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EDITOR
DESDE 2004, JOSÉ RODRIGO RODRIGUEZ
DISTRIBUIÇÃO
CORRESPONDÊNCIA
PUBLICAÇÕES DIREITO GV
RUA ROCHA, 233 - 7º ANDAR
01330-000 SÃO PAULO SP
WWW.FGV.BR/DIREITOGV
PUBLICACOES.DIREITOGV@FGV.BR
OS CADERNOS DIREITO GV TÊM COMO OBJETIVO PUBLICAR RELATÓRIOS DE PESQUISA E TEXTOS DEBATIDOS NA
ESCOLA DE DIREITO DE SÃO PAULO. A SELEÇÃO DOS TEXTOS É DE RESPONSABILIDADE DA COORDENADORIA DE
CADERNOS DIREITO GV
PUBLICAÇÕES DA DIREITO GV. v.5 n.5 : setembro 2008
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APRESENTAÇÃO
O objetivo deste evento, realizado em 03 de outubro de 2006, foi
retomar o debate lançado em 2002 no evento "O que é pesqui-
sa em Direito?" (cuja transcrição foi publicada em livro pela
Editora Quartier Latin), partindo agora de um recorte temático
específico, Direito e Desenvolvimento, campo em que se concen-
tra a pesquisa de nossa Escola.
Tal campo, em nossa interpretação, pressupõe a existência de
uma via de mão dupla: de um lado, o Direito sendo demandado
por pautas de Desenvolvimento econômico, político e social e, de
outro, o Direito conformando e regulando o Desenvolvimento
conforme com sua racionalidade própria.
A proposta, portanto, é discutir, de um lado, como o Direito
pode potencializar o desenvolvimento econômico, político e
social e, de outro, como a pesquisa jurídica pode prestar a sua par-
cela de contribuição para este debate; vistos o desenvolvimento
da pesquisa em Direito e o Estado de Direito, em si mesmos, como
fatores de desenvolvimento.
Este pr imeiro seminár io sobre o tema contou com a presen-
ça de professores de dentro e fora da DIREITO GV, a quem
agradecemos a colaboração neste debate que, a partir de agora,
será contínuo.
O Editor
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ÍNDICE
PARTICIPANTES 9
ABERTURA
ARY OSWALDO MATTOS FILHO (DIREITO GV) 15
TEMA 1
PANORAMA ATUAL DA PESQUISA EM DIREITO NO BRASIL 17
MEDIAÇÃO
RAFAEL FRANCISO ALVES (DIREITO GV) 17
EXPOSIÇÃO
OSCAR VILHENA VIEIRA (DIREITO GV) 1 18
DEBATE
ROBERTO DA SILVA FRAGALE FILHO (UFF) 21
CELSO FERNANDES CAMPILONGO (USP) 32
OSCAR VILHENA VIEIRA (DIREITO GV) 42
LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA (FGV/EESP) 48
PERGUNTAS
JOSÉ RODRIGO RODRIGUEZ (DIREITO GV) 51
FLAVIA PORTELLA PÜSCHEL (DIREITO GV) 51
ARY OSWALDO MATTOS FILHO (DIREITO GV) 52
RESPOSTAS
ROBERTO DA SILVA FRAGALE FILHO (UFF) 55
CELSO FERNANDES CAMPILONGO (USP) 57
OSCAR VILHENA VIEIRA (DIREITO GV) 58
TEMA 2
QUAL A IMPORTÂNCIA ATUAL DO DEBATE SOBRE 61
DIREITO E DESENVOLVIMENTO?
