Você está na página 1de 29

LÍNGUA PORTUGUESA

VOLUME 02
Vera Lúcia Macedo de Oliveira Teixeira

LÍNGUA PORTUGUESA
VOLUME 02

Barra do Garças - MT
Faculdade Cathedral
2020
Produzido por
Vera Lúcia Macedo de Oliveira Teixeira

Revisão Gramatical do Texto


Maria Auxiliadora da Silva Garção

Projeto Gráfico
Atila Cezar Rodrigues Lima e Coelho
Georgya Politowski Teixeira
Matheus Antônio dos Santos Abreu

BARRA DO GARÇAS - MT
JULHO 2020
Copyright © by UniCathedral, 2020
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada,
armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada,
reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer
sem autorização prévia do(s) autor(es).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) – Catalogação na Fonte


Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Roberta M. M. Caetano – CRB-1/2914

T266l Teixeira, Vera Lúcia Macedo de Oliveira


Língua portuguesa, volume 2 / Vera Lúcia Macedo de Oliveira
Teixeira. Barra do Garças: UniCathedral – Centro Universitário
(Educação a Distância), 2020.

71 p. ; il. color.
ISBN:

Conteúdo de disciplina EaD do Núcleo de Ensino a Distância


(NEaD) do UniCathedral – Centro Universitário.
.

1. Língua portuguesa - Ensino. 2. Linguística. 3. Produção textual.


4. Gramática. 5. Comunicação. I. Título. II. UniCathedral – Centro
Universitário.

CDU 81’36

UniCathedral – Centro Universitário


Av. Antônio Francisco Cortes, 2501
Cidade Universitária - Barra do Garças / MT
www.unicathedral.edu.br
SUMÁRIO
UNIDADE IV ........................................................................................................................................ 13
Noções básicas de ortografia e sintaxe .................................................................................................. 13
A gramática......................................................................................................................................... 13
Noções básicas de ortografia e sintaxe .............................................................................................. 13
Ortografia ........................................................................................................................................... 13
Palavras e expressões que podem oferecer dificuldades na grafia ................................................... 14
Sintaxe ................................................................................................................................................ 15
Concordância ...................................................................................................................................... 16
A importância da pontuação na construção de textos .......................................................................... 19
Os sinais de pontuação ....................................................................................................................... 20
Tipos textuais ......................................................................................................................................... 25
Referências bibliográficas....................................................................................................................... 30
UNIDADE V ......................................................................................................................................... 34
Coesão e coerência textuais – Parte I .................................................................................................... 34
Coesão ................................................................................................................................................ 35
Tipos de coesão textual ...................................................................................................................... 35
Coerência ............................................................................................................................................ 36
Tipos de coerência .............................................................................................................................. 36
Coesão e coerência textuais – Parte II ................................................................................................... 38
Mecanismos coesivos ......................................................................................................................... 38
Coesão ................................................................................................................................................ 39
Coesão referencial .............................................................................................................................. 39
Coesão sequencial .............................................................................................................................. 40
Coerência ............................................................................................................................................ 41
Texto: produção textual ......................................................................................................................... 44
Grau de compreensão dos textos ...................................................................................................... 45
Definição das propriedades de um texto ........................................................................................... 46
Referências bibliográficas....................................................................................................................... 47

7
UNIDADE VI ........................................................................................................................................ 51
Parágrafo: definição e estrutura ............................................................................................................ 51
Estrutura do parágrafo: tópico frasal, desenvolvimento e conclusão ............................................... 51
O que é o parágrafo............................................................................................................................ 51
Qualidades do parágrafo .................................................................................................................... 51
Parágrafo-padrão ............................................................................................................................... 52
Estrutura do parágrafo-padrão .......................................................................................................... 52
Tópico frasal ....................................................................................................................................... 52
Desenvolvimento................................................................................................................................ 55
Conclusão ........................................................................................................................................... 55
A paráfrase como estratégia comunicativa ............................................................................................ 57
A paráfrase como estratégia de comunicação ................................................................................... 57
Composição estrutural dos trabalhos acadêmicos ................................................................................ 61
Formatação......................................................................................................................................... 62
Citações .............................................................................................................................................. 62
Referências ......................................................................................................................................... 64
Referências bibliográficas....................................................................................................................... 66

