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VENCEDOR DO GRANDE
EDIÇÃO ESPECIAL PRÉMIO PELO 2º ANO
SUSTENTABILIDADE CONSECUTIVO
PODE O AMBIENTE
RESISTIR À EMERGÊNCIA
ECONÓMICA?
ANTÓN IO R IOS AMOR I M , O LONGO CAM I N HO DO NOVO R E I DA CORTIÇA
A VAGA DE ECONOMISTAS
QUE DESAFIA OS DOGMAS
A AFIRMAÇÃO DO PADRÃO
VERDE NOS INVESTIMENTOS
FINANCEIROS
O LONGO CAMINHO DO
NOVO REI DA CORTIÇA
Numa granded entrevista,
t i t o lídlíder d
da C
Corticeira
ti i A Amorim
i revisita
i it a sua vida
id e o seu
percurso, da mentoria do tio Américo às experiências nos casinos e nos têxteis.
E aponta o caminho para reforçar a liderança mundial da empresa
TUTORIAL APRENDA A TIRAR
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9
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ERIR
TRA
As suas marcações Ler
Pesquisa ECA
IOT
BIBL
44 / 124
Micro
“Se as empresas
DE LEITURA DA REVISTA fossem mais bem
Pode escolher geridas, o País era
melhor”
como prefere ler Existe há 30 anos na área de
a edição mensal: software de gestão e é
considerada uma das melhores
empresas para trabalhar em
em formato pdf, Portugal. Quem gere a PHC
Software diz que o foco é uma
com primazia aprendizagem importante
Texto Alda Martins Fotos Marcos Borga
para o grafismo, ou Daqui a três décadas a portuguesa PHC va
estar ainda no mercado, já com 60 anos de
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Exame
Nº438 . 10/20
52
VERDEOURO
O estado de emergência que
o mundo está a atravessar pode ser um
bom pretexto e uma boa oportunidade
para aprendermos a desenhar um
futuro financeiro mais sustentável
14
SUSTENTÁVEL GERAÇÃO
A Corticeira Amorim e o seu CEO,
António Rios Amorim, são ponto
de partida para um trabalho amplo
sobre sustentabilidade, com
MARCOS BORGA
entrevistas, reportagem, exemplos
empresariais e as mudanças na
economia e na sociedade
Proprietária/Editora:
TRUST IN NEWS, UNIPESSOAL LDA.
Sede: Rua da Fonte da Caspolima – Quinta da Fonte
Edifício Fernão de Magalhães, 8
POR 2770-190 Paço de Arcos. NIPC: 514674520
Gerência da TRUST IN NEWS: Luís Delgado,
TIAGO FREIRE Filipe Passadouro e Cláudia Serra Campos
Diretor Composição do Capital da Entidade Proprietária: 10 000,00 euros
Principal acionista: Luís Delgado (100%)
Publisher: Mafalda Anjos
A
Revista Mensal
Novo remax.pt
Nunca foi tão bom.
www.remax.pt
Enter Compromisso
O fundador da Farfetch aderiu ao
The Giving Pledge, criado pelo
casal Gates e por Warren Buffett
TRÊS DÉCADAS
DE MICROSOFT
EM PORTUGAL
Mais de mil trabalhadores
e foco total no futuro
GONCALO F SANTOS
Quando a sucursal da Microsoft abriu
em Portugal, contava com apenas um
trabalhador. Hoje são 1 100 os que fazem
parte da tecnológica, sendo que este nú-
mero duplicou apenas nos últimos qua-
JOSÉ NEVES DOA DOIS TERÇOS tro anos, segundo um comunicado en-
viado às redações.
DA FORTUNA E APOIA FORMAÇÃO No mesmo documento, Paula Pa-
narra revelou os três pilares em que se
Mais de dois anos depois da sua criação, a Fundação José baseia a estratégia da empresa para o
Neves anunciou os primeiros projetos de filantropia próximo ano 2020/2021: recuperação
económica, desenvolvimento de ca-
A Fundação José Ne- Income Share Agreement fundação. pacidades e sustentabilidade. “Agora
ves, com o mesmo Fundação José Neves (ISA Além do ISA FJN, foi estamos focados em ajudar os nossos
nome do empreen- FJN) vão abranger 100 cur- anunciada a criação da clientes na recuperação económica e
dedor que criou a Farfetch, sos de cerca de 20 institu- plataforma Brighter Fu- a reimaginar como irão trabalhar, oti-
vai apoiar 1 500 portugue- ições e contam com a ga- ture, “a maior base de co- mizar as suas operações, relacionar-se
ses no acesso a novas com- rantia do Fundo Europeu nhecimento sobre edu- com os seus clientes ou até criar novos
petências de futuro, pa- de Investimento. O apoio cação e competências em produtos e serviços, para o pós-pande-
gando cinco milhões de será reembolsado quando Portugal”, que permitirá mia”, referiu a responsável. “Estamos
euros em propinas. O em- os beneficiários começa- identificar grandes ten- ainda empenhados em capacitar digi-
presário vai dedicar dois rem a trabalhar, mas, se dências sobre emprego, talmente pessoas, comunidades e orga-
terços da fortuna à insti- não atingirem um rendi- educação e competênci- nizações para garantir uma recuperação
tuição e aderiu ao movi- mento pré-determinado, as, as profissões e compe- económica sustentável e inclusiva.” E
mento filantrópico The Gi- a fundação abdica do re- tências mais procuradas e
ving Pledge, criado por Bill embolso. Os valores devol- valorizadas, além da em-
e Melinda Gates e Warren vidos são reinvestidos na pregabilidade por áreas de
Buffett. Com esta doação, formação de novos alunos. formação. Estes são apenas
José Neves será o primeiro O objetivo desta medida é os primeiros dois projetos
português a entrar no The contribuir para “melhorar práticos de uma fundação
Giving Pledge, juntando- a posição de Portugal nos que pretende ir lançando
-se à lista de mais de 200 rankings internacionais de programas, testando-os,
MARCOS BORGA
I N I C I AT I VA E X A M E /A G E A S S E G U R O S
Escala, capital
e melhor gestão
definem nova década
Acordos de regime para concretizar de uma vez os planos estratégicos,
refundar a forma como se aplica o dinheiro comunitário e criar condições
para dar dimensão às empresas foram alguns dos caminhos defendidos
para a retoma no webinar EXAME/Ageas Seguros
Texto Paulo Zacarias Gomes
> INSCRIÇÕES ATÉ AO FIM ecossistema pode sair a ganhar. É também são um tema relevante
DO MÊS DE OUTUBRO esse o objetivo do Prémio Inova- e para o qual consideramos que
ção em Prevenção, uma iniciativa temos conhecimento acumula-
A preparação para cenários ad- inédita da EXAME e da Ageas do na nossa atividade principal
versos e a análise atempada dos Seguros e que conta com o en- [seguradora], e podemos ajudar
potenciais riscos podem ser de- volvimento de vários parceiros de no reconhecimento dos riscos,
cisivos na hora de enfrentar e de relevo no panorama económico na preparação e a ultrapassar
sobreviver a uma crise, como foi e social do País. As candidatu- esses incidentes”, afirmou o CEO
analisado durante este webinar. ras, cujos moldes podem ser da Ageas, José Gomes, durante
No caso das empresas, se estas conhecidos no site www.ageas. a conferência online “Retoma
boas práticas desenvolvidas ao pt/premio-prevencao, decorrem da Eficiência dos Negócios”, em
longo de anos extravasarem as até 31 de outubro. que desafiou as empresas a
suas quatro paredes e forem dis- “A prevenção tem um papel ainda candidatarem-se e a partilharem
seminadas e partilhadas, dentro mais relevante [no contexto de as suas práticas mais inovadoras
e fora dos seus setores, todo o pandemia]. Situações como esta em prevenção e segurança.
Textos Cesaltina Pinto, Margarida Vaqueiro Lopes, Nuno Aguiar, Paulo M. Santos, Paulo Zacarias Gomes e Rui Barroso
D
iz-se no Alentejo que se Leaders, organizada pelo TBD Media Group
planta eucaliptos para os - vê a sua principal matéria-prima, a corti-
próprios, pinheiros para ça, a escassear. “Para conseguir renovar e
os filhos e sobreiros para aumentar a área de montado, temos de mu-
os netos. O que resume dar esta equação”, diz António Rios Amo-
bem o tempo que se espera desde a plan- rim, CEO da Corticeira Amorim, ao mesmo
tação até se começar a tirar rendimento de tempo que mostra umas plantas isoladas
cada árvore. Um eucalipto começa a gerar em tubos, que as protegem do vento e das
lucros ao fim de 10 anos, um pinheiro dos variações de temperatura. São pequenos
20 e um sobreiro só passados 40 ou 50 anos. sobreiros que, ao contrário do que aconte-
Com um espaço de tempo tão grande ce em estado natural, estão a ser alimenta-
para se conseguir o retorno do investimen- dos por gotejadores a um ritmo de 1,6 litros
to, muitos produtores florestais optam por de água por hora.
plantar as espécies de crescimento mais rápi- Um dos responsáveis pela compra de
do, fenómeno que levou à proliferação de pi- cortiça, João Sobral, acrescenta que os so-
nheiros e de eucaliptos pelo Interior do País. breiros estão com cinco metros de distân-
Em estado natural, ou seja, pelas bo- cia entre si, o que permite uma densidade
lotas que caem e que dão origem a novas de 400 árvores por hectare, e, em apenas
árvores, o nascimento de sobreiros não é oito meses, registaram um desenvolvimen-
suficiente para compensar a taxa de morta- to idêntico a uma árvore de sequeiro com
lidade, o que está a provocar uma redução 3 ou 4 anos.
acentuada da densidade das árvores nos Esta ideia disruptiva nem surgiu den-
montados já existentes. tro de portas. Foi em Avis, na Herdade do
Segundo o último inventário florestal, em Conqueiro, que Francisco Almeida Garrett
Portugal existiam, em média, menos de 60 decidiu, ao mesmo tempo que plantava um
sobreiros por cada hectare de montado. Há olival intensivo com recurso a rega gota a
algumas décadas, eram cerca de 200 por hec- gota, destinar dois hectares para plantar
tare. E a tendência é para que haja ainda mais sobreiros com a mesma técnica de irriga-
uma redução ao longo dos próximos anos. ção. Em apenas oito anos, as novas árvo-
Sem sobreiros, a Corticeira Amorim res atingiram um desenvolvimento seme-
- que foi a única empresa portuguesa in- lhante a um sobreiro de 25 anos, prontas
cluída na lista 50 Sustainability & Climate para dar a primeira cortiça. Embora seja
CONVENCER OS PRODUTORES
Pode estar aqui a solução para a sustentabili-
dade futura, não apenas da Corticeira Amo-
rim como também de um dos mais impor-
tantes ecossistemas florestais portugueses.
No entanto, existe um grande obstá-
culo: convencer os produtores florestais
a apostar numa árvore que demora mais
ainda de qualidade reduzida – a primeira de 40 anos a ser rentável.
A Corticeira tiragem de cortiça não serve para o fabrico Rios Amorim apresenta os seus ar-
Amorim de rolhas –, diminuiu-se, assim, em mais gumentos. “Existem 700 mil hectares de
é a única empresa de 17 anos o crescimento do sobreiro. Mas
não é só. Conseguiu-se também aumentar
montado em Portugal com uma densi-
dade de 60 árvores e se, num projeto de
portuguesa a densidade de sobreiros para cerca de 350 âmbito nacional, fosse possível plantar 50
presente na lista árvores por hectare e garantir maior taxa mil hectares com 350 árvores por hectare,
50 Sustainability de sobrevivência, pois esta é uma espécie
em que a grande maioria das novas árvores
iríamos aumentar em seis vezes a densi-
dade. Ou seja, em 7% do montado aumen-
& Climate Leaders, não sobrevive aos primeiros anos de vida. távamos a produção de cortiça em 30% ou
organizada pelo De olhos postos nesta experiência, o 40 por cento. Com este sistema, o produ-
TBD Media “rei da cortiça” pôs mãos à obra. O CEO
da Corticeira viu aqui a chave para resolver
tor florestal pode conseguir em 100 hec-
tares o mesmo rendimento que tem hoje
Group em parceria a escassez de matéria-prima, mas admite em 700 ou em 800.”
com a Bloomberg que é necessário ainda demonstrar resul- E este passo bastaria para aumentar as
tados, o que falta para convencer os produ- exportações de cortiça de mil milhões para
tores florestais a adotar esta nova técnica. dois mil milhões de euros, dentro de 20 anos.
R
O que lhe deu força e segurança para de substituição. Credibilizaram-los. Passa-
aceitar a presidência e achar que era ca- dos dois ou três anos, alguns começaram a
paz de dar a volta à situação? ver que as rolhas de plástico não eram solu-
Duas coisas. A primeira, uma enorme ção para coisa nenhuma. Resolviam alguns
crença, convicção e paixão que todos dos problemas que a rolha de cortiça ainda
temos em trabalhar este material. A se- não tinha resolvido, mas criavam outros
gunda, porque ainda estava tudo por fazer muito piores. Então, o plástico já não era
quanto a investigação e desenvolvimento, solução, a cápsula de alumínio é que era.
tanto nas rolhas, como em novas aplica- O que fizemos entre 2000 e 2007/8? Puro
ções. Foi um desafio hercúleo. trabalho de casa. Investigação e desenvol-
vimento. Pagámos teses de doutoramento.
Sentiu algum tipo de insegurança? Fizemos parcerias com universidades, com
Quando temos uma equipa, uma es- centros de investigação nacionais e inter-
Recebeu-nos na fábrica de Coruche, bem tratégia, uma orientação… ganha-se mo- nacionais, na Austrália, Estados Unidos da
no meio da cortiça e dos sobreiros. Iniciou tivação e força adicional para vencer e en- América, Bordéus e Alemanha. Validámos
a presidência da Corticeira Amorim num frentar uma causa que era, à data, difícil. todo o desenvolvimento tecnológico que
dos seus momentos mais frágeis. Em 2001, Porque o funeral da rolha de cortiça rea- estávamos a fazer e que correspondia às
tinha apenas 33 anos e a empresa registava lizou-se, em 2001, em Nova Iorque! exigências do mercado. Melhorámos práti-
prejuízos históricos (€14,8M) e um futuro cas, mudámos a fase inicial da stockagem.
incerto, devido à forte concorrência dos ve- Aí interrogaram-se se deviam ou não Fomos dando pequenos passos na melho-
dantes alternativos, como a rolha de plásti- continuar na cortiça? ria dos processos internos, ainda sem gran-
co ou as cápsulas de alumínio. Além disso, A maioria dos críticos internacionais pura de introdução de tecnologia.
substituía Américo Amorim, aquela figura e simplesmente dizia que os problemas as-
forte e carismática, que, aqui na entrevis- sociados à rolha iriam desaparecer com os Mas, quando toma posse, em 2001, houve
ta, trata sempre por “meu tio”. Porque um vedantes alternativos. Não se questiona- um grande ponto de interrogação sobre
marcou o destino do outro. ram. Passaram-se para o lado dos produtos tudo isto?
> V I DA
“A minha vida é isto.” Esta é a frase
que o presidente da Corticeira
Amorim repete amiúde e que
resume tudo. Porque “isto” é a
cortiça e tudo o que se pode fazer
com ela; e são também os sobreiros,
de onde vem a matéria-prima.
Até os seus momentos de lazer
estão ligados a “isto”: as caçadas,
geralmente entre os sobreiros;
e apreciar um bom vinho, que
inevitavelmente tem de levar uma
boa rolha. Tem dois filhos a fazerem
os estudos universitários.
