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1.

(Cespe – MPOG ) O princípio da separação dos independência e harmonia entre os poderes a


Poderes adotado no impossibilidade de que um poder
Brasil pode ser caracterizado como rígido, uma vez que exerça função típica de outro, não podendo, por exemplo,
todos os Poderes da o Poder Judiciário
República exercem apenas funções típicas. exercer a função administrativa.

Comentário: O item está errado. O princípio da Comentário: O sistema de separação de Poderes


separação dos Poderes previsto na
adotado no Brasil pode ser caracterizado como Constituição Federal é flexível. Isso significa que cada
flexível, e não como rígido, Poder possui uma
uma vez que os Poderes exercem suas funções típicas função típica, a qual exerce com preponderância, mas
com preponderância, não com exclusividade,
mas não com exclusividade. De fato, cada Poder, ao eis que também exerce funções atípicas, próprias dos
lado de sua função típica, demais Poderes.
também desempenha funções atípicas, vale dizer, Assim, por exemplo, o Judiciário, ao contrário do que
atividades com afirma o item, pode sim
características das funções desempenhadas pelos exercer função administrativa, como quando realiza
demais Poderes. concursos públicos ou
Gabarito: Errado promove licitações para aquisição de bens.
Gabarito: Errado
2. (Cespe – MPU ) A CF instituiu mecanismos de freios e
contrapesos, de 5. (Cespe – MIN ) Consoante o modelo de Estado
modo a concretizar-se a harmonia entre os Poderes federativo adotado pelo
Legislativo, Executivo e Brasil, os estados-membros são dotados de autonomia e
Judiciário, como, por exemplo, a possibilidade de que o soberania, razão por que
Poder Judiciário declare a elaboram suas próprias constituições.
inconstitucionalidade das leis.
Comentário: É correto que o modelo de Estado
Comentário: A questão está perfeita. A possibilidade federativo adotado pelo
de que o Poder Brasil confere autonomia aos Estados-membros, nos
Judiciário declare a inconstitucionalidade de leis termos do art. 18 da
constitui exemplo típico do Constituição Federal:
mecanismo de freios e contrapesos previsto na Art. 18. A organização político-administrativa da República
Constituição da República. No Federativa do Brasil
caso, possibilita ao Judiciário retirar do mundo compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os
jurídico eventuais leis Municípios, todos
aprovadas pelo Poder Legislativo que não estejam em autônomos, nos termos desta Constituição.
plena consonância com Essa autonomia é de caráter político, administrativo e
os ditames constitucionais. Em razão da existência de financeiro, o que
mecanismos como significa que os estados-membros, assim como os
esse, evita-se que um Poder se sobressaia sobre os municípios e o DF,
demais, estabelecendo, possuem capacidade de auto-organização,
assim, o equilíbrio e a harmonia entre eles. Também autogoverno e autoadministração.
são exemplos de Porém, o quesito erra ao afirmar que os estados-
mecanismos do sistema de freios e contrapesos: a membros são dotados de
possibilidade de veto de soberania. Na verdade, somente o Estado Federal (a
projetos de lei pelo chefe do Executivo e a sabatina República Federativa do
pelo Senado de membros Brasil), detém o atributo da soberania. Já os entes
do STF escolhidos pelo chefe do Executivo. federados, incluindo a
Gabarito: Certo União, possuem apenas autonomia.
Gabarito: Errado
3. (Cespe – PC/BA ) A eleição periódica dos detentores
do poder político e 6. (ESAF – Ministério da Fazenda ) Assinale a opção
a responsabilidade política do chefe do Poder Executivo incorreta.
são características do a) O sistema de freios e contrapesos não importa em
princípio republicano. subordinação de um poder a
outro, mas diz respeito a mecanismos de limitação de um
Comentário: O quesito está correto. As características poder pelo outro previstos
marcantes da constitucionalmente, de modo a assegurar a harmonia e o
forma de governo República são a eletividade e a equilíbrio entre eles.
temporalidade do mandato b) É exemplo de mecanismo de freios e contrapesos o
do chefe do Executivo e, ainda, a sua responsabilidade poder de veto conferido ao
política, Chefe do Poder Executivo em relação a projetos de lei
consubstanciada no dever de prestar contas de seus aprovados pelo Congresso
atos. Nacional.
Gabarito: Certo c) O veto imposto pelo Chefe do Poder Executivo pode ser
derrubado por meio do
4. (Cespe – PRF ) Decorre do princípio constitucional voto da maioria absoluta dos membros do Congresso
fundamental da Nacional, em sessão

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conjunta. atípica, também administra e julga, por exemplo,
d) Compete ao Presidente da República, dentro do quando realiza concursos
sistema de freios e contrapesos públicos (função administrativa) ou quando o Senado
previsto constitucionalmente, escolher e nomear os Federal julga crimes de
Ministros do Supremo Tribunal responsabilidade praticados pelo Presidente da
Federal, depois de aprovada a escolha pelo voto da República e por Ministros do
maioria absoluta do Congresso STF, nos termos do art. 52, I e II da CF (função
Nacional, em sessão conjunta. judicial).
e) São funções típicas do Poder Legislativo legislar e Gabarito: alternativa “d”
fiscalizar, sendo suas funções
atípicas administração e julgamento, podendo ser citado 7. (IADES – Metro/DF ) A respeito do direito
como exemplo desta última administrativo, assinale a
o julgamento do Presidente da República ou Ministros do alternativa correta.
STF por crimes de a) A Administração Pública confunde-se com o próprio
responsabilidade. Poder Executivo, haja vista
Comentários: que a este cabe, em vista do princípio da separação dos
(a) CERTA. No Brasil, conforme prevê o art. 2º da poderes, a exclusiva
Constituição Federal, função administrativa.
os Poderes são independentes e harmônicos entre si, b) O chefe do Poder Executivo pode, por decreto,
não havendo, assim, promover a extinção de órgãos
relação de subordinação entre eles. A harmonia é públicos, quando seus cargos estiverem vagos.
garantida pelo sistema de c) Supremacia do interesse público não consta como
freios e contrapesos, que se caracteriza pela princípio expresso, mas
existência de controles informa a atuação da Administração Pública, assim como
recíprocos, estabelecidos para evitar que qualquer os demais princípios, tais
Poder se sobressaia sobre como eficiência, legalidade e moralidade.
os demais. d) As decisões adotadas por delegação de competência
(b) CERTA. Como dito, o mecanismo de freios e consideram-se praticadas
contrapesos admite pela autoridade delegante, e não pelo delegado.
controles recíprocos, isto é, controle de um Poder e) Na remoção ex officio de servidor público para
sobre outro. No caso, o localidade diversa da por ele
poder de veto (CF, art. 66, §1º) possibilita ao Chefe do postulada, não se exige a correspondente motivação por
Executivo não parte da Administração
sancionar projetos de lei aprovados pelo Poder Pública.
Legislativo. Comentário: vamos analisar cada alternativa:
(c) CERTA. Ainda conforme o mecanismo de freios e a) ERRADA. A Administração Pública não se confunde
contrapesos, a com o Poder
Constituição estabelece que o veto do Poder Executivo. Os Poderes exercem funções típicas e
Executivo não é absoluto, pois atípicas. A função
pode ser derrubado pelo voto da maioria absoluta dos administrativa é típica do Poder Executivo, mas
membros do também é exercida de forma
Congresso Nacional, em sessão conjunta (CF, art. 66, atípica pelos Poderes Legislativo e Judiciário, ou seja,
§4º). o Poder Executivo não
(d) ERRADA. É certo que, dentro do sistema de freios possui a exclusividade da função administrativa.
e contrapesos b) ERRADA. Conforme o art. 84, VI da Constituição
previsto na CF, compete ao Presidente da República Federal, compete
escolher e nomear os privativamente ao chefe do Poder Executivo dispor,
Ministros do STF. Porém, a escolha deve ser aprovada mediante decreto, sobre
pela maioria absoluta do organização e funcionamento da administração
Senado Federal (CF, art. 101, parágrafo único), e não federal, quando não implicar
pelo Congresso Nacional, aumento de despesa nem criação ou extinção de
daí o erro. órgãos públicos e sobre
(e) CERTA. O Legislativo, além da função típica de extinção de funções ou cargos públicos, quando
legislar, também exerce a vagos. Como se nota, o
função de fiscalizar a Administração Pública, chefe do Poder Executivo, por decreto, pode extinguir
conforme previsto no art. 70 da CF. cargos públicos,
Este dispositivo atribui ao Congresso Nacional a quando vagos, mas não pode extinguir órgãos
competência para exercer o públicos.
controle externo da Administração Pública, com o c) CERTA. De fato, a supremacia do interesse público
auxílio do Tribunal de Contas é um princípio que
da União. Ressalte-se que a função fiscalizatória ou de baliza a atuação da Administração Pública, como
controle não se encaixa veremos adiante nesta aula.
de modo perfeito na tripartição clássica pensada por Tal princípio é considerado um princípio implícito,
Montesquieu, mas passou a pois não aparece de forma
ser desempenhada à medida que a organização estatal expressa no art. 37, caput da Constituição Federal.
foi evoluindo e se Ressalte-se que os
tornando mais complexa. Além de legislar e fiscalizar, princípios da eficiência, legalidade e moralidade,
o Legislativo, de forma também citados na questão,

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são princípios expressos, vez que, diferentemente da Administração Pública em sentido formal, subjetivo ou
supremacia do interesse orgânico
público, constam de forma expressa no art. 37, caput significa o conjunto de agentes, órgãos e pessoas
da CF. Nota-se, então, jurídicas que
que a redação do item ficou um pouco confusa, pois tenham a incumbência de executar as atividades
admite duas administrativas3.
interpretações: (i) que os princípios da eficiência, Esse conceito, portanto, leva em conta o sujeito, isto é,
legalidade e moralidade quem está
informam a atuação da Administração e também são exercendo a função administrativa, em qualquer dos
princípios implícitos; (ii) Poderes.
que os princípios da eficiência, legalidade e Dessa forma, o conceito não se restringe aos agentes,
moralidade informam a atuação órgãos e
da Administração, assim como os demais princípios. pessoas do Poder Executivo, haja vista que os Poderes
Para o item estar Legislativo e
correto, devemos considerar a segunda interpretação, Judiciário também administram, notadamente quando
visto que, como dito, organizam seus
os princípios da eficiência, legalidade e moralidade serviços internos e gerenciam seus servidores.
são princípios expressos. Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo defendem que,
d) ERRADA. Ocorre exatamente o contrário: as quando se adota
decisões adotadas por o sentido formal ou subjetivo, a rigor, só podem ser
delegação de competência consideram-se praticadas considerados
pelo delegado, isto é, Administração Pública aqueles sujeitos que nosso direito
por quem recebeu a delegação, e não pela autoridade assim considera,
delegante. não importa a atividade que exerçam. Assim, segundo os
e) ERRADA. Todo ato que afete o interesse individual autores, de
do servidor – tal acordo com nosso ordenamento jurídico4 a Administração
qual a remoção ex officio de servidor público para Pública seria
localidade diversa da por integrada exclusivamente pelos órgãos da administração
ele postulada - necessita de motivação (exposição dos direta
motivos) por parte da (Ministérios, Secretarias, Mesas etc.) e pelas entidades da
Administração Pública. administração
Gabarito: alternativa “c” indireta (autarquias, fundações públicas, empresas
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA públicas e sociedades
Em sentido estrito, o conceito de administração pública de economia mista), e por mais ninguém.
envolve Ainda veremos no nosso curso o que vem a ser
todo o aparelhamento estatal voltado à execução das administração direta
políticas públicas. e indireta. Porém, o importante aqui é perceber que,
Contrapõe-se, portanto, ao conceito de Governo: enquanto segundos os autores,
este o conceito de Administração Pública formal ou subjetiva
estabelece, aquela executa as políticas públicas. Nas excluiria
palavras de Hely entidades privadas que exercem atividades próprias da
Lopes Meireles, “a Administração não pratica atos de função
governo; pratica administrativa, a exemplo das concessionárias de serviços
tão-somente, atos de execução, os chamados atos públicos
administrativos, (companhias de lixo, água, energia elétrica etc.) e das
com poderes de decisão limitados a atribuições de organizações
natureza executiva, 3 Carvalho Filho (, p. 11).
conforme definidos em lei”. 4 Decreto-Lei nº 200/1967.
O conceito de administração pública também pode ser sociais. Isso porque, apesar da atividade exercida, nosso
tomado em ordenamento
sentido amplo, abrangendo, assim, os órgãos superiores jurídico não coloca essas entidades no seio da
de governo que Administração Pública
exercem função política, da mesma forma que os órgãos, formal.
agentes e Não obstante, frise-se que a maioria da doutrina não faz
entidades que exercem função meramente administrativa, essa
isto é, de distinção, e simplesmente define a Administração Pública
execução dos programas de governo. em sentido
Não obstante, o mais comum é considerar o conceito de subjetivo como o “conjunto de órgãos, agentes e pessoas
administração pública em sentido estrito. E nesse jurídicas aos
sentido, a doutrina quais a lei atribui o exercício da função administrativa do
costuma ainda dividir o conceito de administração pública Estado5”.
em duas Administração pública em sentido material, objetivo
vertentes: uma considerando a ótica dos executores da ou funcional
atividade pública Em sentido material, objetivo ou funcional, a administração
(quem), e outra considerando a própria atividade (o que). pública
Vejamos. abrange as atividades exercidas pelas pessoas jurídicas,
Administração pública em sentido formal, subjetivo ou órgãos e
orgânico agentes incumbidos da função administrativa do Estado. O
conceito,

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portanto, adota como referência o objeto, isto é, o que é destinatários os administrados – isto é, a sociedade
realizado, não ou os sujeitos que não
obrigatoriamente quem exerce. pertencem à Administração formal – ou os próprios
Geralmente, as seguintes atividades são apontadas como órgãos e entes
próprias da administrativos.
administração pública em sentido objetivo: Quando a Administração se relaciona com os
 Polícia administrativa: abrange as atividades administrados, teremos a
administrativas que implicam chamada administração extroversa, pois nela existem
restrições ou condicionamentos aos direitos individuais ações externas, isto é,
impostos em prol do que incidem para fora do núcleo estatal. Trata-se das
interesse de toda coletividade, como ordens, notificações, atividades finalísticas
licenças, autorizações, atribuídas pela Constituição a cada ente da federação
fiscalização, sanções. (União, Estados, DF e
 Serviço público: toda atividade executada diretamente Municípios).
pela Administração Por exemplo, há administração extroversa quando um
Pública formal ou por particulares delegatários que tenham órgão de
por fim satisfazer as fiscalização estatal interdita um estabelecimento
necessidades coletivas, sob regime predominantemente comercial. No caso, a relação
público. Exemplos: é extroversa porque se dá entre a Administração
serviço postal, serviços de telecomunicações, transporte (órgão de fiscalização) e uma
ferroviário, rodoviário e pessoa externa ao Poder Público, o estabelecimento
aéreo etc. comercial privado.
 Fomento: compreende a atividade administrativa de Outro exemplo de administração extroversa seria na
incentivo à iniciativa prestação de
privada de utilidade ou interesse público, tais como o serviços públicos, como quando um cidadão é
financiamento sob atendido no posto de saúde
condições especiais, a concessão de benefícios ou público. No caso, a relação é entre a Administração
incentivos fiscais etc. (posto de saúde) e uma
 Intervenção: é entendida como sendo a 6 e.g. Alexandrino, M. e Paulo, V. (, p. 21).
regulamentação e fiscalização da 7 Não se preocupe. Veremos os conceitos de direito
atividade econômica de natureza privada (intervenção público e de direito privado já no próximo tópico.
indireta), por exemplo, pessoa externa ao órgão estatal, o cidadão.
mediante a atuação de agências reguladoras, bem assim Essas relações extroversas se fundamentam nos
a atuação do Estado princípios da
diretamente na ordem econômica, geralmente por meio supremacia e da indisponibilidade do interesse
das empresas estatais público (os quais serão
5 e.g. Di Pietro (, p. 57). estudados mais adiante). Pode-se associar esse
(intervenção direta). Compreende também as conceito ao de administração
intervenções estatais na pública em sentido material, objetivo ou funcional, que
propriedade privada (tombamento, requisição, considera a natureza
desapropriação, servidão, etc.). das atividades levadas a efeito pela Administração
Quanto ao último item acima (“intervenção”), importante para atender as
ressaltar necessidades da coletividade (polícia administrativa,
que alguns autores6 não consideram atividade de serviço público, fomento
administração pública e intervenção).
em sentido material a intervenção direta do Estado na Por outro lado, quando a Administração se relaciona
economia (Estadoempres entre si, ou seja,
ário). Isso porque, quando atua nessas condições, o entre os entes políticos (União, Estados, DF e
Estado está Municípios), entre esses e os
predominantemente sujeito ao regime de direito órgãos da Administração Direta ou entre os órgãos em
privado, exercendo si, teremos a chamada
atividade econômica em sentido estrito, isto é, em administração introversa, pois, nesse caso, as ações
igualdade de condições ocorrem dentro o núcleo
com os particulares. Para esses autores, as atividades de estatal. A administração introversa é considerada
administração instrumental em relação à
pública em sentido material seriam somente aquelas extroversa, vale dizer, as relações internas servem de
desempenhadas sob instrumento para a
regime predominantemente de direito público7. efetivação das relações externas, estas, de cunho
finalístico. De fato, toda a
8. (Cespe – Sefaz/ES ) Define-se, como administração organização administrativa interna do Estado serve
pública externa ou para que ele possa
extroversa, a atividade desempenhada pelo Estado, como, implementar as políticas públicas em prol da
por exemplo, a sociedade.
regulação, pela União, da atividade de aviação civil pelas Há administração introversa quando, por exemplo, a
respectivas União realiza
concessionárias. transferências de recursos federais para um
Comentário: As ações da Administração Pública Município. No caso, as duas
podem ter como partes da relação (União e Município) são entes
estatais, ou seja, a atividade é

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desenvolvida dentro do núcleo estatal. algumas instituições presentes na estrutura do Estado
Também é administração introversa quando um contemporâneo. Como
Ministério descentraliza exemplo, tome-se o Ministério Público e os Tribunais
créditos orçamentários para outro Ministério ou de Contas, instituições
quando um Ministério realiza com competências próprias, inconfundíveis e
a supervisão finalística (tutela) de uma entidade da privativas que não se
administração indireta a enquadram de modo perfeito no âmbito dos
ele vinculada, pois tais relações são travadas dentro tradicionais Poderes Judiciário,
do núcleo estatal e Executivo e Legislativo. Contudo, tais instituições e
são instrumentais em relação à administração suas funções ainda não
extroversa, ou seja, as têm a denominação formal de Poder.
atividades introversas têm como objetivo possibilitar (c) CERTA. A Administração Pública pode ser vista
uma posterior atividade pelos critérios
finalística extroversa (ex: o Ministério que recebeu os subjetivo/formal ou objetivo/material. Segundo o
créditos vai prestar um critério subjetivo, considerase
serviço público ao cidadão). Ressalte-se que "núcleo quem está exercendo a função administrativa,
estatal", aqui, é abrangendo, portanto, o
entendido como todas as entidades públicas, de conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que
qualquer ente da federação, tenham a incumbência
incluindo as entidades da administração indireta. de executar as atividades administrativas. Já pelo
A situação apresentada no enunciado da questão se critério objetivo, considerase
refere a uma relação o que é realizado, não obrigatoriamente quem exerce,
externa finalística (regulação da atividade de aviação abrangendo as
civil pela União). atividades de polícia administrativa, serviço público,
Portanto, correto afirmar que se trata de administração fomento e intervenção.
pública extroversa. (d) ERRADA. O poder que a Administração possui para
Gabarito: Certo controlar seus
próprios atos, podendo anulá-los, caso verifique
9. (Cespe – AE/ES ) Acerca de governo, Estado e alguma irregularidade,
administração pública, caracteriza o princípio da autotutela. Por outro lado, o
assinale a opção correta. princípio da
a) Atualmente, Estado e governo são considerados impessoalidade dita que atividade da Administração
sinônimos, visto que, em não deve ter em mira este
ambos, prevalece a finalidade do interesse público. ou aquele indivíduo em especial, e sim o interesse
b) São poderes do Estado: o Executivo, o Legislativo, o público, da coletividade.
Judiciário e o Ministério (e) ERRADA. Ao contrário do que afirma a assertiva, a
Público. Constituição
c) Com base em critério subjetivo, a administração pública Federal adota um modelo de separação flexível de
confunde-se com os Poderes. Isso porque a
sujeitos que integram a estrutura administrativa do Estado. própria Constituição atribui a cada Poder funções
d) O princípio da impessoalidade traduz-se no poder da típicas, desempenhadas
administração de controlar com preponderância, e funções atípicas,
seus próprios atos, podendo anulá-los, caso se verifique desempenhadas de modo acessório.
alguma irregularidade. Assim, por exemplo, é que o Poder Legislativo e o
e) Na Constituição Federal de 1988 (CF), foi adotado um Judiciário, cujas funções
modelo de separação típicas são, respectivamente, a legislativa e a
estanque entre os poderes, de forma que não se podem jurisdicional, também
atribuir funções materiais desempenham, de forma atípica, funções
típicas de um poder a outro. administrativas, como quando
Comentário: Vamos analisar cada alternativa, organizam seus serviços adquirindo bens mediante
buscando a opção correta: licitação ou contratando
(a) ERRADA. A rigor, Estado e Governo não são pessoal por meio de concurso público.
sinônimos. Estado é a Gabarito: alternativa “c”
pessoa jurídica soberana, formada pelos elementos,
povo, território e governo 10. (Cespe – TCE/RN ) As pessoas físicas que
soberano. Já o Governo, como se vê, é um dos espontaneamente assumem
elementos do Estado, funções públicas em situações de calamidade são
responsável por sua condução. consideradas particulares em
(b) ERRADA. São poderes do Estado o Executivo, o colaboração com o poder público e integram a
Legislativo e o administração pública em sentido
Judiciário, somente. O Ministério Público, embora seja subjetivo.
instituição de elevada Comentário: De fato, as pessoas físicas que
importância para a democracia, não constitui um espontaneamente assumem
Poder. Na verdade, alguns funções públicas em situações de calamidade são
autores modernos defendem que a tripartição clássica consideradas particulares
de Poderes não é mais em colaboração com o poder público. Seria o caso,
suficiente para abarcar a ampla gama de funções por exemplo, da pessoa
desempenhadas por que espontaneamente auxilia os bombeiros a resgatar
vítimas de uma

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enchente. Porém, não é correto afirmar que tais 14. (Cespe – Ministério Integração Nacional ) Na sua
pessoas integram a acepção formal,
administração pública em sentido subjetivo, pois não entende-se governo como o conjunto de poderes e órgãos
existe lei que contenha constitucionais.
tal previsão. Aqui, percebe-se que a banca adotou o Comentário: Quando se fala em administração pública
conceito formal de ou governo em
administração pública, pelo qual a administração sentido “formal” deve-se pensar em “sujeitos” (quem),
pública só é composta por ou seja, órgãos,
aquelas pessoas, órgãos e entidades previstos em lei, agentes e pessoas jurídicas. Portanto, correta a
que seriam, assertiva.
basicamente, a administração direta e indireta e Gabarito: Certo
respectivos agentes.
Gabarito: Errado 15. (Cespe – Ministério Integração Nacional ) A
administração pratica atos
11. (Cespe – TCU ) O poder de polícia e os serviços de governo, pois constitui todo aparelhamento do Estado
públicos são exemplos preordenado à realização
de atividades que integram o conceito de administração de seus serviços, visando à satisfação das necessidades
pública sob o critério coletivas.
material. Comentário: Atos de governo são aqueles praticados
Comentário: O conceito de administração público sob no exercício da
o critério material função política, com ampla margem de
considera a natureza das atividades exercidas (o que), discricionariedade e diretamente em
as quais podem ser obediência à Constituição. São as ações de comando,
atividades de: polícia administrativa (poder de polícia), coordenação, direção e
serviço público, fixação das diretrizes políticas, vale dizer, atividades
fomento e intervenção. de caráter superior,
Gabarito: Certo referentes à direção suprema e geral do Estado, e não
simplesmente de
12. (Cespe – MPOG ) Administração pública, em sentido execução de serviços públicos. Pode-se destacar, por
amplo, abrange o exemplo, a decretação
exercício da função política e da função administrativa, de intervenção federal, do Estado de Defesa e do
estando ambas as Estado de Sítio, a celebração
atividades subordinadas à lei. de Tratados Internacionais, a iniciativa de lei pelo
Executivo, sua sanção ou
Comentário: O conceito de administração pública veto etc.
pode ser tomado em Portanto, o quesito está errado, pois, nas palavras de
sentido amplo, abrangendo, assim, os órgãos Hely Lopes
superiores de governo que Meireles, a Administração não pratica atos de
exercem função política (ex: Presidência da República, governo; pratica tão-somente,
Congresso Nacional) atos de execução, os chamados atos administrativos,
da mesma forma que os órgãos, agentes e entidades que têm como fim a
que exercem função realização de serviços para satisfazer, de forma
administrativa, isto é, de execução dos programas de concreta e imediata, as
governo necessidades coletivas.
(ex: Ministérios, Secretarias, Departamentos etc.). Gabarito: Errado
Gabarito: Certo
16. (ESAF – RFB – Auditor ) Em seu sentido subjetivo, o
13. (Cespe – TJDFT ) Administração pública em sentido estudo da
orgânico designa os Administração Pública abrange
entes que exercem as funções administrativas, a) a atividade administrativa.
compreendendo as pessoas b) o poder de polícia administrativa.
jurídicas, os órgãos e os agentes incumbidos dessas c) as entidades e órgãos que exercem as funções
funções. administrativas.
Comentário: A questão está correta. O conceito de d) o serviço público.
administração pública e) a intervenção do Estado nas atividades privadas.
em sentido orgânico (ou subjetivo) leva em conta Comentário: Em seu sentido subjetivo, o estudo da
“quem” exerce a atividade, Administração
compreendendo as pessoas jurídicas, os órgãos e os Pública abrange os sujeitos (quem), ou seja, os
agentes incumbidos das órgãos, agentes e pessoas
funções administrativas. Contrapõe-se ao conceito de jurídicas (entidades) que exercem as funções
administração pública administrativas. Portanto,
em sentido material (objetivo), que leva em correta a opção “c”. Todas as demais alternativas se
consideração “o que”, ou seja, a referem ao sentido
própria atividade administrativa, aqui definida como as objetivo da Administração Pública, relativo à natureza
atividades de polícia das atividades
administrativa, serviço público, fomento e intervenção. exercidas pelos entes (o que).
Gabarito: Certo Gabarito: alternativa “c”

