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J. J.

Gremmelmaier

Bárbaras

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2022

1
Autor; J. J. Gremmelmaier como Amaná, ou historias de 5800 paginas como Crônicas
Edição do Autor de Gerson Travesso. Indagado em 2018 sobre suas obras
Primeira Edição ele afirmava que ainda tinha pelo menos 13 projetos
2022 ainda em andamento para terminar.
Bárbaras Indagado após 2022, afirma ainda faltar 12
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte projetos a terminar, mesmo tendo criado mais 8 textos
Gremmelmaier, João Jose 1967 neste intervalo, entre eles, Teatro de Loucos e O Espelho,
Bárbaras / Romance de Ficção /693 pg./ João Jose e terminar ele só conseguiu com Bonita?.
Gremmelmaier / Curitiba, PR. / Edição do Autor / 2022 Alguns autores se prendem a uma historia, este
1 - Literatura Brasileira – Romance – I – Titulo parece viajar em uma gama imensa de assuntos, mas
tendo em sua estrutura, uma paixão pelo dialogo, se ele
85 – 60000 CDD – 978.000
puder por um personagem a explicar, ele o faz, evitando
As opiniões contidas neste livro são dos narrativas do narrador pesadas explicando o andamento,
personagens e não obrigatoriamente assemelham-se as muitas vezes indo a primeira pessoa e mostrando que a
opiniões do autor, esta é uma obra de ficção, sendo quase historia sempre terá o entendimento diferenciado de
todos ou todos os nomes e fatos fictícios (ou não). cada personagem.
©Todos os direitos reservados a Um autor a ser lido com calma, a mesma que ele
J. J. Gremmelmaier escreve, digerindo o que ele escreve continuamente.
É vedada a reprodução total ou parcial desta obra
sem autorização do autor.
Sobre o Autor; Bárbaras
João Jose Gremmelmaier, nasceu em 30 de Mais um conto em primeira pessoa, o
Outubro de 1967 em Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, nosso personagem se chama Bruno
formação em Economia, empresário, teve de confecção Baptista, e acaba se envolvendo em alguns
de roupas, empresa de estamparia, empresa de venda de novos problemas pessoais de Adolescente,
equipamentos de informática, e também trabalhou em inquieto, entre as coisas que gosta, aulas de ingles, sua
um banco estatal.- escola e as confusões provindas de um odio vindo de seu
Amante da escrita, da conversa jogada fora, das passado que ele não consegue entender, mas ele vai
conversas intermináveis, tem uma verdadeira leva de enrfrantar tudo isco, com vontade de mudar a sua vida.
escritos, em vários estilos, mas o que mais se dedicou foi
o fantástico. Agradeço aos amigos e colegas que sempre me
J.J Gremmelmaier escreve em suas horas de folga, deram força a continuar a escrever, mesmo sem ser aquele
a frente de seu computador, a algum tempo largou a escritor, mas como sempre me repito, escrevo para me
caneta. Ele sempre destaca que escreve para se divertir, divertir, e se conseguir lhes levar juntos nesta aventura, já
não para ser um acadêmico, ele tem uma característica é uma vitória.
própria de escrita, alguns chamam de suave, alguns de
despreocupada, ele a define como vomitada. Ao terminar de ler este livro, empreste a um amigo
Autor de Obras como Fanes, Guerra e Paz, Mundo se gostou, a um inimigo se não gostou, mas não o deixe
de Peter, Trissomia, Crônicas de Gerson Travesso, Earth parado, pois livros foram feitos para correrem de mão em
mão.
630, Fim de Expediente, Marés de Sal, Anacrônicos,
J. J. Gremmelmaier
Ciguapa, Magog, João Ninguém, Dlats e Olhos de Melissa,
entre tantas. -
Aos poucos foi capaz de criar um universo todo
próprio de personagens. Uma coisa que se enxerga com
frequência em suas historias é que começam
aparentemente normais, tentando narrativas diferentes, e
sobre isto cria seus mundos fantástico, muitas vezes vai
interligando historias aparentemente sem ligação
nenhuma. Existem historias únicas, com começo meio e
fim, e existe um universo de historias que se encaixam,
formando o universo de personagens de J. J.
Gremmelmaier.
Normal encontrar um personagem de Guerra e Paz
em Crônicas de Gerson Travesso, ou um Personagem de
Fanes em Mundo de Peter.-
Este escritor está somado a milhares que surgiram
com a possibilidade de produção pessoal e vendas por
demanda, surge criando suas capas, seus universos, seus
conteúdos sem se prender a regras editoriais, então verá
historias as vezes calmas, diria infantis, como Wave, e
verá histórias violentas como Ódio, temos historias que
ele reuniu em Contos Reunidos, de apenas 20 paginas,
2
©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J. J. Gremmelmaier

Bárbaras

3
Mais um personagem de J. J. Gremmelmaier, romance de ficção, escrito em
primeira pessoa, personagem Bruno Baptista, ele contando a historia, faz uma
passagem sobre parte de sua vida, J. J. sempre fala que não serve para escrever
Romance, vira um conto erótico, ele acaba se censurando, e mesmo assim, ficam
momentos fortes do personagem.
Bruno Baptista, vai contar a historia de Bárbaras que cruzam sua vida, e
diante disto, desvendar segredos de sua própria vida.
J. J., o escritor, sempre fala que ele passou a vida criando testos de
inicialização de seus personagens, e espera um dia os conseguir evoluir.

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Não sei, por onde começar a contar a vocês esta historia, mas não é uma
historia com frases marcantes, não é como um conto de fada normal, é apenas
uma historia de um rapaz inicialmente virgem, inexperiente, do segundo ano no
Colégio Estadual do Paraná, e a historia me remete ao passado, eu era mais
novo, era menos problemático, espaço de tempo que parecem uma vida, pois
antes de algumas confusões eu era um, hoje sou outro.
Nem tudo foi rápido como se olhando ao passado, pode parecer, apenas
lembro de estar com os amigos, tentando entender as besteiras que falavam,
sobre as garotas que passavam ao fundo, as vezes queria ser menos eu, apenas mais o que os demais
são.
Lembro de sentado aquele boteco, calçadão da XV, lembro de servir o copo e não prestar
atenção, era apenas o grupo cantando as pessoas a rua, passando carão, mas me veio a certeza que eles
deveriam estar chamando a atenção, pois as vezes Augusto me olhava e perguntava.
— Tá bem Bruno?
Sorria, pois sim, estava bem, mas talvez naquele dia não estivesse querendo pensar em cantadas
bobas, e parece que quando não estamos procurando, as coisas acontecem.
As moças se foram, eu ainda estava administrando aquela única cerveja, pois pelo jeito estávamos
todos sem recursos, pois era apenas a minha cerveja que estava a mesa, o garçom nos olhando
desconfiado, pois éramos de menor.
Eu vi que os rapazes foram atrás das moças e Augusto me fala.
— Vamos fazer o que?
— Sexta, noite, pouco dinheiro, largo azarar alguém.
— Acha que alguém vai estar por lá?
— Quando Caio e Sergio se tocarem que não estamos mais aqui, devem nos procurar por lá.
Olho o celular e levantamos, não sei, ali não estava legal, e apenas acertei a cerveja e saímos a
caminhar.
Estávamos subindo no sentido do Lago, quando Sergio me pergunta onde estamos, por
mensagem, e apenas falo que subindo para o Largo.
Não sei o que aconteceu, mas apenas subimos, teria para mais dois submarinos, e voltaria para
casa, ali no Bacacheri, de ônibus.
Estávamos discutindo besteiras, coisa de passar tempo, no largo, ainda não era hora de beber.
Somente bêbado discutimos o nome do bairro que moramos, mas é que isto é passado da cidade, dizem
que é culpa da colonização, Bá vem do gaúcho, e Cherry, do francês, mas tem gente que diz que o cherry
tem o texto, mas a primeira parte vem de Baca, forma que os Franceses, que colonizaram o bairro,
chamavam as vacas, então existiria uma vaca de nome Cherry, que gerou o nome do bairro. Augusto
falava que não sabia de onde eu tirava estas historias, pois deveria inventar uma melhor, quando Caio e
Sergio se juntaram a nós, mas estava apenas curtindo aquele dia, e parecia que seria um dia para pouca
bebedeira e dormir antes da hora.
— O que faremos Guto? – Pergunta Sergio a Augusto.
— Não sei, parece que não vai agitar hoje.
Eu olhava em volta e vi Raquel, uma moça que estudara no passado, parar a minha frente e me
dar um beijo no rosto.
— Perdido aqui Bruno?
— Fim de mês, sem recursos.
— E vieram apenas olhar o lugar.
— Pensando em fugir para casa daqui a pouco.
Outras duas moças chegam ao grupo e Raquel me olha e pergunta.
— Não vão a festa na Sociedade Operária?
Augusto ao lado a olha e pergunta.
— Festa, de quem?
— Daquele pessoal do terceiro ano do Estadual.
Pensei em não ir, entendi que festa era, entendi porque algumas pessoas passaram subindo a rua
indo para a parte alta do largo, estava querendo algo menos gente conhecida, mas vi Sergio olhar para a
moça ao lado e fala.
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— Que festa é esta que parece que Bruno não quer ir?
— Festa que angaria fundos para a formatura do pessoal do terceiro ano.
Sergio me olha e fala.
— Não iria falar que tinha festa hoje?
— Não lembrei – Todos me olham como se estivesse mentindo, mas não pensara em ir, então
nem me prendera a perguntar onde era e quando era, mas pelo jeito, o pessoal resolveu ir no sentido, e
pensei que não queria ver gente conhecida, e nem tinha o convite de entrada, com certeza, mais do que
tinha no bolso.
Subimos e fomos no sentido da Sociedade Operária, eu a muito não ia ali, nem sabia como estava
o local.
Vi o pessoal parar na entrada mais a frente e Raquel perguntar seria.
— Não pensou mesmo em vir?
Não respondi, nem tinha para a entrada, e sabia que os olhares as carteiras, era que precisavam
comprar algo, antecipadamente.
Eu não sabia o que faríamos ali, o pessoal vinha já no meu sentido, como se tivessem desistido e
vi Caio falar.
— Tão cobrando 50 para entrar.
Sergio olha Augusto e pergunta.
— Teria para me emprestar?
Augusto fez que não e todos me olham, mas estava duro, eu não estava querendo ir, vi Raquel
passar com as moças e entrarem, elas compraram antecipadamente a entrada, então nos usaram para
chegar seguras ao local, apenas isto.
— Pelo jeito está ideia não deu certo. – Sergio.
Senti alguém me abraçar na altura dos ombros, primeiro me assusto, Roberto, alcoolizado que
fala.
— Bruno se misturando?
— Não tenho convite para entrar, estamos voltando para o largo, vai se misturar a estes? –
Perguntei.
Roberto conta os rapazes e fala.
— Depois me paga.
Ele alcançou um ingresso para cada, e pensei na merda, eles foram entrando, eu querendo sair, e
alguém parecia querer me por para dentro, teria de ter saído mais rápido.
Ele me força para a entrada e o rapaz da entrada nos revista, ele alcança os dois convites e me
olha.
— Trouxe a Raquel e isto vale sua entrada Bruno.
Roberto ergue os ombros e foi para a região das fichas, ele com certeza iria comprar mais cerveja.
Olho em volta e vi que Sergio e Caio, estavam a olhar para um canto e Augusto fala.
— Eles estão olhando as moças que passaram no calçadão, olha onde eles as acharam de novo.
Sorri, muitos me cumprimentavam com os olhos, movimentos rápidos de cabeça, e não sei vocês,
mas eu não gosto de lugar muito apertado, e aquilo estava cheio.
As pessoas foram se ajeitando e vi que existia um bom lugar para encostar, talvez ter entrado em
algo, na hora que pensava estar indo para casa, me fez passar uma mensagem para minha mãe, para ela
não ficar preocupada.
Estranho como algumas pessoas lhe acham e as vezes a vontade de sumir, as vezes vem rápido, vi
aquele rapaz, José, ele chega a minha frente e me empurra e fala.
— Não é sua região Bruno, some.
Augusto viu que o rapaz veio direto, e não entendi, pois ele tentou separar e Jose olha para ele e
fala.
— Não é com você Guto, mas este vou por para fora. – José.
Eu apenas cumprimentei Augusto e falei.
— Deixa eu ir, não deveria ter vindo mesmo.
José me olha, ele queria que falasse que ficaria, mas eu não queria nem ter entrado. Começo a
sair, eu não queria confusão, mas era nítido que José queria, e estava bêbado, então eu começo a sair, e
quando estava quase no corredor de saída, sinto alguém me segurar o braço de um lado, e virei para a
pessoa no sentido do outro braço, e apenas dei um passo a trás, e vi o soco passar no ar, as vezes as
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pessoas tem de entender, passado é passado, mas tem gente que parece que mantem os ódios, os
desentendimentos, as vezes, acho que atraio problemas, mas vi que alguém o segura e fala.
— Sem briga José.
Ele olha o rapaz e fala.
— Apenas colocando este penetra para fora.
Paulo me olha e fala.
— Perdido aqui Bruno?
— Nem queria ter vindo, mas deixa eu sair, não quero chegar com o olho roxo hoje.
Não sei de onde surgiu Roberto e fala.
— Já tentando fugir Bruno?
— Apenas evitando problemas.
— O colocando para fora, não se mete. – José.
Roberto olha José e fala.
— Ele é meu convidado, quer problema José?
— Não quero gerar problemas Beto.
— Um dia José tem de entender, você não se esforça, e pega as meninas, ele acha que você fica
por ai cantando alguém.
— Quem dera pegasse algo.
— Modesto, mas não vai embora, entrou agora.
— Sabe que isto vai gerar briga, sabe disto Beto.
Ele sorriu como se querendo confusão.
Paulo olha Roberto e fala.
— Sabe que isto vai pegar fogo.
Roberto olha para o lado de Paulo e fala.
— Espero que pegue fogo.
Paulo olha Raquel ao lado e sorri.
— Já se metendo em problemas Bruno? – Raquel.
— Apenas querendo fugir, e estão me barrando.
Raquel olha para Jose e fala.
— Pelo jeito querendo ser o galo da festa?
— Não falei com as galinhas do terreiro.
Roberto segura Jose pelo colarinho e fala.
— Pede desculpa.
Duas constatações em uma, Roberto não estava bêbado, estava se fazendo, e vi o susto nos olhos
de Jose que fala.
— Não queria ofender, mas esta merda me tira do serio.
O merda da frase era eu, e não sei, no meio daquela confusão olhei a moça ao lado de Raquel e
parei naquele olhar, que me sorri, e Paulo fala.
— Isto é covardia.
A frase a seguir me tira o sorriso.
— Já se metendo em briga mano? – A moça olhando Jose que me viu apenas olhar para Roberto.
— Preciso ir.
— Pelo jeito não quer problemas mesmo, mas fica um pouco.
— Ele não me perdoa por algo que nem aconteceu, mas na cabeça dele sou o culpado, então não
quero apanhar de novo.
Apenas aproveito que todos estavam meio sem saber o que falar, chego a entrada e saio, apenas
passei recado para os 3 que cheguei ali, que estava voltando para casa, vantagem da hora, ainda daria
para pegar o ultimo ligeirinho, e do terminal do Cabral para casa, talvez desse para pegar o ultimo
ônibus.
Embora tivesse avisado que poderia chegar mais tarde, vi que minha mãe se acalmou pelo horário
que cheguei.

7
Acordo sábado, e fui pegar pão e na volta minha mãe pergunta se estava
bem, que voltei sedo, se estava precisando de algo, e apenas falei que as vezes
a noite está parecendo que vai ser longa, e acaba rápido.
Olho meu quarto, olho aqueles livros, e um me chama atenção naquele
dia, e como alguns livros, são para se ler do inicio ao fim, alguns apenas nos
dizer o caminho.
Abro o livro escrito “Vida”, e olho a pagina que abriu, e estranho olhar
aquelas letras me chamarem atenção, sabia que existiam livros ali, que quando
comprei, diziam que havia algo escrito, mas que somente na hora seria me revelado, mas aquelas
palavras.
“Irmãos são sagrados, mesmo que os odeie, evite os ferir mortalmente, pois isto o tira do
caminho, e todo caminho desviado, arrasta muitos caminhos, para voltar ao rumo, historias podem
parecer fácil, mas são curvas de varias historias, sair do rumo, desvia muitos rumos!”
Olho o escrito e obvio, pensei, não tenho irmãos.
Era próximo da uma da tarde, quando Raquel me passa uma mensagem, eu estranho, pois para
mim, eu não tinha nada que Raquel quisesse, ela marcou a noite no Largo, eu não tinha para nada, e
sabia que Jokers não tinha para entrar, dinheiro só na sexta da semana seguinte, e como as contas
vinham junto com o quinto dia útil, o dinheiro sumiria rápido.
A insistência parecia algo anormal, mas era evidente que a insistência, o falar que não tinha nem
para a entrada, ela falando que tinha as entradas, eu não sabia o que estava acontecendo, e somente
depois disto, soube que Caio e Sergio se meteram em uma briga no final, estavam bem, mas não sabia o
que acontecera.
Perguntei para Augusto e ele fala que as moças pareciam ter acompanhantes do primeiro ano, e
na saída os dois foram cercados por vários rapazes. Lembro de perguntar quem, e apenas ouvi José.
Sabia que ele queria brigar e se estivesse lá, talvez os dois não tivessem apanhado, mas não estava com
vontade de apanhar naquele dia, sorrio da frase de Paulo a um ano, quando ainda no primeiro ano, que
ele falou que eu me dava bem mesmo apanhando. Era próximo das 8 da noite, quando ouvi uma buzina
e estranhei e saio e viu Roberto, ao lado estava Raquel que fala.
— Hoje não vou deixar escapar. – Roberto.
— Queria me ver apanhar ontem, entendi. – Falei.
— Entra ai, não sei ainda a ideia, mas tem show do Leis do Avesso.
— Nem sei que musica este grupo toca.
Entrei no carro e Raquel falou.
— Fugiu ontem.
— Não queria apanhar de Jose e Roberto.
Raquel sorriu e fala.
— E algo lhe passa desapercebido?
— Tudo, eu não fico olhando.
— E sabe se seus amigos estão bem? – Roberto.
— Sim, nem entendi o problema?
— UTPR e Estadual, isto é uma guerra sempre.
— Eu sempre com os que se dão mau.
Paramos em um estacionamento na Rua São Francisco, eu já estava pronto para ir de ônibus para
casa, pois sabia que Roberto enchia a cara nestas festas.
Raquel me passa o convite e entramos, fomos a uma mesa e não entendi, chegou a mesa duas
moças, uma sabia que era a irmã de José, aquele olhar era lindo, mas eu de cara achei que não era para
mim.
— Bruno, está e a Bárbara.
Mesmo sem sentir, saiu um:
— Sacanagem.
Roberto sorriu e a moça me olha e fala.
— Não entendi.
— Se entendi, irmã de Jose Carvalho.
— Sim, vi que ele queria lhe acertar ontem.
8
— Ele me culpa pelo terminar do namoro dele com Bárbara Santos. – Fui tão didático na frase que
até eu me estranho lembrando que falei isto.
— E o que tem com aquela maluca da Bárbara? – Fala a moça ao lado, que não sabia o nome. –
Sei que deve estar estranhando, mas Bárbara é minha irmã.
Sorri e tive de perguntar.
— Qual das duas?
A moça a frente sorriu e explicou.
— A antiga namorada do José.
— Sua irmã sempre foi uma amiga, apenas isto, mas quando se tem ciúmes, transforma tudo em
problema.
— Ele fala que um Bruno dava encima da namorada dele e que ela acabou com ele por este
Bruno. – A moça.
— Qual seu nome? – Perguntei.
— Luana.
— A culpa, da matemática, os dois queriam passar e tinham de fazer aqueles exercícios para
passar na final, os dois passaram e José, que no lugar de estudar ficou inventando motivos para não
estudar, e obvio, é mais fácil me culpar.
— Não acredito nisto. – Luana.
Levantei os ombros, como se não me fosse problema isto, eu não a conhecia e ouço a moça a
frente.
— E pelo jeito não ficou para a confusão ontem. – Bárbara.
Juro que aquele sorriso me pareceu uma cantada, não precisava mais nada, talvez nem a frase
fosse preciso, mas tinha de manter os pés no chão, irmã de José.
— Eu nem teria entrado, Roberto me arrastou para dentro, eu teria ido embora antes de entrar.
— E se esconde onde?
Eu sorri e falei.
— Estadual, segundo ano, pela manha, trabalho a tarde no Inter, e às vezes, faço um extra no
Teatro Guaíra, na montagem das peças de teatro.
— E pelo jeito estão pagando mal. – Roberto.
— Eu tenho de aprender ainda para cobrar mais. – Falei.
— Então nunca foi do grupo do meu irmão? – Bárbara.
Sorri, talvez se tivesse pensado um pouco, teria lembrado daquela menina, mas deveria ter 3 anos
a menos que eu, talvez tenhamos nos visto antes, mas juro, ela cresceu e ficou linda, e estava tentando
não babar.
— Devemos ter nos visto, duas ou três vezes na sua casa, aniversario de 15 anos do seu irmão o
ano passado.
— Então não eram inimigos?
— Acho que seu irmão quer dizer a todos, que acabou a amizade, mas nada disto explica, mas
depois do primeiro soco, eu me afastei.
— E pelo jeito ele fica sem controle quando lhe vê por perto.
Nem eu entendia o porquê Jose me odiava tanto, mas não queria falar dele e pergunto.
— Estuda onde?
— UTPR.
— Então fui na hora certa embora ontem.
Ela sorri e fala.
— Pelo jeito eram seus amigos os que se meteram na briga ontem.
— Bom saber que seu irmão está querendo bater em todos.
O show começa e Roberto conhecia as musicas, eu não, mas o som era bem tocado. Sei que
estranhei as duas moças me dando atenção, e quando perto da terceira musica a segunda Bárbara se
junta ao grupo entendi que poderia ter entendido tudo errado.
Eu sorri sem graça, um beijo no rosto e ela me fala.
— Se cuida, ele tem mais ciúmes da irmã que de mim.
Olhei a moça ao lado e falo.
— Não entendi ainda o ódio de José.
— As vezes ele é insuportável, e quando dá uma de dono, ele perde todos a volta.
9
Olhei o salão e viu José e os amigos entrando, e falei.
— Marcou com ele?
Bárbara olha para baixo e fala.
— Merda.
Roberto olha no sentido e fala para Raquel.
— Pelo jeito teremos de achar outro lugar.
— Calma, ele nem nos viu aqui ainda.
Uma das Bárbaras desce, e a irmã de Jose me olha ao lado e fala.
— Pelo jeito teríamos de ter escolhido outro lugar.
— Tens namorado? – Perguntei na cara de pau.
— Sabe que está babando muito.
Sorri sem graça e falo.
— Não respondeu.
Ela não responde, apenas sorri.
O clima ficou estranho e apenas olho Roberto e falo.
— Não esquece de pedir um taxi na volta.
— Já vai fugir?
— Parar de babar e enfrentar o problema.
Eu me ergui e vi que a moça me olha, ela falou algo, que não ouvi, pois o barulho estava grande.
Eu desci, estávamos na parte alta, onde se via o palco e chego a frente do palco, sabia que alguém me
acharia rapidamente, não tinha dinheiro, paro a frente de um rapaz que me olha e fala.
— Bruno perdido aqui?
— Não estou com sorte, acabo de levar um chute, e tem um namorado querendo me acertar.
— Não presta Bruno.
— Não conta para elas, eles não me interessam.
O rapaz era um dos que faziam comigo a troca de cenário do teatro nas noites de quarta e quinta,
as vezes na sexta, mas no dia de ontem não me contataram, então não sabia se chamaram outro.
— E pelo jeito tem gente o procurando.
— Quem? – Perguntei sem olhar.
— Acho que conhecem como Carvalhinho.
— Sozinho?
— Mais 3 rapazes.
Me virei para onde o rapaz olhava e olhei José chegando e sabia até a frase, então antecipei.
— Perdido aqui José?
José não conhecia o rapaz as minhas costas e fala.
— Invadindo meu mundo.
— É dono deste lugar?
— Conheço o dono.
— E você que escolhe quem entra então? – Perguntei cinicamente para ver a resposta.
— Não gosto de você.
— Não tenho nada contra você José, sabe disto, você colocou algo na cabeça, e pode ter certeza,
se estes três, passarem perto da UTPR, vão apanhar feio, pois bater em alguém apenas porque estão em
maioria, não esquece, um dia, vão estar em minoria. – Falei olhando os 3. Depois olhei José e falei.
— 4 para me bater ou por para fora José.
— Não quero você por aqui.
— Me retiro, mas se ver sua irmã por ai, avisa ela que me mandou embora, pois ela vai estar me
procurando.
Me despedi e comecei a sair, eu não queria brigar em um lugar destes, acabaria com o local, e as
coisas sempre saem do controle, não sei brigar, então eu sempre me dou mau, e não estava para festa
mesmo, então não me parecia grande perda aquela festa. Eu sai, andei rapidamente até o ponto do
ligeirinho e me mandei para casa, eu não estava preocupado. Chego até cedo em casa, e não estava
nem alcoolizado.

10
Acordo domingo, ajudo minha mãe na limpeza da casa, nem olhei o
celular, não estava querendo confusão, mas sabia que eu me colocaria no
problema, mas sei que todos queriam amigos como José, como Roberto, gente
de dinheiro, eu, um pobre em um bairro que hoje, tem um nível social, muito
maior que a nossa família, minha mãe fala que quando seu pai comprou ali,
eram pessoas pobres ou classe pobre a volta, agora parecia que cada casa que
desmontavam, surgia uma casa de rico.
Na metade da tarde, fui a casa do Sergio, e vi se estavam bem, o olho
roxo e uma luxação na mão, que estava enfaixada.
Ele fala que aquele rapaz que o cercou, os pegou na saída, ele queria juntar um pessoal para se
vingar, eu não sou de briga, e sei que não teria como me posicionar neste momento.
Vi que ele estava bem, passei na casa de Caio, vi o pai dele perguntar se vi quem fez aquilo,
expliquei que tinha saído, Caio estava com o rosto feito, pelo jeito o chutaram no chão, quebrara o
nariz, e tinha esfoliações no rosto.
Mas para quem brigou, sabia que estava bem, as vezes temo gente puxar armas nesta hora, antes
as coisas eram apenas no braço, hoje em dia, pessoas puxam armas e atiram.
Passo na casa de Augusto e ele me convida a jogar um pouco, estava a fim de distrair um pouco, e
estava a jogar, quando vi a mensagem de minha mãe, e sai indo para casa.
A mensagem dizia que tinha pessoas lá querendo falar com ele, não entendi, mas as vezes
achamos que as pessoas não seriam malucas a este ponto, mas quando chego em casa, vi a porta
arrobada e minha mãe agredida, ela estava ferida e chamei a policia e a ambulância, o que era um fim
de dia, que estava indo para o calmo, acaba por terminar no hospital das Clinicas.
Minha mãe não viu quem a acertou a primeira vez, mas ela estava com uma batida feia na cabeça,
e entendi que alguém estava saindo do controle.
Eu apenas passo um recado para Roberto que não iria a aula, para ele explicar o motivo para o
professor, eu não queria deixar minha mãe sozinha, vi que o chefe dela foi bem rude quando avisei que
ela não teria como ir.
Era manha de segunda quando entramos em casa e vi na parede de fora da casa pichado “Você
está morto!”.
A minha mãe se preocupou, eu não sei, eu não fiz nada para gerar isto, e não sabia ainda o que
fazer, cuidei de minha mãe, foi mais susto, eu pego no meio da tarde um final de tinta que tinha na
lavanderia, e pinto a parede de novo, tIvando a ameaça dali.
Eu dormi mal naquela noite.

11
Quando chegou ao colégio, viu aqueles olhos sobre mim, mas ali eles se
comportariam, e entrando vi que Bárbara estava com um marca no rosto, eu
não sabia o que estava acontecendo e chego até ela que me olha e fala.
— Fica longe.
Eu a olho seria e falo.
— O que aconteceu Bárbara?
— Ele me cortou o rosto e falou que se o denunciar ele me mata.
— E vai ficar quieta, sabe que vai piorar.
— Some daqui.
Eu não sabia brigar, mas naquele momento estava com raiva, sabia que ali dentro, uma ação
poderia gerar a minha expulsão, então não teria como fazer algo ali, mas começava a achar que não
teria como deixar barato, mas sabia que teria de ser algo inteligente, pois sabia que sobraria para eu e
minha mãe.
Na saída da turma, não vi quem me acertou pelas costas, mas senti os chutes quando estava no
chão, e apenas me encolhi, mas pelo jeito eles queriam se dizer os donos das coisas, senti quando
alguém me enfia algo as costas, senti a dor, com certeza uma faca, mais de 3 vezes, fiquei quieto.
A adrenalina alta e sinto o pessoal ser afastado, ouvi um carro da policia, que pareceu chamar
uma ambulância.
Eu fui colocado em uma maca, o rosto inchado, um rim tirado, dor pelo corpo, e quando me
perguntaram quem fez, falei, e o senhor não levou a serio, lei dos menores no pais, permite que
menores se matem.
Eu vi no fim da tarde minha mãe entrar na enfermaria, ela estava assustada, e apenas me abraça.
— Está bem filho?
— Sim, nem vi o primeiro golpe.
— Tem de fazer as pazes.
— Mãe, eu não fiz nada para ser odiado, e sou.
— Estão falando em gangue do Estadual.
— Tem como avisar no Inter mãe.
— Avisei, mas algo está errado.
— Porque mãe?
— O senhor Camilo, me mandou embora.
Abracei minha mãe, se duvidar eu perderia o cargo no Inter também, gente de dinheiro fazendo
pressão.
Aquela noite foi difícil de dormir, mas teria de ficar 5 dias de repouso, perdera sangue e um dos
rins que fora furado, e não sabia, ainda o como seria dali a frente.

12
Uma semana e entro no Inter, não havia ido a aula pela manha e o
senhor Robert, fala que precisava de pessoas serias e que fossem
comprometidas com o atendimento, não discuti, mas sabia que ele estava
apenas usando palavras pesadas, onde não existia motivo.
Verifico no Guaíra se existiria peças e precisariam de alguém ali, e mesmo
não estando bem, me comprometi a estar ali na quinta e sexta.
Terça feira, eu chego ao Estadual, entrego os atestados a direção e vou a
sala, ao longe alguns me olhavam, eu não queria pena, mas também não fizera
nada para ter ódio.
Eu entro na sala ainda com o rosto judiado, mancando um pouco, o corpo estava enfaixado, mas
não se via por baixo do uniforme.
Eu olhei a aula, não anotei nada, tentei entender meu problema, evitei falar sobre o assunto,
Roberto parou a minha frente e falou.
— Sabe que vai ter pressão por todo lado.
— Pressão.
— José ameaçou até a Raquel a dizer que não viu nada.
— Não se preocupe comigo Roberto, morro quieto.
— Não fala assim.
Não respondi, apenas pedi para o João, um rapaz da turma, para copiar a matéria, e enquanto os
demais iam ao intervalo, eu copio a matéria da semana anterior, eu olho pela janela e vejo a Casa do
Estudante Universitário, ao fim da aula, eu espero todos saírem, e somente depois de tudo vazio,
começo a sair, não tinha ninguém, vi que bem ao fundo, tinham os rapazes do primeiro ano me olhando
ao fundo, como se querendo tirar sarro.
Eu caminho até o shopping, o salario do mês anterior, na conta, mas teria o acerto, e antes de
procurar algo, teria de estar inteiro, eu apenas passeio no shopping, eu queria ganhar tempo, passo
recado para a minha mãe que estava tudo bem, e volto pela rua, e peço para falar com o presidente da
Casa do Estudante Universitário, expliquei o que tinha acontecido, e perguntei se alguma das câmeras
não poderia ter pego quem fez.
O rapaz explica que a policia passou ali e pediu as fitas e as levou, estava desiludido quando outro
rapaz fala ao lado que um dos rapazes filmou o acontecido, fomos falar com o rapaz, entendi vendo as
imagens, que a policia só ligou a sirene quando José já estava longe, como se tivessem visto e não feito
nada. Entendi que não poderia por mais ninguém mais nisto.
Eu fui ao teatro Guaíra e pedi para usar o computador, as vezes usava ele para fazer trabalho
escolar, criei uma conta no Youtube, apenas coloquei lá o vídeo, e passei o link para 5 meios de
comunicação, se alguém faria algo, não sabia.
Aproveito e imprimo um currículo e faço copias, e entreguei em 3 cursos de inglês, e na Vicente
Machado, um dos locais, perguntou se poderia começar no dia seguinte, concordoi, viu que teria de ser
rápido na saída, para estar ali a tarde, mas fazia parte de não estar parado.
Volto para casa, estava me recuperando, chego em casa e vejo que minha mãe estava me
esperando ao portão.
— Calma filho, consegui outro emprego.
— Apenas se cuida mãe, não pensei que alguém atacaria a senhora.
— E vai fazer o que?
— Eu passei na Cultura Inglesa e começo amanha a tarde.
— As vezes é bom saber que não desistiu.
— Cada vez me vejo mais longe desta cidade mãe, e somente falando a língua deles para se dar
muito bem lá.
— Certo, mas vamos tentar voltar a nos organizar filho.
— Eu tenho de terminar o segundo grau, nem que tenha de ir a um colégio noturno mãe, para ir a
frente.
— Pelo jeito acha que não acabou.
— Não sei, apenas fiquei com medo.
Minha mãe me abraça.

13
Eu fui a escola no dia seguinte, e olhei para as pessoas me olhando, eu
não vira as noticias, apenas sentei a cadeira, prestei atenção na aula e Roberto
no intervalo me olha e fala.
— As vezes se leva sorte Bruno.
— Desta vez não levei sorte.
— Pelo jeito ainda está difícil.
— Se nasce com dois rins, um me esfaquearam, a cabeça ainda dói, mas
porque todos me olham, tenho tomado o remédio e caído na cama.
— Alguém filmou a agressão, e agora a policia não vai poder dizer que não sabe quem fez.
— Sinal que só vai aumentar a pressão.
— Raquel pediu desculpas por não ter deposto, e parece que a irmã de José quer falar com você.
— Se quando não tinha a gravação, a irmã dele não quis me falar, agora, não precisa Roberto.
— Vai dispensar aqueles olhos lindos?
— A morte não é bonita.
Eu fiquei na sala, não queria complicar, então não era por medo, era apenas por não estar bem, e
sei que poucos proibiriam que os rapazes me pegassem novamente.
Sabia que eu aprontara, mas não olhara as respostas, nem as visualizações, mas era obvio que
aquele canal foi criado no dia de ontem, e isto queria dizer, era muito novo.
Aulas a assistir, e a cabeça a latejar ao fim delas, tomo o remédio e desta vez não parei para olhar,
caminhei até a estação de ônibus na esquina, entro no tubo e me mando no sentido do local que
começaria naquele dia.
Um local diferente, as pessoas da outra recepção ainda falavam em português, estes tentavam
falar o máximo em inglês, vi que muita gente me olhava estranho.
Eu fiz minhas primeiras 4 horas, e sabia que iria mais duas horas, era para acompanhar as coisas, e
um senhor, que não sabia quem era, para a minha frente, e começa a falar em inglês, se apresentar,
tentei acompanhar a conversa, lembrava que embora a outra fosse tradicional, esta era mais renomada.
O senhor conversa e no meio da conversa me pergunta o que fizera aquelas esfoliações e apenas
não queria falar.
A indução dele que tinha apanhado em casa, fez eu falar e estranhei a admiração, pois ele
pareceu entender da historia, e nem eu entendia.
Mais a frente, descobri que o senhor era um dos proprietários, ele criara aquela escola, e agora
estava querendo que ela fosse destaque, mas estranhei ele propor em me liberar duas aulas a noite
para assistir, por semana, eu me interessei, teria de acertar meus horários, mas sim, mostrei interesse,
mas sabia que as vezes, se ouvia o que se queria ouvir, em outras línguas.
Estava saindo quando Chaves me passa um recado perguntando se teria como ajudar naquele dia
no Teatro, eu nem pensei, apenas confirmei.
Duas horas a mais, e pego o ônibus no sentido da Universidade, pois ficava próximo do teatro,
uma praça de distancia, e quando entrei, Chaves me olha e fala.
— Pelo jeito não conseguiu fugir.
— Quem dera tivesse visto quem me acertou.
— Está bem?
— Ficar parado não dá, mas porque, muito peso?
— Não, escadas e prender os cenários nas varas, testar a ordem e preparar para a apresentação.
Olhei em volta e soube que era uma montagem Paulista, que estava com tudo vendido, teríamos
de caprichar, nem sempre era fácil, mas não pensei, apenas fiz um pouco mais lento, mas colocar os
cenários no local, depois se prendia as varas, de acordo com o peso do cenário, eu já vi um destes
desabar do vão de nove metros, quando desaba algo assim, não sei o que aconteceria se a pessoa
estivesse embaixo.
Era próximo das 10 da noite, quando vou para casa, e vi minha mãe me esperando.
— Como foi filho?
— Ainda mantenho a boquinha no Teatro, e pareceu legal o local, não sei se é serio, mas um
senhor disse que como estudante, poderia me liberar para depois do horário de trabalho, assistir 2 aulas
a noite, por semana.
— Pelo jeito se deu bem no local.
14
— Eles falam mais em Inglês, a recepção já recebe as pessoas em inglês.
— E está conseguindo?
— As vezes acabamos entrando no ritmo, ainda é cedo para saber mãe, mas como foi o primeiro
dia?
— Camilo pediu desculpas pelo que falou, mas não vou voltar, ele pelo jeito viu o que está em
toda a imprensa.
— Não entendi mãe.
— Está até no Jornal Nacional, o caso da agressão covarde na frente de um colégio, e a nítida
inoperância da policia, quando é alguém de dinheiro na cidade.
— Não queria alarde mãe – Menti – era melhor deixar passar.
— Mas pelo menos a policia começou a se mexer.
— Vieram falar com a senhora?
— Não sei, estava trabalhando.
— Melhor tentarmos ir a frente mãe.
Ela me abraçou e pareceu ainda doer tudo, pois eu resmunguei um pouco.
Quando entrei no quarto um livro me chamou atenção, eu sento e olho o livro, eu sempre o abri e
sempre teve paginas vazias, não em branco, pois as paginas estavam sempre vazias, mas a leitura em
inglês, me fez pensar.
“Todas as questões da Lei são para serem decididas
apenas por apelos aos meus escritos, cada
qual por si mesmo.
Não existe lei além de Faze o que tu queres.
Amor é a lei, amor sob vontade.”
Eu vi que não estava no fim do livro, mas então o tal Livro da Lei, tinha mais do que o que era de
conhecimento geral. Cai na cama pensando nisto.

15
Dois dias normais, estava saindo na sexta, e vejo José parar a minha
frente, eu olho em volta e muita gente parou junto, não sei o que ele queria,
mas era obvio, ele passara do ponto.
— Acha que vou esquecer, que vai se dar bem.
Olhei o chão, olhei ele e falei sem pensar.
— Pensei que tinha entendido José, eu não o quero mal, mas você só não
está preso, pois eu não morri, você pode achar que é vingança, apenas
mostrando aquele seu lado idiota, de ficar numa ideia idiota, e ficar batendo
nela.
— Me chamou de idiota?
— É dos melhores adjetivos, para quem precisa de 4 rapazes para me bater, que marca o rosto de
uma moça, agride uma mãe, e parece que não entendeu, eu não vejo a hora de sumir deste colégio,
quer ele para você, fica.
Passei por ele e fui ao ponto de ônibus, e peguei no sentido do trabalho.
Não parei para olhar as coisas, eu tentava desligar de um mundo para ir para outro.
Trabalho normal e vou ao Teatro à noite, onde eu acompanharia o manuseio das alegorias, e dos
cenários, às vezes eles entravam lateralmente, as vezes desciam.
Vi que as vezes a rapidez de Chaves, me deixava a aprender com ele, ele viu um dos cenários
começar a soltar, o ator viu que o rapaz fez sinal para ele andar para frente, e Chaves fez sinal para a luz
ir para o rapaz, e descer as luxes, ele fez sinal e avançamos, escadas e prendemos em mais 3 varas
aquele cenário que subiu firme.
O correto desce e aquele sobe e a peça continuou como se nada tivesse acontecido.
Quando terminou aquela peça, ele perguntou se queria beber algo, normalmente dizia sim fácil,
mas ele teve de insistir para que fosse estava um prego, e não sabia a reação daqueles remédios que
estava tomando, então quando sentamos a lateral do teatro, em um bar, Chaves tirou sarro de pedir um
refrigerante, e vi os rapazes da técnica sentarem ali, normal em uma sexta a noite, mas passei um
recado a minha mãe, que tentaria não chegar tarde.
Estava sentado de costas para a porta e Chaves olha a mesma e fala.
— Por acaso este rapaz está lhe perseguindo ainda. – Chaves olhando o segurança – Pois nunca o
vi este local.
— Estranhei aquele soltar do cabo hoje Chaves.
— Também, pois tínhamos revisado os cabos, e não tinha visto aquele problema.
— Talvez tenha de me afastar, não quero prejudicar ninguém. – Peguei o boné do rapaz da
técnica, que estava sobre a mesa e apenas coloquei na cabeça, eu não usava boné, mas queria apenas
não facilitar as coisas.
Chaves para de olhar e como estavam ao fim, a pessoa teria de chegar até ali para olhar.
— Pelo jeito eles acharam que não estava aqui.
— Ou vão me esperar na saída.
Odeio o sentimento deste momento, parecia que o errado era eu, pois quem se esconde, é o
errado, não o certo.
Acerto a minha parte e saio, nem olhei para ninguém, pedi um aplicativo e fui para casa.
Soube por Chaves que os rapazes esperavam a esquina, e que não sabia se o viram sair, mas eles
olhavam a rua parecendo procurar algo.
Chego em casa e vou ao banho, vi que minha mãe estava bem, e deitei, não sei, as vezes ódio
parecer um covarde.
Estava deitado quando ouvi um carro frear e ouvi o barulho de um vidro estourando, pulo da
cama e tinha atirado um coquetel Molotov pela janela e o fogo tomava conta da cortina e do sofá da
sala, peguei uma toalha no banheiro, a molhei e abafei o fogo e a cara de assustada de minha mãe, era o
que eu falara, não acabou.
A policia chega, faz perguntas e não pegou nem o resto do vidro do chão, então obvio, não
procurariam o culpado, eu e minha mãe sentamos ao quarto dela pensando no que faríamos, se a
semana parecia bem, parecia que ainda não estava bem.
Eu não consegui dormir, e fui a casa do senhor Camargo a frente, e perguntei se teria a câmera de
segurança, e se teria como ver, pois estava preocupado com minha mãe.
16
Eu não tinha como por na internet, mas sabia que teria o que por, e vi a policia no meio da noite,
bater a casa a frente, mas não falaram nada, recolheram os vídeos, e não vieram para perguntar se
estávamos bem, ameaçados, se estávamos vivos.
Sábado com você não tendo dormido, parece aqueles dias que você não sabe o que aconteceu.
Eu e a mãe saímos depois das 5 da tarde e foi ao Shopping e em uma Lan House que ficava num
quiosque, converti o vídeo, e coloquei na mesma pagina de antes, e repassei para todos os meios de
comunicação de novo, não sabia qual havia feito o alarde, então não deixaria nenhum de fora, embora
eles poderiam não olhar.
Era começo da noite, quando paramos na casa do meu tio, irmão de minha irmã, em Santa
Cândida, ele nos ofereceu o pouco que tinham, mas precisávamos descansar para retomar a vida na
segunda, talvez vender a casa e mudar de lugar.
Nesta hora as ideias de sair de perto, eram sempre destacadas.
Domingo longe de casa, longe dos olhos, sem ver as noticias, mas minha mãe sabia agora que eu
que colocara a imagem no ar, me fizera de morto, e colocara lá novamente.
Desta vez ficaria evidente que fui eu, mas talvez tivesse de melhorar para sair da posição de alvo,
teria de reagir.
Eu olhei um Colégio ali no bairro, estava mesmo pensando em sair do caminho.
Eu e a minha mãe, víamos que estávamos atrapalhando, mas não teríamos como sair da casa sem
a vender, então todo o problema, estava em tentar não pesar, e tentar sobreviver.
Sabe quando se tem apenas roupas básicas e 3 livros na mochila, e a sensação de ser tudo, além
de sua mãe, que importava.
Dormir longe de casa, não é a mesma coisa.

17
Quando ninguém deu destaque, sinal que achavam que a noticia já era
velha, então poucos viram as imagens, e talvez a noticia que vinha a todas as
TVs ao fim do dia, não tivesse acontecido, se eles tivessem registrado, mas lá
estava o mesmo carro, atirando novamente um coquetel pela janela, e como
não tinha ninguém, o bombeiro teve de ir apagar o fogo.
A noticia chega a mim, por minha mãe, quando estava saindo da Cultura
Inglesa, as vezes não sabia o que fazer, mas fui a casa do senhor Camargo e
perguntei se tinha as imagens, ele me passa, e fala que a policia tirou a fita, mas
ele tinha feito uma copia, e perguntou se estávamos bem.
Não sabia, eu saio dali e vou ao bairro, e na parte da alta da rua que estávamos morando, tinha
uma Lan House, maquinas surradas, mas deu para fazer o registro e não passei a ninguém o link, apenas
publiquei o terceiro vídeo.
Pelos acessos, as pessoas viram, mas ninguém publicou nada.
Eu peguei o pouco dinheiro que sobrava e fui a um local que faziam faixas, e pedi para fazer uma,
e a noite, fui até a casa, e coloquei nos restos a frase.
“Agradeço ao Governador, a Segurança Publica, a Policia, a imprensa parcial, pelo incêndio,
especialmente ao Desembargador Carvalho!”
Sai dali e o senhor a frente entendeu, não sei se ele salvaria a próxima gravação, mas se tínhamos
uma casa a vender, agora temos um terreno a vender.
Vou para casa do tio, e olho a mãe e não sabia o que faria, mas era evidente, as coisas não
estavam boas.

18
As vezes é difícil enfrentar o que fazemos, e foi difícil sair da cama, eu
estava a fim de parar aquilo, e sabia que me daria mal, mas uma hora alguém
teria de parar aquele rapaz.
Entro na sala e todos nem me olhavam mais, era o espancado que não
seria nada, um pobre a mais naquele lugar, eu não estava legal naquele dia, e
talvez minha cara de poucos amigos, até os poucos que normalmente me
cumprimentavam, não o fizeram, e pela primeira vez, desde que fui espancado
e esfaqueado, sai para o intervalo, eu não sabia o que estava fazendo, mas eu
colocara uma burrice na cabeça, e naquele momento, acho que ninguém me pararia, e sabia que sair ao
intervalo, foi descer e ver José chegar a minha frente e me encostar na parede, o Monitor fez que não
viu e entrou, e ouvi.
— Acho que está demorando para sumir Bruno.
Sei que ele queria se fazer, os 4 rapazes estavam a volta, e todos se afastaram, eu apenas peguei
o canivete no bolso de trás, ele estava confiante com minha covardia, e o enfiei o canivete, dos
compridos, e vi o rosto dele mudar, e ele segurar o canivete, me soltando e me olhar, ele se achava
intocável, e vi os rapazes me olhando assustado, e apenas entro novamente.
Nem olhei ele cair, nem vi a ambulância o tirar, não vi além dos olhos de criminoso sobre mim.
Estava no meio da quarta aula, quando a policia interrompeu a aula e me tiraram dela, deixei meu
material ali, e fui levado a uma delegacia, eu fui quieto, todos me olhavam com reprovação, mas não
estava com vontade de viver me escondendo, eles quase mataram minha família, destruíram minha
casa, mas sei que terá consequências este ato.
Me mantive quieto, quando estava na sala de aula, lá ficou meu celular, e nele estava minha
confissão, e meu pedido de desculpa a minha mãe, não era feito de aço, não tinha como resistir muito
tempo naquela pressão.
Vi a imprensa, que nem falara direito comigo, apenas queriam a noticia, não a vitima, agora
tinham o criminoso, mas a noticia era que José ainda estava vivo, então ainda não acabara.
Estava esperando o juizado de menor para começarem a entrevista, ou como eles falam, quando
é de menor, não é prisão, o rapaz é recolhido, eles tentam nos fazer de idiotas.
Estava naquela delegacia de menor quando vi aquele senhor entrar e me olhar com ódio, agora
ele lembraria de mim, e sabia que a pressão seria forte.
O rapaz do ministério publico, fala que poderia me manter quieto e que seria uma tomada de
depoimento.
O rapaz começa a fazer as perguntas, e me pergunta.
— Porque atacou com um canivete o menor Jose Carvalho.
Olhei o desembargador a porta e falei olhando ele.
— Se ele pode furar os demais, e estar solto, por ter um pai, Desembargador, quero o mesmo
direito dele.
— Ele não é a questão.
— Certo, tem provas que fui eu? Desta vez levantaram as provas delegado, pois ele me esfaqueia,
minha mãe é agredida em casa, eles colocam fogo na minha casa, e não vi a policia prendendo eles,
teria de esperar ele me matar, é isto, por ele ser rico, filho de influente, já me encostava e ameaçava de
morte de novo, no colégio, apenas não estava bem para novamente baixar a cabeça e apanhar.
— Quanto ódio.
Olhei o senhor serio e olhei o rapaz do ministério publico.
— Podem me Recolher?
— Não acabou. – O delegado.
Olhei o delegado e falo serio.
— Ele não morreu, o que está esperando Delegado?
— Uma acareação.
— Posso fazer uma pergunta?
— Não é sua função.
— Então... – Passei a mão na boca e me calei.
— Quais motivos tem para fazer tal atrocidade?
Eu já tinha respondido isto. Sorri cínico.
19
— Qual seu envolvimento com o trafico local?
— Onde comprou a arma do crime?
— O que queria com a frase pregada a sua casa?
— Determino a condução do menor para uma instituição de menor, para levantarmos os dados.
— Ele é réu primário senhor. – O rapaz do ministério publico.
— Temos indícios de trafico feito por ele.
— Apresente os indícios Delegado, não temos isto nos documentos.
— Foi achado drogas na bolça dele.
Olhei o delegado e apenas falei.
— Covarde.
— Acha que ganha com desacato?
— Não delegado Flavio Roberto Cardoso, sobre esta sua acusação, peço apenas uma testemunha,
seu filho, pois isto é acusação covarde, é bom saber que seus policiais andam com drogas para por em
bolças, mas agora, vai ter de provar, e vou ao IML direto, para fazer teste de toque, nas mãos, mas
pensei que falava com alguém da lei, não um marginal que passou em um concurso publico.
Olhei para a porta e olhei o desembargador.
— Torço que o próximo, que ele ameaçar, pois não explica o básico ao filho, atravesse ele todo,
pois para não o colocar na regra, está quebrando todas as regras sociais.
Encostei na cadeira e olhei o senhor.
— Espero o seu filho, para falar de meus vícios.
— Mas ele não está em questão.
— Quero ele como minha testemunha, e não pode negar isto delegado, depois, vou chamar a es
namorada do marginal ferido, e vamos ver se diante de uma moça marcada ao rosto, mantem o
discurso, e depois chamar os 4 marginais que estão na imagem, me agredindo, assim como o marginal
ferido agora, e depois, quem sabe não coloque cada aluno que me viu apanhar, para depor, nem que
seja para todos se constrangerem em mentir em publico que não viram, mesmo as imagens os
mostrando lá.
— Não é de maior para ir a um tribunal.
— Sim, e nem iria, pois ele não morreu.
— Quer se complicar.
— Quando ele matar seu filho, não venha chorar delegado, ele já o ameaçou, e sem eu lá, vai
sobrar para os amigos.
O senhor olha a porta, sabia que o desembargador estava lá, mas era evidente que tinham um
acordo ali.
Fui conduzido a uma instituição mesmo com todas as indagações no ministério publico, e sabia
que passaria por maus bocados naquele local, e nem sempre as lembranças são boas, as vezes é apenas
a forma de olhar as coisas.
Chego ao local, e a cara de poucos amigos de muitos deles, eu apenas pensei que se morresse,
eles nem se preocupariam, não estava bem, e obvio, esqueceram de trazer os remédios. O receber a
visita de minha mãe, foi triste, mas não dava para apanhar a vida inteira, todos meus planos mudaram
vendo os restos da nossa casa, e toda a inercia da sociedade, eu a vi chorar e sair pela porta, e levantei a
TV, e viu a noticia local, do atentado no colégio estadual contra o filho de um desembargador, atacado
covardemente, que o autor já estava recolhido, e que o delegado pretendia fechar o depoimento e o
caso, que tinha haver com uma denuncia contra a venda de drogas feita pelo filho. Entendi que
montaram a historia, tudo para livrar o rapaz, eu não estava bem e vi que todos me olham atravessado,
eu não apareço na imagem, não aparece nenhuma prova, mas o texto era este e ignorado todo resto.
Não sabia em quantos anos sairia dali, eu estragara minha vida muito rapidamente, e não estava
bem.
Mas estranho ali ter computador, eu não o tinha em casa, estranho que o local não era ruim,
talvez imaginando ser pior.
Eu vi que podíamos interagir apenas com e-mails e fazer pesquisa, e vi o depoimento na internet
do delegado, e fui ao remédio que estava tomando, e qual a reação com cocaína, sorri, eles me deram a
defesa.
Eu olho no bolso o e-mail do rapaz do ministério publico, e passo os estudos da reação que seria
dado para a mistura de Cocaína com o remédio que estava tomando, “Coma Induzida”, que o remédio
20
deixava 10 dias de restos no sangue, para ele pedir o laudo que me prenderam, e perguntar de quem
era aquele sangue, pois teria o vestígio do remédio, pois não fazia 10 dias que fora operado.
Eu nem sabia se ele usaria, e fui descansar, mas parecia que ali as coisas ainda estavam calmas.
Não sabia de toda a correria que se fazia na parte externa.
Não ter noção da posição dos demais, sempre facilitou a vida humana, e sei que não pensei,
apenas reagi, talvez com o tempo tenha remorso, ainda não o tenho.

21
Era perto das 11 da manha, quando o rapaz do ministério público veio
com os remédios e com o tratamento, e com um medico, para atestar que eu
estava bem, o rapaz da instituição viu o tamanho da cicatriz, eu estava ainda
me recuperando, e já estava detido, e o medico olha para mim e pergunta se
doía, se estava bem, se estava precisando de algo, não queria nada além de sair
dali, mas sabia que a pressão contraria seria grande.
O rapaz do ministério publico fala que estava tentando a minha soltura
até o fim do julgamento, pois era réu primário, e não sabia se era bom, mas eu
agora estava esperando que algo acontecesse.
No fim da tarde, vi minha mãe e estranhei, ao lado estava aquela moça, diria criança, e não
entendi.
— Problemas mãe?
— Esta menina me ofereceu ajuda, e não entendi, que precisa de um bom advogado, e parece
que ela conhece um.
A olhei e perguntei.
— E o que seu pai e irmão acham disto?
Bárbara me sorri e fala.
— Eles não precisam saber, mas vi que pegaram pesado com você, mas pelo jeito estão
segurando meu irmão no hospital, para parecer que foi mais grave do que foi.
— Ou eles não conseguiram operar pelo índice de cocaína no sangue, as vezes acontece.
— Olha que todos achavam que você não reagiria, e muitos olham agora diferente, de o covarde
para o maluco, não sei qual dos dois pontos é melhor.
— Os dois juntos. – Olhei minha mãe – Sei que queria algo mais calmo, mas não iria morrer para
fazer de conta que gostava de ser ameaçado e humilhado todo dia.
— Sei que não deve ter pensado na Merda que fez, mas agora temos de o defender, não entendi,
teve um senhor que também se ofereceu para ajudar.
— Senhor?
— Carlos Feet.
— O que ele ofereceu?
— Um bom advogado, e toda uma estrutura para se defender, pois é obvio que a TV está
ignorando a verdade, para ter um culpado.
— As vezes tenho medo de misturar as coisas, mas se for para ajudar, depois trabalho em dobro.
— Quem é este senhor? – Minha mãe.
— Um dos sócios da Cultura Inglesa.
— Certo, e o que faço referente a oferta da menina.
— Cuida, pois eles armaram até uma apreensão de drogas, para me manter aqui como se fosse
traficante.
— E está bem?
— Hoje com o remédio, está menos doido.
— Eu nem sei como o defender?
— Levei sorte mãe.
— Sorte?
— Cai no mais intransigente dos advogados do Ministério Publico, de graça e com um dos
melhores.
— Eles não podem o ameaçar? – Bárbara me olhando com aquele sorriso malicioso.
— Não entendo a história deste Doutor Vaz, mas dizem que todos os demais temem ele.
— Vou verificar e falo para o senhor Feet que tem um bom advogado, mas não entendi o que fez
filho.
— Perdi a cabeça, apenas isto.
— Se cuida.
As duas saem e aquela moça saindo me olhando, parecia uma arapuca, para a vida, mas ali dentro
não teria vida.
Um rapaz chega ao lado e fala.
— Namorada?
22
— Uma das maiores encrencas da minha vida. – Falei.
— Lindos olhos, mas o que o trouxe aqui.
— Esfaqueei o filho de um desembargador, irmão da moça saindo ao fundo.
Sorri de a ver saindo ao fundo.

23
Às vezes queria estudar, e não tinha como, teria de ter liberação para
isto, teria de esperar, se pedisse para estudar ali, poderia perder a liberdade
provisória, então estava esperando as provas e no fim do terceiro dia ali, vi o
doutor Vaz vir com uma ordem de soltura, a policia não tinha provas, ninguém
acompanhou a coleta da mala, a afirmação de que estava drogado, os próprios
exames refutaram, a legitima defesa, com duas afirmativas de que fora
encostado a parede por José, por dois Monitores Escolares, tirava a afirmativa
de que eu que pressionara.
Eu chego em casa, e não sabia o que fazer, não poderia beber, na verdade não poderia antes, pois
sou de menor, mas isto é uma das coisas que dependendo de com quem está, como está vestido,
ninguém pede identidade. Meio dia eu vou ao Curso de Inglês e pergunto se ainda tinham a vaga, já que
tive problemas, vi o senhor Carlos, que me cumprimenta e fala que teriam de conversar, entramos e ele
falou que teria de evitar trazer os problemas para aquele lugar, mas se precisava de um local para
trabalhar, ele ainda mantivera a sua vaga e perguntei porque e ele contou que o ameaçaram para me
mandar embora, e que eles nem o viram ali, eles não sabiam quem eu era, mas pareciam obedecer uma
logica, de prejudicar a família. Que ele já sofrera perseguição na cidade, e que alguns, ele não gostava.
Eu trabalhei aquela tarde, ali acabamos esquecendo que estamos no Brasil, parece um outro
lugar. Fui direto para casa, e abracei minha mãe no fim do dia e pedi desculpa por não ter me segurado.
Estava conversando com a mãe, a cara de não ser bem vindo, por meu tio, eles compram as
historias, e vejo aquela moça chegar a entrada, com motorista, eu ainda olhava desconfiado, pois
parecia uma forma de chegar a mim, mas aqueles olhos me prendiam nela.
Minha mãe viu eu sair pela porta e apenas perguntei para ela se poderíamos conversar na
lanchonete a esquina, e fomos para lá, e ela me pergunta direto.
— Não está bem?
— Comprarem a imagem de traficante, é fácil, estudamos, trabalhamos, e alguém fala, traficante,
até os tios e primos, me olham como marginal.
— Pelo jeito não está feliz.
A olhei, não sei, ela ali não combinava.
— Não entendo você aqui.
— Lhe dei o fora e tudo desandou.
— Acontece, estou na fase sapo, não na príncipe.
— E pelo jeito tem seu grupo de influencia, meu pai esta furioso com sua liberdade.
— E feliz com a liberdade de seu irmão, me explique?
— Não tenho como o indagar assim.
— Ou seu irmão toma jeito, ou não chega aos 21, e não serei eu que o matarei, apenas sei que vai
acontecer.
— Meu pai acha que se compra as coisas.
— Mas porque está aqui?
— Me preocupei.
Olhei como se não acreditava, mas não sei o que ela entendeu da minha forma de olhar e fala.
— Não tenho namorado.
— Pelo menos não apanharei de mais alguém.
— E não entendi, o porque meu irmão lhe odeia tanto.
— Nem eu, pode ser drogas, pode ser algo que não percebi, mas não dá para tentar o trazer todo
dia a lucidez.
— E vai fazer o que?
— Mudar de casa, de bairro, de vida.
— Fugindo de mim?
— Ainda não, juro que ainda não.
Ela sorri e me perdi naquele sorriso, sabia que estava encrencado a partir deste momento, e não
teria como voltar atrás.
Vi ela sair e parar ao lado do carro do motorista e sair dali, não sei o que ela pensou, mas minha
mãe com minha prisão, vendeu o terreno rapidamente, e comprou uma casa mais simples ali no bairro,
condomínio fechado, e sobrou o valor de uma segunda casa na conta, pelo menos casa naquele bairro.
24
Quando entrei no colégio, fui mandado a direção pelo professor e a
diretora disse que estavam com processo de expulsão para mim, sorri e falei
que estava pedindo a transferência para Santa Cândida, era apenas me soltar,
pois expulsão teria processo e iria demorar, pois iria contestar judicialmente, a
senhora me olha e fala que analisariam minha transferência, voltei a sala, entrei
na segunda aula, embora meu material estivesse na sala, e no intervalo Roberto
para a minha frente e fala.
— O encrenqueiro.
— Eu? – Respondi com desdém.
— Soube que brigou até com meu pai.
— Sacanagem colocarem droga na minha bolsa, muita sacanagem Roberto.
— Ele disse que você foi grosso.
— Eu fui tirado da sala, sabe que eles não levaram a mala, qualquer pessoa poderia ter colocado
algo ali, mas o não levar foi bem para ficar ali e depois ser apreendida.
— E está bem?
— Prestes a ser expulso do colégio.
— Sacanagem, de quem vou colar.
— Não sei.
— Não vai sair no intervalo?
— Não, segundo dia de aulas da semana, e já é sexta!
— E vai aprontar algo?
— Tenho compromisso hoje até às 23 horas.
— E depois disto?
— Não sei, não tem visita noturna no Vita Hospital?
— Nem brinca.
— Sempre digo, ele está reclamando do que, não estamos na missa de sétimo dia dele, então o
que está reclamando.
— Aqueles 4 rapazes que andavam com José, apareceram ontem quebrados.
— Ainda bem que estava detido então.
— Não está levando a serio.
— Como levar a serio um colégio, que eu fui esfaqueado na saída, e espancado, e todos sabem
quem foi, pois foi filmado, mas os autores, não foram expulsos, eles continuaram a ameaçar e a se fazer
na escola, já o pobre aqui, já no primeiro dia, avisado que estão com processo de expulsão.
Passei uma mensagem para Bárbara, não a irmã, mas a antiga namorada, e marquei com ela para
falar as 7 da noite, já que tinha de trabalhar e depois das 9 teria de estar no Teatro.
Mais duas aulas e na saída vi Bárbara, parar a minha frente e falar.
— Sei que não o denunciei, mas acha que ele para?
— Conversamos as 7 da noite.
— Correndo?
— Sim, pobre trabalha.
Sai e vi que alguns me olhavam, mas as vezes tinha de manter o rumo, estava nos dias de preparo,
para entrar nos dias de labuta, para no fim de uma vida, colher as alternativas.
O dia na Cultura Inglesa, foi de conversa e um convite de ser professor auxiliar, eu não sabia se
estava pronto, mas o senhor Carlos me explicou que eu tentava falar como se pensasse em inglês, eu
não o fazia ainda, mas ele fala que não demonstrava, e que teria de me dedicar um pouco mais, talvez
tivesse de parar de ajudar no teatro, mas era um caminho, uma oferta de fazer curso a noite, os 5 dias, e
um extra no sábado, a partir da semana seguinte, para me preparar a ser um mestre.
Eu não estava entendendo e ele me falou que pela primeira vez alguém o explicara algo sobre
contas, sem aplicar o português, e para ele, isto faltava nos cursos deles, uma noção da parte de
matemática e cálculos, pois era parte da linguagem que passava ao longe, e para mim parecia o natural
pensar em coisas assim, mas esta proposta eu tentaria com força.
Pela primeira vez, pensei em mudar a proposta de transferência, e pensei em algo mais próximo
daquele local.

25
Mas o que mais me chamava aquilo, é que um professor auxiliar, ganhava 5 salários, e não um
salario.
Ainda teria de conquistar esta vaga, e conseguir manter meus problemas longe daquele local, pois
sabia que isto afastaria eu de todas as chances de me dar bem na vida.
Sei que quando sai dali, estava com a cabeça nos planos de virar algo na vida, e caminho até a
região do Teatro, parei em uma cafeteria, a uma quadra dele, e vi Bárbara ali, sorri e a vi sorrir doido.
— Problemas?
— Pensei que não viria?
— Tenho tentado acertar meu futuro, e nem sempre consigo entender o problema.
— Quer fazer o que?
— Forçar uma conversa, mas pode ser que não seja uma coisa boa, e não sei como você está, me
isolou. – Falei a cobrando.
— Pensei que quando falava de sua forma de ensinar o que entendia, para José, ele não fosse
levar para o lado de romance, ele passa a ter ciúmes e não sei, ele passou de todos os limites.
— Ele já está lá de novo para nos perturbar.
— Dizem que vai fugir.
— Vou ser expulso, e sabe que expulsão é algo que pesa no currículo de qualquer um.
— Pressão do desembargador?
— Nem entendi ainda o problema, eu agi por impulso, não era para o acertar, mas ele já estava a
ponto de me bater de novo, e para ele, é o normal.
Pedimos um café, e ela perguntou.
— E pelo jeito tem algo a fazer, não para de olhar para o relógio.
— Auxilio nos técnicos de palco do teatro ao fundo.
— E parece agitado?
— Vou ter de parar de fazer esta parte, e tenho de escolher as palavras, para deixar uma porta
aberta, mesmo que ache que não vou voltar, nunca se sabe o amanha.
— Vai fazer algo a noite?
— Um curso de aperfeiçoamento, para ver se ano que vem, tenho aumento.
— Você pensando no futuro, pelo menos não desistiu.
Sorri e falei.
— Tem se cuidado?
— As vezes eles não entendem este seu carinho por mim Bruno, eles pensam em outra coisa.
— Você não confundindo, pois sei que não presto.
— Sempre afastando as pretendentes.
— Eu tento fugir de algumas, e elas vão me visitar na instituição de menor.
— E pelo jeito acha que dá para parar a briga.
— Não existe briga, existe alguém que colocou na cabeça que vai me destruir, e se ninguém o
parar, ele não vai parar por bem.
— Certo, pelo jeito o colocarem fogo na casa da sua mãe o tirou do serio.
— As vezes, é o estopim, não sei, não queria continuar na posição de saco de pancada.
— E acha que consegue conversar com José.
— Vou tentar falar com o desembargador, mas sei que para isto, alguém vai ter de interceder, e
nem sei se ele vai conversar, mas não quero morrer.
— Pelo jeito vai sair da sombra.
— Um rapaz do ministério público, me alertou que certas pessoas têm de acordar que não é Deus.
— Dizem que conquistou aliados.
— Nem eu entendi tudo que aconteceu, vou ter de sentar e entender, mas queria dizer que vou
estar por perto de qualquer forma, e que não precisa se esconder de mim, não sou o problema.
— As vezes tememos, José parecia todo desequilibrado.
— Sei disto, mas somente juntos somos fortes, quando todos viram as costas, eles nos matam
como baratas.
Conversamos, fui ao teatro e a conversa com Chaves foi melhor do que pensei, acabei explicando
que a proposta era boa, ele sorri e fala que o lugar ainda estaria ali, para fazer um estra.
O grupo sai dali e foi ao largo, eu olho Augusto parado com Caio e Sergio, e uns 4 rapazes, eles
pareciam querer confusão, e eu que era tido como perigoso.
26
Augusto me cumprimentou e fala.
— Tem de parar de aparecer Bruno, tá ficando famoso.
— Morto famoso, não vale. – Falei.
Augusto sorri e fala.
— Lá vem uma das confusões do fim de semana.
— Das confusões?
— Parece que elas vem provocar, embora não deram bola antes, agora vem direto.
Nem olhei e falei para Caio ao fundo.
— Vai dizer que cantou minha namorada?
Augusto sorriu e falou.
— Vai namorar todas?
Virei e olhei para Bárbara e falei.
— Quem sabe, sou maluco.
Caio me olha e fala.
— Deixa algumas para os amigos.
Contei com os olhos e falei.
— Não consigo com 8.
Bárbara para a minha frente e fala.
— Não entendi sua ideia?
Apenas a beijei, se Caio achava que era brincadeira, ouviu a moça ao lado falar.
— Já vão se agarrar? – Luana.
— Já com ciúmes Luana?
Bárbara foi afastar o corpo e a segurei e falei.
— Precisamos conversar hoje.
— E pelo jeito andou tomando café.
— Sim, tinha de acertar com a outra Bárbara, o que estava acontecendo, pois não entendo, toda
esta agressividade do seu irmão.
— Ele é ciumento.
— O que não contou?
— Ele deve ter ouvido algo referente a Luana falando, que eu estava olhando para você, e
entendeu errado.
— Mas...
— Duas Bárbaras, apenas uma frase que Bárbara não entendia, pareceu que ela estava
escondendo, e não sei, meu irmão está fora de controle.
— Fora de controle vai ficar seu pai.
— Não se complica.
A noite foi de beijos e provocações, aquela moça me olhava na alma, mas sabia que teria
problemas, e não entendia Luana tão próxima, os demais rapazes começam a conversar com as outras,
então o que era um grupo de rapazes com cara de quem queriam briga, viram rapazes tentando segurar
seus hormônios, tentando impressionar.
Eu tento entender a ideia, alguém me olhava a mais de um ano, e eu não a olhei, as vezes
acontece, duas Bárbaras, e uma conversa ouvida atravessada, ou traduzida atravessada para José, não
sei se isto é verdade, mas estava na hora de complicar as coisas. Vi ela sair dali, eu não bebera, mas
estava na hora de sair da noite, pois a policia adoraria me prender de madrugada na rua.
Chego na casa do meu tio, a nova casa, ainda não tinha moveis, mas conversei com minha mãe,
que não sabia o que estava acontecendo, poderia ser um engano, uma resposta simples, quanta
confusão por uma conversa mal entendida, mas me parecia ter mais coisas nisto.

27
Acordo no sábado, e olho para o celular, olho para a sala, saio a porta,
não era algo para ser ouvido por pessoas que não entenderiam, as ideias eram
somadas, e nem sempre isto geraria o resultado, mas todos conhecem alguém
da contravenção, e sei que a ideia, que me foi passada, e não vi como foi
executada, foi alguém cobrar algo do Desembargador, na saída da reunião
semestral que os desembargadores tinham, sei que me narraram que estavam
eles saindo quando a rua se fechou, e dois rapazes encapuzados, chegam ao
desembargador, colocam um bilhete no bolso dele, e um fala saindo.
— Até segunda para nos pagar...
O bilhete falando que o filho dele devia 9 mil reais em drogas, para um traficante, e que ou ele
pagava ou ele morreria.
Não sei como foi feito, mas sai dali e fui ao centro, Augusto tinha a formatura dele na UTPR, e não
perderia a formatura de um amigo.
Estavam entregando os diplomas de segundo grau, quando alguém me abraça pelas costas,
pensei ser Bárbara, mas era Luana, que fala.
— Vai dar bola apenas para a Bárbara?
— Onde ela se escondeu? – Perguntei.
— Deve estar chegando.
— E já quer me meter numa cena de ciúmes?
— Não tem curiosidade? – Luana afastando o corpo e fazendo cena, não sabia o que estas
meninas queriam, mas vi que era para provocar, mas já vi muitas vezes provocarem e depois caírem
fora.
Bárbara chega e me olha assustada.
— Cara de problemas? – Falei.
— Alguns traficantes cercaram meu pai, referente a uma divida de drogas, ele ficou assustado.
Levantei os ombros, não teria nada de bom a falar.
— E já agarrando minha amiga? – Bárbara.
Abracei Luana e falo.
— Do que falávamos mesmo? – Bárbara a frente, e Luana ao lado e Luana ficou vermelha, sorri e
falei.
— E o que seu pai pretende fazer?
— Não sei, ele se preocupou se estava segura.
— Logico que não falou a verdade.
— Verdade?
— Que estava em perigo, com o rapaz que esfaqueou o filhinho dele.
— Ele lhe odeia, mas acho que ele nem olhou para você direito, ele parece as vezes não pensar,
apenas defender meu irmão.
— E que horas tem visita ao seu irmão?
— Vai querer ir mesmo?
— Juro que não sei ainda.
— E o que tem com Luana?
— Ela não falou ainda o que quer, para ter algo.
— Certo, não vai cair na arapuca. – Luana.
— Cuidado para não ficarem presas nas próprias armadilhas.
Bárbara me abraça e fala.
— E pelo jeito está calmo hoje.
— Tentando ficar em local publico.
Cumprimentei Augusto e os seus pais, e saímos dali, teria de olhar a casa que mudaríamos, e
aproveitando que alguém andava de motorista, fomos a Santa Cândida, o bairro, sei que estranhei
quando Bárbara me beija e tira minha camisa, estava um caco, ainda com proteção contra problemas na
operação, e estranhei aquela tarde, muita provocação, experiências novas, e não sei, eu não me entrego
assim tão fácil a alguém, e aquela moça me teve para ela, e não entendi, rolou naturalmente, e parecia
que as coisas iriam se complicar.

28
Estávamos deitados na minha cama, sobre o plástico do colchão, ela apenas de calcinha se sutiã e
ela me olha e fala.
— Temos de conversar.
Às vezes acho que a forma que ela me olha, me tem e falo.
— Vai dizer que não era serio?
— Bobo, mas tem de ter calma comigo, e temos de resolver uma coisa.
— Seu pai?
— Não, eu disse que não tinha um namorado.
— Mentiu?
— Não, tenho uma namorada, ciumenta e atirada.
— E quem é minha concorrente?
— Luana.
Sorri, Luana queria uma cena de ciúmes, estava defendendo a sua posição e tive de perguntar.
— E ela deixa você namorar assim?
— O pai dela falou que é contra nosso namoro.
— E resolveram achar um namorado?
— Não seja bobo, mas é bom saber que sabe se controlar.
— Tem de entender, enquanto você não falar, sim, para mim é não, e as vezes as pessoas
confundem as coisas.
— Ela nos convidou a ir a praia, acha que sua mãe deixa?
— Quando?
— Assim que disser sim.
— Tô caindo em uma arapuca, sei disto. – Falei e sorri.
Ela me sorri, ela pelo jeito veio me convidar, lembro que ela conversou com Luana antes de
sairmos da formatura.
Passei um recado para minha mãe, e apenas o motorista passa na casa de Luana, ela entra no
carro, a frente e depois vamos a casa de Bárbara, ela entra, pega uma mochila e sai, nem sei se ela
avisou alguém.
O motorista deve ter avisado onde iriamos, pois ele teve de por gasolina, então estava em uma
armadilha. Estranho o como foram quietas, e a pergunta se queria que esperasse e a frase de que iria
ficar ali até domingo à tarde, e estranhei mais o motorista ir embora, as vezes as coisas não pareciam no
lugar
Chegamos ao apartamento a praia, Caiobá, uma cobertura, acho que só eu era pobre naquele
lugar, ou eles tinham muito mais do que eu, vi as duas entrarem, e fiquei na parte de fora, olhando a
piscina, parecia estar tudo muito limpo, aquilo deveria ter empregados, lembro que normalmente as
coisas a praia cheiravam a maresia, ali nada parecia o ter, Luana veio de dentro e me apresentou onde
iria dormir, um quarto bom, mas o que mais estranho, o cheiro de tudo muito limpo, ajeitei as poucas
coisas ali, eu não viera pronto para praia, estava com uma calça e camisa, nada especifico de praia,
talvez fosse o destoante da piscina quando saio para sala e vejo a sala aberta para parte de fora, por
onde entramos, a piscina, as duas estavam já de trajes de praia.
Eu saio para parte de fora, foi inevitável medir Bárbara de cima a baixo, naquele biquíni, vi Luana
parar a minha frente e falar.
— E dai, vai me devolver à namorada?
— Pensei que era serio aquela provocação?
— Tem de ver que minha irmã falava que você era muito delicado, muito romântico, e alguns
achavam que você e José tinham um caso, até ela.
— E me convidou para que então?
— Às vezes temos de ter alguém que os pais olharem.
— E seus pais chegam quando?
— Hoje eles não vão vir, mas como eles vão descer no começo do ano, a casa está impecável, a
melhor hora de se divertir.
— Pelo jeito quando as duas somem, é para cá que vem. – Falei sem sentir, e vi Bárbara a abraçar
e falar.
— Ele não é tão inocente como pensa amor. – Bárbara abraçando Luana pelas costas.
Ela se vira brava e fala.
29
— Não era para se envolver.
— Ele sabe se segurar amor.
Luana me olha e fala.
— E quer dizer que não é afeminado.
Bárbara a beija e fico ali, a olhar as duas se beijarem, fico ao fundo, fora apenas uma arapuca, mas
sabia que algo estava errado naquilo, as duas pulam na piscina, estava quente, e eu era o contraste na
peça, vestido para uma formatura.
Elas estavam se agarrando quando desço e vou a praia, passo em uma loja e compro uma sunga, o
emplasto para o ferimento, teria de limpar, a pomada cicatrizante, nem sabia que tinha saído tão caro,
depois camisinha, poderia não acontecer, minha experiência nisto, era quase nada, e me achei especial
comprando algo que nem sabia usar, bobeira de alguém de 15 anos, desculpa, eu pensava até aquele
dia, que eu era jovem demais para algo eterno. Na saída comprei também uma bermuda e uma
camiseta.
Caminho na praia, praia mansa de Caiobá, sento a areia e rabisco com um graveto aquele rosto,
na areia as coisas nunca ficam boas, e sabia que mesmo o feio, naquele rosto ficava me olhando, e não
sabia como sair daquilo.
Fico pensando na posição de José, por um momento fiquei na duvida se o ciúmes de José era de
mim, sei que alguns amigos as vezes confundem as coisas, mas nunca pensei nisto antes.
Pois nossa posição foi de amigos a inimigos, muito rápido, que eu mesmo a estranhava, quanto
me ergui levantando, ainda sentia os pontos que iria tirar na semana seguinte, mas era obvio que meu
mundo era outro, pois eu pensando em provas de fim de ano, dois meses quase inteiros para terminar o
ano, um quase inteiro de aula e tinha pessoas pensando já nas férias.
Olho o mar apagando aquele rosto na areia, e penso no quanto meus pensamentos conseguiram
pensar em coisas diferentes, já eram tantas versões do que poderia ter causado o problema que eu não
tinha certeza de mais nada.
Eu sabia que alguns me olhavam diferente, mas eu como a parte que não ia as festas mais caras
do colégio, sempre os mesmos amigos de uma vida no bairro, este era outro mundo, volto e tive de
interfonar, elas demoraram a atender, já estava quase pensando em como voltar a Curitiba quando elas
mandaram eu subir.
Eu fui ao quarto e coloquei a sunga, a bermuda e a camiseta, fui a parte da piscina, tirei a
camiseta, e com calma, tirei o emplasto e o troquei, era algo que não teria como fazer aquilo
rapidamente, mas limpei bem os pontos e coloquei a pomada, deixei secar e depois coloquei o emplasto
de novo.
Eu estava terminando quando olhei para onde as duas deveriam estar e as vi me olhando, eu
coloquei a camiseta e ouvi Luana falar.
— Isto parece doer.
— Não fui ao inferno por sorte.
— Não seja tão drástico.
— Virgens vão ao inferno? – Perguntei olhando Bárbara.
Ela sorri e fala.
— Sempre recuando na hora H?
— Tem hora para tudo, pressa não é minha praia.
Terminei de ajeitar a camiseta, as duas pareciam querer se devorar a minha frente, só poderia ser
provocação, e apenas as olhava, as vezes é bom ser desafiado, e não ter pressa nestas horas, pois para
fazer merda, minha mãe sempre dizia, vai fazer merda, faz com calma, e bem feito.
Sabe quando você acha que a qualquer hora alguém vai entrar pela porta, era esta a sensação que
eu estava, mas isto apenas me deixava longe, não sei, a despreocupação das duas, me induzia a ficar na
minha.
As vezes o passar do tempo, quando você está apenas observando duas pessoas, sem nada para
fazer, parece não passar, eu estava ali, sentado a sala, olhando a piscina quando ouvi um barulho as
costas e olhei para a porta, eu não conhecia os pais de Luana e Bárbara, as irmãs, mas um senhor me
olhava e me pergunta.
— Quem é você menino?
— Me convidaram a vir a praia, mas parece que era apenas para olhar de longe.

30
O som da nossa conversa pareceu chamar a atenção de Luana, que parece se recompor na
piscina, eu estava apenas sentado a sala, sóbrio, com fome, pelo menos não estava na confusão que
poderia ter rolado.
— E pelo jeito está apenas olhando.
— Você se deixa levar por alguém, e quando vê, está sozinho, mas isto para minha idade senhor, é
o normal.
— E estuda com elas?
— Não, estudava até o ano passado com a Bárbara, sua filha.
Vi a senhora entrar ao fundo, e vi Bárbara entrar também, obvio que eu ali, pareceu a
desconcertar e ouvi.
— Perdido aqui Bruno?
— Esperando uma carona para voltar para casa.
O senhor pareceu preocupado, após ouvir meu nome e pergunta.
— Vai dizer que é o marginal, que esfaqueou o filho de desembargador.
Me levantei e falei.
— Deixa eu trocar de roupa e cair fora.
Eu não respondi, apenas peguei minha calça social, a coloquei sobre a que estava, coloquei o
calçado, e a camisa, e olhei para o senhor.
— Deixa eu ir, antes de me colocarem para fora.
O senhor olha para Bárbara, a filha e pergunta, ouvi quando já no corredor.
— Se envolvendo com marginais.
— Ele não é um marginal pai, sabe disto.
Eu apenas desci pela escada, não queria ficar mais ali, e não sabia como voltaria para casa, mas
sempre se dá um jeito, já pedi carona na vida.
Eu nem sabia que sentido ir, então fui a praia e caminhei no sentido de Matinhos, após isto,
lembrava que uma daquelas daria a estrada e começo a dar o dedo, pedindo carona.
Andar muito e depois de um tempo um senhor me deu carona, e quando depois de uma hora e
meia, estava em Curitiba, apenas um ônibus e fui para a casa do meu tio. Estava próximo da meia noite
quando cheguei lá.
Um dia estranho, comprido, e que não me gerou além de um amaço gostoso, mas que me fez
pensar se era o caminho que queria.
Minha mãe me viu ir ao quarto, e para a porta.
— Pelo jeito não foi como queria?
— Odeio ser chamado de marginal, sei que fiz algo que as pessoas condenam, mas para eles, eu
morrer quieto era o que deveria fazer.
— Já falamos disto filho, as vezes temos de passar sobre isto, mas sabe que escolheu o caminho
pior.
A abracei e depois fui a cama.

31
Quando chegou a segunda feira, eu fui ao colégio, era uma viagem, mas
esperava que fosse o fim de uma caminhada, e soube que a transferência seria
aceita apenas para o ano seguinte, e a direção não quis a briga, pois era fim de
ano, então queriam me deixar ali, mas com determinação de não chegar perto
de algumas pessoas.
Duas provas que não estudei quase nada, mas não me sai tão ruim assim,
se tirasse 4 em cada prova passaria sem final.
Quando me mantenho na sala durante o intervalo, era para não ter
problemas, vi que Bárbara chegou a porta e me olha, ela entra e senta-se a cadeira a frente.
— Pelo jeito não gosta de se misturar.
— Sei que para todos a volta, sou o marginal, e se o seu pai, acha isto, não posso ir contra o que
os demais falam.
— Ele não entendeu, mas pelo jeito deu um jeito se voltar.
— O que precisa Bárbara, eu pensando em lhe servir de apoio, mas acho que realmente, meu
apoio não serve para nada.
— Meu pai pediu delicadamente para a Bárbara ir para a casa dela, e ainda deu uma bronca na
Luana, por levar um marginal para dentro da casa dele.
— Nem entendi como parei lá, mas era evidente que era uma provocação para cair em uma
armadilha. – Falei.
— Acho que minha irmã não bolaria algo assim.
Vi Roberto entrar na sala e chegar ao lado.
— Sabem o que está acontecendo?
Vi Bárbara olhar para Roberto e perguntar.
— Onde?
— Estão lá embaixo, a policia, se conheciam algum traficante, se tinha conhecimento de quem
vendia para José a cocaína.
— Mas José usava cocaína? – Perguntei.
— Não sei, mas é a pergunta que estão fazendo lá embaixo.
Roberto desceu com Bárbara, e fiquei ali, esperando a próxima aula, as vezes, ficar longe é mais
indicado.
Sai no fim das aulas, peguei o ônibus e fui ao curso de Inglês, uma tarde proveitosa, e duas horas
de aula de inglês, a noite, uma de advérbios e outra de verbos.
Fim da aula, fui para casa, teria de estudar mais para acompanhar a ideia.
Chego em casa, olho o material do curso de inglês e leio fazendo os exercícios de metade do
conteúdo, naquele fim de noite, as pessoas do curso estavam no fim do conteúdo, me senti perdido na
aula, provavelmente somente na quarta aula eu começasse a ter noção do ponto que os demais
estavam.
Estranho o silencio nas mensagens, sinal que foi apenas provocação, as vezes lembrava daquele
sorriso e daquele olhar e por vezes falava para mim, para desencanar daquilo, que não era para mim
aquele sorriso.
Com a cabeça a toda, consegui dormi somente depois das duas da manha.

32
Quando o despertador tocou as cinco e meia, eu estava com muito sono,
me arrasto da cama, via a forma estranha que todos me olhavam naquela casa,
de primo, para marginal, sei que fiz por merecer a cobrança, mas era difícil, e
cansado, difícil de segurar a revolta interna.
Chego ao colégio, teria um dia sem provas, mas com duas revisões que
gerariam provas na Sexta.
Eu tento estudar, e sabia que minha cabeça indicava que algo ainda não
estava no ponto de me complicar e tudo indicava isto.
Sei que naquele intervalo, fui chamado a direção e dois policiais da Civil, estavam lá, olhei para
fora o carro da Infância e Adolescência, sabia que seria levado a algum lugar.
Fui conduzido a Kombi da Secretaria do Menor e Adolescente e levado a instituição, onde me
sentaram em uma sala, e fiquei preparado a encrenca, não sabia, mas imaginava, a acusação anterior
era pesada, e sabia que muitos haviam mentido para me por ali, e não sabia a acusação, começava me
achar perseguido, mas vi quando o senhor Vaz chegou, ele estava serio, e obvio, ele veio falar comigo,
sabia que provavelmente era uma armação, mas não tinha entendido qual ainda.
— Podemos conversar rapaz? – Vaz.
— Sim, do que me acusam.
— Sabe que as vezes, defendo culpados, mas a acusação é seria, e preciso de sinceridade.
— Fala.
Reparei que ele me observava, um rapaz a porta também me olhava, saberia somente mais a
frente que o rapaz a porta era tido como alguém especial da cidade, e via auras, não entendia disto, mas
ele estava ali para saber se estava mentido.
— Quando viu Bárbara Carvalho.
— Sábado a tarde, na cobertura de Caiobá do senhor Santos, pai da outra Bárbara desta historia.
— E saiu de lá como?
— O pai dela iria me por para correr, apenas sai, e peguei uma carona e voltei par Curitiba.
— Lhe acusam de ter sequestrado Bárbara Carvalho, sumida desde Sábado.
Pensei, olhei em volta e perguntei.
— Posso dar uma ligação?
— Desconfia de algo?
— A namorada dela, filha do senhor Santos, saberia dizer se ela chamou o motorista e saiu de lá
com ele.
— Certo, estas pessoas não saem sem motoristas, mas eu precisava saber, se estava falando a
verdade. – Ele olha para o rapaz a porta que fala.
— Ele não mentiu Roberto.
Roberto era o primeiro nome do senhor Vaz, mas a parte de auras entenderia muitos anos depois.
Eu pensando que Bárbara estava me dando uma gelada, ela estava sumida, estranho os
pensamentos nesta hora, pois passam por morte, passam por coisas que estranhamos, mas a cabeça
começa a fazer tentativas de saída. O advogado me alcança o seu celular e disco para Bárbara que
atende e tenho de me identificar e logo após pergunto.
— Poderia me dar uma resposta rápida Bárbara?
— Sim, problemas?
— Sim, mas Bárbara Carvalho saiu da sua casa com o motorista?
— Eu não vi, mas a mana falou que sim, ela a deixou no carro e subiu, o pai estava furioso.
— Estão me falando que ela sumiu no sábado depois de ter saído da sua casa na praia, e me
acusando de sequestro.
— Estranho pois a Luana não falou nada.
— Ela não deu falta de Bárbara na escola hoje?
— Não falei com ela ainda, mas lhe aviso.
— Liga para este telefone e avisa, é do meu advogado, não entendi se vou ser detido novamente.
— Certo, eu ligo e informo ele.
O advogado me olhou e falo.
— Ela falou que a irmã a deixou no carro, e subiu, mas ela não viu, somente a mais nova poderia
saber.
33
— Estranhou algo? – O rapaz a porta.
— Elas armaram para que estivesse lá, apenas isto, não estaria lá se o motorista dos Carvalho, não
tivesse me pego em Curitiba, assim como Luana, e nos levado para praia.
— Certo, e porque aceitou o convite.
Olhei para o advogado e falo.
— Eu achava que a conversa e beijos de sábado pela manha, era quase um pedido de namoro,
mas quando as duas chegam lá, parece que o clima mudou todo, como se fosse apenas para saber que
as duas namorariam, e seria apenas quem ficaria olhando.
— E saiu de lá porque?
— Os pais de Luana chegaram, e quando me definem como marginal, eu saio, não vou ficar
discutindo.
— Certo, vou verificar.
— Verifica, pois eu tenho de saber se aviso se vou ao meu trabalho ou tenho de faltar novamente.
— Eles podem o deter, saiba disto.
— Pobre se dando mal, por ser pobre, que novidade. – Falei, quase raiva, pois tudo que tinha
projetado, não conseguia fazer ir a frente, pois esbarrava neste problema.
Vaz foi para dentro e quando me conduzem ao IML para um corpo delito, sabia que seria
aprendido novamente.
Eu não sei, mas ser detido, saber que alguém pode estar sequestrada, ou mesmo escondida, me
induz que me daria mal.
Estava na instituição a 15 minutos, quando vi Vaz com o delegado, chegar e não entendi, mas Vaz
sem me falar nada, apenas da o caminho e sou solto, ele me indica o carro, não fala nada até entrar
nele.
— Lhe deixo no trabalho.
Eu entrei no carro e ele falou.
— O desembargador está envolvido, e não sei se a moça esta bem, mas o motorista pressionado,
falou que deixou a menina em uma casa em Santa Cândida, depois ela chamou rapidamente de novo e a
deixou em um terreno em Colombo.
— Ela está bem?
— Sei que não entendeu, mas ela está na armação rapaz.
Eu tinha entendido, mas tinha de ter certeza.
— Sim, ela está bem.
Chegar 12 minutos atrasado não era ter de ligar e dizer que fora detido, o advogado pega minhas
coisas no banco de traz, e me alcança e fala.
— Que horas sai?
— Perto das 9 da noite.
— Pensei que tinha entendido 6 horas?
— Tô fazendo um curso para me habilitarem a dar aula.
O senhor me cumprimenta a entrada, ele parecia não me esperar ali, e pergunta se estava bem, e
se precisava de algo, falei que foi apenas mais um mal entendido, me troquei e fui a recepção, demorei
naquele dia para me situar, pois geralmente eu no ônibus ia me preparando para começar e falar tudo
em inglês, ali foi na pressão. Estava cansado a noite, mas vi que o que revisara a noite anterior, já me
colocara mais de acordo com o curso, e não sei, o que pensei no dia anterior estar avançado, parecia
hoje, 24 horas após, limitado. Eu anoto algumas coisas, eu queria saber mais, na saída o senhor Carlos
me olha e pergunta se estava conseguindo acompanhar e falei, sem pretensão, que pensei que fosse
mais avançado que aquilo, ele estranha e ficamos trocando uma ideia, ele pareceu anotar, não entendi
naquele momento, mas minhas duvidas estavam em preparar alguém a falar usando a medida, pesagem
e matemática americana, desviávamos apenas para o básico neste sentido, sentia que as vezes, se
desviava para termos mais complexos, pois não ser dado o devido valor para estes dados, isto reparei
um dia assistindo um filme, e vi que toda a parte de libras, foi mudado para textos alternativos, assim
como dados matemáticos.
Eu sai e Vaz estava a entrada.
— Pelo jeito estou encrencado. – Olhando o advogado.
O senhor Carlos perguntou.
— Quem é o rapaz?
34
— Ministério Publico, tentando entender porque tudo que tem haver com o desembargador
Camargo, acabam me acusando.
— Dizem que este desembargador é barra pesada.
— Dizem que este rapaz ali, enfrentou Magog em um julgamento no centro da cidade.
O senhor entendeu, um rapaz que não mexeriam, alguém que não ameaçariam, mais por medo
do que por razões reais, pois todos falam que somente ele, dos que estavam tanto na acusação como na
defesa em um caso no passado, não pediu aposentadoria ou se afastou da advocacia.
Chego ao advogado e ele fala.
— Apareceu a menina.
— Não tinham achado ainda antes?
— Ela estava sendo mudado de lugar, para não a acharmos, para manter a acusação.
Ele havia mentido para mim, sorri e falei.
— O que precisa falar?
— Tentando entender o todo, parece que tem parte que não entendi, pois não existe motivo.
— Quer saber porque?
— Sim.
— O problema é que nem eu sei, pensei em ciúmes da namorada, depois em ciúmes de mim,
depois que sabia demais.
— Como assim?
— Estar do lado, quando o amigo, comprava drogas e distribuía entre outros, que passavam a
frente.
— Certo, alguém que sabia o que o rapaz sabia.
— O problema, vendedor de drogas tem aos montes senhor, mas vendedor com dinheiro,
influencia e que se deixa levar pela droga, complica, mas eu nunca perguntei, mas somente de um
tempo para cá, ele ficou muito agressivo.
— Acha que é a droga?
— Não sei, parece ter algo a mais, não sei.
— Queria pedir para se manter longe da menina.
— Ela não estuda no meu colégio senhor, se ela não aparecer por lá, eu não passo perto dela.
— Saberia qual o endereço que ela foi em Santa Cândida?
— Não soube o endereço senhor.
— Rua Brasilio Barcellar Filho, 745.
— A casa que minha mãe comprou no Tingui, alguns acham ser Santa Cândida, entendi, não
pensei que ela foi ali, quando falaram Santa Cândida, mas esqueço que o Terminal da Santa Cândida,
fica no Tingui.
— E não estão lá ainda?
— Na casa de um tio, até mobiliar a casa.
— E como ela saberia o endereço?
— Foi onde o motorista nos pegou, para ir ao litoral.
— Certo, algo que ela saberia e o motorista também, mas sinal que poderiam estar armando algo
lá, e não deu certo.
— Não entendi toda esta confusão ainda.
— Também não, mas saberia quem é o fornecedor de drogas do menino?
— O tio dele por parte de mãe.
— Certo, tem motivos dentro da família para tentar afastar todos, mas parece que não combina
com algo que o desembargador falou, que o ameaçaram para pagar uma divida do filho de drogas.
— Duvido disto, a não ser que seja armado, para ele se fazer a parte do problema.
— Lhe deixo em casa.
Estranhei, mas me despedi e fomos para a casa, obvio que chegar de carro, já fez meu tio olhar
atravessado, ser um rapaz ao volante, começo a entender como parte da família me olhava.
Fui ao quarto, minha mãe perguntou o que foi a confusão do dia, nem sabia se ela sabia de toda
historia, mas contei para ela, tomei um banho, e estudei um pouco mais, tanto a matéria da prova do
dia seguinte, como a parte de Inglês, estava a estabelecer minhas metas, e as vezes, pareciam que não
aconteceriam, tentava manter a cabeça no futuro, para não pensar nos problemas.

35
Acordo mais uma vez cansado, mas a adrenalina estava em alta, nem que
quisesse conseguiria ficar na cama, eu apenas me visto e vou ao colégio, faziam
dois dias que não me alimentava direito, passo em uma lanchonete antes de ir
para o colégio, como algo e um café forte, e por coincidência, reparo que havia
um carro me observando.
Desci a rua e entrei no colégio, sala de aula e começo a pensar na prova,
as vezes tinha de focar, pois teria de passar, não daria para ficar mais um ano no
segundo ano, era hora de ir dali para frente.
Começo naquela manha, pensar em o que faria a nível de faculdade, tudo dependia do ano que
estava a frente, uma escolha errada e poderia ter de voltar a sala de aula, mas estudar nunca foi o
problema.
Estranho quando uma matéria como português, fica mais difícil do que uma prova de inglês.
Prova demorada, mas feita para passar, começava a eliminar matérias, a quarta prova, que me
livrava para o ano seguinte, e começando a pensar no que faria.
A vida a volta parecia festa e eu pensando no futuro, as vezes isto me parece desproporcional.
Olho Roberto no sinal, olha para mim e sentar a cadeira.
— Estão espalhando absurdos por ai.
— Absurdos?
— Que você sequestrou a filha do Desembargador.
— Quem está espalhando.
— Os amigos quebrados de José.
— Ainda não entendi o que eles ganham com isto.
— E não a sequestrou?
— Eu a vi pela ultima vez na casa de Beatriz, em Caiobá.
— Certo, pelo jeito algo está errado.
— Tudo, não entendi ainda o acontecido.
A aula volta, as aulas indo ao fim, e pareciam indo ao encerramento das matérias, aliviando o
peso, aquele que eles sobrecarregam no começo do ano.
Quando saio pela porta, no fim da aula, tinha um dos rapazes olhando para mim, eu estava detido
quando eles apanharam, e eles sabiam disto, mas pareciam estar em um discurso pronto.
— O marginal, tentou matar um não deu, agora sequestrou outra pessoa. – Roger.
— Se acreditasse nisto, não estava me acusando Roger, por sinal, qual dos 4 namorava com a
Bárbara, pois quem o fazia, pode estar mais encrencado que eu.
— Sabemos que foi você.
— Fiz o que, não cai na armação dela, ainda bem que sai rápido do local, pois estaria
provavelmente encrencado com esta armação.
Vi o senhor Vaz parar o carro a frente e fazer sinal para chegar ao carro, eles ainda me olhavam
quando entrei no carro.
— Problemas? – Vaz.
— Cansado, mal alimentado e estão espalhando no colégio que sequestrei a moça que falou que
já foi achada.
— Parecem querer que se apresente na delegacia.
Olhei o senhor e perguntei.
— Qual a armação agora?
— Não sei, apenas evitando problemas, mas sinal que eles vão inventar uma historia, e tenha
calma.
— Por acaso José já saiu do hospital?
— Como sabe?
— Os meninos que até ontem estavam quietos, começam a espalhar algo que sabemos, não
aconteceu.
— Mas o que ele ganha com isto?
— Nem ideia.

36
Chegamos a delegacia, e nos apresentamos, eu não estava conseguindo me alimentar direito, isto
parecia que estava me tirando forças, e parecia que todo almoço, estava passando na delegacia
novamente.
O senhor apresenta a denuncia e Vaz olha os dados e olha o delegado e fala.
— Uma prova delegado, estão em uma caçada por uma criança, posso dizer que a função da
policia é descobrir criminosos, mas aceitam toda denuncia, sem prova alguma.
— Ele esfaqueou alguém.
— O mesmo que o havia esfaqueado, que vendia drogas no colégio, os meninos que vendiam, já
estão lá, soltos, e novamente ele está aqui, chamado a uma acareação.
— Pelo jeito está se metendo na investigação, esta parte não lhe faz parte doutor Vaz.
Eu ouvia a conversa, mas sabia que vinha bomba, e o rapaz que parecia ser auxiliar de Vaz, chega
ao meu lado e fala.
— Apenas mantem as informações na verdade, ela sempre faz mais força para imperar que a
mentira.
Vaz olha o auxiliar, vi que ele olha a porta, sinal que esperava que algo mudasse, e não era nada
do que estava no sinal.
Olhei o auxiliar e fala.
— Conseguiria um lanche, terceiro dia que não almoço.
O delegado ia falar algo e Vaz falou.
— Ele morre Delegado, você se encrenca.
O delegado parecia ter medo de Vaz, não entendia esta historia, mas parecia que os mais ricos, da
cidade, acreditavam que o rapaz era alguém protegido.
O delegado olha para Vaz e fala.
— Pensei que estava saindo do Ministério Publico.
— Ultimo caso, antes de ir para a iniciativa privada.
— Não entendo sua saída, e nem porque desta defesa?
— Entende sim Delegado, não se faça de desentendido, filhinho marginal de desembargador, nem
vem a delegacia, o pai fala por ele.
— Sabe o problema.
— Pelo que entendi, o Desembargador inventou ou armou uma ameaça em local publico contra
ele, para tentar se fazer de vitima, mas nada do que fala aqui, seria motivo de condução.
— Temos uma denuncia da vitima de sequestro.
— E quem mais vai depor?
— Acha que ele escapa se ela o acusar.
— Ex namorada, ministério publico não deveria se envolver em problemas de relação de
adolescente, pois sabe que isto não gera nada, antes de um fim trágico.
— Temos de evitar um final trágico.
— Então porque o delinquente, Jose Camargo, ainda está solto delegado?
— Não temos...
— Posso pedir sua cabeça, quando ele matar alguém senhor? – Vaz olhando o senhor sério.
Senti que alguém entrou, pois o olhar do delegado foi a porta e senti o perfume de Bárbara entrar
após.
Eu não olhei a porta, apenas respirei fundo e continuei a olhar o delegado, que fala.
— Vamos fazer uma acareação.
Vaz olha para o advogado que estava acompanhando a menina e apenas o encara, o rapaz
recuou, a própria Bárbara pareceu ficar tensa, sentia-se isto no ar.
Olhei Bárbara aos olhos, não entendia, ela estava com cara de choro, e sabia que esta cara era
encenação, eu penso em toda a armação e penso no que poria acontecer se ela me acusasse, sabia que
novamente estava enrolado.
Eu pensei que estávamos nos entendendo, e ela estava armando, talvez ela quisesse que fosse
mais a fundo, mas eu era de avançar lento, não de tudo, mas era obvio que ela inventaria algo.
Outro advogado entrou e vi Roger ao lado, a armação era grande, teria de esperar eles falarem
para responder, eu olho o assistente, ele falou para manter a calma, entendi que eles montariam uma
acusação, duas pessoas contra eu, uma eu me livraria, duas, já teria de ter alguém me defendendo.

37
Aproveito que ainda estava com o celular, e passo um recado para Carlos Feet, com certeza hoje
ou atrasaria ou não iria.
Eu passo o celular para o assessor e falo.
— Qualquer coisa avisa minha mãe.
— Calma.
— Estou calmo.
Começo a ouvir a acusação, de que eu fora visto saindo do local que ela fora encontrada, presa,
no dia de ontem, que o local era distante e abandonado, e ela confirma que estivera lá, e que eu a
forçara a fazer coisas horríveis, tento não rir, mas juro que ainda não entendia o motivo por trás de
tudo, isto que não fazia sentido.
Roger diz que o ameacei e que estava lá falando que iria quebrar eles de novo, que não iriam se
dar bem, pois iam todos se darem mal por terem denunciado eu por fazer trafico no colégio.
Entra um rapaz, não sabia quem era, mas ele se identificou e falou que me vira no local as 6 da
tarde do dia anterior, antes de tirarem a menina do local.
Eles armaram direito, e vi uma atendente do local que trabalho a atarde, falando que sai de lá
perto das 5 da tarde, e voltei depois das seis e meia, pelo jeito muito dinheiro estava em jogo.
O atendente ao fundo, eu não vi nesta hora, mas estava falando com o senhor Carlos no telefone,
e o delegado anotava, e perguntava algo para mim, eu estava me mantendo quieto, pois não sabia até
onde eles iriam com a acusação, e sabia que poderiam inventar algo a mais.
O delegado olha para o doutor Vaz e fala.
— Mediante as testemunhas, terei de pedir a detenção do seu cliente doutor Vaz.
— Apenas um momento a mais delegado.
— Para que?
— Para termos 3 dados, não sabíamos a acusação, bem falsa, e alerta os demais, que vão
responder criminalmente por falso testemunho, mas a conversa com o rapaz, eu tenho ela gravada,
desconfiei dele cercando meu cliente na saída do colégio, a câmera da casa em frente do local que a
moça estava, não mostra meu cliente lá em momento algum, e o sócio proprietário de onde ele
trabalha, está chegando para depor.
— Quem vem a depoimento? – O delegado.
— Carlos Feet, sócio proprietário da Cultura Inglesa.
O delegado viu um rapaz e entregar a gravação do local, onde mostra a moça chegando com o
motorista, como o depoimento do dia anterior, e depois de muito tempo, a policia chegando lá, e
resgatando a moça.
— Mais alguém?
— Seu investigador, Pedro Pedroso.
— O que quer perguntar a ele.
— Se a casa estava trancada, se tinha algo de suspeito na casa, pois algo está errado nesta
historia.
— Procura algo?
— O motivo, ninguém cerca um pobre, sem recursos, sem ganhos financeiros, geralmente eles
são culpados, por não existir motivo do outro lado, mas parece que aqui temos um motivo que não se
apresenta.
O senhor Carlos chega ao local, olha para secretaria de seu curso a entrada, ele cumprimenta ela,
em inglês, ele me olha e me cumprimenta em português.
Delegado olha o senhor, pega os documentos, as informações e pergunta se teria me visto sair do
curso que tocava.
O delegado insiste, para saber se ele não teria saído por qualquer motivo, e ele fala que tem as
câmeras de entrada, onde o rapaz está lá 6 horas seguidas, depois ficou mais duas horas em um curso
de aperfeiçoamento em Inglês.
O delegado pergunta porque ficou observando e o senhor fala que quando se tem alguém
acusado de tentativa de assassinato, se fica de olho, pois as vezes a policia não acha as provas, mas no
dia de ontem, ele não saiu do local.
A senhora na entrada olha para mim, ela fizera um depoimento falso, e depois de dispensar o
senhor, ele me olha e fala em inglês.
— Conversamos quando chegar lá daqui a pouco.
38
O delegado olha o senhor sair e pergunta.
— O que ele falou?
— Que vamos conversar quando chegar lá, sinal que posso ganhar a conta. Pobre se dando mal,
apenas por ser pobre.
Sou conduzido a sala ao lado, não sei o que aconteceu na parte de dentro, mas cada um dos
acusadores saiu em um momento, e não olhei para eles, senti quando o cheiro do perfume saiu, mas
não olhei, não sabia ainda se sairia ou seria preso, desculpa, detido.
Sabia que embora o depoimento de Carlos me facilitou, tinha colocado o senhor em uma
delegacia, isto sempre pesava contra.
Estranho como minha cabeça consegue pensar nos contras, mais do que os a favor, nesta hora
parece que tentamos achar uma saída e não vi uma saída, pois do outro lado, tinham pessoas mais
capacitadas.
Próximo da hora de começar a trabalhar, o assistente me trouxe um X-Tudo, comi com calma, não
sabia o que se passava na sala, mas aproveitei para colocar algo no estomago.
Agradeci e o assistente fala.
— Eles odeiam a forma de pensar de Roberto.
— Porque?
— Ele fica pensando em todas as possibilidades de armação, e se defende, quando ele soube que
tiraram a moça e ela ficou quieta ontem, como se parecesse estar com medo, ele foi verificar se
existiam câmeras em todos os locais, até a frente do seu local de trabalho.
— Porque disto?
— Ele tem como tradição de se não incriminar seu próprio cliente, o soltar, ele parece sempre
olhar para onde ninguém olha.
— Nunca entendi aquele papo de Magog.
— Ele era a acusação daquele dia, tudo indicava que tinha algo oculto, e apontava para o rapaz
que estava sendo julgado, os laudos técnicos apontavam para ele, mas ele não olhava para a parte
sobrenatural na época.
— Sobrenatural?
— Somente quem estava lá poderia lhe responder isto, e ninguém que estava lá fala disto,
abertamente.
— Vou ser detido ou não?
— Três pessoas mentiram, para lhe mandar a detenção, talvez isto que Vaz estivesse esperando.
— Esperando?
— Pessoas que não se conhecem, não mentem no mesmo sentido, para culpar alguém.
— E pelo jeito o doutor Vaz desconfia de algo.
— O delegado poderia ter perguntado para o investigador se no resgate da moça, o que havia
acontecido, e ele não fez questão de perguntar, eles entraram arrombando a porta, mas a chave estava
na porta por dentro.
— Certo, a historia de estar lá obrigada, cai com esta afirmativa.
— Ela não estava amarrada, estava deitada a uma cama ao fundo, como se tivesse entediada de
estar lá.
— E o delegado não perguntou nem aos seus investigadores?
— Nem a eles, nem a policia que achou o local, pois não esquece, o local foi descoberto pela
pressão da antissequestro sobre o motorista, que foi mandado embora por ter deposto, não pelo
delegado ali, da menores e adolescentes.
— Está dizendo que a antissequestro não foi acionada?
— Sim, bem isto.
— Não seria o normal? – Perguntei, eu não entendia disto, já que menor e adolescente, parece
mais em defesa do que em acusação a menor, mas algo feito pela criança, passaria por isto.
— O problema, é que você, de menor, sem carro, não teria como executar um sequestro, teria de
ter quem transportou, quem gerou o local para manter o sequestrado, um menor sozinho, não
sequestra alguém, pode matar, mas sequestrar, só se for na lábia, mas não era a acusação, então
deveria ter passado pela antissequestro sim.
— Pelo jeito vocês são aqueles que se prendem a lei.
— Podemos até usar uma ou outra interpretação da lei, mas tem de ser na lei.
39
Vi o rapaz me chamar para dentro novamente, estava quieto, sabia e entendi que tinha de
esperar a acusação para me defender.
O delegado nem falou muito, me dispensou e mandou eu não sair da cidade sem avisar, meus
pensamentos foram em como sair da cidade.
O doutor Vaz me deixou na Cultura Inglesa e entrou junto, nem sabia que ele tinha marcado com
o senhor Feet, até ele falar que tinha marcado para a secretaria.
O senhor me olha contrariado, não sabia se ainda iria trabalhar, mas ele apenas fala.
— Se troca e vai a recepção.
Fui ao trabalho, e meia hora após, ele manda me chamar na sala dele, ele não estava feliz.
— Boa tarde. – Olhei o chão – Sei que estou atrapalhando senhor, entendo se me mandar correr
para longe.
— Boa tarde – Ele parece pensar, me olha serio, não entendia o que ele faria ou falaria, então
estava tenso.
— O dia não foi bom Bruno, tenho de por alguém que trabalha para mim, a anos, a parede, e a
pessoa teve a coragem de mentir diante de mim, odeio perder a confiança nas pessoas que fazem isto
funcionar, mas espero que lhe apoiar não esteja sendo um erro, pois odeio sentir como se o que
importasse, para os que aqui estão, é apenas o dinheiro.
— Não quero atrapalhar senhor Carlos.
— Não o estou colocando para fora, estava pela manha pensando no que falamos, as suas
preocupações a nível de introdução dos cálculos e da cultura de cada pais referente ao dinheiro, as
medidas, as peculiaridades matemáticas, somente após isto fui olhar dados de palavras que não usamos
aqui, pois elas tem conotação ou em costumes alimentares ou na matemática, estava pensando nisto,
quando retorno a sua ligação e um rapaz atende, estranho como as vezes, as pessoas se protegem, pois
a desculpa de Mary – este era o nome da Secretaria – é que um dos filhos teve problema, e que voltaria
rapidamente.
— Não queria gerar problemas, as vezes, apenas tentamos nos defender, de uma acusação
estranha.
— Quero você na sala de aula a tarde, vamos acelerar algumas coisas, e com um rapaz que se
formou o ano passado, vão elaborar frases e uma forma de ensinar o dia a dia com frases matemáticas,
ditados populares e costumes alimentares.
Um rapaz entrou na sala e Carlos nos apresentou, e fomos a parte interna, estranhei, mas ele
começa a fazer perguntas, eu nunca havia feito algo assim, elaboração de um material, ele parecia já ter
feito algumas vezes, mas ele dispõem das frases, das dinâmicas e das estruturas, estranhei, pois tratar
disto, em inglês, me fazia quase pensar as vezes em inglês, as vezes em português, mas estava
aprendendo, no fim da tarde, na hora de saída, fiz a parte de balcão, após isto Carlos me chamou de
novo.
Eu estava tentando não atrapalhar, sabia que as vezes, alguém aposta em nós, mas tinha de
tomar cuidado.
— Bruno, sei que pode parecer precipitado, mas eu queria que tentasse, na semana que vem, dar
uma aula experimental.
— Aula experimental?
— Sim, quero ver se sabe dar aula, pois ideias as vezes, são boas, mas temos de saber no que
temos de o preparar, e sei que as vezes, bons criadores de conteúdo, não são os melhores mestres.
— Me acho inexperiente senhor.
— Mas tem potencial, geralmente, investimos em potenciais internos, pois é mais fácil criar uma
boa estrutura, do que comprar uma pronta, mas para isto, vou colocar algumas metas, e sei que
algumas pessoas vão reclamar no fim, até você.
— Metas?
— A tarde, vais assistir uma aula cada dia com um professor diferente, como mestre auxiliar, a
noite, vai as duas horas de aula, e sábado, vamos nos reunir, para estabelecer se vale o esforço, uma
mudança de cronograma, ampliar o cronograma de aprendizado, pois as vezes, vejo que as pessoas se
perdem na língua inglesa, você parece a entender. – Não esqueçam leitores, toda esta conversa é em
inglês e as vezes, até eu tinha duvidas sobre minha interpretação, mas se alguém apostaria em mim, não
teria porque reclamar.

40
— Mas quais metas, aulas são aprendizado, o que acha mais importante eu pegar, quais as metas
que acredita que preciso.
— A ideia é expor a uma linguagem maior, quanto maior a linguagem, vocabulário dos alunos,
maior a capacidade de resposta, e quanto mais estivermos dentro da proposta de passar uma cultura,
mais fácil do estudante se virar seja na Inglaterra, nos Estados Unidos ou na Austrália.
Olhava descrente, pois as vezes achava muito para mim, as vezes a insegurança de um
adolescente, sem tanta cultura, me pegava.
— Vamos fazer uma aula experimental, e sei que será pedreira, mas a ideia, você montar com
Junior, um conteúdo, e quero você tentando pensar ele para apresentar, pois você dará uma aula sobre
este conteúdo, para todos os demais.
Eu gelei, era algo pesado, ele não estava querendo aliviar, ele queria ver se eu abandonava, ou
assumia, sei que não sei largar.
— Quantos dias para esta aula?
— Vamos ver se você consegue alimentar a ideia do conteúdo esta semana, quero ver se marco
para a semana que vem, mas marquei no sábado, uma dinâmica dos integrantes do colegiado, eu quero
apagar o fogo, não gosto do clima que ficou Bruno.
Ele me dispensou e fui as duas aulas noturnas.
Olhando a aula, lembrei que havia uma sala de reunião, e sorri de uma ideia boba, mas eu falaria,
pois para mim parecia boa, e as vezes, das ideias bobas, que surgem as boas.
Eu terminei a aula, estava pregado, quando pego o ônibus para casa, era quase onze da noite
quando abraço minha mãe em casa e ela pergunta como foi o dia, foi um dia estranho.

41
Quinta feira, quando se fala em sair da cama, tem sido difícil, mas não
poderia desistir agora.
Eu estava tentando acabar o ano, e tentando um rumo, não ficar parado,
pois foi este rumo, que me indicou o caminho, que estou hoje, se tivesse ficado
parado, talvez realmente estivesse preso, mas lembrei daquele sorriso e pensei
no que ela ganhava com isto, e não parecia fazer sentido ainda.
Anos a frente, eu entenderia que neste momento, eu contava com a
infantilidade, inocência, o que me gerava a duvida, e com certeza, as vezes
caminhar na inocência, é o melhor.
Cedo pego o ônibus para o centro, chego ao colégio, muitos me olhavam diferentes, de alguém
que se dava com muitos, agora parecia estar a parte daquela sala, então clima ruim na casa do tio, clima
ruim na escola, e sabia que as coisas piorariam daqui para frente, até o fim deste ano.
Aulas assistidas talvez com toda a atenção, pois não tinha mais nem motivo para ir ao intervalo,
nem para puxar conversa, eu realmente parecia pronto para pular fora, as vezes, achava que alguém
poderia vir a conversar, mas mesmo os colegas de anos, estavam se afastando.
Eu na saída, no lugar de ir para saída normal, sai pela direção, frontalmente, se alguém me
esperava ali, não me encontraria, e quando vi, já estava a duas quadras do Curso de Inglês, parei em
uma lanchonete e almocei.
Eu estava desligado quando o telefone toca.
— Boa tarde Doutor Vaz.
— Não foi a escola hoje?
— Sim, mas estou quase no Trabalho.
— Está bem, sei que deve ter sido pesado.
— As vezes acho que nada vai acontecer, e tudo acontece, mas hoje, espero a calma.
Entrei no trabalho, pego o material, a forma que a secretaria me cumprimentou, como se nada
tivesse feito, as vezes me assusta.
Começo a atender e quando Junior passou ali, sabia que teria de acelerar no conteúdo, e lembro
de perguntar para o rapaz.
— Não sei, as vezes me passa ideias malucas, mas fiquei pensando, não sei se é possível, mas
seria possível no conteúdo deste material, induzir grupos de crianças, fazerem uma peça, apresentada
na sala de diplomação, algo sobre o conteúdo apresentado, os fazendo pensar em algo pratico, uma
aplicação, pois acho que a conversa normal, previsível, mas vejo sempre alguém perdido na aula,
alguém que teria de forçar ou gostar ou se esforçar mais.
— Tem de cuidar com a abrangência do conteúdo.
— A verdade, não precisa ser apenas uma peça, pode ser interpretação de uma musica, o cantar
correto de algo, o narrar de um evento, algo que faça o aluno pensar em transmitir algo.
— E porque pensou nisto?
— Porque dar aula, é ter de pensar em algo assim, dar aula, deve ser dos maiores aprendizados,
pois você se dispõem a encarar uma turma, falando inglês e respondendo duvidas.
Junior parou e olhou o prospecto, e começamos a avançar, se a ideia inicial, estava em testos que
tivessem medias, depois dinheiro, depois peso, entramos em detalhes de lançamentos, porque dos
termos, jogo de futebol americano, os ternos, o tipo de jogo, passamos pelas regras dos basebol e do
tênis, estávamos falando de coisas, que os dois estavam aprendendo, teríamos de ver pronuncias, e
entender cada parte.
Estranho, pois o que parecia um conteúdo fácil, começa a entrar em termos econômicos e
nenhum dos dois saberia os termos, mas se a poupança americana era em ações, era parte do
aprendizado.
Lembro do senhor Carlos chegar ao local, e olhar o prospecto e olhar Junior.
— Acreditam conseguir passar isto a frente.
— Estamos abrindo os assuntos, para ver depois, como transformar isto em conteúdo, tem algo
em aberto, se faríamos uma prova final, ou uma apresentação final. – Junior, não sabia o que ele
pretendia com a afirmação, mas me parecia um teste.
— Apresentação? – Carlos.

42
— Bruno estava falando, e propondo, e veio com uma ideia, mostrar o conteúdo, é um conteúdo
abrangente, as vezes, pelo que estamos falando, seria bom somar algumas palavras no vocabulário a
cada ano de aprendizado, pois ações, futebol, até usamos, mas quarterback, fullback, halfback, nem
passamos perto, não ensinamos o jogo em si, apenas palavras jogadas, mas desculpa – Junior vendo que
estava saindo do assunto – a ideia, é dividirmos em 3 ou 4, e estes desenvolverem uma apresentação,
toda em inglês, criando testos sobre o conteúdo que apresentamos.
— Valendo como encerramento da turma?
— Sim, nem sei se daria para ser com plateia, as vezes os pais verem os filhos, soma pressão, mas
lá fora, é pressão senhor Carlos.
— E acreditam que precisaria somar em vocabulário.
— O problema, é que a educação do inglês vem a muito, no Brasil, seguindo a logica de Seuss, que
propunha que com 72 palavras você falaria inglês, o dialeto normal, gira em torno de 250 palavras, uma
língua rica, com mais de 171 mil palavras, reduzida a um dialeto de sobrevivência, as vezes falamos e
nos repetimos, dificilmente usamos todos os termos, mas apenas estamos tentando, passar um pouco
mais, passar dos 250 para próximo de mil palavras, não que se precise de tudo isto, mas queremos um
aluno conseguindo uma bolsa escolar, e que não fique perdido.
— Mil é muito, sabe disto.
— A ideia não é somar tudo de uma vez, você soma aos poucos, num curso que demora 5 anos,
temos 10 materiais didáticos, cada qual, dividido em 2 livros por bimestre, o que daria uma soma de 50
palavras, que podem estar dispostas aos poucos, não é somar tudo em uma aula só, é apenas somar aos
poucos, para que quando a pessoa chegue a uma aula avançada, ela se saia bem.
O senhor Carlos olha para mim, a discussão estava entre os dois, em inglês, as vezes, eu tinha de
me concentrar para entender a conversa, mas entendia a logica.
— E acredita que conseguiria passar algo assim a frente.
Sorri, pois era um desafio.
— O desafio da conversação, pode parecer sempre um grande caminho senhor Carlos, mas
estamos estabelecendo um desafio, falar não sobre futilidades, e sim, sobre vivencias.
— Não entendi.
— Estava vendo hoje uma vídeo aula, descrição de como foram as férias, “Eu, meu irmão e minha
mãe fomos a praia, dai determinava a praia, ficamos lá 10 dias, foi muito bom, mas é triste que
acabou!”, cada um falando a sua experiência, mas o que além de que ela foi a praia, se descobriu nesta
frase?
— Acha importante isto?
— Tem acho que nas mais de 20 descrições, apenas uma que o menino foi detalhista, falou que
encontrou os primos, que fez castelo de areia, que foram a um parque aquático e que pegou uma
doença de pele, o resto, a mesma ladainha.
— Certo, um vocabulário que os permitissem algo mais detalhado.
— A ideia, no começo do ano, fazemos a mesma pergunta, ouvimos todos os alunos, os forçamos
a falar, mas no fim do mesmo ano, fazemos eles fazerem uma peça sobre esta ida a praia.
— Não teriam como narrar algo simples no fim do ano, forçando eles a se superarem.
— Sim, sabemos que a maioria dos demais povos, são mais fechados que o Brasileiro, mas
podemos preparar eles para serem eles mesmos, quando interagindo em inglês.
Carlos olha o material, entendeu, algo que mexeria pouco em cada ano, e somaria no dialeto total
falado, as vezes a pessoa nunca sem ouviu o termo, e realmente, ele passa as descrições, e reparou que
estavam narrando coisas que aconteciam, mas que começava toda manha, passava por um evento e
terminava a noite, reparou que o destaque era sempre as alimentações de inicio e fim de dia, já que
almoço, realmente, poucos Norte Americanos tinham, então eram dinâmicas próximas de realidades.
Não mudava muita coisa, era quase a mesma dinâmica, mas mais detalhista, mais elaborada,
menos preguiçosa falaria eu, e olha que eu não tinha noção de muita coisa.
— Pensei em algo menos profundo, mas não posso dizer que esteja ruim, pelo jeito estão
dedicando cada dia de aula, como algo diferente, uma vivencia, interessante, acham que fecham este
conteúdo.
Junior me olhou e fala.
— A ideia é sua, quer apresentar.

43
— A ideia, conteúdo de um ano, dois bimestres, 64 experiências vividas, e mais uma criação e
uma apresentação, não pensei inicialmente em algo em nível de teatro, mas de sala de aula, fechando
66 aulas anuais.
— Um cronograma aula a aula? – Carlos olhando Junior, entendia, eu era o inexperiente.
— A ideia é fechar vivencias diárias, 64 vivencias, sendo 4 delas, provas de conteúdo, mais um dia
de criação e um de apresentação, turmas de 20 alunos, 5 grupos, apresentando 5 minutos, não deve
passar disto. – Junior.
— Pensei em algo mais leve, mas entendo onde isto vai pegar, teremos de dar uma aula a todos
os professores que farão a turma do quinto ano, mas pensei em uma ideia a somar nela, parece que
terei de cortar asinhas.
Carlos sorriu, um bom sinal, ele foi lá para encerrar a elaboração, e me apresentar a uma
professora do primeiro ano, eram estudantes iniciando, mas as conversas eram em inglês, eu fiquei
olhando os que pareciam distantes, prestando atenção, mas voando.
A professora me passou a palavra e passei o básico dos números, que somar e multiplicar em
inglês era tão importante como em português.
Era uma aula simples, mas não sabia se não teria passado do ponto, passo a professora que ficou
me olhando, e retoma a turma, e começa a passar dados, verbos.
Não sabia se fui bom ou mal, mas estava tentando seguir o caminho ditado, e as vezes, parecia
que fazia tudo errado.
Acabou a aula e a moça me olha e fala.
— Só tem de ter calma, eles estão começando, vi que observou os que são mais tímidos, e mais
introspectivos, mas é rápido na língua, mas tem de ter calma com eles.
— Tenho ainda minhas duvidas, de como os abordar, sei que sou uma criança diante de alguns, e
tento não passar a inexperiência.
— Apenas mantem a calma, vi que tenta ensinar, é bom uma abordagem que os faça pensar, mas
apenas mantem a calma.
— Acha que fui muito afobado?
— Tem de dar tempo para eles pensarem.
— Vou pensar nisto.
Carlos estava a porta e pergunta para a professora.
— Como foi o assistente?
— Ele tem potencial, mas tem de aprender a dar tempo aos alunos para pensar.
— Acredita que podemos somar esta parte no básico Regina?
— Sim, as vezes no lugar de ficar pensando em um numero, pensar na matemática dele, as vezes
até eu esqueço que todos sabem fazer cálculos, não estamos ensinando crianças que não sabem fazer
conta, e sim, pessoas que precisam fazer contas.
Carlos me leva a uma aula mais avançada, eu olho o material, e fico a olhar, e ver como eles se
comportavam, cada professor com uma noção, eu vi que era uma turma mais avançada, e quando o
professor me passou a palavra, começo uma narrativa, avisando que era conteúdo a parte, mas sobre
como os americanos economizavam seus recursos, falo sobre locações, e sobre ações, cada qual sobre
uma bandeira de longo ou curto prazo, outra forma do Americano conseguir recursos, era penhorando
sua própria casa, e que nos estados unidos tinham regras bem especificas.
Passo a palavra novamente para o professor, que pareceu nem prestar atenção, ele pediu para
abrirem na pagina seguinte e continuou sem dar nenhum detalhe, mesmo quando passou sobre o tema
a frente.
Quando terminou a aula ouvi do professor.
— Não atrapalhando minha aula, não me preocupo com este conteúdo a mais, pois não vou
cobrar deles isto.
A frase já cortava a conversa, então apenas sai, e fui a parte da recepção, onde na saída, tinha
serviço.
Eu estava atendendo quando Carlos parou ao lado e falou.
— Os professores, vão dar o ritmo que você terá, as vezes, cada um tem um ritmo, e isto, cada um
de vocês, adquire com calma.
Quando fui a aula do dia, as duas horas de aulas que aprendia a cada dia, estava pensando em
como cada professor tinha seu método e sua forma de passar a frente.
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O anotar das partes interessantes da aula, das partes que eu gostaria de saber mais, e começava a
ter interesse em cada parte do aprendizado, pois ele crescia com o passar dos anos, primeiro bem
básico, onde achava que poderia ser um pouco menos básico, e evoluía, 5 anos, 10 evoluções, e não
sabia se aquilo seria o quinto ano ou algo a parte.
Na minha cabeça, de quem ainda estava no ensino médio, ou segundo grau, ver aquelas crianças
começarem a aprender na sexta serie, era algo realmente diferente, e a pergunta que me fazia, porque
não 7 anos, e não 5.
Eu anoto aquilo, enquanto via as interações verbais, que facilitavam as conversas.
Estava tentando aprender o máximo possível, na saída, vi Carlos lá, estava estranhando, mas ouvi.
— Sei que não falamos sobre o problema de ontem, mas não me verá citar isto aqui dentro.
— Agradeço o apoio senhor.
— Não entendi a ideia, parece grande.
— As vezes não entendo algumas coisas, e o elaborar do material, me serve também de
aprendizado, mas estava olhando o material e não entendi, vocês aplicam após o quinto ano, dias
avançado, e não sei o que ensina isto.
— Conversação, mas entendi a ideia, pelo jeito o professor Paul não gostou de ter parte da aula
dele.
— Não quero atrapalhar senhor Carlos.
— Eles estão estranhando, mas referente as turmas mais avançadas, com calma assiste uma aula
destas, dai o mestre será o Junior, e não os demais, mas quero algo para evoluir.
— Evoluir?
— Algo a mais.
— As vezes olhando as pessoas de minha idade, aprendendo, me pergunto porque não temos 7
anos de ensino normal de inglês e depois disto o avançado. – Falei sem senti.
— Acredita que teríamos assunto.
— Sim, mas estaríamos complementando conteúdo, e sabe que o que vem após o básico do
calculo, é a escrita básica.
— Textos?
— Sim, qualquer pessoa precisa saber se expressar por via falada, numérica e escrita em uma
língua.
— E parece pensar nisto.
— Assisto as aulas, de algo que me parece fácil, minha mãe sempre dizia que tenho facilidade
com línguas, e corri atrás do que me manteria no contato com isto, o problema no colégio, vai me tirar
de um curso de Inglês do Estadual, mas faz parte das escolhas.
— E o fazia quando?
— Quarta a noite, mas lá é opcional.
— E pretende fazer o que na universidade?
— Ou Comércio Exterior, ou Letras Inglês.
— Certo, quer um caminho, mas vou falar com Junior, pelo jeito quando estou pensando em
fecha a ideia, fica pensando em algo a mais.
— Tinha um curso que fiz o ano passado no Teatro Guaíra, de Teatro, como seria um curso de
teatro em inglês?
— Algo sobre que posição, o que eles ensinam?
— Falar em publico, dinâmica de criação, para a dinâmica do palco que estás, dicção e escolha de
palavras que sejam melhor entendidas, dai tem posição de palco, dinâmica de apresentação, e muitos
detalhes.
— E eles dão isto em quanto tempo?
— Uma vez por semana, na segunda a noite, por 3 meses.
— Algo que prepararia tanto para o inglês como para a vivencia em publico.
— Sim, as vezes parece que quero muito, mas se não estivesse aqui, estaria lá a controlar entrada
de cenário, saída de cenário, erguer e baixar de partes da peça.
— Um mundo diferente, mas pelo jeito queria algo de qualquer forma.
— Escrever, sempre escrevi em português, eu tenho dificuldades em testos em inglês, mas tento
as vezes, para tentar fechar pensamentos.
— E pelo jeito pensava em melhorar o inglês?
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— Sim, ano passado fazia inglês na turma da Federal e do Colégio Estadual. Depois consegui o
trabalho no Inter, o que me dava acesso a material na língua e pessoas falando a volta na língua.
— E acha que esta dinâmica que falou, consegue estabelecer algo a nível de escrita?
— Acho que dá para terminar cada ambiente, com uma pequena descrição do acontecido.
— Fazer aos poucos?
— Sim, se a cada ano você escreve um pouco a mais, o que lhe parece difícil no primeiro ano,
parece normal a cada ano.
— E porque acha interessante?
— Nos Estados Unidos, você tem uma prova para o que seria os que tem segundo grau, e não sei,
não seria legal termos uma prova ao sétimo ano, que permitisse quem acertar ela, ter um diploma de
segundo grau e estar apto tanto para o Teste de Aptidão Escolar o SAT ou para o Teste de Colégio
Americano ou ACT.
— Algo a somar.
— O teste de Colégio Americano, tem Álgebra, Problemas Analíticos, funções Quadráticas e
Exponenciais, Trigonometria, geometria plana e espacial e números complexos. Obvio que estaremos
longe disto.
— Mas começar a pensar nisto?
— As vezes penso se vou ao Franklin High School, mas como já estou no segundo ano, teria de me
dedicar a algo totalmente diferente, e economicamente, não tenho como o fazer.
— E avança por onde consegue.
— Sim, eu gosto da minha língua natal, mas ela não vai me levar longe.
— Eu pensando que estava pensando em avançar em algo no nosso padrão, está quase falando
que por você, a partir da sexta serie você colocaria numa programação maior, mas poucos iriam para
isto.
— Sei disto, é algo paralelo, não é para todos, pois teria aulas todo dia para turmas especiais, mas
nem sei se isto é aplicável, pois seria ter alunos querendo ter um diploma local, que valesse aqui, e nos
Estados Unidos, que se ele fizesse um bom segundo grau, e uma prova boa do ACT ou SAT ser
convocado para uma das universidades de lá.
— Olha que começo a entender o que estava falando, quer conteúdo programático obrigatório de
lá, não de cá, já que daqui, você teria nos colégios locais, e o de lá, teríamos de introduzir, a maioria está
pensando em um curso de inglês, você quer um diploma de formação que valha aqui e lá?
— Se eu puder, vou tentar.
— Certo, mas termina aquela ideia, quero ver você dando uma aula ainda, e não sei como você
vai se sair, mas para um menino novo, tem ideias que não ouço de todos.
— Talvez querer fugir de minha condição normal, me faça pensar em como sair da condição atual.
— E está se saindo bem na aula da turma a noite.
— Amanha tem teste, vamos ver se não estou entendendo tudo errado.
O senhor sorriu, e se despediu, eu peguei o ônibus e fui para casa.

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Acordo Sexta Feira, olho para fora, o dia começa quente, me despeço de
minha mãe, teria de conversar com ela melhor, mas não estava dando tempo
aos neurônios a pensar nos problemas.
Quando chego ao colégio, começava o dia com uma prova, eu com calma
a respondo, e sabia que seriam duas provas sequenciais, mas dependendo das
notas, poderia pensar no ano seguinte, e começava a pensar nele.
Quando você olha a matéria, e sabe que parte não sabia, se dediquei a
parte que sabia bem, e respondi o mais exato possível, e depois respondi a
parte que tinha duvidas.
Terminamos a primeira prova e fomos a segunda, e quando a entreguei, desci para o intervalo,
não poderia esperar no corredor, e me deparo com aquele rapaz me olhando, ele parecia frágil, mas os
olhos foram de raiva, vi Roberto parar ao meu lado e falar.
— Desentocou.
— Tenho de aguardar o fim da prova.
— E pelo jeito não desceria.
— Não quero confusão, todos os olhos estão sobre mim.
— Dizem que você está encrencado.
— Com certeza.
Eu ouvi o sinal do fim da aula, as pessoas estavam saindo da sala e eu estava voltando a ela.
Sabia que quando se fere, esquece, quando se sofre o ferimento, não, então não teria como eu
fazer de conta que não fui atingido, e José não esqueceria, uma amizade sem volta.
Eu sento a sala, e espero as ultimas duas aulas e pelo menos José não morrera, no fim, a gente se
arrepende, mas não sei o que eles ainda estavam armando.
Estava saindo quando o telefone toca e falo que estava saindo pela direção e vi o doutor Vaz
parado com o carro.
— Problemas? – Perguntei.
— Não, apenas quero o levar ao trabalho e lhe informar, terá de comparecer na segunda na
delegacia, ainda pela manha.
Pensei antes de falar.
— Problemas?
— Menos se o rapaz tivesse sofrido mais.
— Pelo jeito estou encrencado.
— Trabalhas, estuda e não tem histórico negativo, todo resto, invenção, eles sabem disto, mas
tenho de me preparar para algo, que nem sei o que vão fazer.
— E quer evitar problemas?
— Sim.
Ele me deixa a entrada do Curso, caminho até a lanchonete e almoço, isto fazia parte de ter uma
boa tarde.
Começo por atender na entrada, e estranho uma menina puxar papo em inglês, as vezes estar
mais arisco do que o normal, não dei tanta atenção, os atendimentos continuaram, e quando Junior me
chamou a parte da sala dele, vi que ele tinha separado alguns materiais e me fala.
— O senhor Carlos, pediu para vermos o que podemos somar em conteúdos de matemática, de
ciências e de escrita, em cada um dos anos, ele pelo jeito levou a serio o introduzir algumas coisas.
Olho os materiais e começo os ler e falo o que colocaria no primeiro, depois no segundo, depois
no terceiro, Junior estranhou, mas eu tinha olhado a grade a partir do sexto ano de estudos norte
americano, então estava colocando ali, coisas que os demais estudariam, se levariam neste curso, não
sabia, mas ali era apenas a introdução.
Fomos somando pequenos detalhes, vi que existia o livro em um formato que dava para somar
detalhes em cada pagina, nem entendi que era uma planilha avançada somada ao Word, que acabava
por salvar após feito em um arquivo de PDF.
Eu fui falando e ele foi procurando imagens na listagem de imagens que poderíamos usar, depois
somando cada assunto e cada exercício.
Estávamos olhando do primeiro ao decimo conjunto de 3 livros, que compunham os 30 fascículos
do curso, desde o primeiro ano ao quinto.
47
Junior me perguntava o que achava em cada um dos pontos, e vi que estávamos estabelecendo
mudanças para o material do ano seguinte, uma coisa estava ficando fácil, o pensar em inglês, e começo
a achar normal escrever algumas coisas.
As vezes tinha duvida no escrito de cada palavra, e não teria como saber os porquês ainda, mas
sabia que teria de aprender, para poder ser algo.
Concertamos o primeiro ano, e voltamos ao que parecia o quarto ano até aquele momento, mas o
senhor Carlos falou que estaríamos introduzindo aquele no quinto ano, mas ele queria algo mais
profundo para o sexto e sétimo ano, e depois, os cursos avançados.
Junior viu que daria trabalho e pergunto.
— Quer qual o nível a partir do sexto ano.
— Três assuntos, a matemática, a gramatica e os conhecimentos gerais.
— Quanto por assunto?
— Falei com os sócios, e temos uma demanda pela continuação, e eles falaram que podemos
dispor 3 vezes por semana, e a cada dia da semana uma abordagem, eles olharam com interesse de
melhorar, e testar o oferecer a partir do ano que vem, o sexto ano, e vamos começar a fazer a
publicidade interna e externa, para ver a aceitação.
— E teremos alguém para nos auxiliar na parte matemática? – Perguntei, pois eu não tinha
experiência nisto.
— Quero primeiro a ideia, não o mais especifico, mas a ideia, gerar capítulos, 32 deles por assunto
ano, dentro daquela grade que sabemos fazer parte do High School, referente a grade do 11º ano deles,
ser o nosso sexto ano, e o sétimo, seguindo a grade do 12º ano.
— Trinta e duas passagens, como estamos fazendo no quinto ano?
— Sim, queria que olhasse o conteúdo do 10º ano americano, e tentasse colocar algo neste
sentido, pois estamos falando em preparar melhor os alunos.
— Qual a intensão senhor Carlos? – Junior.
— Estava falando com meus sócios, dependendo do que montarmos aqui, e da aceitação, vamos
propor um grupo diferente a partir do ano que vem, mas dai, um de meus sócios, vai conseguir com o
Franklin High School, para sermos representantes deles na cidade, e gerar duas turmas de 20 alunos,
que começam a partir do ano que vem, turmas iniciais, que estejam na sexta serie, e se
comprometerem a fazer os 7 anos, aula 5 dias por semana, e que vamos montando o currículo, mas é
que a ideia de termos o curso e termos algo que nos equipare a formação High School, aos alunos que
terminarem os 7 anos de formação.
— Crescendo, seria isto?
— Sim, inicialmente turmas pela manha, tarde e noite, mas como no primeiro ano, estaremos
apenas com os alunos da Sexta, estaremos com poucas mudanças, mas considerando o avanço, em 7
anos, teremos 21 turmas a mais.
— Certo, algo que estamos começando agora e vamos tentar algo melhorando os atuais.
— Sim, alguém me falou que seria bom os nossos estudantes, fazerem um teste do ACT ou do SAT
e não parecerem ignorantes, e sim pessoas preparadas.
Junior me olha, ele entendeu onde estavam as mudanças, mas eu não estava pensando que iriam
criar algo a mais, estava pensando na melhora daquele curso.
Apresentamos o prospecto para as crianças que iniciavam o primeiro ano ali, pessoas da sexta
serie, ele olha o prospecto e fala.
— Pelo jeito alguém já estava pensando em começar isto.
— Apenas as regras básicas senhor. – Falei.
— Mas é um bom começo de trabalho, já que teremos dois grupos, e um é basicamente semanal,
todo dia, e outro, que soma ao que já temos hoje.
— Pretende criar o sexto ano? – Junior.
— Um novo primeiro ano, com aulas todos os dias, e uma mudança de conteúdo de todos os
cursos, do primeiro ao quinto, e a criação do sexto, e no fim do ano que vem, o inicio do sétimo ano.
— E para isto vamos criar todo material?
— Sim, mas talvez em 5 anos, tenhamos de mudar os conteúdos do quinto, sexto e sétimo ano,
pois teremos dado mais estrutura antes. – Carlos.
O meu tempo ali acabou, e fui a uma aula, apresentado pelo professor, este estava dando a
pessoas que estavam ali a dois anos, e vi que ainda era superficial, mas como tinha visto os assuntos da
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High School, fiz uma introdução mais lenta, de matemática básica e de calculo básico, e dos prospectos
de literatura, apenas uma aula mais calma, desta vez, deixei um material que havia copiado, Carlos havia
autorizado, e vi que até o professor pareceu prestar atenção, depois devolvi para ele a turma e
continuei observando.
Saído daquela aula, o professor olha para o senhor Carlos e pergunta.
— Vão introduzir ao conteúdo acadêmico em inglês?
— Nos preparando para um caminho, Franklin High School, a parti do ano que vem, estamos
negociando.
— Para as turmas normais?
— Não, criar um grupo novo, mas não podemos deixar estes sem melhora, então vamos
introduzir todos neste caminho.
— Bom, o menino tem calma, vi que até eu aprendi algo hoje, pelo jeito está treinando alguém
novo. – O professor de nome Silva.
— Estamos testando métodos em meio ao mexer no conteúdo do ano que vem, então teremos
uma mudança para o ano que vem, e achamos que pode ser um bom começo testar o que vamos
mudar, antes de o fazer.
— Sei que muitos falam que não gostam de matemática e física, mas se entendi, vão por através
de uma experiência real.
— Gostou? – Carlos.
— Sim, as vezes até eu me confundo com esta coisas de Libras, mas é bom alguém falar de libras e
galões, as vezes vemos que o que para eles é normal, deixamos passar reto na educação.
Os dois ficam conversando, e me apresento a professora que dava aula para as pessoas do
terceiro ano do curso local e assisto mais uma aula, uma coisa era bom, eu estava pegando o jeito dos
demais passarem a frente, mas em cada um deles, estava experimentando um conteúdo diferente, e
sabia que a parte trigonometria, que era o conteúdo deste ano, era o mais complicado, e sabia que eu
mesmo tive de estudar e ver os termos em inglês para aquele conteúdo.
Sei que quando devolvi o assunto para a professora, via a cara de assustado dos alunos e a
professora preocupada, mas eu estava apenas testando e não iria fazer prova referente a este trecho
este ano, apenas eles tem de saber, se acostumar a termos de matemática, física, estatística, pois fazia
diferença na vida.
Quando sai a professora olha o senhor Carlos e fala.
— Não acha que o conteúdo passado a eles, por este rapaz é muito avançado para esta turma?
— Isto que estamos testando professora Rosa, pois é muita gente falando que somos uma escola
profunda, e me provaram que o profundo é bem mais profundo, mas pelo jeito os alunos se assustaram.
— Sim.
Carlos me olha e pergunta.
— Tem como deixar mais leve?
— Sim, nem preparamos a parte do terceiro ano, é que queria apenas testar os termos, pois
trigonometria, vai ser passado apenas por cima para este grupo.
— Certo, e teria como passar isto?
— A maioria não aprende no Brasil trigonometria, estava ainda estudando a forma inglesa de
ensino, parece mais fácil, mas terei de entender o que é uma Derivação, para entender como eles
ensinam isto.
— Não acha muito pesado? – Professora Rosa.
— Vou testar um texto que explique para eles o que é trigonometria, um pedaço de um triangulo,
que alguns complicam, mas quero eles entendendo que não é difícil, mas é que hoje apenas no texto
ficou realmente difícil.
— E acha que eles entendem?
— Trigonometria é algo com mais de dois mil anos, apenas temos de ensinar como eles chegaram
a isto, não como se ensina hoje em dia, e não vamos fazer prova de matemática com eles senhora,
apenas testando o que o senhor Carlos pediu.
A senhora olha Carlos e fui a frente, ajudar na saída, tinha muita coisa para ajudar, e algumas
pessoas me cumprimentavam agora pelo nome, pois eu fora apresentado a eles na sala de aula.

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As pessoas saindo, as pessoas chegando, e fico a ler sobre Trigonometria, tentando em textos em
inglês, teria de me acostumar com os termos, pela primeira vez senti que o que falei, nem eu entendia,
isto não foi legal.
Após isto, uma aula a noite, uma prova, e vi que tinha entendido em parte o problema, e por um
momento eu senti que teria de estudar um pouco mais para aquelas provas, e sabia que viria uma
segunda prova, mas eu me preocupei em parte com as matérias que me levariam ao terceiro ano.
Carlos falou que tínhamos uma reunião no dia seguinte, a tarde, eu fui para casa, sentei com
minha mãe, e traçamos os planos, e um deles, começar a mudar para a casa nova, na manha do dia
seguinte, as vezes tinha medo de algo assim, mas uma hora teríamos de mudar e encarar o medo de
voltar a morarmos eu e minha mãe, um apoiando o outro.

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O acordar com o sol, no sábado, colocou eu e minha mãe, no caminho da
casa nova, os moveis novos, ainda poucos, mas sala, dois quartos e cozinha
mobiliados, somente nesta hora se tocamos de quanto perdemos no incêndio,
que nem deram continuidade na investigação, poderíamos ter morrido, e
ninguém nem foi detido, uma lei para nós pobres, e uma para os filhos de
desembargadores.
Arrumamos a casa, conversamos, tomamos o café em casa, com minha
mãe, voltamos a casa do tio, ela se despediu e agradeceu enquanto eu pegava o
ônibus para o centro.
Dentro de mim, muita desilusão, na parte pessoal, mas continuava a dedicar neurônios para o que
poderia mudar minha vida, teria de tentar algo, e as vezes me via olhando pela janela do ônibus,
lembrando de coisas que deveria esquecer.
Chego ao sábado, não sabia que pelo menos uma vez por mês, os sócios reuniam os
colaboradores, pela primeira vez, conheço os demais sócios, eles foram bem cordiais, mas como a
pessoa mais jovem ali, em media todos tinham mais de 10 anos a mais que eu, sendo que a minha idade
que puxava a media para 26 anos.
Via que era uma confraternização, estava ainda sem saber o que falar com a secretaria, era
evidente que ela estava lá por influencia, pois um dos sócios, parecia bem intimo da moça, eu olhava ao
longe, talvez por ser o novo naquela reunião, Junior para ao meu lado, ele olha no mesmo sentido que
eu olhava e fala.
— No começo, somos estranhos, no meio somos estranhos, faz parte da cultura inglês, eles não
são tão interpessoais.
— Li sobre isto, assim como estava lendo problemas que brasileiros tiveram de tocar em
vendedores, para pedir ajuda, e acabou sendo caso de polícia, as vezes olho as pessoas pensando em o
que poderíamos por de prevenção em meio ao ensino, sem parecer discriminação, e sim, educação
local, onde cada um tem seu espaço.
Junior me olha e fala.
— Você não para de pensar, me admira isto, todos vem pelos hambúrguer, e você pensando em
conteúdo.
— Sim, a comida também é parte deste conteúdo.
— E acredita que estamos no caminho?
— Eu fiz uma introdução ontem que não gostei, não estou com tempo de elaboração, uma por
dia, acabei não gostando do que passei.
— Pelo jeito se cobra.
— Me sinto uma criança aqui. – Falo sem jeito.
Junior olha Carlos ao longe, que estava descontraindo, mas não entendi, ele veio a nós, ao lado
dele, a secretaria, que me olha e fala.
— Desculpa pela denuncia, estava tentando ajudar uma amiga, que me convenceu que eras
perigoso.
Eu não sabia o que falar, eu sei que me deixei levar por uma briga, eu passei do ponto e falo.
— As vezes, apenas cansamos de apanhar, quietos, semana que vem, ainda tenho de tirar os
últimos pontos, de uma agressão, mas eu ainda não entendei me acusarem do que não fiz.
— As vezes nos deixamos levar pela propaganda de alguns na cidade, desculpa.
Não era minha parte desculpar, eu não sabia como as coisas estavam, e falo.
— Eu não culpo ninguém, apenas evita entrar em problemas que não são seus, pois falso
testemunho, diante de um delegado tem um peso, se fosse a frente de um juiz, poderia ter ser presa.
— O senhor Carlos me explicou, mas desculpa.
A moça saiu, sabia que ela estava tentando manter-se ali, mas ao mesmo tempo, sabia que
alguém, teria como saber o que estava fazendo, e não teria como fazer nada referente a isto.
Carlos me olha e fala.
— Estão evoluindo, temos depois de testar aquela aula pratica, mas vi que alguns se assustaram
sobre a aula de ontem.

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— Estava falando com Junior, que não tinha tido tempo de elaborar aquele testo, e ficou dubio,
mas estava lendo, e a ideia de apresentar um personagem, Pitágoras, e explicar como ele resolveu
facilitar a vida das pessoas, para calcular, e depois os matemáticos resolveram complicar as coisas.
— Vai aos gregos?
— Trigonometria é uma palavra grega, mas a partir dela, que se criou a relação, A²=B²+C², e
baseado nisto, que calculamos áreas de triângulos retângulos, e a partir disto, a relação de dados que
estabelecem, que distancia ao quadrado é igual a velocidade ao quadrado mais aceleração ao quadrado,
uma regra do triangulo, resolvendo cálculos modernos, e que poucos entendem, mas que não é tão
difícil assim.
Falei, estava tentando ainda uma forma de contar isto, e Carlos sorriu.
— As vezes temos de cuidar com esta coisa de seno e cosseno.
— Concordo, na matemática, é possível viajar ao passado, com valores negativos, mas por isto
tem a física, para estabelece o real da matemática, não apenas o teórico.
— Por isto pensando em ir a distancia, velocidade e aceleração? – Junior.
— Distancia negativa, é complicado, embora desaceleração e velocidade, podem ter valores
menores.
— Vi alguns exercícios e não entendi.
— Qual?
— Um de uma reta, e uma curva, e a pergunta qual a que chegaria mais rápido. – Junior.
— Sim, velocidade constante versos aceleração, as vezes quando você faz um experimento, você
não pode esquecer, quais as forças que estão atuando e quais os sentidos da força.
— Está falando que o curvo chega antes?
— Sim, ele pega impulso pela gravidade, gerando aceleração maior, enquanto o primeiro, reto,
gera aceleração constante, mas sempre digo, tinha uma pegadinha estes dias, em um teste da ACT, ela
no lugar de dispor o experimento com o eixo y na vertical, no enunciado, colocou ele na horizontal, e a
pergunta, a mesma, mas o resultado, sem gravidade, é zero.
— Sem a força, não existe movimento, então largar algo diante da horizontal não daria
movimento, mas se se colocasse um empurrão?
— A mais curta chegaria antes.
— Uma pegadinha aos que estudaram.
— Grande parte do que vi do teste da ACT, estava no entender do enunciado, por isto acredito
que uma maior dinâmica de vocabulário, com a correta grafia, é importante.
— Problemas na grafia? – Carlos.
— Sim, muita coisa escrita errado, e quando se tem um dicionário, com quase o mesmo numero
de palavras que o português, você pode mudar o sentido da afirmativa, tirando um s ou colocando um r
no lugar errado.
— Pelo jeito estava olhando o teste deles? – Carlos.
— Somente quando vi que não entendia nada de álgebra quando em inglês, que vi a minha
necessidade de aprender isto.
— E não teme concorrência.
— Temo ficar sozinho no planeta e não ter com que conversar.
— Mas relaxa, é confraternização. – Carlos.
— Pensei em algo menos festa. – Falei, eu era o único de menor, as pessoas ao fundo bebiam, e
mesmo com vontade de tomar uma cerveja, que embora no Brasil se diga que é proibido para menores,
eles a tomam, ali não era local de beber.
Carlos sorriu, eu fiquei até as primeiras pessoas começarem a sair, voltei para casa, iria ajudar
minha mãe a arrumar as coisas.

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O Domingo de coisas feitas em casa, me levam a segunda, teria de ter
presença, confirmo a transferência para o colégio próximo a minha casa,
estadual, estranhamente era o conjunto que se encontrava ali, mas o Colégio
Estadual Santa Cândida, aceita minha pré-matrícula para o terceiro ano do
ensino médio.
Vou ao colégio, chego antes de muitos, fim de ano, as pessoas já
pareciam despreocupadas, eu ainda pensava nas presenças, eu queria passar e
não daria chance ao azar.
Na minha cabeça, mesmo que fosse preso, não sabia se seria, mas faltava poucas presenças pra
passar de ano.
A cabeça pensa em coisas e não se foge de um pensamento, tem gente que me fala que nunca
pensou uma coisa, saiba, você não me convence, e sei que não tenho como provar que você pensou,
mas lembro de uma colega, da época do primeiro grau, que falava que quem mais olha atravessado, é
quem mais se seduz pela ação que você está fazendo.
Eu continuo a evitar descer no intervalo, e sabia que eu não teríamos as aulas após o intervalo,
então estava pensando em como sair, e ao mesmo tempo, tinha marcado com o Doutor Vaz, saio
novamente pela direção, mas antes entrego nela o aceite da transferência, não sei o que eles pensaram,
mas se não me queriam ali, estava pulando fora.
O doutor já me esperava na saída da frente, e entramos, indo no sentido da Delegacia do Menor,
uma coisas é chegar conduzido, outra com o advogado que não entendia a posição, mas era obvio, que
ele não queria largar o processo.
Fomos a delegacia, as vezes, isto dá um receio, sabia que o sistema de judiciário, sempre fora um
limitador, e sabia que tinha passado do ponto, eu não tinha como negar a verdade, e não estaria
melhor, se não tivesse feito.
Fiquei tenso quando o desembargador estava lá, e vi o porque o Doutor Vaz era temido.
Ele olha para o delegado e fala.
— O que o pai do rapaz faz aqui doutor Delegado, sabe que acaba de incorrer no fim da
legitimidade do processo, pois ele como parte, não pode ter acesso.
O delegado olha o desembargador que fala.
— Defendendo um criminoso perigoso.
O doutor olha o desembargador e fala.
— Não excelentíssimo, não estou defendendo o seu filho.
Isto me deixava tenso, e não sabia qual a arapuca que armaram desta vez, mas tinha certeza de
ter uma arapuca.
O olhar do Doutor Vaz foi ao delegado que fala.
— Ele pressiona.
— Soube que a mulher dele pressionou uma secretaria ao depoimento contra meu cliente, temos
a gravação e o depoimento dela delegado, quando esta senhora, vai ser chamada a depor.
— A senhora Mary Silva está com o depoimento marcado?
— E a senhora Sueli Camargo, quando será convocada.
O delegado olha para o desembargador, Vaz pareceu entender algo e fala.
— Pressionar alguém, por falso testemunho, é crime delegado, e se o desembargador, pressionar
a não a convocar por ser da família, abuso de poder, vocês que escolhem, se prendemos um menor, ou
pedimos a exoneração de um desembargador.
O desembargador entendeu que o senhor não pegaria leve, eles abusaram e agora, o rapaz iria
inverter a historia.
— Precisamos do depoimento do rapaz, referente a alguns pontos que ficou impreciso.
— Sem problemas. – Fala o advogado, que apenas faz sinal para que não falasse nada.
O senhor fez as perguntas e me mantive calado, mesmo me tentando a responder algumas.
Na saída, foram ao fórum, onde o doutor Vaz fez questão de abrir processo crime contra quem
me esfaqueou, contra as pessoas que prestaram falso testemunho, e contra a desembargadoria, que
estava pressionando para não investigação do filho do desembargador e da esposa do desembargador.
O juiz de plantão recebeu, eu estava ao lado, não entendia daquilo, mas o rapaz me explicou que
eles pegaram testemunhas na festa do terceiro ano, de José me perseguindo e colocando para fora, com
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apoio de 4 rapazes, depois colocaram as testemunhas da agressão, tinham o vídeo, mas não como
prova, se sim para situar quem fez o que, a coleta de digitais no portão frontal da casa, que pegara fogo,
todos os depoimentos de testemunhas, e que pediu para que ficasse quieto, para não gerar provas
contra mim, eles teriam de provar, com provas e depoimentos, assim como estavam fazendo referente
a os casos, que talvez no fim, gerasse um acordo, mas que eu começasse a pensar em admitir que um
acordo era um bom final naquela historia.
Almoçamos no shopping e ele me deixou no trabalho.
O senhor Carlos me chamou e vi que um dos sócios estava lá, e que a secretaria estava lá.
— Boa tarde.
— Entre rapaz, estamos aqui para estabelecer um acordo.
— Acordo? – Perguntei.
O outro sócio, que vira rapidamente no sábado, pelo jeito tocava outra empresa, me olha e fala.
— Temos um problema rapaz, sei que Carlos gostou de você, que tens ideias que ele apoia, mas
ele não é majoritário nesta empresa, e temos um processo aberto contra minha filha, por um mal
entendido, e não gostaria de vê-la depor.
Olhei o senhor Carlos, eu não estava confortável, não esperava esta posição, mas acabara de vir
de uma delegacia, e olho para o senhor Carlos.
— Já falei antes, se estiver atrapalhando, me afasto.
O senhor que pressionara me olha e fala um pouco mais alto.
— Não vai tirar a acusação?
Eu olhei o senhor e falei.
— Sei que o pobre aqui senhor, sou eu, mas não fui eu que foi a uma delegacia, prestar um
depoimento falso, não fui eu que abri o processo, e sim, a promotoria, baseado em fatos, eu acabo de
vir da delegacia do menor, por este processo, pois eu o estou respondendo, e se acha que eu, um rapaz
de 15 anos, tenho advogado, não entendeu, quem me defende, é a promotoria publica, eu não abro
processos, eu não fecho processos, o depoimento dela, me colocava onde eu não estive, em um
sequestro de uma menor, mas como falei, se estou atrapalhando, eu me afasto.
— Tem de entender...
— Sim, tenho de entender, sua filha faz um falso testemunho, e para ela não responder, pelo falso
testemunho, o pobre, eu, tem de ir preso, pois eu não posso falar que ela mentiu senhor, pois isto,
quem falou foi a câmera da empresa a frente, não posso falar que eu cheguei ao local do crime, pois
novamente, eu não fui ao local, eu não sei o que quer que faça.
— Que não a convoque a depor.
— O depoimento, vai até para a senhora Sueli Camargo, que a pressionou pelo depoimento, mas
não está em minha alçada, eu não sou promotoria publica e nem delegado, sou apenas o acusado de um
sequestro que não aconteceu.
O olhar do rapaz para o senhor Carlos, me fez apenas olhar para o senhor Carlos e falar.
— Não se estressa comigo, tô de saída.
O senhor não falou nada, eu apenas sai, eu não iria discutir com ninguém, alguém que nunca vira
ali, foi lá apenas para defender a filha, entendi que entre a filha de um sócio, e o atendente de balcão,
quem fica é a filha do sócio.
Eu saio a rua meio perdido e apenas passo o que aconteceu para o senhor Vaz, eu sabia que
deveria ter uma pegadinha, Vaz pediu apenas para o esperar, ele não deveria ter chego a lugar algum,
mas ele volta, fomos a promotoria, ele tinha outros casos, mas fiquei lá vendo ele trabalhar a tarde.
Esperava que algo acontecesse, mas ninguém mais me ligou, então estava sem emprego de novo.
Sabe quando seus sonhos desmoronam, eu tentava pensar em algo, e parecia que só vinha um
branco, como se não pudesse acontecer mais nada, como se não tivesse mais saída.
Entendi que a pressão era para que Carlos não depusesse, era uma das testemunhas, pelo jeito
ninguém de lá deporia, então eu começo a ver que as coisas estavam fora do que esperava.
Vi aquela menina que tentou puxar assunto, entrar pela porta, ela olha para o assistente de Vaz.
— Como está João?
— Perdida aqui Bárbara?
Deveria ser castigo, algo estava tentando me perturbar.
— Vi que estão detendo o assistente do cursinho de inglês que faço, ele é perigoso?

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— Seu tio, espera que aprontem alguma contra ele, então deixar ele aqui, quieto, faz termos
testemunhas de que ele ficou aqui sentado a tarde inteira.
Ela olha para mim, deveria ter uns 12 anos, e pergunta.
— Matando serviço?
— Fui mandado embora hoje. – Falei sem culpa.
— Alguns falavam que você iria ser professor de lá?
— Também achei, achava isto até sexta, hoje mandado embora, e entendo, eles não querem um
menino problema.
— Pelo jeito encrencado. – A menina – Mas me deve uma.
— Lhe devo? – Perguntei.
— Me ignorou na entrada a semana passada.
— Não sabia que era sobrinha do Doutor Vaz, pois ele mandou em não cair em nenhuma arapuca,
e evitei até olhar as pessoas em volta.
— Me chamando de arapuca? – A frase foi com um sorriso.
— Evitando arapucas, não lhe chamei de arapuca.
Eu vi Vaz sair, ele tinha muitos clientes, e parecia que o dia dele não era apenas me servir de
babá, então fiquei na duvida se não deveria ir para casa, o assistente mandou eu esperar, e não poderia
discordar disto.
Sentado passei uma mensagem para o Chaves, que estava aceitando serviços temporários
novamente.
Eu tentava manter portas abertas, pelo jeito as coisas não estavam parando em local algum, olhei
para a menina e ela estava apoiando as cabeça nas duas mãos e me olhando.
— Gostou?
Ela ficou vermelha e falei.
— Agora fiquei curioso com o que pensou.
Ela sorri e fala.
— Você fala bem inglês, pronuncia as palavras com clareza, as vezes os professores parecem
engolir palavras.
— Normal.
— Como assim?
— Pega uma frase sua, que fala em português, e a grave normalmente, como você falaria, quanto
mais se domina a língua, mais se come pedaços.
— Mas eu entendo o que você fala, e não parece falar lento.
— Curso de dicção serve para isto.
— E como você aprendeu isto?
— Curso de Teatro.
— Ator, por isto sabe falar?
— Não, fiz o curso, mas sou apenas o rapaz das cortinas.
Ela sorri.
Era próximo das 17 horas quando o doutor Vaz faz sinal que sairíamos, não entendi, mas fomos
novamente para a delegacia.
Vaz me olha e apenas fala.
— Não sei qual a armação, se tem armação, então apenas evita falar sobre o que ignora.
— Não entendi nada.
— Apenas tem um pedido de detenção, e não sabemos qual o motivo afirmado.
— Certo, me manter quieto.
— Até onde der.
— Desconfia de algo?
— Sabe qual a função de desembargadores?
— Não, realmente não sei.
— Ir contra as decisões de primeira instancia.
Olhei o senhor Vaz e perguntei.
— Mas já fui julgado?
— Não, mas foi a desconfiança que tive.
Olhei o senhor e vi que era serio.
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Quando comparecemos, uma das coisas que vi, foi a imprensa a porta, poderia ser de outro caso,
mas quando cheguei na parte interna, não tinha outro caso, era realmente apenas para mim.
As vezes o reparar, se via outros carros parados no local, se via a agitação, se via o carro do
desembargador, e não sabia qual o pretexto, mas começava achar que me daria mal.
Quando pela manha, foi tudo na calma, quando me revistaram para entrar na sala, coisa que não
fizeram na vez anterior, sinal de algo mais pesado.
Novamente na frente do mesmo delegado, mas agora, tinha dois outros advogados, vi a senhora
Mary ali, vi o pai dela a acompanhando, vi a senhora Sueli, frequentara a casa dela, até o pai da outra
Bárbara estava ali, Bárbara Carvalho estava ali, não sabia o que estava acontecendo.
Vaz passa os documentos para o delegado e fala.
— Não entendi a determinação senhor Delegado, comparecemos, qual a novidade no caso, entre
o fim da manha e inicio da noite?
— Temos uma denuncia de tentativa de fuga.
— Impetrada por quem? – Vaz parecia saber que tentariam algo.
— Parte do próprio ministério publico, impetrou esta ação.
— Quem dos meus colegas, senhor?
Vaz olha para a porta, eu não conhecia, mas vi um senhor entrar.
— A denuncia é séria Doutro Vaz.
— Vai sujar as mãos nisto doutor Candido?
— É serio.
— Certo, então eu vou chamar a sua secretaria como testemunha desta vez, e não me culpe se
pedirmos abertura de sigilo bancário e telefônico seu.
— Porque ela se meteria?
— Digamos que sua sala fica a frente da minha, você não compareceu o dia inteiro, e o rapaz,
estava sentado a minha sala, a tarde inteira, logo depois de sair da empresa que o senhor ali atrás,
senhor Claudio Silva, forçou mandarem ele embora, então soube, era mais uma armação, então o sentei
a vista de todos os demais advogados do ministério publico, para ter testemunhas, e quem me aparece
como testemunha?
O advogado entendeu, escolhera errado a afirmativa, e novamente, armação contra o rapaz.
— E mesmo que ele estivesse rodando procurando emprego, não deu tempo de determinar
tentativa de fuga, Doutor Candido.
— Tem de entender que está metendo as mãos em material sujo doutor Vaz.
— Sei que estas unhas, são pagas por quem chama de sujo.
— Não chamei os demais.
— Certo, já que estamos todos aqui, menos o escrivão, sinal que já tinham decidido, se meu
cliente for preso agora, eu vou pedir publicamente a cabeça de um desembargador, de uma secretaria,
e até de um colega de ministério publico, já que é guerra que vocês querem, pode ser que me tirem da
calma, que estou tentando manter.
Eu olhei para o senhor Claudio, e pensei em onde estaria a pegadinha do inicio da manha, eles
queriam que eu saísse ou fizesse um acordo, isto pesaria contra mim, por bem ou por mal.
O delegado rasga um papel a mesa e fala.
— Qual a palhaçada Doutor Candido – Delegado.
— Não é nenhuma palhaçada.
— Criar falso crime, contra pessoas normais, já é grave, contra menores, muito grave, quer
continuar, sabe que seu diploma pode ser caçado com isto, e não existe promotor de justiça, sem
diploma de Direito? – O delegado.
O delegado olha para o senhor ao canto.
— Pelo jeito para não assumir a merda que fizeram, combinaram outra merda? – O delegado, já
estava cansado, e não sei, parecia querer puxar umas orelhas.
— A senhora Camargo, já que está presente para esta farsa, que tal, já que não compareceu no
depoimento chamado, não tinha como, que tal responder algo, pela pressão para a amiga mentir?
A senhora olha para a porta, e não tinha ninguém lá, olha a filha, e me olhou, talvez acostumada a
me ver correndo pela casa, nem sei se ela sabia contra quem era a acusação.
— Se assim quer, chamo meu advogado. – Sueli.
O delegado pede um escrivão e olha para o senhor Candido.
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— Vai depor também senhor Candido, pois entendi que estava ocupado demais para ir trabalhar,
mas não para mentir para um delegado da policia de proteção dos menores e adolescentes.
— Não menti.
O senhor abre a pasta e fala.
— “Baseado em denuncia oferecida ao ministério publico na data de hoje, mantendo o sigilo do
denunciante, pedimos através do ministério publico a detenção do menor Bruno Baptista, por estar
sumido, e ter o risco de fugir para não cumprimento de pena posterior, atrapalhando a investigação,
custosa do ministério publico.”
O delegado encara o advogado e fala.
— Deveria pedir para sair de lá, o menino levou sorte, pois se pega um advogado como você,
estaria preso, pois você o culparia, para não ir trabalhar.
— Está me ofendendo.
— Acusou um menor de fuga, ele estando na frente de onde provavelmente, pediu para a
secretaria redigir este documento, e nem foi lá. Quem ofende a justiça assim é o senhor, e quero saber e
o doutor Vaz tem razão, quero a quebra do seu sigilo fiscal e telefônico, quero saber quem pediu isto. –
O delegado.
O delegado olha o escrivão chegar a porta e olha para o assistente.
— Vou tomar o depoimento do rapaz, depois da senhora Carvalho, do Doutor Candido, e depois
do senhor Claudio Silva, quero todas as versões, e após isto, já que me fizeram perder a hora de saída,
podemos ter de ter diligencias, então mantem um carro e dois investigadores.
Os demais saem da sala e o senhor apenas me pergunta onde passei a manha, colégio, fim da
manha, naquela delegacia, a tarde, primeiro no local de trabalho, onde fui mandado embora e depois,
sentado no ministério publico.
Eu fui a sala ao lado, não teria contato com os demais, mas o doutro Vaz acompanhou cada
depoimento, e cada silencio diante das perguntas, que depois ele me comunicou.
Nem olhei direito para Bárbara, parecia que o conjunto de pessoas, estava ali para me complicar,
e que tinham um discurso, que deveria envolver Luana, pois o pai dela estava ali, mas teria de entender,
os ricos se defendem, e tenho de me dar mal, e não entendia ainda o que motivava tudo.
As vezes tenho medo, quando uma mentira se fala milhares de vezes, muitos acreditam que seja
verdade.
Eles a cada dia colocavam mais um no problema, e não sabia o que acontecia, eles poderiam estar
prestes a me complicar.
Próximo das oito da noite, o senhor Vaz, me deixa em casa, a imprensa já tinha ido a tempos
quando saímos.
Minha mãe é inteirada do problema quando chego com o advogado, teria de procurar um novo
emprego, mas parecia que nem isto eles queriam me deixar fazer.
Segundo emprego perdido em pouco tempo, e não parecia que agora seria fácil, mas não era de
desistir.
Fiquei pensando se não chamei muita atenção, as vezes, as pessoas não querem nos ver por cima,
e sim, derrotados.
Fui novamente a cama, sem saber o que fazer, o sono demorou a vir.

57
Acordei, cama nova, tomo um café com minha mãe, agora sem caras feias
nos olhando, e pego o ônibus para o centro, não sabia exatamente o que
aconteceria, mas sabia que estavam no ataque novamente.
Eu quando passei pelo colégio, quase no ponto, vi que os 4 rapazes,
estavam na entrada da direção, eu tinha entrado por ali nos últimos dias, teria
de dar a volta, desço, entro no Passeio Publico, atravesso ele e saio na rua
lateral do colégio, subo como se indo para o Estádio Couto Pereira, e entro pelo
lado oposto.
Chego a porta da sala e uma das Barbaras de minha vida estava na porta.
— O que aconteceu ontem?
— A respeito de que, já que ganhei a conta, fui conduzido duas vezes a delegacia do Menor e
Adolescente, passei o dia inteiro retido no Ministério Publico.
— Meu pai chegou furioso, que o delegado fez ele fazer um depoimento oficial, e lhe deu uma
comida de rabo.
— Nem eu entendi, na segunda vez que fui conduzido, seu pai estava lá, a dona Sueli estava lá,
um dos sócios da empresa que trabalhava estava lá.
— Pelo jeito encrencado.
— Sim, problemas?
— Estranhei você não aparecer no Largo no sábado a noite, aquela outra Barbara, estava
agarrando seu amigo, Augusto.
— Então ainda bem que não fui.
— Está bem?
— Não entendi ainda o que eles ganham com isto, estou quieto, não ataquei ninguém, eles
querem o que?
— Não sei, sabe que eu nem entendi a historia.
Eu imaginei que ela entendeu, mas não contaria a historia, algo referente a eu me dar mal,
alguém me sinalizando para algo, não olhei se alguém passou a porta, mas começo a me sentir
paranoico.
Aulas, estávamos acabando o conteúdo programático, e começávamos com aqueles trabalhos de
recuperação de notas, eu não precisava recuperar, mas se não fizesse o trabalho, pegariam as notas,
dividiriam por 5, e no lugar de passar, reprovava, então achava muita sacanagem, para beneficiar os que
não estudaram, faziam quem estudou, estudar mais.
Pego o assunto, sabendo já de cara que iria fazer um trabalho sozinho, pelo menos sozinho até
estar pronto.
No intervalo, vou a biblioteca e pego um livro emprestado, estava eu saindo da biblioteca, quando
ouço os três tiros, ouvi a correria, e somente quando todos me olho, sinto o ombro latejando, e um
rapaz segura o rapaz ao fundo.
Olho José, ele estava com raiva, e não sei, não é para tanto, um professor chega a mim e fala.
— Está bem menino?
Acho que nesta hora olho os livros, dois tiros estavam ali, e um no ombro, sinto a dor e apenas
sento no corredor, vejo que Jose sorriu ao me ver sentar, ele pensou em ter me acertado.
Fui levado a enfermaria, talvez fosse pior se não tivesse ido a biblioteca, se ele queria me acertar,
sentado a cadeira, seria pior, as vezes pensamos que mesmo com dor, levamos sorte.
A diretora olha para mim, ela sabia que ela me expulsara e não tocara no rapaz, agora, não estava
mais ali no ano seguinte, ela que se preocupasse depois.
Sou levado ao HC (Hospital das Clinicas), é o mais perto e é da universidade federal, então quando
entro baleado, obvio, policia acionada, e com o policial chega o doutro Vaz, que me olha, ele pergunta
se estava bem, e apenas alcanço o livro para ele, tinha ali duas balas fincadas.
O policial viu que foi sorte, e começa a fazer perguntas, sei que lá fui eu para uma operação,
tirada da bala, como tinha medico ali marcado a tarde, para tirada dos pontos das costas, só comuniquei
a enfermeira, que verifica os pontos e os tira.
Eu estava na enfermaria, e incrível, quando eu esfaqueei José, foi noticia em todos os canais, ele
me dá três tiros, e não tinha uma única nota na imprensa local.
Fim de tarde vi minha mãe assustada, entrar pela porta, até me ver sorrir para ela.
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— Melhor lhe transferir de uma vez.
— Calma mãe, levei sorte.
— Este colégio já foi melhor.
— O colégio é bom, nos estudantes que não somos. – Falei doido, mas sorrindo.
— Pelo jeito vai ficar por aqui um tempo.
— Sim, apenas preciso de um computador, para fazer os 3 trabalhos, nem que alguém entregue
por mim mãe.
— Também quer se livrar do lugar?
— Normalmente, quando se tinha trabalho, todos queriam fazer em conjunto comigo, pois sabem
que faço, eles nem olharam para mim, eles já me colocaram para fora, como se não fosse mais parte do
grupo.
— Vejo para você, mas tenho de cuidar de você.
— Tenta não se envolver mãe, não quero alguém batendo na senhora de novo.
Minha mãe saiu, o doutor Vaz entrou, me olha e fala.
— Tem de ter algo a mais rapaz?
— Não sei o que, a não ser que seja amor passional, não correspondido, eu não denunciei eles,
você pegou pesado, mas eles tem de saber que não se faz falso testemunho.
— Pior que todos encobrem este rapaz, a arma sumiu, ninguém depõem contra ele, as vezes
parece que querem mesmo que ele mate alguém.
— Este comportamento não justificaria meu caso?
— Não entendi.
— Todos falam que agredi ele, mas ele veio para cima de mim, se ele me matasse, ninguém
deporia, então é legitima defesa, e não sei, a diretora viu José, os professores viram, se eles não
deporem, que saia da direção.
— Sabe quem deu fim na arma?
— Quem pegou a arma, foi o Roberval.
— Quem é Roberval?
— Motorista particular do José.
— E pelo jeito deram fim na arma.
— Aquele é policial civil, nunca entendi um policial civil, servir de motorista para alguém.
Vaz me olha serio, não sabia se conhecia a fama de Roberval, mas todos falavam que ele era
violento.
— Acha que sobrevive aqui?
— Não sei, mas nenhum lugar é seguro, se eles não quiserem parar senhor Vaz.
— Certo, teria de conseguir algo para os parar, a escola não tem câmeras, a direção não falou
nada, pelo jeito, muita gente tem medo deste menino, e as vezes, parece que é uma guerra perdida.
O senhor saiu, eu fui medicado e apaguei.

59
Sete dias para sair do hospital, e não foi grave, levei sorte da bala
atravessar, sei que minha mãe falou que entregou os trabalhos, mas não teria
certeza se eles aceitaram.
Eu numa segunda feira, levei o tiro na terça anterior, saio do hospital, e
vejo que apenas minha mãe estava ali, e não teria como ser diferente, ninguém
veio me ver, sentia como se no fundo, tudo tivesse errado, nem os amigos
vieram, estava mesmo no caminho errado.
Vou ao colégio e apresento os atestados, e a direção não falou nada,
confirmei com cada professor se receberam os trabalhos, dois falaram que não aceitavam trabalhos
entregues pelas mães, olhei o professor Ricardo e falei.
— Bom saber que me quer aqui o ano que vem.
— Dizem que foi expulso.
— Dizem, que você é um professor, não um rato.
— Quer levar um zero.
— Já me deu um zero, pois não recebeu o trabalho professor, mas pode ter certeza, não vou a
direção reclamar, vou a justiça.
— Eles não...
— Eles lhe tiram da sala de aula, pelo menos poupamos outros.
— E já está bem?
— Sobrevivi, soube que ninguém teve coragem de falar para a polícia quem atirou em mim,
estranho como conseguem ser cegos quando o outro lado tem influencia.
— Ninguém vai interceder por um expulso.
— Não é questão de interceder professor, é questão de ser cumplices de tentativa de homicídio, e
pode ter certeza, a diretora, o senhor, o professor Silvio e os dois zeladores, vão responder por
cumplices de tentativa de assassinato, já que não lembram quem atirou, quem sabe lembrem, quando
forem escrachados, que lei, é para todos.
O senhor olha a nota, ele fez questão de me dar um zero não recebendo o trabalho, ainda bem
que em Geografia, eu tinha media 9, então teria o 7,2 para passar.
O professor me olha sair, não sei o que ele falou para a diretora, mas com certeza, eles estavam
com a convocação a depor.
Vaz olha que a imprensa não deu uma linha, em qualquer meio de noticia, ele me fala que teria de
descansar, mas estava com medo de ficar a cama.
Fui para casa, entro nela, minha mãe foi trabalhar, arrumo minhas coisas e verifico como as coisas
estavam, para quem nunca tivera uma operação, agora já tinha uma marca de tiro no ombro e uma de
faca na altura do rim as costas.
Estava quieto a cama e vi alguém bater, eu não atendi, estava cansado, e como tinha tomado o
remédio, me deu sono e apaguei.
Acordo com minha mãe vindo ver se estava bem, apenas cansado, talvez decepcionado, e sem um
caminho a seguir.
Eu passo uma mensagem para Chaves, para desconsiderar minha ajuda nos próximos 15 dias, e
ouvi minha mãe falar.
— Aquele senhor Carlos, me ligou, disse que passou ai, mas ninguém atendeu.
— O que ele queria mãe?
— Ele parecia querer falar com você, pelo jeito ele não conseguiu ajudar muito.
— Quando se tem sócios e um dos sócios, coloca a filha para trabalhar, no local e é bem esta
pessoa que resolve lhe sacanear, entendo ele, estávamos pensando em algo para melhorar o lugar, mas
parece que não vou conseguir ajudar.
Olho as mensagens, e tinha duas do senhor, e não sei, as vezes queria ligar, mas não sabia o que
dizer.

60
Vou ao colégio, pareciam os últimos dias de aula, sei que muita gente me
olha naquele dia, estranho ver Bárbara a porta.
— Está bem, fiquei preocupada.
— Daqui a pouco eu morro, e vou ser culpado de ter morrido.
— O clima deste fim de ano está terrível.
— Parece que parte do pessoal sumiu.
— Eles querem tentar de novo, mas sem testemunhas desta vez, e não
sei, desanimei total.
— Não desista, você sempre resolveu na inteligência.
— Este ano não está dando certo.
Ela foi ao seu setor e eu sentei a minha carteira, alguns alunos já não vinham, já tinham a
presença para passar e já não apareceriam mais.
Eu não sabia o que fazer, eu estava tentando acabar o ano, os trabalhos me garantiram passar, a
presença, o atestado médico me garantia o passar, então teria de esperar o fim daquele ano, e apenas
pegar meu histórico e uma transferência e sumir dali.
Aulas sem sentido, apenas para somar na carga horaria obrigatória, e eu sentado ali, esperando
que algo bom ou ruim acontecesse.
Este ano parece diferente de todos os anos que estive aqui, as vezes parece que tudo vai dar
errado, mesmo quando achei que estava investindo no meu futuro, eu não me dei bem.
As vezes os pensamentos são quase destrutivos, eu me esforcei e nada deu resultado, mas posso
voltar a entregar currículo, esperar o fim das aulas, e tentar algo diferente.
As vezes tenho de me forçar a pensar a frente, e sentado aqui, não parece que isto vai acontecer.
Eu vi que as pessoas não fizeram nem questão de disfarçar, eles cumprimentam quando entram,
mas não se esforçam para além do que parece uma constatação, ainda estou aqui, não um
cumprimento.
Fim das 5 aulas, e saio pela parte superior, a que entrei, mas subo a rua, e penso no que fazer, o
telefone toca e atendo, estava a caminhar na rua.
— Fala Chaves?
— Se quiser, fala quando conseguir, soube somente hoje que tomou um tiro, mas lhe passo a
programação, sabe que sempre sobra algo por aqui.
— Agradeço, pois as vezes acho que vou recomeçar.
— Não entendi, a Rosália, sabe de quem falo, perguntou de você.
— Sei quem é, ela falou se precisa de algo?
— Algo sobre uma ideia que tinha falado com ela, que ela iria lhe passa a programação do
Guairinha.
— Projetos que talvez não dê para fazer agora, mas depois passo lá, lhe passo mensagem.
Nos despedimos e caminhei até a UFPR, tinha a matricula do curso de inglês do ano seguinte, e
estava nas datas de inscrição, chego lá e falo com Ivan, que estava a tomar os nomes, ele me olha e
pergunta.
— Soube que tomou um tiro, está bem rapaz.
— Levei sorte, me deram três tiros, um acertou o ombro, dois no livro que levava, o Estadual
ainda vai me cobrar uma taxa por estragar o livro.
— E vai tentar o terceiro ano?
— Sim, preciso manter a cabeça em formação, mesmo que as vezes tudo conspire contra.
— Sabe que estou pensando em fazer uma peça teatral com o grupo no fim desta turma, lembro
que falamos disto, e você conhece o pessoal do teatro Guaíra.
— Peça teatral é algo interessante, esta sua ideia do ano me fez pensar em uma ideia boba, mas
que talvez fique para mais tarde.
— Ideia boba?
— Falar com os cursos de Inglês, da cidade, o do Estadual, os demais, e fazer uma semana de
apresentações de peças novas para pais e pessoas interessadas.
— Isto é muito mais do que pensei.
— Sei disto, mas estava ainda pensando na ideia, quando levei o tiro, talvez não saia do papel.
— Mas baseado em que pensou nisto?
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— Falava com a Rosália, do Guairinha, ela me falou que no passado as pessoas tinham mais
interesse em ser atores, desenvolver peças, e ela perguntou como atrair pessoas para dentro do Teatro,
mas isto é algo a pensar, pois é unir prospectos diferentes, pessoas que querem realmente falar em
inglês, não apenas uma conversa boba.
— Se pensar em algo assim, estará por ai o ano que vem, nos falamos.
Estava saindo da Reitoria quando o telefone toca.
— Boa tarde Bruno, não me retornou.
Eu olhei a mensagem para ver quem era e falei em inglês.
— Não queria atrapalhar mais do que atrapalhei.
— Sei que deve estar chateado, mas queria conversar, e parece que sumiu.
— Apenas levei um tiro de quem já havia levado uma facada, e quem sofre o processo sou eu,
então as vezes, sei que neste momento, sou um peso.
— Não quer conversar.
— Não sei nem se posso garantir algo senhor Carlos, eu digo que vou conversar e acabo detido.
— Mas poderia passar aqui para conversar.
Eu pensei em dizer não, mas não tinha motivos, ele me ajudara, ele até me fez sentir-me especial.
— Se não atrapalhar.
— Passa aqui ou quer marcar em outro lugar?
— Passo ai, nem sei onde vou hoje a tarde mesmo.
Sai dali, dei a volta e parei no ponto de ônibus mais acima e peguei o ônibus no sentido não de
casa, mas para a região do curso.
Fim de ano, as pessoas que fazem curso de inglês, geralmente são os que tem melhor poder
aquisitivo, e nesta hora, o cursinho, quase fica as moscas, lembro do ano anterior no Inter.
Chego a entrada e uma única moça na recepção, uma moça nova, não conhecia, e pedi para me
anunciar, como pedi em inglês, ela ficou me olhando.
Carlos veio da parte de dentro e falou para a moça.
— Junior está por ai?
— Na sala dele.
— Pede para ele parar um pouquinho.
Estranhei, pois pensei em uma conversa que não tivesse haver com o que fazia ali.
Ele me olha e pergunta se estou bem, respondo que sim, e ele me explica, que tiveram de afastar
Claudio da sociedade, ele tinha duas opções, comprar a parte de Carlos, ou sair vendendo a dele.
Estranhei, mas quando Junior entrou pela porta ele sorri e me pergunta.
— Voltou?
— Ainda não sei. – Falei, pois não tínhamos tratado isto.
Carlos me olha e fala.
— Queria que voltasse, mas agora como membro letivo da escola, sei que alguns me perguntaram
qual sua formação, e sei que ainda está estudando, mas precisamos de sangue novo, de pessoas com
garra, de coragem de propor coisas que eu não pensava.
— Não vou recusar senhor, eu estou precisando, principalmente para não pensar nos meus
problemas, mas ainda estou me recuperando, teria de ser com calma.
— Você impressionou, e estava pensando em evoluir pessoalmente para passar a frente o que
parecia sentir falta nos cursos.
— Deixar claro que vou estudar mais longe o ano que vem, mas se puder chegar um pouco depois
da uma, pois é uma viagem da Santa Cândida para cá, não vejo problema.
— Conseguiu a transferência?
— Sim, pior que contra mim, eles chamam a policia, alguém me dá um tiro, muitos veem, e
ninguém nem declara ter visto quem atirou, não tenho como ficar lá, por mais que quisesse, perdeu o
encanto.
— Parece uma eternidade que estava falando em criar algo baseado em Pitágoras.
— Estava trocando uma ideia, pois estava pensando em introduções rápidas, como Platão, que
afirmava que o circulo perfeito, só existe na mente da gente, gerando uma pequena historia, depois
falar da ideia que se tinha antes, com Aristóteles, que acreditava em apenas 5 elementos, que
formavam tudo, depois falar da matemática Grega, com Pitágoras, dar um salto pois por mil e
quinhentos anos, não tivemos grandes coisas.
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— E parou de pensar.
— Tenho de estudar para fazer isto, e se não iria por em pratica, parei, fazer o que.
— Tem de considerar que eu sai a muito tempo da escola, eu já não tenho noção do que se ensina
em que ano. – Senhor Carlos.
Eu me calei, vi que estávamos dispersando e não tínhamos falado se eles me queriam ali, então
fiquei quieto, não sabia o que fazer.
— Estava pensando em lhe propor a ser auxiliar de aula, e auxiliar do Junior, o salario melhora um
pouco, vai para 4 salários, mas se preparando para dar aula.
— Não sei se posso dar aula, falou em formação.
— Você acertou nas provas dos cursos de finalização, 90% das provas, ou nosso curso está fácil,
ou você tem o dom para isto filho. – Fala o senhor Carlos, nem lembrava das provas.
— Pensei que tivesse errado as duas ultimas respostas. – Falei.
— O professor considerou que você entendeu errado a pergunta, mas sua resposta, foi conforme
sua interpretação, e colocou uma adendo de melhor escrita.
— Não entendi.
— Aquela prova, é a prova de encerramento deste curso atual, vindo após isto as provas de
excelência, mas já tens o primeiro diploma local.
— Sempre acho que o diploma parece perder o sentido.
— Por quê? – Junior.
— Dois tirados no Estadual, dois anos de inglês, onde não aprendi mais do que o básico, dai tenho
um ano na Federal, curso para comunidade, mas aprendi mais ouvindo professores no Inter que na
Federal.
— Mas tem de considerar que você fala como se pensasse em inglês, isto é raro, e pensa em
formas de ensinar, provavelmente desenvolveu dentro de você, uma forma de aprender. – Carlos.
Passei um recado para minha mãe, os cursos estavam apenas nas aulas de auxilio, que era para
quem não aprendera.
— Deixar claro que não me acho especial senhor Carlos, então quando me jogam fora, lembrem,
eu vou estar pensando nas coisas que fiz errado, pois sou imaturo.
— Queria você aqui, sei que muita gente está pensando no que falei, mas se queremos crescer,
temos de evoluir, vi que alguém que como falou, não tem tanta experiência, mostrar que poderíamos
ser melhores, mas para isto, temos de ter um método.
— Eu vou propondo senhor, mas todas as ideias, são passiveis de melhora, mas eu penso
realmente ideias bobas, as vezes, tenho de as falar, para me livrar delas, mas uma coisa que melhoraria
cursos de inglês, é aumentar a procura.
— E tem uma ideia?
— Ainda em construção.
— Em construção, sinal que é complicada. – Carlos.
— Pensa, o professor do Curso de Inglês da Federal, vai fazer uma peça teatral no final do ano que
vem, com a turma de 3 anos, a diretora do Guairinha, está tentando despertar nas pessoas, a vontade
de fazerem peças de teatro, e precisamos aumentar a procura por cursos de inglês, que não seja apenas
propaganda de que tal país é bom.
— E conhece estas pessoas? – Carlos.
— Sim, sempre defendi um extra nas cortinas do Teatro Guairá, na montagem de cenários, as
vezes até segurando pessoas no ar, por correias. O curso de Inglês da UFPR é sempre no primeiro
semestre, e estou inscrito para a turma do terceiro ano, eu posso aprender pouco, mas não desisto por
isto senhor.
— E porque trocar a ideia agora?
— Porque os espaços de apresentação, se definem no começo do ano, e montar uma peça, não é
tão simples como pode parecer, e podemos montar no fim do ano, algo que possa chamar a atenção até
destes que dão cursos em outras instituições.
— Como? – Junior.
— Pela qualidade, pelo apresentar de um Teatro, todas as suas instalações, mas em Inglês, não
em português, e sei que as vezes sonho alto.
— Quer criar em Inglês? – Carlos.
— Meus testos ainda são primários.
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— Imagino. – Junior me provocando – Você pensa em coisas que não penso, quando estou
fazendo.
— O que quer dizer com isto? – Carlos olhando Junior.
— Tem aquele exercício, que pedimos para a criança trazer uma foto de seu quarto, e o
apresentar, lembra do exercício senhor?
— Sim.
— Ele olhou uma foto e colocou no texto do professor, a pergunta, o que tem atrás da porta, o
que tem do lado de fora desta janela, o que tem naquela gaveta, quem está embaixo da cama,
perguntas para tirar a criança do ponto de conforto, pois a ideia, não é reprovar alguém, mas as fazer
pensar.
— Criatividade onde os demais deixam apenas as crianças narrarem a peça.
— A ideia dele, deixa a primeira apresentação, para as crianças sentirem-se confiantes, dai o
professor chama cada um novamente, e faz as perguntas, para ampliar o leque, não apenas o que o
aluno pensou.
— Dois materiais didáticos?
— Um do mestre e um do aluno. – Junior.
— E quase deixamos ele fugir de nós Junior.
Junior me olha e pergunta.
— Acha que teria como ter algo assim?
— Com certeza não teria como ser eu propondo, pois eles me olham pela idade, mas pensa em
algo que gerasse, dois ou três dias de peças, em um teatro, onde os pais possam ver o filho, pois a ideia,
é atrair mais pessoas.
— E acha que conseguiríamos algo assim?
— Estava desistindo da ideia, quando me ligaram.
— Certo, não pensou na ideia ainda.
— Sim, não pensei na ideia, e não sei ainda minha situação, eu trabalho um dia, e no dia seguinte,
alguém inventa algo para me prender.
— E como se meteu nisto?
— Tudo indica, que alguém que considerava apenas um amigo, sem nada além da amizade,
pensou em uma relação a dois, onde não existia, e quando me afastei, ele começa uma perseguição a
este amor, que está apenas na cabeça dele.
— E não tem como resolver.
— Nem tenho certeza de ser isto, mas é o caminho que tudo me indica, e não vou dizer que é
triste ser esfaqueado e baleado por alguém que chamava de amigo o ano passado.
— Complicado, mas ele foi preso?
— Filho de desembargador, que tem cunhado traficante, gente da pesada, que anda com
segurança da policia civil.
— Complicado, mas acha que temos como desenvolver o que o senhor Carlos pediu.
— Teria de ler duas coisas, cada material didático, não tive tempo ainda, semana que vem acaba
minhas aulas, vou ter mais tempo, dai verificar o currículo americano do 6º ao 12º ano, não tenho noção
do todo, mas estudar sempre é ganho.
— E quer terminar com um teatro?
— Propor aos alunos de todas as series, uma matéria a parte que é a Oficina de Teatro.
— Mudou de ideia? – Carlos.
— Acho que a ideia da sala, continua, no 6º ano, mas não quer dizer que estes fosse passiveis de
uma apresentação, a ideia, criar um texto, baseado nas estruturas de um teatro, conseguir dois ou três
parceiros, para desenvolvimento dos cenários, eu não sei fazer pela metade senhor.
— E o que se ganharia com isto?
— Criação de qualquer espécie, é de grande soma na grade curricular de um aluno, dizem que se
criar um livro em inglês, posso tentar uma bolsa direta em algumas faculdades.
— Somar no conjunto, fala como se quisesse preparar os nossos alunos a fazer faculdade nos
Estados Unidos.
— Conseguir uma bolsa, é conseguir fazer uma faculdade, sem os custos que todo americano
paga senhor. – Falei.
— Em uma universidade Americana.
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— Sabe que se alguém faz faculdade lá, pode ter feito a pior delas, no Brasil, é valorizado.
— Nem todos tentariam.
— Sei, mas pensa, todo que tentasse e conseguisse, é uma propaganda gratuita, da escola.
— Certo, um padrão tão alto que faria os demais correrem atrás.
— Sim, mas talvez a ideia nem viesse por dentro da escola, a parte do teatro, mas é parte do
entrosar a escola a comunidade.
— Mas topa terminar o que começou.
— Sim, preciso manter a cabeça ocupada.
— E o que precisa?
— Começar, o matéria de cada ano, montar uma pasta e ir colocando ali, cada mudança, não é
tanta coisa, mas quando se soma pequenos objetos em todos os locais, estabelece que o deste ano, não
será usado no ano seguinte, e não sei se é possível, economicamente falando.
— Vou falar com meu sócio, mas a parte didática do que já existe, vamos bancar, não sei
referente ao novo curso, pois teríamos como você falou, teremos que pensar no adaptar ou criar um
novo espaço, pois em 7 anos, precisaríamos de 21 salas de aula.
— Sete salas, pois são 3 horários diferentes.
— Certo, 7 salas, começando por uma e ampliando, mas pelo jeito quer uma sala para o curso de
teatro.
— Todo curso de teatro, começa com um de oratória, e isto deveria ser obrigatório em qualquer
colégio, ensinar o dom de se comunicar e ouvir.
Carlos saiu, e começamos conversar por onde tínhamos parado, eu nem lembrava, mas puxo a
ideia de Pitágoras, sorriu pois já existiam testos em português, usando Pitágoras, adapto ele a um
personagem, depois olho no mesmo texto o que tinham de Aristóteles e Platão, copiar estruturas,
traduzir, procurar o texto em inglês do mesmo assunto, verificar palavra a palavra, e fazer um texto que
depois de feito, parece fácil, mas fiz o pequeno pedaço, deu apenas 3 folhas, e mandei a impressora, e
deixei sobre a mesa, depois mais 3 folhas para Platão, que uso como alguém que criou uma historia,
provocando a turma a criar um pequeno texto.
Aristóteles deu mais trabalho, então eu criei um pouco mais lento, e fecho o terceiro
personagem, estava olhando o texto e coloco algo anterior aquele, o que leva a discussões filosóficas,
que era a tentativa de entender o mundo, alguns acharam teorias teológicas, alguns matemáticas, e
alguns, sensoriais, mas todos queriam entender o mundo.
Eu olho Junior que olha os textos e fala.
— Você está criando partes que depois temos de numerar, para jogar nos cadernos e realmente
assim, fica didático, não importando o calculo, e sim a historia.
— Calcular é fácil, difícil é pensar nisto tudo, do zero.
— E vai os colocando aos poucos?
— Tem uma parte que não entendo, e não sei se deveríamos colocar algo sobre, mas as partes
que mais ofendem, é quando desafiamos o racional e o religioso, não entendo de crenças, mas também
não sei se poria lago assim.
— Um culto?
— Para determinar a religiosidade, as palavras em inglês, usadas na igreja, já que são
provavelmente usadas lá, e não seria bom usarmos elas fora de lá, em outro prospecto, sem saber que
usam nos cultos.
— Você deixa isto cada vez mais difícil.
— Não confunda, as vezes eu falo, para nos preocupar com isto, com aquilo, mas no fim, gera um
material como o de Pitágoras, curto, direto, até simpático.
— Certo, não estamos pregando, nem ensinando matemática, estamos apenas ensinando como
eles falam, e onde.
— Sim, termos que eles não se deparem pela primeira vez, apenas quando lá, e num momento
que o entender, pode valer muito.
— E toda hora induzindo a criação de textos.
— Quero as pessoas escrevendo em inglês, é onde me acho mais falho, e saber escreve, pode lhe
tirar de apuros.
— Apuros?

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— Você está nos estados unidos, entra pela porta, onde só tem você para atender, é algo
importante, mas a pessoa, é surda muda, qual a forma mais fácil, a pessoa escrever o que quer, ou você
tentar falar por gestos?
— Certo, você quer somar coisas assim no material.
— Sim, a importância da escrita. O valor do falado correto.
— Certo, duas coisas que podem nos facilitar a vida.
Começo a terminar o texto sobre as perguntas que geraram a filosofia e a religião, mas que uma
colocou na mão de Deus, o outro, continua a tentar entender.
Eu vejo os desenho, alguns pego modelos na internet e vejo como se poderia usar aquilo, mas era
as bases, e a quinta parte, foi olhar os textos de Francis Bacon, pois ele iria colocar o método cientifico,
o experimento como base da descoberta, mas a colocação foi rápida, olho o relógio, passo uma segunda
mensagem para minha mãe, e vou a Galileu Galilei, quando você coloca a observação e a
experimentação, somando as duas coisas, gerando a evolução das coisas.
Eu paro um pouco, e olho os materiais, Junior estava a olhar os prospectos, do primeiro ano do
curso, e com calma somamos as 60 palavras a mais naquele prospecto, um desenho a mais, uma
brincadeira a mais nas descrições, uma soma de caracteres a mais, e colocando o quarto texto neste
complexo, e uma base de como eles perguntavam resultados matemáticos, a parte da língua inglesa
nesta parte.
Estranho pois somou quase 20 folhas por fascículo, ou 60 folhas no total dos três livros do
primeiro ano.
— Talvez eles cortem parte. – Falei.
— Ficou bom Bruno.
— Mas tem de considerar que são custos, cada livro tinha 72 paginas, se considerar que não
somamos na parte de referencia bibliográfica, e introduções, somamos quase um livro a mais.
— Mas não vou falar que ficou ruim, eles que decidam.
Sorri, vi o senhor Carlos entrar com um senhor, de nome Bryan, o sócio americano, que para a
meu lado e olha os impressos, eu fico inseguro, mas ele olha Junior e pergunta se estava ficando bom, e
ouvi ele falar que era uma soma, teriam de ver se concordavam com as somas.
Carlos olha o prospecto de Pitágoras e fala.
— Acha que agora ficou como queria?
— Menos impreciso.
— E qual a duvida?
— Quando você não terminou de somar tudo, como no prospecto do primeiro ano, e já somamos
60 paginas, começamos a pensar em se precisamos de tudo. – Falei.
— E falta qual parte?
— Quatro historinhas de 3 paginas. – Falei, Junior pareceu entender porque falei em cortar algo.
— Quais partes? – Bryan.
— A origem da Língua, a origem da Matemática, o nacionalismo impresso na língua, e o valor da
mão das obras que criamos com nossas próprias forças.
Carlos olha Bryan que fala.
— Algo a começar a introduzir culturalmente a língua Norte Americana.
— Para destacar cada nação, teríamos espaço maior, mas parte do nacionalismo, vem da ideia
dos Ingleses terem sido o maior império do mundo.
— Bom, sei que pode ficar maior, mas quero ver o material, se for para ficar melhor, colocamos. –
Bryan.
O senhor olha a parte de Pitágoras e pergunta.
— Estará no conteúdo?
— Terceiro ano.
— Bom, gosto de ver material que nunca me deparei nas demais, em primeira mão, na nossa.
Carlos relaxou, deu para sentir, e o senhor viu o que mudamos no primeiro ano, enquanto
terminava as 4 partes que queria por, eram textos rápidos, mas que introduziam palavras novas, e
comportamento novo.
Colocamos as paginas, e somou no total, 74 paginas a mais, um livro a mais, mas dividido nos três
conteúdos, e Carlos olha atento, eles teriam de corrigir, eu teria de corrigir, e uma ou outra palavra,

66
sempre passa, mas estava em algo que me parecia agradável fazer, ganhar dinheiro fazendo o que se
gosta, é diferente de fazer algo repetitivo em uma portaria.
Sabia que quanto mais a frente, maior a profundidade, Junior mostra para o senhor, a ideia do
conteúdo do sexto ano, e parte do sétimo ano, viu que o senhor gostou, pois ele me olhava e
comentava, as vezes ter a aprovação do outro sócio, era bom.
Sabia que os dois anos, ainda estavam em criação, o sexto era mais urgente, o sétimo, viria após o
sexto, então teríamos as mudanças em cada ano, e o material foi sendo criado, mas estava na hora de ir
para casa, Carlos confirmou que o que havia trabalhado, no mês anterior, estaria na conta no dia
seguinte, e que esperava me esperava no dia seguinte.
Fui para casa direto, de ônibus, mas direto, sem paradas, e chego em casa, cansado, mas com
uma boa noticia, pelo menos temporária, minha mãe sorriu, pois eu sai desanimado, e voltei mais
animado.
Olhei o material que levei para casa, pensei em algumas ideias e coisas a pesquisar, teria de pedir
uma ligação de internet e conseguir um computador, mesmo que velhinho.

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Quinta feira, normalmente teríamos uma aula pratica, ou algo assim, mas
fim de ano, apenas presença e nada além de matéria que poucos prestavam
atenção, eu estava ainda sobre medicamento, e aquele ritmo de fim de ano, me
dava sono.
Estava terminando a quarta aula, quando fui chamado a direção e a
diretora me olha serio.
— Como está rapaz? – A diretora.
— Não entendi porque fomos convocados a depor.
— Quando se vê quem atirou, e não se relata diretora, a transforma em cumplice de tentativa de
assassinato, um dia, vocês vão entender, se defender, não é ser marginal, mas não preciso explicar o
que entende mais que eu.
— E não teríamos um acordo? – Alguém as costas, eu não olhei, e falei, pois sabia que era a voz
da mãe de José.
— Quando se põem um policial civil, marginal conhecido da cidade, as costas de uma criança, a
dando instrução de como matar o inimigo, ninguém estava preocupado com acordo. – Olhando a
diretora.
— Mas seremos chamados.
— Me expulsou senhora, sem direito a uma nota de defesa, porque o filho da senhora as costas,
que já tinha me esfaqueado, e estava novamente querendo me furar, mas a versão de vocês, ele estava
sozinho, acuado e foi esfaqueado, bem longe da verdade, e se acha que é fácil, ver alguém que desde a
oitava chamei de amigo, me odiar e nem saber porque, não entenderam, vocês não pararam ele, e não
vão parar, mas uma hora eu morro, dai quem sabe, alguém toma as dores, se não tomar, estarei melhor
que aqui.
— E pelo jeito quer passar.
— Já passei, mas como sempre tem de se ter presença, estranho você poder fazer uma prova,
mais fácil, sem presença alguma e tirar o diploma, aqui com nota, se faltar uma nota, o ser que se diz,
professor, nos reprova.
— Mas se não depor?
— Não entendo e leis senhora, e não fui eu que impetrei nada, sou de menor, quem fez foi o
ministério publico.
— Pensei que forçaria ficar aqui?
— Um colégio que me dão um tiro, e ninguém nem fala quem foi, melhor não, não quero ter de
levar sorte muitas vezes.
— E pelo jeito nem está preocupado com o processo.
— Enquanto vocês estiverem facilitando minha defesa, não reclamo, pois quem depõem
pressionado a dizer que agredi Jose e fiz friamente, é o mesmo que diz não ter visto ele, passar por ele,
naquela porta de entrada – apontei a porta – quando levei o tiro.
— Esta mexendo com o que não entende. – A senhora.
Eu me virei a ela e falei serio.
— Eu não ataquei ainda senhora, ninguém colocou seu irmão nisto, ninguém colocou seu marido
nisto, quem está mexendo demais onde não se precisa, não sou eu, mas parecem esquecer, que tem
teto de vidro, e ficam atirando pedras em telhados com laje, mas ainda não entendi, porque seu filho
me odeia.
A senhora me encara e fala friamente.
— Namora ele e depois o larga e não sabe?
— Eu não namorei ele, primeiro e mesmo que o tivesse feito, seria meu direito sair da relação,
pensei em um motivo mais nobre, menos José Camargo.
— Ele não aceita.
— Então avisa ele, uma hora ele consegue, e venho puxar o pé dele, pelo resto da vida, pois se
acha que vai me matar e não vou vir acabar com a vida dele, não entende como posso ser ruim.
Olhei a diretora.
— Mais alguma coisa?
— Tem de assinar o aceito da transferência na secretaria.

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Saio dali e vou a secretaria, aquele corredor me fez lembrar que tomei um tiro nele, e olho para
os dois lados antes.
Me informo quando as notas estariam no histórico para mudança de escola e assino o papel.
Pego a minha copia e saio pela porta da frente, e olho para a entrada, olho o celular e vi que Vaz
havia me passado um recado, mas estava já a frente dele, antes de ver a mensagem.
— Problemas?
— Não sei se tem álibi para hoje?
— Tentando voltar ao trabalho anterior.
— Conversamos enquanto lhe deixo lá.
— Quero passar no Guaíra antes.
— Problemas?
— Não, apenas uma ideia, e como este horário, sei que a diretora do Guairinha está lá, consigo
conversar.
— Menos deprimido hoje.
— Ainda no remédio, mas tenho de comer depois.
Fomos ao local e a senhora Rosália me olha e pergunta.
— Está bem, dizem que tomou um tiro.
— Sim, agora bem, Chaves falou que queria falar algo.
— Você tinha falado em uma peça, falamos de atrair as pessoas, e não sei, o diretor falou que
precisava apresentar uma ideia.
— E tem tempo para conversar?
— Com pressa?
— Fome, esta coisa de tomar tiro, nos faz precisar repor as energias.
— Comemos e conversamos.
Fomos a um restaurante a frente e ela me olha.
— Quem lhe acompanha.
— Ministério Público, mas primeiro estou ouvindo as ideias, parece que nem tudo está perdido
para o ano que vem.
— Mas falávamos em atrair mais pessoas.
— Sim, pensa que o curso de inglês para principiantes, da federal, vai criar uma peça, mas eles
não entendem de teatro, então estava falando com um dos sócios da Cultura Inglesa, em tentar criar um
curso de Teatro, em inglês, na Cultura Inglesa, mas com noções de teatro, com visitas ao teatro, e com
uma peça criada para apresentação, mas teria de ter uma ideia fechada, pois são estruturas prontas,
querendo fazer algo, de um lado a Federal do Paraná, do outro o Teatro Guaíra, do outro a Cultura
Inglesa, mas a ideia, montar uma semana, ou dois ou três dias, onde os colégios, apresentassem uma
peça, mas durante o ano, através da Cultura Inglesa, apresentarmos o teatro, as Coxias, os palcos, os
fossos, o que é um proscênio, um piso sofita, mostras as varandas de manobras, as varas, mas isto é
uma ideia, que precisa de pelo menos duas partes a mais.
— Duas? – Rosália.
— Um incentivo governamental, para cobrir parte dos custos, sei que quando se fala em língua
inglesa, muitos fazem caretas, mas estava falando para um dos sócios da Cultura Inglesa ontem, que se
você criou uma peça teatral, e tem boas notas, no ensino médio, você passa muitos em uma disputa de
vaga em algumas universidades americanas, pois você é um criador de conteúdo.
— Eles estão pensando em formar na parte de criação?
— Ainda trocando uma ideia, pois falta pessoas especialistas, mas a segunda coisa que falta, é
alguém que ensine cenário, e não conheço quem faz, já montei alguns, mas nunca fiz um.
— Quer algo que monte peças reais? – Rosália, Vaz estava apenas ouvindo, não sei o que ele
estava pensando.
— Sim, mas inicialmente, os estudantes criando, quando falo em apoio governamental, é para
registrar isto, documentar isto, mas a ideia, ainda está em construção.
— Mas precisaria de mais ideias para o ano.
— Tenho de me recuperar, mas a ideia, é trazer ao teatro pessoas que nunca vieram, isto não se
faz rapidamente, mas a ideia principal, é criar algo mais a nível de criação, quando se pensa no teatro
Guairinha, já não é algo pequeno senhora, pois é 490 pessoas de plateia.

69
— Certo, não está pensando em algo simples, e é uma criança, mas pelo jeito começou a falar
com as pessoas, e algumas começam a pensar no caso.
— Tenho de pensar ainda no prospecto, eu estou começando a trabalhar somente agora na
Cultura Inglesa, as vezes ainda faço a montagem do Guairão com o Chaves, mesmo a contra gosto,
quero me apresentar com o grupo da Federal, não com o pessoal da Cultura Inglesa.
— Alimentando a ideia, mas vou pensar em algo.
Comemos, e perguntei para Vaz se estava com pressa, ele falou que estava vendo alguém
conspirar, e sorri.
Caminho até o Estadual novamente, sabia que a turma de inglês era a parte do Colégio, e o
professor Rodrigo, era alguém que conseguia falar.
Entramos e ninguém nem nos olhou, pois era a parte do curso para estudantes e comunidade,
mas poucos da comunidade participavam, e o professor me olha e pergunta.
— Duvidei que foi você, mas pelo jeito do braço, foi meu melhor aluno que levou tiro.
— Duas balas pararam no livro de Geografia, mesmo o professor não tendo aceito o trabalho
entregue por terceiros, a Geografia me salvou a vida.
— E veio fazer o que?
— Lembra daquele papo maluco de criar um teatro com uma peça criada por alunos e encenada.
— Acha que a direção apoiaria?
— A pergunta, se o Guaíra lançar um evento de apresentação de Cursos de Inglês, apresentando
peças, acha que teria como fazer uma peça?
— Falando serio?
— Montando as peças, já que parece que eu queria fazer isto, e parece que o ano que vem, temos
uma conspiração para que aconteça.
— E qual a ideia?
— Ainda trocando ideias, pois teríamos de ter alguém introduzindo ao cenário, a apresentação
seria no Guairinha, por enquanto estou pensando em vocês, federal e cultura inglesa.
— Pensando por três?
— Falando com quem conheço.
— Certo, mas acha que seria bom isto para que?
— Talvez tivesse de praticar mais a conversação, a escrita, mas quando se fala em algo assim, é
dar uma meta para evoluir.
— Vou pensar em algo, mas vai fazer o ano que vem?
— Fui transferido para não ser expulso, não sei se posso, mas se der, apareço.
— Ano complicado este.
Nos despedimos e fomos a federal, eu e Vaz chegando, sempre parecia que Vaz era alguém de
alguma escola, pois ele estava com aquele terno impecável ao meu lado.
A conversa ali, foi apenas uma proposta, e Ivan me olha e sorri, ele pensaria em algo, estava
alimentando uma ideia.
Finalmente fomos a Cultura Inglesa e Vaz fala.
— Está falando serio em fazer uma apresentação em inglês de escolas de inglês, no Guairinha?
— Sim.
Chegamos, e apresentei Vaz a Junior, ele me pergunta em inglês o que iriamos fazer hoje, falei
que o segundo ano, teríamos de ir por ordem, e que cada ano daria mais trabalho.
Vaz olhava como se estivesse voando, ainda tinham turmas de reforço, e vi a pequena Bárbara no
corredor, ela olha para Vaz e fala.
— Perdido aqui tio?
— Tentando adivinhar o que as pessoas vão propor.
— Vai estudar aqui? – Barbara olhando o tio.
— Apenas trazendo o menino que me perguntou por que ele tinha saído daqui de volta.
Ela me olha e fala.
— Bem vindo.
Agradeci e liguei o computador, peguei meus rabiscos e começo a digitar no programa, como
tinha visto, anotei onde colocaria cada coisa, então primeiro somei no conteúdo, 60 palavras a mais,
colocando nos exercícios normais, depois coloco 6 vivencias, que passariam uma pela matemática, uma
pela língua inglesa, uma pela física, uma pela geografia e duas pela cultura inglesa.
70
Eu começo a montar os quadros, os textos, era demorado, mas fui fazendo um a um, depois
comecei a revisar com Junior, e vi Carlos entrar e cumprimentar Vaz, Carlos olha o que estávamos
fazendo, era o avançar por aquele material, estava colocando na ordem que achava melhor, estava
colocando quando Junior me olha e fala.
— Vai ficar maior?
— 92 páginas a mais.
— E não mudamos quase nada.
— Pode parecer pouco, mas é muito.
Carlos me olha e fala.
— Estava falando serio sobre aquele papo de Curso de Teatro.
— Sim, falei com a diretora do Guairinha antes de vir para cá, e ela falou em tentar montar algo,
que abrangesse mais cursos, para fazermos um evento que atraísse mais frequentadores ao teatro, e
que despertasse novos autores teatrais.
— Pelo jeito pensando em algo grande?
— Não, pensando em algo bem feito, já vi peças teatrais que tinham apenas carteiras escolares, e
um fundo pintado a mão, que prendeu o publico, e alguns com cenários bem elaborados, que se via as
pessoas bocejarem na plateia.
— E acredita que teria publico?
— Isto não sei, uma turma de teatro, teria de ter no mínimo 25 pessoas, para pelo que pensei,
funcionar, para se perdermos 20% deles, termos como fazer.
— E acha que temos pessoas que dariam aula aqui?
— Tem de considerar que a parte inglês, é nossa, mas pelo menos 4 matérias, como encenação,
criação, oratória e cenário, seriam pessoas que não falam inglês.
— Certo, não valeria importar pessoas para algo assim, mas se conseguíssemos participações
especiais, seria legal. – Carlos.
— Sim, não sei em quem pensou, mas participações especiais, sempre são boas.
Estava conversando com o senhor, e leio uma mensagem, passada por Ivan, sorrio e falo.
— As vezes acho que não sou só eu o louco.
— Problemas? – Carlos.
— A turma de formando que vai cursar o 5º ano, de Letras Inglês na UFPR, se propôs a criar uma
peça.
— Gente que tem formação, contra nossas crianças?
— Não, teatro tem de ter pessoas de todas as idades, não apenas velhos. – Esta frase minha,
mostrava minha idade, pois para mim, alguém 10 anos mais velho que eu, tinha em idade, a mais, dois
terços do que vivi na vida.
— Certo, mas acredita que seria uma ideia a que nível de apresentação?
— Criação e interpretação, preparam as pessoas para a vida senhor, infelizmente, os mais
preparados para engolir sapo, nem sei se este termo existe em inglês, são os que melhor se dão na vida.
— E se não fizermos aqui, vai tentar em outro lugar?
— A pedra foi lançada senhor.
— Certo, tudo pode acontecer, mas Bryan gostou do material, pela primeira vez vi ele sorrindo,
vendo nosso material, ele era bem relutante com nosso material didático, talvez ele visse como você o
enxergava, texto infantil.
— Senhor, pensa nas coisas que eu falar, como forma de atrair pessoas para seu colégio, não
apenas marketing raso, pensa que podemos, junto a isto, apoiar lançamentos literários em inglês,
festivais musicais em inglês, torneios de futebol americano, de basebol, festivais de curtas metragens,
promoção de lançamentos de filmes, a ideia, fazer algo que nos coloque em destaque, não apenas um
dia por ano, mas varias vezes ao ano.
Junior sorriu.
— Mas temos de acabar aqui.
— Sim, e temos de terminar o sexto ano, está pensando nele? – Falei.
— Porque da urgência? – Junior.
— Porque o senhor Carlos tem de alocar ou contratar os novos professores, e eles tem de estudar
este material, para o fim de fevereiro do ano que vem.
Carlos sorriu, ele não parecia estar pensando nisto ainda e fala.
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— Verdade, o sétimo temos tempo, mas o sexto, precisamos exato o que seria.
Olhei Vaz e perguntei em português.
— O que queria falar?
— Pelo jeito eu pensando em conseguir um estagio para você e está agitando a cidade, colocando
as pessoas a pensarem em algo para o ano que vem.
— Outubro ou novembro do ano que vem.
— E não teria tempo para se auxiliar de um advogado.
— Não estou descartando nada, toda vez que o fiz, parece que as portas se fecharam, mas o que
precisaria, pois terceiro ano geralmente é corrido, vou ter pelo jeito trabalho aqui a tarde, preciso a
manha para terminar meu segundo grau, e cursos a noite, que não sei ainda como serão.
— Pensou em algo, que vai lhe tomar o ano?
— Organizando, ainda dá para tomar um refrigerante no fim de semana.
— E pelo jeito não parou para pensar ainda?
— Não, a primeira proposta, para o senhor Carlos, desenvolver o material didático do ano
seguinte, mas ainda não falamos do que será minha função o ano que vem, não sei, parece algo
temporário.
Carlos me olha, ele sabia que a proposta ainda estava em aberto, eu estava aprendendo, então
não via problemas em estar ali, mas não quer dizer que soubesse como seria.
— E pelo jeito quer fazer algo aqui?
— Provavelmente assistente de aulas, ou professor substituto, mas não sei, ainda não sentamos
para conversar.
— Certo, mas aqui pelo jeito conversam tudo em inglês.
— Tentar achar palavras para tudo que falamos, é um aprendizado muito bom, desenvolve a
forma de falar e pensar.
— Certo, mas saiba, que se precisar, vou precisar de um auxiliar de processos para o ano que
vem.
— Não entendi.
— Estou montando o meu escritório de advocacia, estou saindo do ministério publico, e tenho
alguns clientes querendo me forçar a frente com força, então estou montando um grupo.
— E porque eu?
— Vi que escreve e fala inglês como poucos que conheço, e tenho uma parceria que será
ampliada o ano que vem, com as empresas Rosa’s, vou montar meu pessoal para contratos
internacionais.
— Se puder ajudar, sei que meu caminho nem sempre terá grandes propostas.
Vaz sorriu, e volto a fazer o que estava fazendo, tinha muita coisa a fazer, mas não daria para
fazer tudo de cara.
Carlos me olha e fala.
— Vai pular fora?
— Não falei isto, apenas não sei o que fazer aqui, quando terminar de elaborar o material,
elaboração é trabalhosa, mas sei que não se mantem muito tempo.
— Ok, queria lhe propor tentar uma aula, e parece ter calma, nem que para o inicio de uma
turma de primeiro ano.
— Quantas aulas semanais, pois dai consigo organizar as demais coisas.
— Segunda, quarta e Sexta, e preciso de alguém para criar esta ideia do curso acadêmico de
segunda a sexta, com 5 horas diárias.
Sorri, pensando com a cabeça e com conversas do passado, pois as pessoas criavam, aulas de 50
minutos, e davam 30 minutos de intervalo, pois não chegava a 5 horas.
— Geralmente aulas tem 50 minutos, aulas programadas para ter 45 minutos de conteúdo, pois
professores mudam de sala, e precisam destes 5 minutos, mas isto estabelecemos, mas sinal que
também não sabe quando quer me por?
— Você e Junior, vão apresentar aos professores o conteúdo do próximo ano, mas antes disto
temos a partir da semana que vem, turmas rápidas de recuperação, todo ano tentamos não perder os
alunos, mantendo eles nos anos que foram programados a estudar.
— E?

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— Quero testar você em uma turma, a partir da semana que vem, vendo o aproveitamento e a
dinâmica de aula.
Eu pensei que ele não tinha pensado em nada e ele já queria me mandar a uma sala de aula.
— Estou dentro, mas terei pelo jeito que estudar melhor o material da turma do primeiro ano.
— Sim, e ter calma, nem todos falam inglês.
— Tento ir com calma, sei que no primeiro ano, é um misto, deve ir aproximadamente para o
conteúdo e forma de uma aula normal de inglês por ai.
— O que nos propõem como normal, é bem afrente do normal, por isto peço calma com os
alunos.
Sorri, ele queria algo a nível de uma turma e ouvi por fim.
— A turma começa semana que vem, uma turma as 13 horas e uma as 16 horas.
Um teste bom, iria saber antes de tudo, se conseguia, pois não adiantava projetar uma vida, e não
conseguir o executar.
— Segunda a Sexta?
— Sim, um mês, de 22 de Novembro a 22 de Dezembro, 23 dias de aula, geralmente passamos o
conteúdo anual, duas horas por dia, alguns mestres dão um intervalo entre as duas aulas.
— Apertado. – Falei.
— Sim, mas não esquece, eles já viram este material.
— Mesmo assim, apertado, mas aceito o desafio. Quantos alunos?
— 20.
— Pelo jeito tiveram problemas este ano. – Perguntei.
— As vezes a cobrança por metas, deixa alguns mais para trás. As vezes, alguns voltando, alguns
que fizeram provas de entrada, e não seria bom eles entrarem diretos.
— Vamos tentar os recuperar.
Sorri, eu querendo algo, mas com certeza, eles me mandariam os mais atrasados, entendo a
lógica, se estes não conseguissem, estariam nos grupos do ano posterior, repetindo aquela matéria mais
uma vez.
Peguei o material novo da escola e falei.
— Teria como ter uma amostra de 20 exemplares?
Carlos me olha meio estranho, ele olha o material e entende, um teste sobre o material, não
apenas sobre a minha capacidade.
— Mas seria apenas sua turma, não sei se consigo 40, para as duas turmas.
— Tenta, uma forma de testar se dá para executar isto.
Carlos sorri e fala.
— Parece mesmo querer passar os professores para traz, mas não esquece, tem de ter uma roupa
mais seria, pois tem de compensar sua idade.
Sorri e falei.
— Tinha pensado em vir de palhaço, mas tudo bem.
— Nem brinca.
— Depois me fala quanto vou ganhar por este mês. – Olhei o material do segundo ano, e fomos
colocando as palavras, os novos termos, as partes cientificas, matemáticas, literárias, geográficas e uma
pequena parte histórica.
Quando terminamos, colocamos no sistema e vi que Carlos começa a ler, ele estava interessado
neste material, e nem sabia como eles me pagariam isto, meu salario ali, neste instante, era de
atendente de balcão, o senhor estava falando em ser professor da turma inicial, eu não sabia se poderia
dar certo.
Começo a olhar os prospectos do como ficou a aula, do primeiro ano, e começo a olhar os
materiais de apoio, e penso em uma evolução, não sei, eu queria ter a minha forma de ensinar aquilo,
talvez eles me freassem, mas era uma turma experimental, e talvez o que parecia bom, confundisse os
alunos.
Uma coisa eu sempre tive como real, a versão Americana da Historia, é bem diferente da Versão
Brasileira da história, e nenhuma das duas, conta a verdade, ambas são versões dos vencedores, sempre
idolatrando um lado, demonizando os demais.
Sei que o patriotismo, estava arraigado neles, e o trabalho, também, o brasileiro, acostumado a
trabalhar 8 horas, se deparando com um povo que trabalha em media 16 horas. Eu sabia que isto era o
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material que iria começar a coloca no prospecto do terceiro ano, e sabia que a parte da matemática,
ganhava adendos, ainda poucos, mas é onde a trigonometria ganha voz, e estava apenas com um
prospecto pronto, e mostro a Junior.
— Quer mesmo passar esta parte?
— Nem que seja para poucos entenderem, mas são a base que vai gerar cálculos a frente, assim
como a regra de três, o básico, temos de passar.
— Certo, o texto como falou, ficou leve, não sei se entendi, pois pareceu simples demais.
— É simples, mas com calma vamos evoluindo, cada passo lento, para dar a sensação de que
estamos avançando sem mudar muita coisa, já introduzimos mais de 120 novas palavras, e vamos somar
mais 60 no mínimo neste trabalho.
— E o do sexto ano?
— Quero terminar de ler o conteúdo de todos os livros, para saber se não tem algo a frente, já
falado, as vezes o não conhecer de algo, pode parecer novidade e ser apenas a minha inexperiência.
— Mas os textos que falou, são 32 deles, vai dar trabalho.
Pego nas minhas coisas um caderno de rabiscos e falo.
— A ideia, trinta e duas somas no quinto ano, mas isto vai sobrar material que tem ali para o
sexto ano, e podemos dispor disso, metade do conteúdo do atual quinto ano, somar as 32 divisões
novas, e pegar metade do material e jogar para o sexto, se olhar, vai gerar mesmo assim uma pequena
sobra, na parte de criação e conversação, para por para o sétimo ano, e termos o inicio do material,
então se estou entendendo, o material do quinto ano, vai ficar com 402 paginas, contra os atuais 216, o
sexto vai ter o menos tamanho, e não tenho ideias ainda para o sétimo ano.
— Acredita que vai ser passível de passar nas mesmas aulas?
— A ideia é que a historia e material sejam passados, nem tudo é cobrado, mas estamos
somando, enquanto fazemos o aluno evoluir, e não esquece, o sexto acaba com a discussão e
apresentação em conjunto de historias criadas.
— Preparando para o sétimo?
— Sim, onde vamos acabar colocando parte da sua experiência em conversação com criação de
textos, narrativas de historias criadas, e apresentações de ideias.
— Apresentações de ideias?
— Desafiar os estudantes, a cada duas semanas, baseados no texto das três aulas anteriores, criar
e defender um tema, oralmente.
— Muitos se assustam com isto?
— Sei, mas estamos ou não querendo criar pessoas que saibam se virar com uma língua que não é
a nativa deles.
Carlos sorri ao fundo e fala.
— Acredita que conseguiremos no mesmo prazo?
— Acredito que sim, eu leio este conteúdo, que chamam de grande, em um noite, acredito que
conseguimos passar aos demais em um ano.
Começo a por as minhas ideias no sistema, para que fosse a minha régua de evolução, para não
esquecer nada.
Termino de criar e cansado, vejo os demais cansados e saímos, estava na hora de descansar os
neurônios, e cada vez que pensava em algo, sabia que parte passara desapercebido.
Eu anoto no caderno e Vaz pergunta se aceitava uma carona, estava com fome, passamos numa
pizzaria e chegamos em casa com uma pizza, minha mãe sorri e pergunta como estavam as coisas,
explico que não sabia, era muita proposta, mas pouca vivencia desta criança, eu, sorri com ela, Vaz
parecia querer algo a mais, mas não valou nada.
Ele troca uma ideia, parecia serio que queria alguém que lesse contratos, mas algumas coisas não
entendia nada, mas ele me deixar um texto em inglês, me forçaria a entender o que cada coisas
significava.
Cansado tomo um banho e cama.

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Acordo na Sexta, vou ao colégio, sabia que teria apenas duas aulas e após
isto, vou a biblioteca e verifico alguns testos, e depois verifico que alguns textos
não tinham tradução para o português, e talvez isto fosse outro uso para o que
estava aprendendo, traduzir testos e os publicar em português, me forçando a
ampliar o vocabulário e conhecer novas culturas.
Estava a estudar, com dois livros sobre a mesa, quando vi Rodrigo parar a
cadeira e falar.
— Pelo jeito está estudando a fundo.
— Tendo ideias, pois me propuseram algo que acredito que fosse mais para pessoas com melhor
formação.
— Propuseram o que?
— Melhorar os materiais didáticos da Cultura Inglesa.
— E está mergulhando em que, isto é física?
— Pensa, os cursos passam longe de termos científicos, matemáticos, biológicos, históricos e
geográficos, usamos apenas o vocabulário básico, então tentando ler algo em inglês, e ver o que
entendo, e as palavras que tenho de aprender, para um texto básico de grau médio nos estados unidos.
— E pelo jeito ainda lhe olham atravessado.
— Devolvi um livro com duas balas atravessadas nele.
— Certo, mas e a ideia do teatro?
— Tenho de falar com algumas pessoas, e no meio disto, um escritório de advocacia, quer que
entenda de termos comerciais, e para isto, preciso de mais leitura.
— Os demais parando e está estudando.
— Sim, prospectos de ideias, onde cada ideia, pode me gerar um conhecimento, estava olhando,
tem mais de 300 testos importantes, nesta biblioteca, que não foram ainda traduzidos ao português,
talvez o faça, nem que apenas para mim, mas pensa no quanto isto ajudaria em algumas áreas.
— Três caminhos?
— Quatro, quero criar minha peça teatral, nem que não seja a escolhida, parte dela, pode ser
usada.
— Projetando o ano que vem?
— Sim, e aproveitando enquanto tenho a carteirinha desta biblioteca, para aprender um pouco
mais, e é um local bom para estudar, quando da calma de fim de ano.
— Pelo jeito pensando longe.
— Semana que vem, fui convidado a testar um texto com uma turma do primeiro ano de
formação da Cultura Inglesa.
— Tentando entrar neste ramo.
Pensei e falei.
— Agora vou ser pretencioso.
— Fala, esta cara de que teve uma ideia.
— Teria como convocar os alunos da turma de inglês, sei que alguns já estão de férias, mas se
teria alguém disposto a uma aula de reforço, por um mês, na sala do curso de inglês, para que testasse
um texto, introduzindo as pessoas a conversação e ao inglês?
— Testando aqui antes de apresentar lá?
— Sim, material novo, que provavelmente se eles souberem vão me proibir depois de mostrar
longe de lá.
— E precisaria de que?
— Uma impressora e um xerox, e da quantidade de copias que tivesse de alunos.
— Vou ver com a direção, as vezes gosto de ver alguém evoluindo, saindo da sombra.
Voltei ao texto, era física para a High School, do decimo primeiro ano, estava anotando os testos,
tirei foto de algumas paginas, e de alguns materiais, estava a fazer uma introdução e vi que Rodrigo
prestava atenção.
— Está pensando em ter isto a nível de material didático?
— Isto já é para pessoas com pelo menos 5 anos de estudos de inglês, mas sim, é material que
interliga estudos de inglês, conversação e o conteúdo de decimo primeiro ano, dos estudos nos Estados
Unidos.
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— Pelo jeito um material baseado no aprendizado simples, mas com assuntos sérios.
— Odeio a sensação que os cursos de inglês passam a nós, de sermos alunos de primeiro ano do
primário.
— E está mesmo falando serio em tentar algo assim.
— Não esquece, se for topar, o primeiro dia é segunda.
O professor sorriu e falou levantando-se.
— Vou ligar para alguns, pelo jeito está querendo mesmo algo diferente.
Olhei para ele e falei em inglês.
— A diferença, algo oral, de conteúdo moderno, diferente e que não seja o eterno Ser/Estar.
O professor saiu, olhei o relógio, aproveitei ainda a hora que estava ali, era por volta do meio dia,
quando o telefone tocou, e expliquei para Vaz onde estava, ele me acha na biblioteca e faço sinal para
ele entrar.
— Pensou no que falei?
— Termos que não tinha visto ainda, mas o contrato é um contrato padrão de comercio,
colocando a jurisprudência, para o Panamá, e não entendi porque, mas estabelecendo – passei para ele
uma tradução, estava na minha letra, não sei se ele entenderia – estes aspectos principais.
Ele passa a vista e sorri.
— Pensei que teria de insistir mais.
— Não entendo disto ainda, mas estava vendo que poderia tentar passar em Letras Inglês pela
manha na Federal, e fazer Comercio Exterior por via online, na FAEL.
— As pessoas pensando em se formar, está pensando no que fazer?
— Sim, mas para isto, teria de ter ganhos, pois faculdade online é paga, e preciso de uma reserva
para isto, e sei que as vezes, terei aulas fora do horário matutino na Federal.
— E estava estudando?
— Começando um quarto projeto para o ano que vem.
— Quarto?
— Escrever uma peça, traduzir um livro para o Português, me preparar para dar Aula, e me formar
no terceiro ano.
— E teria como me dar consultoria sobre estes textos.
— Se precisar, sim, é bom ver mais uma linha de palavras que não se usa normalmente, é um
caminho a estudar.
— Gosta disto.
— Sim, gosto disto.
Vaz estava ali quando o diretor de conteúdo do curso de inglês do Estadual veio a mesa com o
professor Rodrigo.
— O que pretende, o professor Rodrigo veio com uma ideia estranha, que não entendi.
— Um reforço de um mês, dado na sala dele, para quem quiser ver, um teste de conteúdo, que
será aplicado no Cultura Inglesa, e que poderia servir aos alunos, que já fizeram o curso, um reforço de
fim de ano, mas é uma oficina de experimentação, que se o professor gostar, passo para ele o conteúdo
para o ano seguinte.
O senhor olha Rodrigo e pergunta.
— Posso ver este conteúdo antes?
Olhei o senhor e falei.
— Até fazer parte do grupo.
— Ele tinha vindo com uma ideia de uma peça teatral em inglês, agora com isto.
— A ideia da peça, vem do teatro Guaíra senhor, não é dele, o curso da federal, vai participar com
dois grupos, não sei se o pessoal da Cultura Inglesa vai participar com um ou dois grupos, mas quem deu
a ideia, foi Rosália, diretora do Guairinha. – Falei olhando o senhor.
— Algo institucional?
— Querem começar a atrair pessoas novamente aos teatros, mas não somente como publico,
mas como criadores de conteúdo, de peças teatrais.
— E você, o que um aluno pode fazer?
— Eu pretendo escrever uma peça e atuar em outra, mas é que só participo de dois grupos, tem
de deixar espaço para os demais.
Vaz sorriu, o senhor quis ser grosso e não dei espaço.
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— Verifica se tem gente interessada, sei que muitos estão indo para seus últimos dias.
— Verifico, se o senhor me der certeza que podemos usar a sala.
— Estamos ainda no ano letivo, não vejo problemas nisto.
O senhor saiu e Rodrigo me olha serio.
— Quer convidar quem?
— Seus alunos, mas me cobra algo para o ano que vem.
— Algo?
— Um curso rápido, de um mês, de fim de ano, mas tem de ser um mês antes do vestibular da
Federal, um conteúdo rápido, de Inglês para Vestibular.
— Algo a somar para as pessoas que estiverem fazendo vestibular a frente.
— Sim, como eu farei vestibular, eu vou fazer o material, então com certeza, vou o testar aqui
antes.
— Vou pensar nisto, mas quando vamos imprimir o conteúdo.
Eu tinha salvo o mesmo num pendrive para estudar e fomo a sala do senhor e imprimimos o
material, era grande, e ele grampeou e falou.
— Isto que vai ser o conteúdo?
— Sim.
A divisão em três módulos me fez imprimir somente o primeiro, não queria assustar o professor.
Saímos dali e fomos ao teatro Guaíra, tinha marcado com Chaves, ele não sabia o que passava em
minha cabeça, estranha eu chegar com Vaz, que sempre estava naquele terno impecável.
— Qual a ideia?
— Sei que não conheço muita gente, mas a pergunta, você que conhece as pessoas, conhece
alguém que tenha interesse em dar um curso de teatro?
— Teatro? Você já fez o curso.
— Sim, mas a ideia, algo que tenha Oratória, que tenha Teatro, que tenha montagem de testos,
que tenha a explicação de como funciona um teatro, tudo que tem de estar pronto para algo acontecer,
e alguém de cenário.
— Está falando serio?
— Sim, criar um curso de teatro, que ensine teatro, mas toda a estrutura de teatro, o que são
textos de teatro, rápidos, dinâmicos, com palavras que sejam fáceis de falar.
— E onde seria dado este curso.
— Acho que na Cultura Inglesa, com visitas no Guairinha, e em algumas oficinas, de cenário.
— Porque disto?
— Criar junto ao Guairinha, uma grande oficina de teatro, como os cursos de Inglês da cidade,
para o segundo semestre do ano que vem.
— Disto que Rosália queria falar?
— Em partes, sim.
— Falo com alguns, pelo jeito quer agitar.
— Sobreviver.
— E como está o ombro.
— Melhor, as vezes ainda lateja.
— Tem de se cuidar.
Saímos dali e fomos a federal, queria saber a posição de Ivan, ele passou a mensagem e não
entendi.
Ivan me vê entrando e fala.
— O agitador.
— Me espere que em dois anos estou nestes corredores.
— Queria lhe falar.
— Fala.
— Sentamos na direção e conversamos.
Eu nunca tinha ido a parte dos professores, mas juro que pensei em algo diferente daquilo.
— Falei com Silvia, do Grupo Teatral da Federal, ela disse que apoia criarmos uma peça, e o
pessoal do quarto ano, que estão indo ao Quinto, toparam a ideia, pois eles apresentariam nesta
apresentação e na festa de formatura deles.
— Pelo jeito o agito está grande.
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— Sim, as vezes as pessoas não sabem o que vamos aprontar, mas a turma do ano que vem, está
animada.
— Eu por um mês, no estadual, a partir da semana que vem, pretendo experimenta o material de
um curso de inglês, se quiser participar, me avisa que consigo.
— Querendo mostrar o seu valor.
— Sair da sombra.
Conversamos sobre as ideias e Ivan estava com ideias assustadoras, e não poderia ir contra.
Nos despedimos e sabendo da participação dos dois grupos da federal, voltamos ao Guaíra e
pedimos para falar com Rosália, que nos recebe e fala.
— Apareceu, pelo jeito está corrido.
— Acredito que terminamos a semana que vem, com a confirmação de dois grupos da Federal
interessados a participar, depois quero confirmar com o do Estadual, mas ainda acho que não sentamos
e falamos sobre isto senhora.
— Sim, isto que me perguntaram, qual a ideia fechada.
— Estou tentando conversar com alguns, mas não sei se estará amanha por aqui?
— Sim.
— Se aparecer, vai ser para trocar uma ideia, pois sábado é mais tranquilo, mas nem tanto.
— Chaves me perguntou qual a ideia?
— Se a ideia era criar algo a nível de cursos de inglês, agora parece que teremos um curso de
teatro na Cultura Inglesa, e a participação do grupo de teatro da Federal, Ivan professor do curso de
Inglês da Federal, aberto a toda comunidade, quer desafiar o pessoal da PUC a criar algo também, e
falou que iria conversar com um diretor do Inter, a ideia está crescendo, mas temos de fechar a ideia,
mas parece que vamos ter uma Oficina Teatral de Interpretações de Textos Autorais em Inglês, no
Teatro Guairinha.
— Oficina?
— Algo a chamar mais pessoas a participar, mas se teremos peças, teremos de ter direção, som e
luz, e por isto falei com Chaves, pois queria eles conhecendo o teatro antes.
— E Bruno Baptista está por trás de tudo?
— Sou apenas a ponte de ideias senhora.
— Falei com a Monica, diretora geral, não sei se conhece?
— Já vi, não conheço.
— Ela falou para tentar um apoio financeiro, abriu o caminho, e não sei o que poderia atrair mais.
— Vou tentar falar serio sobre a possibilidade de montar algo na Cultura Inglesa com um dos
sócios, quero ver o que faremos de verdade, e propor algo, esta ideia é apenas a primeira, mas
precisamos de formas de atrair mais pessoas, e por isto quero tentar fechar esta ideia.
— Correndo?
— Sim, tenho de fechar o conteúdo de algo que terei de apresentar em uma sala experimental de
aula na segunda.
— Aula experimental de que?
— Introdutória ao inglês falado e escrito.
— Pelo jeito está levando a serio isto.
— Sim, mas vou pensar em algo e vamos ver se sentamos a semana que vem para conversar.
Saímos e fomos a Cultura Inglesa, Vaz me deixa lá e vai ao escritório, com o contrato traduzido.
Vi que Junior estava debruçado sobre o assunto e ligo o computador e começo a por as ideias do
sexto ano, aqueles que tinha pesquisado, puxo as imagens que me eram permitidas usar, e os
prospectos do que pretendia usar da sobra do quinto ano, e começo a narrar as 32 partes que queria no
conteúdo, 32 pequenas historias narradas, para gerar aquele conteúdo.
Eu estava a terminar aquele prospecto quando vi o senhor Carlos entrar com o senhor Bryan, e
me esticarem um protótipo e falar.
— Tenta achar algum defeito, se não tiver muitos, mandamos a gráfica e teremos os primeiros na
segunda.
Olhei o material, corrigimos algumas poucas palavras, digitação errada, e entrego ao senhor, e
volto ao texto que estava, Junior chega e me olha.
— O texto do terceiro ano está pesado.

78
Não estava nele, mas mandei para a impressora a parte do material do sexto ano e depois de
imprimir as 406 paginas, eu alcanço para Junior e falo.
— Esta é minha proposta para o sexto ano, se puder dar uma olhada, vou olhar agora o terceiro.
Ele me olha e sorri, não sei, eles pareciam gostar do que fazia e parecia meio estranho isto para
mim.
Eu pego os textos do terceiro ano e começo a colocar as 70 palavras que precisaria a mais, as
partes de criação das partes curriculares, e por fim, o colocar das imagens, estava a colocar as imagens
quando vi Carlos discutindo o conteúdo do sexto ano, estivera tão compenetrado que nem vi Carlos
voltar.
Ele me olha e fala.
— Este material tá pesado, vou mostrar ao Bryan.
— Sem problemas, mas a pergunta senhor, vamos criar ou não o grupo de teatro?
— Quer mesmo levar isto a serio.
— Quero saber se vai ser por aqui ou fora daqui.
— Bryan não gostou da ideia.
— Sinal que nem tudo será como espero para o ano que vem.
— Este material está bom, mas realmente, é inglês com conteúdo, nem entendi alguns termos.
— Inglês de contratos, linguagem advocatícia e do comercio exterior.
— De onde tirou isto?
— De um livro usado nos USA, no High School, que estava traduzindo hoje, pela manha, na
biblioteca.
— Certo, foi a fonte, mas saberia a pronuncia disto?
— Talvez nisto, tenha de falar com Bryan.
— Certo, a lógica é a mesma, mas pelo jeito estava estudando de manha.
— Traduzindo um livro e um contrato de Comércio Exterior, mas se não teremos o teatro aqui,
vou tentar em outro lugar.
— Não vai deixar a ideia?
— Não, como falei, criadores de conteúdo, tem maior entrada nas Universidade Americanas. E
não desisto de minhas metas facilmente.
— Pelo jeito vamos ter de podar asas. – Ouvi Carlos falar isto e não falei nada, pois iria discutir,
mas era evidente, eu fazer, estavam felizes, mas talvez tivesse de ir mais lentamente.
Eu olho o material e fui mais lentamente, fico pensando em posição verbal, as vezes tinha
duvidas, mas como eles estavam olhando o outro prospecto, eu fiquei enrolando naquele, se não teria o
teatro ali, teria de verificar, ideias sendo podada novamente, e não sabia para onde correr.
As vezes pensamos em algo, e aquela frase, me tirou a concentração, não teria como perguntar o
que o senhor quis dizer com aquilo, sem me estressar, teria de aprender a engolir sapos.
Passo uma mensagem para Vaz, perguntando se conhecia alguém interessado em financiar um
maluco, que queria fazer teatro.
Vaz não me respondeu rápido, fui ao banheiro e na volta os três estavam olhando o conteúdo, e
discutindo o que poderiam mudar, Bryan parecia gostar, os demais, queriam tirar o fazer dos textos no
final, pelas palavras, desconfiava que não era Bryan que não queria o teatro, mas realmente não era a
função daquela escola de ter curso de teatro.
Perto das 6, falei que teria de acertar coisas para a semana seguinte, e perguntei se precisariam
de mim, estava tentando pensar, e não estava funcionando. O senhor Carlos me passa o prospecto do
primeiro ano, para estudar, já que as mudanças já tinham passado a gráfica.
Não sei se eles notaram minha decepção, mas se não notaram, deveria ser transparente,
desconfio que não voltaram a discutir o texto do terceiro ano, para não me darem mais oportunidade
para falar do assunto.
Ivan passou o nome de 3 pessoas para a aula cedo na segunda, passo para Rodrigo, que falou que
teria mais 10 pessoas e o diretor que queria ver o material.
Uma turma, isto que precisava, nem queria que desce certo, queria testar se sabia qual o
material.
Vaz me ligou e estava já na Reitoria, subi na biblioteca da humanas, as vezes era um bom lugar
para ter livros em inglês, e pensei em 3 livros para traduzir do português para o Inglês, e 3 para fazer o
inverso.
79
Estava sentado ali quando Vaz entrou pela porta, ele senta-se e ao lado dele estava um rapaz,
parecia mais novo que eu, e fala.
— Porque falou em alguém lhe financiar.
— Pensei em um curso de teatro na Cultura Inglesa, eles não querem, mas não sei, eu queria
pessoas que conseguissem criar peças em inglês e as encenar, mas para isto, precisava de alguém
bancando um local para ensaio, não sei se alguém faria parte do curso, a ideia, oferecer um curso, mas
quem sou eu para entender isto, acho que minha inexperiência, acabei passando aos demais.
— Teria ideia de quanto precisaria? – O rapaz ao lado.
— Uma sala ampla ou uma casa ampla, central, de preferencia próxima a Cultura Inglesa, onde
estarei a tarde dando aulas, mais o valor de 8 profissionais, para darem aula.
— E não tem pra isto?
— As vezes acho que a ideia não se sustenta, as vezes, que é um caminho, quando li sobre o que
pode garantir as pessoas uma vaga numa universidade nos Estados Unidos, ser um atleta bom, ser um
criador de conteúdos, ou um ator de qualidade.
— E pensou em ser ator por isto? – O rapaz que não sabia ainda quem era, mas nitidamente
estava ali para falar comigo.
— Não, pensei em criadores de conteúdo e atores, pensei em uma base que realmente não se
encaixa na estrutura de um simples colégio de inglês, eu propus algo mais profundo, como equivalência
e reconhecimento externo, para um curso criado, com equivalência ao segundo grau daqui e dos
Estados Unidos.
— E a contrapartida seria um curso de teatro?
— Um curso que criasse autores de peças teatrais em inglês, para desenvolver a criatividade, a
língua e a oratória das pessoas.
— Algo para uma formação em inglês?
— Sim, pois para criar, se teria de escrever, pensar em algo em inglês, entender da oratória em
inglês, onde se tem de escolher palavras fáceis de pronunciar e se entender em um teatro, e dinâmica
de palco, sei que isto tira o medo da gente.
O rapaz olha para Vaz e fala.
— Verifica para mim, se existe este lugar lá próximo, e contrata uma secretaria, e pensa em um
nome, vamos apoiar, não entendi toda a ideia, mas depois me apresenta.
O rapaz não se apresentou, apenas saiu e olhei Vaz.
— Não entendeu nada. – Vaz.
— Não, quem é o menino?
— Pedro Rosa, lhe diz algo?
Olhei a entrada, e perguntei.
— É serio?
— Sim, mas não entendi como atrair pessoas para o curso.
— Investimento em Marketing, mas é que minhas ideias são bobas, e não sei se temos como?
— Pensou em que?
— Apresentar a ideia de uma Oficina Teatral, para isto, pedir apoio da Secretaria de Cultura do
Estado, e conseguir mais dois ou três patrocínios, para o curso, se fosse na Cultura Inglesa, ele seria
quase que sem esforço, mas a ideia, textos nacionais, traduzidos ao inglês e interpretados em peças
criadas, onde se teria o livro traduzido, a peça criada baseada na historia, e uma dinâmica, de criação de
iluminação, som e cenário.
Olhei em volta e pensei.
— Quanto sairia para financiar nem que um pouco o Time de Futebol Americano do Coritiba Sport
Clube.
— Nem ideia, nem sabia que existia isto. – Vaz.
— Sei que penso fora da curva, mas eu propus a eles, se não aceitaram não posso sacrificar meu
emprego, não ainda.
— Pelo jeito algo não consegue falar.
— Falei que era uma forma de conseguir uma bolsa para formação nos Estados Unidos, e ouvi que
teriam de podar minhas asas.
— E não falou nada?
— Estão me ajudando, nem que sem saber, mas estão.
80
— Não entendi a ideia que fez no colégio, aula na segunda.
— Eu quero testar o que vou fazer a tarde, para ganhar recurso, mas eu nunca dei uma aula
inteira, saber onde começa e onde termina, não é saber como o fazer.
— Vai dar uma aula de graça, para testar.
— Sim, porque não?
— Eles reclamarem.
— Depois criou um conteúdo para o curso do Estadual.
— Não tem medo?
— Não, quase morri este ano, duas vezes, o que pior que isto que existe?
— Certo, quer ir a frente, mas vi que alguns querem sempre ser autoritários no estadual.
— Gente que tem de dizer que manda, normal.
— E pretende fazer o que?
— Comprar um computador pessoal, bom e começar a criar algo para falar com a diretora do
Guairinha, sabe se a Rosa´s patrocinaria um evento no Guairinha?
— Quanto?
— Não sei, pensei em parte da publicidade vir da Cultura Inglesa, mas pelo jeito, eles não querem
fazer parte.
— E não vai insistir?
— Se der certo, eles acabam entrando, nem que com uma peça, mas isto, vemos depois.
— E quer montar um grupo teatral?
— Um grupo que crie pessoas especializada em praticas teatrais, seja na iluminação, na
montagem de som, na coxia, na criação de peças teatrais, na encenação, e na criação de cenários.
— E pelo jeito não achou todo apoio.
— Como tenho visto, é tudo muito separado para os demais, somente na minha cabeça, que tudo
se une.
Sai dali e fomos a uma loja de equipamentos de informática, eu comprei um computador já usado
e Vaz me deu uma carona para casa.
Eu queria ganhar um pouco mais, começar como professor, para pedir internet, mas eu começo a
pensar no prospecto de uma Oficina.
Queria algo que desse destaque, sei, queria chamar atenção sobre mim, mas as vezes me olhava
no espelho, e sabia que poucos levariam este rapaz, recém saído das espinhas, que está ao espelho, a
serio.
Passei a noite estudando a aula que daria, minha mãe chega a porta e pergunta.
— Não vai dormir?
— Se me sair bem na segunda, posso ter um local para trabalhar no ano que vem.
— E pelo jeito está tentando palavras?
— Sim, frases, palavras, tentar pensar em perguntas dos alunos, então tenho de dominar o
conteúdo, pois as perguntas podem vir a mesclar estas coisas.
— Tem de descansar.
— Vai trabalhar amanha mãe?
— Sim, queria fazer algo?
— Ver um filme no fim do dia, mas nem sei qual.
— Vemos, não tenho ainda ideia do que farei amanha.
Terminei de ler o prospecto, que tinha feito, repasso algumas palavras que nunca falei em inglês,
tomo um banho e vou a cama.
A cabeça estava tentando relaxar, e somente depois que começou uma chuva leve do lado de
fora, consegui dormir.

81
Acordo sábado, olho o relógio, costume de acordar cedo, então eu olho
as mensagens pelo celular, o carrego bem, olho o computador, salvo tudo no
pendrive, e nem olho em volta, apenas saio e vou ao centro.
A primeira pessoa a conversar, Rodrigo, que me passara uma mensagem,
e queria conversar.
O colégio vazio aos Sábados, ficava mais vazio nas férias.
Rodrigo me esperava a frente e quando me viu falou.
— Aquilo é material serio? Pois nem sei pronunciar algumas palavras
daquelas.
— Estou treinando para isto, mas o que quer falar.
— O diretor primeiro queria dizer que aquilo já ensinamos, dai ele começou a olhar o material e
ficou olhando em volta, depois de um tempo, me chamou e perguntou se isto daria para ser
implementado.
— Rodrigo, o material que imprimimos, é um terço do material que passaremos.
— E acha que dá tempo?
— Acho que não, mas é a proposta deles lá.
— Tive problemas de conseguir pessoas, pois a ideia, precisa que eles tirem copias do conteúdo.
— Quer tirar uma copia, do todo, e ver quem quer o todo, quem quer apenas parte?
— Algo a oferecer no dia?- O professor.
— Sim. – Abri a pasta e ali estavam os três livros, agora impressos, não apenas no pen drive e
Rodrigo olha o conteúdo inteiro e fala.
— Nunca vi um conteúdo destes Bruno.
— Agora tenho de saber, se sei passar isto a frente.
— E vai tentar?
— Sim.
— Pelo jeito eles querem algo profundo, uma mistura de estudos normais e ensino de língua.
— Sei que é complicado, as vezes vejo professores não entrando nisto, pois sairia da matéria que
eles dominam, eu forço sair do conteúdo, por isto quero saber se consigo.
— E pelo jeito ninguém sabe disto.
— Não, ninguém sabe, mas também não me perguntaram, eu não estou fazendo para ganhar
dinheiro, estou tentando me achar como um professor, não sabendo o que é ser um professor.
O telefone vibrou, vi a mensagem e passei onde estava, estranho que parecia que ali, neste
momento, estava me sentindo seguro, e não consegui explicar isto.
Estávamos conversando, quando vi Vaz entrar pela porta, o assistente dele estava junto.
— Pelo jeito estou dando trabalho. – Falei o vendo de novo.
— Me mandaram lhe mostrar um local.
Olhei o professor e perguntei, se ele iria fazer algo, pois ainda queria conversar, e saímos no
sentido da Agua Verde, o endereço era uma casa, antigo, que fora um restaurante, parecia em reforma,
e Vaz falou.
— O dono vai ceder, vai ter um contrato de aluguel, pois ele não quer perder o imóvel, mas tem
de ver se serve.
Eu olhei, não era um teatro, não era algo normal, uma casa na Avenida Iguaçu, um ponto de
grande valor agregado, me assusta isto, mas vou vendo as salas, teria de montar as salas, e começo a
pensar se daria para fazer, o local era bom, mas somente depois de descer ao piso baixo, vendo aquele
salão, com parte de um barracão vazio encostado, entro no barracão e olho Vaz.
— Servir serve, mas a pergunta que me faço, é se tenho recursos para reformar e deixar isto com
cara de uma escola de teatro.
— Tem de ver que alguém viu potencial na ideia, ele disse que tem um recurso para financiar
coisas assim, e mandou uma proposta para Rosália, não sei de quanto, e mandou lhe perguntar o que
precisaria para tornar isto algo a nível de um curso de teatro.
— Tenho de pensar, mas o que hoje é o barracão, seria fechado e seria o palco, a frente, já temos
um aclive, então temos como fazer um pequeno teatro, para que se ensine todas as técnicas, temos o
palco, para testar os textos, e temos a casa, que tenho de ver, onde serão as salas, a direção, terei de
organizar, não esperava algo tão bom Vaz.
82
— Verifica e me passa, ele gostaria de saber tudo que precisaria, e não entendo disto.
— Eu também não, mas não conta para eles.
— O que pretende aqui? – Rodrigo.
— Nas salas superiores, aulas de português, inglês, oratória, criação de textos, criação de
cenários, marcenaria, som e iluminação, mas tenho de ter os locais, para propor as pessoas, um local
vazio, não facilita.
— Certo, mas qual a ideia? – Rodrigo.
— Praticar meu inglês fazendo peças teatrais em inglês.
Rodrigo olha em volta e fala.
— E vem para a parte rica da cidade?
— A ideia, não fechei, mas tem muita coisa a pensar ainda.
Vaz me olha e conto os passos, o local estava sobre reforma, era evidente que eles abriram
aquele espaço, eles pretendiam algo ali, mas o que não sabia, e era mais do que estava pensando.
Vaz olha o assistente e fala.
— Consegue ajudar ele João, no erguer da empresa, da estrutura, e dos documentos que vão
precisar?
— Não entendi a ideia, mas apoio.
O rapaz fala que precisávamos fazer um prospecto de gastos e do que precisaria em cada local.
Olho para Rodrigo e pergunto.
— Teria tempo para dar aula em um curso na Água Verde?
— De inglês?
— Sim, dai teremos de ver o material didático, mas não será exatamente aquele, será uma versão
diferente.
— Certo, teríamos de ter o material didático.
— Sim, aqui é inglês avançado, não básico.
Rodrigo sorriu, um aluno estava o querendo forçar para cima.
O rapaz falou o que estavam fazendo no terreno e fomos ver a parte superior, entramos pela que
estava no nível da rua, o terreno tinha uma queda ao fundo, onde tinha o barracão e o espaço que me
parecia bom para um pequeno teatro, quando vamos a parte superior, sim, paredes abertas que
poderíamos ter pelo menos 4 espaços de ensino, e olho para a parte do fundo, ainda tinha uma parte de
terreno, sem nada, com arvores frutíferas.
Olho o prospecto e abro meu caderno e começo a pensar no que precisaria ali, uma entrada, uma
recepção, uma sala de entrosamento, a sala dos professores, dois banheiros e 4 salas de aula no piso
térreo, olho a escada, teria de ter segurança para subir, e na parte alta, um pequenos salão e a entrada
para as 4 salas, e os dois banheiros.
Queria turmas com 25 pessoas, estava pensando em um curso, que não entendo, e querendo
montar ele, isto que me parecia maluco, saio para fora, e vejo que na parte baixa, tinha um grande
estacionamento coberto, um espaço aberto e o espaço que queria o teatro, olho para aquele espaço e
penso, aquilo daria para ter outras coisas.
Olho que daria para cobrir aquela região, uma região como uma taberna, com peças ao lado, não
sabia o que daria ali, mas era a ideia, e do outro lado, um espeço que queria por um sistema de
impressão para nosso material.
Eu rabisco, e sento ao lado de João e começo a mostrar como queria o andar baixo, o segundo
piso, e por fim o terceiro piso, ele pega os meus rabiscos, e fala.
— Já pensou no nome?
— Estou pensando, pensei ter tempo para isto.
Rosália me liga, e saímos em grupo dali e fomos ao teatro Guaíra, e Rosália viu que viemos em
grupo.
— Pelo jeito arrastando pessoas.
— As vezes, pedimos ajuda, soube que um investidor lhe proporia algo, mas não sei o que ainda.
Ela sorri e fala.
— Pelo jeito quando a Rosa’s falou em financiar uma ideia, de um rapaz, chamado Bruno Baptista,
todos me olham quem é este rapaz.
— Estava ainda tendo ideias, pelo jeito se quiser uma peça com pessoas da Cultura Inglesa, terei
de fazer sozinho.
83
— Parte dando para trás?
— Não, apenas pessoas recuando, não sei como aqui acontece, mas quando não tem ninguém em
um projeto, todos somem, depois todos surgem como se sempre quiseram fazer parte.
— Mas não entendi a ideia?
— As tendo ainda. – Falo colocando ideias bobas a mesa.

Rosália olha e fala.


— E não sabe a abrangência ainda?
— Não, a ideia, atrair mais publico, mas fazer duas coisas, uma oficina de teatro, e um festival de
peças em inglês, talvez depois vejamos outras coisas, como um festival secundarista de StandUP.
— Somar pelo jeito.
— A ideia, é ter eventos no mês de Outubro, começamos com uma aula aberta a vestibulandos,
de inglês para vestibular, quero fazer as pessoas se mexerem, quero também, mas não tenho ainda
estrutura para isto, para estar com 3 peças no festival de teatro de Curitiba, e ter um grupo de alunos
que vão precisar encenar as ideias, mas como falei, apenas criando a ideia.
— Posso ficar com este material?
— Deve, mas são ideias ainda primarias, nem sempre elas dão o fruto que queremos, mas se der
algum fruto, será bom.
— E está levando todos a passear?
— Tentando não perder a ideia.
Saímos dali, depois de falar sobre as datas de Outubro, pelo jeito a entrada estava boa, pois
senhora não discutiu, e estávamos falando em fechar um teatro por pelo menos 15 dias, não sei quanto
custa isto ainda.
Deixamos Rodrigo no colégio, e Vaz me deixou na Federal, eu tinha marcado com Chaves lá, e não
sabia que mais alguém iriam eles não quiseram falar sobre o assunto no Guaíras.
Vi o pessoal da montagem, e Chaves era minha aposta em um curso sobre o funcionamento das
Coxias, Victor, ele que dava o curso no teatro de Oratoria e Paulinha, dava o de criação de textos, eu
sabia que nem todos levariam a serio, teria de montar o local, mas eu propus mesmo assim, e perguntei
a cada um quanto seria o valor que eles topariam para dar estes cursos.
Eles titubeiam, mas cada um dá um valor.
O pessoal sai e Chaves me olha.
— Pelo jeito eles não levaram a serio.
— Ainda é uma ideia, eles não entenderam, não sou eu fazendo, sabe que não teria recursos.
— E quem está fazendo?
— Um consorcio de pessoas, que vão criar na Agua Verde, um local para o curso de Teatro, e para
pequenas apresentações.
— Certo, pelo jeito um local caro.
— Avenida Iguaçu. – Falei apenas para ver a reação.
— Certo, algo para quem tem interesse.
— Sim.
Ivan chega ao local e me apresenta o pessoal do grupo de teatro da Federal e me fala.
— Não sei o que aprontou, mas algo você fez.

84
— Eu?
— A secretaria da Monica, diretora Geral do Guaíra, me liga e pergunta se conheço Bruno
Baptista.
— As vezes, eles só querem saber se a ideia é muito maluca.
— E pelo jeito pensando em algo. – Uma moça que não conhecia, mas que olha para Chaves e
pergunta – O que estão aprontando Carlinhos.
Ele olha a moça, sorri e fala.
— Ainda em projeto, mas algo sobre criar mais um grupo teatral na cidade.
— E quem é este Bruno Baptista, pois falam que ele conseguiu um patrocínio para um evento de
um mês no Guairinha.
Chaves me olha e fala.
— Isto não tinha falado.
— Rosália não abriu ainda os números, e as possibilidades, mas a ideia, ter uma oficina de teatro,
dentro de um teatro real, e termos aulas de oratória, de teatro, de criação de textos, e som e
iluminação, além de um curso apresentando a Coxia, a maioria nunca viu como é por traz das cortinas.
— E não falou disto ainda? – Chaves.
— A proposta é para março, a que fiz a vocês, não a de outubro, quando teremos o Guairinha
para o primeiro festival de teatro de peças em Inglês do Guairinha, e uma semana de oficina de teatro,
com cursos em paralelo.
— Algo que ainda estão pensando.
— Eu provavelmente, vou me meter em mais problemas no ano que vem, do que me meti neste
ano.
— Não levando tiro, se resolve.
Ivan me olha e pergunta.
— Acha que o pessoal da Cultura Inglesa vai mesmo participar.
— Quase certeza que não sei!
— E porque não saberia, não trabalha lá?
— Eu sou o atendente de balcão ainda, e eles não acham que o teatro tivesse um ganho ao curso.
— E discorda deles.
— Sim, mas eu sou a criança, eles os entendidos, e tenho de ver, que eu acho positivo por abrir
caminho para uma bolsa universitária nos Estados Unidos, eles não querem isto, eles querem pessoas
continuando eternamente nos cursos deles.
— E resolveu fazer algo a respeito? – Ivan.
— Montar um curso de teatro no Agua Verde, onde vamos ensinar criação de textos em inglês.
— E tem vaga lá?
— Tem, mas não sei se toparia, tem uma criança na administração das coisas lá.
— E como conseguiu algo assim.
— Não consegui ainda, fomos ver uma casa na região, mas tem muita coisa a fazer ainda, tenho
até de escolher o nome.
— E porque peças em inglês? – A moça.
— Provavelmente, faremos em português também, mas se quer um circuito mundial, tem de
estar em inglês, mas provavelmente teremos um pequeno teatro, onde vamos apoiar a comediantes,
atores, a fazerem a oficina de seus testos e peças.
— Algo apenas para testar? – A moça.
— Testar, dar apoio de criação dos prospectos de som e luz, para quando saírem dali, apoio na
criação de cenários, e estaremos ali para ser um apoio a todos os demais grupos, que não sentirem-se
intimidados.
— E acredita que vai fazer mesmo? – A moça.
— Acho que vou tentar abrir em Março do ano que começa ai a frente.
— Então já tem o local.
— Ter um local, e eles ficar pronto, é diferente.
— Certo, mas acha que eles vão fazer apenas um festival de peças em inglês.
— Está é a minha parte, mas a diretora do Guairinha está querendo agitar lá, apenas parece que
poucos estão passando por lá.
— E pelo jeito está acreditando no projeto de peças de teatro em inglês.
85
— Sei que ninguém fala inglês no Brasil, ou muito poucos, mas eu estou criando algo que quero
fazer, se os demais vão dar continuidade, é problema deles.
— Mas acha que vai encher?
— Acha que os pais dos alunos, colocam eles nos colégios para nunca verem os filhos falando em
inglês?
— Certo, só os parentes e amigos, agitam o local, mas porque acha que é importante.
— Falar em outra língua, não é fazer de conta que fala em outra língua. – Esta frase foi em inglês.
Ivan sorriu e responde em inglês.
— E vamos criar em inglês pelo jeito.
— Sim, quero fazer um grupo o ano que vem, para traduzir pelo menos 3 livros do inglês para o
português, dos clássicos que nunca foram traduzidos, e traduzir três obras clássica do português para o
inglês.
— O que estão falando? – Chaves.
Sorri e olhei os demais.
— Trocando ideias, mas ainda referente aos cursos, temos de terminar a obra, para mostrar a
eles, que o local existe, teria de ter auxilio para montar a parte das varas, dos equipamentos de som e
luz, os controles de cortina, e verificar se as varandas de manobras estão boas.
— Vai mesmo criar algo modelo? – Chaves.
— Sim, mas ainda só temos o espaço cru, sem nada de estrutura, sem nada que nos lembre um
teatro.
— Tamanho?
— Pequeno, do tamanho do Jose Maria Santos. 180 lugares.
— E pelo jeito acha que dará em algo?
— Preciso ver se terei apoio para fazer Chaves, eu não tenho dinheiro para fazer, e não entendi
ainda o que terei de fazer para compensar o investimento na ideia.
— E pretende fechar isto?
— Agora sei quanto cada um de vocês quer ganhar, tenho de ver o quanto cada pessoa vai querer
ganhar, e no meio disto, criar um curso, que se pague.
— E vai deixar fechado no resto do tempo? – A moça.
— Não, a ideia, um espaço conjunto, onde eu possa ter shows de standup, peças teatrais, recitais,
festas de lançamento de livros, algo cultural.
— Sarais?
— Se tiver uma proposta, porque não.
— Um espaço cultural.
— Sim, um espaço que quero aos poucos, desenvolver peças que possam estrear em qualquer
lugar do mundo.
A conversa foi para quem era quem ali, e a moça se chamava Rita, a diretora do grupo teatral, da
federal.
— E vai fazer parte do grupo de lá?
— Quero ver se Ivan, me deixa criar a peça que os não estudantes, vão encenar.
— Tem uma ideia?
— Estou pensando, mas teria haver com a lenda da Loira do Taxi.
— Algo que seria uma comedia?
— Sim, e que em partes, o pessoal arrepiasse na plateia, algo a nível de conto rápido, gostoso de
encenar e que conte algo, que mesmo quem não entenda a peça, ria.
— E pelo jeito quer atuar? – Rita.
— Quero criar, atuar, e ainda palpitar.
Ivan sorriu, eu me despedi, chego em casa, por volta das 18 horas, eu e a mãe fomos ao cinema,
queria relaxar a cabeça um pouco.
Comemos no shopping e fomos para casa, as vezes temos de curtir um pouco a vida.

86
Domingo começa com a ligação de João, ele se propôs a passar lá em
casa, e convidei a minha mãe a ver a loucura, que passava a minha cabeça, e
quando chegamos, vi que o que havia falado, eles estavam demarcando, e na
parte do fundo, um moça nos olha e João fala.
— Acha que a casa resiste a algo assim?
— Não sei a ideia total.
João me olha e sei que minha mãe me olha.
— A ideia, que eu possa fazer um evento aqui, neste espaço as 4 da
manha, e o vizinho não saiba.
João sorriu e a moça falou.
— Es filho do dono?
— Não, apenas quem deu a ideia.
— E qual a ideia em si?
— Um curso de teatro na casa, e um Theater Center, onde se possa ter uma casa de encontro,
mas que possa ter uma peça, mas para dentro do teatro, silencio, e ali fora, possa ter gente
conversando.
— E o que seria este curso de teatro?
— Um curso de oratória, criação de texto, encenação, dicção, teremos aula de português e inglês,
parte de marcenaria e parte de som e luz.
— As salas de aula?
— As quatro do térreo, são salas para as aulas teóricas, e no piso superior, aulas praticas, pois
postura, dicção e interpretação, não se aprende apenas na teoria, e ligar aparelhos, e fazer cenários, a
mesma coisa.
— E no meio disso, uma are lateral para ter a administração?
A moça coloca a mão sobre a área que queria criar a área de impressão, então falo.
— Está é a parte gráfica, professores não precisam de tanto espaço assim.
— Gráfica?
— Sim, por isto ali também preciso de paredes que contenham o som. – Pego a minha pasta e falo
– Só não vale rir dos meus esboços.

Nesta hora sempre ficava na duvida, mas falo.


— Sei que não coloquei ainda os nomes, estava cansado quando comecei a por isto no papel.
A moça olha João e olha o papel e fala.
— Porque destas divisões no barracão do fundo.
— Já foi a Coxia de um teatro?
— Não.
— Tenho de conseguir isto, pois o palco, tem aos lados, áreas de auxilio e mudança rápida de
cenário, na parte alta, tem os ganchos, onde temos parte do cenário, iluminação, e toda a dinâmica de
microfones e coisas assim, assim como as cortinas.
— Acha isto importante?
— Curitiba tem um dos seus melhores comediantes numa cadeira de roda a anos, por que não se
cuidou dos cabos acima.
— Certo, teria de estudar isto, mas quer um teatro em meio a um local de curso, e festa.