> CARREIRA
Nasceu em Santa Maria de Lamas,
distrito de Aveiro. Fez os estudos
secundários no Colégio dos Carva-
lhos e daí seguiu para Birmingham,
Inglaterra, onde se licenciou em
Comércio Internacional. Fez
depois uma pós-graduação
em Gestão de Empresas
no INSEAD. E também
estudou enologia
em Bordéus.
3 200
780
Em Portugal
milhões de euros
Volume de negócios em 2019
30% 5% 14€
Pegada ecológica
Redução prometida da
pegada de carbono
Pandemia
Entre 5% e 10% de-
verá ser o impacto da
Preço de uma arroba
de cortiça
Assumir
o nosso papel
O tema das alterações climáticas, e os riscos
que lhe estão associados, é absolutamente
crítico, ainda mais para qualquer entidade
que opere na área dos seguros > CEO da Ageas Seguros
À
medida que sequências do impacto humano forço conjunto torna-se cruci-
as alterações nos ecossistemas naturais. Ora, al, não só no desenvolvimento
c l i mát i c a s na Ageas Seguros, além de per- de infraestruturas resilientes
aceleram e tencermos a um grupo que tem ao risco mas também no en-
são, cada vez a sustentabilidade integrada nas caminhamento destas para a
mais, vistas como uma questão suas escolhas estratégicas e de proteção de catástrofes e cria-
global, a indústria seguradora a gestão de risco ser intrínseca ção de um mindset adequado
torna-se, inevitavelmente, um ao nosso negócio, temos a pre- à realidade em que vivemos.
dos atores principais deste de- venção como prioridade. Neste É aí que, também, temos de
bate com um papel a desem- contexto, criámos um serviço fazer uma grande aposta: no
penhar ao nível universal. As diferenciador no mercado por- campo da mudança de hábitos
conversações sobre o clima, as tuguês, que tem em vista apoi- e de mentalidades. Só o con-
compensações de carbono e o ar os nossos clientes na preven- seguiremos fazer se dermos o
futuro do planeta são recorren- ção e análise de risco, através de exemplo! No caso da Ageas Se-
temente os temas de discussão. consultoria e aconselhamento Segundo as guros, e ainda mais concreta-
Ora, num relatório de 2019, gratuitos, que atua sobre as mente no caso do Grupo Ageas
apresentado pelas Nações Uni- principais causas dos aciden- Nações Unidas, Portugal, ao qual pertence, a
das, sublinha-se que o objetivo tes e sinistros participados pelas todas estas futura casa da sede irá ser um
de manter as alterações climáti- empresas, possibilitando a pre- alterações terão espelho do nosso compromis-
cas a 1,5 ºC é hoje quase impos- venção desses mesmos aciden- so por um mundo sustentável.
sível de alcançar. Pelo contrário, tes, melhorando a produtivida- um impacto A construção dos nossos no-
o planeta está no caminho certo de e os índices de motivação dos negativo vos edifícios está a ser acom-
para 3,2 °C de aquecimento aci- colaboradores, além de reduzir de 23% no panhada por uma certificação
ma do nível pré-industrial até os impactos financeiros que um de sustentabilidade, mundial-
2100. Que consequências se sinistro origina. Produto Interno mente conhecida por “BREE-
preveem? Segundo as Nações Importa, ainda, salientar Bruto Global, AM”. Destaco também o ca-
Unidas, todas estas alterações a importância do trabalho co- bem como um minho de substituição dos
terão um impacto negativo de letivo no seio da Associação materiais plásticos utilizados
23% no Produto Interno Bruto Portuguesa de Seguradores, aumento de 28% no merchandising que ofere-
Global, bem como um aumen- em que há claramente uma de catástrofes cemos a clientes e consumido-
to de 28% de catástrofes natu- preocupação e disponibili- naturais, como res. É com ações do dia a dia,
rais, como ciclones, e de 70% de dade do setor para colaborar como estas, que vamos con-
cheias, fruto de chuvas massi- nos casos que nos afetam a to- ciclones, tribuir para um mundo mais
vas. A juntar a todo este cenário dos, como foi o da criação de e de 70% sustentável para as gerações
que é, no mínimo, preocupan- dois fundos solidários, um em de cheias, fruto dos nossos filhos e netos, e das
te, contamos agora com uma 2017, no âmbito dos incêndios, famílias dos nossos clientes. E
pandemia que nos chega tam- e outro em 2020, no combate de chuvas só conseguiremos isso se assu-
bém como um alerta das con- à pandemia Covid-19. Este es- massivas mirmos o nosso papel. E
COVID-19 ABRE
A PORTA PARA UMA
ECONOMIA MAIS
SUSTENTÁVEL?
O choque da Covid-19 e o esforço
para combater os efeitos da pandemia
provocaram uma catástrofe financeira
um pouco por todo o mundo. Mas
os problemas que expôs e as soluções que
forçou podem ter aberto uma janela de
oportunidade para se construir uma versão
mais sustentável da nossa economia,
das alterações climáticas à desigualdade.
O que teria de mudar para isso acontecer?
Texto Nuno Aguiar
D
e um dia para o outro, tuições internacionais veem este momen- -estar, assim como à insustentabilidade do
os governos puderam to como uma oportunidade única para agravamento das desigualdades nos países
enviar cheques a toda a transformar as nossas economias. mais ricos.
gente, pagar a milhões Em primeiro lugar, é importante de- Michael Jacobs é professor na Univer-
de empresas para não finir o que é uma economia mais sus- sidade de Sheffield e ficou responsável
despedirem trabalhadores, injetar bi- tentável. A resposta não é fácil e diferen- por coordenar um relatório encomenda-
liões nos sistemas de saúde e carregar no tes pessoas terão diferentes ideias sobre do pela OCDE, com o objetivo de encon-
carvão do endividamento. Os constran- como consegui-lo. É relativamente con- trar novas abordagens mais sustentáveis
gimentos financeiros parecem ter desa- sensual que terá de se colocar no centro para economia, que a organização possa
parecido, pelo menos temporariamente. o clima, mas as necessidades de reforma usar para aconselhar os governos das eco-
É essa a força de uma crise de dimensão podem não se esgotar aí. Com crises cada nomias mais desenvolvidas do mundo. O
histórica: tornar possível o que, até agora, vez mais frequentes e profundas, valerá a documento, intitulado Beyond Growth foi
era irrealista. Com isso, ela abre um novo pena refletir acerca de formas para tornar publicado em setembro e sintetiza aquilo
quadro mental. Se foi viável para respon- os nossos sistemas económicos e financei- que os autores consideram ser uma via al-
der a uma emergência de saúde pública, ros mais resilientes. Tem sido dada tam- ternativa, numa altura em que há dúvidas
não poderíamos aplicar a mesma lógica a bém cada vez mais atenção às limitações sobre as soluções convencionais. Em con-
outro desafio existencial, como o das al- das métricas de crescimento e à necessi- versa com a EXAME, o economista assina-
terações climáticas? Economistas e insti- dade de se valorizar indicadores de bem- la o que lhe parece não estar a funcionar.
enfrenta: a aproximação de ponto de não se incluem programas como o instituições eficazes; e o trabalho homens e mulheres, ou tenho
retorno no aquecimento global, uma ex- Purpose-Driven Business ou digno e crescimento económico, as criancinhas [a trabalhar] na
plosão das desigualdades, a produtivida- Responsible Business. embora desempenhe menos fábrica, isto vai correr mal...”.
Nuno Moreira da Cruz, diretor do bem no domínio da produção e Em plena pandemia, mas com
de estagnada, os Estados de mãos atadas
master, diz que a oferta coincide do consumo sustentáveis, por os olhos postos para lá dela, a
pelo endividamento ou receio do mesmo,
com uma maior sensibilidade exemplo. Católica-Lisbon lançou em maio
os bancos centrais a esgotar os limites da Temas como estes podem
sua capacidade de intervenção, a confian- para o tema: “O que era empur- o Prosper: Center of Economics
rar portas fechadas em Portugal ganhar ainda mais eco na atual for Prosperity, que vai produzir
ça nas instituições a afundar, os sistemas crise de saúde pública, num
há três anos, hoje é empurrar trabalhos de análise económi-
fiscais que não acompanham uma nova re- embate frontal do qual estão por
portas meio abertas. Já há seis ca em temas centrais para o
alidade digital e a regulação incapaz de tra- medir os estragos. Da mesma bem-estar dos cidadãos e para a
var a concentração de poder de mercado. forma, é ainda incerto se todos retoma. P.Z.G.
Estes problemas foram ganhando visi- os agentes estarão em condi-
bilidade desde a crise financeira internaci- ções de responder (e como o
onal, mas a Covid-19 fez com que o debate farão). “A pandemia é o teste do
fosse mais urgente e oportuno. Rahm Ema-
nuel, antigo chefe de gabinete de Barack Talento sustentável
Obama, tornou famosa a frase: “Nunca se Católica-Lisbon estreia novo master
em sustentabilidade, dirigido por
deve desperdiçar uma crise grave.” Jacobs Nuno Moreira da Cruz. Filipe Santos,
concorda. “Todas as pessoas perceberam dean da escola de negócios,
que esta é uma crise única nesta geração diz que empresas de elite já
perceberam a importância
que força os governos a repensar as suas do tema para reter talentos
políticas”, afirma. “É uma crise terrível,
ECONOMIA CIRCULAR E MENOS PLÁSTICO
O setor agroalimentar e as retalhistas tentam reduzir e reutilizar o plástico,
aproveitar mais e desflorestar menos
Os dados da Associação Industrial NÃM – Urban Mushroom Farm, em liada em todos os programas:
e Comercial do Café e da European Marvila. Nasceu assim a primeira Climate Change, Forests e
Coffee Federation são claros: cada Urban Mushroom Farm da cidade Water Security. O grupo tem,
português consome, em média, de Lisboa, que já está a produzir os também, investido milhões
4,73 quilos de café por ano. Isto primeiros cogumelos, embora ainda de euros, ao longo dos
significa que há toneladas de borras não haja data de chegada destes ao últimos anos, em projetos
de café que todos os dias vão para mercado. E numa altura em que os de reflorestação e de
o lixo. Consciente desta questão e portugueses voltaram a consumir produção de energias
com a sustentabilidade na agenda café de cápsula em força, graças à limpas. Já a Sonae tem-
da empresa, a Delta estabeleceu, pandemia causada pela Covid-19, a -se centrado sobretudo
recentemente, uma parceria com Delta faz também saber que “o pri- na redução de utili-
a NÃM – Urban Mushroom Farm. meiro blend da marca com cápsula zação de plástico de
“É um projeto de economia circular 100% biodegradável, o Delta Q EQO, difícil reciclagem ou de
que consiste em dar uma nova vida será lançado neste último trimestre uso único. Nos últimos
à borra do nosso café”, esclarece e terá tripla certificação de susten- meses, anunciou o
à EXAME o CEO do Grupo Nabeiro tabilidade: Certificação Rainforest lançamento do projeto
–Delta Cafés. “O processo baseia- Alliance, que trabalha para conservar LIFEFood Cycle, em
-se na recolha controlada da borra a biodiversidade e garantir meios consórcio com a Phenix
de café nos nossos clientes e na sua de subsistência sustentáveis”. Já as (FR), o qual permitirá
utilização para a produção susten- grandes retalhistas têm estabele- às lojas Continente não
tável e consciente de cogumelos, na cido consistentemente metas para desperdiçar produtos
cidade de Lisboa, que posteriormen- reduzirem a sua pegada ecológica. alimentares em risco de
te serão vendidos a esses mesmos O grupo Jerónimo Martins afirma-se quebra, “tanto através de
clientes onde fomos recolher a borra, como o único “retalhista alimentar doações solidárias quer
completando um círculo perfeito. De mundial classificado com A em também através da venda B2B
forma a tornar este processo pos- todas as commodities de risco de a novos parceiros, que se prevê
sível a uma maior escala, apoiámos desflorestação: óleo de palma, soja, ocorrer a preços mais baixos”,
e investimos no projeto do jovem madeira e gado bovino”, bem como esclarece fonte oficial da empresa à
empreendedor Natan Jacquemin: a “a única empresa portuguesa ava- EXAME. M.V.L.
mas se há uma coisa boa que podemos reti- de austeridade, pede agora que os governos “Devemos
rar dela é a ideia de que os governos podem gastem mais. A OCDE, que durante anos
executar grandes mudanças.” aconselhou os governos a liberalizar os aproveitar
A OCDE não é a única instituição preo- mercados de trabalho, é agora mais caute- a oportunidade
cupada em aproveitar este momento de losa nessa área e tem liderado a busca de para construir
transição. Numa participação num debate formas alternativas de pensar a economia.
recente, a diretora-geral do FMI, Kristalina Agora, o combate ao vírus pode ter uma ponte para
Georgieva, frisou que “seria ter vistas cur- aberto uma espécie de caixa de Pandora. algo melhor: um
tas regressar à economia de ontem, com os Os eleitores viram os governos fazer coisas mundo mais justo,
seus problemas de desigualdade crescen- que talvez não imaginassem serem possí-
te”. “Devemos olhar para a frente e apro- veis. Porque não fazer um esforço seme- mais equitativo,
veitar a oportunidade para construir uma lhante com a crise ambiental? Será possível mais verde, mais
ponte para algo melhor: um mundo mais voltar a pôr o génio dentro da lâmpada? “Se sustentável
justo e mais equitativo; mais verde e mais a situação é assim tão séria – e basta olhar
sustentável, mais inteligente e, acima de para os incêndios na Costa Oeste dos EUA e mais resiliente”
tudo, mais resiliente.” e outros fenómenos extremos por todo o
As principais instituições internacio- mundo –, as pessoas vão perguntar porque Kristalina Georgieva
nais também têm evoluído no seu pensa- não podemos tomar medidas de emergên- Diretora-geral do FMI
mento. O FMI, que aconselhou programas cia, se o fizemos com a crise do coronaví-
desapontantes.
É possível que, para o conseguir, seja ne-
cessária uma intervenção mais musculada
do Estado, seja com a criação de novas in-
população. Se está a cair ou a crescer de- dústrias e desenvolvimento de tecnologias
vagar – é mau. Se está a avançar rápido – é “É uma crise ainda longe da maturidade seja com apoios
bom. Simples.
