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J.J.

Moreira 5
J. J. Gremmelmaier

J. J. Moreira 5
Quem quer Paz?

Primeira Edição
Curitiba – Paraná
Edição do Autor
2018

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J.J.Moreira 5
Autor; J. J. Gremmelmaier
Edição do Autor
Nome da Obra; J. J. Moreira 5

CIP – Brasil – Catalogado na Fonte


Gremmelmaier, João Jose - 1967
J. J. Moreira 5 – Quem Quer Paz? / Romance de
Ficção, 200 pg./ João Jose Gremmelmaier / Curitiba, PR /
Edição do Autor / 2018
1. Literatura Brasileira – Romance – I - Titulo

85 – 0000 CDD – 978.000

As opiniões contidas no livro, são dos personagens, em


nada assemelham as opiniões do autor, esta é uma obra de
ficção, sendo os nomes e fatos fictícios.
É vedada a reprodução total ou parcial desta obra.
Sobre o Autor;
João Jose Gremmelmaier, nasceu em Curitiba, estado do
Paraná, no Brasil, formação em Economia, empresário por
muitos anos, já teve de confecção a empresa de estamparia, loja
de informática, ele escreve em suas horas de folga, alguns
jogam, outros viajam, ele faz tudo isto, mas quando a frente de
seu computador nos leva viajar em historias tiradas de seu
imaginário.
Autor de Obras como Fanes, Guerra e Paz, Mundo de
Peter, Heloise, Anacrônicos, cria historias que começam
aparentemente normais, e quando sentimos estamos em seus
universo de personagens, ele se define como Cru, ele não
enfeita, com o tempo ele foi interligando historias
aparentemente sem ligação nenhuma, criando seu universo de
personagens.

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Joaquim chega a Curitiba, domingo, olha para o Pager e


ninguém lhe passara nada, algo estava errado, ele pega o Taxi para
o Capanema, e o taxista fala.
— Lhe deixo perto, tá tendo uma guerra lá.
— Guerra?
— A policia fecho o lugar e começou a entrar de casa em casa,
não sei procurando oque?
Joaquim passa uma mensagem para o delegado e ele não
responde, então ele responde educadamente.
“Se não pode controlar e nem me responder, melhor pedir
para quem estiver lá, encomendar um saco delegado.”
— Pode me deixar na altura da 116, não se arrisca.
O senhor olha Joaquim pagar e caminhar pela 116, no sentido
do trevo da PUC, ele não viu Joaquim entrar em um carreiro junto
ao rio, e começar a andar no sentido da Favela, alguns vinham por
aquela rota de fuga e ele olha Carlinhos.
— O que aconteceu Carlinhos, to chegando agora.
— Aquele deputado, parece estar por trás disto.
— Sai da favela e me faz um favor, põem todas aquelas moças
e direção da Mirley na rua, se ele quer as coisas públicas, que seja.
Joaquim chega a região das casas, sobe na laje e chega a
central do trafico, e olha para a mensagem agora explicativa do
delegado, mas não responde.
Se eles queriam que ele saísse do controle, ele estava
segurando-se a duas semanas sem dar tiro, chega a entrada pela
laje e faz sinal para o pessoal sair, e vai a cozinha, ele liga o gás e
todos começam a apressar o passo, Joaquim olha ao longe e olha
para a policia dando uma dura do Paulinho na entrada, e até no
João no bar da entrada do beco, gente que nem entendia daquela
favela.
Ele agora com duas armas olha para Francisco na cobertura
de sua casa, e faz sinal para fechar a rua.

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Paulinho no chão, recebia a dura na parede, os policiais
querendo saber a origem do dinheiro, contando e colocando no
bolso, quando houve a explosão vinda de um carro na entrada da
favela, Francisco jogou uma granada naquele sentido, e como
estava encoberto, os policiais começam a ver chover granadas no
corredor, e Paulinho falou.
— Querem nos roubar, agora quero ver saírem.
— Acha que está falando com quem? – O policial acertando
um soco no estomago de Paulinho.
Ele pensou “Um morto”.
Paulinho se abaixou, com o soco e o rapaz a entrada recebe o
primeiro tiro, o policial olha o rapaz por a mão na cabeça e cair, olha
assustado os rapazes a rua começarem a cair.
Joaquim olhava o rapaz levantar Paulinho com a arma e usar
ele como escudo.
Ele pensa no que fazer e atira na janela da base do trafico, o
rapaz vinha com Paulinho como escudo, quando o prédio explode, a
frente, todos se assustam e o fogo sobe e Paulinho aproveitou e se
abaixou, e Joaquim acerta o rapaz a cabeça.
Joaquim olha para Francisco e faz sinal para sair, e começa a
sair da laje e vai a entrada da vila, na avenida, se via 12 carros
explodidos, 26 pessoas mortas, no beco, 14 mortos e a casa
pegando fogo.
Paulinho olha os policiais chegando a mais, e começa a sair
pela beira do rio no sentido da BR116, as meninas recebiam recado
para sair, a maioria não estava em casa, os traficantes, para se
afastar e a policia chega dando uma batida geral, recolhendo corpos.
Joaquim olha para o local agora como um curioso por trás de
muitos outros, e olha os dois delegados chegando ao local, e obvio,
teria retaliação.
Joaquim sai dali, pega um taxi e vai no sentido do Jardim
Social, o deputado olha para ele a entrada, o segurança ia o barrar e
recebe um direto de direita.
O deputado chega a frente e fala.
— O que está fazendo Joaquim?
— Vim conversar, tem 15 minutos para catar as meninas na
rua, se não é homem de jogar com a verdade, não somos mais

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parceiros, até o fim do dia a nossa agencia estará desmontada, e
melhor tirar as meninas de lá.
— Acha que não precisa mais?
— Deputado, você é um idiota, e sabe disto, está batendo
para não dizer, não sei fazer de outra forma, mas quem estiver lá, a
imprensa estará encima, quer falar de prostituição, quer mesmo,
vamos falar de escravas sexuais, deputado.
— Não vai provar nada.
— Não quero provar, e da próxima vez, não vou ter paciência
de vir falar Deputado, se estou falando, é porque gostava da
parceria, mas parece que o senhor é muito idiota para entender.
O rapaz a ponta foi pegar a arma e Joaquim atira na mesma e
esta pula longe.
— Passar bem senhor, da próxima vez, cuidado com o gás, já
que quer me ferrar, cuidado, gente morre fácil nesta cidade.
Joaquim sai dali e o deputado liga para o delegado Silva na
segunda DP e o mesmo fala que tinha mortes em toda a operação,
que tinha chego do lugar, e que foram recebidos a tiro.
O delegado olha para um advogado chegar a sua frente e
falar.
— Meu cliente quer falar com o senhor.
— Seu cliente?
— O dono da casa que vocês explodiram naquela favela
senhor.
O delegado olha para o advogado e pergunta.
— Agora marginal tem advogado.
— Pais de família tem advogado, policial civil tem advogado
senhor, então porque um marginal não teria?
— Onde?
— Bar Mustache.
—Quando?
—Quando quiser senhor, quanto antes, menos mortes.
— Acho que está se arriscando rapaz.
— Apenas representando alguém que não entraria pela porta,
não porque não pudesse, mas ele não quer ser famoso senhor.
— Alguns delegados me viraram as costas, sabe por quê?

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— Não sei senhor, apenas representando um senhor que teve
uma casa explodida.
O advogado sai e o delegado olha o investigador entrar pela
porta e falar.
— A Insídia Segurança esta desalojando as garotas do
Deputado por quebra de contrato em pleno domingo senhor.
— Em que merda o Deputado me colocou, perdi pelo menos
20 bons homens hoje.
— Não sei, mas algumas garotas estavam saído de um prédio
a frente, que parecia estar sendo desocupado e a segurança colocou
as moças para fora.
— Pelo jeito o deputado deve chegar ai daqui a pouco e vou
sair, não sei quem é este senhor, mas porque a repressão não
apareceu lá?
— Quem estava atirando era nós, lembra?
— Sim, mas não matamos ninguém.
— Sabe que sempre some gente nestes dias delegado.
— Pelo jeito esperavam que alguém não estivesse na cidade,
e quero saber o que está acontecendo.
O delegado nem terminou a frase direito e o Deputado estava
a porta e fala.
— Não consegue deter um marginal simples delegado?
— Quem desafiou agora senhor, soube que estão colocando
as suas meninas para fora, por quebra de contrato, e se o marginal
que está falando, tem um terreno daquele no Portão, quem ele é?
O investigador entendeu, pois uma coisa era dizer que era
alguém da comunidade do Capanema, outra um morador de bairro
de Curitiba.
— Um marginal que parece odiado e amado por muitos.
— Quem?
— Alguns no chamam de Loco, outros de Sargento Moreira,
alguns de Joaquim Moreira.
— O dono da Tasca do Joaquim? – Pergunta o Delegado.
— Sim, mas ele tem algumas coisas ilegais na região do
Capanema.
— A pergunta Deputado, por quê?
— Ele é um perigo.

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— Com certeza hoje sei que o pessoal no Capanema está bem
armado, pois perdemos pessoal lá, e com certeza, eles ainda vão
nos culpar por ter morrido lá.
— Pensei que tinha pulso Delegado.
— Pelo que entendi, ele era seu parceiro nos negócios do
Portão, e manda quando ele está fora da cidade, detonar ele.
— Não tenho nada com aquele marginal.
O delegado olha o investigador e fala.
— Como está o confronto no Capanema?
— Delegado Plinio parece que conseguiu que os bombeiros
entrassem, pois toda a comunidade está falando que entramos,
causamos a explosão e ainda proibimos os bombeiros de entrar.
— Plinio disse que não era uma boa ideia, eu não ouvi.
— Este é outro que se bandeou para o lado daquele marginal.
O delegado olha o investigador e fala.
— Consegue tirar os corpos e os carros de lá?
— O IML está entrando agora.
— Vou pensar no que fazer, vou sair com o Deputado,
qualquer coisa me passa uma mensagem.
O rapaz concorda e o Deputado pergunta.
— Vamos onde?
— Me segue.
O deputado olha os seguranças, eles veem o delegado pegar
no sentido no Cabral, e atravessar para a Boa Vista e parar naquele
bar, ele espera o Deputado e os dois entram com o Delegado
falando para o rapaz na entrada.
— Sou o Delegado Silva, alguém me espera.
O deputado não sabia onde estava, um bar bem montado,
mas quando olha para o rapaz indicar a parte alta, fechada, viu que
tinham uma parte reservada.
Joaquim levanta-se e olha o Delegado e fala.
— Mal acompanhado hoje Delegado?
— Seu advogado falou que queria me falar.
— Não se explode a casa da gente toda hora senhor, não
tenho nada contra entrarem lá, mas explodir minha casa,
sacanagem.
— Não o fizemos?

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— Um marginal de lá, conhecido deste senhor ai no fundo,
disse que vocês tiraram todos da casa e logo depois que saíram, a
casa explodiu, se não foi ordem sua, de quem foi senhor?
— Perdi 30 bons homens lá hoje.
— Entendo, mas o que eles faziam em um domingo, em meio
a todo marginal em casa, com família, que é a hora que eles não
pensam, eles atiram e protegem os seus, domingo não é dia deste
tipo de operação senhor, morrem inocentes dos dois lados, sabe
disto, vocês levam tiros, morrem e aparece uma criança morta do
outro lado, ninguém olha para os mortos em serviço.
— E como paramos isto?
— Eu cheguei a cidade há uma hora, foi exatamente quando
começou a parar senhor, pois voando de Porto Alegre para cá, não
sabia do problema.
— E quer saber quem foi, se você não sabe, quem pode
saber? – Fala o Deputado.
— Ainda provo que você que jogou aquelas granadas no
corredor do hotel no centro para se fazer de inocente Deputado,
mas o que faz aqui?
— Ele me acompanha, quero saber o problema, pois os dois
em guerra são os meus homens que morrem.
— Senhor, como falei, eu não estou em guerra, quem entrou
onde não deveria num domingo, pelo jeito induzido por este ao seu
lado, que ignorava que estava terminando de assinar o contrato de
dragagem do porto de Porto Alegre, achou que me atacaria, mas o
que vocês queriam lá delegado.
— Apenas uma repressão ao trafico.
— Não é da sua alçada, e me falaram que os seus rapazes
morreram contando dinheiro roubado de alguém à rua, o que
queriam lá Delegado?
O delegado olha para o Deputado.
— Delegado, se precisa de dinheiro fala, mas não entra neste
joguinho do Deputado que está quase falindo, se não fosse os
subornos e acordos escusos na Câmara estava falido.
— Não aceito suborno.
— Não ofereci dinheiro para o senhor, mas se precisa para ser
operacional, fala, este Deputado ai, esquece, iria interferir pelo

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seguro dele, agora, ele que prove o que me acusou, e se não provar,
não terá nem como refazer a própria casa.
O deputado olha que não havia testemunhas e fala.
— E conhece o dono deste lugar, pois marcou aqui?
— Sim, conheço, tenho amigos Deputado.
— Esqueço que não deixa para depois, bate e depois pensa na
merda que fez Joaquim, mas não pode me despejar.
— Eu o fiz, e quando você pedir para voltar amanha, já
derrubei a casa, por não ser seguro, clausula que anula o contrato,
você não é obrigado a pagar nada se o imóvel se mostrar inapto a
locação, e foi considerado inapto, e precisa ser demolido.
— Não pode fazer isto.
— Pode ter certeza Deputado, está sendo demolido neste
instante.
— Esqueço que não teme perder imóveis, mas acha que vou
recuar?
— Não entendo as suas birutices, o senhor tem uma agencia
de programas, vai a Gazeta e pressiona para tirarem aquilo e fazem
uma matéria sobre a pouca vergonha que é aquilo, sei que Pablo,
está tentando falar comigo a uma semana, desde que coloquei
apenas notas com os telefones, o que era uma publicidade de 3 mil,
agora é de 30, a sua está lá imensa, a nossa pequena, e garanto,
estamos faturando, o senhor, despejado.
— Vai me pagar caro isto.
— Sim, a pergunta, antes ou depois de me pagar a sacanagem,
que está fazendo, esta sua falsa moral parece coisa de criança, e
coloca delegados nisto sem explicar nada, pois não existe explicação,
apenas inveja, e digamos, alguém que inveja minhas mãos grossas
de pedreiro, minha Brasília Verde, minha forma de comer, deve
estar mal senhor.
— Você não me engana, sei que está crescendo.
— Sim, enquanto você pensava em me ferrar, eu conseguia a
promoção para janeiro no Banco do Brasil, enquanto você me
ferrava, eu conseguia uma concessão de dragagem de três milhões
de dólares ano, no porto de Porto Alegre, enquanto você ficava
pensando em trocado, eu trabalhava, eu neste fim de semana,
inaugurei o Tasca do Joaquim em Canoas, Grande Porto Alegre,

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semana que vem o terceiro em Santos, e o senhor aqui, sentado
naquela presidência da câmara sem nada fazer além de pensar
como me tomar o que não tem como.
— Acha que acredito em você?
— Eu não preciso que você acredite Deputado, eu fiz uma
proposta pois vi que não tinha onde se alocar na ultima vez, era
uma carta de paz, mas se vai querer me ferrar, vai procurar outro
lugar para fazer, já que aquela prisão sexual, também não me
agradava.
O delegado olha Joaquim e fala.
— E como paramos o problema no Capanema?
— Ainda não fui lá, pois se algum filho de traficante morreu,
tenho de saber antes, eles vão jogar sobre mim a culpa, e pode não
saber senhor, mas era bem isto que o Deputado queria, ele não está
preocupado se o seu pessoal morreu, se o pessoal da comunidade
morreu, se explodiram minha casa, ele quer apenas alguém me
odiando.
— E a imprensa?
— Dou uma ligação e vemos se controlamos isto.
— Quem vai por nesta sua bagunça. – o Deputado.
— General Ernesto Geisel.
O deputado se calou, não era meio caminho, era pressionar
de cima para baixo, e o delegado falou.
— E liga para ele direto?
— Senhor, existem segredos que existem neste país, se eu
ligar para o general e falar que os Curi estão atrapalhando, eles
somem, e nem serei eu fazendo isto.
O deputado pela primeira vez olha assustado, e o Delegado
sorri e fala.
— Vamos parar isto, pelo jeito alguém me colocou numa
enrascada.
— Acho que os delegados da Civil deveriam se falar mais, ele
já tinha ferrado um, agora ferra o segundo, não sei a ideia, mas os
marginais estão agradecendo estas burradas senhor.
O delegado se despede e sai, olhando o lugar, inaugurado a
dois dias, então estava tudo novo, e o delegado olha o deputado.
— Mexeu com uma lenda e não entendeu Deputado.

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— Lenda?
— Aquele é Moreira, não tinha ligado nome a pessoa, nem
sabia que ele era da cidade, mas ele puxou uma arma para o atual
presidente, a 6 anos, em Brasília, e se considerar que está vivo,
logico que ele não é inocente, mas ouviu, ele tem as costas
esquentadas por quem manda em Brasília.
O deputado vê o delegado entrar em seu carro e olha em
volta, nem conhecia o local, olha ao fundo e vê a Brasília Verde, não
sabia ainda como enfrentar aquele rapaz, mas não queria deixar
barato.
Joaquim olha Demétrio chegar a mesa;
— Problemas?
— Não sei, este deputado vai me ferrar uma vida.
— Problemas então?
— Não, mas como foi?
— Assustador o que é este pessoal da zona norte.
— Os Punk da cidade?
— Punk, metaleiros, vieram todos ver este show ai do lado, a
parte externa estava lotada, não coube todos, teve briga a rua,
muita confusão.
— Ainda bem que apareceram. – Joaquim falou e Demétrio
sorriu.
— Pelo jeito tinha medo de que não viesse ninguém.
— Alguém sempre vem, mas tinha de pagar o show, se
encheu, dinheiro no bolso.
— Certo, o que terá semana que vem?
— Dr. Silvana.
— Nunca ouvi. – Demétrio.
— “Fui dá mamãe, fui dá um serão extra, trabalhei com o
patrão.” – Fala Joaquim sorrindo.
Demétrio riu e falou.
— Vai querer encher de novo.
— Outro publico, mas se o pessoal gostou, vai ter confusão
em volta de novo.
— Vi gente vendendo cerveja nas esquinas ontem.
— Deixa, não é nossa parte fiscalizar ou controlar Demétrio.
— Os vizinhos vão reclamar.

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— E onde não reclamam?
Demétrio pede uma cerveja para o garçom e fala.
— O segurança pediu desculpas, não sabia quem você era.
— Não custa ele chamar Demétrio, eles acabam dando razão
a estes que falam mal de Curitibano, mas eu acho que somos de lua,
um dia tratamos bem, no outro, damos um coice.
Joaquim olha o pager e responde Nádia, que diz para ele o
esperar ali.
— Problemas?
— Nádia vem ai.
— Ela sabe controlar as contas Joaquim.
— Sei disto, mas o que vai destruir nossa relação é o ciúmes,
e como minha mãe falava, os ciumentos lhe analisam por seus
comportamentos ou vontades.
— E como estão as coisas?
— Corridas, amanha volto a universidade, apresento o
documento de treinamento e eles abonam as faltas e vou aos
últimos meses de prisão simples.
— Não leva a serio mesmo?
Joaquim sorri e olha para baixo, começando a encher e as
noticias de fim do incêndio, a TV ao fundo ligada, começa a dar as
noticias do Fantástico, e entram com aquela trilha que fazia o
brasileiro ter uma dor de barriga, mesmo num volume que Joaquim
não ouvia, Joaquim sabia que estavam falando dos problemas em
Curitiba, com mortes a rua, casas explodindo, fogo em uma favela.
Demétrio olha para a imagem e pergunta.
— Esteve por lá?
— Oficialmente não.
— Certo, mas sabe a pressão que sofremos quando
descobrem quem é o dono?
— O que este Demétrio fez? – Pergunta Joaquim sorrindo.
Demétrio sorriu e o local começa a agitar e fala.
— Deixa eu ir apagar o fogo local.
Joaquim fica a pensar, esperando Nádia, ele vê ela chegar a
mesa e lhe beijar.
— Se escondendo?
— Sim, problemas?

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— O Curi Junior está lá no Tasca, querendo saber porque
colocamos o pai dele para fora no Portão.
— Manda ele perguntar para o pai, que ele sabe.
— O que ele fez?
— Aquela casa explodida no Capanema é minha, pode ser um
local de pobre, mas esta coisa de policia entrar atirando porque o
deputado pediu um favor para um amigo Delegado, e explodirem
sua casa, mesmo a pior delas, não posso fazer de conta que não
aconteceu.
— Tem certeza que foi ele?
— Sim.
— Mas não entendo porque ele faria?
— Isto também não entendi, mas eu cheguei na casa já estava
no chão, então ainda não dei o troco Nádia.
— Tem de tomar cuidado, ele é deputado.
— Sei disto.
Ela abraçou Joaquim e falou.
— E veio para cá?
— Soube que teve confusão ontem.
— Dizem que uma danceteria abriu no Cabral, que parou a
região. – Nádia sorrindo.
— Estamos na Boa Vista, mas tudo bem.
— E não vai para casa?
— Não quero brigar com ninguém, sei que eles explodiram
minha casa, mas se fizer algo, eu sou o culpado Nádia, eles
aprontam e eu sou o culpado.
— Certo, e lá eles sabem onde lhe achar.
— Eu sei que não está dando certo na cidade, tem algo
totalmente errado aqui.
— Quer já fugir de mim?
— Porto Alegre não está diferente daqui, acho que não sirvo
para certas coisas, pensando nos problemas, e tenho de fazer um
milagre amanha.
— Milagre?
— Sim.
Nádia viu Joaquim a abraçar e servir o copo.
— Pelo jeito não quer problemas a mais.

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— Mais não daria conta.
Eles se abraçaram e Joaquim pegou um taxi e foi para casa
com Nádia.
Amanhece segunda, Joaquim levanta e passa o terno, coloca
uma agua para fazer e foi fazer a barba.
Se veste, faz o café, beija Nádia a cama e sai com destino ao
trabalho.
Nádia não entendeu a hora, mas Joaquim passa em cada um
dos pontos, confirma como estava, e chega aos restos da casa, olha
para a dona Sonia no fundo e fala.
— Pelo jeito não sobrou nada?
— Quase morremos ontem Quinho, não sei o que vai fazer?
— Alguém ferido?
— Não.
— Vamos dar um jeito de acomodar os que perderam algo,
até reconstruir, não entendi a ofensiva de ontem.
— Eles queriam dinheiro, não sei qual dinheiro.
Joaquim lembra do cofre na casa a frente e sorri, esperava
que o cofre tivesse resistido, mas não queria dizer que não tivesse
pego fogo em tudo.
Paulinho chega ao lado e pergunta.
— O que fazemos Quinho?
Joaquim naquele terno chega aos restos e fala.
— Primeira prioridade, ver se o dinheiro não queimou.
Paulinho olha o cofre e fala.
— Tiramos e verificamos.
— Segundo, contrata alguém para limpar o terreno, não
vamos nem olhar o resto, tira tudo e começa a fazer as bases,
vamos levantar do zero, se não sobrou quase nada, o que podemos
fazer.
— Tinha reformado o lugar, e agora não sobrou nada. –
Paulinho.
— Sim, ajuda o pessoal, vou liberando o dinheiro para ajudar
Paulinho.
— E se o dinheiro tiver ali.
— Reerguemos mais rápido, mas não podemos deixar a vista,
se eles queriam dinheiro, devem estar de olho.

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— Certo.
Joaquim passa nos comércios de toda a região, e explica que
iriam abrir uma conta no banco, fez isto nos que eram legalizados,
os mais a avenida da universidade, mais voltados a Joao Negrão, ele
não estava perguntando, ele estava falando, vão fazer uma conta, e
vamos administrar isto.
Joaquim sabia que o atual gerente não gostava destas contas,
mas ele precisava de quantidade, não de volume de capital, a regra
era quantidade de empresa, se fosse capital das empresas, ele
somaria no capital das que tinha e alcançaria a meta.
Ele por volta das 9 chega a agencia, já com uma pilha de
contas, ele coloca no meio da bagunça, o gerente nem viu ele por as
contas ali, Joaquim foi colocando em dia antes de abrir, e viu
aqueles policiais a porta, quando abriu.
O gerente olha para Joaquim e pergunta.
— Problemas?
— Lembra da casa que tinham invadido?
— Sim.
— Alguém explodiu ela ontem.
— E o mais fácil é vir a você.
— Sim, mas vamos fazer de conta que não é com nós senhor,
eles não deram carteirada, devem estar vendo se estamos mesmo
trabalhando.
Os policiais ficam ao longe, viram o dia corrido de Joaquim e
não teriam como dizer que ele não trabalhou, e na saída, eles
seguem aquela Brasília, devem ter estranhado quando parou no
Cabral e Nádia olha para fora.
— Quem é?
— Policiais querendo saber o que faço todo dia.
— Problemas?
— Eles devem querer algo, mas ainda não falaram.
Joaquim olha para os seguranças da empresa postados, foi ao
prospecto e pensou em todos os problemas e colocou eles em um
quadro negro e Nádia perguntou.
— O que tanto escreve?
— Obra em Praia Grande, atrasada, obra em Cubatão,
inaugura os hotéis e motel no sábado, Tasca do Joaquim em Santos,

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inaugura no Sábado, temos de ver se terminamos todas as obras até
amanha, para ter tempo de limpar e ajeitar até sábado, tenho ainda
de ir a uma reunião de segurança no Sábado, na região
metropolitana do Rio. Temos as obras da empresa de drenagem,
temos as obras de hotéis em Porto Alegre, Novo Hamburgo, Canoas
e Gravataí, temos a obra de aterro e drenagem do cais em Rio
Grande, termino da construção dos guindastes de Santos, e ainda
tenho de assistir aula esta semana.
Nádia sorriu e falou.
— E acham que você não está fazendo nada.
— Eles querem paz, e me propõem guerra, não entendo
Nádia.
— Pablo quer falar com você.
— Sei disto, mas a Gazeta continua falando merda, como
posso investir em uma empresa que gosta de ganhar nosso dinheiro,
mas acha cômodo vender a posição contraria.
— Isto se chama imprensa independente.
— Tenho de segurar o ditador dentro de mim. – Fala Joaquim
sorrindo.
Nádia olha ele olhar os projetos e pergunta.
— Está investindo pesado, não entendo metade disto.
— Quando falo que tenho parceiros Nádia, é porque não
consigo nem capital para tudo isto, e nem como estar em 5 lugares
ao mesmo tempo.
— Não é a toa que parece que não está dando certo, você
acelerou em todos os pontos.
— Eu estou indo para a universidade, espero não ter
problemas hoje.
— Certo, quer o diploma.
Joaquim sai e vai a universidade, ser seguido era estranho, ter
alguém seguindo você e alguém seguindo quem lhe segue, dava
uma conotação bem estranha, Joaquim sobe para a direção, entrega
a permanência e aprovação na preparação em Porto Alegre, e a
secretaria quase não quis compensar as faltas, o diretor teve de
assinar em baixo.
Joaquim foi a sala e apresentou ao professor a determinação
e ele abonou as faltas, e assistiu a aula.

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Estranho como voltou ativo mentalmente, estava bem
relaxado nas ultimas semanas ali, agora parecia pronto para assistir
aulas até o fim.
Joaquim desce no intervalo e olha aqueles dois policiais
sentados ao fundo, não sabia o que estava acontecendo, mas
esperava algo, senta-se e Jonas entra e olha ele.
Joaquim lembra que este fora o problema com o Deputado,
mas em um mercado crescendo o deputado jogando contra era
sacanagem.
Joaquim estava pensando e ouve Jonas.
— O que acha que o Deputado vai achar do que falei.
— Desculpa, não estava prestando atenção.
— De ter absorvido 12 das garotas da Mirley.
— Não sei, eles querem lhe atingir e atiram em mim, sei lá.
Jonas sorriu e pediu uma cerveja, Joaquim não tomou, subiu
para a aula.
Joaquim anota uma nota para a Gazeta e fica pensando,
naquele dia não sairia mais, mas ele não queria briga e marcou com
Pablo no Tasca a noite.
Assiste as aulas, sóbrio, estranha como foi fácil sóbrio, sorri e
pensa estar ficando velho, sai de Brasília e vai ao Tasca.
Os rapazes o seguindo fazia Joaquim pensar se iria falar com
eles, mas queria ver quem era, Tasca não era para qualquer um.
Joaquim chega ao local e Paulo fala que estava chamando o
primo dele para ajudar, e passa as determinações e Joaquim fala
que marcou com um repórter, e que iria sentar na parte alta, que
estava fechada na segunda.
Paulo viu que Joaquim estava pensando em algo, ele não
conversou, mas sabia que a correria começaria.
Pablo chega e Paulo fala para ele subir, e ouve Joaquim falar.
— Senta um pouco Paulo.
— Problemas?
— Não, o que vou falar, fica entre nós.
— Certo.
Joaquim olha para Pablo e fala.
— Sei que está tentando manter meta, mas estou com um
problema pessoal, e no momento não posso investir na pagina de

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Acompanhantes, então quero orçar a saída nas próximas duas
semanas, da propaganda do Tasca, e da programação da Mustache.
— Vai investir em outro tipo de propaganda, sei que deve ter
ficado preocupado com o marketing de certas investidas
conservadoras.
— Sim, mas Paulo, a partir de amanha, você passa quem será
o show daqui, para Pablo, a programação da semana, e vamos
agitar aqui.
— E o que é este Mustache? – Paulo.
— Uma danceteria no Boa Vista que todos estão chamando
de Cabral, mas – Joaquim olha para Pablo – Demétrio vai lhe passar
as publicidades, e vamos inaugurar esta semana três coisas, e Nádia
vai lhe passar o prospecto, assim, não paramos, mas tem de
entender, a minha publicidade não tem haver com a de Jonas.
— Pensei que iria parar de anunciar.
— Na verdade quero saber como está os espaços para
reportagens compradas, custo por pagina Pablo.
— O que pretende?
Joaquim tinha digitado um texto e com uma fotografia no
centro, falando da nova moda na cidade, de fazer book, que uma
empresa no centro estava se especializando nisto, dai ele olha a
segunda pagina, para a semana seguinte, falando da inauguração de
pontos gastronômicos especiais na cidade, que faziam a cidade
ganhar dinâmica e empregos durante a crise, e por fim, o surgir de
empresas de segurança, para compensar a violência fora de
controle, gerindo uma leva de empresas, que estavam oferecendo
proteção de varias formas.
Pablo olha para Joaquim e fala.
— Investimento na forma de pensar?
— Sim, mas verifica para mim custo, e verifico quando vamos
introduzir isto.
— Pensei que iria dispensar a publicidade.
— Pablo, tem de ver que a hipocrisia de algo assim, é meio
estranha, mas sei que independência requer poder narrar os dois
lados, mas depois fazemos a reportagem de garotas que eram
mantidas em cárcere privado, por um deputado e fugiram de lá.
— Vai reagir.

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J.J.Moreira 5
— Sim, por incrível que pareça, eles falarem disto, aumenta o
fluxo, muitos pensam que vai acabar e correm contratar.
— E como está o negocio?
— Rendendo três vezes mais, e dando o troco no Deputado.
— Ele manteve a propaganda.
— Sim, mas hoje em pleno dia de fluxo, está desalojado. –
Joaquim.
— Eles esquecem que você joga pesado Joaquim, mas verifico
o marketing, vai querer ter propaganda declarada e propaganda
indireta pelo jeito.
— Sim, vou ter 3 casas com shows, e não quero um
atrapalhando o outro, quero as três cheias.
O rapaz anota os dados e sai, e Paulo pergunta.
— Porque ele estava tenso?
— Tinha reduzido toda as publicidades, por duas semanas.
— Ele deve ter pensado que confirmaria a saída, e vem com
algo grande, ele entrou tenso, saiu leve.
Joaquim olha Paulo e fala.
— Mas o que falamos aqui Paulo, não se fala lá fora, as vezes,
uma empresa de Book, dá tanto dinheiro quanto um bar, mas
funciona totalmente diferente, lá o custo é fotografo, material, mas
parece quase uma repetição, mas que dá dinheiro, mas se as
meninas não quiserem o fazer, não gera dinheiro.
— Este é o tipo de publicidade que os demais absorvem sem
sentir, disto que falava.
— Investi no Primeira Hora em Porto Alegre, era um teste,
algo sobre um restaurante especial em Curitiba, vi gente falando de
Nádia lá, coisas que nunca nem pensaram aqui, mas o lançamento,
viu como estava.
— Lotado, com todas as mesas reservadas, e nem era na
capital.
— Sim, sei que se falar lá fora, eles vão achar ruim, mas se
eles consomem, gostam, a mente estabelece que a reportagem era
real, e consomem mais informações assim.
— E vai investir alto em propaganda?
— Não, mas eles não precisam saber que não chega a um por
cento Paulo.

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J.J.Moreira 5
Paulo sorriu e viu Joaquim pagar a conta e ir para casa, logo
ali na frente.
Joaquim abraça Nádia que fala.
— Parece preocupado.
— Tenho de tomar um caminho, e não quero, sei que alguns
vão falar que fiz milagre, mas somente sei o quanto levei sorte, o
quanto, me dediquei, o quanto somente eu sei algumas coisas.
— Vi que teme não dar certo, mas o que mais se preocupa?
— Nádia, a vida é para ser vivida ou criada, pois vejo gente
dizendo que está vivendo a vida, e está apenas gastando dinheiro e
tempo, isto é viver a vida?
— Usufruir do que se conquista, porque não?
— As vezes, não vejo motivo para perder tempo, hoje resolvi
tentar mudar as coisas, e amanha vou tentar uma trégua, mas se
não tiver, vou ter de voltar a prancheta e planejar as coisas.
Nádia sorri e vê Joaquim se entregar aos seus braços.
Quando amanheceu, Nádia olha Joaquim já no banho, ele
parecia incansável, ela tentava ajudar, mas com varias pessoas
ainda assim estava corrido.
Joaquim pega o telefone e liga para o Deputado.
— Podemos conversar Deputado.
— Você...
— Ontem foi ontem Deputado, quer conversar, no seu
escritório em uma hora.
Joaquim olha para os números e os contatos e beija Nádia e
fala.
— Torço que as pessoas sejam um pouco racional.
Joaquim sai, passa uma mensagem para o delegado Plinio,
depois para alguns contatos, chega a um prédio na Brigadeiro
Franco, olha para aquele prédio abandonado, a construtora
abandonara a obra e estava apenas o esqueleto a 5 anos, ele entra
olhando a recepção, ele não via o que tinha, mas o que poderia ser,
ele olha para o conjunto de coisas que teria de recuperar rápido, e
vê um senhor chegar a entrada, ele no terno era outro ser, e o
senhor, engenheiro da RR construtora, olha o senhor e fala.
— Quer mesmo partir da estrutura existente?
— Quero a certeza que ficará de pé se o fizer.

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— Verificamos, mas qual a ideia?
— Recuperar o prédio, e terminar ele em 6 meses.
— Pretende vender os apartamentos?
— Não, será um prédio comercial de 22 andares, será a base
de uma ideia, uma empresa, que terá a cada andar, um comando,
alguém para resolver ou me informar do problema.
— Quais empresas estarão aqui senhor?
— Guarida Hotel é o único ainda em destaque na cidade.
O senhor fez perguntas e Joaquim o deixou ali e foi ao
escritório do Deputado, ele entra e olha para os seguranças e fala.
— Poderiam esperar lá fora?
— Mas... – O deputado.
— Senhor, hoje é serio, ontem apenas papo para um
delegado ouvir.
— Não entendi.
— Poderiam garantir que ninguém vai entrar aqui senhores?
Os dois com relutância saem e Joaquim sorri e fala.
— Deputado, vou explicar o que aconteceu e depois você
toma as suas conclusões, mas a entrada do prédio, pela manha de
ontem lá no Portão, estava com um grupo de filmagem, e quando
Caroline saiu de lá, procurou a Globo para uma denuncia sobre
escravidão sexual naquele endereço, não tinha tempo para explicar,
referente ao prédio no Capanema, tinha seguro, não se preocupe,
referente ao que Jonas fala, ele não conhece as meninas que
trabalhavam na parte interna, ele teve gente se oferecendo a ele
dizendo ser da Mirley, mas primeiro, desviamos a imprensa,
segundo, tem uma antiga sede de fiscais federais em Colombo, que
comprei, tem casa, entrada única, estacionamento próprio, tudo
isolado e bem arejado, e com uma casa principal e 4 moradias,
nossa empresa de Acompanhamento, deve ter estranhado,
ninguém reclamou.
— Está dizendo que sabia que iria lhe atacar?
— Estou dizendo para não fazer o que os demais querem
senhor, falsos moralistas tem ao monte, mas vi que ali geraria coisas
como aquela denuncia, se eles tinham uma reportagem, agora eles
tem uma casa no chão.
— E a empresa de acompanhantes?

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— Transferi para a quadra no Rebouças, tinha uma casa vazia,
assim temos algumas vantagens, mas quero saber, vai parar de
atacar quem não está lhe atacando Deputado, não gosto de perder
dinheiro.
— Pensei que estava falando serio.
— Policiais morreram ontem senhor, 32 deles, não se faz
como disse ontem, operação em favela quando as famílias estão lá,
gera reação violenta e sem controle.
— E porque trocou de lugar?
— Jonas e Nádia estavam olhando, tem de explicar para seu
filho que Nádia não precisa saber onde vocês tem agencia, não
esquece, ela já teve uma, mas ela fala para Jonas para sabe se eu
tenho parte, e desculpa, nem Jonas e nem Nádia precisam saber
que somos as cabeças por trás disto.
— Quer dizer que funcionamos ontem, por isto ninguém
reparou?
— Sim, mas a reação foi pois odeio reportagens que
transformam pessoas que ganhavam um salario mínimo no interior,
que estão ganhando mil deles por mês, e reclamam de não ter
liberdade, elas realmente estão detidas ali, mas vi que em bairro
residencial não daria certo, então, vamos voltar a Colombo.
— Mas foi me ameaçar em casa.
— Deputado, se eu quisesse você mal, teria entrado, lhe
matado e ninguém teria visto.
O deputado olha para a porta e fala.
— E não divide isto nem com seguranças?
— Estou aqui para lhe passar os endereços de funcionamento
novo, se quer olhar, a vontade, verá que as meninas estão lá, assim
como Mirley, outra coisa, tem de renovar as meninas, tem gente
dizendo que não existe novidade na Mirley.
— E o que recomenda?
— Tenho algumas garotas de minha agencia de propaganda
que fazem este servicinho, e tem boa procura senhor.
— Não entendi?
Joaquim pega uma pasta e fala.
— Garotas que estão a TV, todo dia, e que não tem nada
contra ganhar um dinheiro extra senhor.

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J.J.Moreira 5
O deputado olha as moças, as viu na TV ultimamente e olha
para Joaquim.
— Não entendi, meu contato tentou contratos com elas e não
conseguiu nada.
— Elas tem exclusividade com minha agencia Deputado, elas
não querem pagar o programa para mim, integral, rasgando um
contrato lucrativo para os dois lados.
— Sobre isto que alguns falavam que você estava com uma
agencia que nem Jonas sabia?
— Nem Jonas, nem Nádia, nem seu filho, apenas uma
administradora como o senhor faz, e seguranças externos ao local.
— E pelo jeito o que Jonas fala estar redondo, não tem haver
com isto.
— Uma garota destas, cada uma delas, me gera mais dinheiro
por ano, que todas as agencias de Jonas geram para ele Deputado.
— Certo, aquela papo de deixar de olhar o trocado, mas pelo
jeito você está ganhando mais.
— Deputado, o que ganho, se aliado, posso ser um bom
financiador de campanha, o senhor está me olhando como
adversário, e não o sou.
O deputado olha para o rapaz, talvez o rapaz estivesse
ganhando jeito até de se portar naquele terno e fala.
— E acha que tem muita gente sabendo?
— Senhor, seu publico, não é o de Jonas, ele pega gente que
trabalha no sistema público, salários de 10 a 25 salários mínimos,
este pessoal teria de pedir um empréstimo para um único programa
especial da chácara.
— Certo, e o que fará com esta moça que quer me
denunciar?
— Ela deve estar pensando em o que falar, mas senhor,
mantem a versão da Gazeta, moralista, jogamos como uma
tentativa da esquerda, de desacreditar o presidente da câmara, não
damos corda, falamos poucas vezes e sem dar importância.
Joaquim se despede e vai ao banco.
O deputado olha para os endereços e olha para o filho entrar.
— Qual o problema pai?
— Fecha a porta filho.

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— Fala, problemas com Joaquim?
— Não, esqueço que este rapaz foi do SNI, ele tem acesso aos
dados, mas tem de parar de abrir qualquer coisa sobre a empresa
de acompanhamento e da chácara com Nádia e Jonas filho.
— Por quê?
— Oficialmente, vamos estabelecer que as fechamos, mas
isto não aconteceu, mas oficialmente, é o que os de pouca entrada
na alta sociedade vão declarar.
— Pelo jeito mudando a forma de agir?
— Soube que terá uma denuncia de trabalho escravo vindo
de uma antiga garota, deixa eles falarem, não vamos dar muitas
respostas, mas quando responder, firme, acusando a oposição.
— Certo, acha que isto não deteriora sua campanha.
— Meus votantes na sua maioria são homens, são
empresários, são pessoas que pensam como eu filho.
Joaquim olha Carlos na agencia, sorri, o rapaz estava perdido
ali, ele estava com data de saída, com todos lhe puxando o saco, e
em meio a isto, Joaquim impetrando 475 pequenas empresas da
região, puxando de outros bancos, para aquela agencia.
Os dados da agencia continuavam a crescer, Joaquim se
preparando para tocar uma agencia como aquela, se inteirava dos
problemas, os demais já sabiam que Joaquim os comandariam, e
começam a se posicionar, pois não queriam ficar de mal com o
gerente.
Joaquim olha para os números e começa a estabelecer uma
linha de contas jurídicas, e estanha, ele faz a segunda linha de
empresas e pensa em alguns detalhes, e o criar da estrutura
próximo do prédio de controle da empresa, estabelecia que ele
traria os salários de todas aquelas pessoas, e no seu controle, ele
precisava de duas mil pessoas, para controlar o funcionamento de
toda uma linha de empresas, em 22 cidades neste momento.
Ele olhava as contas, os prospectos e via que mesmo ele, com
calma teria mais controle, e invisibilidade, na agencia.
Joaquim coloca nomes no papel, e começa a estabelecer, os
22 comandos, que ele queria de sua empresa, e não era um por
cidade, e sim, um por andar, o dividir dos problemas.

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Joaquim sorri, ele teria de ter um segundo prédio, estava
pensando em como o fazer, uma coisa é você dizer, temos uma
empresa, outro, temos a parte lega e ilegal, a legal, um prédio de 22
andares em uma avenida de Curitiba, a ilegal, este era o problema,
não poderia por em algo que uma batida o tirasse tudo.
O gerente geral olha Joaquim se inteirando de todos os
funcionamentos da agencia e olha para Carlos.
— Ele acelerou, no lugar de acomodar.
— Entendi a ideia dele, gerir dois gerentes locais, e mais um
comando temporário nos 32 postos temporários de trabalho, ele
não está brincando senhor. – Carlos.
— Entendi isto, ele passou um prospecto de melhora para a
Rede Ferroviária, o presidente dela me ligou e falou que separa uma
sala por sede para o atendimento, que com o prospecto, ficaria mais
fácil o controle deles, mas entendi a ideia dele, ele quer oferecer
empréstimo consignado a estes.
— Ele quer sempre crescer, quem o vê sentado ali, não
imagina o quanto ele deve estar pensando senhor.
— E já sabe onde vai ficar em Porto Alegre?
Carlos olha Joaquim, não entra em detalhes e fala.
— Sim, mas ainda me instalando.
Joaquim passa os comandos de contas para dois rapazes, que
aceleram o fazer, ele começa a se inteirar do que Carlos fazia, e
começa a acelerar todos, e o gerente fala para Carlos.
— Ele leva jeito, ele pensa no sistema, não se atem a pensar
em um processo, ele quer entender o todo.
— Senhor, sei que se o rapaz em Porto Alegre pudesse, ele
teria o puxado para lá.
— E o que parece um desafio para você, e poderia o
desmotivar, parece o ter motivado mais.
— Ele vai estar ali senhor, mas ele com certeza, vai
estabelecer o crescimento da agencia por si.
— As vezes olho para ele, acho que acostumamos até com a
forma que ele usa o terno.
— Não, ele mudou, antes ele não erguia os ombros, antes ele
não parecia querer problema, agora parece encarar, tem os dois
policiais o vigiando e ele não está nem ai para eles do lado de fora.