87
— Um local onde se possa aprender a fazer teatro, e entender a dinâmica, que um grupo se forme
nas aulas, crie uma peça e possa ensaiar, que tenha a quem pedir para fazer o projeto e iluminação e
cenário, que se alguém lançar um livro, possa usar, se alguém quiser fazer um sarau de poesia, possa
fazer, que possamos entrar com material didático, em meio a um local que pode também ter algo para
comer.
— E a parte azul?
— Uma cobertura, mas queria o piso da região, com elevação e com um piso que não fosse
gelado.
— E pelo jeito o Pedro pediu urgência, não sei se entende que fazer rápido, pode não dar tudo
certo.
— Prioriza a casa, o teatro, pode ir se montando enquanto damos aula, e o local de festa, se abre
apenas quando o teatro estiver pronto, então a parte de dar aula, piso um de dois, e a parte lateral que
deve me permitir gerar o material do Curso de Teatro.
— Vou passar o custo para Pedro, se ele autorizar, começamos a acelerar amanha, agora entendi,
parecia maluquice fazer algo assim, mas se vão fazer, em meio a um bairro residencial algo assim, não
podemos reclamar.
A moça foi passar as instruções e minha mãe me olha e fala.
— Já dando ordens?
— Nem sei por quanto tempo eles me aturam mãe, mas uma coisa é eu entrar com uma proposta
de parceria, junto a Cultura Inglesa, através de alguém de maior, que me permita, usar estudantes, na
parte de criação e interpretação, mas isto é uma incógnita ainda.
— Pelo jeito não acredita que eles vão fazer como você quer?
— A ideia é falha, entendo eles, mas não quer dizer que vá desistir de fazer uma peça em inglês e
a encenar aqui.
— Porque disto?
— Porque somente mostrando para fora, para alguém nos contratar para fazer fora, eu não gosto
de fechar esta porta.
— E vai querer fazer algo aqui?
— Sim, nada disto é meu mãe, mas se der certo, vamos criar uma referencia.
Fomos a parte de traz, o pessoal começava a arrumar, estava a olhar e vi aquele rapaz, mais novo
que eu, entrar e me olhar.
— Podemos conversar?
— Sim, minha mãe pode ouvir.
— Não vejo problema, estou apostando na ideia, preciso de algo que destaque o município, eu
estar oferecendo apoio, tem seus pontos positivos e os seus negativos, assim como você, sou de menor,
e não podemos ter as coisas em nossos nomes ainda, mas acredito que consegue dois adultos, podendo
ser sua mãe uma das pessoas e Vaz o segundo, para assinar o prospecto.
— Quer algo legalizado como o senhor João falou.
— Sim, e a pergunta, saberia o que gostaria de ter aqui.
— Uma lista de coisas a comprar, nem sei se posso pedir algo, e uma lista de pessoas a contratar,
a lista tem o preço que a pessoa gostaria de ganhar, e o quanto teríamos de ter de publicidade, para
colocar pessoas nas turmas, para não ser deficitário, e nem sei quanto vai me cobrar de aluguel.
— Se vai apoiar a cultura local, este lugar iria virar mais uma porção de apartamentos,
apartamentos são bom, mas tem de ter o entorno, para que as pessoas gostem de viver aqui.
Passei a lista para ele que fala.
— Tens uma conta corrente?
— Sim, por onde recebo o salario da Cultura Inglesa.
— Depois falo com Bryan, entendi que Carlos não quer o teatro, e Junior, vai no caminho de quem
colocou ali, mas falo com Bryan, sei que parece que estou dando muito, mas com calma vamos ver
como ter retorno nisto.
Ele olha o papel e fala.
— Tem de por seu salario aqui também Bruno, não se vive sem ter como comer, e se este
maquinário que quer aqui funcionar, com certeza vou querer usar ele, mas aviso antes.
— Tenho medo de encarecer o projeto.

88
— Você pensou em ensinar algo, isto sempre é deficitário, mas como eu falo, se o projeto é feito
para dar prejuízo, falta criatividade, não sei, me parece uma boa ideia, mas se cuida, estes Camargo são
malucos.
Trocamos ideia, falei o que eu queria com aquele projeto e vi ele anotar, depois a moça veio de
dentro e olhou Pedro.
— Por aqui Pedro?
— Entendeu a ideia?
— Acho que agora podemos acelerar, um teatro novo na cidade, pelo que entendi.
— Uma ideia mais elaborada, mas fecha o prospecto e passa a prefeitura, aprova a obra e depois
verificamos os detalhes, pois pelo que entendi, vamos cobrir parte, vamos ter barulho, e vamos agitar a
rua, então eles tem de liberar.
— Certo, estacionamento apenas para técnica e atores.
— Sim, tenta que aquele portão pareça a parte do local.
— Certo, não entendi a ideia?
— O rapaz quer criar peças especiais, formando pessoas que saibam escrever peças, interpretar
peças e falar em publico, sabe que isto é mais do que metade dos políticos do Paraná sabem fazer.
A moça sorri e fala.
— Criar uma forma das pessoas pensarem.
— Ele é quieto, mas observa, ele sobreviveu duas vezes aqueles malucos da Desembargadoria.
— Vou fazer as determinações, o rapaz foi bem enfático, ter algo aqui dentro que o vizinho, as 4
da manha não perceba.
— Sim, já chega a rua, eles fazem barulho fora daqui.
— Certo, uma coisa é perturbarem a rua, mas dai, não estariam aqui.
— Eles podem perturbar, mas pelo que entendi – ele falou olhando para mim – não pretende
passar muito das 22 horas.
— Raramente se passa deste horário, mas as vezes, pode acontecer, e mesmo a tarde, barulho de
mais, os vizinhos reclamam.
— Sim, algo que não perturbe mais do que o normal.
— Acho que 99% do tempo, não vamos perturbar, mas estamos tentando não perturbar muito
nestes 1%. – Falei.
— O senhor João falou em uma parede entre a parte do teatro e a parte lateral, que não passasse
som.
— Quando for uma peça de comedia, não faz diferença, mas se for uma peça, gente entrando,
saindo e gritando, atrapalha.
— E se desse, aceitaria uma parede que pudesse sair lateralmente.
— Se ela parar o som quando preciso, não tenho nada contra, o outro problema, eu falei em
cobrir a parte externa ali fora, para ser um espaço de confraternização, não sei se dá para fazer sistemas
de retenção de som para cima?
— Geralmente dá, mas sai caro. – A moça.
— Faz um projeto pensando nisto Roseli, pois a ideia é não atrapalhar, e sabemos que a felicidade
de uns, já atrapalha outros, eles nem precisam do barulho, o ter gente feliz os incomoda.
Pela primeira vez soube o nome da moça, não sei se era quem pensei, mas se fosse Roseli Paz, ela
era parte da historia da cidade, de prédios novos que surgiam na cidade.
Minha mãe me abraça e fala.
— Querendo trabalhar duro o ano que vem.
— Tentar pensar no meu futuro, e não sei, as vezes parece que não vai dar em grandes coisas, as
vezes, que é o caminho que tenho de fazer mãe.
Vaz chega a nós e olha para minha mãe, perguntou se poderiam conversar, e soube mais a frente,
que os dois estavam criando algo que pensei, mas como algo que nunca realizaria, o nome simples
Curitiba Theater Center, era simples, mas já estabelecia que era algo maior que apenas um curso de
teatro, e sentei a parte do prospecto, e vi Pedro me olhar e falar.
— Vai querer comprar mesmo aquele material.
— Sim, acho que temos de somar, e quero traduzir pelo menos três livros ainda não traduzidos
para o português, três ao ano, enquanto eu tiver como o fazer, minha pequena parte, pois se o fizer por
10 anos, serão apenas 30 títulos.
89
— E uma vez traduzidos, vender?
— Vender sim, mas oferecer as bibliotecas locais, o registrar disto, para que se alguém quiser o
publicar em quantidade maior, conseguir.
— Somar na cultura?
— Sim, mas seria sincero em uma coisa?
Pedro sorriu e me olha serio.
— Deve estar pensando em porque estou fazendo isto.
— Sim, não é normal.
— Eu poderia dizer que estou fazendo porque posso, mas a verdade, eu sozinho, não consigo
mudar tudo, aprecio pessoas que querem fazer coisas diferente, sei que deve olhar a ideia que tens, e
pensar, ela não fecha, e eu olho ela e falo, que bom que não fecha, as ideias que se fecham, todos tem,
todos dedicam suas vidas a projetos iguais.
— Ainda acho estranho.
— Estou ajudando, mas pode ter certeza, quando estiver pronto, eu e você vamos parar e falar
sobre o que pode ser feito neste espaço, pois os dados que me passou, se forem reais, acredito que
conseguiria 3 turmas, em 6 cursos em paralelo, ou como se diz, 450 pessoas para cobrir inicialmente os
custos, um local que teria espaço para 178 pessoas, que pode atrair ao local, pelo menos 3 vezes por fim
de semana, por 4 vezes no mês, mais de dois mil ingressos de algo, que temos de saber, como distribuir
a bilheteria com os grupos, mas se cobrar 100, der metade para os grupos, teria 100mil na conta,
quando vi o projeto a pouco, é um projeto que se paga, mas tem de manter o interesse, vi que tens
ideias abertas, mas se cuida, gente querendo apenas usar e depois sair falando mal, é o que mais existe.
— E pensou nisto quando?
— Pensei em algo que daria menos, estava pensando no que Vaz falou, algo que sobraria com
esforço, 12 ou 14 mil, mas mesmo isto, é um salario melhor que o mínimo.
— Certo, vou ter de pensar no conteúdo dos cursos, e no quem vai fazer o que.
— Pensa nos nomes, vi que perguntou para peças chaves quanto cobrariam para dar uma aula,
eles estão achando fácil, mas nem tudo é fácil, eles quando verem a correria, as vezes desistem, mas
primeiro tentamos com os nomes normais.
— Queria ajudar no Guairinha também, mas nem sei a proposta que colocou lá, as vezes parece
que estamos caminhando, mas eu ainda estou me deixando conduzir. – Falar.
— Alugamos o teatro por um mês inteiro, e não sei, você falou que temos programação para 15
dias.
— Sim, mas uma das coisas, seria uma aula de Inglês para cursinhos, marcada para os primeiros
dias de outubro.
— E o que falei com quem propôs, uma oficina de teatro e um festival de teatro.
— Sim, mas não tenho ainda as peças que serão apresentadas, estou convencendo duas partes, a
federal e o estadual, já está começando a parecer interessados, mas a Cultura Inglesa, pulou fora.
— Termina aqui antes, temos o local reservado, mas se você colocar duas peças, a federal duas
peças, o estadual uma peça, e conseguirmos mais duas peças, já teríamos uma por dia, por 7 dias.
— Certo, as vezes esqueço que sonhos, não precisam de tantos números.
— Tinha pensado em algo?
— Escrever a peça do Estadual, e encenar com o grupo da Federal de inglês para não estudantes.
— E não esquece, você falou em 6 cursos, e está com 9 salas, podendo usar o teatro para aulas e
para teóricas de luz e som, além da interpretação.
— Acha que comporta mais?
— A ideia é sua, mas não esquece, tem 9 salas, e um teatro, e estamos falando em criar um curso,
que pode ter pessoas interessadas, mas se formar 3 turmas em Teatro, teríamos 3 chances de peças
ano, mas nem tudo no primeiro ano.
— Acho que me assustei com a dinâmica, tenho de pensar.
Eu estava meio perdido e ouço ele falar.
— Oratória, dá para por todos os estudantes no teatro por turno e aplicar a aula, aulas especiais,
também podem ser dadas, quando se fala em certas pessoas, se vende palestras, e muita gente paga
caro para estar lá.
Ele me olha serio.

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— Existem personalidades, que para estar no Brasil, cobram a estadia e mais 25 mil dólares para
dar uma palestra de duas horas, eles acham mesmo que estão falando com países pobres, então alguns,
vi um o ano passado, em São Paulo, que cobrou isto, e a direção cobrou mil dólares por pessoa para
estar lá, e tinha fila pela desistência, o grupo propôs se o senhor não daria duas palestras, eles pagariam
a diária e mais 25 mil dólares, para o dia seguinte, e colocaram mais de duzentos mil dólares na conta,
liquido.
— Mas estes são exceções?
— Sim, mas estamos falando no rendimento da escola inteira mais o teatro, em dois dias, liquido.
— Certo, estar atendo a estas oportunidades, esqueço que um espaço destes, dá para usar para
vários fins.
— Sim.
Trocamos ideia e quando minha mãe veio de dentro, retornamos, queria estar descansado para o
dia seguinte, seria um mês corrido, e que estaria me preparando para ser algo, que estava dando um
frio na barriga.
Chegamos em casa e minha mãe falou que precisava de um nome para a empresa, e passei para
ela o Curitiba Theater Center, ela sorri e pensa no que estava fazendo, me alertando para não descuidar,
mas soube que Vaz e ela fundariam a empresa, ela assinou os papeis, e que pediriam o alvará de
funcionamento e todas as burocracias, que estavam tirando do papel algo que não entendia bem, sabia
que minha mãe estava encantada e assustada, ela talvez não dormisse como eu nesta noite.

91
Acordar cedo e ir ao Estadual, minhas aulas já tinham acabado, e pego o
material, vejo as pessoas chegarem, um cumprimento em inglês, e o
estabelecer da base, o perguntar hora em português, se estavam entendendo,
que qualquer duvida, se manifestassem, um dedo, algumas colocações verbais
de escrita, algumas colocações do prospecto, primeira aula, não cheguei ao
ponto que queria, mas sabia onde poderia cortar um pouco, eu anotei e deixei
ali, para continuar no dia seguinte.
Duas horas de aula que passaram rápido, pois eu estava uma pilha, mas
no fim, começava a me soltar, e senti que teria de me conter, pois a hora terminara.
Eu teria de tentar controlar melhor a aula, Ivan para ao meu lado e fala no final.
— Se passar em inglês, será uma soma incrível para as conversas Bruno.
— Primeiro dia, inseguro, as vezes me assusto.
— Vou pedir uma copia do material, esta mesmo num conteúdo de inicio, e não entendi.
— Quero montar um curso de Teatro em Inglês, para pessoas de nível avançado, e a primeira
turma, vai ser em Março do ano que vem.
— Mais avançado que este?
— Criação e elaboração teatral, toda em inglês, para peças que podem ser apresentadas aqui, ou
em New York.
— A nível avançado?
— Que a pessoa se apresente lá, e poucos falem, são brasileiros, e sim, são atores incríveis.
— Não diferenciar pela origem, e sim pela peça.
— Somos uma nação de peças e livros incríveis, que somente o brasileiro lê, ou como eu falo, que
apenas 2% dos brasileiros leem, nos deixando materiais incríveis, para formar historias, que podem
correr o mundo.
— E esta ideia ainda está de pé?
— Em construção, mas ainda com muito trabalho a fazer.
— E pelo jeito quer dar aula lá?
— Aula de dicção, aquelas aulas complementares, que se tem em criação teatral, que se escolhe
as palavras, palavras de fácil pronuncia, e fácil entendimento, o falar as palavras corretamente, e com
melhor respiração, não fazem as coisas mais difíceis.
— Certo, quer por detalhes a ponto de criar bons profissionais.
— Professores deveriam todos, fazer aula de dicção.
Ivan sorriu da minha frase e olho o horário, teria um tempo para pensar no material, depois
comer algo, e ir a aula, que agora era serio, as pessoas não eram apenas pessoas assistindo, estariam
mais interagindo.
Era 12:30hs já estava na escola, não daria para fazer este horário no ano seguinte, pois não
chegaria, ou não comeria, mas uma prova e não teria tempo de chegar, mas não falei isto ainda, e não
queria problemas.
Eu olho o material, as pessoas foram chegando, não era apenas eu que daria aula, mas vi a forma
estranha que alguns me olham, e não sabia se era medo, ou descaso, pois eu não via eles como uma
concorrência, e sim, pessoas que dedicavam a vida a algo que gostaria de fazer.
Vou a sala e olho Carlos a porta, e ele fala.
— Boa sorte menino.
Sorri e entrei na sala, me apresentei, olhei até o ponto que queria chegar, eu comecei por me
apresentar, perguntar para cada um deles ainda em português o que cada um sentia referente aquele
assunto, alguns achavam fácil, alguns não opinaram, então comecei por frases curtas e perguntando
sempre, se estavam acompanhando, dai os fiz em coro contar até 20, e como alguém que implicava com
o Thiu, falei que tentassem falar To, não Thiu, alguns sorriram, e depois fomos para os verbos, depois
para a interação, e por fim, que cada um tentasse uma frase, soube que tinham pessoas interessadas,
que não tinham conhecimento, tinham pessoas que o inicio dominavam, e pessoas que pareciam não
ter interesse em fazer, as vezes saber quem é quem, dá o caminho, mas anotei, eu não lembraria isto
com varias turmas.

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Eu cheguei bem próximo a pagina que queria, faltou uma pagina para ela, então não achei ruim,
apenas que não teria sempre o mesmo resultado, que teria de ter calma e saber que quando evoluísse,
teria de recuperar aquela pagina, se não, faltaria no fim.
Eu termino aula e os alunos quase fogem, mas eu anoto o que teria de ser mais didático, o
material facilitava, anoto algumas coisas, e saio para a sala dos professores, e um rapaz estava ao lado
de Carlos e fala me olhando, em português, talvez para ter certeza de que entenderia.
— Já colocam crianças para dar aula Carlos, já foram mais exigentes para dar aula aqui. – Um
professor da turma do quarto ano.
Carlos não respondeu, entendo, ele não queria uma discussão e o senhor o queria.
Eu pego um café, e olho para os demais, entrosados, e sim, eu era a criança ali, as conversas em
inglês, me faziam saber quem era quem, a nível de conhecimento da língua, mas eu pego o meu
caderno e começo a pensar em algo, e vi que Carlos não chegou perto, ele queria algo, e não sabia o
que.
Eu estava ali quando Bryan para ao meu lado e fala.
— Como foi a primeira aula?
— Assustador ter de falar e ser referencia das duvidas, não teria outra pessoa a responder.
— Acredita que dá conta?
— Dividi o conteúdo em 46 trechos, no primeiro dia, já atrasei uma pagina, espero conseguir
terminar todo o conteúdo em 23 dias.
— Prioriza a qualidade, não o acelerar para chega ao fim.
— Sim, mas dividi pois tenho de saber o ponto de parada, posso passar rápido, e não entender,
teria de ter dado mais ênfase.
— Certo, pensando no limite de cada dia.
— Sim, pois não tenho experiência, e a primeira vez, é sempre a que mais nos põem desafios.
— Não liga para as provocações.
— Eu não ligo, preciso provar para mim que consigo, e sei que as vezes é o mais difícil.
— Desistiu da ideia do Teatro.
— Não quero discutir com quem me deu espaço para estar neste ponto senhor.
— Certo, mas teria como me explicar à ideia?
— No fim, acho que não é bem a função desta instituição, aqui a função é ensinar inglês, e cultura
inglesa, falar em teatro, é falar de criação de conteúdo, então é desenvolvimento de cultura, não é
proliferação de uma existente.
— Mas qual a ideia que tinha tido? – O senhor insistindo.
— Existem muitos escritores Ingleses, Norte Americanos, Australianos, que nunca foram
traduzidos para o português, a ideia, fazer uma peça de um destes autores, a transformando em uma
peça teatral, pois isto gera o entender da historia, segunda, ler uma historia que não é uma cartilha de
ensino, e terceiro, transformar aquilo em algo encenável, isto faz com que pensemos o texto como um
todo, e quais as partes que não se pode perder.
— E não vai insistir?
— Sou uma criança, comparado aos demais, entendo que eles não querem dar este tipo de
conteúdo, mas não quer dizer que não desse para fazer.
— Pensando em fazer em outro local?
— Tentando não deixar a ideia morrer, pois eu tenho de me sentir seguro para fazer algo, e o
transpor de textos do português para o inglês, são um caminho, e o interpretar de autores não
traduzidos ao português, pois autores como James Rollins, tem dois ou três textos em português, dos
mais de 60.
— E pelo jeito está ainda pensando em como fazer?
— Senhor, sei que parece uma desistência, mas eles estão com razão, não é função da Cultura
Inglesa ter um curso de teatro, e não quer dizer que não peça apoio, se viera a ter como fazer, criação
de testos, é para o sétimo ano, ou a partir do quinto, dependendo do aluno, mas quando se fala em
teatro, se fala em dicção, em interpretação, em oratória, em domínio de palco, mestres deveriam todos,
ter isto, mas poucos tem.
— E pelo jeito se dedicou a isto.

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— Pensando em criar um espaço para ensinar isto, mas não quer dizer ensinar isto apenas em
inglês, ouvi um rapaz falar ontem, que criação de textos, interpretar textos e saber se comunicar, lhe
destaca até politicamente no estado
— Um espaço?
— Curitiba Theater Center.
— Está falando serio?
— Sim, um local onde os alunos que quiserem aprender a fazer em inglês, peças, encenar elas,
possam ter neste espaço apoio e estrutura para o fazer.
— E se surgir algo assim, estará lá.
— Quero estar aqui e lá, não é apenas um caminho, é uma vida a ser vivida.
— E pelo jeito acredita que consegue.
— Senhor, estava ainda tendo ideias quando vi que não gostaram da ideia do teatro, e parei para
pensar, isto é inglês avançado, não inglês competitivo, eu não pretendo competir com um professor de
uma turma superior, para me mostrar.
— E pelo jeito acredita que consegue.
— Antes de ficar pronto, não tenho como garantir, mas se estiver por ai, lhe apresento o local
quando ficar pronto.
— Longe?
— Oito quadras daqui.
— Nem longe, quer mesmo poder ir a um local assim.
— Com certeza.
— E vai aceitar ser nosso professor das turmas iniciais.
— Tenho ainda um ano para me formar no segundo grau, eu preciso do ano que vem para me
formar, e depois vou tentar fazer uma universidade, eu não posso dar todas as turmas iniciais.
— Entendo, mas toparia duas turmas?
— Duas?
— Talvez 4.
— Não entendi.
— 15 horas e 17 horas, uma turma na terça e quinta, e uma na segunda e quarta, e falei para
Carlos que quero você na turma de elaboração do material.
— Sempre digo que em movimento, fica mais fácil, mas não estranhe se propor algo referente a
uma turma avançada, para fazer uma peça teatral, que fale em um aulão para nossos alunos, que vão
fazer vestibular, sobre inglês para vestibulandos, e uma linha que vi que alguns escritórios da cidade
estão precisando.
— Escritórios?
— Inglês comercial, inglês de interpretação de contratos internacionais, temos o crescimento de
uma empresa local, no mercado mundial.
— E entende disto?
— Não, estou estudando a parte, pois não tem literatura local sobre isto, as vezes, ler é uma
coisa, mas algumas palavras, nem sei como se pronuncia.
— E o que o levou a isto?
— Acredito que o eu ter auxiliado em um contrato de prestação de serviços da Marítima, me
apresentou um rapaz, que teria como investir na parte de teatro.
— Um rapaz? – Bryan.
— Pedro Rosa.
— Este é um mistério para mim, ele realmente cresce mundialmente, mas entendi, ele tem uma
empresa local, que precisa entender de contratos internacionais, e não temos um curso que abranja
este tipo de inglês, vou pensar nisto, tenho de concordar com o Carlos, você não deixa de passar as suas
ideias, mas pelo jeito, não desistiu da ideia de teatro.
— Eu quero escrever minhas peças de teatro.
— E para isto vai montar algo para isto?
— Não, leis nacionais, eu não posso, tenho de achar alguém para investir e colocar recursos, pois
eu ainda sou de menor.
— E mesmo assim não desiste.
— Nunca, eu não desisto nunca, de uma ideia que acho boa, as vezes a adio, mas não desisto.
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— E pelo jeito, muitos lhe olham como intruso.
— Eles nem viram o material que terão de ensinar o ano que vem, e já me odeiam.
Bryan sorri e vou pegar mais um café, vi que Carlos chega ao meu lado e fala.
— Temos de terminar o conteúdo, teria tempo esta semana?
— Com dois compromissos pela manha, duas aulas pela tarde, teria de ser nos intervalos entre
compromissos.
— Sempre damos mais espaço a quem prioriza a empresa Bruno, tem as vezes de conter coisas
externas.
— Se não vai me priorizar, coloca os prioritários a fazerem o conteúdo senhor, o senhor me jogou
na fogueira de dar um conteúdo novo, sem tempo para pensar, por um mês.
Eu vi a cara de desgosto do senhor, mas eu não ficaria ali para discutir, a aula já estava quase na
hora, e teria mais duas horas de aula, e não via porque dedicar mais tempo do que estava dedicando
para aquele local.
Foi um pouco mais natural, e o ter parado no ponto certo, naquela turma, me estabelecia que
estava estabelecendo o que poderia fazer em cada aula, para ter o ritmo, e vi uma moça parar a minha
frente e falar antes de sair, que gostara do ritmo, da abrangência, ela sai e Carlos a porta estabelecia
que poderia ganhar a conta antes mesmo de qualquer coisa.
Carlos entra e fala.
— Tem de entender que vamos pedir para vir fora do horário que está no prospecto, pois preciso
deste material pronto para o ano que vem Bruno.
— Quando?
— Pela manha, sei que está de férias no colégio.
— A partir de quando?
— Amanha.
— Que horas?
— Das 9 da manha. – Ele falou e olho a porta Bryan e falo.
— E se não vier amanha cedo, o que acontece?
Carlos achava que eu precisava deles, e precisava, mas estava pensando, eu não queria desmarcar
algo que não ganhava nada para fazer, teimosia minha, birra mesmo, mas vi que as coisas estavam
mudando, e não entendi por quê.
— Vou pensar em alguém para as aulas a tarde.
Eu olhei para Bryan e perguntei.
— É serio isto?
— Precisamos do material.
Fechei a pasta e falo, sem garantir nada, apenas falo.
— Então deixa eu pensar, e se não aparecer pela manha, nem se preocupem, não virei a tarde.
Eu sai, não sei, as vezes queria ser menos turrão.
Não sei o que eles pensaram, mas algo poderia ter vazado, então eu liguei para Rodrigo e
perguntei se alguém tinha perguntado do material, ou induzido algo, ele falou que o diretor falou que
alguém perguntara para a direção se Bruno Baptista tinha passado, não entendera quem, mas não sabia
se teriam perguntado sobre o que, apenas o diretor falou que Bruno ainda estava em um projeto no
Colégio.
Eu olho em volta e peço para ele ligar para as pessoas e desmarcar o dia de amanha, eu ligo para
alguns, e mesmo contrariado, Rodrigo entende, pois eles poderiam proibir ou processar o colégio por
uso de material improprio, e caminho sem entender o que estava acontecendo, as vezes acho que não
entendo nada.
Estava a uma quadra dali, e ouvi alguém me chamar, olho para trás e vi Junior, que pergunta.
— Vai nos abandonar.
— Vou pensar, ainda tenho coisas a fazer, e talvez tenha de abrir espaço, no meu dia, eles não
falaram em ficar mais tempo pela noite, onde tenho tempo esta semana, eles queriam parar algo pela
manha, então não sei, querem algo mal feito, não algo pensado, eles acham que sento e preparo aquele
material fácil, então que façam.
— Mantem a calma, mas o senhor Carlos ligou para alguém e pareceu ficar furioso com você e
não entendi porque.

95
— Imagino, mas não adianta passar boas ideias, se eles só querem ganhar sobre a ideia, e assim
que der, um chute na bunda.
— Tá indo onde?
— Ver uma obra, sentar e pensar, enquanto ainda não é tão tarde.
Caminho até a casa na Av. Iguaçu, e vou entrando, Junior entrou atrás e vi as salas de entrada,
começarem a ganhar acabamento nas paredes, olhei os banheiros, começam a ganhar azulejo, olho a
sala ao lado, que estavam construindo, e olho o prospecto, e talvez fosse mais negocio, investir sobre
algo que controlasse, eu queria aprender.
Subi e vi a parte alta, as peças amplas, o trocar da janelas, para deixar mais arejado, e mais
iluminado, o piso testado em uma pequena parte. Os rapazes ainda estavam colocando paredes e
estruturas, quando desço e olho as paredes, os locais, os degraus subindo ao fundo, estava escuro, olho
a ligação com o barracão, olho para o fosso, para a parte alta do barracão, e penso no que estavam
fazendo, e Junior pergunta.
— O que vão fazer aqui?
— Um teatro.
— Vai mesmo querer fazer peças teatrais?
— Sim, estranho conversar com alguém, parecer que estas pessoas querem que dê ideias, mas
não querem ceder nada. - Eu pego o Telefone e disco para Rodrigo.
— Mudou de ideia?
— Já desmarcou?
— Não ainda, estava vendo como fazer.
— Verifica com Ivan, se não teria como fazer em uma sala da Federal, marca o local e depois me
passa por mensagem onde vai ser. – Falei e apenas desliguei.
— Problemas?
— Carlos falou para desmarcar algo amanha, mas estou na duvida se desmarco, mas amanha a
noite, tenho um compromisso, e não pode ser onde ia ser.
— Mudou algo de lugar.
— Não era para terem iniciado a obra aqui, então não vai dar para fazer a reunião aqui.
Começo a sair, e olho em volta e falo.
— As vezes me acho a peça que não deveria estar no tabuleiro, e todos vocês insistem, que não
deveria mesmo estar aqui.
— Eles sempre foram centralizadores, eles acabam com o horário que temos.
— O problema, é que hoje, eu posso cancelar, amanha vai ser algo que pode me prejudicar na
minha formação, e não terei como dizer não, então se é para defender meu futuro, eu vou defender
meu futuro, e não sei, as vezes acho que é apenas mesquinharia, e isto, não gosto.
Eu sai e olhei para Junior e falei.
— E vai me seguir.
— Indo para onde?
— Para casa, pegar o expresso para Santa Cândida.
— Tenta não jogar tudo pela janela.
— Vou tentar, mas se não aparecer amanha, apenas tenta fazer o material de uma forma
evolutiva.
— Nem sei por onde fazer, você parece fazer fácil aquilo.
— Tudo que parece fácil, eles não dão valor.
— Não sabe disfarçar que não gostou.
— Estranho que as pessoas são agradáveis quando querem que faça algo, e depois que sedemos,
elas querem mais, mais e mais, por isto acho que não sirvo para isto, eu sou muito bom em chutar o pau
de minha barraca, não preciso de ajuda para isto.
Entrei no tubo, e quando chego na altura do estadual desço, olho par Rodrigo que fala.
— Qual o problema?
— Não sei, mas de uma hora para outra, resolveram que teria de ir a qualquer custo para o
trabalho amanha cedo, apenas não avisa o diretor, fala que por exigência contratual, tive de ir a Cultura
Inglesa, e adiei a segunda aula.
Eu entrei na sala e peguei o livro, o guardo e olho as pilhas de material e falo.
— Guarda na sua sala, pois acho que alguém vem olhar.
96
Começamos a sair, e fui a reitoria, e Ivan nos mostra qual sala poderíamos usar, e me fala que
poderiam fazer a entrada por um lado, e somente para nomes em uma lista. Concordei, mas sabia que
vinha briga ai, e estranho olhar para o saldo da minha conta, e em meio a uma correria, comprar uma
maquina de impressão, algo que você colocava o papel, ela imprimia o conteúdo, grampeava e depois
colava a capa, algo que não era de muita produção, mas que servia ao proposito, iria chegar em 45 dias,
importado, nem sei de onde. Eu depois de um tempo, vou para casa, e olho o arquivo de dados que
tinha para os demais materiais, olho o conteúdo que tinha feito do material para o primeiro ano, separo
a parte que eu tinha feito, penso em 12 outros textos para o meio, e para o conteúdo que precisava ser
passado, escolho imagens diferentes na internet e começo a determinar o conteúdo deste curso.
Não sabia até onde conseguiria ir, estava com todo o conteúdo dos anos posteriores ali, a parte
do sexto ano, eu que tinha feito, e mesmo a contra gosto, mudei todas as imagens e fui montando a
estrutura do curso, mudando o prospecto, dois materiais que poderiam ser usado, o primeiro do curso
que praticaria, e o que usaria para o curso de teatro.
Era próximo da meia noite quando minha mãe falou em dormir, eu não falei nada referente a
poder perder o emprego, eu não sabia ainda o que fazer.
Eu estava agitado, e o sono foi muito agitado.

97
O ir a Federal, foi para dar uma aula, mas estava com o material as costas,
e sabia que iria mudar os xerox, e começar a aplicar o que entendi de
continuidade. Estava no fim do conteúdo, e quando término, próximo das 10 da
manha, atendo o telefone.
— Não vai vir. – Carlos.
— Se não me queria ai senhor Carlos, não precisava ter me chamado de
volta.
— Não disse que não o quero, mas não gosto de traições internas.
— Lhe trai, onde?
— Soube que andou apresentando o material nosso em um curso para alunos do Colégio
Estadual.
— Bom saber que está me vigiando e desconfiando de mim, e que não posso trocar ideias,
enquanto estiver ai, e se não posso trocar ideias, não sirvo para estar ai senhor.
— Não vai desmentir.
— Fofoca não se desmente senhor.
— Mas não atendeu antes.
— Desculpa, eu tenho direito a dias de férias, acordar mais tarde, ainda mais se não posso nem
falar com os demais.
— Não gosto de ser desafiado.
— Não se preocupe, não precisa ser desafiado.
Eu desliguei, não sei quem fofocou, nem sei se a pessoa não era um dos que fizeram aula, mas era
evidente que ele procurara um motivo, não o contrario, então queria uma desculpa, eu olho as minhas
poucas reservas, pois o dinheiro do projeto, eu não tocaria, e vou a papelaria próxima, compro papel
sulfite e com ajuda de Ivan, reimprimimos o material, mas agora era outra capa, e estava na capa a arte
do Curitiba Theater Center, tiramos as copias do material, e grampeamos na direção de Letras, e dou o
conteúdo daquele curso, um para cada.
Eu fico a olhar para o infinito e Ivan me pergunta.
— O que aconteceu?
— Eles não gostaram da minha aula de ontem, não tenho nada a fazer esta tarde.
— Se esforçou e eles nem deram valor, por isto mudou o conteúdo e a capa.
— As vezes acho que não sirvo para isto, não sei engolir sapo, e como digo, somente o sabendo
engolir, para se dar bem nesta cidade, eu não seguindo o que indico aos demais. – Estava conversando
quando Bryan me liga.
— Bom dia Bruno, é Bryan.
— No que posso ajudar senhor, Carlos disse que se não fosse pela manha, nem aparecesse a
tarde.
— Tem de ver que ele apontou um problema serio.
— Não vou ai para me estressar senhor, se me querem longe, eu me mantenho longe, eu sei que
sou imaturo, que não sei engolir sapos, e que troquei ideia com quem conheço sobre o conteúdo que eu
desenvolvi, não sabia que não poderia falar, que teria de criar algo da minha cabeça, tenho 15 anos, não
tenho como ter feito sozinho, e se não posso falar com mais ninguém, não tenho nem como ajudar com
os demais assuntos.
— Carlos ficou falando que você não era bem vindo, mas novamente, não entende, queremos
pessoas que sigam o que queremos, você tem uma grande capacidade, mas tem de aprender a
obedecer.
— Sei disto, mas tenho 15, como disse, sou imaturo, e não tenho como obedecer sem motivos,
ninguém falou os motivos ontem, inventaram algo para hoje, pois ontem eu estava ai, e não tenho
como desmarcar minha vida, em prol de algo, que quinta feira da semana passada, a 5 dias, não sabia
que faria.
Ivan me olhava, não sei se ele entendia tudo, pois a conversa em inglês, com um pouco de raiva
na voz, me fazia falar mais acelerado.
— Não quer tentar?

98
— Aceitei o desafio, mas vocês dois foram claros, era o que teria de fazer, obedecer sem direito a
contestar, apenas obedecer porque vocês resolveram as 6 da tarde, que tinha de desmarcar tudo do dia
seguinte, desculpa, não tinha como desmarcar.
— Mas não temos professor para a tarde.
— Não foi isto que falaram ontem senhor, ontem perguntei direto se era serio, quando Carlos
falou que chamaria outro professor, você foi a favor, então o que eu posso ajudar, eu não vou
desmarcar os meus compromissos pela manha, pior, não era nada urgente, pois ontem a noite, não
tinha nada a fazer, e ninguém me propôs a fazer algo, então, o que posso fazer.
— Preciso de uma solução Bruno, não de uma discussão.
— Não quero uma discussão, mas vi na frase de ontem, o que Carlos já tinha falado antes, cortar
minhas asas, quando tentasse voar, e sempre digo, sou imaturo senhor, se vão querer jogar
psicologicamente com uma criança, eu, pulo fora.
— Tem de considerar que Carlos investiu em você, ele sabe que gastou mais do que tinha, para
manter a escola, em evolução, não para você pular fora.
Eu não sabia como voltar atrás e as vezes, sou turrão.
— O problema senhor Bryan, eu vou falar sempre o que acho, se não gerar uma conversa, vou a
frente, eu estava pensando em um projeto próprio, um que vocês falaram, não serve para nós, ontem
até conversou, mas o senhor Carlos, é contra, obvio, toda a fofoca, gera em torno de um aluno
problema, que está trocando ideias, mas também não sei como dar o passo atrás.
— Então não pensa, vem para cá e conversamos.
— Mas... – Tentei falar.
— Vem logo, e para de chorar.
Sorri doido e falei olhando o telefone.
— Já chego ai.
Ivan me olha e fala.
— Vai lá conversar?
— Vou chegar atrasado de qualquer forma.
— Lhe dou uma carona.
— To abusando.
— Se entendi, eles souberam que você estava usando o material deles, você estava pensando em
se preparar, eles em algo que você nem pensou, que aquilo é material exclusivo.
— Metade dele eu desenvolvi para o ano que vem.
— Mas desenvolveu para eles.
— Não recebi ainda.
— Para de discutir, eu estou falando como eles pensaram Bruno, não o que aconteceu.
Até Ivan estava me dando bronca.
Chego e vi Carlos e Bryan a entrada, Carlos estava com cara de poucos amigos, e Bryan fala.
— Vamos entrar, temos de conversar.
Entramos, os demais nem sei se sabiam o que estávamos discutindo, se haviam falado algo.
Sentei a sala de Carlos e alcancei para ele o original e deixei na mesa se eles não queriam que
estudasse, ficaria sempre na meia boca da aula.
— Tem de entender Bruno, este material é exclusivo deste colégio. – Carlos.
Não falei nada e Bryan falou.
— Pelo jeito não acha ter feito nada errado.
— Eu nunca havia dado uma aula senhor, então trocar ideia com as duas pessoas que me deram
aula, para saber como me portar, não era para gerar este tipo de reação.
— Falaram que você deu uma aula ontem pela manhã.
— Falaram... – olhei Carlos - ...tanto de mim, que nem mais sei o que sou, mas ontem não falou
sobre isto, não quis esclarecer, foi no eu mando, você obedece, e desculpa, não tenho como desmarcar
as 6 da tarde, algo marcado a semanas, e não faria, e olha que pensei em tentar, mas não o fiz.
— Tem de entender que a sua obrigação é aqui.
— Tem de entender, eu não estou nos Estados Unidos da América senhor Carlos, não ganho como
um norte americano, para me dedicar 16 horas a um colégio.
— Mas...

99
— Se não me queriam aqui, não me tivesse chamado senhor, e se continua não querendo, eu vou
embora, apenas isto.
Bryan olha para Carlos, não sei o que eles falaram, mas Bryan fala.
— Queremos você aqui rapaz, sei que deve ter falado com quem poderia lhe ajudar, entendi
quando falou que aquilo não é um trabalho fácil, todos admirando você, mas vocês estava trocando
ideia, e parece não querer parar de trocar ideia.
— Que saiba, apenas o primeiro e segundo estão terminados senhor, tem muita coisa a entender
e fazer ainda.
— Mas o assunto não é para ser dividido. – Carlos.
— Então chamem outro, pois não tenho experiência para terminar o seu material, apenas com a
minha cabeça.
— Mas precisamos dele.
— Nada dali, é novidade senhor Carlos, é um material didático baseado em um norte americano,
que tem na Biblioteca do Colégio Estadual do Paraná, apenas estamos o modulando a forma que pensei
em passar a frente, mas se sento-me com um professor que me deu aula, e troco opinião, não é sobre
nosso material, pois ele não está pronto, é sobre o conteúdo do High School.
— E quem seria este rapaz?
— Quem quer montar o ano que vem, no estadual, uma aula especial para estudantes
vestibulandos, ideia que falei para Bryan, mas que não é minha, é algo que muitos fazem todo ano,
próximo ao vestibular.
— Não tem nome o rapaz.
— Rodrigo Carter, professor do curso de Inglês para estudantes do estadual, curso aplicado, não
o normal que temos para passar de ano, mas um que é um pouco mais avançado.
— E pelo jeito falou com muitos.
— O outro, Ivan Santos Silva, professor de Inglês da turma da UFPR, que também me apresentou
testos da biblioteca deles, que tem mais de mil títulos em inglês.
Bryan me olha e depois para Carlos e fala.
— Ele está estudando o assunto, aquilo que falei, precisa de muito estudo, aquele material é
especial, único, sabe disto Carlos, e agora entendo, ele estava se valendo de conhecidos, que fazem o
que propomos a ele fazer, para se preparar, mas ele tem razão, não usamos de sinceridade, e sim de
imposição.
Carlos olha para mim e fala.
— E um xerox que o diretor do Estadual me passou.
— Se olhou o xerox, não é o que tem no material a frente, era a ideia que estávamos trocando,
mas se vai me vigiar, não vai funcionar, por isto, não estou gostando senhor.
— Mas sempre mantemos as rédeas curtas.
— Sei, mas como ouvi o senhor falar, se quer podar minhas asas, já avisando de cara, não vai
funcionar.
— Não vai se modelar.
— O modelo que estão me impondo, é infantil, e quem está falando que é infantil, sou eu, um
adolescente de 15 anos.
— Mas não gosto de pessoas que me desafiam.
— Então eu saio senhor, mas saiba, ninguém que não lhe desafia, vai fazer aquele material, pois
aquilo, precisa de cabeça pensante, e cabeças pensantes, são livres, elas com viseiras, fazem
exatamente o que está na maioria dos cursos de inglês desta nação, sistema infantis de pouca
profundidade.
Carlos não me queria ali, e provavelmente estava ali, apenas por que não conseguiram outro a
tempo. Na minha cabeça, a hora estava avançando, eles pareciam esperar alguém, se este chegasse, me
dispensariam, se não chegasse, me poriam na sala de aula.
— Se prepare para a aula, conversamos depois.
Soube que Carlos não queria ceder, estranho isto, chego a sala dos professores e um rapaz estava
chegando, ele me olha e fala.
— Você que vou substituir.
— Não sei, se é, avisa eles que chegou que vou para casa.
O professor do quarto ano chega ao lado e me olha falando.
100
— Achou que se daria bem aqui.
Sorri e falei.
— Professor de merda estes que acham que pisar na criança, lhes transformam em mais do que a
bosta que estão pisando.
O senhor me olha revoltado e olho a porta e falo.
— O rapaz chegou, querem que dê a aula ou não.
Bryan olha para o rapaz, não sabia quem era, mas Carlos sorriu e eu apenas pego o material e
falo.
— Paramos neste ponto a primeira turma a segunda, foi uma pagina a mais.
Eu vi o rapaz anotar e fala.
— Mas que material é este?
— O novo material do ano que vem.
Eu apenas olho o senhor Bryan e falo.
— Poderia ter me deixado onde estava.
Começo a sair e Carlos fala.
— Tem de devolver o material que pegou para estudar.
Olhei ele serio e falo.
— Assim que minha contribuição estiver na minha conta, e se não estiver, considere que vou dizer
a todos que aquele é meu material, já que eu o fiz.
Carlos olha para todos olhando ele e o rapaz me olha.
— Mas não entendo deste assunto.
— Boa sorte.
Saio a porta e olho em volta, estava pensando em caminhar, ou sentar e dar tempo ao tempo, e
olho a lanchonete a frente, sorri pois Ivan olhava as moças a rua, e me olha do outro lado da rua.
— Não o querem mesmo?
— Se um dia pedir emprego aqui professor, tem de saber, eles são pela cultura Norte Americana,
para ter um bom salario, 16 horas por dia, sem feriados, férias ou datas comemorativas.
Eu pensei que daria a aula, as vezes me assusto com esta ida e volta, e pior, estava quase com a
certeza que daria a aula.
Olho a lanchonete e falo.
— Deixa eu comer algo antes de tudo.
— O que acha que vai acontecer?
— Não entendi toda esta raiva, não dei motivo para isto.
— E pelo jeito não sabe o que fazer?
— Eu investi tempo nisto, eu investi estudos, até ideias nova eu dispus nesta parceria, e queria
ficar lá emperrado, esperando para tomar um caminho, e não está acontecendo.
— Sei que poucos que vi, no Brasil, discutem na língua Inglesa sem recorrer a termos chulos, você
não xingou, tive de prestar atenção para entender, está praticando bem a língua, mas não entendo o
que está esperando.
Pego o caderno as costas, sempre andava com a mochila, sei que sou meio explosivo, mas eu
acreditava na ideia, e estava quase jogando ela fora, e não conseguia ver uma forma diferente, eu
estava no meio da verdade, eles deveriam saber, mas dei motivos que normalmente não dou, confessei
inexperiência, confessei que fiz aquilo em parceria, e no fundo, apenas já tinham o rapaz, apenas não
sabiam se ele chegava a tempo. Estava ali, sentado de costas a porta, não queria olhar, iria ficar mais
tenso.
— Mas o que a Rita falou?
— Perguntou se teria com dar estrutura na parte de Inglês, pois eles fazem teatro, mas não falam
inglês.
— E eles fariam um curso avançado de inglês?
— Acha que a sua ideia que os colocou com ódio?
— Eu não pedi nada, eu me propus sempre sair e não atrapalhar, eu sou o imaturo, mas o que eu
quero montar, é inglês de atuação, não é inglês de conversação.
— E tem diferença?
— Tem, você mantem o controle das palavras, tenta as manter em uma dicção que o publico
entenda, se eu falar inglês correndo, é como falar português correndo, as vezes nem nós entendemos.
101
— Algo que seria útil a mestres?
— Sim, temos professores que não pronunciam corretamente as palavras e depois o estudante
não cria a ligação dos vídeos e filmes que ele assiste, não criando a conexão que o vai tirar a medo da
segunda língua.
— E não acha que isto os afastou, no lugar de os aproximar.
— Estava montando com eles um material didático, de 6 anos, não terminamos 3 ainda, é um
trabalho demorado, mas as ideias eram minhas, então a diferença, eu pensei no que está sendo feito, é
o que fiz no conteúdo do curso que estamos aplicando naquela turma, eu mudo a dinâmica em uma
pequena historia diferente, e conto a mesma coisa, como eu sei a dinâmica que pretendia, eu consigo o
refazer, e fica diferente, mas isto ainda estávamos criando o conteúdo, e eles já não o querem, deve ter
muita pressão para não acontecer.
— Um senhor vem ai. Com um rapaz ao lado.
— É hora de deixar as pedras guardadas então.
Não sabia quem viria, achava que era Carlos, eu não tinha nada contra ele, mas ele não entendeu,
se eu fosse alguém que soubesse morrer quieto, já teria morrido.
— Podemos conversar Bruno?
A voz me diz que era Bryan, olho o senhor e falo.
— Senta um pouco, não sei onde coloquei medo em Carlos, esqueci que Junior olhou a outra
estrutura ontem, ele deve achar que vou montar um curso de inglês.
Bryan olha para mim serio e fala.
— E porque ele pensaria isto?
— Uma casa estruturada para ter 9 salas de aula, mais um teatro, ainda tudo em obra, mas as
vezes as pessoas confundem as coisas.
Não esqueçam que as conversas com Bryan eram todas em inglês.
— E não seria um curso de inglês?
— Estava explicando para o professor Ivan a minha frente, que a diferença em falar uma língua e
atuar em uma língua, é que se escolhe palavras mais fáceis de dicção e de compreensão de todos,
termos muito técnicos, ou palavras difíceis se cortam do texto, que as pessoas tem de aprender a dicção
de uma língua que não é sua, que se ouça naturalmente, naquele ambiente.
— Algo específico ao Teatro.
— Quando se quer montar algo em nível de teatro e tem de se ter aulas de português e inglês, é
em parte pela criação de textos e pela forma de encarar a língua em um palco.
— Conheceu o professor Rick. – Bryan puxando o rapaz a conversa, a aula já deveria ter começado
e estávamos ainda conversando.
— Não, como falei, se soubesse que era para outro dar aula, estaria ainda na Reitoria discutindo
com Ivan a frente, como se pode ensinar algo, a nível avançado, para pessoas do teatro, pessoas que
não falam Inglês.
— Pelo jeito está levando a serio o assunto.
— Sim, já tenho quem vai dar a aula de Oratória, a aula de Coxia, tenho de confirmar as aulas de
Português e Inglês, pois é especifico ao teatro, mas como falava ontem, com um colaborador, podemos
conseguir gerar próximo a três grupos teatrais por ano, e isto tem um peso cultural na cidade, que não
conseguimos ainda numerar.
— Pelo jeito não vai parar se o colocarmos para correr.
— Terrei de achar um novo lugar para trabalhar, pois sou o pobre na relação, pior que Carlos fez
eu não aceitar uma proposta de Roberto Vaz, para fazer parte de um grupo de estudo de contratos em
inglês, para depois me por para correr.
— E se não ficar aqui vai correr atrás da outra ideia.
— Ele pelo menos sabe conversar, pensei que estávamos nos dando bem, não entendi mesmo,
todo o medo.
— Sei que Carlos está furioso com algo, e não tinha entendido ainda sua posição, até ouvir do
professor ao lado, que teriam de ter dado tempo dele absorver aquele conteúdo.
— Falei isto senhor, que precisava falar sobre aquele texto, e teria de ser com quem entendesse.
— E não quer voltar lá?
— Não sai por que queria, mas se não daria a aula, o que faria lá, ficaria olhando todos tirarem
sarro de mim.
102
— Eu preciso de você lá, os demais professores estão lhe xingando e somente o do segundo ano,
foi apresentado ao conteúdo, e nem está sobre ele, mas preciso de você lá, Rick entraria como professor
auxiliar.
— Posso levar outro professor a sala, pois temos um assunto ainda em andamento.
— Pelo jeito envolve as pessoas.
— Tem de explicar senhor, a Carlos, que sou um rapaz que não teria como montar nada, não a
nível de cultura inglesa, pior, ele sabe que não teria.
— Então vamos lá, a aula está atrasada.
Olho o relógio e falo.
— Vai sobrar pouco tempo entre as duas aulas.
O senhor entendeu, jogaria um tempo a frente e terminaria o conteúdo, mas fomos, não
passamos na direção, fomos a sala, apresentei o professor auxiliar, o professor da UFPR, e vi Bryan ficar
ao fundo também. Eu cumprimentei toda a turma e perguntei quem fez o que pedi no dia anterior, e
comecei pelo tomar do que pedi, 4 não o fizeram, mas não os constrangi, apenas fui a matéria, depois
praticamos em voz alta a conjunção e o verbo, e com os três, começamos a criar frases aleatórias com
números, verbos e conjunções, as pessoas da turma, em sua maioria, eram anos mais novas que a
minha pessoa, e pareciam gostar do conteúdo. Fiz uma das meninas a frente ler a primeira historia e
começamos pelo o que cada um tinha entendido, para um rapaz ao fundo, pelo jeito o mais velho da
turma, tive de perguntar em português, entendi que ele tinha problemas bem básicos, falamos em
tentar fazer a mesma frase em inglês, e o rapaz estranhou, mas tentou e perguntei se mais alguém não
tinha entendido. Fomos ao segundo e terceiro texto, e após ele, pedi que tentassem escrever algo,
sentei ao lado do rapaz e perguntei qual a base que ele tinha, enquanto os demais tentavam escrever, vi
que ele duvidava do que sabia, fiz ele fazer a frase em português, as vezes se via o problema de criar
algo, até em português, dai perguntei quais verbos ele sabia em inglês, ele disse que nenhum, mas com
calma, chegamos a três verbos, e construímos uma frase, e ele pareceu entender, pois temos de
trabalhar a partir do que sabemos, para o que não sabemos. Cada um da turma foi lendo em voz alta o
que escreveu, eu tentava ser calmo e pedir para cada um repetir a frase, e a escrevi no quadro. Eu
montei uma sequencia de 20 frases no quadro e a repetimos em voz alta, cada uma delas e tentei não
perder o rapaz, vi que era o que se eu conseguisse ensinar, todos entenderiam, perguntei ao todo se
entenderem as frase, e sabia que o rapaz não entendera, e discutimos os verbos colocados no quadro.
Duas horas avançando no conteúdo e fazendo a turma participar e no fim o rapaz de nome Rick para ao
meu lado e fala.
— Tem quantos anos?
— 15!
— Domina uma turma como poucos rapaz, você torna o assunto complexo, em meio de ensino,
não no ensino em si, mas pelo jeito não quer perder nenhum.
— Todos que forem a frente, vão enfrentar aulas que os professores não falam nada em
português, então o rapaz ou se entrosa aqui, ou se perde no conteúdo no ano seguinte.
— E pelo jeito o senhor Bryan ficou impressionado, pois ele saiu e foi falar com Carlos.
— Não entendi, deve ser quem vai dar as aulas o ano que vem pela manhã.
— Sim, sabia disto?
— Eles me queriam à tarde, mas ainda estou no segundo grau, tenho de me formar o ano que
vem no horário da manhã ocupado, a proposta era apresentar a cada grupo de professores o conteúdo
do ano que vem, mas sempre digo, que eu distorço para onde acredito ser o caminho.
Mal deu para tomar um lanche e estava na nova turma, o senhor Bryan acompanhou novamente,
mas Junior e Ivan também ficaram ao fundo, e Rick a frente, ele foi auxiliando, ele entendo o caminho, e
sabia que isto gerava um problema, tentava não depender de ninguém e Ivan me olha no fim e fala.
— Você os quer fazer entender na marra, eu não sei os demais, mas está pegando o jeito.
— Fica entre nós o que fazemos pela manha.
— Certo, mesmo você mudando, eles podem não concordar.
— Quero falar sobre o texto da turma de teatro, e não sei se tem um tempo para isto.
— Eu cansei de ver as duas aulas e está ainda querendo mais.
— Para de frescura Ivan.
Ele sorriu e vi o senhor Bryan voltar com Rick e Carlos, que parecia mais calmo.
— Pelo jeito encanta as pessoas. – Carlos.
103
— Eu ainda não entendo, toda a confusão senhor, mas como digo, se me jogar pedra, vou
retribuir.
— Bryan ficou encantado com sua aula, ele raramente fica impressionado, e não sei, é apenas o
primeiro ano de uma turma que poucos dão valor.
Não sabia o que falar, ele ainda queria brigar, e Bryan falou.
— Tem coragem rapaz, e conhece o material, pois acho que o segundo ano, não tem esta
dinâmica, não sei o que pensa, mas queria trocar uma ideia.
— Estou aqui senhor.
— Está falando serio em ter um grupo teatral?
— Sim, Curitiba Theater Center, vai ficar inicialmente na Avenida Iguaçu, a oito quadras daqui,
provavelmente fica pronto em fevereiro, e Ivan que estou arrastando por ai e eu vamos fazer o material
didático para este curso.
— Nos copiar? – Carlos.
— Não, eu sou chato, e não quero ninguém falando thiu nas minhas peças.
— E qual a logica?
— Iriemos sentar hoje para pensar na primeira parte, não falamos disto ainda, e parece que isto
gerou mais medo, mas as pessoas esquecem, eu não tenho recursos, eu apenas vou com a onda.
— E vejo que acredita que os alunos conseguem escrever em inglês, entendi que não quer deixar
ninguém, nem quem está mais atrasado. – Bryan.
— Se o conseguir ensinar, todo resto da turma, estará ensinada, e aproveito para entender onde
uma frase menos profunda tem maior efeito.
— Pelo jeito pensou no dar desta aula.
— Foi o pensar nisto, que gerou todo o problema.
— E não vai recuar em tentar trocar ideia? – Carlos.
— Posso o fazer, mas até agora, o trocar de ideia, quem está ganhando, é apenas os alunos do seu
colégio, ninguém mais.
— Não gosto deste ideia. – Carlos.
Olhei para o senhor Bryan e falo serio.
— Devem conversar mais senhor, sei que eu fiz o conteúdo, então é fácil seguir a logica de
criação, mas se for por alguém, tem de dar tempo da pessoa se preparar para a aula, e os dois tem de
me querer aqui, pois não existe motivo para esta discussão, mas algo ainda emperrou o senhor Carlos,
como ele não falara para mim, tenta conversar, se me quiser amanha aqui, apenas me liga, mas pela
manha não virei.
— E pelo jeito tem planos.
— Eu tenho de estudar os prospectos do terceiro ano para frente, isto não se faz tão
naturalmente assim.
— Certo, vou conversar com ele, mas espero você amanha a tarde, vejo que tem um professor
aprendendo, e isto também é importante para o ano que vem.
Me despedi e eu e Ivan caminhamos até a outra sede.
Entro e vejo os rapazes pintando uma sala e que tinha chego carteira para outra, coloco uma
delas na sala de entrada e com gente passando de todos os lados, olho Ivan e pergunto.
— Sei que não tenho como prometer muito, mas o que falamos, tenho como gerir, pelo menos
um ano, para termos a referencia, não existe ainda uma referencia.
— E de quem é este imóvel?
— Rosa Construções!
— Um acordo de uso?
— Sim, mas se for atrair alguém para um palco, preciso de duas apresentações, para pagar o
básico para o rapaz.
— Certo, não tem tanta margem, então quer algo que sirva para que?
— Para entrar para historia da cidade.
— Nada menos pretencioso.
— Nada menos pretencioso, termos aqui nosso grupo criado, e este fazer apresentações no
Guairinha, gerando receita local, gerando o viver do teatro, e o conseguir evoluir.
— E o que este local tem de especial?
— Ainda nada, mas espero que em fevereiro tenha.
104
— E não vai deixar de dar as aulas?
— Alguém vazou o material para fora, então eles tem seus motivos, mas acho que temos de criar
e alimentar a cria, para a apresentar ao mundo.
— Vi a forma que você envolve a turma, tinha gente relendo o conteúdo na saída, eles querem
acompanhar, e vi que usou as frases, para dizer sem dizer, que todos estavam usando as mesmas frases.
— Tenho de prestar mais atenção.
— E qual a ideia?
Abri o livro e falei.
— Acha que teríamos como explicar verbo, e pronuncia por este caminho.
Alcancei para ele o prospecto que havia criado, sei que as vezes, eu penso em parte em inglês,
então teria de saber se alguém conseguiria entender aquilo.
Ivan ficou a olhar os dados e desfolha as paginas e depois de um tempo, ele me olha serio.
— E acham que vai usar o material deles.
— Acha que dá para entender?
— Não entendi tudo, mas pelo jeito isto que quer ensinar aqui.
— Sim, mas não consegui fechar os dados ainda, parece que falta dinheiro sempre para ficar no
positivo, e por isto estou pensando em varias coisas.
— E o que pensou?
— Que com turmas de 25 pessoas, eu não consigo pagar mais de dois e quinhentos, para aula
pelo menos duas vezes por semana, em três horários, isto que não está funcionando na minha cabeça.
— Certo, está tentando fechar o prospecto para dar lucro, conseguiu que alguém investisse na
ideia, mas precisa que as coisas andem.
— Sim, e nem sempre terei a saída, e não sei, algo assim, precisa de publicidade, e não sei ainda
como o fazer.
— As pessoas geralmente pagam caro nisto.
— Sei disto, mas não sei ainda o limite de pagamento, eu estou tentando não fazer algo caro, pois
quero pessoas com talento, mas como se fala, as vezes colocar os números, não é por os contratempos,
pois sei que para terminar com 25, terei de começar com 35, no começo, parece sobrar e no fim falta.
— E qual a diferença?
— Vai a três e seiscentos, mas quero chegar a quatro.
— E teria como ganhar mais?
— Turmas maiores, ou mais aulas, não é algo para atrapalhar os demais ganhos.
— Certo, salas maiores gera mais trabalho, e mais gente com mais aulas, mais trabalho.
— Sim, e não é algo para pessoas normais, é para gente que tem o dom da arte.
— Certo, não é apenas ganho, mas teria como melhorar os salários.
— Sim, o custo da empresa não precisar sair das parcelas dos alunos.
— E está quebrando a cabeça com isto?
— Sim, eu não sei, mas não consigo fechar ainda, e pode ser que dê certo, mas isto também é
complicado.
— E pelo jeito querendo garantir um fixo.
— Sim, duas aulas por dia, por 5 dias da semana, pode parecer pouco, mas toma a tarde toda, e
tenho de pensar nos demais prospectos.
— Demais?
— Sim, mas estes ainda estão na gaveta.
Ivan sorri, olha uma senhora entrando e desvio o olhar para ela que fala.
— Perdido aqui Bruno?
— Tentando ter uma ideia do conteúdo da aula de Inglês que daremos aqui.
— Viu o andamento da obra?
— Deixando eles trabalharem.
Sei que vi que não evoluiria com Ivan a nível de conteúdo, ele queria o conteúdo pronto para ele
ensinar.
Cada qual para seu caminho, e ainda teria muito para evoluir.

105
Me aceitaram como professor, mas sabe a sensação de que tinha algo
errado, o mês correu, e ao final dele, vi que eles teriam um mês de férias, eu
não teria o que fazer naquelas datas, então eu toda manha, após ter terminado
o material do que poderia ceder ao estadual, mas ainda não tinha nenhum
impresso, eu sabia que recebi em um mês, o que receberia em 7 meses ali, mas
isto apenas me acendia o alerta, que poderiam não assinar, foi um contrato
temporário, e isto não parecia interesse.
Eu sabia que teria muito trabalho, e estou no fim dos dois compromissos,
e na semana de natal.
Minha mãe iria trabalhar no Natal e Ano Novo, eu pego um ônibus e vou a obra, e com as salas do
primeiro piso prontas e parte das carteiras ali, eu peguei uma câmera que havia comprado, e coloco em
um tripé, e começo a gravar aquela aula, uma ideia boba me passou a mente, as minhas eu poderia
fazer, as demais, não era apenas eu que estaria em jogo.
Gravo a sequencia de aulas, dia 24, sozinho, sem parente, sem amigos, pois eles estavam em suas
casas, eu trabalho para não pensar, estas datas para mim, me fazia mal, as pessoas querem parecer
felizes, mas isto me deprimia, e não tinha outra forma de enfrentar, que não fosse, trabalhando, pelo
menos este ano.
Gravei a aula de inglês para Teatro, depois fiz um passeio no futuro teatro de Curitiba, um espaço
pequeno mas para se poder encenar, eu olho os vídeos que tinha na rede, todos bobos, eu deleto todos
eles, e coloco a apresentação do curso de Inglês para Teatro, era um convite as pessoas comprarem o
material, e um vídeo que explicaria o que eu queria dizer.
Depois coloco o vídeo do local, sendo construído em Curitiba, mas sem endereço, sem visão
frontal, mas com o filmar do erguer da Coxia, e que pretendíamos estar pronto para o festival de teatro
de Curitiba.
Começo a formatar o vídeo, e quando o coloquei, não sei, ou até sabia, ninguém viu, apenas eu,
sorri, era natal, ninguém olharia normalmente, naquele dia, realmente ninguém iria ver.
Mudo de local e começo por mostrar uma entrada, e depois as salas, do que seria um curso de
teatro, mostro as salas montadas, os locais, subo as escadas, mostro onde seria os locais práticos, de
som, de luz e onde se ensinaria a técnica de cortinas e cenários.
Ainda estavam construindo, e parecia algo precipitado para falar, mas precisava tirar isto da
cabeça.
Filmei esta parte, editei, e coloquei na internet, estava amanhecendo dia 25, quando pego um
ônibus e vou para casa, os lixos cheios de caixas de brinquedos e presentes, e eu chegando em casa,
minha mãe me olha e fala.
— Estava onde?
— Fazendo uns vídeos.
— Sei que deve querer sair de férias filho, mas sabe a situação.
— Sei que não posso mães, a Cultura Inglesa me fez fazer as aulas, mas me pareceu apenas treino
ao outro professor.
— E aquele projeto?
— Montando ainda, e não sei ainda o que pensar.
— E não passou com ninguém?
— Do jeito que estou com sorte, melhor sozinho mãe.
— Certo, sabe que vou trabalhar a semana inteira.
— Vou sentar no que seria aquele projeto, e pensar nele, as vezes acho que as coisas vão começar
a andar e param tudo.
Eu entrei, tomei um banho e cai na cama, estava pregado.

106
Quando uma semana avança, vi o pedido de confirmação do endereço
para entrega, estávamos entrando nos primeiros dias do ano, e entregam a
maquina de impressão, vi que os rapazes instalaram, vi que eles definiram que
tipo de folha para cada efeito e em meio a isto, avanço uma semana, testando a
impressora, os rapazes voltaram as obras e algumas coisas já estavam
começando a ganhar estrutura.
Quando sai para comprar papel na Contabilista, Roseli falava com fiscais,
não estava por perto para comentar, mas começo a pensar em como encher o
prospecto da escola, e não sabia como o fazer, confirmei com as 5 pessoas que poderiam vir a dar aula,
vi que Ivan não quis fazer parte, vi que Rodrigo também tirou o corpo, não teria como assumir aquela
carga horaria.
Santo de casa não faz milagre, sei o que é isto, e começo a pensar no como faríamos o prospecto
do curso, e como estava no fim da primeira semana, imprimindo o primeiro conjunto de material, e pela
primeira vez, tinha 4 vendas daquele curso, pouco, mas dois mil fazia eu ter como comprar mais papel, e
preparar mais material.
Eu vejo que alguém colocou em destaque o novo espaço, e vi que pessoas estavam comentando,
não sabia quem o fez, mas deu uma boa repercussão, e como estava basicamente ali, ainda sem
funcionários, vi o telefone tocar e um rapaz perguntar se estávamos locando o local para shows, e
perguntei quanto ele pagava.
— 50 % da bilheteria. – Foi a resposta, e tive de perguntar quanto era o convite e quantos dias e
que dias ele precisava.
Não estava pronto, mas tive de parar na frente de Roseli no fim daquele dia, e perguntar se
tínhamos alvará de funcionamento, e ela falou que sim, mas que Vaz poderia me informar.
Eu ligo para Vaz, e descubro que esta forma de negocio, tinha seus pros e contras, entrei em
contato com Chaves, que me confirma quando, e falou que era a semana de Teatro da Cidade, e não
teria como ajudar, mas pedi indicação, e ele me indicou 6 rapazes, eu não tinha noção do como seria,
mas pela primeira vez o negocio começa a caminhar por si.
Estranho no começo de um dia, não ter nada marcado, e no fim do mesmo dia, ter 4 shows por
dia, por 15 dias, o rapaz apenas iria ali para conhecer, e fico a esperar o rapaz.
Quando aquele rapaz alto, chega ao local, entendi porque o negocio estava agitado, ele olha o
local e me pergunta.
— Você que responde por isto?
— Não, minha mãe responde, mas quem trata sou eu.
— E a lanchonete?
— Ainda em acabamento, pois a ideia, é entrar esta semana, a parede de divisão.
— Parede?
— Quando é uma peça, é fechado e os sons não se misturam, quando é algo mais descontraído,
pode se ficar com os vidros abertos.
— Um local bom, simples, mas aconchegante, o que falta que não abriram ainda?
— Esta parte o piso é de madeira, Curitiba e pisos de concreto, afastam as pessoas.
— Certo, e pelo jeito estão caprichando, mas é bom saber que temos um local novo, dependendo
da aceitação, é um local bom para novos textos.
Eu não entendia nada de Comédia em Pé, mas estávamos com o espaço com pessoas durante 15
dias, e se ninguém sabia onde era, quando se anuncia que a Risadaria e a Fritada, seria naquele local,
enquanto tinham ingressos de 30 reais em outros lugares, ali todos os ingressos estavam acima de 300
reais, e a procura estava estabelecendo que poderia ter dias cheios, eu apresentei o local ao rapaz,
mostrando que tinha entrada a parte, que havia camarins no fundo, que não era luxuoso, mas tinha as
estruturas de um local para shows.
Os números me assustam, mas vejo que os shows na semana não tinham tanta procura, mas os
de fim de semana, muita procura, e estranho como os dias após voaram.
Contratei o pessoal para os 15 dias, e começamos a terminar de ajeitar, vi Vaz chegar e falar que
montaríamos o local no meio da semana, e que poderíamos ter um local bom já pronto para o fim de
semana seguinte.

107
Os dias passam, o evento acontece, e estranho quando alguém fala que você pode ganhar bem
com algo assim, e com um publico de 170 pessoas por evento, que requer tantos preparativos, que não
é tão simples assim, mas quando no dia, se vendeu perto de 60 reais em media, para cada pessoa, em
produtos, fosse pipoca, fosse bebidas, e começo a entender que a quantidade transformava o pouco em
recursos, mas teria de conter os gastos, para ver o que realmente sobrava.
O correr para terminar, o chegar de pessoas, que entravam pela lateral, nos 15 dias, o olhar para
cada prospecto e pensar no que poderia ser melhorado, me fez entender que era um evento bom,
mesmo sem autorização, deixei 4 câmeras gravando os eventos, queria o registro dos eventos.
Estranho chegar no Carnaval, as aulas no meio da semana, iniciando o ano, posso garantir que
não lembro delas, mas com o fim do Festival de Teatro de Curitiba, e olhar o local e saber que teríamos
de ajeitar as coisas melhor.
O distribuir com os demais os recursos, fez alguns sorriem, outros desconfiarem dos dados, mas
se eles não sabiam quanto era 50%, eu não iria explicar.
Quando sento a direção, pensando no curso, vejo Pedro Rosa entrar pela porta com Vaz e me
olhar.
— Soube que já justificou o investimento.
Pensei, lá vem ele pedir dinheiro.
— Tem de ver no que podemos investir os recursos, estranho em 15 dias, pagar a reforma e
sobrar dinheiro. – Ouvi Pedro falar.
— Nem sempre será assim.
— Sim, mas uma vez por ano, já nos justificaria aqui, não entendi os números, por isto vim
conversar.
Ele me olha e pergunto.
— Qual parte não entendeu?
— Não deveria ter dado dois e duzentos?
— As apresentações de sexta a domingo, todas as datas, foram criados mais duas apresentações,
lotação de mais 20 dias, no bruto em ingressos deu três e trezentos.
— Metade disto colocou onde?
— Tá na conta, se precisar para pagar a obra, repasso.
— Ainda não, mas vi que não tem medo de fechar algo, todos pensando em uma inauguração, e já
estava com a casa cheia.
— A parte custosa vem agora.
— Tem conseguido fechar as turmas.
— Apenas a turma da manha está completa ainda, e nem estarei aqui para ver inaugurar.
— Acha que os números se mantem deficitários?
— Ainda estão deficitários, mas ainda não começamos, é apenas cursos que vão se propagar por
um ano, e não sei, ainda acho que estou desfocando isto.
— Não está gostando?
— Não, eu não estou gostando.
— Como está a venda dos cursos de criação de Textos em Inglês, me falaram que tem entrado
recursos.
— Me mantem o mês, mas ainda é pouca coisa, próximo de 10 cursos mês.
— Aceitação?
— Não tenho volume para saber, não tenho reclamação, mas pode ser apenas que a reclamação
não está chegando, não que não existe ela.
— E as matriculas?
— Pela manha, temos duas turmas, a tarde uma e a noite meia turma.
— E tá reclamando?
— Não das matriculas, e sim dos custos.
— Certo, acha que está basicamente dando os cursos.
— Se eles derem zero no fim, não vou reclamar, eles ainda precisam de dados para chegar a zero,
não dando prejuízo, eu não reclamo não.
— Porque acha positivo?

108
— Porque é um investimento a longo prazo, se conseguir um único grupo, que eu possa vender
170 ingressos, uma vez por mês o ano que vem, eles começam a nos dar retorno, teatro entra em
quantidade, o pouco varias vezes, é muito, o muito apenas uma vez, não nos facilita as coisas.
— Certo, quer formar quantos grupos?
— Pelo menos 4 por ano.
— Se eles se apresentarem aqui, nem que como incentivo, é uma forma de ganhar recursos, e
investir em cultura.
— Sim, e o ter o espaço de vendas, embora tenha dado recursos, gerou problemas, estou
pensando em uma forma de entrada para o teatro sem passar no bar.
— Qual problema?
— Quem veio para um, querer ficar no bar, e quando do começo do segundo, termos de abrir
espaço em meio a um salão lotado, na ultima seção.
— E teria alguma ideia? – Pedro me olhando.
— Sim, separar o bar, separar o teatro e separar o curso, aproveitamos que estamos ainda
começando, e fazemos reformar onde conseguimos.
— E qual a ideia.
Coloco o novo projeto e falou.

— Ideia, isolar o bar, fazer uma passagem por baixo da estrutura da casa, para ter acesso ao
teatro, estava olhando, eles não usaram toda a área que tinha ali, e fazer naquele lugar uma sala a mais,
aproveitamos e criamos os estoques e área de materiais.
— Três negócios separados?
— Vi que a ideia era boa, para um local de comedia em pé, mas dai teríamos de ter autorização
para isto, e poderíamos pensar mais a frente, no ampliar para o fundo, dispondo de um local ao fundo
que pudesse ser um Clube de Comedia, mas primeiro quero fechar a ideia do curso, antes de pensar
nisto.
Pedro me olha serio.
— Criar um espaço que não interaja, mas possa servir ao que havia falado.
— Sim, estávamos montando, mas é óbvio, nesta nova configuração, o teatro cresce em 100
poltronas.
— Querendo números que fechem as contas.
— 280 lugares.
— Passou para Roseli?
— Ela falou que conversaria com você, entendo ela.
— Certo, e se fosse fazer o Clube de Comédia.
Olho os rascunhos e falo.
— Mais para isto.

109
O menino olha, ele parece tentar entender, mas ficou dubio e sorri.
— Sei que é muito básico.
— Mas está pensando nisto, sinal que acha que dá para fazer.
Coloco o projeto pensado para um ano e falo.

— Algo assim em um ano, com salas melhores para o curso, teatro isolado, e um Comedy Center,
Pedro olha o prospecto e olha Vaz.
— Disto que falou, ele pensa a frente, um terreno hoje parado, em um ano, com três negócios,
sendo que ainda sobra espaço para a prefeitura não reclamar muito.
— Eles aprovaram e não entenderam, mas quando do agito da semana passada, eles ficaram
olhando, querendo falar mal, mas estávamos com pessoas famosas da TV e Internet a toda volta, então
eles nem falaram muita coisa. – Vaz.
A conversa foi a detalhes, pois estávamos ampliando, uma coisa era ter um espaço para 170
pessoas, outro para 280 pessoas, a prefeitura iria reclamar.
As vezes parecia que não daria certo, as vezes, como a semana que passara, que era uma boa
ideia.
Quando chego em casa, Augusto estava lá, eu nem lembro de ter passado para ele o endereço.
— Correndo amigo.
— Sim, perdido longe de casa?
— Você sumiu, parece estar se escondendo.
— Estou respondendo a um processo ainda, e não sei quando me livro, se me livro.
— Dizem que está ganhando dinheiro.
— Não muito, trabalhando para não pensar.
— Sabe que estou namorando aquela menina que nos apresentou, Bárbara.
Eu sabia, mas não entendi isto também.
— Ela me deu um fora dizendo que era lésbica, então ela estava é de olho em você amigo.
— E não ficou chateado?
— Não, mas veio aqui apenas dizer isto?
— Algumas pessoas falaram que você nos isolou por isto?
— Sabe que saímos fugidos do bairro, mas tenho trabalhado para nem pensar no processo.
— E está fazendo o que, que trabalha tanto?
— Ainda não é tanto, mas acho que quando começar pesar as aulas, não vou dar conta.
— Liga e marcamos algo.
— Vou tentar, tem sido corrido.
110
— Dizem por ai que estava agitando no outro lado da cidade.
— Fazendo uma boquinha como puxa saco de famosos. – Menti.
— Pelo jeito está cansado. – Ele falou isto, pois eu bocejei.
— Sim, mas lhe ligo e marcamos algo.
Vi ele sair e minha mãe pergunta.
— Não vai sair com os amigos?
— Ainda não sei mãe, mas tô cansado, este fim de semana foi corrido, 15 dias corridos e chego no
Carnaval pregado.
— E pelo jeito não deu certo.
— Não é isto mãe, apenas deu mais trabalho do que pensamos e estamos pensando em
reestruturar o projeto.
— E diz que deu certo?
— Acho que sim, não fechei os números, mas o Bar que tínhamos montado, vamos fechar para
reforma, depois de 15 dias de funcionamento.
— E está conseguindo recursos filho, sei que estava preocupado.
— Aquela ideia do curso online, vendido, tem feito entrar 3 salários em media por mês.
— E o resto?
— Não me ligaram ainda da Cultura Inglesa, não sei se querem que corra atrás, mas não seria eu.
— Seria uma ocupação.
— Sim, mas agora sei que eles fazem reforço em Dezembro, e somem dois meses, eu ainda não
tenho nem como tentar o que falo que não vou fazer.
— E pelo jeito deu um gelo no Guto, sempre foram amigos.
— Ele tá namorando a moça que me acusou de sequestro mãe, a moça que tem um irmão que ia
lá em casa, e que tentou me matar.
— Certo, não quer complicação, mas pelo jeito eles ainda o cercam.
— Eles não tem noção do que estou fazendo.
— Isto é pretensão filho, esteve visível um tempo.
— Acho que não entendi tudo ainda.
Eu estava cansado, banho e cama.
Mas estranho quando o alerta pisca, pois era um segundo amigo, a me chamar, e não sei, não
queria brigar com ninguém, mas estava prestes a me isolar, eu sentei a cama, sábado antes do carnaval,
seriam 3 dias para pensar no que fazer.
Eu não sabia se alguém ainda estava me olhando, mas tinha uma ideia boba, e estranho, pois eu
estava acordado, era próximo das 2 da manha, quando recebo um recado de agradecimento, de um
comediante, por uma semana incrível em Curitiba, e a pergunta seguinte me fez pensar.
“Este espaço, nos permitiria um evento de comedia na cidade de Curitiba, pense nisto, começo do
segundo semestre.”
Eu normalmente não teria respondido, por estar dormindo, e expliquei que estaríamos
reformando, pois a entrada do teatro teria de ser a parte, permitindo a entrada e saída mais tranquila
dos pagantes, em meio ao tumultuo, permitindo as 5 seções com mais calma.
O rapaz pareceu interessado, e foi me dando corda, e obvio, eu não sabia quando ficaria pronto, e
não sabia exatamente o que estava fazendo.
Troquei ideia sobre o que ele achava ser um bom local, e mesmo tendo divergências, eu era a
criança, e poderia errar ainda, mas pretendia separar as coisas, e abrir um novo espaço, para shows
mais simples, e uma dinâmica melhor.
Estranho estar falando quase que naturalmente com alguém que sabia ser famoso, e eu, esta
insignificância.
Eu estava tentando construir algo, mas não estava em um grande centro, estava na minha cidade
natal, teria de me esforçar.
Estava amanhecendo, quando apenas coloquei o despertador do celular para tocar e escrevi, na
minha rede social.
“Dia de comer algo e beber uma tônica no Largo”.
Dormi pensando nos projetos, eu achava que já estava sonhando alto demais, e teria de acalmar a
alma.

111
Acordo domingo, olho minha mãe falando que iria sair com umas amigas,
me visto, calmamente, as vezes o ombro que levara o tiro, ainda repuxava, as
vezes me olhava no espelho e parecia ter envelhecido, talvez o cansaço, talvez o
tentar fazer algo, me fazia pensar em algo assim.
Eu obvio, pego o ônibus para o centro, estava no ônibus quando Vaz me
passa uma mensagem, para não me meter em encrenca, ele se preocupava
mais que eu.
Eu caminho pela XV, pensando em ir para o Largo da Ordem com calma, e
vi aquele grupo de pessoas vindo pelo calçadão, sim, esqueci que Carnaval em Curitiba tem Zumbi
Walker, sorri e fiquei observando e vi uma menina parar a minha frente e falar.
— Acha que estou legal Bruno?
Demorei para achar a pequena Bárbara naquela menina, e sorri, ela estava maquiada e
horripilante, talvez se a ideia era esta, realmente estava bom.
— Arrepiante, acho que neste caso é elogio. – Falei em inglês.
— Creepy, good!
— Horrifying! – Complementei.
Ela sorri e um senhor parou ao lado e fala.
— Quem é o rapaz? – Um senhor que chega ao lado.
— Teacher?
— Ela está cada vez mais tentando o inglês.
— Às vezes é um facilitador em um mundo cada vez mais unificado e tecnológico. – Em
português.
— Não é novo para ser professor.
— Ainda sou professor auxiliar, espero ser promovido para uma turma.
— Vai me assistir no Centro Cívico?
Eu não sei do que ela estava falando, mas era um convite, e falei sem pretensão.
— Vou tentar aparecer por lá.
— Mas se produz um pouquinho. – Bárbara me cobrando algo.
A menina se afastou me olhando, vi outros seres assustadores a rua, aquilo precisava de muito
preparo, as pessoas realmente dedicaram horas para estar ali, mas quando eles se afastaram, continuei
a caminhar pela rua.
Eu me distrai caminhando, e quando chego a região do Largo, a feirinha parecia meio esvaziada,
talvez ser uma feirinha em meio ao carnaval, onde as pessoas saiam da cidade, fosse um dos motivos.
Olho alguns artesanatos, apenas passando, subo e paro na parte de demonstração de veículos
antigos, eu estava a olhar e meu celular tocou, atendo e ouço.
— Desentocou hoje? – Guto.
— Tentando esticar a perna e pegar um sol, vitamina A.
— Está onde?
— Na altura das Ruinas.
— Sozinho?
— Sempre com o advogado. – Menti.
— Pelo jeito ainda encrencado.
— Acusado de sequestro, uma coisa, está com a namorada?
— Sim.
— Então deixa eu ir embora.
— Não seja assim amigo.
— Leis Guto, o advogado dela conseguiu uma determinação para não chega a menos de 100
metros dela.
Eu desliguei, eu não estava onde falei, então desci uma quadra, saindo do largo, e comecei a sair
da região, não era o que queria, e sabia que poderia estar caindo numa arapuca.
Ligo para Vaz e pergunto se poderíamos conversar, ele falou que estava no escritório dele, e não
deu 5 minutos estava tocando o interfone para subir.
— Problemas? – Vaz.

112
— Lembra que mesmo sem provas, sem terem como me acusar, eles conseguiram uma
determinação de 100 metros, para não me aproximar, agora a menina enreda um amigo e infância,
agora namorado dela, com ela ao lado, fica perguntando onde estou, fujo.
— Certo, mas o que queria conversar.
— Não sei como as coisas estão referente a reforma na Iguaçu.
— As vezes é difícil, pois eles querem manter a fachada e cara de casarão antigo, então mesmo
com bases novas, com o erguer da estrutura, o abrir de bases por baixo da estrutura, eles tem se
superado, mas pensou em que?
— Eu não sei se posso administrar isto, o dinheiro está na conta, mas não sei se posso, se Pedro
quer parte, se posso dar uma de proprietário.
— Querendo algo?
— Estar acuado, me dá a sensação por um lado que não vou terminar nada, por outro, que tenho
de achar uma saída.
— Pensou em algo?
— Forma fácil deles me tirarem da Cultura Inglesa?
— Não entendi.
— Matricular a menina na turma inicial de inglês.
Vaz me olha e fala.
— Acha que chegam a tanto?
— Se eles querem me parar, não entendo o motivo, mas eles deveriam ter parado e não pararam.
— Certo, e se desistir, vai parecer que você que se afastou, se eles forçarem, terá o carão de algo
assim.
— Sim, eles não se preocupam se queimarem a fama de um estabelecimento, alguém está tirando
Carlos da paz, e não parecia ver problema, quando conversamos, dai de uma hora para outra, medo, ele
não quer afundar a escola por uma escolha dele.
— E você não deixou barato.
— Não sei fazer algo e não me dedicar, mas não sei como conversar isto com ele.
— E alardeou que iria ao Largo, sabe o perigo de uma armação?
— Sim, por isto vou me manter na confusão, mas vou a Americana e depois para o Centro Cívico.
— Não entendi.
— Uma mascara de horror e ficar no meio da bagunça sem ser visto.
— Certo, eles teriam de ter onde você está, mas se cuida.
— Se eles armarem, sabemos que vão tentar fazer bem feito desta vez, temo pelas pessoas
próximas.
— E não vai parar?
— Todos os que convidei para a aula de inglês, se mostraram interessados e depois recuaram.
— E não tem ninguém ainda para a matéria que quer que seja importante.
— Eu acho que poucos entenderam a dinâmica que a ideia vai estar no fim do ano.
— Pretende somar.
— Preciso garantir um recurso, pergunta para Pedro quanto valeria um terreno como o que está o
teatro.
— Querendo algo seu.
— Preciso de algo, ainda longe de estar em meu nome, mas que provavelmente estará me dando
estrutura.
— E vai correr por ai.
— Sim, e sei que eles devem estar nos vigiando.
— Paranoico?
— Sim, paranoico.
— Mas se acha que dá para acelerar algo com aquele recurso, falo com Pedro.
— Pergunta se ele não aceitaria o primeiro milhão como entrada pelo terreno.
— Certo, mas acha que tem recursos?
— O bar gerou 300 mil, eu consigo tocar com este dinheiro a escola por 6 meses, tem a entrada
de 37 mil dos estudantes, e se mantiver isto, posso tocar a estrutura, mas dai eu daria a aula a tarde, ali
eu tenho como controlar se a moça for uma das estudantes.
— Acredita que será?
113
— Já tem duas matriculadas que não seria normal estarem ali.
— E não tem como desviar.
— 100 metros, eu teria de estar fora do terreno, para cumprir a lei senhor.
— Por isto desconfiou da Cultura Inglesa.
— Eles devem saber de algo, mas com certeza, sobraria outras turmas para dar aula.
— Mas eles não querem complicar-lhe.
— Acho que eles não sabem o que querem, birra sobre birra, e não entendi, Pedro fala como se o
problema fosse se extinguir.
— Desta parte não falo com ele.
Entendi que era algo violento, entendo que a fama do menino se fez por ele não morrer, não por
outro motivo.
Sai e embora fosse para a Americana, primeiro subi pela Muricy e depois desci, ficou fácil ver
gente ao fundo, me olhando, mas eles pareceram tentar me cercar mais a frente.
Eu dei a volta e desci, entrei na Americana, comprei uma mascara, e umas tintas, uma camiseta
escura, uma capa e antes de sair pela porta, já estava de mascara, e aquele sangue falso eu esfregava na
mão, fui descendo calmamente para o calçadão, sabia que já não estavam ali, mas eu faria o caminho
longo, para chegar ao grupo mais a frente.
A caminhada até o Centro Cívico, era demorado, no estacionamento ao lado da prefeitura, tinha
um palco com uma banda tocando uma musica bem estranha.
Eu não olhava as pessoas, então não parecia estar procurando alguém, e sim, estar apenas
acompanhando, e não sei, as vezes tentamos parecer normais, até encarei umas moças conhecidas,
como se fosse as cantar, elas se afastam, vi quando Guto e Bárbara chegam ao local, vi ela beijar Luana,
e não entendi, pois Guto estava ali, mas não se preocupou com isto.
Não teria como chegar perto, mas eles pareciam procurar alguém e não sei, parecia ser eu, sorri,
estava paranoico, mas acompanhei a banda, vi a pequena Bárbara a tocar uma guitarra em uma banda
que cantava em inglês frases que não cabiam naquela menina, ela disfarçada, aterrorizante, dava outra
conotação a musica. A outra Bárbara chega ao grupo, para mim, Bárbara estaria na praia, não estava
entendendo. Caio e Sergio chegam ao local e também ficam a passar de um lado para outro, como se
procurando algo.
Eu observava quando José para ao meu lado e o meço e ele olhava Guto e olha para o rapaz do
primeiro ano e fala.
— Dizem que ele vem para cá, mas as vezes duvido.
— Onde ele iria?
— Não sei, mas isto não tem cara de Bruno.
Eu vi eles irem ao grupo, estranhei, pois na versão que me contaram, os rapazes não se davam
com Caio e Sergio.
Estava olhando quando ouvi ao lado.
— O que tanto olha? – Em inglês.
Olhei Bárbara ao lado e pergunto.
— Estou tão visível assim? – Em inglês.
— O tênis, só você usa esta porcaria em volta.
— Não conta para eles.
— Problemas com este pessoal?
— Eles me procurando, desde o largo, me parece uma arapuca para cair, e não entendi ainda
qual.
— Quem sabe se envolver com uma menor?
— Sou de menor.
— E qual seria o problema?
— Estou quebrando a lei neste instante.
— Porque estaria?
— Está vendo a moça de rosa e verde a frente.
— Sim.
— Tem uma determinação legal, para ficar a mais de 100 metros dela.
— E o que fez que alguém determinou isto?

114
— Inventaram algo, e como o pobre da turma, sempre somos os culpados, mas talvez tenha de
me afastar.
A conversa toda em inglês.
— Porque?
— Carlos me convidou a dar aula a 4 turmas da tarde iniciais.
— E qual o problema?
— Desconfio que não poderei dar.
— E eles procuram você?
— Nem sei, deixa eu ficar um pouco quieto.
Vi que Sergio e Caio vinham no meu sentido, quase olhando para mim, mas não me mexi, apenas
olhei o palco e continuei a curtir o show.
Eles passaram e perguntei.
— Veio sozinha?
Bárbara me olha e fala.
— Meus pais não gostam deste som, mas minha irmã deve chegar dentro em pouco.
— E não precisa de um guitarrista na banda?
A menina me olha e fala.
— Teria de fazer um teste para ver se o aceitamos. – Ela fala sorrindo.
Eu vi ela olhar em volta e fala.
— Sabe tocar mesmo?
— Improviso.
Ela segurou minha mão e fomos para o palco, ela me apresenta aos rapazes, um baterista, um
baixista e um no teclado, ela me alcança uma guitarra e fala.
— Apenas segue o fluxo.
Nem sabia o que estava fazendo, mas se estava a olhar os demais, agora estava ao palco, e não
iria cantar, iria apenas tocar, e a minha fantasia era a pior das presentes. Começam com um clássico do
Michel, e foram para um tom mais punk rock, e sorri, a muito não tocava, acho que errei algumas
sequencias, mas estava me divertindo. Terminamos as 8 musicas que fechavam o prospecto e no fundo
do palco Bárbara me olha e fala.
— Tem de melhor.
— Mais de 2 anos sem tocar. Deveria ter sua idade quando toquei a ultima vez.
— Me chamando de criança?
— Somos. – Falei.
O rapaz ao fundo me olha serio e fala.
— Eu sou adolescente já.
Sorri, e Bárbara também, não era no sentido que o rapaz pensou, e isto era bom.
Sentamos ao fundo, conheci pessoas, que nem sabia fazerem Cultura Inglesa, mas seria difícil
reconhecer alguém naquele dia.
Seis da tarde, toca meu telefone e Vaz fala.
— Onde está Bruno?
— Centro Cívico, atrás do palco.
— Estão lhe procurando.
— Quem?
— Denuncia de ter descumprido uma determinação.
— Pode ser que o tenha feito, sabe disto, em meio ao tumultuo, não tenho como enxergar quem
está a 100 metros de mim.
— Me espera, quando chegar ai, nos falamos.
— Espero.
— Ainda tocamos hoje?
— Querendo fugir.
— A moça que falei, acaba de me denunciar por quebrar a distancia de 100 metros.
— Ela sabia onde você estava?
— Nem ideia, eu cheguei aqui antes dela.
— Certo, mas vai fugir?
— Se me detiverem durante o tocar, vai ser uma grande vaia.
115
— E o que tocaria se fosse nós?
— Já pensaram em tocar em inglês, clássicos nacionais.
— Isto já fazemos.
— Certo, tocar Blues do Satanás do Motorocker, ou Tentação do Pedra Letícia, ou mesmo Bem
vindo a nova Geração do Tequila Baby.
— Falou em clássicos, não conheço nenhum. – Bárbara.
O rapaz ao lado fala.
— Motorocker é bom, mas acha que Blues do Satanás ficaria bom?
— Acho, assim como Tentação do Pedra Leticia – Peguei a guitarra e passei uns acordes e falo. –
Começa quase falado, e depois vai para algo mais Blues, mas pode ser tocado mais rápido.
Bárbara me viu fazer a introdução em inglês e depois chamar a parte em inglês.
Ela sorri e fala.
— Meu pai que não me ouça cantando isto.
— Ficou legal, nem entendi a letra. – O rapaz ao lado.
— Vamos tocar ainda hoje?
— Sim, as ultima musicas. – Um dos rapazes.
— Vou tentar estar até a ultima musica.
— Encrencado.
— Sim, encrencado.
— E cantaria a musica no meu lugar?
— Se quer que tente.
O grupo passa duas levadas, e vi o meu celular tocar.
— Onde está Bruno.
Olho o numero e falo.
— Não sei com que falo.
— Me esqueceu?
— Não fui eu que acaba de chamar a policia.
— E me vê de onde está?
— Não, mas meu advogado me ligou.
— E acha que vai se esconder sempre?
— Quando parar de criancice, conversamos, mas agora tenho de desligar.
— Algum motivo.
— Meu advogado chegando as suas costas, deve estar tentando me ligar.
Olho para o palco e desligo e o celular toca.
— Fala Vaz.
— Onde está?
— Estão todos olhando para você, para descobrir Vaz, porque os facilitar.
— E não vai aparecer pelo jeito.
— Em 15 minutos estarei visível de todos.
— Não entendi.
— Sei disto, mas me espera ai, tenho ainda algo a fazer hoje e já conversamos.
A banda que estava no palco sai e começamos com duas musicas cantadas por Bárbara, e depois
quando puxo um blues, eu pego o microfone, não sei se alguém reconheceu a musica, mas foi gostoso
de tocar, depois fomos a Motorocker, e vi bem ao fundo Marcelus sorrir, já era um bom motivo para ter
tocado. Estranho que ninguém pareceu me reconhecer, eu devolvi a guitarra, agradeci, passei um papel
para Bárbara, meu telefone e pulei pela frente do palco e caminhei até Vaz que apenas me olhava, mas
não pareceu me reconhecer, como eu vim do palco, apenas passei por ele e falei.
— Me acompanha.
Ele deve ter estranhado e parei a frente de Marcelus e perguntei.
— Gostou da versão?
Ele sorri e fala.
— Eles nem entenderam, mas ficou ótima, de quem é outra?
— Pedra Letícia.
— Pelo jeito vou ter de ouvir coisas que não ouço.
— Espero que tenha gostado, mas agora tenho de sair, a policia a volta é para me deter.
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Marcelus olha em volta e fala.
— Então se quiser uma carona, saímos.
Olho para Vaz e falo.
— Saindo, eles não me viram ainda, atende o telefone e finge falar com alguém.
Marcelus me conduziu ao carro dele, um Opalão e saímos dali e ele perguntou.
— Quem é você, que canta nossa musica numa versão que teria de reouvir para saber se ficou
bom.
— Primeira tentativa, dá para melhorar ainda.
— E quer ficar onde?
— Largo é bom esta hora.
Estranho como alguém visível, vira invisível, e quando paro no Largo ligo para o Vaz e falo que
estava entrando no Sal Grosso.
Marcelus viu um rapaz entrar ao fundo e falar.
— Perdido aqui Marcelus?
— Problema?
— Não sei, muita policia a toda volta, parecem todos da militar, e todos procurando um rapaz.
— Motivo?
— Descumprimento de uma ordem judicial.
— Qual ordem? – Marcelus me olhando.
— Um menor não poder ficar a menos de 100 metros de outro, mas tinha de tocar hoje, e passei a
menos de dois metros da pessoa, que nem me reconheceu.
Marcelus sorri e olha o rapaz e fala.
— Deixa eles olharem, pelo jeito, gente querendo confusão.
— Dizem que estão distraindo as pessoas para aquela coisa de perseguir aquele menino, que anda
com os Hons.
— Não duvido.
Sentamos e sabia que assim que Vaz chegasse, eles o seguiriam para dizer que estava apreendido,
palavra bonita, mas é prisão da mesma forma.
— O que fez que colocaram a policia inteira a sua caça.
— Me apaixonei pela pessoa errada. – Falei.
— E quem é esta encrenca?
— Filha do Desembargador Camargo.
— E não leva a serio?
— Eles estão seguindo meu advogado, para me achar, conhecendo eles, vão me aprender hoje.
— E pelo jeito não quer fugir.
— Pelo que entendi, quando se quer pegar Pedro Rosa, pessoas morrem nesta cidade.
— E apreendido não seria acusado.
— Nem saberia o que aconteceu.
Vaz entra pela porta e senta a mesa e fala.
— Como vão dizer que é você?
— Eles nem me viram tocando, antes, como me veriam depois, mas se eles me apreenderem,
apenas tenta me tirar de lá amanha cedo.
— Eles vão cair matando.
— Eu toquei em um lugar, eles que foram lá, estavam aqui, e foram para lá.
— E que papo é este de tocar guitarra?
— Dois anos sem tocar nada, ficou meia boca, mas tinha de estar em um local publico que me
vissem.
Estávamos ali quando 10 policiais entram e apontam a arma para mim e falo.
— Vão atirar em um menor com tantas testemunhas?
O policial teve de puxar minha mascara para ter certeza que era eu e fala.
— Quem procuramos.
— Sim, mas não procuravam eu, estavam procurando este da foto, e se foi ele que quebrou a lei,
prendam ele, não alguém que estava numa zumbi walker e vocês não me viram lá.
— Desbocado.
— 10 policiais para um adolescente, eu prefiro ser desbocado a covarde senhor.
117
Eu estava provocando e Vaz falou.
— Qual a determinação de meu cliente.
— Ele descumpriu uma ordem judicial.
— Sim, e me seguiram para saber onde ele estava, e vem com este papinho senhor?
— Não o seguimos.
— Antes de tirar a mascara nem tinha a certeza de ser ele, nem sabia quem ele era para ele ter
descumprido uma determinação, fala serio senhor policial. – Vaz.
— Não discutimos.
— Se não baixarem as armas agora, vamos pedir o afastamento sem remuneração de todos
vocês.
— Acha que está falando com quem?
Vaz sorriu e falou.
— Um ser insignificante, entre sete bilhões de seres, em um planeta insignificante, em bilhões de
sistemas solares como este na via láctea, em uma galáxia entre bilhões de outras galáxias, então quem é
você, uma titica de gente em uma titica de mundo, em uma titica de sistema solar, em uma titica de
galáxia.
O senhor não entendeu nada, mas o rapaz que perguntara para Marcelus se estava bem olha o
policial e fala.
— Armas no coldre Comandante Ramos, um tiro aqui, é tudo registrado, e ninguém dos presentes
não foi filmado, então comportem-se como a lei que fala representar, um menor, cadê a Delegacia de
Proteção de Menores?
Não sei quem é o rapaz, mas os policiais se olham e olham o comandante, ele guarda a arma e
fala.
— Não pode se esconder assim menino.
— Eu não estava escondido, eu sai de um palco no Centro Cívico, ao lado de Marcelus, e vocês
não me viram, não inventa Comandante. – Falei.
Ele olha alguém a entrada e fala.
— Não pode ficar a 100 metros dela.
— Então devolve ela ao Centro Cívico, eu sai de lá, pois ela estava lá, o que ela faz aqui agora?
— A determinação é para você.
— Não estou chegando onde ela estava senhor, sabe a lei, e todos viram eu chegar, o senhor
chegar e bem depois, ela chegar, não vai colar este papo de eu quebrei a regra.
Coloco a mascara de novo, mas agora eles já sabiam que mascara eu estava usando.
Olhei o rapaz e pergunto.
— Posso usar o banheiro.
— Sim.
O policial quis acompanhar e apenas ouvi.
— Cadê a Delegacia do Menor Comandante.
Chego ao banheiro, tiro a mascara, jogo no lixo, pego o resto daquele sangue, que parecia um gel,
levanto o cabelo com aquele vermelho vivo, como um punk, lavo as mãos e sento a mesa de novo,
Marcelus me olha e fala.
— Agora parece mais integrado ao meio.
Olhei Vaz e perguntei.
— Em que delegacia tenho de me apresentar?
— Delegacia do menor.
— Então vamos antes de alguém fazer burrada – Olhei para Marcelus e falei – não sei se teríamos
autorização para tocar a musica da sua banda.
— Conversamos sobre isto, pelo jeito montando uma banda?
— Me convidei a fazer parte de uma banda.
Quando sai, muitos me olhavam, mas os policiais ao fundo, ainda olhavam para dentro, caminho
com Vaz em meio ao desmontar da feirinha, e chego ao carro dele e fomos a delegacia, e o Doutor Vaz
olha para o delegado e fala.
— Ainda neste perseguição sem sentido Delegado.
— Estamos em algo serio, quem é o punk ao lado?

118
— Alguém que estava no palco no Centro Cívico, com a banda, e seus rapazes que acusam ele de
ter se aproximado da moça, nem o reconheceram, então a pergunta, eles viram quem ao lado dela, e
porque o amigo dele, ligou tentando saber onde ele estava, amigo que namora ela?
O delegado olha as imagens, só montagens, mas não tinham o rapaz como estava a sua frente nas
fotos, e fala.
— As vezes queria parar este desembargador.
— Se garantir a segurança de meu cliente, ele até fica apreendido até amanha, para conseguir o
revogar disto, mas tem de saber, é armação.
— E porque ele não reclamaria?
— Não entendi, mas algo sobre o Desembargador estar em uma caçada dupla, ele está desviando
a atenção de parte da policia, para uma ação contra Pedro Rosa.
— Acha que vai dar merda? – O delegado.
— Sabe que os que atacam aquele menino, somem, não é como este meu cliente, aquele sabe se
defender.
— Entendo, seu cliente detido, não é acusado, embora não entenda o que eles querem com isto
ainda?
— Que eu fale algo para justificarem minha morte aos amigos. – Falei sem sentir, e por um
segundo, senti como verdade.
— Algo grave ao ponto de gerar retaliação.
— Sim, mas não quero ser perseguido, só quero o direito de viver e não ser acusado com falsas
provas.
O delegado cancela a apreensão e Vaz me conduz até em casa, antes passamos em uma
americana e comprei a mascara novamente, e chego em casa como tinha ido ao ponto da Zumbi
Walker, minha mãe estava com uma amiga na cozinha, a cumprimento e olho para Vaz e falo.
— Vou tomar um banho, minha mãe me ver de mascara é uma coisa, com cabeço punk, iria pegar
no meu pé.
Vaz sorriu, eu tomei um banho, mudei de roupa e sentamos a sala e Vaz perguntou.
— Acha que fica bem?
— Se o delegado da Delegacia do Menor não me quer preso, tenho uma chance, mas pensei que
já tivessem me esquecido.
— Também, mas você colocou a dica do dia, parece que quase senti que eles se mexeriam.
— Fala com Pedro, sei que pode parecer precipitado, mas eu preciso me fixar, e longe deles,
melhor.
— Certo, tento, mas vai ficar quieto?
— Hora de ver o que acontece, não entendi, eu tinha a sensação de estar resvalando em coisas no
Centro Cívico, e posso estar enganado, mas Pedro pediu para alguém me proteger.
— Não entendi.
— No meio dos seres todos deformados do Zumbi Walker, tinha pelo menos 3 hons visíveis.
— E tinha sensação de ter mais deles lá.
— Sim, como se esbarrasse em algo que não estava ali, mas que chegava a arrepiar os braços.
— Você percebe coisas que eu não perceberia, e pelo jeito, as coisas estão prontas para algo
acontecer.
— Não entendi tudo, mas todos falam que o menino sobreviveu, e não sei, para mim, ele é uma
criança, e sou eu falando.
— Se cuida, as vezes acho que ninguém entendeu o problema.
— E nem entendamos.
— Pensou em que? – Vaz.
— Algo que não gostaria.
— O que?
— Eles apostam mortes senhor, e se eu for a próxima aposta, ou um provável alvo.
— Entendi o que pensou, Pedro mandou ficar de olho, pois terminar uma aposta, eles
começariam outra.
— Espero que não seja isto.
Vaz sai e vou a cama, estava cansado, mas fiquei lembrando de eu tocando, estranho que as
vezes, não olhamos ao lado, estava tentando recomeçar, e não sabia ainda o que pensar.
119
Segunda de Carnaval, a cidade meio parada, e muita coisa não funcionava
naquele dia, fui dar uma volta no bairro, as vezes achava que estava tudo fora
do lugar.
Estava sentado a entrada do Terminal da Santa Cândida, pensando se iria
ao centro, quando vi o telefone tocar, era Guto, eu não queria brigar, então não
atendi o telefone. Entro no terminal e vou no sentido da Agua Verde, onde
entro no local, estava ainda em construção, mas estava mudando a cara do
local, e uma coisa me veio a mente, vejo o prospecto, olho os papeis e rabisco o
que seria o que eu queria, e vejo a Engenheira Roseli Paz entrar e me olhar.
— Está ficando incrível, e olhando por fora, não se fala tudo que se fez para dentro.
— Acha que fica pronto quando? – Perguntei direto.
— Pressa?
— Tem um grupo de comediantes que quer fazer um evento e acho que poderíamos fazer algo
aqui.
— Grupo?
— Ainda em negociação, mas pensa em um evento, o Não pode Rir, Portas dos Fundos, Risorama,
Fritada, Tesão Pia e Comédia em Pé, em um evento em Julho ou Agosto, em Curitiba.
— Quer outro evento daqueles aqui?
— Sim, estava pensando em o que tinha pedido para o quarto piso, e pensando no que
conseguiria fazer.
— Querendo mudar aquilo?
— Aquilo ainda é apenas parede e teto.
— Mas qual a ideia?
— Três coisas separadas.
— Mas como faríamos isto?
Começo a rabiscar e falo.
— Na entrada que estamos fazendo para baixo, abaixo do nível da rua, estabelecemos o elevador
externo, uma escada externa, e uma entrada para a sala maior, e uma menor na parte baixa, e por
elevador e escadas para a parte alta.
— Parte alta?

Coloco o papel a mesa e falo.


— Preparamos na parte alta, um teatro como na parte baixa, com outros 280 lugares, e com
acesso por elevador e escada, criamos na parte baixa, um salão de entrada, para os teatro, e na parte de
cima, uma região para esperarem a apresentação, peças simples ou lançamentos, ou mesmo palestras,
um espaço sem toda a estrutura de palco que a parte baixa tem, mas com um mínimo.
Olho o desenho e falo.
— Na lateral, o Bar Comedy Center, onde podemos ter o desenvolvimento de talentos locais, e a
parte do curso de teatro, onde ele fica todo isolado das demais partes.
Roseli pega o desenho e fala.
— No lugar de 3 salas, colocar um teatro inteiro na parte superior?
— Sim, uma forma de oferecer um dinâmica diferente, e não sei se a estrutura preparada
aguenta.
— Ficou mais leve, estava estruturado para mais de 500 pessoas, e não chegaremos agora a 300
pessoas.

120
— As vezes acho que estou apostando em algo que não vai acontecer, mas uma estrutura que se
pague, força a gente a tentar abranger coisas que estão deixando de existir.
— Coisas?
— Eu penso sempre em algo que some ao todo, e as vezes, fico meio perdido.
— Quer somar ainda.
— Sim, mas não sei ainda como fazer, mas são projetos ao futuro.
— E pelo jeito este lugar vai ficar agitado.
— Sim, mas posso pedir uma coisa senhora?
— Se puder?
— Teria como segurar os projetos de seu pai para o terreno do fundo, e ao lado do consulado?
— Querendo algo maior.
— Estacionamento e um cinema, apenas isto, mas um cinema com possibilidades, não com
exatidão das coisas, cultura passa por telas, e as pessoas não vão mais assistir nada.
— Vou falar com meu pai, mas sabe o preço dos terrenos?
— Não, e antes de Julho não terei como dar uma boa entrada pelos terrenos.
— E todos pensando em terminar isto?
— Me propuseram algo que não entendo, Criar um evento anual, “Langueando a Comédia!”, um
termo que somente para o curitibano faz sentido, vindo de alguém da região, integrando a comedia
nacional a local, mas obvio, isto é um projeto que se der certo, é dinheiro na conta.
— E acha que teria quanto para dar de sinal de negocio no meio do ano, perguntando porque
meu pai vai perguntar.
— Um milhão acho que sobra, tenho de passar parte da compra deste espaço a Pedro também.
— Querendo um grande espaço?
— Daqui a pouco, você terá de me passar o preço das coisas e terei de começar a pensar se tenho
como fazer.
— Certo, uma parceria que quer pagar, e pelo jeito não quer algo pequeno.
— Quero algo que me gere uma entrada, e some na cultura e local, sei que muitos querem este
bairro apenas como residencial, mas eu não quero as pessoas andando muito, e com certeza todos os
barres da região vão adorar.
— Certo, os comércios locais olham se perguntando o que estamos fazendo, mas respondendo a
pergunta inicial, acho que Abril a parte superior deve estar pronta, a reforma da parte do bar, deve ficar
pronta em Março, e o curso, se não temos de fazer a parte superior, é somente por para dentro as
estruturas e pelo jeito, cancelar uma concretagem, mudar a região da estrutura da escada de local e por
as fundações.
— Bom, assim vou me programando, tenho de mudar o cronograma de aulas, e ver se terei como
manter alguém longe, determinações judiciais se cancelam.
— Não quer problemas.
— Alguém forja um sequestro, o juiz dá uma regra de afastamento para a pessoa de você, e o
papais da criança, que é desembargador, contesta e inverte os nomes na decisão, então o que era uma
lei que deveria me proteger, faz com que alguém que não sei ainda o motivo, quer me cercar, e por isto,
não posso chegar perto dela, e para me parar, se matriculou no curso de teatro e desconfio que na
Cultura Inglesa.
— As crianças de hoje resolvem as coisas de forma muito diferente da minha época.
Sorri e o telefone tocou, não sabia de quem era o numero, então atendi.
— Bom dia?
— Bom dia Bruno. – A voz me falou que era a pequena Bárbara.
— Ontem tive de sair de lá antes de estragar a festa.
— E vai topar ser de nossa banda?
— Ensaiam onde?
— Não temos lugar para ensaiar.
— Isto posso dar um jeito.
— Vai dizer que conhece gente que pode nos ceder um espaço para tocar.
— Um local que seu pai teria de autorizar se fossemos tocar nos dias normais de funcionamento.
— Sua mãe também?
— Sim, minha mãe também. – Ela me lembrando que não era tão velho assim.
121
— Está onde, poderíamos conversar?
— Na Agua Verde.
— Fazendo o que no meu bairro.
— Bom saber que comprou o bairro. – Falei e ri, para parecer brincadeira.
— Entendeu Bruno, mas onde está?
— Sabe onde a uns dias, fizeram um agito na Iguaçu?
— Sim, todos no bairro falam deste Curitiba Theater Center.
— Estou aqui falando com a Engenheira sobre as mudanças, que ficaram prontas apenas em
Março, e as que ficaram prontas em Abril.
— E qual a ideia ai?
— Dar uma palha toda a Sexta a Noite, em um Comedy Center.
— Está falando serio?
— Nem sei o nome da nossa banda. – Falei quase cobrando.
— Nymph and Demons!
— E vamos nos fantasiar para cada apresentação? – Perguntei.
— O som é serio Bruno.
— Não falei neste sentido, Demons são Demons, já você não precisa de fantasia. – Falei.
Cantada ruim, sorri para mim mesmo.
— Eu apareço por ai, mas peço para falar com quem?
— Um tal de Bruno Baptista.
— Me espere.
— Não demore.
Olhei Roseli e falei.
— E como está o bar?
— Pensando em por algo a tocar?
— Abrir toda a noite com um show barato de banda da cidade, e depois um comediante local,
algo que não existe por ai, pois dizem ser dois mercados diferentes, mas aqui, teremos um preço que
não vai ter punk, não dos sem dinheiro.
— Certo, porque pensou nisto.
— Porque estranho, eu faço toda uma estrutura, e monto um bar, vendo cerveja que me custa 6 a
16, pois o local é especial, 300 pessoas conseguem tomar mil e seiscentas cervejas, e consumir em
comida o equivalente, então vendemos no bruto, mais de cinquenta mil reais em um dia, eu me bato
com recursos de mês em uma sala de aula, com menos que isto por sala, e ali ao lado, me gera isto, nos
dias de fins de semana, isto, em 6 dias, mais de 350, mas o que me impressiona, 57 de margem apenas
na cerveja.
— E se impressionou com os números.
— Uma turma de Teatro, me fornece próximo de 15 mil ao mês, é uma diferença brutal.
— E quer montar uma banda pelo jeito?
— Jovens gostam destas coisas, e as vezes as oportunidades se apresentam, e não sei, as vezes as
coisas acontecem.
— Temos agora a parte alta, das duas partes montadas, não sei qual a ideia ao fundo.
— Vamos lá e explico.
Saímos pela frente e estávamos quase entrando na lateral e ouvi.
— Me espera um pouco.
Olhei para traz e estava a menina e o pai, estranhei e falei.
— Pensei que demoraria mais.
— Eu vejo este lugar pela janela.
Olhei o senhor e falei.
— Prazer, Bruno Baptista.
— Ela falou que estão montando um lugar que ela gostaria de tocar.
— Deve ficar reformado no mês que vem.
— Não estava pronto?
— As vezes vemos que misturar ideias, não dá muito certo.

122
Entramos e olhei para a escada que dava ao teatro, o elevador sendo erguida a estrutura, e
começamos a entrar, as cadeiras e mesas estavam a frente, todas amontoadas, e primeiro subimos na
primeira parte alta e falei.
— Roseli, a ideia, quando pensei naquelas vigas que ficaram visíveis ali, era esta.

Ela olha e fala.


— Um local para uma musica ao vivo?
— Não é muito pequeno para uma banda? – Bárbara.
— Sim, local para musica ao vivo e sim, ali não se coloca uma banda.
Eu olhei como estavam os acabamentos do banheiro alto, estava a olhar o que não tinha visto
antes, eles estavam avançando, descemos e estavam terminando de fixar as estruturas metálicas, do
piso alto, e subimos pela escada e olhei onde estavam os banheiros, estavam ainda colocando os
encanamentos, e olhei para Roseli.
— A ideia aqui, é termos pisos com diferença de altura, pois senão o rente aos banheiros, não tem
como ver o palco.
Ela chega ao local e fala.
— Uns 40 centímetros a mais dá para ver.
— Esta foi minha ideia, e ir subindo até a parede ao fundo.
Roseli olha e fala.
— Quer que pelo menos tenham chance de ver.
— Sim, sem ter de subir nas mesas.
— Não quer problemas?
— É nos infortúnios de uns, que alguém mal humorado, resolve que quer brigar.
— Não entendo porque alguns vem a estes lugares.
Chego a divisão para a parte baixa, em vidro e olho para Bárbara e falo.
— Ali seria o palco.
— Mas qual a ideia, parece um lugar muito bom apenas para uma banda iniciante? – O senhor.
— Teremos um comediante quase todo dia neste palco, de quarta a domingo, e quando não tiver
dois comediantes, como nas sextas, tocamos. – Falei olhando Bárbara.
— Mas você faz parte da banda? – O senhor.
— Bárbara me convidou a ser o segundo vocal e o guitarrista.
O senhor olha para Roseli e pergunta.
— E quem toca isto?
— Quem toca é um administrador, mas está em nome da mãe do menino.
— E pelo jeito quer agitar o local?
— As vezes, temos de ensaiar senhor, e ter um local para ensaiar, tanto o teatro, quanto a
guitarra, como a comédia, faz surgirem bandas melhores.
— As vezes me parece que deveria ser mais natural. – O senhor.
— Sim, mas os amantes de bandas inglesas que surgiram nas garagens, se o vizinho começar a
tocar na garagem, ele chama a polícia.
O senhor olhou atravessado, sorri e falo.
— Se não quer que eu participe, tudo bem senhor, apenas oferecendo a aluna, um local para a
banda ensaiar.
A cara de revoltada de Bárbara para o pai, me fez sorrir.
— Não falei isto.

123
Nesta hora vejo que tem um recado de Vaz, perguntando onde estava e com quem, respondo e
ele fala para não sair dali.
Previ problemas e ouvi Bárbara perguntar.
— Mas ensaiaríamos aqui?
— Aqui tocaríamos, ensaio é na região do Teatro.
Olhei os dados, olhei o camarim, e saímos por ele e entramos na parte do teatro ao lado, e o
senhor viu aquele local sendo reformado e fala.
— O teatro que todos falam que existe aqui e alguns duvidam.
— Se tudo der certo nos acordos, vamos ter um evento aqui no fim de julho, de comédia.
— Evento?
— Algo para fazer um prospecto anual, eles estão falando em fazer uma vez em Julho, e quero
fechar o prospecto por 5 anos.
— Pelo jeito acredita que eles lhe ouvem mesmo.
Atravessamos a Coxia, descemos para o publico todos olhando, estavam colocando o vidro na
parte alta lateral para o Bar e se via a entrada de lá, não tinha mais uma queda de piso para aquele lado.
Chegamos a entrada e falo.
— O elevador, vai dar em outro teatro apenas com coxias menores, e temos uma sala de ensaio
ao lado.
Bárbara entra e olha que tinha um palco, e me olha.
— Não é tão grande o palco.
— Cabe os instrumentos e a sala é toda isolada de som, então mesmo a sala acima, não ouve o
barulho vindo daqui.
— Sala? – O senhor.
— Sala dos professores do Curitiba College Theater Center.
— Tem um curso de Teatro acima?
— Sim, vamos ter um curso que começa agora em Março.
— Fala mesmo como quem manda, bem enfático. – O senhor.
Roseli que recebeu o olhar do senhor olha para mim e fala.
— A parte alta, nem aceso temos ainda, sabe disto.
— Sei, eu tive a ideia tarde demais.
Bárbara me olha e fala.
— Aqui que Junior falou que você montaria um colégio de Inglês?
— Aqui seria para estudantes que tivessem noção de conversação e escrita em inglês, para
produção de peças que pudessem girar o mundo, faladas e encenadas em inglês, as peças por nós
criadas.
— E eles pensando que queria montar um colégio aqui.
— Tudo pode acontecer.
Olhei para o celular e falei.
— Vamos a parte de cima, oficial de justiça chegando.
— O que aconteceu? – O senhor.
— Não sei, mas sempre digo, quando eu tomei três tiros, fui acusado de sequestro, e o atirador,
nem inquérito sofreu.
— E quem lhe deu três tiros? – O senhor preocupado.
— O filho do Desembargador Carvalho.
O senhor olha em volta e fala.
— Mas não falaram que você era um desocupado?
— Trabalho desde o ano passado, não antes, pois a lei não permite senhor.
— Certo, e agora está construindo algo que todos a volta falam ser um local que vai atrair grandes
eventos ao bairro, gerando uma recuperação em alguns setores.
— Vamos subir.
Começamos a subir a escada para fora e vi a policia fechando a rua e olho para o carro de Vaz
parando a frente e me olhando.
— Pelo menos não está sozinho?
— O que aconteceu? – Olhando os policiais olhando desconfiados a volta.

124
— O comendador acaba de sumir em uma operação ao centro, e como não querem acusar outra
pessoa, lhe acusam.
— Provas, porque eu Doutor Vaz.
— Parece que até o es governador sumiu.
Olhei como se perguntando o que tinha haver com aquilo e ele fala.
— Está sobre o terreno dele, sabe disto.
— Já paguei a entrada do terreno, eu tenho o recibo dele, sei que a maioria nem liga para isto,
mas eu quero tocar minha vida.
— Eles parecem não acreditar.
— Lei não é para crentes Doutor Vaz.
— Sei disto, mas eles acreditam em coisas estranhas.
Senti o braço arrepiar de volta, olho em volta e estranho ter a sensação de que estávamos
cercados, não entendo disto e apenas faço sinal para o senhor descer novamente e falo.
— Protege sua filha, eles as vezes querem provar que uma criança está por traz disto, e forçam os
aliados da criança.
— Que criança? – Bárbara.
— Pedro Rosa.
O senhor que ainda não sabia o nome, recua, vi que os policiais estavam tensos, e olhei Vaz.
— Onde tenho de ir agora?
— Não quer os levar?
— Não vou indicar vitimas, para eles defenderem uma ideia boba doutor.
Os policiais estavam tensos e Roseli fez sinal para o senhor descer e ouvi ao fundo.
— Saímos pelo outro lado senhor.
Não ouvi mais, mas era bom saber que alguém pensou em sair, pois era o mais seguro.
O rapaz do ministério publico pergunta do responsável e indico o meu advogado e ele entrega a
intimação e vi que era medo nos olhos, não sabia o que Pedro Rosa fizera, na verdade nem sabia se ele
tinha feito algo ou o senhor se escondeu para me acusar.
Vaz lê a determinação e fomos a delegacia do menor, novamente, eu acho que o delegado já
estava se enchendo de mim, e não sei, talvez o ter alertado de que poderia acontecer, me torna um
cumplice, fui quieto e Vaz pergunta.
— O que acha que está acontecendo.
— Não sei como sinto isto, mas poderia jurar que tinha um Hons para cada policial que estavam
naquele local.
Vaz me olha e fala.
— E não falou nada.
— Apenas não querendo problemas, mas do que estão me acusando.
— De ter dado sumiço no senhor Carvalho e no cunhado dele, senhor Cardoso e no governador
afastado.
— Sou poderoso agora.
— Não é brincadeira Bruno.
— Sei disto, mas o delegado tem algo haver com o Cardoso?
— Não entendi. – Vaz.
— Mesmo sobrenome, ele tem algo a ver?
— Uma pergunta a responder.
Pego o telefone e ligo para Roberto.
— Grande Roberto, está onde neste país?
— Bruno, encrencado pelo jeito.
— Um pouco, mas me responderia uma coisa?
— Bomba?
— Não sei, qual seu parentesco com Homero Cardoso.
— Meu tio, vão lhe acusar de algo pelo jeito.
— Ter dado fim no seu tio.
— E pelo jeito esta tentando levantar dados.
— Apenas me preparando para passar 3 anos em uma fundação de proteção ao menor.
Me despedi e desliguei.
125
— Irmão do delegado.
Vaz me olha e fala.
— E todos sabiam desde o inicio?
— Não duvido.
Chegamos a delegacia, desta vez o delegado não estava sorridente, ele parecia preocupado, e
algo me induzia a uma tentativa de que me traísse, e deixar claro, o me trair, seria sair acusando quem
não deveria ser acusado naquele momento.
O delegado estava com escrivão, com ministério publico, e com um assistente social, eles queriam
me pressionar desta vez, com força.
Vaz não sabia se mandava eu ficar quieto ou falar, sabia que o delegado teria agora um motivo
pessoal, e não entendeu a pressão até a primeira pergunta após confirmar nome e profissão.
— Poderia me dar sua versão sobre o que acontece com quem tenta prender Pedro Rosa.
Olhei para Vaz, não tinha sido eu que havia falado, mas eles queriam me por como cumplice.
— Fofocas, apenas isto. – Falei.
— Não vai repetir a desconfiança de ontem, que nem reclamaria em ficar preso, para não se
envolver em problemas hoje?
Olho para o delegado, sorrio e falo.
— As vezes demoramos para entender a dinâmica das coisas de uma cidade que é um ovo.
— O que quer dizer com isto?
— O que ligaria es governador, o desembargador Cardoso e seu irmão, a ponto dos três estarem
em um mesmo lugar.
Eu ouvi o rapaz da digitação parar e olhei para ele, depois olhei para o rapaz da assistência social.
— Está desviando a pergunta.
— Tudo que falei ontem com o meu advogado, foi conseguido por uma conversa informal com
um aluno de sala de aula, a mais de 3 meses, nada que não seja apenas palavras ao vento.
— E quem seria este colega de sala?
— Roberto Cardoso.
O senhor me olha serio, ele não sabia até onde cada palavra seria verdade ou mentira, mas eu
estava tentando não mentir, usar de palavras soltas e artifícios de linguagem.
— E não repetiria em um depoimento oficial.
— Se tivesse provas, sim, mas acusar alguém mais rico que eu, é sofrer processo de calunia e
acabar por pagar indenização a quem não precisa.
— Dizem que você tem negócios com Pedro Rosa, confirmaria este fato?
— Sim, eu apresentei uma ideia para ele, referente a um espaço cultural de ensino teatral, e ele
topou a ideia.
— E de que forma, paga o apoio a Pedro Rosa.
— Bom deixar claro, Pedro Rosa, falando assim parece alguém de maior, ele é um ano mais novo
que eu, mas a primeira parcela do apoio dele eu paguei com a bilheteria do primeiro evento.
— Me informaram que você toca um ponto de drogas na Iguaçu, o que teria a dizer.
— Não sou o seu irmão.
O delegado bate na mesa e fala.
— Respeito rapaz.
— Bruno Baptista para o senhor, não rapaz.
— Se acha engraçado?
— Se soubesse que meu problema desde a primeira denuncia, passava pelo senhor, eu teria
entendido, que os irmãos fizeram um acordo e não interessava o que eu falasse.
— Está me acusando.
— Tens uma prova contra mim? Não! Estou cercado de ministério público, investigadores civis e
assistente social da delegacia de proteção ao menor, tudo isto para me pressionar, por uma declaração
infeliz, pois se não me prendeu ontem, para me acusar hoje, o senhor é parte disto delegado.
Vaz viu que o delegado estava ficando bravo, mas eu via que o escrivão não estava digitando
tanto assim.
O delegado olha para o investigador a porta e fala.
— Conseguiram algo?

126
— Sabe que não senhor, ele estava em uma obra, trabalhando, com um es juiz e sua filha lá, mais
uma engenheira, e todos os funcionários locais viram ele lá o dia inteiro.
— Ele pode ter dado um telefonema.
— Sim, liguei para seu filho.
Não sei se Vaz estava gostando, mas era evidente que o senhor a frente estava tenso, e não sabia
ainda o que estava acontecendo.
— Esta querendo me enervar, não sabe com quem está falando menino.
Eu olhei para ele e olhei para Vaz.
— Uma prova que o ligue a algo que nem sei se aconteceu Senhor Delegado. – Vaz.
— Meu irmão sumiu, sei que ele sumiu.
Vaz olha para mim, e quase fico quieto, pois ele quase disse, estava lá, e vi ele sumir.
— Se estava lá, viu ele sumir, o que me acusa senhor? – Falei.
Ele me olha intrigado e fala.
— Estava lá?
— Lógico que não, mas a sua afirmativa não foi uma mentira, foi com convicção, então o senhor
viu, e se viu, estava lá, e se estava lá viu quem fez, e se viu e me acusa, deveria eu estar lá, mas não me
viu lá, então o que quer delegado, não adivinho as coisas.
— Como detemos aquele menino?
— Se a sua ciência e violência, não detém uma criança de 14 anos, tem duas alternativas senhor,
lutar com certeza de derrota, ou se unir aos mais fortes.
— Mas e meu irmão, o desembargador, o es governador?
— Desculpe senhor, mas senhores que apostam a morte de crianças como se fosse gado no pasto,
não é gente, é animal, não vou chorar por estes. – Eu olhava o delegado, ele sabia o que estava
acontecendo e termino – E agradeço a Pedro Rosa, por não morrer, eles não podem passar ao próximo,
soube que estou nesta lista idiota de pessoas a morrer, e vocês não fazem nada, apenas querem que a
aposta continue.
Vaz me olhou e fala.
— Se for isto, ainda não acabou.
— Se o delegado estava lá, eu não posso fazer nada por ele Vaz, pois todos falam, não desafia os
Hons, eu tento ficar longe, ele que entrou nesta arapuca, não fui eu.
O investigador a porta olha para mim e fala.
— Mas ele cometeu um crime.
— Sobreviveu a animais, ninguém é obrigado a morrer porque um bando de desocupados,
mantidos por nossos impostos, resolve apostar a morte desta pessoa, a policia tinha de estar prendendo
estas pessoas, mas não, está deixando correr solto.
O investigador sai pela porta e o delegado me olha e fala.
— Vai ficar detido.
— Apreendido, é o termo que vocês adoram, mas a escolha é sua, não minha, como falei, não
muda o fato, se estava lá, apostando a morte de uma criança, não deveria presidir esta delegacia
senhor.
O delegado começa uma frase.
— Eu deter.... – O silencio, o olhar para o senhor sumir a minha frente e todos se olharem
assustados.
Eu vi uma mão rapidamente no ombro do senhor, eu não entendia disto, mas se me mantivessem
ali, eu ficaria, mas agora, o delegado sumira, o assistente sai e o investigador chega a porta e fala.
— O que viram?
— Ele apenas sumiu no meio de uma palavra. – O assistente.
O investigador pergunta a todos o que viram, não viram nada, o senhor apenas sumiu, e não teria
como dizerem que algo aconteceu, e o mesmo me olha.
— O delegado adjunto foi chamado, terão de esperar.
Vaz sai pela porta, não sei o que ele foi fazer, mas eu olhava todos olhando onde o delegado
deveria estar, eu sentia que os Hons estavam a volta, não sei porque sentia isto.
Vaz liga para alguém e vi trazerem Pedro Rosa, vi que meu advogado também era advogado de
Pedro Rosa, então sem querer eu estava enfiado naquilo, sem entender de nada.

127
Vaz consegue a liberação minha e de Pedro e saímos pela frente, eu sai pelo canto, nem olharam
para mim, tendo o rapaz ali, todas as atenções iriam a ele.
Eu caminho até o Agua Verde, para pensar é bom, e chego a obra e sento na parte que seria um
teatro, mas por enquanto era apenas um espaço aberto, sento ao chão e penso na encrenca que estava
metido, ligo para minha mãe e pergunto se estava tudo bem, ela disse que sim, e olho em volta e
pergunto por mensagem para Bárbara, a menina do curso de inglês, se estava tudo bem.
Estava pensando, estava querendo brigar com os amigos, ainda bem que não o fiz.
Estava sentando quando vi Pedro e Vaz entrarem pela escada ao fundo, ainda só a estrutura de
uma escada, não haviam concretado ainda.
— Pensando em que? – Pedro olhando em volta.
— Que falei demais.
— O delegado não tinha nada, e ficou pior do que pensou, mas não entendi como sentiu os Hons.
– Pedro, ele parecia serio, sempre me parecera sério.
— Não sei porque os sinto, não os vejo, sei que deve ter perto de 6 a volta, mas não entendo isto,
apenas sinto.
Eu me assustei vendo 6 deles a volta e um com uma espada as costas, me olhar e falar olhando
Pedro.
— Eles estão ainda aprontando.
— O es governador não fomos nós, mas quero evitar a morte de um irmão torto, mas – ele me
olha serio – apenas se cuida, este pessoal ainda está matando gente.
Os Hons sumiram e vi Pedro sair e Vaz me olhar.
— Não entendi o que ele falou, mas ele falou que se pagar mais um milhão fica com o terreno
com toda a benfeitoria.
— Porque ele está me dando isto?
— Pelo que entendi, era algo que ele se apoderou, quando da morte de um traficante no presidio
de Piraquara, e você pagando por isto e fazendo funcionar algo, é um peso a menos.
— E a operação é legal?
— Sim, a operação é legal.
Continuei sentado ali, e recebi a pergunta se estava bem, da pequena Bárbara e apenas respondi
que estava tentando entender tudo o que estava acontecendo, e perguntado onde estava, apenas falei
a verdade, e 15 minutos depois ela estava a porta, agora com uma moça e dois rapazes, estes eu vi no
dia anterior.
Descemos, pois eles iriam concretar as vigas de concreto e aproveitariam e concretariam as bases
da escada e subir lance a lance de escada, concretando.
Estico a mão e me apresento aos dois rapazes e um fala.
— Este espaço é bom, é seu?
— Se conseguir pagar, será.
— Vai ter um imóvel perto do meu? – Bárbara.
— Sim, por um sofá bom na sala da recepção para se não tiver onde morar.
Os dois sorriram e descemos e mostrei para eles as duas regiões que poderíamos ensaiar, o teatro
ou a sala de pequenos eventos.
A moça que veio junto perguntou quem eu era e soube que era uma filha mais velha, uma irmã de
Barbara, Laura, que uns 10 anos mais velha, referente a um casamento anterior de seu pai.
— E vamos ensaiar?
— Ainda sem luz operacional, mas semana que vem vai estar tudo pronto a nível de parte do
teatro baixo, e da Escola de Teatro.
— E vai se manter longe?
— Estou tentando caçar uma proibição de estar a 100 metros de alguém, pois esta pessoa se
matriculou na turma inicial daqui, e na turma da tarde do Cultura.
— E quem é esta concorrente?
— Concorrente? – Perguntei serio.
— Esta menina que quer lhe tomar de mim.
— Já tomou posse?
— Dizem que você foge, não sei quem espalhou que você não gostava de meninas na turma do
Cultura Inglesa.
128
— Acho que ninguém me conhece a este ponto para afirmar isto, mas pelo jeito estavam fazendo
festa na sua casa.
Falei olhando os rapazes.
— O pai da Bárbara falou que teria de se inteirar se queria este marginal do Bruno Baptista por
perto.
— Bom de ser marginal, é que estamos sempre perto da saída, pois quem está no centro não tem
para onde fugir, sem passar por nós.
— Mas porque lhe chamam de marginal? – Bárbara.
— Eu tinha um amigo que tentou me matar duas vezes o ano passado e me defendendo uma vez,
acabei esfaqueando o rapaz.
— Você matou alguém? – A moça.
— Não, ele ainda está vivo, e já me deu 3 tiros depois disto.
— Este local é bom para ensaio. – O rapaz de nome Lucas.
Conversamos, e depois de um tempo eles saíram e fui para casa, queria tomar um banho e
parecia que aquele dia, ainda iria tarde, e não sei porque, estava pensando nas consequências do que
aconteceu hoje, e não sei, o ter visto alguém sumir na minha frente, talvez me gerasse mais um inimigo
no ano seguinte.
Consigo conversar com Junior, depois de um tempo por mensagem, pergunto onde ele está, e
pedi para ele verificar se dois nomes novos, não tinham se matriculado para este ano.
Chego em casa e coloco nas noticias, e falava do sumiço de pessoas na cidade, e do deter de um
senhor, ameaçando a es primeira dama, exigindo um dinheiro referente a uma morte, que ele fizera e
que o es governador não pagou.
Olho minha mãe entrando e sorrio.
— Tudo bem mãe?
— O senhor Carlos Feet está ai.
— Manda entrar.
Ela faz sinal para o senhor que entrou e me viu olhando as noticias e fala.
— Pelo jeito olhando as noticias.
— As pessoas somem, e adivinha um dos que o desembargador tentou culpar?
— Não vai nos ligar?
— Não sei se me quer lá senhor.
— O desembargador estava nos ameaçando a tirar alvará de funcionamento e cumplicidade em
esconder fugitivos.
— Não sou fugitivo, e o desembargador não manda na prefeitura.
— Mas que uma porção de pessoas ligou ameaçando, isto o fez, e não sei, quer ser professor da
turma da tarde dos que estão entrando na escola?
— Temos um problema ai senhor.
— Qual?
— Tem uma determinação judicial para não chegar perto de duas pessoas, dois irmãos, um se
matriculou a tarde no Curso de Segunda e Quarta e o outro na Terça e Quinta.
— E teria alguma saída?
— Derrubar a determinação.
— E acha que o desembargador aceitaria?
— Ele é um dos sumidos de hoje senhor, estava tentando entender o que está acontecendo!
— Carnaval agitado.
— Passo lá na Segunda para conversarmos.
— Passa lá, você projetou aquilo, nem passamos aos demais o conteúdo ainda, acho que teremos
de os treinar para colocar o conteúdo em pratica.
Sorri sem graça, fiz um material e eles nem passaram aos demais professores ainda.
O senhor sai e o telefone toca.
— Fala Sergio.
— Não entendi toda esta confusão, mas o Guto queria achar você ontem, e não sei, você não
apareceu.
— Ele vai me odiar se aparecer, e se não aparecer, ele vai continuar procurando.
— Problemas?
129
— Ainda aquela determinação para ficar longe da namorada dele, ele sabe da determinação e
quer me forçar a quebrar uma regra que pode me mandar a uma instituição de menores infratores.
— Mas não vai sair hoje?
— Vou, mas estou esperando alguém me responder a rede social, assim que o fizer, vou definir
para onde vou.
Desliguei logo, e vi minha mãe me olhando.
— Pelo que entendi, eles continuam lhe cercando.
— Não mais – Falei olhando contestação de Vaz, aceita.
— Acha que eles param?
— Eu não sei, mas teremos problemas na cidade, e não sei como ficamos financeiramente.
— Acha que aquela ideia pode dar resultado, tem gente me falando para vender aquilo.
— Não é nosso para vender mãe.
— Mas colocaram em meu nome.
— Sim, mas eu não paguei ainda.
— Mas não tem como pagar algo assim filho.
— Pode ter certeza mãe, eu vou dar um jeito de comprar, e não é para vender, é para eu ter uma
empresa, que pode me gerar o que quero fazer na vida.
— Sabe que teatro não dá futuro.
— Sempre digo, que as pessoas dizem que cultura não dá futuro, mas eu não quero futuro, eu
quero viver minha vida mãe.
Ela me olha desiludida, mas fala.
— Tenta não abandonar seus sonhos filho, em prol de uma ideia boba.
— Um dia teremos de falar sobre ideias bobas mãe.
Meu telefone tocou e Junior fala do outro lado.
— Quer mesmo sair hoje, sabe a merda que está aqui no centro, parece que tá toda a polícia na
rua.
— Não sei, as vezes parece que quero me dar mal.
— E não vai recuar?
— Hora de gerar problemas.
— Nos vemos que horas?
— Assim que chegar lá, eu vou publicar na rede social.
— E acha que alguém vai aparecer?
— Acho que sim.
Desliguei, fui ao banho, dei um beijo em minha mãe e fui ao terminal, tem lugar que não é bom ir
de ônibus, você tem de fazer muita baldeação, então parei num ponto acima do que parava para ir para
o Estadual, e caminhei a rua.
Estranho estar caminhando, e parecer que iria a uma arapuca, e não parecia estar preocupado, vi
que realmente, tinha muita policia a rua, eles pareciam passar olhando tudo.
Quando chego a Rua Mateus Leme, começo a caminhar no sentido do bairro, e quando chego a
porta do John Bull, coloco na rede social.
“Um rock sempre é melhor no John Bull!”
Eu sabia que era de menor, sabia que tinha muita gente que ia ali e era de menor, e não pediam a
identidade, ou como para mim, pediram na entrada e nem olharam ela.
Eu não queria beber, queria ver se as coisas estavam fora do normal, na afirmação nem falei estar
no John Bull.
Como quase todo Carnaval na cidade, um dos locais que tem show de Rock para contrastar ao
Samba, era no John, e pedi um refrigerante e fiquei ao canto, olhando o show a ponta.
Não olhei o celular, eu não iria confirmar nada, vi quando Junior chegou ao lado e falou.
— Vai complicar o dono do bar?
— Pediram minha identidade, mostrei a original e o rapaz nem olhou a data de nascimento.
— Certo, e não está bebendo álcool.
— Sim, e não estou bebendo álcool.
— Tem policia chegando ai, não sei o que vai ser.
— Acho que sou péssimo adivinho.

130
Eu estava a curtir mais uma banda, desta vez gaúcha, e não estava prestando atenção nas
pessoas.
Estava a olhar a banda quando alguém parou a minha frente, começava a confusão.
— O que fez com meu pai. – Roberto.
— Nada, sabe que não fiz nada Roberto, eu sou um nada.
— Dizem que estava diante dele quando ele sumiu.
— Eu devo ter ficado mais de meia hora olhando a cadeira vazia, pensando que truque foi este, se
vendo ele sumir, não entendi, imagina se falasse, duvidaria.
— E veio tomar uma cerveja?
— Eu não posso beber, não com a policia querendo me deter por algo que nem entendi, porque
me acusar, sou uma merdinha desta cidade, o que eu posso fazer de mal as pessoas.
— E não fez nada mesmo?
— O investigador a porta perguntou a todos o que tínhamos visto, eu não vi nada, ele estava
proferindo o que faria no meu caso e sumiu no meio de uma frase.
— E resolveu sair de casa.
— Tem gente querendo me complicar, e sei que poucos entendem que me complicar, não muda
as coisas.
Roberto para ao lado, continuo a olhar o show e vi quando Guto e Caio entram ao fundo.
Ao lado deles, um pessoal da UTPR, as moças que sempre estavam com o pessoal.
Eu olhava o show, era bom para descontrair.
Junior ao meu lado pergunta em inglês.
— Pelo jeito o local começa a encher agora.
— Sim, as vezes levamos sorte, as vezes não.
— Sorte?
— Quando se chega cedo, eles olham no rosto e como não estamos forçando ou tentando entrar
no bolo, não verificam as identidades tão a fundo.
— E porque está falando isto°
— Alguém chegou, está olhando a entrada, mas a namorada pelo jeito não entrou.
Eu não estava querendo muita confusão e olho em volta e penso no que faria, disse que iria ao
banheiro, aproveito a confusão na entrada, e saio para fora, uma porção de pessoas entrando, e eu
resolvendo sair, eles nem olharam.
Chego a rua e começo a caminhar, não estava procurando, eu estava apenas tentando curtir,
atravesso a rua e entro no costelão do Gaúcho, peço uma mesa, e o rapaz me indicou uma na entrada,
queria algo mais discreto e ele me colocou em uma ao fundo, perguntou o que iria comer e sabia que
era uma costela.
Estava sentando quando vi paradas a minha frente Bárbara e Luana, e falo.
— Já comeram algo?
— Pelo jeito não está acuado como falaram. – Luana.
— Vim ver um show na frente, mas quando o assunto fica chato, com perguntas que não sei
responder, resolvi sair.
— E não tem medo de nós? – Bárbara.
— Medo? Não entendi a pergunta.
— De estar quebrando uma lei.
— Eu não estou indo onde vocês estão, é exatamente o contrario, mas vieram sozinhas?
— Sabe que não. – Bárbara.
— Sei?
— Sabe quem estou namorando.
— E ele não sabe que menores de 16 não entram naquele bar a frente? – Perguntei a olhando
serio.
— Pensou em nos deixar de fora?
— Não, eu não convidei ninguém hoje.
O garçom chega a mesa e pergunta se estavam juntas e apenas as olhei, as duas sentam-se e pedi
dois pratos a mais.
— E fugiu de nós ultimamente. – Luana.

131
— Sua namorada conseguiu inverter uma decisão judicial, então eu não poderia chegar perto
dela, não estou fugindo, apenas os poupando.
Veio o primeiro pedaço de carne e as olhava, não sabia, as vezes a vida tira o encanto de nossos
olhos, e algumas meninas fazem questão de tirar o nossos encanto, depois reclamam, de as olhar como
não deveríamos olhar, apenas como sexo.
— Dizem por ai que você mudou de colégio?
— Sim, ficando mais na periferia, mas nas margens na cidade, para não me sentir mal, quando me
chamarem de marginal.
— E vai apenas nos manter longe? – Luana.
— Não, sei que talvez vire professor da sua namorada as tardes e a noite!
— Tem de cumprir a determinação judicial.— Bárbara.
— Porque tanto ódio.
— Não sabe mesmo, que você não termina o ano vivo? – Bárbara.
— Eu vivo enquanto posso, a diferença é esta, eu vivo.
— Nem contestou, parece saber do que falei. – Bárbara.
— Bom saber que não está preocupada com o paizinho, e nem com o Tiozinho.
— Acha que eles param apenas por detalhes assim.
— Não, mas tem um problema ai.
— Qual?
— Pelo que entendi, todos os diretores e apoios dos diretores de um casino ilegal que apostava
mortes, está desaparecido nesta cidade, quem vai tocar isto?
— Sempre alguém continua.
— Pensei que seu irmão viria.
— Ele deve ter entrado, embora como você falou, ele não tem 16, não entendo isto.
— Eles não querem problemas lá dentro, seu irmão é conhecido, a diferença é esta.
Olhei a porta e vi Jose entrando, ele procurava alguém, até achar meus olhos, eu não sabia o que
faria, mas não era para ser algo fácil, fiz sinal para ele chegar e ele estranhou.
— Ele nos achou. – Falei. Vi Bárbara inverter o corpo e olhar o irmão chegando.
Ele chega a mesa e fala.
— Pelo jeito não estava escondido lá dentro.
— Senta ai Jose, e me explica, que papo é este que todos a volta estão falando, de ter se
apaixonado por mim? – Falei olhando ele, serio.
Ele olha em volta para ver se alguém estava olhando, talvez a moça ao fundo tenha ouvido, mas
ele pareceu perder as palavras e olhei o garçom e pedi mais um prato.
— Senta ai e me explica isto?
Ele senta e olha a irmã e fala.
— Acharam ele rápido?
— Quando começou a lotar, ele saiu, foi só acompanhar o atravessar da rua.
— E não me avisou?
— Ele não parece preocupado em ser o próximo alvo.
— Ele não acreditava nisto, então ele deve continuar sem acreditar, embora dizem que ele fez um
acordo com Pedro Rosa.
Luana as vezes parecia perdida na conversa, mas Bárbara me olha seria.
— E desistiu de provar? – Ela jogou os cabeços para trás, me olhando maliciosa.
— Se tivessem falado que os pais de Luana chegariam mais rápido, não teríamos perdido tempo
naquele dia.
Luana sorriu e fala.
— E este papo dos dois namorarem?
— Papo de virgens apontando virgens.
— Não sou virgem. – José.
Eu olhei ele e depois Luana e falei.
— Não fui eu que comi o cu dele.
Jose olha irritado e fala.
— Pelo jeito quer apanhar de novo.

132
— Aquela facada pelas costas foi covardia, e se for atirar em mim de novo, aponta direito da
próxima vez.
— Não parece chateado.
— Pensando ainda, pois não faz sentido algumas coisas, e uma delas, os dois na rua, depois do
sumiço do pai de vocês, sinal que é armação este sumiço. – Falei.
Bárbara me olha e fala.
— Não é armação, aquele desgraçado do Pedro Rosa deu sumiço nele.
— Se as acusações contra ele, forem como as contra mim, duvido do que estão falando.
— É sério.
— Tão sério que os filhos, no lugar de preocupados, estão festando por ai. – Falei olhando
Bárbara.
— Não fala assim. – Bárbara com tom mais choroso.
— Não vai chorar na frente dele agora. – José.
Olhei Jose e perguntei.
— Não respondeu a primeira pergunta.
— Acha que me apaixonaria por um pobre?
— Lógico que não, paixão não tem haver com dinheiro.
Eu o encarei e ele desviou o olhar.
Não sei se tenho pena deste antigo amigo, ou ódio, mas é evidente que eles queriam algo, e não
entendi o que.
Ele olha a irmã e fala baixo.
— Tem de ver que não era para os outros olharem para você.
— Ninguém olhou, e você nem percebeu.
— Minha irmã olhou.
— Família de malucos, o que se pode fazer.
— Acha que vai escapar? – Bárbara.
A medi e falei.
— Provoca e depois quem se dá mal sou eu.
Veio mais um pedaço de costela e mastigando olho os dois.
Luana me olha e fala.
— Não entendi a metade da conversa.
A olhei e perguntei.
— Acha que aqueles beijos me convenceram em algo?
Ela me olha atravessado e depois para Bárbara.
— Pelo jeito ele não caiu na nossa insinuação.
— Ele sabe se controlar Lua, isto o dá um senso de observação bem diferente.
José me olhava e pergunta.
— Vai dizer que se deixou enredar por estas duas?
— Elas fugiram José, elas não tem coragem para tanto, é só provocação, nada além disto, mas
juro, não entendi todo este ódio.
— Você me deixou reprovar.
— Não faço a prova por você, tem de estudar José.
— Ficava dando encima de minha namorada.
— Dava tanto encima dela, que é dela que vem a pergunta se sou gay.
— Se bandeou para aquele pessoal da UTPR.
— Os mesmos que estavam com você e sua irmã me procurando no Zumbi Walker.
— Parece saber o que fazemos.
— Não, mas enquanto vocês se divertiam ontem, tentando me prender, seu pai sumia, e não
parece preocupado com isto.
— A mãe tem seus direitos. – José.
Eu estranho este tipo de frieza, pois eu não tive e não conheci meu pai, então gostaria de o ter,
alguém o tem, e não está nem ai se o pai morreu, eu estranho mesmo, mas as vezes, mastigar uma
carne, disfarçava.
— E dai, seus novos amigos ajudaram a passar de ano? – Perguntei para José, sabia que ele não
tinha passado.
133
— Quer provocar agora?
Eu olhei para ele e falo colocando a faca sobre a mesa.
— Esta faria mais estrago, quer tentar?
Bárbara arregalou os olhos e José me olha com desdenho.
— Não quero você morto, quero você sofrendo.
— Estou sofrendo muito. – Falei e mastiguei mais um pedaço de carne.
— E veio comer algo, não lhe entendo.
— Também não, mas apenas deixando claro José, eu não tenho nada contra você, apenas não
entendi todo este ódio, você não falou ainda o motivo, mas eu não lhe odeio.
— E vai daqui para onde?
— Aula só na quinta, estamos na segunda, quem sabe durma na aula na quinta feira, tem muito
tempo até lá.
— E tem dinheiro, o pobre resolvendo gastar os trocados?
— Sim, se vou morrer, para que economizar.
— E pelo jeito sabe das apostas desta cidade.
— Como já falei, ninguém das apostas, está vivo, então quem vai pagar a aposta?
— Eles nem apostam por dinheiro.
— Se é por diversão, são todos animais, juro que não vou chorar por ninguém.
— Acha que pode com eles?
— Já pensou no gordo do seu pai, tendo de se virar em um mundo como falam ser o dos Hons, ele
deve estar correndo como um desesperado naquele mundo.
— Não tem pena do meu pai? – Bárbara.
— Se os amigos do irmãozinho, são irracionais a ponto de bater em minha mãe, não vou ter pena
de ninguém.
José parecia não gostar quando a irmã falava.
— Tem de parar de babar por ele mana.
— Sabe que as vezes, tiro uma casquinha, seus amigos não reclamam, nem os dele.
José ficou irritado e se levantou, eu olhei para o garçom e pedi mais uma carne e Bárbara me
olha.
— Vai apenas comer hoje a noite?
A medi e falei sem pensar.
— Apenas comer.
— Acha que vai ser fácil assim?
Medi com os olhos Luana e falei.
— Acho.
Luana sorriu e perguntou.
— E daqui vamos para onde?
— Onde possa beber algo, e ninguém me encha a paciência.
— E tem um local assim nesta cidade? – Luana.
— Alguns, mas tenho apenas 15 anos.
— E vai se alimentar antes?
— Não sei, o que as duas fazem aqui?
— Estranho a policia ter saído.
— Não sei o que eles faziam ali, podem ter procurado a pessoa, a achado e a retirado dali.
— E não seria você.
— Se fosse eu, já não estaria aqui.
Tomei o refrigerante e estiquei a mão sobre a mesa e olhei as duas, não tinha mais o encanto,
talvez isto tirasse o medo de machucar, e falo apertando as das mãos.
— O que faremos a noite?
— Acha que vai ser fácil.
— Já respondi isto.
— E se não quiser?
— Eu saio em minutos, vocês que escolhem.
— E podemos ir onde você vai?
— Acredito que lá não vão nos barrar.
134
Elas não recolheram as mãos, eu soltei uma mão e com um gesto pedi a conta ao garçom, acerto
com o cartão, peço um aplicativo por telefone e quando entramos no carro passo o endereço da
Avenida Iguaçu, entro na parte do bar, acendo a luz e pego uma cerveja na geladeira.
Sirvo apenas meu copo.
— Não vai nos servir?
— Não, eu vou me embriagar, para não me culpar de nada depois, e a escolha de beber, não é
minha.
— E o que tem aqui?
Liguei o som, estava com o local desmontado, e não sabia o que estava fazendo, liguei uma TV ao
fundo, e coloquei em um canal de musica, e aquilo começa a tocar nas 4 TVs que tinham no local, e vi
Bárbara chegar a minha frente e falar.
— E não vai parar na metade hoje?
— Não sei, se falar não na hora H, com certeza vou parar.
— Mesmo alcoolizado?
— Se tiver alcoolizado o suficiente para não lembrar no dia seguinte, não saberei nem o que fiz.
Luana ao fundo serve uma cerveja para ela e toma um gole grande, olha para Bárbara e fala
olhando o telefone dela tocar.
— Seu namorado no telefone.
Vi Bárbara chegar ao telefone e ameaçar atender, mas ela toca no botão do lado e desliga o
telefone, uma arapuca montada para que eu caísse, pior, eu forneci a gaiola.
Duas meninas me seduzindo parece irreal as lembranças, e sei que quando o dia, insistia em
nascer, abraçados em um dos camarins, acordei com dor de cabeça, um olhar me olhando revoltada, e
outra, dormindo profundamente.
— Você abusou de mim.
Puxei ela aos lábios, o gosto não foi dos melhores, e novamente a acariciei e não sei, ela parecia
querer, mas no pós, sempre a cobrança.
— Você não cansa de me abusar?
— De lhe ter, e não esquece, tens namorado, mas se quer dar uma fugidinha, estou por perto.
— Pensei que iria me querer só para você?
— Quem sabe, mas não esquece, aula de inglês, vou ser intransigente, aula de teatro,
intransigente.
— Não vai se afastar apenas porque quero.
— Você não quer, apenas está na birra do seu irmão.
— Ele está fora do controle.
Sorri, eu achava estar fora do controle, e não sabia como as coisas estavam, sabia que teríamos
de sair dali e perguntei para Bárbara.
— Para onde daqui?
— Temos de sair?
— Os pedreiros daqui trabalham no Carnaval.
— Não sei onde. – A menina me olhando meio estranha, e apenas bati nas nádegas de Luana e
falei – Se veste, deixa eu conhecer o cativeiro da sua amiga.
— Deixa eu dormir um pouco.
— Os pedreiros devem estar chegando.
Luana me olha assustada e olha em volta, se veste e fala.
— Vamos onde?
— Duas ideias, seus pais estão onde?
— Na praia.
— Então tá decidido onde vamos.
— Minha irmã vai falar disto.
— Acho que ela deve estar dormindo, festas geralmente acabam tarde.
Saímos dali e fomos para a casa de Luana, ou da outra Bárbara, não sei exatamente como narrar
isto.
As meninas foram a cama, cansadas, eu vou ao banho, as vezes eu achava estar em outro mundo,
pois aquele banheiro da menina, cabia meu quarto.

135
Tomo um banho, me seco e me visto, vou a sala e olho aquela imensa TV e a ligo, não sei, as vezes
queria apenas não ficar maluco, a noite foi maluquice, estava vendo TV, uma empregada ao fundo
pergunta apenas onde estavam as meninas, respondi no quarto e a senhora apenas continua a limpeza,
era próximo das 9 da manha quando a outra Bárbara entra pelo elevador privativo e me olha a sala.
Ela sorri e fala.
— Perdido aqui?
— Me procurando?
— Sempre digo que você é imprevisível Bruno.
Ela fala enrolado a ultima frase, lembrar que menores não deveriam beber pela lei nacional, mas
acho que ninguém num país que menores carregam armas, se preocupa com a bebida.
Ela senta-se ao meu lado e pergunta.
— Vendo o que?
— Ainda não achei nada, acho que no passado as pessoas eram mais felizes, pois só existia um
canal.
— E minha irmã está onde?
— No quarto com sua xará.
— E você perdido aqui?
— Não sei por onde sair.
Bárbara chega bem perto e me beija, ela estava alcoolizada, eu estava um pouco menos, mas
também alcoolizado, e retribui, não sei, ela me puxou para o quarto dela, pelo menos naquela cama
depois de um tempo adormeci.

136
Acordo assustado, olho Bárbara ao meus braços e demoro a me situar
onde estava, e ouvi o telefone tocando, atendo com dor de cabeça.
— Bom dia.
— Boa Tarde Bruno, onde está? – Vaz.
A voz era de preocupado, então apenas sentei a cama e ouvi Bárbara me
puxar de novo para cama e falar.
— Fica quieto Bruno.
Sorri e respondi ao telefone.
— Qual o problema do dia doutor Vaz, estou acordando agora com o telefone.
— Está onde, tem uma menina lhe acusando de barbaridades.
— E pelo jeito estou encrencado.
— Quem está a cama menino, é serio.
— Uma menina de minha idade, que já estudamos juntos, e que não sei bem o que aconteceu a
noite.
— E esta pessoa se chama como?
— Bárbara Santos, filha do Juiz Santos que está na praia hoje.
— E viu a outra Bárbara?
— No quarto ao lado com a namorada? Irmã desta Bárbara.
— E ela sabe que está ai?
— Acho que não.
— Vou verificar a denuncia, lhe ligo.
Voltei a deitar e sinto Bárbara me abraçar.
— Problemas?
— Sim – me virei para ela e a beijei e falei – E abusou de mim amiga, o que foi isto?
Ela me beija e fala.
— Amanha falamos disto.
Ela estava bonita naquele dia, mas a cabeça estava cheio de confusões, e sabia que eu me deixara
arrastar e dera a gaiola, para as meninas me envolverem e prenderem.
Era perto das quatro da tarde quando vejo Bárbara sair da cama e ir ao banheiro, cada quarto
com um banheiro daqueles, acho que aquilo foi um convite e fui ao convite, loucuras são feitas para ser
vividas.
Nos vestimos e Bárbara me olha a sala.
— Onde minha irmã foi, pensei que estava por ai?
— Segundo meu advogado, me acusando de ter feito algo na Delegacia, porque, não sei, mas
ainda não entendi toda a confusão que aconteceu.
— Então está se escondendo na minha cama? – Bárbara sorrindo, se via ainda a marca no rosto,
ela fizera uma plástica, mas ela deixara claro que não poderia pegar sol, entendo ela não ir a praia,
apenas agora.
— Tem melhor lugar para me esconder?
Comemos algo e sai dali, ela sorria a porta e não entendi aquele sorriso, talvez eu não tenha
entendido toda a encrenca que estava me metendo.
Vou para casa, e quando chego lá, uma viatura a porta, e vi Vaz sair do carro.
— Ficaram me esperando?
— Acabo de chegar, pensei que não estaria aqui.
— Problemas?
— Uma denuncia de abuso.
— E com se determina abuso?
— Estou falando serio Bruno.
— Certo, alguém lhe cerca, lhe seduz e lhe acusa de abuso? – eu olhando o advogado.
— E se tiver marcas de agressão nela.
— Se analise se as marcas são anteriores ou posteriores, pois ela não tinha marcas as 8 da manha.
— E se a denuncia for dupla?
— Tô enrascado, daí mais alguém faz a mesma denuncia.
— E não negaria?
137
— Ser seduzido, não é crime doutor, mas quando se quer acabar com alguém, pode ser.
— E qual o caminho que acha aceitável.
— A verdade, pela metade.
— Pela metade?
— Menores não deveriam beber, mas bebemos, não deveríamos ter acesso a um bar, que deveria
ter 16, e nos dão acesso, mas dia longo, responsabilidades longas.
O rapaz entrega a Vaz a determinação e vamos a delegacia, estava virando um personagem
conhecido ali, isto não era bom.
Um novo delegado, um senhor que parecia querer entender a acusação e não sei o que teria de
falar ou desmentir, mas tinha coisas que não sou bom, e uma, ficar quieto sempre, as vezes consigo,
mas era estranho como estava me sentido, estranho como as coisas podem ser quase previsíveis, e não
sei, as vezes as lembranças me faziam ter de segurar o sorriso.
Vi o advogado da menina, e a mãe entrarem e não sei, mas talvez tivesse de me inteirar do
problema melhor, ou são capaz de morrer todos e não me explicarem o que queria saber. Eu me sentei
corretamente e olhei para Bárbara, serio, não esperava isto, e talvez ali estivesse a resposta, mas ela viu
que a estava olhando serio, não como alguém que temia, e sim alguém que não esperava isto. A
entrevista da moça, eu não vi, apenas meu advogado, e quando sou chamado ao local, a cara de
preocupado do Vaz me fez sentar e olhar em volta, não tinha perigo a vida, pelo menos parecia isto, pois
não senti os Hons. Começa com nome e profissão, ainda era estudante.
— O que tem a declarar sobre a declaração de que abusou sexualmente de Bárbara Carvalho.
— Que não abusei sexualmente de ninguém.
— Teve relações sexuais com Bárbara Carvalho.
— Sim, esta resposta, é sim.
— Ela lhe acusa de ter abusado dela.
— Certo senhor, a acusação é baseada em que, ela já me acusou de sequestro antes, e depois
levantado os dados, não era um sequestro, o advogado dela ao lado, me acusou de dar sumiço no pai da
menina, baseado em que a acusação se baseia, houve sexo, mas não houve abuso, posso nomear
pessoas, que me viram sozinho ontem, até ser cercado em uma churrascaria, o Costelão do Gaúcho, ela
e Luana Silva, me cercaram lá, até Jose Carvalho veio a mesa falar que me odiava, mas eu não fui atrás
delas, saímos de lá, de aplicativo, consigo que o motorista fale se elas foram forçadas para dentro do
carro, paramos na obra no Iguaçu, sei que não deveria beber, e ninguém me venderia, então fui tomar
uma cerveja, onde sabia estar gelada e não ter um adulto para dizer, não pode, se elas beberam, ela
encheram seus próprios copos, não sou cavalheiro, estou mais para burro de carga, mas o que
aconteceu ali, e depois no apartamento de Luana Santos, não foi forçado, sei que podem pergunta para
o porteiro do prédio se entramos na marra, ou se ameaçava elas, e sai de lá apenas as 4 da tarde, então
não entendo, elas estavam falando que eu forcei algo e que estava escondido, e estava no quarto ao
lado dormindo.
— Elas divergem desta historia.
— Esta é a minha versão, que vai ser colaborada por todos que estiveram no caminho, pois nada
foi forçado senhor, sei que somos crianças, mas eu esqueci que deveria ter saído, e deixado elas lá,
como já tinha feito no dia que me acusaram de sequestro.
O delegado teve de pedir os arquivos das denuncias, e realmente tinham com esta, quatro
denuncias contra o rapaz, não era algo de pessoas que não se conhecessem.
— E fazia o que neste local na Avenida Iguaçu.
— Eu propus a Pedro Rosa, montarmos um local ali, para desenvolver o teatro e a comedia na
cidade, ele me apoiou, eu com o primeiro evento, já paguei a primeira parcela daquele local, um milhão
de reais, devo pagar a segunda me Julho.
— E o que tanto faz lá, para ganhar tanto dinheiro?
— Não é o que, é quantidade, um ingresso, parece pouco, mas quando você multiplica, por duas
salas, de 280 pessoas, o pouco vira muito.
— Não entendi, poderia explicar?
— Isto não tem haver com a denuncia senhor, estamos desviando o assunto.
— Mas me afirmaram que você invadiu lá e esta me dizendo que é sócio daquilo?
— Logico que está em nome de minha mãe, a empresa, pois a lei pede um adulto, o imóvel vai a
meu nome quando terminar de comprar, não antes, mas explicando para não ficar dito por não dito, nos
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eventos apoiados por nós no Festival de Teatro de Curitiba, demos estrutura para a parte de comedia, e
vieram vários eventos de comedia para o espaço que tínhamos ali, o acordo era meio a meio com os
comediantes, então entrou pouco mais de 7 milhões em ingressos, metade dos comediantes, outra
metade, dividida entre eu e Pedro Rosa, com esta parcela, eu com este um quarto de recursos consigo
tocar o curso de teatro na parte alta por um ano, e paguei a primeira parcela do investimento para
Pedro Rosa.
— Está falando que foi um sucesso e isto lhe permitiu continuar a obra, e que está reformando.
— No começo da semana que vem, vamos começar as aulas do curso de teatro, ou como falamos,
Curitiba Theater School, depois reabrimos o Curitiba Comedy Center, e um mês depois reabrimos o
Curitiba Theater Center.
— E poucos sabem disto?
— Já temos alvará de funcionamento, mas resolvemos deixar mais pratico após o evento da
prefeitura, pois detectamos erros de projeto, na dinâmica de melhor atender, mas estamos quase
prontos a receber as pessoas novamente.
— E fará algo lá?
— Pretensão minha, tentar ensinar as pessoas a criarem textos em inglês, para que as peças
possam girar o mundo, não apenas uma atração local.
— Não é muito novo para isto?
— Eu tenho um processo serio senhor, esfaquear alguém para me defender de uma nova
agressão, já tinha sido furado, e após me defender uma segunda vez, a mesma pessoa, defendida pelo
advogado ao lado, me deu 3 tiros quando saia da biblioteca do Colégio Estadual do Paraná, eu o colégio
expulsou por pressão do Desembargador sumido, o filho que me deu três tiros, nem o processo está
fechado ainda.
— Falam que tinha uma determinação para você não chegar perto dela, o que tem a dizer sobre
isto.
— A determinação voltou a ser como a inicial senhor, ela não pode chegar perto de mim, não o
contrario.
— E não chamou a policia?
— Para que perder tempo, se ela confessa um crime, pois ela quebrou uma determinação judicial
para me seduzir, e confessou isto, quem sou eu para precisar chamar a policia.
O advogado de Bárbara olha Vaz alcançar a determinação do meio da tarde do dia anterior.
— Estamos analisando as provas, não saia da cidade.
— Sou o pobre senhor, pobres trabalham.
Saímos e Vaz falou.
— Não falou demais?
— Nada do que falei foi mentira senhor, quando vamos inventar, melhor ficar quieto, mas a
verdade, eles podem tentar provar o contrario, mas não vão conseguir.
— E o que vai fazer agora?
— Carnaval, não sei, algum baile infantil.
— Querendo aprontar?
— Não, mas pelo jeito tenho de pagar os honorários de meu advogado, e nem sei como o fazer.
— Ainda está pago, mas pelo jeito mais um encrenqueiro da cidade.
— Defende muitos encrenqueiros?
— Dalma Campos, João Gomes, Pedro Rosa, e agora um tal de Bruno Baptista.
— E se dedica a todos assim, como no meu caso?
— Estar em movimento, facilita.
— Vou tentar não me meter em tanta encrenca.
— E pelo jeito o senhor pensou que iria mentir, você narrou o que fez, pior que agora sei por onde
conseguir até as câmeras da prefeitura e de empresas para sua defesa.
— Mas ainda não entendo tanto ódio.
— E não vai depois mudar de versão?
— Tem um detalhe que não falei, e não precisava falar.
— Algo que preciso saber?
— Estava no quarto ao lado, mas não estava sozinho, falei isto para você, mas não para o
delegado.
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— Certo, estas meninas atuais são malucas. – Vaz.
Sorri, não tinha experiência para concordar, mas talvez o sorriso ainda estivesse no rosto, e o dia
estava terminando,
Oito da noite e chegando em casa e o telefone toca, Guto.
— Grande Guto.
— Dizem por ai que seduziu minha namorada.
— Dá encima da minha namorada e vai reclamar Guto?
— Mas...
— Não se preocupe, Luana estava junto.
— Então apenas provocações, estas são perigosas.
— O que precisa amigo? – Falei sem culpa, estranho como algo assim perde o sentido às vezes.
— Vai fazer o que hoje?
— Não sei ainda, algo mais calmo, a noite foi agitada pois acabou com uma denuncia na delegacia
de menores.
— Ainda isto.
— Já lhe falei que era o intuito, mas parece ainda querer me complicar amigo.
— Ela disse que precisava falar com você.
— Marca com ela.
— Ela disse que não teria como fazer algo hoje, não entendi.
— Quer que marque? – Perguntei para ver a reação.
— Mas...
— Certo, eu levo uma companhia.
— Mas quem levaria?
— Existe duas Bárbaras nesta historia, e uma, tem um local bom para uma festa.
— Onde seria a festa?
— Na cobertura da Luana, irmã da outra Bárbara.
— E se ela não topar?
— Dai terei de ver se o próximo processo não vem de outro pai, juiz.
Falei com ele e liguei para Bárbara Carvalho e perguntei.
— Vai continuar me jogando fora?
— Não entende, você vai morrer.
— Se for, não seria a hora de tirar uma lasquinha?
— Luana sacode por você, não gosto disto.
— Certo, quer que ligue para Luana?
— Ela parece estar com problemas em casa.
— Problemas? – Pensei rápido – Os pais dela voltaram?
— Não, Bárbara disse que ela teria de se conter, que o pai dela matava ela.
Sorri e me despedi, liguei para Bárbara Silva.
— Oi?
— O que vai aprontar hoje Bruno?
— Não sei, uma festa em uma cobertura, quem sabe.
— Querendo me complicar?
— Quem sabe, mas é terça de carnaval, não é fácil armar uma festa as 8 da noite.
— E aquele local que você tem aqui perto.
— Ali teria de me conter, e isto pode não dar certo, pior, não está pronto, vai dar merda.
— Soube que inaugurou ontem da noite.
— Ciúmes amiga?
— Quero mudar esta posição.
— Qual?
— De apenas amiga.
— Tô lascado, uma Bárbara, que é sinônimo de Atroz, Cruel, Desumana, Sádica, Austera e
inumana, já é terrível para um pobre Bruno, 3 Bárbaras até para mim acho que será demais.
— Me dando o fora?
— De forma alguma, não me entenda mal, tô só comprando o meu plano funeral, antecipado,
para ser enterrado com um sorriso no rosto.
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— Bobo, mas aqui não dá para fazer festa, meu pai subiria antes do fim da festa.
— Então estou quase marcando no Largo da Ordem.
— Algo mais publico?
— O inicio, o fim, ai não vai ser festa aberta. – Falei.
— Certo, mas onde?
— Ainda não sei, tenho de achar um segundo lugar.
Fiz uma frase e passei a todos os meus contatos.
“Preciso de um local para festa, hoje, rápido, aceito sugestões!”
A primeira mensagem de volta foi da minha mãe, perguntando o que estava aprontando, que não
queria ter de me visitar em uma instituição de menor de volta.
Sim, quando falei todos, até meu advogado recebeu, e obvio, a quantidade de menores falando,
onde vai ter cerveja, quem compraria o que, começa a se espalhar e tudo na minha rede social, acabo
descobrindo que até quem não gosta de mim, e está na cidade, quer fazer algo naquela noite. Sugestões
que vão se eliminando por si, as vezes tenho medo da ideia em si, e realmente, eu poderia já nem
aparecer na festa, já que tinham pelo menos 3 festas marcadas, grupos diferentes combinando, e por
fim, estava quase que servindo apenas de caminho para as pessoas conversarem, estranho como o
separar das pessoas por comentários, elas por si, começam a interagir apenas com a ideia que lhes
agrada. As vezes queria que as pessoas fossem apenas apontar algo, e olhando a confusão, ainda em
casa e vejo minha mãe chegando e me olha intrigada.
— Não iria sair?
— A ideia era uma, mas eles querem algo que não consigo ser, 3 pessoas em três lugares.
— E está pensando em que?
— Em comprar camisinha.
— Se cuida filho, não quero virar avó tão cedo.
Sorri, quem dera as coisas fossem assim tão fáceis, mas pelo menos no dia de ontem para hoje,
acabei usando as camisinhas que comprei na praia.
Estava a olhar as mensagens quando a pequena Bárbara me passa uma mensagem fechada, na
caixa pessoal e pergunta.
“Vai me trair muito hoje?”
“Tá levando a serio demais Bárbara.”
“Mas está agitando o pessoal.”
“Ainda em casa sozinho, sem saber para onde ir, quando você dá uma ideia, e as pessoas parecem
querer a ideia, não você lá, então não sei o que fazer.”
“Ensaiar a banda.”
“Onde tem ensaio.”
“Aqui em casa.”
“E seu pai não ficaria bravo se aparecesse?”
“E daria o bolo em todo resto?”
“A ideia era algo menos gente, não aberto, mas pensei que poucos estavam na cidade, mas pelo
jeito errei!”
“Vem para cá e ensaiamos!”
Tive de pedir o endereço e olho para minhas coisas, não tinha mais nem guitarra e nem violão,
tudo ficou na casa, mas minha mãe me olha e fala.
— Vê se não apronta muito filho.
— No fim, acho que devo estar cedo em casa.
— Não vai festar?
— Quando 3 grupos, cada um arma uma festa, e um quarto convite, parece o certo a fazer, acho
que é onde vou ficar, mas ali não passa da meia noite.
Peguei a carteira e pedi um aplicativo, ir de ônibus neste sentido, é economizar dinheiro, mas
naquele dia, queria não perder tempo. Bater na recepção, e ver a banda lá, e começarmos falar de
arranjo para as letras e depois de um tempo, começo a ler umas letras e Bárbara tenta me esconder. Ela
escrevia letras em português muito boas, e sorri, sei que começamos a conversar e perguntei se não
teria um nome melhor para a banda, e Bárbara estranha eu propor “Bárbara e os Clementes!” Os
rapazes parecerem gostar e ela estranha, mas explico o nome e pergunto porque não tocar as musicas
que ela cria, com arranjo, introdução e batida pesada. Tentamos a primeira musica, gravamos para não
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esquecer o arranjo na terceira vez, depois tentamos mais 3 musicas, e Bárbara olha os rapazes e
pergunta o que eles achavam, e Lucas e Marcio pareciam gostar de mudar de nome, e algo mais autoral,
o baterista Roger estava sofrendo com aquele ritmo, e pergunto se ele sabia tocar guitarra, e
invertemos de local, eu não tinha nada contra ficar ao fundo, e vi que ele estava mais afinado na
guitarra que eu, e era perto das 6 da manha, quando o pai dela parou o ensaio.
Eu sorri e peguei um aplicativo e fui para casa, banho e cama.

142
Eu dormi pouco, sonhei estar tocando, estava leve, quando acordo, vou a
cozinha e minha mãe fala.
— Chegou tarde.
— Tenho de comprar um Dorflex.
— O que aprontou?
— Toquei bateria depois de anos, até amanhecer.
— E passei algumas mensagens de pessoas que acabaram ligando para
mim, para saber onde eu estava.
— Desculpa não responder mãe, mas estava na bateria.
— Você sempre contra a maré.
— Lembro das brigas, pois não me quis dar uma bateria.
— Não tinha para uma, filho.
— Sei disto, mas daqui a pouco começo a retornar mensagens.
— E vai explicar pra eles.
— Se duvidar Vaz deve ligar daqui a pouco.
— Acha que iriam aprontar com você, e se isolou?
— Isolado, na casa de um antigo juiz e com uma banda, não podem dizer que estava sozinho, e
não posso dizer que estivesse triste de estar lá.
— Mas vai voltar a tocar, tinha ido para o lado do inglês, pensei que estava levando a sério.
— Estou levando a serio, mas ter uma distração, nem que seja numa banda, é melhor do que
como falou, a tornar avó muito cedo.
— E pelo jeito quer fazer algo hoje.
— Amanha tenho aula.
— Começa a correria.
— Sim, quero me manter até segunda, longe das complicações, aquela Bárbara Camargo, está
matriculada pela tarde no curso de inglês, primeira turma, provavelmente a turma que terei de dar aula,
e se matriculou a noite no curso de Teatro.
— Cercando pesado.
— Um escândalo e posso perder o apoio de Carlos, e o emprego na Cultura Inglesa.
— Certo, eles estão pegando pesado, e vai fazer o que?
— Esperando alguém acordar, para saber o que farei.
Era perto da uma da tarde quando a pequena Bárbara ligou, e se convidou a tocar no teatro,
confirmei com Roseli se a parte baixa do teatro estava pronta, ela confirmou e marquei lá, quarta de
cinzas, antes de ir ao local, passo no centro, e compro uma bateria e duas guitarras, chego de aplicativo
e peço ajuda a dois rapazes da obra para por para dentro, o som local já estava instalado, e chego ao
palco e testo as entradas de som, ligando as caixas, e por fim, coloco os microfones, e na parte da
direção de som, estaria tudo no automático, mas aquele imenso plástico azul sobre as cadeiras, para
proteger, pareciam quase me induzir, a pegar uma imagem anterior, e colocar sobreposta no azul.
Ligo os sistemas de som, de luz do palco e as duas câmeras filmando o palco.
Bárbara e os meninos chegam.
Roger olha que ali teria uma bateria e fala.
— Está é das boas.
— Podemos conversar sobre a banda?
— Querendo mandar já? – Bárbara.
— Não, apoiar, mas uma ideia me veio a mente, e isto depende de vocês.
— Qual ideia?
— A ideia da “Bárbara e os Clementes”, não precisa matar a ideia “Nymph and Demons”, uma
toca em inglês, e outra em português, uma somamos fantasias aos Demons, e invertemos as posições,
pois vou ao apoio de vocais e guitarra nos Demons, e vou a bateria na Bárbara, desenvolvendo dois
canais de publicidade.
Lucas olha Roger e fala.
— Disse que ele não queria matar as musicas que sabemos tocar, mas é que o autoral é
diferencial, não apenas pagar para tocar.
Roger me olha e fala.
143
— Sua tocada na bateria é pesada, tenho de ver que ali é força.
— Sim, mas meus braços estão acabados hoje.
Olhei Bárbara e ela pergunta.
— E vamos ensaiar ou ficar conversando.
— Estabelecendo o que faremos.
— Fico insegura de discutir a banda.
— Mas tem mais de 40 letras naquele caderno, isto podemos testar, melhorar, e colocar depois
de boas na internet, um canal paralelo, com o nome da banda, e que possa mostrar as musicas, as
vezes, descobrimos o que as pessoas gostam pelas visualizações, e tempo que ficaram na musica.
— Já tomando as rédeas?
— É dizer não Bárbara, e não toco mais no assunto.
— Não sabe recuar aos poucos.
— Bárbara, vi que tem umas letras boas, mas eu quero saber se querem eu aqui, eu palpito
mesmo, tem de considerar que quando tocarmos musicas autorais, pensei em uma veste normal, cada
um sendo quem é, já quando tocando Nymph and Demons, poderíamos usar roupas num padrão para
os meninos, e uma veste para a Ninfa da turma.
— E porque acha importante?
— Produção, qualquer uma a mais, lhe destaca dos demais, pensa em quantos tentam a mesma
coisa, tem de se destacar na multidão.
— E pelo jeito teve banda.
— Não, eu sou alguém que sempre me dediquei aos estudos, então sei quanto sou chato tanto na
escrita como na pronuncia em inglês das palavras.
— E como acha que deveríamos nos vestir. – Bárbara me olhando curiosa, ela nitidamente
mandava na banda.
Eu peguei um esboço que montara no computador, repetindo as roupas masculinas e coloquei a
mesa.

O grupo chega perto e vi o sorriso de Bárbara e os rapazes me olham e um fala.


— E quem faria as vestes, não está falando em vestes de horror, e sim bem cortadas, no ritmo de
algo mais nobre. – Lucas.
Os outros foram olhando, mas eu olhava Bárbara.
— Algo a nos destacar?
— Nem sei se conseguimos cantar com estas mascaras, mas a ideia é algo assim, mas um show de
qualquer das bandas, tem de ser um show, não uma banda a mais.
— E vai entrar como nosso produtor?
— Ainda não temos produtor, mas a ideia, iluminação especial, gelo seco e luz negra na entrada,
laser no show, e temos de ter um repertorio. – Falei ainda olhando Bárbara.
— Algo que nos destaque em qualquer palco.
— Sim, mas vamos pensar no cenário a cada ano.
— E qual musica achou legal.
— Temos de testar as letras, as cantar, pois o caderno, é importante, mas o conseguir uma levada,
uma entrada única para cada musica, e algumas levada de guitarra e bateria em cada musica.
— Nos tornar profissionais.
— Sim, mas não sei o que acham da ideia?
— Boa, mas Bárbara não falou do que achou.
144
— Quem vai fazer a roupa? – Bárbara.
— Conheço uma costureira no Bacacheri.
— E tocaríamos que musicas? – Bárbara.
— Acho que musicas clássicas são boas, mas sempre seremos cover de algo, e não se contrata
cover de algo, eles querem algo que se destaque.
— E pensou no que?
— Você tem letras em português e inglês, acredito que uma banda, pode cantar em português, e
outra em inglês, mas teríamos de ter as letras em inglês, e gostei de alguns temas.
— Alguns?
— Li pouca coisa, mas acho que podemos começar por Nymph.
— Acho boba aquela adaptação.
— Parece inspirado nos Hinos Homéricos, mas não entendo tanto de Hinos Homéricos.
— Acha que alguém mais repararia nisto?
— Se baseou em um?
— Sim.
— Bárbara, isto são testos de uso publico, não gera problemas, entendi somente agora, com sua
afirmação, dali que saiu também Star.
— Sim, pelo jeito leu estes testos.
— Sempre pensei em mudar o Hino a Atena de Orfeu, para uma oração, poucos veriam como uma
tradução do Grego.
— E como seria esta Star? – Lucas.
Eu peguei a guitarra de um deles, e coloquei ao piso, e acertei os acordes e passei uma
introdução, ela tinha pensado nas notas, eu apenas olhei no celular, e ela pega o microfone e começa.
“The sacred splendor of the celestial Stars I summon,
evoking pure numbers with a most sacred voice.

they gleam brightly and are kind in the night!

Celestial stars, amiable offspring of the Black Night,


that in cyclic eddies revolve around the stars,

they gleam brightly and are kind in the night!

Bright, flames, always the genesis of everything,


fateful, reveal the signs of all fate
and govern the divine paths of mortal men.

they gleam brightly and are kind in the night!

Peering into seven lucid planets, aerial wanderers,


celestial and terrestrial, running like fire, eternal and indestructible,
always radiating the thin veil of night,

they gleam brightly and are kind in the night!”

Come to the learned labors of this most sacred rite,


concluding your noble journey in famous works.”
O tom fúnebre, deixava pesada a musica, era algo que não se via em qualquer banda, era algo
para baixo, na letra, com acodes pesados, e Lucas acha o tom no Baixo, e vi cada um tentar um pouco, e
tentamos ensaiar a primeira musica.
Mudamos algumas sequencias de acordes, dando tempo de respirar a cada frase, e quando da
quinta vez, já tínhamos colocado os pontos de bateria, os de teclado e os de guitarra, eu achei que ali
ficaria melhor o som de órgão antigo no toque do teclado.
Ensaiamos a primeira musica e vi Barbara sorrir e falar.
— E qual seria a segunda?
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— Uma musica em duas versões.
— Não entendi.
— Barbarians em inglês, e Bárbara em português, uma levada mais leve na versão em português,
criar uma musica e gerar uma versão nossa de nossa própria musica.
— Maluco?
— Como seria este Barbarians, entendi que é o lançamento da segunda banda.
— Sim, mas primeiro pegamos o jeito em inglês, depois vamos para a versão, pois ninguém vai
entender a letra mesmo.
— Porque não?
— Eu sei que vi isto, é antigo, mas não lembro onde, mas é referente ao senado romano estar
recebendo representantes bárbaros, é um poema se não me engano, mas novamente, algo muito
antigo, mais de dois mil anos.
— E pelo jeito é mesmo um CDF. – Bárbara.
— Nem tanto quanto queria ser.
— Mas como é esta musica. – Lucas, vendo que eu tinha fotografado o sagrado livro oculto de
Bárbara.
Novamente iria a uma musica, eu pedi um momento e dei o ritmo, que Roger teria de seguir na
bateria, com uma inversão, que ele sentiria a inversão, pensar que sonhei com isto.
Pego a guitarra e ouvi Bárbara falar.
— Está eu não membro de cabeça.
Sorri e ajeitei o microfone, ela estava com um, ela lembraria em breve.
Começo com uma introdução na guitarra e vou ao vocal.
“What do we expect in the now gathered?
Deaths.
It's just that the barbarians arrive today.
Why so much apathy in power?
They offer us as slaves.
The powerful don't legislate anymore?
It's just that the barbarians arrive today.
What laws will the new ones make to power?
Why did the mayor run away so soon
and resources was absent
leaving the city gates open.
It's just that the barbarians arrive today.
Those who stayed say to salute
their boss.
are ready to give you
a parchment on which are written
many names, ours, as slaves.
It's the barbarians arrive today.”
Repetimos a musica mais de três vezes, quando começamos a acertar o ritmo, ficou menos
pesada, mais tocada, mais animada que a anterior.
Fizemos toda a linha de passagens, e quando vi, o dia novamente esta indo ao fim.
Passamos as três musicas do dia anterior, então começávamos a ter um repertorio, 5 musicas que
não tocavam e duas que eu quase forcei na banda, de outras duas bandas, então se antes o show era de
cover, agora, tinha 7 musicas que só se ouviria naquela banda.
Sentamos perto das oito da noite e Bárbara perguntou.
— E a segunda banda?
— Teríamos de criar algumas letras, fazer algumas musicas, mas estamos começando, e não sei o
que acharam.
— Diferente, estamos criando um repertorio, nem sei se alguém ouviria.
— As vezes temos de fazer bem feito, se fizermos, vamos a frente, temos de nos preparar, o
segundo, seria nós vestidos como monges, mas sem mascara, é que o termo Bárbaro, era qualquer coisa
que não fosse de Roma, depois, que não fosse Cristão, mas se nos vestirmos com algumas roupas
Romanas, eles nem vão reparar que não somos monges de verdade.
146
— E eu?
— O mais bárbara que conseguir.
— Certo, e tocaríamos o mesmo ritmo?
— O português é menos ácidos nas palavras, mas acredito que seria algo mais medieval, menos
demoníacos.
— Certo, e acha que conseguimos manter o segredo?
— Vamos lançar os dois, mas não é questão de ser segredo, temos de saber o que os demais
acham.
— Certo, e pelo jeito vai usar meu caderno.
— Você vai usar, nem sei que ritmo pensou na maioria das musicas, ver apenas o que estava ali,
não é muito.
— Pelo jeito tem memoria fotográfica.
— Não sou tão bom assim.
Dispersamos e cada qual foi para sua casa.

147
Quando chega sexta a noite, eu marco com Bárbara no Teatro, e vou para
lá, minha mãe não estava entendendo, mas eu fiquei dois dias olhando aqueles
rabiscos, e agora iriamos avançar nas letras, e marquei com uma estilista, que
morava no bairro, e ela chega comigo, e mostra as capas, a mascara era padrão,
comprada na Americana e pintada sobre ela, eu tinha pedido o numero do
calçado dos meninos, e encomendei a botina, e as calças só faltavam a barra.
A moça acertou a roupa e depois foi com Bárbara para dentro e os
rapazes se olham e Lucas pergunta.
— Andou investindo na banda.
— Ideias, estranho ter feito uma oferta por esculturas de uma escola de samba do Rio de Janeiro,
e eles terem entregue tão rápido, as vezes eu estranho.
Eu puxei o Cenário, que era um cemitério, os rapazes perderam dois dias, para ajustar em
pedaços, pois teria de ser pratico, e o baixar da cortina ao fundo, o colocar dos painéis, fez o palco se
tornar um cemitério cenográfico.
Os três ficam a olhar e Lucas pergunta.
— Qual a ideia?
— Passar as musicas que já temos como certas, verificar a dinâmica, nos filmar pela primeira vez,
para ver o que podemos mudar.
— Preparando o show.
— Sim – Cheguei a parede de um dos painéis e fiquei as costas e acionei a fumaça, e girei e surgi
na frente do palco, cada um viu que tinha uma entrada no painel as costas e Roger fala.
— Entrada pronta?
— Sim, mas a ideia, um laser sobre nós, apenas temos de evitar olhar para cima.
— E como ficaria.
— Temos de saber o que usar em cada musica. – Acionei um dos comandos e eles viram que
tinham 5 locais, com o laser vindo de cima e fazendo um túnel, demarcando o local, depois no dois, tem
os fleches de luz, ai tínhamos em 5 velocidades, para tentar no ritmo de cada musica.
— Algo a somar no todo?
— Sim, montando algo que nem pensava fazer a um mês atrás.
— E encara de cabeça.
— Sim, vamos tentar fazer um show, no palco do bar ao lado, na semana de abertura.
— Menos espaço.
— Mais de acordo com os locais que vamos nos apresentar.
— E vamos ter alguém no som e alguém na luz?
— Sim, faz parte ter o pessoal da técnica.
Vi Bárbara vir de dentro e acho que todos nós paramos na imagem dela entrando, ela ficou sem
jeito e apenas sorrimos.
A moça acertou parte, e fomos a primeira serie de musica, tentar gravar 7 musicas, nem que
demorasse até domingo.
Vi que Bárbara estudou as letras, Lucas e Roger estavam afinados, e olhei Marcio, e soube que
teríamos de achar algo que aparentasse mais velho, mas fosse leve de levar, o som de órgão naquele
teclado musical, não fazia sentido.
Quando terminamos de gravar as duas primeiras, era tarde, e paramos a olhar as imagens,
falando que quando a parte superior da veste estivesse pronta, repassaríamos, alguns um tom mais alto,
alguns um pouco mais baixo, mas Bárbara sorri e fala.
— Agora entendo o quanto é chato, você nos quer realmente como um show.
— Sim.
Cada um copiou o que fora feito, e levou para casa, estava fechando lugar quando vi Roseli entrar
e ao lado estava o senhor Carlos.
— Boa noite.
— Pelo jeito quando se fala em avançar, agora tem uma banda de Rock.
— As vezes tenho de praticar.
— E vai aceitar dar aula a tarde na Cultura Inglesa?
— Se me quiserem lá ainda.
148
— Queremos, parece que não para mais.
— Nem comecei ainda a montar meu grupo de teatro.
— E dai não teria tempo?
— Quando ficar velho eu durmo.
— Certo, mas vejo que está criando algo produzido, qual a ideia?
— Não sei ainda, temos ainda só 7 musicas que só ouvira a nossa banda tocar, duas gravações em
inglês de musicas vindas do português, e 5 novas musicas, ainda começando.
— E porque está apoiando eles?
— Bárbara está criando letras boas em inglês, a ideia, apoiar quem está criando em inglês.
— E pelo jeito resolveu fazer um show.
— Eu sou exagerado.
— E esta historia de escola de teatro, juro que pensei que você se contentaria com um caminho
ditado.
— Eu me contento, apenas se me falarem, apoio você fazer, não poderia deixar para depois.
— E pelo jeito é serio.
Saímos e mostrei o local, com as salas para aula, para ensinar algumas coisas, como região dos
cenários, a região dos equipamentos de som e luz, o material do curso de oratória e teatro, e por fim, o
de criação de textos.
O senhor Carlos saiu olhando em volta, se ele achava que era um curso de inglês, ali era bem mais
complexo que isto.
Roseli me olha e pergunta.
— Pelo jeito está levando a serio montar uma banda.
— Sim, mas estou pensando mais no show que a banda.
— Algo especial?
— Uma banda, dois estilos, uma banda, duas roupagem, uma banda, dois caminhos.
— Sabe o risco que tem isto?
— Sim, me divertir muito.
— Não está pensando no dinheiro?
— Não, realmente não estou pensando esta parte pelo dinheiro, não vale a pena trabalhar apenas
pelo dinheiro.
— E vai trabalhar pelo que?
— Montar a minha historia, para contar aos meus netos, si é que vou ter netos.
— Sua historia?
— Escrever uma peça teatral, escrever um livro, montar uma banda, criar um curso e um evento,
que se mantenha por 50 anos.
— Bem modesto.
— Sim, se todos fizessem um pouco, o mundo melhora muito.
— E não parece preocupado hoje.
— Meu telefone está tocando, e eu não sei quem tanto quer falar comigo.
— E pelo jeito, quer fazer algo grande.
— Uma coisa é eu sabe como funciona a parte de som, de luz, e acabar por usar isto num palco,
uma coisa é eu saber onde as coisas na coxia tem de estar, e no fundo, estou apenas me especializando
nisto.
— O Bar avançou rápido, semana que vem vamos inaugurar.
— Bom, quem sabe não fazemos nosso primeiro show.
— Primeiro show.
— Fica pronto quando?
— Quarta deve estar pronto.
— Posso começar a projetar a inauguração então?
— Pensando em algo?
— Atrações de Sexta, Sábado e Domingo.
— E pelo jeito vai agitar a região.
— Se não souberem que existe o local, não vai ter publico.
— E pretende fazer o que?

149
— Convidar 5 comediantes, 3 bandas, e 3 cantores para fazer uma palhinha dos clássicos nos
intervalos.
— Começar pesado.
— Sim, não vou fazer algo para ser barato, e preciso agora pensar no que serviremos no local.
— Não pensou ainda?
— As vezes olhar o que os demais fazem e nos espelhar nisto, é bom para os negócios.
— E pelo jeito vai acelerar?
— Não temos pessoal ainda, e estamos pelo jeito a uma semana da inauguração.
— E quer pelo jeito fazer algo diferente.
— O básico de um bar, mais um prato especial.
— Vamos de que?
— Vou tentar um fornecimento de Alcatra de Búfalo, e fazer um prato que dê para 4 pessoas.
— Certo, algo que não tem em volta e seria o diferencial.
— Sim, e somos um bar de funcionamento da tarda para a noite, não de meio dia.
— E pretende abrir de quando a quando?
— De quarta a domingo.
— E criar algo normal e algo especial.
— Sim, pois eu gosto de algumas coisas, mas não é todo mundo que come.
— Vou começar a acelerar, vai precisar receber o pessoal.
— Vou priorizar os que fizeram aquela semana, pois já conhecem o local, mas estava somando,
não sei se inicialmente chegamos a isto, mas temos 170 mesas, se eu vender um prato que dê para 4
pessoas, e que custe na base de 80 reais, no começo não vai vender muito, mas ocuparia a parte
superior que criamos nas duas cozinhas.
— Nisto que estava pensando naquele local?
— Sim, e quero ver se toda segunda, conseguimos um grupo que transforme isto em uma
refeição, e distribuímos em algum local da cidade, pode ser na praça do atlético para os sem teto.
— Não quer nada reaproveitado?
— Carne e verdura, é melhor não, lembro de minha mãe que fala que uma vez foi comer, não sei
onde, não conheço tanto a cidade, mas o bife veio quase podre a mesa, esta coisa de por no congelador
e achar que está bom, acaba com um lugar.
— E porque queria algo a nível de 80 reais?
— Se eu conseguir vender 170 vezes 100 reais por dia, mais consumação, eu consigo o intuito do
local.
— Pensa com a calculadora, mas tem planos para isto?
— Para manter tudo, algo tem de estar no positivo, no inicio, algumas coisas vão cobrir outras,
mas deixa eu ir descansar, estou pregado.
Roseli olha para mim e fala.
— Problemas, olhou o celular e parece estar fugindo.
— Quando estamos de boa, e alguém que é problema, liga, vou para casa dormir.
— Se cuida, está agitando este local, mas o lugar ao lado, é muito legal, e pelo jeito quer algo bem
dinâmico.
— Quero ver se funciona, dai quero fazer uma proposta pela compra do primeiro terreno ao
fundo.
— E quer pagar como?
— Fazemos um contrato de 100 mil reais mês, e se der, antecipo alguns meses quando entrar
mais.
— Acredita que consegue o preço que meu pai quer?
— Não falamos de valor ainda, mas deixa eu ir.
Sai dali e fui para casa, chego cansado, abraço minha mãe e ela pergunta se estava tudo bem, pois
tinha gente ligando até para ela e apenas vou ao banho, depois pego o telefone e dou a situação a Vaz,
que parece acalmar do outro lado.

150
Acordo sábado, e a primeira ligação foi de Rosália do Guairinha, sento a
cozinha e sirvo o café e ouço.
— Teremos além da entrada da Rosa’s, uma entrada de capital de mesmo
porte do governo do estado.
— E o que mostrou a eles?
— O prospecto que temos, mas não sei ainda o que fazer no resto do
mês.
— Estava pensando nisto ainda senhora, mas a ideia, um festival de
humoristas do Estado do Paraná, entre o dia primeiro e o dia 06 de outubro, e um festival de bandas, de
22 a 27 de outubro.
— Se fizer assim teríamos quase o mês ocupado, e pelo jeito quer algo a mais.
— Um bom espetáculo.
— E querendo algo que atraia mais pessoas?
— Que se use como objetivo, se eu tenho um festival, as pessoas vão querer estar ali, para
chamar atenção a suas peças, suas musicas, suas piadas, e no dia 31, fazemos a entrega de certificado
de participação e nomeamos os três melhores de cada dia, ainda não sei se ofereceria apenas um
troféu, mas para isto tenho de falar com alguns ainda.
— Alguns?
— Eu não tenho este pessoal ainda, e estamos criando algo, que force as pessoas a nos dar o
espetáculo, organizamos, mas quem faz não somos nós.
— E quem colocaremos para analisar.
— Parte pela participação popular no fim de cada dia, dando notas para cada ponto em uma
pequena lista, e colocaríamos 3 pessoas que entendam de cada assunto.
— E pelo jeito está pensando nisto ainda.
— Nem que tenha de criar uma banda para ganhar o primeiro lugar, escrever uma peça que vença
o primeiro lugar, mesmo ninguém sabendo quem a escreveu.
— Pelo jeito gosta de desafios?
— Sim, sabe se consegue me liberar aquelas 4 pessoas, do quadro, para um extra fora dai?
— Não entendi a ideia ainda Bruno?
— Criar uma escola de teatro, mas uma que eduque na criação, na iluminação e a nível de
cenário, algo que possa me gerar pelo menos 3 peças para nossa semana de teatro.
— Não quer menos que isto?
— Posso conseguir apenas uma, mas eu quero tentar 3 delas.
— Temos de por as regras no papel.
— Sei disto, estou enrolando, pois eu ainda não sei se posso entrar com um recurso menor, para
apoiar isto.
— Não entendeu os valores menino?
— Sei disto, mas acredito que consigo outra parcela de 330 mil reais para apoiar o evento, através
do curso que estou criando esta semana no Agua Verde.
— Certo, e quer algo a mais?
— Final de semana que vem, terei as respostas, e podemos fazer a ata do Festival de Outubro do
Guairinha.
— Algo a promover todos os dias pelo que pensou?
— Tinha falado que a diretora geral tinha falado em abrir mais espaços, mas ainda não temos algo
que agite o outro teatro, acho que um cronograma paralelo fica mais eficiente.
— Mas se pensar em algo me fala.
— Acho o Guairão muito grande, até teria eventos que poderiam caber no José Maria Santos, mas
ainda pensando, estamos saindo do carnaval.
— E pelo jeito trabalhado?
— Acordando, soube que a parte do bar ao lado do local, vai abrir na sexta que vem, tenho de
correr.
— E o colégio de teatro inaugura quando?
— Segunda, por isto perguntei dos rapazes.
— Certo, libero eles, quer criar pelo jeito pessoas especialistas na cidade.
151
— Aprender com os melhores, é sempre o caminho mais fácil.
— Certo, falou com eles?
— Sim, mas eles me falaram que estavam ainda seguros ai, por isto estou perguntando.
— Vou os liberar, mas pelo jeito teremos um agito em Outubro.
— Quero um agito em Julho também, mas ainda não foi fechado o prospecto.
— Algo grande?
— Sim, com horários diferenciados, duas semanas, 6 teatros, dos quais eu entro com dois e o
Guaíra com 3, e mais um, para termos os grandes nomes da comedia em Curitiba.
— E não fechou ainda para propor.
— Isto, sei que alguns é difícil por no Guaíra, então eu puxo para a minha estrutura.
— Certo, pelo jeito está quase falando que manda.
— Ainda é pretensão senhora, mas vou pedir para desenvolverem o prospecto e apresentar a
senhora, deve ficar pronto a semana que vem, dai é começar a selecionar quem fará parte.
— E se tiver de o deixar de fora, por tanta gente querendo participar?
— Sinal que deu certo senhora, quando falo em eu tocar, é para quando não se tem mais
alternativa.
Ouvi o sorriso e me despedi.
Minha mãe me olhava e pergunta.
— Tem de cuidar filho, para não prometer um dinheiro que não tem.
— Sei disto, mas o evento que não tinha patrocinador, já tem 660 mil reais de caixa, entrando por
duas vertentes, é que se entrar mais uma parte, pretendia duas, daria para premiar os participantes, e
este dinheiro, não sairia do meu bolso, e sim do seu mãe.
— Não tenho este dinheiro filho. – Minha mãe assustada.
— Mas é quem assina pelo Curitiba Theater Colege School Center, sabe disto.
— E acredita que terá estes recursos.
— Só não o terei, se tudo der errado mãe, mas com os 660 já fazemos o evento, se tiver mais dois
investidores, e um pode vir a ser própria prefeitura de Curitiba, para não ficar para traz, então estamos
falando de um evento que teremos de organizar, mas se o fizermos, temos retorno.
— Não entendi.
— Teremos próximo de 300 mil reais em entrada, o calculo é 330, o valor do investimento por
cada pessoa que aportou os recursos, mas se tivermos mais o ingresso, temos como fazer, e lógico,
teremos um evento que vai dar retorno.
— E pelo jeito está levando a serio muita coisa para este ano.
— Confirmei momentaneamente o dar aulas as tardes, tenho duas aulas a noite por semana no
CTCSC.
— E pelo jeito quer defender o ano de formatura.
— Tenho de estudar, pois um canudo, é importante.
— Não vai parar?
— Tenho apenas os fins de semana por enquanto, daqui a pouco, nem eles.
Recebi o recado que as roupas foram ajustadas, quando as pessoas querem receber, elas
aceleram. Eu passei mensagem para algumas pessoas, se conheciam pessoas que já tenham trabalhado
em um Restaurante Aproveitei e passei uma mensagem para Marcelus, e marquei no fim do dia no Bar,
passei mensagem para Ivan, ele falou que conhecia 4 comediantes da cidade, ainda queria mais, mas
teria de tirar gente de outros lugares, mas inicio de Março, isto não é tão difícil.
Sai perto das 10 da manha no sentido da obra, e quando paro lá, vi Bárbara e os rapazes, que
sorriem.
— Pelo jeito estão motivados? – Perguntei.
— Pelo jeito quer nos fazer uma banda. – Roger.
— Temos o primeiro teste das novas musicas na Sexta que vem.
— Onde?
— No bar ao lado, preciso de autorização dos pais.
— Pelo jeito leva a serio?
— Sim, eu não entendo muito de meios de comunicação, mas me afirmaram que no começo é
mais lento, e depois pega o jeito, mas a ideia, um local para tocar, uma vez por semana.
— Pelo jeito quer agitar. – Bárbara.
152
— Sim, pois tenho de distrair a cabeça.
Fomos ao teatro, a moça agora nos veste e ajeita cada veste, e coloco as câmeras altas para
filmar, e passamos as 7 musicas na ordem, terceiro dia de algumas musicas, já estava melhor, agora
estávamos mais irreconhecíveis, e quando vi aqueles 8 senhores entrarem no teatro, não paramos,
fizemos até a ultima musica, e obvio, os rapazes ficaram mais tensos, mas era bom, teriam de acostumar
a tocar, com publico, eles já tinham o costume, apenas agora eram musicas autorais. A moça das
roupas, olha as vestes de Clementes, e Bárbara vai para uma roupa mais sex e tocamos apenas as 3
musicas, duas que tínhamos colocado as letras em inglês, agora no original, e Bárbara, a musica.
Terminamos a primeira parte e olhei para Marcelus.
— Não sei se está razoável?
— Sim, pelo jeito surge uma banda a mais em Curitiba.
Pela primeira vez falando com os integrantes do Motorockers e do Blindagem, depois mostrei
onde seria a ideia de tocar no sábado e no domingo, e no outro palco vi os demais olhando o local sendo
ajeitado e Paulo perguntou.
— Quando inauguram?
— Sexta, eu e nossa banda, abre o show aqui, vai ter duas apresentações de comediantes depois,
nos intervalos, temos dois palcos que sempre terá musica.
— Algo a não perder o ritmo?
— Abrimos as 17 horas de sexta, somos um bar que vai funcionar de quarta a domingo, tentando
ter atrações toda sexta, sábado e domingo.
— E acha que consegue pagar o cache?
— Provavelmente não, estava convidando Marcelus a abrir o sábado, e se conhecia alguém a mais
para tocar, não mais de uma hora, pois o cache não deve passar dos 4 mil.
— Por banda? – Paulo.
— Sim, mas é que estamos falando em valores se der certo.
— E não parece preocupado ainda. Acha que distrai as pessoas com o seu show.
— Quero bandas da cidade, não apenas eu ali.
— E pelo jeito quer algo diferente, mesas.
— Sim, mas vamos testar ainda.
Os demais se olham e um que não sabia o nome, era paraguaio, e ainda tinha o sotaque as vezes,
olha Paulo e fala.
— Temos de ver se temos como Paulo, mas já tocamos em locais piores, e nem sempre
recebemos, eles estão falando em pagar o que conseguem, e o local é bom, apoiar pessoas novas.
— Temos de conversar melhor. – Paulo.
Sorri e vi que era uma divergência, e olho os rapazes voltarem pelo caminho que nos levou ao bar
e olharem o teatro.
— E este local? – Paulo.
— Um conjunto de dois teatros, um para shows na cobertura, e este, para peças ou Shows.
— E faz parte da mesma estrutura?
— Não, estruturas paralelas, no mesmo terreno, mas que servem para agitar o local.
— E não seria um local melhor para um show.
— Este lugar ainda não tem programação, deve inaugurar no fim de Abril, mas a direção procura
pessoas interessadas em usar o espaço. – Falei.
— E enquanto isto vão ensaiando? – Marcelus.
— Sim, precisamos de muito ensaio ainda.
— E vão cantar em duas fantasias?
— As musicas do segundo, ainda é uma ideia ao futuro.
— Certo, pelo que entendi, a menina se chama Bárbara.
— Sim.
Vi um dos rapazes, o mais alto, não sabia o nome, me olhar e falar.
— Soube que precisa de publicidade, não sei se vai pagar por isto?
— Conhece alguém que possa agitar o local?
— Um primo mais velho, João.
— E ele agitaria isto como? – Paulo.
— João do Espelho. – O rapaz.
153
Sorri e falei.
— Isto sim era algo a montar a estrutura e montar um show neste local.
Marcelus sorriu e falou.
— Agitando geral. – Ele me olhando.
— Um dia não terei como o fazer, então tenho de aproveitar quando tenho como desenvolver
algo.
— E pelo jeito quer agitar.
Olhei para Marcelus e falei.
— Vou precisar de dois jurados para Outubro, para o festival de Bandas do Guairinha.
— Eles vão fazer um festival? – Paulo.
— Um rápido festival. A ideia ainda não fechamos, vai ser no Guairinha entre o dia 22 e 27 de
outubro. – Falei.
Paulo pareceu interessado e fala.
— E quem vai promover.
— Até agora, quem vai tocar é a Rosália, e temos recursos da Rosa’s e do Governo do Estado.
— E não falaram nada ainda?
— Elaboração ainda, mas a semana já está reservada no Guairinha.
Sorri da forma que o rapaz me olhou e falou.
— E uma criança sabe do que ninguém me falou nada?
— Acho que ainda corre entre a Monica a Rosália este evento.
— E se não toparmos?
— Vou falar com um amigo da minha mãe, ele monta uma banda para domingo.
— Quem? – Marcelus.
— Iran, o Moiza!
Paulo olha par mim e fala.
— Só temos de conversar, pois entendi o que os demais viram, apoio a cultura e a um novo lugar
em Curitiba, não sei se posso confirmar nossa vinda no domingo? – Paulo olhando os demais que
concordam, eu pelo menos tinha duas bandas para agitar a noite.
Anotei e olhei para Bárbara e falei.
— Agora vamos ter de ensaiar mais ainda.
Ela sorri e fala.
— Temos de começar a olhar as outras 5 letras.
— Se quiserem ver, estamos começando uma banda, e não sabemos ainda o ritmo que vamos
tocar.
Começamos e tocar mais 3 musicas em português, e por fim, tentamos 2 outras em inglês,
começava a ter 6 musicas de uma banda, e 9 de outra.
— Não entendi a ideia? – Marcelus quando paramos mais um pouco.
— Tocar duas vezes na sexta, e ver qual a recepção da banda, dependendo desta recepção,
escolhemos o caminho a tocar.
— E pelo jeito vocês tem uma letrista pesada na caneta, tem de se pensar nas letras, mesmo as
em inglês, algo pesado, sem um parâmetro normal de interpretação.
— Estamos ainda começando. – Bárbara tímida.
— E se escondiam onde?
— Participamos de alguns eventos, mas tocávamos Rock clássico, e Bruno entrou para a banda e
resolveu que temos de ter algo autoral, para que seja nosso som, não uma copia de algo.
— E toda esta estrutura?
— Estamos montando o nosso show, não é apenas tocar, é impressionar. – Bárbara começando a
se soltar.
— E querem chegar em quantas musicas?
— A banda que seria a “Nymph and Demons”, já temos 9 musicas que estamos começando a
pegar o jeito, queremos pelo menos mais 3, para chegar perto de uma apresentação de uma hora.
— E pelo jeito pensam na luz, a cada musica?
— Sim, mas ainda temos apenas 6 musicas para o que seria a banda “Bárbara e os Clementes”.
— E se juntar as duas coisas?

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— Queremos testar separado, para que cada coisa não se misture, e não sabemos ainda a
recepção, sabemos que em português fica mais fácil cantar, mas o som em inglês é mais áspero, mais
pesado. – Bárbara.
— Vi, o clima naquela musica que fala da Estrela, é bem pesado, por isto me admirei, uma musica
daquelas tem de ser tocada, mesmo que poucos entendam, é um som bem pesado e obscuro, nem
todos conseguem algo assim. – Marcelus.
Barbara sorriu, isto era bom, ela precisava achar possível fazer suas musicas.
O pessoal saiu, descemos a rua e comemos em um restaurante, estávamos todos bem
alimentados quando voltamos para ensaiar, e tiramos mais 8 musicas em português, e 4 traduções para
o inglês. No final, pegamos o que foi gravado, e juntos criamos as duas paginas, das duas bandas, e
colocamos lá, três musicas de cada banda, e usamos nossas redes para espalhar, para indicar as pessoas,
não sabíamos se alguém veria, mas a ideia era esta, começar a por as musicas para as pessoas verem.
Bárbara me olha e fala.
— Para que está gravando?
— Material nosso, mas o principal, cada um leva uma copia e estuda as musicas, amanha vamos
tocar de novo.
Os rapazes estavam cansados, mas pareciam felizes.
Os rapazes saíram e Bárbara me olha seria.
— Vai me trair muito? – Bárbara.
— Tem de entender Bárbara, sou alguém que tem uma fama contraditória, parte dos meninos
acha que sou um garanhão, e parte das meninas, que sou afeminado.
— E como consegue uma fama assim?
— Beijando e não chegando aos finalmente, se avançamos, recebemos reclamação de que não
era para acontecer, se recuamos, elas nos acham afeminados, brochas ou coisas assim.
— E não vai me pedir em namoro?
— Eu as vezes acho que eu estrago as coisas.
— Me dando o fora?
— Não, mas sou de esperar, e semana que vem, se tudo der certo, Bárbara estará em destaque
por ai, ai vai chover pretendentes.
— Não quero pretendentes, saiba disto.
— Então domingo que vem conversamos.
— Tem namorada?
— Eu tenho um problema, com Bárbaras, sei que estão todas atravessadas em minha vida.
— Namora uma?
— Amigo de uma, e quase namorei a outra, então tenho de acabar antes de entrar em um novo
relacionamento.
— E acaba assim, fácil?
— Nunca é fácil acabar uma relação, mas longe de ser uma relação o que tenho com as meninas.
— E vamos mesmo gravar todas as musicas?
— Sim, tenho de acabar o cenário de Bárbara.
— E como vai ser o cenário?
— Gaiolas penduradas, com ossadas, e você vai abrir a sua, e começar a cantar, enquanto nós
fazemos os religiosos ao fundo.
— Pesado?
— Suas musicas que deram o caminho.
— Você parece gostar disto.
— Gaiolas, é fácil conseguir, tem de considerar que é um teatro e temos como deixar as duas
estruturas instaladas, prontas para funcionar.
— E pelo jeito não avança.
Sorri, pois via a menina chegando cada vez mais próximo, e quando ela me beijou eu retribui.
Ela me beija demoradamente e depois me olha aos olhos.
— Estes lábios vão me fazer se perder.
— Então terei de lhe acompanhar no caminho, para não se perder, lhe acompanhando sempre.
— E pensou em que, parecia querer pensar nas musicas.

155
— Amanha vamos tocar cada uma das musicas, e vamos fazer os arranjos de entrada, a
encenação, e por fim, o material editado.
Estava conversando, quando o telefone tocou, e um senhor se apresentou, falou de quanto era a
publicidade, e confirmei a primeira leva de publicidade, em 5 personagens, no canal do senhor, não
sabia se daria retorno, mas era uma aposta.
Saímos dali, peguei uma guitarra, deixei Bárbara em casa e fui para casa direto.

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Amanhece domingo, eu levanto naquele dia preguiçoso, coloco a
memoria para tocar no computador, e fui dedilhando entradas, fazendo escalas
de entrada, para ver o que melhor ficava, em cada musica, sabia que nem tudo
era fácil, primeiro fiz as entradas de guitarra, depois de as gravar, coloco a
bateria, cada entrada diferente, cada pedaço diferente, e por fim o teclado, que
não era para dar o ritmo, mas para diferenciar a musica de outras, fiquei até
meio dia, criando, e minha mãe me olha e fala.
— Vai mesmo criar uma banda?
— Convidada a ver seu filho tocar na sexta a noite.
— E como vai encher a casa?
— Se vai encher eu não sei, mas preciso confirmar quem vai tocar, quem vai fazer os intervalos, e
quem vai animar o ambiente.
— Pensando em algo bonito?
— Beleza nem sempre é o objetivo.
— Certo, mas não esquece, você oferece comida ali, vê se não vai revoltar os estômagos de
ninguém.
Sorri, minha mãe me conhecia, mas entendi, não era um show num palco, era num restaurante.
Próximo da uma e meia da tarde, estava chegando ao local, e vi Pedro Rosa lá.
— Boa tarde.
— Não entendi a ideia, parece querer algo especial.
— Apenas um prato que dê para 4 pessoas, e que seja comido como aperitivo, não como jantar. –
Falei.
— Não entendi.
— Fritas, bolinho de aipim, carne de búfalo, cozida e frita em – nesta hora faltou a palavra de
como descrever – como se fossem tiras de carne, uma porção que desse para 4 pessoas.
— Algo especial?
— Único, nem sei como descrever o que quero, mas é para ser uma janta, sem ser uma janta.
— E quer fornecimento de Alcatra de búfalo?
— Sim, peças inteiras, vamos as separar em porções, cozidas e fritas com cebola e temperos,
dispor de um prato que dê para as pessoas encherem a barriga sem sentir.
— E pensou apenas no búfalo?
— Estava pensando ainda, mas pode ser que tenhamos coisas mais simples, porções de batata
frita, torres de fritas, aperitivos de vários tipos, quero ver se a Antártica confirma esta semana os
letreiros, mas vou oferecer pelo menos 6 tipos de cerveja e várias misturas alcoólicas.
— Se cuida com a bebida.
— Estou pensando em ganhar dinheiro, não em encher a cara.
— Certo, verifico para você, acha que consegue organizar as coisas aqui?
— Quero falar com alguém para tocar isto, mas não sei ainda se dará certo, as vezes tenho medo
de somar onde não precisa.
— E pelo jeito quer algo de impacto.
— Vou deixar pronto um show na sexta, dois deles, para ser padrão, acho que temos as bandas
para sábado e domingo, e tem três rapazes que vem falar sobre tocar no fim de semana, e por fim, a
vistoria da prefeitura na terça.
— Vistoria?
— Pedimos autorização para 800 pessoas, mas pretendemos ter em media 680 pessoas por noite.
— E pelo jeito vai agitar o fim de semana.
— Vou ter de falar com alguém que desconheço, que vai fazer a publicidade, e quem sabe, não
some em um dos palcos, uma vez por mês, uma atração.
— Qual atração?
— O Espelho ao vivo, com o Motorocker.
— Algo especial, e saído da cidade, como você fala, valorizar o que é daqui.
— Sim.
O pessoal da obra foi chegando, e em pleno domingo, as vezes temos de confirmar algumas
coisas, e isto nos assusta, pois uma unidade de algo é barato, mas mil e duzentos copos, pratos, talheres
157
completos, começa a somar nas coisas a cozinha, subi para ver como estava a cozinha e vi eles
instalando todo material em inox, das duas cozinhas, de três pisos, algo que não sabia se estava
dinâmico, mas era para servir mais de 600 pessoas ao mesmo tempo, não era para ser simples.
Vi Bárbara chegar com os meninos e me falar.
— Meu pai quer falar com você.
— Problemas?
— Ele disse que não quer que me envolva como você.
— Vai desistir assim fácil? – Provoquei.
Ela sorriu e falou.
— Ele quer que você se comporte.
— Só não vale me chamar de afeminado depois.
Os rapazes sorriram, estavam entregando peças, que desta vez, montamos ali, naquele palco, pois
era para por no lugar, e dispor dos dois sistemas de ganchos e cordas, e falei.
— Quando ele vem conversar?
— Quer conversar lá em casa.
— Que horas?
— Depois do ensaio. – Bárbara.
— Certo, vamos ensaiar então, mas hoje, vou por as câmeras para filmar, neste palco, e acertar a
iluminação, quero passar cada uma das musicas, acorde a acorde.
— Melhorar o de ontem?
— Sim, não me culpem, sou chato.
Eles viram as gaiolas, e pegaram as vestes no outro palco, colocaram ali, viram o pessoal trazer o
cenário da outra, e deixar ali, os cenários prontos para cada apresentação, eu sei que as vezes eles me
ouvem, mas fizemos a primeira musica, dai mudamos a entrada, a batida, e cada parte, e quando achei
que estava já bom, gravamos, fomos fazendo musica a musica, a mudança de roupa e ir para a segunda
apresentação, e quando na entrada com luz e som, Bárbara se solta da gaiola e começa a cantar, vi que
o pessoal estava parado olhando, mas isto que queria, ver a reação.
Gravamos as 13 musicas, de cada banda, mas agora com entrada e saída, em media 5 minutos por
musica, mais de uma hora de show.
Vi Roseli parar a frente, e quando terminamos a apresentação ela me olha e fala.
— Pelo jeito fala serio em fazer um show.
— A minha parte é esta.
Vi um senhor ao lado, e ele se apresenta, João Roger Junior, ele me olha e fala.
— Deve ser Bruno Baptista.
— Sim, acha que dá para fazer uma propaganda?
— Tenho de ver como vai ser a comida, parte do show entendi, as vezes gravar um trecho, já dá
um aperitivo.
— Temos amanha o contratar dos cozinheiros, e sei que vamos testar os pratos.
— Certo, em contratação, mas vão se apresentar quando?
— Sexta.
— E qual a ideia da casa?
— Estamos terminando de enfeitar, até ontem, estávamos montando paredes, banheiros,
encanamento, cobertura, piso, agora vamos ao enfeitar da casa, e com isto, encher os estoques.
Roseli me olha e pergunta.
— Não entendi os pratos, parece um padrão.
— Três cores, com tudo que temos, de caneca de chope a pratos de mesa, de potes de cremes aos
pratos de comida, então a ideia, termos no mínimo, conjunto para as 170 meses, se vamos servir uma
mesa x, nela vamos entregar pratos todos no mesmo padrão, temos o padrão branco, o escuro e o
verde, devem ter entregado apenas o verde ainda.
— Quer algo bem padronizado.
— Sim, e o cardápio pode ter coisas mais populares, como torre de bata frita, em 4 ou 5 modelos
de recheio, temos 5 aperitivos de mesa, todos os pratos, porção para 2 ou 4 pessoas, vou ainda ter de
contratar gente.
— É um lugar especial.
— Sim, é um local especial. – Falei.
158
— E ainda incompleto. – Roseli.
— Pelo jeito muito trabalho até a inauguração. – João.
— Sim, mas verifica o preço, fazemos uma transferência, para sua conta, e começamos a falar que
vamos realmente inaugurar.
— Já pensou senhor João, em desenvolver um show de palco com seus personagens, misturando
a holografia e a banda que sempre o acompanha nas musicas.
— Teria de falar com o pessoal, é uma ideia, outra é introduzir o bar no mundo virtual.
— Acha que alguém viria?
— A ideia, como você colocou ali, um show da banda, a filmamos em 360° e disponibilizamos na
rede, se alguém quiser ver o show, consegue entrar no bar e assistir, não sei se terão entrega de comida
inicialmente?
— Inicialmente não, mas pode ser que venhamos a ter, mas é que quero que chegue um modelo
de moto que vem da China, e que permite ao entregador colocar coisas como Torre de Batata e também
uma pizza de um metro de raio.
— Diferenciais?
— Quando se fala em uma pizza com 12 sabores e todos cortados para comer no palitinho, gera
trabalho, para casa não teria como entregar cortadinho, mas daria para pelo menos fatiar.
— E isto vai colocando aos poucos.
— Senhor, três coisas não inauguraremos junto, o Porão, a Adega e o Salão de Festas.
— Quer dizer que tem mais espaços?
— Sim, mas são espaços para funcionar em paralelo, não parando o local, alguém quer lançar uma
banda no porão, apenas os convidados vão a este local.
— E não ficou pronto.
— Não e o objetivo do momento.
— Certo, vou filmar um pouco, e se autorizar, filmamos o local quando pronto em 360° e
colocamos ele no Metaverso, e assim começam a visitar mesmo que virtualmente.
— Estamos abertos a sugestões.
Olhei o pessoal da banda, olhei para Bárbara e sorri, ainda teria um fim de noite agitado.
Voltamos ao palco, olhamos as gravações, Lucas me olha e fala.
— Uma revolução em uma semana.
— Ainda não falaram o que acham, sei que palpitei em cada musica, e sei que estou apenas
fazendo arranjo sobre algo criado.
— Estas gaiolas ficaram assustadoras. – Roger.
— Quero ver a surpresa nos olhos.
— Acho que realmente demos uma roupagem a cada musica, não é tocar uma musica, é criar uma
identidade, que cada musica fica única. – Bárbara.
— Eu sempre fiquei com medo das letras da Bárbara, ainda não pegamos as mais pesadas, Mas
sei que pensou novamente sobre o que eram as letras Bruno, pois “Gaiolas” para iniciar, “Bárbara!” para
sequenciar, aquela “Passado não se esconde!” e “Que nunca mais se cace as bruxas!” deram um ritmo
nesta apresentação. – Lucas.
Eu ouvia e Marcio falou.
— Você conseguiu uma fantasia de órgão para o teclado, se tínhamos um solo baixo e escondido,
temos uma entrada com o som de um órgão de igreja, que me arrepia em “Que nunca mais se cace as
bruxas!”, eu acho que como se falou, foi uma revolução em uma semana, e com certeza, primeira
apresentação, vai ser de dar um frio na barriga.
Eu filmei cada um deles, eles se apresentando, e surge na internet 2 bandas em 1, e não era para
esconder, mas cada uma tocava um estilo e uma forma diferente.
No fim daquela tarde longa, eu passo o pedido de autorização de uso das duas musicas, para as
banda que eram responsáveis.
Passei nos 5 ambientes, o pessoal colocava as cadeiras de acordo com o ambiente, vi aquele rapaz
pintar a parede de passagem e olho o como ficou diferente, uma parede remetendo a caricaturas, a
outra um vitral luxuoso, se eles soubessem que ali era mais criatividade que custo.
Anoto todas as coisas que precisaria providenciar na segunda, e sai com o pessoal para a casa de
Bárbara.
Quando chegamos no apartamento de Bárbara o senhor me olha e fala.
159
— Precisamos conversar rapaz.
— Estou a disposição senhor.
— Não gosto de minha filha namorando por ai.
— Estávamos apenas ensaiando senhor, mas entendo a preocupação, ela é bem jovem.
— E a pediu em namoro?
— Não, ela me roubou um beijo, e me pediu em namoro.
O senhor olha a filha e fala.
— Tem de se conter filha, não tem idade para namorar.
— Ele pelo jeito nem terá tempo para namorar, não sei como ele pretende fazer tudo que se
propôs para este ano.
O senhor me olha e pergunta.
— O que tanto pretende este ano, que ela parece desiludida?
— Tenho de estudar, pois é o terceiro ano, e pretendo não perder tempo em cursinhos para
passar no vestibular, isto pela manha, a tarde, tenho compromisso de segunda a quinta, na Cultura
Inglesa, e na Sexta no escritório de advocacia do Doutor Vaz, a noite estarei tentando criar o novo
conteúdo da Cultura inglesa, terei as aulas 3 vezes por semana no Curso de Teatro, terei um complexo
de Bar, Teatro e escola de Teatro, que terei a noite para verificar os problemas.
— Vai trabalhar neste novo escritório do Vaz, falam que ele quer se destacar, o que fará lá?
— Tentar ajudar nos contratos internacionais, pois ele falou que tem problemas em termos em
inglês.
— E pelo jeito enquanto minha filha pensa em namorar, vai correr a semana inteira.
— Sim, ainda quero toda sexta, tocar pelo menos duas horas, em dois shows com a versão nova
da banda.
— E como seria esta banda?
— Temos uma amostra, mas ainda estamos ensaiando.
Sentamos a sala e o senhor pela primeira vez viu o material que iria a internet, e ao fim das duas
sequencias ele olha para filha.
— Pelo jeito alguém acertou a banda para você?
— Olhando de fora, é outra coisa pai, juro que não esperava algo que ficaria tão bom, mas Bruno
nos quer não tocando, quer que façamos um show.
— Se conseguirem esta apresentação, vai ser um show, e pode ter certeza, terá eu e sua mãe na
primeira fila para ver.
— Começo a ficar com um frio na barriga.
O senhor sorriu e fala.
— É só cobrir mais a barriga, que ficou de fora.
Bárbara olha atravessado e o senhor fala.
— Tem de considerar que namoro, é muito cedo, para isto, e pelo jeito, alguém quer lhe por em
destaque, terei de ficar mais ainda de olho.
Os rapazes se despediram, e depois de um tempo, um beijo rápido na saída fui para casa.

160
Segunda com aula normal, o colégio em Santa Cândida, parecia estar
cobrando algo que já tinha estudado, então teria de me dedicar mais, para não
ficar com parte do conteúdo sem estudar.
Ainda não conhecia muita gente, e poucas pessoas ainda falavam comigo,
deu meio dia, comi algo no bairro, e peguei o ônibus para o centro, chego ao
colégio, olho os demais professores, eu era o mais jovem, e não pareciam ainda
querer-me por ali, eu pego o material, vi que fizeram mudanças, reduziram
alguns pontos, não precisava, mas eles fizeram.
Começo a primeira turma, agora já tinha dado aquele material, então foi mais tranquilo, e obvio,
eu cobrava da minha forma, o falar, o escrever, e o tentar novos termos e conversações, mas primeiro
dia, algo bem leve.
No intervalo das duas aulas, eu uso um computador da escola e confirmo todas as entregas, e
marco com um rapaz, para que ele administrasse o Bar, alguns me indicaram o rapaz, mas não o
conhecia ainda.
Segunda aula, e vi o senhor Carlos parar a entrada e perguntar.
— Vai ajudar a desenvolver o material do ano seguinte?
— Sim, temos de definir o caminho, pois vi que tiraram alguns prospectos do inicio, então estes
não tem como ter continuação no próximo, temos de definir por que estrada trilharemos.
— Bom ver que está pensando no assunto, pelo jeito corrido.
— Tenho de conseguir alguém para administrar o que resolvi criar, e não tenho ainda a pessoa
certa.
O senhor Carlos viu Bárbara passar ao lado e cumprimentar e falou serio.
— Cuida com esta dai, o pai dela é Juiz.
— Sei disto senhor, estranhei pessoas matriculadas que não apareceram hoje.
— O inicio eles conseguem recuperar.
Eu me despedi e fui para a Avenida Iguaçu, e vi que as pessoas estavam ainda em seleção, uma
empresa estava o fazendo, e o rapaz da seleção me coloca para fora, pois não era lugar para criança,
talvez ele tenha razão, e isto me preocupou, entrei pelo outro lado e fui verificar a instalação das
geladeiras, das fritadeiras, dos fornos, o chegar de caixa e mais caixa de talheres, pratos, travessas,
caixas e mais caixas.
Vi Roseli entrar e me olhar.
— Problemas? – Perguntei.
— Não, é que o rapaz da seleção falou que tinha entrado alguém escondido pelo fundo, que teria
de olhar, pois ele tinha de terminar a seleção.
— Não está atrasada a seleção?
— Sim, ele atrasou o começo.
— Consegue as fichas de todos?
— Quer selecionar?
— Daqui a pouco, vou ver como está o primeiro dia de aula ao lado, mas antes quero ver quem
vai trabalhar aqui.
— E alguma prioridade?
— Que more não muito longe.
— Sabe que nem sempre se consegue isto.
— Sei, mas vamos funcionar todo dia até meia noite e meia, mais meia hora para fechar, se a
pessoa mora longe Roseli, ela tem de ter uma forma de chegar e sair daqui.
— Certo, o horário não facilita as coisas, mas está gostando?
— Sim, vi que estão terminando de instalar as duas lavadoras industriais de pratos, o armário do
ultimo piso, vai ficar cheio de coisas.
— Sim, e estamos encima da hora.
— Sei, mas com calma começamos cada um a sua vez.
— Terminaram hoje de montar a estrutura do publico, do teatro superior, aquele local vai ficar
especial.
— A cobertura de vidro, vai dar um visual interno bom, não sei como vai ficar externamente
olhando.
161
— Isto vamos saber quando terminarem de por os vidros, o piso em degraus foi feito, a estrutura
do teto colocada, agora tem de cobrir para começar a colocar os acabamentos.
— O elevador fica pronto quando?
— Na quinta.
— Então vou tentar não me tentar a olhar antes de quinta.
— E pelo jeito tem muita coisa. – Roseli me olhando abrindo as caixas, estava a abrir quando o
rapaz entra pela porta e fala rude.
— Pegou o ladrãozinho no fraga?
Olhei o rapaz e falei.
— Não. O que faz aqui rapaz, já atrasou a seleção, e o que está fazendo aqui, não é sua região. –
Falei olhando o rapaz, que olha para Roseli.
— O que faz aqui rapaz, tem uma seleção seria para fazer.
— Não gostei de nenhum dos candidatos, estou quase dispensando todos.
Olhei Roseli e me levantei.
— Então deixa que eu dispenso eles, vai descansar rapaz, pelo jeito mais uns 3 dias para conseguir
juntar as pessoas de novo. – Falei olhando Roseli, e já chegando a região, olho as fichas e fui separando,
e vi que alguns me olham.
— Boa noite a todos, meu nome, Bruno Baptista, o dono disto tudo que vem a volta, mas pelo
jeito atrasou a seleção e gostaria de todos no auditório ao lado, em 10 minutos.
Eu comecei a sair, pego as fichas e vou a entrada ao lado e as pessoas começam a me seguir.
Um rapaz me olha e fala.
— Não está ficando tarde a seleção?
Eu chego ao palco e sento, e fiz sinal para as pessoas sentarem, tinham pessoas para varias
funções, e o rapaz falou que ninguém servia.
— Novamente Boa noite, desculpa a hora, mas o bar ao lado, vai funcionar das 5 da tarde a meia
noite e meia, de quarta a domingo, então primeiro ponto, todos tem disponibilidade para este horário?
Uma senhora levanta o braço e pergunta.
— Mesmo a limpeza vai ser neste horário?
— Sim, esta parte, que terá dois teatros, não está pronto ainda, mas também vai contratar, mas
estes é para o mês que vem, já vamos aproveitando e pré selecionando para isto, mas no bar, entram as
5 e sai a uma da manha, então priorizamos quem tem como chegar e voltar para casa com segurança,
pois vamos até tarde.
Vi duas senhoras saindo ao fundo.
— Vamos fazer de uma forma rápida, separar em 4 grupos, os para vaga de segurança, as ultimas
cadeiras, copeiras, auxiliar de cozinha e zeladoras, nas cadeiras da frente, e cozinheiros, ao palco.
O rapaz chega e fala.
— Não ia os dispensar?
— Não foi ainda?
— Não vai acertar meu dia?
— Isto se acerta amanha, assim que chegar no trabalho rapaz.
— Mas...
— A sua empresa já foi paga para esta seleção.
Eu olhei os currículos dos cozinheiros, e vi um rapaz chegando, e falei.
— Deve ser Paulo Lima.
— E você?
— Bruno Baptista.
— Pelo jeito cheguei na hora da seleção.
Olhei os demais e perguntei.
— Empregado ou disposto a assumir um restaurante a partir de amanha senhor Paulo?
— Pelo jeito fui bem indicado.
— Não é questão de ser bem indicado, mas as pessoas que lhe indicaram, são especiais.
— Certo, e o que temos aqui?
— Ao lado, um bar, lanchonete, que tem shows de comedia e de musica, que vai inaugurar na
sexta feira, e não temos o pessoal ainda.
Paulo olha os cozinheiros e fala.
162
— Já definiram o cardápio?
— Variado. – Falo pegando um cardápio e alcançando para ele, ali tinha um esboço do que eu
queria, entradas, pratos separados, bebidas, e combos, onde tinham conjunto de coisas que forrariam
uma mesa, de comida, uma vez escolhido.
Paulo olha para o conjunto de coisas e fala.
— Priorizando mesas, mas existe a chance de se pedir, metade de cada porção, ou mesmo o
conjunto de 4 combos, em porção de uma.
— Temos até sexta para verificar o que achamos possível, e se não der certo, mudar.
— E começamos na sexta?
— Sim, mas como não funcionaremos na segunda e terça, somos um bar que funciona de quarta a
domingo, teremos os três primeiros dias e depois, temos de sentar e ajustar o que se mantem e o que
se muda.
Vi que ele foi selecionar os cozinheiros, eu selecionei os seguranças, e as moças da limpeza,
selecionei as mais próximas, sei que não tinha nada contra as demais, mas deixar alguém que mora na
zona norte, esperando ônibus para voltar para casa de madrugada, não me parecia o certo.
Estranho o rapaz não ter gostado de ninguém, e as pessoas preencherem 80% das vagas que
precisava, os que fui selecionando, pedi para retornar, na quarta feira, para conhecer o local de
trabalho, o que faria, e tirarem as medidas para o uniforme.
Paulo seleciona os cozinheiros, alguém sempre é eliminado, e me propõem mais duas pessoas,
que eram de sua confiança, para integrar a cozinha.
Estava terminando a seleção, quando 3 rapazes, que faziam acústico, com seus violões em bares
da cidade, chegam, apresento o local e pergunto se poderiam tocar ali de quarta a domingo, o cache era
diário, dependendo do movimento, pois era o dividir do cover artístico entre eles, expliquei que sexta,
sábado e domingo, tínhamos outras atrações, que dividiam o mesmo cover artístico, mas que ajudava a
encher a casa.
Apresentei os três palcos, e eles se inteiraram, e confirmei com eles quando cada um tocaria e
quando cada um ficaria a esperar o outro tocar.
Começava a fechar a ideia, era próximo das 10 da noite, quando um grupo de comediantes, de
comédia em pé, chegam ao local, apresentei a ideia, e se tinham interesse, estávamos tentando criar um
espaço onde ele pudesse vir e testar as piadas, e tirar um pequeno cache se tivesse publico.
Estranho como começava a ter atração de quarta a domingo, eles falaram que poderiam se
revezar, então o grupo, composto por 10 amigos, se propõem a dois shows por dia, era uma forma de
por o local no mapa, eles estavam conhecendo o local, quando Moiza chega com minha mãe, ela nos
apresenta e depois apresentamos o palco, e a ideia, se eles queriam fazer parte.
Estranho que estávamos somando estruturas dentro de um bar simples, e quando próximo da
meia noite, eu passo a João o cronograma das próximas 2 semanas, ele me retorna, pensei que ele iria
retornar no dia seguinte.
Ele se propõem a por o pessoal dele para filmar e documentar os espaços, e quando estou indo
para casa com minha mãe, vejo a primeira propaganda, feita por um dos personagem do Canal O
Espelho, na internet, chamando as pessoas para a inauguração na Sexta, que começávamos agitando a
região, e que teríamos show de rock, comedia em pé e bandas consagradas, para começar com o pé
direito.
O tomar um banho e cair na cama, termina um dia interminável.

163
Acordo terça com aquela sensação de cansaço, teria de pegar mais leve
comigo mesmo.
Eu olho o que teria de fazer, e cedo, sentado com minha mãe ao café da
manhã, estava explicando para minha mãe que a semana iria ser corrida,
quando o celular tocou, atendi e era a moça da empresa de contratação.
As vezes teria de acostumar os horários que marquei como os de fácil
atendimento, e a moça me pergunta se o relatório de pedir novos candidatos
em todas as funções era real.
Falei que estranhei o atraso da seleção, mas a parte de Zeladoria, Segurança e Cozinha tínhamos
selecionados, ainda precisava os garçons e atendentes.
Minha mãe me olhava quando larguei o telefone.
— Problemas mãe?
— Está mesmo levando a serio isto?
— Espero você lá na sexta, para me ver tocar.
— Posso convidar umas amigas?
— Sim, mas não esquece, lá eu não consigo parar.
— E pelo jeito resolveu mesmo assumir um bar.
— Estou com o teatro atrasado, mas andando, o colégio nem olhei ontem, de tão corrido, e hoje
ainda tenho ensaio da banda.
— Quer algo grande.
— Mãe, cache baixo da banda, da mil reais em uma noite, para cada um, não é muito, mas para
quem ganha salario mínimo, e quase um por dia.
— Certo, você não quer ficar apenas na diversão, mas tem de manter o foco.
— Vou ter de me dedicar muito este ano, pois a grade deste novo colégio não vai chegar perto da
do estadual.
— E mesmo assim quer montar uma banda?
— Mãe, tenho de me manter longe de confusão, e para isto, tenho de estar com o tempo
ocupado.
— E resolveu fazer uma banda.
— Sim.
Sai dali e fui ao colégio, a sala, poucos ainda falavam comigo, as vezes via alguns olhares
atravessados, novo no colégio, não querendo confusão, não conhecendo o pessoal.
Intervalo e pela primeira vez vejo uma das minhas primas, que sabia estudar ali, mas não sei se
ela falaria comigo, eu era o marginal da família, segundo alguns.
Eu estava a olhar o infinito, pensando no dia e ouvi alguém ao lado me falar.
— Conhece a Rose? – Um rapaz.
— Sim. – Sem pretensão.
— Não olha para minha namorada rapaz.
Olhei o rapaz e falei.
— Não me envolvo com primas minhas rapaz, conheço ela, desde as fraudas fedidas. – Falei
encarando o rapaz.
— Dizem que foi expulso de outro colégio.
— Sim, furei um colega de colégio, eles me expulsaram.
O rapaz se afasta e volto aos meus pensamentos, eu estava querendo pensar na aula da tarde,
uma repetição, teria de cuidar para não ir a frente, pois entendi o quanto tinha de manter cada turma
separada, pois eu repetiria o mesmo conteúdo, 4 vezes, até ir ao novo conteúdo, e repetiria 4 vezes
novamente, sequencialmente até o fim do ano.
Estava pensando e perdido em meus pensamentos, pois teria muita coisa a fazer ainda, e não sei,
as vezes parecia que eu não daria conta, esperava que com alguém administrando o Bar, as coisas se
acalmassem.
Besteira, eu controlava ainda os shows, então meio bar ainda eu que tocava.
Começo a pensar no problema de cada pedaço do meu dia. E volto a sala, quando do fim, não sei,
parecia que ali não era meu lugar, as pessoas me olhavam como um invasor, ou eu me sentia um
invasor.
164
As aulas foram normais, estávamos ainda no conteúdo da metade do ano anterior, não estava
gostando do ritmo das coisas ali, e isto parecia que eu estava indiferente, até o professor de Matemática
me olhar, acho que eu olhando o caderno, sempre induzia que não estava prestando atenção, pois só
ouvi.
— Bruno, quanto dá o calculo.
Olhei o professor, o quadro e falei.
— 1.
O professor me olha intrigado e pergunta, para ter certeza que eu não tinha chutado, deveria ser
isto.
— Por quê?
— Base trigonométrica, seno de 90 Graus é 1.
O professor olha a turma, não entendi, mas todos me olhavam, e o professor pergunta.
— Já estudou isto.
— Metade do ano passado.
A turma ainda me olhava, mas o professor se perdeu, ele pensou que não estava prestando
atenção, e olha para a turma e continua naquela ladainha, mas eu não sei, a base todos deveriam saber,
eu queria ensinar isto em inglês, e os alunos querendo aprender menos do que isto em português.
Quando do fim da aula, alguns me olham diferente, mas novamente um restaurante a duas
quadras do colégio e ônibus para o centro, acho que este tempo, fazia eu sair de um mundo para o
outro, dando tempo de respirar e pensar em inglês.
Bárbara me cumprimenta na entrada e fala.
— O pai está assustado.
— Por quê?
— Tá em que mundo Bruno? – A conversa era em inglês, mas ela estava provocando, e realmente,
eu estava vindo do meu mundo para o deles.
Ela abre o canal O Espelho na internet e mostra o comentário do Zezinho, um dos personagens,
falando que teriam a inauguração de um espaço diferente, neste fim de semana, e que viu em primeira
mão, um dos shows, e tinha um trecho de Bárbara cantando “Bárbara” a musica.
— Mesmo com a repercussão não esquece, tem ensaio hoje. – Falei a olhando.
— Certo, pelo jeito quando falou em publicidade era isto que estava falando.
— Sim, os meios modernos são assim, espalham rápido.
Eu entrei para a sala e vi a outra Bárbara, ela parecia conversar com uma menina, quando me
olha.
Todos começam a entrar e começo a primeira aula do dia, sem pensar no problema, mas tento
novamente, mesmo com alguém que fora mais do que uma aluna na sala, mas me desligo do Bruno
pessoa e fico no professor, no mestre introduzindo as pessoas da sala a uma língua.
Eu termino a aula e vejo Bárbara para a minha frente e falar.
— Pensei que era apenas um menino do estadual.
— Me expulsaram de lá, sei que lembra.
— E pelo jeito quer induzir todos a falar em inglês.
— Alguns neste local, porta a dentro, só falam inglês, isto os faz parar para pensar em cada
palavra que falam durante o dia, do mais simples oi, aos assuntos que trocam por ai, isto faz muita
diferença.
— Não passou ontem no curso de teatro.
— Minha aula lá é no começo do dia de hoje, e poucos estão inscritos para ela.
— E sabe porque tem poucos?
— Tem de ter uma base boa de escrita tanto em português como em inglês para uma discussão
de conteúdo teatral de abrangência mundial, palavras de entendimento global.
Me despedi e sai, e fui a sala dos professores, o professor Rick me olha e chega perto.
— Este material me deixa sempre correndo, mas tento lembrar das suas aulas, e tocar elas.
— Eu ainda me acho perdido, eu na ultima aula, das 4 repetidas, tenho de cuida para não passar
direto, pois eu já decorei aquela aula.
— E acha que eles implementam o conteúdo.
— Pede o conteúdo do ano que vem, para Carlos, do segundo ano, e estuda ele, as vezes saber o
caminho que vamos tomar, estabelece a direção do caminho.
165
Segunda aula, e quando no fim da segunda aula, estavam duas Bárbaras a frente, e olha os duas e
falo.
— Estou perdido.
A pequena Bárbara olha a segunda e fala.
— Uma concorrente?
Olho a pequena Bárbara e falo.
— Bárbara, esta é Bárbara.
— Bem disse que tinha três Bárbaras na sua vida.
— Não esquece do nosso ensaio hoje.
— E pelo jeito vai me trair.
— Seu pai não quer nosso namoro.
A pequena Bárbara faz careta e falo.
— A vantagem do inglês é que a outra, não entende nada.
Barbara sorriu e fala se assanhando.
— Meu pai quer ver o ensaio.
— Se é para proibir que seja agora.
Ela sorri e sai e olho Bárbara.
— Não está quebrando uma determinação judicial?
Bárbara me olha e fala.
— Vai me gelar?
— Se vai querer conversar, vamos andando, tenho 8 quadras para caminhar ainda.
— E me esqueceu?
— Me denunciou duas vezes, não fui eu que a afastei.
Começamos a caminhar e ela falou.
— E o que aquela aula de Teatro com Bruno Baptista tem de especial?
— Se matriculou lá?
— Sim, não entendi, aquilo parece um curso de preparação teatral, não de teatro.
— Bem isto, a pessoa não tem noção do que pode se fazer em um teatro e cria, sabendo fica mais
fácil.
— Vai andar rápido?
— Sim, tenho de falar com alguém antes da aula, e depois da aula, então é uma sequencia de
correrias, sem fim.
— E não pensa em mim.
— Não, pensar em você é pensar em ser preso.
— Não mereço isto?
— Acho que seu namorado não gostaria deste papo.
— Guto é gente de bem, até demais.
— As vezes as pessoas entendem depois da merda que a fizeram, mas o que quer Bárbara.
— Saber o que você está aprontando.
— Segundo alguns, agitando a cidade.
— Você não consegue agitar a cidade.
Sorri, também achava que não, mas esta era a provocação, uma caminhada rápida e sem dar
muita bola, era uma forma de esticar as pernas, e quando entrei na Escola de Teatro vi Rita, do teatro da
Federal e olhei a lista de alunos, confirmei com a moça e sorri, ela me olha e fala.
— Viemos entender o que pretende.
— Espero que consiga explicar certo, mas acredito ser um curso essencial a qualquer professor,
mas já chego a sala.
Fui a região dos banheiros e no lugar de ir a ele, passei na região dos materiais, olhei os números,
e confirmei com o rapaz a quantidade, e estranho, sabia que aquilo iria me gerar duas aulas por semana
a dar, mas fora dos 25 normais do curso, tinham outras 30 pessoas que tinham interesse, isto estranhei,
uma turma cheia, e sabia que nem sempre conseguiria usar o espaço, mas pedi para a moça confirmar o
uso da sala do teatro, ao lado, a pequena de 60 pessoas.
Eu atravessei e sai pela região da gráfica ao fundo e olhei o senhor Paulo, que me olha.
— O menino que me colocou nisto, mas pelo jeito é serio que quer agitar, ontem não sabia que
existia este lugar, me perguntam como é o local que vou tocar.
166
— Como foi a seleção dos garçons.
— Não entendi a ideia.
Eu fui ao estoque e peguei uma caixa e falei.
— Este relógio, é para os garçons, um relógio deste, consegue-se ajustar 30 mesas. – Pego um
dispositivo e falo – Isto terá em todas as mesas, um toque e o relógio do garçom toca e ele sabe quem
está chamando.
Paulo me olha e fala.
— Isto sim é um facilitador, eu não sabia como definir as mesas, mas se temos tecnologia, facilita.
— Sim, na mão de cada um deles, um tablet com todo o nosso sistema, com os pratos e os
produtos, então ele marca a mesa e o pedido, automaticamente a cozinha os recebe, e lá que preciso da
organização.
— Algo que use o ambiente e a tecnologia.
— Sim, e vamos ter atendentes para a entrega dos produtos, eles chegam, montam a mesa e
dispõem dos pedidos.
— Carrinho de entrega?
— Sim, não sei se chegou, deveria chega hoje.
— Tem coisas que não sei ainda o que são. – Paulo sendo sincero, e as vezes, as pessoas temiam
tocar onde não lhes é de conhecimento, então chegamos na entrada que dava para fora, para o teatro,
e ali tinham caixas, e tirei um carrinho que tinha as partes baixas as laterais com local para os talheres e
copos, os espaços superiores para os pratos, mas tudo era fechado por um acrílico e falo.
— A ideia, termos 15 destes por andar, não sei se viu o projeto.
— O local é assustador, estou ainda absorvendo.
Peguei o projeto no bolso, estava amassado, sorrio e falo.

— Os pontos laranjas, elevador de cozinha, e os pontos amarelos os locais que vamos ter estes
carrinhos, 5 por ponto, eles são para ajudar a montar as mesas, então na mesa não terá os pratos, eles
vão com os carrinhos ao local, na parte baixa do elevador baixo, tem um armário, e no superior, na
parte alta, onde tem pratos, talheres e copos, a ideia, quando do pedido, se chega e se monta a mesa, e
após isto, se abre a parte superior, e se coloca o pedido.
— Algo a ver se vai funcionar.
— Sim, como falei, por 3 dias, vamos testa no limite, e no fim dos três dias, temos dois para
ajeitar os problemas.
— Certo, e tem 30 destes?
— Foi o que me prometeram, então deve ter, por carrinho cabe pratos, talheres e copos normais
para 10 mesas, então a ideia é ter estrutura para montar 300 mesas, mas temos 170. E tem os pontos
vermelhos, onde estão – Abri uma caixa ao fundo, o carrinho parecia o mesmo, mas era apenas para
recolher os materiais e deixar bem fechado – os pontos vermelhos, teremos mais 25 destes, nos dois
andares, quando for para tirar da mesa, é o que usaremos.
— Tendo estrutura para desmontar 250 mesas.
— Sim, acredito que o sistema de lavagem dos pratos do primeiro andar, da Cozinha baixa,
consegue lavar quase todos os pratos ao mesmo tempo, mas se acharmos preciso, levamos os carrinhos
para lá e lavamos.
167
— Quantos de recolhimento no andar baixo?
— 15!
— Certo, deixar alguém treinado para isto, mas pelo jeito quer uma fabrica de comida.
— Não sei se a cozinha está boa?
— Sim, uma com três pisos e uma com um piso, não sei a ideia?
— Priorizar o andar baixo para os líquidos, e o superior, para os pratos elaborados, mas quando
pensei em uma forma de locomoção, que pode sobreviver a uma moto, é que para mim, ele tem de
sobreviver ao elevador e ao carrinho em meio ao tumultuo.
— Certo, os carrinhos seriam apertados para uma pizza de um metro de raio.
— Sim, mas a ideia de algo grande, é chegar a mesa espalhando o cheiro, pois alguns vem comer,
alguns vem ao show, mas quero poder servir a todos.
— Consumação mínima?
— Mínima mais cover artístico.
— Alguns vão reclamar.
— Sei que podemos ter de mudar isto, mas se proibirem de cobrarmos assim, entrará apenas
pessoas com reserva depois e os shows vão ser repassados nos preços.
— Prefere a sinceridade.
— Sim. Consegue entender os dispositivos e a tecnologia?
— Tenho ainda de terminar a seleção, treinar os atendentes, os garçons e os cozinheiros, pelo
jeito o sistema vai dizer o que fazer.
— Sim, se tiver 10 pedidos que terá fritas, ele vai somar a quantidade de fritas, depois temos de
separar certo.
— Assim com os demais ingredientes?
— Sim, algumas coisas estarão prontas, e como falei para alguns, tudo que sobrar e não ficar na
mesma qualidade para estocar, vamos fazer uma serie de marmitas na segunda feira e distribuir na
praça do atlético para os sem teto, mas não estou falando de sobra de pratos, estou falando de carnes
que não ficariam boas três dias depois, somados a algumas coisas dispondo de um pequeno empurro
social.
— Certo, você pensou pelo jeito neste projeto.
— Sim, hoje vou ensaiar a noite, o show que vamos dar na sexta, dois deles, ensaiados,
preparados, mas é que preciso que esteja bom.
— Algo como o que está na internet?
— Nem olhei ainda, não sei ainda a receptividade da única publicidade que escolhi.
— A região do palco, está tendo procura, e nem sei se precisa reservar algo?
— Vou perguntar ainda, mas acredito que 4 mesas seja suficiente, família é importante.
— Certo, e pelo jeito vai sair correndo.
— Tenho um compromisso no cassarão ao lado.
Sai dali e fui entrando na parte baixa do teatro, na sala menor, e olho a sala quase cheia, não sei
as demais, mas sabe quando você esperava uma sala vazia e estava cheia.
Olho os presentes e começo a verificar quem era quem, uma apresentação formal, e pego o
material, todos tinham um igual.
— Temos como objetivo, neste curso, uma transição entre o português e o inglês, mas vamos
primeiro as base de dicção e escolha das palavras, para uma peça.
Começo pelos exemplos, primeiro em português, e incrível, cai na proposta que sou contra no
ensino do inglês, mas que no teatro, se aplica, o uso da base de 170 palavras para contar uma historia, é
assustador o que se pode criar com 170 palavras, a aula estava animada, mas tenho de me ater que eles
tem outras aulas.
Encerro a aula pedindo que lessem a próxima aula, que tentaríamos criar uma historia, usando 80
palavras, como contar algo, usando 80 palavras.
Encerro a aula e Rita para a minha frente e fala.
— Pensei que seria um curso raso, pelo jeito vai pegar na estrutura de dicção.
— Sim, pensa em você encenar seja em Londres, New York, Paris ou Roma, e o publico entender a
peça.
— Deixar claro que estou gostando, pois é um investimento que pode mudar a forma até que
criamos as nossas peças.
168
— O material vai a cada aula, ficando mais complexo, apenas estamos no primeiro passo, quero
que qualquer dos presentes, possa criar uma peça, pode nunca a encenar, mas já pensou se forem
escritas 55 peças, durante este curso.
— Algo que pode ficar escondido, até alguém encenar, e pelo jeito quer bem isto.
— No final do curso, vamos editar as peças escritas, e deixar registrado, nem que num livro único,
em 55 mãos, e registrado a autoria, pois o registro disto, faz parte do criar.
A aula acaba e saio pela parte do fundo e vou ao bar, onde vejo o terminar do montar da parte do
fundo do cenário que subiria, e ficaria ali, escondido, um dos shows usaria uma gaiola, de onde saem a
cantora e os músicos, nesta gaiola, que lembra uma igreja, tinha objetos de tortura medieval e em cada
objeto um esqueleto.
O cenário do segundo show era um castelo medieval, morcegos e caixões, e uma soma de crânios
que faria o piso, onde não pisamos, mas todos ficariam aos pés de Bárbara, e nem todo lugar seria
visível. Vi o senhor João Roger Junior chegar, com o pessoal da filmagem, e ele me perguntou se poderia
instalar 12 câmeras no palco, para ter a visão de 12 pessoas a volta, eram câmeras 360 graus, então
teríamos o show filmado com toda a definição e em todos os ângulos.
Sorri da ideia, mas estavam filmando o bar e Paulo olha os demais e começa a treinar os garçons,
6 garçons para um sistema daquele, parecia maluquice, mas era usar de tecnologia para dar conta.
Começamos o ensaio da primeira banda, após o pai de Bárbara chegar, foi dado o sinal, as
camadas do cenário desceram, e começamos pela primeira musica, na segunda, tem o abaixar dos
morcegos, que ficam a sobrevoar, a luz e os efeitos quase os fazem voar, a terceira musica, surgem
vultos no castelo, laser fazendo espíritos, holografias correndo e gritando, no tom de órgão tocando, as
musicas foram entrando uma a uma, sem muito intervalo, estávamos ensaiando o show, não apenas a
banda. Terminamos as 13 musicas e fomos ao camarim, trocamos de roupa, e o cenário se ergue, agora
descia a grande gaiola, de onde começava a encenação na fuga da Bárbara, e começamos musica a
musica, efeito a efeito, até o queimar de bruxas no fundo, em uma holografia, deu o clima em uma
musica, e ao fim, agradecemos.
João veio me falar e tirar as memorias enquanto Bárbara foi falar com o pai, mãe e irmã.
— Sabe que por mais que coloque na internet, este é um show único, tem detalhes que as
câmeras não pegam, por mais que se filme, e um é o clima que fica.
— Acha que ficou bom?
— Sim, pelo jeito pensou em um show.
— Deixei todas as minhas ideias em casa, não queria chocar muito desta vez.
— Seria mais radical.
— Como minha mãe falou, não esquece, você vende comida.
O senhor sorriu e fala.
— Mas num teatro seria possível uma interpretação diferente? – Fala o senhor me olhando, sabia
que era possível, mas não queria fazer aquilo muitas vezes, as vezes se ouve alguém falar que fez 150
shows ao ano, e parece muito, mas é shows apenas nos fins de semana, de sexta a domingo, por 365
dias do ano.
Desci para cumprimentar o senhor e ele fala.
— Quando falaram em apresentação estava pensando em musica, não em teatro. – O senhor.
— As musicas de sua filha, nos induzem a uma encenação, o que gera o clima de cada
apresentação.
— E tudo fica oculto ao fundo?
— Sim, ainda falta as luzes ao chão, e parte da iluminação para o palco, mas estamos terminando
de montar enquanto ensaiamos.
Bárbara olhava o pai, ela queria uma posição, ele parecia sorrir por dentro, de deixá-la tensa.
— Eu assino a autorização, pensei que era algo mais básico, mas prepararam um show, mas tem
de estudar filha.
— Sei disto.
Fui verificar os garçons, se eles estavam entendendo o que tinham de fazer, e o atendimento, eles
verificavam os caminhos que eles seguiriam, as mesas que iriam administrar, ninguém sabia ainda onde
daria mais retorno, então era apenas determinar quem faria o que, e o estabelecer que era função deles
oferecer e fazer os pedidos, mas quem os entregava eram os assistentes, e quem limpava as mesas era o
pessoal da limpeza, que cada um tinha uma estrutura, mas que somados, fariam funcionar.
169
Depois fui colocando os carrinhos nas posições, verificando se caberiam naqueles locais, o peso
deles.
Olho a máquina automática de lavagem a água quente e com pressão, olho se estava
funcionando, testo os elevadores das comidas, e vejo se as geladeiras estavam ligadas, confirmo o
telefone e o sistema sem fio liberado em toda área interna.
Estava a verificar quando vi Bárbara parar ao meu lado e falar.
— Meu pai gostou.
— Ele pelo jeito ficou na minha fama.
— Você aos 15 quer montar um local especial na cidade.
— Sim, nem sei se ficou bom, as vezes o correr atrás do que acho ser o problema, e lembro, eu
não entendo nada disto.
Ela sorri e olha em volta.
— Um lugar diferente, mas o teatro interno ao bar tem um bom local para shows.
— Gostou?
— Aquela gaiola é assustadora.
— As vezes é bom as pessoas falarem mal, sei que vão falar.
— E não se preocupa.
— Não, eu temo quem quer esconder que a igreja matou em nome de Deus algumas vezes, pois
no lugar de mudar, querem esconder, sinal que apoiavam nem que lá no fundinho aquilo.
— Meu pai falou que as duas bandas parecem bandas diferentes, estranho como a visão deles, as
vezes não veem mudanças básicas.
— Não esquece, ensaio amanha, descansamos na quinta e sexta é para valer.
— Me perguntaram algo que não sei como responder.
— O que?
— Quanto é nosso show?
— Tem de considerar que isto se divide em três coisas, nosso cache, o valor de transporte nosso e
do cenário, e nossa hospedagem.
— E como você venderia?
— 15 mil de cache, transporte e mais 5 mil de hospedagem.
— O todo daria quanto?
— Uns 22 mil reais quando o show for por perto.
— Certo, para show de uma banda?
— Se quiserem até dá para fazer das duas, mas não levaríamos os dois cenários, tem local que
nem comporta o cenário.
— Então cada local e diferente.
— Sim, mas quem perguntou?
—Meu pai sempre foi quem conseguiu nossas apresentações, e um amigo dele perguntou se
faríamos um show em São Paulo na semana que vem.
— Que dia?
— Sábado a noite.
— E ele perguntou a seu pai quanto e não sabia o que falar?
— Sim, as vezes toco por gostar, mas entendi que tem coisa que é comercial.
— Verifica onde, e vemos se conseguimos, se ele quiser com cenário, teria de ser daqui a duas
semanas, e não seria o cenário total.
— E quanto destes 15 seria meu?
— Se não topar, fala, mas pensei em partes iguais de 3 mil por apresentação.
— Aqui vamos ganhar isto?
— Não, e você que escolhe quando estaremos prontos para nos apresentar, pois aqui é vitrine,
ninguém contrata o que nunca viu.
— Mas pensou em nos pagar?
— Mil por cabeça por noite, mas quando falamos externamente, o ideal, estamos todos
estudando, teria de ser no máximo uma apresentação por fim de semana.
— E acha que eles compram a 22 mil.
— Deixa claro para seu pai, que este é o valor inicial, se der certo, vamos subir um pouco por
show, e locais mais distantes, tem de ser capitais e o transporte vai sair mais caro.
170
— Certo, pelo jeito alguém olhou para nós finalmente, pois meu pai cobrava algo que dava uns
200 por pessoa a cada show.
— Cover dos bons, pois tem banda que recebe 200 para dividir, então a qualidade já estava ai.
— E não acha pouco? Três mil por show.
Pensei, não sabia como responder.
— Depende Bárbara, se fizermos 10 shows ao ano, dá para sobreviver, se fizermos um por fim de
semana, 52 shows ao ano, daria 156 mil ano por cabeça.
— E o que faria nosso preço subir?
— Qualquer das musicas, virar hit.
— E para quanto iria o show?
— Primeiro Hits um zero a mais, no show, mais hits, subir mais 50%.
— Dai teríamos mais shows?
— Não, tenho de estudar, você que escolhe Bárbara.
Ela sorri e fala.
— Meu pai é tão conservador como você.
— Dinheiro sem aprendermos a o economizar, faria a gente precisar do dinheiro no fim da vida, e
não ter formação para algo melhor.
— E vai continuar a me dando gelo.
— Não, mas seu pai está olhando ao fundo.
— Certo, mas temos de conversar a serio sobre esta marcação serrada.
— Estou encrencado.
— Não fala assim.
— Eu não pretendo mudar muito Bárbara, tem de ver se você consegue ter um namorado que
corre o tempo inteiro, e nem estamos fazendo shows fora, que precisaria de um maior acompanhando e
autorização de todos os pais.
— Sempre pensando nos problemas.
— Nas soluções, nada disso é problema.
— O cenário seria este?
— Quero continuar a tocar na Sexta, e vocês que tem de escolher quando parar aqui.
— Porque tocar aqui?
— Testar ano após ano, as musicas que encantariam o mundo.
— E que papeis o seu advogado passou a meu pai?
— O de registro das 22 músicas.
— Não deixa nada passar.
— Penso muito, agora pensa em uma possibilidade estranha.
— Estranha?
— Bárbara fazer sucesso, e ser motivo de pais no país inteiro de escolherem este nome, e termos
milhares de Bárbaras nascendo a partir de hoje no Brasil.
— Acha possível?
— Pode ser maior, mas quando se cria coisas, temos de pensar na responsabilidade de algo assim.
— Certo, nossa critica é por um mundo melhor.
— Sua, pois as letras são suas Bárbara.
— Mas você criou as entradas, as batidas, as divisões da musica, as vezes acho que apenas
modelei o começo.
— Com calma criamos coisas juntos, quem sabe nos próximos anos.
Ela sorriu e me deu um beijo e falou.
— Agora deixa eu ir, para você ficar ai pensando nisto tudo.
Sorri dela se afastar, ela era dois anos mais nova que eu, não sei, as vezes acho que a vida dá
caminhos a seguir, e aquele sorriso, me parece um bom caminho.
Os rapazes saíram junto, e passei em cada canto daquele lugar, e confirmei os pedidos para a
sexta, os pedidos para quinta, e tudo que poderia ser entregue no dia de amanha, eu pedi, existem
coisas que não estragam.
Era próximo da meia noite, quando chego em casa, minha mãe me abraça e pergunta como as
coisas estão, e falo rapidamente com ela, estava pregado.

