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Empreendedorismo Sustentável: o Caso Okoko e Abel – Repensando Conceitos e


Paradigmas1

Camila Aparecida Teixeira2


Me. Tarcísio Hartmann3

RESUMO

O mundo dos negócios, vem ao longo das últimas décadas, se ressignificando, dando uma
nova notoriedade para a sustentabilidade, que tem incluído atualmente, em sua essencialidade,
a transformação social além da preservação e uso consciente de recursos, com o conceito slow
fashion, que situa a economia em novos tempos de produção e consumo. A partir dessa
realidade proposta, fora analisado o Caso Okoko e Abel, marca de calçados do Rio Grande do
Sul, que aplica o empreendedorismo sustentável de forma prática através do slow fashion. O
propósito principal desta pesquisa permeia identificar o que seria empreendedorismo
sustentável na visão prática dos gestores da Okoko e Abel conhecendo o seu processo de
criação, produção e comercialização através de entrevista, assim como parte do histórico da
marca, correlacionando as experiências reais com materiais teóricos, apresentados a partir de
pesquisa bibliográfica abordando definições a respeito do pensamento sustentável e sua
aplicabilidade. O método utilizado para tal finalidade fora a pesquisa qualitativa, em caráter
de amostragem através de uma entrevista com dois gestores tendo como base um roteiro com
perguntas pré-definidas resultando em um estudo de caso. A marca Okoko e Abel teve seu
início já com uma mentalidade de desconstruir a tradicionalidade em suas convicções pessoais
e empreendedoras, optando por inovar no ramo industrial intentando manifestar, através do
vestuário, um comportamento de ativismo e resistência contra padrões de consumo impostos
pela sociedade, assim desenvolvendo por meio do seu modelo de empreendedorismo a
diversidade e hospitalidade além do que entende-se ser o convencional do tripé sustentável.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Movimento Slow fashion. Empreendedorismo


sustentável. Okoko e Abel.

1. INTRODUÇÃO

No ano de 2012 o SEBRAE promoveu um seminário sobre inovação e

1
Artigo apresentado à Universidade de Passo Fundo – UPF, como parte dos requisitos para a obtenção do
título de pós-graduada em Marketing e Gestão de Negócios, em 2019.
2
Publicitária formada pela Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo e pós-
graduanda do MBA em Marketing e Gestão de Negócios da Universidade de Passo Fundo. E-mail:
camiteixeira@upf.br
3
Professor Orientador, docente na Universidade de Passo Fundo – UPF. Publicidade e Propaganda pela
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Mestre em Administração – Marketing pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul - UFRGS. E-mail: tarso@upf.br
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sustentabilidade nos negócios, com projeção do fim do mundo empresarial no prazo de dez
anos para empresas que não igualarem resultados ambientais e sociais na mesma proporção
que os resultados econômicos. Acredita-se que seja possível, de acordo com as palestras de
Stuart Hart e Pedro Luís Passos (2013), que os empreendimentos gigantescos e tradicionais,
percam espaço para pequenos negócios que estão intimamente ligados aos valores da
sustentabilidade e enxergam nesses valores novas formas de fazer negócios sem maiores
prejuízos ao ambiente, aos seres humanos e á gerações futuras.
Hart (2013) conceitua que os pequenos empreendimentos estão recriando e até mesmo
restaurando uma nova economia, baseada em um olhar mais humano e desacelerado na
concepção e produção de um bem de consumo, dando prioridade para valores ligados a viver
melhor consumindo menos e com mais qualidade, opondo-se aos excessos da padronização
em grande escala. Este desacelerar na economia e na produção de consumo adquire o termo
slow, que segundo Mota e Paiva (2016) iniciou na Itália em 1986 no ramo da alimentação por
Carlo Petrini, e hoje inspira outros segmentos como na moda, com o slow fashion.
Este estudo trata de uma marca de calçados que tem em sua produção o slow fashion
como uma diretriz. O slow fashion conforme Mota e Paiva (2016) se propõem a desafiar as
grandes indústrias do mercado da moda propondo a ideia de um bem fazer produzindo em
pequena escala, valorizando técnicas tradicionais de confecção artesanal, e da procura por
materiais que estejam disponíveis no mercado local e regional. No entanto para atender essa
forma de produção, uma empresa precisa ter um caráter sustentável em seu negócio.
Neste sentido destaca-se o perfil do empreendedor, aquele que sempre foi visto como
um indivíduo capaz de ser um transformador social e desenvolvedor da economia, agora
também possa ser um colaborador do desenvolvimento sustentável por meio de suas práticas
de gestão e produção. No entanto, o conceito claro do que seja um empreendedorismo
sustentável ainda é pouco estudado (BORGES et al, 2013).
A partir da contextualização exposta, apresenta-se aqui o objeto de estudo deste artigo,
a marca gaúcha de calçados slow fashion Okoko e Abel, localizada na cidade de Porto Alegre-
RS, fundada por dois jovens designers e pequenos empreendedores que atuam desde a criação
até a gestão do seu negócio, negócio este que aparenta aproximar-se de um possível conceito
de empreendedorismo sustentável pelos valores e o seu processo quando divulga em suas
redes como instagram e nas produções midiáticas em que aparece.
Diante disso, foi realizado um estudo de caso na Okoko e Abel. Para que se possa
entender o seguinte problema de pesquisa: O que seria empreendedorismo sustentável na
visão prática da marca slowfashion Okoko e Abel correlacionando com a concepção
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teórica de autores que abordam o assunto? A partir disso delimitaram-se os objetivos deste
estudo, sendo que o objetivo geral é identificar o que é empreendedorismo sustentável na
visão prática da marca slowfashion Okoko e Abel, correlacionando com a concepção teórica
de autores que abordam o assunto. Como objetivos específicos têm-se: (I) realizar um
levantamento bibliográfico de conceitos acerca do assunto empreendedorismo sustentável, (II)
investigar por meio de uma entrevista in loco com os gestores da Okoko e Abel dados
referentes ao processo prático de trabalho da Okoko desde o início do seu empreendimento,
(III) analisar qualitativamente os dados da entrevista a fim de visualizar aspectos que a Okoko
e Abel responde enquanto empreendedorismo sustentável de acordo com a teoria, (IV)
apresentar um possível panorama dos diferenciais práticos da Okoko e Abel que se aplicam ao
empreendedorismo sustentável.
Este artigo conta com cinco capítulos: um capítulo introdutório de contextualização do
assunto estudado. O segundo capítulo em que desenvolve os conceitos que discorrem da
compreensão de autores e a hipótese deste estudo, um terceiro que apresenta as técnicas
metodológicas e seus passos utilizados para realizar a pesquisa, um quarto capítulo para
analisar os dados levantados e por fim, um quinto e último para apresentação das
considerações finais e sugestões para próximas pesquisas.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para que seja possível correlacionar teoria com a prática do caso estudado, considera-
se necessário o levantamento bibliográfico dos conceitos aqui descritos, afim de que se
construa uma ordem de entendimento sobre cada termo. O empreendedorismo sustentável
referenciado neste capítulo abarcará o conhecimento prévio sobre sustentabilidade e
movimento slow fashion com o propósito de em seguida servir como uma “chave’’ sobre a
forma de gestão da Okoko e Abel, que será apresentada no capítulo da metodologia.