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— Ele pelo jeito lhe encantou Carlos.
— Ele naquela simplicidade, somente de Porto Alegre, terá
em sua conta, 25 mil dólares mês senhor, tudo legal.
— E não fala em trocar a Brasília?
— Sabe que não chamar atenção é fundamental senhor.
— Sei.
Joaquim sai para o almoço e olha os dois policias chegarem a
mesa, um olha para Joaquim e fala.
— Apenas deixando claro Joaquim Moreira, estamos ali, mas
não somos inimigos, Exercito, policia, avisando para não nos dar um
tiro por acidente.
— E quem os mandou me vigiar?
— General Geisel.
Joaquim apenas termina de almoçar e volta a agencia, estava
acelerando todos os processos, o gerente geral estava o dando
corda, sem olhar muito os números, achava já ter conquistado
todos do ano, então não se prendia a eles, e isto deu espaço a
Joaquim fazer transferências finais das contas de dois mortos para
sua conta, estabelecer uma correspondência oficial do banco a pelo
menos 2 mil pessoas da região, empresas de média a pequena, e
sabia que seu próximo passo, iria fazer o gerente olhar para ele, mas
isto ele deixou para a quarta.
Ele se despede e sai calmamente com sua Brasília e uma
moça chega a Carlos e pergunta.
— Alguns perguntam de onde ele tira tanta energia.
— Ele está no começo, todos tentamos dar o máximo no
começo.
— Ele é casado? – A moça como se não quisesse nada.
Carlos olha a moça e fala.
— Não sei, acho que tem uma namorada, mas a parte pessoal
não conheço mesmo.
— Viu o prospecto que ele lançou hoje?
Carlos não havia visto, estava tentando entender o que teria
de fazer no próximo trabalho e olha o apoio da Regional a uma
ampliação das empresas pequenas e médias com um convite a vir
conhece a agencia do banco, e um passado a PUC, mais a frente,

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com prospectos de banco com maior tempo e credibilidade, Carlos
olha para o Gerente que olha e fala.
— Ele vai tentar a PUC agora?
— Ele quer ter pelo jeito, dois gerentes auxiliares, se ele
chegar a 500 empresas, ele pode ter um jurídico, e para gerir as
contas das 500 empresas, um gerente de contas pessoais, dai ele vai
reger uma agencia que muitos vão querer vir trabalhar.
— Ele não se contenta com soluções simples, mas vi que a
Regional apoiou ele com material e marketing.
— Agora ele sabe para quem pedir senhor.
— Verdade, antes ele era um desconhecido, agora muitos lá
devem olhar ele como algo a atrair.
— Fechar metas, a regional fecha as metas gerais, mas se
uma agencia o facilita, esta ela vai ajudar, sabe disto.
Os dois sorriram, enquanto Joaquim ia no sentido do
Rebouças, estaciona o carro, olha a obra do restaurante olha a obra
da casa de Shows e marca com Pablo no fim do dia.
Ele olha para os prospectos que pedira a gráfica, e olha para
os rapazes de distribuição de panfletos e passa para eles as rotas e o
grupo de 30 pessoas começa a sair para toda a região, cobrir 120
quadras em volta.
Marcia chega a mesa e pergunta.
— Apareceu?
— Problemas?
— Não, mas sumiu.
— Senta um pouco Marcia, preciso de uma ideia.
— E veio conversar?
— Odeio a ideia de não ver que alguém nos atacaria, levamos
sorte, e odeio levar sorte para estas coisas.
— A empresa de segurança retirou as meninas de lá antes de
qualquer coisa, mas os pontos já estavam tomados, eles fizeram
muito rápido.
— Imaginei, mas toda vez que inocentes morrem, e quando
chamo os policiais de inocentes, é no sentido não sabem de nada,
sobra o ódio sobre nós.
— E o que pretende?

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— Parte do que acontece aqui, vou preparar 3 lugares na
cidade e vamos funcionar perto de 3 meses em cada um.
— Girar?
— Sim, outra coisa, pensa em uma forma de controlar sem
estar encima, não gostaria de perder peças chaves Marcia, e você é
uma peça chave.
— E não pensou em nada?
— Ainda não, mas se pensar, me fala.
— Não quer criar um ponto centralizador de comando?
— Temo isto mais do que o resto, acho que tenho de trazer
você um pouco para a legalidade, para você ter um álibi.
— E pensou em que?
— Alguém tocando a empresa de Book, a danceteria aqui ao
lado, e a linha de restaurante de frutos do mar.
— Acha que dou conta?
— Acho que a parte legal, é fácil, você coloca administradores
que tem como cobrar horário, que tem as contratações, e que no
fundo, geram cada uma das empresas, um capital bom de giro.
— Ou de falso giro.
— Deixa eles pensarem que é falso Marcia, mas sabemos que
investimos para tudo dar lucro.
— Depois de Rita, se afastou.
— Não quero matar mais ninguém.
— E vai fazer oque?
— Conversar com o rapaz da Gazeta e ir para minha aula.
Marcia sorriu e viu o rapaz entrar pela porta e cumprimentar
Joaquim que apresenta Marcia e fala.
— Marcia vai tocar uma casa de shows ao fundo, este
restaurante e a agencia de Book Fotográfico que aquela reportagem
induz ao consumo.
— Mais um lugar?
— Sim, e vou financiar uma publicidade do Banco do Brasil,
como aquelas, sem ninguém saber que é pago por mim.
— Por quê?
— Quero os demais se mexendo, quero sempre as coisas
aceleradas.

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Joaquim passou as reportagens, os anúncios de inauguração
do restaurante, as seis reportagens sobe como a cidade ganhava
bons restaurantes somando a tradição culinária da cidade.
Marcia olha a forma de publicidade e sorri.
— O empresário entrando em campo? – Marcia.
— Sim, nem todos são lugares para 100 mesas, mas sei que o
complexo de comida, sendo tocado por três pessoas, estabelece
concorrência, entre minhas próprias empresas Marcia, eles não
acham que é uma empresa, e sim, 3, assim como o inaugurar da
casa de show, aqui vamos de Samba, lá no Largo, de musica local,
no Cabral, de Rock Nacional.
— Quem vai inaugurar aqui? – Pablo.
— João Nogueira.
— E alguém olhando não vai ligar as coisas a mesma pessoa.
— Com o tempo vão Pablo, mas não precisam achar de cara,
ouvi o gerente do Mustache falando que pediram o caviar lá, apenas
para dizer que lá tinha, gente de menor renda, mas que quer o
mesmo status de quem frequenta o Tasca.
— E pelo jeito vai agitar o local? – Marcia.
— Quero ter um local para comer frutos do Mar, me
lembrando o litoral, não a cidade.
Marcia olha para o lugar voltado para as casas ao fundo, eles
não sabiam o que era ali, mas a impressão de arvores, gramado,
tudo baixo ao fundo, entendeu, um local para que a pessoa
remetesse a um local calmo, estavam próximo do centro, mas que
voltados ao interior da quadra, dava uma impressão de calma, e
melhor, dava a sensação de que nada acontecia nas casas ao fundo.
— E não vai investir mais n... – Pablo parou a frase, se tocou
que não sabia se poderia falar.
— Uma coisa Pablo, tudo que falar sobre publicidade com
Paulo, não é assunto com Nádia, tudo que falar com Jonas, não é
assunto com Nádia, Paulo e Demétrio, tudo que tratar com
Demétrio, é com Demétrio, assim como o que tratar aqui com
Marcia, é com Marcia, não tem haver com os demais.
— Certo, não é apenas um sistema com mesmo dono, é com
administradores diferentes, que não precisam saber da publicidade
dos demais.

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— Sim, e tudo que tratar com os Curi, espero não comentar
nada disto com eles.
— Certo, e o que Marcia comanda?
— O que falei, ela tem parte no controle da empresa de
propaganda, pois ela controla os contratos de exclusividade de
pessoas que há um mês eram desconhecidas, e agora a empresa de
publicidade e propaganda que criei, as coloca em anúncios em
parceria com empresas como a Globo.
— Certo, e qual a empresa aqui ao lado?
— Estamos a criar a Dançando, que é uma marca registrada,
então pagamos para usar ela, mas terá a programação e sei que
muitos vão querer falar sobre isto lá dentro.
— Um restaurante a mais, uma casa de shows a mais, uma
empresa a mais no centro, o que tanto agita aqui Joaquim? – Pablo.
— Temos para a avenida, um Hotel também, mas hotéis são
parte de Nádia.
— E pelo jeito está agitando tudo, eles nem sabem quem é o
ser por trás de tudo.
— Nem precisam saber. – Joaquim olhando o rapaz.
— Sabe que tem gente falando de uma reportagem sobre um
terreno que dizem ser seu no Portão.
— Daquela moça que trabalhava para o Deputado?
— Não entendi a historia.
— Não vou falar, mas a moça sabia que a Mirley era mantida
pelo Deputado, não entendo a relação da senhora e do Deputado,
mas com certeza a moça tentou algo a nível chantagem com o
deputado e não deu certo, o deputado é ruim nesta coisa de
entender, ele bate a cabeça e não ouve a batida, então se duvidar
ele nem entendeu a chantagem, a moça resolveu fazer dinheiro
vendendo a historia a quem pagaria mais.
— Dizem que a garota era do grupo de Mirley, sabe do que
falo. – Pablo.
Joaquim olha para Marcia e pergunta.
— Você contataria aquela Caroline? – Ele olha serio, queria
uma posição real, então nem combinou com Marcia.
— A moça é bonita, mas mais estilo TSS, nem Diamond, muito
menos chácara da MIrley.

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— Não perguntei isto. – Joaquim.
— Não, não contrataria, dizem que quem sai com ela reclama,
não adianta ter um bom cliente, e perder ele na primeira e única vez
que vem a nós. Sabe que priorizamos o retorno, o agradar ao cliente,
se ele não retorna, perdemos dinheiro e precisaríamos de
marketing aberto.
Pablo olha para Joaquim quase se perguntando quem era
Marcia, intrigado e pergunta.
— Está dizendo que ela não é algo a nível Mirley, mas sinal
que tem algo a mais na cidade.
— Como disse Pablo, os demais não precisam saber do que se
passa aqui, nem você saberá o todo, mas existe um grupo de
garotas que está acima do nível Jonas, que não precisa de marketing,
se investisse nisto, elas perderiam valor, não agregaria valor.
— Algo tão acima que uma virgula na Gazeta é perda de
ponto e não ganho? – Pablo.
— Talvez uma pagina falando de uma nova atriz que se
destaca na novela das oito, e que tem origem na cidade, seja o
marketing que jogaria na gazeta, mas nunca uma de agencia de
acompanhante.
— Criando um verdadeiro mercado de Elite?
— Sim, por sinal, as publicidade da Elite, estas você trata com
Marcia, mas elas nunca investiram os volumes de Jonas.
— Certo, hoje o segundo maior anuncio naquela pagina, mas
sinal que – o rapaz olha para Marica – não contrataria nem para a
Elite a moça?
— Não, e não precisa dizer isto, mas o grupo da Elite, é bem
mais reservado que o grupo da Mirley, o incrível neste ponto, e que
a maioria das moças da Elite, ganham mais do que as moças da
Mirley, mas a diferença, você nunca diria as vendo em um shopping
de Curitiba, que são garotas de programa.
— E todos dizem funcionar aqui, mas olhando para dentro,
não, juro que quando vim aqui, pensei em ver algo assim.
— Senhor, a diferença é que o deputado nunca fez a coisa
para ser escondido, vai acabar sabendo que aquele prédio bem no
fundo, é para onde ele transferiu ontem a agencia dele, mas isto,
ninguém precisa ficar sabendo rápido. – Marcia olhando Joaquim.

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Pablo viu que a forma que Marcia falou, foi firme, não
conseguia nem ver que a menina era de menor, e falou.
— Então teremos um restaurante especial de frutos do mar?
Joaquim sorriu, o rapaz tentando desviar a conversa.
— Sim, e vamos o passando os prospectos com calma.
— Sabe que pensei que estava prestes a ser afastado da
Gazeta, e com os prospectos de ontem, o diretor me chamou para
conversar, para me propor um caminho mais a nível de paginas de
conteúdo.
— Sabe que isto é apenas entre nós, eles nem precisam saber
que não é o banco que está fazendo, mas vou falar com um antigo
colega de exercito, ver se ele não colabora.
— Amigo do Exercito, vai pressionar de cima? – Pablo.
— Não, tô falando de Gerson Travesso.
Pablo sorriu e falou.
— Conhece aquele maluco do exercito, sabe que esta parte
poucos falam.
— Sei, mas falo com ele, está naquele jornal pequeno, Diário
Popular, mas se tivermos a noticia em duas vertentes, parece mais
real.
— Ele sempre foi a parte engraçada das reportagens.
— Quem sabe ele não fale mal de mim, para assinar
realmente minha fama de mal menino.
Pablo sorriu e saiu, Joaquim se despede de Marcia e vai a aula.
Joaquim presente em sala de aula, era quase um lugar que
ninguém procuraria na cidade, algumas matérias, faziam Joaquim
pensar em estudar mais, outras, pesos de uma grade curricular que
parecia mais atender exigências do que formar Economistas.
Ele desce no intervalo, ano indo ao fim, já não era o mesmo
agito do inicio do ano, Joaquim estava a mesa e olha para Maria
sentar e mesa e perguntar.
— É verdade o que estão falando?
Joaquim sorriu, ele não falara com muita gente, então não
tinha ideia do que a moça estava falando.
— Não sei o que eles estão falando. – Fala sorrindo.
— Que você está virando milionário?
Joaquim sorriu e falou.

34
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— De onde tiraram isto?
— Tão falando que você tem um dos restaurantes mais
chiques da cidade.
— Ele não foi nem pago ainda, eu pago aluguel no imóvel,
tenho de manter ele como está por 3 meses para começar a ver a
cor do dinheiro, que é apenas a sobra de todos os custos, isto nunca
me tornaria um milionário.
— Não imagina o quanto falam do seu sumiço.
— Nisto não posso fazer grande coisa, se nada mudar,
assumo uma gerencia do banco do Brasil em Janeiro.
— Foi fazer uma seleção, mal entrou e já vai a uma gerencia?
— A faculdade vai ajudar bastante, e por aqui, fora as fofocas,
algo proveitoso.
— Tem gente falando de que se deu bem, mas esquecem que
isto quer dizer, trabalho.
— Sim, apostei em um mercado que desconheço, um gerente
de Restaurante desempregado, foi me indicado, ele falou que
existia um mercado que desconheço, pois eu não como Caviar,
Trufas, vinho francês, mas a aposta está dando resultado, enquanto
para o povão o dinheiro esta esparso, estes parecem estar se dando
bem, eles gastam por noite, mais que um salario base.
— E tem corrido pelo jeito, nem esteve por ai estes dias.
— Tenho de cuidar com a frequência, deixa eu ir para a aula.
Maria subiu junto.
Aulas normais, tentar aprender a cada aula algo, era a regra
pessoal de Joaquim, mas nem sempre acontecia, as vezes uma aula
abria ideias e discussões, mas infelizmente isto não era todo dia.
Joaquim termina a aula e foi para casa, estava pensando,
estava a uma quadra de casa quando o policial faz sinal para ele
encostar a Brasília, encosta, documentos, revista ao carro e um
policial mira a arma para ele, e fala.
— Mãos bem a vista.
Joaquim não sabia o que estava acontecendo, sem arma, sem
motivos para reagir, levanta as mãos.
Outro chega ao fundo, Joaquim olha a reação e olham, eles
deixam ali o carro e ele é induzido a entrar em um carro e se manda
para a delegacia de costumes.

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J.J.Moreira 5
Costumes era sempre o problema serio de Joaquim, talvez ele
tivesse de entrar de vez na contravenção da cidade, ele se negava e
isto o deixava sempre a meio caminho.
O delegado Silva e o delegado Siqueira que olham Joaquim
ser conduzido e sentar algemado.
— Temos de conversar senhor Moreira.
— Pelo jeito estou preso e nem sei por quê?
— Denuncia anônima de que tem uma agencia de
prostituição de menores.
— Certo, onde, quando e por quê?
— Não seja engraçado.
Joaquim se calei, eles fizeram uma blitz apenas para o
conduzir sem que falassem que foi uma batida, Joaquim pensa, eles
não tinham mandato, ou poderiam ter, mas sem escândalos e sem
policiais dando serviço, ele olha para 3 rapazes que não fizeram a
operação, mas estavam ao fundo se fazendo de distraídos, Joaquim
espera o que ficariam, eles não o deram caminho, então apenas fica
a olhar os dois.
— Acha que gostamos de ser mortos e não reagimos senhor
Moreira? – Silva.
Joaquim olhava para eles, não respondeu, estava algemado,
mas não queria brigar, mas todos estavam o desafiando, e não tinha
ainda uma saída, nenhuma delas o agradava, mas teria de tomar
uma delas.
Ele não era inocente, então o respeito, lembrou da primeira
vez que foi preso, foi diferente.
Joaquim olhava os dois e Siqueira olha para Silva.
— Sabe que se não formalizar uma denuncia delegado Silva,
ele vai sair pela frente, não existe motivos para a prisão dele.
— A denuncia.
— Nós somos a costume, não tem nada que possa afirmar o
que a denuncia fala, acho que precisa de algo mais consistente, uma
denuncia sem endereço, sem dados reais, pois com a afirmação
como está não consegue nem uma petição de verificação das contas
dele.
— Esta o defendendo Delegado Siqueira.

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J.J.Moreira 5
— Estou lhe poupando dos advogados dele Delegado, acha
mesmo que este senhor não vai querer responder a todas as suas
perguntas, e o fazer escrever que não foi um engano.
— Pelo jeito ele já o desafiou antes.
— Ele me solucionou um problema, mas ainda não sei o que
achar dele, mas sem as perguntas certas, não o mantem ai.
O delegado Silva chega a frente de Joaquim.
— Não parece estar entendendo o problema.
— Não estou mesmo senhor, estava voltando da faculdade,
cansado, depois de um dia inteiro de trabalho, e fui detido, o dia
inteiro com dois policiais me seguindo, então pode não saber, mas a
policia do Exercito sabe que fui preso, nestas horas, o escritório de
advocacia também, mas realmente não entendi nada.
— Acha que acredito que não fez nada.
— Não disse que não fiz nada, ontem eu tentei apagar o fogo
com o deputado pela manha, não entendi o que ele queria os
colocando na comunidade do Capanema em um Domingo, depois
fui ao Banco do Brasil, hoje a parte da minha vida como Concursado,
me fez ir a uma reunião com quem faz minhas publicidades na
Gazeta, das inaugurações da semana, depois fui a universidade, e
cansado, pois estou cansado, fui barrado em uma blitz, sinal que
não tem mandato de prisão Delegado, vocês usaram do que
poderiam, mas eu não tenho a menor ideia do que o senhor quer.
— E descobriu o que o Deputado quer?
— Não, outro ser que parece querer algo e não sabe pedir.
— E porque lhe soltar?
— Não tem de me soltar, sabe que a lei aqui é o senhor, mas
dentro de regras, mas não tem de me soltar porque eu acho, tem de
manter preso os que são culpados, provar e os manter presos.
— Não tem medo.
Joaquim não fala nada, olha para o investigador chegar a
porta e falar.
— Um rapaz do exercito a porta.
— Não devemos satisfação a eles.
O investigador mostra a identidade de Moreira e o delegado
olha serio e fala.
— Ele é do exercito?

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J.J.Moreira 5
— Não entendi nada, ele quer saber o que esta acontecendo
com o Sargento Moreira.
— A lenda entrando em campo, mas tenho de apurar
problemas referente ao senhor.
O investigador não fala nada, olha os dois carros parados a
entrada, e obvio, os investigadores da Civil ficavam tensos com
estes rapazes.
O delegado foi falar com o senhor na entrada e pergunta.
— Estamos o detendo para averiguação, o que o exercito tem
haver com isto.
— Apenas verificando, temos de relatar, não tenho permissão
de o tirar daqui senhor, mas meu relato vai estar pela manha na sala
do General Geisel em Brasília, espero mesmo que tenha algo contra
ele, não seja apenas querer como muitos, apenas tentando provar
ser o que nunca foram.
— E acha que o antigo presidente faria oque?
— Não sei, todos dizem que ele odeia o Sargento, mas ainda
acho que é uma forma de o deixar livre para fazer o que o exercito
quer, mas aguardamos a averiguação.
O delegado olha os investigadores e entra novamente.
O rosto de descontentamento dele fez o delegado Siqueira
perguntar.
— Problemas?
— Eles vão esperar a averiguação, não entendi, todos dizem
que o General Geisel odeia este dai, mas ele manda ficar de olho.
Joaquim sorri e fala.
— Vai fazer o depoimento ou vai me jogar a cela senhor,
estou cansado para ver você pensar a minha frente, para tentar
achar algo para me prender.
— Não temos pressa. – Silva.
Joaquim encosta na cadeira, com as mãos para o fundo e
fecha os olhos, e o delegado entendeu, ele não tinha pressa, então
o rapaz iria relaxar.
O delegado Siqueira olha para Silva e fala.
— Se quer enrolar Silva, leva para a sua delegacia, aqui
estamos encerrando.
— Mas a denuncia é da sua Delegacia.

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— Uma denuncia que diz oque?
— Que o Quinzinho da Favela do Capanema está aliciando
meninas de menor para programas sexuais.
— Deveria ter investigado antes de o prender Delegado. –
Siqueira querendo ir para casa, estava atrasando seu fim de dia.
— Não teria como o manter até amanha cedo?
Siqueira olha para Joaquim, aquilo era mesmo delegado, pois
discutir algo em frente ao rapaz não parecia algo racional.
— Sabe que não, não temos provas, não temos indícios, não
tempos investigação, e ele tem endereço fixo, trabalho fixo, e como
ele mesmo falou, alguém fácil de achar na cidade, por isto não
tempos uma determinação legal para prisão, e não está querendo o
interrogar, então não existe motivo para o manter aqui.
— Temos de conversar. – Silva.
O delegado Silva sai a frente e o Delegado faz sinal para tirar
as algemas de Joaquim e pedir para ele esperar.
Silva olha para os rapazes a porta, olha para o outro lado da
rua e tinha dois carros da empresa de segurança.
— Mas não podemos não investigar.
— Sim, mas não se prende apenas porque alguém ligou para
uma delegacia e falou exatamente o que o delegado queria ouvir,
tem de se provar delegado, e não é sua alçada esta investigação, o
senhor deixou alguém no caminho dele, sinal que até o caminho
dele é conhecido, o detêm, traz a minha delegacia, mas sem provas,
sem determinação de prisão, e nem sabe o que perguntar, sei que
deve querer se fazer encima do rapaz, entendo que alguns o
chamam de lenda, uma lenda sem rosto.
— Pelo jeito não quer investigar delegado Siqueira.
— Eu sei que este rapaz não é inocente delegado, o senhor
também sabe, mas com certeza, eles estão tirando um Juiz da cama,
para determinar a soltura do cliente deles, ele não é mais um
desconhecido, quer dizer, eles não sabem quem ele é, mas tenho
certeza que muitos saberiam por 3 afirmativas, quem ele é.
— E sem um rosto.
— Sim delegado, ele não está ali para fazer, ele coloca ali
pessoas de confiança, então se você chegar a provar o que diz a
denuncia, terá de investigar e conseguir ligar a ele, senão, ele sai

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sozinho, e nem sei quem fez a denuncia, mas com certeza, eu tinha
um investigador que sumiu na vida, depois que aprontou com este
rapaz, e te digo, ele tinha pavor do senhor ali.
— E o que recomenda?
— Faz as perguntas e dispensa delegado, mas se não tem as
perguntas, não é positivo deixar ele aqui.
O delegado Silva olha para o Siqueira e entra na sala, faz sinal
para o investigador aguardar fora da sala, ele olha para Joaquim e
dá a volta a mesa, olha para ele serio.
— Saberia quem quer lhe prejudicar fazendo uma denuncia
forte de exploração sexual de menores?
— Não.
Joaquim foi tão seco, que o delegado olha sem saber o que
perguntar e fala.
— Tem alguma coisas com prostituição infantil?
— Que saiba não.
— E como não saberia?
— Senhor, eu trabalho o dia inteiro, mas grande parte de
minhas empresas são tocadas por terceiros, se um deles, usar uma
estrutura minha para o fazer, eu teria de levantar este dado, que
saiba ninguém o faz, mas não tenho este dado.
— E porque não o tem?
— Nunca pensei que algum deles faria este tipo de coisa, para
investigar algo, tem de se desconfiar para procurar algo.
— Confia em seus funcionários 100%.
— Como confio no senhor 100% senhor.
— O que quer dizer com isto?
— Confio na lei, não em você, no funcionário, fazendo dentro
da lei, aceito, fora dela, tomo minhas medidas empresariais.
— E não tem nada em suas empresas de prostituição infantil.
— Não.
O delegado olha para a porta e fala.
— Está dispensado senhor Joaquim Jose Moreira.
O advogado entrava e sorri, fora mais demorado que o
delegado, Joaquim sorri e fala.
— Posso ir então Delegado Silva?
— Sim.

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Joaquim olha para o primo Pablo e fala.
— Vamos, acho que ainda não entendi o problema.
O rapaz sai e o delegado Siqueira fala.
— Descobriu o que queria?
— Ele no discurso se faz de santo.
— O Deputado seu amigo, também.
O delegado olha para fora e viu o militar bater continência
para Joaquim, ele estranha aquele senhor, viu o rapaz da segurança
ao fundo fechar a rua, o senhor entrar num carro da empresa e sair
e fala.
— E mal se via os dois carros do exercito.
— Como digo Delegado, ele pode não ser santo, mas ele faz
dentro da lei muita coisa.
Joaquim olha a Brasília encostada no mesmo lugar que
pararam ele, entra nela e sai no sentido de sua casa, Nádia estava a
porta esperando quando ele e Pablo entram.
— Demorou.
— Quase dormi na Delegacia de Costumes, alguém fez uma
reclamação com endereço exato, e tenho de saber, alguém se
mexeu Nádia?
— Teve um grupo da Globo que estava antes por ai, filmando
a rua, a empresa ao longe.
Joaquim olha Pablo e fala.
— Levanta as seguranças jurídicas, eles vão tentar jogar algo
sobre mim, pois eu me posicionei contra o dar-se mal do Deputado.
Joaquim passa uma mensagem para Rogéria e fala.
— As vezes queria as coisas mais simples.
— Vai fazer oque? – Nádia.
— Eu tenho 6 propagandas dentro do cronograma, com a
Globo, ela que está me ferrando, então, vou segurar dentro dos
limites máximos do contrato, e vamos ver se eles entendem um
pouco o que é pressão financeira.
— Vai tentar pressionar eles pelos contratos, eles nem vão
ligar para esta cocega. – Nádia.
— Sei disto, mas é hora de por as coisas exatamente como
são, vou ao bar, tomar uma cerveja, amanha vou estar um prego.
Joaquim foi ao Tasca e olha Paulo.

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— Vê algo para comer, e uma cerveja.
— Problemas?
— Sim.
Joaquim esperou um pouco e viu Marcia e Rogéria entrarem
pela porta e olha para a parte alta e vai até ela, faz sinal para Paulo
e sobe.
— Qual o problema Quinho? – Marcia.
— Alguém da Globo fez uma denuncia de Prostituição Infantil,
então tira todas as meninas do book da rua, vamos aproveitar e
filmar aquele longa no centro, assim elas não ficam onde não
devem e não são induzidas a algo que vai nos complicar.
— Certo, controlo isto, acha que vale o filme?
— É um registro de como funcionava o colégio que está se
desativando, em uma historia bem inocente.
— E porque disto Loco? – Rogéria.
— Para não ter problemas com a policia, firmei um acordo
com o Deputado Curi, mas uma das moças do Deputado, estava em
uma acusação contra o Deputado, não sabíamos, e desmontamos a
casa que ele estava com a empresa, e eles agora querem me ligar a
isto, e desculpa, não quero ficar famoso porque não queria
problema com um Deputado.
— E qual a acusação da moça?
— Escravidão Sexual.
— Sabe que não gosto deste Deputado. – Rogéria.
— Eu também não, mas João, vamos segurar as meninas por
motivo escolar, até os prazos finais do contrato, não quero elas
envolvidas nisto, não estou pensando em mim, e sim, no sigilo, não
quero acabar com a vida de mais alguém, ainda me culpo pela
morte de Rita, não quero destruir mais alguma vida.
— Eles não seriam malucos. – Rogéria.
— Eles são malucos, então vamos filmar um filme esta
semana, priorizando as aulas, os cursos, e deixar elas bem longe de
onde possam querer ligar elas ao problema, se reparar, eles estão
querendo que nos posicionemos, com certeza estão filmando de
alguma forma nós.
— E se eles quiserem mudar as meninas?

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— Rogéria, estamos começando, um processo destes
escancarado fecharia a empresa, se eles quiserem mudar as
meninas, mudem, estou pensando no longo prazo.
— Para onde? – Marcia.
Joaquim apenas escreve o endereço em um papel e Marcia
apenas o guarda e fala.
— Deixa eu ir.
— Vai, não é hora de estar na rua.
Ela sorri e pega um taxi voltando direto para casa.
Rogéria olha para Joaquim e pergunta.
— Fez algo assim?
— Não, mas soube que um contato do Deputado teve
procurando 3 das garotas nossas que fizeram propaganda e
oferecendo programas bem caros.
— Certo, eles querem ganhar, elas se atentam pelos valores e
no fim, tudo desanda.
— Sim, eu ainda não falei com as meninas, mas espero que
elas não o tenham feito, mas feito ou não programa Rogéria, vou
negar até o fim, não ganhamos com isto, e não quero isto
envolvendo a empresa.
— Certo, não tem como garantir que não aconteceu, mas não
quer ser envolvido, eles devem estar pensando que você sabia de
tudo.
— Sabe que tenho uma empresa de acompanhamento, eles
ligam uma coisa a outra, mas quem fez a denuncia, desculpa, nem
para minha pior agencia eu contrataria.
— E como eles devem estar levantando o fato, devem estar
prontos para lhe detonar.
— Com certeza, mas mantem a calma, prioriza elas ficarem
bem ocupadas no filme, e não libera para nada mais, podemos
perder parcerias com a Globo, mas parceria assim melhor perder.
— Marcia saiu correndo, algum outro problema?
— Ela sabe que é área da Nádia, ela não quer gerar mais
problema com o ciúmes.
— Vou mudar os cronogramas, passo os dados aos demais,
invento um motivo, e com calma colocamos tudo em ordem.

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Os dois se despedem e Joaquim olha aqueles repórteres
entrando na parte baixa, Paulo olha para eles e fala que filmagem
somente com autorização, eles não gostaram, mas tinham pessoas
influentes presentes que gostaram da posição, se queriam algo, eles
serviam, mas filmagem apenas quando não tinha clientes e
previamente combinado. – Os repórteres pediram algo, fizeram que
estava desligado e Joaquim olha Gerson entrar no restaurante, com
Roseli, e olhar ele, subiram e Joaquim fala.
— Este casal está arrasando nas colunas sociais. – Joaquim.
— Nem tanto Zero, não entendi o contato?
— A pergunta, como estão as publicidades do jornal que
está?
— Pensando em algo?
— Querendo induzir alguns que minhas empresas são boas.
— E fala com esta cara de pau? – Gerson.
— Sabe que sim.
— O lugar é bonito, mas pelo jeito meio da semana não é
muito agitado. – Roseli.
— Eu me contentaria com este fluxo o ano inteiro Roseli, sei
que a maioria não tem como frequentar 30 dias por mês, então
tenho de manter a publicidade sempre em alta, e com novidades.
— E que ideia queria dizer ser boa? – Gerson.
— Eu criei este lugar, mais dois restaurantes, e duas casas de
shows, queria saber o que acham de verdade, mesmo que for falar
mal Gerson, mas propor este assunto, pago pelo assunto, mesmo
que for falar mal.
— Soube da confusão na entrada do Mustache.
— Agora pensa, aqui vai ter Cauby Peixoto, no Mustache,
Doutro Silvana, e numa casa que vamos inaugurar no Sábado, de
nome Dançando, João Nogueira.
— Agitando a cidade?
— Sim, nem que falem mal, que falem dos problemas.
— Pelo jeito não leu os relatos de brigas na frente do local.
— Metaleiros se pegando com Punk, juro que para mim, isto
não acontecia em Curitiba.
— E vai inaugurar mais algo?

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— Cauby faz show aqui no Sábado e no Bar do Mustache no
Domingo, vamos filmar uma propaganda com João Nogueira aqui
nos fundos na produtora no Domingo.
— E quer a verdade?
— Gerson, a mentira não convence, isto é um ovo, eu posso
dizer a todos, sou inocente, ninguém acredita.
— Manda uma proposta, não entendi o todo ainda.
— Tentando manter as empresas no foco, eu fora dele.
— E aqueles repórteres fazendo de conta que não estão
filmando na parte baixa.
— Eu sou daqueles que se acusarem de qualquer coisa, todos
acreditam, alguns ainda acham que fui um herói, e sabes que nada
naqueles campos foi heroísmo.
— Sei.
Gerson se despede e olha para o cardápio e olha a esposa.
— Viu os preços do lugar?
— Entendi o que ele quer dizer que aquele fluxo lhe garante
ganhos, é coisa cara.
— Joaquim nunca pensei ver como empresário, mas ele
mudou, ele está mais contido, ele era dos mais desequilibrados em
campo, avançava sem pensar, certo que saímos de buracos por este
maluco não olhar para trás, mas sabíamos que teríamos de sair
junto, ele abria o caminho, mas dificilmente vimos ele ajudar
alguém, ele abria caminho, agora o cara resolveu agitar a cidade.
— Ele conheceu a mãe de Pedro?
— Sim, mas ele não voltou para ajudar, nem sei onde ele
estava, quando ela saiu de lá, mas conhecer ela, conheceu.
— Fala sempre receoso.
— Guerra não é algo bonito Roseli, mas é o que ele falou, saiu
vivo, alguns transformam em herói, mas não existe heroísmo em
matar para sair vivo, é apenas sobrevivência.
Joaquim olha os repórteres e olha para a porta, tarde, um
grupo de empresários entrou, ele aproveitou e foi para casa.
O deitar achando que não seria um dia normal, faz Joaquim
ter uma noite agitada.
Ele acorda de madrugada, foi a maquina de escrever e
começa a datilografar, ele pensa em uma historia, ele começava a

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J.J.Moreira 5
por no papel um personagem a mais, tudo para não pensar no que
seria o dia.
Era perto das 6 da manha quando Nádia trouxe um café para
ele, sorriu e agradeceu.
— Mais uma historia?
— Acho que uma fuga, mas sei que não será um dia normal,
eles não tentaram ainda falar comigo, com certeza vão tentar, e ao
contrario do que eles pensam, mesmo eles editando, eu não sou de
fugir a briga, embora odeio estar no holofote.
— Qual o seu medo?
— Eu fiz a empresa ai no fundo, de publicidade, o agente do
Deputado, as tentou assediar para programas especiais, mas são na
maioria menor de idade, dai vem a acusação de escravidão sexual,
olham ao lado e veem isto, tenho de isolar as meninas e evitar
problemas.
— Então o Deputado estava assediando menores?
— Não se faz de inocente Nádia, sabe que muita menina de
grupo de dança, veio a fazer programas na Mirley.
— Certo, e algumas ainda são de menor, então eram mais
novas, e começam a olhar as meninas da empresa que colocou
aquela moça, Marcia a tocar.
— Marcia tem 16, só tem tamanho, por isto tenho de isolar
este pessoal Nádia.
— Tem certeza.
— Sim, a vi correr pelas ruas do Capanema.
— Certo, você não estava pensando em problemas com
imprensa.
— Estou pensando em algo, não sei o que ainda.
Joaquim estava olhando a maquina, pega a xicara do café, liga
para Rogeria, que atende sonolenta, e fala.
— Quem?
— Joaquim.
— Sabe que horas são?
— Não, mas marca com o pessoal hoje, as 5 na empresa, e
me levanta algumas coisas.
— Quer que anote onde, a esta hora.

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— Não quero saber João, preciso de 10 maiores de idade, 10
crianças preferencias, 50 coadjuvantes, gente para filmar, para
documentar, para contar uma historia, vamos filmar no Santa Maria,
na UFPR Agrarias, e na XV de Novembro, entre hoje, amanha e
Sexta.
— Não entendi nada.
— Providencie que estejam lá, vou deixar na sua mesa o
cronograma, apenas faz isto.
Joaquim desliga e volta a maquina e digita 12 paginas, pega a
caneta e coloca os nomes e liga para Marcia.
— Consegue que algumas meninas estejam as 5 na empresa
de filmagem?
— Sim.
— Estou lhe passando por mensagem.
Joaquim digita e olha para Nádia.
— Vamos estabelecer algumas coisas, e tenta se isolar, vamos
precisar manter o cronograma das inaugurações, e vê se consegue
terminar a Toca do Louco de uma vez.
— Quer incomodar pelo jeito.
— Sim.
Joaquim pega umas folhas e começa as preencher na
maquina, desce e coloca na mesa de Rogéria o que queria, pega
uma pasta e vai a prefeitura, entrega os pedidos de filmagem e paga
as taxas, sai de lá e vai a direção do Santa Maria que agora era no
São Lourenço, ele confirma a filmagem e todas as autorizações,
termina indo ao campus da Agrarias, onde o prédio principal estava
em ruinas, previsão de reforma, mas naquele momento, estava em
condições precárias.
Joaquim passa na empresa de filmagem e deixa com a
secretaria todas as autorizações e vai ao banco.
Joaquim olha para a pilha de coisas e começa a ajeitar as
coisas antes do horário, estabelece prioridades e olha para o Reitor
da PUC chegar antes do horário, faz sinal para o segurança que o
senhor poderia entrar, ele os recebe a mesa e coloca as propostas,
que seria uma forma de criar internamente uma agencia que
serviria aos funcionários, aos alunos, e agilizaria, o sistema de
pagamento e recebimentos da PUC.

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O reitor tentou não parecer tão interessado, mas ficou em
seus olhos e mãos que estava interessado, e Joaquim no fim fala.
— Senhor, sei que as vezes não é exatamente o que gostaria,
mas se tiver alguma proposta, algo, pensa, é uma proposta de
parceria, de uma agencia que tem em seu maior conhecimento,
gerir agencias espalhadas, para gerir salários e condições especiais a
usuários especiais, como achamos ser a PUC.
O senhor pegou os prospetos, o gerente geral viu que
Joaquim estava mesmo querendo trazer os funcionários da PUC e os
Professores, era uma nova empresa de peso, e parecia que o rapaz
tinha coragem.
O gerente Geral chega a ele e fala.
— Sabe o que está prometendo?
— Sim, nada que nosso pessoal atual não pudesse gerir, mas
com certeza, teríamos umas 400 contas pessoais a mais, mas isto
viria com calma.
— E seriam professores, não pedreiros.
— A proposta é total, para que a PUC centralize os
pagamentos por nós, o que nos gera o que queremos.
— E pelo jeito ele não achou atrativo.
— Eu achei que foi melhor do que pensava, ele veio com o
rapaz de recursos humanos, pensei que só viria o rapaz, se o Reitor
veio, ele quer algo, só tenho de descobrir o que.
— E pelo jeito está esperando algo maior.
— Senhor, eu pedi permissão para uma publicidade indireta,
mas ainda não tenho resposta, se confirmado, sim, vou querer eles,
vou tentar algo a mais.
— E tudo não lhe tira a motivação, alguns pensaram que iria
sobrar para eles e apenas absorveu o serviço.
— Se fizermos certo, fazemos uma vez, não queria ter de
refazer, então fiz de cara, mas como está os últimos dias de agencia
senhor.
— Bem estranho pensar em não vir trabalhar depois de
décadas o fazendo.
— Um dia vou pensar nisto.
A agencia abriu e o movimento normal, e aqueles dois
policiais ainda estavam lá, mas quando viu que estacionavam 2

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carros de reportagem, ele foi ao gerente geral, Carlos estava
resolvendo problemas de transferência, e fala.
— Apenas vou isolar a agencia, tem gente querendo algo que
não posso dar, e apenas quero afastar os rapazes da imprensa.
— Qual o problema?
— Ainda coisa referente ao Deputado, mas resolveram
investir onde acham mais fraco.
Joaquim olha para o segurança e fala.
— Se pedirem para falar comigo, manda eles para a sala do
Carlos.
— Problemas?
— Não sei ainda, mas com certeza, eles querem algo.
O repórter pede para falar com Joaquim Moreira e o
Segurança os conduz até a sala que era de Carlos, o gerente geral
olha para Joaquim os tirando do foco e fica a olhar de longe.
O repórter chega a frente dele e fala.
— Senhor Joaquim Moreira.
— Sim, no que posso ajudar?
— Temos uma denuncia sobre o seu envolvimento com
prostituição infantil, o que tem a declarar.
— Vai filmar ou editar sua versão da historia rapaz?
— Não fazemos isto.
— Então apenas uma dica, se sair um símbolo do banco que
trabalho em sua reportagem e for depreciativa, vamos tirar seu coro,
se querer algo referente a meus negócios fora daqui, porque não
me indagaram ontem, vieram apenas hoje?
— Não sei do que está falando, mas não temos nada contra o
banco, apenas contra o senhor, que parece nervoso.
Joaquim sorri e fala.
— Seu psicólogo é de quinta rapaz.
— Está me ofendendo?
— Certo, quais perguntas quer fazer, já que não quer filmar
eu, quer dizer algo e depois dizer que falei, o que quer saber,
quando você compra coca na favela Guaíra, quantos anos tinha sua
atual esposa quando começou namorar com ela, 15, e você com 28,
quanto de drogas deve para o Manquinho, para propor uma

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J.J.Moreira 5
reportagem para me ferrar se fazendo de santo, respeitável
repórter, senhor Claudio Candido.
— Acha que tenho medo de um traficante com terno e
gravata? – Claudio.
— Não, tem pavor, mas qual pergunta referente a meus
negócios tem, pois vejo vocês nas esquinas a 5 dias, tentando uma
imagem que não tem, se tivessem não estavam ali mais, vão ficar
mais tempo até achar algo ou vão perguntar algo e descobrir a
verdade.
— Existe uma ligação entre o senhor e Deputado Curi,
estabelecida por alguém que sofreu cárcere privado.
— Onde?
— Num terreno do senhor no Portão.
— Vou responder as perguntas que eu faria senhor Claudio,
parece não querer responder, quer frases de efeito, mas depende
de inteligência para entender, pois tem de considerar, que se a
moça sofria cárcere privado, ninguém saia dali, conheço pelo menos
outras 18 moças que moravam no mesmo lugar e não falaram isto,
e não tive relação com elas, pois meu bolso não deixa, me acusar
por ter um terreno, que estava locado e tive de desmanchar
segundo determinação dos bombeiros, que estabeleceram o local
improprio para moradia, infantilidade, minha ligação com o
Deputado, ele me acusou de sequestrar o filho dele, ainda vai ter de
provar isto, assim como cada linha que escrever sobre mim, e se o
banco sentir-se colocado nisto, vai ter de responder a isto também,
se acha que está falando com um traficante com terno, não sabe
com quem fala. Sei que como tenho uma empresa de publicidade,
sei o interesse de alguns dentro de quem paga esta reportagem, em
desacreditar, se insistirem, sei que Paulinho Santana, ligado ao
grupo que você trabalha, tentou aliciar meninas que trabalham para
mim, para o que tenta me acusar ter feito, e como não conseguiu,
está querendo inventar, mas cada afirmativa vai ser respondida com
uma resposta, e com uma prova contraria, quer sair preso de um
depoimento oficial senhor Claudio, pensa no que vai falar, pois tudo
que falar, vai ter de provar, e não é porque é da imprensa que não o
vai fazer, e conheço Manquinho da infância, jogávamos bola na
infância, garanto, se pedir, ele fala como é sua grande carreira de

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usuário de drogas, de intimidação, de racismo, de gente sem
palavra que acha que porque tem berço, podre berço, pode mais
que os demais.
Joaquim segurava as mãos e encarava o rapaz que deveria ter
um gravador, Joaquim sabia bem controlar as palavras, e ouve.
— Afirma conhecer o traficante Manquinho?
— Sim, assim como sua mãe Claudio.
Claudio olha assustado e fala.
— Foi uma ameaça?
— Não, manda um abraço do Loco para ela, diz que minha
mãe morreu, mas minha casa ainda é aberta as amigas dela.
O rapaz se perde e Joaquim olha o rapaz a porta e fala.
— Já estamos terminando aqui Paulinho, algo que posso
ajudar?
— Dois policiais querendo saber se está tudo bem por aqui?
— Diz que sim, é apenas repórteres da Globo, eles odeiam o
atual presidente, mas nisto não opino.
Claudio olha para Joaquim e pergunta.
— Quem lhe dá segurança?
— Não me dão seguranças, mas tivemos problemas com
gente da CIA infiltrados, mas nada que vocês entendam, apenas
coisas de SNI, Exercito Brasileiro e Grupo do Araguaia.
— Que policia está ali.
— Do Exercito, qual acha que estaria? – Joaquim.
— Pelo jeito está mais encrencado do que pensa.
Joaquim olha para o rapaz e fala.
— Não perguntou nada que pudesse responder sobre o que
me pretende acusar, mas tudo bem, se não tem o que perguntar,
tenho de trabalhar.
— Vai negar ter relação com prostituição infantil?
— Prove que tenho, prove que faço alto ilegal, prove que não
é apenas um grupo de pessoas quase hegemônicas vendo gente de
marketing em publicidade ganhar mais que eles, e por inveja os
querem sacanear.
— Não tem medo de cair do pedestal?
— Rapaz, eu não estou no pedestal, ninguém sabe nem como
aparento, então, não tenho como cair do piso que estou, eu

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J.J.Moreira 5
trabalho 16 horas por dia, para tentar ser alguém, e gente que nem
sabe escrever a acusação vira e volta me acusa, se quer me ligar ao
Deputado, ele me acusa de sequestro, se quer me ligar ao atual
presidente, dei um tiro na arma que ele puxou para mim a 4 anos,
quer me ligar a prostituição infantil, assuma sua culpa rapaz antes
de me culpar, quer dizer que me dei bem, sim, trabalho para isto.
— E como alguém compra um terreno de milhões, sem ser
ilegal.
— Trabalhando, estudando, se dedicando, levando sorte de
olhar uma oferta de parceria, que lhe gera os recursos que você
precisa, fazendo acordos com investidores, e como meu dinheiro
não está no meu bolso, é de investidores, ainda andando de Brasília
Verde, enquanto você anda com um carro financiado com 6
parcelas atrasadas.
— Não tem como saber disto.
— Sei que não acredita no que falo rapaz, mas sua vida é fácil
de levantar, e nem precisa-se pedir algo a alguém infiltrado, eu ligo
para sua mãe, ou sua irmã, mas ainda não lhe caiu a ficha Claudio.
O rapaz sai dali e começa a ouvir a reportagem, Joaquim sabia
que iria somente a noite saber a bomba, e não tinha como reagir
antes de saber o todo e volta a trabalhar, sofrer por antecedência
não resolvia.
Quando acabou o expediente, com todas as pastas e
prospectos do dia, Joaquim sabia que estava avançando no sentido
que queria, vai a empresa e olha o agito e entra.
Rogeria olha para a porta e um procurador de justiça entra e
fala.
— Senhor Joaquim Moreira.
— Sim.
— Temos uma intimação para você.
Joaquim apenas a lê e olha para Rogéria e fala.
— A ideia do dia é esta.
Rogéria olha Joaquim saindo dali escoltado, e olha a
programação e olha os demais.
— Problemas Rogéria?
— Sim, temos uma denuncia sem provas que vem bem de
nossa concorrente direta no fazer de propagandas, mas temos uma

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J.J.Moreira 5
programação que vai filmar hoje no Colégio Santa Maria no centro,
o grupo dois, vai conseguir imagens do calçadão e do prédio
abandonado na Agrarias.
— Não entendi? – Marcos.
— Não podemos filmar dentro de um prédio caindo aos
pedaços, mas podemos recriar uma peça caindo aos pedaços aqui e
filmar como se fosse lá dentro.
— Certo, e no calçadão?
— Estamos lançando nossa empresa de publicidade, em uma
filmagem em 3 locais de Curitiba que vai ao ar nas TVs do Brasil, no
sábado, espaço já comprado, se eles não publicarem, eles que terão
de responder por acusação com objetivo de desmoralização da
concorrência.
Joaquim sai dali e olha para o rapaz da empresa de segurança
e fala.
— Protege o pessoal, não entendi ainda a denuncia, mas já
saberei, chama o Pablo, o Camargo, e o Ricardinho, não sei o
problema para dizer qual.
O procurador fala arrogante.
— Não estamos passeando, senhor.
— Não, estão seguindo uma denuncia falsa para beneficiar
uma empresa privada.
— Nos acusando senhor, pode responder por perjúrio.
Joaquim gargalhou e falou.
— Em que carro serei conduzido.
Claudio ao fundo filmava, não sentiu o sonífero, no pescoço,
apenas cai, seguranças em trajes de civis, os ajudam, colocando no
carro, somem com todas as fitas e os sentam em seu carro o
colocando em frente a casa de Claudio.
O procurador de Justiça olha para Pablo e Ricardinho
entrando na procuradoria e Pablo falar.
— O que tem contra nosso cliente Procurador?
O senhor pensou em um advogado de porta de cadeia e fala.
— Indícios fortes que o manterão preso para segurança
publica da cidade.