171
Quarta feira eu chego ao colégio e quando sento a carteira, uma das
meninas da turma pergunta meu nome e se poderíamos estudar matemática
junto.
Concordei, embora não imaginasse quando, talvez para não ser
antipático.
Estranho ver um rapaz entrar pela porta e o chamado do celular era a
abertura de “Bárbara!”, um rapaz entra ao lado e fala.
— Eles vão fazer um show na sexta.
Estranhei, eu não era alguém ligado aquele bairro e vi duas pessoas falarem de um show.
— Dizem que o show é em um local caro.
Voltei a olhar o caderno, como se não prestasse atenção, desliguei o celular como todo inicio de
aula.
Aulas normais, mas a aula de inglês, me deu vontade de sair, nitidamente alguém que não tinha
noção do que estava passando a turma, não sei se ficou evidente minha total indiferença aquilo.
A professora parecia não se preocupar com a turma, aula toda em português, e no fim ela passa
um exercício, o fiz antes mesmo de fechar o caderno e o rapaz ao lado me olha e fala.
— Pelo jeito é um CDF disfarçado aqui, parece saber as matérias já.
Olho ele olhando a professora saindo e falo.
— Sei o básico.
Intervalo e ouço alguém ouvindo a musica ao fundo, não parecia o normal, mas liguei o celular e
tocou 4 mensagens e olhei sem entender, até ler a pergunta de Bárbara.
“E quanto seria um show, depois de um hit?”
“10x” = respondi.
Não sabia o que ela entendeu, ou se leu, mas entro na pagina que criamos a poucos dias, e vi
Barbara chegar a 1 milhões de visualizações e a pagina ter mais de 380 mil seguidores.
Algo estava acontecendo, e não teria tempo para olhar, talvez isto que estivesse acontecendo no
dia anterior, e nem tive tempo de olhar.
A cabeça foi a dados que não tinha, então apenas vi o mesmo rapaz que me ameaçara no dia
anterior chegar ao lado e me falar.
— Desculpa por ontem, não sabia que era primo dela.
Não falei nada e ele perguntou.
— Ela disse que teria de cuidar para não me envolver com o primo marginal dela. Pelo jeito ela te
adora. – O rapaz sorrindo.
— Sei que fui escrachado publicamente por algo que não aconteceu, e não vi uma única linha
depois afirmando a verdade.
— Não entendi.
— Fui acusado de sequestro, e quando a criança apareceu, se provou que eu não tinha nada haver
com o sequestro.
— Criança?
— Uma menina da idade de minha prima.
— Ela não é uma criança.
Sorri, pois lembrei de uma musica, crianças brincam de boneca, não fazem sexo. Lembrando de
Bárbara.
Ouvi mais alguém mostrando uma musica ao fundo, e o rapaz perguntou.
— Conhece esta nova banda, “Bárbara e os Clementes”?
Olhei o rapaz e apenas penso em como responder.
— Está falando daquela banda que tinha outro nome? – Perguntei.
— De que banda? – O rapaz pegando o celular.
— Nymph and Demons!
O rapaz tenta digitar e tive de soletrar e o rapaz olha uma musica, e fala.
— Parece mesmo a mesma moça.
— Menina.
— Esta também não é uma criança.
— Tem 13 anos!
172
— E porquê lembrou desta banda, a ouvia?
— A moça cantando, se chama Bárbara!
— Certo, uma musica cantando o nome da vocalista, não apenas um nome fantasia.
Mas vi o rapaz olhando os vídeos da Nymph and Demons, sorri, pois ele foi falar com outro rapaz.
Eu não via ganho em falar algo ali, mais cedo ou mais tarde, saberiam.
Volto a aula, mais duas e quando saio, começo a caminhar para o restaurante, mais recados,
sento para comer algo, peço o PF, mas desta vez liguei para o senhor, o pai de Bárbara, o aposentado
Juiz Vaz, talvez a pessoa que fez meu advogado seguir aquele caminho.
— Boa tarde, problemas senhor?
— Boa tarde menino, sabe das novidades?
— Não, estava estudando.
— Barbara ontem falou que o preço de um show, seria 15 mil mais custos de hospedagem e
transporte, e hoje, ela falou para esperar a semana para marcar mais alguma coisa, e não entendi.
— Um hit, multiplica o valor por 10 senhor.
— Acha que vende?
— Não sei, mas é como os famosos fazem dinheiro, pois se você marcasse 52 semanas no valor
anterior, daria 780 para dividir entre 5, mas dividir sete mil e oitocentos, é mais do que muitos ganham
na vida, mas o principal, e se vender apenas 7 apresentações no ano, bate o valor anterior.
— Certo, acha que é um hit?
— Não entendi, em 3 dias, mais de um milhão de visualizações, o Youtube me passou uma
mensagem sequencial a outra, não tinha visto, nos 10 mil inscritos, nos 50 mil, nos 100 mil, nos 300 mil,
junto com isto a confirmação de que teríamos os vídeos monetizados, e quando somamos nos 10 vídeos
que temos lá, em duas plataformas, mais de 7 milhões de visualizações, já temos um deposito online do
Youtube de 7 mil dólares.
— Está falando serio.
— Sim, estou sentando para almoçar, e confirmando o colocar da musica “Que nunca mais se
cace as bruxas!”, e se olhar as visualizações, não estou entendendo, não consigo acompanhar senhor,
mas faz 5 minutos que entrou, diz ter 4 mil pessoas visualizando neste instante o vídeo.
— E vai por aos poucos?
— Sim, na saída da aula de inglês, vou colocar uma musica a mais do Nymph and Demons, duas
por dia está em um bom ritmo.
Olho uma mensagem e falo.
— E não sei se autoriza uma entrevista de sua filha.
— Entrevista?
— Conhece o Zezinho, personagem do Espelho?
— O boneco?
— Sim. Ele me passou a pergunta se Bárbara daria uma entrevista para ele.
— Teria como acompanhar?
— Deve, pois terá de ver o conteúdo e assinar a publicação senhor, se autorizar, somente assim
eles publicam.
— E conhece quem é o personagem?
— Jornalista João Roger Junior.
— Certo, pede para ele me ligar.
— Peço. – Passei uma mensagem para o senhor João, explicando quem era o pai da criança e que
ele precisaria ligar para ele e acertar a entrevista.
Olho a TV ao fundo e pergunto se daria para erguer um pouco, e ouço.
“Uma febre parece estar tomando o Brasil, uma banda, bicho do Paraná, de nome “Barbara e os
Clementes”, a banda em dois dias, passa de desconhecida a banda mais tocada no Brasil, dizem que está
uma febre em Macau e Portugal também” Eles começam a entrevistar pessoas a rua, sobre esta musica,
e muitos falavam do vídeo, super produzido, outro falava que o Metaverso o mandou ao canal, e que a
banda era muito boa.
Termino de comer e me mando ao centro, teria o segundo dia de conteúdo, primeiras duas
repetições desta parte.
Estava saindo da rua, quando Carlos estava ao corredor e fala.
— Poderíamos conversar?
173
O tom não foi cordial, entrei na sala esperando bomba e lá estava Bárbara e o pai.
— Boa tarde. – Falei olhando Bárbara, depois estiquei a mão para o senhor.
— Temos de conversar Bruno.
— Problema?
— Pensei que demoraria a chegar neste ponto.
— Que ponto?
— Globo o porta, telefone tocando direto, gente querendo o show completo, e não sei o que
falar.
— É um show caro senhor, para fazer completo, sabe disto, requer cenário, iluminador, pessoal
da técnica, da coxia, dois dias de montagem, mais indicado a teatros do que a palcos ao ar livre.
— E quanto acha que deveria cobrar?
— Falei em 150 mil, para poucos contratarem senhor, e não esquece, mesmo que marcar mais de
um por fim de semana, eu estarei lá apenas aos sábados, tenho de estudar, me formar para ser algo na
vida.
— E não se tentaria a ganhar mais?
— Senhor, nem sempre se acerta, mas uma coisa que vejo, é bandas que são até boas, sumirem,
então o que é show caro agora, pode com o tempo ser a metade do preço, mas acho cedo para pensar
nisto, hoje em dia as coisas são voláteis demais.
— Me assusto com o assedio a minha menina.
— Entendo, sei que entro numa banda, 15 dias depois, ela estoura, e todos olham para mim, mas
a qualidade da banda, estabelece o que ela é senhor.
— Ela falou que você deu ritmo a toda a banda.
— Eles tocavam cover, sabe disto senhor, ela fazia por gostar, e nem demos o primeiro show,
temos de nos centrar, eles não viram o primeiro show, e estão nos pressionando, daqui a pouco, nos
censurando.
— Acha que iriam ditar o que se toca? – Bárbara.
— Tem de entender Bárbara, toda vez que você chama algo a estrutura já existente, é para tirar
abrangência, não para ampliar abrangência.
— E não se preocuparia em ter um substituto na guitarra se marcar mais vezes.
— Senhor, eu não sou o destaque, nas duas apresentações, sou o que ninguém vê o rosto, mas a
banda é da sua filha, o senhor registrou a banda, poderia dizer que ela é sua, mas eu não tenho nada
contra mais shows, fora ser idade de estudar.
— E acha que deveríamos acalmar um pouco? – O senhor.
— Sim, não demos nosso primeiro show ainda, pelo jeito o local vai encher somente por isto, não
é um local que foi feito para mais de 700 pessoas, mas podemos mudar as coisas temporariamente se
vier a dar muita gente.
O que faria?
— Tiraria as cadeiras da frente do palco, abriria o terceiro piso, dispondo um local para as pessoas
assistirem o show de pé a frente do palco.
Previ problemas, e não sabia como contornar, mas queria frear o que pelo jeito, enquanto eu
corria, atravessava o país.
— E recomenda calma?
— Sim, terei de ver como fazer, não quero pessoas que vão lá para tentar um texto novo, de
stand up, serem vaiados, apenas por que não é a banda que eles foram ver.
— Certo, esqueço que a ideia era algo calmo.
— Sim, mas quando terminar aqui, vou lá falar com o administrador.
— Acha que teremos problemas.
— O salão a frente, mesmo que eu tirar todas as mesas e cadeiras, é espaço para não mais de 300
pessoas, talvez tenhamos de fazer um show inicial, ao lado, mas teria de ver a possibilidade.
— Por quê?
— Pois não posso sacrificar um bom local, com uma confusão no primeiro dia, e teremos de
pensar se for o caso, desmarcar o primeiro show.
— Pelo jeito começa a ficar preocupado. – O senhor.
— Senhor, é um local para shows calmos, não para agito de pessoas que querem agarrar a
vocalista, subir no palco, e coisas assim.
174
— Certo, você pensou em algo calmo.
— Sim, não em algo agitado, mesas com copos, facas, garfos, pratos.
— Certo, um confusão acabaria com o local.
— Sim.
Era nítido que Carlos não estava entendendo o assunto, acho que ele pensou em uma reclamação
de um pai, pelo jeito minha fama estava maior que eu ali.
— Sai que horas.
— Aula até as 6.
— Esperamos você, e conversamos, aquele João quer uma entrevista.
— Sim, mas temos de pensar, e talvez improvisar, e não sei, improviso não é minha praia.
— Certo, mas teria um jeito.
— Senhor, temos um teatro encostado e pronto, confirmamos apenas a Nymph and Demons para
o bar, depois dos shows de comedia, e transferimos o Barbara e os Dementes para o teatro, vendemos
ingressos a parte, já que no restaurante, é cover, não se paga um show com cover, mas era para lançar,
não para ser um super show de publico.
— Entendo, e o dono do teatro concordaria?
— Falo com Pedro Rosa e minha mãe.
— E pagaria cache? – O senhor.
— Isto depende do valor do ingresso senhor.
— Certo, estava falando em mil por cabeça, depois falou em show com 5 por cabeça e está
falando em quanto, ou pensando em quanto.
Tive de pensar e falei.
— Perto de oito por cabeça, para o primeiro show.
— Certo, mais que o valor normal, e menor que um show de 150.
— Sim, e seria uma correria até a sexta a noite, um show de 42 mil, pois precisa se pagar o teatro.
— Certo, eles entrariam com pessoal e estrutura.
— Sim, iluminador, som, segurança e bilheteria.
— E pelo jeito acha que agita da mesma forma.
— Pode ter certeza, vai ter vendedor a rua, mas ainda não é um grande publico, e teremos apenas
280 ingressos, se eles reclamarem, por ser improvisado e o cenário já estar montado, podemos
multiplicar o show por 3, mas seria por estarmos na cidade, e não precisarmos viajar para casa, para
assistir uma aula na segunda.
— 42 vezes 3? – O senhor.
— Nem sei se vende tanto. Mas agora tenho de dar uma aula, algo a mais senhor?
— Vou pensando nas perguntas da entrevista.
— Decidimos o que faremos antes da entrevista, para ser o canal de informação oficial, depois
marcamos com a Globo, parece que todos querem narrar isto.
— Nem sei por onde vazou.
— Vamos ser informados disto a vida inteira da banda, não precisamos ter pressa para esta
informação. – Falei, sai da sala e Carlos me olhou.
— Tem uma banda?
— Sou guitarrista da banda da menina, nada de mais, apenas parece que alguém resolveu por em
destaque uma musica, e uma correria se fez, não entendi o problema ainda.
— Pensei que viria reclamação de você.
— Não misturo as coisas senhor.
Fui a sala, e tomei um café, estava agitado e ficaria mais agitado, passei uma mensagem para João
Roger Junior, e fui a sala de aula.
Para quem estava pensando em pegar no material didático naquele dia, olhei para Junior na saída
e falei.
— Hoje não vou conseguir pensar nisto.
— Não entendi a confusão?
— Nem eu.
O pai da menina me deu uma carona, e chegamos ao local e fui falar com o senhor Paulo e
explicar a mudança de cronograma, que entrava na programação.
O senhor olha os pedidos e fala.
175
— E vai deixar isto publico quando?
— Em meia hora.
— Certo, que horas é o show ao lado.
— Às 10 da noite.
— Pelo jeito nem desconfiaram da segunda banda.
— Acho que desconfiaram, mas eles querem ouvir a em português ainda.
— E pelo jeito acha que vai agitar.
— Garantir os recursos do mês no primeiro dia.
— Certo, quer os recursos, mas o agito está grande da mesma forma, e o pessoal começa a entrar
no ritmo.
— Treino e saber onde tem de estar, em caso de problemas, facilita.
— Não entendi a saída dos fundos.
— Vão por uma a frente também, saída de emergência, exigência dos bombeiros.
— Certo, estava no cronograma.
— Sim, eles estavam montando no fundo, a base já esta chumbada no solo, eles vão encaixar e
parafusar, são saídas que estão ali e pretendemos não usar, mas as vezes facilita até o colocar de
algumas coisas em certos lugares, já que era a incerteza destas instalações que me fizeram segurar o
porão e pode ser que tenhamos um espaço a mais, em duas semanas.
— Certo, segurança nunca é demais, e duas saídas de emergência é melhor que uma única porta
de saída.
— Sim, pensa em tirar 700 pessoas por uma porta em um incêndio, diria que daria errado, mesmo
que com treino.
— Certo, e pelo jeito foi pensado em cada detalhe.
— Não, não pensei que alguém colocando um vídeo de uma banda nova, na segunda, repostando
ela na terça, com os vídeos modificados, melhorados, na quarta, tivesse de pensar em cancelar o show
dela, pois as pessoas estão cantando no Brasil inteiro a musica.
— Propaganda gratuita?
— Não é local para um evento festa Paulo, vou trocar uma ideia com o empresário da banda, e
vamos ver o que conseguimos.
— Montou algo especial e vai tirar.
— Não, a parte em inglês está confirmada para cá.
— Certo, tirando os pseudo fãs.
— Sim, não tenho como ter um fãs, que me ignorava na segunda, e hoje quer invadir um local,
para ver um show.
— E vai mudar o prospecto.
— As escadas de segurança, estão sendo instaladas em toda a estrutura, dai teremos a aprovação
definitiva da prefeitura, e dai sim, teremos como resolver.
— Tinha alvará temporário.
— Do teatro ao lado.
— Certo, quer algo que não o parem.
— Sim, pois as vezes, as pessoas nem gostam, e tudo acaba no primeiro dia.
— E não se preocuparia?
— Estou falando da banda, aqui vamos ajeitar.
— Certo, e não quer misturar as coisas.
— Era um local para lançar bandas, mas parece que a primeira o lançamento foi tão bom, que ela
superou a casa.
Paulo sorriu e me apresentou cada pessoa, todo o esquema e depois disto, sentamos no camarim
e olho o senhor que me fala.
— Qual a ideia? – João.
— Tentar mudar a estrutura para o lado, e dar um show no espaço ao lado, mas preparado para
três.
— Não entendi.
— Se for abrindo portas, vendemos as primeiras 280 vagas, não estamos cobrando barato, pois é
poucos lugares, 600 por ingresso inteiro, mas se fechar rápido, abrimos as vendas para um show no
sábado, e se lotar o sábado, um para domingo, a vantagem, o local já vai estar montado.
176
— Então a ideia é tirar a confusão do bar.
— Pensa em alguém querendo antecipar o show, jogar um copo no comediante que está se
apresentando.
— Fecharia a casa.
— Sim, geraria tumultuo generalizado e poderia vir a fechar a casa no primeiro dia de
funcionamento.
— E vai confirmar a banda em inglês para o bar?
— Ela vai tocar ali, mas tira do prospecto.
— Certo, quer uma solução, não um paliativo.
— Sim, vou falar com o Marcelus, se ele não abre a nossa apresentação, e por fim, tentar jogar
estrutura de meia banda da em inglês ao lado também.
— Duas entradas para não dizerem que é muito caro.
— Show é show, tem de impressionar.
— Certo, e pelo jeito, acha que se resolve.
— Quando falo em tirar do prospecto o show, pois se for o caso, antecipamos o Motorocker para
sexta, pois as vezes vamos fazer um bis e perdemos o horário de funcionamento do bar.
— Certo, tentando prever problemas?
— Vou falar com o pai e empresário da moça, e depois vai lá e fala com ela e os rapazes.
— Não quer aparecer?
— Não sou essencial.
Eu chego a região e o senhor me fala.
— Acha que o teatro seria uma saída?
— Estão terminando de instalar hoje, os dois locais de saída lateral, exigidos pela prefeitura, e
mais um frontal, acho que o ponto seria tirar do bar o show.
— Menos riscos?
— Local de shows como este, as coisas vendidas na entrada, são pipoca, salgadinho e
refrigerantes em copo plástico, bem mais seguro senhor.
— Certo, e pelo jeito acredita que o primeiro show vindo para cá, fica mais calmo.
— Às 10 da noite, podemos passar o show em telas no bar ao lado, mas não seria ao vivo ali.
— Certo, teria um atrativo, teria o show, e por fim, acha que vale o show ali da parte em inglês? –
Bárbara.
— Acho que talvez não dê tempo, eu acho que podemos ter 3 shows no local ao lado, mas vamos
falar de um, se encher, vendemos o segundo, e como é no estalo, a pessoa não tem chance de pensar,
ou ela compra ou não compra, pois é para coisa rápida, e pelo que sei, terei de por o pessoal para
segurar a imprensa, pois tem 4 redes de TV querendo documentar, então, não sei ainda o que vai ser
isto.
— Certo, estranho as pessoas no colégio, gente que nunca falava comigo, me cumprimentando, é
sair da sombra para o sol, mas as vezes me assusta isto. – Bárbara.
— E vamos ensaiar daqui a pouco.
— Mas não tem de trocar de local as coisas.
— Falei com uns amigos, eles vão fazer isto amanha pela manha, ajeitar tudo, talvez não fique
tudo no mesmo local, talvez tenhamos de passar o som a tarde de sexta.
— Acha que devo situar que mudamos o local do show?
— Sim, por comodidade dos fãs e admiradores. – Falei serio.
— Pelo jeito não vou dormir. – Barbara.
Acertamos os detalhes, os rapazes ainda passavam meio desapercebido, mas daqui a pouco nem
eu conseguiria passar desapercebido.
A moça e os rapazes veem a van do programa O Espelho parar a frente e o senhor grava a
entrevista, enquanto eu com ajuda de dois rapazes e Paulo, começamos a por as televisões, pois a ideia
era termos sempre alguém nelas, quando o comediante se apresentar, todos verem, quando o cantor 1
estiver tocando, todos verem, dai o segundo, e por fim o show, que na sexta talvez fosse retransmitido
do local ao lado.
Quando terminamos, fomos ao ensaio, finalmente com tudo instalado e pronto, tanto trabalho e
teríamos de mudar de local.

177
O ensaio foi bem animado, as pessoas ao fundo já cantarolavam a musica, e estranho um
streamer dar tanta visualização a uma musica.
Eu no fim do ensaio olho os demais e fala.
— Estão prontos para a confusão?
— Não, mas pelo jeito teremos de encarar.
— E talvez, vendamos o show, 3 por fim de semana, para locais menores, e um para local maior.
— Acha que se consegue algo assim?
— Nosso show ainda não tem tamanho para um local muito aberto.
— Alguns estão achando caro. – Bárbara.
— Estamos selecionando ainda pelo dinheiro, o local só tem 280 lugares.
— Certo, mas espero não ser um fiasco?
— Fiasco com dinheiro no bolso, não me preocupa.
— Estou falando serio Bruno. – Bárbara.
— Mas não estávamos tocando apenas para se divertir? – Respondi.
Lucas sorriu e falou.
— Sim, entrar para se divertir, acho que isto que eles querem nos tirar Bárbara, pois não
mudamos, ensaiamos tão pouco, que a única coisa que eles tem da gente, é o que está lá.
— Mas acha que não devemos mudar? – Bárbara.
— Pequena Barbara – O pequena foi para provocar – tem de entender, estamos no nosso
primeiro prospecto, e o segundo, se todos olharem para nós, vamos lançar com suas letras, e vamos
criar juntos algo.
— Mas não entendi como lançar algo a mais. – Barbara.
— Pensa, eu não conheço, mas consigo o nome de 20 bandas e grupos de Curitiba, e lançamos 20
musicas com parcerias, então não estará no nosso prospecto de show, mas é pegar uma ideia, e jogar ao
mundo, que não somos apenas uma banda, somos uma cidade que canta diferente.
— Nos fazendo ponto de referencia? – Roger.
— Sim, imagina todos falarem mal de você pelas costas, mas não poder falar diretamente, sem
atacar todo mundo musical curitibano.
— Todos pensando no show e está pensando a frente.
— Traz o caderno no Sábado pela manha, vamos conversar sobre quem vai tocar o que.
— Porque sábado?
— Se temos duas bandas que estarão aqui, a volta e tivermos algo que possamos mostrar e falar
em parceria, eles podem dizer sim ou não.
— E não acredita em não?
— Se não tentarmos, como se diz, já teremos o não.
— Mas que musicas.
— Tem de ser algo forte, pois a proposta acho que passa por “Loba” para o Blindagem, e “Terror
Curitibano”, para o Motorocker. – Olhei os demais e terminei a frase – mas precisamos um refrão para
as duas musicas, e precisamos do que vai tornar as duas musicas em especiais.
— Fazer as duas musicas especiais antes de apresentar. – Lucas.
— Sim, não quero dividir 20 musicas, quero cantar em 20 shows, para sentir o poder de algo
assim, de cada grupo de pessoas em Curitiba.
— Algo a crescer como marca? – Marcio.
— Como experiência, pois não sei vocês, mas eu não tenho experiência para encarar tudo que
está se apresentando.
— E pelo jeito vamos trabalhar no fim de semana.
— Quem sabe não recebamos no fim de semana o salario do mês. – Falei para provocar.
— Certo, como falou, com dinheiro no bolso.
— Sim.
O pessoal dispersou e João estava ainda esperando e vi que Paulo estava ao lado.
— Problemas?
— O Espelho quer entrevistar o Gerente e o Idealizador desta ideia aqui. – Paulo olhando João.
— Acha que precisa? Adoro a invisibilidade.
— Não gosta de câmeras?
— Adoro estar filmando. – Falei.
178
— Certo, mas daria uma entrevista? – João.
— Se pudermos fazer uma parceria, quem sabe. – Falei.
— Parceria? – O senhor desconfiado.
— Ter uma vez por mês, uma transmissão ao vivo no teatro ao lado, de um espetáculo “O
Espelho, com o Motorocker”.
— Querendo puxar todos para a confusão?
— Sim, e chamar 3 personagens, você e mais dois, para tocarem uma musica com a banda
“Bárbara e os Clementes”.
— Vai criar algo para isto?
— Vamos, se você topar.
— Pelo jeito não quer deixar ninguém parado.
— Não, e somente quem estiver em locais especiais, vão colher lembranças incríveis.
— Lembranças incríveis?
— Surpresas ainda não negociadas.
O senhor passou as perguntas, entramos na van, o senhor fazia as perguntas com a voz do
personagem, e nos filmava, era uma montagem, mas eu dei a entrevista com a mascara de Demônio dos
Nymph and Demons, explicando que era de menor, e não queria minha imagem vinculada a um bar.
João sorriu, não sei o que ele pensou, mas depois disto, fui para casa, cansado.

179
Quinta feira começa com um café forte, e vi que na escola foi mais
normal, mas se ouvia a musica em vários locais, e não entendia, ainda estava
em crescimento, e vi a mensagem de Vaz, meu advogado, que não teria como
me ausentar do pais, sem permissão, eu tive de entender do que ele estava
falando, mas parecia que um produtor em Macau, estava acenando para um
show da banda. Para quem conhecia apenas a cidade e algumas vizinhas,
começava achar que aquilo poderia ser um ensinamento. Estava com o celular
respondendo quando o mesmo rapaz chega ao lado e fala.
— Sua prima não me dá bola.
— E o que fez para a conquistar? – Respondi.
— Estão lá falando dos rapazes da banda que falou da menina de ontem.
— Sonhar é inerente as pessoas.
— Sonhar?
— Desejos contidos transformados em sonhos, é coisa de adolescente crescendo em todos os
sentidos.
— E porque ela não fala com você?
— Meu tio não aceita a historia de que sou inocente.
— E porque ele não aceita?
— Porque como falei, não sou inocente.
— Certo, e com quem falava?
— Meu advogado, ou mais exatamente, o advogado do ministério público.
— Problemas?
— Ainda não, mas é que para ir ao litoral, preciso de autorização judicial, e posso precisar de
autorização para ir a São Paulo na semana que vem.
— Meu pai é paulistano, eu nasci neste fim de mundo.
O celular toca e vejo o vídeo, e nem me toquei que o rapaz veria, e vi Bárbara falar.
— Tem de conseguir a autorização para viajar Bruno, não entendi o que seu advogado falou.
— Que respondo por um crime, e preciso de uma decisão judicial para viajar, apenas isto.
— Então não depende apenas de você?
— Isto, mas ele consegue, ele apenas falava que talvez tenhamos de tirar passaporte.
— Por quê?
— Macau chamando em Julho.
— Vou acalmar meu pai, ele está tenso com o telefone.
— Nos vemos a tarde.
Desliguei e o rapaz me olhava estranho, ele parecia querer perguntar algo, e fala.
— Conhece a Bárbara, foi o que entendi?
Não sei o que falar, as vezes, deveria ter apenas trocado mensagem, as pessoas não sabem quem
está do outro lado.
— Sim, dou aula de inglês na escola que ela estuda.
— Todos querendo saber quem são os rapazes, e você sabe.
Abro a pasta e passo para ele a mascara que usava e falo me levantando, indo para a sala, não
queria confusão.
— Lógico que sei.
Ele fica me olhando, não sei o que pensou, mas aquele era o prospecto de uma mascara que eu
tinha pelo menos 6 delas. Na saída, vi o rapaz me olhando ao fundo, ele estava com a mascara, não sei o
que ele pensou, mas eu caminhei até o restaurante e vi a entrevista com a banda, eu não estava nela.
Mais pessoas estavam ouvindo a reportagem, e vi Barbara falar que o guitarrista não havia chego
ainda. Como com calma e o rapaz senta a mesa e pergunta.
— Mas o que é isto?
Eu aponto a TV e ele olha o apresentar, uma das pessoas usava uma mascara e ele pergunta.
— E porque da mascara?
— Eu tenho um processo judicial rapaz, as vezes, posso não viajar por isto, então eles podem ter
outro guitarrista quando precisar.
— E não fala nada sobre isto?
180
— Alguém acreditaria?
O rapaz olha em volta e fala.
— Não, alguém da zona norte em uma banda conhecida nacionalmente.
— Não entendi ainda todo este agito.
Eu abro a minha pasta e tiro o notebook, vi que a formatação da musica “Vaca Cherry” estava
pronta e coloco na internet, algo mais descontraída, a mais descontraída das musicas, a única que sei
que somei no conteúdo, e no refrão.
O rapaz me olha e fala.
— Musica nova?
— A mais descontraída de todas, “VacaCherry”.
— Não entendi?
— Uma piadinha com o pessoal do bairro ao lado, Bacacheri!
— E poucos entenderão?
— Sim, até alguém perguntar por que “VacaCherry!”!
— E tua prima não sabe?
— Não, não quero puxa saco, como falei, eu sou apenas um guitarrista de uma banda, que pode
chamar outro a qualquer momento.
— Certo, não quer perder a boquinha e parece mais inteirado do que o normal.
— Sabe quando você vai tocar em um local, e não teria dinheiro para comprar o ingresso.
— 300 é caro, todos tão falando.
— Sim, acabam de abri um show a mais no sábado, pois lotou muito rápido o da sexta.
— Sabe porque do preço?
— Um local que só cabe 280 pessoas, por isto do preço.
— Certo, um local pequeno, gera o preço, mas ouvi você falar em Macau.
— Se me derem autorização de viajem, senão outro irá.
— Pelo jeito o caso é complicado.
— Esfaqueei um filhinho de desembargador, se fosse um pobre, nem estavam investigando.
— Certo, e por isto foi expulso.
Não entrei em detalhes, e ouvi o fim da reportagem, e vi que as pessoas começam a ver o vídeo
no Youtube e o vídeo principal estava em mais de dois milhões e seiscentos mil visualizações.
— Acompanha tudo de longe, mas pelo jeito está dando visualizações ainda.
— Pelo que entendi, terá uma entrevista pôs show com a Globo, mais pessoas vão falar.
— E vai sair correndo.
— Dou aula de inglês para ganhar a vida, tenho de ir.
Me levantei, guardei as coisas e sai dali, me tocando que não sabia o nome do rapaz.
Aulas que tentava manter a concentração sabia que tinha coisa avançando, mas hoje não teria
ensaio no teatro, mas teria aula no curso de teatro, então o dia mesmo calmo, era corrido.
Bárbara, a Carvalho, para a minha frente e pergunta.
— Vai mesmo me dar um gelo.
— Não é questão de gelo Bárbara, você deixou bem claro que estava apenas se divertindo, eu
apenas sou o pobre que não tem como lhe dar o que quer.
— Todos estão olhando a outra Bárbara.
— Sei disto, ela investe em seu futuro com força.
— E pelo jeito não atacou ela ainda.
— Um desembargador é suficiente, por sinal, seu pai apareceu ou o que aconteceu de verdade?
— Não sabemos, alguns falam que ele deve estar em Hons.
Olhei em volta, não pareciam estar por perto, e falo.
— E vai estudar ou vai reprovar na turma? – Perguntei provocando.
— Nos vemos na aula a noite.
Eu fui a sala dos professores, e como a aula era as 8, eu rascunhei uma hora o que pretendia com
a estrutura do terceiro ano daquele curso, começo a dispor das imagens, Junior chega ao lado e viu que
estava fazendo o terceiro e perguntou.
— Sabe que vão cortar parte?
— Poderiam dizer o que não querem, ficaria mais fácil.
— E está colocando o que ai?
181
— Usando pequenos termos jurídicos.
— E pelo jeito já ajeitou o que precisava?
— Deixa eu passar ao Carlos esta parte, e depois ir a correria da noite.
— Dizem por ai que uma das alunas veio reclamar de você?
— Quando?
— Ontem.
— Carlos não me falou nada, mas se for real ele me esfola um pouco daqui a segundos.
Cheguei a sala dele e Bryan estava lá e pergunto se poderia entrar, Bryan sorriu e falou que sim,
apresentei aos dois a parte que tinha feito do terceiro ano e Carlos fala.
— Todos falando da menina de ontem, e estava fazendo o nosso material.
— Carlos, imagina que daqui a pouco, eles vão começar a olhar as criações dela em inglês e
perguntar onde ela estudou.
— Ela canta em inglês?
— Sim, apenas eles absorveram primeiro o som mais leve.
— E o que tem haver com isto? – Bryan.
— Apenas o guitarrista da banda.
Carlos fechou a cara e Bryan sorriu, duas reações contraria, e não sei se isto era positivo. Saio dali
e vou ao curso, entro já na região do teatro, olho para o palco principal e estavam mexendo nele, tinha
gente da Globo ali, instalando equipamentos, e nem sei para que era, começo a aula e começamos por
escolher verbos, palavras e conteúdo, e coloco as 80 palavras num quadro que instalaram ali para isto, e
na outra ponta, eu coloco as mesmas 80 palavras em inglês. Começamos por criar uma historia, rápida,
com 50 linhas, cada um foi ditando um caminho, e no fim, pedi para a moça da ponta, que tinha
anotado tudo, ler a historia.
— Se repararem, fizeram uma historia e sobrou 2 palavras, uma historia com 78 palavras.
Apaguei o quadro e começo pela primeira frase e explico como ficaria em inglês, depois de fazer o
conto inteiro em inglês, as pessoas anotarem, começamos pelo motivo de cada palavra, porque
escolhemos aquelas palavras, e começo a pegar a pronuncia correta primeiro no português e depois no
inglês, estava a terminar o texto em inglês e vi Vaz a porta, ao lado tinha um policial.
Terminei a aula e o promotor entrou falando alto.
— Tem horário para estar em casa rapaz, tem um processo, não é hora de criança estar a rua.
Olhei as câmeras do local, sorri e falei.
— No que posso ajudar senhor?
— Tem de estar em casa as 10 horas todo dia, por determinação que saiu hoje.
— Quem pediu esta determinação senhor Vaz? – Me direcionando ao meu advogado.
— O ministério publico.
— Certo, e qual o problema senhor, eu estar no subsolo de uma casa que me pertence, no Agua
Verde, e dar um curso a pessoas que vem a minha casa? – Falei olhando o senhor aos olhos.
— Isto não está em seu nome.
— Sim, está no nome de minha mãe, mas quem perdeu tempo fazendo isto senhor, não tem
crimes nesta cidade, pois perderam tempo mandando a um juiz, a ordem que já está cumprida. — Eu
olhei a porta o Juiz Vaz, aposentado e falo.
— Tem de explicar para sua filha, que terá de ter um guitarrista alternativo, pois eles podem me
proibir de subir em um palco, pois o show acaba 5 minutos depois das 22 horas.
O promotor olha o Juiz a porta e fala.
— E o que fazia aqui? O que é este local?
— Tá na fachada o que é senhor, além de ser uma residência, simples bem ao fundo, mas não
entendo o porque da violência, polícia, para que isto? – Perguntei.
— Cumprimos ordens.
O juiz aposentado ao fundo olha o senhor e fala.
— Posso ver a determinação, pois o menino tem razão, não existe nada de ilegal aqui, porque o
ministério publico o quer tirar daqui?
— Somente a um responsável posso apresentar.
— Meu advogado a porta. – Falei olhando o senhor que olha o doutor Vaz, ele entrara com ele,
mas queria algo a mais.
— Sua mãe.
182
— Ela deve estar chegando, ela trabalha senhor. Mas doutor Vaz tem uma procuração de
representação minha, qual o problema?
O juiz caminha até o senhor e pega da sua mão a determinação e olha para o policial e fala.
— Fora, não tem nada aqui sobre reforço policial ou coisa assim, poderiam se retirar.
— Não pode intervir senhor Vaz.
— Não estou intervindo, pois não existe nada a intervir, e saiba, tudo que fez está registrado pelo
sistema de câmera do local, não sei a ideia, mas entregou já petição.
O doutor Vaz assina e entrega a copia assinada ao senhor e fala.
— Petição a ser entregue, apenas isto, e todo este escândalo?
O senhor sai, estranhei a posição do pai de Bárbara, mas também não entendia muito de leis.
— Desculpa gerar coisas assim senhor. – Falei olhando o pai de Bárbara.
— Acompanhei apenas parte de seu dia, e estou cansado, e um senhor que deve estar lotado de
café, pois não fez nada o dia inteiro, resolve ser a lei, quando não tem lei a ser cumprida.
— Me preocupo com isto. – Falo.
— Estava ouvindo a aula do lado de fora, estranho alguém dando uma aula de criação, ser parado
por alguém que não saberia dar uma aula assim.
As vezes fico sem jeito, a turma estava saindo, mas vi que Bárbara não foi a aula, sinal que era
reação.
— Sim, mas explica senhor, porque falo em usar uma mascara, eles podem usar a minha pessoa
para falar mal da banda de sua filha.
— E pelo jeito todos pensando em ir a frente, e está pensando em criação teatral.
— Eu gosto de desafiar as pessoas a pensar.
— Tem um segundo hit, que está tomando a internet, e não entendi a musica, mas “VacaCherry”,
tem mais de 500 mil visualizações em um dia. – Fala o senhor.
— Está é uma lenda Curitibana, que havia um criador de vacas na entrada da cidade, e o
administrador francês da época, ficava falando, “Pra lá da Baca Cherry”, gerando o nome do bairro
Bacacheri.
— E usou como refrão de uma musica?
— Tirar do contesto, é um conto que achava doido de sua filha senhor, mas quando se perguntava
onde estava o grande amor, ela falava, tinha outra coisa lá, e ficou engraçado o “Pra lá da VacaCherry!”.
— E quem morava no Bacacheri.
— Eu, quem mais.
O senhor sorriu.
— Esta minha filha escreve uma declaração de amor e você a transforma em musica?
— Ela não falou ser para mim, deixar claro.
— Certo, caderno de meninas, não deveriam ser lidos.
— Aquele caderno vale ouro senhor.
O senhor sorriu e olhei a porta e vi Bárbara.
— Tem de ver o agito do dia.
— Tenho de trabalhar, se ficar olhando, não vai dar certo.
Ela sorri e fala.
— Temos o segundo hit.
— “VacaCherry”. – Falei a olhando.
— Terei de criar algo para o Tingui.
— Ou para o Agua Verde.
Fui ver como as coisas estavam e vi Bárbara me olhar e falar.
— O que quer com aquela “Terror Curitibano!”
Subi no palco e peguei um violão, sentamos no palco, de frente ao local vazio, e falo.
— Colocar uma entrada calma.
Eu dedilhei o violão, e toda a introdução, começo a cantar baixo, mas batendo nas cordas, para
dizer, isto é no mais forte.
— Depois colocamos uma batida forte, estou pensando em algo que faça um barulho em meio a
gritaria, e vamos ao refrão, cantado por todos.
— Algo a que nível?

183
— Graves cantando e você cortar tudo, com o refrão cantado um pouco atrasado, mas muito alto,
pois a batida nesta hora é alta, a guitarra alta, o teclado alto e o baixo dando o tom.
— Gritado?
— Não, forte, e não esquece, você e Marcelus vão gritar o refrão, juntos.
— E como saímos disto?
— Todos cantando e os dois olhando e você puxa a primeira estrofe da musica novamente,
Marcelus vai na segunda e vamos fazer o mesmo no fim da segunda, e encerramos com você cantando a
ultima parte da musica.
Pego o violão e toco o encerrar da musica.
— Acho que fazemos uma dupla incrível Bruno.
— Acho que você dá o caminho, apenas tem de acreditar.
— E vai pensar musica a musica que tem lá?
— Algumas nem tentei tocar ainda para entender.
Eu subi e peguei o trecho da câmera de gravação e olho para ela e falo.
— Pensa em como cantar esta musica.
— Gravando tudo?
— Eu já fiz arranjos incríveis, que no dia seguinte não lembrava, talvez não fossem incríveis, mas
não lembro eles para palpitar. – Ela se levanta, me dá um beijo, me olha aos olhos e fala.
— Sei que tá tentando pular fora, mas tenta ficar.
— Não estou pulando fora, apenas alertando, pode ser que meu passado atrapalhe.
— E pelo jeito não vai aceitar meia musica?
— Às vezes a musica é ruim, e nem vou falar dela, mas pode ser que seja apenas minha forma de
ver a musica.
Ela sai e vi o Doutor Vaz, me olhando.
— Problemas?
— Meu tio começa a o admirar, isso é raro.
— Não respondeu.
— Ele tem um carinho imenso pela mais nova, se cuida.
Acompanhei o fechar do local e Vaz me olha a entrada e falo.
— Lhe deixo em casa.
Chego em casa e minha mãe a entrada, me fez olha para Vaz e perguntar.
— Nos daria uma carona?
Ele apenas sacode a cabeça. Entro e ela vai a cozinha. A cara de poucos amigos, diziam, terei
problemas. — Fala mãe.
— A mãe daquela Bárbara, veio ai e me falou um monte de absurdos, que não admitia o namoro
da filha dela com você.
— Não estamos namorando mãe.
— Sei disto, mas odeio me sentir mal.
— Acha que ficamos bem aqui?
— Pensando em algo?
— Tem uma casa simples, construída acima da estrutura do segundo palco no Agua Verde, casa
simples, 5 peças, dois quartos, banheiro sala e cozinha, mas bem melhor localizado.
— E sua aula?
— Dou um jeito mãe.
Ela não discute, pega o básico e coloca numa bolsa e saímos novamente no sentido da Agua
Verde. Agradeci a Vaz e abracei minha mãe.
— Sabe que lá é nosso.
— Sim, mas se tudo der certo, quero comprar este lugar para viver mãe.
Ela sai para fora, se via os prédios ao longe, estávamos em altura, o topo de um prédio de 10
andares, eles plantaram aquela grama a toda volta, ainda não estava bem verde, mas a toda volta, tinha
um beiral, e a visão era basicamente de toda a volta.
— Um local bom para viver, os demais devem olhar a casinha e pensar, quem mora ali.
Fui para dentro, a casa faltava algumas coisas, que nestas horas reparamos, mas o que seria uma
noite sem um banho.

184
Sexta feira, acordo bem cedo, pego o ônibus e vou para o colégio, alguns
me olham estranho, e olho aquela prima parar a minha frente e falar.
— Para de contar lorota por ai primo.
Não respondi, tinham amigas da prima a volta, apenas peço licença com o
corpo e vou a sala.
A menina que tinha falado em estudarmos Matemática para a minha
carteira e fala.
— Dizem por ai que está mentido para todos.
A olhei serio e perguntei.
— O que contei para você que era mentira?
— Para mim nada, mas os amigos do Peter, estão falando absurdos dele, que parece ter
acreditado em você.
— A pergunta, seu nome é Carla, certo?
— Sim.
— Alguém sabe algo da minha vida neste colégio, além de uma prima que não fala comigo?
— Nem sabia que tinha uma prima no colégio.
— Primeiro ano, Rose Baptista.
— Viram você conversando com Peter, vai negar?
— Não, ele me mandou não olhar para a namorada dele.
— E não explicou?
— Expliquei, mas eles não estão namorando, ela pelo jeito deve estar olhando bem para quem
espalha a fofoca que sou um mentiroso.
— E não se preocupa.
— Me preocupar com coisas bobas, não, eu sou Bruno Baptista, estudante expulso do Colégio
Estadual do Paraná, porque para me defender, o filho de um desembargador ficou ferido, eles preferiam
que o pobre morresse, respondo por esta agressão, isso me preocupa, pois até meu tio preferia isto,
então fora isto, não tenho nenhum outro problema na vida, e se falei algo a alguém, outro não
entendeu, e saiu taxando, será que não é a beleza do que está tachando que está contando?
— E não sabe do que estão falando.
— Carla, deixa a pessoa falar mal.
— Mas não se preocupa.
— A verdade impera, quase sempre.
— E não falou nenhuma mentira?
— Juro que pensei que nem tivessem notado em mim, já estão falando mal de mim, bom sinal.
— Eles estão dizendo que você falou para Peter, que conhece esta Bárbara da banda que está
fazendo sucesso.
— Eu não falei isto para ele, deixar claro.
— E de onde veio esta historia?
— Ela me ligou e ele viu a ligação, não existe a afirmação que eu conheço Bárbara Vaz, ele apenas
viu quando ela me cobrava que teria de ter uma determinação judicial para viajar.
Carla me olha atravessado e fala.
— Conhece ela mesmo?
— Conhecer... acho que não, conversamos, e levei sorte, pois eu dou aula de inglês para uma
turma de iniciantes, bem básica, na Cultura Inglesa, e a menina estuda lá.
— Ele falou que viu você colocando uma musica no Youtube, pelo jeito a historia foi crescendo e
nem sabe dela.
— Digamos, a musica que vai ao ar hoje, é “Calafrio”, saber disto, e estar na minha obrigação,
editar e colocar no ar, não me torna nada além de alguém trabalhando enquanto vocês fofocam.
O rapaz chega a porta e fala alto.
— E dai mentiroso, vai continuar mentindo.
Olhei ele e falei.
— Não sei quem é você rapaz, mas se tudo isto é para impressionar minha prima, alerto, o pai
dela não é calmo, lhe capa e ainda espalha no bairro que o fez.
O rapaz me olha assustado.
185
O professor entrou e falou.
— Pra sua turma Roberval.
O rapaz saiu e o professor me olha e fala.
— Pelo jeito alguém resolveu pegar no pé do novato.
— Duvido, tenho chulé. – Falei serio.
Os rapazes a frente riram e o professor falou.
— Ordem pessoal, vamos a aula.
Aulas normais, e como sempre, ao fim das 3 aulas, fui ao pátio, vi que Peter me olha ao longe, não
sei o que pensar, mas ele chega meio sem saber o que falar.
— Eles não acreditaram.
— Têm de entender Peter, segredos são para ser mantidos.
— Estava perguntando para sua prima e o Roberval começou a tirar sarro e espalhar que
tínhamos um novo mentiroso na turma.
— E...?
— Acho que ele ganha ela agora.
— Deixa de ser bobo Peter.
— Ele é mais bonito, mais forte, mais velho, como ganhar dele.
— Sabe tocar alguma coisa? – A pergunta veio, pois ele estava falando, mas eu não estava
prestando muita atenção.
— Violão, temos uma banda aqui no bairro.
— Então sem discutir, no fim da aula, conversa com os integrantes da sua Banda, e me encontra
neste endereço. – Falo dando o cartão do Bar e ele me olha serio.
— E o que faremos?
— Terão de ensaiar e ver se conseguem tocar, mas é uma ideia, surgiu agora, então se quer
conquistar alguém, esteja lá.
Eu entrei de novo, e Carla me olhava.
— E se conhece a moça, conhece o local da festa.
— Sim, conheço o local, é um teatro.
— Estão cobrando caro.
— Eles cobrando caro, em um dia e meio, venderam os ingressos de 3 shows, é novidade, é hora
de cobrar o preço.
— Certo, e vai a este show.
— Não na plateia.
Carla me olha e fala.
— Mas não é da banda.
— Verdade, eles são quantos?
— 4, certo, vi três deles, mas não pode ser você.
— Não sei explicar o que é verdade, o que é acho, e o que é estar do outro lado da plateia, no
controle de som.
— Muita gente está falando em ir ao local, vai ser um tumultuo na região.
— Ainda bem que não tenho aula lá hoje.
— Aula?
— De teatro.
— Ator?
— Quem sabe um dia, não sou ainda.
Começa a aula novamente e na saída, a mesma coisa, comer algo, mas vi que Peter parou na
minha mesa com outros 4 rapazes, magros e altos, e fala.
— É serio?
— Quem estiver lá saberá.
— Mas...
— Não falei com a banda ainda, não sei o nome da sua banda e o que toca.
— Não temos nome ainda, mas pelo jeito, quer um nome.
— Sim, e não precisa ser complicado. – Falei.
Os rapazes se olham, e um fala.
— Não teria uma sugestão?
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— Eu sempre tenho uma, mas nem sempre são boas.
— Qual? – Peter.
— “Your Sons-in-law”
Peter me olha e pergunta.
— O que significa.
— Seus Genros em português fica estranho, mas em inglês, já é uma pegadinha, pois separados, é
filhos da lei, junto, Son-in-law é genro.
Um dos rapazes me olha e fala.
— Tenho de aprender a pronunciar isto.
Peter sorriu e perguntou.
— Mas temos apenas duas musicas.
— Por isto estejam lá, o mais rápido possível.
— Quer mesmo fazer isto?
— Acabo de pedir uma letra para Bárbara, e teremos a abertura por alguém, três musicas para
abrir é bom.
— Mas que musica?
— Tenho de ir, espero vocês lá.
Saio dali de aplicativo, hoje era o dia que poderia dar tudo errado, ou tudo certo.
Chego ao teatro e vejo Bárbara falando com Marcelus que me olha.
— Não sei se entendi a ideia.
— Convidando vocês a abrirem o show hoje aqui, e se não der tempo, nos cobrir no bar ao lado.
— E esta musica?
Subi ao palco, peguei uma das duas guitarras que tinha ali, e olho o rapaz do som e falo.
— Libera o tele pronto.
— Qual? – O rapaz gritou pelo vidro.
— “Terror Curitibano”.
Ele olha os prospectos e deixo passar quase inteira, e começo um som de guitarra, vi o rapaz ao
lado olhar o tom e começar acompanhar e quando entra na parte da musica, faço sinal para os dois.
— A ideia, uma entrada, a toada é simples, mas batida forte, a bateria vem sobre um carrinho,
então vocês entram, todos vão ver o descer de portas, e por elas surgem os Clementes, e vocês
posicionados, vem a bateria chegar ao canto, eles se posicionam e começam na toada.
Toquei a entrada, sai do ponto que estava e pego a bateria e olho Roger.
— Batida simples, nada de complicado.
Fiz a passagem e ele pareceu entender.
Olho Marcio e falo.
— No fim da primeira volta, vamos precisar de um órgão pesado.
Ele concorda e Lucas fala.
— Mantenho o ritmo?
— Sim, você e o Kremer.
Volto a guitarra e recomeço, os rapazes começam a pegar o jeito e tocamos a musica 3 vezes, e
eles foram ensaiar as demais, verificar os instrumentos. Vi eles ensaiando, e olhei Bárbara.
— O que precisa.
— Apenas uma banda a mais, para tentar tocar algo.
— Sempre se complicando.
Ela me mostra uma letra, as notas estavam ali.
Eu estava com a guitarra, entrei na sala de entrada, e começo a dedilhar a guitarra e quando os
rapazes apareceram, os coloquei para dentro, apresente Bárbara e falei qual era a ideia, eles tocarem as
duas musicas deles, e uma parceria, entre a banda deles e a dela.
Eu passei as notas e a introdução com o rapaz, vi Peter ao microfone, boa voz, musicas horríveis.
Eu perguntei com toda cara de pau se queriam ajuda, dois deles falaram que precisavam.
Eu peguei a primeira letra, Bárbara chega ao lado e o que era uma musica com dez linhas, vai para
22 linhas e um refrão, menos virgem diria eu.
Eles começam a tentar, e quando eles testam a terceira vez, eu e Bárbara apresentamos a versão
da segunda musica deles, estávamos deixando no rock pesado, mas não nas letras idiotas, mas não usei

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este termo, e por fim a musica que era de Bárbara, e os rapazes da banda entenderam, uma musica
tocada em conjunto, com uma banda em ascensão.
Sabia que era pouco, mas era para dar tempo de tudo se encaixar no bar ao lado.
Sabia que as coisas estavam correndo ao lado, e deixei o pessoal ensaiando, e fui falar com Paulo,
que verifica se não faltava nada, primeiro dia, poderia passar algo que esquecemos, e só saberíamos na
hora H.
Fui falar com os 3 comediantes que fariam parte naquele dia, testamos as câmeras, as TVs, o som,
se via o sorriso e a tensão nas feições, abriríamos e poderíamos até ficar vazio por alguns tempo, mas a
ideia, era algo diferenciado.
Bárbara para a minha frente e fala.
— Vai fugir hoje?
— Não sou tão louco, de fugir sempre, mas hoje, sabe a encrenca que estamos.
— Sim, e achou mais gente para dividir o peso.
— Gente para dar o caminho, tem instrumento, coragem mas não em uma boa letra.
— Mais um pouco faz um festival de principiantes. – Lucas ao lado, olhando o agito dos técnicos,
e viram os meninos ir para o palco, eles se inteiraram onde eram os pontos de som.
A nossa banda vê eles começarem, eles tiveram de passar a letra nova duas vezes, eles estavam
tentando se acertar na musica, mas era evidente que eles sabiam tocar, isto era o principal, e no final da
primeira, eles chamam a participação de Barbara e os Dementes, Peter me olha ao fundo com a mascara
e puxo a musica e eles acompanham, e Barbara arrasa naquela letra, Peter no fim estava se ajeitando,
mas saímos do palco e depois eles tocam a terceira musica.
Marcelus para ao meu lado e pergunta.
— Que banda é esta?
— “Your Sons-in-law”.
— Filhos da lei?
— Genros.
— Tocam bem, mas parecem inseguros.
— Sim, eles nem sabiam que iam cantar hoje cedo.
— Os colocou na fogueira?
— Sim.
Eles param e Peter para a minha frente, ele via o pessoal de outras bandas ali e sorri.
— E vai ficar registrado isto?
— Sim, e vai passar no bar ao lado. – Apontei os vidros altos, ele nem entendera que ali era o bar.
— Nem conhecia este espaço.
— Ainda em construção.
— Vai nos pagar?
— Ainda vão querer receber? – Falei sorrindo.
O rapaz ao lado olhou para Peter serio.
— Se nos tirar daqui por um cache eu lhe mato Pedro.
Subi na casa e instalei um chuveiro, eu tomei um banho e coloquei o primeiro uniforme, e quando
desci, Peter me olha e fala.
— Irreconhecível assim.
— Como digo, o segredo dá paz ao grupo.
— E pelo jeito vai agitando até a hora da apresentação.
— Eu sou de menor, eu não poderia entrar no bar ao lado, sem uma permissão de minha mãe, a
tenho, mas não quero gente me pedindo permissão hoje.
— Certo, e vai mascarado. – Ele olha meus pés, o calçado me dava pelo menos 5 centímetros a
mais. Os rapazes foram se vestir e se preparar, Marcelus foi ao carro e trouxe as suas vestes, os demais
fizeram o mesmo, e apresentei um dos camarotes para eles, que começam a se preparar.
Entro no bar ao lado, e as 5 da tarde, abrimos, alguns curiosos, depois foi entrando gente, as 6 o
primeiro rapaz começa a tocar e passava em todas as TVs, vejo que o atendimento estava calmo, mas
permitia estudar a melhor forma de fazer.
Quando chega próximo das oito, a rua a frente começa a encher, olhando pelo vidro, se via o
teatro enchendo, vi o pessoal da Globo, Record, SBT e Band posicionados, todos queriam o registro
desta festa, e foi passado o prospecto do show, oito horas, o rapaz para de tocar e entra a banda ao
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lado ao vivo, alguns que não tinham ingressos, vendo isto, entram no bar e foram se situando, a
primeira musica, e quando na segunda, a banda convida Barbara e os Clementes ao palco, entramos no
palco, e começo a puxar a musica, os que estavam pensando que era apenas esperar fora do teatro a
atração principal, perdem parte da musica, sorri pois talvez a melhor imagem fosse a das nossas
câmeras registrando.
Saímos e ele tocam a terceira musica, 40 minutos, um dos comediantes entra no palco e faz um
monologo de piadas de 40 minutos, e quando eles saem, entra ao vivo o Motorocker e foram tocando,
não sabia se eles estariam mais preparados, mas se via que alguns estavam ali apenas para atrapalhar e
documentar.
Quando Marcelus chama Barbara e os Clementes, pelo menos o rapaz da Band estava preparado,
e vi a energia daquela musica, e quando o pessoal entra no clima, era o fim da apresentação, sai a banda
e um rapaz se apresenta a mais no bar, e nos trocamos, pegamos os instrumentos e tocamos as 13
musicas da Nymph and Demons, eu gostei da apresentação, mas vi que era outra coisa, nosso objetivo
era prender as pessoas no show.
Saímos sobre aplausos, e um mais um, voltamos e voltamos com o Motorocker para cantar
Satan’s Blues, e obvio, até Marcelus viu a diferença de luz e estrutura de palco.
Nos despedimos e fomos nos preparar.
O terceiro comediante entra no palco do bar, e quando ele acaba, as TV todas pararam no palco,
ele fechado e começa a guitarra pesada e começa a abrir a cortina, e começa pelo descer da gaiola, e
como os malfeitores da gaiola, saímos e começamos a cutucar os esqueletos, pegamos os nossos
instrumentos, eu estava com uma guitarra que era uma pá, o órgão entra, o baixo era a estilização de
uma picareta, e a banda tinha um grande sino na parte da armação, Roger começa com o tocar do sino,
e a fumaça toma os três locais, e começa a guitarra, depois o baixo, o órgão entra e Barbara se solta e
começa a primeira musica, fomos musica a musica, era uma peça teatral musical, de uma banda,
quando terminamos, se via os olhos arregalados no publico, e somente quando a primeira chamou um
bis, que os demais se tocaram, era hora de pedir um bis.
Olho Marcelus na sala alta de som, e recuamos começamos a tocar novamente “Genro” e o refrão
era Filhos da Lei, gritado, os rapazes da banda é descida em gaiolas, e uma grande gaiola entra no fundo
com a bateria, duas baterias e muito barulho, e fazemos o primeiro bis, o segundo foi Bárbara e o
terceiro, VacaCherry.
Encerrado, e no bar, as pessoas começam a ver o ir para o palco 1 onde um dos rapazes começa a
tocar novamente.
As pessoas saíram, as repórteres, cada qual com seus apresentadores e com as perguntas a
vocalista, eu estava de mascara ao fundo, sem me identificar, e fiquei ali, quieto até o fim da quarta
entrevista.
Não sabia qual a recepção, mas eu gostei de tocar, depois pela parte externa subimos para a
parte do salão de festa, eu estava com fome, vi minha mãe lá com os pais de Bárbara, e os meninos
viram que estava em um espaço separado, as conversas avançam e evitei olhar os comentários, pois não
teria mais o que fazer naquele dia.
Bárbara me dá um beijo e fala.
— Foi incrível.
— Fazer varias fezes, as vezes tira o incrível.
— Vamos nos dedicar.
— Sim, amanha a banda anterior é Blindagem.
— Pensou na musica? – Bárbara.
— Sim, mas eles não toparam ainda.
— Problemas?
— Não, estamos pagando o cache deles.
Peter ao lado me olha e fala.
— E não vai nos pagar?
— Não falei isto, mas tem de melhorar aquele vocal.
— Sim, vou rever aquilo, ensaiar ao chuveiro, mas quando é o próximo.
— “Amanha!” – Falei eu e Bárbara juntos.
— Mas vai pagar o cache mesmo?
— Mil reais por dia apresentado.
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— E precisa de quantos dias?
— Os três primeiros, depois temos de pensar em musicas, não dá para tocar apenas três musicas.
— O show de vocês, mesmo que não tivesse as musicas seria assistido, vi o silencio ao fim, eles
estavam de queixo caído.
— Tive medo que tivessem dormido. – Falei.
Bárbara sorri e fala.
— E achou eles para tocar quando?
— Pensa em alguém lhe cercado, e o pessoal da Matilha estar desmarcando.
— E apenas resolveu assim? – Peter.
— Não, perguntei se tocava algo, lembra? E você fala que tinha uma banda, por sinal, uma banda
sem nome.
— Uma banda sem nome que agora tem uma musica que destaca o nome.
Pedi uma porção e com um refrigerante, estava relaxando com todos os músculos tensos,
começando a doer.
As pessoas foram indo embora, e minha mãe quando foi se recolher perguntou se iria demorar e
falei que era dia de fechar o caixa e ver como as coisas foram, primeiro dia.
Os rapazes foram revezando nos palcos, até a meia noite, e o local foi fechando, fui ao camarim e
coloquei uma roupa confortável e chego a direção, vi que Paulo estava acertando o ir da louça a
maquina, e quando fechou o caixa, pagamos os garçons, pagãos os músicos e os comediantes, e
finalmente, sabia que teria como fazer.
— Primeiro dia é sempre tenso. – Paulo.
—E como foi, sei que corri para todo lado e não acompanhei nada hoje.
— As pessoas quando viram que teríamos a imagem do show, vieram para as mesas, acho que as
torres de batata fizeram sucesso pela forma que entregamos, chega a mesa inteira com aquela forma
em papel manteiga, quando a tiramos, acho que ficou profissional, a ideia de dois grupos, um para servir
e um para esvaziar as mesas, nos permitiu, depois do fim do show, que atendesse em media, 6,5
pessoas por mesa.
— Não entendi.
— 1216 pessoas pagaram o cover artístico.
— Fez a divisão?
— Paguei o combinado, pode ser que falte outro dia.
— Certo, alguma reclamação?
— Somente referente a programação mudada, mas não tínhamos como fazer diferente.
— Amanha vamos manter o mesmo esquema? – Perguntei.
— Mudando a posição dos seguranças, e do caixa, mas nada que não se resolva rápido.
— Não entendi?
— Uma tentativa de assalto, apenas vamos tirar de tão próximo a porta.
— Certo, alguém constrangido?
— Não, nem reparei direito, o segurança quando chegou perto o rapaz pareceu assustado e saiu.
— Tentar manter a paz, isto é bom.
— Sim, mas temos de repor algumas coisas, e outras sobraram.
— Sobra do que?
— Nada que não possa usar amanha, apenas pensamos em 150 porções de carne e saiu todas.
— Então quais os fortes?
— 150 porções de carne, 98 torres de batata, de algum tipo, 21 porções de iscas, e 34 mega
pizzas.
Parei a pensar e falei.
— Quer dizer que se fechar mais dois dias assim, pago o mês em custos de pessoal.
— Sim, custos e salários.
— Temos agora de manter a qualidade e o interesse.
— Sim, mas vi muita gente preparada para gastar mais, não abusamos e isto nos dá retorno.
— Eu devo ser a contradição neste negocio, eu acho caro, mas sei que tem gente que consegue
gastar isto, fácil.
— Seu provável futuro sogro pagou 300 em uma garrafa de uísque.
— Ele caminha até em casa, não é o problema.
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— Mas é a contradição, enquanto tem gente que vem e come, se diverte, tem gente que se
contem, mas hoje pareciam prontos para gastar.
Nos despedimos, fechamos tudo e subi, os seguranças estavam lá, o alarme estava pronto e olho
minha mãe olhando para a porta, sento e perguntou.
— Problemas?
— Encantou o pai desta criança?
— Eu e ela vamos crescer ainda mãe.
— Como foi o dia?
— As vezes me assusto com certas coisas.
— O que?
— O que se gastou nos dois pontos, teatro e bar, deram quase a mesma coisa no bruto, na base
de 280 pessoas de um lado, me dão quase que a mesma quantidade de dinheiro que 1216 do outro
lado.
— Acha que não deu certo.
— Mãe, depois de tirado todos os custos, deve sobrar 100 mil para a organização dos dois
eventos.
Minha mãe me olha e fala serio.
— Tem de ter os pés no chão, pois as vezes não vendemos todo dia a mesma coisa.
— Sei disto, mas isto me ajuda a pagar por esta casa mãe.
— E vi meu filho escondido atrás de uma guitarra.
— Não quero atrapalhar mais do que minha imagem, associada a uma banda, pode atrapalhar.
— Acha que eles pegariam pesado?
— Acho, e não quero os perturbar com isto.
— E esta banda que apresentou, alguns falaram mal, e não entendi sua ideia.
— Eu pensei em aproximar alguém, para tocar a guitarra no meu lugar, o rapaz tem o mesmo
porte físico que eu.
— Porque disto?
— Ter alguém, se a pessoa quiser fazer de conta que é do bem e apontar a banda e eu, possa ter
alguém ali que possa se passar por mim.
— E largaria fácil assim.
— Com o tempo eles esquecem, mas acho que me dou melhor criando do que fazendo com as
mãos mãe.
— Foi um dia especial, olhei ao fundo as entrevistas, você deu a todos o destaque, e ficou na
mascara.
— Tem muita gente que vai se perguntar quem está ali.
— E com certeza, desperta curiosidade.
— E confirmei algo que acho assustador mãe.
— Assustador?
— Um bar, gera em um dia em margem, o que uma escola de teatro, gera em um mês inteiro de
funcionamento.
— Vai mudar de ideia?
— Não, ai que tá, eu estou criando o produto mãe.
— Não entendi.
— Se surgir um grupo de teatro, espero criar 4 por ano, bons, eles se apresentando um fim de
semana, 4 apresentações, me gera por fim de semana, por teatro, terei dois no terreno, próximo do que
o curso me gera ao mês, por semana, por sala.
— Então a aposta é no produto que esta criando, mesmo que demore um pouco.
— Tenho 15 anos mãe, faço 16 este ano.
— Certo, e acredita que isto poderia lhe gerar um futuro.
— Tem coisa que depende do tempo, e coisas que vão ser estranhas.
— Por quê?
— Vou precisar de autorização de estada em São Paulo no fim de semana que vem.
— Venderam o show.
— Tem gente querendo nós num festival de língua portuguesa em Macau em Junho.
— E o que vai fazer em São Paulo.
191
— Ganhar 30 mil em um fim de semana.
— E aqui?
— Tem administrador para isto mãe.
— Menos retorno, mas com calma, entendo que quer ser alguém filho, mas tem custos altos.
— Sei, por isto não posso dizer não, 3 shows, 10 mil por apresentação, eles estão pedindo ainda
baixo, mas é que estamos em pequenos locais ainda.
— Certo, o impacto, vi pela TV e pareceu assustador.
— Algo bem iluminado, dá um bom visual.
— Mas quer vender quanto?
— Eu preferia uma viagem por fim de semana, mas não se escolhe muito, e se algo me garantir
em um ano, ter onde morar, um negocio e um futuro, não posso apenas deixar passar mãe.
Fomos dormir, foi difícil desligar nesta noite.

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Sábado, acordo e penso nas coisas que queria fazer naquele dia, vou a
cozinha, tinha pouca coisa ainda, mas peguei um pão a duas quadras e volte, fiz
um café e esperei minha mãe com a mesa pronta.
Ela sorri e fala.
— Vai aprontar pelo jeito.
— Não, tem curso de inglês hoje, na federal.
— Você falava mal daquele curso.
— Sei, mas tenho de manter os contatos.
— E como vai ser o dia?
— Quero a uma da tarde, estar testando uma ideia nova.
— E pelo jeito quer algo diferente?
— Tentar.
Saio e vou a universidade, curso de inglês começando as 9 da manha, olho Ivan a frente, ali fui
ouvir, não para dar aula, já fizera a minha parte, mas agora os demais sabiam que sabia falar inglês.
Quando acabou a aula de uma hora, vi que Ivan nem me dirigiu a palavra, estranhei, desci e olhei
em volta, vi Rita saindo da região dos fundos da Reitoria, ao lado do prédio que fora a aula.
— Perdido aqui?
— Pensando sobre o que vou fazer, e quem tenho de induzir ao caminho, e não entendi, Ivan está
bravo comigo?
— Ele falou que você chamaria ele para dar aula no curso no Agua Verde.
— Chamei, ele disse não, se ele queria, não tivesse dito não.
— Todos falam que aquele local está em destaque na cidade.
— Exageram – olhei o celular e terminei – Deixa eu enfrentar os leões agora.
Saio dali, não entendi a cara feia de um, mas se a pessoa não quer falar comigo, problema dela.
Passo no Teatro Guaíra e Vaz estava lá, entregamos a proposta a Rosália e ela sorri.
— Agora um prospecto real.
— Sim, agora com um prospecto capaz de conseguir mais apoios senhora, e não sei como as
coisas estão?
— Dizem que um tal de Bruno Baptista está agitando a cidade.
— Eles nem sabem quem é este. – Falei serio.
Ela me passa o prospecto que baseado no que Vaz falou, o estado havia rodado, dou uma olhada
serio e sorrio.
Saímos dali e entramos no Inter e pedi para falar com o diretor, apresentei a ideia, deixei o
prospecto, passamos em mais 4 cursos de inglês, apresentamos a ideia, e começava a alimentar uma
ideia a mais.
Paro na Cultura Inglesa e apresento a Bryan o convite oficial do Guairinha as escolas de inglês de
Curitiba.
Conversamos rápido e fomos a Delegacia da Infância e Adolescência, referente a petição que
haviam entregue, Vaz viu que o senhor não sabia referente ao que era, e apenas confirmou que não
tinham nada com aquela numeração, Vaz como alguém chato, abriu uma medida de esclarecimento
referente aquele papel.
Ele me deixa na avenida Iguaçu, entro e olho Peter e os rapazes, e vi depois chegar Bárbara.
— Qual a ideia? – Bárbara.
— Trocar uma ideia e engatilhar uma banda a mais.
— Sabe que não tenho tantas anotações.
— Queria ajuda nos meus rascunhos.
Ela sorri e começamos rabisco a rabisco, anotando as notas, as mudanças de letras, ela tinha um
repertorio melhor de colocações, não é apenas fazer uma frase, é fazer de forma a encantar.
Peter e os rapazes estavam ouvindo e participando e Bárbara me olha e fala.
— Só não vale dizer que fui eu que fiz estas sozinha, como fez com as outras.
Peter olhava-me e fala.
— Quer que ensaiemos quantas musicas?
— No mínimo 12.
— Quer pelo jeito nos empresariar.
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— Infelizmente não tenho idade para isto, mas temos pessoas que podem vender nossos shows.
— E pelo jeito quer algo melhor.
— Calma, vamos desenvolver com calma. – Falei.
— E vamos começar pelas musicas. – Caio, o mais alto deles.
— Sim, dai vamos desenvolver o cenário e depois cada iluminação e preparo de cada musica, com
entrada, dinâmica de palco e arranjo. – falei olhando Peter.
— E todos acham que estava mentindo.
— Eles não precisam saber a verdade Peter, você eles vão falar, eu não viram.
— Certo, não quer aparecer.
— Isto. Mas não quer dizer que outros não aparecem.
Começamos a passar em um circulo as musicas, e quando começamos com bateria, eles começam
a entender, era um ritmo, e uma soma de rostos, todos trabalhados, para não ser ninguém real, mas
todas moças bonitas, em uma cortina de fundo, e pedi alguns preparos de carnaval, mais leves, e
começo a por nas cordas, e por as luminárias, eles não estavam entendendo, e começo a por as bombas
de fumaça, os laser, os focos, então já tínhamos um pequeno conjunto de estruturas, para a musica
“Casamento”, para a musica “Genro”, para a musica “Morremos Juntos”, alguma iluminação para a “No
escuro da noite” depois vamos para “Devolve!” e os rapazes começam a entender, cada musica eu
queria um sistema de luz e som diferente, e algum cenário, uma coisa eu aprendi, que fazer uma jaula,
era fácil na cenografia com luz, então no “Prisão”, todos estavam em celas.
Estávamos ali ensaiando quando o pessoal do Faixa Quatro chegam, e param olhando a
apresentação, eles se apresentariam no intervalo entre os rapazes e o Blindagem.
Bárbara foi conversar com eles, ela teria de tomar a frente, a proposta, eles cantarem juntos uma
musica dela, e ela começa a mostrar a musica, enquanto eu olho Peter e falo.
— 8 já é melhor que 3.
Peter sorri e fala.
— Pelo jeito nos quer produzindo musica?
— Um show pensado para cada ano.
Eles começam a ensaiar e chego junto com os rapazes, e vi que eram relutantes a ideia, não
forçaríamos, mas não esperassem que os chamássemos de novo.
Quando o rapaz falou a terceira vez que não era muito do grupo, parcerias e cantar a musica de
outros, então eu intervi e falei.
— Tudo bem Bárbara, mas estão inteirados da ideia?
— Viemos ver, sempre o mesmo caminho, se pagam, quanto, e quanto teríamos de tempo para
nos apresentar.
— Estão cobrando quanto para uma apresentação de uma hora?
— 3 mil.
Sorri por dentro, iria oferecer quatro, mas como não cantaríamos junto, não me preocupei e falo.
— O Pix vai ser passado no minuto final da apresentação.
— Não pagam antes?
— Temos pessoas que receberam e foram embora, nos forçando a ter de tirar coelho da cartola.
— Entendo, mas é seria a proposta.
— Sim, vou os apresentar o palco, os camarins e onde cada instrumento tem de ser conectado,
não sei se tem projeto de luz para a apresentação?
— Sim, mas é simples.
— Então mostramos as instalações e depois apresentam as letras e os esquemas de luz para o
iluminador, ele dispõem o sistema de tele-ponto junto com as luzes.
Apresentamos o local e Bárbara me chama ao canto.
— Pensei que pelo menos conversariam.
— Não forçamos, eles querem estar na foto, mas não no vídeo, cada um pode propor algo assim,
mas entendo eles.
— Entende.
— Imagina cada banda que vamos propor uma parceria, lhe oferecer outra musica de parceria.
— Uma montanha de propostas e musicas.
— Sim, mas o Blindagem está chegando ai, Paulo foi relutante, mas parecem ter estudado uma
introdução para “Loba!”
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Sei que os rapazes ouviram, mas se eles não queriam, o Blindagem tocaria, ter duas musicas,
colocava apenas mais uma musica a ensaiar.
Os rapazes chegaram e fomos ensaiar juntos, e testar a nova musica, os rapazes entram e
ensaiamos juntos, e passei a eles o que eu tinha pensado de entrada, eles modificaram um pouco o que
tinham feito, ficou mais liso, mais dinâmico, a passagem de bateria que pensei, tive de mostrar, eu não
entendia de termos de bateria, eu apenas aprendera a tocar.
O rapaz repassa aquilo e sorri.
— Bom, fica um pouco mais forte e visível a bateria.
Sorri e lógico, testamos o vocal deles com de Bárbara e fizemos um ensaio inteiro para aquela
musica.
Quando os senhores foram se preparar, passamos a musica que passaríamos para o Faixa Quatro,
então ensaiamos, seria para o bis, não tinha além de iluminação para esta musica.
Bárbara olha em volta e fala.
— Não vai parar de criar?
— Eu nem sei se já não parei.
Ela sorri e a tarde voa, quando vejo, já estavam abrindo o bar ao lado, se tinha a intensão de
convidar a outra banda para cantar nas noites, teria de pensar, embora o preço me permitia o fazer.
Sei que novamente, acompanhando de perto um lado, e depois que começou, vi que apenas
Globo e Record mantiveram interesse, pareciam estar criando uma reportagem, eles transformariam
aquilo em 4 minutos.
Quando fizemos a participação já na musica 6, mostrava a diferença, e os rapazes estavam suados
e felizes ao fim, com um bis, que refizeram uma das musicas clássicas deles.
A apresentação para um pouco, e entra nas telas do bar o rapaz do palco 1, a cantar.
Demorou um pouco mais para entrar o Blindagem, e o comediante começa a fazer sua
apresentação. Metade das TVs estavam no comediante, metade no inicio do show do Blindagem,
quando terminou a comedia, todas vão ao show, e na metade final, eles nos chamam, e vi Bárbara
arrasar no vocal, haviam musicas que realmente ficavam lindas na voz dela.
Entramos para fazer o Nymph and Demons, e nos dedicamos, a apresentação ficou mais pesada,
começávamos a ganhar força nas musicas, e nos acordes, chamamos o pessoal do Motorocker para
cantar uma musica, e depois chamamos o pessoal do Blindagem, para cantar Me Provoque Pra Ver, da
extinta A Chave, depois terminamos com as duas ultimas.
No final da apresentação dois bis e entra o Faixa Quatro, reclamando do atraso, eu não liguei,
apenas dispus da estrutura e fomos nos trocar, e eles tocam pesado, sabe quando se ouve bem as notas
tocadas, a bateria bem tocada, mas eu queria algo que fosse mais parceria.
Eles saem e começa a mudar a iluminação, e a gaiola desce com nós já dentro, começamos tudo
de novo, não sei, eu repetiria aquele show milhares de vezes, parecia mais gostoso tocar na segunda vez
que na primeira.
Terminamos, estranho como os números mesmo sendo os mesmos, foi um dia mais gostoso,
menos rendoso, pois pagamos mais um para fazer o show, e no fim, os dois Paulo do Blindagem, falam
que aquele arranjo de “Me provoque para ver” eles tinham gostado.
Da antiga Chave, apenas Paulo Teixeira fez parte dos integrantes do Blindagem. Mas a banda
pareceu gostar.
A reunião ao final, estava ficando clássica, talvez os rapazes do Faixa Quatro merecessem uma
segunda chance, mas eles teriam de pedir, e no começo, nos oferecemos, depois, não vamos insistir
uma segunda vez, para receber um segundo não.
Os números no bar foram um pouco melhores, mas a dinâmica parecia estar funcionando, eu
sabia que as coisas nem sempre seriam tão boas, mas teria de aproveitar agora.
Eu estava sentado, quando Paulo, o gerente do bar, subiu com um rapaz que começara na cidade,
e que eu queria conhecer, que fazia comedia em pé.
Ele nos apresenta e começamos a conversar, Bárbara chega a nós e fala.
— Não sei se toparia a ideia deste maluco ai. – Ela me olhando.
— Sabem que não sou cantor.
— A ideia é esta, ele deve ter visto cada DVD seu, e em cada um deles, pegou uma frase
marcante, e dispôs em uma musica, e a ideia dele, é você falar as suas frases, estar ali, nem sempre você
estaria, mas a ideia, quando você não estiver, fazer a plateia repetir a frase.
195
— Que tipo de frase estão pensando?
Bárbara me olhou e falei.
— Tem de ter contesto na musica, uma das frases, acho que li, “Tenho uma solução pra acabar
com a pedofilia na igreja: Coroinhas Inflável!”, na parte que falamos da idolatria as igrejas, e “ Ayrton
Senna foi um ponto fora da Curva. Mesmo.” No que falamos que idolatramos quem vence.
Vi que o rapaz me olha curioso e fala.
— Começo a me interessar em ouvir esta musica!
Barbara pega um violão e toca ela sem acompanhamento nenhum, pelo jeito ela gostou desta
musica.
— Com todos os arranjos e distorções, com certeza? – Léo.
— Sim, aqui é para entender, os meus silêncios, são frases suas. – Bárbara.
— E querem canta ela quando?
— Amanha.
— E vamos ensaiar quando?
— Não sei que horas pode estar aqui amanha?
— Na pressa?
— Quando se tem uma chance, tenta-se agarrar, e chamamos o Portugal para outra musica, não
sabemos se ele vai conseguir vir.
— Musica?
— Uma fritada em uma musica. Fritando a própria banda.
— Começo a entender a diferença de vocês, vocês estão estourados e querem novidades a mais
agora.
— Tentando, invadindo um mundo que não é nosso. – Falei.
— Ainda falta uma hora para fechar aqui, não querem mostrar a ideia? – Leo olhando para
Bárbara.
Bárbara me olha e olho para os rapazes e falo.
— Uma palhinha de final de noite, para quem ficou até agora.
Descemos, e subimos no palco do bar, ali tinha uma bateria, sobre rodinhas, uma guitarra, baixo e
sempre os microfones ligados, fui o outro palco e peguei uma guitarra a mais e um teclado, colocamos
ali e passei o ritmo para os rapazes e fui ao microfone, colocando a mascara.
— Isto é um ensaio, não se assustem.
Comecei a entrada e alimentei o refrão, que foi a dica de entrada, e Barbara começa a cantar, e o
tele pronto fala quando ele deveria entrar, era falado, não cantado, ele titubeia e começamos tudo de
novo, ele acerta a primeira frase, na terceira, enrosca de novo, a frente do palco, final de noite, começa
a encher de gente, e como estavam quase na hora de fechar, as mesas ali já estavam vazias, pessoas
foram sentando, recomeçamos algumas vezes, na sétima vez pela primeira vez, Bárbara chega ao refrão,
e dai se repetiam as frases, e se cantava após as frases, e no fim o refrão de novo e após a 12 vez eu vi o
rapaz sorrir e falar.
— Só parece fácil.
— Assinaria esta musica com a gente? – Bárbara.
— Entendi a logica, pelo jeito vocês pensaram em coisas assim, mas com certeza isto sim é algo a
cantar em vários shows, e pelo jeito, foram aos mais geral.
— Não queremos a adoração pela banda, queremos os fazer nos ouvir. – Falei.
O pessoal no bar viu que uma musica estava sendo feita, não sei se alguém registrou, mas eu
registrei.
O local terminou de esvaziar e o rapaz saiu, as pessoas saíram e começamos a fechar o local,
começava a ver que o pedido de carne do dia anterior, era o ideal, sempre melhor faltar do que sobrar.
Uma vantagem em morar ali, era o fim de semana, banho e cama.

196
Domingo, vi minha mãe sair, e fui a região do teatro, coloco as coisas no
lugar, estava ajeitando as coisas quando vi Bárbara e os rapazes chegarem,
estávamos basicamente morando ali, e pouco depois o segundo comediante
chegar, e apresentamos a ele a ideia, e depois de mostrar a ideia, ele sorri e
topa fazer parte, e obvio, teríamos participações especiais, em qualquer local
que fossemos, com as piadas mais escrachadas que tivessem.
Ensaiamos as musicas, Leo chegou enquanto isto, e viu o colocar da
musica e o mostrar dela, os dois se cumprimentam e passamos mais 3 vezes a
musica que tínhamos feito na noite anterior, mas para cada uma das musicas, tinha luz, na fritada,
descia pelas cordas cadeira para todos sentarem, e serem fritados, nos intervalos, que não o rapaz
falava, sentávamos, e terminamos com uma fritada ao cantor.
Leo passa a parte dele e no fundo, uma tela grande passando os shows dele, os DVDs, varias
placas de censura, de proibido, de xingamentos, estávamos terminando e o pessoal do Black Maria
chega e lá fomos nós propor a eles a parceria em uma musica, e estes foram receptivos, e ensaiamos a
musica, depois combinamos a sequencia.
Ainda tinha duas emissoras que surgem somente depois de tudo já combinado, e sabíamos que
estávamos apenas gerando interesse pela banda, não apenas nos mostrando como mais uma.
Nos propomos a cantar uma musica com o Black na apresentação deles, e quando eles
perguntavam qual, entrava no fundo alguns cenários, carros pretos, pratas, um fusca azul e um corcel
verde, eu fui falar com a técnica, e testamos o passar dos carros de um lado para outro, como se fossem
e voltassem ao fundo.
Uma cortina com a cidade ao fundo, apenas um cenário, adorava um cenário.
Passamos a musica, com o cenário e a iluminação e vimos que eles gostaram.
O dia parecia estrar voado, pela primeira vez, convidei todos a comer em casa, não reparassem o
local, e quando subimos, minha mães tinha colocado umas mesas para fora, e uma churrasqueira, e
olhando a cidade a volta, demos entrevista e comemos.
Domingo era o dia que começava as coisas mais sedo, a apresentação iria começar as 6, para não
se arrastar muito a noite, o que nos dava tempo de apresentar no bar a noite, e nos divertir um pouco,
antes de encarar mais uma semana.
Bárbara me olha, quando os demais desceram e fala.
— Um lugar que poderíamos fazer um clipe do “A um passo do Céu!”.
Sorri, não era só eu que começava a olhar as oportunidades e as pessoas, como um trampolim, e
obvio, não dava para gravar todo dia uma banda nova, mas estava querendo agitar, e começaríamos
com Nymph and Demons, com participações, tocaria Black Maria, tocaria Your Sons-in-law, depois,
Bárbara e os Clementes, com duas participações especiais no meio do show, e encerramento com todos
que quisessem estar lá cantando “Bárbara”.
A apresentação foi muito boa, não sei a repercussão, mas naquele fim de dia, coloquei “Fritada”,
“Terror Curitibano”, “Loba”, “Genro”, “Me provoque pra Ver!” e “Minha Opinião”, no Youtube,
sentamos ao bar, o Leo fez uma apresentação no bar, depois o Black Maria, e a noite foi agitada ali, mas
o compromisso já feito, agora era curtir a noite.
Deixo Bárbara em casa, e volto, subo, tomo um banho e tento pensar onde estavam os erros,
estava deitado a cama e minha mãe entra pela porta e fala.
— A Globo deu destaque a nova banda, que embora fosse nova, busca na historia da sua cidade a
força para algo estrutural, vi que eles falaram do Portugal, mas ignoraram que Leo estava lá.
— Isso é perda de tempo hoje em dia, a internet mostra que ele estava lá.
— Vai ser difícil dormir filho, você disse que iria entrar para a historia da cidade, e está uma
semana depois de falar, ao fundo na entrevista no Fantástico.
Não falei nada, realmente foi difícil pegar no sono.

197
Acordo assustado, o celular tocava o despertador, me levanto, me visto,
engulo algo na cozinha e ônibus, era uma viagem, o que facilitava no fim do dia,
pesava no inicio dele.
Entrei direto, não apareci no fim de semana, mas estava com sono, e a
cara de sono, estava em muitos rostos, normal da segunda feira, três aulas que
me faziam estudar um pouco mais enquanto o professor falava a frente.
Intervalo, vi que Peter não estava lá, muitos ainda me olhavam
desconfiado, e vi Roberval parar a minha frente.
— Acha que tenho medo de você?
— Lógico que não. Mas me responderia uma coisa?
— Se souber?
— Seu nome completo é Roberval Jose Silva Junior?
— Sabe meu nome completo?
— Sim, seu pai foi quem deu fim na arma quando me deram 3 tiros no Colégio Estadual.
O rapaz me olha e fala.
— Sabe que meu pai é um dos sumidos da cidade.
— Sempre digo, eu posso saber me defender, mas tem gente na cidade, que não se meche, se não
quer se dar mal.
— Falando de quem?
— Pedro Rosa.
— Muitos duvidam daquele menino.
— A pergunta, quem dos que duvidava, ainda não sumiu?
O rapaz me olha e fala.
— Pelo jeito acha saber o que aconteceu?
— Não, apenas suposições de pessoas que gostam de jogar conversa ao vento.
— E seu amigo mentiroso não vem?
— Deve estar curtindo a fama.
— Ele não é famoso.
— Você falou que eu e ele éramos mentirosos, não?
— Sim, disse que conhecia aquela Bárbara.
— Ele e a banda dele tocaram com a Bárbara, no fim de semana, acho que ele não precisa provar
que a conhece.
— Ele o que?
— Pelo jeito não vê TV, como eu.
— Não, tava namorando.
— Eu nem namorada tenho, mas ele estava na entrevista a Globo sobre a Banda, que passou no
Fantástico ontem.
O rapaz foi falar com os amigos ao canto e vi minha prima chegar e me olhar, ela não falava
comigo, não depois do problema com o desembargador.
— Sabe onde está Peter?
— Não, problemas?
— Tirei sarro dele, e ele está em todas as conversas hoje.
— E o que eu tenho haver com isto?
— As vezes as pessoas não sabem quem é o filho da Senhora Jaqueline Baptista, entrevistada no
Fantástico sobre o filho guitarrista.
— Não precisa ser agradável prima, se era um mentiroso na sexta, e ignorado, não preciso virar
famoso na segunda.
— Até meu pai ficou surpreso, ele achou que estavam se escondendo, estão em cadeia nacional.
Não sabia o que falar, e vi Peter chegar, ele deve ter dormido demais, ele chega ao lado e fala.
— Temos problemas?
— O que é uma semana sem problema.
— Não pedi permissão para minha mãe, para estar lá.
— Sem problemas, tem 15?
— 16!
198
— Se aos 16 já pode casas e por filhos no mundo, temos como defender sua estada lá. – Falei e
passei um aviso para Vaz, por telefone, nem sabia se ele já sabia, mas vinha bomba.
— Minha mãe falou que vai entrar contra a Globo.
Olhei ele serio e falei.
— Vai deixar sua mãe acabar com sua banda na primeira chance?
— Mas...
— Coloca ela na parede Pedro – Fui ao nome real dele – pois se ela brigar com a Globo, o filho,
nunca vai decolar fazendo aquilo.
— E se ela não quiser que faça aquilo.
— Que pague um colégio melhor, que você possa ser algo na vida, pois com este nível de
educação deste colégio, fica difícil, fica naquela letra inicial.
— Certo, eu falo com ela antes de tudo.
— E não esquece, você não foi forçado a nada, você tem 16 e por vontade própria, pode estar lá,
pode tocar lá, sem a autorização dela, ela pode acabar com sua carreira e ainda perder dinheiro com
algum advogado que só quer uma chance de ficar famoso.
— Agora entendo porque você anda com advogado por ai.
— Coloca sua mãe na parede e curte a fama, ela não dura muito Peter.
Vi minha prima olhar para ele e falar.
— E não falou nada?
— Quem iria tocar era a Matilha, mas seu primo precisava de alguém para abrir e não sei a ideia
dele, mas acabamos lá.
— Ele diz que não quer a fama.
— Ele fala isto, mas fala de igual para igual com gente de dinheiro Rose, e não conta para as
demais, este dai é terrível.
— Terrível? – Rose.
— Ele está namorando a Bárbara, não apenas a conhece, mas isto ele não fala por ai.
Olhei Peter e falei.
— Agora sei por que cerca as pessoas, é o fofoqueiro da escola. – Sorri e me levantei, voltando a
sala.
Sento a sala, vejo as matérias do dia, e me desligo do mundo, olho o professor entrar e começar
mais duas aulas, na saída, nem parei muito, tinha de ir ao centro, então a minha forma se correr, de
comer e ir ao centro, não dava espaço a muita coisa, obvio que as vezes esperava a bomba, mas não
estava preocupado com fofoca, teria de dar aula hoje, e isto que me garantia recursos, não a fofoca.
Quando chego a Cultura, o senhor Bryan estava na recepção e me olha serio, mas não carrancudo.
— Vamos conversar rapaz.
— Problemas?
Entramos na sala dele e o senhor falou.
— Mais uma semana agitada, pelo jeito.
— A minha acalma, mas vou desmontar hoje a noite um cenário que deve ir a São Paulo, e tenho
de escrever o esquema de montagem, para que não destruam o material.
— E o nosso material.
— Está andado, vocês tem de decidir o que do segundo ano vai ficar, para que não continuemos
algo que não vai ser necessário.
— Tivemos de reduzir um pouco, mas acredito que mesmo assim seja um conteúdo diferenciado,
para nos manter no mercado.
— Deixar claro que eu não entendo de empresas, fiz o que me propus, para ser analisado.
— Certo, e como estão as aulas?
— Eu estar gostando, não quer dizer grande coisa, mas pretendo entregar uma turma pronta para
o novo conteúdo, no fim do ano.
— Todos falavam para Carlos que você ficaria visível no fim de semana, e acompanhei algumas
coisas de perto e não vi você em destaque em local algum.
— Acho que estão dispondo tempo para tentar achar alguém que não quer aparecer.
— Sabe que temos pessoas pedindo mudança para as turmas de terça e quinta por Bárbara Vaz
estudar aqui.
— Ela deve odiar isto.
199
— E acha que ela se mantem na escola.
— Se não a tirarem do rumo, sim.
— Certo, ela é das mais dedicadas em fala e escrita.
— Pensa em alguém que tem duas bandas, e todos estão olhando apenas a que fala português.
— Já tinha falado disto, mas então o material está andando.
— Sim, o material está andando.
Estava quase na hora da aula, quando vi o recado de Vaz, que a mãe de Peter, tinha tirado a
acusação, espero que tenha sido o que pensei, e não adiantava tentar adivinhar, três horas depois, duas
aulas dada, eu olho para Junior na sala dele e pergunto se posso usar a maquina, eu começo a pensar
nos testos do que iria ao novo material, e separei em 4 evoluções, uma eu nomeei como volume 3, e o
ultimo como volume 6, eu estava pensando nos prospectos e vi Carlos entrar e me ver ali, não sei o que
ele pensou, mas me olha.
— Acha que podemos usar o material até que ano no ano que vem?
— Acho que é gradual, não adianta passar sobre os demais como um rolo compressor, teria de
preparar os professores a avançarem, pois até o ultimo dia do semestre, devemos estar com os outros 4
conteúdos prontos.
— 6 Meses para um ajuste?
— Primeiro vocês tem de olhar e decidir o que vão tirar, eu já excluir as partes que vinham das
partes cortadas, e isto reduz muito pouco o conteúdo.
— E está fazendo qual?
— A sequencia, o que do três gera no 4, 5 e 6!
— E pelo jeito quando o 3 ficar pronto terá o caminho dos demais.
— Sim, boa parte do conteúdo já está lá, pois não reduzimos o conteúdo, somamos no anterior.
— E pelo jeito está pensando nisto.
— Sim, achava que teria de fazer força a noite, e os rapazes já embalaram o que precisava e já
despacharam para São Paulo.
— O que vai fazer lá?
— Tenho de falar com algumas pessoas ainda, mas a ideia, 3 shows.
— Porque investe nisto? – Junior.
— A resposta é simples, me gera por fim de semana, o salario que ganho aqui em quase 6 meses,
dois fim de semana, se aproximam do que ganho em um ano dando aulas.
Bryan me olha e fala.
— E pelo jeito vai tentar ganhar mais?
— Eu querer e ganhar mais, é diferente.
— Certo, mas como alguém que não aparece, pode ganhar mais que os demais? – Junior.
— Não ganho mais que os demais.
— Está dizendo que a menina da tarde de amanha está ganhando isto também?
— A diferença é que ela já tem uma estrutura familiar, pai antigo juiz, aposentado, mãe, antiga
professora de direito, se eu ganhar o mesmo, eu ainda tenho de estruturar minha vida, então eu tenho
gastos, ela, entra bruto o dinheiro.
— Certo, e acha que este caminho que esta tocando nos conteúdos, nos diferenciam dos demais?
— Senhor, a diferença, é que pela primeira vez um curso de inglês, terá um conteúdo feito dentro
do país para ensinar brasileiros, e não aquela base de 80 palavras que contam quase tudo que existe.
— E pelo jeito acha que eles evoluem.
— Eles vão ter mais conteúdo, se você está no topo, tende a estar em um ponto mais alto.
— E daqui a pouco sai correndo?
— Sim, e daqui a pouco, saio correndo.
— Não entendo porque se dedica a isto, e não parece pressionar pelo receber disto. – Bryan.
— O que para mim, é aprendizado, não vejo motivo para cobrar, embora sei que meu nome vai
acabar no verso, não sou o autor das coisas, e sim, o dispor numa forma que acho mais fácil de absorver.
— Tem evoluído em todos os sentidos, e parece querer ainda cantar por ai.
Sorri, não sabia ainda onde acabaria todas aquelas ideias.
Era próximo das 19 horas, quando caminhei até a Avenida Iguaçu, segunda o bar não abria, então
aproveitei e conversei com os rapazes que estavam dando aula.
Vi o pessoal sair no sentido da praça, mas pretendia ensaiar naquele dia.
200
As oito e meia, no teatro, ensaiamos algumas musicas que eram de um texto em inglês, era para
provocar, mas eu olho Bárbara e apenas pergunto uma vez.
— Quer mesmo cantar esta musica?
— Sim.
Lucas me olha e fala.
— Não entendo esta musica.
Não discuti, eu não discutia certos assuntos, mas a musica em Inglês se chamava “Abrahadabra”,
e começo com a entrada, com os cantos, e com a batida forte, faço a introdução do teclado, antes de
cada refrão.
Bárbara me olha e pergunta.
— Teme isto?
— Não sou um crente Bárbara.
— Certo, eu enfrento, eu reduzi a isto, mas poucos vão entender.
Começamos a tocar e a tradução aproximada da musica, se fosse em português seria esta:
“Abrahadabra
Eu sou um Deus de Guerra e de Vingança
Adubai isto por todos os lados com maquinaria de guerra.

Malditos eles! Malditos eles! Malditos eles!

Para perfume misture farinha, mel e espessas sobras de vinho tinto: então óleo de Abramelin e
óleo de oliva, e mais tarde amoleça e modere com rico sangue fresco.

Malditos eles! Malditos eles! Malditos eles!

Então o profeta disse ao Deus.


Eu te adoro na canção,
Por mim desvele o velado céu,
Unidade máxima manifestada!
Supremo e terrível Deus,
Que fazes os deuses e a morte
Tremerem diante de Ti
Eu, eu te adoro!

Malditos eles! Malditos eles! Malditos eles!

O tolo lê este Livro da Lei e não o entende.


Salve! Vós guerreiros gêmeos dos pilares do mundo!
Pois vossa hora esta quase à mão.
O fim das palavras é a Palavra Abrahadabra”
A musica ficou pesada, fiz a passagem de luz, fizemos a interpretação apenas com luz e laser, eu
sempre acho pesado mexer com algumas coisas, mas Bárbara parecia querer realmente cantar aquela
musica.
Era próximo das 10 da noite, quando gravamos a versão e pouco depois, coloco para compilar e
os rapazes começam a falar sobre a repercussão e Bárbara me olha.
— Pelo jeito leu muita coisa.
— As vezes a curiosidade, nos traz livros.
Ela chega a mim e me beija e fala.
— Ainda não conversamos. – Fala me olhando aos olhos.
— Sim, ainda não conversamos.
— E não tem pressa?
— Está linda, porque alguém especial se envolveria comigo?
— Você é especial Bruno, sabe disto.
— Sei não.
— Você não teme o Deus da Guerra, você o enfrenta, não quero um covarde ao lado Bruno.
201
— Não confunda as coisas. – Falei e a beijei.
Depois de um tempo afastei os lábios e ela falou.
— Eu sei que quer esperar.
— Eu acho que as coisas não precisam de hora para acontecer, mas quando for acontecer, vai
acontecer.
— Certo, mas vi que se escondeu suficiente da imprensa.
— Eles não entenderam, eles cantaram nossa defesa e nossos erros na musica “Fritada” e não
entenderam.
— Aquilo é genial, você cria coisas incríveis Bruno.
A abracei e os rapazes começam a sair, e o senhor veio pegar a filha, e nos despedimos.
Quando terminou a compilação, coloquei a musica “Abrahadabra”, na pagina da Nymph and
Demons.
Tomei um banho e fui dormir.

202
Acordo como todo dia, na correria, teria de ter tempo para tentar mudar
para algo próximo, e não sabia se conseguiria, e enquanto isto, ônibus e
correria.
Minha chegada no colégio, parecia normal, até ver Peter parar a minha
frente.
— Desculpa por ontem, não queria lhe chatear.
— Tem de reter mais as informações Peter.
— Minha mãe recuou, ela entendeu que nunca teria uma nova chance de
tocar entre grandes, tão cedo, mas desculpa por ontem.
Eu não sabia o que falar e vi Roberval chegar perto e falar.
— Estão namorando?
— Tira sarro disto, que vou gostar de gastar seu dinheiro Roberval, pois dai vira discriminação.
O rapaz me olha serio e fala.
— Este pessoal fica espalhando fofoca por ai, não sei como alguém acreditaria que aquela gata da
Bárbara namoraria um qualquer como você. – Ele falou sério.
— Mal gosto. – Falei serio também.
— Vai insistir nesta mentira.
— Não falei nada, você que está espalhando isto por ai, mas quer saber, não me preocupa o que
você acha.
Olhei Peter e perguntei.
— Temos de falar sobre as demais musicas.
— Quer que cheguemos a quantas.
— O ideal é 20, selecionar pelo menos 14 por show.
— De 3 para vinte?
— Sim, pois banda tem de ter pelo menos um show próprio, esta coisa de ficar tocando musica
dos outros, não dá certo.
— E podemos falar sobre isto quando?
— Estarei lá as 8 da noite, tenho trabalho até as sete, até chegar lá deve ser umas oito.
— Tenho de falar com os rapazes e com minha mãe.
— Fala onde vai, ela se preocupa Peter.
— Foi tanto agito que nem sei se dormi no fim de semana, não parece que descansei.
Entrei para aula e não sei, as coisas continuavam normais, e sem pressão, até o intervalo, quando
olho vir criticas de varias partes do mundo, e estranhamente, aquela musica, começava a tocar em
locais que não tenho entradas.
Eu olho no celular onde estavam as entradas e visualizações e me deparo apenas em países de
língua inglesa, e um critico paulistano, que falava em uma nova banda, que se dizia Brasileira, mas
cantava bem em inglês e toda a dinâmica de uma adoração satânica.
Não entendia, mas vi o meu celular tocar e vi que era Bárbara e atendo.
— Fala Bárbara.
— Como está meu namorado.
— Olhando assustado os números.
— Acha que temos de falar algo?
— A musica esta a menos de 12 horas publicada, mais de dois milhões de acessos, e crescendo,
não entendi, mas é como se o segundo canal, em questão de horas, passou o primeiro em visualizações
e seguidores.
— E o que quer fazer?
— Vamos de “The Necronomicon”, você tinha esta musica para o dia de hoje, lembra?
— E pelo jeito estamos nos superando.
— Eles pagam melhor para musicas que tem visualização nos países de língua inglesa, não entendi
os números, mas valamos disto depois, mas sei que tem a letra, apenas pensa em um bom refrão, algo
fora do conteúdo da musica.
— Não entendo como você faz, eu não queria por o Malditos eles!, mas você me convenceu, e
depois, ficou tudo bem encaixado, mas pensou em que tipo de frase?

203
— Duas frases curtas – a conversa estava toda em inglês então alguns me olhavam em volta, e
ouço.
— Quais frases.
— “Ouço Henry em sussurros vindos das Trevas, me assusto com os Gritos de Frank nas
montanhas da Loucura.”
Vi que ela me olha pelo visor como se não entendesse nada, e sorrio.
— É bem para esta reação Bárbara.
— Uma quebra, mas faz sentido?
— Pode ter certeza, eles vão achar ligações.
— E acha que conseguimos o mesmo efeito?
— Não é para ter o mesmo efeito, estávamos colocando musicas lá, uma a uma, estávamos com 5
musicas, e colocamos a sexta ontem, quando uma se fez visível, as demais, começam a chamar atenção,
mas vamos manter o ritmo, daqui a pouco entra a sétima musica, e colocamos a oitava amanha, ou de
madrugada como o fiz esta madrugada.
— Certo, já fizemos até um show com participações e os demais não deram destaque.
— Vê os números da musica com o Léo e a Fritada, as duas estão sendo destaques, apenas
estamos olhando para onde se olha, e o barulho interno está prestes a destacar estas duas musicas.
— Meu pai começa a organizar as coisas, mas temos shows nos próximos 12 fins de semana.
— Meio a meio?
— Custos de instalação deles, e meio a meio.
— Vamos ter de descansar de vez em quando.
— Sempre querendo parar.
— Isto é dois meses vendido, eu não acho ruim ganhar 500, a minha parte, mas é complicado o
todo.
— Certo, o dinheiro é bom, mas temos de viver.
— Sim, talvez tenha de ensaiar alguém para me substituir as vezes.
— Pensando em que? Já quer fugir?
— Não é isto, sabe disto, mas agora tenho de ir para aula. Beijo.
— Beijo, não me traia muito. – Ela falou.
— A pessoa famosa não sou eu.
Ela sorri e desliga.
Olho em volta e Peter me olha e fala.
— Assim não entendemos o que fala.
— Talvez seja uma dica, mas precisamos uma musica nova para vocês, e tive uma ideia, um trecho
de uma poesia, que fiz no ano passado.
— E qual o nome da poesia?
— Celefais!
— E que nome estranho é este?
— É o nome de uma cidade, mas chega lá as oito, para tentarmos uma harmonia para esta
musica.
— Pelo jeito querendo algo profundo?
— Hora de abrir meus escritos malucos.
— Porque pensou nisto?
— Porque o mundo é para quem enfrenta.
— E não vai parar e curtir?
— Tem de considerar que se alguém vender duas bandas, uma abrindo a outra, fica mais fácil de
fazer um show.
— Mas dai vai pagar mais?
— Tem de ter as 20 musicas Peter.
— Certo, está nos forçando ter musicas, mas pelo jeito pensou em algo?
— Já leu Lovecraft?
— Não, já ouvi falar, mas não sou de ler.
— Celefais, é um conto curto de Lovecraft.
— Certo, quem entende disto sabe, e pelo jeito a musica é pesada?
— Eu acho leve, comparado a algumas que tocaremos.
204
— Certo, mas é repertorio, isto que está falando?
— Sim, e como é seu inglês?
— Péssimo.
— Deveria ter escolhido melhor o show de abertura.
— Não teve graça.
— Peter, eu quando pensei em você, é que tem quase a minha postura física, e por muitas vezes,
não vou conseguir estar a guitarra da Bárbara e os Clementes, eu estava pensando em alguém que
pudesse me substituir, pois como falei, as vezes, terei processos, a responder.
— Isto que estava pensando, mas o que tem haver com falar inglês?
— Sabe qual a segunda banda de Bárbara.
— Sei, não consigo falar aquele nome.
— Eu estou na bateria naquela banda.
— Então quando pensou em uma banda de entrada, estava pensando em uma banda que
pudesse lhe substituir nas duas bandas?
— Sim, uma as musicas são todas em inglês, e na outra, o que o falamos a rua.
— E acha que venderia uma segunda banda?
— Quando vendemos o nosso show, estamos vendendo os dois shows, mas precisamos de uma
banda de intervalo, para nos trocarmos.
— Mas poderia ser uma banda local. – Peter.
— Já pulando fora?
— Não falei isto, mas acha que se vende algo assim?
— Para isto, temos de ter uma banda, e se colocarmos 4 musicas baseadas em contos do
Lovecraft no primeiro numero de musicas, podemos chegar a 12 musicas, e começar a tentar avançar
para as 20.
— Certo, quer nos fazer ter diferencial, musicas que tenham um sentido literário, mas alguém
ouve isto?
— Vou propor uma musica para a Bárbara e os Clementes, no mesmo esquema, 4 para vocês, e
uma em dois tons, um em inglês e outra em português, chamada “Nas montanhas da Loucura”.
— E todos falando de sábado, e está pensando em que?
— Em janeiro do ano que vem.
Peter sorriu e ouvi o sinal, e acelerei para a sala de aula.
Eu estava a ouvir a aula e lembrando do poema, e o transformando em musica, escrevendo em
inglês, e a pergunta, será que conseguiria fazer alguém que não fala inglês, cantar uma musica em
inglês?
Desafios sempre me motivam.
A aula estava monótona, mas precisava delas.
Almoço e paro para olhar os números, e Bárbara me passa os prospectos e recebi uma ligação do
pai dela.
— Pode conversar rapaz?
— Sim, problemas?
— Estão querendo um show em Los Angeles, e não entendi, não querem a em português, e sim a
outra.
— Os números da outra começam a crescer senhor.
— E vão fazer o que?
— Temos de gravar algumas musicas, mas eu também estou assustado, mas é bom ver o dinheiro
antes senhor.
— Certo, mas acha que consegue o passaporte?
— Pede o passaporte apenas para a estada no evento que nos contratou, e não sei se eles liberam
a minha ida, mas com certeza, se eu não for, alguém pode me substituir na bateria.
— Certo, você falou que poderia acontecer, mas acha que é uma boa ideia?
— As pessoas nem repararam ainda aqui no Brasil do agito da ultima letra senhor, eu acho
maluquice cantar aquilo, mas é uma adoração ao Deus da Guerra, a junção da letra é da sua filha, mas
quem ouviu parece estar gostando.
— E vão ensaiar hoje?

205
— Uma musica e quero passar o som com o pessoal daquela banda que começou as
apresentações, está na hora de os gravar e por eles no catalogo a vender.
— Certo, não sei se alguém vai gostar disto, mas pelo jeito acredita poder dar um jeito neles.
— Nem que aprendendo, como ensinar alguém a tocar algo que não toco.
— E pelo jeito acredita que a segunda também agita.
— Sim, e não sei a oferta pra estar lá, e temos de ter a confirmação se os passaportes conseguem
ficar prontos a tempo.
— Certo, verificar os vistos.
— No meu caso passaporte mesmo senhor, nunca tive nem a chance de sair do país.
— Certo, verifico isto, sei que tem uma forma de fazer, mas pelo jeito começa a segunda semana
agitada.
— Tenta deixar Julho livre senhor.
— Sabe da viagem a Macau.
— Estava pensando em conseguir com calma o passaporte por este motivo.
— Certo, mas quer um mês depois para descansar.
— Para por os pés no chão.
— E vão ensaiar a noite pelo jeito?
— Sim.
Terminei de comer e me mandei para a Cultura Inglesa e quando entro, vi Bárbara sorrindo a
entrada e me olha, um rapaz a cantava e ela fala em inglês para o rapaz.
— Não sei se conhece Bruno Baptista.
O rapaz me cumprimentou e fala a olhando.
— Sim, o professor dos calouros.
— Meu namorado. – Ela fala.
Ele me olha e fala meio que se impondo.
— Um pé rapado.
Eu iria falar algo e apenas passei para as letras e falo.
— Quero tentar esta letra também. – Ela me olha e olha o rapaz e fala.
— Nos vemos a noite Bruno.
O rapaz continuou ali, e sabia que esta frase poderia me gerar problemas no colégio, mas não
tinha nada haver com aquele local e quando entro na sala de professores, alguns ainda não falavam
comigo e Rick me olha e pergunta como eu daria aquela parte, ele estava tentando, e sentamos e falo.
— Qual o problema Rick?
Ele abre o material e falo.
— As palavras extras ai estão apenas como exercício, como pronuncia, não como caminho, o
caminho é o que segue normal, mas é que estas palavras já tem de ter sido pelo menos citadas, quando
a usarmos mais a frente.
— E os textos, está conseguindo que eles escrevam?
— Eu peço, mas nem sempre as pessoas escrevem, neste grupo tem os que esqueceram e os que
não sabem fazer, é a hora que consigo enxergar onde tenho de dedicar mais tempo.
— Vou pelo jeito ter de assistir uma aula sua de novo.
— É só assistir, acho que a direção não vai achar ruim.
Ele foi falar com o Carlos, e eu fui a sala, e começo mais uma aula, somente na segunda aula do
dia, que Rick ajudou como professor auxiliar.
Eu não era de parar para explicar para ele como faria, eu ia tocando a aula naturalmente.
Fim da aula, vou a sala e começo a passar mais uma sequencia, agora de conversas de um
caminhoneiro nas regiões de entrega, de carga, de portos, as regras de portos, que somente pessoas
com documentos americanos podiam descarregar lá.
Novamente algo que começava no caderno 3 e terminava no caderno 6.
Eu anoto os textos e Junior me olha.
— Você pensa em abrangência e em conjugações verbais, em meio a conversar e regras novas.
Terminei ali as 6 e vi Bárbara a entrada, o pai dela estava ali, vi que tinha gente a porta, então
apenas entrei no carro e o senhor falou.
— Pelo jeito minha filha virou celebridade muito rápido.
Bárbara sorriu e falou.
206
— Cantadas bobas pai, todas sobre letras que uma criança a 4 anos escreveu.
Ri, ela considerava suas letra infantis, e me parecia forte da mesma forma.
Ela me olha e pergunta.
— Quer por a primeira letra inteira na banda?
— Se Bárbara gostar?
— Você reduziu uma historia a vinte linhas curtas, eu gostei da letra, não tinha lido, entendi de
onde você tirou as frases para a outra musica, ligar as coisas, é uma ideia boa Bruno.
O senhor olha a discussão, as vezes fazíamos como agora, tudo em inglês e fala.
— Eu fico voando na conversa assim.
Sorrimos.
O chegar ao teatro e ver o pessoal já ajeitando a luz, olho os mestres que tinha escolhido,
pergunto se faltava algo, e por fim, começamos a preparar o ritmo das luzes, e por fim depois de
mostrar as entradas e saídas, o som pesado no baixo, iriamos entre o teclado, bateria e dois baixos,
dando o ritmo.
Bárbara começa a cantar, e no fundo as câmeras gravavam em sincronia em 4 ângulos, o som
junto com as luzes, uma cortina como se fosse sangue ao fundo, os rapazes com mascaras e toda a
dinâmica da musica, ficou num ritmo pesado, mas com a voz bem marcante na musica.
Os rapazes começam a chega e passo a eles a musica, e obvio, tive de escrever como se
pronunciava a letra em inglês, já que Peter não falava mesmo inglês.
O fazer da pronuncia, fez perdermos um tempo, enquanto isto, Bárbara e os rapazes vão a sala ao
lado e começam a passar a segunda musica, Peter nem entendeu que iria cantar duas musicas, e quando
começo a gravar, parecia cansativo, mas no meio, tinha o som de explosão e eles trocavam os acordes e
vi que Peter mesmo nitidamente não entendendo o que estava cantando, repete os dois trechos em
português, e por fim, um solo de guitarra com a bateria ao fundo, encerrava aquela gravação.
Passei aos rapazes os acordes, e trocamos de lugar, uma bateria para sala de ensaio, e gravamos
“Nas montanhas da loucura” em inglês, todos aparamentados, e depois nos trocamos, e cantamos a
mesma musica, em português.
Estávamos terminando de gravar quando Vaz entrou pela porta e me olha.
— Problemas?
— Parece que marcaram para Sexta a audiência daquele problema.
— E? – Sabia que tinha uma pegadinha.
— Não vai dar tempo de ouvir todos na Sexta, não sei a ideia, mas eles não vão autorizar sua
viagem no fim de semana.
— Merda.
Bárbara olha para Vaz e pergunta.
— Não teria nenhuma chance?
— Tem, mas eu providenciaria um guitarrista a mais para a banda, pois legalmente, assim como
as testemunhas, não podem ter acesso a informação externa, o réu também não.
Olhei em volta, pensei e sabia que Peter não estava pronto, teria de ter algo mais drástico, e olhei
para Bárbara.
— Acha que consegue cantar e tocar?
Bárbara sorri, ela fazia isto antes de eu me colocar na banda, para mim, era uma das lógicas.
— Uma solução sem por ninguém ali.
— Sim, uma solução para que as coisas não desandassem.
— Certo, mas tenta não ser detido.
— Vou tentar não fugir muito. – Falei a encarando.
Passei com os rapazes do “Seus Genros” mais duas musicas, gravamos as duas e sento ao sistema
acertado o encaixe da musicas e coloco a compilar as mesmas.
Os rapazes saíram e começo a terminar a edição, Bárbara me abraça e fala.
— Não vale entregar os pontos.
— Eu estranho as coisas quando parece ser armação.
— E como sente que é armação?
— Não sei se só eu sinto o meio pesado, como se seres estivessem passando entre nós.
— Hoje estava sentindo isto enquanto cantávamos “The Necronomicon”.

207
— Eu geralmente sinto isto, quando o ambiente está cheio de Hons, e eles geralmente são a
proteção da cidade, isto quer dizer, eles sentiram perigo por perto e se aproximam, eles adoram uma
guerra Bárbara.
— Mas não desiste.
— Eu me cuido, para você.
Ela me beija e fala.
— Ainda distante.
— Quando estiver mais próximo, vê se não me joga fora.
Ela me abraça e fala.
— Vai editar estes dai?
— Escolhi qual a imagem que ficou com a melhor sincronia com o som, e variamos de câmera a
câmera, sem mudar o som, nos gerando a continuidade.
— E pelo jeito continuamos produzindo.
— Sim, continuamos produzindo.
Ela me beija, namoramos um pouco enquanto o sistema compilava as musicas e quando ela foi
para casa com seu pai, eu coloquei cada musica em seu devido canal.
Estava cansado quando fui deitar.

208
Acordo e vejo minha mãe preocupada, mas teria de enfrentar, eu perdi a
cabeça, sobrevivi a uma atentado antes e um depois, então como quem
sobreviveu, teria de enfrentar, ditado de não sei quem, que somente os vivos
sofrem processos.
Saio no sentido da escola, entrei direto, não estava para conversa, e o
olhar a entrada de Roberval falando com dois senhores, pensei que poderia ter
armação ali, mas nunca imaginaria neste momento, a verdade.
No intervalo vi que Rose não chegou perto, melhor, vi que Peter ficou
longe, eles sabiam de algo, e não iriam falar, eu era o invasor, então não me preocupei, uma hora ficaria
sabendo de qualquer forma.
Quando termino a aula, vou ao centro, almoço no bar em frente a Cultura, tentando mudar a
minha rotina, mas eu mesmo sorrio da besteira, eu era de qualquer forma previsível.
O estar na quarta aula, iniciando um novo trecho de um livro didático sempre me motivava, e isto
me coloca a explicar para as duas turmas que tinha, a estrutura de fala, que gera a estrutura de escrita
dos Norte Americanos.
Eu termino a aula e vejo Carlos e o senhor Vaz a saída da sala.
— Problemas? – Perguntei.
— Não entendo a pressão, eles estão manobrando para a tomada de depoimentos, não é um
julgamento, pois é de menor, mas tenho a certeza que a intensão é lhe apreender no fim de semana, e
como algo manobrado, me preocupo. – Fala Vaz.
Cocei os olhos e olhei ele serio, baixo os ombros e falo.
— Se não tem jeito, encaro, sabe disto.
— Estou tentando todas as manobras, mas eles de qualquer forma, não deixariam você viajar
neste momento.
— As vezes temos de encarar o fedor da merda que fazemos.
— Mas temos de combinar a versão.
— Temos de evitar falar doutor, sabe disto, eles que provem, não é um julgamento, é um
levantamento de fatos, eles tem de ter fatos, não achismos. – Olho o advogado, parecia até que sabia o
que estava falando, mas era medo.
— Certo, e o que recomendava, pelo jeito acha que tem uma saída, você me olha como o Pedro,
como se soubesse o que vai acontecer, e sempre fico inseguro diante de você dois, não sei explicar
porque sinto isto.
— Deixa eles destacarem os dados, não temos noção da armação, até ela estar a mesa, então
temos de manter a calma, e enfrentar com a verdade.
— Certo, mas eles podem ter pago para pessoas falarem o que viram.
— Pega o vídeo que temos do primeiro atentado a minha pessoa, e decora cada nome que estiver
lá, as pessoas que entram e saem, são as mesmas, então se tiver alguém que não viu o meu agredir, e
surgir falando algo, isto serve até para os 3 rapazes que são parte da acusação, eles vão dizer que
estavam apenas conversando, e pergunta se eles também estavam conversando e o que viram quando
do atentado anterior.
— Eles podem protestar.
— Sim, que protestem, mas mesmo se eles me prenderem, os faz fazer companhia a minha
pessoa por mentir e fazer o mesmo que eu fiz.
— Não tem medo?
— Tenho, e pelo jeito, este medo afeta até quem me cerca.
— E o diretor disse ter outro problema.
— Qual? – Falei olhando Carlos.
— Um dos rapazes reclamou que você estava dando encima de Bárbara Vaz, sabe do que falo.
— Ela reclamou? – Perguntei direto.
— Não, ela não reclamou.
— Então pergunta para ela antes senhor, ela me usar como escudo, as vezes para se defender, ela
vai me usar como escudo, e não vou me recusar a ser o escudo.
— Mas...

209
— Mas o que senhor, ela não reclamou, o menino que a ficou importunando a tarde de ontem
inteira, deve ser o que reclamou, e eu que tenho a orelha puxada?
— Não queremos professores se envolvendo com estudantes.
— Se quer me mandar embora de novo, eu vou senhor, um dia eu não volto.
Vaz me olhou e olhou o senhor.
— Se minha sobrinha tivesse reclamado, teria motivo para esta reclamação senhor Carlos.
Carlos viu que eu não recuei, já tinha dado as duas aulas, e olhei para Vaz e falei.
— Deixa eu sair antes de falar merda.
Eu ainda tinha uma hora para fazer as conversações do trabalho que estava executando, mas
além de fazer isto, coloquei uma senha de entrada, nos arquivos que eram meus, não no do conteúdo
geral.
Eu somei um pouco, e quando Carlos apareceu por lá, ele me olha e fala.
— Tem de entender.
Eu não respondi, terminei de fazer o que tinha me programado e por dentro entendia, alguém
ainda o pressionava, e não sei, parecia ainda querer me tirar do serio.
Eu guardo minhas coisas e vou a sede na Avenida Iguaçu, hoje teria dia de funcionamento, a
primeira quarta, apenas comediantes e os contratados para tocar, e meio de semana, eu não sabia
como seria.
Eu entro no bar pelos fundos, o segurança me barrou e eu pedi para falar com Paulo, o rapaz não
se mexeu.
Eu sai e liguei para Paulo e pedi para liberar minha entrada, o rapaz ainda estava me olhando
quando Paulo olhou o segurança e perguntou porque não o chamou.
O rapaz foi ríspido e falou.
— Isso ai quer entrar e lhe perturbar.
— Tubo bem Bruno.
— Muda ele de entrada, se ele me barrar um comediante nós perdemos dinheiro.
O segurança olha o Paulo, ele não tinha noção de quem eu era, mas Paulo era o gerente do local.
— Vou providenciar, algo a deixar tenso?
— Eu respondo a um processo criminal, e terei o processo provavelmente entre sexta e terça que
vem, o problema é que não poderei estar aqui, nestes dias.
— Certo, temos de acertar os detalhes então.
— Sim, pois temos pequenas bandas todos os dias, e pelo menos 3 comediantes por dia, tem dia
que terá um conjunto deles, como sábado e domingo.
— E veio olhar os detalhes.
— Sim, vim olhar se algo está fora do lugar, pois hoje é para ser calmo, mas nunca se sabe.
— Certo, primeiro dia realmente na semana, o resto foi fim de semana agitado, verificamos
alguns pequenos detalhes corrigidos, como posicionamento de cadeiras reservas, de carrinhos de
limpeza, e detalhes como algo para sugar os cacos, no lugar de varrer os cacos.
— As vezes pequenos detalhes, podem nos poupar dor de cabeça, sei que hoje em dia as pessoas
vão ao locais torcendo que dê algum problema.
— Ainda bem que poucos vem para arrumar confusão. – Comenta Paulo.
— Mas está tudo bem?
— Sim, pelo jeito quer sair correndo.
— Não, mas vou acompanhar um ensaio hoje, sem participar, pois minha banda vai dar o primeiro
show fora de Curitiba e eu não vou estar lá.
— Pelo jeito correndo para acertar as coisas.
— Sim.
Sai pelo mesmo local que entrei e fui ao teatro, eu vejo a banda chegar e eles começam a ensaiar,
eu dou uma aula ao fundo e termino de assistir ao ensaio.
Os rapazes da Your Sons-in-law não apareceram, eu sentei ao fundo e liguei para Peter.
— O que está acontecendo Peter?
Não sei se ele esperava que ligasse, se estava com alguém, mas ele apenas fala.
— Bruno.
— Sim.
— Você sabe o que está acontecendo, não se faça de inocente.
210
— Então saiba que ignoro o que acha que sei, mas tudo bem, se não querem ensaiar, avisem
antes.
— Desmarca com todos e depois liga na cara de pau.
— Eu liguei para você desmarcando algo?
— Não.
— Desmarquei com você pessoalmente no colégio?
— Nem falou com gente, ficou de longe.
— Fala serio Peter, não sei do que está falando, mas se quer entrar em fofoca, a vontade, apenas
avisa quando não for ensaiar, que não ligo as luzes e não convoco as pessoas a estarem aqui.
— Cara de pau você.
Eu não tenho bola de cristal, mas alguém estava aprontando, o rapaz não deu nenhuma pista,
então eu entro na pagina deles e vejo que eles tinham tirado as musicas.
Olho o código de retirada, Peter o retirou, pois o código era o dele de retirada, e não entendi, mas
começo a pesquisar na internet, e acho uma reportagem de uma produtora, falando que teriam uma
nova banda, e citam, Your Sons-in-law, tudo bem, querem sair, saiam, mas não inventem. Bárbara para
ao meu lado e pergunta.
— Os rapazes não veem ensaiar?
— Não, pelo jeito já vão decolar e não precisam mais ensaiar, não entendi, Peter falou que eu
desmarquei, mas sei que não o fiz, ele deveria estar com alguém, mas esqueço que as pessoas acham
que me preocupo com isto.
— Faz musicas para eles e não vão usar.
— Se usarem, vou ganhar da mesma forma, pois eu registrei as musicas antes de qualquer coisa, a
mais de 3 anos, que elas estão registradas.
— Certo, mas o que desconfia?
— Fizemos as musicas, agora eles já tem um show, basicamente eles tem como se apresentar, e
alguém atravessou, eles tiraram todas as musicas do ar, as 10 da manha, eu estava em aula, Peter
também deveria estar, mas se duvidar, vão gerar mesquinharia, onde não precisa de mesquinharia.
— E ficou chateado.
— Sei lá, pelo menos vocês foram criados sem um cara como eu ali, isto facilita as coisas.
— Sim, mas parece longe.
— Mal pressagio.
— Acha que deveríamos adiar? – Bárbara.
— Não, sonhos não se desviam Bárbara.
— Ainda não me chama de amor.
— Eu gosto de saber com que estou falando, não com a posição de quem está falando Bárbara.
— Certo, meu namorado é sistemático.
— Aquele Rubens reclamou na direção da Cultura, que eu estava dando encima de uma aluna.
— Você sendo como é, ainda tem gente reclamando.
— Sabe quando se prevê trovoadas, e não sei de onde vem a chuva após a trovoada?
— E pelo jeito o circo esta se armando de novo.
— Sim, e se eles querem um facilitador para me complicar, vão ter de caprichar.
Namoramos um pouco e fui para casa, minha mãe me vê chegar cedo e fala.
— Problemas?
— Vou matar dois dias de aula.
— Porque filho?
— Pedir transferência para um colégio aqui perto.
— Está pelo jeito corrido de fazer do outro lado da cidade.
— Tentar algo próximo, não sei se tem vagas regulares, parecem querer fazer de conta com este
papo de Cebeja.
O apoio de minha mãe sempre me deu forças.

211
Eu procurando um local mais próximo, e com um processo para
comparecer sexta sedo ao processo, não apareci no colégio na quinta e nem na
sexta, eu fui direto ao local de comparecimento, e vi que era serio o negocio.
Sabe quando você quer apenas enfrentar as merdas que fez na vida, e vê
imprensa a porta, ergui os ombros e entrei ao lado do advogado,
comparecemos na hora e horário marcado e o delegado olha Vaz e fala.
— Pensei que teria de mandar buscar.
— Comparecemos em todas as audiências senhor, algum motivo que não
seja corporativista para esta frase? – Vaz encarando o senhor.
— Ele não recebeu a intimação de ontem, que foi mandada a ele, saberia o motivo?
— Provavelmente porque a sua secretaria, não mudou o endereço que registramos há duas
semanas no sistema, e entregaram no lugar errado.
— Estamos esperando a acusação e os representantes que julgarão o caso.
Vaz viu que iriam enrolar, era o normal, e quando o grupo chega, Vaz viu a pilha de documentos,
ele mandara alguns, mas eles começam a ler, e isto poderia demorar muito, e teriam de prestar atenção
em cada frase.
Vaz viu que o delegado enrolou, dispensou para o almoço dando duas horas de almoço, e ele me
olha sério.
— Eles vão enrolar, sabe o que quer dizer isto?
— Que vou ser apreendido até segunda, pelo que entendi.
— Sim, eles anexaram relatórios que não tem nada de relevante, mas que somam mais de 5 mil
paginas a serem lidas.
— Apenas não acredite se falarem que eu fugi na segunda.
— Eles não inventariam isto.
— Algo ainda está muito errado neste caso.
— E acha que tem algo que podemos fazer.
— Fala para Pedro, deixar os Hons longe, não sei, algo me diz, deixa eles longe, e não estou
entendendo.
Retomam a leitura e quando deu 5 da tarde, o juiz avisa que seria retomada a leitura na segunda,
e que determinava a apreensão do acusado, para não ter contato como testemunhas, e não estar a par
de fatos que podem mudar sua versão.
Vi que Vaz tentou que aceitassem ser conduzido e vigiado, o Juiz ignorou e vi quando o carro da
Fundação de Proteção ao Menor chegou para me conduzir.
Estranho estar cansado de ouvir ladainha, chego quase na hora da janta ao local, me apresentam
meu local, e que tinha horário para me apresentar a janta, estanho pois lembro de levar o garfo a boca,
e do corpo sentir-se atordoado, soltar o garfo e sinto o chão.

212
Abro os olhos doido, os fecho, pois era muita luz no local, e sinto que
estou amarrado a uma madeira, o vento me diz, estou nu, onde estava, não sei.
A cabeça estava latejando, não sei que porcaria me deram, mas era
evidente que haviam pessoas a volta, não as via, parecia ter holofotes focados
em mim, mas ouvia as palavras, pouca coisa que entendesse.
Olho em volta e sinto o meio, os hons não estavam por ali, pedi para que
não tivessem, e tentando olhar em volta pergunto em voz alta.
— Onde estou.
Falei isto e pareceu que todos se calaram e ouvi alguém que deveria falar por um sistema que
dava aquele tom magnânimo a voz.
— Silêncio oferenda.
Sorri, irônico virar oferenda, estranho não sentir medo do senhor, parecia que as coisas estavam
normais, quer dizer, eu estava nu em meio a um grupo de pessoas mascaradas e de preto que mal via.
— Oferendas viva ou morta? – Perguntei para ver a reação e alguém que não vi o rosto, pois
estava de mascara, chega perto e me encosta uma lança ao corpo, e fala, ele quer falara antes.
— Vivo ou morto, com muita dor se não se calar.
Estranhei a voz, e olhei em volta, pensei se falava e olhando a mascara sorri.
— Vai debochar pela ultima vez rapaz.
E se estivesse errado, não seria a aposta por minha vida que eles haviam me marcado e sim para
outra coisa, menos bonita.
A luz reduz um pouco, era madrugada, bem ao fundo, ainda vinha nascendo o sol, pensei isto e
pensei depois, não sei se ele está se pondo ou nascendo.
Olho o grupo de pessoas, começarem a fazer um cântico de adoração, estranho ver aquelas
pessoas mascaradas, alguns pareciam mais arcados, alguns que demostravam altives na postura, e
tinham crianças também ao fundo, eles começa a cantar e vi que estas palavras eu conhecia.
“Eu te adoro na canção
Eu sou o Senhor de Thebas, e eu
O inspirado pregador de Mentu;
Por mim desvele o velado céu,
O auto-sacrificado Ankh-af-na-khonsu
Cujas palavras são verdade. Eu invoco, eu saúdo
Tua presença, Ó Ra-Hoor-Khuit!
Unidade máxima manifestada!
Eu adoro a força de Teu sopro,
Supremo e terrível Deus,
Que fazes os deuses e morte
Tremerem diante de Ti
Eu, eu te adoro!
Aparece sobre o trono de Ra!
Abre os caminhos do Khu!
Ilumina os caminhos do Ka!
Os caminhos do Khabs atravessai
Para excitar-me ou apaziguar-me!
Aum! Que isto me preencha!”
Fui sentido a energia crescer, eu não sabia onde, mas parecia ser as minhas costas, uma imensa
energia, sentia nos pelos do corpo, arrepiados, esta energia crescer.
Cantarolei baixo, junto a oração, era uma das cantigas do Livro da vida.
Eles pararam de cantar enquanto eu continuei.
“A luz é minha; seus raios consomem
A mim: Eu fiz uma porta secreta
Para dentro da Casa de Ra e Tum,
De Kephra e de Ahathoor.
Eu sou teu Tebano, Ó Mentu,
O profeta Ankh-af-na-khonsu!
213
Por Bes-na-Maut meu peito eu bato;
Pelo sábio Ta-Nech meu feitiço eu teço .
Mostra teu esplendor estrelado, Ó Nuit!
Convida-me à tua Casa para morar,
Ó alada serpente de luz, Hadit!
Habita comigo, Ra-Hoor-Khuit!”
Estranho aquele momento, pois as palavras me vieram quase que com a certeza, não sei o que o
senhor pensou, ele encosta a lança em meu peito e a sinto cortar meu corpo e ouço.
— Cale-se oferenda.
Estranho pois neste momento, sabia que as costas estava algo poderoso, e meu cantar só ficou
evidente, pois eles se calaram, todos estavam me olhando e vi por trás dos demais, deveriam ter
próximo de 200 pessoas ali, algumas poderia jurar saber quem eram.
Sinto minha pele segurar a lança, eu não sabia se era um osso, mas sinto o ardido e o repuxado no
peito.
Olho o senhor e falo, terminando a oração, a maioria nunca se dedicava estas leituras, entram
naqueles textos que falam, não reproduza, não estude este texto, o queime ao final, não altere uma
única letra dele, acho que todos os textos foram incutidos disto, mas não acredito que fora feito por
quem o escreveu primeiramente, geralmente quem quer por algo como palavras de um ser superior, é
alguém que quer criar uma seita, então ao meu ver, eles não leram direito o escrito, e como todo escrito
do “Livro da Lei!” ele começa e termina com a mesma palavra e a pronuncio, encerrando a oração.
— Abrahadabra. – Falo encerrando a oração.
Estranho, pois sinto o ar mudar a toda volta, como se meu corpo parasse de sentir o vento, o ar
gelado de um amanhecer, pois o sol estava mais alto neste momento, e olhando o senhor assustado,
ouço alguém que poderia jurar ser a voz de José falar.
— Mata o desgraçado de uma vez.
Meus olhos foram a ele e falei.
— Me deve a vida duas vezes José, pode pedir por ela, mas Ra-Hoor-Khuit, me dará sua vida, em
minha defesa.
O senhor olhava assustado, todos os demais me olham e sinto como se um ódio grande me
atravessasse e ouço.
“Quem me traz um filho como oferta?” – Em Celta.
Esta voz foi forte, todos se voltam para minhas costas, eu não teria como ver o que ali tinha,
amarrado, com a cabeça presa de forma a olhar lateralmente, não teria como olhar para outro lugar,
forçava a vista para olhar um pouco mais, mas senti um cheiro forte, e um ar quente vindo das costas.
Todos se abaixam em respeito, mas eu não conseguia olhar, até ver aquele imenso rosto surgir a
minha direita me olhando, o corpo não sabia o que era, estava na forma de uma serpente, com chifres e
uma arcada assustadora de dentes, aquela cabeça me mastigaria fácil.
Eu olho, encaro e ouço.
— Atrevesse a me encarar? – Em Celta, entender entendia, falar não.
— Hadit, sou a oferenda. – Em inglês antigo.
— Eles se atrevem a dar dos especiais a morte, mas és um especial atrevido.
— Não tenho opção, estou dopado, estou amarrado, e quem passasse ao lado, eu veria. – Falei,
foi uma explicação, não uma justificativa.
— E o que deve a eles?
— Acho que nunca soube minha origem, para não estar ali, a depender de mortes, guerreiros
batalham e não discutem, avançam, toda estrada que requer seguidores, é só olhar em volta, existem
seguidores, requer explicar, explicar é estar fora do caminho de um bom guerreiro.
O ser me olha e fala.
— Não se mostra por ai?
— Não tenho resistência contra facas e covardias, guerreiros não olham as costas, e sim o inimigo.
— E não os teme?
— Minha vida, é um adendo curto de existência.
— Não teme a morte, seria isto.
— Sim, seria isto.
— Eles nos olham, não sei se nos entendem.
214
— Eles cantam em uma língua rica pela miscigenação, mas acho que não entendem o puro.
— Decidas o que será feito deles?
— Afaste as noivas. – Teria de ter pensando antes de ter falado isto.
— Sabe a regra.
— Morte, requer uma grande festa, eles armaram a festa, eles convocaram um escolhido, apenas
precisamos o fazer com determinação, carinho, dedicação, mas nem todos estão prontos para a morte,
eles ainda não estão tristes, então sei que não os abandonou ainda.
— E como pretende se portar, eles lhe querem morto.
— A que lei eles estão seguindo, quando que a morte como sacrifícios humanos, trouxe algo além
de sangue.
— Eles nos olham curiosos?
Senti os raios de sol sobre mim, estranho como senti minhas energias, minhas forças, toda a
sensação de bem estar, vinda do sol, a seu lado, o azul do céu, aberto para todos os lados.
Hadit me olha e fala.
— A luz lhe reconhece, o céu o reconhece, mas eles não o recolhessem.
— As palavras são entendidas por tolos, como palavras para tolos, como explicar para tolos, que
se acham deuses, mas são tristes e amargurados, então são servos, e vejo mendigos sorridentes e
alegres, estes estão mais para reis, pois entendem os valores da vida. - Senti minhas mãos se soltarem e
olhei para os meus braços, eles continham uma armadura de luz, olho meu corpo e olho o senhor
segurando a lança, mas não a sentia, agora entendi, ela estava parada em minha armadura de luz.
Estranho pois nunca tive aura, nunca havia a sentido, os meus instintos estavam querendo sangue, eu
estranho os meus sentimentos.
Olho os espíritos a toda volta e olho aquela legião de almas e vi a serpente separando as pessoas,
e outras saíram de sua boca e foi separando os demais. A guerra deve ser batalhada com prazer, não
com desprezo ou como obrigação, sinto a lança e a pego, seguro ela, o senhor estava assustado, a toda
volta, se viam rostos de seres que deveriam estar enterrado naquele sitio. Como um lorde, puxo a lança
para mim e o senhor assustado me viu o travessar a lança e sinto o prazer naquilo, vi o senhor se
desmanchar em sal, o grupo de pessoas tentava recuar, vi que rostos assustados me olhando, não sabia
o que eles viam, mas sei que aquele sangue, foi pintando o chão por um sal avermelhado, e quando
mais de 30 mortos, eu senti que o prazer já não estava naquilo e olho os demais e fui arrancando as
mascaras, estranho as puxar e uma voz me falar quem era, o que tinham, e estranho como pessoas
compravam suas vidas, e se a pergunta poderia ser repetida, mas o deixar claro, o não cumprir do
prometido, poderia lhes custar a vida. As vezes sentia que estava na beira do animal, mas como sempre
acreditei, se me faz bem, se me faz sentir-se bem, é parte de mim, e sei que quando cansado, entrei na
casa, agora sabia onde estava, no sitio que era do senhor Camargo, o local que me acusaram prender a
menina que estava naquela sala, olho ela e Luana e fico pensando quem mais fazia parte disto, mas ali
deveriam ter as 50 famílias mais ricas da cidade, ou as que se achavam as mais ricas.
Bárbara foi falar e apenas fiz sinal que não e olhei para as meninas, estava com a lança a mão, ela
pareceu encolher e cada uma das meninas eu as marquei a mão com a lamina da lança, e quando elas
saem, olho o local, e começo a sair. Sei que terei de pensar sobre algumas coisas, e terei de parar de
reclamar de outras. Cansado, fim de dia, todos que não morreram indo para suas casas, e pulo o muro
da instituição de menor, entro no chuveiro, estava nu, peguei uma roupa de interno, e me vesti.
Não sei quanto tempo demorei naquele campo, naquela casa, mas com certeza, estava cansado.
Dormir fazia parte, esperava acordar ali, não em outro poste.

215
Quando se acorda num domingo, e tem de esperar o dia passar, ele
demora, mas passa, e veio a segunda, quando fui levado novamente ao local,
alguns se olhavam, agora sabia quem era cada um daqueles, e o delegado não
compareceu, deveria ser um dos mortos no campo a volta da casa.
Um delegado substituto foi chamado, ele passou pelas provas, teve uma
retirada de acusações e um pedido de acordo, Vaz não entendeu, mas ele me
olha serio e fala.
— O que fez Bruno.
— Sobrevivi.
— Certo, estes olhos são de medo.
— A ignorância é um dom doutor Vaz.
Ele viu que o processo foi encerrado, e me deixa a aula, eu entro e apresento a determinação
judicial para a direção e vou as ultimas duas aulas.
Eu olho em volta e vi que Peter me olhava, ao longe quando sai da sala, caminhei até o bar que
almoçava, sentia-me bem, mas não sabia o que seria dos meus dias, eu nunca tive certeza de quem era
meu pai, mas sei que ler algo, e se achar um excluído daquilo, não é ser chamado de especial por Hadit,
me remetia a uma pergunta que não sabia responder, quem era meu pai e sobre isto minha mãe não
conversava, então teria de descobrir minha origem, pois pela primeira vez, algo me defendera, pela
primeira vez senti como se aquelas palavras precisassem de que as falasse, eu sempre as tive na mente,
lembro da primeira vez que as li em inglês, me pareciam conhecidas.
Estranho como meu caminho me trouxe para aquele local, e recebo a mensagem de Bárbara,
perguntando se estava tudo bem, e falei que o processo foi extinto.
Eu sei que algo agora me guia, e dizem que sou normal, eu passei um recado para o senhor Carlos,
perguntando se queria que continuasse, e se quisesse, eu estaria no dia seguinte lá, hoje precisava
descansar.
Passei um recado para Bárbara, e marquei com ela na Iguaçu no fim da tarde, olho em volta e vejo
aquela senhora entrar e me olhar, ela me denunciara e agora estava ali.
— Não sabia que era um príncipe rapaz.
— O que precisa senhora.
— Minha filha quer lhe falar.
— Ela e muitos querem, mas o que ela quer falar.
— Agora sei porque mesmo esfaqueado e baleado, você sobreviveu, mas preciso de um acordo
de paz.
— Sua filha está onde?
— Em casa, ela está com medo de sair.
— A atriz.
— Ela parece ainda lhe odiar.
— Vamos lá, não sei o que fazer ainda.
Saímos dali e olho a senhora que fala.
— Vamos providenciar o pagamento por nossas vidas.
Olho Jose que me olha e fala.
— Eu ainda...
— Para de frescura Jose, ou quer acordar morto naqueles campos?
Um amigo, que virou inimigo me olha e fala.
— Mas você vai se dar bem.
— Não, você vai se dar mal, eu sempre me dei bem.
Subi as escadas, Bárbara estava a cama sentada, me olha e fala.
— Quer apenas em dinheiro.
— A vida, custa dinheiro.
Ela levanta-se e me olha maliciosa e fala.
— Não teria outra forma de pagamento?
— Prazer não é moeda de troca, é obrigação.
— Vai querer abusar de mim?
— Não, tem de aprender a sentir, a ter prazer, para que seja gostoso menina.
216
— Não vai me forçar a fazer?
— Não entendeu nada, o que precisa, manda sua mãe me cercar, que não estava bem, o que
precisa?
— Luana não quer que fale sobre o que aconteceu.
— Não aconteceu, sabe disto.
— E não vai querer me ter aos braços?
— Hoje não, vou para casa, tomar um bom banho, trocar de roupa e não esquece, vou cobrar os
recursos.
— Mas...
— Providencie o que acha valer sua vida, quero saber se quer ser princesa ou serviçal, pelo valor
que pagará por sua vida.
— Mas recursos não denigrem a alma?
— Recursos e bens, nunca foram impeditivos, apenas os reis não queriam os pobres querendo
mais.
Ela chega perto e olha para cima, e fala.
— Não vai me ter pra você?
— Não entendeu o que Bárbara.
— Que não me quer?
— Que - pego a mão dela – esta marca, estabelece que você pode tentar fugir, mas você tem um
dono agora.
— Mas...
— Eu não sou possessivo, mas tem de saber, tens um dono e não é questão de você querer, e sim,
quando acontecer, tem de saber sentir, se entregar e sentir prazer nisto.
— Pelo jeito você se escondia em uma casca.
— As vezes temos de nos deparar com a verdade, para acreditar nela.
Sai dali, as vezes duvidava do caminho, mas eu nunca me recusei a caminhar, sei que muitos me
ouviram reclamar de minha vida, talvez faltasse o que tenho vivido, o acreditar em mim.
Chego em casa, um banho longo, olho a marca ao peito, no espelho, estava cicatrizado, me visto
lentamente, como se tivesse de encontrar meu equilíbrio interno.
Sei que desci, olhei as aulas de Teatro, me inteirei do fim de semana, estava em números bons,
mas tinha a responsabilidade por aqueles empregos.
Teria de registrar a legalidade do dinheiro de pessoas, que agora sabia quem eram, pagando por
suas vidas, que estava entrando na conta, não quero os liderar, quero que eles voltem a lei, e não estou
falando de constituição.
Estava a olhar os detalhes do bar quando senti alguém me abraçar e me virei, olhei a pequena
Bárbara e a beijei, sem nem parar para pensar se tinha gente olhando.
Depois de um tempo a olhei aos olhos e falei.
— Obrigado.
Ela me olha intrigada.
— Pelo que?
— Não ter deixado eu abandonar a guerra.
— Não sei se entende disto, e não discuto isto.
— Nem eu discuto isto, mas obrigado.
A peguei pela mão e subimos, e como um casal de namorados novos, a beijei e a tive com todo
carinho e dedicação sobre minha pequena cama, eu não sei o que ela pensou, mas ela sorria ao meu
braço, quando me fala.
— Tinha medo de não chegar a este dia?
— Tenho de tentar não machucar quem quero ao meu lado.
Depois de um tempo, descemos, ela me ajudou a receber o que veio encaixotado de São Paulo e
perguntei como foi.
Ela pareceu sorrir com os olhos e fala.
— Foi incrível, mas será melhor com você lá.
Subimos juntos para a parte teatral e olhamos como estava o erguer das estruturas do segundo
palco, sobre ele que estava minha nova casa, mas erguer casas é simples, erguer um palco que servem
de estrutura de um show, tem de se fazer com calma.
217
Estava olhando o local, olho o saldo e passo uma pergunta para Pedro Rosa, de quanto devia por
toda aquela estrutura, e quando ele me passa o valor, transfiro para ele o que ele pedira por aquele
local, depois perguntei para Roseli quanto o pai dela queria pelos 4 terrenos a volta, e estava crescendo
em uma segunda, que estava com um céu azulado de verão.
Bárbara me abraça e pergunta.
— Avançando?
— Para sobrevive a algo que não vou declarar, assumi um problema, e todos verão como ganhos,
eu como peso, e não sou de ficar com pesos as costas, tenho de transformar isto em algo que me gere
prazer na vida, e não peso.
— E qual seu medo?
— Sinto ainda que algo me observa, as vezes achava ser os hons, e se não o for.
— E quem seria?
— A pessoa que não é citada em minha casa.
— Seu pai.
Não falei, pois eu nunca tivera um pai, apenas uma sombra que não sabia nem quem era e como
era, e minha mãe não falava disto, já tentei mais novo perguntar, mas nunca ela toca no assunto, eu não
sei se ela odeia ou ama ele estar longe, pois eu não sei nada da minha origem Paterna.
Barbara me abraça e fala.
— Meu homem, espero que não me abandone.
— Saiba que não tenho nenhuma pretensão de deixar você sair da minha vida, apenas lembra, as
vezes, as pessoas fofocam, mas é por não saberem o que falar.
— Certo, o menino que as meninas da Cultura olham e dizem ser o professor mais gostoso, terei
de cuidar de você.
— Elas devem estar falando de outro. – Falei serio, eu ainda me achava infantil, e tinha muita
coisa a aprender ainda, referente a relacionamentos.
Deixo Bárbara na portaria de seu apartamento, ela sobe e eu caminho calmamente, pensando no
que havia acontecido. Estava caminhando e um senhor para a minha frente e fala.
— Bruno?
Olho o senhor, deveria ter a aparência de uns 45 anos, não mais que isto, olho em volta, as vezes
se leva tiros nesta cidade.
— Arisco, isto é bom.
— Sou Bruno, o que quer, quem é você?
— Alguém que nunca lhe fez falta.
Estranho um frase tão curta, que parece me dizer quem é o senhor, e pergunto descrente.
— E o que precisa?
— Tem de tomar cuidado, pois tudo que fizer, vai se virar contra você.
— Tudo? Não é um exagero.
— Estes que lhe cercam são perigosos.
— Sei, já quase morri duas vezes.
— Tem de se cuidar Bruno, o perigo está se aproximando.
Parecia um aviso sincero, mas talvez, somente quando caísse na arapuca, entendesse.
Paro e olho o senhor, ele não disse ser meu pai, ele disse que é alguém que nunca me fez falta,
nunca é algo que não existe, e qualquer pessoa fora da minha vida, nunca me fez falta, era uma
afirmativa dúbia, que teria a interpretação que eu quisesse dela.
— Posso ir? – Perguntei ao senhor, sem entrar em detalhes.
— Não entende, corre perigo rapaz, tem de deixar os fracos e se aliar aos fortes.
— Sou uma criança ainda, tenho de crescer para entender de algo, mas estou atrasado.
— E não estranhou todos lhe respeitarem de uma hora para outra, soube que lhe estão seduzindo
com recursos, eles o querem lá, para servir a eles, um príncipe não serve, se impõe, um príncipe deixa os
fracos no caminho e traça seu caminho e vende.
— Não sei onde estavas sábado a noite.
— Em Recife.
— Eu estava em uma instituição, aguardando ser julgado, passei lá o fim de semana, estou
cansado senhor.
O senhor sai da frente e sinto olhos me observando e olho a parede e falo.
218
— Problemas?
Vi um hons me olhar, surgindo do nada e falar.
— Tem cheiro de morte no ar.
Apertei o passo e vi que tinha um tumultuo a frente de onde estava a pouco, a entrada do prédio
na avenida Iguaçu, chego e vejo minha mãe esfaqueada, e olho em volta, chego perto, o rapaz não
queria que chegasse e falei quase sem voz, que era minha mãe, ele me deixa passar e seguro a mão dela
que me olha.
Ela aperta e ouço ela falar baixo.
— Se cuida, o desgraçado voltou.
Olho em volta e o senhor estava bem ao fundo sorrindo.
Seguro a mão dela e não sei, sinto minha energia correr, tive de me segurar para não cair, mas
senti ela me olhar, os médicos olhavam o motorista, o tumultuo estava forte, e ela fala.
— Poupa-se filho.
— Preciso de você mãe.
Demos entrada no hospital Vita, era o único que tinha vaga, perguntei se teria como ser
atendimento particular, o senhor foi sorrir e apenas falei.
— Antecipo cirurgia e quarto, apenas cobra no cartão. – Falo olhando o senhor, que olha a
secretaria e fala.
— Fazemos um deposito de garantia, se faltar cobre a diferença, se sobrar, transferimos a
diferença.
Ela fez um valor que achei caro, mas era a vida de minha mãe, e quando passou o valor, a senhora
olha o senhor que ameaçou tirar sarro, e falou.
— Tratamento Vip.
Minha mãe foi para a cirurgia, não sei o que a acertou, mas senti o corte, como se me ferisse, e
sentei ao corredor, e depois de duas horas, ela sai da cirurgia, fraca, levada a CTI, eu não sabia o que
fazer, mas fiquei ali, agradecendo ter como neste momento ajudar minha mãe.
Devo ter cochilado sentado, lembro de uma moça falar que minha mãe estava sendo transferida
para o quarto, eu abri os olhos, cansado e fui ao quarto, seguro a mão de minha mãe, ela estava branca,
mas ouvi o medico falar.
— Ela foi perfurada, não sabemos se assalto, mas estancamos o sangue, ela precisa de descanso e
cuidados.
Vi ela adormecer, e dormi sentado a poltrona ao lado da cama.

219
Tinha obrigações, que não teria como cumprir naquele dia, não sabia o
que faria, mas mais uma aula que estava ausente, mais um dia sem dar aula.
Vi quando no começo da tarde, Bárbara e o pai, chegam para visita, ela
me abraça e pergunta o que aconteceu, eu não sabia.
Olhei o senhor e falei.
— Se cuida, tem muita gente maluca nesta cidade.
— Pelo jeito não acredita em assalto.
— Um senhor me cerca, para me atrasar, se fazendo de um pai que nunca
tive, nunca vi ou conheci, e quando chego em casa novamente, ela estava esfaqueada.
— Certo, gente querendo algo.
— Se considerar o pouco, que é a minha parte em um show, é muito dinheiro senhor, para
muitos.
Eles saem e vi meu telefone tocar, era o doutro Vaz que fala.
— Tem algo estranho acontecendo rapaz.
— Fala.
— Um senhor está pedindo teste de paternidade para provar ser seu pai.
— Tem como fazer uma coisa para mim Vaz?
— O que?
— Ontem comprei o terreno definitivamente de Pedro e de Roseli, apenas segura as
transferências, é gente querendo o que não está em meu nome ainda.
— Certo, sua mãe está bem?
— Se duvidar, o senhor que me cercou ontem, para me atrasar a rua, é o ser que tentou matar
minha mãe, consegue as câmeras ocultas do local e passa para a polícia.
— As da casa?
— Não, as do terreno, ela deveria estar chegando lá quando foi esfaqueada, tenta descobrir quem
o fez.
— Nem sai de um problema, entra em outro.
— Sim, mas tenho de cuidar da minha mãe hoje.
Ficar a olhar as paredes, não facilita nada, e olhei para uma e perguntei, não tinha ninguém além
de minha mãe no quarto.
— Alguém viu quem foi?
Um hons surge a parede e fala.
— O ser que lhe cercou, e mais dois rapazes.
— Teria uma vaga em um mundo distante do nosso?
— Longe de Hons?
— Um buraco qualquer neste planeta.
O ser sorriu e fala olhando para minha mãe que abria os olhos.
— Vamos providenciar um buraco, não confia mandar a outro mundo?
— Não sei quem são, para transferir pesos.
— Olhamos para você.
O ser some a parede e minha mãe pergunta.
— O que aconteceu?
— Alguém entrou com pedido de paternidade, da minha pessoa.
— E vai fazer o que?
— Nada está ainda em nosso nome mãe, tudo em tramite, e isto deixa tudo sobre os muros.
— Não quero ele próximo de você.
— Quem lhe acertou mãe?
— Não vi, ele surgiu a minha frente, parei um momento, e senti algo me atravessar as costas, a
dor e cai, não sei como vim parar no hospital.
— Alguém viu e chamou uma ambulância, estava voltando e me deparo com a confusão.
— Se cuida filho, não sei se estou bem.
— Vamos nos cuidar.
Minha mãe adormece novamente e soube que numa batida policial, a policia prende 3 pessoas, e
dois estão na imagem do esfaqueamento e um lhes dá a posição de algo, que vinha descendo a rua.
220
Vaz fala que sem provas concretas, eles iriam sair por fiança.
Eu apenas olho para a parede e não falo nada, soube mais tarde, que os três acusados estavam
saindo da delegacia, e sumiram diante dos olhos, e alguém me sopra, que foram deixados em uma ilha,
no litoral paulistano, Ilha das Cobras.
Não pensaria nestes seres, antes de reaparecerem, não acredito que pessoas do mal morram tão
facilmente.
Minha mãe me olha e fala.
— Agora conversa com os hons?
— Eles que me alertaram a acelerar o passo mãe.
— Temo estes seres, assim como a organização que sempre protegeu seu pai.
— Quer falar disto, sempre me omitiu.
— Ele quando quis, foi agradável, quando soube da minha gravides, basicamente disse que
voltava, quando a criança estivesse grande.
— E não me fala?
— Nunca soube se ele ainda estava vivo.
— E pelo jeito, ele era tido como alguém influente na cidade.
— Alguns falam que ele é um golpista.
— Mantem a calma mãe, nos protegemos.
No fim daquele dia, o doutro Vaz me trouxe o notebook e com ele pelo menos consegui fazer os
prospecto do material para o curso de inglês, e acompanhar um pouco as noticias.
Mas hospital, é um lugar que acho estranho, as vezes parece que o mundo é muito diferente ali
dentro.
Mais um dia estava acabando.

221
Acordo no sofá do hospital, não era um bom local, e mesmo assim, queria
ficar ali até minha mãe melhorar. Olho os recados, vejo que um empresário
anunciava o show para São Paulo da banda “Your Sons-in-law”, estranho, mas
tudo bem, teria de ver a autoria das musicas, e sabia que não me estressaria
com aquilo.
Os exames mostravam que minha mãe estava reagindo bem, e no fim
daquela tarde, eles recomendaram descanso, mas que seria melhor fazer a
recuperação em casa, acho que eles achavam que não teríamos recursos, e
estranho ainda receber parte do deposito inicial de volta. Chegamos em casa, pedi para arrumarem a
casa antes de chegamos lá, e vi minha mãe com dificuldade, sentar a cozinha e me olhar.
— Sei que está preocupado filho, mas temos de falar.
— O que tanto a preocupa mãe.
— O Rumo, tenho a sensação de que vão tentar lhe tirar de mim.
— Mãe, não sei sua origem, não sei minha origem, mas tudo que sei, nos trouxe até aqui, eu
tenho você, e você a mim, tenho minha fé, que tudo que batalhar para ter, terei, tudo que abandonar,
ficará a outro, pois nada fica abandonado.
— E trabalha pesado.
— Sim, com certeza vou ter problemas na Cultura Inglesa, mas não posso apenas fazer de conta,
que está tudo bem.
— E pelo jeito quer me proteger.
— Para dentro, está protegida, o problema é encontros assim, sem aviso.
— E vai enfrentar eles?
— Mãe, eu não devo nada a meu pai de sangue, ele vem sobre nós, com certeza com afirmações
dúbias, de divida de sangue, de poder, mas nada que lhe é dado, lhe pertence, somente o que se
conquista, é realmente nosso.
— E tudo a volta?
— O começo mãe, quando montamos uma banda, era para poder desligar dos problemas, não
para ficar no problema.
— Não entendi.
— Se tivesse viajado, teria colocado com suor de um fim de semana trabalhado, próximo a 50 mil
no bolso, o ano tem 52 semanas, se trabalhasse apenas 40 fins de semana, minha parte seria 2 milhões
mãe.
— Nisto que estava pensando, uma forma de se erguer?
— Sim, estacionados, não conseguimos grande coisa, mas para transformar isto em dinheiro, teria
de ter um emprego, para manter os custos.
— E meu menino se tornou o homem da casa?
— Ainda o menino, que precisa trocar ideia e uma mãe para lhe puxar a orelha quando passar do
ponto.
— E porque acha que ele retornou?
— Para se dizer o pai, de alguém que nem conhece, e que por destino, fez um acordo que pode
nos gerar os terrenos e retornos a volta mãe.
— Pelo jeito quer algo mais pesado.
— Vou começar agora a construir um estacionamento, 10 andares de estacionamento, mais 4
restaurantes, terminar os teatros, e a escola de Teatro.
— Quer ter um complexo de restaurantes?
— Sim, deixar o dinheiro parado, me gera pouco, comparado ao retorno de um bom
investimento.
— Muitas ideias?
Abro o computador e começo a explicar para minha mãe a ideia, era muita estrutura, e não tinha
para tudo ainda, mas pretendia construir aos poucos, mas o pouco começava pelo estacionamento para
600 carros, depois uma sequência de 3 bares/restaurantes, na entrada dos restaurantes, depois um
restaurante ao lado do Curitiba Theater, e por fim, do outro lado, o ultimo projeto.
Ela me olha e fala.
— Está falando serio filho?
222
— Sim, provavelmente isto que atrai os urubus mãe.
— E vai dar aula hoje?
— Sim, mas qualquer coisa me liga, a segurança está toda a posta.
— Se cuida.
— Vou me cuidar.
Me vesti, liguei para Bryan e perguntei se ainda tinha uma turma e fui ao trabalho, e vi que Carlos
me estranha ali, vi o professor do segundo ano, que me cobrira por dois dias, me olhar e falar.
— Pelo menos alguém que entenda daquela turma, não entendi metade do que eles
perguntaram.
— Problemas? – Perguntei.
— Apenas divergência de dinâmica de aula.
— Sei que não sou dinâmico senhor, ainda aprendendo.
Vi que o senhor me olha intrigado, chego a sala, verifico onde pararam, pedi desculpas por
problemas pessoais, e repassei todo conteúdo que o professor substituto havia passado e entrei
somente um pouco na parte posterior.
Fazer aquilo duas vezes, era saber que os alunos se moldavam ao professor.
A ideia de criar duas peças teatrais com aquelas duas turmas, estava em minha cabeça, e tentaria
os fazer criar uma peça.
Na saída da segunda aula, vi o professor que me substituíra me olhar e perguntar.
— O que aconteceu, dizem que teve problemas pessoais.
— Minha mãe foi esfaqueada chegando em casa, como única pessoa que poderia cuidar dela, e
não teria cabeça para uma aula, perguntei se teriam como dispor de alguém, peço desculpas, as vezes a
violência atravessa minha vida.
— Mora onde que aconteceu isto?
— Na Avenida Iguaçu, 8 quadras daqui.
O senhor me olha e pergunta.
— Nem nos bairros melhores estamos protegidos mais.
Eu entrego a Junior o que havia feito do prospecto do novo material e falo que teria de somar no
projeto.
Ele não comenta nada sobre senha no sistema, sinal que nem tentaram olhar, menos mal no
sentido de verem, todo problema, no sentido de não terem pressa.
Saio dali e sinto o meio, e vi aquela nevoa me barrar e olho aquele senhor me cercando.
— Me deve a vida Bruno, vim cobrar.
— Não, devo um esperma, que deve ter deixado aos milhares por ai, a vida, nunca.
Ele me olha, sinto em volta e não senti os Hons e ouvi.
— Me livrou daqueles dois inúteis irmãos seus.
— Duvido de tudo que falas senhor, porque me cerca.
— Já falei.

223
— Não, não veio por minha vida, veio por dinheiro, pois pedido de paternidade, de um
desconhecido, estabelece, quer ficar com minhas contas, isto é bom.
— Sei que tens um patrimônio.
— Sabe? Não quero seu informante.
— Sua conta bancaria está cheia.
— Enchendo, não cheia.
— Não entendi o que fez.
— E nem vai, mas desculpa, continuo sem ter um pai.
— Acha que pode comigo pirralho.
Pensei em ser arrogante, mas falei.
— Não, quem seria eu para poder com você, por sinal, quem e o que é você? – Olhei ele, surgiu
como uma nevoa, abandonado em uma ilha, sinal que já havia morrido.
— Sou seu pai.
— Desculpa, esta definição lhe torna um nada. Mas nevoas de existência, é para quem já
transcendeu, então o verbo deveria estar no passado, mesmo que apegado a bens, sabe que está
apenas arrastando existência e gerando mais pesos.
— Não entende disto.
— E todos por lei, são proibidos de entender em vida. – Eu sinto a adaga na mão e vejo os olhos
dele ficarem na adaga, e apenas senti a historia, de um rapaz, irresponsável, morto, talvez ele nem fosse
tão ruim na época, mas morto três semanas após ter engravidado alguém. A historia vindo a minha
mente e quando recolho a adaga, ele me olha intrigado, olha adaga, ele pensa em falar algo, mas se
cala.
O ser me olha e vejo ele ir para forma de nevoa, e sumir dali, caminho até em casa, e me deparo
com minha mãe assustada, a abraço e pergunto.
— Você que sabe se quer falar disto.
— Não entendi, ele surgiu em nevoa filho.
— Ele já é morto mãe, e não fui eu que o matei, ele já está morto a muito tempo.
— Ele tentou me esfaquear novamente.
Imaginei que ele poderia tentar novamente, mas sem sentir, no tocar minha mãe esfaqueada,
passei a ela parte da armadura de luz, e ela fala que a faca foi barrada em uma luz, que o forçou a
desviar a visão, e com raiva sumir dali. Ela tenta entender e infelizmente, eu também não entendia disto
para falar.
Desço e dou duas aulas de teatro, ensinar estava me ajudando a aprender mais ainda, não sei se
para os demais funciona, mas para mim, ensinar algo, me faz ter de pensar nos motivos de cada
argumento, e isto, me faz gravar melhor os conteúdos.
Quando paro em discutir a criação de uma peça em inglês, parecia que a ideia crescia, não era
discutir apenas vamos ser uma peça sobre isto, se sim, é ela começa neste ponto, vamos falaz sobre este
assunto, neste cenário, estes personagens, esta duração de peça e por fim, cada cenário com seu devido
texto, com seus personagens, com seus humores e suas características, agora pensa tudo isto, em uma
língua que não é a sua língua nativa.
Eu senti os hons chegando, de todos os lados, e pela primeira vez vi fecharem a rua para algo, era
algo com toda a energia de algo que teria como objetivo, pedi calma as pessoas e vi que onde haviam
mais pessoas, eles foram educados, mas vi um senhor ao fundo, eu tirara sua mascara, e agora ele
estava ali, querendo me prender, por algo, que desculpa, não me sinto culpado, ele estava vivo e queria
minha morte antes, então ele querer minha morte agora, para ele, natural, para mim, apenas mais um
dia na minha vida conturbada.
Os policiais perguntam quem é Bruno Baptista, e apenas olho para o policial e me identifico, olho
minha mãe e olho o senhor e pergunto.
— Qual a acusação.
— Corre em sigilo o senhor ao fundo.
— Então para um menor, eu, isto quer dizer o que senhor, pois não existe isto para o estatuto do
menor e adolescente. – Olhei o senhor serio.
— Temos a determinação de detenção. – Um policial.
— Espero o veiculo da Proteção a menor e adolescente.
— Nos acompanha por bem ou por mal.
224
— Vai atirar em um menor com testemunhas, onde tá a determinação.
— Foi assinada por um responsável. Guedes York.
— Só tenho um responsável senhor, minha mãe, meu pai é morto a mais de 16 anos, eu nasci e
ele já estava morto.
O policial olha para o senhor e fala.
— Tem certeza senhor, ele não está fugindo, estamos em uma sala de aula, o que diz a
determinação.
— Para o deter.
— Ninguém nem falou que ele era de menor senhor. – O comandante, não sei quem ele era, mas
por um segundo senti o medo nas palavras. – Seria apreender.
A rua fechada, o colégio todo as janelas, parte do publico do bar saiu para ver, e começava um
tumultuo a volta, e o policial não parecia confortável.
Olhei para onde o senhor olhava, e vi um senhor caminhando para o local, ao lado uma moça,
braços de quem tem músculos.
O senhor olha o promotor, e fala.
— Qual a confusão promotor? – O rapaz.
— Tenho uma determinação de detenção para um rapaz que se escondia no curso de teatro.
O rapaz conta os carros e fala.
— 10 carros com 5 policiais em cada, para uma detenção, quem é o criminoso perigoso que se
esconde aqui.
Eu olhei o senhor e falei.
— Eu, Bruno Baptista.
O rapaz olha o comandante e fala.
— Ordens?
— Detenção, mas constatamos ser um menor de idade.
— A pergunta, precisa de tanta gente comandante Santos.
— Foi o que o promotor pediu, sabe que viemos para algo determinado como perigoso.
O rapaz me olha e fala.
— Do que lhe acusam?
— Nada, foi minha indagação, pois se fosse uma acusação legal, meu advogado teria me ligado.
— Tens advogado? – O promotor.
— Roberto Vaz. – Falei – Deve estar chegando ai.
O rapaz sorriu e olha para a moça, que me olhava, não sei, ela me encarava como um inimigo.
— Problemas Raisca?
— Tudo distorcido, quando se olha para um menino, e se vê um exercito, não entendo.
Eu não entendi, como ela entenderia.
— Exercito? – O comandante, olhando em volta.
— Não estou falando dos hons comandante. – A moça.
Não sei quem é a moça, mas ela me intrigou, pior, nitidamente muitos não viam os hons, mas a
frase dela me deu a certeza deles estarem ali, e consegui os ver.
Minha mãe não estava bem, mas surge a porta e pergunta.
— Como está filho, que confusão é esta?
— Determinação de detenção, mas menores não se detêm, se apreende, e o senhor ali, não
deixou eu ver a determinação.
O rapaz me olha e chega ao promotor e pega o papel a sua mão e fala.
— Desobstrui a rua comandante.
O comandante desobstrui, e vi Vaz chegando, passara apenas uma afirmação para ele, e estava
ali, esperando os acontecimentos.
Vaz chega a frente do rapaz e pergunta.
— Perdido aqui Delegado Sergio?
— Estava tentando chegar a uma abordagem, e me deparo com tudo parado, para deter pelo
jeito seu cliente, está montando uma creche de clientes pelo jeito.
— E quem comanda esta operação.
— Promotor Rogerio Silva.

225
— Está dizendo que meu cliente conseguiu tirar o Promotor do cafezinho, fala serio. – Vaz olhado
Sergio.
A moça olha o promotor e sorri.
— Pode nos explicar baseado em que processo tem esta determinação senhor Silva, prender uma
criança, sem provas, pode lhe tira do cafezinho. – Vaz olhando o senhor.
— Pelo jeito ele é pior do que me falaram, pois tem um advogado que não é porta de cadeia. –
Promotor.
Vaz me olha e pergunta.
— O que entendeu disto?
Olhei o promotor e falei.
— Apenas o acordo de segunda, não sendo cumprido, amigo do amigo, fazendo merda.
— Ele pode dizer que está o ameaçando.
— Certo, 10 carros da policia, para prender, um menor de idade, colocado no papel, perigoso, não
se arrisquem, para uma reação impensada ser fundamentada, e eu que estou ameaçando Doutor Vaz.
— E referente ao senhor que se diz seu pai.
— Me sopraram, que ele morreu no mesmo ano que me gerou, esta registrado na policia local,
reconhecimento e toda leva de coisas do gênero, foi feito na época, se alguém está com documentos de
Guedes York, está com documentos de um falecido, este sim deveria estar preso, por sinal, foi o caso
que fez o então advogado Silva, virar Promotor Silva.
— O que quer dizer? – Vaz.
— O promotor da época, jovem, destemido, irresponsável, Guedes York, morto, assassinado se
não me engano, abre a vaga para o atual Promotor, então é difícil que o promotor ao fundo não saiba
que Guedes York está morto a 16 anos.
Vaz olha o promotor, se ele aceitou uma determinação de alguém que se pesquisar no sistema
está como falecido, teria ai conivência ou tentativa de algo.
— Poderíamos discutir isto em outro lugar, meio da rua, parece algo impensável. – Falei.
— Onde? – Delegado Sergio, agora sabia seu nome.
— No teatro, já havia acabado a aula que ministro no curso de teatro.
— Dá aula ali, e eles afirmam que vieram a um local onde um fugitivo se escondia? – Sergio.
— Não entendi nada.
Entramos, os policiais, boa parte ficou para fora, e chego a sala e olho o promotor.
— Posso considerar com isto senhor Rogerio Silva, o acordo de segunda feira, cancelado?
O comandante me olha e o senhor olha em volta e fala.
— Não comento isto aqui.
— Então quer que chame outros a confusão, e não quer comentar, quer ferrar com muitas
famílias da cidade, e não quer comentar, quer se aliar a alma podre de um servo, morto a 16 anos, e não
quer comentar?
— Não vou lhe pagar para ficar vivo.
Sorri e falei.
— Quer convencer os demais, que eu lhe ameacei a pagar algo para mim, é isto?
— Sabes que fez. – O promotor.
— Se não sabe a diferença entre eu e Hadit, precisas de óculos senhor promotor, e mesmo isto, se
fosse provado, teria de ter um processo, ter um inquérito, você me acusar formalmente, e se o fizesse,
não seria o senhor a me conduzir, quer me prender, me mandar a uma instituição de menor, tudo bem,
mas faça seu serviço direito.
Olho o comandante e pergunto.
— Em que delegacia tenho de prestar depoimento, pois não existe condução direto a uma prisão,
tem de passar por um delegado.
O comandante me olha e fala.
— Quem é este Hadit?
— Alguém que faz parte da crença do senhor Silva.
O comandante olha o senhor que me olha.
— Não está falado demais?
— Quem me acusa, quem traz policia a minha casa, quem usa de recursos públicos para acusar a
vitima, não sou eu senhor.
226
— Não es uma vitima?
— Certo, então narre ao comandante suas vestes e quem estava presente e onde eu estava,
quando deste evento que fala ser uma ameaça, devemos morrer quietos, é isto promotor?
O senhor olha o comandante e fala.
— Podem ir, vou cancelar esta operação.
O comandante viu que toda a pressão era para não ter testemunhas e ser rápido, mas muita
gente, nunca é rápido, e um menor, acabou com a pressa.
O comandante olha o senhor atravessado, este parece passar uma mensagem e ouvi os carros da
polícia saindo.
O comandante ainda ficou ali, e o senhor fala.
— Não vai sair Comandante.
— Sua integridade, é de minha responsabilidade, colocou o rapaz como perigoso, e pelo jeito, não
esperava que ele não reagisse, não sei o que esperava dele.
O comandante me olha e pergunta.
— De que acordo estava falando?
— De me manter longe de pessoas ligadas a família Camargo, que eles tiravam a acusação de ter
agredido o filho do Desembargador Camargo.
— Você era o menor que o esfaqueou?
— Não, eu fui o que foi esfaqueado pelo rapaz, 15 dias antes, pelas costas na saída do estadual, e
que depois levei 3 tiros do mesmo rapaz, e nenhum dos outros processos, saiu.
— E pelo jeito eles não gostaram disto.
— Duvido que o grupo que o senhor Silva está, esteja de acordo com o que ele está fazendo.
— E iria por bem da mesma forma.
— Eu passei o fim de semana numa instituição de menor, para aguardar o julgamento, então não
tenho medo de caras feias senhor.
— E teria medo de que?
— Dos Hons, a toda volta lá fora.
— E porque ele lhe acusa?
— Porque não me conhece, apenas a fama. – Menti.
O comandante olha o outro Delegado e pergunta.
— Não tinha nada mais a fazer?
O rapaz olha a moça ao lado e fala.
— Sim, de saída.
Vi estes saírem e Vaz me olha.
— Como estão?
— Pensando em pedir a exumação de um corpo.
— Motivo? – O promotor.
— Se for constatado que sou filho de alguém que morreu, anula todas os demais pedidos de
paternidade.
O promotor me olha serio e pergunta.
— É serio que é filho de Guedes York?
— É o que alguns falam.
Vi que minha mãe não estava entendendo o que eu estava falando, mas tudo indicava, alguém
que desafiou o grupo, e foi eliminado.
Teria de saber quem o convocou a vida novamente, pois ele teve outros dois meninos, e isto quer
dizer, alguém o pode ter chamado aos vivos novamente.
Uma duvida me veio a mente, Quem? Pois coisas de 16 anos atrás, ainda estão vivas.
Será que isto que deveria procurar, e as vezes, poderia descobrir algo mais terrível.
Sorri, pois todos me olhavam, e não sabia o que fazer e pergunto.
— Posso retornar a meu mundinho?
Abracei minha mãe e fomos para dentro, estava cansado, e via que minha mãe queria perguntar
algo.
— Como descobriu o que falou?
— Existem pessoas que me contaram coisas mãe, e não adianta tentar explicar o que estas
pessoas são, pois eu não sei o que são os Hons, mas eles existem.
227
— E pelo jeito o senhor ficou pensando em se dar mal, mesmo que lhe fizesse mal.
— Mãe, eles propuseram um acordo para tirar os processos contra o José e tirariam o processo
contra mim, é um acordo que abraça a mãe do José que mentiu em juízo, um monte de gente que
mentiu em juízo, e vejo como se assinado por alguém, que legalmente, está morto.
— Mas eu vi ele.
— Entenda mãe, porque ele não lhe feriu hoje?
— Não sei, pensei que seria furada e ele me atravessou.
— Sim, para lhe atingir da vez anterior, ele usou um dos filhos que tem por ai para lhe furar pelas
costas.
— Está dizendo que ele realmente morreu.
— É o que a historia dele fala.
— E porque fazer o reconhecimento?
— Mãe, a senhora sofre ano a ano para manter a casa, e pode não saber, mas a senhora tendo
um filho de um promotor de justiça, deveria a 16 anos estar recebendo uma aposentadoria vitalícia.
— Algo a facilitar minha vida.
— Algo a nos livrar de armações mãe, pois mortos não podem pedir teste de paternidade, a
pensão vai ser consequência.
— E estava pensando nisto enquanto eles queriam lhe prender de novo.
— Apenas agora tô cansado mãe, amanha tem aula e trabalho normal.
— E não vai parar?
— Tenho ainda de comprar onde moramos, e amanha, vou acordar bem cedo.
— Problemas?
— Estabelecer o que quero fazer, e isto, é bem complexo.
— Crescer.
— Construir minha casa, neste mesmo terreno, e fazer de uma forma a não ter vergonha e nem
ser cobrado pela simplicidade, nem que em olhares.
— Certo, algo a ser respeitado.
— Algo que me faz ter de ter um trabalho, pois IPTU nesta região é caro.
Minha mãe sorriu e fui a um banho, cuidei do curativo dela as costas, remédio e hora de
descansar um pouco.

228
Acordo bem sedo e desço para falar com Roseli, ela me olha e pergunta o
que queria fazer, eu abro o projeto e falo.
Estava querendo estabelecer um começo de tudo que queria fazer, e
sabia que a hora era agora, as vezes fico achando que esta corrido, mas as
vezes, parece que é o momento.

— Os projetos, passam pelo erguer das estruturas dos outros 5 pontos de comida, junto com isto
o erguer do estacionamento, sobre o estacionamento, o que será minha casa, e queria paredes vivas,
com plantas em toda a estrutura alta, e na parte do teatro, uma cachoeira falsa da altura que está
minha atual casa até em baixo.
— Reformulando tudo.
— Agora que é meu, vou fazer Roseli, e preciso que comece a me passar quanto custa, não a
Pedro Rosa.
— Certo, assumindo aqui.
— Sim, 5 restaurantes, uma lanchonete, um curso de teatro, um Teatro com dois palcos, um
estacionamento para 600 carros, e minha casa sobre a estrutura do estacionamento.
— Um local especial? – Ela olhando o projeto.
— Um lugar para começar minha vida.
— Certo, ramo da gastronomia e do entretenimento.
— Sim. Apenas me orça e passa o preço.
— Tem para isto?
— Me orça, no segundo seguinte sei se posso ou não.
— Acha que tem os recursos.
— Acho que dá para terminar, hora de começar a pensar a frente, mas para isto, terminar esta
parte do projeto, mas tem o prospecto de fundação, quero reforçadas, pois posso querer crescer as
coisas.
Subi, peguei meu material e ônibus, uma viajem até a escola.
O entrar na escola e ver todos normais, me fez pensar como as coisas estavam atravessadas,
quando pedi a transferência para Santa Cândida, não estava pensando em morar no outro lado da
cidade.
Sento a sala, algumas pessoas me olhavam, mas eu queria terminar este ano, passar e ir a frente.
Carla senta-se na carteira a frente olhando para trás.
— Dizem que você vem se esconder neste colégio.
— Não entendo porque falam de alguém que ninguém conhece.
— Pelo jeito não vai se misturar mesmo.
— Eu tento ficar em paz, agora pelo menos o processo que tinha contra mim, foi cancelado.
229
— Muitos falam que você é violento, isto é verdade?
— Me defendo, geralmente, e levo sorte, deveria estar morto.
— Pelo jeito veio expulso, e não gostou.
— Desculpa Carla, mas o que estão estudando este ano, deveriam ter estudado ano passado,
então eles deixam para os outros a vaga, no Estadual tinha uma chance de ser alguém, aqui, precisar de
dois anos de cursinho, para aprender o que já deveria ter aprendido.
— E vai fazer faculdade do que?
— Letras Inglês.
— Difícil de passar?
— Não, mas já dou aula de inglês na Cultura Inglesa, e é um caminho que me sinto bem.
— Serio que você dá aula de inglês? – Ela perguntando seria.
— Sim, aos meus 15 anos, defendo meus 6 salários mínimos, como professor de inglês.
— E todos falando que você é um dos músicos do “Bárbara e os Clementes”, é serio.
— Fiz parte da guitarra da banda e namoro Bárbara, então isto deveria ser algo normal.
— E ficam falando mal de você.
— Eu consegui que a banda de Peter, tocasse, consegui 11 das 13 musicas que eles tocam, criei o
nome da banda, e ele fala mal de mim.
— Produziu ele e eles caíram fora.
— Eles vão tocar minhas musicas, podem não saber, mas estão me gerando dinheiro.
— E pelo jeito não se preocupa.
— Eu defendo meu futuro, mas fofocar não gera futuro.
— E pelo jeito demorei para dar encima... – Ela fala jogando os cabelos, era evidente a
maquiagem leve, eu correndo e ela se arrumando.
— Provoca e depois foge, pois saiba... – A encarei – Não sou santo.
Ela sorri e olha os demais entrando e fala.
— E pelo jeito não terá problema na próxima aula.
— Terei, pois tenho de responder coisas que não se usa no inglês para passar.
— E não se preocupa?
— Estou criando a minha primeira peça escrita em inglês, para um festival de teatro de língua
inglesa que terá em outubro, eu realmente não estou preocupado.
— E pelo jeito corre mesmo o dia inteiro.
— Único dia que acho tranquilo, é sexta, e sempre termina a tarde as duas da tarde.
— Por quê?
— Voo para Florianópolis as 5.
— Vai a Florianópolis?
— Tenho um compromisso lá no fim de semana.
— Compromisso, parece trabalho.
— Algo que me gera em 3 dias, 6 meses de salario na Cultura Inglesa, sim, é trabalho.
— Quer dizer que vai a trabalho, e não está preocupado com pequenos detalhes.
Os demais entraram e falei.
— A professora.
A aula começa e vi a professora passar um exercício, e passar entre as carteiras, e vi quando ela
parou as minhas costas, não sei se ela lia desta distancia, mas ela coloca a mão sobre o caderno e
pergunta.
— Já fez o exercício antes?
Abri a outra pagina e não estava nada feito, ela me olha, tudo em português e fala.
— Pelo jeito já estudou isto.
— Sim, já estudei isto.
Ela me olha e fala para a turma toda.
— Bruno, leia a resolução do exercício.
Eu a olhei, a turma nem tinha terminado, era uma sacanagem com os demais e falo.
— Deixar claro que esta questão não tem uma única resposta, já que o verbo To Be, pode estar
em dois sentidos, mas a minha resposta, é “Eu sou só: não existe Deus onde eu estou só.”– Olhei a
senhora e falei em inglês e ela me olha assustada, não sei se ela entendeu, mas eu apenas vi todos me
olhando e ela fala.
230
— Uso dos dois sentidos do verbo?
— O básico.
Ela foi a frente e avançou um pouco a aula, mas nada que eu não tirasse de letra, mas poderia
estar ferrando com a turma inteira.
E senhora me olha antes do fim e fala.
— Se puderem ler a matéria antes da próxima aula, facilita.
Ela me olha serio e pergunta.
— Já estudou isto onde?
— Cultura Inglesa.
— Certo, faz aula fora, então não terá problemas no ano.
— As vezes queria algo mais difícil.
— Qual dificuldade está pensando.
Pego o panfleto do teatro Guaíra e falo.
— Escrever uma peça em inglês.
Vi que ela me olha e fala.
— Vai montar um grupo?
— Faço parte do grupo de inglês da UFPR, e eles vão participar, estudo Teatro no Curitiba Theater
School, de onde devo participar de um segundo grupo, nem que com o texto, e pretendo fazer um
monologo.
— Não quer apenas escrever, quer escrever, interpretar e agitar o pessoal.
— Sei que poucos tem coragem de desafiar isto, mas falar em outra língua, me gera outro
entendimento das coisas.
— Ouvi falar deste Curso Teatral, não sei se sabe onde fica, me perguntaram isto estes dias.
— Não sei se sabe onde fica o novo Curitiba Comedy Center.
— Está falando daquele na Avenida Iguaçu?
— Sim, no mesmo terreno ao lado.
— E pelo jeito queria algo nesta dificuldade.
— Senhora, eu quero me formar, eu preciso do diploma de segundo grau, para fazer vestibular,
dai para frente, estudos e aventuras.
— Certo, mas pelo jeito não adianta deixar mais difícil.
— Como disse, este material é dubio professora, ele me permite responder de duas formas, e isto
confunde as pessoas.
— E pelo jeito está estudando algo avançado.
— Menos do que queria.
— Criticando a Cultura inglesa.
— Falei isto diretamente com os dois sócios do Cultura Inglesa, e as vezes me assusto com alguém
de fora me dando razão.
— Certo, desafia os mestres, mas aqui vai ser no básico.
— Sem problemas.
Ela sai e o professor de física entra na sala, nada de mais, tudo normal, decora esta formula e
tudo se resolve.
Intervalo e vejo que Rose para a minha frente e fala.
— Tem gente preocupada, e quer lhe falar.
— Gente? – Perguntei.
Ela olha ao lado e tinha uma menina, sabia seu nome, pois ela estava no campo que fora preso e
falo.
— Qual o problema Raquel?
Ela me olha serio, depois sorri e fala.
— Lhe devo desculpas, mas meu irmão sumiu. Ele saiu com um senhor ontem a tarde, e não
voltou para casa, minha mãe falou que ele foi detido no centro, e quando foi solto, sumiu.
— E sua mãe está preocupada?
— Sim.
— Pergunta para ela se o verdadeiro pai de Roberval não era Guedes York.
Raquel me olha estranho e pergunta.
— O que significaria isto?
231
— Que ele seria meu irmão torto, assim como seu irmão torto, seu por parte de mãe e meu por
parte de pai.
— O ser de ontem?
— O espectro de ontem, pois o senhor Guedes morreu a 16 anos, mas alguém o invocou, e não
sei o que eles estão aprontando.
Olhei uma parede e olhei para o Hons e falei.
— Estão vivos ainda?
Todos veem aquele imenso ser surgir ali e falar.
— Os dois estão vivos, mas um acaba de ser picado.
— Tira de lá e entrega no HC, depois falamos com eles.
O ser some e olho Raquel e falo.
— Da próxima vez que ele tentar esfaquear minha mãe, não serei tão compreensivo, avisa ele.
Dei as costas e voltei para dentro.
Passei um recado para minha mãe, que apenas se cuidasse, pois ainda tinha os malucos soltos.
Eu liguei para o doutro Vaz e ele estava confirmando a exumação do corpo, e o exame sairia em 2
dias.
Olho a porta e vi Peter entrar e parar a minha frente.
— Sei que deve ter ficado chateado.
— Só avisa a quem lhe contratou, que 11 das musicas, tem dono e não são da sua banda, pois
pode dar problema mais a frente.
— Acha que Bárbara no cederia as musicas?
— O empresário dela é o pai dela, mas ele é mais maleável que ela, então manda o seu
empresário ligar para o dela.
— E não se preocupa?
— Vocês querem voar, voem.
— A proposta foi boa.
— Então agarra, eu não toco para vender, eu toco, pois faz parte de mim tocar, e o que me
chateia é fofoca, o resto se resolve.
Ele sai e Carla chega ao lado e fala.
— Estão falando que um Hons falou com você?
— Este colégio só tem fofoqueiro.
O professor entrou e a turma toda depois e mais duas aulas e estava saindo pela porta, vi Rose
me olha e falar.
— Não entendi, você conhece Raquel?
Sorri e olhei para a entrada e falo.
— Deixa eu ir comer algo e sair correndo.
Almoço e centro, e quando vejo já estou entrando para dar aula, a sequencia disto, faz a semana
voar.
Na entrada estava Bárbara e ela me olhava seria.
— Problemas? – Perguntei em inglês.
— Tem gente falando que ficou com você.
— A pergunta é quando e onde, pois não tenho tido tempo nem para pensar em pular a cerca.
— É serio Bruno.
— Se fosse serio, não estaria fofocando Bárbara.
— Mas... – Eu me aproximo e a beijo e afasto os lábios e falo.
— Carlos vai puxar minha orelha por este beijo, mas tem de saber até onde acredita em mim.
— Elas falam barbaridades.
— Barbaridade vem de Bárbara, não de outro nome.
Ela sorri finalmente e fala.
— E vamos viajar amanha?
— Espero terem comprado minha passagem.
— E pretende fazer o que?
— Ensaiar algo, pois estou enferrujado.
— Certo, mas pretende algo?

232
— Material de gravação, vamos estar num lugar que o suco de laranja custa 60 reais, mas quero
gravar uma musica lá e lançar na internet na segunda, ter as imagens das três apresentações e lançar a
musica na segunda.
— Qual musica?
— “Contemplai!”
— Pelo jeito vamos criando e caminhando.
— Era para fazer na semana passada, quero tentar mais uma, mas não terminei ainda.
— E qual a diferença desta?
— Não será cantado em Inglês, e sim em celta.
— Certo, vamos mais fundo.
— Sim, vamos mais fundo.
— E qual seria a segunda musica?
— Serpente Secreta.
— Quer mesmo dar sentido a isto?
— Sim, quero dar sentido a um trabalho, o deste ano.
— E depois?
— Lhe convidar a ser minha rainha.
Ela sorri e vejo Carlos chegando e me fala.
— Já falei que não quero professores se envolvendo com alunas Bruno.
Ela olha Carlos e fala.
— Se quer que mude de escola senhor, eu mudo, mas meus relacionamentos fora da escola, pois
estamos a entrada, não tem haver com sua escola. – Bárbara olhando o senhor.
— Não a estou mandando embora, deixar claro.
— Mas se meu namorado sair, eu saio junto, pois não estamos quebrando regras senhor. –
Bárbara estava querendo guerra e falo.
— Falamos mais depois, na Avenida Iguaçu.
— Meu pai quer falar com você.
— Ele é nosso representante, e sabe que parte das musicas do pessoal da “Your Sons-in-law” são
nossas, então temos de autorizar eles a usar.
— E acha que devemos ceder fácil.
— Manda seu pai negociar, eles não falaram nada com a gente, hoje Peter pediu para falar
comigo, e falei que seu pai era nosso empresário.
— Certo, você indicou ele como caminho, mas as musicas são suas.
— Sim, mas preciso de um empresário.
Bárbara sorriu e fala.
— Certo, ele queria saber se o representaria, e pelo jeito já tinha pensado nisto.
— Sou de menor, lembra?
— Somos, mas pelo jeito quer lançar duas musicas na segunda.
— Estamos colocando ainda musicas e hora de gravar mais duas, e semana que vem, na segunda,
ensaio, pois eu nem sei como vou me sair no palco.
— Certo, ainda escondido?
— Sim, ainda escondido, e tenta uma passagem para minha mãe, não estaria tranquilo, a tendo
longe dos olhos.
— Certo, ela ainda está se cuidando, por sinal, como ela está?
— Dois dos marginais que tinham a esfaqueado, reapareceram na cidade.
— Mais problemas?
— Estou tentando descobrir quem fez um ritual de volta, para um espirito, que os reúne.
— Espirito?
— Alguém que se estivesse vivo, seria meu pai.
— E pelo jeito desconfia de algo?
— Irmãos por parte de pai, de mães diferentes.
— E porque desconfia disto?
— Ainda apenas desconfiança.
— Certo – ela olha Carlos os olhando e termina – hora de uma aula, quando vai ter mais turmas.
— Duas turmas semana, já é bom para praticar Bárbara, pois eu sou ainda imaturo.
233
— E pelo jeito quer algo a mais.
— Sim, reunir um império.
— Através de musicas?
— Sim, as coisas estão ainda se montando.
— Porque?
— Porque estava hoje em uma aula simples de inglês no meu colégio estadual, e uma frase muda
de sentido.
— Porque?
— Porque sempre estudei um texto e todos o traduziam e falam do texto com uma frase “Eu sou
só: não existe Deus onde eu sou só.” Mas o sentido do verbo, faz muito mais sentido no estou.
— Por isto celta?
— Sim, no inglês ficaria no verbo to be!
Carlos me olha e fala.
— Pensando no conteúdo pelo jeito.
— Interpretações, o eterno “Ser ou não ser!”
— E pelo jeito os dois falam de coisas empresariais.
— Sim, o pai de Bárbara, nos agencia e nos comanda senhor, não é uma aventura de menores de
idade, e se acha que você é barra pesada, o pai dela, conhecido como um dos juízes mais intransigentes
da cidade.
Entrei e Bárbara foi ao seu pessoal, estava pensando em duas musicas e o senhor Carlos não
entendeu tudo, mas era para mudar uma interpretação diferenciada da letra da musica “Contemplei!”,
e não saberia discutir isto se não fosse por musicas.
Quando acaba as duas aulas, o senhor Bryan estava a porta da sala e pede para falar comigo.
— Podemos conversar rapaz?
— Sim.
— Vi que colocou senha nos seus arquivos, e não entendi ainda a ideia, nos escondendo algo?
— Evitando má interpretação, nem tudo que está lá vai para o texto, e não quero alguém jogando
pedras apenas por não entender, que montar um projeto, é mais complexo do que apenas jogar
palavras ao vento.
— Carlos não quer algo, que pelo jeito não lhe falou.
— O que ele não quer?
— Aquela Bárbara, apresentou ao professor do quarto ano, uma proposta dele ajudar ela com as
moças da turma dela, para fazerem uma peça teatral para participar do Festival de Peças em Inglês do
Teatro Guaíra.
— Tem de considerar, que isto poderia chamar mais pessoas, mas como falei antes, vocês não
tem preparação para isto, criação é algo totalmente diferente disto.
— Certo, você já alertou isto, que queria criar algo a respeito, mas pelo jeito alguém lhe ouviu.
— Poderíamos tentar algo diferente, mas vou pensar em algo, o conteúdo que está lá, está ainda
em estudo, não quero resistência antes de pensar em como o defender senhor.
— Certo, mas está andando.
— Tem trechos que tirei dos demais, pois algo que não foi começado, apenas tiramos dos demais,
fiz as continuações do que tínhamos, e estou pensando no que seria propicio a cada ano.
— Certo, Carlos pelo jeito se acalmou em saber que o pai da menina é Juiz e sabe da relação dos
dois.
— Ela basicamente me pediu em namoro senhor, e não tenho como explicar, ela escreve letras,
eu arranjos e musicas, então o que conhecem como Bárbara e os Clementes, é uma criação minha, eles
eram antes de eu entrar, apenas Nymph and Demons.
— E poucos falam disto.
— Nem precisam saber, mas ela escreve bem, e por isto ela quer fazer uma peça teatral, ela quer
se alto desafiar a fazer algo assim.
— E não conhece as moças?
— Não, elas nem estão falando comigo e Carlos está em polvorosa, imagina se estivesse dando
corda.
— Tem de evitar em americanizar termos do português.
— Sei disto, as vezes acontece.
234
— E tem enfrentado isto como?
— As vezes tirar do vocabulário “a métrica disto”, é mais difícil do que “polvorosa” ou “dando
corda”.
— Certo, tem pensado nas coisas, entendo que as vezes se nacionaliza termos, mas tenta evitar
eles.
— Ok.
Saio dali, e vejo Bárbara a frente, ao lado dela o pai, e fomos a Avenida Iguaçu.
Sentamos na sala dos professores e o senhor me pergunta.
— Quer mesmo que o represente a nível da banda?
— Sim, não teria tempo para mais isto senhor.
— E referente as musicas, que pelo jeito você criou algumas, minha filha as letras de outras que
você musicou, e cederam a uma banda que conseguiu um empresário.
— Senhor, eles ainda estavam sendo preparados, eu não os vejo prontos, para um show solo.
— E vai ceder as musicas?
— Parte eu nem tinha colocado lá, tínhamos gravado e iriamos por aos poucos, mas eles tiraram o
que estava, se eles querem regravar, vão se deparar com a verdade, eles precisam de muitos cortes para
ficar bom.
— Não foi o que perguntei.
— Senhor, eles podem tentar, mas que paguem pelas musicas se querem, se não querem pagar,
não acreditam nas musicas, e teríamos já pelo menos 11 musicas para uma segunda ideia.
— 11 das 13 vocês criaram? – O senhor.
— Sim, eles só tinham duas musicas, e nem vamos falar da mudança nas duas, pois criamos
refrão, entrada e mudamos a sequencia de acordes das duas musicas.
— E não se preocupa.
— Sua filha havia feito duas musicas dentro das palavras de um livro, eu havia traduzido e criado
42 letras dentro do mesmo texto, eu ainda estava sem banda, e pensando nos acordes, a parte de
acordes das passagens com um misto de órgão e guitarras gritadas, com uma batida forte, mas como
temos musicas dela, mais de 30 outras, minha mais de 40, e nem começamos a banda direito, depois
nos preocupamos em tocar as musicas que criamos como os demais, pois isto no futuro dará outros
shows.
— E que falo para o empresário do TIANASTACIA?
— Que se quiserem, gravamos uma musica lá no sábado a tarde. – Respondi.
Barbara me olhou e perguntou.
— Pensou em qual?
— Aquela sua, “Balada de Doidos”.
— E pensou em alguém mais? – Bárbara.
— Passei um recado para Serginho Moah, com uma proposta de musica, pode ser que sábado seja
corrido.
— Não para nunca? – O senhor.
— Senhor, pode ser que passemos como um furacão, então hoje, estamos em alta, e toda hora
colocando algo diferente, estranho como pessoas dançando nossas musicas em plataformas que não
recebemos nada, agita mais do que onde nos pagam.
— E não quer parar?
— Se tentarmos em 40 parcerias, temos mais chance de acertar uma ou duas musicas.
— E como tem mais de 70 musicas não está preocupado.
— Temos as letras senhor, temos de transformar em musica ainda.
Bárbara sorri e fala.
— E vamos pelo jeito ensaiar de novo.
— Queria ter ensaiado na segunda, e não estava legal.
— Semana estranha esta, mas já compramos as passagens, sua mãe está bem para viajar? – O
senhor.
— Melhor que deixar a mão de malucos senhor.
— Certo, e pelo jeito vão ensaiar. – O senhor vendo os rapazes chegarem e começarem a arrumar
os instrumentos.

235
Fui ao palco e começo a ligar as coisas, e começo a passar os acordes, coloco as duas musicas no
tele ponto, e começo a imaginar nas entradas, Bárbara olha os textos e começa a tentar falar as
palavras, estávamos passando a musica com o texto em inglês, e primeiro fizemos o ensaio em inglês, e
depois mudo para o português, como os refrãos ficam com som diferente, mudamos os acordes, ficou
mais fácil de cantar, passamos as musicas e pela primeira vez, vi o misto de duas musicas e Bárbara me
olha e pergunta.
— Acha que aceitariam algo assim. – Olhei para o pai dela e perguntei.
— Qual foi a banda contratada.
— Bárbara e os Clementes.
— E se fizéssemos metade em português, e quando fossemos cantar a parte em inglês, colocamos
as mascaras e cantamos a parte como se fosse a segunda banda.
Os rapazes sorriem e Lucas fala.
— Acabar com a surpresa?
— Deixar claro algo que eles já sabem, mas que não tínhamos falado ainda.
— E qual nome acha que imperaria?
— Os temas em inglês estão se aproximando dos de português, talvez cantar as musicas em
português em inglês e vice versa.
— Mas este inglês de hoje foi estranho.
— Foi cantando em celta hoje.
— E cada vez mais pesado. – Lucas.
— Talvez você vá para a guitarra em uma musica que cantaremos semana que vem, e somamos
duas batidas de bateria, mais um órgão pesado na musica, e Bárbara também na guitarra.
— Algo diferente.
— Sim, experimentações pesadas.
— E quando todos pensam, vamos fazer uma turnê, lançamos mais musicas? – Bárbara.
— Seu pai está vendendo dois shows, e sei que temos um show em Macau, um em Los Angeles, e
começa a parecer shows na Europa, mudando de banda dependendo do país.
— E vamos manter os dois esquemas? – Lucas.
— Sim, e vamos variar os instrumentos, talvez compremos um teclado mais pesado para
tocarmos.
— Mais pesado?
— Deve chegar em duas semanas, um órgão, mas temos de ver que não dá para levar ele a todos
os lugares.
— E pretende fazer o que?
— Um show na pedreira, com toda estrutura com as musicas prontas e testadas, que vai gerar um
material que podem chamar de um DVD, mas vai ter 30 musicas.
— Uma mais pesada que a outra?
— Não, mas quero 20 convidados, gravar eles num show especial, e com toda estrutura de show.
— Certo, pelo jeito eu pensando em algo, e você em outras coisas, vamos agitar a cidade. – Fala o
pai de Bárbara.
— Eu sei que sou o rapaz das ideias malucas senhor, mas para o show do ano que vem, teremos
um órgão real para duas musicas, e vamos ter arpas elétricas, para um som no misto de demoníaco e
angelical.
— Não para de pensar?
— Senhor, eles nem tem ideia do que fazemos, não tem ideia de que somos algo tão jovem, tão
recente, eles nos olham como se não pudesse ser.
— Certo, e começamos com musicas que existiam e fomos avançando, mas parece querer algo
pesado. – Bárbara.
— A ideia Bárbara, é que no ano que vem, o show de uma banda, não possa ser feita pela outra.
— Por quê? – Roger.
— Porque não dá para tocar com um teclado, o que se toca em um piano ou num órgão, é
diferente, uma arpa elétrica e um contrabaixo elétrico, tocarmos um som mais pesado, menos esforço,
mais barulho.
— E pelo jeito tem as musicas?

236
— Tenho de sentar com Bárbara para decidir o que cantaremos em português e o que
cantaremos em inglês e celta.
— Certo, mas algo que aproximamos este ano e separamos o ano que vem. – O senhor.
— Cuidando para não marcar shows em locais opostos, para as duas bandas.
— Certo, pelo jeito aposta em algo mais internacional.
— Cantar em inglês, é algo para fora, não para dentro, mas ainda gosto desta nação.
— E pelo jeito vamos a festivais pesados.
— Sim, e quem sabe não montamos um coral pesado feminino para cantar algumas musicas.
— Coral feminino? – Bárbara.
— De nome “Bárbaras”.
— Algo a incrementar músicas? – Lucas.
— Ainda sem ideia de quem, mas algumas musicas, poderíamos ter uma resenha de fundo, um
cântico feminino de fundo, mas não quero algo gravado.
— Algo a dar mais clima oculto. – Bárbara.
— No limite de uma manifestação de Hadit.
— No limite do que? – Lucas.
— Uma representação Celta, uma serpente, a que cantamos na musica a pouco. Mas o que quero,
é algo que podemos até desafinar, mas vamos cantar ao vivo, quando falo em não fazer tantos shows, é
para poder cantar e tocar todas as musicas.
— Acha que estaríamos quase na representação. – Bárbara sorrindo.
— Estaríamos sobre ela, apenas evitando de falar uma única palavra entrando e saindo da musica.
— Certo, algo a um ponto que poderia sair do natural.
— O oposto, liberar o natural, estamos todos no artificial, uma sociedade de consumo, não é uma
sociedade natural, o natural é correr aos campos, é desafinar em um tom durante algum show de turnê,
é ser humano, e não maquina.
— E não teria perigo? – Lucas.
— Lucas, quem sabe no show na pedreira, não convidamos uns hons para a festa.
Lucas me olha sorrindo e fala.
— Não está mesmo levando a serio.
— Tudo que estiver lá, vai ser encenação, não real, por mais que o seja, eles tem de achar mais
natural algumas coisas.
— Como os Hons. – O senhor.
— Sim.
Terminamos mais um ensaio e quando os rapazes foram saindo, estava querendo namorar um
pouco quando vi aquele senhor entrando e me olhando.
— Bruno?
— Sim.
— Camilo York, não entendi, os testes falam que é meu filho naquele tumulo, mas ele me
apareceu estes dias e falou que tinha um motivo para se manter longe.
— Senhor, seu filho estava numa trilha de rei, sabe do que falo.
— Sim, mas sempre tem oposição a isto.
— Sim, principalmente quando você se deixa seduzir por moças, agora senhoras, que tinham
maridos.
— E o que acha que aconteceu.
— Não sei quem é o irmão que a mãe fez uma oferenda e um pedido de reencarnação de seu
filho, mas é algo recente.
— E acha que tenho netos?
— Dois deles, induzidos por seu filho, tentaram matar minha mãe, para que o seguisse.
— E não deixou acontecer?
— Senhor, eles tentaram me matar, e ninguém ouviu isto ainda, me colocaram naquele mastro,
me despiram e começaram por aquele hino a Hadit, a menos de uma semana.
— E não se entregou a morte?
— Eles teriam de reconhecer os escolhidos, e o comportamento de Hadit, estabelece que se não
tivessem matado seu filho, ele seria o rei da mensagem, não um reprodutor assanhado e sem
preocupação com os filhos.
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— E ninguém fala disto.
— Poucos acreditam.
— Certo, e quem das crianças seria meu neto.
— O filho do Roberval, o filho do Rivaldo, eu e mais alguém, só não sei quem, mas tem de ter mais
alguém.
— Certo, então meu filho deixou sua herança, isto que eles me ocultam, por isto me afastam?
— Hadit me chamou de príncipe senhor.
— Então tem a certeza que ele seria um rei aceito, isto que quer dizer?
— Sim, mas eu nunca saberia disto, se eles não estivessem usando algo que deveria ser para
guerra, para morte de inocentes, para manter uma fé sem estrutura, e que nada tem haver com o Deus
da Guerra.
— Certo, e pelo jeito está querendo ser alguém, soube pelo senhor Paz, que comprou os terrenos
a volta.
— Um dia terei de arcar com a palavra e com os atos, escolhendo em que lado ficarei, da vida ou
da morte, mas quero poder defender os vivos, mesmo que em guerras eternas.
— Certo, e não sabe quem.
— Não, e não tenho para quem perguntar.
— Não seria aquela Sueli, ele arrastava um caminhão por ela.
— A atual Camargo? – Perguntei.
— Sim, conhece.
— O filho dela, tentou me matar. Por sinal, foi a primeira tentativa.
— Um menino de que idade?
— A minha idade.
— Uma chance, não sei se teria como descobrir.
— A senhora Camargo sabe, mas não tinha pensado nisto, algo para o tornar o único príncipe.
— E pelo jeito eles queriam o matar mesmo. – O senhor.
Não respondi, aquele senhor deveria ser meu avô, mas poderia não ser.
— Parece meu filho se calando, pensando antes de falar, mas pelo jeito escolheu um caminho a
trilhar.
Me calei, ele querendo me avaliar. Olho o senhor Vaz e falo.
— Agora tenho de ir descansar, tenho aula amanha cedo, assim como sua filha, e muita coisa a
fazer, para estarmos voando a tarde para Florianópolis.
— Certo, e tem planos?
— Me deram uma ideia, mas não sei se é aplicável.
— Uma ideia?
— Nos falamos em Florianópolis. – Vi que o senhor estava me olhando e me despedi, o senhor
ficou me olhando, não sei, não estava querendo ter um vô, e parece que herdaria um.
Subo, tomo um banho, como algo e abraço minha mãe, fazemos o curativo, falo que vamos a
Florianópolis no dia seguinte e que cuidaria dela.
O sono aperta e durmo pensando nas coisas que pensei.

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Acordo sedo, confirmo com Roseli as obras, depois saio com destino a
Santa Cândida, e sabia que seria um dia corrido, e não teria ideia de que horas
ele acabaria, já que os planos iam muito além do que ensaiamos.
Quando chego ao colégio, estranho pois alguns me olhavam e
cumprimentavam, e vi Roberval parar a minha frente.
— Minha irmã falou para não mexer com você, mas não acredito no que
ela falou.
Olhei ele serio e apenas perguntei.
— Quer então voltar a Ilha das Cobras, é isto?
Ele me olha assustado e fala.
— E como sabe disto.
— A próxima vez, que atentar contra minha mãe, não serei complacente Roberval, e fala para
aquele espectro que se diz seu pai, que ele que escolhe se quer voltar ao esquecimento, ou não.
— Como sabe disto?
— Digamos, que isto é uma das opções, que sejamos irmãos por parte daquele espectro, mas
matar minha mãe, covardia.
— E pelo jeito você é pior do que falam.
— Sou um príncipe guerreiro, para quem me desafiar, mas isto, é para quem me desafiar.
Entrei e não olhei em volta, estava a olhar o caderno, estabelecendo as letras em português e
inglês do que queria fazer e os acordes, pensando neles, cantarolando baixo, só para mim, quando vi
Carla parar ao meu lado e falar.
— Falou que iria trabalhar no fim de semana, pelo jeito é serio que se dedica a estas coisas.
— Sim, as vezes vem ideias malucas, e não sei como as executar.
— Como assim?
— Quer aprender inglês Carla?
— Quer me ensinar? – Ela maliciosa nas palavras.
— Quem sabe me ensina algo também, mas lembra daquela ideia do Festival de Teatro em Inglês
do Guaíra.
— Não entendi aquilo.
— Você que conhece as meninas e meninos, não quer aprender e fazer parte de um grupo que vai
ensaiar e preparar uma peça para disputar?
— Está falando serio.
— Sim, estou falando serio.
— E ensaiaríamos onde?
— Conseguimos uma sala, preparamos os textos, decoramos as falas, nos inteiramos de cada ato,
e montamos nossa peça.
— Temos tempo?
— Pode parecer que Outubro é bem longe, mas pode ter certeza, para algo assim, as vezes falta
tempo.
— E sobre o que seria esta peça?
— O que é ser Brasileiro, uma peça encenada em inglês, para ser vista no mundo.
— E acha que ganharíamos?
— No mínimo, estariam conhecendo parte da cidade, dos bastidores de grandes shows e
aprendendo algo.
— Não vai nos prometer a vitória?
— Não depende de mim, sabe disto.
— E vamos ensaiar onde?
— Primeiro tem de aceitar, depois falamos com a direção para usar o anfiteatro, depois vamos a
aula de encenação e criação de cada personagem, e por fim, ensaio.
— Vai participar?
— Escrever e participar, se a regra permitir.
— Porque fala assim?
— Ainda não li se posso participar de mais de um elenco, se posso escrever mais de uma peça,
então vai depender das regras.
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— Certo, e pelo jeito veio com uma ideia maluca.
— Sim, mas pensa nela, falamos na segunda, precisaria para a peça, de 3 rapazes e 5 garotas.
— Sobrando garota?
— Mais eu, não está sobrando muito não.
— E se topar e falar com o pessoal, falamos na segunda.
— Sim.
O professor de português entrou, aquela aula me tornava apenas mais um na turma, mas gostava
da matéria.
Três aulas e o intervalo, eu saio e Carla para ao meu lado e pergunta.
— Acha que nos destacaríamos?
— Eu penso em algo para me destacar, e obvio, se os outros entram no ritmo, eles podem se dar
bem.
— Quer chamar toda atenção sobre você?
— Sou um metido, que gosta de aparecer.
Ela sorri e fala.
— Alguma preferencia nas meninas?
— As menos preguiçosas. – Falei sorrindo.
Ela foi falar com as meninas e Raquel para a minha frente.
— Meu irmão fala que deve ter alucinado.
— Não duvido, mas como está?
— Minha mãe me perguntou de onde tirei esta historia, e que não era para falar isto por ai.
— Então não falamos, mas perguntei de você, os demais nem falam comigo mesmo.
— Carla começa a falar com você.
— Cada pessoa que coloco para dentro de minha vida, tenho um plano para ela, quer fazer parte
de um plano maluco?
— Plano maluco?
— Montar um coral de musicas estranhas.
— Um coral que vai cantar o que?
— Musicas em Celta, para fazer parte dos shows da banda em inglês, cantando no fundo.
— Está falando serio?
— Sim, bem sério.
— E saberia nos ensinar a musica.
— Preciso de 12 meninas no mínimo, e 4 rapazes, se não conseguir os meninos, será “Bárbaras!”
o nome do coral.
— Algo haver com a banda?
— Parte integrante do show do ano que vem da Nymph and Demons.
— Está falando serio?
— Sim, estou falando serio.
— E para que quer nos aproximar?
— Isto não se fala em publico Raquel, sabe disto.
— Certo, algo que fosse de qual magnitude de força.
— A força vai depender de dedicação, de esforço, de entrega e de prazer em o fazer.
— E não vai me dar bola.
— Tô me achando especial assim, mas sabe que teremos de conversar de qualquer forma.
Ela olha a mão, a invertendo e na parte superior da mão direita, as veias formavam um pingente
de cabeça.
— Não entendo o que significa isto?
— Que é sua escolha, se quer ser uma princesa, ou uma dama da corte.
— Mas você não tem namorada?
— Tenho minha rainha, mas por isto temos de conversar.
— Certo, acha que meu irmão toma jeito.
— Espero que nosso irmão, tome jeito.
Ela sorri e fala.
— E qualquer pessoa pode participar?

240
— Os que entendem, as vezes complicam a interpretação das palavras, talvez seja mais propicio
um coral feminino, com 10, 15 ou 150 vozes.
— E vai dar encima de todas?
— Não é para isto o convite Raquel.
Ela sorri e fala baixo.
— Que pena.
— Marca com quem pensar, para a segunda, dai falamos sobre isto.
— E posso convidar sua prima para isto?
— Não sei se a forma de encarar dela disto, fara bem ao grupo, mas se quer, a vontade.
— Tem problema de idade?
— Não, não teremos problema de idade, pensou em quem?
— Minhas duas irmãs, eu, suas três primas, mais 4 meninas da minha turma, para começar.
— Pergunta, vamos ter de ensinar elas a pronunciar as palavras em celta, então ter calma e
concentração vai ajudar.
— Vamos a raiz da crença, não a tradução dela?
— Vamos ao real, não ao imaginários.
— E me convida para entrar nisto?
— Sei que aquele dia pendurado ao poste, sair de lá, foi uma complicação, que ainda não sei
como enfrentar.
— E vai tentar?
— Sim, vou tentar, mas muitas terão de ficar a olhar de longe.
— Por quê?
Sorri sem graça e falei baixo.
— 50 princesas acabam com qualquer príncipe.
Ela sorri, maliciosamente e vi que estava encrencado.
— E meu irmão, acha que ele toma jeito?
— Não sei, ele pertence a uma vertente de um príncipe, mas pelo jeito, ele não se dedicou a isto.
— Ele poderia lhe tirar o cargo?
— Não, ele poderia criar sua estirpe, e ser um rei, mas ele teria de dedicar tempo e estudos, e
muita guerra real, para isto.
— Certo, não entendo muito disto, mas pelo jeito, ele andou falando algo para sua prima, pois ela
puxava uns papos estranhos.
— Convida ela para o coral, e quem sabe não elegemos os cavalheiros que protegerão as damas
da corte.
— Ele adoraria cortejar sua prima.
— Ele que se contenha um pouco.
Ela sorri e viu Rose chegar a nós e perguntar.
— O que tanto conversam?
— Marcando algo para segunda, depois da aula, para conversarmos, eu, você, suas irmãs, as irmãs
dela, umas amigas, seu namoradinho, e quem sabe quem mais. – Falei.
— Não tenho namoradinho.
— Certo, seu príncipe encantado. – Falei serio e ela respondeu mais seria ainda.
— Ele não está encantado.
— Não está fazendo direito prima. – Falei sorrindo e Raquel sorriu ao lado.
Sinal e entro novamente.
Carla me cerca e ao lado estavam duas meninas da turma, Beatriz e Amanda.
— Onde podemos conversar sobre aquela sua ideia?
— Assim que terminar a aula.
Amanda me olha e fala.
— Serio que dá aula de inglês na Cultura Inglesa.
— Sim, algum problema com isto?
— Não, é que as vezes levamos sorte de alguém mais inteligente vir parar na turma da gente. –
Ela sorri.
— As vezes não me acho tão inteligente assim.

241
— Mas vimos a professora de inglês ficar a tentar provocar você para uma discussão, ela adora se
dizer entendida.
— Sei que parece pretensão, mas não sei qual assunto vocês gostariam de falar na peça.
— Sexualidade? – Amanda.
— Seus pais vão ver a peça menina.
— Certo, mas as vezes é um caminho.
— Sim, as vezes é um bom começo para a peça.
— E não escreveu ela ainda?
— Eu estou tentando primeiro conseguir quem vai a encenar, depois pensamos no personagem
de cada pessoa, isto vai das vestes ao vocabulário, do comportamento a sexualidade do personagem.
— E tudo depende de quem vai fazer parte?
— Sim, e tem de ter tempo e dedicação.
— Vai nos por para ensaiar na marra.
— Vou conseguir vaga para o grupo no Curitiba Theater School Center, no Agua Verde.
— Algo a somar, mas sem perder o ano, minha mãe me mata. – Beatriz me olhando.
— Cultura facilita nessa hora, e as vezes, podemos fazer parte aqui, apenas precisamos de uma
sala de aula.
— Certo, mas teríamos como fazer?
Abro a pasta e lá tinha o livro da minha matéria no curso de Theatro e falo.
— A base de aprendizado, passa por isto.
Carla olha o prospecto e fala.
— Pelo jeito quer nos por em destaque mesmo.
Sorri, o professor entrou e cada uma foi a sua carteira.
Aula terminada, vi que as meninas voltam a me cercar, e agora tinha mais duas, Fabiana e
Jaqueline.
Eu me levantei e fomos a direção, e pedi para falar com a diretora, e ela demorou para nos
atender, e expliquei, que estávamos criando um grupo na escola, para desenvolver uma peça em inglês,
para o Festival de Outubro do teatro Guaíra, e se poderíamos usar uma sala para ensaiar e estudar.
A diretora nos olha descrente, pois era algo que nunca acontecera pelo jeito naquele colégio, e
fala que poderíamos usar o auditório, ela perguntou que horário, e falei, da uma as quatro da tarde.
Ela fala que iria apresentar aos demais a proposta, mas que não via problema nisto, fomos ao
restaurante que eu como sempre e sentamos todos lá, não sei o que os demais estavam pensando, mas
começamos falar sobre a peça, era uma representação, e poderíamos começar em um baile de carnaval,
falando de direitos, maus exemplos, a cervejinha despreocupada, que gera acidentes de transito,
cantadas e cantadas incomodas, sexualidade a flor da pele, e por fim, as consequências de tudo aquilo,
lixo, gravides, nojo, discriminações, e coisas do gênero, estávamos trocando uma ideia e Carla me olha.
— E vamos fazer isto em uma peça teatral.
— Sim, é uma encenação, tem de prender a atenção, então tem de estar compreensível, ate para
quem não fala inglês.
— E o material que nos mostrou, ele fala do que?
— Algo sobre como usar palavras que são de fácil entendimento na conversa normal, palavras
que sejam de fácil entendimento e dicção.
— Faz esta aula nesta Escola de Teatro.
— Não, eu dou a matéria sobre isto.
Carla sorriu e pergunta.
— De onde você saiu Bruno? Um conto de fadas?
Sorri, sabia que a conversa estava boa, mas falei que minha hora naquele dia havia acabado, e
que agora, teria de correr.
Vou para casa, um banho, pego a mala e vejo minha mãe a porta, sorridente.
Aeroporto, onde encontramos os demais e voo a Florianópolis.
Um local que nunca fora, mas não teria muito tempo naquele dia, teríamos de ir ao forte de São
Jose da Ponta Grossa e passar o som, e se preparar já no local para o show. Isto para o primeiro dia,
tínhamos reserva no Costão do Saltinho, onde teríamos show na noite do segundo dia.
Chegamos no local, não conhecia, falaram que já teve banda nacional que fez DVD ali, mas eu
nunca havia visto, talvez procurasse agora, mas estávamos tirando o som, quando vi o pessoa da
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TIANASTACIA, esperava eles para o dia seguinte, mas já que estavam ali, trocamos uma ideia,
apresentamos a ideia, quer dizer, nesta hora deixava Bárbara apresentar a ideia, depois mostramos os
acordes e a divisão da letra, e perguntamos se queriam dar uma palhinha no show, naquela noite.
Eles não aceitaram, mas o convite para a tarde seguinte, estava de pé, não sei se gostaram, mas
era uma tentativa entre tantas, nem todos iriam topar, e nem todos tinham liberdade contratual com as
gravadoras para topar.
Fomos a região do fundo, havia um local especifico para a banda, que após cheio o local,
caminharia apenas para o palco e tocaria.
Um show ao ar livre, a noite, sorte estar quente e sem chuva, mas tinha de tudo para dar tudo
certo ou tudo errado.
Eles já estavam mais descontraídos, mas eu ainda estava inseguro, talvez a primeira vez
realmente fora da minha área de conforto.
Começa o show de luz, e desço primeiro, começo um solo de guitarra, do palco, se abrem as duas
laterais, e o baterista e o baixo entram fazendo o arranjo, e começamos com Bárbara chegando ao
palco, como se saindo de uma gaiola, bem improvisado, mas a noite, com a iluminação certa, acredito
que ficou bom, estávamos gravando ali, mas não sabia o que seria, no meio da apresentação
começamos o novo som, mais pesado e cantamos as duas musicas que normalmente cantaríamos
apenas como Nymph and Demons, na versão em português, vi o pessoal vibrar naquela batida, em
quase um transe, e quando passamos da primeira para a segunda, foi um agito geral, quando parou a
bateria, parecia que todos estavam em um estase assustador.
Cantamos as musicas, duas inéditas, e por mais que as pessoas conhecessem, ainda éramos muito
novos para eles saberem metade das musicas.
O show eu considerei satisfatório, poderíamos melhorar, os demais estavam extasiados, e eu,
critico, sorri da minha pretensão, estávamos ainda na parte deixada para os artistas, quando vi o pessoal
da TIANASTACIA pedir para falar com Bárbara, não sabia o que falariam, chego junto, queria saber, e o
pai dela também.
Eles vieram falar que não esperavam algo tão dinâmico, e como seria o dia posterior?
Perguntei para o senhor Vaz se haviam já saído todos, ele falou que ainda não, que nem
desmontaram tudo, e perguntei se poderíamos ensaiar no palco um pouco, o rapaz local concordou e
descemos, as pessoas que estavam saindo, voltam a ficar olhando, eu faço sinal para o rapaz da
iluminação, era gente do teatro, conhecia a anos, passo o que iriamos precisar e a letra dos tele pontos,
e puxo na guitarra a entrada e eles viram a dinâmica de luz, efeitos de lazer, e começamos a ensaiar,
ensaio com publico é sempre outra coisa.
Ensaiamos 4 vezes a musica, e depois cantamos uma deles, para fazer nosso vídeo.
Eles gostaram, e vi que eles até queriam entender a entrada que usei na musica deles, e
conversamos um pouco, e próximo da meia noite, começam a desmontar tudo.
O pessoal que ficou, se inteirou que iriamos gravar uma musica na tarde do dia seguinte, na Praia
dos Ingleses no dia seguinte, estranho ainda gente se dizendo fã de algo tão novo.
Chegamos tarde no Costão do Santinho, onde nos hospedamos, e fomos dormir, cansados.

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O acordar cedo, era quase um vicio, e vi que poucos se levantaram, eu fui
conhecer o local, vi que próximo do meio dia, o pessoal começa a montar o
local de show ali, e vi o senhor Vaz me olhar e falar.
— Quer dar uma olhada no outro ponto?
— Sim, estranho festas fechadas que pagam mais que festas abertas, mas
não reclamo não.
Pegamos um carro e um dos rapazes da produção, vai com a gente a
região, e vejo aquele pequeno palco montado na areia, e o equipamento de
filmagem, algo para marcar um dia, mas que não seria muita coisa.
Vi os rapazes da TIANASTACIA chegar, passarem o som, depois vi o Serginho Moah chegando,
passei com ele um som, era algo mais calmo, talvez a musica mais calma que escrevi na vida, e por fim,
vi o pessoal da Dazaranha chegar, eu apresentei a ideia, os rapazes chegam já produzidos com Bárbara,
uma moça me trás as roupas que coloco no carro, e com cada banda, cantamos uma musica da banda e
uma com a gente, as câmeras estavam todas filmando, e obvio, era um arranjo para nossa banda, não
para a deles, Bárbara assumia as musicas com uma naturalidade, que ficava a cada dia mais
encantadora, e no final de 4 horas, nos despedimos e fomos descansar um pouco, teríamos um show as
10 da noite no Costão do Santinho.
Eu coloquei o calção de banho e com o notebook fui a piscina, e minha mãe para ao lado.
— Deixando a namorada solta.
— Estranho como lá em Curitiba, ela estaria grudada, aqui ela parece querer ficar mais solta.
— Não tem ciúmes?
— Tenho, mas a convidei a ser minha rainha, ela sabe que somos jovens, e por mais que pareça o
oposto, sou bem imaturo.
— E o que faz ai?
— Vendo o tempo de gravação das 10 câmeras que pegaram o show que gravamos a pouco, e
pegando um detalhe em cada, e colocando em ordem, poderiam ser 10 vídeos, mas em um, ganha mais
dinâmica e emoção.
Terminei o primeiro e mais tranquilo e passo para o Serginho Moah, e pergunto se estava bom,
não sabia quando ele me retornaria, mas ele me adiciona na rede social e começamos a conversar, eu
falei sobre a ideia de criar um grande show de lançamento da banda em Curitiba, e que queria a
participação dele, ele se mostrou receptivo, e com a autorização dele, colocamos nas duas mídias
sociais, da banda e dele, o vídeo das duas musicas.
A empresaria do Dazaranha, perguntou se não queriam uma participação especial nos shows que
estávamos fazendo na cidade, em troca depois faríamos uma participação num show deles, em Curitiba,
falei que teríamos de ver a agenda do segundo show, mas que não via com olhos negativos não, falei
com o senhor Vaz, que confirma e deixa autorizado a entrada do pessoal.
Ali tinha um teatro de shows, e ali estava montado todo o show da banda, então seria algo
diferente da noite anterior, e novamente, estaríamos gravando, como o pessoal do Dazaranha vinha
tocar, pensei em falar com Bárbara, mas ela se mantinha longe, falando com pessoas que não conhecia,
e como ela nem olhou para mim, pensei em não atrapalhar.
No horário do show, ela me dá um beijo e fala.
— Só não estranha a sua namorada.
— Estranhar?
— Diante dos outros, ficar afastada.
— Me dando um gelo, sei.
— Deixa eu curtir um pouco, mas meu pai falou que queria me falar.
— Teremos participação especial, do Serginho e do Dazaranha no show daqui, e pensei em os
chama a cantar as mesmas duas musicas cada, que cantamos lá.
— Montar algo melhor, a nível imagens?
— As vezes fica melhor, não sei ainda. Mas vamos filmar tudo.
Ela concordou, passei aos rapazes a sequencia, e começamos o show, mas o show completo, é
bem mais extasiante, o colocar dos dois sistemas de holografia, para as duas musicas, quase acreditei
que aquelas duas serpentes saiam do fundo e chegavam ao palco, de tão real ficou ao escuro.

244
Participações e este show eu já gostei mais. E no fim, embora Bárbara se afastou de novo, eu
fiquei a trocar ideia com o pessoal, Moriel ficou me falando que era bom ter interação de bandas de
estilos diferentes, e o Chico falou que gostou do vocal de Bárbara, que dava uma nova roupagem para
Vagabundo Confesso, quando efeminiza a musica, e que a guitarra no lugar do violino, dava um peso
maior a musica.
Estava conhecendo gente que nunca pensei, e estávamos falando em musica, isto era bom, e
quando cai a cama, minha mãe me olha e fala.
— Pelo jeito você está aproveitando e alguém se afastando.
— Mãe, o que mais afasta as pessoas, é o pensar que vamos ficar cobrando coisas, eu não cobro
nada, e não pretendo cobrar.
— Certo, mas tenta não deixar ela escorrer pelos dedos.
— Vou tentar duas coisas mãe, não a machucar e não me machucar.
— Certo, não machucar é importante, e não se ferir em um amor, o faz durar.
— Ela está curtindo a fama mãe, ela é o destaque, eu nem sabem o rosto que tem.
— Este local deve ser caro.
— Está no pacote, não vou nem perguntar o preço.
— Certo, também está aprendendo, vi que estava conversando com os rapazes das bandas,
preparando as coisas.
— Eles querem uma troca, tocam aqui com a gente e a gente toca com eles quando eles forem
em Curitiba.
— Certo, pelo jeito você quer enredar todos.
— Sim, mas está bem mãe.
— Sim, vendo meu menino crescer e envolver os demais com suas ideias.
— Eu tenho de estudar mãe, pois senão eu me perdia nestas minhas ideias, algo a me segurar é
bom nesta hora.
— E pelo jeito se divertiu.
— Sim, mas amanha vou falar com algumas bandas que poucos conhecem, e nem sei se vamos
criar algo.
— Não vai parar?
— Amanha é dia de tentar conhecer um pouco, e falar com pessoas, o show é só a noite,
dormimos em Curitiba de domingo para segunda mãe.
— Certo, amanha é praia?
— Sim.
Fui descansar, o dia foi proveitoso.

245
Amanheço, peço um aplicativo, passo um recado para Bárbara se queria
passear comigo, ela não respondeu, então sai dali com destino a praia do Mole,
e lá chegando, fui a uma lanchonete beira mar, e olho em volta, não conhecia o
local, domingo, agitado e vejo aqueles rapazes chegando.
Me apresentei e o rapaz perguntou.
— Bárbara não vem.
— Esperava que ela não perdesse a hora.
—E quer conversar sobre o que?
— Uma parceria em duas musicas da nossa banda com a de vocês. – Estava diante da banda End
of Pipe,
— As vezes achamos pretensão de vocês quererem tocar algo pesado com uma criança cantando
aquilo.
As vezes tenho de ouvir as opiniões e não levar para o pessoal, sorri e falei.
— A banda inteira é de menores de idade rapaz, somos jovens, e temos a pretensão de tocar com
quem gostamos de ouvir, mesmo que sejam contradições de sons.
— E acha que aquela musica é para uma criança cantar?
— Tem de ver, que poucos a viram pessoalmente, senão nem ouviram o som, pois ela é mais
criança pessoalmente que no palco rapaz, mas “Odeio Separatistas” é uma provocação, nem todos tem
coragem de cantar isto, e entendo se não toparem.
— Vão achar alguém para o fazer?
— Queria vocês nesta parceria, mas vocês que sabem se topam, somos uma banda realmente de
iniciantes, mas como iniciantes, queremos levantar todas as bolas que ouvimos ou cantamos por ai, com
a gente.
— Mesmo musicas ruins?
— O ruim, depende de gosto.
— Sim, mas algumas coisas não gostamos, e não sabemos se queremos vincular nossa musica a
algo como a letra que nos passaram. Ainda em português.
— Queria algo mais a que estilo.
— Mais Punk.
Bárbara me passa uma mensagem nesta hora, não sei o que ela pensou, mas falei que estava na
praia Mole, conversando sobre musica com a banda End of Pipe.
Ela fala para passar o endereço, e nem sabia se ela apareceria ali, mas não ficaria lá olhando ela
me ignorar, as vezes temos de evitar se machucar apenas por inercia.
— Punk em que vertente? – Perguntei.
— Vertente? – O rapaz.
— As letras, mais para temas de morte, temas de amores violentos, tema de desencontros, temas
de violência. E uma musica chamada “Aleister Crowley” seria algo aceitável?
— Teria de ler a letra.
Apenas pego um papel com o garçom e escrevo a letra e entrego ao rapaz, que me olha e fala.
— Adoração ao Deus da Guerra.
— A musica seria uma batalha basicamente entre guitarra, bateria e órgão.
— E de quem é a musica.
— Chegando as suas costas.
— Ela que escreveu isto?
— Sim, ela que escreveu parte das musicas sobre isto.
— E pelo jeito não tem medo de cantar isto.
— Minha voz não é boa para isto, sei disto.
Bárbara chega e me olha.
— Fugiu hoje.
— Bárbara, estes são Uira, Rafael e Victor do End of Pipe.
Barbara olha-me, esperava que ela não estragasse as coisas, mas ela era rápida nestas coisas e
pergunta.
— E qual musica pensou em fazermos parceria com eles?
— Aleister Crowley.
246
— Pensei que proporia outra.
— Eles não toparam cantar algo em português.
— E vão cantar com a Barbara e os Clementes ou com a Nymph and Demons? – Bárbara me
olhando.
— Ainda conversando, pelo jeito dormiu demais.
— Sim, aquele show de ontem foi pesado.
Uirá olha para Bárbara e fala.
— Vocês são mesmo os Nymph and Demons?
— Sim, nem sempre as pessoas entendem o quanto é pesado aquele som, mas pelo jeito não
estão tão interessados.
— Tocar com o Nymph and Demons, algo como Aleister Crowler eu acho que é mais a praia da
nossa banda.
— As vezes, Bruno apresenta a ideia, mas é para ver se a pessoa tem interesse Uirá, pois é fácil
dizer sim para mim, e ignorar a ideia.
— Ele havia passado outra musica, não sei se sabe qual é?
Ela me olha e fala.
— Tem de entender, que propomos sempre para as duas parcerias, e não poderia ser a mesma
musica, as vezes acontece de usar uma musica que é originaria em português em inglês, e vice versa,
mas isto muda toda a dinâmica de canto, são línguas com encaixes vocais diferentes.
— Então a outra proposta era para Bárbara e os Clementes.
— Sim, no show dos Bárbaras e os Clementes.
— E porque nós?
— Tem coisa que não se explica, mas estamos testando erguer bandas boas e de pouca
visibilidade.
— Ouvi o som daquela Your Sons-in-law colocado hoje na internet e não gostei daquilo, a primeira
versão parecia fake, ouvindo eles tocarem agora.
Bárbara me olha e depois o rapaz e fala.
— Não ouvi ainda, mas tem de entender, Bruno na produção, é chato, quer tocar e não sabe os
acordes, ele faz você repetir 10, 12 vezes, até pegar, eles fugiram desta obrigação.
— Tocamos Punk bem pra não nos preocupar com isto. – Rafael sorrindo.
Bárbara me olha e fala.
— E qual a ideia? Sei que não me passou tudo.
— Estamos na Ilha da Fantasia, nem tudo é real.
— Certo, mas pensou em algo?
— O “Bárbara e os Clementes” tem de ter uma variante de sons, sempre mais pesado do que o
original, acho que Serginho Moah nunca tinha tocado algo tão pesado, e é o mais leve que vamos tocar,
não sei tocar baixo e nem fraco, sabe que usamos seu tom mais agudo para puxar os tons todos para
cima.
— Certo, e quer pelo jeito lançar pessoas. – Bárbara.
— Nem todos me ouvem.
— E o que faz dai? – Uirá.
— Chamo a menina da banda para negociar, e nem sempre funciona, pior, as vezes não funciona,
e depois alguns integrantes de banda ficam nos olhando como algo a cooptar, fogem e depois querem
que voltemos atrás, não gostamos de ouvir o segundo não, nos afastaria.
— Certo, e querem tocar quando?
— Não sei se conhecem Curitiba.
— Já tocamos lá.
— Se conseguirem passar por lá, falamos e gravamos, estamos querendo fazer um show de
lançamento da banda, e queria pelo menos 20 participações especiais.
— 20 novas musicas? – Rafael.
— Um show sem hora para terminar, mas que seja eletrizante do começo ao fim, uma coisa é eu
fazer um show de 4 horas e estar vazio ao fim, outro é um show de 4 horas com pedidos de bis.
— E onde seria este show?
— Pedreira Paulo Leminski.
— Algo pesado em estrutura.
247
— Estrutura, show, montagem e publicidade, impecáveis.
— Pensando isto para quando?
— Novembro deste ano.
— E já está falando com as pessoas.
— Abrir agenda não é tão fácil assim, tem gente que se abre fácil, mas tem gente que temos de
antecipar o convite.
— E nos quer neste show? – Pela primeira vez Uirá se direcionou a mim.
— Sim, vocês são uma das bandas que gostaríamos de ter lá, e ajudar a subir nesta escalada.
— Temos empresário.
— A proposta é som e show, não empresariar ninguém.
— E quer que pensemos neste musica?
Passo para eles uma demo do som, era pesado, eles haviam apenas ouvido a parte da letra e
passo a segunda musica e falo.
— Deixar claro, vocês não são obrigados a aceitar, mas queria vocês nas duas apresentações,
naquele dia no da “Bárbara e seus Clementes” e na do “Nymph and Demons”.
— Duas musicas que vocês trabalhariam?
— Sim, duas musicas que nós trabalharíamos.
Os rapazes conversam um tempo e saem, e Bárbara me olha e fala.
— Fugiu.
— Eu não fugi, mas evito ficar onde me machuca.
— Não fiz nada para lhe machucar.
— Sei que não, mas sentimentos bobos surgem, então mantenho o foco, pois a minha ideia, é
convidar mais três bandas a passarem em Curitiba e tocarem com a banda.
Ela ainda estava longe, e me cobrando, e fala.
— Pensei que faria uma cena de ciúmes.
— Eu lhe convidei a ser minha rainha, nada menos que isto Bárbara, você que sabe se quer ou
não.
Ela sorri e estica a mão sobre a mesa e fala.
— As vezes tenho medo da postura que assumo como esta Bárbara, sei que em parte é o que meu
pai quer, eu isolada dos demais da banda, e por outro lado, me sinto solta lá, e na banda presa.
— A vantagem do nome, é que ele já estabelece dois grupos, mas não estou cobrando, apenas
queria fazer algumas coisas com você ao lado, como fazemos em Curitiba, não apenas eu, parece
arrogância minha, falar pela banda.
— Você é centrado, meu pai nem entendeu a ideia toda?
Chegaram aos poucos ao local, grupos e bandas, como Raízes da Ilha, Heartfakers, Mr. Joker,
alguns tinham pouca coisa autoral, e estava os convidado a tocar nosso som, se eles queriam fazer parte
da historia daquele pequena banda.
Bárbara entendeu que eu não queria fazer estes contatos sozinho, pegamos os contatos, e sabia
que o pai de Bárbara faria o mais pesado. Eles saem e ela pergunta quase como me intimando, não
como algo normal.
— Iria passar por cima de mim?
— Não queria passar por cima, mas como falei, vim a trabalho.
— E pelo jeito entrou em contato com alguns.
— Sim, já comeu algo?
— Vim curiosa, nem tomei café.
Pedi algo para comer, estava comendo quando o telefone toca e confirmou com o senhor Helmut
que estaríamos no local na hora que ele marcou.
— Vamos onde?
— Quero ter um local para fazer shows na cidade.
— Um local, apenas seu?
— Eu sei que invisto sem logica alguma, um dia vou entrar pelo cano.
— Vai fazer um teatro por aqui?
Sorri, terminamos de comer e saímos com um aplicativo para a Campeche, Barbara me abraça e
fala.
— Não vale fugir porque não lhe dei bola.
248
— Sempre disse, que seria mais saudável saber o como você se portaria depois dos shows, antes
de tudo.
— Você é meu homem, não vale fugir. – Ela fala me olhando serio, quase que mandando.
— Tenho de crescer para ser um “Homem”.
Falei brincando e vi que o motorista sorriu, e ficou sem jeito.
Paramos na entrada de uma empresa, vi que não se via o que era a empresa, não pela entrada
pela avenida.
Pedrita era a empresa e chegamos a ela, e o senhor nos recebeu, sei que nem tudo eu entendo o
que posso e o que não posso falar diante de Bárbara, então o senhor a olhou e perguntou.
— Ela sabe de algo?
— Não, vim firmar o acordo e ver se minha ideia é possível.
— Quer parar a exploração?
— Deste lado da montanha, sim, as vezes temos de sair da visão das pessoas.
— Muito acham que poderíamos continuar, mas como veio de você a proposta, sei que pisamos
na bola, então queria saber qual a ideia?
— Ter algo pronto, para shows na próxima temporada.
— Algo?
Pego o meu notebook nas costas e o ligo a mesa e mostro para o senhor, parte da ideia, ainda em
construção.

O senhor olha o desenho bem básico e fala.


— Transformar e replantar parte do que foi tirado.
— Criar um espaço, que possa comportar shows entre 40 e 120 mil pessoas.
— E nos quer como parceiros disto.
— Senhor, não sei se dará tanto quando a pedreira, mas pode gerar uma renda boa com isto, e sei
que os mesmos vizinhos que reclamam das detonações, vão reclamar dos shows.
— Certo, mas não é nosso ramo, deve entender porque fico na duvida.
— Vou exemplificar senhor, quando contratamos uma banda, e ela está no auge da fama, as
pessoas pagam na área comum, entre 80 a 160 reais por pessoa, teremos a área vip também, bandas
normais, cobram perto de 200 mil para vir para o show, mais poucas regalias, um show para 120 mil
pessoas, pode chegar a gerar 9 milhões de reais, de estrutura, temos de por outros 120 mil reais, mas
acredito que seja um bom investimento.
Eu fiz o calculo rápido e falei.
— Isto senhor, é mais que 90 mil metros cúbicos de pedra brita em dinheiro.
— Certo, algo que pode nem gerar tantos shows ao ano.
249
— Senhor, a ideia, é ganhar recursos com isto, não migalhas.
— E a pedreira continuaria ai.
— Sim, e a pedreira, se um dia alguém quisesse tirar mais pedras, continuaria ai.
— Me falaram que era loucura conversar com você menino.
— Estou lhe explicando, pensa, eu faria um show e lhe compraria o local, com este valor, e ficaria
me olhando como se tivesse feito um péssimo negocio, estou lhe propondo parceria, e muda a proposta
com a prefeitura, e pede autorização para isto, vamos fechar o acordo assim que você topar.
— Quer dar uma olhada?
— Sim, quero dar uma olhada.
O olhar de longe, não dá a dimensão de algo assim, tinha uma parede lateral de pedra, que me
transformava em algo muito pequeno, olho aquilo e penso em mudar o projeto.
— Talvez deixemos o projeto mais bonito.
— Pensou em algo?
— Tenho de passar isto para a engenheira, que faz minhas obras, mas vim apresentar a ideia.
— Algo mais bruto do que pensei.
— Natureza, espaços brutos, cachoeiras falsas, não sei, mas nos transformam.
— Certo, vou passar para você o aceite amanha, e se os advogados não verem nada de mal,
começamos a falar sobre isto mais serio. - O senhor parecia olhar em volta, pensando em algo, eu
estava pensando, fazer aquilo ter eventos de 40 mil pessoas, duas vezes por fim de semana, as vezes,
grandes eventos de 120 mil pessoas, mas para isto, teria de ter atrações, eventos, e coisas que me
ocupassem o espaço, e nem conhecia o local direito, nem sabia se a cidade dava acesso fácil ao local, eu
realmente não sabia muita coisa.
Saímos dali caminhamos para a frente do local e Bárbara me olhava serio.
— Eu pensando em lhe gerar ciúmes e está pensando em montar um local de shows aqui, como
temos na pedreira em Curitiba?
— Queria me gerar ciúmes? Para que isto Bárbara.
— Você pelo jeito está pensando em ser alguém, o senhor teve medo de falar demais e estragar o
negocio, estranho quando as pessoas me olham antes de falar algo.
— Tem de querer estar aqui Bárbara, não eu querer que você esteja aqui.
— E pelo jeito quer um espaço de shows imenso.
— Aquilo ainda está uma bagunça só, mas a ideia, shows grandes, quando se fala em show para
40 mil pessoas naquele lugar, é que cada pessoa, vai ocupar meio metro quadrado, quando se enche um
local destes, podemos ter até 6 pessoas por metro quadrado.
— E muita confusão.
— Um casal, ocupa basicamente o mesmo espaço de uma pessoa só, apenas um abraço faz a
diferença, aquele pessoal acotovelando-se na frente do palco, parecem não se importar em usar pouco
espaço.
O carro do aplicativo chegou e fomos para Jurerê Internacional, paramos o carro, o segurança nos
indica o caminho e chegamos ao palco, estranho um local que não deveria caber 100 pessoas, pagar o
show completo, soube mais a frente que cada pessoa pagou dois mil para entrar, mais os gastos
pessoais.
Soube que existiam festas com muita coisa liberada que a pessoa pagava até 5 mil reais para
entrar, isto era um mercado que me interessava, shows para pessoas que tinham para pagar.
Passamos o show e confirmei com o pai de Barbara o que faríamos, e ele concorda, eu estranhava
pois as vezes realmente eu quase mandava na banda, me recolhia um pouco para pensar nas coisas.
Nos preparamos para a primeira apresentação, quando a casa começa a encher, as vezes
estranho ninguém estar diante do palco, era algo diferente, eles estavam em suas mesas, alguns
pareciam fazer de proposito, de dar as costas a banda, perguntei para o senhor Vaz se eles tinham pago
antecipado, ele confirmou e na hora marcada, começamos o show, estranho que meia dúzia de pessoas,
se colocaram a frente do palco, terminamos o primeiro show, o senhor Vaz viu que o pessoal era frio, e
Bárbara me olhava como se querendo apoio.
— Calma, eles estão pagando caro, para fazer de conta que não estão assistindo.
— E não se preocupa.
— Iriamos usar o vídeo para somar aos shows que fizemos, mas se não vai fazer diferença, nos
apresentamos e nos preparamos para amanha, o dia vai ser corrido.
250
Começamos no pequeno palco a apresentação, eles podem não ter olhando, mas nós nos
divertimos, encenamos, cantamos, e nos dedicamos ao show.
Pela primeira vez, eu via que este poderia ser um mercado que dava dinheiro, mas eu não
gostaria de ter algo assim.
Terminamos o show, o dono do local agradeceu, disse que foi um grande show, e saímos dali, os
rapazes terminariam de desmontar, pegamos as coisas no hotel e uma hora depois estávamos voltando
a Curitiba.
Minha mãe me olha quando chegamos em casa e pergunta.
— Eles pagaram o ultimo show?
— Sim, eles pagaram.
— Que pessoal estranho.
— Pagando mãe, qual o problema?
— Eles nem viram todo show.
— Sim, mas as vezes, temos de estar prontos até para a vaia, e continuar, locais assim, nos
preparam para o futuro.
Banho e cama, estava pregado.

251
Acordo segunda, estava olhando os dados, ainda com o café na cafeteira,
quando Roseli me liga e pergunta sobre o projeto em Campeche, e falo que
esperava eles ligarem, e que a ideia, teria de ser melhorada.
—Gostou do local pelo jeito?
— Sim, gostei do local.
— Vou dar uma olhada lá assim que confirmarem, mas acha que daria um
bom local para o que pretende.
— Pretendo fazer um show na pedreira aqui, em Outubro, e tentar fazer
uma lá em novembro, um show de 4 horas, preço de um show destes, 400 reais na pista, dois mil reais
nos camarotes.
— E acha que vende?
— Tentar não é proibido, mas sabe que quando falamos em 400, tem uma lei que pessoas podem
comprar por meia entrada, estou falando em 200 reis.
— Quantos camarotes?
— Isto que tenho de pensar e verificar
— Certo, algo que não fechou a ideia.
— O espaço que pretendemos deixar liso e plano, vai ter 20 mil metros quadrados, em frente ao
palco Roseli.
— No mínimo 40 mil pessoas?
— Pensando em 100 mil pessoas a duzentos reais, mais 5 mil camarotes a dois mil reais.
— Uma super festa?
— Sim, uma super festa todo ano lá.
— Pelo que está me falando, quer pagar o investimento no primeiro show.
— Sim, mais ou menos isto. Mas o investimento tem pontos mais caros e demorados.
— Vou olhar para você.
Olho os meus rabiscos e passo para ela a ideia nova.

Tomo café e vou ao ponto de ônibus, e chego ao colégio, entro direto e vejo Carla parar a minha
frente.
— Está tudo de pé?
— Não falei com a diretora ainda.
— E o que mais lhe preocupa?
— Coisas que na maioria das vezes, não preocupa os demais, não conheço as suas amigas.
— Querendo as conhecer? – Carla com um tom de cobrança e malicia.
— Quem sabe, mas o problema, é estrutura de camarim, aqui vamos falar da peça, mas
precisamos de um local para ensaiar.
— E temos onde?
— Em Abril teremos onde.
— Certo, mas porque?
252
— Uma coisa é uma peça com personagens únicos, mas teremos pelo menos, 4 mudanças de
cenário, isto requer, troca de vestuário, para isto camarins preparados.
— Certo, não dá para ir trocando de roupa em qualquer lugar.
— Sim, assim como não se pode ter pudor em excesso para ser atriz e ator.
— Certo, o equilíbrio, mas pelo jeito quer ensaiar.
— Vamos falar da peça, depois, escrever ela, depois transformar ela em algo falável em inglês, e
por fim, simplificar frases, se tiver um gesto que fala por si, as vezes é melhor que uma palavra difícil;
— E somente depois vamos ensaiar?
— Não, vamos ensaiar assim que tivermos a peça para ensaiar.
— E vamos falar disto?
— Hoje nem precisa do local ainda, temos de saber quem quer fazer parte, não é algo curricular,
não é algo que inicialmente vai gerar dinheiro, não é algo fácil, e não sei, quem realmente quer fazer
parte disto.
Carla olha Amanda chegar ao grupo, e falar.
— Eu tô dentro, mas tem de nos ajudar a estudar o resto das matérias, pois vai ser pesado.
— Estudamos um pouco nos intervalos.
— Nos intervalos? – Beatriz chegando ao grupo.
— Sei que muitos não estudam nem 10 minutos por dias fora das aulas, diariamente, depois falam
que o assunto é chato e difícil.
— E estuda muito?
— Menos do que deveria ultimamente.
— E vamos ensaiar onde exatamente, falou que tentaria um local. – Carla.
— Vou ter onde o fazer, mas isto não depende apenas de mim.
— Certo, não quer depender dos demais, mas será que não conseguiríamos alguém para cobrir
pelo menos os gastos de transporte? – Carla.
Olhei a moça, sabia que isto era complicado, mas ainda não tinha como garantir nada e falo.
— Definimos o grupo, depois tentamos um patrocínio.
— E vamos mesmo encenar uma única peça?
— Se for o caso, vendemos a apresentação depois, mas tem de estar boa.
— E teria como vender o espetáculo?
— Diferente, mas isto é o ano que vem, não este.
— Certo, mas tem uma ideia?
— Maluca, das mais malucas que tive.
— Dai receberíamos para atuar. – Amanda.
— Nem atuam ainda, deixar isto como meta, antes de o dinheiro é um caminho.
— Toda mulher é uma atriz por genética. – Amanda.
Quase respondi a afirmativa, mas segurei, vi que tinha gente da turma olhando, pois de um dia
para outro, formamos um grupo, e não sabia o que seria daquilo ainda.
— E quem mais vai fazer parte?
— Os meninos não gostaram da ideia.
— Certo, temos de achar mais pessoas para isto, mas com calma resolvemos, mas as três estão
dentro.
— Não entendi, Raquel do Segundo ano, disse que você propôs algo a ela.
— Lá é magia negra, não teatro.
Amanda sorriu e falou.
— Magia negra, fala sério.
— Magia Branca seria morte, prefiro a negra.
— Certo, mas o que propôs a ela, segurei a língua pois ela falou que tinha um grupo quase
montado do outro lado.
— Um coral, eu estou querendo por todos em movimento.
— Um coral para que?
— Já falei.
— Quer me convencer que sabe fazer magia?
— Mágica, eles não verem o truque, não quer dizer que não foi um truque.
— Certo, mas lá é um coral, mas para que se precisa de um coral hoje em dia.
253
— Nem sei se dará certo aqui ou lá, para projetar futuro.
— E pelo jeito duvida de nós. – Beatriz.
— Não, mas eu não vou encenar por vocês, as vezes estar em um mundo mais imediatista, as
pessoas perdem o rumo.
O professor chegou e vi um rapaz a porta, estranho, pois algo iria acontecer, e não sabia o que,
mas vi o professor de matemática falar.
— Bruno, a diretora quer falar com você na direção, não se preocupe com a presença.
Pego meu caderno, coloco na mochila e guardo ele.
— Me preocupo com o conteúdo, não com a presença.
O rapaz a entrada sorri e o rapaz fala. Coloco a mochila as costas e começo a sair da sala.
— Bruno Baptista?
— Sim.
— Sou o atual secretario de cultura do governo do estado.
Eu não entendi, pois não tinha marcado com o senhor.
— A diretora perguntou aos integrantes do colegiado, uma ideia que parece sua, e queria trocar
uma ideia.
— Uma ideia?
— Qual a pretensão referente a montar um grupo de teatro em língua inglesa num colégio de
bairro.
Sorri, não sabia o que o senhor queria, mas estávamos caminhando para a direção, pego um
panfleto do evento no Teatro Guaíra e pergunto.
— O que sabe sobre o festival de Teatro de Língua Inglesa do Guairinha.
O senhor olha o panfleto e fala.
— Financiamos este evento, mas quer participar dele?
— Vou participar, mas não entendi porque me tirar da sala de aula.
— As vezes temos de ficar de olho em boas ideias, a diretora propôs, alguém fofocou e me veio a
fofoca ao ouvido e não sei, o que é verdade.
— Qual fofoca?
— Que é participante daquela banda “Bárbara e os Clementes!” e estava querendo montar um
grupo de teatro no colégio Estadual de Santa Cândida e todos me perguntam, se a ideia de algo assim é
bom ou ruim, mas alguns me apontam como uma vertente cultural a ser apoiada.
Chegamos a direção, e cumprimento a diretora que olha ao lado e lá estava outro senhor, não
sabia onde estava entrando, mas parecia marketing de alguém, não entendi as palavras sequenciais, e
depois de muito bla bla bla..., e olha que eu falo pelos cotovelos, estavam falando sem dizer nada, até o
rapaz que me acompanhara da porta até ali falar.
— Parece entediado.
— Estou perdendo a aula de matemática.
O senhor que era mais velho, me olha e fala.
— Temos interesse em apoiar ideias e pessoas com visão de futuro, mas queremos deixar isto
bem claro.
Eu ainda estava ouvindo e o rapaz ao lado olha o senhor e fala.
— Vai ao que pretende senhor, ele não tem nem idade para ser do partido.
— Geralmente vemos pessoas que tem visão de futuro, na sua idade, e puxamos pra uma visão
politica do mundo, onde importa mais ter uma visão de futuro, do que apenas uma visão sem metas, e
tentamos apoiar, puxando para nossa juventude socialista.
Pela primeira vez devo ter feito cara de discórdia, pois o rapaz ao lado pergunta.
— Temos uma visão de melhora do mundo, discorda disto.
— Mundo na pobreza, não é melhora, dividir apenas por dividir, mata o melhor do ser humano, a
criatividade.
— E é contra a divisão igual? – O senhor.
— Acredito que isto nem tenho conhecimento para discutir, mas quando se divide em partes
iguais, se para a produção, e sem produção, o valor a dividir diminui, e apenas o governo ganha.
— Pelo jeito tem uma ideia ainda sem politica.
— A minha ideia, proposta a direção, é montar um grupo para participar de um festival apoiado
pelo governo do estado, não para vencer, mas para conhecer pessoas diferentes, acredito que apoio a
254
cultura, é bom, mas apoio sem textos novos, não é cultura, sem historias novas, sem criticas sociais, não
é cultura, e não leve a palavra, critica social como critica ao governo, geralmente não é.
— E a peça seria em que sentido? – O senhor.
— A minha peça local, começaria nas relações e vivencias de uma festa de carnaval, as
consequências, os vícios, as gravides, os traumas, e a inconsequência, mas ela mesmo assim, se repete,
pois a peça começa a termina no Carnaval.
A diretora me olha e fala.
— Algo a falar dos problemas, mas espero que não seja impropria a crianças.
— Senhora, eu sou virgem – menti - minha visão de mundo, é de alguém que acredita no amor,
na escolha e na melhora do mundo, não teremos cenas de sexo, se é este o medo, mas teremos batidas
de carro, dirigido por menores, com mortes, com impunidade, teremos crianças nascendo, depois de
barrigas crescendo, teremos sujeira a rua, após o carnaval, teremos até a cultura do carnaval, mas é
para ser um conto, mostrando o Brasil, em inglês, e com certeza, se alguém quiser nos contratar, vamos
mostrar isto em outros festivais.
— Pensou em qual? – O rapaz.
— Festival de New York, Festival de Montrou, e Festival de Paris.
O senhor sorriu e falou.
— E não quer um caminho politico?
— Quando escrevo musicas senhor, é para não ser eu cantando, mas a parte politica, ainda está
distante de ser gravada.
— E nas musicas fala de que?
— Crenças locais e mundiais, sobre o Deus da Guerra.
— E poucos perceberam ainda?
— Senhor, as religiões tornaram o Deus da Guerra, em Demônio, mas todas as nações, hoje
estáveis, surgiram pela Guerra.
— E faz musicas para Bárbara e os Clementes?
— Deixar claro que noventa por cento das musicas daquela banda, são da Vocalista, eu faço
arranjo, as vezes seguro o ritmo, as vezes os efeitos, e conheço pessoas que fazem cenário.
— Certo, lá você aprende musica, e aqui quer aprender teatro. – A diretora.
— Estou pensando em um Coral do colégio senhora, mas como ainda não temos os nomes, não
falamos nada.
— E pelo jeito agitou tanto que foi expulso.
— O processo criminal que gerou minha expulsão, foi julgado e encerrado senhora, apenas a
direção de lá, tinha amigas mais influentes que minha mãe.
— E não vai voltar para lá?
— Tenho problemas com o conteúdo atrasado, mas quem sabe não criamos no segundo semestre
um cursinho preparatório para o pessoal do terceiro ano no auditório. – Falei sem pensar.
— Quer agitar, me falaram que você dá aulas na Cultura Inglesa, é serio isto? – A diretora.
— Para a turma inicial, não sou ainda formado para além disto.
— E faz inglês onde? – O senhor, que nitidamente era de um partido, ele não carregava nada que
o identificasse, camisa polo, calça jeans e tênis, induzia a esquerda.
— Fiz dois anos de Inter, trabalhava lá até o ano passado, faço curso de inglês na Federal, já no
quarto ano fazendo isto lá, fiz curso de inglês no Colégio Estadual, estou matriculado para a turma deste
ano, mas estamos refazendo o material didático lá.
— Pretencioso. – O senhor olhando o rapaz.
— Sim, sou pretencioso senhor, me dedico ao que acredito, e falar uma segunda língua, me dá
acesso a milhares de testos mundiais, ainda não traduzidos para o português, falam em melhorar o
Brasil, mas querem um povo inculto e sem cultura própria, estranho a politica neste país.
— E pretende traduzir algo ao português?
— Dois serviços, traduzir do português ao inglês e do inglês ao português, é minha meta do ano,
dois livros, eles não entendem o brasileiro, e o brasileiro não entende, o quanto as vezes, morar no
paraíso, tem suas tentações e desafios.
— E o que quer dizer com refazendo o material do curso do Estadual?

255
O senhor me olha tentando me encurralar, eu abro minha pasta e pego o que tinha feito e ainda
nem tinha passado para Rodrigo ainda, apenas mensagem, uma amostra editada e feita na gráfica do
curso de Teatro, alcanço ao senhor e falo.
— Ainda em revisão, mas o curso de lá não tinha material próprio, e desenvolvemos tentando
fazer que as pessoas tenham contato com os 80 termos em inglês mais falados e comuns, o que permite
a pessoa, entender o rumo da conversa, no mínimo.
O senhor olha o material e olha a diretora.
— Pelo jeito ele está falando serio em ensinar elas em atuar em inglês. – Ele nem olhou o
material, olhar capa e passar tão rápido que não se veja além das fotos, era apenas encenação.
Olhei a diretora e perguntei.
— Vão liberar o auditório ou vou ter de procurar outro lugar.
— Pelo jeito pensando em ensaiar.
— Não, em ter noção de palco, estamos criando ainda a peça, se for os atuais 4 membros, não
funciona, então ainda estou angariando pessoas, pois tem de ter pessoas que vão apenas contracenar
em um dos painéis da peça.
— E pelo jeito quer algo bonito.
— Senhora, pensa em as pessoas do colégio, terem orgulhe de estudar nele e fazer parte,
representar ele, em um evento que vai ter gente, que fala inglês a mais de 5 anos, e impressionar.
— Acha possível.
— Tem uma das cenas, que foi o que me fez pensar no coral, é uma passagem cantando Salve
Maria, com o coral sobre uma representação de um carro, e levando um caixão de um jovem, atravessar
o palco, isto dura não mais de 4 minutos da peça.
— Vai custar caro. – O rapaz.
— Menos que duas garrafas de vinho compradas para a câmara dos deputados do estado.
— E pelo jeito inteirado dos preços. – O rapaz, secretario da cultura, se viu a cara de revoltado do
senhor, sinal que era deputado e o rapaz complementou – Criticas, eles entendem como perseguição
politica.
— Como querem se dizer políticos, se quando criticamos custos, eles interpretam com critica
pessoal? – Respondi.
A diretora olha-me e fala.
— Existe apenas as regras colegiais que não podem ser desconsideradas, como horário, limpeza,
se comportar socialmente dentro das instalações da escola.
— Não vejo problema nenhum nisto.
O secretario, o rapaz, me olha e fala.
— Existiria como promover esta mesma ideia em mais colégios da cidade?
— Quer transformar o festival em algo maior.
— Sim, teria alguma ideia.
— Qual a ideia em si, pois não vou propor algo a Rosália, se não for serio.
O senhor que olhava a nós fala.
— Conhece a diretora do Guairinha.
— Se olhar atento senhor, sou a pessoa que a propõem fazer aquele evento, eu estava no
estadual, um mal entendido, me afasta de lá, mas fui eu que fui falar com Pedro Rosa e através da
reserva do espaço, desenvolvemos o projeto, hoje, temos ainda não inscritos, mas interessados em
participar, dois grupos da federal, um do Inter, um do estadual do Paraná, o da Cultura Inglesa ainda não
confirmou.
— Está falando que você propôs, e encaminhou o processo todo, não apenas quer participar. – O
senhor.
— Senhor, sei que sou pretencioso, talvez esteja no meu sangue, esta pretensão, e não sei largar
ideias.
— E o que acredita que seria uma boa proposta? – O rapaz.
— Não sei se alguém toparia, a ideia de ter patrocínio, é poder por alguém ali, dar um certificado,
um comprovante de participação.
— Mas sem competir?

256
— Quem você conhece, que entenda de três coisas paralelas, cultura interna, inglês, e teatro, eu
não conheço, teria de ser pessoas que soubessem entender uma piada em inglês, eu não conheço
muitos que o entendem.
— Certo, algo que um julgamento poderia ser não pelo que quer valorizar, na verdade nem
entendi o que você quer valorizar.
— Forçar as pessoas a sonharem mais alto senhor, e entender como os demais pensam e nos
veem, é bem triste acha quer estamos abafando e todos tirando sarro de nós, seja um Castro ou um
presidente Americano.
— Certo, entender o externo, e valorizar o interno.
— Sim, e tem de entender, eu quero fazer isto mesmo que não tenha apoio.
— E não quer apoio.
— Senhor, se for para dar apoio, e me tirar as pernas, não, pois os demais podem não ter lido
Lenin, mas quando o li, pela primeira vez entendi um pouco de politica, lendo algo que pensei que nem
estava somando muito até ler que dar representação a alguém, sempre é melhor dentro de uma
instituição ou organização, pois para fazer parte de algo maior, as pessoas sacrificam ideias pessoais.
— E não tem pretensão politica?
— Eu não tenho 16 senhor, e farei somente em Outubro, o que quer dizer, não terei titulo na
próxima eleição.
— E acredita que consegue sem ajuda? – A diretora.
— Eu tenho tempo senhora, e como o senhor ali falou, sou pretencioso, aos 15 tenho um bar que
não posso frequentar, tenho uma escola de teatro, que dou aula, dou aula em um curso de inglês, tenho
uma banda, que se denomina no mercado por dois nomes, agora estou querendo criar meu primeiro
grupo teatral.
— E pelo jeito quer algo para ser bonito. – O rapaz.
— Não sei se já viu um show do “Bárbara e os Clementes”?
— Vi pela mídia.
— Aquilo é eu na produção, eu na criação, mas apenas tocando uma guitarra com uma mascara.
— Certo, algo tão acima, que as emissoras fizeram o que estava explodindo, gerar muito mais
visualizações.
— Sim, mas continuo perguntando senhor, precisa ser agora a conversa, estou perdendo uma
aula de matemática.
— Já o liberamos, mas não entendi a ideia do Luciano, que quer usar seu modelo para algo da
secretaria de cultura.
Eu olhei o rapaz, também não sabia a resposta.
— Eu tenho de me informar, pensei em algo, mas pelo jeito o que pensei ser um detalhe, é você
na ideia do Festival de Teatro.
— Qual ideia pretendia discutir? – Perguntei.
— Se não teria como fazer isto a nível cidade, nos colégios estaduais, referente a peças, dividir as
em português e as em inglês.
— Dois festivais de teatro?
— Era uma ideia, mas pelo jeito sua ideia vai para um lado, e não olha para o outro.
— Senhor, eu inventei de entrar em uma banda, que me tira da cidade de sexta a domingo, eu
não pensei em algo tão rápido, era para ser calmo, e não está sendo, não era para ter show vendido em
Julho em Macau e Los Angeles, não era para estar neste patamar, por isto estou ainda trocando ideia,
pois eu estou me organizando.
— E não tem como largar, seria isto.
— Não gosto de largar potes de ouro por ai senhor.
— Acha que é um pote de ouro?
— Temporário, que tem um tempo para você recolher o máximo de moedas que conseguir.
— E não quer perder.
— As oportunidades da vida se cria, mas se você se recusar na hora que ela pinta, de correr, não
dá pra reclamar depois.
— O que acha da ideia de gerar um concurso local de teatro.
— Teria de ser algo que não fosse puxado pelos colégios, ou se fosse, iria dar mais confusão
possível.
257
— Confusão.
— Estamos em Março, pensa rapaz, se você for criar peças, em todo estado, teria de ter as
seleções locais, para quem viria ao festival, mas ai viraria realmente um concurso.
— Não entendi. – A diretora.
— São mais de mil colégios estaduais, se não me engano, mil e duzentos, se cada um criar uma
peça, e cada peça durar apenas – parei um momento pensando nos números, 1200colegios x 20
minutos dividido por 60 minutos – 20 minutos, teríamos mais de 400 horas de apresentações para
estabelecer quem é melhor, isto é mais de 16 dias sem parar apenas vendo peças, sem dormir, sem
intervalo de peças, sem parar para comer, 400 horas, baseado na logica de mercado, de 8 horas por dia,
daria mais de 50 dias para analisar todos os colégios.
O rapaz me olha e fala.
— Você pensa rápido menino, entendi seu medo, mas nem todos os colégios participariam.
— Sim, mas tem de lembrar de deixar a opção de não participar na ideia, pois a direção dos
colégios podem achar que é obrigatório, ainda tem o problema, de colégios que teriam mais de um
participante, pois tem aula pela manha e pela tarde, e não teria como falar que apenas o pessoal da
manha do estadual do Paraná, iria participar.
— Certo, algo a pensar, mas qual a ideia do Festival de Teatro de Peças em Inglês do Guairinha.
— A ideia veio da Rosália, eles precisam de eventos, temos teatros, que estão com 30% do seu
tempo, sem evento algum.
— Certo, custo se mantem e não tem nada lá.
— Pior, um show promovido pelo local, é lucro para a casa, mas não temos direção para isto, eles
tiraram a autonomia do Teatro, em prol de segurar os gastos do governo, como se os gastos realmente
fossem ali.
— Discorda disto. – O senhor.
— O teatro Guaíra era lucrativo, vocês matam metade da orquestra, do balé, dos cursos,
enforcando eles, por economia e ele passa a ser deficitário, muito boa a escolha.
O senhor olha o secretario, o rapaz e fala.
— Pior que ele sabe do que quer e o que acontece, não é apenas um menino que se destacou em
uma banda, como falaram, pelo jeito ele está pensando no problema, e pior que ele tem razão, o Teatro
é lucrativo, se tiver gente lá, não adianta ter um palco imenso e não ter ele cheio.
— Ele pelo jeito está começando algo, entendi que ele foi ao ponto que ele domina, Inglês, pelo
que entendi, e musica, mas teria de pensar no que propor, ele mesmo falou, uma coisa é eu propor as
escolas a desenvolverem um grupo teatral, mas se por como regra, seriam mais de mil de duzentas
peças, e teríamos de dar estrutura para elas se apresentarem.
O rapaz me olha e fala.
— Aproveita o sinal e volta a aula, eu vou pensar em algo e conversamos mais tarde.
Vi que me dispensaram e fui para a segunda aula de matemática e vi o que estava sendo passado,
apenas começo a anotar as questões que teria de resolver no caderno, provas no segundo grau no
Paraná, não sei no seu estado, mas estão nos livros de conteúdo, mas pega o que lhe parece impossível
no caderno e o resolve, pois é esta questão que vai lhe dar a nota máxima na prova.
Eu olho o conteúdo e quando o intervalo começou, vi Carla me olhar e perguntar.
— Problemas?
— Temos permissão para uso do anfiteatro da escola.
Um rapaz para ao lado e pergunta.
— O que tem aprontado rapaz, querendo confusão?
— Sempre. – Olhei serio o rapaz.
Ele se achava que eu recuaria, não me conhecia.
— Pelo jeito cantando as meninas da turma, quer se dar mal.
— Cantar, eu sei apenas tocar, não cantar.
— Se acha engraçado.
— Não Adriano, eu sou apenas o menino, que já foi expulso do outro colégio, pois eu levo para o
pessoal quando tentam me matar, não deixo uma segunda chance acontecer. – Falei serio, ele me olha
ainda querendo se fazer.
— Se souber que deu encima de Beatriz lhe quebro Bruno.
— Mais um namorado ciumento, meu destino pelo jeito é este. – Falei olhando Beatriz chegar ali.
258
— Não somos namorados Adriano, para de criancice.
— Tem algo com isto ai.
— Ele tem namorada, famosa, não é o que está em jogo.
— Acredita nisto?
Eu me levantei e falei induzindo que sairia.
— Assunto chato este.
Carla me olha e sorri.
— E vamos ensaiar hoje?
— Pensar na peça, pois levantar uma peça estabelece metas, e as vezes as pessoas esquecem
disto.
— Metas. – Beatriz.
— Sim, pois uma vez estabelecido, temos de testar o texto, depois, começar a pensar no
vestuário, depois no cenário, e por fim, som e iluminação.
— Luz.
— Eu sou alguém que gosto de me precaver, mas vamos passar o texto inteiro em português, e
depois passar em inglês, até ficar perfeito.
— Do que estão falando? – Adriano.
— Criar um grupo de teatro da escola, apenas isto.
— Quem perde tempo com isto? – Ele fala tirando o corpo.
— Beatriz perde tempo com isto. – Falei olhando ele.
Ele olha Beatriz e me olha.
— Querendo confusão.
— Deixa eu pisar em mais um calo. – Falei saindo, eu não deixava minhas coisas na sala, não sei,
talvez com o tempo viesse a deixar.
Nem cheguei a parte em frente a cantina interna, e Rose me olha seria.
— Meu pai quer saber o que você quer se aproximando.
— Foi sua amiga que a convidou Rose, e primos por mais que os pais não queiram, vão viver mais
que os pais.
— Ele me tirou o couro com este papo.
— Então nem faça parte prima, não entendo tanto ódio, até a justiça já me deixou em paz e seu
pai continua pegando no meu pé.
— Não nos quer lá?
— Estão convidadas, vocês que escolhem, não eu.
— Roberval também mandou me afastar de você.
Ela estava ali, não entendia, ela queria um motivo, ou ela queria ficar por perto, não estava
entendendo.
— Iria perguntar se não queria ser figurante em uma peça teatral de um grupo do colégio, se o
seu pai nem quer você no coral, nem vou falar mais nada.
— Pelo jeito veio agitar.
— Meu ultimo ano do segundo grau, desculpa, quero agitar geral.
— E não se preocupa em por mais gente?
— O coral vai fazer parte, mas sabe quando os demais querem levar um pessoal para fazer uma
peça, eu quero levar um colégio para fazer a peça.
— Todos?
— Logico que não, mas uns 30 ou 40.
— E pelo jeito o que falam que você está falando em teatro por ai, estão com razão.
— Avisa seu pai que vamos ensaiar hoje as 4 da tarde lá na casa que eu e a mãe morávamos, ali
no Tingui e aparece com suas irmãs.
— Quer todos lá?
— Coral de uma voz, não é coral, é solo.
Raquel chega ao lado e pergunta.
— Vai ou não vai Rose?
— Pensando ainda.
— Pelo jeito não defendeu a ideia.
— Acho que nem você entendeu a ideia. – Rose.
259
Ela me olha maliciosa e fala.
— Sei que não, mas para de frescura e aparece lá.
Olhei Raquel e com ela vieram 6 meninas e ela me apresenta e marcamos as 4 horas, eu dei o
endereço, e ainda era apenas uma conversa.
Estava conversando quando Helmut confirmou a parceria, o doutro Vaz confirmou que estava
assinado, e passei para Roseli o aceite.
Raquel me olha e pergunta.
— Pelo jeito algo serio, nem me ouviu.
A olhei e falei.
— Repete que estava comprando uma pedreira.
— Falava que Carla falou que vão fazer um grupo teatral.
— Sim, mas ainda estamos pensando no que vamos encenar, a ideia é participar de um Festival
que vai ser promovido pelo Guairinha, e montarmos uma peça.
— E não vai nos convidar? – Raquel.
— O coral vai fazer parte disto, apenas pensando em um grande show.
— Um grande show.
— Pensa em fazer um espetáculo, que vai ser encenado apenas 4 ou 5 vezes, mas a ideia, nos
apresentar o mundo.
— Ao mundo? – Raquel.
— Não, fazer ele e inscrever para participar em Paris, Londres e New Iorque.
— Com todos que estiverem no palco?
— Com 40 integrantes.
— Nos fazer viajar o mundo, isto é legal. – Raquel.
— Sim, isto é legal. – Rose.
Olhei as meninas começarem a cochichar e Raquel pergunta.
— E Carla sabe disto?
— Nem o que vamos fazer ainda.
— Ela parece se atirar para cima de você. – Raquel.
— Já com ciúmes?
Raquel sorriu e todas olham para ela que fica sem jeito.
Sinal, entro e Carla estava lá me esperando.
— Pelo jeito está agitando geral.
— Porque?
— Aquele rapaz que veio ai e tirou você da sala, veio me perguntar se estava no grupo de teatro
do colégio, ele queria saber se você já passou a ideia do que faríamos.
— Eles querem algo que não sabem pedir.
— E vamos fazer o que?
— Conversar, ainda é cedo para pensar em algo, mas quero parar e pensar no que vamos fazer,
um projeto bem feito, facilita, e eles acham que isto pode ter um poder politico, e estamos em ano
eleitoral, eles querem algo e não acho que devo me meter.
— Porque não.
— Porque independente de quem ganhar, estarei aqui para fazer o que eu quero fazer.
— Certo, estar em um lado, pode gerar problemas a frente, mas se eles ganharem, grana.
— Mas vamos primeiro as aulas, depois conversamos.
— E vamos fazer o que?
— Vou fazer um cartaz para por no edital, e quero ver quem quer participar, mas isto é com
calma, inteira só tenho a sexta feira para me dedicar a isto.
— Corrido sempre?
— Sim, mas não quer dizer que não possamos fazer.
— E pelo jeito quer algo diferente.
— Pensando ainda.
— Por quê?
— Eu tenho pelo menos duas ideias que quero implementar, e pode ser que tenha mais duas.
— Por isto não quer pensar em algo pequeno.
— Eu não sei pensar pequeno.
260
O professor vem para a aula, eu fico a prestar na aula e rabiscar ideias, depois teria de rabiscar
textos, e depois vestuário, e por fim, definir quantas pessoas estariam no palco.
Eu fiquei a rabiscar enquanto o professor dava uma aula de geografia, falando da parte sócio
politica do pais, e de coisas que pareciam apenas o narrar de números, geografia, é bem mais vivo que
isto, estes números são pessoas e sonhos, não apenas números.
Rabisco e no fim da manha, que insistia em terminar, eu termino de rabiscar vendo o professor
sair pela porta.

Estava olhando o papel quando Beatriz olha o papel e fala.


— Pelo jeito pensando em algo, não entendi os rascunhos.
— Oito bocas de cena, podendo ter variantes dentro de cada uma das ideias.
— E pelo jeito enquanto alguns pensam em quem vai fazer parte, está querendo muita gente.
— São 6 personagens iniciais, um que morre na cena dois, temos pelo menos outros 10
coadjuvantes na cena 1, poderia ter mais de 30 e não mudaria a imagem, os 3 casais saem para um bar,
e entre uma cerveja, uma conversa, três destinos, um sai de carro, um dos casais discute, cada um para
seu lado, e um entra em um motel a frente, boca de cena três um painel no fundo, passa a imagem de
uma estrada, e o carro parado, o atrevimento, o colocar assustado do cinto, pela velocidade, e o acertar
do poste, chegar da policia, do IML, e a moça fica bem ferida, mas bem, estava presa no cinto, enquanto
o rapaz sai pelo para-brisa. Quarta boca de cena, a entrada do cemitério, onde o caixão chega em um
caminhão, onde o coral canta uma musica religiosa, e com o efeito de um enterro, a tristeza, o sair de
todos tristes, com a musica do coral tocando ao fundo. Cena 5, a sala da casa, onde uma das moças,
começa em qualquer conversa, correr ao banheiro, a segunda, triste pelo rapaz morto, e a terceira,
falando que o rapaz nunca mais apareceu, assim como a que sai do banheiro. Cena seis, o tempo passa,
pessoas com vestes de verão, depois outono, inverno e primavera, anunciando o verão, o telão serve
para mostrar a mudança e a barriga de uma das moças crescendo. Cena sete, o bar, as conversas, e o
perdoar da que não tinha cedido ao rapaz, e recomeçando, o único ainda por perto, conversas de
meninas, o verão chegando e a saída, rápida, para o nascimento de uma criança. O ano passa e mais um
carnaval, os 5 estão com camisetas de alerta, se beber não dirija, a banda ao fundo, os foliões e toda a
sensação de um novo carnaval.
Entre eu começar e terminar de falar, olhando o papel, Beatriz, Amanda, Carla, Adriano,
Jaqueline, João e Jeniffer me olhavam.
— Pensei em algo maior.
— O começo é este, e garanto, é o maior projeto que vamos ter lá, e não é tão grande
— E pelo jeito já tem o que vamos apresentar.
— Agora começa a parte de texto, depois de somas e cortes no enredo, para ser aplicável, depois
temos de conseguir ensaiar cada parte, e por fim, aprender todas as falas em inglês.
— Porque em inglês? – Adriano.
— Porque isto é uma apresentação, que quero conseguir um convite pago, para o grupo ir a Paris,
Londres e New York.
— Ele quer que nos entendam lá fora.
— Certo, não quer apenas dar encima da minha namorada.
261
— Tem de falar para ela o que quer Adriano, não para mim.
Ele fica bravo e Beatriz fala.
— Ele tem de crescer antes.
Carla me olha e fala.
— E não fica muito caro toda esta estrutura?
— Não é barata, mas ela é pratica, é uma parte central, que se altera, e isto estabelece que
enquanto gira, o lado oposto ajeitamos para o próximo quadro.
— E pelo jeito quer fechar a historia.
— Quero todos vindo ver nossa peça.
— Não quer apenas encenar.
— Quero ser destaque, qual o problema?
— Gosta de aparecer.
Apenas levantei os ombros, obvio que queria.
— E vamos falar disto?
— Quero ver o que o rapaz a porta quer, mas vamos comer algo e depois falar deste texto, quero
ver se falo com Dalton, ele que fez os cenários da “Bárbara e os Clementes”, então vou pedir algo para o
nosso, vou falar com Silvio, ele faz a iluminação da banda, e vou falar com Joaquim, ele geralmente
cuida do som e dos tele pontos.
O rapaz me olha e fala entrando na sala.
— Já organizando as coisas?
— Não, conversando, mas ainda não falou o que precisa secretario, eu não sou adivinho.
— O Deputado Candido, não parece entender o potencial da ideia, ou se fazer de surdo, ele
insistiu em vir junto, mas queria trocar uma ideia.
— Vamos ter de fazer uma vaquinha para pagar a comida. – Falei e Carla fala.
— Para quem quer fazer um espetáculo, não está pão duro.
Sorri sem graça e falei.
— Por incrível que pareça, dinheiro não nasce em arvore.
O rapaz nos acompanhou, sentamos e pedimos um PF para cada, comemos e o rapaz me olha.
— As vezes tenho medo de não saber o que daria efeito neste caso, a diretora parece querer
apenas não se envolver, o deputado, usar isto como ponto politico, mas parece ter desistido, e pelo que
falei a pouco com Rosália, você é o autor da ideia de um Festival que conseguiu patrocínio do estado,
mas que poucos falam dele, e ouvindo eles falarem de Bruno Baptista, não sabem quem é este rapaz.
— Mas não entendi a sua ideia senhor, eu quando falei com Rosália, é que eu sempre defendi um
trocado, montando espetáculos no Guaíra e Guairinha, mas as coisas se aceleraram entre o ano passado
e este, mas era referente a agitar o local, que a cada ano, estava perdendo publico.
— Por isto sabia os dados do Teatro, me pareceu até uma posição politica, que mesmo se fazendo
a favor, o deputado nitidamente não gostou.
— Você é indicado, seu cargo acaba quando o governo acaba, mas muitas aposentadorias, eu sou
contra, o cara nunca contribuiu, pois deputado não contribui por lei, e se aposenta com salario integral
em oito anos, e os mesmos, querem conter no gasto dos outros, hipocrisia.
— E se desse para incrementar sua ideia, o que faria?
— A ideia de um Festival de Peças teatrais, vinda das escolas de norte a sul, leste a oeste do
estado, é algo a apoiar, mas teria de ver se vão lhe liberar estes recursos, pois poderíamos ter o maior
festival teatral estudantil do mundo, se fosse bem feito.
— Sabe que esta colocação, teria feito o deputado ouvir mais atento, maior festival estudantil do
mundo, cheira a votos.
— Mas para isto, teria de ser comunicado, criado algo, e as vezes, não se ergue isto em 4 anos,
imagina em 5 meses.
— Certo, mas acredita na ideia?
— Eu sou de ideias impossíveis senhor, mas as vezes, nos deparamos com fatos, toda vez que o
poder publico pode vender algo que eles gastam recursos, mesmo que tendo retorno por outro lado,
eles preferem passar a outros a obrigação, minha mãe chamaria isto de preguiça.
— E acredita que conseguiríamos fazer este festival?

