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OS SEGREDOS
DA CANDIDATURA
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A EVOLUÇÃO
DUAS OPÇÕES FORÇADA
DE LEITURA DA REVISTA Uma investigadora
portuguesa está a estudar a
Pode escolher resposta dos animais para se
adaptarem às mudanças
como prefere ler provocadas pelo
aquecimento global
a edição semanal: LUÍS RIBEIRO
em formato de texto, sua extinção, seja por que razão for, não
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VISÃO
22 ABRIL 2021 / Nº 1468
RADAR
JOSÉ CARLOS CARVALHO
16 Raios X
18 A semana em 7 pontos
20 Holofote
21 Inbox
22 Almanaque
23 Transições
24 Próximos capítulos
70 Eunice Muñoz e a neta Lídia em palco
Entrevista a duas vozes entre ensaios de A Margem do Tempo,
26 Imagens do mundo na despedida de Eunice, aos 92 anos
FOCAR
76 Revolução no comando
30 Os novos empregos pós-pandemia
Os setores que vão contratar, as competências com maior
das Forças Armadas e menor procura e o teletrabalho
VAGAR
84 Oscars 2021, os pesadelos
44 O rasto vermelho da casa de Salgado
Justiça atrasa demolição do refúgio da Comporta, construído
e os fantasmas em zona protegida. A “colaboração” das autarquias PS e CDU
90 Voz e Violão: António Zambujo e o caso das moradias de luxo de Alcácer
explica o seu novo disco
52 Os segredos da recandidatura de Rui Moreira
VISÃO SETE “Roubou” o diretor de campanha ao universo socialista e admite
negociar com PS e CDU. Declarações exclusivas
58 A fábrica salva-vidas
Reportagem nas instalações da BioNTech/Pfizer, onde se produzem
as vacinas contra a Covid-19
OPINIÃO
8 Dulce Maria Cardoso
Online W W W.V I S A O . P T
Últimos artigos no site da VISÃO
10 Rui Tavares Guedes
25 José Manuel Pureza
92 Miguel Araújo
114 Ricardo Araújo Pereira
Ana Alexandra Sandra Duarte Tavares Manuel Delgado
Carvalheira LINGUÍSTICA PORTUGUESA ADMINISTRADOR HOSPITALAR
AMOR E SEXO Cinco grandes mitos Administrar hospitais
Interdita a reprodução, mesmo parcial, Sair da relação da língua portuguesa em pandemia
de textos, fotografias ou ilustrações sob
quaisquer meios, e para quaisquer fins,
inclusive comerciais.
Todos os dias, um novo texto assinado por um dos 28 especialistas convidados
CORRUPÇÃO
Se a maioria dos deputados estivesse
CAMPANHA
interessada em acabar com a corrupção
e o enriquecimento ilícito, não bastaria
aprovar uma Lei que, em caso de
dúvida, toda a gente fosse obrigada
NOVOS ASSINANTES
curto) a origem do seu património?
Joaquim Martins, Lisboa
RUAS DE LISBOA
Precisamos de si, Quando será possível solicitar à Câmara
caro leitor. Assine e Municipal de Lisboa a lavagem das
apoie, desta forma, ruas, recuperar a beleza da calçada
portuguesa, que já não tem qualquer
o jornalismo de distinção entre o branco e o preto, tal
qualidade! é a camada de sujidade? Será assim
que se recuperará o turismo? Nem
€6 por mês a pandemia serve para que a equipa
(Apenas digital) autárquica encontre incentivo para
limpar a capital portuguesa. Só há
dinheiro para ciclovias, pilaretes e obras
€11 por mês desnecessárias.
(Papel + digital) Rosa de Lourdes Ribeiro, Lisboa
ADIRA JÁ Contactos
EM VISÃO.PT visao@visao.pt
As cartas devem ter um máximo
de 60 palavras e conter nome, morada
e telefone. A revista reserva-se
o direito de selecionar os trechos
que considerar mais importantes.
NOVA MORADA
CORREIO: Rua da Fonte da Caspolima
– Quinta da Fonte,
Edifício Fernão Magalhães, 8,
2770-190 Paço de Arcos
O lugar vago
POR DULCE MARIA CARDOSO
ILUSTRAÇÃO: SUSA MONTEIRO
O
capim era quase da minha altura. Esten- galinhas debicavam no chão sementes e outros acha-
dia-se infindo, pontilhado por árvores dos. Os canários cantantes da gaiola de bambu agita-
empoeiradas. Seguimos durante algum ram-se com a nossa presença. Os gatos ignoraram-
tempo pela picada de terra barrenta, até -nos vitoriosos e vagabundos. Um rapaz pouco mais
surgirem uns arbustos a fazerem de cerca velho do que eu saiu a cumprimentar-nos. Compor-
e chegarmos a uma casa caiada com um tava-se como se fosse um adulto, mas não teria mais
alpendre assente em pilares de cimento. do que 10, 12 anos. Logo de seguida apareceu uma
Quando a minha mãe parou o carro, o cão mulher vestida de preto da cabeça aos pés. Apesar de
avançou para nós, esticando a longa cor- raramente encontrarem no meu quotidiano pretex-
rente metálica que o prendia, e desatou to para emergirem do limbo da desmemória, estas
a ladrar, ao mesmo tempo que abanava a cauda. As imagens ocorrem-me amiúde, como se ainda fosse
O
anúncio da criação de uma Su- apresentar melhores resultados e mais
perliga de futebol, liderada por 12 dividendos, numa espiral contínua e que
dos maiores clubes de Inglaterra, não pode ser quebrada, sob pena de con-
Espanha e Itália, tem uma trans- duzir à falência desses clubes-empresa,
cendência que ultrapassa em como também já se assistiu.
muito o círculo restrito de quem Ora, perante a quebra de receitas e
acompanha o desporto mais após anos de inflação contínua dos seus
popular do mundo. Desengane- orçamentos, por causa de transferências
-se, por isso, quem pensa que este é um e contratos cada vez mais milionários, o Com a pandemia,
aprendemos que o
assunto específico do futebol, dos seus que fazem, então, os ricos do futebol? A
trabalho nos escri-
protagonistas e dos seus adeptos. Aquilo resposta também vem em alguns manuais
tórios não voltará
a que estamos a assistir é a um sintoma de economia: tentam crescer para ficarem a ser igual ao que
eloquente do crescimento das desigual- ainda mais ricos! Por isso, avançam com era. Mas esta ima-
dades, principal ponto de clivagem nas uma liga fechada, como um verdadeiro gem é demasiado
nossas sociedades. monopólio, apoiada por um dos maiores banal.
Os indicadores económicos de um ano bancos de investimento do mundo (que
de pandemia já nos tinham avisado de financia alguns deles há muitos anos), em
que, enquanto a maior parte do planeta
ficou fechada em casa, os super-ricos fi-
que todos jogam entre si e, independen-
temente do resultado desportivo, no fim
2
caram ainda mais supersuper-ricos. Com todos ganham em termos financeiros.
a inevitável consequência de se ter acen- E qual o critério principal para perten-
tuado, durante os estados de emergência, cer a essa liga? Ser um clube dominado
o fosso para os mais pobres. A riqueza por ricos que querem ficar ainda mais
é, cada vez mais, acumulada por uma ricos – visto que alguns deles, apesar do
pequena minoria no topo da pirâmide, atual nome milionário e sonante, têm, por
enquanto nos patamares abaixo os ren- exemplo, até menos títulos internacionais
dimentos estagnam ou diminuem. É uma do que os principais clubes portugueses.
realidade que tem servido de rastilho para Assumir que o dinheiro se sobrepõe
inúmeros e crescentes protestos e revol- a tudo, até mesmo ao resultado de um
tas por esse mundo fora, e que os Estados jogo, é o pior sinal que pode ser dado em O trabalho, no
têm sido incapazes, até ao momento, de qualquer atividade, muito em especial no futuro, implicará
mais automação.
contrariar – apesar dos recentes apelos e desporto, onde sempre esteve subjacente
Mas o importante
propostas para a introdução de novas ta- um princípio democrático e de cidada-
é passar uma
xas e impostos sobre a riqueza, por parte nia inquestionável: com esforço e mérito, mensagem direta
da Administração Biden e até do FMI, qualquer um pode ganhar. às pessoas – não
agora preocupados com a resposta que Antes de ser um negócio, o futebol aos robôs...
precisa de ser dada à emergência social, continua a ser um jogo – maravilhosa-
com milhões de pessoas em situações mente simples e apaixonante, precisa-
precárias, sem rendimentos nem apoios.
A mesma desigualdade entre ricos e
mente por ser o palco onde, com maior
frequência, assistimos aos resultados
3
pobres começou a ser cavada, há cerca mais imprevisíveis: o último classificado
de duas décadas, também no mundo do a ganhar ao líder, o pequeno clube quase
futebol, em especial na Europa, onde uma amador a eliminar a equipa poderosa e
dúzia de clubes, em cinco ligas, coman- milionária, e até, num momento de ins-
dam o mercado e ganham os títulos con- piração e de sorte, um qualquer jogador
tinentais mais importantes. Adquiridos, anónimo a ser capaz de marcar um golo
na maior parte dos casos, por milionários maradoniano e, com isso, levantar as
ou grandes empresas de investimento, bancadas de um estádio.
esses clubes transformaram-se, acima de Quando o mérito perde valor, por
tudo, num negócio. E, dentro da lógica da ação de quem se apresenta como grande
economia em que vivemos, esse negócio gestor ou criador de riqueza, não é com Esta é a melhor so-
para ser lucrativo está obrigado a crescer o futebol que nos devemos preocupar. É lução, em termos
gráficos e de men-
continuamente. Não importa como nem mesmo com a vida – com as nossas vidas.
sagem: vem aí uma
porquê, mas tem sempre de crescer, de rguedes@visao.pt
disrupção e, todos,
vamos precisar de
nos equilibrar.
WLTP: 59 km em modo 100% elétrico. Consumo combinado WLTP: 1,2 a 1,5 l/100 km. Emissões de CO₂ WLTP: 29 a 35 g/km.
As condições concretas de utilização e outros fatores poderão fazer variar os valores apresentados. Para mais informações consulte peugeot.pt.
Lídia Jorge Escritora
Depois do processo
de Sócrates, é melhor
colocarmos diante dos
tribunais outra alegoria
da Justiça: uma mulher
de olhos bem abertos
e desgrenhada
SARA BELO LUÍS DIANA TINOCO
M A N U E L B A R R O S M O U R A mbmoura@visao.pt
188
Este é o número de países que um detentor de passaporte de Portugal poderá visitar sem necessitar
de um visto prévio. Por este facto, o documento de identificação português ocupa, juntamente com
Suécia, França, Holanda e Irlanda, o sexto lugar do ranking promovido anualmente pela Henley
& Partners, agência global para o planeamento de residência e cidadania. A posição de Portugal
em 2021 é a mesma do ano anterior, mas não é a melhor de sempre. Entre 2008 e 2009, o nosso
passaporte estava entre os segundos mais poderosos do mundo. O ranking considera como isento
de visto prévio os casos dos países que exigem o pedido de visto à chegada ou aqueles que requerem
uma autorização eletrónica de viagem (eTA).
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
193
O líder do Henley Passport Index de 2021
volta a ser o Japão, cujo passaporte
franqueia a livre entrada em 193 países.
Seguem-se Singapura, com 192, Alemanha
e Coreia do Sul, ambos com 191.
Ranking
Os 20 mais Os 20 menos
1º 193 Japão Gronelândia Suíça Polónia 15º 174 EAU 91º 50 Camarões 98º 43 Rep.Dem. Congo 103º 38 Nepal
2º 192 Singapura 6º 188 França 8º 186 Grécia 11º 182 Eslovénia Roménia Laos Eritreia 104º 37 Palestina
3º 191 Alemanha Países Baixos Malta Estónia 16º 173 Bulgária Libéria 99º 42 Irão 105º 34 Somália
Coreia do Sul PORTUGAL Noruega Islândia Croácia 92º 49 Congo Sri Lanka 106º 33 Iémen
4º 190 Espanha Rep. da Irlanda Rep. Checa Letónia 17º 171 Argentina Haiti 100º 41 Bangladesh 107º 32 Paquistão
Finlândia Suécia 9º 185 Austrália 12º 179 Liechtenstein Brasil 93º 48 Djibouti Líbano 108º 29 Síria
Itália 7º 187 Bélgica Canadá Malásia Hong Kong 94º 47 Myanmar Sudão 109º 28 Iraque
Luxemburgo EUA 10º 183 Eslováquia 13º 176 Chipre 18º 169 São Marino 95º 46 Nigéria 101º 40 Kosovo 110º 26 Afeganistão
5º 189 Áustria Nova Zelândia Hungria 14º 175 Chile 19º 168 Andorra 96º 45 Etiópia Líbia
Dinamarca Reino Unido Lituânia Mónaco 20º 166 Haiti 97º 44 Sudão do Sul 102º 39 Coreia do Norte
39
Um detentor de passaporte português só precisa
Tudo se compra
Em Portugal, existe o programa de Vistos Gold, que
permite obter autorizações de residência a troco de
de requerer um visto prévio para entrar em 39 países investimento. Mas há países que vão mais além,
no mundo. A maioria destes destinos, 22, fica em permitindo a aquisição de cidadania (e, por essa via,
África. Na Ásia, são nove e, no Médio Oriente, três. passaporte). No topo dos países que o fazem está
Nauru é o único país da Oceânia que exige visto a Áustria que, a troco de um investimento de
a um português, o mesmo acontecendo se o destino 3 milhões de euros, oferece um passaporte com
pretendido for Cuba, nas Caraíbas. Na Europa, acesso a 189 países. Malta vem a seguir, mas só
o único país que requer um visto prévio é a Rússia. exige 738 mil euros, abrindo a porta a 186 destinos.
POR
MAFALDA ANJOS*
GONÇALO ROSA DA SILVA
ENRIQUECIDOS, JUSTIFICAI-VOS!
Vamos supor que alguém, seja ou não
titular de um cargo público, apresenta,
subitamente, sinais exteriores de riqueza
muito fora do seu padrão normal. Valores
incomportáveis para os rendimentos que
declara, sem qualquer justificação pública
para tal. O que deve, em teoria, o Estado
adiante. E, por duas vezes, o Tribunal
Constitucional avaliou preventivamente
e optou por chumbar os diplomas, por
considerar que violavam os princípios
constitucionais da presunção da inocência e
da determinabilidade do tipo legal.
Sempre que há um sobressalto nacional
fazer perante isso? Obrigar a provar a acerca da incapacidade de a Justiça atuar
proveniência legal desse património e, se o e provar de forma eficaz a corrupção, o
cidadão não conseguir justificar, condená- tema volta à ribalta. E este é precisamente o
lo? Ou investigar e reunir provas de que momento em que não faz sentido falar dele:
existem ilegalidades naquele acréscimo em cima de um caso concreto e debaixo da
patrimonial e, se o Estado não conseguir, canícula de uma opinião pública inflamada.
absolvê-lo? Entre as duas opções, com a O timing é péssimo, e o Presidente da
inversão do ónus da prova, vai mais do República ainda deitou mais achas para
que um mar jurídico de diferença: é todo a fogueira, pronunciando-se – qual
um olhar distinto sobre o que devem ser o professor de Direito Constitucional – a
contrato social, a magnitude dos poderes favor da existência de alternativas possíveis
públicos e a interferência possível do conformes à Constituição. Ficou o recado
Estado na esfera privada dos cidadãos. enviado: procurem soluções. E o Bloco de
Se a razão de fundo que o justifica é Esquerda não o deixará escapar. Acredita
meritória e necessária – combater que desta vez não há razões para que o
eficazmente a corrupção –, legislar sobre o Parlamento não consiga aprovar uma lei
tema do enriquecimento ilícito é altamente previdente sobre o tema. E pensa seguir
complexo. Tem muitas nuances que mexem as propostas da Associação Sindical dos
diretamente com direitos, liberdades e Juízes, que defendem a criação de um crime
garantias e amplificam os poderes do de ocultação de riqueza ou património
Estado perante o cidadão comum. Se bem adquirido para pessoas no exercício de
usado, pode ser um instrumento auxiliar cargos públicos. Esta alteração legal levaria
fundamental para se fazer Justiça. Se mal a que políticos ou magistrados, que já
usado, pode ser a porta aberta para abusos hoje têm de declarar o seu património,
totalitaristas que não são dignos de um passem a ser também obrigados a justificar
Estado de direito democrático. os aumentos patrimoniais acima de um
Não é, pois, de estranhar que há mais de determinado montante. O PSD e o CDS
uma década que se tenta criminalizar o estão também dispostos a voltar ao tema,
enriquecimento ilícito ou injustificado – e o Chega vai, com certeza, cavalgar o filão
são coisas distintas –, sem se conseguir. populista.
