) 4
56000
PBD5  PBD4   170.091,56  31.775,90  201.867,46  200.000,00
(1  0,12)5
Então, o payback descontado é de 5 anos.

O tempo de recuperação do capital ou payback não é um método adequado para selecionar


alternativas de investimento. O mesmo pode ser dito do tempo de recuperação do capital
descontado ou payback descontado, como mostra o Exemplo 6.8.

Exemplo 57: Dados os investimentos abaixo, qual o melhor, segundo o critério do


Payback, assumindo uma TMA = 1% a.m.?

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Investimento A 1000 Investimento B
1000

600
500 500 500 500
400
0
0
1 2 3 4 1 2 3 4

1500
1500

Solução:
PBA = 3 PBB = 3
PBDA = 4 PBDB = 4

O investimento A é melhor que o investimento B, devido ao valor das prestações iniciais.


Contudo, o método do payback, mesmo o descontado, não identifica isto.
Além disso, este método não considera o que acontece com o fluxo de caixa após o período
de recuperação do capital, o que também é incorreto. Por estas razões, o payback é
considerado um método não exato de resolução de problemas de investimento, não
servindo, geralmente, como parâmetro para escolher a melhor opção de investimento, entre
diversas possíveis.
Contudo, este método é usado nas análises de viabilidade de investimentos, por fornecer
uma medida do risco associado ao projeto, mostrando claramente ao investidor quanto
tempo levará para ele recuperar o dinheiro investido.
Mas pode servir como critério de desempate para projetos que tem retornos semelhantes:
nestes casos, um payback curto é sempre preferível à um payback longo. Também é usado,
por vezes, como critério de exclusão de projetos (por exemplo: não aceitar projetos que
tenham um payback descontado maior do que X anos).

5.6. MÉTODOS MODIFICADOS

Nos métodos VPL, VAUE e TIR aqui estudados, considerou-se que os valores
desembolsados e recebidos são influenciados pela mesma taxa: a TMA no caso dos
métodos do Valor Presente Líquido e do Valor Anual Uniforme Equivalente e a TIR no
caso do método da Taxa Interna de Retorno.
De maneira mais genérica, pode-se considerar que os recebimentos e os desembolsos
tenham influência de taxas diferentes: uma taxa de reaplicação para os recebimentos e uma
taxa de custo para os desembolsos. Nesta situação, os métodos recebem a denominação de
métodos modificados, sendo designados de VPLM, VAUEM e TIRM.
Para aplicação dos métodos modificados segue-se o seguinte procedimento:
1. As parcelas positivas devem ser capitalizadas para o último período do fluxo de
caixa usando-se a taxa de reaplicação.
2. As parcelas negativas são descontadas para a data inicial do fluxo de caixa usando-
se a taxa de custo.

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Fn
F4 Fn´
F3

0 1 2 0

3 4 n n
F2
F1
P P´

1. Determinar o VPL, o VAUE e a TIR para este novo fluxo de caixa.

Exemplo 58: Determine o VPLM, o VAUEM e a TIRM para um projeto no qual deve-se
investir inicialmente R$ 120.000,00, mais R$ 140.000,00 e R$ 95.000,00 nos dois períodos
seguintes. A partir do Ano 3 este projeto renderá R$ 130.000,00 durante 5 anos. Considere
uma taxa de custo igual a 12% a.a. e uma taxa de reaplicação de 10% a.a. A TMA é de
12% a.a.
130

0 1 2

3 4 7
95
140
120
Solução.