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17. (AOCP – TRE/AC ) Estado é diferente de Governo. A função política. Seriam exemplos, a Presidência da
finalidade do República e o Congresso
Estado é atender aos interesses da coletividade, ou seja, o Nacional, no âmbito da União, assim como os
bem comum e, para Prefeitos e as Câmaras
isso, o Estado precisa de um aparato que lhe dê a Municipais, no âmbito dos Municípios.
possibilidade de concretizar e Gabarito: alternativa “d”
materializar essa finalidade, que é chamado de
Administração Pública. Analise as
assertivas a seguir e assinale a alternativa que apresenta 1. (Cespe – MPOG ) O princípio da separação dos
apenas as assertivas Poderes adotado no
relacionadas à Administração Pública. Brasil pode ser caracterizado como rígido, uma vez que
I. É um instrumento usado para atingir uma meta política. todos os Poderes da
II. Possui conduta hierarquizada. República exercem apenas funções típicas.
III. Atividade política e discricionária dos negócios Comentário: O item está errado. O princípio da
públicos. separação dos Poderes
IV. Pratica atos de execução, segundo a competência do adotado no Brasil pode ser caracterizado como
órgão e seus agentes. flexível, e não como rígido,
V. Significa o conjunto de agentes, órgãos e entidades que uma vez que os Poderes exercem suas funções típicas
integram a estrutura com preponderância,
constitucional do Estado. mas não com exclusividade. De fato, cada Poder, ao
lado de sua função típica,
a) Apenas I, III e V. também desempenha funções atípicas, vale dizer,
b) Apenas II, III e IV. atividades com
c) Apenas II, III, IV e V. características das funções desempenhadas pelos
d) Apenas I, II e IV. demais Poderes.
e) Apenas I, II e V. Gabarito: Errado
Comentário: Vamos analisar cada item para ver
qual(is) se relaciona(m) à 2. (Cespe – MPU ) A CF instituiu mecanismos de freios e
Administração Pública: contrapesos, de
I) CERTO. O próprio enunciado nos mostra que esse modo a concretizar-se a harmonia entre os Poderes
item está correto, ao Legislativo, Executivo e
a dizer que o Estado precisa de um “aparato” que lhe Judiciário, como, por exemplo, a possibilidade de que o
dê a possibilidade de Poder Judiciário declare a
concretizar e materializar os interesses da inconstitucionalidade das leis.
coletividade. Os interesses da Comentário: A questão está perfeita. A possibilidade
coletividade são traduzidos nas metas políticas (ex: de que o Poder
programas de governo, Judiciário declare a inconstitucionalidade de leis
serviços públicos, obras, etc.), as quais são atingidas constitui exemplo típico do
por intermédio da mecanismo de freios e contrapesos previsto na
atuação da Administração Pública. Constituição da República. No
II) CERTO. Para o melhor desempenho de suas caso, possibilita ao Judiciário retirar do mundo
atividades, a jurídico eventuais leis
Administração Pública se subdivide em órgãos, aprovadas pelo Poder Legislativo que não estejam em
estruturados em hierarquia. É plena consonância com
a chamada desconcentração. Na prefeitura de Juiz de os ditames constitucionais. Em razão da existência de
Fora, por exemplo, mecanismos como
existem várias Secretarias Municipais (Secretaria de esse, evita-se que um Poder se sobressaia sobre os
Educação, de Saúde, da demais, estabelecendo,
Fazenda etc.) e dentro de cada uma dessas Secretarias assim, o equilíbrio e a harmonia entre eles. Também
existem vários outros são exemplos de
departamentos, todos organizados em hierarquia. mecanismos do sistema de freios e contrapesos: a
III) ERRADO. “Atividade política e discricionária dos possibilidade de veto de
negócios públicos” projetos de lei pelo chefe do Executivo e a sabatina
é uma característica relacionada ao Governo, e não à pelo Senado de membros
Administração Pública. do STF escolhidos pelo chefe do Executivo.
Lembrando que o Governo, por conta da legitimidade Gabarito: Certo
recebida da população
pelo voto, define as políticas públicas e respectivas 3. (Cespe – PC/BA ) A eleição periódica dos detentores
diretrizes, enquanto a do poder político e
Administração Pública as executa. a responsabilidade política do chefe do Poder Executivo
IV) CERTO. Como já afirmado, a Administração são características do
Pública, por intermédio princípio republicano.
de seus órgãos e agentes, pratica atos de execução, a Comentário: O quesito está correto. As características
fim de materializar e marcantes da
concretizas as metas políticas. forma de governo República são a eletividade e a
V) ERRADO. O conjunto de agentes, órgãos e temporalidade do mandato
entidades que integram a do chefe do Executivo e, ainda, a sua responsabilidade
estrutura constitucional do Estado representa o política,
Governo, responsável pela

7
consubstanciada no dever de prestar contas de seus c) O veto imposto pelo Chefe do Poder Executivo pode ser
atos. derrubado por meio do
Gabarito: Certo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso
Nacional, em sessão
4. (Cespe – PRF ) Decorre do princípio constitucional conjunta.
fundamental da d) Compete ao Presidente da República, dentro do
independência e harmonia entre os poderes a sistema de freios e contrapesos
impossibilidade de que um poder previsto constitucionalmente, escolher e nomear os
exerça função típica de outro, não podendo, por exemplo, Ministros do Supremo Tribunal
o Poder Judiciário Federal, depois de aprovada a escolha pelo voto da
exercer a função administrativa. maioria absoluta do Congresso
Comentário: O sistema de separação de Poderes Nacional, em sessão conjunta.
previsto na e) São funções típicas do Poder Legislativo legislar e
Constituição Federal é flexível. Isso significa que cada fiscalizar, sendo suas funções
Poder possui uma atípicas administração e julgamento, podendo ser citado
função típica, a qual exerce com preponderância, mas como exemplo desta última
não com exclusividade, o julgamento do Presidente da República ou Ministros do
eis que também exerce funções atípicas, próprias dos STF por crimes de
demais Poderes. responsabilidade.
Assim, por exemplo, o Judiciário, ao contrário do que Comentários:
afirma o item, pode sim (a) CERTA. No Brasil, conforme prevê o art. 2º da
exercer função administrativa, como quando realiza Constituição Federal,
concursos públicos ou os Poderes são independentes e harmônicos entre si,
promove licitações para aquisição de bens. não havendo, assim,
Gabarito: Errado relação de subordinação entre eles. A harmonia é
garantida pelo sistema de
5. (Cespe – MIN ) Consoante o modelo de Estado freios e contrapesos, que se caracteriza pela
federativo adotado pelo existência de controles
Brasil, os estados-membros são dotados de autonomia e recíprocos, estabelecidos para evitar que qualquer
soberania, razão por que Poder se sobressaia sobre
elaboram suas próprias constituições. os demais.
Comentário: É correto que o modelo de Estado (b) CERTA. Como dito, o mecanismo de freios e
federativo adotado pelo contrapesos admite
Brasil confere autonomia aos Estados-membros, nos controles recíprocos, isto é, controle de um Poder
termos do art. 18 da sobre outro. No caso, o
Constituição Federal: poder de veto (CF, art. 66, §1º) possibilita ao Chefe do
Art. 18. A organização político-administrativa da República Executivo não
Federativa do Brasil sancionar projetos de lei aprovados pelo Poder
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Legislativo.
Municípios, todos (c) CERTA. Ainda conforme o mecanismo de freios e
autônomos, nos termos desta Constituição. contrapesos, a
Essa autonomia é de caráter político, administrativo e Constituição estabelece que o veto do Poder
financeiro, o que Executivo não é absoluto, pois
significa que os estados-membros, assim como os pode ser derrubado pelo voto da maioria absoluta dos
municípios e o DF, membros do
possuem capacidade de auto-organização, Congresso Nacional, em sessão conjunta (CF, art. 66,
autogoverno e autoadministração. §4º).
Porém, o quesito erra ao afirmar que os estados- (d) ERRADA. É certo que, dentro do sistema de freios
membros são dotados de e contrapesos
soberania. Na verdade, somente o Estado Federal (a previsto na CF, compete ao Presidente da República
República Federativa do escolher e nomear os
Brasil), detém o atributo da soberania. Já os entes Ministros do STF. Porém, a escolha deve ser aprovada
federados, incluindo a pela maioria absoluta do
União, possuem apenas autonomia. Senado Federal (CF, art. 101, parágrafo único), e não
Gabarito: Errado pelo Congresso Nacional,
daí o erro.
6. (ESAF – Ministério da Fazenda ) Assinale a opção (e) CERTA. O Legislativo, além da função típica de
incorreta. legislar, também exerce a
a) O sistema de freios e contrapesos não importa em função de fiscalizar a Administração Pública,
subordinação de um poder a conforme previsto no art. 70 da CF.
outro, mas diz respeito a mecanismos de limitação de um Este dispositivo atribui ao Congresso Nacional a
poder pelo outro previstos competência para exercer o
constitucionalmente, de modo a assegurar a harmonia e o controle externo da Administração Pública, com o
equilíbrio entre eles. auxílio do Tribunal de Contas
b) É exemplo de mecanismo de freios e contrapesos o da União. Ressalte-se que a função fiscalizatória ou de
poder de veto conferido ao controle não se encaixa
Chefe do Poder Executivo em relação a projetos de lei de modo perfeito na tripartição clássica pensada por
aprovados pelo Congresso Montesquieu, mas passou a
Nacional.

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ser desempenhada à medida que a organização estatal expressa no art. 37, caput da Constituição Federal.
foi evoluindo e se Ressalte-se que os
tornando mais complexa. Além de legislar e fiscalizar, princípios da eficiência, legalidade e moralidade,
o Legislativo, de forma também citados na questão,
atípica, também administra e julga, por exemplo, são princípios expressos, vez que, diferentemente da
quando realiza concursos supremacia do interesse
públicos (função administrativa) ou quando o Senado público, constam de forma expressa no art. 37, caput
Federal julga crimes de da CF. Nota-se, então,
responsabilidade praticados pelo Presidente da que a redação do item ficou um pouco confusa, pois
República e por Ministros do admite duas
STF, nos termos do art. 52, I e II da CF (função interpretações: (i) que os princípios da eficiência,
judicial). legalidade e moralidade
Gabarito: alternativa “d” informam a atuação da Administração e também são
princípios implícitos; (ii)
7. (IADES – Metro/DF ) A respeito do direito que os princípios da eficiência, legalidade e
administrativo, assinale a moralidade informam a atuação
alternativa correta. da Administração, assim como os demais princípios.
a) A Administração Pública confunde-se com o próprio Para o item estar
Poder Executivo, haja vista correto, devemos considerar a segunda interpretação,
que a este cabe, em vista do princípio da separação dos visto que, como dito,
poderes, a exclusiva os princípios da eficiência, legalidade e moralidade
função administrativa. são princípios expressos.
b) O chefe do Poder Executivo pode, por decreto, d) ERRADA. Ocorre exatamente o contrário: as
promover a extinção de órgãos decisões adotadas por
públicos, quando seus cargos estiverem vagos. delegação de competência consideram-se praticadas
c) Supremacia do interesse público não consta como pelo delegado, isto é,
princípio expresso, mas por quem recebeu a delegação, e não pela autoridade
informa a atuação da Administração Pública, assim como delegante.
os demais princípios, tais e) ERRADA. Todo ato que afete o interesse individual
como eficiência, legalidade e moralidade. do servidor – tal
d) As decisões adotadas por delegação de competência qual a remoção ex officio de servidor público para
consideram-se praticadas localidade diversa da por
pela autoridade delegante, e não pelo delegado. ele postulada - necessita de motivação (exposição dos
e) Na remoção ex officio de servidor público para motivos) por parte da
localidade diversa da por ele Administração Pública.
postulada, não se exige a correspondente motivação por Gabarito: alternativa “c”
parte da Administração ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Pública. Em sentido estrito, o conceito de administração pública
Comentário: vamos analisar cada alternativa: envolve
a) ERRADA. A Administração Pública não se confunde todo o aparelhamento estatal voltado à execução das
com o Poder políticas públicas.
Executivo. Os Poderes exercem funções típicas e Contrapõe-se, portanto, ao conceito de Governo: enquanto
atípicas. A função este
administrativa é típica do Poder Executivo, mas estabelece, aquela executa as políticas públicas. Nas
também é exercida de forma palavras de Hely
atípica pelos Poderes Legislativo e Judiciário, ou seja, Lopes Meireles, “a Administração não pratica atos de
o Poder Executivo não governo; pratica
possui a exclusividade da função administrativa. tão-somente, atos de execução, os chamados atos
b) ERRADA. Conforme o art. 84, VI da Constituição administrativos,
Federal, compete com poderes de decisão limitados a atribuições de
privativamente ao chefe do Poder Executivo dispor, natureza executiva,
mediante decreto, sobre conforme definidos em lei”.
organização e funcionamento da administração O conceito de administração pública também pode ser
federal, quando não implicar tomado em
aumento de despesa nem criação ou extinção de sentido amplo, abrangendo, assim, os órgãos superiores
órgãos públicos e sobre de governo que
extinção de funções ou cargos públicos, quando exercem função política, da mesma forma que os órgãos,
vagos. Como se nota, o agentes e
chefe do Poder Executivo, por decreto, pode extinguir entidades que exercem função meramente administrativa,
cargos públicos, isto é, de
quando vagos, mas não pode extinguir órgãos execução dos programas de governo.
públicos. Não obstante, o mais comum é considerar o conceito de
c) CERTA. De fato, a supremacia do interesse público administração pública em sentido estrito. E nesse
é um princípio que sentido, a doutrina
baliza a atuação da Administração Pública, como costuma ainda dividir o conceito de administração pública
veremos adiante nesta aula. em duas
Tal princípio é considerado um princípio implícito, vertentes: uma considerando a ótica dos executores da
pois não aparece de forma atividade pública

9
(quem), e outra considerando a própria atividade (o que). abrange as atividades exercidas pelas pessoas jurídicas,
Vejamos. órgãos e
Administração pública em sentido formal, subjetivo ou agentes incumbidos da função administrativa do Estado. O
orgânico conceito,
Administração Pública em sentido formal, subjetivo ou portanto, adota como referência o objeto, isto é, o que é
orgânico realizado, não
significa o conjunto de agentes, órgãos e pessoas obrigatoriamente quem exerce.
jurídicas que Geralmente, as seguintes atividades são apontadas como
tenham a incumbência de executar as atividades próprias da
administrativas3. administração pública em sentido objetivo:
Esse conceito, portanto, leva em conta o sujeito, isto é,  Polícia administrativa: abrange as atividades
quem está administrativas que implicam
exercendo a função administrativa, em qualquer dos restrições ou condicionamentos aos direitos individuais
Poderes. impostos em prol do
Dessa forma, o conceito não se restringe aos agentes, interesse de toda coletividade, como ordens, notificações,
órgãos e licenças, autorizações,
pessoas do Poder Executivo, haja vista que os Poderes fiscalização, sanções.
Legislativo e  Serviço público: toda atividade executada diretamente
Judiciário também administram, notadamente quando pela Administração
organizam seus Pública formal ou por particulares delegatários que tenham
serviços internos e gerenciam seus servidores. por fim satisfazer as
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo defendem que, necessidades coletivas, sob regime predominantemente
quando se adota público. Exemplos:
o sentido formal ou subjetivo, a rigor, só podem ser serviço postal, serviços de telecomunicações, transporte
considerados ferroviário, rodoviário e
Administração Pública aqueles sujeitos que nosso direito aéreo etc.
assim considera,  Fomento: compreende a atividade administrativa de
não importa a atividade que exerçam. Assim, segundo os incentivo à iniciativa
autores, de privada de utilidade ou interesse público, tais como o
acordo com nosso ordenamento jurídico4 a Administração financiamento sob
Pública seria condições especiais, a concessão de benefícios ou
integrada exclusivamente pelos órgãos da administração incentivos fiscais etc.
direta  Intervenção: é entendida como sendo a
(Ministérios, Secretarias, Mesas etc.) e pelas entidades da regulamentação e fiscalização da
administração atividade econômica de natureza privada (intervenção
indireta (autarquias, fundações públicas, empresas indireta), por exemplo,
públicas e sociedades mediante a atuação de agências reguladoras, bem assim
de economia mista), e por mais ninguém. a atuação do Estado
Ainda veremos no nosso curso o que vem a ser diretamente na ordem econômica, geralmente por meio
administração direta das empresas estatais
e indireta. Porém, o importante aqui é perceber que, 5 e.g. Di Pietro (, p. 57).
segundos os autores, (intervenção direta). Compreende também as
o conceito de Administração Pública formal ou subjetiva intervenções estatais na
excluiria propriedade privada (tombamento, requisição,
entidades privadas que exercem atividades próprias da desapropriação, servidão, etc.).
função Quanto ao último item acima (“intervenção”), importante
administrativa, a exemplo das concessionárias de serviços ressaltar
públicos que alguns autores6 não consideram atividade de
(companhias de lixo, água, energia elétrica etc.) e das administração pública
organizações em sentido material a intervenção direta do Estado na
3 Carvalho Filho (, p. 11). economia (Estadoempres
4 Decreto-Lei nº 200/1967. ário). Isso porque, quando atua nessas condições, o
sociais. Isso porque, apesar da atividade exercida, nosso Estado está
ordenamento predominantemente sujeito ao regime de direito
jurídico não coloca essas entidades no seio da privado, exercendo
Administração Pública atividade econômica em sentido estrito, isto é, em
formal. igualdade de condições
Não obstante, frise-se que a maioria da doutrina não faz com os particulares. Para esses autores, as atividades de
essa administração
distinção, e simplesmente define a Administração Pública pública em sentido material seriam somente aquelas
em sentido desempenhadas sob
subjetivo como o “conjunto de órgãos, agentes e pessoas regime predominantemente de direito público7.
jurídicas aos
quais a lei atribui o exercício da função administrativa do 8. (Cespe – Sefaz/ES ) Define-se, como administração
Estado5”. pública externa ou
Administração pública em sentido material, objetivo extroversa, a atividade desempenhada pelo Estado, como,
ou funcional por exemplo, a
Em sentido material, objetivo ou funcional, a administração regulação, pela União, da atividade de aviação civil pelas
pública respectivas

10
concessionárias. transferências de recursos federais para um
Comentário: As ações da Administração Pública Município. No caso, as duas
podem ter como partes da relação (União e Município) são entes
destinatários os administrados – isto é, a sociedade estatais, ou seja, a atividade é
ou os sujeitos que não desenvolvida dentro do núcleo estatal.
pertencem à Administração formal – ou os próprios Também é administração introversa quando um
órgãos e entes Ministério descentraliza
administrativos. créditos orçamentários para outro Ministério ou
Quando a Administração se relaciona com os quando um Ministério realiza
administrados, teremos a a supervisão finalística (tutela) de uma entidade da
chamada administração extroversa, pois nela existem administração indireta a
ações externas, isto é, ele vinculada, pois tais relações são travadas dentro
que incidem para fora do núcleo estatal. Trata-se das do núcleo estatal e
atividades finalísticas são instrumentais em relação à administração
atribuídas pela Constituição a cada ente da federação extroversa, ou seja, as
(União, Estados, DF e atividades introversas têm como objetivo possibilitar
Municípios). uma posterior atividade
Por exemplo, há administração extroversa quando um finalística extroversa (ex: o Ministério que recebeu os
órgão de créditos vai prestar um
fiscalização estatal interdita um estabelecimento serviço público ao cidadão). Ressalte-se que "núcleo
comercial. No caso, a relação estatal", aqui, é
é extroversa porque se dá entre a Administração entendido como todas as entidades públicas, de
(órgão de fiscalização) e uma qualquer ente da federação,
pessoa externa ao Poder Público, o estabelecimento incluindo as entidades da administração indireta.
comercial privado. A situação apresentada no enunciado da questão se
Outro exemplo de administração extroversa seria na refere a uma relação
prestação de externa finalística (regulação da atividade de aviação
serviços públicos, como quando um cidadão é civil pela União).
atendido no posto de saúde Portanto, correto afirmar que se trata de administração
público. No caso, a relação é entre a Administração pública extroversa.
(posto de saúde) e uma Gabarito: Certo
6 e.g. Alexandrino, M. e Paulo, V. (, p. 21).
7 Não se preocupe. Veremos os conceitos de direito 9. (Cespe – AE/ES ) Acerca de governo, Estado e
público e de direito privado já no próximo tópico. administração pública,
pessoa externa ao órgão estatal, o cidadão. assinale a opção correta.
Essas relações extroversas se fundamentam nos a) Atualmente, Estado e governo são considerados
princípios da sinônimos, visto que, em
supremacia e da indisponibilidade do interesse ambos, prevalece a finalidade do interesse público.
público (os quais serão b) São poderes do Estado: o Executivo, o Legislativo, o
estudados mais adiante). Pode-se associar esse Judiciário e o Ministério
conceito ao de administração Público.
pública em sentido material, objetivo ou funcional, que c) Com base em critério subjetivo, a administração pública
considera a natureza confunde-se com os
das atividades levadas a efeito pela Administração sujeitos que integram a estrutura administrativa do Estado.
para atender as d) O princípio da impessoalidade traduz-se no poder da
necessidades da coletividade (polícia administrativa, administração de controlar
serviço público, fomento seus próprios atos, podendo anulá-los, caso se verifique
e intervenção). alguma irregularidade.
Por outro lado, quando a Administração se relaciona e) Na Constituição Federal de 1988 (CF), foi adotado um
entre si, ou seja, modelo de separação
entre os entes políticos (União, Estados, DF e estanque entre os poderes, de forma que não se podem
Municípios), entre esses e os atribuir funções materiais
órgãos da Administração Direta ou entre os órgãos em típicas de um poder a outro.
si, teremos a chamada Comentário: Vamos analisar cada alternativa,
administração introversa, pois, nesse caso, as ações buscando a opção correta:
ocorrem dentro o núcleo (a) ERRADA. A rigor, Estado e Governo não são
estatal. A administração introversa é considerada sinônimos. Estado é a
instrumental em relação à pessoa jurídica soberana, formada pelos elementos,
extroversa, vale dizer, as relações internas servem de povo, território e governo
instrumento para a soberano. Já o Governo, como se vê, é um dos
efetivação das relações externas, estas, de cunho elementos do Estado,
finalístico. De fato, toda a responsável por sua condução.
organização administrativa interna do Estado serve (b) ERRADA. São poderes do Estado o Executivo, o
para que ele possa Legislativo e o
implementar as políticas públicas em prol da Judiciário, somente. O Ministério Público, embora seja
sociedade. instituição de elevada
Há administração introversa quando, por exemplo, a importância para a democracia, não constitui um
União realiza Poder. Na verdade, alguns

11
autores modernos defendem que a tripartição clássica em colaboração com o poder público. Seria o caso,
de Poderes não é mais por exemplo, da pessoa
suficiente para abarcar a ampla gama de funções que espontaneamente auxilia os bombeiros a resgatar
desempenhadas por vítimas de uma
algumas instituições presentes na estrutura do Estado enchente. Porém, não é correto afirmar que tais
contemporâneo. Como pessoas integram a
exemplo, tome-se o Ministério Público e os Tribunais administração pública em sentido subjetivo, pois não
de Contas, instituições existe lei que contenha
com competências próprias, inconfundíveis e tal previsão. Aqui, percebe-se que a banca adotou o
privativas que não se conceito formal de
enquadram de modo perfeito no âmbito dos administração pública, pelo qual a administração
tradicionais Poderes Judiciário, pública só é composta por
Executivo e Legislativo. Contudo, tais instituições e aquelas pessoas, órgãos e entidades previstos em lei,
suas funções ainda não que seriam,
têm a denominação formal de Poder. basicamente, a administração direta e indireta e
(c) CERTA. A Administração Pública pode ser vista respectivos agentes.
pelos critérios Gabarito: Errado
subjetivo/formal ou objetivo/material. Segundo o
critério subjetivo, considerase 11. (Cespe – TCU ) O poder de polícia e os serviços
quem está exercendo a função administrativa, públicos são exemplos
abrangendo, portanto, o de atividades que integram o conceito de administração
conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que pública sob o critério
tenham a incumbência material.
de executar as atividades administrativas. Já pelo Comentário: O conceito de administração público sob
critério objetivo, considerase o critério material
o que é realizado, não obrigatoriamente quem exerce, considera a natureza das atividades exercidas (o que),
abrangendo as as quais podem ser
atividades de polícia administrativa, serviço público, atividades de: polícia administrativa (poder de polícia),
fomento e intervenção. serviço público,
(d) ERRADA. O poder que a Administração possui para fomento e intervenção.
controlar seus Gabarito: Certo
próprios atos, podendo anulá-los, caso verifique
alguma irregularidade, 12. (Cespe – MPOG ) Administração pública, em sentido
caracteriza o princípio da autotutela. Por outro lado, o amplo, abrange o
princípio da exercício da função política e da função administrativa,
impessoalidade dita que atividade da Administração estando ambas as
não deve ter em mira este atividades subordinadas à lei.
ou aquele indivíduo em especial, e sim o interesse Comentário: O conceito de administração pública
público, da coletividade. pode ser tomado em
(e) ERRADA. Ao contrário do que afirma a assertiva, a sentido amplo, abrangendo, assim, os órgãos
Constituição superiores de governo que
Federal adota um modelo de separação flexível de exercem função política (ex: Presidência da República,
Poderes. Isso porque a Congresso Nacional)
própria Constituição atribui a cada Poder funções da mesma forma que os órgãos, agentes e entidades
típicas, desempenhadas que exercem função
com preponderância, e funções atípicas, administrativa, isto é, de execução dos programas de
desempenhadas de modo acessório. governo
Assim, por exemplo, é que o Poder Legislativo e o (ex: Ministérios, Secretarias, Departamentos etc.).
Judiciário, cujas funções Gabarito: Certo
típicas são, respectivamente, a legislativa e a
jurisdicional, também 13. (Cespe – TJDFT ) Administração pública em sentido
desempenham, de forma atípica, funções orgânico designa os
administrativas, como quando entes que exercem as funções administrativas,
organizam seus serviços adquirindo bens mediante compreendendo as pessoas
licitação ou contratando jurídicas, os órgãos e os agentes incumbidos dessas
pessoal por meio de concurso público. funções.
Gabarito: alternativa “c” Comentário: A questão está correta. O conceito de
administração pública
10. (Cespe – TCE/RN ) As pessoas físicas que em sentido orgânico (ou subjetivo) leva em conta
espontaneamente assumem “quem” exerce a atividade,
funções públicas em situações de calamidade são compreendendo as pessoas jurídicas, os órgãos e os
consideradas particulares em agentes incumbidos das
colaboração com o poder público e integram a funções administrativas. Contrapõe-se ao conceito de
administração pública em sentido administração pública
subjetivo. em sentido material (objetivo), que leva em
Comentário: De fato, as pessoas físicas que consideração “o que”, ou seja, a
espontaneamente assumem própria atividade administrativa, aqui definida como as
funções públicas em situações de calamidade são atividades de polícia
consideradas particulares administrativa, serviço público, fomento e intervenção.