8
INTRODUÇÃO
Bem-vindos ao Volume 02 da Disciplina Língua Portuguesa!
A capacidade do raciocínio, de observação, de interpretação, de análise de textos diversos são
conhecimentos essenciais para a identificação e resolução de problemas. Dessa forma, o desenvolvimento
de competências estará voltado à relação entre a teoria e a prática como elemento fundamental ao
enfrentamento de desafios de forma criativa, levando em conta as novas situações relacionadas às
transformações da sociedade e do mundo do trabalho.
Nas Unidades I, II e III vimos que o ato de se comunicar é inerente à sociedade moderna, principalmente,
em ambientes que dependem de uma boa comunicação para apresentar resultados positivos. Desse modo,
estimulado pelas inúmeras mudanças provocadas na sociedade, estudos sobre a Comunicação ganham cada
vez mais, relevância social. Comunicar-se bem devem ser uma preocupação de todas as pessoas,
indistintamente, em especial, com as informações que são transmitidas por elas mesmas.
Nessa perspectiva, as Unidades de Aprendizagem IV, V e VI, da Disciplina de Língua Portuguesa,
apresentam conteúdos pontuais que auxiliarão o acadêmico na compreensão da estrutura de um bom texto,
propiciando a aquisição de habilidades de produção de um texto coeso e coerente e, além disso,
apresentando maneiras de melhorar a linguagem oral, pela correção gramatical. Desse modo, as unidades
que seguem, propõem um desenvolvimento de competências nas quais o acadêmico será capaz de aprimorar
sua comunicação, tanto oral quanto escrita.
As Unidades de Aprendizagem IV, V e VI propõem os seguintes objetivos:
Unidade IV: Explicar sobre os tipos textuais, a importância da pontuação na construção de textos, sem
perder de vista as noções básicas de ortografia e sintaxe;
Unidade V: Propor o estudo sobre a coesão e coerência textuais, os tipos de gêneros textuais e a produção
textual;
Unidade VI: Orientar sobre parágrafo, paráfrase e composição estrutural de trabalhos acadêmicos.

9
11
UNIDADE IV
Autor(a) da Unidade
Luiz Felipe Petusk Corona

Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de:

• Adquirir conhecimentos teóricos a respeito das noções básicas de ortografia e sintaxe;


• Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações da
comunicação;
• Compreender e interpretar diferentes tipos de textos;
• Desenvolver habilidades técnicas para elaborar textos diversos, demonstrando clareza coesão,
coerência, objetividade e adequação da linguagem na produção dos discursos.

12
UNIDADEIV

NOÇÕES BÁSICAS DE ORTOGRAFIA E SINTAXE

A GRAMÁTICA
De acordo com a definição do Dicionário Aurélio, gramática é o estudo ou tratado dos fatos da linguagem,
falada e escrita, e das leis naturais que a regulam. A gramática exerce funções importantes, como por
exemplo, descrever o sistema de um determinado idioma, ou seja, ela apresenta as normas reguladoras do
idioma, determina as condições de uso da língua, especialmente, no que se refere ao uso na modalidade
escrita. Na Língua Portuguesa, a gramática tem a função de estabelecer regras para o uso da língua, que por
sua vez é uma ferramenta importante no contexto da comunicação.

NOÇÕES BÁSICAS DE ORTOGRAFIA E SINTAXE


ORTOGRAFIA
De acordo com Terciotti e Ricino (2012), a palavra ORTHO significa correto e GRAPHIA significa escrita.
Então, ortografia é a correta escrita das palavras. Os erros ou desvios ortográficos precisam ser evitados
tanto na fala, como na escrita, pois sugerem deficiência no aprendizado do sistema ortográfico da língua.

A ortografia se insere na Fonologia (estudo dos fonemas) e


junto com a Morfologia e a Sintaxe são as partes que
compõem a gramática.

13
PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE PODEM OFERECER DIFICULDADES NA GRAFIA
Determinadas palavras e expressões podem oferecer dificuldades no momento de escrevê-las.
Vamos conhecer algumas?

Ao encontro / de encontro:

Ao encontro (rege a preposição de) significa a favor de.


A lei vem ao encontro dos interesses da sociedade.

De encontro (rege a preposição a) significa contra alguma coisa, em direção oposta.


A decisão tomada pelo governador foi de encontro às reivindicações dos servidores.

Cessão / sessão / seção / secção:

Cessão significa o ato de ceder, o ato de dar. Ex.: A menina realizou a cessão de livros à biblioteca.

Sessão é o intervalo de tempo que dura uma reunião, uma assembleia. Ex.: Vamos assistir a uma sessão
de cinema hoje?

Seção (secção) significa divisão de um todo; parcela, porção, segmento, subdivisão, corte. Ex.: A seção do
jornal que fala de esportes está um espetáculo essa semana.
Esta é a minha seção eleitoral. Ex.: A secção no braço do menino foi suturada pelo cirurgião plástico de
forma exemplar.

Há / a:

Na indicação de tempo, emprega-se:


há – para tempo passado (equivale a faz). Ex.: Há quatro anos não encontro meus avós paternos.
a – para tempo futuro. Ex.: Daqui a três anos meus tios aparecerão.

Mais / mas:

Mais é um advérbio de intensidade; também pode dar ideia de adição. Se invertermos o significado da
frase, podemos substituí-lo por menos:
Ex.: É a menina mais estudiosa do semestre! / Dois mais dois nem sempre dá quatro?

Mas é uma conjunção adversativa e indica oposição, contraste. Pode ser substituída por outra conjunção
adversativa, como: porém, contudo, todavia, entretanto etc.
Ex.: João estudou, mas não conseguiu passar.

Mau / mal:

Mau é sempre um adjetivo (seu antônimo é bom); refere-se, pois, a um substantivo ou pronome.
Ex.: João é um menino mau. / A menina está sempre de mau humor.

Mal pode ser:


a) advérbio de modo (antônimo de bem). Ex.: Ele canta muito mal.
b) conjunção temporal (equivale a assim que). Ex.: Mal chegou, saiu.
c) substantivo (quando precedido de artigo ou de outro determinante). Ex.: O mal não tem remédio.