262
— Acho que se criasse um desafio nas escolas, surgiriam historias e concorrência, e isto poderia
dar destaque, já que os colégios estão perdendo qualidade, mas se recuperar a garra eles podem
melhorar em outras coisas.
— E está realmente fazendo aquele material para o curso de inglês do estadual?
— Sim.
— Pelo pouco que entendi, é um manual rápido de comunicação escrita e falada em inglês.
— Sim, tem o intuito de permitir que as pessoas conversem na língua inglês, e escrevam algo em
inglês.
— E desenvolveu isto sozinho?
— Não, a ideia é baseada em um material que tive acesso na Cultura Inglesa.
— E não estaríamos copiando eles?
— Não, mas não entendi a ideia?
— Eu estava olhando o material, vi que o deputado não entendeu, mas poderíamos mudar o
conteúdo do curso de inglês dos colégios estaduais do Paraná, eles aprendem o básico, e isto seria
acima do ensinado hoje em dia.
— Os professores vão reclamar.
O rapaz sorriu e falou.
— Mas preciso de autorização de quem fez este conteúdo, e só vi seu nome aqui.
— Esta parte foi a que eu fiz, assim como pode somar a segunda parte, que é mais dedicada a
pronuncia, dicção e uso de palavras de fácil pronuncia e entendimento.
— Tem este material também?
Pego na pasta o segundo material e falo.
— Isto se ensina no Curitiba Theater School Center.
O rapaz olha o material, ele lê parte e depois de um tempo, enquanto eu comia, ele fala.
— Você tem o dom menino, você transforma o ensino em básico, e sei que não li isto em lugar
algum.
Fico sem jeito e ouço Carla perguntar.
— O que vamos fazer?
— Estou pensando como fazer algumas coisas, e estou precisando de apoio financeiro, e ainda
não tenho todo dinheiro que preciso para nossa empreitada.
— Você tem mais que a gente. – Beatriz.
Não entrei na discussão, elas queriam que eu entrasse com dinheiro, e não estava querendo
entrar com isto, mas olho o senhor e falo.
— Tenta marcar com a Rosália hoje, mas tem de ser depois das 7 da noite.
— Certo, vai pensar em algo?
— Acho que vou agitar o outro lado da cidade. - ligo para Raquel – Oi Raquel, quantas pessoas
conseguiu?
— Até agora – ela pareceu contar – 12 pessoas.
— Consegue remarcar com todos, para a Avenida Iguaçu?
— O quer faremos lá?
— Lá tenho mais estrutura que aqui, e hoje não posso perder muito tempo, mas semana que
vem, vamos verificar os horários de cada ensaio.
— Vou falar com as pessoas.
— Se precisar pede um aplicativo, eu acerto quando chegar lá. – Desligo o telefone e olho Carla. –
Vamos mudar o ponto de conversa hoje, algum problema?
— Temos de avisar nossos pais.
— Não avisou ainda? – Falei.
— Vamos onde?
— Um nome grande, Curitiba Theather Comedy School Center, tenho de achar um nome mais
simples.
Olho o rapaz e falo.
— Conhece o Curitiba Theather.
— O que vamos fazer lá?
— Trocar uma ideia.
— E podemos usar o espaço lá?
263
— Acho que não vai ter problemas, embora ainda não esteja terminado, e está em ampliação,
acredito que consigamos fazer algo lá.
Pedi três aplicativos e mudamos de ponto da cidade, o rapaz pegou o carro e nos encontrou no
local.
Eu olho o auditório baixo, e entro nele, o segurança pergunta se vinha mais pessoas e confirmei,
mas para perguntar a cada grupo, pois não queria penetras.
Entramos e fui ao estoque e passei uma copia do material de teatro para cada uma das pessoas
presentes, e uma para o rapaz, e uma do curso de inglês, agora com capa e estrutura de livro.
Sento no auditório e olho para Carla e falo.
— Este lugar vai ficar pronto apenas em abril, daqui que falava que poderíamos usar para ensaiar.
Ela olha em volta e olha-me.
— Quando fala em fazer um grupo de teatro, não está brincando não, nem sei onde estou?
— Agua Verde, Avenida Iguaçu, Curitiba, Paraná, Brasil.
— Engraçadinho.
Olhei o rapaz e falei.
— Quando pensamos em criar este local, era para termos um local para os nossos alunos criarem
peças e terem onde as encenar, então as vezes, a ideia fica pela metade.
— Um pequeno teatro no Agua Verde.
— Sim, na entrada, tem um pequeno teatro para 108 pessoas, este, tem 280 lugares, na parte de
trás, temos um de 210 lugares, na parte superior, dois teatros, um menor de 252 lugares e um maior de
504 lugares.
— Está dizendo que tem 5 pequenos teatros aqui.
— Ainda em construção, estamos reformando este e somando outros 4 locais, mas isto é um
auxilio ao Curso de Teatro, e ao lado temos o Curitiba Comedy, estamos segurando a obra dos teatros,
para terminarmos o estacionamento com vaga para 680 carros, um conforto para quem quiser vir com
pacote de estacionamento.
— Está dizendo que terão um estacionamento também, o que quer dizer, vai ficar fácil para
estacionar e isto vai puxar muitos eventos para cá.
— Acho que quando falo que o Teatro Guaíra poderia ser lucrativo, é que poderia estar
recebendo eventos como o de comedia que vamos promover aqui em Julho.
— Nem inaugurou e vai promover um evento de comédia.
— Algo que pode gerar uma renda que vai me permitir manter o local por um ano.
— E o que quis me mostrando isto?
— Que cultura, dá dinheiro, embora sei que a propaganda tenta dizer o contrario. Que temos uma
gráfica interna, o que nos permite ter nosso material didático, exclusivo, temos neste complexo, ainda
em crescimento. – Pego um prospecto e falo – Este prospecto foi o que passamos para todas as escolas
de inglês da cidade, ainda não sei se eles vão fazer parte ou não, mas tudo foi projetado para uma
semana, não sei qual seria a ideia senhor?
— Tentando me convencer da ideia, vejo que se por um lado você se esconde em um colégio na
zona Norte, tem acesso a um lugar que eu não teria.
— Uma proposta senhor, pois não vou apresentar novamente algo dubio a Rosália.
— Certo, quer algo bem estabelecido.
— Quero sabe a ideia, e se tem algo que sou chato, é no estabelece o que quero, e dai avançar. –
Olho o horário e falo – Só um momento.
Olho o pessoal, subimos e perguntei para a diretora se teria como encaixar aquele pessoal na aula
de interpretação, eles estariam ali hoje como observadores, as pessoas foram apresentadas ao local e vi
que os demais estranharam, mas eu queria formar outra turma, e isto queria dizer, pagar do bolso,
queria uma saída para não o fazer e não estava conseguindo.
Falo para a diretora verificar os horários com os professores e a possibilidade de abrir uma turma
de teatro básica, ela pergunta para quantos, 40, ela me olha sem entender, mas era que eu não sabia
ainda como fazer tudo.
Volto a parte interna e olho o rapaz.
— Pelo jeito tudo que falei não ajudou em nada.
— Pelo que entendi, você vai dar mais estrutura do que a maioria vai ter.

264
— Eu acredito que pode existir mais de um festival de teatro num ano, o da cidade, preenche os
teatros, mas podemos ter um do Guaíra, que poderia puxar as peças em destaque para este festival,
acredito que podemos ter um festival de balé e um de sinfônicas, um festival de teatro infantil, e um de
comedia próprio, se você fizer um festival por mês, você muda o ponto do negativo ao positivo, e isto é
questão de querer e dar estrutura para funcionar, mas pensa, eu monto algo assim puxado pelo teatro
Guaíra, e envolvo os demais teatros da cidade, e transformo no maior festival de balé do país, o maior
festival de teatro infantil do país, o maior encontro de Sinfônicas do país, mas é que o uso do teatro
Guaíra é pela historia dele, ele tem tradição, mas teríamos como transformar a cidade em uma cidade
cultural de eventos culturais, mas a escolha ai é politica.
— E está se preparando para isto?
— Sim, por sinal tenho uma pergunta, como faço para comprar um terreno que está em nome do
Detran, em Colombo.
— Terreno em Colombo?
— Deixar claro, existe uma pedreira abandonada, na divisa de Curitiba e Colombo, ali do lado do
Parque do Atuba, o parque fica em Curitiba, a Pedreira, em Colombo, a pergunta, como faço para
transformar aquele lugar em um grande lugar de shows na cidade.
— Quer ter um local próprio?
— As parcerias, falam em ter um local aqui e um em Florianópolis, tem de entender que não vai
estar em meu nome.
— Algo a que nível?
— Construir um local de shows de 20 mil metros quadrados de espaço para o publico de pé, mais
toda estrutura de palco e de camarotes a volta, somando em área verde ao parque do Atuba, mas em
uma área de shows.
— E quer algo para shows?
— Entra naquele ponto de comparação, se eu cobro algo, não caro, mas um preço justo, para 280
pessoas, outra se cobro algo justo para 100 mil pessoas.
— Certo, um vai dar trocado, outro recursos bons.
— Sim, mas agora pensa, temos a pedreira Paulo Leminski, agora quero fazer um segundo palco
no Atuba, e pode ser que pense em um terceiro ponto, mas a ideia, se quero um festival real de musica,
eu coloco Rock em um local, Eletrônica em outro, samba em outro e Pop em outro.
— Você quer agitar a cidade, e ninguém nem ouviu isto ainda.
— Senhor, a empresa que nos representa a nível da banda, conseguiu uma parceria em
Florianópolis, em uma pedreira que está terminando a concessão, para transformarem em um local de
shows, para um especial em Outubro, temos um marcado em Curitiba no meio de Outubro e um no final
de Outubro em Floripa.
— E pelo jeito eles vão o representando e vai pensando em outras coisas?
— Eu sei que me chamam de pretencioso, mas quero em outubro, gravar o nosso primeiro DVD,
mesmo que não se venda mais DVD, terá qualidade e duração, e todas as musicas prontas para serem
compartilhadas em todas as mídias possíveis.
— E no meio disto um festival de teatro?
— Senhor, pensa, isto está em construção, tem um ultimo palco de 88 lugares, que vamos
começar a construir agora, mas são 6 lugares, que comportam entre 88 a 504 e que me permitem em
Julho, ter um evento com 6 grupos de comedia do país, em horários diferenciados, me gerando por uma
semana, 42 shows, 3 vezes cada show, gerando algo que não existe no país, agora em Julho, aqui.
— A qual nível?
— Comédia, o que mais.
— E pretende conseguir o que com isto?
— Como falei, garantir o funcionamento do ano, em lucro, uns 500 mil reais.
— E não quer menos?
— Isto é um terço da bilheteria.
— E pelo jeito enquanto alguns falam em projetos grandes, desenvolve os seus.
— Este não é um valor alto rapaz, apenas eu gosto que cada um dos empreendimentos, dê lucro.
— E pelo jeito quer algo a mais?
— A volta, hoje tem um restaurante que é o Curitiba Comedy, quero pelo menos mais 5 locais a
volta para venda de comida e coisas do gênero.
265
— Um investimento se montando?
— Sim, puxar para cá parte disto, tem algo que fizemos pela primeira vez, pequena coisa, mas
quando encerramos domingo, temos dois dias de folga no Curitiba Comedy, pegamos todas as coisas
que não foram preparadas, e montamos uma refeição, colocamos em marmitas especiais, e distribuímos
na Praça do Atlético na segunda.
— Ação social?
— Eu não teria como vender isto na quarta como fresco, o gasto já foi feito e não quero entrar na
arapuca de tentar usar isto a frente, então distribuímos, foi algo especial, não participo pessoalmente,
mas o diretor do Comedy me passou todas coisas, estranho pois pela primeira vez fizemos isto, e gosto
de saber que estamos fazendo algo.
— Não acompanhou porque?
— Estava em meu julgamento na segunda.
— Certo, e hoje vai ter?
— Sim, se quiser acompanhamos isto de perto hoje.
— E pelo jeito vão dizer que está esbanjando.
— Quero ver a recepção, mas é um almoço que vai com a batata frita separada, o suco de laranja
separado, dividimos em porções a carne, e criamos a marmita com arroz, molho, carne, porções, o que
gera algo diferente, mas que ajuda alguns.
— E você pelo jeito longe, as coisas andam.
— Mas pensa no prospecto, vou falar com as pessoas, ver como as coisas estão, se temos de
apresentar algo a Rosália, que seja algo serio.
— Acha que é possível fazer toda aquela ideia, de vários festivais durante o ano.
— Eu faria, mas teria de falar com a Monica sobre isto, não com a Rosália.
— Certo, você é jovem mas sabe como fazer estas coisas, e pelo jeito não quer participar como
organizador na secretaria de cultura do estado.
— Eu só conheço Curitiba, não sirvo para algo no estado inteiro rapaz, sei que parece estranho,
mas somente a sexta eu tinha livre e agora quero preparar dois grupos.
Ele fica a olhar os materiais e fui falar com Paulo ao lado, a cozinha estava a toda, e depois vi que
estavam preparando a comida e o cheiro estava bom, Paulo mostrou os dados da semana, e fala que
estavam em parceria com duas associações, que distribuíram as senhas, seriam duas mil marmitas.
Fui a parte da gráfica, e pedi para o rapaz fazer dois cartazes rápidos, um para a peça teatral, e um
para o coral, ele faz e imprime na impressora ao fundo, pego 5 de cada cartaz e coloco dobrados
cuidadosamente na pasta do colégio. Pego também uma autorização de menores, na pasta dos
documentos do colégio, tiro alguns xerox.
Eu subi e vi como estava a estrutura do segundo piso, do teatro alto, que seria o maior, e depois vi
que estavam colocando a cadeira no segundo salão, subi um pouco mais e deixei minha pasta e olhei
minha mãe, ela olhava ao fundo.
— Tudo bem mãe?
Ela se assusta e fala.
— Chegou a muito tempo?
— Estou verificando as coisas, mas o que olhava?
— Não sei o que protege este lugar, mas sinto como se ele estivesse a volta, tentando chegar
perto.
— Qualquer coisa me liga mãe.
— Correndo?
— Vendo que tudo, tem um caminho, estranhei a Bárbara não me ligar, deve estar corrido do
outro lado.
— E pelo jeito está correndo.
— Me metendo em coisas que não entendo.
— Coisas?
— Politica, o secretario de Cultura do Estado está no colégio de Teatro querendo trocar uma
ideia.
— E pelo jeito acredita que consegue se meter em algo a mais.
— Eu nem procurei desta vez.

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Desci e fui verificar como estava o material didático, e olho para a entrada, e vi Raquel e as
meninas chegando.
As conduzi ao teatro e começamos a falar sobre o que era um coral, que a ideia, era cantar
musicas sacras, mas numa roupagem diferente, e primeiro testamos as vozes, onde cada uma delas
sentia-se confortável, fizemos aquecimento de voz, e vimos até que frequência cada uma delas chegou.
Estávamos começando a testar a oração de São Cipriano em uma canção, quando sinto alguém
me abraçar e me beijar a nuca.
— Não me atende mais? – Eu cobrando.
Ela olha as moças cantando e fala.
— Só moças?
— Uma ideia nova, e estou cheio de ideias novas.
— O pai está tentando segurar os shows só nos fins de semana, mas começa a ficar difícil.
— Sabe que sou apenas o guitarrista.
— Sei que está pensando em algo grande, e não entendi ainda a ideia.
— Imagina você cantar algumas musicas, e ter um coral cantando esta oração ao fundo.
— Que oração é esta?
— São Cipriano.
— Eu pensando em algo novo, você está querendo algo diferente.
— Sim, e terei também um grupo teatral, e não sei, os rapazes lhe levam a serio, e as meninas, me
levam a serio.
— E este grupo teatral que falou?
— A partir de amanha, quero ver se conseguimos uma turma extra, para um grupo teatral,
amanha tem aula.
— E não vamos ensaiar.
— Não me respondeu antes, como poderia marcar algo.
— Temos de falar serio.
A olhei ao olhos e falei.
— Sempre me dou mal no fim, não existe novidade nisto.
Ela me olha serio e pergunta.
— Me vigiando?
Não respondi, ela ainda me encarava e fala.
— As vezes me acho nova demais para algo definitivo.
Eu não deveria falar nada, eu ainda estava me contendo, mas queria algo grande, e falo.
— Você que escolhe Bárbara, se me quer na sua banda, na sua vida.
— Não quero você longe, mas me acho imatura.
— Acho que eu falei isto, que deveríamos esperar, e você disse que não queria esperar, que
éramos um do outro, mas as vezes, queria estar errado, você sabe que eu ainda estava querendo um
grupo de teatro na Cultura Inglesa, mas você que sabe.
— E pelo jeito agitando aqui.
— Tentando algo, ainda são apenas primas e colegas, mas quero um coral de 250 pessoas, assim
como queria você participando do meu monologo em Outubro, com sua banda, mas pelo jeito, não vou
conseguir.
— Me queria lá?
— Eu pensei em coral, banda, grupo teatral e eu, em um monologo, eu preciso da representação
do monologo.
— E qual monologo quer fazer?
— “Livro da Lei!”
— Inteiro?
— Sim, narrado em inglês, as musicas cantadas pela banda e pelo coral as interpretações sendo
feitas pelo grupo teatral e sei lá, parece que todos vão pular fora antes da hora.
— E não se recusaria a tentar sozinho.
— Não seria o show, seria apenas um maluco, falando um texto tido como adoração ao demônio,
mas é apenas um culto ao Deus da Guerra.
— Não acredita que seja o Demônio?
— Não falo sobre isto, mas ele não se denomina de Demônio, e sim, Deus da Guerra.
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— E queria ir longe com isto.
Não respondi, estava a olhando, sentia o coral parando as costas e ela me olha.
— Não estou preparada para algo assim Bruno.
— Assim?
— Pensei que não se deixaria enredar, eu quero alguém independente.
— E eu pensei que era sério, e novamente sozinho.
— Vai ficar bem.
— Nem sei o que é ficar bem mesmo.
— Mas não vai desistir da banda.
— Não sei se me quer lá, pois lá é trabalho.
— Meu pai falou que não era para misturar as coisas.
— Me quer lá ou não? – Perguntei pois a frase foi dúbia, e eu não entendi o sentido dela.
— Sim, este fim de semana, teremos dois shows no sábado e um no domingo, em Porto Alegre.
— Só me confirma a hora depois, esta semana vai ser corrida.
Ela se afasta e Raquel chega as minhas costas e fala.
— Não vai apresentar a namorada?
— Não é hora, ela acaba de me dar um pé na bunda.
Raquel chega ao lado e fala, sei que Bárbara ainda ouvia do ponto que estava e fala.
— Agora não tem motivo para ela ser sua rainha então.
— Quem não sabe não monto um principado, com cinquenta princesas.
— Não nos leva a serio, e quer ser levado a serio.
— Porque pararam?
— Não sei o que é aquilo. – Eu estranho a frase e olho meu celular e leio a mensagem, olho o
palco e olho aquele espectro.
— Perdido ai pai?
— O que está fazendo, sinto minhas energias sumindo.
— Nada, você já é tido como morto, mas acaba de sair sua exumação, e após registro dos dados
genéticos no sistema, vai ser cremado os restos, pois não tem mais muitos restos mesmos.
O ser parece me olhar serio, sinto ele chegar rápido e tentar me segurar e fala.
— Não quero ir ao inferno.
— Não entendeu pai, você era esperado no reino do Deus da Guerra, alguns chamam de Eon,
outros de Céu, mas em nada tem de inferno.
Sinto o senhor tentar segurar as coisas e sumir a minha frente, em milhares de pequenos pontos
de luz e olho Raquel me olhando.
— Não tem pena nem de seu pai.
— Eu nunca o vi vivo Raquel.
— Por quê?
— Ele morreu antes mesmo de minha gestação chegar há 9 meses, então ele morreu antes da
hora.
— E o que acha que ele queria aqui?
— Me iludir que se desfez, apenas isto.
— Fala com espíritos? – Rose.
A olhei e falei.
— Não, eles que falam comigo.
Comecei a subir no palco e peguei uma cadeira e falei olhando as meninas.
— Peguem uma cadeira e vamos conversar.
Elas sentam a toda volta e olho Raquel ao lado e falo.
— Tem noção da sua função neste grupo?
— Não sei não.
— Comandar o grupo, eu preciso de alguém que se dedique a isto e que organize as coisas, pois
não tenho todo tempo do mundo para fazer isto.
— Organizar o que?
— Primeiro como alguém que conhece as pessoas, me apresentar as 50 pessoas que não
conheço, cada princesa, vai ter de entrar com uma Bruxa, uma Fada, e duas damas da Corte.
— Eu pensando que 50 já era muito.
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— Não estou falando do que pensou, mas mesmo você, tem de escolher sua Bruxa, duas damas e
uma fada.
— Qual a função de cada uma delas?
— As damas, lhe protegerem as costas, a fada, alertar das coisas boas, e a bruxa dos desafios, os
companheiros destes 4 pessoas são os cavalheiros, que tem de proteger a princesa e as demais pessoas.
— Do que estão falando. – Rose.
— Da escolha de cada uma das pessoas, onde a pessoa pode fazer parte da nobreza ou da plebe,
mas cara feia, é plebe, fome é plebe, mau humor, plebe, não posso, não quero, não vão aceitar, é para a
plebe, a nobreza, faz o que quer, apenas obedecendo uma pequena hierarquia.
— E nos está convidando a fazer parte de uma nobreza.
— Sim, e todos tem de saber, o que falarmos aqui, eu não falo fora do grupo.
— Por quê? – Rose.
— Grupo fechado, sem pretensão de explicar a quem estiver de fora, o que faremos, se você tem
um objetivo, você fala para os que quer presente neste objetivo, não para os que farão de tudo para
que dê errado.
— E quando definiremos o que cada um vai ser? – Raquel.
— Sabe como eu, que não sou eu que define. – Caminho até a parte dos instrumentos e pego o
que se tornou a lança, era uma pequena faca, e ela brilha quando pego ela e conversamos, e a faca sem
eu falar nada, foi marcando as mãos, estavam sendo aceitas, e sabia que muitos não entendiam, mas eu
tentava não me tentar com as facilidades deste momento. Ao final, Raquel perguntou quando faríamos
o próximo treino, e falei que sexta, seria o próximo ensaio, e que teria já as partituras das primeiras
musicas do coral e que não sabia ainda quem do coral, faria os vocais principais, mas que estudaria a
cada musica o que faríamos. Elas saem e vi Carla a olhar na entrada do teatro, faço sinal para o
segurança e ela e Beatriz entraram, as demais estavam olhando algo do lado de fora.
— Não entendi a ideia? – Carla.
— Dia corrido dá nisto, eu não consigo dar atenção a todo mundo.
— Mas vi que quase mandou a senhora conseguir vaga para nós, parecia mandar ali. – Beatriz.
Olho a hora e falo.
— A tarde passa muito rápido.
— O que pretendia com as meninas do primeiro ano?
Sorri e falei.
— Bem longe do que pensou.
— Sei, vi Bárbara por ai.
— Ela veio acabar com o nosso namoro, apenas isto.
— Livre? – Carla.
— Disponível, por enquanto, mas a ideia das meninas do primeiro, é Raquel chamar a fazer parte,
um grupo de pessoas que não conheço, mas é que pretendo fazer um coral de 150 pessoas.
— 150 garotas.
— Sim, talvez some depois 100 rapazes, mas a ideia é inicial.
— E saiu da banda?
— Não, pelo menos ainda não.
— E vamos fazer o que? – Carla.
— Pensou em alguma coisa? – Perguntei.
A face de não sei como falar, de olhar para os lados, e estarmos apenas os 3 ali, fez ela falar
olhando ainda meio para o chão, depois nos meus olhos.
— Não sei, pensei que seria mais divertido.
— Divertido? – Eu provocando.
Beatriz me olha e fala.
— Se fazendo de desentendido.
Estávamos no palco, então apenas olhei o relógio, sabia que teria pouco tempo e falo.
— Só não me cobrem se sair correndo, daqui a pouco tem agito geral.
—Sair correndo? - Dei a mão a Carla, estiquei a outra para Beatriz e entramos em um dos
camarins, eu fecho a porta e não sei, as vezes queria não ter as duvidas que tenho, mas perdemos ali
meia hora, entre provocações, beijos e caricias, e Carla me olha depois de um tempo.
— Pensei que iria me por para correr.
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Parecia precipitado passar para algo a mais, ou um discurso mais romântico, e apenas falo.
— Eu não presto Carla, está provocando, mas tem de saber, hoje não dá tempo de se divertir de
verdade.
Beatriz me abraça pelas costa e fala.
— E quando teremos mais tempo?
— Vocês Tem de ter autorização para fazer o curso de teatro que vamos abrir turmas a partir de
amanha, amanha conversamos depois da primeira aula.
— Vai querer todas? – Beatriz.
— Tenho de conversar serio com todas, apenas isto, e não quero um nariz quebrado ou mais um
furo pelas costas.
A medi e ouvi.
— Mantemos entre nós.
— Então se vistam, liguem para casa e falem que vão demorar mais um pouco, pois agora é
correria até as 20 e depois conversamos.
— Que hora nos deixa em casa?
— Perto da meia noite.
— Safado. – Carla ao meu ouvido.
Sorri, pois ainda não passara do ponto de recuar, então não via isto como tão Safado assim.
Me ajeito e saio pela porta do camarim e olho para o bar ao lado, estava um agito, mas o local
começava a por em um veiculo as marmitas e chego lá e Paulo fala.
— Vai acompanhar?
— Sim, soube que tem TV querendo registrar.
— O senhor ali perguntou se poderia acompanhar.
— Politico, em inicio de carreira.
— Certo, o pessoal já está saindo para lá.
— Vou caminhar até lá, quero acompanhar de longe.
— Não quer ser filmado.
— Não, precisa de ajuda em algo?
— As vezes faltam mãos na hora H.
— Isto temos, mas chegamos lá com calma.
Caminho até o secretario da Cultura e vejo Barbara Carvalho, que se matriculara na turma da
noite, naquela escola parar a minha frente e falar.
— Me esqueceu já?
A medi com os olhos e falei.
— Não, este corpo é difícil esquecer, mas vai assistir aula ou ficar apenas olhando?
— Não entendi o que você quer?
— Uma das princesas vai convocar as princesas para uma reunião na sexta aqui, no auditório
baixo, esteja por ai e conversamos.
— Não quero lhe dividir.
Eu a olho e pego em sua mão e falo.
— Mas a sua mão fala princesa ainda, não Rainha.
— Eu não entendo tanto disto, isto pode mudar?
— Não sumindo, tudo bem.
— Pode sumir?
— Sinal de subserviência Bárbara.
Eu sinto alguém chegando as costas e olho ao meu lado e era Bárbara Vaz que me olha.
— Já com uma amiga nova?
— Bárbara, deve lembrar, está é Bárbara.
— A menina que o denunciou, certo, mas o que está fazendo, não vai dar aula ou participar delas?
— Hoje tem um experimento social, o restaurante ao lado, distribui na praça do Atlético, duas mil
marmitas.
— E estes políticos. – Bárbara Vaz.
— Querem me adestrar para um partido politico.
— Adestrar? – Bárbara Vaz.
— Sim, agora deixa eu ver o que o secretario da cultura quer falar comigo.
270
Caminho até o senhor e pergunto, sabia que o sobrenome era Pereira, ouvi em uma conversa,
mas não entendi seu primeiro nome e perguntei.
— Posso lhe perguntar o primeiro nome?
— Luciano, pelo jeito um monte de gente lhe cercando.
— Eu vou chegar a praça a pé, pois tem imprensa lá e não quero aparecer ainda.
— Podemos acompanhar?
— Sim, nos vemos lá, eles estão quase saindo.
— Rosália confirmou somente depois que falei que iria com você lá. – Luciano.
— Confirmou que horas?
— As oito.
— Este dia não está sendo produtivo.
O rapaz se afasta e Bárbara Vaz me abraça e fala.
— Não galinha muito por ai.
Me virei para ela e pergunto.
— Não sou galo para galinhar.
— Mas estou de olho.
— Quer controlar mas não me quer como namorado, me explique?
— Eu sou possessiva, meus músicos não namoram.
— Sinal que vai ter de achar outro guitarrista.
— Não seja assim Bruno, não é hora de acontecer.
— Sei que não é hora de acontecer, mas controlar se namoro alguém, somente me namorando.
— Pensei que me entendesse.
— Quer liberdade e não quer me dar liberdade?
— Eu não falei que quero liberdade.
— Quer 4 namorados, é isto?
Ela me olha e pergunta.
— Qual deles falou.
— Não falaram, joguei verde para ver o que colhia, mas a pergunta, que sempre fico pensando,
porque ela se contentaria com 4, sendo a peça chave de uma banda.
— Não sou tão atirada assim.
Apenas a olhei e ela fala.
— Vão caminhar até a praça?
— Eles estão montando as coisas lá, e tem imprensa querendo registrar, eu não quero aparecer.
— E vai matar as aulas de segunda da Cultura Inglesa.
— Carlos me passou um recado que manteve apenas as duas aulas, de terça e quinta no meu
nome, que precisa conversar. Ele vai me por para correr, só não sei quando.
— Ou mudar você de função.
— Verdade, voltar a ser atendente.
— E voltaria?
— Decido as coisas se acontecerem.
— Mas não quero você namorando alguém.
— Quem sabe vire um galo, como você falou, e fique por ai cantando todas.
— Você esta cercando todas, não sei a ideia?
— Eu me sinto cercado, não cercando, mas vou aproveitar que o pessoal está tudo ai e vou
caminhar até a praça.
O pessoal chega e apresento Bárbara a todos, e Adriano não perderia a chance.
— Vai dizer que namora este perdedor?
Bárbara me olha e olha o rapaz.
— O que considera um perdedor rapaz?
— Isto dai, um nada.
— Certo – vi ela olhar as meninas e falar – as vezes discutimos como hoje, mas ele de fracassado
não tem nada.
— Vai dizer que ele acabou com uma belezura como você? – João olhando Bárbara.
— Isto não diz respeito a vocês. – Bárbara me olhando.
— Não sei se vão acompanhar ou vão para casa? – Perguntei.
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— Vou esperar meu pai. – Barbara.
Eu olhei os demais e apenas falei.
— Vou caminhar um pouco então.
Eu começo a caminhar e os meninos ficaram, eles iriam cantar Bárbara, e vi Amanda apertar o
passo e parar ao meu lado.
— O que aconteceu, brigou com a namorada?
— Ela me deu um pé na bunda.
— E lhe perguntam algo e não sabe o que falar.
— Ela é quem domina o nome da banda, e as vezes, não sei ficar quieto, apenas isto.
— E vamos onde? – Jeniffer chegado ao lado, e passando o braço no meu.
— Ajudar a dar de comer a quem tem menos que nós.
— E os meninos vão ficar lá tentando algo?
— Quem sabe alguém consegue uma vaga na guitarra.
— Pelo jeito a briga foi seria.
— Eu sempre espero o pior, mas – medi Jeniffer e falei – hoje tô afim de me perder no caminho.
Jeniffer sorri, não deveria, mas ela sorriu.
— Se provocar não vai valer fugir depois. – Jeniffer.
Amanda passou o braço no outro e falou.
— Acha que vamos deixar ele só para você? – Olhando Jeniffer.
— Acho que ele não dá conta das duas. – Jeniffer.
— Posso não dar conta, mas não me culpe por tentar. – Falei.
Amanda sorriu, ela não deveria ter sorrido, mas também sorriu, o que estava acontecendo.
— E o que vamos fazer de verdade.
— Distribuição de comida até as 19 horas, depois quero entender o que o rapaz que vai estar lá
quer, uma reunião no Guaíra, e depois alguém vai ter de me convencer a chegar em casa antes de
amanhecer.
— Meu pai te mata, se chegar amanha cedo.
Olhei para Jeniffer que falou.
— Minha mãe não se preocupa.
— Não vale assim.
Pego o telefone e ligo para Rosália e falo.
— Oi Rosália, Bruno.
— Não sei qual a ideia do Secretario de Cultura.
— Teria como desmarcar com ele sem falar que eu que pedi para desmarcar senhora?
— Algum motivo especial?
Olho as meninas e falo.
— Tenho de pensar na proposta que ele fez, acho que podemos nos complicar se não pensarmos
direito senhora.
— Muito encima da hora.
— Ele me cercou o dia inteiro, não me deu tempo de pensar.
— E o que seria uma boa desculpa.
— Que uma empresa ligou referente a financiar um projeto e não tem como não ouvir hoje.
— Ele vai perguntar amanha sobre isto.
— Amanha lhe passo o que acho ser uma boa ideia senhora, mas tenho de pensar sobre isto.
— Desmarco com ele e nos falamos, pelo jeito quer pensar sobre o que ele falou.
— Acho que não precisamos de pressão, e sim de liberdade de direção do Teatro, não coisas
impostas por alguém que pelo jeito, pelas unhas, nunca fez força na vida.
— Certo, saber o que propor é mais importante do que uma ideia vazia, pois se você Bruno, está
achando vazia a proposta, sinal que é mais vazia que suas ideias. – Sorri sem graça e chegamos a praça,
olhamos de longe a imprensa a registrar aquele grupo de pessoas servindo, as pessoas recebendo senha
e qualquer fila, de duas mil pessoas é uma senhora fila, e distribuir algo assim requer calma e não parar,
pois não era para distribuir a ultima gelada, estava olhando ao longe, sentado e ouvi Beatriz as costas.
— Adriano não toma jeito mesmo.
— O coloca para correr e quer que ele tome jeito.
— Ele não me entende.
272
Carla chegou e fala.
— Eles depois que ela entrou no carro foram embora, falaram que não vão dar comida para
mendigo.
— Acho que no fundo, os dois estão perdendo tempo, mas eles também tem de entender, que
um grupo teatral, um vê o outro nu e não se perde na cena, intimidade faz parte.
— Safado, vai querer as 4?
— Jaqueline foi embora? – Perguntei cinicamente e Jeniffer sorri e fala.
— E estamos esperando o que?
— O senhor ao fundo, atendendo o telefone, ele deve ou me ligar, pois ele não está nos vendo de
lá, ou vir a nós e falar algo.
Nem terminei de falar e o telefone toca e ouço.
— Bruno?
— Sim.
— Secretario de Cultura, vamos remarcar para amanha o falar com Rosália, ela teve problemas e
não conseguirá hoje.
— Marca e me fala depois, mas me deixa estudar pela manha senhor.
Me levantei e começamos a voltar, entramos pela entrada lateral e fomos a parte do teatro, pelos
fundos, e não sei, tenho muito que aprender ainda nesta coisa, as onze da noite duas saíram e Carla e
Jeniffer dormem ali.

273
Acordo assustado, e me levanto, olho as duas a cama, e vou a um banho,
agua meio gelada, me fez acordar, e me vesti, subo e olho minha mãe olhando
para fora.
— Desculpa mãe.
— Tem de se cuidar filho, não entendi a confusão.
— Apenas uma confusão, vou pegar meu material e deixa eu correr o dia.
— Dormiu.
— Menos do que deveria.
— Espero que esteja se protegendo filho.
— Sim, mas ontem fugindo de uma complicação acabei em outra, e não sei, as coisas estão
estranhas.
— A menina não é muito nova filho?
— Ela acabou comigo ontem mãe, e pior, falou em acabar e depois que não queria me ver
namorando.
— E falou o que?
— Nada, talvez saia da banda.
— Não quer ficar no meio do caminho.
— Estou confuso, e não acho que o tempo vai ajudar.
— Não entendi o que o seu advogado quer falar comigo.
— Nós pedimos reconhecimento de paternidade, apenas eu o fiz, então sou o herdeiro que
deveria ter recebido nos últimos 15 anos, a pensão do meu falecido pai, o advogado quer este
pagamento com ajuste, daria para se manter mãe.
— 15 anos de que valor.
— Não entendi, eles vão pedir um prazo para pagamento, mais dá mais de 4 milhões o valor mãe.
— E pelo jeito isso nos ajudaria.
— Acho que não gastamos tanto assim.
Minha mãe me abraça e fala.
— Se cuida filho, sei que as vezes acabamos machucando as pessoas quando queremos esquecer
alguém.
— Deixa eu ir.
Desci, acordei as meninas, pegamos os materiais, e fomos a um aplicativo, normalmente teria ido
de ônibus, mas aquele dia, não estava querendo ser provocado em um ônibus.
As duas chegam e cada qual ligou para casa, e entrei na sala, João me olha e fala.
— Não dormiram? – Se referindo a ter chego com as duas meninas da sala.
— Vocês sumiram ontem!
— Não entendo a ideia?
— Teatro, encenação, em inglês, referente a uma peça teatral que fará parte de um festival de
teatro em Outubro.
— E nos quer no elenco?
— Não tem como eu fazer os três rapazes da peça.
— Certo, mas o que aconteceu a noite.
— Tem de entender João, tudo que acontecer, só comentamos fora daqui.
João olha em volta e fala.
— Bárbara deu um fora em Adriano, ele achava que seria fácil.
— Ela me deu o fora ontem, pior, eu tinha certeza que aconteceria assim que a banda ganhasse
destaque.
— E não se preocupou?
— João, tem de entender, nada entre eu e Bárbara é definitivo, estamos começando algo, que
pode durar anos.
— Certo, alguns nem acreditariam que conhece ela, e aquele curso, é serio aquilo?
— Sim, tem de falar para seus pais que vai fazer um curso de teatro, a noite, pois ele tem junto
um curso de inglês.
— Algo a dar um motivo positivo.
— Todos deveriam falar uma segunda ou terceira língua.
274
— Vou falar com meus pais, tem aula hoje a noite.
— Sim, agora uma turma especial, mas quero pendurar o convite no edital para mais
participantes, e ver o que conseguimos.
Carla entrou e me olha com malicia e fala.
— Vai ter aula hoje?
— Lógico.
— E não vai fugir.
— Estava falando para o João não sumir hoje.
Carla sorri e fala.
— As vezes temos de nos conter um pouco.
— Avisa sua mãe que vai ter aula hoje, e que não vai passar a noite fora de casa, daqui a pouco
ela nos barra.
— Certo, mas o curso está confirmado.
— Sim, a aula primeira hoje é com o chato do Bruno, professor de técnicas de oratória, em
português e inglês.
— Dá mesmo aula lá?
— Sim, depois da minha aula, tem uma aula de cenário, já confirmei a aula, e quero com calma
encher a turma.
— Mas...
— Calma, agora é aprender a atuar.
— Certo. – Ela estava sorrindo, as vezes isto me assusta.
Adriano chega a minha frente e fala.
— Vou lhe quebrar Bruno.
— Dá encima da minha namorada, porque discutimos e vem querer me bater? – Eu inverti as
coisas.
— Dizem que as meninas chegaram tarde em casa ontem.
— Eu e Carla ainda não passamos em casa, qual o problema?
Adriano olha para Carla, talvez pensando e pergunta.
— Mas não vale dar encima da Beatriz.
— Hoje depois da aula de Cenário, espero você lá, não some.
— Tem aula hoje a noite.
— De segunda a sexta, e segunda que vem, tem aula a tarde e a noite, então espero você lá, mas
quando voltamos da praça tinha sumido. – Eu peguei o formulário do colégio e passei para Carla, Beatriz
e João, e falo que precisavam preencher e que os pais assinassem, para entregarem a noite no curso.
— Aquela Bárbara tá na minha.
— E vem dar uma de dono da Beatriz?
Beatriz entrava pela porta, também sorridente e olha Adriano.
— Que papo é este de dar encima da namorada dos outros?
Adriano se cala e vai ao seu lugar.
— Meu pai queria saber onde ficamos até tarde.
— Avisa ele que vamos ter aula de segunda a sexta, e que o problema é o ônibus de volta.
— Certo, ele vai querer saber o que estamos estudando.
— Deixa a câmera aposta hoje, e filma a aula de oratória em inglês e de cenário.
— Vai ter aula hoje?
— Sim, vai ter aula hoje, amanha, quinta e Sexta, vê se não falta, e precisamos de mais gente
participando.
— Do terceiro ano?
— De preferencia.
— E aquelas meninas que estavam lá quando chegamos?
— Aquilo é um projeto para um coral, aquilo tem um clima mais religioso do que teatral.
— Tem seu lado religioso?
— Muita gente teme este meu lado, mas sim, tenho.
— E quem teme a Deus? – Carla.
— Todos que não querem morrer, porque pecaram.
— Tememos a dor, não a morte.
275
O professor entrou e foram as três primeiras aulas, no intervalo vou a direção e peço autorização
para colocar nos editais do colégio aquele convite e ela concorda, falo que ontem acabei indo a outro
lugar, pois aquele secretario de cultura queria algo que não entendo.
Fui aos editais e colei em cada um deles, dois dos cartazes e ali estava um Whatsapp para contato,
não um telefone, e olharia com calma cada oferta, e estava marcado para Sexta a tarde a seleção das
pessoas, mas para os que eram da sala, que queriam fazer parte, eu passo o formulário e marco a noite
no curso de Teatro.
O cartaz falava que os escolhidos, teriam de cursar uma formação de teatro a noite, de segunda a
sexta, e os do coral, que teriam ensaio a tarde, de segunda a sexta, com formação musical, então eu
estava agitando geral, e passo um recado para a diretora do colégio de teatro, e confirmo uma turma a
mais, fechada, e pergunto para Rita, do teatro da UFPR se não me passaria o contato do professor de
canto, que ela havia me indicado.
Ela me passa e marco com ele a noite, na Iguaçu, se ele tinha interesse.
Na minha cabeça faltava uma coisa, e ainda não tinha, um financiador do projeto.
Eu estava olhando a aula e pensando no que propor para Rosália, e o que propor a cada grupo,
sentar e tentar falar com o pai de Bárbara, e entender se me queriam ali.
Eu às vezes tento prever o que sei impossível ser previsto, e o olhar vindo a mim, de 4 locais da
sala, com malicia nos olhos, as vezes me desconcertava e não sabia se era o caminho.
Eu sei que alguns a mais queriam entrar naquilo, talvez apenas para fazer parte de algo que
nitidamente estava agitando a turma.
Termina a aula e vi pelo menos outras 12 pessoas da turma pegarem a folha para fazer parte, vi 4
moças e dois rapazes da turma acima do K dizerem ter interesse, passei o papel e expliquei o que seria o
prospecto.
As pessoas saíram e vi Raquel e as duas irmãs pararem a minha frente e falar.
— Minha mãe quer falar com você.
— Agora?
— Correndo?
— Sempre, mas ela está onde.
— A entrada, ela não entendeu o convite.
Olhei o carro parado a frente e vi a senhora me olhar e falar serio.
— Podemos conversar rapaz.
— Vamos comer algo, eu tenho o dia corrido senhora.
— Onde?
— O restaurante a frente.
— Não gostaria de falar isto onde ficasse gravado.
— Uma sugestão.
— Comemos lá em casa e depois deixo você no centro.
— Então vamos.
Entramos no carro e 10 minutos estávamos entrando em uma casa boa, mais para o modelo de
casas que eu vivia, e não dos ricos que conhecia.
A senhora tinha uma empregada que cozinhava para ela, sentamos a mesa e ela fala.
— Não entendi, meu filho fala que não gosta de você e minha filha vem com uma historia que não
gosto de falar.
— Senhora, referente ao pai de Roberval, a historia morreu, mas acredito que não foi para isto
que me chamou a conversar.
— Minha filha falou que você quer erguer o seu reinado, e a convidou a ser sua princesa.
— Sabe que estar naquele ponto e não ser aceito como oferenda por ser um príncipe,
estabeleceu minha posição senhora, não o contrario.
— Eu não gostaria dela iludida.
— Senhora, ela é nova, não estamos falando de hoje, amanha, e sim, construir uma historia, mas
não entendi a conversa ainda senhora.
Vi um senhor entrar na peça e falar.
— Você que é Bruno Baptista?
— Sim.
— Não conheço nenhum príncipe que tivesse este nome.
276
— Meu pai morreu antes do meu nascimento para me dar o nome dele senhor.
— E quem seria seu pai?
— Guedes York.
Vi o senhor dar um passo atrás, aquilo era medo e ouvi o senhor olhar a senhora.
— Se ele deixou mais um herdeiro, ele pode tentar senhora, seu filho não parece estar neste
caminho.
— Mas é direito dele. – A senhora.
— Senhora – Falei olhando ela aos olhos – pelo que sei, meu pai deixou quatro herdeiros, mas o
meu direito, não tira o direito de seu filho, as pessoas que pensam em um mundo pequeno.
— Acredita que ele mantem o direito a ser um príncipe. – O senhor ao fundo.
— Todos podem abdicar ser um príncipe senhor, mas nem todos, teriam coragem de encarar isto
como real, olhando para Hadit, saber a verdade.
— Você marcou sua estada, sei que muitos querem você na família, talvez o ressurgir do Rei, mas
saiba, alguns o querem matar pelo mesmo motivo.
— Sei, levei 3 tiros e fui esfaqueado pelas costas, sei que existe um dos príncipes que quer me
matar.
— E não teme?
— Senhor, um príncipe do senhor da Guerra, que teme, não serve para príncipe e muito menos
para rei do Deus da Guerra.
— E pelo jeito corre atrás de seu futuro.
— Somente agora, começo a colher frutos, então não estou ainda em condição de dispor de toda
estrutura, mas com certeza, eu quero conhecer minhas 50 noivas.
— Alguns não gostam desta ideia. – O senhor.
— Eu não sei se concordo com a ideia, mas é conhecer a raiz de uma família, que tem de se
erguer, se fala que são as famílias mais ricas da cidade, mas não estou atrás apenas da fatia de recursos,
eu quero formar minha família.
— E as terá para você?
— Senhor, metade delas, nem está em idade para se pensar no que estão pensando, acho que os
velhos babões, tem de olhar as crianças como crianças, e as respeitar.
— São serviçais.
Não respondi e já que estava ali, olho a senhora e falo.
— Queria ter a sua permissão para ter Raquel como minha princesa senhora.
O senhor olha a senhora assustado, ele falava que não queria isto, mas ele não se identificara, eu
sabia quem era, pois foi um dos que não foram mortos, então a espada me contou seu nome e sua
posição social e ouço.
— Não está cedo para escolher ainda rapaz? – O senhor.
Olhei ele e falei.
— O que o senhor, que ainda não pagou para estar na família, que não pagou o mal entendido,
pode palpitar, pelo jeito será com Hadit que vai resolver o problema, não comigo senhor Maicon Souza
e Silva.
O senhor me olha assustado e fala.
— Estamos levantando os dados para ter certeza de não estar pagando um impostor.
— Se diante da verdade, por trocado, prefere que fique com tudo, Hadit o julgará senhor, mas
não polua minhas orelhas com mentiras, pois sabes que está mentindo, e se não tem o que deveria ter,
não pode ser parte daquele grupo.
A senhora me olha assustada e fala.
— Mas não temos como o pagar?
— Senhora, a divida é dos homens, dos protetores da família, seu marido não está presente,
quando ele voltar de Hons, estabelecemos o pagamento.
— Acha que ele retorna? – O senhor.
Eu não respondi, olhava a senhora que fala.
— Autorizo você entrar para a família, ela queria que me posicionasse, achava ser precipitado,
mas entendi, você sabe as leis, que eles dizem entender, mas autorizo.
— Posso falar com ela um pouco antes de sair correndo?
— Tem algo importante?
277
— Eu estou dando aula de inglês, é a forma mais pratica de aprender a língua, e quero
autorização para sua filha, fazer parte do grupo do coral que estamos montando.
— Coral? – O senhor.
— Ainda ai?
— Ainda estou lhe analisando, não caio nessa conversa.
Olho o senhor e penso no que falar e lembro que ele era irmão da senhora a frente e falo.
— Meus pêsames pela morte de seu irmão.
Me levanto e estico a mão para Raquel e entramos, eu teria de comer algo, entramos no quarto
ao fundo e ela me olha.
— Meu tio vai morrer?
— Se ele quer morrer, não posso fazer nada Raquel, as leis são para todos, mas não vim falar
disto.
— Veio me pedir como princesa a minha mãe.
— Sim. – Pego a adaga na bolsa, e coloco nas costas da mão de Raquel, ela brilha, e toco a cabeça
dela, e falo. – Aceita ser minha princesa até o fim de suas forças?
Ela sorri e fala.
— Sim.
— A partir deste instante, toda vez que se olhar no espelho, verá a tiara de princesa.
Ela me abraça e beija, não entendi aquele momento, pois eu senti como se tivesse um brilho a
mais também sobre minha cabeça, eu não via a tiara na cabeça dela, mas vi ela tocando a mesma.
— Agora tenho de comer algo Raquel, e este ainda é nosso compromisso, não existe motivos de
ciúmes ou de possessão, pois é um compromisso assinado e de acordo com o Deus da Guerra.
— Vai querer conhecer mesmo as demais?
— Conhecer, não sei ainda o caminho Raquel. Mas depois tem de providenciar a Bruxa, as duas
damas da corte, e a sua fada.
— E o que vai ser de todas estas pessoas?
— Todas as famílias, tem mais de um filho, por regra, tem de ter pelo menos três, mesmo que por
regra, a mais velha, seja oferecida ao Rei, sobraria ainda a família em crescimento.
— E quer a mais velha de cada família? – A pergunta foi com um tom de ciúmes.
— Não, apenas para dizer, ser suas Damas da Corte, não as tornam suas irmãs, minhas
companheiras, elas terão os seus cavalheiros, e seus filhos.
— Certo, as vezes acho que estão pensando em uma coisa e esta pensando na Lei.
— Eu não tenho como a desviar.
Fomos a sala e comemos algo, a senhora me olha e pergunta.
— Meu irmão não tem mais chance?
— Ele sabe o que está fazendo senhora, ele pode recuar, mas depende dele, não fui colocado lá
por bem, não fui eu que brincando de Deus, colocam um príncipe como oferenda, vocês me ofereceram
para cada família presente, primeiro ponto, vocês me despiram para me humilhar, segundo destrato a
ser concertado, e como alguém que ofereceu um príncipe a sua família, você tem de pagar o dote.
— Quebramos a regra por a ignorar, e eles ainda tentam lhe desviar.
— A divida será cobrada, eu não tenho como intervir, ele sabe como o fazer, então depende
apenas dele.
Terminei de comer e a senhora me deixa a frente do colégio, entro e vou a sala dos professores e
vi Carlos me olhar.
— Temos de conversar.
— Sem problemas senhor.
— Deve saber que não estou confortável com a atual situação e não posso fazer de conta que não
está acontecendo.
— Qual situação.
— Você namorando uma aluna.
— Não estou mais namorando uma aluna, achamos melhor parar antes de qualquer coisas esta
relação.
— Um problema a menos, mas temos outro.
— Qual?

278
— Alguém entrou com um pedido de que os cursos de Inglês da cidade comprovassem a
formação de seus professores.
— Sem problema senhor, quer que pare, tudo bem.
— E não temos espaço para uma função que colocamos outro, de atendente.
— Onde assino minha saída.
— Não parece entender, eu não tenho alternativa.
— Senhor, não precisa se desgastar para me por para correr, eu sei o caminho da porta.
Olho meu celular tocar e olho a entrada de dinheiro, o senhor e mais 12 senhores, depositaram os
recursos.
— E vai fazer o que?
— Eu pelo jeito perdi a namorada, o emprego, e ainda não sei o que fazer, mas se não tem lugar
para mim, tenho de achar um emprego rápido.
— Foi bom trabalhar com você rapaz, mas tem de entender.
Apertei a mão do senhor, eu sabia que ele estava mentindo e não iria falar nada, mas um dos
cursos não teria a peça teatral, ou se teria eu não faria parte.
Saio pela porta e olho para Bárbara Carvalho parar a minha frente e falar.
— Não vai ficar?
— Seu motorista está por perto?
— Quer conversar.
Apenas a olhei e ela chama o motorista de volta e pergunta.
— Vamos onde?
— Sua casa.
— O que vamos fazer lá?
Não respondi e fomos a casa dela, e olho a senhora Sueli Carvalho nos olhar e falar.
— Já depositamos os recursos e repassamos um terreno do bom para você rapaz, o que quer
mais.
Eu olho ela e falo.
— Queria ter a sua permissão para ter Barbara como minha princesa.
A senhora me olha como se demorasse a computar a informação e depois sorri, e fala.
— Voltar a fazer parte da família.
— Sabe que sua família sempre foi parte.
— Alguma condição a mais?
— Seria bom meu irmão por parte de pai, parar de tentar me matar, precisamos fazer ele erguer o
seu principado, não acabar morrendo por birra senhora.
Ela me olha desconfiada e fala.
— Já sabia e não falou nada?
— Não era oficial, tivemos de fazer a exumação do corpo para ter certeza de que eu era filho de
Guedes York.
— E agora tem a certeza.
— Sim.
— Eu autorizo ela entrar para sua família, ela não parece feliz com isto, mas parece que veio
tornar isto oficial.
— Eu tenho um problema, estes malucos, me ofereceram em oferenda, e qualquer um das
famílias, deveria saber que não se faz isto com um príncipe, isto é oferecer suas filhas como princesas.
— E vai assumir isto?
— 50 moças, acho que tenho de pensar nisto, o problema, é que a lei fala que tem de ser assim, e
renegar a lei, é renegar a Deus, não sei o que fazer ainda, mas agradeço o me aceitar a família.
Olho para Bárbara e vi a mãe dela sair e falo.
— Agora eu aceito conhecer o quarto da minha princesa.
— Acha que vai ser fácil assim?
— Está achando que vai rolar fácil, tem ainda de reconquistar seu rei, para poder ser uma
princesa, e colher as glorias.
Subimos, o quarto dela é maior que a casa que estou vivendo com minha mãe, mas não maior do
que a casa que tinha projetado, ainda pensando nisto, mas parece loucura ter uma casa com 50 quartos,
mas quem sabe, eu encarasse o desafio.
279
A adaga passa o pingente para a cabeça da segunda princesa e Bárbara se olha ao espelho e sorri.
— Está falando serio em me tornar princesa.
Não respondi, falei que ela tinha de estabelecer pelo menos duas damas de companhia e uma
bruxa e uma fada, para estabelecer quem seria o seu ciclo de vivencia.
Ela se olhava ao espelho quando ouço as costas.
— O que este marginal faz aqui? – Jose as costas.
Olho a porta e vi que as costas dele estava Barbara e Luana, as cumprimentei e falei.
— Podemos conversar José, ou vai continuar nesta ideia idiota de matar um irmão, apenas para
ser o que já é.
— Ela falou isto para você? Sabe que ela mente muito!
— Sei que tive de exumar o corpo de meu pai para ter certeza, mas e dai, vai assumir sua parte do
principado, ou vai ficar ai com este papinho de filhinho de papai.
Ele me olha e ouvi Luana falar olhando Bárbara.
— O que é esta tiara a cabeça?
Jose olha a irmã e fala.
— Ela não tem nada na cabeça.
Olho Luana e falo olhando Bárbara.
— A escolha nem sempre é nossa, mas fora escolhida a fada.
Jose me olha e fala.
— Mas York falou que você tem de ser desafiado e morto, para que tenha meu principado.
— Ouviu com suas próprias palavras Hadid me chamar de príncipe José, esta é a sua única forma
de perder o direito a ser um príncipe, pois o valor da família, está acima de quase todas as leis, e não sei
o que ele quer com a tentativa de que nos matemos, mas é o tirar do direito, matar o irmão para
assumir o trono ou o caminho do trono, é ignorar que o trono é da família, não de uma pessoa.
— E pelo jeito achou onde estava errado o problema.
— O problema é que você tem mesmo não gostando de meninas, deixar seus herdeiros, para ser
rei.
Barbara Silva a porta sorri.
— A lei não pode me obrigar, ela fala que tem de ser prazeroso, não pode me obrigar a ficar com
alguém porque ela fala.
— Ninguém falou que você precisa ficar com a pessoa, apenas que a coroa é passada após eleger
sua princesa, dispor de sua corte, que pode ter apenas meninos, não tem problema nenhum nisto, mas
tem de cumprir o ultimo passo, deixar um herdeiro.
— Não concordo com sua interpretação – Jose.
— Não esquece que tem mais dois rapazes além de mim, que podem ser príncipes.
— Não sei quem são, mas eu acabo com todos.
Não sabia o que falar e vi ele sair revoltado pela porta, e olho Barbara Silva e pergunto.
— Veio me ver?
— O que está fazendo aqui?
— Entra e fecha a porta.
Eu sentei a cama e fiz sinal para a Barbara Carvalho sentar em um lado da cama, Barbara Silva
senta do outro e falo olhando Luana.
— Me mostra a mão direita.
Ela estica a mão, eu pego a adaga e coloco sobre a mão e as veias sutis da mão formam uma vara
magica, e pergunta.
— Luana, quer ser parte da corte de Bárbara Baptista como nossa fada?
Ela parece não entender e pergunta.
— Estão juntos?
— Não foi a pergunta Luana.
— E o que ganho com isto? – Luana.
— Asas. – Falei apenas para provocar, ela olha Barbara que fala.
— Ela aceita sim.
— Ela tem de aceitar, não você Bárbara, você foi oferecida a mim, então teria de perguntar a sua
mãe, ela tem de querer fazer parte da família.

280
Eu vejo ela tocar a varinha e vi as asas dela surgirem, ela não falou de cara, mas ela estava afim de
dizer sim, mas estava fazendo cena, mas as asas já entregavam o que ela diria.
— E se aceitar.
— Ajoelha aqui a frente da cama.
Ela ajoelha e falo.
— Coloca a mão a frente do corpo.
Toco com a adaga a mão e depois a cabeça, e vi surgir uma aura a volta de Luana, e as duas asas
ficaram visíveis.
Ela olha a mão e pergunta.
— Onde foi parar a varinha?
— Está ai, apenas tem de aprender a usar. – Aponto o espelho e ela olha as asas as costas e fala.
— No fim você era o príncipe?
— Do que estão falando? – Barbara Silva.
Eu puxo a mão direita dela e toco com a adaga e olho o sinal de serviçal e falo.
— Barbara Silva, quer entrar para a família Baptista como serviçal do rei?
— Que vantagem tem isto?
— Nenhuma, apenas ser parte da família, e servir ao rei.
— Sabe que não precisa disto para me ter.
— Sim ou não Bárbara? – Falei serio.
— Se quer um sim, mas não estou entendendo nada.
Toco a mão dela e depois a cabeça, ela não via a aura de serviçal, não sei se alguém mais via, mas
senti o peso da coroa a cabeça crescer um pouco.
Guardei a adaga e corri a mão na perna da minha princesa, e falei.
— Tem de formar sua corte, falta pelo menos duas damas de companhia e uma bruxa.
Sei que pode parecer estranho, mas me levantei, pedi um aplicativo e sai no sentido da Av.
Iguaçu.
Eu acabo de perder o emprego, acabo de começar um caminho que nem sei se é o certo, e na
conta um dinheiro difícil de estabelecer se é certo ou errado, talvez eu entrar no teatro e estar tudo
quieto, me fez pensar, não sei, as vezes tenho receios.
Estava sentado ao palco, com a cabeça nas coisas que tinham acontecido e o telefone toca.
— Boa tarde. – Falei sem saber de quem era o numero.
— Boa tarde, acha que podemos marcar com Rosália hoje.
— Marca senhor, estou pensando aqui, acabo de perder o emprego, e não entendi ainda o
problema.
— E precisa de um emprego.
— Estou em formação senhor, não sou tão culto, preciso da experiência, da vivencia, do tempo
para absorver algumas coisas.
— E não parece feliz.
— Estou, mas não quer dizer que gosto. Marca, estou precisando de algo que me dê mais
agilidade, e talvez tudo isto seja para parar um momento e me organizar melhor.
Desligo e vou falar com o rapaz da parte gráfica, e pergunto se conseguiria criar um símbolo e
uma amostra com mesma letra, de um cartaz de Semana do Teatro Infantil, do Teatro Alternativo, da
Camerata Antiga, da Orquestra Sinfônica, do Bale, do Jaz Sinfônica, do Teatro Internacional, Teatro de
Peças em Inglês, dos Corais e o dos Teatro Experimental.
Ele começa a Fazer, o padrão do símbolo do Teatro Guaíra, o estabelecer de Semana de,
estabelecia convidar outros grupos, e pelo menos duas semanas por mês ocupar com isto os 4 teatros
ligados ao Guaíra, eu estava pensando em algo grande, para eles porem as ideias deles, e estabelecerem
seus parâmetros, e junto a isto coloco os Festivais de Língua Inglesa do Guairinha, e o Festival Estudantil
de Teatro do Guairinha.
Eu estava pensando, o rapaz começa a me passar os protótipos salvos em PDF e um impresso,
pedi pelo menos mais 5 impressos por modelo, e passo um recado para Pedro Rosa, se ele teria como
apoiar esta ideia maluca, e não sei o que este rapaz achava das coisas, mas ele pergunta apenas quanto,
e falo duas vezes o que investiu antes a mais, por mês do ano, e mais um valor pra incentivar o
formação de novos grupos teatrais em Curitiba, assim como a criação de um Coral Juvenil da Cidade.

281
Eu estranho como para mim alguns valores são falados, mas impossíveis, e recebo um recado que
ele aporta 19, estava falando em milhões, mas que teria de organizar. O valor a mais, ele detalha, que
na primeira vez, era apenas os acentos do Guairinha, para tentar fechar o complexo todo. Por um
momento olho em volta, pois as vezes parecia que ele adivinhava meus pensamentos.
Passo a ideia inteira para Pedro Rosa, as vezes achava que os recursos não eram tantos assim,
estranho admirar o montante e para o que me propunha, parecer pouco.
Eu olho em volta e paro um momento e ligo para Rosália.
— Tudo bem Rosália?
— Não sei o que quer falar, mas aquele rapaz me ligou.
— Teria como falar com alguém ligado a fundação Teatro Guaíra, antes disto.
— Não entendi a ideia?
— Eles querem fazer politica, mas para fazer isto, teria de entrar recursos do estado na Fundação
Cultural, sei que o que se identifica como Secretario da Cultura, é Secretario da Comunicação e Cultura,
eles atrelaram a publicidade a cultura, além do discurso do Governador, controlado por eles.
— E o que acha que seria um bom pedido?
— Eu não sei se é bom, pois eu penso em algo a nível de Guairinha, e eles vem com uma ideia
assustadora.
— E quando quer conversar?
— Que horas marcou ai?
— As cinco, pois Monica e algumas pessoas querem fazer politica nesta hora.
— Tem como ser daqui a pouco então, antes de tudo.
— E vem para cá quando?
— Assim que terminar de imprimir o que quero falar.
Marcamos e olho para os impressos, e olho a hora, seria apertado, e não teria como dispor de
tudo, mas se tivesse meia hora antes, já teria como falar, e saio dali para o teatro, cada vez mais enfiado
no teatro.
Chego lá e peço para falar com a Rosália, eu chego com uma pasta e ela me apresenta Monica.
— Este é o menino que todos querem saber quem é Monica.
— Uma criança. – Fala a senhora.
As vezes temos de deixar as palavras passarem sem a absorvermos.
Quando abro o prospecto olho para Rosália e falo.
— O secretario quer fazer politica, não sei se vem politico junto, mas acredito que sim, mas isto
seria um prospecto anual, não para outubro, em vertentes que nem domino, mas passiveis de ser feitos,
mas que dependem cada um de um recurso do estado para ser promovido, e um financiador, este posso
falar com ele, mas a ideia, básica, desenvolver com apoio governamental e privado, pelo menos duas
semanas por mês de eventos no complexo do Teatro Guaíra, e não sei quanto precisaria de recursos
para isto, pois para levantar recursos, preciso saber de quanto.
Monica me olha e fala.
— E qual a ideia, pois pelo jeito nem o secretario sabe da ideia, ouvi muitas palavras soltas.
Eu pego na pasta os modelos de cartazes, e pego minhas anotações e falo.
— Esta é uma ideia ao teatro, o que o secretario vem propor, é esta. – Coloco a ideia de um
Festival de Teatro Juvenil – ele nem tem a ideia senhora, ele quer impor que estão incentivando o
teatro, e saiba, não entendo disto, mas alguém me falou que para promover todo resto, precisamos de
perto de 16 milhões de reais, para a fundação Teatro Guaíra vinda do estado.
Meu telefone toca e peço um momento.
— Boa tarde. – Era Pedro Rosa no telefone.
— Apenas falando que se confirmarem, consigo que a Câmera de Vereadores de Curitiba entre
com um adendo pela Fundação Cultural de próximo de mesmo valor, para promover o teatro.
— Obrigado, nem sei como agradecer.
— Levantando a cultura desta cidade.
Desliguei e olhei a senhora.
— Pedro Rosa, ele falou que se aprovado pelo conselho da Fundação, ele pode conseguir entrar
com recursos, e conseguir algo semelhante pressionando a Câmera dos Vereadores a aprovar um
recurso.
— Acho que os dois não tem noção dos valores.
282
— Sei disto, por isto estou conversando, ele falou em tentar que a Câmera dos Vereadores
aprovem uns 16 milhões através da Fundação Cultural, para este fim, isto quer dizer, ele tentaria entrar
com outros 16, e se o secretario quer ser o que fez o evento, acredito que teria de entrar com outros 20.
Rosália sorri, pois Monica queria dizer que não sabíamos, e ela entendeu, tínhamos 32 para o
evento e queríamos forçar o governo do estado, entrar com mais 20.
— Um evento com quantas apresentações, pois pelo jeito está falando realmente em agitar, e não
entendi, pelo jeito maior do que pensei.
— Senhora, pensa, se cada colégio da região metropolitana do estado, for induzido a fazer uma
peça teatral, seriam mais de 300 peças, dai temos de definir o tamanho da peça, pois podemos ainda
crescer, para um segundo ano, mas depende de querer, mas a ideia, por 10 meses, ter eventos por duas
semanas, em 4 teatros, o que se opera em um teatro pequeno, nem sempre dá resultado em um
Guairão.
— Certo, algo grande mesmo. – Monica.
— Algo próximo a 560 apresentações fora os 3 festivais.
— Três? – Monica.
— Um de Teatro em Inglês, um de Bandas no Guairinha, e um de Teatro Juvenil, o secretario vem
com a ideia do teatro Juvenil, mas como Rosália falou, estamos precisando agitar o Teatro inteiro, não
uma parte, e a proposta, é conseguir recursos, que nos permitam, agitar o ano inteiro, não apenas o
festival.
— E se o governo do estado pular fora?
— Fazemos um festival Juvenil, menor, mas sem a pressão politica senhora, os dois festivais
menores se realiza cada qual com 330 mil reais, por sinal, se fecharem com a programação que está ai, o
Guairinha não teria dia livre em Outubro.
— E pelo jeito quer algo que nos faça referencia? – Monica.
— Eu não quero senhora, mas toda esta estrutura, parada, gera custos, o povo nem sabe como
funciona as coisas aqui.
— E propôs ao secretario o que?
— Nada ainda, ele marcou aqui, mas ele parece querer fazer politica, se tiver imprensa, sinal que
eles acham ser apenas publicidade, e isto não será positivo se ficarmos apenas sorrindo em fotos que
eles querem usar politicamente.
— E pelo jeito pensou nisto.
— Eu, este nada, estou construindo um complexo de 5 pequenos teatros ali na avenida Iguaçu,
por sinal este é outro prospecto que temos de discutir depois.
— Porque?
— Com 5 palcos, não consigo fechar certos assuntos em uma semana de Comedia, os palcos
devem ficar prontos em Abril agora, e o primeiro festival, já está marcado para Junho, com os cinco
palcos prontos para receber 3 shows por dia, por 7 dias, mas falta palco para isto.
— Quer fazer ali o maior encontro de comediantes do país?
— Quem dera fosse tão grande, meu maior palco lá, tem apenas 504 lugares o menor, 88 lugares.
— Capacidade total?
— 1442 lugares.
— E quer algo maior.
— Um Gentili lota um Guairão senhora, a 300 por cabeça, em mais de 3 sessões fácil, eu tenho
meu maior palco, apenas 504 lugares.
— E qual acordo estão firmando com eles?
— Um terço do publico é nosso.
— Valores totais, e acha que daria retorno?
— Senhora, se ele lotar 3 seções, ele coloca do dobro do que colocamos no bolso, mas ele vem
feliz a fazer, uma coisas é eu oferecer um show incrível, e a pessoa ficar feliz em participar, e ter todao o
calor, mas se não der para fazer uma parceria, me contento em promover ele sozinho.
— Certo, você também quer ganhar.
— Eu estava pensando, o preço de locação para o Teatro, para um evento, eu tenho de pagar 42
mil reais por evento, se não quiserem fazer parceria, pagamos antecipado, e fechamos o teatro por uma
semana, mas a parceria seria mais lucrativa.
— Acha que em parceria tiraríamos quanto? – Rosália que apenas agora fala.
283
— Próximo de 200 mil por espetáculo.
Monica entendeu, pois ela sorri.
— Quer dizer, fazemos a parceria, você ganha e todos ganham.
— Parceria que apenas um lado ganha, não é parceria, então quando se negocia com o secretario,
esteja com isto em mente, festivais, requerem apresentações sequenciais, segurança integral,
apresentação pós apresentação, em tempo muito maior que uma apresentação normal, o custo se
amplia por dia de apresentação.
— Como defender o custo?
— 45 mil reais a hora disponível ao estado por palco, por 8 horas por dia, por 15 dias para fechar
um prospecto que desse para fazer todos os colégios, liberando entre 30 e 60 minutos por
apresentação.
— Quanto daria isto? – Rosália.
— Justificativa para pedir 21 milhões.
— Sem falar dos demais.
— Não, os demais vão financiar o resto senhora, não este, estamos tirando do governo do estado
uma forma de financiar o ano com auxilio de outros dois sistemas.
Um rapaz chega a porta e fala.
— Tem gente chegando ai senhora. – Falando com Monica.
— Secretario de Cultura e quem mais?
— O governador veio junto.
Monica me olha e fala.
— Vamos ouvir a proposta, não sei se quer aparecer.
— Eu saio pelo fundo, e dou a volta na quadra senhora.
Rosália sorriu e fala.
— Ele já monto muitos espetáculos senhora, ele conhece a casa.
Eu começo a sair, e deixo ali os demais prospectos, levando apenas o do Festival Juvenil de
Teatro.
Eu saio pelos fundos e olho a ligação do rapaz e retorno.
— Fala senhor Luciano.
— Não atende mais o telefone.
— Ele estava carregando, mas estou quase no Teatro, não sei o que está em jogo ainda, me
parece politicagem.
— Quem está no jogo rapaz, é para jogar, e o jogo aqui, sabe que é politico, não seja bobo.
— Certo, em uns 5 minutos estou ai.
— Pede para falar comigo.
Chego ao local após dar a volta e falo com o segurança que parece ignorar meu pedido para
entrar, e vejo que bem no fundo, o rapaz fazia que não me via, eu ligo para ele e agora ele não me
atende, e apenas fico um momento atrás do pessoal e depois, volto a dar a volta no teatro, faço sinal
para o segurança do Guairinha que iria entrar, passo pelo pessoal da técnica, que montava o palco e
passo para o Guairão, subo na Cochia, atravesso pela parte do fundo, desço ao fosso e fico bem próximo
da sala da senhora Monica.
A uma parede dela, e passo uma mensagem para Rosália, que eles não autorizaram minha
entrada, mas estava na sala ao lado, ouvindo, precisando de auxilio, perguntasse.
Vi ela ligar para mim, não entendi, mas ela deveria ter deixado o telefone a mesa, e começo a
ouvir o que eles falam, as vezes esqueço que as pessoas hoje em dia são perigosas.
Com o telefone no ouvido, espiando pelo corredor, via que o rapaz estava bem ao fundo, olhando
para a porta, mas olhando para fora, como se fosse barrar algo ali, e vi que o deputado estava lá, vi que
a moça da copa estava tentando passar, e ouvi quando o governador, após fazer politica, chama o
secretario que fala que o rapaz não veio, deveria não ter levado a serio.
O deputado sorri ao lado, Rosália olha o rapaz e pergunta.
— Quem esperava que não veio senhor?
— Não sei se conhece, ainda secundarista, Bruno Baptista.
— Sim, sabe que sim, já conversamos com ele presente.
— Mas vamos ao assunto, o governador nos apresentou uma proposta de fazer um festival de
teatro, envolvendo as escolas estaduais da cidade de Curitiba.
284
— Não poderia ser da região metropolitana? – Monica.
— Não sei ainda. – Ele olhando o governador.
— Maior abrangência, melhor, e estão todos próximos. – O Governador olhando Monica.
— A ideia era fomentar através do teatro, um amor pela cultura, e assim formar uma juventude
mais participativa. – O rapaz olhando a porta sempre.
— Está com receio de que rapaz, está assustado, toda vez que entra alguém pela porta, corremos
perigo? – Monica.
Ele olha em volta e continua.
— Queríamos uma parceria com a fundação Teatro Guaíra, para promover este festival.
— Vai os por para competir ou vamos apenas analisar as peças, e determinar um campeão. –
Monica.
— Assistir as peças e determinar um campeão.
— Vamos selecionar através de que modelo?
O rapaz nitidamente não entendeu, e eu quase sorrindo da forma que Monica conduzia aquilo.
— Explicando, vamos estabelecer tamanho, pois estava falando estes dias com Rosália, e ela me
falou que no festival pequeno que teremos de peças em Inglês, puxado pelo rapaz que falou que não
teve interesse, ele definiu em três blocos, pois tem um bloco com os monologos, que parece que vai ter
30 pessoas em atuação, enquanto tem um monólogo, com apenas uma pessoa no palco, não daria para
por os dois competindo em igual nível de comparação.
— Eles tem quantas peças inscritas já.
— Ainda não abrimos a inscrição, mas já falamos sobre as regras, de quantidade de pessoas, e
com certeza, o Colégio Estadual que ele faz parte, vai querer participar, então ele fará a pergunta de
quantos participantes por peça, tempo de duração, estrutura e local de cada apresentação.
— Pelo jeito o respeita. – O governador. – Alguns aliados não gostam do que estes jovens
representam.
— Eu as vezes tenho de encarar aquela criança senhor, e ele veio com uma proposta para Junho,
que ainda estamos estudando, de uma semana de Comedia com 9 palcos em Curitiba, por uma semana,
recebendo a nata da comédia nacional.
O governador fala, não esquece, eu apenas ouvi e as vezes tentava imaginar a cara das pessoas.
— Estamos desviando o proposito, mas podemos estabelecer regras, mas preciso saber, se
existiria forma de o fazer na estrutura do Teatro Guaíra.
— Somos um teatro, com 4 palcos, 3 neste endereço e um no Largo, não sei quantos participantes
teria? – Monica.
— Acredito que dependendo da propaganda, teremos alguns grupos interessados.
— Alguns não é passível de orçar senhor, sei que na região metropolitana, tem próximo a 600
colégios, se metade disto participar, 300 peças, dependendo do tempo de cada, pois se colocar isto em
horas, seria tempo de mais de um mês de apresentações, teríamos de diluir isto na grade do Teatro,
ficaria para próximo de 3 meses de apresentações, acho que o custo ai ficaria muito caro, pois – ela
parece contar baixo – ficaria superior a 60 milhões, acho que o governador não quer gastar tanto com a
gente, mas ele tem de saber, estamos falando apenas do custo do teatro, teria todo resto.
— Concordo com a senhora, não sei quanto daria para fazer, não pensei em mais de 15 dias de
duração.
— Próximo de 50 mil reais a hora, em 4 palcos, mais de 22 milhões, acho que conseguimos com
uns 20.
O governador fala.
— E teria como dispor destes recursos, vem da sua pasta estes recursos.
— Vamos precisar de uma verba adicional, pois como a diretora do teatro falou, estamos falando
apenas no custo do teatro.
— Sim, mas salários e organização dos colégios já existem rapaz – Fala Monica – Teria de ver
quanto se investiria em marketing, pois isto pode facilitar as coisas.
O governador fala.
— O rapaz não vem mesmo? – Fala olhando o rapaz, parece que até o governador queria eu lá.
— As vezes temos de dar as cartas senhor.
— Pelo jeito nem entendeu da ideia, os demais pensam com os números, mas como Monica
falou, algo assim, nos daria visibilidade, não sei, você falou em maior festival de teatro juvenil do país.
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— Isto parece Bruno falando. – Rosália.
— Teríamos senhor como fazer, o marketing conseguiríamos, acho que alguns querem entrar
nesta parceria, mas estamos aqui para firmar o acordo de realização do festival.
— Por isto estamos conversando rapaz, eu preciso saber quando e como fornecer espaço a vocês,
temos uma linha de eventos que preciso coordenar pra liberar espeço, nos programamos com
antecedência.
— Poderia ser em outubro? – Eu quase xinguei e ouvi Rosália falar.
— Dai seria sem contar com o Guairinha, ele tem programação total em Outubro.
— Não teria como desmarcar? – o rapaz, ele queria algo assim, ouço.
— Podemos tentar espaço em outros locais, se for o caso. – Fala Rosália para provocar.
— Não quer desmarcar, é isto? – O rapaz.
— Somos uma instituição séria rapaz, não assinamos algo e depois damos para traz, mas a
pergunta, porque não novembro, e porque Outubro?
— Não disporíamos da programação sobre as provas do fim de ano, dos colégios.
— Teria de falar com os organizadores antes, pois é algo a pensar, mas não esquece, conseguimos
locais semelhantes próximo. – Rosália.
— Não entendi. – O governador.
— Temos um teatro da Fundação Caixa, Capela Santa Maria, Auditório da Reitoria, e auditório do
Colégio Estadual.
— Certo, podemos dispor de peças próximas, mesmo sem ter de cancelar outros eventos. –
Governador.
— Tudo isto para não cancelar algo? – O rapaz.
— Não entendo a sua urgência neste cancelar, mas não duvido que eles topem cancelar, mas isto
não é positivo para casa, já que um dos apoiadores do evento no Guairinha, é o Curitiba Theater
Comedy School Center, o que para eles é mandar a sede própria o evento, para nós, uma parceria
lucrativa, que jogaríamos no colo deles.
— Mas parece não entender a urgência.
— Urgência rapaz, que não existia a 5 dias, o governador sabe que não existe urgência, assim
como ele sabe, como o deputado ao fundo, que a ideia não foi do governador, mas se vem para nossa
fundação, para gerar perseguição pessoal, não fechamos isto. – Monica se posicionando, até eu que
ouvia me assusto.
— Talvez tenhamos de achar parceiros para isto, diferentes.
— Sem problema, estamos ouvindo uma proposta secretario, se chega em Março e quer toda a
grade vazia do teatro, tem de se inteirar. – Eu apenas ouvi o barulho de folhas mexendo e ela fala –
temos prospecto para o ano inteiro, não apenas para sua ideia, mesmo que fosse maior, eu teria de
diluir, pois não desmarcaria uma semana da Camarata Antiga, para por em uma semana diferente, e o
que está cancelando não é apenas o evento do rapaz, que deu a ideia, sei o modelo de ideias que está
apresentando, mas está também nos mesmos 15 dias, cancelando uma semana do Encontro Nacional
de Camaratas Antigas, dois shows de cantores nacionais, e uma apresentação internacional.
O governador fala nesta hora.
— Mantem a calma Luciano, agora sei que mandou barrar o rapaz, deve ser coisa do deputado ao
lado, mas a diretora está com a razão, não existe porque em prol da cultura, cancelar cultura, não faz
parte da ideia, e não entendi porque cancelar, ela mesmo deu duas saídas de mesmo publico ou maior,
como Reitoria e Colégio Estadual.
— A ideia fica melhor concentrada em um local.
— E sair daqui vai para onde? – O governador.
— Não sei ainda Governador.
— Então se contem, nem temos o numero de participantes, pode ser que nem precise do teatro
ao lado e está gerando uma discussão onde não existe.
— Mas..
— Estamos como falou, aqui para firmar uma acordo entre o governo do estado e a fundação
teatro Guaíra, a ideia, pelo jeito já corria pelos corredores, pois a diretora sabe que não foi minha, você
sabe que não foi minha, e pelo jeito, como ela reparou, olha a porta com medo que ele entre, mas se
pediu para barrar ele não entraria.

286
— Não deve depreciar suas ideias assim governador. – O Deputado que as vezes esquecia estar na
sala de tão silencioso que ele estava.
Ouvir uma conversa, era apenas ouvir parte, então não sabia o que as pessoas estavam mesmo
fazendo na sala.
Monica fala nessa hora.
— Não quer ouvir a proposta de quem a fez governador, pois é nítido que os dois ai, não sabem o
que estão propondo.
— E saberia onde o rapaz esta?
— Ele é mais esperto que seu secretario de Cultura, talvez explique porque tens problema neste
tema senhor.
— Gostaria de falar com ele.
— Chega ai Bruno.
Eu sorri e levantei e sai da sala ao lado e o segurança me barra a entrada e vejo o governador
fazer sinal para entrar.
— Boa tarde a todos.
— Onde se escondia? – Luciano.
— Se nunca trabalhou neste teatro rapaz, não tenho como explicar que existem locais, que
somente funcionários treinados e em função entram.
— Boa tarde a todos, não sei porque me chamar a discussão senhora Monica.
— Saber da ideia, sei que lhe chamei de criança, mas você não entra tentando cancelar coisas, e
sim, ampliar as coisas.
Olho o governador e falo.
— Desculpa se alguns dados estiverem errados, mas na abrangência do teatro Guaíra, estão pelo
menos 26 municípios mais a capital, embora ache Morretes e Ponta Grossa mais perto que Rio Negro e
Adrianópolis, acredito que desse para abranger pelo menos 35 municípios, um festival de teatro
Secundarista, não colocaria o termo Juvenil, se não for querer abraçar faculdades, e teria de por
secundaristas estaduais, para não abranger os colégios não estaduais, estamos falando de exatos 722
colégios restringindo faculdades e demais colégios, se um terço destes quiser participar, 240 peças,
parece algo impensável, mas temos de considerar governador, que temos de estar preparados para 700
peças, não para 240, quando se faz marketing, não podemos dizer, não, você não pode, e isto não é um
assunto apenas para o secretario de cultura, teria de ter o secretario de educação, concordo em parte
que as provas não podem ser afetadas, como o secretario falou, e concordo com o uso de mais
estrutura, teria de ver o custo disto, pois 700 peças, divididas em 15 dias, daria mais de 46 peças por dia,
se considerar as oito horas diárias de show, não vamos fazer em horário que prejudique as aulas, então
são peças entre as 13 horas e as 21horas, dependendo da duração, 16 peças por palco, conseguiríamos
administrar com a estrutura do Teatro, mas seria corrido, e acho que com custo hora, de iluminação,
pessoal, estrutura, se eu tivesse cobrando o ingresso, por 700 peças, em 17 mil locais prontos, por oito
horas dia, eu acharia o preço justo que a senhora Monica está propondo, mas tem de considerar que é o
custo de algo bem organizado, conheço gente que faria por 15, e não reclamaria do preço.
— Um local mais barato? – O governador.
— Menos cultural, menos organizado, iniciativa privada e não soma no cenário cultural do estado.
— Está alertando que existe como fazer mais barato, mas não seria a mesma coisa.
— Sim, e o preço é apertado para o teatro, mas é que manter uma estrutura impecável, com som
bom, luz boa, cadeiras confortáveis, custa dinheiro.
— E onde teria este local. – Luciano.
— Conheço um ali na Avenida Iguaçu. – Falei para provocar.
— Vai para o grupo que você faz parte, entendi, tiramos daqui e colocamos no bolso da iniciativa
privada.
— Poucos na iniciativa privada estão preocupados com a cultura senhor, pois eles não produzem
cultura, um teatro no Positivo, é apenas palco e plateia, com contratados temporários, aqui, tem teatro
para iniciantes e terceira idade, tem bale, um dos mais tradicionais do mundo, orquestra sinfônica, e
obvio, para incultos, tudo isto é desnecessário, no discurso.
— Discorda disto? – O deputado.
— Tira o passaporte deste pessoal e vê como eles começam apoiar a cultura, é fácil ir ver show na
Europa, Estados Unidos e falar que cultura não é prioridade aqui.
287
— Mas o discurso tem apelo popular.
— Senhor, desculpa, mas se eu com 15 desfaço este discurso em duas frases, porque os políticos
não conseguem.
— Mas como?
— Digamos, eu não sou a favor de o povo tem de viver para trabalhar e não ter nem onde se
divertir aos fins de semana, ou mais drástico, quem é a favor da falta de cultura, em prol de um
emprego quase escravo no Brasil.
— Certo, algo que teríamos como defender, mas acha que o custo seria bem aplicado.
— Senhor, o governo do estado, tem como conseguir uns milhões com a rede de TV local, parte
do recurso, pode sair dos recursos extras da câmera dos deputados, gerando recursos para a fundação,
não apenas para este evento, vocês estão matando a cultura e querendo falar de cultura.
— E pelo jeito acha possível.
— Senhor, pensa em você ter o maior festival de teatro do planeta de peças inéditas.
— Quantas seria o maior.
— Não tenho este dado, mas estaríamos abrindo um caminho, e depende do governo e dos que
querem participar ampliar isto, pois podemos colocar uma feira de festival a praça, fazer lançamento de
livros na Universidade em Frente, lançar o novo coral da cidade nas escadarias da universidade, ter
oficinas de teatro e musica, um evento assim, pode ser maior, sempre maior senhor, estamos falando
de algo, a fazer não as crianças dos colégios virem assistir, mas elas e os pais, virem, quantos destes,
nunca entraram num teatro.
— E como faríamos algo assim? – O governador.
— Se eu uma criança, consigo que os vereadores consigam verbas para manter o teatro, o
governo do estado deveria fazer mais, mas garanto, a Fundação Cultural de Curitiba gostaria de entrar
nisto, com certeza a RPC também vai querer, a Rosa’s vai querer, a Curitiba Theater vai querer, mas
como falei com Rosália no começo do ano, temos de erguer a cultura em si, não apenas um festival, as
pessoas tem de se acostumar novamente a sair de casa, elas estão todas presas em casa.
— E como você organizaria isto? – O governador me olhando serio.
— Teria de saber quantas escolas querem fazer parte senhor, dar estrutura de ensaio a todas elas,
estabelecer uma comunicação entre as escolas e a organização do Festival, estabelecer se vamos ter um
vencedor ou teremos vários, se entregaremos certificados apenas para as escolas, ou para os atores,
temos de ter uma curadoria para analisar os conteúdos, e dar apoio na criação, das peças.
— E entende disto?
— Dou aula em uma turma de Teatro, sobre algo que os demais tem medo de falar, oratória e
escolha das melhores palavras para um discurso aberto ao publico, com o objetivo de ser entendido
pela maioria das pessoas.
— Não é jovem para isto?
— Sim, perdi meu outro emprego, pois a secretaria de cultura, determinou que todos os
professores de Inglês da cidade, precisam de formação superior para dar aula.
— E pelo jeito não gostou.
— Senhor, eu enfrento qualquer formado em Letras Inglês no país, em uma disputa de texto e
fala, valendo o diploma deles, se não tenho diploma, que seja caçado o deles.
— Ninguém vai entrar no desafio, sabe disto.
— Sim, mas o seu secretario que nem fala português direito, que determinou isto senhor.
— Sem ofensas menino, que encerramos por aqui.
— Se já não precisam de mim, saio, não sou essencial senhor!
Eu não sabia me comportar, sei disto, o governador chega a olhar os seguranças e parece pensar.
— Tem de aprender a arte da politica rapaz, é inteligente, mas fala pelos cotovelos.
— Certo, então nem vou argumentar mais nada senhor, pois preguiça, não é arte politica,
desinformação, não é arte politica, falta de cultura, também não, ou acha que alguém formado no
estado, em Direito, tem um português bom? Não senhor, não tem, as vezes ouvindo alguns processos,
sofri já um, vejo que as vezes, eles trocam palavras por latim, mas nem eles sabem o sentido original da
palavra.
— E não gostou da determinação.

288
— Pensa que todos os cursos de inglês em Curitiba, tem pessoas que nem sempre terminam a
formação superior, alguns, os melhores, apenas viveram fora do país, e nunca foram a uma universidade
lá.
— E não vai apenas atingir você.
— Vai atingir novamente a sociedade a volta, que prefere falar Tiu no lugar de To, e fica feliz com
isto.
— Não entendi.
— Quem não viveu ou estudou direito senhor, não sabe nem pronunciar direito as palavras, mas
vocês estão dando prioridade a quem estudou apenas no país, para justificar uma melhor qualidade,
mas temos problemas sérios ai, quando ler a medida, vai entender senhor e ouve a reclamação quando
o secretario da educação, ligar para o senhor.
— E não vai pelo jeito mudar sua situação.
— Não estamos aqui discutindo isto senhor, eu acabei desviando o assunto, mas a colocação era
para estabelecer que existe pessoas e órgãos prontos para transformar algo assim em algo grande, se
tiver parceria, eu faria uma com a rede Cultura, não apenas com a RPC, eu faria acordo com as editoras
estatais, e com a universidade federal, mas como disse, é questão de vontade.
— E parece saber o que quer?
— Senhor, eu não sou algo a ser colocado em evidencia, eu posso estar aqui e ajudar, posso estar
em outros pontos e ajudar, mas eu sou um secundarista de terceiro ano, então ninguém vai me levar a
serio.
— E não faria apenas um festival de teatro Secundarista?
— Como disse, não sou a parte que deveria estar fazendo isto.
— Certo, mas a ideia partiu de você?
— Partiu do seu secretario, mas ele queria uma ideia, mas não sabia qual, eles basicamente me
tiraram de uma aula de matemática para falar disto, e demoraram a entender, minha praia é outra.
— E qual sua praia?
— Guitarrista da banda “Bárbara e os Clementes”, baterista da Banda “Nymph and Demons”,
professor de Oratória da Escola de Teatro que eu criei, sou também rapaz das coxias do Guaíra, até
ontem, era professor da turma de iniciantes da Cultura Inglesa, me deram um pé na bunda, e já falei
porque, e sou proprietário do conjunto de teatros em construção na Av. Iguaçu, e proprietário de um
bar que não posso entrar, ainda não tenho 16, o Curitiba Comedy.
O governador me olha e fala.
— E não quer aparecer.
— Todos inventaram uma historia duas semanas após ter sido esfaqueado na frente do colégio
Estadual, e de vitima virei o acusado de ter esfaqueado o filho de um desembargador, assim como o
esfaquear e me acusar deu 3 dias de reportagem, a minha declaração de inocência e o engavetar do
processo, não gerou uma linha, uma frase na imprensa.
— E por isto não quer aparecer?
— Eu sou de menor senhor, quem levaria a serio, algo deste porte, se falar lá fora, foi um menino
de 15 anos que fez o prospecto, queremos coisas que somam, não o contrario.
— E acredita que podemos chegar a 700 peças?
— Seria uma correria só, a coordenação teria de ver e cronometrar montagem e peça de cada um
dos grupos, para formar o conjunto da obra.
— E vai participar se tiver.
— Sim, montar um grupo de teatro na minha escola e vir com o grupo treinado, com toda
estrutura que for permitida.
— Estrutura permitida?
— Para outubro, dá tempo de fazer cortina, fazer cenário, ensaiar os grupos de coadjuvantes,
pensar nas cordas e giros de uma peça boa.
— E não se negaria a fazer algo assim.
— Se projetei algo assim para o Guairinha, quem sabe não projeto algo maior para o Guairão.
— E acha que se entende com o secretario.
— Eu não tenho de me entender com ele senhor, ele tem de estabelecer as regras, dentro delas,
não tem como proibir algo, que lá permite, e se ele proibir tudo, ninguém vem.
— E pelo jeito conhece o local?
289
— Sim, baseado na estrutura do Guairinha que fizemos as duas áreas maiores de Coxia na Iguaçu.
— E pelo jeito acredita que vai lotar lá.
— Eu quero ter 3 ou 4 grandes eventos lá ao ano, e se puder ter a fundação Guaíra como parceira,
fazemos 4 eventos a mais na cidade ao ano.
— Mesmo sem apoio governamental.
— Apoio governamental é para coisas assim, como o proposto, que não se paga para entrar, e se
tem, peça após peça, de pessoas se dedicando, os familiares registrando, sei que teremos os
inconvenientes de serem crianças no publico, mas faz parte de entender quem é o idiota da turma,
aquele que todos riem, mas quando for para ter algo serio, ignoram.
—E pelo jeito quer entrar no ramo do teatro.
— Estou entrando amanha, com um pedido de acordo de uso, de uma área do estado na divisa do
município, ai é questão de saberem em que lado vão querer estar, mas se recusarem, provavelmente
ficarei apenas com as áreas de show, em Floripa, Joinville e Porto Alegre.
— Não quer apenas teatro.
— Como falei para seu secretario, se divido um custo por duas mil pessoas, sobra pouco, se divido
o custo por 40 mil, fica mais viável, e se o metro quadrado cabe entre 1 e 6 pessoas, posso chegar a 160
mil pessoas, para dividir o custo.
— E quer algo tão grande.
— O espaço que tendemos a inaugurar em Outubro em Florianópolis, é para 120 mil pessoas.
— E lá tem sócio?
— Parceiros, e deixar claro, não está em meu nome.
— Certo, e pelo jeito quer fazer algumas coisas a mais.
— Temos o direito de ter o nosso Rock In Curitiba.
— Certo, algo a pensar, quer agitar geral.
— Sempre.
Olho o relógio e falo.
— Agora deixa vocês resolverem o resto.
Sai dali, pela parte interna, veria depois o que aconteceu, estava na hora de ir novamente a uma
sala de aula, e marquei com o pessoal lá, então talvez fosse a forma de mudar de plano.
Eu caminho até o Agua Verde, eu tinha tempo, aproveito e passo em alguns lugares, e sabia que
poucos me reconheceriam a rua, mas chegando lá, olho para Dalton e sentamos para falar da aula extra
e do cenário que queria, para as duas peças que estavam na minha cabeça e estava prestes a por no
papel uma terceira, ele me perguntou sobre os custos e transferi para ele metade do custo dos dois
primeiros, Brasil as vezes a inflação come parte dos recursos, mas no momento, aquele valor seria a
metade.
Estava acertando as coisas quando vi o pessoal da turma chegar e vejo o recado de Raquel e ligo.
— Problemas?
— Quando podemos conhecer nosso rei?
— O que tem para mim.
— Um grupo de pessoas interessado em participar, não sei a ideia do coral.
— Se souberem cantar a Deus, quando eu me for, estarão bem, o que mais.
— Mas não pretende nos deixar tão cedo.
— Não, mas quer marcar algo?
— Poderia ser hoje? – Raquel.
— Se elas quiserem vir ao teatro, quem sabe não fazemos o primeiro ensaio.
— Outra coisa.
— Fala.
— Do Colégio, tem 36 pessoas a mais no coral.
— Éramos 12, agora então somos 48 do colégio e mais 50 outras?
— Outras 49 confirmaram, aquela Bárbara não confirmou.
— Ela quer ser única, mas não se dedica a isto, mas marca.
Eu passo uma mensagem para Bárbara Camargo a convocando a comparecer ao coral de nome
“Bárbaras”.
Eu olho as moças e os rapazes e falo.
— Vamos a sala de aula, hoje é a parte chata.
290
Eu desço a sala de aula e a turma já estava lá, e olho Rita.
— E dai, vai entrar com uma peça ou não?
— Pelo jeito pensando em forçar todos a melhorar.
— Sim, começar a pensar nas peças, para começarem a construir na aula de Cenário, os projetos e
parte do cenário.
— Quer nos por no cronograma.
— Se todos precisarem de serviços em agosto, nada fica pronto.
— E vai antecipar a sua parte?
— Dois projetos estão prontos, mas é que pretendo fazer pelo menos mais um.
— Vai participar com três peças?
— Não, é que tem outras coisas que acontecem na cidade.
Começa a aula e vi que Bárbara Carvalho apareceu na aula, outras surpresa, mas Bárbara Vaz, não
me ligou, ela talvez não tivesse nem sabendo do que eu aprontara, e as vezes, somente as vezes, não
queria ser tão possessivo, alguém possessivo que deixava as coisas correrem solto.
Uma aula sobre Oratória, eles foram para as demais aulas, e eu olhei Bárbara parar a minha
frente.
— Fugiu de lá.
— Eu tenho de cuidar com as suas armações ainda.
— Mas não estou armando mais.
— Então se dedica Bárbara, estranho ter duas Bárbara na minha vida, e nenhuma querer estar em
minha vida.
— Você se impôs na minha vida.
— Sim, mas cuida para no perder esta tiara.
— Eles nem a veem.
— Eles não interessa, sabe disto.
Vi a outra Bárbara entrar e falar.
— Preciso conversar com você.
— Vamos conversar – Olho a segunda Bárbara e falo – Se dedica a aula, pode ser um bom
caminho.
— E o coral?
— As vezes é difícil se destacar tendo 200 outras ali, se dedica onde pode ter destaque.
Ela sai e olho Bárbara me olhando.
— Já arrastando asas por ai.
— Muitas, mas como não sei voar, estou apenas arrastando penas ao chão.
— Soube a pouco que não pode dar aula na Cultura Inglesa.
— Nem lá e nem em nenhum curso de Inglês.
— Está bem, ainda arisco pelo jeito.
— Quando vamos ensaiar, ou já desistiu da banda? – Falei a cobrando, já que ela estava tentando
se manter longe.
— Sobre isto que quero falar.
Previ trovoadas, então apenas a olhei.
— Fala.
— Acho que vou lhe afastar da banda, sei que você deu as ideias, meu pai quer saber quanto tem
de pagar para ter os cenários, e não leve para o pessoal.
— Está me afastando, e não quer que leve pra o pessoal, não existindo nenhum outro motivo?
— Eu não quero lhe ver com outra na minha frente, e sei que estou sendo mesquinha, você não
vai apenas ficar ali a mão, então eu não te quero perto.
— Então não vão mais ensaiar aqui, é isto?
— Sim, é isto.
A olho, não sei o que pensar, eu comecei o dia com banda, com emprego, e estava começando a
ver todos novamente tentarem me puxar o tapete.
— Então isto é um adeus? – Perguntando.
— Não era para ser assim Bruno.
— Então porque está sendo?
— Fomos rápido demais, e não quero assim.
291
Eu olho ela, sei que não estava entendendo nada, mas começo a pensar nos problemas, e se eu
tinha planos para outubro, começo ter de reformular tudo.
Eu a olho e falo.
— Então adeus.
Sai pela porta e subi para minha casa, estava precisando pensar, e não estava funcionando.
Minha mãe me olha a porta e fala.
— Esta cara eu conheço, respira e me fala o que aconteceu.
Respirei fundo, olhei em volta e contei a minha mãe, eu não sabia o que estava acontecendo, mas
tudo induzia a interferência, e não sei, mesmo as que pareciam para mal, não foram totalmente para o
lado ruim, que parecia algo que seguia uma logica, mas não estava entendendo a logica.
Depois de respirar fundo, desço novamente e lá estava aquele agrupamento de meninas, as vezes
fazer em grupo, economiza tempo, mas perde o encanto do individual, e teria de falar com a mãe de
cada uma daquelas meninas, iria dar trabalho.
O falar que cada uma delas, deveria tentar trazer para o dia seguinte 4 meninas a mais,
estabelecia uma verdadeira confusão para o dia seguinte.
Era próximo das 9 da noite quando aquele agrupamento de pessoas saiu pela porta e vi o Doutor
Vaz ali, um breve temor, mas tudo poderia acontecer.
— Tem um tempo Bruno.
— Sim, sei que devo estar tomando muito do seu tempo.
— Em partes, mas temos de firmar o acordo entre partes, pois daqui a pouco, esquece de me
pagar.
— Onde assino.
— Isto fazemos com calma, mas qual foi o problema com meu tio, ele mandou eu me afastar de
você.
— Não entendi, Bárbara acabou o namoro ontem e hoje disse que me quer longe da Banda.
— E o que fez que ele se virou contra você?
— Não sei mesmo, as vezes acho que pode ser um pai tentando proteger a filha, já que minha
fama cresce diariamente.
— E aceitou naturalmente?
— Ela basicamente me deu um gelo no fim de semana, eu sabia que ela tinha desencanado, mas a
condição de ficar na banda eu não toparia, ela não me quer namorando com ela, mas também não quer
me ver namorando ninguém.
— E não topou isto.
— Um acordo destes, gera problemas Doutor Vaz, por mais que não pareça, gera problemas.
— Saiba que ainda estou como seu advogado e ainda preciso de consultas referente a contratos
em inglês.
— Certo, pode ter sido o rumo que as letras estavam tomando da banda, que o fez afasta-la, mas
a maioria da letras, foi escrita pela própria Bárbara.
Mudamos de assunto para a pedreira em Florianópolis, e em parte, eu tinha problemas agora, eu
pensei em uma coisa, e agora, talvez tivesse de desmarcar.
Acertamos os detalhes e quando sai pela porta, vi Raquel ainda ali.
— Problemas Raquel?
— Embora tenha me sentido especial hoje, me senti mais uma.
— Fala o que passou nesta cabeça. – Falei apontando a cabeça dela, mas sem chegar muito perto.
— Parece distante.
— Hoje estou acabado Raquel, tenho de dormir direito hoje, e tentar entender todos os
problemas a partir de amanhã.
Ela me olha e fala serio.
— Não nos abandona, sei que não estou entendendo tudo, mas parecia longe hoje.
— Tenha calma, as vezes, tenho de evitar mais problemas do que consigo administrar.
— Mais do que estas 50 moças podem gerar?
Apenas concordei, vi o aplicativo que ela chamou chegar e a vi sair a rua, estranho saber que
alguém está ao fundo me olhando, e não ter o que fazer.
Estava a olhar para o carro, quando vi Barbara Vaz sair do carro e vir caminhando até mim.
Será que cada Bárbara que entrasse na minha vida, teria um problema a administrar?
292
— Queria falar a ultima coisa.
— Não quero ouvir, apenas isto.
Ela me olha assustada e fala mesmo assim.
— Suas musicas colocam medo nas pessoas Bruno, tem de entender, existe limite para estas
coisas.
Eu não perguntei e ela falou mesmo assim, sinal que era queria um caminho de retorno, mas
como retornar um caminho, depois de escapar da morte.
Eu a olho e apenas falo.
— Tem de entender uma coisa Bárbara, eu não lhe convidei a ser um membro de uma sociedade
secreta de adoração, eu convidei você a ser minha rainha, mas depois de dizer não a isto, você deve ter
achado um motivo, mas saiba, como falei antes, aquilo não é uma adoração ao demônio, por mais que
queria que seja, e você não recusou a entrar em uma sociedade demoníaca, você apenas me afastou, e
não foi por algo bom.
— Eu tenho medo Bruno.
— De que?
— Você enfrenta coisas que não compreendo, como aquele espectro negro as suas costas,
quando acabávamos.
— Aquilo não faz mal a uma mosca.
— Mas ronda e assusta as pessoas.
— E o que eu posso fazer, um senhor, morto antes de eu nascer, resolve que quer matar minha
mãe, e me forçar ir para o lado dele, em uma guerra que não é minha.
— Se cuida. – Fala ela andando de costas, e me viro e ali estava ainda o espectro de meu pai.
— Se me queria sozinho, conseguiu.
“Acha que desisto de um caminho apenas porque você não quer pequeno Bruno!”
— Não sei que caminho é este, você não conversou, atacou covardemente quem me trouxe a
vida, me ensinou e me fez quem eu sou, pra que?
“Ela nunca permitiria que você se afastasse!”
— E seus outros filhos, na vai lá fazer o mesmo?
“Elas não me veem, não me servem a morte!”
— E ganha algo com alguma morte? Duvido, está ainda ai em espectro, parece um caminho que
terei de trilhar, mas se não precisar, não vou trilhar.
“Não sei qual dos meus filhos, mas um deles começou a se preparar para ser rei, senti a força,
pensei ser você, mas está sozinho.”
— As vezes, tenho medo de ficar maluco. Falando sozinho no meio da rua.
O espectro olha em volta e viu aquela menina chegando e fala.
“Está dai nem conseguiu lhe incriminar.”
— Perdida aqui Bárbara?
— Problemas pelo jeito, falando sozinho.
— Sim, tem um espectro invocado por sua mãe, que parece estar tentando descobrir algo sobre
um dos outros filhos dele, um deles seu irmão.
— E o que ele quer saber?
— Ele não quer saber, ele quer a força de um herdeiro virar rei, se tem uma coisa que me segura,
é isto.
— E aquela Bárbara, lhe deu o fora novamente.
— Ela tem medo do que canta.
— E lhe tirar de lá, melhora no que?
— Sei lá, mas perdida aqui?
— Queria lhe falar.
Olho o espectro e falo.
— Vai procurar um dos seus filhos obedientes.
“Ela nem me vê!”
Olhei ela que apenas fala.
— Poderia ser lá dentro, você fica dando de maluco aqui fora e os demais ficam lhe olhando
atravessado.
— Veio sozinha hoje?
293
— É serio Bruno.
Mais bomba e entramos, ela me olha e olha a porta e fala.
— Ele nos ouve?
— Sim, ele nos ouve.
Falei e entrei, ele sempre ia até um certo ponto, e dali não passava, entramos no teatro e ela fala.
— Levou um fora pelo jeito.
— Ela nem sabe que quero ter 50 princesas e já pulou fora.
— E precisa de todas elas?
— Não, mas 4 é minha obrigação inicial, e achar uma forma de dar caminho a cada uma delas.
— Porque 4?
— As quatro irmãs de irmãos tortos que tenho por ai.
— E estaria na lista de qualquer forma.
— Sim, mas o que faz aqui Bárbara.
Ela chega perto e me beija e fala baixo afastando os lábios.
— Não quero ser apenas uma princesa.
— E o que está fazendo para ser mais que isto?
— Eu nunca me dediquei a isto, não sei o que preciso fazer.
— Tem de parar de fazer burrada, montar sua corte, e com calma resolvemos detalhes da lei,
somos novos ainda.
Olho o relógio e falo.
— O motorista está ai?
— Sim.
— Então vamos escolher as suas duas damas de companhia, passamos na casa da Luana, e vamos
a sua casa.
— Safado.
— Safado? Eu sai de lá para não o ser, mas primeira parada é a casa do seu tio, o sumido.
— Quer conhecer minhas primas?
— Uma eu conheci hoje, sabe disto, e as duas outras primas, vamos conversar, e vai pensando em
quem vão ser suas duas damas de companhia.
— Vi que não funcionou com a outra Bárbara.
— Ela talvez para seu irmão sirva como princesa, para mim, apenas uma serviçal.
— E a nomeou como serviçal.
Sorri e não comentei, mas entramos na casa imensa no Jardim social, a senhora me olha e fala.
— Nossos recursos já levou rapaz, o que quer mais?
— Vim falar com Carolina.
— O que quer com minha filha?
— Estou aqui senhora, para pedir a sua permissão, para que Carolina seja minha princesa.
Um rapaz ao lado olha-me e fala.
— É muito atrevimento mãe.
Ela me olha e fala.
— Pelo jeito, não vai se recusar a encrenca que aquela noite lhe colocou.
— Sim, e avisa seu filho ai, que a próxima vez, eu não o tiro da ilha das Cobras, pois tentar matar
minha mãe pelas costas, foi covardia.
O rapaz olha-me e fala.
— Me acusando sem provas?
O encarei e falei serio.
— Quer voltar para lá? É isto.
A senhora dá um passo atrás, pois um imenso Hons surge as costas do rapaz o segurando o ombro
e ele olha a mão lhe segurando e fala.
— Não, desculpa, não quero voltar para lá.
— Então respeito rapaz, apenas isto, respeito, mas sei que de meus irmãos tortos, não será fácil
obter respeito.
— Ela está lá encima, não sei se conhece.
— Quero sua permissão senhora.
— Tens minha permissão, pelo jeito não vai priorizar todas.
294
Não respondi a esta indagação
— Espero não me perder por ai, para não me perder, trouxe a prima dela.
Subimos e a cara de Carolina pareceu duvidar primeiro de eu estar ali, mas fala.
— O que ela faz aqui?
— Alguém teria de me conduzir até o quarto, tudo bem?
— Não entendi a conversa de hoje.
Eu chego a cama, sento nela, faço sinal para ela chegar perto e falo.
— Quer ser minha princesa Carolina, até o fim de suas forças?
Ela me olha e sorri, como digo, elas deveriam dizer não as vezes, mas não estava acontecendo.
Pego a adaga, e toco na mão dela e a levo a cabeça e ela sente a tiara e sorri.
— E pelo jeito me quer mesmo como princesa.
— Tem agora de montar sua corte, amanha tem de ter as 4 pessoas, não apenas duas.
As irmãs dela entram e cada qual recebe o símbolo de damas da corte e convidei todas a passear.
Quando chegamos ao prédio de Luana, ela e três moças que eram da turma de Bárbara, entram
no carro, fomos a casa de Barbara e perdi novamente a hora naquela historia, mas eu estava me
tornando algo, se era algo bonito ou feio não sei, mas aquela cama foi pequena, próximo da meia noite
deixei as irmãs em casa e fui para casa, tinha de dormir.

295
Acordo cedo, estranho receber uma mensagem próximo das seis e meia
da manha, mas alguém me avisando que a medida de restrição aos cursos de
inglês, foi cancelada.
Eu nem conhecia o numero daquela mensagem, então teria de ver se era
verdade, mas era cedo para perguntar a alguém.
Coloco o café pra fazer, e pego o violão, as vezes esperar e por um som
que estava a cabeça para fora, me fez anotar e pensar que eu já deveria ter
ouvido aquilo em algum lugar, quando o som fica muito bom, sempre tenho a
sensação na segunda vez, de já o ter ouvido antes.
Começo a anotar frases, depois as concertaria, ou não, eram frases de um livro, e a ordem, não
tinha certeza, mas ficaram montando uma sequencia, que poderia parecer fazer sentido, mas eram
apenas palavras soltas e coloco no fim o titulo “Assim falava Zarathustra”.
Tomo o café, vejo minha mãe sair do quarto e me olhar.
— Dormiu em casa espero.
— Sim, está bem mãe?
— Sim, os pontos pararam de coçar.
— To terminando o café, obrigado por me ouvir ontem.
— Tenta não levar tudo a ferro e fogo.
— Como não levar a ferro e fogo mãe.
— Tenta entender, mal não se enfrenta com mal.
— Sim, mas deixa eu sair correndo.
Peguei a minha pasta, um beijo na mãe e saio no sentido do colégio, de ônibus era uma viagem.
Este era um dos pontos que precisava mudar, mas estava deixando rolar, estranho que se pensar
no que vivi nos primeiros anos no estadual, pareciam outra vida, e quando desço no terminal, eu apenas
queria no inicio do ano, terminar o meu segundo grau, e começava a olhar em volta, e o fim do ano,
parecia cada dia mais longe.
Eu entro na escola e algumas pessoas me cumprimentam, as vezes acho que vou terminar o ano
conhecendo toda a cidade, o que era um ano para me formar, não me envolver, a cada dia, ficava mais
complicado.
Estava entrando na sala de aula quando vejo a diretora me olhar e falar.
— Podemos conversar rapaz?
— Sim.
— Temos coisas contraditórias, gente querendo que lhe dê apoio, e gente reclamando de você.
— Então vamos as reclamações primeiro.
— Reclamaram que você está desviando a atenção de alguns estudantes do colégio para se
envolverem em um teatro.
— Sim, estou convidando alguns a participar, e todos os que forem participar, demos uma carta,
de autorização para os país, eles não estarão apenas aprendendo a atuar, estarão aprendendo a
escrever peças, a o fazer em português e inglês, vão aprender iluminação, da parte básica de ligação a
melhores cores para um show, assim como vão aprender a fazer cenários de peças teatrais, e lidar com
a musica de um show.
— E acha certo desviar eles assim.
— Senhora, especialistas em montagem de Cenário, estão raros no país, gente que deve ganhar
mais de 10 salários por mês, eles estarão se preparando para pelo menos 4 profissões em falta, o atuar,
é para poucos.
— E quem vai pagar isto?
— Ainda está saindo do meu bolso, mas tenho um projeto para que um patrocínio pague isto.
— Então o agito é porque não é algo simples.
— O segundo agito, é que resolvi montar um coral, ele teria um uso, e não sei, corais religiosos
são algo para acalmar a alma.
— E acha que terá problema?
— Um coral grande, de mais de 250 pessoas, onde próximo de uns 40 são do colégio.
— Algo muito maior, e qual a ideia?

296
— As pessoas precisam de contatos senhora, se elas não conhecerem ninguém, elas não tem
onde buscar ajuda, quando precisam.
— E por segundo, eu recebi uma ligação direta do governador, algo que nunca tinha acontecido, e
ele queria saber se poderíamos lhe apoiar.
— Senhora, eles podem apoiar, a senhora, desculpa a sinceridade, não atrapalhando, já ajuda, e
não é menosprezo, mas sei que dirigir um colégio, não é tão simples como parece.
— E porque o governador o quer apoiar?
— Posso estar enganado, mas vamos fazer um dos maiores festivais de teatro amador do mundo.
— E para isto vai preparar os que querem fazer parte.
— Eles nem tem ideia do que farei, mas eles querem fazer politica, não penas um festival de
teatro, eu dei os pontos a estudar, e um deles, os limitadores.
— Limitadores.
— Quais colégios seriam convidados, qual o nicho de abrangência, duração, eles vão perguntar
com certeza, a todos os colégios, qual o melhor mês letivo para fazer a apresentação.
— Indicava algum?
— Eles querem fazer em outubro, eu preferia na primeira semana de novembro, mas o que
ninguém está prestando atenção, não vamos parar as aulas 15 dias, no máximo dois, pois vamos lá
quando tivermos participando, não o tempo inteiro.
— Certo, eles não pensaram por este âmbito, os estudantes não precisam ficar sem aula para ter
um festival.
— Sim, e o festival vai ser Tarde e Noite, a nossa turma, vai ter aulas normais senhora.
— E pelo jeito enquanto eles falam, você pensa, mas não entendi o pedido do auditório.
— Sei disto, mas eu primeiro vou selecionar, depois vamos pedir as roupas cor de pele para todos,
pois não quero trocas de roupas parando a escola.
— Certo, as protegendo antes de tudo, mesmo alguns falando mal.
— Eles não entendem senhora, eu acho que aula de oratória, teria de ser obrigatória no terceiro
ano do segundo grau.
— Aprender a falar.
— A falar, a dicção das palavras, a melhor pronuncia das coisas, e o manter da calma, mesmo em
casos estremos.
— E como podemos ajudar?
— Tenho de começar a selecionar antes da sexta, pois algo está errado, era para ter uns 20
interessados, tem mais de 70 interessados.
— E o que faria?
— Três peças, o que mais.
A senhora sorriu e fala.
— Três?
— A primeira, é para o festival de teatro em Inglês, teremos o Festival de Teatro Secundarista, e
parece que vai sair um de peças Infantis, mas quem sabe não façamos duas peças para cada grupo, e 70
pessoas dá para fazer quatro grupos.
— Certo, mas pode eliminar alguns na seleção.
— Sempre lembro de uma frase de minha mãe.
— Qual?
— Eles quase não escalaram o Bruce Willis, pois ele era gago.
— Está falando serio?
— Sim, o primeiro filme as falas dele são curtas, por isto, e ninguém aceitou o papel, dos famosos,
pois o cache era pouco e ninguém apostou na historia.
— Então vai olhar com atenção.
— Não estamos na idade de sermos podados, e sim, incentivados senhora.
— E o que pretende?
— Falar com um senhor que é professor de canto na UFPR, para criar o coral do colégio, que terá
pessoas de fora, mas quem sabe não é algo a se manter, ensinar a cantar.
— E quer entrar no colégio e fundar um grupo teatral, um coral, e o que mais?
— Quando em outubro, vou pedir a permissão da direção, para usar o auditório, e dar um curso
rápido, de inglês para vestibular.
297
— Algo a somar no todo, pelo jeito isto que o governador viu em você.
— Ele é diferente, eu fiz de tudo para ele me por para fora, e ele manteve a calma.
— Queria o irritar?
—Senhora, eles são os adultos, não dá para por nas minhas costas a ideia e execução de algo
como um festival que terá gente de mais de 700 escolas.
— Certo, não queria isto, e entendo, eles são os eleitos para isto, mas estranho a ideia de teatro?
— Senhora, ali no Atuba, vou tentar montar um local de show, mas ainda estou estudando a ideia.
— E quer algo maior.
— Eu sou maluco, eu ainda quero ver eles cantando, mas se eles cantarem, quem sabe não
fazemos parte de uma ampliação da apresentação do grupo Lanteri.
— O motivo do coral?
— Eu queria algo mais especifico, mas sei que poucos entendem, mas uma coisa é tentar fazer
algo grande, e conseguir algo de médio tamanho, uma coisa é pensar em algo pequeno e desistir.
— E vem para a aula pensando em tudo isto.
— Tenho de dormir melhor, mas este fim de semana terei ele para descansar.
— Não descansou no anterior.
— Larguei a Banda, que faz shows no fim de semana, para poder dormir senhora.
— E pelo jeito quer agitar mesmo assim.
— Eu sou daqueles que dorme pouco, mas este ano, parece que se amplia a cada dia, faz 20 dias,
que a cada dia, o fim do ano, parece mais longe.
— Precisando de algo, pede, pelo jeito ainda pensando.
— Talvez peça para trocar o espaço do Anfiteatro da segunda para a Sexta.
Me despedi e chego a sala e Carla me olhava.
— Problemas? – Perguntei.
— Tem gente reclamando.
— De mim? – Falei a olhando.
— Não presta Bruno.
— Sempre somos nós que não prestamos, sei disto.
— Certo, foi bom, mas o que faremos, parece ter nos dado ocupação de segunda a sexta, quando
vamos ensaiar.
— Sexta a tarde, talvez sexta e segunda, a tarde.
— E terá tempo para isto?
— Vou tentar transferir as aulas de inglês para terça e quinta, me abrindo mais a quarta feira.
— Pelo jeito está corrido.
— Nem me chamaram de volta ainda, talvez nem me chamem, e sei que não foi apenas a
determinação, alguém me queria fora, e pediu para me tirar de lá.
— E não lhe chateia.
— Eu vou precisar montar uma nova banda, sabendo que posso ter de dar asas a ela antes de ela
amadurecer.
— E pelo jeito enquanto os demais pensam que está nos dando pouca atenção, acha que ainda
não está corrido o suficiente.
Raquel chega a porta e faço sinal para ela entrar, e ela me fala.
— Os nomes são estes.
Pego na pasta uma pilha de autorizações e falo.
— Pede para preencherem e entregarem assinado, a primeira reunião deste grupo será hoje a
noite.
— No teatro no centro?
— Sim, hoje quero ver se terá mais gente no palco que nas vagas da plateia baixa.
— Querendo quanto? – Raquel.
— Cada bip no meu celular, é a confirmação de 5 nomes a mais, então enquanto ele não parar de
bipar, não sei quantos ainda.
— O colégio fechou 53.
— Então estamos próximos de um coral de 300 pessoas, mais o do colégio, quero ele em dois
eventos, o coral Juvenil, e o coral local, ou coral do Colégio Estadual Santa Cândida.
— Porque seria importante?
298
— Não tenho como por um coral de 300 pessoas em um monologo.
— Certo, nos quer em uma apresentação, só não falou qual?
— “A Lei!”, e será a tentação para um personagem, peça toda em inglês, e serei tentado pelas
palavras de São Cipriano e pela lei, e no fim, terei de escolher uma delas.
— Um monologo que poucos vão entender. – Raquel.
— Um monologo para ser gravado, mas não repetido.
— E quer um coral nesta parte?
— Dividir o coral local em dois, e ter 25 pessoas defendendo um lado, 25 do outro, ainda quero a
banda, parece que o pessoas da Nymph and Demons, vai dar para traz, mas seria bom os ter ali.
— E sairia do enfrentamento entre duas ideias contrarias que convergem no Rock como? – Raquel
se mostrando mais entendida do que parecia inicialmente.
— Por Zarathustra!
— Três testos, não dois?
— Comecei a escrever as musicas da banda que tocará Zarathustra hoje, ainda na ideia.
— E todos pensando em coral.
— Se eu conseguir fazer uma peça de coral, com Zarathustra, com 8 canções, de 10 minutos, o
coral da escola já teria um repertorio próprio para cantar.
— Além dos demais.
— Sim, mas para isto, temos de entender o que cada um vai cantar, postura de voz, e coisas
assim.
— Hoje a noite?
— Amanha saberemos se as aulas serão a tarde ou a noite, depende do professor de canto.
— Vai mesmo por um professor de canto nisto?
— Eu quero aprender a cantar, e nada melhor do que um profissional, que ensina a esquentar a
voz, os limites, onde cada nota fica em um coral.
— E pelo jeito vai por todos a cantar. – Carla.
— Não todos, mas como falei, preciso montar uma banda, e para isto, preciso de uma cantora,
não um cantor.
— Pelo jeito alguém lhe dá o fora e vai montar outra banda.
— Tem de considerar Carla, que como você falou, não presto, então não desisti ainda.
— Quer todas mesmo? – Raquel.
— Sabe que sim Raquel.
Ela sorri e sai pela porta e Carla pergunta.
— E vai falar assim abertamente.
— O que falávamos mesmo?
— Que tem gente reclamando.
— Gente é algo aberto demais, nem sei o sexo da pessoa por esta indagação.
O professor entrou, muita gente entrou junto, e sento a ver a aula, sorri, pois quando entrou a
professora de inglês vi ela me olhar e falar.
— O que o aluno Bruno Baptista está aprontando?
— Que saiba não fiz nada ainda.
— Pressão da direção para apoiar na criação de uma peça em Inglês, do colégio.
— Se quiser corrigir o texto, ele já está escrito, apenas temos de ensaiar, e aprender o que falar,
quando.
— Pelo jeito quando falou em fazer, não contou tudo.
— Sei lá, quando o governador do estado, manda lhe dar apoio, parece até que conheço ele.
— E não conhece?
— Vi ele ontem pela primeira vez, e jurava que ele queria me matar ontem.
— E qual a ideia?
— Tem um festival de teatro de língua inglesa, acho que falei isto, no Guairinha, em Outubro,
ensaiar um grupo e fazer a melhor peça do festival.
— Nada menos?
— Eu ainda penso no meu monologo, este teriam de ver com calma, para entender, acho que os
estudantes não vão entender.
— Um monologo?
299
— Sim, com tentações para um menor, o puxando hora para a lei, hora para o texto de São
Cipriano, e ele lendo para sair desta os testos de Zarathustra.
— Um monologo que poucos entenderiam, mas que mostraria seu valor como escritor em inglês,
pois estaria criando um texto a verem e falarem.
— Como falo professora, eu gosto de aparecer.
Ela começa a aula e sei que agora até a professora iria querer saber dos textos, mas uma coisas
era eu encenar algo, outra ter um grupo formado que possa me apoiar no encenar de algo.
Eu queria fazer uma apresentação simples, mas explicativa, de uma conversa, onde teria um
espectro me atormentando, e ele me tenta para um lado, as musicas me tendem a outro, e a religião me
tenta mostrar algo totalmente diferente.
Eu começo a desenhar os cenários, e vi quando a professora pediu para fazer o exercício, eu olho
ele e começo a fazer, eu não tinha pressa ali, e com calma preenchi as respostas do caderno.
A professora para ali, o trabalho era rápido, e pergunta.
— Pelo jeito queria algo mais avançado.
— Semana passada saiu uma determinação do Secretario da Cultura, que me tirou da Cultura
Inglesa.
— A direção ainda esta tentando mudar isto, mas se com formação em letras, e curso de inglês,
eu seria tirada da sala de aula, imagino um menino de todo.
Eu pego o meu livro de mestre e passo para ela e falo.
— Isto que ensinava na turma introdutória do Cultura Inglesa.
Ela olha um tempo, enquanto a turma se batia com o conteúdo e fala.
— Isto é o básico?
— Método de ensino, pode parecer mais avançado, mas tem como objetivo, que a criança
entenda a base da conversa, e a base da escrita, antes de entrarmos em algo mais complexo.
— Isto que dava lá?
— Sim.
— Agora entendo o sentir do marasmo, reclamou deste conteúdo lá.
— Eles estão melhorando ano a ano, mas espero que o governador reverta a determinação.
— Disto que falou com o governador?
— Falei que o secretario dele, que nem fala português direito, ferrou com meu ganha pão.
— E ele ficou bravo.
— Sim, dai falei que quando o secretario da Educação, falasse do problema, ele ouvisse, pois era
serio o problema.
— E acha que revertem, estava preocupada.
— Ainda apenas não é oficial senhora.
— E pelo jeito a ideia que estava trocando era grande.
— Investimento em cultura, o governo atual não quer investir nisto, mas precisa em ano de
eleição, somar na grade de realizações, apoio a cultura.
— E vão inventar o que?
— Maior festival de teatro secundarista do país.
— E acha que vai ser um grande festival?
— O pessoal de outras escolas, vão correr para fazer uma peça, eu quero com o pessoal que
mostrou interesse, contar uma peça para o Festival em Inglês, e 4 peças para o festival em português.
— E não faria o monologo em português?
— Os pais ficariam chocados.
— Certo, falar de bruxaria eles se assustam.
— Mas é uma comparação, as pessoas falam de Deus, Amor, mas a Lei, é a imposição do Deus da
Guerra, São Cipriano, o conjunto de feitiçarias, e Zarathustra, que nunca se responde uma agressão com
outra.
— E colocar as coisas assim, transforma até a lei em algo ruim.
— Não existe nação dominante pacífica, os pacíficos, falam amem as grandes nações.
— E pelo jeito quer mesmo falar isto.
Eu pego um texto impresso, que tinha na pagina do caderno, depois imprimiria outro, e passo a
ela.

300
— A peça do monologo seria isto. – O texto todo em inglês e pego a segunda folha e falo – E este
do grupo teatral do colégio.
Ela para olhando aquilo e fala.
— Escreveu isto?
— Poucos acreditam mesmo.
Ela vai a frente, e passa a matéria, quais as respostas possíveis para cada indagação.
Intervalo e minha carteira parece ficar cercado de pessoas e Adriano fala.
— Entendi errado, ou até a professora de inglês vai apoiar a ideia.
Todos olham ele e Beatriz fala.
— Pelo jeito mexeu os pauzinhos direito.
— Se foi direito ou torto, não sei, mas como estão no curso de teatro? – Perguntei.
— Tem gente querendo entrar. – Carla.
— Pelo que entendi, temos 70 pessoas para tentar fazer algo, então preciso dos nomes, e vamos
por todos na turma de teatro, ter a noção básica, facilita, a maioria nem vai ter isto, então quando falo
que 70 pessoas, dá para fazer 4 grupos, é serio pessoal.
— E faríamos 4 grupos? – Carla.
— 4 atuações, com o uso dos demais como elenco, precisamos as vezes de volume, e uma coisas
é fazer volume com 10 pessoas em uma encenação de carnaval, outra, com 70 pessoas.
— Certo, 4 grupos, mas todos trabalhando em conjunto.
— E apenas um vai a apresentação em inglês, mas podem ir a coadjuvantes nas peças, pois o
governador deve lançar esta semana, no máximo na semana que vem, um Festival de Teatro
Secundaristas, dai neste, participaríamos no mínimo com 4 peças, se as demais querem fazer algo em
inglês, não sei, mas se der tempo, ai sim seria corrido, pois 8 peças, mais um monologo, em 8 meses, é
corrido.
— E não se negaria a isto? – Amanda.
— Quem tem de querer são vocês, pois eu estou pegando vocês emprestados, para destacar o
colégio que vocês fazem parte, e o tornar algo maior.
— E se der certo, o que seria a consequência? – João.
— Quem sabe passaporte para 70 pessoas, e não 20, para fazer pelo menos 4 apresentações, fora
do país como falamos.
— E quer o que com o coral?
— Vou começar com o coral, depois vou introduzindo instrumento a instrumento, e podemos
criar o primeiro, pelo menos não conheço outro, Coral Sinfônico.
— Para cantar clássicos?
— Os clássicos que escrevermos.
— Nada menos?
— Como falo, eu gosto de aparecer, mesmo que eles não me vejam na pessoa ao palco.
— E vai confessar que não namora Bárbara? – Adriano.
— Não faz meu estilo Adriano, prefiro ela.
João sorriu e Adriano fala.
— Acha que pode me destratar.
— Eu levei um pé na bunda, normal, mas nem você e nem eu ganhamos com isto.
— E vamos primeiro aprender sobre teatro.
— Sim, pois se confirmarem, talvez cada grupo, ensaie a peça em duas línguas, ou duas peças,
mas seria 4 cenários a construir, eu pedi para fazer o nosso primeiro cenário, mas 70 pessoas, não dá
para perder todo este pessoal.
Guardei o material e Carla me olha.
— Precisamos repetir Segunda mais vezes.
— Querem destruir comigo.
— Pensei que fosse menos dedicado Bruno.
Sorri, dedicado não parecia encaixar com o que fizemos.
Dai e fui ao intervalo, estranho gente que nunca falei, ir falar que precisavam da autorização dos
pais, e que iria ser passado a eles, um curso de teatro, e que somaria na grade curricular e ainda teriam
a participação em pelo menos dois Festivais.

301
O entregar das autorizações come o intervalo, as vezes é mais fácil coordenar uma estruturação,
do que a fazer acontecer, e parecia que estava somando em complexidade, e não tinha noção de onde
pararia.
Volto a sala de aula, e vi que alguns que não tinham falado nada ainda pegaram as autorizações,
sinal que poderíamos ter mais gente no grupo de teatro, agora com pessoas dos três anos do ensino
médio.
Teria de organizar, e não sabia bem como o fazer ainda, mas o convite a todos, era fazer parte de
algo que poderia mostrar o valor daquela escola para a cidade.
Duas aulas e saio e vou ao restaurante, as pessoas foram as suas casas, menos mal, mas sabia que
nem tudo era flores, me alimento e como alguém que estava na quarta e não sabia o que faria, olho os
recados, talvez fosse hora de mudar de ideia, mas ainda tinha problema em largar ideias.
Vi Peter sentar a mesa e falar.
— Poderíamos conversar.
— Sim, não entendi porque não deu resultado o que o produtor propôs, você não fez nada e
gerou visualizações, e o que ele fez, não nos gerou nada.
— Peter, a sua banda, tem de aprender a tocar, nós ensaiamos cada acorde daquelas musicas,
sabe disto, quando você tira o que eu tinha feito, por birra, e volta a tocar como tocavam antes, é
cometer suicídio.
— Sempre gostei de algo mais pesado.
— Pesado desafinado, fica apenas mais desafinado Peter.
— O meu produtor falou que você está fora da “Bárbara e os Clementes!”.
— Estranho estar fora de uma banda que eu criei o nome.
— E ninguém fala isto.
— Ela me colocou para fora ontem, não deu tempo, Sábado tem apenas mais um show sem que
participe.
— E pelo jeito não se preocupa.
— Se estivesse lá, estaria preocupado, eu estava pensando nas demais musicas, pois não
chegamos a 6 músicas sobre as leis, tinha pelo menos 36 musicas neste sentido, teria mais uma serie de
musicas sobre temas tirados de São Cipriano, para somente depois, sair do tema, mas me colocaram
para fora.
— E pelo jeito tem uma leva de musicas, o produtor falou que teríamos de ter um acordo sobre as
musicas, o senhor Vaz pediu caro e o produtor achou melhor fazer outras.
— As minhas podemos fazer um acordo de uso, mas não sei se querem.
— E não quer fazer parte de uma banda.
— Teria de mudar muito para entrar no que considero pesado Peter, seu baterista teria de ter
braços mais fortes, precisaria alguém no teclado, e pelo menos uma guitarra a mais.
— Eu não lhe levei a serio, o pessoal falou em pensar melhor, mas as vezes nos deixamos levar
por palavras bonitas.
— Mas tem como melhorar, bandas tem de melhorar e não se levarem tão a serio, algumas
começam a se achar muito cedo.
— E toparia falar com nosso produtor.
— Eu falo, mas as vezes tem de alertar, eu sou alguém que fala sem a preocupação se vou
ofender.
— As vezes precisamos, mas vai fazer algo?
— Marca na Iguaçu com todos, hoje tenho de falar com um senhor antes de começar a tarde.
— Vai criar algo?
— Um Coral Sinfônico.
— Para que?
— Algumas subdivisões, algumas participações especiais, fazer um percurso musical, que vá do
punk rock ao clássico.
— Por a cidade no mapa?
— Sim, mas aparece na Iguaçu, que agora começa a correria.
Eu peço um aplicativo e vou ao Agua Verde, e olho o pessoal dos cursos da tarde de teatro e olho
para Paulo na entrada, colocando coisas para dentro.
— Tudo tranquilo? – Pergunto.
302
— Sim, mas esta semana, ainda não fechamos todos os participantes.
— Abre para pessoas normais que queiram apresentar seus textos, ou testá-los ali.
— Vou receber um pessoal, mas se faltar eu convido alguém a tentar uma carreira nova.
— A minha parte cômica, acho que não nasceu ainda.
Paulo sorriu e olha para os rapazes colocarem para dentro peças inteiras de carne, era a forma
mais barata de comprar, mas isto nos gerava alguém que tinha de ter experiência em corte.
Olho o colégio e vou verificar a obra, subo para a parte alta do teatro e Roseli me apresenta a
finalização da cobertura, o terminar de montar da parte da coxia da parte alta, e por fim, começavam a
fazer a parte que daria na parte lateral e ela me pergunta se não queria fazer mais salas pequenas, pois
a altura que saia a saída dava para criar algo a mais, mas não sabia se precisava de mais salas.
Eu olho a ideia e começamos a pensar nela, Roseli viu qual era a base do restaurante ao lado e
falamos em reforçar um dos lados, onde ainda não haviam levantado, e colocar ali, um teatro a mais de
504 locais, no corredor entre os dois de 504, colocar 3 pequenos de 88 lugares, ela falou que quando
terminaram de colocar o teatro de apresentações simples, sobre a área das coxias, ficou com 324
poltronas, somamos as salas e chegamos a 9 salas, com dois mil cento e noventa e quatro locais, em
todos os ambientes.
Sim, era uma mudança para melhor, e não era algo simples de encher, mas era um local para
pequenas e médias produções, as coxias, seu tamanho, estabeleceria onde era o melhor local, pois
embora ficasse com duas salas de 504, uma tinha uma coxia de teatro grande e a outra, de pequeno,
então eram variações que nos fariam escolher para onde colocar a peça.
Saímos dali e fomos a área sobre o estacionamento e vi a armação do que seria minha casa,
assustador algo tão grande e ouvi.
— Não entendi porque algo tão grande, basicamente é como ter 50 casas dentro de uma casa
maior.
— Sei que isto é algo diferente, e não tenho como saber se é loucura ou necessidade, mas prefiro
que sobre espaço, a falte.
— E teria como faltar?
— Sim, mas isto pensamos com calma, acha que a prefeitura nos daria alvará para algo assim?
— Acho que sim, esta mudança muda as paredes laterais, mas acredito que dê para verificar isto
depois com calma.
— Verifica, esta parte está ficando incrível.
— Você e Pedro constroem coisas gostosas de construir.
— E como está o litoral?
— Mudando por completo.
— Pedro Rosa está assinando seu tamanho, eu me oculto ainda muito.
— Sua mãe parece melhor.
Dali dava para olhar a casa, sobre a estrutura total, do teatro ao lado e falo.
— Construo uma casa destas e sou capaz de morar naquela dali.
— O local tanto aqui como lá vai ficar incrível.
— Acha que a pedreira em Floripa fica pronta quando?
— Final de Setembro.
— Bom, tenho de começar a pensar nos eventos lá.
— Soube que queria uma pedreira na região de Curitiba também.
— Atuba tem uma que eu queria, mas não sei se eles me vendem ela.
— Certo, sabe onde quer as coisas.
— Entrada da cidade, local isolado, de difícil acesso, as vezes queria algo mais fácil, mas não
pensei em algo ainda.
Desci e vi que estavam erguendo as estruturas, daqui a pouco começariam ir aos acabamentos,
mas ainda eram apenas estruturas.
— E pretende mudar algo nestes lugares?
— Não sei ainda, melhor deixar assim, se formos refazer, vai ser total, não parcial.
— Certo, estruturas básicas, mas pelo jeito ainda pensando no projeto.
— Sim, ainda não defini com Paulo o que cada local vai oferecer, queria algo diferente em cada
local, para as pessoas, mudarem de local, experimentarem algo diferente e poderem variar o prato.
— Algo a atrair as pessoas a comerem por aqui quase a semana inteira?
303
— Comer e se divertir por aqui quase toda semana.
— Certo, outra coisa Bruno, fizemos o teste acústico, abrindo ao fundo, o ruído sai um pouco, mas
fica nos decibel que nos é permitido, mas temos de tomar cuidado.
— As vezes ampliar não facilita, sei disto.
— Ainda não usamos, então as pessoas nem viram a mudança, mas quando fizermos vai mudar a
dinâmica do local.
— Sei disto, mas é para melhorar o ambiente, eu as vezes acho muito fechado alguns lugares, mas
sei que no inverno, nem vamos abrir a parte externa.
— Ambientes para quando for esquentando.
— Ou ficar muito cheio.
— E como está o resto, soube que levou o fora estes dias, teve gente que ficou preocupado.
— Quem?
— O pessoal em geral, Paulo por ver que você tinha planos altos para a banda, Dalton pensando
que reduziria os pedidos de cenário, o pessoal da iluminação, que parte foi dispensada.
— Tenho de falar com eles, sei que eu penso em um show, mas se estão já tirando a luz, não
posso fazer milagre para eles.
— As vezes é custo.
— Quando para não se reduzir custos próprios, se sacrifica o show e ainda põem terror até em
quem fica, a qualidade cai.
— E vai fazer o que?
— Daqui a pouco vou falar com um senhor sobre uma ideia maluca, que nem sei se é possível
realizar.
Roseli sorriu, eu desci e vi aquele senhor na entrada do curdo de teatro, me apresentei, vi a cara
de entrei numa furada, e convidei ela a conhecer o local, chegamos ao teatro, isto mudava a forma que
as pessoas olhavam o local, e olhei para cima, se ouvia o barulho da obra acima, então teria de ver se
colocaram o isolante sonoro, ou se o isolamento era suficiente.
— Senhor, sei que deve estranhar a proposta vinda de uma criança, pois sei minha idade.
— De quem é este local?
— Da família, mas este não é o maior, lhe mostro como está ficando o superior.
Saímos dali e subimos, e o senhor olha que estavam colocando a proteção sonora no chão e o
ruído dali era milhares de vezes maior do que se ouvia na parte baixa, fomos a coxia e ele viu que era
imensa e pergunta.
— Qual a ideia?
— Criar um Coral na cidade, a ideia veio porque no colégio que estudo, no Santa Cândida, surgiu
um grupo de 50 pessoas que queriam fazer parte de um coral, mas precisamos de alguém que entenda
de vozes, que entenda de organizar isto, formamos a ideia, pois eu queria fazer um monologo, em
inglês, e queria uma parte quase sacra, quando das tentações do personagem, mas quando terminamos
de falar com os amigos, o coral tem quase trezentas pessoas querendo participar e não sei se servem
para isto, se a ideia é boa ou ruim, pois de coral, apenas gosto, não entendo.
— E teria a estrutura daqui para dar estas aulas?
— Sim, estrutura, se precisar de material, nem sei o que precisa para algo assim.
— A parte de baixo já está pronta?
— Sim, esta parte deve ficar pronta em Abril, e o terceiro, que terá o tamanho destes, no final de
Maio, inicio de Junho.
— Serão três teatros no local.
— Tem salas menores, que é mais para apresentações simples, mas ai as coxias estabelecem
como peças simples, mas serão dois teatros de 504 lugares, um teatro de 324 lugares, o abaixo com 280
lugares, uma sala ao fundo do terreno com 210 lugares, na parte que vai para o teatro ao lado, em
construção, terão 3 salas de 88 lugares, e na entrada do teatro abaixo, tem uma sala de 108 lugares que
dou a aula de oratória.
— Nove espaços, é o que está falando.
— Sim, e nem sempre estarão todos ocupados, é que a ideia, é o espetáculo ser feito no melhor
espaço para ele.
— Dizem que tem um clube de comédia ao lado.
— Sim, ali também tem um pequeno palco, ele somaria o 10º palco.
304
— É da mesma organização?
— Sim, é da mesma organização.
— E vocês querem montar um novo Coral?
— Sim, queremos.
— E este pessoal, posso conhecer.
— Devem estar chegando ainda.
— E tem intenção de qual caminho tomar com este coral?
— Depois que forem um coral, quero apresentar o que acredito fosse a primeira peça de
apresentação do coral.
— Algo especifico?
— Algo cantado em inglês, mas com vocais extraídos de uma musica que começou a ser composto
agora.
— Quer um coral para peças exclusivas?
— Exclusivas até a primeira apresentação, depois verificamos outras ideias, mas preciso saber se
tenho um coral ou um amontoado de pessoas.
As pessoas foram chegando e vi ele fazer elas aquecerem as vozes, e depois verificar o tom que
cada uma delas alcançava, ele parecia reconhecer isto tão naturalmente, que começava a ter ideia do
que seria aquele coral.
Após as 3 primeiras horas, perguntei que horário ficaria melhor para ele, que falou que o ideal
seriam duas turmas, pois 300 pessoas era muita gente, então ele achava bom, uma turma na segunda e
quarta, uma na terça e quinta e todos na Sexta, para terem noção de conjunto.
Dividimos as moças e marcamos com elas, seria um grupo no dia seguinte e todas na sexta, mas
que serviria para ele testar melhor cada uma delas.
Quando a maioria sai, o senhor me olha e fala.
— Um super coral pode ser feito rapaz, mas não sei o que quer que elas cantem.
— As vezes fico tímido para mostrar algo incompleto.
— Não seja bobo, nitidamente você coordenou esta reunião, e juntar 300 pessoas em uma ideia
assim, é incrível, pensei que ninguém mais se interessava pelo canto harmônico.
Eu vou a coxia e pego o meu violão e falo.
— Eu sei que minhas ideias distorcem o que as pessoas pensam, mas é que não sei pensar na
caixa.
— Certo, mas qual a sua ideia?
— Não sei se existe, mas queria o primeiro coral harmônico que conheço, que cada pessoa fosse
parte da voz, e de um instrumento, seria uma orquestra, coral, e que canta peças novas, não diria
modernas, mas novas, desenhadas de forma a ser um repertorio próprio.
— E pelo jeito não tem a firmeza da criação.
— Eu não sou bom em instrumentos de sopro, mas eu sei o que quero.
Eu ligo o som, e com o violão, toco a introdução, depois explico as entradas de flautas,
violoncelos, harpa, os tambores anunciam e o coral canta, eu pego a pequena letra até agora escrita e
com minha voz canto o pequeno trecho.
Eu olho o senhor que fala.
—Está querendo uma peça de musica clássica com coral, criada por você, olha que a pretensão é
grande, mas não posso dizer que não seja corajosa, você convenceu as moças, e agora busca quem
possa transformar isto em musica harmônica.
— Sim, e não tive tempo de gravar o básico do piano, das cordas e da bateria para se ter uma
noção do que quero.
— Tens noção de musica, se der, seria bom você participar do treino das vozes, as vezes temos de
treinar um pouco para acharmos o nosso tom, vejo que tem potencia de voz, e sabe escolher as
palavras, parecem palavras realmente escolhidas para o canto.
Sorri ainda sem graça, não tinha tanta segurança no que eu fazia, e sabia que os rapazes da banda
estavam ao fundo.
— Mas gosto também de barulho.
— Tem uma banda barulhenta pelo jeito.
— Fui colocado para fora de uma ontem, hoje estou pensando em interferir em outra.
— Vou pensar no que ensinar, pelo jeito você que comanda as coisas, embora seja novo.
305
— Eu consegui os recursos ontem para montar este coral, elas ainda não recebem para participar,
elas ainda estão pensando se isto vai dar certo, mas ouvindo elas, pela primeira vez, achei possível que
desse.
— E escreveu esta nova peça?
— Ainda apena a primeira parte, os 10 primeiros minutos.
— E quer quantas partes?
— 8 partes de 10 minutos, mas quando falo em orquestra, é que parte é tocado, parte é cantado.
— Certo, e quer algo mais?
— Sim, sempre dizem que se eu puder por um cenário, eu coloco, e realmente, se eu pensar em
um cenário, eu coloco ele.
— Algo haver com a peça.
— A peça tem um nome conhecido, mas talvez seja a minha forma de ver algo assim.
— Qual o nome da peça?
— Assim falava Zarathustra..
— Vai mais para que lado?
— A parte filosófica da obra, e depois com a parte que é apenas do meu colégio, quero ver se
podemos dividir em dois pequenos corais de 25 pessoas, e cada qual cantar algo para uma peça, um
monologo, onde as ideias são cantadas, enquanto o personagem é atormentado pelas ideias.
— Escreve peças teatrais também?
— Eu pensei neste lugar para poder atuar, mesmo que apenas para mim.
— Gostei de você rapaz, alguém que tem um objetivo, mesmo que estranho de vida, mas dentro
da cultura.
— Outra coisa que acho difícil, para o senhor.
— O que?
— Ensinar um cantor de rock, que tem voz, mas insiste em cantar tudo errado. – Falei vendo Peter
chegar.
— E de que banda seria este cantor que canta tudo errado.
Eu olho Peter e falo.
— Peter, este e Ronald, professor de canto, acho que precisamos acertar sua voz.
Ele olha o senhor e fala.
— Ele sempre reclama da minha voz.
— Estou aqui para ouvir, as vezes é apenas um acerto, as vezes aprender a respirar, as vezes, usar
a parte certa da garganta para cantar, é técnica, sei que alguns acham que não precisa, mas se o seu
amigo acha que precisa, e é alguém que quer fazer um coral sinfônico na cidade, eu ouviria ele.
Peter me olhou e falou.
— Sabe que renegamos as suas musicas.
— Como falei, o grupo tem de ensaiar, não é sair tocando tudo desafinado.
— Os rapazes querem que ajude, o senhor que nos agencia está chegando ai, e não sei, parece
que estamos voltando a escola.
— Ajeita os instrumentos, já conhecem a casa, vamos passar os acordes e as letras direito, e
tentar acertar o que está errado.
— Você faz parecer fácil. – O baterista.
— Tem uma bateria completa no fundo, tem instrumentos que eram meus que acho que “Bárbara
e os Clementes” ainda não deram falta.
— E pelo jeito não vai pedir para voltar.
— Meu problema é pessoal ali, mas primeiro tenho de resolver isto para depois ir a frente
novamente.
O senhor ficou ali e fiz os rapazes afinarem os instrumentos, depois passamos a musica “Genro”, e
fiz Peter cantar.
Terminamos e vi o senhor subir no palco e dar dicas de canto, por onde o rapaz teria de cantar.
Ele ensaiou pedaços da musica, tentamos mais duas vezes, o senhor acertou mais dois detalhes,
agora de respiração, ele perdia todo folego para a frase final.
Estávamos começando a mesma musica de novo quando aquele senhor entrou e cumprimentou
Ronald, que estava ouvindo ainda, terminamos a quinta passagem da mesma musica, e Ronald subiu e

306
pediu para ele tentar inverter a sequencia de respiração e voltou a sentar, passaram a musica mais uma
vez e vi que o senhor olha para mim e fala.
— Deve ser o Bruno que eles falam.
— Bruno Baptista?
— Guitarrista da “Bárbara e os Clementes!”
— Era, me trocaram, mas autor da musica que eles acabaram de cantar, e de “Casamento”,
“Morremos Juntos”, “No escuro da Noite”, “Devolve” e “Prisão”.
— Aquele empresário de vocês, pediu muito caro para usar as musicas.
— Não sei quanto ele pediu, mas ceder sem ganhar nada, também não dá.
— Ele queria 20 mil por musica e mais 10% dos shows.
— Ele não me falou isto, mas tem de saber se quer produzir eles, pois sem musica, eles não
conseguem nada.
— E nos liberaria o uso.
— A pergunta é se querem e quanto querem pagar, pois desculpa senhor, eu sou uma criança e
não acho 260 mil reais caro pelas 13 musicas que eles estavam ensaiando, e não pediríamos para eles o
valor em dinheiro, descontaríamos em shows.
— Achei que eles tinham algo bom.
— Eles não tinham nem o nome da banda antes.
— Vai dizer que escolheram o nome da banda.
— Eu escolhi, pois eu tinha a letra de “Genro”, e sempre achei legal o fato de “Sons-in-law” em
inglês, poder ser Filhos da Lei, e ao mesmo tempo Genro.
— Esta parte eu achei genial, mas eles tocam muito mal.
— Primeiro ponto, afinar os instrumentos, segundo, o que estamos fazendo, ensinando Peter a
cantar, dai vamos ter de fazer eles praticarem senhor, mas o preço pelas musicas, eu pagaria do meu
bolso se fosse o caso de os querer agenciar.
— Eles cantam muito mal.
— Então que tal encerrarmos aquele contrato por bem? – Falei olhando o senhor, não Peter, que
deveria estar com uma cara de bunda.
— Eles são muito imaturos, mas acho que me iludi com os vídeos bem feitos, esqueci que hoje
estrutura faz toda diferença, ouvi eles tocando aqui e parecem outra banda.
Olhei para os rapazes e perguntei se estavam de acordo.
Eles não tinham opção, o senhor não os quis usando as musicas e eles não tinham além de uma
musica.
O senhor assina o destrato, e passo uma copia para Vaz, se daria para verificar a legalidade
daquilo e dar encaminhamento, e o senhor me olha.
— Tens advogado?
— Roberto Vaz.
— O melhor advogado da cidade?
— Bárbara é sobrinha dele senhor.
— Certo, vocês estavam em um projeto maior, mas não sei o que vai fazer com estes ai.
— Vou ter de refazer tudo, mas com calma recomeçamos.
O rapaz saiu, e a primeira coisas foi perguntar a senha da conta deles no Youtube, mudei a senha
e coloquei de novo, as musicas que eram de minha autoria e a que era deles.
— Vai nos por em ativa novamente.
— Sim, e vou perguntar para Bárbara se podem usar a musica que cantam com ela, e as musicas
que ela fez.
— Não brigaram?
— Terminamos por bem, ela tem medo de minhas ideias.
— E quem não tem.
Ouvi o senhor ao lado rir e ele se despediu.
— Hoje não tenho ainda aqui o cenário que usávamos, mas vamos melhorar iluminação, vamos
melhorar os acabamentos das musicas, e vocês tem de praticar as musicas.
— Fizemos burrada aceitando o primeiro que nos acenou milhares de reais.
— Dinheiro não nasce em arvore.

307
Bárbara nega as musicas então começo a pegar meu caderno e com calma, falamos sobre as 15
musicas que fariam parte do repertorio da banda, e começamos a tocar elas pela primeira vez, e quando
Peter desafinava eu pegava no pé.
— Pelo jeito ganhei uma segunda mãe.
— Acho que você não canta isto para sua mãe, ela lhe daria uma surra se cantasse desafinado
assim para ela. – Falei.
— Mas os agudos são difíceis.
— Calma, vamos por uma cantora para os acompanhar.
— Vai somar alguém na banda? – Peter.
— Tem muito marmanjo, tem de ter um rosto bonitinho.
— E vai impor isto?
— Se quiserem uma segunda guitarra, as vezes, me chamem.
— E vai nos apresentar a nossa cantora nova quando?
— Não falei com ela ainda.
— E ela canta bem?
— Ela deixou de cantar depois de começar a namorar o rapaz que parece que acabou com ela
estes dias, mas temos um problema.
— Um?
— Ela também se chama Bárbara.
— Bárbara do que? – Peter.
— Silva.
— Das “Marginais do Lange!”
— Conhece?
— Sim, e quer ela cantando na nossa banda?
— Quero falar com Sonia, a guitarrista da banda dela, e a Ritinha do Teclado, vocês precisam de
volume de som.
— Quer somar 3 pessoas na banda, mas vai ficar grande demais.
— A escolha é de vocês, mas estava pensando em fazer um trabalho conjunto dos Your Sons-in-
law com as Marginais do Lange!
— Algo a somar no som, não obrigatoriamente fazer parte da nossa banda?
— Cada coisa a sua vez, elas nem aceitaram ainda, e juntos, poderiam criar um nome, que
representasse vocês cantando juntos.
— Certo, e quando vai nos apresentar a elas?
— Devem estar chegando ai.
Peter sorriu e fala.
— Nos livra do empresário, nos gera um novo repertorio, pois parte do anterior não podemos
usar ainda, e pelo jeito, nos quer em algo melhor.
— Sim.
Barbara chega com as meninas, pensei que a segunda Raquel da minha vida não viria, e veio,
estava mesmo perdido.
Bárbara me dá um beijo e fala.
— Temos de conversar mais serio qualquer dia.
— Mais sério?
— Sabe que quero mudar aquela posição.
— E acha que as meninas topam a ideia?
— Viemos ouvir, Raquel falou que não tocaria com os rapazes ai até ouvir que você que estava
convocando.
Olhei Raquel e falei.
— Como está Maluca?
— Eu não entendi o que quer fazer?
— Reerguer a banda de vocês, dois Hits, 8 musicas, não dá para ficar nisto.
— Dois Hits, quem te ouve acredita, mas nem no nosso bairro se toca nossas musicas.
— E querem sair do bairro para a cidade primeiro?
— E para isto cantaríamos o que?

308
— Quero por as duas bandas a ensaiar, e a cantar, e se me permitirem fazer os arranjos musicais,
começamos a mudar a dinâmica de cada musica, acho que temos dois potenciais hits, nem sempre
acontece mas não dá para se negar a tentar.
— E acha que teríamos algo a nível de “Bárbara e os Clementes!”?
— As vezes as pessoas escolhem caminhos, e não sei, mas parece para mim, que se teremos 3
bandas da cidade chamando atenção, eu quero toda atenção.
— E porque acha que Bárbara Vaz mudaria de posição? – Peter me olhando.
— Ela pode estragar a ideia e não mudar de posição, mas dai eu não posso fazer nada.
— Certo, mas acha que ela mudaria de ideia referente a que?
— Quem sabe os liberando a cantar as musicas que ensaiaram, quem sabe me permitindo
terminar o que estava fazendo, pegando rascunhos de letras com notas e transformando em musica de
verdade.
Bárbara me abraça e fala.
— Sabe que cantamos em inglês.
— Tem de melhorar este inglês, sabe disto.
— Sei, sempre pegou no meu pé nesta parte.
— Querem avançar a nível de letras?
— Como? – Raquel.
— Vocês não se denominaram por nomes, e sim por palavras soltas, “Maluca”, “Sex”, “Energia” e
“Sedutora”, palavras que me indicam 4 musicas que ficariam melhor na língua da escolha, somando 4
musicas, para iniciar o primeiro trabalho autoral total.
— Mas não queremos cantar em português.
— Não falei em cantar em português, mas que ficaria mais autentico ficaria.
— Algo a nos apresentar?
— Sim, em inglês falando, “Nossa Maluca é Raquel”, “Nossa Sex é Sonia”, “Nossa vocalista é a
Sedutora Bárbara!” e “Ninguém segura a Energia de Ritinha!”.
— Transformando a banda em algo explicativo?
— Iniciar com algo que some 4 musicas, em uma entrada, e dai começar a cantar as musicas.
— E nos levaria para que lado nas letras?
— Não sei, eu estava relendo letras antigas, que nunca tinha musicado, pois estava pensando em
um novo caminho.
— E leu quais delas? – Bárbara.
— As baseadas em São Cipriano e em Zarathustra.
— As letras malucas de Bruno? – Ritinha.
Sorri, estranho conhecer as pessoas e falei.
— E quero marcar um show pra fim de semana que vem, no campo do Estadual.
— Algo para chamar todo o pessoal? – Bárbara.
— Lançar, ter as imagens, e começar a mostrar as pessoas o peso das musicas.
— E porque quer duas bandas? – Raquel.
— Eu estou convidando as duas bandas a ensaiar, para fazer parte do meu monologo no festival
de musica em Inglês.
— Não cantamos em Inglês? – Peter.
— Hora de cantar pelo menos 6 musicas.
— E nos quer no palco numa peça?
— Vocês, e dois corais, mais eu e um cenário assustador.
— E pelo jeito enquanto nos convida, faz planos para outubro.
— Sim, tinha convidado outra banda, e levei um chute na bunda.
— Sacanagem tentarem estragar este bundinha. – Ritinha sorrindo.
Peter me olha e fala.
— Pelo jeito teremos de ensaiar.
— Sim, as peças e coisas aqui, são geralmente a noite, então tem manha e tarde, com 9 espaços,
entre pequenos e grandes, Livres.
Eu passei uma mensagem para Roseli, eu acabara de mudar de ideia, e as vezes, isto assustava as
pessoas.
— E qual a ideia?
309
Começamos por passar as musicas que conhecia de Marginais do Lange, elas veem que queria
mudar o arranjo inicial, e a pegada da bateria, somar algo a mais.
— As vezes acho que o teclado some. – Ritinha.
— Sim, quer ver algo que chegou hoje, que iria usar em outra banda, e acabou no quase.
— Se tem surpresa.
Eu subi no palco e puxo para o fundo do palco aquele imenso órgão musical, e ela chega perto e
pergunta.
— Funciona?
— Tem de aprender a usar.
Ela senta em um banco que corria junto com o grande Órgão e começa a tocar, era
assustadoramente mais alto.
— Terei de Gritar. – Bárbara.
— Para isto tem pontos nos ouvidos e volume no todo.
— Algo a mudar a dinâmica.
— Temos Violoncelo Elétrico, para se tentar algo.
— Mudar a dinâmica até do som.
— Quando se fala em baixo, todos usam, mas se você tiver um Órgão, um violoncelo, uma bateria
distorcida, um coral de fundo, com cantigas paralelas, um cenário, transforma o que era um projeto
pequeno em um espetáculo, quem compra quer um espetáculo.
— E não acha muito?
— Muito seria se fizéssemos sucesso, a ideia de alimentar algo, um ano, era encher a pedreira
com o show da “Bárbara e os Clementes!”, pior que estava montando uma ideia, e nem pensaram nisto,
talvez faça com mais gente, com mais atrações.
— E não parece feliz com isto?
— Eu não sou de ser feliz, sabe disto Bárbara.
— E vamos cantar o que mais.
Apresentei para elas a letra de algo que traduzido seria mais ou menos isto.
“Ahura Mazda

Falam em sua dualidade


Cantam e mentem sua dualidade
Triste do homem
Que não entende,
Que não existe dualidade
Que quem cria,
Também destrói,
Quem come destrói,
Quem respira, cria,
Triste do homem
Que faz que não entende
Nos Gathas aprendemos
Que as mãos a Ahura Mazda
São Ormuzd e Ahriman
Triste do homem
Que se faz de cego
Pregando a pureza, como caminho
Nos somos monistas
E nos tacham de politeístas
Somos servos de Ahura Mazda,
E não vou discutir isto
Mas triste do homem
Que denigre outra cultura
Para se achar especial.”
Começamos a passar nota a nota, colocamos no tele ponto a letra e começamos a ensaiar, ao final
do ensaio, olho Rita e pergunto.
310
— Suas irmãs estão fazendo algo?
— Querendo mudar a banda?
— Não, mas precisamos de um coral de apoio, tem letra que a Bárbara tem de respirar.
— Certo. – Olho Raquel e pergunto.
— Suelen ainda toca bateria?
— Sempre querendo mexer nas coisas.
— Sim, sempre.
Todas se olham e Bárbara fala.
— Tenho de decorar direito, pelo jeito não quer algo sem significado, quer novamente provocar.
— Zaratustra seria aproximadamente de uma época que as religiões nos colocam quase como
animais, entre 3 e 5 mil anos antes de cristo, se ler o pouco que sobrou do original, parece que as
demais religiões seguiram o mesmo caminho.
— Mas não vai por este caminho.
Sorri e começo a mostrar a segunda musica, esta tinha acordes em Órgão e guitarras gritadas,
com um baixo e uma bateria bem pesada que fiz, precisávamos de uma menina na bateria, “Moscas da
Praça Publica!”, depois cantamos “Víbora”, e terminamos a noite, cantando “Dadivosa”, todas musicas
em inglês, e com arranjos pesados, e vi Peter me olhar.
— Tem um arsenal de ideias perigosas.
Sorri, era tarde, e mesmo com insinuações, eu precisava descanar, e ninguém da Cultura Inglesa
me ligou.
Um banho, ajudo minha mãe no curativo, e depois de conversar cair quase sem forças a cama.

311
Acordei cedo e pesquiso trechos das Gathas, as pronuncias, o que poderia
gerar canções, eu não queria pouco, queria entrar em um novo desafio, e isto
parecia me tirar da cama, mesmo com o corpo cansado.
O café esquentava e dedilhava alguns textos meus antigos, pensando em
como os musicar, e entre eles estava “Virtudes”, “Além Vida”, “Inferno
Interior”, “Paraiso Interno”, estava pensando e com o violão quando minha mãe
me olha e fala.
— Pelo jeito não sabe como parar?
— Eu acho que semana que vem, as coisas começam a se ajeitar.
— Dizem que está enganando um monte de gente filho, não faça como seu pai.
— O problema mãe, é que sou imaturo, estranho ter três Bárbaras atravessadas na minha vida,
pior, quem olha parece que sou um garanhão, sou apenas o Bruno.
— Mas se cuida filho.
— Estou cuidando, mas estas musicas são mais leves, e tem uma saída interna, e não sei ainda
qual a ideia, mas dentro de mim, Deus é um só, mas ele não é bom e nem ruim, ele pode se denominar
com a direita, Deus da Guerra, com a Esquerda, Deus da Evolução, mas as vezes, parece ter mais
evolução na guerra, e mais guerra na evolução.
—E está escrevendo sobre isto?
— Sim, mas estou criando a parte gostosa, depois vem a parte de repetir varias vezes a mesma
coisa.
Pego o meu material escolar, desço e pego um material na gráfica, coloco o meu pedido de
reserva de espaço, no teatro baixo, na sala que dava oratória, e de pelo menos duas turmas de 40
pessoas, para o curso de teatro.
Estranho estar saindo correndo após isto, e pega o ônibus, pois a cabeça a toda, e para no ônibus,
coloco o fone e começo a ouvir o que havia dedilhado e vou anotando em cada uma das 4 musicas o que
poderia ser feito junto.
Estranho tentar produzir, era anotar apenas sons, que eu sonorizava sem ver se alguém estava
prestando atenção em mim.
Chego no colégio, hoje com uma bolsa a mais, e ali estava o material do curso de oratória e do de
inglês, passo na sala dos professores e deixo uma amostra para a professora, que não sabia nem se iria
naquele dia.
Eu entro na sala, sento e olho as confirmações no celular, eu teria nitidamente um domingo fora
da caixa, estranho como um grupo que sabe me dever por mérito, não me considerar do grupo, as vezes
parecia que eles queriam mesmo é o sangue de alguém para sentirem-se os especiais, os escolhidos.
As vezes eu duvidava até da condição de escolhido, e isto me colocava tentando me achar
especial, e não era algo fácil de enxergar em mim.
Carla chega e senta-se na carteira a frente e vira-se para o fundo.
— Não entendi a ideia do teatro.
— Sei disto, mas é que as vezes corremos tanto, que nos perdemos um pouco.
— E acha que conseguimos fazer o que pensou.
Eu pego o material impresso e passo para ela.
— As falas de cada parte da peça.
— Todos achando que você vai parar, está fechando a ideia.
— Eu tenho de considerar que a ideia era ter perto de 20 participantes, eu achava que
conseguiríamos 15, o que dava para fazer a peça.
— Certo, e terminamos em quanto?
— Estamos com 76 pessoas, estou pensando de 3 grupos de 19 pessoas, e começo a pensar na
peça que apresentaremos no segundo festival, e se confirmarem o terceiro, vamos fazer uma peça para
este terceiro festival.
— De quais está falando.
— O Festiva de Teatro de Peças em Inglês do Guairinha, o Festival de Teatro Secundarista do
Estado, e o festival de Teatro Infantil do Teatro Guaíra.
— E vai tentar pensar em 9 peças?
— 12. Alguém tem de criar algo também, porque tudo eu.
312
Carla sorriu e falou.
— O fominha aqui é você.
— Muita fome, mas nem tanta assim.
— E vamos ter algo como segunda quando?
— Não sei ainda, quem sabe entre sexta e sábado.
Ela sorri, aula começa, as matérias eram sempre repetitivas, eu tinha a sensação de já ter
estudado aquilo e passado com media 8 na maioria daquelas matérias.
Três aulas e começavam a acalmar, mas era apenas confirmação de agitação a tarde.
As vezes olho em volta e parece que tudo estava fora do lugar, e quando sento ao intervalo, vi
que Raquel, e mais 6 moças da turma do segundo ano param ao lado.
— Vamos cantar hoje? – Raquel.
— Sim.
— Aquele professor é bom.
— Espero que as transforme em um coral para valer.
— Estava praticando em casa e minha mãe perguntou se estava bem, ela estranhou.
Sorri, alguém sem assunto tentando puxar assunto, é sempre algo a sorrir.
Terminamos de passar a cada pessoa a autorização, e começávamos a ter autorização de pessoas
de ir a aula do coral, e gente autorizada a ir a aula de teatro.
Peter para ao lado de Raquel e fala.
— Aquilo vai dar trabalho.
— Se o empresário de vocês, não os colocou para ensaiar, ele viu vocês desafinados e pensou,
entrei numa fria.
— Mas o devolver das suas musicas ao canal, fez pelo menos, ter alguma visualização.
— Teve um pedido de strick na pagina de vocês, e respondi educadamente que como autor da
musica, anexei o registro, produtor da musica, e dono do local, não entendo como alguém pode pedir
strick da minha musica.
— O senhor Vaz?
— Sim, ele não tem noção do que foi criação da filha e o que foi minha criação.
— E acha que algumas musicas voltam?
— Todas, e se eles fizerem de novo, alertei do senhor Vaz, que posso pedir para tirar minhas
musicas do canal da banda da filha dele.
— As vezes eles acham que você vai se apequenar.
— A vantagem do pequeno, é que sei cada linha que escrevi, quando estiver aos meus 50 anos,
talvez não lembre de tudo que fiz.
— E vamos tocar coisas diferentes hoje?
— Sim, Vamos hoje de “Cátedra da Virtude”, “Guerra e Guerreiros”, “Pregadores da Morte”,
“Castidade”, “Criança do Espelho” e “Canalha”, e tem uma a mais que posso terminar enquanto vocês
ensaiam, que é “Tarântula”.
— Vamos mudar todas as musicas?
— Se não deixam nós usarmos algumas, vamos usar outras!
— E pelo jeito estas são diferentes.
— Quero ver se depois da aula de canto, algumas meninas topam fazer a parte do fundo, quero
começar a montar algo estruturado.
— Porque disto? – Raquel.
— Porque acabo de pedir permissão para montar um palco no Estadual dentro de uma semana e
dois dias.
— Quer nós lá? – Raquel.
— Eles vão erguer o palco, e vamos colocar lá o cenário, se alguém acha que entendo o que
vamos fazer, não entenderam nada, é uma festa, e com certeza vai atrair muita gente.
— Um show que não receberemos? – Peter.
— Tem de considerar que temos de ter o que vender, mas o cache que vocês cobravam, este eu
consigo que paguem.
— Aquele valor não dá para nada.
— Então se dediquem, é para ter convites para tocar em outros lugares.
— E vamos cantar pelo jeito quando?
313
— Sábado a noite, Live, transmitido ao vivo!
— Não podemos desafinar.
— Não, e dá tempo de terminar o desligar de vocês do empresário que não entendeu o poder de
vocês.
— As vezes acho que você acredita mais que nós. – Peter.
Sorri, eu sabia que teria de lapidar, mas estava tentando por duas bandas para tocarem minhas
musicas, e isto nem sempre era compreensível a todos.
— Porque algumas musicas parecem estranhas.
— Peter, uma frase como “o joio quer chamar-se Trigo”, é algo a ser cantado assim como “Minha
ventura é louca e apenas dirá Loucuras!”.
— Você põem frases que parecem fazer sentido, mas somadas, parecem a parte uma da outra.
— Sim, mas é que historias contadas, cortadas, ficam estranhas, mas a ideia, frases faladas
inteiras, e historia dúbia contada.
— Não quer a compreensão?
— Quero que cada um tenha uma compreensão.
— E quem quer cantando?
— Eu quero vocês e as “Marginais do Lange!”.
— Show de quanto tempo?
— Uma hora e pouco de cada.
— Acha que alguém vai ver?
— Se tiver ou não gente lá, vai parecer ter muita gente.
— Certo, você quer as imagens.
— Sim, vamos gravar por 5 câmeras, vamos transmitir ao vivo, e vamos gravar, vamos somar as
gravações que já temos e vamos fazer, criando um ambiente profissional em cada musica.
— Nem somos do Estadual, nem sei qual a receptividade.
— A recepção é para ser de boa, mas tem de ter sangue frio.
— Certo, quer por quantas pessoas neste show.
— Não sei ainda, pode ser que tenha só 500 pessoas, e já seria muito bom.
— Certo, mas pode ter mais.
— A ideia é gravar, e ver como vocês estão, não adianta tentar vender o que não está bom.
O sinal acabou com aquela conversa, entrei e Carla me olhava.
— Não tem feito parte da turma de teatro.
— Sei que tenho de dar um jeito em meu horário.
— Voltou a falar com Peter?
— Quero ele me gerando dinheiro.
— E ele nem sabe disto.
— Ele sabe, mas para vender algo, tem de estar bom.
— Certo, e não está bom ainda.
— Tenho que remar contra a preguiça deles.
— Pelo jeito todos falam que eles vão arrasar e acha que não.
— Eles vão arrasar, mas para isto, tem de ensaiar, eu quero eles ensaiando diariamente, por 9
dias, para colocar eles em um palco, e ver o que tenho de melhorar.
— E pelo jeito vai por eles numa fria.
— Não, vou usar eles como entrada de uma banda de garotas, que ainda tenho de dar um jeito.
— Por quê?
— Porque quem faz o teclado, faz a bateria, então falta alguém ainda na banda.
— E vai interferir.
— Sempre.
— E vamos ensaiar quando, com você?
— Amanha vamos fazer um ensaio longe dos demais olhos.
— E acha que vamos conseguir.
— Temos tempo para ajeitar as coisas.
— Não entendo toda a sua ideia.
— Quando se fala em “Marginais do Lange”, não fala-se que a vocalista da banda, fazia cover da
Ivete antes.
314
— E o que isto tem de importante?
— Temos de ter alguém sobre o trio elétrico no inicio da nossa peça.
— Alguém puxando algo, e dando o clima.
— Ela fazia cover de Ivete em inglês.
— E ela sabe que vai fazer parte?
— Não, mas isto com calma resolvemos. – Olhei a porta, o professor estava demorando.
— Algo segurando o professor.
— Chegando em Abril. – Carla, demorei a pensar, estava pensando em outras coisas, mas
chegávamos perto da época de greves por salários.
— E acha que o pessoal manteria a disposição se entrássemos em greve? – Perguntei olhando
para Carla que fala quase como a convicção que sabia não existir para aquele momento.
— Alguns sumiriam, mas acho que a maioria quer impressionar.
Pensei no problema e depois de um tempo o professor entra, não fala nada, sinal que poderia ser
bem indicio de greve.
Duas aulas e as pessoas começam a sair, Carla ficou ali e fala.
— Vai para a Iguaçu como?
— Quer uma carona?
— Sabe que um dos motivos do pessoal parar de ir, é o não ter como ir e voltar.
— Sinal que tenho de pensar nisto. Mas tenho de comer algo. – Caminhamos até o restaurante.
— Às vezes acho que no fim você some, e nem olha para trás.
— Não lhe prometi mais do que o que posso Carla.
— E pelo jeito enquanto alguns cantam, outros fazem sucesso, nos quer num teatro.
— Eu não pensei nas coisas tão fundamentadas.
— E come sempre na rua?
— Só o tempo de ir para casa e fazer comida, já deu 2 da tarde.
— E pega ônibus sempre?
— Aproveitar que ainda posso.
— Certo, mas vamos fazer o que?
— O pessoal está se dedicando, para fazer o curso, pode parecer pouco, mas é um crescimento
cultural.
— Dizem que o professor do segundo ano, foi ontem com alguns alunos, acho que desconfiados
de que não havia aula, ou que era desculpa, e saiu falando da aula de criação, do buscar de fontes, não
entendi isto, mas que estavam criando cidadãos, não apenas gerando um curso.
— Acho exagerado esta visão.
Comemos e fomos ao centro, ela olha o pessoal começar a chegar e foi a aula, a mudança de
numero de turmas, estava agitando o local, e paro e olho para a porta do teatro, Bárbara Silva me olha e
fala.
— Já com outra.
— Sei o risco de terminar sozinho.
As meninas chegaram, e entramos, tínhamos mais 3 moças no grupo, e Rita me olha.
— Tem de se conter, minhas irmãs não.
— Nem pensei nisto ainda.
— Ainda, isto é mais você Bruno.
— Precisamos de algo de peso, e queria que tentassem aquelas letras, e aqueles arranjos.
Eu pego o que fora gravado e coloco na tela ao lado do palco e elas começam a olhar, eu caminho
até a obra do teatro dos fundos, e olho que estava quase pronto, faltavam acabamentos, mas indiquei
os rapazes a fazer ali.
O coral teria uma aula teórica, mas 300 pessoas, mesmo em algo teórico, joguei no que ficava
sobre os teatros, e deixo o senhor testando as moças, e olho para Raquel e falo.
— Antes de sair, me espera.
— Apenas eu?
— O pessoal do colégio.
— Vai nos apresentar a algo?
— Tentar gravar algo para por na internet.

315
Ela sorriu sem entender, eu fui a aula de oratória, as pessoas começam a entender a dinâmica
daquilo, e começamos avançar em criação de textos, que o ideal de peças, é ter um assunto, e um fim, e
criar a historia neste comprimento.
A aula acaba, e vou a direção e acerto a matricula de 76 estudantes. A diretora me olha como se
não entendendo de onde vinha tanta gente.
Desço e vou ao auditório, e sentei a frente, ouvindo, vendo Suelen se batendo no ritmo, eu subo
no palco, peço um momento e passamos mais lentamente, duas, três, quatro vezes, e depois peço para
tentarem novamente, e sento como publico.
Depois de ver elas ensaiarem a primeira sequencia, fui ao fundo e coloquei armações de degraus,
e recebi ao fundo parte de um cenário antigo, que a anos estava abandonado no Guaíra, e perguntei se
poderia usar.
Eu fui fazendo a armação do local, enquanto elas ensaiavam, vi o final da aula do coral, pois as
pessoas começam a descer, eu parei no caminho e falei para cada uma das 47 moças, que precisava
falar com a mãe delas, era algo impensável, mas primeiro montado, agora precisava da permissão.
Sabia que quanto mais a frente, pior seria a recepção, pois obvio que eles não aceitariam eu
querer as 50, e sabia que algumas eram muito jovens até para pensar nisto.
Olho Raquel e o pessoal do colégio e na parte dos fundos do teatro, disponho elas ali, o professor
chega ao lado e fala.
— Já colocando em algo?
— Pensando em algo.
Eu passei um texto, era em inglês, mas fiz elas repetirem, uma, duas, quando estavam na sexta
repetição, o próprio professor auxilia ali e olho para o silencio e olho para trás e Bárbara Silva me
olhava.
— O que pretende.
— Acha que conseguem cantar Ahura Mazda?
— Bem melhor que ontem, mas vai melhorar um pouco.
Eu puxo as expressões de 6 dualidades, e coloco nas posições, ergo a cortina do fundo, com um
símbolo Zoroastro, e começamos por uma entrada de guitarra, eu parei um pouco e fiz sinal para o
rapaz da iluminação e colocamos a programação na mesma de luz, depois colocamos os microfones do
local para captar, ele olha todas as frequências abertas, e coloco um hd para salvar cada parte, sabia
que não queria perder aquilo.
Chego ao palco e passo a entrada de bateria com Suelen, a parte de coral baixo com as irmãs de
Rita, a guitarra, o órgão, a posição do baixo, e recuamos parte das coisas, avançamos a parte dos dois
corais, que estavam sobre rodas.
A Cortina de ocultação daqueles dois trechos abaixa, a frente deles, mantendo a paisagem de
fundo, os seres em dualidade erguidos, eu dou a dica de onde ficar no palco, raramente cai algo, mas se
um dia, em 20 anos caísse algo, a dica era ficar em certos pontos, que não aconteceria nada de grave.
Ligo as maquinas de fumaça e gelo seco e convido o professor de canto a descer comigo na
plateia.
As meninas começam a cantar, o gelo seco dava uma refrescada, mas gerava ao chão junto com
os laser, um efeito, cones de laser, definem colunas que desciam do teto, e a musica entra no coro
baixo, e uma das cortinas levanta e elas cantam ao fundo, baixo, ave Maria, a musica cresce, os objetos
de dualidade, que colocavam o sexo, as cores, os gostos, o bem e o mal, surgem em 3 esculturas para
cada simbologia, a volta, descendo no centro dos cones ne energia, a musica repete pela terceira vez, e
a segunda parte do coral aparece, e cantam uma canção que poderia parecer religiosa, no tom, mas era
uma musica sobre sexo, racismo e violência, enfrentando o celibato, convívio e paz.
A bateria termina o show, sobre os acordes religiosos do órgão e o senhor me fala.
— Esta é uma das ideias?
— Sim, se ninguém usa em shows corais, ninguém vai querer fazer um coral.
— Certo, mas pelo jeito quer um show, isto é um show.
Bárbara me olha e pergunta.
— Acha que ficou bom?
— Conseguem ensaiar mais umas 5 vezes sem o efeito, para ver se melhora?
— Nos quer cansadas.
— Sim, sempre, sou apenas um.
316
Rita sorriu.
O senhor falou sobre o como estava o coral, e perguntei se teria como ensaiar algo, nem que
básico na quinta e sexta seguinte, ele me perguntou o que, e falei que duas musicas.
Ele me perguntou se queria fazer elas cantarem sem estar prontas, e falei que elas sempre
estariam evoluindo, prontas raramente se ficava.
O senhor saiu e armei toda a estrutura de volta, recarregando as maquinas de fumaça e gelo seco.
Recomeçamos e coloquei um tele ponto, para cada divisão do coral, levantei a cortina frontal,
acetei alguns detalhes sobre enfeite, inverto o órgão, para ficar mais visível, e começam com tudo em
silencio, e abre a cortina, com uma guitarra, antes da bateria, a mesma entra, o órgão dá o sublime e
Bárbara canta, as meninas cantam, os corais entram, e com tudo bem focado, tenho a imagem daquilo
em 6 ângulos frontais, dois superiores e dois internos, e passo para elas duas das novas musicas, “Além
Vida” e “Inferno Interior”, e enquanto elas começam a ensaiar, o pessoal do coral senta ao palco e
Raquel me olha.
— Querendo algo assim em quantas musicas.
— Digamos que esta é a primeira de uma serie de novas musicas. – Eu olho os ângulos, vejo quais
ficaram melhor, ouço qual o som que ficou melhor, pego o ângulo de cada cantor, variando entre ele, e
sempre voltando a parte frontal, o erguer das cortinas, o coral de fundo, e o encerramento, eu passo
uma vez mais e coloco a compilar.
Quando compila, chamo as meninas e vemos o como ficou e Raquel fala.
— Isto que falava, precisávamos de algo profissional.
Eu fico sem jeito, mas Bárbara olha e fala.
— Acha que conseguimos fazer isto com publico?
— A ideia é algo assim a cada musica, quando falo em 14 musicas, com duração media de 5
minutos, é disto que estou falando.
— E o que vamos fazer com isto?
— Colocar na pagina de vocês, o que mais.
— Temos poucos inscritos.
— Sei, mas não esqueçam destes, eles lhe são a base.
— E como fazer alguém ver?
Sorri, não falei, e passei para João do Espelho, não sabia se alguém veria, mas era uma ideia, os
dados, e talvez o lançar de algo novo.
Quando ensaiamos duas, e passamos as notas das outras duas, Bárbara viu que era serio.
— Está criando, a muito não cantava tanto, e olha que acho que ficou bom.
— Queria tentar amanha, fazer uma previa de todas as musicas que sabem cantar.
— Algo a por na internet?
— Sim, algo a por na internet.
As meninas saem e olho Bárbara Vaz parada a frente.
— Pelo jeito querendo algo novo.
— Tentando não parar para pensar.
— Ficou chateado?
— Sabe que sim.
— Fiquei com medo, sabe disto.
A olhei, eu não tinha escrito as piores musicas, parte era o texto dela mesmo, sabia que o
espectro de meu pai ainda andava por ai, e não sabia como o afastar ainda.
— Não me quer do seu lado? – Bárbara.
— Sabe que estávamos começando, acho que acabamos indo rápido demais, você falava que
estávamos devagar, mas eu não sei ainda como afastar o espectro de meu pai, então sei que isto dá
medo, e não tenho ainda como o afastar.
— E o que faziam ali?
— Ensaiando uma primeira musica.
— Faz falta na banda.
— Não quero obrigar alguém a me querer lá Bárbara, eu me ofereci, você aceitou, depois, não
mais.
— E vai produzir mais alguém?
— Tô criando um grupo de teatro e um coral, ainda não sei como vamos fazer as coisas.
317
Ela se afasta e olho a frente do local e vi Carla a me olhar ao longe e falei.
— Me esperando?
— Achei que esta hora estaria em uma suruba, e está ai, dando o fora na menina.
— Tem como voltar para casa.
— Sabe que vir é fácil, ainda de carona.
Olhei o relógio e falei.
— Vamos comer algo e depois lhe deixo em casa, ou não.
— Onde?
Entramos no local ao lado, e a musica local, as mesas em boa parte reservadas, pedi mesa para
duas pessoas, e o rapaz conseguiu apenas na parte do fundo, no andar superior, e sentamos, pedimos
um “Variado de Carnes” que vinha com acompanhamentos e sentamos na parte alta do local.
— Vem sempre aqui? – Carla.
— Não, geralmente passo ao lado e não entro.
O rapaz serviu e Paulo subiu e me olha e pergunta.
— Atrapalho Bruno?
— Problemas?
— Dizem que teremos dois locais esternos, não entendi.
— A parte lateral, daqui vai se ver para fora, uma piscina e espaço a volta da mesma, o mesmo ali
no fundo, mas as obras ainda estão crescendo, e a parte do porão, estamos segurando.
— Motivo?
— O que era área de show, vamos por mesas, e no terreno ao lado, vamos fazer um espaço em
descida, que seria um teatro, mas acho que seria melhor ter um espaço para bandas mais barulhentas.
— O ritmo está bom, mas pelo jeito quer agitar.
— Lançar uma banda a mais, que quem sabe não inaugura o espaço. Mas estou pensando em
entrada a parte, não na mesma entrada.
— Algo a parte?
— Sim, um local para pequenos shows, no subsolo, algo que me lembre os antigos porões que
tinham nesta rua, e dizem que era dos pontos fortes da cidade.
— Certo, deixa eu parar de atrapalhar.
O rapaz saiu e Carla me olhava estranho.
— É dono disto, é o que entendi.
— Não gosto de me gabar de coisas que estão no começo Carla, não sei ainda como me portar
nestes locais quando estão cheios, gente que se porta como rico, cheira como rico, um outro universo.
— E toda esta estrutura então é sua?
— Ainda não paguei por ela, ainda não é tudo meu.
— Certo, está pagando investimentos.
A porção de carne veio com molhos, com farofa, com queijo e salames para aperitivo, e Carla
sorri.
— Sabe que as vezes parece que estou sonhando.
— Sonhando?
— Vejo gente de classe a todo lado, e sei que é como falou, as vezes nos deixam sem jeito, mas
eles nos olham atravessado.
— Eu ainda to tentando me entender com isto.
Comemos, tomamos duas taças de suco, vimos 3 show de comedia, Carla me abraça e fala.
— E vai me deixar em casa.
— Sabe que tenho medo de envolver as pessoas Carla.
— Me dando o fora?
— Não, mas tem de entender, eu não sou fiel.
— Por isto Bárbara terminou com você?
— Uma das possibilidades.
Vi aquele senhor entrar no bar e me olhar, estava pensando em sair, e vejo o senhor me olhar e
perguntar.
— Podemos conversar Bruno?
— Fala senhor João.
— Tem mais daquela banda?
318
— Ainda não, passei para você, logo após terminar de editar, foi para você e para o Youtube.
— Sei, mas seria uma banda boa para filmar como fizemos a primeira.
— Esta só tem meninas, e me chutaram da primeira banda.
— Custos da fama, mas sabe se vão gravar mais.
— Amanha vamos tentar gravar as 23 musicas que temos até agora, Ahura Mazda foi só a
primeira.
— Teria interesse em gravar em realidade Virtual, para colocarmos como parte dos show da
cidade.
— Eu nem entendo desta parte.
— Vi que enquanto os demais pararam, você acelerou, ali tem coral, instrumentos pesados, e
novamente uma produção de luz e som incrível.
— Se quiser, amanha, mas não temos ainda todas as estruturas do que será o show, quero fazer
um show da banda no domingo, no gramado do estadual, com entrada franca.
— O que estão gravando agora?
— Sim, não neste domingo, no próximo.
— Gosto de quem cria conteúdo rapaz, mas pelo jeito quer algo a mais.
— Estou formando um coral clássico, 4 grupos teatrais, e farei meu monologo em Outubro.
— E aquela banda dos rapazes, dizem que estão sem empresário.
— Eles não precisam de um empresário, e sim de um produtor, eles vão estar por ai amanha, se
quiser os apresento.
— E eles tem musica, vi que parece que teve uma discordância das musicas que eles tocaram,
apenas poucas voltaram.
— A que eles fizeram e as minhas, voltaram ao Youtube.
— E terá mais?
— Sim, terá mais.
— E pelo jeito esta banda vai cantar em Inglês.
— Sim, e os rapazes, em português.
Ele olha Carla e fala.
— Deixa eu parar de atrapalhar.
Subi e peguei a chave da casa no Tingui, peguei um aplicativo e fomos a casa que estava fechada,
um banho e um braço para descansar a noite inteira, as vezes me fazem esquecer dos problemas.

319
Acordo Sexta, e sabia que aquele dia não acabaria, eu estava descansado
e pergunto para Carla.
— Sua mãe não se preocupa.
— Ela chega em casa depois que eu já fui ao colégio.
— Tem de saber até onde vai nesta loucura Carla.
— Me dando o fora?
Sorri e peguei a adaga e encosto na mão dela e vi que surgiu uma estrela
e falo.
— Carla, quer fazer parte da minha caminhada?
— Que marca é esta?
— Um destino se você se dedicar, mas nesta hora todos esquecem o Bruno.
— Uma estrela?
— Não sei os significados, mas este é o mais fácil.
Ela me abraça e fala.
— Faz truques assim?
— Não respondeu.
— E o que seria esta caminhada?
— Somente quem ali estiver, vai saber.
Tomamos um banho, e fomos ao colégio, chegamos e vimos os demais olhando em volta e aquela
imensa faixa “Estamos em Greve”.
Entrei, a maioria estava pensando em ir embora, mas eu queria a confirmação, e vi que os
professores não vieram, e fomos ao anfiteatro, e reuni e dividi em 4 grupos, e começamos a falar sobre
o que seria a primeira peça de cada grupo, falei que teríamos uma peça em português, uma em inglês e
uma infantil, a ideia ali, era realmente criar um grupo teatral, criamos informalmente o Grupo de Teatro
Santa Cândida, e o pessoal vai para suas casas, próximo das 10 da manha, eu abro o computador e olho
alguns textos, convido as meninas do teatro que estavam no meu grupo, João, Adriano e André, e fomos
ao Agua Verde, e lá começamos a olhar o que se poderia fazer, e começamos a passar as frases, de cada
um dos personagens, das duas primeiras cenas, ainda era o começo.
Deu meio dia, pedi algo pelo aplicativo, e pego o violão, Carla e Jeniffer ficaram por perto, depois
Beatriz volta ao grupo e me pergunta.
— Toca?
— Sim, toca algo? – Perguntei.
— Teclado, bateria, violão e guitarra.
— E canta? – Perguntei.
— Nunca tentei, mas estava ouvindo minha voz, sei que você é destes que olha as pessoas e faz
elas se mexerem.
— Quer cantar em uma banda de uma pessoa só.
— Algo a criar?
— Estou pensando ainda em algumas musicas, os meninos e meninas de duas bandas estão
chegando ai, mas não sei o que gosta de cantar.
Vi que Beatriz ficou vermelha e falo.
— Vergonha de mim, não vale.
— De você não, mas cantar em publico, me dá medo.
— Então – pego o violão e passo para ela e falo – vai mostrar ao seu produtor as musicas que
toca.
— Mas...
Eu apenas a olhei e Jeniffer fala.
— Sem vergonha amiga. – A comida chega neste momento e paramos todos para comer algo.
Depois de comer, Beatriz pega o violão e canta 3 musicas, eu apenas olhei e registrei e ela me
olha tímida, estranho isto, sei que acontece, quando vou mostrar minhas coisas, sinto algo assim.
— Estas 3 musicas são suas?
— Sim.
— Já as registrou?
— Não, nem sei como fazer.
320
— Isto fazemos hoje, depois se deixar, vou lhe conduzir em mexer no arranjo das 3 musicas,
depois vou lhe apresentar pelo menos 9 musicas minhas, e se topar, vamos a filmar, e tem de avisar
seus pais que hoje, vai chegar amanha.
— Hoje vou chegar amanha?
— Sim, e vamos gravar você na bateria, na guitarra, no violão, no teclado, em cada uma das
musicas, e compilar isto para criar sua pagina no Youtube amanhecendo, e se todos achavam que
estávamos aprontando, estamos mesmo.
— E acha que pode ficar bom?
— Vamos falar sobre o refrão de “Cadela”, e sei que vão falar mal, mas se a musica for boa, foda-
se os demais.
— Pensei que falaria em trocar o nome.
— Se mudasse Cadela, colocaria Cachorra, não muda nada.
— E acha que alguém ouviria?
— Vamos gravar, mas hoje a tarde, vamos assistir a dois shows, quer dizer, vocês vão, eu vou
correr para cima e para baixo.
Vi o senhor João chega com um pessoal, ele olha o local, o cenário e pergunta se poderia por as
câmeras, eu indiquei onde por e as saídas que davam na cabine de comando, e mostrei a mesa de
controle e o rapaz que estava com João fala.
— Estes não brincam de gravar senhor.
— Por isto eles fazem aquela qualidade, que mostrei hoje cedo.
— Entendi que eles tem um local para gravação com todo material, não é apenas montagem.
Eu fui ao fundo, e ajudei a entrar os cenários que usaríamos, colocaríamos parte repetida em
algumas musicas, os canhões de luz, as partes de gelo ceco, as partes de fumaça, as gaiolas de
encenação e perguntei para João e André se queriam fazer parte da encenação, eles não entenderam e
expliquei, que cada um ficaria a frente de uma das gaiolas, Bárbara os empurraria, e apenas empurro
levemente João, ele recua, a gaiola fecha e gira, e onde ele entrou fica um esqueleto, João sai ao lado e
olha e fala.
— Algo legal.
Os dois toparam, as meninas do coral chegaram, e perguntei para as meninas se ajudariam, eu
pedi, elas poderiam dizer não, mas foram a produção, as bruxas de uma das encenações, e as almas
surgindo no chão, com a luz e a fumaça, subindo pela fosso da orquestra.
Elas olham que estava falando serio, ainda não estávamos recebendo, mas elas entenderam,
ainda bem que não me decepcionaram, Adriano eu coloco numa veste de demônio, que surgia e
ressurgia, de tempos em tempos naquela encenação.
João me olha e fala.
— Vai fazer completo hoje.
— Sim, tem as esculturas das víboras, das moscas, a cortina preparada para cada musica.
— E alguém sabe disto?
Eu apontei a minha cabeça e falo.
— Para alguém saber, o que tem aqui dentro, teria de ter sido falado para alguém.
— E pelo jeito acha que dá para criar uma tendência.
— Pensa, uma banda saiu da cidade, e tem o mesmo estilo, cenário, musicas fortes, um show, não
uma banda.
— E quer isto com mais dois grupos pelo que entendi.
— Os rapazes tem de ensaiar um pouco mais, eu vou deixar eles ensaiando, eles fazem uma
participação aqui, vamos ter uma participação especial, vinda de Floripa, e uma da cidade.
— Um show sem plateia?
— Acho que não estamos prontos para o publico, é a primeira vez, talvez depois de ensaiado, uma
semana, estejamos prontos, mas tudo que tenho aqui, vou montar em um palco desmontável nos
gramados do Estadual.
A banda chegou, elas afinam os equipamentos, passamos o que seria cada uma das musicas,
começamos pelas que elas sempre cantavam, mudamos um compasso, subimos um tom, e colocamos
uma entrada, passamos cada musica, 3 vezes, antes de cada encenação completa, algo que pode
parecer rápido, mas foram mais de 8 horas de ensaio e gravação, no final, parou eu e João, ele
compilando algo que eu não entendia, gravação para visualização como se pudesse olhar a toda volta, vi
321
que ele deletou a plateia e colocou uma que ele tinha, olho cada musica e no fim começo a separar
musica a musica, e João me olha e fala.
— Tem o dom do corte menino, você transforma algo assim em algo muito bom, embora saiba
que o show em si, foi incrível.
As meninas chegam e coloco em uma tela maior e assistimos cada musica, estava cansado, os
rapazes da banda Dazaranha, o pessoal do Motorocker, e o pessoal do Your Sons-in-law, todos vendo
aquele show gravado, Peter me olha e pergunta.
— Vai fazer o mesmo com nós?
— Espero que tenham ensaiado as 13 musicas.
— Sim, mas acha que fica tão bom?
— Vamos fazer como hoje, um show gravado para apresentação assim, no telão, e uma nas
comunidades virtuais, mas ai eles pagam para ver.
— Uma tentativa de entrada de recursos.
— Sim, mas descansem, amanha a vez é de vocês.
O pessoal do Dazaranha e Motorocker confirmaram para o dia seguinte, e confirmei com as
meninas para o dia seguinte, e com o pessoal do coral.
Beatriz viu o pessoal saindo, mas eu fui ao palco e peguei o violão, cortinas azuis, e fiz sinal para
as meninas do coral, eu iria abusar hoje, quem sabe quando iria dormir, talvez no domingo.
Ela fica meio sem jeito, mas passamos a voz, toda, e colocamos no sistema, estaria no ouvido
dela, depois fomos colocando cada um dos instrumentos, fiz ela tocar no teclado, no órgão, no
violoncelos eletrônico, até um básico de Baixo, depois colocamos o coral ao fundo, e por fim, cada uma
das pessoas, cantando a musica, que somaria no coral do fundo, fazer isto em 3 musicas que ela
conhecia, deu duas da manha, e estávamos todos cansados.
Subi, avisei minha mãe que voltava, mas provavelmente pela manha e pegamos 4 aplicativos e
fomos ao Tingui, os rapazes conheceram as meninas, e eu estava pregado ao fim, acho que dormi antes
de todos.

322
Acordo sábado, e olho o computador, vejo Beatriz me abraçar e falar.
— Nos deixou ontem à noite.
— Foi cansativo.
— Vi que produz como poucos, nem vi o resultado de ontem.
— Vou tomar um banho e vou editar, estava cansado para isto, tem de
ficar bom.
— Vi que quando está editando, todos lhe ouvem, mas aquele material,
vai a internet?
— Está lá, colocamos ontem a noite, pois o senhor João, tinha colocado uma amostra e o site das
meninas estava quase vazio.
— E colocou tudo lá?
— Está entrando aos poucos.
— Certo, mas aquilo ficou incrível.
Sorri, pois eu fui ao banho, depois sai e fui a esquina, peguei um pão e margarina e pouco queijo,
compro um café e um leite, coloco a esquentar o leite, o ferver do café, e Beatriz me abraça e fala.
— Adriano está lá agarrado a uma menina que não sei o nome.
— Do segundo ano, também não sei.
Começo a escolher imagens de fundo, e coloco o fundo como se fosse uma na cobertura de um
prédio, em meio a chuva, e ela olha o efeito e fala.
— Você fazendo parece fácil.
— Não é fácil, mas tem de se pensar em cada quadro que se quer, e montar para que fique como
você quer.
A primeira musica foi feita e com ela, criamos a pagina dela do Youtube, e passo para João o
primeiro vídeo.
— Quer gravar quantos a mais.
— Mais 10.
— E enquanto os demais descansam coloca na internet algo que nem sei como minha mãe vai
encarar.
Fiz os três vídeos, e subimos um pouco mais, eles iriam compilar para entrar certos, e me diverti
um pouco, embora sabia que sábado iria agitar.
Eu pergunto se poderia contar com eles a noite, no mesmo lugar, eles viram que eu os mandei
para casa, e Carla me olhava ainda, ela não queria ir para casa, pior que Jeniffer ficou ali.
— Estou cheirando problemas no caminho. – Falei.
Jeniffer olha em volta e pergunta.
— Posso tomar um banho antes?
Só apontei a porta e Carla me beija e fala.
— Não me deu atenção?
— Não queria atrapalhar muito.
— João é gente como eu, sem futuro.
— Minha estrela se desqualificando?
— Nem sei se ficou bom, eu não sei como analisar estas coisas.
Sorri, eu também não sabia.
Saímos dali para o centro, e quando entro no teatro, o pessoal estava arrumando no fundo, os
cenários, era uma mudança total, e fui ajudar, hoje era menos, apenas 13 musicas.
— Começo a preparar tudo de novo, mas queria algo especial, e começo a trocar as cortinas,
guardar as antigas, pois eram parte do show da primeira banda.
— Pelo jeito quando falam que trabalha para valer, não é brincadeira. – Jeniffer.
— Sim, pelo jeito cansou.
— Um pouco – ela me olha serio – muito, mas não queria dizer que estava cansada, mas encostei
aqui na poltrona vendo você correr, e quase dormi.
Estava com a estrutura da primeira linha de gravação do fim da tarde pronta, quando o professor
de canto, entra e começa a chegar todas as meninas, ele as dispôs no palco, e ele me pergunta como
eram as musicas, eu passo para ele e ele coloca o som no fundo e começa a instruir nas letras e pela

323
primeira vez, vi um coral de 300 pessoas cantando, era assustador algo assim, mas quando se tem uma
direção, era algo interessante.
Ele passa três vezes aquilo, passando Cátedra da Virtude, Criança no Espelho e Tarântula, antes da
quarta vez, ajeitamos o local, e pego a guitarra, a cortina do fundo de cada apresentação dos meninos, o
rapaz ajeita a iluminação de cada musica, e os cenários de cada uma das musicas que os rapazes iriam
passar, e começamos a gravar as três musicas, não estava perfeito, mas o senhor entendeu, eu pego a
guitarra e faço a entrada, elas cantam a primeira parte, entro com o órgão ao fundo, depois colocaria a
banda no conjunto, fizemos isto nas três musicas, quando terminamos o pessoal estava todo olhando o
coral, até o pessoal do Your Sons-in-law, as moças foram para a plateia, desta vez tínhamos a imagem
do publico, pois estava cheio, Jeniffer dormia na cadeira ao fundo, sorri e Carla olha a amiga e sorri
também.
Gravamos as 13 musicas, o senhor ficou para ver o que iriamos gravar, mas não sei se ele
entendeu, mas estávamos fazendo uma serie de musicas, e quando terminamos, novamente editar, e
publicar, agora sim, um show.
Carla estava pregada, Beatriz e o pessoal, por terem ido para casa, inteiros, eu levei Carla e
Jeniffer a um dos camarotes e as ajeitei lá, estavam pregadas, o pessoal queria festa, e estava ainda na
pilha, e faço Beatriz passar nota a nota de 10 musicas, que fomos ajeitando e quando as duas da manha,
o cansaço insistia em se manifestar, coloco todos para fora, pago o aplicativo para o pessoal ir para casa,
e subo, minha mãe me olhava preocupada e mostro tudo que fizemos, ela parecia não entender, mas vi
ela passando ao fundo, ela sabia que estava criando coisas, eu queria ainda mais, mas estava tão
quebrado, que cai na cama sem banho e apaguei.

324
Domingo começa, e não sei o porque, resolvi caminhar, sabia que algo
estava apertado, eu fizera de quase tudo, mas ainda faltava muito a fazer.
Eu estava caminhando, quando vejo aquele carro passando lentamente
ao meu lado e vejo o vidro abrir.
— Quer uma carona? – Bárbara Carvalho.
O carro para e olho para ela.
— As vezes acho que estou muito lento.
— Está acelerado e querendo mais?
Eu abri a porta e entro e falo.
— Vamos para a casa da criança.
O motorista olha pelo retrovisor para Bárbara e ela fala.
— Vamos para casa.
O carro para a frente da casa, a rua parecia calma, e ela fala.
— Está pensativo.
— Falta dar caminho as pessoas que me deram um pé na bunda.
— Eu não sabia o que estava fazendo.
— Certo, e sabe cantar, tocar, fazer algo?
— O curso de canto me mostra algo que nunca tinha visto, uma voz que parece potente, você me
colocou nisto.
— E vai se contentar em ser apenas mais uma a cantar no coral?
— Querendo se complicar?
Entramos e a sala vazia, casa imensa, subimos ao quarto dela e ela me beija, eu sabia que aquilo
me tentava como poucas coisas, e falo a olhando.
— Estou querendo que minha Bárbara, seja alguém que possa me emprestar dinheiro.
— Quer me explorar.
— De todas as formas.
— E o que quer de verdade?
— Sei que minha princesa as vezes quer me matar, então eu me preocupo, mas sei que as vezes,
isto me complica.
Ela me beija e a deito a cama as costas, um beijo, um amasso e um sorriso que sempre achava ser
de uma atriz.
Ela realmente se entregou desta vez, pela primeira vez a senti realmente quente, minha, e senti
ela depois de um tempo, se apoiar no meu braço e falar.
— O que pretende?
— Muita putaria.
— Meu rei safado.
— Sim, e ainda não conheço a fundo suas damas de companhia, e precisamos formar uma banda,
para animar nossas festas.
— Animar?
— Sim, animar.
— E o que cantaríamos?
— Eles nem sabem o que estão cantando, mas preciso de uma banda que cante em português,
que tenha força de invocar os pontos de convergência do Deus das Guerras.
— E pensou em quem?
— Ainda pensando, mas preciso de uma princesa com motorista.
— Quer ir onde?
— Enquanto você pensa em quem vai ser nossa banda, vamos passear em alguns endereços.
— Vai me trair.
— Acho que tenho de saber como fazer as coisas, mas deixa eu tomar um banho e vamos passear.
Ela sorri e fomos a 10 casas, conversei com 10 mães, e sai com suas filhas, para conversar, o carro
era grande, mas quando com 10 moças mais eu, Bárbara e o motorista, ficou apertado, voltamos a casa
de Bárbara, e olhei ela e perguntei.
— Não tá faltando ninguém?
— Quer que as convoque?
325
— Sim, e convoca mais amigas, alguém que toque algo, sei que pensou em algo.
Foi uma tarde conhecendo as pessoas que estariam na minha vida, por bem ou por mal, não
entendia bem o como me sentiria quando terminasse aquilo, mas a cada dia, sentia a coroa mais firme a
cabeça, e olhava as meninas, algumas mais novas, algumas mais velhas, mas estava agora, as coroando,
já tinha autorização da mãe destas, e depois de um tempo, de muita provocação, eu fui dispensando
minhas princesas, e olho as meninas chegando, a corte de Bárbara, dai foi muito mais que provocação, e
cansado, durmo naquela cama imensa dela.
Era ainda noite quando acordo, pego minha roupa, me visto e saio dali, com um aplicativo, não
era meia noite e estava caindo a minha cama, as vezes domingo cansa, mas não tinha certeza se teria
aula, quando voltaria as aulas.

326
Acordo cedo e faço algo que normalmente não faço, ligar a TV, mas o
jornal estadual falava no Bom Dia Paraná, que a greve dos professores ganhava
força, e que teriam uma assembleia na tarde no Centro Cívico, e uma reunião
com o governador.
Pego os telefones da diretora e perguntei se poderíamos usar o anfiteatro
durante a greve, ela demorou a responder, deveria estar em casa ainda, tomo o
café, e minha mãe me abraça e fala.
— Greve?
— Sim, não sei se terá aula, mas vou a escola, nem que para organizar o grupo de teatro.
— Certo, você não vai parar?
— Vou ganhar a manha por poucos dias, mas o pessoal da Cultura Inglesa não me ligou, pensei
que realmente eles gostassem do meu serviço, devo ter feito algo errado.
— Eles pareciam gostar de você, quando estava mal, mas as vezes é interferência de alguém.
Pego o violão, meu material, e vou ao ponto de ônibus, e atravesso a cidade, chego ao portão e
falei para o rapaz que barrava todos, que iria falar com a diretora.
Ele não queria me deixar entrar e olhei aquele rapaz que não era professor e não era aluno e falei
que ou deixava os alunos entrarem, ou teria de chamar a policia.
Entrei e a diretora me olha.
— A pressão do sindicato é por parada total.
— Senhora, isto deixa de ser greve, se for forçado.
— Sei disto, mas eu não tenho nada contra usarem o auditório, entendo que tens planos para o
futuro.
— Eu nem sei o que vou fazer ainda, mas parar não ajuda nada.
Eu coloquei para dentro do colégio, todos que eram do grupo de teatro, e fomos ao auditório e
começamos a estabelecer o que seria cada uma das 4 peças teatrais, e começamos primeiro a
reproduzir em português, para eles entenderem o que seria a peça, e depois antes das 10 da manha,
estávamos passando o primeiro ato, de cada uma das 4 peças, com os textos em inglês, sei que sou
chato com o inglês, mais do que com o português.
A diferença é que eu sei o que o brasileiro entende quando se fala errado na nossa língua, eu
ainda não tenho ideia do que o Inglês ou Norte Americano, entende quando se muda certas pronuncias.
Armo a pequena câmera do meu celular para pegar cada um dos grupos, os gravando encenar cada
peça.
Então eu tentava o mais próximo do que achava ser o certo, e sabia que eu poderia estar errado.
Próximo das 11 da manha, dispensei o pessoal, eles tinham aula a tarde de teatro e vi Carla parar
a minha frente e falar.
— Não me atendeu ontem.
— Sou de carne e osso, preciso descansar.
Peguei o violão e começo a pensar nas musicas, e vi Beatriz me olhar e falar.
— Não sei como você faz, mas aquele canal, que ontem tinha eu e você de seguidores, ganhou 7
mil seguidores entre sábado e hoje.
A olhei, não teria como sabe se era bom ou ruim e falo.
— Senta aqui, vamos pensar nos refrãos e nas 10 outras musicas.
— Vai mesmo me querer cantando 10 musicas a mais.
— Sim, o pessoal a volta, nem sabe ainda daquele trabalho, e já tem 7 mil, talvez seja um bom
numero.
— Não tem certeza?
— Eu não faço algo para os demais verem. – Comecei com um texto “Preter Humanas!”, depois
“Adeus Peixes” e “Inferno em Aquarius”.
Beatriz me olhava e pergunta.
— Sempre com musicas normais e musicas que parecem desafiar as pessoas a acharem um
conteúdo.
— Preter Humanas, devo ter 4 ou cinco testos que são na forma de letras, o caminho iniciático,
daria para mais de 100 musicas, se conseguir 6 musicas, já é suficiente, e não precisam estar todas na
mesma sequencia.
327
— Não entendo disto.
— Alguns chamam de bruxaria, eu de uma forma diferente de encarar a religiosidade.
— E porque nos seduz e depois nos abandona.
— Eu sou apenas um Beatriz.
— A surpresa do ano, geralmente não vem gente nova para a nossa turma, este ano veio o mais
diferente.
— Diferente?
Ela começa a dizer o como eu era diferente e eu anoto as palavras chaves, eu as vezes achava
maluquice isto, mas deu uma sequencia de boas frases, com um caminho que poderia se encaixar em
muitas realidade, e apenas cantarolei e anotei no caderno, “Diferente”, como uma musica a fazer os
acordes.
As meninas foram para casa, tinham de almoçar, e depois nos encontraríamos após a aula de
teatro.
Eu pego a gravação dos primeiros trechos, e começo a ver elas, e vou comer algo.
Estava comendo quando vi que meu telefone toca, doutor Vaz nem sempre era coisa boa.
— Bom dia doutro Vaz.
— Bom dia, fazendo o que menino.
— No restaurante comendo, depois de ter ensaiado 4 peças teatrais durante a manha.
— Sabe porque alguns pais falam que você seduziu as filhas deles, e estão entrando com processo
contra você.
— Só consegue os nomes dos pais, eu sei que tem uma parte da historia que não contei Doutor
Vaz, mas é para não lhe complicar com pessoas que acreditam em um credo, chamado “Lei”.
— Certo, mas não se mete em encrenca.
— Passei a manha com mais de 76 pessoas, ensaiando peças teatrais, sei que as pessoas devem
estar pensando, colégio estadual, greve, ele deve ter ficado em casa.
— E vai fazer o que?
— Me complicar, mas verifica quais são os reclamantes, talvez eles queiram exatamente o oposto
do que estão falando.
— Não entendi.
— Sei disto, mas verifica, está com os nomes ai?
— Sim.
— Alguma reclamação dos Carvalho, dos Silva, dos Rosa, dos Palmeiras, dos Mueller, dos Cardoso,
dos Palmeiras, dos Santos, dos Machado, dos Guedes, dos Ramalho, dos Tomas, e dos França?
Ouvi Vaz falar para aguardar um pouco, estava comendo mesmo e ele fala.
— Dos Dias, dos Favretto, e Michelli.
— Então acalma, ainda não temos problemas.
— Pelo jeito acredita num acordo.
— Em parte, mas deixa eu acelerar meu almoço.
Terminei de comer e liguei para Bárbara Carvalho e pedi para me pegar ali e fomos a casa dos três
reclamantes, sabia que a tarde poderia falar com as filhas, mas não havia pedido permissão ainda, então
eles poderiam estar achando que não era serio, após três permissões, passei com motorista particular,
isto parece chique, sorri dos meus pensamentos, e passamos em mais 9 casas, pedi permissão e após
isto, fomos no sentido da Agua Verde.
Estava chegando lá quando o telefone toca e Vaz fala.
— Não sei o que fez menino, mas tiraram as reclamações.
— Fica atento, algo mais para mim?
— Aquele rapaz que cancelou o contrato na sexta, quer agora recorrer, sabe de algo?
— Gravamos no Sábado, as 13 musicas de um show, e colocamos na internet.
Bárbara tenta forçar um beijo a frente dos demais e apenas a olho e sorri, ela não sabia o que
estava fazendo.
— Pelo jeito não quer escândalo.
— Viu mais que as demais Bárbara, não precisa disto.
— Você quer algo impensável.
— Eu as posso dar um caminho, com autorização, mas ninguém pode negar que não tentei.
— E fugiu ontem.
328
— Seleciona na sua casa, quem toca o que, uma banda precisa de guitarra, baixo, teclado e
bateria, tudo que vier a mais, é soma.
— Certo, quer mais uma banda da cidade.
— Porque não?
Ela entra para a parte do coral e vi a outra Bárbara ao fundo, tentando não demonstrar que
estava olhando, ela deve ter sido destaque todo fim de semana, e se tinha planos para Porto Alegre, eu
os segurei todos.
Passo em casa e deixo o material escolar e desço com o violão, eu estava no auditório, e vi Beatriz
entrar com a mãe, ela queria deixar claro o que fazíamos.
— Bruno, está é minha mãe.
— Prazer senhora, as vezes as pessoas acham que estamos aprontando, e apenas perdemos a
hora fazendo algo que não é tão fácil de fazer.
— Aquela musica eu não gosto.
— Somente agora ela vai cantar as minhas musicas senhora, aquelas ela fez.
A senhora olha a filha e fala.
— Aquilo é indecente filha.
Ela olha como se tivesse falado que iriam achar aquilo.
— Senhora, aquilo era um experimento, mas a pergunta, autorizaria ela entrar em uma banda?
— Quer ela cantando em uma banda, já não chega este papo de Teatro.
Eu pego no meu celular o primeiro trecho gravado e falo.
— O que estamos fazendo com o teatro senhora, é introduzindo ela no inglês como língua.
— E como acredito nisto?
Mostro para a senhora a primeira parte da peça que estávamos ensaiando.
Ela olha a filha falando os testos, ela não deve ter entendido muita coisa e olha a filha.
— Falando inglês?
— A proposta do Bruno, foi participarmos de um Festival de teatro em língua inglesa, nos dando
um desafio, criar uma historia e a executar em inglês.
— E a musica serviria para que? – A senhora me olhando.
— Existe uma segunda língua, que não parece existir quando você está assistindo um show, mas
as partituras, escrevem códigos e nos fazem se entender, em uma segunda língua, a primeira língua
mais falada, é inglês, a mais executada, partituras.
— Uma forma de educar diferente.
— Sim, e a aula de teatro, a ensina falar em publico, o encenar, pensar no que vai falar antes de o
fazer.
— E este lugar é de quem?
— Da minha família.
— Um belo teatro, nem sabia que isto existia aqui.
— Bem recente, e ainda em construção, serão 8 salas, para peças de diferentes tamanho, ou
apresentações, temos pouca coisa pronta além do Curitiba Comedy e do Curitiba Theater School.
— E vão fazer um teatro para eles encenarem.
— Noção de palco, no real, é sempre melhor, estamos ainda criando espaços para pequenos
shows a volta, em casas de show com alimentação.
— E pelo jeito quer minha filha fazendo parte.
— Falei para ela, que é uma forma de conhecer pessoas, a vida é feita de um misto de formação e
grupo de contato.
— Não posso dizer que seja um caminho que me agrade, mas temo que ela pare de estudar.
— Estudar é fazer parte disto senhora, quando pararmos de estudar, sinal que achamos saber
tudo, e para encenar algo, sempre estamos em um mundo que desconhecemos.
— E vão encenar sempre em inglês?
— Quero ela fazendo parte de um grupo de teatro, que tenha peças em inglês, e em português, e
participar como na sexta da gravação de peças inseridas em show.
— Nem vi esta ainda.
Eu a convidei a subir no palco e numa tela que aparecia apenas para quem estava no palco,
mostro para ela uma das musicas gravadas com a banda “Marginais do Lange!”.

329
Ela assiste e assina a participação, começamos a passar as musicas, ela assiste a gravação as cenas
com telas de fundo azul, chão em azul, era para inserir onde bem entendesse, e por fim, subimos e
gravei algumas imagens no real, com Beatriz no terreno sobre o todo, com a cidade a volta.
Minha mãe conhece a mãe de Beatriz e voltamos para o teatro, e começo com ela gravar mais
duas musicas, era demorado gravar todos os instrumentos, mas a ideia, colocar ela assim, depois indo
somando cada pessoa que entrar no grupo.
Eu estava fazendo aquilo quando Bárbara Silva entra com as meninas e fala olhando minha mãe e
a de Beatriz.
— Merece um beijo e se oculta aqui?
— O que fiz agora?
— Não sei como, mas ouvi pessoas cantarolando Ahura Mazda, nunca pensei em cantar algo e ver
as pessoas cantarolando por ai.
— Estas coisas são inexplicáveis mesmo.
— E teremos comemoração?
— Hoje ainda não, mas ensaiem, acho que temos uma das salas prontas, e o palco superior já dá
para usar.
— Nos quer afiadas?
— Não esquece, eu marquei o primeiro show, para sábado a noite, no campo do estadual.
— Eles não estão de greve?
— Os professores não tocam.
Ela sorriu. O pessoal de quatro empresas estavam me esperando, e era hora de abrir a carteira,
tinha a autorização do colégio, agora teria de fazer acontecer, e talvez não fosse ninguém estava
querendo uma estrutura para 5 mil pessoas, podendo chegar a 25 mil e isto requeria organização, fui
resolvendo por parte primeiro o palco, um modelo que havia visto, e que queria com reforço, pois eu
usaria coisas penduradas. Depois o pessoal do piso e separações, que cobriria todo o piso do local, para
dar uma uniformidade, demarcando entradas e saídas, e toda a estrutura, dai vinha luz e som, e por fim,
o pessoal da técnica. Eu queria por venda de coisas que a diretora não autorizaria, então os locais
estavam lá, e sabia bem quem por nos locais, uma pipoca aqui, um cachorro quente lá, um refrigerante
aqui, um sistema todo preparado para problemas, locais abertos, eram sempre melhores, lembrei que
teria de contatar a segurança, eu estava investindo caro naquilo.
Eu pago basicamente 70% antes, arriscando, pois teria de ser levado a serio.
Eu apresento o projeto e para cada um fui explicando o que precisava e por fim, teria de
confirmar quem queria fazer parte disto, pois era o lançamento de duas bandas, mas precisava de gente
lá, então verifico os recursos, e pago o cache de 3 bandas locais, e uma de fora para animar.
Sabia que teria vizinho reclamando, sempre tem, mas começaríamos as 6 e terminaríamos as 10
da noite, talvez passasse um pouco, mas a ideia não era passar muito.
A diretora do Estadual, deve ter começado a receber ligações e me liga, eu não sei, as vezes a
posição das pessoas muda, mas as vezes, ela nem deveria saber quem estava deste lado, e apenas passo
para ela o prospecto, do que seria a ideia básica, lembro e passo também para a policia militar, pois eu
queria fechar a rua Agostinho Leão por onde teria uma entrada que não se usa normalmente, no
sábado. Passo para ela o esboço e não sei o que ela pensou.

330
— Vai mesmo construir tudo isto ali?
— Montar e desmontar senhora.
— Eles vão por as estruturas pela Agostinho Leão?
— Sim, a maioria dos esforços são para palco, tirar tudo que possa ser usado para uma briga, e
cobrir todo o gramado e pista, para deixar o mais uniforme possível.
— Vão isolar as entradas?
— O caminho, para serem induzidos a chegar ao local, mesmo tentando desviar, independente de
qual dos três caminhos escolham.
— E pelo jeito esperam bastante pessoas.
— Fazendo para 5 mil pessoas, pode chegar a 25 mil, mas acredito que deve dar uns 4 mil, não
mais que isto.
— Certo, mais estrutura, mas vou pedir para eles acompanharem, parece não caber tudo ali.
Sorri, sabia que cabia, mas não era de ficar explicando.
Beatriz e a mãe estavam a olhar meu agito, era evidente que teria algo a mais, mas dependia de
dar certo.
Eu sabia que poderia dar ruim, mas não estava preocupado por enquanto, e não era para ser algo
tão diferente assim, estava testando uma ideia, um palco capaz de comportar um evento com a
estrutura que eu queria.
Como estava tendo aquele olhar das meninas ao fundo, pensei que seria algo sério e primeiro
entro na pagina de Beatriz, e vejo que estava chegando a 40 mil inscritos, para uma pagina de dois dias,
algo realmente impressionante.
Eu sentia uma curva na minha vida, não sabia se para bem ou para mal, mas estava agitado, e
sabia que se por um lado teria gente naquele local, algo mais classe media, no outro lado, no estadual,
seria todo o povão jovem, com seus hormônios em destaque.
As vezes as partes que precisavam de um adulto, ou passava para Vaz ou para minha mãe, e as
vezes sabia que estava falando com as pessoas, mas quando me viam, as vezes duvidavam, talvez se
estivesse em outro lugar, eles nem topassem.
O destino, o trabalho, fazendo a diferença.

Fomos ao teatro, e gravamos as demais musicas, a menina cantando e tocando todos os


instrumentos, era algo inicial, e quando terminamos de gravar ela, apresentei a ela Roger, ele estudara
comigo no primeiro ano, sabia que ele tocava guitarra, o convidei a tentar, ele tocou todas as musicas,
ele acompanhara ao fundo as musicas, ele não gostou das 3 primeiras, mas algo estava errado naquilo, e
não sabia ainda o que.
Ele passou a guitarra das musicas, tive de contar nos dedos, ficou com 16 musicas, depois
apresentei Ricardo, ele seria o mais velho dos instrumentistas, ele era baterista, e ele passou a bateria,
eu gravei aos poucos, e não iria tudo ao ar, mas começava a ganhar conteúdo, enquanto o computador
compilava os primeiros sons.
O terceiro a colocar o som, foi Marcos, e ele colocando o baixo, já tínhamos uma banda, e
paramos no final e perguntei como se chamaria a banda, e os demais não sabiam se poriam um nome
ou deixariam as coisas independentes, estranho que eles colocaram os instrumentos, e ainda pareciam
receosos em fazer parte.
Eu olho o horário, me despeço de todos, vejo Beatriz saindo, Bárbara Silva olhava minha mãe ali e
se comporta, nem deu tempo de acompanhar a distribuição de comida.
As pessoas saem e minha mãe chega ao lado e fala.
— Todos parecem querer que dê atenção.
— Tenho de ver o que está acontecendo, e não tenho parado para pensar mãe.
— E tem gasto mais do que tem.
— Sim, mas uma coisa é estruturar algo, e saber que dará certo, outra ficar sempre na duvida.
— E não vai descansar.
A abracei e falei.
— Está bem mãe?
— Vendo meu menino agitar onde não entendo nada, vejo mães perguntando se é serio o que
estão fazendo, e não sei o que falar.

331
— Mãe, pode ser que tudo dê errado, mas pensa, um menino de 15 anos, eu, resolvi fazer uma
turma especial, de teatro e musica, e estamos apenas no começo.
— E pelo jeito quer algo a mais.
— Tenho de conter as mudanças, pois precisamos começar inaugurar as coisas.
— Tudo em andamento
Concordei com a cabeça, e coloco as musicas de Beatriz, para entrarem de acordo com uma
programação, aprendi com João como o fazer, e as musicas dela entrariam no ar uma a cada 6 horas,
iriam mais de três dias entrando musicas, para começar a mudar o parâmetro das musicas, eu queria
tentar algo diferente no dia seguinte, eu nem vi o pessoal do coral naquele dia.
Cansado, um banho e cama.

332
Na terça, gravamos e praticamos teatro, e musicas, de três grupos,
começamos a gravar a “Dominadora Beatriz”, mudei no site o nome, e ela
sorriu, mas se os meninos não queriam por o nome, eu destacaria ela, e
terminamos de gravar agora com todos tocando. Fui no fim do dia no Colégio
Estadual, e acompanhei o monta do palco. E confirmei 10 compromissos.
Na quarta, foi difícil entrar no colégio, mas forçando a barra, entramos e
ensaiamos a segunda parte de cada um dos grupos, estávamos fazendo todos
tentarem o conteúdo, e praticar as palavras e frases, entender os tons de
deboche em inglês, a tarde, eu olho Bárbara querendo me falar, e ela queria agradecer o destaque, mas
estava correndo, e vendo os números crescerem, perguntei para Beatriz e os rapazes se queriam tocar
antes dos meninos do Your Sons-in-law, e eles receosos aceitaram, não sei, acho que eles não estão
levando a serio, embora Beatriz esteja, talvez eles vejam a moça nova e estão pensando em algo
diferente. Eu vi o coral ensaiar ao fim da noite o que havia passado ao senhor Ronald o que queria, e vi o
grupo no teatro a cantar as 10 musicas que havia pensado, e pela primeira vez, sorri de algo que tinha
criado. E no fim do dia, confirmei mais 10 compromissos.
Quinta foi o dia de passar cada nota das musicas de três bandas, e tudo que parecia impossível,
estava prestes a acontecer, e não entendi, as visualizações começavam a subir das três bandas, e João
era meu único anuncio do evento. Vou ao local e vejo eles colocando as estruturas e ver o local
fisicamente pronto, estabelecia que estava bom, a diretora me olha e fala.
— Vai dizer que você que está montando tudo isto.
— Não, apenas os funcionários.
— Nem parece o mesmo lugar, parece maior com o piso uniforme e com os limites delimitados.
— Tivemos de por uma barreira no muro, para as pessoas não começarem a encostar nele.
— Vi que colocaram locais para venda de coisas, sabe as regras?
— Venda de refrigerante, cachorro quente, pipoca e coisas praticas, é um show que começa as 6
da tarde e termina próximo da meia noite, e depois disto começa o desmontar de tudo.
— Não conheço o que vai cantar ai?
— Encerra com uma musica que é para dispersar, não para agitar.
— O que vai por para encerrar?
— Um coral, as Bárbara, um coral de 300 vozes femininas, cantando um cântico diferenciado, uma
peça que poderia ser uma opera, más é um coral.
— E porque fazer aqui?
— Porque está é a casa que me educou.
— E não levou para o pessoal.
— Esta greve, parece sempre atrapalhar as coisas, os filhinhos de papai, vão estudando tudo, e
nós, depois nem vemos parte da matéria, e temos de concorrer de igual pra igual.
— Eles tem direito.
— Sei que não entendo disto para falar de direito, mas que saiba, a educação vem antes da greve,
nos direitos.
— E não vai fazer de conta que gosta.
Vi Rodrigo chegando ali e me cumprimentar.
— Olhando o local parece outro.
Sorri e peguei na eterna mochila, o caderno de inglês remodelado e falo.
— Esta é a ideia, se topar, mandamos uma caixa para os rapazes que vão fazer o curso.
Rodrigo olha o material, e fala.
— As vezes achamos que não precisamos, até ver algo assim, mas quem financiaria isto?
— Ainda apenas uma contribuição de um menino metido.
A diretora olha o material na mão do professor e fala.
— Posso dar uma olhada?
Ela nitidamente pegou para falar mal, mas teria de entender de inglês para entender, e não sei se
ela entendia. Eu caminho até o palco, verifico que estavam colocando os reforços e olho para o correr
da cortina frontal, nosso palco talvez tenha sido o primeiro que vi com uma cortina, testamos as demais
cortinas e começavam a chegar as peças de encenação, e vi que a diretora chega mais perto e olhava,
ela parecia querer entender o que estávamos fazendo, os rapazes testam o movimento do cenário
333
naquele piso erguido, criado o mais reto possível, mas mesmo assim, com desníveis, quando eles
tentam por a frente a estrutura que teria as trezentas pessoas, não andou, vi que na junção dos dois
palcos, poderia ter problemas, então seria melhor por uma cortina ali, e não mexer aquela estrutura,
ainda estava vazia e não caminhava, imagina com 300 pessoas sobre ela. No final da quinta eu fecho o
numero das 50 pretendentes, maluquice que corria a parte da minha vida. Eles estavam passando os
cabos, mas ainda não estavam colocando as iluminações, as caixas de som começavam a por, teria
segurança a noite, mas o trabalho acaba por caminhar na quinta inteira e boa parte de sexta, quando
reunimos todos naquele lugar e fizemos o primeiro ensaio completo, uma coisa era dizem que não daria
certo, outra era verem o local produzido, e não sei eles, mas o meu pensamento vai para a possibilidade
de ninguém aparecer.
Terminamos a sexta feira e cansado volto para casa depois de todos ensaios, e minha mãe me
abraça e comemos no restaurante abaixo e vi comediantes de São Paulo, virem testar textos naquele
local, começava a tomar jeito o local.
A conversa foi leve, minha mãe falava que deveria me conter, pois estava com olheiras, e sorri,
pois estava agitado, e pela primeira vez, estava pensando em fazer algo.
Expliquei a ideia para minha mãe, que somando as bandas, corais, tinha mais de 50 musicas
minhas, sendo colocadas para tocar, elas poderiam nunca fazer sucesso, mas estavam saindo do
caderno para ficarem registradas, expliquei que o coral, fora inscrito em 4 festivais nacionais, e ninguém
nem viu o coral ainda.
Expliquei que a ideia parecia boba, mas começava a gerar reproduções e dinheiro para as bandas.
Sexta insiste em acabar, e cansado, mais um dia acaba.

334
Sábado começa com um café reforçado, começam a confirmar todos os
pontos, as credenciais, sendo passadas para as pessoas ali, antes de irem ao
local, credenciais para entrar para a parte fechada do local, onde nos
organizaríamos.
Eu chego ao local, minha mãe falou em ir mais tarde, mas talvez ela nem
aparecesse, era normal isto, vi que tinha reportagem sedo no local, estavam
falando que teriam bandas locais, que se apresentariam, que o local estava
preparado para receber muita gente.
As vezes na correria, não pensei em achar um patrocinador, mas talvez uma RPC me financiasse a
montagem do palco, qualquer divisão de custos, sempre vinha bem.
O montar das coisas, parece correr com o dia, quando vi o pessoal chegando, vi que as coisas
estavam boas, estranho pois sentia uma energia me levando a frente, e paro um momento na mesa de
som a frente do palco, verificamos o som, testamos e começamos a ligar os microfones, depois os
carregar, baterias todas prontas, e os deixar funcionando e desligados, era para não dar microfonia e
não gastar as baterias antes.
Quando deu 4 da tarde, de sábado, se via gente chegando de todo lado, eu estranho o volume, via
a Globo e o SBT cobrindo o evento, começam as musicas, estanho pois eu ouvia um cantarolar de
algumas musicas, ouvindo ao longe, gente querendo ver certas bandas, e não eram as tradicionais, o
show chega a primeira estreia, eu estava aos fundos do palco, Beatriz estava nervosa, deveria ter
próximo de 10 mil pessoas, ainda bem que estavam todos comportados, e entendi o nervoso de Beatriz,
ela nunca cantara para um grupo, e joguei ela num super show, os rapazes a animam, talvez porque não
esperavam tanto destaque.
Ela começa a cantar, e quando ela canta “Cadela” vi o pessoal gritando o refrão, isto que não
estava entendendo, a musica que ela não queria cantar, estava na boca de todos, e ela parece se soltar
após isto, e vi que o pessoal andou vendo as musicas, pois eles cantarolaram as musicas, vi ela sair da
parte do show e me abraçar e falar.
— Esta adrenalina acaba com a gente. – Ela.
— Pior que vicia.
As meninas entram, e vi que o pessoal também recebeu bem, era algo diferente, mas que tinha
pessoas tentando cantar, duvido que entendessem as letras, mas vi que mais um grupo gostou, ainda
mais com a iteração, com os cenários, era um show.
Quando os meninos entram, pensei que eles estavam bem, mas se via as mãos tremendo, era
nervosismo, mas eles encararam, não foi tão quente como as duas primeira, mas teve seus pontos
fortes, e as participações geravam momentos que estavam incrível como publico, não como empresário,
não me considerava um.
Quando se anunciou o coral, vi que muitos nem olhavam, começam a sair, as meninas se
apresentam, mas senti a energia daquilo, parecia me carregar aquela energia, estava olhando ao fundo,
e uma hora, vendo ao longe, senti alguém me empurrar, estranhei, pois basicamente tive de me
equilibrar para não cair, senti o novo empurrão, e o sair da luz, vi que um era José, outro era Roberval,
tinha ali os 4 irmãos tortos, sinto que Jose estava querendo algo mais violento, não via mais o palco, e
estranho ouvir o som, ouvi o estampido de 6 tiros, e olho para os 4, estranho pois sinto aquela energia
me cercar, sinto a minha energia por um momento sentir a dor, como se fossem 6 coices no peito, e
ouço as balas caindo no material que cobrira todo o chão, os 4 sorriam, e sinto a energia, me recolho e
não sei, sinto a energia sair de mim e cercar os 4 rapazes, o segurança chega rápido e desarma José, mas
sentia como se parte da minha energia estivesse a volta, sobre os 4, via os amigos de José ao fundo, e vi
o segurança me olhar e falar.
— Tudo bem?
Sentia a energia e bati no peito e falei.
— Colete é para isto. – O rapaz pareceu acreditar, mas não tinha algo assim, vi eles isolarem os
rapazes e um policial recolher as balas e sem atrapalhar, fazer o levantamento, estava muito calmo, mas
sento ao fundo, sentia como se minha energia estivesse crescendo, e não entendia o que estava
acontecendo.
Ouço a ultima musica do coral, mesmo com poucos tendo ficado, menos da metade, tinha mais
de 4 mil pessoas que aplaudiram o fim do show.
335
Sinto aquela energia me cobrir, como se estivesse recebendo um agradecimento, estranho sentir
isto sentado ali, sinto a energia crescendo, e os 4 rapazes são recolhidos, e vi algumas meninas virem me
agradecer, eu sabia que ali tinham 50 problemas, ou soluções para uma vida, eu não deixei arestas
soltas, e as fechei, e somente nesta hora, senti o quanto isto foi importante.
Mais a frente agradeceria e escreveria sobre isto, mas naquele momento, estava ainda assustado,
e os agradecimentos tinham uma conotação que poucos a volta entenderiam, mas eu sabia que não
poderia denunciar os 4 rapazes, isto iria contra o acordo, eles atentarem contra minha vida, se tivessem
efeito, teriam quebrado o acordo, eu os processar ou dar queixa, eles julgariam como algo errado.
O coral fechando, conseguiu fazer o que achava que aconteceria, parte das pessoas foi embora,
então gerou um controle de saída mais fácil, mas me distraiu, e sempre fico pensando, se um dia alguém
conseguiria.
Bárbara Carvalho chega para agradecer e falo.
— Avisa sua mãe, que prenderam José.
— O que ele fez?
— Pelo que entendi, ele estava dando tiros, aprenderam ele e 3 rapazes, que estavam dando tiros
no meio do publico.
— E vai se negar ao agradecimento, foi incrível a sensação das pessoas cantando com a gente, e
nem foi algo deixado muito tempo na internet.
As demais me olhavam e falo contando.
— 49, 50, vocês vão me matar.
Bárbara sorri e fala.
— Vai se negar a morrer nos nossos braços?
— Não pretendo morrer, mas onde?
— Acho que a maioria sabe onde moro, poderíamos ir lá para casa.
Saímos dali, não me perguntem o que aconteceu, mas sei que foi uma madrugada longa, muita
conversa, algumas provocações, e estranho olhar o espelho e ver aquela luz sobre minha cabeça, na
forma de uma coroa, não sei quem via, mas senti alguém me puxar a cama, e sentir que estava quase
cumprido o começo da historia.
Era perto das oito da manha, quando todas foram indo para suas casas, eu fui ao estadual
acompanhar o desmontar e acertar os últimos detalhes, e vi que começavam a enrolar aquele material
que cobriu o piso, desmontavam tudo, e senti a energia a toda volta, sabia que algo estava acontecendo
e recebo a ligação de Sueli, mãe de José.
— O que está fazendo rapaz?
— Nada, nem dei queixa, mas a policia o prendeu, com uma arma que ele descarregou em mim,
não sei as consequências, falei que teria de falar dos riscos senhora.
— Mas ele está sentindo muita dor.
— Dor, ele não sofreu nada senhora.
— Ele parece estar encolhido e gritando para não o matar, que ele toma jeito.
— Não acredito que ele morra, mas sai dai a pouco, se soubesse que ele estava sofrendo, tentaria
ajudar senhora.
— Ele não se conforma em você tornar Bárbara que ele falava para todos, que não gostava, e
você transformou em uma estrela musical da cidade.
— Não sei o que recomenda senhora, leva ele ao hospital, não sei se ele não tomou algo para ter
coragem, não sei se não é parte de um acordo com aquele pai torto que tenho, mas ele foi apenas
recolhido, não deveria estar com dor, pois quem recebeu o tiro fui eu.
Ela desliga e recebo outras 3 ligações com colocações semelhantes, não entendia o que estava
acontecendo, via o tirar dos banheiros químicos, e do enrolar do material que cobria o chão, o local
voltava a ficar na aparência estranha que sempre teve, e fico acompanhando, quando minha mãe me
ligou, expliquei que tinha que garantir que eles desmontaram e entregaram como estava o local, que
assim que acabasse ali iria para casa.
Estava no campo, subi na parte da arquibancada e senti aquele ser ao meu lado.
“Não sei o que fez!”
Apenas olho o senhor que fala.
“Você não pode ser um príncipe, foi apenas um romance, sua mãe nem era do grupo especial.”

336
Eu não queria passar por maluco, então apenas olho aquele senhor, olhos de morto, sem vida,
naquela visão estranha, como se fosse apenas um espectro mesmo, isto não me fazia temer, mas
entendo o medo que alguns tinham deste ser.
“Parece querer se dar bem, mas não entendi, porque eles não conseguiram lhe matar?”
Eu também não sabia a resposta, mas com certeza, muito da historia, eu não conhecia, e talvez
como falo, não fosse o nome dele que me fizesse especial, lembro de ter oferecido meu sobrenome a
todas, e foram aceitas como princesas de um Baptista, não de um York, eu não entendia disto, mas
talvez não fosse o mesmo caminho, o do senhor, cheirava a morte, o meu, a merda, mas merda de mais
de 150 crianças, que seria a minha divisão, nunca entendi esta historia de ter três filhos com suas
companheiras, mas com 50 delas, seria muita frauda a trocar, um verdadeiro cheiro de merda e falo.
— Sei que cheiro a merda, e não entendo isto!
O senhor me olha e fala.
“Pelo menos sabe que príncipes não cheiram a merda, você é um caso que não deveria ter gerado
algo, mas fazer o que, morri antes de saber que sua mãe engravidou.”
O pessoal começa a tirar do fundo o espaço deixado ao pessoal que cantaria, os camarins, e saía
mais caminhões levando os banheiros químicos.
Aquele portão estava agitado, eu as vezes apenas olhava e ouço.
“Não sei o que fez, mas meus filhos estão com dor, e você não parece estar fazendo nada!”
Me levantei e confirmei com os rapazes o que faltava, já estava saindo o ultimo caminhão de
banheiros químicos, o caminhão com rolos daquele material que uma hora cobrira tudo, e todas as
armações finais do palco, saiam bem ao fundo, faltava muito pouco, eu confirmo com o senhor, estava
cansado, e vou para casa, eu precisava descansar.
Chego em casa e vi minha mãe a sala e ao lado, estava o senhor Vaz, pai de Bárbara, eu estava
cansado, e pelo jeito teria uma conversa que não sei se cansado era uma boa.
— Bom dia menino, precisamos conversar.
— Bom dia, só deixa eu tomar um banho.
Entrei e tomei um banho, tomei um café forte na cozinha e vou a sala.
— No que posso ajudar senhor Vaz.
— Sei que você liberou para uma banda algumas musicas e não entendi, me falaram que não
posso barrar aquilo.
— Musicas minhas, registradas a mais de 2 anos para mim, não são de sua filha senhor, as que
perguntei para sua filha se podia usar, ela disse não e apenas não usamos.
— Mas porque liberou aquelas musicas.
— O senhor forçou minha saída da banda de sua filha, não tem porque eu deixar musicas minhas
paradas, se não vão cantar lá senhor.
— Sabe que muitos tem medo deste espectro do York.
— As vezes queria saber como o mandar ao inferno de uma vez, mas parece que não é minha
parte isto.
— Mas não entendo sua calma.
— Senhor, sua filha nem sempre será de menor, sem poder de decisão, eu sei esperar, pois sei
que este papo de medo, uma hora ou outra, descubro como afastar aquele traste de nossa vida.
— Dizem que ele é um rei desencarnado, somente o surgir de um novo rei, o fará descansar.
— Então torço que algum dos outros filhos, pois eu ele diz que não cheiro a príncipe e sim a
merda, se faça rei, para ele nos deixar em paz.
— Pela primeira vez tivemos shows cancelados, pensei que demoraria mais para começar a cair.
— Cancelaram qual?
— Los Angeles.
— Um dinheiro bom que não entrará, mas vocês conseguem ir mais calmamente, as vezes estas
coisas de cair um pouco acontece.
— Dizem que está querendo nos derrubar.
— Eu não faço nada pensando em derrubar alguém senhor, eu estaria na banda de sua filha, se
não tivesse sido colocado para fora, e não estou em nenhuma outra banda ainda.
— Tem pretensão de ter uma banda própria?
— Eu vi algo que não entendi, uma musica que eu achava muito fraca e apelativa, começar a ser
cantada por esta juventude meio maluca.
337
— De qual está falando?
— Aquela “Cadela”.
— Verdade, e o que tem haver com isto?
— Eu fiz digamos 13 musicas para Beatriz cantar, ela fez três, uma delas, “Cadela”, e todos estão
cantarolando aquilo.
— E não nega que lançou a menina?
— Quem lançou foi o João do Espelho, não eu.
— Não entendi como se lança algo como aquilo?
— Ele colocou aquele personagem da noite, “Zezinho” cantarolando a musica, e depois vendo o
vídeo dela, e parece que as pessoas começam a ver primeiro o vídeo dele, e depois migraram para o de
Beatriz.
— E pelo jeito nem descansou.
— Eu tinha de entregar o local como peguei, então acompanhei quase até o fim o desmontar,
quando já não tinha a parte estrutural, faltando pouco, vim dormir.
— E o que esperava com aquilo?
— A parte que acho mais bonita, é a parte que a juventude não gosta, as 10 musicas de 12
minutos, do coral.
— E alguém ainda vê coral?
— Eu vejo.
— Certo, então as musicas que você usou foram apenas as suas.
— Sim, e não esquece, eu não vetei Bárbara e os clementes, de usar 5 das musicas que são
minhas, não entendo esta coisa de querer ferrar com os demais, e nem lembram que estão usando
musicas que não são suas.
— Bárbara falou que ajudou a fazer.
— Sim, mas não é apenas dela, sabe as regras.
— E pretendia o que com aquele show no estadual?
— Eles cantaram 50 musicas que estavam no caderno, sem pretensão de serem cantadas, posso
até fechar o caderno, pois uma coisa é ver uma musica qualquer sendo tocada, mas ver 50 musicas
sendo apreciadas, cantaroladas, é muito gostoso.
— E pelo jeito não vai parar?
— Eu não sei parar, eu estou com 4 grupos teatrais, ensaiando as peças para o festival de Teatro
em Inglês, tem ainda um grupo de 22 musicas que não fiz nada ainda, e tudo é possível, até eu cansar e
apenas tocar o que agora consigo dizer, meu espaço.
— Vaz não me abre como você conseguiu comprar tudo isto, parece ter algo ilegal ai.
— Acho que o senhor apenas não quer ver a verdade, mas algo que não possa ser falado depois
senhor, estou cansado?
— Nada, mas pelo jeito, terei de olhar o que você está fazendo, pois não me falaram em coral.
— A surpresa vai ser desagradável, mas agora bom dia, pois tenho de descansar.
Eu fui ao quarto, e apaguei na cama.

338
Acordo tarde no domingo, ou quase no fim do dia, e minha mãe me olha
e fala.
— Todos querem lhe falar?
— Todos?
— Quatro mães, algo sobre os filhos estarem com muita dor, Sueli falou
que precisava falar com você urgente.
— Não entendo tanto disto mãe, o seguir as cegas, faz com que tudo que
fale, seja minha interpretação.
— E porque eles estariam tendo dores?
— Algo dentro da fé de quem me gerou e deles, mas eles me deram 6 tiros ontem, nenhum
chegou a mim, mas é dentro da cultura deles a penalidade.
— E o que seria você que geraria isto?
— Eles diziam que meu pai, aquele troço, era o candidato a rei, então os filhos dele, candidatos a
príncipe, mas ele sempre considerou que a senhora não era do grupo, ali foi apenas aventura, então eu
não deveria ser candidato a rei.
— Mas de reinado eles estão falando?
— Um reinado da lei, não sei explicar isto mãe, mas a penalidade, é por eles terem tentado matar
um irmão, mesmo que eu não fosse candidato a rei.
— E ficam lhe cercando por isto?
— Não se foge do destino, a senhora sempre fala isto.
— E pelo jeito acredita nisto.
— Não, eu acredito no que faço, e não sei o caminho que será me indicado, mas sei que eles
querem algo.
Eu pego um aplicativo e vou a casa de Bárbara Carvalho, e vejo a senhora preocupada, ouvia os
gritos de Jose, e ela fala.
— Tem de ajudar ele rapaz.
— O problema é que tem de ser algo com consentimento senhora, pois eu não sei o que a
espátula vai indicar, para tirar a dor dele, eu temo o que não me é parte julgar.
— Pelo jeito eles tentaram de novo, ele não me ouve.
Eu não sabia o que falar, mas subi no quarto de José, a imagem em si era estranha, pois ele estava
encolhido na cama, sem as calças e com um saco de gelo no saco escrotal, e gritava de dor, como se
queimasse.
As vezes não sabemos o que estamos fazendo e olho a senhora.
— O que o médico falou?
— Que não via nenhuma anomalia, que parecia normal, apenas uma temperatura excessiva.
— Tem certeza que quer evocar as forças do Deus da Guerra, pois sua voz, seus atos e seus
segredos, são Hadit.
Eu chego perto e Jose parecia desfigurado, muita dor, era quase um pedido que acabasse com
aquilo, eu o faço sentar e toco na mão dele e surge uma estrela rachada, e lembro que na palavra, todos
somos uma estrela, eu toco a adaga em sua testa e vi aquele vulto surgir a minhas costas, era o vulto de
meu pai, eu tentava entender e sinto ele me atravessar, a dor, não sei o que ele sentiu, pois ele gritou
assim como eu, uma hora estava tocando a testa de Jose com a adaga, no segundo seguinte, tentando
me segurar e sentido o chão, angustiante de não conseguir me mexer.
Sinto que alguém me senta, eu tento mexer os braços, e tive de me concentrar, abro os olhos e
aquele vulto de ser estava a minha frente.
Ele estava distorcido, não entendi.
“O que é você?” – Esta pergunta vinda de meu pai, era cômico, mas era nítido que ele era alguém
se divertindo, não tentando entender, não explicaram para ele que dava para fazer as duas coisas ao
mesmo tempo.
Olho a adaga e estico a mão, os músculos estavam doidos, a adaga brilha, Jose gritava ainda de
dor, e isto fazia o ser olhar o rapaz e me olha.
“Não vou deixar você o matar!”
Sueli olha-me e pergunta.
— O que ele quer?
339
— Que não mate seu filho.
— Sei que O Deus da Guerra não nos dá saídas fáceis. – Sueli.
— Sim, mas alguém não acredita tanto no Deus da Guerra.
“Não me respondeu!”
A adaga vem a minha mão, flutuando pelo quarto, e quando a seguro, sinto minhas energias
voltarem e me levanto, olho o senhor e falo.
— Que sua vontade seja expressa Deus da Guerra. – Toco a cabeça de Jose, e sinto que o espectro
de meu pai se aproxima, mas com o surgir da imensa cabeça de Hadit, ele parece recuar.
O ser olha José e fala, aquele som era difícil de esquece, pois parecia nos atravessar, ele me estica
a mão e coloco na frente do ser a adaga, ele parece mudar para uma forma mais humana, e se viu
crescer mãos e a mesma pega a adaga e encosta primeiro na cabeça de Jose e depois olha o menino e
fala.
“Tem de entender menino, agressões, tem de ser por prazer, não por ódio, não por desejo, não
por inveja, e mesmo estas não se aplicam aos irmãos, aos candidatos a rei.”
Sinto o ser tocar a adaga nas partes intimas de Jose, ele para de gritar, e olha o ser e fala baixo.
“Agradeço o fim da dor Hadit.”
“Respeito entre os irmãos, é essência da Lei!”
O ser me estica a adaga e some no ar, vi que Jose, se encolhe, ele parecia cansado, e se cobre,
Bárbara me estica a mão, guardo a adaga e falo para Sueli.
— Qualquer coisa me liga, é que fui dormir próximo do meio da, estava cansado.
Sai dali e com o motorista, passamos em 3 outros endereços, e vi que no final do terceiro, sinto
como se minhas energias se refizessem e olho Bárbara soltar minha mão e recuar, olho a frente e vi o
espectro do meu pai.
“Agora já cumpriu sua função filho, hora de morrer!”
A noite de um domingo que não vivera e olho aquele ser negro vir sobre mim, eu odeio esta
sensação, ele me atravessa, eu me seguro para não cair, e sinto o ser dar a volta, ele voltaria, e estico a
adaga a altura da cabeça dele, ele mesmo assim veio, e aquilo atravessou a cabeça dele e vi o espectro
recuar, colocar a mão na garganta, via a ferida e ouvi ele.
“Vivos não matam mortos!”
— Mortos não são mais que espectros de vidas vividas, alguns evoluem, e adquirem como se fala,
a velocidade da luz, concentram energia e evoluem, alguns, tentam a absorver, e a cada dia ficam mais
pesados, até não conseguirem mais com seus pesos e definha, terminando em uma grande explosão.
“Mas o que é você?”
— Bruno Baptista. – Alguém falou as minhas costas, e vi a mãe de Roberval.
O ser olha ela e fala.
“Me traíram?”
— Joga irmão contra irmão, e quer falar de traição! – A senhora olhando o espectro.
“Meus filhos me devem obediência!”
— Os que deu o nome, sim! – Falei olhando o ser, ele não havia dado seu nome a ninguém, ele
não queria o compromisso.
A senhora olha o ser ainda segurando a garganta e fala.
— O que vem perturbar, já morreu uma vez, volta para seu inferno York.
O ser pareceu ficar com raiva, ele tira a mão da garganta, se via uma luz sair por ali, ele volta a
coloca a mão, e fala.
“Não vou facilitar este bastardo!”
— Tentou duas vezes, e não entendeu o que senhor? – Falei olhando o senhor, aquilo não era pai
de nada, mas parecia querer algo a mais, que não existia mais para ele se apegar.
Ele me olha e volta a perguntar.
“Mas o que é você?”
Aquele estrondo saindo de todas as paredes falou.
“O novo príncipe!”
O espectro me olha e fala.
“Não reconheço ele como meu rei!”
Eu dou um passo atrás e o espectro viu mãos vindo do chão agarrarem ele e ele olha assustado,
elas o puxam gritando para dentro da terra e juro, não entendi nada.
340
A senhora olha para o chão e fala.
— Que o inferno o tenha.
— Cuida do seu filho, e manda ele não se voltar contra quem não o quer mal.
— Ele vai descansar, mas agradeço por ele.
— Amanha todos estarão me odiando, mas aceito o agradecimento no dia de hoje.
Vi ela entrar, olhei para Raquel a entrada e apenas falo.
— Não falta amanha.
— Não entendi nada.
— Nem eu.
Saímos dali e Bárbara me deixa a frente do teatro, eu olho em volta, o bar estava agitado, e olho
para aquela menina me olhando.
— Perdida aqui?
— Se acertou com a outra Bárbara? – Bárbara Vaz.
— Eu acho que meu destino pode falar em estar só.
— Mas anda com ela por ai?
— Sim, a mãe dela me chamou a casa dela, porque o irmão da Bárbara estava com muita dor, e
ele queria falar comigo.
— E me esqueceu?
— Não falamos sobre isto ainda, sabe disto, você apenas me deu um pé na bunda.
— E saiu por ai a galinhar?
— Eu ainda não sei o que estou fazendo, mas sei que estou colocando peso nas costas, não sei até
quando eu consigo carregar.
— Queria conversar Bruno.
— Seu pai não quer acompanhar a conversa? – Falei pois sabia que o senhor, estava ao fundo, foi
fácil achar ele quando vi que ela estava ali.
— Não sei se não seria melhor uma conversa a dois.
— Não confia e traz o pai, e não o quer participando?
— Ele as vezes acha que entendo de sentimentos.
— Tomamos um refrigerante e conversamos. – Fiz sinal para o senhor no carro, Bárbara não
parecia querer que ele ouvisse, e quando ele chega perto falo.
— Vamos subir, nada aqui é segredo mesmo.
Subimos a casa simples e dela agora se via aquela imensa bola em armação e vidro ao lado, e o
senhor pergunta.
— O que vai ser ali?
— Ainda pensando sobre o que fazer ali. – Menti.
Minha mãe viu quem era e chega a sala, e vi que Bárbara me olha e fala.
— Sabe que assim não facilita.
— Quer dar uma caminhada no quintal deste rapaz?
O pai dela e a mãe ficam ali, na sala da casa simples e caminhamos até o ponto que tinha um
pequeno lago, e este escoria pela parede lateral do prédio até embaixo, uma cachoeira de 60 metros.
Sentamos a mureta que dava para ver a casa de um lado, os prédios ao longe e ela fala.
— As vezes sinto falta de lhe provocar.
— E como posso chegar perto, se você me quer longe Bárbara, e sei que não facilitei nada.
— Você criou um coral com o nome de Bárbaras.
— Tinha três bárbaras na minha vida, e apenas uma delas faz parte deste coral.
— E quer todas?
— Querer e ter é diferente.
Ela bate no meu braço e fala.
— Cara de pau Bruno, não é certo.
— O problema Bárbara, você quer liberdade, para ser assediada, eu quero liberdade de criação e
movimento, não deveríamos ter pressa, e tivemos.
— Me dando um fora?
— Não, apenas falando a verdade, você sabe disto.
— Acho que você faz falta ao grupo.
— Falou que não me queria lá, lembra.
341
— Sou possessiva, deveria ter entendido que você não faria minhas vontades.
— Bárbara, somos crianças, brincando de adultos, não se culpe por algo assim, já que não posso
largar o que armei, e provavelmente vou parar em outubro.
— E vai deixar a ideia esfriar.
— Barbara, não estou lá, não sou eu que estou deixando esfriar, eu quero algo diferenciado, mas
não shows como aquele em Jurere Internacional.
— Meu pai acha melhor estes shows.
— Não tem energia, desgasta a banda, pode pagar bem, mas mata a essência do grupo.
— E pelo jeito fez algo diferente.
— Estava testando a possibilidade, aquele palco, 90% das empresas em capital, de montagem de
show, tem estrutura para montar algo como aquilo, entramos em um palco montado, o que libera
grandes eventos, dai colocamos luz, câmeras, som e cenário.
— Estava testando algo, todos falando em grande show de graça, e estava testando?
— Sim, olhando aquele show, era o que estava pensando para a pedreira em Outubro, mas vocês
me colocaram para fora.
— E não quer voltar?
— O problema está na sua frase Bárbara, “sou possessiva”, tem de pensar se quer, pois não vai
ser fácil.
— Você trabalhou todo o fim de semana em Florianópolis, metade nem foi por recebíveis, e sei
que apontei os lados perigosos de um guitarrista independente para meu pai.
— Sou assim, mas o que quer falar.
— Queria você ao meu lado, mas você não vai aceitar eu perto durante a semana, e longe no fim
de semana.
— Aceitaria eu fazendo isto? – A olhei serio.
— Não, mas preciso de você lá.
— A pergunta que me faço, como damos este passo atrás Bárbara, e sei que se é possessiva, vai
ter ciúmes.
— Porque acha que teria ciúmes.
— Um coral de 300 meninas, uma banda de meninas, uma banda nova que surge semana que
vem, e 4 grupos teatrais, deve chegar a 6 até outubro.
— Pelo jeito terei de conter minha vontade de mandar em tudo, mas o que posso fazer Bruno, é
minha forma de ser.
— Eu não sei ainda o que pretende, mas mantem a calma, mas se precisar de um guitarrista, acho
que vou ter problemas com os fins de semana.
— Somou muito.
— Ainda esperando o peso somar.
— Acha que vai ficar mais pesado?
— Estamos em greve, e mal consigo terminar os dias.
— E pelo jeito não vai vir a um colégio no centro.
— Tentei achar um razoável, não achei, um particular não acho que fosse o caminho, então vou
tentar terminar meu terceiro ano, longe do centro.
Ela me olha serio e fala.
— Às vezes parece que quer fugir.
— Às vezes quero dar atenção a uma ideia, e ela não se realiza, pois não consegui dar atenção.
— E o que pretende fazer amanha?
— Criar uma nova banda.
— Uma nova banda, não está suficiente ter nos reduzido.
— Não os reduzi, Bárbara, eu ainda estou soltando minhas musicas, você começou a reter, eu e
você teríamos musicas para muito mais, mas não quer dividir, quer centralizar.
— As minhas são minhas.
— Então sabe que não fiz nada contra vocês, e eu estou apenas neste fim de mundo chamado
Curitiba, não como vocês, que foram ao Rio de Janeiro.
— As vezes acho chato cantar a mesma coisas milhares de vezes, não sei se eu não sou o
problema. – Bárbara.
— Nisto não tenho como ajudar Bárbara.
342
— E escolhe as namoradas todas com o mesmo nome para não trocar os nomes.
Olhei para cima e olhei para ela.
— Não tinha pensado nisto.
Ela me bate no braço de novo e fala.
— Meu pai não me quer envolvida com você.
— Nem sempre será de menor, um dia vai sair da barra da calça do papai.
— Mas teria horário para este guitarrista dar uma canja na terça feira.
— Show na terça?
— Serginho Groisman grava na terça.
— E me quer lá? Apenas eu?
— Meu pai nem quer você, e quer levar mais gente.
— Você que escolhe, se quer ou não que vá lá.
— Eu quero, e não sei o que você acha que vai ser, mas preciso de um guitarrista.
— Eles editam tudo até sábado, relaxa.
— Tenho medo de não ser eficiente.
— Marca com os rapazes e ensaiamos amanha.
— E consegue tempo?
— Dou um jeito.
— E pelo jeito não se preocupa em carregar um piano.
— Sei que eles gostam de por gente que não entendo, em um mesmo ambiente, mas a escolha é
de vocês.
— Acha que vão me por em destaque?
— Com certeza, e provavelmente vamos ser algo a mais, não o show principal, e sabe, não é o
mesmo de fazer um show.
— Certo, mas não entendi o desmarcar do show no Rio, pensei que estávamos em alta.
— Tem de considerar, que se vazou que vocês vão ao Altas Horas, o show de vocês, vale mais para
quem vende, semana que vem que esta semana.
— Acha que seriam tão sujos assim.
— Acho, mas não é sujeira, eles querem ganhar, você quer ganhar, eu, apenas tocar.
— Sei que está somando em coisas que o pai fala que você esta gastando o que não tem.
— Sim, eu estou estruturando o que acredito, e sei que alguns acham estranho isto.
— E vai continuar a investir.
— Estou tentando uma concessão de uso de 100 anos, em dois pontos, me indicaram como
melhor forma de fazer.
— E não vai parar?
— Acho que ainda não sei como fazer tudo funcionar, mas precisando de um guitarrista, apenas
pede.
— Pelo jeito não se preocupa.
— Eu queria estar ganhando dinheiro, e estou gastando.
— As vezes parece distante, mas temos de conversar mais.
— Aparece amanha a tarde e conversamos.
— Pela manha vai fazer o que?
— Greve está fazendo agilizarmos 4 grupos de encenação para o festival de teatro em inglês, as
vezes acho que minhas maluquices não vão dar em nada, as vezes, que são algo a não deixar no
caminho.
Voltamos a entrar, eles se despedem e minha mãe pergunta.
— O que eles queriam?
— Um guitarrista para Terça Feira.
— Durante a Semana?
— Gravação dos Altas Horas.
— Acha uma boa ideia?
— Eu acho que eles vão nos por num dos palcos altos, e seremos apenas um grupo somando ao
dia.
— E não se preocupa?

343
— Eles abandonaram metade da ideia, soube que não se apresentaram pelo segundo fim de
semana com o cenário, então eles estão priorizando o ganho, não o show.
— E quer o show.
— Sim, quero o show.
Eu tinha dormido a tarde, mas teria de tentar dormir, mesmo que pouco, para não atravessar a
semana.

344
Amanheço segunda, vou ao colégio, levando o de sempre, e um violão,
chego ao colégio, e entramos, o pessoal e outros colégios estavam já todos em
casa, sem insistir, e ali entramos e fomos o auditório e novamente separamos
os textos, ensaiamos o esquentar das vozes, o pronunciar dos testos e
começamos a arrumar alguns pedaços, começávamos a entrar na terceira parte
da peça, era maior que isto, mas era o avançar disto.
Estranho porque parece que a greve, tirou o secretario de cultura do meu
pé, mas confirmamos os quatro testos e os participantes e fomos ao Teatro, e
fizemos a inscrição dos primeiros 4 grupos que apresentariam peças no evento de outubro, e Rosália me
olha e fala.
— Parecem ter acalmado.
— Não entendi a ideia, pois se por um lado ele queria um evento, ele queria jogar um evento
sobre outro.
— E não se prendeu a discussão.
— Eu não vejo o evento como os demais, este evento que estamos montando, gera o gastar para
ver algo, o deles, algo gratuito com crianças gritando na plateia.
— Certo, um para pais e conhecidos, para mostrar algo de valor, e outro, para fazer de conta, mas
o que pretende com isto?
— Queria que não colocassem restrição de numero de participações por colégio.
— Quer os 4 grupos fazendo mais uma peça.
— Uma em português e uma Infantil, não sei se aprovaram a ideia da mudança de cronograma do
ano.
— Eles nem entenderam, mas para quem queria eventos, começamos a ter de distribuir para
outros o que fazemos geralmente aqui, pois com metade do mês ocupado, por 10 meses, tem gente a
volta sorrindo.
— Eu sei que não sei pensar pequeno.
— E pelo jeito quer falar algo? – Raquel ainda estava ali, e Carla esperava a entrada.
— Não sei se viu o Coral que se apresentou no fim de semana no Estadual.
— Ouvi comentários, o que pensou.
— Um espaço em Setembro, para o primeiro show oficial do coral Bárbaras.
— Ainda não era oficial?
— Estão em ensino, apenas a duas semanas.
— Certo, quer algo mais organizado, mas sinal que começa a pensar em ter um cronograma.
— Sim, e quero confirmar os recursos da reserva de Junho.
— Vamos fazer um evento?
— Tenho até lá, 10 locais para shows na Iguaçu, mas preciso dos 4 locais do Guaíra, já passei o
cronograma para o Lala, e vamos por gente em outros 10 teatros.
— 25 locais com show de comedia na cidade?
— Sim, 350 espetáculos em uma semana.
— Algo realmente grandioso, e quer nos trazer os maiores.
— Sim, mas para cá o show de alguns, mas os mesmos, fazendo testes em bares da região,
gerando ganho em varias partes da cidade.
— E todos pensando em Festival e querendo ampliar.
— Viemos fazer as primeiras 4 inscrições, para as pessoas verem que é serio senhora.
— Todos pensando que não viria ninguém e agora já temos 4, e pelo jeito quer mais.
— Vou ainda focar no que eles podem fazer, mas uma coisa é eu falar em alguns lugares, que 4
grupos teatrais já estão falando em participar do Festival, mas acha que o governo solta aquele verba.
— Acho que eles ficaram acanhados, mas é um evento com plateia livre, com organização dos
grupos, vai ser uma correria.
Saímos dali e chegamos a Iguaçu, vi o pessoa da “Barbara e os Clementes” ensaiando, passei o
pessoal das Meninas para o teatro superior, o coral continuava no mesmo espaço anterior, e por fim,
sento um pouco e começo a ver as imagens, pego o fone e começo a acompanhar o show do coral, se
ouve bem claro os tiros, tive de cortar esta parte, e a parte da policia entrando pela lateral e chegando
aos rapazes.
345
Criamos a pagina oficial do coral e colocamos lá as 10 musicas, e vi que ficou algo que não existia,
pois corais, não são normais, e começo a editar os demais, tinham musicas que ainda não tinham ido ao
Youtube, e começo a programar a entrada dos vídeos, e aquele show ficou bom nas imagens, mas no
som, deixou a desejar.
Estava a olhar os vídeos quando vi Bárbara Vaz olhar para mim e falar.
— Não vai ensaiar.
— Já chego lá, confirmando 4 inscrições no Festival de Teatro.
Ela sai e Beatriz me olha e fala.
— Voltaram?
— Não, mas não sou alguém que guarda rancor, eles precisam de ajuda amanha, e não vou deixar
eles na mão.
— Certo, e vai nos deixar na mão? – Bárbara Silva.
— Não, mas temos de ensaiar melhor aquelas manobras de palco, algumas me preocuparam.
— Quer melhor, todos falando maravilhas.
— Eu sou por melhorar sempre Bárbara, sabe disto.
— E pelo jeito nem viu os comentários do pessoal.
— Não, infelizmente ontem eu sai de lá quase oito horas depois do ultimo espectador.
— Certo, tinha de desmontar, mas acho que precisamos de um empresário, e tem um nos
cercando.
— Não sendo aquele inoperante do que cercou os rapazes do Your Sons-in-law, tudo bem.
— Não quer nos empresariar?
— Quero.
Ela sorri, acho que ela pensou que diria não.
— Pensei que diria não.
— Temos de passar aquelas musicas, sei que foi corrido, mas era para este tipo de impacto.
— A pagina ganhou quase 200 mil seguidores entre sábado e hoje, não sei o que pensar. –
Bárbara.
— Que temos de nos preparar, Beatriz está batendo seus números, tem de melhorar.
— Não vale, você colocou alguém com uma musica que gruda na cabeça, não conseguimos não
cantarolar.
Sorri e Beatriz fala.
— Juro que o som deve ter saído tremido, pois as mãos tremiam de nervoso.
Bárbara sorriu e fala.
— E vai me trocar por outra Bárbara?
A medi e falei.
— Este Bruno vai estar seco no fim do ano.
Beatriz sorriu e fala.
— E não vai parar?
— Eu preciso de alguém as empresariado, sei que eu sou de menor, não vai funcionar, mas vou
falar com gente que entenda do mercado, e explicar a ideia.
— Quer vender o show?
— Ampliar o show de Sábado e vender o show.
— Certo, algo que nos destaca, vi que no começo do Coral muitos saíram. – Beatriz.
— Por incrível, nem sempre será assim, mas a ideia era esta.
Terminei mais duas compilações, e coloco no sistema para entrar no automático e vou ao palco
baixo e vejo que eles estavam ensaiando sem os cenários, e perguntei se aposentaram o cenário, e eles
falaram que seria sem cenário, e que provavelmente, seria sem marcaras.
Falei que eu usaria a minha, e que não me preocupava com isto, mas vi que ensaiamos, eles
estavam bem preguiçosos nas notas e no ritmo, eu sai a menos de duas semanas, e parecia que estava
tocando com outro grupo.
Bárbara Vaz viu que tentei puxar o som, mas ele ficou sempre meia boca, eu não gostei, e não era
de falar que gostava quando não gostava.
Os rapazes tiraram sarro que nem era mais da banda, que era a forma que estavam cantando.
As vezes as pessoas perguntam porque não dão certo, e a resposta está ai, elas querem sucesso
se dedicando cada vez menos para o sucesso.
346
Terminamos o ensaio e fui ver como estava o coral, e quando deu 6 da noite, fui a distribuição de
comida na praça do atlético, e não sei, as vezes temos de nos por na posição dos demais, e ali era uma
forma de agradece o que tinha.
Quando volto, Vaz estava lá e ao lado estava o Governador que queria conversar.
Entramos e o senhor viu que os alunos tinham aula ao fundo, uma banda ensaiava e sentamos na
direção e ele fala.
— Não entendi o que foi proposto, para saber se apoio ou não.
— Referente a qual parte.
— Pinheirão e pedreira no Atuba.
— Eu poderia propor comprar, mas é terreno do estado, então propomos pagar o uso do local,
por concessão, por 100 anos, e pagamos por isto.
— E qual a ideia?
— Assim como tenho um local de shows aqui, quero com calma reformar o estádio e fazer um
local para show com 120 mil pessoas, assim como na pedreira, criar um espaço para shows, criar um
espaço de teatro, pois estou pensando para o ano que vem ter um curso para teatro, coral e bale nos
três pontos, um aqui, um no Tarumã e um no Atuba.
— Pelo jeito as pessoas pensam que vai parar, e pretende acelerar.
— Sei que muitos me olham desconfiados, mas é por não me conhecer.
— E quer o que com isto?
— Ser polo de teatro, bale e corais, ser uma semente de uma musica local, diferente não no som,
mas na estrutura do show.
— Todos falam do grande evento no colégio estadual, nem sabem que não foi promovido pelo
estado.
— Como falei senhor, com apoio faríamos mais, sem apoio, vou fazer aos poucos.
— E este é seu pouco.
— Organizar as coisas, e estar em um estado organizado, me permite fazer isto senhor.
— E acha que aquele Festival de Teatro seria uma boa ideia.
— Sim, mas se vocês fizerem, terá uma conotação, se deixarem eu crescer, faço o mesmo em dois
anos, com uma conotação toda diferente.
— Quer dizer que podemos fazer uma ideia que pode crescer, mas podemos nos encolher, e ver
você abraçando a ideia.
— Sim, e com uma vantagem, ninguém acredita em ser eu ali, o que me deixa ainda no
anonimato.
— Vi que aqui o local está agitado, todos pensando na greve, e você não parou.
— Eu gostaria de apoio, as coisas sairiam mais rápido, mas parece que ainda não é o caso.
— Alguns políticos tem medo de você.
— Medo, fala serio governador.
— Pode não saber, mas o evento no estadual, mostra uma organização que eles temem.
— Eu não fiz sozinho, mas é como estava falando com o tio do meu advogado, eles falam que eu
estava atrapalhando a banda da filha dele, e perguntei o que um show no Estadual do Paraná, pode
atrapalhar alguém que está fazendo show no Rio de Janeiro.
— Mas pelo jeito quer locais de show, para as escolas de teatro e musica, e criar polos.
— Quando se fala em tocar senhor, vão surgir musicas que eu não gosto, mas que grudam e viram
destaque, as vezes produzimos 4 grupos, os fornecendo estrutura e musicas, e uma musica de uma
menina, falando de “Cadela” toma o show.
— Certo, ouvi gente cantarolando esta coisa horrível, mas é o custo de dar espaço.
— Vou dar autorização de concessão de uso dos espaços, as pessoas nem olham hoje, depois vão
querer o tirar de lá.
— Depois de investido, todos tem interesse senhor.
O governador sai e Vaz fala.
— Ainda bem que fizermos tudo certo, aquele empresário está novamente tentando cercar quem
está em destaque.
— Vou precisar de uma empresa de representação, e por alguém a tocar esta empresa, posso
tocar, mas tem de ser alguém que levem a serio.
— E quer representar quais grupos?
347
— Estamos criando, mas serão 4 grupos teatrais, vamos por “Marginais do Lange”, “Dominadora
Beatriz”, “Your Sons-in-law”, o Coral “Bárbaras”, e quero ver se teremos mais uma banda.
— Começar por todos em um prospecto de show.
— Sim, algo a vender, como o show do fim de semana.
— Vou verificar como posso ajudar, vou precisar de auxilio em dois contratos esta semana.
— Pode ser na quarta?
— Problemas?
— Amanha estarei no Rio de Janeiro.
— Se entendeu com minha sobrinha?
— Eu estou ainda tentando entender, mas ela falou que precisa apenas para amanha.
O rapaz sorriu, e sai, fui a direção e falei para achar alguém para me substituir na aula da turma
de oratória.
Eu subo e olho em volta, estava sentindo que poderia ter algo errado, mas na verdade, era apenas
a sensação de ter compromisso com tantas pessoas, e estar sozinho.
Olho o terreno na saída de Colombo, que tinham me passado, o terreno das cerimonias, eles
queriam algo, mas começo a pensar no que faria, não era algo para muitos saberem, era um terreno que
comportaria um terreiro central, casas a toda volta, um muro alto ao longe e um riacho a toda volta, o
que corria apenas por um lado, forçar ele correr pelos dois lados, uma ideia boba, mas meu reino, um
pequeno terreno, onde mais a frente, poderia entender esse pessoal, e por mais que fosse ainda alguém
a parte do grupo, me sentia parte dele.
Eu faço um pequeno esboço de como seria, e na parte mais alta do terreno, meu castelo, sorri,
não, era somente uma casa, uma senhora casa, poderia ter ali ao lado uma casa, mas queria manter as
casas, a da minha mãe, a sobre o estacionamento, com sala ampla, tudo amplo e 52 quartos, agora
queria algo também em Colombo, com a mesma possibilidade.
Eu não era de grandes sonhos, mas sabia que estava começando precisar sonhar alto, e nem
sempre sonhar alto facilita as coisas, na maioria da vezes apenas nos complica.
Eu não me cansara tanto, pego o violão e dedilho alguns trechos de musica, e fui anotando, minha
mãe entra pela porta e fala.
— Pelo jeito agitado.
— Tento deixar todos a altura da mão, e ao mesmo tempo, longe o suficiente para que eu respire.
— Não entendi algumas coisas.
— Fala mãe?
— Aquela senhora, que o processou, me ligou para saber se a candidata a Rainha, estava
precisando de alto.
— Eles são malucos.
— Mas o que eles querem dizer?
— Mãe, eu tento a deixar de fora, sabe disto.
— Sim, mas o que eles querem dizer?
— Eles estão me indicando como príncipe nomeado por ser um herdeiro de York, e a senhora
assumiu o caminho que as demais não teriam como assumir, então o filho do candidato a rei, é príncipe,
de uma crença deles, e a mulher do antigo rei, é o que?
— Mas isto é maluco.
— Fica longe mãe, eles querem desculpas para nos colocar em encrenca.
— E vai conseguir ficar longe?
— Acho que quero montar minha estrutura, e se eles vão me achar ou chamar no futuro, eu serei
o que eu quero, não o que eles querem.
— Se cuida com estes malucos.
— Tô tentando mãe.
Eu dedilhei alguns testos, alguns teria de mudar frases, acordes, e a maioria não continha nome
da musica.
Depois de um tempo, banho e cama.