12
Gabarito: Certo
17. (AOCP – TRE/AC ) Estado é diferente de Governo. A
14. (Cespe – Ministério Integração Nacional ) Na sua finalidade do
acepção formal, Estado é atender aos interesses da coletividade, ou seja, o
entende-se governo como o conjunto de poderes e órgãos bem comum e, para
constitucionais. isso, o Estado precisa de um aparato que lhe dê a
Comentário: Quando se fala em administração pública possibilidade de concretizar e
ou governo em materializar essa finalidade, que é chamado de
sentido “formal” deve-se pensar em “sujeitos” (quem), Administração Pública. Analise as
ou seja, órgãos, assertivas a seguir e assinale a alternativa que apresenta
agentes e pessoas jurídicas. Portanto, correta a apenas as assertivas
assertiva. relacionadas à Administração Pública.
Gabarito: Certo I. É um instrumento usado para atingir uma meta política.
II. Possui conduta hierarquizada.
15. (Cespe – Ministério Integração Nacional ) A III. Atividade política e discricionária dos negócios
administração pratica atos públicos.
de governo, pois constitui todo aparelhamento do Estado IV. Pratica atos de execução, segundo a competência do
preordenado à realização órgão e seus agentes.
de seus serviços, visando à satisfação das necessidades V. Significa o conjunto de agentes, órgãos e entidades que
coletivas. integram a estrutura
Comentário: Atos de governo são aqueles praticados constitucional do Estado.
no exercício da a) Apenas I, III e V.
função política, com ampla margem de b) Apenas II, III e IV.
discricionariedade e diretamente em c) Apenas II, III, IV e V.
obediência à Constituição. São as ações de comando, d) Apenas I, II e IV.
coordenação, direção e e) Apenas I, II e V.
fixação das diretrizes políticas, vale dizer, atividades Comentário: Vamos analisar cada item para ver
de caráter superior, qual(is) se relaciona(m) à
referentes à direção suprema e geral do Estado, e não Administração Pública:
simplesmente de I) CERTO. O próprio enunciado nos mostra que esse
execução de serviços públicos. Pode-se destacar, por item está correto, ao
exemplo, a decretação a dizer que o Estado precisa de um “aparato” que lhe
de intervenção federal, do Estado de Defesa e do dê a possibilidade de
Estado de Sítio, a celebração concretizar e materializar os interesses da
de Tratados Internacionais, a iniciativa de lei pelo coletividade. Os interesses da
Executivo, sua sanção ou coletividade são traduzidos nas metas políticas (ex:
veto etc. programas de governo,
Portanto, o quesito está errado, pois, nas palavras de serviços públicos, obras, etc.), as quais são atingidas
Hely Lopes por intermédio da
Meireles, a Administração não pratica atos de atuação da Administração Pública.
governo; pratica tão-somente, II) CERTO. Para o melhor desempenho de suas
atos de execução, os chamados atos administrativos, atividades, a
que têm como fim a Administração Pública se subdivide em órgãos,
realização de serviços para satisfazer, de forma estruturados em hierarquia. É
concreta e imediata, as a chamada desconcentração. Na prefeitura de Juiz de
necessidades coletivas. Fora, por exemplo,
Gabarito: Errado existem várias Secretarias Municipais (Secretaria de
Educação, de Saúde, da
16. (ESAF – RFB – Auditor ) Em seu sentido subjetivo, o Fazenda etc.) e dentro de cada uma dessas Secretarias
estudo da existem vários outros
Administração Pública abrange departamentos, todos organizados em hierarquia.
a) a atividade administrativa. III) ERRADO. “Atividade política e discricionária dos
b) o poder de polícia administrativa. negócios públicos”
c) as entidades e órgãos que exercem as funções é uma característica relacionada ao Governo, e não à
administrativas. Administração Pública.
d) o serviço público. Lembrando que o Governo, por conta da legitimidade
e) a intervenção do Estado nas atividades privadas. recebida da população
Comentário: Em seu sentido subjetivo, o estudo da pelo voto, define as políticas públicas e respectivas
Administração diretrizes, enquanto a
Pública abrange os sujeitos (quem), ou seja, os Administração Pública as executa.
órgãos, agentes e pessoas IV) CERTO. Como já afirmado, a Administração
jurídicas (entidades) que exercem as funções Pública, por intermédio
administrativas. Portanto, de seus órgãos e agentes, pratica atos de execução, a
correta a opção “c”. Todas as demais alternativas se fim de materializar e
referem ao sentido concretizas as metas políticas.
objetivo da Administração Pública, relativo à natureza V) ERRADO. O conjunto de agentes, órgãos e
das atividades entidades que integram a
exercidas pelos entes (o que). estrutura constitucional do Estado representa o
Gabarito: alternativa “c” Governo, responsável pela

13
função política. Seriam exemplos, a Presidência da integrantes da Administração Indireta é a autonomia
República e o Congresso política, vale dizer, a
Nacional, no âmbito da União, assim como os capacidade de legislar, característica exclusiva das
Prefeitos e as Câmaras entidades políticas.
Municipais, no âmbito dos Municípios. Gabarito: Certo
Gabarito: alternativa “d”
0 2. (Cespe – MIN ) As entidades que integram a
18. (FCC – TRE/RO ) Considere as seguintes afirmações administração direta e
a respeito do indireta do governo detêm autonomia política,
conceito, abrangência ou possíveis classificações da administrativa e financeira.
expressão Administração Comentário: Apenas as entidades políticas (União,
pública: Estados, DF e
I. Em sentido orgânico ou formal, designa os entes que Municípios) detém autonomia política, isto é,
exercem a atividade capacidade de legislar, de inovar
administrativa e compreende pessoas jurídicas, órgãos e no direito. As entidades administrativas, integrantes
agentes públicos. da administração indireta,
II. Em sentido funcional ou material, designa a natureza da possuem apenas autonomia administrativa,
atividade exercida e operacional e financeira, daí o
corresponde à própria função administrativa. erro.
III. Quando tomada em sentido estrito, no que diz respeito Gabarito: Errado
ao aspecto subjetivo,
engloba os órgãos governamentais aos quais incumbe a 3. (ESAF – CVM ) Assinale a opção que contemple a
função política. distinção essencial
Está correto o que consta APENAS em entre as entidades políticas e as entidades administrativas.
a) I e II. a) Personalidade jurídica.
b) III. b) Pertencimento à Administração Pública.
c) I. c) Autonomia administrativa.
d) II. d) Competência legislativa.
e) II e III. e) Vinculação ao atendimento do interesse público.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa: Comentários: A distinção essencial entre as entidades
(I) CERTA. Em sentido subjetivo, orgânico ou formal políticas e as
(quem), a expressão entidades administrativas reside na competência
Administração Pública designa os entes (sujeitos) que legislativa (opção “d”).
exercem a atividade Apenas as entidades políticas a possuem. As
administrativa e compreende pessoas jurídicas, entidades administrativas, por
órgãos e agentes públicos. sua vez, se limitam a agir nos limites estabelecidos
(II) CERTA. Em sentido objetivo, funcional ou material pelas leis emitidas pelas
(o que), a pessoas políticas. Quanto às demais alternativas,
expressão administração pública designa a natureza todas representam
da atividade exercida e características comuns às entidades políticas e
corresponde à própria função administrativa, administrativas, quais sejam,
compreendendo as atividades personalidade jurídica, pertencimento à Administração
de polícia administrativa, serviço público, fomento e Pública, autonomia
intervenção. administrativa e vinculação ao atendimento do
(II) ERRADA. Quando tomada em sentido estrito, no interesse público.
que diz respeito ao Gabarito: alternativa “d”
aspecto subjetivo, a expressão Administração Pública
abrange apenas os Para o desempenho de suas atribuições, a Administração
órgãos administrativos aos quais incumbe a função Pública
administrativa. Para organiza seus órgãos e entidades com base em três
englobar os órgãos governamentais aos quais princípios
incumbe a função política, a fundamentais: centralização, descentralização e
expressão Administração Pública, no que diz respeito desconcentração.
ao aspecto subjetivo, Vejamos.
deve ser tomada em sentido amplo. CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO E
Gabarito: alternativa “a” DESCONCENTRAÇÃO
CENTRALIZAÇÃO
A centralização ocorre quando o Estado executa suas
1. (Cespe – CNJ ) As entidades políticas são pessoas tarefas
jurídicas de direito diretamente, por intermédio dos órgãos e agentes
público interno, como a União, os estados, o Distrito administrativos que
Federal e os municípios. Já as compõem sua estrutura funcional 1 . O que caracteriza a
entidades administrativas integram a administração centralização,
pública, mas não têm autonomia portanto, é o desempenho direto das atividades públicas
política, como as autarquias e as fundações públicas. pelo Estado, vale
Comentário: A questão está correta. A principal dizer, por uma das pessoas políticas (União, Estados, DF
diferença entre entidades e Municípios).
políticas (União, Estados, DF e municípios) e Esta execução centralizada de atividades públicas pelos
entidades administrativas entes federados

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ocorre mediante a atuação da respectiva Administração A doutrina costuma classificar a descentralização
Direta, cujas administrativa
características veremos adiante. em três modalidades:
Por exemplo, ocorre centralização quando um Município,  Descentralização por serviços, funcional, técnica ou por
através dos outorga.
servidores lotados na Secretaria de Obras, realiza um  Descentralização por colaboração ou delegação.
trabalho de limpeza  Descentralização territorial ou geográfica.
das ruas da cidade. No caso, a pessoa jurídica A descentralização por serviços, funcional, técnica ou
responsável pela execução por
do serviço é o próprio Município, que executa a atividade outorga se verifica quando uma entidade política (União,
diretamente, Estados, DF e
usando como instrumento de ação um órgão da Municípios), mediante lei, cria uma pessoa jurídica de
Administração Direta. direito público ou
DESCENTRALIZAÇÃO privado e a ela atribui a titularidade e a execução de
Na descentralização o Estado distribui algumas de suas determinado
atribuições serviço público.
para outras pessoas, físicas ou jurídicas. O que É o que ocorre na criação das entidades da
caracteriza a administração indireta,
descentralização, portanto, é o desempenho indireto de quais sejam, autarquias, empresas públicas,
atividades sociedades de
públicas. Pressupõe a existência de, pelo menos, duas economia mista e fundações públicas. Além dessas, os
pessoas consórcios
distintas: o Estado (a União, um Estado, o DF ou um públicos, criados por entes federativos para a gestão
Município) e a associada de
pessoa – física ou jurídica – que executará o serviço, por serviços públicos, também prestam serviços públicos
ter recebido do mediante
Estado essa atribuição. descentralização por serviços.
De acordo com a doutrinadora Maria Sylvia Di Pietro, a A criação de entidades para a outorga de serviços
descentralização pode ser política ou administrativa. somente pode ser
A descentralização política, característica dos Estados feita por lei em sentido formal. A lei pode efetivamente
federados, criar a entidade
ocorre na criação de entidades políticas para o exercício ou simplesmente autorizar a sua criação. Já a definição do
de campo de
1 Carvalho Filho (, p. 457). atuação das entidades criadas pode ser feita por meio de
0 instrumentos
normativos infralegais. Isso porque, ao criar a entidade
administrativa, a
lei define, ainda que de forma genérica, suas atribuições.
Assim, desde
que compatível com suas atribuições genéricas, a atuação
6 da entidade
competências próprias, não provenientes do ente pode encontrar outras fontes de legitimação, e não apenas
central. É o caso, no a lei formal.
Brasil, dos Estados e dos Municípios, entes locais que Uma vez que, na descentralização por serviços, se atribui
detêm competência a execução
legislativa própria, conferida diretamente pela e também a titularidade do serviço, o ente que cria a
Constituição, ou seja, tal entidade perde a
competência é originária dos entes locais, e não mera disponibilidade sobre tal serviço, só podendo retomá-lo
delegação ou mediante lei.
concessão do governo central, a União. Dessa forma, o prazo da outorga geralmente é
Já a descentralização administrativa ocorre quando indeterminado.
determinadas atribuições definidas pelo poder central são Outra implicação da transferência da titularidade é que a
exercidas por entidade
entidades descentralizadas. Ou seja, tais atribuições descentralizada passa a desempenhar o serviço com
não decorrem, independência em
com força própria, da Constituição, e sim das leis editadas relação à pessoa que a criou. Do contrário, não se
pelo ente justificaria a criação da
central. entidade.
A descentralização administrativa ocorre, em regra, Assim, o controle efetuado pelo ente instituidor sobre as
dentro de uma entidades
mesma esfera de governo: a entidade política (União, descentralizadas por serviço deve observar os limites
Estado, DF ou impostos pela lei.
Município) transfere alguma ou algumas de suas Tal controle, de caráter finalístico, denominado de tutela,
atribuições a entidades tem por
que irão compor as suas respectivas administrações objetivo garantir que a entidade não se desvie dos fins
indiretas, criadas para os quais foi
especificamente para esse fim, ou, ainda, a pessoas instituída. Ademais, não existe subordinação entre a
físicas ou jurídicas entidade
sem vínculo anterior com a Administração.

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descentralizada e a pessoa jurídica que a criou, mas tão- a entidade que recebeu a delegação para executar o
somente serviço público.
vinculação. Não há relação de hierarquia em nenhuma
Por sua vez, a descentralização por colaboração ou forma de descentralização.
delegação Descentralização administrativa POR SERVIÇOS POR
ocorre quando, por meio de contrato ou ato unilateral, o COLABORAÇÃO
Estado O que transfere? Titularidade e Execução
transfere a execução de determinado serviço público a do serviço.
uma pessoa Apenas a Execução do
jurídica de direito privado, previamente existente, serviço.
conservando o Poder Instrumento de legitimação Lei formal Contrato ou ato
Público a titularidade do serviço. unilateral
Como o próprio nome sugere, na descentralização por Personalidade jurídica da
colaboração a entidade descentralizada
entidade “colabora” com o Poder Público, executando o Direito Público ou
serviço que Privado
deveria ser por ele prestado. Direito Privado (pessoa
É o que ocorre nas concessões, permissões ou previamente existente)
autorizações de Prazo Indeterminado Contrato: determinado.
serviços públicos2, por exemplo, quando o Estado Ato unilateral: indeterminado
transfere, mediante Controle Tutela ou supervisão
contrato, a administração de rodovias e de aeroportos (controle finalístico)
para a iniciativa Amplo e rígido
privada. Existe hierarquia em relação ao
Na descentralização por colaboração não é necessária a ente instituidor?
edição de lei Não Não
formal, bastando a formalização de um contrato Exemplos Autarquias, fundações,
(concessão ou empresas públicas e
2 Estudaremos as características desses instrumentos de sociedades de economia
delegação de serviços públicos em aula mista, consórcios
específica. públicos.
permissão de serviços públicos) ou de um ato unilateral Concessão, permissão ou
(autorização de autorização de serviços
serviços públicos) da Administração para que se possa públicos.
transferir a Por fim, a descentralização territorial ou geográfica se
responsabilidade pela execução do serviço a outra verifica
pessoa. quando uma entidade local, geograficamente delimitada,
A delegação por contrato é sempre efetivada por prazo dotada de
determinado. Já na delegação por ato administrativo, personalidade jurídica própria, de direito público, possui
como regra, capacidade
não há prazo certo, em razão da precariedade típica da administrativa genérica para exercer a totalidade ou a
autorização maior parte dos
(possibilidade de revogação a qualquer tempo). encargos públicos de interesse da coletividade, funções
Ressalte-se que, na descentralização por colaboração que normalmente
(concessão, são exercidas pelos Municípios, como distribuição de
permissão ou autorização), delega-se apenas a execução água, luz, gás, poder
do serviço. A de polícia, proteção à saúde, educação.
pessoa delegada presta o serviço em seu próprio nome e Saliente-se que a descentralização territorial permite o
por sua conta e exercício da
risco, sob a fiscalização do Estado. Porém, a titularidade capacidade legislativa, porém sem autonomia, porque
do serviço subordinada às
permanece com o Poder Público. Isso lhe permite dispor normas emanadas pelo poder central.
do serviço de Esse tipo de descentralização administrativa ocorre nos
acordo com o interesse público, podendo alterar Estados
unilateralmente as unitários, como França e Portugal, constituídos por
condições de sua execução, aplicar sanções ou retomar a Departamentos,
execução do Regiões, Comunas etc. No Brasil, é o que se verificava na
serviço antes do prazo estabelecido. época do
Assim, tendo em vista que o Poder Público continua a Império. Hoje, porém, só pode ocorrer na hipótese de vir a
deter a ser criado
titularidade, o controle que exerce é muito mais amplo e algum Território Federal3.
rígido do que A doutrina costuma chamar os Territórios Federais de
na descentralização por serviço, o que pode, como dito, autarquias territoriais (ou geográficas), em razão da sua
resultar inclusive personalidade jurídica de direito público.
na retomada da execução do serviço a qualquer tempo. Porém, os Territórios diferem das autarquias porque estas
Contudo, possuem capacidade
tampouco nesse caso há hierarquia entre o Poder administrativa específica, isto é, recebem da lei
Público delegante e competência para atuar numa área

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determinada (princípio da especialidade), assim como administrativa, vale dizer, tanto no âmbito da
todas as demais entidades da administração direta
administração indireta; já os Territórios possuem ou centralizada como na administração indireta ou
capacidade administrativa descentralizada.
genérica, ou seja, podem atuar em diversas áreas. Por exemplo, ocorre desconcentração quando:
DESCONCENTRAÇÃO i) a União distribui competências entre diversos órgãos da
Quando o Estado se organiza mediante sua própria
desconcentração, a estrutura, tais quais os ministérios (Ministério da
entidade se desmembra em órgãos para melhorar sua Educação, Ministério
organização dos Transportes, Ministério da Saúde etc.);
estrutural. Trata-se de uma distribuição interna de ii) um Ministério cria unidades internas (órgãos) para
competências, ou melhor distribuir
seja, uma distribuição ou organização de competências suas funções (por exemplo, na estrutura do MEC existem
dentro da mesma as
pessoa jurídica. Secretarias de Educação Básica, de Educação Superior,
O resultado concreto da desconcentração é a criação de de Educação
diferentes Profissional e Tecnológica etc.);
órgãos que, como visto, são unidades administrativas iii) uma Universidade Pública, constituída na forma de
desprovidas de autarquia, cria
personalidade jurídica. departamentos especializados (órgãos) nas diversas áreas
Assim, diferentemente da descentralização, na qual as de atuação
atividades são (departamento de graduação, departamento de pós-
transferidas para outras pessoas jurídicas, a graduação,
desconcentração envolve departamento de Direito, departamento de Economia etc.);
apenas uma pessoa jurídica, cujas atribuições são iv) o Banco do Brasil, uma sociedade de economia mista,
distribuídas entre organiza sua
várias unidades de competências, os órgãos públicos, estrutura interna em vice-presidências, superintendências
uns subordinados regionais,
a outros dentro de uma mesma estrutura organizacional. diretorias etc. (órgãos), a fim de melhor desempenhar
Os órgãos são as suas funções.
unidades de organização nas quais estão lotados os Como se vê, nos dois primeiros casos temos exemplos de
agentes responsáveis desconcentração na administração direta (pessoa jurídica
pela prática de atos cujos efeitos, em regra, são tidos União) e, nos
como se praticados dois últimos, na administração indireta (pessoas jurídicas
diretamente pela pessoa jurídica. Universidade e
A desconcentração constitui mera técnica administrativa Banco do Brasil).
de A desconcentração faz surgir relação de hierarquia, vale
distribuição interna de atribuições para aprimorar o dizer, de
desempenho. subordinação entre os órgãos dela resultantes. Assim, os
Segundo Maria Sylvia Di Pietro, isso é feito para órgãos
“descongestionar, localizados na parte superior da estrutura exercem o
desconcentrar, tirar do centro um volume grande de chamado controle
atribuições, para hierárquico sobre os órgãos localizados na parte inferior.
3 CF􀇡 art􀇤 􀇡 􀈚 􀇣 􀇲Os Territórios Federais integram a Esse controle
União, e sua criação, transformação em Estado ou compreende os poderes de comando, fiscalização,
reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei revisão, punição,
complementar􀇳. solução de conflitos de competência, delegação e
permitir seu mais adequado e racional desempenho”. avocação4.
Para explicar a desconcentração, normalmente se faz uma Na desconcentração há hierarquia entre os
analogia órgãos resultantes.
com o corpo humano, no qual os órgãos (coração, Saliente-se que somente existe poder hierárquico no
pulmão, cérebro, âmbito dos
etc.) não têm vida própria, mas desempenham as funções órgãos que desempenham funções administrativas
necessárias (típicas ou atípicas).
ao funcionamento do corpo. Quem possui vida e Não existe hierarquia no desempenho das funções
personalidade é a legislativa e
pessoa, ou seja, o indivíduo, não os órgãos. judiciária, pois os agentes públicos competentes para
De maneira semelhante, os órgãos administrativos não exercerem
têm tipicamente tais funções (deputados, senadores,
personalidade. Eles apenas dão forma às competências vereadores, juízes,
das entidades desembargadores etc.) gozam de prerrogativas de
que, como os indivíduos, são pessoas (jurídicas) independência
portadoras de funcional, decidindo apenas de acordo com a própria
personalidade, capazes de adquirir direitos e obrigações. consciência. No
Detalhe importante é que a desconcentração pode ocorrer âmbito dos órgãos que compõem os Poderes Legislativo e
tanto Judiciário,
dentro de uma pessoa política como dentro de uma somente haverá hierarquia quando estiverem exercendo
entidade função administrativa (atípica). Assim, por exemplo, os
juízes de