14
Onde / aonde:

Emprega-se aonde com os verbos que dão ideia de movimento. Equivale a para onde.
Aonde vamos? / Aonde vai com tanta pressa?
Já com os verbos que não dão ideia de movimento, emprega-se onde.
Ex.: Onde está o dinheiro? / Onde vamos parar?

Quê / por que/ por quê/ porque/ porquê:

A palavra que quando utilizada no final da frase deve ser acentuada, pois é um monossílabo tônico
terminado em -e.
Você tem medo de quê? / Ela pensa em quê?
Escreve-se por que (sem acento e separado) por se tratar de duas palavras (a preposição por mais o
pronome que):
a) quando equivale a pelo qual e flexões.
Ex.: Este é o caminho por que passo todos os dias.
b) quando, depois dele, vier escrita ou subentendida a palavra razão. Caso seja utilizada no final da frase,
a palavra que deverá ser acentuada.
Ex.: Por que razão você não compareceu? / Ele não compareceu por quê?
Escreve-se porque (sem acento e junto) por se tratar de uma conjunção explicativa ou causal.
Ex.: Não viajarei porque estou doente. / Não compareci porque acordei muito atrasada.
Escreve-se porquê (com acento e junto) por estar substantivado, ou seja, precedido de artigo (o artigo é
utilizado antes da palavra).
Ex.: Não sei o porquê de sua indignação. / Estamos estudando o uso do porquê.

SINTAXE
Sintaxe é a parte da gramática que estuda as relações entre as palavras dentro de uma frase ou orações.
Vamos iniciar diferenciando frase, oração e período?

Frase é representada por uma construção comunicativa de sentido completo de uma ou mais palavras,
possuindo verbo ou não. As frases que não possuem verbos recebem o nome de frases nominais. Na fala, a
demarcação da frase se dá por meio da entonação da voz; já na escrita, é identificada pelo uso de letra
maiúscula no início e sinal de pontuação ao final. Exemplos: Atenção, menino! / Maria fez um belo trabalho!

Vale ficar atento aos diversos tipos de frases: frases interrogativas, frases imperativas, frases
exclamativas, frases declarativas, frases optativas.

Oração é o enunciado que se organiza em torno de um verbo ou locução verbal (verbo auxiliar flexionado + verbo
principal). O número de orações na frase é determinado pela quantidade de verbos presentes na frase.
Exemplo: Flávio brincou no parquinho.

Período é uma frase formada por uma ou mais orações. Ele é classificado em simples e composto. O
primeiro é quando a frase possui apenas uma oração e o segundo quando possui duas ou mais orações.
Exemplos: O almoço hoje será um assado. (período simples) / Quando a demitiram sua vida ficou sem
sentido. (período composto)

15
CONCORDÂNCIA
A concordância é o processo sintático segundo o qual certas palavras se combinam ou flexionam. As
palavras podem flexionar em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural) – nos nomes
(substantivos, pronomes, numerais) e pessoa (1ª, 2ª e 3ª) e número (singular e plural) – nos verbos. Por isso,
temos a concordância nominal e verbal. (MARTINO, 2017).

Concordância Nominal

A concordância nominal é determinada pela flexão (de gênero e número) de adjetivos, pronomes,
artigos, numerais e particípios para se relacionar às características dos nomes (substantivos, pronomes,
numerais), aos quais eles se ligam, caracterizando-os.

Regra geral: o artigo, o numeral, o adjetivo e o pronome adjetivo concordam com o substantivo a que
se referem em gênero e número.

a) Um adjetivo posposto (após) referindo-se a mais de um substantivo de mesmo número: concorda


com o substantivo mais próximo, ou vai para o plural, concordando com os dois substantivos.
Exemplo: Cão e coelho esperto (ou espertos) corriam pela fazenda.

b) Um adjetivo posposto a dois (ou mais) substantivos com gêneros e números diferentes: concorda
com o substantivo mais próximo, ou vai para o plural, concordando com os dois substantivos.
Exemplos: Comprei sapato e camisas novas (ou novos). / Cão e raposas espertas (ou espertos) corriam
pela fazenda.

c) Um adjetivo posposto referindo-se a mais de um substantivo de mesmo número, mas com gêneros
diferentes: o adjetivo vai para o masculino plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
Exemplos: Cão e raposa espertos (ou esperta) corriam pela fazenda. / Raposa e cão espertos (ou esperto)
corriam pela fazenda.

d) Um adjetivo anteposto (antes) ao substantivo: sempre concorda com o substantivo mais próximo.
Exemplos: Esperto cão e raposa corriam pela fazenda. / Esperta raposa e cão corriam pela fazenda.

16
Casos especiais

a) Obrigado, mesmo (adjetivo), próprio, incluso, anexo, leso e quite: concorda com o substantivo a que
se refere.
Exemplos: Muito obrigada, disse a coordenadora. / Encontrará inclusa a procuração. / Seguem anexas as
informações que me pediu.

b) Menos: a palavra é invariável e sempre fica no singular.


Exemplo: Nessa classe há menos mulheres do que homens.

c) É proibido, é necessário, é preciso, é bom:


• São invariáveis se o sujeito não tiver determinante. Exemplos: É proibido entrada de alunos. / É
necessário cautela. / É bom hortelã para tosse.
• Concordam com o sujeito em gênero e número quanto este vier com determinante. Exemplos: É proibida a
entrada de alunos. / É necessária a identificação dos convidados. / É boa a hortelã para tosse.