348
Estranho acordar com um monte de bom dia no celular, e ainda achar
que estava só, estranho como as poucas espinhas da cara sumiram, estranho
lhe quererem como algo, que você não tinha nem experiência para o ser.
Eu acordo e faço um café, voo para o Rio as 10 da manha, sabia que
mataria meu dia, tentaria voltar ainda hoje, mas algo me dizia que não
estávamos mais como antes e não me toquei que provavelmente os meninos
assinaram algo, para estar ali, não sabia o que, mas teria de saber.
Eu sabia que desmarcaria muita coisa na terça, e quando as 9 vou com
minha mãe ao aeroporto, estranho ter de comprar uma passagem para ela, mas era parte que até
entendi, vi a cara de poucos amigos do senhor Vaz e falei.
— Se era apenas encenação senhor, eu volto para minhas obrigações.
Ele me olha e passa um papel e fala.
— Temos de ter um acordo sobre sua participação na banda, antes ninguém tinha assinado ainda,
agora vou exigir um acordo.
Eu leio o contrato e pego minha mala e falo.
— Para estar lá hoje tenho de assinar isto?
— Sim, faz parte do acordo.
— Começo a entender o declínio da banda, mas então vou para meus afazeres, pois se quer um
compromisso de exploração a partir de agora, e compromisso de estar nos locais, isto não me cabe
senhor, não por um salario fixo.
Eu olhei para Bárbara e apenas falei.
— Detona com eles, mas isto eu não assino.
Minha mãe parecia perdida, saímos de casa para ir ao Rio, e era evidente que não iriamos, eu sai
dali e fui a companhia aérea e comprei uma passagem a mais, e transferi a da minha mãe para o mesmo
horário.
Bárbara me olhava ao longe quando entrou no saguão, talvez tenha demorado a entender, o
motivo do desinteresse dos rapazes, se por um lado o senhor estava defendendo o futuro da filha, ele
estava acabando com a linha de relação dela com os amigos, e basicamente acabando com a banda.
Minha mãe não entendeu, pois apenas remarcamos o voo e me olha sem entender.
— O que estava escrito lá, que nem deixou eu ler e assinar.
— Que o senhor ali me representaria, que faria parte da banda Os Clementes, que teria de estar
nos horários marcados para show, senão seria descontado de um salario fixo.
— Ele parecia ontem querer lhe convencer a voltar para a banda, não entendi.
— Ele quer a banda sendo uma coisa, a carreira da filha outra mãe, daqui a pouco, ela nem está
cantando com os rapazes, por isto a total desmotivação dos rapazes, estávamos em um prospecto, que
eu estabeleci o preço, que dividia o cache em 5 ou na quantidade de pessoas que fizeram o show, as
vezes poderia dar pouco, mas era algo próximo de 24 mil reais para tocar por show, ali ele quer me
pagar um salario fixo por mês, pelos mesmos compromissos, e descontar deste salario se não for.
— E você parou tão rápido que mesmo o senhor, ficou perdido, acho que ele não tinha se
deparado com alguém lendo o contrato até então.
— Eu auxilio o sobrinho dele, em contratos bem mais complexos que este, mas pelo jeito esta
banda está com os dias contados mãe.
— E vai se meter?
— Eu criei esta banda, de nome a musicas, e um senhor está querendo matar este filho.
— E vamos fazer o que?
— Eu tinha marcado com algumas pessoas, mas vou ligar para algumas pessoas, e se os pais
levarem a serio, falamos com todos no Rio de Janeiro.
— E como vamos nos dar bem numa cidade que desconhecemos.
— Ainda não sei o que vou fazer mãe.
Passei uma mensagem para Maria Cals da Indiscipline, eu tinha pensado em falar com ela e as
companheiras de banda, quando no Rio, mas pelo jeito Bárbara não compartilha das minhas ideias, e
isto não é bom, as vezes acho que estou ligado a algumas pessoas, e passo mensagem para Bárbara Silva
e Bárbara Carvalho, e para as meninas da Marginais, eu estava tentando as convencer a tirar o que as

349
ligava a um bairro, não ao mundo, do nome da banda, mas as vezes é difícil. Depois foi ligar para Beatriz,
e os rapazes.
Como o voo era perto de uma hora e meia após o primeiro, deu tempo de algumas pessoas
chegarem e minha mãe viu que eram apenas moças, e suas mães, os pais teriam compromisso e não se
arriscariam em uma provocação.
Eu estava no telefone com Caio, diretor do Circo Voador, perguntando se teria como fazer algo
esta noite, e ele dizia que era encima da hora, a empresa que montara o show para nós tinha sede no
Rio e pedi para eles começarem a montar algo, e começo a ligar para mais pessoas.
Eu nem tinha decolado e passo para João do Espelho que as Marginais, iriam fazer um show no
Rio de Janeiro na Terça, no Circo Voador, uma oportunidade única, estaria lá também Dominadora
Beatriz, Indicipline, Reckoning Hour, Gangrena Gasosa, Lacerated and Carbonized, Maieuttica, Tamuya
Thrash Tribe, Forceps e Enterro.
A proposta era um show relâmpago na região da Lapa no Rio de Janeiro, e enquanto as pessoas se
agitavam na cidade do Rio, decolávamos para lá.
O chegar ao aeroporto, eu tentava parecer normal, até ver aquela placa com meu nome, e minha
mãe me olha.
— Continua gastando filho.
— Mãe, tem uma coisa que tem de ficar claro, eu estou ganhando dinheiro.
— Mesmo gastando como está?
— Sim.
Eu olho Maria e ela fala.
— Não é novo demais?
— Queria outra Barbara também nesta conversa, mas as vezes contratos de fidelidade acabam
com uma banda.
— Está falando de Bárbara dos Clementes?
— Sim, mas a ideia, começa a correr, não sei se aqui faz efeito, mas alguém anunciou a meia hora
que teremos show no Circo voador hoje, e o Caio está me ligando, quero ver se conseguimos fazer algo
especial.
— Pelo jeito tem um grupo de crianças que toca. – Maria.
— Nem viu a mais nova.
Ela sorriu e entramos em um aplicativo que seguiu o carro da moça e fomos a região da Lapa, os
rapazes estavam armando o show, e o senhor olha Maria e pergunta.
— Quem é este Bruno Baptista?
Ela me olha e ele pergunta.
— É serio? Tem gente me ligando.
— Eu quero fazer um ensaio gravado, tá na hora de sair apenas da estrutura Curitiba.
— E lá teria um local como este?
— Não, apenas um bar, dois teatros e muita cara de pau.
— Eu não entendi, estão me ligando se tem ingresso ainda, e nem sei quanto cobrar.
— Não conheço a casa ainda senhor, mas o que vale um show bom aqui?
— Os caros, 300.
— Então cobra 400, pois a maioria vem para entrar com meia.
— Acha que enche?
— Não quero o local cheio, quero o local com as pessoas certas, e isto, tem de ter interesse.
O senhor olha Maria que fala.
— A ideia parece ter surgido após cortarem ele de algo, era para ele estar na gravação do Altas
Horas hoje, da tarde para a noite.
— Certo, nem sem quem é Bruno Baptista.
— Isto vão descobrir hoje, já que pela primeira vez, vou me apresentar senhor, eu estava sempre
atrás de uma mascara, e talvez continue nela.
— Por quê?
— Para quem me viu tocando, saiba que era eu.
— Certo, quer dizer que já esteve em publico, mas ninguém o conhece.
O pessoal foi montando as coisas e vi quando João chegou ao local, ele tinha vontade de inovar, e
o pessoal de gravação dele veio junto.
350
Quando fizemos a passagem de som, uma coisa é inventar uma coisa encima da hora, outra, 10
bandas de metal pesado, tocando em uma noite de terça feira no Circo Voador, vi que depois de um
tempo, aquela fila do lado de fora, estabelecia que viriam pessoas, e não sei, parece que onde tem fila,
surge mais pessoas.
Estávamos a ver os demais cantarem, e Beatriz me olha e fala.
— Vai tocar?
— Se sobrar alguém no fim, sim.
Ela me olha e fala.
— E não quer ajuda?
— Deixa eles entrarem naturalmente.
— Certo, parece querer impressionar.
Eu passei uma musica nova com cada um dos grupos, e eles me olhavam como se não
entendessem quem eu era, e enquanto os demais vão se preparar, eu olho o local, e vejo quando abrem
os corredores as 6, e começa o barulho, e canto um musica com cada banda, e isto somava em algo
grande, e no fim, toco a versão das 10 musicas que foram cantadas pelo coral, na guitarra, gritada, eu
não gostava muito da minha voz, mas eu estava exausto no fim, e os músculos relaxaram.
O grupo de despediu, rachamos o cache, 20 para cada banda, para quem achava que era apenas
experimento, para alguns, foi uma soma para não desistir, e alguns se perguntavam como fizemos
aquilo.
Pago os custos, todos estavam felizes, era madrugada, e minha mãe me olha entrando num
quarto num hotel no centro.
— Meu filho agitando tudo, vi que eles achavam que não sobraria dinheiro, pagou eles, a casa, a
montagem e não entendi, não tirou nada.
— Sei que não entendeu, mas as vezes temos de lançar algo, e se reparou, este Bruno, cantou o
tempo inteiro com a mascara de uso meu na Bárbara e os Clementes.
Dormir, hora de repor as forças, e novamente, indo dormir com o dia nascendo.

351
O grupo sai para Curitiba, mal dormimos, mas a pequena diferença de
tempo, nos colocava a tarde de quarta, atravessar as coisas assim, era algo que
dava adrenalina.
Eu chego a central de som do teatro e começo a compilar os vídeos, e
começo pelo criar de uma pagina, de Bruno Baptista, e nela coloco os vídeos, do
que cantara no Rio, a captação foi boa, e começo a compilar as musicas, eu fiz
aquilo com calma, e estava eu, cantando com 10 bandas, mais as 10 musicas,
então tinha 20 musicas para por na minha pagina.
Eu coloco lá as duas primeiras, e faço a programação para entrarem uma a cada 12 horas, seriam
9 dias entrando coisas na conta do canal de áudio, coloco as musicas em mais 3 grupos de streamer, não
sei, as vezes parece sonho, mas pelo menos estava realizando um deles.
Alguns grupos estavam querendo falar comigo, e estava atravessado, e não sei, quando se quer
algo, se executa.
Eu estava ali terminando de por algo, quando o doutor Vaz me liga .
— O que fez Bruno?
— Que saiba nada de ilegal.
— Meu tio falou que o fez perder dinheiro.
— Sei que posso perder o advogado por isto Vaz, mas eu não o fiz perder dinheiro, ele tinha
falado em ir para o Rio, mas a condição era um contrato, que talvez no passado tivesse assinado, mas
não mais.
— Ele falou que lhe ofereceu o que os rapazes estão recebendo, mas que todos sabem, que a
peça principal e a Bárbara.
— Não discordo disto, mas lá ele paga um fixo, independente do quantos shows fizer, me paga e
fica a obrigação de compromissos, sem eu saber quando serão, e multa se não o cumprir, multas que
poderiam chegar a 50% dos recebíveis.
— Pelo jeito ele achou que era um bom negocio.
— Para ele, sim, para sua sobrinha sim, mas se ele tivesse falado no dia anterior do contrato, não
na porta do avião, tivesse pensado melhor, mas da forma que foi feito, não tinha como assinar doutor
Vaz.
— Ele fala que foi um fiasco a gravação.
— Ele não sabe como foi ainda, eles editam tudo naquele programa, ele não saberá antes de
segunda se foi bom ou ruim.
— E não se preocupa com tocar?
— Eu queria algo maior Vaz, seu tio, quer algo menor, eu teria acertado parcerias para Bárbara
em cada local que ela fizesse shows, mas ele quer pagar os meninos como banda de apoio, não como
integrantes de uma banda.
— Discorda disto?
— Doutro Vaz, aquele contrato, dos rapazes, vale por 3 ou no máximo 4 anos, eles sabem quanto
ela está ganhando, e quanto eles estão ganhando, eles eram amigos e tinham uma banda, não ela tinha
uma banda e eles foram contratados, então o que seu tio está fazendo, é acabar com a banda, assim
que os rapazes forem de maior, pois a assinatura dos pais não valerá mais.
— Certo, a postura de meu tio vai matar a banda ao longo do tempo?
— Encerrar ela, eles não vão se dedicar para ele encher o cu de dinheiro, e sei que não tenho
como ser agradável nos termos, mas criamos um show, eu fui colocado para fora a duas semanas,
paramos de usar os elementos de cenário, os elementos de som diferenciado, um show que as pessoas
pagavam caro e saiam de boca aberta, surpresas, é agora apenas um show, destes que tem aos milhares
por ai.
— Ele fala que perguntaram do 4º musico.
— Com certeza eles não perguntaram em publico, então eles cortam, e mesmo que tenham feito,
teria de ter sido em um ponto bem especifico para não cortarem.
— E não me atendeu?
— Eu estava tocando com uns amigos, as vezes acontece de não ouvir o telefone, e hoje
compilando os vídeos.
— Tem um contrato lhe esperando.
352
— Me passas por mensagem, aproveito que tenho de estudar alguns assuntos e leio eles.
O rapaz me passa os contratos, e embora parecessem bem padrão, estavam com pegadinhas
contratuais.
Eu traduzo o contrato e passo para o senhor Vaz.
Eu estava a olhar para o palco quando o telefone toca e ouço Bárbara falar.
— Boa noite.
— Boa, problemas pequena Bárbara.
— Meu pai está furioso, não sei o que ele não gostou, foi até gostoso o gravar do programa.
— Também não, ele disse que perdeu dinheiro, para o Roberto, ele me ligou preocupado.
— Ele quer que não fale mais com você.
— Você não me defendeu, colocou seus amigos na mão de seu pai com aquele contrato, não sei,
as vezes parecia que você não me queria lá mesmo.
— Estava vendo que gravou algumas musicas, de mascara, sabe que meu pai não vai gostar.
— Bárbara, avisa seu pai, eu comprei as roupas, dos Clementes, a minha mascara sempre foi a
minha mascara, pois nenhum dos demais, usa mascara, apenas usei uma roupa que me pareceu
apropriada as musicas que cantaria.
— E pelo jeito, todos falando que você estava arrasando no fim de semana, e estava começando
um projeto.
— Apenas tocando o que queria fazer, eu queria chamar todos para dentro da sua banda, para
que qualquer um que fosse falar em Curitiba, de musica, falasse de Bárbara, você por uma semana
concordou com isto.
— Não tenho como brigar com meu pai Bruno.
— Conversar não é brigar Bárbara, não tinha entendido porque os rapazes não estavam
motivados a tocar, ate ler o contrato que seu pai queria me forçar a assinar.
— Mas é um bom dinheiro.
— Se é só para você, que é a mais rica deles, se dar bem, para que se dedicar Bárbara.
— Meu pai o chamou de pobre metido.
— Sim, não tenho como responder isto sem o ofender.
— Mas...
— Rico pode explorar os pobres e tudo bem, o pobre se recusa a ser explorado vira metido?
— Não gostou, mas vejo comentários vindos do Rio de Janeiro na sua pagina, e não entendi.
— Sei que não, mas deixa eu descansar, e não se preocupe com o que seu pai achou de ruim,
tenta reverter, você vai perder a banda e os amigos, e parece não estar se preocupando.
— Eles sempre estiveram ali.
— Mas estavam ali quando ninguém ganhava, agora você coloca 50% do show no bolso, seu pai
30% pela produção, e eles são apenas assalariados, que ganham agora, pior do que os iluminadores que
fizeram a gravação das musicas que estão no seu canal.
— Acho que está exagerando.
— Boa noite menina.
Eu desliguei, ela era a favor do que estava acontecendo, pior, imagino que tudo foi apenas
encenação, mas estranho como o passar dos vídeos das musicas editadas para as bandas, elas
colocavam a mesma e indicavam quem era o cantor, e estranho como algo sobe com duas musicas, de
zero seguidores a 12 mil em uma noite.
Pela primeira vez tinha algo com meu nome na internet, então não era algo novo, era supernovo.
Eu estava a olhar e João do Espelho me perguntou se tinha alguma musica das que cantara no
show, e passei apenas os endereços da pagina, e estranho pois começa a ter mais acessos, estranho pois
ainda achava ser por estarem falando, e todos queriam algo daquele rapaz.

353
Vou ao colégio, por dois dias não fui, e vi o pessoal ensaiando, boa
surpresa, pois as vezes tinha medo de parar e as pessoas desistirem.
Beatriz me abraça e fala.
— Minha mãe falou que o mundo está perdido, que minha musica está
sendo executada por todo lado e ela tem vergonha de dizer que é a musica da
filha dela.
— Calma, mas vamos ensaiar, sei que cabei atrapalhando um pouco isto.
— Vão nos chamar de turistas.
Sorri.
Ensaiamos mais um pedaço da peça, e sabia que estava tentando algo diferente, mas começava a
gostar de encenar.
Eu saio dali e vou ao centro, paro no Teatro e Rosália me olha e fala.
— Veio conversar?
— Eles definiram algo Rosália?
— O governador parece ter entrado com recursos extras, a câmera de vereador apoiou a ideia, e
agora com 3 partes, pois sei que você que falou com a Rosa’s, temos como tocar o teatro o ano inteiro,
e pelo jeito quer falar.
— Sim, pois a ideia é fechar também Outubro, e inicio de Novembro, uma semana de Festival de
Peças Em Inglês, uma semana de Festival de Musica, uma de Festival de peças Infantis e por fim, festival
de Teatro Secundarista.
— Então quer fechar Junho e Outubro?
— Meus 15 dias de Junho, e 30 dias de Outubro mais uma semana de Novembro.
— Eu verifico para você.
Deixei o prospecto com ela e vou a Federal, olho a aula de Inglês, como Ivan tinha me isolado, eu
perdi a motivação, mas sei que cara de pau, eu sempre tive.
Ivan ainda me tratava diferente, e não sabia o que tinha feito exatamente que o chateou, as vezes
acho que nada, mas eu era a criança, não ele.
Assisto uma aula, as vezes é bom entender tudo que está sendo falado, reforça o que entendo do
assunto, e na saída Ivan para a minha frente e fala.
— Podemos conversar Bruno.
— Sim.
— Estão falando em não participar, pois é coisa de principiante do Festival de Teatro.
— Ninguém é obrigado a participar.
— Não vai levar para o pessoal?
— Não é pessoal, eles nem sabem quem sou, então não me preocupo, já que não vejo motivos
pra caras feias, mas tudo bem.
— Então saiba que não vamos participar.
— Fala por ti Ivan, não por mim. – Falei olhando ele.
— Não pode representar a faculdade?
— Nem me atreveria.
— Mas falou que vai participar.
— Se qualquer pessoa do curso quiser participar, você não pode ir contra Ivan, já que esqueci que
a criança aqui sou eu.
Ele me olha, mas ele deveria estar pensando, e apenas saio, eu fui lá para ver como estavam, não
estavam.
Chego na Agua Verde e vi o professor Rodrigo a esperar a frente, ele sorri e fala.
— É serio aquela proposta?
Fiz sinal para entrar e mostrei as caixas todas prontas, para distribuir daquele material.
— De aluno a financiador da melhora.
— Tentando melhorar um mundo, que não quer ser melhorado.
— Decepcionado?
— A federal não ai pelo jeito gerar uma peça em Inglês.
— E pelo jeito está desmotivado.
— Motivado, mas as vezes decepcionado com as pessoas.
354
— Certo, e parte do pessoal de lá, está aqui.
— O pessoal do teatro, mas isto poucos acompanham.
— E vai pelo jeito queria algo vindo de lá.
— Acho que eles podem vir a participar, mas uma coisa é eles participarem com algo que denigra
a instituição.
— E não quer fazer esta parte?
— Eu sei que tem gente que não entende, mas estas coisas se decidem com antecedência.
— E como está as coisas por aqui?
— Convidei 9 bandas cariocas para quando passarem em Curitiba, darem uma canja no bar ao
lado, já tinha convidado 3 bandas catarinas, uma está hoje tocando ali, tenho convidado comediantes de
todo Brasil a testarem piadas ali.
— E pelo jeito todos falando de sábado passado, já está no futuro.
— Sim, eu não sei pensar as coisas pequenas, talvez isto seja um dos problemas, mas se quer
levar, a vontade.
— Pensei que iria ainda fazer.
— Acertar as maquinas para fazer, se fizer um, o preço é caro, tem 100 unidades, dá para dois
anos de curso.
— Não entendi a diretora tirando todo peso que estava sobre você.
— O processo foi encerrado, se ela não tivesse usado da autoridade, para me expulsar, eu ainda
estaria lá.
— Certo, e pelo jeito o curso está agitado.
— Na verdade eu preciso terminar de montar, ano que vem vai estar mais agitado.
— Mais agitado?
— Ano que vem, vai ter aula regular de Canto, Musica, Balé e Teatro.
— Certo, algo a mais?
— Talvez, se for ter algo a mais, conversamos.
— Um curso de Inglês?
— Um curso de Segundo Grau, com parâmetros do segundo Grau Norte Americano, que desse a
quem o fizesse, a certificação de segundo grau Norte Americano.
— Um facilitador para entrar em faculdades.
— Sim, um facilitador.
— E poucos que lhe viam no colégio, o davam atenção, você sempre querendo saber mais, pelo
jeito resolveu por as mangas de fora.
— Eu estava elaborando um material para a Cultura Inglesa, eu vou pegar este material e
desenvolver um colégio, aprovar ele para dar os 3 anos do segundo grau, e nestes 3 anos, ensinar inglês,
português e espanhol, noções de mundo, e formar gente preparada para cantar, para interpretar, para
tocar, todo o conjunto de ideia, somados em um colégio.
— Algo que atrairia os melhores?
— No começo pode até não atrair os melhores, mas quando eles saírem daqui, o serão.
— Algo a somar na cidade?
— Três turmas por período, três períodos, podendo oferecer um ano a mais profissionalizante,
mas isto vai ser avaliado em dois anos.
— Quer algo aos poucos?
— Sim, quero algo aos poucos, mas que seja o meu pequeno contribuir para um mundo melhor.
— Pensando em um colégio para melhorar a cidade?
— Para educar meus filhos.
— Certo, algo para o futuro, mas pensado por você hoje, e pelo que entendi, material didático
único.
— Especifico e diferenciado.
— E pelo jeito quando todos pensam em algo como os teatros, está pensando em algo maior.
— Sim, um dos teatros, vai fazer parte do anexo do curso de canto, um dos teatros, anexo do
Bale, um anexo do curso de teatro.
— Toda estrutura com objetivo, isto que não parecia fazer sentido, eles olham e pensam, está
sobrando espaço e você falando, parece um espaço já ocupado.

355
— Totalmente não, mas é para ser ocupado, se todo ano, eu tiver de promover um festival de
teatro de língua inglesa, um de peças infantis e um festival de musica.
— Todos pensando no que pretende, quer algo bem mais longo que um festival.
Sorri, o professor de canto estava chegando, e fomos a parte que estavam terminando, que tinha
as salas para os cursos, o convite foi ser um professor de canto, não um professor temporário de canto.
O senhor olha o conjunto de locais e me olha, talvez ele esperasse mais, mas não teria como
adivinhar.
— Pelo que vejo, a estrutura toda em construção, as vezes as pessoas param em uma ideia, e
parece querer algo que não temos na cidade.
— Boa parte temos senhor, mas temos de manter caminhos bons, e forçar surgir novos caminhos.
— Pelo jeito enquanto eu pensava em dar uma forma de ensinar no teatro, você acelerava um
espaço assim.
— Como vê, estamos ainda colocando acabamentos, estou ainda vendo erguerem estrutura sobre
estrutura, e muita gente pensando, o que eles estão construindo aqui.
— O local é bom rapaz, e me deu um grupo cru para me testar, mas não sei como vai ser o ano
que vem?
— Turmas de canto, não sei se conhece outros professores, não sei se precisa de auxiliar e do que
mais.
— Turmas nem tão grandes?
— Turmas de 100 vozes, as vezes não teremos um coral inteiro, mas como digo, eles precisam
melhorar.
— Vi que a edição cortou os erros do grupo na apresentação, mas até eu me admirei, deu
estrutura e publico para eles, não sei o que pensaram, mas ouvi alguns me perguntando que peça foi
cantada pelo coral.
— Como disse, sou pretencioso senhor, e ter um coral, para cantar minhas peças, é parte da
minha pretensão.
— E tem mais peças?
— Não, me atrevi a uma, mas posso pensar em uma a cada dois anos, sou jovem, teria um
conjunto de obras no fim da minha vida. Mas queria tentar gravar com o grupo hoje a noite.
— Certo, mas obrigado pelo convite rapaz, pois está tentando levantar algo que não se dá mais
tanto valor.
— Por isto tem tanta gente desafinada por ai.
O senhor sorriu e o professor Rodrigo me olha e fala.
— Pelo jeito acredita na ideia.
— Eu não faço por acreditar, e sim por querer que exista o que estou criando.
— Mesmo que dê errado.
— Quantas coisas formaram pessoas melhores, e não existem mais, elas criaram uma sociedade,
e mesmo anos depois ditam caminhos a todos.
— E posso levar mesmo?
— Se precisar, peço para entregar lá.
— Aceito, pois agora vamos ter material.
O senhor sorriu, eu começava a gostar de toda aquela estrutura, e sabia que a cada momento, era
uma estrutura a mais, ele sai e eu começo a olhar as obras.
Eu passo em cada ponto, e vejo Paulo organizando as coisas em um dos restaurantes voltado a
Rua Saint Hilairi, ele estava verificando os contratados, seria um restaurante de frutos do mar, eu fui
olhar os 3 andares sobre as estruturas a rua lateral, onde ficaria o curso de Bale, subo as escada e vejo a
recepção, os vestiários, as salas de ensaio, quando chego ao terceiro piso, vi Roseli olhando a obra e ela
me olha.
— Somente agora começa a ganhar forma.
— Sei disto, mas acha que o vizinho vende? – Falei apontando o terreno ao lado.
— O que pretende a mais?
— Colégio Guedes York, de segundo grau.
— E quem foi Guedes York? – Roseli.
— O pai que nunca tive.
— E mesmo assim o vai homenagear?
356
— Se tem uma coisa que serve até depois da morte, é prender nomes a locai, e isto os acalmar.
— Você fala coisas estranhas.
Sorri sem graça.
Desço e pego o elevador que subia a parte alta, a estrutura da minha casa, e olho aquela armação,
a sala imensa na parte baixa, as salas de anexo, a cozinha, os banheiros, o escritório, sala de jogo, sala
de instrumentos, sala de edição, tudo a volta da grande sala, olhando para cima, o teto estava lá no
topo, mas ele começava largo na parte baixa e parava em um retângulo bem no topo.
Olhando de um lado, tinha as escadas, o elevador o fundo, e se via pessoas trabalhando em vários
pisos.
Eu olho aquele lugar, teria de acabar para ver se ficou bom.
Eu as vezes achava que exagerava, e aquele prédio era um exagero.
Eu desço e Roseli pelo jeito subiria e me olha serio.
— Olhando a obra hoje?
— Escapando de problemas maiores.
— Esta casa sobre a estrutura é muito diferente, mas está ficando linda.
— Olhando ela, acho que daria para fazer um hotel com esta forma.
— Ficou realmente dinâmico como um hotel, mas se quiser fazer depois vemos um terreno para
isto?
— Eu vou fazer uma segunda destas num terreno em Colombo, mas estou apenas estruturando o
que vai me dar retorno, para depois, estruturar o que me dará custos.
— Uma casa destas dá custos.
— Sim, mas as vezes, temos de encarar a realidade, e sei que poucos entenderão os motivos.
— Dizem que quer construir um colégio para ser um curso de inglês?
— Colégio de segundo Grau, e Curso de Inglês, que vai gerar pelo menos 3 peças teatrais ano.
Com opcional de segundo horário com aulas de canto, musica, teatro, oratória, criação de textos.
— Parte do currículo?
— Sim, uma coisa é dizer, meu filho fala inglês, outra ver ele atuando em outra língua.
— Por isto quer o terreno ao lado.
— Eu aos poucos estou enchendo os terrenos.
— Verdade, a área verde se tornando um super projeto.
— Então temos de lembrar de paredes verdes, estruturas que comportem jardins suspensos,
estrutura para não soltar tão rápido a agua que cai a rua.
— O projeto as vezes tem de ser remodelado.
— Sei que quase não coloquei um teatro a mais na parte superior do prédio do Bale, mas no fim,
achei necessário.
— A base foi feita, esperando se um dia quiser ampliar.
— Se um dia faltar espaço.
Fui olhar a estrutura dos espaços menores e da piscina na parte voltada para aquele lado.
Chego em casa e minha mãe olha para dentro, ela estava a varanda e fala.
— Tem gente querendo conversar.
Olho para dentro e falo.
— Apenas não cai na conversa mãe e não assina nada que eu não possa entregar.
— Parece entender o que eles querem, ele insistiu que eu assinasse o acordo, parece saber o
como eles pensam.
— Eu estou na quinta com sensação de ser terça, mas hoje a gravação vai até tarde mãe.
— Vai fazer algo?
— Vou por uma ideia em pratica, e ela estabelece que eu vou cantar com um coral, com uma
banda, e tentar tirar uma ideia do papel, eu não entendi ainda a ideia, mas quando a pouco, no colocar
da musica programada, uma para cada 12 horas, a coisa começa a pegar fogo, e nem entendi tudo
ainda.
Entrei na sala e vi o senhor Vaz, ele sozinho e falo.
— Perdido aqui senhor?
— Queria que repensasse o que propus.
— Repensar falando para o advogado que sabe ser da empresa que toco, que por minha culpa
tinha perdido dinheiro?
357
— Roberto entendeu errado.
— E existe alguma diferença do contrato de terça senhor?
— Tem de entender que é o justo pelo que vocês fazem.
— O problema senhor não é o valor, o problema é que me descontaria cada falta, e não tenho
como garantir mais a exclusividade, pois estou com compromissos basicamente até dia 30 de dezembro,
não tenho como assinar.
— Nem que tirasse a obrigatoriedade?
— Senhor, o senhor não precisa de mim lá, não para o atual projeto, pois não tem mais
iluminação especial, não tem mais cenografia, não tem toda um choque de visual, eu era o chato que
queria algo diferente, mas sem isto, não precisa de mim.
— Soube que usou a mascara dos Clementes, sabe que isto é propriedade intelectual de outros.
— Então pague pela propriedade intelectual senhor, pois o salario diz que são apenas músicos,
não algo especial.
— Mas...
— Eu criei a marcara, eu paguei a roupa que eles usam, eu tenho a costureira que o fez, por sinal
até a rouba de Bárbara foi a mesma costureira que fez, não é autoria sua, de Bárbara, e saiu do meu
bolso.
— Não deixarei você usar.
— Depois não reclama senhor, de perder dinheiro, quer me ferrar, gerando primeiro processos de
autoria de musicas que eram minhas, agora de vestuário que fui eu que projetei e paguei para fazer,
pois não tem como ganhar um processo, deve ser bom ser um juiz, e não respeitar a lei.
— Arrogante.
— Quer roubar minhas ideias, e me proibir de as usar, e eu que sou arrogante senhor?
— Não quero você perto de minha filha.
— Então rasga este papel ai, e me esquece.
O senhor olha a porta e minha mãe estava ali.
— Seu filho parece querer guerra.
— Ele se dedicou a banda de sua filha senhor, por sinal, o nome da banda, em português, foi ele
que deu, sabe disto.
Ele me olha e fala.
— E não aceita este salario que 90% dos brasileiros não ganham.
— Tem de considerar senhor, o bar que tem ali embaixo, me gera duas vezes isto por dia nos três
dias do fim de semana, e me dedicar a isto me gera mais dinheiro.
— Por isto não quer se comprometer?
— O senhor não me quer lá, falou isto com todas as palavras, então não entendo senhor, está
aqui apenas para parecer que quer o acordo, sei onde isto vai pegar, e não tenho como evitar.
— No que vai dar filho?
— Ter de trocar de advogado.
— Acha que isto que ele quer?
— Não duvido, mas deixa eu descer, pois tenho ainda de fazer sala para coisas mais importantes.
Vi minha mãe olhar o papel, as vezes temia o que não controlava, mas ela sabia que aquilo era
uma prisão. Desço e vejo Bárbara Silva chegando com as meninas, vi o senhor Ronald, com o coral,
agora inteiro, as vezes gravar algo leva tempo, queria ganhar tempo, então as câmeras, os microfones,
os sistemas de luz, tudo pronto, e a mudança das peças de cenário, que não seriam usadas, vi minha
mãe descer com o senhor, e o acompanhar até a entrada, ela no reentrar senta-se na plateia.
Eu queria um versão de três musicas, que eram cantadas sem acompanhamento, agora com coral,
agora com eu de mascara e com minha guitarra, e com toda a estrutura de um show, o gravar com o
coral entrando nas partes do coral, era algo que mudava até a dinâmica da musica, eu tive de segurar
cordas da guitarra, e por fim, após isto, gravamos eu, Rita e as irmãs no coral da banda, Ricardo na
Guitarra, Marcos no baixo, o coral inteiro, e gravamos com áudio melhor, e com instrumentos, e eu na
guitarra e voz, as 10 musicas do coral. Minha mãe parecia sorrir de me ver ali, e isto era bom para mim,
agradeço todos e começo a editar aquele material, sabia que não teria como mudar minha voz, as vezes
nós somos nossos maiores críticos, eu não gostava da minha musica, mas o todo ficou bom, então pela
primeira vez, tínhamos a peça com coral e eu interpretando os textos de intervalo, como uma peça,
como uma opereta sem os tenores no canto.
358
Eu terminei de editar e coloco na internet, sabia que o colocar ali de dois vídeos, e programar a
entrada dos demais, a partir do dia seguinte, iriam entrar uma musica a cada 6 horas.
As 10 musicas separadas, e toda a apresentação em um único arquivo.
Minha mãe ali fazia as meninas se conterem, ela me abraça e fala.
— Meu filho cantando com coral de tudo.
— Esta peça não está completa ainda mãe.
— Tem mais?
— Agora que posso ver como ficou, dá para escrever os intervalos e as interações do grupo teatral
com o coral e com os músicos.
— Um musical? – Minha mãe pergunta.
— Não sei se encaixa em um musical, mas não deixa de ser.
— Isto que eles querem parar.
— O personagem a cantar, é um detalhe, não a peça principal, ele é o destoar da voz, eu não
gosto da minha voz.
— Eu acho que você coloca uma identidade própria filho.
Beatriz me olha e fala.
— Quer mesmo que encenemos aquilo?
— Sim, mas o cenário ainda não está completo, mas é uma peça em 10 atos, com trezentas vozes
de coral e uma banda, acho que vou por Rita para tocar.
— Por ela fazendo o que?
— Isto é uma peça de interação, mas ela poderia tocar o órgão em uma parte que o coral para e a
peça acontecer sobre o som de um órgão.
— Você vai complicando as coisas.
— Uns dias para cada um pensar e ensaiar mais um pouco, e com certeza alguns vão falar mal,
mas é que eles não entendem, isto é uma peça musical.
— E o que quer com isto?
— Lançar uma peça musical por ano.
— Apenas isto?
— Metas, uma peça Coral Sinfônico, uma tradução de livro, um conjunto de musicas próprias,
uma peça teatral, por ano.
Ela sorriu e falou.
— Não sei ainda como agradecer, mesmo minha mãe estando meio descontente.
— A musica sua que está fazendo sucesso, tem de se agradecer por isto.
— Você me convenceu a cantar, e parece que depois do show de Terça, a musica sai do âmbito
local para o nacional.
— Nem sei se chegou a tanto.
— Tem gente que está cantando onde nem devem saber o significado da musica. – Beatriz.
— As vezes o som gruda, todos querem um som que gruda, e você conseguiu um destes.
— Aquela musica 4 do coral, que você cantou, aquela musica faz o mesmo Bruno. – Beatriz.
— Tomara que tenha razão.
O local esvazia e mesmo tentando ir para cama, eu vejo todos saírem, apagarem tudo, e minha
mãe me olha e pergunta.
— Parece querer algo ainda.
Eu sentei no órgão e coloquei o passar na tela da apresentação, e na parada do coral, eu inicio a
musica de passagem e começo a anotar as notas, e as sequencias, e pego as sequencias da
interpretação, quase narrando com o órgão as palavras. O coral pequeno nos trechos de voz que não
teriam os personagens, e penso numa passagem de guitarra, escrevo ela, e fico ali a passar a musica e
minha mãe me olhava.
— Meu filho quer algo mais incrível ainda?
— Gostou mãe?
— Eu pensando que estava querendo novamente aquelas suas ideias de rock de enfrentamento,
agora está fazendo algo que mescla o moderno e o clássico.
— A peça do ano que vem, quero ver se o coral toca cada um, um instrumento.
— Algo mais clássico.

359
— Sim, e sei que a maioria não me entende mãe, eu estou formando uma forma de pensar, de
ser, de encarar a vida.
— E o que parece ser bom, vai acrescentando algo aos poucos.
— Sim, hora de por o segundo ponto de coral, e o grupo teatral, com o grupo de cenário e o de luz
em ação.
— Vai fazer com esta ideia o que fez com aquela Bárbara?
— Viu que o senhor não me quer lá, mas me quer assinando aquilo.
— Tenho certeza que é pressão dele para que não dê aula na Cultura Inglesa mãe.
— Certo, mas pelo jeito quer algo clássico.
— Quero ser convidado para os mesmos programas que a banda foi, mas chegar lá com estrutura.
— Levaria 300 pessoas?
— Sim, que poderiam estar no local como publico, até a hora de cantar.
— Algo especial, você pensa em algo assim, eles não lhe ouvem e depois ficam com raiva.
— Mãe, a apresentação de Sábado, colocou o governador no projeto do Festival do Teatro Guaíra,
quando falei em mudar de advogado, é para o senhor pensar que estamos nos desentendemos, mas
não estamos.
— E vai vir mais peso?
— Sim, vou ter mais dois locais, por concessão, para fazer locais como este, com teatro, local de
show, escola de teatro, musica, balé e inglês.
— Mais dois pontos?
— Um no Tarumá e um no Atuba.
— Acelerando aqui para fazer algo maior.
— Acelerando para tornar a cidade em símbolo cultural, e muito pouco do pessoal a rua, vai
entender.
— E vai querer somar a esta peça?
— As próximas, vão estar mais prontas, quando se lançarem, mas é que a ideia, surge vendo eles
cantarem, eu tocando, e o conjunto de coisas que podemos fazer.
— Conjunto de coisas?
— Sim, temos de ter um inicio, e acho que isto será no violão, que soma um cantarolar lento de
um coral pequeno que vai ganhado vozes, eu sempre acho que falta a peça inicial, duas de meio e uma
final.
— Quer somar a peça?
— As partes que não tive como criar antes mãe.
— E quais falta?
— A narrativa de entrada, o coral interagindo com 30 ou 50 cuícas, o narrar da escolha, que é
meio da peça e o final, algo mais divino, com interação de ruído, batidas fortes, órgão dando o clima e o
coral encerrando.
— Algo que nunca vi filho, e quer criar algo assim.
— Se reparou, é uma peça em inglês, cantada em inglês, com acordes marcados, cantando em
duas línguas universais, o inglês e as partituras musicais.
Eu olho o fundo e sorrio, poderia por isso também.
— Não para de ter ideias.
— Tentando ser algo mãe, semana que vem inaugura o restaurante, agora de frutos do mar.
— E este será onde?
— Para o lado da rua lateral.
— A obra ali é grande.
— Dois restaurantes, um estacionamento, algo que não sei se será uma casa ou um hotel, uma
lanchonete e o curso de Balé.
— Tudo no mesmo complexo?
— Começar pelo curso de balé, mas quero ter um curso de dança ali, mas estamos ainda
estudando a ideia.
— Está falando em educação e cultura filho, sei que isto assusta as pessoas, até a mim.
— Sei disto mãe.
Termino de anotar as coisas, subimos para casa, um banho e cama.

360
Acordo Sexta, a mesma historia, ir ao colégio, e conversei com o grupo, se
não queriam encenar outra coisa, para distrair, algo para a semana seguinte,
eles estranham, mas começamos após passar os trechos da atual encenação,
passamos uma encenação mais cênica, as vezes acho que exagero, mas na
minha cabeça, estava quase fechado o prospecto.
O fim do ensaio era saber que eles iriam ao curso de teatro, e eu a ter
ideias, eu fui ao centro e comprei uma parede de Led, eu chego ao teatro e
divido o coral em dois, os colocando mais em ângulo, e olho para os rapazes, e
passo o como queria o led, vejo como estava o cronograma do cenário, e vejo Bárbara Silva chegar e me
olhar.
— Perdido aqui hoje?
— Onde deveria estar? – Perguntei, por estranhar o tom.
— Dizem por ai que você estaria no lançamento oficial da Bárbara e os Clementes, hoje no Rio de
Janeiro.
— Tentando não olhar, para não passar raiva.
— E o que faz ai?
— Vou testar uma parede de Led de fundo.
— Algo a somar no visual?
— Sim, somar em cada musica com um detalhe, mas o que vieram fazer aqui hoje? Se não
esperavam me achar.
Olhei Bárbara que fala.
— Tudo indicava que estaria aqui, mas é que quando se vê a Globo anunciando a estreia da outra
Bárbara, em um clip no Rio de Janeiro, dizem que vão fazer uma musica para uma novela global.
— Que se deem bem.
— Não parece sincero.
— Eu sempre digo, que vocês nunca me levam a serio, e depois eu que não sou sincero.
— Sabe que estamos decolando, sei que tem duas concorrências para este crescer, diria três, mas
faz parte de encarar o que eles falam que é o Rock Curitibano, despertando para o Brasil.
— Eu nem estou nesta briga, pois não sei se estou no Rock, ter guitarra não é ser rock.
— Verdade, você fez um clássico, que gruda no ouvido.
— Clássico? – Perguntei.
— Uma musica que se chama “Zarathustra 4”, já tem nome de clássico.
Sorri, pois eu não dei nomes, eu nomeei do um ao 10, e realmente teria agora “Entrada
Zarathustra”, “Cuicando Zarathustra”, “Aceitando Ahura Mazda” e “Zarathustra em Canção”, para
encerrar o prospecto.
Vi o senhor Ronald, eu tinha passado para ele que tinha somado 4 trechos para fechar a peça, e
ele pega as mesmas e fala.
— Entrada e encerramento?
— Tem uma peça ainda de qualidade duvidosa, e a culpa é de quem a criou, mas para pensar em
outra, tenho de terminar esta.
— E pensou em cada pedaço?
— Quero escrever a peça, do começo ao fim, cada passagem de luz, cada passagem de som, cada
acorde de canto, cada acorde de guitarra, e cada acorde do órgão.
— Teremos órgão?
— Sim, escrevi ontem a noite as peças de passagem entre musicas.
— Uma peça de que duração?
— Duas horas e vinte minutos totais!
— Se tivéssemos um tenor, seria uma opereta.
— Teremos as encenações na apresentação, basicamente, ritmadas pela bateria e o ritmo no
clássico órgão.
— E vai assinar esta autoria?
— Sim, dizem por ai, que na passagem Zarathustra 4, acertamos no canto, mas não sei o que
acha.

361
— Que aquela parte ficou quase intuitiva, aquele som que ouvimos e ficamos pensando, já ouvi
isto antes.
— As vezes tenho medo de criar algo sobre uma memoria inconsciente.
— Coloquei a sequencia de acordes, não achei nada igual, é um ritmo natural, e sei que alguns
estão cantarolando aquilo, e cantarolar um clássico, é algo interessante.
— Clássico?
— Algo cantado por um coral, é bem clássico.
As vezes achava que estavam tentando me agradar, mas naquele dia, queria gravar algumas
musicas de Beatriz, e ela chega logo após e passamos os prospectos, e gravamos pela primeira vez ela e
a banda com qualidade.
Terminei ali e fui a aula de oratória, eu estava atrapalhando o curso, com minhas maluquices, mas
depois, fui falar com o professor Ronald, e expus a ideia, e sentamos com o coral e ele tentou pensar em
uma solução, ele pareceu me entender, que historia estava incompleta, e sabia que queria encenar
parte naquela noite, e ele queria ver.
Expliquei que estava pensando em por o coral mais lateral e expliquei que a parede de led, iria
introduzir partituras e mudanças de clima, com um fundo variável.
Quando o pessoal chegou, eu fui ao teatro e encenamos as 14 partes curtas, mas somando, o
coral contava a historia, o pessoal encenava passagem entre as partes cantadas, e Rita tocando deu um
ritmo diferente, agora com uma banda, as irmãs de Rita, no coral descritivo, elas narravam cantando
aquela parte e o professor acertou os tons de voz, diria que elas faziam a parte dos tenores, estava
gravando tudo, mas ainda sem querer usar, apenas para entender o problema de gravar algo assim.
No final daquela sexta o senhor Ronald viu meus rascunhos no caderno e fala.
— A ideia do telão, com as partituras, com as passagens em fogo, em água, em céu azul, algumas
imagens que dão o fundo, e realmente deu uma dimensão de profundidade a mais.
— Minha duvida é sobre o coral cantando lateralmente se não atrapalha o coral.
— Teremos de ver a diferença, mas acredito que no ângulo que colocou não vai fazer tanta
diferença.
— Acha que a parte órgão cumpre a função de passagem de partes.
— Você soma em coisas que não pensaria, órgão e encenação, certo que somamos quase 25
minutos a mais por estas passagens, mas complementa a peça, é aquilo que falei, se tiver um casal de
cantores, vira uma opereta.
— Temo sonhar alto e não conseguir realizar, mas quando coloco o coral pequeno, ele é
descritivo, ele está quase na função de um tenor.
— Pelo jeito temos alguém que nasceu para a cultura, em um tempo que ninguém aprecia peças
culturais.
As vezes não sabia o que pensar, mas realmente, o relógio falava, somar isto aos demais, somaria
mais de duas horas e quarenta de espetáculo.
Vi a moça das roupas chegar, era hora de mudar a minha e vestir as Marginais, e a Dominadora
Beatriz, e a moça foi tirando as medidas, as minhas ela já tinha, então ela me entrega uma nova veste,
tirar as medidas de mais de 300 pessoas, não era tão fácil, mas o senhor me olha e pergunta.
— Soma sempre?
— Acho que esta peça só vai precisar dos ensaios, para vender eles ao Brasil.
— Alguma ideia?
— Que saiba não existe tantos teatros com estrutura para contratar algo assim, mas tem de
considerar que se fizermos 20 teatros com mil e duzentas pessoas de capacidade, teremos sem apoio
governamental de cobrar mais de 500 reais por peça.
— Caro, entendo a preocupação.
— Uma peça que não pretendo encenar tantas vezes, mas quando pensei na ideia do palco, é que
diluído por 6 mil, daria um valor mais real.
— Quer pedir quanto por apresentação de uma peça assim?
— Preço de no mínimo 600 mil reais, acredito que o preço real, teria de ser 800 mil, mas as vezes,
temo não fechar nenhum, mas as vezes acontece.
— Certo, mas pretende encenar?
— Sim, vamos ter 3 encenações no teatro Guaíra, digamos que é a justificativa para eles nos
pagarem o valor que conseguimos em investimentos financeiros do ano.
362
— Certo, tem três apresentações, e está tentando fechar a ideia, e pelo jeito, todos bem vestidos.
— Sim, mas é uma peça para apreciadores, espero que as duas horas de 45 minutos passem e as
pessoas só se deem em conta que passou este tempo, ao final da peça.
— Certo, uma peça que vai requerer estrutura, entendo alguns custos, outros não.
— O valor de 600 mil é sem passagens e hotel, então quando falo em 500 é para perto, não para
outro lado do planeta.
— E dai teríamos algo mais estruturado.
— Sim, mas isto temos tempo, vamos verificando as autorizações dos pais, os passaportes, toda a
estrutura que não deve emperrar nesta hora.
— Algo a estabelecer poucos shows.
— Sim, e se alguém quiser consumir ainda DVD, vender, entendi que vendo DVDs em alguns
países, em outros como o nosso, ninguém nem tem mais os aparelhos.
— E acredita que isso se venderia?
— Senhor, primeiro temos de ter o produto, para depois vender, não está pronto, então melhor
segurar a venda, e sei que vou ser intransigente com algumas coisas, como vender show pela metade.
O senhor sorriu e peguei a minha veste e fui ao camarim, me vesti, olhei o rapaz entregar ao
fundo, uma sequencia de três novas mascaras, e me olhei no espelho.
Eu ajeito a mascara, pego o violão elétrico, e volto ao palco, ligo as câmeras, e se as pessoas
queriam assistir era outra coisa, o painel de led me fez por um fundo para cada musica, microfone,
violão, 8 câmeras, e vontade de atravessar a noite, me fez dedilhar a musica e colocar ela no ponto ao
ouvido, e começo a segunda vez tocar as mesmas musicas, agora com cenário e parede de led, eu não
sabia se ficaria bom, mas eu estava registrando aquilo.
As vezes se quer algo grande e fica pequeno, as vezes se quer algo enxuto, e fica quase perfeito,
mas meu problema era eu não gostar da minha própria voz.
O terminar, estabelecia no fim, que tinham poucas pessoas ali, entre elas minha mãe, duas
meninas, e o senhor Ronald, que não me interrompeu, estranho como o cansaço pegou a uma da
manha, o que me fez encerrar o dia, e me despedir das pessoas e subir com minha mãe que me abraça e
fala.
— Querendo mostrar seu valor.
— Eu não sei mãe, amanha cedo, eu prevejo trovões e não sei se vale a pena sofre
antecipadamente.
— E pelo jeito acredita na ideia.
— Temos pessoas perguntando sobre shows do grupo teatral, e as vezes vejo que as pessoas tem
medo de me parar.
— Estava bem filho, porque o parariam?
— Desafinação, voz fora do tom, respiração errada.
— Quer melhorar e não lhe pararam.
— Eu sei que vai uns dias para ter a roupa de todos prontas, para a próxima encenação, a que
deverá estabelecer o que é a apresentação, e na internet, não terá 4 partes, pois elas fazem parte do
começar a encerrar do show.
— Certo, nem tudo estará na internet, mas pelo jeito o seu show vai a sua pagina.
— Show? Acho que ainda não foi um show.
Minha mãe me abraça e vamos descansar.

363
Acordo cedo e olho para os prédios em volta, faço um café e desço para a
parte técnica do teatro baixo e olho para o que havia gravado, e começo a
compilar, as vezes olhar as musicas e saber, que a maioria não entenderia as
mensagens.
Eu tinha marcado com as meninas, para tentar uma nova versão de 5
musicas das Marginais, as cinco musicas que elas não gostavam quando eu dei a
ideia, e começo enquanto selecionava os ângulos e coloco os vídeos a compilar,
um a um, 12 musicas, começo a pensar na sexta musica, pois Vozes ainda não
tinha, e começo a por no papel, estranho algo que deveria ser uma musica normal, o próprio enredo
parece somar na musica, e quando termino “Vozes” eu a dedilho e penso no que deveria por a mais, e
sorri, não Bruno, segura a tentação, começo a pensar na letra de Dominadora e novamente começo
uma expressão de letras, olho em volta e escrevo uma com nome “Bárbaras”, depois me deixando levar
pelo momento, surge “Clementes” e depois “Filhos da Lei”.
Eu começo a por os vídeos na internet, o colocar uma musica de 6 em 6 horas, dando espaço,
para 3 dias a mais entrando musicas, teria então naquele dia entrariam basicamente uma musica a cada
2 horas, 12 musicas naquele dia.
Eu vi as meninas chegarem e propus, acho que a cara de não gostei ficou na face das moças, mas
pelo jeito não tinham coragem de falar para mim, e aceitam, sabiam que era uma musica de entrada
que elas usavam, mas eu as estava separando, e colocado para tocar algo que elas pareciam ainda
incrédulas estarem somando, sei que elas não viram o resultado, depois gravei com Beatriz, a musica
Dominadora, a soma das Marginais, a voz de Beatriz, cantamos Clementes, e depois Filhos da Lei.
Beatriz me olha e fala.
— Está criando capas para nossas paginas?
— Não, estou estruturando um personagem, o que canta com as Marginais usa uma mascara, o
que canta com a Dominadora Beatriz outro, e quando canto como eu, uma terceira mascara.
— E pelo jeito quer confundir as pessoas?
— As pessoas gostam de criar lendas, então alguém sem rosto, tem de ter um defeito, sabem
disto.
— E não seria você dai.
— Eu acho que ainda me sobram 20 musicas para lançar alguém a mais.
— Não para mesmo? – Bárbara.
Olho Bárbara e pergunto.
— Sua irmã com aquela voz mais grave, com aquela postura de menino de bairro, dava um bom
personagem.
— Se ela ouve você a chamando de personagem, ela já estaria gritando, pois ela diz que é uma
postura sexual.
— Ela deve ter ouvido. – Falei olhando a entrada, ela e a outra Bárbara entravam, abraçadas.
— Pelo jeito quer agitar mais um pouco.
— Fazer o que, tem musicas que se eu cantar tem outra conotação.
— Qual? – As duas Bárbaras, e o olhar de Beatriz.
— “Matem os homens!” – Falei sorrindo, e Luana me olha sem entender e fala.
— Pensou em algo mesmo para que eu cantasse?
— Sim, musicas que eu poderia cantar, mas ficaria com uma interpretação diferente, como
“Princesinha”, “Beijo Quente”, “Esta cama é pequena”, “Matem os Homens”, “Nojento”, “Cromossomo
Y” e “Sai boyzinho”.
— E porque eu?
— Digamos que namoramos a mesma pessoa, então sabemos como as contradições da vida, são
o que nos soma como pessoas.
— E não aceita não.
— Aceito, mas depois que Baby estiver fazendo a mesma coisa, não vale reclamar.
Baby era como ela chamava Bárbara Carvalho na hora H.
— E teria algo mais forte?
— Tem “Te amo Baby”, mas ai seria algo quase como “Cadela”, uma vez ouvido, não vai ter volta.
— Fez um musica para minha namorada?
364
— Não, apenas memorias de duas meninas se agarrando na piscina em Matinhos e eu apenas
olhando.
As duas se olham e Bárbara Carvalho me olha.
— Mas pensei que você teria musicas para mim.
— Acho que temos de falar sobre como está as aulas de canto Bárbara, pois Baby Carvalho, é
cantora solo.
— Não quer pouca coisa pelo jeito. – Beatriz.
— Não, pior que vamos ter de somar três bandas de acompanhamento, pois vai precisar da sua
Beatriz, pois os rapazes não querem fazer parte de algo assim, não entendo mesmo, Baby vai precisar de
uma banda de acompanhamento e temos de decidir ainda o nome artístico de Luana Silva.
— Não está querendo mandar demais na minha vida? – Luana
A olhei serio e falei.
— Ainda não, o demais ainda não entrou em campo.
— Então já decidiu meu nome artístico? – Bárbara.
— Sim, e tenho de convencer umas meninas de tirar os do Lange do nome ainda.
A outra Bárbara me olha e fala.
— Quer mesmo mandar em todas?
As medi e falei com malicia.
— Sim, quero mandar em todas.
Ritinha sorriu ao fundo e falou.
— Tiraram o Bruno da inercia, agora aguentem.
— Más é nossa identidade.- Bárbara.
— Travessa Lange e Bairro Hugo Lange, não é identidade, é bairrismo por um lado e nada
marginal por outro. – Falei encarando Bárbara, já que não via aquelas meninas como Marginais.
— Mas quer acabar com nosso nome?
— Acho que entendo o Marginais do Lange, como marca, e somente entendidos em Curitiba
entendem o Patricinha, neste nome. – Eu a encarnado.
— Você me conhece desde quando? – Bárbara.
— Nossa Senhora Menina. – Falei.
— Mas quer mesmo que larguemos o Lange.
— Não, era provocação, mas estejam sempre prontas para dar uma resposta diferente para o
Lange.
— Porque diferente?
— Não que não seja verdade, mas os porquês, sujem porque alguém perguntou, acha que pensei
no porque dos nomes?
— Certo, gosto nem sempre tem por que.
— E tem alguma musica para mim? – Barbara Carvalho.
— “Bruno”, “Luana”, “Princesa”, “Piscina”, “Mortos não Opinam”, “Carvalho”, “Pai”,
“Romanticamente Proibido” e “Amiga”.
Luana olha-me e fala.
— Foi registrando em papel o que se passava.
— As pessoas não entendem, somente quem viveu as coisas entende algumas passagens, e não é
para eles entenderem, e sim, se identificarem.
— E vai nos mostrar as musicas quando?
Olhei o relógio e falei.
— Vamos comer algo.
Saímos pela porta da frente e entramos no Bar ao lado, uma mesa reservada, e obvio, as moças
eram conhecidas, mas olho para a mesa ao fundo, não abriram a parte externa ainda, sinal de calma, eu
olhei para Ritinha e perguntei.
— Me ajudaria hoje?
— Vamos fazer o que?
— Experimentação de musicas.
— Eles vão xingar.
— Hoje xingam, falam mal, em um ano, estavam lá quando eles estavam experimentando as
musicas, direto com o publico.
365
— Certo, o passado é sempre romântico.
— Tem de doer muito para não se tornar romântico.
Sentamos a mesa, e vimos duas apresentações de comedia, e depois disto eu e Ritinha subimos
pela lateral do palco, eu abro a cortina e tinha um teclado e um violão, vou ao fundo e troco de roupa e
sento em uma cadeira alta, ajeito a mascara, a roupa, e olho para todos e falo.
— Estamos iniciando hoje um experimento, se não estiver bom, podem vaiar, faz bem a minha
alma.
Ouvi um “Sai dai!”
Sorri e nem olhei o rapaz, ele não veria meu sorriso, apenas minha feição da mascara.
Passo para Rita o que cantaríamos, e ela começa pela introdução e falo.
— Estas musicas são o experimentar de letras, nem sempre tenho vontade de mostrar antes de
pronto, mas hoje, é um dia especial.
Cantamos pela primeira vez, a letra de “Te amo Baby”, e obvio, o incomodo de alguns, mas ouvi
uns poucos tentando cantar quando repetimos a terceira vez o conteúdo da musica.
Depois experimentamos “Mortos não Opinam”, e obvio, aquilo ficaria melhor na guitarra, e numa
voz mais gritada, como estávamos no violão, cantamos “Pai”, se via alguns gravando ao publico, fomos a
“Luana”, tentei “Beijo Quente” e “Cromossomo Y”, “Dominadora” e encerramos com “Vozes”.
A cortina fechou, Rita sai pela lateral, eu troco de roupa e dou a volta.
Bárbara sorriu quando volto a mesa e fala.
— Acha que eles não sabem que é você.
— Logico que sabem.
Ela sorri e me abraça.
— Pelo jeito quer tentar algo diferente.
— Lançamentos simples, como tocando aqui, de Baby Carvalho, Lana Sil, eu não sou algo a lançar.
— Não quer mesmo o holofote? – Ritinha.
— Quero, mas as vezes uma musica sai daqui antes de a produzirmos.
— E vamos gravar quando?
— Alguém tá com pressa, eu tenho de comer as vezes.
— Dizem que a menina que você apoiava, teve um dia de estrela no Rio de Janeiro. – Bárbara
Carvalho.
— Sei que não entende Baby, mas lembra quando toquei com a adaga na sua mão?
— Sim.
— Existem símbolos, que não deveriam surgir, e sei o que vai aparecer antes mesmo de tocar a
mão.
— Está dizendo que tem algo ali que não quer revelar.
— Que não é para ser revelado.
— E não teme estas coisas?
— Sim, eu ainda sou o pobre culturalmente falando do grupo.
— Cria músicas e se acha pobre culturalmente? – Luana.
— Acho que temos de estabelecer que tenho uma educação que me força para frente, uma que
me dediquei, mas minha cultura, é algo que tem de se mastigar, sentir, viver, eu não tenho cultura
ainda.
— E acha que devo cantar? – Luana.
— Acho que vamos chamar você de Luna Sil, escrevendo Luna com dois n e Sil com dois L.
— Acha que é um bom nome?
— Acho que o que queremos não é um bom nome, e sim um produto que possa ser vendável, por
sinal, não tem vindo as aulas de canto.
— Não quero fazer isto.
— Vai mesmo querer ficar a parte? Eu sempre digo que construímos estradas, se as dinamitamos
enquanto caminhamos, um dia chegamos a um paredão, e não teremos para onde ir.
— E não teria ciúmes?
— Para de frescura Luana.
Ela me olha atravessado e Bárbara fala.
— Ela pelo jeito se assustou com a ideia.

366
— Sei disto. – Comemos e assistimos mais um comediante e quando os pratos esvaziaram, saímos
dali.
Alguns acham que onze da noite é tarde, para mim, ainda dava para tentar gravar algumas coisas,
eu passei as 7 musicas que tinha de Baby, e ela canta ainda sem se soltar, deveria pegar o jeito, mas
como anoiteceu, começa as provocações e não sei, acho que em parte estou me segurando, Luana
arrasta Bárbara Carvalho dali, Ritinha sai com as irmãs, por fim, depois de muita provocação, ficam
apenas Bárbara Silva e Beatriz.
Eu as vezes queria ser alguém mais disposto, mas as vezes isto parecia fora do caminho que tinha
traçado, e mesmo assim, no caminho que estava sendo traçado. Uma noite que quando duas vão para
casa, já estava cantando um galo, e toda manha, me perguntava onde se tinha um galo no Agua Verde.
Caio a cama e adormeço, acho que com algumas musicas a cabeça.

367
Domingo eu acordo próximo das 11 da manha e minha mãe nitidamente
não estava gostando das farras do fim de semana.
— Tem de se conter filho.
— Tenho de me definir, não me conter.
— E já definiu quem está namorando?
— Umas 55.
— Não é certo filho.
— Sabe como eu mãe, que não tem como se namorar 55 pessoas, mas
garanto que se perguntar para 55 moças, elas acham estar na fila.
— E pelo jeito não sabe como escolher?
— Acho que trabalho mais que a maioria, e nem estou ainda na parte lucrativa.
— Estou falando seria filho.
— Mãe, eu trabalho, não dou espaço, e mesmo assim, todas estão ali, e sei que poucos entendem
o complexo de ideias que passou em minha cabeça, e se eu parar, sinto que vou ser atacado.
— E coloca mais meninas nos seus planos.
— Mãe, estou tirando o tempo ocioso delas.
— As colocando para trabalhar para não ter problemas?
— A linha de produção, está quase que no automático, por isto estranho quando falam que
acertei tal musica, pois deveria ser apenas a mesma coisas de todas outras.
— E pelo jeito impressionou até o professor de canto.
— Uma coisa que sei, é que não existem locais para este tipo de pessoa dar aula, quantos devem
existir na parte cultural que a cada ano se deixa de lado, tendo de se contentar em fazer coisas que não
os dão prazer.
— E você resolveu os dar emprego.
— Mãe, o que não se fala, neste terreno a volta, teremos 5 restaurantes, teremos o curso de
teatro, um curso de canto, um curso de balé, um curso de inglês e um curso de musica, junto com isto, 9
auditórios para peças de vários tamanhos, mas o principal, se alguém montar um grupo, saído de um
colégio destes, possa fazer em um local uma apresentação, então temos os cursos que tendem a criar
um grupo teatral local, um coral local, um grupo de balé local, espero formar uma orquestra, e quem
sabe, músicos para tocarem pelo mundo.
— E resolveu isto quando?
— Nem sei quando mãe, parece que foi pensando nisto, mas apenas uma ideia, um apoio, e tudo
cresceu, estranho alguém lhe oferecer apoio, e você abusar do apoio, pagar depois o apoio, e não sei, as
vezes não parece que fui eu que resolvi.
— E pelo jeito tem pensando muito.
— As vezes acho que estou num caminho ditado, mas as vezes, apenas me divirto, ontem eu
cantei com plateia, basicamente eu só tenho de acreditar que posso mãe.
— Duvida ainda?
— Todas, as vezes parece que se tivesse certezas, eu não teria feito tudo, teria parado na primeira
certeza, e teria me dado mal.
— E o que pretende fazer hoje?
— Dar um pulo no Largo, algo me diz que terei problemas amanha, e pensar que tentei desviar
todos eles.
— E qual problema que teremos amanha?
— O pai de alguém que está mais preocupado comigo do que com dar estrutura para a filha
cantar.
— E porque acha isto?
— Difícil explicar mãe, as vezes o mundo se faz diferente, mas o senhor me queria lá, mas com
todos os controles sendo dele, qualquer coisa, não poder nem falar.
— E o que fez para o enervar?
— Eles nem sabem que fomos ao Rio mãe.
— Mas qual a consequência?
— A musica que nem você e nem a mãe da menina gosta, está disparando a 5 dias.
— Certo, uma cara nova que estabelece que teremos outra musica em destaque.
368
— Era para dar para destaque a todos, não apenas para uma cantora, que se os rapazes não
tocarem, não vai ser legal.
— E pelo jeito eles queriam você como instrumentista.
— Eu com coleira não sirvo para nada mãe.
— E acha que eles vem com tudo sobre você?
— Acho que quando ele tentou barrar que cantasse minhas musicas ele se tocou, que eu tinha
musicas na banda, e musicas registradas para mim, antes de pensarem em ter banda.
— Algo que ele não tem como contestar.
— Mas ele vai inventar algo mãe, e as vezes, temo pois meu advogado, é sobrinho dele.
— Certo, você estava em uma historia e acabou em outra.
Sai e fui ao Largo da Ordem, eu queria apenas pensar, e passear no Largo me parecia um pedido
de domingo, me dando um domingo, apenas isto.
Eu curtia o anonimato naquele local, passo na parte das ruinas, e tinha um show, as vezes
acontecia, Leminskanções, sim, ainda se ouve Leminski em Curitiba, acho que já faz uns 10 anos que vi
eles tocarem a primeira vez, eu apenas paro ouvindo e vi após uma parada, vi um rapaz parar a minha
frente e perguntar.
— Bruno?
— Sim.
— Não sei se está ocupado?
— No que posso ajudar.
— Estrela quer falar com você.
— Eu? – Estava desconfiado.
— Es Bruno Baptista.
— Sim.
— Ela disse que teria de ficar de olho, que qualquer hora você aparecia, mas nem sei o que ela
quer conversar.
Para os demais, estamos falando da filha de Leminski, e estranho alguém querer falar comigo.
O rapaz me conduz a um trailer, o grupo estava ali, e a senhora me olha e fala.
— O menino que agita a cidade.
— Prazer, não entendi, quer falar comigo?
— Dizem que tem um espaço para shows, na Iguaçu.
— Apenas o espaço no Bar está pronto ainda.
— E os demais?
— Em abril devemos inaugurar parte, dois teatros pequenos, e mais duas salas de apresentações.
— E estaria reservando espaço lá?
— Esperando a confirmação de inauguração, temos um evento reservado em Junho, mas até lá
temos de ficar prontos.
— Alguns falam maravilhas deste espaço e quer dizer que não está pronto?
— Um deles está, mas para fazer shows em um teria de parar as obras no outro, e isto só
atrapalharia, então resolvemos inaugurar os dois primeiros espaços maiores, depois inaugurar outros
dois espaços, e junto com isto, outras 4 pequenas salas.
— Vão ter oito espaços?
— Espaços que variam de 88 a 502 lugares.
— Então já tem um espaço pronto, onde dizem estar produzindo algumas bandas locais.
— As vezes estranho empresários, quando querem apoio, são todos flores, dai fazem sucesso,
esquecem que pediram favores, não estamos cobrando e já tem gente fugindo de nós.
— E passeando no Largo?
— Sim, sou um desconhecido a rua, as vantagem de não ser conhecido, é poder andar de boa.
— E nos apresentaria este local?
— Sim, se quiserem ver, é só passar lá depois que acabar aqui.
— Vai estar por lá?
— Sim.
Eu saio dali, não entendi, eu deveria ser mais invisível, mas esqueci que andei aparecendo demais.
Caminho até a parte onde se vendiam livros ao chão, e lembranças e olho alguns testos, compro
dois.
369
Eu gostava de comprar livros, mas não tinha ninguém conhecido naquele dia.
Caminho até a Rua São Francisco, e entro em um pequeno bar e vi Ricardo lá.
— Veio pedir que reconsiderasse?
— Não, perguntar se conhece 3 bateristas, que querem fazer extra em uma banda.
— Contratando?
— Tentando fazer as coisas andarem.
O caminhar pela rua me levou a Universidade, na Santos Andrade, tinha uma manifestação de
professores ali, estranho acabar na confusão, e passar por ela, apenas olhando.
Desço a rua João Negrão até a Iguaçu, caminhando, passando pela ponte ferroviária desativada, e
começo a subir a rua, e chego olhando aquele pessoal parado a rua, e vi Estrela me olhar e falar.
— Pelo jeito veio andando.
— Sim. Só vou pegar a chave e o controle do alarme.
Eu fui até em casa e desci, desliguei o alarme e o segurança me olha assustado, deveria estar
dormindo, mas abro e mostro os dois espaços, o baixo e o superior, e eles olham o espaço do palco e a
moça fala.
— Um teatro incrível, este que estão acabando?
— Sim, a parte técnica está sendo montada.
— Quer dizer que a parte física já esta pronto, mas precisa acabar o resto?
— Sim, sou chato com coisas que não funcionam ou estão feitas pela metade.
Eles ficaram com o contato e vi eles saindo, e fechei tudo, e liguei os alarmes.
O segurança estava na entrada quando sai, mas sabia que deveria ser sonolento esta função.
Eu dou a volta e subo na parte que seria a casa com 50 espaços individuais, olho a construção,
estava olhando quando meu telefone e talvez preste a cair em uma armação.
— Boa tarde Bruno.
— Fala menina.
— Esta arredio.
— O que precisa Bárbara?
— Conversar.
— E quer conversar onde?
— Qualquer lugar é complicado, sei que deve estar pensando coisas horríveis a meu respeito.
— Passa por aqui, daqui a pouco deve estar abrindo o restaurante, dai conversamos.
— Mas...
— Se quiser, se não, paciência.
— Não entendi o que meu pai quer!
Sabia que ela sabia, mas não falei nada e falo.
— Passa ai que conversamos.
Eu subo aos quartos, não era apenas um quarto, era um quarto, uma pequena sala, um banheiro
e uma área a mais, 5 andares de quartos, 14 no terceiro, 12 no quarto, 10 no quinto, 8 no sexto, 6 no
sétimo, e uma super suíte, de 5 andares, em uma das pontas, no lado inverso, escadas e elevador, o
andar dois, tinha salas, tinha cozinha, tinha locais que não definira ainda, mas eu entro no que seria a
suíte, e olho aquele local, os vidros colocados, a cama ainda coberta, o banheiro, sim, agora teria uma
casa que não me chamariam de pobre, olho a sala de musicas no quarto e a sala de entretenimento, no
andar inferior, a sala de edição, tudo dentro de um quarto, que era maior que algumas casa, 690 metros
quadrados de suíte é uma super suíte, de se perder nela.
Eu desço e olho o segurança vir verificar o movimento, me identifico e ele confere a identificação
e se retira.
Ele olha para o local, ainda vazio, mas o olhar para cima, era uma sala com teto alto de 8 andares
de altura.
Estava naquela imagem quando recebi a mensagem de Bárbara e falei que estava descendo.
As vezes acho que poderíamos ser um super casal, as vezes, usado para algo acontecer.
Estranho estar indo a armadilha e receber um aviso do meu advogado e marcar com ele no
restaurante.
Desci e vi a menina toda arrumada, cheirosa e vi que ela estava querendo entrar no jogo.
— Veio namorar pelo jeito. – Falei.
— Quem sabe reconquiste o namorado.
370
Deu vontade de perguntar qual deles, entramos no restaurante, e ficamos a divisão inicial, e pedi
algo para beber e Bárbara fala.
— Não vai me dar uma chance a mais.
— Bárbara, sei que vejo você como se fosse algo que teria de batalhar para ter, mas não entendo
ainda o que causo nas pessoas, elas se afastam e depois, tentam me ferrar.
— Esta falando do meu pai?
— Você é parte Bárbara, porque é que não entendo, lhe convidei a esperar, a fazer parte da
minha vida, não de um romance, e vi que não era isto.
— Me esqueceu.
Olho o Doutor Vaz entrar ao fundo, e ele chega a mesa e fala.
— Problemas Bruno.
— Sente-se.
— Tem um pedido de procura e apreensão que vai para onde você estiver.
— Motivo?
— Estão falando que você cometeu uma castração forçada em um rapaz.
— Eu fiz o que?
— É a acusação, e sei que vem de um daqueles que você disse poder um dos seus irmãos.
— Quando o fiz?
— Há uma semana.
— E denunciaram apenas agora?
— Pior, é que vem assinada por meu tio, as vezes não entendo o que está acontecendo.
Eu olho para Bárbara e falo.
— Acabou a conversa, vai para casa.
— Mas...
— Não sei onde vou passar a noite, odeio esta historia de instituição de menor.
Bárbara ficou a mesa e o doutor Vaz olha ela e fala.
— Vai menina, teremos problemas sérios.
— Mas...
— Ele está com razão, não é para lhe complicar.
Ela sai e vi que ela olhou o outro lado da rua e falo.
— Armação, mas tudo bem, esqueço mais uma pessoa.
— Porque acha que é armação.
— Carro a uma quadra, de seu tio, e isto estabelece que a denuncia foi dada assim que eu disse
que poderia falar com a menina, odeio isto.
— E esteve em mesmo ambiente com estes rapazes.
— Sim.
— Mais alguém presente?
— A mãe de cada um deles, e Bárbara Carvalho.
— E o que estava acontecendo, foi domingo anterior?
— Sim, mas deixa eu ligar para alguém.
Pego o telefone e ligo para Bárbara Carvalho e pergunto se sua mãe sabia de algo vindo da família
Kremer.
Ela parece por a mão no fone e depois de um tempo fala.
— Minha mãe falou que pode ter acontecido com José o que a dona Maria estava falando.
— Alerta apenas uma coisa, que ela sabe que não fui eu, e que quem o fez, pode considerar como
se não tivessem aceito o favor, já que não era uma ação minha, e ela sabe.
Ela repete a frase e ouço a senhora Sueli falar.
— Acha que pode ser pior?
— Vocês pedem intervenção para o Deus da Guerra, ele concede algo, eu perguntei se queriam
fazer isto, vocês estavam arriscando, e sabe disto, fim de dor, para o Deus da Guerra, pode ser uma
adaga no coração.
— Certo, eu alerto ela, pelo jeito querem jogar em você.
— Sempre.
Eu desliguei e o doutor me olha e fala.
— O que andaram aprontando?
371
— Não entendo o que me protege doutor, mas os 4 se juntaram e tentaram me dar 6 tiros na
noite de sábado, no domingo, eles estavam com muitas dores, e parecia que não passaria, as mães
levam ao hospital, e não tinham resposta, e lá vai o rapaz que se mete em encrenca, e não sei o acordo
de cada um deles com a representação terrena do senhor da guerra, mas a dor se desfez.
— E não tem como por isto em um processo.
— Processos se fazem com provas.
— E como se defender de algo assim?
— Existe corte ou algo que indique o corte?
— Não foi uma operação, é o que está dizendo.
— Acredito que não.
— Certo, parece que os casos estranhos me seguem.
— Acontece, estás na cidade que nada acontece.
— E pelo jeito acredita que vai ter problemas.
—Não, acredito que eles queriam inventar algo, para induzir que estava forçando algo, para ter
um acordo mais a frente, e com isto, me fazer assinar algo que não quero.
— E não entendeu o por quê?
— Acho que não entendi, pois seria mesquinharia, para alguém bem de vida, ganhar mais.
— Certo, dinheiro.
— As vezes é apenas sensação de que temos alguém pressionando.
— Verifico, porque acha isto?
— Não me chamaram na Cultura Inglesa, e seu tio quer me calar, Barbara falou em medo na
primeira vez, mas posso não estar entendendo do que é o medo.
Vi a operação policial no bar, não em outro lugar, então olho em volta, tinha de ter alguém dando
serviço, vi um garçom com um telefone na mão bem ao fundo.
A policia entra no local e vi um rapaz me olhar e perguntar.
— Bruno Baptista.
— Sim.
— Temos uma determinação de lhe acompanhar a delegacia do menor, tem direito a um
advogado.
Vaz olha o rapaz e fala.
— Eu sou o advogado dele, qual a acusação.
O rapaz olha em volta e pergunta.
— Não é um local para menores.
— Entre as 5 e 7, antes dos shows, temos autorização de receber maiores de 14 anos,
desacompanhados, e menores que isto, com responsáveis. – Falei olhando o rapaz.
— Temos? É dono deste local?
— Meia quadra é minha.
O rapaz olha em volta e fala.
— Temos autorização de verificar se tem algo propenso a um corte de seu poder neste endereço.
— Do que sou acusado senhor?
— De ter castrado um rapaz.
— Quem?
— Sabe esta resposta.
— Espero que um corpo delito tenha sido feito na pseudo vítima.
— Acha que não fazemos nosso serviço menino?
Nitidamente eu irritei o rapaz, e olho em volta e vejo Paulo chegando a mesa.
— Qual o problema?
— Eles querem saber se onde eu estou, tem algo cortante, não tenho noção de quantas facas tem
no local, no que vai inaugurar semana seguinte e se foi feito com alguma destas facas, pois o rapaz se
irritou, mas aposto, não tem corpo delito.
— O que recomenta Bruno?
— O que eles pedirem, cede, mas registra que eles levaram.
— Certo, algo mais?
— Deixa eu ir a uma instituição de menor, novamente, apenas porque adoram me culpar de tudo.
Me levantei, o doutro Vaz assina o recebimento e fomos a delegacia do menor.
372
O delegado cumprimenta Vaz e fala.
— Perdido aqui Vaz?
— Estava conversando com meu cliente, quando seu pessoal chegou lá para o conduzir.
— E quem é seu cliente?
— Bruno Baptista.
O delegado olha para mim finalmente.
— Então você deve ser o famoso Bruno Baptista.
Um senhor, entra pela porta e olha o delegado.
— Podemos falar Delegado.
— Problemas?
— Apenas a cliente está retirando a acusação.
— Que palhaçada é esta Vargas?
— Não sei, mas quando falei que tínhamos de fazer um corpo delito para somar ao processo, ela
resolveu tirar a queixa.
O delegado olha para Vaz e fala.
— Apenas vamos fazer o registro de comparecimento, pensei que era seria a denuncia, e pelo
jeito, não era.
Olho o senhor, fomos a sala dele, se redige um comparecimento padrão e voltamos ao bar.
Vaz saiu, e vi que o movimento começava a melhorar, e fui para casa, minha mãe estava aflita e
apenas contei o que aconteceu e menti um pouco.
Hora de descansar.

373
Segunda de greve ainda, fui ao colégio, e apenas a direção funcionava,
era greve de alunos, e uma ideia me passou a cabeça, ideia boba, mas enquanto
via dois grupos passavam seus textos, hoje passaríamos por ultimo, penso em o
que poderia melhorar rápido naquele local, e vou falar com a diretora, ela
estranha a proposta, mas eu não sou de pegar uma historia pela metade, e
combinamos que tentaria um pessoal para pintura, para repintar a quadra, que
falaria com um serralheiro e um vidraceiro, concertar janelas e vidros, cercar a
área da quadra de esporte, para dias de frio, nem sempre os dias são agradáveis
em Curitiba, uma jardinagem a toda volta, somando terra e mudas de flores a toda volta, reformular o
canteiro, trocar coisas na cozinha, e ela me olha no fim, achando que era muito, estava falando em
investir no colégio que eu estava.
Eu por aplicativo, pedi para Roseli orçar as coisas e providenciar as coisas e fui ao encenar, as
vezes estava pensando em um projeto, as vezes na peça, e estava acabando quando a diretora surge a
porta e me olha.
— Tem um pessoal de uma construtora ai.
— Eu passei a eles o que achava possível fazer se a greve durasse uma semana a mais, mas
começam pela pintura, dai pela troca das carteiras e quadros, concertando janelas e iluminação, ao
mesmo tempo, uma geral externa, concertando calçadas, fechando a área coberta da quadra, para dias
mais frios, e troca de toda a fiação e equipamento da cantina.
— E vai fazer apenas porque teve vontade?
— Nem vamos falar senhora, vamos fazer, e não precisa dizer quem fez, quero ver eles
reclamando da mesma forma.
— E veio parar no colégio que dirijo por sorte?
— Por destino, viemos para perto da família, antes de terminarem de inventar e acabar até com o
clima familiar.
A senhora viu eu sair e vi Roseli ali e sorri, esta gostava de uma obra de verdade, passamos nos
locais e ela começa a falar com os rapazes, uma coisa é uma obra quando eles querem demorar, outra
quando as coisas já estão lá e seria uma obra cronometrada para uma semana.
Eu saio dali e vou ao restaurante, e vi Rose me olhar e senta a mesa.
— As vezes não sei se meu pai quer você perto ou longe.
— O tio se assustou, entendo, eu perdi a cabeça.
— Se você perde a cabeça, imagina as pessoas normais, pois você pelo jeito começou uma
revolução no colégio que você está.
— Eu gosto de ir a um banheiro, e conseguir evacuar prima.
— Certo, mas pelo jeito quer mais coisas?
— Sim, um local onde eu peça algo e a direção pense seriamente em autorizar.
— E vai correr?
— Eu caminho, não corro.
— As vezes tenho medo, e sei que Roberval quer lhe falar, algo que não entendi, ele fala que lhe
odeia, e lhe deve uma.
— Eu não escolho os caminhos prima, e uma coisa sei, ele não pode lhe dar um herdeiro, eu
acredito em caminhos ditados por um Deus, vocês acham que são Deus diferentes, mas tudo no mundo,
seja a saída do Egito, a invasão das terras prometidas, a perseguição aos demais, tudo foi guerra, não
paz, todos que receberam com paz os invasores cristãos, perderam até a liberdade, as terras, suas
crenças, mas quando você pede a um Deus destes algo, tem de ter certeza do que está pedindo.
— Não acredita em livre arbítrio?
— Se Deus sabe tudo que vai acontecer, do inicio ao fim dos tempos, não existe livre arbítrio,
apenas não somos Deus para entender.
— Mas o que Roberval tem haver com isto?
— Dor induz as pessoas a pedirem algo, e pediram o fim da dor, estranho saber que tinham 4
irmãos atravessados, e somente eu terei a chance, se me cuidar, de deixar herdeiros.
— Ele sempre sonhou em ter muitos filhos.
— Pai é quem cria, você teve um, eu nenhum prima.
— Certo, deixa eu ir, o pai ainda está desconfiado deste curso de teatro.
374
— Cursos desviam os rumos prima, está em um grupo de pessoas, fora os daqui, que nunca
souberam o que é estudar em um colégio público, contatos para um vida.
— Meu pai não entende, até o governador vem falar com meu primo.
— Quando se tem secretários incompetentes, acontece isto.
— Deixa eu ir.
Terminei de comer, e segunda foi como deveria ser, sem intempéries nenhuma.
Terça surge e a cara do colégio começa a mudar, e o chegar e montar das carteiras novas, fazia as
antigas saírem, e entendi que uma reforma a diretora autorizaria, uma venda de produtos por um
equipamento eletrônico, não dependia dela, teria de ter aceitação da secretaria e do colegiado, terça foi
um dia de passeio, pois eu fui a biblioteca e verifiquei quais os livros que continham a biblioteca, puxei o
cadastro das obras e algumas não estavam a anos no colégio, alguém levou e nunca devolveu, e uma
lista de nomes de livros, me fez passear nos sebos da cidade, e o levar a tarde dos livros e ajeitar nas
prateleiras novas, e confirmar cada livro que estava no cadastro e colocar um lá, o imprimir das fixas de
locação e ajeitar ali, os banheiros tinham portas, vasos e pias trocados, uma pintura, uma lavagem com
jato de agua, e troca das luminárias.
Estranho o mesmo lugar depois de um dia parecer outro.
Estava olhando o local e a diretora para ao meu lado.
— Vai reformar toda a escola?
— Sim, recolocamos todos os livros que não estavam mais na lista de livros da biblioteca,
trocamos o computador, mas não fica visível esta troca, todos os computadores, colocados em uma
caixa metálica e chumbados ao chão.
— Dificultar os roubos.
— Sim, sistema de segurança que não está no sistema interno da escola, então a gravação vai
ficar lá, e vai registrar o entorno, estas pessoas não devem vir a pé, em algum lugar eles deixam a
condução, nem que seja uma bicicleta e todos os computadores, estarão com um marcador digital,
quero pegar quem compra do ladrão também.
— Vai pegar pesado.
— Não, apenas uma soma por computador de dois dólares, que pode nos gerar ele de volta, e
nem saberem como sabemos.
— Não quer que roubem, mas se mesmo assim levarem, quer saber para onde foram.
— Sim.
— Deve ter ficado decepcionado com a negativa.
— Não senhora, eu perguntei, imaginei que deveriam existir regras, mas espaços públicos
locados, é uma forma de obter recursos para manter um local publico.
— E não se preocupou mesmo?
— Estou fazendo o que se cada dito empresário da cidade fizesse, teríamos escolas melhores.
— E não vai por uma propaganda sua ai.
— Eles reclamariam.
— Certo, mas está mudando a cara do colégio.
— A melhor percepção será dos que não viram a reforma diretora.
— Verdade.
Sai dali e fui ao centro, era terça e tinha marcado com Bárbara Carvalho, e com algumas pessoas
indicadas pelo Ricardo, e outros indicados por Marcelus, estava montando três grupos, mas somente
um eu chamei para a terça, e passamos a musica e gravamos 10 musicas, e começa a surgir uma moça
de nome Baby Carvalho, no Youtube.
Quando terça ia ao fim, estava vendo pessoas querendo o show das Marginais do Lange, e
marcamos o inaugurar do porão do Curitiba Comedy com elas tocando.
Entrada a parte, apenas no nome, se deixava claro que era o mesmo prospecto, então o clube
ganhava um palco para shows, tinha um palco para comedia e apresentações, estava terminando a
gravação e vi que José e a mãe aparecem lá, José parecia transtornado, não sei se era positivo ou
negativo, mas não conversávamos mais como amigos que um dia fomos.
A senhora querendo a paz, e o transtorno no rosto de Jose, me colocou na defensiva, mas era
consequência, não mais que isto.
Quarta começa, ensaio de teatro pela manha, curso de teatro a tarde e o grupo de Beatriz sendo
definido, e começamos a finalmente gravar os vídeos, agora com instrumentos, com toda a cenografia,
375
com o coral, com os novos músicos, foi demorado gravar todas as 16 musicas, mas finalmente o
conteúdo terminado.
Beatriz me abraça e fala.
— As vezes as coisas assustam minha mãe.
— O que a assustou?
— 22 mil dólares recebidos do Youtube.
— Mantem o pé no chão, nem sempre vai dar isto.
— Estamos melhorando a mercadoria, e acha que devo segurar as coisas.
— Sei que muitos no mundo, vivem o ano com isto Beatriz, se acertar uma vez por ano este valor,
mas sempre com a mira bem a frente, pois um dia isto pode mudar.
Quinta surge como se a semana começasse ficar pesada, e as aulas, os cursos e o lançar dos três
prospectos pelo Guairinha de Festivais, e o anunciar do Guaíra do Festival de Teatro Secundarista,
estava com os prospecto e vi que eles não delimitaram em parte, colocaram delimitações de
responsáveis, e o que era uma ideia boa, tinha algumas coisas a ajeitar.
Nada de surpresa, e o aparecer de uma banda de Porto Alegre, que tinha convidado a dividir uma
musica com os rapazes e gravarem, eu teria proposto para Bárbara isto, mas ela não queria, e gravamos
e a compilação de cada parte, ficava com cada banda, cada uma destacando a sua banda.
Sexta vem com a obra chegando quase a conclusão, e o trocar de parte das telhas, o colégio
pintado, a entrada com canteiros de flores, o estacionamento asfaltado, a quadra de esportes, agora
toda cercada, com as portas abertas, mas quando fechado, toda área protegida, o colocar no telhado de
uma proteção interna, e o colocar de sistemas de segurança integrados.
A tarde alguns no curso de teatro, e o gravar das Marginais, com parte do coral a tarde, duas
musicas, e ao final da tarde, o perfilar de todo o coral, eu e uma banda, coral de vozes, um grupo de 10
cuícas, de uma escola de samba da cidade, o grupo de teatro do colégio, o que eu participava, a
cenografia, o painel de led, e começamos a gravar o que deveria ser o show, quatro horas para gravar as
duas horas de quarenta do show, e o aplaudir de minha mãe a plateia no final, o senhor Ronald me olha
e fala.
— Tenho de ser sincero menino.
— Não espero menos.
— Você criou uma peça única, algo que realmente somente vendo pessoalmente para sentir a
força, se antes tínhamos trechos desconecto, você os juntou todos, tenho de considerar que um menino
de 15 anos, acaba de criar uma peça inédita, em algo que não consigo definir exatamente, moderno,
clássico, desconcertante em certos pontos.
Eu olho o senhor e falo.
— Peço apenas que não ache minha reação aos elogios pouca, pois eu não sou bom com elogios.
— As vezes esperamos pedras, entendo, mas saiba que ficou realmente muito bom.
— Acha que as meninas conseguiriam repetir isto?
— Sim, apenas uns dois ou três ensaios com tudo junto.
— Eu quero marcar uma apresentação no Guairão, e por toda pompa de algo assim, lá.
— Certo, um show pensado para palcos grandes, neste tamanho ficamos imersos na
apresentação, quer ver em algo maior.
— Sim, e sei que vender isto, como falei antes, é complicado.
— Mas não vai desistir.
— Não, acho que se conseguir apresentar no Guairão, vamos todos tirar passaporte.
— Vender para fora?
— Ainda é cedo para falar disto.
O dia acaba e vem finalmente sábado, e vendo os comediantes do clube, e começando a numerar
as cadeiras do teatro novamente, vi um grupo de comediantes vir ver como estava, e mostrei como
estava agora, depois de mudado, não tínhamos tudo pronto, o próximo ponto pronto, seria em Junho,
apresentei também o clube ao lado, e vi que eles gostaram, talvez me levassem mais a serio pela
estrutura do que por minhas palavras.
As vezes me via falando sozinho, mas eles saíram e com calma terminei a edição de parte da peça,
Zarathustra, e coloco 8 dos 14 módulos na internet, agora terminado, estranho que os comentários
sobre o Zarathustra 4, é que ficou ainda melhor, estranho pois eu não assimilava bem os elogios, mas
estava ali a olhar os vídeos, e recebo uma ligação do Rio de Janeiro, e me perguntam se teríamos como
376
comparecer com a nova estrutura que se fazia na cidade de Curitiba, no programa Altas Horas na terça,
e perguntei se iriam pagar as passagem e hospedagem, pois o show das Bárbaras e de Bruno Baptista,
tinha 350 pessoas.
Eles tentam convencer que seria algo bom mas com menos pessoas, e perguntei quantos eles
pagariam?
Eles queriam apenas nos induzir pela visualização e pergunto quanto, e o que eles queriam, pois
todo o prospecto, era muito maior do que a estrutura do programa.
O rapaz não sabia o que falar e perguntei por fim.
— Tem interesse mesmo?
O rapaz queria algo, mas para na minha frase, talvez pensando se poderia ser feito, mas pergunto
se não seria mais fácil, trazer a produção ao local, do que levar toda a estrutura para o Rio de Janeiro, e
obvio ele perguntou se teríamos o local, e obvio, uma coisa era dizer, que tínhamos o local, que
poderíamos ceder material, mas que ficava mais fácil, e ouvi o rapaz, ele parecia ainda olhar algo, e fala.
— E teríamos algo como o que colocaram agora na internet?
— Na internet, está 8 de 14 partes do show.
— Certo, todos me perguntam, como colocar o Zarathustra 4 no programa do Serginho.
— Pergunta se não querem por o Serginho, no palco do Zarathustra.
O rapaz perguntou algumas coisas a mais, e perguntei quando confirmaria, pois teria de reservar
o local e contatar todo o pessoal novamente. O rapaz se propôs em ser rápido, mas as vezes estas coisas
demoraram.
Na minha cabeça esta uma coisa, se mostraria meu rosto ou não, e sabia que se fosse como
estava pensando, o melhor seria o local superior, não o baixo, teríamos de passar muita coisa para cima,
mas isso se resolveria.
Estava olhando o colocar de Dominadora Beatriz, e vendo que o primeiro vídeo chegara a 3
milhões de visualizações, e o que acabara de por, crescia exponencialmente, mas o que se via, era que
todos os vídeos, era vistos, quando você tem 3 vezes o mesmo vídeo, tem ele reproduzido por 16
vídeos, e o que menos tinha, tinha 300 mil visualizações, estabelecia que os ganhos ainda se manteriam.
Estava olhando aquilo quando um senhor me liga e pergunta com quem falava, talvez duvidando
de eu conseguir algo, e falo, Bruno Baptista, a conversa muda, pois ele não estava falando com um
assessor e o senhor, que nitidamente queria algo, me fala.
— E porque acha que seria mais jogo levar Serginho a Curitiba?
— Senhor, não sei se seria para este, mas temos um teatro pronto, de 504 lugares, temos na
nossa apresentação, a que mais foi vista, um coral com 300 pessoas, temos um grupo teatral de 25
pessoas, temos a técnica, temos eu e 5 músicos, um coral de acompanhamento, e um setor da bateria
do Embaixadores da Zona Sul, se quer algo realmente a gravar e ficar na memoria, seria o mais indicado,
se não, vai ser um programa meia boca.
— Alguns apostam na sua estada como uma novidade.
— Eu sozinho não sou novidade, geralmente com uma banda, como convidado, seja eu cantando
com Beatriz, com as Marginais, com os meninos do Your Sons-in-law, com o coral Bárbaras, ou com
parcerias com Indicipline, Reckoning Hour, Gangrena Gasosa, Lacerated and Carbonized, Maieuttica,
Tamuya Thrash Tribe, Forceps e Enterro.
Ouvi o senhor se calar e falar.
— Dos que falou, acho que só conheço Indicipline.
— Fizemos um show no Circo voador a umas duas semanas, e tocamos uma musica, acho que
está na pagina delas.
— E pelo jeito andou por aqui e não vi.
— Senhor, as vezes sou chato, mas eu deixei o “Bárbara e os Clementes”, por discordar das
clausulas.
O senhor se cala novamente e fala após um pequeno cochicho ao lado que não entendi.
— O guitarrista que deixou o grupo, e o senhor Vaz disse que não poderia participar pois não
pode viajar?
— Eu estava no Rio senhor, eu não precisaria viajar.
— E pelo jeito ele não cedeu a algo e ficaram num impasse.
— Não havia impasse, apenas eu tinha saído, ele perguntou se participaria, disse que sim, mas
para participar, eu teria de voltar, e não teria mais como voltar.
377
— E não teria nada contra tocar com a sua antiga banda?
— Não, eles são bons no que fazem.
— E pelo que entendi, você é mais ligado ao teatro, foi o que me falaram?
— Se perguntar onde eles fizeram aquelas gravações em Curitiba, naquela reportagem do
Fantástico, aquele espaço pertence a minha família.
— Não lembro de você na imagem.
— Lembra da imagem na cobertura?
— Sim.
— Está na imagem, eu, minha mãe, e se verem hoje no mesmo lugar, a imagem pegaria onde será
minha casa, ao lado.
— E teria como ser uma gravação especial?
— Tem, a pergunta se querem, e obvio, teriam de editar e tem até sábado a noite para isto.
— Acha que daria visual no teatro?
— Podemos fazer em uma sala que não é publica, mas que daria um visual o montar quase ao
vivo da peça.
— Algo que comportasse?
— Sim, e se me permitir, convido pessoas fazerem parte desta gravação.
— Gente da sua cidade?
— 10 da minha cidade, 10 do Rio, 4 de Florianópolis, já é mais que o suficiente.
— Mais que a duração do programa.
— Algo talvez a montar e jogar em dois fins de semana, conteúdo gravado, depois pensado.
— Teríamos de ver o local e verificar.
— Aproveita e traz o apresentador, as vezes gravamos em mais de um dia, e não nos estressamos.
— Certo, atende sempre neste numero.
— Se não estiver em curso ou aula sim.
— Lhe retornamos ainda hoje.
Eu olho para fora e ligo para Roseli, e pergunto qual a segurança para fazer na estrutura da casa
nova, ela me pergunta o que, e explico que a gravação de um programa Global.
Eu começo a caminhar para o local e penso no que seria, e pergunto por mensagem para Ronald
se teríamos como executar uma apresentação do Coral e de Bruno na terça, ainda não sabia se seria em
Curitiba ou no Rio de Janeiro.
Na minha cabeça, eles iriam pedir para reduzir a apresentação da Zarathustra 4, fosse esta ou
qualquer uma delas, seria reduzir, passo um recado para os rapazes da bateria, depois para as meninas,
e por fim, para o pessoal da banda e do teatro, e chego a casa, olho para cima o pé direito alto da sala
baixa, Imagino no lado da escadas, uma armação, que poderia ser feita na estrutura do lado das escadas
e elevador, as pessoas já chegariam pelo lado da apresentação, a toda volta, armação para os demais
grupos e começo a pensar em uma passagem de 10 minutos em um arranjo e outras 10 em outras, e no
local um pessoal, e nem sabia se estariam dispostos, e o senhor me liga e pergunta depois de falar onde
pretendia fazer, e fotografo o local de baixo para cima e falo.
— Na sala de casa! - Lhe passando a imagem.
O senhor recebe a imagem e fala com alguém.
— O local lá seria neste lugar, que nem sei onde é.
Não sei o que o rapaz olhou e o senhor pergunta.
— E acha que teria como ter varias participações.
— Fazemos na Segunda a passagem de som, com um arranjo com 10 participações em uma
sequencia e depois fazemos a segunda sequencia, e se considerar a apresentação das Bárbaras, já fecha
basicamente o programa.
— Pelo jeito não é apenas o menino que toca guitarra?
— Senhor, a banda de Bárbara, não tinha nome, até eu chega nela, eu sou alguém que pensa em
musica como produto de massa, mesmo que a massa me diga, isto ninguém olha, ou acha que alguém
produz algo de 10 minutos para por na internet, ou produz um show, o meu com as Bárbaras, de duas
horas de quarenta minutos, hoje eles querem as coisas fáceis.
— Certo, sinal que nem está completo na internet.
— Se tivesse completo, ninguém iria ver ele inteiro.
— Estamos confirmando com as pessoas, ai, temos onde ficar?
378
— Eu não tenho hotel senhor, não sei.
— E esta casa?
— 50 quartos ainda em construção.
O senhor para e não sei o que ele pensou, mas ele fala.
— Certo, amanha estamos ai, e trocamos um ideia.
— Sem problemas, conversamos amanha.
Eu sei que quando eu confirmei que não sabia a ideia ainda, mas estava marcado para terça,
gravação do Altas Horas em Curitiba, na Casa ainda não inaugurada.
Sábado acabando, e vejo o telefone tocar e era Bárbara Vaz, e penso se não era outra arapuca, e
novamente, marco no Bar, e quando ela chega com o pai, vi que eles tentariam algo.
— Podemos conversar serio rapaz? – O senhor.
— Sempre conversei serio senhor.
— Eu preciso de um guitarrista, pelo jeito o largar de você, o colocou em um projeto paralelo.
— Senhor, o que precisa, pois guitarrista contratado, com aquele contrato, o senhor consegue em
15 minutos na cidade.
O senhor me olha e fala.
— Mas preciso de motivar os rapazes.
— Quer os motivar, rasga o contrato anterior e refaz senhor, vai acabar com a banda em no
máximo dois anos.
— Eles não teriam como sair.
— Eles fazem 18 e a assinatura dos pais não vale mais para um contrato deles, e sabe disto.
— Mas é dar o destaque a quem não o merece.
— Eu sou pelo não chamar atenção, e o senhor me colocou para fora.
— Aquele espectro de alguém falando que era seu pai, ficava nos assustando.
— O dia que fantasmas fizerem mal a alguém, me preocupo.
— Mas como podemos por uma pedra sobre isto?
— Mostrando ao país que não brigamos.
— E como faríamos isto? – Bárbara.
— Temos na terça, gravação do Altas Horas em Curitiba, para a gravação de Zarathustra 4, se
quiserem fazer parte, acho que a direção do programa gostaria disto.
— Não tem medo mesmo de chamarmos mais atenção?
— Não.
— E vai gravar onde?
Eu apontei para cima, dava para ver a estrutura de vidro que se erguia em uma prédio que em
parte passava sobre aquele.
— Vai mostrar o que chama de casa?
— Tenho uma sala de edição sendo montada, uma sala de 12 andares de pé direito.
— Algo a dar um visual? – O senhor.
— Acho que eles nem vão filmar direito, mas é onde vamos gravar na terça, passar o som na
segunda, e gravar na terça.
— Passar do som? – O senhor.
— Eles querem mostrar algo sobre o crescimento da musica no Brasil em uma nova vertente,
agora na internet, e para cantar um pedaço de cada, dariam horas de programa, então montamos uma
musica com varias participações.
— E não vai voltar.
— Senhor, eu achava loucura criar algo como a peça, Zarathustra, apenas a Zarathustra 4, no
meio da tarde, chegou a um milhão de visualizações, 550 mil likes, começa a se pagar, sem ter sido
encenada ainda.
— Certo, você montou algo que eu diria dispendioso demais, sei que encolhi o show.
— Eu sou por gerar emprego, em cenografia, luz, som, efeitos de palco, pessoal de teatro em
participações e parcerias, mas isto é minha forma de ser.
— E pelo jeito forçou eles a vir para cá.
— Senhor, quanto sairia para eles, ter de pagar hotel para 350 pessoas?
— Caro, passagem e hotel para isto inviabilizaria o programa.
— Ai apenas perguntei se não queriam fazer aqui o programa.
379
— E está nos convidando?
— Alertando que vou por vocês nos nomes a ser convidados.
— E vai apresentar a peça inteira?
— 4 apresentações no Teatro Guaíra, que temos ainda terminar de ensaiar, para o fazer.
— Um show único?
— Um show com patrocínio, com dinheiro do estado, e mesmo assim caro.
— Certo, algo assim é caro, mas pelo jeito tem pretensões.
— Senhor, gastar um milhão e meio de dólares para uma apresentação destas, para nosso país, é
muito, para alguns teatros mundiais, que mostram interesse, possível.
— Vai querer viajar com isto?
— 4 ou 5 shows, não preciso de mais que isto, para fazer uma apresentação ao mês em Curitiba, e
lotar todas as seções.
— Um produto local?
— Deste local.
— Certo, algo feito na estrutura que montou, mesmo que não dê tanto dinheiro, a movimenta.
— A torna destaque.
Vi que Bárbara ficou quieta a maioria do tempo, e o senhor olha para a filha e fala.
— Quer falar com ele mesmo?
— Sabe que sim pai, mas dizem que agora ele tem namorada, eu o coloquei para fora.
— Se comportem. – O senhor saindo e Bárbara me olhando.
Ela olha em volta, e tinha gente a toda volta e fala.
— Você é dos poucos que dá um nó na cabeça do meu pai.
— Ele não precisa de mais dinheiro Bárbara, e está pensando em reduzir custos para fazer um
show, eu queria ampliar os custos, para tornar algo especial.
— Sim, você falou em Coral e perguntei para que?
— As veze acho que a ideia inicial seria mais calma, e no fim, geraria mais impacto e menos dor de
cabeça.
— Dor de cabeça?
— Chifres.
— Bobo, não parecia levar a serio a nossa relação.
— Acho que já chegamos longe para algo que não fosse serio.
— E me quer no show que vai montar?
— Sim, mas eu nem sempre me entendo com as pessoas.
— Elas querem algo simples e você os complica.
Sorri, sim, eu complicava as coisas, e nem sempre isto era bom.
— Eu sei que pensam que fico pensando em complicar as coisas, mas eu quero uma show que eu
saia satisfeito, impressionado, emocionado e encantado, não apenas um dos quatro pontos.
— Quer sempre algo que você gostasse.
— Sim.
— Ainda tem espeço neste coração.
— Ele tem espaço, mas as vezes temo que você tenha razão, fico pensando em um show, e a
moça ao lado quer pular na cama.
— E não tem pulado na cama? – Bárbara com um rosto de reprovação.
— Pular não tem graça.
— Safado.
— Sou novo para ser tudo isto, mas dizem por ai, que tenho umas 4 namoradas.
— E quer todas?
— Queria umas 50. – Falei sorrindo.
— Tá se achando.
— Tô falando que estou na faze hormonal, aquela que as espinhas aparecem, que os inimigos
aparecem, mas nem tudo é flores.
— Mas que papo é este de 50 namoradas?
— Ninguém me leva a serio Bárbara, nem você me leva a serio.
— E não vai se negar a trabalhar como um burro de carga.
— Tentando não emperrar, pois se emperrar, dai é difícil de mexer o teimoso.
380
— E pelo jeito quer algo grande?
— Sim, mas agora tenho de ir Bárbara, consegue ir para casa?
— Pensei que queria conversar.
— Eu fico correndo, e hora de fugir.
— Porque fugir? – Bárbara.
Eu iria mentir, mas acabei não mentindo, apenas olho ela e sabia que as pessoas queriam falar
comigo, e não era hora de falar de tudo que passara a cabeça.
Chamo um aplicativo e vejo ela entrar nele, dali a casa dela, um pulo.
Esperei ela dizer que tinha chego bem para entrar na parte do teatro e atender o telefone e Maria
do Indicipline fala ao celular.
— Está querendo nós ai?
— Sim, estou comprando passagem para amanha, vou ajeitar um lugar para vocês estarem, mas
quero todos aqui, para conversar.
— Falou em Altas Horas?
— Não falei com eles ainda, mas a ideia, é colocar como eu faria, e eles que escolhem se fazem
assim.
— E pelo jeito teve uma ideia.
— Sim, criar um programa semanal, na minha cidade, gravado terça e quarta feira, e levado ao ar
no Sábado.
— Gravaríamos o programa e depois um especial?
— Sim, a ideia veio a pouco.
— Algo a mais?
— Vou propor algo a duas moças, para elas apresentarem este programa, como parte do que elas
tem, pelo menos uma vez por mês.
— Ampliando?
— Sempre.
Desliguei e liguei para João e perguntei se ele não queria participar de algo gravado na terça e na
quarta, uma ideia em construção, mas que daríamos de conversar.
Passei para Ronald qual minha ideia, e não sabia se era possível, marquei com ele no dia seguinte,
na casa ao lado, verifico como as coisas estavam e sabia que tinha pelo menos 20 quartos prontos, e isto
me deixaria por parte das pessoas que chegariam ali.
Quando eu coloco a ideia no papel, ligo para o rapaz que fez a parte dos shows, ele fala que era
um péssimo horário, peço desculpas e penso que ligaria no dia seguinte.
Eu olho o prospecto e penso no que seria do local, e olho em volta, era muita coisa, e pergunto
para Paulo se daria para conseguir garçons e atendentes pra Terça feira, eu não sabia o numero ainda,
mas queria algo que começasse a pensar.
Na hora que o sono não me deixava mais acordado, cai na cama e dormi.

381
Domingo geralmente era minha folga, mas começo sedo perturbando
todos, e chego a obra e olho que Roseli tinha mandado alguns rapazes para tirar
restos da obra e limpar a bagunça, com o tirar da bagunça e o limpar do
porcelanato, vi que teríamos de proteger o piso para começar a montar uma
estrutura, próximo das 10 da manha, o rapaz que ligara no dia anterior, me
retorna, acredito que não querendo perder o cliente e perguntei se poderíamos
montar algo diferente, e que precisava conversar no local.
O rapaz fala que estava vindo, e eu olho Ronald chegar e olhar para o
local e falar.
— Qual a ideia?
— Palco na região das escadas, estrutura a toda volta, que desse para ter convidados, e que desse
para por pessoas ligadas a 20 bandas! - Explico a ideia, e depois repito da ideia para o rapaz da
montagem, o que começava por definir onde iriam as arquibancadas pois queria proteger o piso da sala,
ele olha e fala com um rapaz e começam a estabelecer o que dava para ser feito e começam a colocar a
volta, uma marcação, o rapaz pede para entregarem estruturas e vir com dos montadores, ele parece
entender que seria algo grande, e as vezes olhava pra cima, onde o sol começava a passar lá sobre tudo,
com uma cor azulada do vidro, e com o sistema de proteção solar instalado.
Eles começam a ajeitar o local, e deixar o local que acreditavam ser bons para o pessoal da
gravação, e era próximo da 3 da tarde, quando os rapazes colocavam as madeiras das estruturas de
arquibancada a volta, a estrutura para o palco, e vi aqueles senhores entrarem e vi Serginho, um senhor
que era o produtor e o mesmo fala.
— Resolveram ajeitar.
— Parecer quase o mesmo lugar.
Vi que o senhor entra na parte interna e olha em volta e fala.
— Temos como instalar uma sala para o controle dos vídeos?
— Tem minha sala de cortes, não sei se serve.
Mostrei a sala e o rapaz da técnica que veio junto fala.
— Facilita, o que faz aqui?
— Ainda nada, mas é onde pretendo editar os vídeos de algumas parcerias.
— E teria ideia de quem gostaria nesta apresentação, pelo jeito você providenciou algo que
pensamos que seria nós quer faríamos.
— Pensei inicialmente fazer no teatro, dai entre a primeira ligação e a segunda, foi o tempo de
chegar a sala, estava verificando o terminar deste local.
— E o que seria este lugar?
— Minha casa, que provavelmente usarei muito pouco, tem meu quarto, da minha mãe, dos
meus convidados, sala de edição com cabos diretos dos locais a volta de show.
Ronald que apenas olhava, apresento, ele era o regente do coral, depois apresentei o pessoal que
estava montando, se via o local onde não colocaram proteção, pois o porcelanato ficava muito pouco
visível naquele lugar.
O apresentador fala que daria até para trazer as placas que usavam no Rio para certos nomes, de
ladeiras, era mais amplo, mas era evidente que estavam montando na mesma logica e quando abriu o
palco, a cortina se abrindo, o senhor olha as estruturas sendo trazidas, um coral de 300 pessoas, já
tomaria todo espaço, começam a montar o telão de led, trazer os cenários laterais, então enquanto
conversávamos sobre o conteúdo, eles viam que estávamos montando ali, um local para encenar,
dentro do palco.
Vi certas pessoas chegarem e fui apresentando ao senhor, que tocava o local, e explicando que
poderíamos fazer um andamento, passando pelas musicas que este tal Bruno tinha de parceria, e que o
que destacava Bruno, era um tipo de mascara pra cada parceria, e o senhor pergunta se preferia me
apresentar de mascara, e falei que sim, para mim o importante era a letra, o encenar e o todo, não
minha pessoa.
Era fim de domingo, e começamos a colocar os equipamentos de cada uma das 20 bandas a toda
volta, e pergunto se queriam que conseguisse pessoal para estar ali, e com calma conseguimos publico
de 4 escolas.

382
Começamos a conversar, eu Maria e algumas pessoas, referente a cada musica, minha ideia era
simples, eu puxava uma introdução, e isto chamava a participar um grupo e cantar a musica, e testamos
a primeira sequencia e Serginho me olha e fala.
— Já cantou com este pessoal?
— Sim, existe muita musica que ninguém deu atenção, e está numa qualidade pequena, então
desta vez não dá tempo, mas as parcerias de um cantor novo, dá para cantar musicas com mais de 20
outras bandas.
— O que recomendaria para passagem para outro bloco?
— Motorocker no primeiro, Blindagem no segundo e Barbara e os Clementes na terceira.
— Convidou todos?
— Esta passagem é com as 9 bandas do Rio de Janeiro, temos 10 de Curitiba mais 4 de
Florianópolis e uma de Poa.
— Algo para somar o todo, pelo jeito rock.
— Rock do pesado, do leve e não esquece, tem Dominadora Beatriz, que podemos fazer uma
encenação rápida de fim, com Baby Carvalho e as Marginais.
— Nunca entendi o nome das Meninas? Marginais, parecem mais patricinhas.
— O governo centraliza tanto as coisas neste país, que até a classe media alta, se sente
marginalizada, pois o centro, é sempre a politica e seus mandados.
— Uma visão realista sobre um país, sabe que no nosso programa evitamos o uso de posições
politicas.
— Eu apenas respondi aqui senhor, elas sabem que existem respostas que não se dá em publico.
— Não conheço muita as meninas, o som delas.
— Tem um show na casa abaixo, daqui a pouco.
— E o que tanto tem a volta.
Cheguei até o vidro ao fundo, ao lado dos elevadores, depois do palco e falo.
— Abaixo, a direita, Curso de Balé, abaixo dele, dois restaurantes, a frente, curso de inglês, ao
lado dele o Curitiba Comedy, ao lado, os teatros, com o curso de teatro, mais a esquerda, curso de
canto, e curso de musica e bem a esquerda abaixo, mais um restaurante.
— Um complexo de ideias?
— Uma ideia.
As meninas chegaram e o senhor pela primeira vez viu elas ensaiarem e viu o pessoal da Cuíca, da
escola de Samba local, depois chegou o pessoal do teatro e ele fala.
— Uma estrutura imensa para uma musica.
— Vocês que sabem o que vão usar, mas o show é o todo, não parte, a parte que demora para
ficar pronto, a parte de luz, de som, de efeitos, que vem junto com a musica.
— E pretendem fazer?
— Sim, vocês que escolhem se cortam parte.
— Certo, pelo jeito uma estrutura que mesmo montar com tudo isto é demorado.
— Só o trazer pra cá é demorado, impossível em um palco pequeno encenar.
— O programa quer por globais para opinar.
— Vocês que sabem até onde querem que gravemos, para mim, não faz diferença, apenas achei
que não ficaria bom a encenação.
— E me falaram em gravar dois fins de semana, nos liberando para montar coisas especiais lá.
— Este espaço, é muito maior que a estrutura lá, mas já que está montado, daria para fazer uma
apresentação original de Bárbara e os Clementes, uma dos Your Sons-in-law, das Marginais do Lange, da
Dominadora Beatriz, e da Baby Carvalho.
— Uma apresentação com mais shows, dividindo dois programas.
— Sim, gravamos um na terça e um na quarta.
— Tenho de ver com o diretor, mas entendi, estará com a estrutura montada, apenas aproveitar,
pois pelo que entendi, como o original, pelo menos em Bárbara, ficou apenas na filmagem.
— Shows completos saem caro.
— Verdade, montar estrutura em todo país gera gastas altos, mas pelo jeito teria como fazer
novamente.
— Sim, da forma que poucos viram.

383
O senhor viu o passar da parte dos demais, inteira e o olhar dele para o rapaz da filmagem foi
quase como se falasse, grava, não sabemos o que faremos ao todo.
Deu horário do show das meninas e fomos ao restaurante, depois entramos pelo fundo onde
somente os da casa tinha acesso.
O senhor viu que abaixo de tudo tinha uma casa de shows e fala.
— E na parte alta?
— Comedia em pé e musica de bandas iniciantes na cidade.
O show termina e voltamos a subir para a casa, e pego a mascara, pego a guitarra e passamos no
local todo o show e vi que a cara de admiração do rapaz, era de encanto.
Quando eu parei, sabia que tinham me filmado sem mascara antes, mas não estava preocupado,
se eles me dessem motivos para me revoltar seria melhor.
Sorri da minha infantilidade, mas Serginho e o produtor do programa fala.
— Isto é o que nesta tal peça de nome Zarathustra?
— Uma parte das 14 que fazem o show.
— Pelo jeito um show que poucos viram?
— Que ainda não fez uma apresentação oficial.
— Certo, estão ensaiando ainda.
— Sim.
— E subdividiu em musicas?
— Em peças, mas ainda temos de terminar de ensaiar para marcar a primeira apresentação
oficial.
— Na mesma altura do apresentador, parecia que estava dentro do show.
— Nem todos terão esta sorte. – Falei, fechamos tudo, e recolhemos as coisas, mostrei as bandas
que vieram de fora onde poderiam ficar, e vou para casa, estava cansado e sabia que me dedicaria dois
dias a mais, para este evento.
Eu passo mensagem para as pessoas e descubro que tinham feito uma assembleia e estávamos
voltando as aulas.
Eu paro pensando em quanto eu consigo fazer as coisas ficarem pesadas para mim, minha mãe
me abraça e pergunta como estava encarando tudo aquilo, eu ainda não sabia, eu reagia com força a
cada pedra a favor, e chutava com mais força as opostas, mesmo que arriscasse quebrar o pé.
Banho e cama.

384
Acordei e coloquei o café para fazer, sabia que não teria como fazer nada
pela manha, aula sempre era prioritário, e em meio a isto, avisei os grupos que
qualquer coisa, perguntasse a Roseli.
Eu vou ao colégio, e obvio, via a cara de muitos entrando, os professores
olhando como se estivessem em outro local, mas as aulas, estas eram as
mesmas, a estrutura melhor dava aos alunos um lugar melhor, mas alguns
professores, pareciam desmotivar com isto, e não entendo de psicologia para
explicar isto.
O Grupo se reúne no intervalo e falo que iria fazer ensaio já no teatro, que teria de terminar de
montar a estrutura, e não era de deixar as coisas pela metade.
Ao termino das aulas, vi Roberval parar a minha frente.
— Eu não sou seu aliado, saiba que de alguma forma, eu vou acabar com você.
Eu tento não sorrir, sabia que na minha forma de pensar, isto foi feito para me deixar atento,
sempre olhando para o lado, pois sabia que eles a cada dia, iriam desenvolver ódios maiores, e talvez
um dia, alguém conseguisse me matar, eu era mortal, e sabia disto.
Almoço no mesmo lugar e vou para a Água Verde, entro no teatro e vejo o pessoal das bandas a
dividir o palco, e treinar, e estranho, eu vou ao outro prédio e o segurança não me deixa entrar.
Eu apenas chamo a segurança do local e entro e olho aqueles senhores olhando para o local e
pergunto.
— Algum problema aqui?
O senhor olha para o segurança e falo.
— Se for me por para fora senhor, melhor realmente cancelar isto agora, ainda dá para fazer o
programa amanha no Rio.
— Quem pensa que é? – Um senhor que não conhecia.
— O dono deste lugar, quem mais?
Vi Serginho entrando as minhas costas e perguntar.
— Não iam ensaiar?
— Isto que vim ver, acabo de chegar do colégio, mas todos barrados, ninguém com autorização
de entrar, saíram para comer algo e não foram mais autorizados a entrar.
Serginho olha o senhor e pergunta.
— Saiu do Rio Romarinho, para que?
— Vim coordenar isto, não é coisa para iniciantes.
Eu olho Serginho e falo.
— Se forem cancelar, apenas me avisem, e se barrarem quem está acondicionado neste espaço,
eu coloco todos para correr.
Sai, o segurança me olha e pergunta.
— Fazemos o que?
— Põem estes seguranças para fora, eles não mandam aqui, e se eles fizerem cara de fome, tem
um restaurante ao lado.
Eu fui em casa e deixei minha pasta e subo a região de gravação, e olho as câmeras e começo a
ouvir e ver os fatos, uma coisa que vi, é que o senhor Vaz esteve lá e falou com o senhor, depois vi o
diretor local que foi destratado por este Romarinho, e por fim vi ele colocar o pessoal da empresa de
montagem para fora.
Liguei para a empresa e confirmei o terminar de montar do local, e vejo que o senhor estava
olhando e falando pouco, mas a gravação chega ao ponto atual e vejo o senhor falar.
— Temos prioridades Serginho, não um bando de iniciantes em Curitiba.
— Quer que cancele, eu cancelo, mas que saiba, você não palpita no conteúdo do meu programa
Romarinho.
— Mas temos diretivas da empresa que não podem ser passadas sobre.
— Quais passamos?
— Não é o local que usamos.
— Isto não é diretiva, qual diretiva senhor, pois se não era para ter vindo, não viria, todos ontem
acharam pela manha uma boa ideia, uma criança, montou toda a estrutura, não gastamos do nosso
bolso.
385
— Mas que espaço é este, não conhecia.
— A sala de estar da casa transformada para este programa, isto, a sala de estar daquela criança
que seu segurança barrou, pelo jeito barrou todo resto como se fosse dono.
— Mas sempre controlamos o local.
— Controle não é barrar todos, isto é folga.
— Me falaram que vão encenar uma peça demoníaca.
— Não, Zarathustra, não é demoníaca, é anterior ao seu Deus em mil anos.
— Mas...
— É uma musica, não algo além disto, mas o que faz aqui Romarinho?
— Coordenar tudo.
— Tenho diretor de conteúdo, se ele não está aqui, provavelmente seu segurança o tinha
barrado, pois estão entrando agora.
— Inexperientes.
— Eu prefiro eles em uma câmera e numa mesa de controle que você, mas não falou, o que quer
aqui?
— Coordenar todas as apresentações e diretivas do programa.
— Quais seriam?
Eu ouvia aquilo e não consigo ver o que estava escrito mas ouço.
— Vamos voltar ao Rio. – Fala Serginho olhado o seu pessoal.
— Não vai aceitar isto?
— Se era para ser isto, faríamos lá Romarinho, não viemos para este local porque foi o mais
cômodo, mas para não pagar 350 diárias de hotel e 350 passagens de ida e volta, se vamos dar atenção
a pessoas que vem de lá para cá, cancela os voos, fazemos lá.
— Mas não vai usar o local.
— Se quer ferrar com o dono, que foi quem ofereceu sua casa para apresentar sua peça e sua
musica, não vou usar, sou homem, não rato senhor.
— Está me ofendendo.
— Quem escreveu isto? – Eu via que o senhor estava bravo – Pois esta pessoa, está ofendendo
todos a volta, e não está preocupado, e se quer bater em quem tem mais que você, em prol de uma
ideia de alguém que nem tem coragem de aparecer, cancelamos tudo.
Serginho pega o papel e pega o celular e liga para alguém, não ouvia e vi o senhor olhar os
técnicos olharem para Serginho, estavam todos em um impasse, não sabia o que eu poderia fazer, mas
fazia parte de uma ideia, porque todos sempre se opunham, e passo lentamente a conversa do senhor
Vaz com o senhor e soube que a ideia veio pronta, e apenas confirmou que teria destaque para Bárbara,
e sento ao fundo e olho o pessoal ensaiar, e pensando em cancelar com todos.
Vi Marcelus e o pessoal chegar, ele veio direto.
— Poderíamos conversar Bruno?
— Fala.
— O empresário da Barbara e os Clementes me ligou e falou que nos queria na apresentação de
amanha, mas que ignorássemos quem os havia convidado.
— Talvez o meu problema sejam as Bárbaras.
— E o que fazemos?
— Talvez seja cancelado a gravação, pois eu montei a estrutura, para apresentar a peça
Zarathustra, não eu, pensei em mostrar uma cultura do Rio que poucos veem, como Indicipline,
Reckoning Hour, Gangrena Gasosa, Lacerated and Carbonized, Maieuttica, Tamuya Thrash Tribe,
Forceps e Enterro, pensa em todos terem vindo a cidade para isto, e agora terem de voltar para casa.
— Cancelaram eles?
— Não sei quem eles cancelaram, mas se eles proibiram o ensaio lá, deve ser para não os dar
acesso, isto induz a uma mudança.
— E queria algo maior.
— Pensa que os pais da maioria das meninas, nunca viu a encenação, queria colocar cadeiras no
segundo piso, a toda volta, para eles verem a apresentação, era para ser algo gostoso em família, mas
não sei o que falar.
— E o que faço?
— Defende sua banda, eu me defendo.
386
— Seria uma sacanagem, pelo jeito você agita todos, convida todos, e quando é para ter o seu
trabalho apresentado, não ouvem.
— Sei que eu coloquei muita pretensão, mas se for, volta que vamos gravar na quarta, pois eu não
vou abandonar uma ideia.
— Gravaria algo especial?
— Um programa cômico, alguém se passando por Serginho, mas ainda é um talvez.
— Não definiram ainda.
— Eles mandaram alguém para Curitiba, para ferrar com o programa.
— E não gostou.
— Me barraram na minha casa Marcelus.
— Certo, nem vi o local, e pelo jeito já cancelaram.
Eu olho o senhor Serginho chegar e me olhar.
— Podemos conversar.
— Sim.
— A direção me passou um prospecto que não usaríamos o seu espetáculo, e não sei o que fazer.
— Volta para o Rio, pior que parece que atraio as coisas assim, quem vê gosta e fica no projeto,
mas quem não vê, quer fazer tudo contra.
— E pelo jeito o que seria um grande espetáculo, vai ser um fracasso.
— Não posso falar para pessoas que deveriam ser a favor da cultura nacional, pensa em ter pago
do bolso, para 8 bandas Cariocas virem para isto, e não saber o que falar.
— E pelo jeito mesmo lá não seria a mesma coisa.
— A diferença senhor, é o que iriamos mostrar, a cultura está acabando, por preguiça, os mesmos
que falam contra o funk são os que denigrem corais, orquestras, peças grandes de teatro, por custos
caros, então estamos a caminho da Idiocracia, mas não se preocupe, dizem que sou feito de pedra,
mesmo em pedaços faço meu trabalho.
O senhor saiu e eu apenas ligo para o segurança e falo para autorizar o pessoal da montagem
continuar, e o pessoal da Globo para fora.
Marcelus ouviu e fala.
— Não vai deixar barato.
— Não, deixa eu por um senhor para correr.
Eu dou a volta e entro na minha casa e olho o senhor e falo.
— Tem 3 horas para tirar o material da sua emissora, depois os seguranças jogam pela janela, na
caçamba de restos de obra.
Eu olho o rapaz da montagem e falo.
— Prepara para uma gravação, se a Globo não tem interesse, quando estes tiverem de explicar
porque cancelaram, quero a cabeça deles numa bandeja.
O senhor me olhava ao longe e falo para o rapaz.
— Assim que eles tirarem o material deles, começamos a montar a estrutura que montaríamos
para a quarta, fazemos assim que eles terminarem.
Pego o celular e disco para o pai de Bárbara e falo.
— Boa tarde senhor Vaz.
— Boa tarde Bruno.
— Apenas avisando que foi cancelado a gravação de amanha do Altas Horas, estou ligando para
todos e desmarcando, alguém ligou para alguém no Rio, não sei quem, mas se é para me tirar de minha
casa, façam na casa deles.
— Vai por eles para fora.
— Estão saindo senhor.
Desliguei e Marcelus me olha e fala.
— Porque acha que eles não vão chamar ela de novo.
— Regras que poderiam pesar aqui, pois eles tem uma regra idiota, de que tem de dar espaço de
mais de 15 dias entre uma apresentação e outra, de uma banda ou conjunto.
— E pelo jeito eles estão em um impasse.
— O senhor não é quem manda, ele só atrapalha.

387
Eu vi eles terminarem de montar a estrutura, e quando faltava meia hora para desocupar, vi um
senhor que não conhecia pessoalmente, diretor da Globo local, ele que viera fazer a locação ao lado,
para o destaque a banda que agora não fazia mais parte.
Ele olha Romarinho e fala.
— Some urubu. – O senhor olha assustado – Gente que vem apenas detonar os da casa e toda vez
que aparece alguém me liga para desviar, some Romarinho Silva.
Vi o câmera olhar atravessado para o senhor sorrindo lateralmente, e vi mais gente entrando e
Serginho vindo do fundo, com dois Globais que deveriam ter chego a cidade para algo no fim de
semana, sempre tem peças assim por toda da cidade.
— Podemos conversar menino.
— Fala senhor.
— Podemos por uma pedra sobre a parte da manha com uma exceção?
— A direção disse que já foi dado destaque a banda “Bárbara e os Clementes” duas vezes em 15
dias, e estão falando em não usar eles.
— A ideia era mostrar o que não foi mostrado, mas se vocês decidirem, não posso ir contra, mas e
o resto?
— Estamos reestruturando a ideia, parece que parte do problema veio por acordos que nem sei
se existem.
— Acordos?
— Marcelus ao lado, segundo o senhor ali, se comprometeu em tocar, assim como outras bandas.
— Eu quero a melhor gravação senhor, era para ser um show.
— E pelo jeito a ideia era grande.
— Pensa em ter uma entrada diferente, você interagindo com uma parede de Led de 8 de altura e
dez de lado.
— Não entendi.
— O destaque de Beatriz, foi por um programa de internet, que colocou um personagem a
cantarolar a musica, como se visse o vídeo.
— Zezinho do Espelho? – Serginho.
— Sim, gravaríamos a interação e seria ele numa tela de Led, assim como outros personagens, o
que gera o destaque hoje, é a integração de show, musica, produção e divulgação através de vários
meios, não existe mais a inocência, nos shows da cidade.
— Certo, mas o senhor dono desta imagem autorizaria.
— Sim, ao fundo está chegando João Roger Junior.
— Pelo jeito a diferença é que todos se conhecem.
— Alguns tentam nos puxar o tapete senhor, mas não digo que não esperava que vocês
barrassem Bárbara, mas é desculpa isto.
— Porque?
— Não vai passar tão rápido na TV.
— Certo, poderíamos deixar para depois de uma semana e já estaria no tempo, mas pelo jeito
pensou nisto.
— A única pessoa que liguei desmarcando, foi o senhor Vaz.
— Sempre desconfia deste empresário?
— Já namorei a filha dele, sei que ele não gosta de mim.
— E qual a ideia?
Eu olho o senhor e o diretor do canal local, induz a segurança a tirar o senhor dali, e a segurança
que ele havia colocado.
O senhor sai e faço sinal para o senhor e subimos uma escada, e paramos no segundo piso e falo.
— A toda volta, temos um andar que tem os corredores, os pais das meninas nunca viram esta
apresentação, eu pensei em por os colégios lá embaixo, e os pais e irmãos aqui, para ver os filhos se
apresentarem.
— Algo família.
— Sim, eles falam em cultura, mas eles não leram nada sobre Zarathustra.
— E confia naquele Marcelus.
— Ele me alertou que o senhor Vaz ligou para ele garantindo que mesmo que me excluíssem eles
estariam no programa.
388
— Certo, nem eu tinha esta certeza e o senhor ligou para por todos contra você, mas pelo jeito
não pega leve.
— Eu estou construindo uma casa com 50 quartos, que comporta 50 casais e mais duas camas de
solteiro por quarto, uma casa que possa receber 200 pessoas juntas, e terem onde dormir, eu não sei
pegar leve, a construtora acabou de me confirmar a compra do terreno ao lado, eu quero um colégio de
Inglês, com formação de segundo Grau, que seja aceita pelo sistema Norte Americano, como
certificação de equivalência.
— Está construindo uma ideia, muitos tem medo disto.
— Eu quero o ano que vem, começar a formar uma orquestra na escola de musica, formando
pessoas a tocarem pelo menos 10 instrumentos, eu sou jovem, mas eu não quero construir uma banda,
quero construir uma cultura de shows, o curso de teatro, de curso de iluminação, de preparação de
som, construção de cenários que se adaptem a vários tipos de palcos, então é formar um conjunto de
pessoas capazes de gerar cultura.
— E acha que isto põem medo em alguns.
— Um menino de bairro, resolve que vai fazer isto, e com calma consegue alianças e com estas
alianças, começa a erguer, 5 restaurantes, 8 palcos de vários tamanhos para show, um estacionamento
local, um curso de Musica, um de Canto, um de Inglês e um de teatro, o resto foi consequência.
— E pelo jeito iria montar o local.
— Eu não sei fazer pela metade, as paredes que vê as portas, eles vão por painéis de Led, as
estruturas de personagens, a toda volta do palco, o visual é para cima, não para o fundo, mas o fundo,
pode mudar.
— Pelo jeito tem estrutura.
— Se aluga estrutura hoje em dia, se vai usar apenas uma vez, o do palco é do show, o resto,
locado.
— E pelo jeito enquanto dormia alguém viajava para cá.
— Não entendi nada senhor.
— Também não, mas temo fazermos algo, e nem passar.
— O importante, é o fazer, as vezes toda a força contraria, é apenas pois estamos incomodando,
mas nada é definitivo, se o senhor não recuasse, apenas não teria como levar o espetáculo ao Rio de
Janeiro.
— Entendi, pelo jeito gente que nem conheço no Rio, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e
Florianópolis se mexeram para algo, seria uma sacanagem cancelar.
— Mesmo que não passem, vamos fazer o melhor senhor.
Descemos, e os rapazes começam a subir pequenas arquibancadas que colocariam na parte alta,
dos dois lados, ao fundo eles foram colocando os painéis de led, João viu que colocamos led a volta e
ligamos ele e se viu o personagem caminhar vindo pelo fundo, e chegando a altura do palco,
cantarolando ele para e olha o palco.
— Quer o show de Beatriz nesta hora.
— Cantar uma musica, nem tudo será interações com as 20 banda a volta.
— Estão colocando pontos para 20 bandas?
— Sim, se precisarem, usem minha mesa de ligação, ela comporta até 400 entradas de
microfones.
O técnico olha a mesa e olha Serginho e fala.
— Daquelas caras, mas entendi a ideia, todos teriam como cantar juntos.
— Quem sabe não terminamos com todos, coral e mais 80 músicos, cantando a musica Vozes.
— Não conheço esta musica.
O senhor Ronald chegava com as meninas e olho ele e pergunto.
— Elas conseguiriam cantar Vozes?
O senhor sorriu e perguntou.
— Em que hora?
— Encerrando o programa.
Maria da Indicipline chega ao lado e pergunta.
— Querendo cantar aquela musica, dizem que tem tudo para ser um hino.
— Estava falando com o Serginho, que poderíamos encerrar o programa, com todos cantando
Vozes, cantando e tocando Vozes.
389
— Uma forma de terminar, nunca entendi como se criar uma letra linda daquelas.
— Para ter a noção de como não sou normal, quando falei para minha mãe que faria um show
para tocar no restaurante a volta, ela me falou, não esquece, eles estão comendo, pensando em eu
cantar algo que os fizessem vomitar.
— E como alguém que cria Víbora, cria Vozes.
— Meu lado Emo falando alto.
Maria riu e Sergio viu o senhor posicionar o coral, e viu ele começar a por a letra na tela inversa e
olhar para mim.
— Tocaria para nós?
Eu vou ao canto e apenas pego um violão e começo a dedilhar, e ele começa a puxar elas, a letra
estava em duas telas voltadas a elas, e começam a puxar a musica e eu olhava todos, até bem ao fundo
o diretor local da Globo, vi que muitos chegam perto e Serginho chega ao lado e o senhor olha as
meninas e fala.
— Vamos ensaiar mais duas vezes.
Serginho olha-me e fala.
— Linda esta musica.
— Provavelmente estará na peça que montaremos para o ano que vem.
— Algo que já está pensando.
— Eu gosto de criar, e sou mais do criar de algo que se implemente com coral, com orquestra,
com instrumentos, talvez voz de algum tenor que identifiquemos, um pequeno balé e um grupo teatral,
este ano ainda não temos o tenor, e nem a orquestra.
— Algo mais profundo.
— Que alguém veja e pense, quero tocar neste lugar.
— Recuperar culturalmente um povo.
— Esta musica, fica na posição, eu criei 6 músicas que as pessoas que a inspiraram não gostam
delas, mas faz parte de mostrar a parte boa e duvidosa de cada pessoa, não diria ruim, apenas erramos,
mesmo quando tentamos fazer certo.
O diretor local chega a Serginho e fala.
— Precisando de apoio técnico, fala, não sei o que foi toda esta confusão, mas alguém no Rio já
dava como certo o cancelamento da gravação de amanha.
— Agradeço o apoio, pelo jeito não gosta do senhor.
— Alguém que nasceu nestas terras, e tenta a denigrir, sempre, toda vez que ele vem a Curitiba, é
para sacanear com algo.
— Agradecemos senhor. – Falei.
— Pelo que entendi, teremos um coral de vozes no programa, nunca vi isto no Altas Horas. – Fala
o senhor.
— Estamos apresentando a primeira parte de uma peça que deve ser encenada no Guairão, ainda
este ano. – Falei.
— Coral e pelo jeito, com regência.
— Somente vendo para entender senhor.
Fui verificar as pessoas, fomos demarcando com o rapaz do pessoal do programa, onde cada
pessoa ficaria, o pessoal começa a passar o som, a testar os microfones, as globais veem onde iriam
sentar, uma encenação de local, de todas as pessoas que fariam parte do show, passamos novamente a
interação de minha pessoa com os músicos, passando a sequencia das musicas, uma sequencia que
montava uma musica única, mas que mudava a cada vez que eu dava o acorde de entrada da outra, e
depois de um tempo ensaiamos o como ficaria, estranho como o dia voa numa hora destas. Estávamos
terminando quando apresento minha mãe ao senhor, e falo com as moças, que cada uma poderia
convidar os pais e os irmãos que já não estivessem no coral, e que esperava todos para a tarde do dia
seguinte. Quando e ligou as luzes altas para baixo, basicamente o teto some, pois a luz alta se fazia mais
forte que a luz externa, gravamos as externas após anoitecer, do topo, mostrando em volta, e filmando
para baixo, onde as estruturas estavam, a ideia de filmar de cima a chegada da pessoas, e o organizar
das coisas. Estranho como o quase cancelar, meche com os nervos, mas deu 7 horas, vi Serginho nos
acompanhar na distribuição de comida e vi que ele se admira com a qualidade da comida que
estávamos distribuindo.

390
O diretor da Globo acompanhou, uma reportagem já fora feita, mas ele talvez não tivesse visto a
qualidade e me olha.
— Gastam com isto quanto?
— Nada, apenas compramos matéria prima de primeira, mas se eu congelar ela para servir na
semana seguinte, eu crio uma cadeia de carnes que ficariam sempre ao fundo, e uma hora aconteceria o
pior, uma destas estaria ali a tanto tempo, que seria algo ruim de comer, então o preço, cobre os custos
da semana, e distribuímos na forma de marmita o que sobrou, com a soma de arroz e feijão, pois não
servimos isto, em uma marmita, dai quando abrimos na quarta, toda comida está fresca.
— Que carne é esta?
— Todas as porções são de carne de primeira, então não sei qual, mas ou é alcatra, podendo ser
de búfalo ou boi, os cortes nobres do traseiro.
— As vezes vemos falta de capricho nestas coisas, mas um exemplo de dignidade, não estão
distribuindo restos, e sim, refeição, olha que a muito não via algo assim, parece apetitoso esta marmita.
— Complementamos com um suco, pois compramos laranja para a semana, e sempre sobra,
estranho que o manter de certas coisas são mais caro do que considerar o preço total e dividir pelo
consumo semanal do produto.
— E pelo jeito enquanto alguns falam em fazer coisas, um menino, pois és jovem, resolve investir
em coisas e nem fica para os aplausos.
— A mascara, me permite ajudar mais pessoas, eu sou o detalhe que poucos olham na cena, se
viu ontem, a encenação, repetida hoje, coloca eu como detalhe, e o importante é o show, eu produzi um
show no colégio que estudei da sétima até o ano passado, e uma coisa que vi, e que não tem preço, é
ver cantarem 50 letras que saíram de sua cabeça, na boca de coral, bandas femininas, masculinas,
mistas.
— Uma conquista pessoal.
— Musicas que nunca pensei que alguém fosse cantar, num caderno que estava ali, que apenas
eu dedilhava, e concertava os acordes, os incrementando, mas uma coisas é você criar em dois anos,
musicas e ver aos seus 15 anos, as pessoas cantando a musica, tem uma gratificação pessoal que me
motiva.
— E canta bem, mas acha o segredo importante?
— Uma hora eu mostro o rosto, mas a ideia era da época do “Barbara e os Clementes” e os
“Nymph and Demons”, pois mudávamos de posição e virávamos outra banda.
— Vai dizer que era a mesma banda.
— A única pessoa sem mascara, era Bárbara, e nos Clementes, o único com mascara era eu.
— O senhor Romarinho, falou que estávamos dando palco para um menino problema. – Fala o
diretor da Globo local.
— Todos deveriam ter direito a defesa senhor, no meu caso, o próprio processo foi cancelado,
mas mesmo que eu fosse o culpado, eu não teria o direito de recomeçar a vida, teria de viver por um
erro, isto que leva alguns a repetirem os erros.
— Sofreu algo pelo jeito.
— Fui o rapaz esfaqueado a frente do Colégio Estadual do Paraná.
— Lembro disto, mas não me lembro como acabou?
— Inventaram que eu esfaqueei 15 dias depois, quem as imagens mostra me esfaqueando pelas
costas, a pressão por me tornarem o problema, veio de todos os lados, até da sua emissora.
— O esfaquear do filho de um desembargador?
— Sim, que quando sai do hospital, onde um corte não foi operado não porque foi grave, mas
porque ele estava dopado por cocaína, e ele tem minha idade, ele sai e me dá três tiros, e ninguém
relatou.
— E não morreu.
— Tenho um livro em casa, até hoje, que a pericia da policia Civil, nunca fez questão de pegar e
avaliar as balas, para mim, aquele livro, salvou minha vida, é um troféu, e se eles não querem resolver,
apenas evito problemas.
— E os mesmos que pressionaram pela reportagem, esquecem de falar do encerrar do processo?
Seria isto. – Serginho.
— Sim, assim como um antigo juiz, liga para o amigo no Rio, e tenta mudar todos os convidados
deste programa. – Falei.
391
— Sabia até de onde vinha o problema. – O diretor.
— Sim, mas se eu cedi local para mostrar um coral que não teríamos como levar para o Rio, ficaria
caro, não teria porque manter o local.
— Sei que eles acham que deveria ceder por ceder, mas duvido que poucos tenham uma
estrutura de casa destas. – Serginho.
— Viu o visual do alto?
— Estava vendo as imagens, uma imagem que dá a condição de onde estamos, todos prédios de
classe media alta a toda volta.
— Hoje isto é um bairro de valor, mas já foi a muito tempo, onde ninguém queria morar, esta
praça a frente, já foi o primeiro lixão de Curitiba, quando se fala que se vê fantasmas nesta parte da
cidade, é por ter sido algo assim no passado.
— Hoje ninguém diria.
— Sim, hoje é área nobre, mas como digo, vamos estruturando, e quem sabe o ano que vem, não
proponho fazer outro destes, mas dai em algo maior.
— Quer algo maior?
— Não para viver, mas para os shows, uma coisa é falarmos em gravar um programa, e ter um
estádio de futebol ajustado para esta festa.
— Quer fazer isto no Atlético ao fundo? – O diretor.
— Não, estou tentando a concessão de uso, do Pinheirão, e lá montar algo para fazer shows
maiores na cidade.
— E pelo jeito acredita que consegue.
— Senhor, eu quero algo que me permita ter lá, uma escola de teatro, de musica, de canto, de
balé e de inglês, em um local como o que tenho ali a frente, com teatros, com local de show, e
restaurantes, pois eu gosto deste rumo que minha vida tomou.
— Vai querer investir pesado pelo jeito.
— Aos poucos, como falava com o governador, sou alguém com 15 que nem tem titulo para votar
ainda, ele que sabe se apoia ou não, pois eu não voto, na tenho de tomar lado ainda.
— E fala com o governador? – O diretor da Globo.
— A ideia do Festival de Teatro Secundarista do Guaíra, saiu da minha cachola.
O senhor sorriu, viu as pessoas jogando os restos em sacos na região e o pessoal recolher e assim
como se reuniu pessoas por ali, começavam a dispersar. O pessoal da Globo saiu, eu não sabia se não
poderia ter outra reviravolta, mas vi as meninas terminarem o ultimo ensaio de Vozes, e depois com
tudo pronto, eu desligo os equipamentos, a segurança toda aposta, tinha muito dinheiro em
equipamentos ali, e vou descansar, minha mãe me abraça, e fala.
— Meu filho virando homem, todos olham ele com respeito.
— As vezes temos de pisar em calos mãe.
— Pelo que entendi, aquele senhor Vaz, continua tentando lhe parar.
— Ele não entendeu, não sou eu o importante.
Fui ao banho e cama.

392
Acordo cedo, olho as coisas, tomo o café e vou a aula, teria de manter
minha carga de coisas a fazer, e não sabia se eles mostrariam tudo, mas a ideia,
algo diferente, e talvez a interação fosse mais interessante, talvez fosse um
fracasso.
Aula pela manha e muita gente perguntando sobre o horário da gravação,
pois muita gente iria para ser publico, e sabia que nesta hora, tinha gente da
Federal se preparando, tinha gente do Estadual, tinha gente dali, tinha gente da
UTPR, tinha gente até do Santa Maria, e todos os pais das crianças com seus
irmãos, o local comportaria mais de mil pessoas, e sabia que a segurança seria mais rigorosa neste dia.
Eu vejo as pessoas saírem mais sedo, muitos queriam se ajeitar, eu vi a aula até o fim e vi Carla ao
lado.
— Está longe Bruno.
— Eu? – Perguntei.
— João é gente de bem, mas é como eu, pobre.
— Para de se definir assim, você é o que projeta ser, se você projeta ser pobre, pode ter certeza,
será pobre.
— Acha que é uma boa ideia esta apresentação?
— Ate agora ninguém desmarcou.
— Ontem foi um dia estranho, certa hora não teria, hora teria, e por fim, ensaiamos no local, e sei
que aquela apresentação total nos deixa todos receosos.
— Concordo.
Saímos dali e fomos a Agua Verde, vi minha mãe olhando na entrada e pensei se teria problema,
mas ela parecia calma.
Minha mãe me olha e chega perto.
— Vaz te ligou?
— Qual deles?
— Seu advogado.
Peguei o telefone e retornei.
— Problemas Vaz?
— Não entendi o que meu tio quer, ele entrou com uma representação para não ter show em um
local não seguro.
— E teremos ou não o programa, pois não é um show, é uma gravação.
— Ele as vezes parece querer você por perto, as vezes, lhe ferrar.
— Continua a pergunta, quem está por traz disto, se for apenas ele, é fácil resolver Doutor Vaz, se
não, temos de descobrir quem está por trás.
— A gravação vai ter, quando você pediu a liberação no domingo, pensei que nem seria preciso,
mas esqueço que você esperava algo assim, mas tem liberação da prefeitura, segurança na região da PM
e pelo jeito colocou segurança a volta.
— Sei que tem gente que não gosta de mim.
— Então se cuida.
— Eu sempre me cuido, mas ainda não entendo todos meus inimigos.
— Tem certeza que não?
Sorri sem graça e olho em volta e vou a direção do curso e vejo a diretora estranhando as faltas
do dia, explico para ela o que teria naquele dia, e uso o computador, imprimo as permissões e passo
pelos seguranças e entrego ao diretor que parecia preocupado, mas ele olha o rapaz a entrada e chega a
ele, eu estava ao lado.
— As permissões que falou não termos senhor. – O rapaz.
O rapaz que entregava a petição, olha os documentos e olha que tinha até o afirmar das
quantidades, e onde eles estacionariam, e toda a estrutura, de segurança, de posição da PM, de
autorização da prefeitura, e todas as regras obedecidas, não era um show, era uma gravação dentro de
uma casa, com convidados.
O rapaz entrega a petição, fotografo e passo para Vaz, que me retorna.
— Calma, isto já foi derrubado.
— Mas o rapaz está a nossa frente entregando Doutor Vaz.
393
Ele me passa a nova determinação e vou para dentro, mas antes falo.
— Vou pegar a nova determinação sobre esta determinação.
O rapaz viu que não me intimidava, imprimi a ultima e entreguei ao rapaz que olha e pergunta.
— Qual dos Vaz que lhe dá assessoria.
— Um aposentado quer parar tudo, por algo que nem somos nós que determinamos, a Globo que
determinou, mas meu advogado é Roberto Vaz.
— Dos melhores escritórios da cidade, agora entendo a calma.
— Quando vão atender as reclamações dos vizinhos do senhor Juiz Vaz, referente a ensaios
madrugada a dentro no apartamento dele, tem mais de 20 determinações que dizem não ter
encontrado ninguém no local, e garanto, eu que não vou lá todos dia teria entregue as 20.
— Pelo jeito é pessoal.
— Ele queria que o programa fosse com a filha dele, mas ela esteve em destaque nesta semana,
eles tem aquela regra de 15 dias, para o próximo programa.
— E ele não se conformou.
— Dor de barriga de coberturas caras da cidade.
Eu entrei e subi, deixamos a câmera apontada para baixo, gravando tudo, os rapazes jogaram no
telhado uma leva de lonas negras, e as luzes se acendem, dando a sensação de noite no local.
As pessoas foram chegando e a imagem foi sendo filmada, e a cena acelerada seria usada na
edição, de começo de tudo, o chegar de tudo, o montar e ajeitar das coisas, e os parentes foram
subindo e ficando a volta, começam a gravação e na sequencia, de apresentação, eu fiquei de mascara o
tempo inteiro, a imagem de Serginho convidando Zezinho a apresentar a nova convidada, fez todos
verem aquele led mostrando o personagem caminha até o palco, cantarolando, todos já sabiam quem
viria, e quando ele chega a gente ele bate a mão esticada a frente na de Serginho e fica naquele ponto,
como se sentado em uma cadeira, no painel, e o show da primeira musica começa, e depois disto,
começam as conversas, chamam os participantes, os Globais, entre elas estava Beatriz, ela parecia sorrir
de orelha a orelha, quando me chamam, eu cumprimento o senhor e começamos a primeira musica,
interagindo entre dez musicas e devolvemos a ele, um intervalo com o Motorocker cantando a musica
que era deles, com eu no palco e eles lá encima.
Quando volta, Serginho fala do apresentar algumas pessoas, e apresento as 10 bandas iniciais, e o
que cada uma estava fazendo, depois começamos a segunda sequencia, e após isto, mais 10 vocalistas
falando o que estavam fazendo.
Vamos ao intervalo, eu cantando com o Blindagem, uma musica do Pedra Leticia, voltamos ainda
na mesma musica, hora de sentar ao palco e as minhas costas as cortinas se abrem e começa uma
musica, que tinha eu tocando, o coral menor cantando as passagens e o maior as musicas, os
instrumentos dando o ritmo, e o conjunto de atores, encenando, e no meio da apresentação a entrada
dos rapazes vestidos, cada metade por um lado, com suas cuícas, parte em branco, parte em negro, e
fazem a entrada musical da segunda parte do coro, que termina em um tocar de sinos e um órgão
pesado, enquanto gritava com a guitarra notas agudas, e de um segundo para outro o silencio, e ouvi as
primeiras palmas, mas era evidente o susto de todos, e depois vejo todos se erguerem e aplaudirem, as
cortinas fecham e nesta hora, sem as pessoas verem, o pessoal desce das arquibancadas do coral, este
fica mais a frente e quando reabre, estavam naquelas arquibancadas sentadas, como publico e vejo
Serginho me perguntar sobre o que seria este musical e explico que é sobre as parábolas passadas por
um mensageiro de Deus, que remete a 5 mil anos, suas parábolas, e seus ensinamentos, referente a
existência em cada pessoa, do bem e do mal, e que ela escolhia por qual caminho seguiria.
Os atores começam a perguntar coisas, eu tento não contar tudo, mas vi que todos estavam
elogiando, uma coisa era impressionar os inexperientes, mas via os rostos de encantados, de orgulhosos
dos pais.
Chamo a conversa grupos de basicamente Estados, e a discussão sobre o reerguer de coisas que
envolvessem mais pessoas, Serginho conversa com Ronald que fala do desafio que foi lhe passado, criar
um coral, depois parte das meninas fala, e por fim, tem um espaço para os meninos do Your Sons-in-
law, depois das meninas da Marginais do Lange, e do lançar de alguém do coral, Baby Carvalho, e todos
viram ela cantar com auxilio de uma banda, com um pedaço do próprio Coral e por fim, lançar Lanna Sill,
mostrando pessoas novas e dinâmicas que mostravam um novo grupo, uma evolução das musicas.

394
Deram um intervalo a mais, puxado pela musica de Baby Carvalho e por fim, as considerações
finais, o perguntar dos colégios presentes, e o cantar com coral, com bandas encerrando o programa de
Vozes.
Eu achei que ficou bom, mas dependeria dos cortes, já vi boas ideias ficarem horríveis no corte, e
no fundo, nem sabia se eles poriam parte do que falamos, eu tinha a minha versão pelas câmeras que
também filmaram, mas que eram menores, mas que pegaram também o local e as reações, eu as vezes
achava que teria como usar estruturas assim, as pessoas se despedem das câmeras, Serginho sempre
mandando um beijo para esposa e filhos e abraço a todo presentes.
O fim da gravação eu vejo todos se abraçando e vi os familiares descerem uma coisa era todos
falarem mal, outra eles verem algo que eu achava que ficou bonito, muitas fotos, onde se via quem se
levava a serio demais, e quem realmente era povo.
O diretor da Globo local para ao meu lado e fala.
— Agora entendi o que eles não querem por em destaque, não sei quando vai ser a apresentação
inicial no Guairão, mas com certeza, vamos querer estar nesta empreitada.
— Ó grande problema é que precisamos de todos os apoios, pois a plateia, não fecharia o show,
pois ficaria muito cara a entrada.
— Pode ter certeza, o que apresentaram aqui, é digno de passar nos melhores teatros do país, e
agora entendo o texto em inglês, querem algo que abranja mais pessoas.
— Sim, a linguagem é universal, como falei com alguns pais, hoje existe duas línguas que são
universais, o Inglês, e os acordes musicais.
— Algo a ensinar, e isto que está querendo ensinar aqui.
— Sim, mas acha que ficou bom?
— O meu pessoal filmou um pedaço, para por no programa do meio dia de amanha, pois isto
pode ter um peso lá fora, mas saiba que vão querer você como bicho do Paraná.
— Tem muitos bichos novos nesta ideia.
— Vi, quando o painel colocou um personagem que é Curitibano, sei que muitos não entenderão
fora quem é o Zezinho, mas João Roger Junior, também é alguém, e entendi quem lançou a moça, e
vocês dois abraçaram a ideia, a musica pode ser de gosto duvidoso, mas sabemos que é algo cantado
nacionalmente, e nem sabia que ela era da região.
— Parte de um grupo teatral, o que participa da encenação do Zarathustra.
— Um grupo forte, unido e que está gerando musicas, shows e pessoas de fora, interagindo
musicalmente com o cenário local.
— Sim, mas agora deixa eu fazer sala.
— Sabe que me falaram duas vezes pela manha sobre a não realização do programa, e a calma
que vocês reverteram tudo, mostra que tem organização.
— Senhor, para nos instalar aqui, colocamos este local, sobre um estacionamento para 600
carros, estamos a duas quadras de um corredor de transporte, temos ônibus que passam a frente,
conseguimos tocar um show aqui sem parar nenhuma avenida, todos os sistemas internos, são para o
som não sair do local.
— Construíram pensando em não incomodar.
— Sim, e estamos fazendo em um dia que o bar de comedia não funciona, não tem aglomeração,
e hoje foi especial para as meninas, elas pela primeira vez, foram vistas pelos próprios pais.
— O silencio antes do aplauso, foi ensurdecedor, acho que estavam todos extasiados, a muito não
ouvia o respirar pesado de um grupo tão grande, pesado e profundo.
Eu fui cumprimentando os pais, as pessoas, estavam todos felizes, isto que era gostoso neste
momento, eu sabia que nem tudo era perfeito, mas estava feliz por todos eles.
Estranho alguns me olharem como invasor e outros como aliados, estranho ter ali mais pessoas
do que conhecia um ano antes, e mesmo assim, queria uma pessoa a mais ali, mas não tinha.
Sim, sou possessivo, eu quero todas, e sei que não posso as ter.
Estranho que para alguns, aquilo era uma posição de aparência, mas sentia como parte daquelas
meninas, moças, crianças, estavam arraigadas em uma vida, que estava começando, estranho como
sentimentos podem ser contraditórios, e se via que os pais estavam orgulhosos das filhas, isto era
importante, vi minha mãe chegar com meu tio, ele parecia feliz de ver a peça, talvez ele estivesse
pensando a verdade, e a peça o distraiu, eles me cumprimentam, e sabia que muitos me olhavam

395
estranho, os rapazes, não sei, eu as vezes esquecia que eles queriam o mesmo que eu, alguém para
dividir a vida, as historias, as ideias, e por incrível que pareça ainda não a tenho.
Vi o pessoal começar a desmontar os equipamentos, estranho ter de barrar certas coisas, pois a
mesa de comando era da casa, os cabos, da casa, a parte de som local e iluminação, mas fora isto, tudo
normal.
Estranho ver pessoas me olhando, eu não gostava tanto do holofote, gostava de estar ali, mas
gostava da invisibilidade.
Estava olhando o local, as pessoas e ouvi ao meu lado alguém.
— Uma confraternização, estão todos emocionados.
Olhei e vi que era o apresentador e ele complementa.
— Só não se chateie se algo ficar de fora.
— Eu queria isto, as pessoas não veem o que os filhos estão fazendo e começam a pensar
besteira, mas eu sempre tenho um segundo plano.
— Segundo plano?
— Ao fundo, tem parte do Blindagem, eles com uma banda na década de setenta, excursionaram
o Brasil, cantando com pessoas da época, como Rita Lee, antes da carreira solo, com um monte de
pessoas, eles tem uma serie de mais de 100 musicas perdidas por ai, hora de tentar recuperar e regravar
estas musicas.
— Vai posicionar gente do passado, os registrando.
— Sim, mas eles já temos um contato, no mesmo caminho, pois as musicas em grande parte, da
banda “A Chave”, eram musicas de Leminski, então queria puxar para o mesmo projeto ou paralelo, os
filhos de Leminski, e lançar outras 100 musicas, pois isto não é apenas o lançar de Rock, de Rock Pesado,
é o reerguer de algo que tínhamos antes, as pessoas não tinham medo de pegar um violão e dedilhar, de
criar e mesmo desconhecidos, virarem conhecidos.
Quando eu falava isto, era para abrir uma nova ideia, as vezes queria ouvir opinião e o rapaz fala.
— Projetos demorados?
— Quanto mais se demorar, mais vai se perder com o tempo, as vezes ouço musicas que são
parte da historia do país, que aprendi a cantar em barzinhos, mas nunca vi um Belchior, e me pergunto,
conhecemos as musicas que vieram a ser gravadas, quantas ficaram, quantas se perderam.
— E vai resgatar isto.
— Eu primeiro vou fazer com o que está a mão, depois vou as demais.
— E começou cedo.
— Minha mãe que sempre diz, nunca e cedo ou tarde demais, para começar algo.
— Ouvi umas bandas Cariocas que normalmente não ouço, metal pesado, as vezes não sei como
vai ser a recepção quando editarmos, mas viver momentos assim, fortalecem novas experiências,
esqueço que uma cidade está cheia de coisas que não se ouve, as vezes ficamos no contemplar o antigo,
e nos deparamos com novos sons, mas pelo jeito, quer contemplar o quase esquecido, e o novo.
— E criar novas coisas.
— Certo, criar sua leva de musicas, tem conjunto de sons tocados sequenciais, que eles podem
cortar, pois é longo.
— É o mais demorado de criar e expor, mas se vocês não colocarem no ar, regravamos e
mostramos, tem coisas que tem de ser registradas.
— Verdade, e vejo que quando se tem contato, tudo a volta se monta.
— Sim, as vezes tenho medo de minhas ideias.
A reunião se encerrou, as pessoas começam a sair, outras foram descansar, e vi Barbara e Luana
pararem a minha frente.
— Não para mesmo, acha que foi bom.
— As vezes acho que o problema de algo assim, é que eles sempre cortam algo.
— Acha que vão nos cortar? – Luana.
— Eles sempre tendem a ter um misto, mas calma, as vezes queria adivinhar o que eles querem,
mas tem de entender que um programa que o conteúdo total as vezes, de musica, não passa de 20
minutos, e a peça de Zarathustra tem 10 minutos, cada soma de pedaços de musicas, são dois trechos
de 8 minutos, já passou do tempo, eles tendem a cortar algo, o que não sei.
— E se cortarem?
— Abrimos admiradores, como o diretor local da RPC.
396
— Certo, nem sempre o caminho vai pelo mais fácil, mas se abrem portas.
— Sim, e vi que a ideia ficaria boa com mais de 60 minutos de vídeos mostrados, eles não teriam
espaço para as globais aparecerem.
— E isto está agora com eles?
— Sabe que fizemos uma apresentação no susto, temos coisas a melhorar.
— E pensando longe.
— Sim.
Fui falar com um dos Paulo do Blindagem e falei em apoiar a ideia de João Roger, de erguer as
musicas da Chave, as dando roupagem nova, vozes novas e fazer um registro, mas não sabia com quem
conseguiríamos permissão de o fazer.
Começamos a conversar, eu estava pensando em um caminho, ter sempre novidades, nem
sempre teria, pensar que tem mais de 40 musicas num caderno, que não posso usar, as vezes acho que
sou interesseiro, as vezes, que certas coisas não podem ficar escondidos, um caderno destes some, e
tudo se perde.
Sorri da ideia, pois eu tinha fotografado as paginas, mas como ela não autorizou o uso, estávamos
ainda em um impasse. Estava cansado no fim do dia, quando coloco uma cadeira para fora, na cobertura
sobre tudo, onde tinha a casa que eu e minha mãe morávamos e peguei o caderno. As vezes dedilhar
algo, nos faz pensar, e peguei o caderno, e fui anotando cada musica do caderno de 40 musicas, tinha
mais coisas escritas, mas tinha muita coisa sem o devido cuidado, somente conversando para saber a
intenção da escritora das letras, mas eu fico ali a criar entradas, encerramentos, vendo onde daria para
criar refrãos para se cantar, e não sei ainda se isto é bom, mas minha mãe chega ao lado e fala.
— Ficou tarde filho.
— Acho que já dá para dormir, tentando desviar a cabeça do dia.
— Foi incrível.
— Bom que gostou mãe.
Um banho e cama, pois tinha aula no dia seguinte.

397
A rotina transforma até a educação em uma maquina de moer cérebros,
e não tenho como sair neste instante desta rotina, as aulas de quarta, foram
com as pessoas se olhando, falando de coisas que as fizeram felizes, a
professora de inglês meio revoltada de ter de auxiliar na correção de peças de
teatro da escola, as vezes sou apenas eu, e falei que se ela achava puxado, não
se preocupasse.
Almoço e volto a Agua Verde, e olho a estrutura e coloco câmeras, o
professor de canto surgiu com as meninas, e todas sentaram a plateia, João
surgiu com as mascaras, e começava achar que não era o único maluco desta cidade, a diferença, ele já
tinha se aposentado, eu apenas começando.
As meninas do teatro, as meninas das Marginais do Lange, Luana e Bárbara, Beatriz, e os rapazes
das bandas, e passamos cada pedaço, as pessoas no palco e o coral, a toda volta, os tele pontos
apontados para as arquibancada, e o apresentar do programa, por um boneco, que estava em uma
parede de Led.
O gravar sem as lonas, tornava o local outro, as paredes de Led as costas, davam a imagem de
uma rua, dando um visual todo diferente do local.
Fizemos a apresentação das 3 bandas e suas vocalistas, depois entrou as Marginais e por fim, eu
apresentei as musicas com banda, o coral fazia as partes que ainda não tínhamos nas musicas e próximo
das 7 da noite, terminamos, e com todos indo descansar, os rapazes da desmontagem chegam e
começam a levar as armações.
Eu olho o resultado e penso no que fazer com aquilo, estava pronto mas apenas as musicas não
lançadas que coloquei na internet.
Quinta foi tão mais normal, que até eu parei mais cedo, hora de começar a pensar em terminar os
projetos, e tudo parecia começar a andar
Sexta foi a inauguração do Restaurante Guará. E também o encerrar de boa parte da obra de 5
dos palcos de teatro, dando estrutura para começar a contratar gente e começar a tentar agendar algo.
Sábado e como esperava, eles colocam um programa que já estava gravado a algum tempo, e
nada de falar do que iria ao ar.
Eu com a gravação da parte do show que fizemos, pelas câmeras que eu tinha no local, chego a
uma reunião no Guaíra, queria duas datas para a primeira apresentação do espetáculo do Zarathustra,
as senhoras olham a gravação e agendam para depois de duas semanas, e ligo para o diretor da Globo,
sim, eu tinha cara de pau, e pergunto se a RPC não queria ajudar na divulgação e apoio do projeto
Zarathustra, eles topam, eu ligo para o governador e faço a mesma proposta, passando para ele, um
pequeno trecho do espetáculo, e fiquei pensando em quando as duas partes me responderiam.
Domingo, sempre a mesma coisa, mas com viagem de cada grupo, apenas o tal de Bruno Baptista,
não estava agendando nada.
Segunda com a diretora do colégio falando que os demais estavam perguntando sobre onde
colocamos as coisas antigas, pois aquilo era patrimônio do colégio, gente querendo voltar ao passado.
Eu não sou ainda politico, e não sei, as vezes dava vontade de devolver as salas como estavam, e
ver os mesmos professores falarem que não eram aquelas.
Terça depois de um tempo, Carlos me liga, eu estava em sala e tive de esperar o intervalo para
retornar, ele queria falar comigo, e não sei, as vezes parecia que nada aconteceria como eu queria.
Estava pronto para gerar a minha escola de inglês, sei que nem todos concordam, mas marquei
no Cultura Inglesa e vi que o antigo sócio, havia voltado, então ali não seria mesmo meu lugar.
Olho Carlos falar sobre a elaboração do material, que estavam querendo o contratar para o fazer,
e perguntei quanto eles pagariam, e desculpa, dois salários, para fazer eles mais especiais e ser chutado
depois, não parecia algo que me fizesse parte, queria fazer, queria ser parte daquilo, mas não tinha
como parar tudo e fazer aquilo, sei que o senhor não esperava que recusasse, pois a pergunta após eu
recusar ele pergunta quanto eu achava um bom preço, e não sabia, apenas não teria tempo, e as vezes,
não se quer voltar atrás, dar aula era algo que somava, mas apenas a criança que fez o material, e na
hora de por o nome, nem o poriam, pois eu era de menor e não tinha formação.
Eu sai dali e nem olhei para trás, me chamem de ingrato, em parte me sentia isto, mas minha vida
mudou, deu cambalhotas para cima, não tinha como voltar ao piso anterior, e nem a mesma posição.

398
Eu chego ao colégio de teatro, e vejo que o existir de turmas lotadas este ano, fazia ter fila de
espera para os cursos do ano seguinte. Ronald me apresenta dois rapazes, e apresento a ideia de Curso
de Musica, as vezes parecia compulsivo, mas terça se por um lado foi a recusa de voltar a Cultura
Inglesa, mas queria voltar como mestre, não como alguém oculto em uma sala. Por outro lado, me
apresentou as pessoas que tocariam a escola de musica, depois Ronald me apresenta duas moças que
saíram do Guaíra, pois não tinham como manter o pessoal, e apresentei a ideia da Escola de Balé,
apresentei o local e começava a fechar as ideias. Quarta e recebo a visita de Estrela, e falo da ideia, de
tentar investir na produção de todas as musicas que ficaram no meio do caminho de Leminski, e se a
mãe dela tivesse documentos que não foram lançados, registrar e lançar um material que todo
apreciador de poesia e musica, iria gostar. Ela falou em pensar, acho que o estar no teatro alto a fez
pensar, e marcamos o primeiro show ali, no fim de semana, do pessoal da São Sons.
Quinta passa e não sei, estamos quase em Abril, e ainda tinham obras, desço e vejo como estava a
obra do terceiro restaurante, e Paulo estava lá ajeitando as coisas, e tudo estava quase pronto, o
restaurante Meteoro, comida mexicana, iria inaugurar no dia seguinte, e começava a ficar pesado para
um administrador, mas ele começava a por pessoas chaves nestes pontos, ele os conhecia, eu não.
Sexta feira, como toda manha, aula, a tarde, parte era teatro, parte eu tocando, mas ainda não
queria marcar meus shows, pois pouco se via, e não era o que eu queria, pois parecia ainda precipitado.
Sei que Sexta a noite vi o anuncio do programa Altas Horas, e não vi muito do que para mim havia
acontecido, muito destaque nas personalidades, mas eu queria o sinal para colocar o resto no ar, não
queria problemas, mas isto requeria esperar, e como se fala, sempre esperar é mais tenso do que sair
fazendo, e na noite de sexta vejo o senhor Vaz novamente lá em casa. Eu olho minha mãe e falo.
— Reserva uma mesa no Curitiba Comedy, preciso comer algo.
Ela sorri e descemos, e o senhor olha o agito e fala.
— Minha filha continua insistindo que quer você na banda dela.
— E o que adianta senhor, eu não vou assinar algo que mata a banda, para o senhor que pelo que
sei, nunca passou fome na vida, fique mais rico.
— Acha que alguém lhe ouve?
— Acho que não importa se eles me ouvem ou não, eu não estou tentando aparecer, mas sempre
tento andar para frente.
— Ela disse que precisa de vida nova na banda.
Eu olhei para Bárbara e perguntei.
— Qual o problema?
— Os meninos estão desmotivados, preciso de algo que coloque fogo naquele som.
— Paga eles melhor, que eles se dedicam, estão recebendo para ser o que são, músicos de uma
cantora solo, se o contrato deles for como o que o seu pai tentou me passar, eles nem podem chamar
mais atenção do que a peça central da musica, então eles estão no contrato.
— Cada hora parece mais afiado. – O senhor.
— Eu estou estudando, quero me formar no segundo grau e começar minha faculdade de Letras o
ano que vem.
— Curso sem expressão.
— Se todos fossem fazer apenas o que dá expressão, desculpa, não teríamos médicos, pois
expressão não se aplica a quem precisa de calma para salvar vidas.
— Mas medicina é clássico e tem futuro.
— Concordo, mas o que quer senhor, eu falei que isto iria acontecer, e se tudo indicar o caminho,
uma banda que acaba em 3 anos no máximo.
— Você produziu mais 4 grupos, e todos falam destas produções, que estão somando no Brasil o
que estão chamando de Rock de Curitiba.
— E?
— Não quer assumir a produção de minha filha?
— Produtor? Faça a proposta senhor.
O senhor usou a palavra produção mas não sei se ele queria isto, e vi que ele olha para a filha e
fala.
— Ela precisa de arranjos melhores, de musicas melhores, ela precisa crescer, sei que forcei sua
saída da banda, mas parecia apenas um oportunista.

399
— Quando se é rico e se agarra oportunidades, a pessoa é Empreendedor, quando é pobre,
Oportunista?
— Não quero discutir, mas não sei se quero mudar os recebíveis dos rapazes.
— Os prende em um contrato e não quer melhorar, sei que a lei o protege senhor, mas isto
deveria ser crime.
— E acha que teríamos como melhorar as coisas.
— Se não for sacanear com outros, aceito o desafio, mas teremos de por isto no papel, pois eu
com certeza, terei meus recebíveis.
— Quanto seria um preço de produtor?
— 20%. – Falei sem pensar, apenas para dar um valor.
— É muito.
— 20% de nada, é nada senhor, daqui a pouco, será caro o salario que está pagando aos rapazes,
pois não terá publico.
— Certo, uma percentagem não é um fixo, mas 20% é muito.
— Exatamente o que eu recebi por pouco tempo.
— E teríamos um show para fazer dinheiro?
— Precisando de dinheiro senhor?
— Eu sei que não entende de gastos da classe media alta, mas são caros.
— Não sendo em apostas idiotas, eu entendo.
— Mas teríamos de colocar isto no papel.
— Redija o contrato, se estiver de acordo, assino, mas eu estabeleceria um percentual a mais para
os rapazes, por show.
— Não acha muito mesmo?
— Senhor, eu vou continuar a estudar, mas se for o caso, começamos no fim de semana que vem,
show no Circo Voador no Rio de Janeiro.
— Mas quem contrataria?
— Senhor, tem dois tipos de shows, os contratados, e os que promovemos, existem locais que nos
cobram um x para estar lá, eles tem a responsabilidade de segurança e controle de entrada, mas o
publico é nosso.
— Certo, dois tipos de abordagem, mas pelo jeito tinha planos realmente para a banda.
— Bárbara sabe que sim, por mais que fossem ideias a perder de vista, tenho planos sim, e parte
deles, saíram do foco, pois me colocaram para fora da banda.
— E teria mais coisas em vista?
— Senhor, estávamos começando, sabe disto.
— E pelo jeito este jeito de distante, não condiz com você.
— A Globo, que o senhor influenciou para ferrar com o Altas Horas da cidade, que vai ditar o
rumo que vou tomar.
— Sabia, e não fez nada.
— Fiz, quase os coloquei para fora naquele dia.
— Vi que não tem destaque ao que fizeram na propaganda.
— Eu não sei o que vai passar, mas a programação da TV local, vai colocar no Meu Paraná, uma
reportagem sobre a filmagem do Altas Horas na cidade, se eles vão transmitir ou não, só estabelece que
temos de abrir o caminho na força.
— E teria ideias, pois as minhas acabaram.
— Faz o contrato e conversamos senhor, e espero ter autonomia para criação e cobranças neste
contrato, pois se for apenas uma coleira, eu não assino.
O senhor saiu com a filha me olhando e minha mãe fala.
— Ele não quer aceitar, sabe disto.
— A posição dele, me faz avançar mãe, hoje tenho uma produtora, quando se fala em ser
produtor, hoje tem a Baptista Produções, fim de semana tem show de algumas pessoas em
Florianópolis, Porto Alegre, Sorocaba e Americana, e São Paulo.
— E você estudando, tinha medo de você largar tudo.
— Mãe, semana que vem, teremos a primeira apresentação completa do Zarathustra no Guaíra, a
RPC vai entrar com 300 mil de incentivo, o estado, com 300 mil por apresentação, serão 3 delas, isto já
me permite pagar dois mil reais por pessoa no coral, não é muito, mas é um incentivo a continuar.
400
— Você quer fazer gerar dinheiro.
— Quero mostrar algo, que sentava e ficava desenhando, que ficava a sonhar, e você olhava os
desenhos e perguntava o que era, e eu nem conseguia explicar.
— E resolveu por para fora?
— Eu comecei a pensar no que seria algo bom de criar pra o ano seguinte e acho que será o show
Vozes, você viu uma única musica já criada para esta apresentação do ano que vem.
— Eles pensando neste ano, você querendo algo a mais.
— Como falei, ano que vem, quero cada uma das meninas do coral, sabendo tocar um
instrumento, vamos ter uma pequena orquestra, nossa bateria vai crescer, o coral vai melhorar, e quero
ver se achamos no meio de tantos, um cantor soprano, e um tenor.
— Uma opera?
— Uma opereta, a minha primeira.
— Quer mesmo algo evolutivo.
— Sim, e quero você na primeira apresentação do Zarathustra, eu pensei este show com no
máximo 10 apresentações, o conjunto se inscreveu para uma amostra de Corais em Paris, se sair,
teríamos de tentar recursos para financiar a viagem, pois só de passagens e hospedagem, vira uma
fortuna.
— Querendo forçar a algo internacional?
— Sim, pensa em uma peça, que vai se apresentar e não vai cobrar barato, mas quem for, vai
entender o porque do custo.
— Que paguem e cintam que pagaram por algo que valeu a pena.
— Sim, algo que fique na memoria deles.
— E começa como isto?
— No Meu Paraná de amanha.
— Pareceu falar para o forçar a fazer algo.
— Mãe, se ele continuar a jogar contra, não tenho porque assinar aquela proposta, mesmo que
seja boa.
— Certo, ou ele para de sacanear ou não vale a pena.
— Nem falei sobre ter recusado voltar para a Cultura Inglesa.
— Era seu sonho filho.
— Eles me querem apenas escondido em uma sala, fazendo o material, não dando aula, eu quero
dar aula e formar pessoas.
— E conseguiu dizer não?
— Me pareceu que estava sendo ingrato, mas eu não sei, parece que eles não me querem lá,
apenas o material.
— E não vai fazer isto para eles?
— Mãe, eu crio um material que vale mais do que os reais que eles me pagariam, e estabelecia
que ao final, poderiam me mandar embora.
— Ou não.
— Verdade, mas não teria como aceitar agora, talvez o ano que vem peça desculpas pela
arrogância, e eles que escolhem.
— E acha que não vai fazer isto.
— Mãe, o terreno ao lado, que cercaram hoje, demolindo as casa que ali tinham, é para
construção de um segundo grau com conteúdo alternativo, para ser equivalente a High School, e com
cursos técnicos e culturais.
— Um colégio de segundo grau, quer ter o seu colégio?
— Primeiro será aqui, se der certo, ano que vem teremos o segundo no Tarumã, e depois o
terceiro no Atuba.
— Espalhando ideias?
— Sim, e estou pensando se monto a mesma estrutura em Florianópolis.
— Todos pensando o que você vai fazer, quer ter toda uma estrutura escolar?
— Como falo mãe, e vou me repetir varias vezes, eu conheço duas línguas mundiais, uma é o
Inglês, outra é as partituras musicais.
Conversamos, comemos e voltamos para casa, eu estava tentando ficar longe da confusão.

401
Amanhece Sábado, e marco com o pessoal no Clube ao lado, os que
estavam na cidade, estranho que faço as coisas para deixar as pessoas
próximas, e acabo por as afastar de mim.
No teatro, todo ajeitado alto, tudo pronto para o show da noite, e na
parte de baixo, o coral ensaia mais uma vez, eu passo os trechos de musica, o
grupo de teatro passa os pontos, tivemos de substituir Beatriz no grupo de
teatro, pois ela nem sempre estaria ali, as apresentações eu tentaria com o
pessoal total, mas não poderia garantir, e teria de ter pessoas sobressalentes
para cada apresentação, pois usávamos o coral das meninas da Marginais, em parte da musica, usava
parte do pessoal que viajava como instrumentistas, então estávamos acertando os detalhes e vi Estrela
e Paulo, eu nunca soube se eram irmãos, mas sempre os pensei como irmãos, olhando o ensaio ao
fundo, terminamos o ensaio da parte final, a parte que tínhamos executado menos vezes e vi os dois
chegarem a mim e o rapaz falar.
— Estão ensaiando o famoso coral da cidade.
— Famoso?
— Acaba de passar na TV. – Estrela.
— Temos de ensaiar, as vezes o medo de um erro na hora H, nos deixa tensos.
— Dizem ser dos shows mais belos do ano. – Paulo.
— Em uma semana, saberemos se é apenas um sonho, ou realidade.
— Pelo jeito na tensão.
— Estreia sempre é tenso, e para funcionar, são 350 pessoas, que não podem relaxar antes da
hora.
— E ensaiam aqui?
— Este teatro, não caberia as pessoas do palco na plateia.
— Dois teatros lindos, e bem isolados, não ouvimos nada no teatro acima.
— A ideia é esta.
— E acha que aquela ideia de erguer as musicas do meu pai, não vai ter resistência? – Paulo.
— Acho que quando propus A Chave regravar, o que eles tinham feito, era para não deixar
nenhuma parte de fora.
— E não vê problemas neles cantando e nós. – Estrela.
— O que falta hoje em dia, são letras boas, eu adoro aquela musica que me faz ouvir ela varias
vezes, sentindo a historia.
— E pelo jeito produz algo muito bem produzido.
— Somente vendo na hora para entender.
— Certo, ensaio é diferente de show, mas as imagens da TV foram incríveis.
— Aquilo é a apresentação dividida por 14, apenas uma pequena parte.
— E vão pelo jeito ensaiar muito esta semana.
— Sim, pretendemos passar o som no Guaíra na Sexta para a apresentação do Sábado, dizem que
o governador vai estar na plateia, se duvidar o prefeito, toda uma gama de pessoas com um senso
critico maior que o meu.
— E pelo jeito isto os deixa tenso.
— O palco é grande, mas o que me deixa inseguro, é que o publico, estará sentado e quieto, e não
veremos antes do fim do espetáculo.
Eu sai dali e foi para casa e assisti pelo Globo Play o programa, e vi que tinham imagens próprias,
que colocavam as meninas falando, que eram bicho do Paraná, eu lembro de não ter gravado aquilo.
Eu fico a olhar para a imagem e ouvi minha mãe.
— Não entendi porque não quis parecer.
— Acho que ainda não fiz algo para ser considerado algo importante, acho que nem as meninas,
mas mais a frente, vemos isto.
— Certo, acha cedo para algo assim, e não quer aparecer.
— Eu teria de tirar a mascara mãe.
A tarde fizemos mais um ensaio, agora total, e não era toda hora que conseguia-se parar para
fazer algo de quase 3 horas, mas eu estava gravando ali, e vi que ao final, as pessoas estavam subindo
pra o show no teatro acima.
402
Eu subi e olhei da técnica o show, eles precisavam de produção de luz e som, mas teriam de pedir
para isto.
O som bem ao estilo anos 80, era gostoso ao ouvido, eu tinha alguns áudios sem qualidade que
poderiam ser melhorados, e com as letras das musicas, eu pretendia gravar, mas ver um show, me fazia
estar deixando o sábado correr, desço e vejo o show dos Seus Genros, na casa abaixo, e dali fui a casa,
que agora tinha uma sala onde antes fizemos o show, eu olho em volta, vazio, olho a geladeira, pego um
refrigerante, pego a guitarra, ligo o telão da sala e começo a ver o programa, estava sozinho, pensando
no que era aquilo, quando se fica visível em um programa os cortes, sinal que eles não tinham onde
cortar e cortaram mesmo assim, ficou uma apresentação, mas bem ruinzinha, eu pego os vídeos da
casa, e coloco o áudio do que filmara a tarde, e faço uma montagem, todas imagens não gravadas pela
Globo, e apenas coloco numa pagina criada naquele momento e vou a rede de comentários do
programa, tinha alguém falando mal, então eu apenas coloco o link do que tinha colocado no ar a
pouco, na critica do rapaz e olho o telefone tocar e muita gente querendo falar, eu não queria xingar
ninguém ainda.
Eu não coloquei para monetizar aquele vídeo, eles teriam de rastrear onde foi colocado para
achar, então não teria como eles tirarem a monetização de algo que não tinha monetização, mas vi
muitas visualizações, pego o violão e pela primeira vez, começo a pensar em uma peça cantada em
português. Começo por uma composição chamada RUAS, tem os intervalos e uma musica para se cantar
em voz Grave, penso nas notas, e as batidas de tamborim do começo ao fim do Coral, dando o ritmo da
rua, depois foi COMUNIDADE, estava querendo algo diferente, alegre, depois foi LAJE, estava
produzindo, quando minha mãe me liga e falo que estou na casa nova, apenas compondo, acho que ela
achou que estava com alguém e falei que ela poderia ir lá, não era problema.
Começo a LADEIRAS, era uma narrativa do descer o morro, para as ruas, era uma musica que
poderia ser encarada como uma ida ao centro, independente de onde você estivesse, dali fui para
DENTES, uma narrativa de dentes bonitos, em pessoas tristes, dentes tortos, em pessoas alegres, fui a
FELICIDADE, onde falava da forma inocente de se fazer da vida uma felicidade, da contradição, eles
querem lhe influenciar e acabam minando a Felicidade. Neste ponto, a primeira letra de VOZES, com
todos em movimentos naturais, de ter voz, de ter participação, as vezes as pessoas não se negam a
falar, e chegamos a parte do meio da apresentação, GRITE COMIGO, destaca o coral, a gritaria, a
anarquia de todos cantando, coisas diferentes, hora que cada uma das meninas puxa um instrumento e
toca algo diferente. Neste ponto, surge a musica UNIÃO, e com ela chegamos a um ritmo batido, seria
com esta frequência que chegaríamos ao fim, mas longe dele ainda.
Estava passando as notas e as anotando quando ouço minha mãe as costas.
— Sozinho filho?
— Pensando para não xingar ninguém.
— A apresentação do Meu Paraná ficou melhor que o do programa.
— Sim, pensa em como eles cortaram, para não aparecer ninguém emocionado, cortaram até as
falas das atrizes, mas pelo menos lançaram duas musicas a mais.
— E está fazendo o que?
— Pensando em um musical que vai evoluir, está cru, que se chama Vozes.
— E todos me ligando para sabe se está bem.
— Sim, mas eu sei incomodar quando quero.
— Fez algo?
— Li os comentários, e coloquei uma montagem completa do que foi o show, de quase duas
horas, com todas as participações, com todas as conversas, em um comentário maldoso do próprio
canal da Globo.
— Tinha isto gravado.
— Tudo nesta casa é gravado mãe, mesmo eles nos tirando os celulares na entrada, e tampando
tudo que poderia ter câmeras, temos as imagens.
— E acha que alguém olha?
— Mais de 20 mil visualizações entre o fim do programa até agora, sei que está tarde, mas as
vezes, é bom criar para não pensar nestas coisas.
— E quantas musicas já fez?

403
— Fazer os testos, já fui do começo ao fim, agora estou passando os acordes, pensando no coral,
nas interações, nos instrumentos que vamos usar, e nem todos vão gostar deste, mas acho que 14
musicas, com 10 minutos é um bom modelo.
— E já fez quantas?
— Estou terminando a primeira passagem de som da musica numero 9.
— 9 de 14? Tá mesmo tentando não pensar no problema.
— A 13 e 14, eu sei o que quero, mas as vezes chegar a ela, muda a levada da musica, então o ir
do começo ao fim, facilita.
— E vai tentar terminar?
— A primeira passagem de notas, depois o acertar das letras, para poder passar para o senhor
Ronald, para começarem a ensaiar, e por fim, tentar tocar com algo mais agitado, mas a ideia, vamos
criando aos poucos.
— Eu pensei que estava com alguém.
— Mãe, as vezes eu penso em encher um local destes, as vezes, temo encher e ver esvaziar aos
poucos, com todos saindo de minha vida.
Fui a cozinha e coloquei uma batata no Fritador a Ar Quente, e volto a sentar, olho as notas e
começo a dedilhar BATALHANDO IDEIAS, e coloco agora todo o coral a tocar a musica, e depois cantar
ela, com o surgir da orquestra, vamos a CONVENCENDO MASSAS, onde nem tudo é ideia, é grito, uma
critica ao grito. E vem a musica, APROVEITANDO A ONDA, onde se fala sobre pessoas usando os meios
para comprar visibilidade e tentar convencer que a ideia era deles, eu somo dois parágrafos em Vozes e
vira, VOZES DESTOANTES, e chegamos a parte que narrava a historia e a encerrava, na musica FIM.
Minha mãe estava me olhando, ela pegou a batata quando ficou pronta e enquanto eu terminava
as anotações, o telefone continuava a tocar. Eu olho a hora e atendo.
— Boa noite Bruno.
— Quem? Que horas são.
— Serginho do Altas Horas, queria lhe falar.
— Problemas? Estava dormindo.
— Não viu o programa pelo jeito.
— Eu não queria passar raiva, e tudo me indicava em algo que deveria ter duas horas, com uma
hora de duração, eu sempre passaria raiva.
— A direção falou que você colocou uma representação do programa na internet e querem os
direitos da gravação.
— Desculpa senhor, mas eu não coloquei nada, não sei do que está falando.
— Tem certeza?
— Sabe que não deixaram ninguém com câmeras, duvido que tenha passado algo despercebido,
teria de ver os ângulos para ver de onde foi filmado, mas eu estava no palco, não tinha como eu filmar.
— Eles não gostaram do que está lá.
— Teria de ver para opinar, não quero passar raiva a noite senhor, e pelo sinal vou passar raiva,
pois se estão querendo tirar, é que algo no programa da madrugada não foi legal.
— Eles cortaram muito menino.
— Cortaram o Coral?
— Boa parte dele.
— Se não manda no seu programa, não posso fazer nada senhor, mas se sabia que cortariam o
coral, e não falou nada, teria de ter ido ao Rio Gravar, sabe disto, isto se chama hombridade, e é uma
criança falando isto, mas bom saber para nem olhar o vídeo, não vou dar visualização a algo que vai me
dar raiva.
— Tem de entender.
— Entender que tirei 350 pessoas de casa, as fiz sonhar em aparecer em um programa, e pelo
jeito, nem apareceram, acha mesmo senhor, que os pais, mães, parentes, vão falar bem disto? E se a
direção da Globo não quer algo que emociona, que é de bom gosto, entendo os números dela caindo.
— Mas não foi você mesmo.
— Boa noite senhor, é três da manha, estava dormindo.
Desliguei.
Minha mãe me olha e fala.
— E eles podem tirar o vídeo do ar?
404
— Sim, mas nesta hora, pelo jeito tem um monte de gente tendo de responder porque cortaram,
e para não falar que fizeram merda, eles começam a atirar para todos os lados, e não sei, um vídeo pode
mudar de endereço, e não foi gravado por eles, os personagens são deles, a gravação não.
— E acha que o que vai acontecer?
— Terão excluído o usuário do Youtube, mas amanha, eu passo trechos para todas as meninas do
coral, e peço para colocarem um trecho nos seus Instagrans, com copia para o Facebook, coloco de novo
no Youtube, com outro usuário, e eles vão tentar tirar ele, enquanto o primeiro pede explicações, por
um vídeo pessoal, porque o cortaram.
— Vai perturbar eles.
— Mãe, o que achou daquela apresentação?
— Linda.
— Eles cortaram ela toda, deixaram apenas a introdução.
— Basicamente você tocando?
— Sim, queriam eu achando legal, mas eu não achei legal.
— E não vai fazer de conta.
— Eu digo que não sou politico, pois eu não seguro a língua.
— E vamos descansar?
— Sim, só deixa eu dividir o vídeo e passar um pedaço para cada moça e pedir um favor para
amanha.
— Vai por elas na briga.
— Elas se dedicaram, e o que elas conseguiram mãe, aquilo era para ser uma propaganda para
apresentação de Sábado que vem, e os vídeos, não são da Globo, para ela pedir direitos autorais.
— E como vai fazer?
— Pedir a prova de quem diz ser dela a imagem, processar por calunia, e pedir maior atenção a
todos os futuros pedidos de uma empresa que acha, que tudo é dela, mesmo o que ela sabe não ser,
como os vídeos das pessoas presentes.
Passei os vídeos, elas veriam pela manha, o vídeo gravado na quarta.
Eu pego a minha pagina e coloco a gravação do dia seguinte, no mesmo lugar, com musicas e
encenações, e coloco o ensaio total do dia no teatro, no do coral.
Fomos dormir e a noite foi agitada.

405
Eu acordei com o telefone e ouvi o Doutro Vaz falando calmo.
— A Globo está processando você menino.
— Afirmação?
— Estar usando imagens exclusivas dela em canais da internet.
— E eles provaram algo ou apenas usam dos juízes?
— O que fez?
— Eu nada, mas estou acordando agora, estava tocando a noite para não
ver a merda que eles fariam no Altas Horas, e faz o seguinte, pede a prova da
autoria da imagem, pois a filmagem não foi feita no estúdio deles, e após isto, vou lhe passar todas as
notas de custo do montar do local para o show, e processa eles por prometer uma coisa, nos gerar
custos, e não aparecer uma sequencia do coral que pagou a montagem do local, com indenização por
danos morais, as crianças, que se propuseram e fizeram a apresentação, e nem apareceu no canal, usa
as imagens da RPC local, mostrando os preparativos, e joga a bomba de volta, com força.
— Eles vão odiar.
— Se eu falei a Serginho na madrugada que isto era falta de hombridade, eles sabem que vai ter
batida forte, e pode por uso de imagem de menores, pois eles vão contestar mostrando as autorizações,
é o que queremos, pois eles nos fizeram por 350 menores num palco e não mostram nada destas
pessoas.
— Ele vão odiar.
— Que odeiem, sei que vou pagar caro por isto, mas eu sei defender minhas ideias doutor Vaz. E
se perguntarem dos vídeos do Instagran, são publicidade para uma apresentação no Sábado, no Guaíra,
e que nenhuma gravação foi feita pela Globo.
Desliguei e vi o agito nas redes sociais, se no dia anterior alguns falavam em algo especial,
estavam vendo o agito, mas não sabia se realmente era um agito ou o que vinha a mim pela rede social.
Sabia que poderia perder o apoio da Globo local, mas não estava preocupado, eu as vezes achava
que era um pouco suicida, mas quando em pleno Domingo o Governador me liga, e fala que a pressão
estava para cancelar o apoio, eu apenas falo com toda cara de pau, que ele fizesse o que queria, mas
fosse homem e não concorresse a reeleição, pois marionete da Globo, não deveria ser Governador.
Sei que ele desligou xingando, eu estava realmente em uma guerra pessoal, mas sabia que o
dinheiro poderia estar diminuindo.
As vezes falamos o que pensamos e nos arrependemos, mas se não falamos, ninguém fica
sabendo o que pensamos.
Quando o diretor da Globo local, passou um e-mail, cancelando o aporte a favor da apresentação,
eu apenas respondi educadamente, agradecendo o apoio.
E dentro de mim, tinha uma vontade grande de chutar o balde, mas eu ainda estava vendo eles
atacarem, e não tinha publicado nada que não fosse produções que colocaria de qualquer forma, e
embora tivessem apoios, havia gente tirando sarro de mim, e sorri.
Eu nunca fui bom em reações rápidas, e meus pensamentos ainda não viam como algo sem saída.
Era próximo das 6 da tarde, quando peço a João se ele não faria uma entrevista com Bruno
Baptista, e quando ele passa com a van do programa e para a frente do bar, obvio que muitos já
recebiam os alertas de que Bruno Baptista iria dar uma entrevista para Zequinha, e quando ele começa
a entrevista, eu estava de mascara.
— Boa noite Bruno, não entendi a confusão.
— Digamos que um canal de TV, que domina a maioria das visualizações do país por via livre,
resolveu que teria de parar o crescimento das musicas vindas da capital paranaense, apenas isto.
— E o que eles fizeram?
— Eu sei que eu não fiz nada, mas pensa, vídeos começam a surgir em todos os locais,
recolocados, mas todos sabemos, que quando eles gravam, eles tiram até os celulares das pessoas, para
não se ter registro, que não seja o deles, então a filmagem deve ter sido feito por eles mesmos, dai eles
fazem que vão apoiar, dai ele jogam que nós estamos vazando conteúdo deles, mas eu não estou
fazendo, eu sei que todos foram revistados e não entraram com celulares, a gravação é de qualidade,
mas eles inventaram, para justificar não nos dar atenção, para forçar a rede local a tirar o apoio, ligam
para os deputados do estado pressionando, eles pressionam o governador, então não entendi, eles
querem matar uma cultura local, e todos os locais, apoiam isto.
406
— Acha que foi pensado para ser assim?
— Acho que eu não vi pensando que passaria raiva, e queria pedir desculpa a todas as mais de
350 pessoas que foram ao programa, para gravar, e não apareceram nem um segundo na imagem, pedir
desculpa aos pais, irmãos, pois eu pensei que falava com uma rede de TV seria, não com lobos em pele
de cordeiros.
— E vai fazer o que?
— Processar eles para receber o que investi para ter o show, pedir danos morais as 350 meninas
de menor, que assinaram com eles para estar lá, que levaram seus pais para ver aquilo, e agora estão
em casa sentindo-se lixo, usadas por uma rede de TV, eles falam em serem certinhos, mas é apenas
papo.
— E não vai deixar barato?
— Sabe que isto estabelece, que nunca mais vou aparecer na TV deles, mas as vezes penso, vale a
pena, eu falo com o representante local, ele vê o que fizeram, mas não tem coragem de dizer, vocês
estão acabando com o sonho de pessoas, como se fossem ratos, mas neste momento, temos um show
por enquanto, daqui a pouco até cancelam isto, mas agora sem apoio da RPC, sem apoio do Governo do
Estado do Paraná, por algo que foi montado e criado por alguém no Rio.
— E pelo jeito se chateou.
— Quando você tem apresentadores que são calados, diretores de TV que são calados, políticos
que são pressionados, e tudo por uma vontade, de alguém, esta pessoa deveria ser processada
criminalmente, mas como não sei quem foi, terei de processar a Globo, e sabe como acontece, eles
acabaram com grandes nomes nacionais, por discordar deles, as vezes sou apenas a bola da vez.
— Parece triste.
— Sabia que o poder deles era grande, deveria ter me recusado a ir, não aceitado a ideia de que
editariam mas mostrariam o que importava, mas é triste, ver que ninguém neste país tem palavra, e que
uma emissora de TV, consegue destruir sonhos, em nome de diretores invejosos.
— E porque tinham marcado aqui?
— Eles queriam mostrar algo que chamamos de parte do Zarathustra, uma peça teatral, que
estreia sábado que vem, mas não tinham como levar com passagem e hospedagem 350 pessoas da
peça, montamos na sala de casa, um palco para mostrar um pequeno pedaço da peça, eles não
mostraram nem esta parte e nem a musica final com o coral, então não foi algo contra algo que eles
podem não entender como Zarathustra, mas foi contra o coral, pois eles chegam a cortar o final do
programa.
— Foi bom falar, é bom as vezes mostrar para as pessoas que nem tudo nestes locais é de valor.
Agradeci o espaço e saio dali, a entrevista ao vivo na internet, descubro que foi vista ao mesmo
tempo por mais de 300 mil pessoas, e subo para casa.
Tomo um banho, deito a cama e fico a olhar o teto, não sabia o que fazer, talvez esquecer tudo e
recomeçar.

407
Acordo segunda, faço o café, minha mãe me abraça e passo apenas duas
perguntas e dois pedidos, antes de sair para o colégio, perguntei ao Teatro se
ainda estava de pé o show, e se o menino Pedro me apoiava, duas crianças
enfrentando a cidade, e pedi para não pararem os ensaios.
Eu chego ao colégio e todos estavam me olhando, mas eu apenas entro e
Carla me olha e fala.
— Não vamos recuar, ou vamos?
— Só se eles estiverem atrás e a ré garantir que os atropelamos.
Carla sorriu e fala.
— E não está feliz.
— Não, não estou feliz, e não espero compreensão.
Aulas simples, e no intervalo, muitos me cumprimentaram, garanti que estava de pé a
apresentação, talvez tivesse de tirar dinheiro do bolso quando não queria o fazer.
Eu não usava tanto as redes sociais, enquanto a maioria estava lá, mas não tinha paciência de
ficar lá, então as poucas vezes que entro lá, tento sair rápido, para não passar muita raiva.
Almoço no restaurante de sempre e vi o Doutor Vaz parar a frente e vir a mesa e falar.
— Eles querem um acordo rápido.
— Eles? – Estava comendo e saiu meio estranho com a boca cheia.
— Acho que a entrevista de você de ontem a noite está girando o país, talvez por ser regras deles,
e não sei se quer acordo.
— A pergunta, como está a pressão sobre os deputados que ontem eram a favor de cancelar o
apoio a apresentação?
— Não sei.
— O processo contra nós?
— Querem um acordo das duas partes nunca mais tocarem no assunto.
— Vaz, isto é pouco, eles sabem que é pouco.
— Não quer deixar barato.
— Eu coloquei 350 menores para cantar, se você viu o vídeo, sabe que eles não usaram nada das
crianças, o acordo de montar ali, era para elas aparecerem, aparece gente que nem estava lá, e não
aparece elas.
— Um acordo não seria fácil, é o que está dizendo.
— Nunca mais falar disto, é um cala a boca, e eles não chamariam mais ninguém a participar, é
um paliativo, mas eu não sou pelo paliativo.
— E quer dar tempo a eles?
— Sei que peguei pesado, mas se ficasse quieto, eles estariam lá rindo de todas as crianças se
dedicando e jogando no lixo o material, ou pior, guardando e um dia, se elas fizessem sucesso, eles
ainda usarem as imagens.
— Não achou uma saída ainda?
— Não, não achei.
— Cuida com o que fala com eles, devem estar gravando tudo.
— Sou de menor doutor Vaz, se um deles me ameaçar, dá para por na cadeia?
— Dá, eles ficariam mais irritados.
Eu termino de comer e Vaz pergunta se iria ao centro e me deixa na Av. Iguaçu.
Chego em casa e vi o senhor Vaz lá, olho o senhor e olho o Doutor Vaz e falo.
— Verifica, acho que eles querem um acordo rápido, para nos calar, mas não dá para sair de mãos
abanando, e desculpa, eu discordo de qualquer coisa que fale, não falar sobre isto nunca mais, nunca
não existe.
Vaz olha o sobrinho e pergunta.
— Como estão as coisas Roberto.
— Eles entraram com um processo ontem, respondemos o processo, e entramos com outro, e
agora eles querem um acordo.
— No fim, pode ser que queimem todos de sábado.
— Eles as vezes fazem isto, mas pelo jeito a semana vai ser quente.

408
O senhor me passa um contrato e falo que iria ler, ele, o senhor queria sempre apressar as coisas,
mas se estávamos em uma segunda, estávamos com tudo no ar, mas vi o senhor sair e minha mãe fala.
— Não sei o que está acontecendo filho.
— Problemas?
— Muitas ligações perguntando se estava bem, que ontem parecia que desistiria da guerra.
— Eu as vezes tenho de ser diplomático, e não sei ser diplomático.
— Mas todos falam do rapaz da mascara, do Bruno da Mascara, mas ainda não entendi o
problema.
— O problema é que não sei o que fazer agora.
Minha mãe me abraça e fala.
— O problema é que aquele fim, com todos cantando Vozes, é encantador, e nada justifica
tirarem aquilo da gravação filho.
— Eles gravaram outro fim, para terminar mãe, eles demoraram um semana pensando em como
encerrar aquele programa, devem ter filmado com tela azul de fundo, e isto é muita armação.
Eu desço e vou ver uma aula de teatro, não queria pensar, e estava tentando deixar as coisas
andarem.
Eu sabia que o contato da Band e do SBT estavam piscando na tela do celular, as vezes não sabia
se deveria por mais fogo na fogueira.
Eu agradeço os apoios, sabia que ali tinha gente que estava jogando contra da mesma forma, mas
não iriam confessar, iriam querer me ferrar, e isto não me agradava.
Quando você cria algo que deveria ser para divulgar algo e por motivos fúteis, não estava
acontecendo, teria de descobrir o caminho a tomar.
As vezes parecia dever retomar caminhos abandonados, e vou a Federal e peço para falar com
Iran, ele me olhava desconfiado, mas eu sou de jogar merda no ventilador, e perguntei.
— O que fiz Iran, que está revoltado comigo?
— Você aqui quando metade da cidade fala bem de você e outra metade mal da Globo, não faz
sentido.
— Não foi a pergunta.
— Acho que disse não rápido demais e você não tinha tempo para pensar e fiquei achando que
apenas queria provocar algo.
— Queria provocar, mas então pensa antes de dizer o próximo não, pois eu sei que poucos
servem para o que quero, e estes ficam falando não.
— O que veio perguntar?
— Em Agosto, inauguramos um colégio de Inglês, no Agua Verde, que provavelmente teria outras
sedes, se o governador pensar, não apenas bater para não sentir a verdade, a de ser um rato. Mas
preciso criar o quadro de professores, queria você lá, mas vocês insistem em pular fora, mas a ideia,
inaugurar em Agosto um Curso de Inglês, e em Fevereiro do ano seguinte, um colégio de Segundo Grau,
que tivesse equivalência com a High School, para que tivéssemos um diploma de segundo grau ali, que
valesse tanto aqui como para entrar em universidades dos Estados Unidos.
— Agora sim uma pretensão alta, e todos falavam que estava se recolhendo esta hora.
— Eu preciso avançar para não pensar nas merdas que temos nesta nação, mas eu quero viver e
fazer da minha parte desta nação, algo diferente.
Estava ali quando o celular tocou e ouvi o governador falar.
— Mais calmo hoje menino.
— Eu sou muito novo para levar adultos a serio Governador.
— Vejo que alguns querem fazer de conta que recuaram, e não sei o que falar.
— Não sei, vocês são os adultos, as vezes tenho medo de vocês.
— Eu senti como todos, muitos me ligando, mas pelo jeito reverteu o estado para o seu lado.
— Senhor, eles teriam um encerramento de programa digno dos melhores que já tinham feito,
eles regravaram o final com tela azul para por no ar, então tem de considerar que dá para ver onde eles
cortaram tudo.
— E quem gravou aquilo?
— Eles queriam um processo de uso de imagem, mas todos presentes tinham deixado seus
pertences, para não gerar este tipo de imagem.
— Mas não faz sentido.
409
— Eu não sei o que aconteceu, apenas que eles ligaram para todos para pressionar para apagar
um tal de Bruno Baptista, então o que meu advogado está perguntando, quem ligou e o que falou, pois
eles podem ignorar, mas eu sou de menor, então não faz sentido o que eles falaram, se não for
discriminação, mas o que precisa governador.
— Teria de não ter atendido ontem os dois lados, ouvi merda demais.
Não comentei e ouvi ele falando.
— Não assinei a suspensão daquele apoio cultural, então está valendo, soube que ligou apenas
para o apoio financeiro, todo resto você nem deu bola.
— Eu não faço politica senhor, eu não tenho titulo ainda.
— E vai ter a apresentação?
— Nem que tivesse apenas os pais das crianças na plateia, teria senhor, juro que não entendo de
politica, você tem em uma gravação da Globo de sábado pelo meio dia, as 50 pessoas mais ricas da
cidade, todas com suas companheiras, vendo suas filhas em uma apresentação, e todos viram as costas
e excluem estas pessoas, como se não fosse algo bom, se não fosse um espaço cultural e como se todas
aquelas autorizações de estar lá não tivessem sido assinadas.
— E diz não fazer politica?
— Eu não o fiz, eu apenas perguntei em publico, o que estava acontecendo, e os políticos que se
faziam de com medo da Globo, começam a ver em ano de campanha, os patrocinadores de suas
eleições, os perguntar o que eles estavam fazendo, não fui eu que fiz senhor, mas se as pessoas nem
olham as imagens, para ver quem estava lá, eu não vou explicar para uma Globo e apontar, as pessoas
que estavam na imagem que eles fizeram de tudo para não aparecer.
— Temos de conversar, mas também mantive os acordos dos pontos de uso pedido pela empresa
que montou menino.
— Agradeço, estou aqui tentando convencer um mestre em Inglês a dar aula no colégio que abro
no segundo semestre.
— Você aos 18 vai ser um perigo menino.
— Não sirvo para politico senhor, pode manter a calma.
— As vezes queria ter o poder de falar merda menino.
— É o inverso do caminho que trilhou governador.
Ele desliga e Iran me olhava.
— O menino deslocado de 3 anos atrás, agora recebe ligação direta do governador.
— Tem de pensar se quer fazer parte, preciso de pessoas lá, mas tem de querer estar lá.
— Certo, quer montar uma escola?
— Escola de segundo grau, que a pessoa aprenda escrever em três línguas, tenha noção de
escritas como japonês, chinês, russo, e coreano, que as pessoas sejam capazes de criar coisas, não
apenas trabalhadores braçais.
— Um colégio com carga eletiva norte americana?
— Sim, nacional e americana, que possa ter um diploma local e americano, e que todos tenham
mesma a capacidade de conversar e escrever em inglês, assim como fazer uma musica.
— Linguagem e cultura?
— Linguagens internacionais, Inglês e Partituras musicais.
— E me quer lá, pensei que estava me isolando.
— Eu não fico fazendo caretas para você, mas quando se pergunta se alguém quer, a pessoa diz
apenas não, as portas se fecham.
— E vai começar a falar com as pessoas.
— Quero professores diferenciados, e teremos um material didático diferenciado.
— Vai mandar fazer algo especial?
— Sim, criar um colégio pesado a nível de conteúdo, mas que abrace uma ideia, criar pessoas que
valorizam o criar, o trabalhar, o enfrentar a vida, não o acomodar, o eu tenho direito, o não quero saber.
— E vai fazer lá algo assim?
— Esta semana tem a aprovação do projeto, e depois vamos começar as fundações, a parte de
salas para curso de inglês é rápido, o difícil é laboratórios, biblioteca, sala de ciências, material didático,
professores e autorizações.
— Certo, o problema não é o levantar o curso, o problema é um colégio, mas é serio o convite?

410
— Sim, e como está na mesma estrutura, teremos no colégio, quando ele estiver pronto, aula de
marcenaria, de teatro, de musica, de canto, de inglês, de balé, então a escola vai abraçar as ideias
vizinhas, pois é quando podemos identificar os que tem o dom para algo.
— E você aos seus 15 anos, resolve fazer isto.
— Como disse, o governador deu bandeira branca, para montar os dois próximos pontos, talvez as
obras sejam multiplicadas por 3, e inaugure o ano que vem, 3 colégios, da rede de colégios.
Iran me olha e fala.
— E todos pensando se você iria parar?
— Como falei para uma menina da minha turma, se fosse para recuar, só se fosse para dar ré, só
se tivesse certeza de que eles estavam atrás e não tivessem como desviar, atropelando eles.
— Não entendi nem a guerra.
— Não foi uma guerra, as pessoas pressionam, as pessoas aceitam a pressão, mas estou tentando
não chutar o pau da barraca.
O telefone toca, não sabia quem era, a secretaria de alguém pediu um momento e era o diretor
local da RPC.
— Boa noite rapaz.
— Boa?
— Pelo jeito ainda na guerra.
— Meu Deus está sempre mais para Ra-Hoor-Khuit do que para Zaratustra.
— Não entendi.
— Guerra gera vitorias ou derrotas, dar a outra face, mostrar seu lado bom, sempre vai lhe levar a
derrota.
— Pelo jeito ninguém ainda propôs paz?
— Senhor, com respeito, o senhor viu a gravação, viu o programa, eu que sou o errado para
vocês, pois cancelaram o apoio a peça Zarathustra.
— Eles querem um acordo.
— Nunca assinaria algo que os tornaria os certinhos, pois nunca mais falar sobre isto, é os tornar
santos e eu o menino problema, então se querem isto, não teremos apoio de vocês, a escolha não foi
minha.
— E nem pensou em paz?
— Senhor, sabe como eu, que não teria como filmar aquilo, a pergunta, quem de vocês filmou
aquilo, se eu tivesse as câmeras da Globo eu saberia, e a proposta de não falar mais nisto, mostra que
eles sabem.
— E vai ter a peça?
— Sim, e tenho pena de quem discursa por uma identidade local, e na primeira ação, sabe que
estão armando, na segunda, já coloca o rabinho entre as pernas, então senhor, minha posição é a
mesma, eu apoio a cultura, invisto em peças, teatros, cursos, musicais, locais e nacionais, investindo na
preparação das coisas, eu montei uma estrutura para apoiar a cultura local, o senhor viu isto, vi a
lagrima nos olhos do apresentador no fim de Vozes, e olha o que eles tornaram, eles refizeram o final
com gente que nem estava aqui, jogaram na internet aquele vídeo, me processam, e eu que sou o ruim,
parabéns, vocês são ótimos repórteres.
— Não gostou, mas são as regras.
— Vai a merda senhor, quer dar uma de certinho, o que quer, um palavrão para me processar,
fazer este trabalho sujo?
— Apenas confirmando pessoalmente que tiramos o apoio do espetáculo.
— Isto é a posição do e-mail de ontem, para que me liga senhor?
— Tem de entender a manter as coisas fechadas menino.
Sorri e falei.
— Algo mais senhor, pois para me avisar que não vão estar ao lado do povo do Paraná, e sim ao
lado de quem se incomoda com o crescimento de algo externo ao estado deles, eu já sabia, o que quer
mais?
— Avisado.
Eu desligo e olho Iran e pergunto.
— Estávamos onde mesmo?
— Que não tinha entendido a guerra.
411
— Não existe guerra, eu provavelmente criei um show como nunca existiu em um programa de
TV, gravamos, e eles apenas excluíram tudo que era bom.
Eu pego o telefone e ligo para o Doutor Vaz.
— Boa noite, como estão as coisas Doutor?
— Teve alguma ideia?
— Não, mas estava pensando, o que as pessoas viram do problema, pois eu por estar dentro,
estou encarando talvez como algo maior do que é.
— Que os que foram gravados, vazaram os vídeos na internet, e que a Globo processou, mas
alguns Canais de Internet, começam a comparar os fins, o meio e falar mal, e que se os vídeos vazados
são do mesmo programa, eles cortaram todo conteúdo do programa em prol de uma propaganda vazia,
que se via até na feição das pessoas, nãos discursos finais, que todos haviam gostado.
— Assinamos a autorização de uso das imagens, temos como por no acordo da emissora, o
devolver a nós todos o conteúdo, que não tenha um global, e que nos seja devolvido as autorizações, e
se pagarem o custo de montagem, consideramos que aquele material não existiu, mas que seja
devolvido, pois não queremos nunca mais ver aquilo na TV Globo.
— Custos pagos e devolução de todas as gravações.
— Sim, e quero as da TV local também, e que seja tirado dos sites deles qualquer citação deste
programa, se vamos apagar isto da historia, quero ela apagada e o documento de devolução com
nenhum uso autorizado a Globo a partir do acordo.
— Não entendi a lógica.
— Não é lógica, a lógica falava que eles poriam um conteúdo que emocionou até o apresentador
no ar.
— Certo, mas sabe que eles não vão pega leve.
— Não vivo de Guerras simples Vaz.
— Certo, mas acha que eles pagam?
— Acho que não, mas não poderão dizer que não tentamos, e se pagarem, pelo menos eu não
perco dinheiro.
— Certo, Pedro falou que a revolta está estranha.
— Ele tem apoio deles, sabe disto.
— Sim, talvez eles não tenham se tocado da merda até agora.
— Sim, e se tivermos as gravações, copias e compromisso deles destruírem qualquer copia,
estabelece que podemos refazer.
— Não vai pegar leve.
— Eu achei que estaria pior hoje, mas a globo era uma das partes, não o total das partes que
investiam naquilo.
— Tento o acordo.
Desligo e olho Iran.
— Pensa com carinho, antes de dizer sim ou não desta vez, da vez anterior me induziu que estava
dentro e depois me fechou a porta, juro que não entendo os adultos.
Saio dali e caminho até o teatro Guaíra com o comprovante de deposito dos 3 dias de locação do
espaço, Monica me olha e fala.
— Não entendi a briga.
— Alguém no Rio de Janeiro, achando que estamos atrapalhando eles.
— E veio confirmas os três shows.
— Sim, não sei como vai estrar a segurança local.
— Problemas?
— Teremos na plateia do primeiro dia, governador, deputados, prefeito, e mais de 50 grandes
empresários locais, acho que alguns nunca entraram em um teatro.
— Certo, e com capacidade máxima?
— Sim, camarotes para os políticos, para não atrapalhar a segurança, e pelo que vi o sistema de
venda, vamos lotar o primeiro dia, em horas.
— Porque aposta nisto?
— Mais de 700 adultos prontos a pagar na primeira hora por um local para ver as filhas em uma
apresentação única.
— Acha que vamos vender a maioria com inteira?
412
— Acredito que sim, e não para pessoas que acham 400 reais caro, ainda mais pois estão
investindo nas filhas.
— Certo, uma noite de gala.
— Acho que vamos registrar isto por todos os lados que der, pois acho que é um dia histórico,
mas que somente no futuro se verá como histórico.
— E não quer algo normal?
— Quero ver o primeiro espetáculo para saber se aceito uma proposta que apareceu hoje, após
toda a polemica.
— Que proposta?
— De um teatro francês, nem sei pronunciar o nome, proposta, 500 mil euros mais as passagens,
para nos apresentar uma vez lá.
— Uma fortuna.
— Para nos sim, mas eles tem publico que pagaria fácil os 300 euros por algo especial, mas
somente se sentir segurança para confirmar.
— Dai começaria uma correria.
— Sim, pois se eles concordarem, tentaria fechar algo em Roma, algo em Lisboa, algo em Londres,
Amsterdam e Bon.
— Algo que somaria ao nome do grupo.
— A vivencia das meninas, e não estaríamos exportando samba, nem MPB.
— Um novo Brasil?
— Sim, e tudo que estamos fazendo, é soltando a criatividade de um povo criativo.
— Mas pelo menos não se deixou intimidar.
— Acho pachorra alguém armar contra nós, e querer ainda lhe convencer que eles que estão
certos.
— A sua entrevista ontem a noite, fez todos pensarem, pois todos estavam falando mal de você,
falando absurdos, e de repente todos param para pensar, pois nada indicava para o que estavam
falando, e todos sentiram-se meio idiotas de termos acreditado no que estavam falando.
— Eu para não pensar, eu mal dormi, mas a raiva é para mim um gatilho de criatividade, e
podemos ter a segunda peça do grupo.
— E pensou em algo?
— Tenho de terminar de pensar nele, mas pensa, uma peça, com o coral Bárbaras, que usa a
Sinfônica do Paraná, o Grupo de Balé do Teatro Guaíra, e cria uma peça com o nome Vozes.
— A musica que nem apareceu?
— Sim, ela como uma parte de uma das 14 divisões de uma apresentação.
— Algo unindo o clássico ao moderno?
— Eu sou de criar, mas minha escola de musica começa apenas o ano que vem, não tenho uma
orquestra ainda.
— Mas quer ter uma orquestra?
— Tenho uma ideia, mas não sei, juro que não sei, no meio da apresentação, quero cada uma das
meninas, tocando um instrumento, algo que no começo da peça, seja tudo desafinado, e no meio elas
entram com uma orquestra.
— Algo a provocar?
— Uma peça, aquela coisas, o latido de um pinscher, alto, ardido, mas com graça, depois algo
doce, suave, a peça quero a escreve em português e em inglês, a primeira agora é apenas em inglês,
mas quero ter a versão do ano que vem, nas duas línguas.
— E qual a premissa da peça?
— Que muitas vezes não temos Voz, alguns falam em Direito de Fala, mas se o seu direito passa
sobre o direito de opinião dos demais, é uma exclusão de direitos, e enquanto pessoas ditam na internet
o que se pode, o povo a volta ainda não tem voz, e vamos falar do poder da voz, através da união, e das
duas vozes que o mundo compreende, o Inglês, e a Musica.
— Você pelo jeito pensou em algo.
— Como nesta primeira, apenas as primeiras 10 musicas de 14 que teremos.
— E quer algo como o que foi desta vez.

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— Agora é novidade, mas primeiro vamos ampliar, então vamos somar balé, vamos somar
orquestra e uma bateria de escola de samba inteira, mas não tocando samba, quero ver se conseguimos
um bom tenor, para a peça.
— Uma opereta?
— Sim, uma opereta.
— Os demais pensando no problema e você quer ir a frente.
— Sim, mas primeiro quero batalhar pela primeira ideia.
— Muitos não gostam de um tipo de musica que foi vinculado no programa.
— Sim, mas se viu o vídeo paralelo, eles tiraram Vozes, tiraram a apresentação do Zarathustra 4, e
deixaram “Cadela”.
— Eles induziram ainda que você participou, e cortaram com uma mudança de câmera,
mostrando outro instrumentista.
— Aquele rapaz nem estava em Curitiba, eles adicionaram com uma montagem.
— Não gostou?
— Montei um palco, na sala de casa, para fazer aquilo, gastei do bolso, pois eles falaram que
queriam Zarathustra no programa, mas não tinham como pagar para 350 pessoas irem ao Rio.
— E no fim, nem aparecem.
— Paciência, vamos a frente.
— Sabe se o governador mantem o apoio, pois não quero você desistindo menino, as vezes ver
alguém surgir e todos se oporem é quase regra, mas entendi, eles além de não por o que era o objetivo,
eles deixaram lá oque eles queriam que falassem mal.
— Mas é Brasil Monica.
— O que quer dizer?
— A moça que todos queriam falar mal, começa a ter comentários nas demais musicas, ganhou
seguidores, ela é parte dos atores em cena na peça, que nem viram, ela que tenho de substituir pois
pode ser que não consiga estar em Curitiba por aquele programa.
— Mesmo o que é ruim, ganha força.
— O que chamo de Zarathustra 4, e o povo está chamando de Supplications, e entendo que eles
estão gostando, mas não entenderam a profundidade daquilo.
— Você está desviando alguns, mas ouvi pessoas falando que aquele trecho já deixa muitos
tensos, todos falam de Zarathustra sem falar.
— Acho que apenas parte dos primeiros testos são originais, e temos de entender, um texto de 5
mil anos, beira o inicio dos registros escritos, então boa parte foi passado boca a boca.
— Muitas gerações até alguém registrar algo.
— Sim, mas eu me atenho a pequena parte que acredito ser real.
— Certo, a parte boa.
— A parte que não sigo, eu gosto de uma guerra.
A senhora sorriu, me levantei e voltei para casa, e li aquele contrato, perguntei ao senhor Vaz se
poderíamos mudar apenas 6 pequenos pedaços e duas virgulas e como ele concordou, mudei e minha
mãe assinou, e falei que teria de passar ao Doutro Vaz no dia seguinte.
— Vai se dedicar a mais alguma coisa.
— Mãe, eu basicamente, sei o que quero, mas ainda me sinto perdido em um mundo que as
pessoas querem ferrar com os demais.
— Mas está mais calmo hoje.
— Mãe, a quero lá assistindo a peça, quero as pessoas falando bem ou mal, mas falando do que
viram, eu comprei passagem para 4 critico musicais, para assistirem do único balcão que não estará com
políticos, o show, não são pessoas ligadas ao clássico, e sim a internet, então eu quero que mesmo eles,
se forem falar mal, falem o que pensam.
— Não quer faz de conta.
— Quero mudar o que concordar que está ruim.
— Certo, pelo jeito quer melhorar.
— Sempre.
Um banho, cama, mas esta noite foi mais fácil dormir.

414
Terça feira, café, ônibus, e aulas, e todos preparados para assistir aula a
tarde, e a diretora acalmando os professores, pois era frescura, estranho como
teve gente que reclamou até dos livros novos, que deveriam priorizar a
devolução dos anteriores, e não o gasto com novos.
As vezes queria mesmo entender alguns.
Aulas normais e no final das aulas, Vaz a entrada estabelecia que ele
queria algo, e nem sempre era bom.
— Eles não querem tirar aquilo de lá e nem ceder as imagens.
— Então amplia o processo, põem a declaração de todos que receberam ligações de pessoas
ligadas a empresa, para denigrir e tirar apoio de uma criança, e coloca a explanação do que foi a
gravação e do que foi ao ar, a copia da lista de entrada do local, e das autorizações e que a Globo tendo
o material, altera propositalmente para gerar o desvalorizar da cultura e desmoralização de menores,
em prol de ganhos econômicos.
— Bom, isto é mais o estilo que gosto.
— Demos corda e propusemos, eles negaram, então eles querem o material, mas não querem o
publicar, a pergunta é porque? O que eles estão fazendo, se passando por mim no enviar dos vídeos
para os demais, o que eles querem pressionando a TV local a tirar todo apoio a Cultura Local, em prol do
que tocou no programa, e põem todos os que lá estavam, na lista de pessoas a comparecerem na
audiência, de apresentador, até o rapaz que foi colocado com fundo azul, quero eles mentindo em juízo.
— Eles vão odiar.
— Eles vão ser assunto das demais TVs.
— Vai sobrar para o apresentador.
— Se pode sobrar para mim, pode sobrar para ele, mas ai depende da versão dele, se para
defender o emprego ele mentir em juízo, o problema é dele.
— Mas podem o ferrar.
— As vezes uma TV tem de escolher um lado, se eles querem ficar com os piores, o que podemos
fazer Vaz.
— Certo, e pelo jeito agitado.
— Esta semana é uma semana estranha.
— Estranha?
— Cheia de ensaios que podem ser algo incrível, mas me geram algo que não quero para o ano
seguinte.
— O que não quer?
— Eu no palco.
— E quer fazer o que com o que cria?
— Surpresa.
Quando eu sou deixado no centro, com o contrato assinado e com todas as clausulas que me
permitiam agir, liguei para os rapazes dos Clementes e depois para Bárbara, dei a aula de Oratória, e vi
eles chegarem e falei.
— Podemos conversar meninos.
— Pelo jeito quer dar um jeito.
— Quero saber porque assinaram aquele contrato?
— A pressão foi grande para assinar.
— Eu posso pressionar para o senhor Vaz mudar aquilo, mas vocês tem de pensar naquilo.
— As vezes, acho que o fixo, é uma garantia. – Lucas.
Os demais concordaram e falo.
— Mas querem ganhar apenas aquilo?
— Como fazer para ganhar mais que aquilo?
— Um contrato em adendo, se fizermos shows que gerem mais do que um x de recursos, a partir
daquele montante, vocês passam a receber cada um 10% a mais, do liquido do show.
— Acha que ele topa?
— Eu quero vocês tocando motivados, não mortos.
— Certo, voltou pelo jeito.
— Produtor, nem sempre vou subir no palco.
415
— Acha que meu pai aceita? – Bárbara entrando.
— Entra, vamos conversar.
— O que quer conversar?
— Se seremos um grupo, ou uma menina cantando, e qualquer um tocando. – Falei olhando para
ela que olha os rapazes e fala.
— Sempre um grupo.
— Vamos propor algo que pode somar até 3 vezes o ganho, mas para isto, voltamos ao modelo de
show anterior.
— Quer nos por no palco com cenário.
— Vocês começaram vendendo shows de 100 mil reais, seu pai está vendendo shows de 20 mil, e
caindo.
— Ele acha custoso.
— Certo, mas este é o acordo que firmei com ele, quem determina o que será apresentado sou
eu, e prefiro um ou dois shows a 120 mil, do que 3 a 20 mil.
— Quer menos shows a um preço melhor?
— Menos desgastes. – Falei – e temos de ter novidades.
— Algumas musicas são estranhas. – Bárbara.
— Não fizemos isto para cortar as letras que por falta de educação vocal, não consegue cantar
Bárbara.
— E porque disto? – Lucas.
— Porque eu quero um show lotado na pedreira, em Outubro, e um em Florianópolis lotado.
— Mas porque? – Bárbara.
— Show caro, como o que faremos e gravaremos em Florianópolis nosso primeiro DVD, ninguém
mais compra DVD, mas é uma forma de registrar o produto, mas a ideia, gastar com um show, 4 milhões
de reais, da nossa parte, e colocar no bolso, 10 milhões a mais.
— E quanto seria nossa fatia? – Lucas.
— 10%, um milhão por cabeça.
— Certo, um show que nos mantem o ano. – Bárbara.
— Sua parte seria como a minha, mas isto que não entendo Bárbara, você ganha 20%, os meninos
salários fixos, e o resto, fica onde?
— Meu pai administra o resto.
— Como falei, para ele, e falo para os meninos, quando eles fizerem 18 anos, vamos todos sentar
e decidir como será o novo contrato.
— Acha que meu pai mudaria de ideia?
— Acho que algo que pega mal é a palavra “Exploração de Menores!”.
— Entendo, destruiria tudo.
— Sim, é o termo mais usado na petição contra a Globo, hoje, por eles não terem aceito o acordo
que disseram querer.
— E quer mudar isto? – Marcio.
— Sim, quero vocês querendo fazer parte, não apáticos em um palco.
— E vamos começar pelo que?
— Vocês estão errando as notas de 12 músicas, o que eu quero, qualidade de show, dinâmica de
show, e dinheiro no bolso.
— Ensaio? – Lucas.
— A ideia, temos vídeos no ar, mas os vídeos, não correspondem aos shows.
— E começamos com o que?
— Valorizar o material.
— Mas como?
— Show na sexta, no palco acima, com valor de ingresso de 350 reais, um teste de aceitação,
vamos cantar 18 musicas, completas, mas agora com arranjo perfeito, com a soma de vozes de coral,
que ainda tenho de falar com seu pai Bárbara, e quem sabe convidar sua irmã a cantar, com aquela voz
mais grave.
— Querendo aumentar os custos? – Lucas.
— Pensa, um show destes, Bárbara coloca 20 mil no bolso, você recebe por mês, então a partir de
agora, eu recebo outros 20 mil pela produção, e desculpa, onde fica os outros 60 mil, que querem
416
reduzir o custo, então o que quero, é um show que gere este dinheiro, pague a casa, e seja algo que
gere os 100 não que seja vendido por 20, pois dai, ele repassa 4 para bárbara, eu ganharia 4, e vocês
continuariam no salario fixo.
— Certo, se tem este recurso, poderíamos ter um coral.
— Sim, e sei que temos pessoas que Bárbara poderia convidar a participar.
— Quem? – Bárbara desconfiada.
— As 8 meninas da sua turma de inglês, que queriam fazer a peça de teatro, e seria uma forma de
as ter por perto, para cada musica, teríamos o coral, as encenações e ajuda de palco, para não ficar tudo
muito estático.
— Como assim? – Bárbara.
— As gaiolas, com elas presas no começo, o erguer e surgir os esqueletos, elas trocam de roupa e
vão a parte que seria as gaiolas laterais, e dali o coral canta junto, fazendo uma segunda voz, e sua irmã
entra para os Clementes, pois ela é a carola das ladainhas religiosas na apresentação do ano.
— Você sempre nos quer encenando. – Marcio.
— Como falei, quero sempre, um show que valha mais de 120 mil por apresentação, este local,
não permite ganhar os 120, pois tem todo o pessoal, a casa a luz a estrutura, sempre prefiro teatros
maiores, mas não sei, as vezes em um teatro menor assim, e fechar uma sexta, sábado e domingo,
poderíamos vender por 300 mil o show.
— Certo, algo que geraria mais dinheiro, e pelo jeito quer algo a mais. – Bárbara jogando os
cabelos para trás.
— Eu nunca neguei isto, fui quem levou o fora.
Marcio ao fundo sorriu e fala.
— Ela atrai, mas poucos conseguem fugir depois, você escapou dos dedos dela, acho que ela não
contava com isto.
Eu olhei ela e perguntei.
— Liga para suas amigas e sua irmã e vamos ensaiar.
— Mas...
— Eu ligo para seu pai, tenho de falar com ele mesmo.
— Porque?
— Show de 20 mil eu não vou aceitar.
— Certo, quer aproveitar a onda?
— Deixar ela com um raio muito grande, para demorar para cair.
Ela foi ligar e começamos a encenar no palco, fiz cada um deles passar cada musica, concertar e
retocar, eu sei que sou chato, mas a musica deve estar boa para que ampliemos o show, pois eles
estavam cantando apenas 14 musicas, que não duravam mais que três minutos, as musicas teriam de
durar 5, e teriam de chegar a 18 musicas.
Vi que basicamente as letras em Inglês estavam abandonadas, priorizando a em português.
Quando o senhor Vaz chega, eu o chamo a sala e deixo os rapazes ensaiando.
— Pelo jeito quer voltar a ideia anterior.
— Senhor, eles estão desafinados, vou os por afinados, depois acho que deveríamos arrumar os
recebíveis deles.
— Porque?
— Porque eles são um grupo de qualidade, e se um deles sair, e a palavra “Exploração de
Menores” surgir, destrói tudo.
— Mas os recebíveis.
— Vamos dar shows na base de 100 mil, vamos sempre pedir acima de 120, para fazer um show
memorável sempre.
— Acha que conseguimos isto rapaz?
— A ideia era esta, vender na base de dois shows de 120 mil.
— Certo, ai ficaria obvia a exploração.
— Sim, pois os gastos fixos, ficariam em 50 mil e o resto?
— Pelo jeito você realmente desenvolveu a ideia.
— Eu vou convidar sua filha mais velha a fazer parte senhor, ela vai estar na parte dos Clementes,
a parte religiosa, e teremos um coral de 8 meninas, que deve ampliar os gastos, mas vai implementar o
show.
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— Eu tenho medo de gastos excessivos.
— Quando eu falo em show de 120, é um show que valha senhor o ingresso.
— Certo, eu reduzi, e pelo jeito tudo definhou.
— Eu tomei o caminho que não tomaria, estranho estar pensando em entrar em uma banda, e
acabar produzindo 5 outras bandas e um coral.
— Acha que a Globo não vai nos isolar com você na banda?
— Senhor, não adianta ir lá, servir de cenário para eles, e ter de vender seus shows a 20 mil, pois
é o que ir aos programas deles, induz.
— E quer algo que nos faça ganhar quanto?
— Não é tanto, deve dar liquido para sua filha, 480 mil ano, por isto vamos fazer shows especiais.
— Não entendi.
— Quero um show na pedreira aqui, e um em Florianópolis, em Outubro, a cena dos dois, vai
gerar o que chamamos de DVD, mas é para podermos ter um material inscrito no Grammy Latino.
— E estes show seriam para quantas pessoas?
— Seria para tirar os custos e somar para ser distribuído 10 milhões senhor.
— E ai queria os rapazes ganhando mais?
— Sim, pensa em fazer show o ano inteiro, e por na conta 480 mil, o que sua filha ganharia, no
atual contrato, mas um show em Florianópolis, por 1 milhão.
— E isto que estava montando, achei que estava procurando independência.
— Eu sempre quero independência, eu provavelmente terei meu curso de inglês, pois eu quero
independência.
— Aquele Carlos parecia o querer lá.
— Se queria, não me chamou a fazer parte, não da parte que tinha interesse.
— Queria dar aula.
— Sim, aprendo muito dando aula.
— E como vamos pagar este coral?
— Por isto que acho que temos de repensar os contratos anteriores, pois eu queria pagar as
meninas, o que está querendo pagar aos rapazes.
— E a minha outra filha?
— O que quero pagar aos rapazes.
— Quer ela cantando?
— Sim, cantando, tocando e interagindo.
— E quer novamente por toda estrutura para isto.
— Senhor, posso vender menos shows, mas eu quero poder crescer o preço, não baixar o preço.
— E quer o show em locais grandes?
— Eu testei o palco senhor, daria para fazer shows para 5 ou 6 mil pessoas, com estrutura de
montagem, agora sei quanto custa isto.
— Show de quantos reais?
— 150 vezes 6 mil, em locais que nós locaríamos o local, montaríamos o local, gastaríamos com
montagem e estrutura, 50 mil, e arrecadaríamos perto de 900 mil de onde tiraríamos os custos, ainda
podendo vender pontos para a organização, para venda de produtos.
— Certo, estava testando isto no estadual.
— Sim, eu estava querendo saber se era possível.
— E pelo jeito, poria outros a tocar.
— Conheço bandas que tocariam por menos de 20 mil, pois estão começando, mas vi um show
que o senhor vendeu por 20 mil em Campinas, que as imagens, pareciam ter mais de 10 mil pessoas.
— Eles não pagaram dois reais, é o que está falando.
— Sim, é o que estou falando.
— Entendi, e se pudermos montar coisas assim, não precisaríamos tantos shows.
— Sim, pois se nos organizáramos e fizermos um show grande, de 10 mil pessoas por fim de
semana, é mais lucrativo senhor.
— E lhe mandei embora.
— Sei que sou uma criança senhor.
— E vai começar por onde?

418
— Vamos ensaiar e vamos fazer um show no palco superior, vou tentar vender um show na Sexta
e um no Sábado, quero ver se recuperamos a imagem de bom show, e começamos a vender para outros
lugares.
— Quer arrecadar quanto?
— Nem que não pague a casa, pois é minha, mas quero tirar 100 mil por dia.
— 200 mil em dois dias, preço de 10 shows e sem sair de casa?
— Preço de 10 de hoje, mas não o preço que vamos vender, para voltarmos a respirar senhor.
O senhor chamou os rapazes a conversar, e olho as moças e falo.
— Boa tarde a todos.
— Professor, aqui que se esconde. – Uma menina de nome Sandra.
Vi o rosto de revolta de Bárbara e falo.
— A pergunta é seria, e teria de ter um concordo dos seus pais.
— Uma proposta? – Outra menina, não lembrei o nome dela.
— Sim, a banda “Bárbara e os Clementes” precisa de um coral feminino, e quero o grupo teatral
“Clementes”, que vai criar uma peça teatral para o Festival de teatro.
— Nos quer participando daquilo que o senhor Carlos falou que não teríamos como participar.
— Sim, mas o contrato seria para participar, inicialmente um salario fixo para fazer algo que as
fariam ter curso de canto a tarde e ensaio a noite com a banda e shows no fim de semana, mas teriam
de ter autorização dos seus pais, e seria um contrato padrão de sigilo, pois tudo que criássemos e
fizéssemos aqui, não sairia daqui.
— Porque? – A mesma moça.
— Porque o que se faz e produz aqui, não faz parte da vida dos demais.
Uma das meninas, sabia que ela se chamava Helena, uma de suas irmãs, a mais nova, tinha a
transformado em uma das pretendentes a princesa, ela me olha e pergunta.
— Este sigilo tem haver com aquele papo da minha mãe e minha irmã?
— Aquilo não falamos aqui, e o que aqui fazemos, gerara apresentações e criações que as vezes,
precisamos de calma para criar.
— Dizem que você não é calmo. – Helena.
— Do que estão falando? – Laura, irmã de Bárbara.
Vi os rapazes chegarem e falei.
— Tem coisa que não faz parte desta parte da minha vida - olho Bárbara vendo os rapazes
chegarem e o senhor Vaz falar.
— Vou voltar ao contrato anterior, e vamos avançar, pelo jeito quer algo mais complexo. – Eu
olho o senhor e falo.
— Depois passo o acordo das meninas, pois elas tem de ter a assinatura dos pais, para que
estejamos todos legais.
— E vai ficar Laura? – O senhor.
— Vou com o senhor, não entendi a ideia ainda pai.
— Eles vão ensaiar.
— Amanha seria bom estar aqui a noite para ensaiar moça. – Falei.
— Amanha venho para dizer se vou ou não participar.
O pessoal sai, e faço sinal para o rapaz da técnica, que poderia ir, pois iriamos apenas conversar,
fiz sinal para o segurança que poderia fechar depois que sairíamos por trás mesmo, e pego uma cadeira,
e enquanto a cortina fechava e o teatro se apagava, eu acendia uma cadeira e sentei ao palco e falo.
— Vamos conversar, pois eu quero deixar as coisas claras.
As meninas viram que os rapazes foram pegar cadeiras e forma pegar também, Bárbara fez sinal
para Lucas pegar uma para ela.
Sentamos e olhei os rapazes e falei.
— Vão melhorar os contratos? – Perguntei.
— Sim.
Olhei as meninas e falei.
— Deixar claro, sei que as vezes, quando falo algo, as pessoas se assustam, mas estamos em um
teste de se vamos fazer parte de um grupo.
— Não entendi, um testes? – Sandra com malicia.

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— Uma coisa que todos tem de saber se aceitam, um grupo teatral ou uma banda, as vezes tem
mais intimidades que um grupo normal.
— Intimidades?
— Deixar claro, vamos nos trocar todos basicamente nos mesmos tempos, e por isto, quero saber
se vocês entendem que isto vai acontecer.
— Está falando que podemos as vezes ser vistas pelos rapazes nuas?
— E vocês os verem nus, e uma coisa que sei que excita, é cantar ou tocar diante de um publico
animado.
— Não só nus, nus e excitados? – Bárbara.
— Sim, sei que olha Bárbara. – Falei a olhando serio, e o olhar para os rapazes foi quase de
cumplicidade.
— Não entenda errado.
— Não estou julgando, olhar faz parte, mas as vezes as pessoas confundem as coisas, e quero
deixar as coisas bem evidentes, e por isto falo, que o que acontece nos camarins não faz parte da vida
fora daqui, eles não entenderiam.
— Vai se contentar em apenas olhar? – Sandra com malicia.
— Não é sobre isto que estamos falando Sandra.
— Certo, o que estamos?
— Um teste, se vocês são desinibidas suficiente para isto.
Uma das meninas falou.
— Acho que não sirvo para isto. – Uma menina de nome Flavia.
— Por isto estamos conversando, mas quero saber se temos pessoas desinibidas aqui, e pessoas
que se controlam.
— Se controlam? – Flavia.
— Isto não é um local de diversão, é um local de trabalho, apenas temos sempre de saber se as
pessoas tem noção disto.
— Não vejo problema nisto. – Helena .
— Certo, então Helena, tire a roupa e a dobre sobre a cadeira e faça um pequeno desfile ao
centro do circulo das cadeiras.
Todas se olham e Bárbara me olha desconfiada.
A menina toda confiante, reluta, mas parecia querer fazer isto, e ela me olha e pergunta.
— E agora?
— Volta a cadeira e sente-se.
— Me visto?
— Ainda não.
Olho Lucas e falo.
— Sua vez Lucas.
As meninas sorriram e ele fala.
— Porque disto?
— Tem de considerar que os 4 já tinham tido intimidades com Bárbara, agora estamos colocando
mais pessoas no grupo.
Ele tira a roupa e eu falo.
— Uma volta no circulo.
Vi que as meninas mediram o rapaz, até Bárbara viu e vi o ciúmes dela.
Flavia foi a segunda, e não perguntei no fim.
— Foi difícil.
— Não.
— Segredo do grupo.
Sandra foi a que mais provocou, mas olhei para Bárbara e perguntei.
— Quer mostrar a naturalidade de algo assim?
Ela me encara e fala.
— Acha preciso?
— Logico.
Ela tira a roupa, naturalmente e dá uma volta, depois foi Jaque, depois foi Roger, ele estava
excitado e falo.
420
— Se controlem meninos.
Ele olha estranho, mas vi que Bárbara o olhava com desejo.
Foram na sequencia, Patrícia, Ruth, depois foi Marcio, veio Caterine e Mirian e depois de todos,
apenas tirei a roupa, e dei a volta e sentei na cadeira, a parte seguinte foi experimento de toque e
depois de encaixe, e por fim todos colocaram a roupa e as meninas me olham.
— Só isto? – Flavia.
— Criar intimidade, toque, fazemos aos poucos.
— Pensei que abusaria de nós.
— Eu sou de uma regra, sexo somente se for por desejo mutuo, e para prazer mutuo, forçado não
seria legal.
— E mesmo assim fará isto mais vezes.
— Como disse, isto é apenas um teste de resiliência.
— E qual a ideia agora?
— Passaram no primeiro ponto, mas não esqueçam, isto é apenas o grupo que sabe, e não aberto
nem a outros grupos.
— Nem todos fazem isto? – Caterine.
— Eu não sei o que os demais fazem, mas não quero apenas um grupo, quero a cumplicidade do
grupo.
As meninas saíram e olho para Bárbara e pergunto.
— Qual deseja mais?
Ela olha os rapazes e fala.
— Está entendendo errado Bruno.
— Tem de entender uma coisas Bárbara, você que decide como vai ser, acho que 4 namorados
seu pai não vai aceitar, ou vai.
— Não fala para ele isto.
— Não falei que ele vai saber de algo, não é meninos.
Lucas me olha serio e fala.
— Pensei que nos tiraria ela.
— Ela ainda não decidiu, e quando sobe no palco, fica a escolher mais alguém.
Bárbara me olha e fala.
— Espero que não fale para meu pai e minha irmã?
— Ela não vai aceitar, e não tenho como explicar.
— Então porque convidou? – Lucas.
— Para acalmar o senhor Vaz. – Falei.
Os rapazes estavam a volta e olho Bárbara.
— Sacanagem deixar eles apenas olhando.
— Pensei que me amava.
— Eu sou possessivo, mas não gosto desta minha parte.
— Não entendi.
— A pergunta é o que você quer Bárbara, deixa todos a mão, e os deixa apenas olhando.
— E pelo jeito queria saber até onde as meninas iriam?
— Eu não sei o que elas sentiram, mas eu acho libertador tirar a roupa e não me preocupar com
isto. – Falei.
— E porque disto tudo? – Roger.
— As vezes estamos formando um grupo, e quero saber, até onde podemos ir, as vezes esqueço
que todos estão esperando algo, mas amanha o ensaio é mais serio, e vamos repassar acorde a acorde,
de cada musica.
— Achai que iria propor uma suruba. – Roger.
— É para ganharem confiança, não para perder tudo no começo.
— E pelo jeito se controla muito.
— Eu não estou em jogo aqui, mas hora de todos descansarem.
Bárbara vê os rapazes saindo e para ao meu lado.
— Você os domina mais que eu.
— Eles querem fazer parte de algo grande, estavam sentindo-se os próximos a serem trocados.
— E pelo jeito se contendo.
421
— Sim, mas nem todo dia vou me conter Bárbara.
— Não entendeu ainda como penso.
— Temos de falar sobre isto também, mas pode ser em outro dia, pois querer todos, é perigoso.
— E quem falou que quero todos?
— Eu não sei ainda como definir isto, mas você não se preocupou em tentar se impor, você sabe
que o que poderia parecer anormal, mas nem sempre vou esperar você falar Bárbara.
— Eu o coloquei para fora, e não quer pelo jeito avançar fácil agora.
— Eu não sei ainda como me portar, mas seu pai está chegando.
Olhei o senhor chegar, e sair com ela, as vezes acho que esta caminho não é mais para mim, as
vezes, queria poder voltar a trocar ideias.
As vezes queria voltar a confiar, estava fora do que pensei no começo e parece que vou ter de dar
um nó nesta relação.
Subo e minha mãe me olhava estranha.
— Tem de atender o telefone filho.
— As vezes é bom não ser interrompido, mas quem ligou?
—Doutor Vaz, Governador, prefeito, o senhor Carlos.
— Tudo depois das oito?
— Sim.
Entrei e coloquei o celular no cabo, pois estava sem bateria, e vi que as mensagens começam a
apitar, e olho apenas as que me interessavam, mas estava tarde, apenas passei uma mensagem para
Vaz e fui deitar.

422
Acordo na Quarta, primeiro passo recado a todos, perguntando os
assuntos, pois no dia anterior fiquei sem bateria, o dia inteiro falando com as
pessoas, que pela manha teria aula, mas se perguntassem algo, tentaria
responder no intervalo.
Eu tomo o café, minha mãe me olha e fala.
— As vezes não entendo a briga.
— Nem eu mãe, mas deixa eu correr.
— Pelo jeito agitado.
— Desconfio que alguém falou demais ontem, mas tudo bem, vamos a guerra.
Sai dali e fui a escola, chego nela com muita gente me cumprimentando, eu que entrara ali a
poucos meses, desconhecido, estava virando figurinha marcada na escola, e sabia que tinha ao fundo,
alguém que me odiava, alguém que parecia o inverso, mas ainda era cedo para declarar sentimentos.
Quando entro na sala, Beatriz me olha e fala.
— Tem um monte de gente perguntando de você?
— Um monte quem?
— Aquele apresentador do Sábado me ligou direto, até demorei para acreditar que era ele,
querendo saber se conseguia falar com você.
— Que horas ele lhe ligou?
— O dia inteiro.
— Deixa quieto Beatriz, não se envolve.
— Porque?
— Ele tem meu telefone, ele poderia ter ligado direto.
— E o que querem?
— Parecer que foram legais e não aprontaram nada, mas é que cada dia fico mais confuso com
esta historia.
— E não sabe o que aconteceu?
— Eles perderam a oportunidade de ter um programa naquele local todo ano, eu, um dinheiro
que montei a estrutura, mas fora isto, apenas discurso de perdedores.
— E me quer lá no sábado?
— Não sei se consegue?
— Lhe devo esta Bruno, estranho como algo que parecia sem pretensão, me faz ter shows por
todo lado.
— Temos o ultimo ensaio na sexta, já no palco do teatro Guaíra.
— Meus pais reclamaram do preço.
— Sei disto, mas o primeiro dia é disputado.
— E quando abre a venda de ingresso.
— Ontem a tarde deve ter aberto, não sei ainda como está as vendas.
Carla chega e me dá um beijo na face e fala.
— Vamos ensaiar esta semana pesado pelo jeito.
— Sim, embora possa parecer algo normal, é apenas um show especial.
— E vamos receber por isto? – Carla.
— Dois mil reais pelas 3 apresentações.
— Dinheiro diluído entre muitos? – Carla.
— Algo caro que pode ser algo legal de fazer.
As pessoas foram chegando, e quando as aulas começam, eu me desligo do celular, quando no
intervalo, vejo o recado da Monica, do Guaíra, e sabia agora que não tinha volta, em 6 horas, lotado.
Beatriz chega ao lado e pergunto.
— Seus pais já compraram?
— Não ainda.
— Então acalma eles, pois primeiro dia lotado.
— Mas as vendas começaram ontem a tarde.
— Lotado em 6 horas.
— E acha que quando for fazer a segunda, consegue segurar alguns ingressos?
— Sim, vou pedir para a direção, pago antecipado os ingressos e depois acertam comigo.
423
— Pensou que não venderia?
— Eu não pensei, achava que venderia, mas as vezes quando se realiza, ficamos assustados.
Sinal e volta as aulas, a professora de inglês me olha da frente e fala.
— E estão ensaiando onde, pois a diretora quer que garanta que não vão fazer a escola passar
vergonha.
— Esta semana estamos nos dedicando a outra coisa, quer dizer, parte de nós está se dedicando a
algo.
— A que?
— Zarathustra no Guaíra no Sábado.
— Alguns fazem parte desta apresentação que todos falam, lotou em horas?
— Uma peça que pode parecer fácil, mas é complicada de fazer.
— E quantos fazem parte?
— O grupo de Beatriz, o nosso de teatro, parte da turma do segundo ano faz parte do coral
Bárbaras.
— Então tem ensaio disto?
— A outra parte, dois outros grupos, estão ensaiando a noite na Agua Verde.
— Porque lá?
— Eles estão fazendo curso pela tarde e aproveitam e ensaiam antes de voltar para casa.
— Dizem que este Bruno Baptista, briga com grandes como a Globo, e alguns ainda querem o
ferrar.
— Eu sempre digo, eles nem sabem em quem estão batendo.
— E acha que eles lhe deixarão em paz?
— Não sei, adoro quando me colocam eu uma guerra, e nem precisei fazer nada.
A aula foi ao normal e na saída vi que Vaz estava lá, me despedi das pessoas e ele fala.
— Acha que eles vão ficar na briga até quando Bruno?
— Porque me pergunta isto?
— Você parece sentir o que tem de fazer, Pedro e você na cidade, parecem ser algo que não
entendo.
— Eu não me entendo, mas porque da pergunta?
— Eles querem agora vistas em todos equipamentos seus.
— Eles acham que fomos nós? Não fomos Doutor.
— E como provamos isto?
— Não entendo o que eles querem provar, é desviar o caminho, eles estão querendo se apoiar na
única coisa que pode não ser conclusiva que foi eles, então tem te ter um jogo de quando falar cada
afirmativa.
— Certo, eles provam um a, e querem que se esqueça de todo resto, mas as vezes parece algo
projetado.
— Eles estão cercando os que apareceram, para não depor, sei pois recebi mensagem de todos do
Rio de Janeiro, que fizeram parte do show.
— E para onde ir a defesa.
— Eu tenho de estar até sábado na cidade, depois resolvo isto.
— Vai se meter em problemas?
— Eu não.
Chego ao restaurante e como, Vaz me olhava como se pensasse em algo, mas não comia ali,
talvez eu não tivesse saída, mas algo estava deixando Vaz temente no processo e pergunto.
— O que lhe faz pensar que perderemos Doutor Vaz.
— Eles podem complicar apelando para provas de desvio de material.
— Isto dá o que?
— Multa, é o que dá.
— Maior problema?
— Afetar toda a ideia.
— Não me contou algo? – Perguntei.
— O tio parece ter dado dados a defesa deles, e não entendi o que.
— Certo, quando ele fez isto?
— Ontem depois das 10 da noite.
424
— Certo, talvez eu tenha de aprender algo, que ninguém gosta, mas esqueço, que a
representação de comunicação do Deus da Guerra, são as serpentes, Hadit que o fale, mas apenas vai
até onde achar confortável Doutor, e se for o caso, eu contrato outro advogado.
— Não entendi a frase, mas não falei em abandonar o caso.
— Mas se for gerar guerra em família, eu aceito Doutor.
— Ontem o tio parecia ter amolecido.
— Saberei daqui a pouco o que ele está pensando.
— E pelo jeito todos querem lhe manter na guerra.
— Eu acho que as coisas vão começar a me complicar, mas tenta manter as coisas no aceitável.
Terminamos de comer, e entro no teatro, sentia as energias, estranhava a quantidade de energia
negativa ali.
Eu olho para o palco, e olho para as gaiolas, e ouço um som as costas e vejo 3 rapazes e um me
apontava uma arma.
— Vai morrer pirralho.
Eu sinto ele puxar o gatilho 6 vezes, ouço o som, e eles olham o caminho de saída e os seguranças
vinham todos armados.
Me encolho e olho o segurança e falo.
— Chama a policia.
A segurança chama a policia e o senhor me olha e fala.
— Está bem rapaz?
Eu não sabia, olho as balas ao chão e vejo sentado ali, a policia prender os rapazes, eles me
olhavam assustados, não entendi, mas alguém os pagou para me matar, eu não sei, as vezes queria
adivinhar as coisas.
Sinto os Hons presente, e olho para o investigador chegando e pegar os nomes, recolher a arma,
as balas ao chão e começam as perguntas que não sei responder, pois o que me defendia era uma força,
na forma de uma couraça, de luz, que parecia se materializar, tão rápido como 6 tiros conseguem a
queima roupa ser rápidos.
Os rapazes me olhavam, eles não entenderam, e obvio, tentativa de assassinato no Brasil, não é
assassinato.
Eu subi e olhei para a parede, e vi um Hons surgir e perguntei.
— Quem?
— Um senhor que esteve aqui na terça, aquele que não deixou ninguém ir a casa ao lado.
— Ele está na cidade.
— Sim.
— Consegue uma passagem de ida a Hons?
O ser sorriu e sumiu a parede e olho a porta e vejo minha mãe.
— O que está fazendo filho?
— Acabam de me dar 6 tiros.
— E o que está pensando?
— Não estou, preciso respirar, não sou como eles acham que sou.
Quando desço, soube que os rapazes afirmaram que vieram me matar pois eu tinha uma divida
de drogas, com um traficante local.
Eu não falo nada, eu apenas olho a parede, onde via o Hon, eles foram colocados no carro da
policia, iriam ser conduzidos, eles estavam ali isolados em um momento, e sumiram no segundo
seguinte.
Eu espero Vaz chegar novamente e lá fui eu, quando as pessoas acham que você é um qualquer,
eles lhe tratam como marginal, já os marginais, os policiais tratam bem, pois sabem que podem morrer
se não o fizerem.
Um depoimento, um teste grafotécnico e físico, eu não manuseara drogas, era o que o exame
dizia.
Eu volto ao teatro e vi Barbara a olhar os rapazes e apenas ouço.
— Acham que vale a mudança, é tão confortável como está?
Lucas me olha e fala.
— Sei que ele quer algo especial Bárbara, sabe disto.
Como ele me olhou, ela olha para trás e estava ali.
425
— As vezes acho que não vale o esforço Bruno.
Eu olhei os rapazes e falo.
— Onde colocaram aquela Bárbara, que não queria algo fácil, que escrevia musicas em inglês para
desafiar o mundo.
— Ela tá cansada. – Fala alguém as minhas costas.
Olho o pai dela entrando e apenas olho que tinha um senhor junto.
— Cansada de fazer o que? Shows cansativos, que é o que ela faz hoje, para ganhar um pouco de
dinheiro?
O senhor me olha e fala.
— Sei que assinamos ontem, mas ela discorda de entregar a você a escolha do que vão tocar e
apresentar.
— Certo, então o senhor não manda em nada, apenas arrecada o dinheiro e explora os rapazes?
O senhor me olha, ele não era inocente, e olho para Bárbara e falo.
— Pensem, pois se não quer ser uma estrela, quer ser uma lâmpada, que mal ilumina a sala, está
no caminho.
— Não sei o que acha que entende? – O senhor ao lado de Vaz.
— Nada, realmente, não entendo nada.
As meninas chegavam ao fundo e falo.
— Deixa eu apresentar então uma peça com as moças, e quando em dois meses, tentarem mudar
algo, talvez realmente eu não queira mais.
Fiz sinal para as meninas e entramos em uma das salas de aula, que não tinha ninguém e
perguntei para as meninas o que haviam ouvido, se tinham sido informadas de algo.
Sandra me olha e fala.
— Bárbara falou que provavelmente não usariam nós, pois não fomos convincentes ontem, que
você não tinha gostado de nós.
— Primeiro, se eu não gostar Sandra, eu falo na cara, não pelas costas, segundo, a ideia é ser
grandes, não pequenas.
— Certo, mas pensamos que faríamos parte da banda. – Flavia.
— Acho que o problema, é que tem gente que acha que sacanear os demais, se mantendo sem
melhorias, vai os levar ao sucesso, mas a pergunta, querem fazer parte de uma peça teatral?
— Sabe que sim, viemos para isto. – Jaque.
— As oito, entregaram aos pais os papeis que passei ontem?
— Sim, eles nem sabem o que fizemos, senão nem assinava. – Caterine.
— O que foi o teste de ontem, era se duraria, vocês não entenderam, mas era para saber se daria
para fazer com Bárbara, mas ela tem ciúme dos rapazes.
— O teste era para ela, e mesmo se mostrando firme, pelo jeito ela não segurou a língua e estão
lá discutindo algo.
— Vamos começar a falar sobre duas peças, e espero que entendam, um grupo é sempre melhor
quando são unidas e sem fofocas.
— Meu pai falou que Carlos ligou para ele falando para não permitir que as filhas fizessem parte
de um grupo de teatro da Curitiba Theater ! – Ruth.
— Não entendo porque tantos me odeiam.
— Por ser dinâmico, como meu pai falou. – Helena.
— Um pai me defendendo, algo está errado. – Falei sorrindo.
— Pensei que nos poria num pacto ontem? – Helena.
— Pacto? – Mirian.
— Ele tem segundo meu pai, sangue de um rei nas veias, por mais que os demais tentem, não
tiram a coroa da cabeça dele, e por isto que todos se colocam contra, pois quando surge alguém que
será importante, os grandes temem. – Helena.
— E que tipo de pacto que ele faz? – Flavia – Pois sei que não soube dizer não a coisas que não
faria normalmente.
— Alguns falam que pacto com o senhor da guerra. – Helena.
Sandra me olha e pergunta.
— E quem seria este senhor da Guerra.
— Alguns chamam de Deus.
426
— Mas Deus não é amor? – Sandra.
— Acha que o que significa a passagem que os cães não entram no céu?
— Não entendi. – Sandra.
— Os que colocam o rabo entre as pernas e obedecem qualquer ordem, não são bem vindos ao
céu, Deus gosta de quem se ama, e não de quem teme e obedece.
— Certo, mas você é crente?
Olhei a porta e falei.
— Entra senhor.
O senhor Vaz, pai de Bárbara entra e fala.
— Não vai coordenar eles lá.
— Quando terminarem as duas primeiras horas de ensaio.
— Mas...
— Eu não vou tocar senhor, eu vou fazer a parte técnica, mesmo que sua filha queira ficar na
folga, as musicas tem de ser cantadas corretamente, os rapazes tem de afinar e tocar direito.
— E não iria por as meninas.
— O que quer senhor, lá embaixo, quer a filha descansando, o que faz aqui?
— Não iria colocar minha outra filha nisto?
— Se nem a cantora quer cantar, pior, quer convencer os rapazes a ficarem na folga, eu toco a
parte de direção e produção, bem mais fácil, quer me facilitar a vida senhor, eu vou continuar a ganhar
os 20%, apenas vai ser mais fácil.
— Mas não vai lá olhar?
— Esperando ainda a hora que marcamos, e aproveito e faço um grupo teatral a mais, não pensei
que sua filha tivesse ciúme dos meninos, mas eu sou de nas adversidades, criar mais coisas.
— Pelo jeito não conhece o senhor Paulinho da Globo.
— Acho senhor, que está atirando no seu pé, uma hora a bala passa e não venha depois chorar,
pois é adulto para um comportamento infantil destes.
— Não sou infantil?
— Os rapazes não farão o que este Paulinho colocou como regra, para se manterem na Globo,
mas se quer mesmo associar a palavra “Bárbara e os Clementes” a “Exploração de Menores”, está no
caminho certo.
— Não sei do que está falando.
— Imagino, mas deixa eu terminar aqui, e já vou lá falar com eles e exigir as notas certas, seja no
canto ou no órgão.
— Sabe que o senhor está insistindo em um show no Sábado.
— Vendeu mais um de 20 pelo jeito.
— Já tinha vendido.
— Este sábado, porque não falou antes, foi das poucas perguntas que fiz para o senhor, foi
referente a este fim de semana.
— Eles não tinham confirmado.
— Certo, eu falo em fazer um que arrecadaríamos 100 aqui, e o senhor vendeu a 100 pelo
menos?
— Sabe que não.
— Acho que tenho um problema senhor, eu tenho palavra, o senhor tem?
— Vai me ofender?
— Não foi uma ofensa, foi uma pergunta, direta, senhor Vaz.
— Eu não posso dar para trás.
— Então nos falamos na segunda, não vou preparar eles para fazer algo de 20.
— Mas...
— Se não quer senhor, melhorar o que falou ser um problema, os ganhos caindo, como se a onda
tivesse sido curta, não posso fazer nada.
— Mas você não entende disto.
— Sei disto, mas um exemplo, sua filha vai fazer um show, ela é a peça central, e vai faturar 4 mil
reais, por esta apresentação, estranho, pois eu vou fazer uma apresentação no sábado, no Guaíra, e
cada menina do coral, vai colocar dois mil reais no bolso, 300 meninas, tem algo muito errado nisto
mesmo.
427
O senhor me olha serio e fala.
— Mas como?
— Objetivo, entrou ontem, em 6 horas, 800 mil reais em vendas de ingressos.
— Mas e a sua parte?
— Isto é assunto lá, não aqui, mas realmente, não entendo do que vocês entendem, tem um
material que pode ser vendido a 120, eu queria chegar ao que falei bem antes, os 200, mas parece que o
senhor acredita que exploradores, entendem disto, mas é só olhar o buraco que moraram e o sucesso
dos que eles representam.
— Ele tem prioridade.
— Isto vai contra aquele contrato senhor, ninguém tem prioridade nos preços menores,
prioridade requer muito mais vantagens do que um valor básico.
— E quer erguer estas meninas também?
— Senhor, uma peça simples, que tenha apenas 8 moças, e se venda ingressos a base de 100
reais, num teatro pequeno como o acima, de 504 pessoas, elas pagam os 20 mil do local, e dividem
entre elas por apresentação, 30 mil reais, mais de três e oitocentos por cabeça, por apresentação.
— Em algo mais simples.
— Sim, requer montar certo, manter a organização, mas as vezes se tem custos de transporte e
montagem, por isto não se faz uma apresentação, elas acabam fazendo duas apresentações por dia, por
3 dias, sexta, sábado e domingo, o que gera o recurso que elas pagam os demais custos.
— Por isto acha que 4 salários, é um preço justo?
— Salários fixos, mas apenas para apresentações que estão nos pagando 120 para mais.
— Você é muito mão aberta.
— Se vai ter show deles em outro local, que nem sei onde é, semana que vem voltamos a
conversar senhor, pois aquele contrato estabelece, a partir do ponto que possa impor as novas
diretrizes, se ainda está nas antigas, aquele contrato ainda não está em vigor.
— Mas não o fiz assinar para isto.
— Fez para que? Acha mesmo senhor, que uma multa de 200 mil reais me segura em um
contrato, o senhor que sabe se quer faturar milhões por ano, ou 200 mil em um ano muito corrido.
O senhor sai e saímos da sala, e fomos a sala da casa, ainda vazia e sentamos em circulo no centro
da peça e olho para Sandra.
— O que tinha perguntado mesmo?
— Pelo jeito aqui não seremos importunadas.
— As vezes as pessoas ignoram até os contratos que assinam, mas as vezes é mais barato sair de
um contrato, do que bater forte.
— E pelo jeito queria nós lá.
— Vão estar lá também, mas não depender apenas disto.
— Mas perguntava se era crente.
— Tem uma coisas menina, estar em algumas rodas, de influencia, vocês vão descobri como
Helena sabe, alguns não creem, eles sabem, a diferença, quando você apenas crê e nunca teve contato
com algo superior, você é um crente, quando você vive isto, você passa a ser um sábio, pois você sabe a
verdade.
— E nos quer sabendo das coisas? – Helena.
— Não sei o que seu pai acharia disto.
— Ele está ainda indeciso, falei que você dava aula na Cultura, e ele viu que a pressão para o tirar
de lá, foi forte.
— Não foi o que perguntei.
— Ele sabe que as filhas são soltas demais, elas precisam de trelas.
— Quer atrelar a sua vida a este Bruno Baptista, eu?
Ela me olha seria e fala.
— Eu quero, e nem sei o que isto significa.
— Vão namorar e nos deixar olhando? – Sandra.
— A pergunta é para todas, querem suas vidas, atreladas a minha?
As meninas se olham e apenas dou a mão para as duas ao lado e falo.

428
— Vamos conversar primeiro, mas saibam, vocês podem fazer parte do grupo, e não fazerem
parte da minha vida, ou fazerem parte do grupo e fazerem parte da minha vida, é diferente, mas uma
coisas não proíbe a outra.
Elas se deram as mãos e falei olhando para Sandra.
— O que sentiu ontem?
— A parte toque, fiquei sem jeito, e pensei que não ficaria.
— Outra coisa que as 8 tem de saber, fazer parte do grupo, estar em minha vida, não estabelece
que não podem ter seus namorados.
— Vai nos deixar soltas?
— Vidas atreladas, são mais duradouras do que relações a dois.
— E o que seria este atrelar a vida a você? – Jaque.
— Que trocaríamos ideia de igual para igual, as vezes estas conversas seriam quentes, mas nos
apoiaríamos, mutuamente, e este apoio é físico, financeiro, de conhecimento.
— Vai querer ter todas a cama, que absurdo. – Patrícia.
— Logico, e quando tiverem 21 anos, vou perguntar se não querem me dar um filho, mas a
pergunta pode ser negada, assim como a relação a dois, mas não quer dizer, que não vou perguntar.
— Não nos quer na marra? – Catarine.
— A relação tem de ter três pontos, ser de consentimento duplo, ser prazeroso aos dois, e sem
cobranças.
Eu me levanto e pego a adaga na sala ao lado e uma a uma, vejo o que ela me mostrava, e as
meninas foram vendo a marca surgir a mão e dali subimos ao quarto, aquela cama era de assustar, mas
foi carinhoso, gostoso, prazeroso, e não sei, acho que estava começando a me soltar, diante de
meninas.
Elas foram tomar um banho, e chego a prateleira de livros que estava a sala entrada do quarto, e
num livro grosso, não aquele básico, que muitos leram por ai, capa protegida em couro de cordeiro, com
as palavras “L I B E R A L v e l L E G I S”, eu abro ele como as poucas vezes que o fiz, e olho as palavras
surgirem, como se surgissem naquelas paginas amareladas, como se fossem fosforescentes azuis, em
meio a uma pagina que parecia a cada ano, mais deteriorada.
“O rei adquire maioridade diante do Deus da Guerra as suas 16 primaveras, o desabrochar não se
faz pela data de nascimento, mas pelo passar por 16 primaveras”
“Os bons reis, nascem na Primavera”
“Toda princesa, também terá de esperar as 16 primaveras para unir-se ao Rei, mas seu
compromisso pode ser confirmado após suas 8 primaveras”
“Todo caminho, traz ao Rei, até as 16 primaveras, guerras fáceis de vencer, mas sem grandes
conquistas, todas as conquistas do Rei, ganham maior destaque após as 16 primaveras, mas o destaque,
nem sempre é bom”
“A união sempre é feita por Hadit, entre o Rei e suas princesas!”
“União que somente Hadit pode desfazer!”
Senti alguém me abraçar as costas e olhei as letras sumirem, olho Patrícia me abraçar e falar.
— Está bem? - As vezes estranho alguém preocupada comigo, que não seja minha mãe.
— Sim, as vezes temo me precipitar.
— Foi gostoso Bruno, pensei que seria pior a primeira vez.
— Porque pior? – Perguntei.
— As vezes falam em dor, em sentir-se frágil, você me fez sentir-se sua.
— Sei que acabo passando sobre o bom censo.
— Não passou, mas poderia me explicar uma coisa?
— O que?
— Porque ao banho, parecia ter uma tatuagem as costas, mas sem a agua, não aparece, como se
estivesse marcada.
— Eu perguntei se queria fazer parte da minha caminhada.
— E isto significa o que?
— Que podes as vezes ser minha voz, as vezes, minhas ações, a atriz.
— Atriz.
— Aquela que escolhe o papel do dia, podendo ser a vilã, a rainha, a princesa, a tímida, a
romântica, a cantora, você que escolhe diante de mim, o que quer ser.
429
— E fez isto com todas?
— Sim, todas as 8 amigas a volta.
— Não presta Bruno. – Flavia.
Olhei Flavia e perguntei.
— Já reclamando?
Ela sorriu e falei.
— Se vistam, ainda vamos fazer uma peça teatral hoje.
— Vamos?
— Sim, as vezes temo o dia que vocês vão acabar comigo.
Patrícia que me abraçava as costas fala.
— Não vi nós acabarmos com você.
— Como disse, a escolha é de vocês.
Elas se vestem, secam os cabelos, uma maquiagem simples e descemos para o teatro, e olho
Bárbara e falo.
— Como vai ser?
— O pai quer que façamos um show no sábado a noite em São Paulo?
— E o que você quer Bárbara, pois ser produtor de uma banda preguiçosa, vai gerar uma
bandinha, não a “Bárbara e os Clementes”.
— Pensei que estava se esbaldando por ai.
— Esbaldando, tem termos que não entendo no português.
Lucas olha-me e fala.
— O que pretende, pelo jeito algo não está coordenado.
— Eu coordeno o show depois de amanha, Sexta, no teatro acima, o show de Sábado, é um show
normal, vocês tocando, e como falei, queria dois shows aqui, marcamos para domingo o segundo show.
— Não vai nos facilitar? – Barbara.
— Não, de forma alguma vou facilitar.
— E começamos por onde? – Roger.
— Afinar a bateria é um começo, pelo jeito abandonaram um dos nomes da banda, e não entendi.
— Bárbara gosta mais de ter seu nome destacado. – Marcio.
— Alguém é contra isto? – Falei olhando os demais.
— Nesta divisão não nos escondemos em Mascara.
— Então vamos voltar a ensaiar as musicas em inglês, e as em português e cantar o complexo de
no mínimo 22 musicas.
— Não é muito? – Roger.
— Nem que tivermos de por um baterista reserva e colocarmos você num Baixo Acústico.
— Certo, mas porque retomar as musicas? – Bárbara.
— Para poder subir do 120 ao 200 por show.
— Acha que pagam?
— Estamos começando pessoal.
— E o que faremos?
— Vocês vão repassar as primeiras 18 musicas, depois vamos escolher, as outras 4 musicas dos
Nymph and Demons, e ensaiar também.
— Queria mais que isto pelo jeito. – Bárbara.
— Sim, não esquece, agora teremos coral e encenação em todas as musicas, e isto que vamos
acertar, pois teremos o primeiro show na sexta, e acabamos de por a venda no site online este show e o
do domingo.
— Acha que alguém compra no preço que quer cobrar? – Bárbara.
— Bárbara, quanto maior o publico, maior a arrecadação, mas se tiver um show para 133 pessoas,
num teatro de 504, já estaríamos com mais que o que seu pai tem cobrado.
— Certo, você não quer apenas um show, quer uma marca. – Lucas.
Começamos novamente a primeira musica, que era Bárbara, e novamente as gaiolas, novamente
a encenação, mas agora as meninas desciam em gaiolas, que giravam e deixavam lá os esqueletos, em
uma mudança de luz.