2.1 Sustentabilidade e o seu desenvolvimento

A preocupação não está em distinguir o que é sustentabilidade e desenvolvimento


sustentável, mas sim de entender como a definição única de sustentabilidade e seu
desenvolvimento foi ganhando notoriedade global e sofrendo com divergências conceituais.
Vezzoli (2010) auxilia no resgate histórico do termo, ao afirmar que o sinais do conceito
tiveram o seu começo na metade dos anos 60, devido à uma conscientização sobre o alto
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índice dos impactos de produção e consumo que afetavam o sistema ecológico, acelerados
pela revolução industrial.
Vezzoli (2010) afirma que foi nos anos 80 que passou-se a ter iniciativa prática e
ativismo sustentável, para então em 1987 o Programa Ambiental das Nações Unidas publicar
a primeira definição de desenvolvimento sustentável, como aquele que atende às necessidades
do presente sem comprometer às necessidades das gerações futuras. Nos anos 90 o conceito
evolui para a prática que beneficia o ser humano na mesma proporção que os ecossistemas,
respeitando seus limites e o protegendo.
Veiga (2010) revê a trajetória histórica de Vezzoli (2010), afirmado que o
desenvolvimento sustentável e sustentabilidade hoje entendidos e praticados como um
conceito bacana, fazem parte da geração de termos que são empregados coloquialmente, sem
saber da sua censura e luta para se tornar além de conceito, um novo valor. O autor acredita
ser um erro tentar definir o que é sustentabilidade e seu desenvolvimento em uma coisa só.
Conceituá-los em uma normativa, restringe e impede que os significados da sua noção
progridam na sociedade, até por sustentabilidade estar mais ligada a desconstrução do que já
está sólido e imposto.
Contudo, de nada adiantou cognitivamente ter-se um entendimento específico de
desenvolvimento sustentável no decorrer das décadas já que o mesmo acabou se estagnando
enquanto discurso. A ideia de desenvolvimento ainda é ligada e impera como conceito de
crescimento econômico. Enquanto as definições feitas pelas Nações Unidas que envolviam a
melhoria de qualidade de vida humana e dos ecossistemas, contextualizada pela trajetória de
Vezzoli (2010), aparentaram ter se tornado mais falácia utópica do que prática. Veiga (2010)
questiona: Será que desenvolvimento estará sempre atrelado unicamente à ideia de
crescimento econômico e não a sustentabilidade? Estes são caminhos isolados quando se visa
a produtividade?
Aquino e Garcia (2017) procuraram entender como a sustentabilidade e seu
desenvolvimento poderia ser definido como força transformadora em padrões insustentáveis,
ideologia ou utopia. O autor esclarece que a força transformadora da sustentabilidade reside
nas suas “utopias” permitindo a materialização do que é desejável nas suas ramificações
ecológicas, econômicas, sociais e tecnológicas, servindo como resistência a realidade
insustentável que por sua vez é focada no cumprir cotidiano, sem dar abertura para imaginar,
constituir e agir pelo bem comum.
A sustentabilidade foi eleita o paradigma de vida no século XXI, concordando que as
materializações utópicas também precisam ter racionalidade para que se empreendam ideias e
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atitudes humanas com a finalidade de efetivar seus projetos transformadores com os três
imperativos de nossa época: cuidado, hospitalidade e fraternidade. Para que então ela
promova um pleno desenvolvimento para todos, beneficiando o cenário de intolerâncias, bem
como desrespeito á pluralidades falta de reconhecimento da natureza como ser próprio e vivo
(AQUINO E GARCIA, 2017).
Leonardo Boff (2017) revisita o discurso tradicional de desenvolvimento sustentável
adotado como modelo de negócio de empresas. Este modelo sugere que para ser sustentável o
desenvolvimento deve ser economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente
correto, nada além do tripé ou dos três pês, “Profit, People, Planet’’ (produto/renda,
população e planeta) conhecidos por serem os “sustentáculos” da sustentabilidade. No que se
entende pela palavra desenvolvimento e sustentabilidade, Boff identifica falhas práticas que
corroboram com o pensamento de Veiga (2010). A ideia de desenvolvimento ainda obedece a
regra industrial de crescimento econômico, exploração de recursos, e consumo exacerbado,
enquanto a sustentabilidade é coletiva e não individual, coopera e não compete, co-evolui e
inter-relaciona-se, não considerando a evolução apenas do mais apto.
Boff (2017) faz questão de especificar as propostas da sustentabilidade, para não
pender para a armadilha do desenvolvimento sustentável enquanto expressão política de
instituições, ou seja, utilizando a sustentabilidade apenas para mascar o que se assume como
ideal de desenvolvimento, ideal este baseado nos velhos moldes tradicionais da indústria. Para
que a sustentabilidade seja respeitada como um desenvolvimento, é preciso ter clareza á
respeito da antiga lógica capitalista que está impregnada na consciência da maioria da
população e visiona o lucro.
Boff (2017) também não acredita que a sustentabilidade seja sempre correspondida
com seu tripé ambiental, econômico e social de modo padrão. Para atende-la como modelo
atual, se agregam características holísticas e psicológicas do próprio ser humano, e acredita-se
que partem de uma gestão da mente sustentável, ou seja, um novo design metal para que ele
supere a compulsão por crescimento, produtivismo e consumismo; generosidade para que se
reconheça como um ser social que comparte, distribui conhecimentos e experiências sem
esperar nada em troca; cultura para que dentro da produção e consumo também existam
formas de favorecer o cultivo da arte, criatividade, inovação e expressões estéticas; cuidado
essencial, pois sem este o ser humano não teria sua existência garantida e sustentada. Essa
contextualização de Boff (2017) serve como um complemento para a ideia de um
desenvolvimento mais sadio no planeta, evidenciado por Aquino e Garcia (2017).
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2.2 Movimento slow fashion