Curiosidades sobre a concordância nominal


Na Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza ou Principios da Grammatica Geral Applicados à nossa
Linguagem, de Jeronymo Soares Barbosa (4a ed. Lisboa, 1866. p. 81), só entre os substantivos que designam
animais, ou seja, quem realmente determina o gênero é o sexo. Diz taxativo o eminente gramático do século
XVIII e XIX: “Todos os mais seres que não tem sexo algum, deveriam ser arranjados na classe do gênero
neutro, isto é, formarem todos uma terceira classe, em que entrassem os nomes dos indivíduos e das coisas
que nenhum sexo tem, nem masculino nem feminino”. De fato, só substantivo tem gênero, e a necessidade
de concordância dos adjetivos (adjetivo, artigo, numeral e pronome) com ele é que leva o espírito a criar um
gênero para seres sem sexo. Tal criação, entretanto, é aleatória e pode variar em cada época. Portanto, talvez
seja apenas uma questão de tempo palavras como DÓ (pena) e GRAMA (peso), ainda consideradas
masculinas, virarem femininas, devido ao uso vivo que o povo faz delas, como muitas vezes ocorre e já
ocorreu na língua. Assim, cita ainda Jeronymo Barbosa Soares, palavras como cometa, estratagema, êxtase,
fim, mapa e planeta eram femininas até o século XVIII, e o uso as transformou em masculinas. Mas há muitos
substantivos masculinos, continua o autor, que o povo transformou em femininos: aleluia, árvore, bagagem,
base, coragem, frase, homenagem, linguagem, linhagem, origem e pirâmide. Como se vê, não ter sexo é um
problema genérico para os substantivos! (TERCIOTTI; RICINO, 2012, p. 61-62)

Concordância verbal

Regra geral: o verbo concorda com o sujeito em número (singular/plural) e pessoa (1ª, 2ª e 3ª).

a) Verbo com sujeito simples: o verbo concorda em número e pessoa, não interessando a posição.
Exemplos: Chegaram, naquela noite, os amigos. (os amigos = sujeito). / Os amigos chegaram naquela noite.

b) Sujeito composto antes do verbo (anteposto): o verbo vai para o plural. Exemplo: Goiânia e Anápolis
são as principais cidades de Goiás.

17
O verbo poderá ficar no singular nos seguintes casos:
• Se os núcleos do sujeito forem sinônimos. Exemplo: A angústia e ansiedade não o ajudava a se
concentrar.
• Quando os núcleos formam uma gradação, ou seja, núcleos que são causa de uma consequência.
Exemplo: A angústia, a solidão, a falta de companhia levou-o ao vício da bebida.
• Quando os núcleos aparecem resumidos por tudo, nada, ninguém. Exemplos: Diretores,
coordenadores, colaboradores, ninguém faltou. / As lágrimas, as súplicas, a irritação, nada o comoveu.

c) Sujeito composto depois do verbo (posposto): o verbo concorda com o mais próximo ou com todos os
elementos. Exemplos: Brinca tia e sobrinho. / Brincam tia e sobrinho.

d) Sujeito composto de pessoas diferentes:


• Quando aparece a 1ª pessoa do singular, o verbo vai para a 1ª pessoa do plural. Exemplos: João e eu
viajaremos amanhã. / Carla e eu encontramos vários tipos de conchas.
• Se o sujeito for formado por segunda e terceira pessoas do singular, o verbo pode ir para a 2ª ou 3ª
pessoa do plural. Exemplos: Tu e ele partireis amanhã. /Tu e tua esposa viajarão cedo.

e) Substantivo coletivo e expressões partitivas:


• O verbo fica no singular, caso não seja seguido de substantivos no plural. Exemplos: O bando
desapareceu. / A maioria conseguiu.
• O verbo fica no singular ou no plural, se seguido de nomes (especificador) no plural. Exemplos: O
bando de marginais desapareceu/desapareceram. / A maioria dos estudantes reprovou/reprovaram.

f) Verbos haver e fazer:


• Haver: quando sinônimo de existir ou acontecer é impessoal e fica sempre na terceira pessoa do
singular. Exemplos: Não havia dúvidas sobre o caráter dela. (Não existiam dúvidas...) / Houve brigas
semana passada. (Aconteceram...)
• Haver e fazer com o sentido de tempo decorrido: ficam sempre no singular. Exemplos: Há trinta dias
não vejo meus filhos. / Faz cinco meses que moramos aqui.

g) Indicação de horas, datas e distância: o verbo concorda com o número. Exemplos: São cinco horas. /
É uma hora e dez. / São trinta de julho. (ou É dia trinta de julho) / São cinquenta metros.

h) Sujeito: nome próprio no plural:


• Precedido de artigo: verbo no plural. Exemplo: Os Estados Unidos enviaram reforço.
• Não precedido de artigo: verbo no singular. Exemplo: Estados Unidos enviou reforço.

i) O verbo “ser”: Este verbo concordará muitas vezes com o predicativo e não com o sujeito, a não ser se
o sujeito for nome próprio. Exemplos: Meu problema são três? / Joana é desejos.
• As expressões formadas pelo verbo “ser”: é muito, é pouco, é demais etc. são invariáveis e por isso
não concordam com o sujeito. Exemplos: Trinta quilos é muito. / Quinhentos metros é demais. /
Quarenta reais é pouco.