430
Elas saem pelo fundo e entram nas gaiolas laterais, 4 por lado, e fazem o coral da musica, e
tivemos de parar duas vezes, para acertar o ritmo, estava mais preguiçoso, eu não queria um som
preguiçoso.
Estávamos a ensaiar e vi o senhor Vaz voltar e me olhar.
— Sei que não gostou do que falei.
— Deixar claro senhor, eles tocam aqui na sexta, estamos vendendo ingressos, eles voam a São
Paulo, tocam, e tem outro show aqui no Domingo.
— E vai somar em custo no Sábado?
— Não, eles compraram um show de 20, não um de 200!
— E porque disto?
— Porque quero algumas pessoas criticando a banda, e com isto, ganharmos visibilidade.
— Criticando?
— Critica vem ver outro show, e quero acabar por induzir um caminho.
— Certo, mas acha que isto forçaria a que?
— Eu não sei o que eles pensam, mas as vezes, queria algo mais elaborado, mais ensaiado, mais
profissional, as pessoas querem vender um show por preço de profissionais, mas nem quem vende e
nem quem toca, encara como profissional.
— Eles acham que encaram.
— Eu não sei ainda como concertar algumas coisas. – ouvia a musica ao fundo e olho para Lucas e
falo – Repete isto.
— Errei de novo, é isto?
— Sim, mas passa isto como tocou agora, não como está no papel.
— Mas não sei o que fiz.
Eu subo no palco e pego a guitarra e mudo a sequencia de acordes e falo.
— Viu, acabou de mudar o acorde de um clássico.
— Não sei como você ouve estas coisas?
— Nem eu sei, mas toca com calma, e depois vamos acelerando para o ritmo, que é um pouco
mais acelerado.
As meninas olham para mim e falo.
— Temos de acertar as vestes, vem uma moça ai, ela vai tirar as medidas, pois roupas de show,
tem de ser especiais.
As moças sorriem e Bárbara fala.
— Mas temos de conversar.
— Assim que acertarmos o pronunciar da letra de “Nas Montanhas da Loucura”.
— Acha que consigo?
— Acho que você está com medo, pois respira muito antes e chega na frase final sem folego.
— E pelo jeito quer algo maior.
— Foi na semana que falei em por um coral, um pessoal encenando, que me colocou para fora.
Parei a musica e posicionei as meninas, e expliquei o que fariam, frases em inglês Gritadas em
uma correria, em dois microfones e apenas olho o rapaz do áudio e falo.
— Põem filtro.
Barbara me olha e fala.
— Não entendi o que estamos fazendo.
— Uma apresentação, que pode mudar, mas é um show.
— E pelo jeito elas vão cansar.
— Sim, a parte delas, é encenar, trocar de vestes, mudar de cenário, gritar as vezes, e cantar em
coral, outras 6 musicas.
— Acha que Roger aguenta?
— Acho que podemos usar as meninas para dar auxilio.
— Pensei que queria as seduzir e queria apenas saber até que ponto elas aceitariam as coisas.
Não comentei e começamos The Necronomicon, e falei com os rapazes do cenário e eles
trouxeram duas baterias a mais e olho para Roger.
— Acha que consegue ensinar duas delas a tocar esta musica, pelo menos a parte mais pesada.
Roger sorriu e falou.
—Pensei que pediria que tocasse nas 3.
431
— Se conseguir não precisa ensinar duas delas.
As meninas começam a tentar duas, Jaque e Sandra se agitaram, e ficou evidente que Sandra já
tocara bateria.
— Desconfio que temos uma baterista escondida no coral. – Falei olhando Sandra.
— Esta bateria é das boas, a do meu irmão não era tão boa.
Jaque olha Sandra e fala.
— Isto cansa.
— Sim, cansa. – Falei.
Elas ensaiam e no meio dos dois topos, eu falo para as duas levantarem e tocarem nos grandes
gongos as costas, e Roger sorri e fala.
— Quando acho que vamos a um som, melhoramos.
Eu olhei Marcio e falei.
— Agora vamos acertar este órgão.
— Dizem que você vendeu nosso órgão.
— Eu tinha pago e vocês me jogaram fora.
Eu olho o rapaz do fundo, este não era tão maior, mas era apoio, e tinha dois menores e um a
frente e paro ao lado de Bárbara e falo.
— Este é para o começo.
— O começo.
— Esta musica começa com o violão, e de repente, você sobe do fosso do piano com este modelo
menor de órgão, tocando ele, duas das meninas vão estar ao fundo com dois órgãos a mais, e vamos
tocar a introdução pesada, quando vocês param, se ouve apenas o violão, dai entra a bateria, o violão
vira guitarra, e o órgão de Marcio atravessa tudo, e você começa a cantar, as meninas se posicionam ao
fundo, e – faço sinal para os rapazes, e eles empurram um grande monstro, olho as meninas e falo.
— Pelo fundo do monstro, tem uma subida, e vão ser lamentações o coral desta musica, deitadas
a boca do monstro.
Marcio olha o monstro e fala.
— E nós pensando em coisas simples.
Lucas me olha e fala.
— Ele tem coragem Marcio, ele tinha isto encaminhado, quando Bárbara o colocou para fora, era
uma curva para cima, e nós fomos pelo caminho alternativo.
Bárbara olha a escultura e fala.
— Quero ver como vai ficar.
Faço sinal para ela entrar no foço, e olho para o rapaz da luz e falo, 15.
O rapaz coloca as luzes e começa a interpretação, a fumaça, a luz negra, ao fundo, o painel de
fundo tornava um campo de corpos mortos, os rapazes da técnica descem os dois pedaços de cortina,
que cobriam os cantores, Lucas surge tocando o violão e Bárbara começa a surgir, e tocar, Helena e
Flavia, tocam em dois pontos ao fundo, dois órgãos menores, e Barbara vai ao ponto central do palco, o
órgão baixa enquanto Lucas volta a tocar o violão, e Roger surge na musica, e no fundo, Sandra e Jaque
fazem o apoio a bateria, Bárbara começa a cantar, e o monstro começa a surgir no fundo, enquanto os
órgãos saiam, 6 meninas gemiam na boca do ser, como se as mastigassem, e Bárbara avança cantando
pesado, com força, a bateria ganha volume, o órgão de Mauricio atravessa como uma oração religiosa, e
as duas meninas saem da bateria e batem do gongo, e Roger começa a debulhar na bateria, Sandra
volta a bateria e auxilia, o som da bateria ganha voz com a guitarra e a voz aguda de Bárbara, o som
começa passar para algo mais pesado, o monstro chega a frente e parece engolir as 6 que saem pelo
fundo e indico o local do coral, e elas entram lateralmente, em uma ruina de igreja cantando, e Bárbara
canta o fim com elas e de uma para outra o som de sinos pesados, a fumaça e o silencio.
Ouvi alguém aplaudindo e olhei para o publico, e vi Ronald, que olha Bárbara e fala.
— Tem de aprender a respirar, mas eu pensei que Bruno se contentaria com uma peça, ele quer
tornar a apresentação de vocês em uma peça teatral.
Eu fiquei sem jeito e Lucas fala.
— Isto é assustador. – Tocando a escultura.
Bárbara me olha e olho o rapaz no topo de fala.
— Coloca no vídeo, temos alguns erros, mas vamos concertar, nem tudo vai ficar perfeito para
sexta.
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Sandra chega ao lado e fala.
— Isto cansa.
— A adrenalina nesta hora vence o cansaço. – Falo.
Assistimos e colocamos as coisas no lugar e com auxilio de Ronald, ele controlou o respirar de
Bárbara.
Na quarta vez, ficou bem menos forçado.
Ronald me olha fala.
— Você pelo jeito quer entrar na historia da cidade.
— Apenas cantar umas musicas.
— E pelo jeito esta em inglês eles não estavam cantando.
— Quando o autor foi colocado para fora, o pai da criança cantante, achou melhor não usar.
Bárbara me olha e fala.
— Temos de estabelecer a ordem, pois a 14, eu estou no fundo do palco, tenho de chegar ao
fosso, não sei quanto tempo.
— 20 segundos para mudar de roupa, para estar no ponto.
— Querendo nos complicar.
— As meninas trocam de vestes 3 vezes nesta musica, tem de ver que isto dá a sensação que
somos muito mais pessoas.
— E pelo jeito quando se falava em incrementar, isto que você queria? – Lucas.
— Um show, mas teremos de ter guitarra reserva, não vamos ter tempo de reafinar ela no meio
da musica.
— Eu grito para a Cantante, como falou e falo – Fala Lucas olhando Bárbara – para um pouco, tem
de afinar a guitarra.
— Se fosse uma comedia, seria uma boa.
— Acha que ficaria engraçado?
— Não brinco com The Necronomicon. – Falo serio.
Bárbara faz o sinal da cruz e sorrio.
— Podemos somar 30 segundos a mais de violão no inicio, o que daria quase um minuto para
todos se posicionarem nos lugares. – Falei olhando Lucas.
— Posso repetir duas vezes a introdução, não vejo problema.
Bárbara sorri e fala.
— Disto que precisamos, meu pai mandaria eu correr.
— O problema de correr em meio a se vestir, é as coisas começarem a acontecerem e ficar nua a
frente de todos, por um botão não fechado. – Falei.
— Sim, cancelariam o show. – Bárbara.
Eu fui ao fundo e olho os rapazes e pergunto se estava tudo delimitado onde ia em cada
apresentação.
Um dos rapazes me olha e fala.
— Estamos cronometrando os movimentos, pois é corrido.
— Algum problema?
— A roda do monstro travou, com as 6 acima, pensamos que iria virar para frente.
Eu olho as rodas e peço para falar com Dalton, ele desce e pergunto se daria para reforçar aquelas
rodas, elas podem gerar um grande problema.
O senhor Vaz chega e olha para nós e fala.
— Colocando um monstrinho a mais?
Olho o senhor e falo.
— Temos um show de 200, um de 120 e um de 20, o de vinte não precisa de mim.
— E vai testar o de 200?
— Sim.
— Acha que eles se superam?
— Sim.
— Precisa para quando este Bruno? – Dalton.
— Sexta agora.
— Vamos mudar as rodas.

433
— Verifica a dinâmica de peso, tem gente que fica dentro da boca, e não quero algo caindo para
frente.
— Certo, enroscou e ficou preocupado.
— Sim.
Vaz me olha e fala.
— Colocou seu professor de canto, para auxiliar minha filha?
— Sim, pois vamos precisar que ela aprenda a respirar e com técnica fica mais fácil de cantar.
— Pensei que você pensasse apenas no show.
— A cantora faz parte do show, a luz, parte do show, o cenário, parte do show, o som, parte do
show, e o principal, a sincronia de tudo isto.
— Pelo jeito quer estas peças nas apresentações.
— Quando se fala em vender o produto, temos algumas formas de vender, mas como falei, e o
senhor não deu atenção, podemos mudar o foco.
— Quer mudar o foco como?
— Melhorando o produto, e vendendo em quantidade a bom preço.
— Não entendi.
— Sei que não, mas vamos fazer um clipe do show com imagens na Sexta e Domingo, já que
colocou a banda em uma furada a mais.
— E qual a ideia?
— Pagamos para estar em um local, investimos em publicidade e lotamos o Espaço das Américas
em São Paulo.
— Não entendi.
— Entre transporte, pessoal, montagem o custo para fazer algo em São Paulo, fica perto de 30 mil
reais, show completo, oito mil ingressos a 100 reais, dá oitocentos mil reais senhor.
— Acha que gerarmos nossos shows iniciais dá mais dinheiro?
— Vamos fazer um show completo também no Rio, mas não sei aonde ainda.
— Certo, você quer algo que nos gere receita, não trocado.
— Senhor, se fizer um show que nos gere 600 mil, são 30 shows de 20.
— Menos desgaste, é o que está falando, e com mais retorno.
— Sim.
— E acha que investindo 30 mil conseguimos lotar o local?
— Acho que se investirmos em Marketing, isto é tentativa, fazemos um show no Sábado e um no
Domingo, vendemos um, se tiver publico, abrimos o segundo.
— Ai começa ficar muito interessante.
— Sim, mas temos as capitais, podemos começar por elas, e começar apensar em 30 shows que
nos permita, por no bolso 600 mil reais.
— E por isto quer um show maior.
— Um show que dure o tempo suficiente para todos, saírem exauridos de suas forças, uma coisa é
um show de 6 horas que as pessoas ainda tem força no fim, quero um show de duas horas, que todos
estejam pregados no fim.
— E pelo jeito quer shows que gerem valores assim, falou neste valor no Teatro Guaíra em horas.
— As imagens, venderam o show.
— E quer o mesmo no show da banda de minha filha?
— Eu quero montar pelo menos 5 shows que vão rodar o país, nem todos vão faturar tão alto,
mas pode ter certeza, públicos de 8 mil pessoas, conseguimos em varias cidades do Brasil.
— Pelo jeito tenho de olhar você diferente Bruno, não como a criança da foto.
— Não esquecendo que sou a criança, apenas acho que o que vende é a ideia, não a força.
— E acha que vamos fazer um show em São Paulo no fim de semana seguinte?
— Não, vamos dar 3 semanas, o senhor vendeu um de 20 para a cidade, temos de ter pessoas
querendo ir novamente ao show, mas agora vendo a mudança e o criar de expectativa.
— Certo, e aqui mesmo não ganhando muito, vai fazer.
— Estou em casa, não pago hotel, testamos todo o equipamento, e por fim, temos as câmeras,
então gravamos as imagens que serão nossa publicidade.
— E pelo jeito não teme o pessoal da Globo.

434
— Eles vão ter de provar o que afirmaram, e se não provarem, danos morais, mas o dano moral
quando colocado a 350 pessoas, eles vão se arrepender do caminho.
— Dizem que você não brinca com a lei.
— Tenho um advogado que é lenda para a maioria, eles tem medo dele, e não entendo o que ele
representa na cidade.
— Sei que meu sobrinho virou lenda.
— Temos de parar de brigar senhor, isto faz eles alimentarem divergências.
— E não vai segurar criticas.
— Não, pois não ganhamos nada deixando pequenas palavras ocultas.
Passamos mais duas musicas, e o senhor Vaz saiu, depois as meninas e vi Bárbara olhar os rapazes
saírem e perguntei.
— Aceita um convite para jantar? – Falei sorrindo esperando uma careta, mas ela me sorriu.
— E vamos comer ao lado?
— Quero experimentar um fruto do mar hoje. – Falei.
Demos a volta e na metade da quadra lateral entramos no restaurante, quarta feira, calmo, e
Bárbara me olha.
— Desistiu de mim?
— Ainda não sei o que você quer, fala algo pela frente, viro as costas, lá vai a Bárbara falar o
inverso.
— Sabe que o problema do meu pai, é ele ver que me encantei com você.
— E qual o seu problema comigo?
— É muito galinha.
— E quer fazer parte da vida deste Galinha aqui?
— Me pedindo em namoro?
— Não, abrindo a porta, mas acho que não sei namorar.
— Galinha.
— Sim.
Ela não deveria sorrir nesta hora, mas sorriu, jantamos e subimos para a casa acima da cabeça
daquela parte da quadra, e namoramos um pouco, ela para me olhando, nua aos meus braços e fala.
— Tem de entender, eu não sou fácil Bruno.
— Pensando em quem? – Falei sorrindo.
— Não me entende.
— Não vai responder?
— Não é em quem, é que acho que não sou alguém para uma pessoa.
— Qualquer dia, podemos tentar a quatro.
— Estou falando serio Bruno.
— E acha que estou brincando?
— Não é certo.
— O que não é certo?
— Revelar a todos como sou?
— Todos, estava pensando apenas a banda, não tinha pensado nos técnicos, iluminadores,
trabalhadores da Coxia e segurança.,
— Não leva a serio Bruno?
A beijei, olho o relógio e caminhamos até o apartamento dela, ela sobe e não sei, a ultima vez que
fiz este caminho, não foi um bom dia.
Estava caminhando e recebi uma ligação de Carla.
— Boa noite Carla.
— Você não tem mais me dado bola.
— Eu tô correndo, está onde?
— Na frente deste seu complexo de coisas que você se esconde em qualquer lugar.
— Sozinha ai? Pensei que estava com o João.
— Não seja bobo.
— Devo estar chegando ai em momentos.
— Estava onde?
— Chegando ai, me espera, mas não me disse estar acompanhada.
435
— E como sabe?
Eu estava chegando caminhando pela calçada do outro lado da rua, então ela olhava a direção dos
carros, não as pessoas a pé, e quando atravesso a rua.
— Tem de olhar para frente Carla.
Passo um recado para minha mãe perguntando se estava bem, pois talvez não dormisse em casa,
ela manda me cuidar e olho Jaqueline.
— Perdidas aqui?
— Carla queria falar com você.
Dei a mão para as duas e subimos, eu estava precisando de uma massagem, não de cobranças,
mas Carla queria um caminho e achava estar a deixando de lado.
Com calma chego a sala e Jaqueline fala.
— Sabe que a promessa é grande, mas estamos todas tensas.
— Tensas?
— Sei que amanha o senhor Ronald vai querer você lá para ensaiar a parte que lhe faz parte. –
Carla.
— Pelo jeito ficou pesado. – Falei.
— Ele está a cada dia mais encantado, disse que iria ver algo diferente para achar os detalhes
finais. – Jaqueline.
— As vezes sei que devem estar estranhando.
— Entendi que quer reconquistar aquela Bárbara, mas não vale nos esquecer. – Carla me
cobrando algo.
— Acho que inventei tanta coisa que não consigo dar atenção a todas as coisas que criei, mas
ficaram aqui esperando?
— Acho que este lugar é melhor que aquele camarim. – Jaqueline.
— Com certeza. – Carla.
— Não liguem a bagunça.
— Andou aprontando todas pelo jeito.
— Todas ainda não, mas tô acabado.
As duas sorriram, como se fosse ficar mais acabado.
Estava querendo descansar e foi difícil descansar, mas relaxar eu relaxei, as vezes o dia é longo, e
o corpo cansa os músculos do braço, tem dias, que o musculo cansado é outro ao final do dia.
Tenho medo de tudo que estou aprontando, mas eu não sei, nunca fui de ter tanto destaque, e
não sou diferente, apenas um a mais em bilhões de macaquinhos no planeta.

436
Amanhece quinta feira e sei que nem tudo era flores, acordo com as
meninas ao braço, acho que deixei a desejar na noite, mas levanto, vou para
casa, faço um café e sento a mesa.
Minha mãe deve ter vindo pelo cheiro do café e fala.
— Não vi que horas chegou.
— As vezes tem malucas querendo conversar.
— Sei, conversar.
Não comentei, mas tomei um café e sabia que teria de pedir para alguém
arrumar a casa ao lado e teria de ir a aula.
— Está estudando filho?
— Não muito, quero voltar a pensar em planos de estudos, a partir de segunda, acho que inventei
um show que tenho de achar alguém melhor que eu na guitarra.
— Não quer estar ali, seria isto? – Minha mãe.
— Em partes, é gostoso fazer, mas eu gosto de controlar, não de executar.
— Mas pelo jeito andou aprontando muito.
— Eu? – Falei sorrindo.
— Sim filho, tem de se comportar, não é certo querer todas.
— Sei que quem tudo quer, ou fica sozinho, ou acabado.
— Não tem graça filho.
— Sei disto, mas deixa eu correr.
Passo na outra casa, e olho as duas dormindo ainda e puxo a coberta e as duas me olham
revoltadas, as induzo a roupas, perderam a chance do banho, e saímos de aplicativo, não daria tempo
de chegar de ônibus.
Elas pareciam mais acabadas que eu quando chegamos ao colégio, e vi a cara de revoltado de
João, eu nem corro atrás da confusão, ela vem direto a mim.
Quando entrei na sala, vi alguns me cumprimentarem e o professor de Matemática, sim, tinha de
estudar um pouco, mesmo sabendo fazer aqueles cálculos, sabia que se não me dedicasse, errar um
caminho é errar o resultado final.
Eu estava cansado, e sabia que aquelas aulas não facilitavam em nada.
No intervalo fiquei na sala, estava evitando problemas.
Sei que na saída do colégio, parecia que as coisas iriam pegar fogo, pois vi João vir direto, sei que
não tinha como evitar algumas coisas.
— Te mato Bruno.
Levantei as mãos e ele veio com tudo, só senti o soco e recuei.
Surgiu gente separando e olho Carla ao fundo, ela não separou, ela queria que fosse na confusão,
eu não queria confusão, isto me afastava, as pessoas separam a gente e olho João, não sentia com a
adrenalina o olho inchando, somente depois veria isto, mas olho o rapaz e falo.
— Temos de conversar João.
— Não quero conversar.
— Quer mesmo a perder, apenas por birra?
— Eu lhe mato se tocar nela de volta.
O que falar, elas pulam na minha cama, e eu que levo o soco, Carla olha ao longe e eu entendia o
problema, ela não queria o caminho da mãe, e me via como uma saída, não sei, eu gosto de sexo, mas
não de confusão infundada.
— Sei que acha que entende das coisas João, mas eu tenho namorada, e não é Carla, mas se a
deixar sozinha por ai, vai a perder.
— Ela não dormiu em casa.
— Sei disto, eu dormi em casa, mas ela e Jaqueline dormiram juntas a noite, e não está
entendendo nada.
— Acha que elas...
Eu olho em volta e falo.
— Muita gente ouvindo João, hora de sair correndo.
— Você se faz de amigo e dá encima das nossas namoradas.
— Está convidado a conversar.
437
— Mas...
— Vai a perder e não vai ser para mim João.
Ele olha a menina ao longe e fala.
— Mas ela dormiu onde?
— Dormir, esta é a palavra.
— E porque não aconteceria?
— Digamos que gosto de sexo João, mas elas querem fugir do bairro, mas ontem, nem que
tentasse, eu estava acabado.
— Quer dizer que não aconteceu pois não quis e fala com esta cara de pau?
Eu senti o olho e falo.
— Um direto de qualidade.
O olho esquerdo começa a fechar e falo.
— Ainda bem que toco com os dedos, e uso uma mascara no show.
— Não leva a serio.
— Vamos comer algo.
— Eu não quero conversar.
— Então escolhe outra, vai a perder.
Eu começo a sair e vi ele vindo junto e sento no mesmo bar, o mesmo pedido de todo dia.
— O que quer falar?
— Elas querem sair do bairro, ser alguém na vida João, e sei que no bairro, teria de ter algo de
valor para ela falar o que sente.
— Ela fala de mim.
— Sim, mas o comentário seguinte sempre vem reforçando que saíram do mesmo buraco, e não
quer morrer neste buraco.
— Mas não a quero perder.
— Então não perde a chance, nem sempre um idiota de um Bruno, surge na sua vida e abre o
jogo, pois a maioria, estaria se gabando do que nem aconteceu.
— E se aconteceu, você falaria?
— João, sabe que montamos um grupo teatral, você é dos melhores em atuação, mas tem de
entender, dedicação leva a algo, não socar as coisas.
— E se não quiser mais fazer parte?
— Sabe que ela não vai sair de lá, vai ser uma briga atrás da outra por ciúmes, e na maioria das
vezes, pode não ter acontecido nada.
— E como acreditar que elas dormiram sozinha?
— Eu montei uma casa com 50 quartos, num bairro nobre da cidade, quartos que por si, são
maiores que a casa da minha mãe ali no Tingui.
— Certo, um local para se perder.
— A casa da apresentação que não foi ao ar.
— Aquilo é uma casa?
— A sala baixa de uma casa.
— Certo, mas como não a perder.
— Mostrando que quer um futuro diferente, não morrer no bairro que nasceu, o convite ali, é
montar uma peça, encenar ela aqui, em Curitiba 3 vezes, com isto, conseguir levar o grupo a uma
aventura que pode até atrapalhar este ano letivo, mas por motivos de viagens internacionais, mas a
ideia, em Julho, nas férias daqui, apresentação em Paris, Roma, Lisboa, Londres, Bonn e Amsterdam.
— Conhecer o mundo, um pouco.
— Entender onde quero chegar, vai me fazer querer ser mais, e me dedicar mais.
— Acha que ela me ama?
— Isto quem pode falar é ela, não eu.
— E pelo jeito não leva para o pessoal.
Senti a coroa na cabeça e a toquei discretamente, sinto um brilho leve e o olho desinchar e João
fala.
— Que magica é esta?
Não sei o que ele viu para comentar, e apenas queria parar de sentir vontade de tocar olho.
Termino de comer e fala.
438
— Não esquece, não é abandonando projetos da sua vida, que vai a conquistar.
Me levantei, acertei a conta e pedi um aplicativo e fui para o centro, olho o cenário chegando no
teatro Guaíra e fui falar com Chaves, e explico qual a ordem da apresentação de Sábado e ele tira sarro.
— Saindo da coxia para o palco?
— Quebrando as regras da casa. – Falei pois o pessoal da coxia tinha de evitar aparecer de todas
as formas.
Monica viu que estávamos entregando o material e me olha.
— Vai querer reservar aqueles convites para segunda apresentação?
— Sim, pais de pessoas que fazem parte que não conseguiram comprar, pois fui muito rápido.
— Certo, reservo os que pediu, mas vai acertar quando?
— No dia que colocarem a venda, acerto todas.
— Todos se perguntando sobre este espetáculo.
— Isto me dá um frio na barriga.
— Acertou com Chaves a ordem das coisas?
— Sim, entreguei o projeto de palco.
— Toda hora alguém me liga querendo saber se não tem como fazer uma apresentação extra no
mesmo dia.
— Não gosto da ideia, não que não desse, mas é uma encenação de quase 3 horas, cansativa, eu
não quero quantidade, quero qualidade.
— Certo, então alerto todos a ficarem atentos a venda de Sábado que vem.
— Sim, anuncia o horário de vendas do show, para não dizerem não saber.
As vezes o não vender adiantado, estabelecia que se algo desse errado, tudo desandaria, o risco
valendo mais ou menos.
Sai dali e fui ao Agua Verde, vi o senhor Ronald me olhar.
— Vai fugir hoje de novo?
— Não, hoje vamos passar inteiro, amanha os dois ensaios vão ser no Guairão.
— Certo, amanha vira real para muitos.
— Real é na hora, com mais de dois mil espectadores.
Barbara chega e pergunta.
— Vamos ensaiar?
— Sim, o rapaz vai gravar, para que acompanhe mais a frente, pois começo pelo ensaio geral do
Zarathustra, dois ensaios completos, isto deve ir até perto das oito da noite.
— E depois vai olhar o que fizemos e puxar orelhas?
— Espero que não precise puxar orelhas.
Ela me deu um selinho e entrou, eu fui o palco, todos em suas vestes, eu vi o maquiador
perguntar se estava bem, apontando o olho, somente nesta hora olhei ele e vi que ainda estava
inchado. Eu pego a mascara e falo.
— Dos poucos que podem apanhar de véspera.
Pego uma guitarra e olho os rapazes, e começamos a peça com o abrir da cortina, com o tocar,
tínhamos feito duas estruturas de cenário, já pensando em se algo desse errado, mas isto facilitava o
montar de peças, uma montando em uma cidade e sendo encenada em outra, dando tempo de
execução das coisas.
Minha pretensão era grande, então gerava custos que não sabia se valiam o investimento.
Quando avançamos musica a musica, encenação a encenação, musica, coral encenação, luz, som
e efeitos de laser e fumaça, testado uma vez, o senhor Ronald parecia tenso, mas ele concertou cada
ponto da apresentação, alguém olhando frontalmente e posicionando pequenos erros, que não
chegavam a ser erros, mas era para as pessoas não relaxarem ainda.
Um intervalo de meia hora, e fizemos o ensaio de novo, mostrando possível duas apresentações
no dia, e a pergunta que todos me faziam, porque não fazer, esbarrava no não querer algo pela metade,
ensaio é ensaio, ao vivo, é mais desgastante.
Era 5 para as oito da noite quando terminamos o segundo ensaio e o senhor marcou com todos
no outro teatro, que o dia seguinte, seriam dois ensaios no palco principal de apresentação.
E uma coisa eu sei, é muito diferente a visão de um teatro de 300 pessoas, para um de duas mil
pessoas.
Embora a emoção em algo menor seja maior, para o publico.
439
Entrei no auditório e vi a banda conversando, eu subi e olhei o ensaio, e o rapaz em mostra como
ficou cada uma das passagens, e olho para Ronald me procurar com os olhos e chegar a mim.
— Vai mesmo se desgastar amanha aqui?
— Ensaio lá, show aqui da banda, não meu as 10 da noite.
— Parece querer montar algo especial?
— Semana que vem, vou parar 5 grupos, e fazer o que estou fazendo com este, ensaiar, e colocar
adendos em cada show.
— Transformando bandas em shows produzidos.
— Sim, mas deixa eu falar com o pessoal.
Chego ao palco e falo.
— Prontos para passar o espetáculo inteiro, sem intervalos?
A cara de cansados me fez sorrir.
— Já cansaram, não acredito.
Bárbara me olha e fala.
— Quer acabar comigo pelo jeito.
A medi e falei.
— Com certeza.
Ela sorri e fala.
— Bruno voltando a vida, o que aconteceu no olho.
— Destino, namorados ciumentos.
— Estava dando encima de alguém e lhe pegaram no flagra.
Eu pensei em tocar a brincadeira e falo.
— Quem dera merecesse o soco, não seria tão doído.
— Safado. – Bárbara.
Eles se posicionam e eu sento com o senhor Ronald na plateia e vimos a apresentação completa,
existia três divergências de continuidade, e não teria tempo para concertar aquilo.
Ronald me olha e fala.
— Eu sei que acho genial, mas está na sua cara que não gostou.
— Erro de continuidade, sei que falta algo ali, e não ensaiamos ainda.
— Erro de continuidade?
— É um show que toca sequencias de historias, e teria de ter mais três histórias ai, mas não temos
tempo de ensaiar as três a mais.
— Quer algo maior, não melhor?
— Ela começa a respirar na hora certa.
— Sim, o pessoal se dedica, tanto aqui como abaixo e parece que tudo que pensamos em
conjunto fica mais dinâmico. – Ronald.
— Obrigado pelo apoio senhor.
— Sei que poucos entendem, mas apoiar este tipo de projeto, rejuvenesce a gente. – Vi Bárbara
sentar ao palco e falar.
— Acha que estamos no caminho, sei que quer perfeição.
— Faltam 3 musicas, mas deixamos para semana seguinte.
— Quais quer somar? – Bárbara.
— Versões em Inglês de Celefais, mas o cenário ao fundo, que é apenas o girar de parte do
cenário, não está pronto.
— Mais cenário? – Bárbara.
— Laser e holografia, telão de fundo, tudo já está ai, mas precisa montagem, programação e
vontade de fazer. – Falei.
— Uma cidade d Luz.
— A destruição de uma cidade de luz, para uma cidade de trevas.
— E depois desta?
— Paranormal!
— Pelo jeito fechando a historia.
— Não podemos fechar uma historia sem dar caminho a outra.
— Não entendi.
— Não terminei ainda, e preciso de ajuda.
440
— Qual quer fazer? – Bárbara.
— Ressurgir das cinzas!
— Terminar em alta?
— Algo para por todos de pé, não apenas ouvindo, algo a tirar todo o equilíbrio sentimental do
ponto assustado para poderoso.
— E qual o refrão que usaremos? – Bárbara.
— “Faz o que tu queres, pois Amor é a lei!”
— Voltando a Crouley? – Bárbara.
— Quem vê apenas guerra em Crouley, não o leu!
— Certo, mas podem nos acusar de copiar Paulo Coelho.
— Criticas são sempre sobre o que ficou bom, ou fez sucesso, não se fala do que ninguém sabe o
que é.
Ronald me olha e pergunta.
— Está querendo subir o clima no fim, para não ficar com a imagem final do monstro?
— Somar no fim, é uma musica, que sai da ultima, e usando efeitos que já estão ai, pois
holografias são para isto, ressurgindo das cinzas, com as moças reerguendo a cidade, com as mãos, com
a ajuda de quem está ali e não se vê.
— Algo para terminar em que ritmo?
— Tenho de terminar, pois é uma peça em criação, mas acho que este seria o fim do show do
primeiro semestre.
— Quer algo novo no segundo semestre? – Bárbara.
— Tem de considerar que coloquei notas musicais em todas as suas 40 letras, e não vou conseguir
as deixar lá.
— E soma as suas nisto.
— Sim, e somo as minhas nisto.
Os rapazes e as moças vem de dentro e Helena pergunta.
— Temos de falar da peça teatral.
— Sim, mas hoje eu preciso de cama.
— Um convite? – Helena provocando.
— Só se for para me ouvir roncar.
— Quem acabou com o diretor? – Fala Helena olhando Bárbara.
Bárbara sorri e fala.
— Pelo jeito o ensaio geral hoje foi pesado.
— Sim, e quero todas descansadas, amanha é um show para valer.
— Vai ter ensaio a semana que vem? – Lucas.
— Sim, temos 3 musicas a ensaiar ainda.
— Não parou ainda? – Flávia.
— Acho que estão muito inteiras para um fim de show.
— Nos quer acabadas?
— Dizem que shows é dedicar todas as energias, todas mesmo.
— E tem como encaixar coisas ainda? – Lucas.
— Sim, tem como encaixar coisas ainda.
As pessoas foram saindo e me despedi de todos, Carla me liga e vi ela e Jaqueline ali novamente,
estava quebrado, e olho João, que havia alertado a aguardar, ela fica sem jeito ao ver João ali e abraço
Jaqueline e falo.
— Hoje vocês cuidam do João, que eu, preciso dormir.
— Vai nos mandar para casa?
Subimos, deixei elas e João em um quarto e vou para casa da minha mãe, ela me olha e pergunta.
— O que foi isto no olho?
— Um direto de Direita.
— Agora vai brigar na rua filho?
— Apanhar, pois não reagi.
— Pelo jeito esta cansado.
— Amanha vou estar mais cansado ainda. – Um bom banho e cama.

441
Acordo cedo, um bom café, e olho as mensagens e ligo para o Doutor
Vaz.
— Problemas Doutor Vaz?
— Pessoas sumiram, e a policia diz que não sabe onde estão.
— Quem sumiu?
— Diretor da Globo, e os três rapazes que tentaram lhe acertar ontem.
— Tenho então de por um colete a prova de bala?
— Nem sei se não seria uma boa ideia.
— Então é serio?
— Sim, se cuida.
— Os processos?
— Acho que alguns ainda não sabem se lhe apoiam ou lhe detonam, mas temos de cuidar para
não cair em uma armação qualquer.
Tomei o café, acordo os dorminhocos e falo que eu estava indo a escola, se não fossem, que
avisassem em casa onde estavam, pois hoje tinha ensaio no Teatro Guaíra.
Eu peguei o ônibus e fui ao Norte da Cidade, entro na escola e vi Raquel parar a minha frente e
falar.
— Vai estar no ensaio hoje?
— Sim, dai quero falar com as 50 meninas.
— Porque?
— Eu vou começar a pensar no meu teatro, e está na hora de acertar detalhes.
— Porque disto?
— Enquanto alguns querem nos deixar calmos, tem gente querendo nos complicar, e seu irmão é
um deles.
— E não tem o que fazer?
— 16 primaveras, em Outubro.
— Regras que não entendo.
— As regras são regras, se um dia Deus falar, matar é a lei, todos se matarão para estar ao lado de
Deus.
— Certo, não se discute isto.
— Sim, mas mantem a calma, é que as vezes isto determina um começo, não o começo de tudo.
— E quer fazer o que exatamente?
— Quero ter uma subdivisão do mesmo coral, a primeira delas.
— Certo, mas algo especifico?
— Sim, um show das princesas, um das Fadas e um das Bruxas.
— Algo a somar no grupo?
— Sim, algo a somar no grupo.
— O olho está melhor, na entendi porque levou o soco?
— Saiba que se recebi, mereci.
— Certo, não existe proteção contra comportamentos fora da regra.
— Não existe regra referente a algumas coisas, mas isto torna o caminho mais dolorido, mas dor
nos mostra o sentido das coisas.
— Porque?
— É o que nos liga a vida, a dor.
Entrei e vi Jaqueline e Carla chegando correndo ao fundo.
João para ao meu lado e fala.
— Descansou, eu não.
— Vê se descansa para amanha, pois é quando vale.
— Aquele lugar é incrível.
— Hora de construir algo para você João, mas para isto, foco.
— Acha que consigo algo como aquilo?
— Aquilo não é necessário, para quem tem apenas uma companheira.
— E tem quantas, pois aquilo é imenso.
Olho em volta e penso se respondo, mas apenas olho em volta e falo.
442
— Algo que quando chegar aos 16 anos, vou estar acabado.
— Não tem 16?
— Somente em outubro.
João sorriu e fala.
— As vezes acho que você daria encima de todas.
Sorri da ideia, pois a posição de Rei, é sempre por baixo, ser servido, não servir alguém, estranho
por não ter isto em mim.
Aulas normais e a saída direto para o teatro Guaíra, olho o pessoal chegando, e vejo um senhor
que era conhecido por falar mal do pessoal do Brasil, que não fossem seus amigos, a direção deixou
alguns olharem o ensaio.
Eu olho Chaves e falo.
— As cordas estão firmes?
— Sim, mas é bom o pessoal manter as posições.
Fui acertar as pessoas, o palco era maior, então as pessoas teriam de se situar naquele palco.
Eu olho os pontos de passagem, não poderíamos ter problemas com o pessoal da encenação em
meio ao cantar.
Eu olho os demais, o velho e estranho costume de mandar a merda, e todos se posicionam, o
ensaio era sem os efeitos especiais, pois isto custava dinheiro, uma coisa a menos e não estavam
instalados ainda.
Eu pego a guitarra, faço o introduzir, e quando o coral começa a cantar, juro que eu gosto do que
vejo, algo muito bom aos ouvidos, a encenação, a luz ainda estava em preparo, não sabia qual seria o
efeito naquele palco, mas testaria antes do show de amanha, eu me concentro e vamos do começo ao
fim, Ronald me olha no fim e fala.
— Pode não saber rapaz, mas graças a você, estou retornando a este palco, quase 10 anos após.
— Este palco deveria ter mais shows do que tem.
Armamos novamente e olho o pessoal se posicionar, e começarem a se preparar para a segunda
apresentação.
Eu gostava a cada apresentação mais daquela criação, e para mim, tinha um significado todo
especial, não era apenas um show, era algo que eu criara.
Quando terminou, me despedi de todos e Ronald me dá uma carona, ele queria ver o show na
Agua Verde, chego lá e o grupo parecia tenso.
— Problemas? – Perguntei.
— Pensei que não viria. – Bárbara.
— Mantem a calma, pois amanha não estarei lá.
— Parece que vendemos todos os ingressos, mais da metade, inteira.
— Pelo menos vendemos. – Falei.
— Certo, mas pelo jeito quer algo especial.
— Sim, mas eu vou ao comando, e espero que lembrem, calma, determinação e força, mantendo
o ritmo. – Falei olhando as meninas.
— Vamos dar o melhor. – Catarine.
Sei que fui a parte de cima, e vi que a casa estava cheia, e quando deu o horário, começa a musica
e fiquei vendo os ajustes, a gravação estava pegando eles todos e vi o senhor Vaz acompanhando ao
lado, não tinha lugar vago para sentar-se.
Quando chega ao fim, ouvi o sussurro de respiro do povo e depois um senhor se levanta e puxa o
aplauso.
Vi o pessoal vir a frente e agradecer e obvio, extasiados, vi eles darem um bis, e neste bis, eles
tocam The Necronomicon e tentam Ressurgir das Cinzas, finalmente algo para me surpreender.
Vi que no fim, eles me olhavam, e sorri, realmente aquele era o fim.
Termina o show e com o pessoal, vamos ao bar ao lado, onde havia reservado uma mesa, e
sentamos nela e Bárbara me olha.
— Sei que vai mexer em algo, mas gostou?
— Adoro boas surpresas.
O pessoal pareceu relaxar, mas era isto que eu queria, eles indo a frente e entendi a tensão, eles
não haviam me contado este fim.
Os técnicos estavam cansados, era algo que exigia de todos.
443
Vaz me olha e fala.
— Você transforma 100 mil em pouco.
— Como falei, as vezes, queremos algo especial.
Estava a curtir, as meninas pareciam querer algo que não aconteceria, minha mãe se junta a mesa
e fala.
— Pelo jeito vai ser corrido amanha.
— Menos que hoje.
Vaz me olha como se querendo falar algo.
— Acha que devo desmarcar amanha em São Paulo?
— Não sei, qual a repercussão disto.
— Não sei, mas entendi a ideia, eles vão fazer no Sons, então eles devem ter vendido mais de
duas mil entradas.
— E querem pagar apenas 20?
— Se fazem de essenciais.
— Essenciais para eles, e que se foda os demais.
Vaz me olha e fala.
— Tem gente que sumiu e não me retornou.
— Não entendi.
— O senhor que veio falar da confirmação, não me confirmou.
— Onde vai ser?
— No Sons.
Eu pego o celular e vejo a programação do Sons e falo.
— Não tem banda programada para amanha senhor, tratados como um qualquer ao palco, mas
confirma com eles, pois se assinou que estarão lá, se apresenta.
— Mesmo por menos?
— Acho que as pessoas querem que quebremos apresentações, mas tem de aprender a cobrar
senhor.
— Liquido sobra quando hoje? – O senhor.
— 80.
— Entendi que algo assim, cansa todos, mas se paga melhor, é um caminho.
— Tem de ver que bandas normais, tem aos montes senhor.
— Certo, temáticas é diferente.
— Sim.
Estávamos conversando quando um senhor chega ao lado do senhor Vaz e fala.
— Poderíamos conversar senhor? – Um senhor critico musical.
Vaz se afasta e Bárbara olha o senhor e fala.
— O senhor que puxou as palmas.
Eu não tinha visto quem, pois estava ao fundo, na parte alta, olho o senhor e falo.
— As vezes tentamos acertar o gato e acertamos o rato.
— Não entendi.
— Convidado a assistir a apresentação de amanha.
— Certo, mas acha que ele vai falar bem?
— Falando bem ou mal, temos a imagem dele aplaudindo, com certeza alguma das câmeras deve
o pegar.
— Certo, as vezes nem fala nada, mas a imagem vale mais.
— Uma vez lançado, tenho certeza que muitos pegariam apenas o trecho dele aplaudindo e
colocariam no show deles.
— A contradição de ser famoso.
— Nem sei se é tão famoso assim.
Ela sorri e fala.
— Vive em que mundo Bruno?
— Curitiba, Paraná, Brasil, fim de mundo com cidade, estado e país.
As conversas foram para coisas fúteis, e quando minha mãe se retirou, eu sai junto, apenas falei
para Paulo que acertava a conta depois.

444
Quando o sábado começa, sei que até o nariz resolveu reclamar, o corpo
tentando ceder a pressão, um Dorflex, e olho o café, coloco para fazer e tento
manter a calma, mas os nervos queriam ir ao local, queriam realizar de uma vez,
o comer de algo leve me fez olhar para a comida, e pensar se não comia mais
um pouco.
Quando se estabelece uma meta, as vezes, mesmo eu, me sinto como
apenas um instrumento.
Desço ao teatro baixo, o de 280 lugares, olho para tudo, pego o violão,
teria de estar a tarde no Guaíra, mas queria distrair a cabeça.
Minha mãe me olha e fala.
— Preocupado filho?
— Tenso, acho que sei o que vou fazer, mas é tenso.
— E pega o violão para relaxar?
— Acho que no fundo, temo o futuro, e ao mesmo tempo, sei que muitos podem não concordar
com o que vou fazer mãe, mas sempre acho que caminhar é melhor do que ficar parado.
— E o que vai tocar?
As vezes não se tem respostas, apenas indagação.
— Ontem pela primeira vez o pessoal me surpreendeu, ensaiando algo de bom gosto sem que eu
tenha de mandar fazer.
— Falam que você é exigente.
— Eu quero fazer algumas coisas ainda, eu estava no caminho do curso de inglês, e tudo parece
me desviar para o teatro.
— Vai abandonar o inglês?
— Metas eu não sei abandonar, mas nem sei o que pensar ainda mãe, provavelmente me
formarei em Letras Inglês, mas não sei mais se isto me faz feliz integralmente.
— Vai seguir e está pensando em um novo caminho.
— Sim, qual eu ainda não sei.
Comecei abrindo um caderno, lembro de quantos cadernos perdi no incêndio da nossa casa,
quantos livros tinha, dos quais sobraram 3, quantos caminhos ficaram pelo caminho, pois parecia que
não era para me distrair ali.
Eu sempre me deparo com palavras estranhas, mas as vezes, não entendo elas, as vezes parece
estranho, mas o símbolo de serviçal do rei, é bem diferente de Plebe.
Eu tentava lembrar o que escrevera antes, e sabia que muito eu não conseguiria retomar, as vezes
me deparo com ideias que não lembro o que me levou a elas.
E como magia, não, lembrança, me veio uma musica, eu quase achei que estava copiando alguém,
escrevi ela e começo a tocar, sim, esta voltou dos mortos.
Quando deu duas da tarde, eu tomo um bom banho, almoço com minha mãe, novamente
comendo pouco, e saímos no sentido do teatro, era bem cedo, e olhei cada detalhe, mas ainda era cedo.
As pessoas começam a chegar perto das 18 horas, e fui verificando roupas, microfones, testando
os efeitos de luz, as vezes queria saber o que as pessoas acham, as vezes temia o que eles acham.
Se pensar friamente, Deus rege tudo, se fosse com patrocínio da Globo, tinha uma clausula de
imagem, não exclusividade, mas prioridade.
Eu olho próximo das oito, o teatro começar a encher, vi o governador chegar e ir ao camarote a
direita, o prefeito e alguns vereadores a esquerda, abaixo os críticos, o local começava a encher, e
quando deu oito em ponto, as cortinas começam a abrir, acho que demorei um segundo para começar a
tocar, e lembro deste segundo, pareceu uma eternidade.
Começo a tocar, a peça começa, cada parte, cada segundo dedicado, a hora das cuícas, ficou bem
mais harmônico aquele local, o coral estava a cada apresentação melhor, vocês se encaixando melhor,
uma apresentação longa, cansativa, sei que quando terminamos, ouvimos os aplausos, e não sabia o
que eles acharam, teatros assim são mais frios, e não tinha como saber a reação.
O pessoal vai a frente e agradece e o fechar das cortinas, estabelecia o fim da primeira
apresentação.
Acho que somente no fim, a fome veio pesada, estranho como até aquele momento o corpo se
mantinha tenso, agora parecia precisar de energia.
445
Eu pego uma agua e olho Monica vir e falar.
— Talvez tenha razão, rapaz, em anos veremos como uma noite histórica.
— Acho que ainda dá para melhorar. – Falei olhando as pessoas agora mais tranquilas, mas a
maioria estava indo falar com seus pais, mães, parentes.
— Não sei se conhece este senhor. – Monica me apresentando um senhor.
— Prazer rapaz, Regis Tadeu.
— Prazer. – Nestas horas eu ficava tenso, mesmo não tendo motivos.
— A diretora estava me explicando que você idealizou este show, e gostaria de conhecer quem
tem a pachorra de criar algo bom no Brasil, que não seja um estilo conhecido.
— Tento senhor, ainda em formação.
— Quer melhorar.
— Sim, as vezes temos de aproximar as musicas, mas é difícil, são muitas gerações separando as
duas, criações para teatro é século 19, estamos no 21.
— E resolveu criar algo especial, teria como conversar sobre sua criação?
Olho em volta e falo.
— Sim, apenas tenho de comer algo, estava tentando não distrair o intestino em um dia tenso
como hoje.
— E vai comer onde? – Monica.
— Eu prefiro onde a conta pode ser pendurada por mim.
— Certo, Curitiba Comedy? – Monica.
— Eu peço um aplicativo.
— E não estaria cheio? – Monica.
— Hoje não tem show ao lado, e com a abertura de dois outros restaurantes lateralmente, está
mais calmo hoje.
Pegamos um aplicativo, passei uma mensagem para minha mãe, e fomos ao local e o garçom nos
conduziu ao salão dos fundos e Regis pergunta.
— Um local para comedia?
— Comédia, musicas novas, eu as vezes subo naquele palco, sem ter marcado e texto uma musica
nova.
—E tem muitas musicas?
— Acho que poucas ainda.
Pedi algo para comer e minha mãe se junta a mesa, apresento ela a diretora do Guaíra e ao
senhor e ela senta-se, ela me pergunta como foi, e acho que estava na minha cara que relaxara um
pouco.
— Soube a pouco que o show que vi ontem aqui do lado, foi você que produziu, tinha visto o
show da “Barbara e os Clementes” em São Paulo e não tinha gostado.
— Estou voltando a direção da banda agora, ela ainda tem um show hoje, agendado para São
Paulo, no modelo antigo.
— Pelo jeito quer mudar a banda?
— Ela surgiu com a ideia que viu ontem, mas o pai de Bárbara me colocou para fora e começa a
vender shows mais baratos, o show de ontem, é mais caro, e para ter som bom, luz boa, e cenário,
requer mais gastos.
— E pelo jeito quer algo especial.
— Sim, existem shows pequenos que tem musicas que não gosto, como o show da Dominadora
Beatriz, ela tem duas musicas horríveis, e são estas que o povo ouve, ela tem musicas bem caprichadas,
e pouca repercussão ainda.
— Quer dizer que não tem apenas uma banda.
— Eu sou menor de idade senhor, tenho 15 anos, alguns diriam uma criança, e resolvei no
começo do ano, tentar criar “Bárbara e os Clementes”, que eram a “Nymph and Demons”, mas eles
cantavam apenas em inglês, e por um mês, as duas bandas existiram, mas pelo jeito o Português venceu
a guerra. Dai vem banda a banda, entrando em algo que estou tentando montar, uma produtora.
— E produz quem mais?
— Débora, Baby Carvalho, Marginais do Lange, Lanna Sill, coral Bárbaras, e os Your Sons-in-law!
— E ninguém lhe viu ainda?
— Produtor que muita aparece, atrapalha.
446
No palco a frente, Beatriz e a turma se posiciona, era uma apresentação simples, mas com som
bom, cenário de fundo, luz de qualidade e um pequeno coral, que estava sendo formado para aquele
grupo.
Estava comendo e vendo o show, eu estranho, com tantas musicas muito boas, o que mais o
pessoal a volta canta, é “Cadela”.
— Como falava senhor, o problema não está na banda, na cantora, está no gosto nacional.
— Não tinha visto um show completo, as vezes ouvimos o que está fazendo sucesso e não vemos
os demais trabalhos.
— Nada gravado, hoje em dia se coloca o material na internet e se sai fazer shows, muitos não
estão nem registrando o material.
— Vejo que tem uma tendência de show, não entendi, vocês produzem do cenário a roupa, da
musica ao contesto em si?
— Fazemos de forma a ficar pratico senhor, eu não sei, mas parece que tudo que tentamos, é um
show, as pessoas reclamam de pagar 50 reais em um show e querem o melhor show do mundo.
— Vi que não quer coisas baratas.
— As pessoas tem de entender, shows bons saem caro, vem alguém de fora, locam por preços
caros, chega um cantor nacional, querem entrar de graça.
— Mas alguns shows não vale nada.
— Se não vale nada, não vai, mas ir e não querer pagar, é gostar e não querer pagar, sei até o que
vão falar daqui a pouco, que criamos musica para elite.
— E discorda disto.
— Eu quero uma apresentação, que todos os corais do mundo, tentem reproduzir, não que seja
uma peça única, e como falei com a Diretora Monica no Guaíra, ano que vem, quero uma parceria.
Monica me olha e pergunta.
— Vai querer todos no palco?
— Não, ano que vem, ai começa a parte seria, escola de musica, de canto, de teatro, de criação,
de balé e vão anos para ter um grupo bom formado, mas é que ano que vem, vamos começar a formar
o segundo coral, não o primeiro, existe uma divisão no coral, e provavelmente ele vira 5 corais de 50
pessoas, então se isto acontecer, eu não vou querer parceria em uma peça, e sim em 5 peças.
— Somando em espetáculos? – Regis.
— Em diversidade, e sou chato senhor, tem de ver quantas vezes afinamos as cuícas para por no
show.
— Um som único, as vezes esquecemos que podemos usar ele como um adendo, não como
principal.
Iria responder e pedi um momento e atendo o telefone.
— Tudo bem senhor Vaz.
— Estamos num pronto atendimento aqui em São Paulo?
— Problemas?
— Local bom, mas pelo jeito ele cobrou barato, pois tinha um pessoal barra pesada, e jogaram de
tudo na banda ao palco.
— Alguém se feriu?
— Lucas recebeu uma garrafada, paramos o show na metade, todos saímos assustados do palco,
achei que seria calmo, mas tem razão menino.
— Razão? Isto não é ter razão senhor, é caso de por a policia no meio, e se a casa que tem
câmeras não fornecer as câmeras, os processa.
— Acha preciso?
— Eles vão dizer que foi feito meio show senhor.
— Vou falar com alguns, mas teve até instrumentos quebrados, eles invadiram o palco quando
recuávamos e quebraram tudo.
— E o senhor que marcou isto?
— Sumido, o pessoal aqui estava todo preparado para o show, mas ele não apareceu e ainda não
pagou ninguém.
— Cuida do Lucas e se manda para casa senhor, pelo jeito temos de repor instrumentos.
— O pessoal vai ver amanha cedo o que sobrou.

447
— Desmonta o que der e volta senhor, mas talvez o pessoal da casa nem tivesse noção do que
tocaria, lembra que não estava na programação.
— Acho que temos de desmarcar amanha.
— Ou fazer um show de protesto, pois existem muitos produtores de shows que fazem isto,
querem pagar barato, acabam sumindo, não pagam ninguém e ainda dão ingressos aos montes em
rádios e coisas do gênero para encher.
— Acha que conseguimos dar o show.
— Bárbara está bem?
— Sim, os demais quando viram Lucas ser acertado, o recuaram e pararam, eu e os rapazes da
técnica fomos para o fundo, e foi um quebra pau generalizado.
— Mantem a calma senhor, espero que não seja sério, mas eu alerto as pessoas aqui, e seria
complicado, mas nada que uma devolução de ingresso não se faça.
— Certo, vou verificar as passagens de volta e assim que Lucas estiver melhor saímos daqui.
Desligo e Regis me olha.
— Problemas?
— Um quebra pau no Sons, em São Paulo, o produtor sumiu, muita gente, o guitarrista levou uma
garrafada na cabeça e o show parou, em meio a um quebra pau generalizado.
— E pelo jeito vai ter de adiar o show.
— As vezes acontece, mas deixa eu agitar o meio.
— Vai fazer o que?
Não falei nada, mas passei uma mensagem para João do Espelho, explicando o que tinha
acontecido, e que o show de amanha, seria algo especial de apoio e pedido de responsabilização de
ditos empresários, que são empresários apenas na hora de vender, e que na hora de contratar
segurança, vender apenas o que o local comporta, dai são vendedores de galinha.
Regis me olhava, não respondi.
— Tentando algo?
— Apenas alertando que amanha pode não haver show.
— E quem se feriu? – Monica.
— Apenas o guitarrista, reagiram rápido, o pessoal da montagem, deu saída ao fundo, mas
parecem ter quebrado tudo.
— O Sons é um bom espaço, devem ter vendido muitos ingressos e não reforçaram a segurança,
pois não deveria ter garrafa para dentro. – Regis.
— O problema é que quem força para baixo o preço que quer pagar pelo show, com pressão de
uma Televisão, por ser também diretor desta tal Televisão, com certeza, economiza na segurança,
bobeou na segurança, entra coisa que não deveria.
— O dia nem sempre acabe bem. – Regis.
— Eu não sei como as pessoas receberem o espetáculo, eu sou um critico chato que no lugar e
olhar os acertos, fico olhando onde melhorar.
Vi Beatriz chegar a mesa e falar.
— O que do que estão falando é real?
— Não sei o que estão falando?
— Um quebra-pau em São Paulo com os meninos no meio.
— Lucas está sendo atendido, recebeu uma garrafada, mas parece ser apenas superficial, mas
ainda noticias incompletas.
— Mas está bem?
— O senhor Vaz falou que sim.
— Gostou do show?
— Digo que eu não entendo de musica, eles gostam da que eu não gosto.
— Mas me apoiou a gravar, mas algumas outras começam a ser destaque, “Diferente” tem um
tipo de ouvinte, e “Preter Humanas” outro tipo.
— E como está o grupo, sei que montamos ele as pressas para você tocar.
— Eles se batem, se reparar não tocamos duas musicas.
— Sim, “Caminho do Sol” e “Inferno em Aquarius”.
— As vezes queria saber tocar como você.
— Aprendeu a letra?
448
— Sim, mas eles estão ainda pegando o jeito.
— Então que tal darmos uma palhinha.
— E conseguimos para tudo?
Eu passo um recado para Paulo e pergunto se o Heitor, do palco um não poderia nos ajudar a dar
uma palhinha.
Regis me olha e fala.
— Pelo jeito conhece alguns.
— Eu raramente, mas as vezes, sento no palco e testamos novas musicas.
— E qual quer testar? – Beatriz.
— Você ainda não canta, “Cavalheiros”, “Afogar-se ou Queimar-se” e “Aqui ficam as Bruxas e
Bruxos”.
— Cinco na palhinha?
— Quero testar “Diferente”.
— Testar algo que está bom?
— Sabe que falei em tornar em um show com começo, meio e fim.
— Sim, temos os painéis de fundo, que já acompanham as musicas, temos parte básica dos
cenários.
— Semana que vem, vamos fazer um ensaio inteiro, com o cenário e as 16 musicas do show.
— E dizem que você é um produtor folgado.
— Quem fala isto não me conhece Beatriz, mas qualquer dia ainda terei de desviar os namorados
ciumentos.
— Adriano parece querer agora conquistar alguém para me fazer ciúmes.
— Ele é bobo, mas estou terminando de pensar no show com todas as pessoas que conheço, para
cantar as musicas de “A Chave”.
— Vai levantar pelo jeito historias?
— Sim, mas da metade para frente do ano, temos de ter um tempo para o teatro, temos duas
peças a encenar.
— Sim, encenar em Inglês, só você para me fazer cantar e falar em inglês.
Heitor chega a mesa e pergunto se ele poderia nos apoiar no teclado, eu conseguia por no tele
ponto a musica, era me acompanhar e Beatriz cantando.
Fomos ao palco, a parada do show, o ligar das câmeras, para transmitir para todo o bar, e
começamos alertando que era um teste de musica, que aquele espaço, assim como servia para testarem
piadas, servia para testarem musicas novas.
Começo a tocar e Beatriz se bate no inicio, eu paro e começamos de novo, Heitor veio
acompanhando com o teclado, e testamos as 6 musicas, “Diferente” eu mudei o acorde de entrada, o
puxar do meio da musica e o tocar um pouco mais acelerado na segunda parte, e mais acelerado ainda
na terceira, e voltar ao calmo no repetir da primeira parte.
Agradecemos e voltamos a mesa, Heitor olha para mim e fala.
— Quer mais dinâmica na ultima musica, sei que muita gente já canta ela, mas fica com a surpresa
de finalizar mais calmo, posso cantar assim no palco 1.
— Sim, com certeza sim.
Regis me olha e fala.
— Pelo jeito pensa nas musicas, quer dinâmica de palco.
— Gosto de algo mais dinâmico.
Ele olha Beatriz e fala.
— Cantas bem, mas aquele teu sucesso é uma merda.
Ela sorri, pois começou com um elogio e terminou em um Merda.
Terminamos ali e cada um foi para casa, e olho para todos saindo e Paulo senta a mesa e fala.
— Tem gente que reclama, mas a maioria gosta quando tem estes testes de musica acontecem.
— Se atrapalhar muito me fala.
— Como foi o outro show.
— Algo que considero a prova da minha loucura, a maior delas até hoje.
— E quer se superar?
— Sim, mas deixa eu descansar, amanha vai ser corrido.
Abracei minha mãe em casa e ela fala.
449
— Muita gente ligando.
— Problemas?
— Perguntando se está bem com o pessoal em São Paulo.
Eu não sabia e liguei para Bárbara.
— Como está Bárbara?
— Assustada, o show nem chegou na metade, já tinham atirado coisas, mas estávamos ainda
tocando, todos viram aquela garrafa, acertar Lucas quando ele olhava para Roger no começar da
próxima musica, recuamos, ele demorou para entender, mas fora os 12 pontos, tudo bem.
— Doze pontos é algo grande.
— Tiveram de raspar o cabelo dele para fechar o corte, mas ele está bem.
— Fizeram os exames certos?
— Sim, meu pai adiantou as passagem, devemos chega ainda de noite em Curitiba.
— João do Espelho quer saber se dariam uma entrevista para ele assim que chegarem por aqui.
— Não estamos bem Bruno.
— Sei, mas não dá para apanhar quieto Bárbara.
— Certo, falo com o meu pai, pelo jeito estão todos querendo saber como as coisas estão.
— Sim, mas se ele já fechou o corte, e era apenas um corte, menos mal.
— Na hora sangrou muito, isto assusta, mas o pessoal vai verificar o que sobrou do equipamento
apenas amanha pela manha.
— Equipamento se compra, o importante é a banda, todos bem.
— Acha que daremos o show amanha?
— Não sei, pode ser que chame pessoas de outras bandas, em um show de apoio, uma para cada
musica que tocarem.
— Você não quer perder a chance.
— Quero que alguém peça desculpas publicas, pelo acontecido.
— Lhe ligo quando chegar.
— Insiste que posso ter dormido.
Ela sorri, confirma que voo chegaria, e passo para João, eu tomo um banho e olho para fora e
passo a situação de Lucas para todos que perguntaram ou ligaram.
Deito cansado, mas com a cabeça a toda, por mensagem vou confirmando quem queria fazer
parte deste show de apoio, e quando já tinha mais de 16 participantes, começava a ficar interessante o
show.
Estava cansado quando Bárbara chega, e confirma que estava tudo bem, e fui dormir, as vezes o
dia insistem em ser longo.

450
Acordo assustado, minha mãe me chamando, demoro me localizar, e
olho ela porta e falo.
— Que horas são?
— Meio dia.
— E pelo jeito apaguei.
— Tem gente ligando, o tempo todo.
Sentei a cama e olho para minha mãe.
— Eu as vezes sou atropelado por mim mesmo.
Me levantei e fui ao banheiro, tomei uma ducha, eu precisava acordar, tomo um remédio para a
cabeça, estava estourando e chego ao celular e começo a confirmar as coisas e ligo para o senhor Vaz.
— Boa tarde senhor.
— Boa tarde Bruno, não sei o que aprontou, estava te ligando.
— Acabei dormindo tarde, mas é um show de apoio, após a agressão de ontem, apenas isto.
— Certo, mas Lucas não vai tocar.
— Sei disto, mas é outros cantando com o “Barbara e os Clementes!”
— Fazer sensacionalismo, pensei que não fizesse isto.
— Gritando revolta, não gosto de apanhar quieto senhor.
— Me ligaram da Globo perguntando se estava tudo bem, mas é que todos falam hoje da
ausência de segurança, e do sumiço de Mariano.
— Receberam ou apenas conversa ainda?
— Apenas a metade, a da garantia.
— E Lucas como está?
— Acho que ele só se tocou hoje do que aconteceu, a adrenalina ontem estava alta, mas ele disse
que vai tentar ir, nem que para verem que ele está bem.
— Deixa eu me inteirar de quem vem, e já falamos senhor.
Eu comecei confirmar quem veio a cidade, estranho ter gente que tocou somente uma vez com a
banda e estava lá, confirmei com quem não tinha show, e era duas da tarde e vejo a lotação.
Passo os dados para o senhor Vaz e ele me liga.
— Encheu mesmo assim.
— Gente querendo ajudar, poucos, muito poucos mesmo, compraram meia.
— E quem veio?
— 22 participações, gente que tocamos uma vez e estão ai, o show vai durar 3 horas pelo jeito.
— E eles vieram sem cache?
— Depois verifico se conseguimos pelo menos as passagens, mas ninguém veio pelo cache
senhor, todos foram pressionados a se manter longe, não esquece.
— O pessoal do caderno de Cultura da Gazeta quer saber o que está acontecendo.
— É só ir lá e registrar senhor.
— Não vai barrar ninguém?
— Eles querem se fazer de vitimas, não vamos os tornar santos senhor.
— E vai organizar as coisas lá?
— Sim, e por tudo para gravar.
— Esqueci que queria estas imagens.
Desliguei e fui ver como estava os cenários, a iluminação, não era um show para mil pessoas,
eram apenas 504 ingressos, vendidos a 300 reais, 495 ingressos, pagos, como adulto pagante.
As pessoas começam a agitar e não tinha mais ingresso, as vezes temos de nos precaver, pois não
queria confusão, mas obvio, algo estava acontecendo e o chegar de pessoas vindas de São Paulo, Rio de
Janeiro, Florianópolis, estabelecia que iria ter um grande show, e não sabia como seria, mas preparo
uma tela de fundo, para cada musica que tocamos muito pouco. E ligo para uma empresa de limpeza
para preparar a casa para eles ficarem.
Era 4 da tarde quando vejo Lucas entrar com os pais, ele tinha um cabelão, agora raspado, era
estranho ver aquele rapaz assim.
— Está bem Lucas?
— Todos querem saber se estou bem.

451
— Todos querem apoiar a banda, então apenas não se estressa, vamos por o pessoal a toda volta,
o coral, e em meio a isto, vamos conseguir recursos para voltar a ter um bom equipamento.
— Pior que nem vi a agressão, mas alguém vazou a cara do rapaz, e a policia está querendo
mostrar serviço lá.
— Estas coisas acabam em pizza.
— Acha que acaba em pizza? – Lucas.
— Vai sobrar para a casa, pois o rapaz é de menor e atira uma garrafa de cerveja, ele não vai falar
que estava bebendo, mas com certeza, sobra para a casa.
— E o que teremos aqui?
— 22 bandas tocando as musicas que tocamos apenas com eles, de depois as 18 musicas do
show, com toda a produção e participação especial.
— Algo diferente?
— Sim.
— Dizem que arrasou ontem na guitarra no Guaíra.
— Quem dera fosse tão bom.
— E fico onde?
— Onde quiser, apenas não temos mais cadeiras na plateia.
— Vendeu tudo?
— Eu nem sei quem começou a correria, mas muita gente nesta hora, quer aparecer, e não posso
deixar de protestar um pouco usando o pessoal.
Sandra chega e olha o tamanho do ponto e fala.
— Tá bem mesmo Lucas.
— Sim, mas quem vai na guitarra? – Lucas.
— Eu as vezes, vamos revezar. – Falei olhando Lucas.
— Não vale me substituir.
— Isto não pretendemos, mas fez os exames? – Perguntei.
— Eles pediram para qualquer coisa, voltar ao hospital, as vezes o problemas vem depois, mas o
medico disse que na parte que pegou, o próprio crânio defendeu a agressão.
As meninas foram chegando, depois os músicos de outras bandas, alguns começam a se instalar
na casa ao fundo, e começamos a passar as musicas, pois algumas eu tinha tocado poucas vezes, a
imprensa veio cobrir o feito, até mesmo a Globo apareceu, pois não era as Bárbaras que estavam
tocando.
Nosso show foi lançado na internet, no multiverso e estávamos gravando.
As vezes isto não dá repercussão, mas só veria se alguém olhou depois, e a ideia de fazer por três
canais da internet e mais multiverso, é para deixar registrado.
O show começou um discurso de Macelus, contra o ódio, que você pode não gostar de sertanejo,
forro, brega, rock, mas não precisa agredir quem está ali para animar a festa dos demais. Bárbara me
abraça nas coxias e fala.
— Vamos fazer o nosso melhor show?
— Que Deus lhe ouça. – Falei.
Eles começam cantando Horror em Curitiba, e aos poucos cada grupo foi cantando e por fim, nós
entramos no palco, a pare do coral, ficou os cantores, a encenação, a natureza do show muda, e com o
coral a mais, de pessoas com dois bateristas a mais, com mais guitarra, o show foi avançando, era
próximo da meia noite, quando agradecemos ao publico, e todos pareciam extasiados.
Sei que no fim, eu estava em frangalhos, e não me via saindo da cama cedo.

452
Eu amanheço cansado, minha mãe me pergunta se iria a aula, eu estava
quebrado, e nem brigara no sábado, mas censo de responsabilidade é algo
estranho, me levanto, tomo um café e vou a aula, nem que para dormir em
aula.
Meu celular tinha um monte de mensagem, que respondi enquanto ia ao
norte da cidade, mas não puxaria o notebook no ônibus, ainda não estava tão
maluco assim.
Chego ao Santa Cândida, calmamente subo para o colégio, os músculos
falavam, vai para a cama, mas eu sempre tento me superar.
Entrei no colégio, pouca gente, começa a aula, e o professor me olha e fala.
— Quem pensei que não viria hoje, em sala.
Os poucos a sala me olham, mas não tinha noção do que acontecera até este momento, talvez
meio fora do ar.
No começo da segunda aula, alguns alunos começam a chegar, e a sala enche, eu ainda estava
meio longe, não via a hora de chegar o intervalo.
Intervalo eu ligo o computador, e conecto na internet do colégio, e Beatriz me fala.
— Parece longe, está bem?
Sorri, estava longe mesmo, mas estranhei uma coisa, tive de olhar o prospecto do dia anterior,
mas o show, somando as 4 plataformas que o transmitiram, já somava mais de 40 milhões de
visualizações, no horário do show, chegamos a 25 milhões de pessoas ao mesmo tempo.
Eu olho aqueles números e penso no quanto qualquer erro, pode dar uma merda, e eu não tinha
visto ainda o vídeo, não tinha visto as gravações, e olho a reportagem em todas as capas de noticiários
online, “Preso rapaz que lançou garrafa em Show da banda “Barbara e os Clementes”. Olho a
reportagem dando destaque aos 12 pontos a cabeça do guitarrista, e que muitas bandas que conheciam
a banda, fizeram um show na internet para pedir justiça, e muitos famosos, e começam a citar muita
gente, de norte a sul do país que falou contra a violência, a favor da paz em shows.
Quando tiro os olhos da reportagem, Beatriz e Carla me olhavam.
— Problemas?
—Todos querem saber quem é Bruno Baptista, sabe disto.
— Não vi isto na reportagem.
— Produtor da banda “Bárbara e os Clementes” assume a guitarra para homenagear o guitarrista
atingido. – Fala Carla, que olhava o celular.
— Certo, mas eles não querem saber de mim, mas não pensei neste nível de abrangência, ainda
bem que não olhei os números, estava no palco, teria ficado mais tenso, e ai vem os erros.
— Porque toca de mascara? – João.
— Se um dia precisarem me trocar, outro substitui.
— Muitos estariam lá fazendo de tudo para aparecer.
— Sim, mas fora quem estava em cena, todos os demais, ficam na duvida se era este Bruno
Baptista, e me deixam fora da noticia.
Fim de intervalo e aulas, eu tentava pensar, mas estava cansado, e tudo me indicava que a tarde
seria agitada.
Na saída, vi o Doutor Vaz para a minha frente.
— Temos de conversar Bruno. Tenho um tio que quer segurar as coisas, com as mãos que não
consegue.
— O que ele quer segurar?
— A receita do Youtube.
— A receita é da banda, não meu.
— Ele quer lhe tirar acesso ao conteúdo, tendo ele apenas por determinação dele.
— Converso com ele, seu tio está com problemas financeiros Doutor?
— Não parece.
— Mas tudo indica que sim, macio na sexta, no domingo, e agora, não entendi, pois já coloquei as
partes do show nas contas, mas vamos entrar pelo jeito na mesma reclamação de antes.
— Qual?

453
— Outros cantarem as musicas, pois foi ai que parece o maior problema, eles vem apoiar, e seu
tio não quer a imagem da filha, vinculada com estas bandas.
— Entendi, e como se pode enfrentar isto?
— Com você eu não consigo Doutor Vaz, ele é seu tio.
— Pelo jeito vai pegar pesado.
— Não, mas foi este tipo de ação, que fez a banda sair em duas semanas de shows de 100 mil
para de 20 mil, e sabemos o que aconteceu no último de 20 mil, que ele só recebeu 10 mil, e o resto não
vai ver a cor, e devemos ter perdido mais do que isto em equipamentos.
— Certo, ele novamente querendo algo menor, mas o menor com menos estrutura é mais
perigoso.
— Deixa eu comer algo, pois tem coisa que nem sei como vai ser.
— E pelo jeito quer tentar conversar.
— Foi o que ele se propôs ontem, então eu não sei de nada do que ele está fazendo senhor, eu
não tenho ideia do problema, mas com certeza, não teremos show nos próximos 15 dias.
— E acha que ele vai reclamar.
— Se ele reclamar, quem perde sou eu, apaguei da memoria das pessoas o show de sábado, para
apoiar uma banda, e se não der em nada, quem perde sou eu.
Vaz me deu uma carona até a casa do senhor Vaz, eu marquei lá, e não entendi a forma agressiva
que ele me atendeu.
— Pensei que fugiria.
Eu respirei fundo e falei.
— O que fiz senhor, ontem tudo ótimo, hoje quer o que?
— Soube que está nos roubando, ficando com a distribuição do Youtube.
— Bom saber que não sabe nem onde peida senhor, mas se vai rasgar o contrato que me fez
assinar, eu coloco um advogado que não seja seu sobrinho para receber os 100 mil de multa do senhor,
pois é infantilidade o que está fazendo.
— Acha que vou deixar ser roubado.
— Roubar pode, explorar menores pode, e não sei com quem falou senhor, pois o Youtube não
paga como se fosse portaria de show.
— Me falaram que o Youtube vai pagar uma bom recurso pelo que fez ontem.
— Da ultima vez, nem recebemos ainda, pois o senhor entrou com um pedido de direitos sobre o
que era meu direito, e está lá parado o recurso, se quer parar de novo, paciência, não sei porque tanto
desespero, eu mal descansei, queria descansar hoje, e pelo jeito, não vou conseguir.
— Mas o direito de minha filha.
— Alguém passou ela para trás além do senhor? Esqueci, e os amigos da Globo, pois já tentou
receber o dinheiro do show, ou é apenas com os que não tem pedigree que tenta com palavras bonitas?
— Não vou deixar você a passar para trás.
Eu olho o chão, novamente no mesmo ponto e falo.
— Certo, eu pago a multa do contrato, mas nunca mais senhor, me procure para dar um jeito na
banda que eu ajudei a dar o nome, pois se é apenas dinheiro, não entende senhor, do que todos
falavam que o senhor era um senhor Juiz.
Olhei para o meu advogado e falo.
— Vou descansar, não tenho paciência para resolver isto, e amanha repasso tudo que passou por
minha conta, já que seu tio, não sabe o que está fazendo.
Eu saio dali, paro a calçada, meio perdido, olho em volta e sei que tudo que fiz, foi para apoiar a
banda, caminho meio perdido, as vezes parece que tudo que construo, não vai dar o que eu pretendia.
Não era para a briga virar interna, que merda, eu tento ajudar as pessoas e elas se voltam contra
mim.
Chego em casa e apenas entro, não estava bem, caio na cama e adormeço, estava pregado,
cansado, e as vezes queria saber ter calma.

454
Acordo ainda era madrugada, eu tinha imagens que não usaria, eu queria
voltar a fazer as musicas e ir a frente, e por um momento, duvidei de tudo, e
Bárbara me passou uma mensagem e a li.
Meus sentimentos são quase possessivos nestas horas, e não gosto disto,
mas sabia que eu não poderia cobrar algo que não praticava, as vezes queria
entender dos meus sentimentos, do que posso, e por um segundo lembro que
ainda faltavam alguns meses para meus 16 anos, minhas 16 primaveras.
Eu olho o espelho, ajeito o cabelo e desço, minha mãe estava dormindo,
eu vejo o segurança que apenas pergunta se iria usar, confirmo com a cabeça, e pego a empilhadeira, e
começo a recolher tudo que eu tinha comprado, eu pensando em dois shows, e talvez tivesse dois
cenários, e nem usasse, eu não parei para pensar, eu abro a parte do estoque, e começo a guardar as
coisas do show, eu subo e olho as imagens, e apenas as coloco em uma pasta e coloco uma senha,
pensando em um dia esquecer aquela senha, para não abrir nunca mais.
Eu olho a quantidade de apoio, de mensagens boas, e eu não estava bem para ouvir aquelas
palavras, eu começo a pensar se tudo que faço atrai a guerra, eu as vezes temia isto, as vezes, gostava
disto, mas começo a duvidar que a banda daria fruto, eu pego tudo que estava na internet, e apenas um
provedor fora feito no meu nome, este eu deletei o vídeo, fiz download do show, como fora para o
Youtube, e por mais que eu quisesse, aquilo realmente não era meu.
Por um momento me desligo e olho para a repercussão do show do Guaíra, e começo a ver as
confirmações, e confirmei o pagamento dos ingressos que tinha reservado e vi que novamente em um
dia, lotou.
Sábado seguinte teria novamente algo a fazer, talvez ai que estivesse o que deveria fazer, não me
dedicar a algo que não era para mim, eu apoiei, mas talvez a única coisa que queria é não ser acusado
do que não fiz, mesquinharia onde não se precisa de mesquinharia.
Eu precisava de outro advogado, e não era por ter algo contra Vaz, mas as coisas ficavam fáceis
para me complicarem.
Eu subo depois de um tempo, e vejo o nascer do sol, eu não sabia o que seria desta terça feira,
mas estava mais calmo, e agora descansado.
Antes de sair para o colégio, passei para o doutor Vaz o que gostaria que ele fizesse, se nem
Bárbara me queria lá, era para confirmar o destrato, queria a conta em juízo para deposito, para o
senhor sacar nesta conta, e talvez, estivesse tirando uma das Bárbaras da minha vida, eu queria algo
duradouro, e o dinheiro para quem nem o precisa, parecia pesar ali.
Tomei o café da manha, me despedi de minha mãe e sai para o colégio, agora mais descansado.
Eu não estava feliz, e não atenderia o telefone, não antes do meio dia, não adiantava nada
atender antes.
As pessoas confirmam o show de sábado, de novo, eu confirmo os ingressos e todos estavam já
pensando no ensaio para Sábado de novo, e muitos se perguntando se o dinheiro iria entrar na conta
quando, eu não o fizera no dia anterior, estava pregado, mas começo a pedir as contas de cada pessoa,
para deposito, a maioria nem se preocupava com esta parte, mas ainda não tinha um grande valor a
pagar
Soube que a repercussão da briga continuava a ser grande, e eu não sabia como falar que já não
tinha nada haver com isto.
Deu meio dia e passei mensagem para as meninas da “Cultura Inglesa”, para confirmarem com
Bárbara se faziam parte ainda, pois ainda as queria em uma peça teatral em inglês.
Eu sentei para almoçar, e vi o Doutor Vaz entrar e sentar a mesa.
— Tem certeza disto?
— Eu não quero brigar por mesquinharia Vaz, eu queria eles crescendo para um show de um
milhão em 12 meses, daqueles que se precisa de estádios de futebol para fazer, mas seu tio não quer.
— Meu tio realmente está estranho, mas pareceu sorrir em saber que receberia 100 mil, sei que
vai lhe fazer falta.
— Não sabe, você não cuida do meu dinheiro Vaz, mas eu estava na duvida, até Bárbara me
passar uma mensagem falando que ficaria ao lado do pai.
— Certo, ele me perguntou sobre o cenário.
— O que ele pagou, ele tem.
455
— Equipamento?
— O que ele tem, é dele.
— Não vai dar a eles o que criou.
— Eu acho uma pena ter de ver morrer algo, eu queria estar criando 40 musicas, para lançar em 3
anos, uma série, uma historia, o acordo não durou 4 dias.
Estava falando quando o telefone tocou.
— Boa tarde Lucas, como está, melhor?
— Bem, mas não entendi, o senhor Vaz falou em voltar ao antigo contrato, que não daria para
manter o que você falou.
— Assinou o novo ou está valendo o que?
— O que assinamos na Sexta.
— Então cuida, eu não assinava o novo, e se precisar, tem um produtor que foi colocado a correr
de novo.
— Ele o que?
— Vai ser triste Bárbara ser a próxima a levar uma garrafada Lucas, mas não acho certo você
ganhar uma garrafada, não esquece, você estaria eu um contrato que não pagaria nem os curativos.
— E o que aconteceu?
— Não sei, ele e Bárbara me colocaram para fora.
— E as meninas?
— Se não assinarem, falamos, se assinarem com o senhor Vaz, boa sorte, ele não quer shows, ele
quer algo que não entendo, sexta todo elogios, domingo o mesmo, e amanhece segunda, tudo muda.
— Acha que qual é o motivo?
— Youtube.
— Qual? – Lucas.
— A banda teria o direito de um dólar por acesso a Live, 45 milhões em acesso, acho que este é o
motivo.
— E lhe pagaram para sair.
— Não, eu paguei o destrato, eles não entendem, eu não estava ali por um dinheiro, que não me
era parte, era de vocês, mas ele está pensando em não pagar os 20% para o produtor que gerou o
dinheiro.
— Você faz milagres Bruno, mas entendo, eles iriam voltar a fazer um clima ruim.
— Não esquece, cada um de vocês, tem direito a 10% deste dinheiro.
— Por isto ele quer que assinemos outro contrato?
— Sim, este dinheiro as vezes demora uns 3 meses para entrar, então ele quer voltar ao anterior,
paga o salario, e fica com todo o dinheiro, pois o que Bárbara recebe, como pai, ele administra.
Eu desliguei e Vaz me olha e fala.
— E larga assim um dinheiro destes?
— Não vai ser você a brigar com o seu tio Vaz.
— Certo, mas cancelou o contrato.
— Este recebimento, é referente aos poucos dias do meu contrato, e ele não vai consegui receber
se não tiver um acordo, mas eu não quero ficar discutindo com quem está usando de má fé.
— Como negociaria.
— O show não foi apenas da banda da filha dele, existiram outras 22 bandas lá, e cada uma delas,
tem direito a um pedaço deste recurso.
— Vai virar uma grande briga.
— Não, pedimos a parte da monetização de cada parte, não do todo.
— E porque falou dos 10% se não é isto?
— 10% do que os pertence, meio show.
— Certo, dividir pela metade, e pagar 10% pra cada um, e mesmo assim uma fortuna.
— A parte dele é grande, mas dividido em 22 recebimentos, não é tanto.
— Mais do que você pagou para ele.
— Sim, um milhão de dólares por grupo.
— E ontem não estava para pensar nisto.
— O zumbi de ontem, foi dormir a tarde, estava pregado.
— E temos um ultimo assunto.
456
— Ultimo?
— A Globo recuou, e quer o acordo que recusou antes.
— Qual deles?
— Devolver todas as gravações, e cobrir os custos de montagem.
— Se eles pagarem e nos devolverem as imagens, não vejo problema.
— Você não gosta de deixar as coisas sobre o muro, não sei como você consegue, mas sei que isto
lhe gera recursos.
— Ontem não estava bem para discutir, esperava uma conversa para ampliarmos os ganhos, ele
quer parar no que já ganhamos.
— E vai fazer o que hoje?
— Ensaio do show de Sábado, já lotado.
— Meu tio não entende que você não para em uma briguinha.
— Vaz, o que me move, é a certeza, que guerra sempre geram vencedores, mas muitos estragos a
concertar.
— E que estragos acha que vai precisar concertar.
— Eu estava ali fácil, por 15 dias Lucas não vai tocar, queria começar a fazer o que me propus,
show para arrecadar 600 mil por show.
— E um show de apoio estragou tudo.
— Ele não vai ver este dinheiro rápido, pois não é liberado assim, rapidamente, a conta de
recebimento é uma poupança da Bárbara, fizemos para abrir o canal, não que pensássemos em receber.
— E você batalharia por show de 600 mil.
— Sim, algo simples, que poderia nos gerar uns 10 milhões ao ano.
— Ele estava em ganhos de 20 mil, não os querendo perder, você estava em um prospecto de 10
milhões, e algo atravessa vocês com 45.
— 10 em reais, 45 em dólares, mas a parte dele, 22,5 em dólar.
— Certo, algo que o fez olhar e começar a falar mal, apenas para o afastar de novo.
— Doutor, se em uma apresentação conseguimos isto, era de tentar recuperar os shows me
Macau, em San Francisco.
— Acha possível?
— O grupo de sábado não sabe, mas vamos começar a pegar os documentos para tirar
passaporte, pois todos vamos a Paris em Julho.
— Ofereceram quanto?
— Passagem, hospedagem e 500 mil euros.
— E acha que confirma?
— Eu quero ver a segunda apresentação, exigir o manter e melhorar, e se confirmar, vou ver se
não conseguimos mais 4 apresentações.
— Algo mostrar o valor do grupo.
— Sim, como disse, não é o dinheiro que me motiva.
— A conquista?
— O fazer de algo incrível, eu sei que seu tio está falando mal de mim, mas quem está puxando as
musicas na guitarra, sou eu.
— Ele vai querer dizer que não é você.
— Alerta ele, que se ele usar de má fé, ele perde o resto do dinheiro.
— As vezes sentimos os Juízes sentirem-se acima da lei.
— Sim, mas a empresa é Norte Americana, ela enrolaria e não sei quem ganharia, ainda mais, que
eles recorrem mesmo quando estão erradas, quando estão certas, ai elas ficam insuportáveis.
Vaz me dá uma carona ao centro, eu entro com representação no Youtube por cada pedaço, se
era uma fatia boa, que se dividisse entre as bandas presentes.
As vezes queria saber largar totalmente e vi as meninas do curso de inglês me passarem
mensagem que precisávamos conversar, marquei para depois do curso delas, ali na avenida Iguaçu.
Eu olho o coral ensaiando de novo, desta vez eu participei do ensaio, e quando terminou, marquei
com as minhas 50 princesas na casa, eu queria falar com elas, marcamos para dentro de uma hora, para
elas se prepararem.
Vi as meninas chegando e viu Bárbara junto.
— Boa tarde a todas.
457
— Bárbara falou que largou o grupo.
— Ela e o pai me acusam de roubar algo que nem entrou na conta ainda, apenas para gerar uma
discussão, e desculpa, eles estão pensando em uma fortuna, que vai entrar pela poupança de Bárbara
ao lado, em meses.
Bárbara me olha e fala.
— Meu pai lhe acusou, sei que ele não fala coisas impensadas.
— Então meninas, não fui eu que abandonei, não vou ficar tendo de gritar o que eles sabem ser
verdade, como que a conta de recebimento do Youtube, é uma poupança de Bárbara.
— E porque eles Brigariam? – Jaque.
— 22,5 milhões de dólares, que eles por contrato terão de dividir entre a banda, e eu tenho
direito a isto, independente do fim do contrato, pois foi arrecadado nos poucos dias que estava lá, mas
não sei se vale a briga.
— Ela falou que o pai dela não nos quer lá.
— Eu as quero aqui, algum problema?
— E teremos trabalho?
— Falei para o senhor Vaz, que para vocês ganharem o que eles estavam pagando, uma
apresentação por fim de semana e estaríamos no valor.
— E vamos apresentar o que?
Fui a mesa ao fundo e passei a cada uma o que era a personagem de cada uma delas e falo.
— O primeiro texto é uma comedia, em inglês, quem sabe não conseguimos um show
internacional.
— O texto do Festival?
— Sim, mas cada uma de vocês, tem de se inteirar do personagem.
O grupo se olha e Ruth fala.
— Temos de conversar sobre o outro assunto também.
Sorri e Bárbara olha ela serio.
— Que outro assunto? – Bárbara.
— Sexo. – Falei eu na cara de pau.
Bárbara me olha serio e fala.
— Está querendo as seduzir para as tirar do grupo.
— Não Bárbara, você falou que seu pai não nos quer lá. – Jaque.
— E vai nos devolver os cenários? – Bárbara.
— Está com o criador, se pagarem ele, quem sabe ele os entregue, sabe que não faço estas coisas
Bárbara, mas se quiser, passo o telefone do Dalton, e ele acerta com o seu pai, pois aquilo foi feito e não
foi pago ainda, se estivesse lá, daria um jeito de pagar, mas como você e seu pai não me querem lá,
porque vou pagar, que vocês paguem.
— Tá levando para o pessoal, não é pessoal. – Bárbara.
— Me chamam de ladrão, por um dinheiro que nem entrou ainda, e eu que estou levando para o
pessoal? – Falei a encarando.
— Ele não entende de algumas coisas.
— Sinal que foi você que nos colocou para fora, não ele. – Falei a olhando, ela olha as meninas e
fala.
— Vai envenenar elas contra mim?
— Não. – Olhei as meninas e falei – Leiam os testos, tenho de conseguir dois rapazes para fazer
parte da peça, se conseguirem na Cultura Inglesa, seria bom.
— Verificamos isto, as vezes eles parecem os pobres e você o rico. – Helena.
— Eles vivem pelo dinheiro, eu vivo pela aventura, pela conquista, pela guerra.
As meninas se afastam, subo e deixo minhas coisas, minha mãe me pergunta se iria chegar tarde,
e falei que não sabia ainda, expliquei que acabei saindo de novo do acordo com a banda, e que parecia
que a Globo iria pagar os custos do show que eles não transmitiram.
Mudo de casa, e chego a sala, olho as meninas e dou um beijo em cada, e sentamos a sala e olho
elas serio.
— Como estão?

458
Cada uma fala como estava, estranho pois ali tinham meninas que ainda faltava uns 4 anos para a
16 primavera, e existiam pelo menos 8 delas, que já tinham mais que as 16 primaveras, e mais 3 que
chegariam comigo a 16 primavera.
Elas começam a falar o que sentiram no show, e falei que gostaria delas em um segundo projeto,
e que seriam dois a partir daquela data.
Elas perguntam porque?
Expliquei que corais tem os clássicos que ensaiam, as suas apresentações completas, e que
dividiria elas em um grupo apenas meu.
Conversamos, depois de um tempo eu pego a adaga na gaveta ao fundo, coloco no centro do
circulo e uma a uma, fui fazendo um compromisso, e mesmo sendo entre nós, estabelecia que eram
todas a partir daquele momento, Baptista como sobrenome, e sabia que no dia das Bruxas daquele ano,
11 delas poderiam transpor da posição de Princesas para Rainhas, e expliquei que o problema era eu
chegar as 16 primaveras não elas.
Pedimos de mãos dadas a permissão a nosso Deus, que ele aprovasse nossa união, vi uma leoa
em luz surgir da adaga, e ela passou por cada uma das pessoas, vi o rosto de dor e depois de alivio, de
cada uma delas, e senti quando aquele ser parou as minhas costas, senti como se algo fosse marcado as
minhas costas, e a grande leoa vai ao centro e some, as meninas levantam-se e uma delas levanta a
blusa e olha as costas, não se via nada, nas costas, mas olhando o espelho, uma gravação na forma de
uma leoa, em luz.
Alguns beijos e vejo que cada uma delas era diferente, cada leoa com sua personalidade, algumas
mais mansas, algumas mais altivas, algumas com os dentes de bravas para afastar intrusos.
Quando as meninas saíram, algumas já estavam mais para moças, vi que tinha alguém a porte a vi
minha mãe.
— A muito tempo ai mãe?
— Pensei ver algo que entendesse, como sexo.
— Sei que não falamos disto, você não queria falar disto.
— O que foi esta representação.
— As leoas, são as candidatas a rainha.
— E são quantas?
— 50 moças.
— E porque elas seriam candidatas a rainhas?
Levantei minha camisa e olhei no espelho e vi que era mais vivo, e minha mãe fala olhando o
espelho.
— Lhe marcaram como candidato a rei.
— Sim, ainda um candidato a rei.
— E quer entender isto?
— Mãe, eles chegaram a me pendurar num poste de oferenda, a morrer, e não entendi o que
aconteceu ao todo.
— E não fala disto?
— Adianta?
— E pelo jeito eu pensando que está se esbaldando, está tentando entender esta parte que não
gostava do papo de seu pai.
— Acho que tudo, eu nunca entenderei mãe, mas para a representação, ainda sou muito criança
para ser o rei.
— Certo, e esta casa?
— Estou quase transformando em um local de recepção para quem quero nos shows a baixo.
— E para que tantos quartos?
— Este lugar ainda não comportariam o coral “Bárbaras”.
— As vezes você me assusta com esta coisa de encarar as pessoas com naturalidade, eles querem
lhe ferrar e os enfrenta naturalmente.
— Sei que eu não os entendo, mas as pessoas acham certo nos passar para trás mãe, e se eles são
de uma cultura maior que a nossa, acham certo nós trabalharmos duro e eles receberem o dinheiro.
— E pelo jeito vai dar o troco?
— Não, vou tentar fechar uma segunda ideia, já que a terceira está escrita.

459
— Certo, quer prover espetáculo, e pelo jeito abriu mão de parte do que tinha a receber para ter
paz.
— Eu sou deste jeito mãe.
— E pelo jeito vem para cá para pensar?
— Tem coisa, que os demais não precisam ver mãe.
— Certo, um acordo que é entre vocês, não precisa de testemunhas, de cobranças, pelo jeito, algo
que não é para ser falado.
— As leis não devem ser discutidas, apenas propagadas.
— Não entendo porque?
— Eu sempre digo, se um dia, Deus estabelecer que apenas quem sobreviver entra no reino de
Deus, eles se matam todos, eles não sabem amar.
— Certo, mas nunca entendi onde apoiou sua crença.
— Nas mentiras, elas nos desviam da verdade, e nos impõem sobre condições de não poderem
ser adulteradas, mas não é minha função mudar a lei, é minha função, a ler, entender e fazer dela,
caminho da minha vida.
Minha mãe me abraça, senti o que não via, onde os traços da escultura de um leão me cobria as
costas.
Quando eu e minha mãe voltamos para casa, tomei um banho, e cama.

460
O acordar cedo, o fazer do café, me fez pensar no que faria naquele dia,
depois da aula, mas primeiro tomo café e depois vou ao colégio, as pessoas
começavam a falar das peças, e algumas pessoas, começavam a perguntar se
não daria para fazer parte, e soube mais tarde, que a professora de inglês,
passou a todas as turmas, que os participantes deveriam falar comigo, e os que
participassem teriam dois pontos a mais por prova, se a apresentação fosse
boa.
Pode parecer pouco, mas queria dizer que a professora propôs que se
eles participassem, e tirassem 5 nas 4 provas, passariam com media 7.
Então o que eram grupos pequenos, começam a se ampliar, e obvio, se tinha mais gente, teria de
ampliar o grupo, e se teríamos pessoas dos 3 anos do ensino médio do colégio participando, de todas as
turmas, o grupo crescia para mais de 105 pessoas, era muita gente, mas mostrava a quantidade que
participava antes, a professora estava abraçando a ideia, pois viu que tinham pessoas de todas as
turmas, eu não sabia como seria nos demais colégios, mas estávamos colocando todos os estudantes de
segundo grau daquele colégio, em grupos teatrais, na minha cabeça seriam dois grupos a mais de
teatro, e passo uma pergunta para a diretora da escola de teatro, se teria espaço para mais 33 alunos,
que não entendia ainda o todo, mas poderia estar surgindo, 6 grupos teatrais, a maioria não levaria a
frente, mas teria de verificar a minha parte, que era os fazer entender o básico do inglês.
Quando no fim da aula, vou ao Agua Verde, vi as meninas reunidas, e fomos a casa ao lado e
começamos a falar de uma peça que se chamava a lei, eu narraria cada uma das passagens, e elas
divididas em duas partes, cantariam as orações, e para cada uma delas, falei que iria pedir para
apresentar uma das damas, pois faríamos a encenação através delas, e ao fim, seria um grupo que no
coral cantava, ali, encenariam.
As moças saíram e as que eram consideradas as bruxas, chegam e sentamos a sala, sei que as
vezes, isto parecia repetitivo, mas eu precisava reforçar cada pedaço destas uniões, e as preparar para
fazer algo diferente, a tarde ainda na metade, e coloco novamente a adaga ao centro, desta vez, vi um
imenso loba, passar por todos, e me olhava atravessado, mas com respeito, vi ela passar as costas de
cada uma das moças, e se viu a dor em seus olhos, e depois o sumir da loba, que não entrou na adaga
novamente, senti ela as minhas costas, e senti aquela energia em mim, não sei como descrever isto, mas
estava sentido as meninas a toda volta, como se de uma hora para outro, soubesse seus nomes,
sobrenomes, e começamos a falar sobre uma segunda peça, alguns chamavam de Bruxas, mas o nome
da peça seria “Moroaica – Aquela que tudo sabe”.
Começamos a conversar sobre o que seria esta peça, o que seria esta representação, e em meio a
isto, que elas apresentariam ao grupo, alguém de fora, cada uma delas, do sexo feminino, que iria ser
parte da encenação.
Elas saem, vi Luana chegando com as moças que seriam as Fadas, e sentamos no mesmo salão, e
demos a mão, perguntei uma a uma, se queria mesmo ser parte dos segredos do grupo, pois as Fadas,
comunicavam os bons caminhos, mas eram as responsáveis por guardar o segredo do grupo, aprender o
caminho, ditar as suas famílias o caminho, e de suas relações, pois eram livres, sairiam as candidatas a
princesa, uma delas poderia desposar o próximo filho do rei.
Luana me olha desconfiada, mas ela sabia que esta parte ia a parte dos sentimentos, acho que ela
entendia, a certeza teria com o tempo, mas vi as moças darem as mãos, e vi um pequeno brilho sair de
mim e ir sobre a adaga, eu não entendia tudo, mas aquele ser apenas estica as mãos e gira ao centro,
quase uma dança, e vi de cada uma das meninas sair um ser de mesmo tamanho e a cada toque com o
ser ao centro, ele cresce um pouco, nãos sei ainda hoje como explicar aquela sensação, era como se a
cada toque, parte dos segredos e sentimentos de todas as volta, viessem a mim, e vi ao final do ultimo
toque, a ultima união, o ser agora de meio metro, vir do meu sentido, um segundo estava no centro do
circulo, outro estava em mim.
Olho as meninas e falo.
— Se o Deus da Guerra uniu, poucos podem desunir, mas somos agora, todos, parte deste
segredo.
Luana olha para mim e olha para seus braços, e se via como se estivessem com o corpo em
energia e ouvi uma das meninas falar.
— Somos parte de uma pessoa agora?
461
— São as fadas do príncipe, no caminho de ser rei, mas cada uma agora faz parte de mim, e eu em
parte de cada uma de vocês.
Eu não tinha entendido antes, o rei faz parte do segredo, ele em si é parte das boas e ruins
noticias.
Entendi que era um dom, e entendi o porque Bárbara tinha colhido todo aquele destaque e
riqueza, pois até aquele momento, eu tinha convidado ela a ser a minha rainha, e como rainha, ela
colhia as boas do rei, agora com 50 moças no caminho do reinado, o caminho seria dividido por 50
famílias, e sabia através de uma das moças, bem a ponta, que o pai dela queria falar comigo, estranho
saber das coisas, e todas as demais olharem a moça, mas éramos agora algo que teria de ter calma para
absorver, ser parte da vida de 50 fadas.
Dei as mãos as moças de novo, e pela primeira vez, vi o ser não surgir na adaga, mas em mim, um
leão em energia e este passou a toda volta, vi a dor e alegria em cada olho, e cada uma delas foi
marcada com uma marca de luz, no peito, que não sabia o que significava, um coração em cada uma
delas, em luz, o leão volta a mim, e quase senti o coração de todas junto, senti algo que não consigo
descrever, mas os corações entraram em sincronia.
O ritmo da batida caiu um pouco, algo que entenderia apenas anos após, o significado, nos
levantamos, acho que todas estavam sorridentes e eu pensando no problema.
A menina de nome Bruna me olha e fala.
— Meu pai disse que precisa falar com você.
Sabia que a irmã desta menina, era a mais velha candidata a rainha, provavelmente a primeira
rainha, e não sabia o que aconteceria, mas tinha certeza de que eram as novas, que todos pregavam
acontecer, e não entendia.
Saímos dali, era próximo das 6 da tarde, verão indo ao fim, mas ainda claro, vi o motorista a
frente e fomos a casa do senhor, não entendia ainda o que aconteceria, mas sentia a felicidade na moça
ao lado.
Ela me olha e pensa.
“Não entendo nossa conexão ainda Bruno!”
Sorrio e penso.
“Isto não estava escrito, parte do segredo”
Ela sorri e pensa.
“Algo a não ser narrado, mas que podemos passar a frente”
“Sim, poucas pessoas antes tinham isto, desta vez foi ampliado”
Sinto como se muitas ouvissem a conversa, e não sei, era algo a me fazer pensar que agora meus
pensamentos seriam parte do todo, acho que nem eu estou pronto para isto, e não pretendia mudar.
Chegamos a casa e o senhor fala.
— Bom dia Bruno, podemos conversar a sós?
Sorri, a conversa nunca mais seria a sós, e não teria nem como explicar.
Entramos em um escritório e ele fala.
— Sei que muitos eram contra, minha esposa explicou que o que esta ditado, não se muda, mas
agradeço, vi que Deus, já nos coloca como a família do futuro rei.
Eu não entendi ainda, mas estava ali para conversar.
— Somos um grupo senhor, que deixou de trabalhar em grupo, e por isto está perdendo força.
— As parcerias desde ontem, com alguém que todos sabem, é parceiro do nosso futuro rei, Pedro
Rosa, geraram a nível de litoral, um aumento nos ganhos, na casa de 4 zeros a mais, e quando chego em
casa, querendo contar a novidade, descubro que pedira minha filha como companheira, como futura
rainha.
— Eu não sou de contestar as leis senhor, e nem as discutir, vocês de alguma forma, foram
induzidos a me ter naquele lugar, e sei que muitos querem apenas suas filhas como rainha, mas se
entendi, é a união do grupo, um rei para unir, não para por um acima do outro, um rei para dispor de
todos no mesmo nível, mas todos, que não se recusarem a batalhar pelo dia a dia, não é nada dado,
estava correndo atrás colhe os frutos.
— Queria agradecer, por toda minha família.
— Bem vindo a família senhor.
— Eu separei um terreno que temos em Morretes, e uma casa no Hugo Lange, como dotes da
união dos dois, espero sempre ser suficiente.
462
— A união trará muitos mais frutos senhor.
Fui a sala, e lá estavam as 4 meninas do senhor, estanho conhecer pessoas que não conhecia, e
ouvi ele falar.
— Vou os deixar conversar.
Olhei Marilia, a candidata a Rainha, ao lado estava Paula, a Loba da família, e ao lado, Bruna, a
fada do grupo, e ainda tinha Sonia, uma das moças da corte de Marília.
— Boa noite meu rei.
— Boa. – As vezes não sabia o que falar, mas o sair dos adultos e Marilia me conduz a sala, onde
sentamos e a olhei – A família está toda na união, e aceitos.
— E qual será minha função, todas minhas irmãs já tem função. – Sonia cobrando algo, mas era a
mais nova de todas, e não sei, a imagem de uma coelhinha, não parecia encaixar naquela criança, ela
tinha 11 anos ainda, mas as pessoas crescem.
— Calma Sonia, cada coisa a sua vez.
— Sabe me nome? – Ela sorrindo, entendo o que isto queria dizer, se considerou parte e falo.
— Isso é covardia, mas sim. – Olhando Bruna.
— Meu pai falou que temos de montar nossa casa.
— Sabe qual é? – Perguntei.
— Sim.
— Poderia nos apresentar. – Falei com um sorriso e Bruna fala.
— Não entendo tanto disto.
Saímos dali e fomos conhecer a casa que ticava no Hugo Lange, uma boa casa de 300 metros
quadrados em um bairro calmo, teria de ir com calma, não queria engravidar ninguém antes da hora, e
isto era algo interno, que nem sabia se era da lei, não esquece que a lei, serve a cada pessoa de uma
forma, ela tem este poder.
Estranho ter saído de um local próximo, ter passado parte da minha vida próximo dali, e agora
estar montando uma casa, uma coisas que tem um peso, é chegar em uma casa e pensar, o que faremos
em cada peça.
Sei que muitos pensariam em algo mas intimo, mas era algo que me geraria, 50 caminhos, se não
iguais, semelhantes, e isto por si, e sabia a ordem, estranho o que senti neste dia, pois era como se
minha família crescesse, e não estava falando de sexo, não estava falando de bens, estava falando de
sentir-me parte de algo maior.
Quando as deixo na casa delas, fui para casa como se estivesse muita coisa a pensar, estanho o
que meu cérebro naquele dia sentia, estanho olhar para o mundo, através das fadas, meu cérebro teria
de acostumar, mas era como se passasse a ter 102 mãos, e todo este mundo, fosse passível de
influenciar, estranho algo assim, sei que entro no teatro, e sento, olho o publico e olho as mãos, e elas
estavam fazendo varias coisas, olhar em volta, e ver varias coisas, estranho sentir algo que ninguém
falava possível, e vi minha mãe entrar e me olhar, ela chega ao lado e senta-se.
— Pelo jeito longe?
— As vezes eu estranho as coisas.
— Acha que consegue sem dividir o problema filho?
— Não é problema, é me segurar, em respeito, pois fazer sexo é fácil mãe, mas dispor de pessoas
em sua vida, que as quer ali, mesmo que o sexo seja o detalhe, é o que me atrai.
— As vezes fala como se quisesse todas?
— Todas não mãe, mas não quer dizer que não tenha 50 rainhas na minha vida.
— Não é certo filho.
— Mãe, as vezes tento refutar a logica, mas tudo indica, une este pessoal e cria um grupo forte,
que se apoia e evolui, transforma eles em mais.
— E para isto quer uma união carnal?
— Não, uma união em alma, não em carne, uma união na lei, não menos que isto, e com todos
felizes, pois o importante é a felicidade.
— E acha que consegue fazer 50 moças felizes?
Sorri, não respondi, estava pensando em algo maior, e não em 50 pessoas, e ouvi alguns “Safado”
na minha mente.

463
Eu me levanto e pego a cadeira, um violão, e meu caderno, eu começa o pensar sobre coisas que
iria escrever, e eu queria uma opereta, e começo a dedilhar, começo a escrever as letras, testar as
vozes, e começo a escrever a terceira opereta, e minha mãe me olha.
— Pelo jeito está escrevendo em inglês com mais naturalidade.
— Sim.
Eu começo a pensar em cada pedaço, e cada parte que estabelecia um universo de leis não
narradas. Eu não poria isto como lei, mas poderia induzir a algo. Começo a escrever e um musica que
sai, é “Minha palavra é seis e cinquenta”, depois vou cantando baixo, sentindo a musica, e começa a
surgir a segunda parte, e vi que era uma musica a parte e cantarolo ela, “Única continua do Céu”. Minha
mãe para ao lado e pergunta, ela não entendia de inglês.
— O cântico é bonito, mas o que significa?
A olhei e falei.
— Uma oração, alguns chamam de Nuit, alguns chamam de onipresente, continua e divisível
apenas por dois.
— Uma oração a um Deus pagão?
— Mãe, Deus não é cristão, Deus não é Mulçumano, Hindu ou Judeu, pois Deus é Deus, ele não
tem como ser pagão.
— Certo, mas pelo jeito o que parece uma peça de coral, é uma peça religiosa.
— Acho que todas as minhas peças tem religiosidade, e ao mesmo tempo, as pessoas não veem
assim.
— E fica bonito cantado em inglês.
—Eu tento criar em uma língua de duplo entendimento, musica e inglês, queria que as pessoas
entendessem português, mas eles não entendem.
— Certo, não queria atrapalhar.
Sorri, ela me olha criar os pontos de cada musica e parecia tentada a perguntar, eu gravo o trecho
no violão das duas musicas e vou ao órgão e faço a introdução e a musica do órgão, anoto as notas e
enquanto o som tocava o violão, gravo o órgão, e paro um momento após ouvindo, coloco para tocar e
coloco a bateria, depois o baixo, e paro um momento e canto a musica, e minha mãe fala.
— Meu filho sabe criar uma musica do nada, isto que não conseguia ver, você pensa em cada
ponto, e pelo jeito vai somando.
— Sim, eu consigo por 3 ou 4 tipos de cordas, mas existem mais e não domino, mas é que um
violoncelo é diferente a forma de criar, mas estou testando o que criei, pois uma coisa é mostrar para
Ronald sem nada, outra com algo já dando o caminho.
— Vai querer ensaiar esta peça?
— Está peça existe duas versões, a cantada, e a falada, encenada.
— A encenação nem está ai, é o que está falando, você parece querer algo que possa sempre ser
um show.
Abracei minha mãe, estas musicas eram para metade do coral, talvez um terço do coral, pois a
ideia era criar algo que me apresentasse os três pontos, o religioso, o demoníaco e o musical.
As vezes ficava na duvida de que esta peça um dia seria encenada, mas eu duvidara da primeira, e
ela foi encenada. Estava ali a criar, quando vi o senhor Ronald entrar e me olhar.
— Criando ainda?
— A parte musical, eu canto, no modelo, mas quero um coral o fazendo, não precisa ser 100
vozes, pode ser 25 delas, vai ter a encenação, e o monólogo, mas ainda pensando no conteúdo.
O senhor sorriu e olhou minha mãe.
— Deve ter orgulho do filho que criou.
Minha mãe sorri e olho o senhor, começamos a falar das passagens, do que queria com o coral e
expliquei a ideia, os nomes para ensaiar aquela opereta, que estava ensaiando o canto, mas achava que
deveria ter um tenor para aquela parte. Ele sorri e minha mãe me abraça e fala.
— Quer no século 21 fazer opera?
— Não exatamente opera, mas sons pensados para serem feitos por coral, e grandes cantores,
aquelas musicas que entregam cantores medianos como eu.
Terminamos de passar e o senhor saiu, eu não sei, algo me prendia ali, e não sei, algo estava fora
do contesto, e não iria correr atrás de nada. Eu e minha mãe subimos, até o príncipe encantado dorme.

464
A cada dia, fui realizando os prospectos que me levariam ao futuro, então
a semana começa a fechar, e os dos fins de semana seguinte, passam, as duas
apresentações, o dia a dia, fazia fazer grupos de teatro, e minha opereta não
era passível da apresentação do Festival de Teatro, mas Rosália pergunta se não
queria ser o show de encerramento, junto com alguma outra banda cantando
em inglês, eu deveria dizer não, mas sempre me complicava, dizendo sim.
O mês de abril e maio voaram, e as meninas ensaiando, já com mais de
10 casas na cidade, e com um prospecto que começava a produzir, a ideia, o
grupo dominava alguns mercados, e entraria no que eles dependiam de pessoas de fora.
Eu as vezes me via em conversar mais serias do que o normal, e quando Junho aproxima-se, eu e
Iran falamos sobre o material didático do curso de inglês, e a permissão de um colégio naquele local
para o ano seguinte, precisava de pessoas assumindo as ideias, poderia ser minha a ideia, o local, mas
sozinho não conseguiria, ele me apresenta os professores, e teríamos turmas iniciais, mas para
determinar o ponto que a pessoa ficaria, teria de fazer um teste, e não sei, eu não gostava destes testes,
sempre passavam pessoas que não acompanhavam as aulas, mas assim conseguiríamos pessoas de
primeiro, segundo e terceiro ano, teríamos ainda quarto e quinto, mas estes ainda não colocamos
ninguém.
Uma turma pela manha, uma a tarde e uma a noite, era algo para gerar pessoas que falavam
inglês, turmas de não mais de 30 pessoas.
Sei que com publicidade, as turmas encheram, não sei ainda o que seria do projeto, mas ele se
iniciava, naquele ponto, e as aulas começariam apenas no fim de julho, mas queríamos ter todos
preparados.
Junho vem junto com o “Langeando a Comédia”, estranho ter 5 espaços prontos, e cheios, e
programação para o bar de comedia, e shows no Guaíra e Guairinha, fazendo com que fosse um grande
evento.
Julho é marcado por uma viagem em grupo a Europa e apresentar-se junto com a “Barbaras”,
junto a 5 capitais europeias.
Os meses vão passando, e quando me vejo já no inicio de Setembro, via os shows de 5 bandas
lotados, com cronograma para até o inicio do ano seguinte, estava eu novamente sentado no teatro,
quando vejo Bárbara Vaz entrar e me olhar.
Vi o segurança explicar que a menina queria falar comigo e falei que estava tudo bem, e ela fala.
— Pensando na vida?
— Pensando que este ano está corrido.
— Podemos conversar?
— Sabe que sim Bárbara.
— Meu pai não sabe como conversar com você.
— Nem eu. – Sei que a resposta parece seca, mas foi apenas um “Nem eu”.
— E pelo jeito você consegue fazer com quem coloca em sua vida, o que fez naquele fim de
semana.
A olhei, não sei, as vezes saber que fomos mais do que amigos, me faz pensar no como as coisas
mudam, e não sabia o que falar.
— Ele sabe que fez besteira, acho que não entendo o que ele queria com novamente o por para
fora.
— Nem eu, e não paro para pensar nisto.
— E está bem?
— Ainda tentando entender o caminho a tomar.
— E me esqueceu.
— Toda vez que lhe falei algo, você sumiu, então não sei, acho que tem historias que não são
feitas para serem vividas.
— Meu pai insiste que a carreira solo é mais lucrativa.
Eu não sabia o que ela queria.
— Não vai opinar?
— Eu sou de por 300 pessoas no palco, só eu, não consigo pensar.
— Você faz parecer fácil fazer estas coisas.
465
— Ninguém me vê naquele local, então me sinto bem.
— Dizem que está sozinho.
— Mas não estou.
— E não demonstra estar?
— Eu não quero machucar mais ninguém, e sabe que quando tentei, com você, foi lhe oferecendo
ser minha rainha, você não considerou isto.
— Sei que fugi, disse que queria e não o defendi, mas bom saber que está bem.
A olhei pensando em como perguntar algo e ela fala antes.
— Deve estar pensando o que vim fazer.
— Uma das perguntas.
— Pelo jeito não voltaria a me dirigir.
— Todas as tentativas, não duraram em tempo integral uma semana.
— Eu queria você lá.
— Como disse para seu pai, não será menor a vida inteira.
Ela me olhava como aquele brilho de quem pediria algo.
— Sei que não tenho direito de lhe pedir, mas sei que você pensou em cada musica que eu
apenas escrevi.
— Lhe passo os acordes, sei que qualquer pessoa dá um jeito.
— Não entendo, você não se esforça para fazer estas coisas.
— Se tinha um show de Coral no inicio do ano, tenho agora 5 shows, mas ainda em ensaio, e
ainda tem as peças teatrais, e todo apoio a todas as bandas que surgiram na cidade.
— Você abraçou todos que se deixaram ajudar, sei que meu pai me deixou longe disto, ele se
encantou com os números, e esqueceu, era apenas um dia.
— Você tem musicas fortes Bárbara, mas tem de acreditar nelas, a ideia era que todos sentissem
a força da musica, mas sei que minha forma de mostrar isto gera custos, mas como sempre falo, eu
quero o melhor show.
— E pelo jeito sempre correndo.
— Parado, esperando o ano caminhar.
— E não vai me querer mais como sua rainha?
— Abri meu coração, e ele está com propriedade estabelecida, mesmo que alguns não entendam,
muitos condenem.
— Vai dizer que se envolveu com aquele José.
Sorri, e não respondi.
— Pelo jeito pensando em algo?
— Eu ainda tenho de apresentar as cinco operetas, agora com um cantor tenor e uma cantora
contralto.
— Dizem que isto não dá dinheiro.
— Juro que não entendo quem nunca passou necessidade, falar de dinheiro como se fosse a única
coisa que importa.
— Mas sabe que nada é pecado, referente ao dinheiro.
— Não falei no ter o dinheiro, isto nunca foi pecado, mas reger sua vida, apenas pelo dinheiro,
estabelece fazer coisas que não se quer, apenas por dar dinheiro.
— Mas está fazendo isto.
Sorri, acho que ninguém me entendia ao todo.
Sorri de novo, pois tive pelo menos 50 confirmações de pessoas a mente, dizendo que entendiam,
e eu duvidava disto mesmo assim.
Vi ela sair e olhei para o palco e vi minha mãe ali.
— Outra perdida?
— Vai os reaproximar?
— Eles não tem como se afastar, e ao mesmo tempo, o senhor Vaz, afastou ela dos rapazes e de
mim, não sei, as vezes parece ciúmes de pai, as vezes, algo menos nobre, apenas dinheiro.
— A janta está pronta.
Subi com minha mãe que fala.
— Você tem emagrecido filho.
— Sei que perdi barriga, ganhei braço, mas estou bem.
466
Outubro entra e vi os grupos se apresentarem no Guairinha, e adaptado para o local, primeiro
apresentei o monologo, com três telas, com o tocar de três instrumentos, e citando “A Lei”.
A segunda vez que subi ao palco, foi com o grupo do Santa Cândida, na peça “Brazilian”. Eu me
diverti naquela peça.
Vi os 6 grupos da minha escola, mesmo alguns com algum problema, foram os mais produzidos,
teve participação de outras 4 escolas de inglês, da UFPR, com dois grupos e do Colégio Estadual do
Paraná.
Rosália entrega ao final, os méritos de participação, entrega ao Colégio Santa Cândida, um troféu
Dedicação, a ideia não era vencer, e sim participar.
As vezes tinha medo deste tipo de medida, mas após participar do Festival de Peças em Inglês,
participamos com os 6 grupos do Festival de Secundaristas, e o Festival de Peças Infantis, o destaque
estava todo naquele colégio que abraçara minha vida, e sabia ser apenas temporário, estranho estar
chegando no final de outubro, já ter notas para me formar, e saber que estava chegando um dia
importante na minha vida.

467
O dia 30 chega, e estranho não ver nada diferente, olho o prospecto do
fim de semana, e sabia que começava agora no dias 30, sexta, e terminava no
dia dos mortos, dia dois de novembro, eu estava olhando o relógio, naquele
inicio de dia, teria uma prova, no colégio, e não sabia o que pensar ainda.
Quando se fala em destaque, algumas pessoas daquele colégio de bairro,
estavam em destaque, eu estava apenas em uma sexta feira a mais, mas
algumas pessoas queriam entrar no grupo, e achava que não era minha função
as levar para dentro, sei que eu as vezes não entendo do que eles falam, eu
fazia como queria.
Beatriz para a minha frente antes do inicio da aula, e pergunta.
— Não entendo porque não nos quer lá.
— Acho que a ideias deles, de grupo, é diferente da minha ideia.
— Quer todas?
— Eu batalho pelo que quero Beatriz, não fico esperando um líder perguntar se eles aceitam certa
pessoa, abusam da pessoa, e dai dizem sim ou não.
— Está dizendo que seria algo sexual.
— Com os mais velhos, é o que eles pregam lá, pior, tem gente lá de rede de TV, que se olhar as
reportagens, fala horrores contra isto, mas lá abusaria, mataria e nem estaria ai para isto.
— Mataria?
— Não as vou por para dentro, como objetos, deixar claro.
— Certo, mas existiria risco?
— Se eles não aceitarem, acha que eles deixam alguém para reclamar?
— Entendi, e está enfiado nisto?
— Eles dizem que minha mãe para ser aceita teria de passar por isto, por este motivo, não é isto
que quero, e tudo que começamos agora, é iniciar um novo modelo.
— Eles podem reclamar?
— Sim, eles podem reclamar.
O professor entrou e Adriano chega ao lado e fala.
— Dizem que o governador recém eleito vem ai hoje.
— Façam sala, hoje não tenho muito tempo. – Falei.
— Corrido?
— Minha mãe me espera em casa para o almoço, melhor que ficar ouvindo um governador que
nem conheço.
Sentei e o professor entrou, uma prova de geografia, e depois uma de português, no intervalo
saio e vi o secretario da Cultura no corredor, ele para a minha frente e fala.
— Pela descrição, Bruno Baptista, o governador quer lhe falar.
— Espero que seja rápido.
— Ele consegue sua liberação.
— Dia de provas rapaz, não é questão de quem manda, e sim, quem se dá mal.
— Certo, mas ele quer lhe falar.
Fui a direção e falei a diretora.
— Só avisando que saio assim que tocar o sinal, tenho prova hoje.
A diretora olha o governador, o que ele fazia ali, não sabia e ele fala.
— O menino que todos falam, mas ninguém tem uma foto.
— Não tem porque não querem senhor, tenho redes sociais, tenho meus documentos, tenho
meus registros, até na policia. – Este senhor ficou como Governador pois o outro teve de se afastar para
a eleição, não se reelegeu e acabou preso por envolvimento com coisas ilegais, então não conhecia este
senhor.
— Não era uma discussão, mas vejo que reformou o colégio e outros diretores ao verem a
reportagem sobre os 5 grupos teatrais de um colégio em Santa Cândida, olham um colégio pintado,
reformado, e começam a pedir ao governo o mesmo investimento.
— Nisto não tem problemas senhor, o governo não colocou um centavo a mais no colégio, sabe
disto. E ser sincero, não será seu problema em meses.
— Mas pelo jeito resolveu o reformar.
468
Olhei em volta e falei.
— Senhor, parte dos professores a volta, reclamaram da reforma, que foi atribuída ao governo,
por eu não querer o holofote, mas como explicar, quando o estado, vira cabide, e não pratico, temos de
arregaçar as mangas.
— Cabide?
— Quantas pessoas existem hoje, paradas na secretaria de obras? Garanto senhor, com 30% deles
e poucos recursos, faria o mesmo em todos os colégios do estado.
— E tirou isto do bolso?
— Digamos que apenas pedi material, e com as doações, pagamos a mão de obra, se todos
quisessem senhor, a educação melhoraria.
— Sabe que muitos falam do maior festival de novas peças do país?
— Não, eu não penso no passado senhor, enquanto ficam olhando o que fiz, eu já entrei em
contato com a secretaria municipal da Cultura, e quero alocar todos eles no festival de teatro de Curitiba
do ano que vem.
— Indo a frente, e pelo jeito ainda arisco.
— Sempre correndo, mas no que posso ajudar governador.
— Vim ver como estava o colégio, estranho ninguém ter visto esta reforma.
— Todos no colégio e imediações viram senhor.
— E pelo jeito não quer falar disto.
— Senhor, ao fundo, tem professor que reclamou do governador deposto por ter feito a reforma,
eles reclamaram até do repor de livros na Biblioteca, então jogar eu e a diretora na fogueira, que é o
que está fazendo, não vou fazer de conta que estou gostando.
— Mas a obra melhorou o colégio.
— Senhor, colégio bom, com todos os pontos prontos para dar aula, prontos até para algo
melhor, mostra o quanto alguns não deveriam dar aula.
— Todos falam do destaque do colégio, em todas as notas do ano.
— Isto se chama, dedicação dos alunos, que não queriam parar de fazer algo diferente e se
dedicaram, não é parede, piso ou quadro, é o que temos de melhor, pessoas pensantes.
— E pelo jeito não quer o holofote mesmo.
— Eu não preciso de favores por querem algo que não vou dar.
— Certo, não quer chamar a atenção, mas aquela ideia no Guairão, colocou o estado em
destaque, estranho que poucos falaram mal daquilo.
— Dor de barriga, se dá antiácido, não atenção senhor.
— E pelo jeito acha que não vale a pena fazer algo assim em todas as escolas do estado.
— Não falei isto senhor, mas é o tipo de obra que nem o secretario da Educação olha, pois se esta
bonito hoje, estava lindo no dia que entregaram, mas isto se chama manutenção, sem ela, pois ela não
está no cronograma de gastos do estado, a mais de 20 anos, e deveria estar, todos falam de educação,
mas nem sabem onde estão os colégios.
Eu ouvi o sinal e falei.
— Agora deixa eu defender minha nota.
Sai dali e vi que o governador ainda queria falar algo, e vi o professor ao fundo sair junto, todos
queriam saber do babado, novamente Governador por perto.
O professor me olha entrando na sala e fala.
— Reclamamos e o antigo governador nem sabia da obra, deveríamos ter usado o inverso, e nem
nos tocamos.
Não comentei, mas sentei e mais uma prova, sei lá o que todos acham da aula de Física, mas sei
que aquela prova era para um dez, e todos ainda pensando no aparecer do colégio, no fim da prova, eu
sai pelo corredor, e fui ao ponto e me mandei dali, nem olhei se tinha gente por ali, pois não queria me
complicar.
Eu sabia que existia uma pressão para minha mãe passar pela prova de entrada, eu não queria ela
lá, e falei para ela isto, que não era lugar para estar, eu não estava nas reuniões deles, e sim externo a
tudo.
Almoçamos e não sabia o que fazer ao certo, mas olho o projeto que foi montado em Morretes,
uma tenda maior ao centro, 50 pequenas tendas a volta, e uma tenda no topo de um dos morros, eu

469
sabia que teria de me preparar, e não estava ainda pronto para isto, ou estava muito preparado, não
sabia.
Eu tomo um banho calmo, me perfumo, coloco uma roupa boa, coloco na mochila uma roupa
mais clássica de eventos, que era um roupa bordada, de uma peça única que se colocava pela cabeça, e
tinha os símbolos da 50 famílias, em toda volta da veste que se vestia os braços e a cabeça, o resto, era
apenas um vestido masculino apoiado ao ombro e com uma cinta a cintura.
Eu olho minha mãe que fala.
— Eu fico longe, sei que não quero o que falou, e pelo jeito, existe um risco.
— Sim, não ser aceito como rei.
— E se entregaria a morte.
— Mãe, esta parte da prova eu passei.
Ela me abraça e saio pela porta, olho o veiculo de aplicativo, que chamara, e pagaria a ida e volta,
e mais um tempo estático na região.
As vezes queria entender de meus sentimentos, eu chego ao local, as pessoas indo em família, eu
chego ao local central, olho as minhas noivas e penso que eu estava enrascado, uma enrascada para a
vida.
Toda minha confiança, sempre é aparente, eu sou um menino que fizera 16 anos nesta data, e
não me sentia tão confiante, mas vi as 11 moças, hoje eram as que tinham 16 ou mais, algumas me
faziam sentir-me totalmente infantilizado, e tentava não demonstrar.
A tarde se apresenta e os senhores oferecem suas filhas, e por mais 4 anos, teriam após isto a
mesma cerimonia, mas os pais vendo o crescimento dos que estavam com suas filhas comprometidas,
queriam acelerar o que não se acelera.
As vezes sentia que muitos ali estava apenas pelo dinheiro, e o dinheiro pode não ser pecado, mas
não pode ser o objetivo.
A cerimonia foi simples, e as famílias dançavam a noite na lona colocada ao centro, eu olhava
tentando entender, pois ali não senti energia, era apenas uma cerimonia, a força senti antes, não
naquele momento.
Vi os senhores e senhoras fazerem uma verdadeira suruba ao centro, as crianças em volta, e as
ainda não comprometidas, tentavam achar alguém do grupo, mas sabia que muitas me olhavam, e isto
parecia gerar um clima entre os rapazes, que não parecia respeito, parecia inveja e violência.
Vi que depois de um tempo, um grupo tenta algo com umas meninas, e elas não eram obrigadas a
entrar naquela suruba ao centro, mas os senhores pareciam querer colocar seus animais para fora.
Sabe quando você olha e sabe, aquilo deixou de ser um grupo a seguir, e sim, apenas de
influencia, as vezes temia julgar algo, mas vi quando um rapaz puxa forçadamente uma das meninas
para dentro, os senhores acharam que iriam se dar bem, mas ela me olha, uma das fadas, e apenas
separo com as mãos e todos são colocados ao lado da pista, e a menina assustada tenta correr e é
segura.
“Calma” – Falei ainda sentado e olhando em volta, era uma provocação e sabia que as princesas
eram de minha responsabilidade, mas talvez não estivesse pronto para ver algo assim, e pergunto.
“A escolha é sua, sabe disto!”
“Não quero minha primeira vez assim!”
“Esta decidido”.
O rapaz que a segurava, sente a mão adormecer e ela viu alguns tentarem a puxar para dentro e
ela sai por onde ele tinham a puxado e sacode negativamente a cabeça.
Um senhor ao centro olha para mim e fala.
— Não aceitamos interferência nesta parte.
Eu não sabia se respondia, mas fiz sinal para as Fadas, mentalmente para tirarem as meninas da
corte, as bruxas e recuarem as tendas a toda volta.
— Não pode nos negar uma vez ao ano, o poder disto. – Outro senhor.
Eu olho as senhoras, algumas não gostavam daquilo, outras, que não tinham mais seus maridos,
estavam tentando se esbaldar naquilo, estranho pois perfumes caros com cheiro de sexo, as vezes
parecem quase animais.
— Não é nosso rei. – Falou um senhor ao fundo.
Olho a filha dele, ao longe e ela apenas recua a tenda, se ele não queria assim, não viesse aquele
local.
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Eu tentava não falar, pois palavras tem interpretação.
Todos querem o crescer, mas alguns queriam de graça, sem trabalho, via que alguns se
recolheram, mas ainda tinham 12 senhores ali, então 8 dos senhores haviam recuado, mas olhando,
haviam mais de 40 rapazes e senhores ali, pois filhos e netos também entravam naquela orgia, mas a
maioria dos patriarcas das famílias, que não morreram antes, estavam desafiando eu, estranho isto, pois
eu apenas olho as senhoras e falo.
— Quem quer acabar com minhas núpcias?
O senhores eram bem maiores que eu, e sei que eles já tentaram me matar, e ouvi um deles falar.
— Não pode interferir nisto.
— No que não posso interferir senhor Rabello?
— Na parte de colocarmos os hormônios em sincronia.
— Sincronia e estupro não são palavras compatíveis, e sabe disto.
— Ela tem de obedecer aos mais velhos.
Olhei os senhores, eles e seus filhos estavam agitados, e haviam moças ali, haviam senhoras, e
queriam mais.
— Então dê a ordem senhor, para que se obedeça.
O senhor olha para mim, não sei o que ele pensou, mas sabia o que todos queriam, eles queriam
os filhos como reis, e um desconhecido, assumiu o local.
— Nem apresentou a sua mãe, para fazer parte disto.
Não respondi, pois não precisava, ele sabia a resposta, mas sinto a energia a volta e vi um ser em
nevoa se erguer ao lado do senhor e olhar-me e falar.
O som pareceu ser soprada, como se não tivesse algo físico para prover, e sim atrito de som.
“Não reconheço como meu filho, não pode ser o novo rei!” – O espectro negro, de meu pai, ele
parecia uma sombra de um ser, sua pele parecia carvão, não era de me por no meio de confusão, mas
sabia que algo assim poderia acontecer.
Eu apenas olho para as Fadas das noiva do dia, e elas começam a conduzir elas para a tenta mais
alta, a minha tenda e olho o senhor e me levanto, sei que no meio da confusão estavam 4 irmãos tortos,
jogando palavras.
Um senhor ao fundo fala.
— Queremos um novo rei!
Olho os senhores, eles matariam seus filhos por sexo. As vezes acho que o animal ainda e muito
forte nos humanos, me sinto as vezes apenas um reprodutor.
— Estão está decidido, e não fui eu que propus, mas os matriarcas das famílias discordantes, tem
o direito de tentar me matar, quem o conseguir, poderá indicar o rei. – Falei e um senhor recuou, pois
eu peguei a adaga, e esta se ergueu em uma espada, e apenas olhei os demais, a apoiando ao chão a
frente de meu corpo e olhando os demais.
Dois senhores empurram os filhos que olham-me e um fala.
— Não vale, você tem a espada do rei.
Eu peguei a espada e joguei para ele, e falei.
— Faça da adaga a espada do rei. – Falei olhando o rapaz que olha a adaga, ela nem chegaria
perto, e olho os demais, estavam querendo novamente sangue, pior, o senhor estava querendo se
impor sobre alguém, que perdeu seu pai, culpa minha.
— A pergunta que faço senhores, pois amanha, não vou aceitar a conversa de que estavam
bêbados e não sabiam o que estavam fazendo, vocês tem certeza do que o senhor Mad falou? – Me
referindo ao senhor que disse não fazer parte daquilo.
Olho o espectro do meu pai e falo.
— Não venho a esta família como um York, pois talvez não saiba senhor York, mas estes que
apoia, apoiaram a saída dos York das famílias, primeiro a morte de sua mãe, depois a tentativa de morte
de seu pai, dois irmãos e finalmente, o senhor, não venho ao grupo como um York, pois eles o
excluíram, com família inteira, venho como a família numero 50, que toma o local, da família excluída.
“Sua família não é bem vinda!” – York.
Olho em volta e penso.
“Nuit, concorda com isto?”
“Hadit, estou apenas no caminho ditado!”

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Olho o rapaz olhando a adaga, e vejo ele tomar um choque e a largar, estico a mão e a adaga veio
a minha mão, e a enfinco ao chão e vi York olhar assustado em volta, pois Hadit surge rastejando, e vi a
noite se tornar dia, em um céu azul, em plena noite, olho para Hadit e ele fala.
— Todo império de um rei, é com guerras.
— Isto não é guerra, é infantilidade hormonal.
Hadit sorriu e fala.
— A escolha foi feita, eles querem um novo rei.
Pego a adaga e falo.
— Era para ser um dia de festa, não de mortes, mas se querem assim, que assim o seja, e covarde
do senhor que quer tomar a força, alguém que não tem o pai para a defender, e se diz, no seu direito.
A espátula se torna uma espada, eu sinto a energia e sinto minha couraça, que aperta sobre meu
corpo aquela veste, e vejo os rapazes recuarem.
Um senhor ao fundo, olha e fala.
— Mas que truque é este?
— Se nunca viu as roupas de guerra de um rei, temos um problema de décadas, a concertar. –
Falei olhando o senhor.
Os que se retiraram da briga, estavam querendo paz, e ouço na minha mente um pedido para não
matar seu teimoso pai.
“Queria que dependesse de mim!”
Hadit parecia querer sangue, e apenas olho em volta e sinto a energia da luz de Nuit em plena
noite e Hadit me olha e fala.
— Ela sempre admira os mais corajosos.
Eu estava com a espada empunhada e vi que todos recuaram, mas isto queria dizer, vai dar
merda.
— Se Hadit e a adaga o reconhecem, vou aceitar, mas não é justo. – O senhor.
As vezes acho que este lugar não é meu, e se arrancasse uma cabeça, talvez estivesse mais feliz,
mas sabia que as vezes, bebida gera isto, o espectro de York estava ao centro do terreiro, e isto afastou
até as senhoras, ele me olha e fala.
“Você não é parte disto!”
— Nisto tem razão, mas não os veria definhar por não me sentir parte, não os veria destruir uma
cidade, por não me sentir parte.
Vi que algumas famílias começam a se retirar, os jovens estavam querendo ficar, e os mais velhos
queriam sair, os que haviam feito merda.
Vejo alguns jovens conversando, aos lados, e o céu volta a escurecer, e Hadit rasteja em energia a
volta do local.
Vi o espectro sumir e senti alguém me abraçar pelas costas.
— Obrigada por meu pai.
— Eles acham que vão ficar obsoletos.
— E não se negaria a guerra?
— O rei, vai a frente, vence e volta.
— Você quer mesmo imperar sobre nós?
Toquei a cabeça da moça e falo.
— Tem alguém aqui, não o deixe confundir as coisas.
— Certo, as vezes esquecemos de olhar em volta, queria apenas não deixar as coisas desandarem.
— A festa é para os jovens se conhecerem e escolherem suas companheiras, não para os velhos,
forçarem meninas sem pais, a entrar na roda dos velhos.
Ela sai e foi falar com um rapaz, a maioria tinha seus pretendentes, os rapazes que estavam sobre
seus olhos.
Eu sabia que o recuar, faria virar alvo, mas era hora de consumar 11 ligações, e sabia que isto
poderia parecer estranho, mas quando amanhecia, em meio aquela tenda, com 11 moças a volta, sinto
minha energia subir, e saberia mais a frente, que naquela noite, eu mudava para sempre minha vida,
pois eu inexperiente e ainda me achando muito pouco para elas, providenciei meus 3 primeiros
herdeiros naquela noite.
Quando amanhecia e saio pela porta da tenda, olho em volta e sinto alguém me bater a cabeça,
eu me viro, vendo a proteção me proteger, mas a força me fez dar um passo para trás, olho os 4
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rapazes, eu sabia que o ódio ali era real, eu os fizera me odiarem, através de uma intervenção, se o
fizesse me odiariam, se não o fizesse, me odiariam, não havia meio termo.
Eu me levanto e olho Jose a frente que fala.
— Acha que vamos aceitar.
Eu olho o tenda e a mesma se fecha e olho para os 3.
— Nos roubou a coroa. – Roberval.
Não os odiava, sabia que eles não teriam como ser reis mais, e sabia em si, era uma consequência
do feito dos três e pergunto.
— Não entenderam? Ou se fazem de desentendidos?
— Vamos o matar. – José.
Vi a arma novamente na mão de José, estranho pois sinto a coroa a cabeça, e a energia a volta, e
vi a proteção se formar, e Jose me olha com raiva.
— Não sei de onde obteve esta proteção? Mas uma hora o matamos falso rei.
— Vamos acabar com ele. – Roberval.
Sorri da minha infantilidade, eles um dia conseguiriam, e obvio, não os daria a dica de como me
matar, mas talvez eles conseguissem.
Vi mais pessoas chegando a volta e um senhor fala.
— Tomem jeito crianças.
José mira no senhor e fala.
— Se ele não recuar, vamos matar todos.
O senhor recuou e vi a luz vir sobre José e ele olhar para cima, eu não entendia isto, mas ele solta
a arma e coloca a mão sobre os olhos e os demais ajudam ele, as vezes morrer fosse mais digno, mas se
ele morrer por minhas mãos, seria problema.
Roberval me olha e fala.
— O que fez, o cegou?
— Ele afirma que vai matar a família de Nuit, ela apenas defendeu os seus, não tenho haver com
isto.
O senhor olha para o céu, mal se via o sol, então foi algo bem concentrado e fala.
— Bom termos a proteção de Nuit e Hadit novamente.
O senhor saiu e entrei novamente e Marilia me abraça e fala.
— Me sinto com muita energia.
— Cuida do nosso primeiro menino, serão 9 meses difíceis.
— Acha que.. – Coloquei a mão na boca dela e a beijei, e toquei sua barriga, olhando em volta,
não sabia quem ainda, mas sabia que a cada momento, estaria mais abraçado por aquela maluquice.
Na tenta central, eu olhei ao longe, e as 50 bruxas se reuniam, e apenas olhei os que não tinham
ido embora olhar as moças de mãos dadas, e aqueles lobos saírem a cheirar toda a família, era uma
identificação por cheiro, e as famílias foram chegando a tenda central, mesmo alguns senhores tendo
saído, parte da família deles, ainda estava ali, filhos, netos, então era o dia que muitos dos casais,
pediriam permissão diante do novo rei, de se unirem em matrimonio, as perguntas básicas, se cada um
deles aceitava o outro com todas suas forças, se a moça tinha o dote, para iniciar a vida, as vezes olhares
perdidos estabeleciam que o grupo precisava apoiar aquela união.
Estranho que para os mais velhos, eu seria um estranho eternamente, e para os novos, um
caminho que poderia gerar uma família maior.
Algumas uniões a mais, pois não era apenas eu que fazia 16 primaveras, e alguns queriam o aceito
do candidato a rei, talvez algo que a anos não acontecia, mas sentia o brilho em cada casal, e vi quando
deu a hora do almoço, eu vi os demais confraternizando, agora sem o peso de algo forçado, e sim uma
confraternização, estranho que o próprio clima entre eles ficou mais leve.
As conversar entre grupos, indo mais para apoio, estrutura, caminhos a tomar, do que apenas
sexo, que a noite anterior foi marcada.
Dia 31 passa e a noite, os novos casais pedem permissão para erguer suas tendas junto as dos
pais, isto estabelecia o crescimento de famílias, e não era minha estada ali a força que gerava isto, era a
sincronia deles.
As vezes parecia um invasor, mas sei que as vezes confusões tem de ser mediadas, e ainda
existiam 3 pessoas, querendo briga e vi Bárbara parar a minha frente e falar.
— O que fez com ele?
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— Nada, ele apontou uma arma para o senhor Ribeiro, e falou que mataria todos, um a um, até
eu desistir de ser Rei, e apenas vi uma linha de luz vir sobre ele, não fui eu.
— Ele parece estar cego.
— É a dica para os demais, não para mim.
— Minha mãe não gostou disto.
— Tem de entender Bárbara, tem um ano para pensar se quer, nada é obrigatório, você tem de
querer, não eu apenas.
— Certo, não escolheu este caminho, eles não estavam acostumados a manifestações como o que
viram hoje, você é tido por eles, como a aproximação do grupo novamente as leis.
— Estranho pessoas que fora daqui, se fazem de moralistas e corretos e aqui forçariam alguém a
os servir, só por não ter um pai lá pra os parar.
— Não entendi minha mãe lá.
— Ela quer um menino a mais, o que mais?
— Ela quer voltar a briga pelo novo rei?
— Acho que se todos se dedicassem, seriam reis em seu grupo, mas não sou eu que tenho de
falar isto para eles.
— Meu irmão sempre achou que era amigo dele, não entendi todo ódio, mas quando meu pai
falou que você morreria, desculpa, eu pensei que seria como os demais que vi morrerem.
— Morte nunca trás a guerra, a morte estabelece um vencedor, isto quer dizer, o fim da guerra.
— E vai se manter longe?
— Não, sabe disto, mas outro dia, temos de estabelecer a entrada de Luana e da sua xará para a
família.
— Luana ficou assustada ontem, ela relaxou quando você colocou ordem, ela pensou que para ser
aceita, teria de ir ao centro.
— Ela foi aceita, sabe disto.
— As vezes duvido disto.
Olhei para trás e Luana chegava ali e abraço Luana e falo.
— Mais calma hoje?
— Minha irmã está assustada.
— Acho que não entendo tanto disto. – Falei.
Bárbara me olha e fala.
— Nosso pai sempre falava que na primeira noite, tínhamos de nos manter isoladas na tenda, pois
quem lá não estivesse, poderia ser puxada para dentro da roda e uma vez lá, eles não deixariam de
provar.
— Quando as pessoas acham que sexo é apenas gozar, vira realmente animal.
Luana me olha e pensa.
“Vai nos apresentar a família?”
“Sabe como eu, que foi aceita, como falamos, não está escrito em local algum, que 51 pessoas,
possam se conectar como estamos conectados”
“E ninguém acredita”
“Não é para acreditarem, é para nós isto!”
“Mas então faço parte da família?”
“Sim, algumas tem seus pretendentes, não sei se vai escolher um!”
“Sabe de quem gosto!”
Sorri e olhei Bárbara e falei.
— Vamos ainda ter de dividir uma Rainha.
Bárbara sorriu e vi um rapaz chegar perto e falar.
— Meu pai se retirou, mas saiba que nossa família está no grupo ainda senhor Baptista.
— Acho que as bebidas em interações mais puras, tem de ser evitadas.
— Certo, mas vi que aceitou a união de meu irmão com a companheira, meu pai queria exigir o
dote antes.
— Somos uma família, se o amor estiver ali, função de família, é prover o dote, acho que o amor
vem antes do dinheiro, o dinheiro, é consequência de uniões fortes e na lei.
— Meu irmão está feliz, sei que meu pai vai odiar, mas pelo menos não teremos problemas com a
aceitação.
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— Não temos problemas ai?
— Soube que tem duas moças da família Silva, queria saber se me apresentava a irmã da moça ao
lado.
— Sim, Bárbara Silva, vem ao grupo por uma curva de acontecimentos, mas lhe apresento sim.
O rapaz sorriu e Luana fala.
— Ela estava com medo de ninguém olhar para ela.
— Eles querem companheiras e amantes, sei lá qual a parte que o interessa.
— E você, o que se interessa? – Luana.
— 50 rainhas vão acabar comigo, mas quem sabe, reis são safados.
Marilia chega ao grupo, depois outras moças, e me retiro um pouco, fui tentar descansar um
pouco, embora acho que agora, descanso quando elas chegarem aos 50 anos.
Fim do dia, eu reúno as 50 candidatas a rainha na minha tenda, as vezes tinha de manter as
rédeas soltas, as vezes bem amarradas, obvio que não daria conta de 50, e não estava pensando em
sexo, imagina se 50 crianças abrirem o berreiro juntas.
Estava confirmando os compromissos, agora em grupo, não apenas uma ou outra, e que mesmo
com alguns pais querendo mudar isto, eu considerava ainda todas como minhas rainhas.
Mais uma noite, e domingo o grupo todo foi a cidade, para almoçar, as pessoas na cidade,
turística não conseguiam ver nada de diferente naquele grupo.
Estranho o sincronizar das pessoas, uma coisas eu tinha certeza, que aquele grupo estava se
unificando, talvez um ou outro querendo sair, mas um exercito de ideias estava se fazendo, as pessoas
começam a se enxergar em funções no grupo, não apenas participantes de uma reunião, mas parte de
algo maior.
Quando a tarde voltamos ao acampamento, vi que alguns que haviam saído, voltaram, eu sentei
ao centro do salão de festa, e pedi mentalmente para as fadas se aproximarem, isto fez todos os demais
chegarem perto, em círculos, e quando demos as mãos, aquele pequeno ser surge ao centro, e
fechamos os olhos, senti o menino, sentia como eu, mas uma parte de cada das meninas a volta, correr
pelo salão, atravessando os demais, estranho que quando abri os olhos, o ser parecia agora ter meu
tamanho, não mais uma criança, e ele se transmuta em um leão de luz, de energia e ruge ao centro do
local e ouvi uma senhora ao fundo falar.
— Depois de séculos, temos um rei.
Eu não entendi, mas olhei aquela senhora, agora sabia de que família ela fazia parte, ela estava na
minha memoria, lembro dela me olhar a rua, quando criança, e me entregar um livro, que não continha
palavras, que não tinha titulo, lembro de minha mãe tentar recusar e eu olhar o livro e sentir a energia,
e por muito tempo, eu não entendi que aquele momento era uma seleção.
Lembro que quando vi um livro igual na casa de Jose a pouco menos de dois anos, ele me olha e
pergunta porque perguntava sobre o Livro da Lei, que eu não deveria me meter em coisas que não
devia, como amigos, eu falei que um dia uma senhora me ofereceu um livro igual, e que parecia aquele.
Ele riu e falou que estava mentindo, lembro que mostrei ele em casa para José e ele rasgou o livro
e falou que aquilo era uma copia barata do Livro da Lei.
As vezes não entendemos, pois eu lembro que o livro de Jose não mostrar uma única pagina
escrita, o meu, muitas em branco, mas as primeiras 34 estavam escritas, e sorri, pois lembrei de no dia
seguinte, olhar o livro, pensando em o concertar e ele estava lá, inteiro, como se nada tivesse
acontecido.
A senhora chega ao centro e olha as meninas e fala.
— Tem um poder que nunca entendi aqui, mas se nosso rei vai abrir as energias do universo para
o grupo, sei que é hora de descansar.
A senhora se baixa e toca em minha cabeça, senti a historia, e não sei se os demais viram, mas vi
os filhos da senhora, os netos, suas companheiras, chegarem a volta, como espectros, e todos eles
tocam minha cabeça, estranho a sensação de guerra, eles sorriram e a senhora se desfaz em energia,
com todos os espectros, fecho os olhos, pois estava absorvendo aquilo, e sabia pelos olhos das meninas,
que todos nos olhavam e ouvi uma menina a ponta falar.
“Se minha bisa, aceita Bruno Baptista como Rei, o que uma fada pode contrariar!”
“Contrariar é nossa função, pequena Maria!” – A menina que fora puxada para dentro da roda
pelos adultos a dois dias, estranho uma prova que se mostrava estranha, estar me testando, e ao
mesmo tempo observando.
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As rainhas chegam perto, depois as princesas, depois as Lobas e por fim a corte, junto veio os
pretendentes, e por fim falei.
— Poderiam trazer ao centro do circulo os 4 irmãos do rei?
Vi abrirem um caminho, eu me levantei, os 4 sentaram-se e estiquei as mãos as meninas e o leão
ressurge a volta e caminha para dentro do circulo, e senta-se onde os 4 estavam, o mesmo olha para
cima, acho que foi automático eu e as fadas olharmos para cima, e vermos um feixe de luz azul vir do
céu e senti os meninos voltarem a situação de saudáveis, e vi a vista de Jose vir do branco a cor, ele
primeiro fecha os olhos, e depois olha em volta e falei olhando Rose, que estava no lado de Raquel,
naquele circulo e falo.
— Rose Baptista, aceita Roberval como seu companheiro?
Roberval me olha e olha Rose sorrir e fala um sim baixo, e falo.
— A resposta para todos candidata a princesa.
Ela fala um sim mais alto. Fiz o mesmo com os próximos dois, e por ultimo, José, ele ainda parecia
me odiar, mas não seria por meus atos, talvez pelos próprios.
— Não quero uma companheira. – Jose agressivo.
— A reunião acaba amanha, você que sabe, se traz para dentro um dos meninos que se relaciona,
a escolha é sua Jose.
Ele me olha e fala.
— Não entendo como você virou o rei, este cargo era meu.
— Não, estou no cargo de reprodutor, não no cargo que era seu, estou no cargo de união, que
não era o seu, tem de achar o seu caminho Jose, e me odiar não se mostra um caminho.
— Mas pode me gerar uma alegria.
Olhei os demais e falei.
— Que a fartura impere, Que a saúde impere, que os sorrisos verdadeiros venham aos lábios, com
a benção do senhor da Guerra, Abrahadabra!
Senti a energia fluir entre as pessoas, as vezes eu ficava olhando e admirado, as vezes parecia que
estava em um caminho especial, estranho as palavras continuarem a vir sobre mim, e a calma, e sentir
as famílias se reunirem, as meninas e rapazes saíram a volta e fiquei ali ao centro, como eles se reunirão
em família, sobrou o pouco de pessoas que eu atraíra para aquele local, e minhas primas me olham e
Bárbara, irmã de Luana fala sentando-se.
— E agora?
— Hora de descansar um pouco, pois a guerra acaba ao fim da vida, e ela está longe de chegar.
Rose me olha e fala.
— Obrigado por ele.
— Eles me odiarão da mesma forma, e não tenho como refazer a historia, pois a parte deles, seria
muito semelhante.
Fomos a tenda que armaram para mim, e conversamos, vi quando as demais começam a voltar,
hora de descansar para o dia seguinte. Dia dois, segunda feira, começa com as famílias se
confraternizando, vi que muitos senhores vieram falar comigo, e estranhava isto ainda, me sentia a
criança que sei ser e olho em volta, a família crescia de todas as formas.
Um café forte e vejo Jose parar a minha frente.
— Não entendo como não me odeia.
— Ódio, não nos leva a nada.
— Mas tomou a coroa.
— Pelo que entendi, assumi ela, não a tomei, a muito não havia um rei, e eles para se manter,
sem rei, faziam oferendas, acho que isto afastava os reis, oferecer a guerra ou a conquista, tem ganhos,
mas corpos a morte, não lhe traz nada.
— Sei que não está entendendo, mas lhe devo um agradecimento, e mesmo assim, não o quero
como amigo. – Jose.
— Um dias cresce Jose, a posição minha do dia de ontem, coloca os 4 irmãos, em armações para
virarem rei, mas melhor ter alguém ai, a não ter ninguém.
— Não teme a morte.
— Minha única certeza.
Ele se afasta e vejo Bárbara Silva, chegar a mim e perguntar.
— Existe alguma proibição de um dos rapazes me tomarem como esposa?
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— Porque existiria?
— Vim em um conjunto de moças no grupo da minha irmã.
— Queria ter certezas, mas sei que se as tivesse, minha vida viraria uma chatice, então viva as
incertezas.
Duas da tarde, as moças que estavam ligadas a alguém, e faziam parte dos grupos de damas da
corte, se reúnem ao centro e novamente demos as mãos, e as mesmas apresentam seus parceiros,
assim crescendo o grupo, o que era uma reunião que alguns achavam ser apenas para anunciar o rei, eu,
estava gerando muitas ligações.
Senti o local, as vezes me sentia um instrumento, não o rei, talvez um príncipe metido, mas Deus
era o Rei, eu apenas um rapaz com a sorte de ter acreditado em algo, que me foi induzido, mas era
estranho a posição de líder, diante de alguns e ouvi um senhor parar ao meu lado e falar.
— Desculpas pelas palavras de sábado.
Olhei o senhor e falei.
— Não julgo para condenar, então não tenho de desculpar, deixo isto para o verdadeiro Rei, Deus,
sou apenas o instrumento dele, diante dos demais.
— Esta sua posição calma, tem distribuído ganhos e energia a todos, sei que as vezes passamos do
ponto, mas vi que não ofereceu alguém a Hadit.
— Hadit e Nuit, são partes de Deus, a sua divisão, e Deus não precisa de mortos, ele quer a família
crescendo senhor, como disse, tem de entender o que é social, e o que é seus desejos, mas suas
escolhas, diante do prazer mutuo, é o que Deus defende.
Ele se afasta e vi que as moças tentavam ainda manter-se nas famílias, pois embora a união tenha
sido declarada, elas não deixavam de ser de suas famílias e eu como menor, não teria como prover
antes dos 18, um caminho real. Na verdade poderia, mas o faria com a calma que tenho a tudo.
Segunda vai ao final, feriado terminando, e cada família desmonta sua tenda e sobem a serra, eu
olhei todas saindo e olhei em volta, estava no fim, sozinho ali, quando sinto a energia de quem se dizia
meu pai as minhas costas.
— Sente-se senhor York.
O ser olha em volta e fala.
— Você não é meu herdeiro, você não carrega meu nome.
— Se apenas o nome lhe interessa, este não poderei ajudar.
Ele passa ao lado, vi que ele passou mais afastado, e senta-se a minha frente e fala olhando em
volta.
— És sozinho, como podemos ter um rei solitário.
Sorri, eu não era solitário, e sabia que o ser a frente queria alguma forma de voltar a vida, ele
tentava através de interferência, mas se ele queria me afastar conseguiu.
— Manter você na guerra filho, é para lhe fazer ir a frente. – Uma mudança de atitude.
— Tem de entender, o verdadeiro perfume da vida, passa por oferendas de sangue, alguns acham
cruel, mas são apenas carne.
Não sorri, e perguntei.
— E para que ofereceria apenas carne para meu Deus.
— A força vital das pessoas fica na família, Deus fica com a prova da oferenda e tudo que temos,
ganha a força destes seres.
— Se tem algo que não pretendo entender, apenas seguir, é o meu caminho.
— Mas perde parte do poder de pessoas que são apenas passageiros deste planeta, pessoas sem
função.
— Acho que este caminho, pode oferecer aos seus demais filhos, aqueles que não entendeu,
também não levam seu nome, mas alguns acreditam no que falou, mas hora de ir embora.
Meu aplicativo chegava ao fundo e peguei minha mochila e ouvi o senhor falar.
— Tem de desmontar sua tenda.
— Este terreno me pertence, eu faço nele o que quero senhor.
Caminhei ao aplicativo, anoitecia, olho que Jose não voltou, então hora de ir para casa, uma hora
após estava entrando em casa, abraço minha mãe e entendi que o trazer dos rapazes ao grupo
novamente, traria também o problema com o espectro de meu pai. Cansado e com coisas a fazer no dia
seguinte, fui dormir.

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Acordo cedo, e olho as mensagens, e marco com as bandas ali no fim do
dia, estava na hora de escolher um caminho, e sabia que nem todos queriam
estar no meu caminho, e isto sempre me complicava.
Aula e tudo que via eram pessoas se dedicando ao colégio, vi no intervalo
o governador novamente ali.
Desta vez ele veio com o secretario de obras e quando entro na sala da
diretora, ele me olha serio.
— Pelo jeito é serio que corre por ai, ninguém sabe onde estava no fim de
semana, e muitos me perguntaram isto.
— Muitos?
— Não entendo como você consegue colher oposição, nem sabem quem é você e parecem se
opor ao que você faz menino.
— Não sei discutir banalidades, eles se irritam.
— Estava mostrando ao secretario de obras o milagre feito neste colégio, ele falou que ideias
simples mas que mudam o ambiente de estudo, reformas com objetivo ele falou, não como enfeite.
— Eu fiz o que queria senhor.
— E fez uma escola de bairro, vencer todos os festivais.
— Eu fiz todos fazerem curso de teatro.
— E acha isto bom?
— Aprender a falar o que as pessoas querem ouvir, os torna mais propícios a cargos melhores,
aqueles que o chefe gosta de ouvir algo, mesmo sabendo não ter dado condição de ser feito.
— Formando atores para a vida?
— Formando minha família.
— E pelo jeito estava correndo na sexta.
— Era meu aniversario, não queria aquilo como lembrança de meu aniversario, para vocês, um
dia a mais, para mim, um dia especial.
— Certo, pelo jeito tinha planos e estávamos atrapalhando.
— Senhor, eu não entendo o que querem, quem não fala o que quer, não consegue, pois o resto
as vezes poderiam lhe dar aquilo de graça, pessoas poderia facilitar, mas não sabiam que você estava
precisando.
— E conseguiu algo assim?
— Sim, se olhar as cerâmicas novas do banheiro, cozinha e laboratório, são uma cerâmica de
exportação, mas que tem pequenos defeitos, não servem para ser vendidos, mas problemas de padrão
de imagem, não transforma um cerâmica em pior, apenas em muito mais barata.
— E como cerâmica de exportação, feita nos melhores padrões.
— Sim, mas obvio, para um colégio é fácil conseguir, para todos, bem mais complicado.
— E acabou usando eles em outras partes.
— Sim, pois são de fácil limpeza, com proteção contra umidade vinda de baixo, servem também
para aquecer ambientes, mantendo o calor local.
— E fez porque queria?
— Sim, e apenas o que eu queria.
— E vamos ter outras peças deste tal de Bruno Baptista.
— Criei 5 pequenas operetas, acredito que tenho de pensar no ano seguinte, mas se vier uma
ideia, eu crio outra.
— E pelo jeito não voltou ao Cultura Inglesa. – Este senhor pesquisou minha vida.
— Não, fundei o High School Curitiba, se não tenho onde dar aula, posso criar um colégio para
isto.
A diretora me olha e fala.
— Está falando que criou uma escola de inglês?
Não respondi, mas o governador me olha e fala.
— E todos esperando você voltar lá para ver o caminho que iria tomar.
— Senhor, quer ver o caminho possível, olha o curso de inglês do Colégio Estadual do Paraná, olha
o curso de Inglês para a Comunidade da UFPR, são caminhos, mas o ano que vem, pretendo fundar meu
colégio de Segundo Grau, nível High School.
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— E falam que está agitando o Agua Verde.
— Agora em Dezembro, inauguro finalmente todo o complexo de ideias dali, para começar a
pensar em outros, tive de adiar projetos, pois não estava pronto, então agora tenho os 6 restaurantes
na região, agora tenho o colégio pronto, agora tenho o curso de balé, de Musica, de Canto e de Teatro,
além de um complexo de teatro, de 9 salas, com vários tamanhos, com mais de 2500 lugares nestes
espaços, ainda terminei um local para acomodar as pessoas que lá se instalarem para show. Mas nada
disto agita a região, o que agita é o que isto proporciona.
— Não tem parado, e pelo jeito todos olhando apenas a parte cultural.
— Senhor, não vai mesmo falar o que quer?
A diretora sorriu e ouvi o senhor falar.
— Dizem que você projetou o calendário do teatro Guaíra do ano que vem, com espaço reservado
para 3 festivais, e 12 apresentações do grupo “Bárbaras”, no mesmo teatro.
— Se organizar para um ano de ações projetadas, não tem nada de mais senhor.
— Alguns falam que você vai ser um politico influente.
— Não tenho pretensão de ser politico governador.
— E que pretensão teria?
— Ser dono da cidade.
A diretoria sorriu ao lado e o senhor falou.
— Nada menos.
— Brincando senhor, não tem graça uma cidade que seja apenas minha, as surpresas fazem da
vida gostosa, se soubesse tudo que vai acontecer, não teria graça.
— Dizem que está reformando todo o estádio Pinheirão.
— Apensas arquibancadas, gramado, vestiário e cobertura, o resto, um colégio, um curso de
inglês, de dança, de canto, de musica, e teatro, além de um teatro para 3200 pessoas, e um estádio para
shows.
— E aquela pedreira no Atuba?
— Um colégio, 3 locais para shows, um teatro, e os cursos padrão.
— Está querendo ter seu colégio em 3 pontos?
— Eu não vou formar mais do que 315 pessoas, por ano, mas isto é para dentro de 3 anos,
quando a turma que começar o ano que vem, chegar ao terceiro ano.
— Dizem que formou mais de 300 pessoas este ano.
— Estou falando de formação completa senhor, sei que as pessoas estranham, mas tenho gente
matriculada em quase todos os lugares, e nem tenho a maioria pronta, mas é que formar pessoas, me
faz saber quem são os melhores, ainda no segundo grau, e os oferecer o caminho para um futuro.
— Nem tem ideia do que está falando. – O governador finalmente reagindo.
Sorri e falei.
— Disto não discordo.
— Mas quer dizer que terá shows no Pinheirão e no Atuba.
— Estou montando um estacionamento na região para 8 mil carros, tanto no Atuba como no
Pinheirão.
— Não quer complicar as coisas.
— As pessoas não entendem, que se não tem como chegar, elas não vão.
— E pelo jeito acha que o Teatro Guaíra comporta um Festival melhor do que o ano passado?
— Senhor, a ideia é boa, mas tem de ter incentivo nos colégios, por que vencemos, porque
chegamos com cenário, luz, som de primeira, e todos ensaiados, e com 6 meses de curso de teatro.
— Colocou quantos para fazer daqui?
— Todas as turmas mandaram seu pessoal, está é a diferença senhor.
— E enquanto os demais ficaram na duvida se participavam, vocês foram com a garra de quem
tivera a ideia.
— Minha ideia foi o outro festival, o governo anterior tentou fazer algo baseado na mesma ideia,
e para quem já encenava uma peça, encenamos uma segunda e terceira peça, não foi uma vez
organizado, difícil de fazer.
— A direção falou que deve ser dos alunos com melhores notas do colégio.
— Eu não deixo para uma final, o passar de ano senhor, é arriscado.
— E continua a ter ideias.
479
— Me falaram, que o tal Bruno Baptista, pode vir a ser pai no inicio de Agosto do ano que vem.
— Alguém do colégio? – A diretora preocupada.
— Não, alguém de maior, mas isto apenas me faz correr mais.
— E pelo jeito o menino das notas boas, tem seu lado irresponsável. – Fala o governador me
olhando.
— Irresponsável, seria ter o filho e não o assumir, não o prover um futuro, pois fazer filhos, é a
parte mais fácil senhor.
— E pelo jeito terei de olhar de perto este pequeno empresário.
— Nem tão pequeno senhor, mas com certeza, a cidade vai ser um local para grandes shows
locais, se os demais virão para cá, não me interessa.
— Pedro Rosa falou em Metrô para a cidade, não sei o que pensa disto?
— Senhor, o metrô, se a cidade for eficiente em gerar emprego, facilita, principalmente a dar
acesso a área industrial, gerando mais empresas, cidades de um milhão de pessoas, comportam metrô,
mas obvio, tem donos de empresas de ônibus que pagam os estudos dizendo não precisar, para
ficarmos nas empresas de ônibus.
— E não teria nada contra falir eles.
— Eles não faliriam senhor, eles mudariam de abrangência, mas veículos autômatos de serviço de
transporte, sem motoristas, podem gerar mais eficiência, e maior fluxo de horas.
— Não entendi.
— Senhor, esta coisa de cidade que se desenvolve organicamente, como Curitiba, faz sentido,
sistemas complementares, temos os sistemas de ônibus, temos os terminais, e temos de interligar as
coisas, estações, terminais, serviços públicos e de comercio, fazendo que a pessoa que quer algo, saiba
para onde ir, e como chegar lá, independente de onde está, quando se fala em metro, se fala em
velocidade, isto quer dizer, poucos pontos de parada, quando se fala em ônibus, menores, autômatos,
que sirvam os pontos, 24 horas por dia, quando se fala em terminais, serem um misto de transporte e
de cidade, com comércios, com serviços, com ligações com a cidade.
— Você fala coisas que parecem fáceis falar, mas não entende a dificuldade.
— Não sei quem falou, que o problema de todo transporte coletivo, é que as ruas, funcionam em
algo bidimensional, então temos de usar para a resolver, mais dimensões, pode ser um eixo Z de
transporte, e pode ser um horário diferenciado, para gerar fluxo de pessoas em horários diferentes.
— Falar é fácil.
— Certo, mas ainda não falou senhor, o que precisa?
— Um modelo, o secretario da Educação, quieto ao canto, queria ver o que fizeram neste tal
Colégio Estadual Santa Cândida que viram referencia no estado.
Eu olhei a diretora e falei.
— Isto você pode explicar ao governador.
— Eles parecem estar buscando palavras, mas pelo jeito o menino que veio quase expulso do
Colégio Estadual do Paraná, no centro, veio como reforço em todos os sentidos.
— Nem todos anos eu vou estar tão criativo, mas muitos podem ainda me superar, pois criei
muito pouco.
— E pelo jeito está agitando ainda? – Governador.
— Tenho meus compromissos, hoje é dia de terça, dia de fazer uma reunião de conteúdo e
programação com as bandas e corais que faço a direção e produção, mas o agito este ano que está
começando, difícil é achar tempo para fazer faculdade.
— Certo, mas dizem que está montando uma fabrica de moveis. – Governador.
— Móveis, acho que não, mas quem sabe não penso em algo assim.
— Mas falaram que você comprou muitos maquinários de marcenaria.
— Uma ideia, mas que não passa por moveis, ou até passa, mas é que para mim, cadeira de
cenário é diferente de cadeira de casa, mas foi equipamento de marcenaria e serralheria, mas é que
tenho problemas com cenário, tenho um que até hoje, não foi entregue, e foi pedido em Maio.
— Mas para que isto? – O governador.
— Eu tenho 9 teatros na Agua Verde, eu terei 4 teatros no Tarumã, e outros 2 no Atuba, isto pode
gerar 15 peças ao mesmo tempo, em 15 locais, se tiver apenas um grupo teatral, mas eles não farão
apenas uma encenação ao ano, isto quer dizer, posso precisar criar 45 cenários completos por ano, e 45
cenários pode parecer pouco senhor, mas seria fazer um a cada 8 dias, para ter eles prontos em um ano.
480
— Certo, você está pensando no criar da estrutura, algo que nitidamente não se tem, ouvi os
comentários europeus sobre este coral show “Bárbaras”.
— Pensa no mesmo show, sem parede de Led, sem luz, sem cenário, e pensa no mesmo show
senhor.
— Seria apenas voz, mas entendo, vocês desenvolveram um show, não um coral, isto que as
pessoas no mundo falam, do Coral Show Bárbara, não é apenas o Coral, mas então teremos uma fabrica
de cenários.
— Vamos ensinar a fazer e projetar cenários senhor, assim como idealizamos o palco do show
para as bandas da cidade, que vão se apresentar fora.
— Querendo invadir o mercado?
— Criar um, eu só posso invadir um mercado que existe, ninguém falava em Coral a um ano em
Curitiba.
— E hoje falam do Coral e da escola de formação de Canto Curitiba.
— Sim, mas pela primeira vez, teremos um tenor em nossas peças, pela primeira vez, teremos
realmente as meninas ensaiadas, e vamos ter o grupo de bailarinas que com certeza fará parte do show
do ano que vem.
— Não vai parar?
— Senhor, me falaram, você não tem como ganhar dinheiro com isto, eu paguei com o dinheiro
que entrou nos teatros na Iguaçu, a obra dos teatros, aquela obra que esta sendo terminada agora.
— E ninguém viu você ganhar.
— Como digo, eu tratei bem o pessoal da Globo, eles me apedrejaram, eles colocaram naquele
programa Bicho do Paraná, pessoas dos 7 grupos de cantantes da cidade, e dos 5 grupos de teatro deste
colégio, mas você não viu eu lá, e eles pensam, não queremos ele, e penso, que bom.
— E produz eles?
— Produzia a Bárbara e os Clementes, a moça foi a carreira solo e nos abandonou, pois seria mais
uma pessoa a fazer sucesso.
— E pelo jeito não teme deixar pessoas no caminho.
— Eu não deixei senhor, o desentendimento, foi por dinheiro, quando naquele apoio a banda, que
um dos rapazes havia sido ferido com uma garrafa, gerou em direitos de internet, algo próximo a 45
milhões de dólares, para ser dividido, pessoas que nunca viram isto em dinheiro, começam a brigar por
um dinheiro, que se eles não colocassem os pais e empresários no meio, teria gerado pelo menos 10
shows semelhantes que gerariam o mesmo montante.
— Quer dizer que a separação foi por dinheiro.
— Sempre é senhor.
— E pelo jeito fez da banda mais um sucesso.
— Digamos que lançamos um projeto, onde usando as aulas de canto, por 8 semanas, lançamos
na internet, 40 musicas, com 8 cantoras, que são as meninas da encenação, então se os Clementes
tinham uma candora e eles tocavam, agora eles tem 8 cantoras e viram Clementes e as Inglesas.
— Lembro também disto, todos falando que os Clementes mostravam sua força, agora livres das
amarras do antigo empresário.
— O senhor Vaz achou que era pesado dividir com os meninos os lucros, e sabe como é, quando a
cada show se tem um grupo, fica difícil ter um padrão de show.
— E pelo jeito quando falam deste Bruno Baptista, ninguém olha para você.
— Entra no mesmo motivo, que falei que não daria para falar que a ideia do Festival vinha de mim
para o antigo secretario, pois quem levaria a serio um rapaz de 16 anos.
O segundo sinal tocou e sai dali e fui a sala de aula, as pessoas estavam querendo agito, e vi
Beatriz parar a minha frente e falar.
— Qual a ideia, porque nos reunir?
— Se não quer ir, tudo bem.
— Não seja assim Bruno, apenas queria saber o que esperar?
— Na verdade eu quero saber como está tudo, e nos programarmos para o ano que vem, vai ser
corrido.
— E pelo jeito acha que podemos melhorar.
— Sempre.
Carla entra e fala.
481
— Dizem por ai que vai ser pai o ano que vem, andou aprontando Bruno?
A medi e olhei para João e falei.
— Não o quanto queria.
— Safado. – Carla falando baixo, para João a porta não ouvir.
— Quero falar com os grupos de teatro, talvez no fim do dia.
— Querendo algo a mais?
— Sim, vocês encenaram cada qual 3 peças, fazer um percurso de fim de ano, e fazer vocês
ficarem melhores.
— Melhores, não gostou? – João.
— Financeiramente Melhores, pois como falo, hora de cada um defender o salario do ano, nestes
meses finais.
— Como assim defender o ano? – Beatriz.
— Se temos 3 teatros que podemos vender um grupo em cada por dia, digamos que o grupo
Safos, Sexta e Sábado, em um teatro, fazendo a peça adulta, Sexta e Sábado em outro horário em outro
teatro, fazendo a peça infantil, e num terceiro Sexta e Sábado, fazendo o em inglês, e cobrarmos 100
reais por peça, ainda não sei se vai encher, mas estamos trocando ideias, sessão das 6, 8 e 10 da noite,
por um mês, poderíamos fazer cada grupo, ter um dinheirinho no fim do ano.
— Pensando em nos pagar? – João.
— Não, a bilheteria pagaria, não eu.
— E acha que teríamos um dinheiro, minha mãe está querendo me por a fazer algumas casas.
— Acho que daria para tirar uns 15 mil por pessoa no mês de apresentação.
João sorriu e fala.
— Bem dizem que você não é pão duro, mas daria trabalho.
— Sim, 6 apresentações por semana, 9 horas de trabalho, para por um salario modesto na conta.
— Modesto? — Carla.
— Estamos considerando que não enchemos o teatro, se enchermos daria para tirar um pouco
mais.
João me olha e fala.
— Está falando que se der publico daria mais ainda.
— Talvez o dobro. – Falei os colocando um chamariz, para ganharem 30 mil cada um dos 18
membros do grupo teatral, mas não garantiria isto antes da hora.
— Ai minha mãe não teria como reclamar. – João, ele olha em volta e fala – E poucos fazem estas
coisas pelo jeito, pois não vemos tantas pessoas se dando bem nestas coisas.
— João, seria o encerrar o ano com chave de ouro, pois vocês já fizeram parte de um show épico
no Guaíra, vocês viajaram com as Bárbaras, e conheceram a Europa, e agora, por um dinheiro na conta.
— Certo, fechar o ano, só precisamos passar agora.
— Não se faça de preguiçoso, que passa João.
— Certo.
O professor entra na sala, e vamos as carteiras, mas a ideia seria jogada a todos, pois teria os
espaços prontos a partir de agora, e queria gente lá, 12 grupos para dividir teatros que iriam de 210 a
504 lugares, mas ai usando 3 dias, talvez usar até os locais de show do Clube de Comédia.
As vezes eu acho que sonho alto, mas o números me faziam pensar, pois eu queria ganhar com
aquilo também. Fim da aula e vejo um monte de recados no meu celular, teria de ver como responder a
todas, sem confundir as coisas.
A maioria estava pensando em fim de ano, e eu queria ainda algo antes do fim, eles teriam de
decidir se queriam, mas os grupos teatrais se propuseram a tentar, sabia que apenas entre eles, era
mais fácil chegar aos números, então propus o primeiro Curitiba Show, e com as bandas ali, propus o
que seria um show no inicio de Dezembro em Curitiba, com uma versão em Florianópolis em Fevereiro,
eu ainda não estava parando, e talvez a responsabilidade viesse como peso, mas queria ela como
objetivo. Quando no fim daquele dia, publicamos o cronograma dos teatros para novembro, e começo
de dezembro, muitos dos que estavam pensando em enrolar para firmar o estar naqueles espaços,
começam a ligar.
Nos reunimos os 5 grupos de teatro do colégio, e mais um do curso de teatro, e começamos
trocar ideia sobre o que encenaríamos no ano seguinte, estava pensando no que mostraríamos no

482
festival de Curitiba, marcado para março do ano seguinte, as ideias começam a surgir, e cada grupo
começa a criar algo, eu começava a me afastar dos grupos, eu não conseguia mais parar em uma ideia.
Quando vi que estavam pensando no que eu queria, pois se eles criassem cada um mais 3 peças,
teríamos 24 peças teatrais para encenar.
Você quer chamar para um mercado, crie o produto, não deu certo, mude o produto, mas
continue criando, nunca se sabe o que vai fazer sucesso, juro que neste momento eu pensava em não
ter um Coral, e sim pequenos grupos formados para acompanhar as bandas, em uma ideia mais
espalhada, menos clássica.
Era fim de dia quando vi minha mãe entrar pela porta e falar que aquele espectro começara a
perturbar de novo.
Abracei ela e sabia que teria de encarar, e talvez esquecer que aquilo foi o responsável pela minha
existência, se existo, aquele traste é que me colocou nisto, mesmo ele não querendo, todas honras e
merdas que fiz na vida, podem ser em parte culpa dele. Então atribuir as partes boas e a as negativas,
era minha ação até agora, mas se não tinha saída, estava decidido o caminho.

483
Quando coloco a programação do mês, os ingressos no começo começam
calmos, mas parecia que quando se decidia, um grupo se movimentava.
A semana corre, e quando abrimos na sexta com a as 6 casas do teatro
cheias, eu sabia que tinha gente apostando contra, e por mais que parecesse o
contrario, poucos falaram mal.
Eu vou ao auditório de 88 pessoas, e sento ao palco pequeno, e olho em
volta e vi Bárbara Vaz entrar, ao lado, o pai, não sei quem subornaram para
entrar, mas era evidente que alguém deixara entrar e não se anunciaram.
— Aqui que se esconde? – Senhor Vaz.
Olho em volta e não respondo, olho Bárbara que fala.
— Ele insistiu em falar com você.
— Como disse um dia Bárbara, um dia faz 18.
O senhor me olha atravessado e fala.
— Querendo passar sobre mim?
— Não, estava falando de namoro, ela ainda é de menor.
O senhor me olha e vi um segurança entrar e falar.
— Estão importunando senhor?
— Ainda não, mas mais atenção rapaz.
Ele sorriu e o senhor fala.
— Minha filha precisa de um produtor, e ninguém quer o fazer.
— Se fez com eles o que fez comigo, não os condeno.
— Eles querem ganhar demais.
— Se é para não ganhar, porque eles iriam a produzir.
— Você parece ainda solitário e disponível.
— Sim, disponível para conversa, pois acabo de por os meus 6 grupos teatrais para encenar, e um
deles, os Clementes fazem parte.
— Você parece não fazer nada, e sei que fez, para os tirar do meu show. – Bárbara.
— Se seu pai não falou o acordo que fez com eles, não posso fazer nada, mas o problema de
clausulas que dão liberdade para um lado voar, tem como regra a isonomia, então eles ganharam a
mesma liberdade.
Bárbara olha o pai.
— Vai a por contra mim.
— Não preciso, para me dar um chute na bunda duas vezes, ela não defendeu eu lá, então ela não
me queria lá, paciência.
— E não vai querer me produzir.
— Bárbara, a primeira vez, voltei por achar que me queria lá, mostrei o que iriamos fazer, mas
esqueci, eu não meço esforços, e um digito seguido de 6 zeros em dólar, os fez esquecer tudo que
haviam falado.
— Vai se fazer de inocente? – O senhor.
Olhei a porta e falo.
— Os conduz para fora, se quem sabe o que fez, vem de cordeirinho, e nem quer falar as merdas
que fez, é apenas para me deixar atento aos fatos.
— Sabe que meu pai quer entrar no grupo dos mais ricos da cidade. – Bárbara.
— E o que teria haver com isto?
— Ele falou que talvez tenha de oferecer a filha em casamento, para se fixar no grupo, vai ver
acontecer e não vai fazer nada.
— Sempre digo, as escolhas, entre eu e você Bárbara, são passiveis de volta, mas entre você, seu
pai e o grupo, ai, não tem saída, avisa seu pai, ali não tem voltar atrás, ali não existe es do grupo, e
ninguém fala nada disto.
O senhor me olha e fala.
— Eles não são tão terríveis.
— Imagino, mas – olhei o segurança e falo – os conduza a saída.
Eu pensei e ouvi alguém a minha mente falar que fora seu pai que convidara o senhor, pois ele
tinha uma gama de aliados que tinham Pedro Rosa como parceiro, e eles queriam mais influencia.
484
“Vai dar Merda!” – Pensei e ouvi uma porção de sorrisos na mente.
Fui a casa que era basicamente um hotel, vazio e olho um senhor chegar e me olhar e falar.
— És Bruno Baptista?
— Sim?
— É seria a proposta?
— Lhe apresento a ideia e me fala se é possível.
Tínhamos marcado a frente na entrada do estacionamento, na rua ao lado e descemos mais 30
metros e o senhor viu a obra do hotel e fala.
— Estão terminando?
— Hora de contratar e por para funcionar, a ideia era outra, mas por fim, resolvi que daria para
fazer algo melhor.
Entramos e o segurança nos deu passagem e o mestre de obras me olha e chega a frente.
— Estamos terminando a ligação, e semana que vem entra os moveis, para não danificar antes da
hora.
— No cronograma.
— Apenas terminando os acabamentos da parte hotel, vai olhar o que?
— Quero verificar se a ideia de Flat Hotel pode ser aplicada.
O senhor não entendeu e me olhou.
— Mas qual a ideia.
Entramos no elevador, estava ainda todo protegido para não estragarem, em obras e chegamos
ao que seria a região aberta da parte superior e falo.
— Nosso restaurante a direita, área de piscinas a esquerda, e controle de entrada na parte que
veio a ideia de criar somente agora, era para outra coisa, mas quando se tem, duas suítes principais,
uma é minha, deixar claro, e 50 residências em um ambiente único, é desperdício vazio.
O que era a cobertura do estacionamento agora ganhou no pouco que sobrou área verde e uma
passagem entre os dos prédios, na altura de 10 andares, e o senhor viu para onde andávamos, pois ele
olha para cima, e aquele prédio já era símbolo da cidade, embora ninguém soubesse o que seria.
— Entendi, montaram algo especial.
Entramos na sala e o senhor olha o ir até o topo, e a toda volta para cima, em andares primeiro se
ampliando, e depois e recolhendo, formando o formato até mesmo internamente do cilindro.
Subimos em um quarto do terceiro piso e falo.
— Temos 50 destes, e queria saber, de quem tem experiência, se seria uma ideia oferecer como
hotel, Flat.
— As vezes um hotel mais caprichado, já que Flat estabelece um dono.
— Sim, que paga a manutenção do local, independente de estar aqui.
— Certo, mas qual a ideia quando se criou isto?
— Uma casa de 10 pisos, com 52 quartos.
— O segundo piso teria oque?
— Sala de jogos, de internet, de TV, de exercício, biblioteca, até uma sala de festas.
— Certo, um conjunto de obra que não dá para deixar parado, e de quem é isto?
— Do pirralho Bruno Baptista, a sua frete.
— E quer um dirigente para este empreendimento.
— Doutor Vaz, me indicou, falando que tinha experiência neste tipo de empreendimento.
— Parente dos Vaz?
— Não, apenas ele é o advogado do grupo.
— E confia na indicação do Doutor Vaz?
Estranho sentir as energias e perguntar.
— Não o conheço tão bem, algo que o denigra?
— Dizem que ele tem pacto com o mal, todos que se aproximam dele, acabam se dando mal, pois
ele tem um pacto com o demônio.
Olhei o senhor e falei.
— Mas estamos terminando a obra, e as vezes esta coisa de prefeitura me irrita, eles estão
segurando as coisas porque não faz parte do mesmo terreno na prefeitura, as vezes isto me desanima.
— E vai contratar pagando quanto?

485
— Vim apresentar a ideia, se achar que consegue, me manda uma proposta de salario, pois sei
que as vezes, ter o dinheiro não é querer gastar com algumas coisas.
— Sabe que pão duros não conseguem bons nomes.
— Me chamou de que? – Falei.
— Não quis ofender menino, mas lhe passo a proposta, mas estão esperando a aprovação ainda.
— Sim.
— Lhe passo, pelo jeito correndo.
— Sim.
Dispensei o senhor, e não o contratei, Vaz nunca soube que o senhor falou mal dele, mas para
mim, alguém que trata tudo na lei, e não além disto, e se o senhor não segurava a língua, ali não
serviria.
Sei que perguntei a outros quem indicariam, e soube de um dos rapazes do grupo, que não tinha
ainda muita experiência, mas o chamei e mostrei o conjunto, e ele olha encantado e fala.
— Falam que você é o pobre do grupo, acho que eles não sabem mais quem está mandando na
cidade.
— Nós, qual a novidade. – Falei.
Apresentei a ideia, e vi que embora sem a mesma experiência, ele não era de falar mais do que
comentários rápidos, e sabia que ele teria de contratar pessoas, então pedi a uma agencia de emprego e
para a agencia do trabalhador, hora de selecionar quem aprenderia a tocar aquilo.
O fim de semana foi de boa bilheteria e vi pessoas já reclamando no domingo, mas quando
começo a passar os pix para cada participante, as reclamações parecerem sumir, como as pessoas
reclamam rápido de mim.
Nesta hora me toco, sou um pirralho, eles sentem insegurança, não querem ser passados para
trás por um pirralho.
Eu preferia pagar no final, mas eles queriam receber picado.
Sorrio, pois não era muito, e mesmo assim, para eles era uma fortuna, sabia que no final de um
mês, 3 seções por dia, por 3 dias das semana, eles colocariam perto de 77 mil no bolso, para muitos uma
fortuna, eles teriam de declarar renda por este mês, e sabia que eu não colocaria apenas isto no bolso.
As vezes ter para dar estrutura, é uma desculpa, mas todos que cresceram sabem, ter recursos
para alguma imprevisto, garante o futuro de quem deu estrutura.
Estava olhando os dados no fim de domingo e vejo aquele espectro entrar na estrutura do flat e
olhar em volta e falar.
“Sem vida!”
Sorri, um morto falar isto, é engraçado.
“Tirando sarro de mim!”
Olhei aquele ser, ele em si, já se fizera de morto uma vez, já perdera toda sua luz, vi isto acontecer
por meus olhos, e agora aquele ser, todo negro carvão, como se tivesse queimado cada carbono de seu
corpo, me olhava.
“Eu as vezes penso em lhe aceitar como filho, mas sei que eles tentarão o matar se o fizer, e não
seria algo que sofreria por isto.”
Sabia que ele queria algo, ele estava com palavras amenas, mesmo as palavras fortes faladas mais
cordialmente.
“Não vai falar comigo?”
— A ultima vez estava lá falando que não me reconhece como rei! Na penúltima, que meus
irmãos teriam de me matar, o que contradiz a lei em si! Toda vez que esteve diante de mim, foi apenas
agressividade, ou para me proibir chegar rápido a algum lugar, não sei, realmente não sei o que falar.
“Tem de considerar que estes que lhe aceitam agora, tinham como parâmetro que o novo rei
teria de ter um filho doado como oferenda, com sua mãe, sou produto do meio!”
Eu não sabia se isto era real, mas poderia ser, mas tem coisas que não se fala, e uma delas, dos
demais sem o direito a defesa.
As vezes parecia uma indução para pedirem algo assim a frente, e talvez fosse o determinar que
eu seria morto, mas sei que o que menos me preocupa, é os antigos costumes, eu queria fazer os meus.
As vezes olhando o senhor, sentia algo que não gosto, pena. Paro um momento e penso que isto
que ele queria, gerar algo que não gosto, e apenas falei.
— Voltou apenas para terminar o serviço?
486
Ele me olha e fala.
“Acha que eles gostam de você mesmo!”
Sorri e pensei, algo estava errado, e mesmo assim, estava ali, talvez eles tentassem algo, e não
entendessem, a merda que estavam fazendo, talvez fosse apenas impressão, me levanto e começo a
sair, e vi o ser ficar a minha frente e apenas caminhei para a parte externa, e desci por uma lateral do
telhado, e cheguei a casa que deveria estar apenas minha mãe, e vi aqueles 3 senhores apontando uma
adaga para ela. Eu olhei minha mãe pela janela, ela estava assustada, e vi o ser entrar na peça, ele iria
alertar os demais, mas a intenção era a forçar fugir pelos fundos, uma queda dali era morte, e não teria
um culpado. Dei a volta e vi minha mãe vindo pelo corredor e apenas a parei e ela me olha assustada.
— Tem senhores ai falando em me matar.
Apenas a abracei e falei.
— Calma mãe, isso é coisa daquele desgraçado do York.
Eles entram na peça e quando me veem, escondem as facas e um fala.
— Vai acreditar nesta mulher. – Um senhor que era da família Dias.
— Ela nem falou nada ainda, o que teria de acreditar? – Falei a olhando, e sabia neste instante,
senti que três meninas estavam dormindo, nem sei se vivas naquele momento.
— Que viemos a matar? – Fala o senhor.
— Um aviso senhor Dias, se aquilo que deu para Daniele e Marisa as fazer mal, será sua vida que
pedirei, pois covardes, não preciso acreditar, e o que fazem na minha casa?
Um dos senhores mostra a faca e fala.
— Pelo jeito sabe o que viemos fazer?
— Matar alguém para aquele que vocês mesmos mataram, tenha uma chance de forçar uma
mudança de caminho, mas esquecem de uma coisa, uma bem básica, a permissão foi dada por vocês.
Outro puxou a faca e senti uma das meninas voltando a consciência e correndo ao quarto da
outra, alertei outras duas, para irem verificar o que estava acontecendo, enquanto olho as facas e falo.
— Estas facas são para que senhores?
— Quem sabe nos livramos dos dois, não queremos um novo rei.
— E não acatam o que a maioria quer, seria isto?
— Vocês fora do caminho, eles voltam aos antigos planos. – O senhor Gulin.
Eu estava de mãos dadas a minha mãe, e apenas senti a proteção vir sobre mim, e olhei minha
mãe, agora sabia como a proteção se manifestava, pois nunca tinha visto a imagem de algo assim, e
olhando os 3 e falo.
— Podem tentar, mas sabem qual o custo, se não conseguirem?
— A lei não lhe permite matar parte da família.
— A mesma lei senhor, o senhor não aceitar, não transforma em não lhe ser parte a mesma lei,
mas apenas perguntei se tem noção do que lhes será cobrado.
Os três se armam, eu apenas estiquei a mão e vi da cozinha vir a adaga, que chega a minha mão,
os três olham a adaga se tornar uma espada, os vi assustados, recuarem e saírem da casa.
Os três saem e os segui, e na entrada vi o segurança sendo acudido, e chamamos a policia.
Minha mãe me olha e fala.
— O que eles querem?
— Minha existência, meu nascimento era um acordo de York referente a nos oferecer em
sacrifício, nossas vidas, por algo que eles nem sabem sentir, poder.
— E alguns ainda acham certo isto.
— Alguns acham que somos apenas plebe, e plebe se mata a vontade.
A policia chega, registra o ocorrido mas não pede as câmeras do local, eles achavam que insistiria
para eles olharem, mas era evidente, alguns ainda mandavam na cidade, mais que outros.
Eu e minha mãe subimos e ela fala.
— Eles nem se preocupam em deixar provas.
— Amanha terei ainda problemas, mas tenho de descansar.
— Pelo jeito aquele espectro ainda vai nos perturbar.
— Ele poderia escolher outro caminho, mas ele se arraigou em um objetivo, que morto, não pode
executar.
Abracei minha mãe e fomos descansar.

487
Acordo segunda, com o telefone, e pergunto.
— Qual a acusação? – Antes mesmo do bom dia para o doutro Vaz.
— Como sabe que o acusariam?
— Três senhores renomados da cidade, tentaram acertar minha mãe,
então obvio, quando não conseguiram, eles vão colher a tentativa.
— Acusado de ter dado algo envenenado a três senhores.
— Onde e quando?
— A noite em sua casa.
— Pega este depoimento doutor, pois um segurança foi esfaqueado para que eles tivessem
acesso a minha casa, onde minha mãe estava sozinha.
— Eles tentando inverter.
— Pede exame de sangue deles também.
— Tem certeza?
— Absoluta.
Eu olho minha mãe e pergunto.
— Consegue ficar bem mãe?
— Sim, pelo jeito vão nos atacar novamente.
— Sim, mas preciso ir mãe.
— Me cuido, apenas alerta a segurança.
— Sim, um aviso que não levei a serio, estabelecia que alguns queriam mudar algo, e não prestei
atenção, a culpa foi minha, dei espaço.
— E pelo jeito algo vai mudar?
— O problema é que convidados a participar, tem de passar pelo aceite da maioria, e pensei em
outra historia, não em entrar em uma guerra novamente.
— E vai a aula?
— Sim, presença faz parte do passar.
Sai dali e pensei que queria fazer algo diferente e não consegui, fui interrompido duas vezes, as
vezes os caminhos lhe detêm e se tem duas saídas, insistir ou avançar, não sei exatamente o que criaria
no dia anterior, mas sabia que algo estava errado, e no meio disto, sentia o problema crescer.
Estranho alguns perguntarem o que aconteceu, alguns apenas me cobram porque fiz aquilo, e
entendo, era fácil acreditar que eu não era o caminho.
Eu perguntei as fadas se as três princesas estavam bem, e fui a aula, sabia que se tive problema
num dia, teria de saber o abranger daquele problema.
As pessoas as vezes seguem suas vidas, algumas pessoas não queriam usar a estrutura baixa, mas
queria fazer parte do show de Dezembro, e de Fevereiro, as vezes achava que se fizesse tudo certo,
daria errado da mesma forma, mas o dar errado era manter o foco.
Sento a sala, as pessoas me cumprimentavam, mas as vezes os indícios mostram, tem politico
incomodado, tem empresário incomodado, e não levei a serio, o governador ali era o alerta inicial, o
convite do Dias, para a entrada de um novo membro, como condição de ter de oferecer sua filha como
uma princesa a um dos filhos do grupo, outro indicio, e no fundo, o alerta veio de quem ignorava, era
um alerta.
Vi minha prima parar a minha frente, não estava na sala dela.
— Problemas?
— Roberval mandou lhe alertar, ele não quer lhe dever nada, mas um grupo de senhores, está
querendo lhe tirar do posto.
— Agradece o alerta.
Pergunto as meninas quem estava conspirando, o silencio de algumas, sabia que elas não falariam
contra os pais, e apenas olho as mãos e penso em como vencer os que mandam na cidade.
“Me desculpo antecipadamente se novamente tiver de ir ao campo de batalha contra pessoas
que não deveriam guerrear.”
As vezes queria paz, mas teria guerra, e Vaz me passa uma mensagem, que seria conduzido, assim
como minha mãe, então pedi proteção a minha mãe, e alertei a segurança, e me levantei, o professor
entrava e falei que estava indo a direção, e vi as pessoas entrando a sala e vi aqueles 3 carros da policia
chegando ao colégio.
488
Eles não fora a direção, foram a sala direto, e a diretora me olha e pergunta.
— O que eles querem?
— Quando vi o governador aqui, ele queria falar algo e não tinha como.
— O que ele queria dizer?
— Para me cuidar, que tinha politico e empresário da cidade, que não queria as coisas mudando
na cidade.
— E como não poderia acusar ninguém, ele tentou apenas alertar?
— Acho que sim.
— E o que está pensando.
— O alerta era para ser feito na sexta, mas não ouvi.
— E pelo jeito algo aconteceu no fim de semana.
— A consumação que eles queriam, apenas isto.
— E se escondendo longe da sala de aula?
— Eu não moro aqui para ter uma determinação de busca aqui senhora.
— E espera o que?
— A chegada da imprensa que faz esforço reforçado para desmoralizar um menino, e meu
advogado.
— E eles pelo jeito não vão perguntar na direção?
— Não sei senhora, é como se tivessem a informação de que estaria aqui ou chegaria aqui, e não
sei ainda o que eles querem.
Vaz me alerta que a policia estava sobre comando de um es senador, e que tinha pressão sobre
toda a estrutura.
Apenas pedi para proteger minha mãe e falo olhando a diretora.
— Odeio sair das sombras.
Eu olho pelos olhos de Marisa e ela olha o avô e pergunta.
— Não entendi o porque disto vô?
— Não matamos aquele arrogante do York para ter um herdeiro dele, ainda mais um herdeiro de
sangue de plebe.
— Os senhores fizeram o que vô?
Ele a olha, tive a sensação dele me olhar aos olhos e falar.
— Ele não passa de hoje, sei que sua irmã está encantada com ele, mas não vamos ceder
mudanças que não interessam ao grupo.
Ela olha o vô e fala.
— As vezes me envergonho de você vô.
— Respeito neta.
Ela olha ele com uma lagrima nos olhos, e vi Daniele entrar na sala, ao lado do pai dela e ele falar.
— Aceita, depois achamos outro pretendente.
Ouvi Marisa.
— Eles acham que somos carne de oferta mana.
Olhei o senhor olhar a filha e falar.
— Não fala assim filha.
Ela olha o avô e o pai e fala.
— Se eles pedissem minha morte, diz que não faria pai?
Ele olha o senhor sentado e olha a filha, não sabia o que ele pensava, mas ele engasgou, ele
realmente não seria contra, talvez os olhos cheios de lagrimas naquele momento me fizeram olhar para
fora e falar.
“Acalma Daniele, ainda não sou morto!”
Marisa olha o pai e fala.
— Se cuida Bruno. – Ela falou, o que fez os dois senhores a olharem e o senhor falar.
— Disse para a deixar detida no quarto.
A menina olha o senhor e fala.
— Todo este ódio, é o que alimenta ele avô, acha que ganhar gerando guerra, o escolhido pelo
Deus da Guerra, ele não escolheria um fresco como o senhor. – Marisa fala e sai da sala, ouvia os se
retrate, mas entendi, pessoas que queriam a morte dos guerreiros, para ficarem entre eles a direção.

489
Uma conversa aberta, fez muita se alertarem, e algumas perguntarem a seus pais o que eles
queriam com aquilo, e ouvi de um senhor do dia anterior.
— Dizem que temos a chance de três herdeiros terem sido gerados no fim de semana, ele já não
nos é necessário filha.
— Um dia, vão entender pai, que quem acha os demais desnecessário, pode ser considerado
desnecessários.
Eu olhei os policiais, e eles começam a revistar todos que entravam, e ver quem eram, pessoas
entrando para a segunda aula, e registrei aquilo, e quando eles terminaram de ver as pessoas entrarem,
vi a diretora ir a entrada e perguntar o que eles estavam fazendo.
Ouvi o policial falar que procuravam um fugitivo.
Ela olha a foto e fala.
— E onde está a delegacia do menor?
— Não é parte deles.
— O da foto é menor senhor, todos os estudantes deste colégio o são, o que pretendem com isto.
O policial pega na arma e fala.
— Não se mete senhora, não entende de lei.
Ela olha a imprensa e fala.
— E a imprensa vai falar o que depois?
O policial quase que fala algo e olha.
— Some senhora.
— Vou chamar a policia de verdade, e sim, quero ver o senhor falar a mesma coisas depois diante
do delegado investigador.
A diretora entra e liga para a PM e viu que ninguém lhe atendeu e fala para a atendente.
— Sei que a ligação é gravada, melhor não darem fim nela depois, quero cabeças na bandeja.
O policial viu seguranças chegarem e foi dar uma de valente e vi o Doutro Vaz sair do carro e falar.
— A ordem de detenção investigador?
— Não se mete doutorzinho, não tenho medo de você.
Eu nunca havia visto o Doutor Vaz fazer algo, mas ele olha para o rapaz do ministério publico que
fala.
— Não posso fazer nada Vaz, eles são a lei.
Senti a energia a volta e falei para a diretora.
— Põem as pessoas para dentro.
— Vai lá?
Eu olhei a câmera e pensei na merda, então antes de sair, fui a sala de gravação e desliguei as
câmeras.
— Não quer provas?
— Já a temos.
Sai e olhei os policiais e falei olhando Vaz.
— Qual a prova doutor, pois um es senador mandar, não é lei.
O policial me olha e fala.
— Quem vamos conduzir.
— Você e quantos policiaiszinho de merda? – Falei ele sentido minha proteção se erguer e
sentindo os Hons tocando os policiais que olham as suas costas surgirem os grandes seres, se o
ministério publico não faria nada eu apenas olhei o rapaz e falei, o que falara que não poderia faze nada.
— Se não pode fazer nada, pede a conta, ministério publico não é para gente que tem medo de
policialzinho de bosta.
O policial foi puxar a arma e apenas vi eles sumirem, a diretora a porta viu eles sumirem, mas
apenas me olha, os carros sumiram da rua e olho Vaz.
— Onde tenho de me apresentar?
— Não saiu os exames ainda.
— Nem vai sair, pois o senador disse que não vai fazer, mas o que não nos gera a prova dele estar
bem, também estabelece que não existe prova do envenenamento.
— Eles dizem estar mal. – O rapaz do ministério publico.
— Saiba rapaz, eu não sou bonzinho, eu adoro uma guerra, se quer entrar nela, tem de saber se
quer estar vivo no fim.
490
— Me ameaçando?
Um Hons, surge as costas do ser e falo.
— Um alerta, a vida pode ser mais difícil, em um campo de batatas em Hons, plantando para eles
comerem, ou a rainha deles comer.
O ser olha assustado.
— Um alerta, volta a lei, não existe problemas para quem se mantem na lei.
Vaz abre a porta e vamos a delegacia do menor.
A imprensa deve ter gravado, mas se eles queriam fazer montagem, que provassem não ser
montagem.
O delegado olha nossa entrada e pergunta sobre os rapazes que foram o conduzir e Vaz pergunta
qual a determinação, eles não a apresentaram.
O delegado veio com uma denuncia, e Vaz pede a contra prova de sangue, porque não havia
saído.
O delegado olha os pedidos e todos recusados e fala.
— Eles não farão?
— Quer dizer que acusam um menor sem prova e quer dizer que estão na lei Delegado, quer cair
com eles? – Vaz olhando o senhor seriamente.
— Respeito senhor?
Olhei Vaz e falei.
— Calma, eles não entenderam nada, e pode ter certeza, eu preso, alguém vai matar o Senador,
então se mantem longe dele, pois depois vão me culpar, e por sinal, porque não está no registro, que
um deles, esfaqueou meu segurança na porta da minha casa para ter acesso a ela?
— Não temos este dado. – O delegado me olhando.
— Não preciso mandar fazer seu trabalho senhor, e outra coisa, se tocarem em minha mãe, vão
entender do que sou feito.
— Acha que pode ameaçar um delegado.
— Condição de frase, esqueço que Direito no Brasil não ensina português, mas é uma condicional,
tocou em minha mãe, vai ter resposta a mesma altura, não tocou, não existe ameaça.
— Se acha engraçado, é isto?
Vaz me olha e fala.
— Tenta manter a calma.
O delegado estranha e olha a porta e viu dois investigadores.
— Conduzam ele a corpo delito.
— Sem processo? – Vaz.
— Cumprimos as ordens.
Olhei Vaz e falei.
— Desculpa não manter a calma.
O senhor não entendeu, deve ter entendido só quando surgiu no campo em Hons como os seres
mandando eles se vestirem e pararem de preguiça, mas o delegado e os dois investigadores somem a
porta.
Minha mãe estava sendo conduzida para ali e entra em seguida, ela estava assustada, e falo.
— Calma mãe, não existe provas contra nós.
— Dizem que matamos alguém?
— Quem?
— Um segurança para incriminar os senhores.
Olhei a porta e vi o rapaz do ministério publico tentando sair, outro que surge em Hons, não
gostava disto, mas odiava terem matado alguém para me culpar.
Eu peço desculpas mentalmente e os 3 senhores somem em suas casas.
Marisa olha o pai entrar pela porta do quarto e olhar ela e fala.
— Seu vô sumiu.
— Será uma pena, ver o grupo acabar por teimosia de poucos.
— Ele não pode nos enfrentar filha.
— Lembra quando estiver nos campos de Hons, que ele ainda não atacou pai.
O senhor olha em volta e fala.
— Mas...
491
— Sei que não entende pai, mas ele não estava lá para gerar um herdeiro, ele estava lá, para que
os 4 outros voltassem a disputar o local, mas vocês são velhos, em leis velhas, agora entendo quando
ouvi aquele espectro, falar que ele deveria ser oferecido com a mãe em oferenda a Deus da Guerra,
vocês fariam isto a 15 anos atrás, e sentirem-se bem, como se não fosse crime hediondo.
— São da plebe.
— Como se fala na lei, os que sabem sorrir, com o pouco, estão mais para reis que nobres que
choram com tudo que tem.
— Não lhe é permitido ler as leis ainda filha.
— Eu não preciso mais as ler, mas não entende pai, surgiu um novo rei, e a ação de vocês, pode
estabelecer o novo dono da cidade, como ele falou, não tem graça ser dono da cidade, mas se vocês o
desafiam por trocado, ele vai acabar por assumir a cidade.
— Um pobre.
— Ele ganhou no fim de semana, 540 mil reais, quanto o senhor produziu e ganhou pai?
— Dinheiro pouco.
— Dinheiro dele, não de impostos, que nem meu e nem seu são pai.
Eu ouvia a discussão e entendi que elas acompanharam meus cálculos, as vezes tinha de me
conter nesta parte, mas acostumei a fazer manualmente, pois sempre foi mais pratico. Minha mãe
senta-se e esperamos alguém vir com a acusação, e quando um rapaz entra pela porta olha para Vaz e
fala.
— Cadê o delegado.
— Estamos esperando ele para saber qual as provas, parece que saíram para conseguir isto e
querem apenas a apreensão de um menor, sem provas.
— Temos provas.
— Quero ver os exames, ver a acareação, não se acusa menores, apenas sem provas rapaz, e se
mataram o segurança que foi socorrido ontem na porta da casa invadida pelos acusadores, alguém vai
preso junto com estes senhores. – Vaz.
— Não temos esta informação.— Um segundo rapaz do ministério publico.
— Você não quer informação senhor, quer um preso para conseguir favores que não vai ter. – Eu
olhando o senhor.
— Me avisaram que era desbocado.
— Não se preocupe rapaz, eu estou calmo ainda.
— E quando não está calmo faz o que?
— Ligo para o governador e peço intervenção no ministério publico, retendo todos os salários até
eles provarem estar na lei.
— Ele não tem este poder.
— Se não sabe quais as atribuições são do Executivo, sinal que colou na prova do concurso
publico.
O rapaz iria falar algo e um grupo de pessoas entra na delegacia, e o senhor quis desviar os
senhores, mas um pedido de esclarecimento pelo governador, para a corregedoria da policia civil e
desembargatória, colocava muita gente ali, e algumas perguntas sem respostas, e Vaz me pergunta.
— Passou algo ao governador?
— Apenas para ser ouvido.
— Eles vão odiar.
O desembargador Ribeiro entra na sala e pergunta ao rapaz do ministério publico, qual o motivo
de tamanho movimento, porque da ausência de provas e pedido de detenção de um menor, onde
estava o delegado, qual a pretensão com algo assim.
O rapaz antes achava que estavam no comando e viram uma intervenção novamente sobre
aquela delegacia, e as vezes eu esquecia que estava matando aula.
Eu e minha mãe vimos o secretario de segurança entrar na delegacia e pedir toda a explicação do
que estava acontecendo. Vi alguém ligar pra Vaz e soube que o segurança fora tirado do local onde
iriam dar fim nele, tirado de lá por hons, ele estava assustado, mas vivo em casa. Este era o último dado
que poderia me manter ali, não sei se traria os senhores de novo a cidade, qual seria a pior reação, um
sumiço rápido ou os ver definhar, pois sei que eles definhariam.
Eu e minha mãe saímos pela porta e um repórter da Globo olha ela e pergunta.

492
— Senhora, o que tem a declarar sobre a acusação de que um segurança da sua casa foi morto
para acusar um empresário da cidade.
Minha mãe me olha e olha Vaz e fala.
— Que da próxima vez que forem inventar uma historia, escolhessem alguém que morreu, não
alguém dormindo em casa.
A moça não entendeu a resposta, e passamos por eles, entramos no carro e alguém da Band
registrou e enquanto a gravação não saiu na Globo, ficou na declaração que algo estava errado.
Aquele dia, apenas eu e minha mãe ficamos abraçados em casa, apenas tentando entender as
confusões que aconteceram.

493
Acordo e não estava bem para deixar minha mãe sozinha, e não achava
que teríamos problemas, mas não queria ela correndo perigo.
Estava pensando se iria para o colégio e vi a rua parar e o Governador se
anunciar, e subir, ele olha o local simples, não pobre, simples e especial em
meio a uma cidade a toda volta.
Ele me olha e fala.
— Sabe a pressão menino.
— Ainda não, agradeço o alerta, mesmo não podendo falar.
— Entendeu, pensei que não tinha entendido.
— Não ouvi na Sexta, entrei na arapuca, e eles se acharam livres para continuar, sei que eles
mudaram de tática no meio do fim de semana, mas mesmo assim, agradeço senhor.
— Dizem que você é mais violento do que eles pensaram.
— Não confesso facilmente governador.
— E enquanto estava na delegacia, os 3 senhores somem, saberia onde estão?
— Nem quero saber.
— E pelo jeito está agressivo ainda?
— Tentando entender, 3 senhores invadem a casa da minha mãe, o segurança leva uma facada os
detendo, e nós que somos os acusados.
— Acha que eles param?
— Senhor, eu sou um teimoso, como falei, não tem graça ser dono sozinho da cidade, espero que
eles não me forcem ser o dono majoritário da cidade.
— E pelo jeito aceitaria?
— Eu vou aceitar do es senador, um apartamento como indenização, pela acusação, quem sabe
os demais entendam, sai caro tocar em minha mãe.
— Um apartamento?
— A cobertura de 1200 metros quadrados do es senador.
— Vai deixar claro, mexeu com fogo, paga.
— Sim, mas é apenas para o grupo, os demais pesos.
As vezes eu penso em ir para a aula, mas não estava confiante de deixar minha mãe sozinha ali, e
ainda tinha um espectro tentando me fazer andar, e ainda não entendo o que ele quer.
Talvez entenda, ele quer vingança, guerra, e talvez eu entenda no fim o que ele quer, mas as
vezes, nem isto.
O governador sai, e minha mãe fala.
— Não entendo o que faz filho, o governador veio conversar.
— Ele colocou a corregedoria da policia ontem para analisar o que estava acontecendo, o
principal, ele se colocou como aliado.
— Certo, e pelo jeito não vai deixar barato.
— Se deixar barato mãe, eles tentam de novo, eu chuto tudo para cima por minha família, e sabe
que a senhora é a estrutura da minha família.
— Mesmo querendo varias namoradas?
— Quero ter como educar meus filhos.
— E pretende me tornar vô, ouvi isto de alguém, acho que daquele Dias, que agora já tinham o
herdeiro, não precisavam mais de mim.
— Pensar que já fomos governado por esta pessoa.
— Escolhas que não são só nossas filho.
— Sim.
— E sabe que assumir a parte que quer assumir, é carregar todo este peso nas costas, pois é levar
adiante o que eles fizeram.
— Não tenho certeza se quero os fazer evoluir ou apenas olhar de longe.
— Se cuida filho.
Fomos almoçar e vi as pessoas chegando para o curso de teatro, eles estavam levando a serio o
que projetamos, e muitos falando que aquele dinheiro iria ajudar no fim de ano da família.

494
As vezes as pessoas enxergam o futuro, eu não o enxergo, eu o vejo sempre como evolução do
ontem, se ontem foi bom, amanha pode ser bom, se ontem foi tenso, gera a tensão do dia e pode vir a
espalhar esta tensão a frente.
Olhando o pessoas pelo menos sei que algo ajudei, pessoas que entraram na minha vida apenas
este ano, e estão mais arraigadas nela que amigos de anos, que quando se muda de colégio, somem.
O senhor Macedo, veio ao local e pediu para falar comigo, ele fala que todos estavam com medo
no dia de ontem, que todos temem uma parte do grupo, que esta menor, mas ainda existe, e sempre vai
pela violência, mas que o grupo pressionou para aceitar-se 20 outras famílias, não como integrantes
principais, e sim como adendo da família, na influencia, estes entrariam com o dote ao grupo, como
todos que entram e um dote ao rei, isto que o grupo queria, segundo Macedo, o dote de rei e o impor
de um dos filhos ou netos como candidato a rei.
Ele estava falando e eu pensando, pois eles pareciam não mais as 50 famílias mais ricas da cidade,
talvez fossem das mais influentes, mas eu começava a pensar em colocar empresas sobre os terrenos
doados, para ser herança da família que me doou aquilo, estranho descobrir numa conversar que o
antigo governador, doou um terreno em Londrina, e não queria se desfazer dele, pois é um terreno
produtivo, eu estranho pois eu não falei em receber terrenos, eles parecem que pensando em não
aparentarem mais pobres que os demais, doam até o que não querem doar.
Soube que a próxima reunião seria dia 23 de dezembro, motivo, algumas das meninas, teriam já
vivido sua decima sexta primavera inteira, acho que eles estão de sacanagem, mas entendi, a pessoa
nasceu antes da primavera, então ela em meses de vida, vivenciou a primeira primavera, mas estas
pessoas, ainda legalmente tem 15 anos, mas elas no fim da primavera, inicio do verão, terão já vivido 16
primaveras.
Estranho pois isto estabelecia apenas os nascem na primavera, completam primaveras inteiras, no
seu aniversario, pois nasci e a primavera já caminhava, então eu vivi meia primavera, antes de saber o
que era uma primavera, apenas completava a cada ano, uma primavera, poucos mais de um mês depois,
uma primavera e meia.
Eu estranho esta tradição interna, e estou aprendendo, isto são regras de convívio, não leis, então
tenho de aprender como me portar diante deles, o senhor Macedo, me deu um livro, capa dura, escrito
em inglês, paginas surradas, com as regras de convívio, que foram estabelecidas pelo grupo.
Eu sei que as coisas estão prestes a se complicar, mas as vezes, tenho de pensar friamente,
existem ainda famílias, século 21, que aceitam que seus pais determinem com quem vai casar, estranho
que a ciência está mais perto de Deus do que as Religiões, toda a estrutura familiar, de educação,
entregue ao governo, sim, o socialismo ganhou, eles que falavam que função de educação dos filhos é
do estado, e se com 16 anos, eu vejo nisto um perigo, como estes que se dizem capitalistas não veem.
Certo, Brasil, eles apostam na péssima educação dos filhos dos funcionários, e na boa educação
de seus filhos, mas o custo do estado sobre os pobres e não sobre os ricos, e acham isto bonito.
Eu acho que não sou grande para discutir isto, mas começo a ver que tudo que os demais
chamam de empresários no Brasil, eles ainda preferem a Europa, eles ignoram que poderiam ter um
mercado interno, se vangloriam de coisas que não são passiveis de gloria.
Olho o senhor Camargo, ele parecia esperar uma posição e falo.
— Marca com os 50 lideres das 50 famílias.
— Algumas famílias não tem mais um líder.
— O mais velho que tenha ciência da historia.
— Para quando?
— Para quanto antes.
— Pensando em algo?
— Hora de reunificar a família, e voltar a crescer.
— Algumas famílias estão enlutadas.
— A pressa é de vocês.
O senhor sai pela porta e olho em volta, muita coisa a acertar, e não tinha certeza do caminho a
tomar.
Olho para minha mãe a porta que pergunta.
— Vai entrar mais nisto ainda.
— Mãe, nem sempre as coisas são um caminho fácil, mas eles estão fora do padrão, existem
famílias que se acham melhores que outras.
495
— E pelo jeito acha que consegue.
— Precisamos de paz, e hora de dar posições nesta bagunça que eles chamam de grupo dos 50,
parece mais um grupo de pessoas dispostas a fofoca e sangue, não de crescimento.
— As vezes tem apenas de lembrar uma coisa filho.
— O que acha importante.
— Tem de crescer, para entender estes velhos.
— Sim, tenho apenas 16 anos.
Doutor Vaz apareceu lá e pede para falar comigo.
— Problemas? – Perguntei.
— Algumas famílias tiraram as acusações, mas ainda existem pessoas sumidas.
— Não tenho pena doutor Vaz, de gente que se os demais falassem que sua filha seria estuprada
e depois morta, e aceitavam por um cargo dubio.
— Certo, mas alguns pediram paz.
— Já estou providenciando isto.
— Se cuida menino.
— Vou tentar acalmar.
Olho os demais no curso de Teatro, olho o pessoal chegando para ensaiar, olho as obras e
novamente estabelecia o crescer, vi Roseli me olhar e perguntar.
— Podemos falar?
— Sim.
Ela me passa uma planilha de custos e pergunta.
— Consegue?
Olhei o prospecto, se fosse a um ano, diria impossível, hoje, apenas aceno com a cabeça
positivamente e pergunto.
— Como estão as coisas?
— Agora começa o separar e estabelecer das coisas.
— As vezes acho que exagerei.
Roseli sorriu e fala.
— Os dois prédios de 6 pisos do Curso de Canto e de Musica, estão indo aos acabamentos.
— Os teatros ficam prontos? – Perguntando referente a querer algo em anexo em cada divisão.
Ela coloca o desenho na mesa e fala:

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— Estamos priorizando agora, o referente aos cursos.
— Mas qual a situação?
— O do curso de Canto, está entrando as cadeiras, e montando o palco, o do curso de Musica,
está com 95% das obras acabadas, o do hotel, está na faze de paredes de isolamento de som, o do curso
de Balé terminamos de concretar, o do Colégio, estamos concretando a parte baixa ainda.
— E o hotel, está conseguindo manter o cronograma?
— Sim, Hotel Flat, não entendi ainda a ideia?
— Vou manter sempre 10 flats preparados, para receber pessoas, que podem vir a usar nossa
estrutura.
— E como está, parecem ainda querer perseguir sua família.
— Tentando paz. As vezes duvido saber viver em paz.
Acertamos os detalhes, fiz as transferências referente a obra, e as vezes, não sabia bem o que
fazer com tudo aquilo.
Desci e fui ver o ensaio do coral, e vi aquilo, ficava melhor a cada dia, teríamos mais 5
apresentações completas em 5 capitais, e estava querendo marcar pelo menos mais duas
apresentações, tem gente que monta algo para girar o mundo, eu estava vendo o ensaio do conjunto, e
quando acaba ele, se divide o grupo em 6 grupos de 50 e começam a ensaiar a peça do ano seguinte.
Ronald me olha e fala.
— Pelo jeito quando eles pensarem que vamos fazer algo menor, faremos maior.
— Talvez não maior, mas diferente.
— Certo, acha que está ficando bom?
— Sim, mas ainda alimentando a ideia.
O meu telefone toca apenas me afasto e pergunto.
— O que eles falaram Camargo?
— Alguns estão receosos, pois os mais velhos e influentes, agora são senhoras, e não sei, mas eles
querem marcar algo.
— Tenta marcar na Iguaçu, quanto antes melhor.
— Poderia ser hoje ainda?
Olhei em volta e falei.
— Sim, pode.
— Lhe confirmo.
Olhei para o local e fui a região das salas pequenas, e apenas vi uma sem uso, peço para
ajeitarem, imprimi uma lista e pedi para alguém controlar a entrada e indicar aquela sala, quando
chegassem.
Subo e olho em volta, minha mãe me abraça e pergunta.
— Problemas?
— Vou tentar mais uma vez, parar a guerra interna.
Ela me abraça e fala baixo.
— Se cuida.
Eu desci e fiquei sentado a sala, tentando lembrar de todas as memorias que um dia tive acesso,
quando do enfrentamento com meu pai, as vezes parecia que alguns fatos não faziam sentido.
Os senhores marcam e depois de uma hora, próximo das 8 da noite, eles começam a chegar a
sala, viu a senhora Sueli, ela era agora a líder da família, e vi o senhor Camargo me olhar e falar, ele
parecia com medo.
— Podemos por uma pedra nas guerras? – Camargo.
— Nas Guerras, não, nas internas ao grupo, acredito que sim, mas parece que falam as vezes que
sou o novo rei, e as vezes, esquecem de me comunicar o que querem.
Um senhor a ponta me olha e fala.
— Não sei o que aconteceu com meu pai.
— As vezes as pessoas tem de entender, desafiar o rei, gera problemas, e não entendo, ainda
nesta ideia de matar minha mãe, e me acusar disto.
— Não a trouxe para dentro.
— Se a querem como Rainha, trago. – Falei olhando o senhor, que era um Gullin.
Todos se olham, talvez não soubesse o que estavam pensando, mas sabia o resultado dos
pensamentos.
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— Entendo sua posição senhor Baptista, não havíamos nos tocado que a trazer ao grupo,
teríamos de considerar que seu pai era o Rei e ela teria de ser a Rainha e não teríamos um Rei novo, e
sim, voltar ao ponto anterior, mas não entendi a reunião.
— Soube que alguns convidaram novas famílias a fazerem parte, e não sei vocês, mas isto tem de
ser na Lei.
— Acha que teríamos problemas? – Camargo.
— Se não estabelecermos antes, depois alguém que entra, acha que é só matar algo acima e
assumir o local de uma família acima.
— Não quer a guerra interna.
— Se formos brigar internamente, não existe motivo para o grupo, se for cada um por si e
ninguém por todos, não se precisa de uma organização.
— E teria algo a propor? – Sueli. Vi que alguns ficaram incomodados com aquela senhora ali,
alguns ainda tem de crescer, as vezes parece um clube do Luluzinho.
— Primeiro, temos de voltar a nomear os grupos, existem hoje, 5 famílias, com a minha, que tem
Príncipes, que podem vir a herdar meu caminho, então a minha proposta, é estabelecer as famílias dos
Principados, após isto nomear todas as famílias que são Ducados, quando todos nomeados, estabelecer
entre nós a regra de aceitação de cada família, elas seriam nomeadas como Condados, acredito que
cada família, poderia indicar 2 famílias a mais, mas para serem aceitas, elas tem de fazer uma oferta a
ao Rei, aos príncipes e aos Duques.
Paulo Gulin me olha e depois para outros dois e fala.
— Pelo jeito você é mais perigoso do que falaram, todos indicavam que você não aceitaria a
entrada de novas famílias, e parece mais aberto a isto.
— Acho que um grupo, que não cresce, definha, mas temos de estabelecer em regra, que é a
união principal que aceita ou não algo, e todo grupo que vier a entrar, tem de mostrar que tem
realmente vontade de entrar no grupo.
— E teríamos bases abaixo dos Condes?
— Deixar claro, para um Conde virar Duque, eles tem de se esforçar, mas eles teriam de crescer
como família a nível de os aceitarmos como Marques, e somente após isto, pensaríamos sobre o crescer
acima, abrindo um espaço a mais entre os Duques, mas cada subir, existe uma ordem, um caminho
ditado, mas referente a inferiores, eu gosto de estabelecer sempre saltando de dois para baixo, para
que os abaixo tenham de se esforçar para chegar a o ponto superior.
— Não entendi. – Camargo.
— Abaixo dos condes, podemos depois com o tempo, aceitar Barões, mas barões para chegar a
conde, tem de se esforçar e virar antes Visconde, abaixo disto, podemos nomear os cavalheiros, e para
cavalheiro virar barão, tem de mostrar uma evolução para Baronete.
— Estabelecer toda uma regra antes de tudo? – Heitor Dias.
— Sim, pois a organização nos garante crescermos, mas nem sei quem indicou que família, mas se
formos aceitar famílias, acho que todos deveriam indicar duas famílias, e nem sei qual o dote que eles
pagariam ao grupo.
— Alguns estavam apenas pensando em uma oferenda de carne.
— Desculpa, se não sentiram a mudança das energias, foi por a pouca energia que gerava isto,
mais denegria a família do que dispunha de força.
— Mas vai querer desposar mais moças?
— Acho que não é o objetivo, a primeira vez, sabem que não tive opção, era isto ou a morte dos
novos e dos velhos, por descumprimento das regras.
— Certo, a ignorância nos fez colocar você lá, e quem pediu para ser você, já está morto para
conseguir perguntar porque, mas sabe que se eles lhe oferecerem uma noiva não poderá recusar.
— Sei, mas acertem acordos para os seus meninos, acertem um caminho que não venha denigrir
geneticamente o grupo.
— E acredita que poderíamos ser elevados a condição de Duques?
— Sim, e vamos forçar o grupo dos 50, crescerem, para quando os grupos inferiores chegarem a
ser Duques, todos já estarem nomeados como Grão-Duques.
Os demais me olham e o senhor Dias me fala.
— Mas não sei se é justo elevar 4 famílias a Principado, enquanto os demais ficam com Duques?

498
— Sei que parece injusto, mas os 4 irmãos tortos, não tem como gerar uma linha de sucessão com
o rei, já sua família, tem uma prometida, que pode gerar herdeiros ao trono, então é o equilibrar do
caminho, onde cada família, pode ser um principado, apenas temos de começar um caminho.
O senhor Dias sorriu e fala.
— Tudo dentro da Lei?
— Estas são convenções, que já deveriam ter sido estabelecidas, mas antes tarde do que nunca
fazer estas convenções.
— Acredita que o que seria justo pedir para os senhores que querem entrar?
— Existem famílias, que não tem como ofertar uma filha para do Duque e um para o rei, mas com
certeza, no mínimo um terreno, e um dote para rei e duque, e os acordos mais íntimos das duas
famílias, não é parte do rei se envolver, mas precisa ser comunicado, para evitar problemas.
— Acha que devemos estabelecer um valor?
— Não somos um grupo aberto, se a pessoa quer vir ao grupo, tem de ser informado, que não
existe entrar e sair depois, não existe entrar para pagar depois, e se a pessoa não quiser entrar, apenas
continuamos, acho que eles não tem noção, quer entrar com pouco, podem ser os escudeiros, do grupo,
abaixo disto, apenas a plebe.
— Concordo, se não tem para entrar, não deveria ter se oferecido a entrar. – Um senhor ao fundo
que nem vi quem era.
— E pelo jeito pensamos que estava apenas querendo um cargo de aparência? – Camargo.
— As vezes acho que ninguém me conhece mesmo.
Terminamos de conversar, e vi cada um sair para seu grupo, não sabia o que daria aquilo, mas era
obvio, eles pensariam sobre aquilo, antes de tudo.

499
Amanhece e vou a aula, ainda estava inseguro em deixar minha mãe
sozinha, mas teria de terminar aquele ano.
As vezes tenho medo de minhas ideias, mas estava chegando a escola e vi
Rose parar a minha frente.
— Não vai mudar de ideia referente a Roberval?
— Porque eu mudaria prima?
— Não sei, parece que todos estão querendo dizer que você iria mudar
de ideia?
— Quando falaram isto?
— Ontem?
— Ontem já se resolveu.
— A mãe dele está preocupada, pois parecia que o pai dele, fazia serviços e gerava a segurança do
grupo, mas que falaram que ela tem de pagar para se manter entre o grupo.
— Porque a mãe do seu noivo não foi ontem?
— Ela falou que avisaram que tinha uma reunião, mas que avisaram que ela não era bem aceita, e
que estavam pensando em quanto custava ela se manter ali.
— Calma, apenas fala para ela aparecer na próxima reunião.
— Quando vai ser?
— Ainda não marcaram, mas ouvi falar que dia 23 de dezembro.
— Certo, e o que se decidira nesta reunião?
— Apoio mutuo, e determinação de posições.
— Ela teme isto?
— Eles não entenderam ou se fazem de desentendidos, toda vez que querem chutar alguém para
cima.
O sinal e fui a aula, teria de terminar o ano, já estava em novembro, e sabia que algumas coisas
estavam pendentes, e uma delas, a transferência da casa que construíra para o hotel, muita gente
gerando problemas e sabia que tentaria estabelecer o caminho hoje. A cabeça estava já distante da
aula, e sabia que queria determinar algo, que esperava ser ainda esta semana, talvez hoje, e enquanto
todos me olhavam pensando em o que aprontaríamos, alguns, confirmavam a ida aos ensaios, e alguns
queriam mais confusão, mas teria de manter a calma. Termino a aula, confirmo com minha mãe se
estava tudo bem, almoço e vou ao centro, vejo o Doutor Vaz na entrada do Palácio Iguaçu, sede do
governo estadual, vejo minha mãe chegando e fomos a uma das ultimas coisas que seriam parte deste
governo, estava aproveitando os últimos dias de um mandato para tentar acertar o que pretendia e vi o
Governador, a imprensa, alguns deputados. A ideia parecia simples, vi Roseli Paz chegar também e
começa um anuncio de concessões que pretendiam mudar a cara da cidade, em alguns pontos, e sabia
que ainda era sedo, muito trabalho, para ficar pronto. Foi um ano corrido para terminar o primeiro polo,
agora iria tentar um segundo polo, e sabia que nem todos eram a favor. Vi o governador olhar para
Roseli, depois para o senhor Vaz e minha mãe, as partes de maior que assinariam o prospecto.
O primeiro era o completo Pinheirão, vi o governador chamar Roseli a frente e ela apresentar o
prospecto de direito de uso, com opção de compra após 100 anos.

500
Roseli começa a falar sobre a ideia, um Shopping, com incentivo educacional, e desportivo,
gerando um local para shows maiores na cidade.
O governador talvez não tivesse prestado atenção em nossas pretensões, se viu a cara de
admirado dele, e de alguns deputados que apoiavam o novo governador, um que ainda não conhecia,
mas falavam coisas boas dele.
A segunda parte foi o terreno na entrada de Colombo, mas ainda não tínhamos o projeto para
aquele ponto.
Sabia que teria de ter calma, mas na saída, fomos à Iguaçu, e Roseli me passou as prerrogativas
para tornar a antiga casa em parte do hotel, teria de unificar os terrenos, e se o fizesse teria de comprar
direito de construção, e pensei se valia a pena, talvez fosse algo me dizendo, que iria precisar da casa.
Quando os demais saem, vi minha mãe me olhando e pergunta.
— Vai construir tudo aquilo?
— Acho que a proposta, de ter no fim do ano que vem, 10 show naquele local se conseguir
reformar, acredito que consigo pagar o investimento.
— 10 shows, como? – Minha mãe.
— Quando você tem shows para 100 mil pessoas, e a margem por show, liquida ao final, supera
os 15 milhões, acho que se isto se confirmar no fim do ano, eu começo a pensar em um ano a mais mãe,
mas a minha preocupação é o que é o acordo de paz que preciso aceitar, algo que será guerra,
aceitando ou não.
— Porque filho?
— Eles querem me oferecer uma esposa por família, o problema não é este, pois muitas vão estar
em idade de aceite, daqui a 6 anos, mas eles querem uma posição, e sei que não gosta disto.
— Eles são malucos, mas pensou em que, pois sei que você não é de pequenas ideias, e se eles
falaram em 50 meninas, pensou em uma forma.
— Pensar, ter executado, e saber se isto vai acontecer ou se aguento isto, é diferente mãe.
— Qual o maior problema?
— Tentar colocar eles em uma regra, que seja passível de realizar, pois o mês tem 30 dias, como
ter 50 esposas, pois é a proposta atravessada deles.
— E não tem como recusar?
— Eu sair do ponto que me propus, é mais guerra mãe.
— Então estava falando serio em 50 namoradas?
— Sempre digo, eu falar que quero ter 50 namoradas, é uma coisa, mas ouvir que 50 moças,
aceitam isto, é assustador mãe.
— E como faria?
— Quando pensei na casa que é um prédio ao lado, 52 quartos, com lavanderia, sala de festa, de
refeição, de ginastica, foi pensando nisto.
— Já estava pensando nisto quando começou a erguer.
— Sei que não gosta de falar sobre o que chamo de Lei, mas sei que o que fala ali, é mais
complicado que apenas isto.
— Mais complicado?
— Cada Princesa, para se tornar rainha, tem de montar uma corte intima, com uma fada, uma
bruxa e no mínimo duas damas da corte.
— Não é certo isto filho.
— Mãe, estas pessoas, não tem relação com o rei, mas são parte de uma organização, os
companheiros destas moças, são a proteção daquela rainha, mas não é esta parte que mais me
preocupa.
— O que tem de mais terrível?
— Talvez não terrível, mas estranho famílias no século 21 que ainda oferecem suas filhas em
acordos econômicos, parece algo que estabelece bem a relação que a maioria tem com suas
companheiras, elas foram forçadas a estar ali, isto que estranho.
— Certo, e esta lei não é contra isto?
— Ela em si, é contra, mas eles não estavam bem na lei mãe.
— Certo, eles estavam matando gente, mas o que lhe deixa tenso?
— Que eles vão querer que assuma as minhas princesas, e tenho de fazer isto, agora não tem
volta.
501
— Como assim, não tem volta?
— Vai ser vô mãe.
Ela me olha atravessado e fala.
— Mas quantos anos tem esta criança.
— As 3 que pretendo começar a gerar uma casa, já tem 18 mãe, mas eu não tenho 18, e não sei
ainda como o fazer, mas é hora de começar a pensar no problema, e quando penso em projetos como o
que apresentaram, estes são os visíveis, talvez tenha entrado em um problema maior que este tal Bruno
Baptista, pois vejo e estranho, eles usam meu nome e todos quase olham em volta procurando este ser,
que para eles não estava presente.
— E pelo jeito entrou de cabeça nisto?
— Sim, sabe que sim mãe.
Saímos dali e mostrei a casa para minha mãe, ela que escolheria se iria morar ali, a outra casa era
no mesmo terreno, e talvez ela quisesse tentar ser feliz novamente, mas quando apresento os quartos,
ela me olha e fala.
— Basicamente um quarto que é uma casa.
— Basicamente isto, tentei anexar ao hotel, mas teria de unificar o terreno, e isto geraria neste
momento algo difícil de fazer.
— E vai trazer para cá as moças?
— Sei que vai ser estranho mãe, mas queria apenas apoio.
— Não sei se apoio filho, parece maluquice.
— Sim, as pessoas pensam em ter 2 ou 3 filhos, terei de cuidar para não ter 100 ou 150.
— 50 netos já parece um bom tamanho filho.
Eu não comentei, mas eu queria ter meus filhos, se viessem saudáveis era o que interessava.
Olhei ela e sorrindo falei.
— 50, tenho de acelerar a construção do Colégio.
Minha mãe me abraçou.
Depois de um tempo e ligo para Marilia, e marquei na casa que talvez usasse pouco, não daria
para ter 50 casas, e marquei lá com as 3 moças que tudo indicava, estavam gravidas.
Marilia me olha chegando, me abraça e fala.
— Vamos montar a casa?
— Disto que vim conversar?
— Não quer montar nossa casa? – Ela preocupada.
— Não falei isto, mas se eu tiver 50 casas, vou estar mais longe que perto Marilia.
— Pensando em que?
— Hora de montar aquela casa que construí com 50 quartos.
— Quer toda a altura da mão?
— Sim, pois quero cuidar de você.
Entramos agora, pela primeira vez, com 3 moças, na casa, era uma imensa casa, agora com os
quartos prontos, iria começar a confusão, quando chegassem as ultimas, não teria tantas possibilidades
de escolha.
Estranho estar chegando e ver Paula, Bruna, Marta, Jenifer, Jaqueline e Marcia chegando ali, as
fadas e bruxas das três moças, então o que era eu, Marilia, Priscila e Maria Augusta, vira um grupo de 12
meninas fácil.
Nomeamos os quartos e fomos ao meu quarto e olho as três, as Rainhas tinham já 18 anos,
mulheres comparadas a esta criança de 16 que lhes fala.
Sentamos e dei a mão as três e falei olhando-as.
— Aos poucos, quero convidar cada uma das candidatas a rainha, a morar nesta casa, sei que
pode parecer maluquice, mas queria as ter aos olhos, a altura da mão.
— Acha que consegue nos sustentar? – Guta.
— Acho que sim, mas sei que nem sempre serão flores, as convido a farem parte da minha vida.
Senti minha mãe entrando e falo.
— Quem entra ao fundo é minha mãe – Olho minha mãe e falo – Boa noite mãe.
— Reunião fechada?
— Apenas acalmando três moças, que estão gravidas.
Eu não estava olhando para minha mãe, mas ela deve ter feito uma careta e ouço.
502
— Sejam bem vindas, desculpa atrapalhar.
Minha mãe sai e Sonia fala.
— Mas vai nos deixar sozinhas?
— Sonia, tem de aprender a aguardar a hora certa.
— Minha mãe sempre fala que não existe hora certa, toda hora é hora de fazer o que temos
vontade.
Olhei Marilia que sorri e fala.
— Vai dando corda, esta não desiste fácil.
— Posso parecer um Rei atirado, mas sei aguardar a hora, que segundo Sonia, não existe hora
certa, mas sei que existe hora errada.
Conversamos e coloquei a casa a disposição.
— Vai querer todas agora aqui?
— Temos de nos instalar aos poucos, mas devem entender, a família ainda não está em paz, não é
hora de arriscar acelerando o que não precisa ser acelerado.
— Mas nos quer mesmo aqui?
— Sim.
A conversa continuou, até adormecer com 3 garotas, ainda era administrável, mas não conseguia
pensar, administrar como seria com 50.
As vezes queria recuar e não sabia por onde, mas na maioria das vezes, queria avançar, tentando
achar uma forma de resolver o problema.

503
Quando acordo no final de Novembro, cedo, olho minha mãe e pego os
materiais, ir a um local de prova e fazer o vestibular, me tomaria os dois dias a
seguir, mas estava pensando no futuro, o chegar ao local antecipadamente,
depois a sala com folga, sentar, tentar se desligar dos problemas externos
nestes dois dias.
Eu sabia que não fora um ano tão preciso, que as coisas não estavam tão
boas assim, o ser o ultimo a entregar, sempre foi algo meio normal para mim,
mas era de revisar o que tinha feito antes de preencher o gabarito.
Saio da prova e olho em volta, as vezes parecia o caminho a tomar, as vezes não, talvez minhas
escolhas estivessem mudando, mas nada me proibia de fazer mais de uma universidade e fazer
especializações em assuntos que me interessavam.
Foram dois dias acordando cedo, me preparando para estar no horário marcado, e quando no fim
do segundo dia entrego a prova, as vezes fico temeroso, diante de tantas novidades.
Chego em casa e vejo Marilia, entre outras moças, a cuidar da casa, Marilia já fazia faculdade,
segundo ano, estava a estudar para uma ultima prova, olho para as moças a volta, cada uma num ponto
da educação e as vezes, achava que não conseguiria o que precisava para manter a ordem, mas naquele
momento, estava tudo aparentemente calmo.
Olho em volta e vejo o quanto as coisas estavam avançando, passo na sala de vídeo, e verifico os
vídeos das Barbaras, agora divididos em 4 grupos, começando ensaiar 4 apresentações, 4 apresentações
de uma hora, gerava um show caro, de 4 horas.
Estranho que algo assim, não é fácil de vender, mas uma vez vendido, gera viagens, por todo
planeta.
Olho após como estavam as gravações das musicas da Beatriz, olho os pontos que tínhamos de
fechar do prospecto, mas já tínhamos quase o show do ano seguinte, e coloco o primeiro lançamento de
fim de ano, a musica “Meu velho”, era a primeira musica, que fiquei ali a arrumar para terminar, estava
terminando quando vi Sonia entrar e me olhar.
— Pensei que estivesse se agarrando com alguém.
Apenas sorri e vi ela chegar perto e falar.
— Aqui temos os lançamentos em primeira mão.
— As vezes tenho de fazer algo para passar o tempo.
— Fica perdendo tempo aqui, sabe que tem um monte de moças querendo você lá as garantindo
o futuro herdeiro do trono.
— Destino cruel este.
— Não entendi? – Sonia.
— Virar reprodutor, apenas reprodutor.
— Sabe que cresci 8 centímetros deste que nos conhecemos.
— Mais um pouco e vira adolescente. – Falei pois sabia a cara de revoltada dela, que faz careta e
fala.
— Pelo jeito querendo puxar alguém mais para o grupo, dando destaque a esta moça ai.
Sorri e perguntei.
— Como foi o ensaio?
— Sabe que domingo não tem ensaio.
— Mas a semana tem, por sinal, seu pai sabe que está aqui?
— Ele sabe, mas não entendo, porque não posso ser uma princesa, tenho de ser apenas uma
dama da corte.
— Quando chegar a hora, falamos sobre isto.
— Mas tô crescendo.
— Sei disto Sonia, mas calma, por sinal, sabe cantar algo diferente?
Ela me olha atravessado e fala.
— Sabe que canto bem no coral, porque da pergunta, querendo me irritar?
— Apenas pensando em passar uma musica e ver como fica na sua voz, mas como voz principal,
não como voz de coro.
Ela sorri e fala.
— Quer me lançar?
504
— Ainda não ouvi você cantando.
— E que estilo seria?
— Sei que está na aula de violão, sabe tocar algo?
— O básico, as vezes isto estraga minha unha.
— Custos de fazer sucesso.
— Mas o que cantaríamos?
Começamos a passar algumas letras, vi Guta chegar a porta e ficar olhando, ela sorri e me abraça.
— Colocando alguém a mais para trabalhar?
Não respondi, passamos a musica e olhei para Sonia.
— Pelo jeito outra que perderei para os fãs.
— Se acha que vou desistir do meu rei, não entendeu nada Bruno.
Sorri e falei.
— Agora vou pensar em uma sequencia de musicas, para as publicar, vai ter de ter permissão de
seu pai.
— Mas porque?
— Alguém tem de manter o feijão com arroz da casa.
— Já querendo me explorar? – Sonia.
— Os reis sempre exploram seus súditos.
— Não quero ser súdita, quero ser rainha.
— Tá encrencado Bruno. – Guta.
Abracei ela e falei.
— Sei disto, pior que os malucos dos pais de vocês, ainda querem me complicar mais.
— O que meu pai quer fazer que acha que complicaria?
Olhei Sonia e falei serio.
— Somar mais 100 pessoas nesta casa.
— Tem de parar de ser tão atirado Bruno. – Sonia fazendo bico.
— Pretendo ser tão atirado como estou sendo com você menina, apenas isto gera problemas,
pois sei que hoje, tudo é uma ideia aceitável, lembro de todos querendo que aceitasse suas filhas como
princesas, hoje os mesmos, olham em volta e vemos que este grupo está grande, e eles ficam com medo
disto.
— Certo, eu afasto elas do meu rei. – Sonia.
Guta me abraça e fala.
— As vezes queria ter mais meu rei.
Guardei as coisas e a beijei e falei.
— O rei é difícil, mas o Bruno, tenta ficar por perto.
Sonia olha Maria Augusta e fala.
— Vão se agarrar agora?
— Sim. – Falei olhando a menina.
Ela levanta e vai até a porta, mas fica olhando um pouco da porta e fala.
— Mas vamos gravar quando o que tocamos?
— Quando pegar autorização do seu pai e sua mãe para isto.
— Mas porque autorização?
— Autorização e criação e uma poupança no seu nome.
— Não preciso de uma poupança.
— Apenas consegue a autorização e depois discutimos isto.
Sonia sai e Guta me beija e fala.
— Parece longe.
— Me sinto meio deslocado, já tem 11 moças na casa, e sei que eles querem me empurrar mais 8
no dia 23.
— Sabe suas obrigações.
— Não falei referente a isto, mas se com 11 já existe discussões, como vai ser quando tiver 50.
— E as Bruxas e Fadas, ainda vão estar por perto!
— Sim, ainda tem as damas de companhia e por fim, as Condessas, que eles querem vir a aceitar,
e as vezes me acho apenas o Bruno.
— Certo, mas cuidamos de você.
505
— Meu medo é saírem no tapa para estabelecer quem vai cuidar de mim
Ela me abraça e muda de assunto.
— Como foi a prova?
— Acho que dá para chegar a segunda faze – a olhei aos olhos e perguntei, pois sabia que ela fez
para Odontologia – e você, como foi?
— As vezes nos vem as duvidas, mas me dediquei.
Saímos e fomos a sala, e ali estavam mais 10 moças, o pai de Sonia já estava a pegando, hora de
algumas se retirarem, e fui ao quarto, como tem sido a alguns dias, tentando me dedicar as minhas
rainhas.

506
Quatorze dias de alocação e acerto das coisas, vejo minha mãe me olhar,
estava tomando um café, antes de ir ao ultimo dia de aula.
— Sei que as famílias aceitam filho, mas eu ainda acho estranho.
— Eu ainda acho estranho mãe, pior que sou teimoso, se entrei numa
enrascada, vou tentar com todas as minhas formas de transformar em algo que
de certo.
— Está se cuidando.
— Sim, as vezes parece um caminho ditado, as vezes, apenas um
caminho.
— E está cuidando agora das moças?
— Sim, estranho como algumas pessoas se afastam nesta hora, mas a maioria, nem está vendo
isto mãe.
— E pretende fazer o que neste natal?
— Dia 23 eles marcaram uma reunião, mas dia 24 temos de pensar em algo mãe.
— Prevê trovoadas pela sua forma de olhar em volta.
— As vezes me admiro pelo andamento das coisas, mas dentro de uma semana, vamos estar em
reunião, sei que propus mudanças, e agora os velhos devem estar lendo um livro antigo, pensando,
estamos na Lei ou não.
— E acha que eles vão tentar fazer o que?
— Manter a Guerra em alta, velhos apostando em alguns ficarem no caminho, para crescerem.
— E não se preocupa.
— Mãe, uma coisas que eles odeiam no sistema da Lei deles, é que ela não é democrática, ela é
Imperialista, onde o rei ou imperador mandam.
— Entendi onde eles odeiam a ideia, eles terem de obedecer.
— Eles parecem esquecer o racional quando nestas reuniões, vira puro grupo hormonal, o
segredo é manter o raciocínio.
Minha mãe me abraça e saio para a aula.
Ultimo dia de aula, pois novamente, o calendário chutado para frente pela greve que tivemos,
enquanto alguns professores tentam passar a matéria, a maioria, apenas encerrar o ano.
Chego ao colégio, e viu a diretora chegar a mim e falar.
— Podemos conversar?
Concordei, não sabia o que ela queria.
— Deixar claro Bruno, não sei se apoiaria a escola no ano seguinte, não estando aqui, mas quero
deixar as portas abertas para se quiser apoiar em mais um ano, eu aceito a ajuda.
Sorri, alguém querendo manter o esquema.
— Vou pensar com carinho senhora, ainda não pensei sobre o ano que vem, depende do
vestibular.
— Certo, ainda não pensou no ano seguinte, mas saiba que foi das melhores surpresas deste ano.
— Ano que vem teremos mais ação, mas com calma chegamos ao ano que vem.
— Mais ação?
— Quero inaugurar um ponto no Atuba, com curso de teatro, dança, canto e inglês, para ampliar
o leque.
— Algo para facilitar?
— Nem tão fácil, mas sim, mais fácil.
— Pelo jeito ainda correndo.
— As vezes temos de ter presença, mas se der, vamos realizar o ano que vem alguns eventos.
Fui a sala e vi Carla parar a minha frente e falar.
— Precisamos conversar.
— Problemas?
— Minha mãe pediu para falar com você, pois ela quer investir aquele dinheiro, e não sei o que
fazer.
— Primeiro separa-se o que você pretende usar, depois escolher um bom investimento, pois todo
investimento, requer calma.
— Certo, quando falou que iria entrar um dinheiro assim, eu duvidei.
507
— E como está com João?
— Acho que ele está sentindo-se o rei da cocada preta.
— Certo, mas vocês, como estão?
— As vezes esquecemos o que dinheiro e fama fazem com crianças como o João.
— Pelo jeito não está dando certo.
— Ele acha que escapa fácil, mas vê se não se afasta, agora que vai sair do colégio.
— Eu espero que ninguém fuja. – Falei.
O professor chegou, ultimo dia de aula, teriam as provas de recuperação, mas ainda bem que
estas já não eram para mim.
No fim da aula, olho um rapaz olhar o professor e perguntar quem era Bruno Baptista, eu
estranhei, mas vi que o professor me indicou e ouvi.
— Podemos conversar rapaz? – Um senhor, que saberia mais a frente se chamar Jaime, ele me
estica a mão e aperto.
— Se não for me atrasar.
— Compromissos?
— Eu marquei com a engenheira da Ponto Engenharia.
— O futuro governador gostaria de lhe falar.
As vezes nestas horas me sentia deslocado, e tinha de considerar que como líder de um grupo de
pessoas ricas e poderosas na cidade, as vezes aconteceria.
As vezes acho chato fazer sala, mas as vezes, é caminho ditado, e olhando do futuro, esta dia foi
isto.
Na direção a Diretora me olha e fala.
— Pelo jeito continua agitando.
Sorri e olhei o senhor e falei.
— Prazer, Bruno Baptista.
— Sou Fabiano Silva, mas um menino pediu para ficar de olho no que você proporia, pois parece
que faz parte do grupo de pessoas que querem que a cidade cresça
— Eu sempre falo que ainda estou indo aos poucos, mas as vezes passo para o escritório do meu
advogado, que e o mesmo de Pedro Rosa, para pedir autorização de para algumas coisas, e mesmo não
sabendo o que seria analisado nesta mudando de rumo do governo do estado.
— E pensava em alguma coisa?
— Não sei se conhece o bairro do Santa Cândida.
— Pouco, o que quer falar sobre este bairro, todos apostavam ainda no Agua Verde.
— Tenho um projeto para maior no Tarumã, e o terceiro projeto, linha norte da cidade.
— E teria como me falar sobre isto, estou vendo que os adolescentes estão mais ativos no estado
que os velhos.
Sorri e falei.
— O primeiro projeto para o bairro e anexo, já foi concedido, ainda estão medindo os locais e eu
chamo de Espaço Cultural Rio Verde. – Eu abro a pasta e pego o pequeno rabisco e falo.

508
— Este projeto foi feito sobre uma concessão do espaço por 100 anos, um espaço de shows na
dinâmica do espaço da Pedreira Paulo Leminski, mas somado ao projeto, eu coloco um colégio de Inglês,
uma fabrica de cenários, uma fabrica de materiais elétricos, uma escola com alguns cursos como o curso
de Mecânica Básica, de costura, de elétrica, ainda tem um parque de preservação que acaba abraçando
a região.
— Esta é a ideia do Atuba, devo ter entendido errado, pois ouvi sobre curso de teatro e coisas
assim.
— O curso de teatro, e afins, ainda não foi aprovado.
— E onde seria este?
— Vocês desocuparam o antigo espaço do Banestado, que agora era parte da 4ª Companhia da
Policia Militar, mas vocês colocaram em pretensão de venda, e fizemos nossa proposta.
— Quer comprar aquele terreno? – A diretora.
Apenas concordei com a cabeça e olhei o futuro governador e falei.
— Não sei se vamos ganhar a licitação de venda do espaço, mas a ideia, seria algo a somar na área
de preservação da cidade, e ao mesmo tempo, gerar um espaço no bairro para cursos. – Pegue o
prospecto inicial e coloquei a mesa.

— A ideia seria aproximadamente esta, já compramos terrenos laterais, mas estamos querendo
algo somando ao local, culturalmente, mas como ainda sem aprovação, não tenho como garantir as
coisas.
— Quer somar em áreas de preservação?
— Sim, o município basicamente esta acabando com os últimos pontos verdes da cidade, e
pretendo investir um pouco nisto.
— E pelo jeito está pensando em montar no sistema de cultura.
— Sim, ainda tem um projeto para incentivo cientifico, mas este também esta muito no começo?
— Incentivo científico?
— Um local onde o estudante pudesse aprender elétrica, marcenaria, construção civil, entre
outras coisas, com um local onde ele fosse apresentado a como funciona um motor, quais as bases de
uma horta orgânica, para que se usa algumas coisas, que aprendemos na escola, mas não entendemos
para que serve. – Coloco o pequeno prospecto e falo.
— Este ainda estamos em faze de aprovação da prefeitura.

509
O senhor olha o projeto e pergunta.
— Pelo jeito quer ter os últimos pedaços de mata da cidade.
— Apenas começando senhor.
— Porque começando?
— A norte deste terreno, estou comprando aos poucos, e sei que florestas não se plantam
prontas, tem de se plantar e esperar crescer.
— Pelo jeito um projeto a mais?
— Apenas um projeto imenso, para um objetivo dúbio.
— Porque dubio?
— Começar a construir as casas de meus filhos, as vezes parece distante, mas ou se começa a
pensar nisto, ou não acontece.
— Mas porque de toda a área verde, não daria melhor aproveitamento de outras formas?
— Ainda pensando, mas este seria o ultimo projeto para Santa Cândida, e todos olham meu
esboço e não pensam no que estarei construindo.

— Pelo jeito quer fazer uma grande floresta na cidade?


— Não Governador, preservando e ampliando muito pouco o que é hoje, para um dia ainda existir
estes pedaços?
— Acha pouco? – O senhor.
Pego uma imagem na pasta e falo.

510
— O antes e o depois.
O governador olha, a diretora olha e fala.
— Algo imenso, e que poucos veriam, se não passarem no lugar?
O Governador me olha e fala.
— Pelo jeito outro que vai começar a fazer aos poucos, tentando montar seu futuro, mas pelo
jeito você investe no cultural, e as vezes me assusta algo que parece apenas deficitário e você parece ter
feito o reagir do Teatro Guaíra, os números foram para o positivo, e não vez tanto assim.
— Eu não sei fazer pela metade, e as vezes, coloco uma ideia boba na cabeça e fico batalhando
por ela, mas o destino me mandou ao norte da cidade governador, o destino me colocou numa posição
que alguns me temem na cidade, mas as vezes, queria apenas que as pessoas soubessem conversar.
— E pelo jeito deu entrada nos pedidos e não precisa de um acordo para o fazer, apenas vai
fazendo, dentro das regras.
— Sim, sou daqueles que peço apenas para que não me atrapalhem.
— E se tivermos como fazer uma parceria cultural, estaria aberto a ela?
— Se me for abrir novos caminhos, e estando nas minhas possibilidades, eu não vejo problemas
nisto governador.
— E pretende apoiar esta escola o ano que vem? – O governador.
— Se eles pedirem apoio, apoio, mas as vezes eles esquecem de pedir, estamos correndo e
esquecemos de parar um momento.
— E porque acha que consegue ajudar? – A diretora.
— Eu continuo financiando o curso de Teatro com adendo de Inglês, para basicamente todos os
alunos deste colégio diretora.

511
— Certo, os demais colégios não entenderam tamanha diferença, mas você fez todos aprenderem
a se postarem num teatro. – A diretora.
— O básico, mas agora tenho de sair, não sei se tem algo a mais? – Falei.
— Pelo jeito querendo algo a mais? – O governador.
— Apenas terminar parte do projeto Tarumã, para ele começar a gerar recursos para o ano que
vem, o segredo é equilibrar os gastos.
— E vai sair correndo. – O governador.
Concordei, me despedi e sai.
Olhei o relógio, não almoçaria, saio de aplicativo e chego a entrada do antigo Pinheirão, olho
Roseli ali parada, a placa da construtora, e toda a área isolada, fui olhar os detalhes de cada parte, e
depois de um tempo, volto para casa, sabia que as moças queriam atenção, mas a maioria estava
pensando no que fariam no fim de ano, e eu não tinha tanta pratica com uma palavra, chamada
“Férias”, entro na sala de edição de vídeo, as vezes editar algumas coisas, é complicado, eu estava
terminando de editar o meu monólogo, algo que ainda olhava atento, estranho como a interpretação
ficou pesada, poucos viram, mas eu filmara.
Na minha pagina do aplicativo de vídeo, eu tinha algumas musicas, e alguns trechos de
apresentações, eu depois de quase dois meses, coloco a apresentação “ A Lei” na internet, e algo que
durou pouco mais de 30 minutos, fazia alguns nem começarem a ver, mas sabia que estas coisas nem
sempre eram bem aceitas, mas logo em seguida, coloco as 8 musicas, separadas.
Estava a fazer isto quando vi Priscila a porta que fala.
— Seu advogado está ai.
— Manda ele entrar.
— Com um rapaz da Globo.
— Ainda amarrado nisto.
Salvo o que estava fazendo, e coloco dois vídeos para compilar, e vou a sala e olho o senhor Vaz e
pergunto.
— Problemas Doutor Vaz?
Ele me apresentou o diretor local da Globo e este fala.
— Boa tarde rapaz, me mandaram tentar um acordo, e não entendi ainda qual o problema do
acordo.
— O problema? Nada que eu não resolveria se lá trabalhasse em 30 minutos, estamos a vezes
discutindo.
— Mas o que acha ser o problema?
— Eles toparam um acordo, pelo jeito apenas para ganhar tempo, pois eles não querem o acordo,
apenas isto, mas no que posso ajudar, se todas as gravações foram feitas pela sua empresa, sua
empresa pressionou todos para desacreditar crianças da cidade, entre elas eu, e na hora que propomos
algo apenas para por uma pedra sobre isto, vocês fazem de conta que não conseguem separar as
gravações feitas nesta sala, e que não foram ao ar e nos devolver todas, destruir qualquer copia, e
terminarmos este evento de uma vez por todas.
— Eles afirmam que parte das gravações se perdeu, e não conseguem elas.
— Se eles tivessem a certeza desta afirmativa, este vídeo não existiria e não seria devolvido, e
colocaríamos uma pedra nisto, mas eles parecem ainda querer bater na criança a sua frente.
— E pelo jeito acha que estão enrolando.
— Senhor, se eles tem problemas de estoque, de administração, de má fé, e de má gestão, não é
minha culpa, mas pelo jeito vou ter de acionar meu advogado e recolocar o processo de assedio moral
sobre as 300 crianças que eles fizeram de tudo para ter no local e depois as ignoraram, estou dando
aquele ultimo prazo, se vocês não conseguirem, voltamos ao ponto anterior, e desculpa, quando gente
que tem mais que a minha pessoa, se faz de pobre, para não pagar, me parece dor de barriga, apenas
isto, e vocês que tem de decidir, se vão ao acordo, ou vamos ao escândalo.
Vaz me olha e pergunta.
— Acha que eles vão deixar os prazos vencerem.
— Acho, pois ainda estão se fazendo de desentendidos, pois nós não temos mais nada a fazer,
mas algo mais senhor Vaz?
— Sim, mas nada que se fale em publico.
O senhor saiu olhando em volta e olho o senhor e pergunto para mim mesmo.
512
“O que eles querem?”
O doutor Vaz retorna e pergunta.
— Ele falou que tinha uma posição sobre o acordo, que precisava falar com você, e quando chega
aqui, vem com este papinho, não entendi nada. – Vaz.
— Também não.
— Mas aquele processo do Youtube, vai ser distribuído.
— E fico em quanto.
— Deve entrar na sua conta, próximo de um milhão de dólares, na terça.
— Algo que não queria receber, mas as pessoas tem de entender, contratos são para ser
cumpridos.
— E o que acha que meu tio vai fazer agora?
— Juro que não entendo gente que para crescer, vai oferecer a filha que diz ter ciúmes, para um
velho do grupo dos 50 da cidade.
— Acha que ele quer entrar para este grupo.
— Sim, e posso estar errado, mas ele vai pegar este dinheiro, para dar o dote da filha para este
grupo.
— E não vai protestar?
— Vaz, tem coisas que eu não falo para ninguém.
— Certo, mas estranho minha sobrinha aceitar.
— Ela quer machucar as pessoas, e não entendo ainda isto.
— Você e as Bárbaras não dá liga.
— Ou dá liga demais. – Falo e pergunto. – Tem pedido pouco dinheiro, não sei se estou com algo
atrasado dos seus recebíveis doutor.
— As vezes temos de conversar, mas soube que a analise dos últimos 4 contratos, que fez para
nós, está gerando entradas muito boas mensais.
— Mesmo assim, serviço é para ser pago.
— Verifico depois isto, mas acha que o senhor veio ver o que?
— Acho que não estou para adivinho hoje.
Vaz saiu e vi Priscila me abraçar e falar.
— Temos de pensar no nome de nosso filho?
— Sim, pelo jeito vou ter de fazer uma caderneta, com o nome de todos os meus filhos.
— É sério Bruno.
Apenas a abracei e falei.
— Eu gosto de nomes normais, não sei o que acha de Paulo.
Ela me olha e fala.
— Estava mesmo pensando no nome de nosso filho?
— Por mais que não acredite, sim.
A abracei e não iria contar a tática dos nomes, mas obvio, eu teria de ter uma tática, pois não
queria me perder no caminho.
As vezes um dicionário de nomes facilita, acho que tenho de ter um dicionário de Rainhas, depois
de Fadas, depois de Bruxas, depois de Damas da Corte, e agora viriam as Condessas, e sim, junto com as
condessas viriam uma espécie de lobas, as pombas e as Serviçais, acho que estou ficando maluco em
tentar fazer algo assim.

513
Uma semana a mais, eu chego antes de todos em Morretes, eu olho o
local, e sei que eles viriam com ideias estranhas, chegamos com um ônibus e as
moças foram se ajeitando, as demais chegariam com as famílias, e desta vez,
apenas uma reunião básica.
Patrícia me olha e pergunta.
— Vestes totais hoje?
— Sim, vem gente que não aceitou ainda participar, e nesta hora, nos
ocultamos.
Peguei minhas vestes, vi as pessoas chegando, e estava em meu vestido cerimonial e com minha
mascara, sento a frente de minha tenda e espero.
Vi os senhores mais velhos virem a propor e com calma, fomos nomeando os Ducados, elegendo
os mesmos e colocamos as regras a mesa, as 8 moças que já tinham passado das 16 primaveras chegam,
depois as demais, ainda mantendo a ciência de que tudo se resolve com calma, mas a resolução não
escrita, mas aceita por todos, estabelecia uma hierarquia, alguns não gostaram de elevar as famílias de
meus irmãos tortos a principados, mas era uma forma deles poderem ter suas influencias, as vezes acho
que eu gosto mesmo de uma guerra.
Após isto, eu vou ao centro do local, eu falava pouco, mas apenas olhei os 50 membros mais
velhos, um de cada família, e veio a proposta, que entendia por um lado, pois os senhores queriam
companheiros e companheiras para seus filhos, e isto estabelecia maior facilidade.
Eles chegam a conclusão, que cada família, poderia indicar até 3 novas famílias, e que cada
família, ofereceria um noivo ou noiva para as famílias dos Condados, e uma serviçal ao rei, eles queriam
me complicar e apenas vi os demais concordarem, e começarem a por os nomes das famílias, 10 dos
senhores indicaram 3 famílias, os demais, duas famílias a mais, era a entrada destes, e marcaram para
dia 28 de dezembro a apresentação das famílias, além da oferta de compromisso, cada uma das famílias
entraria com uma doação de um milhão de dólares, aos condados, 100 mil dólares aos principados e 500
mil dólares ao rei.
Eles pensaram que eu protestaria, mas apenas coloquei um adendo, que não aceitaria serviçais
com menos de 14 anos e mais de 21.
Eles entenderam que não queria crianças, e eu me sentia uma criança.
As famílias fizeram na tenda central uma festa, e apenas observei, a noite avança, eu me recolho,
acho que com 50 pessoas querendo atenção, sempre é complicado dormir.
A noite pareceu curta, e pela manha, todos foram para suas devidas casas, e convidei as 19 moças
para passar o natal comigo.
As famílias concordaram, não seria uma festa geral, mas acreditava poder ser uma boa festa, e
sabia que algumas iriam para casa com seus pais, e surgiriam ainda nesta tarde, em casa.
Quando vejo o pessoal saindo, espero eles saírem, olho para as moças e elas entram no ônibus,
olho em volta, e sinto aquele ser surgir as minhas costas e olho aqueles olhos sem vida, me focando,
olhando para mim, negro profundo de carvão, se via o corpo começar a rachar, e o ser tenta falar e as
moças entram no ônibus ainda assustadas.
Ele tenta novamente e ouço.
— Não pode me renegar. – O senhor me olhando, ou tentando me olhar, pois aquela vista não
parecia lhe dar mais visão de nada.
— Nunca se renega o que desconhece existir senhor.
— Mas tem de manter a família antes de tudo.
— Sim, os vivos.
— Mas eu não morri por completo.
Olho o ser, pois nem mais com uma pessoas se parecia.
— Tem de descansar senhor, uma hora todos descansam.
— Mas eu não fui aceito.
Olho o ser, as vezes, eu queria uma posição real.
— Porque não seria aceito?
— Eu...
Estranho como ele tentou falar, e vi a grande serpente surgir ao lado e o afastar, ele parecia com
medo e não fala mais nada, vi ele sumir e ouvi a serpente.
514
— Desculpa o atrevimento deste ser degenerado.
— Ser Degenerado? – Perguntei.
— Ele já não tem saída, as escolhas da vida são pesos na morte, ele se estragou, e se tivesse
chance, continuaria a estragar as coisas.
Me despedi e olhei a tenda, sorri e falei.
— Agradeço as guerras que virão Hadit!
Entro no ônibus e as moças me olham.
— Problemas? – Perguntei.
Elas olham para o motorista, e o espectro de meu pai estava ali, ele me olha e apenas liga o
ônibus e começa a sair.
— Não teme ele ao volante?
— Algo está errado, mas mantenham a calma.
Estranho que o ser todo ressecado parecendo carvão, conseguiu chegar na região do Agua Verde,
e descemos lá, ele olha para as moças e fala.
— Não entendi você filho, parece sempre escolher a guerra, mesmo pregando a paz, mas saiba,
não há descanso pós morte.
O ser desaparece e saio do ônibus, tanta coisa a fazer, confirmo quem estaria ali, estranho
entrarmos na casa, e toda a redondeza agitada, pois ofereciam ceias de natal e alguns restaurantes
estavam reservados.
Na sala de jantar da sala, um grupo de garçons preparava as 19 mesas, cada uma para uma família
que viria, na cozinha ao fundo, foram instalados fornos e a carne estava lá para ser assada aos poucos,
na outra parte da cozinha, as pessoas fazendo as saladas, os acompanhamentos, as moças foram os seus
quartos, e minha mãe me abraça.
— Um natal diferente.
— Convidou alguém mãe?
— Apenas não estranhe.
— Pelo jeito alguém conhecido.
— Só não vale mandar ele embora.
— Eu raramente misturo as coisas mãe, só quando não me dão opção.
A tarde avança, descanso um pouco, depois um banho demorado e por fim, desci, para
recepcionar as pessoas, a sala de festas estava pronta para uma festa, nela estava colocado um grande
painel de Led que passava as musicas e os shows que estavam em uma sequencia que as vezes olhava
para ver os defeitos, a maioria olhava para o show apenas.
Quando vi o senhor Ronald a entrada, quase entendi o que estava acontecendo, vi minha mãe
chegar a ele, sei que as vezes os sentimentos nesta hora são estranhos, mas ela tinha direito a tentar ser
feliz novamente.
As famílias foram chegando, as moças queriam festa, e estava bem familiar, muita conversa,
distribuição de presentes, e um natal até bem normal, talvez ter todos aqueles ali, para passar esta
festa, me fez lembrar de um ano antes.
As famílias saindo, minha mãe saindo, e as moças me abraçam e finalmente, cama, estava
pregado, e não foi um descansar exato que se fez naquela noite.

515
Acordo dia 25, tarde, vou a sala, as pessoas estavam arrumando as coisas
e vi o doutor Vaz entrar pela porta e me olhar.
— Pelo jeito não viu minha mensagem.
— Acabo de por para carregar o celular, nem vi acabar a bateria ontem.
— Acho que entendi o que o senhor queria a alguns dias?
— O que ele queria?
— Uma forma de recuo, pelo jeito ele procurava uma afirmativa que
forçasse os demais a recuarem, eles são da cidade, eles sabem que estão
seguros em algo que é uma força em construção na cidade.
— Mas não entendi o porque?
— Parte da empresa era contra Pedro Rosa, e ele os forçou a recuar, a direção local mudou toda,
e os que estão agora nos olhando estão tentando entender o que aconteceu.
— E? – Não estava entendendo.
— O meu tio, deu uma recepção ontem na casa dele, para a família, algo sobre aquilo que você
falou, e o diretor geral local, é marido de uma tia minha, eu nem conhecia, as vezes família grande
acontece, e o senhor perguntou para Bárbara, se ela entendia porque de toda a comunidade local ter
tirado apoio e propagandas, depois do evento cancelado.
— Ainda sem entender.
— Ela apenas soltou a bomba, pois apenas falou para o senhor olhar a própria reportagem que
eles fizeram, e olhar quem eram os pais das crianças que cantavam ao coral, estavam todos ao fundo.
— Vai dizer que eles realmente não tinham notado isto?
— Parece que não, ou se fizeram de cegos, e o senhor me ligou hoje sedo, pelo jeito ele prestou
atenção e veio com uma conversa que não sei se posso abrir.
— Conversa que não pode abrir, não entendi.
— Que ali estava um grupo que ele denomina de “A Lei”. Mas não sei se posso falar sobre isto,
pois parece que meu tio puxou a família para o grupo deles, e as vezes fico tenso com este tipo de
sociedade.
— Só cuidado para não entrar em enrascadas, como processos estranhos destes, mas não entendi
o que eu tenho haver com isto.
— O Senhor também não pode falar com a Globo, como agora parte do grupo, algo sobre nossa
família entrar como uma estruturação a mais, mas que temos de ter sigilo sobre quem faz parte.
— E seu tio vai ser aceito no grupo?
— Até o dia 30 deste ano se decide isto.
— Pelo que entendi, este senhor da Globo, acaba de falar que pessoas que deveriam ser olhadas
como cinquenta das famílias mais influentes, ele no lugar de olhar sobre este olhar, abre sobre serem
parte de um grupo, “A Lei”, alguém alertou ele que apenas isto, já é quebra de regra?
Vaz me olha e fala.
— Acha que não deveria ter falado, é isto?
— Levou sorte, mas faz ele segurar a língua, e comentamos isto, apenas ano que vem pelo jeito.
— Porque ano que vem?
— Se isto vaza, que o seu tio, falou a pessoas que ainda não foram aceitos, quem são os
integrantes do grupo, eles podem não o aceitar no grupo.
— Certo, e não quer atrapalhar mesmo? – Vaz.
Sorri e falei.
— As vezes, acho que as pessoas confundem algumas coisas.
— Algumas coisas?
— Eu com a afirmação não conseguiria saber quem dos senhores, que este seu parente, viu como
alguém de um grupo, que para muitos é apenas lenda, já que existem na imagem, mas de 300 casais, os
pais das crianças que estavam se apresentando.
— Certo, mas o que ele falou, é que ele quer paz com este tal Bruno Baptista, mas ele não
conseguiu ainda o aval do pessoal da Globo.
— E lhe perturbou para que?
— Ele olhou em volta e falou que precisa lhe falar, não entendi, mas algo que seria entre vocês, e
que ele demorou para entender.
516
— E quer marcar onde Doutro Vaz?
Vaz me olhou e perguntou.
— Aceitou rápido, o que não entendi?
Apenas sorri e ela fala.
— Bruno Baptista desafiando as pessoas.
Sorri novamente e ele marcou para a tarde, uma semana calma, então marcar na entrada do
teatro, parecia uma boa, mas falei que só poderia a partir do dia 30, pois estava querendo descansar um
pouco e pretendia viajar ainda hoje.
Vaz me olha e fala.
— Pelo jeito planos para esta semana?
— Descansar, mas eu sempre acabo trabalhando.
Vaz saiu, e sabia que a partir do dia seguinte, conseguiria algumas coisas, mas na data de natal,
muito difícil.
O motorista do ônibus que não sei onde se escondeu entre o surgir de meu pai e o nos deixar ali,
contratado para conduzir o ônibus e não sair dele aparece na entrada, um segundo motorista se
apresenta, com um segundo ônibus, eu olho para as meninas descendo, iriamos a Santa Catarina, mas
estávamos esperando a corte de cada uma delas, entramos no ônibus e descemos a cerra, no sentido de
São Francisco do Sul, paramos em um hotel, que o pai de Priscila tinha passado para mim, como parte
do desacordo inicial, eu apenas fechei o hotel, e reformei nos últimos meses, e quando chegamos,
apenas dois atendentes, a cozinha e o pessoal de limpeza estava no hotel, alguns deveriam achar que o
movimento estava ruim, mas o chegar de 95 pessoas, agitou o lugar.
Um hotel apenas para mim, era exagero, mas queria saber como estava, antes de começar a
atender, e sabia que queria ficar longe dos olhos naquele fim de semana.
Depois de um tempo eu armei as câmeras no auditório do pequeno hotel, e vi as minhas rainhas
descerem, conversamos sobre muitas coisas, as vezes isto servia também para as demais, entenderem o
que faríamos, e após isto, saímos no sentido de uma cachoeira na região, muitas provocações, mas a
mais atirada, era a mais jovem, as vezes tenho apenas de manter o caminho ditado.
Nos divertimos ali, e no fim do dia, voltamos ao hotel, comemos algo e fomos a uma lanchonete
na beira da praia, eu não conhecia nada dali, mas me olhando indicando os locais, obvio, sempre parecia
que estava comandando, e um grupo de 95 moças, obvio que chama atenção de muitos rapazes.
Eu tinha uma certeza, talvez duas, mas uma delas é que eu não sabia o nome de todas as moças e
meninas a volta, segundo, não daria para beber algo alcoólico, mas todo resto, um verdadeiro caminho
para o desastre.
Obvio que mesmo com as moças a volta, mais soltas, tinha paradas a nossa mesa, 20 garotas, e
talvez isto foi atraindo gente para aquele bar, as vezes tinha de alertar uma ou outra, mas a hora
avançava e eu pensando em o que fazer, Jussara para ao meu lado, enquanto Guta de Marilia foram ao
banheiro, e pergunta.
— Não parece estar se divertindo.
— As vezes, é apenas um teste de distração.
— E o que está prestando atenção, parece longe?
— Os 3 rapazes cercando Guta e Marília.
— Problemas?
— Não sei, quer dizer, sei, mas as vezes temos de tentar relaxar e não esta funcionando.
Estranho como eu via pelos olhos de Bruna, que chega até Marilia e pergunta.
— Problemas Manu?
Os rapazes viram mais garotas as costas e um fala.
— Não perturba criança.
Bruna olha o rapaz e fala calmamente.
— Perturbar? Táva apenas tentando lhe salvar a vida.
Marilia se solta e sai ao lado de Bruna e Guta olha o segundo rapaz.
— Tática errada, sempre dá errado.
As moças voltam a mesa e ouço um deles falar pelos ouvidos de Bruna.
— Não sei quem é o rapaz, mas não parece ser ele o problema.
— Mas está invadindo nossa praia.
Bruna olha para os rapazes e olha para as demais e fala baixo.
517
— Hora de ir meninas?
Muitas olham como se revoltadas, e começam a se despedir, eu apenas olho os motoristas e faço
sinal que estávamos saindo.
Acerto a conta, e fomos aos dois ônibus, o que os rapazes pensariam, não sei, mas se Bruna achou
perigoso continuar lá, apenas saímos.