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J.J.Moreira 5
— Indícios quer dizer, nada de prova e quer o prender
procurador Santos, espero não ter mão de seu irmão nisto, que os
dois caem por incompetência.
— Respeito.
— É o que queremos, não nos deram acesso ao processo, isto
geralmente é ausência de processo, e onde está o deputado,
procurador, porque ele não foi chamado, porque apenas um lado
esta sendo pressionado.
— O processo corre em sigilo.
— Sigilo a defesa do acusado, fala serio procurador.
— Faz parte do problema, quando alguém tem histórico de
mortes na vida.
— Histórico de mortes – Ricardinho sorriu e falou – Está
cômico procurador.
— Se interferirem serão indiciados também.
— Isto foi uma ameaça Procurador?
— Sabe que foi.
Ricardinho passa uma mensagem e olha para Pablo.
— Camargo está chegando, ele não entendeu nada.
— Ele não sabe de nada, mas vamos conversar com ele lá fora,
eles vão ter de ter um processo, se não tiver, vamos o tirar ainda
hoje, nem que o procurador tenha de assinar uma ilegalidade hoje,
algo vai acontecer Ricardinho.
O procurador olha os advogados saírem e olha o rapaz do
ministério publico entrar e perguntar.
— Qual a denuncia Procurador, não temos nada, quem está
por trás disto?
A Globo em Curitiba sempre foi o canal 12, e estava em meio
a publicidade do inicio da noite, começando a anunciar a novela das
seis e Nádia olha para o restaurante normal, ela olhou as obras e
sabia que Joaquim estava conseguindo fazer aquilo, de forma a não
ter seu nome ali.
Paulo olha o advogado da empresa chegar a ele e falar.
— O que é isto Souza?
— Joaquim está com este plano regendo toda a empresa,
continua dele, mas teremos elas em nomes dos administradores,

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J.J.Moreira 5
ele diz que 10% disto é uma fortuna, mas ele quer a certeza de não
poder ser passado para trás.
— Mas porque disto?
— Porque ele pode ser acusado de coisas pesadas, ele não
sendo o dono disto, isto continua, apenas isto.
— Ele quer tirar o peso das empresas, para se algo pior
acontecer?
— Ele falava em fazer isto há um mês, mas parece que ele
acelerou as ideias hoje, quando viu que iriam o prender
independente de ter provas.
— E ele fez isto em que?
— Tudo, de cais a empresa de segurança.
— Ele sabe o risco?
— Sim, vocês entrarem de cabeça nisto e fazer dar certo.
— Ele é o mais maluco dos meus contratantes. – Paulo
assinou e Nádia pega os papeis, parecia para ela que ele estava se
desfazendo de parte dos investimentos.
Joaquim olha para os advogados já lá, e não o foi dado um
momento com eles, sinal que teria problemas.
Foi sentado em uma sala e o procurador da justiça entra na
peça e olha para Joaquim, ele estava ainda em seu terno bancário, e
não estava com nada de bens pessoais, seus documentos foram
retidos assim como sua carteira.
Joaquim olha para um grupo de senhores entrar, ele não
conhecia muita gente a nível de judiciário, então em sua cabeça,
aquilo parecia certo, mas não estava.
Ele sabia que falara demais, e ouve.
— Temos uma denuncia de ameaça a um repórter que
investigava o seu envolvimento com prostituição infantil.
Joaquim não falou nada, ele não falara com seus advogados e
eles embora na entrada não estavam ali, isto ele sabia que não era
padrão.
— Não vai responder.
Joaquim olha os senhores e fala.
— Não entendo de justiça senhor, mas eu sem direito a
representação, sem um escrivão, sem uma apresentação formal,
sem uma acusação formal, sem um representante do judiciário, pois

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J.J.Moreira 5
procurador não julga, levanta fatos, não preciso responder, pois não
estou em um processo de obtenção de provas, não estou em uma
conversa informal, pois não tenho intimidade com os senhores e
por algum motivo, deixou todos os dados técnicos, em aberto.
Joaquim encara o senhor que olha para o rapaz do ministério
publico que fala.
— O ministério publico está aqui para lhe representar.
— Não, tenho três advogados pagos ai fora senhor, ministério
publico é para quem não tem condição de defesa.
O rapaz sabia disto, mas era a tentativa do procurador que
fala.
— Estamos levantando dados sobre a acusação que lhe deixei
clara.
Joaquim pensou em responder, mas ficou quieto, apenas
sacode a cabeça negativamente e olha os demais, não sabia quem
eram, mas era evidente, algo estava bem errado ali.
— O que tem a falar sobre a sua ameaça a um repórter da
Globo.
— Nada a declarar, já que não tem escrivão.
— Não entendeu as regras rapaz.
— Regras? Lei é lei senhor, regras é para jogo, não para leis.
— Conhece Claudio Candido.
Joaquim pensa e fala.
— Sim, conheço ele, conhecia o pai dele, que faleceu a dois
anos, conheço a mãe dele, a irmã dele, desde a adolescência senhor.
— Não falei deste tipo de conhecimento.
Joaquim olha o senhor e pensa, o que iria acontecer, mas
sabia que nem tudo estava nos lugares ainda, então precisava de
tempo, lembrou do dia anterior, poderia ser isto que o delegado
queria, e se era isto, tinha mão de alguém em Brasília, crianças
achando que Joaquim iria reagir da forma que eles queriam.
Marcia passa a mensagem para todos os pontos de droga,
eles fecham, ela liga para a agencia e dispensa as moças, enquanto
chegavam ao colégio e começam a filmar uma conversa entre duas
crianças, nos colégio e referente a ser conhecida, ser alguém, uma
estudava, e outra queria a fama, as conversas, as cenas incomodas
para meninas e meninos.

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A filmagem da segunda parte, agora usando uma sala como
sendo sala de trabalho de uma das moças, e mostra a segunda
falando em ganhar dinheiro fácil em uma empresa de
acompanhantes, dois caminhos, toda a sociedade chamando a
primeira de cafona, de alguém que queria o emprego dos seus
maridos, e a outra, nas rodas agitadas, bebendo, filmando, e por fim,
a parte das duas se encontrando mais a frente.
Esta parte ficou para o dia seguinte, pois não seria ali o
encontro e sim no calçadão da XV.
Marcos chega a Rogéria e fala.
— Tema forte, rápido de filmar, mas o que quer com isto?
— A sociedade em volta, joga meninas na prostituição e
depois a culpa é das meninas, criam dificuldades para as moças
chegarem a uma profissão, e depois se fazem de inocentes e
moralistas.
— E o que vai mostrar amanha?
— A primeira vai evoluir, vai sofrer, recusar assedio, a
segunda, vai ser procurada por gente que a aponta a rua como
indecente, em boates, o caminho de uma, uma casa em ruinas, a
segunda, uma relação por escolha, e uma profissão que ela se
orgulha.
— E vamos filmar isto rapidamente?
— Vamos fazer uma amostra do conteúdo na XV no Sábado,
chamando para o que Joaquim queria, primeira amostra de cinema
amador, com premiação a todos os participantes, mas que contem a
realidade de uma sociedade falsa, os defeitos que temos de
melhorar a toda volta.
— Ele acha que dará repercussão?
— Não, mas quem vive disto, vai dar atenção, não é para os
mandantes, mas para despertar uma nova leva de cinegrafistas e
contadores da historia.
Joaquim estava sentado, agora sem falar nada, e o senhor
falava sozinho. Joaquim não era inocente, talvez aquilo sobre
inocentes, fizesse um resultado, mas sobre ele, nada.
O rapaz do ministério publico é chamado por um rapaz a
porta e ele recebe o mandato judicial de explicação, sobre ausência
de provas, ausência de defesa do preso, ausência de técnicas e o

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principal, ausência de representação jurídica para registro e tomada
de decisão.
O rapaz olha para os advogados e para o rapaz da
Procuradoria de Justiça, Juizado Criminal e Conselho de Justiça,
todos ali, agora o Procurador teria de se posicionar.
O rapaz do ministério publico entra na sala e o Procurador
pergunta.
— Problemas?
Ele estica a representação e o senhor viu que acabaria o faz
de conta e fala.
— Eles vem quando?
— Lhe esperando na sala ao lado.
O senhor olhou para Joaquim que não fala nada, apenas o vê
sair, o senhor olha para o Desembargador de Justiça lhe olhar.
— Que palhaçada está fazendo aqui Procurador?
Ele soube que tiraram todos de casa, e fala.
— Estamos em uma tomada de depoimento.
O Desembargador olha para Pablo.
— Depoimento sem defesa, sem escrivão e sem juiz senhor. –
Pablo.
— Temos indícios fortes senhor.
— Todos os seus indícios, feitos fora da lei, podem libertar um
culpado Procurador.
— Estamos fazendo nosso trabalho.
— Não Procurador, está brincando de fazer, como o
advogado falou, sem registro, sem juiz e sem defesa, qualquer dos
três, anula o depoimento, então tudo que fez, não vale nada, a
pergunta, baseados em que acusação formal estão detendo o
rapaz?
— Ele ameaçou um repórter em exercício da função, que
averiguava o envolvimento dele com prostituição infantil.
O desembargador olha para o Procurador serio e fala.
— O repórter está onde?
O senhor olha em volta.
— Não está presente pelo jeito, mas tem de entender
procurador, a acusação sobre prostituição infantil é grave, então

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não pode-se deixar nenhum erro de processo, mas parece ser
apenas pressão.
— Não é apenas pressão.
— Somente pessoas que não tem autonomia para fazer,
usando da policia local para dar cobertura, e negando ao acusado
defesa, tem de ser muito infantil para fazer isto procurador, e não
entendi ainda o que pretendem.
— Ele é perigoso.
O desembargador olha para o advogado Pablo e pergunta.
— Ele tem endereço fixo?
— Sim.
— Emprego fixo.
— Funcionário Banco do Brasil.
— Recursos para advogados caros?
— Proprietário minoritário do Love Motéis, do Guarida Hotéis,
da produtora de Vídeos Novos Rumos, e do restaurante Tasca do
Joaquim.
O olhar foi para o procurador do Desembargador.
— E nega a alguém que tem historia na cidade, defesa?
— Ele é perigoso senhor.
— Se acreditasse nisto, não estava fazendo isto, parece algo
feito para ferrar com o cara, mas a pergunta, quem pagou para o
ferrar Procurador?
O procurador olha para Pablo que fala.
— Esperamos a soltura do nosso cliente Procurador, você não
nos deixou nem o dar defesa, e não pode nem dizer que chegamos
e ele já estava aqui, passou com ele por nós sem deixar nem que
falássemos com ele, mas não tenho nada contra apurar, mas o que
está fazendo não é apurar, é pressionar, pois sem juiz e sem
escrivão, não sabemos o que o senhor falou ali.
O desembargador olha para o policial a porta e fala.
— Podem ir, não temos nada a mais para vocês fazerem aqui.
Joaquim vê Pablo entrar pela porta e apenas se direciona aos
demais e fala.
— A determinação de abertura de inquérito e de
levantamento das provas, antes de chamarem meu cliente a depor

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foi entregue ao procurador, se querem brincar de justiceiros, façam
melhor da próxima vez.
Joaquim não falou nada, viu que Camargo estacionou o carro
de costas, entrou nele e saíram dali calmamente.
O desembargador olha os demais dentro e fala alto.
— Quem vai me explicar a merda que estão fazendo aqui?
Os demais se olham sem falar nada e ouvem o senhor.
— Sumam, isto aqui não é um local para sujar com
incompetência.
Joaquim vai a universidade, entra e foi a aula, estava
começando a se preocupar com as presenças.
Joaquim ainda pensava no que fariam, ele perdera uma aula e
no meio de tudo, muito tempo perdido, mas ele rabisca dez
possibilidades no papel olhando a aula e pensa em o que precisaria
para que nada, nada mesmo, deixasse de acontecer se todas as
possiblidades ruins, acontecerem ao mesmo tempo.
Ele desce e olha o rapaz da empresa de segurança chegar a
ele.
— Tudo bem senhor Moreira?
— Pensando em mudar tudo, ou nada, depende de amanha,
como foi os demais pontos?
— Tem três grupos de repórteres fazendo-se de pessoas
normais tentando dados.
— Eles já devem ter muita coisa, mas quem está por trás
disto?
— Tudo indica que é um programa lançado pelas
organizações Artísticas e Culturais, mas não temos dados senhor.
Joaquim desce a rua e pega um Taxi, ele entra no Toca do
Camarão na João Negrão e olha as obras. O rapaz da administração
vem conversar com ele e fala.
— A policia deu uma geral no restaurante.
— O que viram?
— As salas dos telefones, mas estava tudo desativado.
— Vieram com repórteres?
— Tinha um pessoal filmando, não sei se eram repórteres.
— Algo serio a considerar Sidney?

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— No Restaurante não, parecem ter entrado em quase tudo
por ai.
— Vamos ter de levar sorte, odeio levar sorte.
Joaquim pega o telefone e liga para Rogéria.
— Como foi Rogéria?
— Não entendi a ideia.
— Uma propaganda de 12 minutos, dividida em 12 dias, com
o cabeçalho estabelecendo, Combate e Prostituição Infantil.
— Eles pensam que será um documentário rápido.
— Vai ser, vamos agitar a cidade Rogéria.
— Vai falar contra o próprio negocio?
— Sei que muita gente está olhando, e não descobri ainda
quem está por trás disto, então começa amanha e terminamos em
duas semanas.
— E a programação de Sábado.
— Se estiver tudo gravado, está de pé, ali será a apresentação
total do documentário em forma de telenovela, para as pessoas
saberem onde vamos terminar a historia.
Rogéria liga para as emissoras e passa o pré anuncio, que
sairia na próxima noite no intervalo das novelas das 8, em 5 canais
de TV no dia seguinte.
Joaquim vai para casa, toma um banho e tenta pensar nos
percalços do dia seguinte e olha para Nádia olhando-a.
— O que pretende passando uma fortuna para os seus
colaboradores em patrimônio?
Joaquim a olha, cansado, e fala.
— Descansar, ser processado, e por fim, nada parar.
— Mas sabe o risco?
— A vida é um risco, mas prefiro ser passado para trás e as
coisas continuarem, a vincularem tudo a mim, e tudo desandar de
vez.
— Acha que vão pegar pesado?
— Não sei, pareceu desespero sem preparação hoje, nem
sempre será assim.
Quando a cabeça esta em milhares de problemas, até mesmo
Joaquim tem dificuldade de dormir.

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J.J.Moreira 5
Ele acorda de sobressalto algumas vezes a noite, Nádia viu
que ele estava tenso, não teria o que fazer, tudo que ele montara,
poderia desabar.
O desembargador amanhece pegando a Gazeta e vendo a
grande matéria contra a pornografia infantil, tão grande, que a
matéria feita na pagina 7 pela própria Gazeta, com acusações, quase
passa desapercebida.
O desembargador vê que estavam acusando o rapaz e um
deputado sem dar o nome do deputado, sinal de influencia, e olha
para a esposa a porta do escritório.
— Um rapaz querendo lhe falar a porta?
— Quem?
— Repórter do 12.
O desembargador estranha e pede para mandar entrar e olha
para o rapaz meio perdido, como se tivesse meio tonto.
— No que posso ajudar rapaz?
— Não sei com quem falar, e pensei em alguém que entenda
disto, já que nem sempre entendemos no que estamos nos
colocando, senhor.
— Problemas?
— Eu fui induzido a fazer uma reportagem sobre um rapaz
que é bancário do Banco do Brasil, eles queriam provas referente ao
envolvimento dele no afastamento do Secretario de Justiça anterior,
que parece ter apontado para uma empresa regida por uma menina,
mas que era do rapaz, que oferecia meninas bem novas para
programas sexuais.
— Está falando do secretario que sumiu, e ninguém sabe
onde foi parar?
— Sim, depois de uma ação numa casa que foi do rapaz, e
que mataram a menina, que todos falavam ser quem coordenava,
naquele dia lembro de ver naquela favela, muitos senhores da
sociedade, mas a pergunta, estamos atirando na pessoa certa?
— Porque da duvida?
— Eu não lembrei dele, mas ontem a noite, não sei o que
aconteceu, sei que dormi esperando a operação e acordei no carro
em frente de minha casa, mas quando conversei com ele, ele me
induziu que me conhecia, que conhecia minha mãe, e perguntei a

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ela de onde o conhecia, talvez não o tenha reconhecido dentro de
um terno, pois ele que ergueu metade da casa da minha mãe como
pedreiro, ele falava que estava fazendo faculdade, e lembro que eu
mesmo tirava sarro.
— E como ele cresceu tão rápido?
— Isto que estava analisando hoje cedo, ele é sócio
minoritário em muitas coisas, ele não tem muita coisas, mas ele se
colocou como sócio de varias coisas, ele não tem muito, mas obvio,
ele virou alvo, depois que o deputado o acusou de sequestrar o filho,
e de colocar fogo nas propriedades dele.
— Pelo jeito a reportagem está ficando grande.
— Senhor, não sei quem está pressionando, mas para mim,
fica claro que tem mais coisa ai, não sei quem está querendo o tirar
do mercado, mas quem for, ignora que ele não é dono majoritário
de nada, ele é a peça que chama atenção, não a pessoa por trás do
negocio, ou acha que alguém que tem tanto dinheiro ainda andaria
com uma Brasília Verde 74 caindo aos pedaços por ai?
— Um disfarce?
— Algo está acontecendo, mas sozinho não consigo descobrir,
e com a pressão para colocar tudo sobre o rapaz, também não
consigo espaço para o fazer.
— Sabe quem é este grupo, “Todos Contra a Prostituição
Infantil”?
Claudio não entende a pergunta.
— Não entendi a pergunta.
— Um grupo pagou uma reportagem de pagina na 5,
condenando a prostituição infantil, a pornografia declarada,
puxando para os bons costumes.
O desembargador mostra a reportagem e Claudio olha para
quem assina e fala.
— Estranho, Pablo não faz este tipo de reportagem,
geralmente é anuncio pago, com anunciante na mesma pagina.
Do outro lado da cidade, o diretor do canal 12 olha para o
auxiliar e pergunta.
— Como está a reportagem referente a prostituição infantil?
— Temos imagens ainda não conclusivas, mas sabe qual o
anuncio do Novos Rumos para o intervalo de TV.

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J.J.Moreira 5
— Não, e não saberemos antes de passar.
— Como senhor?
— Eles compraram o espaço direto da sede no Rio de Janeiro,
para um lançamento nacional da campanha, não entendi ainda, mas
deve ser algum anunciante deles.
— Mas a reportagem esta começando a ganhar conteúdo, o
difícil é desviar o Deputado como o senhor pediu.
— Mexer com ele, é mexer com gente de poder na cidade, e
esta empresa de publicidade na cidade me desagrada mais do que o
Deputado.
— Eles tem atrapalhado muito?
— Eles cobram um pouco mais barato, mas o que me
incomoda é que pelo menos 30% dos nossos anúncios, filmados
aqui, foram para lá, soube que eles tomaram 10% dos anúncios de
São Paulo, e quase 40% dos de Santa Catarina, não posso deixar
uma agencia assim crescer.
— E como os envolveremos?
— É de onde estão saindo parte das meninas para os
programas, difícil que eles não saibam, mas não vamos deixar as
palavras claras, vamos fazer a reportagem, e vamos usar da
denuncia da outra, como entrada da reportagem, o telespectador
nem vai se dar conta que a moça nunca fez anuncio por eles ou
trabalhou para eles.
— Sabe os riscos?
— Sim, termos de fazer uma nota rápida nos desculpando por
um erro na noticia tal, onde não ficou claro que a primeira denuncia
não tinha haver com a segunda.
O diretor de conteúdo entra com a Gazeta do Povo na mão e
olha o senhor.
— Problemas?
— Não, apenas mais alguém entrou no jogo contra a
prostituição, e contratou uma pagina da Gazeta antes da nossa, com
criticas duras a posição patriarcal que leva meninas, a prostituição.
— Me verifica quem é, vamos fazer uma queima as bruxas
nesta cidade.
O senhor sorriu e saiu.
Claudio olha para o desembargador e fala.

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— Não parece fazer sentido senhor, pois a acusação vai sobre
o senhor, certo, se ele tivesse algo assim, alguém mandou matar a
menina, e não a proteger contra prostituição, ainda não sei se o
antigo secretário morreu ou fugiu, tem mais jeito de fuga, ele fez
algo, era para ser mais, lembro que ele pressionou muitos para
deterem o rapaz, nem lembro das alegações, mas na época
tentaram mudar o foco para o rapaz, e continuam o fazendo.
— Acha que alguém quer algo que o rapaz tem?
— Pelo que entendi, ele tem é contato, conhecimento e cara
de pau de se colocar em negócios aqui, em Santos, em Porto Alegre,
e se alguém queria substituir a menina, ou assumir o que dizem que
a menina fazia, pois também não tenho provas de que ela o fazia.
— Certo, é muita especulação, mas sabe por onde vão
começar a reportagem?
— Por uma moça que trabalhava em uma casa no Portão, o
terreno está em nome do Joaquim, então começa com a alegação
de escravidão sexual, embora ali o negócio fosse alugado pelo
Deputado, mas parece que a direção não quer que falemos do
Deputado na reportagem.
— O rapaz tem parte em algo que a empresa que você
trabalha tem interesse?
— Ele entrou com parceria com João, a Rogéria, e criou uma
empresa de publicidade, ele em um mês, abraçou um pedaço do
mercado com propagandas simples, mas bem filmadas, mas onde a
ideia inovadora que faz parte.
— Se duvidar é uma tentativa de discriminar a empresa
associando a ela, prostituição infantil, é uma sociedade bem
conservadora a desta cidade rapaz.
— Tenho de saber se é isto, não quero assinar uma
reportagem assim, acha que pode ser?
— Tem de ver que a emissora joga geralmente sobre o
repórter e pede desculpas, é o padrão, nem conseguimos envolver a
emissora no problema.
— Pelo jeito já tiveram casos assim.
— Sim, sempre esbarramos primeiro na liberdade de
imprensa, depois na opinião dos repórteres, depois no erro do

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repórter, mas dificilmente verá a emissora realmente pedindo
desculpas de algo.
— Acho que eles colocaram tanta coisa na reportagem que é
mais para não chegar a uma conclusão. – Claudio não conseguiu o
que queria, talvez por não saber o que queria, ele pega seu carro e
vai a TV, e olha para o cinegrafista.
— Como dormimos e nem sentimos?
— Não sei, acha que tem haver com o caso? – Cezar, o
cinegrafista.
— Vamos a sala de edição, quero ver o que temos e o que
achamos que temos.
Os dois entram e viram o senhor Roberval, o diretor de
conteúdo entra e pergunta.
— E dai, fecharam a matéria?
— Ainda não! – Claudio.
— Sabem a urgência?
Claudio não entrou na provocação e falou.
— Vim ver o que nos falta para fechar a matéria senhor, pois
ainda tem muita coisa que não teria fundo, seria apenas alguém
narrando.
— Acha que tem o conteúdo?
— Não, e não acredito que alguém esteja querendo
realmente chegar ao fundo do conteúdo, ou não tinham tirado o
deputado da mira Roberval.
— E por onde quer avançar?
— Vou conversar de novo com a moça, quero apenas frases
mais exatas, ela não deixou claro o que queremos passar.
— Como não?
— Quando se tira todas as frases dela que tem Deputado ou
Curi, sobra muito pouco Roberval.
O senhor olha atravessado e fala.
— Não vai me aprontar das suas Cláudio.
— Das minhas? Esqueço que quando o negocio fede é minhas,
e quando tem aceitação, esquecem quem o fez.
O senhor não gostou, mas sabia que havia um risco grande
naquela reportagem, indicaram Claudio por ser o mais explosivo, ele
se alto explodia, não precisaria de nada além dele próprio para se

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der errado, acabar por tentar provar que ele estava certo e terminar
de se explodir, então o senhor mesmo não gostando fala friamente.
— Estamos lhe dando todo apoio, não pode reclamar de falta
de apoio Cláudio.
Claudio repassa todas as entrevistas e vídeos que tinha e olha
para Cezar.
— Posso estar enganado, mas sou a bola da vez.
— Não entendi.
— Eles estão jogando com alguém, e me usando, para me por
para correr.
— Porque eles fariam isto?
— O que tem nas imagens que dê para culpar este Joaquim
Moreira?
— Quase nada.
— Diria que duas coisas, e as únicas coisas que daria para o
incriminar não podemos colocar, pois o Deputado apareceria.
— E o que vai fazer?
— Fazer meu trabalho, se eles vão me mandar embora
paciência.
— Você falando em Paciência, você não a tem.
— Sei disto, mas a calma do rapaz é que me incomoda mais,
ele sabe de mais coisa do que eu sei, poia ele está dentro, eu não,
mas tem coisa por ai.
— E vamos fazer oque?
— Vou lhe passar o local que eles devem filmar hoje, e os
prospectos, e no fim do dia filmamos com fundo azul a reportagem
e montamos o material.
O sorriso de Cezar, deu quase certeza que todos sabiam que
ele rodaria, ou que era uma grande possibilidade, Cláudio sorriu e
pensou, “Vou colher o que plantei!”.
Joaquim já tinha passado em 3 pontos confirmando as obras
quando chega ao banco e olha Cláudio lá, esperava algo, mas
pareceu meio na contramão do que pensara quando o rapaz fala.
— Teria tempo para um café informal.
Joaquim olha o relógio, ele ainda tinha meia hora, iria
adiantar o serviço, mas peças fora do tabuleiro são as que se tem de
dar mais atenção, anos mais tarde Joaquim escreveria isto.

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J.J.Moreira 5
Eles sentam-se na panificadora a esquina e Cláudio fala.
— Me responderia uma única pergunta, com sinceridade.
— Se puder.
— O que o grupo Gazeta e Canal 12 ganham com o seu
desmoralizar?
Joaquim é pego de surpresa, ele pensou em um ataque, ele
estava com todas as cartas prontas para um contra-ataque, e
alguém lhe faz uma pergunta que o fez encostar na cadeira, pedir
um café para a moça e perguntar.
— Existe esta possibilidade, ser pessoal?
O rapaz apenas sacudiu a cabeça e Joaquim fala.
— Fora estar crescendo rápido e ainda não ter maquinário, já
comprei mas demora 6 meses para chegar, fora ter fechado em 3
semanas de funcionamento o croqui de 27 propagandas, em 4
estados, mais 6 nacionais, mas não vejo nisto motivo.
— Pensa então em uma coisa, eles estão lhe acusando de
algo pesado Joaquim, e usam o repórter mais fácil de desacreditar
ou jogar a culpa sobre ele, para o fazer.
— Acha que estão lhe usando?
— A proibição de citar o governador, o secretário de
segurança desaparecido, o presidente da republica ou qualquer
politico local, me parece algo linear, quem não sei, mas alguém está
o fazendo.
— A reportagem vai quando ao ar?
— Provavelmente no domingo.
— Então faz seu trabalho rapaz, e não deixa a cabeça para ser
guilhotinada.
— Sua calma me enerva.
— Eu sempre lhe enervei Claudio, mesmo não nos cruzando
na construção da casa de sua mãe, eu chegava antes de você
levantar, e saia antes de você voltar.
— E como alguém chega tão rápido no topo?
— Não cheguei no topo Cláudio, estarei lá se conseguir
manter os prospectos atuais por 10 anos, eu nasci sem um tostão,
então para chegar ao patamar de quem nasceu com um canal de TV,
ou um Jornal a mão, tem de se trabalhar muito.
— E não se preocupa?

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J.J.Moreira 5
— Me preocupo com meus sócios, se algo vier a afetar a
minha imagem e a deles por consequência, mas com certeza, serei o
menos atingido.
— E se for a estrutura que eles querem atingir, não você.
— Cláudio, eu sou sócio da TSS, isto é mais incriminador do
que os prospectos que você levantou, eu tenho sociedade com a
CIA em dois cais em Santos, eu ganhei uma concorrência com uma
menina em Porto Alegre, de nome Priscila Sena, e sou quase
gerente do Banco do Brasil, estas 4 coisas, que tenho me gerariam
uma boa vida, pelos próximos 10 anos, apenas teria de ir com calma
para chegar ao ponto que pretendo em 10 anos.
— Tem sociedade com aquele Jonas?
— Sim, mas isto não nos torna exploradores de pornografia
infantil, sei onde vai pegar todo o processo, então talvez não vire
gerente do banco do Brasil, talvez tenha de me desfazer da
sociedade com o Jonas, mas tanto cais de Santos, como a concessão
de 10 anos em Porto Alegre, ainda estariam de pé, e para o padrão
brasileiro, 25 mil dólares mês, é muito dinheiro.
— E a empresa de publicidade?
— Eu tenho mais do que falei Claudio, pois com 25 mil
dólares, eu consigo levantar minha estrutura, então pode não
parecer nada, mas será no mínimo 3 milhões de dólares em
estrutura nos próximos 10 anos, sei que para alguns, isto é trocado,
mas para mim, sonhos realizados.
— Tudo legalizado?
— Sim, contratos de prestação de serviço, estabelecidos por
10 anos.
— Isto o dá tranquilidade?
— Tranquilidade não dá, vi matarem uma menina de 14 anos,
porque não queriam que ela fizesse dinheiro sobre ricos da cidade,
alguns ainda querem me acusar disto, mas a estrutura da menina,
era da menina, aquelas coisas que não existem antes, não existem
depois, era dela, apenas dela.
— E se alguém entrar naquele mercado.
— Eu não gosto daquele mercado, embora diga que invista se
der dinheiro, tem coisa que não gosto de investir.
— Certo, mas acha que sobrevive?

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J.J.Moreira 5
— Eu comprei espaço nobre na sua TV, que tende por pressão
daqui, não passar a continuação de uma propaganda em serie, todo
dia, por 14 dias, ainda não testamos isto a nível Brasil, mas com
certeza, somente quem ver, saberá do que se está falando.
— Vai ao ataque?
— É a historia de duas moças, a historia foi filmada aqui, mas
temos as imagens do Rio, então vamos induzir a não ser na cidade,
conta a historia de Roberto, Marta e Euque, assista e saberá a
historia.
— Assunto?
— Contra a posição machista da sociedade, que diz que não
quer a prostituição, mas canta funcionarias, as induz a objeto, para
conseguir promoções, algumas vão pelo caminho fácil, algumas, não,
umas se dão bem na vida, enfrentando esta sociedade hipócrita, e
outras, somente depois entendem o quanto deveriam ter dito não.
— Vai fazer uma campanha sobre prostituição em horário
nobre com defesa.
— Não, os nomes vão falar por si a quem viveu a historia, que
é melhor deixar este Joaquim quieto e tocando a vida dele.
— Quer dizer, vai filmar uma historia que aconteceu, mas
qual a importância.
— Somente quem chegar ao fim, entenderá.
— E filmou isto quando?
— Eles tem razão em uma coisa Cláudio, se for para tentar me
parar, é agora, pensa em algo montado há tão pouco tempo, e que
começa a funcionar tão redondo, que conseguimos em meio aos
prospectos de filmagem, investir em nossa própria propaganda,
através de uma publicidade em capítulos.
— Com patrocinadores?
— Com patrocinadores, não declarados, mas explícitos.
— E se vetarem a apresentação?
— Acho que os outros 3 canais vão querer passar até o fim.
— Vai contar a historia, eles querendo ou não.
— Sim.
— E conhece Pablo da Gazeta?
— Sim, ele que faz todos os meus anúncios na Gazeta.
— Então você é o “Todos Contra a Prostituição Infantil!”.

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J.J.Moreira 5
— Não, eu sou o sócio minoritário, que dá ideias malucas
para sócios que devem ser malucos de as ouvirem.
Cláudio olha para Joaquim olhar o relógio e falar.
— Agora tenho de ir.
Joaquim acerta o café e fala com o senhor.
— Vai abrir a conta com nós ou não Romulo?
— Pensando, realmente algo a frente é bem mais pratico,
mas da ultima vez que tentei o atual gerente encheu de exigências.
— Ele tem medo de trabalho, eu não tenho.
Joaquim saiu e Claudio olha para o senhor atravessar a rua e
entrar na agencia, ele daria o troco, como ele faria agora.
Claudio sabia que eles queriam aquilo para pegar o senhor,
mas pelo jeito, ele estava começando, e faria algo a nível Brasil, se o
diretor local achava que ele iria se calar, ele iria gritar, na cabeça de
Cláudio começava a passar as ideias, ele chega a casa onde a moça
estava alojada, e ela fala.
— Pelo jeito quer falar tudo de novo.
— Não, o que vou falar é com você, tem tanta raiva do
Deputado, por quê?
— Ele abusa de nós e me pergunta por quê?
— Não é isto, queria fazer algumas perguntas, e para isto, vou
pegar a câmera no carro, e vamos fazer uma declaração.
— Porque disto?
— A minha emissora, quer por apenas a versão dela, que vai
ferrar com o dono do terreno da casa onde trabalhava, não com o
Deputado.
— Eles querem me usar apenas.
— Vamos dar o troco.
Claudio trouxe uma lona azul e colocou a parede e começa a
fazer as perguntas para a moça, fez ela de duas formas e as filma
uma a uma, a moça viu qual a diferença, uma coisa era induzir
apenas a cárcere privado, outro, quem o fez.
Claudio pediu silencio até domingo, pois ainda poderiam
mudar de ideia e lançar a verdade.
Ele foi a cada uma das entrevistas que fez antes e a alterou,
fez uma com o Deputado sobre o sequestro do filho, ele
desconversou.

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J.J.Moreira 5
O repórter saiu e o Deputado liga para seu representante de
marketing e pergunta o que estava acontecendo, embora parecia
que Claudio estava fazendo as coisas todas distorcidas, ele volta a
TV e filma a versão que a TV queria, com fundo Azul, com a edição
de todas as imagens, falando do sumiço do secretario, após ter
todos os indícios de prostituição, a morte cômoda da menina
quando todo cerco se fechava contra o rapaz, coloca os dados que o
rapaz já tinha anos de experiência no ramo, no administrar de uma
agencia de acompanhamento, faz toda a matéria e começa as
indagações da moça, agora com a imagem de como foi a casa ao
fundo, que não existia mais, todos os Deputados cortados e
editados, fala da empresa de fachada que ele criou, apenas para
jogar meninas na mídia e as oferecer através de um book, nem
Claudio sabia o quanto acertou na veia, na afirmação, mas com o
fim da reportagem, ele apresenta a Roberval que olha com ele e faz
alguns comentários, e sorri.
— Isto que queremos Claudio, mas esteja pronto as
reviravoltas.
— E quando não estou senhor.
— Sabe que ficou melhor do que pensei, quando falou em
refazer a reportagem com a moça, pensei que ficaria falso, mas
ficou com muito menos cortes.
— Apenas sei o que fiz, mas assim como eu Roberval, está
pronto para a reviravolta?
— Acha que ele vai nos gerar problemas?
— A moça com certeza vai pular para outra emissora e
mostrar sua versão da historia.
— Nunca nos preocupamos com isto, sabe disto.
Joaquim faz as entradas das contas que estavam todas no
esquema e para a frente do gerente e pergunta.
— Sempre tenho medo de parar as coisas no meio.
— Está prestes a transformar esta agencia na terceira maior
em contas empresarias da cidade, certo que não temos os fluxos de
algumas empresas da Cidade Industrial, mas está me provando que
a soma de varias pequenas gera mais fluxo de caixa mensal do que a
das grandes que deixam apenas nas datas de pagamento.

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— A ideia é gerar uma melhora das condições internas senhor,
não é apenas números, é entender como elas funcionam e oferecer
capital de giro dentro de condições fáceis de pagar, fáceis de
manter os contratos e os negócios.
— Não entendi porque eles estão vindo?
— Senhor, em crise, os bancos são das instituições que mais
ganham, emprestando a juros, não entendo porque o Banco do
Brasil é dos que menos aproveita este caminho.
— Como já disse um dia, somos um banco conservador.
— Então vamos mostrar como ser conservador e ganhar mais
dinheiro senhor.
O gerente sorriu, Joaquim volta a fazer os prospectos e na
saída, estranha Claudio a porta, ele apenas entrega um pacote e sai,
não fala nada.
Joaquim olha para o pacote e põem no carro, vai a produtora,
não teria como ver aqueles rolos em outro lugar, ele chega a sala
onde Rogéria estava e fala.
— Como está a programação?
— Corrida, mas pelo jeito quer algo?
Joaquim olha para o rolo e fala.
— Como vejo o que tem aqui?
Rogéria coloca o vídeo e olha para Joaquim.
— Isto que eles vão afirmar?
— Sim.
— Filhas da Puta.
— Calma, agora me vê o que tem nesta fita.
Rogéria olha que era a mesma coisas, mas sem cortes, na
integra de todas as gravações todas feitas em fundo azul, e olha
para Joaquim.
— Isto sim é uma bomba.
— Entende que é proposital, não é ao acaso, é medido para
nos atingir em cheio.
— Por quê?
— A pergunta que quem me fez pela manha, antes de me
entregar o pacote, “O que o grupo Gazeta e Canal 12 ganham com o
seu desmoralizar?”, cai bem nisto, eles querem me desmoralizar
para jogar todo peso sobre a empresa que está crescendo aqui.

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— E vai manter o prospecto?
— Sim, eles podem não por no ar, mas vamos contar a nossa
versão da historia, e começa com as meninas, e termina com as
adultas, mas parece que o prospecto ficou melhor do que pensou? –
Pergunta Joaquim.
— Sim, estamos ainda fechando os conjuntos de verbas, mas
você sabe fechar projetos, uma propaganda nossa com patrocínio,
uma forma diferente de propaganda.
— Estou tentando não aparentar preocupado Rogéria.
— Sei que está, está em seu rosto, pelo jeito não esperava
saber com antecedência o problema?
— Eu achei que eles não jogariam a pedra certa na lagoa, isto
me preocupa.
— Certo, mas acha que eles vão acreditar?
— Vamos atrair a moça para nosso lado antes deles a
isolarem, vamos dar casa e comida e proteção, não gosto da moça,
mas vou pedir para fazer por fora do sistema normal.
— E qual vai usar?
— A estrutura da CIA.
— Maluco.
— Eu tenho de fazer sem parecer que dei proteção, não
quero o Deputado sentindo-se livre para nos atacar.
— Mesmo nos atacando?
— Ele vai falar que não fez nada.
— E sem a verdade não aparenta ter feito mesmo.
— Sim, mas vamos com calma, consegue alguém do 4 e
pergunta se teriam interesse no assunto.
— Eles podem entrar do outro lado também.
— Sei disto, não ofereça, faça alguém oferecer, não preciso
saber quem, alguém que você conheça de fora daqui, e que
conheça esta Claudio, para parecer que foi vazamento de dentro da
empresa.
— Certo, acha que vão ouvir?
— Acho que mesmo que gritar, ninguém vai ouvir, eles
querem alguém culpado.
— E vai fazer oque?

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— Trabalhar, se eles fecharem esta, abrimos a mesma
produtora no Rio, com outro nome, as mesmas garotas e com novo
endereço e estrutura.
— Certo, não vai parar porque alguns querem?
— Não.
Rogéria olha Joaquim abrir uma pasta e falar.
— Temos no centro do Rio, um casarão comprado, está em
reforma, mas servirá de cenário e de estrutura, no fundo estamos
erguendo ainda o barracão, mas se apertar as coisas acelero a obra
lá.
— Sabe que pessoal não é tão fácil transferir assim.
— Sei disto, mas se eles olharem para outro lugar, podemos
continuar até aqui a fazer, e vender por lá.
— Certo, não é fechar, é distrair e ampliar.
— Sempre ampliando.
Joaquim sai dali e vai para a universidade, tinha prova que
não tinha estudado nada, já tinha nota para passar, mas o estar
fazendo a prova, era parte das presenças que precisava para passar.
Ele senta-se e faz com calma a prova, talvez a desobrigação
em acertar, o deu calma para ir bem naquela prova.
Joaquim desce no intervalo e olha para o Curi na cantina.
— Precisamos conversar.
— Fala rapaz?
— Meu pai está preocupado.
— Com a reportagem do fim de semana?
— Sim.
— Eu que estou preocupado Curi, ele não é citado em uma
linha na reportagem, mas caem matando sobre a empresa de
publicidade que tenho.
— Como sabe?
— Alguém lá dentro me ligou e disse que viu a reportagem,
integral, estou tentando manter a calma, mas odeio armação.
— Não estamos armando.
— Sei disto, mas alguém está, e pelo que me falaram, o
diretor geral daqui da TV, que perdeu 12 contratos para nós, eles
não fizeram questão de vencer, mas quando perdem, a culpa é
nossa.

