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Diversidade, conflito e interação no contexto da escola do


campo: experiências no ensino escolar de Geografia
CARINA COPATTI*

Resumo: O presente artigo, de caráter teórico-bibliográfico e reflexivo, parte de


experiências vivenciadas como docente em uma escola do campo em que convivem
estudantes do campo e de contexto indígena, oriundos de aldeamento Kaingang,
cujo contato e convívio diário reverberam em situações distintas que contribuem
para que seja pensado o lugar, a diversidade, os conflitos e as possíveis interações
entre os sujeitos possibilitando, também, repensar o olhar sobre o outro, sua cultura
e suas características. A problemática abordada se refere a uma questão exposta por
uma estudante com relação aos limites extraescolares de interação entre as etnias.
Qual tem sido, diante disso, o papel do ensino de geografia em escolas em
contextos de diversidade? Diante destas questões e do objetivo proposto, o texto é
estruturado em três momentos: a) etnia indígena Kaingang e a população
campesina: singularidades; b) a escola no contexto dos conflitos e aproximações
entre grupos; c) o ensino da geografia para/na diversidade.
Palavras-chave: Ensino de Geografia; Escola do Campo; Diversidade.
Diversity, conflict and interaction in the context of the field school: experiences
in Geography school teaching
Abstract: This article of theoretical-bibliographic and reflective character starts
from experiences experienced as a teacher in a school in the field in which students
from the field and indigenous context coexist, from kaingang aldeamento, whose
contact and conviviality daily reverberate in different situations that contribute to
the thought of the place, diversity, conflicts and possible interactions between the
subjects also enabling to rethink the look on the other, their culture and their
characteristics. The problem addressed refers to an issue exposed by a student
regarding the extraschool limits of interaction between ethnicgroups. What has
been, in view of this, the role of geography teaching in schools in contexts of
diversity? Given these issues and the proposed objective, the text is structured in
three moments: a) Kaingang indigenous ethnicity and the peasant population:
singularities; b) the school in the context of conflicts and approximations between
groups; c) the teaching of geography for/in diversity.
Key words: Geography teaching; Field school; Diversity.

*
CARINA COPATTI é Pós-doutoranda bolsista PNPD-Capes pelo Programa de Pós-
graduação em Educação da UFFS - Campus Chapecó-SC; Doutora em Educação nas Ciências - UNIJUI.
Introdução determinada aluna indígena tomou (e
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continua tomando) espaço importante
No Brasil, existe uma grande
em minhas reflexões enquanto docente:
diversidade de sujeitos, distintos em
como se relacionam os estudantes diante
características sociais, econômicas,
da diversidade? Qual tem sido o papel
étnicas, culturais. As instituições
do ensino de geografia nesses
escolares de caráter público atendem
contextos? E, ainda, como propor uma
estudantes oriundos dessas diversidades
geografia que acolha e contribua à
e, por isso, precisam ser constantemente
visibilidade das diversidades?
objeto de reflexões, haja vista seu papel
social na formação cidadã destes O texto pretende refletir sobre as
sujeitos. diversidades étnico-culturais, conflitos e
interações e, a partir do olhar
A realidade da escola do campo, tomada
geográfico, pensar a humanização das
como objeto de investigação no presente
relações desde a escola. Utiliza-se como
artigo, também se insere nesse contexto
suporte metodológico a pesquisa
de diversidades. Entretanto, a
teórico-bibliográfica e uma experiência
peculiaridade da referida escola, tomada
de trabalho em escola do campo, a partir
como espaço de trabalho e como objeto
da reflexão, envolve distintos aspectos. de resposta a um questionário aplicado
em uma turma de 7º ano. Estrutura-se
O primeiro deles se refere à condição de
em três etapas: a) etnia indígena
escola do campo inserida em um
Kaingang e a população campesina no
contexto rural muito diversificado, de
sul do Brasil: singularidades; b) a escola
territórios conflitivos. O segundo, se
no contexto dos conflitos e
refere aos desafios da escola em atender
aproximações entre grupos; c) o ensino
sujeitos diversos que nela adentram:
da geografia na/para a diversidade.
alunos filhos de agricultores de
descendência italiana e alemã, alunos Etnia indígena Kaingang e a
indígenas de etnia Kaingang e alunos população campesina no sul do
negros originários da área urbana do Brasil: singularidades
município, cuja família opta pela
A diversidade tem sido um tema
educação em escola do campo. O
presente em muitas pesquisas e constitui
Terceiro, se refere à necessidade de
uma realidade presente principalmente
contribuir para a formação cidadã,
nas instituições públicas de ensino,
humanizadora, a partir de uma
principalmente de educação básica, mas
concepção curricular efetivamente
também (e cada vez mais) na educação
construída para a educação das
superior. Pesquisas sobre diversidade,
populações do campo.