518
5 dias aproveitando para conhecer o local, quando estávamos passeando,
sempre foi divertido, mas toda vez que tentamos uma saída a noite, um lanche,
sempre gerou confusão, teria de pensar melhor em uma forma de fazer isto.
Sorri do desanimo, pois vinha mais confusão pela frente.
Voltamos para Curitiba no fim do dia 29, com a redução de 95 para 19
moças a coisas fica mais calma.
Estava pensando em descansar, já pensando na encrenca do dia seguinte,
mas a empresa veio instalar um cofre, as vezes isto me parece irreal, mas sabia
que as confirmações chegariam hoje, antes de reunião de amanha, e confirmações pagas em espécie,
pois ainda os demais, não tinham ciência de quem era quem daquele grupo, e pior, o convidar de
alguém, para fazer parte, era quebrar o ponto inicial, de sigilo.
Após isto, vi Sonia chegar com o pai, e ele entregar a autorização, expliquei que ele precisava criar
uma conta no nome da menina, ele falou que ela o fez criar, e com isto criamos a pagina da menina e vi
o senhor sair e falei.
— Pronta para aprontar Sonia?
— Aprontar? – Ela fala com malicia.
— Nem tanto, mas eu a quero como a pessoa que vai falar pelo grupo amanha, mas para isto,
temos de lhe mudar um pouco.
— Um pouco?
— Sim, um pouco, mais busto, uma mascara com alteração da voz, mais quadril, e algo no pé que
lhe dê 10 centímetros a mais.
— Porque disto?
— Eles ainda não sabem quem somos, e por mim, apenas os anteriores do grupo e quem vier a
esta família, saberá.
— Cinquenta não basta Bruno, toma jeito.
— Não quis dizer, 250 não basta?
— Safado.
— Sobre o safado, vamos conversar quando tiver idade.
— Vai me fazer esperar?
Peguei um sutiã com revestimento e falei para ela.
— Prova este?
Ela coloca sobre a camisa e falo.
— Por baixo da camiseta, faz direito.
Ela me olha desconfiada e fala.
— Vai me ver nua?
— Já vi, sabe disto, para de frescura.
Eu pego um enchimento de quadril, uma mascara, o vestido cerimonial, e um calçado, olho para
ela e ela ainda me olhava.
— Para ontem.
Ela pela primeira vez, demonstrou timidez, as vezes as pessoas temem pelo que não vai
acontecer, não ainda, mas ela tira a roupa, coloca o sutiã, depois o enchimento de quadril, e por fim, o
vestido sobre tudo, e quando ela coloca a mascara, ainda faltava altura, ela abaixa e coloca aquela
plataforma.
Ela me olha e fala.
— E agora?
— Vamos repassar os testos, tem de parecer que você sempre fez isto.
— Mas como estarão as pessoas nesta hora.
Alcanço o texto para ela, e ela começa a ler e fala.
— Quantas serviçais vai vir ao grupo.
— Umas 110.
— Safado.
— Um dos que propôs isto, para ir duas moças a mais para a família dele, foi seu pai, não me
culpe.
— Outro safado, segundo minha mãe.
519
Passamos o texto e ela ficou repetindo as partes e no fim me olha.
— Vai me colocar para falar, tudo isto, e se não conseguir.
— Paciência, damos um jeito.
Ela chega perto e fala provocando.
— Quando tiver este tamanha não vai me escapar.
A olhei, ela com o sutiã ampliado e com o reforço de quadril, estava mais vestida que antes, mas
obvio, as vezes a gente alerta as pessoas.
— Depois não reclama.
— Agora pode voltar a sua roupa, e ajeita esta roupa, que vai usar ela amanha.
— E posso fazer no banheiro?
— Logico... que não, vergonha de seu rei, que feio.
— Hoje parece querer algo.
— Sim, troca de roupa e vamos gravar algo para passar o tempo.
Ela se troca e falo.
— Foi tão difícil assim?
— Não, mas você ficou me olhando.
Fomos a sala de gravação e gravamos ela em mais uma musica, e coloco as primeiras 3 musicas no
canal, e passo para João Gomes.
Pelo menos o fim do dia foi produtivo, eu coloco Sonia para cantar, e toco a guitarra ao lado, era
próximo das 10 da noite quando o pai de Sonia veio a pegar, e fiz ela levar a roupa, e memorizar as falas.
Eu olho o material, coloco um fundo, e começo a verificar o ângulo das coisas, para uma boa
tradução da imagem. De tempos em tempos, uma entrega, que colocava no cofre, pois iria olhar isto
após.
Priscila me alerta da hora de dormir, tomo um banho e cama, mas nunca mais pelo jeito me
esticaria para valer na cama.
Antes de dormir, vi Marilia vir a minha cama, deitar e conversamos sobre os medos dela, ela vira
muitos tentarem ser reis, e sempre os mais velhos, escolhiam um caminho, que gerava a morte dos
candidatos a rei.
Eu prestei atenção, mas não teria como recuar agora.

520
Amanhece, eu fui ao cofre, fechei a porta e verifiquei os maços, estranho
isto, mas era algo assustador isto.
Um café forte, vi as moças surgindo, já prontas para sair, mas primeiro
nos alimentamos.
Mais uma vez os ônibus a frente, desta vez 6 deles e desta vez parte do
pessoal iria ao sitio em Morretes, as candidatas a minhas rainhas, viriam para
minha casa, com suas cortes, e desceríamos todos juntos. Ou como se diz, um
senhor problema a administrar, pior, minhas ideias ainda iriam piorar, mas 250
pessoas, é mais que as 95, e com calma se ampliava os problemas e prazeres de minha vida.
Saímos dali e deixei minha mãe alerta, pois eu sempre temia por ela, e sabia que estava dando
pouco tempo a ela, mas também dando tempo dela se acertar com alguém.
O chegar ao local, a tenda central, as tendas das 50 famílias depois a volta, e após isto, 110 tendas
novas, estávamos mais que dobrando o numero de pessoas neste grupo, que para mim, não tinha
nome, alguns chamam de “A Lei”, mas longe de um dia alguém colocar no papel isto.
As pessoas foram ao centro, as moças ajeitaram as 110 mesas naquela região central, depois
ajeitaram as mais de 3300 mascaras, dai a frente da minha tenda, a mesa com 110 vestes no centro da
minha tenda e devidas mascaras, a frente de cada uma das 40 tendas dos Ducados, duas vestes a mais e
duas mascaras a mais, em 10 Ducados, eram 3 de cada.
As famílias tradicionais, queriam algo menos organizado, mas agora, era eu fazendo as coisas, não
aquela organização tendendo a zona. As vezes, olhando agora, eu não sei como eles faziam antes, pois a
instalação que fora feita, nos últimos meses, é basicamente um banheiro para cada tenda, levantado as
divisórias das tendas, e erguido o piso de todas elas, ainda faltava a cobertura, mas isto se resolvia aos
poucos, mas nem sabia se eles repararam nisto.
Eu sentia que algo estava conspirando contra, sabia pois alguns olhavam as bruxas e as fadas, e
falavam em salas diferentes, como se estivessem escondendo algo, isto a mais de uma semana,
esperando a bomba, mas estava ali para isto, nem que para morrer por esta ideia.
Quando as pessoas surgiram no centro do grande circo montado ao centro, a cada lado, surgem
os lideres das 50 famílias, as costas deles o restante da família, e olhei Sonia que fala por aquela
mascara.
— Bem vindos, começamos pelo juramento, pois estarão a partir deste momento, assumindo uma
posição em um grupo, e para tal, precisamos que os lideres das famílias venham a frente, fazer o
juramento de sua família.
Ela estabelece o juramento, e após isto, que cada um apresentasse as candidatas a união familiar,
termo bonito para o que alguns estavam pensando.
As moças se apresentam, e minas damas indicam a cada família, as vestes, e as mascaras, que
deveriam ir as suas tendas, vestir suas vestes de cerimonia, suas mascaras e voltar.
Vi as famílias iriam aos seus devidos locais, e vi ficarem ali, as moças que apresentei a cada
família, estranho ao fim ainda sobrar ao centro 110 moças, e as convidei a entrarem na tenda.
Sabia que tinha perto de uma hora para as famílias voltarem ao centro, eu olhei elas com a
mascara com aquela voz modificada, olhei uma a uma, perguntei o nome, perguntei se gostariam de
fazer parte da família do rei, após isto, tirarem a roupa, e as moças alcançavam aquela veste vermelha,
um vestido longo, e depois a mascara.
Como as moças estavam todas de mascara, as vezes via o medo de algumas, mas imagino a
loucura e medo que poderia passar naquelas mentes.
E faço sinal para todas sentarem ao chão e falo olhando ela.
— Bem vindas a família, as vezes apenas queria que tentassem entender, assumi o caminho que
me parecia o melhor para mim, eu sempre espero que escolham o menor caminho para vocês, e
estranho ainda acordos como o que firmaram ali fora, mas estou convidando cada uma de vocês, se
quiserem serem minhas condessas, para isto, cada uma de vocês, teria de eleger duas pessoas da sua
família, uma para o equivalente ao cargo de bruxa, e uma para o equivalente ao de Fadas, e duas moças
para serviçais, sei que parece estranho, mas seria uma forma, de cada família a volta, mesmo as novas,
terem a chance de prover o próximo rei.
— E porque acredita que aceitaríamos?

521
— A opção é de cada uma, ser parte de algo em crescimento, ou apenas uma serviçal do rei, pois
foi a este cargo que foram ofertadas, e se olhar apenas serviçais, se olharem em volta, esta tenda não
falta serviço.
— E abusaria de todas nós? – Mesmo com a mascara sabia pela voz se Bárbara e falo.
— De você Bárbara, e das 4 moças que convidar a fazer parte.
— E acha que dá conta?
— Não, se eu pegar o ano e dividir por 110, dá 3 dias com cada uma de vocês, e me sobra 6 dias,
então a pergunta é se querem fazer parte da minha família, e a quero grande, e para quem acha que
não entendeu, sim, quero dedicação de todas.
— E pelo jeito entramos numa fria. – Acácia, uma das moças, e a olho e falo.
— Acho que não entenderam, eu como rei, não teria como recusar, apenas no lugar de apenas
aceitar estou falando que como Rei, posso dispor de uma forma, de crescerem internamente e assim
elevar suas famílias, e estão sendo convidadas, a ser parte da cidade que mais cresce, e mais se destaca.
— E quem é você, qual sobrenome que levaríamos?
Eu olho as moças e falo, tirando a mascara.
— Baptista.
Ouvi um “Bruno” ao fundo, e apenas vi alguns olhares irem a mascara de Bárbara e falo.
— Sim, Bruno Baptista. As mascaras, podem ser tiradas dentro das tendas, mas fora delas, sempre
de mascaras e quando os mais velhos chegam ao centro, evitem se manter lá, ali pode as vezes ter uma
suruba descontrolada, e uma vez lá, as vezes é difícil de sair.
— E não nos tiraria de lá?
— Cada vez que o faço, eles me querem mais distante deles, mas o convite a vocês, é serem parte
da minha família, mas para isto, ser da família, não apenas serviçais, vocês teriam de montar suas
cortes, as equivalentes as bruxas, seriam as raposas, as equivalentes as fadas, seriam as pombas
brancas, e equivalentes a damas da corte, seriam as serviçais, estariam oferecendo uma corte, para
saírem da posição de serviçais a posições de condessas, na condição que as Raposas e pombas,
poderiam ter entre 14 e 21 anos, e as serviçais, entre 20 e 21.
— E se quisermos ser apenas serviçais.
— Depois apenas não vou ouvir reclamações, pois eu ofereci um caminho, a escolha é de cada
uma de vocês.
— E a escolha é agora?
— Até dia 15 de janeiro, quem montar sua corte, me apresentarão ela mas pensem nisto.
Eu coloco a mascara novamente e falo.
— Agora deem as mãos.
Elas se dão as mãos e apenas sinto o ambiente e falo olhando elas, esticando a mão para as duas
rainhas ao lado, elas esticam as demais que cercavam o grupo.
— Rei das Guerras, lhe apresento as novas membro da minha corte.
Eu olhava as moças, mas se viu as grande lobas, passarem pelas moças as cheirando, como se as
tivessem reconhecendo seus cheiros, e olho as demais, elas se recolhem, depois as fadas surgem e as
tocam a cabeça, sentido o caminho de cada uma delas, e por fim, sinto aquele ser estranho na forma de
um leão sair de mim e passar pelas moças, sentindo seus cheiros, sabendo os medos e os desejos de
cada uma delas.
Sinto ao fundo a energia e falo.
— Apenas mantenham a calma.
Senti a energia de Hadit as costas, e as moças sabiam que não deveriam olhar para o ser, as
mascaras em parte serviam para isto, e vejo aquela imensa serpente surgir ao meu lado e falar.
— Existe um desafio de oferenda vindo de membros de sua família, e tenho sempre tendência a
um agrado.
— Se veio apenas alertar isto, apenas nos deixe encerrar.
O ser me olha e não retribuo o olhar, e ouço.
— Não aceitarei alguém que não seja de sua família.
— Que o verdadeiro Rei das Guerras, descida.
O ser me encara, mas não encararia, mas sabia estar me metendo em encrenca, e novamente,
teria problemas a frente.

522
As moças induzem as moças a entrar na tenda, e vejo Hadit rastejar para fora, e faço sinal apenas
para Sonia e ela chega perto.
— O que precisa Rei?
— Apenas que se mantenha ali, e confia em mim.
— Mas...
— Apenas isto.
Eu faço sinal para as moças gravidas ficarem, e para as bruxas me acompanharem, e os demais
ficam a tenda.
Eu saio e olho um grupo de pessoas, e vejo Hadit se posicionando a frente, estranho estas pessoas
se fazerem de pessoas de bem, mas estavam querendo oferecer uma das moças, recém aceitas, a mais
jovem, como uma oferenda, ela estava já separada das demais, e quando eu saio, um dos senhores, olha
para mim e fala.
— Hadit aceitou a oferenda referente a abrir a chance de termos um novo rei.
Olhei Hadit e falei.
— E qual a oferta que teria de dar, para que mantivesse o reinado.
— Alguém com sangue real.
— Posso além da oferta da minha família, oferecer algo a mais, por anos de paz?
— O que valeria além disto?
— Como rei, ofereço a minha vida, se conseguir a tirar, e de toda a família Dias, que acaba de
oferecer alguém que nem da família é, já que teremos um novo rei, que seja de uma família digna, eu
me entrego ao sacrifício, mas terá de o fazer Hadit, e após isto, limpar a cidade de Curitiba desta praga
que são os Dias, mas para chegar a isto, tem de primeiro, conseguir me matar, e se não conseguir, pois
está desafiando suas próprias palavras por sangue, que não lhe serve de nada, aprender que mesmo
Hadid, tem de ir pelas regras.
— Atrevido.
Eu tirei a mascara, alcancei a Sonia, depois tirei a capa, agora estava nu diante de todos, e apenas
falo.
— Protejam as famílias.
Os senhores, olham Hadit, começavam a pensar em como sair da arapuca.
— Ele não pode oferecer o que não lhe pertence. – O mais velho dos Dias.
Hadit olha para o senhor, pensei que ele deve ter sentido o mesmo que eu, aquele cheiro de
medo, ele me vê o encarando e fala.
— A muito tempo não ouço uma oferenda tão boa.
— Acho que não entendeu ainda o problema. – Falei olhando para o ser.
— Atrevido, me encara e acha que vou deixar barato.
— Se antes de tudo, respeitava, o aceitar de uma oferenda, de alguém que nem entrou no grupo
ainda, apenas pelo prazer da subserviência, perde meu respeito, pois subserviência cega, não é para
amantes da guerra.
O ser olha os demais e se vira para mim, sinto as energias, o sol vir sobre mim e sinto a armadura
se formar, olho a porta e Marilia estava ali, ela apenas coloca a adaga a frente do corpo, eu estico a mão
e a adaga veio a ela, e olho Hadit empunhando a adaga, que se torna uma lança.
— Mas não quero o seu sangue. – Hadit.
— Foi a minha oferta, sangue do rei, condição, o conseguir tirar Hadit, entregar outros a morte
por poder, é coisa de covarde, não me ofenda.
Hadit olha os senhores, a moça e fala.
— Começo a reconsiderar a oferta.
— O destino da família deles seria a mesma, os mataria um a um até alguém falar que retirava a
oferenda, pois desculpa, eu enfrentei no poste de sacrifício o direito de estar neste posto, não foi
doando crianças a morte.
Hadit estava ajeitando o rabo, ele iria me atraiçoar, normal, tudo vale na guerra, quando se quer
vencer.
Não vou negar, mas eu cheirava a medo nesta hora, mas vi as minhas bruxas, afastarem os
demais, até os Dias, pois a função de um rei, é proteger os demais, até mesmo deles, mesmo que tivesse
de cobrar algo depois.

523
Senti o primeiro movimento de rabo, ele bate em mim e deixo a força me empurrar, ele aproxima
a mandíbula dele, e apenas salto lateralmente para sair do caminho do ser, a lança se torna uma espada
a minha mão e acerto o ser, que recua um pouco, vi aquele visgo pingar no piso, aquilo parecia corroer o
chão.
Olho em volta e vi Hadit lançar um veneno, senti a mascara se formar a minha face, me
protegendo, e avancei, forçando o recuar lateral e passo a espada na ponta da calda do grande ser.
Ele olha como se não acreditasse, e empunhando a faca avanço, talvez o sentir do medo no ser,
me fez avançar, e nesta hora, sinto o leão dentro de mim, não sei o que eles viram, mas guardo agora a
adaga a cintura a olho minhas mãos se tornando em garras e avanço passando a mesma no corpo do
ser, deixando grandes feridas, e quando me posiciono sobre o ser, saco a adaga, sinto ela crescer e
atravesso o grande ser, sinto a energia dele se esvair, e sinto aquele ser imenso se tornando energia e
sinto como se esta energia fosse por mim absorvida, pego a adaga agora ao chão, caminho até minhas
vestes, a coloco, pego minha mascara, deixando a adaga com Sonia e olho a moça ainda parada ali.
— Se eles lhe entregaram a uma oferenda, eu aceito a oferenda.
Olho o senhor mais velho dos Dias e falo.
— Assim como aceito a oferenda, aceito como indenização pelo desafio, o um milhão de dólares
pagos pela família da moça, como indenização.
— E se não quisermos pagar?
— Será uma pena, ter de decidir entre as 110 famílias a volta, qual tomará o lugar da família Dias,
pois ela deixará de existir.
— Mas aceitamos seu relacionamento com uma das nossas moças?
— Sim, mas já a considero uma Baptista.
Sai dali e entrei na tenda, fui a um banho, eu precisava disto.
Após me banhar, coloco meu vestido cerimonial e olho para a menina e pergunto seu nome, ela
também se chamava Sonia e olho para a moça e falo.
— Calma, agora apenas mudou de família.
— Mas o que é você?
— O rei, quem mais.
Marilia me abraça e fala.
— Temos um rei maluco, mas não podemos dizer, que não temos um Rei valente, talvez isto
finalmente acalme os demais.
Sonia chegou ao lado e falou.
— Juro que as vezes nos faz sentir medo, como pensou um segundo em nos deixar, desafiando
Hadit?
Sorrio e olho para ela e falo apontando a moça.
— Sonia, esta é Sonia, a primeira integrante da sua corte.
— Vai me aceitar como princesa?
— Amanha 31 faz 12 anos, ainda falta alguns anos para se tornar uma princesa.
— Mas já me indica uma corte?
— Sabe que seu rei, como você fala, não presta.
Ela sorri e vi ela ir conversar com a moça, e Marilia fala.
— Esta minha irmã é bem atiradinha.
— Desculpa as fazer passar medo.
— Enfrentou eles, para não ofertar nenhuma de nós a morte, não sei o que eles pensaram?
— Olha em volta, 360 moças, eles estavam pensando em fazer o que eles fazem de melhor,
esquecem que parte de vocês faz parte da famílias deles e fazer uma grande suruba.
— E vai querer conhecer todas elas?
— Nem conheci direito as minhas 50 princesas, muito menos as duzentas moças que fazem parte
das suas cortes, e já aparece mais 110 moças.
— Já reclamando?
— De forma alguma, apenas tentando acertar uma forma de as ter nem que um pouco ao meu
lado.
Agora nos ajeitamos todos, e saímos novamente para fora, agora as famílias novas, cada uma
ganharia um símbolo, pois não se falava o nome das famílias, e sim algo que as representasse, como
Martelos, para grandes construtoras, Livro, para famílias com ligação a cultura, e assim por diante.
524
Olhando agora, as candidatas a Rainha, estavam com vestes douradas, as suas cortes, na cor
vermelha, e as novas candidatas a condessas estavam de Rosa tendendo ao vermelho.
Eu me sentei e vi cada uma das famílias novas, agradecer o serem aceitos, e cada qual ficou com
uma função na grande família.
Um dos rapazes dos Dias veio conversar no fim de tudo e propor paz, eu falei como sempre falo,
que não levo para o pessoal, mas esperava a contribuição referente ao desafio ao rei, sendo pago ainda
este ano.
Começa a anoitecer e me recolho com todas aquelas moças, era uma confusão na certa, e após
alguns momentos, eu faço sinal para as moças chegarem ao centro da tenda, eu apenas pedi que
deixassem as mascaras e os vestidos cerimoniais na cadeira e viessem a sentar em circulo a volta.
Algumas eram novas e estavam tímidas, algumas pareciam mais a vontade em tirar a roupa, e
apenas começamos uma apresentação, de cada uma delas, avançamos por ordem alfabética, da Acácia,
até a Zélia, mais 110 nomes para alguém que não era bom com nomes decorar.
Interessante descobri que tinha duas formadas em direito e mais duas em formação, talvez minha
contribuição como o escritório Vaz de Advocacia, fui descobrindo o que cada uma fazia, gostava, mas a
moça tinha de se levantar, e parar a minha frente, e falar quem era, o que fazia, seria algo normal, se
não fossemos desconhecidos e todos estivéssemos nus.
Das presentes, Bárbara era a que todos a volta, sabiam quem era, poucos sabiam que ali era um
caminho quase ditado.
Aquela noite foi de provocações, de poucos atos, mas muitos hormônios, quando caio a cama, a
maioria já dormia, Sonia me olha e fala.
— O rei resolveu se esbaldar. – Sonia a Dama.
— Pelo jeito este rei é um safado mesmo. – Sonia a serva.
Estranhava a energia que sentia dentro de mim, olho o relógio, não teria como ter acontecido
tudo que aconteceu depois que entrei pela entrada da tenda, pois se você dedica a cada moça presente,
10 minutos, ou 110 vezes 10 minutos, teria de ter se passado, mais de 18 horas, mas o relógio no
celular, na parede, em todo local, falava que não era meia noite ainda, estranho mesmo assim ainda ter
energia, abraço as duas, o sentir de cheiros, apenas chamo Paula, e ela cansada, mas ainda com cara de
que queria festa chega ali e apenas olho.
— O que ouve Bruno?
— Ajuda Sonia?
Ela olha a menina, talvez o cheiro a volta não a tenha alertado de nada, e falo.
— Primeiro Chico.
Ela sorri e fala para Sonia e fala.
— Temos de conversar menina, pelo jeito isto que a deixava a provocar nosso rei, mas cuido de
você.
A moça não entende, mas foi a parte que estava a irmã e as demais moças daquele grupo e olhei
Sonia e perguntei se queria ser algo especial.
— O que meu rei quer?
A medi e falei sorrindo, não sei, estava ainda querendo queimar energias, mas teria de descansar.
— Estou convidado você a uma experiência diferente.
— Porque diferente?
— Nem tudo que toco na vida tem haver com este grupo, eu não quero perder tempo sendo o
que eles querem, pois esta soma de moças, é para não ter tempo de ser algo a mais no dia a dia da
cidade.
— E o que quer dizer com isto?
Peguei a adaga e coloquei na mão dela, e falei.
— O que a adaga me mostra, quando toca a mão de uma pretendente, me mostra as posições
que elas podem vir a ser, mas quando pergunto algo, quero apenas sinceridade.
— E quer que seja sincera em que parte?
— Primeiro se aceita fazer parte da minha família, Sonia.
Ela sorri, a adaga estava na mão dela e ela sorri, eu sempre digo, elas não deveriam dizer sim, e
me diziam, e quando parei de recuar, parece que todas no lugar de recuarem, continuam a avançar.
— Sim, sei que nem tenho este opção pelo que entendi.

525
— E pelo jeito corre na vida, pois a maioria apenas estuda, você estuda no Medianeira, faz
natação no Curitibano, estuda inglês no Inter, faz parte do corpo de balé do Guairinha, e faz aula de
violino no Conservatório Municipal, isto na cidade acima da serra, então a pergunta, tem tempo para
um rei na sua vida?
— As vezes acho que procuro algo.
— Sim, e a marca que me surge a mente, quando a adaga lhe toca, quando do seu sim, é de uma
dragão, então pelo jeito ainda sonha com Eli.
Ela me olha desconcertada e fala.
— E teria problemas nisto?
— Acha que entendo apenas agora o que Hadit queria com sua oferenda a ele, interferindo nos
senhores.
— Ele achou que você seria fácil, todos sorriram primeiro, depois, se preocuparam, pois ficaram
na duvida se você poderia oferecer todos eles, mas também não entendi o que é você?
— Deixar claro, eu não sonho com Eli.
— Certo, mas dizem que você sente o mundo, que você tem um acordo com os hons, não sei o
que é real.
— Sentir o mundo dos Hons, em vida, é bem mais complicado que sonhar com ele Sonia.
— E me quer como sua?
— Quero lhe fazer uma proposta, é entre nós, provavelmente vou por a pequena Sonia no grupo,
mas é reerguermos os Dragões no mundo de Eli.
— Como você poderia fazer isto?
— Eu não pretendo falar disto com muitas pessoas, mas apenas se achar que é maluquice, nunca
mais falamos nisto, mas quero você como minha princesa dragão, e poucos deste grupo sentiriam isto,
eles devem sentir referente a pessoas como você, que é símbolo de renascimento, asco, pois eles são
pela guerra interna, não pelas externas, isto matava o grupo a cada ano.
— Sabe que você me defendeu como meus pais ao fundo, que nem viram acontecer não o fariam.
— Para a maioria, quem é o rei, é uma incógnita, mas se propus a cada moça que entrou hoje
montar uma corte, queria propor a você, criar uma principado.
— Mas sem o falar aqui dentro.
— Para eles, você é apenas uma serva, não deveriam dispensar servas dragão, mas eles nem
sentem seu poder.
— E o que seria montar um principado, pelo jeito um principado de dragões.
— Sim, e não sei se vai ser fácil, mas você reuniria até seu aniversario, em março, 5 moças amigas
suas, por cada local que frequenta, 5 estudantes do medianeira, 5 estudantes do Inter, 5 violinistas, 5
bailarinas, e 5 jovens dragões, para uma reunião em sua casa, a pequenas Sonia, entra com 5 amigas
para o coro, e montaremos a estrutura de algo diferente, pois você seria a 6 pessoa em todos os 6
grupos, e eu o adendo do grupo, assim como lancei as Bárbaras, lançaríamos as Sonias, e junto a isto,
tentar criar o Império dos Dragões, acho que não precisa um sobrenome ou um nome para este
Império.
Sonia me olha meio na duvida do que perguntaria e fala, era duvida naquele olhar e fala.
— E vai querer abusar de todas minhas amigas?
— Tem de entender Sonia, eu não forçaria com nenhuma a volta, se tivesse dito não, não
aconteceria.
— Certo, cerca, pergunta e depois expõe a ideia.
— Sim.
— E acha que é fácil isto?
— Não, sei que não é fácil.
— E porque eu?
— Pois somente você, de todas a volta, me mostra um dragão as costas, que você verá ao
espelho, e se ajudar a montar isto, verá que a cabeça desta marcação, que não é físico, os demais não
veem, surgira uma coroa, e diante disto, poderá ser você lá e aqui.
— Não teme o fogo dos dragões.
— Todos nós vamos virar pó, e devolver a terra, os componentes que nos foram fornecidos para
nos manter vivos.
— Pelo jeito, levei sorte.
526
— Dragões são símbolo de recomeço, e de sorte.
— E as moças, todas da minha idade?
— De preferencia, mas não sabemos se acharemos pequenas dragão todas na sua idade.
— Certo, as vezes nem sei como as achar.
— Sei disto, mas achamos elas até seu aniversario.
— E quer montar mesmo um grupo como o coral Bárbaras com minhas amigas.
— Não será um sexteto com coral, violinos, balé, teatro em inglês em um texto exclusivo da
cidade.
— Um projeto Bruno Baptista?
— Porque não?
— E nos seduz para compensar?
— Quem dera eu fizesse tanto como a propaganda fala.
— Vi você em atividade a pouco, sei de muitos que estariam acabados ali no meio.
Estava perdido, mas ainda sentia que algo estava acontecendo, e apenas falo.
— Arruma uma cama para nós, que tá quase na hora de dormir.
Eu peguei a capa e a mascara e sai a porta da tenda e olho para a região central daquele terreno,
e sinto espíritos chegando de todos os lados, e depois de um bom tempo, conseguir reconhecer o ser
que um dia me parou a rua, para acertarem minha mãe, ele parecia agora translucido, mas não mais
negro carvão, ele vinha a frente, via mais seres surgindo, alguns estanhando o local, roupas estranhas, e
vejo Guedes York a frente, estranho ele olhando sua existência translucida e sorrindo.
Com o surgir de muitas almas ali, o local pareceu brilhar, mesmo a pouca luz, quando em muita
quantidade, fazia o centro daquela tenda se circo, brilhar, as pessoas olham o clarão e saem para fora de
suas tendas.
Mas vejo aquele espectro parar a minha frente, e não sei, ele queria algo, e as vezes parecia que
me daria mal, sinto os cheiros, e vi todas as famílias trazidas na madrugada para aquela visão, saberia
mais tarde que nunca os presentes viram as almas, e agora com elas visíveis, ouvi aquele som cantado,
assoprado, sussurrado.
— Tem de entender menino, não sei o que fez, mas se me livrou de Hadit, agora posso tentar ser
o rei novamente.
Apenas olho o ser, estranho no lugar de um obrigado, senti o ser vir rápido, chegar rápido, ele
tentou me atravessar, e por algum motivo, por baixo da capa, senti a armadura se formar, e olhei o ser
bater em mim e recuar, vi outras almas, algumas falavam inglês, algumas celta, algumas outras línguas
que não entendia.
Estranho que vejo outros tentarem a mesma coisas, eles não queriam os demais, queriam um rei,
e quando sinto todos eles virem no meu sentido, não sabia o que aconteceria, mas sinto aquela energia
vir de todos os lado, e apenas sinto a serpente dentro de mim, e quando eles viram estavam sendo
perseguidos, e engolidos pelo espectro de Hadit, e quando espectro volta para mim, sinto as historias,
as aventuras, as línguas, e olho os demais e falo.
— Hora de dormir senhores.
Todos se olham, não sei novamente o que eles viram, mas as vezes isto cansa.
Entro e vejo todas as moça acordadas me olharem, não sei, eu apenas sinto que parecia não estar
bem, eu sinto o meio, com dificuldade sento a beira da cama que Sonia arrumara, olho ela me olhar
preocupada.
Estranho que eu não entendia disto, mas sentia a energia diferente, será que fiz algo errado, uma
hora erraria.
Vi que Paula chega com Sonia, e ela toca minha cabeça e fala.
— Tá com febre, tem de descansar Bruno.
Eu sei que deitei, senti a energia dentro de mim, me deram dipirona para tomar, sei pelo gosto, e
com calma minha cabeça fica leve e adormeço.

527
Estranho olhar em volta, saber que é um sonho, ver aquele mar de almas,
de pessoas que pareciam cansadas, mas com energia, olho o conjunto de
pessoas reunidas por língua que falavam, e as vezes se destacavam por roupas
bem diferente, se dizendo sem caminho, escravos, olho as almas, os indianos,
os japoneses, os africanos, alguns eu não sabia nem pela língua e nem pelas
vestes de onde vinham, era estranho da mesma forma, saber o nome de cada
uma da almas, haviam almas que apenas estavam na condição de morte,
crianças, alguns agrupamentos, aparentavam extermínio de famílias, estava
olhando e ouço alguém ao lado.
— O que é você filho?
Olho o espirito ao lado, não na cor que via antes do enfrentamento, agora translucido.
— Nunca tive pai, tive esta sorte.
— Acha que não seria diferente se tivesse sobrevivido?
— Sei que a ideia, era oferecer eu e minha mãe como oferendas, não precisa ser agradável
senhor. Se tivesse sobrevivido, nada tinha acontecido, pelo menos da minha vida, pois seria como
aqueles agrupamentos de família, que não sabem onde estão, estaria ali eu e minha mãe, sem saber o
que fazer o resto da existência.
— Não entendi como um nada, pode se tornar rei.
Olho o ser, não era ser o rei o importante, era entender que tudo era regido, e talvez algo que
fosse desagradável no fim, pois tudo me indicava, que até Deus, era regido pelas leis físicas, então as
vezes estranhava como algumas informações entravam em mim, pois sentia como se estivesse
entendendo a historia aos poucos, do que Hadit viveu, estranho olhar as mãos, e ver algo que teria de
aprender a definir, pois naquele sonho, estava mais para tentáculos, Olho o espirito e falo.
— A lei, aquela que todos leem e não entendem.
— O que não entendi.
— O que não entendeu não sei, mas entender uma pequena parte me fez ser o rei, e não sei, as
vezes parece apenas um pequeno espaço de tempo e que faz uma eternidade.
— Mas dizem que você não é o rei ainda. – O senhor.
Não comentei, estranho sentir o meio e abrir os olhos e sentir alguém me empurrando a cama, e
olho Sonia, a pequena Sonia, apenas sinto o meio e abraço ela e ela se ajeita em meu ombro, as vezes,
jogando o cabelo, a abracei, e consegui dormir um pouco mais.
Não era seis da manha, a energia interna, parece imensa, me sento a cama e ouvi reclamações,
caminho até o cabideiro e coloco minha vestimenta, pego a mascara e saio a parte externa, a energia
estava alta naquele dia, vi algumas desarmando as suas tendas, era o dia da passagem de ano, e as
moças, as atuais servas, começam a sair e ir as suas devidas famílias, vi as demais moças saindo, Sonia, a
serva antes de sair, me beija e fala.
— Vou pensar no que falou.
— Pense com carinho. – Ela sai e sinto Sonia me abraçar pelas costas e falar.
— Agora já sou uma moça, vai me deixar longe ainda.
— Vai a tenda do seu pai, e avisa que vai passar o ano novo lá em casa.
— Mas...
— Quero conversar, apenas isto, calma.
— E vou ter de ver você agarrando as demais?
— Lógico, sempre.
— Sempre é muito tempo.
— Sei disto, mas vai lá.
Algumas perguntaram onde iria passar a passagem de ano, estava pensando em ir a praia, não
subir a serra, vi algumas me falar que esperavam eu dizer onde, para aparecer por lá.
Eu vi somente as 19 moças ficarem, mas suas cortes também ficaram, e enquanto o pessoal se
ajeitava, pego um sal grosso, jogo a volta da tenda, depois vou a um banho, lavando bem todos os
cantos do corpo, e me preparando para algo que a muito estava me segurando, e sabia que algumas
ficavam com ciúmes, mas eu ainda não tinha uma saída disto, ou pensando bem, tinha, mas talvez não
quisesse sair desta confusão.

528
Quando saio do banho, ligo para minha mãe, pergunto se estava bem, onde passaria o ano novo,
que estava pensando em passar a praia, ela mandou eu me cuidar e falou que estava bem.
Eu queria apenas na madrugada seguinte, subir e dormir em casa, então era apenas curtir e
entender o como eu estava.
Sei que quando os demais saíram, eu apenas sento no centro da tenda central, e as moças sentam
a volta, eu dou as mãos para as duas ao lado, e as pessoas nos três círculos dão a mão, o circulo central,
das princesas convidadas a ser rainhas, o segundo circulo, formado pelas bruxas, depois vinham as fadas
e depois as damas, eram círculos pequenos, pois estávamos em poucos.
Sinto o ser dentro de mim e aquela energia excedente, foi distribuída, entre as pessoas presentes,
estranho sentir os espíritos, e parecer os ordenar, e eles saem e se posicionam a toda volta, dando total
privacidade no centro do circulo.
Embora tenhamos nos divertido, ainda não tinha para onde correr, achava que alguém
apresentaria um caminho, e fomos a cidade de Morretes, pois estávamos na parte afastada, e
almoçamos em um restaurante ao centro, depois fomos a Antonina, passeamos naquele dia, as moças
aos poucos estavam começando a se cansar, quando começamos a marcar em Caioba, alguém tinha se
proposto a nos receber, mas seria festa, aqueles dois ônibus indo para todo lado, quando estaciona
naquela portaria, as minhas lembranças foram ao passado, vi Luana nos receber na parte baixa, e se até
aquele momento estava com apenas parte do Principado a volta, começam a chegar mais pessoas,
gente ligada a banda Marginais, vi os rapazes do Sons-in-law, e aquela cobertura começa a ficar
pequena.
Eu olho para a praia ao fundo e vi o senhor Silva, pai de Luana parar ao lado e falar.
— Começamos errado rapaz, pelo jeito temos de tentar mudar aquele começo.
— Sei que quando se quer desacreditar alguém, se faz coisas estranhas.
— E não leva para o pessoal?
— Eu ainda não sou de maior para levar para o pessoal senhor.
— Certo, e arrastando todas estas moças por ai?
— Alguns senhores querem apenas as matar ou abusar delas, então saímos a passear, e sei que a
vantagem de muitas, é que o excesso já nos para.
— E que ano foi este, montou um coral, vi minha filha cantando em capitais europeias, e poucos
falam deste Bruno Baptista.
— Não tive tempo para ficar na frente das câmeras.
— E ainda brigando com a Globo?
— Eles querem manter a guerra, para se dizerem com a razão.
— E pelo jeito não tem paz ainda.
— Na verdade não tem uma guerra, eles toparam um acordo mas ainda não cumpriram, eles
querem que façamos alguma coisa para os dar razão, mas acho que não tenho tido tempo para ficar
olhando para eles, e se eles não entendem, que trabalhamos, não ficamos fazendo de conta, mas
acredito que eles tem perdido muito patrocínio local.
— Acha que eles pretendem fazer o que?
— Desmoralizar uma criança é fácil, mas eles parecem ainda querer algo e não sabem como
recuar.
— Dizem que roubou a namorada da minha filha.
— Acho que tô muito solto, mas pelo jeito ela ligou para muita gente.
— Sim, e quando penso que parou de chagar gente, continua a chegar gente.
Sorri, não teria como explicar toda aquela bagunça, e até pensei em desviar o assunto, mas era
apenas passagem de ano.
O senhor foi olhar a bagunça, aquela cobertura estava um agito, vi Beatriz chegar ao lado e falar.
— Perdido aqui Bruno?
— Acho que muita gente tá perdida aqui.
— E vai tocar?
A olhei como se perguntando, não entendi, e falo.
— Tocar?
— Vai amarelar? – Beatriz me encarando.
Sorri, as vezes via muita gente me olhando.

529
As vezes demoro para me tocar que todos estes a volta, se tornaram um grupo só, estranho ter
mais de 300 pessoas de um coral, que eram partes integrantes de outros projetos, tinha as bandas, as
cantoras, e vi Barbara, a filha do dono do apartamento, parar ao meu lado.
— Estão falando em tocar algo.
— O local não é o mais indicado. – Falei.
— E teríamos onde fazer algo?
— Teria de perguntar para quem manda na cidade, mas as vezes, tenho medo de envolver mais
gente.
Eu passo o braço no de Marilia e pego o telefone.
— Boa noite Pedro.
— Problemas Bruno, sabe que horas são?
— Sim, a pergunta que estão me fazendo, apenas para acalmar as pessoas, não teria um lugar
para tocar hoje, em Matinhos, nem que seja de graça, apenas para o pessoal se distrair.
O rapaz ficou quieto, pensei que ele iria me xingar, e ouço depois de alguns segundos.
— E quantas pessoas está pensando em por para tocar?
— Pensa em estar em uma festa, numa cobertura e estar apertado, pois tem 300 moças do
Bárbaras, mais umas 3 bandas completas.
— Tá onde em Matinhos?
— Tô em Caioba.
— Certo, vou ver se tem um local para tocar, mas não garanto nada.
Ele desligou e Bárbara me olha.
— Ligou para quem?
— Pedro Rosa, achei que ele iria desligar, mas ele pensou em algo, apenas vai confirmar.
Pedro não ligou, ele passou uma mensagem e perguntei quem iria, eu estava quase esvaziando
uma festa, mas obvio, quando todos ficam sabendo do local, todos quiseram ir, diziam ser um hotel
diferenciado, encrustado em um buraco, com um palco na parte da pedreira oposta, de onde daria para
ver uma queda d’água de 30 andares.
Descemos, até os pais de Luana e Bárbara saíram, e fomos ao local, não entramos pelo hotel, e
sim por uma entrada de serviço, não tínhamos muitos instrumentos, mas sempre se consegue algo,
chegamos ao palco e começamos a ligar ele, os grupos já estavam ensaiando parte do show do ano
seguinte, ali seria sem mascara, seria sem aviso, apenas o coral começa a aquecer, as moças começam a
encenar e quando tocamos junto com as Marginais, e puxamos uma musica dos Your Sons-in-law que
tínhamos começado a pensar nela, separei o coral em 4 partes de 50 pessoas, vi que tinha duas partes
de uma escada, provavelmente usada para festas de formatura no local, a colocamos dos dois lados,
Beatriz puxa a musica, Your Sons-in-law entra cantando, veio os Clementes com os vocais das Inglesas, e
cantam em paralelo cada separação do coral, uma canção sacra de fundo, cada uma a sua vez.
Eu fui ajeitando a primeira musica, estávamos apenas ensaiando, faltava quase uma hora para
meia noite, e vi que alguns hospedes começam a se postar na frente do palco. Eu explico no microfone,
que era apenas um ensaio despretensioso.
Depois passamos 4 musicas de Beatriz, depois voltamos a mais três musicas das Marginais do
Lange, depois os Clementes e as Inglesas tocaram mais 6 musicas, e por fim, a pedidos, tocamos
Zarathustra 6, estranho como as pessoas gostavam daquela musica, deveria ter algo especial nela, que
como criador, eu não conseguia enxergar, o que era bom, eu não a recriaria uma segunda vez. Unimos o
grupo e pela primeira vez foi cantado Vozes descontraídos, uma das ideias do ano, que começava com
os fogos ao fundo, as pessoas brindando, e vi que tinha muita câmera ali, então pedi para se
controlarem, pois ali não era lugar de beber, pois quase senti onde daria problema.
Sei que tocamos descontraidamente, testamos notas, aquele palco numa pedreira, com um hotel
na ponta oposta, cachoeiras artificiais, era estranho, pois depois de um tempo, pediram para baixarmos
o som, ainda tinha muita gente em volta, mas quando o sol insistiu em amanhecer, saímos dali, cada um
para sua casa, alguns dormiram nos carros antes de subir, a vantagem de estar de ônibus, foi subir
calmamente e dormir a cama, embora esperasse confusão.

530
Acordo com o telefone, sinal que teria problemas, atendo o celular ainda
sonolento e ouço.
— Bom dia Bruno. – Roberto Vaz.
— Fala doutro Vaz?
— Não entendi, tem gente em pleno dia primeiro, colocando um
processo contra Pedro Rosa, por ter servido álcool a crianças, e que você foi
quem elaborou a festa.
— Estas pessoas querem o que Vaz?
— Dizem que manter a lei.
— Eu estou sóbrio, apenas cansado, devo ter dormido – olhei o relógio no celular – umas 3 horas,
mas sóbrio e todos a volta estão sóbrios, quem eles afirmam que estavam bêbados lá.
— Não colocaram nomes para preservação dos menores.
— Força por sigilo de processo, para que todas as crianças, se apresentem e façam exame de
sangue.
— E se tiver alguém que bebeu.
— Eles vão ter de mostrar eu dando o álcool a alguém, sei que não foi nos servido nada além de
refrigerante, mas consegue e nos falamos assim que tiver onde me apresentar.
— Está onde?
— No Agua Verde.
Desliguei e vi a resposta de minha mãe por áudio apenas agora, referente eu ter desejado feliz
ano novo a meia noite, eu levanto e vejo Acácia ali, sim, tinha mais gente que entraria na bagunça, as
vezes penso que teria de ser mais contido nas ideias, mas pelo jeito enquanto eu tocava, ela pensava em
quem seria sua corte, mas junto com ela, veio uma prima, que fora oferecida as famílias do grupo, e
expliquei que a forma de dividir o peso, era formar uma corte, assim sendo mais fácil passar por festas
que eu ainda era jovem demais para entender.
Sei que foi uma passagem rápida, determinando quem era quem naquele grupo, e sabia que isto
apenas crescia o problema, as vezes queria saber o que estava acontecendo no mundo, mas acho que
estava cansado, perto do meio dia as moças vão para casa, era feriado, eu vou a cozinha e faço um café
forte, estava me servindo quando ouvi o segurança falar que tinha um senhor a entrada pedindo para
falar comigo, autorizo a entrada e lá estava não um senhor, mas uma família inteira, Senhor Vaz, a
esposa, Bárbara e Laura, e o senhor Richard, ele era um dos responsáveis pela Globo local.
— Pelo jeito a festa foi até tarde? – Barbara já cobrando algo.
— Subimos do litoral já era manha.
O senhor Vaz olha o irmão da atual esposa e fala.
— O senhor Richard gostaria de trocar uma ideia, e não entendi.
Olhei o senhor Richard e falei.
— Tem de entender senhor, que não se fala coisas em publico, pois tem muita gente que adoraria
tirar uma família de lá, com a fofoca que corre por ai.
— Pelo jeito você é a peça que poucos falam, e não falaria sobre isto pelo jeito.
— Alguém que todos sabem quem é, pelo menos o nome, mas a pessoa em si, poucos conhecem,
alguém que não precisa aparecer senhor, sempre peço, não me coloquem em destaque, e poucos
parecem ainda entender, não preciso do destaque ali fora, na cidade, pois isto não me traz vantagem.
Olhei o senhor Vaz que fala.
— Pelo jeito fiz de tudo para afastar minha filha de você, e acabei por a colocando nas suas mãos.
Apenas levantei os ombros, não sabia o que falar sem ofender.
— Mas o que traz a família a minha casa? Hoje?
— Minha filha queria falar com você, não entendi. – Achei que ele estava falando de Bárbara e
olha para Laura – Acho que ela não gostou do que fiz.
Pensei no problema, mas sei que o querer fazer parte da estrutura da cidade, eu ainda não
entendia o que ele esperava, logico que deveria ter sido algo pensado não só pelo senhor, mas sabia
que quando eles assinavam a entrada, eles passavam autorizações aos pais, autorização sem direito de
reclamar, eu nunca pensei no que seria aquelas autorizações caindo num tribunal, seria escândalo.
Olhei para Laura e perguntei.
— Quer falar em publico?
531
Ela olha em volta e fala.
— Entender onde coloquei a minha vida, pois tem coisa que dizem que não posso revelar, e não
sei se posso dividir com muitos.
Olhei o senhor e falo.
— Conversamos e depois começa a correria do ano.
— Fiz sinal para Laura ir no sentido do escritório, ao fundo e ouvi Barbara perguntar.
— Posso acompanhar.
— Sim.
O senhor fez cara de dor, mas estaria entregando a filha a um velho e não estava preocupado,
então não levei a serio aquela cara feia.
Entramos e olhei para Barbara e falei.
— Encosta a porta.
Ela fecha e olho para Laura e falo.
— Pelo jeito não foi nada agradável.
— Foi horrível, e nem sei se pode falar?
— Lhe ofereceram a algum dos Dias?
— Um rapaz de uns 30, meio afeminado.
— E o que quer falar?
— Me trataram com uma empregada, sexualmente falando, e me ameaçaram a mandar a morte
se não fosse agradável o tempo inteiro.
— Algo a mais?
— Que se recuasse, toda a família morreria, pois não existia es membro do grupo.
Olhei ela, estava assustada, mas pelo jeito foi pior do que pensei, as vezes esqueço que do outro
lado, existiam outras 110 moças, que poderia estar sentindo-se iguais, a moça a frente.
— Este rapaz, que a ofereceram, falou algo?
— Ele parecia nem querer estar ali, ele aceitou mas foi o único que não chegou perto, e parecia
ter nojo de tudo.
Peguei a adaga a gaveta da mesa, e cheguei perto dela, a toquei a mão, e sinto uma boa
Baronesa, mas ela precisaria de apoio, e as vezes temos de ter calma para decidir, mas sinto ela se
esticando, como se estivesse ganhando força, falando aquilo.
— Tem de ter calma, mas a solução e o rapaz que lhe ofereceram, mas o problema, é que uma
corte quando se monta, para ser uma baronesa, você estaria jogando mais pessoas naquele problema,
seria o dividir do problema, mas teria de ser sincera com ele, e a corte que montasse, poderia ter
rapazes, mas o problema de montar uma corte, é que tem de ser entre parentes de sua mãe e amigas, e
os demais nem precisam saber da corte antes da hora, já que as vezes tem de explicar que estes
acreditam que estão acima da lei, mas não estão.
— Mas eles me matam.
— Não falei em leis dos homens Laura, estou falando da Lei que eles dizem representar.
— E poderíamos conversar mais?
— Sim, mas para isto, tem de usar sua irmã como escudo.
— Mas não quero ela lá.
— Apoia ela a remontar a banda de apoio, e entra no corro dela, o que a deixara por perto no dia
a dia, você pela regra que seu pai assinou, e pelo jeito fez vocês assinarem, não pode se negar ao que
pedirem, por 3 reuniões anuais, o resto do ano, é normal.
— Mas acha que o Carlos aceitaria isto?
— Conversa com ele, explica que o rei propôs a sua irmã, para ela montar uma corte, e que nesta
corte, teriam rapazes que poderiam o servir, uma bruxa e uma fada, certo que vão ganhar nomes
diferentes enquanto evoluem, mas pergunta se ele não teria interesse, pois mesmo que não goste, ele
sabe que tem de gerar um herdeiro, acho que alguns se escondem nesta posição, para que outros
gerem os filhos que eles nem tem interesse em ter.
— E vai a fazer montar uma corte?
— Ela que escolhe, se quer voltar a posição anterior, pois antes de me enfiar nesta historia, havia
a convidado a ser minha única rainha, ela não quis, estranho também isto, mas a conversa com sua irmã
vai ser mais seria.
— Ela falou que lá só tem moças, e que algumas tem até companheiros.
532
— As cortes não são parte do acordo da sua família com a família Dias, é um acordo entre você e
o rapaz, como se diz, pode ter quantos servos quiser, desde que eles aceitem, e seja apresentados ao
rei, e ele abençoar este nova corte, é como se naquele momento, um pedaço da família ganhasse
autonomia, é como uma declaração de compromisso, mas com adendo, que a filha mais velha, é parte
da família do Rei.
— Vai abusar de minha filha? – Laura.
— Acho que não tenho tanto fogo assim, eles me colocaram em uma arapuca, são 50 princesas,
agora 110 servas.
— E vai me querer apenas como serva? – Barbara.
— Sabe o que quero, apenas fica fugindo de mim.
— E se não aceitar isto? – Bárbara.
— Seria obrigado pelos demais, recusar a Serva, eles puxariam para a família deles, serviria lá, e
me indicariam outra.
— E deixaria acontecer?
— Você que faria, pois estaria fugindo de novo Bárbara, não seria eu que estaria entrando como
serva no outro lado, e se acha que entendeu o que sua irmã passou, não tem ideia do quanto eles não
andam na lei.
— Mas não gosto de o ver com as outras?
— E vai não querer olhar, vai ficar longe, é isto? – A olhei serio, ela queria me fazer sofrer, mas
como falo, eu não sei ainda o que sinto.
— E deixaria eu ir?
— Se quer fugir de novo, quem sabe me ofereçam alguém mais compreensiva do problema total
que vai passar.
— Para de frescura Bárbara. – Fala Laura.
— Mas...
— Para de frescura, vai deixar ele escapar, apenas para não recuar, vai o jogar fora novamente, já
fez algumas vezes.
— Ele tem de sofrer.
— Reis não sofrem irmã, ele não vai ter tempo para sofrer, ele terá de seguir o caminho que
muitos falam querer, mas não tem coragem de estar ali.
— Mas o pai nos ofereceu como servas. – Barbara com uma lagrima nos olhos.
— Sim, e eles consideram que se eu não a aceitar, eles podem a oferecer Hadit, como carne, para
ele se recuperar do ultimo confronto.
— Eles não fariam.
— Pelo jeito não me quer ao seu lado mesmo, vou pensar sobre isto – Olhei para Laura e falo –
mas conversa com Carlos Dias, se quiser trazer ele a conversa, conversamos e nomeamos a corte, pelo
jeito, seu pai vai perder a filha, da pior forma possível, pois não ensinou o básico.
— Acha que eles a matariam?
— Se qualquer dos que abusarem dela, reclamarem veementemente, eles não tem pena, eles
querem mostra os que entraram agora, que eles mandam, e que isto requer respeito e devoção, eu
nunca entraria por bem neste grupo.
— E como chegou a ser o rei então?
— Está historia é cumprida, teremos tempo para conversar.
Ela olha a irmã e fala.
— Pelo jeito o rei vai avançar ainda e continua recuando mana.
— Mas não gosto de ser serva.
— Ele quis lhe transformar em algo, e pelo jeito a ideia de fazer algo na banda sua, não vai dar
resultado, pois você é como o pai, quando emperram numa ideia, não se preocupam se vão sofrer, se
vão fazer sofrer, emperram e ainda justificam.
Laura começa a sair pela porta e Barbara acelera para fora, e não sei, as vezes queria entender o
que estava acontecendo, mas as pessoas as vezes, tem de sofrer para aprender, as vezes, apenas ficar
mais velha, mas entendia ela, naquela casa sempre sentir-se-ia mais uma.
Eu vi a família entrar e sair, as moças ainda estavam dormindo, então era calmo neste momento.
Começo de ano, olho o prospecto de matriculas no colégio que estava pronto, fui ver o
cronograma das aulas, as vezes poderia parecer para alguns caro, mas eu estava matriculando minhas
533
princesas, que estavam na idade no primeiro ano daquele colégio, convencido pelo Diretor, lançamos os
3 anos.
Eu sento com o diretor, ele ainda me olhava desconfiado, mas sabia que a ideia de um colégio de
segundo grau, parecia muito acima de minhas capacidades, saber o que gostaria de ter, que se
ensinasse, não era saber ensinar tudo isto.
Estava sentado com o senhor, discutindo o que foi falado, quando o advogado ligou e fala que
passaria ali para irmos a delegacia.
Voltei a casa, mesmo terreno, mas passível de ter muita gente pronto para ir aos exames, mas
primeiro eu e o doutor Vaz, fomos a delegacia de menor.
Novamente eu entrando em uma delegacia, acho que devo estar virando cliente desta delegacia.
O delegado me olha e pergunta sobre a alegação de que dei bebida alcoólica para alguém, eu
apenas nega a afirmativa, ele perguntou se algumas pessoas beberam, eu falei que não vi elas beberem,
perguntou referente a uma moça de Luana Silva e falei que o pai dela, estava na festa, se ela tivesse
bebido ele veria, as vezes o responder perguntas, é entrar em uma encrenca, mas eu ainda prefiro a
verdade a um faz de conta.
Um depoimento de menor, em teoria sempre é leve, este foi leve, eu sai e liguei para Pedro Rosa,
apenas pedindo desculpas, se de alguma forma atrapalhei, eu não queria brigar com o rapaz, mas as
vezes, quando fazemos coisas assim, atrapalhamos, mesmo sem sentir.
Volto para casa, no Agua Verde, e passo um recado, sabia que seria interferência, mas eu queria
saber o que estava acontecendo, com os membros que entraram para a organização, principalmente, os
que foram basicamente impostos como presentes para outras famílias.
Dia dois deveria ser calmo, mas subo para meu quarto, tinha dormido pouco, quando vi a mãe de
Raquel, chegar com ela e Roberval, eles pedem para falar comigo, e as vezes, não sei o que esperar.
Chega a sala de entrada e os comprimento, sentamos e a senhor me olha.
— Não sei como agradecer rapaz.
— Não sei se mereço agradecimentos.
— Você impôs uma regra, gerando recursos, para que meu filho tenha como encarar um convite
para uma pretendente, nos tirou do ponto de quase excluídos para uma das famílias com alcunha de
Principado, e viemos agradecer.
— Como falei para seu filho, eu não odeio ninguém, ódio desvia os motivos reais da guerra,
guerrear por objetivo, sei realizar, mas por ódio, isto nos tira do caminho, e sabe que tenho sua filha
como milha princesa.
— As vezes vejo que grupos que queriam que saíssemos, quando agora com recursos, querem
oferecer seus filhos a minhas filhas.
— Lembre de usar com cautela, pois realmente isto permite a senhora pagar o dote de cada uma,
mas não precisa de pressa, as vezes elas acham um caminho melhor senhora.
Vi Roberval me olhar e falar.
— Realmente você surpreendeu por todos os lados, pois você não levou para o pessoal, restituiu
algo imposto por Hadit, ainda nos gera um titulo que outras famílias vão ter de correr para alcançar, e
por fim, recursos que deixam minha mãe mais calma, as vezes entendo que bater um rei assim é difícil.
— Tem de entender Roberval, nada naquele documento fala, de existir apenas um Rei, por sinal,
na Europa, os grupos que seguem a mesma lei, devem ter próximo de 32 reis, então apenas tem de
querer avançar e ser um rei, para isto, tem de pedir para sua companheira formar uma corte, tem de
conquistar o direito de ser ouvido por Nuit, e não se acomodar pelo caminho fácil.
— Mas todos falam que não poderia ter um segundo rei. – Roberval.
— Sim, pois a única coisa que lhe tira o direito de ser rei, é matar um irmão, então eles pregam
isto, para que nos matemos, e um deles tenha chance de impor o filho a frente.
— Certo, pelo jeito leu o que nos falam que não é permitido ler e passar a frente.
— No enfrentamento a Hadit, muito conhecimento veio junto, mas ainda estou mastigando o que
é verdade e o que era imposição.
— Mas falam que você matou Hadit.
— Tem de entender Roberval, eu posso ter vencido uma batalha, mas o dia que um humano,
vencer metade das vontades do Deus da Guerra, este ser não será um irmão seu, mesmo torto, será
outro Deus.
— Então ele ainda existe? – A senhora.
534
— Sim, e sei que ele não está feliz com a derrota, mas ele vai se recuperar, e o que é ter uma
guerra até o fim da vida, por uma disputa que não precisava ser invocada, convocada, pedida.
— Pelo jeito terei de aprender com o encrenqueiro que surgiu na minha vida a menos de um ano.
— Se quiser conversar, estou sempre por perto, se quiser guerrear, estou sempre pronto para o
tudo ou nada.
Olhei a senhora e falei.
— Precisa montar uma reunião da família, para os por a par da lei, e das obrigações, para se
manterem entre as famílias em destaque da cidade.
— Vou providenciar, não entendi a ideia.
— Todo reinado, começa através de uma família forte.
O rapaz sorriu e vi a família sair pela porta.
As vezes, quando fico a olhar uma porta, espero sempre o pior, e não sei, as moças começam a
surgir, todos acordando tarde, e pedimos algo para comer num dos restaurantes próximos, e fomos
comer algo, estávamos quase no horário da janta e estávamos almoçando.
Estava pensando em tentar dormir cedo, para colocar as horas no ponto certo, já que dormira
muito pouco.
Estava olhando as moças, a cada dia conhecia elas melhor, estranho as vezes trocar ideias sobre
coisas que ignorava, mas que era bom ouvir, as pessoas as vezes querem mostrar a parte bonita delas.

535
Um mês a mais, tentava tentar ignorar o que as pessoas estavam
pensando sobre mim, inicio de Fevereiro, e vejo minha mãe entrar sorrindo pela
porta e fala.
— Passou filho.
As vezes no meio da correria, esqueço que estava para sair o resultado da
segunda fase da Universidade Federal do Paraná, vi muita gente vir me dar
parabéns, muita gente querendo festa, e não estava para festa, mas as vezes,
isto é uma vez na vida, acho que banho de lama, não faz mal a ninguém, vi
gente feliz a volta, mas era obvio, depois de uma tarde chego em casa, um banho, passei no cabelereiro
a esquina após me lavar e raspei o cabelo, pois era o mais fácil a fazer, e olho em volta.
Chego em casa e vi o senhor Vaz e Bárbara lá.
— Minha filha quer falar com você.
— Estou sempre aberto a conversa senhor.
— Ela falou que precisava falar a sós, e não sei, sua casa não parece possível isto, e não sei porque
estão brigando ainda.
O senhor saiu e olhei Barbara e perguntei.
— Sala ou escritório?
— Pelo jeito continua a avançar, e eu estou estacionada.
— O que quer falar Barbara?
Ela começa a caminhar para o escritório e olho o pai dela e falo.
— Apenas aguarda, pois temos de decidir onde esta teimosa vai estudar.
O senhor me olha serio e fala.
— Pelo jeito falava serio.
Não comentei e entrei no escritório, ela senta-se a mesa e me olha, ela estava linda e foi
inevitável a medir com os olhos e ouvir em minha mente vários “Safado”.
A olhei sem saber que cara fazia, diante dela e ouço.
— Falei para não sair galinhando, e pelo jeito criou um galinheiro inteiro.
Não queria discutir, e ela fala.
— Não vou aceitar você mandando em mim.
Tentaria deixar ela falar, ela queria xingar, então xingasse.
— Pelo jeito acha certo o que este grupo faz, meu pai falou que você iria dizer onde eu estudaria,
que não era mais ele que determinaria isto.
Continuava a olhando, tentando manter a língua sem ofender, mas ela queria ofender alguém, e
era eu a frente.
— Não vai se defender.
Eu chego a ela, apenas a olho, e a beijo, não sei, foi o que tive vontade de fazer, apenas isto, ela
primeiro retribui e depois me afasta com o braço e fala.
— Não sou fácil assim.
A olhei aos olhos e falo.
— Continuo com problemas com minhas Bárbaras.
— Não sou sua.
— Seu pai discorda disto.
— E não vai aceitar eu dizer que não quero.
— Ainda não falou o que você quer, apenas o que não quer.
— Liberdade.
— Lhe tirei isto?
— Mas não é apenas meu.
— Quer ser livre e me prender? – Perguntei.
— Sabe que sou possessiva.
— Quer então mandar em mim, é isto?
— Sabe que não sei ainda lhe dizer não.
— Não sei não, você está fugindo de mim, e ainda veio brigar, pensei em conversar, mas eu não
largo as coisas fácil, e se quer sair, vai ter de ser por suas pernas, não as de seu pai, e até lá, vamos a
educar, mesmo você não querendo.
536
— Mas minha mãe falou que vão me mudar de colégio?
— Sim, para o colégio ao lado.
— Porque?
— Pois você fazendo um segundo grau com equivalência ao segundo grau norte americano, você
pode escolher se quer fazer faculdade lá, ou aqui.
— Parece querer me jogar fora.
— Não, sabe disto Bárbara, mas você foi a única das 111 moças que não quis montar sua corte,
para crescer no grupo.
— Eu não quero oferecer ninguém a você.
— Depois não reclama.
— Vai me manter como sua serva, mesmo que não ofereça uma corte para você?
— Foi a sua escolha, é o que está gritando ai.
— Mas queria você só meu.
— Nem que tentasse voltar a condição de um ano atrás eu conseguiria, sabe disto Bárbara.
— Mas meu pai falou que você vai coordenar minha carreira de cantora.
— Eu e ele vamos dividir a sua educação e sua carreira, mas é uma divisão por dois, não apenas
um caminho.
— Mas nem tenho mais banda.
— Isto se contrata.
— Não tá entendendo, você me tirou os rapazes, você me tirou as amigas, e agora quer que o
sirva.
— Para de frescura Bárbara.
— Não ou fresca.
A medi de cima a baixo com os olhos e falei.
— Talvez um pouco verde ainda.
— Não reclamou antes.
Ela sorri nesta hora, e falo.
— O que quer Bárbara, já que parece querer fugir desde aquele dia, não sei o que você quer.
— Não era para ter acontecido.
— Agora parece eu falando.
— Sei que induzi que era o que queria, mas não era para ser tão bom, me não gosto de me sentir
assim, insegura.
— Tá enrascada Bárbara.
— Pensei que me tomaria a força.
— Tenho quase dois anos ainda para decidir o que farei Bárbara, mas parece que ainda quer fugir.
— Mas não é justo.
— Sei que não entende deste mundo lá fora, mas ali fora, o mundo nunca foi justo, sobrevivem os
mais fortes.
— Mas quer mandar em mim?
— Não, seu pai ofereceu você a um grupo, para fazer parte, você já tinha me falado disto, para
me machucar, mas não fui eu que quis mandar em você, você foi oferecida a um grupo, que só parecem
pessoas de bem, gente morre ali, defender as pessoas que respeito, é a parte difícil, mas a escolha, não
foi minha.
— Mas não me falou nada antes.
— Eu sigo as regras do grupo, não falo sobre o grupo, fora dele.
— Canta musicas sobre o rei da Guerra.
— Sim, mas cantar em uma língua externa, que poucos entendem, e não citando um grupo,
apenas as leis.
— E pelo jeito não vai me deixar sair.
— Amar não é largar a sorte, ver a pessoa sofrer por teimosia.
— Me chamando de Teimosa?
— Sim, lhe chamando de teimosa.
— Mas se mudar de ideia, vou ter um lugar de destaque?
— Tem de construir um local de destaque Bárbara, não é algo dado, é algo batalhado, e não
adianta falar que me odeia, sei que não me odeia.
537
— E vai fazer o que, eu não vou lhe oferecer uma corte.
— As vezes, a corte se forma, as vezes, a pessoa continua na teimosia.
— E se não formar a corte?
— Eu já nomeei 110 Baronesas, e você não estava ali.
— Eu não quero você com todas?
— Tem de entender, primeiro passo, de montar um reino, é ele ser grande, e você que sabe se
quer ser grande ou continuar batendo cabeça.
— Mas no dia que fomos apresentadas, nem perguntou se eu queria, apenas me teve, entra
tantas?
— Sempre digo que as vezes, a energia é distribuída para renascer mais a frente, e naquele
momento, não estava para discutir, estava fazendo a função de rei, e na função de rei, precisava de
meus servos.
— E não se nega a função que vai me afastar?
— Não entendeu Bárbara, pode não querer ir a frente, mas você foi oferecida a um grupo que se
acha acima da lei, é difícil por todos na lei, mas aos poucos damos um jeito.
— E se eles lhe matarem?
— Morro, problema algum nisto.
— E como ficamos?
— Não sei, você não quer recuar um pouco.
— Mas se recuar perco tudo.
— Você quer perder tudo, para não perder tudo?
— Acho que não me entende.
— Certo, avisando, a partir da semana que vem, tem ensaio para melhorar o canto, e vamos ver
aquelas suas letras e vamos criar as musicas do ano.
— Mas...
— Sem mas... – a olhei serio – teremos um show seu, com 10 participações, e outras 10 musicas
solo, isto faz parte do ano, você está matriculada no colégio ao lado, pois ajuda você a estar no curso de
canto, de musica, de dança, próximo ao curso de inglês e com conteúdo normal do colégio, somando
nas pronuncias, aprendizado e criação em inglês.
— Vai mandar em mim, é isto?
— Vou lhe transformar em alguém, e no fim de dois anos, vamos sentar e decidir se continua
batendo a cabeça.
— Mas vai ficar longe?
— Tem de aprender o que quer Bárbara, não adianta falar que quer ter um futuro, que sente algo,
se não defende seu próprio futuro.
— Acha que vai ser fácil assim?
Estava a frente dela, bem próximo e apenas a beijei, ela demorou a reagir e depois me beija e
depois de um bom tempo, ela me olha afastando os lábios.
— Não vale, ter de dividir estes lábios com outras moças.
— Um dia vou perguntar se quer ser algo, e você terá a chance de recuar de novo, mas pensa,
pois a escolha será sua.
Eu apenas afasto o corpo e ela me olha fazendo cara de revoltada, eu sorrio e ela sorri, estranho,
mas estranho ter muita gente acompanhando a conversa, isto me manter mais na posição que estava do
que qualquer coisa.
— E porque meu pai então topou me trazer, pelo jeito vocês já decidiram o que vou ser.
— Fazer o que, ele está tentando se adaptar a algo que pelo jeito foram mais seus tios, que
forçaram ele a posição, mas ele não titubeou em oferecer as filhas, enquanto seus tios, levantaram o
dinheiro, juro que não entendi tudo ainda.
— Mas vai me deixar solta?
— Tem coisas a fazer de segunda a domingo, entre fim de fevereiro e penúltima semana de
dezembro, solta, mas bem ocupada.
— Acha que ganhou?
— Ainda não, sabe disto, mas guerras são para serem vividas.
Ouvi uma batina na porta e apenas a abri e vi o senhor Vaz ali, e ele fala.
— O pessoal está chegando.
538
Olhei para Bárbara e olhei a mesa e fala.
— Se puder sentar a cadeira, fica mais fácil.
— Quem vem ai?
— Quando se reúne uma família, quero saber quem é quem, eles tem de saber que fazem parte
de algo a mais.
Aquela sala do escritório, foi pensada para se reunir mais de 50 pessoas a mesa, e vi os senhores
começarem a entrar, o pai de Bárbara foi me apresentando cada um deles, as vezes queria saber o que
os levou a querer fazer parte daquela família, mas parecia que eram objetivos ainda dúbios, mas são
inteirados, das obrigações da família, que toda família poderia desejar chegar a indicar e ter um rei, mas
o principal, que muitos esqueciam, é que o mais importante era o crescer das famílias, e sabia que isto
estabelecia as vezes laços de sangue entre as mesmas, mas o principal, o posicionamento das famílias,
que eu não queria famílias marginais, quero todos palpitando e forçando o crescimento.
Como algo que estava começando, acertamos a construção de 5 empreendimentos, que seriam
tocados pela família, mas que era uma forma da família crescer, que estava ali como fomentador, não
apenas como regulador, e que meu objetivo era que cada família, chegasse a um bilhão de dólares em
patrimônio, em 10 anos.
As pessoas me olham assustadas, mas se era para crescer, era para todos crescerem, e obvio, isto
que falava ali, sabia que os membros mais antigos muitas vezes não concordavam.
Dali fomos a cozinha, uma janta onde ao final, era já começo da noite, as esposas comparecem e
alguns filhos e netos aparecem, era uma confraternização, estava tentando confraternizar com quase
todos, e nem sempre teria horário, então o acelerar no começo do ano, parecia importante.
Após a janta, via que Barbara estava incomodada, nos reunimos na sala, muitas conversas
paralelas, e Laura chega a mim, e fala.
— Sei que minha irmã é teimosa, mas não entendi a ideia?
— Me apresentar primas, tias, pessoas que pudessem fazer parte da corte dela, ela não precisa
aprovar a corte, ela precisa ser protegida pela corte.
— Pelo jeito quer conhecer todas as famílias.
— Quero eles crescendo, e sei que quando falo em crescer, eles não entendem, quero novamente
ter uma grande loja de departamentos, que os proprietários sejam Curitibanos, e a espalhar pelo país,
quero ter pelo menos dois grupos de Supermercados, que atinjam pelo menos a região sul do país,
quero um sistema educacional, que se espalhe por todo sul, centro oeste e parte do sudeste, quero meu
pequeno pedaço de mineração no país, mais voltado a construção civil, quero ter no grupo um grande
vendedor de Materiais de Construção, cada parte, crescendo politica e economicamente por onde
entrar.
— E para isto quer elevar as pessoas que lhe ofereceram a pontos mais altos?
— Quero ver todos crescerem, e se protegerem, estamos em um grupo impositivo, temos de ir a
um grupo evolutivo.
— Sabe que terá resistências?
— Sim, pensa que o pequeno Rosa, tem mais que todos estes que se denominam os mais ricos da
cidade, e ele não está no grupo.
— Certo, mas vai se aliar a pessoas assim?
— Sim, pois todos crescendo, a coisa anda.
— E quer conhecer as moças?
Apenas acenei com a cabeça e Laura foi me apresentando as moças, algumas muito jovens,
algumas que pareciam não entender o que faríamos, mas as vezes ver alguns sorrisos, algumas pessoas
perguntarem se eu era o famoso, Bruno Baptista, nem me considerava famoso, mas as vezes se monta
um bom grupo, para começo, e quando apresento a Bárbara a sua corte, ela me olha atravessado.
— Vai querer todas estas também?
— Para de pensar apenas em sexo pequena Bárbara.
— Pelo jeito vai me impor uma corte?
— A primeira sim, dai você terá de quere crescer por você mesmo.
— E pelo jeito se aliou a minha irmã.
— Ela quer seu bem, mas parece ainda arisca.
— E não é para estar?
— Sim, mas não fugindo, damos um jeito.
539
Ela me olha pensando em algo, a reunião termina e sinto Marilia me abraçar e perguntar.
— Quer mais uma princesa?
— Tem uma coisa que não falo, e poucos sabem, se ela não tivesse me dado o fora, se eu tivesse
um compromisso, quando pendurado naquele poste, como oferenda, provavelmente Hadit teria me
olhado como apenas uma oferenda.
— Certo, os detalhes da lei, que nem entendo, mas que lhe permitiram estar aqui, e um deles, ela
ter lhe dado o fora.
— As vezes é bom ter alguém que fale o que eu preciso ouvir, mesmo que não seja agradável
ouvir.
— Pelo jeito quer algo grande?
— Quando seu pai vai reunir a sua família, para uma confraternização Marilia.
— Eles não querem, parecem querer apenas ser parte do grupo.
— Então temos de pensar no nosso futuro, para os levar juntos.
— Não vai desistir de fazer a família crescer.
— Não, por sinal, vai fazer uma especialização onde?
— Pensando em me especializar onde? – Marilia.
— Shangai.
— Porque lá?
— Pensa em montar algo, com tecnologia, que permita que tenhamos em 10 anos, um
consultório odontológico a cada cidade com mais de 50 mil habitantes no país.
— Porque tantas?
— Não deve dar mais de 600 municípios no Brasil, mas a ideia, ter um consultório, padrão
internacional, com os melhores tratamentos, da forma mais barata possível, abrangendo uma fatia do
Brasil.
— Ser empregadora de Dentistas, de cirurgiões dentistas, não apenas uma dentista por ai?
— Sim, algo que se espalhe, sei que atrapalho o plano de muita gente, mas eu penso nos meus,
eles pensem nos deles.
— Certo, mas acha que seria um bom mercado.
— Precisamos de mais algum, mas com calma chegamos a ele.
— Certo, mas porque não gosta deste mercado.
— Eu quero minhas princesas próximas de serem bilionárias, não milionárias, mas temos tempo
para implementar algo a mais.
— Dizem que você está reunindo todas as novas famílias e se aliando a elas.
— Fazendo com elas o que todos deveriam estar fazendo, crescendo, criando empresas que
podem chegar, em poucos anos, a empresas com valor entre 4 e 10 milhões de dólares de capital.
— E ganharia com isto?
— Metade do capital e das ideias e implementação, será minha, então aos poucos, vou crescer,
não quero estar em um cargo do grupo dos mais ricos, e ser um pobre.
— E pensando em cada pedaço?
Apenas a abracei e perguntei.
— Como está nossa pequena Mirian? – Pergunto colocando a mão na barriga dela que sorri e fala.
— Estranho você ter definido até o nome de nossa filha.
— Sei que quer mais atenção, mas acho que coloquei em ação, algo maior que minhas
capacidades, então corro.
Fui descansar, estranho pois nunca mais dormi sozinho.

540
Três dia após, vejo Sonia entrar pela porta e me olhar.
— Acho que poucos entenderam a sua ideia.
— Tem de considerar, que você foi uma soma a parte Sonia, então tem
gente que tem de entender, que agora, faz parte da minha família.
— Meu pai disse que vai marcar a reunião da família, e pelo jeito tem
coisas que os demais não falaram antes, e que preocupa meu pai.
— Quando aqui conversamos cada detalhe.
— Mas vai me querer sendo sua baronesa?
— Não, vou querer você como sendo minha Rainha Dragão, já falei isto.
— E pelo jeito não é algo simples.
A olhei e perguntei.
— Quem quer me apresentar?
Ela sorri e saímos dali para um terreno na região de Santa Cândida, entramos e ela me olha e fala.
— Apenas não se assuste?
— Certo, teria perigo, é isto? – Perguntei.
— Sim, o problema é que você entrou em campo que não entende.
Eu a olhei e no meio daquele campo, vi surgirem pessoas como se vindo do nada, e tomando a
forma de dragões, imensos dragões, olhei em volta, uma região alta, não estávamos nas partes baixas
do bairro, então não era um campo que um terreno ao lado visse o que estava acontecendo.
Vi como se a frente ficasse turvo, e vi aquele dragão atravessar algo que parecia um portal, mas
olhando direito, havia uma moça montada no dragão.
Ela pousa e senti o baforar do dragão a mais de 5 metros a minha frente, vi Sonia se abaixar,
todos baixam a cabeça, a moça desce do dragão e me olha.
— Deixar claro que não gostei da ideia.
— Qual ideia, já que eu não falei nada referente ao mundo de Eli.
— Mas soube que convidou a menina, a se tornar sua rainha dragão.
— Rainha no sentido de companheira, e sobre este planeta, não um fora dele.
— Não gosto de humanos simples, gerando problema.
A olhei e falei.
— Não lembro de ter gerado problema.
— Sabe que podemos lhe parar, por bem ou mal.
— Porque me parar, esta pergunta que faço.
As vezes olhava o dragão, aquilo era lindo, talvez minha mente nos detalhes, não conseguia ver
problema naquele dragão.
— Não entende que não gostamos de gente colocando dos nossos em destaque.
— Então está dizendo que deveria ter deixado aqueles malucos a matarem?
A moça olha Sonia, nitidamente alguém fofocou, mas não sabiam da minha parte da historia.
— Ela não parece ter sofrido.
— Eu protejo ela, não se preocupe rainha Eli. – Pela primeira vez encarando realmente a moça.
— Ela não precisa de ajuda sua.
— Então quer dizer mesmo, que preferia ela morta por Hadit?
Eli me olha e olha Sonia e fala.
— Não gosto também de Hadit, um ser de existência que se acha parte de Deus.
Não comentei nada, vi que Sonia não direcionava a vista para a moça, sinal que ela não fora
iniciada ainda como Dragão, uma dragão jovem, temia isto por dizerem serem seres desapegados de
tudo, e eu queria ela dependente de mim, não apegada a mim.
— Falei a todos que não autorizo você a criar um corte de dragões, somente existe uma rainha
dos dragões.
— Desculpa lhe incomodar então.
Vi os demais dando passos as costas e sumindo dali, vi a moça subir no dragão e se lançar ao céu,
foi muito rápido, hora estava ali, hora não estava mais.
Olho Sonia que me olha de cabeça baixa.
— Desculpa, lhe decepcionei.
— Calma, somos jovens.
541
— Ela não vai deixar eu montar minha corte.
— Pelo jeito a ideia não foi boa, apenas mudamos de rumo, mas pelo menos, me apresentou a
sua corte normal.
— Mas não entendo o que ganho com aquilo?
— Vamos sair daqui.
Dei a mão para ela, que se ergue e me olha serio.
— Vai me ensinar a amar?
— Não confunda as coisas, dragões amam, apenas não se deixam tomar pelo sentimento, pois
eles se sentem parte do manter da paz.
Saímos dali e caminhamos até a obra no antigo Banestado, antiga secretaria de segurança, antiga
tanta coisa, agora com os teatros em construção, olho a obra e o engenheiro da obra me olha e fala.
— Veio olhar?
— Como está a estrutura da casa?
— A estrutura erguida, agora eles vão começar a por os acabamentos, de cima para baixo, mas
ainda falta uns 3 meses para ficar pronto.
— Tem acesso interno?
— Sim, depois pretendemos por uma divisória, mas ainda não tem, e as mudas das arvores estão
todas pequenas.
Caminhamos internamente e chegamos a uma construção e o mestre de obra falou para
andarmos na parte coberta, pois ainda estavam fazendo os acabamentos altos, e entramos naquele
prédio e Sonia me pergunta.
— Que local é este?
— Ao lado, teremos curso de inglês, teatro, criação de vídeos, canto, alguns cursos
profissionalizantes e uma sede do Colégio Guedes York, que desculpa a pretensão, mas é onde você vai
estudar o segundo grau.
— Quer me gerar um caminho?
— Este local, é para escolhidos verem Sonia.
— Mas é imenso.
— Sim, imenso, e somente os que fizerem parte de seu principado, mas ainda não o temos.
— Vai me por em briga com nossa rainha?
— Não Sonia, ela não veria você morta, e até duvida que você passou perigo, o mundo deles é o
de Eli, o nosso aqui na cidade, construímos.
— E pelo jeito vou acabar não sendo um dragão fêmea.
— Isto não depende da rainha de Eli Sonia.
— Certo, mas pelo jeito não poderei falar mais dos seus planos.
— Apenas para todos que perguntarem, dos que você convidou do mundo de Eli, fala que desistiu
da ideia, pois a rainha Eli é contra.
— E como vamos fazer?
Olhei a obra e saímos dali, fomos a casa da minha mãe, no Tingui e falei.
— Ali é segredo deste grupo.
Sonia ligou para as pessoas que ela chamara a fazer parte, da família dela, e fizemos uma reunião
da corte de Sonia ali, e expliquei para cada uma delas, quem era, o que fazia, o que esperava do grupo,
se tinham companheiros, se queriam fazer parte, e se cada uma, poderia indicar no mínimo uma pessoa
a mais, podendo ser namorado, ser irmã, e coisas do gênero.
Saímos dali, e fomos a Agua Verde, entro em casa e a segunda Sonia me olhava e fala.
— Fugiu de nós, onde se escondeu?
— Problemas?
— Pedro Rosa lhe ligou, e não parecia feliz.
— Já ligo para ele, mas e dai, não vai me apresentar a sua corte?
Sonia me olha sem jeito e fala.
— Você vai me trocar por elas?
— Logico que não, mas uma hora vai ter de começar a montar a sua corte.
— E anda com parte dela por ai?
— Acho que vou roubar a Sonia da corte da Sonia. – Falei e sorri.
A menina me olha e fala.
542
— Não entendo o que quer?
— Bom saber que está mudando de ideia.
— Não falei isto.
— Então para de enrolar.
— Mas vai fazer o que agora?
— Jogar agua no fogo, espero que ajude, não exploda.
Entrei na sala e peguei o celular e liguei para Pedro.
— Boa tarde Pedro, pediu para falar comigo?
— Alguém me ligou e falou que está se metendo onde não deve rapaz.
— Desculpa, também não tinha falado que a princesa Eli era tão bonita.
— Ela falou que você queria fazer um reinado de Dragões.
— Na verdade apenas pedi uma menina, como companheira, e descobri que ela era uma futuro
Dragão, pois nem dragão é ainda, em Eli, apensa falei com palavras que não tenho como realizar, ou
explicando, uma cantada diferente.
— Dizem que se não o parar, vai tomar todas as mulheres da cidade.
— Acho que eles não sabem o que estão falando.
— Mas tenta não mexer com algo que é símbolo de equilíbrio e paz.
— Desculpa ter gerado problema Pedro.
— Sei que você fuça em tudo, mas tenta não fuçar ai, que tem maluco demais que acredita nesta
historia, e gente demais para se posicionar.
— Ok.
Desliguei o telefone e as duas Sonia me olhavam.
— Problemas?
— Já cantando outra?
— Não tá levando a serio o problema.
Sorri e apenas sentamos na sala e perguntei quando Sonia iria marcar com a família dela, pois
quando começasse as aulas, seria difícil.
Tarde normal, e depois, uma noite que começava a ficar normal.

543
Uma semana a mais, e Roberto Vaz agenda uma ida a sede da Globo no
Rio de Janeiro, eu não sei se queria, talvez aquilo já tivesse demorando muito,
eu estava achando chato tudo aquilo.
A reunião foi na sede do Jardim Botânico, a primeira vez que fui ao Rio,
passei longe dali, a segunda, apenas para pegar um voo direto para Europa,
então agora estava voltando a cidade, sem saber o que esperar.
Quando chegamos ao local, tivemos de fazer cadastro na entrada, as
vezes parece que eles querem dificultar algo, mas entro e quando chegamos a
sala, que teria a reunião, pedem para que esperemos.
Até que não demorou para aparecer alguém, mas estranhei, tinha um advogado, tinha um
senhor, que descobri rapidamente ser o presidente da empresa, dois senhores que pareciam apenas
observar e estávamos esperando para ver se acabávamos de vez com aquele processo.
O advogado me representava, e o senhor, que estava ao lado do presidente deve ter falado perto
de 15 minutos, e a única coisa que se poderia tirar daquilo, que eles teriam de determinar quem errou e
que precisavam de uma resolução.
O senhor ao lado falou que precisavam de uma solução e ouvi Vaz falar, que o acordo já estava
assinado, que esperava apenas o cumprir da obrigação, pois pareciam ainda querer sofrer o processo, e
pareciam protelar o processo e nada de cumprimento do acordado.
O presidente da empresa olha o advogado, como se não soubesse do que estávamos falando e
pergunta como estava o processo, ele explica algo que para mim, pareceu mais um teatro, para nos
convencer que eles não sabiam do que tinham de fazer, mas eu quieto, olhava pela janela, pensando em
fazer algo, estava ali apenas porque eles fizeram questão, Vaz tentou me representar, e eles fizeram
questão de minha presença, agora se fazendo de tontos.
Eu olho a sala, tudo gravado e quando o presidente olha para Vaz e fala.
— Desculpa, mas não sabíamos da posição real, pensamos que era ainda um acordo a ser
firmado, pois não vemos motivos para algo tão drástico assim.
Vaz me olha e apenas olho o senhor.
— Bom que tudo na sala seja gravado senhor, pois gastamos para vir ao Rio e vem com esta
desculpa, de que não sabem de algo que está correndo o seu tempo a quase 6 meses, para resolver,
pois vocês escolheram o caminho, vocês me processaram por algo que não fiz, induziram 350 crianças a
uma apresentação, em Curitiba, que depois editaram e não saiu uma sequer nas imagens, foi isto que
gerou o processo de assedio moral a todas as crianças, o diretor que mandou para lá, apenas para
controlar, ninguém me consegue me dizer onde está para responder por outro processo, mas desculpa,
não gosto de ser tratado com palhaço, e é o que estão fazendo, se querem mesmo rasgar aquele
acordo, tem 3 dias, depois, vai virar processo de assedio moral a menores de idade, e paciência, eu
espero mais 10 aos até chegar em instancia superior, ainda serei jovem quando receber este dinheiro.
— Mas porque algo tão drástico? – O senhor ao lado.
Olhei Vaz que fala.
— Se não ouvem os próprios advogados, não posso fazer nada, pensei que fosse para resolver isto
de vez, se não é, agora vamos resolver as coisas na Justiça.
Vaz olha o advogado da empresa e fala.
— Se era para isto, não precisava ter insistido em trazer um menor, se era para isto, não precisava
nos fazer vir ao Rio de Janeiro, qual a intensão com isto Doutor Richard?
O advogado olha para o presidente da empresa e pergunta.
— Vão deixar os prazos vencer mesmo?
O senhor olha o advogado, e depois para Vaz.
— Mas o tempo foi curto para obtermos todos os materiais.
— Senhor, esta desculpa foi dada a 3 meses, vocês pediram mais 3 meses, pior, pelo jeito apenas
para ganhar tempo, pois desculpa, o estoque de gravação deve estar em algum lugar, e ir a um lugar e
pegar eles, entrar no sistema e pegar eles, tirar da internet, isto em questão de horas se resolveriam.
— Mas não teria outra forma, vocês querem material que nos pertencem.
— Não, queremos material que foi gravado, e que não passou na TV, vocês querem ficar com
estes materiais para que? Era uma forma de parar o processo, e obvio, o custo de montar o local.
— Mas não achamos justo o valor cobrado.
544
— Pensem, tem 3 dias, pois após isto, cai o acordo e vamos a justiça.
Vaz se levantou, acho que nem ele estava mais aguentando aquele lero lero.
Saímos, deixamos as credenciais na entrada, e fomos a Ilha do Governador, não para o aeroporto,
e sim, para a casa de Maria Cals, apenas liguei antes, e enquanto íamos para lá de aplicativo, liguei para
algumas pessoas, passei mensagem para outros e liguei para o Caio do circo voador.
Eu queria fazer algo diferente, e pela primeira vez, passei mensagem para os contatos da Band,
SBT, Record e TV Brasil, não sabia se alguém apareceria, mas era obvio para mim, que eles esperavam
algo em Curitiba, e neste momento eu não estava afim de entrar em uma Guerra a mais.
Vaz me olha e pergunta.
— Pelo jeito vai aprontar?
— 3 dias estamos em Curitiba, pelo menos eu estarei, se tiver urgência Roberto, apenas fala.
Chegamos a casa de Maria, e ela perguntou o que aprontaríamos desta vez, e falei que um show,
no dia de amanha, no Circo Voador.
Ela me olha e começo a confirmar vindas ao Rio, e era próximo de duas horas após, João Roger
com o seu pessoal de filmagem, estávamos na casa da mãe da moça, mas fomos a um estúdio,
geralmente usado para gravar sambas enredos, e alugamos o local por dois dias, o rapaz sorriu, pois
estávamos quase no Carnaval, então naquele momento estava bem baixa a procura, pois os sambas já
tinham sido todos escolhidos e gravados.
João armou o espaço e Maria me pergunta.
— O que pretende, pelo jeito veio agitar e nem avisou.
— Eu não gosto de avisar muito, mas a ideia, temos uma soma de produções, e está na hora de as
lançar.
— Lá vem mais crianças. – Maria sorrindo.
— Este aqui, usa mascara, sem problema.
Ela sorri e João armou os equipamentos, e Maria viu a montagem das perguntas e depois das
respostas, e pouco depois ia o convite a todos, para um show especial no Circo Voador, na Quinta,
entrevistando ao ser estranho, de mascara, eu, Bruno Baptista, João faz a compilação e vai um pouco a
frente, nas entradas dos vídeos do dia, o convite a acompanhar uma Live ao vivo do Circo Voador.
Seis da noite, em um voo chega Maginais, Your Sons-in-law, Beatriz, Luana, Barbara Vaz, Barbara
Carvalho, parte do coral, Clementes, As Inglesas, Papas na Língua, End of Pipe, Raízes da Ilha,
Heartfakers, Mr. Joker, Motoroker, e a pequena Sonia chega por ultimo, quando todos começam a
chegar ao local, começamos a passar as musicas do dia seguinte, somamos isto a bandas do Rio e
começamos a passar as musicas que fiz Barbara cantar a duas semana, e começamos a passar elas,
agora em português, uma soma de 20 musicas, com as parcerias, e mais 3 musicas de cada banda, que
poderia ter alguma parceria, eu queria estar na guitarra.
Com dificuldade, nos ajeitamos em 4 casas na região, mas obvio, estava tentando agitar longe de
casa, e quando amanheceu, fui ao Circo Voador, acertei a noite e o pessoal começa a instalar os
equipamentos, fui ao centro e comprei uma guitarra, eu não tinha nada ali, a mascara sempre
caminhava comigo, mas algo me dizia para me manter no Rio de Janeiro.
Estava começando a encher o local, quando minha mãe me liga e fala que existia um promotor de
justiça na porta, referente a uma intimação, pedi para ela ligar e passei a numeração para Vaz que me
viu deixar a Mascara e entrar já com a primeira banda, um show que se estica das 6 da tarde até as duas
da manha, oito horas tocando, gravando, obtendo material para começarmos a agitar.
Sabe quando acaba algo, e se está pregado, mas feliz, as vezes achava que tocar era parte da
minha vida, deixei um tempo de tocar, mas a cada vez que tocava me sentia melhor, mais feliz.
Parei ao lado de João e perguntei como foi e ele me mostra os números, um show muito bom, e
com um publico muito bom.
Estava ali e Maria me olha na saída.
— Não vai mais se esconder atrás de uma mascara?
— Provavelmente sim, mas alguém me indiciou por estar em uma confusão hoje em Curitiba,
próximo das 3 da tarde.
— E não queria deixar duvidoso que estava no Rio de Janeiro.
— Sim, tenho o meu horário de chegada, e minha passagem de volta, mas eu estava o tempo
inteiro em um lugar com alguém.
— E porque acha que pensaram que você foi para casa, pelo jeito estava na cidade.
545
— Porque viemos no sentido da Ilha do Governador.
— Certo, Galeão, eles pensaram que você estava já na cidade.
— Eles armaram algo, eu e meu advogado fomos chamados para cá então eles queriam algo, não
sei quem eles vão complicar, mas com certeza alguém.
— E se escondeu no palco.
— Sim, as vezes queria entender qual o verdadeiro problema com a Globo.
— Ainda isto?
— Sim, ainda isto, e é contra mim, não contra os demais.
Fomos descansar, e quando próximo ao meio dia, voamos todos a Curitiba, ainda com os braços
doidos, pouco sono, eu e Vaz vamos a delegacia do menor, eu já estava cheio disto.
O senhor apresenta a intimação e o delegado pergunta.
— Porque não estavam em casa ontem.
— Não estávamos na cidade.
— E onde estavam, que vem apenas hoje?
— Foi entregue ontem a noite, e estávamos no Rio de Janeiro, não daria para chegar ontem ainda
aqui em horário comercial senhor Delegado. – Vaz.
— E tem provas que estavam no Rio?
— Sim, passamos o dia inteiro lá.
— Dizem que existe uma gravação feita aqui de alguém se passando por seu cliente, para induzir
que estava lá.
— A gravação foi feita lá senhor Delegado, não aqui, eu estava na sala do estúdio de Gravação na
Ilha do Governador, quando João do Espelho gravou o convite para todos estarem no show no Circo
Voador.
— Sabe que ele é acusado de promover baderna a frente de uma empresa de renome da cidade.
— E ele foi gravado lá?
— Um rapaz bem parecido.
— Então fazemos os levantamentos, pois toda a estada de Bruno no Rio, foi gravada, desde a hora
que ele chegou, até a hora que ele voltou, e se for armação da Globo de novo, apenas desta vez não
vamos pegar leve juridicamente.
— Sabe até onde foi a manifestação.
— Fomos chamados ao Rio induzidos que eles finalmente poriam fim ao problema, que temos
referente a um processo contra eles, um acordo, que parece que eles não querem cumprir.
— Acha que alguém vai se levantar contra a Globo na cidade.
— Não se preocupe senhor delegado, vai ter processo para trabalhar por anos, são 350 processos
de menores, que vão acionar a Globo, e se eles armaram, agora vamos apenas responder com
processos.
— Mas não se afastem da cidade.
— Quero apenas acesso ao processo e as provas, para dar encaminhamento a defesa de meu
cliente.
— E estava passeando no Rio? – O delegado ao advogado.
— Não, estávamos trabalhando, mas é bom ter algo, pois vocês acusam menores de coisas que
nem são passiveis de acusação.
Saímos dali e fui para casa, olhei minha mãe que fala que foram estúpidos e expliquei que foi
armado. Eu não era de assistir TV e ligo na Globo, estava quase com certeza que sairia algo, e enquanto
penso, ligo para os 3 rapazes das TVs concorrentes e pedi para ficarem de olho nas reportagens da
Globo, pois se eles armassem algo, eles não teriam apenas meu show no Rio, teriam a prova de
perseguição.
Eu estava olhando o Jornal Local, e apenas falam de uma briga na frente da sede da empresa, e
mostra as imagens, e obvio, naquelas imagens não se via quem era quem, mas senti que a TV local ficou
fora da briga.
Na nacional, mostra a briga e induz que era eu, que recusara uma proposta de acordo e agora
mostrava minha verdadeira índole, promovendo quebra-quebra na frente da empresa em Curitiba.
Eu no fim da reportagem, passo a imagem filmada por meu óculos, do dia anterior inteiro, sem
cortes, uma copia para cada um.

546
Vaz me liga e pergunta o que fazer, eu mandei esperar, era sábado, e por mais que eles não
quisessem o acordo, não conseguiríamos acesso ao Judiciário no fim de semana.
O programa da Globo foi ao ar as 9 da noite, a Record coloca parte da reportagem no jornal das
10 e uma chamada com o nome, “Perseguição da Mídia”, para o Domingão, o SBT coloco destaques do
Show no Rio, feito por Bruno Baptista, e a Band, coloca repórteres a rua, para tentar falar com os
diretores da Globo, referente a perseguição e montagem de reportagem, usando de mentiras, contra
um menor.
Os senhores não tinham entendido a bomba ainda, mas tanto Band como Record, montam uma
reportagem com os vídeos do Show, da Globo Local e do Dia e da Conversa que a Globo afirmou não
saber do acordo, e os dados de que este acordo fora feito a mais de 6 meses, e era referente a um
programa, filmado em Curitiba, e que foi induzido 350 meninas a um show, filmado, e que nada foi ao
ar, o mesmo show que temos duas versões na Internet, um o da Globo e um do que aconteceu, onde se
vê na versão oficial, pessoas que nem estavam na gravação, mas nada do show com 350 meninas.
Eu apenas acompanhava o estouro do negocio, eu não me posicionei, eu desta vez fiquei quieto,
mas fui pensando nas merdas que iriam dar quando iniciasse segunda feira.

547
Segunda acordo com a ligação de Roberto Vaz, sento a cama, cobrindo
Mirian ao lado e falo sonolento.
— Bom dia Doutor Vaz.
— Bom dia, tem gente querendo a posição de Bruno Baptista.
— Quem?
— Ministério Publico, pois acusar um menor, forjando provas, é crime, e
alguém vai perder a cabeça na emissora.
— Mantem a calma, passa a eles a gravação de meu óculos, nossa versão
de onde estávamos, e deixa eles trabalharem, nossa parte, abrir o processo de indenização daquelas
350 pessoas.
— Não quer perder o foco.
— Quero os tirar o foco, pois eles perderam a data, não recorreram da data, e agora é hora de por
eles a parede.
— Eles podem acenar com um acordo.
— Isto é processo longo doutor Vaz.
— Certo, fazer bem feito.
— Sim, e passei no seu e-mail a tradução integral dos dois contratos que tinha me passado, existe
partes que não entendo da parte jurídica, mas queria propor algo depois para seu escritório de
advocacia.
— Sabe que já tenho sócio.
— Sim, mas vou tentar formar duas moças, já com formação jurídica, e duas que estão em
formação, no ler, escrever e traduzir testos em inglês.
— Algo a somar dentro do escritório, facilitando as coisas.
— Sim, mas traduzir os contratos me fez poder desligar dos problemas ontem.
As vezes quando ligamos o celular, e tem muitas mensagens de apoio, e tem seu nome marcado
em muitas reportagem e links para vídeos na internet, se fosse olhar todos, perderia muito tempo, teria
de manter a ordem do dia, pois estava correndo ainda e não tinha saída, teria de encarar.
Se por um lado o pessoal estava usando o vídeo que estava no YouTube e colocando a mentira
como destaque, estava dando destaque também ao show, que as bandas fizeram, eu era de pensar a
frente, mas pela primeira vez, vejo um convite oficial para cantar no Festival de Rock de Curitiba, que
começava na Sexta Feira de Carnaval, um convite para cantar em São Paulo no Sábado, em um show de
apoio, e no mesmo dia no Rio, teria de aceitar um deles, mas expliquei que o problema era dois convites
na mesma hora, São Paulo remarcou para Domingo, no Brasil, tem muitos eventos de Rock, que se
formaram no fim de semana do Carnaval para marcar ponto, seu som.
Mas o dia era de reunião na casa de Bárbara Camargo, e sabia que era uma das ideias muito
estranhas, já que esta família já tentou minha morte, mas eu quero ir a frente e sei que as coisas ainda
estão pegando fogo por ai.
Marquei na obra do Tarumã, e vi a família chegar lá, tinha dois irmãos tortos nesta família, mas
era um acordo de família, e quando chegamos naquela casa, que tinha pelo menos 50 quartos, ainda em
construção, uma sala no terceiro piso, com muita estrutura, e a conversa com a família foi longa, eles
tentaram me matar, e agora estava tentando me entender com todas as que toparam conversar, eu
provavelmente terminaria de falar com as 110 famílias, que entraram agora, do que com as 50 antigas
famílias.
A conversa foi até calma, mas ao final as pessoas saem e Bárbara me olha e pergunta.
— Que casa é esta?
— Ainda uma casa em termino, com nosso quarto e mais 50 outros quartos.
Luana ao lado olha em volta e fala.
— Está gastando bem.
— Estruturando.
— Mas qual a ideia? – Bárbara Camargo.
— Acho que tem famílias que estão alguns pontos acima das anteriores, e entraram na minha
historia antes das demais, e depende de você montar uma boa corte, que possa me oferecer outra
corte, pois eu sei que o que falo em alguns meios, é apenas neles, então se vazar, sei qual grupo o vazou

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e vou desarticulando aquele ponto, mas quem for seguindo as dicas, estará realmente entre os donos
da cidade em 10 anos.
— Mas já mandamos.
— Acho que Pedro Rosa manda mais na cidade que todo grupo dos 50 hoje.
— Certo, ele pelo jeito cresceu muito além da cidade.
— Sim, então como falávamos a pouco com seus tios e primos, o segredo é crescer, abraçar nos
ramos que estamos, cidade a cidade do estado, tendo poder politico nos 399 municípios do Paraná.
— E as demais famílias não lhe ouviram.
— Eu não posso os obrigar a fazer parte da família.
— E me quer como sua rainha? – Bárbara.
— O que o destino uniu, precisa muita força para desunir.
Barbara sorri e fala.
— E o que será este lugar?
— Onde vamos nos reunir, sei que estou meio afastado e nem começou as aulas, mas onde
vamos criar nossos filhos, criar nossos laços eternos, alimentar negócios, e por fim, fazer com que cada
pessoa, siga um caminho de muito retorno.
— E começamos como?
— Você ainda tem de me provar que consegue levantar seu primeiro milhão.
— E como vou fazer isto?
— Com shows no fim de semana, e estudando durante a semana.
— Vai me por ainda a estudar lá no Agua Verde.
— Acho que parte vai vir para esta estrutura, parte vai ainda ficar lá neste primeiro ano.
— E pelo jeito o prédio é algo a mais?
— 3 casas do rei, e mais uma central de gravações e com calma o escritório de pelo menos 50
empresas que tocaremos na cidade, depois ampliamos ela aos poucos para o Estado e depois para os
vizinhos.
— Vai me por para trabalhar pesado?
— Não, para fazer shows, e estudar primeiro.
— Mas em que ramos teremos empresas?
— Panificação, Biscoitos, Chocolates, Licores, Açúcar de Milho, Vinhos, Uísques, para começar.
— Panificação?
— Pães da nossa marca, embalados e prontos para consumo.
— E os negócios da família? – Bárbara.
— Se não tiver de dividir isto com muitos, fica maior, se ficarem nas mesquinharias, sabe onde vai
parar.
As vezes tinha medo do caminho que tudo tomava, mas eu não estava querendo facilitar, a
cabeça sem preocupação, talvez visse parte dos negócios falirem, talvez não, dependeria da forma que
foram criadas.
Saímos dali e voltei para o Agua Verde, estava chegando lá e vi o Doutor Vaz com o senhor Camilo
Inglez, o tio que era diretor da Globo local.
— Problemas?
— Meu tio quer entender o problema.
— Não entendemos até hoje doutor Vaz, pois eles não ganharam nada com aquele corte, parece
birra dentro de uma influencia sem sentido.
— Acha que eles nem sabem por onde recuar? – O senhor.
— Acho que alguém que sumiu, influenciou para obtenção de ganhos futuros, mas este sumiu
depois do problema num clube em São Paulo, e todo resto que cedeu a pressão, não sabe como
concertar isto.
— E porque acha que eles não querem nos ceder as imagens? – Vaz.
— As imagens seriam nossas, faríamos com ela, tirando os Globais, o que quisermos, então ficaria
mais claro ainda o problema.
— Certo, mas entrei com os processos.
— As crianças tem de sentir-se respeitadas Vaz.
— E pelo jeito não quer mais paz? – O senhor.

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— A ação de sábado, foi de guerra, não de paz, eles armaram algo para justificar uma inversão do
processo.
— E teria como ter paz agora? – O senhor.
— Quando todos me viraram as costas, e para o Coral, o senhor me ligou e cancelou o cobrir
daquele show, alguém se deu ao trabalho de ligar até para o governador, pressionando, eles esquecem
que eles saíram tentando cancelar a todos, acho que apenas levaram azar de quem tentaram cancelar.
— E ninguém fora do grupo, sabe disto.
— Lógico, mas referente a – olhei o óculos do senhor, ele poderia ter uma câmera e sorri – terem
tentado me cancelar, eu já esqueci, mas terem feito todas aquelas crianças, falarem para os pais sobre o
Altas Horas, terem ficado esperando ansiosas para ver aquilo, e não ter saído uma única cena, eles
teriam de ter pensado melhor antes de sacanear com todas aquelas crianças.
— E não vai influenciar para prejudicarem a Globo local.
— Eu não pedi nada a ninguém, além do meu advogado, para me defender, acho que muitos não
entendem, a lei é para todos, mas me acusar de arruaça, montar um protesto, contra vocês mesmos,
isto mostra má intensão.
— Mas se eles me perguntarem o que poderia fazer.
— Diz que pretende manter a Globo Local longe da discussão, pois naquela sala que eles não
transmitiram, haviam 300 casais dos mais influentes da cidade.
— Acha que eles aceitam esta posição fácil?
— Esta parte não me diz respeito, algo mais, tenho ainda algumas coisas para fazer e está ficando
tarde.
Os dois saem e olho para Marilia que me olha.
— Meus pais não querem assinar aquele processo.
— Pelo jeito as pessoas começam a pressionar por todos os lados.
— Sabe que eles querem paz.
— Estranho ainda pessoas que adoram o Deus da Guerra e tem medo e fogem da guerra por uma
falsa paz.
— E me quer assinando aquilo.
— Sim, você e toda a sua corte.
— Certo, não é algo para você, é para nos mostrar respeito, e sei que muitos tem medo disto, mas
a Globo também não nos chamou a nada depois daquilo, então eles não querem paz.
— Eu vou tocar neste fim de semana, se isto me acalmar, eu posso mudar de ideia, mas ainda não
mudei.
A tarde receber mais uma das cortes, novas cortes das 111 moças, isto tomava um tempo, mas
não me recusaria a trilhar o caminho ditado.
Era perto das oito da noite e fui ao apartamento de Bárbara Vaz, vi o pessoal já lá, e olhei Bárbara
e começamos a passar as musicas, falo com os Clementes, para estarem nos shows do fim de semana,
eles estavam sem nada na agenda, depois falamos com as moças, eu queria um misto de teatro e
musica, e começava no que iria fazer em cada local, eu não era de fazer algo para eu não aparecer, e
desta vez, com mascara.
Ensaiamos as musicas, eu fazia Barbara cantar as musicas corretamente, pronunciar cada palavra,
estabelecer cada postura de voz, sei que eu era chato, mas eu não falei que ela ia viajar, e quando
próximo da meia noite, os rapazes e moças começam a sair, Bárbara me olha e pergunta.
— Não vai me levar, quer todas elas lá e eu não?
— Não disse quer ser minha rainha ainda.
— Me colocaram na marra como serva, você vive correndo.
— Sei disto, mas pelo jeito não quer correr atrás de ser minha rainha, quer algo que não entendo,
e pelo jeito não vai falar.
— Vai ficar hoje aqui?
— Quem sabe.
— Suas princesas não vão ficar com ciúmes?
Eu a beijei e alguém entrou as minhas costas e Bárbara viu alguém entrar, tive de olhar e vi Laura
que fala.
— Segurem o fogo ainda.

550
Sorri e falei, olhando entrar pela porta as quatro serviçais da primeira corte de Bárbara, e cada
uma me apresentou outras 4 moças e sorri, elas queriam crescer na família, as vezes estranho como a
adaga, consegue a cada 5 moças, me dizer a que será a bruxa, a fada e a plebe, sentamos ao chão e
perguntei para Laura se montaria a sua corte seria, pois aquela de rapazes para seu companheiro, não
teria como ela evoluir.
— Vai dar encima da minha irmã, safado. – Bárbara.
— Tem de entender, o rei é servido, ele fica por baixo, não por cima. – Falei apenas para
provocar.
Laura sorri e fala.
— Acha preciso?
— Acho que sim, mas senta-se com a gente. – Depois de marcar cada uma das 20 moças, nos
demos as mãos, e senti os pensamentos das 4 bruxas, o leão sai de mim, e passa por elas, sabia que
aquele marcar, era algo que me apresentava mais elas do que o normal, e sabia que elas também me
conheciam em parte, sei que na parte que era mais intimo Laura pediu para sair, falei para ela ficar,
estranho pois via que Bárbara apenas observava, mas parecia querer ficar ao lado, estranho que sei que
as moças e Laura saíram pela porta a uma da manha, eu estranho como nestas horas, parece que o
tempo tem se dobrado ou multiplicado, ainda não entendo isto direito, mas quando os demais saíram,
vi a mãe de Bárbara chegar a porta e perguntar para mim, se iria dormir ali, falei que apenas
conversaríamos mais um pouco.
Bárbara parecia que ficasse, mas a tive em meus braços, estranho que ela parecia me querer e ao
mesmo tempo, me impor, e mesmo tendo dormido com ela aos braços, quando acordei, a cubro e saio a
sala, parecia que fora a 15 minutos que as demais saíram, e olho Laura me olhando.
— Temos de conversar Bruno.
Sorri, as vezes as pessoas queriam entender e estava pregado, precisando de um banho e cama,
as vezes até eu exagero, e olhando ela falo.
— Conversamos.
Ela viu que estava pregado, e fala.
— Não quer marcar outra hora?
— As vezes tenho de me poupar, deixar rolar, mas – fiz sinal para ela sentar, vi a senhora Vaz ir
olhar a outra filha – as vezes esqueço que tem tempo para tudo.
— Não entendi o que foi aquele símbolo nas minhas costas.
— Não entendo tanto disto, mas aquilo é um dos sinais de Bruxas, que existe.
— E falaria sobre isto?
— Deixar claro que não entendo tanto disto, pois isto me remete ao que alguns chamam de
Mundo de Eli, outros de Mundo de Hons, pela posição do sol na mão da imagem, diria um Bruxa no
Norte, pela postura, uma bruxa sem confiança, mas eu só entendo do que vivo Laura.
— Quando era mais jovem, sonhava com o mundo de Eli, mas um dia enfrentei uma bruxa mais
nova, mais poderosa, e perdi todo meu poder.
— E o que é lá hoje em dia?
— Uma senhora humilhada por toda a comunidade em volta.
— E quer ajuda lá?
— Não sei se teria como me ajudar lá.
— Nem eu – estiquei as mãos e segurei nas dela, e falei olhando em volta, e falo, lembra que
avanço, tento um caminho, mas nem sempre o encontro – mas tenta imaginar onde era sua casa
naquela região.
Ela me olha, pare duvidar, mas vi a sala se tornar uma região de montanhas, olhei os restos da
casa, a olho e solto suas mãos e olho em volta e falo.
— Tem de acreditar Laura, a casa ainda está ai.
— Mas a vi queimar.
Olhei o céu e vi um dragão negro e falo.
— A Bruxa dos Dragões Negros, Laura?
— Sim, ouviu esta historia onde?
— Uma pequena dragão, tirada destas terras, doada a família de Eli, para manter a paz entre as
famílias.
— Mas como sabe que a casa ainda está aqui?
551
Eu estico a mão a frente, ela olha em volta como eu via, pela visão infravermelho da visão do leão,
e se via a energia da casa ainda ali, se via que o mato não crescia onde a energia estava, como se para a
magia daquele local, a casa ainda estivesse ali.
Ela me olha e fala olhando sua casa, era uma casa simples, de bruxa, mas eu ignorava que as
casas na vila abaixo, eram mais simples ainda.
Ela larga minha mão, e vi aquilo se materializar a toda volta, estranho pois ela vai a um rosto mais
velho, o corpo ainda era o mesmo, mas a feição de uma senhora mais velha, ela sorri olhando em volta e
vi ela sair para fora, saio ao lado e olho aquele imenso dragão pousar a frente, uma dragão fêmea e
ouço aquele som vindo da boca do grande dragão.
— Voltou Bruxa das Grandes Proteções?
— As vezes temos de recuperar as forças, e as vezes, demoramos para achar quem nos apoiara a
sair de enfrentamentos ruins.
— E o que é o espectro ao lado, parece um leão, mas não temos leões no mundo dos Hons.
— Apenas uma energia da cidade original.
— E o que precisa grande Bruxa? – O dragão.
— Como estão os demais dragões?
— A maioria das bruxas aderiu ao reino de Eli, para não enfrentar a Guerreira Diana, apenas 12
dragões negros se mantiveram, mas estávamos certos em esperar.
— A vila de Nork está como?
— Os Hons tem ordenado ali, evitamos entrar em guerras com eles, mas quando sem proteção, as
vilas que lhe destratam, temem os Hons e os obedecem.
Aquela bruxa me olha, juro que as vezes é difícil achar na visão e na voz Laura naquele ser, e ouço.
— Consegue acompanhar?
— Tento.
Vi Laura chegar perto do dragão e este baixar a cabeça e ela monta no dragão, senti o corpo, e ele
foi a forma de um leão, e acompanhando ela ao ar, desci pela encosta, e quando chego a vila, como
espectro, talvez pela calma aparente, vi os hons olhando aquele dragão, eles pareciam que o dragão se
mantivesse longe, eu estava como observador, e vi quando eles veem Laura descer do pescoço do
dragão, duas reações diferentes, medo nos olhos dos hons, respeito de alguns na vila, e medo em
outros, eles sabiam o que fizeram.
Um dos Hons chega a frente e olha a bruxa e fala.
— Pensamos que nunca voltaria ao poder Bruxa Lau?
— Se estão mantendo a ordem agradeço, mas não entendi, os vinhedos para minhas uvas estão
largados ao mato. – Laura olhando o ser imenso, estranho medo em alguém tão maior, e ele fala.
— Os colocamos a cuidar dos seu vinhedos, priorizamos as batatas, para que ninguém passasse
fome.
— Agradeço – Aquela bruxa era temida, se via nos olhos de cada uma das pessoas, e ela fala – por
terem me desrespeitado, espero de cada uma das 20 famílias, uma moça, em idade jovem, para somar
aos meus dragões, quem não oferecer uma jovem saudável, terá suas terras tiradas, que caminhem ao
mundo que todos parecem adorar, mas não é o meu, mas apenas em pelo, pois tudo desta terra, fica
nesta terra.
As famílias se olham e era estranho, eram famílias diferentes, eram geralmente formadas por dois
idosos, dai filhos e netos, onde cada casal, tinha mais de 7 filhos, famílias grandes, mas apenas 20
famílias, e vi os demais dragões sobrevoando a vila e o Hons que liderava o grupo pergunta.
— Teremos paz Bruxa Lau.
— Manda um recado a seu rei, Plaut, que trato com ele a paz, bruxas, dragões e Hons nunca
foram inimigos.
— Sabe que ele não gosta muito de Bruxas.
— Respeito ser, apenas passa um recado para ele.
Os dragões ao céu foram pousando sobre partes da cidade, e as famílias separam 20 moças, eram
todas ajeitadas corporalmente, mas nunca imaginaria como elas eram no mundo real.
Laura me olha e fala.
— Acompanhe as moças a minha casa.

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Todos me olham, talvez aquele espirito na forma de um leão passasse desapercebido da maioria,
com todos olhando para a bruxa, mas eu fiz gesto com a cabeça e as moças começam a subir, a subida
foi longa, elas tinham de fazer com as próprias pernas.
Eu apenas as acompanhava, não entendia disto, mas Laura pelo jeito estava refazendo algo, e não
entendia disto.
Chegamos a cabana e vi Laura lá, esperando, ela olha o dragão e fala.
— Precisamos de 20 ovos.
— Vai refazer a família?
— Vejo que a vila doou as futuro dragões, então vamos refazer e aos poucos, chamar a família
para perto.
O dragão foi ao ar, eu não vi o que eles fizeram, mas quando o dragão voltou, no bico dele, havia
uma espécie de cesto, aquilo era imenso, Laura, quer dizer, Bruxa Lau, faz um gesto com as mãos e os
ovos flutuam e se posicionam naquele descampado a frente da casa, ela manda cada menina ficar ao
lado de um dos ovos, e vi ela sentar-se no centro daquele circulo, os dragões pousaram a volta, e vi ela
erguer a mão para o alto, aquela energia vir sobre ela, a senhora deve ter rejuvenescido uns anos, mas
ainda era uma senhora, aquela energia parece entrar nela, e correr a cada moça, e elas parecem entrar
em transe, e estranho aquele momento, elas tocam os ovos e parecem ser absorvidas pelos ovos, quase
de seus tamanho, e os mesmos parecem começar a brilhar, se ouve os corações deles a volta, e o brilho
dos dragões, batida lenta dos corações, e naquele descampado depois de um tempo, os ovos começam
a rachar, e aquelas moças agora eram pequenos dragões, estranho aquilo, e cada uma delas, foi ao
centro e Laura tocou cada uma das cabeças, e estas entram na cabana, quando o ultimo pequeno
dragão entrou, a dragão maior, a fêmea, olha Laura e fala.
— Voltou e com mais força grande Bruxa, bem vinda de volta.
Sinto aquele energia passar por mim, algo que saiu da Laura e ela responde a grande dragão.
— Nork volta a ter uma bruxa de proteção.
Os dragões se erguem voltando aos céus, e vejo Laura entrar na casa novamente, ela me faz sinal
para entrar, ali eu era um observador, ela olha os pequenos ninhos a volta e foi me apresentando a cada
um dos dragões, dizem que eles quando jovens que aprendem o cheiro das pessoas que tem de
respeitar.
Ela me olha e fala.
— E como agradeço, me mostrou algo que duvidava.
— Marca com seus pequenos dragões amanha, na sua casa, passa para elas em mente um
endereço, as vezes temos de nos defender nos dois mundos Laura.
— Bruxa Lau aqui.
— Desculpa Bruxa Lau.
— Entendo, mas pelo jeito quer imperar sobre uma bruxa?
— Ainda não montou sua corte, mas uma coisas é uma corte de moças, outra uma corte de
dragões.
— Como minha irmã fala, este Rei é um safado.
A dei a mão e ressurgimos na sala da apartamento dela, vi a senhora nos olhando e perguntar.
— Como fazem isto, que bruxaria foi isto?
Laura sorri e fala.
— Apenas um truque mãe.
Me despedi, e fui para casa, estranho que o estar no mundo de Hons, não pareceu somar mais
que minutos neste mundo, é um mundo onde cada parte sonha em seu tempo, mas interagem
igualmente, realmente isto é estranho.
Chego em casa, tomei um banho e deitei, todas já estavam dormindo mesmo.

553
Quando acordo, vejo que Rita me olhava.
— Problemas?
— O que aprontou meu rei?
Eu não sabia ainda o que estava acontecendo, mas chego ao banheiro e vi
que o grande felino as minhas costas, tinha ganho duas asas de dragão.
Rita me abraça no banheiro e fala.
— Parece mais atraente hoje que ontem, e parece estar mais leve.
Sorri e me vesti, hora de começar a correr mais um dia, faltava pouco
para o carnaval, a Embaixadores da Zona Sul, eu ofertara ajuda, não veria o desfile, mas sabia que
apoios mútuos, ajudam a andar calmamente. O ver os 3 carros alegóricos caprichados, me fez até ter
vontade de ver o desfile, mas não teria como estar no Rio de Janeiro e Curitiba ao mesmo tempo. Vi as
fantasias, e sabia que 10 rapazes fariam o curso de cenário, durante este ano, era melhorar na base de
tudo. Verifico como estavam os cursos, que por tradição, tinham o primeiro dia, na quarta feira antes do
Carnaval, porque não entendia, mas era para determinar um começo, talvez apenas isto. Passo em 32
lugares, vendo como estavam as coisas, as pessoas talvez não entendessem o que estava fazendo, mas
eu queria avançar ainda mais.
Quando retorno para casa, vi minha mãe ali e Ronald do lado.
— Bom dia. – Falei sorrindo.
— Está se cuidando filho?
— Não sei, emagreci, ganhei um pouco de braço, mas apenas tentando deixar tudo pronto para
começar amanha, parar para o carnaval na sexta e na quinta feira seguinte, começar o ano letivo com
tudo, pois amanha tenho minha primeira aula mãe, faculdade pode parecer o destino, mas é apenas um
pedaço.
— E pelo jeito pensando em todos os detalhes.
— Sim, e como estão as coisas por aqui? – Perguntei olhando Robert.
— Cursos com capacidade máxima, ainda não entendi, o colégio ao lado, vai ter turmas de canto?
— Sim, curso para pessoas que tem como pagar, mas que pela manha, estudam no colégio, a
tarde, tem aulas de dança, canto, musica, inglês, criação visual, teatro.
— Colégio integral?
— Sei que deveria ter 2 turmas de primeiro ano, e estamos com 4.
— E pelo jeito ainda avançando.
— Eu não tenho os dois outros pontos prontos, para estar avançando. – Falei.
— Certo, quer ainda ter mais locais? – Robert.
— Em Santa Cândida, teremos dois teatros para 3 mil pessoas, mais um teatro de 520 e um de
dois mil lugares, Atuba, dois teatros de 520 locais, Tarumã, 4 teatros de 520 e um de 3 mil locais, dai
vem as escolas e as estruturas, mas no tarumã quero ter um local que possa dar shows de 120 mil
espectadores.
— Algo a somar a cada ano.
— Sim, somar cada vez mais.
Me despedi e vi o pessoal ajeitando os dois teatros, teriam peças no fim de semana do carnaval,
teria programação, e sabia que as coisas iriam esquentar, os bares e restaurantes, funcionavam na
sexta, sábado e domingo, descansavam na segunda e terça e reabriam na quarta de carnaval, todos os
preparativos para estar tudo pronto, pois estávamos ainda aprendendo como fazer as coisas.
Meio da tarde, novamente recebendo uma corte a mais, era uma repetição que tinha de tentar
olhar cada uma diferente, para não transformar em apenas uma passagem sem sentido.
As oito da noite fui a casa de Bárbara, estávamos ensaiando, e as vezes queria saber como as
coisas estavam, Bárbara atrasa, saiu com os pais indo ao shopping e pareciam estar atrasados, Laura
chega com 20 moças, estranho ter gente de todas as idades, eram crianças no mundo de Eli, mas
algumas eram realmente crianças, outras, senhoras de 45 anos, um grupo que variava de 11 anos a 45
anos, os rapazes começam a tocar na sala ao lado, e sentamos a sala, de entrada e nos demos as mãos e
ali a posição era diferente, pergunto a cada uma delas, se queria fazer parte da família, uma família em
Hons, outra em Curitiba, as moças foram falando seus nomes, o que sentiam, o que achavam da posição
anterior, Laura sorri ao ver as moças aceitando, não era apenas crianças, era uma verdadeira corte, nos
demos as mãos novamente e todas sentem o leão sair de mim, mas ele estava diferente, ele tinha asas,
554
ele olha as moças e vi algo que já estava se tornando normal, as feições de dor e depois de sorriso, olho
sobre a cabeça de Laura e vejo uma tiara, a reunião para quem olhou de fora, viu muito pouco, mas elas
saem e Bárbara não chegara ainda, Laura me olha e pergunta.
— Desconfia de algo?
— Que um tio de Barbara convenceu seu pai a pedir para ela retirar o processo contra a Globo.
— E vai ficar?
— Vamos cantar, para sair desta paranoia.
Paramos o ensaio dos Clementes e perguntei se daria para testarmos uma musica, eu pego a
letra, e passo a primeira a Laura, e pego uma guitarra e começo a dedilhar, depois a cantar, na terceira
vez, fiz Laura cantar, a musica era, “Bruxa Lau”, eu escrevera rapidamente, ela parecia gostar de cantar
aquilo, era uma descrição da casa no mundo de Eli. Os rapazes me olham e Marcio fala.
— Vai lançar mais uma moça?
— Vou começar um projeto novo.
— Projeto? – Laura.
— Se tem uma coisa que sei, é receber nãos, mas a ideia, montar o show, “Bruxaria”, lançando
Lauvaz, uma cantora de voz única.
Laura me olha e fala.
— E decide assim?
— Eu tenho um grande defeito, eu apresento a ideia e avanço, uma hora tem de mandar eu parar,
pois senão acaba em um show com toda a estrutura.
— E pensou em que? – Laura.
— Como conversamos a pouco, cada moça, vai indicar 4 pessoas, isto estabelece, um grupo de
100 pessoas, onde teremos o coral, as atrizes, as dançarinas, os instrumentos especiais.
— Vai nos deixar de fora? – Marcio.
— Se quiserem participar, falem, pois eu vou avançando, mas a ideia, é uma soma de musicas,
que monte um musical, e logico, teremos de ensaiar, afinar as vozes, ensinar algumas a tocar, fazer
cenário, cuidar das luzes, mas o principal, montar a sequencia de musicas que vai contar a historia.
— E pensou em quais musicas a mais?
— “Enfrentamento”, “Desilusão”, “O ressurgir”, “Bruxa Lau”, “Nork”, “Dragões Negros”,
“Oferendas a Bruxa”, “Nascem novos Dragões”, “Vinho Sagrado”, “Fartura” e “Primeiro voo”, estas
foram as ideias iniciais de um musical, talvez tenhamos “Hons”, “Plout” e “Outras Rainhas”.
— Querendo criar algo para ficar marcado, registrado? – Laura.
— Sim, vamos ensaiar, e montar o grupo, para isto, precisamos de um nome para o grupo,
escrever todo o musical, ensaiar, afinar, e principalmente, Laura aceitar.
— Você pelo jeito gosta de desafiar as pessoas.
— Sim, gosto de desafiar as pessoas a tirarem a bunda da cadeira.
— E pelo jeito enquanto alguns se desiludiriam com o grupo, tão heterogêneo, você pensa longe.
— As vezes as pessoas esquecem que variedade, gera mais credibilidade.
— Certo, e pelo jeito vai matricular todos no curso de canto. – Laura.
— Vê se não foge este ano.
— E pensou em qual musica a mais? – Marcio, este adorava desafiar.
Eu estava com a guitarra e pego o segundo papel, “Primeiro Voo”, eu começo a dedilhar e depois
cantar, e reduzimos um tom para a voz de Laura, estávamos passando aquela musica quando Bárbara
entra pela porta.
— Que musica é esta?
— A do musical de Laura.
Bárbara olha a irmã e fala.
— Querendo tirar as minhas musicas.
— Não pequena Bárbara, estas eu fiz para sua irmã cantar, e ela vai juntar um grupo, fazer um
coral, um grupo de dança, precisamos dos músicos ainda, mas está musica não foi feita para você. –
Falei olhando a pequena menina.
— E porque ela?
— Faz parte da família, preciso ajudar, e você não a quer no seu coral.
— Mas poderia me forçar a aceita-la.
— Para de frescura Bárbara. – Falei.
555
— E vamos ensaiar?
— Tô quase indo embora, e você não chegava, se soubesse que iria furar, talvez tivesse marcado
algo a mais.
O senhor Vaz chega a porta e fala.
— Poderíamos conversar?
— Sim. – Saio pela porta e estava lá o senhor Inglez.
— Tenho de falar o que decidi.
— Vai sempre baixar a calça para estes senhor Vaz?
Ele me olha atravessado e falo.
— A pergunta é direta senhor, pois alguém armar contra o grupo, a favor de algo externo ao
grupo, como o senhor Inglez, é passível de exclusão.
O senhor Inglês me olha e fala.
— Mas é meu emprego.
— Não, você está usando da influencia da família para isto, não o emprego, acho que no fim,
vamos perder famílias inteiras nesta nova fase, mas acho que não entende senhor, quanto mais
baterem, mais vai feder, vocês estão pulando sobre a própria bosta, andando para lá e para cá, e acham
que não vai feder?
— Mas eles decidem o que vai ao ar, é prerrogativa deles.
— Não discordo senhor, mas usarem uma imagem deles, e me processarem, por algo que nem fiz,
para justificar a merda, mostra que foi articulado o não aparecer das coisas, para denegrir o que
estávamos desenvolvendo na cidade, o pressionar todos os políticos e pessoas, para cancelarem
qualquer coisa do Coral, mostra isto, mas sabe de tudo isto, mas se é sobre isto que precisava me falar,
não se preocupem, eu ainda não bati de volta, uma hora, eu realmente retribuo a pancada.
— Mas o grupo.
— A pergunta senhor, este óculos gravando, e puxando assuntos sobre o grupo é para que? Quer
mesmo ferrar com todos? Está ciente que você não sabe quem são os senhores do grupo, sabem quem
os indicou, apenas estes.
Vaz olha o senhor e chega perto e puxa o óculos e fala.
— Gravou tudo, quer o que com isto Camilo? – O doutor Vaz.
O senhor olha em volta e fala.
— Tem de entender que tenho de defender meu emprego senhor.
— Certo, quer ferrar todos e faz todo aquele discurso, mas uma coisa admiro o menino, ele não
fala disto, ele sabe onde se posicionar, mas pelo jeito esta historia ainda vai pegar fogo.
Camilo olha o óculos, o senhor Vaz coloca no bolso dele, agora ele não teria parte do que foi
gravado.
— Não vai me devolver o óculos?
O senhor me alcança o óculos e falo.
— O problema senhor, que pessoas assim, gravam tudo, por dois ou três meios – Tirei a memoria
e falei – E calma, tem coisa que não se fala.
Eu pego o telefone e ligo para o telefone de Sueli e fala.
— Consegue uma limpeza em um endereço?
— Todo material digital, do endereço do senhor Inglez.
— Desconfia que ele gravou algo?
— Desconfio, pede para o infiltrado, dar fim em qualquer coisa que chegou ao trabalho do
senhor.
A senhora apenas desliga e olho para o senhor.
— As vezes queria que as pessoas pensassem melhor antes de aceitar algumas coisas, e uma coisa
que o grupo não gosta, é de traidores.
— Isto foi uma ameaça?
Alguém bate a porta, e dois rapazes encapuzados entram, revistam o senhor, tiram todo
equipamento de gravação dele, e rastreiam até um carro na parte baixa, estacionado calmamente, um
grupo chega ao carro e esvazia tudo que eles tinham, e olho o senhor apenas de cueca e falo.
— Tem de entender senhor, não existe sobre o muro no grupo, e pense bem antes de pular fora.
Eu deixei ele ali, voltei a sala e vi Bárbara discutindo com Laura.
— Atrapalho?
556
— Está dando encima da minha irmã.
— Não, ainda não estou dando encima, já falamos sobre isto.
— Mas fez um musical para ela.
— Não, eu comecei a pensar em um musical para sua irmã, e o que tratamos não é passível de ser
falado em grupos abertos.
— Acha que estamos em um grupo aberto.
— Como se fala, você nunca me falou o que é no mundo de Hons, mas toda a historia tem haver
com isto, e somente se fala disto entre os que fazem parte.
Roger me olha e fala.
— Você sonha com Hons?
Laura sorriu e fala.
— Temos um baterista escondido no Clementes.
— Pelo jeito estão pensando em algo que não gosto de falar. – Bárbara.
— Qual o problema pequena Bárbara? – Eu estava provocando.
— Não gosto de falar disto.
— Certo, vamos sentar em circulo agora – Falo olhando os rapazes e sentamos a sala de som, ao
centro, e nos demos as mãos e Laura viu o local mudar, estávamos acordados e na sala de uma bruxa, e
pergunto – O que quer me contar Bárbara.
— Não quero falar.
— Tenta mana, estamos aqui para nos apoiar, não para nos condenarmos.
Vi os demais olharem para a entrada, tinha um grande Dragão pousando na parte de fora da
cabana, um dragão Dourado, estes eram os Dragões de Eli, mas olhava para Bárbara e pergunto.
— Não confia em nós?
— Fui derrotada nestas terras.
— E o que você era?
— Uma rainha, que teve seu reino desfeito, todos os sonhos sumiram por quase 4 anos, e depois
ressurge tudo, mas meu reino não existe mais, estava na parte que ainda é um abismo sem fim, no
centro do planeta.
— E porque não fala disto? – Laura.
— Todos falam que não se deve falar disto, e não tenho boas lembranças de quando vi tudo se
desfazer, e acordar assustada.
— E como se chamava seu reino? – Perguntei.
— Reino dos Barbaros.
Estávamos sentados a sala, não sei a aparência de cada um de nós e vejo alguém abrir a porta, as
costas dela, guerreiros do reino ao lado. Laura se ergue e fala.
— Quem invade minha casa, sem bater?
Vi aquela outra pessoa entrar, parecia ser um ser de mascara, mas uma mascara que abraçava o
rosto, como se fosse a forma dela.
— Dizem que estão conspirando contra minha irmã. – A moça, que tinha músculos bem
avantajados.
Eu olho as minhas mãos e vi que estava na forma de um Leão, me olho ao espelho ao fundo, tinha
asas as costas, me levanto e me posto ao lado de Laura, olhando os seres e falo.
— Bruxa Diana, não cansa de matar a força das mulheres neste mundo, as deixando inertes em
seu mundo? – Falei olhando a moça.
— Quem é você?
— O que seus olhos veem, o que mais?
— Mas leões não existem neste mundo, muito menos de asas.
— Talvez porque mesmo Diana Souza, não tenha percorrido todos os cantos deste mundo que
fala isto.
— E quem mais está presente?
— Estávamos conversando com a Bruxa Lau, se ela sabia uma forma de trazer do abismo sem fim,
o reino dos Bárbaros, mas o que fazem aqui? – Falei.
— Ela não fala? – Diana.
— Você já a reduziu a quase nada uma vez, ela não fala com quem a destrói, e nem olha o mal
que fez moça. – Respondi olhando Diana.
557
— Mas então alguém conseguiu se reerguer depois, não é definitiva as derrotas? – Diana.
— Veio tentar novamente? – As encarei, e olhei os dragões Negros começarem a sobrevoar o
local, e se viu os filhotes de dragões, descansando a toda volta da sala, foram surgindo, provavelmente
porque as moças foram dormir apenas agora.
— Não admito que exista mais uma família de dragões? – Rainha Eli.
— Não é função de alguém, que o antigo Eterno, deu o nome do mundo, como se indicasse o seu
caminho, destruir dragões, a não ser que queria o caos.
Eli olha para fora e fala.
— Dragões negros, os mais insignificantes e inúteis dos dragões.
Nesta hora vi o sobrevoo da grande fêmea negra, ela para a frente da casa, e os dragões que
vieram junto, se afastam, pois eles deveriam ter um terço do seu tamanho e falo.
— Uma rainha que não sabe segurar a língua, ainda não está pronta para reinar.
Os guerreiros saem assustados para fora e Diana olha-me e fala.
— Não estamos em guerra.
— Então não destratem seres muito melhores que humanos.
Eli estava querendo se impor e Diana fala.
— Se não os acha eficientes, porque me trouxe Rainha Eli.
— Eles conspiram contra o reino de Eli.
— Não sei quem é o senhor ali, mas é evidente que sabe de nossa historia, e eles querem
reerguer parte do seu reino, então não tenho como me posicionar Rainha.
— Mas faça algo Diana.
— Eles são protegidos por um símbolo de equilíbrio, sabe disto, a bruxa não vai me desafiar, ela já
fora derrotada uma vez, ela não quer perder o que sobrou, tem de aprender a ver o verdadeiro perigo
irmã, pois é o que o senhor na forma de um leão de asas está falando, mantem a calma, eles não estão
montando um reinado, eles estão reerguendo os dragões Negros.
— Mas falaram no reino dos Bárbaros, nem sei onde ficaria?
— Nem eu conheço, ficava no grande vale sem fundo, na região equatorial, uma das partes que
não voltou ao normal.
— E o que fazemos.
— Vão com o Eterno, pois não os desejamos mal. - Falei
— Mas e o dragão ai fora? – Eli.
— Uma rainha, não deve temer os Dragões. – Elas saem e voltamos ao circulo e Bárbara olha os
pequenos Dragões negros a toda volta e pergunta.
— Que local é este?
Olhei a porta e as moças ainda ouviriam dali, então apenas as olhei e não respondi e Laura olha a
irmã e pergunta.
— A princesa do reino dos Bárbaros, se não me engano, era filha da Bruxa das Luzes, que também
não sei qual o paradeiro.
— E a conheceu?
— Sim, a grande Bruxa Lana.
— E o que viemos fazer aqui? – Roger.
— E você Roger, quem você era neste mundo?
— Um Dlanst, as arvores milenares andantes, que servem de abrigo para os duendes, para os
vermes, para os Aranhas e os Formiga, servíamos também de local para as Ami, mas estas parece que
alguém as destruiu.
— E ainda vive?
— Sim, mas poucos dão bola para nós, somos observadores, não participantes, mas todos os
mundos passaram pelo desaparecer e ressurgir, faz um tempo.
— Querem fazer parte do reerguer dos Dragões?
— Podemos fazer parte? – Lucas.
— Se quiserem.
Bárbara me olha e fala.
— Me quer uma Dragão.
— Não, o convite é aos demais Bárbara, sabe ao que lhe convidei, não se faça de desentendida.
Laura me olha e pergunta.
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— O que precisa.
— Um ovo para cada rapaz a mais, vamos dar ritmo a esta historia.
Laura saiu e os rapazes me olham e Roger pergunta.
— E posso mudar de posição?
— Aprendemos fazendo Roger.
Laura pediu ajuda e os dragões a volta, se tornam meninas e foram ajudar a colocar os três ovos
ao centro, Laura pede para os rapazes se darem as mãos, as costas deles, foi colocado os ovos, e fiquei
ao lado de Bárbara fora do circulo, e vi que o Laura olha o telhado, pensando em algo, mas ergue as
mãos, vi o telhado sumir por um segundo, aquela energia vir sobre ela, canalizar nela, e escorrer aos
rapazes, que por um momento são puxados para os ovos, e depois de um tempo, se esticam, e saem
dali, eles se olham e Laura faz um gesto e as meninas a volta, voltam aos seus ninhos, se tornando
pequenos dragões, depois de um tempo, sentamos ao centro da sala. Nos demos a mão e ressurgimos
na sala de musica e falei.
— Vou pensar no que aconteceu hoje.
— Não vai ficar?
— Amanha começa minhas aulas na Federal, tenho de descansar hoje.
Sai dali e fui para casa, pensando em tudo que me passou a cabeça.

559
Novamente amanhecer cedo, me vestir, era uma incógnita, pois era
começar de algo novo, aquela sensação de que era um caminho novo, e ao
mesmo tempo, a insegurança se seria um caminho agradável.
As vezes tenho de pensar em uma forma de chegar a universidade, mais
fácil, talvez avançar três pontos a mais e fazer pelo outro lado, fosse mais
pratico, e mais curto, mas no primeiro dia, mesmo com todos os contratempos,
chego sedo, vejo aquela turma entrando, na sala do novo andar, e vejo uma
senhora ao corredor me olhar, estranho, mas saberia que a professora Dolores,
era especializada em Literatura Inglesa, não teria aula com ela, mas estranho as vezes me deparar com
pessoas que mal conheci, e ao mesmo tempo, parecia a conhecer mais que muitos a volta.
As vezes gosto da invisibilidade, mas não sei, parecia que as coisas estavam mudando, e com nota
máxima da parte dissertiva da prova, fora a nota maior entre todos os estudantes naquela sala, e isto as
vezes faz os professores perguntarem quem era Bruno Baptista, e não gosto de outros jogando a minha
bola para cima, eu sempre a quero jogar.
Mas alguns olhares vinham a mim, e uma turma com metade moças, metade rapazes, onde
deveria ser o mais novo deles, normal para mim, a muito tempo.
Na primeira aula, veio o Coordenador do Curso de Letras, e se apresentou, fez a recepção de
todos, e as boas vindas a todos.
Primeira aula, Praticas Aplicadas I, sei que as vezes queria avançar a algo mais a frente, mas sabia
que se bobeasse, não teria nota e não passaria.
Então prestei atenção, as pessoas ainda se olhavam estranhas, e vi quando uma moça no
intervalo da aula, antes do professor entrar, sentada ao lado me fala.
— Serio que é a nota maior do vestibular do nosso curso?
— As vezes queria ter como responder isto, eu não olhei minha posição.
— E pelo jeito anota tudo.
— Este ano vai ser corrido!
— Pelo jeito trabalha, não é muito novo.
— Fiz 16 em Outubro.
— Um Caxias, que pelo jeito quer estudar.
— Ainda sem conhecer a estrutura, as vezes acho que vim fazer o curso que quero, mesmo que
não me gere tudo que quero.
— Não acredita no curso?
— Acredito, é que sou chato com isto.
A moça não estava entendendo nada, estranho quando alguém lhe olha e fala.
— Não vai descer a cantina?
— Ainda não sei, daqui a pouco começo a agitar.
Vi aquela senhora chegar a porta e me olhar e perguntar.
— Calouro aqui Bruno?
— Sim, as vezes temos de escolher um caminho.
— Na minha turma, só no 5º Período, Estudos literários de língua inglesa I, mas espero que se
dedique, para chegar lá afiado, mas vou ficar de olho.
A senhora sai e a moça pergunta.
— Pelo jeito os professores lhe conhecem. – A moça que ainda não sabia o nome, nem terminou
de falar e vi o pessoal do CAL, Centro Acadêmico de Letras entrar na sala, e anunciam que teria um
churrasco dos calouros, e que os que quisessem participar, teriam de comprar os convites no Centro
Acadêmico, e que seria no Sábado seguinte, não neste, a tarde.
Os rapazes saem e vi Ivan olhar pela porta e para nos meus olhos e fala.
— Um calouro conhecido, pelo jeito é serio que quer avançar no inglês.
— Esta ano vai dar alguma aula aos calouros? Professor Ivan. – Perguntei olhando o rapaz que
fala.
— Introdução à Leitura em língua inglesa, pelo jeito vamos pegar pesado este anos com os
calouros?
— Começamos por quem, Shakespeare?
— Vai querer complicar os professores?
560
— Não sou o único aluno, então vou com calma.
— E pelo jeito não desceu a cantina?
— Primeiro dia, tentando não me meter em encrenca.
Ivan me olha e vi uma professora entrando e olhar para Ivan e falar.
— Olhando os calouros?
— Cuida com aquele da terceira fila, pois ele já fala inglês.
A senhora me olhou e olhou Ivan.
— E quem é o rapaz que veio olhar?
— Autor da peça “Zarathustra”, deve ter ouvido falar.
A senhora me olha e fala.
— Mas é uma criança.
— Se duvidar, o mais novo da turma, mas vim ver como estava as turmas, mas aquele dali, se der
corda, vai avançar rápido professora.
— Estranho dois professores já me falarem deste rapaz, pelo jeito vou ter de olhar de perto
mesmo. – Eu ouvia de longe, tentando não demonstrar que falavam de mim.
— Quem mais perguntou deles?
— A professora Dolores e agora você.
Eu não sei o que Ivan pensou, mas ele me olha e fala.
— Este tem o poder de mexer onde não deve, cuidado, sinceridade demais as vezes atrapalha.
A senhora sorri, a turma entrou toda e ela se apresenta, escrevendo no quadro.
“Matéria - Compreensão e produção de textos da esfera acadêmica” e Professora Larissa.
A moça ao lado, pelo jeito também ouviu a conversa e fala.
— Então não é apenas o calouro mais novo, é o famoso Bruno Baptista.
— Ainda bem que não sou tão famoso, ninguém me reconhece.
A senhora fez a chamada e começa com uma apresentação calma do que iriam abranger naquela
matéria, matéria sobre as regras de trabalhos acadêmicos, sobre como desenvolver um texto, as vezes
aprender algo, ou uma forma nova de fazer as coisas era bom.
Anoto o que achei importante e quando ela dispensou os alunos me olha e pergunta.
— Serio que fez “Zarathustra”?
— Ainda prefiro o anonimato atrás de uma mascara, e agora sabe porque.
— Sei?
— Ninguém levariam a serio uma criança como criadora daquele espetáculo.
— E vai criar algo este ano?
— Pretendo, se não ficar pesado, mas o primeiro semestre é calmo.
— E já está criando algo?
— “Voices”, mas isto demora mais do que pensam para se criar.
— E novamente em Inglês?
— Desta vez faremos uma versão em Inglês e outra em Português, mas ano passado foi especial,
primeira vez na Europa, para mim foi incrível.
— Mas aqui são regras, espero que saiba as seguir.
— Espero que sim, mas me desculpa se fizer perguntas que são inconvenientes, as vezes voo para
longe.
— Quais perguntas ficou a mente?
— Se eu fizesse um TCC em uma faculdade Norte Americana, que regras eu teria de seguir?
A senhora sorriu e falou.
— Se prenda nos caminhos ditados.
— Vou me manter, mas as vezes estas duvidas me vem, as vezes seguro, as vezes não.
— Ivan mandou ficar de olho em você, algum motivo especial?
— Eu e ele que discutimos o material didático que eles aplicam na turma de Inglês para a
comunidade, entre outras coisas.
— Então você é a pessoa que ele ficou tentando não dizer quem, que ajudou ele naquele
material.
— O que ele fez não sei, mas deixa eu comer e correr um pouco.
— Pelo jeito os demais tem pressa, você ainda na calma.

561
Não respondi, peguei meu material, já sabia que teria dois livros a comprar, e na saída passei no
terceiro andar, fiz minha carteirinha da Biblioteca, e por um momento, lembrei que aquele local eu já
frequentava, mas não pegava livros emprestados, peguei um livro na prateleira, e vi que ali tinha um
mundo de cultura, que teria de ter calma a absorver, com a carteirinha da biblioteca, fui conhece o
famoso Restaurante Universitário, pagar pouco, pegar uma bandeja e mesmo simples, uma comida
muito boa, me fez pensar que aquilo daria para implementar, a forma de fazer, para as pessoas na
praça, no lugar de gastar com embalagens de marmita, uma bandeja, com o compromisso de deixar ao
fundo depois, dispor de mesas, se gastaria mais para lavar os materiais, mas acreditava que poderia ser
mais pratico.
Eu não sei vocês, mas eu sempre fico pensando sobre tudo que me cerca, e as vezes parece que
nada vai para o caminho que esperava, vi uma moça parar a mesa e perguntar.
— Perdido aqui Bruno?
Olhei a moça, demorei um momento a achar ela na memoria, Paula, uma das moças do Coral
Bárbaras, e olho a pasta, Pedagogia, e falo.
— Sente-se Paula, eu estou começando hoje Letras.
— Então vai comer com os pobres agora?
As vezes não sei como responder sem ofender, então evito falar, e como ali, duas moças
sentaram-se junto e uma delas perguntou.
— Irmão Paula?
— Não, este é o desconhecido mais conhecido da cidade.
— Como assim, desconhecido mais conhecido. – Uma moça.
— Bruno Baptista. – Falei olhando a moça.
Ela sorri e fala.
— E vai estudar – Ela olha minha pasta – Letras?
— Sim, melhorar meu inglês para as 5 peças do Coral Bárbara ficarem melhores a cada ano.
A moça que estava de pé senta-se e fala.
— E não nos apresenta? – A moça sentando-se ao lado.
As vezes estranho isto, mas Paula me olha e fala.
— Vai pelo jeito começar a correr, mas pelo jeito ainda se situando, pois não é de ficar olhando,
geralmente fica mandando todos correrem.
— Fazer o que, as pessoas não se mexem por bem.
— E vai estar nos andares de Letras este ano?
— Primeiro semestre, ainda não dá para fazer optativas.
— E pelo jeito vai querer fazer algumas.
— Eu tenho problemas no português, me dou bem no Inglês, tenho de concertar onde não vou
bem.
— E vai almoçar aqui todo dia?
— Isto não prometo, mas vou tentar, é que as vezes, quando o ano começa andar, as coisas tem
de ser mais rápidas.
— E vai fazer o que no Carnaval? – Paula.
— Cantar na sexta a noite ali no Agua Verde, Sábado no Rio de Janeiro e Domingo em São Paulo.
— Ainda sobra dois dias de carnaval.
— Ainda não pensei em alguma coisa, ano passado foi tanta confusão, que acabei preso no
Carnaval.
— Preso? O que fez?
— As vezes esquecemos que somos de menor e bebemos demais.
— E pelo jeito ainda se adaptando ao local. Mas pensa em algo, as vezes precisamos aprontar algo
naquela sua casa no Agua Verde.
Sorri, e falei.
— Se foi um convite a aparecer, aparece lá. – Falei.
— E posso levar o pessoal?
— Tem de explicar que as vezes aquilo fica cheio, mas sabendo as regras, não tem problemas,
sabe disto.
— Nos falamos depois. – Paula.

562
Eu me levanto, olho onde tinha de deixar a bandeja, pego a minha pasta e saio dali, não sei o que
as moças pensaram, mas eu ainda era um desconhecido, mas sei que não consigo ficar invisível tanto
tempo.
Caminho até o ponto de ônibus e fui para casa, entro, deixo minha pasta, cumprimento as poucas
que estavam por ali, pois quase todas tinham a volta as aulas, e algumas estudavam a tarde, pego a
carteira e vou ao Shopping Curitiba, entro numa livraria e pergunto se teria aqueles livros, descobriria a
frente, que era mais fácil, apenas atravessar a rua na Reitoria e comprar os livros.
Eu as vezes queria voltar a ser alguém normal, e caminhar no shopping as vezes me fazia quase
invisível.
Mais uma corte aceita, apresentada e as vezes parecia que aquilo acabaria comigo, mas era
sempre bom ver sorrisos saindo pela porta.
Esta semana era calma e começo a olhar os prospectos das musicas do musical da Laura, dedilho
algumas notas, gravo algumas coisas, e quando deu 7 da noite, vi Sônia chega em casa, e vi algumas
pessoas junto, e descemos a região do Curso de Balé, aquele salão amplo, parecia que me serviria
naquele momento, sentamos ao chão mesmo, e ela me apresentou cada menina, ali eram pessoas da
idade de Sônia em sua maioria, as vezes era estranho o caminho, mas o falar com as pessoas, que
estávamos montando um grupo fechado, que se todas ali sabiam que tudo que falássemos ou vissem ali,
era para ficar apenas entre as pessoas ali. Estranho quando alguém enquanto falamos, não se mexe,
algumas pessoas fazem de tudo para estar ali, 5 moças do curso do Balé Teatro Guaíra, 5 moças da
turma de Sonia do Medianeira, 5 moças do Conservatório de Musica, 5 meninas da natação do
Curitibano e as 5 moças da família de Sônia, estávamos nos conhecendo quando a pequena Sonia
entrou e me olhou.
— O que vai ser hoje?
— Apenas explicando as moças, que o que acontecer aqui, fica aqui, que a sede deste principado,
ainda está em construção, mas convidou sua corte?
— E vai querer duas princesas neste principado? – Sonia me olhando, eu olhei em volta e olhei a
outra Sonia e falo.
— Acho que estão pensando mais nisto que eu.
A pequena Sonia, entrou com 5 membros de sua escolha, que entram se sentam-se, então
estávamos ali, explicando aquilo, quando Laura chegou, e sentou-se ao meu lado, sem falar nada, eu dei
a mão a ela, as duas Sonia se dão as mãos e aquele grupo sentado, surge no descampado na parte de
fora da cabana, algumas estavam com olhar de susto, algumas de admiração, mas olho Laura que agora
na imagem da Bruxa Lau me pergunta.
— Quem traz a nós Bruno, nosso rei Leão.
Eu a olho, se a irmã dela não me declarara isto, acabo de ser pego de surpresa, ela acabara de me
nomear Rei Bruno Leão, da região de Nork, e falo.
— Como estão os estoques de ovos?
— Anos com eles esperando o ressurgir, devem existir mais de duzentos ovos protegidos.
— Ainda não somos tantos.
— Certo, precisa de quantos?
— As filhotes de dragão, convidaram parte dos deles a fazer parte?
— 4 por filhote.
Minha cabeça olha em volta e penso, 20x4=80 mais 5x6=30 e olho para Laura e falo.
— Vamos precisar de na primeira leva, 30, de depois mais 80.
Sonia me olha e fala.
— Falam serio que não desiste de uma ideia fácil.
Laura olha na forma de bruxa para Sonia e me olha.
— Onde achou este pequena Dragão?
— A corte de Eli, tem as filhas da Grande Dragão, que com sua derrota, foram oferecidas ao reino
ao lado para ter paz, mas deve entender, eles não vão induzir a transmutação, dragões que podem
chegar a 3 vezes os dragões de lá.
— Então ela que Eli achava encontra aqui?
— Sim.
Lau pegou um apito que estava pendurado no seu pescoço, e deu um pequeno sopro, eu não ouvi
nada, mas Sonia ao lado colocou as mãos no ouvido, e vi os 20 filhotes de dragões saírem das cabana, e
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ficar a volta, o grande dragão, parou ao norte, trazendo um grande cesto novamente, as filhotes tomam
a forma humana e ajudam a dispor as costas de cada uma das moças presentes, um ovo, e no centro do
local, a vista de pelo menos 10 imensos dragões, a toda volta, Laura toca o chão e o que era uma área
aberta, agora parecia ser cercada, por pequenas taperas, com um pequeno ninho, ela levanta as mãos e
sinto as palavras que ela pensava, agora como se fosse parte, estranho sentir as asas nesta hora, olhei
Sonia que também sente sua asas e a pequena Sonia não estava entendendo tudo, mas parecia
admirada, nitidamente olhando algo acima da cabeça da primeira Sonia, sorri, alguém com o dom das
Fadas estava ali, ao lado, ainda oculta.
Bruxa Lau absorve aquela energia e toca os chão, as 30 moças a volta, são puxadas para dentro
dos ovos, e a energia continua a crescer.
Enquanto os ovos começavam a chocar, vejo Laura ainda como bruxa, ela rejuvenescera mais um
pouco, ela para a minha frente e pergunta.
— Quer ser meu rei?
Eu estava em uma forma que teria de ter um espelho para definir exatamente, mas a olhei aos
olhos e falo.
— Sim. – Me erguendo, ela me toca a cabeça e sinto aquela energia, ela sorri e me olha como se
agora visse também por suas vistas. E bruxas em Hons, veem muito longe de onde estão, assim como se
pela visão dos dragões, se assim quiser. Sento-me novamente, ainda absorvendo aquela mudança.
— Cheguem perto pequenas Sonias? – Laura.
Elas se levantam e ouço Laura falar.
— Dragão Sonia, aceita o Rei Bruno como seu rei?
Sonia me olha, acho que ela também não esperava isto, sorri e fala.
— Aceito, não sei qual a ideia, mas aceito.
Vi Laura a tocar a cabeça, se viu a imensa energia correr pela menina, que senta-se, ao meu lado e
me estica a mão.
Laura olha ao lado e continua.
— Chegue perto Princesa Sonia.
Sonia olha para nós dois e estranha, mas a pequena Sonia se levanta e ouve a pergunta.
— Princesa Sonia, aceita Bruno como seu Rei, nas dificuldades e felicidades da vida, até o fim de
suas forças?
Sonia me olha, eu não sei se as pessoas tinham noção do que era aquele compromisso, eu teria a
total complexidade, apenas anos a frente.
Todos viram Laura tocar a cabeça de Sonia e estranho pois eu ouvi, e soube que toda a cidade e
vilas a volta de Nork ouviram as suas mentes como eu.
“Povo de Nork e região, o reino volta a ter um rei e uma rainha, hora de reconstruir o castelo de
Nork, e reerguer seu exercito.”
O que via ali, era Laura a cada distribuição de energia, ficava mais jovem naquele mundo, para ela
naquele mundo, parecia que a energia sem distribuição a transformava em mais velha.
Laura esticou a mão direita para mim, sentando-se e esticando a outra para a pequena Sonia, e
me olha aos olhos e fala.
— Nosso rei, agora começa a guerra.
— Guerra?
— Guerra hormonal, guerra em casa, guerra de sentimentos, guerra no grupo da Lei, Guerras para
o rei do Deus da Guerra.
Eu senti aquele ser surgir no nosso meio, era eu, estranho pois conseguia sentir ele, como se fosse
eu, fecho meus olhos e começo a enxergar por ele, eu na forma humanoide de um leão, fiz gesto para as
mãos para as pequenas moças a volta, chegarem perto e as vezes parecia um exibicionista, as vezes,
apenas alguém queimando calorias.
Depois de um tempo, sento novamente em energia sobre meu corpo e Laura e as meninas
sorriam a volta e Laura se ergue, tinha um circulo ao centro, formado por eu e as duas Sonia, a volta as
20 dragões, e vi Laura cada vez mais ela, rejuvenescendo naquele mundo, toca o chão, e os ovos a toda
volta, começam a rachar, e surgem as moças ainda nuas a toda volta, Laura faz sinal para cada uma
chegar ao centro e jurar respeito, devoção e submissão ao rei e rainha, sua bruxa e sua dragão.
Uma corte diferente, mas quando elas juravam, uma espécie de vestido, branco, surgia sobre
cada uma delas, branco translucido, e quando a de numero 30 estava a volta em um circulo, elas fazem
564
o juramento de subserviência, todas juntas, estranho pois eu vi a coroa em energia na cabeça de Sonia,
Laura e a pequena Sonia, era como se o trio fosse a rainha em si, não uma apenas.
Olhando em volta, três moças com coroa de rainha, 20 moças com tiara de princesas, e 30 moças
com colar de comprometidas, Laura me coloca ao seu local e senta-se pegando a mão das duas e olho
para o céu, sinto a vontade de tocar o céu, e sinto aquela energia me tomar, senti ela em mim, toco o
chão e aquele felino sai de mim, marcando todos a volta, com a marca de um leão de asas as costas da
mão direita, algo visível apenas para quem da corte fazia parte.
As vezes parecia estar em um sonho, pois eu não teria tanta energia para aquilo que se
apresentava, e toco o chão, e vejo o salão de aula de balé surgir a volta, olho o relógio a parede, para
fora, estranho, naquela existência, não havia passado 15 minutos, e cada dragão a volta se levanta,
todas as demais olham a mão direita, ainda não havia acabado, pois estavam ainda com vestes de
compromisso, olho a professora me sorrir com malicia, mas eles foram a entrada, recepcionar os que
haviam convidado a fazer parte, e olho Laura e sento no circulo e a olho e falo.
— Laura, aceita ser minha rainha nas terras de Curitiba?
Laura sorriu e fala.
— União completa?
— Se vamos a guerra, que seja completa.
— Aceito meu rei.
Fiz a pergunta a cada uma das Sonia, dou a mão para as três e sinto aquela energia crescer a
volta, olho o relógio a parede tentar passar os segundos, e estava quase parado, como falo, eu me
estranho quando nestas passagens, pois eu não sou tão hormonal quanto me transformo nestas horas,
e as rainhas me apresentam cada uma das moças, e as vestes após uma guerras hormonal, vão do
branco ao Rosa, e após isto, pela primeira vez tenho minha pequena Sonia aos braços, e por fim,
sentamos ao centro, as moças chegam mais perto, e nos damos as mãos, e o relógio consegue avançar
normalmente a parede.
As Dragão, surgem e apresentam cada uma delas, 4 pessoas, as vezes estranho pessoas
apresentarem as duas filhas, o filho e uma enteada, as vezes, amigas, as pessoas são apresentadas ao
grupo, pela primeira vez, tínhamos entre as pessoas, mais de 12 rapazes, sentaram a volta em circulo,
20 círculos a volta do circulo central de 30 pessoas, círculos com 4 pessoas e uma dragão ao centro
destes. Demos as mãos e tudo ao redor volta a parecer com o mundo dos Hons, agora reinado de Nork.
Agora as moças ajudaram a trazer os 80 ovos, olhava a feição seria da grande dragão, mas sentia
os sentimentos dela, como se visse sua família voltar a crescer, e novamente, unindo pessoas a ovos,
agora ter novamente as 30 moças a volta, mas agora em Hons, para uma união dupla, as roupas indo
agora a cor vermelho vinho, a energia disto, era desgastante, o tempo poderia estar quase estático, mas
os gastos, os músculos, pareciam pedir força daquelas terras para conseguir ir a frente.
Dai saio do circulo central, e vou a cada circulo, ali parecia o inverso, as mais velhas pareciam mais
jovens, ao círculos externos, e as mais jovens, todas aparentavam mais de 18 anos, o perguntar a cada
uma das moças, se devotariam suas vidas a sua rei, como minhas princesas, seguido de sexo, foi uma
volta imensa, ao fim, volto ao centro, os dragões negros se postam todos a volta do circulo externo e
acho que todos ouvimos a grande dragão pensar alto.
— Que a felicidade do crescer da família, seja distribuída.
Senti aquela energia vir sobre mim, estranho o poder daquele energia, me senti feliz de fazer
parte de algo, e soube depois que aquela energia foi distribuída a toda volta do pequeno reino, as
culturas agrícolas saem da posição de mudas a colheita em momentos, os agricultores de toda a vila,
sorri, e como aquela energia era distribuída por onde estas pessoas estavam deitadas e dormindo, a
cidade sente aquela energia estranha e sorriem, sem saber os motivos de tamanha felicidade. Os ovos a
toda volta, terminam de chocar, as pessoas agora marcadas como o símbolo de um reino, que nem
entendia de sua historia, mas eles olhavam as mãos, um dia teria de perguntar o que sentiam as pessoas
que passavam por aquele renascimento no ovo.
Laura me estica a mão, as duas Sonia fecham o circulo e tudo a volta retorna ao salão do curso de
balé, e todos se olham, agora novamente todos em suas roupas normais, as pessoas se olham, apenas
se levantam e começam a sair, a pequena Sonia me olha e me dá um beijo e fala.
— Temos de falar melhor sobre isto. – Ela sobe para casa, a segunda Sonia me olha e fala.
— Também temos de conversar.
— Não esqueçam, o que se passa neste grupo, apenas a ele pertence.
565
— Certo, mesmo os demais sentido a energia, que corram atrás.
— A cidade sempre foi especial, mas para quem olha a rua, diz, apenas uma cidade normal.
As demais pessoas saem, olho para Laura e falo.
— Preciso de um banho, antes de enfrentar a fera.
Laura olha o relógio, não passara uma hora do começo ao fim, eu estava acabado, e com energia,
estranho isto.
Tomo um banho, caprichado e desço, Marilia, para a minha frente e pergunta serio.
— Não está dispersando muito Bruno, o queremos aqui.
— Já volto, hoje é coisa rápida, preciso acertar certas coisas.
— Não entendi o que Paula falou – Paula era a Bruxa de Marilia – ela falou que você acelerou as
coisas, e Sonia não quer falar disto.
— Lembra que quando a coisa não diz respeito ao grupo, evitamos falar, é que não queremos
resistência nas más interpretações.
— Mas vai cuidar de mim hoje?
— Sim, e amanha cedo tem aula, eu levo a serio, tentar me formar.
Ela me abraça e fala.
— Vai, pelo jeito vai ser na correria.
— As vezes temo os caminhos que monto. – Dei um beijo nela, passei o braço no de Laura e
caminhamos até o apartamento dela.
Chegamos a cobertura do senhor Vaz e o senhor me olha e fala.
— Estavam aprontando algo, que vem juntos?
— As vezes é melhor que caminhar sozinho. – Falei.
— Barbara estava me perguntando a pouco se ninguém vinha.
Entramos e Bárbara olha a irmã e fala.
— Estava dando encima de meu Bruno?
Laura apenas sorriu, me olha e fala.
— Temos de conversar depois, vou lhe deixar a fera.
Bárbara olha atravessado e chego a ela e fala.
— Podemos conversar Bárbara.
— Pelo jeito o assunto é serio, pois está sério.
Ela me olha e sentamos a cama, ela me olha, pareceu temer algo naquela momento e falou.
— Não quer ser minha rainha pelo jeito.
— Vai acabar nossa relação? – Ela fala olhando o chão, não para mim.
— Quero a convidar a ser minha, quando estiver aqui.
— Mas...
Eu pequei a mão dela e pergunto.
— Lembra de como era o reino a volta do seu castelo?
— Porque?
— Lembra?
— Sim.
A dei a mão e falei,
— Fecha os olhos e tenta lembrar de como era.
Ela me olha desconfiada, mas fecha os olhos, eu senti o mundo a volta mudando, e pergunto,
olhando em volta.
— Olhava sempre da torre para o seu reinado.
— Como sabe disto?
— Não respondeu. – Ela estava de olhos fechados, e a volta estava o reino dela, era um fundo de
vale, então poucos teriam aquela visão do mundo dela, as montanhas ao longe começam a surgir, se via
os desfiladeiros se formando e falo.
— Abra os olhos e me explica como era este mundo.
Bárbara abre os olhos e olha em volta e fala.
— Que truque é este.
— A princesa não sonha mais, o seu mundo se desfez.
— Mas nem conheço o reino todo, apenas o olho aqui de cima.
— Hora de conhecer ele.
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— E como conheceríamos o reino?
— Quer ser minha rainha nas Terras Baixas do mundo e Hons?
Ela solta minha mão, as vezes isto é um teste maior que o chegar ali, pois as vezes poderia se
desfazer, mas quando ela se levanta, olhando para baixo, vi a vila aos pés do grande castelo voltar a se
formar.
Olho os alagados, e vi aquela área alagada com imensas trepadeiras, e o grande ninho surgir ali,
um imenso dragão Azulado, prisioneiro em um imenso emaranhado de trepadeiras com seus galhos
cheios de imensos espinhos, surge ali olhando em volta, como se estivesse relembrando das coisas.
As pessoas na parte de baixo, começam a surgir, pareciam estar olhando em volta, como se
tivessem voltado a sonhar, e Bárbara me fala.
— Vai me devolver meu reino?
— Quero saber Barbara, se quer ser minha Rainha nas Terras Baixas do Mudo de Hons.
Ela pensa em me dizer não, pois eu perguntei pela segunda vez, e ela não respondeu, eu olho em
volta e vejo pessoas escravizadas na vila, e olha em volta e ela fala.
— O problema é que aqui ficaria visível como penso Bruno, não quero você olhando isto.
— No lugar de mudar, quer me mandar embora?
— Eu sou possessiva, eu quero as pessoas fazendo o que eu quero.
Eu olho em volta e fala.
— Então que continue sendo um desfiladeiro sem fundo, pois se a princesa, não cresceu ainda,
eles esperam mais um pouco.
— Não pode me tirar isto.
— Eles ainda não estão ali Bárbara, você está me mostrando como era, teríamos de fazer uma
peregrinação em seu reino para voltar a ser como era, teria de entrar pelo portão frontal, vencer o
desafio para a pedir diante de seu reino, a sua liberdade para ser minha rainha, os dragões ao fundo,
teriam de aceitar a união, para dai começar a reerguer tudo a volta.
— Mas parece real.
— Vejo a crueldade como real, o resto, me parece apenas fosco ainda. – Falo a olhando.
Ela chega ao meu lado e me segura a mão.
— E não vai fazer o enfrentamento para me libertar da torre e poder ser uma rainha nas minhas
terras?
— Tem de entender Barbara – Falei a segurando a mão, o quarto reaparece a volta – Crueldade,
gera reinos no medo, mas o medo, quando imposto por alguém mais poderoso, todos lhe entregam a
morte, um reino de medo, acaba sempre.
— Mas não me quer como sua rainha?
— Lhe perguntei lá duas vezes, se queria, você não quer, você quer impor, quer ser a Imperatriz
de tudo, acho que não está pronta ainda para isto.
— Vai me abandonar.
— Ainda não, mas tem de querer, não apenas eu, e sei que vou complicar o seu aceitar cada vez
mais.
— Mas...
A beijei, ela retribui.
Depois de um momento a olho aos olhos e falo.
— Você já me mandou embora algumas vezes Bárbara, pensa no que quer fazer, não pensa no
que não consegue mudar, e sim, no que quer, pois tudo gera algo, e não sei o que quer, vim lhe
perguntar algo, que seria apenas entre nós, mas saiba que me aceitar em Hons como rei, é mudar seu
reino, devolver a vida ao reino.
Ela solta minhas mãos e me olha serio e fala.
— Quer me dar e tirar meu reino, não sei Bruno, tenho de pensar nisto.
Apenas a beijo e me despeço, vou para casa, as vezes, temos de aprender, nem tudo que parece
um caminho, é o caminho, passo na casa da minha mãe, ela estava mais feliz ultimamente,
conversamos, depois vou para minha casa, hora de cuidar das 11 companheiras oficiais, hora de tentar
descansar, dia seguinte, segundo dia de faculdade.

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Acordo na quinta, um banho a mais, e vou a faculdade, realmente no
segundo dia caminhei menos que no primeiro, chego a faculdade, talvez por ser
a semana antes do carnaval, as pessoas pareciam meio fora do lugar, como se
estivessem pensando no feriado.
Sento a sala, e um rapaz do diretório acadêmico, novamente a sala,
novamente convidando a ir ao churrasco do CAL (Centro Acadêmico de Letras),
que englobava todos os cursos de Letras, também convida a participarmos da
parte politica do curso, obvio que poucos leram o PPC, Projeto Pedagógico do
Curso, e nele uma coisa que sempre me fez pensar, é a que fala de Atividades Formativas, que no curso
de Letras inglês, requeria 200 horas para se formar, e como sempre fui curioso, as vezes pego as pessoas
desprevenidas.
Ele olhou a turma e perguntou se alguém tinha alguma duvida, levantei a mão e perguntei.
— Ser parte do Centro Acadêmico, conta como Atividade Formativa?
Talvez a maioria estivesse pensando em festa, e vi um olhar para o outro e um rapaz a porta, que
não tinha entrado, evidente que mais novo que os a frente, quando os dois a frente olharam para ele o
mesmo fala.
— Somente os com representação Discente.
— E o que seria esta representação Discente? – Perguntei.
— Os membros do Centro Acadêmico, indicam alguém para representar nas reuniões de setor, os
estudantes do curso, e este nos representa, as nossas causas, mas a maioria, são discussões chatas.
— Se for por esta parte da representação tenho interesse, o resto, desculpa, festas se quiser eu
consigo.
O rapaz a porta sorri, os dois a frente pareceram terminar um discurso fácil, e sem proposito, e
por fim, vi o professor Ivan entrar pela porta.
O rapaz do CAL pergunta a ele se iria a festa, e não sei porque, ele me olha e fala.
— Tô prevendo trovoadas nesta festa.
— Pelo jeito temos um encrenqueiro.
Ele me olha, eu não sabia o que os demais viam do que fazia, eu nem tentava saber, então as
vezes somos pegos de surpresa.
— Nem conheço todos para lhe responder isto Nilo.
— Certo, e o menino de tudo ali?
— Ele gosta de coisas que o levam a frente, não sei ainda como ele veio parar nas humanas, mas
foi escolha dele. – Ainda estranho estes que falam para que ouçamos que eles estão falando de nós.
Mas isto pode ser o que eles não pensam de mim, pois eles sabem que estou ouvindo, o professor
se apresenta, mas o pensamento foi a Ivan, pois ele tocava toda parte de inglês de uma escola inteira
para mim, mas isto não se falava ali.
As vezes o começo parece simples, já vi isto durante a minha vida acadêmica, não prestamos
atenção no começo, que é a parte que o professor acha fácil, e descobrimos depois, que o fácil para o
professor, não é o fácil para mim.
Então o ter a matéria anotada, com as minhas dúvidas, sempre me levou a procurar o que
significava as coisas, mergulhar no assunto, mesmo assuntos rasos, as vezes tem um coisas que
ignoramos, pois como se fala, absorvemos muito pouco sobre o que nos é apresentado.
No intervalo, vi a moça ao lado me olhar e falar.
— Kamila, não nos apresentamos.
— Bruno.
— Pelo jeito conhece alguns professores?
— Poucos, as vezes isto acontece.
— Mas a conversa com o professor de ontem, foi como se o conhecesse.
— A próxima aula é com ele. – Falei.
— E vai levar vantagem com isto? – A moça, deveria ter uns 20 anos.
— Preferia não o ter como professor, mas as vezes, vai acontecer.
— Ele é um professor exigente?
— Não é isto, mas pelo jeito a coisas está calma hoje.
— A maioria nem deve aparecer amanha, carnaval chegando. – Kamila.
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— Sempre digo que estranho pessoas que passam em algo que todos fora queriam a vaga, e não
se prende a sua vantagem.
— Pelo jeito não vai viajar.
— Amanha tenho coisas a fazer em Curitiba, sábado no Rio e domingo em São Paulo.
— Todos pensando em feriado e está pensando em que? – Kamila me olhando.
— Me divertir um pouco.
— Mas então não são compromissos?
— São, mas compromissos em algo que gosto de fazer, é prazer, não obrigação.
Uma para a nossa frente, na cadeira da frente, inverte o corpo e pergunta.
— Vão no churrasco do centro acadêmico?
Kamila sorri e fala.
— Bom para se entrosar com os demais cursos de Letras.
A moça me olha e falo.
— Não sei, juro que não sei ainda.
— Não sabe, tem compromisso no sábado que vem? – Kamila.
A moça que mais a frente saberia se chamar “Bárbara”, parece até uma praga me olha, e não sei,
as vezes como responder sem parecer que sou um metido.
— Acho que ainda não tem nada, os Clementes desmarcaram, eles me queriam na apresentação
de Sábado em Floripa, mas algo aconteceu, e não falei com eles ainda.
A moça a frente me olha e fala.
— Conhece os Clementes?
— Fiz parte da formação original há um ano, mas até para isto, tá difícil.
A moça me olha e fala.
— Não lembro de você.
Sorri, e apenas levantei os ombros, pois não queria discutir isto.
— Pelo jeito não quer convencer ninguém desta colocação? – Ela me olha seria e fala. – Porque
mentir.
Como digo, sou péssimo fisionomista, alguém que vi apenas uma vez, então não sabia o que falar,
mas aos com calma olho para ela e falo.
— Certo, deve ver o Lucas este fim de semana, pergunta para ele, quem deu o nome Bárbara e os
Clementes.
Ela me olha e fala.
— Bem informado, sabe quem namoro, mas eles estão muito atirados para o lado daquelas
Inglesas, não sei se dura muito ainda.
— Assunto chato, este, mas não sei se vou ao churrasco, pois ainda não sei se terei de ir a
Florianópolis no Sábado.
— E pelo jeito não está querendo ir.
— Em teoria, vai ser uma bebedeira, com som alto e pouca carne, não sei porque ainda chamam
de churrascada. – Falei.
— Vai dizer que não bebe? – A moça me olhando.
— Pouco, não esqueçam, eu estarei quebrando a lei, sou de menor.
— A criança da turma, vamos ter de o ensinar a se entrosar. – A moça me olhando, ela realmente
estava querendo provocar algo, vi as pessoas voltando, e apenas abri o caderno e coloquei o nome da
matéria e nome do professor, e a moça foi a primeira carteira.
O professor Ivan começa a falar dos escritores clássicos ingleses, começando por Geoffrey
Chaucer e Thomas Malory, vi que demoraria para chega a Shakespeare, mas começar pelos “Os Contos
de Canterbury” e após ir a “A morte do Rei Arthur”, era um começo bom, não tinha estes dois testos,
mas talvez fosse uma forma de entender tanto da cultura como da linguagem ampla do Inglês.
Vi que foi uma introdução sem entrar nos textos, talvez por parte da turma não estar ali, mas era
bom saber o caminho que tomariam inicialmente.
A turma saiu Ivan para a minha frente e fala.
— Como estão as coisas Bruno.
— Ainda não parei para olhar os números, mas começo de ano, parece que as contas vão fechar,
temos de ver o andar das coisas.
— E acha que este começo é bom?
569
— Sim, é bom aprender algo diferente.
Kamila ainda estava ali e olha o professor e fala.
— Pelo jeito se conhecem de fora daqui?
— Digamos que a 3 anos, ele era dos alunos mais curiosos no curso para a comunidade a volta,
mas no ano passado que vieram as ideias perigosas.
— Ideias perigosas? – Kamila.
— Concurso de teatro de textos inéditos em Inglês.
— E o que ele tem haver, vi muitas peças boas lá ano passado.
— Ele e a diretora do Guairinha inventaram a ideia.
— Mas não participou?
Sorri, eu não era de salientar as coisas que fazia, mas falo.
— Sei que abusei o ano passado Ivan, mas tem aula hoje no Agua Verde?
— Sim, vai estar por lá a tarde?
— Tenho ainda problemas, esta semana atravessada, me faz correr.
— E vai comer no Agua Verde?
— Não, vou de RU mesmo.
— Você quer continuar invisível.
— Se pessoas que estive ao lado, homenageando o namorado atingido por uma garrafada não me
reconhece, imagina os demais Ivan.
— E não quer aparecer ainda.
— Vou comprar os dois primeiros textos, paro um pouco o que estava lendo, e pego algo mais
clássico.
— Lendo o que?
— Oscar Wilde, uma compilação de testos teatrais.
— E leu qual?
— Comecei por “Vera or the Nihilists”, terminei ontem “The Duchess of Padua” e comecei “Lady
Windermere’s Fan”.
— Sempre ligado ao Teatro. – Ivan.
— Teatro tem mais conversas, isto facilita.
Ivan olha-me serio e pergunta.
— Me empresta depois os livros?
— Sim, embora deve ter na biblioteca local.
— Texto único?
— Bilíngue.
— E brigando muito com as traduções?
— Sempre, que graça teria se não desafiasse os demais.
O professor saiu e vi Kamila ficar ali e falar.
— A diferença pelo jeito, é que fala com eles de igual a igual.
— Tem coisas que não se fala por ai, mas Ivan tentou se manter longe o ano passado inteiro, ele
não criou uma peça por birra.
— Não lembro de você em nenhuma peça?
— Eu era parte do Colégio Estadual Santa Cândida.
— O colégio que mostrou que se organizado se consegue fazer algo caprichado, teve até
monologo e juro que aquele texto “Liber AL vel Legis”, eu achei que entendi, mas poucos sabem se
aquilo era algo para ser entendido.
— As vezes a mensagem tem de ser para poucos, e sei que um texto pesado, teria de ser mais
mastigado.
— Já Zarathustra ficou bem didático.
— As vezes quando vemos pessoas cantando uma musica, sem entender o que estão cantando,
assusta.
Terminei de arrumar as coisas e começo a descer e vi que Kamila ficou ali, entrei na Livraria a
frente, e compro os livros do dia anterior, o da disciplina da manha de hoje e os dois livros que Ivan
falou que iria começar, Chaucer só tinha Bilíngue, já Lalory tinha uma versão apenas em inglês.
Kamila me pergunta a saída.
— Vai comprar todos os livros?
570
— Sou viciado em comprar livros, mas livros é bom para ler enquanto se viaja.
— E vai fazer algo agora a tarde?
— Vou comer no RU, depois fazer algumas coisas, porque?
— Tentando seguir o menino que parece desafiar os mestres.
— Nem tive tempo para isto, sei que eles odeiam sair da cartilha deles.
— E não se preocupa.
— Eu me fiz uma meta, e ano passado com toda correria, consegui fazer a minha primeira
tradução completa de Charles Dickens, comecei por Oliver Twist, mas as vezes tenho de ter alguém
mais profissional para dizer se ficou bom ou não.
— Traduz do inglês, mas para que?
— Entender o que não sei, parece fácil fazer algumas adaptações, mas é mais complicado do que
parece, entender como um inglês pensava no século 19.
— Certo, você pelo jeito não quer apenas um diploma, dizem que quer muito mais na cidade.
— Dizem?
— Deve conhecer Camile Mello e Silva.
Sorri, era a moça que me apresentaria a corte naquele dia, e perguntei.
— Sim, conheço Camile, ainda pouco.
— Não entendo porque dizem ser das famílias mais influentes da cidade?
— Porque se alguém falar família “Requião”, todos sabem, mas poucos sabem o verdadeiro
sobrenome do senhor.
— Está falando que ela é da família do antigo senador?
Não respondi, cheguei ao caixa e acertei os livros e perguntei.
— Eu vou comer no RU, vai encarar?
— Mandaram cuidar direito de você hoje, não entendi ainda no problema que estou me metendo,
mas parece muito jovem para ser tudo que falam por ai.
— Falam por ai?
Ela olha em volta e fala.
— Verdade, não se fala por ai, mas es jovem demais.
— Não sei se conhece o namorado da Bárbara?
— Ele é outro pirralho, mas não entendi.
— Ele cresceu muito, ele tinha aquele tamanho aos 12, hoje aos 14, em uma banda famosa,
ninguém pergunta se ele é uma criança.
— Ele tem apenas 14 anos?
— Sim, quando as vestes dos Clementes, colocamos um sapato plataforma, foi para ganharmos
tamanho, pois ele ficaria desconecto da turma, Roger que sempre sofria, tendo de quando chegava a
bateria, ter de deixar o calçado ao lado.
— E ela não acredita que você fez parte?
— Ser alguém, não precisa que os demais acreditem, é até bom que não acreditem.
Entrei na fila e ela ficou ali, sentamos para comer e vi que Paula chega a mesa e pergunta.
— Se marcarmos algo para segunda, vai fugir?
— Depende, o que vão marcar?
— Aparecer lá, sabe onde.
— Não sendo na madrugada de segunda, pois vou estar dormindo.
— O Ronald separou o grupo em 6, e não entendi, qual a ideia do ano.
As moças foram sentando e falei.
— Ele lhe colocou em qual das peças?
— “Vozes!”
— “Voices!” – A olhei serio – Deve ser o equivalente a Zarathustra do ano passado.
— Mas porque reduzir o pessoal?
— Separar em 6 grupos, os 6 grupos são o Coral Bárbaras, mas serão 6 peças a serem encenadas,
6 historias que podem ser independentes, ou conjuntas, mostrando ao mundo em Inglês, parte do que é
ser Brasileiro.
— Então é um show maior?
— Sim, ainda não terminei de escrever, mas aparece lá na segunda e conversamos.
— Vou falar com a Rita. – Rita era a princesa da corte que Paula fazia parte.
571
— Pensa antes de misturar tudo Paula.
Ela olha em volta e fala.
— Vou pensar, mas pelo jeito estudando hoje.
— Quem dera estudasse tanto.
As moças sentam ao longe e Kamila pergunta.
— Pelo jeito ela faz parte do coral Bárbaras?
— Sim, alguns já me conhecem, mesmo tentando ser invisível.
— Vi que os rapazes da turma, parecem ter lhe isolado.
— Sou o mais novo, entendo.
Comemos e ela me acompanha, pelo jeito pessoas que não tinham pratica em pegar ônibus,
passei meu cartão para pagar a passagem dela, e fomos no sentido da Agua Verde, entramos em casa e
vi ela olhar para cima e falar.
— O que é isto?
— Camile lhe convidou a fazer parte?
— Sim, mas que casa é esta?
— A casinha de Bruno Baptista e suas rainhas e princesas.
— Vai dizer que é bígamo.
— Não, bigamia vem de Bi, dois, tenho relações poliafetivas.
— E montou uma “casinha” para isto.
— Como se diz, as pessoas para fora, não acreditam, e quando fofocam, olham o menino de 16
anos e falam, isto ai, não pode ser.
— E Camile chega que horas?
— Ela deve chegar perto das duas da tarde, mas deixa eu ver como as coisas estão.
Entramos na segunda sala, a que dava ao elevador para os quartos e Laura estava ali com Marilia.
— Problemas?
Olhei Marilia aos olhos, ela parecia triste, reparo em volta, pois haviam mais pessoas ali, e estava
chegando da aula, eu olho os seguranças e eles retiram os curiosos, pois tinha muita gente para dentro.
— Não vão responder, estava em aula, não sou adivinho ainda.
Marília me olha decepcionada e fala.
— Estão dizendo que você trapaceou e que não é nosso rei.
A cabeça tenta achar uma resposta e vem as perguntas, quem, o que e como?
— Algo prometi que não cumpri para me olhar decepcionada?
— Eles falam que tem outro rei, que ele gerou um novo reinado, e que eles o aceitam como rei.
— Perguntei para você Marilia, se quer ser minha rainha, não deles.
— Acha que deixamos pessoas saírem falando do que aconteceu?
Olho aquele senhor, sempre aos fundos, sempre deixando os demais se darem mal, eles não me
queriam como rei, e isto quer dizer, tocar a vida, pois eu não vou devolver nada, por bem.
Eu sabia que naquele momento, estava perdendo dinheiro, apoio e principalmente, o advogado,
pois agora ele fazia parte do grupo, eles não permitiriam que ele defendesse alguém externo ao grupo.
Mas a cabeça não estava entendendo o que estava acontecendo, mas vi aquele ser pequeno,
rastejar pela sala e vir a meu encontro, Hadit.
“Você não é um bom rei, errei ao analisar e isto, o tiro o titulo de rei.”
Eu sentia a coroa, eu sentia ainda as minhas asas e olho para Hadit e falo.
— Pensei que falava com um representante do Deus da Guerra, não com um representante dos
medrosos, covardes, indignos, mas entendo Hadit, se não me quer como rei, apenas vai gerar mais
guerra, apenas isto.
— Não vai aceitar isto?
“Quem quiser fazer parte da minha família, é agora, não depois, pois não vou perguntar uma
segunda vez a seus pais, eles já concederam, e palavra, tem apenas um valor, não dois.”
Vi as varias bruxas e fadas ligarem para suas rainhas e suas cortesãs e quando tive a confirmação
de numero 50 das rainhas, com a confirmação de Marilia ao lado, que fica as minhas costas.
— Se querem sair da minha família, a porta da rua, é serventia do rei, podemos ter dois reis, reis
podem morrer, mas famílias que se comportam como corvos, não gosto, então apenas saiam da minha
casa.
— Mas tem de devolver o dinheiro. – Sr. Richa.
572
— O dinheiro foi me entregue, e as noivas aceitas, não vou devolver as noivas, o dote, nem o
pagar por desaforos não merecidos.
— Mas...
— E não se preocupem mais comigo, sumam.
Eu subi e tomei um banho, quando desço Marilia me olhava desconfiada.
— Mas eles são o grupo.
— Eles dizem ter outro rei, deixa eles.
— E oque acha que foi isto?
— Eles não querem entrar na guerra, que escolham um rei covarde.
Eu liguei para o doutor Vaz e perguntei se ainda seria meu advogado, e expliquei o acontecido, e
ele fala que não falaram nada com ele.
Eu ligo para cada um dos senhores mais velhos das novas famílias, e confirmei que por mim, eles
ainda seriam parte da família do rei, que a escolha era deles.
Eu sento a sala, não estava para reuniões, mas esta coisas de marcar com antecedência, lá estava
eu a aceitar a corte de Camile, eu talvez tenha me desligado um pouco, e quando as moças saíram
naquele dia, entre elas Kamila, vi Laura parar a minha frente.
— Eles não entendem que você é sistemático.
— Eu tenho de pensar, e algo está errado, mas se não vamos ter processos contra a Globo, vamos
então ter de refazer os planos.
— Nitidamente não gostou.
— Eu não entrei nisto porque me perguntaram, quer entrar, eles me penduraram como oferenda,
ao Deus da Guerra, mas sei que alguns vão reclamar, mas eu não posso fazer nada.
— Porque acha que eles estão lhe afastando.
— Depois de anos, eles sentiram seus negócios se ampliarem, isto é energia do Deus da Guerra,
redistribuída, como funciona, não sei, mas funciona, é como as energias dos dragões as plantações de
Hons.
— Uma energia que elevou todos, e eles agora acham que não precisam mais de você, mas
estamos aqui Bruno.
— Apenas fica de olho, eles vão oferecer uma grande carnificina a Hadit, desconfio que será uma
prova de humanidade e família, mas eles que escolhem.
— Acha que é uma prova? – Marilia.
— Família oferecendo a vida dos seus, como se fosse carne, deixa de ser família, e ainda tenho de
manter a calma.
— Fala como se estivéssemos em guerra.
— Estamos.
Olho a pequena Sonia entrar e me olhar.
— Nosso pai, falou que não temos mais rei, e que tenho de entender, que toda família vai doar
uma menina que fora ofertada ao falso rei a Hadit.
Acho que não tenho senso de humor, mas sei que eles em si, tem seus motivos, eu não parei
nunca para pensar no lado dos pais, das famílias, mas caminho pelo caminho ditado, e as vezes, não
entendo o que aconteceu.
Reuni as pessoas, não sabia se deixava rolar ou começava a me preocupar, sei que boa parte da
ultima entrada de capital ainda estava no cofre.
Olhei Sonia e falei.
— Calma, as vezes temos de ter calma.
— Mas não quero morrer. – Sonia.
— Sei que não, ninguém quer, então temos um problema, e não sei ainda quantas das famílias,
estão envolvidas.
— E como descobrir.
— Calma que já vamos descobrir. – Olhei Laura e falai – Chama as meninas dragão, para perto.
— Porque?
— Porque preciso saber até onde vai o problema.
— E como se guerreia sem saber quem é o inimigo.
— Cuidando para não matar aliados.
Olho Sonia e falo.
573
— Hora de dormir menina.
— Como assim?
— Hora de convocar os mais de 6 mil súditos a se manifestar.
Sonia sobe, não sei se funcionaria, mas era começar a agitar já na quinta, vou a parte da gráfica,
falo com o rapaz sobre uma arte para um evento na segunda e terça de carnaval, ligo para uma empresa
de comunicação e para João Roger, e passo para ele o panfleto, e passo na minha rede social, o que faria
na segunda e terça.
Ligo para a direção do Colégio Estadual do Paraná, e pergunto se poderíamos usar a mesma área
agora no Carnaval, a diretora estranha, mas não vê problema nisto e libera, eu ligo para o pessoal do
Psycho Carnival e jogo a ideia, parte dos shows serem no Colégio Estadual do Paraná, com entradas
pagas e com toda estrutura, o rapaz primeiro não me leva a serio, mas vendo algumas pessoas
confirmarem por mensagem a participação, vou confirmando com o rapaz e ampliando a ideia, eles
começavam na Sexta, eu queria avançar segunda, terça e quarta feira, juntando muito mais gente e toda
a bagunça possível.
João Roger me liga e confirmo apenas o que já estava confirmado, vi que a pagina dele, começa a
agitar, pois muita gente que não viajou, estava procurando o que fazer no carnaval.
Confirmo com a empresa que montava as estruturas para mim, estruturas iguais em três locais,
Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, confiro o Estádio do Bangu no Rio e começo a comunicar as
pessoas, que eram da cidade, se não queriam dar um show.
Eu sempre deveria ser parado nestas horas, mas quando confirmado shows em Curitiba, São
Paulo e Rio de Janeiro, começam as vendas de ingressos, estranho como as vezes, os caminhos certos,
enchiam eventos modernos muito rapidamente, se o pessoal do Psycho Carnival estava temendo a
ideia, quando começam a ver a entrada de ingressos, isto sempre anima tanto patrocinadores quanto
empresários.
Sei que não liguei para mais ninguém, e me recolhi, se não me queriam andando as ruas, não me
veriam. Recomendei todas irem para casa, Priscila e Marília ficaram, o resto, foi para junto de suas
famílias.
Estava a curtir o fim da Quinta, lendo “Os Contos de Canterbury”, quando o telefone tocou e era o
doutor Vaz.
— Fala doutor?
— Quase todos os pais pediram para retirar o processo contra a Globo.
— Se eles não acham que as filhas foram humilhadas Doutor, o que eu posso fazer a respeito.
— Mas acha que eles ganham assim.
— Tens um tio ligando para cada um dos presentes e fazendo um acordo, eu não vou brigar
internamente, eles já me tiraram de lá, agora eles querem atrocidades, e as vezes, temo o resultado
disto.
— E vai jogar a toalha?
— Apenas Roberto, se começar a sentir-se incomodado, não precisa ficar no barco, eu sei que não
tenho paciência para discutir as coisas.
— Vou ficar de olho, pelo jeito desconfia de algo.
— Tô apenas lendo um livro, para descontrair, nem quero pensar no problema.
Priscila me abraça e fala.
— Sabe que estão todos tensos.
— Sim, apenas mantem a calma.
Apenas passei mensagem para todas as moças e pedi apenas que mantivessem a calma, o grupo
das famílias mais antigas, e pelo jeito mais violentas estava armando de novo, quando Laura disse que
estava chegando ali, eu apenas levanto e vou a sala, estava de pijama, estou começando a me
acostumar com o pijama ainda.
Ela entra e vi um ser com uma imensa espada surgir ao lado e me olhar.
— Pensei que seria um desconhecido. – Plout.
— Qual o problema Plout? – Perguntei.
— Dizem que você assumiu um reinado no meu mundo.
— Não, apenas ajudando com almas humanas, Thust, a grande dragão Negro, a reerguer seus
dragões, o reino é apenas consequência, pois não me adianta querer proteger os dragões negros,
proibindo eles de evoluírem e transmutarem a dragões.
574
— Não gosto de humanos mandando em meu mundo.
— Eu não tenho nada contra você, sabe disto Plout.
— Sabe o problema de se declarar um rei naquele mundo?
— Eu não o fiz no mundo, fiz sobre as terras de Nork, e sei que cuidar de macaquinhos teimosos,
ninguém merece, sei o quanto somos chatos.
— Alguns não gostam de interferência lá, saiba disto.
— Eu não sou de interferir, mas deixar milhares de ovos se perderem, condenando os dragões
Negros a extinção, não me parecia certo.
— E resolveu ajudar porque?
— Eu não pensei, eu apenas fiz, as vezes estranho estar no lugar certo na hora certa, mas ainda
em guerras na cidade.
— Se os seus motivos são reerguer os dragões Negros, não vou me opor, mas saiba que muitos se
opõem a você.
— Muitos? – Perguntei curioso.
— Soube que tem uma reunião estranha nas terras de Colombo, daquele seu grupo de malucos.
— Quem dera o grupo fosse meu, mas o que eles tanto fazem?
— Estavam preparando postes lá o dia inteiro, e parecem estar amontoando gravetos e madeira
seca, como se fossem queimar muita gente lá hoje.
Tento passar uma mensagem para Marilia e dá fora de área, e apenas olho Plout e falo.
— Obrigado pelo aviso, apenas não somos inimigos, quem seria eu, para achar ser inimigo de um
Hons, sou apenas um macaquinho.
— E vai deixar eles matarem as pessoas lá?
— Se chamar a policia, eles não vão aparecer, se me verem por lá, morro junto, se fizer qualquer
coisa, serei o culpado, fazendo ou não algo.
— E aceitaria ajuda?
— Se precisar, mas ainda estou na duvida do que faço.
Eu olhei para Laura e perguntei.
— E onde está seu pai e sua irmã?
— Não estavam em casa, acha que meu pai seria maluco suficiente?
— Não sei, mas se mantem na casa.
Ela me olha estranhando e falo.
— Vou caminhar até o Shopping Curitiba, tenta manter o celular por perto.
— Vai fazer o que?
Não falei nada, sai a caminhar e dei apenas duas ligações, estava desligando o celular quando
chego ao shopping, eu saio pela entrada oposta e começo a descer a rua no sentido da praça Rui
Barbosa, eu tentava adivinhar o que aconteceria, mas não estava funcionando, olho as câmeras da
prefeitura, e vi elas se mexerem no meu sentido, poderia naquele momento estar perdendo pessoas
que admirava.
Eu ainda antes da praça paro na portaria de um prédio, e o porteiro apenas abriu, , e subo pelo
elevador, chego a cobertura, era maluquice isto, mas teria de ter uma forma, eu sento ao telhado e
tento sentir as minhas asas, não estava funcionando, eu chego a beira do prédio, olho para baixo e
estico as mãos, o medo veio e com ele as asas, não tinha como ver minha forma naquela hora, mas eu
tomei altura e começo a atravessar a cidade.
Eu lembrando depois, não tive tempo de curtir aquele momento.
Apenas bem do alto, vejo aqueles carros todos parados na entrada, olho a policia chegando ao
local, um policial tentando os parar, e o grupo de pessoas, dispostas naquele terreno, somente os mais
radicais, deve ter havido um novo racha, aquele que impunham pelo medo aos demais.
Olho os 50 mastros, olhando de cima, não sabia se poderia fazer algo, o estar ali de 200 meninas,
4 por mastro, amarradas, nuas, mesmo com poucas pessoas, mais de 30 por família presente, mais de
300 pessoas a volta.
Os senhores começando a fazer as cantorias, a policia muito lentamente ao fundo, os senhores
pareciam matar até dos seus, com uma frieza que não consigo ainda administrar.
Quando o senhor fez sinal para os demais chegarem a volta, vi aquela tocha, os locais estavam
com combustível, aquilo parecia que não teria um fim digno, e vejo Hadit surgir em meio aos seres,
sorrir ao ver as moças, todas ali, oferecidas a ele.
575
Eu posso achar anormal eles me oferecerem as filhas, mas oferecerem as filhas a Hadit, não me
parecia fazer sentido, sangue por sangue.
O senhor estava com a tocha a mão, eu fui chegando perto, uma hora ou outra eles me veriam, o
senhor fala algo e ouço alguém gritar.
— Queimem as princesas de Hadit.
Olhei e vi que os demais repetiram a frase e ouço alguém gritar ao fundo.
— Todos estão presos – ouvi pelo megafone, todos de mascaras, o senhor com a tocha a mão, ele
olha para o fogo, olha Hadit e solta a tocha, que começa a pegar fogo, por extinto, soprei no sentido do
fogo e vi o gelo tomar aquele local, como chegava rápido, me apoio em dois dos mastros, ficando ali,
olhando o senhor, os policiais me miram as armas, e apenas olho para Hadit e falo, em inglês.
— Quem que se passa por Hadit, pois Hadit não faria isto.
Hadit me olha, talvez só me tenha tocado que ele não me via naquela forma, pois ele fala.
— Não lembro de um dragão neste mundo.
— Está na região de Curitiba, como não?
O ser olha em volta e fala.
— Acha que tenho medo de dragões.
As armas estavam apontadas para mim, mas apenas bato as asas e vou a uma altura grande e vejo
os policiais começarem a desamarrar as moças e prender os senhores, me afasto e volto direto ao Agua
Verde, não teria como parar antes, não teria uma roupa para me cobrir em outro lugar.
Desço ao quarto, visto uma roupa, sinto os músculos doloridos, e desço para a sala e Laura me
olha.
— Entrou por onde.
— Cobertura, alguma noticia?
— A policia está prendendo muita gente, e fazendo o levantamento das coisas, pois eles estavam
prestes a queimar elas.
— Onde eles foram presos?
— No terreno em Colombo.
— Então é esperar o Vaz ligar.
— Porque ele ligaria?
— Aquele terreno está em meu nome, de duvidar, as matariam e ainda chamariam a policia
dizendo que as matei.
— E faremos o que agora?
— Vamos chamar gente e preparar o local, acho que terei de cuidar de 200 pessoas, e isto gera
trabalho.
Fomos preparar o local e quando as moças começam a vir, pois não sabiam para onde ir, as
recebemos, as demos local para descansarem.
Marilia me olha e fala.
— Nos deixaria morrer?
— Sabe que não, mas não precisei ficar visível.
— E o que fez?
— Coloquei a policia lá, e consegui que alguém apagasse o fogo.
Marília me olha e fala.
— Estava mesmo lá, pensei que faria diferente.
— O problema é sempre o que vão inventar agora.
Cuidei delas naquela noite, sem saber se o dia seguinte seria um dia normal. A Globo por incrível
que pareça não divulgou nada, e olha que prender uma porção de pessoas influentes e ricas, deve ter
feito em alguma delegacia, um agito e tanto.

576
Acordo cedo, sento ao escritório e pego o livro, que para muitos, era um
livro vazio, e abro ele e leio.
“Quando as leis não nos servem mais, temos de usar a força, mas nunca
esqueçam, toda força feita sobre o rei, volta-se contra o agressor.”
Estava a olhar o livro e vi Laura chegar a porta e falar.
— Meu pai está escondido desde ontem.
Eu levanto e falo.
— Calma, apenas temos de os achar.
Tinha sempre um Hons ali, e nunca entendi, parecia um vigia, ou um informante, olho a parede e
pergunto.
— Saberia onde está o doutor Vaz?
O ser surge na parede e fala.
— Detido na casa de Colombo.
— Saberia o motivo?
— Eles ofereceriam a carne e depois a noiva a Hadit.
— Estão bem?
— Hadit está lá olhando em volta, como se procurando algo.
Ainda dava tempo, então passamos na casa de Laura, ela pega o carro na garagem e dirigimos até
o sitio, o policial fez sinal que não teríamos acesso e falei.
— Quem é o responsável.
O policial aponta o secretario de segurança a ponta, ele não deixaria para outro, e este me olha e
fala.
— Perdido aqui?
— O senhor Vaz e a filha estão desaparecidos desde ontem a tarde, e alguém me falou que eles
poderiam o ter detido na casa.
O policial olha a casa ao fundo e pergunta.
— Mas reviramos tudo, não achamos nada.
— A casa tem uma adega de vinho, por traz do armário principal. – Falei.
O policial fez sinal para entrar e o secretario me pergunta.
— O que eles queriam?
— Poder, quando passa do ponto, vira seita, e seita, requer algo como medo, para se manter.
Entramos na casa e mostrei como abrir e vi o policial dar um passo para traz e falei.
— Calma, atirar não é uma boa ideia.
Hadit sai daquele local e me olha.
— Pensei que fosse um verdadeiro Rei, nem defendeu as moças.
— Não pedi a vida delas, por sinal, quem é você?
— Sabe quem sou.
— Hadit, está na forma dele, mas Hadit não deveria se manifestar ainda, não pedindo mortes.
— E porque ele mudaria?
— Ele não muda, por isto que pergunto, o que é você?
Era evidente o cheiro de medo dos policiais e Hadit fala.
— Cerca-se de medrosos e quer entender sobre a minha pessoa.
— Certo, não vim falar com você – apenas comecei a entrar e o ser começa a recuar, não sei o que
ele achava que conseguiria ali, mas vi tanto Bárbara como o senhor Vaz caído, e olho o secretario,
tocando Bárbara.
— Um paramédico.
Olho o ser e falo.
— Um dia ainda descubro a verdade.
O ser olha em volta e atravessa uma parede.
— O que era isto? – O policial.
— O ser que os senhores invocaram, para que não sei.
O médico chega, colocam os dois em macas e são levados a um hospital, e o secretario fala.
— Pior que eles tem os melhores advogados, teríamos de os deixar matar as moças para eles irem
a juízo.
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Apenas sorri e falo.
— Quem planta vida, colhe vida, quem planta ódio, colhe ódio, quem planta morte, que a colha.
O secretario me olha e fala.
— Mas a pressão está alta.
— Deixa eles gastarem com pressão, deixa eles torrarem o que não tem.
Eu saio da casa e olho o local, de baixo, muito mais assustador, chego ao local e olho o pessoal da
técnica registrando e após isto, saímos dali, indo ao hospital.
Passamos no hospital e Laura me deixa na faculdade, já quase no intervalo, eu perdera uma aula,
mas não deixaria de ir ajudar.
Quando entro no intervalo, vi que Kamila relaxou e me pergunta.
— Como está, parece que houve algo muito grande, e ninguém fala nada na imprensa, não
entendi.
— Nem eu, mas esta confusão me fez perder as primeiras aulas.
— O que falou ontem é serio?
— Qual parte?
— Vi você por os senhores para fora da sua casa, que se não o queriam como rei, que sumissem.
— Eu não sou um rei, deixar claro, sou o que eles chamam de candidato a rei, e a maioria não
entende, ainda não existe um rei, e mesmo este rei, tem de seguir as leis, mas serei rei, quando meu
primeiro filho nascer.
— E o que eles queriam com aquilo, falar para você?
— Eu sou o pobre, então eles acham que tenho de aceitar o que eles falam e ficar quieto.
— Não me pareceu pobre.
Sorri e falei olhando outros chegando a sala e falei.
— Não é lugar para este assunto.
Eu posso ser um nada, mas acredito nas leis, se eles não acreditam, que colham as escolhas, e se
alguns acham que morrer é o pior castigo, discordo.
Sinto a energia voltando para mim, aquela que tinha distribuído, sabia que parte da minha família,
atual, vinha daquelas vertentes, mas eu apenas queria uma guerra justa, sem que nos matemos para
dizer sermos fieis.
Quando naquele dia vamos ao restaurante, vi Paula toda estranha sentar a mesa e olhar em volta.
— Posso falar?
— Pode.
— Não sei se sabe o que aconteceu.
— Estava lá, visível, e ninguém me viu.
— Como assim, visível e sem ninguém lhe ver.
— Alguém tinha de apagar aquele fogo.
— Mas era um dragão negro.
— Acredito que toda vez que avançamos, ganhamos resistências, esperava resistência de Pedro
Rosa, da família Souza, não dos internos ao grupo.
— Todas estão falando que você as deixaria morrer.
— Estranho que os pais delas as entregam a morte, por medo e eu que sou o culpado por tudo.
— Mas vai manter o cronograma de fim de semana?
Pego na pasta a programação local de Rock e Paula me olha.
— Eles pensando em ganhar dinheiro, e você torrando.
— Sim, torrando.
Paula me olha e fala.
— Quanto é a entrada?
— 250.
— Vai fazer dinheiro, é isto?
— Vou ficar visível o fim de semana inteiro, a ideia é esta.
— Certo, e acha que eles se acalmam.
— Em 5 dias, vou falar com as famílias, não antes.
— Porque 5 dias.
— O que o Deus da Guerra dá, ele tira, se está sobrando para ficarem de mesquinharia, que
comecem a não ter.
578
— Vai revidar? – Paula.
— Por incrível que pareça, não preciso, mas todos falarão que revidei.
Saímos dali e fomos a casa, confirmei a montagem no Colégio Estadual e fomos para lá, verifiquei
todos os equipamentos e aquele local com entradas controladas, fazia do local outro, e obvio, teriam
pessoas que tentariam entrar de penetra, mas confirmo a segurança do local, e começo da tarde
começa a chegar as pessoas que iriam fazer o show, uma coisa era fazer um show em um clube, e pagar
pouco, outra era fazer algo especial.
Marilia estava a porta quando cheguei.
— Meu pai quer paz Bruno.
— Para mim, ele terá a paz que lhe ofereceu ontem Marilia.
— Ele falou que algo está errado, ele parece que está com medo.
— Eu não fiz nada contra eles, não é minha parte fazer, mas de mim não terão paz Marilia.
— E acharam aquela menina, Bárbara?
— Ela e o pai, estavam dopados no porão da casa em Colombo.
— E o que acha que fariam?
— Não sei.
Eu alcancei os convites para área Vips para todo pessoal e começamos a nos preparar para ir ao
show.
Quando começam os shows, estávamos chegando, um animador, chamava as pessoas, eu viera
apenas com minha mascara, e com minha guitarra, e poucos sabiam o que eu faria, mas eu ficaria fora
dos olhos por 3 dias, e sabia que dali, iriamos ao Rio de Janeiro, de avião.
Quando próximo das 10 da noite, me chamam ao palco, eu entro com a mascara e com toda a
empáfia de alguém em carreira solo, mas começo por algumas musicas que tinha na internet, depois fui
a Zarathustra, depois algumas musicas a mais, estava cantando com a guitarra, solo, e as vezes parecia
que nem interagia, mas quando terminei as 12 musicas que me propus a tocar, o apresentador volta ao
palco e anuncia, a próxima banda, pegamos o ônibus que estava na região ao fundo, 4 ônibus que nos
leva ao aeroporto e decolamos para o Rio, onde novamente vamos a algumas vans e nos hospedamos já
na região de Bangu, hotel simples, mas que nos comportaria bem.
Sábado foi show no Rio, domingo em São Paulo, e quando retornamos a Curitiba, no final de
domingo Sonia me olha e fala.
— Você parece os encantar.
Isto eu não sentia, a mascara me deixava a parte das emoções do show, o que me permitia cantar
e tocar.

579
Amanhecia Segunda, quando Sonia me abraça naquela cama imensa, e
me olha.
— Você quando os ignora, eles parecem lhe adorar.
Marilia me abraça pelas costas e fala
— As vezes queremos este Bruno, mais solto.
Não falei nada, pois estava evitando problemas, e sabia que rapidamente
se apresentariam os problemas. Me levanto, tentando não ficar parado, mas
parado da mesma forma.
Laura que não viajara chega pela manha, ela ficou a olhar pelo pai e pela irmã, ela sabia que
estava tentando me manter longe da confusão, então apenas me fala.
— Não sei o que aconteceu, mas tem gente falando que Bruno Baptista, não está deixando barato
as traições.
— O que fiz que não sei?
— Sei que não fez nada, mas tem gente falando que a prefeitura está refazendo todos os
contratos do transporte coletivo da cidade, que o gado do senhor Dias, das 6 fazendas em Londrina,
surgiram casos de uma doença que não entendi, mas que todos os criadores da região estão sendo
prejudicados por isto, parece que não deram vacina ao gado, dizem que as ações de algumas empresas
na cidade começaram a despencar, que alguns produtos foram considerados impróprios, não sei como e
quem, mas parece que todos estão se dando mal.
— Como está seu pai e sua irmã?
— Eles não lembram de ter apagado no local.
— Se precisar de algo fala Laura.
— Não entendo o que está fazendo.
— Defendendo o começo do ano, temos de nos manter.
— Certo, mas não entendo sua logica.
— Estrutura, shows, entradas, pagamos as estrutura, os shows, os organizadores e ficamos como
a sobra.
— Certo, e pelo jeito gosta das coisas encima da hora.
— Eu estava calmo, quando eles resolveram aprontar, como não sabia onde, pensei em ficar em
local visível o feriado inteiro.
— E vai me lançar mesmo?
— Sim, assim que der vamos começar a ensaiar e pensar neste show.
— E pelo jeito tem planos altos.
— As coisas não são boas quando algo fundamental entra em falência, então alguém vai ter de
assumir todo este caminho.
Estávamos conversando quando o telefone toca.
— Problemas doutor Vaz?
— As vezes estranho a lei quando se quer jogar algo sobre alguém, mas tem pedidos de
explicação sobre o que fizeram no seu terreno.
— Apenas responde com educação, que vimos o agito no terreno e chamamos a policia, temos os
três protocolos, mas somente depois de acionado o secretario de segurança, que a policia local foi ao
local, chamamos a policia, pois alguém estava usando aquele lugar indevidamente, então somente isto
sabemos sobre o que eles faziam lá.
— Vão protestar?
— E quando não protestam.
Vi Paula descer de um dos quartos e me abraçar e perguntar.
— Ainda de pé aquela ideia?
— Se não marcar para este local fica mais fácil.
— E como estão as coisas?
— Confusas e sem uma saída fácil ainda.
Vi Paula sair pela porta, ela queria mais agito, e Laura me olha.
— E vai tocar todos os dias?
— Para acalmar a alma.
— Minha irmã quer falar contigo. – Laura.
580
Será que um dia teria espaço novamente em minha vida para a pequena Bárbara, mas não me
negaria a uma conversa.
Fomos a casa de Laura e a senhora Vaz agradeceu por achar eles e entrei no quarto de Bárbara e
ela estava olhando para fora, e quando entro ela olha para mim, a muito não via aquele sorriso nos
lábios, e ela olha para Laura.
— Nos daria um momento?
Olho Bárbara que fala.
— Queria que me explicasse uma coisa Bruno.
— Lá vem bomba.
— Vê se não mente para mim.
— As vezes tentamos não mentir, mas as vezes tentamos não ofender pequena Bárbara.
— Já não sou tão pequena.
Apenas a olhei, esperando a pergunta.
— Como se atreve me trair assim, na cara dura.
— Qual das traições está pesando mais?
— Tem muitas?
— Sim, não entendo muito o que estou fazendo, estou brigando com gente que não tem
escrúpulos, a ponto de matarem gente da própria família, para se manterem em alta.
— Não desvia o assunto Bruno. – Ela seria.
— Não respondeu qual traição lhe dói mais, a que mais me dói, sei que é mesquinharia minha,
mas é não fazer o que quero.
— E não se arrepende de suas galinhadas?
— Tem de considerar pequena Bárbara, que estou aqui ainda, tem de considerar que tem gente
por menos, já está a anos luz de mim, mas sei que o que me propus, poucos aceitam, e para muitos isto
é indecente.
— E não tem como ser apenas meu mais?
— Acho que nem você quer eu apenas seu, pois isto seria você apenas minha, sei que lhe cortar
asas não vai funcionar.
— Os meninos escaparam, sabe disto.
— Sei, Lucas namora uma Bárbara, para não errar o nome, Roger se faz de afastado, mesmo com
suas amigas todas ali, provocando, e Marcio ainda se mantem querendo fazer sucesso, chamar a
atenção, de quem os tenta ignorar.
— E você os deu destaque?
— Eles querem provar que são bons, que estão ali, que continuam fazendo o que gostam, mas
parece ainda querer seguir sozinha, mas esquece, não sou apenas eu que está machucando, com esta
posição.
— E nunca falou isto?
— Entendi na primeira viagem que não daria para a por rédeas, mas quando não conseguiu a
impor em mim, você me colocou para fora, sempre falo, você tem algo de especial na voz, na postura
em palco, mas parece as vezes se deixar levar pelas facilidades, pela parte Pop da musica, não é seu
estilo.
— Mas não me deu mais espaço?
— Me coloquei num lugar que pudesse estar ali, e não um qualquer, parece as vezes querer ir por
este lado, induzi ser você, pois quem limitou a idade de quem seria apresentada ao candidato a rei e aos
demais fui eu.
— E não fala disto?
— Se nem você acredita, acha que eles acreditariam?
— E vai parar de brigar comigo? – Barbara fazendo careta.
— Guerras aceito com você, briguinhas não tem graça.
— Estou falando serio Bruno.
— Não estou brigando, sabe disto.
— Eu as vezes duvido do que fala, do que minha irmã fala, mas vi que nos tiraram a força daqui, e
não sei como resolver, meu pai parece mesmo se dando mal, querer me afastar de você.
— A pergunta que sempre fiz, o que você quer Bárbara?
— Não quer saber o que ele quer?
581
— Ele querendo me afastar, me ofereceu a você, sabe disto.
— Vi que naquele dia, nem me deu bola.
— Eu entrei em uma encrenca grande porque não a quis deixar longe, 111 moças, que nem
conheço direito.
— Nem pensou em mim.
— Sabe que antes não poderia falar, você veio me jogar isto na cara, e tentei não demonstrar que
estava num caminho ditado, e caminhos ditados, por mais que batalhemos, não conseguimos sair dele.
— E não me esqueceu?
— Eu sou um galinha, como você fala, mas você me conheceu bem menos experiente, parece um
século, e foram meses.
— E continua as dando a chance de serem suas companheiras?
— Sim, e entendo até as oferendas, eles renegam ao rei, e param de colher todas as bonanças da
energia daquela sociedade, e no lugar de mudarem de posição, tentam mudar de rei.
— E não se preocupa?
— Acho que não entendeu Bárbara, eu não fiz nada para estar nesta posição, eu faço algo que
não deveria dar nada, como este evento, que resolvi fazer na Quinta feira, montamos em 3 capitais
palcos, colocamos para fazer shows, por 5 dias, e sem um me esforçar, vai entrar 12 milhões na conta,
eles pensam que é provocação, para mim, uma confirmação, ainda sou o ser que está no caminho para
ser rei.
— E ninguém entende, você faz sem esforço e ganha milhões, meu pai não entende, pensou em ir
a este grupo, pois dizem que eles evoluíam e apoiavam a evolução do grupo, mas parece que apenas era
uma forma de atrair pessoas, não entendo toda esta animosidade deles. – Bárbara.
— Acho que eles a muito deixaram de evoluir por energias do grupo, e ficaram apenas nas
aventuras sexuais, e imposições, para se dizerem grandes.
— E como ficamos? – Bárbara.
— Se não me engano, da ultima vez, perguntei se faria esforço para estar ao meu lado, e disse
que não me queria.
— Eu as vezes minto para mim, sabe disto.
— Não sei, e sei que com o tempo vai ficar pior.
— Não vai parar pelo jeito?
— Não, mas como está seu pai?
— Ele ainda está contra você.
— Ele não entendeu, você ao meu lado, vamos evoluir, você longe, não adianta ele tentar algo,
não vai dar o mesmo resultado.
— Convencido. – Barbara fazendo careta.
Sorri e falei.
— Convencido, galinha, autoritário, mas que queria você ao meu lado Bárbara.
— E vai sair correndo?
— Daqui a pouco, vamos sair daqui.
— Porque?
— Aqui não dá para fazer o que quero.
— O que quer fazer, que aqui não dá?
— Sexo gritando.
— Safado.
— Quem dera, mas como falei, fiquei com uma responsabilidade, 111 moças, e daqui a pouco,
tenho de autorizar mais uma corte, depois quero ensaiar um pouco, começar a fechar duas ideias, quem
sabe três.
— Vai me produzir?
— Assim que seu pai me passar a sua direção e responsabilidade, pois não vou começar fazer de
novo, e você sumir depois.
— Vai me prender em um contrato?
— Somente a parte artística.
— E vai me impor aquela corte que minha irmã montou?
— Posso ter de arcar com a responsabilidade sobre algumas moças a mais, pois algumas famílias
foram aceitas, mas parece que 10 famílias, estão fazendo força para sair da organização.
582
— E não se negaria a isto?
— Sei que teremos guerras por isto Bárbara, mas prefiro você me xingando a longe de mim.
— E vai me levar junto?
— As vezes as pessoas tem de entender Bárbara, todas querem um cargo, eu quero uma
companheira, talvez 100 delas, mas ser companheira não é um cargo, é um sentimento.
— E não vai negar isto?
— Não.
— E se não aceitar assim.
— Vai me por para correr de volta?
Ela me olha, ela não queria brigar e falo.
— Sei que é estranho, mas dizia uma poeta brasileira, que mal é que a moral nos reja, bom é que
ninguém nos veja, e entre os dois pontos, fica viver.
— E se não quiser assim?
— Vai me querer apenas como empresário, acho que vai ser dolorido.
— Não disse que quero você como empresário.
— Verdade, tem uma produtora que a produziria, eu sou apenas o dono que não pode assinar
porque sou de menor.
— As vezes fico na duvida de como aceitar isto.
Eu puxei uma cadeira e sentei a frente dela, que estava sentada a cama e falo.
— Sabe como me aceitar, mas entendo, tem duvidas.
— E não se negará a continuar galinhando.
— Queria você ali, para me ajudar, para falar onde exagero, ali para você sentir-se você, não o
que seu pai aceita, ajudar seus amigos a se acharem, suas amigas, você largou tudo, se eu assumi parte,
não era minha intensão.
— E as levou todas a cama?
— Se levei e quem levei, só vai saber se estiver lá comigo.
— Não vai confessar suas puladinhas.
— Quem dera fossem puladinhas, foram senhores saltos.
— E porque me quer ali?
— Ainda quero lhe ver crescer, evoluir, ser alguém, seria melhor com você ao lado, mas sempre
digo, a escolha é sua.
Minhas mãos estavam sobre minhas pernas, estava meio arcado a frente, não sei, aquela menina
parecia um caminho que se tivesse me mantido, não teria me metido em tanta encrenca, ou talvez
tivesse morrido feliz.
Ela segura minhas mãos e fala aproximando a cabeça.
— Sei que sou sua Bruno, mas não gosto do que está se tornando, sei que quero pular fora
sempre, mas você nem nega as suas puladas de cerca, e não sei, queria entender o que pensa, e não sei,
ainda acho que vou sobrar no fim.
Vejo os lábios dela chegarem perto e me beijarem, acho que poucas pessoas me tinham como
esta menina, e poucas pessoas, conversavam sobre isto.
Ela afasta os lábios e me olha, uma lagrima aos olhos e fala.
— Sei que não me entende.
— Lhe faço mal pelo jeito. – Falei.
— Não é isto, você é algo que tenho de aprender, desapegar para amar, eu sou possessiva, e
estrago as coisas assim.
— Não entendi mesmo.
— E quer tentar entender?
— Estou aqui para isto, lembra?
— Você parece mesmo aqui, isto que estranho, quando me olha aos olhos, não pensa em sair,
mas sempre pronto a isto, mas você me fez lembrar do quando sou cruel quando sonho, eu não sei
largar ou dar independência.
— Os sonhos são para aprendermos a ser melhores Bárbara.
— Me ajudaria a peregrinar no meu reino?
— Se no fim não me mandar embora.
— Porque lhe mandaria embora?
583
— Porque você quer tudo apenas para você, e não sei, eu quero tudo para mim, sei que minha
posição ainda é cômoda, não obrigatória, mas me põem sempre no mesmo caminho que você, e se cada
um caminhar se distanciando, um dia não teremos como voltar, se os dois caminharem, mesmo
enfrentando desavenças, mas no mesmo sentido, será apenas esticar a mão, para nos unir.
— Mas me ajudaria, sei que não sou de pedir coisas.
— Me quer como seu rei no reino dos Bárbaros?
— Sim. – Ela me beija e a olho aos olhos, o quarto se torna o grande castelo, ela estava detida ali,
mas ela mandava as coisas, e os súditos a obedeciam.
Eu olho em volta e falo.
— Deixa eu peregrinar.
— E acha que consegue vencer o desafio?
— Você ainda me vê como sou, e somente você me verá assim.
Eu chego a janela e sinto as asas, e as bato, voando para cima, eu paro sobre o grande espinheiro,
que cercava os dragões, e seguro com as garras ele e bato as asas, forte, e deixo aquele espinhal na
fronteiro de entrada do reino.
Eu volto ao local e vi a grande fêmea a proteger os ovos e ela fala.
“Eles não tem vida.”
— Calma, eles sem vida, é abrir caminho para novas pessoas sonharem, e interagirem neste
mundo.
A grande dragão, olha em volta e se via os desfiladeiros voltando, como se as pessoas voltassem a
sentir aquele local, e ele fosse ressurgindo.
“O reino dos Bárbaros voltando, a muito não sonhava com ele”
— Apenas mantem a calma, a rainha ainda não me aceitou.
“Vai ao desafio?”
— Sim, mas eu sou pela evolução, não pela derrocada de uma extinção.
“Não entendi!”
— Com calma vamos ao desafio Grande Mar.
Não expliquei, aquele dragão com a pele bem próxima do azul escuro, era o símbolo local do
poder das aguas, com toda a sua divergência, ausência, morte, quantidade certa, vida, excesso morte
novamente.
Eu controlo meu voo e paro ao caminho que dava a vila central, a do castelo, este se via de longe,
e caminhando por aquele caminho, vi um grupo de assaltantes, eles mal voltaram e já estavam
aprontando, um deles me aponta uma adaga e fala.
— Passa tudo camponês.
Eu não sabia como ele me olhava, mas eu não tinha nada ali, e falo.
— Camponês só tem sementes.
— Então me passa de uma vez.
Eu pego do bolso uma semente e estico para o senhor, ele ficou furioso, mas pega a semente e
joga ao chão e fala.
— Um engraçadinho.
— Vamos mostrar para este nada que tem de nos respeitar.
— Ladrões querendo respeito? – Perguntei.
Sinto a semente ao chão e aquela semente vai enraizando, enquanto eles me olhavam, um olha
mais bravo e fala.
— Agora nos ofendeu.
Eu sinto agora a planta, estranho pensar e ela me obedecer, olhei os 5 rapazes e pensei em 5
cipós espinhentos correndo ao chão e prendendo as pernas dos 5 rapazes e dou um passo para traz,
para eles tentarem avançar e vi a dor no primeiro olho, o rapaz se abaixa e tenta cortar com a adaga, e
outro cipó, enrola na sua mão, o deixando abaixado e preso por um pé e por uma mão, os rapazes
tentam se livrar e vejo os cipós os cercarem e falo.
— Quando oferecer uma semente boa no futuro, não desdenhe.
A pequena planta, fez 5 casulos, os prendendo pés e mãos e começa a florir e falo saindo.
— Deixa eu caminhar um pouco mais.
Estava me afastando quando um deles falou.
— Não pode nos abandonar aqui.
584
— Calma, eu volto, mas espero respeito na volta.
— Mas o que fazemos.
— Durmam, e amanha, compareçam em vida a uma reunião, no antigo Pinheirão, mas respeito, lá
estará a rainha, ela não é tão compreensiva.
Me afastei e ouvi um ultimo falar.
— Fomos assaltar um representante da Rainha Bárbara.
Em cada uma das 72 vilas, foi um desafio, basicamente uma historia a parte, mas que me foi
mostrando o que aquela terra me provia, e ali, todos me chamaram de Camponês, então era como eles
me viam.
Aquele caminho, era em circulo, girando os 72 reinos, estranho achar templos religiosos
abandonados, dos adoradores dos Dragões, as sedes dos condados, a toda volta, pessoas que não
pareciam ter coragem de dizer onde os Condes estavam, exércitos da rainha, mas que pareciam mais
saqueadores, ladrões por toda parte, um povo explorado e triste, os atalhos estavam interrompidos,
então teria de passar por todo reino para chegar ao centro dele e depois de uma caminhada demorada,
chego a entrada do castelo, e vi aquelas imensas aranhas, todos chamavam de Ami, diziam ser um
enfrentamento de inteligência, mas que a maioria acabava as vencendo na força.
Paro a frente do grande ser, uma aranha, mais de dois metros de atura, elas cercavam o castelo, o
povo ficava ao longe e na vila a volta, e para dentro do castelo, se via os muros altos, lisos, a volta do
muro, um posso, com imensos crocodilos, se as aranhas eram grandes, aqueles crocodilos eram
imensos, e aquela ponte recolhida.
A grande aranha para a minha frente e faz um som, estranho entender aquele som que não
parecia uma voz, mas um som.
“O que quer Camponês!”
— Desafiar a prova de Conquista.
A aranha olha as demais e parece um sorriso aquilo, mas era um desdém e me olha.
“Um camponês querendo ser Rei!”
— Reinar é fácil, tornar tudo que nos cerca, em algo bom, para todos, bem mais difícil, mas me
permitiria passar?
“Teria duas formas de o fazer, pela Inteligência, ou pela força!”
— Começamos pela inteligência.
“Só pode escolher uma delas.”
— Já escolhi. – Falei olhando a grande aranha, ela iria me fazer três perguntas, das quais não
poderia errar, para me dar acesso.
Ela começou pelo nome dos 72 vilarejos, por ordem alfabética, tive de pensar, e narrei os 72
nomes. Depois ela me perguntou a idade da Princesa, e perguntei se a resposta era referente a idade
dela naquele mundo ou no mundo de origem, o dos humanos. Elas se comunicavam entre elas com
aquele som estranho e quando respondo, com anos, dias, e horas, o ser me olha diferente.
Por fim a pergunta pegadinha, O que era mais forte, a água ou a rocha, e a pegadinha era a
quantidade e tempo, pois se fosse analisar um copo de cada, a rocha venceria, mas com tempo e
quantidade, a agua venceria.
Vi uma Ami vir do fundo e falar.
“Mas não passara sem o enfrentamento físico!”
Era a maior das Ami, e apenas a olhei, tinha escolhido um caminho, e apenas falo.
— Certo, mas deixar claro, quero enfrentar apenas uma, a mais forte, pois não quero o fim da
Ami, quero vocês como parte do reino, a segurança, se os demais reinos não as aceitar, as aceitaremos
nos nossos exércitos.
“E fará isto como?”
— Sendo o rei deste reino.
“Um camponês atrevido.” – Fala a maior delas, parecia imensa, ela se posta a frente, e apenas
pego a adaga na cintura, e pela primeira vez, vi que o povo chegava mais perto.
— Em que regra se estabelece o vencer?
“Na sua morte!” – O ser.
Olhei as demais e falo.
— Algo que não seja a morte do Ami a frente?
“ Não a atravessando a cabeça, ela se recupera, mas teria de ser mais que você para o fazer.”
585
Neste momento até os soldados sobre as torres do castelo já olhavam.
A grande aranha parecia ter a certeza da vitória, eu não teria a certeza, mas tentaria, eu não
sonhava com aquele mundo.
Eu apenas peguei a adaga, e me postei, as demais ficam a volta, a aranha começou por ejetar uma
espécie de veneno, a mascara surge rápido e some com a mesma rapidez, protegendo minha vista, sinto
a adaga e ela se torna uma espada brilhosa, e avanço rápido, duas patas cortadas, e me posto no
mesmo ponto novamente, e vi a confiança do ser já não tão grande, senti ela avançar e tentar me
acertar.
Corto mais duas patas e ela já estava capenga, sinto a energia e avanço para terminar o serviço, e
corto as outras 4 patas e vejo o povo ao fundo vibrar e pedir a morte da aranha e olho as demais e falo.
— Respeitariam um novo rei, com regras? – A espada estava a mão, e eu sobre o que sobrou do
ser e as demais olham descrentes e uma fala.
— Pelo jeito não tem medo de uma Guerra.
— Quem tem medo de uma Guerra, não deveria estar ou ficar neste reino.
— Terá nosso respeito. – Uma das Ami, a olho e pergunto.
— Quem as comanda.
— Hect a seu dispor. – Uma senhora aranha, com todas a marcas de muitas batalhas.
— Então vamos primeiro libertar a princesa, depois, organizar as coisas.
Eu chego a frente do castelo e vi um rapaz olhar de cima e falar.
— O conselho não autoriza o descer da ponte?
Olho para trás e vi o grande Dragão azul se erguer e me olhar e falar.
“O conselho não pode negar a um camponês a “Prova da Conquista”.
O soldado não se mexeu, então apenas olho os demais e falo.
— Pelas regras do reinado dos Bárbaros, peço direito a Prova da Conquista!
Eu lanço a espada e esta passou nos dois sentidos nas correntes que prendiam a ponte junto ao
castelo, e as duas correntes estouram, e se ouviu a ponte vir com tudo e acertar o chão, a espada me
volta a mão e começo a entrar.
Os guardas começam a se postar a entrada do castelo, pareciam com medo, e as minhas costas
vinha o dragão Azul, olho aqueles soldados e um fala alto.
— Parado.
— Quem os comanda?
— Princesa Bárbara.
— Então peço para falar com ela.
— Ela não recebe servos.
— Não sou um servo, sou apenas um pretendente.
— O conselho não deixa Camponeses pretenderem a princesa.
— Baseado em que lei.
— Eles são os mais velhos.
— Quantos para dentro do castelo, tem menos de 16 primaveras?
— Porque quer saber?
— Pois se para ser ouvido, terei de matar todos os mais velhos que eu, até você, apenas não me
culpem, pelas consequências.
— Acha-se engraçado?
A minha frente, havia o portão de acesso, fechado, forjado em ferro, eu apenas baforo, e o portão
foi congelando, e quando bato com o pé no portão ele se desfez e olho o rapaz e falo.
— Não acho graça, num velho não permitir que exista um rei, pois ele é um covarde, para
enfrentar um desafio, estes, deveriam ser expulsos do reino dos Bárbaros.
Os rapazes se armaram, e nem vi de onde veio uma flecha, ela bate em minha capa, caindo ao
chão, por baixo dela, se fez a proteção, e pergunto novamente.
— Quem os comanda soldado?
— Não tem permissão de entrar. – Um senhor.
— Pelo pouco que entendo, pedi aos ares direito a prova da conquista, nem o portão e nem o
gradeado do castelo me deteve, quem é o senhor para ser mais importante que uma ponte de proteção
e seu gradeado.
— Sou um representante do povo, que comanda o castelo.
586
— Representa os 72 vilarejos, duvido.
— Não se faça de desentendido, comando para dentro do castelo.
— Mas o reino é bem maior que isto.
— Não me interessa o resto.
— Então posso tomar para mim, todo resto, já que não os representa?
— O exercito vai me trazer o que queremos?
— Pensei que eram pessoas dignas, talvez concorde com manter escravos, pois pessoas como o
senhor, não tem utilidade além da servidão forçada.
O soldado viu que eu não recuei, e fala.
— Tem de se retirar.
Me abaixei e a volta de todo castelo começa a crescer um grande erva trepadeira, o senhor me
olhava, ele não olhava as muralhas, naquele corredor, olho a dragão Mar as minhas costas e falo.
— Evita criar ódios, onde não precisamos de ódio.
A grande dragão bate as asas, se erguendo e olhando em volta, olho o senhor e falo.
— Vou perguntar pela ultima vez, para não dizer, que não fui educado, vai me recusar a prova da
conquista?
— És um camponês, não fale absurdo.
— Sei plantar e sobreviver, o senhor, o que sabe, apenas defecar?
— Acha que vou mudar de ideia, não terá a chance.
Olho ao fundo, Hect e falo.
— Pode invadir, mas sem mortes.
O senhor me olha assustado, e as aranhas a toda volta, subiram pelas paredes do castelo e foram
entrando e desarmando as pessoas, quando Hect surge as costas do senhor, eu olho para ele e falo.
— Deixa eu conhecer minha rainha.
— Não permito.
— Não preciso mais ouvir o senhor, pois sabe as leis, as paredes do castelo deram acesso as Ami,
então mentias, e não espere compreensão minha, a partir de agora.
Eu estava ainda na posição de camponês, e vou entrando, os soldados, já encostados nas paredes
do castelo, para dentro, muitos escravos, muitos servos, mas todos muito magros, olho a torre e acho os
olhos de Bárbara que sorri, toco o chão e sinto o castelo, não esqueçam, é um sonho, então ali é o que
acredita que acontece, mas alguns parecem nem em sonho acreditarem em si.
Os caminhos estavam com muitos servos, muitos escravos, e estranho, o corredor passa por uma
porção de celas, até ouvi o sorriso do senhor, que fecha e olha os soldados.
— Me livrem destas Amis.
Olhando as celas, acabara de achar onde foram parar os Condes e o Bispo local, e todos os
pregadores, mais pessoas a volta e olho o Bispo e pergunto.
— A muito presos aqui?
— Desde o dia do escolher da princesa.
— Calma, já colocamos este falso dirigente para correr.
— Não entendeu que está preso? – Um senhor com suas vestes caras, mas sujas, todos ali
estavam magros demais.
Toco o chão e os senhores viram as grades de divisão sumirem, e começo a caminhar no sentido
da torre, chego a uma porta, com entrada lateral, para levarem comida a princesa, mas eu apenas a toco
e o castelo, surge em minha mente, e entendi que quem não sentisse o meio, não sentiria aquele
castelo, e senti o castelo passar por mim, crescendo e se formando aquela escada, ali tinha apenas uma
corda para prenderem algo que subiria a princesa.
Agora uma escada surgia girando em torno daquela torre, e com ela todos os andares para cima
do castelo, e subo, os senhores pareciam olhar em volta, pareciam me perguntar o que estava
acontecendo, chego a porta do quarto de Bárbara e apenas bato nela, a mesma abre e me olha.
— Um pretendente?
— Princesa Bárbara, aceita este ser como seu rei?
Os senhores que até aquele momento pareciam não entender, deveriam estar a muito presos
naquele lugar, isto afasta até eles de querer sonhar, sei que poderia estar comprando uma guerra, em
alguns bairros, mas eu não seguia por uma caminho pensado, quando eu pensava muito, ele desandava,
precisava seguir o caminho assim, aquele caminho que se apresenta enquanto andamos.
587
— Um pretendente depois de anos, se chegou a mim, se meu castelo o reconhece como meu rei,
aceito.
O Bispo que ouvia isto as costas fala.
— Então temos uma rainha, viva a nova rainha.
Ele sobe um pouco mais, e tocou um grande sino, não sei o que os demais pensaram, mas
começamos a descer.
Quando chego a porta, os soldados me apontam as espadas e o senhor fala.
— Não aceitamos um camponês como rei.
Naquele momento vi dragões negros chegarem ao local e olhei para a Bruxa Lau sobre o maior
dragão e olhar o senhor.
— Quem se atreveu a tocar o sino de novo reinado.
O bispo olha a Bruxa e fala.
— Suas terras não são a deste reino.
— Apenas quero cumprimentar a nova rainha, mas quem o tocou?
— Eu? – O Bispo me olhando.
— E quem gritava ali ao fundo? – Bruxa Lau.
O bispo olha o senhor e fala.
— Um falso nobre, que comprou o exercito local, para nos deter. – Bispo.
As Ami chegavam perto e o senhor olha elas e olha o exercito.
— Vão se amedrontar por algo simples como uma Ami e poucos dragões?
O medo estava nos olhos dos guardas, mas eu aperto a mão de Bárbara e falo olhando a Bruxa e
olho para os fundos, olho aquela senhora e falo.
— Deve ser a Bruxa Lana.
— Vejo que um ser de força surge e veio tirar minha filha da torre, libertar os Condados, e ainda
parece na dúvida.
— Eu caminho andando, mas as posições precisam ser reestabelecidas, e sei que um reino precisa
de sua bruxa, precisa de seus dragões, sou pelo acordo com as Ami, para serem nossos exércitos, mas
minha visão de mundo, não fica restrita.
— Como assim, não fica restrita?
— Acho que todos nós, podemos nos apoiar em Curitiba, e poucos lá saberiam daqui, mas os
daqui, saberiam de lá.
— Uma união de ideias?
— Uma associação que somente os internos entenderiam.
Bárbara me olhava e olha a senhora, naquele mundo, a mãe dela, e fala.
— Faz falta mãe.
— Achou um companheiro nestas terras que pelo jeito a quer conhece fora daqui.
— Ele se propôs a entrar neste mundo para isto mãe, eu tento fugir dele lá.
— Ele tem sua idade?
— Dois anos a mais mãe, ainda uma criança como eu.
— E seu pai, pelo jeito aprontando.
— Nos colocando em confusão, e pelo jeito, ele quer fazer algo maior.
Bruxa Lau olhava do lado de fora e apenas falo.
— Acabamos de soltar a Bruxa Lana, presa por este que prefere ver as pessoas com fome, mas
estamos ainda acertando detalhes, assim que colocarmos ordem na casa, mandamos um representante
a Nork.
Não sei se Laura me reconheceu nesta forma, mas olho Bárbara e falo.
— Povo dos Bárbaros, lhes apresento sua rainha, Rainha Bárbara.
O senhor foi falar algo e apenas uma aranha joga sua teia e o puxa para cima, ele olha assustado e
falo olhando os soldados.
— Quem devolver todo dinheiro recebido do senhor, terá sua pena de traição em 10 anos de
servidão ao reino, quem não o devolver, passaram a ser escravo do reino, e temos muitas terras a
plantar.
Olhei a senhora chegar a frente e falar.
— Que o eterno receba a nova rainha, o novo rei e que a força do reino, volte a ser dos dragões,
seus pregadores, seus campos, seus guerreiros, através do Rei e Rainha do reino.
588
Senti os dragões negros se afastarem e vi a Grande Dragão Mar, chegar e se postar a frente da
senhora, e olhar para mim e para Bárbara e fala.
“Que a energia volte ao reino!”
Todos sentem aquela energia passar por todos, as vestes mudando, as coisas indo a situação de
novas novamente, não via além da minha vista, mas aquilo foi até as divisas do reino, e todos os Condes,
foram levados a condição de condes novamente, e saem no sentido de seus Condados, com as novas, e
depois da prisão do senhor, de algumas pessoas que foram parte daquele tomar do reino, as pessoas
pareciam mais felizes, senti eles e olhei Bárbara e falei.
— Marca com eles amanha, no Tarumã.
— Quer mesmo?
— Sim.
Senti ela falando com todos, não entendia isto, mas ela fazia mais parte daquilo que eu, subirmos
ao quarto dela, e sentamos a cama, nos demos as mãos e ressurgimos na cama dela.
Olhando para fora, ainda estávamos pela manha, olho o relógio, e não tinha passado uma hora,
do momento que fomos e voltamos, a mãe dela chega a porta e fala.
— Se comportem.
Sorri e olhei para Bárbara.
— Vamos ensaiar hoje?
— Quer voltar a me dirigir?
— Pela vida Bárbara, pela vida inteira.
— E quer marcar aqui?
— Ali na região dos teatros.
— E o que vamos ensaiar?
— Ensaiar um pouco, vou cantar a noite.
— Resolveu aparecer um pouco.
— Ninguém me viu ainda.
Ela me beija e saímos da cama, passamos a sala, a senhora estava falando com alguém no
telefone, falei com Laura, que iriamos ensaiar as 2 da tarde, e saímos dali.
Ter uma casa no mesmo local, com um quarto que cabe eu e meu ego, facilita estas coisas, mas
agora sabia que teria mais resistências, eu amplio o leque e depois fico pensando que exagerei, sim,
estava ampliando o problema, e as soluções, então ainda estava com as coisas andando.
Sei que tomei um banho perto da uma, eu e Bárbara descemos e fomos a região dos teatros, lá
encontramos algumas pessoas, começamos a ensaiar, e quando próximo das oito da noite, passo em
casa, troco de roupa, pego a mascara e saio com as moças, via a cara de contrariada de Bárbara, mas eu
não abandonaria tudo, não acho que consiga abandonar tudo agora.
Estranhei a Globo transmitindo, mas sabia que o evento era apoiado, eu que não era, mas quando
chegou minha vez, eu convidei os Clementes para acompanhar, e depois Bárbara, e por fim as Inglesas,
se a organização esperava um show normal, aquele eu achei especial, quando saímos do palco, para o
próximo show continuar, vi o diretor do projeto me olhar e falar.
— Uma surpresa que muitos não esperavam, mas que duvido que alguém reclame.
— Bom que gostou.
Vi o pessoal animado receber os demais mais quente, e abraço Marilia que fala.
— Vai trazer a pequena Bárbara para dentro?
— Eu deveria sabe largar as coisas, mas sou teimoso.
— E a dedicou uma tarde?
— Ciúmes, estou perdido.
Marilia me abraça e Sonia para a frente e fala.
— Não vale nos trocar.
— Tenho planos imensos para este ano, e em nenhum, está largar algo.
— Mas...
— Vamos começar a estruturar alguns shows, e sei que algo está mudando.
— Não entendi.
— Quando se colhe guerras, se ganha ou perde, mas sempre se colhe algo.
— E pelo jeito quer uma senhora guerra. – Sonia com olhar malicioso.
Apenas a abracei e olhei Bárbara voltando do banheiro e ela me fala.
589
— Vai ser difícil ver você com elas.
— Já falou com os rapazes?
— Sabe que ainda não.
— Aproveita, seu pai amanha está de pé de novo, então se entendam, pois é muita confusão para
acabar com uma amizade de infância.
— E não vai ter ciúmes? – Bárbara.
— Sei que tenho, e não conto para ninguém.
Marilia me olha e fala.
— Ciúmes só dela?
— Não falei isto.
Sonia sorri ao lado e fala.
— E fica nos mandando achar companheiros?
— Quando falo isto, talvez queira o inverso.
Assistimos o show e voltamos ao teatro e as moças foram para casa e Laura que nos acompanhou
fala.
— Vou descansar, esta noite foi cansativa.
Laura e Bárbara saem e olho Paulo voltando da distribuição de comida, pergunto como foram as
coisas, conversa rápida e vejo minha mãe a frente e pergunto.
— Quer conversar mãe?
— Sim, meu filho apareceu na Globo e não entendi.
— Apareci?
— Aquelas inserções locais, no intervalo de dois desfiles do Rio de Janeiro.
— Apenas defendendo os recursos do ano mãe.
— Você tem colocado tanta gente para dentro da sua vida, que já não entendi metade dos
problemas que criou.
— Quando me acomodar, acho que estarei velhinho.
— E acha que a Globo quer o que entre tantos, destacando você?
— Ainda não sei receber elogios, e deles, fico pensando na armação após.
Fui descansar, também estava pregado.

590
Acordo com o telefone, Marilia se cobre ao lado e atendo, sentando-me a
cama.
— Podemos falar Bruno?
— Fala doutro Vaz.
— Desculpa perturbar no feriado, mas fez algo ontem?
— O que tenho feito, tentado ficar em local com muita gente.
— Minha tia me ligou e falou que seu marido não aparece em casa a mais
de 3 dias, e que ele parecia com medo quando saiu da ultima vez de casa.
— Medo de que?
— Sabemos que ele estava pressionando todos os parentes para tirarem as acusações, mas
parece que ele foi prometendo coisas que não teria como cumprir.
— E o que tenho haver com isto?
— Saberia se ele estava naquela reunião em Colombo?
— Estavam todos de mascara, e pelo que sei, a policia prendeu todos os que lá estavam, mas
todos que vi lá, eram parte de 10 famílias antigas, que estão nisto a muito tempo Doutor.
— Alguns falam que deve dinheiro a eles.
— Eu não considero que devo, eles não foram obrigados a doar, e todas as doações, não foram
registradas, eu nem recebi pessoalmente, para não terem eu recebendo, então acho que não vai dar
nada, mas pode me ligar, apenas tenho dormido demais.
— Sabe se meu tio está melhor?
— Bárbara estava bem, ele ainda estava descansando ontem.
— Certo, qualquer coisa lhe ligo.
Desligo o telefone e vejo uma mensagem de Bárbara e apenas respondo.
“Tarumã as 11 da manha!”
A reunião pela manha, no que estava se tornando o espaço Pinheirão de Shows, deu para reunir
todas as pessoas, que faziam parte do Reino dos Bárbaros, alguns estavam pensando em conhecer
pessoas, eu estava pensando em estabelecer um grupo forte, nos 72 bairros da cidade, com todos os
compromissos, de que os membros daquele reino, fariam um deposito para a Rainha, mensalmente, os
que não tinham como pagar, estabeleceríamos horas de trabalho voluntario, para as organizações que
fariam parte do grupo, e naquele dia, distribuímos uma camiseta e um broche, para os membros, e pela
primeira vez tinha noção do que fora aquela interação, mais de 32 mil pessoas, distribuídas nos 72
bairros da cidade, gente de todas as camadas culturais e econômicas.
Alguns condados, com poucas pessoas, algumas famílias com mais pessoas, mas na media, de 44
famílias por condados, com 10 membros por família, e obvio o chamar de cada família, dos mais
próximos para o grupo, faria crescer o grupo, mas estranho que a ideia foi aceita, sei que as receitas
começariam a entrar semana que vem, estabelecemos que criaríamos uma conta, e com este dinheiro,
que todos pagavam, apoiaríamos o grupo.
Um grupo começado diferente, sem imposições de cargos, e sim de apoio, estranho que quando
estávamos encerrando, sentia a energia crescer naquele grupo, as vezes as coisas parecem caminhar por
um bom caminho, e ali era um caminho que me parecia bem mais leve.
Quando voltamos ao Agua Verde, vi o senhor Vaz, pai de Bárbara estava a nos esperar, não sei o
que ele pensara, mas era obvio, a fofoca sempre corria.
— Já passeando com minha filha?
— Temos de conversar senhor.
— Vejo que não se prende aqueles que tentam lhe sacanear.
— Eles me deram uma autorização de saída, mas poucos ainda aderiram aos senhores mais sem
senso comum que conheço.
— E o que estavam fazendo?
— Estava falando com sua filha, que a cidade é grande, que as vezes 72 negócios entrando pouco,
é mais do que um ganhando muito.
— 72 negócios?
— Ideias a implementar.
— E teria como implementar algo?

591
— Como falei senhor, hora de me deixar tocar a parte financeira de Bárbara, e se precisa de
recursos, fala.
— Vai a fazer ganhar dinheiro, ela é meio folgada.
— Eu a empurro quando ela empacar.
— Acha que consegue com os gastos dela?
— Acho que se o que pensamos hoje der resultado, a partir do mês que vem, ela tem como se
virar, mas tem de trabalhar de vez em quando.
— E quando estão pensando em carnaval está pensando em trabalhar? – O senhor me olhando.
— Senhor, eu ainda tenho de tocar hoje e amanha, para terminar o que combinei, e não posso
reclamar dos ganhos.
— E pensando em algo exato, ou apenas mais uma ideia que vai construir.
— Quero parar nos fins de semana, e conseguir ensaiar, 12 shows. O local permite que isto
aconteça, 20 musicas por show, ou mais de 240 musicas que vamos ensaiar, mas como falo, lançamos
240 tentando acertar 12, uma por grupo, as vezes levamos sorte e acertamos mais de uma.
— Uma fabrica de musicas? – O senhor.
— O criar manual de cada musica, artística, cultural, montando todo o complexo de sons,
cenografia, dança e musica.
— Vai inventar mais um show.
— Vou fazer minha pequena parte, que podem até não ver, mas eu sou por fazer e depois de
visto, pensar, dá para vender, quem poderia comprar isto?
— Dizem que você gasta demais.
— Dizem que gasto o que não tenho.
— Certo, aos poucos tem mais da metade de uma quadra nobre da cidade, estão falando que o
que está montando no Pinheirão, é outra obra como esta.
— As vezes, as pessoas deveriam trabalhar mais e falar menos dos outros.
— Vai negar que lá é maior que aqui?
— Diferente, lá é para promover festas para 120 mil pessoas.
— Certo, um local para fazer o que quer, mesmo muitos achando um exagero.
— Sou exagerado. Mas a ideia é simples, montar um local, onde possa cobrar 30 reais em
ingresso, e ter lucro, mas em especiais, cobrar 300 e não reclamar da vida.
Vi pai e filha saírem, e olhei as horas, mais uma moça deveria chegar em minutos, esta coisa de
conhecer uma todo dia, era algo que acabava por pesar, mas eu não parei para pensar.
Eu entro e olho minha mãe a entrada e pergunto.
— Problemas?
— Não entendi, gente querendo paz, mas não parece ter vindo de uma guerra.
— Mãe, eu as vezes exagero, mas se confirmarem as entradas da semana que vem, vou
desenvolver minha segunda área de produção.
— Segunda?
— A primeira estão construindo na entrada de Colombo, agora pretendo ter uma na saída para
Pinhais, e uma no Alto Boqueirão.
— Qual a ideia filho?
— Ter minha fabrica de injetáveis, minha fabrica de cenários, minha fabrica de equipamentos de
som, uma empresa de editoração de livros, uma empresa de marcenaria, em três pontos, hotéis, em
três pontos, colégio, mas ainda pensando mãe.
— Quer bater eles todos aos 16.
— Quero os empurrar para frente, mas parece que eles querem ganhar parados, eu quero uma
sociedade melhor, eles uma sociedade dependente deles.
Minha mãe entrou e fui a casa de 50 quartos, as vezes teria de criar uma designação para aquela
casa, para a chamar, estava lá mais uma menina, e seria isto por alguns meses ainda.
As vezes conhecer as pessoas, estabelece o caminho, mas eu realmente não sabia como me
portar as vezes.
As meninas saíram e fui ao escritório, e com autorização de controle da produtora de vídeo que
eu acabei criando, e que estava em nome de minha mãe, eu começo a controlar os conteúdos do canal
de Bárbara, e estabeleço as conta de entrada de capital, e começo a pensar no que se colocaria ali, e
nem eu sei exatamente o caminho que tomaria.
592
Anotei algumas coisas, e começo a verificar junto ao governo do estado o uso de um novo
terreno, eu queria fazer as estruturas próximas, uma ideia carregar outras, e começo a pensar no que se
tornaria o projeto do Tarumã, e passo o prospecto inicial para Roseli.

Não sei que horas ela olharia aquilo, mas era apenas pequenos adendos, que tomavam um
espaço imenso e requeria capital para criar e construir, e por em funcionamento.
Mas a ideia de colocar 14 pequenas empresas, a produzir era ter um departamento para vendas e
já ter produtos, e uma coisa era ter 14 empresas, que produziriam em media 20 produtos, o que daria
para começar a ter um catalogo de produtos. Se estabelecesse isto em dois pontos, seriam 28 empresas,
560 produtos, um desafio a deixar todas elas no positivo, mas ainda estava pensando nas primeiras 28,
as ideias, tendiam a querer mais, primeiro objetivo, dobrar isto, mas as vezes, eu tinha de manter a
calma, e nem sempre isto funcionava.
Depois de um tempo, fui a região do Colégio Estadual, mais um show, as vezes achava que estava
exagerando, as vezes, que eles poderiam ter se dedicado mais, para não ter de repetir shows, mas
entendo que a ideia, era bem menor, sim, pensando bem, a culpa foi minha mesmo.
Próximo da meia noite, eles já tinham fechado tudo, quando pego um aplicativo para casa, as
vezes, achava que teria de aprender a dividir minha vida com alguém, isto fazia eu mesmo sabendo que
tinham pessoas me esperando, meio solitário.
Dois dias a mais de shows, e teria de voltar a minha vida corrida.

593
A quinta feira chega, e me vem alguns dados que teria de pensar, e o faria
calmamente, mas a escola de samba que ajudara, venceu, isto em si parecia
bom, mas isto, fez formar uma segunda escola, rachando a estrutura da
primeira.
Tomo o café calmamente, as meninas saindo para as aulas, e eu indo a
Universidade, entrar em uma quinta de carnaval, isto já estava acostumado,
parecia que muita gente voltaria apenas na segunda.
Estranho entrar em um local onde o que mantem, é o dinheiro publico, e
parecer que ainda estava no feriado, mas como alguém que queria estudar, eu não precisava dos
companheiros de turma, e sim, das aulas.
No intervalo, eu subo ao Centro Acadêmico e compro o convite para o churrasco no sábado, as
vezes para enturmar, as vezes, por saber que vida acadêmica, era importante.
Aulas chochas e parecendo aula de feriado, prédio vazio, e pessoas passeando, não se dedicando,
eu aproveitei para conhecer melhor a livraria a frente do setor e pela primeira vez, entrei na cantina de
humanas, e quando sentei numa mesa, vi Kamila chegar apenas no intervalo e me olhar.
— Pelo menos alguém copiou a matéria.
— Pensei que não vinha.
— Não entendi esta semana maluca, meu pai perguntou se era verdade que estudava com você,
pois ele parece encantado com os negócios, que os parceiros começam a crescer e a única coisa que fez
foi se manter longe das discussões e no grupo.
Olhei em volta e falo.
— Tem coisa que não falo por aqui.
A moça olha em volta e fala.
— Pelo jeito é serio aquele assunto.
— Deixar claro, poucos do grupo total, sabem o que faço, eu prefiro fazer, a falar, e muitos nesta
hora estão falando coisas terríveis sobre mim, sempre digo, a família, tudo, aos inimigos, nada.
— E pelo jeito não gosta de faltar.
— Eu as vezes acho que tudo que faço, é pouco.
— A Camile fica perguntando de você, o tempo inteiro.
Sorri, acho que montei uma arapuca para mim mesmo, e me prendi nela, isto parecia as vezes
impensável, mas com calma sabia que as coisas iriam se complicando.
Eu vi a aula acabar e vi a mensagem do Doutor Vaz, as pessoas saindo e vejo aquele menino
entrar e me olhar.
— Podemos conversar Bruno? – Pedro Rosa.
— Sempre.
— Preciso conversar, tem gente perguntando o que está fazendo.
Eu olho o doutor Vaz a porta e falo.
— Não sei qual parte não estão acompanhando.
— Dizem que você está se fazendo no mundo de Eli.
— Me fazendo?
— Não sei se sabe minha posição lá?
— Rei do Reino de Eli, uma das partes maiores do mundo dos Hons, se não me engano.
— Elizabeth falou que você queria ensinar uma das meninas, a dominar o dragão dentro dela.
— Eu apenas propus, pois dragões são símbolos de equilíbrio, mas o total deles é este símbolo,
não apenas os dragões de Eli, mas eu não sonho com o mundo de Hons.
— Mas Plout falou que você estava querendo reerguer os dragões negros.
— Sim, uma das moças que me ofereceram como prováveis princesas, neste grupo de malucos,
que se denominam “a lei”, no mundo dos Hons, ela é uma bruxa, que fora derrotada por Diana, e estava
sem confiança de reerguer-se, e as vezes, esta coisas de sentimentos, as pessoas querem dividir suas
derrotas, para sentirem-se especiais.
— E pelo jeito a ajudou a reunir os dragões negros.
— Existe algum problema nisto? – Perguntei.
— Elizabeth não gostou.

594
— Perguntei se tem algum problema, não se uma rainha de um reino dos sonhos, gostou ou não
Pedro, eu não descido as coisas pelo que gosto, seria bem mais fácil se conseguisse.
— E pelo jeito ela apoiou outra rainha a se erguer.
— Como digo, quando uma irmã é a Bruxa Lau de Nork, e a irmã dela, é princesa Bárbara dos
Bárbaros, elas acabam se ajudando, não precisa de um Bruno para as ajudar.
— Certo, mas alguns temem os dragões negros.
— Eles são o equilíbrio Pedro, são dragões, eles apenas não respeitam quem os teme, não os
temendo, eles não lhe fazem oposição.
— E pelo jeito acha que não vai precisar interferir.
— Estava estes dias falando com empresários de 72 bairros de Curitiba, as vezes acho que quando
nos unimos podemos ser mais, e o pouco multiplicado varias vezes, facilita a vida.
— E pretende crescer pelo jeito?
— Estava vendo os seus pontos de crescimento, e me perguntaram se o novo estádio do Paraná
Clube, ali encostado naquele shopping que criou na Rodoviária, receberia shows.
— Pensando em promover algo ali?
— Eu sempre tento pensar grande, mesmo quando me parece impossível, mas é que nem sempre
quero fazer no mesmo lugar, é o diversificar que constrói uma cidade.
— Depois falamos disto, mas fiquei preocupado com a posição de Elizabeth.
— Eu sempre digo, que não entendo muito disto, mas para mim, o reino de Eli, sempre foi o
envolta do mar do sossego, no grande continente, que cerca uma ilha, com um istmo para a terra, que é
o reino de Nork, e está ilha, do tamanho de pouco mais do que o tamanho desta cidade, se chama, reino
dos Bárbaros, segundo Lau, a ilha até alguns dias atrás era um grande buraco sem fundo, mas ressurgiu
ali, mas se preocupar com uma ilha, em meio a um planeta, inteiro, não parece fazer sentido.
— Dizem que esta ilha ressurgiu, e um camponês, desafiou as Ami, libertou os condes e bispos do
reino e tomou a princesa como sua rainha.
— Alguém perigoso?
— Um camponês, as vezes ficou ouvindo reclamações, mas entendo o que quis falar, uma ilha, em
meio a tantos problemas mais sérios, mas como você que havia falado com a moça, pareceu a Elizabeth
que fora você.
— Se eu pudesse reerguer os dragões, com certeza o faria, pois como falei, são símbolos de
equilíbrio, mas eu não nasci sonhador, não com o mundo de Hons.
— E pelo jeito saberia quem são as pessoas que Elizabeth falou, neste mundo.
— Sim, saberia.
— E quem são?
— Para que ela quer saber Pedro?
— Ela quer se defender.
— A pergunta foi no sentido, do que ela vai fazer, quando souber?
— Ela tem direito de defender seu reino.
— Lá ela é rainha, não aqui, como falei, Bruxa Lau, já foi derrotada uma vez pela irmã da sua
rainha Pedro, não gosto da ideia de a ver derrotada uma segunda vez, transformar pessoas em inertes,
por um sonho, não gosto.
— Sabe que está se colocando como inimigo.
— Não, eu não fiz nada para lhe prejudicar, eu tenho muito a agradecer, mas sei que podes tirar
tudo que conquistei, mas ainda tento ser correto.
— E não vai nos facilitar.
— Pelo jeito, este momento, perco quase tudo, mas eu não sou x9.
— Pense bem nisto.
Eu vejo o menino sair, Roberto saiu junto, eu olho em volta e não sei, tive a sensação de que algo
ficou a me vigiar.
Eu olho em volta e olho para os hons, olho na mesma frequência e olho aquele ser, que parecia
um espectro de Pedro, a me olhar, e pego o caderno, guardo, e vou ao almoço.
RU, como com calma, Carla para a mesa e fala.
— Pelo jeito lhe dei o cano.
— Sorte dos que me deram o cano, pois não estão metidos nos meus problemas da semana.
— E o que vai fazer no fim de semana?
595
— Festa dos calouros, de Letras.
— Pensei que não iria?
— Preciso beber algo e descontrair.
Senti as energias ainda em alta e falo.
— As vezes temo o meu futuro.
— Problemas?
— Sem fazer nada, acabei de conseguir um inimigo a altura.
— A altura?
— Um pouco mais baixo, Pedro Rosa.
— Não era suficiente os 50 mais ricos da cidade?
— Acho que 30 famílias, estão sofrendo um pouco.
— E não vai pegar leve?
— Eles não entendem, não sou eu que estou pegando pesado, mas acho que eles não
entenderam, que tudo, na “Lei”, tem seu peso.
— E vai ensaiar hoje?
— Já desmarquei todos os ensaios por mensagem.
— Problemas?
— Não, hora de desenvolver o segundo show, e sozinho, eu crio melhor.
— E pelo jeito quer algo bom?
— Cinco grandes shows.
Terminei de comer e sai, vi aquele espectro a me seguir, passei mensagem para todas as pessoas
que havia marcado para ensaio, ainda tinha uma recepção a uma moça, mas após isto, não teria mais o
que fazer naquele dia.
Eu estava pensando, e sabia que iria me complicar, e depois das duas e meia, após receber mais
uma das candidatas com sua corte, eu abraço Marilia e pergunto.
— Me seria sincera Marília?
— O que quer saber meu rei.
— Quando a toco, vê os Hons?
— Infelizmente sim.
Eu a estava abraçando e pergunto.
— Vê mais alguma coisa, não sei, me sinto perseguido.
Ela olha em volta e fala.
— Tem aquele espectro de um menino.
— Menino?
— Não o vê?
Não respondo, olho em volta e falo.
— Alguém conhecido?
— Parece com Pedro Rosa.
Olhei em volta e falei.
— Pelo menos alguém do bem, pensei que poderia ser Guedes York.
— E porque ele lhe vigiaria?
— As vezes as pessoas querem nos controlar, mas como está nossa menina? – Perguntei
colocando a mão na barriga de Marília.
— Bem, Sonia fica falando que precisa falar com você.
— Pede para ela tentar se conter, as vezes ela tem de se conter um pouco Marília.
Ela olha em volta e fala.
— Ela não vai aceitar, e sabe disto.
— O pedir para ela fazer uma corte de dragões, que colocou aquele espectro de Pedro ali, então
pede para ela se conter, pois temos problemas maiores. Nork é o caminho para a entrada de um mundo
que ressurgiu, e tem gente que parece querer me complicar, e nem sonho com o mundo deles.
— E vai fazer o que?
— Não sei, tenho de falar com aquelas moças que fazem parte do grupo dos Clementes, mas
parece que eu penso em uma peça teatral e vocês pensam em outra coisa.
— Safado, sei que não é santo.

596
Sorri, subi, escovei os dentes, um desodorante e marco com as Inglesas no teatro ao lado, e
quando chega as 3 da tarde, passo para lá.
As moças me olham e ali estavam “As Inglesas”, Jaque, Helena, Sandra, Flavia, Patrícia, Ruth,
Caterine e Mirian, as olho e falo.
— Como estão?
— Pensei que tinha nos esquecido. – Patrícia.
Dei a mão para duas e falo, estávamos no palco, teatro basicamente fechado, cortinas fechadas,
na parte interna do palco.
— Vamos sentar e conversar.
— Conversar? – Jaque com tom de malicia.
Não entrei na provocação, apenas sentei e elas sentam-se, fazendo um circulo, e falo.
— Fechem os olhos.
Elas fecham, eu sinto o mundo dos Hons, e abro os olhos, olho em volta e o espectro não estava
ali, e falo.
— Podem abrir os olhos.
Elas olham em volta e Caterine pergunta.
— O que fazemos aqui?
— Conhece este lugar?
— Tem o cheiro do mundo dos Hons.
Eu me levanto e coloco as costas de cada uma delas, um dos ovos da dragão Mar, elas não
estavam entendendo, mas volto a sentar e falo.
— Lembram que perguntei se queriam fazer parte da família.
— Sim, mas não gosto dos meus sonhos. – Caterine.
— Porque não?
— Sou apenas uma serva, odeio este mundo.
— As estou convidando, a sumirem um posição que eu determinaria no mundo dos hons.
— Onde?
— A pergunta que faço, aceitariam fazer parte das minhas dragões Azuis do mundo dos bárbaros?
— Nos convidando a evoluir no mundo dos hons? – Caterine.
— Estamos no mundo dos Bárbaros, mas a pergunta, gostariam? E se gostarem da ideia,
aceitariam este compromisso, de reerguer os dragões do reino dos bárbaros, e manter isto, em total
sigilo.
— E porque sigilo?
— Porque existe uma rainha no reino ao lado, que não gostaria de vocês evoluindo, e Bárbara
como rainha deste mundo, pode não gostar da ideia.
— Quer desafiar duas rainhas nos fazendo evoluir? – Jaque.
— Sim.
— Eu aceito. – Caterine, as demais falaram que sim e vi a grande dragão Mar chegar com passos
pesados as costas, a mesma se erguer e a energia dela atravessar as moças e estas serem puxadas para
os ovos, eu olho o grande dragão que fala.
“Um rei preocupado com o ressurgir das energias!”
— As vezes, vou ter problemas, pois a rainha do resto do planeta, quer saber quem são os aliados
deste mundo, mas ainda sem certezas.
Sinto a dragão fazer um gesto com as mãos e vi os ovos se abrirem, vi as meninas a toda volta,
agora na forma de dragões, e fiz sinal para chegarem perto, e quando esticam as asas, foram voltando a
forma de humanas, e nos demos as mãos, e falo calmamente.
— Não esqueçam, isto não falamos do outro lado, mas se deem as mãos.
Elas se dão as mãos e surgimos no palco e falo.
— Podem abrir os olhos.
Caterine olha em volta e pergunta.
— Vigiados? – Ela olhando o espectro de Pedro.
— Nem entendi ainda isto, mas a pergunta, qual será o nosso texto deste ano?
— Pensando em que?
— Transformar um conto de Lovecraft em um show de rock.
— E encenaríamos e cantaríamos?
597
— Sim, a pergunta, topam?
— E ensaiaríamos quando?
— Estava pensando em começar a passar as musicas, falar das ideias, já estamos aqui mesmo.
— E não se preocupa em alguém vigiando você?
— O assunto com este espectro é outro, pois é o espectro do rei de um mundo que não tenho
como interferir muito.
— Um mundo? – Jaque.
— Mundo dos Hons, não sei se já viu um.
Jaque olha em volta e fala.
— E o que você tem haver com o mundo dos Hons, sonha com ele também? – Jaque.
— Não, eu não sonho com ele.
— E porque ele lhe vigia?
— Eu sou um chato, então todos acham que faço coisas incríveis.
— E vamos fazer um novo álbum, com musicas inspiradas em Lovecraft?
— Sim.
Começamos a escrever as duas primeiras entradas, as duas introduções, e começamos a ensaiar
as primeiras musicas, e não sei os demais, mas esta hora eu descontraia.
Estávamos ensaiando a primeira musica, quando vi Lucas entrar e me olhar, ao lado dele estava
Bárbara que me olha.
— Perdido aqui Lucas?
— Alguém me perturbando para a apresentar este tal de Bruno Baptista.
Olho a moça e falo.
— Tudo bem Bárbara?
— Se conhecem? – Lucas.
— Estamos na mesma turma de calouros da UFPR.
Bárbara me olha e pergunta.
— E estão ensaiando?
— Sim, geralmente eu começo com as musicas, depois colocamos o cenário, depois somamos
algo em coral, depois algo em dança e por fim, algo em encenação, mas estamos apenas no começo da
ideia do ano.
— E vai deixar os Clementes a parte disto?
— Não, mas é que as vezes, temos de começar por algum lugar, pois estamos no introduzir da
primeira parte, geralmente, sabe que penso em 20 partes, 20 vezes 5, uma hora e quarenta minutos de
show.
— Aqueles shows que todos se perdem, por ser um show, não uma apresentação. – Lucas.
— Sim.
— E vai fazer uma peça pelo que ouvi, de terror. – Bárbara.
— Tem de considerar que o grupo “As Inglesas”, geralmente ensaiamos um show próprio, um
show com os Clementes, um show com um dos corais Bárbaras, e uma peça para o festival de teatro
anual, no mínimo 4 shows.
— Porque disto? – Bárbara..
Jaque me olhava com a mesma indagação.
— O com o coral, nos permite uma apresentação por ano, na Europa, o festival de teatro as
prepara para encenar uma peça, que pode gerar pelo menos 50 apresentações ano, gerando a cada ano,
melhorar a parte teatral, dai a apresentação pessoal, outras 50 shows, o com os Clementes, mais 50, e
uns 10 shows com a Bárbara Vaz. Uns 170 shows por ano.
— E porque as explorar tanto? – Bárbara.
— Porque somos um grupo, nos apoiamos. – Jaque respondendo.
Voltamos a passar a musica e Lucas falou ao fim da terceira vez.
— Mais um clássico Bruno Baptista?
— Eles não sabem e não precisam saber quem é este rapaz. – Falei.
— Mas tem seu estilo.
Sorri e começamos a passar a segunda musica, quando o faço, já penso num coral e olho as moças
e falo.
— Acha que um grupo denominado “As Inglesas”, poderia surgir? – Perguntei olhando Patrícia.
598
— Qual a ideia? – Patrícia.
— Começamos com cada uma, falando com 5 pessoas, e juntamos as 8, um grupo de 40 pessoas,
que vamos introduzir ao teatro, ao balé, a dança, a instrumentais e ao coral, então teríamos reforço no
teatro, na dança, no coral e em instrumentais, como órgãos, a ideia, a correria que promovemos com as
8, ser feito por vocês mais 40 pessoas, o que gera mais calma, e uma dinâmica que pode parecer maior
ainda.
— Não para de pensar antes de ficar pronto, Bruno voltando. – Caterine.
Anotamos as entradas e depois de um tempo, Lucas e Bárbara saem e nos demos as mãos e
sentamos naquele local, e perguntei se elas ainda queriam fazer parte da minha família, estava
confirmando o compromisso, e pedi para cada uma delas, convidar 5 pessoas, mas teriam de ser
pessoas com vontade de participar.
As moças saem e o espectro ainda me olhava, eu atendo o telefone e o doutor Vaz falou que se
quisessem o acordo com ele ainda estava de pé, pois embora o acordo com Pedro existisse, ele entrou
no acordo da família, e ele precisava ainda dos meus serviços, deixei claro que se ele precisasse sair, não
se sentisse forçado a ficar.
Eu estava parado a olhar para o palco, as meninas já tinham saído, e vejo aquela moça entrar pela
porta e me olhar, ao lado dela um delegado.
— Problemas delegado Sergio? – Perguntei direto.
— Não entendi, Raiska queria entender o problema.
— Que saiba não existe problema.
— Mas minha tia pediu para ficar de olho em você, que estava prejudicando minha outra tia, e
não entendi, você não parece fazendo nada.
— Eles podem até ver que não estou fazendo nada, mas é que meus atos contradizem o que
aparento, então resolveram me vigiar e me ferrar.
— Não tem medo?
— Acho que no fim, todos nós morremos, então, porque me preocupar?
— E saberia o que eles tem medo?
— Deixar claro para mais uma pessoa, eu não sonho com o mundo dos Hons, não acredito que
eles tenham medo, por sinal, um mundo que guerras se travam quase todo tempo, eles terem medo de
mim, não faz sentido.
Os dois saem, eu olho o palco, a muito não sentava com o violão, pego o caderno e o violão, e
começo a pensar nos passos, entrada, um barco fugindo, em mar aberto, começo a pensar nas frases,
do que seria a musica “Fugindo!”, e começo a pensar no que estaria no palco, coral oculto, instrumentos
e vocais a observar, e alguém cantando, sobre o barco, penso em algo que não tem no texto, e coloco,
“Tempestade”, e após isto, vinha “Calmaria”, introduzindo, “Adormeci” que seria quase um conto de
medos, de sonhos, e por fim, “Nem mar, nem terra!”, seguida de “Cheiro de morte”, e quando
rascunhei esta parte, olhei minha mãe entrando e olhei o relógio, sim, teria de parar um pouco.
— Criando filho?
— Sim, as vezes esqueço da hora.
— Pelo jeito pensando em algo novamente.
— Primeira ideia que veio inteira, então as vezes me assusta quando ela vem, pois ela me dá o
caminho, anoto, medo de perder a meada no dia seguinte.
— Vai a aula amanha?
— Sim, apenas vou anotar o pouco que pensei, e me preparar para criar algo, pois quando se
pensa em Ideias, sei que tem gente confundindo as coisas.
— Porque confundiriam?
— Pois pensei em uma peça Unificada, chamada Mundo dos Hons, onde uma divisão falaria dos
dragões de Eli, que são dragões mais claros, eles chamam de Brancos, mas eles não são brancos, parte
do coral, falar dos dragões de Nork, ou dragões Negros, parte falar sobre os dragões Azuis, ou Dragões
dos Bárbaros, e uma parte falar dos dragões Verdes, que são os que acredito terem sido extintos, mas
era a unificação do reino dos Hons, pelos Hons, mas parece que a existência humana naquele mundo,
extinguiu estes dragões, mas quando se fala do dragão dos Bárbaros, se fala do reino dos Bárbaros,
quando se fala, dos dragões Negros, se fala do reino dos Nork, quando se fala dos dragões Brancos, se
fala do mundo de Eli, e por fim, quando se fala do dragão verde, se fala da historia dos hons, os donos
daquele mundo.
599
— Pensando em uma historia inteira?
— Em 5 apresentações de 2 horas até agora.
— 5 Historias complementares?
— Sim, dai teremos historias a parte, como Dagon, feita pelas “Inglesas”.
— E fica a dedilhar pensando nisto?
— Sim, as vezes olho em volta, e uma frase na cabeça e tenho de chegar a ela.
— Uma frase.
Pego o violão e dedilhando canto o que me parecia o fim, mas poucos entenderiam;

“Ouço o fim vindo,


Barulho imenso,
escorregadio,
batendo na madeira da porta”

O fim está próximo!