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instância superior não são superiores hierárquicos dos de atribui a titularidade e a execução de determinado
instância serviço público. Contrapõese,
inferior. portanto, à descentralização por colaboração ou por
A desconcentração pode ser classificada em: delegação, em que,
 Desconcentração em razão da matéria (ex: Ministério por meio de contrato ou ato unilateral, o Estado
da Saúde, da transfere apenas a execução
Educação etc.); de determinado serviço público a uma pessoa jurídica
 Desconcentração em razão do grau ou da hierarquia de direito privado,
(ex: previamente existente, conservando o Poder Público a
ministérios, secretarias, superintendências, delegacias titularidade do serviço.
etc.); Gabarito: Certo
 Desconcentração pelo critério territorial (ex:
Superintendência da 6. (Cespe – SUFRAMA ) Desconcentração administrativa
Receita Federal em São Paulo, no Rio Grande do Sul é a distribuição de
etc.). competências entre órgãos de uma mesma pessoa
Os processos de descentralização e de desconcentração jurídica.
têm fisionomia ampliativa, pois importam na repartição de Comentário: Afirmação correta. Lembrando que a
atribuições, respectivamente, a outra pessoa jurídica ou a desconcentração
órgãos internos. Porém, o Estado também pode atuar em envolve apenas uma pessoa jurídica, ao contrário da
sentido inverso, ou seja, descentralização, que
4 Alexandrino, M. Paulo, V. (, p. 27). envolve mais de uma.
de forma restritiva. Nessas hipóteses, surgirão a Gabarito: Certo
centralização e a concentração. A
centralização ocorre quando o Estado retoma a execução 7. (Cespe – MPU ) A transferência pelo poder público, por
do serviço, depois de ter meio de contrato
transferido sua execução a outra pessoa, passando, em ou ato administrativo unilateral, apenas da execução de
consequência, a prestá-lo determinado serviço público
diretamente. Já na concentração, dois ou mais órgãos a pessoa jurídica de direito privado corresponde à
internos são agrupados em descentralização por serviços,
apenas um, que passa a ter natureza de órgão também denominada descentralização técnica.
concentrador. Comentário: A questão está errada, pois apresenta a
***** definição
correspondente à descentralização por colaboração
4. (Cespe – TJDFT ) A criação, por uma universidade ou por delegação. A
federal, de um descentralização por serviços, também denominada
departamento específico para cursos de pós-graduação é descentralização técnica
exemplo de ou funcional, pressupõe a criação, mediante lei, de
descentralização. uma pessoa jurídica de
Comentário: A criação, por uma universidade federal, direito público ou privado, à qual se atribui a
de um titularidade e a execução de
departamento específico para cursos de pós- determinado serviço público, e não apenas a
graduação é uma maneira de execução.
melhor distribuir internamente suas competências Gabarito: Errado
institucionais, visando ao
melhorar seu desempenho. O departamento criado 8. (Cespe – AFRE/ES ) Em determinada secretaria de
não possui personalidade governo, as ações
jurídica própria, sendo vinculado hierarquicamente voltadas ao desenvolvimento de planos para capacitação
aos órgãos superiores da dos servidores eram
universidade. Temos, assim, apenas uma pessoa realizadas de forma esporádica, inexistindo setor
jurídica, a universidade, a específico para tal finalidade. A fim
distribuir internamente suas competências. Portanto, de dar maior concretude a uma política de prestação de
estamos diante de um serviço público de qualidade
exemplo de desconcentração, e não de naquela secretaria, criou-se um departamento de
descentralização, daí o erro. capacitação dos servidores. Nessa
Gabarito: Errado situação hipotética, a criação do referido departamento é
considerada
5. (Cespe – TJDFT ) Quando o Estado cria uma entidade a) desconcentração administrativa.
e a ela transfere, b) centralização administrativa.
por lei, determinado serviço público, ocorre a c) descentralização administrativa.
descentralização por meio de outorga. d) medida gerencial interna.
Comentário: O quesito está correto. A e) concentração administrativa.
descentralização por meio de Comentários: O comando da questão apresenta um
outorga é sinônimo de descentralização por serviços, exemplo claro de
funcional ou técnica. desconcentração administrativa, pois foi criado um
Ocorre quando uma entidade política (União, Estados, departamento no âmbito
DF e Municípios), da estrutura organizacional de determinada secretaria
mediante lei, cria uma pessoa jurídica de direito de governo, com a
público ou privado e a ela finalidade de exercer uma atividade específica. Trata-
se de mera distribuição

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interna de competências, que não envolveu a criação si próprias, diversas tarefas internas e externas. Para
de outra pessoa jurídica tanto, se valem de
ou a transferência da atribuição para outra entidade seus inúmeros órgãos internos, dotados de competência
previamente existente. própria e
Pelo contrário, foi criado um novo órgão, o específica e constituídos por servidores públicos, que
departamento de capacitação de representam o
servidores, desprovido de personalidade jurídica e elemento humano dos órgãos.
subordinado Quando o Estado executa tarefas
hierarquicamente à aludida secretaria de governo. diretamente, através de seus órgãos internos,
Gabarito: alternativa “a” estamos diante da Administração Direta no
desempenho de atividade centralizada.
9. (ESAF – AFRFB ) Considere que o Poder Público COMPOSIÇÃO
conserve a titularidade Na esfera federal, a Administração Direta do Poder
de determinado serviço público a que tenha transferido a Executivo é
execução à pessoa jurídica composta pela Presidência da República e pelos
de direito privado. Nessa situação, a descentralização é Ministérios.
denominada: A Presidência da República é o órgão superior do
a) por colaboração. Executivo, onde se
b) funcional. situa o Presidente da República como Chefe da
c) técnica. Administração (CF, art. 84,
d) geográfica. II). Nela se agregam ainda vários órgãos tidos como
e) por serviços. essenciais (ex: Casa
Comentários: A descentralização em que o Poder Civil), de assessoramento imediato (ex: Advocacia-Geral
Público transfere a da União) e de
execução, mas não a titularidade, de determinado consulta (Conselho da República e Conselho de Defesa
serviço público a pessoa Nacional).
jurídica de direito privado é denominada por Já os Ministérios são os órgãos encarregados da
colaboração (alternativa “a” - execução da função
gabarito). Exemplo clássico são as concessões de administrativa, cada qual numa área específica (Ministério
serviços públicos. da Saúde, da
Ao contrário, na descentralização por serviços (opção Justiça, dos Transportes, da Educação etc.). Na estrutura
“e”) o Poder interna de cada
Público transfere a execução e a titularidade do Ministério existem ainda centenas de outros órgãos, como
serviço. É o caso da criação de as secretarias,
autarquias e fundações públicas. Descentralização conselhos, departamentos, entre outros. Cabe aos
funcional (opção “b”) e Ministros auxiliar o
descentralização técnica (opção “c”) são sinônimos de Presidente da República na direção da Administração (CF,
descentralização por art. 84, II).
serviços. 5 Carvalho Filho (, p. 459)
Já a descentralização geográfica (opção “d”) ocorre Por sua vez, os Poderes Legislativo e Judiciário adotam a
quando a pessoa estrutura
política atribui competências genéricas a determinada definida em seus respectivos atos de organização
entidade administrativa. Ambos
geograficamente delimitada, a exemplo da criação de os Poderes possuem capacidade de se auto-organizar,
Territórios Federais. podendo elaborar
Gabarito: alternativa “a” seus próprios regimentos internos6.
***** Nas esferas estadual e municipal, a organização da
Os princípios da centralização, desconcentração e Administração
descentralização Direta é semelhante à federal. Governadores, Prefeitos,
balizam a divisão da Administração em direta e indireta. Secretarias
Vamos Estaduais e Municipais, além de vários outros órgãos
prosseguir. internos, compõem o
respectivo Poder Executivo. A mesma simetria se aplica
ADMINISTRAÇÃO DIRETA ao Legislativo e
Administração Direta é o conjunto de órgãos que ao Judiciário. Lembrando, porém, que Município não
integram as possui Judiciário,
pessoas políticas do Estado (União, Estados, DF e apenas Legislativo (Câmara Municipal).
Municípios), aos quais ÓRGÃOS PÚBLICOS
foi atribuída a competência para o exercício de atividades Como visto, os órgãos públicos são centros de
administrativas, de forma centralizada. Em outras competência
palavras, na instituídos para o desempenho de funções estatais. São
administração direta “a Administração Pública é, ao unidades de ação
mesmo tempo, a com atribuições específicas na organização do Estado.
titular e a executora do serviço público5”. O Estado é uma pessoa jurídica. Diferentemente das
O princípio da centralização é inerente à Administração pessoas
Direta. Com físicas, as pessoas jurídicas não possuem vontade
efeito, as pessoas políticas União, Estados, DF e própria: elas precisam
Municípios executam, por de alguém para atuar em seu nome. No caso do Estado,
esse “alguém”

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são as pessoas físicas que integram seus órgãos, os cargo ou se ele está agindo dentro de sua esfera de
agentes públicos. competência. No
Diversas teorias surgiram para explicar as relações do caso, basta a aparência da investidura e o exercício da
Estado com atividade pelo
seus agentes. Vejamos. órgão competente para que, em nome dos princípios da
Primeiramente se entendeu que os agentes eram boa-fé, da
mandatários do segurança jurídica e da presunção de legalidade dos atos
Estado. É a chamada teoria do mandato. Tal ideia não administrativos,
vingou porque a conduta seja imputada ao Estado8.
não explicava como o Estado, que não tem vontade Criação e extinção
própria, poderia A criação e a extinção de órgãos na Administração Direta
outorgar o mandato. do
Passou-se, então, a adotar a teoria da representação, Poder Executivo necessitam de lei em sentido formal,
pela qual os de iniciativa
agentes eram representantes do Estado, equiparando o do chefe do Poder Executivo (CF, art. 61, §1º, II, “e”9).
agente à figura Ou seja, a lei
do tutor ou curador das pessoas incapazes. A teoria deve ser aprovada no Poder Legislativo, mas quem dá
também foi criticada; início ao processo
primeiro por equiparar o Estado ao incapaz que, ao legislativo é o chefe do Executivo.
contrário do Estado, 7 Knoplck apud Gierke (, p. 29)
não possui capacidade para designar representante para 8 Ver exemplo da certidão emitida por 􀇲funcionário de
si mesmo; e fato􀇳 na p􀇤 da Aula 􀇤
segundo porque, da mesma forma que a teoria anterior, 9 Art. 61 (...)
permitia ao § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da
mandatário ou ao representante ultrapassar os poderes da República as leis que:
representação II - disponham sobre:
sem que o Estado respondesse por esses atos perante e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da
terceiros administração pública, observado o disposto no art. 84, VI.
prejudicados. Já a organização e o funcionamento dos órgãos do
6 Ver Constituição Federal: art. 51, III e IV, para a Câmara Executivo criados
dos Deputados; art. 52, XII e XIII para o Senado por lei podem ser feitos por meio da edição de simples
Federal􀇢 e art􀇤 􀇡 II􀇡 􀇲d􀇳􀇡 para os Tribunais do decretos, os
Judiciário􀇤 chamados decretos autônomos, desde que não
Finalmente, foi instituída a teoria do órgão, hoje impliquem aumento de
amplamente aceita despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (CF,
na doutrina e na jurisprudência, pela qual se presume que art. 84, VI,
a pessoa “a”10).
jurídica manifesta sua vontade por meio dos órgãos que a No caso dos órgãos do Poder Judiciário, a iniciativa da
compõem, lei compete
sendo eles mesmos, os órgãos, compostos de agentes. ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e
Desse modo, aos Tribunais de
quando os agentes agem, é como se o próprio Estado o Justiça, conforme o caso, nos termos do art. 96, II, “c” e “d”
fizesse. da CF. O
Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, com a teoria do mesmo ocorre com o Ministério Público (CF, art. 127,
órgão §2º) e com o
“substitui-se a ideia de representação pela de imputação”. Tribunal de Contas (CF, art. 73, caput), que também
Ao invés de possuem
considerar que o Estado outorga a responsabilidade ao competência para dar início ao processo legislativo
agente, passou-se referente à própria
a considerar que os atos praticados por seus órgãos, organização administrativa.
através da Classificação
manifestação de vontade de seus agentes, são Vamos conhecer a classificação adotada por Hely Lopes
imputados ao Estado. “O Meireles:
órgão é parte do corpo da entidade e, assim, todas as Quanto à estrutura
suas manifestações  Órgãos simples ou unitários: são aqueles que não
de vontade são consideradas como da própria entidade7”. possuem
Deve-se notar, contudo, que não é qualquer ato que será subdivisões em sua estrutura interna, ou seja,
imputado desempenham suas
ao Estado. É necessário que o agente que pratica o ato atribuições de forma concentrada. Ressalte-se que os
esteja agindo órgãos unitários
conforme a lei ou que, pelo menos, o ato revista-se de podem ser compostos por mais de um agente. O que não
aparência de ato há são outros
jurídico legítimo e seja praticado por alguém que pareça órgãos abaixo dele.
ser um agente  Órgãos compostos: reúnem em sua estrutura
público (funcionário de fato). Com efeito, o cidadão comum diversos
não tem órgãos menores, subordinados hierarquicamente, como
condições de verificar se o agente público foi investido resultado da
regularmente no desconcentração.

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Por exemplo: o Ministério da Fazenda é integrado por  Órgãos superiores: possuem atribuições de direção,
vários órgãos, controle
dentre os quais a Secretaria da Receita Federal do Brasil. e decisão, mas sempre estão sujeitos ao controle
Esta se hierárquico de uma
subdivide em diversos órgãos, como as Superintendências instância mais alta. Não têm nenhuma autonomia, seja
Regionais que, administrativa
por sua vez, são integradas por Delegacias, e assim seja financeira.
sucessivamente, até 11 Diversamente, Maria Sylvia Di Pietro classifica o
chegarmos a um órgão que não seja mais subdividido: Ministério Público como órgão autônomo.
este será o órgão Exemplo: Procuradorias, Coordenadorias, Gabinetes.
unitário; todos os demais são compostos.  Órgãos subalternos: são todos aqueles que exercem
Quanto à atuação funcional atribuições de mera execução, com reduzido poder
10 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da decisório, estando
República: sempre subordinados a vários níveis hierárquicos
VI - dispor, mediante decreto, sobre: superiores.
a) organização e funcionamento da administração federal, Exemplo: seções de expediente, de pessoal, de material
quando não implicar aumento de despesa nem etc.
criação ou extinção de órgãos públicos; *****
 Órgãos singulares ou unipessoais: são aqueles cujas Maria Sylvia Di Pietro apresenta, ainda, outras
decisões dependem da atuação isolada de um único classificações
agente, seu chefe e possíveis para os órgãos:
representante. Aqui também vale a mesma ressalva  Órgãos burocráticos: aqueles que estão a cargo de
aplicável aos órgãos uma só
unitários, qual seja, os órgãos singulares podem ser pessoa física ou de várias pessoas ordenadas numa
compostos por estrutura hierárquica
diversos agentes, porém as decisões são tomadas apenas vertical (ex: uma Diretoria, em que existe um diretor e
pelo chefe. várias pessoas a
Exemplo: Presidência da República, em que a decisão ele ligadas). Fazem contraponto aos órgãos colegiados,
cabe ao que são
Presidente. formados por várias pessoas físicas ordenadas
 Órgãos colegiados ou pluripessoais: são aqueles horizontalmente, ou seja,
cuja em uma relação de coordenação, e não de hierarquia.
atuação e decisões são tomadas pela manifestação  Órgãos ativos, consultivos ou de controle: possuem
conjunta de seus como
membros. função primordial, respectivamente, o desenvolvimento de
Exemplo: Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal uma
e, no administração ativa, de uma atividade consultiva ou de
Executivo, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. controle sobre
Quanto à posição estatal outros órgãos.
 Órgãos independentes: são aqueles previstos
diretamente 10. (Cespe – TJDFT ) Os órgãos públicos classificam-se,
na Constituição Federal, representando os três Poderes, quanto à estrutura,
nas esferas em órgãos singulares, formados por um único agente, e
federal, estadual e municipal, não sendo subordinados coletivos, integrados por
hierarquicamente a mais de um agente ou órgão.
nenhum outro órgão. As atribuições destes órgãos são Comentário: A questão está errada. Primeiro porque,
exercidas por quanto à estrutura,
agentes políticos. os órgãos públicos classificam-se em simples (não
Exemplo: Presidência da República, Câmara dos possuem subdivisões) e
Deputados, Senado compostos (possuem subdivisões). Órgãos singulares
Federal, STF, STJ e demais tribunais, bem como seus e coletivos referem-se à
simétricos nas classificação quanto à atuação funcional. Outro erro é
demais esferas da Federação. Incluem-se ainda o que órgãos singulares
Ministério Público da são aqueles cujas decisões são tomadas por um único
União e o do Estado11 e os Tribunais de Contas da União, agente, e não
dos Estados e necessariamente formados por um único agente. A
dos Municípios. Presidência da República,
 Órgãos autônomos: são aqueles que se situam na por exemplo, é um órgão singular, porque suas
cúpula da decisões são tomadas pelo
Administração, logo abaixo dos órgãos independentes, Presidente da República; no entanto, a Presidência da
auxiliando-os República possui vários
diretamente. Possuem ampla autonomia administrativa, servidores em seus quadros.
financeira e Gabarito: Errado
técnica, mas não independência. Caracterizam-se como
órgãos diretivos. 11. (Cespe – MPTCDF ) A atuação do órgão público é
Exemplo: os Ministérios, as Secretarias de Estado, a imputada à pessoa
Advocacia-Geral jurídica a que esse órgão pertence.
da União, etc. Comentário: A questão está correta. O órgão público
não possui

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personalidade jurídica. Ele é apenas uma extensão da administrativa, a que se ligam.
entidade que o criou. c) CERTA, nos termos do art. 37, §8º da CF, que dispõe
Assim, todas as suas manifestações de vontade, sobre os
concretizadas pela atuação contratos de gestão:
dos agentes públicos, são consideradas como da § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
própria pessoa jurídica mãe. órgãos e entidades da
Dizendo de outra forma, a atuação do órgão público é administração direta e indireta poderá ser ampliada
imputada à pessoa mediante contrato, a ser firmado
jurídica, a qual pode ser uma entidade política ou uma entre seus administradores e o poder público, que tenha
entidade administrativa. por objeto a fixação de metas
Esse é o fundamento da chamada teoria do órgão. de desempenho para o órgão ou entidade (...)
Gabarito: Certo Veremos mais sobre os contratos de gestão em aula
específica do curso.
12. (Cespe – Polícia Federal ) Os ministérios e as d) ERRADA. Os órgãos públicos resultam da
secretarias de Estado são desconcentração, e não da
considerados, quanto à estrutura, órgãos públicos descentralização. Esta pressupõe a criação de novas
compostos. entidades, com
Comentário: Questão correta. Órgãos públicos personalidade jurídica própria, que não se confunde
compostos são aqueles com a da entidade
que se subdividem em vários outros órgãos que lhe criadora. Já na desconcentração há a criação de
são subordinados unidades despersonalizadas,
hierarquicamente. Os Ministérios e as Secretarias de subordinadas hierarquicamente à entidade criadora.
Estado são órgãos e) CERTA. Os órgãos públicos, por não possuírem
compostos, pois se subdividem em departamentos, personalidade jurídica,
conselhos, gabinetes etc. também não possuem patrimônio próprio. Seu
Os órgãos compostos contrapõem-se aos órgãos patrimônio pertence à entidade
simples ou unitários, que instituidora.
não possuem subdivisões em sua estrutura interna. Gabarito: alternativa “d”
Gabarito: Certo
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
13. (Cespe – Bacen ) A Secretaria de Estado da Saúde Administração Indireta é o conjunto de pessoas
do Distrito Federal jurídicas
compõe a estrutura da administração indireta. (desprovidas de autonomia política) que, vinculadas à
Comentário: As Secretarias de Estado, assim como os Administração
Ministérios, são Direta, têm a competência para o exercício de atividades
órgãos do Poder Executivo, desprovidos de administrativas,
personalidade jurídica própria; de forma descentralizada.
portanto, compõem a estrutura da Administração Nos termos do art. 4º do Decreto Lei 200/196712, a
Direta, e não da Indireta. Administração
Gabarito: Errado Indireta compreende as seguintes categorias de
entidades, todas
14. (ESAF – CVM ) São características dos órgãos dotadas de personalidade jurídica própria:
públicos, exceto:  Autarquias.
a) integrarem a estrutura de uma entidade política, ou  Empresas Públicas.
administrativa.  Sociedades de Economia Mista.
b) serem desprovidos de personalidade jurídica.  Fundações Públicas.
c) poderem firmar contrato de gestão, nos termos do art. Conforme esclarece Hely Lopes Meireles, podemos dizer
37, § 8º da Constituição que a
Federal. administração indireta é constituída dos serviços
d) resultarem da descentralização. atribuídos a pessoas
e) não possuírem patrimônio próprio. jurídicas diversas da União, de direito público ou de
Comentários: Vamos analisar as alternativas, direito privado,
verificando se são ou não vinculadas a um órgão da administração direta, mas
características dos órgãos públicos: administrativa e
a) CERTA. Os órgãos públicos são unidades financeiramente autônomas.
administrativas constituídas A descentralização administrativa está diretamente
no âmbito da estrutura organizacional de entidades relacionada à
políticas, ocasião em que busca pela eficiência no desempenho das atividades
formam a chamada Administração Direta (ex: estatais. A ideia
Ministérios do Poder Executivo, básica é que a criação de uma pessoa jurídica dotada de
Secretarias Estaduais etc.) ou de entidades autonomia
administrativas (ex: diretorias, administrativa, gerencial e financeira, bem como de
superintendências, gerências de empresas públicas). pessoal
b) CERTA. Os órgãos públicos não possuem especializado, permite a realização de atribuições de
personalidade jurídica. Em modo mais
consequência, não podem ser sujeitos de direitos e eficiente.
obrigações. As No âmbito federal, geralmente as entidades da
consequências de suas atividades são imputadas à administração indireta
entidade, política ou

22
se vinculam aos Ministérios, integrantes da administração todos os Poderes e em todas as esferas do Estado. Assim,
direta. Contudo, a administração
a entidade descentralizada também pode se vincular a indireta não se restringe ao Poder Executivo. Assim, nada
órgãos equiparados impede que
a Ministérios, como Gabinetes e Secretarias ligadas à existam entidades da administração indireta vinculadas a
Presidência da órgãos dos
República. Poderes Legislativo e Judiciário, embora o mais comum,
Como já assinalado, essa vinculação entre administração na prática, seja
direta e mesmo a vinculação ao Poder Executivo.
indireta caracteriza a supervisão ministerial, também 13 Meireles, H. L. (, p. 749)
denominada de
tutela administrativa, que tem por objetivos principais a 15. (Cespe – TRT10 ) As autarquias federais detêm
verificação dos autonomia administrativa
12 O Decreto-Lei 200/1967 dispõe sobre a organização da relativa, estando subordinadas aos respectivos ministérios
Administração Pública Federal. Entretanto, a de sua área de atuação.
forma de organização prevista no referido Decreto também Comentário: A questão está errada. As entidades da
é aplicável aos Estados, DF e Municípios. administração
resultados alcançados pelas entidades descentralizadas, a indireta, dentre elas as autarquias, não estão
harmonização subordinadas aos respectivos
de suas atividades com a política e a programação do Ministérios. Com efeito, a hierarquia existe dentro de
Governo, a uma mesma pessoa
eficiência de sua gestão e a manutenção de sua jurídica, relacionando-se à ideia de desconcentração.
autonomia administrativa, Ao contrário, as
operacional e financeira13. entidades da administração indireta possuem
Exemplo disso é o Banco Central, uma entidade da personalidade jurídica própria,
administração diferente da do ente instituidor. Dessa forma, a
indireta (autarquia) que é vinculada (e não subordinada) autarquia e o Ministério de sua
ao Ministério da área de atuação estão ligados por uma relação de
Fazenda. O Banco Central é responsável, entre outras tutela que, diferentemente
coisas, pela fixação da hierarquia, pressupõe a existência de duas
da taxa de juros do país. Tal decisão possui natureza pessoas jurídicas, existindo
estritamente técnica onde haja descentralização.
e, por isso, deve ser tomada com total independência. Ademais, vale ressaltar que a hierarquia existe
Assim, a tutela independentemente de
exercida pelo Ministério da Fazenda não deve contemplar previsão legal, por que é princípio inerente à
qualquer organização administrativa. Já a
ingerência na definição da taxa de juros, pois ele não tutela não se presume, pois só existe quando a lei
possui ascendência prevê. Ambas, contudo,
hierárquica sobre o Banco Central. Ao contrário, a hierarquia e tutela, são modalidades de controle
supervisão ministerial administrativo.
deve ser orientada para que o Banco Central se mantenha Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, no direito
dentro de suas positivo brasileiro não
finalidades institucionais, cuidando para que ele não se se usa a expressão tutela. Na esfera federal, o que se
afaste das normas usa é a expressão
que deve respeitar. supervisão ministerial. Nos termos do art. 26 do
Detalhe é que não só as entidades da administração Decreto-Lei 200/1967, no que
indireta estão se refere à Administração Indireta, a supervisão
sujeitas à supervisão ministerial. Os órgãos da ministerial visará a assegurar,
administração direta essencialmente:
também se submetem a esse controle, nos termos do art. I - A realização dos objetivos fixados nos atos de
19 do Decreto- constituição da entidade.
Lei 200/1967: II - A harmonia com a política e a programação do
Art. 19. Todo e qualquer órgão da Administração Federal, Govêrno no setor de atuação da
direta ou entidade.
indireta, está sujeito à supervisão do Ministro de III - A eficiência administrativa.
Estado competente, IV - A autonomia administrativa, operacional e financeira
excetuados unicamente os órgãos mencionados no art. da entidade..
32, que estão submetidos Gabarito: Errado
à supervisão direta do Presidente da República.
A diferença é que a supervisão ministerial exercida sobre 16. (Cespe – MPU ) Verifica-se a existência de hierarquia
as administrativa entre
entidades da administração indireta possui característica as entidades da administração indireta e os entes
de federativos que as instituíram ou
controle finalístico (sem subordinação, apenas autorizaram a sua criação.
vinculação); já sobre a Comentário: Em nenhuma forma de descentralização
administração direta constitui controle hierárquico. há hierarquia.
Por fim, importante relembrar que existe Administração Portanto, por serem oriundas da descentralização, as
Pública em entidades da

