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© Bernardo Motta
bmotta@observit.pt
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Curso Ciência e Fé
I – Introdução
II – Filosofia Grega e Cosmologia Grega
III – Filosofia Medieval e Ciência Medieval
IV – Inquisição e Ciência
V e VI – O Caso Galileu
VII – A Revolução Científica
VIII – Darwin e a Igreja Católica
IX – Os Argumentos Cosmológico e Teleológico
X – Filosofia da Mente e Inteligência Artificial
XI – Milagres e Ciência
XII – Concordância entre Cristianismo e Ciência
Índice
1. Introdução
2. O Argumento Cosmológico
3. O Argumento Teleológico
4. Conclusão
3
Introdução
4
Introdução
A existência de Deus
Razões subjectivas
Emotivas, estéticas, intuitivas, vivenciais, fenomenológicas, etc.
Difíceis de comunicar, mas válidas para o sujeito que as tem
Aval epistémico (Cfr. Alvin Plantinga, “epistemic warrant”)
A crença na existência de Deus é uma “crença propriamente básica”
Como tal, é uma crença racional e justificada, mesmo na ausência de argumentos
Alvin Plantinga defende-a usado uma forma de fiabilismo epistémico (externalista)
Argumentos objectivos (independentes do sujeito)
Argumentos “a priori”: argumento ontológico (Santo Anselmo, Leibniz, Gödel, etc.)
Argumentos “a posteriori”
Demonstrativos
Indutivos
Inferência para a melhor explicação 5
Introdução
A existência de Deus
Argumentos demonstrativos
Uma vez aceites as premissas, a conclusão é silogisticamente válida
As premissas apenas têm que ser aceites como mais prováveis que a sua negação
Argumento cosmológico de Leibniz
Premissas: metafísicas (princípio da razão suficiente, entre outras)
Conclusão: a razão para a existência do Universo está num Ser necessário
Argumento cosmológico “kalam” (William Lane Craig)
Premissas: físicas e/ou metafísicas
Conclusão: a causa do Universo é um ser eterno e imaterial
Argumentos tomistas (as “cinco vias”)
Premissas: metafísicas
Conclusão: a causa do Universo é imutável, não causada, necessária,
sumamente perfeita e inteligente
6
Argumentos de “design”: o argumento do “fine tuning” do Universo (Robin Collins)
Introdução
Da existência de Deus ao catolicismo
1. Deus existe (“preâmbulo da Fé”)
Crença através de razões subjectivas
Crença racionalmente sustentada por aval epistémico
Certeza intelectual através de demonstração filosófica (reforçada pela ciência)
2. Jesus Cristo é Deus
Argumentos históricos em defesa da solidez dos textos do Novo Testamento
Solidez dos relatos de milagres (e de entre todos, o da ressurreição de Cristo)
Carácter fidedigno das testemunhas oculares da ressurreição (1 Cor 15)
Testemunho dos mártires
3. A Igreja Católica é a Igreja que Jesus Cristo quis fundar (Mateus 16, 18)
Argumentos históricos para defender que o catolicismo é a doutrina cristã genuína
Credibilidade da Igreja Católica (incorruptibilidade da doutrina)
Credibilidade e testemunho dos beatos e dos santos, e de seus milagres e visões7
Índice
1. Introdução
2. O Argumento Cosmológico
3. O Argumento Teleológico
4. Conclusão
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O Argumento Cosmológico de Leibniz
Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716)
Filósofo, matemático e cientista alemão
Porque é que existe algo (em vez de nada)?
Porque é que as coisas são como são?
Porque é que o Universo existe (em vez de nada)?
Porque é que o Universo é como é?
Podemos imaginar um Universo com mais massa / energia
Podemos imaginar um Universo com a mesma massa / energia mas outro arranjo
Podemos imaginar um Universo:
Com a mesma matéria (massa / energia) e com o mesmo arranjo...