em seus múltiplos aspectos, tem
A partir de uma sequência de atividades contribuído para que se busque avançar
realizadas na disciplina de geografia, o debate e ampliar a visibilidade dos
dentro da programação do projeto distintos grupos, compreender suas
Escola do Campo: conhecer e valorizar singularidades, valorizar e respeitar
o nosso lugar1, uma resposta de uma grupos socialmente constituídos. Dito
isso, é importante demarcar alguns
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Projeto em desenvolvimento no ano de 2019 de conceitos que contribuem para a
forma interdisciplinar, composto por seis fases:
Etapa 1: Apresentação do projeto e construção do campo; Etapa 4: A relação com o espaço
colaborativa das propostas; Etapa 2: vivido, a escola e seu entorno. Etapa 5: Espaço
Compreensão da vivência no campo; Etapa 3: A rural: formas de vida e de produção; Etapa 6:
vida em comunidade e a importância da escola Conclusões da primeira edição.
reflexão que se propõe sobre a Um dos povos originários dessa
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diversidade no espaço escolar e as expansão e diversificação étnica é o Jê,
interações que são construídas entre que originou, posteriormente, a etnia
seres que vivem ao mesmo tempo tão Kaingang (Ka = mato/madeira, Ingang =
próximos, e que são, de certa forma, morador), assim denominados os
diferentes em seus modos de vida. habitantes da região das matas no sul do
Brasil há milhares de anos, mesmo que
Para a reflexão toma-se os conceitos
anteriormente com outras
Lugar, Território e Cotidiano como
denominações. Segundo Becker (1976),
basilares ao empreender um olhar
essa denominação se deu desde 1882,
geográfico sobre a realidade destes
grupos. Nesse movimento, é preciso quando Telêmaco Morocines Borba,
estudioso que conviveu com Kaingangs,
considerar a dinâmica espaço-temporal,
que diz das relações que vêm sendo assim a definiu. No entanto, estes
grupos tiveram anteriormente outras
construídas ao longo do tempo em
determinado território e que trazem as denominações: entre os séculos XVI e
XVIII eram denominados Guaianás, no
marcas de distintas épocas, de disputas,
conflitos e situações que hoje balizam século XIX conhecidos como Coroados,
posteriormente definidos como
muitas das situações que chegam à
escola (ou acontecem nela) e reverberam Kaingangs, de modo a diferenciá-los dos
no modo de viver e atuar no lugar. indígenas tupi-guarani.
Diante disso, parte-se da compreensão São atualmente o povo indígena mais
sobre as dinâmicas socioespaciais numeroso do Brasil meridional e,
presentes no território a partir da segundo Veiga (2006), é um dos cinco
presença de distintos grupos étnicos, os povos com maior contingente
quais trazem suas marcas e modos de populacional, chegando a
ver/perceber o mundo. aproximadamente 30 mil pessoas. E
Os povos indígenas brasileiros, assim constituem a mais numerosa das
como os demais povos originários da sociedades de origem linguística Jê,
américa, habitam estes territórios há ocupando três dezenas de áreas
muito tempo. Pesquisas consideram que indígenas que se espalham entre o oeste
há pelo menos 11 mil anos ocupam as paulista e o norte-noroeste do Rio
terras do continente (FAUSTO, 2001). Grande do Sul, incluindo o Paraná
Segundo o autor: (norte, centro e sudoeste) e Santa
[...] muitos cientistas creem que a Catarina (parte oeste). No estado do Rio
migração inicial pode ter ocorrido há Grande do sul são treze os aldeamentos
mais tempo ainda. Uma das razões que Kaingang em áreas demarcadas,
sugerem maior antiguidade é que configurando territórios que procuram
existem evidências arqueológicas de manter (ou tentam manter) a sua cultura.
que a América do Sul, nessa mesma
época, já estava sendo ocupada por
populações vindas da América do Norte Entretanto, processo de aldeamento
e Central. Essas populações, que marca uma ruptura com relação aos seus
chamamos de paleoíndios ('índios modos de vida tradicionais, uma vez que
antigos'), viviam da caça e da coleta e são limitados seus espaços de atuação.
moravam em abrigos naturais, como Um destes aldeamentos, do qual são
grutas. Faziam instrumentos de pedra
lascada e osso. Com o passar do tempo, oriundos estudantes matriculados na
a ocupação indígena na América do Sul escola do campo referida na pesquisa,
cresceu e se diversificou. (FAUSTO, foi demarcado a partir da política oficial
2001, p. 53). de aldeamento da Província do Rio
Grande do Sul, datada de 1846. Este descendentes de imigrantes europeus
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aldeamento foi oficializado em 1991, que chegaram ao Brasil na segunda
estando sob a administração da FUNAI, metade do século XIX, a partir de um
agência regional de Passo Fundo (RS). projeto de colonização estimulado pelo
Governo Imperial no intuito de ocupar
O aldeamento tem sido, ao mesmo terras consideradas “inabitadas”. Na
tempo, uma forma de manter uma região, esse processo foi intensificado
pequena parcela dos territórios nos primeiros anos do século XX,
indígenas, profundamente modificados quando começaram a ser loteadas e
no decorrer do tempo e que marca a povoadas terras localizadas na área
pressão sobre os povos originários, o denominada “campos de cima da serra”,
qual teve como resultado, o planalto norte rio-grandense, que
principalmente na segunda metade do recebeu novos imigrantes e,
século XX, transformações no modo de principalmente, descendentes dos
pensar sua existência e na interação com primeiros imigrantes vindos da Itália,
outros grupos e o espaço. Sobre isso, que haviam ocupado a região da serra a
D’Angelis (2002, p. 113), afirma que: partir da década de 1880.