Dando prosseguimento aos nossos estudos, trataremos da estrutura do parágrafo, tópico essencial, para que
você escreva bem um texto. Fique atento!

18
A IMPORTÂNCIA DA PONTUAÇÃO NA CONSTRUÇÃO
DE TEXTOS

De acordo com Catach (1996, p. 79), “pontuação


é um sistema de reforço da escrita, constituído de
sinais sintáticos que participam de todas as funções
da sintaxe, gramaticais, entonacionais e
semânticas”.
Os sinais de pontuação são marcações gráficas,
que servem para compor a coesão e a coerência
textual, além de ressaltarem especificidades
semânticas e pragmáticas. São recursos típicos da
língua escrita, porque esta dispõe do ritmo e da
melodia da língua falada.
O surgimento da imprensa, nos séculos XIV e XVII,
foi o principal responsável pela evolução da pontuação. Os sinais de pontuação foram criados e
desenvolvidos na Língua Portuguesa para que pudessem dar sentido ao texto, quando utilizados de forma
correta. Segundo Azeredo (2008), um texto bem pontuado há de ser aquele em que a pontuação constitui
uma pista segura para a apreensão do sentido pretendido, por seu autor. Ou seja, um texto com a pontuação
correta faz com que o leitor compreenda o autor.
Não há regras infalíveis e obrigatórias para pontuar, pois a pontuação depende de quem escreve o texto,
pelo fato da pontuação estar ligada aos sentidos e às relações que se pretendem estabelecer e os acordos
relativos à utilização dos sinais de pontuação articulam a estrutura dos enunciados. Para realizar a pontuação,
é necessário conhecer os principais acordos. É preciso observar com bastante atenção o uso da pontuação
nos textos lidos a fim de compreender os sentidos pretendidos pelo autor.

19
Podemos perceber nestes exemplos que o simples, e não menos importante, fato de adicionar uma vírgula
possibilitou mudanças significativas nos sentidos pretendidos pelo seu autor, os quais, ficaram obscuros e
inapreensíveis justamente pela falta da pontuação. “Mandei um telegrama para meu irmão que mora em
Roma.” “Mandei um telegrama para meu irmão, que mora em Roma. ”A primeira oração indica que a pessoa
tem pelo menos dois irmãos, e que um desses irmãos mora em Roma; já a segunda indica que a pessoa tem
apenas um irmão e que este mora em Roma.

OS SINAIS DE PONTUAÇÃO
Além de pausa na fala e entonação da voz, os sinais de pontuação reproduzem, na escrita, nossas
emoções, intenções e anseios. Os sinais de pontuação formam um pequeno conjunto composto por:

1. Vírgula (,)
Exerce funções básicas como, por exemplo, enumerações, intercalações, supressões, limites de algumas
unidades da sentença, limites entre as sentenças no período. É usada para:

a) separar termos que possuem mesma função sintática na oração: O menino berrou, chorou, esperneou
e, enfim, dormiu. Nessa oração, a vírgula separa os verbos.

b) isolar o vocativo: Então, minha cara, não há mais o que se dizer!

c) isolar o aposto: O João, ex-integrante da comissão, veio assistir à reunião.

d) isolar termos antecipados, como complemento ou adjunto:


1. Uma vontade indescritível de beber água, eu senti quando olhei para aquele copo suado!
(Antecipação de complemento verbal)
2. Nada se fez, naquele momento, para que pudéssemos sair! (Antecipação de adjunto adverbial)

e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos: isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois,
porém, mas, no entanto, assim, etc.

f) separar os nomes dos locais de datas: Brasília, 30 de janeiro de 2009.

g) isolar orações adjetivas explicativas: O filme, que você indicou para mim, é muito mais do que esperava.

20
2. Pontos
2.1 - Ponto-final (.)
É usado ao final de frases para indicar uma pausa total:
a) Não quero dizer nada.
b) Eu amo minha família.
E em abreviaturas: Sr., a. C., Ltda., vv., num., adj., obs.

2.2 - Ponto de Interrogação (?)


É usado para indicar o fim de uma pergunta.

a) Formular perguntas diretas:


Você quer ir conosco ao cinema?
Desejam participar da festa de confraternização?

b) Para indicar surpresa, expressar indignação ou atitude de expectativa diante de uma determinada
situação:
O quê? Não acredito que você tenha feito isso! (Atitude de indignação)
Não esperava que fosse receber tantos elogios! Será que mereço tudo isso? (Surpresa)
Qual será a minha colocação no resultado do concurso? Será a mesma que imagino? (Expectativa)

2.3 - Ponto de Exclamação (!)


Exerce suas funções após uma expressão exclamativa ou de uma interjeição, em chamamentos, orações
imperativas, para expressar espanto, alegria, perplexidade. Esse sinal de pontuação é utilizado nas seguintes
circunstâncias:

a) Depois de frases que expressem sentimentos distintos, tais como: entusiasmo, surpresa, súplica,
ordem, horror, espanto:
Iremos viajar! (Entusiasmo)
Foi ele o vencedor! (Surpresa)
Por favor, não me deixe aqui! (Súplica)
Que horror! Não esperava tal atitude. (Espanto)
Seja rápido! (Ordem)

b) Depois de vocativos e algumas interjeições:


Ui! que susto você me deu. (Interjeição)
Foi você mesmo, garoto! (Vocativo)

c) Nas frases que exprimem desejo:


Oh, Deus, ajude-me!