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administração indireta não estão subordinadas personalidade jurídica e possa ser considerada sujeito de
hierarquicamente aos entes direitos e de
federativos que as instituíram ou autorizaram a sua obrigações. A própria lei que a cria é suficiente para tanto.
criação, daí o erro. A partir Já as sociedades de economia mista e empresas
do momento em que adquirem personalidade jurídica, públicas,
as entidades passam a pessoas jurídicas de direito privado, também necessitam
ter vida própria, podendo atuar com autonomia de lei para serem
administrativa, operacional e criadas. Todavia, em relação a essas entidades, a
financeira para atingir as finalidades para as quais Constituição dispõe que
foram criadas. Contudo, a lei irá, tão somente, autorizar a instituição. Ou seja,
permanecem vinculadas ao ente instituidor para fins nesses casos, a
de supervisão ministerial, lei, ainda que necessária, não é suficiente para a criação
uma espécie de controle finalístico ou tutela que visa a da pessoa
assegurar que as jurídica. Isso porque tais entidades, como dito, são
entidades não se desviem dos fins previstos na pessoas de direito
respectiva lei instituidora. privado. Assim, outras providências devem ser tomadas
Gabarito: Errado para a criação da
***** personalidade jurídica, notadamente o registro em junta
Feitas essas considerações, passemos ao estudo das comercial
características (caso a entidade tenha por objeto o exercício de atividade
das entidades da administração indireta (autarquias, empresarial) ou
fundações, em cartório (caso o objeto não seja empresarial).
empresas públicas e sociedades de economia mista) Detalhe é que as fundações podem ser tanto de direito
assunto bastante público
explorado nas provas de concurso. como de direito privado. Se forem de direito público, o
registro é
CARACTERÍSTICAS GERAIS dispensado, bastando apenas a edição de lei instituidora
As pessoas jurídicas que integram a administração indireta específica. O
– registro é necessário apenas para as fundações de direito
autarquias, fundações públicas, empresas públicas e privado.
sociedades de Entidade Natureza jurídica Aquisição de personalidade
economia mista – apresentam três pontos em comum: jurídica
necessidade de Autarquia Direito público Vigência da lei criadora
lei específica para serem criadas, personalidade Empresas públicas e
jurídica própria e Sociedades de economia mista
patrimônio próprio. Direito privado Registro do ato constitutivo*
Ademais, toda a administração indireta se submete ao Fundações
princípio da Direito público Vigência da lei criadora
especialização, pelo qual as entidades devem ser Direito privado Registro do ato constitutivo*
instituídas para servir (*) A lei apenas autoriza a criação.
a uma finalidade específica. Tais procedimentos são previstos nos seguintes incisos do
Entretanto, autarquias, fundações, empresas públicas e art. 37 da
sociedades Constituição Federal:
de economia mista se diferenciam em vários aspectos, XIX - somente por lei específica poderá ser criada
iniciando pela autarquia e autorizada
finalidade para as quais são criadas. Com efeito, veremos a instituição de empresa pública, de sociedade de
que as economia mista e de
autarquias são indicadas para o desempenho de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
atividades típicas de definir as áreas de
Estado; as fundações públicas, para o desempenho de sua atuação;
atividades de XX - depende de autorização legislativa, em cada caso,
utilidade pública; e as empresas públicas e sociedades de a criação de
economia mista, subsidiárias das entidades mencionadas no inciso
para a exploração de atividades econômicas. anterior, assim como a
A natureza jurídica das entidades também constitui participação de qualquer delas em empresa privada;
importante ponto Quando o inciso XIX fala em “lei específica”, o texto
de distinção: as autarquias são pessoas jurídicas de constitucional
direito público; as exige a edição de uma lei ordinária cujo conteúdo
empresas públicas e sociedades de economia mista específico seja a
são pessoas criação de determinada autarquia ou a autorização da
jurídicas de direito privado; já as fundações podem ser instituição de
tanto de determinada empresa pública, sociedade de economia
direito público quanto de direito privado. mista ou fundação.
As autarquias, por serem pessoas de direito público, são Isso, porém, não significa a necessidade de que a lei
efetivamente criadas por lei específica. Não há autorizadora da
necessidade de criação da entidade seja específica e limitada a dispor
qualquer outra providência administrativa para que a sobre isso. É
autarquia adquira perfeitamente possível que uma lei disponha sobre vários
assuntos e, no

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seu bojo, veicule autorização para a criação de uma art. dispõe 􀇲O Banco do Brasil S.A. e a Caixa Econômica
entidade Federal ficam autorizados a constituir
descentralizada. O que se impede é a autorização subsidiárias integrais ou controladas, com vistas no
genérica e cumprimento de atividades de seu objeto social􀇳.
indeterminada para que a Administração crie quantas 15 Ver ADI 1.649/DF.
entidades desejar
e quando quiser. 17. (ESAF – MIN ) Nos termos de nossa Constituição
A criação de subsidiárias das entidades da Federal e de acordo
administração indireta com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
também deve ser feita mediante lei, conforme se depende de autorização em lei
depreende do inciso XX específica:
do art. 37 da CF, acima transcrito. Com efeito, deve-se a) a instituição das empresas públicas, das sociedades de
entender economia mista e de
“autorização legislativa” como sinônimo de “autorização fundações, apenas.
em lei”. Assim, b) a instituição das empresas públicas e das sociedades
por exemplo, caso a União deseje criar uma subsidiária de de economia mista, apenas.
determinada c) a instituição das autarquias, das empresas públicas, das
sociedade de economia mista federal, o Congresso sociedades de economia
Nacional deverá editar mista e de fundações, apenas.
uma lei ordinária específica, de iniciativa do Presidente da d) a participação de entidades da Administração indireta
República, em empresa privada, bem
autorizando a criação14. assim a instituição das autarquias, empresas públicas,
Não obstante o inciso XX exigir autorização legislativa “em sociedades de economia
cada mista, fundações e subsidiárias das estatais.
caso”, a jurisprudência do STF firmou o entendimento de e) a participação de entidades da Administração indireta
que isso não em empresa privada, bem
significa necessidade de uma lei para cada subsidiária a assim a instituição das empresas públicas, sociedades de
ser criada. economia mista,
Segundo o Supremo, para satisfazer a exigência do inciso fundações e subsidiárias das estatais.
XX do art. 37 da Comentários: A questão deve ser resolvida com base
CF, é suficiente que haja um dispositivo genérico no art. 37, XIX e XX
autorizando a da CF:
instituição de subsidiárias na própria lei que criou a XIX - somente por lei específica poderá ser criada
entidade da autarquia e autorizada a
administração indireta matriz. A mesma interpretação instituição de empresa pública, de sociedade de
deve ser dada à economia mista e de fundação,
parte final do dispositivo, referente à participação no cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as
capital de empresas áreas de sua atuação;
privadas15. XX - depende de autorização legislativa, em cada caso,
Deste modo, por exemplo, caso a lei que autorizou a a criação de subsidiárias
criação de das entidades mencionadas no inciso anterior, assim
determinada empresa pública ou sociedade de economia como a participação de
mista também qualquer delas em empresa privada;
autorize, de forma genérica, que essas entidades criem Vamos então analisar cada assertiva:
subsidiárias ou a) CERTA. Nos termos do inciso XIX, depende de
adquiram participações societárias em outras autorização em
empresas, não há lei específica a instituição de empresa pública, de
necessidade de nova autorização legislativa para cada sociedade de economia
subsidiária que se mista e de fundação, apenas. De fato, a instituição das
pretenda criar ou para cada participação societária que se autarquias é feita
pretenda diretamente por lei específica, e não apenas autorizada
adquirir. Segundo a jurisprudência do Supremo, o por ela. Já a criação de
dispositivo genérico subsidiárias e a participação em empresa privada
presente na lei que autorizou a criação das entidades já dependem de autorização
atende o requisito legislativa, a qual, segundo a jurisprudência do STF,
constitucional que exige autorização legislativa “em cada pode ser dada de forma
caso”. genérica na lei que criou ou autorização a criação da
Portanto, vê-se que, em relação à especificidade da lei, a entidade matriz.
orientação b) ERRADA. Além das empresas públicas e das
é diferente quando se compara, de um lado, a criação das sociedades de economia
entidades mista, a instituição de fundações também depende de
matriz e, de outro, a instituição das respectivas autorização legislativa.
subsidiárias e a Mas isso quando se tratar de fundações públicas de
participação no capital de empresas privadas. No primeiro direito privado, uma vez
caso, o que as de direito público são consideradas uma
dispositivo legal deve ser específico; no segundo, pode ser espécie de autarquia e,
genérico. portanto, criadas diretamente por lei.
14 Um exemplo de autorização legislativa para a c) ERRADA. A instituição das autarquias é feita
constituição de subsidiárias é a Lei 11.908/, cujo diretamente pela lei

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específica, e não apenas autorizada por ela. edição de uma lei específica. Salvo se esta lei criar outras
d) ERRADA. Idem ao anterior. Ademais, a participação exigências ou
de entidades da condições, a personalidade jurídica das autarquias tem
Administração indireta em empresa privada não início
depende de autorização em lei juntamente com a vigência da lei criadora. A partir desse
específica, sendo suficiente que haja dispositivo momento, em
contendo uma autorização que adquirem personalidade jurídica própria, as autarquias
genérica na própria lei que criou a entidade da tornam-se
administração indireta matriz. capazes de contrair direitos e obrigações.
e) ERRADA. A participação de entidades da Pelo princípio da simetria das formas jurídicas, pelo qual a
Administração indireta em forma de
empresa privada e a instituição de subsidiárias das nascimento dos institutos jurídicos deve ser a mesma para
estatais não dependem de sua extinção, a
autorização em lei específica, sendo suficiente, extinção das autarquias também deve ser feita mediante
segundo a jurisprudência do a edição de
Supremo, que haja dispositivo contendo uma lei específica. Assim, uma autarquia não pode, por
autorização genérica na própria exemplo, ser extinta
lei que criou a entidade matriz. mediante um mero ato administrativo.
Gabarito: alternativa “a” A lei de criação e extinção das autarquias deve ser da
iniciativa
Em seguida, vamos ver mais detalhes sobre as privativa do chefe do Poder Executivo (CF, art. 61, §1º,
peculiaridades das “e”).
entidades componentes da administração indireta. Logicamente, se a entidade a ser criada ou extinta se
AUTARQUIAS vincular ao Poder
Conceito Legislativo ou Judiciário, a iniciativa da lei será do
O art. 5º, I do Decreto-Lei 200/1967 conceitua autarquia da respectivo chefe de
seguinte Poder.
forma: Atividades desenvolvidas
Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com A principal característica das autarquias consiste na
personalidade natureza jurídica
jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar da atividade que desenvolvem, qual seja, atividades
atividades típicas da próprias e típicas
Administração Pública, que requeiram, para seu melhor de Estado, despidas de caráter econômico. Daí o
funcionamento, costume da doutrina
gestão administrativa e financeira descentralizada. de se referir à autarquia como “serviço público
Já Maria Sylvia Di Pietro apresenta a seguinte descentralizado” ou
conceituação “serviço público personalizado”.
Autarquia é pessoa jurídica de direito público, criada por A diferença é que a autarquia é concebida para prestar
lei, com aquele
capacidade de autoadministração, para o desempenho de determinado serviço de forma especializada, técnica,
serviço público com organização
descentralizado, mediante controle administrativo exercido própria, administração mais ágil e não sujeita a
nos termos da decisões políticas
lei. sobre seus assuntos.
Como exemplos de autarquias integrantes da Sempre que as entidades políticas descentralizam
administração indireta atividades
federal, pode-se mencionar: as agências reguladoras típicas de Estado, a entidade a ser criada é uma autarquia.
(ANEEL, ANS, Porém, Lucas Furtado ressalta que existem autarquias
ANATEL etc.), os conselhos profissionais (Conselho cujas
Federal de atividades não são exclusivas de Estado. Por exemplo,
Medicina, Conselho Federal de Contabilidade), o DNIT a Universidade de São Paulo
(Departamento (USP) desempenha atividades de ensino, pesquisa e
Nacional de Infraestrutura de Transportes), o INSS extensão, que não são
(Instituto Nacional consideradas típicas de Estado. Todavia, esta
do Seguro Social), as universidades federais, o Banco universidade é uma autarquia.
Central, o Ressalte-se que, em razão do princípio da
IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos especialidade, a lei que
Recursos Naturais cria a autarquia deve delimitar as competências a ela
Renováveis), dentre outras. Os Estados e Municípios atribuídas.
também têm suas Consequentemente, a autarquia deve atuar nos limites dos
próprias autarquias. poderes
Vamos então destrinchar os diversos aspectos presentes recebidos, não podendo desempenhar outras atribuições
nos senão aquelas
conceitos apresentados. que lhe foram conferidas pela lei16.
Regime jurídico
Criação e extinção Por desempenhar atividades típicas de Estado, a
Como já adiantado, a criação de autarquias depende personalidade
apenas da jurídica da autarquia é de direito público. Sendo a
autarquia pessoa de

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direito público, consequentemente se submete a regime a) possuem personalidade jurídica.
jurídico de b) são subordinadas hierarquicamente ao seu órgão
direito público, possuindo as prerrogativas e sujeições supervisor.
que informam c) são criadas por lei.
o regime jurídico-administrativo, próprias das pessoas d) compõem a administração pública indireta.
públicas de e) podem ser federais, estaduais, distritais e municipais.
natureza política (União, Estados, DF e Municípios). Comentário: As autarquias são entidades da
administração pública
18. (ESAF – SUSEP ) A SUSEP é uma autarquia, atua na indireta (opção “d”), com personalidade jurídica
regulação da própria (opção “a”), de direito
atividade de seguros (entre outras), e está sob supervisão público, criadas por lei (opção “c”) e, quanto ao nível
do Ministério da Fazenda. federativo, podem ser
Logo, é incorreto dizer que ela: federais, estaduais, distritais e municipais (opção “e”).
a) é integrante da chamada Administração Indireta. Por outro lado, não
b) tem personalidade jurídica própria, de direito público. estão subordinadas hierarquicamente ao seu órgão
c) está hierarquicamente subordinada a tal Ministério. supervisor (opção “b” –
16 Nesse sentido, o STJ já decidiu que não caberia a gabarito), mas apenas a ele vinculadas para fins de
determinada autarquia expedir atos de caráter controle finalístico.
normativo por inexistir norma expressa que lhe conferisse Gabarito: alternativa “b”
tal competência (Resp 1.103.913/PR) Patrimônio
d) executa atividade típica da Administração Pública. Trata-se, aqui, de caracterizar se o patrimônio das
e) tem patrimônio próprio. autarquias são
bens públicos ou privados.
Comentário: Por ser uma autarquia, é correto afirmar O art. 98 do Código Civil prescreve que “são públicos os
que a SUSEP integra bens do
a Administração Indireta (opção “a”), tem domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
personalidade jurídica própria, de direito público
direito público (opção “b”), executa atividade típica da interno; todos os outros são particulares, seja qual for a
Administração Pública pessoa a que
(opção “d”) e tem patrimônio próprio (opção “e”). pertencem”.
Todas essas são Como se vê, bens públicos são aqueles integrantes do
características inerentes a qualquer autarquia. Por patrimônio das
outro lado, é errado afirmar pessoas administrativas de direito público. Assim, a
que a SUSEP está hierarquicamente subordinada ao natureza dos bens das
Ministério da Fazenda autarquias é a de bens públicos17.
(opção “c”). Com efeito, as autarquias são entidades Em consequência, os bens das autarquias possuem os
autônomas, ligadas ao mesmos meios
Ministério supervisor apenas por laços de vinculação, de proteção atribuídos aos bens públicos em geral,
para fins de controle destacando-se entre
finalístico, mas sem subordinação hierárquica. eles a impenhorabilidade, a imprescritibilidade e as
Gabarito: alternativa “c” restrições à
alienação.
19. (Cespe – AGU ) As autarquias, que adquirem Pessoal
personalidade jurídica com Nesse tópico, o objetivo é esclarecer se o pessoal das
a publicação da lei que as institui, são dispensadas do autarquias se
registro de seus atos se sujeita ao regime de servidores públicos estatutários ou
constitutivos em cartório e possuem as prerrogativas de empregados
especiais da fazenda pública, públicos celetistas (contratual trabalhista).
como os prazos em dobro para recorrer e a A redação original do art. 39, caput, da Constituição
desnecessidade de anexar, nas ações Federal
judiciais, procuração do seu representante legal. estabelecia que a União, os Estados, o Distrito Federal e
Comentário: Perfeita a assertiva. As autarquias, em os Municípios
termos de deveriam instituir regime jurídico único para os
prerrogativas, são comparadas às próprias pessoas servidores da
políticas. administração direta, das autarquias e das fundações
Detalhe na questão é que, diferentemente das públicas. A ideia era
entidades da administração uniformizar o regime jurídico aplicável aos agentes
indireta instituídas com personalidade jurídica de públicos integrantes de
direito privado, a criação das uma mesma entidade federativa, evitando, por exemplo,
autarquias dispensa o registro de seus atos que numa
constitutivos, uma vez que a mesma autarquia ou fundação coexistissem servidores
aquisição da personalidade jurídica de direito público sujeitos a
ocorre com a vigência diferentes regimes jurídicos (estatutários ou celetistas).
da lei criadora. 17 Carvalho Filho (, p. 487)
Gabarito: Certo O regime jurídico único, todavia, foi extinto pela EC
19/1998 que,
20. (ESAF – ATRFB ) Quanto às autarquias no modelo da alterando o art. 39 da CF, suprimiu a norma que
organização contemplava o aludido
administrativa brasileira, é incorreto afirmar que

27
regime. A partir de então, desapareceu a vinculação entre que a suspensão cautelar do art. 39 da CF teria efeitos
o regime prospectivos
jurídico da administração direta e das autarquias e (ex nunc), ou seja, toda a legislação editada durante a
fundações, o que vigência da
possibilitou que estas pudessem ter seu pessoal regido redação dada pelo EC 19/1998, que extinguiu o regime
tanto pelo regime jurídico único,
estatutário como pelo celetista. Não havia impedimento, continua válida, assim como as respectivas
por exemplo, de contratações de
que fosse estabelecido o regime estatutário para a pessoal.
administração direta e Por fim, observe-se que, em qualquer caso,
o regime trabalhista para as autarquias. Tudo dependeria independentemente da
do tratamento época de admissão e do regime de pessoal adotado, as
que a lei instituidora desse à matéria. autarquias são
Ocorre que o novo art. 39 da CF teve sua eficácia alcançadas pela regra constitucional que exige a
suspensa por realização de concurso
decisão cautelar do STF18, a partir de agosto de , em público (CF, art. 37, II), bem como pela vedação de
razão de acumulação
vício formal ocorrido na aprovação da emenda (não remunerada de cargos, empregos e funções públicas (CF,
observância, pela art. 37, XVII)19.
Câmara dos Deputados, da necessidade de aprovação em Nomeação e exoneração de dirigentes
dois turnos). A competência para nomeação dos dirigentes de
Assim, até que seja julgado o mérito da ação, voltou a autarquias é do
vigorar a chefe do Poder Executivo (CF, art. 84, XXV).
redação original do dispositivo, que estabelece o regime Para a nomeação, poderá ser exigida prévia aprovação
jurídico pelo
único a todos os servidores integrantes da administração Senado Federal do nome escolhido pelo Presidente da
direta, das República. É o que
autarquias e das fundações dos entes federados. ocorre, por exemplo, para os cargos de presidente e
-> Redação original, vigente: diretores do Banco
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Central (CF, art. 84, XIV) e de dirigentes das agências
Municípios instituirão, reguladoras20.
no âmbito de sua competência, regime jurídico único e Da mesma forma, segundo o entendimento do STF, são
planos de carreira para válidas as
os servidores da administração pública direta, das normas locais dos Estados, DF e Municípios que
autarquias e das fundações subordinam a nomeação
públicas. dos dirigentes de autarquias ou fundações públicas à
-> Redação dada pela EC 19/1998, com eficácia prévia aprovação da
suspensa pelo STF: Assembleia Legislativa21.
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Diferentemente, o Supremo entende que a lei não pode
Municípios instituirão exigir
conselho de política de administração e remuneração de aprovação legislativa prévia para a exoneração de
pessoal, integrado por dirigentes de
servidores designados pelos respectivos Poderes. 19 Alexandrino e Paulo (, p. 49)
Conforme esclarece Carvalho Filho, “o regime jurídico 20 No caso das agências reguladoras, a exigência de
único está a aprovação prévia pelo Senado consta somente de lei,
indicar que as autarquias devem adotar o mesmo com fundamento no art􀇤 􀇡 III􀇡 􀇲f􀇳 da Constituição
regime Federal􀇤
estabelecido para os servidores da Administração 21 ADI 2.225/SC
Direta, isto é, ou autarquias pelo chefe do Poder Executivo, nem exigir que
todos os servidores serão estatutários ou todos serão a exoneração
trabalhistas”. seja efetuada diretamente pelo Poder Legislativo22.
No caso da União, por conseguinte, as autarquias devem 22 ADI 1.949/RS
adotar o
regime estatutário previsto na Lei 8.112/1990, o qual se 21. (Cespe – TJDFT ) Nos litígios comuns, as causas que
aplica à digam respeito às
Administração Direta Federal. Por sua vez, nos Estados e autarquias federais, sejam estas autoras, rés, assistentes
Municípios, o ou oponentes, são
regime jurídico do pessoal das autarquias deve observar o processadas e julgadas na justiça federal.
regime das Comentário: O quesito está correto. Em regra, as
18 ADI 2135/DF causas judiciais que
respectivas administrações diretas. Em geral, nos Estados envolvem autarquias federais são processadas e
e nos julgadas pela Justiça Federal,
Municípios maiores também se adota o regime estatutário. nos termos do art. 109, I da CF:
Atualmente, face à suspensão cautelar do Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
art. 39, caput, da CF, as autarquias se I - as causas em que a União, entidade autárquica ou
submetem ao regime jurídico único aplicável empresa pública federal forem
à respectiva Administração Direta. interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
Importante salientar que, na sua decisão, a Suprema oponentes, exceto as de
Corte ressaltou

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falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à superior hierárquico exercer determinadas prerrogativas
Justiça Eleitoral e à Justiça do sobre seus
Trabalho; subordinados, especialmente as de dar ordens, fiscalizar,
Gabarito: Certo controlar, aplicar
sanções, delegar e avocar competências. Vamos ver um
1. (Cespe – CNJ ) O exercício do poder discricionário pouco mais sobre
pode concretizar-se cada uma dessas prerrogativas.
tanto no momento em que o ato é praticado, bem como A prerrogativa de dar ordens permite ao superior
posteriormente, como no hierárquico
momento em que a administração decide por sua assegurar o adequado funcionamento dos serviços sob
revogação. sua
Comentário: A questão está correta. O poder responsabilidade. Também é conhecida como poder
discricionário fundamenta comando.
não só a prática, mas também a revogação de atos Além de ordens diretas, verbais ou escritas, direcionadas
discricionários que a a um
Administração Pública tenha praticado e que, num subordinado específico, o poder de comando também
momento posterior, passe a pode ser exercido
considerar inoportunos e inconvenientes. Perceba que mediante a edição de atos administrativos ordinários,
a decisão de revogar como ordens de
ou não um ato também é discricionária. serviço, portarias, instruções, circulares internas etc., que
Gabarito: Certo obrigam de
forma indistinta todos os subordinados aos quais se
2. (Cespe – MIN ) A fixação do prazo de validade e a destina.
prorrogação de um Por seu turno, os subordinados se sujeitam ao chamado
concurso público não se inserem no âmbito do poder dever de
discricionário da administração. obediência, isto é, ao dever de acatar as ordens emitidas
Comentário: Nos termos do art. 37, III da CF, tem-se por seus
que: superiores hierárquicos, exceto quando estas ordens
III - o prazo de validade do concurso público será de até forem
dois anos, prorrogável manifestamente ilegais3.
uma vez, por igual período; Prosseguindo, a prerrogativa de fiscalizar permite ao
Como se percebe, a Constituição deixou certa margem superior
de escolha para a acompanhar, de modo permanente, a atuação de seus
Administração definir, segundo seu juízo de subordinados.
conveniência e oportunidade, o Trata-se, na verdade, de um poder-dever, ou seja, mais
prazo de validade do concurso (até dois anos) e, que uma
ainda, para decidir se irá ou prerrogativa, é uma obrigação do superior fiscalizar a
não prorroga-lo (prorrogável uma vez, por igual atuação dos seus
período). Portanto, a fixação subordinados.
do prazo de validade e a prorrogação de um concurso Como decorrência lógica do poder de fiscalizar, existe o
público se inserem sim poder de
no âmbito do poder discricionário da administração, controle, que permite ao superior tomar medidas
daí o erro. concretas face às
Gabarito: Errado constatações surgidas no acompanhamento das
atividades de seus
PODER HIERÁRQUICO subordinados. O poder de controle compreende, assim, a
O desempenho eficiente da função administrativa requer manutenção
que haja dos atos válidos, convenientes e oportunos, a
distribuição de competências e escalonamento entre convalidação de atos com
órgãos, cargos e defeitos sanáveis, a anulação de atos ilegais e a
atribuições. Para que haja harmonia e unidade de direção, revogação de atos
se estabelece discricionários inoportunos ou inconvenientes4.
uma relação de coordenação e subordinação entre os O controle hierárquico permite que o superior aprecie
diversos níveis, todos os
ou seja, se estabelece uma relação de hierarquia. aspectos dos atos de seus subordinados, não se
Uma relação de hierarquia caracteriza-se pela existência restringindo, assim, a
de níveis de questões de legalidade, mas também abrangendo o mérito
subordinação entre órgãos e agentes públicos, sempre administrativo.
no âmbito de 3 Lei 8.112/1990: art. 116: São deveres do servidor: IV -
uma mesma pessoa jurídica2. É o caso, por exemplo, da cumprir as ordens superiores, exceto quando
relação entre um manifestamente ilegais;
2 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (, p. 232). 4 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (, p. 233).
Ministério e respectivas secretarias e demais órgãos Pode o superior, por exemplo, por razões de conveniência
administrativos, ou e oportunidade,
entre um chefe de departamento e os funcionários desse não concordar com determinada proposta formulada por
setor. subordinado seu,
Nesse contexto, o poder hierárquico é aquele que decidindo de forma diversa.
permite ao Detalhe é que o controle hierárquico pode ocorrer de
ofício ou