Mais ou menos a partir de 1975 O loteamento das terras por parte das
começou a organizar-se um
empresas de colonização, em parceria
movimento indígena no Brasil,
envolvendo também os Kaingang. com o governo, originou um processo de
Foi o começo de uma nova alta lucratividade com a ocupação pelos
consciência dos índios sobre seus imigrantes; esse processo marcou, de
territórios e uma nova posição dos modo mais efetivo, o recuo das
povos indígenas com relação à populações indígenas e sua diminuição.
sociedade dominante. Muitos povos Em territórios próximos, recuados,
que já estavam vivendo há muito mantinham-se os povos nativos, pouco a
tempo numa Política de pouco questionados sobre sua
Convivência que aceitava quase permanência nas terras.
tudo que os não-índios impuseram,
sem opor-lhes resistência, A mercantilização da terra, um bem que
começaram a lutar por conquistar deveria ser direito de todos, tornou-se
direitos e passaram a revalorizar a gradativamente objeto de disputa
sua identidade étnica. Muitos envolvendo não apenas as condições de
Kaingang acompanharam desde o subsistência, mas como elo que
começo esse movimento, e muitas garantiria a continuidade de um grupo.
comunidades Kaingang começaram
Desse modo, a delimitação do território
a reorganizar-se e a lutar por
direitos que antes haviam sido indígena Kaingang limitou espacial e
obrigados a ceder diante de muitas simbolicamente a atuação destes grupos,
violências e na falta de quem os antes livres para usar o espaço em
apoiasse. dimensões mais amplas. No entanto,
esse limite não os eliminou, trazendo a
O aldeamento indígena Kaingang em ressignificação de sua cultura.
estudo se configura no contexto desses
movimentos de luta e de resistência no No contexto das resistências dos povos
sentido de manter espaços e garantir sua nativos, Zibechi (2015, p. 99) salienta
própria sobrevivência. Há, no entorno que:
desse território, espaços de produção Em nosso continente, existem
agrícola, configurando as ruralidades territórios heterogêneos, porque os
próprias da ocupação realizada pelos povos do nosso continente
resistiram e resistem à dominação, O território marca a dimensão do poder,
sustentando e criando territórios 13
da influência de determinado grupo ou a
onde podem habitar os modos de hegemonia de determinado grupo, mas
vida não hegemônicos. Nem a também precisa ser considerado, como
diferença sociocultural, nem os
aponta Souza (2008), quando aborda sua
territórios que a hospedam são
dados de realidade, mas construções
transitoriedade. Para o autor, territórios
cotidianas. Longe de serem são construídos (e descontruídos) dentro
essências, trata-se de criações e de escalas temporais as mais diferentes:
recriações permanentes. séculos, décadas, anos, meses ou dias;
territórios podem ter um caráter
As mudanças espaço-temporais permanente, mas também podem ter
constituem marca destes grupos e de uma existência periódica, cíclica
seus territórios, os quais foram sendo (SOUZA, 2008, p. 81). A dinâmica do
transformados de forma distinta com o território do sul do Brasil, a partir da
processo de colonização a partir da chegada dos imigrantes, amparados pelo
chegada dos imigrantes que chegavam Governo da época, traz à tona aspectos
ao Brasil, estes que traziam marcas da da transitoriedade do território e do
luta pela sobrevivência em um contexto poder, da posse sobre ele.
de miserabilidade na Europa da época,
as expectativas e a esperança de um Ao considerar o território, ou os
lugar para recomeçar. Estes encontraram territórios ocupados no planalto sul-rio-
aqui, não apenas o discurso das terras grandense, considera-se que a população
férteis, mas a ideia de que eram foi sendo constituída e foram
territórios desabitados a serem construídas distintas formas de vidas
cultivados. Com a chegada iniciam-se, nesta região. As propriedades rurais
assim, as disputas e as dinâmicas ganharam forma e os modos de vida
envolvendo o território. mesclaram-se entre os grupos ali
Milton Santos (1988), um dos autores estabelecidos, sob forte predomínio das
brasileiros reconhecido mundialmente culturas alemã e italiana, e sob
por seus estudos no âmbito da geografia, influência de outros povos, a partir da
considera que o território foi, a cada expansão do processo de globalização.