O consumo de moda costumava estar relacionado com à velocidade, por impulsionar a


busca do que é novo no setor de vestuário como um todo, seja da roupa ao calçado. Essa
velocidade abarca em sua essência um sistema onde o descarte ocorre com muita facilidade
pela baixa durabilidade e qualidade de materiais oriundos da produção em grande escala,
como também vitimado pela aderência à tendências de curta duração fazendo com que a
vestimenta deixe de ser usada por estar fora de moda. Esse sistema denomina-se fast fashion
(FERRONATO e FRANZATO, 2015).
Perini (2018) apresenta o movimento contrário ao fast fashion como uma expressão
cultural da sustentabilidade tendo o seu início nos anos 80 com uma filosofia fundamentada
no “tempo certo para cada etapa cumprida” referindo-se desde a criação a distribuição. Assim
esse movimento aponta uma mudança drástica do que se entende por moda, pois as suas
coleções são pensadas para serem utilizadas por um ano inteiro, e não por temporada ou
estação. Além disso, muitas vezes utiliza-se de produtos locais, e as peças podem ser
personalizáveis e colecionáveis. O objetivo do slow fashion vai para além de mensurar ganhos
e acertos que terminam na venda, está atrelado à confiança do cliente com a marca e aos
valores emocionais, o que se difere do fast fashion.
Krucken (2009) contextualiza toda essa mudança no padrão da moda, do design de
produto e do mercado e demanda no seu todo, ao explicar que “valores de estima” com seus
atributos emotivos, estéticos e psicológicos, antes eram vistos como secundários e uma
consequência da “qualidade percebida” do produto. No entanto, atualmente, na produção slow
ele é visto como primário, por se viver em uma era que vive a volta do meio de produção
artesanal, com característica poética própria, Com isso, na tríade do desenvolvimento de um
produto-serviço o que antecede no slow é o olhar cultural para o que será feito, sendo assim
não mais uma tríade: cultura, projeto, tecnologia e produto (KRUCKEN, 2009).
O processo artesanal do slow fashion permite ao consumidor ter roupas sob medida,
resgatando uma experiência semelhante a costuraria, feita para atender aos anseios de
exclusividade do consumidor. Devido a pouca disponibilidade e dificuldade de acesso ás
peças, o acabamento destas, por sua vez, será impecável, e devido à modelagem diferenciada
será possível originar um vínculo emotivo e de pertencimento com esta peça, que trará uma
satisfação de necessidade material e simbólica ao usuário. Estas são as qualificações para se
classificar uma marca em slow fashion (NOGUEIRA; PEREIRA, 2013).
Mota e Paiva (2016) atentam que o método de produção artesanal permite um maior
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planejamento na empresa a longo prazo no calendário de elaboração e produção das peças.


Fornecendo tempo para construir relações e parcerias mutuamente benéficas. Importante
ressaltar que marcas slow fashion costumam desenvolver apenas uma coleção oficial por ano,
ou criam-se novos produtos em tempos diferenciados com peças exclusivas ou semi-
exclusivas.
Para compreender mais sobre o que inclui o método slow fashion, O centro de Moda
sustentável definem o movimento e seu processo como um sistema que se transforma pela
atenção ao design sustentável e a disseminação do seu conhecimento, promove o bem-estar
humano, examina o papel da moda na cultura atual, trabalha dentro dos limites da natureza e
incentiva o desenvolvimento de metas e métodos de avaliação que adotam mudanças positivas
e trazem novas ideias (Dilys, et al., 2009 apud Pookulangara e Shepard 2013).
O cenário em que o slow fashion se situa não evoluiu somente no processo produtivo,
mas também em um novo estilo de vida para o consumidor. Estilo que sustenta todo um
engajamento sobre diferentes problemáticas humanitárias e preocupação com valores éticos
que o consumo reporta. (BROEGA et al., 2018).
Acredita-se que o consumidor do slow fashion assume uma postura empoderada,
frente á adoção de princípios que valorizem compras efetuadas diretamente do produtor local,
reconheça a transparência dentro dos ciclos de produção-consumo. Isto para que enquanto
consumidor possa visualizar e expressar suas preocupações e exigências éticas. Esse
empoderamento do consumidor pode acontecer individualmente ou coletivamente
(ROMERO; SILVA, SOBREIRA, 2018).
Quando se fala em consciência e empoderamento do consumidor, relaciona-se com
ativismo e resistência. Esses dois termos no contexto do slow fashion, vincula-se o
movimento Slow ao Punk que eclodiu em Londres em 1976 (CASTRO, FERREIRA e
MARTINS, 2019). Nessa época a indústria da moda, em crescente expansão, não
compreendia a juventude, que mantinha-se á margem desta. Em resposta esse grupo originou
uma moda agressiva, caracterizada por vestuários que demonstravam protesto á exclusão do
sistema e repúdio por não ter espaço na indústria. As roupas eram rasgadas, usando-se
aviamentos de metal que remodelavam jaquetas, além de revolução nos costumes de moda e
comportamento para a época (CASTRO, FERREIRA e MARTINS, 2019).
Resistências comportamentais constituem estilos de vida em desacordo com estilos
moralmente e socialmente aceitos, e por intermédio da moda criam formas reflexivas para que
se transforme o corpo social, questionando valores morais e estéticos por meio de novos
padrões e por quebras de ruptura. Da mesma forma que o movimento punk, o slow fashion
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contesta o ritmo intenso das metrópoles, o que ocasiona uma reflexão no método e no modelo
de produção sobre os impactos da industrialização e do consumismo na vida contemporânea
(CASTRO, FERREIRA e MARTINS, 2019).
Contudo, Kate Fletcher em entrevista na Global Fashion Conferece, uma das maiores
referências em moda e sustentabilidade, salientou que a mensagem slow que deve ser
trabalhada não é a lentidão e sim sobre um engajamento diferente que existe em seu processo
produtivo. Kate Fletcher também atenta que uma marca slow fashion deve se transformar em
um estilo de “empreendimento social’’, visto que a importância do ativismo slow está no
estado ativo e na busca por mudança de dentro para fora, não priorizando-se o lucro em
primeiro plano.