No entanto, hoje somos prisioneiros do
terrível, mas se sociais ao previsível exército de “derrotados”
da transição. Numa entrevista dada à EXA-
indicador. Não só a sua utilização se uni- há uma coisa boa ME, o escritor Nathaniel Rich dizia que “o
versalizou como passou a ser usado para que podemos tempo para reformas moderadas e graduais
coisas para as quais ele não serve. Nada
garante que um PIB mais alto signifique
retirar dela acabou há 30 anos”. “Precisamos de trans-
formações furiosas, numa escala equivalen-
que os habitantes do país estejam a viver é a ideia de que te à mobilização para uma guerra mundial”,
melhor. E como podemos depender tanto os governos acrescentava.
de um indicador que não incorpora nos
seus cálculos o impacto negativo da degra-
podem executar Embora agora, empurrados pela Co-
vid-19, haja algum ímpeto para uma ver-
dação ambiental? “É muito difícil fugir ao grandes dadeira transformação económica, não é de
PIB e claro que não lhe queremos escapar mudanças” todo garantido que ela chegue. A crise é tão
totalmente. Continua a ser uma medida devastadora que pode ser tentador voltar a
útil. Mas não é a única forma de julgar o Michael Jacobs pôr a economia a funcionar, deixando para
sucesso da economia”, diz Jacobs. Professor na Universidade de Sheffield trás as metas ambientais. Se o fizermos, será
Alguns economistas argumentam mes- mais uma oportunidade perdida. Muitos ar-
mo que relativizar o crescimento económico gumentam que será a última. E
“A RECUPERAÇÃO
ECONÓMICA DE PORTUGAL
SÓ PODE SER FEITA COM BASE
NA DESCARBONIZAÇÃO”
A transformação ambiental prevista para as próximas décadas
vai permitir que o valor económico fique no País e não seja exportado
na compra de combustíveis ou gasto em custos de saúde desnecessários,
defende o presidente da APA, para quem a pandemia trouxe ensinamentos:
“Não é à custa da paralisia da atividade económica e humana que temos
de proteger o ambiente”
Texto Paulo Zacarias Gomes Fotos Marcos Borga
O
presidente da Agência ponsável diz que a instituição está prepara- todas as partes interessadas. Pressões diz
Portuguesa do Ambien- da para responder a uma trajetória de re- sentir apenas as do tempo para tomar de-
te (APA) diz que a gestão cuperação. “Portugal tinha a vantagem de cisões.
integrada do setor está a estar preparado nas políticas de economia
mudar a cultura de atu- verde e descarbonização e o plano Costa Está há oito anos à frente da APA. O que
ação, que está concentrada na autonomia Silva assume centralmente essa matéria. O mais marcou esse período?
técnica da análise dos projetos em vez da desafio é a implementação”, afirma, sobre Pela primeira vez, temos ao nível do Esta-
sua recusa terminante. Desde 2012 à fren- a estratégia pós-Covid-19 para o País. Em do gestão integrada do ambiente – clima,
te da instituição, Nuno Lacasta salienta o entrevista à EXAME, defende que a aplica- água, resíduos, ar, litoral, impacte ambi-
trajeto ambiental do País nas últimas dé- ção de impostos ambientais é, “em todo o ental, emergências radiológicas –, com es-
cadas, embora admita que recentemente seu esplendor, o bom exemplo de consig- pecialistas de muitas áreas e numa relação
esteja a “marcar passo” no aproveitamento nação de despesa”, porque são reinvestidos com municípios e outros organismos. Fize-
dos resíduos. Depois do abrandamento na na melhoria dos ecossistemas. E sublinha mos uma profunda transição digital, com o
atividade provocado pela pandemia, o res- o espírito de colaboração da agência com LUA (licenciamento único ambiental, que
15, 20 anos. Não há nenhum indicador que Licenciado em Direito pela Faculdade
de Direito de Lisboa e mestre em
nos diga que estamos genericamente pior
Direito (LLM) pelo Washington
na qualidade da água, do ar, do ordena-
College of Law da American
mento do território. Temos historicamen- University, EUA. Foi professor
te um território desordenado e isso tem convidado de Direito e Políticas de
implicações, por exemplo, nas indústrias. Ambiente (Faculdade de Ciências
Tem havido avanços ao nível do mundo e Tecnologia, Universidade Nova
empresarial – estou a pensar na CIP – e es- de Lisboa) e de Direito Comunitário
tamos disponíveis para, em temas como do Ambiente e das Alterações
economia circular, descarbonização, ges- Climáticas (Washington College of
tão de poluição, trabalhar ativamente com Law, American University). Há cerca
associações empresariais. Até podiam ter de 25 anos que trabalha em temas
ambientais e de desenvolvimento
um papel mais central na sua atividade,
sustentável.
mas não me cabe a mim... Temos boas re-
lações e estamos interessados em aumen- > CARREIRA
tar o nível de interação nestas matérias. Foi consultor para a OCDE, ONU e
Comissão Europeia. Desde 2002, de-
Já é possível medir o impacto desta pan- sempenha funções de serviço públi-
demia no ambiente? E que lastro estru- co, como as de diretor do gabinete de
tural vai deixar? Relações Internacionais do Ministério
Talvez o mais visível seja a melhoria sem do Ambiente ou gestor do Fundo Por-
precedentes da qualidade do ar no con- tuguês de Carbono e coordenador do
finamento. Deixa um amargo de boca, Comité Executivo da Comissão para
as Alterações Climáticas – área em
porque não é paralisando a atividade eco- tinuação de investimentos na área das re-
que foi negociador-chefe da UE em
nómica e humana que protegemos o am- nováveis e infraestruturas, teremos muito
2007. Preside, desde 2012, à Agência
biente, mas sim percebendo como pode- Portuguesa do Ambiente (APA), trabalho pela frente.
mos, na recuperação, não voltar a níveis instituição com cerca de 850 colabo-
anteriores. Há boas notícias nas renová- radores. Em julho do ano passado, o Que papel terá o ambiente nos planos de
veis e o carvão [centrais] será descomis- Governo renovou a sua comissão de recuperação europeus e no português,
sionado em 2021 e 2023. A recuperação serviço na liderança da APA. em concreto?
económica de Portugal só pode ser feita Ainda bem que estamos a discutir isto
com base na descarbonização, porque é o no âmbito desses planos, e os anúncios
que permite que o valor económico fique da presidente da Comissão Europeia são
no País e não seja exportado na compra de muito interessantes. Já ninguém contes-
combustíveis ou haja gastos desnecessá- ta as green bonds pan-europeias, ponto
rios do SNS, com cerca de seis mil mortes final! E o anúncio de redução de 55% de
prematuras estimadas/ano por doenças emissões em 2030 é muito importante,
resultantes da fraca qualidade do ar. não há volta a dar. A descarbonização é
um dos pilares dos planos apresentados
E qual foi o impacto no fluxo de proces- pela Alemanha e pela França e também
sos que chegam à APA? está plasmada em toda a linha no plano
Com o impacto na economia notou-se Costa Silva, que bebeu profusamente do
imediatamente uma paragem de entra- Roteiro de Neutralidade Carbónica e das
da de projetos. Estão a retomar e, com o estratégias de economia verde do Minis-
plano de recuperação económica e con- tério do Ambiente.
sos hídricos, de carbono e outros têm sido lítio] que pode E esses impostos são bem aplicados?
instrumentais para garantir a sustentabi- e deve ser Quando coleto impostos nos combustíveis
lidade da gestão do setor. Pagam a recupe-
ração de ecossistemas e ajudam a mudar a
estudado e, fósseis para investir nas renováveis, creio
que estou a tomar uma boa decisão. Ou
performance ambiental da sociedade, são sempre de forma quando o faço no uso da água, e os gasto
investidos pelo Fundo Ambiental de vol- sustentável, para melhorar infraestruturas hidráulicas,
ta ao ambiente para a descarbonização, a
gestão florestal, do litoral e de cheias. Esta
eventualmente ou nos resíduos, para investir na separa-
ção de biorresíduos ou na recolha seletiva.
é uma marca de água central da política explorado” É, em todo o seu esplendor, o bom exem-
de ambiente, bem-sucedida, e Portugal é plo de consignação de despesa. E
2020
BANDEIRAVERDE.PT
FIGURAS
VOZES DA ECONOMIA
SUSTENTÁVEL
Alguns deles conhece bem, de outros talvez nunca
tenha ouvido falar. Entre académicos e figuras influentes,
estes são alguns dos nomes que se têm destacado
na defesa de uma economia mais sustentável,
do clima às desigualdades
Texto Nuno Aguiar
JEREMY RIFKIN
Consultor e professor da Universidade da Pensilvânia
INDÚSTRIA 3.0
É um dos nomes mais influentes no campo da transição
industrial. O seu livro que recebeu mais atenção foi A Terceira
Revolução Industrial (2011), que motivou a recomendação
do primeiro-ministro chinês. O economista norte-americano é,
aliás, um dos conselheiros de Pequim para a sua visão de trans-
formação industrial, assim como o arquiteto da Smart Europe,
um plano para fazer a transição para uma economia mais
verde e digital. Na sua mais recente obra – The Green
New Deal – reflete sobre o impacto do declínio
da atual estrutura económica baseada em com-
bustíveis fósseis. Rifkin defende investimentos
massivos numa nova infraestrutura energética
e argumenta que Bruxelas deveria isentar
essa despesa das regras orçamentais.
UM PADRÃO
VERDE PARA O SISTEMA
FINANCEIRO
O investimento sustentável tem crescido
nos últimos anos e poderá vir a tornar-se
a regra, impulsionado pela direção dos programas
de recuperação na Europa. Mas é preciso garantir
que não se está a vender castanho por verde
e que as empresas não usem o rótulo
da sustentabilidade apenas como golpe
de marketing
Texto Rui Barroso
A
s obrigações verdes têm recurso ao carvão. Mas, pelo menos, as
um peso cada vez maior obrigações verdes devem estar a ser deci-
no financiamento a nível sivas para ajudar essas mesmas empresas
global. Aparentemente, na transição para uma economia de baixo
como estes títulos de dí- de carbono, certo? Não necessariamente,
vida pressupõem que o dinheiro seja des- segundo um estudo recente do Banco In-
tinado a projetos amigos do ambiente, até ternacional de Pagamentos (BIS).
se poderia pensar que as empresas estão “Em geral, não existe uma forte evidên-
a ficar mais limpas. Mas a conclusão não cia de que a emissão de obrigações verdes
é tão linear, já que algumas das grandes esteja associada a qualquer redução nas in-
emitentes de obrigações verdes são em- tensidades de carbono ao nível da empresa”,
presas de energia que continuam a poluir concluem Torsten Ehlers, Benoît Mojon e
o planeta com a exploração de petróleo ou Frank Packer. Os economistas do BIS afir-
250
é preciso evitar o risco de greenwashing, organizações que os promovem”.
em que as empresas usam abusivamente a Para evitar os riscos de greenwashing
etiqueta verde para obter fundos. e incentivar a canalização de investimento
Imagine que tem uma poupança que para produtos verdes, a Comissão Europeia
quer alocar em produtos de investimento está a trabalhar, desde 2018, num plano de
sustentáveis. Uma pesquisa rápida na in- ação neste campo. O objetivo é “estabele-
ternet poderia oferecer muitos produtos. cer uma linguagem comum para o finan-
Mas como ter a certeza de que não se está a ciamento sustentável”. Além disso, haverá
comprar gato por lebre ou, neste caso, cas- Mil milhões de dólares rótulos que serão atribuídos a produtos fi-
tanho por verde? A tarefa não é fácil. “Ape- As emissões de obrigações verdes nanceiros e critérios mais apertados para
sar de os investidores de retalho se estarem bateram um recorde no ano passado empresas e intermediários financeiros na
a tornar mais conscientes sobre o ESG, são divulgação de informação. “São, de longe,
poucos os que os conseguem definir de for- as regulações mais ambiciosas que vimos
37%
ma apropriada ou decidir como incluí-los neste campo. O plano de ação irá originar
na sua carteira”, observa Elizabeth Stuart. inovação, transparência e confiança dos
A analista da Morningstar afirma à EXAME investidores nos ESG nos próximos anos”,
que “é necessário dar mais poder e know- considera Elizabeth Stuart. A analista re-
-how a estes investidores, para questiona- lembra que houve alguma oposição a estas
rem as gestoras de ativos sobre as metodo- regras, com algumas vozes discordantes a
logias de ESG”. Já Will Oulton considera argumentarem que o plano não era claro e
que “a chave para lidar com esse proble- estava a ser apressado. Mas refere que, “após
ma é uma regulação sensata e pragmática, Fundo de recuperação alguns percalços iniciais, esta regulação po-
assim como transparência e a publicação A Comissão Europeia vai destinar 37% derá galvanizar o universo dos fundos sus-
de informação que permita comparações dos 750 mil milhões do fundo de recu- tentáveis e dar confiança tanto a investido-
relevantes entre produtos financeiros e as peração a projetos verdes res como a emitentes”.
Se existirem dúvidas sobre central poderia ainda ajudar a “O BCE tem um papel funda-
o poder que os bancos centrais definir as regras e normas para mental em tudo isto, pois pode
têm para influenciar o rumo as finanças sustentáveis. optar por apenas comprar, por
da economia e dos mercados Mas, dificilmente isso levaria exemplo, dívida pública e dívida
financeiros, basta recordar a um momento “whatever privada verde, pode induzir
como o discurso do “whatever it takes” na transição para uma os bancos a incorporarem
it takes” de Mario Draghi, em economia verde. Outra forma, os riscos ambientais e climáti-
2012, ajudou a Zona Euro a sair e a mais controversa, seria cos de forma explícita na política
da sua maior crise existencial. “ter em conta as considerações de crédito, entre outros”, refere
Christine Lagarde, que sucedeu climáticas no desenho e imple- Sofia Santos, especialista em
ao italiano na liderança do BCE mentação das operações de finanças sustentáveis.
em novembro do ano passado, política monetária”, indicou Apesar do poder que o BCE
tem dado fortes sinais a responsável do BCE. Um tem em mãos, a utilização
de querer usar esse poder para dos exemplos de como o dessas armas não é consen-
tornar a economia e o sistema banco central poderia atuar de sual. O Bundesbank já deu
Fonte: Morningstar
financeiro mais verdes. Poucos forma mais eficaz passaria pela sinais de ceticismo em relação
dias depois de assumir o cargo, obrigação das empresas divul- a esse tipo de abordagem, por
colocou as alterações climáticas garem de forma transparente considerar que vai além do
no centro da discussão a informação relacionada com mandato do banco central e
da reavaliação estratégica que o impacto ambiental das suas violaria o princípio da neutrali-
o banco central está a fazer atividades: isto se quisessem dade de mercado. Mas no seio
3ºt 4ºt 1ºt 2ºt
sobre as suas políticas. que os seus títulos fossem con- da autoridade monetária há
2020 “Determinaremos onde e como siderados para os programas quem defenda exatamente o
a questão das alterações climá- de compras de ativos ou usados contrário, sustentando que as
Já os economistas do BIS propõem que, ticas e o combate às mesmas como colateral nas operações alterações climáticas são um
tal como existem ratings para a dívida de podem ter impacto nas nossas de refinanciamento. Com base risco à própria estabilidade
empresas, se comece também a desenvolver políticas”, indicou Lagarde. nessa informação, o Eurossis- de preços e, portanto, o BCE
um sistema de notações que permita aferir Mas o que pode um banco tema poderia depois privilegiar terá de passar à ação para
a qualidade de ESG das empresas. “Esses central fazer? Na Noruega, as empresas com melhores assegurar o objetivo principal
por exemplo, o banco central, práticas nos seus programas. do seu mandato.
ratings, que iriam complementar os sis-
que é responsável pela gestão
temas de categorização atuais, podem ser
desenhados para fornecer incentivos extra
do fundo soberano do país – “No reexame
um dos maiores veículos de
para as grandes emissoras de carbono aju- investimento do mundo – exclui da nossa estratégia,
darem a combater as alterações climáticas”, da sua lista de compras ações e determina-remos
argumentam os economistas do banco cen-
tral dos bancos centrais.
obrigações de empresas consi-
deradas poluentes. Numa esca- onde e como
Já existem algumas entidades, como o la bem menor, o BCE faz o mes- a questão
CDP (Carbon Disclosure Project), que atri- mo no fundo de pensões que
gere. No entanto, é possível ir
das alterações
buem ratings a empresas que dependem do
seu desempenho ambiental. No entanto, es- bem mais longe, especialmen- climáticas
tes projetos dependem bastante da boa von-
te na componente da política
monetária. Isabel Schnabel, que
e o combate
tade das emitentes em partilhar esse tipo
faz parte da comissão executiva às mesmas
de informação e do interesse de investido-
res em incorporarem esses ratings nas suas
do BCE, detalhou os caminhos
que podem ser seguidos, num
podem ter
decisões. Mas as próprias grandes agências discurso feito em julho. Além impacto nas
de notação financeira começam a investir da exclusão de empresas sem nossas políticas”
na análise de riscos ambientais, sociais e de práticas sustentáveis dos por-
governo com a compra de algumas entida- tefólios não relacionados com Christine Lagarde
des especializadas. “Estamos ainda no iní- a política monetária, o banco Presidente do BCE
A eficiência da IoT
transforma as cidades
As soluções Altice Empresas garantem uma maior eficiência com a Internet of Things (IoT)
que transforma as cidades, através de serviços que aceleram a digitalização, como
a Gestão de Resíduos, Telemetria de Água, Eficiência Energética, Monitorização Ambiental,
Carregamento de Veículos Elétricos, Gestão de Estacionamento e muito mais.