momento, organizando-se de maneira Dessa forma, as relações construídas
diversa. E salienta que muitas tanto no contexto do grupo quanto com
reorganizações do espaço se deram e relação a outros que habitam o espaço
continuam acontecendo, atendendo aos próximo, contribuem para as dinâmicas
reclamos da produção da qual é socioespaciais que reverberam em novas
arcabouço. Merecem destaque formas de atuar e de ocupar o espaço.
especialmente as transformações
Cada grupo ocupa de forma singular o
ocorridas a partir de meados deste
espaço e o transforma de acordo com
século XX. Milton Santos (1994),
seus conhecimentos, com suas
considera que “cada fração do território
necessidades e possibilidades em
é chamada a revestir características
determinado momento. O movimento do
específicas em função dos atores
ser humano no espaço onde vive
hegemônicos, cuja eficácia depende
desenvolve condições de criar, recriar e
doravante de uma produtividade
modificar as relações estabelecidas,
espacial, fruto de um ordenamento
adaptando-se e criando traços de
intencional e específico” (SANTOS,
identidade e pertencimento ao lugar
1994, p. 24).
onde vive, o que se expressa nas suas
tradições, nos costumes adquiridos e/ou contínuos que se estabelecem espaço-
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modificados com o decorrer dos anos, temporalmente no lugar. Conforme
na cultura herdada e em vários aspectos Andreis (2019, p. 48) “o cotidiano é o
transformados; ainda, nas relações que ‘aqui-agora’ nos e dos lugares e
estabelece com os demais membros da territórios, e dos e entre sujeitos. Em
comunidade onde vive (COPATTI, ambas as dimensões, o cotidiano é
2010; 2014). sempre construído como arquitetônica
espaço-temporal, impossível de ser
Estes aspectos remetem ao conceito de
substituída”.
lugar, compreendido como o espaço
vivido, o recorte espacial onde se criam O cotidiano relaciona-se com a dinâmica
distintas relações. É a espaço em que do espaço e tempo, que envolve,
ocorre interação de diversas formas segundo Santos (2004) a base da vida
entre distintos grupos. O lugar, para em comum. “É o quadro de uma
Callai (2004, p. 2): referência pragmática ao mundo, do
É um espaço construído como qual lhe vêm solicitações e ordens
resultado da vida das pessoas, dos precisas de ações condicionadas, mas é
grupos que nele vivem, das formas também o teatro insubstituível das
como trabalham, como produzem, paixões humanas, responsáveis, através
como se alimentam e como da ação comunicativa, pelas mais
fazem/usufruem do lazer. É, diversas manifestações da
portanto, cheio de história, de espontaneidade e da criatividade”
marcas que trazem em si um pouco (SANTOS, 2004, p. 322).
de cada um. É a vida de
determinados grupos sociais, As disputas que envolvem grupos, suas
ocupando um certo espaço num culturas e modos de ver/perceber o
tempo singularizado. Considerando mundo, originam distintas situações a
que é no cotidiano da própria serem consideradas a partir da escola,
vivência que as coisas vão
pensando o mundo da vida, o cotidiano
acontecendo, vai se configurando o
espaço e dando feição ao lugar. Um
dos sujeitos no lugar em que vivem e
lugar que é um espaço vivido, de que, de alguma forma, os chama ao
experiências sempre renovadas, o contato com outros sujeitos e grupos que
que permite que se considere o são diversos. Diante disso, é importante
passado e se vislumbre o futuro. A o entendimento das diversidades e da
compreensão disto necessariamente forma como atuam no espaço, ocupam
restada os sentimentos de identidade territórios e interagem nos lugares, para,
e de pertencimento. posteriormente, abordar distintas
O cotidiano das relações estabelecidas situações que emergem no âmbito da
no lugar traz a marca da cultura, das escola. Este é o movimento que se
dinâmicas que refletem as disputas pretende realizar.
territoriais e a organização que se A escola no contexto dos conflitos e
desdobra em determinado espaço. Estas aproximações entre grupos
dinâmicas socioespaciais precisam ser
compreendidas para que se possa O cotidiano das interações sociais é
entender de modo mais amplo a permeado por inúmeras relações que se
organização dos grupos na atualidade e constroem e reconstroem
os desafios na sua interação. Nesse continuamente. No contexto escolar,
sentido, o cotidiano contribui para essas relações por vezes apresentam
interpretar e entender os processos avanços na possibilidade de diálogo,
interação e compreensão do outro; contribuir para uma formação humana e
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outras vezes se mantêm desafiadora, cidadã.
quando não se consegue ampliar e
aprofundar o processo de ensino e Essas dificuldades resultam em
aprendizagem adequado a esses grupos, situações como aquela vivenciada na
tanto para abordar a diversidade quanto escola do campo em que as diversidades
com relação ao modo como se se apresentam marcadas pelo passado
relacionam nestes contextos. conflitivo e por relações que, ainda na
atualidade, apresentam dificuldades em
reconhecer o outro, sua identidade, suas
Munanga (2010), afirma que nunca se
características e formas de ocupar o
falou tanto da diversidade e da
espaço.