29
mediante provocação dos interessados, por meio de mesmo não ocorre, contudo, com a avocação de
recursos competência, a qual só é possível
hierárquicos. nas hipóteses em que exista hierarquia entre os órgãos ou
Quanto à aplicação de sanções, registre-se que só agentes envolvidos.
decorrem do Detalhe importante é que não há hierarquia entre
poder hierárquico as sanções disciplinares, quais sejam, diferentes
aquelas pessoas jurídicas. É o que ocorre, por exemplo, na
aplicadas aos servidores públicos que cometam relação entre as
infrações funcionais. entidades da Administração indireta e os respectivos
Assim, as sanções aplicadas a particulares não têm como Ministérios
fundamento o supervisores (aqui, como já sabemos, não há hierarquia;
poder hierárquico, afinal, não há hierarquia entre a há apenas
Administração e os vinculação para fins de controle finalístico, nos termos da
administrados. Tais sanções (aos particulares) decorrem lei).
do exercício do A hierarquia é característica associada ao desempenho da
poder disciplinar ou do poder de polícia, conforme o caso. função
Falaremos mais administrativa, típica do Poder Executivo. Nesse ponto,
sobre isso daqui a pouco. vale lembrar que
Em relação à delegação de competências, refere-se ao nos demais Poderes também existem órgãos
ato pelo administrativos, igualmente
qual o superior hierárquico confere o exercício temporário organizados em níveis de hierarquia, ou seja, Judiciário e
de algumas de Legislativo,
suas atribuições a um subordinado. A delegação de assim como Ministério Público e Tribunal de Contas,
competências é um também fazem uso do
ato discricionário e, por isso, revogável a qualquer poder hierárquico quando desempenham atividades
tempo. Dizendo administrativas.
de outra forma, o superior pode, dentro dos limites da lei, Entretanto, não existe hierarquia no exercício das
delegar as funções
competências que desejar, em razão de circunstâncias de típicas dos Poderes Judiciário e Legislativo, não no
índole técnica, sentido de
social, econômica, jurídica ou territorial, podendo, da coordenação e subordinação Com efeito, no Judiciário,
mesma forma, embora haja
revoga-la quando quiser, retirando do subordinado os distribuição de competências entre instâncias, cada uma
poderes para funciona com
praticar os atos delegados. independência em relação à outra no exercício da função
Ressalte-se que a delegação transfere o mero exercício jurisdicional: o
de uma juiz da instância superior não pode se sobrepor ao de
competência, permanecendo a titularidade dessa instância inferior,
competência com a nem lhe dar ordens ou revogar decisões por ele adotadas.
autoridade delegante, a qual não pode renunciar a suas No Legislativo,
responsabilidades, de forma semelhante, a distribuição de competências
visto que elas sempre decorrem de lei. entre Câmara e
Nem todas as competências, porém, podem ser Senado não cria relação de subordinação funcional entre
delegadas. as duas Casas.
Exemplos clássicos de competências indelegáveis são os Também não existe hierarquia entre os Poderes da
atos políticos República.
(somente se delega atos administrativos) e as funções Por exemplo, não há relação hierárquica entre agentes e
típicas de cada órgãos
Poder, salvo nos casos expressamente previstos na administrativos do Poder Legislativo, de um lado, e
Constituição (por agentes e órgãos
exemplo, no caso das leis delegadas, em que o Presidente administrativos do Poder Executivo ou do Poder Judiciário,
da República de outro.
poderá exercer função legislativa, nos termos do art. 68 da Tampouco existe hierarquia entre a Administração e
CF). os
Já a avocação é ato discricionário, de caráter administrados, pois a relação entre eles depende de lei
excepcional, ou de vínculos
mediante o qual o superior hierárquico atrai para si o contratuais específicos, mas sem características de
exercício temporário subordinação.
de determinada competência exercida por um Por fim, importante ressaltar que o poder hierárquico
subordinado. Assinale-se não
que a avocação desonera o subordinado de toda depende de lei que expressamente o preveja ou que
responsabilidade pelo estabeleça o
ato avocado pelo superior. momento do seu exercício ou os aspectos a serem
A Lei 9.784/1999, que disciplina o processo administrativo controlados. Ele é
no âmbito federal, admite delegação de competências inerente à organização administrativa hierárquica,
mesmo que não haja subordinação hierárquica, ou possuindo caráter
seja, é irrestrito, permanente e automático. Nesse aspecto,
possível haver delegação de competência fora do âmbito difere da tutela
do poder hierárquico. O

30
administrativa, exercida pela administração direta sobre as O poder disciplinar é correlato com o poder
entidades da hierárquico, mas
administração indireta, que só pode ser exercida nos com ele não se confunde. No uso do poder hierárquico,
termos e limites a Administração
previstos em lei. Pública distribui e escalona as suas funções executivas; já
no uso do
3. (Cespe – SUFRAMA ) O poder hierárquico confere aos poder disciplinar ela controla o desempenho dessas
agentes funções e a conduta
superiores o poder para avocar e delegar competências. interna de seus servidores, responsabilizando-os pelas
Comentário: O quesito está correto. O poder faltas cometidas.
hierárquico é aquele que Note que, quando a Administração pune infrações
permite ao superior hierárquico exercer determinadas funcionais de seus
prerrogativas sobre servidores, faz uso tanto do poder disciplinar como do
seus subordinados, especialmente as de dar ordens, poder hierárquico.
fiscalizar, controlar, Ao contrário, quando pune infrações administrativas
aplicar sanções, delegar e avocar competências. Na cometidas por
delegação, o superior particulares, por exemplo, quando descumprem um
hierárquico atribui a um subordinado a contrato
responsabilidade de executar algumas administrativo firmado com o Poder Público, incide apenas
de suas competências; já na avocação, o superior o poder
hierárquico atrai para si a disciplinar, pois não existe relação de hierarquia.
responsabilidade de executar determinada atribuição A doutrina enfatiza que o poder disciplinar da
de um subordinado. Administração Pública
Gabarito: Certo não se confunde com o poder punitivo do Estado, o
qual é exercido
4. (Cespe – PGE/BA ) Ao secretário estadual de finanças pelo Poder Judiciário com o objetivo de reprimir crimes,
é permitido contravenções e
delegar, por razões técnicas e econômicas e com demais infrações de natureza cível e penal previstos em
fundamento no seu poder lei. Com efeito, o
hierárquico, parte de sua competência a presidente de poder punitivo do Estado incide sobre qualquer pessoa
empresa pública, desde que que pratique algum
o faça por meio de portaria. ato infrator tipificado em lei, enquanto o poder disciplinar
Comentário: O item está errado. Não existe hierarquia alcança somente
entre a pessoas que possuam algum vínculo jurídico específico
administração direta (Secretaria de Finanças) e a com a
indireta (empresa pública), de Administração Pública, seja vínculo funcional (ex:
modo que a referida delegação, embora seja possível e servidores e
legal, não encontra empregados públicos), seja contratual (ex: empresas
amparo no poder hierárquico, daí o erro. particulares
Gabarito: Errado contratadas pelo Poder Público ou que firmam convênios
de repasse de
PODER DISCIPLINAR recursos públicos).
O poder disciplinar pode ser entendido como a Pelas mesmas razões, o poder disciplinar não se
possibilidade de a confunde com o
Administração aplicar sanções àqueles que, submetidos à poder de polícia, ao qual se sujeitam todas as pessoas
sua ordem que exerçam
administrativa interna, cometem infrações. atividades que possam, de alguma forma, acarretar risco
No exercício do poder disciplinar, a Administração Pública ou transtorno à
pode: sociedade, a exemplo das empresas de construção civil,
 Punir internamente as infrações funcionais de seus dos motoristas,
servidores; dos comerciantes de alimentos, dos portadores de arma
 Punir infrações administrativas cometidas por de fogo etc.
particulares a ela Vejamos as empresas de construção civil. Mesmo que não
ligados mediante algum vínculo específico (contrato, tenham
convênio etc). contrato com o Poder Público, essas empresas estão
Detalhe a ser observado é que não são apenas os sujeitas ao poder
servidores públicos polícia (ex: necessitam de alvarás, podem ser fiscalizadas,
que se submetem ao poder disciplinar da Administração. a obra pode
Determinados ser embargada etc.). Diz-se que as pessoas sujeitas ao
particulares também estão sujeitos. É o caso, por poder de polícia
exemplo, dos que possuem um vínculo geral com a Administração Pública
firmam contratos com o Poder Público, que estarão (lembrando que
sujeitos às sanções o poder disciplinar incide sobre as pessoas que possuem
disciplinares pelo vínculo estabelecido por meio do um vínculo
instrumento contratual. específico).
Claro que, para tanto, as sanções devem estar previstas Informação importante é que, em regra, o poder disciplinar
no contrato comporta
firmado, sobretudo especificando as infrações puníveis. certo grau de discricionariedade, especialmente no que
tange à

31
gradação da penalidade (ex: valor da multa, prazo da servidores públicos e das pessoas contratadas pelo
suspensão etc.) Poder Público. Já as
ou mesmo da escolha da penalidade a ser aplicada (ex: pessoas não sujeitas à disciplina interna da
em certos administração, ao cometerem
casos, a Administração pode escolher se aplica multa, infrações que atentem contra o interesse coletivo, são
suspensão, sancionadas com base
advertência etc.). Porém, deve ser ressaltado que não há no poder de polícia, daí o erro.
discricionariedade quanto ao dever de punir, vale dizer, Gabarito: Errado
sempre que
verificar situação passível de punição administrativa, PODER REGULAMENTAR
praticada por pessoa O poder regulamentar é a faculdade de que dispõem os
que possua vínculo funcional ou contratual com o Poder Chefes do
Público, a Poder Executivo (Presidente da República,
Administração é obrigada a punir o infrator. Governadores e Prefeitos)
Por exemplo, o art. 86 da Lei 8.666/1993 prescreve que o para editar atos administrativos normativos.
“atraso Em regra, o exercício do poder regulamentar se
injustificado na execução do contrato sujeitará o materializa na edição
contratado à multa de de:
mora, na forma prevista no instrumento convocatório ou no  Decretos e regulamentos, os chamados decretos de
contrato”. execução ou
Assim, caso a empresa contratada atrase decretos regulamentares, que têm por objetivo definir
injustificadamente a execução procedimentos
do contrato, não cabe ao administrador público decidir se para a fiel execução das leis, nos termos do art. 84, IV da
pune ou não a CF5; ou de
empresa: ele deve aplicar a multa; nesse ponto não há  Decretos autônomos, que têm como objetivo dispor
discricionariedade. sobre
Esta só aparece quando o administrador for estipular o determinadas matérias de competência dos Chefes do
valor da multa, ato Executivo, listadas
que deve ser praticado à luz dos princípios da no inciso VI do art. 84 da CF6, as quais não são
razoabilidade e da disciplinadas em lei.
proporcionalidade, visto que a lei não fixa um valor. A doutrina enfatiza que o poder regulamentar,
Por fim, não é demais lembrar que a aplicação de consubstanciado na
penalidades edição de decretos e regulamentos de execução e de
administrativas deve ser sempre devidamente motivada, a decretos autônomos,
fim de é um poder inerente e privativo do Chefe do Poder
assegurar aos interessados o devido direito de defesa. Executivo7.
É fato, porém, que no Brasil, além dos Chefes do Poder
5. (Cespe – PGE/BA ) A aplicação das penas de perda da Executivo,
função pública e diversos órgãos e autoridades administrativas, e mesmo
de ressarcimento integral do dano em virtude da prática de entidades da
ato de improbidade administração indireta, também editam atos
administrativa situa-se no âmbito do poder disciplinar da administrativos
administração pública. 5 Constituição Federal, art. 84, inciso IV: 􀇲Compete
Comentário: O item está errado. O poder disciplinar privativamente ao Presidente da República sancionar􀇡
permite à promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
Administração apurar e aplicar penalidades decretos e regulamentos para sua fiel execução􀇳.
administrativas a seus servidores 6 Constituição Federal, art. 84, inciso VI: Compete
e às demais pessoas sujeitas à disciplina interna do privativamente ao Presidente da República dispor,
Poder Público. Já o mediante decreto, sobre:
processamento e o julgamento das ações de a) organização e funcionamento da administração federal,
improbidade administrativa, com quando não implicar aumento de despesa nem
a consequente aplicação das penas correlatas, de criação ou extinção de órgãos públicos;
natureza civil e política, b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vago.
competem ao Poder Judiciário, no exercício do poder 7 Hely Lopes Meirelles (, p. 129).
punitivo do Estado. normativos. É o caso, por exemplo, dos Ministros de
Gabarito: Errado Estado, que
possuem competência para “expedir instruções para a
6. (Cespe – PM/CE ) O poder disciplinar fundamenta tanto execução das leis,
a aplicação de decretos e regulamentos” (CF, art. 87, inciso II), ou da
sanções às pessoas que tenham vínculo com a Receita Federal,
administração, caso dos servidores que edita instruções normativas para orientar os
públicos, como às que, não estando sujeitas à disciplina contribuintes no
interna da administração, recolhimento de tributos. Na administração indireta, pode-
cometam infrações que atentem contra o interesse se tomar como
coletivo. exemplo o Banco Central, a CVM e as agências
Comentário: O poder disciplinar fundamenta apenas a reguladoras, que editam
aplicação de resoluções, portarias e instruções normativas sobre
sanções às pessoas que tenham vínculo com a assuntos de sua
administração, caso dos competência.

32
Contudo, os atos normativos produzidos por esses outros Deve ficar claro que os decretos de execução não podem,
órgãos e em
autoridades, denominados regulamentos autorizados, hipótese alguma, “inovar” o direito, vale dizer, não
não decorrem do podem criar
poder regulamentar, visto que este, como vimos, é direito ou obrigação que a lei não criou, nem restringir ou
exclusivo (inerente e ampliar direito
privativo) do Chefe do Poder Executivo. Para solucionar a ou obrigação disciplinada na lei. Ao contrário, os decretos
questão, a devem se
doutrina costuma dizer que esses outros atos normativos limitar ao conteúdo da lei, explicando seus dispositivos e
têm fundamento definindo os
no poder normativo da Administração Pública, que seria procedimentos operacionais necessários à sua fiel
um poder mais execução, sob pena de
amplo que o poder regulamentar, por abranger a sofrer invalidação.
capacidade normativa de No nosso exemplo, o Decreto não poderia determinar que
toda a Administração para editar regulamentos os
autorizados. comerciantes incluíssem no documento fiscal informações
Assim, o poder regulamentar, exclusivo do Chefe do Poder sobre outros
Executivo, tributos além daqueles expressamente definidos na lei,
seria uma espécie do gênero poder normativo, este mas apenas
extensível a toda a estabelecer “como” o valor dos tributos previstos na lei
Administração Pública. Deve ficar claro, apenas, conforme deve ser
salientam informado ao consumidor.
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, que ao praticar atos Não obstante, Carvalho Filho pondera que é legítima a
com base no fixação de
poder regulamentar (espécie), o Chefe do Poder Executivo obrigações subsidiárias (ou derivadas), diversas das
não deixa de obrigações
estar exercendo o poder normativo da Administração primárias (ou originárias) contidas na lei, desde que essas
Pública (gênero). novas
Vamos agora esmiuçar um pouco mais as características obrigações guardem consonância com as obrigações
dos atos legais. Se, por
administrativos normativos. exemplo, a lei concede algum benefício às pessoas que se
Decretos de execução ou regulamentares enquadrem em
Os decretos de execução ou regulamentares, nos termos determinada condição, pode o ato regulamentar indicar
do art. 84, quais documentos
IV da CF, são regras editadas pelo Chefe do Poder o interessado estará obrigado a apresentar para
Executivo com vistas comprovar sua situação.
a possibilitar a fiel execução das leis que, de algum modo, Essa obrigação probatória não está expressamente
envolvam prevista na lei, mas
atuação da Administração Pública. está nela amparada, podendo ser considerada legítima.
Como exemplo, pode-se citar o Decreto 8.624/, que Os decretos de execução ou regulamentares, em regra,
regulamenta a Lei nº 12.741/. A referida lei preceitua que o são atos de
valor de caráter geral e abstrato, ou seja, não possuem
determinados tributos incidentes sobre as mercadorias e destinatários
serviços devem determinados e incidem sobre todos os fatos ou situações
constar dos respectivos documentos fiscais, ou seja, a lei que se
cria um direito enquadrem nas hipóteses neles previstas.
de informação para o consumidor e uma obrigação de A doutrina enfatiza que o Chefe do Poder Executivo só
informar dirigida pode
aos empresários. Já o decreto não cria novos direitos e regulamentar leis administrativas, isto é, leis cuja
obrigações, mas execução, de algum
apenas estabelece “como” serão os procedimentos para modo, necessite da atuação da Administração Pública.
que a lei seja Assim, o poder
cumprida, por exemplo, definindo que a informação deverá regulamentar não abrange, por exemplo, a
ser aposta em regulamentação das leis
campo próprio ou no campo “Informações penais e processuais, que prescindem de qualquer
Complementares” do respectivo participação da
documento fiscal. Administração para o seu cumprimento.
Detalhe importante é que a competência para expedição As leis podem ou não prever, de forma expressa, a
dos decretos necessidade de
e regulamentos de execução não é passível de regulamentação para que possam ser aplicadas. Caso
delegação (CF, art. 84, não tragam essa
parágrafo único). previsão, as leis produzem efeitos desde o momento em
Uma vez que sempre necessitam de uma lei prévia a ser que entram em
regulamentada, os decretos de execução são vigor, ou seja, são leis autoexecutáveis, pois o legislador
considerados entendeu que
atos normativos secundários, sendo a lei o ato primário, suas disposições são claras o suficiente para serem
por decorrer aplicadas sem
diretamente da Constituição. regulamentação. Entretanto, embora sejam
autoexecutáveis, ainda

33
assim podem ser regulamentadas caso o Poder sob a denominada “reserva de administração” (matérias
Executivo entenda que somente
necessário, visto que a competência para editar decretos podem ser reguladas por ato administrativo), estando fora
com vistas à fiel da
execução das leis decorre diretamente da Constituição competência do Poder Legislativo.
(art. 84, IV) e, por Ao contrário do que ocorre com os decretos de execução,
isso, não depende de autorização do legislador ordinário a
para ser competência para edição dos decretos autônomos pode
exercida. ser delegada a
Por outro lado, as leis que trazem a necessidade de outras autoridades administrativas. Na esfera federal, o
regulamentação Presidente da
(leis não autoexecutáveis) não produzem efeitos antes República pode delega-la aos Ministros de Estado, ao
da expedição Procurador-Geral da
do decreto regulamentar requerido. Nesse caso, República ou ao Advogado-Geral da União (CF, art. 84,
conforme ensina Hely parágrafo único).
Lopes Meirelles, “o regulamento opera como condição A competência para editar decretos
suspensiva da autônomos pode ser delegada. Já para os
execução da norma legal, deixando seus efeitos decretos de execução, não pode.
pendentes até a Maria Sylvia Di Pietro salienta que, na verdade, apenas a
expedição do ato do Executivo”. alínea “a”
Exceção ocorre quando a própria lei define prazo para do art. 84, VI da CF (organização e funcionamento da
sua administração
regulamentação e o decreto não é editado dentro desse pública, quando não implicar aumento de despesa nem
prazo. Nessa criação ou
hipótese, a lei passa a produzir efeitos mesmo sem o extinção de órgãos públicos) constitui manifestação do
regulamento, poder
uma vez que “a omissão do Executivo não tem o condão regulamentar, ou seja, o decreto autônomo que dispõe
de invalidar os sobre essa matéria
mandamentos legais do Legislativo”. Nesse caso, os possui as características de um ato administrativo
titulares de direitos normativo. Quanto
previstos na lei podem interpor na Justiça o chamado à alínea “b”, segundo a autora, representa típico ato
mandado de administrativo de
injunção, conforme previsto no art. 5º, LXXI da CF, com efeitos concretos, porque a competência do Presidente
vistas a obter da República se
decisão do Poder Judiciário que lhes permita exercer tais limitará a extinguir cargos ou funções, quando vagos, e
direitos. não a estabelecer
Decretos autônomos normas sobre a matéria.
Os decretos autônomos são regulamentos editados pelo 0
Poder Não obstante o que dispõe o art. 84, VI da CF, parte da
Executivo na qualidade de atos primários, diretamente doutrina não admite a possibilidade de existirem decretos
derivados da autônomos em nosso ordenamento jurídico (ex: Carvalho
Constituição, ou seja, são decretos que não se destinam Filho e Justen Filho). Para esses autores, a fim de que os
a decretos possam ser caracterizados
regulamentar alguma lei, não precisam de lei prévia para como tais, é necessário que sejam aptos a criar e extinguir
existir. Sua primariamente direitos e
finalidade é normatizar, de forma originária, as matérias obrigações, o que não seria o caso dos decretos emitidos
expressamente com base no art. 84, VI da CF, que
definidas na Constituição, inexistindo qualquer ato de apenas organizam o funcionamento da Administração e só
natureza legislativa reflexamente afetam a esfera
que se situe entre eles e a Constituição. jurídica de terceiros.
No Brasil, a edição de decretos autônomos só pode ser Regulamentos autorizados
feita para Os regulamentos autorizados são aqueles em que o Poder
dispor sobre (CF, art. 84, VI): Executivo,
a) Organização e funcionamento da administração federal, por expressa autorização da lei, completa as disposições
quando não dela constantes,
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de e não simplesmente a regulamenta, especialmente em
órgãos matérias de
públicos; natureza técnica.
b) Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. Típico exemplo de regulamentos autorizados são as
Importante ressaltar que essas são as duas únicas normas editadas
matérias pelas agências reguladoras, conforme estudamos na aula
passíveis de normatização mediante decretos autônomos. passada.
Qualquer outro Como vimos, tais regulamentos devem observar as
tema deve ser tratado originariamente por lei. diretrizes, os
As matérias objeto dos decretos autônomos constituem parâmetros, as condições e os limites estabelecidos na lei
competência privativa do Chefe do Poder Executivo, vale que autorizou
dizer, sua sua edição, de modo que a norma elaborada funcione
edição não conta com a participação do Poder Legislativo. apenas como uma
Encontram-se

34
complementação técnica necessária das disposições São de competência privativa do Chefe
legais. do Poder Executivo, indelegável.
Uma vez que podem ser editados por órgãos e entidades Dispõem sobre matérias de índole técnica
de natureza pertinentes à área de atuação do órgão ou
técnica, constituem manifestação do poder normativo, e entidade que os edita.
não do poder Não se restringem a assuntos de ordem
regulamentar, que é privativo do Chefe do Executivo. técnica, podendo tratar de qualquer
O regulamento autorizado é ato administrativo assunto administrativo.
secundário (deriva 0
da lei, ato primário que o autoriza). Não se confunde com Controle dos atos regulamentares
a lei delegada, Caso o Poder Executivo extrapole os limites da lei no
prevista no art. 68 da CF, pois esta é literalmente uma lei, exercício do seu
cuja edição é poder regulamentar, o Congresso Nacional poderá
delegada pelo Congresso Nacional. sustar tais atos
Aliás, frise-se que é vedada a utilização de regulamentos normativos. É o que diz o art. 49, V da CF:
autorizados Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso
para tratar de matérias constitucionalmente Nacional:
reservadas à lei. V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do
Boa parte da doutrina entende que a edição de poder regulamentar ou dos limites de delegação
regulamentos autorizados contraria a Constituição, por legislativa;
violar o princípio da separação dos Poderes, uma vez que Cuida-se, como se pode observar, de controle exercido
tais atos do Poder Executivo seriam aptos a inovar o pelo
direito sem haver previsão Legislativo sobre o Executivo no que diz respeito aos
constitucional para tanto. Em outras palavras, o Poder limites do poder
Executivo, ao editar regulamentos regulamentar, com o objetivo de coibir violação indevida
autorizados, estaria invadindo a função típica do Poder da função
Legislativo de uma forma não legislativa.
contemplada na Constituição, por criar normas técnicas Ademais, o Poder Judiciário e a própria Administração
não contidas na lei, inovando, podem exercer
portanto, no ordenamento jurídico. controle de legalidade sobre atos normativos, anulando
Todavia, outra parte da doutrina, acompanhada pela aqueles
jurisprudência, reconhece que os considerados ilegais ou ilegítimos.
regulamentos autorizados, embora não possuam base Em relação ao controle judicial, é possível ao Poder
constitucional, representam uma Judiciário
necessidade do mundo moderno, extremamente dinâmico controlar a legalidade e a constitucionalidade de atos
e complexo, que torna administrativos
impossível ao Poder Legislativo dar conta de todas as normativos.
demandas de regulamentação Caso o ato normativo esteja em conflito com a lei que
existentes. Surge, assim, o fenômeno da deslegalização, ele
pelo qual a competência para regulamenta, por extrapolar seus limites (ultra legem) ou
regular certas matérias se transfere da lei para outras por contrariala
fontes normativas, por autorização frontalmente (contra legem), a questão caracterizará típica
do próprio legislador. Ressalte-se, porém, que referida ilegalidade, passível, portanto, de controle de
delegação não é completa e integral, legalidade. Não cabe,
mas transfere tão somente a competência para a no caso, impugnação mediante ação direta de
regulamentação técnica, mediante inconstitucionalidade – ADI
parâmetros previamente enunciados na lei (CF, art. 102, I, “a”)8.
(discricionariedade técnica). Por outro lado, se o ato normativo ofender diretamente a
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo esclarecem que é Constituição, sem que haja alguma lei a que deva
importante subordinar-se, terá a
enfatizar as seguintes diferenças entre os regulamentos qualificação de ato autônomo e, nessa hipótese, poderá
autorizados e sofrer controle de
os regulamentos de execução, estudados anteriormente: constitucionalidade pela via direta, ou seja, através de
Regulamentos autorizados Regulamentos de execução ADI.
Não têm previsão expressa no texto Sendo assim, para que seja viável o controle de
constitucional. constitucionalidade de decreto, regulamento ou outro
Estão previstos no art. 84, IV da CF. tipo de ato
Efetivamente completam a lei, veiculam administrativo de cunho normativo, dois serão os aspectos
disposições que não constam da regulação que o ato
legal, nem mesmo implicitamente (a lei é deverá conter9:
intencionalmente lacunosa), em suma, inovam  é indispensável que ele tenha, de fato, caráter
o direito (embora seguindo as diretrizes da lei). normativo, isto é,
Os regulamentos de execução não seja dotado de “normatividade”, de generalidade e
podem, na teoria, inovar o direito, de abstração; e
forma alguma. 8 Ver ADI 996/DF
São editados por órgãos e entidades 9 Ver ADI 1.396/SC
administrativos de perfil técnico, conforme 0
autoriza a lei.