Por duas vezes, o Parlamento aprovou Seja qual for o caminho, equilíbrio e
diplomas sobre o assunto que esbarraram prudência precisam-se. O tema é sensível, e
no Tribunal Constitucional. Em 2012, a os equilíbrios são frágeis. Tal como no sigilo
lei foi aprovada por PSD, CDS, BE e PCP, bancário e nos acessos aos dados pessoais,
em 2015, por PSD e CDS, em cima do estas são matérias no fio da navalha da
escândalo do caso Sócrates. Sempre sem defesa das liberdades dos cidadãos. Mais
o acordo dos socialistas, manifestamente vale ponderar e fazer uma boa lei do que
pouco interessados em levar este tema legislar à pressa uma má lei.
*Diretora
manjos@visao.pt
2 000 000
pessoas
Não há meio de transporte com mais
ais
respeito pelo ambiente do que o comboio”
omboio”
No lançamento do Plano Ferroviário Nacional, nesta semana, a,
vacinadas contra Pedro Nuno Santos deixou claro o objetivo a alcançar:
a Covid-19 com, mbiental.
tirar carros e camiões das estradas, a pensar no impacto ambiental.
pelo menos, A ver se é desta que se consegue trilhar caminho e definir
uma dose os investimentos ferroviários para as próximas décadas.
Até à meia-noite de
domingo passado,
foram feitas 2 586 728 LIDERANÇA
inoculações da vacina
contra a Covid-19 em Annalena
Portugal. A marca
simbólica dos dois a Chanceler?
milhões de pessoas Atente neste nome, porque
vacinadas com, pelo o provável é virmos a ouvir
menos, uma dose é falar muito dela. Chama-
atingida nesta semana. se Annalena Baerbock,
A manter-se este ritmo, tem 40 anos e é colíder
Portugal consegue dos Verdes alemães.
os 70% da população Foi agora oficialmente
vacinada até ao final de indicada, nas eleições de
setembro de 2020. O setembro próximo, como
ideal seria conseguir uma candidata a chanceler
maior disponibilidade de pelo partido que tem
vacinas ao nível europeu estado a ganhar tração
para que esta marca FUTEBOL
nas sondagens (21%
fosse alcançada ainda
em julho. Dissidências milionárias das intenções de voto),
enquanto a CDU/CSU
É a Guerra da Secessão no futebol: por um lado, a Liga perde terreno (descida
dos Campeões da UEFA; por outro, a nova Superliga, para 28%). Voz ativa
REVELAÇÃO que quer reunir 20 dos melhores e mais ricos clubes pelas causas ambientais
europeus, entre os quais se contam Real Madrid, e contra o populismo e
Assediadas Barcelona, AC Milan, Manchester United e Chelsea. 16
equipas terão a sua participação garantida neste novo
a xenofobia, Annalena é
considerada ambiciosa,
e caladas campeonato, as outras cinco participarão a convite. focada e muito bem
Portugal não teve o seu Em causa estão, claro, os direitos de transmissão e os preparada para funções
#MeToo, mas o tema do prémios envolvidos, que não satisfazem estas equipas executivas. Tem “material
assédio sexual saltou para fundadoras e que procuram assim um modelo onde de Chanceler”, dizem os
a ordem do dia quando saem mais beneficiadas. Se seguir adiante, o projeto, analistas. É esperar para
a atriz Sofia Arruda de- financiado pela JP Morgan não terá vida fácil. A toda- ver o que dirão os alemães
nunciou, numa entrevista poderosa UEFA já ameaçou banir do campeonato nas urnas.
à SIC, que foi vítima de europeu quem participar na Superliga.
assédio numa estação de
televisão. Depois de ter
recusado várias investidas PA N D E M I A
de um chefe, foi ameaça-
da e ficou sem trabalho
no canal, durante anos.
Todos para a rua
Após esta revelação, Sofia Depois da ordem de níveis de confinamento
foi criticada por só falar soltura, foi a corrida às já só estão 5% acima
agora. Só estranha o silên- ruas. 60% dos portugueses dos valores normais em
cio das vítimas quem não estiveram em mobilidade pré-pandemia. Cautelas
percebe que, num País tão no fim de semana impõem-se. Convém
pequeno como Portugal, passado, procurando mantermos os valores
denunciar este tipo de zonas balneares. Segundo controlados e evitar uma
condutas em certos meios os dados da consultora quarta vaga da Covid-19, o
era uma garantia de PSE, os valores subiram que deitaria a recuperação
exclusão sine die. para níveis do Natal e os a perder.
DA CIÊNCIA
século pelo nome ao Instituto conseguido ir além faz com tweets”,
engenheiro civil Niels Bohr, em da quarta classe, afirmou numa
Villum Kann Copenhaga, e o incutiram nos entrevista recente
Rasmussen, CLARA SOARES a Anabela Mota
berço da Física filhos o gosto por
atribuiu dez bolsas Quântica. A aprender. Dotado Ribeiro, na RTP. A
de investigação, meta é alargar de uma curiosidade nova incursão no
cabendo uma delas a compreensão sem limites desde admirável mundo
ao presidente do das ondas criança, Vítor da Física será feita
Departamento gravitacionais, Cardoso doutorou- entre Lisboa e
de Física do ancoradas se em Física, Copenhaga, com
Instituto Superior na Teoria da em Lisboa, fez o intercâmbios entre
Técnico (IST). Relatividade Geral pós-doutoramento investigadores.
Selecionado entre de Einstein, e nos EUA e tem Nem poderia ser
72 candidatos, perceber em que tido uma carreira de outro modo,
o cientista e medida estas ascendente, com já que ninguém
docente no Centro podem relacionar- mais de duas fica mais sábio
de Astrofísica se com o modelo centenas de sozinho, sobretudo
e Gravitação das partículas, artigos científicos na exploração de
(CENTRA) vai procurando uma publicados e um dimensões tão
dirigir uma equipa nova luz sobre os livro. No currículo vastas que nos
escolhida por si, buracos negros do conta ainda com transcendem e vão
com 20 pessoas, Universo. duas bolsas do além de nós.
no início de 2022 e Conselho Europeu
por seis anos, com de Investigação.
possibilidade de
renovação.
20 VISÃO
INBOX
Não
M O D É S T I A À PA R T E
interessa se
Houve momentos
em que achava
és amarelo,
que devia deixar-
-me morrer
às pintinhas,
DANIEL SAMPAIO
O psiquiatra conta como lutou
português
ou chinês.
pela própria vida. Infetado com
Covid-19, aos 74 anos, esteve
internado durante 50 dias,
precisou de ser intubado
e ventilado
O Holocausto
foi há dois
dias e parece
que ninguém
se lembra
Peguei na mota e
continuei até ao fim,
disso
por respeito à equipa, GISELA JOÃO
A cantora diz que vive “muito o 25 de Abril”
aos telespectadores
e aos fãs portugueses
FRASE DA SEMANA
MIGUEL OLIVEIRA
Piloto português foi último
classificado do GP de Portugal,
em Moto GP, depois de uma
queda na primeira volta do
Se chegar a hora
circuito de Portimão
em que nada mais
C H O Q U E F R O N TA L
possa ser feito, os
É importante
regressar ao Jogos Olímpicos
escurinho do cinema devem ser
ou ir a um teatro cancelados
GRAÇA FONSECA
Ministra da Cultura TOSHIHIRO NIKAI
congratula-se com O secretário-geral do PLD, que lidera
a reabertura dos o governo no Japão, teme que o evento
equipamentos culturais possa ajudar a propagar a pandemia
NÚMEROS DA SEMANA
4
Uma medalha de ouro e três
de bronze foi o resultado que
quatro judocas portugueses
conseguiram alcançar no
Campeonato da Europa
que decorreu no último
fim de semana, em Lisboa.
Rochele Nunes (+78 kg), João
Crisóstomo (-66 kg) e Bárbara
Timo (-70 kg) conquistaram
três terceiros lugares, ao
passo que Telma Monteiro
se sagrou, pela sexta vez,
MORTES
A atriz britânica Helen
McCrory morreu, aos 52
anos, depois de “uma luta
heroica” contra o cancro,
anunciou, na sexta-feira, 16,
o marido e também ator,
Damian Lewis, no Twitter.
Entre vários outros papéis,
Helen McCrory interpretou
Narcissa Malfoy, na saga
Harry Potter, e Polly Gray,
na série Peaky Blinders.
O financeiro Bernie
Madoff morreu na passada
quarta-feira, 14, aos 82
anos, na prisão. O norte-
-americano cumpria uma
pena de 150 anos por ter
cometido aquela que foi
considerada a maior fraude
fiscal de sempre, desviando,
aproximadamente, 65 mil
milhões de dólares. A RT U R G A R C I A 19 3 7-2 0 2 1
PERISCÓPIO
C
ombater a corrupção sem dar centralida- corruptos e aos que visam desacreditar a democracia
de ao seguimento do rasto do dinheiro é –, o formalismo das declarações de património dos
brincar ao combate à corrupção. Porque responsáveis políticos continuará a ser isso mesmo:
a corrupção é dinheiro a mover-se para formalismo.
conseguir vantagens. Podemos e devemos Por isso, é ainda de legislação que se trata. O
apurar as obrigações de declaração de tratamento criminal do enriquecimento ilícito
património e de interesses de quem toma mantém-se manifestamente diminuído na ordem
decisões em nome do interesse público. jurídica portuguesa. A sua ausência na proposta
Podemos e devemos ter malha apertada governamental de estratégia nacional de combate à
no cumprimento de regras deontológicas corrupção é o mais sonoro dos silêncios. É conhe-
estritas. Podemos e devemos criar regimes de in- cida a razão sempre invocada: a criminalização do
compatibilidades e de impedimentos que previnam enriquecimento ilícito é inconstitucional. Não tem
a apropriação dos cargos públicos para benefício de ser. A dificuldade de casar a criminalização da
privado. Podemos e devemos fazer tudo isto e muito ocultação de riqueza com o princípio constitucional
mais. Mas se não pusermos no centro legislação que basilar da presunção de inocência não pode servir de
permita seguir o rasto do dinheiro e se não dotar- álibi para manter o País sem essa ferramenta essen-
mos os seguidores dos meios para cial ao combate da corrupção. Há
o seguirem efetivamente, então seguramente fórmulas capazes de
estaremos a frustrar tudo o resto garantir aquele casamento, como
e a permitir que os que se abo- Não é por a recentemente avançada pela As-
toam indevidamente com milhões sociação Sindical dos Juízes: fazer
continuem a rir-se do Estado e de
precipitação, acrescer à obrigação de declaração
nós todos. mas, sim, por do património que impende sobre
É tão perverso e tão pernicio-
so lançar a lama de uma suspeita
responsabilidade que os titulares de altos cargos públi-
cos uma obrigação de justificação
indiferenciada de corrupção sobre se deve criminalizar de incrementos patrimoniais. E,
tudo quanto é gente como manter a ocultação com isso, fazer acrescer ao crime
a resposta à corrupção realmen- de desobediência qualificada que
te existente num patamar pouco de incrementos resulta da não declaração, um
mais do que formal e burocráti- de riqueza crime de ocultação de riqueza que
co, sem dentes. Ambas servem o provém da não justificação, puní-
mesmo propósito: não combater vel com uma pena entre 1 e 5 anos
eficazmente a tomada de decisões de prisão, além da perda desses
públicas a troco de dinheiro direto ou indireto, ab- incrementos para o Estado.
dicar de combater a corrupção de milhões e limitar o E não vale o argumento de que legislar agora so-
combate à corrupção de tostões. bre a ocultação de riqueza é legislar a quente. Como
Sem meios humanos e técnicos para vencer os la- se tivéssemos descoberto a falta da criminalização
birintos ardilosos montados pela corrupção – cujos do enriquecimento ilícito só com as curvas do pro-
beneficiários se mostram cada vez mais hábeis no cesso Marquês. Não foi agora, foi há muito tempo,
recurso às passadeiras que a globalização lhes esten- há tempo demais, que tomámos consciência de que
de, como os vistos gold, os offshores ou a dissimu- uma lei que permita ir no encalço do dinheiro da
lação em áreas blindadas da internet –, ela rein- corrupção é imprescindível. Não é, pois, por preci-
venta-se e ajusta-se camaleonicamente para passar pitação, mas, sim, por responsabilidade que se deve
incólume nos filtros da deteção de ilícitos. Sem ins- criminalizar a ocultação de incrementos de riqueza.
tituições dedicadas exclusivamente à identificação de A democracia não pode ficar refém dos que a
desconformidades entre o património declarado e o querem frágil para dela se servirem ou para a liqui-
realmente detido pelos titulares de altos cargos pú- darem. A ambos a democracia tem de tirar o chão.
blicos – a lentidão da entrada em funcionamento da E, para isso, não precisa de inventar a roda. Basta
Entidade da Transparência é um bónus imenso aos seguir o rasto do dinheiro. visao@visao.pt
É PRECISO
VOLTA R A VOA R
As imagens aqui expostas espelham uma das maiores
necessidades do ser humano: a liberdade. E essa só se
consegue através do conhecimento, do progresso científico
e do respeito pelos direitos cívicos e políticos. Condições que,
infelizmente, não estão ao alcance de todos
GETTYIMAGES
MARTE
A última segunda-feira, 19, foi mais um dia histórico na corrida ao
conhecimento de Marte. Pela primeira vez, a NASA conseguiu fazer voar um
mini-helicópetero comandado à distância, a partir da Terra. O Ingenuity Mars
Helicopter faz parte da missão Preserverance, que procura sinais de vida
microbiana ancestral no Planeta Vermelho
SYDNEY, AUSTRÁLIA
Os passageiros
começaram a
chegar bem cedo, na
segunda-feira, 19, ao
terminal do aeroporto
internacional de
Sydney, de onde, a
partir daquele dia,
puderam voltar a voar,
sem restrições, para
a Nova Zelândia. Os
dois países acordaram
estabelecer uma
bolha de viagens entre
eles, autorizando
a livre circulação
sem obrigação de
quarentenas
Ú LT I MO A DE U S
AO PRÍNCIPE
Aquilo que, em condições normais, seria uma cerimónia
acompanhada por várias centenas de convidados ilustres
e milhares de populares nas ruas deu lugar, em virtude da
crise pandémica, a um funeral reservado a 30 membros
da família real britânica. O mundo assistiu pela televisão
GETTYIMAGES
CASTELO
DE WINDSOR,
REINO UNIDO
A princesa Ana, os
príncipes Carlos,
André, Eduardo,
William e Harry,
Peter Phillips,
filho de Ana, David
Armstrong-Jones,
conde de Snowdon, e
o vice-almirante Sir
Timothy Laurence
seguem, a pé, o
caixão do duque
de Edimburgo,
transportado num
Land Rover que o
próprio mandou
transformar para
este efeito
29
O PRÓXIMO
CABO DOS
TRABALHOS
À saída da pandemia, que acelerou a automatização, espera-nos
um mundo com emprego híbrido, ainda mais digital
e exigente em termos de competências. Teremos
forças para dobrar este cabo?
PA U L O Z A C A R I A S G O M E S E PA U L O M . S A N T O S
22 ABRIL 2021 VISÃO 31
A
INTELIGÊ
EMOCIO
Antes de o termo Covid-19 ter entrado nas
nossas vidas, já todos sabíamos o que aí vinha.
Mais automação e robotização, mais flexibilida-
de e adaptabilidade pedidas aos trabalhadores,
mais competências adquiridas e afinadas du-
rante a carreira – ainda mais longa por causa
do inverno demográfico que pende sobre as
nossas cabeças. No fim de tudo isto, teríamos
velhos empregos destruídos e novas ocupações
criadas no seu lugar.