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— Porque disse que não fizeram questão de ganhar.
— Gente que ainda os presa com clientes, mas que o
marketing deles disse que não baixava um centavo, que era aquilo
ou procurar a concorrência.
— Normalmente não teria a concorrência, e o rapaz com
raiva o procura.
— Cada um que vem, não volta, os tratamos como todo
cliente deve ser tratado, mas pelo jeito isto os fez se mexer.
— E vai dar o troco?
— Não sei ainda se entendi direito o ataque para revidar.
Joaquim faz de conta que não iria fazer nada par Curi, senta-
se e pede uma cerveja.
Ele olha a TV e olha a publicidade vir ao ar, e todos ficam com
a imagem a cabeça e Curi pergunta.
— Mais gente se posicionando contra?
— É a posição oficial de todos na cidade, até dos que
contratam o serviço, sabe disto Curi.
— Pelo jeito vão pegar pesado desta vez.
Joaquim sorri e o diretor do 12 local recebe uma ligação do
Rio de Janeiro e ouve a pergunta.
— O que esta empresa dai quer?
— Contrataram por ai, senhor, temos uma reportagem que
induz que eles são parte do esquema de prostituição da cidade, mas
parece que alguém havia contratado algo também.
— Não tá entendendo, vamos tentar barrar esta historia.
— Qual o motivo?
— Não interessa. – O presidente da instituição ligando para
os advogados no Rio de Janeiro.
Joaquim estava a tomar uma cerveja quando Rogéria passa
um recado para ele, e o mesmo pede licença e sai no sentido da
produtora, e olha para Rogéria.
— Fala.
— Os advogados do Rio ligaram, disseram que Roberto quer
falar com você.
— Deixaram o telefone.
— Sim.
Joaquim pega o telefone e liga.

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— Senhor Roberto, me disseram que queria me falar.
— Quero saber porque do ataque rapaz, parece querer me
complicar e desmoralizar.
— A sede da sua empresa em Curitiba, por ter jogado clientes
fora, pois não os conquistei, os catei no mercado, resolveu fazer
uma reportagem sobre prostituição infantil, jogando provas que são
contra outra pessoa, sobre mim, e pergunta porque do ataque
senhor?
— Não sei do que está falando.
— Anunciado em todas os horários, Globo Repórter do
Domingo, após o Fantástico.
— E resolveu me atacar?
— Senhor, tenho 3 versões da mesma historia filmada, a
pergunta, qual levaremos ao ar?
— Não tem pretensão de parar ela?
— Senhor, está é a nova tendência na Europa e Estados
Unidos, campanhas de 10 ou 12 anúncios, elas custam de 5 a 6
vezes mais caras ao contratante, acho que está na hora de pegar os
grandes e os induzir a isto, e empresas como a do senhor com
certeza ganham mais com isto que pequenas como a minha.
— E como saberia esta historia que induziu ontem?
— Senhor, sou qualquer coisa, menos inocente, mas não é
contra o senhor, é apenas um alerta, nada neste país é oculto, as
pessoas tem boca grande.
— E como temos um acordo?
— Tem mais uma sem o citar senhor, mas a terceira, ficará
claro a quem conhece a historia, seu tempo para convencer seu
rapaz daqui que a reportagem falsa não é uma boa ideia.
— E se não recuar?
— Eu já dei proteção a moça da reportagem, vamos a juízo
com ela falando a verdade, vai ser no escracho ai senhor, não na
conversa de cavalheiros.
— Vou ligar para ele e lhe retorno.
— Estou aguardando.
Joaquim pega o papel e começa a reescrever partes do que
filmaram e iriam filmar e fala.
— Vai ter de filmar novamente algumas partes.

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— Quer estar pronto para um acordo.
— Sim, embora a historia que filmamos é a que não tem nada
de indecente, eles não precisam saber.
— Vai se movimentar apenas para eles pensarem no que
temos em mãos.
— Sim.
— Acha que ele vai pressionar?
Joaquim apenas sorri, e fica a olhar para o telefone, esperar
nunca foi o forte de Joaquim.
Roberto liga para o presidente local das empresas e pergunta
o que ele estava fazendo, se tinha provas, pois seria complicado se
não tivesse, o rapaz local explica que empurraria sobre o repórter
qualquer problema e Roberto lhe descasca por telefone, a empresa
era uma empresa seria, não de faz de conta, e pede o original para
ver antes de qualquer coisa.
O rapaz em Curitiba chama Roberval e fala.
— Problemas.
— O que aconteceu?
— Alguém pressionou Roberto para tirar a reportagem sobre
pornografia infantil, e pelo jeito, alguém de dentro vazou o
conteúdo.
— Colocamos muita gente na rua, podem nem ter o conteúdo,
mas com certeza, tem muita coisa por ai.
— Quem pode ter nos atrapalhado.
— Acha que eles não vão levar ao ar nacionalmente?
— Tenho de pensar se temos como lançar isto localmente,
não quero perder tempo para este rapaz.
— Melhor ter autorização do Rio, pois pelo jeito alguém
alertou do problema.
— Mas quem?
— Pensei que Claudio faria uma daquelas versões patéticas,
mas ele se dedicou, até refez algumas filmagens, mas com certeza a
moça deve estar falando por ai.
— A moça, sabe onde ela está?
— Não, teria de verificar senhor.
— Verifica, fica de olho, alguém vazou algo.

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Joaquim conversa com Roberto, que garante que
nacionalmente não sairia a reportagem, mas localmente poderia
ainda vir a sair, que as emissoras tinham autonomia para programas
locais.
Joaquim sabia que não ouvira ainda a opinião dos demais mas
teria de ter uma forma de esquematizar o processo para não ser
afetado de cara.
Roberto no Rio olha para o Chefe da programação e fala.
— Olha atento esta forma de anuncio, lançado em horário
nobre e com duração maior.
— Não entendi a ideia?
— Campanha publicitaria com maior alcance, dizem ser uma
tendência Norte Americana.
— E não fomos nós que começamos.
— Mas já me alertaram que podemos lançar algo assim
cobrando em media 5 vezes o que se cobra normalmente.
— Uma forma diferenciada.
— Sabe que nem todas as empresas tem conteúdo para mais
que 40 segundos de propaganda.
O senhor sorriu.
Joaquim foi ao Tasca, pois ali ele tinha como saber a
repercussão dos acontecimentos, e Paulo olha ele entrar e vai a ele.
— Tem gente querendo lhe falar.
Joaquim olha para o rapaz na parte alta e fala.
— Conduz ele para a parte baixa fechada, o pessoal deve
estar olhando em volta para sabe por onde vazou.
— Vazou.
— Desculpa, as vezes esqueço que nem todos sabem a
verdade, e como estão as novidades.
— Todos comentando uma nova empresa de marketing que
lançou em horário nobre uma tele propaganda.
— Tele propaganda?
— É como estão chamando.
— Vou pensar nisto, mas falando bem ou mal.
— Curiosos sobre o que vai acontecer.
— Vamos pelo jeito entrar para a historia da publicidade do
país, mas calma, conduz ele para baixo e vou pela cozinha.

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— Certo.
Joaquim nem olhou para onde Cláudio estava, um rapaz do
Jornal estava ao salão e ficou a olhar para onde Joaquim iria, ele
entra na região das cozinhas conversando com Roseli.
O sumir dele da vista, deixou claro a Paulo que existiam 3
pessoas no restaurante a olhar para onde o senhor ia.
Ele desce, e olha para Cláudio e fala.
— Eles procuram o traidor, não é uma boa hora para estar
aqui Cláudio.
— Pelo jeito acha que as peças estão em seus lugares.
— Não, tive uma confirmação do dono da emissora do Rio
que a nível nacional não sai a reportagem, mas a nível local ele não
tem como segurar.
— E como faz alguém como o senhor Roberto recuar?
— Blefando, apenas isto.
— E mesmo assim está calmo.
— Não me conhece calmo Cláudio. Mas acredito que é
possível ainda ganhar uma promoção, mas tem de ter calma para
isto, e hoje não é hora de estar aqui.
— Certo, me tirou de onde podiam me ver, mesmo oculto
para a parte que não está nem aberta ao publico, acha que tem
matéria ai?
— Nada que seu diretor queira ainda.
— E vai mudar a versão como?
— Sábado, tem o lançamento do primeiro concurso local de
Curtas metragem e propaganda, e pretendemos ter uma amostra
do que vamos passar a TV, quem estiver lá saberá.
Joaquim se despede e vai para casa, e Nádia o beija a porta e
pergunta o que estava acontecendo, ele ainda não sabia, toma um
banho bem quente para tentar relaxar e cai a cama.
Noite de muitos sonhos pesados, mas acorda aos braços de
Nádia, lhe parecia algo para a vida, algo para acalmar o monstro que
ele queria dominar dentro dele.
Ele sai e vai a produtora e olha para Rogéria tentando um
efeito a mais, estava complicado com o que tinham e olha Joaquim
olhando ele.
— Tem coisas difíceis.

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— Sei disto, mas não precisa ficar um primor.
— Como faria?
— Tem a cena da praia, distante?
— Sim.
— Põem ela mais distante, embaça, acho que tem como fazer
isto?
— Sim.
— Vai trazendo para a imagem da Marta se olhando pela
janela do colégio, e foca na imagem externa, as curvas do telhado
do Teatro Guaíra.
— Falar parece fácil.
— Tenta pelo menos, a ideia é esta, que o sonho era sair dali,
ir ao Rio, mas nada lhe foi dado, a mantendo na cidade, sobre
gozação dos rapazes, enquanto a outra, continua a estudar, mas
também sofre de gozações e discriminações, que lugar de mulher
era na cozinha, no lar, e não adiantava estudar, que nada lhe seria
dado.
Rogéria olha para Joaquim e fala.
— Sabe que esta visão de sociedade, eles sabem que é real,
mas eles odeiam quando fica expresso.
— Sei que a textualização das crianças é um mercado que vai
da boneca ao esmalte, do book de fotografia ao baile de debutante,
do anticoncepcional ao biquíni de praia, é complexo esta posição,
não é fácil para os meninos saírem desta visão, mas o começo é os
fazer as olhar como iguais, nem que aos poucos.
— Os conservadores vão lhe linchar.
Joaquim sorriu, era a reportagem da pagina 5 da cidade, ele
estava gastando dinheiro para gerar uma confusão, mas sabia que
nem tudo estava no ponto que ele queria.
O diretor da Gazeta chama Pablo para uma reunião, ele
estranha, pois logo cedo, era horário de contatos e de agitação no
recebimento de notas do jornal, hora que quase todos fixos
ajudavam no atendimento.
Ele entra na sala e olha o presidente da empresa, e sabia que
teria de conter palavras, lembra da conversa com Joaquim, que
tudo poderia acontecer, do bom ao mal recebimento da noticia,
teria de ter calma.

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Pablo olha os senhores e senta-se, tinha mais gente ali e ouve.
— Devem estar estranhando esta reunião pela manha, mas
me veio um pedido de um amigo, e vejo que a Gazeta tem algo que
as demais não tem, e me perguntaram, quem está por traz da
posição conservadora do jornal.
O olhar sobre Pablo, fazia os demais lhe olharem, mas ele não
falara seu nome, poderia ser um jogo de palavras, sabia que teria de
esperar a dica para falar, mas todos lhe olhando, indicava que todos
se perguntariam quem estava pagando as reportagens.
Pablo olha o senhor quase desmotivado e ouve.
— Temos uma leva de anunciantes que reduziram a vinda a
este jornal por esta posição conservadora, sei que alguns perderam
anúncios, mas o que me perguntaram, quem entrou na briga ao
nosso lado, poderia nos esclarecer senhor Pablo?
A pergunta direta fez Pablo perguntar.
— Não sabia que tínhamos uma briga, teria cobrado mais
senhor, não estou inteirado do problema, apenas me pediram uma
serie de reportagens sobre a posição excessivamente liberal de
algumas partes da sociedade, se por um lado alguns me
cumprimentam, levei xingão até da namorada.
— E quem estaria por trás desta reportagem, é o que a
direção quer saber Pablo.
— Pessoas que não ficaram felizes com uma morte no
Capanema, que não ficaram felizes com o afastamento do antigo
secretário de segurança, que não estão felizes com a posição
conservadora da boca para fora dos meios de comunicação senhor.
— Quais posições conservadoras?
— Como deve saber, eu sozinho, gerava perto de 35% da
entrada de publicidade a nível de dinheiro da Gazeta nos meios de
semana, a posição de falso moralista, tirou da Gazeta estes anúncios,
que na verdade estão lá, mas não nos dão mais o mesmo retorno,
um Deputado paga para fazerem a reportagem contra prostituição,
e todos sabemos que o mesmo tem uma antiga Garota de
Propaganda gritando aos ventos que ele tem uma casa de
escravidão sexual, onde as meninas ficam presas, sem poder ir a rua.
— Isto não é de sua alçada.

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— Então porque estou nesta reunião senhor, vai querer tirar
as reportagens pagas, tudo bem, consigo outra forma de sobreviver
aqui dentro.
— Não disse isto, mas preciso saber quem.
— Não precisa, quem assina as reportagens é um repórter da
casa, pelo menos me considero da casa, não existe um grupo por
traz disto, tem uma pessoa, não é nem a posição do Jornal, que está
na pagina seguinte.
— Se não abrir quem está por trás, ai sem teremos de tirar
dali a reportagem.
— Isto faz parte do acordo senhor, se eu falar, é para sair dali
mesmo, quem paga uma pagina de anuncio, por 14 dias seguintes,
arranja outra forma de fazer o mesmo, mas o acordo é não declarar
quem, e se me forçar tirar dali, o próprio contratante sabe, mantive
a palavra e continuo sobre sua confiança, já que não entendi a
posição da Gazeta ainda.
— Como não?
— Me explique senhor, a pagina 7 faz uma reportagem
baseada em discursos do deputado Curi, mas a maior propaganda
das agencias de Acompanhantes, é a do Deputado, todas as demais
se retiraram baseados na nossa postura.
— Não tem como provar que é dele.
Pablo olha os demais e não teria como discutir com o dono da
empresa e apenas se cala.
O olhar para o lado, para os demais, e o senhor lhe olhando
fazia ele sem saber o que falar.
“O que faço aqui? Que enrascada!” – Pensava Pablo sem
saber o que falar.
Pablo não queria mais ficar na sala, e não teria como sair.
O chefe da redação olha para Pablo e para o presidente e fala.
— Podemos não provar senhor, mas Pablo tem razão, é dele a
agencia, mas não entendi porque pressionar ele a revelar a fonte
das reportagens, se está de acordo com a pauta da Gazeta?
— Temos de saber quem empregamos.
— Sabem quem empregam senhor, mas não entendo, Pablo
já não tem para onde fugir, e nem encarar, o colocou na parede, e
entendo a posição dele, falar é perder a entrada de recursos, não

83
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falar, parece quase uma pressão para ele sair, não entendo, estão
contra a posição conservadora dele, sei que muitos no discurso vão
escrachar ele, mas ele representa o pensamento comum naquela
reportagem, mesmo que muitos não tenham argumentos para o
fazer como naquela reportagem.
— Nos preocupamos com o andamento do Jornal.
— Também senhor, quando Pablo me veio com a proposta de
14 dias, 14 paginas, impar, pagas para uma colocação pessoal, paga
sem anunciantes em paralelo, juro que não pensei em algo de
tamanha repercussão como os dois últimos dias.
— Neste sentido entendo sua posição Redator, mas como
podemos não saber a origem da reportagem.
— Desculpa senhor, faz com a pagina 5, o que faz com o
anuncio da Agencia do Amigo, se num não se pergunta quem é o
dono, pois não quer saber, porque fazer questão da pagina 5?
— Somos um grupo maior que tem interesses em crescer em
posições contraditórias, e mesmo não parecendo Redator, não
tenho nada contra o conteúdo, tenho contra o segredo.
— Como ele disse, ele está colocando o pescoço na forca por
uma reportagem, se cortarmos, discordamos e se deixarmos, somos
um jornal com facetas de posições contrarias.
— Acha normal não perguntarmos a fonte Redator.
— Ele me passou a reportagem exatamente as oito e
quarenta e cinco senhor, faziam 5 minutos que passara na TV e
alguém reagiu, não sei quem, mas sei que substitui o texto na
ultima hora, somos o único jornal que tem alguma posição sobre o
que foi a TV ontem, pois amanha muitos falarão mal da posição de
Pablo, mas hoje, ele é o único na cidade, quem sabe no Brasil, a
comentar o assunto senhor.
— Nisto tenho de agradecer a agilidade, não havia pensado
neste ponto, mas temos de ter uma posição mais exata, não gosto
de gente comprando paginas inteiras como se fosse nossa posição.
Pablo olha para o senhor e fala.
— Qual o maior problema senhor, eu ter escrito ou ter chamo
mais atenção que a pagina 7, posso propor uma inversão de pagina,
pois não acredito que seja a pagina que gera o ler, e sim o assunto
em si. – Pablo olhando o presidente.

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— Acha que seu financiador não se importaria?
— Obvio que ele vai querer pagar o preço da pagina 7 e não
da 5, mas fora isto, não vejo problemas.
O redator gostou da posição, ele ajeitara muita coisa para
abrir duas paginas, não dispor do assunto seria mudar o
cronograma de 14 dias para frente.
— E qual o assunto da reportagem de amanha? – O
presidente.
— Já está com o Redator, se não mudarem de ideia encima da
hora novamente.
— Certo, estamos reagindo a uma reportagem televisiva, é o
que estão falando, a nota de ontem, foi uma resposta rápida de um
jornal que tem gente trabalhando e ligado as novidades, mas pelo
jeito vai ter de conversar com seu fornecedor.
— Senhor, estamos perdendo dinheiro na seção de
Acompanhantes, mas as empresas continuam lá, alguns dizem ser
parte do marketing do Deputado que andou comprando uma
concorrente, mas não entendi ainda esta dança de cadeiras, mas
acredito que seja uma forma de sairmos apenas da discussão sobre
os anúncios. – Redator.
— Sabem que o jornal de hoje tem duas posições contrarias
em duas paginas inteiras, embora um seja moralista, outro é mais
incisivo nas diferenças, mas pelo jeito este grupo que está
investindo em Pablo não pode mesmo se revelar, isto me induz a
algo mais politico do que financeiro, mas estou de olho pessoal.
Pablo vê a reunião terminar e o presidente olha para o
redator e pergunta.
— O defendendo?
— Estava quase o colocando para fora senhor, não é para
tanto, pelo jeito o acordo é não falar, imagino o que é trabalhar
assim, mas ele reagiu para um bom lado senhor, nos conseguindo
anunciantes onde não tínhamos, desviando o rumo, ele pareceu
crescer como repórter e vendedor, não é hora de o perder.
— Certo, mas fica de olho.
— A nota dele iria fazer estardalhaço, pensei que estava
trocando por algo menos bombástico, e não foi o que aconteceu.
— Mais bombástico?

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— A narrativa de um consumidor de drogas, na verdade vejo
a historia de Paulão retratada ali, uma critica e um alerta, sobre os
pesos do que falamos e do que fazemos.
— Não entendi.
— Paulão era um repórter da Tribuna, morreu a 7 dias, ele
era enfático em suas criticas contra o consumo de drogas,
prostituição, e coisas imorais, morreu em um quarto de motel, com
uma prostituta por overdose de cocaína a uma semana.
— Ele não citaria nomes?
— Não, mas a reportagem é bem no intuito, não adianta
falarmos uma coisa e fazermos outra, é mais o intuito do que estava
passando a TV, por isto acho que tiraram.
— Eles não queriam concordar com o que viram, acha isto?
— Acho.
— Me passa uma copia, quero ver antes de qualquer coisa.
O redator concorda e sai da sala, olha para Pablo meio
perdido a sua mesa e chega a ela.
— Calma, as vezes as coisas esquentam quando queremos
subir.
— Não entendi a reunião, parece sem sentido.
— Acha que eles vão aceitar a mudança de pagina.
— Senhor, acho que para eles, não faz diferença, apenas vai
ficar visível demais que sofremos pressão para mudar as paginas,
mas para eles, não faz diferença.
— Eles?
— Não quero ser ridicularizado depois senhor, então ainda
fica no eles.
— Certo, eu achei que já seria uma bomba o que publicaria, e
resolveu por algo de ultima hora.
— Acho que ambos os lados, são demagogos. – Pablo.
— Acha que é um jogo demagógico dos dois lados?
— Acho, mas sei que as ideias contrarias, tem me feito
escrever mais do que o normal ultimamente.
— Então capricha e esquece hoje, alguém ligou para o
Presidente e ele ficou pensando em descobrir algo, não sei oque.
— Eu mantenho o sigilo, pois é meu cargo está em jogo,
estava falando com Claudio do 12, ontem de noite, e ele me falou

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que fizeram ele fazer uma reportagem bombástica contra alguém
local, e no fim, estão tentando que alguém apoie localmente a
reportagem, pois nacionalmente foi vetada.
— Não era a reportagem sobre Escravidão Sexual?
— Sim, mas a moça acusava o deputado Curi, e não vão
lançar.
— Acha que tem haver com a pressão?
— Não sei, mas Cláudio estava achando que era uma arapuca
para ele, pareceu aliviado quando falaram em não lançar.
Joaquim chega a um dia de trabalho, por as coisas em dia e
começa por arrumar as contas a mais e olha para a recepção com o
diretor de pessoal da PUC, ele tenta na sorrir, mas seria uma
senhora aquisição a nível de contas, o recebe, tratam de detalhes,
do que seria necessário e acerta os dados, e os prospectos, estes
teria de ir a regional, mas não parecia complicado, era apenas mais
um posto da agencia sendo lançado.
Quando próximo do meio dia, ele apresenta a proposta ao
gerente Geral, o mesmo sorri.
— Tenho de concordar que esta foi uma jogada de mestre,
eles tinham uma base forte no banco do Estado, agora vem para
nós, com todas as complexidades de uma universidade, mas
sabemos que ali é entrada de mensalidade e saída de salários, não é
apenas um fluxo mensal, é constante.
Joaquim não entrou nos méritos, mas obvio, a agencia
começava a ficar agitada nos dias mais simples, alguns olhavam para
o peso, Joaquim para as metas e ainda não estava no ponto que ele
queria.
Joaquim sai para o almoço e uma moça da recepção o
acompanha, sentam-se no restaurante a duas quadras da agencia e
a moça pergunta.
— Pelo jeito é serio que vai agitar a agencia?
— Ainda não sou Gerente para agitar, mas com certeza, quem
quiser subir um passo, acredito que fevereiro será a primeira chance.
— Por quê?
— Isto depende de eu conseguir chegar a gerencia, se for,
teremos 2 vagas a gerencia local abertas, duas para atendentes,
dois caixas a mais, e 12 sub agencias que quero tornar permanentes.

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— Vai agitar de uma vez?
— As pessoas não entendem, mas esta agência tem potencial,
algumas parecem boas para trabalhar, mas são inertes, sem grandes
mudanças, fixas demais.
— Pelo jeito vai mudar a forma que olham nossa agencia.
— Banco Estatal não deveria ser para covardes. – Joaquim
sorrindo.
— Dizem ser um grande empresário e estar neste disfarce.
— Dizem tantas coisas que as vezes até eu acredito, tem uma
reportagem pronta para me chamar de explorador de pornografia
infantil, e sei que muitos vão acreditar nisto.
— E pelo jeito mesmo assim não para na agencia?
— O que passei hoje para a regional, é um pedido de
autorização para abertura de um posto fixo na PUC, saiba que seu
nome está na lista para ir para lá.
— Porque eu?
— Todos que estão estudando ali, foram as prioridades, tem
de ver que crescer neste banco, requer diploma superior.
— Vi isto com sua entrada, meses e transformando o que
muitos achavam ser uma agencia que ninguém falava, na de
destaque da cidade.
— Eu sou modesto, então quero ser no mínimo destaque do
estado, não da cidade, se for da Regional Sul, melhor.
A moça sorriu e perguntou.
— Sabe se o banco tem como financiar parte da faculdade?
— Assim que estiverem lá instaladas, vamos verificar cada
caso, não esquece, eu tenho de ser Gerente para conseguir, ainda
sou subgerente.
— E pelo jeito vai querer todos crescendo.
— Fizeram concurso a 2 anos, e não chamaram metade, tem
até março do ano que vem para vencer aquele concurso.
— E como pretende nos por em mais destaque, alguns estão
reclamando do trabalho.
— Tem gente que vai reclamar, mas sempre tem os que
aproveitam e crescem internamente.
— E pretende chegar a que tamanho a agencia?

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— A PUC já é nossa cliente, então temos de implementar
independente de eu virar gerente, mas o tamanho real, somente se
chegar a gerencia.
— E é sozinho?
— Não, no coração sou bem resolvido.
A forma maliciosa que a moça olhou para Joaquim o fez sorrir
e ouvir.
— Pelo jeito aquela Brasília é um espanta moças? – A moça.
— Funciona bem na função.
Os dois terminam de almoçar e voltam a agencia, Joaquim a
tarde trás uma revendedora de Carros na BR116, no trevo para a
Agencia, e estava de olho em uma aquisição do SESC na parte alta
do Capanema.
Ele estava olhando para todos os lados, e com a saída do
rapaz da concessionaria, entra o do Clube do Colorado, este
Joaquim já tinha um pé atrás, mas era obvio, estes eram os clientes
que o gerente anterior preferia, não ele.
Então em um dia que trouxe mais três grandes para a agencia,
Carlos aparece lá no fim do dia, era quase a despedida dele da
agencia.
O gerente geral olha para Carlos e fala.
— Este dai vai transformar nossa agencia na maior da cidade
em pouco tempo.
— Ele trabalha, a diferença é esta, se der espaço, ele
apresenta a ideia, se der bola, ele vai a outra ideia, mas pelo jeito
ele andou agitando na minha ausência?
— Veio se despedir?
— Sim, ver como estão as coisas, sei que minha saída deixa as
coisas mais corridas.
— Temos de considerar que ele agitando desta forma, vamos
ter vagas a mais por aqui, com gente disputando.
— Ele sempre ampliando, mas como estão as ideias dele?
— Faltam 6 empresas para ele ter o numero para ter um
gerente especifico Empresarial e um vice Gerente para esta agencia,
a entrada da PUC, já gera um gerente de Contas Aqui e um
Subgerente lá permanente.
— Fecharam com a PUC?

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— Mandamos a proposta hoje para a regional, mas não
acredito que eles não concedam.
— Então ele está em uma semana quase fechando o que
pensei que ele faria no próximo ano?
— Eu também pensei nisto, mas assim que você for, mandei o
pedido de cargo para ele, se aprovado ele inicia na Gerencia Geral
semana que vem, mas isto não vou anunciar antes da Regional dar
OK, pois ele ainda não tem o diploma, embora tudo indica que ele o
vai conseguir, não vou passar por cima da regional neste ponto.
— Certo, acha que ele dá conta?
— Acho que vou ver até minha saída, ele mudar muita coisa,
ele pediu algumas coisas, mas parece segurar as ideias ainda.
— Ele segurando elas é complicado, imagina quando soltar
elas.
— Ele parece tenso, sei que muita gente fala mal dele, e que
tem muita gente querendo puxar o tapete dele.
— Ouvi isto também, mas porque antecipou então?
— Acho que temos de mostrar que aqui, ele está fazendo as
coisas certas e merece o apoio, ele em si, é uma aquisição que nem
sabia existir naquela seleção, pedi um gerente pensando que não
mandariam ninguém.
Carlos sorri vendo Joaquim se despedir e sair, os dois veem a
naturalidade que ele entra naquela Brasília e sai dirigindo.
Joaquim olha para o cronograma e vai a sede do Cabral e olha
Pablo por lá.
— Problemas?
— Pelo jeito alguém pressionou e resolveram trocar a pagina
5 e 7 de lugar, e não sei se mantem a reportagem?
— Tem espaço na 3 para anuncio?
— Tenho de verificar.
— Verifica na 3 e 5, se tiver, coloca na 3 um anuncio do Show
do Sambando e do Tasca, na 5, coloca o anuncio do fim de semana
da Semana de Cinema Amador com o Concurso de Curtas.
— E para a 7?
— Coloca o de ontem e o de hoje, na mesma pagina, não
dando espaço a nada além.
— Eles vão olhar desconfiados.

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— Que olhem.
Pablo sorriu e chega a Gazeta e apresenta ao redator a
proposta para a pagina 7, o senhor olha os textos e fala.
— Pelo jeito eles tinham 14 textos mesmo, e não querem
deixar nenhum de fora.
— Sim, na volta passei no Tasca e aquele Paulo, quer saber se
existe espaço publicitário na pagina 3, eles vão ter show do Cauby.
— Digo que você está crescendo em publicidade, algo mais.
— Recebi umas ligações quando estava fora, ainda não
confirmei senhor.
— Verifique e me passe, sabe que o presidente vai ler os dois
artigos.
— Ele é quem manda, faz parte do processo, ou não?
O senhor sorriu e foi a sala do presidente e fala.
— Eles não protestaram em por para a pagina 7 senhor, e
dispuseram do texto de ontem e o de hoje, pelo jeito ontem foi um
desabafo.
— E Pablo continua assinado?
— Sim, ele tem melhorado em vendas também, o que nos
garante entradas de alguns pontos opostos ultimamente no jornal.
— Pontos opostos?
— Concorrentes a nível de programação, ele já tinha me
adiantado que teríamos anuncio da casa de Show no Cabral, que vai
ter rock nacional, agora o próprio Tasca do Joaquim resolve fazer
anuncio, pois vai ter Cauby Peixoto no Sábado.
— E pelo jeito não teremos problemas com o grupo do
Deputado, que achava que estava sem destaque.
— O problema é conteúdo senhor, os testos de Pablo na 7
vão chamar a mesma atenção, ou acha que todos que vão falar mal
do que ele falou hoje, não vão ler o que ele escrever amanha cedo
na banca?
— Sabe que ele na pagina vazia de publicidade, é quase uma
prova de matéria comprada.
— Ele sabe, mas para por os dois conteúdos, vai ficar
apertado, ele parece ter encurtado parte do texto de hoje, para
que coubesse em uma pagina, sabe que uma pagina é coisa de
muito conteúdo.

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— Sei, mas acha que os anunciantes vão achar oque?
— Não sei ainda senhor.
Pablo põem no papel os dois outros anúncios, e apenas
entrega na mesa do redator, que em meio a corrida do dia, somente
mede espaços e nem olha os anúncios.
Joaquim olha para Nádia e pergunta.
— Inaugura ou não?
— Quer dar uma olhada?
— Sim.
Os dois vão ao bairro do São Francisco, entram naquele
endereço e Joaquim olha que seria algo totalmente diferente ao
que pensou, então sorri, pois isto lhe abria uma nova possibilidade,
ele queria que as pessoas tomassem rédeas, mas olhar a placa
frontal já dava o quanto não era seu estilo.

Nádia olha para Joaquim, sabia que ele queria algo mais solto
do que ficara, mas estava diante de um Club Show, entra e olha
aquele palco e para o rapaz que fora contratado para tocar a casa e
Nádia fala.
— Ribas, este é Louco.
O senhor sorri e fala.
— Veio conhecer antes de inaugurar?

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— Vim descobrir o que tenho de defender, a partir de hoje,
mas qual a ideia central? – Joaquim.
Nádia olha para Ribas que fala.
— Estabelecer em nada e tudo, ou como se fala, estabelecer a
loucura de não ter certezas ou duvidas.
Ele olha as luminárias.
— Temos 5 ambientes, e cada um numa cor, algumas
melancolias, algumas na flor da cor, temos uma linha de drinks
fortes e coloridos, e uma linha de comida bem especifica.
— Especifica?
— Coisas rápidas e fáceis de locomover por um local agitado,
temos dois palcos, onde vamos revezar dois tipos de musica, rock e
pop, temos duas bandas contratadas, da casa que vão agitar todas
as noites.
Joaquim olha para o palco um, já sabia onde ficava o palco
dois, ele estranha, pois ele não teve vontade de ir a inauguração de
um bar seu.
Ele sorri, ele queria que eles apresentassem algo, e ali estava
algo que realmente não parecia em nada com o que Joaquim tocava,
e sem cantos de fuga na ideia, muito fechado, aquelas coisas tão
especificas que o cardápio estava já com a logo, as cores do local
eram as do cartaz, sorri e olha para Nádia.
— E abre quando?
— Sábado vai inaugurar.
— Dão conta, eu tenho de estar no Rio de Janeiro no Sábado.
— Urgência? – Nádia.
— A entrada da Insídia no Rio de Janeiro.
Nádia abraça Joaquim e vão para casa.
— Não gostou. – Nádia.
— Acho que não entendi a ideia, vou ter de olhar
funcionando, as vezes me canso de coisas sem importância, e acabo
não prestando atenção nos detalhes.
— Sei que queria algo mais despojado, mas não seria algo
com estilo.
— Não tenho problemas por isto Nádia, não pretendo ter um
bar, então é fácil criar algo como queria, estou tentando entender a
ideia em si, eu sou daqueles que gosto de estar em alguns lugares,

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mas nunca retorno em outros, então tenho de ver funcionando para
dizer, é uma boa ideia ou uma péssima ideia.
— Certo, o funcionamento conta mais do que o lugar em si,
vejo pelo Tasca, ele funciona tão redondo que lhe permite
transformar em marca e criar copias em outros lugares.
— Isto, a ideia quando fica boa e se consegue por em caixas
organizadas, em métodos organizados, mesmo alguns não gostando,
temos como duplicar.
— E não vai estar ai no sábado mesmo?
— Queria, mas não terá jeito, mas com calma vejo como vai
funcionar o todo.
— E posso ir junto?
— Não, é questão de entrada em morros e segurança de
gente ligada a bicheiro, não quero ter de me preocupar com as
costas de mais alguém.
— E porque se envolve nisto?
— Porque dá dinheiro.
— Mas morto não precisa de dinheiro.
— Eu não fiz nada ainda no Rio, pois não tenho como dar
segurança a nada lá, então estou entrando com a empresa de
segurança para entrar com Tasca, com Mustache, com marcas
próprias no mercado local.
— Certo, primeiro a segurança e depois todo resto, está
pensando em ter apoio lá antes de qualquer coisa.
— Sim, com certeza terei a segunda sede da Marítima, uma
empresa que tem sua primeira sede ainda em implementação em
Rio Grande, a segunda será no Rio de Janeiro com certeza.
— E para isto precisa de segurança primeiro.
— Sim, primeiro segurança.
— Mas não entendo não poder ir?
— Eu não conheço o grupo que vai se apresentar lá, como
uma proposta de serviço, não quero você chegando lá e ter de lhe
mandar para casa, como foi em Porto Alegre.
— Ainda não entendi Porto Alegre.
— Não entendeu? 25 mil dólares mês na conta, só isto.
— Sei que você não iria lá apenas por isto.
— Apenas?

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— Sei que não é pouco, mas você sempre parece falar em
mais dinheiro.
— Sei, falo demais, dá nisto.
Nádia o abraça e fala.
— E como estão as coisas por aqui?
— Ainda complicadas, mas tenho de acostumar com negócios
como o que vi ali fora, que não tem minha cara, mas que gera
dinheiro.
— Acha que pode dar certo.
— O dar certo depende mais do empenho do administrador
do que da casa em si.
— E o que vamos fazer hoje?
— Eu vou à aula.
Nádia sorri e vê Joaquim ir à universidade.
Joaquim assiste aula e vê Jonas no intervalo.
— Preciso de apoio Jota.
— O que precisa?
— Aquele Deputado está querendo algo, não entendi, mas
esta cercando as meninas.
— Estranha alguém com seus métodos?
— Não é isto, mas não teria como o colocar no lugar?
— Qualquer coisa, chama a segurança Jonas, agora podemos
não estar no lugar e a segurança resolve.
— Não teria como falar com ele?
— Jonas, neste momento estou fazendo de conta que o
deputado não está tentando me ferrar, eu vou dar o troco, mas não
como ele pensa, na inteligência desta vez.
— E como pretende fazer na inteligência?
— Consegue liberdade condicional para o fim de semana?
— Vamos aprontar?
— Se Amanda não estiver lá, lhe explico.
— Lá?
— Rio de Janeiro.
Jonas olha serio para Joaquim e pergunta.
— Mas como daríamos o troco no Deputado.
— Eu ainda não mexi os contatos, mas semana que vem,
vamos começar a dar o troco silenciosamente.

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— Certo, mas e as garotas.
— Perdendo dinheiro com toda esta insegurança, mas
compensamos depois.
— Não está me levando a serio Jota.
— Eu sei que ninguém está entendendo, mas só um
momento.
Joaquim pede para o atendente aumentar o volume da TV, e
olha para o terceiro modulo da propaganda.
Jonas fica a olhar e pergunta.
— Não entendi o que eles querem com esta ideia.
Joaquim olha para ele e fala.
— Tentando entender para saber qual a ideia, mas vi que o
pessoal está começando a falar desta historia.
— Sim, ouvi que tem gente se perguntando qual vai ser a
moral desta historia.
— Nem ideia. – Fala Joaquim.
— Não vai falar com o Deputado mesmo?
— Amanha a noite vou ao Rio de Janeiro, consegue um alvará
de soltura e conversamos lá.
— Vai fazer oque?
— Descobrir se tenho como entrar na segunda maior cidade
do país, pois São Paulo vou com calma entrando, mas mercados
como a Cidade do Rio e de São Paulo, são maiores do que o
mercado do nosso estado.
— Pensando em números, mas a pobreza impera lá.
— Somos a capital paranaense, não temos um milhão de
habitantes, o Rio de Janeiro cidade, tem mais de um milhão de
pessoas que recebem acima de 20 salários mínimos.
— Certo, um mercado potencial, mas vai entrar com o que?
— Vou lá conversar com alguns, conhecer, eu não conheço
além da base da Marinha local, pouca coisa de verdade.
— Certo, vou tentar uma carta de alforria.
— Tenta, pois com ela não vou Jonas.
— Querendo confusão?
— Não, mas precisamos de gente olhando por aqui.
— E pelo jeito vai agitar o lugar.

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— Sim, vou agitar em dois ou três pontos, e vou estar no
quarto ou quinto ponto.
Joaquim sobe para a aula novamente e Jonas ouve.
— Sabe o que Joaquim anda pensando Jonas?
Jonas olha para Maria e pergunta.
— Sobre?
— Sobre o novo bar dele, alguns falam que teria novidade
neste fim de semana, Toca do Louco.
— Não sei, ele parece agitado.
Maria olha para a TV e fala.
— Dizem ser uma campanha promocional de uma grande
empresa multinacional, quem mais investiria este volume de capital
para lançar algo.
— Sei que parece estranho, mas algo está errado, e não
consigo ainda identificar. – Jonas.
— As vezes algo baseado na cidade parece não fazer parte do
país, então estranhamos.
Jonas olha para a moça e fala.
— Isto, sabia que tinha algo que não tinha percebido.
— O que?
— Novos Rumos, isto que não tinha me tocado, Jota esta
ocultando algo grande, talvez por isto não queira estar no fim de
semana na cidade.
— Não entendi.
— Novo Rumo é a produtora, desta investida, mas Novo
Rumo é a produtora da Rogéria, ou com dizem, ideia de Joaquim,
implementado em dias.
— Está dizendo que ele sabe o que vai acontecer?
— Tô dizendo que a produtora dele, está lançando uma nova
forma de propaganda a nível nacional, se vai acabar bem, mal, ou
como, acho que não interessa a ele, e sim, a ideia, algo lançado em
capítulos, em horário nobre, isto realmente é para grandes marcas.
— Alguns tem falado mal dele, sabe porque?
— Porque tem um deputado, que tem um filho que se faz de
amigo, que daqui a pouco está por ai, que está pagando uma
campanha publicitaria contra ele, e uma reportagem o acusando.
— E ele sabe disto?

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— Antes achava que não, mas agora, acho que ele pretende
algo, ele não se preocupa em sair de sociedades, ele se preocupa
em não se perder no caminho.
— Acha que ele consegue implantar alguns dos projetos?
— Sei de um que ele vai receber 25 mil dólares mês por 10
anos.
— Então ele acertou em um ponto.
— Sim, ele me mostrou que ele estava se preparando, eu
vinha e ficava na cerveja, ele está lá encima, defendendo as
presenças, para poder estar na gerencia do BB.
— Ele vai disputar a gerencia já?
— Pelo que entendi, ele não tem tempo de banco, mas o
convidaram para uma seleção de regional do banco, ele foi o melhor
pontuado, mas como tempo de banco conta, ele não tinha como
disputar para valer o cargo, mas com isto, ele apoiou quem
concorria a gerencia aqui, e o rapaz foi a regional, ele eliminou a
concorrência, da forma mais inesperada, ele o chutou para cima.
— E continua com a Brasília.
— Como ele diz, a propaganda negativa que a Brasília faz, é o
que ele precisa no momento.
— Afastando concorrentes?
— Uma grudou nele, ele colocou para trabalhar, ele ainda não
quer parar, mas confesso que eu mesmo o subestimei.
— E todos correndo com seus projetos de conclusão e todos
falando da monografia dele, alguns professores discutem existir um
erro, lembro dele no dia que o fez falar que se tocou de um grande
problema na monografia, mas já estava com as notas anotadas.
— Ele queria impressionar, mas poucos ainda sabem quem
ele é.
— Sorte dele. – Maria.
— Verdade.
Joaquim sai da ultima aula e olha para a porta e vê o
segurança.
— Problemas?
— A moça quer saber quem a está dando segurança.
— Não fale, e se ela quiser sair, ela estará por conta, eu não
vou cair na arapuca de ser acusado por ela de cárcere privado.

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— Ela é das encrenqueiras.
Joaquim não comentou, apenas olha o rapaz que sai e o
professor de Mercado Internacional chega a Joaquim e pergunta.
— Sabe que podemos discordar dos métodos e do que falou.
— Não foi por mal senhor, mas o Brasil está fora do caminho
dos produtos, nós não queremos a compra de nada, e queremos
vender apenas produtos primários em quantidade.
— E o crescimento das industrias de armas no sul?
— O básico, aquilo não me parece avançado, quando se vê
um tanque americano, e se vê um produzido aqui, espero não estar
no daqui se uma guerra acontecer, não é que sejam ruins, é que não
temos experiência em guerras modernas, não fazemos coisas para
novos campos, e sim baseados em pseudo guerras.
— E porque falou que as diferenças atrapalham mais que as
igualdades?
— Na verdade quero me convencer que esta frase está errada,
mas ainda ninguém me deu algo que pudesse a mudar, sabe quando
você escreve algo, parece de impacto, mas no fundo, parece apenas
uma frase de impacto.
— E estava discutindo isto onde?
— Seleção de Regional de Comercio Exterior do Banco do
Brasil.
— Trabalha com o banco?
— No banco.
— Certo, e o que eles estabeleceram?
— Não estabeleceram, aceitaram, e eu duvido até dos meus
pensamentos, imagina dos demais.
— Certo, então quer achar uma resposta para uma frase que
disse e que lhe parece errada?
— Me parece inocente, como digo, comercio exterior está se
tornando comercio de códigos, taxas e commodities.
— E pelo jeito tem interesse no mercado externo.
— Acho que o governo atrapalha muito, talvez a minha visão
de mercado internacional, seja puxado para o pouco que conheço,
quando se fala em vender para fora, portos especiais para grãos,
mas nada para produtos acabados, ainda embalamos e dispomos
em caixas que são erguidas uma a uma para dentro dos navios e

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ajeitadas uma a uma, existindo métodos de colocação em
contêineres a mais de 10 anos nos portos do mundo.
— Acha que o pre colocar seria mais pratico.
— Sim, disporia como sai da fabrica, já pronto para viagem, e
não precisaria de tanta estrutura de embalagem, pôs embalagem, e
encaixotar tudo, para transportar e perder até 18% no transporte.
— E o que faz pensar nisto?
— Ainda em projetos futuros, mas deixa eu correr, tem gente
querendo me linchar e esqueceram de conduzir o linchado ao local.
— Se cuida.
— Tentando voltar as aulas, para acabar o ano, mas parece
que os compromissos fora estão me chamando para confusão.
— Alguns lhe acusam de Prostituição, sabe por quê?
— Sei, porque quando eu e o Jonas fundamos a TSS a 3 anos,
ninguém nem se tocou que eram dois estudantes de Economia da
Federal que resolveram investir naquilo.
— Está dizendo que a TSS saiu de uma ideia desta faculdade?
— Sim, mas quando se cresce por um lado, eles lembram o
passado, hoje o Jonas toca sozinho, mas sei que falsa moral pesa
nesta hora senhor.
— E pelo jeito vai a um abanco estatal.
— Acho que ainda não tenho certezas, sei que muitos me
apontam como um caminho estável, eu odeio estabilidade.
— Tem de ver que este país premia a estabilidade.
— Sei disto, mas para mim, muito da culpa do inerte do país
está no estável, sempre muito estável, na crise mais grave, é estável
demais.
— E quer mais que isto?
— Sim, que eu consiga avançar mesmo na instabilidade.
— E pelo jeito começam falar mal por isto.
— Professor, o senhor sabe quem é Joaquim Moreira, tá na
chamada, mas tem gente desta nossa sala, que não tem ideia que o
rapaz que falam mal, sem falar, sou eu, invisível suficiente para que
eles ataquem, invisível suficiente, para mudar de face, e eles ainda
me apoiarem.
Joaquim vê o elevador se abrir e começam a sair, o senhor
olha para a segurança ao canto e pergunta.