Saiba o que a Altice Empresas pode fazer pelo seu negócio e por um Portugal mais digital.
EM TEMPOS
DE CRISE, A FAMÍLIA
FAZ A FORÇA
As empresas familiares cotadas em bolsa têm batido a concorrência
durante a pandemia. Habituadas a gerir para as próximas gerações em vez
de para o próximo ano fiscal, conseguem ter um maior foco no longo prazo
e tendem a ter uma estrutura acionista mais unida no objetivo comum. Mas,
por vezes, as grandes forças das famílias podem também revelar-se as suas
grandes fraquezas, especialmente em tempos de crise
Texto Rui Barroso
A
A crise provocada pela pandemia atingiu
o mundo de uma ponta à outra e não pou-
pou quase nenhuma empresa. Perante ta-
manha onda de destruição e de incerteza,
gerir com a missão de assegurar a sobre-
vivência do negócio de forma a transitá-lo
para as gerações vindouras, em vez de se
sucumbir à pressão das expectativas dos
investidores para os próximos trimestres,
pode ser a melhor bússola para se encon-
trar saída da crise. Essa talvez seja uma
das grandes vantagens da maior parte das
empresas familiares. Quando confronta-
15
das com uma ameaça existencial sobre o
seu próprio negócio, a probabilidade de No relatório, a que a EXAME teve aces-
união e de vontade de superar os obstá- so, detalham que “os retornos dos primei-
culos por parte de acionistas da mesma ros seis meses deste ano apoiam aquela
família pode ser maior. Pelo menos em perspetiva, já que em geral tiveram uma
teoria e se não houver uma relação dis- performance cerca de 300 pontos-base
funcional que comprometa os processos acima das outras empresas”. Essa dife-
de decisão. rença é mais notória no Japão, onde as
Num primeiro balanço, as empresas cotadas controladas por famílias tiveram Anos
familiares aparentam ter mostrado mais retornos 30 pontos percentuais acima do As empresas familiares
resistência ao impacto do choque pandé- mercado. Na Europa, a vantagem foi de europeias cotadas em bolsa bateram
mico do que as suas pares dos mesmos 6,2 pontos. A América Latina foi a única as pares nos últimos 15 anos, segundo
setores. Para os analistas do Credit Suisse região em que ficaram abaixo das pares. o Credit Suisse
6,2
Research Institute, esta é mais uma prova A análise englobou as maiores mil em-
de que companhias deste tipo são mais re- presas controladas por famílias ou pelos
silientes em tempos de crise. “A pandemia fundadores, mesmo que jovens, que vão
da Covid teve um impacto significativo desde cotadas centenárias como a LVMH e
nos retornos das bolsas e na volatilidade, a Jerónimo Martins, a tecnológicas como a
este ano. Em trabalhos anteriores, subli- Alphabet (dona da Google) e o Facebook.
nhámos que as empresas detidas por fa- Incluir empresas tão recentes no lote de
mílias tendiam a ter características defen- familiares não é consensual. Mas os espe-
sivas acima da média que lhes permitiam cialistas do Credit Suisse argumentam, no Pontos
ter bom desempenho, particularmente entanto, que tal como empresas contro- No primeiro semestre deste ano,
em períodos de stress nos mercados”, ladas por famílias há várias gerações, os as empresas familiares tiveram retor-
indicam os analistas do banco suíço num fundadores destas empresas mais recen- nos de 6,2 pontos percentuais acima
estudo divulgado recentemente. tes têm posições acionistas significativas das outras cotadas
Quais as maiores forças e crises exigem que se aja Dada a dimensão desta
fraquezas das empresas de forma responsável para crise pode haver a neces-
familiares, para supera- sobreviver e, por vezes, isso sidade de consolidação.
rem crises como a que envolve tomar decisões As empresas familiares
vivemos? difíceis e, normalmente, as são mais cautelosas
As empresas familiares, famílias têm dificuldade em nestas operações,
geralmente, são conhe- fazê-lo. para evitarem perder o
cidas por serem persis- controlo da estrutura de
tentemente inovadoras, Um estudo do Credit capital?
financeiramente estáveis, Suisse aponta que as em- As empresas familiares
leais aos seus funcionários presas familiares tiveram resistem frequentemente
e comunidades e dedicam- melhor desempenho do a fundirem-se ou a ad-
-se a sobreviver para a pró- que o mercado. O que quirirem outras empresas
GETTY IMAGES
Um estudo do Credit quem não precisou não empresas familiares empresas familiares o objetivo de financiar
Suisse concluiu que as aproveitou. Mas ainda têm uma maior flexi- em entrarem nestes fusões e aquisições nas
empresas familiares, a bem que lá estava. bilidade para suspen- movimentos de conso- empresas familiares.
nível global, recorre- derem ou reduzirem lidação? Foi a primeira vez na
ram menos a apoios Existe a convicção dividendos. Isso é uma Aumentar a escala é a História recente que um
do Estado do que as de que as empresas qualidade importante, estratégia do ministro governante fez alguma
suas pares durante familiares têm uma em tempos de crise? da Economia, Pedro coisa pelas empresas
esta crise. Em Portugal perspetiva de mais Parece-me evidente. Siza Vieira, que fez um familiares. Quanto
também se verificou longo prazo. O que Uma conversa num esforço notável em mais escala tiverem as
esta tendência? pode explicar essa conselho de família agosto e setembro de empresas, maior é a sua
O que o relatório do característica? sobre redução de 2019 – há um ano preci- produtividade, e é isso
Credit Suisse nos diz Visão de longo prazo, dividendos não demora samente – na consti- que temos de melhorar.
agora é uma realidade resiliência, prudência mais de dez minutos, tuição de fundos com Siza Vieira viu isso e agiu.
bem conhecida. Já um – todos aspetos carac- e não há discussão. É o
artigo da Harvard Bu- terísticos da maioria das que é. Por isso, o acio-
siness Review de 2012 empresas familiares. nista familiar também
dizia a mesma coisa: Não vou dizer que isso tem de ser prudente na
em tempos de crise, as nos permite ter melho- gestão dos seus ativos
empresas familiares res resultados, existem pessoais, para poder
sobrevivem melhor, pelo mundo fora em- fazer frente a um ano
porque são mais presas não familiares sem dividendos.
prudentes, distribuem muito bem geridas e
menos dividendos, têm com ótimos resultados. Em Portugal, tem-se
reservas mais elevadas Por que razão nos cen- discutido a necessida-
para fazer face a crises, tramos no longo prazo? de de existirem mais
eventos inesperados. Porque as gerações fusões e aquisições
Desta vez foi uma têm trinta anos entre de forma a termos
pandemia, amanhã será elas. Porque trabalho a empresas com maior
outra coisa, e nós temos pensar naquilo que os dimensão e escala.
de estar preparados, meus filhos e os meus Mas, para manter o
temos de sobreviver. A sobrinhos vão fazer negócio controlado
informação que tenho quando for a vez deles pela família, poderá
de alguns associados é de gerirem os negó- existir uma maior
de que nem todos apro- cios. Porque a visão de resistência das
veitaram as facilidades longo prazo é inimiga
de diferimento do pa- da jogada, do truque, do
gamento de impostos. dinheiro fácil. Porque a
Enviaram as guias e continuidade e a solidez
pagaram no dia certo. são mais importantes
Os que podiam, paga- do que sucessos com
ram, os que não podiam, fogo de artifício.
ainda bem que havia
esse diferimento. No O estudo do Credit
layoff, a mesma coisa: Suisse aponta que as
Pandemia
financeiras do PSI20 financeiras
A
s crises que só se costu- portuguesa de 2012. Os números excluem
mam ver numa geração as contas da Ibersol, que ainda não tinha
parecem estar a tornar-se mostrado os resultados ao mercado até ao
mais frequentes. Depois fecho desta edição, e da Pharol, já que a
da grande tempestade fi- empresa praticamente não tem atividade
nanceira de 2008, as empresas portugue- e tem como único ativo a participação na
sas tiveram de enfrentar, em 2012, uma brasileira Oi. Incluindo a evolução dos re-
recessão violenta durante a intervenção sultados da antiga Portugal Telecom, esta
da Troika. Dois anos depois, a economia época de apresentação de resultados do
nacional foi novamente colocada em xe- PSI20 seria a pior desde 2013.
que, com a resolução do BES. E, agora, 2020 A pandemia colocou em quarentena a
tem-se revelado o ano de todas as prova- tendência de subida dos resultados que as
ções. O choque inesperado provocado pela cotadas nacionais apresentavam nos últi-
pandemia, que secou a procura e destruiu mos três anos. Não houve quem resistis-
cadeias de valor, teve consequências signi- se a uma quebra de 16,3% do PIB nacional
ficativas nos resultados das cotadas nacio- como a que se verificou no segundo tri-
nais que integram o PSI20. O lucro acumu-
lado desceu mais de metade na primeira
mestre. “Perante o confinamento, em que
muitas empresas estiveram encerradas, no-
Genericamente,
metade do ano e, apesar de terem existido meadamente do setor discricionário, era as cotadas
diferenças no grau de impacto, não houve expectável que os lucros do PSI20 no pri- do PSI20
empresa que conseguisse escapar a uma
crise desta dimensão.
meiro semestre recuassem para níveis que
já não se observavam” desde o período de
apresentam
O lucro acumulado das cotadas tota- intervenção da Troika, refere Filipe Rosa, balanços
lizou cerca de 835 milhões de euros entre economista sénior do Banco Carregosa. relativamente
o início de janeiro e o final de junho, uma
quebra de 55% face aos mais de 1,86 mil
O grau de destruição de valor é ainda
mais visível se analisarmos apenas os re-
musculados
milhões alcançados no mesmo período do sultados das empresas não financeiras. Este Paulo Rosa
ano anterior, segundo cálculos da EXA- grupo de cotadas teve lucros bem mais bai- Economista sénior
ME. Foi o pior semestre desde a recessão xos do que nos anos mais duros da Ttroika do Banco Carregosa
JOSÉ CARIA
com a Covid-19”. Já a Sonae Capital agravou
as perdas sofridas no último ano.
Também os CTT fecharam o semestre
no vermelho. A empresa reportou um pre- A Galp, liderada Ainda assim, os números acumulados
juízo de dois milhões de euros, 11 milhões da dívida de empresas da bolsa nacional
abaixo do resultado que tinha sido alcan- por Carlos Gomes ficaram contidos em semestre de pande-
çado na primeira metade de 2019. “A área da Silva, foi das mia. “Genericamente, as cotadas do PSI20
de negócio de correio foi muito afetada, a empresas mais apresentam balanços relativamente mus-
partir da segunda metade do mês de março culados para enfrentarem as perdas que
e até maio, pelo confinamento em conse- penalizadas. Passou registaram durante o confinamento”, con-
quência da Covid-19”, detalha a empresa de lucros de 300 sidera Paulo Rosa. O economista do Banco
presidida por João Bento. Os rendimentos milhões a prejuízos Carregosa nota outros fatores que mostram
da unidade de expresso e encomendas até resistência, como a “compra da Viesgo por
subiram 17% mas, ainda assim, foram insu- de 22 milhões parte da EDP ainda no período de gradual
ficientes para a empresa de correios evitar levantamento das restrições à liberdade de
um resultado líquido consolidado negativo. circulação”. Essa operação levou a empresa
As restantes cotadas conseguiram sobre- empresas que reduziram o endividamento, liderada interinamente por Miguel Stilwell
viver e fechar o semestre com lucros. Mas casos da Semapa, NOS, Corticeira Amorim, a fechar com sucesso e sem grandes sobres-
nenhuma melhorou os números. A REN e a Navigator e Jerónimo Martins. No caso da saltos uma operação de aumento de capital
Corticeira Amorim foram as que mais con- papeleira, a decisão em suspender o paga- no valor de mil milhões de euros, em agosto.
seguiram atenuar o impacto, com quebras mento de dividendos terá ajudado na ta- Apesar desses sinais de resistência, Fi-
de 9,8% e de 15% nos resultados. De resto, refa de cortar dívida. Por seu lado, a dona lipe Rosa explica que “para uma economia
foram tombos entre 20% e 87 por cento. do Pingo Doce reviu em baixa o valor da como a portuguesa, tão dependente do tu-
remuneração a distribuir aos acionistas. rismo, dos setores mais penalizados pelo
SINAIS DE RESISTÊNCIA Já a Galp e a EDP preferiram manter as confinamento e distanciamento social, é
A razia nos resultados não surpreende. Mas promessas aos acionistas e não mexeram plausível esta queda do lucro das cotadas
apesar do choque nas receitas, e de uma no dividendo relativo a 2019, que até su- do PSI20, e os investidores aguardam com
parte significativa de empresas ter opta- perou os resultados alcançados pelos dois expectativa a chegada de uma vacina ou a
do por distribuir dividendos no decurso gigantes da bolsa portuguesa nesse ano. aprovação de testes rápidos e baratos”. Até
do primeiro semestre, a dívida líquida das A dívida líquida da petrolífera aumentou lá, a esperança é de que a situação pandé-
cotadas do PSI20 não teve uma subida ex- 35%, para 1,9 mil milhões de euros. Na elé- mica não piore ao ponto de forçar as auto-
ponencial. Houve um aumento de 2,9%, trica, a subida foi de 1,9%, para mais de 14 ridades a colocarem novamente a econo-
para 30,6 mil milhões de euros. E até houve mil milhões de euros. mia em confinamento. E
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/10/2020 salvo
limitada
rta é limitada
Campanha válida em Portugal até 30/10/2020 l
durante 1 ano (12 edições). A oferta
Como medir
o empreendedorismo?
Mais do que uma moda, o empreendedorismo é o reflexo de vários
factores que se conjugam. Portugal tem feito um caminho positivo, > Professor catedrático,
mas há ainda estrada para andar – e rapidamente Universidade de Évora
H
á dois anos, por isso, essencial que o consi- dores aqui? Como? Porquê? É
por esta al- gamos manter “na moda”. Para A escassez de preciso tirar esta fotografia. Uma
tura, escre- tal têm sido desenvolvidas polí- oportunidades fotografia que permitirá não só
via sobre ticas para a sua promoção, ini- de emprego e a olhar para nós, como também
“a moda do ciativas/actividades e infra-es- comparar-nos com os outros.
empreendedorismo”. Segun- truturas. Mas é importante ter necessidade de O Global Entrepreneurship
do a definição de “moda”, é em atenção que todas as me- aumentar o nível Monitor (GEM) é o principal
algo que ocorre “durante um didas tomadas para fomentar de rendimento projecto de investigação que
determinado período de tem- o empreendedorismo devem avalia, anualmente, a activida-
po”. E parece que este período depender do contexto de cada são os principais de empreendedora (através de
já vai longo… país. Afinal, o quão empreende- motivos para diversos indicadores) de um
Não há dúvidas sobre a im- dores somos? Em que parâme- a criação de elevado número de países de
portância do empreendedoris- tros temos mais virtudes e em todo o mundo, e permite ain-
mo para o crescimento econó- quais temos ainda algo a melho- um negócio em da aferir o nível, as caracterís-
mico sustentável dos países e é, rar? Quem são os empreende- Portugal ticas e os factores potenciado-
45
PERCENTAGEM DE ADULTOS 1864 ANOS
25
20
15
10
0
Emirados
Egito
Índia
Madagáscar
China
Jordânia
Russia
Irão
México
Itália
Japão
Polónia
Bielorrússia
Espanha
Omã
Alemanha
Eslovénia
PORTUGAL
2016
Grécia
Suécia
Noruega
Taiwan
Suíça
Luxemburgo
Holanda
Croácia
Austrália
Marrocos
Arménia
Brasil
Guatemala
Equador
Chipre
Israel
PORTUGAL2019
Eslováquia
Qatar
Letónia
Árabes Unidos
EUA
Canadá
Chile
Paquistão
Macedónia do Norte
Reino Unido
Irlanda
Arábia Saudita
Coreia do Sul
Colômbia
Panamá
Áfica do Sul
Porto Rico
ABERTURA EDUCAÇÃO
DO MERCADO E FORMAÇÃO
AINDA
“É A ECONOMIA,
ESTÚPIDO”?