Estas eram as balizas que desenhavam o
futuro do trabalho, pelo menos nas economias
mais avançadas. Da mesma forma, não eram
novos os debates em torno da semana de quatro
dias, nem o crescimento da gig economy e o
trabalho remoto. Mas ninguém esperava pelo
abanão que nos obrigou a responder com o
digital às necessidades de distanciamento,
sobrepondo casa e escritório ao longo dos
sucessivos confinamentos. mais do que triplicou, mas o País continuava
De repente, profissões na linha da frente distante do Luxemburgo, Holanda ou Suécia,
(saúde, grande distribuição, agricultura, lo- onde mais de um terço já trabalhava fora do
gística e serviços básicos) saltaram para o topo escritório. Em 2021, mesmo com a doença por
das mais requeridas; quem tinha trabalho que debelar, a experiência de um ano de trabalho à
pudesse ser feito a partir de casa assegurou distância e a esperança num regresso a alguma
emprego e rendimento – prova dos efeitos da normalidade anterior parecem deitar por
desiguais desta crise; o socorro dos apoios terra as profecias que apostavam numa trans-
sociais não chegou a todos, muito menos com ferência da totalidade das funções que eram
a dimensão vista noutros países. Mas, depois inteiramente presenciais para um regime de
de a poeira assentar, com vacinação em massa trabalho remoto.
77%
e imunidade de grupo, teremos todo um novo Ao nível mundial, algumas empresas estão a
mundo do trabalho? Ou uma versão 2.0 ou 3.0 fazer marcha-atrás, e o trabalho a partir de casa
daquilo que já se anunciava como irreversível? não é mais letra gravada na pedra. A Google,
A pandemia veio quebrar o tabu do trabalho por exemplo, antecipou o regresso dos seus
fora do escritório para a maioria das funções trabalhadores ao escritório para 1 de setembro.
que pode ser cumprida com um computador A Amazon clarificou que pretende recuperar
e um acesso decente à internet. Em 2019, Por- TRABALHADORES o escritório como centro da sua cultura, en-
tugal estava a meio da tabela no teletrabalho na PORTUGUESES quanto o Facebook e o Twitter conseguiram
União Europeia, com pouco mais de 15% dos QUE DIZEM QUERER sempre manter-se suficientemente vagos para
trabalhadores habitual ou ocasionalmente em VOLTAR AO LOCAL deixar tudo em aberto nos anos que se segui-
modo remoto. Em dez anos, a percentagem DE TRABALHO rão. Gigantes históricos, como a Citigroup e a
INFLUÊNCIA SOCIAL
Ajudar empresas e FUNÇÕES
marcas a gerar maior REPETITIVAS
afinidade com os seus Atividades rotineiras,
APRENDIZAGEM clientes como criação de
ATIVA relatórios, copiar
A automotivação e a e colar folhas de
disponibilidade para a Excel, até à cirurgia.
construção do próprio Neste último caso,
conhecimento podem as máquinas, com
fazer a diferença para base em experiência
INTELIGÊNCIA continuada
um colaborador dentro
EMOCIONAL e repetitiva,
de uma organização
Aptidão para conseguirão fazer
identificar e gerir os melhor do que um
sentimentos e as humano, enquanto
emoções de outras os médicos ficarão
Ford, puseram a maioria ou uma grande parte pessoas reservados para
dos seus trabalhadores debaixo do chapéu do atender às exceções
trabalho híbrido, o canário na mina para o fim RACIOCÍNIO
do trabalho exclusivamente presencial. ANALÍTICO
Segundo a Randstad, que nesta semana Competências
divulgou o seu Workmonitor 2021, 77% dos de análise e de
trabalhadores portugueses querem voltar ao compreensão dos
PERSUASÃO E
local de trabalho, vontade estimulada pelo cenários, o que permite NEGOCIAÇÃO
resolver problemas INTERAÇÃO FÍSICA
avanço no processo de vacinação. “As pessoas Aptidão para Em alguns setores
de forma ordenada e
estão absolutamente ansiosas por regressar aos convencer o outro a mais afetados
lógica aceitar ou a executar
locais de trabalho. A pandemia veio mostrar que pelas limitações
se pode trabalhar à distância e que há situações algo da pandemia,
em que isso é agradável. Mas também mostrou como a hotelaria, o
que muito tempo em casa não é bom para a retalho ou a banca,
saúde mental e familiar”, dizia recentemente à as competências
Exame Eduardo Baptista Correia, presidente associadas ao
do Taguspark, onde, antes da pandemia, traba- PENSAMENTO atendimento
CRÍTICO
lhavam presencialmente 16 mil pessoas. PERCEÇÃO presencial deverão
Aptidão para SOCIAL
Neste parque de Ciência e Tecnologia, a ser adaptadas a um
entender, avaliar e Interpretação funcionamento através
PHC inaugurou, este mês, a sua sede, quatro
produzir raciocínios e do comportamento de negócios online e de
mil metros quadrados feitos de raiz e que argumentos
custaram 12 milhões de euros. Um projeto das outras pessoas canais digitais
que parece vir contracorrente – ainda vale Construir cultura e agregar equipas são
a pena apostar as fichas em betão e vidro, alguns dos maiores desafios trazidos pelo
quando muitos duvidam do futuro do escri- distanciamento no trabalho. Durante este
tório? A empresa garante que sim e que já há primeiro ano de confinamentos intermitentes,
três anos previa um conceito híbrido, o qual milhares de trabalhadores, recém-chegados
permite executar em casa tarefas que exigem ao mercado, fizeram a integração na equipa
foco e fazer no escritório as que requerem a partir da sua sala de jantar ou da cozinha,
colaboração e maior criatividade. Depois de em “escritórios” improvisados. Muitos en-
visitar as melhores práticas, Silicon Valley in- contraram o primeiro emprego através do
cluído, desenharam a nova sede. “Tudo neste ecrã de um computador e não sabem quando
edifício foi pensado e adaptado para uma nova conhecerão os seus colegas pessoalmente pela
era de trabalho”, diz Ricardo Parreira, CEO da primeira vez.
tecnológica. É o caso de quase todas as 450 pessoas que
entraram na Critical TechWorks (CTW), no
ARRUMAR A CASA ANTES DA MUDANÇA último ano, que foram recrutadas e integradas
Trabalho híbrido não é para todos, mas a for- remotamente. Os primeiros dias, normal-
ma como a tecnologia foi chamada a abolir mente de ambientação ao espaço físico e aos
à força distâncias abriu a porta a possibili- colegas, foram trocados por imagens a duas
dades até aqui reservadas a uma fatia muito dimensões, caras em quadradinhos e tarefas
estreita da mão de obra. Potencialmente, e metodologias de trabalho distribuídas por
com um computador e uma ligação estável à email e explicadas por videoconferência.
40
internet, qualquer um poderá trabalhar para Entre os novos colaboradores, “houve
qualquer empresa, em qualquer lado do mun- muita ansiedade e dúvidas sobre como ia
do, tornando a condição de nómada digital ser a experiência. Punha-se logo a pergunta:
em apenas mais uma linha no seu currículo. ‘Como é que eu vou começar a trabalhar?’”,
A mudança para este modelo de trabalho lembra Sara Pereira, uma das responsáveis de
obrigará a reforçar as capacidades de video- recursos humanos da joint-venture entre a
conferência dos trabalhadores, para garantir Critical Software e a BMW. Aos mais juniores
uma comunicação fluida. Além disso, será MILHÕES foi atribuído um tutor e tentou-se colmatar a
preciso dar novas competências às lideranças DE EMPREGOS distância com a tecnologia, embora os ecrãs
para gerir em plano de igualdade equipas pre- SERÃO CRIADOS não substituam o frente a frente, o que pe-
senciais e deslocadas, e otimizar a ocupação PELA ECONOMIA naliza o vínculo com a empresa e dificulta a
dos espaços nos escritórios. VERDE, ATÉ 2050 retenção.
O TRABALHO
Duarte Braga, sócio que seja relativamente será necessário gastar
sénior da McKinsey, mais mal remunerado mais na reconversão
REMOTO REFORÇOU
consultora que coloca faz com que o investi- dos trabalhadores”,
1,1 milhões de pes- mento que tem de se lê-se no documento.
A NECESSIDADE DE
soas em Portugal em fazer na automação Em Portugal, só a re-
risco de perder o lugar seja menos rentável. gião de Lisboa e Vale
FOMENTAR A LIGAÇÃO
numa década, devido A indústria alemã, por do Tejo apresenta uma
à substituição por exemplo, tem muito reduzida exposição a
EMOCIONAL DOS
máquinas de funções mais incentivo em ambos os riscos de
manuais, repetitivas e investir em automação transição, enquanto
TRABALHADORES COM OS
com pouca inteligên- do que a portuguesa”, Algarve e Alentejo
cia associada. descreve. têm elevada exposi-
COLEGAS E A EMPRESA
No entanto, um estudo Num estudo recente ção a pelo menos um
realizado no último ve- do Banco Europeu de desses riscos.
nado com a relação humana com o emprego. casa têm de ser alteradas para que o funcio-
“Há uma maior necessidade de fomentar nário seja tão produtivo como no escritório”.
a ligação emocional dos trabalhadores aos
seus colegas e à própria empresa. Por várias DAR GÁS A UMA REVOLUÇÃO EM CURSO
razões. A formação, o acompanhamento das Além do trabalho remoto, que ao nível global
chefias, integração na cultura, entre outros, cresceu quatro a cinco vezes mais face ao pe-
estão agora mais presentes nesta tomada de ríodo pré-Covid-19, as consequências da crise
decisões. E estes processos ficam bastante de saúde pública aceleraram outros fenómenos,
dificultados com o trabalho remoto.” como as interações virtuais (substituindo via-
Mas não é apenas a ligação emocional que gens de negócios e penalizando negócios asso-
está a provocar este ajustamento das políticas ciados); a automação e a Inteligência Artificial;
de trabalho. A produtividade também tem um e a digitalização, que fez disparar o comércio
papel importante nesta nova abordagem. “As eletrónico e conceitos como banca, medicina
organizações chegaram à conclusão de que e entretenimento online. Por outro lado, a
há determinadas funções que, mesmo sendo “economia de entrega” (UberEats, Glovo) veio
12%
possíveis de ser executadas a partir de casa, para ficar, aumentando o trabalho temporário
não têm o mesmo índice de produtividade e independente mas também as dúvidas sobre
como no escritório”, garante. a proteção social destas ocupações.
O gestor admite que cada empresa irá ado- O que se passou nos últimos meses dará
tar políticas de trabalho em função dos cargos ainda mais impulso às mudanças do trabalho
e das tarefas que cada um desempenha. Por no futuro. Num relatório do McKinsey Global
um lado, “iremos assistir a diferentes níveis Institute, estima-se que em oito países anali-
de trabalho remoto e a modelos de interação AUMENTO sados o número de trabalhadores que terá de
entre equipas que melhor se adaptem à nova DO NÚMERO DE encontrar uma nova profissão possa agora ser
realidade” e, por outro, há empresas que estão TRABALHADORES 12% superior ao que se previa antes da pande-
a permitir “que seja o funcionário a determi- QUE TERÁ DE mia (mais de 100 milhões, ou um em cada 16),
nar qual o modelo que melhor funciona para ENCONTRAR NOVA afetando sobretudo mulheres, minorias étnicas
o seu caso” e, se a sua decisão for aceite, o PROFISSÃO, FACE e jovens. Empregos-refúgio, com salários mais
empregador terá ainda de “ponderar em que AO PERÍODO baixos e requisitos menos exigentes (como nas
medida as condições de trabalho a partir de PRÉ-PANDEMIA áreas da alimentação, serviço ao cliente ou ho-
ESPECIALIZADAS
mulheres, pessoas
trabalhos que exijam concentração e da geração Z e
momentos de informalidade, e em tecnologia,
E COM VENCIMENTOS
para quem não tem
para que seja possível a mesma experiência formação superior.
de trabalho a partir de casa ou da sede.
MAIS ELEVADOS
38 VISÃO 22 ABRIL 2021
FOSSO GERACIONAL
As gerações de colaboradores em início de carreira,
que fizeram a sua integração nas empresas
à distância, têm mais dificuldades do que as
mais velhas em trazer novas ideias para a mesa
17%
(contributos considerados críticos), intervir durante as
60%
reuniões e sentir-se motivadas.
DOS
+ de COLABORADORES
16% DESABAFARAM/
CHORARAM
DOS TRABALHADORES
DA GERAÇÃO Z, DA LINHA
13% 14% COM COLEGAS
DA FRENTE OU RECÉM-CHEGADOS
COM DIFICULDADES EM 2020
12% É uma marca de
humanidade no
As consequências da pandemia meio da assepsia
no trabalho não foram iguais social imposta para
para todos. Mais de metade dos combater esta crise
colaboradores das gerações mais de saúde pública.
novas, as mães trabalhadoras ou os E que avisa para
novos empregados disseram sentir Boomers Geração X Millenials Geração Z a necessidade, no
dificuldades em lidar com elas, contra futuro, de tornar
apenas pouco mais de um terço dos o ambiente de
líderes empresariais, o que obriga a trabalho mais
uma maior empatia por parte destes. confortável
A prioridade deverá passar por e autêntico,
recuperar o “capital social” e a
cultura das empresas, aumentar
REDES ENCURTARAM reforçando as
relações e o bem-
a comunicação entre as equipas e A distância e o isolamento tenderam a aumentar estar.
alargar as redes de contactos. “As as interações dos colaboradores com núcleos mais
organizações precisam de perceber próximos e mais pequenos e reduziram a ligação com
que ser amável para o outro, conversar as redes mais alargadas, penalizando as relações
e ser engraçado faz parte do trabalho”, e o sentimento de pertença, com impactos na
defende Nancy Baym, da Microsoft. produtividade e na inovação.
40,6
MIL MILHÕES
documentos cresceu em flecha.
Por detrás destes números,
sinais de excesso de trabalho
e de exaustão. Um em cada
cinco trabalhadores diz que o
empregador não se importa
DOS TRABALHADORES ADMITE
MUDAR DE EMPREGO NO PRÓXIMO ANO
A reavaliação de prioridades do último ano, a par com
as dificuldades e oportunidades criadas pelo trabalho
MAIS EMAILS com o equilíbrio entre vida e à distância, está a incentivar o encurtamento dos
DISTRIBUÍDOS EM trabalho. ciclos de experiências profissionais, sobretudo junto
FEVEREIRO DE 2021 EM Reduzir as cargas de trabalho, das gerações mais jovens.
RELAÇÃO A 2020 racionalizar o uso da tecnologia A experiência dos trabalhadores terá de ser
e incentivar a realização de repensada dentro das empresas para garantir a
pausas são caminhos apontados atração e a fixação de talentos, através de programas
como formas de as lideranças de bem-estar, acesso a terapia, horários flexíveis,
ajudarem a combater a além de mecanismos que garantam a participação e o
exaustão dos colaboradores. envolvimento das gerações mais jovens.
três a cinco vezes. E se isso for executado, esta que os grandes desafios do País passam pelo
partilha de valor com os funcionários pode problema demográfico – que comprime a mão
representar quase mil milhões.” de obra do lado da oferta e o consumo do lado
da procura – e pelo reskilling e upskilling. E
DESAFIOS EM PORTUGUÊS antecipa um problema social “difícil de re-
Instituições como o Fórum Económico Mundial solver” no panorama europeu, caso não haja
e consultoras e empresas de recursos humanos uma estratégia para a mudança e atualização
anteveem um aumento da procura por profis- de competências dos trabalhadores que ficarão
sões ligadas à saúde, incluindo cuidadores; às de fora da transformação. “Há a ideia de que
atividades criativas e gestão de artes; as ocu- podemos saltar de emprego, mas não a de que
pações relacionadas com ciência, tecnologia, podemos assumir que o que fazemos passa a
engenharia e matemática (como especialistas em ser irrelevante e que temos de nos reinventar. A
dados, machine learning e Inteligência Artificial, realidade vai mudar mais depressa no futuro do
marketing digital e automação); profissões liga- que no passado, e a maior parte de nós vai ter
das à economia verde ou aos transportes. Pelo várias profissões ao longo da vida. Não pode-
contrário, nos oito mercados que a McKinsey mos chegar aos 55 anos, ir para a pré-reforma e
analisou, é esperada uma redução da procura não ser útil. Temos de passar a ter uma segunda
em áreas em que deverão ser introduzidas uma ou uma terceira vida”, defende à VISÃO.
elevada mecanização e automatização, como a O relatório da consultora dá como exemplo
agricultura, o trabalho de armazém, operações a reconversão de um caixa de supermercado,
de montagem e funções administrativas e de nos EUA, que passaria a trabalhar em setores
apoio ao cliente (ver Sobe-e-desce dos empre- onde haverá maior procura de mão de obra,
gos procurados). como transporte, vendas, tecnologia ou saúde.