MEDIAÇÃO
MARIA LUCIA LABATE MANTOVANINI PADUA LIMA (DIREITO GV) 61
EXPOSIÇÃO
JOSÉ RODRIGO RODRIGUEZ (DIREITO GV) 61
MÁRIO GOMES SCHAPIRO (DIREITO GV) 67
DEBATE
MARIANO FRANCISCO LAPLANE (UNICAMP) 75
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PERGUNTAS
OSCAR VILHENA VIEIRA (DIREITO GV) 93
ESDRAS BORGES DA COSTA (DIREITO GV) 93
RONALDO PORTO MACEDO JÚNIOR (DIREITO GV) 94
MICHELLE RATTON SANCHEZ (DIREITO GV) 95
GLAUCO ANTONIO TRUZZI ARBIX (USP) 95
MARIANO FRANCISCO LAPLANE (UNICAMP) 97
RESPOSTAS
JOSÉ RODRIGO RODRIGUEZ (DIREITO GV) 99
MÁRIO GOMES SCHAPIRO (DIREITO GV) 100
LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA (FGV) 101
TEMA 3
MESA DE DEBATES:
PROJETOS DE PESQUISA EM DIREITO E DESENVOLVIMENTO 2
MEDIAÇÃO
MAÍRA ROCHA MACHADO (DIREITO GV)
DEBATE
DIOGO ROSENTHAL COUTINHO (USP)
MICHELLE RATTON SANCHEZ (DIREITO GV)
RONALDO PORTO MACEDO JÚNIOR (DIREITO GV)
SAMYRA HAYDÊE DAL FARRA NASPOLINI SANCHES (UNITOLEDO)
VLADMIR OLIVEIRA DA SILVEIRA (FADISP)
WELBER OLIVEIRA BARRAL (UFSC)
APÊNDICE
PERSPECTIVAS PARA A PESQUISA EM DIREITO E DESENVOLVIMENTO
JOSÉ RODRIGO RODRIGUEZ 105
1 Como o professor Marcos Nobre (Unicamp) não pôde estar presente no evento,
o texto “O que é pesquia em direito” foi apresentado pelo professor Oscar Vilhena
Vieira (DIREITO GV).
2 Infelizmente, por um problema na gravação, não foi possível transcrever esta parte
do evento.
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PARTICIPANTES
Marcos Nobre
Mestre e doutor em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP)
Pós-doutor pela Universitat Frankfurt an Main - Johann Wolfgang
Goethe (Alemanha)
ABERTURA
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DEBATE
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Fragale fez menção a uma dessas retór icas, a retór ica crítica.
Toda pós-graduação no Brasil de hoje é crítica, e a prática é esta
que nós conhecemos, de uma pesquisa jurídica sem pesquisa
jurídica. Mas, ao lado da crítica, nós temos outros chavões, por
exemplo, a ética. Todo mundo é a favor da pesquisa crítica e da
pesquisa ética. Todo mundo é a favor da pesquisa que se balize
em referências democráticas, que contr ibua com o desenvolvi-
mento econômico nacional, por exemplo. É com este conjunto
de chavões, que não levam em consideração, quando se trata de
pesquisa jurídica, as especificidades ao que me referi agora, e, ao
invés de discutir a normatividade jurídica, a unidade do ordena-
mento, a var iabilidade das nor mas, a função do direito, adotam,
no lugar da reflexão teórica, o discurso teórico (a ética, a demo-
cracia, o desenvolvimento, a participação, a crítica), sem que levem
minimamente em consideração aquilo que está ao alcance do
direito e aquilo que dever ia ser função da teor ia do direito e da
pesquisa em direito.
Enfim, foi o que me ocor reu comentar para os senhores.
Muito obr igado.
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falar, mas o seu livreiro comprou. Isso gera uma anarquia abso-
luta na forma como as pessoas coletam as fontes para responderem
as suas “não perguntas”. As pesquisas não têm perguntas e não
há uma sistematização do conhecimento para or ientar o modo
como se deve responder a uma pergunta. O que teremos são teses
fundadas em manuais; as teses os reproduzem e se transfor mam
em grandes enciclopédias desconectadas da realidade.
Finalmente, é importante dizer que a produção acadêmica em
Direito no Brasil é fragmentada: cada um por si, cada um
fazendo a sua “grande” pesquisa. Não há uma relação intelec-
tual entre or ientador e or ientandos: estabelece-se um elo em
que não há comunidade de reflexão, o que contribui para a frag-
mentação do conhecimento. A fragmentação não se dá somente
em razão da falta de interdisciplinar idade, mas pela produção
absolutamente isolada de um cor po de saber que lhe dê respal-
do e credibilidade.