Donald Trump está em desvantagem em todos os temas
da campanha, exceto na economia. Mesmo perante uma
das mais duras crises de sempre, os norte-americanos ainda
confiam mais no republicano do que em Joe Biden, nesta
área. Como isso pode influenciar a corrida para
a Casa Branca? E, dependendo do vencedor, que medidas
podemos esperar para os próximos quatro anos?
Texto Nuno Aguiar
É
dos EUA tinha todos os motivos para estar
“
confiante na sua imagem na gestão desta
área. Segundo os dados da Gallup, nunca
um Presidente tinha alcançado taxas de
aprovação tão altas em relação à economia
(pelo menos desde Reagan, em 1984). No
início do ano, 63% dos norte-americanos
achavam que Trump tinha feito um bom
trabalho nesse campo.
A pandemia haveria de abanar esta
confiança na capacidade de gestão do mi-
lionário. À semelhança da generalidade
do mundo, a atividade económica afun-
“É a economia, estúpido.” Ou já não é tan- dou no segundo trimestre deste ano, com
to assim? A um mês das eleições presi- o PIB dos EUA a recuar mais de 9% face ao
denciais dos Estados Unidos da América, mesmo período homólogo (32,9% em ter-
Donald Trump tem às costas a maior con- mos anualizados). É o valor mais negativo
tração de sempre da economia norte-ame- desde que existem dados trimestrais.
ricana, num período de três meses, e uma No mercado de trabalho, a gravidade
destruição histórica de postos de trabalho. do desastre também foi inédita. Chegaram
No entanto, a maioria dos eleitores conti- a ser destruídos seis milhões de postos de
nua a dar-lhe uma pontuação mais alta trabalho por semana. Em abril, a taxa de
na gestão da economia do que ao seu ad- desemprego esteve perto dos 15%, outro
versário, Joe Biden. Como isso se explica? máximo desde os anos 50. Antes de a Co-
Para percebermos de onde vem esta re- vid-19 chegar a território norte-america-
putação de Trump, é preciso lembrar que no, estava abaixo de 4% e, na crise anterior,
ele surge na cena política com a imagem nunca ultrapassou os 10 por cento.
de um empresário bem-sucedido, especi- A única dimensão em que o otimis-
alista em negociações duras e em ganhar mo se manteve – após um período curto
dinheiro (embora o seu historial de gestão de quebra – foram os máximos dos mer-
suscite muitas dúvidas). cados financeiros, como o Presidente dos 4
Durante os primeiros três anos na Casa EUA faz questão de lembrar regularmente
2
Branca, a conjuntura deu-lhe uma ajuda no Twitter. As dificuldades na “economia
preciosa. Herdou de Barack Obama um real” não parecem contagiar Wall Street. 0
mercado de trabalho sólido, conseguin- Ainda assim, como seria de esperar,
do renovar mínimos históricos na taxa de uma crise tão devastadora penalizou a ima- -2
desemprego, e a economia esteve sempre gem de Donald Trump, e a percentagem de
em crescimento, ainda que a ritmo mo- norte-americanos que acha que ele está a -4
desto (1,4% a 3,3% ao trimestre). E, acima gerir bem a economia caiu para 47%, em
de tudo, a bolsa continuou a bater suces- junho. Um resultado que, não obstante, -6
sivos recordes. continua a ser melhor do que o de outros
-8
Esta exuberância dos mercados finan- presidentes na mesma altura do ano. Mais:
ceiros deve-se essencialmente ao ambien- as sondagens mostram que os norte-ame- -10
te de juros baixos e à postura agressiva da ricanos continuam a confiar mais nele do Q1 Q2
Reserva Federal norte-americana e aos que em Joe Biden. 2016 2020
seus megaprogramas de compra de ativos. Porquê? Há várias possibilidades. Por
CRISE PROFUNDA
A administração Trump pode ter dado um um lado, o período mais agudo da crise Variação do PIB
empurrão a essa euforia, com uma refor- pode já ter passado, com alguma recupe- Depois de quatro anos de crescimento
ma do sistema fiscal que beneficiou essen- ração do mercado de trabalho e da econo- sólido, a economia norte-americana
cialmente os contribuintes mais ricos e as mia a servir de luz ao fundo do túnel para afundou a um ritmo histórico em 2020,
grandes empresas. alguns norte-americanos. The New York devido ao impacto da pandemia Covid-19
52
50
48
46
44
42
40
12
10
8
6
4
OUTUBRO 2020 ABRIL JULHO
Times nota também que a base eleitoral de uma sondagem a dar um empate entre os
Trump parece ter sofrido menos com esta dois e outras duas a posicionar Biden ape-
crise do que os eleitores democratas ou in- nas a um ponto de Trump.
dependentes. Isso explica-se porque, entre Os cientistas políticos e analistas dão
as famílias, as minorias étnicas têm sido normalmente muita atenção a essa perce-
mais afetadas por esta crise, e elas votam ção, já que ela tem sido fundamental para
mais à esquerda. Quanto às empresas, os antecipar os resultados eleitorais. Nunca
donos de PME de estados mais pequenos um Presidente ganhou uma reeleição com
e rurais têm sido tendencialmente menos uma taxa de desemprego superior a 7,2%
penalizados do que os grupos localizados e, em 2016, este era um dos poucos temas
em estados maiores (e normalmente mais em que Trump pontuava mais do que Hil-
democratas). lary Clinton. “It’s the economy, stupid”,
O mesmo The New York Times avan- como popularizou a equipa de Bill Clin-
ça com outra possibilidade: a de, como ton, na eleição que venceu em 1992.
4 000 noutras áreas, estarmos a assistir a outras Não é claro que continue a ser assim.
consequências da polarização política que É que a pandemia não só fez colapsar a
se vive nos EUA. De certa forma, republi- economia como secou grande parte dos
3 500 canos e democratas vivem, hoje, em dois temas normalmente em debate na cam-
mundos diferentes. Esse fosso é tão pro- panha eleitoral. É o que acontece quando
fundo que “suplantou ligações de longo morrem 200 mil pessoas.
3 000 prazo entre o desempenho económico e Embora a economia continue a ser o
a taxa de aprovação presidencial”, escre- tema mais importante para os eleitores, os
ve o jornal. dados do Pew Research Center mostram
2 500 Ou seja: por pior que seja a economia, que isso se deve essencialmente às prefe-
alguns eleitores nunca deixarão de avaliar rências dos republicanos. Para os demo-
bem o Presidente. Oito em cada dez repu- cratas, o coronavírus e a saúde pública são
2 000 blicanos que perderam o emprego e que os assuntos mais relevantes, e até as ques-
14-11 14-09
ainda não o recuperaram aprovam a ges- tões relacionadas com a desigualdade racial
2016 2020 tão de Trump, durante a pandemia. superam a economia. Trump tem dito que
RECORDES O JOGO ESTÁ A MUDAR?
uma vitória de Biden significaria um colap-
S&P 500 so da economia, mas esse é um argumento
O comportamento da bolsa norte- Contudo, parecem existir alguns sinais de mais difícil de comprar quando a economia
-americana tem sido um dos principais que as coisas estão a mudar. A vantagem já está a implodir e é Trump quem está à
trunfos usados por Trump. Os mercados de Trump sobre Biden na gestão da econo- frente dos destinos do país. Em 2016, essa
batem sucessivos máximos históricos mia reduziu-se, nas últimas semanas, com dramatização era mais eficaz.
DONALD TRUMP
> POLÍTICA COMERCIAL do estrangeiro alguns dos empregos que já
haviam sido deslocalizados.
Para o Presidente da “América em
primeiro lugar”, a política comer- > IMPOSTOS
cial estará sempre na frente, com
destaque para a guerra comercial com A grande peça legislativa de Donald
a China, vendo no défice comercial Trump, nos seus primeiros quatro
norte-americano uma fragilidade dos anos na Casa Branca, foi uma reforma
EUA. Trump planeia mais do mes- fiscal profunda que trouxe uma descida
mo: manter uma forte pressão sobre significativa de impostos, beneficiando
Pequim. A pandemia aumentou ainda essencialmente os contribuintes mais
mais o nível de animosidade entre os ricos e as grandes empresas. Para o pró-
dois países, com a Casa Branca a referir- ximo mandato, o candidato republicano
-se frequentemente à pandemia como o quer aprofundar essa reforma, esten-
“vírus chinês” e atribuindo a responsabili- dendo provisões que deveriam expirar
dade ao governo da China por ter deixado em 2025.
o vírus sair do país. Até agora, Trump já Em geral, a campanha tem dado muito
pôs no terreno tarifas sobre mais de €300 poucos pormenores sobre os seus pla-
mil milhões de bens chineses importados nos, embora venha referindo a intenção
pelos EUA, com resultados duvidosos. Nos de reduzir os impostos sobre a classe
últimos meses, Trump tem ameaçado média, aliviar a tributação de mais-valias
empresas com várias formas de penaliza- de capital e avançar com isenções fiscais
ção, caso estas transfiram postos de provisórias. Também já foi referida a
trabalho para a China ou possibilidade de uma nova redução dos
não façam re- impostos sobre as empresas. Claro que
gressar qualquer mudança deste género teria de
JOE BIDEN
> POLÍTICA COMERCIAL com questões relacionadas, por Entre as ideias democratas estão assumido um ângulo claramente
exemplo, com a propriedade o aumento de taxas marginais de virado para a sustentabilidade
Neste campo, Joe Biden acom- intelectual. É de esperar que uma IRS e o agravamento da tributa- ambiental. O ex-vice de Obama
panha parte da visão de Donald administração Biden seja, em ção de mais-valias de capital e apresentou um longo programa
Trump, pelo menos no que diz geral, menos protecionista. dividendos para os contribuintes para revitalizar a infraestrutura
respeito à China. O candidato com mais rendimentos, além de do país e pretende usá-lo para
democrata tem feito questão de > IMPOSTOS uma subida dos impostos para as executar a tão debatida transição
dizer que manterá uma postura maiores empresas do país. A ideia energética. É mais de um bilião
agressiva em relação a Pequim, Quanto a Biden, o plano não podia é abrir espaço para o alívio da carga de dólares em dez anos e deverá
chegando mesmo a recuar na ser mais diferente. O democrata fiscal das faixas mais desprote- deixar os EUA a caminho do
sua intenção inicial de eliminar promete uma profunda revisão do gidas e para o financiamento de objetivo de neutralidade carbó-
as tarifas postas no terreno pelo sistema fiscal federal, no sentido alguma da nova despesa pública nica e, ao mesmo tempo, criar
atual Presidente. Contudo, Biden de colocar os norte-americanos que Biden planeia executar. milhões de postos de trabalho.
quer mudar de tática e voltar a mais ricos e as empresas a pagar Entre as iniciativas está o desen-
reabilitar as pontes diplomáticas mais. Não é muito comum um > DESPESA PÚBLICA volvimento de fontes de energia
queimadas nos últimos anos e, candidato à Presidência assumir “limpas”, a renovação das
em vez de agir unilateralmente, uma agenda de subida de impos- A necessidade de reforçar as estradas e pontes, a melhoria do
como fez Trump. Promete, assim, tos, mas o debate fiscal mudou infraestruturas é algo em que acesso à internet em zonas rurais
encontrar soluções concertadas muito nos EUA e a reforma fiscal Biden está mais ou menos e a modernização de escolas.
com os aliados norte-ameri- de Trump (a mais impopular desde alinhado com Trump, mas tendo Grande parte destas medidas de-
canos para confrontar Pequim os anos 80) contribuiu para isso. apresentado mais informação e verá ser financiada pelo recuo na
Um tempo de desafios
para vencer em conjunto
A pandemia veio colocar novas dificuldades às empresas
portuguesas, mas estas já deram muitas provas das suas
resistência e capacidade de adaptação
> Director da Banca de Empresas
e membro da Comissão Executiva
do Bankinter Portugal
S
e antes da pan- Acompanhei pessoalmente que nos dão uma capacidade seus fornecedores, que benefi-
demia a vida muitos destes processos de de- distinta no apoio à internacio- ciam ainda de uma plataforma
das empresas senvolvimento, o que me per- nalização dos nossos Clien- online exclusiva e possibilida-
já era feita de mite testemunhar que, na ta- tes. Distinguimo-nos também de de antecipação dos recebi-
desafios per- bela darwiniana, pautada pelo pela apresentação de soluções mentos, e o Multinha, solução
manentes, em tempos de CO- imperativo de adaptação cons- e ferramentas 100% digitais, tal única no mercado nacional, que
VID-19 os obstáculos que estas tante ao ambiente, as empresas como a nossa Plataforma de permite às empresas através de
têm de superar para alcançarem portuguesas têm nota máxima. Trade onde é possível realizar um único contrato usufruírem
o sucesso são ainda maiores. De Pelas mesmas razões, sou as mais diversas operações de dos mais diversos tipos de cré-
facto, os próximos tempos não também testemunha da impor- crédito para apoio às importa- dito com possibilidade de rea-
se adivinham fáceis para as em- tância que a escolha acertada de ções e exportações, com proces- locação desses limites online no
presas em Portugal e no resto do um parceiro financeiro pode ter sos simples, ágeis e sem papéis. Bankinter Empresas.
mundo e, por conseguinte, para na vida das empresas. Já ao nível de soluções ino- Para operações de carácter
a economia global. Proximidade, confiança, vadoras para o mercado interno, estratégico, como por exemplo
No entanto, a lição da úl- inovação, flexibilidade, apre- refira-se, a título de exemplo, a de venda de ativos, recurso ao
tima crise deve inspirar-nos a sentação de soluções inovado- solução Bankinter Confirming, mercado de capitais ou inves-
olhar para o futuro com con- ras e abrangentes, são algumas que permite aos nossos Clientes timentos de elevados montan-
fiança, pois os empresários, ges- das características que um ban- a gestão ágil e desmaterializada tes, colocamos os serviços do
tores e trabalhadores em Por- co virado para as empresas deve de pagamentos de faturas aos Bankinter Investment ao dispor
tugal souberam reinventar-se ter. No Bankinter, que nasceu dos nossos Clientes, por forma a
e reinventar os seus negócios, como um banco industrial em analisar e propor a solução que
desenvolvendo produtos inova- 1965 e que conhece bem as ne- melhor serve os interesses das
dores, incorporando novas tec- cessidades do tecido empresa- empresas.
nologias nos processos de pro- rial, todos os dias trabalhamos A oferta abrangente de so-
dução e desenvolvendo formas para colocar em prática estas luções para as empresas é com-
criativas de os comercializar a características. plementada pelos dez Centros
nível nacional e internacional. Dois exemplos concretos dedicados a Empresas espalha-
Foi precisamente nesta épo- deste trabalho são a nossa ofer- Na tabela dos por todo o país, pelos dois
ca que o Bankinter chegou a ta para apoiar as empresas nos darwiniana, Centros Corporate em Lisboa e
Portugal para, numa altura em seus negócios internacionais ou Porto e por uma rede nacional
que outras portas permaneciam as soluções inovadoras que te- pautada pelo composta por 81 agências.
fechadas, apoiar as empresas a mos vindo a introduzir para as imperativo É por todas estas razões que,
concretizarem os seus projetos empresas que têm o seu princi- de adaptação hoje mais do que nunca, a esco-
de expansão, através do acesso pal mercado em Portugal. lha de um parceiro financeiro
a financiamento e aconselha- Começando pelo Negócio constante ao de qualidade e confiança será
mento prestados por um par- Internacional, destaco as nos- ambiente, absolutamente determinante
ceiro de confiança e que tem sas Credenciais Internacionais, as empresas para as empresas superarem
por mote acompanhar de for- com Rating BBB+ a demons- com sucesso tempos tão exi-
ma muito próxima o dia-a-dia trar a nossa solidez e mais de portuguesas têm gentes como os que estamos a
dos seus clientes. 1.500 bancos correspondentes nota máxima viver. E
pandemia causada necem-lhes serviços torna- As implicações a curto prazo dutos e equipamentos médi-
O de Trás-os-Montes
e Alto Douro (CHT-
MAD), que serve
va (SMI) foi separado em dois.