2.3 Empreendedorismo sustentável

O sentido de empreender relaciona-se com o sentimento de realização máxima do


perfil de um indivíduo ou de um coletivo que almeja ver seus sonhos criando vida.
Significando que o empreendedor visa a construção de algo novo, com o objetivo de melhorar
a vida das pessoas, através de projetos e soluções criativas, inovadoras e sustentáveis, tendo
por resultado a geração de valor e transformação no ambiente em que vive. (DORNELLAS,
2019).
Ao falar da inovação enquanto característica de um empreendedor é preciso
reconhecer neste perfil a capacidade de reformar e revolucionar um padrão de produção. A
inovação explora a invenção para produzir novas mercadorias ou mudar a perspectiva sob
algo que já está feito, descobrindo novas fontes de suprimento de materiais, planejando novas
redes de distribuição, e por fim, mobilizando uma nova organização industrial
(SCHUMPETER 1959, apud BEUREN; RAUPP, 2006).
A partir destas duas visões, que foram elaboradas em décadas e contextos diferentes,
tem-se a imagem do empreendedor como protagonista da esfera econômica, e, além disso, um
profissional capaz de desenvolver melhorias nas esferas ambientais e sociais. A partir desta
convergência cria-se o empreendedorismo sustentável ou orientado ao desenvolvimento
sustentável (BOSZCZOWSKI; TEIXEIRA, 2012).
Zenone (2015) afirma que ao procurar incorporar a sustentabilidade nos negócios,
agrega-se a facilidade em adequar-se ao novo e percebe-se a necessidade de ter uma mente
mutável. O gestor deve adotar uma filosofia de aprender a desaprender, possuir uma
obstinação pelo novo, de modo a desconstruir paradigmas e voltar as ideias para as realidades
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sociais e culturais que esta inserido. Pois ideias ultrapassadas não se ajustam á este modelo de
negócio.
Boszczowski e Teixeira (2012) atentam que esta forma de empreendedorismo
enquanto campo de estudo busca entender como oportunidades de desenvolver bens e
serviços são descobertas, criadas e exploradas. Ainda engloba as consequências econômicas,
sociais, psicológicas e ambientais do produto gerado. Para as autoras este processo de
descoberta requer uma avaliação econômica de oportunidades de inovação, a partir das falhas
de mercado provocadas pela não existência da sustentabilidade. Ainda complementam que o
objetivo principal do empreendedorismo sustentável é promover o desenvolvimento
sustentável, sendo que os objetivos sociais, econômicos e ambientais permanecem em
segundo plano.
No entanto para que este diálogo possa existir e ser disseminado, não somente ao
mercado, mas também para a sociedade, faz parte da condição de empreendedor sustentável
convergir e criar valores mútuos orientados por princípios da sustentabilidade, enraizando e
propagando estes valores para todos os seus atores sociais ou stakeholders. Visto que é para
estes que os valores econômicos, sociais e ambientais estão sendo gerados, e eles são os
responsáveis para a consolidação de um negócio, definindo se todos os valores sustentáveis
estão de fato sendo cumpridos e promovendo transformações (NOBRE; ORSIOLLI, 2016).
Estas transformações, em especial dos stakeholders, podem ter como cenário um
ecossistema empreendedor. Um ecossistema empreendedor para Brito, Dantas e Valente
(2018) é a presença de múltiplos atributos e instituições que em rede estimulam atividades
empreendedoras entre si para que cresçam e evoluam. Os ecossistemas costumam se
desenvolver em torno de uma universidade de referência, de um conjunto de grandes
empresas, de uma indústria, e da densidade de pequenas e médias empresas ligadas a uma
atividade econômica. Estes ecossistemas têm raízes históricas locais e características próprias,
vinculadas á cultura e idiossicracias da região.
Bueno (2018) traz a concepção de que ecossistemas de empreendedorismo costumam
ter um perfil criativo. Os processos criativos e colaborativos são concebidos por inter-
relações entre grupos de pessoas que com o potencial de gerar dispositivos para a
transformação do mundo. O grupo criativo, estando em um contexto turbulento e em ebulição,
promove inovações e rupturas em lógicas dominantes. Um ecossistema de empreendedorismo
com uma essência criativa pode ser formado por designers ou não-designers, que além do ato
de criar, promovem inovações e negócios orientados para a sustentabilidade.
O empreendedor em um ecossistema criativo e sustentável analisa o contexto interno e
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externo, reflete sobre ele e realiza suas críticas em forma de produtos e serviços, e possui
senso de criticidade, não consentindo com o que é inaceitável frente aos seus valores. Em um
mar de sustentabilidade os arquipélagos que os desenvolvem são estes ecossistemas,
abastecidos por atividades empreendedoras preferencialmente sustentáveis (BUENO, 2018).
Quanto às oportunidades e requisitos para criar um negócio sustentável e empreende-
lo, torna-se claro, que as características do empreendedor sustentável são desenvolver
capacidades durante a sua trajetória de vida, que o habilitem a criar novos negócios. Para em
um segundo momento identificar uma necessidade ou problema, seja ele no âmbito social ou
ambiental. A partir da identificação do problema, cabe á esse empreendedor procurar os meios
de atendê-lo, criando valor social e ambiental a partir da geração de valor econômico. Por fim,
compreende-se que a resultante disso deve ser coerente com o seu processo de ideação, para
então ser chamado de oportunidade de negócio sustentável (BOSZCZOWSKI; TEIXEIRA,
2012).
Borges (2013) criou indicadores para definir os tipos de empreendedorismo
sustentável de acordo com o nicho que ele atende, ou seja, se é ambiental ou social. No caso
ambiental integram-se, as escolhas de vida alternativa, como produção de alimentos
orgânicos, movimentos “slow”, reciclagem, artesanato. No âmbito social compõe-se a criação
de produtos para grupos com necessidades especiais e comércio justo, criando parcerias entre
produtores e consumidores. No entanto, o nicho atendido pode ser hibrido.
Os outros indicadores estão atrelados ao entendimento do papel da sustentabilidade
nesse empreendedorismo, se ela será um meio ou objeto, conferindo ou não responsabilidade
social empresarial. Para alguns o objetivo principal do empreendimento é o lucro e a
exploração dos recursos naturais ou sociais. No entanto este tipo de empreendedorismo não se
conceitua como sustentável. Todavia, para o empreendedor que objetiva colaborar para o
desenvolvimento sustentável, o lucro é o meio de manter a empresa e condições compatíveis
com os valores da sustentabilidade. São estes empreendedores que criam valores sociais ou
ambientais pelo produto ou serviço que oferecem. Quanto á responsabilidade social
empresarial não significa necessariamente que todos os empreendedores sustentáveis a
estendem, ela é vista como um importante elemento adicional para criação de mais valores
para sociedade (BORGES, 2013).
Há considerações importantes feitas por Borges (2013) referente á estudos futuros
respeito do empreendedorismo sustentável. Existe uma série de particularidades no processo
empreendedor sustentável, independente da motivação, se é meio ou objetivo, e do nicho
ambiental, social, ou híbrido. Segundo o autor existem também indícios de que os
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empreendedores sustentáveis divergem de empreendedores tradicionais pelos traços de


personalidade, objetivos, fontes de motivação, bem como possuem mais envolvimento com
seus stakeholders. Também, é preciso analisar as consequências das ações empreendedoras.
Por fim, Borges (2013) acredita que há perguntas a serem respondidas pelos próprios
empreendedores, são elas: Como são criadas as empresas que já nascem com a cultura de
sustentabilidade? Quais são os obstáculos que os empreendedores sustentáveis enfrentam?
Quais são os fatores de sucesso na criação de novas empresas sustentáveis?

2.4 Hipótese

H1: A marca de calçados Okoko e Abel pode estar empreendendo de modo sustentável
desenvolvendo a partir de seu sistema prático de produção slow fashion não só os conceitos
tradicionais como outras evoluções de conceitos e aplicabilidades para o tripé: ambiental,
econômico e social.
H1a: A partir da diversidade de identidade de gênero na moda, procura promover
outros atributos sustentáveis, como conceitua o autor Leonardo Boff (2017).
H1b: Assim como responde em seu processo as perguntas sobre a formação,
obstáculos e fatores de sucesso de um empreendedorismo sustentável, feitas por Borges
(2013).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Atentando-se ao objetivo geral deste artigo de identificar o que se entende por


empreendedorismo sustentável na visão prática da marca slow fashion Okoko e Abel, e
correlacionando com a concepção teórica de autores que abordam o assunto, este estudo
estruturou-se em um método de pesquisa qualitativo.
Conforme Flick (2013) o pesquisador qualitativo escolhe pequenos casos e pequenos
números de participantes que deseja estudar, valorizando mais o diálogo e identificando na
sondagem novos aspectos e estimativas que encontrem o seu lugar de acordo com as
perguntas pré-estabelecidas. Ele espera que os participantes respondam espontaneamente e
com naturalidade, trazendo com frequência para as respostas, como também suas histórias e
contextos de vida. O autor destaca que enquanto seleção de caso é intencional de acordo com
a fecundidade teórica do caso, sua coleta de dados é aberta e de análise interpretativa,
possuindo generalização é teórica.
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Para contribuir com um melhor entendimento e compreensão do caso estudado, foi