Em Portugal, as estimativas da consultora Graças a esta transição, poderia tornar-se um
1,1
apontam para perdas de 1,1 milhões de empre- condutor de camião, um técnico de imagiolo-
gos ao longo dos próximos dez anos, sobretudo gia ou um gestor de sistemas de informação,
em funções mais manuais e repetitivas na in- posição em que ganharia em média sete vezes
dústria e em serviços com pouca inteligência mais por ano do que na função original.
associada. A exposição ao setor terciário, mais A reboque da lei da oferta e da procura, Rui
vulnerável a estas mudanças, coloca o País na Teixeira diz que é de esperar que sejam as fun-
linha de impacto de deslocalizações, mas isto ções mais requisitadas também a serem as mais
pode ser uma vantagem para recrutar traba- MILHÕES bem pagas, em particular as que são essenciais
lhadores no estrangeiro. Ponto positivo são DE EMPREGOS para a transformação digital. “Funções nas tec-
também as boas qualificações dos trabalhado- PODERÃO VIR nologias de informação têm uma tendência para
res a custo substancialmente menor do que os A ESTAR EM RISCO serem mais bem remuneradas e valorizadas,
concorrentes, entende Duarte Braga. EM PORTUGAL, pela escassez de talento e pela necessidade de as
O sócio-sénior responsável pelo escritório DEVIDO empresas investirem e se transformarem,” afirma
da McKinsey na Ibéria e em Andorra defende À AUTOMATIZAÇÃO o chief operations officer da ManpowerGroup
“
O mundo do trabalho está a mudar e não voltará a ser de- se querem diferenciar e continuar competitivas, ao invés dos
finido apenas pelo local, pelo espaço físico onde as pessoas anteriores longos ciclos de implementação tecnológica. Serão
o executam. A Cisco acredita que o futuro passa por um privilegiados modelos de consumo e de adoção de tecnologia
modelo híbrido, onde as pessoas se possam ligar às suas por subscrição, modelos dinâmicos e elásticos baseados na
equipas de forma segura, integrada e inteligente, através de Cloud. Assistimos, portanto, a uma preferência crescente e muito
tecnologias de colaboração ciberseguras cada vez mais inovado- marcada por todos os modelos “as-a-service”. A Pandemia veio
ras, imersivas e transparentes. É fundamental que as empresas também acelerar a cada vez mais crescente adoção de serviços
mantenham uma cultura inclusiva, flexível, sustentável e sem Cloud por parte das empresas e a dispersão geográfica dos seus
fronteiras, onde os colaboradores consigam ser produtivos em trabalhadores por diferentes locais. Desta forma, a Internet
qualquer momento e lugar”. Quem o afirma é André Rodrigues, passou a ser crítica para o negócio e novos modelos de coneti-
Country SE Manager & CTO da Cisco Portugal, que acredita vidade (SD-WAN) e segurança (SASE) têm emergido para ajudar
ainda que “para captar e reter o talento e o capital humano, as as empresas a serem cada vez mais ágeis, produtivas e seguras.
empresas terão de dar aos seus trabalhadores uma experiência 2) Permitindo a transição cómoda para o modelo híbri-
cada vez mais diferenciada e que lhes permita atingir o seu ver- do de trabalho. Segundo um estudo feito pela Dimensional
dadeiro potencial. Os novos escritórios terão forçosamente de Research, prevê-se que 98% das reuniões vão incluir sempre
ser espaços atrativos, inclusivos, que estimulem a colaboração trabalhadores remotos, e o Webex é por excelência a platafor-
e a criatividade, e nos quais a mesma seja auxiliada e potenciada ma ideal para estes cenários de trabalho híbrido. “Na Cisco,
através de mecanismos de automatização e inteligência artificial”. acreditamos num mundo com igualdade de acesso às opor-
A Cisco faz parte desta revolução que está a ocorrer no mundo tunidades. Num mundo em que as pessoas e as comunidades
laboral, através da tecnologia. E como? De duas formas: se inspiram no sentido de encontrar soluções para os desafios
1) Permitindo às empresas transformarem o seu negócio: coletivos. A Cisco está empenhada em liderar o caminho para
A pandemia veio acelerar a necessidade de as empresas trans- inspirar mudanças, ver o mundo através dos olhos dos outros
formarem o seu negócio tradicional num negócio dinâmico e e enfrentar os desafios da desigualdade para criar novas pos-
digital, precisando para isso de desenhar, construir e implementar sibilidades para o futuro. O nosso objetivo é impulsionar um
ambientes conectados, seguros e com grandes níveis de auto- futuro inclusivo. Vivemos um momento único que nos per-
mação. As empresas procuram ser digital-first, business-first, mite decidir o futuro que nos espera; para isso, necessitamos
cloud-first, ou seja, mais digitais, ágeis e resilientes. A adoção dos pilares tecnológicos adequados”, conclui
de tecnologia passou a ser uma constante para as empresas que Chuck Robbins, Presidente e CEO da Cisco.
O MESMO CASO
espetar mais uma estaca na imagem conclusão de que o processo de cons-
idílica de pinhais, areais e arrozais trução da casa de férias de Ricardo
EM MÃOS
daquela área: por seis milhões de eu- Salgado era ilegal, a começar pelo
ros, vendeu uma extensa parcela de facto de ter sido implantada em plena
BARRACÕES
BA
Saldanha respetiva demolição.
92 ►Marina Espírito Santo Quintela À VISÃO, em 2018, confronta-
E GGALINHEIROS
Saldanha do com tais construções polémicas,
INFOGRAFIA MT/AR VISÃO Carlos Beirão da Veiga explicara que,
Q
uarentena. Distancia- mitos em relação à medicação, como
mento social. Medo do
A IMPORTÂNCIA “faz mal à saúde”, “engorda”, “causa
contágio. Preocupação DE SER FUNCIONAL dependência”, “afeta a líbido” – entre
com a saúde da família e A LUNDBECK É UMA das únicas outros efeitos secundários comuns na
dos amigos. Dificuldades empresas farmacêuticas do mundo que medicação convencional –, que contri-
financeiras. Incertezas no emprego. há 70 anos se dedica exclusivamente à buiam para o estigma e impediam que
Com a Pandemia de Covid-19, novos investigação nas neurociências e ao desen- os doentes procurassem ajuda para
motivos vieram juntar-se à já vasta volvimento de medicamentos inovadores uma doença que tem de ser tratada e
lista de causas para a depressão, uma para doenças mentais e do cérebro, que, felizmente, tem cura. Ou faziam
a fim de responder às necessidades ainda
doença orgânica à semelhança de tan- com que alternassem entre períodos
não atendidas em patologias como
tas outras, que impacta diretamente na a depressão, esquizofrenia, transtorno de melhoria seguidos de abandono
qualidade de vida dos doentes e seus bipolar, doença de Alzheimer, doença precoce da medicação – e consequen-
familiares. de Parkinson. Um dos compromissos tes recaídas.
Globalmente, mais de 300 milhões desta farmacêutica é ajudar os doentes Se é verdade que, à conta do novo
de pessoas de todas as idades sofrem a recuperar o funcionamento. Isto porque coronavirus, vários estudos indicam que
de depressão e quase 800.000 pes- muitos sofrem, devido a discriminação as insónias, o stress pós-traumático, a
soas morrem todos os anos por suicídio. e/ou tratamento inadequado, reformas ansiedade e os quadros clínicos de de-
antecipadas e outras consequências
A depressão é uma patologia grave que negativas e desnecessárias às suas vidas.
pressão dispararam de forma alarman-
causa grande sofrimento, associada a te, também não é mentira que a nova
uma série de sintomas, incluindo me- NESTE CONTEXTO a Lundbeck geração de anti-depressivos permite
lancolia, perda de energia, perturbação trabalha com o objetivo de sensibilizar fazer face a esta epidemia com outra
do humor, alterações cognitivas, difi- e desafiar a sociedade para melhorar segurança e eficácia.
a aceitação destes doentes para que
culdade de memória e concentração e possam ter a oportunidade de recuperar
Mais do que tratar a depressão
pensamentos suicidas e é reconhecida em pleno a sua vida. Por isso, a Lundbeck unicamente na sua componente do
pela OMS como a principal causa de alerta para a importância de cada pessoa humor, os novos fármacos anti-depres-
incapacidade no mundo. Basta pen- aprender a ouvir os sintomas e interpretar sivos têm mecanismos de ação mais
sarmos que, em média, as pessoas as emoções, pois convém distinguir entre sofisticados, conseguindo combater a
que sofrem de doenças mentais vivem ansiedade e depressão, entre ataques depressão nas suas três componentes:
menos 10 a 20 anos que as outras. de pânico e perturbação da ansiedade emocional, física e cognitiva. Sendo que,
Mas a depressão é também uma generalizada, perdas das capacidades esta última, é de extrema importância
cognitivas e sobretudo reconhecer que não
doença que tem, felizmente, tratamen- funcionar ou tirar prazer de actividades
para que os doentes possam recuperar
to farmacológico eficaz. Longe vão os que antes eram prazerosas, não é natural e a sua autonomia e restabeleçam a sua
tempos em que a saúde mental era que, por isso, se deve pedir ajuda. Sempre vida profissio-
tema tabu, os doentes psiquátricos que há sintomas que estão a afetar a nossa nal, familiar
marginalizados, e em que circulavam vida é sinal para consultar um especialista. e pessoal.
52 VISÃO 22 ABRIL 2021
RUI MOREIRA
SEGREDOS DA
CANDIDATURA
Conquistou o diretor de campanha
P Para já, diz-se em “meditação”, a ul-
timar um livro polémico que lançará
em maio e não fala ainda em recan-
didatura. Mas ela está em marcha
e ele não foge a antecipar cenários
pós-eleitorais e “o grande desafio” dos
quatro anos que se seguem: levantar
do chão uma cidade pós-pandemia.
“Para o próximo presidente de câmara,
será como tentar recuperar a liderança
ao universo socialista, vai lançar um livro num jogo que está a perder”, confes-
sou Rui Moreira à VISÃO, um dia após
regressar de Sevilha, onde viu o seu
anticentralista e admite negociar com PS FC Porto cair na Liga dos Campeões
aos pés do Chelsea.
ou CDU se não renovar a maioria. O anúncio de recandidatura está
preso por fios, mas ele não tem pressa
Em declarações à VISÃO, Rui Moreira de fazê-lo por razões institucionais e
pelo facto de outras forças políticas,
levanta o véu sobre o Porto que espera casos do PS e da CDU, não terem
ainda definido os cabeças de lista à
autarquia. A máquina, porém, está
o próximo presidente. Quem se lhe opõe? montada e tem um reforço de peso:
Vasco Ribeiro, antigo coordenador
M I G U E L C A R VA L H O
do gabinete de Imprensa do grupo
parlamentar do PS e mentor da co-
municação do candidato socialista
Manuel Pizarro à câmara do Porto
em 2013, será o diretor de campanha
de Rui Moreira. Amigo do líder do
município há mais de 20 anos e seu
apoiante desde as últimas autárquicas,
o consultor de comunicação já pediu
a Francisco Assis a desvinculação
do cargo de adjunto de gabinete no
Conselho Económico e Social (CES),
presidido pelo ex-eurodeputado do
PS, o que acontecerá dentro de dias.
O autarca do Porto, entretanto, será
RUI DUARTE SILVA
LUCÍLIA MONTEIRO
facto, ter monitorizado algumas áreas
de forma mais severa, mas a burocra-
cia dos poderes públicos leva a que a
resposta seja sempre lenta e retire ca-
pacidade de intervenção. De qualquer
modo, é verdade que subavaliámos a
pressão cruzada do aumento do custo CDS, partido instalado e ramificado
da habitação e do turismo”, reconhece no poder autárquico há duas décadas,
o autarca. desde os tempos de Rui Rio. Manter
Nada, porém, será como dantes. blindada a maioria no executivo é
“Não haverá reset, não vai voltar a o objetivo, mas, correndo mal, Mo-
ser como era. As pessoas continuarão reira não é de preconceitos: “Se me
a sair, a divertir-se e a desfrutar da recandidatar e não tiver maioria, não
oferta cultural e de entretenimento, conto com o BE, e o PSD já disse que
mas serão muito mais seletivas.” Rui não faz acordos comigo. Por isso, só
Moreira augura um destino trágico resta entender-me com o PS ou com
para o “turismo Ryanair” e antecipa a CDU. Não é impossível.”
as linhas com que se deve coser quem
pretenda governar a cidade até 2025: RIO EM FORÇA NA CAMPANHA
“Por causa da pandemia, os turis- Até finais de setembro, altura em que
tas serão mais exigentes em relação devem realizar-se as autárquicas, Rui
às questões de segurança, terão em Moreira estará, em parte, de olhos
conta a qualidade dos sistemas de postos na zona oriental da cidade,
saúde e vão procurar ter hospitais onde se concentram alguns dos mais
próximos. A mobilidade e a transu- importantes investimentos, entre eles
mância serão diferentes. A geração o Terminal Intermodal de Campanhã,
Greta [Thunberg] exige boas práticas a inaugurar no último trimestre. Até
ambientais, percecionadas ou reais. ao final do ano, as obras de restau-
Será muito valorizada a separação ro do mercado do Bolhão também
do lixo ou a existência de autocarros estarão concluídas, admitindo-se
elétricos. Vai ser preciso saber vender mesmo que parte significativa dos
outra cidade.” vendedores possa reinstalar-se no
Se já cheira a programa eleitoral, novo cenário ainda antes do término
Rui Moreira não se encolhe. deste mandato.
De resto, confessa-se preocupa-
do com populismos e extremismos, JOSÉ LUÍS O município tem em curso a ela-
boração do Plano Estratégico de De-
“na medida em que são demagógi-
cos, querem o impossível e levam à CARNEIRO SERIA senvolvimento Económico, destinado
a projetar o Porto até 2030, mas o
ingovernabilidade, algo comum ao
Chega ou ao Bloco de Esquerda. As UM EXCELENTE candidato do PSD, Vladimiro Feliz,
47 anos, prefere “olhar para o legado
pessoas querem tudo muito rápido,
mas o ritmo da política é mais lento.