Na última década, percebemos que um grupo de alunos, ao
olhar para a confusão que eram os programas de mestrado e dou-
torado em Direito, fugiu para disciplinas correlatas, como Ciência
Política, Sociologia e Economia. Foram acolhidos nesses depar-
tamentos, surpreendidos por verem não-advogados refletindo
sobre o Direito. Assim, temos hoje, por exemplo, cientistas polí-
ticos olhando para o Supremo Tr ibunal Federal e “advogados”
pesquisando o Cade sob uma perspectiva econômica.
Esses pesquisadores trazem o rigor dessas outras ciências para
o Direito e isso gera um refluxo, uma colisão com o tipo de pro-
dução acadêmica que se fazia tradicionalmente nas faculdades
de Direito. O aluno que vai para um departamento de Filosofia
estudar Filosofia Analítica, ao voltar a ter aulas de Filosofia na
faculdade de Direito, pode colocar seu professor em uma situa-
ção difícil, pois, muito provavelmente, ele nunca estudou Filosofia
Analítica a sér io.
Esse mal-estar está hoje criado e é muito positivo. Existe por-
que alguém percebeu qual era a profundidade do pântano, mas
isso não resolve o problema: parte da pós-graduação das facul-
dades de Direito começou, então, a ser dominada por gente que
tinha dupla for mação. Tais pesquisadores começaram a imple-
mentar metodologias das outras áreas das Ciências Sociais e aí
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pesquisa que está fazendo. Essa atividade deixa de ser algo que
se faz depois das nove da noite ou no fim de semana e passa a
ocupar o tempo de for ma mais consistente.
Em segundo lugar, a atividade de pesquisa é desenvolvida den-
tro de um g rupo em que há controle de racionalidade.
Nor malmente, o pesquisador de Direito se per mitia ser um
gênio isolado, não sujeito a um controle da comunidade acadê-
mica. Quando são cr iados grupos de trabalho acadêmico, esse
isolamento desaparece. Seu colega poderá ler seu trabalho e
dizer: “isso é uma besteira”, cr iando-se um ambiente que, pelas
suas características, reduz a impunidade intelectual. Isso é um
avanço da institucionalização de que falava o Marcos.
Essa nova institucionalidade está cr iando uma novidade, os
campos de conhecimento. A pesquisa jurídica, diferentemente
da Biologia e de outras áreas, não tinha campo. Não havia uma
pessoa interessada em construir um campo de pesquisa de
Direito Penal tentando entender como funcionam as institui-
ções e as diversas relações entre elas, por exemplo. Pelo
contrár io, havia uma pessoa que falava em Direito Penal e
ponto. A construção de campos, além de avançar a compreen-
são de vár ios temas, antes tratados de for ma enciclopédica, é
também um mecanismo de controle sobre a racionalidade da
reflexão que está sendo produzida.
Muito obr igado.
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RESPOSTAS
(pergunta inaudível)
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atinge toda a sociedade e, além disso, que apenas uma parte das
instituições funciona sob a lógica da dogmática jurídica.
Tradicionalmente, a dogmática tem sido tomada como sinô-
nimo da racionalidade jurídica. Parto desse senso comum para
facilitar a comunicação e organizar os problemas que desejo pen-
sar. Assim, tentando articular as idéias mencionadas até agora,
eu poderia dizer que pesquisar em Direito significa abordar pro-
blemas dogmáticos, pensando, o tempo todo, em seus limites e
em alternativas institucionais para essa forma de reprodução ins-
titucional, pois, como eu mesmo já disse, algumas instituições
reproduzem-se sob o padrão dogmático e outras não.
Nesse ponto, é importante lembrar o diagnóstico do Professor
Tércio Sampaio Ferraz Jr. em seu livro Função social da dogmática
jurídica. O livro mostra, com base nos escritos de Niklas Luhmann,
como a dogmática jurídica, ou seja, como um determinado padrão
de reprodução institucional, tem limites e enfrenta problemas para
funcionar em determinadas situações, quando é necessário regu-
lar determinados “objetos” ou problemas sociais.