realizada uma pesquisa descritiva que de acordo com Gil (2002) tem por objetivo descrever
características de um determinado fenômeno e, por vezes o seu estabelecimento entre
variáveis.
Deste modo foi realizado um estudo de caso diretamente no empreendimento Okoko e
Abel no dia 16 de agosto de 2019, na cidade de Porto Alegre. Foram entrevistados os dois
gestores e designers da marca, Ana Letícia Sabi e Vinicius Kniphoff. De acordo com Yin
(2001) um estudo de caso pode investigar um fenômeno contemporâneo dentro de seu
contexto de vida real, e enquanto estratégia de pesquisa está atrelado à estudos
organizacionais e gerenciais de um ou mais casos.
Nesse contexto, a entrevista com os dois gestores foi construída de modo
semiestruturado tendo também uma coleta de dados secundários em sites. Segundo Flick
(2013) na entrevista semiestruturada preparam-se várias perguntas para atender ao escopo
pretendido da entrevista, servindo mais com um guia para os entrevistadores. Os
pesquisadores não costumam ficar presos as perguntas do roteiro, o diálogo entre
entrevistador e entrevistados é importante para que os entrevistados respondam livremente
com naturalidade. (Flick 2013).
A partir desta concepção, foi elaborado um roteiro com vinte e uma perguntas
contemplando questões abertas que envolvem: o que, quais, como e por que, remetendo-se ao
sentido de entender a trajetória da Okoko e Abel, as motivações, os desafios de empreender
com moda sustentável e principalmente visualizar como funcionam os seus processos para
assim também entender suas repercussões, sucessos e contribuições com o desenvolvimento
sustentável como um todo.
A análise deste caso, contou com um processo que como Freitas e Jabbour (2011)
descrevem, é uma transcrição fidedigna dos dados coletados, descrição da coleta trazendo
evidências e insights, que por fim serão analisados tendo como base a fundamentação teórica
de onde serão identificadas as convergências e divergências da literatura em especial com os
autores Bosczczowski e Teixeira (2012), e Boff (2017). Os dados deste estudo de caso foram
gravados em áudio com o propósito de facilitar a recordação de todos os pontos da entrevista.
Para fins de consulta o roteiro de perguntas consta no apêndice 1.

4. RESULTADOS

O significado do nome Okoko, originou-se de um brainstorming para remeter a ideia


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de inovação da marca, e Abel remete a ideia do que é tradicional. A marca gostaria de


inovar, desconstruir o que é tradicional na criação de sapatos no RS. A marca e
empreendimento Okoko e Abel atualmente é gerenciada pela dupla de designers Ana Letícia
Sabi de 29 anos e Vinícius Kniphoff de 31 anos. Foi criada em 2014 após vencer a Maratona
MUDE de inovação promovida pela ABI calçados (Associação Brasileira de Calçados).
Na época da maratona era um grupo de quatro amigos, sendo três designers e um
artista visual, competindo com pessoas experientes há mais de 30 anos no mercado calçadista
de Novo Hamburgo-RS, e estes possuíam uma equipe completa de modelistas, montadores e
costureiros, como também maquinários tecnológicos que os quatro não conheciam. No
entanto, o grupo propôs um sapato fácil de montar e desmontar, auxiliando em questões
ambientais por não ter nenhum material tóxico e facilitando também sua reciclabilidade, como
também o fato de que se devia criar com o material fornecido no local.
A temática do calçado vencedor chamava-se “erros e acertos” da evolução tecnológica
inspirada no aviador brasileiro Santos Dumont. Foram criados três pares diferentes na
maratona, com base na customização de peças pelo próprio consumidor durante o uso e no
baixo impacto ambiental. Quanto ao solado poderia ser impresso pelo consumidor em uma
impressora 3D comprando o arquivo modelado pela Okoko e Abel, facilitando também a
estocagem e logística.
A Okoko e Abel desde a sua formação seguiu os rumos da criatividade enquanto
design, da inovação, e das crenças de um negócio sustentável. A marca experimentou
executar projetos de sapato como o “Pl4ano” que buscava não conter costuras e nem cola em
seu processo, com baixo impacto ambiental, sendo feito de encaixes com 80% borracha e
20% EVA. Este sapato conquistou o prêmio Bornancini de design em 2016.
Além deste projeto, a Okoko e Abel lançou uma coleção de três modelos de calçados
em parceria de desenho e desenvolvimento de produto com o estilista brasileiro Lino
Villaventura, resultando em 100 pares exclusivos com a temática “barroco brasileiro” que
utilizava madeira como base. Percebe-se que neste momento a produção slow fashion e
importância de criar parcerias para colocar o valor da marca e o seu diferencial criativo,
inovador e sustentável no mercado da moda, passou a se destacar.
Em seguida surgiram outros projetos e parcerias, como a coleção de calçados Prelúdio,
em parceria com o brechó Chamaquitas. De acordo com o site (chamaquitas.com.br) o brechó
também faz parte da criação e produção em slow fashion em Porto Alegre, tendo foco em
roupas vintages, que priorizam o menor impacto ambiental possível. Para tanto utilizam
sobras da indústria têxtil e calçadista do Rio Grande do Sul.
14

A Okoko e Abel, demonstrou não se importar apenas com projetos inovadores e


sustentáveis durante a sua existência no ramo calçadista. Ao longo de sua caminhada ela
aparentou criar parcerias com estilistas e designers que compartilhavam dos mesmos ideais
integraram seus projetos em “vitrines” para o reconhecimento do seu jeito de fazer moda
como a Casa de criadores em São Paulo.
O ápice da Okoko e Abel foi criar e desenvolver um calçado exclusivo que compôs o
look da cantora drag queen, Pablo Vittar no Baile da Vogue em 2018 que tinha por conceito
homenagear diferentes culturas brasileiras e sua história. Em entrevista para o site do jornal
“A Hora” de Lajeado-RS, Vinícius Kniphoff relatou que o convite foi feito na própria Casa de
criadores de São Paulo, após um desfile que criaram parceria. Ana Letícia Sabi também relata
que a satisfação em calçar Pablo Vittar foi um “ato político” para a Okoko e Abel, servindo de
reconhecimento e valorização de que o empreendimento, os designers e humanos por trás da
marca fluem na direção que acompanha o fluxo da sociedade contemporânea.
Contudo, a Okoko e Abel demonstra ser mais do que uma marca de moda slow
fashion. Em seu instagram publica editorias das suas coleções, fotos de produção de clipes
musicais, e dos consumidores da marca calçando o produto, mostrando a diversidade de perfis
e identidades de gênero, justamente pela marca produzir sapatos onde se encomenda a
numeração.
Acredita-se que a princípio a Okoko e Abel parece estar baseando seu negócio no tripé
do desenvolvimento sustentável. Porém, o que intriga é saber após tanta trajetória e
conquistas, como foi e é gerir um empreendedorismo supostamente sustentável de acordo com
toda a sua história e constantes desafios, para então entender o que em termos de
desenvolvimento sustentável, o seu modelo de negócios está beneficiando e até propondo de
novo. A empresa afirma em seu site que além de sapatos faz “algo a mais”. Cabe á este estudo
de caso identificar o que é esse “algo a mais”.

