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Renato Borelli
Juiz Federal do TRF1. Foi Juiz Federal do TRF5. Exerceu a advocacia privada e pública. Foi servidor público
e assessorou Desembargador Federal (TRF1) e Ministro (STJ). Atuou no CARF/Ministério da Fazenda como
Conselheiro (antigo Conselho de Contribuintes). É formado em Direito e Economia, com especialização em
Direito Público, Direito Tributário e Sociologia Jurídica.
DIREITO PENAL
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10ª RODADA DE QUESTÕES NC-UFPR
Direito Penal e Direito Processual Penal
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Direito Penal e Direito Processual Penal
GABARITO
DIREITO PENAL
1. d
2. b
3. c
4. b
5. c
1. d
2. e
3. E
4. b
5. c
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Direito Penal e Direito Processual Penal
GABARITO COMENTADO
DIREITO PENAL
Letra d.
Incialmente, vamos relembrar o conceito de crime próprio. Crime próprio é o crime que exige
uma qualidade especial do sujeito ativo (isto é, daquele que pratica o crime). O próprio tipo
penal pressupõe condição especial por parte do sujeito ativo.
Os crimes próprios são classificados pela doutrina como puros ou impuros. O crime próprio
puro é aquele em que, se faltar a condição especial exigida pelo tipo, o fato se torna atípico.
Por outro lado, no crime próprio impuro, a falta da qualidade especial do agente não afasta
a tipicidade de sua conduta, apenas altera sua tipificação.
Passemos, então, à análise das alternativas.
a. Errada! Peculato e corrupção passiva são crimes próprios, porque só podem ser praticados
por funcionários públicos. No entanto, o tráfico de influência é crime comum, podendo ser
praticado por qualquer agente.
b. Errada! Apenas a corrupção passiva é crime próprio. Corrupção ativa (que é o ato de
oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício) e tráfico de influência são crimes comuns.
c. Errada! Advocacia administrativa e prevaricação são crimes próprios, mas a corrupção
ativa é um crime comum.
d. CERTA! Os três crimes são listados na alternativa são próprios, porque só podem ser
praticados por funcionários públicos.
e. Errada! Tráfico de influência é crime comum.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Letra b.
a. Errada! Nos termos do art. 105 do Código Penal, o perdão do ofendido nos crimes de
ação penal privada impede o prosseguimento da ação:
Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao
prosseguimento da ação.
c. Errada! O perdão recusado não produz efeito, inclusive para fins de exclusão da
culpabilidade. É o que diz o art. 106, inciso III, do Código Penal:
d. Errada! É exatamente o contrário o que o inciso II do art. 106 do Código Penal assegura:
e. Errada! O perdão pode ser expresso ou tácito e só não produzirá efeitos se o querelado
o recusar. Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de
prosseguir com a ação.
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Letra c.
a. Errada! O aumento de pena é, na verdade, de um terço, como dispõe o parágrafo único
do art. 333 do Código Penal:
Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a prati-
car, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o fun-
cionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Art. 316, § 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber inde-
vido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Súmula 717-STF: “Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença
não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.”
d. Errada! A ação que apura o crime de exercício arbitrário das próprias razões só exigirá
deflagração mediante queixa se o crime for praticado SEM violência, caso contrário, será de
ação pública incondicionada.
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Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan-
do a lei o permite:
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
Letra b.
a. Errada! O furto de coisa comum é o crime praticado pelo condômino, co-herdeiro ou
sócio, que subtrai para si ou para outrem, de quem legitimamente a detém, a coisa comum.
Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não exceda a cota a que tem
direito o agente, a teor do § 2º do art. 156 do Código Penal:
Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente
a detém, a coisa comum:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. (...)
§ 2º Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.
Súmula 442-STJ: “É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majoran-
te do roubo.”
Súmula 443-STJ: “O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstan-
ciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indica-
ção do número de majorantes.”
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Letra c.
a. Correta! A alternativa está de acordo com o que preceitua o parágrafo único do art. 139
do Código Penal:
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: (...)
§ 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sen-
tença irrecorrível;
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n. I do art. 141;
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
c. INCORRETA! Na verdade, a retratação para fins de isenção de pena quanto aos crimes de
calúnia e difamação é aceita até a sentença, não se restringe ao momento do recebimento
da denúncia. Nesse sentido, é o artigo 143 do Código Penal:
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação,
fica isento de pena.