Posto isso, afirmo: a pesquisa jurídica deve refletir sobre a dog-
mática e sobre seus limites, pois o que está em jogo é a
especificidade da racionalidade jurídica e as mudanças que ela
enfrenta ao longo da História. Como a racionalidade jurídica e,
portanto, o Direito não são imutáveis nem a-históricos, qualquer
instituição de pesquisa que se proponha a compreender tal obje-
to precisa tratar do Direito, seus limites e suas transformações.
Uma escola de Direito que cumpra tal tarefa está em condi-
ções de dialogar com todos os pesquisadores que se preocupam
com o papel das instituições, pois o que está em jogo em todo
o tempo é o padrão de reprodução institucional que se consi-
dera mais adequado, eficiente, legítimo, etc. (a depender do
ponto de vista em que se situe a pesquisa) em relação aos diver-
sos objetos regulados.
Quando, no texto, trato deste ponto, trago para o centro da
análise o debate sobre desenho institucional. Faço isso para
esclarecer como é possível construir uma ligação entre o Direito
e as demais disciplinas que estudam as instituições. A idéia,
como vimos, é muito simples: existe um padrão de reprodução
do Direito que passa pela dogmática e tem limites que devem
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DEBATE
nos mesmos ter mos para países do centro, da per ifer ia, grandes,
pequenos, com ou sem recursos naturais.
Vocês podem perceber como é difícil para um economista se
posicionar em relação a este tema. Continuando a histór ia, na
década de 1990, de alguma for ma, ressurge o interesse dos eco-
nomistas sobre o tema do desenvolvimento. A explicação para
este fato relaciona-se com o seguinte: produz-se no campo da
teor ia econômica uma síntese que per mite, depois de décadas
e décadas, complementar a abordagem atomista do indivíduo
econômico isolado. Uma abordagem que coloca os indivíduos
em interação, não necessar iamente cooperativa, e eventualmen-
te também em conflito. Trata-se do desenvolvimento da teor ia
dos jogos, fronteira da teor ia econômica ortodoxa nos últimos
20, 25 anos.
O estudo de indivíduos em interação, em conflito ou em coo-
peração remete imediatamente ao tema das instituições, das
regras que marcam o processo de interação. É assim que os eco-
nomistas redescobrem o desenvolvimento, a interação e as
instituições. Talvez por isso eu esteja aqui hoje, convidado a falar
sobre este tema.
Como eu já disse no início, visões únicas em Economia,
nor malmente, são miragens. Por isso, eu dir ia, na mesma linha
que o Mario e o José Rodrigo sugeriram antes, vista com o olhar
de um economista, a relação entre Direito e Desenvolvimento
pode ser abordada a partir de duas perspectivas.
Uma, mais próxima da teor ia ortodoxa, herdeira da tradição
dominante do pensamento econômico, eu descrever ia sucinta-
mente da seguinte maneira: quando os economistas percebem a
relevância das instituições para que os mercados funcionem, per-
cebem também que o comportamento dos indivíduos econômicos
depende de sua interação, sua capacidade de administrar con-
flitos ou de cooperar. Depende, crucialmente, de que o ambiente
econômico se tor ne, de alguma for ma, previsível; que a incer-
teza em relação aos resultados das próprias ações e das respostas
dos outros se tor ne, pelo menos, tolerável. Assim, a manuten-
ção das condições iniciais, a estabilidade das regras do jogo e a
incontestabilidade dos direitos passam a ser aspectos cruciais para
que os mercados possam funcionar eficientemente.
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PERGUNTAS
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Eu sei que vocês têm uma casoteca aqui, por isso seria inte-
ressante vocês contatarem historiadores que lidam com isso,
porque são exemplos de como o pensamento ligado com a visão
de Direito mais a visão de sociedade tem tudo embutido aqui.