... mas feito a partir de outro conjunto de matéria
11
O Argumento Cosmológico de Leibniz
E terá que ser uma "primeira coisa" que não depende de outra para existir
Coisa
1
Coisa 2 Coisa 3 ... Coisa N
Universo
1. P → Q
2. P
3. Q
19
O Argumento Cosmológico "Kalam"
20
O Argumento Cosmológico "Kalam"
Demonstração da Premissa 2: “O Universo não existe desde sempre”
Teoremas da Singularidade de Hawking e Penrose (1970)
Singularidade espacial: massa concentrada num só ponto (volume zero)
Singularidade temporal: luz emitida por região com curvatura infinita do espaço-tempo
Numa singularidade, as quantidades usadas para medir o campo gravítico no modelo da
Relatividade Geral tornam-se infinitas (p. ex.: curvatura infinita do espaço-tempo)
Incompletude geodésica: existem percursos (geodésicas) no espaço-tempo que não
podem ser percorridos em tempo infinito por terminarem numa singularidade
Hawking e Penrose demonstraram que, desde que o Universo seja regulado pela
Relatividade Geral de Einstein, o seu passado irá incluir uma singularidade
Escapar aos Teoremas da Singularidade de Hawking e Penrose…
Closed Timelike Curves (CTCs): “máquinas do tempo” (permitidas pela Rel. Geral)
Modelo algo “louco”, implicando o tempo fechado sobre si mesmo
Violação da Condição de Energia Forte: inflação eterna/caótica
Falsidade da Relatividade Geral na fase inflaccionária: gravidade quântica?
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O Argumento Cosmológico "Kalam"
Demonstração da Premissa 2: “O Universo não existe desde sempre”
Teorema da Singularidade de Borde, Guth e Vilenkin (2003)
Desde que Hav>0 (o Universo tenha estado, em média, em expansão)…
… as geodésicas nulas e temporais são incompletas no passado
Ou seja, a idade do Universo é finita
O teorema é válido para Universos não sujeitos à Relatividade Geral
O teorema é válido para Universos multidimensionais
Como escapar ao Teorema de Borde, Guth e Vilenkin…
Contracção infinita (Hav<0): neste caso, o Universo esteve em contracção desde o
passado infinito até chegar a um “big crunch”, seguido de um “big bang”; modelo
instável, requer afinação incrivelmente precisa antes do “big crunch”
Estaticidade assimptótica (Hav=0, porque H(∞)=0): neste caso, no infinito temporal, o
Universo deixará de se expandir; modelo instável, requer afinação precisa
Universo cíclico (Hav=0): já deveria estar em equilíbrio termodinâmico
Tempo exótico: inversão temporal na singularidade (t → -∞ “antes” da singularidade)
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O Argumento Cosmológico "Kalam"
William Lane Craig (1949-)
Premissa 1: Tudo o que não existe desde sempre deve a sua existência a algo distinto de
si mesmo
Premissa 2: O Universo não existe desde sempre
Conclusão (MP, 1,2): Logo, o Universo deve a sua existência a algo distinto de si mesmo
1. P → Q
2. P
3. Q
1. P → Q
2. P
3. Q
1. Introdução
2. O Argumento Cosmológico
3. O Argumento Teleológico
4. Conclusão
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O Argumento Teleológico
Argumento filosófico a favor da finalidade (“telos”, em grego) do Universo
Parte do facto científico da “afinação” (“fine tuning”) do Universo para a
existência de vida inteligente:
“Afinação” das leis da natureza
“Afinação” das constantes das leis da natureza
“Afinação” das condições iniciais do Universo
Vida inteligente
WVPV
1
WVC
WVPV é a gama de valores possíveis para a constante C que permitem a vida
Ou seja, se a constante C tivesse valores fora dessa gama, a vida não seria possível
WVC é uma gama adequada de valores de comparação para a constante C
A discussão em torno da gama de comparação é polémica e ainda está em curso!
Essa discussão é importante para quantificar as “afinações”, mas não há como negá-las!
Robin Collins é um filósofo norte-americano que se tem destacado nesta discussão
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O Argumento Teleológico
A “afinação” do Universo: leis da natureza
Leis fundamentais indispensáveis à vida inteligente:
Força gravítica: sem ela, não existiriam estrelas (energia) nem elementos pesados
Força electromagnética: sem ela, não existiriam átomos, química, radiação (luz)
Força nuclear forte: sem ela, não existiriam átomos nem química
Princípio de quantização (Bohr, 1913): sem ele, não existiriam átomos estáveis
Princípio de exclusão (Pauli, 1925): sem ele, não existiriam átomos complexos
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O Argumento Teleológico
A “afinação” do Universo: força gravítica
A força forte é 1040 vezes mais forte que a força gravítica (G0)
Se compararmos a intensidade da força forte ao diâmetro do Universo (8,8 x 1026m)...