A área não Covid ocupou par-
te do Bloco Operatório (BO) de
uma população de cerca de 300 Vila Real e a não Covid o pró-
mil habitantes, iniciou, peran- prio serviço. Durante cerca de
te a eminência da pandemia três meses a capacidade do BO
provocada pelo SARS-CoV-2, foi quase exclusivamente utili-
um conjunto de iniciativas para zada em cirurgias urgentes. Em
responder aos seus efeitos. Em junho, o SMI foi requalificado,
primeiro lugar, procurou pre- dando origem a duas UCI: uma
ver cenários para planear ações para doentes infetados e outra
concretas, visando o tratamento para doentes não infetados.
adequado dos doentes e a pro- O Laboratório de Patologia Clí-
teção dos seus profissionais. nica, fulcral no sucesso da res-
Foram também reforçados os posta à pandemia, foi também
recursos humanos, equipamen- Paula Vaz Marques, diretora clínica e vogal executiva intervencionado, com amplia-
tos de proteção individual (EPI), do CA do CHTMAD * ção, reorganização e requalifi-
meios de diagnóstico e rastreio e cação do espaço, aquisição de
instalações e equipamentos. equipamentos e criação de zo-
O planeamento estratégico ini- tocolos para todos os tratamen- do instalações. Também foram nas de pressão negativa, evitan-
ciou-se em janeiro de 2020, tos e procedimentos serem efe- criadas áreas de atendimento do contaminações cruzadas e
com as primeiras reuniões com tuados à luz do conhecimento Covid nos diversos serviços de infeções nos profissionais. Estão
a equipa local do Programa Na- mais recente. Um outro grupo urgência. ainda em curso algumas obras
cional de Prevenção e Controlo adequou o tipo de equipamen- Os cenários oriundos de países de requalificação, aquisição de
de Infeções e das Resistências to de proteção individual a cada como Espanha e Itália levaram equipamentos e construção de
aos Antimicrobianos (PPCIRA) serviço/tarefa, antecipando as este centro a optar pela insta- pavilhões adequados para ins-
e a programação da formação a normas emanadas pela DGS. lação de tendas no exterior dos talar o SU Covid em Vila Real
todos os profissionais de saúde Inicialmente, o mercado não SU, com pressão negativa, cli- e Chaves e reajuste do espaço
sobre o novo coronavírus. dispunha de oferta de EPI. Para matização e renovação de ar, e em Lamego, todos dotados de
Formado pela diretora clínica, garantir os fornecimentos, fo- boxes de isolamento para doen- layouts ajustados, tratamento
enfermeiro diretor e diretores ram muito úteis as doações da tes suspeitos ou positivos que, e renovação de ar, salas de Rx,
de serviços mais diretamente sociedade civil e a reconver- após resultado do teste ao SAR postos de colheitas e zonas de
envolvidos na prestação de cui- são das linhas de produção de S-CoV-2, seriam encaminha- isolamento de utentes.
dados aos doentes e suspeitos de empresas nacionais. Mediante dos segundo critérios clínicos. O sucesso alcançado na resposta
SARS-CoV-2, coadjuvados por acordos de fornecimento, com Este esforço foi recompensado: à primeira vaga da pandemia de-
elementos de serviços de apoio, pagamentos diários no ato de o CHTMAD teve uma taxa redu- veu-se também à qualidade, em-
foi criado o Grupo de Crise Co- entrega, foi possível a criação zida de contaminação dos seus penho, espírito de sacrifício e de
vid. Reunindo diariamente, de stocks, monitorizados e dis- profissionais (cerca de 0,6%). equipa de todos os seus profis-
procura, desde o início, antever tribuídos diariamente, dotando Foram criadas 139 novas camas sionais. Mas o desafio continua
cenários e planear e operacio- os profissionais de saúde dos de internamento Covid de ní- a ser grande: manter a atividade
nalizar a resposta à pandemia. meios de proteção adequados. vel I e dotadas seis enfermarias assistencial normal e conviver e
Em paralelo, foi criada uma Para evitar contaminações cru- com pressão negativa nos inter- combater o vírus SARS-CoV-2.
equipa multidisciplinar, que ela- zadas, foi decidido que os profis- namentos de Obstetrícia, Pneu-
borou o plano de contingência sionais alocados a áreas Covid/ mologia e Cardiologia e em seis * Com Júlio Azevedo, enfermei-
do CHTMAD, e foi nomeado um suspeitos não deveriam contac- postos de hemodiálise. Só hou- ro diretor e vogal executivo do
grupo de profissionais encarre- tar os utentes não Covid e foram ve doentes Covid internados na CA do CHTMAD, e Fernando
gue de rever toda a bibliografia e definidos circuitos de doentes, unidade de Vila Real e muito Alves, vogal executivo do CA
normas da DGS e elaborar pro- requalificando ou construin- aquém da lotação total. do CHTMAD.
V
Vasco Jorge,
da Biols Pharma- ma paliativa e reativa, e não da
ceuticals, diz que as gestor da Biols maneira que preconizo para a
políticas dos suces- Pharmaceuticals defesa das nossas organizações:
sivos governos têm destruído a proativa, antecipadora de ten-
indústria e desmobilizado a cap- dências, assente numa solvabi-
tação do investimento ao longo lidade permanente.
dos últimos 20 anos, criando A resposta está condicionada,
um desequilíbrio na balança em grande medida, pelo Estado.
comercial e tornando Portugal O sector, como outros em geral,
absolutamente refém de impor- é restringido pela ausência de
tações na área de produtos far- pensamento estratégico, por-
macêuticos e equipamentos de que a saúde é tida como uma
proteção individuais (EPI). despesa e não como um inves-
timento. Com a despesa pública
Durante o período inicial de elevada e um país empobrecido,
expansão da pandemia em sem capacidade produtiva gera-
Portugal, sentiram-se deficiên- para acudir às demais necessi- tratégico quanto ao que fazer dora de valor acrescentado que
cias nas cadeias de produção e dades de saúde da população. À para ser diferente e criar valor permita a sua sustentabilidade
fornecimento do sector da saú- parte estes fatores, as políticas acrescentado! As consequên- sistemática, o sector da saúde
de. Como é que a Biols Phar- dos sucessivos governos têm cias da pandemia serão nefas- sofrerá fortes constrangimen-
maceuticals procurou resolver destruído a indústria e desmo- tas para a economia em geral tos, que apenas os agentes eco-
o problema? bilizado a captação do investi- e a saúde em particular. Neste nómicos mais bem preparados
As cadeias de produção e forne- mento ao longo dos últimos 20 quadro, prevejo que o sector poderão enfrentar e superar.
cimento estão dimensionadas anos, criando um desequilíbrio
com base em rácios de popula- na balança comercial e tornan-
ção, incidência de patologia por do Portugal absolutamente re-
número de habitantes e quotas fém de importações na área de O QUE É A BIOLS
de mercado para, em condições produtos farmacêuticos e EPI. PHARMACEUTICALS?
normais, não haver deficiências Veja-se como exemplo a difi-
A LS Enterprises é um cluster de saúde independente, português,
de produção e fornecimento a culdade de obtenção de más- que gere um portefólio diversificado de negócios e serviços em vá-
montante e jusante da cadeia caras cirúrgicas e outros EPI rias geografias. A diversificação e a inovação têm sido o fio condutor
de distribuição. Contudo, numa nesta última crise. Se houvesse do desenvolvimento deste grupo, que teve, no ano passado, um
situação tão anormal como a da uma indústria têxtil forte, po- volume de negócios superior a 23 milhões de euros.
Covid-19 salientou-se a impre- deria ter garantido um forneci- No universo LS Enterprises destaca-se a Biols Pharmaceuticals,
paração, ausência de planea- mento privilegiado ao mercado empresa de distribuição farmacêutica com uma das maiores
mento estratégico e de capaci- português. dinâmicas de crescimento no mercado de distribuição farmacêutica,
dade de resposta, em especial em resultado da parceria tripartida que estabeleceu com a indústria
por parte do Estado. Notou-se Qual é, para si, o futuro ideal farmacêutica, farmácias e hospitais em Portugal. “O fornecimento
à área hospitalar é feito tanto a hospitais privados como públicos,
também que os parques hospi- para o sector da saúde, ten-
embora estes últimos sejam cada vez menos cumpridores, o que,
talares e centros de saúde são do em conta os dados que já
especialmente em tempo de crise, agrava ainda mais a situação
antigos e obsoletos. É neles que temos? débil de algumas empresas do sector e da própria indústria, que tem
se concentram os recursos hu- O futuro do sector da saúde encontrado na Biols Pharmaceuticals a substituição do tradicional
manos ocupados na resposta à está condicionado pelo livre- modelo de fornecimento direto”, diz Vasco Jorge, gestor da empresa.
crise, que foram insuficientes -arbítrio do pensamento es-
Filipa Fixe,
diretora do Mercado
Healthcare da Glintt
ortugal é clara- do pela tecnologia através do A equação do bem-estar e da instituições de saúde e não
A
António Vaz Martins,
investir no equi- barato e era fácil transportar
sócio gerente da Apineq
pamento de pro- a mercadoria, parecia prefe-
dução de máscaras rível produzir lá e colocar no
cirúrgicas para contribuir para destino final. É a globalização
a diminuição da dependência levada ao extremo, que con-
externa no fornecimento de traria o conhecimento antigo
equipamentos de uso indivi- que nos diz que quem con-
dual para o sector da saúde em centra tudo num único ponto
Portugal. mais cedo ou mais tarde será
dominado. É algo que está a
Quanto tempo mediou entre mudar rapidamente, porque
a ideia e a entrada em funcio- é preciso produzir o que ne-
namento da máquina de pro- cessitamos também no nos-
dução de máscaras cirúrgi- so país.
cas? Como é que decorreu o Só há vantagens em que isso
processo? aconteça. Não só diminuímos
Ao ver as imagens de desespe- a dependência como diver-
ro dos profissionais de saúde, sificamos a nossa oferta de
sem equipamento de prote- produtos e serviços ao mer-
ção básico, como são as más- cado e a nossa capacidade de
caras, achámos que isso não exportação de produtos com
era aceitável. E ainda ficámos elevado valor acrescentado,
mais convictos disso quan- como os médicos e farma-
do as notícias veiculadas pela cêuticos. Se apostarmos nos
imprensa nos fizeram con- produtos com elevada tecno-
cluir que todo esse material logia e valor acrescentado,
era apenas produzido por um com aplicação prática clara
só país. Era preciso terminar e objetiva, teremos maior su-
definitivamente com essa de- cesso. É preciso não esquecer
pendência. Assim, em meados que os países com capacida-
de março começámos a proje- de industrial ultrapassaram
tar a máquina e, depois, tive- mais facilmente este proble-
mos sensivelmente um mês e ma do que nós.
meio de produção. O primeiro
protótipo ficou pronto no final De que forma é que iniciativas
de maio, início de junho. como a vossa poderão contri-
buir para o país responder de
Quantas pessoas estiveram forma mais célere e eficaz a
envolvidas e de que sectores As deficiências sentidas de tendência de cada país fabri- problemas como o da pande-
da empresa? produtos e equipamentos car produtos médicos e far- mia de coronavírus que está
Estiveram envolvidos dois en- médicos, medicamentos e macêuticos e equipamentos a afetar o mundo?
genheiros mecânicos, dois en- outros itens necessários para a nível doméstico? A opção pela produção e ven-
genheiros eletrotécnicos e al- testar e proteger as pessoas A Covid-19 veio mostrar a de- da em Portugal, para o país
guns técnicos de montagem e em relação à Covid-19 con- pendência que todos tínha- estar melhor preparado para
de eletricidade. tribuirão para aumentar a mos em relação a um único sobreviver aos defeitos da
Sistemas de produção
de máscaras cirúrgicas da APINEQ
N soluções de fixa-
ção de próteses a
implantes den-
Ana Cortez,
RDI Manager da Celoplás, Plásticos
para a Indústria
ter-étercetona), permitem a
utilização segura dos compo-
nentes retentores quando são
tários, o sistema Simplified aplicados em métodos de fabri-
pretende oferecer aos doentes co precisos, como a microma-
e profissionais de saúde um quinação e microinjeção.
produto significativamen-
te mais rápido, económico e APOSTA EM SINERGIAS
vantajoso para o sucesso do Os nanorrevestimentos de-
tratamento dentário. Integra senvolvidos aumentam as ca-
um conjunto retentor de plás- racterísticas diferenciadoras
tico, que é acoplado a um pilar do produto, conferindo-lhe
dentário para permitir a sus- propriedades mecânicas e
tentação e retenção da prótese biológicas que permitem ul-
sobre o implante por meios to- trapassar problemas clínicos
talmente mecânicos. O siste- frequentes causados pela per-
ma garante a vedação correta da da força de aperto do pilar
entre a prótese e os elementos ou dos parafusos protésicos.
protésicos, sem recurso à téc- Os instrumentos auxiliares de
nica de aparafusamento ou à aplicação permitem simplifi-
técnica cimentada. car o processo de inserção e
manutenção da prótese den-
PARCERIA VENCEDORA tária e a definição de referên-
O projeto Simplified surgiu cias para construção das pró-
da colaboração entre a Celo- teses com recurso às técnicas
plás, Plásticos para a Indús- tradicionais de impressão ou
tria, o promotor líder, a Gadget de aquisição de imagem via
Whisper, a Faculdade de En- scanner.
genharia da Universidade do A COMPLEMENTARIDADE A aposta em sinergias que pos-
Porto (FEUP) e o Laboratório DE COMPETÊNCIAS ENTRE sibilitam a transferência de
Ibérico Internacional de Nano-
tecnologia (INL). Cofinanciado OS PARCEIROS ENVOLVIDOS conhecimento e experiências
entre as instituições do SCT
pelo Portugal 2020, no âmbito FOI ESSENCIAL PARA O SUCESSO e a indústria teve um grande
do Sistema de Incentivos à In- DO PROJETO impacto na qualidade dos re-
vestigação e Desenvolvimento sultados alcançados, demons-
Tecnológico (SI I&DT), envol- trando as vantagens para o
veu um investimento elegível logias de micromaquinação, cessária, o sistema Simplified tecido empresarial português
FEDER de 934.337,14 euros. micromoldes, microinjeção, pode ser aplicado em próteses desta forma de atuar. Os resul-
O trabalho foi feito através da materiais de elevado desem- unitárias ou compostas, totais tados do projeto Simplified es-
aplicação e desenvolvimen- penho e revestimentos anti- ou parciais, temporárias ou de- tão agora materializados num
to de conhecimentos de im- desgaste com propriedades finitivas. Basta mudar um dos pedido de patente europeu.
plantologia dentária, design e antimicrobianas. componentes do conjunto, o Para mais informações, con-
desenvolvimento de produto, De acordo com a situação clí- retentor interno. Materiais se- sulte a página do projeto em
simulação estrutural, tecno- nica e força de retenção ne- lecionados de elevada perfor- www.simplified.pt.
