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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALAGOAS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E INOVAÇÃO
RELATÓRIO FINAL
EDITAL Nº 04/2018 PRPI/IFAL
PERÍODO AGO/2018 A JUL/2019
TÍTULO DO PROJETO
A formação docente em Letras para a leitura/ mediação do texto literário: um olhar para os
alunos concluintes.
RESUMO DO PROJETO
INTRODUÇÃO
Este projeto propõe uma reflexão sobre o letramento literário de estudantes concluintes de
Letras, considerando-se sua formação ao longo do curso e suas experiências particulares
com a literatura em sua vida. Entende-se importante discutir esse tema, haja vista que esses
sujeitos serão profissionais agentes de letramento e formação de leitores na escola e em
outros espaços.
A partir de considerações teóricas de Culler (1989), Cosson (2014) e Zilberman (1986) sobre
leitura, e de Loyola (2013) acerca de aprendizagem mediada, o projeto visa contribuir para a
melhoria do projeto pedagógico do referido curso superior, assim como analisar
qualitativamente a leitura literária dos alunos concluintes.
É na interação do aluno em formação com o texto literário que se constrói todo sentido do
texto. Com base nesta concepção de interação, o sujeito leitor trabalha a leitura enquanto
diálogo, produção de sentidos e a utiliza em seu favor.
De acordo com Culler (1999, p. 33) ao tratar da Literatura e de sua importância, remete a um
tipo de atenção literária: “descrever a literatura seria analisar um conjunto de suposições e
operações interpretativas que os leitores podem colocar em ação em tais textos”. Ou seja,
caberia ao leitor literário desvelar um interesse pelas palavras, lacunas em que discursos se
encontram por trás do texto.
Ao propor uma leitura como decifração, Zilberman (1986, p. 18) enfatiza a leitura como a
mediadora entre cada ser humano e seu presente: “executada por cada leitor, a leitura pode
ser qualificada como a mediadora entre cada ser humano e seu presente”. Assim, o exercício
de deciframento da leitura está associado a particularidade de cada leitor preencher lacunas
textuais de acordo com sua experiências de leitura, vivências e imaginação.
OBJETIVOS
OBJETIVO PRINCIPAL:
Investigar como estudantes concluintes do curso de Licenciatura em Letras Português
Presencial do IFAL se veem como leitores de literatura e possíveis mediadores da leitura na
escola básica.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Examinar o que expressam os graduandos concluintes sobre a formação para o
letramento literário proposta no curso;
Verificar como eles se veem como leitores de literatura e como potenciais mediadores
do texto literário na escola;
Investigar qualitativamente a leitura literária desses estudantes.
METODOLOGIA
Metodologicamente, decidimos optar pelo estudo de caso porque, assim como afirma Ludke,
(2012, p. 52), essa forma de pesquisa tem como objetivo enfatizar a interpretação em
contexto, levando em conta a apreensão do objeto e o contexto em que ele se situa.
Neste momento, passamos a analisar algumas falas dos estudantes relativamente a sua
compreensão acerca do leitor literário, trazendo para reflexão o que seria um leitor ideal de
literatura.
Os nomes dos sujeitos são preservados, sendo substituídos pelos códigos A1, A2, e assim
por diante.
No que concerne à fala dos estudantes sobre a leitura, o leitor ideal é aquele que vai além da
produção discursiva da obra, atribui sentidos:
A1- (...) “Aquele que consegue ler e interpretar para além do dito
no texto apresentado, é ir além da camada superficial da obra, ir
para além das margens do que lhe foi apresentado” (...)
Podemos observar, nessa fala, uma concepção de leitor literário segundo a qual ler é
estabelecer fruição, diálogos com o texto. Não se resume a uma atividade passiva, no qual a
leitura da literatura está limitada. É criar novas percepções. A literatura exige um olhar
específico ao seu reconhecimento quando nos apresenta o estranho, o deformado, o
distendido, o singular, que desafia a nossa percepção, semelhante ao que defende
(LOYOLA, 2013, p. 120) que propõe uma lógica perceptiva ao discurso literário na qual o
sujeito leitor é convidado à interação e apreensão da obra literária.
Conforme Iser (1999): “Para ler uma obra, é necessário compreender os seus códigos de
entendimento”. Isto significa dizer que o leitor literário é aquele que atribui uma consciência
crítica, novas formas de interpretação, recomposição e compreensão ao texto literário. É
preciso dar sentido ao texto, compreender o seu discurso literário. Nessa direção, A1
constatou a importância de sabermos o que absorvermos das leituras, enquanto leitores:
A2– (...) “Aquele que conhece todo um acervo e que sempre esteja se
atualizando sobre o mundo literário” (...)