... a intensidade da força gravítica equivaleria a 8,8 fm (núcleo de um átomo de Ouro)
Se G0 fosse aumentada em 1 / 1031, mesmo organismos unicelulares seriam esmagados
Se G0 fosse aumentada em 1 / 1037, não haveria estrelas com mais de mil milhões de anos
1037 x G0 – Força
electromagnética
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O Argumento Teleológico
A “afinação” do Universo: massas do protão e do neutrão
O neutrão, fora do núcleo, é instável: decai em 15 minutos gerando:
um protão (p)
um electrão (e-)
e um antineutrino de electrão (νe)
O protão é estável porque não tem energia suficiente para decair (Ep ≈ 99,86% En)
Se o protão fosse 0,14 % mais pesado, não seria estável (não haveria Hidrogénio)
Se o neutrão fosse 0,14% mais pesado, não existiriam estrelas de Hidrogénio estáveis!
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O Argumento Teleológico
A “afinação” do Universo: densidade da matéria no início do Universo
A energia de expansão do Universo “compete” com a força gravítica
A densidade crítica é o limite a partir do qual a gravidade vence (5 átomos / m3)
Perto do Big Bang, a densidade manteve-se praticamente igual à critica
No tempo de Plank (5,4 x 10-44 s), a densidade da matéria esteve "afinada" 1 parte em 1060
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O Argumento Teleológico
A “afinação” do Universo: a entropia inicial esteve "afinada" 1 parte em 10 ^ 10123
Roger Penrose
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O Argumento Teleológico
A “afinação” do Universo
Quatro forças fundamentais da Natureza
Força gravítica
Força electromagnética
Força nuclear forte
Força nuclear fraca
A força nuclear forte mantém a coesão do núcleo atómico
A força electromagnética causa atracção/repulsão entre partículas com carga eléctrica
Uma variação de mais de 0,5% na força forte…
… ou de mais de 4% na força electromagnética…
… resultaria:
Na destruição de todo o Carbono estelar
Na destruição de todo o Oxigénio estelar
Não conhecemos qualquer forma de vida sem Carbono
ou sem Oxigénio
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O Argumento Teleológico
A “afinação” do Universo
Para a existência de 92 elementos estáveis, a estrutura dos núcleos tem que ser estável
A força forte tem que estar muito equilibrada com a força electromagnética
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O Argumento Teleológico
A “afinação” do Universo
O processo triplo-alfa e o nível de energia do Carbono 12
Como surgiram as partículas mais pesadas que o 4He, dado que não há átomos estáveis
com 5 ou 8 partículas no núcleo?
O 5Li (5 nucleões) e o 8Be (8 nucleões) são instáveis
O processo triplo-alfa explica o surgimento de 12C pela colisão de 8Be com 4He
Os cálculos teóricos previam muito menos 12C do que o existente no Universo
Como surgiu o restante Carbono 12?
Graças à ressonância do seu nível de energia, que amplifica o processo triplo-alfa!
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O Argumento Teleológico
A escala do Universo
Das ínfimas partículas subatómicas (raio do electrão ~10-20m)…
… aos enormes aglomerados de galáxias (~1023m)…
... o tamanho do ser humano está aproximadamente a meio da escala logarítmica!
Este exemplo é apresentado como curiosidade, e não como uma “afinação” rigorosa
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O Argumento Teleológico
Versão de Robin Collins (“The Blackwell Companion to Natural Theology”, 2009)
UAV: Universo Afinado para a Vida inteligente (facto científico)
T: Hipótese teísta: existe uma entidade inteligente que criou o Universo com finalidade
N: Hipótese naturalista: não existe uma entidade inteligente que criou o Universo
As hipóteses T e N excluem-se mutuamente
A probabilidade do UAV dada a hipótese N é extremamente baixa: P(UAV | N ) 0
A probabilidade do UAV dada a hipótese T não é inverosímil: ~ P(UAV | T ) 0
Pelo princípio da verosimilhança:
A "afinação" do Universo é muito mais expectável se ele foi feito por uma entidade inteligente!