CANDIDATO que transformou a cidade”, do qual
sente “enorme orgulho” e cujo capital
A recuperação do Bolhão é lenta por
boas razões, e é apenas um exemplo. A
À CÂMARA considera ter sido desbaratado pelo
líder do executivo camarário.
vertigem das coisas feitas é perigosa”,
avisa. Rui Moreira entrará na disputa
DO PORTO" O antigo vice-presidente de Rui Rio
fala dos 12 anos de gestão autárquica
SÉRGIO SOUSA PINTO
eleitoral, pelo menos com apoio do Deputado do PS do atual líder do partido. “O lado irre-
olhos o apoio do PS à sua recandida- avaliar se tem condições para avançar maioria autárquica, será a prioridade
tura, um cenário para o qual tentou como independente, garantindo, des- da campanha, mas sem fazer da causa
fazer pontes e que é dado como “ab- de já, que, se isso acontecer, não fará uma chaga sempre aberta. “Esse com-
surdo” no interior do partido. Antó- campanha pela negativa. “Rui Moreira bate tem de ser entendido como fator
nio Costa tem a sua preferência e ela representou uma grande evolução em de desenvolvimento local. Por isso,
recai em José Luís Carneiro, antigo relação aos mandatos de Rui Rio, mas reclamamos um plano municipal para
secretário de Estado das Comunida- o seu discurso é pouco eficaz e ele não enfrentar o problema e resolvê-lo. O
des e atual “número dois” do partido, é ouvido em Lisboa”, refere. Porto não pode ser habitável apenas
que recusou falar à VISÃO sobre o Mais à esquerda, o quadro eleitoral para quem tem bons rendimentos,
tema. Sérgio Sousa Pinto, em públi- está quase definido. enquanto expulsa os outros mora-
co, Manuel Alegre e Francisco Assis, A possibilidade de a vereadora dores da cidade.” Habitação, saúde,
em privado, já fizeram saber que o sem pelouro Ilda Figueiredo repetir justiça climática e desafios demo-
ex-autarca de Baião é o melhor candi- a candidatura pela CDU é forte, em- gráficos também entram na agenda
dato. Manuel Pizarro (eurodeputado, bora a decisão esteja apenas agendada de Sérgio Aires.
vereador e líder distrital) e Tiago Bar- para o próximo fim de semana. No À direita, não há ainda fumo
bosa Ribeiro (deputado e presidente terreno já anda Sérgio Aires, 52 anos, branco.
da concelhia) também têm ambições, assessor do BE no Parlamento Euro- A Iniciativa Liberal confirmou
mas Costa admite vetá-los. Em última peu. O sociólogo fez grande parte do a existência de conversações com
instância, o secretário-geral poderá seu percurso profissional focado nas o movimento de Rui Moreira. No
recorrer a uma figura saída da socie- questões sociais – parente esquecido, caso do Chega, terá sido sondado
dade civil, caso o seu preferido não diz, do atual executivo. “O combate Orlando Monteiro da Silva, antigo
garanta a pacificação das estruturas à pobreza esteve ausente do man- bastonário da Ordem dos Médicos
locais do PS. dato de Rui Moreira. O presidente Dentistas, mas este apressou-se
Quem se ofereceu ao partido do preferiu dedicar-se a transformar a desmentir a notícia que o dava
qual já foi militante, mas ficou a falar o Porto numa cidade de negócio, como candidato. Apesar dos laços
sozinho, foi Nuno Cardoso. “Podia quando existem situações de gravi- de amizade que o ligam à família
ser eu a terceira via que falta ao PS”, dade extrema. E ainda estamos para do vice-presidente Diogo Pacheco
admite à VISÃO o antigo presidente da ver o que aí vem”, critica o candidato de Amorim, o antigo dirigente dis-
câmara do Porto, que, em 2013, obte- independente pelo Bloco, apostado trital do CDS terá dado um “chega
ve pouco mais de 1% dos votos. Nas em eleger-se vereador. Matraquear o para lá” às tentativas de sedução.
próximas semanas, o ex-autarca vai tema da pobreza, sem dar descanso à mbcarvalho@visao.pt
€100
adquiridas à farmacêutica Novartis no outono
passado. (Muitos técnicos de laboratório, a
maioria dos quais se transferiu para a BioN-
Tech, ainda usam os seus anteriores unifor-
Milhões
mes com o logótipo da Novartis, porque não
Valor do empréstimo
houve tempo para encomendar novos.)
do BEI para a empresa
apostar, em junho de
A unidade de produção de Marburgo es-
2020, numa vacina contra pera fabricar mil milhões de doses por ano, e
a Covid-19 a BioNTech está a colaborar com a Pfizer, que
supervisionou os últimos testes, assim permi-
€375
tindo que a vacina fosse autorizada no Reino
Unido, nos EUA e noutros países, para que
a produção ascenda a 2 500 milhões e possa
chegar a todo o mundo ainda em 2021 – de
Milhões acordo com os compromissos assumidos.
Valor que o Governo As duas empresas apressam-se a esclarecer
alemão se prontificou a que o seu trabalho ainda não acabou. [No dia
pagar, em setembro de 16 de abril, o presidente da Pfizer, Albert Bou-
2020, à BioNTech para rla, anunciou que uma terceira dose da vacina
a produção da vacina “será provavelmente necessária, algures entre
contra a Covid-19 os seis e os 12 meses após a primeira toma,
testar o ar das salas de produção para des- e daí em diante, uma revacinação anual”.]
€100
pistar bactérias ou patógenos. Sahin e a sua equipa continuam atentos às
Quem trabalha com a vacina tem de tocar novas variantes que vão surgindo e já estão
regularmente cada dedo enluvado em placas a desenvolver outra vacina contra estas mu-
de Petri cheias de ágar [gelificante extraído tações virais, planeando começar testes em
de algas], com poder de captar qualquer Milhões breve. [Em abril, a OMS confirmou que está
micróbio que tenha conseguido infiltrar-se Valor de novo a acompanhar mais duas novas variantes,
nas instalações. empréstimo do BEI à uma proveniente da Índia e outra do Brasil.]
Dado que o mRNA é relativamente ins- BioNTech, em fevereiro Perante o sucesso da nova vacina contra a
tável, não sobreviveria no corpo humano na de 2021, para a produção Covid-19, Ugur Sahin e Özlem Türeci veem
sua forma bruta. Para o manter protegido, é de uma vacina de na tecnologia de mRNA o potencial de tratar
segunda geração, eficaz
envolto numa bolha de gordura recorrendo também outras doenças, e preparam-se para
contra as variantes
a etanol pressurizado – substância altamente retomar as vacinas contra a gripe e o contra
da Covid-19
inflamável. O processo ocorre num dos seis o cancro que haviam sido interrompidas pela
tanques de 50 litros, cada um deles com a sua pandemia.
própria sala lacrada. Por agora, a equipa está naturalmente or-
As poucas pessoas autorizadas a entrar e gulhosa do que conquistou num ano muito
a sair dessas salas calçam sapatos especiais agitado. “Este é um projeto de vida único”,
antiestáticos para evitar provocar, acidental- salienta Alexander Muik, que na BioNTech é
mente, qualquer faísca de fricção que possa o diretor de imunomoduladores [fármacos
desencadear uma explosão. Cinco dos tanques que ajustam o sistema imunológico]. “Quem
têm o nome de membros da equipa que foram pode dizer que fez parte da solução de uma
fundamentais para o avanço do processo. O pandemia? Só alguns poderão gabar-se disso.”
sexto chama-se Margaret, em homenagem à * Com Julia ZorThian, em Nova Iorque
avó britânica que foi a primeira a receber a
vacina da BioNTech/Pfizer.
Assim que completa a sua tarefa de criar as
© 2021, Time Inc. Todos os direitos reservados.
bolhas que contêm mRNA, o etanol é filtrado. Traduzido da Time Magazine
E o que daí resulta volta a ser filtrado várias e publicado com autorização da Time Inc.
Um parque diferente
Nos anos 40 e 50, Monsanto
era um polo de todo o tipo de
atividades desportivas, incluindo
algumas pouco adequadas
ao seu propósito inicial, como
provas de Fórmula 1
ATRIZ DEVE-SE, DE
“Ele que fale devagar, eu tenho tem-
Custa muito estar uma hora inteira po”, ouvimo-la pedir nos testes de
em palco sem falar?
Eunice: Não é isso que me preocupa. CERTO MODO, A EU som da véspera, cheia de paciência.
Falo muito pouco, não sou faladora. NUNCA PENSAR QUE Já confessou que, com a idade,
SOU ESPECIAL”
Sou mais observadora, até porque aprendeu a ser menos impaciente.
observar é fundamental para a minha Se lhe pedirmos para olhar para
profissão. Mas esta peça para mim é EUNICE MUÑOZ trás, para a Eunice de outros tem-
acordo.
A AVÓ LEVAVA-ME. camarins ou ficava a vê-la no palco. Não somos semelhantes, mas não
Fomos as duas para o teatro sem pe- desgosto.
COMO ME PORTAVA dirmos, mas ainda bem, eu agradeço.
A Eunice também olhava para
Lídia: Ó avó, olha-me o teu ensina-
mento! Não era: “Apaixona-te pela tua
BEM E FICAVA cima quando olhava para a sua avó personagem?” Mas, estou a brincar,
CALADINHA, AOS 2 OU
Augusta? percebo o que a avó diz. A sra. Rasch
Eunice: A minha avó Augusta era uma é muito triste. Queremos ser a sra.
3 ANOS DORMIA NOS enorme atriz. Era tão talentosa que
tanto fazia drama como fazia autênti-
Rasch ali, em palco, mas não em casa.
Em casa, queremos rir.
CAMARINS OU FICAVA ca comicidade, e tocava-me especial- Eunice: E que me deixem descansar
A VÊ-LA NO PALCO”
mente desde pequena. Recordo-me de [risos]. As homenagens são agradáveis,
ir aos gritos e a chorar ao colo de uma mas já não me sinto muito forte.
LÍDIA MUÑOZ empregada por causa de um papel rruela@visao.pt
e um batalhão
piores, e a percentagem de
oficiais que não reconhece
capacidade nos chefes para
exercer o direito de tutela
já alcança os 96%”, assume
o presidente, o tenente-coronel António
da Costa Mota. Não resta muita margem
de indignados
para a desconfiança plena, mas o respon-
sável pela associação acredita que esta
pode ser atingida com a implementação
das alterações à Lei Orgânica de Bases da
Organização das Forças Armadas (LOBO-
FA). A proposta do Governo para tornar
Generais na reforma acusam o Governo de mais eficientes as operações, reforçando
os poderes do chefe do Estado-Maior-
estar a instrumentalizar as Forças Armadas “nas -General das Forças Armadas (CEMGFA),
costas dos três chefes militares”, concentrando está a gerar muita contestação e uma
todo o poder numa só pessoa, escolhida pelo grande pressão pública de antigos gene-
rais – entre eles, o antigo Presidente da
Executivo. Neste caso, o detentor desse poder será República António Ramalho Eanes – que
o almirante Silva Ribeiro, que os generais temem não acreditam nos benefícios e acusam o
ter ajudado a orquestrar a reforma da lei em poder de querer controlar o setor.
“Os chefes militares já são vistos, há
discussão no Parlamento a partir de 12 de maio uns anos, mais como embaixadores do
poder político nas Forças Armadas do que
R I TA R AT O N U N E S como representantes dos militares pe-
rante o poder político”, continua António
da Costa Mota que tem “uma perspetiva
muito negativa” sobre este assunto. Não
crê que o ministro da Defesa, João Go-
mes Cravinho, não se tenha apercebido
“do perigo que é para a democracia a
concentração excessiva de poderes numa
só pessoa”. Por isso, diz que “a finalidade
só pode ser governamentalizar as Forças
Armadas”. “Até vou mais longe e falo em
partidarização das Forças Armadas”,
acusa o tenente-coronel, que esteve oito
anos a trabalhar no ministério e que an-
tevê que “o poder político escolha quem
é mais afeto às suas cores partidárias”.
Os vários generais que se têm mani-
festado contra esta decisão argumentam
que o Governo passa a ter apenas um
interlocutor – o CEMGFA, proposto pelo
executivo ao Presidente da República –,
em vez de um porta-voz de cada ramo
das Forças Armadas (Marinha, Exército,
Força Aérea). Antecipam problemas na
gestão da hierarquia e questionam que
o representante passe a tomar decisões
em áreas que não a sua.
Almirante Silva Ribeiro O major-general do Exército na reser-
A reforma proposta pelo va, Carlos Branco – que tem uma vasta
Governo transfere grande experiência em temas político-militares
parte dos poderes dos e em relações internacionais, tendo de-
atuais chefes da Armada, sempenhado funções em organizações
Exército e Força Aérea
para o CEMGFA
Operações Reforma
pode fazer sentido
quando for necessária
uma resposta rápida
TENTATIVA DE REFORMA
continuam como conselheiros do CEMG- de poder desmesurada”.
FA nos assuntos que lhes dizem respeito, É “uma pessoa extremamente inteli-
apesar de perderem o poder de decisão.
E que a concentração de poder “é normal FEITA POR PESSOAS POUCO gente, culta e decidida”, descreve Costa
Mota, que não deixa de referir a outra face
nas Forças Armadas”, uma vez que se
trata de uma “organização hierárquica
HABILITADAS PARA A da moeda: o almirante Silva Ribeiro tem
também uma propensão para criar atritos
de poderes”. As propostas vão agora ser
discutidas na Assembleia da República,
TAREFA QUE TÊM EM MÃOS” com os subordinados, porque “impõe
claramente a sua vontade”.
na generalidade, a 12 de maio, e João Go- MAJOR-GENERAL CARLOS BRANCO rrnunes@visao.pt
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Direito de resposta
de Isabelle de Oliveira
Por determinação da Deliberação n.º 96/2015 (DR-I) da Entidade
Reguladora para a Comunicação Social, de 26 de maio de 2015, relativo
à notícia com o título “A Reitora do faz de conta”, alusiva a Isabelle
de Oliveira, publicada a págs. 72 e ss. da edição n.º 1150 da VISÃO,
de 19 de março de 2015, publicamos o seguinte direito de resposta
PERCURSO ACADÉMICO (Decreto n.º 84-431 de 6 de junho qualificada para as funções de “Pro-
De facto, fui para França ainda de 1984 - artigo 46 º) que permite, fesseur des Universités” pelo Conseil
bebé e fiz toda a minha formação es- posteriormente, ascender ao mais alto Nationale des Universités (o CNU,
colar e académica em França. cargo de docência no escalão francês. sistema inexistente em Portugal) com
Licenciei-me na Universidade Lu- Este diploma foi obtido na Sorbonne resultados publicados no site Ga-
mière Lyon2, em Lyon, em 1999, em Nouvelle, conhecida por ser rígida na laxie do Ministério francês do Ensino
Ciências da Linguagem; após o DEA obtenção deste tipo de habilitações. Superior. Informo que já não existem
(mestrado) segui para doutoramento, Colegas meus optaram nesse mesmo cátedras nas universidades francesas,
que conclui em 2005, na mesma uni- ano por se candidatar à HDR nou- salvo em algumas instituições, como
versidade. Aliás, é curioso que a Sra. tras universidades e ainda são poucos o Collège de France. Contrariamen-
Jornalista não cite o meu Director de os titulares a lançar-se na aventura te a outros países, só os professores
tese - o qual, ao que sei, contactou - da HDR, devido ao seu elevado grau com HDR estão habilitados a poder
que melhor do que ninguém conhece de exigência. Para a sua obtenção, é orientar teses de doutoramento; para
o meu percurso científico. Tanto o necessário apresentar um processo os nossos leitores terem noção das
meu Director de tese como outros co- escrito completo e complexo, ou seja, diferenças entre os dois países, em
legas deram conhecimento das quali- um dossiê administrativo e científico. Portugal um professor auxiliar já pode
dades pessoais e académias da minha No meu caso preciso, apresentei orientar teses de doutoramento!
pessoa. A Sra. Jornalista também me uma obra inédita de 128 páginas que Oriento neste momento 3 teses de
demonstrou sensibilidade pelo per- decidi escrever em português, assim doutoramento (com 2 novas Ins-
curso de quem tem só 38 anos. como uma síntese de 155 páginas que crições previstas) em França (já não
Em 2006, como foi sempre a mi- resume as minhas actividades admi- falo das orientações no estrangeiro)
nha intenção, entrei para o CNRS nistrativas, pedagógicas e científicas, e participei desde 2005 em 6 júris de
(Centre Nacional de Recherche Scien- uma compilação de artigos científicos mestrado e 12 júris de doutoramento
tifique) como investigadora. Confirmo de 185 páginas, um resumo analítico a nível internacional, sendo sempre
que continuo com os meus projectos de 20 páginas do meu percurso de In- difícil para mim conciliar agendas.
de investigação no laboratório “Insti- vestigação e um currículo sintético de Organizo todos os anos pelo menos
tut des Sciences Cognitives” - CNRS 18 páginas. Estes materiais devem ser dois grandes eventos científicos liga-
de Lyon - com artigos publicados e submetidos a uma comissão científica dos à promoção da língua portuguesa
trabalho de investigação reconhecido (que congrega todas as disciplinas) e tanto na Sorbonne como na UNESCO
a nível Internacional sobre o trata- um conselho científico que deliberam e no Senado francês.
mento automático da metáfora e os sobre a qualidade do dossiê e dão ou
Atlas Semânticos. Aliás, expliquei à não a sua aprovação para defesa pe- DIRECÇÃO DA L.E.A.
