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ENSINO A DISTÂNCIA E MERCADO DE

TRABALHO
Abraham Shapiro
A educação a distância – Ead – já é popular no Brasil. Em 2010,
cerca de 900 mil alunos se matricularam nos cursos de graduação
e pós-graduação, segundo estimativa do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. O número de
cursos também não para de aumentar. Só entre 2000 e 2007, a
oferta de modalidades aumentou 40 vezes, de 10 para 408
cursos. Isto se dá graças aos avanços na tecnologia da
comunicação.
O que o mercado de trabalho pensa sobre os formados pelo EAD?
Profissionais de RH em recrutamento e seleção afirmam que as
empresas ainda não estão seguras sobre a qualidade dos cursos a
distância, tanto na graduação quanto na pós-graduação.
Dizem ainda que existe certa preferência por candidatos que
tenham diploma do ensino presencial. Acredita-se que a
qualidade não é a mesma, principalmente porque no curso a
distância não há o convívio do aluno com outras pessoas para a
troca de experiências. Em função disso, os contratantes temem
que o trabalhador tenha um desempenho inferior ao esperado.
A pressuposição chega a ponto das empresas que têm prefência
declarada por candidatos com diploma de instituições
conceituadas do País tratarem inclusive os diplomas de ensino a
distância destas instituições como de segunda linha.
Está claro que isto não passa de um preconceito imprudente, até
porque a alegação de falta de troca de experiência entre alunos
nos cursos a distância é uma besteira. Na prática, um número
maciço de casos demonstra que nos cursos presenciais o
intercâmbio dos alunos se dá a respeito de baladas, churrascos e
afins. Sabe-se que o aproveitamento médio do universitário
brasileiro não inclui a troca de experiências úteis ou profissionais.
Isto nem é hábito por aqui. As conversas dificilmente ultrapassam
a esfera social.
É claro que, enquanto não existir uma avaliação consistente
destes novos cursos por parte do governo, estarão abertas as
possibilidades de desconfianças vazias. Mas devem ser evitadas,
por respeito e cuidado.
Minha convivência com profissionais graduados e pós-graduados
pelo sistema a distância tem encontrado alto grau de
envolvimento com suas áreas, além de ótimo nível de formação.
Como consultor, faço vários processos de seleção para empresas
nos quais encontro idiotas tanto provenientes dos cursos
presenciais como dos cursos a distância. Também chegam
potenciais profissionais de qualidade das duas modalidades.
A lição é básica: todo preconceito tende a ser destrutivo.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes empresariais.
Escreve às segundas-feiras na Folha de Londrina.
shapiro@shapiro.com.br

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