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J.J.Moreira 5
— Problemas?
— Ainda não sei.
O professor se afasta e Joaquim olha o Delegado da Civil, Silva,
chegar a ele e falar.
— Mãos onde possa ver.
O professor viu os demais apontarem as armas e Joaquim
olha para o segurança e fala.
— Apenas registra que me pegaram aqui, se sumir, foi o
Delegado.
— Me acusando?
— Novamente me tirando de local não registrado como meu,
senhor Delegado, espero que tenha um Juiz lá hoje, pois se não tiver,
ai sim terá problemas.
— Tem um procurador.
Joaquim sorriu e apenas olha o veiculo da civil a frente, lhe
algemam e ele sai conduzido.
O segurança passa uma mensagem para os advogados que
começam tenta achar onde ele seria levado, não foi para a
Delegacia, não foi para a Procuradoria, a segurança começa a agitar
a cidade e um para a casa do Deputado vendo que estavam
comemorando algo. Eles registram e mandam para o advogado, que
reúne o pessoal e cada um sai num sentido.
Camargo, advogado de Joaquim e chega ao desembargador
tirado de casa de noite e fala.
— Queremos uma posição oficial do Judiciário Paranaense,
temos as imagens do meu cliente sendo rendido e conduzido na
Universidade pelo Delegado Silva, irmão do Procurador Silva,
nenhum deles se encontram em suas casas ou locais de trabalho,
mas pedimos a verificação oficial disto, para não falarem depois que
estavam em casa e ninguém os contatou, queremos saber baseados
em que base estão perseguindo meu cliente.
— Sabe que pornografia está sendo prioridade de
enfrentamento do atual governador.
— Sei, como ele vai dizer que tudo que propôs não vai fazer e
precisa dar uma de moralista, mesmo estando na lista de usuários
deste tipo de serviço na capital.
— Sabe que se falar isto em juízo terá de provar.

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J.J.Moreira 5
— Sei, não estou ainda em juízo, mas se perseguem meu
cliente, porque o Deputado Curi, dá uma festa neste instante na
casa dele, com mais de 20 garotas de programa para seus amigos, e
não fazem o mesmo.
— Não temos denuncia.
— Estou denunciando senhor, mas a pergunta, por quê?
— Sabe a resposta?
— Não sei, meu cliente tem mais de 4 mil funcionários
somente na capital paranaense registrados em suas empresas, não
os mais 3 mil em empresas que tem parceria, mas a pergunta,
porque ele, o que pretendem com a perseguição a ele, como se
somente ele fizesse isto.
O advogado viu que o senhor não responderia, não faria nada,
então protocolou os pedidos, e foi bem cínico saindo.
— Pode não fazer nada senhor, mas ele surgindo morto
amanhã, mesmo eu não o podendo acusar, sabe que estará com as
mãos sujas, assim como todo judiciário do Paraná.
Camargo dá as costas e faz sinal para o segurança.
— Põem todos na rua, não interessa se estão dormindo,
quero saber onde eles o esconderam.
— Se o mataram.
— Que se ache o corpo.
O desembargador olha o assistente e pergunta.
— O que o Procurador pensa estar fazendo?
— Sabe que o senhor não fazendo a verificação na casa dele,
ele alegará que estava dormindo.
— Eles fotografaram o delegado o tirando de lá, vamos ter
problemas sérios, chama quatro oficiais de justiça, manda nas casas
e faz as intimações, se eles não estiverem lá, pelo menos tiramos do
nosso.
— Acha que eles jogariam sobre nós?
— Sim, fomos os que estavam aqui, e não lhes demos
respostas.
— Camargo agora trabalha para este Joaquim?
— Sim, ouviu, tem mais de 7 mil pessoas empregadas por
este grupo, sei que eles não tentam chamar atenção, mas pode ter
certeza, se acharem o rapaz, torçamos para encontrar ele vivo.

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J.J.Moreira 5
Joaquim olha eles rasgarem a roupa dele algemado e jogarem
em uma cela, sente o chão com cacos e tachinhas, sorri, estava na
sede da João Negrão do SNI, ele pensa no que estava acontecendo,
com certeza eles iriam deixar ele ali até de manha.
Ele viu que fecharam a porta e o escuro se fez, ele encostou
na grade, se ergue na ponta do pé, tira o caco do pé esquerdo o
levantando até a mão algemada, passa na grade lentamente, sente
mais um caco e o tira, apoia o pé na grade, e levanta o corpo,
segurando o corpo com uma das mãos a grade, ergue o segundo pé
e verifica que não havia cacos, ele não via muita coisa, então ele
sente a grade e vai até junto a parede, longe da porta, sabia que
uma queda provocada por uma porta abrindo, lhe jogaria no meio
dos cacos e tachinha, já viu gente ficar cego por algo assim, ele
encosta na parede e pensa em o que poderia fazer.
Ele sente a algema bem apertada, ele força uma das mãos,
por um tempo, solta uma das mãos e inverte o corpo, pegando na
grade e ficando voltado para a porta, sabia que nu não chegaria
longe, ele desce até o chão, com calma, afasta os cacos com o pé
rente ao chão, sente os cortes, a vista via apenas os cantos, mas a
cama poderia ter algo mais perigoso do que um caco, então ele
apenas pensa, olha para o canto, não tinha janelas, chega a madeira
que seria a cama, tachinhas, eles não o deixariam vivo, esta certeza
veio a mente de Joaquim, pois se eles queriam ele cortado, eles não
queriam ele depondo ou reclamando, aquilo era uma cela para
quem não sairia.
Não rapidamente.
A mente começa a passar os dados, Joaquim não tinha todos,
mas isto queria dizer que poderia ter gente no Exercito, no SNI, na
Policia Civil e no Judiciário querendo sua morte, lembra dos rapazes
que o seguiam, se eles não o tirassem dali, ele teria de sair.
Ele chega a cama de madeira, força ela na parede, o barulho
foi grande, Joaquim pega um caco ao chão, passa na mão e passa na
cara, no corpo, e olha a porta, no movimento, as tachinhas caíram
da madeira, Joaquim olha que apenas iluminaram ele, que olha com
aquele sangue para fora, eles sorriram e fecharam a porta.
Base da João Negrão, ele tenta imaginas as salas, ele sabe que
está bem ao fundo, onde não existe vizinho aos fundos, o local que

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J.J.Moreira 5
chamavam de cela do grito, ninguém ouvia nem duas portas a
frente nada, Joaquim soube neste pensamento que eles estavam na
sala ao lado.
Joaquim olha o canto do que era o buraco do vaso, o único
lugar que dava para apoiar as pernas nas duas paredes, ele olha
aquela parede alta e começa a escalar, ele sabia que havia as
entradas que um dia teve luz ali, a muitos anos, as vezes pensava
em quantos morreram após passar naquela sala, ele nunca fizera
isto em sua cidade natal, mas sabia como funcionava.
Ele chega o teto, e com calma levanta a laje para a sala acima,
deveria ser perto da uma da manha, não deveria ter ninguém ali.
Ele olha para a laje do fundo, encosta a laje, nu na laje de
madrugada, olha em volta e se depara com os carros estacionados
no fundo.
Dois, eles não pretendiam nada a noite?
Joaquim olha para o terreno ao lado, pula no telhado, olha
aquelas roupas no varal, tempo quente e gostoso.
Joaquim chega ao telefone publico na rua dos fundos e liga a
cobrar para o escritório de segurança, o rapaz não acredita, mas ele
passa apenas duas mensagens e Joaquim olha para o carro de
segurança parar a sua frente e falar.
— Problemas?
— Não, apenas um corte na mão.
O rapaz olha Joaquim entrar no carro e falar.
— Vamos a base.
Joaquim chega a ela e olha para Caio e fala.
— Dispensa todos que são ou foram do exercito ou da Civil,
tem alguém infiltrado, como não podemos saber quem rápido, pede
para fazerem uma varredura na região metropolitana, denuncia
anônima em Quatro Barras.
— O que aconteceu.
— Nada, eu vou sair da cidade em uma hora, se perguntarem,
não sabem, não viram, não tem ideia, continuem e procurar.
— Mas...
— Eles vão saber que fugi, quero saber quem Caio, não foi
algo oficial, não foi legal.
— Se o desembargador perguntar?

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J.J.Moreira 5
— Se perguntar cedo, diz que recebeu algumas denuncias
anônimas, mas não achou nada.
Joaquim olha para sua casa ao fundo e fala.
— Nem para Nádia, entendeu?
— Sim.
Joaquim se lava no fundo, pega uma roupa de segurança,
põem um capacete de proteção, pega um veiculo e sai dali.
Joaquim chega a Brasília, olha em volta e os militares estavam
lá, esperando algo, mas não seguiram os anteriores.
Joaquim olha para os rapazes e fala para si baixo.
— Que seus parentes me perdoem.
Ele do fundo dá dois tiros, e vê os dois caírem ao fundo,
ninguém viu, ou ninguém fez que viu.
Joaquim chega casa em Tijucas do Sul e olha para um pessoal
sentado em um banco da praça, sorri de uma cidade pequena, onde
o mínimo se veria.
Joaquim entra na casa, descansa, ele olha tudo em volta e fica
a pensar nos problemas de ocultar algo como aquilo.
Joaquim tinha feito um prospecto de 14 dias, 3 tinham ido ao
ar e a Gazeta, ele começa a reescrever a partir do sétimo, era
manha quando ele terminou e coloca no correio, ali na praça de
Tijucas, três dias para chegar a Pablo.
Na cidade, abrem a cela e não olham em volta, não
entenderam, ele teria de estar ali, olham a marca de sangue a
parede e olham para aquele alçapão e o Delegado olha o rapaz do
SNI e fala.
— Como não viram nada?
— Não pode ter ido longe.
— Parece estar sangrando bem, mas achem ele antes de
qualquer um.
O rapaz concorda e o delegado olha para o agente Francisco
Reis, irmão de Manoel Reis, sumido a alguns dias.
— Incompetentes, uma sala do SNI, com claraboia,
retardados.
O delegado olha o senhor e fala.
— Se soubesse que iriam o deixar fugir, teria colocado em
uma cela de isolamento, evitei pois lá mais gente veria.

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J.J.Moreira 5
— Esqueço que falam horrores de Moreira, mas uma das
coisas, é que ele pensa, pela cela, ele sabia que morreria se ficasse.
O delegado sai dali e um grupo da policia federal estava no
local e o desembargador entra e olha o senhor.
— Uma chance, melhor ser convincente Delegado.
— Do que me acusam.
O desembargador joga as fotos dele conduzindo Joaquim na
noite anterior, e fala.
— Onde e baseado em que o prendeu?
— Eu não sei do que está falando desembargador.
— Pensei que falava com um homem, não com um rato
Delegado. – O desembargador olha para o delegado da Federal que
fala – Esta sendo conduzido senhor, a um depoimento oficial,
qualquer coisa que falar poderá ser usada contra o senhor, pois
temos dois mortos, e a sua ação registrada, alguém vai responder
pelas mortes no local.
O delegado não sabia do que estavam falando, ele talvez
achou que estavam blefando, mas todos os identificados pelas fotos,
foram levados a depor, eles começaram a ouvir os investigadores, e
por fim o delegado.
— Nome completo senhor?
— Carlos Silva.
— Quando foi a ultima vez que viu Joaquim Jose Moreira?
O senhor olha para o desembargador, para o escrivão e fala.
— Não lembro.
— Lembra de uma operação ontem no Prédio de Sociais
Aplicadas da Federal do Paraná.
— Não fizemos nenhuma operação lá senhor.
— Então os 12 seguranças, os 32 estudantes, os 5 professores
que narraram o evento, mentem?
— Não fiz operação lá.
— E o que fez lá? – O delegado Federal.
— Eu não fui lá, fotos forjadas não me farão falar.
— Fotos, depoimentos, e não fez nada senhor? – O delegado
Federal.
— Sim, não fiz.
O delegado olha para o desembargador e fala.

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J.J.Moreira 5
— Neste caso, assino o pedido de afastamento do Delegado
Santos e de 22 dos seus rapazes, momentaneamente detidos, para
verificação.
— Não podem fazer isto. – O delegado.
— Sabe o que fez delegado, mas como se faz de esquecido,
de inocente, melhor manter também a compostura, já que não
lembra de nada de ontem.
— Não podem me prender por enfrentar algo que a
sociedade quer fora dela.
— Algo?
— Aquele marginal, que todos querem que respeite.
— O senhor não é a lei, é a detenção senhor, mas onde ele foi
parar, pois sumiram com ele, onde enterraram?
— Não o fiz.
O delegado olha para o desembargador e fala.
— Sabe que tem gente querendo respostas.
— Sei, o presidente da Republica me ligou me tirando da
cama e me perguntando quem matou os dois rapazes que dele que
estavam de olho no senhor que sumiu, a pressão, vai feder, e pelo
que entendi, o delegado ai, não fez, não viu, e assim que largou o
rapaz em algum buraco, correu para casa para responder a
intimação.
— Eu não matei ninguém.
— Disto tenho certeza, mas quem dos seus matou, porque,
eles estavam lá apenas para garantir que o exercito tivesse a
posição do senhor.
Francisco Reis, olha para o local ser cercado pelo exercito e
olha o comandante da Regional Curitiba do Exercito sair de um
veiculo com os rapazes apontando as armas para ele.
— Perdido na cidade senhor Reis?
— De passeio.
— Na sede do SNI local?
— Se vão me acusar de algo, vão ter de provar.
— Eu não sei o que está acontecendo, mas Sargento Moreira
foi tirado a força da Universidade ontem, dois rapazes do exercito
foram mortos para que a operação acontecesse, isto nos coloca no
caso senhor Reis, e o senhor aqui, o que está acontecendo?

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— Porque não tem o mesmo empenho no sumiço de meu
irmão?
— Como se diz, como se pode saber de algo, se oficialmente
ele pôs no relatório que estava voando a Fortaleza, e a ultima vez
que ele foi visto, estava em Porto Alegre.
— Isto não é crime.
— Não disse que é, mas quando não se tem cobertura, se
morre neste país, o senhor, não pede reforço, e se acontece algo,
como explicamos depois.
— E vieram verificar o que aqui?
— Se Moreira não está por ai.
— Façam o trabalho de vocês.
Os rapazes foram entrando, gente em outras 5 celas, e
ninguém falou nada, apenas olharam, e saíram.
— Felizes? – Reis.
— Não, as vezes queria que alguns lembrassem, que Moreira
quieto, é mortes a menos, mas eles insistem em querer o tirar da
inercia, mas pelo jeito desta vez o fizeram direito.
O senhor saiu e Reis sorri, o senhor não queria achar nada,
mas estava cumprindo ordens, as vezes se esquece que muitos não
gostavam de Moreira.
Moreira vai a uma sorveteria na esquina da casa e olha
aquela moça lhe olhando.
— Novo aqui? – Uma moça.
— Perdido por aqui, o que se faz nesta cidade?
— Se deixa o tempo passar.
— Certo, vou tentar me acostumar.
Joaquim toma um sorvete e atravessa para a casa a frente e
olha para o carro, olha para o segurança chegar a entrada com a
Parati do Rio de Janeiro e levar o carro da empresa de segurança.
Joaquim coloca a peruca, o bigode e vai a Curitiba, entra na
agencia por volta das oito e meia e olha para o segurança.
— Não me viu hoje.
Ele demora a achar Joaquim naquele senhor, Joaquim bate o
ponto e sai com a pasta de clientes, ele iria trabalhar para não
pensar, ele não queria reagir antes da hora.

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J.J.Moreira 5
Ele para a três quadras, tira o cabelo e o bigode, põem um
chapéu e um óculos e foi a cada um dos pontos que marcara e faz a
proposta.
O gerente geral chega a olha na mesa dele, o recado.
“Se perguntarem sobre mim, não viu, estou fazendo clientes
externos no dia de hoje”
Ele olha em volta, o rapaz estava trabalhando, mas viu que
perto da hora de abrir, dois policiais estavam na parte externa, mas
como Joaquim não estava li, eles apenas observaram.
Francisco Reis vai ao Tasca e olha para Nádia.
— Se não nos falar o que queremos, podemos conseguir uma
vaga para você moça.
Francisco falou isto e não viu dois rapazes chegarem pelas
costas, mas ouviu um falar.
— Senhorita Nádia, qualquer coisa nos fala, tem gente
sumindo na cidade, e tem gente que não está em missão oficial para
lhe ameaçar. – Francisco Pombo.
Francisco olha para trás e olha aquele rapaz jovem e fala.
— Acha que fala com quem?
— Não sei quem acha que é senhor, mas se sumiram com
Joaquim, e está pressionando, algo saiu errado, a pergunta, vai ficar
assinando que foi você ou vai sair correndo como seu irmãozinho
em Porto Alegre?
— O que aconteceu em Porto Alegre?
— Quando se resolve fazer serviço a CIA dentro do país, tem
de saber que a CIA, não deixa rastros de erro.
— Ele não...
— Infelizmente ele não era tão experto senhor, mas se sumiu
com Joaquim, cuidado, logo estará num buraco como gosta de por
os demais.
— Acha que me ameaça?
— Não, dou segurança para que inocentes não sumam, mas
os não inocentes, se fizer isto, pode ter certeza, eles não vão deixar
barato, sabe a regra, faz parte disto.
— Sabe que se a intimar não vai poder me deter.
— Se levantar a voz, vai sim ser detido, para averiguação, se
acha que está falando com um segurança, pede a conta senhor

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J.J.Moreira 5
Francisco, se não sabe, sou uma criança, se tem medo de mim,
imagina se soubesse que tenho o seu nome, mas sou um Pombo,
sabe o que isto quer dizer?
Francisco Reis se assusta, um protegido do general Geisel, ele
recua e fala.
— Até vocês protegem aquele marginal?
— Meu padrinho de batismo, pode andar a margem, pois
todos a margem o conhecem, você, se sair dos centros, morre
senhor.
Francisco entendeu, Moreira não estava sozinho, e olha para
o menino e fala.
— E se o detiver?
— O senhor e quantos?
Nádia olhava o menino sem entender e ouve.
— Acha que tenho medo de você menino.
— Senhor Francisco Reis, se não me teme, e não teme
Moreira, não serve para o cargo que ocupa, dá a vez para outro,
mas é bom o ver pressionando.
— Por quê? – Nádia.
— Sinal que perderam ele, agora precisam saber, onde ele foi
parar, mas Joaquim não é de ficar por perto, ele é de ficar atrás de
uma mira a duzentos metros de uma porta, boa sorte senhor, boa
sorte mesmo.
Os seguranças olham de longe e Francisco Pombo, olha para a
porta e vê os carros do Exercito a porta, e pensa na encrenca,
pensou que seria detido, e olha o General Geisel sair de um carro e
entrar no lugar, Reis viu que tinha entrado em uma fria e olha o
senhor chegar a mesa e olhar para ele.
— E dai Reis, fez merda de novo?
— Não sei do que está falando general?
— Onde colocaram Moreira Reis?
— Não sei do que está falando.
— Pelo jeito, conhecendo o herdeiro dos Pombo, mas o que
faz aqui, o que fez, e quem lhe dá cobertura Reis?
— Não sei do que fala.
O general faz sinal para a porta e tiram 4 rapazes dos carros,
os desarmam e põem em um caminhão ao fundo, de detenção.

110
J.J.Moreira 5
— Se não sabe de nada, veio ameaçar alguém por quê?
— Não ameacei ninguém.
Um rapaz que não olhava para a mesa, na mesa ao lado, vira-
se para o general e passa um papel com a transcrição do que
acontecera na mesa.
Geisel olha para o papel e sorri.
— Nisto tenho de concordar com Costa e Silva, os métodos de
Moreira fazem falta.
Geisel olha para Nádia e fala.
— Aproveita e sai – olha para Francisco – você também, bom
ver que está crescendo forte.
Nádia levanta-se e Francisco a acompanha até a porta de sua
casa.
— Você é cômico Reis, acha que ele se importa em dar
coordenadas de onde está para namorada?
— Alguém sempre sabe.
— Sim, quem autorizou, isto que quero saber Reis, se não
autorizaram, o que faz aqui, pressionar uma namorada, por uma
operação que não tem autorização para o fazer?
— Ele é perigoso.
— Ele está onde?
— Não sabemos, o jogaram numa cela local do SNI, a cela do
grito, mas ele saiu de lá sem ninguém ver.
— E vocês se dizem SNI? Tem até segunda para pedir a conta
e sumir, depois Reis, eu mesmo dou fim em você.
— Não pode fazer isto general.
— Se não sabe fazer, não saia de casa, odeio perder gente
porque alguém resolveu desafiar um maluco, que ainda bem, nos
considera parte da sua vida, mas fazer uma operação contra
Moreira pela metade, é pior do que fazer algo com um fim digno,
pois a morte é digna, mas se perdeu ele, como seguro esta guerra
que você nos colocou Reis?
— Mas que guerra.
— Sabe o que representa o menino ali atrás?
— Aquela historia estranha...

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J.J.Moreira 5
— Sim, ele sabe até quando você mente, apenas olhando
você, mas estes não mechem e não gostam quando se meche com
os deles, e Moreira é um deles.
— Mas ninguém me informou isto.
— Disto que falo, como se diz SNI?
— Mas...
— É o que o rapaz falou, Moreira vai lhe esperar em algum
canto, a 200 metros do ponto, e como poucos, vai acertar o tiro,
único, e ninguém vai nem ver de onde veio o tiro.
— Mas não pode o defender.
— Se ele está a nosso favor, não vou contra algo que os
americanos não tem, eles acham que tudo que é bom está lá, vamos
criar algo por aqui. Eu não gosto dele como pessoa, e sei o valor que
ele tem Reis, e se está pensando em vingar seu irmão, tenho de
considerar que você também faz serviços para a CIA, e se isto for
real, não vai ser apenas a conta que vai pedir, vou após isto, querer
dados, muitos dados.
— Meu irmão não fazia isto.
— Fazia, e você não tem como não saber, então se está
buscando dinheiro americano, esquece, vingança, esquece,
problemas, isto já conseguiu.
Nádia olha para Francisco e pergunta.
— Não sei quem é você?
— Afilhado de batismo de Joaquim, mas não vamos deixar
este pessoal pegar ninguém.
— E como alguém jovem pode ajudar.
— Idade não é o problema, mas se Geisel veio a mesa, sinal
que Moreira fugiu de uma arapuca, mas ele pode estar ferido, pode
estar precisando de ajuda, mas ele não vai chamar para dentro do
problema, alguém que eles podem judiar.
— Mas se podemos ajudar.
— Eles são um grupo de 500 mil pessoas infiltradas no país,
não se enfrenta tantos sem inteligência Nádia.
— Certo, mas e se ele precisar de ajuda.
— Ele pede, se ele ligou, pediu, não me informaram, mas se
olhar, a segurança continua a perguntar, mas sem tanta ênfase
como ontem a noite.

112
J.J.Moreira 5
— Ele já deve ter comunicado, mas porque não nos avisou.
— Pessoas como aquele senhor na mesa, pegam inocentes
que tiveram alguma informação, e os torturam, para a conseguir.
— E Moreira não teme isto?
— Conheço poucas pessoas que suportam tanta dor como
Moreira, mas temos de nos defender destes malucos.
O rapaz olha o segurança ao fundo e ele faz sinal que estava
tudo limpo e ele volta ao restaurante.
Senta-se perto da cozinha e olha para Paulo.
— Problemas menino?
— Não sei, viu algo?
— Com certeza Joaquim não quer se passar por alguém bem
ainda, mas ele passou na empresa de segurança, perto das duas da
manha.
— Saiu como?
— Um carro da segurança, para onde não sei.
— Estava machucado?
— Com a mão enfaixada.
— Certo, ele vai querer algo, temos apenas de ficar atentos,
ele não vai atrair para dentro das empresas, ele geralmente puxa
para fora da cidade.
— Acha que ele vai revidar?
— Ali temos um senhor do SNI, sendo pressionado a pedir a
conta na segunda pela cagada senhor Paulo.
— Este meu patrão é importante.
— Ele é simples, mas as pessoas não entendem, ele gosta de
estar quieto e não ser perturbado.
No Banco, o gerente Geral olha para aqueles rapazes
entrarem na agencia e perguntarem por Joaquim, chega a eles e
pergunta o que precisavam.
O rapaz do exercito olha o gerente e pergunta.
— Viu Joaquim hoje?
O senhor pensou nas confusões que o rapaz se metera
ultimamente e fala.
— Não, hoje ele faria visitas externas a agencia, problemas?
— Saberia onde?
— Com certeza estaria na agenda dele, com ele.

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J.J.Moreira 5
O senhor todo aparamentado olha o local e faz sinal para os
demais começarem a sair e fala.
— Se souber de algo sobre ele, nos comunique senhor.
— Algo grave?
— Não temos autorização para falar, mas se souber de algo,
nos comunique.
O gerente estranhou, pois eles não falaram, quando ele
chegasse, olha os demais, e olha aquele rapaz do outro lado da rua,
camiseta estilizada, apenas observando eles, olha duas vezes e olha
o segurança.
O segurança olha o rapaz e sorri, o gerente não entendeu,
mas os rapazes do exercito saíram e Joaquim atravessa naquela
roupa nada discreta, um laranja fosforescente, uma peruca de
cabelos longos e um pequeno bigode, um boné imenso as cabeça.
Ele passa pelo segurança e fala.
— Vou apenas mudar de roupa Ney.
— Eles lhe procuravam.
— Sei disto, mas hoje não estou para brincar de casinha.
O gerente vê o rapaz entrar, estranhou, e foi a parte interna e
viu Joaquim tirar a peruca e a jaqueta, por baixo o paletó, e olhar
para ele.
— Meta atingida senhor.
O senhor iria perguntar algo e parou na frase.
— Estava onde?
— Vamos a sua sala e conversamos.
Joaquim abre a pasta e tira os prospectos com os documentos
e fala.
— Mais 72 empresas, dá fabrica de fosforo ao Bar do Tadeu.
— Pensei que estava se metendo em encrenca.
— Senhor, eles as vezes acham que temos de os dar atenção,
mas o que o General Rosa fazia aqui, ele é de Porto Alegre.
— Disse que se soubesse de algo, para o comunicar.
Joaquim abre a gaveta e olha para o pager reserva, ele não
usara durante este dia, ele olha algumas mensagens e só retorna 4
delas.
— Problemas?
— Retornando apenas quem me preocupa.

114
J.J.Moreira 5
— Quem?
— Senhor, ontem alguém mandou me deter sem
determinação judicial, sem determinação nem do local onde fui
jogado, apenas sai de lá e não olhei para trás.
— Jogado onde?
— Sala do DOPS na João Negrão.
— E fugiu de lá?
— Quando terminar a semana, tento me explicar com quem
interessa.
— Acha que vão vetar sua posse?
— Uma das informações é do General Geisel afirmando que já
assinaram a minha posse, e que nada do que fizeram ele autorizou.
— Não entendi.
— Ele não me quer como inimigo, apenas isto.
— Fala sério. – O Gerente sorrindo.
Joaquim explanou sobre o vir dos funcionários da fabrica de
fosforo, e do colégio a BR 116, e começa a por os papeis em ordem
a mesa e o senhor que estava pensando em problemas, fica a ver
que um Joaquim estava agitando tanto aquela agencia que ele não
sabia nem mais dizer não, ele trazia as pequenas, mas trazia
também as grandes, e uma grande gerava muito mais trabalho que
muitas pequenas.
Joaquim olha para a porta e Sonia, a atendente que almoçara
no dia anterior olha para dentro, iria perguntar se Joaquim não viria
naquele dia e olha ele ali, conversando com o gerente.
— Tem um senhor querendo informação sobre Joaquim
senhor, o que falo?
— Quem? – Joaquim a olhando.
— Só olhando para entender.
O gerente a olha e Joaquim fala.
— Diz que o gerente fala com ele Sonia. – Joaquim a olhando.
— Mas...
— Apenas diz isto, tem gente demais do lado de fora para
saber que estou aqui.
— Certo.
A moça sai e o gerente pergunta.
— O que vai fazer?

115
J.J.Moreira 5
— Calma, nada perigoso agora.
— Como sabe?
— Eles querem saber se estou vivo gerente, somente isto.
O gerente olha desconfiado, vê dois rapazes do exercito
entrarem, revistarem os dois e saírem, o General Geisel entra pela
porta e sorri.
— Uma boa noticia enfim.
— Não pensei que viria confirmar a informação General.
— As vezes poderia ser alguém com seu Pager, mas esqueço
que você não é fácil de matar.
— Não entendi a operação de ontem a noite senhor, não
estávamos em paz?
— Sim, mas parece que a CIA realmente tinha uma base real
no SNI, estamos afastando alguns hoje.
— Eles vão reclamar. Mas não podem dizer que não avisei
que aquilo tinha deixado de ser base Brasileira.
— Sei disto, mas são os custos da abertura proposta por
Figueiredo.
O general olha a mesa e fala.
— Todos querendo saber onde estava, e está trabalhando?
— Sim, este país precisa crescer, e não é olhando pela
fechadura que se cresce.
— Queria paz Joaquim, saberia me garantir isto?
— Sim, mas quem me garante que não chegam aos meus,
pois soube que Reis estava diante de minha namorada mais cedo,
ameaçando.
— Pelo jeito bem informado.
— As pessoas acham que estou vivo, eles continuam me
informando das coisas viga Pager, mas o que o General Rosa quer?
— Não entendi ainda, mas fica de olho, ele aprontou algo no
Rio Grande?
— Aprontou?
— Infiltraram alguém no grupo de obtenção de dados, e
parece que ela conseguiu uma confissão complicada do soldado
referente ao general que o colocou lá.
— Vou ficar atento.
— Vai se fazer de morto?

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J.J.Moreira 5
— Enquanto não souber que todos os que me querem morto
estão parados ou afastados, sim.
— Sabe que terá problemas com um Deputado.
— Sei?
— Não sabe né, mas este não considero parte do sistema,
gente que quer poder para roubar e distorcer leis, não considero
parte dos nossos Moreira.
Joaquim olha para o gerente, não sabia se ele estava
entendendo e fala.
— Uma criança senhor, que nunca passou fome.
O general se retirou e o gerente olha para Joaquim, ele não
acreditava no que vira, e fala.
— Estava mesmo falando sério, que ele queria paz?
— Sei que é difícil acreditar senhor.
O general sai e olha os dois soldados que entraram na peça e
fala.
— Não viram nada dentro da peça.
— Mas...
— Vim verificar e agora posso sair da cidade, mas mantem
segurança para ele, e não bobeia, os que estavam dando segurança
a ele, foram mortos, e ninguém sabe quem os matou.
— Alguns apontam para a precisão de Moreira.
— Se foi, lembra rapaz, trair ele ou eu, é morte, não entendo
esta operação, mas com certeza, vão reclamar de gente que sumiu.
Joaquim vai a sua mesa, talvez pela primeira vez, se chegasse
ao vidro frontal o veriam, mas a noticia que os demais recebiam, é
que o General Geisel estava saindo da cidade.
Reis olha para o Procurador Santos e fala.
— Não sei o que está acontecendo?
— Problemas senhor?
— Dizem que se Geisel vem e olha, geralmente ele faz algo,
ele parece ter ido confirmar cada informação que lhe passaram,
mas ele apenas deu ordem aos generais que tinham chego, para se
retirar, o que ele pretende.
— Acha que ele acha que Moreira morreu?

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J.J.Moreira 5
— Muitos querem ele morto, mas poucos tem coragem de
tentar, mas se começamos isto, temos de terminar Procurador, não
temos como ficar a esperar um revide.
Joaquim pega o telefone e disca para a Insídia, passa as
coordenadas, liga para Nádia e diz que ainda não é seguro, mas
estava bem, liga para Marcia e confirma que tudo está parado, liga
para Rogéria e confirma as publicações, e por fim, liga para Pablo e
fala que vai ter mudança de rumo nas reportagens, deveriam chegar
a ele em 3 dias via correio.
Ele desliga e olha para o segurança que chega a ele.
— Pelo jeito quando falam que temos alguém diferente nesta
agencia, eles não acreditam, ninguém lhe viu entrar.
— Eles não olham aos olhos, mas dois grupos confirmaram
que não estou aqui, vou ter de me cuidar.
— Problemas?
— Sim.
Joaquim espera o dia acabar, pega a roupa, põem ela e
muitos ficaram olhando Joaquim sair pela porta, o gerente olha ele
ir a uma Parati ao fundo.
Joaquim foi a casa em Tijucas do Sul, pega algumas armas e
volta a cidade.
Agora disfarçado de um senhor mais velho, a noite facilitava o
não verem o como o disfarce era ruim.
Ele sobe a entrada do prédio ao fundo, da base que ele
montara no Bairro do Portão, ele olha o grupo entrando e olha para
o deputado a frente, lê em seu lábio.
— Sabe que precisamos dele morto para assumir isto
Procurador.
Ele não via a resposta do Procurador, pois estava de costas
para ele, inviabilizando a leitura labial.
Ele olha para a entrada e olha para uma menina com a tipoia
ainda o braço, olha ela olhar em volta e lê em seu lábio.
— O que vai me oferecer por esta traição Deputado?
— Tem de ver que terá de merecer algo menina.
Paula olha em volta e fala.
— Acha que não vai me pagar senhor?

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J.J.Moreira 5
Ele sorriu, não pretendia a pagar nada, mas o senhor não
falaria para a moça e perguntou.
— Porque não temos o funcionamento da empresa, para
desmoralizar seu dono menina.
— Porque ele desconfiou algo, acha que é fácil trair todos
sem ninguém perceber senhor.
— Elas estão entrando em um esquema mais durador, não
um de um pedreiro que acha que porque ganhou um dinheirinho, é
digno de nos encarar de frente.
Joaquim pega o Pager e passa uma mensagem para Marcia,
ele não era de meias palavras, mas Marcia olha para uma menina ao
lado e fala.
— Vamos todas ao cinema hoje.
— Problemas?
— Sim.
Marcia passa recado para as meninas e elas começam a surgir
em suas portas, o motorista as conduz em um pequeno ônibus para
o centro, e vão ao cinema Condor no centro.
Jonas recebe uma mensagem e atravessa todas as meninas
para o casarão em frente, deixando apenas duas telefonistas na TSS,
Amanda olha que estavam sobre ataque, mas não entendia a
manobra.
Joaquim ainda no telhado, olha para os seguranças do
Deputado a entrada, ele ainda não sabia se queria escândalo, viu
que uma nova equipe de reportagem estava lá, e Paula estava
sendo pressionada.
Joaquim muda de posição e olha pela mira os pneus dos
carros a entrada e se ouve o estouro, alguns se assustam, Joaquim
queria algo mais discreto, mas segurou o segundo tiro, e ficou a
olhar para os demais.
O deputado olha em volta e fala olhando para o Procurador.
— Acha que ele entendeu o problema?
— Alguns dizem que ele está se recuperando senhor, é a hora
de o desmoralizar. – Desta vez Joaquim conseguiu ler o lábio.
Joaquim olha para seu Pager e sorri.
Fica a olhar pela mira os demais e entende quando o pai de
Paula entrou, ele armara, ela talvez nem quisesse.

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Joaquim pega o pager de Paula e passa uma mensagem, viu
que estava com o deputado que olha para ela.
— Ele quer que voltem a funcionar, volta lá.
— Como? – Paula olhando em volta, pensando em alguém lhe
dar uma carona e ouve.
— Se vira, tem dinheiro, não vou gastar do meu com você.
Ela começa a sair olhando em volta, enquanto Joaquim desce
e arromba um taxi a esquina e com o taxi para a entrada e ela entra.
— Para onde menina?
Paula olha para o motorista e fala.
— Entendeu tudo errado Loco.
— Vamos sair daqui e me explica.
— Eles querem um flagrante, que monte um.
— Então vai montar, qual o problema Paula.
— Você me matar, meu pai acha que eles lhe tirariam do
negocio, não entendo a posição dele.
— Está tendo de trabalhar, não tem mais como ficar
roubando os vizinhos.
— Ele não é ruim Loco.
Loco não respondeu e pararam mais a frente e pergunta.
— Ele lhe devolveu o Pager?
— Não, ele está pressionando três meninas, e tem os pager
delas.
— Certo, de quais?
— Sandra e Carolina.
Joaquim passa a mesma mensagem para as meninas e fala.
— Eu não sei qual mensagem Marcia passou antes.
— Que iriam a um evento no centro.
— E as duas devem estar em casa?
— Se não receberam a mensagem, sim.
Joaquim pensa e passa a mensagem para o pager da duas.
— O que vai fazer?
— Deixa eles criarem uma arapuca no Portão.
— Sabe que estamos perdendo dinheiro por você estar no
comando.
— Acha que vai ganhar mais com o deputado Paula?

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J.J.Moreira 5
— Não, o dinheiro vai parar na mão de meu pai, nem vou ver
o dinheiro.
— O que contou para eles?
— Tudo, o que poderia fazer?
— Defender seu futuro menina.
Joaquim olha para Francisco sair da cobertura do ônibus e
falar.
— Não entendi o problema Quinho.
— Geisel saiu da cidade, o que quer dizer, ele não viu nada.
— Vocês são todos malucos. – Francisco.
Joaquim olha para Paula e pergunta.
— Vai estar a favor do que Paula?
— Sabe que aquela Mariana está de conluio com o Jonas, que
tem muita gente se metendo no negocio.
— E resolvem me tirar?
— Sabe que meu pai te odeia. – Paula.
— Mas o que pretende Paula? – Joaquim.
— Sair viva.
— Se quer ir para o esquema do Deputado, vai, mas trair
todas as jogando em uma reportagem que as vai discriminar e
apontar a rua, para que?
— Acha que eles vão pegar pesado.
— Tenho certeza.
Joaquim estaciona na entrada da Defensoria publica e fala
pegando um capuz.
— Me esperem.
Francisco viu Joaquim pegar duas armas no painel, por o
capuz, ele sai do carro e atira no segurança na entrada, antes dele
entender, caminha até ele, baixa a blusa com força o imobilizando,
o deita ao chão e fala.
— Segura no ponto do tiro, e fica quieto e não morre.
Na defensoria Reis ouve o tiro e puxa a arma e fala.
— Um tiro.
Joaquim entra pela porta e faz sinal para a secretaria sair, o
segurança puxou a arma e a mesma voou longe.
Um tiro no joelho e o senhor vê ele chegar rápido, e o
imobilizar, alguns escritórios olham em suas salas e Joaquim chega a

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J.J.Moreira 5
recepção de pessoas esperando atendimento e faz sinal para sair,
eles começam a sair assustados e Joaquim encosta em uma coluna,
ele imaginava o problema, e quando viu os três rapazes saírem de
uma sala, eles apenas tentam o caminho do fundo, ele atira no
primeiro que cai morto ao corredor, os dois outros aceleram,
Joaquim os segue pelo corredor, e quando chega a saída do fundo,
olha os dois caídos ao fundo, olha para Francisco sobre o muro e
fala.
— Volta para o carro.
— Mas...
— Obrigado.
Francisco sai dali e volta, ele sai pela porta da frente e entra
no carro, já sem a mascara, como se olhasse para a construção de
costas, e sai dali.
Joaquim vai a sede da Promotoria, sabia que o promotor não
estaria lá, mas o apoio dele deveria estar esperando algo, e chega
ao local, ele entrou, atirou e saiu.
Quando ele para a porta do canal 12 naquele dia, ele olha
para Francisco e fala.
— Hora de parar o problema, mas hoje alguns vão me odiar.
— Pelo jeito ainda praticando padrinho.
— Tem de treinar mais, três tiros Francisco?
— Digo que repara nos detalhes que eles não reparam.
Paula estava assustada e fala.
— Vai me matar?
— Paula, para de fazer burrada, e se fosse a matar, teria
matado quando lhe vi pela mira no Portão.
Paula olha para fora e fala.
— E o que vai fazer aqui?
— Tem de ser de forma ao senhor entender.
Joaquim olha o segurança da Insidia chegar ao fundo, todos
com veículos roubados, eles imobilizam os seguranças, Joaquim sai
do carro, entra na sala do presidente da empresa que grita.
— Sala particular, quem é você.
Joaquim olha a moça ao canto e fala.
— Depois acabam de conversar, fora.

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J.J.Moreira 5
O senhor olha serio e vê que existe dois senhores armados no
corredor e ouve Joaquim falar.
— Senta senhor.
— Não manda em mim.
— Então vou falar uma vez, se entender, não preciso voltar
amanhã, se tiver de voltar amanhã, você e toda a segurança vão
estar mortos, entendeu?
— Não pode me ameaçar.
— Se pode montar uma arapuca para mim, e ficar se
agarrando com uma funcionaria se fazendo de moralista, eu posso,
e entenda, é serio, quer morrer, continua no caminho idiota do
Deputado, tem um dia para mudar de posição, se ouvi um “a” sobre
esta conversa, sabe, está morto. Passar bem.
Joaquim saca a arma e atira no símbolo a parede que fica com
um tiro bem no centro dela.
Joaquim saiu, os rapazes saíram com os carros roubados e
pararam a frente da casa do Deputado, colocaram fogo e saíram
calmamente.
Joaquim para o carro a frente da casa de Paula e fala.
— Pensa, se você está fora, e todas querem pular fora, eu
desmonto e vocês que se virem.
— Mas...
— Paula, você pular fora e apoiar o Deputado, é assinar em
cumplicidade na morte de Rita, não quero pensar nisto, então pensa
o que quer amanha, se não quer fazer parte, eu fecho, vocês voltam
a ganhar os trocados dos papelotes de drogas.
Joaquim olha Francisco e fala.
— Temos de conversar, mas ainda não parei direito.
— Sobre?
— Alguém que vi em Porto Alegre, mas ainda não sei onde
está escondido.
— Não entendi.
— Seu pai, Geisel o está usando para algo, mas não entendi
oque ainda.
— Mas...
— Porto Alegre tem uma cidade que cheira a Rosa, o que lhe
remete isto?

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J.J.Moreira 5
— Fanes.
— Sim, temos de conversar, mas não tenho tido muito tempo.
— E não vai falar para todos?
— De que adianta falar, eles não acreditam Francisco.
Francisco sai do carro e Joaquim acelera o mesmo e Paula ao
lado pergunta.
— O que sabe sobre Fanes?
Francisco olha a aura amarela de Paula e fala.
— Sempre são os que mais nos traem, mas um dia eles vão
entender, não somos os inimigos.
Paula olha Francisco diferente.
— Sabe disto desde quando?
— Desde que lhe olhei a primeira vez Paula.
— E...
— Não se fala disto por ai, sabe disto.
— Mas meu pai disse que tinha de me afastar destes normais.
— Sei que ele tem medo do Joaquim, ele é de explosões
como a de hoje, mas ainda não sei o que vai acontecer.
Francisco sai no sentido de sua casa, Paula olha para ele se
afastar e não pergunta o que queria.
Joaquim olha para o agito, estaciona o taxi e passa as armas
para seu carro.
Ele olha a policia cercando a região e pensa no quantos eles
envolveriam nisto.
Joaquim passa a mensagem para Paula, falando que os
clientes estavam quase chegando ao portão, se tinha uma posição
sobre as meninas.
Joaquim olha a rua começar a esvaziar, os policiais ficarem
em ruas secundarias, eles começam a voltar aos carros, o Deputado
sai pelo fundo e olha para todos os lados, ele entra no carro e
começa a voltar para casa.
Ele não queria ser acusado de envolvimento.
O procurador fica no local, Joaquim entra no bar a esquina e
pergunta.
— O que aconteceu ali na frente Manoel?
Manoel era o dono de uma lanchonete a frente do terreno,
lembra de Joaquim, e fala.