P = -120000 – 140000 * (P/F, 12%,1) – 95000.(P/F,12%,2)


140.000 95.000
P  120.000    320.733,42
(1  0,12) (1  0,12) 2
1

F = 130000 * (F/A, 10%, 5)


(1  0,10)5  1
F  130.000  793.663,00
0,10

Então:

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793.663,00

0
7

320.733,42

VPLM = -320733,42 + 793663,00.(P/F, 12%, 7)


793.663,00
VPLM  320.733,42   38.279,42
(1  0,12) 7

VAUEM = -320733,42 * (A/P, 12%, 7) + 793633,00 * (A/F, 12%, 7)


0,12.(1  0,12) 7 0,12
VAUEM  320.733,42  793.663,00  8.387,70
(1  0,12)  1
7
(1  0,12) 7  1

793.663,00
TIRM  320.733,42   0,00  13,8% a.a.
(1  i) 7

Os métodos não modificados tem como solução:

VPL = 52.848,30
VAUE = 11.580,00
TIR = 16,5% a.a.

5.7 ESTUDO DE CASO

Abaixo são apresentados dados relativos a um investimento num prédio residencial e a um


investimento num prédio comercial. Determine, usando os métodos de análise de
investimento estudados, qual deles á a melhor opção para um incorporador.

Projeto A: Prédio Residencial

Unidades: 24
Área Apto: 160
Área Equivalente Total: 3264
Área Construída Total: 3840
Custo Unit. de Construção: 1,15 CUBs
Custo Total de Construção: 3753,6 CUBs (1/6 + 2/6 + 2/6 + 1/6)
Custo do terreno: 800 CUBs
Preço Unit.de Venda: 1,8 CUBs
Preço do Apto: 288 CUBs
Receita Total de Vendas: 6912 CUBs
Vendas: 3 aptos por semestre
TMA: 10% a. s.

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Projeto B: Prédio Comercial

Unidades: 40
Área Sala: 82
Área Equivalente Total: 2624
Área Construída Total: 3280
Custo Unit. de Construção: 1,05 CUBs
Custo Total de Construção: 2755,2 CUBs (1/6 + 2/6 + 2/6 + 1/6)
Custo do terreno: 800 CUBs
Preço Unit.de Venda: 1,7 CUBs
Preço da Sala: 139,4 CUBs
Receita Total de Vendas: 5576 CUBs
Vendas: 5 salas por semestre
TMA: 10% a. s.

Solução:

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Projeto A - Período: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Total
Investimentos: 1425,6 1251,2 1251,2 625,6 4553,6
Receitas: 864 864 864 864 864 864 864 864 6912
Fluxo Líquido: -1425,6 -387,2 -387,2 238,4 864 864 864 864 864 2358,4

Valor Presente Líquido: 542,25


Valor Uniforme Equivalente 101,64
TIR: 15,1%
VPL Receitas: 4.609,38
VPL Custos: 4.067,13
IBC: 1,13

Projeto B - Período: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Total


Investimentos: 1259,2 918,4 918,4 459,2 3555,2
Receitas: 697 697 697 697 697 697 697 697 5576
Fluxo Líquido: -1259,2 -221,4 -221,4 237,8 697 697 697 697 697 2020,8

Valor Presente Líquido: 520,32


Valor Uniforme Equivalente 97,53
TIR: 16,0%
VPL Receitas: 3.718,44
VPL Custos: 3.198,12
IBC: 1,16

Fluxo Incremental: Residencial x Comercial


Período: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Total
Investimentos: 166,4 332,8 332,8 166,4 0 0 0 0 0 998,4
Receitas: 0 167 167 167 167 167 167 167 167 1336
Fluxo Líquido: -166,4 -165,8 -165,8 0,6 167 167 167 167 167 337,6

Análise de Investimentos Imobiliários 6.83


Valor Presente Líquido: 21,93
Valor Uniforme Equivalente 4,11
TIR: 11,1%
VPL Receitas: 890,93
VPL Custos: 869,01
IBC: 1,03

Logo, o Projeto A (Prédio Residencial) é a melhor opção de investimento. Observe que todos os métodos aplicados apontaram este projeto como
sendo o melhor.