Letra d.
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A questão exige o conhecimento literal do art. 392 do Código de Processo Penal, sem se
imiscuir em maiores dilemas. Dispõe o referido artigo que:
Letra e.
As três afirmativas são falsas!
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Afirmativa 2: falsa! Dispõe o art. 318, I, do CPP, que poderá o Juiz substituir a prisão
preventiva pela domiciliar quando o agente for maior de 80 anos (e não quando for maior
de 70 anos!).
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: (Redação
dada pela Lei n. 12.403, de 2011)
I – Maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011)
II – Extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011)
III – Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com defi-
ciência; (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011)
IV – Gestante; (Redação dada pela Lei n. 13.257, de 2016)
V – Mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela Lei n. 13.257, de
2016)
VI – Homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos. (Incluído pela Lei n. 13.257, de 2016)
1
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 7. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2019, p. 64.
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Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste
artigo. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011)
Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade policial a concessão da fiança, o preso, ou alguém
por ele, poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá em 48
(quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
Errado.
As provas derivadas daquelas consideradas ilícitas, via de regra, também deverão ser
consideradas ilícitas, sendo, portanto, inadmissíveis no processo penal. Consistem, assim,
em provas ilícitas por derivação. Conforme Renato Brasileiro:
Provas ilícitas por derivação são os meios probatórios que, não obstante produzidos, validamente,
em momento posterior, encontram-se afetados pelo vício da ilicitude originária, que a eles se trans-
mite, contaminando-os, por efeito de repercussão causal. 2
Essa contaminação por derivação, aliás, fundamenta-se na célebre teoria dos frutos da
árvore envenenada, que, após a Lei n. 11.690/2008, passou a constar expressamente no
§ 1º, do art. 157, do CPP. Vejamos:
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei n.
11.690, de 2008)
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado
o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei n. 11.690, de 2008)
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe,
próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (In-
cluído pela Lei n. 11.690, de 2008)
2
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 7. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2019, p. 647.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
De acordo com a teoria ou exceção da fonte independente, se o órgão da persecução penal demons-
trar que obteve, legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de
prova, que não guarde qualquer relação de dependência, nem decorra da prova originariamente
ilícita, com esta não mantendo vínculo causal, tais dados probatórios são admissíveis, porque não
contaminados pela mácula da ilicitude originária. 3
De acordo com a teoria da descoberta inevitável, também conhecida como exceção da fonte hipo-
tética independente, caso se demonstre que a prova derivada da ilícita seria produzida de qualquer
modo, independentemente da prova ilícita originária, tal prova deve ser considerada válida. 4
Em que pese a teoria não tenha sido expressamente citada pelo legislador do Código de
Processo Penal, doutrina e jurisprudência majoritárias assentam que o seu conteúdo pode
ser extraído do art. 157, § 2º, do CPP, pelo qual: “considera-se fonte independente aquela
que, por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução
criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova”.
3
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 7. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2019, p. 649.
4
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 7. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2019, p. 651.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Letra b.
A despronúncia é a reforma da decisão de pronúncia, seja por via de retratação do próprio
Juiz pronunciante, seja por manejo de recurso em sentido estrito. Na despronúncia, a
pronúncia é alterada para impronunciar o réu. Em outros termos: a decisão de pronúncia
transmuta-se em decisão de impronúncia. Portanto, correta a alternativa “b”.
Letra c.
a. Errada! A rejeição da denúncia é anterior à resposta à acusação.
b. Errada! Não havendo oferecimento da resposta no prazo legal, que é de 10 (dez) dias, o
Juiz deverá nomear defensor para oferecê-la, concedendo-lhe, novamente, o prazo de 10
dias. Nesse sentido, é o art. 396-A do CPP:
Art. 396-A, § 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir
defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá
absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;
III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV – extinta a punibilidade do agente.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
d. Errada! Se o réu não for encontrado no processo, será citado por edital, com prazo de
15 (quinze) dias. Apenas se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional. Não há
arquivamento provisório do feito, mas suspensão.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspen-
sos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada
das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do dis-
posto no art. 312.
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