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— Não sei, mas toda a região está cheia de policiais.
— Alguém para dentro?
— Uns 3 carros.
— Armação com certeza. – Joaquim olhando o jornal local
começar e anunciar as mortes no centro.
O senhor olha as mortes e fala.
— Esta cidade está muito violenta.
Joaquim olha para o local ficar silencioso e fala.
— Pelo jeito eles esperam algo ali.
— Pelo jeito.
Joaquim passa uma mensagem, fica a olhar para os
repórteres a frente na lanchonete.
Viu um dos repórteres olhar o pager e olhar para o outro,
lendo seu lábio.
— Temos ordens de abortar a filmagem Mateus.
— Mas...
O rapaz olha a mensagem e os dois entram no carro de
reportagem e saem dali.
O procurador não viu a saída dos repórteres, estavam ali
esperando algo.
Joaquim olha para o pager e pede algo para Marcia que passa
um recado para Paula, e o deputado olha para a noticia e olha em
volta.
“Sai dai, Loco quer vingar a morte de Moreira, começou pela
Promotoria, diz estar indo para o Portão.”
O deputado estava indo para casa e chega a uma quadra,
vendo a rua interditada, cheia de carros pegando fogo, os
seguranças dão ré e sentem o carro encostar em outro.
Descem para verificar e se veem cercados e desamados.
— O que acham estar fazendo? – Deputado.
— Quieto senhor. – Um rapaz chegando pelas costas e o
conduzindo a um carro.
O deputado olha dois rapazes, um de cada lado ao banco, ele
estava tenso, e viu os dois rapazes serem mortos na parte de fora
do carro.
O senhor olha assustado e pergunta.
— O que querem, eu pago.

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J.J.Moreira 5
O rapaz ao lado do motorista olha ele e fala.
— Ainda não sabemos quanto senhor, mas com certeza, vai
pagar pela morte de um aliado, para entender, alianças não se trai,
e não adianta mentir, alguns já mortos, confessaram.
— Eles mentiram.
O rapaz não falou nada, e dirigem para fora da cidade.
Joaquim recebe o recado do resgate do Deputado e vai a
Universidade, deixando todos em alerta, mas foi armado, coisa que
raramente ele ia.
Entra na sala um pouco atrasado, mas ele estava tentando
não perder o ano, por falta.
Estar no ano de formatura e não o conseguir por presença era
algo que ele não poderia deixar acontecer.
Joaquim nem desceu para o intervalo, em sua mente parecia
ser a hora que souberam onde ele estava.
Ele assiste as aulas, sai com tanta calma, que quando saiu a
parte externa estava vazia, viu o segurança ao fundo, os rapazes do
exercito bem ao fundo, olha sua Brasília ainda ali, estacionada,
caminha até o ponto na esquina e vai para casa.
Joaquim chega em casa e Nádia o vê entrar em seu terno,
sabia que algo estava errado, mas o abraça e fala.
— Está bem?
Joaquim queria alguém cuidando dele, estica a mão, ela viu o
corte e o abraça.
— Tem gente querendo lhe culpar de tudo.
— Eu sempre sou o culpado Nádia, acostumei já.
— As noticias dão o rapaz que veio me pressionar pela manha,
como morto.
— Quem veio ai?
— Se entendi direito, Francisco Reis.
— Este nem o inferno aceita.
Nádia olha serio e fala.
— Está bem?
— Cansado, não dormi, fugi de onde não deveria ter acabado,
e ainda não sei se não batem a porta e me arrastam para lá de novo.
— Pelo jeito foi violento?

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J.J.Moreira 5
Joaquim não fala nada, sorri e foi ao banho, somente quando
tirou o calçado, viu que o pé sangrou, Nádia olha ele tirar a meia
com calma, tirar um pedaço de vidro e jogar no lixo, ele olha para
ela e pede uma linha que tinha na cozinha, ele costurou, fazendo
um ponto, limpou, enfaixou e tomou um banho tentando não
destruir o curativo.
Ele senta-se a cama e sente Nádia o abraçar.
— Sabe que me preocupo quando some.
— Sei que atraio problemas, quando tenho medo de
aproximar alguém, é por esta pessoa virar alvo dos malucos de meu
passado, sei que muito do que falo, não acredita, mas saiba, tem
mais malucos por ai do que se declara.
Ela faz massagem em suas costas e fala baixo.
— Não é para se matar Joaquim, sabe que lhe quero muito.
Joaquim a olha, sabia que Nádia tinha medo de confessar um
amor, nunca entendeu isto, mas sabia quanto era difícil, ela falar
algo como o que disse, para alguns parecia fácil falar “Eu te amo!”,
mas para Nádia, quase uma dor.
Joaquim a abraça e fala.
— Desculpa não ter passado minha posição antes, mas tinha
de estar firme para voltar, se eles me verem fraco, mais malucos
aparecem.
— Sabe que não gosto de confessar meus sentimentos Jota,
me parece claro o que sinto.
— Sei que tem medo, mas qual o problema?
— As vezes acho que não é para sempre, as vezes, temo lhe
perder.
Joaquim a abraça e lhe beija e ouve.
— Como alguém se mantem firme com um caco de vidro no
pé?
Joaquim sorri, não iria entrar em detalhes, o vidro dentro do
pé não latejara, diferente daquele momento.
— Não sei. – Joaquim deitando e recebendo um beijo.
— E aquele senhor?
— Não Sei.
— Não entendi a ameaça dele.

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— Nunca queira entender Nádia, existem funções em um
golpe militar, que não deveria ser feito, mas alguém sempre o faz.
— E como está o pé, a mão, dói?
— Sim, nada que em 3 dias não esteja melhor.
— Não quer ir ao medico fazer um ponto?
— Não, não precisa.
Joaquim sentiu ela lhe abraçar e falar.
— As vezes você tenta me contar algo, sei que não gosto de
ouvir, mas não me culpe por isto.
Joaquim a abraça e fala antes de lhe beijar.
— Não lhe culpo de nada, menina.
Joaquim se estica a cama, sabia que Nádia olhava ele, mas
não teria como falar para ela o que fizera.
As vezes ele termia deixar este ser vivo, dentro dele, preferia
o racional, mas gostava de agir, e ação rápida e com certeza, que
colocavam medo nos demais.
— Estou pensando se vou ao Rio, tenho de ir, mas parece que
quanto mais me agito, mais agitado ficam os demais.
Nádia o abraçou, viu que Joaquim não estava conseguindo
relaxar, era evidente que as vezes ele sentia o pé, ela fica a olhar
para ele sem entender tudo que havia passado.
Amanhece Sexta feira, Joaquim olha o pager e estica a mão e
fala olhando Nádia.
— Melhor ir normalmente ao trabalho hoje.
— Problemas cedo?
— Tem um procurador que parece querer me prender por
não ter morrido, nada de mais.
— Se cuida. – Nádia o dando um beijo.
Ele senta-se a cama, ele olha para a TV, ele raramente ligava a
TV pela manha, mas a ligou, era bem cedo e ouve a noticia.
— Uma comissão designada em Brasília, vem a Curitiba, para
avaliar as mortes de ontem, narram que duas pessoas, entraram e
mataram pessoas em dois lugares da cidade.
“Duas?” – Pensa Joaquim que olha o retrato falado de
Francisco, passa uma mensagem para Paulinho e depois para
Francisco se manter em casa naquele dia.
O procurador dá entrevista e fala.

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— Temos nossos rumos de pesquisa, temos um Deputado
desaparecido desde ontem a noite, temos agentes do SNI mortos, e
uma leva de 12 magistrados, da Promotoria que surgiram mortos,
vamos apurar todos estes casos, mas sabemos por onde levar a
investigação.
— Poderia nos adiantar quem é o suspeito?
— Ainda não, pretendemos o prender ainda pela manha.
Joaquim olha Nádia e fala.
— Vai, antes de lhe enrolarem nisto.
— Mas...
— Eles me jogam em uma cela do SNI, eu corto a mão e vão
dizer que cortei em algum enfrentamento contra eles.
— Se cuida.
Nádia parecia assustada, mas sabia que Joaquim a queria
proteger e tudo que ela fizesse, seria pior, então põem a roupa e sai,
Joaquim olhava a roupa, o pé latejava, até entrar no sapato e ficar
bem estático, ele olha a cicatriz da mão.
Passa mensagens e se depara com Curi Junior perguntando
do pai, e ele apenas responde.
“Pergunta para o Procurador que vai querer jogar sobre mim
a culpa, pois foi sacanagem o dia de ontem na cede do SNI, e hoje,
ele vai me acusar por não ter aparecido em lugar nenhum.”
A mensagem foi em três pedaços porque tinha muitas letras.
Joaquim fecha o guarda roupa, puxa a parede frontal dela,
escondendo as armas ao fundo.
Desce e coloca uma agua para esquentar.
Joaquim estava pensando no problema quando Caio entra
pela porta e fala.
— Quais as ordens.
— Mantem tudo como está, tenho de ver qual a acusação, e
quem vai acusar, é hora de ver quem entendeu o recado.
— Sabe o risco?
— Sim, observem de longe.
Joaquim viu o rapaz sair e pouco depois das 8, Joaquim viu
que lhe deram tempo de fuga até, talvez fosse o que esperavam que
ele fizesse, fecham a rua e a policia arromba a porta, Joaquim
estava com a xicara a mão e o rapaz aponta a arma e fala.

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— Mãos onde possa ver.
Os demais foram entrando enquanto Joaquim larga a xicara
na pia e lentamente ergue as mãos.
O procurador entrou e olha Joaquim.
— Hoje eles vão apoiar sua prisão.
— Baseado em que novamente me acusa Procurador, pois
uma noite naquela cela do SNI pensei que tivesse sido suficiente
para entender, não vou morrer quieto.
— Me ameaçando?
— Não, afirmando, seu irmão já perdeu o cargo, o rapaz do
SNI já perdeu o cargo, quer mesmo perder o cargo, está se
esforçando para isto.
— Eles não vão acreditar em você.
— O que fiz? Que provas tem? Pois garanto senhor, vai
responder por sedução de menor, cárcere privado, desvio de provas,
ameaça a famílias, conluio para incriminar alguém, tudo que achar
uma prova, vou jogar no senhor.
Joaquim com as mãos para o alto vê os rapazes o revistar e
um forçar a mãos para trás e o algemar.
Joaquim olha para a imprensa a porta, um dos rapazes olha
para ele e pergunta.
— Porque matou os senhores senhor.
— Queria saber a mesma coisa, como eu consegui algo assim,
e o procurador pelo jeito, já os convenceu que fui eu, para que falar.
O policial o fez andar, baixou a cabeça dele na porta do carro
da policia e o colocou na traseira de uma Belina, e foi conduzido a
delegacia da civil, Joaquim tentava não demonstrar nada enquanto
era conduzido.
Claudio olha o diretor do canal lhe olhar e falar.
— Vai cobrir a prisão de Joaquim Moreira, talvez alguém nos
dê atenção agora.
Claudio olha para o presidente da empresa entrar na sala e
olhar para Claudio.
— Mas sem deduções, apenas o que o procurador falar.
— Este senhor só fala inconsistências senhor.
— Sei disto, mas o Deputado Curi não é visto desde ontem a
noite, todos os carros que nos cercaram e desarmaram, estão antes

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da casa do deputado, queimados a rua, ninguém viu nada, mas com
certeza, algo aconteceu.
— Não entendi. – Claudio.
— Não estava ontem aqui, fomos invadidos e ameaçados, não
vamos nos calar por este motivo rapaz. – O presidente da empresa,
que ressalta – Mas nada de acusações sem base real.
Claudio viu que estavam novamente o jogando em uma
arapuca, pensou se eles odiavam ele ou consideravam o que ele
achava.
— Fomos ameaçados senhor, de que? – Claudio.
O senhor não fala, mas olhou o símbolo com um tiro, Claudio
olha e fica tenso.
Sai dali e olha para o cinegrafista.
— Estava na empresa ontem?
— Não, mas dizem que um grupo de 20 rapazes desarmaram
os seguranças, os detiveram e alguém saiu de um carro e entrou na
sala do presidente, não se sabe o que ele falou, ouviram um tiro, e o
rapaz saiu, todos correram para a sala do senhor quando alguém
saiu, ninguém pareceu conseguir dizer quem foi.
— O grande problema de quando se lida com culpados frios e
calculistas, o que ele pensou quando fez isto?
— Que o presidente recuaria.
— Ele recuou, soube que ele tirou os repórter da arapuca,
que não deu em nada, mas o que mais o rapaz queria?
— Ser preso?
— Não sei, pode ser, tem gente querendo ligar historias
antigas da favela que o rapaz morava nele, mas esquecem que
favelas tem muita gente.
— Acha que o senhor é culpado das mortes?
— A pergunta que me veio a mente, onde estava o
procurador quando os demais foram mortos?
O rapaz sorri e fala.
— Por isto eles tem medo quando você opina sobre algo
Claudio, você vai na ferida.
Os dois foram ao Portão e fizeram algumas perguntas,
confirmando que o procurador estivera ali, que o deputado Curi
estivera ali, e que o senhor ficou ali até a madrugada.

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Claudio olha o cinegrafista e se mandam para a entrevista
coletiva, Joaquim não estava ali, mas Claudio viu nas demais
emissoras, e até um outro grupo de seu canal.
As perguntas sobre quem havia morrido, sobre a forma de
morte, todos foram fazendo suas perguntas até Claudio chegar a
frente e olhar o Procurador.
— Meu nome é Claudio do canal 12, poderia nos explicar
Procurador, porque o senhor não estava na procuradoria na hora
dos crimes e o que fazia no Portão com o Deputado, e depois
sozinho, como se deixasse o tempo passar para aparecer, ontem a
noite senhor?
Todos olham Claudio, até a moça da estação que estava com
o outro cinegrafista olha para o mesmo e fala.
— Disse que Claudio não sabe segurar uma pergunta, ele
rasga com tudo.
— O que quer dizer com isto rapaz?
— Comodo, o senhor acusa alguém, mas não estava onde
deveria, e o Deputado, pelo que pesquisei antes de aqui chegar, foi
visto por ultimo, com o senhor, no Portão, outra coisa, porque
omite que os seguranças do Deputado foram encontrados mortos?
— Não sou o acusado aqui.
— Sabemos disto, o acusado esteve em aula ontem a noite,
antes disto, trabalhou normalmente, dado confirmado por mais de
22 pessoas que falaram com ele ontem no horário de serviço, no
Banco do Brasil, qual a base de acusação, qual a base de provas, até
agora o senhor falou em dados, omitiu outros e não falou estar
envolvido na detenção irregular do senhor Joaquim, antes de ontem
a noite, que gerou o afastamento do Delegado Silva, seu irmão.
Se todos estavam olhando o Procurador um momento,
estavam agora ouvindo e anotando o que Claudio falava, o senhor
estava cada vez mais perdido e olha agressivo e fala.
— Tirem este repórter daqui, está atrapalhando a coletiva.
Claudio sorriu, os demais teriam o material, viu o colocarem
para fora, mas Marise, olha para o Procurador e pergunta.
— Está afastando o repórter por não saber como o responder
senhor ou por nova omissão de dados?

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Os demais repórteres viram que o senhor olha com raiva, mas
o que era uma coletiva que o senhor queria usar em favor do
retorno do irmão, começa a ter perguntas de todos, baseados no
que Claudio falou e o procurador cancelou a coletiva.
Marise olha para Claudio sentado ao carro ao fundo, olha
para o cinegrafista e fala.
— Gravou tudo?
— Como não, todos vão destacar a total falta de clareza nas
declarações, mas não entendi Claudio.
— Ele se dá mal bem por não segurar a língua, mas vi que ele
foi atrás de informação, enquanto nós fomos aguardar a coletiva.
Marise chega a Claudio e fala.
— Tem os dados que falou?
— Lógico, o senhor nem deixou eu chegar na parte que sabia
que o rapaz detido pode não ser inocente, mas referente a estas
acusações, ele vai tirar de letra.
— Ouviu referente ao teste grafotécnico que apontou pólvora
nas mãos dele.
— Ele tem um stand de tiro na saída sul da cidade, onde os
rapazes da empresa de segurança dele treinam tiro.
— Certo, ele pode ter praticado, ou usar isto como afirmativa,
não conseguem o manter lá preso por isto.
— O rapaz ameaçou o presidente do 12 ontem a noite Marise,
para ele recuar, se considerar que existem mortes em todos os
outros pontos, ou é consideração ou não foi o mesmo grupo.
— Certo, mas como sabe dos dados do afastamento do
Delegado da Civil.
— Todos registraram uma ação no pátio da reitoria, na saída
da aula, quase 11 da noite, deste Joaquim, mas ele não deu entrada
em nenhum lugar.
— Acha que ele se vingou?
— Pelo que soube, quem entrou ameaçando professores e
pessoas a não falar, na reitoria, foi SNI, bem os 3 que morreram.
— Acha que o procurador limpou a barra?
— Ele já tinha detido o rapaz antes, e os procuradores mortos
são os que estavam na primeira tentativa frustrada, não sei o que
aconteceu, mas não foi como o procurador contou.

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J.J.Moreira 5
— E o que iria afirmar?
— Vocês estando filmando, esperava que o senhor perdesse a
compostura, ele perdeu, esta é a reportagem.
— Você é terrível Claudio, mas pelo jeito, todos terão suas
perguntas.
— Vai e entrega o material, deve ser a noticia de quase todos
na hora do almoço.
O procurador olha para o desembargador chegar ao local e
olhar para ele.
— Vai acreditar nestes repórteres?
— Eles só verificaram o que está bem evidente Procurador,
mas a pergunta, onde está o Deputado? Onde ele se escondeu?
— Ele não mataria os próprios seguranças?
— Então quem os matou, o rapaz, realmente foi a aula, não
parece ter tempo hábil para ele ter saído do Banco, matado todos, e
ido assistir aula como se nada tivesse feito.
— Só pode ser ele.
— Não, você acredita que tem de ser ele, é diferente, e seria
a salvação de seu irmãozinho, acho que nisto o repórter acertou em
cheio, mas a pergunta, quem é a única pessoa que ganha com estas
mortes todas?
— Acho que este Joaquim.
— Acho que nem ele ganha nada, mas dizem sempre que as
mortes estão onde está o dinheiro, o que o deputado ofereceu aos
rapazes para a operação Procurador Silva?
— Ele não o faria.
— Sei que faria, até eu fui procurado por um dos mortos, que
não posso acusar, pois está morto.
— Tem de ser ele.
— Não está olhando Procurador, eu fiquei a observar ao
longe hoje, o tempo inteiro, tinha gente do exercito, dois deles
morreram, e se for vingança?
— Dai teríamos de os deter.
— Eu, você e mais quantos Procurador?
— Mas porque eles defenderiam este rapaz?
— Eles não defenderam, sabe disto.

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Marise chega ao canal 12 e mostra a reportagem para o
diretor que sorri e fala.
— Este Claudio precisa sempre de alguém a mais filmando,
mas acha que vão dar esta versão?
— Senhor, ele entrevistou gente no Portão, na Reitoria, e na
promotoria, as perguntas dele são baseadas em fatos.
— Não esperava uma inversão, mas entendi a colocação dele,
se temos de nos manter neutros nesta hora, melhor ser com uma
reportagem que não está dizendo que o rapaz é inocente, e sim,
que o procurador está tentando salvar o irmão.
Ela monta a reportagem e o presidente olha para Roberval.
— Problemas?
— Claudio é sempre imprevisível, mas se não narrarmos o
que ele perguntou, outros o farão.
— Fez perguntas que nos comprometem?
— Não. – O senhor mostra para o senhor o conteúdo e o
presidente olha para o diretor.
— Estranho Claudio, que fez a reportagem, ser alguém que o
defenderia com a mesma veemência.
— Ele fez o que pedimos nos dois casos, não tomou posição,
jogou dados e perguntou.
— Pelo jeito os demais vão confirmar as fontes antes de
qualquer coisa, manda para o ar, pelo jeito Cláudio sabia bem o que
perguntar, e o procurador vai estar encrencado se o que foi falado,
for real, pois realmente as primeiras palavras e descrições do
senhor, omitem todos os dados que transformariam o senhor em
provável inocente deste caso.
— Sim, as imagens estão sendo editadas, assim que estiver
pronto vai ao ar.
No banco o gerente olha a noticia da prisão do rapaz, ele era
acusado de barbaridades, ele pensou em cancelar a posse, sai para
o almoço e olha a reportagem na TV, do repórter fazendo perguntas
que o Procurador desconversa e perde a paciência, ele sorri e pensa.
“Calma, o rapaz pelo jeito está novamente no lugar que não
deveria na hora que não deveria.”
Sonia chega a mesa e fala.
— Viu as noticias?

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— Vendo o desfecho, sei que virá pressão pelo revisar da
posse, mas eles mesmos já a assinaram para segunda.
— Não entendi o problema?
— Nem eu, mas parece que tudo que acontece, eles culpam
ele, mas nunca havia visto um es presidente pessoalmente, muito
menos um pedindo paz a alguém.
— O General fez isto ontem?
— Sim, Joaquim deve ter ido para casa pensando que as
coisas estavam calmas e amanhece na delegacia acusado de
atrocidades.
— Acha que ele sai rápido?
— Pelo que entendi, toda a imprensa quer a verdade agora,
todos estavam lá para a apresentação do criminoso, perigoso, e de
repente todos se viram para um único repórter que parece ter
erguido parte da historia, e parte, tem haver com aquele deputado
que fez escândalo a porta da agencia.
Joaquim estava a cela, e olha para o policial que cuidava da
carceragem olhar para ele.
— Pelo jeito pegamos alguém que sabe se defender.
Joaquim olha ao fundo Naldo e chega a ele.
— Perdido aqui Naldo?
O policial olha para Joaquim chegando ao traficante que olha
ele e lhe estica a mão.
— Pelo jeito pegaram o sabão do Capanema.
— O que fez que o pegaram Naldo?
— Aquele Ribeiro me tirou de lá, me acusou e o procurador
me prendeu.
— Falou algo?
— Não.
— Saímos junto então. – Joaquim sabendo como chegaram a
Carolina, para a pressionar, prendendo o pai dela.
— Como?
— O procurador lhe prendeu Naldo, para tentar usar sua filha
em uma arapuca para me pegar, eu estava em aula e ele lá com o
pager da sua filha, se passando por ela.
— Quer dizer que o Ribeiro está de conluio com o
Procurador?

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J.J.Moreira 5
— Todos estão, querem defender o Delegado irmão do
Procurador que fez merda e perdeu o cargo.
— E acha que saímos quando?
— Quando o nosso direito de defesa for reestabelecido.
O rapaz olhava eles e sai, olha o procurador ao longe e ouve o
delegado perguntar.
— O que aconteceu lá dentro Carlinhos.
— Tem certeza que não vai se meter em encrenca Delegado
Paolo.
— Por quê?
— Ouviu a acusação do repórter?
— Sim.
— Agora soma a isto que prendemos a 3 dias o Naldo
baseado numa denuncia que permitiu o procurador pressionar uma
criança, a denunciar o senhor.
— Está dizendo que aquela denuncia de assedio sexual
infantil viria bem da filha do Naldo?
— Sim, dela e da filha do senhor que o denunciou.
— O procurador quer pelo jeito nos ferrar para por o
irmãozinho de novo no cargo.
— Acho que ele nem está pensando em quem vai ferrar, mas
sabe que poucos vi cumprimentarem Naldo com tanta intimidade
como o rapaz fez ali.
O delegado chega ao desembargador e fala das suas duvidas,
e do que parecia parte de uma acusação, o mesmo anota e chega a
frente do procurador com dois outros procuradores e fala.
— O que pretende procurador, pelo que entendi, você armou
uma arapuca contra o senhor, ele não caiu, e mudaram a forma de
ação.
— Não sei do que está falando?
— Estou falando da prisão de Arnaldo Batista, a três dias,
acusado de roubo e assedio sexual de uma menina, do pressionar
da filha do senhor, depois da prisão dele, para colaborar! – o
desembargador passa uma mensagem para o pager da menina e o
procurador olha.
“O que faz com o pager da menina procurador?”

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Os demais entenderam que era uma grande armação e
escutam o desembargador falar.
— O rapaz pode não ser inocente, mas armar para acusar
alguém é crime procurador.
A discussão da parte legal deixou dois lados debatendo o que
fariam, pois não queriam o judiciário desmoralizado, mas os
caminhos não estavam fáceis para o desembargador defender.
No Portão, onde era uma fachada de casa que fora reformada,
começam a por a placa frontal.
Paulo chega ao local e olha para Raquel.
— Entendeu a ideia dele? – Olhando colocarem o luminoso.

— Um local baseado em Historias em Quadrinho, com


paredes todas pintadas com Quadrinhos, com luminárias estilizadas,
com comida com nomes de personagens.
— Sim, ele está tentando criar um ambiente normal, mas com
um designer que pareça especial a quem gosta disto.
— E pelo jeito ele montou esta ideia depois que viu o outro
restaurante?
— Ele já tinha isto encaminhado Raquel, ele apenas não
queria lançar antes do outro, mas acho que nem os frequentadores
desconfiarão de que é a mesma coisa.
Os dois entram e um rapaz chega a eles.

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J.J.Moreira 5
— Sou Nuno, me indicaram me apresentar aqui.
— Bem vindo ao barco Nuno, chegou a cidade quando?
— Ontem.
— Se instalou já?
— Me instalando.
— Tem onde ficar, foi o que perguntei. – Paulo.
— Ainda não.
— Então trás as coisas, e apresenta na portaria do hotel ao
lado, ele vai lhe garantir um bom lugar e próximo ao local de
trabalho para morar.
— Mas não tenho dinheiro para esbanjar ainda.
— Nuno, o prédio ao lado, é do proprietário do Bar, mas ele
não vai sair por ai gritando isto e neste instante, ele está com um
probleminha, mas se conseguir ajeitar as coisas, fica mais fácil.
— Qual a ideia aqui?
— Vamos ter um local apenas de consumo com musica ao
vivo, mas dedicado ao desenho em quadrinho, a ideia, lançar no
local as grandes novidades a nível de desenho animado ou
quadrinho, seja filme ou revista, a nível local.
— E começamos pelo que?
— No fundo, vamos colocar em apresentação nos primeiros
dias, nas 20 TVs internas, Akira 1988, o que vai dividir em espaços
internos e externos, vamos por alguns filmes Japoneses nas telas,
toda semana algo diferente.
— Não conheço a historia.
— Não tenha pressa, vai o ver por uma semana.
— Certo, e o que mais?
— O horário é que exige a contratação e treino do pessoal,
estamos esta semana, desenvolvendo o nome dos sanduiches e
pratos da casa, mas vamos o fazendo enquanto montamos o local.
— Vocês tem experiência nisto? – Nuno.
— Toco a Tasca do Joaquim rapaz.
— Mesmo dono?
— Sim, mas ninguém declara isto. – Raquel.
O rapaz sorri e fala.

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— Pensei que vinha para algo menos estruturado, vejo que o
acabamento é de primeira, as vezes assusta ver montarem algo
assim, tão especial. – Nuno.
— Sei disto, mas aproveita que ainda estão terminando as
pinturas, e se instala direito, sei que no Tasca eu bobeei nisto e
terminei duas semanas depois de desmontar minha mala.
O rapaz sorriu.
Raquel olha o lugar e fala.
— Este Joaquim sabe o que quer, ele monta na cabeça a ideia,
e manda fazer.
— Ele queria algo assim no Beco do Loco, que acabou sendo,
o Toca do Louco.
— Ele parece querer dominar a noite da cidade. – Raquel.
— Ele surpreende pela simplicidade, lembro da primeira vez
que falei com ele no telefone, pensei em chegar e ver um senhor
em uma roupa cara, e dei de cara com Joaquim.
Raquel sorriu e os dois foram verificar os utensílios da cozinha,
faltar um garfo na hora da corrida, complicava muito.
Nuno olha o rapaz desenhar o quadro maior na parede,
depois ele cola algumas folhas A1 antes, e depois do desenho,
depois enverniza a parede e começa a por os acabamentos de
madeira do teto e chão que havia tirado, um vidro de parede, para
não sujar, depois tira a lona do chão, capricho dando a cada parede
uma historia.
Camargo consegue falar com Joaquim.
— Como está Joaquim, não conseguimos proibir a prisão, mas
pelo jeito nem imagina a confusão lá fora.
— Apenas tira eu e Arnaldo Batista juntos, acho que qualquer
dia ganho a conta por faltar tanto por motivos estranhos.
— Eles mandaram um advogado, não entendi, mas começam
a se interessar em defender um tal de Gerente Moreira.
— Qualquer dia abro uma conta para você. – Joaquim
sorrindo.
— Estamos desqualificando a prisão, as acusações e vou
verificar as acusações do rapaz, alguma urgência?
— Prenderam ele para pressionar a filha dele, para ter acesso
ao pager dela e saber o que faríamos.

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J.J.Moreira 5
— Certo, alguém a por paz nas armações.
— Tenta da forma menos estressante ao judiciário, eles
odeiam ser passados para trás, tenta não ferir os que não estão
envolvidos Camargo, sei que é difícil às vezes.
— Às vezes, mas sua defesa foi facilitada por um reportes do
12, juro que não esperava isto.
— Depois me conta o ocorrido.
O advogado foi ao delegado que fala.
— Sei que deve estar irritado Camargo, mas temos de acatar
as determinações da Procuradoria.
— Eles armam, desviamos as armações e inventam que foi ele,
por não terem quem culpar.
— Seu cliente não é inocente.
— Se fosse inocente, teríamos perdido ele a dois dias, sem
ordem, jogaram ele numa cela do SNI.
O delegado viu o advogado sair e o Procurador chega ao
delegado.
— Não vai ceder a pressão delegado.
— Eu não sofro pressão senhor, eu aplico a lei, embora não
pareça isto que estou fazendo, o que pretende Procurador Silva,
apenas salvar seu irmão e ferrar com tudo que estiver no caminho.
— Não sei como, mas sei que foi o senhor ali.
— Sei de uma coisa Procurador, ninguém está feliz, e é nestas
horas que acontecem merdas, depois não reclama das
consequências.
— O que quer dizer?
— Tudo indica que não foi o senhor ali, se não foi, se cuida.
— Alguém me passou que Loco do Capanema achava ontem
que tinham matado Moreira e saiu vingando.
— Este não conheço, e sinceramente, não quero conhecer
senhor.
O procurador olha o delegado, talvez as operações mal
executadas, fizeram alguém achar e vingar, mas não tinha ideia de
quem era este ser sem identidade.
Um investigador chega ao delegado.
— Problemas?

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— Um turista fotografou o senhor que entrou e matou os
agentes do SNI, duas fotos.
O delegado olha para o senhor entrando e olha a frente da
Parati parada a porta, ele pega o óculos aproxima da foto e fala.
— Carro do Rio de Janeiro.
O rapaz passa a foto do rapaz entrando, camisa solta, armas a
frente do corpo e capuz e olha para o delegado.
— Pensei que tinham falado de Loco do Capanema.
— Não entendi. – Procurador.
— Este dai, pela postura e armas é Alemão, do Morro da
Rocinha no Rio de Janeiro. – Investigador.
— Quando se diz que este rapaz tem aliados perigosos, este é
um temido no Rio de Janeiro. – Investigador.
— Quanto terrível? – Delegado.
— Ele tomou a base do trafico do Morro do Alemão, em uma
tarde senhor, dizem que fez sozinho.
— E o que ele faz aqui? – Promotor.
— Teria de perguntar ao rapaz, mas talvez nem ele saiba o
que se falou ontem sobre ele estar morto.
O desembargador entra pela porta e nem olha para o
Procurador, estica a determinação judicial de soltura de dois dos
presos, o delegado assina o recebimento e o senhor sai, nem olhou
os demais e o delegado passa ao carcereiro e o procurador fala.
— Não podem o soltar.
— Determinação Judicial procurador.
O investigador olha o delegado e ai pela porta, não queria
estar no caminho, mas sabia que a porta estava a imprensa.
Faz sinal para outros dois e eles foram à frene e um repórter
pergunta.
— Teremos uma palavra com o delegado Investigador.
— 15 minutos o acusado está saindo moça.
O agito se fez as costas, uma informação que eles não
esperavam, mas obvio, Marise olha ao longe Claudio e o chama para
perto.
— O que perguntaria?
Claudio olha alguns o olharem e fala.

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— Eu tenho uma reportagem inteira contra este rapaz Marise,
que foi encomendada pelo Deputado a Emissora, eu tento me
manter neutro, mas se quiser eu faço as perguntas.
— Sabe que estaremos filmando?
— Ele pode não nos dar tempo suficiente, mas ele é de falar,
e sei que não gostaria dele falando em publico algumas coisas.
Claudio olha para o policial a porta e pergunta.
— Ele vai sair sozinho?
— Joaquim Moreira e Arnaldo Batista tiveram determinação
de soltura.
Claudio olha para Marise e fala.
— Só mantem a calma, depois editamos, embora os demais
não vão editar.
— Vai por seu pescoço na corda e pular.
— Afrouxei o nó.
— Não teve graça.
Os demais pareciam querer pegar aquilo, sabiam que o rapaz
se informara mais e Claudio para a frente de Joaquim e pergunta.
— Responderia umas perguntas senhor Joaquim?
Joaquim olha os demais filmando, Claudio sabia que ele
poderia dizer não, mas ele parou e falou.
— O que quer perguntar senhor Candido?
Marise viu que o senhor foi ao sobrenome, com uma
facilidade que ela não tinha.
— Porque da morte dos rapazes do Exercito, na sua prisão da
dois dias, eles não estariam, lá para dar cobertura ao SNI.
Joaquim tenta ver onde estava a pegadinha e fala.
— As vezes eles dormem em serviço, mesmo militares
dormem senhor Candido.
— Teria ideia de quem os matou, já que as mortes dos
procuradores foram com a mesma arma.
Joaquim olha para Claudio, era a pegadinha, ele segura a
língua e fala.
— Não tenho estes dados.
— Saberia por que o procurador insiste que o senhor é o
culpado de tudo que acontece na cidade?
— Talvez porque ele não tenha outro suspeito.

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— Dizem que foi um amigo seu, do Rio de Janeiro, Alemão.
— Diria que é impossível que Alemão estivesse na cidade e
ninguém soubesse.
— Por quê?
— Porque Alemão pelo que sei, não existe, assim como Loco
do Capanema, são personagens, criado para omitir mortes quando
alguém quer matar algo e não sair na fotografia, acredito que
mesmo você, se colocar duas armas a frente, um sapato mais alto,
um capuz e uma camiseta com uma suástica, passaria por Alemão.
— Então você poderia ser Alemão?
— Sim, esta é uma das possibilidades, mas como disse,
qualquer um poderia se passar por ele, mas que saiba, geralmente
são pessoas treinadas em tiro que o fazem, pois Loco, atira a cabeça,
Alemão, dois tiros na altura do Peito.
— Fala como se fosse um método.
— Sim, usado pelo exercito, pela civil, pela militar, pelo SNI,
isto é segredo para o povo, não para eles.
— E saberia disto como?
— Já fiz parte do Exercito, alguns dizem que sou ainda ativo
do Exercito, mas neste país cheio de gente para fazer as coisas para
eles, para que precisariam de alguém como eu?
— Saberia onde o Deputado Curi se escondeu?
— Já olharam se ele não está no colo da Mirley em Colombo?
— Porque ele estaria lá? – Outro repórter.
— Porque aquele local sempre foi dele senhor Ribamar.
— E se não estiver, já que mataram os dois seguranças dele
na noite anterior.
— Desculpa, só na chácara, o Deputado tem 22 seguranças,
quais morreram, todos?
— Teria algum envolvimento na morte do Agente Reis do
SNI?
— Francisco Reis era um amigo da época do SNI, assim como
o irmão dele, não sei o que aconteceu com os irmãos Reis, mas sei
que eles estavam evitando estar muito tempo em Brasília, ouvi
absurdos estes dias, que Antônio teria recebido da CIA para me
matar, porque alguém se preocuparia com minha morte?
— Tem algum negocio com o Deputado Curi?

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— Sim, Agencia de Acompanhante Elite, está em todos os
jornas de vocês, 50/50.
Claudio olha para o senhor, ele falou tão naturalmente, que
todos se olham, sem saber o que falar e termina.
— Agora deixa eu ir, tenho de fazer um curativo no pé, sair
pelo telhado do SNI não foi tão fácil quanto pode parecer.
Joaquim saiu e Marise olha o senhor entrar no carro do
advogado com o outro rapaz e olha para Claudio.
— Nada bombástico.
— Não sei, ele não cai nas arapucas como um procurador. –
Claudio olhando Marise.
— Queria uma posição que não conseguiu, alguns vão editar,
mas acha que o diretor põem algo assim no ar?
— Como disse, nada que desse repercussão.
— Você o investigou sobre pornografia, sabia da Elite?
— Eles não deixaram eu por nada que envolvesse o deputado
Marise, então a reportagem ficou uma merda.
Marise sorriu e foi a redação, não sabia o que por, tinham a
saída do senhor e nada de consistente.
Joaquim é deixado em casa, pega a Brasília e vai a agencia,
estava ainda em horário bancário, e se apresenta atrasado ao
trabalho.
O Gerente Geral chega a ele serio e fala.
— Sabe a pressão?
— Imagino. – Joaquim não tendo ideia do que estava
acontecendo, mas sabia que coisas assim, pesavam contra.
— Eu estranho, você sendo preso, a direção em Curitiba
pedindo para repensar a gerencia, a Regional tentando não se
meter, e clientes vindo apoiar, pois você estava ontem nas
empresas deles, quando os demais falavam absurdos.
— Sei que não esperava isto senhor, nem eu, a acusação é
vazia, mas pessoas morreram, então entendo eles me investigarem,
não tenho nada especial, mas as vezes estranho.
— Estou segurando as coisas, acho que você mostrou ser a
pessoa certa nesta agencia, os que reclamam nem sabem dos
números da agencia, mas é estranho quando se vê um antigo
presidente pedir paz, e alguém mesmo assim, prender a pessoa.

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J.J.Moreira 5
— Eles não sabem o que aconteceu, mas como foram as
coisas aqui, não tive como ajudar, tinha marcado com muitos aqui.
— Foi normal, as vezes a repercussão não atinge a agencia,
poucos saberiam de que agencia você era.
Joaquim faz alguns serviços, estava no fim do dia, ele ficou
um pouco mais, e quando saiu os demais já tinham ido.
Ele entra na Brasília e sai no sentido do Portão, ele entra no
restaurante e se apresenta a Nuno.
— Deve ser José Genuíno. – Joaquim.
— E deve ser o famoso Joaquim Moreira.
— Nem tão famoso assim.
— Quais as ordens?
Joaquim olha em volta e vão a uma mesa, olha o rapaz e fala.
— Nuno, cada restaurante após o lançar, é independente dos
demais, então ninguém precisa me ver aqui, mas os recursos são
isolados, a ideia isolada, e embora parte de algo maior, funciona a
parte.
— Certo, vi que nomeram os sanduiches com nomes clássicos
dos quadrinhos, estava vendo a seleção hoje cedo, na crise temos
gente boa desempregada.
— Nuno, o que quero, sei que é difícil, é estabelecer o pessoal,
sei que nos primeiros meses, isto se troca, é a parte desgastante,
entrada de saída de gente, mas como viu, a ideia, é criar uma marca,
esta marca estaria envolvida no lançamento de outros restaurantes.
— Fazer uma rede?
— Sim, este é mais Cult, mais Nerd, mais jovem, a Tasca do
Joaquim, tem preços que o tornam o que ele é, ponto de elite, aqui,
quero cerveja que o jovem possa comprar, um ambiente que agrade
quem está ainda em formação.
— Certo, estranhei quando vi o prospecto que me mandou,
mas somente depois entendi cada sala, estilizada.
— Bem vindo ao grupo, sei que as vezes parece pouco o
ganho, mas é o que está lá, x por mês, até o 10% passar do salario,
dai vira 10% do liquido.
— Nos demais está dando os 10%?
— Sim, o Tasca está dando 200% do salario proposto.
— E se não der certo.

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— Acho que estamos aqui para que dê certo, antes de tentar,
não vou dizer que não deu certo.
— O aluguel aqui é caro pelo jeito.
— Se instalou já?
— Não sei se eles entenderam errado, me colocaram na
cobertura ao sul.
— Nuno, tem de considerar que eu sempre desejo que os
demais lhe olhem e considerem que você é o dono, facilita no
negociar e se colocar dentro do negocio.
— Então está certo o local?
— Sim, está certo.
— E porque da pressa?
— Eu estou inaugurando outro Bar em parceria com uma
moça do outro lado da cidade, ela demorou quase um mês para
montar a ideia, mais 15 dias para fechar cardápio, outros 15 para
folders e cardápios, eu acho que queria aquele aberto a dois meses,
e ele está apenas começando hoje a noite.
— Então a ideia era estar instalando um terceiro e está no
segundo?
— Neste sentido, mas o publico lá será diferente deste, então
podemos atrair gente para cá e para lá, já que a ideia é oferecer um
local próximo para se divertir.
— E vamos fazer publicidade?
— A verdade quero você testando uma inauguração com
pouca publicidade, pode não saber, mas teve publicidade, apenas
não foi como as normais, quero ver quem lê, e se tiver movimento,
será uma forma de agir sobre um grupo diferenciado.
— Não entendi.
— Você vai inaugurar amanha, Sábado, eu não vou estar por
ai, eu raramente estou por perto, pois você tem de se acostumar a
resolver os problemas.
Nuno pareceu preocupado, e Joaquim sorriu.
— Vim apenas olhar se tinha chego, não quero atrapalhar.
Joaquim saiu dali, e foi a universidade, Jonas estava a frente,
e quando ele estacionou a Brasília ele fala a frente do carro na
calçada.
— Temos de conversar.

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J.J.Moreira 5
— Assunto?
— Curi está lhe procurando.
— Não entendi ainda o que aconteceu, como estão as
empresas?
— Reabrindo, ninguém está olhando.
— Bom, ainda estão me vigiando Jonas, tem de se cuidar e se
manter longe do foco.
— Sempre se preocupando com o negocio, mas pelo jeito,
quer mesmo se formar este ano.
— Sim. – Joaquim já fechando a porta do carro, e caminhando
para a calçada e cumprimentando Jonas.
— Vai conversar hoje?
— Tenho de responder a chamada as 7, depois conversamos
e bebemos uma cerveja.
— Vamos onde, aquela Toca do Louco não parece um lugar
bom para se ir. – Jonas.
— Vi que ficou algo para travestis e bichas, mas se é para
agradar a todos, vamos por todos rumos.
Joaquim chega a frente da entrada da Lanchonete e vê Curi
Junior vir a ele, ele apenas olha o rapaz e fala antes de qualquer
coisa.
— Onde seu pai se escondeu Curi?
Curi que iria perguntar exatamente o oposto, sobre seu pai,
olha Joaquim.
— Se você não souber, não tenho ideia.
— Fui preso antes de ontem, e passei hoje o dia inteiro na
cadeia, como posso saber?
— Ele parece que sumiu ontem a noite.
— Eu estava em aula Curi.
— Não sei o que ele foi fazer no Portão, mas não voltou.
— Tenho de assistir uma aula, e conversamos na volta.
Curi estranha e olha Joaquim subir e olha Jonas.
— Ele está estranho.
— Uma noite no SNI Curi, não desejo isto a ninguém, ele é
firme, mas as vezes puxa o pé, deve estar ferido por baixo do terno,
deve ter passado maus bocados.
— E vem a aula.

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— Ele quer eliminar isto este ano, e ter de voltar ano que vem
porque faltou presença deve ser o que ele não quer.
— Ninguém sabe me dizer onde o meu pai foi parar, quando
Joaquim citou ele na saída da Cadeia, pensei que ele sabia.
— Não sei o que aconteceu ontem a noite Curi, mas todos
estavam achando que teríamos uma operação do Procurador em
algum lugar, ele nos fez fechar, ele tirou todas as peças do tabuleiro,
então se não houve algo, foi por não estarmos lá Curi, e sabemos
que seu pai estava com o procurador.
— Ele sempre olhava para seus negócios, Joaquim me
explicava que comparado a ganhos que meu pai tem, era trocado,
mas ele sempre querendo ferrar alguém.
— Alguém antes de ontem à noite, matou dois rapazes do
exercito, para a operação contra Joaquim, quando se mata alguém
por motivos escusos, gera reações descontroladas, Joaquim sempre
disse que dentro do exercito existem os mais malucos.
Curi olha para dois ao fundo e fala.
— E recolocaram lá outros dois.
— Disto que falo, alguém fez merda há dois dias, e Joaquim
talvez nem tenha tido tempo para analisar os fatos ainda.
Joaquim chega a aula enquanto Marise olha o diretor de
conteúdo e passa o que filmaram, nada conclusivo.
— Claudio não fez nenhuma pergunta exata, ou foi
impressão? – O diretor.
— Acho que nós estávamos pensando em perguntas para o
Promotor, e não para o senhor ali.
— Talvez, foco é algo importante, mas o que acha?
— Não sei ainda, Claudio não voltou.
Marise nem termina de falar e olha Claudio entrar ao fundo, o
diretor fez sinal para o rapaz que chega perto.
— O que queria com aquelas perguntas? – Diretor.
— Senhor, eu fui levantar fatos, a policia civil da cidade,
afirma que todos os 3 últimos confrontos com mortes na favela do
Capanema, eles foram recebidos a tiro por Loco, a soma de mortes
disto, é mais de 48 pessoas, mortas por alguém que pode não existir.
— E? – O diretor, vendo que o rapaz teve alguma ideia.