identidade como no atual quadro do
desenvolvimento mundial dominado
Essas dificuldades, já bastante
pela globalização; no entanto, ainda é
conhecidas, tornaram-se tema de
desafiador construir, a partir da escola,
escritos a partir do projeto desenvolvido
possibilidades de compreender essas
na escola a partir de uma atividade
diversidades e fazê-las interagir, se
realizada com os estudantes do 7º ano
respeitar, se compreender. Essas
relacionada às formas como cada sujeito
dificuldades se mantêm também pela
e cada grupo culturalmente diverso
condição história do Brasil, no qual as
percebe o lugar, o utiliza, e interage no
diversidades étnicas e culturais não
espaço comum: a escola do campo.
foram objeto das políticas dos governos,
Esse aspecto surgiu de uma aluna de
o que contribuiu para dificultar a
etnia Kaingang que considerou a falta de
construção efetiva de soluções para
aproximação entre as comunidades
determinados conflitos que envolvem os
(indígena e comunidades rurais): “Aqui
grupos, como ocorre por exemplo, em
na escola a gente interage, as culturas
alguns momentos da história, entre
se aproximam. Mas lá fora quando a
indígenas e brancos e que se mantém,
gente se encontra em algum lugar,
por vezes de forma invisibilizada em
quando têm os pais deles [dos brancos],
espaços locais. Assim, mantém-se
eles fazem que não conhecem a gente
desafiadoras as aberturas para interagir
[os indígenas]”.
com aquele que é culturalmente
diferente. E este tem sido um dos A aluna considera, a partir desse relato,
desafios das escolas públicas, que existem situações que dificultam a
principalmente quando tem dentro da aproximação fora da escola. Demonstra,
sua estrutura cotidiana, sujeitos oriundos a partir da resposta, uma dificuldade de
dessas realidades culturais tão distintas. interação que existe entre os sujeitos
culturalmente diversos. As
As escolas públicas inseridas nestes invisibilidades são oriundas de situações
contextos historicamente de disputas socioculturais que reverberam na escola,
têm dificuldades tanto no ensino dos e essas são situações geralmente
conteúdos para a heterogeneidade que recorrentes em distintos espaços
adentra seus espaços (diversidade escolares e em diferentes contextos em
cultural, social, étnica, econômica), que existe uma diversidade de sujeitos
quanto com relação aos processos a com características étnicas, sociais,
serem tomados para que construam culturais, econômicas distintas. São
relações capazes de valorizar situações que resultam em relações que
efetivamente as diversidades e geralmente envolvem discriminação,
intolerância e até mesmo violência situação. Emergiram do debate aspectos
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(física ou verbal). como: diferença da cultura, diferentes
modos de vida, preconceitos e conflitos.
Esses processos ocorrem na dinâmica
O debate, primeiro movimento de escuta
social brasileira diante de processos
e envolvimento com o outro,
históricos marcados pelo preconceito
possibilitou adentrar ao processo de
contra indígenas e negros, pela
construção do espaço em que habitam
discriminação social que sofrem,
hoje estes povos, as dificuldades que
derivadas de um modo de olhar o outro
historicamente foram se perpetuando no
como não digno de ocupar determinado
lugar e que atualmente contribuem para
espaço. Essa situação remete à forma de
que situações como essa continuem
ocupação territorial e de construção
ocorrendo. Dele resultaram atividades
social que perpassou nosso país ao
envolvendo a significação do lugar e da
longo do tempo e que se mantém na
escola do campo enquanto espaços de
estrutura social. Problemas oriundos
interação e de pensar um mundo melhor
desse processo adentram, ainda, as
e um lugar de aproximação, de
instituições escolares e nos desafiam a
construção de histórias, de construir
buscar soluções.
vidas, possível para todos.
Nas escolas públicas, e neste caso, na
escola de educação do campo, a Outros processos oriundos do projeto
interação entre distintos sujeitos traz não poderão ser debatidos neste artigo,
resquícios daquilo que ocorre na mas configuram como um conjunto de
sociedade e nem sempre é fácil de ser ações pensadas interdisciplinarmente
percebida pelos docentes, haja vista que para ressignificar a escola do campo
muitas situações ocorrem para além do enquanto espaço de aprendizagem e
campo de visão e percepção dos formação para a cidadania, o que remete
profissionais que atuam nos espaços de à abertura para olhar para si e ser capaz
sala de aula, em períodos específicos e de dialogar e conviver com o outro.