De acordo com os gestores Vinícius Kniphoff e Ana Letícia Sabi, as noções da


sustentabilidade e da produção em slow fashion que podem ter formado o empreendedorismo
sustentável da marca, podem ser identificadas no esquema de tópicos abaixo a partir da visão
prática da Okoko e Abel correlacionando com o que Boszczowki e Teixeira (2012) definem
como objetivos, requisitos e passos para formar um modelo de empreendedorismo
sustentável: Vinícius fez cursos voltados para a criação de calçados; Sempre quis aprender os
processos analógicos que envolvem a criação e montagem de um calçado; Encontrava na casa
de sua sócia Ana, um espaço laboratorial para receber pessoas, trocar ideias e experimentar
15

inovações; Seu trabalho de TCC envolveu o estudo do artesanato dentro do design.

Passo 1: Desenvolver capacidades durante sua trajetória de vida que o habilitem a criar
novos negócios (BOSZCZOWSKI; TEIXEIRA 2012).
A partir dos estudos teóricos do seu TCC sobre moda, Vinícius identificou que não era
mais sustentável como o processo de mercado de moda evoluía e que não se conectava mais
às pessoas como no modo artesanal. Começou a ver a sustentabilidade sendo falada e
retratada na moda despontando em 2012, com pequenas marcas em vários lugares do mundo,
criando projetos e produtos diferentes por meio do slow fashion. Entendeu que com uma
produção slow fashion, sustentável, é possível atender um grupo específico por uma causa
específica e mostrar como se pode iniciar um negócio de calçados tendo 15 mil e não
precisando ter 1 milhão, o que geralmente uma empresa precisa já que o custo do calçado é
caro.
Produzir sapatos que possam dentro da lógica de desconstrução e slow, atender
também à públicos desprivilegiados socialmente e pelo mercado de moda fast, com
numerações que vão do 34 ao 44, e que possam ser fabricadas sob medida auxiliando no
empoderamento de um indivíduo que esteja passando por uma transição de identidade de
gênero como transexuais, não-binários e drag queens.

Passo 2: Identificar uma necessidade ou problema seja ambiental ou social


(BOSZCZOWSKI; TEIXEIRA, 2012).
Demorou-se cerca de 1 ano até conseguirem formar uma rede de fornecedores e
artesãos que aceitassem produzir em uma escala pequena e que assim respeitassem os valores
do slow fashion de uma produção pensada em etapas e artesanal. Para um calçado simples
precisa-se de 10 fornecedores, já um mais complexo necessita de 16 a 17 fornecedores.
Quando foi lançada a bota da coleção “Botox’’ o desafio para os fornecedores foi de
desenvolver uma bota de madeira forrada, que precisa ser desenhada e feita à mão, que
demanda tempo de produção por se tratar de um processo artesanal. Um dos fornecedores
disse que não faria “aquilo”, porém outro não se recusou e o fez perfeito. Uma bota de salto
largo fazendo com que o fornecedor também se dê conta de que o sapato precisa ter esse salto,
pois um salto agulha pra alguém que nunca usou um salto, como o público que esteja em
transição de identidade de gênero, pode ser uma experiência frustrante e desconfortável. O
salto criado para a botox necessitava deixar a pessoa firme e estruturada.
A Okoko também trabalha com o material sintético e fibras orgânicas, dessa forma
16

muitos dos seus consumidores atendidos são veganos, e que segundo Vinícius e Ana um dos
atributos que mais avaliam na compra é se o calçado foi feito de couro .

Passo 3: Procurar meios de atendê-lo criando valor social, ambiental a partir da geração
de valor econômico (BOSZCZOWSKI; TEIXEIRA, 2012).
No entanto, o quarto e último passo de Boszczowski e Teixeira (2012) onde o
“resultante” deve ser coerente com o processo de ideação para então se denominar um
empreendedorismo sustentável, mostrando se ele está dando certo e transmitindo os valores
que se propôs como produto e serviço, para que assim o desenvolvimento sustentável ocorra
como objetivo principal como as autoras também apontam, Vinícius e Ana trazem feedbacks
que receberam tanto do lado do fornecedor artesão quanto do seu consumidor entre outras
experiências.
Primeiramente quando a “Botox” foi lançada, houve uma procura por parte de uma
produção de moda, pois a Okoko e Abel trabalha com 15 a 20 produtores de moda no Brasil
tendo um forte acervo de produtos disponíveis para editoriais de moda e clipes musicais em
São Paulo. Foi então que a Botox foi parar nos pés da personagem digital influencer, “Vivi
Guedes” em uma cena, interpretada pela atriz Paolla Oliveira na novela global das 21h, “A
Dona do Pedaço”. Logo após a cena ter ido ao ar, Vinícius e a Ana receberam uma mensagem
da esposa de um dos fornecedores comentando sobre a cena com entusiasmo. Para Ana este
momento significou, após muitos embates de ideias e diferentes concepções e formatos
econômicos de mercado com os fornecedores e artesãos, que tinha valor e seriedade naquela
“loucura” que estavam fazendo.
Com isso, supõem-se a partir de outros exemplos práticos de Vinícius e Ana, o que o
resultante do seu empreendedorismo está desenvolvendo em termos sustentáveis a partir de
algumas das perspectivas de Boff (2017), Aquino e Garcia (2017) conforme esquema abaixo.

Gestão da mente sustentável:

A Okoko e Abel está promovendo junto aos seus stakeholders, principalmente


fornecedores, um novo design mental orientado a processos e consumo. De acordo com
Vinícius e Ana, quando mostra que na produção em pequena escala não se precisa produzir 20
mil sapatos, como fast fashion, com a meta obrigatória de vender estes 20 mil pares que logo
depois serão descartados em massa, por não ter sido considerado o uso de material de baixo
impacto ambiental, valorizado pelo slow fashion. Além de no modelo fast não se considerar o
17

significado único para o consumidor, e não um produto similar a outro sem a preocupação da
durabilidade. Assim, um erro no slow fashion não significa uma perda de dinheiro catastrófica
como no modelo fast. Destaca-se que a mentalidade do fornecedor que trabalha para Ana e
Vinícius é a mesma mentalidade que trabalha em grande escala para a marca Arezzo e de
acordo com a dupla, a luta é mudar o pensamento de que é preciso produzir algo rápido de
montar, fácil, prático e que eles ganhem tempo.