Observações dignas de nota:


* Quando a intenção comunicativa expressar, ao mesmo tempo, questionamento e admiração, o uso dos
pontos de interrogação e exclamação é permitido. Observe:
Que que eu posso fazer agora?!
* Quando se deseja intensificar ainda mais a admiração ou qualquer outro sentimento, não há problema
algum em repetir o ponto de exclamação ou interrogação. Note:
Não!!! – gritou a mãe desesperada ao ver o filho em perigo.

2.4 - Ponto e vírgula (;)

21
É possível utilizá-lo para separar longas sentenças que constituem o mesmo pensamento, separar
sentenças com significados em oposição ou contrastes ou no fim de cada item (exceto no último) em uma
lista de pedidos, conclusões etc.

a) separar itens enumerados:


A Matemática se divide em:
• geometria;
• álgebra;
• trigonometria;
• financeira.

b) separar um período que já se encontra dividido por vírgulas: Ele não disse nada, apenas olhou ao longe,
sentou por cima da grama; queria ficar sozinho com seu cão.

A pontuação constitui parte integrante da fonologia, que é um ramo específico da Linguística e estuda a
categorização de sons em línguas específicas e os aspectos relacionados à percepção. Assim, os sinais de
pontuação têm a função de dar o aspecto sonoro, no sentido de assinalar pautas e a inflexão da voz do leitor
às frases.

2.5 - Dois-pontos (:)


Pode ser utilizado antes de uma citação colocada no enunciado, antes de enumerar ou como sinal de
esclarecimento, explicação do que foi dito.

a) Fazer uma citação ou introduzir uma fala:


Ele respondeu: não, muito obrigado!

b) Indicar uma enumeração:


Quero lhe dizer algumas coisas: não converse com pessoas estranhas, não brigue com seus colegas e não
responda à professora.

3. Aspas (“ ”)
Servem para sinalizar a reprodução de partes de algum texto ou para citar palavras ditas por outra pessoa,
indicar gírias ou palavras estrangeiras, utilizar palavras de forma irônica, dar ênfase ao título de um livro,
filme, disco etc. São usadas para indicar:

a) citação de alguém: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamo mostra um início firme. Ainda na
edição, os 25 anos do MST e o bloqueio de 2 bilhões de dólares do Oportunity no exterior” (Carta Capital on-
line, 30/01/09);

b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias: Nada pode com a propaganda de “outdoor”.

4. Reticências (...)
Podem ser usadas para indicar uma suspensão do pensamento, uma hesitação ou, até mesmo, uma
dúvida ou para indicar a omissão de parte de uma citação.

22
a) (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa, O bem que neste mundo mais invejo? O brando ninho aonde o
nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa? (...)

b) E então, veio um sentimento de alegria, paz, felicidade...c) Eu gostei da nova casa, mas do quintal...

5. Parênteses ( )
Podem ser utilizados para indicar uma unidade intercalada, porém são mais usados para acrescentar um
comentário do autor ou, até mesmo, uma informação na unidade, quando se quer explicar melhor algo que
foi dito ou para fazer simples indicações. Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (O “e” aparece
repetido e, por isso, há o predomínio de vírgulas).

6. Travessão (–)
É usado para sinalizar em um diálogo a fala de cada interlocutor, para esclarecer, sintetizar o que foi dito
e o travessão duplo é para indicar unidades intercalas.
O travessão é indicado para:

a) Indicar a mudança de interlocutor em um diálogo:


- Quais ideias você tem para revelar? - Não sei se serão bem-vindas.
- Não importa, o fato é que assim você estará contribuindo para a elaboração deste projeto.

b) Separar orações intercaladas, desempenhando as funções da vírgula e dos parênteses:


Precisamos acreditar sempre – disse o aluno confiante – que tudo irá dar certo.
Não aja dessa forma – falou a mãe irritada – pois pode ser arriscado.

c) Colocar em evidência uma frase, expressão ou palavra:


O prêmio foi destinado ao melhor aluno da classe – uma pessoa bastante esforçada.

23
QUESTÃO DE PONTUAÇÃO

Todo mundo aceita que ao homem


cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);
viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):
o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive
o inevitável ponto final.
( João Cabral de Melo Neto)

Na Língua Portuguesa, o emprego dos sinais de pontuação é fator


imprescindível para uma correta escrita e leitura de textos. A grande
dificuldade encontrada é empregá-los corretamente, pois, durante
a educação básica, a maioria dos alunos aprende apenas esse uso
gramatical de forma descontextualizada.

24
TIPOS TEXTUAIS

Para início de conversa, faz-se necessário distinguir tipos textuais e gêneros textuais (ou discursivos).
Tipo textual é uma sequência, previamente, definida com relação a forma, estrutura e conteúdo de um
texto, ou seja, características que sempre tem em vista o objetivo da comunicação. São chamados, também
de modos de organização de um texto, sendo limitados.
Esses diferentes tipos de texto se materializam em inúmeros gêneros textuais ou discursivos, que

[...] correspondem a certos padrões de composição de texto determinados pelo


contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam, por sua
finalidade, por seu contexto de circulação, et. São exemplos de gêneros discursivos
a reportagem, a receita, a carta, o anúncio, dentre outros. (ABAURRE; ABAURRE,
2007, p. 33).