marcados, muitas vezes, pelo Nesse sentido, Munanga (2010)
silenciamento de determinados temas. considera que a questão fundamental
Diante disso, constitui-se um desafio à que se coloca hoje é o reconhecimento
escola e uma necessidade contribuir para oficial e público das diversidades que
que seus profissionais aprofundem até hoje são tratadas desigualmente no
conhecimentos sobre identidade, sistema educacional brasileiro. E
diversidade cultural, cidadania e sobre a defende a necessidade de discutir,
construção histórica das relações entre construir e incrementar políticas sobre
estes grupos para tornar possível, ao diversidades culturais e etnicorraciais
longo do ano letivo, construir para evitar as barricadas culturais e
conjuntamente (interdisciplinarmente e buscar o diálogo intercultural. Para
no âmbito das comunidades locais), Munanga (2010, p. 42):
possibilidades de desenvolver processos A vida de uma sociedade cultural
educativos que ampliem o diálogo organiza-se em torno de um duplo
intercultural, o respeito às diversidades, movimento de emancipação e
as significações do lugar e das comunicação. Sem o
interações nesses espaços. reconhecimento da diversidade das
culturas, a ideia de recomposição do
No contexto do projeto e da atividade mundo arrisca cair na armadilha de
elaborada, após o relato da estudante um novo universalismo. Mas sem
indígena, foi colocada em debate essa essa busca de recomposição, a
diversidade cultural só pode levar à sobre a dimensão socioespacial local,
guerra das culturas. 17
que reverbera em outros olhares sobre a
realidade em distintos tempos.
Seja em escola do campo ou em
qualquer instituição de ensino, é preciso O ensino da Geografia em contextos
defender essas propostas, tendo em vista de diversidade: possibilidades
que compreender e vivenciar
possibilidades de atuação na diversidade Para compreender as relações que se
e para a diversidade requerem que se constituem na diversidade é preciso
leve em consideração os pressupostos partir do entendimento das dinâmicas
essenciais para uma educação sociais, culturais, econômicas e políticas
acolhedora, o que demanda a abertura que contribuem para que o espaço local
para a comunicação. tenha determinadas características na
configuração atual, sempre relacionadas
Essa comunicação precisa ser pensada a outras escalas espaciais e às dinâmicas
como função social da escola, esta do mundo ao longo do tempo. Mas há
entendida como instituição que acolhe algo também necessário nesse
diversidades, promove sua significação movimento que diz respeito ao modo de
e contribui para uma formação olhar o espaço local que, para além de
humanizadora e cidadã, pensando uma ser um olhar crítico, precisa manter
vivência social participativa e atenção àquilo que foi sendo construído
acolhedora. Para tanto, esse processo ali e tornou possível vivências
requer que os estudantes sejam significativas a muitas pessoas que,
conscientizados das interações que neste espaço, construíram suas formas
produzem no espaço e sobre o espaço, o de vida familiares, comunitárias e a
que remete também às interações que dimensão subjetiva.
cotidianamente vivenciam, seja na
Por isso, a defesa do ensino de geografia
escola ou em outros ambientes.
nas escolas como espaço-tempo para
Essa consciência precisa ser construída problematizar aspectos que relacionam o
desde o espaço rural em que estes lugar e a cidadania construída a partir
sujeitos estão inseridos, onde, dele. Nesse processo considera-se
cotidianamente, de alguma forma, importante utilizar como base dos
interagem com outros sujeitos. A debates os conceitos específicos dessa
abertura de espaços para perceber o ciência, construídos ao longo do tempo,
outro, pode contribuir para construir e os conteúdos considerados necessários
posturas de acolhimento, avançando para pensar estas relações.
contra a ideia de negação de sua
Conforme Callai (2010, p. 26), “[...] a
existência e de seu valor. Esse é um dos
geografia, como conteúdo curricular
desafios que se propõe às escolas, de
escolar, possibilita a interligação da
maneira geral, e principalmente às
escola, por meio dos conteúdos
escolas inseridas em contextos de
curriculares, com a vida, considerando
diversidade. Para tanto, alguns dos
que a aprendizagem escolar pode ser a
aspectos essenciais são: o trabalho
forma de permitir que a criança se
interdisciplinar, a comunicação entre
reconheça como sujeito de sua vida, de
pares, a inserção em espaços
sua história”.
comunitários para conhecer e
compreender suas dinâmicas, a interação Pensar o ensino de geografia para
com os estudantes e entre os estudantes contribuir à construção de relações que
e a leitura, aprofundando conhecimentos convirjam para a cidadania e a relação
com outros, socialmente distintos, com a informação e a organização
mental dos dados e informações que 18
constitui-se um desafio em tempos em
que um viés conservador (em que um lhe são disponibilizados.