Generosidade:
Vinícius e Ana se reconhecem e reconhecem os seus stakeholders quanto à um ser
social. Apesar de qualquer diferença de opinião, afirmam persistir no fornecedor e no artesão
por enxergar neles uma escola e entender que com a crise e falência que um dia sofreram na
indústria de calçados nos anos 80 quando este mercado competiu com a China, e por terem se
bitolado ao “formatão” do passado como Vinícius diz, com a ideia de que produzir 5 mil pares
é melhor do que produzir 30, 40, 60 como a Okoko e Abel produz, torna-se uma dúvida e um
medo investir em algo que pode estagnar ou retrair como um dia aconteceu nas cidades de
Novo Hamburgo, Sapiranga, Nova Hartz e Campo bom, onde eles trabalham em conjunto.
Outro stakeholder do qual eles compartem e trocam conhecimentos e experiências são com
outros produtores de moda ou algum outro pequeno empreendedor do ramo que esteja
começando e deseja visita-los ou ter alguma parceria. Eles se mostram abertos, pois
relembram que um dia já passaram pelas mesmas situações e tiveram um começo.

Cultura:

Neste quesito para Vinícius e Ana todas as coleções são baseadas em promover o
pensamento contemporâneo da sociedade e de suas transformações. Para isso estão sempre
escutando músicas, assistindo a séries e filmes que seus consumidores em geral estão
consumindo, a fim de que se traduza em uma linguagem em formato de calçado. Vinícius e
Ana acreditam que culturalmente o seu viés enquanto designers favorece o trabalho autoral
independente dele ser vendido para o consumidor final ou não. No entanto Vinícius e Ana
acreditam estarem favorecendo muito a cultura do consumidor no que se refere ao caráter
noite. O desafio para a coleção é pensar e testar em um produto com o caráter dia, para isso
afirmam que precisam estudar o caráter dia desse consumidor.

Diversidade e hospitalidade:
18

Hospitalidade foi um termo levantado por Aquino e Souza (2017) sem detalhar em
específico, mas que caberá como exemplo para a Okoko e Abel no que ela de fato está
promovendo de novo, além do que se considera tradicional no entendimento de
desenvolvimento sustentável. É o que se constata quando Vinícius relata que é o que os move
enquanto microempreendedores, entendendo que desafiaram o mercado com a produção slow
fashion com uma grade de produção do 34 ao 44, e de alguma forma mostrando que sapato é
sapato, não tem gênero feminino e nem masculino e que quando alguém gosta, ele compra,
usa e é dele. Independente da identidade que se tenha.
Foi manifestando a diversidade no produto e na comunicação, optando produzir
sapatos para editoriais de celebridades que tem em si um ativismo, uma causa pela qual lutam
e são resistentes, como as cantoras Pablo Vittar, Luísa Sonza, Karol Conka, Iza e Glória
Groove. A partir do senso de diversidade, de acordo com Vinícius, elas criaram um senso de
comunidade de pessoas que se conectam de diferentes regiões do Brasil, muitas vezes unidas
pela mesma causa, e comprar um sapato de R$ 475,00 em média é um esforço para se
empoderar enquanto indivíduo, seja pela sua identidade de gênero, como por outras questões
que convergem para o empoderamento. Estas pessoas costumam se encontrar no instagram da
Okoko e Abel para elogiar o trabalho da marca e comentar “Obrigada pelo o que vocês estão
fazendo”, segundo Vinícius.
Vinícius e Ana ainda relembram um caso que fez eles enxergarem que estavam
promovendo a diversidade no negócio: Receberam uma mensagem de um cliente que
precisava marcar uma reunião com eles dois para falar sobre a encomenda. Tratava-se de uma
drag queen, com 2,03 de altura, que precisava de um calçado da linha “Botox” na numeração
48. Ana e Vinícius contataram então um fornecedor que alugou uma máquina maior e
específica, e produziram um sapato de salto, o primeiro deste cliente, que não o deixaria mais
alto, mas realizaria o sonho desta pessoa.
Ana e Vinícius em termos não só da diversidade promovida, mas da hospitalidade
comentam que o seu empreendimento, recebia no período pré-eleições em 2018,
consumidores que estavam em uma histeria coletiva, com medo dos rumos que o país iria
tomar de acordo com a sua condição de gênero. E os gestores paravam suas atividades para
ouvir os medos e as histórias dos seus clientes. Isso também fortificou a criação e
comercialização de uma linha de bonés com o escrito “Okoko Company”, havendo muitos
pedidos. O que corroborou com o que Ana afirma sobre “Vender Estilos de vida”.
Um desafio da Okoko e Abel enquanto diversidade é tentar estudar causas que não são
19

específicas do entendimento deles. Um dos próximos desafios é criar calçados para diferentes
tipos de tornozelo. Ana e Vinícius finalizam dizendo que toda diferença é linda, e isso é o que
faz o plural do ser humano e deve ser respeitado no mercado de moda ainda insustentável.
Quanto ao impacto econômico da Okoko, para Ana e Vinícius ainda é uma dificuldade
gerir os ganhos e cuidar de um fluxo de caixa. Reconhecem que nisso pecam, pois a formação
deles não foi administrativa e que futuramente em sua equipe necessitam de alguém nessa
área para que possam ter um pouco mais de lucro. A dupla já conseguiu ser reconhecida pela
sua missão, levar esta missão de desconstrução expondo suas produções em sites, revistas e
eventos de moda, como a Vogue, e promover a diversidade pela sua produção slow fashion. O
que falta é um melhor gerenciamento financeiro da Okoko.
Atualmente, para desenvolver as vendas a empresa promove festas temáticas, que os
gestores apontam como uma oportunidade de atrair novos consumidores. Durante o evento os
convidados podem provar os calçados no espaço da loja, bem como conhecer os processos de
criação e sentir a marcar dentro do espaço do ateliê. Finalizando com a venda de produtos. As
festas temáticas são uma forma que encontraram para conseguir mais uma fonte de renda pra
manter seu empreendimento, o que na visão de Nobre e Orsiolli (2016) também pode ser uma
propagação de seus valores enquanto empreendedorismo sustentável.
Na fala de Ana e Vinícius sobre o a localização do empreendimento há um fato que se
aproxima do conceito de ecossistema empreendedor defendido por Brito, Dantas e Valente
(2018) e Bueno (2018). Normalmente um ecossistema empreendedor se desenvolve há várias
outros empreendimentos do mesmo caráter que respeitam e assumem de forma semelhante as
características daquele local, como sua história, suas raízes e cultura. O bairro Bom Fim
escolhido para o empreendimento de acordo com Vinícius, possui vários outros
empreendimentos de produção slow e artesanal que poderiam posteriormente trocar ideias e
construir parcerias. Também por que a diversidade que gostariam de promover está em um
bairro que já traz isso em sua história, foi construído por ex- escravos negros e depois por
judeus. A história cultural do bairro ajuda a promover o conceito de diversidade.
Por fim, Ana e Vinícius, ainda pretendem seguir empreendendo desta maneira,
acreditando nos ideais de preocupação sustentável e produção slow fashion com um trabalho
autoral. Acreditam que ainda existe muito que ser descontruído por eles enquanto
empreendedores sustentáveis. Mostrando que é possível abrir um negócio com poucos
recursos financeiros, como também a definição de um público-alvo pode acontecer
naturalmente, primeiro testando e experimentando um projeto, um negócio, de modo genuíno,
que por vezes se perde no mundo dos negócios.
20