Considera importante para a sendo este um processo gradual no futuro, cada vez mais uma
gestão hospitalar do HFZ-O- que vamos continuar a desen- evidência, tais são os ganhos
var a utilização de soluções de volver com segurança mas com para o conhecimento e para a
Business Intelligence? Porquê? determinação. investigação. Com ferramen-
Considero muito importante. tas de IA, para além de sermos
Num hospital existe um con- Com a utilização da platafor- capazes de armazenar e ma-
junto vasto de ferramentas in- ma MELIORA, que tipo de van- nipular enormes quantidades
formáticas que, diariamente, tagens já identificaram e que de dados, conseguiremos ge-
geram imensos dados e imensa outras contam identificar bre- rar, deduzir e inferir conheci-
informação, desde a componen- vemente para a prática clínica mento novo que nos permiti-
te clínica à administrativa. O que e administrativa? rá resolver problemas antigos
acontece é que muita dessa in- A utilização desta ferramenta e que surgirão neste percurso.
formação está adormecida nos Luís Miguel Ferreira, permite-me, desde logo uma Na área da saúde, a IA poderá,
servidores, sem que se consiga Presidente do Conselho coisa muito simples: não pre- de facto, contribuir para encon-
Diretivo do Hospital
extrair valor ou gerar qualquer cisar de ligar aos serviços para trarmos soluções para questões
de Ovar (HFZ-Ovar)
tipo de conhecimento que pos- saber quantas cirurgias foram clínicas complexas, através da
sa ser útil ao “negócio”. A im- realizadas o mês passado em análise de grandes quantidades
plementação de uma solução comparação com o mês ho- de dados gerados, a toda a hora,
de Business Intelligence (BI) da Sanofi/Jornal de Negócios. mólogo de um ano anterior, ou nas instituições de saúde.
permitirá ajudar a organização Claro que a abertura dos colabo- quanto foi gasto mensalmente A uma outra escala, por exem-
a dar utilidade a muita dessa in- radores do Hospital à mudança em transportes não urgentes plo nesta fase de pandemia, é
formação que, de outra forma, foi, neste percurso, essencial desde o início do ano. Esta li- muito importante conhecer-
seria muito difícil de tratar, dige- para conseguirmos transformar berdade no acesso à informa- mos a realidade com a utiliza-
rir e rentabilizar no processo de processos, pelo que a tecnologia ção é muito importante para ção de todos os dados que se
decisão e de melhoria do desem- pouco importaria caso não en- quem decide e essa é, de facto, vão gerando para conseguir-
penho da própria organização. contrássemos nos nossos cola- uma vantagem enorme. mos, com modelos e metodo-
boradores essa postura aberta. Obviamente que a utilização logias cientificamente robus-
Qual tem sido a experiência Ainda assim, claro que muito da informação, de forma ami- tas, antecipar cenários e tomar
das equipas do HFZ-Ovar no do que tem sido feito no Hos- gável, que geramos diariamen- decisões que invertam ten-
processo de implementação pital no contexto deste projeto te permitirá, no futuro, aos res- dências e atendam a contex-
da plataforma MELIORA da passou também pela adoção de ponsáveis pelos vários serviços tos mais ou menos difíceis que
Prologica? tecnologia facilitadora do dia a perceber melhor as dinâmicas e venham a ocorrer. Daí que, na
O Hospital de Ovar, desde que o dia da organização, como foi o os constrangimentos de forma linha da inovação que temos
atual Conselho Diretivo tomou caso da plataforma MELIORA. mais segmentada, no sentido tentado imprimir no Hospital
posse em setembro de 2017, tem Esta plataforma tentou, inicial- da adoção de medidas que po- de Ovar, tenhamos participa-
apostado fortemente na desma- mente, responder às necessida- tenciem os recursos e melho- do num consórcio que desen-
terialização de registos e pro- des diárias da equipa de gestão rem a atividade e o desempe- volveu um projeto financiado
cessos, através da execução do de topo, tanto mais que o acesso nho coletivo. pela FCT que, na prática, criou
projeto HOSP: Hospital de Ovar à informação da produção hos- uma ferramenta preditiva que
sem Papel que nos permitiu já pitalar nas mais variadas áreas Que soluções de Inteligência avalia uma escala de risco hos-
alcançar resultados importan- estava bastante condicionado. Artificial reconhece como es- pitalar e define planos de con-
tes. Aliás, com este projeto, o Quem conhece o SONHO sabe- senciais para a evolução dos tingência a aplicar consoante
Hospital de Ovar conquistou, rá do que estou a falar. Hoje em cuidados de saúde? o comportamento evolutivo da
inclusivamente, o prestigiado dia, a generalização do acesso à A aplicação da Inteligência Ar- epidemia de COVID19 para o
Prémio Saúde Sustentável 2019, plataforma continua a decorrer, tificial (IA) na saúde vai ser, HFZ-Ovar.
Organização
A Mundial de Saúde
(OMS) está a aler-
tar os governos e
A SEGURANÇA DA INTERNET
DAS COISAS MÉDICAS
todos os líderes do sector para Embora a computação em nuvem seja de compreensão mais ime-
as ameaças permanentes à saú- diata, a tecnologia de blockchain ainda é um mistério para muitas
de e segurança dos profissio- pessoas. Trata-se de um registro distribuído, descentralizado como
nais de saúde e pacientes. medida de segurança.
Tedros Ghebreyesus, diretor-ge- Ambas as tecnologias ganharam popularidade recente no sector
da saúde por responderem à necessidade de armazenamento
ral da OMS, lembrou, durante a
seguro, acessível e eficiente de grandes quantidades de infor-
apresentação da Carta de Segu-
mação, que possa ser acedida e compartilhada em tempo real.
rança do Trabalhador de Saúde Tedros Ghebreyesus, Segundo a Kelyon, especialista internacional do mercado digital
(CSTS) desta instituição, que “a diretor-geral da OMS dos cuidados de saúde, prevê-se que a computação em nuvem e a
pandemia de Covid-19 realçou o blockchain irão dominar o ecossistema de TI da saúde na próxi-
papel vital dos profissionais de ma década, apoiando e melhorando processos, como o registro
saúde no alívio do sofrimento e físicos e biológicos, melhorar médico eletrónico, as consultas remotas e a entrega de relatórios
na salvação de vidas humanas”. a sua saúde mental, promover de imagem diagnóstica, além de resolverem muitos dos proble-
Segundo este responsável, “ne- programas nacionais de segu- mas de segurança cibernética que têm afetado o sector da saúde.
nhum país, hospital ou clínica rança do trabalhador de saúde A União Europeia vem explorando o potencial da tecnologia de
pode manter os seus pacientes e conectar as políticas de segu- blockchain há alguns tempo, instituindo, há um par de anos, o Ob-
servatório e Fórum Blockchain e, mais tarde, a Parceria Blockchain
seguros a menos que mantenha rança do trabalhador de saúde
Europeia, para fornecer serviços públicos transfronteiriços usando
os seus profissionais de saúde às do paciente.
esta tecnologia. A próxima etapa passará por combinar as duas
seguros”. A Covid-19 expôs os profissio- tecnologias, usando a blockchain para proteger os dados de saúde
nais de saúde e suas famílias a alojados na nuvem, respondendo às preocupações de seguran-
PROTEÇÃO níveis de risco sem preceden- ça em relação à Internet das coisas médicas, que inclui todos os
DOS PROFISSIONAIS tes. Os dados de muitos países dispositivos médicos e aplicativos que se podem conectar e trocar
O lançamento do documento indicam, segundo a OMS, que informações com sistemas de TI da saúde.
visa “garantir que os trabalha- as infeções entre os profissio-
dores do sector têm condições nais de saúde são muito su-
de trabalho seguras e o trei- periores às da população em
no, remuneração e respeito geral. Embora representem
que merecem”, defendeu Te- menos de 3% da população na
dros Ghebreyesus, salientan- grande maioria dos países, cer-
do que a pandemia destacou ca de 14% dos casos notificados
a importância da proteção dos à OMS foram de trabalhadores
profissionais e o seu papel fun- da saúde. Em alguns países, a
damental na garantia do fun- proporção chegou aos 35% e
cionamento dos sistemas so- muitos deles perderam a vida.
ciais e de saúde. Além dos riscos físicos, a pan-
A carta lançada pela OMS des- demia elevou os seus níveis
taca cinco ações necessárias de stress psicológico, devido
para melhorar a proteção dos ao seu trabalho decorrer em
trabalhadores de saúde e as ambientes ainda mais difíceis,
formas de as desenvolver. De- onde a exposição à doença foi mília. A acrescentar a isso ain- de assédio verbal, discrimina-
fende que é preciso protegê- uma constante, enquanto se da houve, segundo a OMS, “um ção e violência física aos pro-
-los da violência e de perigos mantiveram separados da fa- aumento alarmante de relatos fissionais de saúde”.
24 e 25
OUTUBRO
ESTUFA FRIA
LISBOA
PALESTRAS
DEBATES
CONCERTOS
TED TALKS
EXPOSIÇÕES
HUMOR
E MUITA ANIMAÇÃO
U M F E ST I VA L P E L O P L A N E TA
Em 2020, Lisboa é a Capital Verde Europeia. O evento VISÃO Fest Verde insere-se
na programação oficial desta iniciativa, da Câmara Municipal de Lisboa.
Macro
DANIEL STELTER/Economista
D
aniel Stelter lançou re- não surpreendeu que os governos tenham
centemente um livro, anunciado grandes programas de investi-
escrito no deflagrar da mento e os bancos centrais tivessem in-
pandemia, em que ar- tervindo de uma forma sem precedentes,
gumenta que a atual financiando abertamente aqueles esfor-
crise é o pretexto que faltava aos governos ços. Até a União Europeia (UE) avançou
para transformarem as suas economias. no sentido de permitir uma centralização
Com a monetização da dívida por parte da dívida. De acordo com algumas esti-
dos bancos centrais dada como adquiri- mativas, o mundo industrial acrescentará
da, o economista propõe, entre outros, a cerca de 18 biliões de dólares norte-ame-
transferência de uma parte dos encargos ricanos à dívida pública só no ano 2020.
dos países do euro para um “banco mau”
que amortize essas responsabilidades ao Entretanto, foi alcançado esse acordo
longo de séculos. Em respostas por escri- sobre o plano de recuperação da União
to a questões da EXAME, o autor aborda Europeia. O mecanismo é adequado e o
as soluções encontradas no seio da União valor é suficiente?
Europeia para enfrentar a Covid-19 e diz Em primeiro lugar, esse já era, de qual-
que o País tem de investir em infraestru- quer maneira, o plano quando foi intro-
turas, educação e inovação. “Só aumen- duzido o euro. A expectativa dos governos
tando o PIB per capita Portugal pode ter francês e italiano foi sempre a de chegar
sucesso na UE e no euro. Receber transfe- a uma união de dívidas e transferências.
rências é bom, mas isso não vai funcionar Os governos do Norte, principalmente o
para sempre”, afirma. da Alemanha, sempre disseram aos seus
eleitores que não seria esse o caso. A cada
Desde abril, altura em que terminou Co- crise, avançamos mais nessa direção, e
ronomics, como lê a evolução económica Wolfgang Schäuble, ex-ministro das Fi-
CORONOMICS
para combater os efeitos do novo coro- nanças alemão, salientou recentemente,
UM NOVO COMEÇO
navírus? A PARTIR DA CRISE
em entrevista, que a “coronacrise” ofere-
As ações, tanto de governos como de ban- ce a oportunidade ideal para mais inte-
AUTOR
cos centrais, estão totalmente em linha Daniel Stelter gração, o que significa união de dívidas e
com as minhas expectativas. Dado o já fra- transferências.
PÁGINAS
co crescimento na Europa e nos EUA antes 166 Após a cimeira, os políticos alemães
do choque da Covid-19, os elevados níveis EDITORA
referiram que a dívida contraída em con-
de dívida e a crise não resolvida do euro, Editorial Presença junto e as transferências do “plano de re-
Não acredito que governos e políticos pos- Para enfrentar esta crise e prepararmo-
sam gerar crescimento e bem-estar. Se fo- -nos para o pós-Covid-19, precisamos
rem inteligentes, disponibilizam uma boa mais de melhores tecnocratas ou de me-
estrutura para que o setor privado evo- lhores líderes políticos clássicos?
lua, como fez a Alemanha no pós-guerra. [Risos.] Em geral, precisamos de políticos
Portanto, se os políticos agora afirmam – mais qualificados, mas, além disso, de um
como acontece na Alemanha – que a crise público mais instruído. Na Alemanha, a
mostrou a necessidade de mais governo maioria das pessoas, inclusive as que têm
por causa de uma “falha de mercado”, isso um elevado nível de educação formal, por
é totalmente errado. O mercado livre não é vezes, orgulha-se de não perceber de eco-
o culpado da pandemia. Foi mais uma fal- nomia. Portanto, não é de admirar que os
ta de preparação por parte dos governos, políticos possam fazer coisas que não são
uma vez que as pandemias foram durante do interesse público, porque ninguém se
anos vistas como uma provável ameaça. importa.
Por outro lado, concordo que a austeri-
dade é o remédio errado neste momento. Como é possível fazer as mudanças di-
Precisamos primeiro de curar a economia. fíceis e necessárias na economia e, ao
Além disso, qual é o sentido da austerida- mesmo tempo, evitar a agitação popu-
de quando todos procuram as impresso- lar ou ceder ao populismo?
ras do BCE? Agora estamos na fase de responder a to-
dos os problemas com dinheiro fresco e
O que seria uma “coronomia” particular- mais dívidas. A UE vai embarcar no mai-
mente aplicada à realidade portuguesa? or projeto em tempos de paz, um “novo
Que investimentos e prioridades Portu- acordo verde” bilionário. A minha preo-
gal teria de pôr em prática para ter su- cupação com a agitação social não é tan-
cesso no novo ambiente pós-Covid-19? to agora. Pergunto é: como é que isto vai
Fazer o que já devia ter sido feito: inves- acabar? Se é possível imprimir riqueza
tir mais em infraestruturas, educação e com a impressão de dinheiro, porque é
inovação. Portugal é um dos países me- que nunca o fizemos? Veremos um re-
nos inovadores da Europa. Mas só aumen- gresso da inflação, um aumento ainda
tando o PIB per capita Portugal pode ter maior dos preços dos ativos e problemas
sucesso na UE e no euro. Receber transfe- muito maiores. Precisamos de nos preo-
rências é bom, mas isso não vai funcionar cupar e, olhando para países como a Ve-
para sempre. Imagine o que aconteceria nezuela, é possível ter uma ideia do que
quando as principais indústrias automó- pode acontecer no final. Acontece com
veis e de máquinas e equipamentos ale- as dívidas e dinheiro fresco o mesmo que
mãs entrassem em crise... De repente, a com o álcool: os primeiros copos sabem
Alemanha deixaria de estar em posição muito bem. anos 2500 e 1000 antes de Cristo] para re-
de apoiar a UE e o euro. duzir o fardo para a economia real. Um
Defendeu que empréstimos e nacionali- banco mau europeu que amortizasse es-
Seria um imposto sobre a fortuna exe- zações são os piores remédios para com- sas dívidas ao longo de séculos, o que não
quível e viável na economia portugue- bater esta crise. Sendo assim, quais de- é mais que uma monetização oculta.
sa? Não corremos o risco de afastar os veriam ter sido as primeiras respostas
investidores? dos governos? Que modelo económico teremos com
Os portugueses ricos são menos ricos do maior probabilidade no pós-pandemia?
que os ricos da França, Espanha, Itália e Eu não critico o apoio – critico o uso de Podemos esperar que traga maior igual-
até da Alemanha. Tributá-los pode ser po- dívida. No final, as empresas não vão con- dade e justiça social, ou isso fica nos ce-
pular, mas não ajudaria muito. Todos pre- seguir pagá-la e só estamos a adiar a sua nários da utopia?
cisamos de pensar mais em criar riqueza falência. Ou, podendo pagá-la, enfraque- Pode muito bem acontecer que vejamos
do que simplesmente em redistribuí-la. cerão a recuperação, pois empresas que mais políticas de tributação e redistribu-
E, sim, os verdadeiramente ricos já orga- têm de reduzir o endividamento não in- ição, paralelas à maior monetização de dí-
nizaram a sua riqueza de uma forma que vestem, não recrutam e não inovam. Pre- vida da História. Duvido que isso tenha
está fora do alcance dos governos. No final, cisamos de fazer um grande “jubileu de sucesso. Podemos ver mais igualdade,
os que são tributados são sempre os que dívida” [referência a amnistias de dívida mas pagando o preço de ver a riqueza re-
estão no meio. na Suméria, Babilónia e Assíria entre os duzida para todos nós. Atualmente, a im-
EM TRÂNSITO
D.R.