único modo de ver e pensar o mundo é Na geografia escolar, esse processo se
considerado correto/adequado) ronda a dá a partir da análise de fatos e de
sociedade brasileira. Para tanto, é fenômenos que ocorrem em diferentes
preciso considerar as interações que escalas, em tempos diversos e em
ocorrem no espaço e as dinâmicas que contextos socioespaciais distintos,
contribuem para os modos de viver e tomando a realidade dos estudantes
atuar no lugar atualmente e que trazem como aspecto de referência importante.
marcas do passado, das transformações Estes aspectos, quando interpretados,
ocorridas no decorrer do tempo. Isso contribuem para construir novos e
leva-nos a defender que os profissionais diferentes olhares com relação ao espaço
que atuam em contextos de diversidade geográfico, além de perceber que suas
também sejam capazes de perceber os dinâmicas são originadas pela atuação
discursos criados e que de alguma forma dos sujeitos a partir dos lugares.
interferem e condicionam os modos de
interagir destes sujeitos e de seus No contexto da escola do campo, esse
grupos. processo pode ser construído com base
nas singularidades de cada grupo e nas
Planejar formas de analisar as relações
características que compõe a identidade
vivenciadas no lugar diz muito do papel
dos jovens que frequentam a escola e, a
da geografia escolar para construir
partir dela, dialogam entre si. Esse
formas de interação com o outro. Os
processo de interação que se efetiva na
debates escolares, a comunicação
escola, tende a contribuir para que
construída a partir de um planejamento
percebam as realidades específicas do
de cada disciplina e tendo uma relação
lugar e sua relação com o mundo. Nesse
interdisciplinar, contribui para a
sentido, ensinar os conteúdos
construção de um olhar mais alargado
geográficos sob uma perspectiva
sobre o lugar, as interações no espaço
humanizadora visando a formação
vividas ao longo do tempo e as
cidadã, seja na escola do campo ou em
dinâmicas originadas das disputas
qualquer instituição do ensino, precisa
territoriais. Na interpretação de Callai
prepará-los para interpretar a sua
(2011, p. 133):
condição de sujeito ativo no mundo, de
As informações sobre os lugares são sujeito que pertence a um lugar e de
fundamentais para fazer análise sujeito-autor na relação lugar-mundo.
geográfica. E, esta nos permite
observar, analisar e compreender Ser sujeito ativo no mundo se refere à
esse espaço construído, como base inserção em determinado espaço
física da sociedade, mas ao mesmo localmente estabelecido, mas
tempo como elemento (sujeito) relacionado a diferentes outros espaços e
ativo no estabelecimento de limites sujeitos. Essa consciência de poder atuar
e possibilidades para a realização da
a partir do lugar contribui para que se
vida social. Para fazer a análise
geográfica é necessário desenvolver
perceba como cidadão. Ser sujeito que
raciocínios espaciais. Através disso pertence a um lugar gera
o estudante pode aprender a pensar responsabilidade pelo lugar e pelas
e cria assim as condições de ações que realiza nele. Requer o
construir o seu conhecimento. Este reconhecimento desse lugar,
resulta dos processos de contato compreendê-lo e construir
possibilidades de viver nele, aula para a problematização de
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melhorando-o para si e para outros problemas locais, de aspectos inerentes
sujeitos que ali convivem. Ser sujeito- à vida comunitária e a abertura para
autor na relação lugar-mundo dialogar sobre as necessidades comuns
considera as formas de atuar no lugar e entre os povos, entre os sujeitos,
dialogar com o mundo, com outras contribuem de alguma forma para
realidades e a realidade local, o que desacomodar, para trazer um novo
requer que conheça o lugar em que vive, significado àquilo que aprendem, ao
sua constituição histórica, e outras modo de ver o mundo e os outros
realidades com as quais esse lugar sujeitos nele inseridos.
interage, em distintas escalas espaciais.
Essa consciência precisa ser construída Por certo há, ainda, muitos desafios para
pensando o espaço rural enquanto a pensarmos as diversidades e as distintas
dimensão que é comum a diferentes realidades que perpassam nossas
grupos, embora seja utilizado e escolas. Este constitui um movimento
significado por cada sujeito e por cada inicial de debate sobre como a geografia
grupo de forma diferente, na medida em pode contribuir para lançar um olhar
que suas populações constroem relação humanizador no ensino e nas relações
com o espaço de forma distinta. vividas por estes sujeitos. Ainda, de
pensar a formação para a cidadania,
Portanto, ensinar geografia sob um viés considerando a participação dialógica,
de formação humanizadora e cidadã responsável e respeitosa necessária a
perpassa por enfrentar desafios como partir do lugar de vivência.