Sra. Jornalista o funcionamento dos rante um júri. No âmbito da Faculdade L.E.A., em
Atlas Semânticos quando a recebi no O meu relatório de avaliação de 2011, encabecei uma lista concorrente
meu gabinete na universidade, no dia HDR foi elaborado por sete eminentes à direcção do Pólo. A minha lista foi
16 de março de 2015. “Professeurs des Universités” a nível vencedora e assumi o cargo de direc-
Em 2008, fiz o concurso para uma nacional e internacional, os quais tora, que mantenho até hoje, com o
vaga de “Maître de Conférences” na realçaram, por unanimidade, a minha mandato a terminar em breve.
Universidade da Sorbonne Nouvelle, grande capacidade de trabalho, por O Pólo L.E.A. conta hoje com 2239
onde passei ao quadro como profes- ter conseguido apresentar um dossiê estudantes, incluindo estudantes em
sora efectiva daquela Instituição. HDR tão exigente e rigoroso e liderar, regime de ICampus France e também
Em 2014, passei a prova da HDR em simultâneo, um Pólo tão complexo um número elevado de estudantes
(Habilitation à Diriger des Recher- como o L.E.A. que se encontram em mobilidade
ches), o diploma de grau mais ele- Esclareço que, na sequência deste Erasmus, assim como nos Pólos L.E.A.
vado das universidades francesas processo de obtenção de HDR, fui no estrangeiro. Anualmente, depa-
A
venda de automóveis elétricos que seja possível uma transição para uma acrescentando: «Este ano, além de chegar-
e eletrificados (100% elétri- mobilidade mais sustentável e cumprir os mos a todos os Municípios, iremos instalar
cos, híbridos plug-in e híbridos objetivos a que o país se propôs em matéria mais 102 postos de carregamento, em que
convencionais) representou, no de descarbonização», explica, Luis Barroso, mais de 50% serão rápidos ou ultrarrá-
primeiro trimestre deste ano, quase 30% Presidente da MOBI.E. pidos, num piloto onde mais uma vez o
das vendas totais do setor em Portugal. Um O papel da empresa que gere e desen- investimento público, antecipa o futuro do
valor que confirma que há cada vez mais volve esta rede passa por ter, igualmente, desenvolvimento deste mercado».
portugueses a optar por veículos que são uma função de sensibilização para a im-
mais amigos do ambiente – os números portância da mobilidade elétrica: «O setor QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS ENTRE
são da Associação Automóvel de Portugal. da mobilidade e transportes é um dos mais OS VEÍCULOS ELÉTRICOS?
A MOBI.E há mais de uma década que é, poluentes na Europa, produzindo cerca de Começámos este texto por dizer-lhe que
por cá, a grande impulsionadora da eletri- um quarto do total das emissões (perto de os automóveis 100% elétricos e os híbridos
ficação dos veículos, mas não só. A empresa 20 milhões de toneladas de CO2 por ano), convencionais ganham terreno em Portu-
do Estado foi pioneira a nível mundial no mas apresenta um elevado potencial para gal. Está na altura de explicar-lhe quais as
desenvolvimento de uma rede de carrega- cumprir os objetivos de atingir a neutra- diferenças entre estes veículos. Os 100%
mento de veículos de acesso universal. Um lidade carbónica até 2050. Esta trajetória elétricos são todos os automóveis movidos
primeiro passo que definiu, bem, a ambi- só é possível com uma transição para uma de modo totalmente elétrico e cuja bateria
ção da MOBI.E: «Consolidar a rede Mobi.E, mobilidade mais sustentável, assente numa pode ser carregada a partir de uma fonte
uma rede de carregamento de veículos forte aposta nos transportes coletivos e de energia externa (plug-in). Ou seja, são
elétricos de acesso universal, interoperável partilhados, na eletrificação do transpor- os carros elétricos que trazem uma ficha
e concorrencial, que assegure um serviço te individual e no desenvolvimento da para carregar a bateria e já não têm qual-
de qualidade a todos os utilizadores, para mobilidade suave», reforça Luis Barroso, quer outro motor, além do motor elétrico.
CINEMA
OSCARS 2021
“Quando o
passado deixa
de iluminar o
futuro, a mente
Os pesadelos
e os fantasmas
dos homens
deambula pela
escuridão”
Alexis de Tocqueville
Historiador e escritor
(1805-1859)
da América
DO RACISMO AO ABUSO SEXUAL,
DAS FALHAS DA JUSTIÇA ÀS FRANJAS
DA SOCIEDADE, OS NOMEADOS PARA
OS OSCARS DESTE DOMINGO REFLETEM
OS TRAUMAS DA SOCIEDADE AMERICANA
MANUEL HALPERN
Numa altura em que a Academia se apres- sem conseguir (nem sequer tentar, na ver-
sa a instalar sistemas de quotas e pré-re- dade) copiar o estilo e o humor. Mas, acima
quisitos que ambicionam corrigir décadas de tudo, Judas and the Black Messiah põe
de discriminações, a lista de nomeados o dedo numa ferida ainda mais concreta e
para o melhor filme parece fazer um atual: os pecaminosos métodos policiais e
ajuste de contas moral de uma América a desproporcional violência policial sobre
atormentada pelos seus traumas e fantas- a comunidade afro-americana. Reforça-se
mas. O conjunto de oito filmes nomeados assim, sem ter de ir aos remotos tempos
encaixa-se numa cartilha de princípios da escravatura, a necessidade de reagir
temáticos, próxima de uma Declaração aos traumas recentes e às práticas atuais,
Universal dos Direitos Humanos, em bus- muito mediatizadas a partir do ignóbil
ca de um cinema consciente do seu peso caso de George Floyd.
pedagógico e do seu poder de influência Por coincidência, ou talvez não, os Bla-
sobre a sociedade. ck Panthers voltam a estar em destaque
Se é verdade que a indústria cinema- em Os 7 de Chicago, de Aaron Sorkin, um
tográfica americana sempre esteve atenta filme da Netflix nomeado para os Oscars.
ao mundo em seu redor, até porque é no Neste caso, não está no centro do enredo,
tecido social que se encontram as me- mas é uma das suas mais notáveis ramifi-
lhores histórias, desta vez a incidência é cações, expondo o tratamento discrimi- Judas and the Black Messiah
tão explícita e flagrante que descobrimos, natório do fundador dos Black Panthers, Recordando o julgamento, nos anos 60,
em muitos casos, a América a lamber as Bobby Seale, em tribunal, sem direito a de Fred Hampton, dos Black Panthers,
é o primeiro filme assinado por três afro-
suas feridas. um advogado de defesa. O filme conta a
-americanos a concorrer aos Oscars
história de diferentes grupos e organiza-
A LUTA CONTINUA ções que se deslocaram até Chicago para
Talvez a ferida mais exposta, nos últimos protestarem contra a guerra do Vietname,
tempos, seja a da discriminação racial. A junto à convenção do Partido Democrata
própria Academia, de resto, já estabele- que ali decorria. As manifestações não
ceu quotas para a diversidade durante foram autorizadas e a polícia optou por
a cerimónia. Não obstante, continua a uma intervenção violenta. Mas mais do
ser residual o número de não brancos que expor a ferida difícil de sarar que foi
galardoados com o principal prémio da a guerra do Vietname, o filme denuncia
indústria. Tematicamente, não há essa um dos mais graves e mediáticos casos
desproporção. Os filmes à volta de ques- de deturpação da justiça, um dos grandes
tões raciais, sobretudo da discriminação pilares da democracia americana. Numa
dos negros, têm marcado presença assí- altura em que o Tribunal Constitucional
dua nas últimas edições, tirando espaço, americano ganhou juízes radicalmen-
por exemplo, a histórias de perseguição te conservadores, o filme recorda um
antissemita tão recorrentes num passa- dos julgamentos mais escandalosamente
do recente. parciais, em que o juiz desrespeitou a
Este ano, a “quota” temática do racis- instituição numa tentativa explícita de
mo é cumprida, logo à partida, por Judas prejudicar todo e qualquer elemento da
and The Black Messiah, de Shaka King, defesa. A condenação dos sete (mais tarde
que retoma um dos grandes fantasmas da revertida), acabou por resultar na exposi- O Som do Metal
América: o movimento Black Panthers. Ao ção de uma presidência corrompida, sem Tem seis nomeações para os Oscars,
contrário de, por exemplo, Martin Luther olhar a meios para chegar aos seus fins. com destaque para a de melhor ator.
Riz Ahmed interpreta o papel de um
King, que se tornou o grande mártir “sa-
ex-baterista que perde a audição
crificado” e “santificado” da luta contra a
discriminação racial, os Black Panthers
nunca receberam um apoio unânime O filme é o favorito para ganhar o Oscar
da sociedade americana, sendo os seus
elementos tratados, muitas vezes, como
O CONJUNTO DE OITO de Melhor Argumento Original, mas não
resiste a um tratamento quase caricatural
criminosos. Em Judas & the Black Mes- FILMES NOMEADOS das personagens, o que muito o prejudica.
ENCAIXA-SE NUMA
siah é feita justiça a Fred Hampton, líder e Os 7 de Chicago, que conta com atua-
mártir do movimento. Um retrato que nos ções de, entre outros, Eddie Redmayne,
permite entender a justeza da causa, mas
sem esconder os excessos do movimento. CARTILHA DE PRINCÍPIOS, Michael Keaton e Sacha Baron Cohen, é
realizado por Aaron Sorkin, realizador
O filme desenvolve-se na dicotomia entre
herói e traidor, focando-se num infiltra-
PRÓXIMA DE UMA nova-iorquino branco, ao contrário do
que acontece com Judas and the Black
do negro que trai os seus irmãos. Nesse
ponto de vista é quase um espelho de Bla-
DECLARAÇÃO UNIVERSAL Messiah, de Shaka King, um promissor
realizador negro, mais conhecido pelo
cKkKlansman: o Infiltrado, de Spike Lee, DOS DIREITOS HUMANOS seu trabalho em séries. Se ganhar o Os-
Minari O Pai
da cor da pele. É muito interessante que
seja uma chinesa, recém-chegada à Amé-
rica, a chamar-nos a atenção para isso. Lee Isaac Chung recorda a história Caso raro em que um dramaturgo (o
Em Nomadland, Sobreviver na América, da sua família, imigrantes da Cloreia francês Florian Zeller) passa a filme a sua
filmado numa linguagem indie, há quase do Sul nos EUA, neste filme com seis peça. Anthony Hopkins, aos 83 anos, é um
que um retrato etnográfico daqueles a nomeações aos Oscars grande favorito para o Oscar de Melhor Ator
que, pejorativamente, se chama white
trash (“lixo branco”), homens e mulheres
que revelam, voluntária ou involuntaria-
mente, uma exclusão da sociedade, do
sonho americano. Nesse aspeto, Chloé é
hábil a expor as entrelinhas psicológicas
destas personagens, sobretudo de Fern
– mais uma interpretação imaculada de
Frances McDormand, que seria uma jus-
ta vencedora do Oscar de Melhor Atriz,
embora não seja a favorita (espera-se que
ganhe Viola Davis, em Ma Rainey’s Black
Bottom). Nomadland revela uma América
que muitos americanos não querem ver
nem assumir.
Se Chloé é uma chinesa fascinada pela
América, Lee Isaac Chung é um ameri-
cano que conta a história da sua infância
e dos seus pais, coreanos, que partiram
para os Estados Unidos da América e lu-
taram pela integração e sobrevivência, de
forma original e empreendedora. Minari
cumpre a quota da integração dos imi-
grantes, digamos assim, numa história
que se liberta desse modelo simplista,
pela humanidade e sentimentalidade que nem Trump nem os seus acólitos tenham biopic, mas antes um ensaio sobre uma
nos propõe através do olhar de perso- sangue cheyenne. Hollywood sempre personagem excêntrica e os tormentos do
nagens de diferentes gerações. Às vezes contou com notáveis estrangeiros para processo criativo. É, também, um filme
chega até a ser demasiado simbólica ou a sua indústria, como Charlie Chaplin, sobre a decadência.
idealista, em personagens como Paul, que Josef von Sternberg, Fritz Lang ou Paul Mas, nesse domínio, mais acutilante é
aos domingos carrega pela estrada uma Verhoeven. Em Mank, Hollywood cele- O Pai, a estreia na realização do drama-
pesada cruz de madeira, que nem Jesus bra um dos seus grande mitos, Joseph turgo francês Florian Zeller, que cumpre
Cristo, para expiar o seu sentimento de Mankiewicz, o mais notável argumentista a habitual quota inglesa nos Oscars (é
culpa, enquanto veterano da guerra da da sua era, coautor de Citizen Kane, de uma coprodução britânica e francesa).
Coreia. Youn Yuh-jung é a favorita para Orson Welles, para muitos considerado Aqui, não há uma ligação específica com
melhor atriz secundária. o melhor filme de todos os tempos. Tal os pesadelos americanos, pois a temática
como Chung, também Mank foi filho de da velhice, da demência e dos cuidadores
NA PELE DOS MAIS FRÁGEIS imigrantes, judeus alemães, que aprende- é universal e a sua abordagem comum
Na verdade, os EUA sempre foram uma ram a sobreviver na terra das oportuni- ao mundo ocidental. Ou seja, estamos
terra de imigrantes, e não consta que dades. David Fincher não faz um clássico perante uma das maiores angústias da
Os 7 de Chicago
O realizador Aaron Sorkin recorda um
célebre julgamento que aconteceu, em
1968, em Chicago abordando um tema
muito na ordem do dia: a violência policial
António Zambujo
“Nunca faço
grandes planos”
Voz e Violão é um exercício de liberdade.
Partindo da tradição alentejana e do fado, nele
cabem todos os universos musicais que fazem
parte da vida de António Zambujo
MIGUEL JUDAS
O
que têm em comum Esse minimalismo também foi
a música tradicional resultado do confinamento?
alentejana, o fado, Nem por isso, até porque já há algum
a MPB, os boleros tempo que tinha o desejo de fazer um
sul-americanos e os álbum assim. Talvez desde o tempo do
standards norte-a- Rua da Emenda, mas depois acabou
mericanos? Numa por acontecer muita coisa pelo meio,
primeira audição, como o disco de tributo ao Chico Buar-
talvez pouco ou nada. Ou então quase que, os coliseus com o Miguel [Araújo]
tudo, como António Zambujo prova no e o próprio Do Avesso, que senti na
seu mais recente disco, lançado esta altura como uma espécie de fim de
semana. Em Voz e Violão, o músico e ciclo. O confinamento apenas mudou
cantor alentejano parte da tradição do a forma como foi gravado, pois tive de
cante e do fado, os seus “dois grandes improvisar um estúdio em casa, que
pilares”, para navegar sem amarras pelo já estava, também, previsto há algum
imenso oceano de todas as suas influên- tempo. Foi o Naná, que trabalhou
cias musicais e artísticas. comigo em todos os discos, quem me
Podemos dizer que este é o seu
álbum mais livre, por ter sido
ajudou a fazê-lo. O isolamento do som,
por exemplo, foi resolvido com umas
'Voz e Violão'
reduzido à sua essência inicial de mantas. Foi um processo de trabalho Ao oitavo álbum, António
voz e guitarra? interessante, mas se dependesse do pe- Zambujo regressou às origens,
Em parte não, porque todos os meus ríodo de confinamento para compor e com um disco cujo título é uma
álbuns são muito livres no que à es- preparar as músicas, teria sido trágico. homenagem a um dos seus
colha do repertório diz respeito. Esse Não tive mesmo vontade nenhuma de grandes ídolos, o brasileiro João
Gilberto (que, em 1999, editou
processo é sempre muito egoísta e trabalhar durante esse período.