Nesse sentido, os gêneros textuais são os textos que podem ser encontrados no dia a dia. Eles são
inúmeros e apresentam características sócio comunicativas que são definidas por seu estilo, função,
composição, conteúdo e canal de transmissão.
Na composição dos gêneros textuais podemos encontrar a presença dos tipos textuais. Por
exemplo: o gênero novela apresenta a tipologia narrativa em sua composição, já o gênero receita
apresenta o tipo injuntivo.
Marcuschi (2002, p. 22), corrobora com pensamento de Abaurre e Abaurre (2007), com relação à
definição de tipo e gênero textuais, observe:

[...] tipo textual designa uma espécie de sequência teoricamente definida pela
natureza linguística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos, tempos
verbais, relações lógicas}. [...] são: narração, argumentação, exposição, descrição,
injunção.

25
[...] gênero textual refere-se a textos materializados que encontramos na nossa
vida diária e que apresentam características sócio comunicativas definidas por
conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica, os gêneros
são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão,
carta comercial, romance, bilhete, reportagem jornalística, horóscopo, receita
culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de
uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversa
espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas
virtuais e assim por diante.

Observe, agora, a definição de cada um dos tipos textuais e seus exemplos.

1-Narração: A narração é o relato de fatos ocorridos, em um certo espaço (ou lugar) e tempo, com
determinados personagens, cuja ação é contada por um narrador. Esse tipo de texto, geralmente, se
desenvolve em torno de um conflito (oposição ou tensão entre forças ou personagens). Pode ser objetiva ou
subjetiva.

Observe os elementos de uma narrativa:

Enredo: é o conjunto de fatos ligados entre si que fundamentam a ação de um texto narrativo.

Personagem: é um ser criado para um texto narrativo. Pode ser uma pessoa, um animal, sentimento ou
objeto personificado.

Espaço: é o lugar em que a narrativa ocorre.


O tempo corresponde à duração da ação. Pode ser cronológico (marcado por horas, datas) ou psicológico
(maneira como as personagens percebem a passagem do tempo).

Ação é tudo aquilo que os personagens fazem na narrativa, incluindo suas falas ou pensamentos.

Os gêneros que se utilizam da narração são: lendas, contos de fada, novela, crônicas, notícias, fábulas etc.

Observe os exemplos abaixo:

Rubião tinha vexame, por causa de Sofia; não sabia haver-se com senhoras.
Felizmente, lembrou-se da promessa que a si mesmo fizera de ser forte e
implacável. Foi jantar. Abençoada resolução! Onde acharia iguais horas? Sofia era,
em casa, muito melhor que no trem de ferro. Lá vestia a capa, embora tivesse os
olhos descobertos; cá trazia à vista os olhos e o corpo, elegantemente apertado em
um vestido de cambraia, mostrando as mãos, que eram bonitas, e um princípio de
braço. Demais, aqui era a dona da casa, falava mais, desfazia-se em obséquios;
Rubião desceu meio tonto.
ASSIS, Machado de. Quincas Borba. Rio de Janeiro: Ediouro, 1994. ([fragmento)

O desaparecido
Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de antigamente que
sentiam frio na alma quando a tarde estava fria, e então eu sinto uma saudade
muito grande, uma saudade de noivo, e penso em ti devagar, bem devagar, com
um bem-querer tão certo e limpo, tão fundo e bom que parece que estou te
embalando dentro de mim. (Rubem Braga. Narração subjetiva).

26
2-Descrição: A descrição é a apresentação das características de um ser vivo, objeto ou ambiente. Por
destacar as características dos objetos ou seres, devem ser empregados muitos adjetivos e comparações. A
intenção da descrição é criar um retrato escrito, por isso são importantes os detalhamentos e a seleção das
características mais significativas. A descrição pode ser objetiva e subjetiva. Os gêneros que se se utilizam da
descrição são: laudo, relatório, ata, guia de viagem etc.

A casa rouca
Ficara o galo, sobrevivência da ruína.
Rouco o seu canto. Canto que não parecia mais de galo, senão a própria voz da casa
abandonada. Casa rachada ao sol, aluindo-se ao vento de chuva.
Não mais agora figuras humanas entrando; apenas lagartixas e morcegos para
recepção às sombras.
Casa rouca submersa no matagal, teu galo ficou. E seu canto perdeu o timbre de
sol, já não inaugura os dias. E se fez adequado aos estragos do reboco, à podridão
das esquadrias – última secreção de pareces gemidas.
Galo rouco. Casa rouca. [...]
MACHADO, Anibal. Cadernos de João. São Paulo: Nova Fronteira, 2001.
(Fragmento)

A bonita cidade é pequena e pacata. Lá todas as pessoas se conhecem. O que há na


cidade se resume em praticamente algumas poucas lojas, uma escola muito boa,
uma igreja lindíssima e uma praça muito florida. (Descrição subjetiva).