este, mencionado pela estudante
indígena, que muitas vezes não estão Considerações finais
presentes de modo visível e nem estão
diretamente presentes no espaço-tempo São muitos, ainda, os desafios que se
da aula, mas estão nas entrelinhas, nas apresentam às escolas brasileiras no
dificuldades de interação entre os sentido de abordar as diversidades e
estudantes, nos modos de se referir uns para promover uma efetiva comunicação
aos outros, nos tons da fala e nas formas entre elas. Desafios se colocam tanto
de expressão que, por vezes, negam o voltados às políticas públicas, que
outro, intimidam e provocam seu precisam ser pensadas para suprir
silenciamento. Quando isso ocorre, demandas nesse sentido, quanto com
contribui para que a aula (e a escola) relação ao movimento de mudança que
não seja aquilo que se espera: um as escolas precisam fazer, o que
espaço-tempo de construir perpassa pela atuação docente nas mais
conhecimentos significativos e pensar a distintas áreas do conhecimento. Esse
própria existência e a realidade em movimento requer uma comunicação
múltiplas dimensões. interdisciplinar, haja vista que a escola é
compreendida como tempo-espaço de
Mais do que abordar conteúdos de
abertura dialógica entre os professores e
geografia, é preciso pensar estes
destes com os estudantes, no intuito de
conteúdos a partir da realidade vivida,
que, pelo seu exemplo e pelas propostas
planejar de que forma estes conteúdos
que juntos criam, possam aprimorar nos
serão significativos no contexto em que
estudantes a possibilidade de abertura ao
vivem estes estudantes e como podem
diálogo, à compreensão de si e do outro,
contribuir para transformar modos de
culturalmente diverso.
atuar no espaço. A abertura da sala de
Para tanto, é preciso compreender as CALLAI, Helena C. Escola, cotidiano e lugar.
In: BUITONI, Marísia Margarida Santiago 20
realidades locais inseridas na
(Coord.). Geografia: ensino fundamental.
configuração territorial do país, marcado Coleção Explorando o Ensino – Geografia.
por disputas e por situações que Volume 22. Brasília: Ministério da Educação,
invisibilizaram, por muito tempo, Secretaria de Educação Básica, 2010.
diversas culturas. A escola, nesse CALLAI, Helena C. A geografia escolar e os
sentido, não pode mais fechar os olhos conteúdos da geografia. Revista Anekumene.
para estes problemas que só podem ser N. 1, 2011. p. 128-139.
solucionados (ou reduzidos) com a COPATTI, Carina. Educação estética na escola
participação de todos, com base na ação indígena Kaingang: propostas para o ensino de
dialógica e da percepção do outro como Geografia. Dissertação (Mestrado em
sujeito, este que também vive e atua no Educação). Programa de Pós-graduação em
Educação da Universidade de Passo Fundo –
espaço a partir de determinado modo de UPF, 2014.
vê-lo e compreendê-lo.
COPATTI, Carina. Espaço rural:
Perceber essas diversidades a partir do transformações, cultura e memória. Editora
ensino da geografia desafia os Imed: Passo Fundo, 2010.
professores a promover espaços para D’ANGELIS, Wilmar da Rocha. Kaingáng:
que, sob sua interpretação, possa-se questões de língua e identidade. LIAMES 2,
entender os contextos de diversidade e Primavera: Unicamp/IEL, p. 105-128, 2002.
pensar estratégias para colocá-las em FAUSTO, Carlos. Formas sociais e políticas,
diálogo a partir da realidade local. Não ontem e hoje. In: Índios do Brasil 1. Cadernos
existe, portanto, uma receita para isso. da TV Escola. Secretaria de Educação a
Distância, Secretaria de Educação Fundamental.
Cada escola e seu grupo de profissionais Reimpressão. Brasília MEC, SEED SEF, 2001,
precisa construir as possibilidades para 96 p.: il.
atuar nesse movimento de valorização,
SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço
de compreensão das diversidades, de habitado. Paulo: Hucitec, 1988.
humanização e de atuação cidadão para
contribuir efetivamente às SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo. São
Paulo: Hucitec, 1994.
transformações que o país necessita com
relação à visibilidade de suas SOUZA, Marcelo Lopes de. O território: sobre
espaço e poder, autonomia e desenvolvimento.
diversidades. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo da
Costa; CORRÊA, Roberto Lobato (Orgs.).
Geografia: conceitos e temas. 11. ed. Rio de
Referências Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. p. 77-116.
ANDREIS, Adriana Maria. O cotidiano como VEIGA, Juracilda. Aspectos fundamentais da
dimensão científico-didática da geografia no cultura Kaingang. Campinas, SP: Curt
projeto da escola. Revista Brasileira de Nimuendajú, 2006.
Educação em Geografia, Campinas, v. 9, n. 17,
p. 44-67, jan./jun., 2019. ZIBECHI, Raúl. Territórios em resistência:
cartografia política das periferias latino-
BECKER, Ítala Irene. O índio Kaingáng no Rio americanas. Rio de Janeiro: Consequência,
Grande do Sul. Revista de Antropologia, n. 29, 2015.
São Leopoldo: Ed. Unisinos, 1976.
CALLAI, Helena C. O estudo do lugar como
possibilidade de construção da identidade e Recebido em 2019-11-23
pertencimento. In: VIII Congresso Luso-Afro- Publicado em 2020-02-28
Brasileiro de Ciências Sociais. A questão
social do novo milênio. Coimbra, 2004.

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