É supercomplicada a discussão sobre civilização, como ela aca-
bou se transformando, não digo que era o maior obstáculo, mas
um grande obstáculo ao desenvolvimento em uma área que era
absolutamente sensível, a indústria automobilística, que fez o
império americano na seqüência. Enquanto Ford começa a cami-
nhar para dar linha de montagem e fazer o Ford dele, o Ford T,
a Inglaterra refreava e segurou aquilo que seria uma tecnologia
portadora de futuro. Ela arrebentou essa possibilidade com um
dispositivo, um aparato legal jurídico fundado no Direito liga-
do à idéia de cidadania e civilização.
Bom, para terminar, eu não vou falar sobre a China, não tenho
tempo, mas talvez valesse a pena fazer um debate sobre esse
assunto, porque há quem ache que a China é um grande exem-
plo para o Brasil. Eu não acho. A China cresce mais de 9% como
média, mas a desigualdade cresce de forma cavalar na China, em
todo lugar, eles não sabem o que fazer. Quando eu estava na pre-
sidência do IPEA, fiz convênio com a China exatamente para
discutir a questão da desigualdade. Há setores do governo da
China desesperados com a questão da invasão das cidades; gente
nas metrópoles que chega a algo em torno de 300 milhões de
pessoas que não têm a mínima condição de civilização. A China
cresce, e os problemas também.
Então, Direito lá é o Direito que está colocado nas mãos do
partido comunista. É bom que vocês saibam, quem não sabe (eu
visitei), acima da suprema corte chinesa está o partido comunis-
ta. É uma noção de Direito que acho que não deve ajudar a
formar a nossa Escola.
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RESPOSTAS
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APÊNDICE
Introdução 106
Nota 130
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Introdução
Este texto propõe uma síntese de três discussões coletivas sobre
o foco de pesquisa da DIREITO GV – Direito e Desenvolvimento.
Trata-se de propor uma moldura para a organização da pesqui-
sa da DIREITO GV que seja fiel à sua curta, mas ativa histór ia
e vislumbrar um caminho para o andamento dos trabalhos futu-
ros. Esta síntese pretende apenas organizar alguns argumentos
para fins de debate.
O texto está dividido em duas partes. Na pr imeira, procu-
ro identificar, muito sucintamente, algumas características dos
trabalhos de pesquisa já realizados pela DIREITO GV. A par-
tir dessas características, passo a organizar as pautas de pesquisa
que estão em andamento em função do foco de pesquisa Direito
e Desenvolvimento. Nesta segunda parte do texto, trata-se de
mostrar: a) que as questões que preocupam a escola podem ser
organizadas em função deste foco; b) que os trabalhos que
realizamos podem abr ir novas possibilidades para pensar a rela-
ção entre Direito e Desenvolvimento; e c) que estas novas
possibilidades podem abr ir espaço para que o Direito seja con-
siderado elemento deter minante na compreensão da dinâmica
do desenvolvimento.
1. A pesquisa na DIREITO GV
As atividades de pesquisa desenvolvidas na DIREITO GV têm
como característica central a preocupação com o funcionamen-
to real das instituições. As pesquisas têm abordado, em primeiro
lugar, problemas jurídicos, dogmáticos ou não, deixando de
lado perspectivas excessivamente preocupadas com a coerên-
cia do ordenamento jurídico. Além disso, a escola tem se
preocupado em desenvolver descr ições e análises do funciona-
mento do poder judiciár io, órgãos da administração direta e
indireta e órgãos inter nacionais.
Os trabalhos de pesquisa realizados, ao centrarem seu foco em
problemas reais, mostram a preocupação de discutir a relação entre
direito e sociedade. Daí uma forte preocupação com a pesquisa empíri-
ca, mesmo por parte de pesquisadores que lidam com problemas
tradicionalmente tratados por disciplinas como direito societá-
rio, direito penal e direito civil. Esta aproximação da pesquisa em
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2. Direito e Desenvolvimento
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NOTA
1
Como diz Fer raz Jr., a dogmática jurídica “compõe, delineia e
circunscreve procedimentos que conduzem a autoridade à tomada de deci-
são. Foi essa delimitação que conduziu a Dogmática Jurídica à idéia de
subsunção e à idéia de classificação como cr itér ios máximos da sua ela-
boração teór ica.” (FERRAZ JR, 1980: 82).
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ANOTAÇÕES
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