Figura 1:
Esquema do que o empreendedorismo sustentável da Okoko desenvolve

Fonte: Autora (2019) adaptado de Leonardo Boff (2017) e Aquino e Sousa (2017).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde o princípio o propósito desde estudo foi procurar entender qual era o fenômeno
por de trás das práticas da marca slow fashion Okoko e Abel. Deste modo fazia-se necessário
conhecer quem eram os gestores da marca e como era de fato o seu empreendimento, que
suspeitava-se ser sustentável. Neste contexto, a pergunta que norteou este trabalho buscava
entendimento de empreendedorismo sustentável na visão prática da Okoko e Abel,
correlacionando com autores que abordavam o assunto. Buscando identificar elementos da
atividade da marca para então analisar com os dados teóricos. Para isso, considerou-se
importante a fundamentação teórica para que conhecer e repensar conceitos, ainda por se
tratar de sustentabilidade, termo que Veiga (2010) descreve como algo banalizado pelo
mercado, sem entender-se de fato a essência verdadeira.
A partir da coleta de dados com os dois gestores da Okoko e Abel, tendo por
metodologia um estudo de caso, percebeu-se que sim, a Okoko e Abel se relaciona com boa
parte do que estrutura ser um empreendedorismo sustentável, descrita por Boszczowksi e
Teixeira (2012). A “resultante” disso é o desenvolvimento de uma sustentabilidade, além do
padrão, e mais holística, como Boff conceitua (2017).
Um dado teórico que também confirma-se no perfil de trabalho da Okoko e Abel é a
21

obstinação pelo novo e desconstrução de paradigmas apontados por Zenone (2015) como
característica do empreendedor sustentável. A Okoko e Abel desde o início queria
desconstruir a tradição do sapato tradicional gaúcho, mas hoje pode-se verificar que com a sua
gestão de mente sustentável que descontrói além do sapato, mas também o mercado
tradicional calçadista gaúcho. A empresa é procurada por celebridades, estilistas e stylists
para parcerias de nível nacional, e desenvolve o espírito de cooperação enquanto mercado de
moda slow, procurando crescer na indústria da moda de forma cooperativa.
Este estudo responde aos objetivos propostos e as sua hipótese se confirma, porém
enquanto limitações de estudo encontram-se a falta de clareza sobre a gestão econômica do
empreendimento e de como realizam e organizam o seu balanço patrimonial, pois nota-se que
não exercem controle das variáveis financeiras, nem mesmo um trabalho de vendas mais
orientado em seu e-commerce. Na questão social, a marca desenvolver mais ações voltadas á
diversidade que defende. Sugere-se auxiliar ONGS de pessoas que passaram por transição de
gênero, não compreendidas e expulsas de casa e dar à elas o conhecimento e a oportunidade
de trabalho, para que essas pessoas não sejam marginalizadas ás condições das ruas e da
prostituição, que por vezes impera.
No decorrer deste estudo de caso pode tentar responder a queixa de Kate Flatcher ao
afirmar que as marcas slow precisam realizar mudanças ativas de dentro pra fora vendendo
um estilo de vida, que pode ser diverso graças à uma produção sustentável. Além das
perguntas de Borges et al, (2013) que se referem como nascem as empresas, se já nascem com
a cultura de sustentabilidade, os obstáculos que enfrentam e os fatores de sucesso desses
novos empreendimentos.
De acordo com os indicadores de tipos de empreendedorismo sustentável teorizado
por Borges (2013) conclui-se que a Okoko e Abel atende um nicho híbrido (ambiental e
social), e como empreendedores estão criando valor ambiental e social pelo produto que
oferecem, porém ainda não possuem uma responsabilidade social empresarial mobilizada
pelos seu negócio.
Sugerem-se pesquisas futuras que estudem empreendimentos semelhantes para ter um
melhor entendimento e comparar empreendimentos sustentáveis. Também sugere-se estender
o estudo para mensurar os impactos sociais e ambientais da Okoko e Abel na vida de seus
stakeholders, dando continuidade á este trabalho.

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APÊNDICE I - ROTEIRO DE PERGUNTAS OKOKO E ABEL

1) Primeiramente, de onde veio o nome e o que significa Okoko e Abel?


2) Vocês se conheceram na faculdade? E acreditam que as experiências e os sonhos
universitários potencializaram a vontade de empreender atendendo aspectos
inovadores e sustentáveis?
25

3) Quais foram as principais motivações que levaram a empreender com moda e


calçados?
4) Como foi a trajetória de projetos da Okoko e Abel ontem e hoje, no sentido de
conquistas, desafios e frustrações?
5) Trabalhar com o artesanal e dentro de um ideal slowfashion partiu mais de um caráter
que estão querendo construir para a Okoko e Abel assim ser reconhecida ou por
acompanhar uma tendência comportamental?
6) Além de vocês, quem são os outros atores/stakeholders que fazem parte da Okoko e
Abel?
7) Como vocês enxergam a interação desses atores dentro do ecossistema de trabalho da
Okoko e Abel? Como e com o que eles contribuem para uma geração de valor do
produto e serviço aliado a vocês?
8) Como avaliam o trabalho com as famílias de pequenos produtores locais? Existe uma
troca de conhecimento que se complementa entre vocês? Há barreiras na relação com
eles? Quais?
9) Sustentavelmente falando, como vocês definem o modelo de negócios de vocês hoje,
pensando no ambiental, no econômico e no social?
10) Na hora de lançar um novo produto, como vocês configuram o projeto para que
atenda a estratégia sustentável do slowfashion da concepção, criação desenvolvimento
e descarte?
11) As celebridades que usam a Okoko e Abel em ensaios e produções, o que vocês acham
que eles estão comunicando ao usar o produto dentro dos princípios e crenças de vocês
do slowfashion?
12) Que perfil vocês imaginam que tem o público consumidor de vocês?
13) Para este consumidor final, que valores e ensinamentos vocês pretendem que ele leve
consigo ao usar o produto e que não esteja só atribuído a sua fabricação?
14) E para os colaboradores e parceiros da atividade que a Okoko desempenha em seu
ecossistema de criação, que valores vocês pretendem construir e fortalecer?
15) Como hoje vocês acham que são percebidos por seus parceiros, pelo mercado, e pelo
consumidor? E futuramente?
16) Porto Alegre e o bairro onde estão localizados traz algum benefício para o negócio de
vocês? E a cidade de Porto Alegre carrega razões especiais em termos de cenário de
consumo para vocês?
17) Que feedbacks de consumidores vocês já receberam e de parceiros também que
mostraram que vocês estavam no caminho certo do modelo de negócios por vocês
liderados?
18) O que o espaço físico da lojinha agregou para o negócio?
19) Vocês como designers, o que se propõem dentro do re-olhar, re-interpretar e re-
ssignificar trazer de perspectiva nova de trabalho não só pro design, mas para o
marketing?
20) O que acreditam que precisam melhorar no modelo de negócios de vocês para que seja
mais transparente e sustentável?
21) Que mensagem sustentável o produto de vocês comunica para a sociedade?

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