João Voz e Violão). Também aqui,
individual, mas depois, à medida que Uma das imagens que ficaram
a simplicidade e o despojamento
vamos acrescentando camadas, com na memória, desse período de do formato sublinham a essência
ajuda dos músicos e da produção, tudo confinamento, foi um certo e a identidade do artista. Além de
se torna mais partilhado. O meu disco vídeo, em que aparecia a dizer um canções dos suspeitos do costume
anterior, Do Avesso, com todos os ar- palavrão, depois de bater numa (Pedro Silva Martins, João Monge,
ranjos e orquestrações, foi o expoente mesa ou algo assim, enquanto Maria Rosário Pedreira ou Miguel
máximo dessa ambição de querer falava para a câmara... Araújo) e das versões de Caetano
tornar o meu som mais grandioso. [Risos] Isso foi uma brincadeira que fiz Veloso, Nat King Cole ou Max,
Portanto, talvez Voz e Violão seja o para promover uns concertos online. encontram-se em Voz e Violão
mais livre no sentido de ter ficado só Pediram-me para gravar qualquer um tema de Agir e outro de Diogo
pelo início de todo esse trabalho. coisa, mas como não tenho muito Zambujo, filho de António.
P O R M I G U E L A R A Ú J O / Músico
A
Portugal ideia que eu tenho de Portugal é uma
ideia muito vaga, muito frágil; a ideia
que eu tenho de Portugal é a luz do sol
LUÍS BARRA
monges do convento. É, aliás, desse tempo são algumas
atividades neste
o engenhoso sistema hidráulico ainda em parque com
12 hectares
funcionamento. A água, recolhida em 32
nascentes existentes na vizinha Tapada
Nacional de Mafra, é transportada através
de um aqueduto, circulando graças ao
efeito da gravidade, e serve para regar
PARQUE D. CARLOS I CALDAS DA RAINHA
relvados, plantas, árvores e encher os Para dar início ao passeio pelo Parque D. Carlos I, no centro das Caldas da
lagos. Com aproximadamente 9 hectares, Rainha, escolha-se a entrada (existem dez) do túnel Céu de Vidro, perto
o atual desenho foi idealizado pelo dos Pavilhões do Parque, de construção singular, pensados originalmente
jardineiro francês Jean Baptiste Désiré para albergar o hospital termal da cidade. Chegados ao coreto, conta-se
Bonard, já no decurso do século XIX. Neste depois meia dúzia de passos até ao lago, com cisnes brancos e negros,
passeio, há duas paragens obrigatórias: patos e gansos, e onde, nos meses de primavera e de verão, se fazem
uma para apreciar a nora centenária, passeios de barco. Construído em 1889, segundo projeto assinado
peça central do tal sistema hidráulico; pelo arquiteto Rodrigo Berquó, e ampliado ao longo dos tempos, neste
outra, para ver o lago das Omnias, com a parque podem apreciar-se plátanos, freixos, tílias, cedros-do-buçaco,
sua bica em forma de cabeça de leão. Ali araucárias e castanheiros-da-índia, entre outras espécies identificadas
perto, já no horto das aromáticas, junto no caminho. Nos seus 12 hectares, cabe ainda o Museu de José Malhoa,
aos viveiros municipais, crescem cerca inaugurado em 1940, que alberga obras do pintor José Malhoa e uma
de 39 espécimes, entre eles rosmaninho, coleção de pintura e de escultura dos séculos XIX e XX. A arte sai fora de
orégãos e madressilva. Por fim, vale a portas e estende-se também ao jardim, onde está o busto do ceramista e
pena subir mais uns metros para visitar caricaturista Rafael Bordallo Pinheiro, que se pode apreciar já bem perto
o Jogo da Bola, muito popular à época da zona de mata (zona sul). Há ainda quatro campos de ténis, mesas para
entre o clero e a nobreza, e descobrir as fazer piqueniques, uma cafetaria e muitos recantos para ficar a ler um
estátuas alusivas à mitologia romana. bom livro ou dar dois dedos de conversa.
X X
LUÍS BARRA
Lg. General Humberto Delgado, Mafra > T. 261 813 R. de Camões, Rotunda da Rainha D. Leonor, R. Dom Manuel Freire da Câmara,
399 > seg-dom 9h-17h (out-mar), 9h-19h (abr-set) R. Visconde Sacavém, R. Rafael Bordalo Pinheiro e Lg. Rainha D. Leonor, Caldas
> grátis da Rainha > seg-dom 7h-22h (verão), 7h-20h (inverno) > grátis
MÁRIO JOÃO
entre o centro
X histórico de
Lg. Ferreira de Castro, Sintra > seg-sex 10-18h, sáb-dom Sintra e o Parque
10h-13h > grátis da Pena
sequoia-gigante, X
o pinhão-chinês, Pedras Salgadas, Bornes de Aguiar, Vila Pouca de Aguiar > T. 259 437
o castanheiro-
-da-índia e o 140 > seg-dom 8h-22h (reabre a 30 abr) > grátis, visita guiada €6
carvalho-negral (inclui museu e prova de água da nascente)
X
R. da Aveleda, 2, Penafiel > T. 255 718 242 > seg-sex 10h, 11h30, 15h, sáb-dom 10h, 11h30 > a partir de €8/pessoa, com marcação prévia
LUCÍLIA MONTEIRO
de monges
beneditinos, com
40 hectares e
muitos sítios
para parar,
Tibães pede uma
visita demorada
FUNDAÇÃO EUGÉNIO
esta área murada na encosta do monte de São Gens O jardim guarda
onde, além de meditarem, os monges se abasteciam quatro painéis de
pinturas a fresco,
de cereais, fruta, legumes, madeira, vinho e azeite. exemplar raro
“É um jardim com uma forte componente agrícola de pintura mural
palaciana do
e de lazer. A simbiose entre o Homem e a Natureza, século XVI
característica das comunidades religiosas”, lembra
o historiador e diretor do mosteiro, Paulo Oliveira.
Próximo da antiga cozinha, observam-se campos
e hortas (hoje cultivados em regime de comodato),
JARDIM DAS CASAS PINTADAS ÉVORA
ramadas de vinha, azevinhos, medronheiros, aveleiras. Na primavera, o aroma da flor de laranjeira toma conta do
Cheira a alfazema e a alecrim. Há japoneiras, Jardim das Casas Pintadas. As árvores de fruto, plantadas
rododendros, azáleas pintadas de rosa, macieiras por Vasco Maria Eugénio de Almeida no final dos anos 60
do Japão, flores espontâneas (violetas, anémonas, do séc. XX, destacam-se no manto relvado, a par de um
prímulas…) e muita água. A Fonte de São Bento e um espelho de água, incluído nas obras de restauro, entre 2011
tanque com anfíbios leva-nos ao Jardim do Banco. e 2013, numa clara evocação espiritual de uma das muitas
O escadório, dividido em sete patamares, cada um utilizações deste espaço verde da Fundação Eugénio de
com uma fonte dedicada a uma das sete virtudes, Almeida, no centro histórico de Évora. Mandado construir
serve de caminho até ao jardim e à Capela de São por Francisco da Silveira, 3º coudel-mor de D. Manuel I e de
Bento. “É a alegoria barroca: a exaltação dos sentidos, D. João III, este jardim intramuros guarda quatro painéis de
a música da água das fontes, o cheiro que vinha dos pinturas a fresco, um exemplar raro, na Península Ibérica, de
pomares, a visão do vale do Cávado”, descreve Paulo pintura mural palaciana do século XVI (1520). Para conhecer
Oliveira antes de mergulharmos na mata densa, com melhor este lugar, que foi residência de sacerdotes
carvalhos, castanheiros, medronheiros… Junto ao jesuítas e, já no século XIX, casa do Teatro Eborense, estão
lago, árvores centenárias de grande porte: o pinheiro- disponíveis visitas guiadas, uma viagem de 45 minutos que
-bravo mais alto do País (47 metros), dois cedros- revela pormenores da arquitetura, fábulas e metáforas que
-do-himalaia classificados (38 metros) e uma tília se escondem naqueles frescos, em garças, sereias, galos e
(45 metros). Respeitar o tempo e a Natureza é o lema. figuras mitológicas, como a harpia e a hidra de sete cabeças.
X X
Mosteiro de São Martinho de Tibães > R. do Mosteiro, 59, Mire de Fundação Eugénio de Almeida > Lg. do Conde de Vila Flor, Évora >
Tibães, Braga > T. 253 622 670 > ter-dom 10h-19h (última entrada T. 266 748 350 > ter-sex 10h-13h, 14h-18h, sáb-dom 10h-13h > grátis
18h) > €4 (mosteiro e jardim), €1,50 (jardim) > visitas guiadas (marcação prévia) €3
I N Ê S B E L O ibelo@visao.pt
Apetece ficar a respirar a maresia e a A carta aposta nos sabores mexicanos, com um
Além dos pe-
apreciar o mar, antes de nos toque português. Nas entradas, provem-se os
quenos-almo-
sentarmos no restaurante Dr. Bernard, totopos e o guacamole (€6) ou os croquetes de ços servidos
na Praia do CDS, na Costa da Caparica. carnes ou de peixe com salada (€7), para depois durante a
Mas assim que entramos percebemos prosseguir, por exemplo, com a empanada semana, há
que é este o cenário em todas as argentina de espinafres com queijo (€3,50) ou de um menu de
mesas, postas junto às janelas. A decoração é carne picada (€4). Nos tacos (entre €7 e €8), há brunch (€15)
descontraída, com apontamentos de cores três opções de peixe (choco frito, peixe estilo baja para saborear
vibrantes, ou não estivéssemos à beira-mar. Pelo e camarão) e uma de carnitas. Espreitem-se ainda ao sábado e
menos foi como o francês Gregory Bernard, 48 as sugestões de quesadillas, como a de queijo de domingo. Em
anos, imaginou este lugar, faz agora três anos. Seia (€6), e as Especiais, em que se destaca a salada breve, surgirá
Antes de escolher a Costa da Caparica para viver, mexicana (€10) e as asas de frango com molho de um programa
o empresário e produtor de filmes já tinha vindo mel picante (€8), que se pod em acompanhar com que inclui,
por várias vezes a Portugal, em trabalho. Numa um dos novos sumos ou cocktails. Para sobremesa, por exemplo,
dessas visitas, desviou a sua rota até às praias da há mousse de chocolate com chipotle (€4,50) ou uma aula de
Caparica para fazer surf e apaixonou-se por esta um dos gelados da Gelato Davvero, que ali tem ioga ou de
zona que lhe faz lembrar Los Angeles e Venice lugar reservado no Ice Cream Disco Corner. surf, seguida
Beach, com o paredão, os skaters e os surfistas. Gregory Bernard não quer ficar por esta de um brunch
Reaberto recentemente, o Dr. Bernard morada e pelo restaurante Palms, que espera ou almoço,
apresenta-se com nova identidade e ementa, em reabrir brevemente, uns metros mais à frente, entre outras
que as preocupações com a sustentabilidade e o neste passeio marítimo. A ideia é crescer, apostar atividades.
bem-estar se alinham, sem fundamentalismos, numa guesthouse e numa marca de vinhos
com uma alimentação e atividades saudáveis. própria. Sandra Pinto
X
Praia do CDS, Apoio praia 11, Costa de Caparica, Almada > T. 91 253 0689 > seg-sex 10h-22h, sáb-dom 9h-13h
N A P R Ó X I M A S E M A N A
LUCÍLIA MONTEIRO
Agrafo Studio Porto
Uma mão-cheia de ideias originais
Cheira a nova a loja de Ema Ramos que acaba de reabrir, agora na Rua Miguel Bombarda.
Lá dentro, há flores frescas, plantas, cerâmica e muitas outras coisas bonitas para descobrir
X
R. Miguel Bombarda, 519, Porto > ter-sáb 10h-19h > www.agrafo-studio.com
X
Teatro Joaquim Benite > Av.
Professor Egas Moniz, Almada
> T. 21 273 9360 > 22-23 abr,
qui-sex 20h > €17
Lisboa e Porto
Marcado para o final
Mais do que um mero futuro distópico. Uma (ir)realidade que do ano passado, este
espetáculo musical, este inclusivamente leva ao surgimento de festival viu grande parte
concerto pretende ser um grupos como os Ena Pá 2000 ou os da programação adiada
momento de reflexão sobre Irmãos Catita, de Manuel João Vieira, devido à evolução da
utopias falhadas do Portugal porque a subversão e a contestação pandemia. Agora, à boleia
do desconfinamento, está
moderno: o Estado Novo e a já só são possíveis através do humor.
novamente de regresso aos
própria revolução. “Especialmente sobre O alinhamento será composto por 20
palcos com os concertos de
a forma como estas conduziram a uma temas pré e pós-revolução, entre fados Aurea e de Camané e Mário
nostalgia, cada vez mais acentuada pela revolucionários, canções patrióticas Laginha, ambos no Campo
distopia em que vivemos desde os anos do tempo da ditadura, versões de Pequeno, em Lisboa, nesta
80”, explicou à VISÃO o músico Manuel cantautores como Zeca Afonso quinta e sexta, dias 22 e
João Vieira, criador deste concerto ou José Mário Branco, e temas 23; e com o de Rui Veloso
Nostalgia e Utopia, título que só por si “revolucionariamente absurdos” da no Pavilhão Rosa Mota, no
resume boa parte da História autoria do próprio Manuel João Vieira, Porto, a 23. Os espetáculos
Contemporânea de Portugal. Foi, para que estará acompanhado em palco por prolongam-se até meados
isso, criada uma narrativa, de modo a Carlos Barretto no contrabaixo, Fausto de maio com as atuações de
unir estas canções através do tempo, Ferreira no piano, Alexandre Frazão na The Gift, The Black Mamba,
mas de uma forma quase ficcional bateria, Arménio Melo na guitarra Xutos e Pontapés ou David
– como se vivêssemos no período do 25 portuguesa, Vital Assunção na viola, Carreira, entre outros.
de Abril de 1974 e tudo o que aconteceu Nuno Reis no trompete e Francisco
a partir daí, incluindo a realidade de Ferro nos coros e na harmónica. X
hoje, fosse uma previsão sobre um Miguel Judas Campo Pequeno > Pç. do Campo
Pequeno, Lisboa > T. 21 041 4036 >
22-23 abr, qui-sex 20h > €10 a €18
> Super Bock Arena – Pavilhão
X Rosa Mota > R. D. Manuel II,
Cineteatro Capitólio > Pq. Mayer, Lisboa > T. 21 138 5340 > 25 abr, dom 11h, presencial e nas redes Jardins do Palácio de Cristal, Porto
sociais da EGEAC > grátis (levantamento de bilhetes nos dias 24 e 25 de abril, no Cinema São Jorge) > T. 22 050 3257 > 23 abr, sex 20h
> €20 a €40
LUCÍLIA MONTEIRO
desenvolvido pelo
curador e das suas
mundividências.
Nesse sentido,
o autor desta
exposição é o alemão
De caveira em punho
da catástrofe ou saído de um
desastre mundial, em que
se procura perceber o que
está por vir e refletir sobre o
que ainda se pode fazer para
Com o regresso aos palcos, Carlos Avilez e o Teatro Experimental de Cascais preservar o planeta. Please
revisitam o clássico dos clássicos. “Ser ou não ser, eis a questão...” please please é o resultado
da colaboração entre a
coreógrafa francesa Mathilde
Ele é um suicida que não recorda-nos Carlos Avilez. “Acho que
Monnier, a coreógrafa
pode suicidar-se. Assiste esta personagem me fascina tanto hispano-suíça La Ribot e
à infidelidade da mãe, porque estou sempre à procura de mim o encenador português
confirma que o pai foi próprio, do que sou; tenho sempre Tiago Rodrigues, autor do
assassinado pelo tio e, dúvidas e um prazer enorme de viver.” conjunto de histórias curtas
por isso, tem de vingá-lo. O jovem ator José Condessa interpreta interpretadas por ambas. As
É assim que Carlos Avilez resume o príncipe da Dinamarca, que vê a mãe duas bailarinas deixam uma
o clássico que apelida de “Bíblia casar-se com o tio duas semanas após mensagem para as futuras
do teatro”: Hamlet, de William a morte do pai, que lhe aparece em gerações, na esperança de
Shakespeare, dramaturgo que volta espírito para revelar que foi assassinado evitar um desastre. Uma das
a ser apresentado no palco do Teatro pelo tio e pedir vingança. Perante uma peças internacionais mais
Municipal Mirita Casimiro, casa do crise interior crescente – ser ou não ser, aguardadas (das poucas
Teatro Experimental de Cascais, de que fazer ou não fazer –, o jovem Hamlet presenciais) do Festival
Avilez é diretor artístico. Este Hamlet simula loucura para levar avante os Dias da Dança, a qual
foi ensaiado maioritariamente online, seus intentos. Deixamos de perceber segue depois para o Teatro
e é também por isso uma peça sobre se esse desvario é fingido ou real, mas Nacional D. Maria II (29-30
sobrevivência. o certo é que toda a gente acaba morta, abr), em Lisboa. J.L.