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— Consegui conversar com 3 pessoas, exercito, civil e militar,
que não querem ser identificadas, mas confirmam que existe
mesmo este modo operante entre eles.
— Está dizendo que foi verificar e consegui registros de que o
método é real, e que mais de 48 pessoas morreram em uma favela,
e todos os crimes são atribuídos a este Loco. – Marise.
— Sim, mas tem um detalhe ai interessante. – Claudio.
— Interessante? – O editor.
— Dos mortos na favela, 46 deles, com um único tiro na
cabeça. – Segundo o senhor na entrevista, forma que atribuem a
Loco, dai peguei os laudos dos dois Militares que controlavam os
passos de Joaquim ao longe, um única tiro a cabeça, em cada um, já
os agentes no SNI, e os Procuradores, dois tiros na altura do peito.
O editor sorri e fala.
— Você está ficando perigoso Claudio.
— Tem partes que não vão querer, mas Mirley afirmou que o
Deputado disse que passaria ontem a noite lá e não passou, falei
com o segurança aqui na frente, ele narrou 4 carros que foram
usados no evento aqui, os 4 carros estão entre os 20 a volta da casa
do deputado, queimados. Os dois seguranças que morreram, foram
registrados entregando pacotes, para os procuradores mortos,
todos eles estavam sorridentes após as entregas, desconfio que ai
daria uma reportagem, mas os rapazes mortos não tenho como
acusar, e nem os mortos, mas temos de ficar atentos senhor, pois
alguém os pagou, por algo, não sei oque.
— Algo que ligue a este Joaquim, pois colocar algo no ar que
pode custar a vida de alguém aqui, não pretendo.
— Não falei neste sentido senhor, estava olhando as imagens,
todos diziam que Joaquim estava com um corte feio a mão, olhei as
imagens, quem se passou por Alemão, usa uma faixa a mão, como
se quisesse que acreditássemos ser ele, mas se olhar para a imagem
do rapaz saindo da carceragem, ele está usando a mão
normalmente, sem curativo.
— Está dizendo que alguém queria que parecesse que foi ele,
mas pelo jeito, falaram muito, e não parecia ele.
— Ele nitidamente, tinha algo o incomodando no pé, hoje na
saída, mas quem narra a entrada do senhor para matar os agentes

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do SNI, falam que ele não mancava, ele até dá uma pequena corrida
até o fundo.
— Os dois agentes foram mortos com dois tiros? – Marise.
— Sim, e os rapazes do exercito, com uma, mas a balística
tem quase certeza, não saiu ainda o laudo, mas as balas tiradas do
crânio de um deles e das costas do agente, parecem ser da mesma
arma.
— Está falando em métodos diferentes, usando a mesma
arma? – O diretor.
— Sim.
— Montem a reportagem, se ficar boa, vamos retransmitir a
nível nacional. – O diretor.
Claudio sentiu o peso da reportagem, começam a reportagem,
com a Moça falando que estavam em mais um dia, de porta de
cadeia, quando ouvem um acusado falar que Alemão e Loco, não
existiam. Eles continuam mostrando a leva de mortes atribuídas a
estes dois seres, e falam sem entrar em detalhes, que 3 agentes do
SNI, assim como dois da Policia do Exercito, foram mortos a dois
dias. Eles colocam a fala de Joaquim explicando como cada um
matava, a descrição, e falam que embora os agentes tenham sido
mortos sobre o método de Alemão, os Militares como do Loco, a
arma usada apontava para um único assassino.
Eles põem após isto os números das mortes no Capanema, e
todas as mortes atribuídas a Loco, e se perguntam o que estava
acontecendo no Capanema.
O presidente olha para a reportagem e olha o diretor e fala.
— Isto põem em cheque todas as versões de ações, remexe
em todas as mortes dos últimos 2 anos na favela.
— Sim, isto que Claudio estava falando, muda toda a base de
afirmações, eles tiveram de editar poucas, pois o tempo era curto,
mas existe sim uma matéria imensa ai.
— Todos ouviram as mesmas indagações, mas pelo jeito o
rapaz está mesmo querendo crescer.
— Nisto não posso discordar, a visão dele do acontecido,
muda toda a reportagem, tem mais coisas ai, mas como ele não
queria lhe gerar problemas ele omitiu desta vez o rapaz.
— Ele achou algo?

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— Os carros que usaram para invadir aqui, são os que foram
incendiados a volta da casa do deputado, a morte dos seguranças
do Deputado, não são ligados aos métodos da policia.
— Ele não insistiu em colocar.
— Pelo que entendi, ele agrupa ideias, mas o que acha da
reportagem?
— Passa a nacional, se é um método nacional, que nos
barrem depois de publicado.
— O que quer dizer?
— Se for um método, existira este Loco em todas as capitais,
não apenas aqui.
— Porto Alegre sei que existe um Loco senhor.
— Disto que estou falando, lembra da reportagem da tomada
de um ponto de drogas por um rapaz, que todos falavam ser o
Alemão da Rocinha?
— Sim, se ele for um personagem, soma isto na realidade
desviada para justificar a policia ter ficado apenas olhando o rapaz
fazer, eles deveriam estar dando cobertura.
— Sim, não vamos falar, vamos lançar e ver a repercussão.
O diretor sorriu e lançou para o nacional analisa e lançam no
local completo.
Jonas olhava o jornal local na cantina, pensando se teria
alguma repercussão e olha que estavam usando as palavras de
Joaquim para lançar uma duvida sobre as investigações e alegações
da policia e Curi olha para ele.
— Eles nem deram atenção ao que ele falou sobre meu pai.
— Eles não querem problema com seu pai Curi.
— Joaquim está ficando famoso.
— A pior forma de ser famoso.
Na promotoria o mesmo olha a reportagem e olha outro
entrar na sala e falar.
— Ouviu a reportagem?
— Sim.
— Sabia disto Procurador?
— Havia ouvido isto uma vez isto do meu irmão, mas já
pensou se todas as mortes que tivemos, foram desviados de um
enfrentamento entre dois grupos nossos pelo poder lá.

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— Não duvido.
— Acha que vai dar repercussão?
— Estão anunciando para o nacional.
— Ele sai e ninguém olha para o nosso problema, acho que ai
levamos sorte.
— As demais emissoras, parecem querer confirmar os dados,
estão correndo para entender a reportagem.
— Vão jogar sobre nós parte disto, mas acho que mesmo
assim, é melhor, pois estão dando uma dimensão maior ao evento,
não apenas promotoria.
— Acha que alguém eliminou mesmo todos?
— Falaram em dois para os rapazes do SNI, mas tem de ver
que dois métodos, pode ser bem por existência de dois seres
fazendo.
— E culpando fantasmas, que não podemos achar.
— Sim, mas até alguns deles acreditam nestes, então o rapaz
é mais bem informado que a maioria, mas quis deixar bem claro,
não foram fantasmas que mataram os rapazes.
— Acha Silva, que este é o recado?
— Sim, acredito que sim, ele não quer alguém falando foi os
fantasmas, embora foi o que o repórter entendeu.
— Se considerar que eles pegam poucas palavras, correm
atrás e fazem uma reportagem, eles estão se dedicando para
entender o problema senhor.
— Sim, entendo onde eles ficaram na duvida que foi o rapaz,
eu não tinha os dados que eles levantaram, me vi perdido em meio
a fatos que desconhecia.
— E fazemos o que agora Procurador Silva.
— Vamos por os dados no papel, pressionar que deem nomes
que não sejam Alemão e Loco, realmente isto é apelido, quero
nomes com RG.
Joaquim sai no intervalo, chega a cantina e pede uma cerveja
e olha para Curi Junior sentar a mesa.
— Não entendi nada. – Curi.
— Agora que vou verificar o que aconteceu Curi, mas sei que
nem tudo está no lugar, então se alguém me tirar daqui, se mantem
longe.

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— Quem poderia fazer isto?
— Não entendi ainda a criancice.
— Não viu meu pai mesmo?
— Não, nem ideia, meu problema é com a direção do canal
12, não entendi as perguntas.
— Vai passar no jornal nacional.
Joaquim olha desconfiado e olha para Camargo entrar pela
porta e o procurar com os olhos.
— Problemas?
O senhor sorriu e chega a mesa.
— Sim, o desembargador lhe convocou para segunda feira
explicar o que falou aos repórteres?
— Qual parte?
— A de não existir Alemão e Loco, aos quais se atribuiu nos
últimos 3 meses, 48 mortos locais, nos últimos 2 anos, 126
processos.
— Eu oficialmente não tenho como falar, teria que provar
Camargo, saber e provar é diferente.
— Pensei que eles agitariam com o falar do Deputado, e
pegaram nos assassinos.
— As vezes levamos sorte Camargo, mas uma pergunta, como
morreram os dois seguranças do Deputado?
— Vários tiros, varias armas.
— Calibre?
— Vários calibres, nada de balas, tudo sumiu do lugar.
— Levanta as fichas, se duvidar um dos dois é o executor dos
militares da Policia do Exercito, pode ser represália.
— Levanto, o que vai fazer agora?
— Passar em uma inauguração para não brigar com alguém,
ficar 30 minutos e ir para outro lugar.
— Certo, vai a inauguração da Toca do Louco?
— Começo pela Toca do Louco, como algo no Cantinho do
Camarão, e termino o dia no Buraco do Loco.
Curi olha desconfiado e pergunta.
— 3 casas novas?
— 3 inaugurações, então ainda não sei se dará certo.
Camargo sorri e fala.

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— Eles nem imaginam que você acelera quando eles tentam
lhe parar.
— Tenta que me ouçam em horários que não atrapalhe no
banco na segunda, pois não posso faltar a minha promoção.
— Promoção? – Curi.
— Gerente Geral da minha agencia, com o lançamento de
processo seletivo para 2 gerentes, 4 subgerentes, 4 caixas, quatro
escriturários.
— Crescendo na agencia rapidamente? – Camargo.
— Eu tenho dois meses para o fim do ano, devo terminar o
ano como a agencia com maior fluxo de entrada de capital do
exterior do sul do país, com maior índice de crescimento em
seguros, contas e capital empresarial, com maior índice de
crescimento de subagências.
— Está mesmo querendo aprender como as coisas funcionam.
— Sim, tenho muito a aprender dentro de uma empresa
grande, se quero ser grande.
— E pelo jeito está agitando o local. – Camargo.
— Sim, eu sou alguém que não sabe por para correr um bom
cliente porque estou com preguiça.
Joaquim olha a hora e espera o jornal nacional antes de sair
no sentido da Toca, ele olha a reportagem e pensa nos problemas
que algo assim poderia causar, mas as vezes, o caminho parecia
quase lhe seguir como um dom, em meio a tantas possibilidades, e
olha para os dois que ali estavam e fala.
— Eu agora começo a correria. – Joaquim.
— Lhe seguimos. – Curi.
Camargo olha Curi ali, parecia querer algo, que não tinha
como pedir, Camargo sabia que Joaquim em detalhes não era
inocente, mas cada um sai em seu carro e Joaquim estaciona para
dentro, no estacionamento de sua casa e os demais olham a rua
movimentada, Joaquim passa no Tasca, movimento normal, desce a
rua e Curi e Camargo o esperam a esquina, se via alguns travestis
fazendo ponto no outro lado da rua, Joaquim olha o mais saliente
deles, Paulo, ou Fabrícia, como todos conheciam.

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Joaquim entra no bar, o rapaz o revistou, o indicou o caminho,
e sentaram em uma mesa ao fundo, Joaquim olha Joni chegar junto
e perguntar.
— Pelo jeito todos os bicha da cidade vieram conhecer.
Joaquim não responde, ele via o movimento, via as pessoas
agitando, mas seu olhar estava no atendimento, nas mesas sem
ninguém oferecer nada, as pessoas dançando, Elton John estava
tocando, ele olha para os garçons apenas olharem de longe, ele fez
sinal para um, ele não veio, talvez não tivesse visto.
Ele faz sinal novamente, e nada.
Aquele lugar sóbrio estava irritando Joaquim, mas olha Curi
olhar para ele.
— Pelo jeito não está gostando nada, não sabe disfarçar. –
Curi.
— Os ganhos desta casa são as mesas Curi, todas as ao fundo,
não tem nada de consumação, de que adianta um cardápio, se ele
não está na mesa e se tivesse, não teria como pedir?
— E não vai tentar de novo?
— Eu sou chato Curi, mas vamos dar uma meia hora e vamos
sair.
Jonas olha para a administração e viu Nádia olhando para o
outro lado.
— Pelo jeito a namorada está se divertindo.
Joaquim nem olhou, não queria discutir, e pergunta.
— Como estão as coisas hoje Jonas?
— Agitadas, Sexta sempre foi um bom dia.
O olhar foi para Curi e pergunta.
— Quem tá tocando a Agencia de Seu Pai?
— Não conheço, mas deve estar indo bem, ele é o único a
mantar uma publicidade cara na Gazeta.
Joaquim espera uma hora, o garçom não olhou para ele e o
rapaz da portaria o barrou e falou áspero.
— Tem de pagar a consumação.
Joaquim olha que teria problemas, não discutiu, mas pagou as
comandas dos demais e saiu, Jonas olha para a saída e pergunta.
— Tenho de concordar que eles vão agitar hoje, mas não sei
depois.

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— Gay tem dinheiro das mamães, mas não é um local que eu
me sinto a vontade.
O grupo pega os carros, Jonas dá uma carona para Joaquim,
que nitidamente não queria ir com seu carro.
Param no Restaurante na Joao Negrão.
Jonas olha a fachada, um restaurante, ele viu levantarem,
mas nitidamente estava com outro tipo de publico.

Joaquim entra aquele restaurante grande, o rapaz perguntou


se tinha reservado local, a negativa os colocou nas mesas do fundo,
passaram pelo salão principal e viu que tinha uma musica ao vivo no
canto, viu o garçom perguntar o que iriam querer, Joaquim pediu
uma porção de camarão, e duas cervejas.
Joaquim viu o rapaz ir, e deixar uma comanda a mesa, ele
olha o símbolo e olha para Joaquim.
— Qual a ideia aqui?
Joaquim olha para o gramado ao fundo, se via o que não
estava ali no dia anterior, o terreno ao fundo, o baração, protegido
por uma lona, que dava a imagem de um mar, junto a ela, uma
piscina bem rasa com agua q na ponta das mesas, uma areia, dando
o clima de praia.
— Ficou melhor do que pensei.
Jonas olha para fora, olha as pessoas comentando, olha as
mesas, todas com comida, o pequeno palco, pessoas consumindo,
preços razoáveis, ele olha a porção e olham que vem com
acompanhamento de dois tipos de creme, prato para todos, um
pequeno recipiente para cascas, pão francês fresco, e cervejas bem
geladas.

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Quando Curi experimentou o camarão Joaquim estava
olhando o todo, e ouve.
— Pelo jeito este sim é um local bom para comer, e dá para
conversar, aquela Toca do Louco, nem conversar dava.
Joaquim olha ele, queria perguntar algo, pega um camarão,
ele apenas passou o garfo e levou a boca e sente que estava
cheiroso, teria de manter a qualidade, e pergunta, mastigando ele
inteiro a boca.
— Onde seu pai se escondeu Curi, ele tentou me ferrar, e está
me seguindo, tenho de me preocupar?
— Às vezes esqueço que não confia em ninguém.
— Curi, seu pai já tentou 3 vezes, levei sorte de me levarem a
um lugar que tive chance de sair, sei que passei perto de uma
esquina que poderia me levar a morte, pois alguém se distraiu e não
terminou o que deveria ter feito naquela noite, senão eu estaria
morto.
— Ele sumiu de verdade Moreira.
Joaquim sabia que sim, mas ainda não iria onde o senhor
estava detido, não era hora de arriscar, pelo horário, estava bom
pois para aquele modelo, o horário já tinha passado da metade do
expediente e estava bem.
Joaquim olha para Camargo e pergunta.
— O que eles querem me convocando e qual a chance de me
prenderem?
— Eles sabem que alguém que sabia dos métodos de
ocultação, uma única pessoa, provavelmente matou os policiais do
exercito e os Juristas, isto dá a possibilidade de ter sido você.
— Certo, eles vão afirmar que matei bem quem estava lá para
me proteger do que aconteceu?
— Eles não sabem ainda como montar o que aconteceu, mas
alguém falou que os policiais se afastaram quando do evento, na
porta da faculdade, para não verem o que estava acontecendo.
— Exercito já foi algo confiável Camargo.
— As vezes acho que você poderia me explicar o que não sei,
mas sei que tem medo de me envolver.
— Sei disto, não me culpe por os poupar do que os deixaria lá
presos, mas apenas tenta que seja no fim da tarde se segunda.

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— Vou tentar, mas eles as vezes não acatam o pedido, mas
pode ser que seja chamado apenas para terça, pois o tramite em
fim de semana fica difícil.
— O que achou do lugar?
— Quando vi o preço pensei que era caro, mas não tinha visto
o tamanho da porção e toda a estrutura para o comer, as vezes um
lugar que se tem vontade mesmo de comer um aperitivo e tomar
uma cerveja, dá para curtir.
— Camargo, as vezes tenho medo do que estou criando, pois
sei que o custo geral é alto, mas o difícil aqui, é manter o cardápio
sempre na mesma qualidade, estamos em época de camarão, mas
teremos quatro semanas com as mesas a areia, para os amantes do
caranguejo, a cada temporada, uma oferta especial, então temos 18
calendários especiais ao ano, dentro de um restaurante normal.
— Certo, pelo jeito quem lhe indicou não sabe de seu
potencia empresarial, mas vi que o barulho foi por medo, tem de
ver que eles sentiram-se pouco atacados ao fim.
— Estou tentando me segurar para não comprar uma pagina
inteira na seção de acompanhantes Camargo, só para os deixar
furiosos.
— Pelo jeito eles não lhe viram em campo ainda. – Curi.
— Não entra na provocação, com a agência de seu pai, e se
ele está com medo e se afastou um pouco, terça deve estar por ai, e
se ele não aparecer, começa a cuidar dela, sabe que sem controle
estas coisas desandam.
— Não sabe mesmo onde ele está?
— Nem ideia.
Joaquim olha para o garçom e pede a conta, Jonas viu que
estavam apenas conhecendo, muita gente ainda no lugar.
Joaquim dá o caminho e vão ao Portão, eles entram no bar,
Joaquim estranhou, pois tinha uns carros bons a frente, e olha para
o pessoal em mesas conversando e jogando RPG , vão a parte alta, e
Curi olha o local, um lugar realmente diferente, paredes que
contavam historias, televisores embutidos nas paredes, para não se
ver os tubos, mostrando filmes em todos os ambientes.
Olha os estudantes e fala.

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— Apostando em nichos diferentes, entendi, Toca do Louco,
para os homossexuais, na do Camarão, e no Buraco, agora os
estudantes, se considerar o Tasca, que é para quem tem poder
aquisitivo, está fechando nichos.
Joaquim não comentou, mas Jonas olha para ele e pergunta.
— Pelo jeito resolveu por pessoas tocando para valer.
— Eu pago por eficiência, se olhar a consumação, é a mesma
da Toca do Louco, mas deve tem em todas as mesas, mais do que a
consumação mínima, se duvidar 3 vezes mais, eles fecham o dia
com calma, mas com dinheiro em caixa.
— E vai puxar as orelhas?
— Vou, mas com jeitinho.
— Ela daqui a pouco lhe passa uma mensagem. – Jonas.
— Já passou umas 5. – Joaquim.
Jonas sorriu e perguntou.
— E pelo jeito queria ver todos.
— Eu dou o caminho, se olhar o cardápio, tem sanduiches e
aperitivos, todos com nomes de personagens em quadrinho, os
coquetéis, com nomes de alguns filmes ou curtas.
— Sim, elaborado, enquanto o sistema de garçons
decentralizado, que permite atender cada um dos ambientes, eles
não correm, mas devem receber menos.
— Acho que eles recebem o que vendem, ainda estamos
começando, mas pensei que estaria mais vazio.
Curi estranha a frase e pergunta.
— Porque algo assim estaria vazio?
— Eu não fim nenhuma propaganda deste lugar ainda, não
constava nos cronogramas do fim de semana.
Curi olha em volta e fala.
— Então poderia estar ganhando mais?
— Não estou pensando em perder Curi, seu pai deveria estar
preocupado em me pegar estes dias e eu estava investindo em 3
inaugurações, embora tenham sido 4, mas não tinha como ir a 4
lugares no mesmo dia.
— Inaugurou mais um? – Jonas.
— Uma danceteria de samba!
— Verdade, tinha esquecido da Sambando. – Jonas.

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— E pelo jeito se duvidar, teve entrada em todas elas.
— Espero que sim, sei que a danceteria na Boa Vista vai ter
problema, mas eu não posso ser obrigado a controlar as pessoas a
rua.
— E acha que vão tentar?
— Tem gente que nem entende que o lugar tem isolamento
sonoro, mas confusão tá sendo o segundo nome deste senhor que
parece que poucos conhecem, chamado Joaquim Moreira.
Jonas sorriu, pois realmente o que falavam do senhor, não
era algo como este novo Joaquim a sua frente, de terno, mas sabia
que ele estava aprontando, ele olha a mão cicatrizada e Joaquim se
levantar e falar.
— Vou ao banheiro.
Joaquim levanta e olha os rapazes jovens, eles não os olham,
estavam em seus grupos, olha as mesas passa ao fundo, para o
rapaz ao balcão não o ver, ele queria tratamento normal, o
movimento estava no fim do dia, mas para uma inauguração, bom,
ele olha o conjunto de coisas e pessoas, as TVs estavam com
pessoas olhando elas, e ouviu até comentários sobre o filme, sorriu,
banheiro um pouco desleixado, lembrou que não verificou os
demais banheiros, mas fim de dia era de esperar algo assim, mas
teria de dar estrutura, eles realmente capricharam na parte externa,
mas tinha defeitos que ele somente agora vira nos banheiros.
Sobe e senta-se na cadeira e olha Jonas olhando umas garotas
e fala.
— Vai comigo ou está sem condicional?
— Sem condicional.
— Nos falamos então na segunda, mas é bom saber que
algum lugar vai dar lucro.
— Pelo jeito cansado. – Curi.
— Sim, para quem foi preso logo cedo, estou quebrado.
— Pensei que os advogados estavam prontos para o seu caso.
— Quando o Geisel falou que estávamos em paz, talvez tenha
me esquecido que tem gente que é suicida.
— E pelo jeito não está bebendo muito hoje. – Jonas.
— Hora de voltar ao problema, se comportem.

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Os três olham Joaquim pagar a conta até aquele momento, e
pedir para chamar um taxi, ele atravessando a cidade novamente.
Joaquim olha para Paulo (Fabrícia) a esquina, olhando o local
a frente e pergunta.
— Como está o agito Paulo?
Aquela moça de quase um e oitenta, tamanho dado pelo salto,
olha para o lado e fala.
— Perdido aqui Loco?
— Não só eu.
— Não sei qual o agito ai dentro.
— Não entrou?
— O segurança está barrando as pessoas, parece que dentro
está um agito.
Joaquim passa uma mensagem e olha para Paulo.
— Vamos lá, damos um jeito de entrar.
A moça atravessa a rua, e chegam a entrada, o segurança
estava postado, encara Joaquim e fala áspero.
— Estamos lotados, não tem espaço.
— Sei disto, apenas esperando.
Joaquim olha para Nádia a porta, ela chega a Joaquim e fala.
— Não vai entrar mesmo.
— Nádia, está é Fabrícia, ou Paulo, sei lá.
Ela fez sinal para entrarem e Joaquim fez Fabrícia entrar e o
senhor encara Joaquim, não pareceu entender, pensou ser um
penetra, e Joaquim olha ele falar algo baixo com o rapaz ao fundo.
Fabrícia acompanhou Joaquim e subiram a parte alta, Nádia
olha para baixo e fala.
— Acho que foi um bom dia Joaquim.
Joaquim sorri e olha para ela e fala.
— Não sabia que iria lotar, senão teria vindo antes.
— Deixou para o fim este?
— Este fica do lado de casa, é sair e ir dormir.
A conversa aos gritos dava a sensação para Joaquim que
Nádia não tinha ouvido.
Nádia olha para o local e vê Joaquim sentar a ponta, ele olha
para o local, ele não falou nada, mas olhava as mesas vazias, olhava
os garçons parados, Nádia olha para o bar, muita gente indo pegar

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J.J.Moreira 5
bebida, estranho como Joaquim apenas com um olhar lhe falou o
que precisava, ela olha para aas mesas sem nada, e encosta ao lado
dele e pergunta.
— Sei que quer mudar algumas coisas.
Joaquim sorriu, pois ela ficou a olhar para ele.
— Pensei que não vinha mais.
— Nádia, eu pensei que a ideia estava pior, mas sabe onde
você pecou?
— Onde?
— Seleção de pessoal.
— E como saberia?
— Garçons que não passam nas mesas, e quando as pessoas
vem ao balcão, passando por eles, quase que falam pelo
comportamento que era o que eles queriam que fizessem, já que
não se prestam a tentar onde as pessoas veem.
— Talvez a ideia de uma comanda com os pedidos, tirou deles
a vontade de meta.
— Pode ser, garçons com salario fixo nunca funcionou.
Nádia olha para as mesas ao fundo, como não tinha
atendimento, acabam por ficar vazias.
— Perdeu o Show.
— Se considerar que vim, tenho tempo para conhecer o local.
— Algo mais?
— Não vai até as duas da manha?
— Sim.
— Metade deste local está ocupado, e tem uma placa de
lotado do lado de fora.
— Esteve mais cheio.
— Pode ser, mas com certeza os seguranças falaram que não
iram mais colocar para dentro, pois não tem fila para entrada, e
falta muito para fechar, e a uma da manha estará vazio se for neste
ritmo.
— Ajeitamos isto. O que mais.
— Não fui ao banheiro ainda, mas quer uma forma dos
garçons atenderem?
— Fala.

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— Soma 10% a mais nos cardápios da próxima semana, no
preço, e se propõem a dividir entre os garçons a diferença.
— Quer vender mais.
— O preço que nos faz feliz, é quando eles gastam a partir de
duas consumações, não apenas ela.
— Certo, vamos pelo jeito conversar sobre o lugar.
— Deixei você inaugurar Nádia, não sabia que existira tanto
público, mas quando falo em não fechar sedo, é que rapazes como o
que fiz entrar, ele faz ponto, então ele vai entrar só depois de ter
ganhado o dia, mas se estiver fechado, ele vai a outro lugar.
— Certo, conhece ele de onde?
— Difícil de ver Paulo naquele ser, mas conheço ele da
Telecomunicações da Aeronáutica, Angola.
Nádia olha a moça produzida e sorri, aquela moça não parecia
um soldado ao campo, entendeu onde Joaquim queria chegar, a
moça chega ao balcão e pede um drink, os garçons nem a olharam,
e pergunta.
— E não vai querer resolver hoje?
— Não sei a forma de contratação dos garçons.
— Por dia de trabalho.
— Se olhar, eles não atenderam ninguém desde que eu entrei,
gente para ficar assistindo não acho que é o que precisamos.
— Pelo jeito olhou mais do que deu a entender.
— Sim, mas falamos depois, pois gritando, não dá para
conversar.
Nádia o abraçou e falou.
— Não vai me antecipar?
— Nádia, eu e você não entendemos e não temos de resolver
isto, mas o administrador deveria ter notado algumas coisas, e não
o vi por ai.
— Ele está controlando o caixa de entrada, disse que era a
parte mais importante.
— Nádia, se um dia começar um tumultuo, ou um incêndio,
mesmo ele não querendo, libera todas as saída, se ele está na porta,
ele veria alguém morrer para dentro, para não deixar de cobrar uma
consumação, e pior, sobraria para os donos, não para o rapaz que
diria ser norma do bar.

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J.J.Moreira 5
— E me ajuda a falar com ele?
— Lógico.
— Acha que vão falar bem amanha?
— Não acho nada, mas eu não falaria bem, de um lugar que o
garçom não atende, a cozinha deve ter servido quantos lanches?
— Não vi.
— Mas verá que construímos um estoque para 500
atendimento, não devemos ter chego a 50.
— Certo, gastos que não podemos manter assim.
— O problema Nádia, sei que não entendo muito disto, mas
se for para servir 50, temos de esquematizar para 50, com certeza,
50 duas pessoas na cozinha resolvem, 2 garçons resolvem, pois
abres as 18, 8 horas de atendimento, menos de 7 atendimentos por
hora.
Certo, queria quanto?
— Mais de sessenta atendimentos por hora, por isto temos
10 garçons, por isto temos 6 pessoas na cozinha, 4 pessoas na
limpeza, e pouca segurança, 4 rapazes na segurança, e dois na
portaria.
Pelo que entendi, você queria que cada atendente servisse o
que todos eles serviram.
— Espero que eles tenham vendido 50, pelo menos isto.
— Certo, acha que não venderam.
— Não sei, mas não vi nada de pratos, em lugar algum.
Nádia olha em volta, não tinha mesmo restos de comida em
local algum e sorri.
— E não me mostra este seu lado empresário.
— Não vou conseguir ir ao Rio, eles desmarcaram.
— E pretende fazer oque?
— Não sei, vamos a cozinha.
Nádia viu que Joaquim estava incomodado, o segurança na
porta entrada, parecia olhar eles como se controlasse e Joaquim
fala.
— Ainda temos gente infiltrada. – Nádia não ouviu.
Chegam a cozinha e Joaquim olha as moças e Nádia olha as
moças todas paradas e Maria, uma senhora olha para ela e fala.
— Pelo jeito não vamos durar aqui.

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J.J.Moreira 5
— Problemas? – Nádia.
— Seis porções para o salão.
— Calma, vamos acertar as coisas. – Joaquim.
— Quem é o senhor? – Maria.
— O Louco que dizem ter esta Toca.
A moça olha desconfiada e olha para Joaquim pegar o
cardápio, olha a qualidade do que haviam comprado, e olha a
senhora.
— Liga a gordura, e vamos fazer toda esta batata cortada.
— Mas...
— Apenas faz. – Nádia.
A moça começa a fazer e Joaquim fala em seu ouvido e pede
para falar para os garçons que iriam distribuir uma porção por mesa,
por conta da casa.
Nádia sai e fala, viu quando ela veio e um veio discutindo com
ela.
— Não podemos distribuir de graça nada, o dono não
autoriza.
Nádia olha para ele e pergunta.
— Louco não deixa oque?
— O senhor Ribas falou que...
— Chama ele aqui agora, mas melhor se preparar, não quer
trabalhar, é isto?
— Não disse.
— Quantas mesas você serviu Ricardo na ultima hora?
— Ninguém chamou.
— Olhou para elas pelo menos? – Nádia.
O rapaz segura no ombro dela e fala alto.
— Acha que manda algo?
Joaquim sai pela porta e olha Nádia.
— Problemas senhora?
— O que faz na cozinha, não é funcionário.
— Não, meu nome, Joaquim Moreira, o Louco da placa, faz o
que ela mandou, senão nem precisa voltar aqui, apenas pega suas
coisas e some.
— Você não me contratou.
— Certo.

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J.J.Moreira 5
Joaquim atravessa o corredor e bate na porta da tesouraria, e
o senhor Ribas com cara de sono abre a porta.
— Dormindo Ribas?
Ele se desconcerta e Joaquim olha por cima do ombro e fala.
— Sai rapaz, não é hora de diversão ainda.
— Ele não me pagou ainda.
Ribas olha para o rapaz e fala.
— Acertamos depois.
O rapaz sai reclamando e Joaquim olha para ele.
— Cheguei em meu restaurante, meia lotação, com cartaz de
que estamos lotados, chego a cozinha, os garçons não trabalharam,
chego a portaria, e o gerente está fazendo sexo contratado?
— Entendeu errado.
— Sim, posso estar errado, mas primeiro, tira a placa de cheio,
e começa a por gente para dentro, segundo, se nos seus garçons
não atendem mesa, põem eles para correr.
— Eles não terminaram o dia.
— E nem vão, pois gente para assistir, não preciso Ribas.
— Mas eles não estão pedindo nada.
— Você não sabe, pelo que soube, está no caixa de saída,
preocupado com o trocado, e não com a casa que diz gerenciar.
— Eu não respondo a você senhor.
— E a quem responde, já que o garçom destratou Nádia, pois
você era o proprietário e não obedeceriam a ela?
— Tem de ver que tenho de manter a ordem.
— Certo, tem 30 segundos para sumir, amanha acertamos o
que você acha que é seu.
— Mas...
— Segurança, o gerente acaba de perder o cargo, põem para
fora.
O senhor olha para Ribas que grita.
— Não pode me mandar embora, eu trabalhei duro.
— Vi o trabalho, fecha o zíper, e considere que estou lhe
mandando antes da analise de amanha, pode ser pior se for amanha.
Ele foi entrar para a tesouraria e Joaquim segura ele pelo
ombro e fala.

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J.J.Moreira 5
— Fora, nada a pegar na Tesouraria, pois ai não deveria ter
nada de você, já que temos um armário na entrada para coisas
pessoais senhor.
— E o dinheiro.
— Da casa, para acertar com você amanha.
O segurança viu outro chegar ao lado e viram 6 rapazes da
Insidia na entrada olharem para Joaquim e um perguntar.
— Problemas senhor Moreira?
— Deem uma carona para o gerente até em casa, pela manha
acertamos as coisas.
Os seguranças entenderam quem era Joaquim, e o senhor
reclamando é colocado para fora e Joaquim foi a portaria, olhou
para o segurança.
— Vamos trabalhar até as duas, tem metade da lotação,
porque não estão colocando para dentro?
Joaquim tira a placa e acende a aberto em neon que haviam
apagado.
Joaquim olha para o rapaz do caixa e fala.
— Educação não custa rapaz, não está tratando com gado.
Ele lembrou de Joaquim e enquanto Joaquim entrava o rapaz
olha para o segurança.
— Quem é o senhor?
— O dono, ele acaba de por o gerente para correr.
— Eles estão apenas na consumação.
Joaquim pega uma roupa de garçom e passa nas mesas e
põem os cardápios, ele em uma passagem, pegou 12 pedidos,
entrega ao balcão que passa a cozinha por uma janela e Nádia olha
para Joaquim olhar os garçons, eles não se mexeram, então ele foi
ao segundo salão, olha para as mesas, e pede para descerem delas,
e começa a por em ordem.
Um rapaz foi reclamar e Fabrícia apenas faz sinal para o rapaz
se comportar, ele coloca os cardápios e um fala.
— Mas não tem ninguém atendendo.
— Estou aqui rapaz, o que precisa?
Ele pega o pedido, e vai ao balcão e olha os garçons.
— Não vão mesmo trabalhar?
— Estamos trabalhando.

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J.J.Moreira 5
Joaquim faz sinal para o segurança a porta e fala.
— Põem para fora, não querem trabalhar, se não posso
cobrar cover deles, fora.
Os garçons estavam realmente achando que ganhariam sem
fazer nada, ele pega a primeira bandeja e começa a atender, viu o
pé d e um dos garçons a frente, para o desequilibrar, ele segura com
uma mão a bandeja e pisa na batata da perna, o rapaz gritou de dor,
e ele apenas foi a mesa, quando voltou os seguranças já tiravam o
pessoal.
Joaquim liga para o Tasca e pergunta como estava, Paulo
disse que tranquilo, ele pede 4 garçons emprestado, e se os rapazes
acharam que o senhor ficaria na sombra, ele começa a servir, a
porta aberta, começa a atrair mais gente, eles colocaram uma
musica animada e Joaquim convida por mensagem Rogéria para
animar a casa, e era perto da meia noite e 40 quando ela chega com
alguns amigos.
Nádia na cozinha viu as moças começarem a acelerar, e
Joaquim entregou 72 pedidos entre o começo e o fim do dia, os
rapazes que chegaram para ajudar, outros 270 pedidos, ainda não
era o que Joaquim achava que conseguiria, mas o que era apenas
cover na saída, começa a dar 3 vezes o cover.
Nádia olha o barman e pergunta.
— Como está agora?
— Quem é o senhor?
— Aquele é Louco, agora entendo a palavra, ele encara,
enfrenta, assume um fracasso e o que seria um prejuízo, em lucro.
— O dono atendendo as mesas?
— Se os garçons se negavam a atender, ele atendeu, o que
eram mesas vazias ou com pessoas apenas se agarrando, agora são
mesas com consumo.
Joaquim vendo o horário, faltava quinze minutos para fechar,
e vai a frente, acende o horário de funcionamento e apaga o aberto,
e o segurança olha para ele.
— Pelo jeito quase colocamos o dono para fora.
— Odeio uma ideia que pode dar certo, dar errada, pois não
se tem vontade de fazer certo.
— Mas...

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J.J.Moreira 5
— Se fizermos direito, é emprego para 3 ou 4 anos, se
fizermos errado, para 3 meses.
Joaquim entra na cozinha e olha para as moças cortando mais
batatas e sorri.
A senhora olha para ele e fala.
— Pensei que ele daria de graça.
— Com certeza era uma ideia Maria, amanha não poderíamos
usar as batatas escurecidas.
— Entendi, mas ele é mesmo o dono?
— Eu achei que estava tudo bem, ele em 10 minutos me
mostrou que estávamos perdendo dinheiro.
— Ele vai atender as mesas?
Nádia sorri, Joaquim mostra que se fosse o caso, faria.
Joaquim no fim daquelas horas pede para o rapaz do balcão
anunciar que estavam encerrando que estariam ali no dia seguinte
as 18 horas, hora das rainhas irem para casa ficarem lindas.
O pessoal sorriu e Joaquim senta-se ao balcão e fala para o
garçom.
— Tem uma cerveja bem gelada?
— Só tem chope.
—Paciência, termino o dia no Tasca.
O rapaz sorriu, os garçons recolhem as coisas, as moças que
estavam na folga, começam as limpezas.
Joaquim olha o rapaz e pergunta.
— Como foi o dia?
— Dava para ter vendido mais.
— Como foram os coquetéis?
— Metade do cardápio nem foi pedido.
Joaquim olha o cardápio e pergunta.
— E estas coisas são boas mesmo?
— Não vai experimentar?
— Sou conservador, vê um Submarino.
O senhor sorriu e serve e fala.
— Acha que o gerente vai deixar barato?
— Não entendi, posso estar errado, mas já fazemos uma
reunião, não gosto de fofoca, mas gosto de saber o que está
acontecendo.

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J.J.Moreira 5
— Certo.
As pessoas saíram e Joaquim fecha a porta e olha os
seguranças e o caixa e fala.
— Vamos conversar lá dentro.
— Não sei o que fizeram lá dentro, mas o fim foi assustador. –
O caixa.
Joaquim junta duas mesas e Nádia veio a mesa, o barman, ele
chegara depois que os shows então nem os vira, o caixa senta e os
seguranças e Maria se junta a elas, deixando as moças a arrumar a
cozinha.
— Bom dia a todos, sei que não me conhecem, mas sou
Joaquim, quem investiu neste bar, e gostaria apenas de algumas
informações, se puderem me adiantar?
Todos olharam para o rapaz.
Joaquim olha para o caixa e pergunta.
— Qual seu nome.
— João.
— João, como foi o movimento total?
— Muita gente entrou e saiu, até a meia noite, era apenas
consumação.
— Total de consumação?
— 652.
— Houve retiradas do caixa?
— O gerente tirou os primeiros 400, que foram antes da meia
noite.
Joaquim anotou e falou.
— Pessoal, esta casa tem liberação dos bombeiros para
seiscentas pessoas, mas pelo que soube, quando cheguei, estava
com 252, então temos de tentar controlar melhor quem está para
dentro e quem já saiu, pois isto pode deixar a casa vazia, e este
pessoal gosta de lugar cheio, não vazio.
Joaquim olha para a cozinheira chefe e pergunta.
— Quantos pratos servidos?
— 348!
Joaquim olha para Nádia e fala.
— Vamos mudar algumas coisas para amanha, uma delas,
garçons por região, não centralizar, cada um cuida de uma parte,

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J.J.Moreira 5
nada de ficarem olhando ao longe, sei que para esta semana não
tem como, mas vou analisar os custos, e verificar se não existe
margem para colocar uma percentagem que os desse uma
remuneração a mais por atendimento.
Joaquim olha para Maria e pergunta.
— Tem experiência em que tipo de cozinha?
— Antes da crise trabalhava no Taberna.
— Sabe fazer caldos e sopas então?
— Sim.
— Me verifica quais daria para implementar nesta cozinha,
pois para quem serve um drink em um taça, consegue servir caldos
e sopas as mesas.
— Verifico.
Joaquim olha o segurança e pergunta.
— Existia alguém no fim, que estava na fila logo cedo?
— Não, muitos saíram rápido, não ficaram nem 15 minutos.
— Pessoal, amanha todos os especialistas, vão falar mal desta
casa, o atendimento estava ruim até a meia noite, apenas não
levem para o pessoal.
— Acha que eles não voltam?
— Eu demoraria para voltar, mas seiscentas pessoas, acho
que quando o negocio está ruim, melhor que venham poucos, para
ter uma ideia, a inauguração do Buraco do Loco, no Portão, deu
mais de dois mil cover na mesma noite, e não tem dois palcos de
show.
— Mas eles não foram todos para lá então? – Nádia.
— Não, muitos estavam do lado de fora quando cheguei, sei
que os seguranças devem ter recebido a ordem de por como cheio,
mas desculpa, precisamos de um sistema que diga exatamente
quantos estão para dentro, e se libere mais gente, sempre no limite
máximo.
— O senhor Ribas falou em ser rigoroso na cobrança.
— Rapaz, rigor não é grosseria, mas outra coisa que gostaria
de deixar claro, se um dia, isto tiver qualquer problema, seja fogo,
briga, coisas assim, abram as portas de saída, deixa sair, um
processo por morte por fila de pagamento, acaba com o lugar.
— O senhor Ribas falava o contrario.

172
J.J.Moreira 5
— Sim, eu pagaria com a prisão e ele diria que não falou isto e
lhe pressionaria para dizer que era norma do proprietário, sei disto,
conheço a índole das pessoas.
Joaquim olha para o caixa e pergunta.
— Joao, você que estava no caixa, qual o volume até a meia
noite?
— Consumação de 400, oito mil.
— Nas duas horas que assumi a casa?
— Mais de 20 mil, em 252 consumações.
Joaquim olha Nádia e fala.
— Disto que estava falando.
— Entendi, pessoas sem consumir não nos dá lucro.
— Não é só isto Nádia, pessoal, se a pessoa não consome, ela
não fica, então as mesas começam a esvaziar, como nosso publico é
homossexual nesta casa, tem de considerar que eles podem estar
agitando na pista, mas precisamos ganhar nas mesas .
Joaquim olha o barman e pergunta.
— Acha pratico uma lista de 50 coquetéis?
— Se pedirem muito, fica corrido.
— Pensa em uma forma de conseguir oferecer tudo, pois não
acredito que você não se confundisse se tivesse 20 tipos diferentes
de coquetel sequenciais, um diferente do outro.
— Eles mudam muito pouco.
— Sim, mas padrão me permite saber o custo, não existe algo
aproximado que me permita administrar custo.
— Verifico, e se precisar de ajudante?
— Verifica o funcionamento, se for necessário, colocamos até
3 ajudantes.
O olhar para Nádia fez ela pensar que viria um problema.
— Nádia, vamos implementar 3 banheiros a mais, um aqui no
fundo, a pessoa não consegue chegar para depois do palco, com a
casa cheia, e gente com a bexiga cheia, não consome mais. Vamos
fazer uma passagem no terreno as costas, para o bar ter uma
passagem, pois assim o garçom já estará no ambiente dele, não
atravessando tudo com aquela comida ou bebida.
— E o proprietário do terreno não vai reclamar? – O
segurança.