35
 é necessário que ele tenha caráter autônomo, vale fiscalização ambiental, da aplicação de sanções pelo
dizer, o ato descumprimento de
deve conflitar diretamente com a Constituição da normas de trânsito etc.
República (o Repare que, em todas essas situações, o Poder Público
conflito não pode ocorrer entre o ato e uma lei que ele condiciona ou
regulamente). restringe atividades particulares em favor do interesse
Caso contrário, o controle judicial deverá ocorrer por público. Uma
outras vias, e interdição de estabelecimento pela vigilância sanitária, por
não por ADI. Atualmente, por exemplo, é cabível a exemplo,
impugnação direta pela busca evitar que os desleixos do proprietário em relação
arguição de descumprimento de preceito fundamental, ao cumprimento
instituto das normas de higiene prejudiquem a saúde da
previsto no art. 102, §1º da CF. população; já as
fiscalizações de trânsito visam prevenir acidentes
7. (Cespe – SUFRAMA ) Poder regulamentar é o poder causados por
que a administração condutores que trafegam em alta velocidade,
possui de editar leis, medidas provisórias, decretos e embriagados, sem
demais atos normativos para habilitação etc.
disciplinar a atividade dos particulares. O poder de polícia pode ser entendido em sentido amplo
Comentário: O poder regulamentar confere ou estrito. A definição apresentada anteriormente
prerrogativa à Administração, corresponde ao sentido estrito. Tomado a partir dessa
mais precisamente ao chefe do Executivo, para editar concepção, o poder de polícia abrange tão somente as
decretos e regulamentos atividades administrativas de
com vistas a permitir a efetiva concretização das leis. regulamentação e de execução das leis que estabelecem
Trata-se, portanto, de normas primárias de
produção normativa no campo infralegal, vale dizer, polícia. Em sentido amplo, além da atividade
edição de atos normativos administrativa, o poder de polícia
secundários. Dessa forma, a questão erra ao afirmar também abrange a atividade do Poder Legislativo de
que o poder regulamentar editar leis que tenham o
fundamenta a edição de leis e medidas provisórias, objetivo de condicionar ou limitar a liberdade e a
que são espécies propriedade, as chamadas
normativas primárias. limitações administrativas ao exercício das atividades
Gabarito: Errado públicas.
Deve ficar claro que, ao exercer o poder polícia, a
8. (Cespe – TCU ) Se, ao editar um decreto de natureza Administração está
regulamentar, a praticando um ato administrativo, sujeito, portanto, às
Presidência da República invadir a esfera de competência regras que
do Poder Legislativo, este regem as demais atividades da Administração, inclusive
poderá sustar o decreto presidencial sob a justificativa de ao controle de
que o decreto extrapolou legalidade pelo Poder Judiciário.
os limites do poder de regulamentação. Ademais, qualquer medida restritiva adotada com base no
Comentário: A assertiva está correta, nos termos do poder de
art. 49, V da CF: polícia deve observar o devido processo legal,
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso assegurando ao
Nacional: administrado o direito à ampla de defesa, bem como
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que deve se pautar
exorbitem do poder pelos princípios da razoabilidade e da
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; proporcionalidade.
Gabarito: Certo Competência
0 A competência para exercer o poder de polícia é, em
PODER DE POLÍCIA princípio, da
O poder de polícia, também denominado polícia pessoa federativa à qual a Constituição Federal
administrativa, é conferiu o poder
a faculdade de que dispõe a Administração Pública para de regular a matéria.
condicionar ou Assim, conforme leciona Hely Lopes Meirelles, os
restringir o uso de bens, o exercício de direitos e a prática assuntos de
de atividades interesse nacional ficam sujeitos à regulamentação e
privadas, tudo com vistas a proteger os interesses gerais policiamento da
da coletividade. União; as matérias de interesse regional sujeitam-se às
Constitui, portanto, toda atividade administrativa calcada normas e à polícia
no princípio estadual; e os assuntos de interesse local subordinam-se
da supremacia do interesse público pela qual se impõe aos
algum tipo de regulamentos e ao policiamento administrativo municipal.
limitação ou interferência à órbita do interesse privado Embora essa divisão de competências pareça simples, a
com o fim de diversidade
ajustá-lo ao interesse público, a exemplo da expedição de de temas com que a Administração se depara na prática
alvarás para faz com que
construções, da interdição de estabelecimentos em frequentemente surjam dúvidas em relação ao ente
situação irregular, da competente para a

36
execução e o exercício do poder de polícia sobre ou seja, não pode ser negada quando o requerente
determinada atividade. satisfaça os requisitos
Por exemplo, a jurisprudência já se firmou no sentido de legais e regulamentares exigidos para sua obtenção. Já a
que a União autorização,
tem competência para regular horário de atendimento que não se refere a um direito, e sim a um interesse do
bancário10, mas particular, possui
para fixar horário de funcionamento de lojas comerciais a caráter discricionário e precário, isto é, pode ser negada
competência é ainda que o
do Município11. requerente satisfaça os requisitos, além de ser passível de
Quando for conveniente, os entes federativos podem revogação a
exercer o poder qualquer tempo, independentemente de indenização.
de polícia em sistema de cooperação, firmando O instrumento formal que geralmente formaliza as licenças
convênios e
administrativos ou consórcios públicos com base no autorizações é o alvará, mas documentos diversos
regime de gestão também podem
associada previsto no art. 241 da CF. É o que ocorre, com cumprir esse papel, como carteiras, declarações,
frequência, nas certificados, etc. A
atividades de fiscalização do trânsito, em que há infrações título de exemplo, a autorização para que se mantenha
sujeitas à arma de fogo no
fiscalização federal, estadual e municipal, sendo, então, interior da residência é formalizada pelo certificado de
conveniente uma registro de arma de
atuação conjunta para conquistar maior eficiência12. fogo; já a licença para dirigir é concedida mediante a
Modalidades de exercício emissão de carteira
O poder de polícia administrativa pode ser exercido de nacional de habilitação. O que importa, pois, é o
forma consentimento que a
preventiva ou repressiva. Administração deseja emitir por semelhantes atos.
O poder de polícia preventivo ocorre nos casos em que No que tange ao poder de polícia repressivo, refere-se à
o aplicação
particular necessita obter anuência prévia da de sanções administrativas a particulares pelo
Administração para utilizar descumprimento de normas
10 Súmula nº 19, do STJ: A fixação do horário bancário, de ordem pública (normas de polícia).
para atendimento ao público, é da competência da Dentre as inúmeras sanções cabíveis pode-se mencionar:
União. imposição
11 Súmula nº 645, do STF: É competente o município para de multas administrativas; interdição de estabelecimentos
fixar o horário de funcionamento de comerciais;
estabelecimento comercial. suspensão do exercício de direitos; demolição de
determinados bens ou para exercer determinadas construções irregulares;
atividades privadas que embargo administrativo de obra; apreensão de
possam afetar a coletividade. Tal anuência é formalizada mercadorias piratas etc.
nos Geralmente, tais sanções são decorrentes de alguma
denominados atos de consentimento, os quais podem atividade de
ser de licença ou fiscalização na qual se tenha constatado a prática de
de autorização: infrações. Frise-se,
 Licença: ato administrativo vinculado e definitivo pelo porém, que o ato repressivo é a aplicação da sanção, e
qual a não o
Administração reconhece que o particular preenche as procedimento de fiscalização, o qual, de regra não tem o
condições para objetivo
usufruir determinado direito de que seja possuidor. São específico de acarretar sanções, e sim de prevenir ou
exemplos a coibir a prática de
licença para o exercício da profissão na qual o indivíduo irregularidades.
se formou ou Em regra, utiliza-􀆐􀄞 􀄂 􀄞􀇆􀆉􀆌􀄞􀆐􀆐􀄆􀅽 sanção de polícia
a licença para a pessoa construir em terreno de sua 􀆉􀄂􀆌􀄂 􀆐􀄞
propriedade. referir a qualquer atuação administrativa que seja adotada
 Autorização: ato administrativo discricionário e precário como consequência de infrações cometidas pelos
pelo qual a particulares a normas de polícia.
Administração autoriza o particular a exercer determinada Porém, vale saber que parte da doutrina costuma utilizar
atividade essa expressão apenas para
que seja de seu interesse (e não de seu direito). São designar as sanções propriamente ditas, isto é, aquelas
exemplos o cujo objetivo é realmente punir o
uso especial de bem público, a interdição de rua para a infrator, a exemplo das multas administrativas. Para as
realização de medidas repressivas que tenham
festividade, o trânsito por determinados locais e o porte de como finalidade maior proteger a coletividade, evitando
arma de danos ou limitando os efeitos dos
fogo. que já tenham ocorrido, a exemplo da destruição de
Perceba que a licença, por se tratar de permissão para o alimentos estragados encontrados em
exercício de um restaurante ou do embargo de obras com vícios
um direito subjetivo do particular, possui caráter vinculado construtivos, essa corrente da doutrina
e definitivo, 􀆵􀆚􀅝􀅯􀅝􀇌􀄂 􀄂 􀄚􀄞􀅶􀅽􀅵􀅝􀅶􀄂􀄕􀄆􀅽 medidas de polícia

37
Questão bastante debatida na jurisprudência diz respeito à Em razão do princípio da legalidade, a ordem primária
cobrança deve estar sempre
de taxas (espécie de tributo) como decorrência do contida em uma lei, a qual poderá ser posteriormente
exercício do poder de regulamentada por
polícia. Com efeito, art. 145, II da CF, dispõe: atos normativos infralegais.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os O consentimento de polícia corresponde à anuência
Municípios poderão prévia da
instituir os seguintes tributos: Administração, quando exigida em lei, para a prática de
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou determinadas
pela utilização, atividades ou para a fruição de determinados direitos.
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e Como já vimos,
divisíveis, prestados esta anuência prévia ocorre mediante a concessão de
ao contribuinte ou postos a sua disposição; licenças e
Exemplos de taxas decorrentes do poder de polícia são as autorizações.
taxas para A fiscalização de polícia é a atividade pela qual a
obtenção de licença de funcionamento de atividades Administração
comerciais, verifica se o particular está cumprindo adequadamente as
industriais e de lazer. regras
A jurisprudência destaca que a taxa de polícia deve emanadas na ordem de polícia (legislação) e também,
sempre decorrer quando for o caso,
do efetivo exercício do poder de polícia, isto é, da 13 Ver RE 588.322/RO e RE 361.009/RJ
realização de se está observando as condições estipuladas na
atividades ou diligências públicas no interesse do respectiva
contribuinte. Caso essas licença/autorização.
atividades não estejam sendo exercidas de fato, a Já a sanção de polícia ocorre quando a Administração
cobrança da taxa verifica
poderá ser questionada. No nosso exemplo, se o fato alguma infração à ordem de polícia ou aos requisitos da
gerador da taxa é a licença/autorização e, em consequência, aplica ao
necessidade de se realizar inspeção no estabelecimento particular infrator uma
previamente à medida repressiva (sanção), dentre as previstas na lei de
concessão da licença, logicamente não há fato gerador regência.
caso a inspeção Um exemplo prático em que esses quatro grupos ficam
não seja empreendida na prática, o que invalida a bem definidos
cobrança do tributo. é no âmbito da limitação à propriedade e à liberdade no
Entretanto, cumpre salientar que, segundo a trânsito: o Código
jurisprudência do STF, de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece normas genéricas
a incidência da taxa, como decorrência do exercício e abstratas para
regular do poder de a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação
polícia, dispensa a fiscalização “porta a porta”. Em outras (legislação); a emissão
palavras, o da carteira materializa a anuência do Poder Público em
exercício do poder de polícia não é necessariamente relação aos
presencial, pois indivíduos que tenham preenchido os requisitos técnicos
pode ocorrer a partir de local remoto, com o auxílio de exigidos para a
instrumentos e habilitação (consentimento); a Administração instala
técnicas que permitam à Administração examinar a equipamentos
conduta do agente eletrônicos para verificar se há respeito à velocidade
fiscalizado. Nesse caso, o exercício de polícia é estabelecida em lei
considerado presumido, (fiscalização); e também a Administração sanciona
desde que exista um órgão com competência e estrutura aquele que não
capaz de guarda observância ao CTB (sanção).
fiscalizar a atividade 13. Importante observar que as únicas fases que sempre
Fases da atividade de polícia (ciclo de polícia) estarão
A doutrina e a jurisprudência classificam em quatro fases presentes em todo e qualquer ciclo de polícia são as fases
a de “legislação
sequência de atividades que pode integrar o exercício do (ordem de polícia)” e de “fiscalização”.
poder de polícia Legislação e fiscalização são as únicas fases
(tomado em sentido amplo, ou seja, incluindo a atividade que sempre existirão num ciclo de polícia.
legislativa), o Com efeito, o “consentimento” deve ocorrer apenas
chamado ciclo de polícia, a saber: quando houver
1) Legislação ou ordem necessidade de licença ou autorização para o uso de bens
2) Consentimento ou a prática de
3) Fiscalização certas atividades privadas. Se determinada atividade
4) Sanção estiver sujeita a
A legislação, também denominada ordem de polícia, é a normas de polícia previstas em lei, mas não à anuência
fase prévia da
inicial do ciclo de polícia, pois é aquela que institui os Administração, ainda assim poderá ser fiscalizada e, em
limites e caso de infração,
condicionamentos ao exercício de atividades privadas e ao poderá ser aplicada a sanção correspondente. Nesse
uso de bens. caso, o ciclo de

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polícia forma-se apenas com as fases de legislação, Por fim, vale saber que a maior parte da doutrina, assim
fiscalização e sanção. como o
Ademais, nem toda fiscalização encontra irregularidade no Supremo Tribunal Federal (STF)15, não admite a
caso concreto, delegação de poder de
hipótese em que não haverá sanção alguma. O ciclo de 14 REsp 817.534/MG
polícia se 15 ADI 1.717/DF
completa, então, apenas com as fases de legislação e polícia a pessoas privadas não integrantes da
fiscalização. Administração Pública
0 formal, ainda que efetuada por meio de lei.
Entretanto, é possível o Poder Público atribuir a pessoas
Poder de polícia originário e delegado privadas,
A doutrina classifica o poder de polícia em originário e mediante contrato, a operacionalização de máquinas e
delegado equipamentos em
conforme o órgão ou a entidade que o exerce. atividades de fiscalização, a exemplo da triagem feita em
Em suma, o poder de polícia originário é exercido pela aeroportos para
administração direta, enquanto o poder de polícia detectar eventual porte de objetos ilícitos ou proibidos. No
delegado é caso, o Estado
exercido pela administração indireta (entidades de não transfere a titularidade do poder de polícia, ou seja,
direito público, ou não se trata de
seja, autarquias e fundações públicas). delegação, e sim de mera atribuição operacional.
Existe polêmica quanto à possibilidade de delegação do
poder de DELEGAÇÃO DE PODER DE POLÍCIA:
polícia a entidades da administração indireta de direito  a entidades administrativas de direito público: pode
privado delegar (consenso)
(empresas públicas, sociedades de economia mista e  a entidades administrativas de direito privado:
fundações públicas  Doutrina: não pode delegar (majoritária), pode (desde
de direito privado). que feita por lei),
A doutrina majoritária entende que essa delegação não posição intermediária (pode apenas algumas fases, como
é possível, a fiscalização).
uma vez que o poder de polícia, cujo exercício tem  STF: não pode delegar.
fundamento no poder  STJ: pode delegar apenas consentimento e
de império do Estado, só pode ser exercido por pessoas fiscalização; legislação e sanção não podem.
jurídicas de  a entidades privadas: não pode delegar (consenso).
direito público. Outra parte da doutrina, no entanto, Atributos do poder de polícia
admite a delegação Os atributos do poder de polícia são:
de poder de polícia a entidades de direito privado, desde  Discricionariedade
que integrem a  Autoexecutoriedade
Administração Pública formal e a competência seja  Coercibilidade
expressamente A discricionariedade no exercício do poder de polícia
conferida por lei. Existe ainda uma posição intermediária, significa que a
que considera Administração, em regra, possui certa liberdade de
válida apenas a delegação de algumas etapas do ciclo de atuação. Ela pode,
polícia, por exemplo, segundo critérios de conveniência e de
especialmente a de fiscalização. oportunidade,
Na jurisprudência, há um importante precedente do determinar quais atividades irá fiscalizar em um
Superior Tribunal determinado momento e
de Justiça (STJ)14, no qual foi decidido que as fases de definir quais sanções serão aplicadas e em quais
consentimento e gradações, sempre
de fiscalização podem ser delegadas a entidades com observando, é claro, os limites estabelecidos em lei e os
personalidade princípios da
jurídica de direito privado integrantes da Administração razoabilidade e da proporcionalidade.
Pública e que, 0
diferentemente, as fases de ordem de polícia e de Nada impede, contudo, que a lei vincule a prática de
sanção, por determinados atos de polícia administrativa, como a
implicarem coerção, não podem ser delegadas a tais concessão de
entidades. Esse licença para construção em terreno próprio ou para o
entendimento, porém, não é seguido pelo STF, cuja exercício de uma
jurisprudência é no profissão, casos em que a Administração não possui
sentido de que o poder de polícia não pode ser delegado a liberdade de
entidades valoração se o particular preencher os requisitos legais.
administrativas de direito privado. A autoexecutoriedade consiste na possibilidade de que
Quanto às entidades administrativas de direito público certos atos
(autarquias administrativos sejam executados de forma imediata e
e fundações) não há controvérsia. Elas só não podem direta pela própria
editar leis. Portanto, Administração, independentemente de ordem judicial.
podem exercer poder de polícia, inclusive aplicar sanções Assim, por exemplo, a Administração pode, com base no
administrativas, poder de
desde que amparadas em lei. polícia, aplicar sanções administrativas a particulares que
pratiquem atos

39
lesivos à coletividade independentemente de prévia O mesmo prazo prescricional vale para a Administração
autorização judicial. impetrar
Da mesma forma, a Administração pode, por si só, ação judicial de cobrança de multas administrativas
promover a demolição aplicadas no
de edifício em situação irregular. exercício do poder de polícia, quando não pagas
Porém, nem toda atividade de polícia administrativa pode espontaneamente pelo
ser levada administrado (art. 1º-A).
a termo de forma autoexecutória. Por exemplo, embora a Por outro lado, o prazo prescricional de cinco anos não se
Administração, aplica
no exercício do poder de polícia, possa impor multa a um quando o fato objeto da ação punitiva da Administração
particular sem também constituir
necessidade de participação do Poder Judiciário, a crime, ocasião em que serão aplicáveis os prazos
cobrança forçada prescricionais previstos
dessa multa, caso não paga pelo particular, só poderá ser na lei penal16.
efetuada por A referida lei prevê, ainda, que a prescrição também incide
meio de uma ação judicial de execução. no
Detalhe é que a Administração pode, caso entenda procedimento administrativo paralisado por mais de
necessário, três anos,
recorrer previamente ao Judiciário quando pretenda pendente de julgamento ou despacho. Trata-se de
praticar atos de hipótese da chamada
polícia em que seja previsível forte resistência dos prescrição intercorrente, que é aquela que ocorre
particulares envolvidos, mesmo depois de o
como na demolição de edificações irregulares ou na processo já ter sido instaurado, no caso, acarretada pela
desocupação de terras inércia da
invadidas, ocasião em que poderá valer-se do auxílio das Administração.
forças policiais. Por derradeiro, cumpre ressaltar que as disposições Lei
Frise-se que tal autorização não é obrigatória, mas pode 9.873/1999
ser obtida para não se aplicam às infrações de natureza funcional e aos
conferir maior legitimidade e segurança ao ato. processos e
A coercibilidade se traduz na possibilidade de as procedimentos de natureza tributária (art. 5º).
medidas adotadas 16 Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da
pela Administração Pública com base no exercício do Administração Pública Federal, direta e indireta, no
poder polícia serem exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração
impostas ao administrado, inclusive mediante o emprego à legislação em vigor, contados da data da
da força e prática do ato ou, no caso de infração permanente ou
independentemente de prévia autorização judicial. continuada, do dia em que tiver cessado.
Autoexecutoriedade e coercibilidade são conceitos § 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo
muito paralisado por mais de três anos, pendente de
próximos. Conforme salienta Maria Sylvia Di Pietro, “a julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de
coercibilidade é ofício ou mediante requerimento da parte
indissociável da autoexecutoriedade. O ato de polícia só é interessada, sem prejuízo da apuração da
autoexecutório responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se
porque dotado de força coercitiva. Aliás, a for o
autoexecutoriedade, tal como a caso.
conceituamos, não se distingue da coercibilidade, definida § 2o Quando o fato objeto da ação punitiva da
por Hely Lopes Administração também constituir crime, a prescrição
Meirelles como ‘a imposição coativa das medidas reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.
adotadas pela 0
Administração’”. Distinção entre poder polícia e outras atividades
0 estatais
Nem todos os atos de polícia administrativa ostentam os A doutrina costuma explorar a diferença entre as
atributos da autoexecutoriedade e da coercibilidade. atividades
Os atos preventivos, a exemplo da concessão de decorrentes do exercício do poder de polícia (polícia
licenças e administrativa) e as
autorizações, bem como alguns atos repressivos, como atividades de prestação de serviços públicos.
a cobrança de multa não Diz-se que a polícia administrativa representa uma
paga espontaneamente pelo particular, não gozam de atividade
autoexecutoriedade e de negativa, por acarretar restrições aos direitos e interesses
coercibilidade. dos
Prescrição indivíduos, enquanto o serviço público seria uma
A Lei 9.873/1999, aplicável à esfera federal, estabelece atividade positiva, vez
em que, ao contrário, não restringe, e sim oferece
cinco anos o prazo prescricional das ações punitivas comodidades ou utilidades
decorrentes do materiais ao usuário do serviço. Ademais, o poder de
exercício do poder de polícia, contados da data da prática polícia integra o rol
do ato ou, no das denominadas atividades jurídicas do Estado, cujo
caso de infração permanente ou continuada, do dia em desempenho se
que tiver cessado. funda no poder de império; já a prestação de serviços
públicos se

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enquadra nas chamadas atividades sociais do Estado, preventivo, por prevenir situações ou condutas contrárias
que se destinam ao interesse
a incrementar o bem-estar social, cujo desempenho não público, ao passo que o caráter da polícia judiciária seria
decorre do repressivo, pois
exercício do poder de império. seu objetivo é possibilitar a punição pelo Poder Judiciário.
Outra diferenciação importante é entre atividade de Não obstante,
polícia vale ressaltar que, como vimos, a atividade de polícia
administrativa e atividade de polícia judiciária. administrativa
Será atividade de polícia administrativa aquela que incida também contempla medidas de natureza repressiva, como
sobre a aplicação de
infrações de natureza administrativa, ao passo que será multas, apreensão de mercadorias, interdição de
atividade de estabelecimentos etc.
polícia judiciária quando se referir à apuração de ilícitos 9. (Cespe – TRF2 ) Segundo a jurisprudência pacífica do
de natureza STF, é possível a
penal com a finalidade de instruir a propositura de delegação do poder de polícia à sociedade de economia
ação no Poder mista.
Judiciário. Comentário: O item está errado. A jurisprudência atual
Assim, quando agentes administrativos, por exemplo, do STF, ao
executam contrário do que afirma o quesito, é no sentido de que
serviços de fiscalização em atividades de comércio, em o poder de polícia,
locais proibidos atividade típica da Administração Pública, não pode
para menores, sobre as condições de alimentos para ser delegado a
consumo ou em particulares ou a pessoas jurídicas de direito privado.
parques florestais, estão exercendo atividade de polícia Portanto, o quesito está
administrativa. errado.
Ao contrário, quando os agentes investigam a prática de Todavia, esse entendimento do Supremo pode mudar.
crime e, com É que o STF
esse objetivo, ouvem testemunhas, realizam inspeções e reconheceu repercussão geral no tema contido no
perícias em Recurso Extraordinário com
determinados locais e documentos, convocam indiciados, Agravo (ARE) 662186, interposto pela Empresa de
etc., estão Transportes e Trânsito de
exercendo polícia judiciária, eis que, terminada a Belo Horizonte S/A – (BHTRANS) contra decisão do
apuração, os TJ-MG, que considerou
elementos são enviados ao Ministério Público para, se for inviável a possibilidade de aplicação de multas pela
o caso, empresa de trânsito,
providenciar a propositura da ação penal17. sociedade de economia mista, e determinou a
Mais uma diferença é que a polícia administrativa é restituição de valores assim
exercida sobre arrecadados. O recurso encontra-se pendente de
atividades, bens e direitos, enquanto a polícia judiciária apreciação. Assim que
incide concluído, será um importante precedente, inclusive
diretamente sobre pessoas. Em consequência, não para as provas.
existem sanções de De outra parte, vale lembrar que a jurisprudência do
polícia administrativa que impliquem detenção ou reclusão Superior Tribunal de
de pessoas; já Justiça (STJ) é diferente. Para o STJ, é possível a
as atividades de polícia judiciária podem ocasionar esse delegação do poder de
tipo de sanção. polícia a pessoa jurídica de direito privado integrante
17 Carvalho Filho (, p. 83) da Administração
Pública (incluindo, portanto, as sociedades de
Além disso, a polícia administrativa é desempenhada por economia mista) no que diz
órgãos respeito aos aspectos fiscalizatórios e de
administrativos integrantes dos mais diversos setores de consentimento, mas não quando se
toda a tratar de atividade legislativa e do poder de impor
Administração Pública, sempre que a lei lhes atribuir essa sanções, por exemplo
função, a multas de trânsito.
exemplo da Vigilância Sanitária, do Ibama, da CVM, do Gabarito: Errado
Detran etc.; já a
polícia judiciária é privativa de corporações 10. (Cespe – TJDFT ) No que se refere ao exercício do
especializadas (Polícia poder de polícia,
Civil, Polícia Federal e Polícia Militar). denomina-se exigibilidade a prerrogativa da administração
Detalhe é que a Polícia Militar desempenha tanto de praticar atos e colocá-los
atividade de em imediata execução, sem depender de prévia
polícia judiciária como de polícia administrativa, esta manifestação judicial.
última quando, por Comentário: A autoexecutoriedade é um dos atributos
exemplo, aplica multas de trânsito, apreende mercadorias do poder de polícia
irregulares etc. (os outros dois são: discricionariedade e
Importante ressaltar que a doutrina tradicional aponta, coercibilidade). Maria Sylvia Di Pietro
ainda, como ensina que o atributo da autoexecutoriedade pode ser
critério de distinção, o fato de que a polícia administrativa desdobrado em
teria caráter exigibilidade e executoriedade.