40
O Argumento Teleológico
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O Argumento Teleológico
A "afinação" do Universo: testemunhos
Martin Rees (1942-), físico britânico
Rees não acredita que Deus exista
Just Six Numbers (2001):
«(…) Estes seis números constituem uma "receita" para um universo. Adicionalmente, o
desfecho é sensível aos seus valores: se algum deles estivesse "desafinado", não
existiram estrelas nem vida. Esta afinação é apenas um facto bruto, uma coincidência?
Ou é a providência de um Criador benigno? Eu adopto o ponto de vista de que não é
nenhum destes casos. Uma infinidade de outros universos podem bem existir nos quais
os números sejam diferentes. A maioria deles seria nado-morto ou estéril. Apenas
poderíamos ter emergido (e naturalmente agora encontramo-nos) num universo com a
combinação "certa" (...)»
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O Argumento Teleológico – Objecções
Como escapar à conclusão teísta?
O1: Podemos vir a descobrir uma ou mais leis fundamentais que expliquem a "afinação"!
Apenas transfere a improbabilidade para um nível acima
Porque é que tais leis fundamentais são adequadas à vida inteligente?
O3: Se estamos aqui a discutir, é porque o Universo tinha que permitir vida inteligente!
Analogia de John Leslie (1988), Cérebros de Boltzmann, cognoscibilidade do Universo
O4: Se existirem infinitos universos, pelo menos um deles terá que permitir vida inteligente!
Supor um infinito número de entidades reais gera contradições
É uma tese metafísica que é cientificamente indemonstrável
O5: Não existe apenas o nosso Universo, mas uma série de universos (Multiverso)
A teoria de cordas poderia explicar a variedade de constantes nos universos
A teoria inflaccionária poderia explicar o processo de geração de novos universos 45
O Argumento Teleológico
Como escapar à conclusão?
Recorrer ao “Multiverso”
O nosso Universo seria apenas um de muitos “domínios” de um “Multiverso”
O “Multiverso” seria regido por leis mais gerais, comuns a todos os “domínios”
O problema: o “Multiverso” continua baseado em leis universais que unem os “domínios”
Tais leis universais, e respectivas constantes, vão apresentar “afinação”!
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O Argumento Teleológico – Objecções
Críticos do Multiverso
George Ellis (1939-), cosmólogo sul-africano
Ellis é adepto do platonismo
Does the Multiverse Really Exist?
(Scientific American, 19 de Julho de 2011):
«(…) Ao olhar para este conceito [do multiverso], temos que ter uma mente
aberta, mas não demasiado aberta. É um caminho delicado para percorrer.
Universos paralelos podem ou não existir; o caso não está provado. Vamos
ter que viver com essa incerteza. Não há nada de errado na especulação
filosófica cientificamente baseada, que é o que as propostas do multiverso
são. Mas devemos chamá-la pelo que ela é.»
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O Argumento Teleológico – Objecções
Vários problemas com o Multiverso...
O Multiverso é apenas (ainda) especulação filosófica sem suporte empírico
Num Multiverso sem "contacto" entre os vários universos...
Qualquer "evidência" a favor desse multiverso será sempre indirecta (será científica?)
Exemplo: maior precisão de uma futura teoria unificada que implicasse vários universos
Todavia, pode-se validar empiricamente um Multiverso com "contacto" entre os universos...
O Multiverso resolveria...
A improbabilidade da "afinação" das constantes do nosso Universo
A improbabilidade da "afinação" das condições iniciais do nosso Universo (talvez...)