“Cá estou novamente com esta incluindo a sua amada Ofélia. “Esta peça
personagem; ensinei-a durante 20 é mais do que a tragédia e vingança; X
Teatro Carlos Alberto > R. das
anos e aprendi-a com os maiores ela marca o problema da existência, do Oliveiras, 43, Porto > T. 22 340 1910
mestres, inclusivamente com a equipa ser humano, da juventude”, diz Avilez. > 22-23 abr, qui-sex 19h > €10
chefiada por um grande mestre que “Os rapazes já foram todos Hamlets
era o Fernando Moser [professor e as raparigas, todas Ofélias. Há sempre
catedrático da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, especialista
este susto, este medo do que pode
acontecer e do que pode não acontecer.” Os Três Irmãos
em cultura inglesa e Shakespeare]”, Cláudia Marques Santos
Porto e Viana do Castelo
Abelard, Adler e Hadrian
são as três personagens do
último espetáculo de Victor
Hugo Pontes, imaginadas
pelo escritor Gonçalo M.
Tavares (convidado pelo
coreógrafo a escrever sobre
“assuntos de família”) e
interpretadas pelos bailarinos
Dinis Duarte, Paulo Mota e
Valter Fernandes. Habituado
a conjugar a palavra dita com
o gesto, Pontes explora as
tensões e os conflitos dos
irmãos, em confronto com o
passado comum.
X
Teatro Municipal Rivoli > Pç. D.
João I, Porto > T. 22 339 2201 > 26
D.R.
X X
De Christian Petzold, com Paula Beer, Franz Rogowski, Maryam Zaree > 91 minutos Hard Club > Mercado Ferreira
Borges, Porto > 26 abr-4 mai > €5
X
Já disponível na plataforma Opto, da SIC > Oito episódios, um novo a cada sexta-feira
D.R.
Floating Álvaro Oleiros
Uma casa no lago
Ancorada em frente à Aldeia do Xisto de Álvaro, no espelho de água que o Zêzere aqui forma,
esta casa flutuante alia o alojamento a passeios no rio e a outras atividades náuticas
As duas aves de rapina que, ao fim os vender para o estrangeiro. “A montagem foi O barco-casa
da tarde, sobrevoam o Zêzere, são feita no local, com recurso a gruas, e demorou fica ancorado
a imagem perfeita da exclusividade cerca de um mês”, conta. Com seis metros de numa pequena
oferecida pela Floating Álvaro. Não largura e 14 de comprimento, dispõe de um pátio marina junto
é só uma casa nem apenas um barco, térreo, deck de madeira, terraço panorâmico à praia fluvial
é uma mistura destas duas coisas e com grelhador, dois quartos, casa de banho, de Álvaro, mas
oferece algo único: a possibilidade de dormir kitchenette e uma sala de estar espaçosa, rodeada no futuro, se os
em pleno rio com todas as comodidades de um por janelas panorâmicas que se abrem na hóspedes assim
alojamento de luxo. Álvaro, a histórica Aldeia do totalidade. Disponibiliza Wi-Fi e, para as noites o desejarem,
poderá ser
Xisto do concelho de Oleiros, surge encavalitada mais frias, não falta sequer uma salamandra,
levada para
numa escarpa sobranceira ao rio, que aqui, tal como um sistema de ar condicionado para
um local mais
devido à influência da albufeira da Barragem as tórridas tardes de verão. isolado
do Cabril, toma a forma de um espelho de água, Apesar de ter capacidade para 12 pessoas,
onde o verde das serranias circundantes surge apenas é permitida a pernoita de seis em
refletido. É com esta imagem, emoldurada pelas simultâneo, “o que não impede que outras tantas
janelas do quarto, que somos brindados ao se juntem para um passeio ou simplesmente
acordar. para passar o dia”, esclarece Pedro. Seja apenas
“Sempre pesquei neste rio, desde há algum um hóspede, seja a lotação completa, o preço é
tempo que tinha o desejo de fazer algo aqui”, sempre o mesmo, €120 por noite (existe ainda
diz à VISÃO Pedro Castanheira, 39 anos, um pacote de estada por uma noite e cinco
enquanto nos conduz por um passeio ao longo horas de navegação). “Não queria tornar esta
do Zêzere. Natural de Oleiros, o proprietário oferta demasiado exclusiva”, esclarece Pedro, que
da Floating Álvaro demorou cinco anos a também disponibiliza um serviço de passeios,
encontrar a embarcação perfeita para conciliar sem estada (€35/hora). Pormenor importante:
os passeios com o alojamento. Descobriu-a no o barco-casa é alimentado a energias renováveis
Alqueva, através de uma empresa portuguesa, e conta, no seu interior, com uma estação de
que começou a fabricar estes barcos-casa para tratamento de águas. Miguel Judas
X
Marina de Álvaro, Álvaro, Oleiros > T. 96 776 3564 > www.floatingalvaro.com > €120/noite (máximo 6 pessoas)
Amuleto
A caneta de tinta
permanente
oferecida pelo
Luísa
Pinto
pai quando fez
o exame da 4ª
classe “tornou-se
uma espécie de
amuleto” e ainda a
usa em momentos
“significantes” A encenadora, 55 anos, São Paulo Brasil
estreia Eu Nunca Entrar no Teatro de Dionísio, da
Vi Um Helicóptero Acrópole, em Atenas, foi inesquecível.
Mas é a São Paulo que volta sempre
Explodir na Casa das com entusiasmo. “Foram 13 anos
Artes, em Famalicão, consecutivos até à pandemia!”
com Fernando Os amigos, os laços criados nas
artísticas, os restaurantes,
parcerias a
Alves no elenco e a dinâmicas culturais, as livrarias
as dinâmica
pandemia em fundo. extraordinárias construiram outra
extraordiná
coração da encenadora.
casa no cor
Afetos e escolhas
Chavela Vargas M I G U E L C A R VA L H O
O lugar do “Humano”
ano”
Luís António Gabriela, da Cia
Mungunzá de Teatro (São
São
Paulo), com encenação o de NietzschePassear e
Nelson Baskerville, marcou-a
arcou-a brincar na praia com o cão
brinca
profundamente. “É umama peça que Nietzsche dá-lhe “momentos
Nietzsc
fala de pessoas, do lugar
gar do ‘Humano’. únicos
ú nicos de cumplicidade, diversão
Um espetáculo intenso,o, triste, contemplação, esse olhar
e conte
provocador! Aplaudi dee pé emocionada!” demorado que nos faz tão bem”
demorad
Palavras cruzadas
>> H O R IZONTAIS >> 1. Flexão feminina de “um”. Frouxidão,
fraqueza. // 2. Certo benefício de que gozam as comunidades indianas.
O primeiro (o menor) dos números naturais. // 3. Estado de máxima
irritação ou aflição. // 4. Ulceração nos dentes e ossos, e que os destrói
progressivamente. Trabalho penoso. // 5. Nome da letra “H”. Letra
grega correspondente ao “i”. // 6. Vento brando. // 7. Relação. Bolo com
o formato desse órgão e cobertura de chocolate, cuja massa é cozida
e posteriormente recheada com creme de ovo. Exprime aprovação,
aplauso, admiração (interj.). // 8. Sítio pouco fundo de um rio, por onde
se pode passar a pé. Colocar como obstáculo. // 9. Bandeira, estandarte.
Mau uso de. // 10. Que não nasceu ou não teve princípio. Murmúrio de
vozes. // 11. Que exige muito tempo. Conjunto de agulhas ou folhas de
pinheiro, geralmente secas. > > VERTICAIS >> 1. Mover-se para trás.
Exprime consentimento ou concordância, certamente. // 2. Título do
soberano da Pérsia. Relativo a ou próprio de ovelha ou carneiro.
// 3. Emitir som semelhante à voz característica dos gatos. Irromper
em grande quantidade (fig.). // 4. Desejar ardentemente. Gordura de
porco por derreter que envolve os intestinos. // 5. Comunicar por
contágio. Contr. da prep. “a” com o art. def. “os”. // 6. Deseje. Benefício
resultante de câmbio favorável. // 7. Peso de recipiente ou continente
vazio, sem o produto que pode conter. Suster com estacas (as videiras).
// 8. Parente por afinidade. Pequena peça de artilharia semelhante
a um morteiro comprido. // 9. Assentimento. Nevoeiro do mar. // 10.
Sacerdote muçulmano. Irmão dos pais ou dos avós. O que soa aos
ouvidos. // 11. Designativo de dúvida, desprezo ou incredulidade (interj.).
Presentemente.
// 4. Ansiar, Unto. // 5. Apegar, Aos. // 6. Ame, Ágio. // 7. Tara, Empar. // 8. Afim, Obus. // 9. Nução, Bruma. // 10. Imã, Tio, Som. // 11. Ora, Agora.
// 8. Vau, Opor. // 9. Signa, Abuso. // 10. Inato, Rumor. // 11. Moroso, Sama. >> V E RT I CA I S > > 1. Recuar, Sim. // 2. Xá, Ovino. // 3. Miar, Alagar.
> > H O R I ZO N TA I S > > 1. Uma, Atonia. // 2. Inama, Um. // 3. Exasperação. // 4. Cárie, Afã. // 5. Agá, Iota. // 6. Aragem. // 7. Rol, Rim, Boa.
LEITARIA DA
Diretora: Mafalda Anjos
Diretor-Executivo: Rui Tavares Guedes
Subdiretora: Sara Belo Luís
QUINTA DO PAÇO
Editores-Executivos: Catarina Guerreiro e Filipe Luís COLAR EQUADOR + ÉCLAIR
Conselheiro Editorial: José Carlos de Vasconcelos LEITARIA QUINTA DO PAÇO
EXAME/Economia: Tiago Freire (diretor)
Editores: Alexandra Correia (Sociedade), Clara Cardoso (visao.pt)
Filipe Fialho (Mundo), Inês Belo (VISÃO Se7e), João Carlos Mendes (Grafismo), A Equador Jewellery e a Leitaria
Manuel Barros Moura (Radar) e Pedro Dias de Almeida (Cultura) Quinta do Paço uniram-se e criaram
Redatores Principais e Grandes Repórteres: Cláudia Lobo, José Plácido Júnior,
Miguel Carvalho e Rosa Ruela um presente muito especial para o
Redação: André Moreira, Carmo Lico (online), Cesaltina Pinto, Clara Soares,
Clara Teixeira, Florbela Alves (Coordenadora VISÃO Se7e/Porto), Dia da Mãe: um éclair e um colar, ambos
Joana Loureiro, Luísa Oliveira, Luís Ribeiro (Coordenador Ambiente), Margarida Vaqueiro exclusivos para esta data, por apenas
Lopes, Mariana Almeida Nogueira, Nuno Aguiar, Nuno Miguel Ropio, Paulo C. Santos,
Paulo Zacarias Gomes, Rita Rato Nunes, Rui Antunes, Rui Barroso, Sandra Pinto, 40₣. O éclair é recheado com creme
Sara Rodrigues, Sara Santos (redes sociais), Sílvia Souto Cunha, Sónia Calheiros,
Susana Lopes Faustino, Susana Silva Oliveira, Teresa Campos e Vânia Maia
pasteleiro, morangos frescos e geleia
Grafismo: Paulo Reis (Editor adjunto), Teresa Sengo (Coordenadora), de morango com cobertura de mousse
Ana Rita Rosa, Edgar Antunes, Filipa Caetano, Hugo Filipe, Patrícia Pereira e Rita Cabral
Infografia: Álvaro Rosendo e Manuela Tomé de morango, mirtilo, suspiro e crocante
Fotografia: Fernando Negreira (Coordenador), José Carlos Carvalho,
Lucília Monteiro, Luís Barra e Marcos Borga
de chocolate branco e coco.
Copydesk: Maria João Carvalhas, Rui Carvalho e Teresa Machado O colar é de prata 925 banhado a ouro
Secretariado: Sofia Vicente (Direção), Teresa Rodrigues (Coordenadora),
e Ana Paula Figueiredo e produzido em Portugal.
Colunistas: Capicua, Cecília Meireles, Gonçalo Cadilhe, Isabel Moreira,
José Eduardo Martins, José Manuel Pureza, Miguel Araújo, Pedro Norton
e Ricardo Araújo Pereira
Colaboradores Texto: Manuel Gonçalves da Silva, Manuel Halpern, Miguel Judas;
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Margarida Robalo e Sónia Graça (Revisão)
Ilustração: João Fazenda (Boca do Inferno) e Susa Monteiro
Centro de Documentação: Gesco
Redação, Administração e Serviços Comerciais: Rua da Fonte da Caspolima
– Quinta da Fonte, Edifício Fernão de Magalhães, 8 A ga g ma
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2770-190 Paço de Arcos – Tel.: 218 705 000
Delegação Norte: Rua Roberto Ivens, 288 - 4450-247 Matosinhos antititien
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Marta Pessanha (gestora de marca) – mpessanha@trustinnews.pt em m crono
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BOCA DO INFERNO
N
o meu tempo era assim: os campeões pa por bater, na final da Liga dos Campeões, o Bayer
nacionais iam jogar a Taça dos Campeões Leverkusen, clube que nunca ganhou o campeonato
e os vencedores da taça iam jogar a Taça alemão. Mas estas alterações eram necessárias por-
dos Vencedores de Taças. Perceberam? que algumas equipas muito ricas eram incapazes de
Receio que isto seja um pouco complica- ganhar os seus campeonatos e por isso não conse-
do para quem não viu ou já não se lembra, guiam participar todos os anos na Taça dos Cam-
mas peço a todos que façam um esforço. peões. Este ano, das 26 equipas que se qualificaram
Portanto, os campeões jogavam a Taça directamente para a Liga dos Campeões, apenas 11
dos Campeões e os vencedores da taça eram mesmo as campeãs nacionais em título. Como a
jogavam a Taça das Taças. O vencedor da geografia europeia mudou e há agora mais países, al-
Taça dos Campeões era, por isso, o vencedor do cam- guns campeões de países europeus não podem entrar
peonato do seu país que tinha conseguido superiori- na Liga dos Campeões, para não tirarem o lugar a al-
zar-se aos vencedores dos campeonatos dos outros guns quartos classificados de outros países europeus.
países da Europa. E por essa razão a gente chamava- Quando a actual Liga dos Campeões começa for-
-lhe “o campeão da Europa”. Estão a acompanhar? mam-se oito grupos de quatro equipas. Infelizmen-
É esquisito, eu sei. Algumas das equipas que não te, dessas quatro, por vezes há uma ou duas que não
tinham ganho o campeonato nem a taça conseguiam são extraordinariamente ricas. Por causa dessa triste
ainda assim classificar-se para uma competição eu- realidade, alguns clubes extraordinariamente ricos, já
ropeia chamada Taça UEFA. Depois, deixou de haver fartos de jogarem com pelintras, juntaram-se e pre-
Taça das Taças e Taça UEFA. Foi criada a Liga Europa. tendem agora organizar uma liga só deles. A notícia
E a Liga dos Campeões Europeus passou a admi- foi acolhida com profundo desagrado pelos adeptos e
tir equipas que não eram campeãs. Nem europeias. pelos jogadores, por um lado, e com grande entu-
Como é o caso do Astana, do Cazaquistão, que fica na siasmo pelo banco JP Morgan, por outro – pelo que,
Ásia Central. Em teoria, o campeão da Europa pode em princípio, tem tudo para ir em frente. A UEFA,
agora não ser europeu. Ou nunca ter sido campeão que detinha a taça da ganância, pode perder o título
do seu país, como quase aconteceu em 2002, altura para 12 clubes. É dos campeonatos mais renhidos dos
em que o Real Madrid se sagrou campeão da Euro- últimos tempos. visao@visao.pt
A UEFA, que
detinha a taça da
ganância, pode
perder o título
para 12 clubes. É
dos campeonatos
mais renhidos
dos últimos
ILUSTRAÇÃO: JOÃO FAZENDA
tempos