41
A exigibilidade consiste na faculdade de a refere à polícia administrativa. É essa, por exemplo, a
Administração aplicar meios de definição de Maria Sylvia
coação indiretos, como condição a ser cumprida pelo Di Pietro, ao discorrer sobre a polícia administrativa:
particular para o “poder de polícia é a
exercício de direitos ou atividades, como a atividade do Estado consistente em limitar o exercício
impossibilidade de licenciamento dos direitos individuais
do veículo enquanto não pagas as multas de trânsito. em benefício do interesse público”. Ao contrário do
Já a executoriedade se confunde com o próprio que afirma o quesito, o
conceito de poder de polícia administrativa pode ser exercido por
autoexecutoriedade, ou seja, consiste na faculdade diversas entidades de
que tem a Administração direito público (entes políticos, fundações públicas,
para executar diretamente seus atos de polícia autarquias e órgãos da
(usando, se for o caso, da administração direta), e não apenas pelas instituições
força), ressalvadas as hipóteses em que a execução policiais.
importe transferência Detalhe é que as polícias civil e federal, objeto da
patrimonial do particular para o Estado (cobrança de questão, exercem de
multa não paga, por forma exclusiva a função de polícia judiciária que,
exemplo). Há executoriedade, por exemplo, na embora seja atividade
apreensão de mercadorias e na administrativa, tem o papel de preparar a atuação da
interdição de estabelecimentos comerciais. função jurisdicional
O quesito, como se vê, ao falar em “prerrogativa da penal, ao contrário da polícia administrativa, que se
administração de exaure em si mesma, ou
praticar atos e colocá-los em imediata execução, sem seja, inicia e se completa no âmbito da função
depender de prévia administrativa.
manifestação judicial”, trata da executoriedade, e não Gabarito: Errado
da exigibilidade, daí o
erro. 13. (Cespe – PGE/BA ) Constitui exemplo de poder de
Gabarito: Errado polícia a interdição de
restaurante pela autoridade administrativa de vigilância
11. (Cespe – TCU ) As licenças são atos vinculados por sanitária.
meio dos quais a Comentário: O quesito está correto. Trata-se de
administração pública, no exercício do poder de polícia, medida repressiva típica
confere ao interessado do poder de polícia, com a finalidade de coagir o
consentimento para o desempenho de certa atividade que infrator a cumprir a lei.
só pode ser exercida de Exemplos de medidas que possuem o mesmo
forma legítima mediante tal consentimento. objetivo: dissolução de reunião
Comentário: O quesito está correto. As licenças são clandestina, interdição de atividade ilícita, apreensão
atos vinculados de mercadorias
porque são consentimentos necessários ao exercício deterioradas, internação de pessoa com doença
de determinado direito contagiosa etc.
que o particular possui (ex: alvará de construção em Além de medidas repressivas, o poder de polícia
terreno de propriedade do também compreende
requerente). Assim, caso a pessoa preencha as medidas preventivas, com o objetivo de adequar o
condições, a licença deverá comportamento do
ser obrigatoriamente concedida pela Administração. indivíduo à lei. Exemplos de medidas preventivas:
Ao contrário, as fiscalização, vistoria, ordem,
autorizações são atos discricionários, pois são notificação, autorização, licença, etc.
consentimentos para a Gabarito: Certo
realização de atividades de interesse do particular (e
não de direito), podendo, ABUSO DE PODER
0 Como é sabido, as prerrogativas conferidas à
assim, serem concedidas ou não, a critério da Administração Pública
Administração (ex: porte de não são absolutas. Elas se sujeitam a limites e devem ser
arma de fogo). usadas na exata
Gabarito: Certo medida em que sejam necessárias para atingir os fins
públicos que as
12. (Cespe – MIN ) O poder de polícia, prerrogativa justificam.
conferida à administração O próprio ordenamento jurídico que fundamenta a
pública para que possa praticar toda e qualquer ação existência dos
restritiva em relação ao poderes administrativos também estabelece seus limites,
administrado em benefício do interesse público, é exercido os quais se
pela polícia civil, no encontram especialmente no respeito às garantias e
âmbito dos estados, e pela polícia federal, no âmbito da direitos individuais,
União. na observância ao devido processo legal e na aplicação
Comentário: O quesito está errado. Quando fala em dos princípios
“ação restritiva em constitucionais. O exercício das prerrogativas conferidas à
relação ao administrado em benefício do interesse Administração
público”, a assertiva se fora desses limites configura o chamado abuso de poder.

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Toda atuação com abuso de poder é considerada ilegal, lei esteja incumbido.
eis que
contrária ao ordenamento jurídico (Constituição, leis, atos 14. (Cespe – TJDFT ) Considere que determinado agente
normativos e público detentor de
princípios jurídicos). competência para aplicar a penalidade de suspensão
O abuso de poder é gênero que se desdobra em duas resolva impor, sem ter
categorias, a atribuição para tanto, a penalidade de demissão, por
saber: entender que o fato praticado
 Excesso de poder: vício de competência ou atuação se encaixaria em uma das hipóteses de demissão. Nesse
desproporcional caso, a conduta do agente
 Desvio de poder: vício de finalidade caracterizará abuso de poder, na modalidade denominada
O excesso de poder ocorre quando o agente atua fora excesso de poder.
dos limites Comentário: O item está correto. O abuso de poder se
das suas competências, invadindo a competência de desdobra em duas
outros agentes ou modalidades: (i) excesso de poder: vício de
praticando atividades que não lhe foram conferidas por lei. competência ou atuação
Constitui, desproporcional; (ii) desvio de poder: vício de
assim, vício relacionado ao elemento competência dos finalidade.
atos O caso concreto constitui típico exemplo de excesso
administrativos. Ocorre, por exemplo, quando um agente de poder, pois o
público edita ato agente público aplicou a penalidade de demissão sem
normativo para regulamentar matéria de competência de possuir competência
outra área. legal para tanto (possuía apenas para aplicar
Em outra acepção, o excesso de poder também contempla suspensão).
as Gabarito: Certo
situações em que o agente é competente, mas atua de
forma 15. (Cespe – PC/BA ) Incorre em abuso de poder a
desproporcional, a exemplo de quando impõe sanções autoridade que nega, sem
graves para punir amparo legal ou de edital, a nomeação de candidato
infrações leves. No caso, os balizadores para dizer se há aprovado em concurso público
ou não excesso para o exercício de cargo no serviço público estadual, em
de poder são os princípios da razoabilidade e da virtude de anterior
proporcionalidade. demissão no âmbito do poder público federal.
Já o desvio de poder ocorre quando o agente, embora Comentário: O quesito está correto. Os poderes
atuando conferidos aos agentes
dentro dos limites de sua competência, pratica ato para o exercício de suas atribuições devem ser
contrário à exercidos dentro dos limites
finalidade explícita ou implícita na lei que determinou ou contidos na lei, sob pena de invalidação. No caso
autorizou a sua concreto, houve abuso de
atuação. Constitui, assim, vício relacionado ao elemento poder, pois não há impeditivo legal para que um
finalidade dos servidor demitido na esfera
atos administrativos; por isso, também é chamado de federal assuma cargo no serviço público estadual, a
desvio de menos, é claro, que exista
finalidade. impedimento em lei local, o que não é dito na questão.
A violação da finalidade pode ocorrer em duas acepções: Enfim, a autoridade, ao
(i) de tomar decisão sem ter competência para tanto,
forma ampla, quando o ato praticado ofende extrapolando os limites da lei,
genericamente o agiu com abuso de poder, na modalidade excesso de
interesse público, a exemplo do desvio de recursos de poder.
obras públicas; Gabarito: Certo
ou (ii) de forma específica, quando o ato desatende o
objetivo imediato 16. (Cespe – GDF ) Após ter sido submetido a processo
previsto em norma, tal como no já clássico exemplo da administrativo em
remoção de ofício razão do cometimento de infração disciplinar, determinado
do servidor como forma de punição. O instituto da servidor público foi
remoção tem por fim o removido de ofício por seu superior hierárquico, agente
atendimento de necessidade do serviço, e não poderia, competente para tanto, como
com intuito forma de punição pela prática do ato.
diverso, ser utilizado como forma de punição do servidor, Acerca dessa situação hipotética, julgue o seguinte item.
sob pena de Embora observada a regra de competência referente ao
invalidação por desvio de finalidade. poder disciplinar, houve
Importante ressaltar que o abuso de poder (excesso ou desvio de poder, já que não foi atendida a finalidade
desvio) pode prevista em lei para a prática do
ocorrer tanto de forma comissiva como omissiva, ou ato de remoção do servidor.
seja, pode resultar Comentário: O quesito está correto. A remoção de
tanto de uma ação concreta do agente público como ofício como meio de
também da sua punição é exemplo clássico de desvio de poder, pois
inércia em executar determinada atividade de interesse representa
público a que por

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desvirtuamento da finalidade do instituto da remoção, seu poder de polícia e não puna o motorista infrator. No
que é realocar a mão-deobra caso, ele tem o
disponível para o melhor desempenho dos serviços, e poder-dever de agir, uma vez que sua omissão poderia
não punir contribuir para a
servidores. ocorrência de um acidente com graves prejuízos para
Gabarito: Certo diversas pessoas da
comunidade.
17. (Cespe – MDIC ) Suponha que, após uma breve A omissão do agente, diante de situações que exigem sua
discussão por questões atuação,
partidárias, determinado servidor, que sofria constantes caracteriza abuso de poder, que poderá ensejar, inclusive,
perseguições de sua chefia responsabilidade civil da Administração Pública pelos
por motivos ideológicos, tenha sido removido, por seu danos que
superior hierárquico, que porventura decorram da omissão ilegal.
desejava puni-lo, para uma localidade inóspita. Nessa Abre-se um parêntese para registrar que nem toda
situação, houve abuso de omissão é fonte
poder, na modalidade excesso de poder. de ilegalidade. Carvalho Filho faz menção à reserva do
Comentário: É certo que, no caso concreto, a remoção possível, para
de ofício como sustentar que nem todas as metas governamentais podem
forma de punição representou abuso de poder, porém ser alcançadas,
não na modalidade especialmente pela costumeira escassez de recursos
excesso de poder, uma vez que a autoridade que financeiros. Essas
determinou a remoção omissões são genéricas, e, portanto, não acarretam a
possuía competência para tanto, daí o erro. A responsabilidade
modalidade de abuso, na civil do Estado. É o caso, por exemplo, de projetos de
verdade, foi o desvio de poder, pois finalidade da obras públicas,
remoção do servidor não foi como hidrelétricas, reformas de estradas e construção de
atender ao interesse público, e sim divergências hospitais, todos
ideológicas pessoais. componentes de políticas de Administração, sem prazo
Gabarito: Errado certo para
implementação. Somente no momento de cumprir o
DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA empreendimento é
A par dos poderes que lhes são conferidos como que o administrador poderá analisar os elementos
instrumento para a concretos para concluir
persecução do interesse coletivo, os agentes públicos a respeito da possibilidade ou não de executá-lo. Se, por
também se sujeitam exemplo, não
a uma série de deveres específicos e peculiares, houver recursos financeiros disponíveis ou, ainda, se
decorrentes do aparecer algum
princípio da indisponibilidade do interesse público, os embaraço de ordem ambiental, não será possível dar
quais se andamento à obra.
destinam a assegurar que sua atuação ocorra em Por lógico, não se pode obrigar a Administração a fazer o
benefício do bem que se revela
comum. impossível.
Os principais deveres impostos aos agentes Ao contrário, são ilegais as chamadas omissões
administrativos são: específicas, ou
 Poder-dever de agir seja, aquelas que estiverem ocorrendo mesmo diante de
 Dever de eficiência expressa
 Dever de probidade disposição legal impondo que algo deve ser feito em
 Dever de prestar contas determinado prazo,
Poder-dever de agir ou ainda quando, mesmo sem prazo fixado, a
Enquanto na esfera privada o poder é faculdade daquele Administração permanece
que o omissa em período superior ao aceitável dentro de
detém, no setor público, representa um dever do padrões normais de
administrador, desde tolerância ou razoabilidade. É o caso, por exemplo, do art.
que se apresente a oportunidade de exercitá-lo em 49 da
benefício da Lei 9.784/1999 (lei do processo administrativo federal),
coletividade, que assina prazo
É o que Hely Lopes Meirelles chama de poder-dever de de até 30 dias após a instrução para que a Administração
agir: uma decida o
vez que os poderes administrativos são conferidos como processo.
instrumentos
para o atingimento de fins públicos, o agente não pode 18. (Cespe – MDIC ) O exercício dos poderes
deixar de exercêlos, administrativos não é uma
pois isso comprometeria a própria consecução dos faculdade do agente público, mas uma obrigação de atuar;
objetivos previstos por isso, a omissão no
na lei que determinou ou autorizou a sua atuação. exercício desses poderes poderá ensejar a
Ora, não se admite, por exemplo, que um agente de responsabilização do agente público nas
trânsito, diante esferas cível, penal e administrativa.
de um flagrante desrespeito aos limites de velocidade, Comentário: O quesito está correto. A omissão do
deixe de exercer agente, diante de

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situações que exigem sua atuação caracteriza abuso O dever de prestar contas decorre diretamente do
de poder. Sobre o tema, princípio da
Carvalho Filho ressalta que, na medida em que indisponibilidade do interesse público, sendo inerente à
incumbe ao agente função
determinada conduta comissiva, a sua omissão daquele que administra a coisa pública. Afinal, o gestor
(conduta omissiva) haverá de público é mero
configurar-se como ilegal. Desse modo, o curador de bens e interesses alheios, pertencentes a toda
administrado tem o direito subjetivo a coletividade,
de exigir do administrador omisso a conduta devendo, assim, prestar contas ao proprietário, por
comissiva imposta em lei, quer intermédio dos órgãos
na via administrativa, quer na via judicial, formulando competentes para a fiscalização (Tribunal de Contas,
na ação pedido de órgãos de controle
natureza condenatória de obrigação de fazer. interno, órgãos repassadores de recursos a entidades
Gabarito: Certo privadas, agências
reguladoras etc.).
Dever de eficiência A prestação de contas remete à necessidade de
O dever de eficiência traduz a ideia de boa transparência dos
administração, ou seja, atos estatais (administrativos ou de governo),
de que o agente, além de agir com celeridade, deve atuar especialmente no que se
com perfeição refere à aplicação dos recursos públicos.
técnica e deter bom rendimento funcional. O dever de prestar contas é bastante abrangente,
Tal dever foi, inclusive, elevado a princípio alcançando
constitucional (CF, inclusive particulares que, de algum modo, sejam
art. 37, “caput), sendo detectado, entre outros momentos, responsáveis pela
na: aplicação de recursos públicos. É o que dispõe o art. 70,
 Possibilidade de perda do cargo do servidor público parágrafo único
estável em razão de da Constituição Federal:
insuficiência de desempenho (art. 41, §1º, III); Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física
 Instituição de Escolas de Governo para a formação e o ou jurídica,
aperfeiçoamento pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos gerencie ou administre
cursos um dos dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
requisitos para a promoção na carreira (art. 39, §2º); e responda, ou que,
 Faculdade de celebração de contratos de gestão, neste em nome desta, assuma obrigações de natureza
caso, para pecuniária.
incremento da autonomia financeira, orçamentária e A prestação de contas de administradores pode ser
patrimonial dos realizada
órgãos e entidades do Estado (art. 37, §8º). internamente, através dos órgãos escalonados em graus
Dever de probidade hierárquicos, ou
O dever de probidade exige que os atos dos agentes externamente. Nesse caso, o controle de contas é feito
públicos sejam pelo Poder
legítimos, honestos, éticos e pautados pela boa-fé, não Legislativo, por ser ele o órgão de representação popular,
sendo juntamente
suficiente o atendimento da lei formal, mas, sobretudo, a com o Tribunal de Contas, órgão técnico de estatura
observância da constitucional que
moralidade administrativa e da finalidade pública. detém uma série de competências voltadas para o
O dever de probidade é imposto a todo e qualquer agente controle da atividade
público, do financeira dos agentes da Administração.
mais modesto ao mais alto cargo. Os atos ímprobos
podem ser 19. (ESAF – DNIT ) O dever do agente público que
invalidados pela própria Administração, com base no decorre diretamente do
princípio da princípio da indisponibilidade do interesse público, sendo
autotutela, como também pelo Poder Judiciário, se inerente à função daquele
provocado. que administra a coisa pública, denomina-se:
O art. 37, §4º da CF estabelece que os atos de a) Dever de eficiência.
improbidade b) Dever de probidade.
acarretarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da c) Dever de prestar contas.
função pública, d) Poder dever de agir.
a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, e) Poder dever de fiscalizar.
na forma e Comentário: Todas as opções apresentam deveres a
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal que os agentes
cabível. públicos se sujeitam. O enunciado, contudo, requer
Tal dispositivo constitucional foi regulamentado na Lei que apontemos o dever
8.429/1992, que decorre diretamente do princípio da
que tipifica e sanciona os atos de improbidade indisponibilidade do interesse
administrativa. Essa lei público, sendo inerente à função daquele que
será estudada em aula específica do curso. administra a coisa pública.
Dever de prestar contas Trata-se, portanto, do dever de prestar contas que,
segundo Hely Lopes

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Meirelles, é “decorrência natural da administração príncipe, com a intromissão na vida dos particulares, ideia
como encargo de gestão de que passou a ser
bens e interesses alheios. Se o administrador repensada no estado de direito.
corresponde ao desempenho de c) A construção de poder de polícia no estado de direito,
um mandato de zelo e conservação de bens e sem abandonar a filosofia
interesses de outrem, manifesto do laissez faire e sem aproximação do coletivismo, visa
é que quem o exerce deverá prestar contas ao regular os direitos privados e
proprietário. No caso do limitar o poder do príncipe.
administrador público, esse dever ainda mais se alteia, d) O MP junto aos tribunais de contas não pode exercer o
porque a gestão se poder hierárquico por ser
refere aos bens e interesses da coletividade e assume este exclusivo do Poder Executivo.
o caráter de um múnus e) Os atos administrativos ordinatórios emanam do poder
público, isto é, de um encargo para com a disciplinar e não do poder
comunidade”. hierárquico e, por isso, podem ser expedidos por qualquer
Gabarito: alternativa “c” autoridade aos seus
**** subordinados, mas não podem inovar quanto à legislação
Bom pessoal, chegamos ao fim do conteúdo teórico da existente.
aula de hoje. Comentários: Vamos analisar todas as alternativas:
Vamos, então, resolver algumas questões de prova? Peço a) ERRADA. Um dos atributos do poder de polícia
que prestem reconhecidos pela
bastante atenção nos comentários, pois eles podem conter doutrina é a discricionariedade (os outros dois são:
explicações autoexecutoriedade e
novas. coercibilidade). Há exercício discricionário do poder
de polícia quando, por
QUESTÕES DE PROVA exemplo, a Administração decide o melhor momento
20. (Cespe – DPU ) A multa, como sanção resultante do de fiscalizar determinada
exercício do poder atividade, qual o meio de ação mais adequado, qual a
de polícia administrativa, não possui a característica da sanção cabível diante
autoexecutoriedade. das previstas na norma legal, etc.
Comentário: Nem toda atividade de polícia b) CERTA. Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, na
administrativa possui a Idade Média o
característica da autoexecutoriedade. Exemplo príncipe era detentor de um poder conhecido como jus
clássico é a cobrança de multa: politiae, que lhe
embora a Administração, no exercício do poder de conferia poderes amplos de ingerência na vida privada
polícia, possa impor multa a dos cidadãos, incluindo
um particular sem necessidade de participação do sua vida religiosa e espiritual, sempre sob o pretexto
Poder Judiciário, a de alcançar o bem-estar
cobrança forçada dessa multa, caso não paga pelo coletivo. Esse poder do príncipe se colocava fora do
particular, só poderá ser alcance dos Tribunais.
efetuada por meio de uma ação judicial de execução. Com o Estado de Direito, passou-se a repensar o jus
Gabarito: Certa politiae, pois não mais se
admitia a existência de leis a que o próprio príncipe
21. (Cespe – TJDFT ) Ao ato jurídico de atração, por parte não submetia.
de autoridade c) ERRADA. Questãozinha maldosa! Um dos aspectos
pública, de competência atribuída a agente do coletivismo, em
hierarquicamente inferior dá-se o nome contraponto ao individualismo, é que os objetivos do
de grupo são mais
a) deliberação. importantes que os individuais. Nesse sentido, é
b) delegação. errado dizer que o poder de
c) avocação. polícia, no Estado de Direito, não se aproxima do
d) subsunção. coletivismo, pois seu
e) incorporação. objetivo é justamente regular os direitos privados com
Comentário: Trata-se da avocação. Lembrando que a vistas a assegurar o
avocação é ato bem da coletividade.
discricionário, de caráter excepcional, que desonera o d) ERRADA. O poder hierárquico é inerente a qualquer
subordinado de toda organização
responsabilidade pelo ato avocado pelo superior. administrativa. Portanto, se manifesta em todos os
Gabarito: alternativa “c” órgãos administrativos, os
quais existem em todos os Poderes, incluindo
22. (Cespe – MPTCE/PB ) Assinale a opção correta com Ministério Público e Tribunal de
relação aos poderes Contas, e não apenas no Executivo.
da administração pública e ao poder de polícia. e) ERRADA. Os atos administrativos ordinários (como
a) O fundamento do poder de polícia é a predominância do editar normativos,
interesse público sobre o dar ordens, controlar, anular, revogar, aplicar sanções,
particular, o que torna ilegítima qualquer etc.) emanam do poder
discricionariedade no exercício desse hierárquico, e não do disciplinar.
poder. Gabarito: alternativa “b”
b) No estado de polícia, o jus politiae abrangia um
conjunto de normas postas pelo

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