Interseção de Fischer:
Interseção de Fischer
Valor Presente Líquido
TMA Residencial Comercial 2.000
2% 1.884,82 1.630,82
4% 1.475,45 1.293,11
1.500
6% 1.120,46 999,69
8% 811,65 743,93
10% 542,25 520,32 CUB 1.000
12% 306,56 324,25
14% 99,81 151,85 500
16% (82,00) (0,15)
18% (242,27) (134,51)
20% (383,89) (253,55) 0
11,071% 412,17 412,16 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20%
-500

TMA
Residencial Comercial

Análise de Investimentos Imobiliários 6.84


6. BIBLIOGRAFIA

CASAROTTO F°, N.; KOPITKE, B. H. Análise de investimentos. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2007.

CHERRY, Richard T. Introdução à administração financeira. São Paulo : Atlas, 1977.

CLEMENTE, Ademir et. al. Projetos empresariais e públicos. São Paulo : Atlas, 1998.

Ehrlich, P. J.; MORAES, E. A. de. Engenharia Econômica: Avaliação e seleção de projetos


de investimentos. 6. Ed.São Paulo: Atlas. 2009.

FARO, Clovis de. Elementos de engenharia econômica. São Paulo: Atalas, 1979.

FLEISCHER, Gerald A. Teoria da aplicação do capital: um estudo das decisões de


investimento. São Paulo: Edgard Blücher, 1977.

GARCIA, Manuel Enriquez; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de.


Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2002.

GRANT, Eugene L.; IRESON, W. Grant; LEAVENWORTH, Richard. Principles of


engineering economy. New York: John Wiley & Sons, 1982.

HESS, Geraldo; MARQUES, José Luiz; PAES,Luis Carlos Rocha, PUCCINI, Abelardo.
Engenharia Econômica. São Paulo: Difel, 1984.

HIRSCHFELD, Henrique. Engenharia econômica e análise de custos. Sãao Paulo: Atals,


1989.

HOCHHEIM, Norberto. Análise de investimentos sob condições de risco e inflação.


Florianópolis, UFSC (Dissertação de Mestrado), 1986.

HOLANDA, Nilson. Planejamento e projetos. Rio de Janeiro: APEC, 1975.

JUNGLES, Antônio Edésio e ÁVILA, Antônio Victorino. Gerenciamento na construção


civil. Cahpecó : Argos, 2006.

LIMA Jr., João da Rocha. O preço das obras empreitadas : análise e modelo para sua
formação. Boletim Técnico 25/90. São paulo : EPUSP, 1990.

MOREIRA, Alberto Lélio. Princípios de engenharia de avaliações. São Paulo: Pini, 1994.

OLIVEIRA, José Alberto Nascimento de. Engenharia econômica: uma abordagem às


decisões de investimento. São Paulo: McGraw-Hill, 1982.

POMERANZ, Lenina. Elaboração e análise de projetos. São Paulo: Hucitec, 1988.

WOILER, Sansão e MATHIAS, Washington Franco. Projetos: Planejamento, elaboração e


análise. São Paulo: Atlas, 1996.
7. CALENDÁRIO

08/08/2011 Introdução à disciplina


15/08/2011 Introducao e conceitos básicos (aula 1)
22/08/2011 Relações de equivalência, Excercícios (aula 2)
29/08/2011 Taxas de juros, Excercícios (aula 3)
05/09/2011 Financiamento, Excercícios (aula 4)
12/09/2011 Financiamento, Excercícios (aula 5)
19/09/2011 Dia não-letivo
26/09/2011 Prova 1
03/10/2011 Excercícios / Congresso ENEGEP
10/10/2011 Valor Presente Líquido, Excercícios (aula 6)
17/10/2011 JAI
24/10/2011 Valor (ou Custo) Anual Uniforme Equivalente, Excercícios (aula 7)
31/10/2011 Taxa Interna de Retorno Excercícios (aula 8)
07/11/2011 Análise Benefício/Custo, Tempo de Recuperação do Capital, Métodos
Modificados, Excercícios (aula 9)
14/11/2011 Dia não-letivo
21/11/2011 Estudo de Caso, Excercícios (aula 10)
28/11/2011 Excercícios
05/12/2011 Prova 2
12/12/2011 Exame

Engenharia Econômica p. 86

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