"Mecanismo afinado" para gerar a diversidade de leis e constantes dos vários Universos
Teoria de cordas: poderá explicar a diversidade necessária para aumentar a probabilidade
de existirem Universos afinados para a vida
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O Argumento Teleológico – Objecções
O “argumento central” contra Deus, de Richard Dawkins
Richard Dawkins apresenta-o em “The God Delusion”, p. 198-199
1. O maior desafio é explicar a complexa e improvável aparência de um design criador
2. A tentação natural é atribuir a aparência de design ao próprio design
3. A tentação anterior é falsa: quem criou esse criador do design?
4. Pelo contrário, a evolução darwiniana explica a complexidade a partir da simplicidade: um
“guindaste” (“crane”) assente no chão em vez de uma série de “ganchos” (“hooks”) vindos do céu
5. No entanto, ainda não há algo semelhante ao darwinismo para a Física, que explique o aparente
design do universo: será o multiverso? O princípio antrópico dá-nos direito de aceitar a sorte que
temos em estar no universo certo
6. Não devemos desistir de esperar por um “guindaste” que explique o design do universo; até lá,
ficamos com o princípio antrópico (“sorte”), que é melhor que ganchos no céu
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O Argumento Teleológico – Objecções
O “argumento central” contra Deus, de Richard Dawkins
Dawkins não refutou o argumento teleológico
A pretensa “refutação” de Dawkins está mal estruturada: não se percebe
onde estão as premissas e como está montado o argumento, pois ele não
segue as regras da lógica e dos silogismos
“Who designed the Designer?”, pergunta Dawkins:
Uma explicação não é má ou inútil só porque não temos uma
explicação da explicação
Senão todo o conhecimento humano cairia por Terra
É irracional só aceitar uma explicação E1, se tivermos uma explicação
E2 que explica E1, e uma explicação E3 que explica E2, e uma
explicação E4 que explica E3, e assim por diante … até ao infinito!
Nunca se explicaria nada!
Recorrer ao multiverso para tentar fugir do “design” é uma solução “ad hoc”
Apelar à sorte é irracional: “estamos aqui, não estamos?”
Recorrer a “guindastes” e “ganchos” não salva um mau argumento
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O Argumento Teleológico
Desvantagens do Argumento Teleológico de Collins (ATC)
Não é tão sólido quanto a quinta via tomista (pela causa final)
O ATC é um argumento probabilístico: perante o grau de “afinação” do Universo, é
muito mais provável que o Universo se deva a um ser inteligente do que ao acaso
A quinta via é um argumento dedutivo: a conclusão decorre das premissas
Conhecimento científico futuro pode tornar menos improvável a “afinação” do Universo
Conhecimento científico futuro pode enfraquecer consideravelmente o ATC
A quinta via tomista nunca foi refutada
A quinta via tomista não depende, e nunca dependeu, do conhecimento científico
Nenhuma descoberta científica futura pode enfraquecer essa prova tomista
Sendo puramente metafísica, tal prova é sempre e necessariamente válida
Possíveis explicações
Regularista (enfraquece o método científico)
As leis da natureza apenas descrevem regularidades observadas no Universo
Essas regularidades são um facto bruto: não têm nem requerem nenhuma explicação
Não explica o carácter contra-factual das leis da natureza
Destrói a confiança na indução: como se podem retirar leis universais de meras regularidades?
Necessitarista (prefere a simplicidade de forma "ad hoc")
As leis da natureza reflectem relações necessárias entre universais, quantificadas em funções
Para chegar a uma lei funcional, escolhe-se a função mais simples que se adapta aos dados
Mas porquê a função mais simples? Qual a base filosófica para escolher a mais simples?
Platónica (sofre dos problemas do platonismo)
A razão pela qual o Universo é regular e hierarquicamente ordenado é porque isso é bom
O conceito de Bem (ou Bom) impede a existência de Universos irregulares ou desordenados
Teísta (a melhor explicação)
As regularidades descritas pelas leis da natureza assentam na vontade racional de Deus
Desdobra-se em duas hipóteses teológicas:
Deus criou e sustém directa e permanentemente essas regularidades
Deus criou e sustém coisas naturais cujas essências obedecem a essas regularidades
Se Deus criou o intelecto humano, é expectável que este detecte as regularidades naturais
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O Argumento Nomológico
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O Argumento Nomológico
A eficácia da Matemática em Ciência
Eugene Wigner (1902-1995), físico e matemático ateu
Prémio Nobel da Física (1963)
The Unreasonable Effectiveness of Mathematics in
the Natural Sciences (1960)
58
Índice
1. Introdução
2. O Argumento Cosmológico
3. O Argumento Teleológico
4. Conclusão
59
Conclusão
62
Bibliografia recomendada