Continuando nossa análise, verificamos abaixo uma fala na qual: ler é apreciar os clássicos.
Vejamos:
Para ser considerado um leitor, A2 expõe o papel do leitor que busca se informar através da
leitura:
A2- “... mesmo sem ter Todas as informações, leio, caso eu queira
saber mais só é buscar mais”.
Segundo Loyola (2013, p.115): “Um leitor literário bem formado lê qualquer coisa, mas o
mesmo não se pode falar do inverso”. Quando pensamos em compreender uma obra literária
exige-se do leitor literário a percepção, compreensão e fruição estética de uma grande obra
literária. Assim, a leitura torna-se prazer e aquisição de conhecimentos quando o leitor
literário se percebe como leitor, através da curiosidade, do agir sobre a obra. Já de um leitor
espera-se que ele não vai compreender todo universo estético, formal, específico de um
discurso literário.
A1- “Leio e palavras que não entendo busco no dicionário. Para saber o
que se quer expressar naquelas palavras e sua colocação”.
Considera Freire (2013, p. 100) que a relação entre o mundo do texto e do leitor leva- nos à
idéia de que os processos de representação da leitura estão diretamente ligados aos
contextos históricos. Questionado a respeito da recepção e finalidade de um texto literário, A2
dispõe que um leitor literário não pode perder de vista a contextualização do período em que
a obra foi produzida:
A2- “Leio para entender a linguagem que existe nos textos...a história
dos escritores, autores de outras épocas”.
De acordo com Geraldi (2013, p. 47): “Ser mediador de leituras na escola é ser capaz de
enriquecer o contato do leitor em formação, os seus alunos, para quem os textos a serem
lidos- e aqueles com quais ele será cotejado-são oferecidos à leitura”. Assim, para ajudar os
alunos a obterem os resultados desejados através da mediação de leitura produtiva em sala
de aula, o professor tem que considerar uma seleção de textos que considere os leitores em
formação. Consiste em orientar e ativar os conhecimentos partilhados pelos alunos para
facilitar a leitura.
Frente ao questionamento: “O que faltou na sua formação para você se sentir preparado para
trabalhar com a literatura na escola?”, A1 destaca aspectos que podem facilitar a
aprendizagem e a motivação de um aluno do curso de Licenciatura em Letras Português ao
longo do seu percurso escolar:
Freire (2015, p. 39) esclarece que: “Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática”. Dessa
forma, a prática docente crítica irá envolver o movimento dialético e dinâmico entre o fazer e
o pensar sobre o fazer. Ao perguntarmos: “Você acredita que o Curso de Licenciatura em
Letras o/a forma adequadamente para trabalhar como professor de literatura na escola
básica, formando leitores? Por quê? A2 expõe que é necessária a prática de ensino de
literatura em sala de aula para formação de leitores:
Ao ser questionado a respeito de se sentir preparado para atuar como mediador do texto
Nessa mesma direção, A2 reitera que a atividade teórica por si só não leva ao conhecimento
da realidade:
A2- “Não. Acredito que falta uma maior aproximação com a realidade das escolas públicas e
o estudante de Letras só percebe isso quando entra no dia a dia de uma escola pública”.
O Instituto Federal de Alagoas Campus Maceió disponibiliza também aos seus alunos de
graduação superior em Licenciatura em Letras Português o programa “Residência
Pedagógica” com a finalidade de propiciar ao aluno de licenciatura a análise, reflexão e
elaboração de sua prática em sala de aula na escola pública.
CONCLUSÕES
O estudo buscou verificar as concepções dos alunos e a partir de suas falas analisar seus
discursos.
Após a conclusão da análise dos materiais, percebemos que os dados nos revelam a
formação de leitores literários que compreendem a apropriação de um texto literário.
Conhecem a estrutura e forma de uma obra literária, assim como seus códigos e suas
relações dialógicas.
PRODUÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA
CULLER, Jonathan. Teoria literária: uma introdução. São Paulo: Beca Produções Culturais,
1999.
ISER, Wolfgang. O Ato da leitura. Uma teoria do efeito estético. São Paulo: Editora 34.
LUDKE, Menga. Pesquisa em ducação: abordagens qualitativas. São Paulo: E.P.U, 2012.