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J.J.Moreira 5
— Vou tentar não reclamar para mim mesmo.
O rapaz soube que aquele senhor pelo jeito tinha dinheiro
mesmo.
— Agora vamos descansar, vou verificar os gastos e estoques,
pois quem deveria fazer isto é o gerente, mas amanha vou verificar
um novo gerente.
— Mandou mesmo Ribas embora? – Nádia.
— Sim, não tenho nada contra sexo Nádia, mas na tesouraria
no horário de trabalho não posso admitir.
Joaquim não havia falado sobre isto, mas ficou bem claro
para os seguranças que viram o rapaz saindo reclamando, com
quem o senhor estava.
O pessoal se despediu, fecharam o local, Joaquim encosta no
balcão, não tinha os estoques, mas olha as comandas, e olha o que
tinha saído e olha para Nádia.
— Desculpa atrapalhar sua inauguração. – Joaquim.
Nádia abraçou Joaquim e fala.
— Obrigada.
— Não fiz quase nada.
— Eu achando que estava bom, pois via o movimento, mas
não estava vendo os problemas.
— Nádia, eu vim perto das 10 da noite, sentei na mesa, fiz
sinal para os garçons e ninguém me atendeu, paguei apenas a
consumação pois não consegui pedir nada, fui verificar os demais e
voltei, para tentar ajudar e me deparo com a placa de lotado, pensei
que estava cheio, que mesmo não sendo como eu queria, que
estava dando certo.
— Tinha vindo e não me falaria?
— Sabe que falaria, mas dei chance de estar errado, eu
naquela hora, seria muito cedo para uma critica.
— Mas não teríamos tido os problemas.
— Sim, o gerente faria de conta que estava fazendo o que
falei, que estava verificando e que logo o faria, e não teríamos a
certeza antes de em outro problema.
Joaquim se levanta e vai a parede e fala.
— Neste ponto vamos fazer um ponto para os outros
banheiros.

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J.J.Moreira 5
— Vai mudar o projeto mesmo?
— Só este banheiro, e parte do cardápio, pois está pobre, eu
ouvi pedirem coisas mais quentes e fortes, batata frita não dá para
todo dia Nádia.
— Certo, sabe que você me impressiona a cada dia, você olha
o problema, e encara, vi que eles não me levariam a serio se fosse
fazer o mesmo.
— Eu gosto de coisas que se pagam Nádia, sei que para
muitos, parece que se ganhar os 13 mil do que daria a bilheteria, é
muito, mas temos mais de 40 mil em salários, fora o gerente, temos
de repor e manter o local limpo, com comida fresca, operacional, o
operacional deve custar outros 40 mil, então temos de ter certeza
que vai entrar 80 mil no mês, se na inauguração eles queriam que
entrasse 13, eu estava pensando em 80.
— E pelo jeito, você faria gerar isto?
— Nádia, gerente é um administrador que tem de nos prestar
contas, e temos de ficar de olho, sei que na nossa frente eles tratam
todos bem, mas por isto temos de ter pessoas de confiança para nos
dizer o que acharam de verdade.
— E vamos alterar apenas o banheiro?
— Vou inaugurar este e fechar o outro para reforma, na
disposição que está, vai ficar nojento na metade da noite.
— Acha que vão falar mal?
— Vão, mas calma, eu não vi os shows, foram bons?
— Quer sinceridade? – Nádia.
— Sim.
— Eu gostei, mas o publico alvo, parece ter ficado indiferente.
— E Ribas?
— O tempo inteiro na frente.
— Pensei que o cara fosse dos bons, tem uma boa fama, mas
pelo jeito, pegamos ele em declínio.
— Pegou ele mesmo no flagra?
— Sim, outra coisa, tem de ser enfática no pedido da
identidade, pois para dentro, todos são analisados como adultos no
escuro e em meio a luzes e transformistas.
— Certo, porque, viu menores?

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J.J.Moreira 5
— Eles estão querendo me pagar Nádia, e a sorte que o rapaz
que Ribas chamou é de maior, embora pareça um menino de tudo.
— Conhece?
— TSS.
Nádia sorriu e abraçou ele.
— Eles nem imaginam o quanto você é detalhista.
— Nádia, eu pensei que a ideia era ruim, mas vendo na
pratica, aplicável, rentável, mas não podemos deixar estes bicha
loca acabarem com o negocio.
— E o que faremos?
— To cansado, mas vamos ver como ficou.
Chegam a cozinha e Joaquim pergunta se tinham como ir
embora, elas falaram que sim, a cozinha esvaziou, ele verifica o
estoque, as coisas, as disposições.
— Nádia, quem ajeitou a cozinha?
— Ribas.
— Uma dica, acho que começo a pegar jeito, mas a mesa de
corte de frituras, ao lado da fritadeira, o fogão e mesa de preparo
no oposto, na terceira parede as geladeiras, e na outra, o banheiro.
— Certo, vai mudar a disposição.
— A mesa central é para a organização, na parede do
banheiro a pia, nesta parta está certo.
Nádia anotou.
— A porta no fundo, estoque, o gerente, tem de verificar
todo dia, pois é a primeira coisa que ele verifica, ele recebe mais,
mas trabalha perto de 12 horas, os demais, 8.
— Certo, vai verificar, mas não sei quem contratar para
gerência.
Joaquim sorri e fala.
— Vamos verificar se as moças limparam os banheiros.
— Acha que é importante?
— Locais limpos, são agradáveis de trabalhar, sujos, horríveis,
outra coisa, na segunda, vamos por sistema de ar nos dois salões, eu
odeio este cheiro forte de cigarro que fica nestes lugares, tira o
apetite das pessoas.
— Certo, mesmo com limpeza fica forte.

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J.J.Moreira 5
— Outra coisa, verifica com quem fez, para trocar aquele
tapete no palco, aquilo com o tempo dificulta a limpeza, e é
altamente inflamável.
Nádia olha e sorri.
— O Joaquim que todos falam, agora a minha frente.
— Nádia, a ideia é boa, embora mal criada, mal gerenciada,
mal pensada, mas não sou eu que tenho de resolver estas coisas,
estou lhe ajudando, mas vi que confiou no rapaz, que parece
investir na própria fama, pois em nada condiz o que falavam dele,
com o que fez hoje.
— E pretende fazer o que no todo?
Joaquim sorri e senta-se em uma cadeira, sorri e fala.
— Acho que dá para fazer algo melhor, acho que não sou de
pensar pequeno, e sei que atrás desta parede, tem uma cobertura
até o prédio da Insidia, e no outro lado, tem um até um prédio em
reforma, o qual também tem uma cobertura. – Joaquim pega um
papel e começa a desenhar, ele queria ter uma ideia, e começa por
tracejar no papel que pegou no balcão.
— Hoje temos aproximadamente isto Nádia.

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J.J.Moreira 5
Nádia olha que era um esquema apenas nos traços e olha ele
começar a ampliar para os dois lados, ele pega um papel e põem
sobre o outro e muda uns pontos, e fala.

— Sei que ficaria com o dobro do tamanho, teria um local


aqui abaixo que é para passar filmes clássicos, a cozinha teria saída
para os três lados, teríamos um palco um pouco maior para algo ao
fundo, uma ampliação do numero de banheiros, do balcão de
atendimento, e o principal Nádia, as coberturas estão ali, dos dois
lados, consigo por acabamento, durante uma semana, e em duas
semanas teríamos as reformas prontas.
— Acha que precisa de tanto?
— Nádia, algo grande para quem estiver para dentro, quem
olhar da rua, vai ver o mesmo, é para surpreender os internos, nós
colocamos o primeiro crescer para o lado aqui da parede, já que a
178
J.J.Moreira 5
cobertura e o piso já está ali, é construir os banheiros, lajotar,
colocar um projetor, fechamos um pedaço do outro lado e fazemos
quando a pessoa vier na terceira semana, tem o lado de lá, do lado
de fora, estes espaços externos, plantamos uma grama e colocamos
uma parte externa para fumantes e namorados, como jardins
externos.

Nádia sorri e fala.


— Quer transformar toda a ideia.
— Não tem coisa que combine com a palavra louco, mas
podemos colocar umas estatuas malucas nos jardins, pois desculpa,
parece muito normal.
— A inauguraria a ampliação semana que vem. Depois mais
uma e por 4 semanas seguintes teria uma mudança?
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J.J.Moreira 5
— Sim, o prédio acima reclamaria do barulho, então temos de
controlar o volume externo das conversas, mas fora isto,
controlamos, ambientes com som isolado, semana que vem, nos
intervalos antes de depois dos dois shows, colocamos no telão o
show do Fred Mercury, e vamos variando os shows. Temos apenas
de cuidar com o ECAD, o resto é fácil.
— O que é ECAD?
— O quer significa não sei, mas é direitos autorais, pagamos
para eles, para ter direito de apresentar o show.
— Sabe as regras?
— Sim, na terça lhe apresento o Buraco do Loco, embora sem
espaços tão grandes, eles pagam o ECAD.
Joaquim pega o pager e pensa se passaria um recado, para de
escrever e fala.
— Esta hora é sacanagem.
Nádia sorri e fala.
— Quer ampliar a casa pelo jeito.
— Digamos que hoje ela tem 39 mesas, em dois palcos, quero
em 4 semanas, ter 111 mesas, 3 palcos e um projetor, temos um
banheiro e quero ter 3 banheiros, não temos jardins externos e
quero ter dois jardins, com acesso por dois salões que não existem
hoje.
Nádia o abraça e fala.
— Pelo jeito não tem medo de mudar projetos.
— Sempre disse que esperava você perguntar, mas parecia
ter medo de que destorcesse o projeto.
— Medo de parecer imatura.
— Até parece que eu tenho uma grande experiência nisto.
— Você improvisa com classe, mas tem de me apresentar
alguém para administrar.
— Vou chamar alguém que iria por em outro ponto, mas
como não falei com ele ainda, não tenho como garantir que ele
aceita.
— Quem?
— O irmão de quem começou hoje tocando o Buraco, mas lá
eu passei como aqui, sem ele me ver, e estava redondo.
— E o outro?

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J.J.Moreira 5
— O camarão estava muito bom, difícil é manter a mesma
qualidade.
— Certo, dificuldade é manter a novidade, mas o que
pretende?
— Semana que vem, vamos anunciar show de comedia com
Ary Toledo aqui, então vamos cobrar ingresso, e vamos fazer no
espaço novo, que terá telão depois.
— Agitar por aqui?
— Sim, e com certeza quem falou mal, virá para terminar de
falar, e começamos a mudar as criticas.
— Algo mais?
— Durante a semana seguinte, vamos inaugurar um dos
jardins, e vamos fazer uma amostra de arte ao ar livre, durante a
semana, com lançamento de um artista plástico da região.
— Vai realmente variar totalmente?
— Eu vou assumir, vocês me dando espaço Nádia, eu assumo
a avanço até acabar as ideias, dai vocês assumem.
— Certo, e em meio a isto, vamos acertando o cardápio?
— Sim. – Joaquim a abraça, anota as coisas, e vão para casa
dormir, ele estava cansado, e ainda pensando no adiar dos
problemas.
Ele toma um banho, senta a cama com o dia clareando do
lado de fora e sente as mãos de Nádia as costas, ele a abraça e lhe
olha aos olhos.
— Sabe que invadiu minha vida?
Ela sorri e olha ele aos olhos e fala.
— Dá espaço que vou ficando.
Joaquim a abraça e lhe acaricia a cama, os dois dormem
abraçados com a manha dando o ar da graça naquele sábado.

Guto chega a TSS e olha para Jonas.


— Problemas?
— Um gerente de um restaurante contratou um programa, e
no meio do programa, fomos pegos em flagrante, na sala da direção,
e agora o senhor está prestes a ganhar a conta e quer uma versão
contra o proprietário.
— Vai mentir em júri?

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J.J.Moreira 5
— Sabe que as vezes rola um bom dinheiro para isto. – Guto.
— De que bar está falando?
— Disto que queria falar, pois a um tempo falavam que a
Toca do Louco era sua Jonas, não conheço o outro dono.
— Está dizendo que Joaquim colocou Ribas para correr na
inauguração?
— Porque?
— Falam que o senhor é um senhor gerente de bares, mas
imagino ele voltar lá, quando passamos sedo estava fraco, ele deve
ter ido pedir algo e os pegou no flagra na hora do agito?
— Sabe que taras sexuais existem aos montes Jonas.
— Imagino, mas quando saiu de lá Joaquim já tinha colocado
ele para correr?
— Não, estava perguntando porque estava com a placa de
lotado se estavam a meia lotação?
— Andaram barrando o proprietário falando que estava
lotado quando estava meio cheio?
— A casa estava bem meia boca.
— Imaginei, mas se for mentir, cuida, você se complica,
Joaquim não vai gostar de um rapaz daqui fazer parte disto, mas
saiba, não envolvendo a TSS, não tenho nada haver.
— Pensei que fossem amigos.
— Sim, mas cada um cuida dos seus problemas pessoais.

Joaquim quando foi a banca, pela manha, na Manoel Ribas,


viu as criticas, e sorri.
Ele pede um café a panificadora a esquina e abre o jornal com
calma, olha os anúncios e liga para Pablo.
Ele olha para os anúncios e para as repercussões sobre o bar
e sorri, ele olha para o anuncio, e nada do que estava lá ele viu na
casa, mas teria de selecionar, e no sábado era horrível fazer isto,
passa uma mensagem para Marcia, verificar nos selecionados, que
ficaram na reserva, 10 nomes para usar em outro bar.
Pablo aparece a panificadora e olha para Joaquim.
— Problemas?
— Você que vai me dizer. – Joaquim.

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J.J.Moreira 5
— A pressão está louca, eles querem saber quem paga as
reportagens, e eu aqui pode os dar isto.
Joaquim passa uma imagem que usariam em 3 agencias, e
fala.
— 3 paginas, inteiras, tem como?
Pablo olha o anuncio e fala.
— Maluquice isto?
— Sim, grupo Elite, com as 3 subdivisões, numa pagina, o
grupo Diamante, com as 4 linhas de atendimento, e o grupo TSS,
com toda sua linha.
— Por quanto tempo?
— Por um mês, o seguinte, na Quinta, Sexta e Sábado, os dias
fortes deste tipo de coisa.
— Eles vão ter de aprovar, mas quer dizer, a partir da semana
que vem, por um mês.
— Sim, mas espere retaliação, eles podem decidir tirar de vez
os anúncios da Gazeta, é um risco.
— E mesmo assim vai investir nisto.
— Sempre.
— Algo mais?
— Domingo já está editado, então quero fazer um segundo
texto na Segunda, para aquela pagina.
— Qual?
— Criticar um bar, recém aberto, sem falar quem é o dono,
mas dando entender, que era um antro de homossexuais, e coisas
do gênero, bem família.
— O que tem contra este bar? Preciso saber a encrenca
Joaquim.
— Eu o inaugurei ontem, aquele famoso gerente, Ribas,
transformou a inauguração em uma merda, pensa em meio a uma
inauguração, perder todo o inicio do dia, e somente depois de
mandado o cara embora, conseguir ganhar dinheiro com aquilo.
— Vai criticar o próprio negocio?
— Quem é homossexual, tende a apoiar locais de
homossexuais, e quanto mais atacados, mais eles se juntam na
defesa destes lugares, mas sabe o problema.
— Sei, eles me taxarem.

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J.J.Moreira 5
— Sim, mas da empresa não tem perigo.
— Isto na segunda, vai agitar pelo jeito.
— A imprensa deve cobrir a primeira amostra amadora de
curtas que estamos promovendo.
— Sim, até eu pensei em passar lá.
— Passa, acho que vai ser legal.
Joaquim passa o prospecto, os cheques para as publicidades,
e assina o espaço, passa para Jonas uma mensagem, que falariam
sobre publicidade a tarde.
Pablo chega ao redator e faz sinal para falar com ele.
— Problemas?
— Estava conversando com uma pessoa, e descobri que
aquele Joaquim Moreira, sabe de quem falo?
— O problema com a policia?
— Sim, ele está por traz de três grupos de Agencias de
Acompanhantes, Grupo Elite, TSS e Diamante, e ele me chamou
para uma proposta de publicidade de quinta a sábado, por um mês,
neste formato.
O senhor olha os anúncios, olha para Pablo e fala.
— Ele sabe quanto custa?
Pablo passa o confirmar do preço e espaço, preço e os
cheques e o senhor fala.
— Eles vieram para retomar o espaço?
— Não entendi, ele falou que é uma pressão para que a
gazeta elimine este tipo de publicidade, eles estão comprando para
provocar senhor.
O senhor olha os cheques e fala.
— Mostrando organização, colocando os grupos,
estabelecendo pela frequência e pontos, que são de um grupo
apenas, eles querem enfrentar pelo jeito o Deputado.
— Não duvido.
Pablo pega a outra pasta e fala.
— Para a segunda, junto com o texto que já passei da pagina
sete, vai ter um segundo texto.
O senhor pega o texto e fala.
— Trabalhando sedo no sábado.

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J.J.Moreira 5
— Sabe que estranho, pois parecem dois lados que quando
falo a rua, que tomariam cerveja juntos no calçadão, mas na
imprensa, parecem se odiar.
— Pelo jeito abriram uma casa homossexual no dia de ontem.
— Acho que uma parte nem passou na porta senhor, pois
dois amigos meus, mais o colunista dos agito do fim de semana,
dizem que foi um fracasso a inauguração.
— E não vai alertar eles?
— Senhor, estou apenas fazendo meu serviço.
O senhor foi a sala do Presidente e passa a crônica e a reação
das agencias e o senhor fala.
— Agora vamos começar a ganhar dos dois lados?
— Ate alguém parar de atacar senhor.
O senhor olha o texto da segunda e fala.
— Eles estão atentos a detalhes que o pessoal Politico não
está, eles parecem mais ligados a cidade.
— Sim, todos falam que a publicidade televisiva, esta virando
um momento de parada, em todos os canais, todos querem saber, o
que vai acontecer, o que está acontecendo.

Joaquim chega a sede da empresa de publicidade e olha


Rogéria com cara de ressaca e fala.
— Drinks bons fazem isto João, ressaca.
— Qual o fim que vamos filmar?
Rogéria pega o texto, falava de uma professora da Federal,
independente, que diante de uma turma de calouros, faz seu
discurso, ela termina o discurso, e a sena, pega a segunda senhora,
olhando da porta, com a vassoura a mão, e a frase final.
“Venha fazer algo Decisivo ao seu futuro, venha que o
preparamos para o futuro.”
Rogéria olha o prospecto e ouve.
— Vamos estar com cursinhos em Porto Alegre, Curitiba,
Santos, Joinville, Rio de Janeiro e São Paulo a partir de Janeiro.
Rogéria sorriu, entendeu finalmente a publicidade, o
investimento, e ninguém poderia falar que sabiam um fim que nem
ele tinha pensado, algo para lançar uma nova geração de pessoas.
— Digo que você pega pesado Joaquim.

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J.J.Moreira 5
— Na verdade, o final não foi filmado ainda, temos a amostra
para hoje a tarde, aquilo parece o fim, mas o final, é para o dia, o
discurso, o decidir, e preciso apenas do convite ao fim Rogéria, para
que todos, acompanhem o ultimo capitulo, no sábado, no intervalo
da Novela das Oito.
— Está querendo deixar todos tensos.
— Sim, acha que vamos entregar o final?
— Não, entendi, então vamos filmar o final dentro do
cursinho que abre suas portas no ano que vem.
— Exatamente.

Nádia vai ao bar, verifica os nomes que Joaquim tinha


mandado, olha que estavam instalado algo no palco um, e um
projetor no meio da pista, e algumas luzes, olha os candidatos
começa a fazer a seleção, explicando o funcionamento da casa, e a
dinâmica que gostaria de ver ali.
Ela estava conversando quando Ribas apareceu e Nádia faz
sinal para ele aguardar que já conversavam.
Nádia estava tensa, mas sabia que Joaquim logo chegaria,
mas olha o senhor falar.
— Queria pedir desculpas por ontem Nádia, me deixei levar
pela posição, sei que não posso consertar ontem, mas tem de ver
que montei todo o esquema, e sei como o tocar, sei que me
proponho a me manter até conseguir um substituto.
— Ribas, o problema não foi comigo, sabe disto, para mim,
que não tenho experiência nisto, parecia que estava bom, meio
vazio mas bom, mas as criticas hoje, falam por si o que foi a
inauguração de ontem.
— Mas não posso ser culpado do que veio depois que sai.
— Se está no jornal Ribas, foi passado ao jornal pelas 9 da
noite, o problema, é que tudo que eles falam, se arrastou até a meia
noite, e tem de ter noção, que escritório de trabalho, em meio ao
trabalho, não é local para fazer programa sexual, tem de considerar
que os garçons que você selecionou, não venderam 6 porções
durante 6 horas de funcionamento.
— Tem de ver que a dinâmica do bar não nos permitiu ser
diferente.

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J.J.Moreira 5
— Primeiro Ribas, você estabeleceu a dinâmica do bar,
segundo, após colocar eles para correr, o proprietário, passou as
mesas, e em 15 minutos, já tinha 60 pedidos de porções, eles não
venderam pois eles não queriam vender.
— Mas não sou culpado disto.
— Pensei que você era o Gerente do Toca do Louco, ou não
era você até aquele momento?
— Tinha de cuidar das entradas.
— Não, função de gerente não é contar dinheiro na entrada,
é fazer a casa funcionar.
— Não vai relevar?
— Poderia relevar senhor Ribas, mas sei que acionou um
advogado e já contatou o rapaz do programa de ontem para alterar
a versão oficial, não tenho motivos para criar cobras, uma frase sua
da semana atrás, Restaurantes dão certo não por ser melhores ou
piores, mas por não mantermos cobras no atendimento.
— E vão acertar quando?
— O contador não fez os cálculos de seus serviços, mas com
certeza, na segunda.
— E vai dar um jeito de atender?
— Pensa que o proprietário cancelou o voo para o Rio de
Janeiro para tentar resolver isto.
— E está contratando novos garçons, eles nem foram
treinados.
— Sim, tivemos um tempo, e parece que seu treino de
garçom não serviu para 6 porções senhor.
— Posso pegar minhas coisas na direção?
— Pode, acompanho o senhor.
— Não confia?
— O senhor me afirmou, os garçons dão conta, me garantiu,
que estava tudo normal, me garantiu que estávamos bem para uma
inauguração, então o que fala, perdeu a importância, e se foi fazer
escândalo, o que custa fechar a casa antes de termos prejuízo.
— Mas ontem deu lucro.
— Senhor, ontem foi inauguração, deveria ter dado muito
mais do que deu.

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J.J.Moreira 5
O senhor abre a gaveta, Nádia olha que era o contrato dele,
olha que ele pegou uns papeis e segurou.
— Desculpa, isto são notas da empresa.
— Mas são meus fornecedores.
— Isto vai ao contador senhor, sabe disto.
Ele puxa as notas, rasgando algumas.
— Acha que não vou levar, não entendeu moça, eu vou.
Ele olha para a porta e fala.
— O que fazem ai, na portaria.
— Tudo bem senhora Nádia.
— Ele quer algo com as notas da empresa, se ele insistir,
chama a policia, roubo de documentos da empresa, é crime.
— Acha...
Joaquim entra pela porta e olha o senhor.
— O senhor que sabe senhor Ribas, ontem foi um dia que não
estava legal, mas se quer briga, quer sujar a sua reputação por
pouca coisa, fazemos bem feito esta sujeira.
Joaquim olha os rapazes e fala chegando a mesa, abre as
gavetas, pega coisas que ele deixara na ultima gaveta, e coloca na
mesa, pega uma folha, bate tudo que ele estava levando, e fala.
— Isto é o que está tirando hoje, ou assina e tira, ou não
assina e não tira nada.
— Estão me proibindo de tirar minhas coisas.
— Vi que quer discussão senhor, temos 4 pessoas, enquanto
você fazia esta vinda aqui, fiz um amigo ligar para o Guto e explicar
que ele pode se dar mal mentindo a justiça, então estamos lhe
colocando as suas coisas ai, assina e tira, ou não tira nada, fica tudo
a juízo, e entregamos diante do sindicato, segunda, se não pegar,
teremos mais testemunhas, e no fim, não esquece, quem está
transformando em escândalo, é você, sei de gente que está maluco
para lhe contratar, mas se quer ficar numa briga, vai feder senhor.
— Acha que pode me ameaçar.
— Lhe explicar senhor, eu sou Joaquim Moreira, eu dei um
tiro na mão do atual presidente, acha que tenho medo de palavras
como, está me ameaçando, pode me ameaçar? Não entende, eu
não sou de ameaçar, e quando se fala, que vai feder, é porque o

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atual presidente da republica fala, para os amigos, Moreira fede a
defunto, quer mesmo que feda, senhor?
O senhor olha as suas coisas, assina e sai com uma leva de
coisas e os seguranças o conduzem para fora.
— Pelo jeito cheguei na hora. – Joaquim.
— Não entendi o que ele quer?
— Ele quer tem uma fama que não pode ser riscada, então
nós não podemos falar mal dele, ele quer dizer em juízo que não
deixamos ele pegar nem as coisas dele, tem de verificar se algo dele
ficou na casa, qualquer coisa, mas ele não entendeu, eu não quero
problemas, não tenho problemas em dizer que ele teve outra
proposta, melhor e que em nome de sua carreira, depois de
inaugurar o local, nos deixou.
— E vai querer ampliar as coisas?
Joaquim pega um prospecto e fala.
— Acho que sonhei com a posição dos banheiros, e acho que
consegui pensar no projeto.
— E pelo jeito tem algo ai. – Nádia apontando a pasta que ele
carregava.
— Tem de ver que foi um esboço as pressas, mas já dá para
ter uma ideia de como pode ficar.

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J.J.Moreira 5
— Nádia, o cinza faz parte do hotel acima, e tem de comparar
como somos hoje, e como quero que fique.

Nádia olha os detalhes e fala.


— Vai mudar o acabamento pelo jeito.
— Cores, vamos ter quatro espaços, ontem vi que na junção
dos dois salões não se ouvia nada, era barulho de dois lados, então
vamos dividir, ampliar, e dinamizar o local. Vamos separar por cores,
pois podemos ter 4 tipos de gostos, em 4 ambientes, podemos ter
lenta ao fundo, filmes as costas, bandas locais em dois ambientes,
outra coisa, vou comprar caixas boas, estas que colocaram ali,
fazem mais chiado do que som de verdade.
Nádia olha para o prospecto e fala.
— Quer um único bar que dê para atender 3 salas, uma
dinâmica que não temos nem hoje.
— Nádia, eu odeio locais que banheiros são raros e horríveis,
talvez o projetar do Tasca, a ideia me começou com banheiros
usáveis a qualquer local.
— Conforto a mão, mesmo que eles nem percebam.
— Sim, um monte de homossexual e nada de divisões não dá,
a ideia é colocar musica para gays homens no rosa, musica para
mulheres no laranja, algo que sirva para os dois públicos no esterno
e no roxo e vermelho.
— Cachoeira?
— Vou erguer o muro, colocamos pedra no muro e uma
bomba d’agua com iluminação, uma região para pensar ainda.
— Estatuas em um e cachoeira no outro?
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J.J.Moreira 5
— Bem mais complexo que isto, mas na segunda enquanto
montamos o salão roxo repintamos o local, com banheiros ali,
isolamos parte da área do que será o rosa e começamos a reforma
ali, em duas semanas, então no próximo fim de semana,
inauguramos o salão Roxo, no meio da outra semana, uma
exposição no Jardim Externo, no fim de semana seguinte,
inauguramos o salão Laranja, mais uma semana, Jardim Cachoeira, e
por fim todos os ambientes, com uma atração em cada um dos 5
ambientes.
— E se não der certo?
— Fechamos e refazemos, o que pode ser pior do que ter um
dono que quer ganhar dinheiro e errou no projeto.
— Você não projetou.
— Sei disto, mas eles não sabem, e não precisam saber, e
dentro de 4 semanas, eu compro uma entrevista falando do erro do
projeto inicial de alguns lugares, e como encaramos cada projeto
como único.
— E vai ficar imenso.
— Sim, o local que ficava a olhar para baixo, a administração
interna – Joaquim tirando sarro – vai virar um salão com vista para o
palco laranja, com mais 11 cadeiras, somando o total de 128
cadeiras no total, contra as 39 mesas iniciais.
— Justificando o tamanho da cozinha.
— Uma cozinha para mil e duzentos lanches, se organizado,
depois eu verifico o andamento da mesma.
— Não gostou do que viu e não vai falar, vai mudar.
— Nádia, o freezer no fundo, é para ter porções prontas e
congeladas, batata exposta, fica escura, isto não custa mais ou
menos, as pessoas congelam porções cortadas, um sistema de
fritura a temperatura certa, consegue fritar uma porção a cada dois
minutos, mas para isto, teria de ter mil e duzentas porções
preparadas, mas vi que cortaram 35 e acharam muito.
— Paulo do Tasca diz que você argumenta com números, ele
se assusta quando você fala.
— Nádia, um caldo pronto, digamos que a cozinha abra uma
hora antes para cortar, para preparar, ou mesmo 3 horas antes com
mais funcionários, mas se deixar pronto, um por mesa, eu teria eles

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J.J.Moreira 5
congelados, obvio, 5 minutos ele estaria fervendo, 10 minutos indo
à mesa. Mas pensa, assim eu forneceria apenas 48 caldos, mas o
micro ondas permite até 8 ao mesmo tempo, temos dois ali, então
conseguimos por16 caldos para esquentar, e podemos dispor quase
na mesma velocidade para ir as mesas, e teríamos uma estrutura
para servir mais de setecentos caldos.
— Certo, queremos uma cozinha que permita ganhar dinheiro.
— E gere comentários positivos, como servir com uma
torrada, com um tempero verde, com um creme para o pão, que
esteja na temperatura certa, e no sabor certo.
— Sabe que vejo você falando enquanto aquele senhor só
falava em está tudo certo.
— Nádia, vocês chamaram o cara, quer dizer, foi o Jonas, ele
vai tentar fazer algo com este senhor, pior, eles olham os 13 mil que
vai entrar, ignorando que eles poderiam naquela estrutura ganhar
30, na que quero, estou criando algo para 80 e não 30.
— E os 13 pagariam os custos?
— Nádia, quando falo em 13, estou falando em 13 por 3 dias
por semana, por 4 semanas, 156 mil por mês, parece muito dinheiro,
isto pode fazer o senhor ser famoso, mas pensa, eu quero ganhar
160 em dois dias, e sabe que se ele tivesse proposto aumentar para
fora, eu teria investido, eu deixei do tamanho que ele pediu, todo
acabamento foi o que vocês pediram, e garanto, ele ganhou por
fora nas notas, isto que ele não deveria querer que olhássemos,
mas eu não vou reclamar se ele não falar nada.
— Então está falando em quanto por mês?
— Perto de 900, se chegar a um milhão de cruzeiros novos,
seria ideal, embora estou falando do preço hoje, em um ano, a
inflação nos jogaria acima do um milhão fácil.
— E propôs que o senhor ganhasse 10%?
— Sim, eu quero gente ganhando bem, mas fazendo por
merecer, eu pensando em pagar 90 mil para ele por mês, e ele
pensando em ganhar trocado em acordos de fornecimento.
Nádia o abraçou e falou.
— Aceito ajuda.
— Vamos a cozinha e falamos mais.
Nádia viu Joaquim olhar as geladeiras e falar.

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J.J.Moreira 5
— Vamos organizar os estoques.
— O que fez?
— Nádia, hoje pouco antes de cair em seus braços, passei
uma lista de coisas para Fernandes colocar na estrada, deve estar
chegando algumas coisas que vamos por no estoque, entre elas,
Whisky, vinhos, chope, detalhes para porções diferenciadas, vamos
começar aqui, vamos pelo jeito ter de implementar a ordem das
coisas, e comprar algumas coisas.
— E vai pelo jeito mudar tudo?
— Não, quero verificar aqui se conseguimos fazer algumas
coisas diferentes, e para isto, talvez tenha de ter um deposito de
coisas depois do muro, no terreno interno.
— Certo, não fechou o projeto.
— Eu não sei ainda se concordo com minha própria ideia.
Os dois estavam conversando e um rapaz bate a entrada e ele
vai atender.
— Deve ser José? – Joaquim.
— Sim. Não entendi o problema, meu irmão me passou a
mensagem hoje cedo, e peguei o avião.
— Nuno está tocando outro bar, mas ontem, tivemos uma
divergência com o gerente deste, em plena inauguração e queria
saber se aceita o desafio.
— Pelo jeito é um bar Gay, deixar claro que nunca trabalhei
em um.
— Eu nunca tive um também, mas vamos entrar e começo a
lhe passar o que pensamos, e as alterações, digamos que vou
imprimir a minha cara no lugar.
— Sua cara?
— José, tivemos todas as criticas negativas da inauguração, e
garanto, terá gente hoje ai.
— Certo, o que teremos?
— Temos aqui o primeiro salão, ao lado o segundo, trocamos
todos os garçons ontem, a oferta do gerente era algo fixo para eles,
eu tenho minha restrição a pagar fixo garçons.
— Também. – José.

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J.J.Moreira 5
Um rapaz bate a frente e Nádia foi atender, os rapazes
começam a colocar caixas para dentro e foram ajeitando coisas no
bar e na cozinha.
— Qual a ideia?
Joaquim explica como era, como pretendia estar no fim de
semana seguinte, deram a volta para o rapaz entender, e ele olha o
bar bem ao fundo e fala.
— Seremos concorrência do Tasca?
— Não, dois públicos bem distintos.
— Certo, mas acha que termina esta parte?
— Sim, vou fechando metas e vou ampliando, como as
paredes iniciais vão mudando, sei que tem gente que estranha, mas
a ideia, é novidades por 4 semanas, e depois, toda semana
apresentando 4 possibilidades de diversão.
— Sabe que pode bombar e o pessoal se encher rápido?
— Sei disto, mas a ideia é que a mesma renda o máximo
possível.
— Estão repondo o que foi gasto ontem?
Joaquim explicou os pontos que não funcionaram no dia
anterior, o que ele queria consertar e depois implementar, que a
propaganda iria ser destacada o show da semana seguinte, mas com
certeza esperava gente ali apenas para falar mal.
Ele pede para o rapaz começar a ajeitar, apresenta aos
seguranças, as cozinheiras e saiu ele e Nádia comprar algumas
coisas.
Eles passam no mercado e começam a comprar algumas
coisas, entre elas torada, entre elas batata, aipim, calabresa, e frios
que dariam para fazer aperitivos, algumas coisas para enfeitar,
Joaquim e Nádia voltam para o local e Maria começava a separar
porções e colocar a batata no frízer.
Ele senta-se cozinha e olha a senhor.
— Temos de ter um esquema de funcionamento Maria, tem
de entender que as vezes vai ser corrido, funcionamos de quarta a
domingo, mas sei que quero por gente trazendo pedidos por todos
os lados, então temos de saber como vamos funcionar, e nos
adaptar, para ser o mais eficientes possíveis.
— Tem coisa que não tinha ontem.

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J.J.Moreira 5
— Sim, você disse que fazia caldos antes, preciso de 6 tipos, e
vamos fazer antecipadamente, colocar em porções ao congelador,
vamos usar os micro-ondas para acelerar o processo, e cada prato,
vai ter uma aparência, e tentaremos deixar eles o mais próximo da
aparência que pensamos eles.
— Quer padrão?
— Sim, padrão, qualidade, em um sistema que não demore
muito e que sirva todos os pedidos que entrarem.
— Acha que vamos ter movimento hoje?
— Acho que tudo, tem como se melhorar, e verá que o
serviço vai ampliar com o tempo, minha meta vai se ampliando, mas
se temos 39 mesas hoje, temos de ter pelo menos, 156 pedidos por
hora, eu adoraria que acontecesse assim fácil, mas sei que mais de
mil de duzentos pedidos, não temos estoque para isto hoje.
— Certo, mas quer que nos preparemos para isto?
— Sim Maria, e que tente pensar em uma forma fácil para
atender e fazer, nada complicado, bonito, rápido, gostoso e simples,
pois eu quero em 4 semanas, ampliar de 39 para 128 mesas, pedido
mínimo por hora vai para 512 pratos, um a cada 8 minutos, e saiba,
eu quero mais. Se mantivéssemos o giro, poderíamos ter mais de 4
mil pratos, por isto, porções separadas, coisas rápidas, coisas
demoradas, mas as demoradas, serem demoradas para o
maquinário, não para vocês, é uma corrida, mas sabe o que é ter 4
mil pratos prontos Maria.
— Seriamos um bar famoso se conseguíssemos. – Maria.
— Se conseguíssemos atender direito, famosos pela
qualidade, se descuidarmos, famosos por problemas.
— E vai implementar em um mês isto?
— Sim, a capacidade do bar vai de 600 para mil e oitocentos,
então de cover se conseguirmos encher, tiramos mais que no
máximo da correria de hoje.
Nádia entendeu que Joaquim queria realmente fazer daquele
lugar algo movimentado.
Ele explica para Maria, apresenta José, e ele acompanha em
parte e ele vai conversar com os seguranças e com o caixa, ele
pensa em por apenas um local para eles colocarem os volumes

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J.J.Moreira 5
numa entrada que iria para a sala da administração, apenas colocar
no envelope e jogar ali a cada meia hora o que tinham no caixa.
Ele olha o barman chegando e pergunta para ele quais os
drinks que poderia somar em um cardápio, a entrada abre as 18
horas, nada de agito ainda, e Joaquim vai para casa tomar um
banho, sabia que embora gostasse daquilo, não era o que lhe fazia
feliz ao todo, passa no Tasca e Paulo diz que estava começando a
encher, show as 21hs, as reservas de mesa as vezes parecia
distorcer um local destes, onde os próximos ao palco, se mostravam
vazias e as distantes onde não tivera reserva, lotadas.
Ele olha Nádia entrar pela porta, a mede com os olhos e sorri.
— Vai deixar correr? – Nádia.
— Tenho de dar tempo para o novo Gerente assumir o posto,
senão ficarão olhando para mim.
— E por aqui?
— Sedo ainda, uma hora para começar o show do Cauby.
Rogéria entra pela porta e caminha até Joaquim.
— Não foi?
— Não tive como, mas e dai, como foi?
— Todos ficaram se perguntando sobre o fim, embora alguns
não entenderam que não foi um fim, mas a gravação com o
Nogueira foi bem.
— Bom, acha que rende algum comentário?
— Toda a mídia brasileira estava lá para documentar isto,
todos queriam saber sobre esta nova leva, pelo que entendi Loco,
eles precisam de novos talentos no ramo, e pouco está se lançando
neste sentido.
Joaquim sorri e fala.
— Ideias desconectas geram sempre a sensação de que não
consigo nem acompanhar o todo.
Nádia o abraçou e falou.
— Pelo jeito é a hora de pensar?
— Nádia, eu tenho nos fins de semana a correria, mas as
obras para você administrar, sabe que não a quero ali no balcão, e
sim controlando por cima, mas o que queria que percebesse, era
que olhar os números, podem parecer bons, e estamos em um
lançamento que vai gerar uma empresa de 30 dias, as vezes os

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J.J.Moreira 5
números podem não estar tão bons, mas o olhar direito, pode
estabelecer uma empresa que estará ali daqui a 30 anos.
— E nem sempre dará para olhar tão de perto.
— Olha os dados por si de ontem ao lado, por isto precisamos
de controles eficientes, se eu olhasse apenas os números, eu estaria
feliz, porque?
— Uma casa para 600 pessoas, com mais de 600 cover, uma
casa que fechou as duas da manha, e somente nesta hora, saíram os
últimos 100 clientes, que não vendemos muita comida, mas mais de
6 porções por mesa.
— Certo, olhando os números pode se achar que foi boa a
noite. – Nádia.
— Sim, mas sabemos que 400 pessoas já haviam ido embora
a meia noite, sabemos que tivemos de mandar todos os garçons
para a casa a meia noite, que na mesma hora mandamos o gerente
para casa, que havíamos vendido 6 porções até esta hora.
— Certo, os números foram feitos depois da meia noite,
quando você chegou lá, e já estava com uma placa de lotado na
porta e não gostou do que viu, mas se olhasse somente os números
gerais, não notaria.
— Sim, mas pensa em alguém montar uma casa, para fazer
1248 porções, e terem vendido mil porções a menos.
Rogéria olha para os dois e fala.
— Mas o fim estava bom.
— Como falei para Nádia, eu não tinha entendido a ideia,
então eu fiquei longe, agora eu tive uma ideia e vou investir nela,
mas isto quer dizer, pode ser que chegue a vender por hora, o
dobro do que vendemos ontem, e isto é algo que me interessa, mas
por enquanto, administrando mudanças.
Joaquim paga a conta e saem para a rua, vão ao bar na
esquina de baixo, o segurança os cumprimenta, Joaquim olha para
os seguranças colocando para dentro, e o agito começava a rua, e
alguns reclamaram deles furarem a fila, mas o segurança apenas
abriu a lateral, Nádia era a criadora daquilo, passam pelo primeiro
salão e Joaquim senta ao balcão.

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J.J.Moreira 5
Joaquim viu um show de uma banda local, ele achou ruim,
poucos olharam, ele não sabia quem escolhera, mas era obvio, nem
o pessoal olhou aquilo.
Ele olha para o barman e entra para a parte interna, e aciona
um botão e uma lona branca se abriu no palco, ele deslia a luz do
palco e aciona o projetor, Queen começa a passar, um show em VHS
transmitido por telão, as pessoas ouvem aquilo ir para as caixas e
começam a dançar ao salão.
O barman sorri e olha Joaquim.
— Quer que coloque as musicas também?
— Com calma falamos sobre isto.
— Veio apenas agitar?
— Apenar olhar, já vou dar uma saída.
Joaquim vai ao segundo salão e sobe para a parte alta e olha
o senhor José, e pergunta.
— Acha que consegue?
— Acho que tenho de entender a dinâmica, mas pelo que
entendi, funciona hoje e amanha, fecha dois dias que me darão
tempo de me instalar e administrar as coisas.
— Desculpa, nem lhe demos tempo para se instalar, mas
segunda vamos estabelecer os contratos, preços, salários, e se
puder nos dar uma resposta se está afim de tentar, já seria bom.
— Não viria de Sampa para cá se não pretendesse aceitar.
— Bom, eu e Nádia vamos sair um pouco, este é um pager,
tem meu contato e o de Nádia, problemas, chama.
— Vou tentar me superar.
— Voltamos mais para o fim do expediente.
Joaquim dá a mão para Nádia e saem, ele a leva ao Toca do
Camarão, jantam, e depois apresenta Nuno, irmão de José, no
Buraco do Loco.
Nádia o abraça e fala.
— Você está ficando famoso na cidade.
— Eu não, este Joaquim Moreira, eu ninguém sabe quem é.
Nádia o abraça e fala.
— E pelo jeito não veio aqui ontem?
— Vim, mas não fui a direção, eu apenas passei, tomei uma
cerveja, e fui embora.

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— Local diferente, você consegue ter ambientes para todos
os gostos, pelo jeito está fixando recursos realmente.
Joaquim a olha e fala.
— Vai mesmo ficar fora de minha vida Nádia?
Ela olha serio para ele.
— Não estou fora.
— Mas parece pronta a pular fora, não sei, parece dentro
pela noite, fora pela manha, sei que seus braços acalmam o ser que
sempre tentei acalmar, o ser que muitos falam horrores, você me
faz sorrir até de ideias horríveis, como aquela Toca do Louco, você
me faz pensar em montar uma casa, se reparar, antes de você
entrar lá, nem uma geladeira descente tinha lá.
— Tenho medo de dizer o que sinto Joaquim, sei que adoro
estar ali, mas as vezes tenho medo de passar a ter um dono.
Joaquim a olha serio.
— Sei que não entende, mas porque mudar?
— Sei que estou abrindo meu coração para algo que para
mim é difícil Nádia, sei que parece que mando em algo, mas tento
lhe dar liberdade, mas o problema, começo me sentir livre, e não
estou livre.
— Você é especial Joaquim, você em meses muda toda a
forma que olho para você, e me dá medo entrar de cabeça nisto.
— Podemos fazer um trato?
— Trato?
— Sim. – Joaquim.
Nádia olha desconfiada e vê ele pegar dois anéis no bolso e
estucar a mão para ela, Nádia não queria um compromisso, mas
estranha a frase.
Joaquim coloca o anel, na palma da mão dela, e lhe olhando
aos olhos fala.
— Se um dia, resolver que é serio nossa relação, passa a usar,
e marco uma data para o oficial.
Nádia olha serio o anel e fala.
— Não estou dizendo não Joaquim.
— Sei disto, mas mantem a calma, mantem o caminho e
vamos com calma, eu espero, sabe que basicamente já somos um
casal, apenas não quero a tirar liberdade.

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Nádia aproxima os lábios de Joaquim e guardando o anel no
bolso e o beija.
Ela afasta os olhos e olha nos olhos castanhos de Joaquim e
fala.
— Tenho medo de me comprometer, sabe disto Joaquim.
Joaquim não comenta, apenas a beija.
Os dois perto da meia noite voltam a Toca do Louco,
acompanham o movimento, e vendo que estava bom, vão para casa,
se entregando um ao outro.

Continua...

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