3-Dissertação: O texto dissertativo-argumentativo é aquele que expõe ideias e, ao mesmo tempo, tenta
convencer o interlocutor da validade delas. Apresenta uma tese (opinião central) sustentada por
argumentos. É encontrado em inúmeros gêneros, como editoriais de jornais ou revistas, artigos de opinião,
cartas argumentativas, dissertação-argumentativa, editorial etc.

O código da burrice
Entre as besteiras que circulam por aí sobre "O Código Da Vinci", a mais arrepiante
é que a história do casamento de Jesus com Maria Madalena derruba um "dogma"
da Igreja Católica. [...]
Jesus casou, e daí? Sugerir que, ao longo dos séculos, a Igreja Católica boicotou esse
casamento é uma besteira que nem merece o nome de folclore religioso. E procurar
descendentes do casal ao longo da história equivale à procura da mula-sem-cabeça
e do saci-pererê.
Umberto Eco, que além de romancista é um ensaísta de peso, disse tudo quando
foi questionado sobre "O Código da Vinci": uma burrice. Casado ou solteiro, Jesus,
para seus crentes, será sempre a alegria dos homens. [...]
CONY, Carlos Heitor. Folha de S. Paulo, 25 maio 2006. (Fragmento)

Para produzir um bom texto dissertativo-argumentativo, é necessário estar atento para as exigências que
cada parte do texto - introdução, desenvolvimento e conclusão - possui, conforme explicado acima. Além

27
disso, é importante lembrar: do uso da norma-padrão da língua portuguesa; de fundamentar os argumentos
a partir de conhecimentos de diversas áreas; apresentar domínio dos elementos de coesão e coerência da
língua.

Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/texto-dissertativo-argumentativo.htm

4-Exposição: Os textos expositivos apresentam os pontos de vista acerca de um assunto, sem defender
qualquer posição. O objetivo é informar e expor determinada ideia, por meio de recursos como: definição,
conceituação, informação, descrição e comparação. Os gêneros que se utilizam da estrutura expositiva são:
seminários, palestras, trabalhos acadêmicos, resumo, fichamento, texto de divulgação científica etc.

[...] Três cientistas brasileiros que atuam no Centro de Câncer MD Anderson da


Universidade do Texas assinam essa pesquisa: Renata Pasqualini, Wadid Arap e Glauco
Ranna de Souza. Quando eles descobriram que os tecidos doentes, como tumores,
exibem moléculas individualizadas em suas superfícies (como se fossem as impressões
digitais de cada célula doente), os três pesquisadores desenvolveram em laboratório
receptores complementares dessas moléculas. Assim se explica por que o nanotáxi de
ouro não erra o alvo: uma vez injetado no corpo, o vírus (inócuo ao organismo humano)
leva consigo justamente esse “complemento molecular” com medicamentos. E, por ser
um complemento das próprias moléculas das células doentias, é impossível haver erro
de identificação de endereço. [...] Essa terapia ainda passará por testes até que possa
ser empregada em seres humanos. Mas sem dúvida é a mais dourada das armas contra
o câncer de que a ciência lança mão nos últimos tempos. (SCARBI, 2006. Fragmento de
uma reportagem publicada na revista IstoÉ).

5-Injunção: Os textos injuntivos, também chamados de texto instrucional, têm por objetivo expressar
uma ordem, orientando e persuadindo o interlocutor. Logo, apresentam, na maioria dos casos, verbos no
imperativo. Alguns exemplos de gêneros textuais injuntivos: receita culinária, tutorial, bula de remédio,
manual de instruções, regulamento etc.

Ao sentir cheiro de gás dentro de casa, tome as seguintes providencias:


1- apague toda e qualquer chama.
2- Não acenda qualquer tipo de chama.
3- Não mexa em interruptores elétricos.
4- Não utilize o telefone celular próximo ao local. Saia do ambiente e faça uma
ligação de um lugar aberto e ventilado.
5- Feche o registro da entrada de gás.
6- Abra as janelas e as portas, permitindo maior ventilação do ambiente. [...]
(Manual de instruções de um fogão).

Para Travaglia (2007), dificilmente são encontrados tipos puros.


A essa mistura de tipos textuais presentes em um gênero, dá-se o
nome de conjugação tipológica.

28
Chegamos ao fim desta Unidade de aprendizagem. Espero que você tenha aproveitado todas as dicas
mencionadas. Vamos para a próxima!

Leia o Artigo:

29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M. Produção de texto: interlocução e gêneros. São
Paulo: Moderna, 2007.

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008.

CATACH, Nina (org.). Para uma teoria da língua escrita. São Paulo: Ática, 1996.

CONY, Carlos Heitor. Folha de S. Paulo, 25 maio 2006.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.;
BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais & ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

__________. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.

MARTINO, Agnaldo. Português Esquematizado: gramática, interpretação de texto, redação oficial, redação
discursiva. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

SGARBI, Luciana. O vírus de ouro. Revista Isto É. n. 1896. 22 jun de 2006. Disponível em:
<https://istoe.com.br/17745_O+VIRUS+DE+OURO+/#>. Acesso em 10 jun. 2018.

TERCIOTTI, Sandra Helena, RICINO, Leo. Redação na prática: Um guia que faz a diferença na hora de
escrever bem: para cursos de graduação e concursos públicos. São Paulo: Saraiva, 2012.

30

Você também pode gostar