Até agora diretor financeiro do grupo aab09a40/
United Investments Portugal (UIP), Ro- A Michael Page nomeou Joana Bar-
TA L E N T O E M AÇ ÃO gério Pereira assumiu, em setembro, ros para o cargo de Senior Marketing
o cargo de Chief Financial Officer da Executive para Portugal e Turquia,
C
om experiência confirmada nas áre-
as financeira e de consultoria de RH,
Mónica Felgueiras é a nova diretora de
expansão da Coldwell Banker, tendo
assumido funções no início do mês de
setembro, e unindo os seus esforços aos de Jorge Madru- ANTÓNIO SIMÕES XAVIER VIRGILI
go Garcia. Segundo o comunicado enviado às redações, a Responsável pela operação europeia Diretor Ibérico para a área financeira
do Santander e de estratégia da Glovo
nova diretora de expansão dedicou os seus últimos anos à linkedin.com/in/xaviervirgili/
linkedin.com/in/antónio-
área da consultoria de recursos humanos, no âmbito co- simões-397606/ Xavier Virgili assume a posição de
mercial e de gestão de clientes, o que lhe permitiu conhe- António Simões assumiu a liderança Director Ibérico para a área financei-
cer as mais diversas culturas organizacionais de empresas europeia da área comercial e de retalho ra e de estratégia da Glovo, depois
das mais variadas dimensões e setores. É neste sentido do Santander. Acumula ainda, na Euro- de esta empresa estar já a operar
que a imobiliária espera que a executiva possa ajudar a pa, e juntamente com os responsáveis em 250 localidades em todo o País.
“transformar a Coldwell Banker Portugal e todos os seus globais do grupo, a área de Corporate & Virgili tem uma vasta experiência
parceiros em melhores lugares para trabalhar, fruto do Investment Banking, Wealth Manage- em planeamento e implementação
know-how e da experiência adquiridos no Great Place ment & Insurance. O anúncio foi feito de projetos estratégicos em dife-
to Work”, lê-se no mesmo documento. em maio, mas o gestor, que abando- rentes setores, tendo sido respon-
Já Frederico Abecassis, CEO da Coldwell Banker Por- nou o HSBC, só iniciou as suas funções sável pela equipa de planeamento
em setembro, tal como previsto. “Es- financeiro, análise da concorrência
tugal, destaca: “A Mónica vai ajudar-nos a selecionar os
tou muito satisfeito por me juntar ao e projetos de transformação na
líderes certos para nos representarem localmente.” Por
Santander. Este é um momento crítico companhia aérea Vueling. Ao longo
seu lado, a nova diretora realça que “os colaboradores para a indústria de serviços financeiros, da sua carreira, ocupou cargos de
refletem a organização e, sobretudo nos últimos anos, quando existem muitos fatores sociais responsabilidade em consultoria
houve um esforço acrescido para mudar as mentalida- e comerciais que apresentam desafios estratégica e ferrovial e, atualmen-
des empresariais, com foco na pessoa” e que integrar a consideráveis, mas também oportuni- te, é também professor de Finanças
Coldwell, nesta altura, acaba por ser um passo natural dades significativas para nós”, referiu, Corporativas e Estratégia Competi-
no seu percurso. E aquando da nomeação. tiva na ESADE.
LAZER . CONSUMO
Bairrada
A verdade é que qualquer brinde parece
melhor com espumante. Na Bairrada, o
enólogo Luís Gomes tem-se destacado
pela produção de vinhos originários de
vinhas velhas, assentes em solo calcário
(daí o nome GIZ) e com longos períodos de
envelhecimento em madeira nobre. Este
espumante, totalmente produzido a partir
da casta Baga, é uma ode às características
únicas da região. Muito aromático e com
uma bolha larga, é a companhia perfeita
para uns aperitivos ou para um jantar leve.
€29
https://gizbyluisgomes.com
Douro
Um blend que junta diversas castas –
totalmente produzido a partir de vinhas
velhas –, este tinto é profundamente
elegante e aromático, e não dispensa
a delicadeza a que a família van Zeller
já habituou os consumidores dos seus
vinhos. Da centenária Quinta Vale D.
Maria saem, há pouco mais de duas
décadas, algumas das melhores
produções nacionais. Perfeito para um
jantar de amigos.
€39,90
http://www.quintavaledonamaria.com
€19,50
Diogo Lopes, a Adega Mãe
apresenta os Terroir (ambos
blends de várias castas) https://shop.antoniomacanita.com/
nos anos que considera
particularmente bons: foi o
caso de 2015. Tanto o tinto
como o branco merecem
um lugar na sua garrafeira.
€49
https://adegamae.pt/
Alentejo
Um projeto inusitado a quatro mãos, levado
a cabo por Susana Esteban e Dirk Niepoort, o
Sem Vergonha tinto é um vinho que nos remete
imediatamente para o clima e os sabores do
Alentejo, uma vez que é feito a partir da casta
Castelão, uma das mais tradicionais. Ganha
elegência e equilíbrio nesta produção conjunta,
e é companhia recomendável para um prato
quente de outono.
€19,50
https://www.susanaesteban.com/
LA N D ROVE R D I SCOVE RY S PO RT 4 X 2
Para
a estrada
e mais além
O SUV da marca britânica é cada vez
mais um verdadeiro familiar, mas não
perdeu a sua alma de todo-o-terreno
Texto Paulo M. Santos
Q
uando surgiu, no iní- das. No decorrer do tempo, o Discovery
cio da década de 1990, foi mudando, adaptando-se às novas exi-
o Discovery desbra- gências dos consumidores. Ganhou espa-
vou caminho para ço e conforto, tornou-se mais “estradista”, É no interior
um novo conceito na sem perder o seu ADN de todo-o-terre-
indústria automóvel. Até então, havia uma no. Hoje, é um verdadeiro SUV familiar, que o Discovery
clara distinção entre um carro familiar e com sete lugares, ideal para uma família apresenta
um automóvel equipado para enfrentar as numerosa, capaz de percorrer quilóme- as maiores
agruras do todo-o-terreno. Este modelo da tros de estrada e, a qualquer momento,
marca britânica veio provar que se poderia aventurar-se fora dela nas condições mais alterações.
ter tudo isto num só veículo. difíceis. Está maior,
O conceito vingou e o Discovery tor-
nou-se o modelo mais vendido da Land
Mas a tradição já não é o que era, e
as exigências do mercado fizeram a Land
mais moderno
Rover, com quase meio milhão de uni- Rover ir ainda mais longe, criando uma e com mais
dades produzidas ao longo de três déca- versão apenas com tração dianteira, o que, tecnologia
1 04 . EXAM E . OUTUBRO 2020
para muitos “puristas”, foi visto como são, pelo menos ao princípio, pouco intui-
uma traição do legado histórico do Dis- VERDADEIRO tivos. Como permitem várias funcionali-
covery. E a dúvida que se coloca é ape- FAMILIAR dades num só botão, por vezes acabamos
nas esta: vale a pena esta opção? Se for por fazer subir a temperatura quando pre-
um adepto fervoroso do todo-o-terreno, O termo “sport” não podia estar tendíamos aumentar a intensidade do ar.
que gosta de passar fins de semana “per- mais errado. É um verdadeiro Mas é no espaço que este SUV ganha
dido” por caminhos intransponíveis de familiar com sete lugares protagonismo. Os bancos da frente são
vales e serras espalhados pelo País, esta e muito espaço para bagagens controlados eletronicamente e permitem
não é a opção para si. Agora, se é como a uma elevada amplitude de ajustamento, o
grande maioria das pessoas – que com- que permite uma ótima posição de con-
pra um veículo deste tipo e que faz 99% dução para qualquer tipo de condutor.
dos quilómetros em estrada e, uma vez Na estrada, o seu comportamento é
ou outra, necessita de um veículo mais previsível e transmite uma boa sensação
alto para percorrer um estradão de areia de segurança, graças à suspensão, que ab-
com um piso irregular, ou enfentar uma sorve bem qualquer movimento da carro-
encosta um pouco mais íngreme –, então çaria. Apesar do seu motor de 2.0 litros e
esta pode ser a opção correta. dos 150 cavalos de potência, não espere
> ODE AO ESPAÇO
E as vantagens são várias. Primeiro, muito dinamismo deste Discovery, pois
é mais barato do que a versão 4x4, não Os bancos da frente têm uma grande
estamos perante um veículo com mais de
só no preço base como nos impostos que amplitude de ajuste, enquanto os 2,5 toneladas de peso. Fora do asfalto, e
recaem sobre a componente ambiental, da segunda fila são suficientes para embora não seja um 4x4, este modelo não
pois a tração no eixo dianteiro reduz as albergar três adultos. Na terceira linha, deixa ficar mal a tradição da marca.
emissões face aos 4x4. Por outro lado, estão dois bancos mais apropriados Mantendo uma velocidade regular
esta versão paga apenas classe 1 nas por- para crianças. e sem mudanças bruscas de velocida-
tagens, desde que equipada com Via Ver- des, este Discovery consegue consumos
de, o que, para quem faz muitos quiló- abaixo dos seis litros. No entanto, o mais
metros de autoestrada, pode representar provável é fazer médias entre os sete e os
uma poupança substancial ao fim do ano. oito litros, se incluir percursos urbanos
nas suas viagens.
EVOLUÇÃO NA CONTINUIDADE Bem dotado das mais modernas tec-
Visualmente, este Discovery mantém to- nologias de assistência à condução – re-
das os traços que o ligam às suas origens conhecimento de sinais, travagem au-
e, de um modo geral, não difere muito tomática de emergência, assistência à
do seu antecessor, lançado em 2016. No > TODA A BAGAGEM manutenção em faixa, entre outros –, este
entanto, a nova iluminação LED de per- Land Rover está disponível a partir de 61
fil reduzido, aliada ao para-choques de Com os bancos da terceira fila reba- mil euros. O preço pode parecer algo ele-
tidos, a mala tem uma volumetria de
grandes dimensões e à elevada altura ao vado, mas, atendendo à sua versatilida-
840 litros, capaz de aceitar as baga-
solo, reforçam a ideia de robustez asso- de, pode ser uma das melhores opções do
gens de qualquer família. Na versão
ciada a este modelo da Land Rover. sete lugares, o espaço é reduzido, mas
mercado. E
Quanto a novidades, o grande desta- mesmo assim suficiente para algumas
que vai para o interior, em que os enge- malas.
nheiros da marca britânica fizeram quase
um revolução, tornando-o maior e mais
moderno. Com acabamentos de qualida-
de, o interior do Discovery é dominado
por um painel de grande dimensão
na consola central, com destaque
para o ecrã tátil de dez polega-
das, no qual podemos aceder
a praticamente todo o siste-
ma de informação e entrete-
nimento.
Os comandos do ar con-
dicionado estão mais digitali-
zados e, apesar da sua eficácia,
E S TA N T E
Construir, estratégia,
popularidade e capital
Texto Rui Barroso
AS HISTÓRIAS
DAS IDEIAS A CIÊNCIA DA
DE SUCESSO POPULARIDADE
Os caminhos improváveis A fórmula para o sucesso
que levaram à criação na era da distração
de grandes negócios
Mesmo o produto ou a
ideia mais brilhantes po- A GRANDE
Muitas vezes, na origem dem não ter sucesso se TEORIA DA
de um grande negócio A ESTRATÉGIA não estiverem inseridos num DESIGUALDADE
estão ideias fora da caixa, É QUASE TUDO contexto que lhes permita se-
como a de um jogador de fute- rem populares. Em Hit Makers, A sequela de O Capital
bol neozelandês que, para apro- Um manual para líderes Derek Thompson, editor da re- no Século XXI
veitar o excesso de lã no país, empresariais vista The Atlantic, conta a his-
criou uma empresa bem-su- tória de músicas, filmes, apps e Depois do grande impacto
cedida de calçado, ou a de um São mais de 1 500 exem- produtos que se tornaram blo- e da revolução no pensa-
monge budista que, na senda plos práticos de estraté- ckbusters. O autor demonstra mento económico conse-
para mostrar os benefícios da gia empresarial que são que a qualidade, por si só, não guidos com O Capital no Século
meditação, criou uma app ava- úteis para inspirar a difícil ta- é sinónimo de sucesso e explica XXI, Thomas Piketty apresenta
liada em centenas de milhões refa de liderar e gerir. Neste li- que o importante é conseguir a sequela. Numa obra com mais
de euros. Guy Raz (produtor, vro, Adriano Freire, presiden- captar a atenção das pessoas de 1 200 páginas, o economista
apresentador e diretor editorial te do STRAT&EGOS Institute e na era da distração. Thompson francês tenta demonstrar como,
na rádio norte-americana NPR) professor do The Lisbon MBA, defende que essa é, provavel- ao longo da História, e um pou-
passou o seu popular podcast a aborda os temas mais atuais de mente, a moeda mais valiosa co por todo o mundo, as elites
livro, How I Build This, no qual estratégia, aplicando-os não só do século XXI, seja na política, usaram a ideologia para fazer
conta as histórias de sucesso de aos negócios tradicionais, como na economia ou nos negócios. com que as desigualdades fos-
alguns dos maiores empreen- também aos novos negócios di- TÍTULO: Hit Makers - Como triunfar
sem aceites pelas classes tra-
dedores do mundo. gitais e à importância da sus- na era da distração balhadoras. O autor defende
TÍTULO: How I Build This - Histórias
tentabilidade. A obra reflete que, mais do que económica
AUTOR: Derek Thompson
de sucesso dos maiores ainda sobre vários case studies ou tecnológica, a desigualdade
empreendedores do mundo de grandes empresas, como a EDITORA: Actual é uma opção política e ideoló-
Zara, a Huawei, a Microsoft, a gica. E propõe medidas de re-
AUTOR: Guy Raz PVP: n/d
Airbus, a Airbnb, a Toyota, a distribuição da riqueza, como a
EDITORA: Actual Havaianas, a Samsung, a Far- “herança para todos”, um paga-
PVP: n/d
fetch, a Netflix e a McDonald’s. mento destinado a todos os ci-
TÍTULO: Estratégia – Criação
dadãos e que é financiado por
de Valor Sustentável um imposto sobre o património
em Negócios Tradicionais dos mais ricos.
e Digitais TÍTULO: Capital e Ideologia
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