O meu fim, não vão me encontrar!

Meu Deus, aquela mão!


Meu Deus, Meu Deus,

O fim está próximo, A Janela, A Janeeeelaaaaaaa!”

Cantado em inglês, dedilhando aquele fim de musica, vejo minha mãe me olhar e perguntar.
— Não entendi nada! Sobre o que é isto? Windows eu entendi.
Sorri, mas era apenas um pedaço e falo.
— Hora de dormir um pouco mãe.
— Está se cuidando filho, parece sempre agitado.
— Está na hora de começar o ano, mas eu tenho de dar o rumo dos projetos, e sei que muita
gente está olhando como se fosse uma arapuca, e não sei, eu apenas estou seguindo minha vida, e
poucos vão entender o que está acontecendo, antes de não ter mais saída.
Abracei minha mãe, anotei as notas deste pequeno pedaço e vou para a minha casa, Priscila me
aguardava e pergunta.
— Estava escondido onde Bruninho?
— Escrevendo e dedilhando o violão, as vezes para criar, temos de nos isolar, minha mãe foi me
informar que estava tarde.
— Criando algo para as Bárbaras?
— Ainda dedilhando, mas como ideias complementares, as vezes dar um nome, é o mais
complicado, “Vozes”, é o primeiro, deve ter “Nork”, depois “Bárbaros”, depois “Eli” depois teremos
“Hons”, mas é que as vezes vem uma ideia boba, para algo a parte, para bandas menores, como os
Clementes ou as Inglesas, de nome “Dagon”.
— Pelo jeito pensando em algo realmente, pois começa sempre por nomes que não entendo
nada, mas o ano passado, juro que não entendia boa parte do que cantávamos, e acabamos na Europa
cantando.
— Por isto tem de melhorar no inglês.
— Vi que enquanto os demais, investem em coisas que falam ser mais solido, você investe em
educação e cultura, as vezes parece que uma coisas não corresponde com a outra.
— As vezes, pode ser, as vezes me sinto remando contra a corrente, e todos me olham como um
ET, e não sei, mas tenho aula amanha cedo, tenho de descansar.
Subo, uma ducha, pois o calor estava forte, adormeço.

600
Sexta feira, saio com preguiça da cama, e vou a aula, ônibus, toda a
rotina, que me fazia sentir-se bem, começo de aula com poucas pessoas, e olho
o rapaz do Centro Acadêmico a porta, e parecia procurar alguém, e como ele
não perguntou nada, vi ele sair, uma aula rápida e vejo Barbara e Kamila
entrarem pela porta, e a outra metade da aula, foi calma.
Terminou a aula e Bárbara me olha e pergunta.
— Lucas falou que você ainda não definiu o que eles vão cantar, não
entendi.
— Não sentamos para conversar ainda.
— Mas...
Olhei o rapaz chegar a porta e perguntar.
— Alguém saberia quem é Bruno Baptista.
As duas me olham e falo.
— Eu, algum problema?
Ele me olha desencantado e fala.
— Deve ser alguém com o mesmo nome.
Sorri, Bárbara me olha e fala.
— Mas vai amanha no churrasco?
— Ainda pensando em como ir, dizem que vai ser em uma chácara em Colombo, e não conheço
bem a região, mas comprei minha ida.
— Vai tocar? – Bárbara.
— Não sei, as vezes não gosto de sair da sombra.
O rapaz ainda estava a porta e perguntei.
— O que queria com este outro Bruno Baptista?
— Ivo falou que ele ajudara a desenvolver o material do grupo de aulas para a turma de inglês
para pessoas externas ao faculdade.
— Isto foi o ano passado, mas no que eu poderia ajudar?
— Você é uma criança.
— Sempre digo isto para ele. – Bárbara.
Sorri e vi a diretora chegar a porta e falar que não teríamos a segunda aula, pois o professor não
conseguiria chegar para a aula.
Não falei nada, as moças se animaram e Kamila fala.
— E vai sozinho na festa?
— Não sei, ainda não falei com as pessoas, mas quem sabe, não agite o local.
— E agitaria como? – Bárbara.
— Preciso trocar uma ideia com algumas pessoas, os Clementes, com Barbara Vaz, com as
Marginais do Lange, estranho os piores cantores serem quem tem a agenda mais fechada.
— Falando de quem? – Bárbara.
— Your Sons-in-law. – Respondi.
O rapaz ainda estava a porta e nos olhava.
— Pelo jeito conhece gente famosa na cidade.
— Rapaz, eu sou Bruno Baptista, mas todos que me veem sem marcara, descobrem, sim, uma
criança, e graças a isto, passo desapercebido e vivo na calma.
— Mas como pode ter ajudado o professor Ivo a fazer aquele material.
— O problema é que aquele material, é básico, dentro do que alguém que não teve contato como
a língua, consiga entender, o avançado, eles não entenderiam.
— Acha que daria para melhorar.
— Existem 3 materiais, e apenas dois deles podemos usar, pois o terceiro, é material de uma
escola de Inglês da cidade.
— De qual está falando?
— Guedes York Curso de Inglês.
— Não conheço.
— Mas a diferença, enquanto o daqui e o do Colégio Estadual, é um curso básico para iniciantes, o
do colégio York é baseado em 7 anos de ensino de inglês.
601
— É que o professor de TCC, quando falei em fazer uma tese baseada na forma de ensinamento
baseada no curso de introdução ao inglês oferecido pela federal, ele falou com Ivo e falou que quem
poderia me ajudar, era um tal de Bruno Baptista, do primeiro ano. – O rapaz fala me olhando serio e
penso no que poderia falar.
— Se precisar trocar uma ideia, estou sempre por aqui pela manha.
— E uma pergunta me faço, como se pensa em um material daquele.
Olho a pasta e pego um caderno do curso de introdução a criação de textos em inglês, propícios
para peças teatrais e falo.
— A ideia, surgiu quando trabalhava na cultura inglesa, eles queriam desenvolver um caminho de
estudo, mas eu divergi do caminho, e quando criamos o curso de criação de peças em inglês, no Curitiba
Theater Comedy School Center – alcanço para o rapaz o material – veio a ideia de algo mais básico, pois
a ideia de 120 palavras, que você consegue se virar em inglês, somada a palavras de fácil entendimento,
desenvolvemos uma forma de introduzir as pessoas ao inglês.
O rapaz olha o material e fala.
— Material do Theater School Center, acha que eles não implicariam em usar isto como estudo.
— Estudo não se restringe por fonte, mas acredito que isto não vai ser problema.
O rapaz olha o material e fala.
— Algo num caminho que não aplicaram aqui.
— Sim – Eu sempre tinha os três materiais na pasta, pois era parte do que eu queria evoluir, não
algo que achasse estar bom – e tem o material que desenvolvemos para o Estadual do Paraná – alcanço
para ele e falo – este é um material na profundidade daqui, mas com uma forma diferente de falar as
mesmas coisas.
O rapaz olha o material e fala.
— E pelo jeito algo acontecia na cidade e não tinha visto, pois três materiais, bem elaborados, e –
ele olha o quem havia desenvolvido, soube disto pelo que falou. – E pelo jeito o tal Bruno Baptista, tem
parte nisto.
Sorri, pois eu as vezes gosto de por alguém nesta historia, e pego o terceiro material e falo.
— E este, é do primeiro ano do Guedes York.
O rapaz olha que a ideia começava a ficar maior, e fala.
— E pelo jeito pensa nisto.
— Ainda acho cedo para alguém pensar no que criei, mas metas de uma criança, traduzir nos
próximos 4 anos, pelo menos um livro do inglês para o português por ano, e um do português para o
inglês, a cada ano, escrever uma peça teatral, em inglês, para ser apresentada, nem todo ano vai ser
como o ano passado, que escrevi 5 delas, pois alguém tinha de escrever, e além disto, como alguém que
adora uma confusão, estamos começando a escrever e ensaiar o espetáculo das Bárbaras, para este fim
de ano.
— E pelo jeito, se esconde nesta cara de criança.
— Ainda só tenho 16 anos.
— E teríamos como discutir os caminhos de cada parte desta cartilha de ensino de inglês?
— Sim, mas olha os materiais, eu ainda estou os aperfeiçoando, sei que tem defeitos, pois foi
feito a toque de caixa o ano passado.
— E aprendeu sozinho?
— Muitas aulas, de varias vertentes, mas o ano passado, por dois meses dei aula introdutória no
Cultura Inglesa, então o ver as pessoas tendo dificuldades, me vez ver o caminho que tomamos.
— E não dá mais aula lá?
— Teve aquela lei estadual o ano passado, proibindo que pessoas sem formação, dessem aula,
para mim, foi um pé na bunda.
— Pelo jeito quer dar aula.
— Formar pessoas que entendam a outra língua, não apenas falem o básico.
O rapaz olha novamente o fundo do material e fala.
— Posso ficar com estes?
— Consigo outro para mim.
— Pelo jeito acredita que temos um caminho didático por este material.
— Não, é um caminho, que eu acho fácil trilhar, mas somente agora vou entender a didática e a
estrutura da língua, para poder somar a isto.
602
— E vão ter aula ainda?
— Não. – Eu desanimado. – Por sinal, como é seu nome? – Perguntei.
— Ricardo. – As vezes parecia que ele não entendeu a ideia. – E pelo jeito pensando nisto ainda. –
O rapaz com a mão no material.
— Sim, o material da Guedes York, Ivo dá aula através dele no Guedes York, então ele pode lhe
falar das dificuldades referente ao material, o material referente a Curitiba School Center, consigo que
veja uma aula da turma inicial, se quiser, referente a aula no Estadual do Paraná, é só falar com o
Rogerio lá, que ele pode lhe dar uma luz do caminho que estão tomando.
— Pelo jeito acredita que consigo unir as ideias.
— Em casa, tenho um material do Cultura Inglesa, mas não sei se não ficaria muito fora do que
você parece querer estudar referente ao material.
— E o que acha que une os materiais?
— São materiais que precisam melhorar, eles foram feitos por alguém sem experiência
acadêmica, então o que une os materiais, é a inexperiência de quem o criou.
— E aceitaria uma critica naturalmente.
— Se for uma critica apontando os erros e indicando o caminho, não apenas detonando e não
dando um caminho, pois a ideia é ensinar, e não tirar pessoas da sala de aula.
— E vai passar amanha no churrasco do CAL.
— Sim, sabe se só pode ir pessoas ligadas ao curso?
— Querendo levar a namorada?
— Não quero estragar a festa dos demais, mas as vezes é bom ter alguém conhecido.
O rapaz fala que vai olhar o material e sai pela porta, eu reúno minhas coisas, ainda faltava muito
para o horário do RU, então desço e estranho as duas ali, e sento na cantina, e vejo que a calma parecia
estar em tudo por ali.
Bárbara me olha e fala.
— Não entendi metade da conversa lá encima, o rapaz queria algo e achou não ser você.
— Como falo, a fama é maior que eu.
— Se achando. – Bárbara.
Sorri e Kamila pergunta.
— Dizem que você cria coisas caras, e induz todos a participar, vai nos induzir a algo?
— O ano passado foi pesado a nível de criação, e este ano, deve bater o ano anterior, mas ainda
não reuni o pessoal de cada grupo, para saber o que faremos.
— O grupo Bárbara é imenso, entendo que deve ter problemas em o reunir. – Bárbara.
— Sim, mas o problema é que planos, sempre se somam, e ainda não sei como vou administrar
tudo que pretendo, mas devemos fechar as datas do festival de inglês de Outubro esta semana no
teatro Guairinha, não sei se terá o festival de colégios secundaristas, não sei ainda o que fazer referente
ao caminho de mais de 550 pessoas.
— Não entendi. – Kamila.
— O grupo Bárbaras, tinha um coral de 350 pessoas, elas agora vão fazer peças separadas, corais
de 50 pessoas, 7 corais, mas teremos este ano também o grupo “Sonias”, e provavelmente teremos o
grupo “Inglesas”, e mesmo assim, ainda sobra 550 pessoas que não estão em nenhum projeto ainda,
pois deixar as pessoas com a cabeça ocupada, facilita no fim.
— E todos pensando no segundo ano das Bárbaras, e já quer lançar algo a mais? – Kamila.
— Eu sempre pensei que não teria retorno ainda, as vezes fazemos muitos trabalhos para eles
valorizarem um, levei sorte.
— Pelo que ouvi Lucas falar, a pequena Bárbara tinha letras incríveis.
Não comentei, realmente as letras eram boas.
— Não vai discordar.
— Não, as letras eram incríveis mesmo.
— Mas falou em levar sorte, nem criou nada.
As vezes não querer discutir me fez apenas olhar em volta e Kamila pergunta.
— Porque quer provar que ele não fez nada? – Olhando Bárbara.
— Ele é um nada, e tem gente que acha que ele é grande coisa.
— Não vai se defender? – Kamila.

603
— Tem de entender Kamila, guerras são para serem batalhadas, mas dor de barriga, nem vale a
pena discutir, e realmente, eu ainda não fiz algo grande, mas não quer dizer que em 10 anos, não tenho
toda uma linha de coisas a me orgulhar.
— Não é dor de barriga. – Bárbara.
— Mas não é uma guerra. – Falei a olhando.
— Não tem problemas com isto?
— Eu olho em volta, e tudo que pensei em fazer, esta no começo, estranho que consigo inimigos
onde não é preciso, discórdia, onde não se precisa, as vezes acho que o problema realmente sou eu.
— E pelo jeito esperando brigas?
— Meu telefone tem já três mensagens, e duas não me fazem sorrir.
— E sabe sem olhar? – Bárbara.
— O problema Bárbara, é que eu tenho 3 Bárbaras em minha vida, uma Silva, uma Vaz e uma
Camargo, eu coloco as pessoas na minha vida, e a maioria reage como essas três moças, por
acomodação, por encanto, e por interesse e as vezes, elas crescem, as vezes, evoluem, e as vezes,
apenas emperram em ideias bobas, mas uma noticia, fala, vou ser pai, outra, outra fala que alguém
precisa de ajuda, pois uma princesa de um mundo distante, a prendeu, e a terceira, - olho os olhos do
espectro que me vigiava e termino – tem gente que não entende, eu não gosto de aparecer muito.
Olho Kamila e pergunto.
— Conseguiria me fazer um favor?
— O que precisa?
— Deixaria minha pasta e minhas coisas na casa no Agua Verde?
— Não entendi.
Eu me levantei, apenas caminho a entrada, olho do degrau alto para o pátio da reitoria, e ajeito o
pescoço e estico meus braços, entre o esticar, e a primeira batida de asas, já estava no ar, segunda
batida, estava no meio do pátio, já na forma de um dragão amarelado, diria dourado, e inverto o corpo
e saio no sentido sul, sem olhar para trás, sentido o caminho para Santa Cândida, estranho chegar lá
rápido e olhar de cima, aquela menina amarrada e ver a volta um bando de pessoas e aquela menina
sobre um dragão branco.
Eu me aproximo e sinto o meio, e vejo Sonia me olhar e falar.
— Se cuida, é uma arapuca.
Eu não ouvi a razão, e paro a frente do dragão branco e olho para a rainha do mundo de Eli, a
rainha Elizabeth, e pergunto.
— Problemas Rainha?
— Quem se atreve a interferir. – A menina.
— Não estamos naquele seu reino decadente, para não interferir, estamos em Curitiba menina
Souza.
— Esta menina desobedeceu uma regra de meu reino.
— Ela como rainha do reino ao lado, não precisava obedecer o seu reino menina.
— Não existe reino ao lado.
Eu olho Pedro ao lado falar.
— Ela é rainha por direito. – Pedro.
— Que saiba, quem aceitar ser a rainha ao lado de Plout, será a rainha do reino inteiro, Elizabeth
Souza, é rainha do reino de Eli, existem pelo menos 20 pequenos outros reinos humanos naquele
mundo.
Eu estava na forma de um dragão e Pedro me olha e fala.
— E aquele Bruno não vai aparecer, mandou seu dragão sofrer as consequências?
— Consequências? – Perguntei.
— Todos que defenderem a menina, serão inimigos.
— E não viu por seu espectro, que vigia Bruno 100% do tempo onde ele está? – Perguntei para
Pedro que me olha.
— Ele saiu rápido, ele não conseguiu acompanhar.
— Duvido disto. – Falei.
— Porque duvida? – Eli.
— Porque seu rei, gosta de uma guerra, e embora deva algo a ele, não vou deixar ele ser
transformado em um inimigo, apenas porque é insegura Elizabeth.
604
— E acha que pode comigo?
— Não vim enfrentar.
Sinto o dragão soltar fogo e apenas sinto a energia e me transformo, indo a forma do felino e a
proteção da capa se faz e a senhora olha para o dragão recuar, pois eu coloco as garras para fora e falo.
— Um dragão que não respeita outros, tem de aprender a respeitar os demais.
O dragão recua e vi o portal se abrir e sair, e olho para Pedro e pergunto.
— O que sua rainha quer com isto.
— O que é você?
— Eu perguntei no mundo de Nork, se a rainha dos dragões Negros, me aceitava como seu rei, eu
não estou defendendo qualquer uma e sim, minha Rainha Sonia de Nork.
Passei a garra nas cordas que prendiam Sonia, que estica as mãos e vi ela se transformar e
quando ela se lança ao ar, me lanço junto, sem olhar para trás, paramos no telhado da casa no Agua
Verde, e descemos ao quarto, pegamos roupas, um banho e descemos, estávamos chegando a entrada
quando Kamila chegava com o meu material, com Bárbara ao lado.
— Pelo jeito foi mais rápido que eu? – Kamila.
— As vezes temos apenas de libertar alguém.
— O que é você? – Barbara.
— Um nada, o de sempre.
Eu pego minhas coisas, agradeço e falo.
— Deixa eu ir a um compromisso a mais. – Olho Sonia e falo – Liga para a outra Sonia, hora de
firmar um acordo de paz com os Bárbaros.
Deixei as pessoas ali, tinha como todo dia, mais uma moça apresentando sua corte.
Sei que as pessoas queriam respostas, mas eu não as queria dar, uma coisa era algo assim
acontecer e muitos terem registrado, eu tentava pensar no que falar se alguém tivesse registrado, e não
iria ficar respondendo coisas que poderiam ser rastreadas.
Eu após receber mais 5 pessoas ao grupo, algo que crescia diariamente, e que começava a gerar
as pessoas que nem sabia o que seriam, mas era algo que ainda iria mais de mês fazendo, diariamente,
para ao fim, olhar para o que ali continha e fazer algo.
Ao final daquela reunião vi as duas Sonia chegarem ao local e falo.
— Apenas um alerta, tem um espectro de Pedro Rosa me vigiando.
— E quer fazer o que?
— Um acordo entre a rainha do reino de Nork e a rainha do reino dos Bárbaros.
— Porque acha que teremos problemas?
— Os que traíram os Bárbaros, saíram do reino, e agora se oferecem aos exércitos de Eli, e como
pessoas que querem voltar a ter as terras dos Bárbaros, vão jogar todos contra, mas Nork é a única
entrada seca ao mundo dos Bárbaros.
— Acha que foi por isto que me deterão? – Uma das Sonia.
— Não sei, pensar que eles queriam me atrair, é me dar uma importância que não acredito ter.
— E pelo jeito andou aprontando. – Laura que entrava pela porta.
A olhei e perguntei.
— Que historia é esta de que está gravida?
Laura sorri e fala.
— Sabe que aconteceu.
— Sei, tenho de errar a pontaria um pouco.
— Mas o que acha que está acontecendo.
— Não entendi, mas convidou sua irmã?
— O que pretende?
— Uma declaração de Paz entre o reino de Nork e o reino dos Bárbaros.
Não ouvi Bárbara entrando as costas mas ouço.
— E porque declarar paz?
— Porque um espectro, ouvindo ao fundo, apoiando sua amada, quer que ela seja a única rainha
do mundo dos Hons, e os militares que haviam tomado seu reino, expulsos e colocados para fora pelas
Ami, querem usar os dragões de Eli, para reconquistar aquelas terras.
— E porque paz entre estes dois reinos.
Olhei o espectro e falo.
605
— Porque o rei dos dois reinos, é o mesmo, e se um cair, o segundo cai, e são nos dois grupos que
se estão reerguendo os antigos dragões do reino, o dragão de gelo, e o dragão das aguas, não sei se o
dragão das áreas verdes sobreviveu algum, mas a ideia, era reerguer os 4 grupos, não apenas um, e é a
vida daquele mundo, que pede isto.
— E se atreve a ter duas rainhas? – Bárbara.
— Deixar claro Bárbara, que ele não sabia até este momento que era eu.
Ela olha em volta e fala.
— Não tem jeito Bruno.
— Bárbara, está e Sonia, a rainha do reino de Nork, ao seu lado, sua irmã, Bruxa Lau, do mundo
de Nork, e Sonia, as fadas do mundo de Nork, são dragões.
Barbara me olha serio e fala brava.
— E vai negar que o filho de minha irmã e seu?
— Não nega-se os filhos. – Falei.
— Tem uma cara de pau imensa Bruno, como quer que aceite.
— Sei que todas querem que seja diferente, mas eu tento encarar com naturalidade algo que não
é, e sabe bem ao que seu pai ofereceu sua irmã, apenas apoiando, e as vezes as coisas em uma reunião
de unificação e poder no mundo de Nork, tudo fica muito vivo e ativo.
— E pelo jeito a ideia de por eles para correr, não deu certo.
— Prefiro os acordos sem eles, mas defender-se sem um inimigo ao lado, e com a união dos dois
dragões, o do gelo e o das aguas, unido aos exércitos de Ami, que migraram para as terras que não eram
enfrentadas como inimigas e sim como parte de um reino, podemos nos defender.
— Não os quer atacar? – Laura.
— Não, acho que todos podem ter seu caminho, mas não precisamos de ódios.
Nos reunimos na parte de uma das salas pequenas do teatro, as vezes queria apenas entender
aquele mundo, que quando lá, parecia real, mas todos falavam ser um reino criado, um reino de sonhos,
e que para mim, parecia apenas algo que não entendia, pois não existiriam seres específicos do local se
fosse apenas um reino dos sonhos.
Quando soltamos as mãos, um acordo, um plano de enfrentamento, usando seres que em parte
eram humanos, parte, integrantes do local, parte transformações de guerreiras do passado, e apenas
uma parte, eram consciências humanas, e era evidente que o acordo com não humanos, parecia algo
mais sincero.
O soltar das mãos, estabelecia que voltamos ao tempo normal, as moças saíram e entro no
restaurante, vejo como estava, Paulo parecia gostar da frequência, tínhamos uma media alta,
comparada a outros lugares, e a existência de mais restaurantes, chamava gente para ali, 4 peças
teatrais no fim de semana, chamava pessoas, muito lugar vazio ainda.
Estava no restaurante quando Vaz me passa uma mensagem e falo que estava no Comedy
assistindo um show.
Estava esperando Roberto quando vi Beatriz e Carla chegarem ao local, e sentarem-se a mesa.
— Todos pensando que o cara está arrasando por ai, e apenas se divertindo. – Carla.
— As vezes acho que fico onde ninguém me acharia.
— E sozinho?
— Esperando o advogado.
— Problemas?
— Quase certeza que sim.
— E pelo jeito não está preocupado.
— Diria que estou entre a paz e a guerra, tentando a paz, e com o exercito a rua.
— Exagerado. – Carla. Sorri sem graça e pergunto.
— Como foi a peça Carla?
— As vezes acho que nasci para isto, as vezes, que tudo que faço, não me completa.
— Sabe que tem de se dedicar as técnicas de teatro.
— As vezes parece que falta alguém para tirar do normal, faz falta lá Bruno. – Carla.
— Tentando abrir espaço, me meti em encrenca, agora tenho de conseguir fazer um caminho
para me dar um tempo.
— Dizem que só se dá tempo. – Beatriz. – E temos de falar sobre a produção do material do ano.

606
— Sim. – Iria comentar algo e vi Vaz junto com Pedro Rosa entrarem pela porta, e ao lado,
Elizabeth Souza. – Mas pelo jeito o problema do dia é maior do que pensei.
Beatriz olha a entrada e fala.
— Dizem que você e este rapaz, estão perturbando a cidade.
— Ele sabe vertentes de coisas que não entendo, e uma delas, que uniões no mundo dos Hons,
são uniões em 72 realidades, que isto fomenta um crescimento que não entendo.
— Falando difícil. – Carla.
O grupo chega a mesa e faço sinal para o garçom, perguntando se poderíamos mudar a mesa para
o andar de eventos. Então subimos e olho Vaz falar.
— Espero que os dois não briguem.
Olhei Pedro, ele olha Elizabeth e fala.
— Tem noção do que está fazendo rapaz?
— Com certeza não, pois enquanto os demais sonham, eu apenas apago a cama.
— Sabe que não acredito nisto. – Elizabeth.
Olhei a menina e falei.
— Tem de entender Princesa Eli, que tanto eu como Pedro ao seu lado, até vemos o que acontece
lá, mas não sei como acontece com ele, eu sinto como se entrasse e saísse, independente do tempo que
se passou lá um segundo depois, então eu não vivo o mundo de Hons, eu sinto como se fosse ali ao
lado, mas não me é parte sonhar com ele.
Ela olha Pedro que fala.
— Porque interferir lá? – Pedro.
— Porque se provocarmos algo lá, como criação de um reino forte, evolutivo, todos os membros
daquele membro, podem desenvolver um crescimento nas 72 existências, pois não entendi o que
aconteceu neste ponto, mas é como parte destes seres, fossem parte das 72 existências paralelas, e
pessoas daqui, nenhuma desta existência, pelo menos das que achei até agora, são Hons, mas existe
uma existência que eles são maioria, e não seria o mundo de Eli, e vejo que o reduzir de alguns, reduziu
o controle sobre o local, o colocar de muitas pessoas em um sonho, os colocou nesta existência de Eli,
mas a frente, o matar de uma lenda, do Eterno, destruiu mundos, as pessoas pararam de sonhar, e isto,
reduziu lá e aqui, as coisas.
— Não acredito nisto. – Elizabeth.
— Conheço somente uma pessoa a mesa, que consegue interagir pelo menos pela razão, nas 72
existências, e esta pessoa não sou eu. – Falei olhando Pedro.
— Tem que considerar que nada se pode garantir sobre isto.
— Mas o fim de três famílias de dragões em prol da quarta, apaga a lenda dos 4 dragões, do
dragão de união de 4 cabeças, e isto enfraquece a magia de lá, já que sei que os dragões brancos, são
parte de pessoas desta cidade, acredito que os demais, podem vir a ser, mas no momento, apenas vi
uma pessoa que tinha isto a flor da pele, e vocês a atacaram, porque?
— E se meteu nisto porque? – Elizabeth.
— Me ofereceram a menina como serva, coisa dos riquinhos desta cidade, mas sempre digo,
servos que sorriem com naturalidade, estão mais para reis e rainhas, do que ricos, que choram tendo
tudo que conseguem abraçar.
— E pelo jeito não vai recuar?
— Eu não ataquei ninguém, se em meio a discussão, ressurge uma parte do mundo dos Hons, que
era até então um buraco sem fundo, e ali tem um reino, que ressurge, não sei do que estão reclamando,
vocês não fizeram ressurgir aquela parte, e agora querem imperar sobre o que nem existia a dias atrás.
Elizabeth olha Pedro que fala.
— Te apoiei e me apunhala pelas costas.
— Palavras bonitas Pedro, mas eu não lhe ataquei.
— Me deve tudo que tem a volta.
— Sem problemas, quer tudo isto a volta?
Vu a cara de preocupado de Vaz e Pedro fala.
— É meu direito cobrar isto.
— Me dá quantos dias para sair, já que pagar por isto já paguei, então não vou pagar de volta.
— Não recua nunca?
— Não sou de ficar em discussões que são dor de barriga, sabe disto.
607
— Pelo jeito terei de lhe mostrar que tem de me respeitar. – Pedro.
— Lembra no fim, que não lhe faltei com o respeito menino.
Levantei e olhei para Paulo e falo.
— Precisamos conversar. – Olhei as meninas e falei – Acabaram com nossa conversa, depois
terminamos a conversa.
Sai dali e olhava em volta, um projeto ótimo, que iria ficar naquele ponto, eu olho o prospecto e
penso no que poderia fazer, não achava certo, mas ligo para algumas pessoas, e começo a falar em
mudar minha casa, a Curitiba Center, o colégio, se era para mudar, talvez este final de semana, antes do
que os demais chamam de começo de ano, fosse a hora para fazer isto.
Eu sento ao auditório e olho em volta, eu não queria recuar e não era uma boa ideia sair, as vezes
queria aprender a ser menos tudo ou nada.
Eu as vezes não sei o que fazer, e vejo minha mãe entrar naquele teatro e me olhar.
— O que está acontecendo filho?
— As vezes queria ser mais politico, mais amigável, menos tudo ou nada, sei que todos querem
que recue, mas o que sobraria de mim, se recuasse agora.
Ela me abraça e pergunta.
— O que o está deixando assim, olhando em volta filho?
— As vezes tentamos fazer o certo, embora o certo, não se encaixa na minha vida, mas quem me
permitiu construir tudo isto, quer que faça algo que não quero fazer, sei que ele me fez um preço bem
camarada para que assumisse aqui, agora se não fizer o que ele quer, ele vai me mostrar quem manda
de verdade, e sei que não sou eu mãe.
— E pensou em que?
— Se tiver de sair daqui, tenho um problema, se me manter aqui, posso ter problemas maiores e
não sei o que fazer mãe.
— Nunca precisamos de tanto filho.
— Sei disto, mas é um passo atrás imenso, pois estamos começando o colégio de segundo grau,
temos cursos de teatro, balé, musica, canto, temos auditórios, temos restaurantes, temos hotéis, o
remanejar nosso mãe, é o que seria fácil, o problema, é todo resto.
— E não teria um acordo?
— As vezes eu acho que todos tem o direito a sonhar, e estranho gente que quer o direito a
sonhar, mas apenas o direito deles de sonhar, pois quando qualquer pessoa sonha diferente do que eles
querem, eles destruiriam esta pessoa por isto.
— Pelo jeito o problema não é com você, não tem largado nada, e sei que estava acelerando, pois
vou ser vó, e quer dar estrutura a estas moças, e pelo jeito, pisou em um calo.
— As vezes falamos o nosso ponto de vista, mas quando o outro lado está emperrado em um
discurso, não sei o que fazer.
— Tenta pensar friamente, não joga tudo para cima.
— Acho que sai da discussão, pois não teria como me posicionar sem fazer merda mãe.
— E pretende fazer o que?
— Do acordo com Pedro Rosa, o inicial, o primordial, está o imóvel do Comedy Center, do Curso
de Teatro, e dois auditórios teatrais.
— Acha que é uma saída?
— Não, o problema é que quando mesmo pessoas geniais como aquele menino, são
pressionados, sei que já fiz burradas mãe, porque ele seria diferente.
— Certo, mesmo se ele não olhasse como se fosse o acordo inicial, poderia lhe atrapalhar.
— Nem que tenha de largar parte, mas tenho de pensar mãe.
— E acha que tenho de pensar em um local para mudar?
— O prédio a esquina, está quase pronto mãe, a ideia era outra, mas ali, não tem haver com o
acordo com Pedro Rosa.
— E com quem é a parceria ali.
— Juiz Aposentado Vaz.
— Certo, uma parceria referente a pequena Bárbara, não entendo todas estas ideias.
— Mãe, eu estava pensando em crescer, mas se vamos reformular, fazemos.
— E pelo jeito vai enfrentar.

608
— Vou devolver algo, mas para isto, preciso terminar a ideia, transferir parte, e não sei ainda qual
a aceitação de algo assim.
— Porque não?
— Mãe, eu tenho de pensar, ainda não tenho certezas absolutas.
— E vai entregar isto?
— Este fica sobre os restaurantes, isto não faz parte do apoio inicial.
— Você cresceu, e vai pensar?
— Vou pegar o violão, e amanhecer dedilhando, para ter ideias mãe.
— Se cuida filho.
— Acho que as pessoas não sabem o quanto sou sistemático mãe, as pessoas esquecem, que sair
de cima de um terreno que os documentos eram duvidosos, para nós é bom, mas sempre digo, as coisas
acontecem porque tem de acontecer mãe.
— Certo, e todo resto?
— Comprado de uma construtora local.
— E acha que eles vão continuar a construir com você?
— Nem ideia.
Vou ao palco, e sabia que muita fofoca corria esta hora, mas eu apenas pego o violão, o órgão e a
guitarra, ligo e pego meu caderno, com uma coisa a mente, terminar as 6 musicas que faltavam de
“Vozes”, eu fiquei ali a dedilhar, e a anotar, eu não sabia qual a saída, mas sabia que a pressão seria por
parar tudo, e precisava acalmar a alma, quando próximo a meia noite e meia, eu passo os acordes de
todas as 22 musicas do que seria o show Vozes, com a versão em Português e a versão em Inglês,
começo a pensar nas encenações e na cenografia do palco, nos instrumentais, nos corais, e quando
perto das 4 da manha, vejo Marilia entrar pela porta e me abraçar.
— Pelo jeito se perdendo no tempo.
— As vezes não quero discutir com ninguém.
— E pelo jeito a discussão foi grande.
— Talvez tenhamos de mudar de casa.
— Algo tão grave assim.
— Não, eu não dei a devida importância, então desandou.
— Sonia me acordou, falando assustada sobre ter sonhado com grandes exércitos se preparando
para enfrentar o povo dela, e depois os Bárbaros.
— Eu sempre digo, eu fico criando, e um espectro a parede, quer que me coloque nesta briga para
me culpar, porque não sabe dizer não a uma Souza, eu sempre digo que tem duas formas de enfrentar e
sei que algumas são doloridas.
— Não vai a ajudar?
Olhei para onde o espectro estava e falo.
— De qualquer jeito vai ser uma guerra Marilia.
— Pelo jeito não achou uma saída.
— Acho que as pessoas não entenderam, eu não gosto do que está acontecendo, mas nem sei se
teria apoio, pois eu não perderia nada lá, pois não é parte do meu mundo.
— Ela quer que faça algo.
Sorri, peguei o celular e passei mensagem para um grupo, que era parte dos “Lei”, e passo o
endereço e os que deveriam fazer, não falei nada e apenas termino.
— Acho que terei de pedir desculpar para Sonia depois.
— Ela vai ficar furiosa.
— Sei disto.
Eu ouço o que havia feito e olho para as musicas que havia criado para o show, “Dagon”, e
começo a dedilhar mais algumas coisas, Marilia viu que não fiz nada para interferir na briga e quando
insistia em amanhecer, com mais eu subo e tomo um banho, eu não queria dormir, e estava cansado,
desço e faço um café e era próximo das 8 da manha quando Sonia desce e me olha, olha para o espectro
e fala.
— Não foi nos ajudar.
— Acredito em vocês, sabe disto.
— E mesmo sem fazer nada, seguramos a primeira investida, e não entendi, parece que o
espectro esperava que fizesse algo, pois ainda está ai.
609
— Vou acabar cansado, bebendo algo a tarde e apagando em algum lugar.
— Vai sair?
— Tenho um churrasco chato dos Calouros de Letras, preciso me enturmar e não sei, queria
apenas estudar, não me enturmar.
— Marilia falou com você?
— Sim, expliquei que você iria ficar brava, mas não teria como ajudar.
— E pelo jeito todos estranham você.
Chego perto de Sonia e falo, a olhando de frente, segurando ela pela cintura.
— Tem de entender, eu não sou essencial a vencer uma batalha, não no mundo de Hons.
— E porque lá me sinto insegura.
— Porque você é nova.
— Já sou uma moça.
— Acho que não entendeu, eu me acho novo, inseguro, contraditório, então analiso os demais
por minha forma de ser.
— E vai festar?
— Deixar uma cochilada, e ao meio dia vou sair, deve ser uma tarde chata.
— Pelo jeito não quer pensar no problema.
— Acho que na segundo, vou falar com Ronald, pois já tenho o primeiro caminho do show Vozes,
vou começar a escrever de traz para frente os demais.
— Vai começar por qual?
— Mundo de Plout.
— Não era mundo dos Hons?
— Acho que o problema, é que aquele mundo, ou aceita o nome de uma rainha, ou de um povo,
acredito que não sei quem será a companheira de Plout, quando o descobrir, este será o nome da peça,
que vamos encenar.
— Não entendi.
— A soma dos 18 shows do ano, vão ter um nome, e este é o nome que procuro.
— 18?
— Eu só escrevi um e pelo jeito tenho de resolver os problemas para estabelecer os shows, e
somente em abril, saberei o nome de todas as pessoas que vão fazer parte.
— Não entendi nada.
— Vou apagar um pouco, e depois falamos.
Subi, cai na cama e apaguei.

610
Dormi pouco, mas precisava, as vezes pensar as coisas com a cabeça mais
leve, facilita, as vezes, com este gosto de guarda chuvas na boca, deixa as
decisões mais clássicas, menos pensadas.
Olho a porta as duas Sonia e Laura que pergunta.
— Sei que não estava lá, e não entendo.
— O que não entendem?
— Como vencemos?
— Não venceram, apenas se defenderam.
— Certo, não atacamos, mas não entendi.
— As vezes, nem eu entendo, mas tem coisas que devem estar escrito, sei que minha posição, vai
gerar problemas, mas tudo, tende a gerar problemas, pois todos a volta, cada um deles, quer desenhar
os seus interesses, antes do interesse comum.
— E vai fazer o que hoje? – Laura.
— Vou tentar uma inspiração, já temos 14 musicas de “Dagon”, as 22 musicas de “Vozes”, então
faltam 6 de “Dagon”, para terminar o segundo show, tenho uma ideia, que pode ser maluquice de
minha cabeça, mas pensar as vezes é melhor que sonhar, então “Recriando Dragões” vai ser o nome da
serie e 18 shows deste ano dos três corais, o “Bárbaras” o “Sonias” e o “Serviçais do Som”, então as
vezes acho que quando resolvo criar eu não paro, se eles querem nos mudar de casa, mudamos.
— Pelo jeito acha que a briga se mantem?
— Como falei, o segredo é não atacar, é nos defender.
— Porque?
— Porque as pessoas tem de entender, todos merecem um local ao sol, não apenas um ou outro,
as vezes as pessoas crescem, espero não virar algo assim, e esquecem dos demais.
— E pelo jeito quer aprontar?
— To quebrado, mas vou a uma reunião que seria para conhecer pessoas, mas estou pregado,
então vai ser apenas estar lá.
— E pelo jeito querendo puxar mais gente para cama. – Marilia com ciúmes.
— Não, as vezes temos de fazer as demais coisas acontecerem, e estará na festa um professor, e
um rapaz que querem desenvolver o material que comecei a fazer, e sei que minha ideia é muito
maluca.
— Querendo por gente a trabalhar na sua ideia?
— Sim, como falo, as coisas estão em construção, mas podemos mudar ainda de ideia, mas o
material didático do Colégio Guedes York está em construção, o colégio ainda está em construção, pois
temos o espaço para o segundo grau, mas não temos o espaço para de quinta a oitava.
— Sexta a Nona? – Marilia, me lembrando que tinham mudado isto.
Me visto, pego um violão no quarto, coloco um caderno na mochila, caneta e lápis e peço um
aplicativo, para ir para Colombo, eu chego ao local e olho as pessoas, eu chegando com um violão, não
sei o que pensaram, eu cumprimentei os poucos que conhecia, e chego a um canto, gente que não
conhecia, as vezes a ideia de ficar em casa seria melhor.
Vi que os mais velhos estavam tentando entrosar as moças, e sento ao canto, pego um
refrigerante e um pedaço de linguiça em um prato, um pão para por a linguiça e sento ao fundo, tinha
um pequeno local, tiro o caderno da mochila e começo a dedilhar alguns acordes, eu as vezes me achava
isolado, e estranho que isolado naquele momento, surge “Dragões”, eu passo os acordes, uma musica
que estabelecia o caminho, como Vozes o fez.
Estava a dedilhar “Azuis”, quando vejo Kamila chegar ao local que eu estava e me beijar o rosto e
falar.
— Se isolando.
— Cansado, apenas dedilhando um violão.
— Estão lhe chamando de metido.
— Sou.
Ela sorri e fala.
— O que faz ai?
— Pagamos para ter churrasco, vai ter linguiça, cerveja quente, não tomo, então vou de
refrigerante, por sinal, sem uma Coca Cola, acho que estou chato demais para conversar hoje.
611
Kamila sorri novamente.
— Pelo jeito eles não querem entrosar os rapazes.
— Acho que cheguei sedo, mas apenas aproveitando o dia para criar.
— E criava o que?
— Quando se acha a meada a puxar, temos uma musica para ser cantada pelos 7 grupos das
Bárbaras, que é “Dragões”, e isto soma até no “Vozes”, estabelecendo uma mudança de interpretação
até das musicas anteriores, dai comecei a escrever “Azuis”, acho que a dinâmica, me gera pelo menos 6
musicas posteriores, “Mares”, “Lagos”, “Rio Turbulento”, “Rios Calmos”, “Chuvas” e “Tempestades”.
— Não entendi nada, mas está criando algo, eles achando que está se mostrando.
— Eu sempre digo, as pessoas isoladas, criam coisas, e os que me chamam agora de metido, vão
dizer que estavam aqui, quando eu criei estas coisas, o passado sempre é mais romântico, menos real.
— Pelo jeito este caderno tem valores incalculáveis? – Ela apontando o caderno.
— Sim, talvez tenha meu terceiro sucesso.
— Dizem que você tem mais que isto em sucesso.
— Eu considero Zarathustra 6, sucesso, e Vozes, sucesso, o resto, musicas que somam no
conjunto da obra.
— E criou algo que acha que vai se equiparar.
— Que vai fazer o que estas duas musicas fizeram, abrir os leques de criação.
— E quem gerou estas olheiras ai? – Kamila.
— Fui dormir era passado das 8 da manha, cheguei aqui pouco depois do meio dia.
— Certo, não dormiu, mas pelo jeito a festa foi grande.
— Acho que se eu criar algo hoje, o pouco que criar, é ganhar dias, e poucos entendem isto.
Olho que Ivan vinha no sentido que estava e apenas guardo o caderno e falo.
— Vamos ver os problemas.
— Pelo jeito estava resolvendo problemas ainda.
— Sim, e nem entrei em campo ainda, e querem que entre.
— O dragão de ontem nos assustou.
— Sei disto, mas as vezes vendo os vídeos na internet, é bom ver que o real, eles conseguem
transformar em irreal, fácil.
— Quem viu sabe que foi real.
— Poucos viram, não deu tempo.
Ivan chega a mim, me cumprimenta e fala.
— Podemos conversar?
— Como chegou o problema a você Ivan?
— Alguns começaram a falar que teríamos de sair do endereço do Agua Verde.
— O acordo, que tinha com Pedro Rosa, não atinge o terreno do Colégio, e mesmo assim, se
atingisse, apenas atravessaríamos a rua.
— Não entendi.
Pego na minha pasta uma imagem e falo.

612
— Ivan, a parte que está em cinza claro, era o acordo com Pedro Rosa.
Ivan olha o desenho e fala aproximando.
— Ampliando a ideia.
— Lembra que na outra esquina, tem o local que somaríamos, os prédios já estão lá, temos de
mobiliar e fazer com calma, pois a ideia é a partir do ano que vem, termos o colégio a partir da sexta
serie fundamental, mas a parte do acordo, era o centro daquela quadra, o projeto é bem maior.
— Certo, as pessoas olham apenas uma ponta, e falam, mas pelo jeito querendo crescer.
Eu coloquei o dedo na parte a direita do desenho e falo.
— Isto resolvi por aqui ontem a noite.
— Vai refazer ao lado.
— Deixar as coisas caminharem, eu não quero parar, mas mesmo o colégio no Tarumã já esta
avançando, então mudar de ideia, as vezes acontece, mas estou tentando manter a calma.
— Dizem que este seu aliado é violento, alguns tem medo Bruno.
— Eu não bati de volta ainda, pois não vejo motivo para esta briga, ainda não considero alguém
que me ajudou um inimigo.
— Certo, não quer briga.
— Apenas não quero me desgastar por um dos tantos romances de Pedro Rosa, que ele não sabe
dizer não, ele não entendeu, ele é o rei, a menina é o símbolo, mas ele que enfrentou o desafio, ele que
se impôs como rei, não a moça.
— E não fala isto para ele.
Olho em volta e falo olhando o espectro ao lado.
— Ele sabe disto.
— Vão dizer que isto é uma visão machista. – Kamila.
— Ser feminista é bonito, machista feio?
— Sabe que impor-se sobre a força, é feio. – Kamila.
— Sim, o problema, é que machista, virou sinônimo de coisas ruins, e feminista de coisas boas,
mas acredito que qualquer dos lados, que não defende harmonia, é feio.
— Certo, mas acha que nos mantemos ali.
— Ontem quase joguei a toalha, mas depois, uma noite compondo, colocando a cabeça no lugar,
confirmando apoios, que nem responderam ainda, pois era madrugada, me fez pensar melhor no
problema, pois não existe o problema.
— Como não existe? – Kamila.
— Kamila, se eu falar para todos os a volta, que o problema, é o direito dos Dragões Azuis e
Negros voltarem a ter suas famílias, seus clãs, quantos vão dar rizada.
Kamila olha em volta e fala.
— Entendo, não é um problema real, por sinal, que dragão dourado foi aquilo?
— O meio de transporte mais rápido para uma ação rápida.
Ivan olha para Kamila e pergunta.
— Estava lá? Todos falam que teve um monstro que passou pela parte da reitoria, tomou altura e
sumiu ao sul. – Ivan olhando ela serio.
— Não era um monstro, pelo jeito era um dragão. – Kamila me olhando.
— Todos falam que foi rápido, não deu para ver direito, teve até um rapaz que tentou filmar,
quando ele puxou a câmera já estava longe.
— Uma holografia, nada perigosa. – Falei olhando Kamila.
— Holografia? – Ivan.
— O show do ano das Bárbaras, vai ser “Dragões!”
— Quer que acreditem nisto? – Kamila.
— Acha que alguém acredita em dragões Kamila?
— Não, as pessoas não acreditariam mesmo.
— Está falando serio? – Ivan.
Sorri, as pessoas com a chegada de Ivan ali, algumas pessoas se aproximaram, até gente que
deveria estar falando mal de mim, e Kamila fala.
— Pelo jeito vai ser chato.
— Pensei que viria mais gente da nossa turma.
— Devem ainda estar viajando.
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Pior que deveria ser verdade, data que não sabia como terminaria.
As pessoas se afastam, com o sair dali de Ivan e olho o rapaz que havia falado do material do dia
anterior, chega a nós e fala.
— Isolado?
— Sou a criança, eles os adultos.
— Estava olhando o material, tem uma didática bem básica, mas ainda parece algo que preciso
entender a base de como pensou naquele material. – Ricardo.
— A ideia, isto é antiga, estava no primeiro ano do segundo grau, e trabalhando no Inter, como
atendente, reparei em algo, eu não falava nada de inglês, mas ali se força as pessoas a falarem em
inglês, e me deparei com um fato, falamos palavras básicas em inglês, no nosso dia a dia, mais de 60
palavras que você consegue que as pessoas reconheçam fácil, seja um Good Morning, seja um Follow
Me, entre tantos outros termos, e comecei a anotar, tudo que penso, eu anoto, e vou elaborando, me
despertando, eu fiz 3 anos o básico aqui de Inglês, fiz o mesmo no Estadual, aprendi ouvindo e olhando
o material no Inter, os professores de inglês, do segundo grau me odiavam, por perguntas que não
faziam parte do conteúdo, dai me veio a mão um livro em inglês, sobre como não passar necessidade
nos Estados Unidos, sabendo 80 ternos, dai por 3 anos, chato como sou, eu me forçava a ler em inglês,
as vezes no começo, não entendendo nada, hoje em dia, consigo ler Shakespeare no original, mas é que
três anos de leitura, me fazem entender meandros da língua, que parece natural hoje, mas sei o quanto
sofri para aprender.
— E pelo jeito Ivan o respeita.
— Ricardo, a pergunta, quer fazer o que exatamente? – Fui direto.
— Entender.
— Quer conversar disto serio?
— Propus algo que me parecia fácil, como minha tese de TCC, e parece que tem mais meandros
ali do que domino, Ivan aceitou ser meu Instrutor e ele me indica você, não sei como falar algumas
coisas.
— Falando.
— Eles não vão levar a serio se colocar que a ideia foi de um rapaz de 16 anos que é calouro.
— Tem de entender uma coisa Ricardo, as vezes, omitir algumas coisas, ajudam.
— Como assim.
— Se você colocar o nome Bruno Baptista, autor da peça Zarathustra e da peça teatral Liber AL vel
Legis, e da confecção do material didático do Colégio Guedes York, produtor musical do grupo
“Bárbaras”, proprietário do “Curitiba Theater Center”, que eles não olham a idade.
— E tudo isto é você?
— Eu sou bem mais que isto, isto é o que eles dão valor, eu sou a criança que resolve desenvolver
um método próprio, pois os métodos que me apresentavam, era falhos.
— Certo, mas como colocar isto em uma tese de conclusão de curso.
— Isto que perguntei, o que precisa.
— É que a ideia parecia boa, mas é confusa.
— Talvez use sua Tese para fazer a minha, lá na frente, em 5 anos, mas é que teríamos de
conversar anotando as coisas, não em um churrasco.
— Certo, mas acha que tem um caminho.
— Começa com pelo menos 4 livros bases, que você teria de ler para entender o problema, mas
marcamos, eu ainda estou refazendo minha biblioteca.
— Refazendo?
— A casa que morava com minha mãe, pegou fogo com tudo, no Jardim Social o ano passado.
— Mas se fosse fazer algo assim, começaria por onde?
— Tem de ver que não sei as regras do TCC, mas eu sou de desafiar, eles querem que nos
prendamos a ABNT, em algo feito em inglês, eu começava a tese, colocando que a ideia, é formação de
pessoas que entendam ideias externas e suas diferenças, dando o exemplo inicial, que testos em inglês,
geralmente estariam na norma APA, não ABNT, que os valores numéricos, estariam em pés, milhas,
galão, pois faz parte entender a forma de pensar deles, entender suas métricas e padrões.
Ricardo me olha e sorri.
— As vezes ouvindo você falar, começo a entender o texto, as vezes eu não entendia, e tive de
pesquisar, mas acha que precisa disto?
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— As diferenças são mínimas, eles não falam achando que são imensas, mas eu consigo fazer um
trabalho em ABNT, obedecendo as normas APA e Vancouver e poucos notariam.
— Certo, algo que nos coloca em algo maior e não difere, interessante que alguém no primeiro
ano está pensando já nas normas de formação.
— Eu sempre fiz as perguntas chatas, as pessoas não respondem, mas eu busco a resposta.
— E se basearia em que textos?
— Se quer começar, tem “80 frases para destravar seu inglês!”, depois tem “80 antônimos
essenciais”,” Inglês Básico para Iniciantes”, “100 palavras para evitar no inglês”.
— Algo que está no conteúdo e não se vê?
— Como falo, aquilo é um material a ser aperfeiçoado, me perguntou como eu faria, eu pegaria
aquele texto, estudaria e defenderia, e sobre aquilo, desenvolveria o seu material, e proporia como
evolução daquele material.
— Não vê problemas em substituírem o seu material?
— Ensinar algo, é passar sobre egos.
— Sabe que nem todos concordam sobre isto?
— Sei, mas também não olhei ainda as regras sobre o TCC, mas tem de se considerar, que um
texto defendido, não é colocar ele no trabalho, é explicar o porque aquilo está ali, sempre digo, a ideia,
era pegar 120 palavras, e ensinar alguém a se virar com aquilo.
— Certo, uma iniciação, mas não entendi algumas palavras.
— Tem de considerar que é um curso de iniciação, então a existência de termos que são
facilitadores de entendimento de um professor que só fala inglês, foram colocados.
— E tem toda esta dinâmica?
— Toda a dinâmica, é um conjunto de 7 textos, cada um especifico de um ano, mas ai, é bem mais
do que apenas ensinar inglês.
— E ensinaria o que?
— Matemática, Física, Geografia, Estudos Gerais, Biologia e Inglês como matéria, então seria um
ensino médio ensinado em inglês.
— E tem este material?
— Ainda desenvolvendo, tenho de parar mais tempo, para conseguir fazer a parte que quero.
— E só tem 16 mesmo?
— Sim, e continuo afirmando, que aquilo ainda é um material feito por alguém sem a experiência
necessária, deve ter mais falhas.
— E pelo jeito quando terminar o meu trabalho, vai já ter outro terminado.
— Não, eu acredito que um material, ele tem de ser absorvido, para ser modificado.
— E ajudaria a formular este trabalho?
— Sim.
Vi uma moça vir falar com Ricardo e apenas falar.
— Conversando com os Calouros Ricardo.
— Sim, problemas Rose?
— Tem gente que acha este pessoal muito antipático.
Olho Ricardo e falo.
— Nos falamos na segunda, sei que sou antipático e metido.
Ricardo olha a moça e fala.
— Não vai se entrosar?
Apenas sorri e a moça tira o rapaz dali.
— Pelo jeito estão nos chamando de metidos.
— Sim, eu pensei em convidar algumas pessoas, acabei saindo mais rápido do que pensava
ontem, então, acabei não convidando ninguém.
— E o pessoal da turma?
— A maioria não está nem ai, os dos rapazes da turma estão lá com o pessoal, tem mais duas
moças da turma, que estavam por ai, mas nem conheço as pessoas, e sou pelo avançar lento.
— E não pretende chamar atenção.
— Pode ser que tenha de sair correndo, quanto mais pessoas a volta, pior.
— Porque acha que teria de sair?

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— Espero que não, mas quando não se pode enfrentar nos mundos, acabam fazendo merda neste
mundo, e pior, depois que me posiciono, eles vão reclamar.
— E nem vai se entrosar?
— Se já estão falando mal da gente sóbrios, imagina bêbados.
— Acha que vai dar confusão? – Kamila.
— Não, estranho quando alguém fala mal na cara, sem motivos.
— E acha que vai ficar neste clima estranho?
— Eles deve com calma se entrosar, mas eu ainda não tenho pressa.
Me levantei e falei.
— Deixa eu pegar algo para comer e para beber.
Eu chego até a churrasqueira, e pego um bife e coloco em um prato, farinha, pergunto se poderia
pegar uma cerveja, o rapaz nem me olha, fala sem olhar.
— É só pegar calouro, aqui não servimos ninguém.
Pegou com dois copos e volto ao ponto que estava e sirvo o copo de Kamila e corto o bife em
pedacinhos, para beliscarmos.
Eu tomo um gole, a algum tempo sem beber, pego o violão, eles não ouviriam, pois o som estava
alto, tocando Beatriz, sorri e Kamila.
— O que o faz sorrir?
— Beatriz começa a tocar o que gosto de ouvir.
— E pelo jeito quer tocar algo?
— Deixa eu perguntar para o rapaz do centro acadêmico, se posso convidar alguém hoje, ou já
não tem como.
Sai dali e fui ao ponto de entrada e perguntei para o rapaz que controlava a entrada, e ele
perguntou quantos, e me olha estranho, quando falo umas 10 pessoas, ele estabelece o preço e apenas
deixo os nomes, e volto ao local que estava, passo o convite para algumas pessoas.
Pego o violão e olho Kamila.
— E dai, canta algo?
— As vezes acho que não sirvo para isto.
— Porque?
— Não gosto da minha voz.
— Então temos algo em comum.
— Não gosta da sua voz? Para alguém que deve ter mais musicas gravadas do que conheço, e a
voz básica do Zarathustra, estranho.
Sorri e peguei o violão e começo a dedilhar e falo.
— As vezes queria ter ideias fáceis.
— E não consegue?
— Não sei, para mim, a ideia foi fácil de ter, mas difícil de implementar.
Kamila olha um pessoal chegando e fala.
— O rapaz da entrada está apontando para cá.
Bruno nem olha e fala.
— Quando perguntei se canta algo, é para sabe o que gosta de cantar?
— E porque quer saber?
— Quando se fala em fazer coisas, minhas ideias passam pelas musicas, pela dança e pelo teatro.
Estava terminando a frase e ouvi.
— Se escondendo de nós Bruno? – Bárbara Silva.
A olho e vejo as outras duas Bárbaras, vejo Beatriz, os rapazes dos Clementes e olho a entrada
Lucas chegando com a namorada.
— Tentando não sair correndo.
— Pelo jeito nos metendo em algo chato. – A pequena Bárbara Vaz.
— E dai, o que faremos a noite? – Perguntei.
— Querendo aprontar pelo jeito. – Roger.
— Tentando pensar no que faremos este ano que vai começar agora.
— Pelo jeito quer fazer outras letras estranhas. – Roger.
— Tentando algo diferente, pois tem de ser diferente para ser mais pesado que o ano anterior, e
poucos entenderam o peso daquilo.
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— E tem algo para comer?
— Sim, é só pegar na churrasqueira e no freezer.
O pessoal foi pegar algo e Lucas chega ao local e fala.
— Desentocou um pouco?
— Tentando entender o que as pessoas normais fazem.
— Pelo jeito cercando-se de Bárbaras?
— Sempre.
Eu queria trocar ideia, e Lucas ali, era algo a aproveitar e falo.
— Pensou em algo para este ano?
— Você que dá as ideias, sei que no fim mudamos tudo.
— Estava pensando em um show com nome Windows.
— Janelas?
— Sim, começando por uma musica, chamada Windows, e começar falar de visão do mundo,
passando pela janela.
— E como seria isto? – Lucas.
Eu pego o violão e começo a passar as notas e falo.
— Algo a ser feito na guitarra, órgão, bateria e violoncelo Elétrico.
Fui passando o ritmo e depois começo pela letra e ele senta-se ao lado e fala.
— Deveria ter trazido um violão também.
— Isto se dá um jeito, mas acha que seria um caminho?
— Pelo jeito começou a fazer como o ano passado, pensando musica a musica.
— Sim, teríamos na sequencia “Maternidade”, depois “Escola”, iriamos a “Aventuras e medos”,
depois falaríamos da “Vizinha”, avançaríamos por “Platônico”, iriamos a “Vontade de pular”, deste
ponto para frente, ainda pensando.
— Pelo jeito vamos passear por uma janela.
— Ainda na duvida, pois a ideia da musica aqui seria algo como “Windows traz Iron!”.
— E iriamos por onde dai?
— As quatro influencias da banda, quando os conheci.
— Resgatando o que fazíamos?
— As vezes um caminho para meio de show.
— Sempre digo que você cria estranho, mas cria shows completos.
— Temos de tocar elas, falar de cenário, falar se vão cantar com as Inglesas este ano.
— Porque não tocaríamos?
— Não sei, já falaram com elas, pareciam deslocadas e meio perdidas.
A forma que Lucas olhou para a namorada me fez falar.
— Acho que as duas bandas, vocês e elas, tem de ter um caminho individual, e um caminho onde
haveriam musicas que serviriam apenas para um show entre as duas bandas.
— E porque eles se rebaixariam a isto? – Bárbara.
— Verdade, porque se rebaixarem e terem um conjunto de musicas e tocar com as Bárbaras, com
a pequena Bárbara, com as Marginais e com as Inglesas.
Lucas sorriu e pergunta.
— Acha que conseguiríamos ter trabalhos em conjunto.
— Acredito que sim.
A pequena Bárbara, abraça meu braço e pergunta, se juntando a conversa.
— O que tanto falam?
— Que temos de escolher as musicas que Bárbara vai cantar com os Clementes.
— E pensou em que? – Bárbara.
— Musicas pesadas, com temas que a maioria não entende! – Falei.
— Lá bem musica demoníaca. – Bárbara a namorada de Lucas.
Lucas a olha estranho e pergunta.
— Pensou em que musicas?
— Começar com uma que integrasse Bárbara, o coral, a bateria de escola de samba, uma
orquestra, o grupo de teatro, e vocês.
— Uma musica pesada? – Ele olha – Com orquestra?
— Algo especial, nos shows não teria orquestra, mas na produção sim.
617
— E quais musicas pensou? – Bárbara.
— Tirar do seu caderno, “Had!”, depois tirar “Nuit”, depois “Hadit”, e por fim “Khabs”.
— Sabe que estão apenas as letras, nem tenho ideia de som para aquelas letras. – Bárbara.
— Fala baixo, as pessoas não sabem disto ainda.
Bárbara sorri e fala.
— Sempre deixando as honras.
— As letras que escreveu quase descrevem as notas, uma vez começado, elas quase se tocam
sozinhas. Mas tem de considerar, que não musicas solenes, pesadas, mas que precisam de um órgão
com uma levada bem desenhada, e com certeza, para cada musica, um coral religioso ao fundo, e a
guitarra de Lucas cortando o som com tudo.
— Minha irmã falou que já definiu o show dela inteiro. – Bárbara Vaz.
— Sim, os acordes e as letras sim, mas falta muito, mas o show “Dagon”, já tem suas musicas.
— E sobre o que são estas musicas? – Lucas.
— São musicas baseadas em um conto rápido, de Lovecraft, de mesmo nome.
— E o que tem de incrível neste conto?
— Me inspirou a criar as musicas de Windows.
— Como assim?
— Uma frase final do conto, é Windows gritado, varias vezes.
— E porque nos convidou para esta festa chata? – Bárbara Silva.
— Porque eu estava achando chato, e não é certo apenas eu perder o sábado a tarde.
— Parecem querer chegar perto mas não se rebaixarem a isto. – Barbara Vaz – Até conversam e
tentam puxar assunto quanto chegamos lá, mas não parecem querer se aproximar.
Bárbara fala isto e estranho, olho em volta e falo.
— Chama o pessoal para perto Barbara.
— Problemas? – Barbara Silva.
— O local está enchendo de Hons, e se eles estão a volta, tem perigo chegando.
Olho o celular e olho os Hons, as pessoas ao longe, alcoolizadas, começam a estranhar quando em
meio aquela reunião, começam a surgir Hons a toda volta.
O sorriso do espectro de Peter, estabelecia armação e apenas falo.
— Só não fiquem em confusão que é para mim.
Eu começo a ir para a entrada do local, alguns pensaram que iria sair, mas quando começo a
caminhar, olho Bárbara que segura as pessoas longe e olho aquele ser imenso surgir a minha frente,
Plout em pessoa.
— Tem de parar de atrapalhar criança, está me fazendo mudar a forma que olho você.
— O que fiz que está lhe atrapalhando Plout?
— Dispôs de um exercito de Ami para defender os Bárbaros.
— Tem problemas com os bárbaros?
— Pedro pediu ajuda, que estaríamos em paz, se ajudasse ele e sua rainha a conquistar o mundo
dos Bárbaros.
— Pensei que não fizesse o trabalho sujo dos macaquinhos Plout.
— Tem de entender que queremos paz?
— Querem paz derrotando e subjugando seres da sua terra em favor de seres deste mundo?
— Bem me falaram que você era o problema.
Plout girou a espada a frente e apenas falei.
— Deixar claro Plout, eu não tenho nada contra você.
— E aceitaria perder assim uma batalha, sem a batalhar?
— Apenas avisando, que não tenho nada contra você, não que vou perder, apenas não quero ódio
onde nem deveria existir enfrentamento.
— Acha que pode comigo?
— Porque me atacar que não entendo.
— Dizem que você parou uma guerra ontem, sem eles perceberem, que somente hoje
perceberam que alguém no seu mundo, havia acordado todos os soldados do outro lado, e todos
pensando que magia havia feito.
— Esta guerra nem foi travada, pois os soldados tinham pavor das Ami, conta outra Plout.
— Tem de entender que as vezes temos de ter paz, e não admitimos quem é contra isto.
618
— Então destrua quem ataca sem motivo, não quem é atacado.
— Palavras bonitas, mas não vai escapar.
— Acho que não entendeu, Plout, eu estou pronto, quer atacar, sem problemas, é difícil pensar
em enfrentar alguns, sem apoio dos Hons, mas se agora vão virar cãezinhos amestrados de Pedro Rosa,
realmente estaremos em lados contrários.
Vi ele girar a grande espada, senti a proteção vir sobre mim e senti aquela imensa espada, vir com
tudo e bater na proteção, seguro para não cair e olho Plout.
— Vai apenas se defender?
— Seria covardia minha lhe atacar Plout.
— Acha que teria medo de você?
Eu apenas olho para Plout e sinto o grande felino dentro de mim, e começo a crescer, a capa veio
sobre mim, e vejo nos olhos de Plout e dos Hons o medo e falo, aquela voz quando transformada,
deveria dar uma boa voz de canto.
— Não entendeu o que Plout, que não interferi ainda?
Vi Pedro Rosa se materializar as costas, vi os dragões brancos surgirem, e ouvi.
— Acha que vamos aceitar uma nação nova? – Elizabeth.
— Desculpa, o reino ao lado, do seu, é mais velho que o seu, se é referente a isto que está
falando, talvez seja a resposta.
Senti as energias e olhei para Plout e falei.
— Como falei, seria uma covardia Plout.
— O que é você?
— Apenas me chame de Bruno Baptista. – Senti as energias e cresci, agora para o tamanho do
dragão dourado, e olho para Pedro e Elizabeth e falo.
— Tenho todo o direito de defender os que sinto parte da minha existência, podem não querer,
mas não vou deixar a covardia, com nome bonito, imperar no mundo dos Hons.
Pedro me olha e fala.
— Está declarando guerra.
— Não seja cômico Pedro, sabe que o reino de Eli, é muito menor do que o seu reino, e estamos
falando apenas da sua parte, não das demais partes de você mesmo, sabe que é uma desculpa, apenas
para se manter em guerra.
— E não tem medo de guerra?
— Não se pergunta ao representante do Deus das Guerras, se tenho medo.
Pedro me olha e fala.
— Não me conhece.
— Sei que não, mas não somos inimigos, está levando a parte testosterona mais a ferro e fogo do
que o normal Pedro.
Vi ele se tornar um grande lobo e me olhar, aquilo se estivesse no tamanho de um humano, seria
assustador.
Vi os curupiras chegarem por todos os lados, os filhos de Pedro, e apenas fiz sinal para recuarem e
os mesmos tentam com encantos, chegar perto.
Um pouco de gelo e eles começam a recuar, Pedro parecia pronto para pular sobre mim, ele
aproveitando o avanço lento dos curupiras, tenta me acertar pelas costas, e escorre pela proteção, ele
me olha revoltado e sinto mais dragões brancos, e estes começam a jogar fogo no meu sentido.
Uma observação rápida, e sabia que a festa havia acabado.
As pessoas tentavam sair e alguns poucos curiosos.
Roger olha para Lucas e fala.
— Chama os dragões.
Pedro olha para eles sem entender, mas Roger foi a forma da grande arvore com galhos de cipó, e
foi prendendo todos os curupiras a volta, os pendurando de ponta cabeça e os tampando as bocas, e
Lucas olha em volta e vários pequenos dragões negros surgem, ele se transforma e começam a crescer,
Pedro parece se assustar e fala.
— Mas que conspiração é esta?
— Estávamos quietos, não fomos nós que viemos atacar o rei do reino de Nork. – Lucas.
Os dragões negros estavam crescendo e se vê a grande fêmea dragão negra, surgir e olhar para
Elizabeth e falar.
619
— Porque quer nos atacar pequena Eli?
— Tenho o direito sobre as suas terras?
— Você não está querendo as terras, pois não está atacando lá, está atacando aqui nosso rei.
Pedro me olha e olha Eli e fala.
— Pelo jeito está se segurando mais do que falaram, pois eles lhe chamam de rei, e fica fora da
discussão.
— Como falei Pedro, não o ataquei, estamos ainda nos defendendo.
Olho Plout e falo.
— E se não respeita um dragão, está com problemas Plout.
Plout me olha, olha a dragão negra e fala.
— Pelo jeito os motivos reais foram escondidos. – Plout olhando Pedro.
Pedro olha os Hons começarem a sumir a toda volta e olha-me.
— Tem de entender que ela tem medo.
— Fico de fora, para ela não ter medo, e ela diz ter medo, sabe que o que a move não é o medo, é
uma crença infantil da irmã dela, de que ela comandaria todo o reino de Eli, mas ela pensou em um
reino total, mas nunca houve um reino total em Hons.
— Porque fala que ela não tem medo?
— Quer que ela tenha medo Pedro?
— Acha que algo a poria medo, de verdade.
Olho onde a dragão Mar estava oculta, e Pedro vê a segunda imensa dragão surgir, e olho para
Roger e falo.
— Pode soltar estas crianças Dragão Verde! – Me referindo a Roger. Ele solta os curupiras e
começa a se transforma em um imenso dragão verde, apenas o negro era maior que ele.
Olho Pedro que olha em volta e fala.
— E nem enfrentaram?
— Não estamos em guerra, sempre falo, não nos coloque em guerras bobas, mas se quiser uma
guerra boa, esteja pronto para enfrentar.
Pedro olha Elizabeth, se ele via auras, deveria estar vendo como eu, o medo naquela menina, e
fala.
— Vou dar uma trégua.
— Ainda estou em paz, não me tirando da paz, tudo bem.
Pedro parece recuar por uma sombra ao seu fundo, vi os curupiras correrem para fora do terreno,
Eli sobre o grande dragão, olha os demais e somem ao ar.
Olho Laura chegando ao fundo e começo a reduzir de tamanho, ela me alcança uma roupa, e
depois uma para Roger e depois para Lucas.
Me visto e sento novamente, olho todos me olhando e falo.
— Pode chamar o pessoal de novo, não acabou a comida e bebida ainda.
Todos se olham, e Bárbara Vaz me abraça e fala.
— Pelo jeito meu Bruninho, andou aprontando muito ultimamente.
— Quem dera tivesse aprontado.
Olho para Laura e perguntou.
— Trouxe os instrumentos?
— Pelo jeito, eles não entenderam nada.
— Eles realmente não entenderam nada.
Roger me olha e pergunta.
— Sabia pelo jeito.
Apenas caminhei até a churrasqueira, peguei o bife que estava queimando, o viro, e tiro o resto
do fogo, e o rapaz chega perto e me olha assustado.
— O que é você?
— Apenas um calouro metido. – Coloquei um pouco de farofa no prato, dois bifes, estavam
passados, peguei uma cerveja a mais e voltei ao meu canto e corto a carne e olho Laura.
— Acha que aquelas musicas que lhe passei, consegue cantar?
— Não vai falar sobre o que aconteceu aqui?
— Tem gente demais olhando Laura.
— E pelo jeito não vai parar por um motivo destes?
620
— Covardia jogar Plout contra mim, pensei que alguém conversaria antes de atacar.
— Pelo jeito esperavam que Plout lhe gerasse medo.
— Ele não vaio conversar, veio me excluir, as vezes penso se vale a tentativa.
— Plout nem imagina que você que mais o defende.
Me calei, estava falando disto, e não queria, pego o violão, afino ele e olho para Bárbara.
— E dai, vamos fazer aquelas musicas ou não?
— Pelo jeito cansou de ficar correndo.
Não comentei e pego o violão, pego meu caderno e faço dois acordes e começo uma introdução,
eu anoto ela, e depois começo frase a frase da musica “Had”, e passo o meu celular para Bárbara, tinha
uma foto da letra, e ela começa a canta primeiro baixo.
— Precisa de mais peso no som. – Bárbara.
Olho Laura que olha Roger e fala.
— Ajuda a colocar para fora do carro.
Eles trazem um furgão para perto, e nele tinha as caixas de som, Laura perguntou para o rapaz
que tentava reorganizar a festa, onde poderia ligar uma tomada, ela estica uma extensão e liga as caixas
que ainda estavam para dentro do furgão, mas junto com isto, uma bateria, um baixo e duas guitarras,
somados a um teclado.
Vi Kamila voltar a se aproximar, as vezes as pessoas se assustam, normal.
Eu troco o violão pela guitarra, plugo o microfone e alcanço para Barbara, ela lê a letra e fala.
— Faz tempo que escrevi isto. – Bárbara.
— Apenas mantem o tom, acho que dá para repetir a frase final de cada trecho da musica, mas
neste ponto, precisamos de um refrão ainda.
Mostrei para Roger os acordes da bateria da musica, e depois fui mostrar os acordes para Marcio,
estávamos ainda na primeira musica, e a muito eles não tocavam juntos.
Se via a cara de revoltada da namorada de Lucas, mas eu na guitarra, mostro o segundo grupo
harmônico da musica para Lucas, e perguntei para Bárbara Silva se não assumiria uma das guitarras.
Eu comecei um uma convenção e depois para o ritmo, começamos a musica, vi que pessoas
começam a voltar, a chegar perto, e a pequena Bárbara arrasou, na terceira passagem, estava já
confiante para realmente impor os agudos naquela musica.
Eu vi Laura filmando e começamos a falar da segunda musica, “Khabs”, novamente uma
introdução e uma pegada mais forte, mais violenta, a voz mais sofrida, menos gritada, mas não menos
pesada, sei que eu me divirto assim, nem todos se divertem.
Barbara sorri e fala.
— Disto que falava, coisas com peso.
— Musicas para pensar.
— E quer tentar qual agora? – Lucas.
— “Windows!” a primeira musica de destaque dos Clementes do ano!
— E como seria esta musica?
Começamos e estranho colocar mais gente para tocar e vi Bárbara assumir o vocal, depois vi Lucas
cantar a musica, e com um arranjo mais demorado, terminarmos ela, por estarmos fazendo uma
sequencia, testamos também “Maternidade”, dos Clementes, e depois “Dragões” e “Azuis”, quem
cantou estas foi Laura.
Eu estava me divertindo, as pessoas a volta, começam a se entrosar, mas eu, ainda o metido que
não estava me misturando.
Depois de um tempo, começamos a trocar ideias, eu não tinha certezas, mas cada grupo de ideias
que avançassem, iriam desafogar a frente, as vezes uma musica se constrói, aos poucos.
As pessoas foram saindo e marcando no Largo, as vezes queria apenas ir para casa e dormir, mas
talvez isto fosse depois da meia noite, não agora.
A tarde termina, alguns não entenderam o acontecido, alguns não perceberam quem atacou e
quem se manifestou, estranho uma confraternização que começou chato, e terminou chato, mas que
teve um momento bom no meio.
Eu reparava que Ricardo olhava ao longe, Kamile ficou por perto, Bárbara Vaz ficou ao lado, Lucas
e Roger, e a outro Bárbara, a namorada de Lucas, ficou ao lado, a festa começa a esvaziar, a tarde indo
ao fim, e vi Barbara me olhar e perguntar.
— Vai para onde agora?
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— Pensando em tomar um banho, descansar um pouco e encontrar o pessoal no Largo.
— E acha que teremos paz?
— Ainda não sei, mas hora de descansar, e pode ser que caia na cama e apague.
— E pelo jeito a guerra vai ser grande?
— Ainda tenho de acalmar parte do pessoal, e o problema maior, eles não viram ainda Barbara.
— Como assim?
— Eles estão pensando em avançar no sentido do litoral para atacar seu reino.
— E? – Barbara curiosa.
— A Floresta Negra, lar do Dlanst, está no centro do mundo de Eli, com o acordo de
transmutação, um Dlanst, adquiriu asas, e este ser, pode vir a ser o retornar dos dragões verdes a vida, e
este ser, está bem no centro do mundo de Eli.
Eu estava falando e sabia que Pedro estava ouvindo.
— Então eles estão se distraindo com a coisa errada.
— Eles deveriam querer a volta da vida aos reinos, e não a destruição de espécies, para
proliferação de algo que já tem muito, humanos.
— E não vai intervir nisto? – Roger.
— Eles nem repararam quem é o Dlanst, então não vou sair por ai, declarando algo que não é
parte deste mundo, e sim de algo ao lado, distante, e a altura da mão.
— Sabe que muitos ficaram com medo. – Roger.
— Sei que os Hons colocam medo nas pessoas.
— E vamos fazer o que?
— Vamos lá para casa, tomo uma ducha, vemos umas roupas para a noite, e quem sabe não
inventamos algo novo a fazer.
— Algo novo?
— Sei lá, agitar onde as pessoas não gostam de pobre agitando.
— Não és pobre. – Bárbara Vaz.
— Alma de pobre.
Saímos dali, fomos para a casa no Agua Verde, passei uma reserva para 30 pessoas no Sal Grosso
no Largo, e depois de ajeitados, fomos para lá, as meninas saíram juntas, e chegamos em grupo, sábado
a noite, e obvio, fim da época do caranguejo, então pedi para me divertir, nem todos comiam aquilo,
mas como falei, alma de pobre.
As pessoas começam a conversar e quando Marcelus entra pela porta, ele senta-se a mesa, sorri.
— Novamente nos encontramos aqui.
— Sim, sente-se, hora de diversão alimentar.
— E veio em turma?
— Sim, como estão as coisas na cidade?
— Dizem que Pedro Rosa, declarou guerra a Bruno Baptista.
— Acho que eles não sabem o que falam.
— E não está preocupado pelo jeito.
— Estou preocupado, que o caranguejo não esfrie na mesa.
Continuei comendo e estranho sentir novamente os hons a toda volta, e olho para Laura que
chagava ao local, com o celular a mão.
— Tem alguém querendo falar com você?
— Alguém?
— Um tio, Camilo Inglez.
Peguei o telefone sem saber o que o senhor queria, já que tinham falado que ele tinha sumido, e
agora estava me ligando.
— Boa noite. – Falei tentando entender o problema.
— Boa noite menino, queria saber se podemos conversar, pois não entendi o que aconteceu, mas
parece que você domina mais isto que os demais, pois tudo está desandando e parece que os que me
apoiavam estão com medo de perder tudo.
— Não sei referente ao que está falando.
— O que poderia fazer, para voltar a ter paz com o grupo.
— O grupo nunca foi totalmente de paz, mas uma coisa que as regras não gostam, é um jogando e
fofocando sobre os outros, isto geralmente requer retratação.
622
— Mas não tenho mais como dar uma retratação em recursos Bruno.
— Isto não é uma conversa para telefone senhor Camilo.
— Mas poderíamos marcar algo?
— Pensou em algo, ou algum lugar?
— Poderia ser na sede da empresa aqui no Batel.
— Espero não ser uma nova arapuca senhor.
— Apenas uma proposta, pode apenas dizer não, mas gostaria de lhe falar rapaz.
— Marque uma hora e o local exato, passa por mensagem para este celular e se não for muito
cedo amanha, eu apareço.
Devolvi o telefone e voltei a comer.
Barbara Vaz ao lado me olhava com cara de nojo, e Bárbara a namorada de Lucas me olhava ao
lado comendo, e quem olhava com nojo era Lucas.
Marcelus pediu um prato e começou a atacar um caranguejo também, então embora a noite
poucos pediam isto, quando tinha mais de 15 pessoas comendo, e outras 18 olhando, eu me divertia e
comia um pouco.
Kamila me olha depois de um tempo e se despede, Roger sai, as pessoas foram encerrando a
noite e quando estava apenas Lucas e a namorada, Barbara Vaz, eu e Laura, achei que era hora de
encerrar a noite, hora de ir dormir um pouco, deixei as irmãs em casa, e fui para casa, um banho a mais,
e cama, estava pregado.

623
Acordo abraçado com alguém, estranho as vezes que o ter alguém ali, as
vezes era mais importante do que o mundo do lado de fora, sei que muitos não
entendem, mas dentro de mim, crescia a vontade de ser pai, de ter uma família
grande, e ao mesmo tempo, sei que crescia cobranças em olhares, e continuava
a ser um único ser.
Sinto o telefone e olho o local e o horário, penso se deveria falar com
Vaz, acho que isto também colocava medo neles, e esperava naquele momento
não estar entrando em uma arapuca, e sabia que se por um lado, Pedro tentava
ser um inimigo, ele erguera uma nova TV no Rio de Janeiro, e os mesmos que me destrataram, agora
tinham ele como um publicitário e como concorrência. Eu não conseguia o ver como concorrência.
Pego um aplicativo e vou ao local, o segurança confirmou meu nome e um rapaz me conduziu até
uma sala, pensei que a conversa seria fechada, então estranho existir Inglez e mais 9 senhores, e 8
moças, jovens, deveriam ser mais novas que a minha pessoa. Pessoas ligadas a uma novela, mas eu não
saberia o nome e o que fizeram nas novelas.
O senhor Camilo me cumprimente a fala.
— Senhores, este é Bruno Baptista.
Vi a cara de descrença dos demais, e Camilo apresentar cada um a mesa, dos senhores, as
meninas ele não apresentou.
Depois ele me olha e fala.
— Sei que induzi muitos contra você rapaz, mas não entendo quem o protege, o que faz, pois
tudo que fizemos parece ter desandado para nosso lado.
Eu estava quieto, queria uma solução, e não pensei em algo aberto, então não parecia fazer
sentido, pois o senhor aprontar era desfio da ordem do grupo, os demais, nada tinham ligação direta a
isto, pelo menos não via a ligação.
Um senhor me olha e fala.
— Sabemos que fomos induzidos que você era uma representação que não queríamos para estar
próximo a nós, que não queríamos algo como você ligado a coisas que representamos, e somente
depois Camilo nos explica, que as pessoas que sabotamos não foi o senhor e sim pessoas com poder
politico e econômico na cidade, mas queríamos por uma pedra neste problema.
— Uma pedra? – Perguntei.
— Temos problemas já com uma criança na cidade, e não queremos ter problema com duas. – O
senhor me olhando, ele parecia incomodado com a conversa.
— Deixar claro, eu não entendo do problema com os senhores, além do econômico, e de material
gravado que pedi a devolução, já que não fora usado, entendo o problema de Camilo, mas parece ainda
que me ocultam algo.
Todos se olham e um senhor mais ao fundo fala.
— Sabemos que gastamos mais para ocultar pessoas de uma gravação, do que se tivéssemos
passado e não dado atenção, mas existem segredos que não devem ser revelados.
— E acreditam que algo acordado, sem falar dos motivos, resolve o problema?
— Sabemos que os acordos com você, geralmente são referente a oferendas, Camilo explicou que
um dos grupos que lhe apoiam, pediriam oferendas para sacrifício, mas não temos como concordar com
isto.
— Camilo apoios as mortes, não fui eu que ofereci mais de 200 pessoas a morte, para me
culparem e para se livrar do peso, como se filhos, fossem peso.
— Não acredito nisto. – O senhor.
— Então desculpa me retirar, pois se não sabes o que aconteceu, e vem com palavras bonitas,
estou perdendo meu domingo, e se sabes e mentes para mim, sinal que dai eu entendi o problema, dai
a oferta para que o Deus da Guerra, não eu, aceitasse, seria alguém ligado a família de cada presente
que sabe do problema, e dependendo do problema, poderia ser até duas pessoas, pois não sei o que
pretendiam.
— Não temos nada haver com isto, não nos acuse. – Outro senhor.
— Desculpa, vou me retirar, estou perdendo meu domingo, pensei que era serio que Camilo
queria conversar, novamente uma arapuca, não quero os constringir mais. – Me levanto e apenas
começo afastar a cadeira que havia sentado, para sair e ouvi Camilo falar.
624
— Não vai aceitar uma oferta?
— Se a oferta é sem comprometimento, sem um passo atrás, recuando, não lhes servem doações.
Eu terminei de falar e apenas ouço o senhor que falara antes, para não o acusar.
— Pelo jeito não vamos resolver o problema hoje.
Sai da sala, e comecei a caminhar a porta, as vezes achava que cai numa arapuca, e não sabia o
que iria acontece, eu vi Pedro em espectro parar a minha frente, na entrada e falar, eu não deveria ouvir
um espectro.
— Não entendeu que eles lhe odeiam?
Não falei nada e o espectro fala.
— Segura o passo um pouco, eles querem resolver.
Olho para traz e Camilo saia rápido e ouço a ultima frase de Pedro.
— Não sei o que fez, mas o mundo de Eli está mais vivo.
Olhei nos olhos dele e falo.
— Deixa eu sair.
— Não sou matéria.
Atravesso ele e chego a entrada e vejo o segurança da entrada falar.
— Pediram para que esperasse um pouco.
— Estou perdendo meu domingo.
Camilo chega as costas e fala.
— Não quer tentar ouvir o que eles propõem?
Eu olho em volta e falo.
— Eu vim para tentar resolver Camilo, se quer gravar, inventar, armar, eu cai, mas eu não tenho
nada que falar com os senhores.
— Eles me pagaram para ofertar dinheiro para os membros da sociedade que faz parte, para que
tirassem a acusação contra eles.
— Se eles pagaram as famílias que foram humilhadas, não existiria o problema.
— Pagaram 10 famílias.
— Explica mais um pouco as famílias definhando, mas eles não fazem parte do acordo, você o faz
Camilo, e parecem querer me meter em uma briga a mais, não paz.
— Porque acha que eles querem mais briga.
— A maioria das moças lá dentro, não reconheço, mas ali estava Marília, aquela que todos os
meios falavam que estava com Pedro Rosa, então estão querendo ainda jogar.
— E não aceitaria uma forma de compensação.
— Acho que elas não são objetos para uma rede de TV poder as dar a alguém.
— O contrato atual, é de sigilo, mas não saberia como tratar isto.
— Gravando tudo? – Perguntei.
— As vezes você coloca medo.
— Não me conhece para entender o quanto sou pior do que vocês acham, e continuam não
querendo paz, não sei o que quer Camilo.
— Acha que teria alguma forma de acordo.
— O problema é que não sei o problema, o terem pago algo contra mim, uma divida simples, o
meu desmoralizar algo a mais, mas não vejo motivo real ainda para eles ali.
— Tudo que fizeram, desandou.
— E quem está a mesa?
— Representantes da Globo, diretores gerais, e pessoas ligadas a direção.
— Vai dizer que tem 9 pessoas da direção, envolvidos nisto, e pelo jeito, eles querem uma saída,
mas vocês nunca gostam da saída.
— Não quer propor?
— Pode até ser, mas primeiro, coloca as meninas em outra sala, elas não tem de ouvir o que vai
se decidir lá dentro, segundo, não sei o que os mais está perturbando.
— As ações da Globo, caíram 28% nas ultimas 2 semanas, e eles não entendem o problema.
— E o que mais?
— Eu estou falido, não sei como fez isto, mas tudo que faço, desanda, estou tão marcado que
nem luz tenho em casa, e não porque a empresa cortou, mas se compro uma lâmpada, eles testam e
quando chego em casa ela queima.
625
— Troca é para isto.
— Todos os 9 na sala sabem que mexeram com algo que eles não entendem.
— E quando propor, eles vão demorar mais 9 meses para decidir?
— Acho que eles tem medo desta coisa de algo decaindo.
Comecei a entrar de novo, e o senhor olha Camilo, que fala.
— Vamos tentar de novo? – Camilo.
— Poderia por as crianças em outra sala Camilo, isto é assunto serio. – Falei.
Os senhores olham as meninas e falo.
— Não sei o que aprontaram, pelo jeito não vão confessar, então Camilo pediu para que
propusesse algo, e as vezes as pessoas tem de entender, quando se desafia uma energia, não é uma
pessoa, e poucos acreditam nisto.
— Dizem que estamos em um barco furado. – Um senhor que não havia falado.
— Deixar claro, eu posso fazer dentro dos parâmetros que a energia da cidade aceita, mas como
eu não tenho todos os parâmetros, é uma proposta, se aceitarem, coloco advogado nisto, se não
aceitarem, nem vou perder o sono com isto.
— Acha que vamos aceitar qualquer coisa? – O senhor que falou antes para não os acusarem.
— Não me interessa o que vocês aceitam, minha proposta, separado em 3 pontos, já que eu não
tenho os dados reais, e vocês tem, para cada desacordo, pessoal, nas leis que seguimos, uma oferta de
sangue, depois Camilo explica o que é uma oferta de sangue, uma por cada desacordo, a oferta tem de
estar em idade reprodutiva, não ter mais de 21 primaveras, por membro que meteu o desacordo, a
parte financeira, geralmente 1% do patrimônio, por membro, pessoas de fora da família, que não sejam
do sangue, geralmente acalmam o andamento das coisas, mas não sevem para além de diversão, a
proposta é esta, Camilo explica o que significa.
— Mas está pedindo caro.
— Sei que as vezes é nada, porque um por cento de nada, é menos que nada. Agora pensem, as
vezes existem pessoas que cometeram mais desacordos, e outras menos, então pensem, quando
decidirem, eu passo ao meu advogado o que será aceito ou não.
Eu não tinha sentado e apenas saio novamente, e vejo as moças a entrada, não numa sala e olho
para Pedro e pergunto, antes de chegar a elas.
— Parecem víboras prontas a atacar.
— Estas são problema, e pelo jeito, Camilo quer algo, pois não as dispensou, as deixou a entrada.
– Pedro, que deveria saber o que estava acontecendo.
Eu saio, desta vez o segurança não me barrou e vi Marilia parar a minha frente e falar.
— Quem é você, que pelo jeito querem um servicinho.
— Servicinho? – Perguntei para ter certeza.
— Não se faça de desentendido.
A meço de cima a baixo e falo.
— Oito, acho que sou maluco de tentar.
As moças sorriram e uma outra fala.
— Não entendi a ideia deles, mas mandaram lhe seguir.
Começo a sair dali, um aplicativo não caberia 9 pessoas, então começo a caminhar, estava no
bairro ao lado, Marilia para ao lado e pergunta.
— Vai caminhar muito?
— Se já estão com preguiça, é só ficar.
Caminhei até a avenida Iguaçu, entramos e olhei as moças e cheguei ao palco de um dos teatros e
puxo uma cadeira e falo.
— Podemos conversar um pouco?
— Acha que vai escapar de nós? – Outra menina..
— Apenas uma duvida, antes de me meter em encrenca.
— Qual duvida?
— Qual problema tiveram com Pedro Rosa?
— Amigo dele?
— Não foi a pergunta.
— Nos meteram em uma ideia de o prejudicar, e nos mandarmos para o Rio de Janeiro, fazer uns
servicinhos sexuais para uns velhos babões, mas não deu certo.
626
— Tentaram sacanear Pedro Rosa?
— Fomos pressionadas, o pessoal lá é barra pesada.
— E não deu certo porque?
Perguntei olhando o espectro de Pedro e ouvi ele falar.
— As pessoas morrem quando me desafiam. – Pedro.
— Ele de alguma forma se defendeu, não sabemos se alguns fugiram de medo ou ele matou, ele
tem aqueles monstros dos Hons como aliados, - Marilia, a única que sabia o nome daquelas.
— E o que Pedro Rosa acha deles as oferecerem para mim?
Perguntei para o espectro, sabia que viria duas respostas ou mais.
— Estas moças são chave de cadeia, melhor as manter longe. – Pedro.
— Ele primeiro nos protegeu, quando falamos que estávamos fora do esquema dele, ele apenas
nos fechou todas as portas?
— O que ele vai achar se lhes der espaço?
As perguntas eram sempre olhando o espectro de Pedro e ouço.
— Se quer entrar em encrenca, não vai poder reclamar depois.
— Ele nem liga para nós mesmo.
— Concordam com isto? – Perguntei olhando todas.
Elas concordam e falei.
— Ainda não sei qual a oferta que vão me fazer, referente a vocês, mas eu sempre pergunto para
as pessoas se elas tem certeza do que querem.
— Você é bonitinho, não imagina as bombas que nos apresentam. – Uma menina que saberia
depois que se chamava Sabrina.
As olhei e falei.
— Cada uma pega uma cadeira ao fundo e vamos fazer um circulo.
— Acha que vamos brincar com você? – Marilia.
— Apenas peguem as cadeiras, e cada uma sente-se em uma, eu vou ficar ao centro.
Elas pegam as cadeiras e olho primeiro para Marilia e falo.
— Eu gosto de saber a encrenca que estou, então começando por você Marilia, primeiro nome,
data de nascimento.
Ela respondeu.
— Então agora tira a roupa e dá uma volta no circulo.
Marilia sorriu e falou.
— Agora tá querendo escolher o material.
Ela dá uma volta, não falo e apenas vi ela parar a minha frente, fiz sinal para ela chegar perto e
falei.
— Quer conhecer mesmo Bruno Baptista?
— Sim. – Ela sorri, e toquei nas mãos dela a espátula, que surge a minha mão, estranho a imagem
que me veio a mente, eu não entendi aquele momento, mas pedi para ela sentar-se, ela foi se vestir e
apenas falei que não era a hora ainda.
A volta completa e por fim Sabrina, o mesmo ritual, dai fiz sinal para elas chegarem perto, eu não
sei o que elas sentiram, mas era chegarem perto e tocarem em meu ombro, um momento estava no
palco do teatro, no segundo seguinte, em um campo, se formando a todo lado, olhar para as meninas,
eram seres disformes, elas e olham assustadas e ouço aquelas vozes finas em corpos nus e imensos.
— O que fez conosco? – Roseane.
— Eu não fiz, estranho, vocês parecem todas terem passado por uma iniciação, pois todas tem
cheiro de Hons, e geralmente, a espátula, apresenta o que seriam vocês, diante da minha pessoa, e
vocês, surgem como Honesas, a versão feminina dos Hons.
— Vamos ser horríveis assim? – Marilia.
— Não, mas sinal que vocês tem um poder dentro de vocês, que não foi despertado, isto
estabelece que vocês se souberem sentir este poder, podem ter a força e determinação dos Hons, e
mesmo os achando horríveis, uma de vocês, poderia vir a ser a rainha desta terra.
— E quem vai querer ser rainha desta terra? – Roseane.
Pedi para tocarem em meu ombro novamente e surgimos no teatro novamente.
— Pelo jeito cheio de surpresas?
Eu peguei a espátula e perguntei serio, até onde queriam ir naquilo.
627
Marilia responde me olhando.
— Até onde o contrato com eles nos mandar ir.
— Se o contrato deles mandar vocês cuidarem de mim, para sempre, o farão?
— Melhor que de uns velhos babões. – Marilia.
As demais concordaram então sentei ao chão e olhando para as três a minha frente perguntei.
— Vamos repetir juntas, quero ouvir o coro falar.
— O que temos de repetir.
— Eu – Cada uma fala eu – agora o nome de cada uma completo – Elas falaram o nome completo
– se comprometem, a servir Bruno Baptista, - esperei elas acompanharem a frase – até que a ordem
contratual da Globo, peça o contrario.
Senti o grande felino sair de mim, e atravessar cada uma delas, estas foram marcadas as costas,
cada uma com uma imagem de como elas são na forma Honesas delas, elas sentem a dor e falo.
— Se qualquer uma de vocês, quiser algo mais a frente, será sempre estabelecido com palavras
olhando aos olhos.
Eu me levantei, e fomos a um dos camarins daquele teatro, um tempo para conhecer as meninas,
e quando o telefone tocou, vindo de Camilo, muito cedo para terem resolvido, e ouço.
— Boa tarde Bruno.
— Alguma solução.
— Eles querem um tempo para pensarem.
— Então vou pensar em vocês com a mesma pressa.
— Eles querem uma carta de confiança, lhe oferecendo as moças que estavam a sala.
— As crianças?
— Tem quase tua idade.
— Certo, mas em que condição, pois não sei o que os contratos delas estabelece, não sei se posso
as por para produzir, pois para mim, pessoas paradas, geram problemas, cabeça vazia, caldeirão do
inferno.
— Verifico a ideia deles, mas temos de falar sobre outro assunto.
— Sabe que seu problema é maior Camilo.
— Juro que me deixei levar pela aparência, as vezes nos convencemos que foi tudo efeito
especial, e nos deparamos com a verdade.
— A verdade ninguém sabe ainda, mas se for fazer uma proposta, uma que valha a pena Camilo.
— Estou achando que acabei com a vida da minha família, e não sei como recuar.
— Pensa em algo que ainda lhe sobre vida Camilo, escravos eternos não tem graça.
— E acha que teria saída?
— Vocês nunca gostam da solução, e quanto maior a guerra interna para aceitar algo, maior o
valor, se para você não for uma guerra interna o aceitar, não serve como moeda de troca com um
representante do Deus da Guerra.
— Um exemplo?
— O que tem de mais valioso na sua vida Camilo?
Não sei o que ele pensou e perguntou.
— E teria como algo assim durar apenas 10 anos?
— Um exemplo, você dispôs de 8 crianças, não moças, mas sem peso pessoal a nenhum de vocês,
as 8 com família e tudo em um acordo até o fim da minha vida, não daria cobriria 2% do problema, e
como o 2% é estabelecido pela vida delas e das famílias inteiras, teria que ver o valor de um dia, de
horas, para saber quando cada dia seria amenizado do problema.
— Mas aceitaria como demonstração de intensão?
— Sim, mas em contratos de sigilo total da família, pois não quero reclamação em vindo de algo
que pode me servir quase como peso.
— E sabe onde elas estão?
— Mandou me seguirem, estou indo caminhando no sentido da praça do Atlético, então elas com
estes saltos que só atrapalham caminhar a rua, devem estar xingando por dentro.
— E pelo jeito as vai cansar.
— Logico. 1,2,3,4,5,6,7,8, isto acabaria comigo, mas pensa no que vai propor.
Desliguei o olhei as moças e falei.
— As roupas, vamos caminhar.
628
— Com quem falava?
— Camilo Inglez.
— Este é pobre, metido a rico.
— Se vão se enrolar, vão ter de correr com estes saltos.
— Vamos onde?
— Camilo vai as por a minha disposição, nãos ei ainda por quanto tempo, mas dividas grandes,
requerem tempo, e sei que não entenderam ainda.
Sinto alguém me abraçar pelas costas, senti seus seios nus as costas e ouvi a voz de Sabrina.
— Tem um fogo Bruninho, posso me acostumar com isto.
— Não sei o que aprontaram, mas as auras era de quem queria se livrar de um problema, e não
fazer uma oferta, como se tivessem aprontado algo.
— Pelo jeito não vê noticias?
— Qual não entendi, pois são de menor, não apareceriam na noticia.
— Empresários presos no Rio, com menores que faziam programas sexuais.
A medi e falei.
— Então agora vou aprender algo, profissionais?
Sabrina sorriu e falou.
— E vamos onde?
— As por para treinar.
— Acha que não foi bom suficiente?
— Estou falando da marca que surgiu as costas das oito, e depois vamos nos reunir, com vocês
mais cansadas, para falar como vamos ampliar este grupo.
— Oito não é suficiente.
— Dizem por ai, que sou mais atirado que Pedro Rosa.
— E existe como ser mais?
Olhei o espectro, que media as vezes as meninas e falo.
— Para tentar, comecei com 50 noivas, depois somei um pouco, mas para ser minha noiva, tem
de se esforçar muito.
— Safado. – Marilia.
— As roupas.
— Mas temos de nos maquiar.
— Onde vamos não vai precisar.
Saímos dali e caminhamos até a praça do atlético, e olho Luiz ali e falo.
— As vezes temo esta cidade. – Falo.
— Plout está tentando achar palavras para falar algo, não entendi seu problema com ele.
Olhei as meninas, e olhei para o mundo paralelo ali, e apenas começo a caminhas, a praça
mudando e tudo a volta virando um mundo estranho, os Hons treinando, e olho Plout, ele para nos
meus olhos muito rapidamente, não olhei para trás, mas era evidente que todos olhavam não para mim,
e sim para minhas costas, e falo olhando Plout.
— Podemos conversar?
— Quem trouxe a nós?
— Alguém para você treinar, pois humanas não deveriam nascer com tendência a serem Honesas.
Plout me olha e fala.
— E achou elas onde?
— Veem do Rio de Janeiro, mas elas nãos abem ainda o que são, e pensei em alguém as
explicando o que são.
— Não lhe entendo.
— Um mundo retornando, não é meio mundo retornando.
— E pelo jeito não entende nada disto. – Plout.
— Sei que são as crianças, mas com calma vemos a origem delas.
— Certo, mas as vai deixar ai?
— Elas querem me seguir, então eu volto, mas aproveita e tenta não matar as poucas que ainda
existem Plout.
Plout olha as moças, eu me viro e pela primeira vez olho o quanto elas eram maiores, as meninas
me olham e ouço Marilia falar, a voz ficou mais aguda, mais forte.
629
— Vai nos dar para eles?
— Não, apenas eles entendem os dons que vocês tem dentro de vocês, e nada melhor que eles
para lhes explicar isto.
— Mas...
— Primeiro vocês tem de aprender a se defender, depois conversamos, Plout vai dar as
instruções, sem corpo mole moças.
Eu caminho saindo daquele lugar e Luiz me olha e fala.
— Não entendi, deixou as meninas lá?
Volto pela rua e vejo Pedro se materializar a minha frente e olhar em volta.
— Deu fim naquelas víboras?
— Não, eu preparo todos a evoluírem.
— Não entendi o que eles querem?
— Você se colocou no mercado deles, agora eles olham em volta, e não querem perder o que
tinham, e como um povo supersticioso, eles olham para quem eles prejudicaram, “só pode ter sido
isto”, pensam eles, mas eles não entenderam nada.
— Não entendi o que falou diante dos senhores?
— Se depois quiser comprar parte de ações deles, não é meu mundo, mas sei que vai vir algumas
ali, eles parecem meio crédulos.
— O que se tornou Bruno?
— Uma boa pergunta para responder.
— E não está preocupado?
— Acho que isto não é minha função, mas não entendi todo este ataque, juro que estou
segurando tudo, para não revidar Pedro.
— E não queria se mostrar pelo jeito.
— Eu sou exibido, não tenho problemas em me exibir.
— E colocou as meninas onde?
— Interessado?
— Você as seduz e depois as larga fácil, devem estar por ai lhe procurando.
— Devem estar me xingando, mas depois você me xinga também.
— E não parece estar preocupado.
— Você que escolhe Pedro, sabe que eu sou chato, eu paguei por estes espaços, para não dever
nada a ninguém, mas é que não acredito que as pessoas mantem o dinheiro no entretenimento e na
educação muito tempo.
— E não recuaria?
— Pode me tirar tudo, eu recomeço, mas poucos entendem, eu não me prendo a o que eu tenho,
isto realmente não interessa.
— E mesmo assim pede coisas?
— Alguns podem achar fácil desistir, alguns podem achar fácil seguir o rumo ditado, para mim,
isto parece muito desagradável.
Vi o ser voltar a ser espectro, olho em volta, eu sozinho a falar a rua, sorri e caminhei até em casa,
e olho o pessoal de mais uma menina, as vezes acho que as coisas estão fora do contesto, e vou
somando pessoas, e isto não me facilita nada.
Vi as meninas em casa, preparando um almoço, uma conversa demorada, e quando parecia que
as coisas não iriam funcionar, pois estava realmente num domingo, com cara de domingo, e com a
preguiça estabelecida de domingo, Camilo me liga de novo e fala.
— Eles tem uma proposta, não sei se aceita.
— Pega o carro e vem aqui em casa, eles vão participar ou já foram?
— Já foram.
— Então convida a esposa e as filhas, e vem almoçar na minha casa aqui no Agua Verde.
— Mas...
— Não quer vir, é isto?
— Não disse isto, vou falar com minha esposa, vai ser onde a conversa.
— Enquanto almoçamos, me fala qual a proposta.
Eu subi, tomei um banho, sorri da ideia, de que horas poderiam ser dias, no mundo de Hons, e por
um momento pensei se não teria de voltar antes, sorri.
630
Desço e as meninas estavam ainda fazendo o almoço, o agito estava grande, muitas perguntas
sobre o que faríamos, e estava tentando fechar um acordo de paz com a Globo, as vezes temos de
estabelecer metas e acordos de paz, e se teria um, mesmo que perdendo ainda um pouco.
O senhor chegou, cumprimentei o senhor, a esposa, e de cara soube o medo do senhor, pelo jeito
problemas genéticos explicassem, 5 filhas, duas gêmeas de 15, uma menina de 13 e duas gêmeas de 11.
As vezes queria ser menos transparente e Marilia chega ao lado e fala.
— Mais discrição Bruno.
Sorri e sentamos em uma mesa imensa a sala, casa um se servia, pois não dava para ter alguém
para servir mais de 60 pessoas.
— O que eles propuseram senhor Inglez?
— Eu acho as vezes que eles exageram, mas cada um deles, propôs entrar com uma porcentagem
de ações, para pagamento de parte do desacordo, e vão conversar com suas famílias referente a
segunda parte, eles se assustam sobre alguns assuntos.
— Depois me passa a proposta por escrito, apresento ao meu advogado para saber se é passível
de ser aceito.
— Não entendi a ideia referente ao que quer com as ofertas de sangue.
— Tem de entender Camilo, as pessoas acham que fico pensando em sexo, eu fico pensando em
produção, se for me passado a responsabilidade sobre pessoas, eu as coloco para estudar e produzir,
quem sabe não criamos uma linha de programas infantis, para passar apenas uma pequena parte nos
intervalos da manha, e um interino para TV fechada.
— Pensei que queria se impor?
— Todas a volta, estão estudando, e quem entrar na historia, vai estudar nos colégio Guedes York,
vão estudar canto, musica, teatro, inglês, balé, eu não dou espaço para cabeças vazias, as pessoas fora
pensam que estamos apenas aprontando, mas estamos criando o futuro de uma cidade, quem sabe de
um país.
— E pelo jeito já fugiu das moças que colocamos grudadas em você?
— Elas estão em fase de treinamento, e não ficou olhando isto, mas isto é outro assunto.
— E vai se impor sobre o que fiz?
— Tem de entender, dividas, uma vez pagas, se vai ao futuro, dividas acumuladas acabam com a
vida das pessoas.
— Mas todos falam mal de você?
— Somente quem está para dentro da minha vida, sabe do que faço, eu faço um nada, eles
aumentam muito.
— Mas...
— Tem de entender Camilo, você entrou em um acordo, todos que entraram lá, tem como
padrão, manter aquilo em sigilo, você abriu para fora aquilo, você influenciou sobre o grupo, contra
quem estava ali apenas como símbolo de união, o tal Rei deles, é apenas um símbolo, pois eles precisam
se achar uma organização.
— Não sei se teria como pagar este acordo.
— Ainda tem, a escolha é sua, todos que afundam, chegam a um ponto que não são mais capazes
de sair do buraco.
— Mas...
— Primeiro, somos um grupo, então muda de atitude Camilo, não tens para um colégio bom para
suas filhas, e o grupo tem uma linha de colégios, porque gastar com o que não pode, sei que pegou
dinheiro baseado em seu patrimônio, se não pagar, vai para a rua, uma casa sai mais barato que aluguel,
num país que pobres e ricos basicamente pagam as mesmas taxas.
— Certo, mas teria de fazer algo?
— Vou verificar algo, e você ainda não fez sua proposta para sair disto, como falei, vou analisar as
ofertas, assim que ler o que dá para ler, e receber o que não se escreve, descido o que vou fazer, mas o
que ninguém entende, eu geralmente invisto o que recebo, sem dó, no mesmo caminho que veio os
recursos, mas vocês as vezes são mesquinhos, e só veem as cobranças.
Almoçamos e uma das filhas de Camilo me olha e pergunta.
— Quem é você que meu pai nos fez vir aqui num domingo?
— Se entendi direito, sócio em 10% da Globo.
— Não é muito novo para ter 10% da Globo?
631
— Acho que minha fama é muito maior que este ser de apenas 16 anos.
— É famoso?
— Nem tanto, apenas a minha fama é maior que a minha pessoa.
— E esta casa é sua?
— Sim, esta casa é minha.
— E não tem nome, o meu é Maria Augusta.
— Sou Bruno Baptista.
— Bruno Baptista não é o rapaz que criou o Zarathustra? – Maria Augusta.
— Sim.
Marilia senta-se ao lado e fala.
— Tem gente chegando.
— Quem?
— Dragões ao ar, brancos.
— Protege o pessoal. – Olhei o espectro e não teria como perguntar, mas falei – o que fiz agora?
— Problemas? – Camilo.
— Esta briga que me colocaram com Pedro Rosa, ainda não entendi ela toda.
Domingo, vi o grande Dragão parar sobre a laje que ficava acima da escola de Balé, através dos
vidros frontais para aquele lado, me levanto e caminho a entrada e falo mentalmente com as Fadas.
“Põem todos para dentro”
— Qual o problema Pedro? – Perguntei olhando o espectro.
— Eli parece estar querendo confusão com você.
— Pelo jeito ela manda nesta relação.
— Nem todas as conquistas são fáceis.
Chego a entrada e olho aquele dragão branco e falo.
— Veio almoçar? – Falei olhando Elizabeth.
— Não vim por bem.
Olhei o dragão e falo.
— Não temos motivos para guerra entra dragões, entre humanos, qual o problema.
— Plout escolheu uma rainha.
Eu pensei em mentir e mesmo sendo uma pergunta, era uma mentira.
— Ainda existiam Honesas?
— Dizem os ares do mundo de Eli, que um estranho apresentou a Plout 8 Honesas.
— Que saiba, apresentei Honitas, ou como deve saber, sinônimo de crianças dos Hons.
— E não nega isto? – Eli.
— Acharia certo, ficar presa em um castelo, ou em um reino, sendo a ultima geração de uma
espécie, pois todas as senhoras da espécie, foram transmutadas em espadas, por uma grande bruxa, em
um enfrentamento ao passado, você chama esta grande bruxa de tia.
— E quer mesmo intervir em meu reino?
— Se não tivesse um rei, com certeza, eu enfrentaria o desafio de Eli, para a ter como rainha, mas
cheguei atrasado.
Pedro surge ao lado e fala.
— Vai cantar minha rainha?
— Não foi uma cantada, foi uma afirmativa, mas não vai a segurar?
— Pelo jeito não para, não entendi, eu acompanhei você 100% do tempo, e não vi você
apresentar Honitas a Plout.
— No tempo de Hons, faz uns 7 dias que aconteceu isto.
— Mas... – Eli foi falar algo e complemento.
— Entramos e comemos, eu não acho que exista um motivo para esta guerra.
Olhei os dragões e falei.
— São todos convidados, as moças conseguem uma roupa.
Eli me olha e fala.
— Não está levando a serio?
— Sempre digo, vem atrapalhar uma acordo de paz, e eu que não estou levando a serio.
— Com quem estava acertando um acordo. – Pedro.
— Com a Globo através de Camilo.
632
Eli me olhou e fala.
— E se não aceitar o convite?
— Não se preocupe, tem muita gente para comer.
Entrei de novo e chego a mesa e olho Sonia ao fundo que apenas vai a parte dos cabides e
caminha por aquele salão com algumas roupas, e chego novamente a mesa.
Camilo olhava para algo as minhas costas e fala.
— Que dragões são estes?
— Estes são os dragões Brancos, no mundo de Hons, existem 4 tipos de dragões, estes são os
únicos que não me chamam de rei. – Falei olhando Camilo, não sabia se estavam ouvindo, mas era
evidente que vinham pessoas a mesa.
Marilia chega a mesa e pergunta.
— Mais pratos?
— Eles tem mãos, é só pegar se eles quiserem comer.
Me sento e olho Camilo.
— Pensa em uma proposta, teria de ser rápido, pois conseguir vaga para as 5 meninas, é agora, o
ano começa agora e não quer elas perdendo um ano, referente ao que acontecer, tem de considerar, eu
sou apenas um, para a fama que se fez, e por mais que pareça que é algo ruim, sou a pessoa que ainda
pode ajudar, a escolha é sua.
— E os que pagaram para lhe prejudicar.
— Acho que vou ter de assumir os bens de 10 das famílias, por serem teimosos, como me
colocaram como parte de cada uma destas famílias, elas não se extinguiriam, mas as coisas mudariam,
eles gostam de fazer crimes e se fazer de santos, eu não gosto de mortes idiotas, para um bando de
velho sentir-se bem, ou um monte de estupros, para senhores ricos, se darem bem, eu sou o inverso
disto, e não vai entender.
— Mas vai as tirar de casa?
— Eu apenas abracei as que foram deixadas a sorte, mas para estar nesta casa, se precisa ter mais
idade que suas filhas Camilo, elas são crianças ainda.
— Certo, mas teria de arcar com parte do pagamento em trabalho.
— Sim, mas tem de querer estar do lado certo, estou dando uma chance, mas nem sempre vou
esticar a mão senhor.
— Certo.
Elizabeth senta-se a mesa e fala.
— Não tem nem comida.
— É só servir-se, aqui não temos funcionários, não temos servos, temos apenas pessoas que tem
condição de pegar um prato e servir-se.
Um senhor me olha e pergunta.
— Quem é você que encara os dragões de frente.
— Alguns falam que sou o novo rei de Nork e dos Bárbaros.
— Você que armou as Ami?
— As vezes é melhor as adestrar a ter de ver parte da cidade morrer novamente, porque alguém
abre um caminho entre os mundos.
— Certo, quer dar um caminho a elas?
— Apenas fazendo minha pequena parte.
— E o que considera ser sua parte?
Olhei Pedro a mesa e falei.
— Não entendi o que Pedro queria, virando rei de Eli.
A pergunta foi olhando Pedro.
— Tem pessoas, que não posso deixar por perto, e não vão morrer porque eu quero, então
precisava um local para isolar Paula Carson e meu pai.
— Estão em Eli? – Perguntei.
— Sim.
— Não acha arriscado, eu o isolava nas plantações de Dlanst.
— Porque?
— Não tem um caminho de saída do mundo, e se o problema é Paula Carson, e quer a deixar
isolada, teria de ser em uma parte que ela não tivesse como descobrir a saída.
633
— Pelo jeito não pega leve com nada. – Pedro.
— Eu não falo nada com nada, as pessoas a volta ficam me olhando como maluco. – Falo.
— E onde colocou aquelas moças? – Pedro.
— Interessado?
— Quero saber o que fez.
— Tem gente a mesa que não precisa saber, mas estão cansadas a esta hora, me xingando.
— Já falou isto, não entendi.
— Sei disto. – Falei.
Elizabeth se levanta e vai pegar uma comida, a meço e Pedro fala.
— Tira o olho.
— Desculpa, o que é bonito, é para se olhar.
— Não parece levar a serio.
— Acho que não entendi vocês quererem sempre se mostrarem fortes, mas Plout ainda não tem
uma rainha, então ainda não existe um problema.
— E estas Honitas?
— Eles são muito mais seletivos que os humanos.
— E sem olhar para aquele mundo, sabe o que acontece lá.
— Eu não sei o que está acontecendo lá, imagino, não sei.
— Certo, e pelo jeito não me teme.
— Não o desafiei para ter medo de você, eu nem revidei ainda batidas de Camilo a mesa, que me
fez muito mais mal que você Pedro, porque iria bater em quem apenas fez cocegas.
Elizabeth senta-se a mesa e me olha.
— E vai desafiar meu mundo, tentando se impor lá?
A medi apenas para provocar e falo.
— Não pretendo, este caminho é de Pedro, não provoca Eli.
— Não estava falando disto.
— Mas desafiar um reino ao lado, com rei, derrotada vira parte do reino ao lado, e isto iria
complicar as coisas Eli.
Ela não deveria me olhar com aquele olhar malicioso, quando falei, olhei para Pedro e falei.
— Pelo jeito teremos de conversar.
Ele olha Eli e fala.
— Sabe que seria um problema muito grande.
— Eu não tenho problema com desafios grandes, tenho problemas com a inercia.
O almoço terminou e Camilo e a família saírem e Marilia me olha.
— Não chega as que tem?
— Não é isto, mas a divida de Camilo, vai as trazer a família, apenas guardando os cheiros, já que
as fisionomias, eu confundo tudo.
Pedro olha as meninas e fala.
— Vai se impor sobre o senhor?
— Não, mas vai ser guerra ou paz Pedro?
— Guerra. – Eli.
— Se quer guerra, eu apresento Honosas para Plout, já que não sabe recuar criança.
— Não sou criança. – Elizabeth.
— Uma criança que já tem um rei, não apenas uma criança.
Olho Pedro e termino.
— Se vai ser na guerra, acabou a conversa.
— Pelo jeito não quer paz.
— Se quer perder sua princesa, não inventa Pedro, parece a forçar para este caminho, eu não
tenho medo de um problemas maior ainda.
— Não serei sua. – Eli.
Pedro me olha e ouço o espectro falar.
“Não sei como você consegue ficar indiferente ao que elas querem.”
Olhei o espectro, deve ter dado a sensação de que olhei a parede e falo.
— Pelo jeito vou ter de cuidar muito mais do meu caminho.

634
“Tem de entender Bruno, eu não sei amar, elas não aceitam isto, mas eu não sei o que sente, mas
sei que elas tem medo de você recuar, eu elas tem medo de que avance.”
Olhei Pedro e perguntei.
— E pelo jeito os planos para o Rio de Janeiro, estão grandes.
— Sim.
— Não vai mesmo precisar daquelas meninas?
— Vai as por a trabalhar?
— Pelo que entendi, eu acho estranho gente que para não voltarem um passo atrás, e recomeçar,
se venderiam por dinheiro.
— E vai as explorar, tentei e me dei mal.
— Tentou?
A resposta veio do espectro.
“Montamos um esquema, quem coloquei nele me atravessou, apenas mortes idiotas a mais no
caminho.” – Espectro.
— Passado. – Pedro.
— E não teme por pessoas para dentro da sua casa?
— Eu sou de conversar, e isto nem sempre as pessoas aceitam.
Pedro dá um beijo em Elizabeth e fala.
— Tenho de ir, consegue se controlar um pouco?
— Vai me apoiar.
— Sabe que sim.
Pedro sai e o espectro me olha e fala.
“As vezes eu não me apego, não entendo esta sua ideia de se apegar!”
Marilia olha para as moças e fala.
— Vai conversar muito ainda.
— Tentar um acordo de paz com os dragões.
As moças olham a menina e Sonia chega a mesa e fala.
— O que faremos a tarde?
— Vamos ensaiar aquelas musicas, vai ajeitando as coisas, acho que vamos ter de resgatar
algumas coisas antes do ensaio, mas deixa eu acabar aqui e vamos.
Olho os dragões e falo.
— Dariam a nós um tempo, pois tenho de tentar a paz, com a menina.
Eles olham Elizabeth, ela poderia mandar eles ficarem, mas ela os dispensa e vejo eles chegarem a
parte externa, deixarem as roupas e saírem voando pela cidade.
— O que quer falar? – Elizabeth.
— O que quer com esta guerra Rainha Eli?
— Unificar meu reino.
Eu estiquei a mão sobre a mesa e ela olha as mãos e me olha.
— Acho que está confundindo as coisas Bruno.
Eu olho as mãos e ela olha em volta, todos não estavam mais ali, e pega em minhas mãos, e olha
tudo a volta mudar e falo.
— Acho que não entendeu Elizabeth, eu amo uma guerra.
Ela olha em volta e fala.
— Mas como posso estar no quarto do castelo.
Eu apenas me levanto e estico a mão para ela, e a conduzo a cama, sentamos nela, sentamos e
falei a olhando serio.
— Tem de considerar que tento sempre resolver os meus problemas, mas parece querer ficar
neles, eu prefiro sempre guerrear pelo resultado que quero.
Eu segurava a mão dela e ela fala puxando a mesma.
— Isto é uma ilusão, não sei como você faz isto.
Eu solto a mão, ainda estávamos no castelo, ela chega a janela e olha para fora e fala.
— Porque do silencio?
— Porque isto é entre eu e você Eli.
— Mas não é certo?
Levantei e abracei ela pelas costas na janela e falo.
635
— Porque pensou no seu quarto pequena Eli?
— Eu...
— Eu não conheço este lugar, então somente seus pensamentos nos trouxeram aqui, mas – A
beijei o pescoço, a abraçava pelas costas – quer ser minha Elizabeth Souza?
— Não é certo.
— Certo ou errado, não definem isto Elizabeth.
Abri o primeiro dos botões do vestido dela, na altura da cintura, eram muitos até a altura dos
ombros.
— Porque me parece triste Eli?
— Não gosto de falar disto.
— Aproveita, está fora do tempo, eu não entendo este seu mundo, ele não gosta de me ver em
ação, eu tenho de forçar o caminhar, pois ele não caminharia por bem comigo aqui.
— E pelo jeito é um galinha.
— Reis e Rainhas, não são isto, todos a volta, deveriam lhe servir.
— Ninguém aceitaria isto. – Elizabeth.
— Isto?
— O que pensei, as vezes acho que Pedro não tem tempo para mim, as vezes acho que este
mundo me deixou longe de tudo.
— Como assim?
— Eu isolada aqui, era isolada em meus pensamentos, me deixando isolada nos dois mundos.
— Não tem amigas?
— Ninguém me entende, elas tentam um pouco, mas depois somem, como se eu fosse maluca.
— E pelo jeito anda dormindo demais.
— O que posso fazer?
— Ocupar esta cabeça, o mundo lá fora é mais vivo que este.
— Não quero perder este mundo, para ganhar outro.
— Eu não estou ai e está preocupado com meu avançar.
Estava ainda no botão numero 10, ela me olha e fala.
— Vai me despir?
— Acho que com tantos botões, o pretendente desiste.
Ela sorri e vira-se para mim e me olha aos olhos e pergunta.
— Porque me seduz, sabe que tenho um rei.
— Você precisa de mais que um rei, de um reino, precisa de uma vida Eli.
Aproximei os lábios e a beijei, sei que no lugar de descobrir alguém confiante e feliz, ali tinha uma
rainha triste e nada confiante, isto que fazia ela olhar todos como inimigos.
Depois de um tempo, nos vestimos e sentamos no ponto que estávamos e ela olha em volta o
salão voltar e me olha.
— Como faz isto?
— Se soubesse porque o mundo de Eli me recebe como se o tempo local não existisse,
entenderia, mas sei que ele me recebe tendo de estabelecer se a existência do fator tempo existe, então
para mim, são coisas diferentes.
— Porque lá parece com um rapaz simples.
— Porque isto depende do reino que esteja, é como se cada lugar me aceitasse de uma forma.
— Seria um servo em meu reino?
— Não, seria um membro de seu reino, apenas isto.
— E o que Pedro acha de você dar encima da rainha dele.
— Depois pergunto para ele.
— Vai me desmoralizar?
— Acho que amor, sexo, relação, não tem nada haver com desmoralizar, acho que o problema, é
o que aceitamos como moral.
— Não entendi.
— Que moral existe em usar um telefone no bolso, que vale mais que o salario de um ano do
pobre a volta, e esta mesma pessoa, acha que paga bem seus empregados, paga o justo, como se
apenas comida na boca e trabalho, fosse justo.
— Eles conquistaram.
636
— A sociedade lhe avalia pelo que você aparenta, não pelo que você é.
— E quer paz com meu reino?
Mentalmente havia chamado a conversa Sonia, pedi para Laura trazer Bárbara, e olho em volta e
falo.
— O problema é que as pessoas se contentam com pouco.
— Nisto você e Pedro se parecem, querem tudo.
— Sim, nisto sou muito semelhante a ele, talvez tenhamos de entender nossos sentimentos, para
entender o que queremos, antes de tudo.
Sonia chega e falo.
— Elizabeth, esta é Sonia, rainha de Nork.
Elizabeth a olha e fala.
— E pelo jeito quer paz neste mundo.
— Não somos inimigos nem aqui e nem lá Elizabeth, tem de entender, servos não são amigos,
amigos construímos em uma vida.
Laura chega com Bárbara e falo.
— Elizabeth, esta é Bárbara, rainha do Reino dos Bárbaros.
— Apresentando todos formalmente? – Bárbara. – Não chega duas Rainhas.
— Ela tem um rei Bárbara.
— E o que quer com isto? – Bárbara.
— Uma trégua entre reinos vizinhos, para que o mundo dos Hons evolua.
— E o que Pedro Rosa vai achar de você estar aqui sozinho com a rainha dele? – Sonia.
Olhei o espectro e falo.
— Se ele quiser, ele volta, ele sabe que a porta está sempre aberta. – Falo encarando o espectro e
Elizabeth me olha seria.
— Vai falar o que para ele?
O espectro vai no sentido da porta e vi o rapaz ser anunciado, e falo.
— Quando tiver o que falar, falamos.
Pedro chega e fala.
— Vão se demorar muito por ai? – Pedro.
— Queria lhe perguntar uma coisa Pedro, já que agora apenas pessoas que entendem disto estão
a volta, sou dos que menos entende, mais reage a isto, mas quando vai levantar a corte de sua rainha,
parece querer a deixar ainda isolada naquele mundo, isto a gera medo, insegurança e não a faz sentir-se
parte daquele mundo.
— Eli sabe que tento não misturar lá com aqui.
— E falam por ai que eu que alimento guerras.
— O que pretende com isto Pedro? – Sonia.
— Se você vive em um mundo dos sonhos, e somente lá, tem alguma relevância, você tenta trazer
a relevância para cá, pois alguém isolada em um cargo em Eli, e isolada em um quarto na casa dos pais,
é muito tempo para gerar medos e demônios, na cabeça de alguém.
Pedro olha Eli, ele parecia as vezes a querer entender.
— Sente-se só lá?
— Sim, sabe que não gosto de reclamar Pedro, você me tirou daquela prisão. Não sei de onde
este rapaz saiu, mas ele parece entender linhas que não entendo.
Pedro me olha e fala.
— O que quer com isto?
Sorri, qualquer coisas que falasse estaria mentindo, pois não tinha pensado em algo, apenas
avancei, e aquele sorriso fez Sonia me bater no braço e falar.
— Safado.
Bárbara me olha atravessado e fala.
— Não cansa de por mais pessoas em sua vida?
— Eu canso, mas... – Parei um pouco a pensar - ...temos de ter uma saída, sei que a maioria quer
apenas um caminho, tem caminhos que nem discuti, apenas tracei, mas guerras em Eli, deixam
caminhos abertos para guerras na cidade, e paz em Eli, é a cidade crescendo, evoluindo.
— Mas está alimentando os Hons. – Eli.

637
— O sistema planetário de Eli, se chamava de Sistema duplo de Hons, onde no espaço, onde hoje
tem uma soma de pedras fazendo um arco a volta do planeta de restos deste planeta, havia um segundo
mundo, bem de onde vem os hons, e sei que somente uma rainha Ronesa, pode reunir a força e refazer
o planeta irmão do que alguns aqui chamam de Eli.
— E faz sem pedir permissão? – Pedro.
— Vocês não entendem, eu aprendo andando, não parado.
— Admite então que está conspirando com os Hons? – Eli.
— Os Hons, sempre foram aliados de seu Rei, não meus, sei que eles surgem quando algo violento
pode vir a acontecer, nem sempre acontece, mas a violência os atrai na nossa cidade, não entendo isto,
mas sei que acontece.
— E o que quer com esta apresentação formal? – Pedro.
— Não somos inimigos Pedro, quando você fala em rainha do reino dos Bárbaros, alguns falam
coisas absurdas, e na minha cabeça vem, é a Barbara Vaz, da Bárbara e os Clementes, como sempre
para provocar chamo de Pequena Bárbara.
— Certo, você as encara pelo que são, não pelo que aparentam em um mundo ao lado.
— Pelo passar do tempo lá, eles tem algo a mais naquele sistema solar.
— Não entendi. – Pedro.
— Quando o tempo se altera a tal ponto de horas aqui serem dias lá, ou o sistema deles tem
muito pouca massa, e isto interfere no tempo, ou o mundo não está ali.
— E estaria onde?
Não falei, não iria materializar, apenas aponto a cabeça e olho serio eles.
— Mas... – Pedro para a frase e fala - ...e como algo assim aconteceria?
— Não tenho ideia.
— E se for apenas em nossas mentes, o que aconteceria se guerreássemos até a destruição de um
ao outro? – Sonia.
— Parte de nossa criatividade e vontade de viver sumiria, viveríamos mais inertes, mas sociáveis,
pois o termo sociável, não quer dizer, livre.
— E porque quer aproximar mais esta menina ai? – Laura ao fundo.
— Pensa em o que seria você, se não tivesse nenhuma amiga de infância, nenhuma turma de
festas, nenhuma vivencia social. – Falei olhando Laura.
— Uma bomba relógio.
— Sim, veria em todos inimigos, nem precisa existir o inimigo, mas se não existe a palavra amigos,
além da família, todos viram inimigos.
— Acho que está querendo influenciar muito na sua vida.
— O muito, não vai chegar a acontecer Elizabeth.
— Porque não?
— Porque nem eu e nem Pedro, temos tempo para o muito, por isto quero realmente a colocar
em coisas que a forcem sonhar, e já que Pedro está ai, quem sabe a mudar de colégio, a colocar para
estudar musica, teatro, inglês, dança.
— Acha que ela tem de distrair a cabeça fora daquele mundo.
— Como já falei, este mundo é mais vivo que aquele.
— Mas se fosse apenas na nossa cabeça, não se materializaria os dragões neste mundo. –
Elizabeth me olhando serio.
— Acho que existem pessoas especiais, é só olhar como as coisas funcionam, mas ainda
aprendendo, e referente a ser em nossa mente, não estabelece o passado de lá, e sim o estado atual das
coisas lá.
— E pelo jeito estão decidindo meu futuro. – Elizabeth.
— Lógico. – Pedro.
— E não vão nos atacar no mundo de Eli?
— Acho que tudo que lá acontece, é uma união estranha, mas está na hora de ter sua renda,
estudar e decidir pelo futuro, não pelo passado. – Falei.
Pedro me olha e fala.
— Quer todos produzindo?
— Sim, cabeças cheias e bolsos com recursos, nos poupam discussões bobas.
— Que tipo de discussão boba.
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— Como quem vai pagar a conta.
— Outro pão duro.
— Minha fama é a inversa disto, acho que de Pedro também.
Pedro me olha e pergunta.
— Estranho como você avança sem avançar.
Não sabia o que responder.
Depois de um tempo, todos saem e Marilia me olha e fala.
— Quer confusão pelo jeito.
— Não, apenas calma para tocar um ano.
Peguei umas camisetas e umas calças de moletom, coloquei em uma sacola e caminhei até a
praça do atlético, e quando olho Plout, vi as moças ensaiando com as espadas, vi que me olham com
raiva e vi Marilia vir sobre mim e falar.
— Nos deixou neste mundo.
— Deixa eu ver com Plout se já posso as tirar do treino um pouco.
Olho Plout que fala.
— Pensei que não viria as buscar.
— Não servem pelo jeito.
— Não falei isto, mas são muito preguiçosas.
— Por isto vou deixar elas de tempos em tempos, para que aprendam a se defender, e deixarem
esta folga para trás.
— Acha que vamos voltar aqui?
— Tenho certeza. – Falei e aproveitei.
— Desculpa não ter voltado antes, estava as dando tempo.
— Comem demais estas crianças. – Plout.
Elas ameaçaram reclamar e apenas cortei.
— Vamos que tenho de as deixar em algum lugar ainda e nem sei onde.
— Nossas famílias devem estar preocupadas.
Não falei nada, apenas saímos e vi as moças mudando de corpos e suas roupas ficarem todas
desajeitadas, laceadas e Luiz me olha.
Ele parecia perguntar o que havia acontecido, eu alcanço uma camiseta e uma calça a cada uma e
depois um chinelo, elas ficam todas estranhas e falo.
— Vamos comer algo agora.
— Você nos deixou com aqueles monstros? – Sabrina.
Apenas sorri, olho o contrato que Camilo me passara referente as meninas e passo para Vaz se
tinha entendido direito, pois aquilo parecia algo ilegal.
Caminhamos até o restaurante e pedimos uma mesa, sentamos ao fundo e elas estavam todas
desajeitadas e Roseane me olha serio.
— Como não saímos do dia que entramos lá, juro que passamos 4 dias lá.
— É um treino, e não espero moleza de vocês.
— Mas eles eram monstros lá. – Marilia.
— Pelo jeito não lhe deram um espelho lá.
Paulo chega a mesa e pergunta.
— Vão querer o que Bruno?
— Três Variados de Carne, suco de laranja e os acompanhamentos.
— Está tudo bem menino?
— Problemas?
— As moças parecem ter saído de uma maquina de lavar.
— Daqui a pouco coloco elas em outra, mas elas não sabem disto ainda.
Marilia me olha serio e fala.
— Ainda tem mais?
— Estamos no domingo ainda.
— Mas...
— Ainda quero entender o contrato que me colocaram vocês, e somente depois disto, vamos
conversar serio sobre o que faremos.
— Mas estamos cansadas?
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— Pelo menos não me matam.
— Porque nos deixou lá, porque daquilo? – Mirian.
— Se me responder porque passando para aquele mundo, vocês tomaram a forma de seres como
eles, não como eu, explico.
— Mas...
— Se tem um poder dentro de vocês, tem de aprender a controlar ele, não ocultar algo que se
desenvolvido, pode lhe salvar a vida.
— Como assim? – Marilia.
— Soube que lançaram uma de vocês de um prédio de 22 andares, as pernas de uma Honosa,
seria apenas um pulo passível de dobrar as pernas e rolar um pouco para distribuir a velocidade da
queda.
— Está falando que se desenvolvermos aquilo, podemos nos defender neste mundo com aquilo?
— Sim, isto que estou falando.
— E nos quer treinando mais?
— O meu advogado vem ai daqui a pouco, a Globo assinou um acordo que me coloca vocês e suas
famílias nas minhas costas, eu quero saber até onde é legal este contrato.
— Está dizendo que enquanto nos fazia fazer força, nos cansar, 4 dias sem dormir, estabeleciam
um contrato com você, nos oferecendo como parte do contrato?
— Sim, se for o que acho que é, vocês vão trazer suas mães e irmãos para a cidade e vamos nos
instalar aqui na esquina, num prédio residencial, após isto, vamos por vocês em uma escola, em cursos
de atuação, canto, oratória, inglês, musica e dança, e começamos a pensar em como vou conseguir
retorno com vocês.
— Pedro tinha proposto algo bem interessante.
— Moças, se vocês montarem um grupo teatral, encenando apenas de sexta a domingo, e
deixarem eu administrar isto, cada uma coloca por fim de semana uns 18 mil reais na conta.
— Sem exploração sexual?
— Como falo, eu vou sempre pelo caminho mais trabalhoso, mas que lhe gera maior condição de
continuar, nem sempre se tem 14 anos.
— E vai abusar de nós? – Sabrina.
— Depende do contrato que mandaram, parece que eles querem se livrar de vocês, pois vocês
andaram aprontando lá, e agora, jogam no colo do garoto problema de Curitiba.
— Mas falou em nós e nossa família.
— Não entendi, pelo que li, eram 10, 2 morreram, mas o contrato falava em recursos para manter
vocês em Curitiba com a família, e obvio, se eu posso por este dinheiro na conta, eu coloco.
— Tens um prédio para isto?
Não respondi e vi Vaz vir e olhar as meninas, elas não pareciam grande coisa todas desarrumadas
e descabeladas, ele as olha e fala.
— Isto é pesado Bruno.
— Problemas?
— Pelo que entendi, elas tem contrato de sigilo total, imposto a elas e as mães, por isto eles
escolhem senhoras sem companheiros, vindas de comunidades pobres do Rio, gente que faz de tudo
para não voltar a descer de patamar social.
— E elas vivem bem ou em cubículos.
— Pelo que falei com Pedro, ele havia as acostumado mal, mas parece que elas não quiseram
continuar nos planos dele, foram ao Rio e se meteram em encrenca, o canal quer as afastar um pouco
do Rio para deixar a poeira baixar, já que os nomes delas não foram vinculados, pois eram de menor e
eram a parte explorada no processo.
— Mas não entendi os parâmetros de algo assim.
— Eles fixaram algo entre as senhoras e a direção da Globo, cada uma delas, tem pelo menos uma
irmã, tem duas que tem 3 irmãs e duas tem ainda um irmão a parte.
— Idade de todos?
— Senhoras entre 30 e 38 anos, crianças entre 17 e 9 anos.
— Quantas pessoas no total, parece desespero algo assim, eles querem algo.
— Passaram a pouco, o contrato de mudança de propriedade de 10% das ações da empresa, e
mais sigilo em contratos pessoais de sigilo, destas 8 famílias e de outras 23 meninas.
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— 23? Não seriam 20.
— Parece que existe um acordo diferenciado do senhor Camilo.
— Verifica a legalidade das coisas, lhe passo o endereço que vai virar o endereço de cada uma das
partes, e depois tenho de conhecer algumas pessoas, acho as vezes que a cada dia estou mais
encrencado.
— Verifico a legalidade, mas é contrato de 10 anos, não entendi isto.
— Isto não entendo, como forçar estas meninas, dentro de 5 continuarem nos contratos, mas se
eles colocam como 10 anos, deve ter uma forma legal de o fazer.
— Pensando na maioridade delas.
— Sim, mas lê com calma os contratos e depois confirma com cada família das 8 o endereço que
vão mudar para Curitiba, e com calma resolvemos isto.
— Não entendo o que tem feito?
— As vezes o dia é bom Vaz, pensa que se este domingo, significar um acordo de paz com Pedro
Rosa, um com a Globo e um com Plout, seria um dia a ser marcado no calendário.
— E se eles passarem isto, vai querer mais?
— Sim, montar os estúdios Globo de Curitiba, para produzir alguns programas, e algumas coisas
que poucos saberiam ser feitas aqui.
— E usaria o contrato de 10 anos para isto?
— Porque não? – Perguntei.
As moças comeram e saímos dali e fomos a um prédio a esquina, subimos e apresentei os
apartamentos de 4 quartos, de classe media alta, para cada uma das moças, depois disto, sentamos em
um apartamento, estava tudo vazio ainda e nos demos as mãos e falei.
— Aceitam este acordo de 10 anos?
— Porque disto?
— A pergunta é para vocês, depois vou reunir cada uma das famílias, e perguntar o mesmo,
vamos criar conteúdo para a Globo e para a TV Educativa, mas cada uma de vocês, vai se cercar de pelo
menos 5 amigas, que conhecerão nos colégios, então o grupo cresce de 8 para no mínimo 48 pessoas, e
se perguntarem porque? Pois não tenho como fazer uma peça boa com apenas 8 pessoas.
— Certo, vai nos produzir pelo jeito.
— Produzir, explorar, abusar, tudo sobre um contrato de sigilo, mas espero que falem quando
exagero, sei que exagerei hoje, mas precisavam saber que tem força, e que o tempo naquele mundo, é
bem diferente deste.
— Mas vai nos por para trabalhar?
— Estudar e trabalhar, algum problema.
— Geralmente não tínhamos tanto tempo assim para isto.
— Parem de moleza, e todo domingo, vão passar uns 4 dias em Hons.
— Porque daquilo.
— Ainda estão na parte chata, mas logo vai ficar bom.
As olhei, nos demos as mãos, e todas veem no grande felino com pelos amarelados, surgir ao
centro do circulo, ele cheira cada uma delas, e depois atravessa cada uma delas, me revelando medos,
desejos, nomes, detalhes familiares, sabia que algumas pessoas acompanhavam aquele momento, mas
estava realmente pensando em ajudar os hons a evoluir.
Cada uma delas, foi marcada ao pulso com uma corrente, e as costas, agora olhando a
representação da Honosa, um felino cuidando de cada uma delas.
— Porque apenas nós mesmos vemos a tatuagem nas costas? – Mirian.
— Pois é entre você e eu, não entre todas e eu, o acordo é pessoal, não coletivo, todas estão no
acordo, mas o acordo é comigo.
— E vai nos deixar no hotel?
— Nem sei em que hotel estão.
— Um no centro, certo que este prédio é muito melhor que o quarto de hotel no centro, e que o
apartamento que moramos em Ipanema. – Marilia.
Chamei um aplicativo que as deixa em casa.
Cansado, volto para casa, e abraço minhas noivas.

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Segunda começa, com um café, cedo, olho o material, pego algumas
coisas a mais, o material daquele dia, e saio no sentido da Reitoria, eu via este
tempo com algo que me preparava para as aulas, saindo dos problemas
anteriores, sair do mundo que criei para um de aprendizado, pois precisava me
dedicar a isto, ainda precisava construir meu futuro.
Mas quando cheguei, vi a forma que alguns me olharam diferente, as
vezes acho que acabo misturando tudo, e vi Bárbara, a namorada de Lucas
parar a minha frente já na sala e perguntar.
— Pelo jeito vou ter de mudar minha opinião referente a você.
— Porque precisaria fazer isto? – Fui seco, sei disto.
— Vi coisas que ignorava, vocês são mais do que crianças.
— Vocês?
— Lucas se tornou em algo que não entendi ainda.
Olhei em volta e falei.
— Não é lugar para discutir isto.
— Mas todos que foram a confraternização estão se perguntando isto.
— Ainda bem que poucos foram.
— Verdade, você tornou aquilo numa reunião pessoal, mas pelo jeito algo se esconde por trás
deste Bruno Baptista, pensei em apenas um impostor.
— As vezes as pessoas olham por um lado que não compreendo, mas pessoas alcoolizadas vem
tudo pela metade mesmo.
— Mas o que é você?
— Apenas alguém tentando se descobrir, nada mais que isto.
— Quando algo surge assim, parece coisas demoníacas.
— Demônios, eu não conheci nenhum, a natureza mais animal que conheci, é a humana.
— Mas são representações assustadoras.
— O humano que é muito pequeno.
— E pelo jeito não teme se mostrar por ai.
— Não morreria para me manter numa fantasia, numa mascara.
— E pelo jeito realmente fez parte das musicas.
— Como falei, apenas uma pequena parte fiz, tendo uma letra boa, fica mais fácil.
— E pelo jeito todos ficam esperando você dizer o que vão cantar.
— Sou um produtor mirim, eles apenas me ouvem as vezes.
— E não vai falar sobre as duas formas que tomou?
— Uma foi apenas forma de defesa, a segunda, apenas para parar uma guerra boba.
— Guerra boba?
— Algo que não se aplica a este mundo, dragões não batalham neste mundo.
— E pelo jeito não teme aqueles Hons, todos falam que eram indestrutíveis.
— Se são indestrutíveis não sei, nunca vi um morrer, mas as vezes colocamos eles em posição de
atenção, não de ataque.
— E pelo jeito hoje ainda vai ser pouca gente?
— Sempre estranho estes folgados.
Kamila chega quase junto com o professor e começa a aula, e por momentos me deixo levar por
este novo aprendizado, mesmo as vezes achando meio chato.
Via algumas pessoas me olhando meio estranho, mas tentava ficar na minha, no intervalo a
professora Dolores chegar a porta e falar que precisava falar comigo, apenas guardo o material e fui a
sala dela, ela parecia assustada.
— Problemas Dolores?
Ela me mostra um exame e demorou a cair a ficha, uma professora viúva, em teoria sem parceiro
fixo, com um exame positivo de gravides, as vezes temos de nos controlar, mas ai vinha mais alguém ao
mundo, e apenas fecho a porta e falo.
— Calma, é apenas uma criança a mais.
— Mas...

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— Calma Dolores, estou aqui. – Eu era a criança ali, mas era evidente que a senhora estava tensa
e não sabia por onde falar.
— Sabe o risco de uma gravides nesta idade?
— Hoje em dia, acompanhando os passos, bem menor Dolores.
Estiquei a mão sobre a mesa, ela havia sentado, e vi ela mudar de forma, não sei, haviam pessoas
que no mundo dos Hons aparentavam mais novas, era o caso da senhora a frente, sorri e falo.
— Vocês tem de dizer não as vezes.
— Ainda absorvendo este resultado.
— Calma, famílias grandes se apoiam.
Penso no mundo de Hons e surgimos em um campo, com tudo parado.
— Calma Dolores, estou aqui.
— As vezes tenho medo do que estou me envolvendo.
Acalmei ela aos meus braços, ela foi a forma de um dragão e eu a abracei com minhas asas, ela
pareceu sentir-se segura e fala.
— Não sei como falar sobre isto?
— Tem de entender Dolores, a sociedade a volta, é de humanos, ela é cruel, então deles,
escondemos parte, pois não queremos ficar respondendo o que não se precisa responder.
— E como um menino em tudo, pode ser este grande dragão?
— Apenas mantem a calma, sei que as coisas se complicam nesta hora.
Depois de um tempo estático, conversar com ela, a acalmar, sei que as pessoas, quando chegam
aos 40 anos não pretendem engravidar, aconteceu, mas agora era encarar, as vezes as coisas saem do
que pensamos, e sabia que toda a minha experiência, era nada diante de uma criança chorando.
Ressurgimos a sala e ela me olha.
— Temos de conversar mais Bruno Baptista.
— Sei que estou correndo sempre, mas marca um dia, apresentou a família ao grupo de Dragões
mas não conversamos sobre isto.
— E como vai assumir um filho?
— Tenho problemas em não assumir, não em assumir.
— Certo, temos de conversar serio.
— Sim.
Sai dali e obvio, a noticia corria as pessoas enquanto eu ia a mais uma aula, e no final dela Kamila
me pergunta.
— Parece preocupado depois que falou com a professora.
Sorri, gente tentando advinhas e falo.
— As vezes temos de entender o que faremos no futuro, mas se cada um dos projetos que fiz
para este ano, derem frutos, vão me chamar de metido o ano que vem.
— Porque fariam isto?
— Sei que não entendeu ainda, mas eu geralmente, penso para casa moça que a mim foi
ofertada, como compromisso, uma empresa que gere o grupo por ela apresentado, e empresas tem de
suprir o que cada grupo precisa, você pega os números no fim, e parece assustador algo assim.
— E fica pensando nisto durante a aula.
— Parecem ainda pegando leve, não entendi porque tanta folga.
— E vai almoçar no RU?
— Sim.
— Então vou para casa, passo esta alimentação hoje.
Sorri e fui a fila do RU e com calma almoço e vejo Ricardo sentar a mesa e perguntar.
— Me responderia uma coisa?
— Se conseguir.
— O que aconteceu no sábado?
— Alguém atiçou Plout, o rei dos Hons, a acabar comigo.
— E como um menino de 16 anos, pode com aqueles seres, sei que as pessoas se afastaram,
viram de longe, mas falam horrores de você.
— Os que falam horrores queriam o que? Que morresse para eles falarem bem?
— E não fala nada com os demais?

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— Não fui somente eu que me posicionei, mas obvio, eles devem ter me visto, quem manda ser
metido e gostar de aparecer.
— Dizem que a Professora Dolores estava preocupada com algo até falar com você, acho que
todos estão muito fofoqueiros este ano.
— Eu nem comecei a me mexer ainda, e já estão falando demais de mim.
— E pelo jeito o passar desapercebido, foi pelo ralo?
— Eles não entenderam nada ainda, e daqui a pouco eles vão falar mal do rapaz calouro, e não
preciso fazer esforço para isto.
— E teriam motivos para falar mal de você?
— Eu sou alguém que tenho um problema em relacionamentos, eu os encaro abertos demais, e as
pessoas começam a falar mal da criança.
— Não entendi.
— Eu coloco muitos filhos no mundo, isto que quero dizer.
— Certo, e acha que vão falar mal por isto?
— Neste instante, são 8 moças gravidas de um tal de Bruno Baptista.
— Certo, se metendo em encrenca.
— Sim, mas como alguém que não teve um pai, pretendo criar todos os meus filhos, com o
máximo carinho que eu conseguir.
— Mesmo sendo de 8 moças diferentes?
— Sim, e o ano está apenas começando.
— Certo, e sobre o que falamos?
— Já leu tudo que indiquei?
— Não.
— Então avança um pouco para facilitar a conversa.
— Pelo jeito vai sair correndo.
— Uns malucos, investiram em mim, e agora tenho de retribuir o investimento, e quero ganhar
recursos, pois vou ser pai.
— E pelo que vi, conhece todos os novos sucessos que emergiram da cidade.
— Isto eu falo, mas ninguém acredita.
— E come sempre aqui?
— O melhor custo beneficio.
— Dizem que você tem restaurantes na cidade.
— Nenhum serve almoço.
Terminei o almoço, e sai dali, as vezes ter compromissos a tarde, era uma dica de sair de uma
conversa que não me levaria a nada. Os nomes já em M, estabeleciam que havia passado da metade das
meninas, e ainda faltava dois meses para acabar.
Eu caminho até a casa, mais uma moça, mais 5 membros da corte, e cada dia somava gente a
mais nesta ideia, mas sabia que somente no final de Abril, conseguiria estabelecer uma ideia para estas
moças, e para muitos estava correndo livre demais.
Eu confirmo em meio a isto o mobiliar de 10 apartamentos na esquina, as vezes fazer as coisas em
serie, sempre tem gente para as montagens, apenas desviadas para aqueles apartamentos, começam
também a mobiliar a recepção e a parte superior, que era uma área comum com piscina e
churrasqueira.
Quando aquela menina, Marta, sai com sua corte, vi os meninos dos Clementes chegarem e
passei para eles as musicas que ensaiaríamos, depois chegou Bárbara, que teria de ensaiar algumas
coisas, chegou a banda que a acompanhava, depois chega as Marginais, depois parte do coral das
Bárbaras e o separar em grupos, e as colocar a ensaiar e aquecer as vozes, era uma super confusão, na
esquina, o colégio funcionando, e gente chegando em todos os ´pontos, era uma área que ganhava
muito movimento, devido a soma de cursos, colégio e de minhas ideias.
O confirmar da chegada das famílias das moças, e marco no apartamento, sabia que elas
chegariam antes, mas queria fazer as coisas andarem ali, antes de me meter em problemas.
Era próximo das 4 da tarde quando vou ao local e vi Mirian me abraçar e falar.
— Pensei que não viria.
— Pelo jeito o pessoal está mobiliando rápido.
— Sim, ontem nem tinha nada, hoje já são apartamentos mobiliados, assim facilita.
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— Vamos subir todos a área superior, de reunião, quero falar apenas uma vez.
— Quer conhecer todos?
Não falei e subimos e sentamos todos em circulo e olhei as senhores e perguntei.
— Poderiam me dizer, porque assinaram um contrato destes, que permite a Globo basicamente
mandar na vida de vocês.
Uma senhora de uns 30, me olha e fala.
— Não sabe de onde saímos rapaz, não queremos voltar para lá.
Olho as demais e uma fala.
— Eles nem gostam que discutamos estas coisas.
— Reuni todos aqui, pois agora segundo eles, tenho de dar ocupação a todos vocês, então preciso
do nome das crianças, em que serie estão, o que faziam, pois amanha quero conseguir vaga para todas,
e preciso saber o que cada uma das senhores fazia, pois eu vou dar ocupação a todas.
— Vai nos por para trabalhar?
— Não entendo aquele contrato, ou não quis acreditar que alguém assina algo como aquilo.
— Certas cláusulas não gosto de falar nem com minhas filhas.
A volta estavam 27 pessoas, de 8 famílias, e isto estabelecia famílias diferentes, mas que teria de
colocar em meus planos, e pergunto.
— Mas eu vou querer saber, pois não quero atrapalhar ninguém.
— E não é muito novo para mandar em algo? – Uma das senhoras.
— Sim, e pelo que meu advogado passou, agora proprietário de 11 por cento da Rede Globo de
Televisão.
Todas se olham e uma senhora fala.
— Basicamente entrou na historia, mas não entendi o que pretende.
— Somos a partir deste momento, uma família, estranho um contrato que me coloca como o
tutor da família, mas eu sou pelo conhecer da família, e para isto que estamos conversando.
— E vai abusar de minhas filhas? – A mãe de Marilia.
— Eu sou possessivo, mas ainda sou apenas um.
A senhora sorriu sem jeito e sentados ao grande salão de festas daquele local, pedi para cada
pessoa puxar uma cadeira ao fundo e sentar-se a frente dela, eu sentei ao meio e pessoa por pessoa,
perguntei o nome, pedi para se despir e sentar-se a volta, haviam 3 meninos, todos mais jovens que eu,
mas era para ver as reações e quando todos nus e sentados, eu sinto o leão sair de mim, e passar por
cada um dos presentes, as cheirar e as atravessar, estranho as 8 senhoras e os demais presentes, com
exceção dos 3 meninos, tinha a marca de Hons as costas, e as senhoras pareceram sem jeito, mas era
uma demonstração de quem mandava, estranho também além do Hons, a corrente as mãos, era como
se a adaga me falasse que para se manter socialmente acima, estas senhores se deixariam escravizar, e
quando acabou aquela parte, eu falei para as meninas e meninos se vestirem, e descerem cada qual a
sua residência, que agora a conversa era seria.
As crianças descem e olho aquelas senhoras e demos as mãos no centro, estranho como cada ser
aparenta de uma forma no mundo de Hons, e as senhores se olham e uma fala.
— O que nos tornou?
— Está é a forma de algo que posso chamar de alma, alguns de dons, alguns de existência, mas
estamos em um mundo criado, onde assim como as senhoras, vou treinar todas as d8 famílias.
Elas viram um grupo de Hons chegando perto, elas pareceram com medo, até verem serem
maiores que os seres e vi Plout me olhar e falar.
— Agora veio nos apresentar Honesas?
— Sim, elas precisam ter noção do que é ser isto, elas não sabem o que podem.
— Vai nos deixar com estes m...
— Respeito senhora, e enquanto vocês treinam, eu apenas observo.
Elas foram ao treino e surjo naquele salão, e em cada casa, conheci as pessoas nela presentes, e
depois de um tempo, sai dali e voltei aos teatros, e vi as Inglesas olhando como se estivessem
esperando algo. Junto com outras pessoas.
— Me esperando? – Falo.
— Não entendi, Bárbara nos colocou para fora, como se não fossemos parte daquilo.
— Vamos ao teatro ao lado, e deixa eles ensaiarem.
— E não vamos ensaiar.
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— No teatro ao lado, espaço não falta aqui.
Entramos no local e elas estranham, olho as 8 moças e pergunto.
— Quem trazem a bagunça?
Elas se olham e começam a apresentar quem faria parte do grupo, me apresento e pergunto
coisas básicas sobre casa pessoa, subimos ao palco e pegamos os instrumentos, vi quem tocava, quem
dançava, quem tinha alguma noção de coral e quem falava inglês, o bom é que todos falavam o básico
de inglês.
Comecei apresentar musica a musica que o grupo tocaria, em media 4 minutos por musica, mais
um de intervalo, que era coberto por algumas coisas, as vezes um monologo com coral, as vezes, uma
dança com guitarra, as vezes uma batucada grave para dar o peso do estar em um local estranho,
anotamos cada passagem e Helena me olha e fala.
— Pelo jeito quando falam que você não para por um probleminha, é serio.
— Não esqueçam, existem segredos que não foram revelados.
— Sim, ainda isto.
Terminamos o ensaio e o ritual de quebra da timidez, e por fim, deixo elas ensaiando e saio para a
cobertura que deixara as senhoras, toco o chão dela e olho as senhoras, elas deveriam estar a pelo
menos dois dias ali, e me olham, cansadas.
Plout me olha e fala.
— Não entendo sua ideia menino.
— Acho que vocês estão deixando muito para os humanos este mundo.
— E vai as trazer sempre?
— Agora elas provavelmente vão sonhar, elas não conheciam este lugar, então ainda estamos
começando, e com calma chegamos a mais Honesas neste mundo.
— Certo, você pelo jeito desafia todos, não é a toa que tem gente que lhe odeia.
— Eu não acredito em ódios sem motivos.
Nos demos as mãos e surgimos no salão de festas da cobertura, e uma senhora a ponta me olha e
pergunta.
— Não entendi o dia de hoje?
— Vocês tem de entender, um contrato pode as prender a mim, mas nada as prende realmente,
se vocês aprenderem a se defender.
— E o que são aqueles seres?
— O segredo desta cidade, alguns chamam eles de Hons.
Conversamos um pouco e sai dali, vi a noticia que teria problemas a mais e não estava ainda
pensando nos problemas.
As vezes gerir o problema, enche um colégio que estava pela metade, dando os alunos que os
professores não saberiam que estava saindo do meu bolso.
Volto ao colégio, vejo como estavam as aulas que deveria dar ali, e olho os alunos, ideias bobas
com mais publico do que pensei, mas o sucesso de alguns, olho os Clementes ensaiando com Bárbara, e
acompanho o ensaio, Barbara, a namorada de Lucas senta-se ao meu lado e fala.
— Tenho ciúmes desta menina.
— Então não dá espaço, ela adora gerar confusão.
— Dizem que você namora ela, e mesmo assim, ela parece solta.
Ouvi eles passarem as 4 musicas, vou aos controles, ligo a câmera, pego um caderno, e volto a
sentar, eles estavam tentando passar a terceira vez a segunda musica e apenas observei a pronuncia e
anotei a mudança, e enquanto eles tentam mais duas musicas, eu vejo as anotações e quando eles
terminam, eu vou ao palco e sugiro a mudança da letra dois, e alteração de apenas uma sequencia de
notas.
Eles passam a musica e Bárbara sorriu.
Após isto, apresento para eles, mais 12 musicas, uma a uma, até eles anotarem, e passamos duas
vezes elas e deu a hora de todos irem para casa.

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A semana avança, com o conhecer de 23 meninas, e as instalar no
mesmo prédio das demais, o conseguir matricular elas, dava a sensação de
procura pelo colégio, as musicas foram aparecendo, as conversar avançando, e
quando chega na sexta, aula normal, vi Kamila e Bárbara pararem a frente da
carteira e me olharem.
— Não sei como consegue sair da assunto na segunda para desconhecido
na sexta. – Bárbara.
— É que as frases faladas, não combinam com este ser aqui, ouvi até
gente falando que o pessoal deveria ter tomado algo diferente no sábado.
— Dizem que tá ficando influente. – Bárbara.
Eu não sabia o que seria daquele dia e olho Kamila e pergunto.
— Algo a fazer hoje a tarde?
— Precisando de uma companhia?
— De todas possíveis.
— Vamos fazer o que? – Bárbara.
— Estabelecer meus pés em algo que poucos saberão ser parte meu.
— Vai por os pés onde? – Kamila.
— Oficialmente, a 3 dias, virei sócio da Rede Globo de Televisão, e hoje, estou adaptando um
projeto que tinha para o futuro, para estabelecer os estúdios Globais na cidade.
— Vai somar na Globo?
— Vou propor algo, eles querem a garantia de terem os que vão comandar a emissora, bem
instruídos, então eu estranho quando alguém me indica a algo que não tenho toda formação possível.
— E qual a pretensão?
— 5 locais de gravação, local de edição, de editoração, montagem e finalização, junto com isto,
vamos reerguer um projeto, a TV Globinho, com 12 grupos de criação, para as nossas animações, vamos
criar uma linha infantil de programação, lançando 20 pessoas que hoje são desconhecidas, mas serão
conhecidas em 5 anos.
— Vai lançar alguém?
— A ideia é lançar as filhas dos proprietários majoritários, filhas e netas, mas enquanto isto, elas
aprendem e crescem culturalmente.
Tirei da pasta um prospecto e falei.
— O básico.

— Seus planos pequenos são como aquela casa no Agua Verde. – Kamila.
— E vamos quando? – Bárbara se colocando nisto.
Eu estranhei, mas não falei nada, primeiro almoçamos no RU, e depois fomos ao Agua Verde, as
duas ficaram a sala, enquanto recebia mais uma corte, mais uma moça, e quando as moças que iriam
junto chegaram, algumas moças desceram e fomos todos em um ônibus para o local.
Bárbara estava me olhando como não deveria, e Kamila olha as moças, alguns beijos, era evidente
algumas gravidas e chegamos ao local e o senhor Camilo, me apresentou aos senhores, e eles viram suas

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filhas e netas, estavam todas vindo do colégio, então de uniforme, e entramos no que estávamos
montando e sentamos e um senhor me olha e pergunta.
— Qual a ideia?
— Lançar pelo menos 5 canais fechados da rede, gerando duas programações infantis, uma
educacional e duas de programação de series.
— Algo a somar na rede?
— Sim, eu não sou de deixar parado, quero mostrar que todo investimento que veio ao meu
nome, lhes seja retribuído em pelo menos 10 vezes.
— Não deixando parado?
— Isto, e mostrando ao mundo primeiro personagens, que quando surgirem mais a frente na
direção da empresa, as pessoas já as conheçam.
— Vai lançar nossas filhas e netas? – Um senhor.
— Sim, como disse, não sei se para vocês, mas sempre falo, eu gosto que as pessoas me gerem os
recursos que gasto com elas.
— E Qual o tamanho disto, parece imenso. - O senhor olhando o local.
— Temos 5 locais como estes, e mais barracões de apoio, estamos construindo ainda, mas os
estúdios, estarão numa das maiores áreas de preservação da cidade, estamos próximos de dois teatros
em construção para 2 mil pessoas cada, estamos em uma área de fácil chegada, e próximo a um dos
locais de shows que terei na cidade.
— Estranho pois até 3 dias, parecia que era um péssimo investimento, agora começamos a
recuperar os investimentos e quer anunciar algo aqui.
— Sim, mas vamos primeiro montar, desenvolver os prospectos e quando formos lançar o
primeiro, escancaramos que agora temos este espaço em Curitiba.
— E pelo jeito não quer apenas ficar com o dinheiro.
— Sou uma criança chata.
— E vai construir tudo isto apenas para este projeto?
— Os terrenos são meus, vamos instalar aqui o projeto, e quando vocês falarem que não querem
mais, dentro de 10 anos, vemos isto.
— Certo, está falando em desenvolver algo e ver o valor lá na frente, e pelo jeito todos falavam
que iria abusar das moças, mas tem namorada.
— Acho que as pessoas esquecem, sou apenas um.
Saímos dali e voltamos ao escritório central da empresa e apresentei a ideia, não sei se eles
queriam, mas falo dos custos e das receitas, e da forma que eu faria.
Eles anotam e saíram olhando os papais, as meninas voltaram ao prédio e Kamila viu as demais
saírem e Bárbara pergunta.
— E avança assim, eu chamando você de mentiroso, nem fez questão de se defender, e agora
parece que vai a frente.
A olhei, algo estava errado e perguntei.
— O que está errado Bárbara.
— Aquela outra Bárbara não deixa eu ver os ensaios, e sei que alguém pode me dar acesso.
— Ela nem imagina o quanto eu sou chato.
— Porque?
— Ela está lá ensaiando aquelas musicas da segunda, mas o tentar isolar delas, deu para ensaiar
as 20 musicas iniciais da Inglesas, as 20 iniciais das Marginais, as 20 iniciais da Beatriz, as 20 primeiras de
um dos grupos das Bárbaras, o criar de um grupo novo, chamado “Globais”, e um grupo denominado
“Honesas”.
— Você pelo jeito avança. – Bárbara.
— As vezes queria entender de ficar marcando pesado.
— E pelo jeito os planos para o ano estão altos. – Kamila.
— Sim, acho que tá na hora de marcar com algumas pessoas, como Camile e as meninas. – Falei
olhando Kamila.
— Vai pelo jeito desenvolver mais alguma coisa.
Sorri e começamos a entrar na parte do ensaio das Inglesas e as 40 pessoas de apoio, e Ronald
estava lá com o professor de musica, dando instruções e quando ele me olha fala.
— Pelo jeito mais uma ideia clássica de Bruno Baptista?
648
— Em construção, acha que temos como ensaiar os 8 grupos de 5, cada qual em coisas
especificas.
— Não entendi a ideia total. – Ronald.
— Estamos em uma peça, rápida, denominando as 20 musicas, mas em cada musica, teremos o
grupo, Inglesas, dai teremos pelo menos dois corais, dois grupos de danças, dois grupos de apoio
musical, e dois grupos de encenação, mas eu quero os grupos mudando, todas fazendo as 4 partes, seja
coral, seja encenação, seja dança ou mesmo instrumental. Isto somado é vai se denominar Inglesas e
Cia.
— Pelo jeito o que elas estão encenando, quer mais exato.
— Os instrumentos chegam no começo da semana que vem e os cenários, deve estar mais para o
fim de semana seguinte.
— Uma peça novamente?
— Sim, dai vai ter uma passagem, que elas vão encenar com os Clementes, e um com as Bárbaras
Fadas.
— Sei que alguns acham maluquice aquilo, mas dividiu o coral, e estamos com 7 peças incríveis,
pesado ensaiar todas, mas pelo jeito quer primeiro elas encenando para depois gerar mais alguma coisa.
Vi Caterine chegar a minha frente e falar.
— Andando com esta chata?
A cara de revoltada de Bárbara foi cortada por minha frase sem sentido.
— Andaram discutindo pelo jeito.
— Ela sempre sobre as encenações, sobre pararmos de dar encima do namorado dela.
— Deixa ela defender o pirralho do Lucas, mas como estão as coisas aqui?
— Dizem que vai vir palpitar na segunda.
— Sim, eu sou chato com estas notas musicais e algumas estão fora.
— E veio apenas olhar.
— Vim ver como estava, passar as instruções para Ronald, para ele saber por onde vocês tem de
ensaiar, por onde as moças tem de ensaiar, mas semana que vem, vamos exatar o show, dai
provavelmente no sábado que vem, vamos gravar o primeiro show do ano, para por na internet, e
começamos a vender o show, mas quero vocês ensaiando hoje, para pensar na ideia inteira.
— E pelo jeito acredita que conseguimos.
— Eu amplio o custo, mas eu quero algo que gostasse de assistir.
Saímos dali, e mandei Barbara e Kamile irem entrando a frente, enquanto pegava na direção um
material e quando entro no teatro apenas ouço.
“Quem lhe autorizou a bisbilhotar!”
Eu que entrava apenas falei.
— Eu.
Barbara Vaz me olha e fala.
— O que faz com esta dai?
— Vim ver como está as coisas, e como vim direto da sala de aula, quero ver como estão as coisas.
— Veio finalmente ouvir?
— Definir, pois os meninos precisam de coral, de encenação, de apoio instrumental, então vou
ouvir e daqui a pouco, vamos por as Bárbara Bruxas para cantar junto alguns trechos, o grupo teatral
Santa Cândida, que agora se chama Grupo Teatral Sonhos Altos, e verificar como vamos apoiar eles a
tocar tudo que precisam.
— Pensando em que? – Lucas chegando ao lado.
— Por sua namorada a tocar violino.
Não tinha falado com Bárbara, e vi as duas Bárbaras se encararem e Barbara Vaz falar.
— Quer nos complicar pelo jeito.
— Acho que não entendeu Bárbara, estamos no show dos Clementes, teremos de fazer o seu, e
para isto, teremos de ensaiar as suas musicas e ver o coral, as dançarinas, o coral masculino, a escola de
samba, o balé e 12 instrumentos de corda elétricos.
— Pelo jeito já pensou em cada pedaço. – Lucas.
— O cenário começa a chegar no fim de semana que vem, mas viemos ouvir vocês tocarem.
Eles foram ao palco e Barbara fala ao lado.
— Quem disse que quero participar?
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— Uma duvida, Mueller é seu sobrenome?
— Sim.
— Tenho de anotar diferente os nomes, mas a ideia, é para pensar, você convidar 5 moças do seu
grupo de violino, a fazerem parte do show dos Clementes.
— Não tenho como viajar sempre.
— Show completo são raros, pois os contratantes não encaram o custo total.
— Então para que seria?
— Para você estar perto do namorado, não ter como ser barrada, e fazer parte das gravações,
onde geralmente é o que vai a internet.
— E pelo jeito pensou em algo grande.
— Geralmente, colocamos no começo apenas 5 das musicas no site, depois vendemos o show e
por fim, quando já tivermos vendido uns 50 shows, colocamos ele dividido em partes na internet.
— Sem pressa?
— Sempre com toda pressa.
— E acha que deveria fazer parte?
— Você tem ciúmes sem saber de nada, se for ter ciúmes, tem de ser de algo real, não de algo
que apenas é sua cabeça pensando.
— Mas...
— Vamos ouvir.
Ficamos a ouvir e vi eles passarem todas as musicas, depois vi as moças do coral vir e Ronald
chega junto e encenamos a musica 3, 5, 9, 11, 15 e 20 com coral.
Estava ouvindo quando Bárbara Mueller fala.
— Bem diferente.
Depois chegou as Marginais e ensaiamos com apoio em guitarra e bateria, 9 musicas, somamos
dois sinos em duas musicas, e vi as “Globais” chegarem com o grupo teatral da Carla, e marcamos os
pontos e fui ao palco, as moças já tinham treinado, e começavam a desenvolver o dom da
transmutação, e as queria naquela peça, e quando aquelas 8 fêmeas honesas surge no palco, tocando e
encenando, junto com o grupo Sonhos Altos, chamei Bárbara Mueller e mostrei onde queria a entrada
do violino, e com calma, começamos o ensaio, e passamos quase toda a peça e quando terminou, as
moças foram ao camarim e voltaram como meninas normais, os demais olham-se e Kamila me olha e
fala.
— Isto com certeza não existe em nenhum lugar do Brasil.
— Eu quero criar pelo menos 10 encenações por ano, nos próximos 30 anos. E sim, é pretensão
minha isto.
— Algo a se ver com calma.
— Sim, são duzentas musicas por ano.
— Pelo jeito pegou Bárbara por algo que ela gosta de fazer.
— Tenho de somar mais acordes em 8 musicas, e estamos criando, e as vezes o entrar e sair dos
cenários estabelece mudanças.
— Vai criando e evoluindo.
— Sim, esta é uma das peças do ano, apenas uma delas.
— E pelo jeito cria algo aqui e depois um para show.
— Quando coloquei as Inglesas para acompanhar os Clementes, era para as funções que outros
estão fazendo.
Barbara Vaz desce do palco e para a minha frente e fala.
— Nos põem para ensaio e fica ai namorando.
Me levantei e a beijei e falei.
— Vamos fazer a ultima passagem.
Fiz sinal para o rapaz das luzes e fiz o numero 8 para ele e chego ao palco, falo com cada uma das
partes, e as moças da Globo, me olham e uma fala.
— Não gosto desta parte?
— Aquela parte vai ser feita por cenário, vocês vão fazer parte do coral, e da encenação dos
Clementes. – Olhei Barbara Mueller e perguntei – Acha que conseguiria 5 amigas para fazer parte ou
continua querendo fugir da fama?

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— Tenho de falar com alguns, mas pelo jeito tem professor de canto, professor de musica, e tudo
para um grupo simples.
— Como falo, de simples isto não tem nada.
Olho para Carla e falo.
— Vou passar os testos, tem de ver se querem fazer parte, nem sempre vão estar no show, mas
se tiverem, é para entregar um super show.
— Quer algo a que nível Bruno?
— Um narrador, iniciando a historia, depois encenações iniciais, levando a primeira musica, e a
cada fim de musica, uma encenação, muitos chamariam isto de musical.
— E acha que não é?
— É mais do que apenas um musical.
Olho as moças do coral e como Bruxas, apenas penso e elas concordam, pego a guitarra, olho as
Marginais, e somamos em acordes de guitarra e de órgão, pego o texto, passo para Carla que começa
com a historia, e entro com a guitarra, Barbara Silva entra com outra guitarra e as duas baterias entram,
e Lucas entra cantando, o coral complementando, e fomos passando musica a musica e no fim, as
pessoas cansadas sorriem e Lucas me olhava preocupado.
— Podemos conversar?
— Sim, sei que pode parecer mais complicado.
— Tem de ver que isto vai pegar fogo.
— Porque Lucas?
— Acho que todos os 3 não esqueceram a pequena Bárbara.
— E quer ter duas namoradas Lucas?
— Qual o problema, você tem mais que isto.
— Não disse que vai ter problemas, mas tem de considerar, que eu estou complicando as coisas, e
os ensaios e as gravações são feitos com todos, mas as viagens, provavelmente as meninas da Globo,
um coral rápido e um grupo teatral, não terá nenhuma Bárbara nesta hora, quer dizer, uma ainda vai
ter, mas não das que lhe preocupam.
— Bem menos que agora?
— Sim, mas mesmo assim, 25 apoios neste show, e tem a participação de vocês no show das
Inglesas, no show das Marginais, no show do Coral Bárbaras, e no show da Laura.
— E como estão as Inglesas, não tenho as visto.
— A pequena Bárbara as colocou para correr, mas ela esquece que temos mais teatros por aqui.
— E fica caminhando com minha namorada por ai? – Lucas.
— Fazer o que, elas resolveram me seguir hoje.
— E pelo jeito querendo namorar todas.
— Namoro não sei, mas sexo, com certeza.
— Bruno tá cada vez mais safado.
— Os meninos estão afiados.
— Sim.
— Amanha chega mais sedo, perto das duas. – Falei olhando Lucas.
— O que faremos amanha? – Ele me olha – Sábado eu durmo até tarde.
— Quero ensaiar uma parte que não foi ensaiada hoje.
As pessoas foram saindo e Kamila chega ao lado e fala.
— Pelo jeito você agita tudo mesmo.
— Marca algo para semana que vem, com Camile e as meninas, vamos conversar serio sobre uma
ideia, e sei que as vezes as coisas apenas se complicam.
— Pensando em algo?
— Ensinar 121 grupos a cantar e tocar, e lançar aos poucos, todos cantando.
Kamile e o pessoa sai e Bárbara Vaz me abraça e fala.
— Sempre exagerando nas coisas.
— E dai, vamos namorar um pouco?
— Hoje tô cansada Bruno.
— Certo, eu esqueço que vocês ensaiaram a tarde inteira.
Laura veio pegar Bárbara e olho para Lucas se despedindo da outra Bárbara, os rapazes ainda
estavam ali, Roger parece querer aprontar e fala.
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— Cedo para ir para casa.
— Ainda tem dedo para tocar? – Perguntei.
— Não para nunca?
Sorri e entrei, os rapazes entraram, ainda não era onze da noite e chego ao auditório que as
moças da Inglesas ensaiavam e sentei a olhar as moças, os rapazes param ali também e Lucas fala.
— Pensei que elas não estavam ensaiando, e já montou o grupo de apoio delas.
Sandra para a frente do palco nos olha e fala.
— Apenas olhando hoje?
A medi com os olhos e falei.
— Talvez as minhas ideias para hoje, não sejam apenas olhar.
— O que fizeram, lhe deram o fora, que vem nos cantar?
O teatro já vazio, e reunimos as moças no centro daquele palco.
— Boa noite a todas, sei que deixo vocês seguindo nesta ideia, mas hora de por as coisas nos
pontos, e sei que as vezes me acham atirado, mas precisamos fechar o show, e parte do show, terá
interação das Bárbaras Fadas, parte vai ter os Clementes, por sinal, preciso saber se os Clementes ainda
me querem como parte.
Roger sorriu e fala.
— Sabe que sim, eles nem entendem o que fez.
— Tem de considerar que vamos ensaiar um pouco mais, e hoje estou para criação, não para
festa.
— E quando uma coisa proibiu a outra? – Jaque.
Sorri, olhei as moças e falo.
— A moça da costura está chegando ai, por isto pedi para esperarem, é que vamos tirar as
medidas para a confecção de todas as roupas do grupo Inglesas e Cia.
Sandra me olha e fala.
— Agora Bruno veio para a guerra, e o que mais?
— No show de vocês, teremos, pelo menos no gravado, 4 musicas com a participação dos
Clementes, e nem ouviram estas musicas ainda.
— Crescer no show?
— Musicas que quando houver uma participação dos Clementes no show de vocês, ou de vocês
no Show deles, possam ser cantadas.
— E como vai ser as encenações? – Ruthe.
— Ainda aguentam uma encenação? – Perguntei.
— Quer nos fazer cansar?
— Só assim para sair vivo no fim. – Falei serio e Ruthe sorriu.
— E pelo jeito vai começar a somar no show.
— Sim, semana que vem, nos ensaios a noite, vamos ter metade da bateria da Embaixadores da
Alegria, vamos ter o coral Bárbaras Fadas, vou falar com a namorada do Lucas, sem ciúmes meninas,
mas é apenas para a apresentação principal, teremos uma entrada de violinos elétricos, e teremos o
segundo grupo de teatro que saiu do Santa Cândida, o denominado Amor a Arte, que vai encenar junto,
as participações dos Clementes é no Bis, estou pensando ainda se coloco o pequeno coral das Marginais
para a musica final, pois ela é um estase de som, musica, dança, coral e encenação, tudo antes do bis.
— As vezes você nos assusta com estas ideias, mas pelo jeito vai nos elevar a algo como foi os
Clementes o ano passado, não apenas a parte corrida da peça deles.
— Para fazer o que vocês faziam lá, tive de por mais de 20 pessoas este ano.
— Nos explorou então?
— Testei se tinham garra, e quem tem garra, apoio com tudo que vamos fazer.
As moças chegaram para tirar as medidas e fiquei a olhar quem era quem e Lucas fala.
— Eu tentando afastar o ciúmes da Bárbara e você a está puxando para dentro.
— Ela me seguiu o dia inteiro, mas já dispensando uma namorada Lucas?
— Ela sabe mais da minha vida que eu, mas as vezes ela é insegura.
— Imagina se ela soubesse de metade do que rolou o ano passado.
— Ela estaria uma fúria.
— Sei que exagero, mas para o show gravado, que vamos chamar de DVD d os Clementes, vamos
ter muito agito, dai a apresentação é mais enxuta.
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— Eles pensando que você faria algo menor.
— As Bárbaras não viajam com nenhum grupo, pois elas terão seus shows.
— Certo, elas ensaiam lá e aqui, e no fim, saímos a viajar.
— Porque não, algo tem de me tirar da cidade entre Junho e Agosto.
— Querendo fugir do frio.
Sorri e olhei as meninas chegando a volta e falo.
— Vou apenas mostrar as musicas, pois ficou tarde.
Flavia me olha e olha Roger.
— Vão mesmo nos deixar longe do show de vocês?
— Estamos a um corredor de distancia, e pelo jeito, um corredor que nos aproxima e nos afasta,
pois temos Bruno Baptista nos fazendo correr.
— Ele parece mais agitado este ano.
— Não ouviu ao longe ele falar para uma moça que pretendia lançar mais de 120 grupos. – Roger
que deveria ter ouvido a conversa ao longe com Kamile, o olho e falo.
— Vou ter de falar mais baixo.
Peguei o violão de toquei as 4 musicas, sobre o olhar das Meninas e dos Meninos, eram musicas
para aquele ano.
As meninas e os meninos tentam uma segunda passagem, apenas para entender a logica das
musicas e depois encerramos ali e fujo da confusão, se iriam se complicar, não era mais problema meu.
Subi a casa da minha mãe e a acho olhando o entorno do telhado e ela me sorri.
— Perdido aqui filho?
— As vezes estou tão perto e não consigo um tempo para minha mãe, absurdo.
— E pelo Ronald fala, está deixando mais pesado para todos este ano.
— Ele vai precisar de ajuda este ano.
— Se cuidando filho? – Fala minha mãe me abraçando.
— Sim, seu filho se meteu em tantos problemas que vai ter de andar com calma.
Depois de uma conversa, as vezes eu precisava, volto para a casa que tinha montado ao lado.

653
Uma semana se passa, e novamente na Sexta feira, a semana foi corrida,
e estou terminando a aula e Bárbara para a frente e fala.
— Sabe que quando falam deste Bruno Baptista, não parece você.
— Ainda nisto?
— Não, mas não sei que quer conhecer minhas amigas lá ou ver antes,
pois não sei a ideia.
Kamila me olha e fala.
— Marquei as 4 com Camile.
— Certo, vou precisar ser eficiente hoje. Quer marcar onde Bárbara.
— Sabe que moro no centro, podemos marcar ali em casa.
— Eu não sei onde você mora Bárbara.
— Certo, mas marcamos lá em casa, vim de carro hoje, e almoça lá em casa, assim não perde
tempo. – Bárbara.
Eu previ problemas, mas eu era de encarar.
Kamila estranha, mas pegamos o carro da moça no estacionamento da rua lateral e fomos no
sentido da Brigadeiro Franco, vi que ela apenas fez sinal para o porteiro que chega ao vidro, verifica
quem está para dentro e apenas passa um recado e libera.
Subimos ao 14 andar, um apartamento por andar, pois o elevador abriu na sala da casa, uma
senhora pergunta se iriam almoçar e ela confirma e viu uma moça entrar pela porta, se não fosse o
Bárbara chamar por mãe, diria que tinham quase a mesma idade.
Sentamos a mesa e Bárbara me olha e fala.
— Não sei qual a ideia sobre as musicas?
— Tem um violino ai? – Perguntei.
— Toca?
— Noção de notas, não de como se toca.
Ela pega dois violinos e me alcança um e fala.
— Vê se não desafina muito.
Sorri, peguei um caderno e abro ele e pego a musica 4 e pego o celular e falo.
— A ideia, aquele chato do Bruno Baptista, acha que o arranjo está leve, e que quer algo mais
gritado, nas notas, não das clássicas, mas nas entradas e saídas, começa narrado, quase toda letra, entra
geralmente a guitarra e os surdos, e quando vem o violino, é como um grito.
Peguei o celular e coloquei a musica 4 e ouvimos a entrada e quando passa da entrada, eu dou
uma pausa e pego o violino e faço uma sequencia de notas compridas, duas batidas na corda e entra o
coral ao fundo.
Bárbara me olha e fala.
— Um uso de cordas afinadas?
— Sim, é um grito cantado, não um grito de morte.
Começamos a falar de cada nota, de cada entrada e a senhora anunciou que o almoço estava
colocado, as vezes parece que estou em outro mundo, sim, as vezes entendo que as pessoas tem
dinheiro, mas aqueles talheres, eram prata, com detalhes que poderia apostar ser ouro, em um prato
liso, como apenas a porcelana de primeira é. Vieram mais pessoas a mesa, eles não pareciam falar, mas
se olhavam, como se estivéssemos sendo analisados, estranho só ter meninas a mesa, mesmo a mãe de
Bárbara Mueller, não parecia ter idade para ter uma menina de 21 anos.
Estranho me sentir em uma matilha, mas era o que o cheiro me entregava ao ar.
Comida caprichada e as vezes poderia estar na minha cara que era pobre, eu via em Kamila as
mesmas reações que eu.
Comemos, fomos a sala com Bárbara e as moças da turma de Violino chegaram e perguntei se
iriam fazer parte, elas pelo jeito eram de um nível que eu ainda não chegara.
Elas confirmam e saímos dali, era próximo, eu faria a pé, mas a moça fez de carro e quando deixei
elas no teatro, e pedi um tempo, fui a minha casa, o receber de mais uma corte, de as fazer parte de
uma historia, um sorrisos, alguns beijos, algumas cobranças, mas sabia que estava correndo e pela
primeira vez, queria testar a ideia inteira, quando deu 3 da tarde, volto ao teatro e vi a cara de cobrança
de Mueller, estranho isto, mas olho os demais e pedi para os rapazes entrarem, eles começam a montar
a estrutura do cenário, Bárbara Vaz me olha e fala.
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— Agora voltamos a algo produzido.
— Acho que já estávamos produzidos, mas agora que vamos instalar o sistema de luz, de som e
todos os cenários, fazendo todo o projeto de palco, para o show.
— E vai por mais gente no show pelo jeito.
— Depois vemos se vão querer fazer parte dos demais shows.
— Não quero no meu.
— O produtor do seu show talvez não concorde com isto.
— Porque disto Bruno.
— Eu quero ver como você reage diante de pessoas que agem como você.
— Me testando?
— Sempre, quero ver se ainda está preocupada comigo um pouquinho.
— Acha que escapa fácil.
— Nem tem olhado.
— Entendi que para me cercar, acabou com uma grande encrenca, mas parece querer mais
confusão ainda.
Olhei as moças ao longe e chamei os rapazes dos Clementes e falei sobre a ordem, depois falei
com cada um dos grupos, pedi para o rapaz das luzes chegar junto, para definirmos os pontos de luz, as
entradas e saídas de cada parte, o pessoal do cenário, toda a programação, dai passei o ponto com cada
um dos grupos e com cada parte, era uma gravação de DVD, mas que faríamos sem o peso de gente
olhando, e sim, fazendo.
Carla chega com as moças, quando o pessoal das Inglesas, chegou Bárbara evidentemente ficou
irritada, talvez a calma de uma e a irritação da outra, era um jogo de cena.
Ajeitamos todos os pontos e todas as musicas e quando estabelecemos as notas dos violinos, a
posição delas no palco, estabelecemos o todo, e subo e olho as gravações, eu queria ver o que estava
errado, e após dois ensaios começamos o tentar da primeira vez inteira, obvio que algo assim, os
improvisos faziam parte, pois era como se fosse um show.
Na terceira vez, vi João Roger chegar com os rapazes, ele documenta a primeira vez aquilo e no
fim daquele dia, se anunciava o novo show dos Clementes, eu ao fim, coloquei as imagens e começamos
exatificar o que poderíamos mudar, melhorar e complementar, a visão por três ângulos, era para cada
ângulo ter uma percepção do show.
Quando terminamos de analisar, fizemos mais duas vezes completas, e sabia que tinha gente me
esperando, mas queria acabar ali.
Quando acabou, eu fiquei a olhar os vídeos novos e João Roger para ao lado e fala me olhando.
— Alguns acham que a novidade deste tipo de criação, passou, que é coisa do ano passado.
— Como falei o ano passado, não era para ter feito sucesso, era apenas o experimento, ainda
estamos no experimento, pode não dar o mesmo resultado, mas você que sabe se vai passar a frente
João, eu apenas por saber que é uma forma de lançamento, o convidei.
— Certo, não entendi o show todo.
— Amanha, na mesma hora, vamos ensaiar e fazer o show das Inglesas, quero ver se amanha
consigo fechar as musicas da Laura pela manha, pois preciso fechar espetáculos, e são apenas uns 10
deles.
— Pelo jeito não está levando tão a ferro e fogo.
Não respondi, apenas combinei com ele em dois horários do dia seguinte, e com algumas pessoas,
se este ensaio foi a tarde toda, o do dia seguinte, seria de manha, a primeira, e sabia que era uma
provocação, mas estava querendo gravar algumas coisas no dia seguinte.
O pessoal cansado, foi saindo, vi Bárbara abraçada com Roger, saindo, ela queria fazer ciúmes, e
as vezes não sabia se sabia sentir bem isto.
As pessoas saem e vi Barbara Mueller ao lado de Lucas, discutindo.
Eu tentava não me meter, mas era evidente, a moça estava querendo uma desculpa, e agora teria
algo, e chego perto e falo.
— Espero amanha tanto os Clementes como as nossas violonistas, em dois horários.
— Nos daria um momento Bruno, é pessoal. – Bárbara.
— Apenas se forem me dar o cano amanha, espero que avisem. – Falei olhando para Bárbara e
olho para Lucas – Desculpa, se atrapalhar muito, tiramos a parte de violinos.
Dei as costas e não fiquei para a discussão.
655
Eu atravesso o corredor interno e chego ao local onde Kamila, Camile e as meninas esperavam,
sabia que elas deveriam estar irritadas de esperar e falo.
— Mais gente brigando comigo?
Kamila sorriu e fala.
— As vezes parece que vão lhe segurar lá.
Sentamos no meio do palco de um dos teatros pequenos, e pela primeira vez vi que as meninas
realmente estavam ali, não apenas aquele dia de apresentação, e pergunto o que cada uma das
meninas fazia, onde estudavam, o que gostavam, o que pensavam de algo como aquilo, já que para mim
era cômodo, mas queria saber o que elas pensavam, algumas posições bem contraditórias, mas que
mostravam bem o que era aquelas ofertas humanas, estranho existir sorriso onde deveria haver apenas
revolta, e parceria onde poderia existir problema.
Trocamos ideia, e a ideia de criar um grupo de TV, com uma didática de um programa que poderia
durar pouco, mas que poderia tomar a vida das pessoas.
Trocamos ideia, e era próximo das 21 horas, quando pegamos um aplicativo e fomos a um dos
estúdios na Santa Cândida, o armar das câmeras, o armar do som, ainda era provisório, e era apenas
uma ideia, mas era para ser algo rápido, eu vim pensando isto nesta semana, e a ideia, pode parecer
simples, mas não era, foi criar 121 personagens, e estes personagens, para existirem, precisavam do
contracenar, e obvio que alguns grupos teriam de crescer, outros, serviria o que existe hoje, mas estava
ali, a criar a primeira ideia, e a multiplicaria.
Gravamos algumas coisas, evitei prometer, elas não sabiam para que estavam fazendo aquilo,
mas iriam entregar uma autorização para os pais, para participar daquilo, pois não queria parar depois
de começado, e algumas pessoas não entendiam.
Próximo da meia noite, cada um para suas casas e volto para o Agua Verde, estava chegando
quando vi Lucas a entrada, talvez problemas, mas talvez não.
— Podemos conversar Bruno.
— O que aconteceu Lucas, sentamos e conversamos. – Caminhamos até um dos restaurantes,
pedi algo para comer, estava apenas com o almoço no estomago e vi ele indeciso.
— Qual o problema Lucas.
— Não entendi, ela falou que não me quer mais, e que era hora de cada um seguir o seu caminho,
que se enganara comigo, e que não era o que ela queria.
— Desculpa, não pensei que a convidar a fazer parte, atrapalharia o seu namoro.
— Ela falou que você foi a casa dela, ela nunca me levou lá.
— Deixar claro que ela induziu que era ganho de tempo, nos trazer de carro da Reitoria para a
região, e vim eu e Kamila, da minha turma.
— Não sei o como falar Bruno.
— Falando.
— Ela parece lhe olhar encantada.
— Acho que ela não está ainda prestando atenção Lucas, eu aprontei tanto, que não terei tempo
para mim antes de ter uns 30 anos.
— Você cria coisas, vi que a pequena Bárbara quer fazer ciúmes para você.
— Acho que ela quer fazer ciúmes para todos os 4, mas vi que ela está se afastando, pelo menos
de mim, mas agora com a direção do show, ela terá de ir por um caminho.
— Acha que o pai dela não muda de ideia.
— Pode ser, mas eu tenho feito coisas que não acredito, e tenho deixado rolar, ela depois que
virou rainha do reino dela, está bem mais atirada do que o normal, mas ela não entendeu a ideia de
transpor a influencia dela lá para cá, então eu vou liderar, e estranho, capitalizar isto, mas acho que a
pequena Bárbara não é nosso problema e sim a grande Bárbara.
— Acho que ela vai tentar abrir um caminho para chegar a você.
— Porque acha isto?
— Porque ela sempre falava que eu teria de melhorar financeiramente para ela me apresentar
aos pais dela, e de repente lhe leva a casa dela, antes ela falava que você era uma enganação, até saber
que tudo a volta é seu, parece que o financeiro está pesando ai.
— Calma, pelo pouco que vi, gente que sempre teve dinheiro, e não pouco dinheiro, não sabia
que o problema ali era financeiro, mas calma, você aos 15 vai ter mais do que eu quando tinha quinze o
ano passado.
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— Certo, mas não sei, não quero ela longe, e parece que ela também não quer ficar longe.
— Ela acabou o namoro?
— Sim, disse que precisava pensar sobre nossa relação.
— Considerando que você que é o novo na relação, relaxa, amanha não sei se ela vai aparecer,
mas se aparecer, vai ser um dia que vamos discutir coisas que ela não vai entender, mas é o dia de
ensaiar e gravar com Laura, o complexo das musicas que chamamos de Dagon, e vamos terminar o show
das Inglesas e Cia.
— E iria por Bárbara a tocar violino nos dois shows.
— Sim, mas amanha vamos discutir as musicas juntos, deixou eu mandar muito no show de vocês,
ela pode ter achado que vocês eram o que ela falava de mim.
— Ela sabe que sou imaturo.
— Somos, mas amanha, é o dia de fazer dois Show completos, gravar dois corais Bárbara e quero
ao fim da noite, ouvir o primeiro concerto da Filarmônica que estamos montando.
— Todos pensam em algo pequeno e está pensando em começar a ver as pessoas evoluindo.
— Sim, dai no domingo, quero tentar gravar mais duas linhas das Bárbaras, e ver uma pequena
apresentação do Balé Agua Verde.
— Começando a por medo em todos a volta.
— O festival de teatro de Curitiba, vai começar semana que vem, e todos os teatros estarão
ocupados, com alguma peça, eu sei que vamos gerar shows iniciais a semana que vem, mas isto é para
alguém falar de nós Lucas.
— E enquanto alguns pensam em mesquinharia, pensa em grandes shows.
— Pouca coisa, temos uma apresentação no Guaíra, do Zarathustra, estamos ensaiando novas
peças, mas ainda no ano corrente da peça Zarathustra.
— E vai ensaiar as Bárbaras para ter um show em paralelo?
— O segredo que ninguém prestou atenção, que 4 teatros no Tarumã estão prontos, e se
toparem, vamos ter as primeiras apresentações dos Clementes, as primeiras apresentações das Inglesas,
as primeiras apresentações de 4 divisões das Bárbaras, e ainda não sei se conseguimos apresentações
de Laura e Barbara Vaz.
— E o que faria se Bárbara Mueller desse encima de você Bruno.
— Não sei, não aconteceu ainda, mas para quem tem ciúmes de você chegar perto da pequena
Bárbara e das moças das Inglesas, o que ela acharia do fato de ter 50 namoradas.
— Ela não acreditaria.
— Verdade, 5 das quais gravidas.
— Certo, você não perdoou nada, mas ela duvidaria.
— Acho que se ela quiser algo, comigo nunca seria algo fechado Lucas, é como as relações com as
Inglesas, boas mas sem compromisso.
Lucas sorriu e fala.
— Você enredou todas mesmo, não sei como as encantou, mas algo você fez.
— Sei lá, talvez eu tenha de por vocês mais em destaque.
— Mais destaque?
— Calma, temos as primeiras imagens do que será o show deste ano, depois vamos por vocês
ensinando algo, em um pequeno programa sobre musicas, explicando as notas e como tocam certas
musicas, e por fim, criar uma historinha, para contar a aventura da banda até agora.
— Aventura?
— Você que recebeu a garrafada, ninguém mais.
— E como promover isto, ouvi aquele senhor, João Roger, falando que estamos fazendo do
mesmo.
— Custos de termos estourado muito rápido Lucas, era para ser lento e gradual, mas o ano
passado parece que foi no estouro mesmo.
— E vamos vender o show como estamos ensaiando?
— Menor, mas com muita estrutura, e sei que provavelmente só faremos 20 shows neste ano.
— Falou em muitos shows.
— Quero ver a repercussão, mas deixa correr, quero ganhar mais dinheiro, fazendo algo apenas
20 vezes ao ano.
— Quer ganhar quanto com 20 shows?
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— Cada um dos Clementes, me considero um deles, colocar ao fim de 20 shows, 2 milhões de
dólares no bolso.
— Disto que falávamos o ano passado, você quer fazer o que quer, cobrar o que acha que merece
e não ficar na discussão se é mais do mesmo.
— Pensa Lucas, se eu vender estes shows, dois por fim de semana, são 10 fins de semana,
pretensão de venda, para o verão do hemisfério norte do planeta.
— Shows de verão que nos garantiriam o ano?
— Sim, nos garantiriam poder parar e pensar no show do ano seguinte, em fazer participações em
outros shows, mas já com o nosso no bolso.
— Criar um produto, você fala isto desde o ano passado, e agora parece acreditar que
conseguimos algo assim.
— Quando voltarmos, desta turnê, talvez façamos um show no antigo Pinheirão, e fazer um
recurso para nos manter mais um tempo.
— E se deixarem você faz algo assim mesmo, mas não entendi a ideia.
— Não sei se dará este retorno, mas acredito que um show no pinheirão, consiga nos gerar perto
de um milhão de dólares por cabeça, por este show.
— Garantindo que teremos recursos.
— Sempre digo, se você me dá um milhão, eu penso em transformar em dois, a maioria, quer
torrar.
— Você torra dinheiro, falam por ai.
— Eles não sabem o que falam, eu monto coisas, como esta lanchonete, que numa sexta como
hoje, fatura um pouco, assim como algumas a volta, e que somam o que pretendo somar.
— Eu não entendi suas ideias todas, alguns dizem que você quer tomar a cidade.
— Pensa, eu criei um restaurante de comida Mexicana, ele está instalado, agora, eu achei um
parceiro, que me apoia e vai entrar comigo nisto, colocando um destes por bairro de Curitiba que o
comportar, provavelmente serão 50 restaurantes em Curitiba, dai outro parceiro, quer montar uma
lanchonete como a que estamos, de comidas rápidas e especiais, e novamente, 50 lanchonetes, e
quando falo em parceiro, não é uma pessoa, é uma ideia do outro lado, que pode mudar de nome, mas
que assume um comercio que vai gerar recursos, dai montamos uma panificadora em cada um dos 72
bairros de Curitiba, montamos um pequeno mercado, em cada um dos 72 bairros da cidade, e com
calma, montamos um núcleo de educação própria em cada um dos bairros, dai quando vamos fornecer
algo de uma fabrica de massas, que temos no Tarumã, fornecemos primeiro para os 72 mercadinhos,
depois fazemos algo para por nas 72 panificadoras, e a ideia, vai ficando imensa a cada passo.
— E vem ensaiar com a gente ainda?
— Eu tenho estudado, tenho ainda organizado as coisas, e diversão, faz parte, e nem todos estes
negócios Lucas, tem potencial para me gerar um milhão de dólares ano.
— Certo, mas se deixarem, vende todos os 10 shows para fora, da mesma forma.
— Sim, mas ganhar como integrante não é ganhar como participante, quando se fala o quanto
quem vai nos acompanhar vai ganhar, é bem menos.
— Certo, mas vai ganhar um pouco em cada show.
— Sim, assim como pode ser que no lugar de ganharmos dois milhões de dólares com 20 shows,
podemos vir a ganhar 20 milhões, mas eu não conto com o ovo dentro da galinha.
— Certo, mas para isto nosso show seria caro.
— Sim, mas por isto, temos de nos lançar e não nos preocupar com palavras que parecem
bonitas, como saturou o que fizemos o ano passado, pois acho que não estávamos ainda no ponto de
fazer sucesso o ano passado, e talvez não seja este ano, que vamos faturar 20 milhões por integrante
em shows da banda, mas é o objetivo.
— Entendi, você coloca uma meta que parece impossível e tenta a alcançar.
— Sim, se soubessem que parte do cenário é sempre comprado barato, pois ele é adaptação a
nossas ideias de ideias já apresentadas, eles as fariam antes.
— Vi que veio cenários prontos de vários lugares.
— Não é cenários de vários lugares, mas quando você constrói certos carros alegóricos, você usa
de alegorias e de coisas, que uma vez desmontadas ao fim do show, estão a venda, eu sempre olho
atento e se der, eu compro para nós.
— Quer dizer, transforma algo feito por outros em uma ideia, e desenvolve por ai.
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— Sim, mas para isto, temos de estar abertos a ideias novas.
Tomamos um refrigerante e olhei o carro parado do outro lado da rua e perguntei para Lucas.
— O que fazem os pais da sua ex namorada?
— Interessado.
— Não é isto, mas casas caras, requerem ganhos altos, e nem sempre quero saber o que as
pessoas fazem, mas quando o carro de alguém está ainda parado no mesmo lugar da parte da tarde, ela
ainda está por ai.
Lucas olha o outro lado da rua e fala.
— E pelo jeito vou ter de cuidar para não perder a namorada.
— Quem sabe no fim, não mudamos o nome do grupo para Clementes e as Bárbaras, e colocamos
4 Bárbaras no conjunto, e se perguntarem para qualquer um quem namora, ele apenas fala Bárbara.
— Não leva a serio mesmo Bruno.
— Tenho de dormir, tenho pelo menos duas moças me esperando a cama, eu levo a serio, elas
que acham que sério é exclusivo, não sou exclusivo.
Lucas sorriu, nos despedimos, eu não sai a rua, eu fiz sinal para o diretor do bar, entrei pelo fundo
e fui para casa, hora de dormir.

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Acordo sábado, olho as meninas a cama e um sorriso as vezes muda o
clima, e obvio, cobranças, de quem tinha peso, e não de qualquer um.
Marco com 5 linhas das Bárbaras, tomo um café e saímos no sentido do
primeiro teatro, e Ronald estava lá e ajeita elas no palco, colocamos o cenário, e
o pessoal de Carla chegou, e depois parte da bateria da escola de samba, uma
linha do balé e uma linha da sinfônica, olho o microfone, pego a guitarra, olho o
iluminador, eles ajeitam as luzes e passo a ordem da mesma, e aciono as
câmeras, e começamos por gravar pela primeira vez, o complexo inteiro de
“Dragões Azuis”, quando cantado por uma coral com instrumento e bateria, ficou bem diferente
“Windows”.
Minha mãe me abraça no fim e fala.
— E parece querer cada dia algo melhor.
— Quem convidei a registrar, não chegou, deve vir apenas a tarde, então estou sem marketing
ainda pensando no caminho.
— Dizem que vai por as pessoas a correr,
— Eles nem ouviram a ideia mais maluca, para pensar isto.
— Vai por mais gente a correr?
— Mãe, tem coisa que não se fala, antes de ter certeza, mas as vezes temos ideias, e estava
pensando no como diferenciar algo, deixar diferente.
— Pensando em que?
— Se tenho carnaval em Fevereiro, festival de teatro em Março, festival de comedia em Julho,
festival de teatro em Outubro, tem muito mês sem nada.
— E acha que seria uma boa ideia?
— Apenas as tendo ainda mãe, e a ideia, é atrair turista, mas sem atrair problemas antes de me
organizar.
— E pelo jeito esta ideia ficou boa.
— Tenho daqui a pouco uma tentativa nova, “Dagon”, a tarde, vamos grava a segunda peça das
Barbaras, e tentar gravar as Inglesas.
— Pelo jeito vai agitado até o fim do dia?
Apenas sorri, troquei de teatro e começamos a organizar quem estaria naquela parte, os
Clementes chegam, depois as Marginais, parte do coral Bárbaras, parte da bateria, as meninas do
teatro, e vi Bárbara Mueller chegar e parar a minha frente.
— Podemos conversar antes Bruno.
— Algo que os demais não possam ouvir?
— Deixar algumas coisas claras.
— Está me colocando medo.
Ela sorri e apenas entramos na parte do controle de luz e olhei o rapaz.
— Nos dá um momento?
Ele sai e Bárbara me olha e fala.
— Fugiu ontem a noite.
— Eu tenho uma vida corrida Bárbara, mas não entendi, o que quer falar?
— Que começo a me encantar por você menino, e sei que vai tentar fugir.
— Acho que não entendeu a confusão que fiz na vida, mas não entendi, encantar?
— Procuro alguém diferente, alguém que parece saber o que quer da vida, Lucas é muito vai com
as outras, eu quero alguém mais decisivo.
— E aceitaria ser apenas mais uma, pois eu tenho mais de uma namorada Bárbara.
— E não trocaria todas elas por mim?
— Algumas estão gravidas, algumas tem o mesmo nome que você, e não sou de relações
fechadas, você está jogando fora um menino bom, para um menino nada bom.
— E não se tentaria a provar?
— Depois de um tempo, descobrimos que sexo, é a parte mais fácil do dia.
— Pelo jeito vou ter de mostrar meu valor.
— Como falei, Bárbara, tem de saber o que sente, se achar que é real, conversamos, mas eu não
pretendo parar minha vida para ter uma pessoa, eu vou somando pessoas.
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— Bem me falaram que você era um safado.
— Como me defini para Kamila, sou alguém que quer ter muitos filhos, quer experimentar mais
de um problema ao mesmo tempo, alguns me denominariam como poligâmico, e acho que não paro
para definir o que quero da vida.
— E sempre parece sozinho.
— Se eu ficar ali, parado, perco tempo, por sinal, vai fazer parte das ideias musicais que tive, ou
vai pular fora?
— Gosto do que você cria, parece realmente algo fora do que existe por ai, e as pessoas mesmo
falando mal, tem de assistir para entender.
— Não respondeu.
— Pelo jeito não vai abrir a porta.
— Se abrir a porta, alguns rapazes que estão de fora, olhando as moças, entram, então eu deixo
tudo bem fechado, ao grupo.
— E vai falar que todos são safados como você a volta?
— Não, mas pensa, você viu naquele churrasco mais que a maioria, e não entendeu nada.
— Isto que me fez olhar para você?
— Isto?
— Somos seres especiais na cidade, e poucos vi que desenvolvem o leão, os felinos são difíceis, e
vi que é especial, nem atacou para se defender, e sei que a maioria não vai me entender.
— Se quer me explicar, depois conversamos, agora, tenho um show a gravar.
— E vamos passar o som como ontem?
— Sim, passar uma vez inteira e depois gravar, hoje vai ser corrido.
— E acha que vai ser especial?
Olhei Bárbara Mueller e falei.
— O show é da Laura, mas acho que com 4 Bárbaras no palco, tende a ser especial.
— E pelo jeito vai refazer algumas coisas.
— Vamos lá, esta conversa não estão levando a nada. – Passo para o rapaz o projeto de luz,
câmera e som, e vou ao palco, Laura me olha e sorri.
— Já fez um ultrassom? – Perguntei.
— Me avisa quando, que quero ir junto.
Bárbara, a irmã olha-me e fala.
— Não toma jeito Bruno.
— Veio, pensei que teria de a tirar da cama hoje.
— Estavam conversando sobre o que? – Barbara Vaz.
— Que teríamos de criar os Clementes e as Bárbaras, 4 Barbaras e 4 Clementes.
— Pensei que a estava cantando.
— Eu, imagina. – Falei sorrindo e Bárbara Vaz pergunta.
— Mas o que farei neste show.
— Cantar com sua irmã, a musica que cantou no seu, chamada “Windows”.
— Porque? – Lucas e Barbara Mueller.
— Porque, vamos ter a musica em pelo menos 10 shows, em 10 arranjos, a primeira gravação
com as Bárbaras Fadas, eu gostei.
— Porque as chama assim. – Barbara Vaz.
— Porque para mim, não são barbaras, são fadas.
— Como assim? – Lucas.
— Seria como se chamasse o grupo daqui de Dragões Negros Lucas.
— Certo, tem um motivo, oculto, mas pelo jeito teremos novamente muita gente na gravação.
— Sim, mas obvio, quando for por o nome das que chamo de Bruxas, vamos chamar de
Moroaicas, embora não as sejam, melhor do que bruxas.
Olhei Barbara Mueller me olhar serio e perguntar.
— E conhece alguma moroaica?
— Não que saiba - a olhei serio – mas as vezes é apenas não ter prestado atenção.
Vou ao palco e vejo o instalar dos cenários, e explico para Laura onde ela tinha de ficar, e onde os
cenários iriam entrar, ali seria diferente, e vi Beatriz chegar, e a apresentei a Laura e passamos a

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primeira ideia inteira, Ronald chegou e ajudou com o coral, e depois ajeitamos as notas de violino, que
iriam encerrar aquele show.
O inicio cantado, mas como uma apresentação, o entrar das 20 dragões, não na forma de
dragões, mas entre elas a professora, se posicionarem, elas eram parte integrante do show, era parte
integrante de todo o prospecto, as meninas iniciais do acordo com a Globo, passo para elas o que
encenariam, distribuído os instrumentos, o que cada um faria e quando ensaiamos completo,
precisamos de 4 ensaios completos para conseguir gravar, começava a atrasar o dia.
Mas quando terminou o show, eu vi minha mãe e Ronald parados ao lado, e ouvi minha mãe.
— E pelo jeito quer algo que todos falem novamente.
— Estão espalhando por ai, que o povo cansou disto, mas eu não faço porque alguém cansou, eu
faço porque quero fazer.
— Mesmo que não de dinheiro filho?
— Mãe, eles querem nos adestrar ao que eles querem, mas todos que se adestram, ficam no
caminho, pois eles se cansam.
— Certo, e pelo jeito terá mais um especial.
— Eu vou tentar gravar 4 ideias hoje, 4 amanha, usando os teatros a volta, e preparar para ter
uma apresentação paralela do Coral Bárbara, no Tarumã.
— E todos pensando em algo grande, quer algo imenso. – Minha mãe.
Não comentei e olhei para Laura sorrindo ao palco, e marquei com Ronald e mudamos de teatro e
ali estava a bateria de escola de samba, o coral Barbara Bruxas, parte da sinfônica e parte do balé, vi
Barbara Mueller e as moças dos violinos chegarem ali, e depois as Marginais do Lange, para fechar a
ideia, passamos a ideia, e gravamos duas vezes, direto, quando na terceira vez, elas já tinham pego, era
algo que estavam em parte ensaiados na sinfônica, no balé e no coral, facilitando o unir das coisas.
E por fim, vi as Inglesas e Cia, chegarem, falei para trocarem os cenários, e Lucas chega e
acertamos os acordes, os violinos, as baterias, fiz ele palpitar em cada parte, não queria destaque
apenas para mim, e quando ele pega a direção dos Clementes, me deixando apenas como voz, me
facilita, ali iria participar apenas com guitarra e palavras perdidas.
Todo pessoal se ajeita e era próximo das 8 da noite, quando gravamos a primeira vez, e as 11 da
noite, quando terminamos a terceira passagem, eu estava cansado, mas sabendo que teria agora algo,
as pessoas ficam numa confraternização e edito o que achava bom, e perco um tempo, me desligo, as
vezes sabia que teria de interagir mais, mas quando tenho 4 musicas de cada grupo ali, e mais 4 dos
Clementes do dia anterior, coloco nas 5 paginas, começando a publicar ali.
Eu passo para os contatos, se olhariam, gostariam, não sei, mas estava cansado e terminado de
editar quando vejo Barbara Mueller entrar ali e falar.
— Trabalha pesado menino.
— Faço o que gosto, apenas isto.
— E pelo jeito não foi como queria.
— Sabe quando mesmo pagando, não estão me levando a serio.
— Quem não está lhe levando a serio.
— João Roger.
— Queria uma propaganda gratuita.
— Sei que não tive tempo para a ideia que trocamos o ano passado, foi corrido e não consegui,
ele deve achar que apenas usei como marketing.
— E tinha uma ideia maior?
— Sim, mas como a ideia maior, foi parada por uma briga com a Globo, eu tentei não pensar
naquilo, eu pararia.
— E sozinho?
— Tenho uma casa, que tem pelo menos 3 meninas me esperando.
— E elas não são ciumentas.
— Ciúmes na minha vida, afasta.
— Uma dica?
— Não entendi ainda o que quer Bárbara?
— Sei que não entendeu, mas uma pergunta, sabe o que é realmente uma moroaica?
— Vai dizer que os Buzau da cidade se envolveram como os Mueller.
— Você é bem informado, e anda sozinho por ai.
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— Eu trabalho como uma mula, dizem alguns.
— Não parece trabalhar tanto.
— O que quer Bárbara?
— Aqui parece que vai entrar alguém a qualquer hora.
— E teria um local? – Perguntei.
— Sim, um tatarvô está dando uma festa.
— E posso convidar os amigos.
— Vai querer por um muro entre nós?
— O muro quem coloca são os outros, não eu, mas festa sozinho, é chato.
— E convidaria quem?
— Ali a entrada, no bar, tem os Clementes, e é fácil deslocar mais 3 pessoas para acompanhar as
pessoas a volta.
— E acha seguro?
— Quem tem de dizer isto é você .
— Pelo jeito não teme lendas.
— Eu geralmente encaro lendas de frente, mas somente quando desafiado, geralmente fico
quieto ao canto.
— E como os convidamos?
— Vamos lá. – Falei, passei uma mensagem para outras 3 Bárbaras, e começo a fechar, e quando
entro no bar, Lucas me olha e fala.
— Já andando juntos?
— Devem chegar 3 pessoas ai, e vamos a uma festa. – Falei.
— Vamos? – Lucas.
— Acho que a noite vai ser curta hoje.
Roger olha a porta e pergunta.
— Onde vamos crianças entram?
— Se deixarem nós entrar, entramos. – Falei, ele olhava a porta onde a pequena Bárbara chegava
e depois Bárbara Silva chaga com Bárbara Carvalho, saímos dali com o carro da Mueller e fomos a uma
festa no bairro São Francisco, estranho um local que era um porão de uma casa, que se tem de abaixar a
cabeça para entrar, local na luz negra, um piso branco contrastando com as paredes negras, sentamos
em uma mesa ao fundo e vi uma moça chegar, agora começava a entender, porque a mãe de Bárbara
parecia tão nova, morroaicas tinha o desenvolvimento normal até os 18 e depois desaceleraram e era
inevitável mães e filhas, aparentarem muito em idade.
A senhora chega a filha e fala.
— Trouxe amigos filha.
— Sim, mas achei que estava mais calmo.
Ela fala isto e um desentendimento aconteceu no outro lado, e vi um senhor falar alto com um
outro senhor sentado, e olho tentando achar de onde conhecia aquele senhor, sou péssimo em
fisionomia, mas sabia que aquele eu conhecia de algum lugar, e estavam o colocando para fora, vi que
todos pararam na imagem e sorri, sim, João Gomes, pelo jeito não era apenas eu perdido ali.
Bárbara me olha e fala.
— Nunca vi meu bisa tão nervoso.
— Pelo jeito ele não gosta do rapaz.
— Conhece?
— Conhecer não, as vezes tenho de lembrar, que eu confundo todos os rostos, mesmo pessoas
que pareço conhecer, não conheço.
Bárbara Camargo me olha e fala.
— Sumido, o que vai ser hoje?
— Não trouxe Luana?
— Ela fica babando por você, não sirvo de guardanapo.
— E como estão as coisas em casa Bárbara.
— Minha mãe fala que desafiar você, é colher desgraça, tem gente vendo 10 famílias da cidade
desandarem, e você apenas olhando eles definharem.
— Pelo jeito ainda gente sem trabalhar, apenas fofocando sobre este tal de Bruno Baptista.
— Sim, mas o que pretendia com este convite?
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— Não dou conta de 4 Bárbaras, sozinho.
— Sei que consegue mais que isto, mas pelo jeito quer aprontar.
— Se foi um convite, aceito. – Falei a olhando.
— Pelo jeito as pessoas começam a olhar para nós.
Olhei as pessoas e olhei Bárbara Mueller e falei.
— Problema?
— Não sei, mas realmente resolveram olhar para vocês. – Bárbara.
— E temos de sair andando ou sair voando?
— Voando? – Bárbara Mueller.
— Dragões voam, e não tem bom sangue. – Falei.
— Certo, mas pelo jeito meu bisa vem ai, não sei o que ele quer.
O senhor olha Bárbara e fala.
— Amigos menina?
— Sim, problemas bisa?
— Apenas já coloquei um encrenqueiro para fora, pelo jeito as crianças resolveram trazer
encrenca para minha casa.
— Se quer vamos embora. – Olhei o senhor.
— Sabe onde se meteu menino? – O senhor.
— Se estou certo, deve ser Tudor Neto, e netos de lendas, as vezes respeitamos, mas viemos
tomar uma cerveja, sua bisneta falou que aqui conseguiríamos, pois somos de menor, mas se não dará,
saímos.
— E porque daria de beber a crianças.
Olhei os demais e falo.
— Vamos embora, não estou bom para brigar.
— E se não quisermos os deixar sair. – Um rapaz colocando a mão no meu ombro, olhei os demais
e penso no que fazer e falo.
— Como disse, não quero brigar, mas sempre defendo os meus.
Estiquei a mão para Bárbara Mueller, estiquei a mão para Lucas, ele me olha e todos fecham a
roda, e o som some, e nos levantamos e saímos, estávamos já na rua quando Bárbara Mueller fala.
— Desculpa, mas não entendi como saímos.
— Da forma a não deixar ninguém revoltado.
— Pelo jeito cheio de truques.
Chegamos ao carro e falo.
— Eu dou o sentido que vamos.
Entramos e fomos a Santa Cândida, no estúdio que estavam ainda terminando, entramos e pedi
por aplicativo algo para comer, para beber.
Sentamos ao centro daquele salão, e estiquei as mãos e olhei todos e falei.
— Pelo jeito, ainda sou expulso dos lugares.
— O que pretende com isto? – Bárbara Vaz.
— As vezes temos de falar Bárbara, que os 4 rapazes, a querem a cama, e fica fazendo de conta
que quer apenas um as vezes, outro depois, mas deixar claro, você que está nos colocando para fora da
sua vida.
Bárbara Camargo fala.
— Pelo jeito criou realmente seu grupo de Bárbaras?
— Hoje entra a quarta delas.
— Eu... – Barbara Mueller iria falar algo.
— Calma, apenas como falei, aqui só tem safado, você que nos olha como um desafio, mas eu sou
de falar o que quero.
— E vai querer fazer um grupo novo? – Bárbara Silva.
— Sim, porque não.
— E estamos onde?
— Isto ainda é segredo, mas uma hora tenho de trabalhar.
— E se não quiser assim. – Bárbara Vaz.
— Quer mais quantos para dentro pequena Bárbara.
— Não falei isto.
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— Eu acho que tem de parar de dizer não quero, mas ... – o segurança chega e deixa as coisas, e
sai dali novamente, pegou uma cerveja, um sanduiche e olho em volta, as pessoas vieram comer, vi
gente bebendo e apenas olho Lucas e pergunto.
— E dai Lucas, vai dividir a namorada com a gente?
Lucas mede Bárbara Mueller e fala.
— Ela pula fora fácil Bruno.
— Não foi a pergunta.
Barbara Vaz chega ao lado e me abraça e fala.
— Vai me embriagar hoje?
— Sabe que não sou um cavalheiro, hoje quero queimar caloria.
— Pelo jeito 50 namoradas, não está apagando este fogo.
— Fala baixo, vai assustar a moça. – Falei.
— Não presta Bruno.
A beijei e falei.
— Hoje quero você aqui do meu lado Bárbara Vaz.
— E pelo jeito arrumou uma forma de colocar Lucas e a moça a conversar.
Roger chega ao lado com Barbara Silva e fala.
— Qual a ideia Bruno?
— Relaxar um pouco, pois é difícil relaxar as vezes.
Sei que bebemos, nos provocamos, e quando usamos aquela cama cenográfica daquele local,
esperava gente brava no dia seguinte, mas era hora de passarmos do ponto e não pararmos para
pensar, intimidade se faz assim.
Sei que as pessoas foram dormindo, e quando sentei a cama, ainda noite, olhando para o
corredor, sinto um corpo nu as minhas costas e ouço.
— Não era para ser assim Bruno.
Olho Barbara Mueller, ela estava seria, mas olho os demais, todos agrupados e estico a mão parar
ela, e nus saímos da cama e subimos para a cobertura, verão, quente, estrelado, sentamos a cobertura e
a beijo, nos entregamos e quando os primeiros raios do sol surgem a leste, a olho e falo.
— Quer fazer parte da minha vida Bárbara.
— E pelo jeito quer todas?
— A pergunta não foi para as demais.
Sinto e adaga e antes dela responder, toco ela na mão da moça, e sinto o grande lobo, se alterar,
agora com asas e rabo de dragão.
— Que símbolo é este?
Olhei o símbolo e falo.
— A mistura entre lobos e dragões.
— E convida todas a serem especiais?
— Não entendo algumas, pois se contentam em apenas servir, para se manterem no nível que
alcançaram.
— Vi que você era o único que conhecia cada uma delas, intimamente.
— Eu como falam, não presto.
A olhei, normalmente olhando ela distraído, se compraria a idade, pois agora não, mas
normalmente estaria vestida com uma roupa de velho, geralmente com algo prendendo o cabelo as
costas, ela se disfarçava de mais velha, mas olhando agora, entendi que ela tentava aparentar mais
velha, mas se duvidar, como uma Moroaica, a nível celular, deveria ser mais nova que eu.
— Me olhando estranho, o que está pensando Bruno?
— Pensando que naquela festa, basicamente, poucos estranhos aos da casa, fico pensando,
porque fomos postos para fora.
— Tentando não olhar o celular, para minha mãe não mandar eu voltar para casa.
— Vai fugir então? – Perguntei cobrando, as vezes me estranho.
— Você nos olha apenas como sexo.
— Quem dera conseguisse as ver apenas como sexo, mas tive a mesma sensação na festa, que na
sua casa, enquanto almoçávamos.
— Sabe o que significa Moroaica?
— “Aquela que tudo Sabe”, dai que vem a etimologia da palavra Bruxa.
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— Pelo jeito estudou isto.
— Eu li muita coisa na minha infância, pensando ser apenas fantasia, de onde eu pegava como
inspirações para poesias, que depois viraram musicas, mas algumas são apenas rascunho até hoje.
— E resolve criar artes sobre temas que atrai as pessoas.
— Não sei se atrai, eu apenas crio, mas com calma descubro as verdades da cidade, quando elas
atravessam minha vida.
Entramos, queria descansar um pouco, abraço Barbara Vaz e sinto o tempo como se estivesse no
castelo dela, isto me fez ganhar horas de sono, em segundos de um abraço, não reclamo não, as vezes
temos de descansar o corpo.

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Quando abro os olhos, ainda estava abraçado a Barbara, e sento a cama
novamente, e penso no que iria fazer, peguei um lençol cenográfico e as cobri,
me visto, pego um rascunho e começo a traçar ideias, e quando as meninas
começam a se mexer, talvez o se tocarem de que não estavam em casa, as fez
despertarem meio ariscas, eu indico um banheiro ao fundo e quando todos com
cara de noite mal dormida, de carona, deixamos cada qual em suas casas, e
Mueller me olha e fala antes de me deixar na Iguaçu.
— Vai gravar hoje mesmo?
— Semana que vem, estes teatros estão todos ocupados, então é a hora de fazer.
— Se não aparecer, saiba que apenas dormi mais do que deveria.
Saio do carro, subo a meu quarto, tomo um banho, e abraço mais alguém a cama, e durmo pelo
menos mais 3 horas, antes de despertar assustado.
Guta sorri ao me olhar assustado e sorrio.
— Dormi demais?
— Tem de parar de aprontar Bruno. – Maria Augusta.
Levantei, escovei os dentes e desci, as moças estavam reunidas, ali estava naquele dia, todo o
grupo que chamava de coral Bárbaras no ano anterior, 350 moças, de varias idades, reunimos elas no
auditório Alto, o que ficava sobre a escola de Teatro, separamos nos 7 grupos de 50, alguns gravara no
dia anterior, então os dois grupos que gravaram antes usei como apoio, o pessoal da bateria de escola
de samba chegou, Carla e seu grupo teatral chegou, e o pessoal do balé e da sinfônica, e quando Ronald
chega apenas passo o que iriamos fazer, a ordem, então ele aquece todas as vozes, enquanto afino os
instrumentos.
Uma tarde de gravações, elas estavam ensaiando as vozes daquilo durante a semana, e agora
estava gravando algo para ficar registrado.
Quando gravamos outros 5 grupos, tinha algo que eu gostava, um material a editar, eu
geralmente me isolava nesta hora para pensar, mas a pequena Bárbara me olha e fala.
— Não entendi o que pretende.
— Eu gosto de agitar, e como está não considero muito agitado ainda.
— E quer fazer o que?
— Através do grupo que eu e você, reinamos, estamos longe dos olhos Bárbara, criando um reino
de empresas, mas no ano que vem, quero apoio do grupo aos 8 grupos de escola de samba, e por outro
lado, criar uma data no calendário local.
— Uma data.
— Domingo após a quinta feira de Ação de Graça, fazermos um desfile de luz e musica pelo centro
da cidade.
— Pensou em algo grande.
— Eu penso em grande, não sei se teremos tanto, mas eu quero 72 grupos, desfilando na cidade,
mas isto ainda pensando.
— Todos pensando no show que acaba de gravar, e está pensando em quando?
— Ultima semana de Novembro.
Saímos dali e fomos a região do Tarumã, e lá os que no mundo dos Hons, seriam os Condes e
Condessas do reino dos Bárbaros, nos esperava, apresento a ideia, e a base da ideia, uma festa
semelhando em parte a outras, mas em uma data especifica, que que ficasse marcado no calendário,
trocamos ideias, alguns olhavam com desconfiança a ideia, mas estava pensando em erguer pelo menos
72 grupos locais, iria somar no mercado nacional, e assim que eles entendem, começamos falar do que
era a pretensão, pois tínhamos 9 meses para o primeiro, então iriamos começar exatando onde seria a
sede e o nome de cada grupo, depois quem presidiria o grupo, que este iria buscar investimento na
cidade, que cada grupo, teria de escolher um dragão como símbolo, uma bandeira, um brasão, vou
explicando a ideia e no final alguns tinham menos duvidas, mas é que estava falando com eles antes de
falar com a prefeitura.
Estranho quando algo que nem parei para pensar direito, mas queria o fazer, uma coisa eram
grupos ocultos, outro um grupo que todos soubessem quem são e estes serem símbolo que uma festa.
Quando os demais saíram, vi Bárbara me olha e perguntar.
— De onde tira tanta ideia?
667
— Festa de inicio de ano Chinês, festa de Parintins, Festa Carnival de Bridgwater no Reino Unido.
— Uma mistura?
— Sim, o encerramento do Briggwater, é queima de fogos destes de mão, sem estouro, algo que
se adapta a cidade.
— Esta mesmo querendo fazer uma festa?
— Uma festa de 12 horas, num domingo, vai ser difícil trabalhar e estudar na segunda.
— Não entendi a ideia inteira ainda.
Sabia disto, estava ainda somente na minha cabeça, e Domingo terminava, e através do
governador, e de algumas pessoas do grupo da Lei, consegui que o prefeito me ouvisse, e naquele fim
de dia, sentado em meu restaurante na Iguaçu, vi o prefeito chegar, ele não teria como saber a ideia,
pois nem eu tinha a certeza, mas apresentei para ele a ideia, e mesmo o panfleto era algo improvisado,
apenas para a apresentação.

Passo para o mesmo a ideia, o prospecto, a necessidade de ajeitar alguns pontos da cidade para
esta festa, pois teríamos de ter ruas que algo de 7 metros de altura não enroscasse, fosse em arvores,
fosse em fios, algumas curvas do circuito, teria de alargar, alguns trechos, apenas sinalizar, a ideia de um
sistema de luz em todo o circuito, que desse para reduzir o brilho, sistema de gravação e controle do
pessoal, toda a ideia, pois eu somente começaria a gastar se fosse aprovado.
O prefeito me olha como maluco, mas ali tinha apoio de mais de 144 empresários da cidade,
nomeando quem eram os grupos, minha idade não ajudava, mas não queria mais por alguém para me
representar, quando a pessoa não defenderia a ideia, apenas a apresentaria.
O prefeito talvez tenha de ser empurrado, mas Bárbara ao lado quando eles saem fala.
— Ele saiu assustado.
— Sim, sei disto.
— E pelo jeito enquanto todos pensavam na suruba de ontem, estava pensando nisto.
— As vezes tenho de estabelecer as coisas, as vezes relaxar.
— E vai me deixar em casa.
— Já querendo fugir? – Perguntei.
— Meu pai fica assustado quando não durmo em casa.
— A verdade o assustaria mais do que o que ele pensou.
— E me deia em casa.
668
— Preciso falar com seu pai mesmo.
— Pelo jeito quer mesmo avançar.
— Bárbara, tem de acreditar, eu controlando suas maluquices, elas não saem do controle, mas
parece querer fugir de mim.
— Você era menos atirado quando lhe pedi em namoro.
— Sim, mas me chutou mesmo assim.
— E qual o assunto com meu pai.
— Entender o problema, pois tem algo que não entendi ainda.
— Ele não gostou da ideia de Laura estar gravida.
— Por isto que usamos camisinha, para não ser duas.
— Não tá levando a serio.
— Estou sim, mas vamos lá, enfrentar a fera.
O rapaz trouxe a conta, acertei na saída e caminhamos até a casa dela, subimos e a cara de
poucos amigos do senhor foi cortada por minha frase.
— Podemos conversar senhor.
— Veio, pensei que fugiria para sempre.
— Eu não consegui vir antes, mas as vezes se colhe as escolhas senhor.
— E que papo é este de engravidar minha filha.
— Uma das escolhas que não foi minha, pois não fui eu que me coloquei neste grupo que tenta
não se denominar, mas que as vezes parece se reestruturando.
— Bárbara fala que você a está deixando de lado, para promover os demais.
— Ela sabe que isto não é verdade, mas estava falando com o prefeito, e nem sempre o dinheiro
vem através de musicas na internet.
— E acredita que viriam através de que?
— Sociedade com 72 empresários da cidade, das musicas, de um festival de musicas e de um
festival de luzes no fim do ano.
— Está falando de todos seus planos?
— Não senhor, estou falando do que eu e as suas duas filhas vamos promover todo ano,
enquanto estivermos vivos.
— Algo a que nível?
— As vezes gastos, as vezes ganhos, mas como falava, a partir da semana que vem,
provavelmente consigo gerir suas duas filhas, mas não entendo a sua necessidade por recursos senhor.
— E as daria o melhor?
— Estes dias comendo na casa dos Mueller, descobri que o que alguns acham luxo, para algumas
famílias da cidade, é apenas o dia a dia.
— E pelo jeito ainda atraindo gente.
— Senhor, a confusão foi grande, mas quem no sábado falou que não cobriria o que fizemos, pois
eu tinha de entender que os assuntos tem de se adaptar e evoluir para se manter em popularidade,
agora está tentando entrar em contato.
— Porque acha que vão dar atenção? – Bárbara.
— Temos de ensaiar as musicas pequena Bárbara, pois semana que vem, em meio ao Festival de
Teatro de Curitiba, vamos gravar ao vivo, o seu show e de sua irmã.
— Pensei que estava nos deixando para depois.
— Eu procuro sempre o holofote, para tudo que produzo, ainda não terminei de editar o que
criamos hoje, mas o objetivo destes shows, é pelo menos 10 contratações para shows na Europa, sete
grupos, dez apresentações no verão Europeu, 500 mil euros por apresentação, que deve dar liquido uns
50 mil euros, ou como sempre falo, apenas a esmola de três milhões e quinhentos mil euros.
— Não pensa pequeno menino, não entendo todo seu caminho. – Senhor Vaz.
— Eu não sei todo meu caminho, mas se eu conseguir 10 caminhos ano, que dê para por em cada
caminho, um dinheiro no bolso, eu vou fazer.
— E referente a Gravides de Laura.
— Filhos se cria senhor.
— E não vai negar isto.
— Sempre digo, as coisas são muito mais complicadas, mas as vezes conseguimos paz com Pedro
Rosa, com Plout, com a Globo, com o grupo dos 50, sinal que preciso de mais guerras.
669
— E acha que alguém vai fazer sucesso este ano?
— Não é ano de sucesso, eu tive uma ideia pois estava vendo a musica que criei o ano passado,
sendo usada no fim do ano, em um desfile em uma cidadezinha do Reino Unido, então quando algo que
você criou, gera alguém querer o transformar em algo a mais, podemos ficar a olhar o passado, mas
resolvo ir ao futuro.
— E vai fazer mais alguma coisa?
— Um investimento que pode não me dar retorno no primeiro ano, mas pretendo ter apoio dos
hotéis da cidade, levantar alguns a mais, para ter algo na cidade capaz de atrair mais de 2 milhões de
turistas em um fim de semana.
— E porque quer isto? – Bárbara.
— Se a pessoa pagar nada de estadia, ele tem de comer, duas vezes por dia, dá um bom dia, mas
isto vai agitar toda a cidade no fim de Novembro.
— Sempre querendo chamar atenção. – Bárbara.
— Sim, sempre.
— E vieram namorar?
— As vezes as pessoas pensam besteira se ficarmos falando de coisas assim noite a dentro,
senhor, e as olheiras falam, não dormimos direito, então se aumenta a historia.
Fomos ao quarto de Laura, e conversamos um pouco, era próximo da meia noite quando volto
para casa, e como naquele dia, estava com toda corte reunida, foi difícil dormir um pouco naquela noite,
mas as vezes, teria de por a energia para fora, e sabia que a cada dia estava mais complicado.

670
Levantar cedo para ir a faculdade, me fez correr e as caras de sorriso e de
pregadas, estava a casa, e com todos saindo para seus cursos, escolas, e
caminhos ditados, me fez ir sorridente para o ponto de ônibus, e sabia que para
muitos o ano começava hoje, e a poupança que abrira em paralelo com Bárbara
Vaz, recebia a contribuição de 30 mil servos, as vezes eu estranhava estes
valores, mas com isto, por 9 meses, iria investir em uma nova ideia.
Alguns senhores do grupo dos 50, quando ouviram sobre a ideia de fazer
um grande evento em Curitiba, como proprietários de Hotéis, se interessaram,
quando se cria algo, você atrai para todos, e a ideia ainda era um começo, estava começando a pensar o
ano, e Bárbara Mueller a minha frente na entrada do setor de Humanas, me fez a encarar, ela queria
algo, e pelo jeito algo publico.
— Andou aprontando, o que meu avô falava mal ontem de você, hoje meu pai perguntou qual a
ideia que parecia estar agitando a cidade.
— Bom dia. – Respondi sorrindo.
— Bom dia, o que pretende?
— Quando vai me apresentar suas irmãs?
— Safado, não serve apenas parte?
— Sim, mas quem pensou em algo a mais foi você.
— Sei, mas o que pretende.
— Agitar a cidade em apenas um fim de semana, porque menos, porque mais.
— E porque agitaria algo assim.
— Um evento pelas ruas de Curitiba, por mais de 10 quilômetros de avenidas, lotadas de um
show de musica, luz e alegorias, por 12 horas.
— E porque acha que seria incrível.
— Não depende apenas de mim ser incrível.
— Mas não entendi o agito, falam que o prefeito começou a ligar para muitos da cidade e
perguntar que ideia maluca o “Pé de Coelho da Cidade”, estava tentando fazer.
— Pé de Coelho é sacanagem, mas apenas uma ideia, que colocaria uma festa que existe em
outros lugares, em uma data que muda todo ano, mas que se fixa num domingo, pois a ideia, primeiro
domingo após dia da Ação de Graças,.
— E o que faz as pessoas pensarem nisto.
— Não sei ainda, não passei ainda aos parceiros o prospecto, pois o prefeito que está agitando,
ainda não aprovou a ideia, mas eu quero uma data apenas nossa, de um evento nacional.
— Certo, uma data para vir turistas e que não tenha concorrência.
— Sim, mas não temos estrutura neste momento, para receber 2 milhões de turistas, então o
primeiro ano, teremos de contar com o que temos, e com o povo da cidade a rua, já que vamos parar
basicamente o centro da cidade.
— E nem ligou.
— Falei que tinha gravação ontem, você que não apareceu.
— E não insiste?
— Ter uma sinfônica é para não ter de sair implorando.
— E vai fazer o que hoje?
— Vamos entrar, tem muita gente olhando.
— Não é de fazer sala.
— Se fizer sala para todas minhas namoradas não faço mais nada.
— E as toma para você como fez comigo?
A medi e falei.
— No fim, sei que vão me chamar de Machista, Explorador, de coisas bonitas, então melhor
estudar.
— Não responde as perguntas, apenas desvia as palavras? – Bárbara.
O elevador ia quase fechando quando Kamila entra e nos olha.
— E dai, porque todos estão falando de você Bruno.
— Devo ter dormido, pois não vi algo que me destacasse.

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— Certo, eles não sabem quem é este Bruno Baptista, mas meu pai perguntou se você realmente
vai revolucionar o turismo na cidade.
— Tenho de me inteirar, dormi pouco, mas me informo depois da aula.
Chego a sala e vi Dolores a porta que me olha e fala.
— Veio a aula, estão dizendo que estava apenas na politica hoje.
— Nem sei o que tanto estão falando, mas já me itero, e como estão as coisas Dolores?
— Bem, temo de conversar serio Bruno.
— Acho que disto não fujo.
Entramos e Bárbara me olha desconfiada.
— O que tem com a professora, ela parecia querer falar algo.
— Digamos que não temos, teremos.
— Não entendi. – Kamila.
— Crianças demoram 9 meses para nascer.
As duas me olham e Bárbara me olha atravessado.
— Se envolveu com uma professora, não fica só correndo atrás das novinhas?
— Digamos que para um dragão negro, ela é jovem.
As duas se olham e Kamila fala.
— Sempre com frases que não parecem fazer sentido.
— Conhece uma Dragão Negra, e não perdeu a chance de engravidar? – Bárbara.
Sorri e sentei, não sei o que estava acontecendo, mas vi muita gente me olhar quando entrou na
sala, e nada como uma aula de “Introdução à Linguística Aplicada” para desligar do que parecia estar se
montando e que não tinha ideia ainda do que era.
No intervalo meu telefone toca, não sabia quem era, mas atendi.
— Bom dia, Bruno Baptista?
— Sim, quem.
— Só um momento, o governador quem lhe falar.
Estranhei, mas logo ouvi.
— Pode falar menino?
— Sim, to no intervalo de aula.
— Muitos me perguntaram, em como apoiar o evento que o prefeito passou a frente, pedidos de
permissão, e não entendi o objetivo.
— Objetivo, se divertir e atrair turistas, mas estou estranhando, todos me olhando, o que perdi
Governador, eu falei com o prefeito ontem a noite, qual o problema que parece incutido ai, que fez as
pessoas falarem disto?
— Pelo jeito não olha as noticias.
— Não entendi, domingo, eu namoro ainda governador.
— Deu no Fantástico, que Bruno Baptista, esta montando um super show das Barbaras, dos
Clementes, e especularam sobre 10 grandes shows incríveis vindos novamente de Curitiba, mostraram
cenas de um show com você na guitarra, mascarado, os meios de comunicação começaram a falar que
teria um grande show vindo da cidade novamente, e quando o prefeito apresentou a alguns aliados a
ideia de um Dia de Luzes em Novembro, com mais de 72 empresários locais no projeto, outros
começaram a se perguntar como entravam nisto e tenho de lhe perguntar, é serio.
— Se for aprovado, é serio, quando apresentei ao prefeito, é que a cidade precisa ser preparada
para isto, algo capaz de atrair mais turistas do que temos de vagas em hotéis na cidade, é sempre algo
que me põem na defensiva, e boa parte da preparação, é preparar o sistema de câmeras da cidade, para
evitar assaltos e problemas durante a festa.
— Mas não entendi a ideia.
— Já ouviu falar no Carnival de Bridgwater na Inglatera?
— Não.
— Digamos que é uma mistura daquela ideia, com a cultura local, e com símbolos de dragões para
cada grupo participante.
— Dragões?
— Todo grupo que desfila, vai ter um brasão, onde um Dragão é símbolo de cada grupo, quando
falo em 72 grupos, é que somos 72 bairros, quando se fala em 72 empresários, eu falei com 144, dois
grandes por bairro da cidade.
672
— E teve esta ideia quando?
— Quando é apenas uma data, ideias assim surgem, mas eu também nunca havia ouvido falar
sobre a festa de Bridgwater, mas como alguém lá pediu autorização para usar a Zarathustra 6, como
musica de um desfile, me inteirei do assunto, e a ideia veio crescendo, de novembro para cá.
— Mas o prefeito veio com uma ideia estranha de Sinhazinha.
— Santa Gertrudes é padroeira do fim de Novembro, então podemos puxar uma festa a nível
religioso junto com uma festa, e para isto, nomear como nas festas de Junho e Julho, uma Sinhazinha,
de cada agremiação, assim como cada agremiação terá uma apresentação de roupas de luxo, cada uma
vai representar uma tribo indígena do estado, com um cacique, e teremos apresentação de uma
encenação de dança no assunto escolhido para o desfile, e obvio, cada grupo terá seus instrumentistas e
seus cantores, sobre trios elétricos.
— E o que veio desta festa inglesa?
— Apenas os carros iluminados, e a ideia de uma noite inteira com carros desfilando nas ruas do
centro da cidade.
— Algo com qual duração?
— Perto de 12 horas.
— A noite inteira?
— Sim, e cada grupo, lançaria sua musica, para a apresentação.
— Acho que você é maluco, mas pelo jeito quer atrair gente para sua cidade.
— Acho que pessoas em movimento, geram menos problemas senhor.
— E pelo jeito teria de ajeitar a cidade para isto?
— Carros de 7 metros, não passam nas ruas do centro senhor, pois os fios de alta tensão, lindos e
bem colocados, não os deixam passar, algumas ruas, teríamos de aparar arvores, não cortar, aparar para
deixar nós passarmos.
— E pelo jeito algo que agitaria a cidade.
— Se fosse algo que não desse lucro, já mostraria a cidade e suas empresas para o mundo através
da internet, mas acredito que dê para fazer algo que gera um bom retorno.
— Precisamos falar sobre isto.
— Eu fui namorar Governador, porque antes do Prefeito e da Câmera dos Vereadores aprovarem
a ideia, eu não consigo nem continuar a conversa com os investidores.
— Certo, antes de ter uma permissão formal, não tem o que falar, entendo, todos pensando nisto
e estava apenas apresentando uma proposta que precisa ser aceita.
— Sim, lembra, estamos no Brasil, a rua não é do povo, é da prefeitura.
— E gostaria de que fosse aprovado.
— Com consciência de que vamos atrapalhar uma noite de domingo para segunda, pois eles não
pensam nisto e tudo desanda depois.
— E pelo jeito brigou com Pedro Rosa, ele pediu para não lhe dar apoio.
— Eu não briguei com ele, mas entendo, quando se fala de Crianças e Hormônios, as vezes as
crianças para sentir-se homem, faz merda.
— Deu encima de alguma namorada dele pelo jeito.
Não comentei e terminei a conversa.
— Governador, quando o prefeito e a câmera decidirem, começo a trabalhar, e se não aprovarem
agora, não dá tempo, então se em Agosto vier uma aprovação, somente daqui a um ano e 9 meses.
— Certo, não quer algo mal feito.
— Montar estas coisas, requer tempo senhor.
— Certo, vou verificar com o prefeito, pelo jeito teve uma ideia maluca, que todos vendo o
Fantástico, pensaram ser sobre aquilo.
— Aquilo é sobre cultura local, educação local, não sobre festa em novembro.
— Certo, novembro seria mais que estilo?
— Pode ser que até se use as musicas govenador, mas a ideia é diferente, não é uma
apresentação, é um desfile a céu aberto na cidade que não gosta de desfiles a céu aberto.
— E não cancelaria por causa da chuva.
— O que me fez pensar nisto, é que a festa original, geralmente, é inverso e chuvoso, então aqui
seria apenas chuvoso.
Desliguei e Bárbara e Kamila me olhavam.
673
— Pelo jeito, já inteirado do assunto.
— Já vendo que esta cidade tem mais fofoqueiro que trabalhador.
— E o governador lhe liga direto. – Bárbara.
— Ninguém acredita mesmo.
Anotei algumas coisas e Kamila perguntou.
— Vai fazer uma festa a mais, não se cansa de fazer festa?
— Festa sempre é bom, mas as coisas estão tão estranhas que consigo ser expulso de uma festa. –
Falei olhando para Bárbara.
— O dia estava estranho, vi expulsarem um rapaz, uma tia-avó saiu atrás daquele senhor, e
depois se viraram para nós. – Bárbara.
Lembrei da moça que estava com o senhor, eu não daria mais de vinte e poucos anos, tia-avó é
algo bem mais velha que isto.
Olhei para Kamila e falei.
— Se temos pessoas que vão ser destaque em conjuntos de coro e musica, teremos pessoas que
vão montar suas bandas, 72 delas, pessoas que vão coordenar os desfiles, teremos as moças que vão
representar cada local e o conjunto de pessoas que vai se apresentar, seja nos carros, seja na pista.
— E quer fazer o que com o pessoal.
— Reunir as primeiras novas pretendentes, e suas cortes, e vamos transformar cada conjunto de
pretendentes em Conjunto Instrumental, Cantora, Sinhazinha, Porta Estandarte, Encenadores de Carros,
e Encenadores de Rua, que vão somar aos grupos que vão organizar isto.
— Quer nos por em destaque ou ser mais um na multidão?
— Acho que as pessoas não entendem, eu não estou pensando em um show, estou pensando em
pelo menos 3 shows, e nem todos vão entender isto.
— E eles tem de aprovar para começar a fazer. – Bárbara.
Concordei com a cabeça, pois o pessoal estava voltando a sala, e agora era uma aula de “Praticas
Integradas !”, ainda me adaptando as matérias.
Olhei Bárbara e falei em inglês.
— Fala algo em inglês?
Ela sorri e fala.
— O suficiente.
Olhei Kamila que fala.
— Mais ou menos.
— Que tal sermos chamados de metidos, nos comunicando apenas em inglês.
Bárbara sorri e fala.
— Eu topo.
— Tenho de melhorar meu inglês. – Kamila.
Sorri e fomos a mais uma aula, estava tentando anotar as coisas em inglês, e começava a pensar
em montar meu grupo que iria a frente, eu sempre gostava de desafiar.
Na saída RU, e estranho agora ter duas moças ali, não mais uma.
— E pelo jeito quer ampliar a bagunça. – Bárbara.
— Meu problema são as Bárbaras, elas surgem em todo lugar. – Falei.
— Tem quantas Bárbaras na sua vida? – Kamila.
— Até agora, 6 delas.
— 4 não era suficiente? – Bárbara.
— Não fui eu que escolhi os nomes, Kamila com K, só tem uma.
Kamila sorriu e Bárbara a olha atravessado.
— Não falou que tem algo com ele.
— Você ficava o chamando de infantil, de criança, eu que não entendi, o que mudou?
— Não sei ainda, juro que não sei ainda amiga. – Bárbara.
O almoço para mim no RU era normal, Kamila já acostumara, mas se viu a cara de estranheza de
Bárbara Mueller ali.
Saímos dali, e como Bárbara não estava de carro, a fizemos pegar um ônibus, tive de passar a
passagem dela, pois só tinha nota alta.
Chegamos próximo e caminhamos até a Iguaçu.
— Pelo jeito gosta de se misturar. – Bárbara.
674
— Como se meter em encrenca o tempo inteiro, sem se misturar.
— E o que será hoje?
— Tenho mais uma corte a receber, depois o ensaio do pessoal de Bárbara e Laura Vaz, e por fim
uma reunião com 56 grupos de meninas.
— Vai fazer outra suruba?
Parei e a olhei e falei.
— Pelo jeito teremos problemas em manter segredos, alguém fica falando a todos os ventos
algumas coisas que não eram para ser abertas a todos.
— Porque não?
— Segredos existem não porque é bom os ter, mas porque o povo a volta não aceita, assim como
não gostam de relacionamentos abertos, não gostam de Dragões, Morois, nada diferente, eles nos
querem adestrados e controlados.
— E por isto mantem segredos?
— Eu me encaixo nas coisas que eles não gostam, não nasci rico, então não sou de uma família
respeitada, adoro dragões, bruxas, e não me prendo em algo que não me parece fazer sentido.
— O que não lhe parece fazer sentido.
— É nítido pela estrutura, que o homem foi criado apenas como um reprodutor.
— E não se nega a sua função. – Bárbara.
— Sim, não me nego a minha função. – Elas viram que o pessoa estava se reunindo no teatro, e
fui deixar minhas coisas, e vi Marilia me esperando a porta.
— Não sei o que aprontou, mas todos querem falar com você.
— Todos? Quem?
— Meu pai queria lhe falar.
— Faz um favor para mim?
— Fala Bruno?
— Pergunta o assunto, pois esta coisa da prefeitura, ainda precisa ser aprovado, para termos
como ganhar recursos com isto, apenas tem gente falando de mais, trabalhando de menos.
— Certo, pelo jeito alguém saiu falando por ai, pois ontem parece querer relaxar e acordamos
com todos perguntando sobre algo que não entendi.
— Na verdade eu andei trocando ideias, e as pessoas no lugar de perguntarem o que pretendia, e
começar a trabalhar, começam a fofocar, mas calma, eles não tem ideia da ideia.
— Pelo jeito uma ideia complicada de explicar.
— Pensa, não se comemora o dia de Ação de Graças no Brasil, e no dia seguinte a esta
comemoração que não fazemos no Brasil, temos a Black Friday, mas a ideia, organizar o pessoal, os
colocar a produzir, pois somente quem produz consegue o melhor preço, e atrairmos pessoas pensando
em comprar para presente ou para venda, no nossa Black Friday, a da cidade, com empresas vendendo
a preços diretos ao consumidor, dai enchemos a cidade para a Sexta Feira, e inventamos um festival de
Cores, para o Domingo, dois dias depois.
— Algo a incrementar o fim de ano.
— Sim, mas é que queria terminar Outubro, com o desfile dos dragões, das Associações que
participaram da apresentação, no dia das Bruxas, para puxar a atenção para a cidade.
— Emendando tudo?
— Sim, começamos Outubro com o maior festival de Teatro Secundarista do país, seguimos com o
festival de peças inéditas em Inglês, terminamos outubro com este desfile no dia das Bruxas, que é o
lançar publicamente das musicas de cada associação.
— Certo, você fecha suas ideias, eles nem tem ideia, mas para isto, precisa do que?
— Que a prefeitura aprove que faça, não adianta eu discutir sobre o assunto, antes do prefeito
falar que pode, não tenho como discutir mais do que o fiz, pois já falei com empresários sobre a ideia,
mas agora preciso de autorização para fazer.
— E estas meninas todo dia?
— Tenho de dar função a elas, então está na hora de as por para tocar algo, e montarmos as
cortes das associações, com a sinhazinha, a porta estandarte e os grupos de dança do festival.
— Pelo jeito até você achou de mais.
— Eu não tinha como recuar, mas já tinham colocado vocês na minha vida, isto nas leis, dai eles
inventam uma reunião para me complicar.
675
— E vai começar as reunir.
— Sim, preciso de 72 grupos, e conheci apenas 56 meninas ainda.
— Vai por todas nesta ideia?
— Os sócios da Globo, compraram a historia que me deviam algo, e me veio mais peso, mas estas
pretendo fechar com os prospectos da própria Globo, e não entendo o que falaram ontem na Globo que
as pessoas olharam para nós.
— E isto agitou o dia.
— Já estava agitado, mas vamos reunir as Bárbaras todas no fim de semana que vem.
— Vamos aprontar de novo?
— Cantar e provocar tudo.
— E eles nem sabe das suas ideias, pelo jeito o que acham muito, você acha o começo.
Apenas concordei, fui a sala, receber mais uma corte, marcando com elas no fim do dia, iria
começar a conhecer estas e as colocar em movimento, deixar parte parada, eu deixaria pelo caminho,
não sei, era muito para mim, e começava a me perder naquele caminho, e tudo que me apresentava a
frente, somava pesos, cada vez mais.
Quando volto ao teatro, vejo João Roger a entrada, e faço sinal para o segurança para ele entrar e
o mesmo fala.
— Não entendo como você consegue chamar atenção sem esforço.
— Como falo senhor João, eu não crio isto porque eles vão gostar, eu crio como eu quero fazer,
pode ser que ninguém veja hoje, mas estará registrado para a eternidade.
Meu celular toca e atendo o senhor Camilo, perguntando se teria como documentar algo, e falei
que faríamos o ensaio de dois grupos naquele dia, João ouviu e quando desliguei ele pergunta.
— Quem vai ensaiar hoje.
— Laura Vaz em um show chamado Dagon, e Barbara Vaz em Dragons.
— E qual a pretensão? – João querendo algo, estranho isto.
— Vamos ensaiar, o que vamos gravar no sábado a noite, os dois DVDs.
— E vai ter gente da Globo por ai?
— Não entendi ainda o que eles querem.
— Dizem que você fez as pazes com eles.
— Acho que ninguém sabe o que fala.
— E pelo jeito enquanto alguns falavam que você estava ocupado este ano, estava armando outra
festa para cidade.
— Eu não fechei as festas ainda, mas teremos em Novembro, um grande festival de musica nas
primeiras duas semanas de Novembro, depois depende deles aprovarem para fazermos algo a mais.
— E pelo jeito todos querem aparecer na foto agora.
— Acho que eles não entenderam, eu gosto de aparecer, mas de não ser visto.
Olhei Laura, chego a ela, o pessoal de parte do coro estava ali, parte da sinfônica, parte do balé, s
roupas ainda não estavam prontas, mas a moça tirando as medidas de cada pessoa, estabelecia aquilo
que depois falavam que era fácil, mas requeria uma organização grande.
Quando passamos a primeira vez, olhei Bárbara Mueller e perguntei se ela gostaria de fazer a
ponta de destaque da sinfônica com o violino, passamos as notas, passei as musicas com Ronald e as
Bárbaras Fadas, depois passamos com a sinfônica, e por fim, com a encenação e com a cenografia e luz,
para dar uma conotação do que queria.
Depois de duas horas, conseguimos fazer o primeiro passar completo do que seria o show, na
terceira passagem, eu estava gostando, mas teria algumas coisas a ajustar, depois ensaiamos as musicas
de Bárbara, vendo os demais registrarem sem saber o que estavam registrando.
Após isto, no outro teatro, reúno as moças que estraram recentemente a família, e começo por
fazer perguntas a todas, as vezes teria de conhecer melhor elas, estranho como cortes são mais atiradas
que candidatas a condessas, mas eu estabeleci um meta para cada uma delas, e teríamos de estabelecer
o caminho que iriamos seguir.
Na minha cabeça, começavam a passar ideias vagas iniciais de cada estandarte, ainda em
construção as ideias, mas era para ser básico, não complexo, era para ser implementável, não
impossível, e principalmente, não era para explicar, e sim, para gerar interesse.
Quando se fala em Dragões, eu poderia falar dos de Hons, os 4 básicos, da lenda dos 4 dragões,
mas poderia falar ele referente a varias crenças, varias versões, alguns chamavam as pororocas locais,
676
de Dragões da Agua, crença vinda com os espanhóis e portugueses, que trouxeram da China esta ideia
de que o avançar do mar sobre os rios, em certas datas, era representação de dragões, erro na tradução
de lá, somada a algo que também acontecia aqui, poderíamos também falaz do dar resposta referente a
grandes esqueletos achados em um planeta que a religião, não deixava ter mais de oito mil anos, então
tinha de ser dos dragões.
Nas crenças, eles podem ser serpentes, podem ser voadores, ou mesmo, símbolos de
produtividade, mas na minha cabeça, tentava pensar em coisas simples assim.

Pois não adiantava complicar, isto surgiria com calma no futuro, ter as ideias iniciais, era dar por
onde eles caminhariam, não as ter inteira.
Mas o colocar de pessoas ali, e estabelecer que o grupo que era de 6 pessoas, iria se tornar cada
um deles, no mínimo 26 pessoas, entrando rapazes e moças, não apenas meninas, estabelecia que a
ideia era maior, e que iria a ampliar.
Como depois dos meus 15 anos descobri, o dia era curto para tanta coisa que tinha de fazer,
naquele dia jantei com minha mãe, trocando ideia, pois precisava ver até que ponto estava em algo
aplicável, e estranho que pela primeira vez, todos os olhos se voltaram a minha ideia.

677
Aquela semana foi corrida, pois mal vi passar terça, quarta, quinta, e na
sexta já estava desocupando os palcos de meus projetos, para o Festival de
Teatro de Curitiba, estava enviando as coisas para o Tarumã, onde teria duas
gravações e 4 sequencias de show das Bárbaras, tinha marcado com as meninas
que vieram da Globo, as herdeiras e as ofertas, marquei para a tarde, pois pela
manha, ainda estudava, e via as pessoas me olhando estranho, e somente agora
começaria avançar de verdade.
Estava na saída da Faculdade, quando o prefeito me liga e fala que
votariam ainda hoje as duas seções de aprovação, que a primeira havia passado com poucas emendas,
isto me dava receio, pequenas emendas poderiam acabar com a festa.
Se era para ficar mais calmo, aquelas “Poucas Emendas” me deixou tenso.
Sai dali e fui a região dos estúdios na Santa Cândida, mas antes passei no colégio e vi como
estavam as coisas, pois na minha ideia, aquele colégio era o experimento, a diretora me cumprimenta,
fala sobre as obras de novos laboratórios, do teatro a frente, e toda a estrutura, agora com capacidade
de alimentar os 4 grupos teatrais locais.
Me propus a ajudar a formar novamente grupos para a competição no festival duplo de teatro, e
ela falou que toda ajuda era bem vinda e passo a diretora a ideia da parceria da iniciativa privada com o
colégio, para melhora da educação.

Passei para ela a determinação e permissão do governo do estado, para a parceria, ainda
mantendo tudo no nível de controles anteriores, mas com permissão de uso, de áreas da iniciativa
privada, com incremento de melhorias.
Saio dali e fui a região que começava a ficar pronto, primeiro me reuni com as meninas, e sabia
que elas tinham indicado pessoas, eu queria aqueles grupos crescendo, então cada uma das moças
indicou duas moças e um rapaz a mais, ou o que eram grupos de duas pessoas, viram grupos de 8
pessoas, e o grupo de 5 virou 20.
Nos reunimos, e apresentei o local, ainda algo a nível de criação, mas com tudo preparado, e com
calma que não era muito a minha especialidade, passamos os textos daqueles 10 esquetes de programa,
dai passamos o segundo esquete de cada ideia.
Nos reunimos e um rapaz que viera do Rio de Janeiro, nos mostra onde cortar, eu estava
aprendendo e avançando, mas quando tinha as 10 ideias gravadas, confirmo com as pessoas se queriam
fazer parte, pois se a Globo aprovasse, seriam contratos de sigilo e de exclusividade enquanto durasse
os programas, que as vezes teríamos de reorganizar, as vezes ideias boas, evoluem rápido, as vezes, elas
definhavam rápido.
Era perto das 6 da tarde, quando o grupo vindo do Rio chega, e apresentamos a ideia, os senhores
talvez esperassem algo mais trabalhado, mas este não era eu, as vezes as pessoas perguntam de coisas
que não eram aquele momento, mas o manter dos caminhos, sempre é positivo.

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Quando eles concordam, talvez a ideia fosse mais trabalhosa do que pensei, mas acreditava que
um dia por semana, um sábado, conseguiríamos gravar os programas, obvio, não seria algo assim com
calma, seria algo nos 10 estúdios, feito por 10 grupos, e que tendia a gravar em cada um deles, os 6
programas da semana, para mim uma ideia simples, mas que serviria para estabelecer o funcionamento
do local.
Os senhores saem com o material, e fiz uma reunião fechada com as meninas, eram agora parte
de uma família que criara, família de ideias, as vezes talvez eu estivesse mais pensando em sexo, as
vezes, como nesta hora, em futuro.
Vi o pessoal que veio do Rio filmando a entrada, e começava uma corrida de anos, que somente
mais a frente entenderia o problema.
Uma das coisas que não entendo, as ações da empresa, pareceram valorizar a partir da minha
entrada, alguns por isto mais me chamavam de “Pé de Coelho”.
Quando chego a Agua Verde novamente, tinha a recepção que marcara para a parte do início da
noite, de mais uma corte.
Eu quando ligo a TV duas noticias me chamaram atenção, embora estivesse enfiado na terceira
noticia também, mas o anuncio do aprovar na Câmara dos Vereadores, de um investimento da iniciativa
privada, para Novembro, e a noticia da inauguração da nova sede de gravação da Globo em Curitiba,
estas duas me pegam meio de surpresa, já o agito do inicio do festival de teatro, isto era esperado.
No intervalo, olho o anuncio dos shows iniciais de Bárbaras, no Tarumã e da gravação de dois
DVDs no Shopping Cultura e Desportivo de Curitiba.
Eu entro na minha pequena sala de edição, precisava do meu momento, para por as ideias em
ordem, e não parecia que seria fácil, mas começo a pensar o futuro, pois o presente estava ali, o saldo
da poupança estava assustadora, e por fim, vejo Sonia a porta.
— Problemas?
— Aquele Pedro Rosa, tá ai, quer lhe falar.
Olhei o espectro e falei.
— Precisa de algo assim?
Sonia não entendeu, mas foi a porta e vi ele e Elizabeth entrarem pela porta e a menina me olhar
como se quisesse perguntar algo.
— Boa noite.
Pedro me olha ainda serio, ele não queria aparentar paz, mas pelo jeito algo mudara.
— Podemos conversar? – Elizabeth.
— Sempre é o mais indicado.
— Me veio uma pergunta a responder, e ninguém no mundo de Hons, soube me dizer o que está
acontecendo, e o único que parece não fazer nada, e sempre sabe o que está acontecendo, é você.
— Acho que Half também sabe. – Falei.
— Não gosto daquele rapaz. – Elizabeth.
— E o que quer saber, se duvidar seu rei sabe mais que eu.
— Dizem que Plout vai eleger uma rainha, isto não consigo aceitar.
— Porque não consegue aceitar? Não entendi o que os Hons tem haver comigo, além de serem
convencidos que sou um inimigo.
— Dizem que você consegue ludibriar os espectros de meu rei.
— O que isto tem haver com Plout e os Hons?
— Isto que quero saber, dizem que ensinou as meninas que lhe deram para se divertir, as ensinou
a tomar a forma de Hons. Você havia falado que apresentou elas Plout, mas tinha falado em crianças.
— Primeiro você é uma criança, segundo, as moças, na existência de um Hons, seriam crianças de
8 ou 9 anos, pois as Honesas, tem em tamanho, até três vezes o tamanho do macho.
— E como para isto?
— Já falamos disto.
— Tem de ver que lá tenho um mundo.
— Para de preguiça Elizabeth Souza, eu e Pedro Rosa temos mais o que fazer que ficar brigando
por algo que você colocou na cabeça, consegui vaga para você no colégio ao lado, na aula de teatro,
musica, dança e inglês, não apareceu ainda, por preguiça, pois no seu mundo você não está fazendo
nada Elizabeth.
Todos me olham, acho que falei alto demais.
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Pedro sorri e fala.
— Pelo jeito corrido.
— Sim, tenho 9 teatros locais, com cronograma para o fim de semana, 5 shows das Bárbaras
amanha no Tarumã, a inauguração de 14 empresas na região, a inauguração do segundo colégio Guedes
York, a sede local da Globo, duas gravações de DVD, 72 empresas que preciso finalizar a inauguração e
ainda tenho de ler a lei que aprovaram hoje, para ver onde não cair em pegadinhas.
— Mas... – Elizabeth para na frase, e olha Pedro.
Olhei Pedro e falo.
— Coloca ela para estudar, na segunda tem aula de teatro a noite, quem sabe ela entenda o que
tanto fazemos nas horas extras Pedro.
— Pelo jeito querendo avançar rápido.
— Sim, mas em um planeta inteiro, eu achei apenas 8 Honesas, é muito pouco para um reino, não
acho que isto seja motivo de discussão, e se uma delas, qualquer delas, conseguir reestruturar as
energias para refazer o planeta destruído, sua rainha teria mais reino, não menos.
— E pelo jeito pegamos em um dia corrido.
— Sim, nunca pensei que um esquete de programa televisivo fosse tão cansativo, filmamos 10
deles hoje, estou pregado, pensando em distrair, não em entrar em guerra, mas se for o caso, cansado
como estou, hoje vou fazer merda.
Pedro me olha com respeito, não entendi, mas Elizabeth estava querendo algo a mais e falo.
— Muda para o colégio em frente, fica mais fácil, nem sei onde você mora ou onde você estuda,
acabamos falando sempre em fins de dia ou fins de semana, em horas que estou cansado.
Os dois saem e Sonia me olha e fala.
— Cansado pelo jeito.
— Sim, mas entra, as vezes sair do problema anterior, facilita.
— Veio tentar pensar e parece que todos querem você lá.
— Eu queria apenas ler as ideias, pois dependendo da autorização, eu vou mandar a câmara dos
vereadores o pedido de alteração de algumas coisas no centro, preparação para algo que tem 4 metros
de largura, e 6,5 de altura, pretendo por tudo que der a no mínimo 7 metros, ou por baixo da terra, mas
isto dá trabalho.
— Sabe que ninguém entendeu a ideia.
Peguei uma imagem na pasta e coloquei na mesa.
— A ideia é simples de ter, o problema é executar.

Olhei a imagem.
— Imagina você colocar 72 destes em uma avenida a desfilar, o tamanho da área de desfile –
pensei um pouco, rascunhei um pouco pensei ainda no que falar – daria para por até 60 destes ao
mesmo tempo no circuito de desfile, mas eles teriam a frente, o dragão que representa aquele grupo,
de trinta metros se arrastando na avenida, após o dragão, viria o carro iluminado, no inicio do desfile
seria isto, após um pequeno trecho, somasse a estes dois o terceiro carro, que contem o grupo de
pessoas cantando e tocando sobre um Trio-elétrico, fantasiado como o carro a frente, num trecho mais
a frente, se juntaria na área de julgamento, uma sinhazinha e seu capataz de proteção, a porta
estandarte, e o pagé daquela tribo, essas partes sendo roupas de luxo, e junto a isto, um grupo

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performático de pessoas dançando e interpretando a musica que tocavam, de 50 pessoas, estes não
ficam muito tempo no percurso, mas o trio-elétrico, o dragão e o carro, vão até o fim do desfile. – Fiz
um rabisco com o lápis e mostrei para ela.

— Um percurso no centro da cidade, que desce para ser percorrido lentamente, mas que fizesse
as pessoas virem a rua ver, uma apresentação que poderia vir a durar 12 horas, mas dá para fazer em 8
horas, agitando o centro da cidade.
— Algo a nível carnavalesco?
— Não, cada grupo, vai conseguir seus patrocínios, e isto estará estampado no carro de som do
grupo, é algo cultural, mas que não desvaloriza a iniciativa privada. É algo de som, mas que não toca
samba apenas, é algo que eu tenho de evitar participar.
— Medo de alterar tudo?
— Eu tenho de ler a lei que foi aprovada com urgência hoje, amanha cedo, vou me reunir com o
prefeito, e se der, vamos intervir, para fazer o espetáculo.
— Porque intervir?
Eu coloco o dedo numa das pontas do desenho e falo.
— Neste ponto, mal passa um carro normal, um ônibus não passa na parte que não é canaleta,
então temos de fazer algo para que passa ali, ou vai usar a canaleta, não gosto da ideia, ou alargamos a
lateral, e preparamos para o evento.
— Certo, pensou pelo jeito em cada detalhe.
— Sim, pensei em cada detalhe que consegui, mas ainda falta muitos para por em pratica.
— E como vai fazer 72 grupos.
— Eles já estão feitos, e tem dois investidores por grupo.
— Está falando serio?
— Sim, mas a partir do aceito, cada grupo vai montar um barracão em algum lugar da cidade,
escondido, e fazer seu projeto para o desfile, segredo até o desfile.
— Algo que pode dar errado.
— Sim, pode não dar um centavo de retorno financeiro, e mesmo assim gostaria de executar.
— Projetando uma grande festa?
— Copiando uma grande festa, a adulterando para nossa realidade, e a organizando, para ser um
grande festival de cores.
— Porque no domingo?
— Isto que estão indagando no pedido da prefeitura, mas não li ainda.
— E teria problemas de fazer no sábado.
— Não queria parar a cidade a partir de sexta, talvez dê, mas tenho de pensar.
— Certo, quer tempo de organização.
— Não quero atropelar a Black Friday.
— Então sabe a data, que quer o evento.

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— Sim – Começava a ficar repetitivo, estava cansado, mas terminei de ler a lei aprovada, algumas
coisas eles não entenderam, queriam barrar o que não tinha no pedido, não era a minha parte a venda
de coisas.
Eu terminei de ler e passei o que pretendia para 144 empresários, e estranhei o retorno, indaguei
se a pessoa leu, pois queria pessoas conscientes do que estávamos fazendo, e recebi uma resposta que
tive de reler varias vezes.
“Não é questão de ler Rei, todo dinheiro que coloquei a dois dias, como contribuição para nosso
rei e rainha, voltou 5 vezes mais, se tinha duvida que estava no caminho correto, sei agora que estamos,
e conversando com novos parceiros, estamos todo felizes, se fazer nossos reis e rainhas felizes, nos gera
felicidade, nos faz acreditar nos projetos de nosso rei.”
As vezes eu me assustava com estas coisas, mas alguns a mais foram confirmando, como se
estivessem esperando que passasse a ideia, e alguns foram confirmando endereços onde poderíamos
fazer o projeto e me passou um problema a mais a resolver, ter avenidas nos sentidos dos barracões
que fossem passiveis de um veiculo de 7 metros chegar ao centro.
Fui dormir, a cabeça estava a toda, mas agora, com uma pequena ideia de como e onde faríamos
cada uma das partes.

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Acordo já com o telefone tocando, e o prefeito perguntando se havia lido
o que foi aprovado, e marquei com ele antes de tudo, ali mesmo, talvez as
pessoas tivessem de ter ideia, que eu não era tão inerte, as moças começam a
se arrumar, seriam 300 moças se preparando para shows, mas vi os e-mails
enquanto esperava o prefeito, passo a Roberto Vaz, o que seria possível fazer
legalmente para não poder ser cancelado, quais os empecilhos legais que
teríamos para algo como aquilo, quais as leis que teríamos de não ferir, para
acontecer.
Estava discutindo com Roberto quando vi Sonia fazer sinal para um senhor e seus assessores
entrarem, estava no escritório, me despedi e olhei o prefeito, apertei a mão dele e falei.
— Queria agradecer a presteza em aprovar a lei que nos permitiria fazer o festival de luzes, estava
passando a meu advogado, para ele estudar todas as leis que não gostaria de quebrar, pois qualquer
delas, pode cancelar algo assim.
— Pensando na parte legal?
— Prefeito, para executar esta festa, temos de fazer alterações em todo o percurso, para isto,
temos de ter autorização da câmera dos vereadores para tais obras, estas obras, seguem para fora do
centro da cidade, pois os veículos tem de chegar ao centro da cidade para fazerem os desfiles, falei com
empresários da cidade, e temos o começo do apoio, e uma coisas ficou dubio, tem de considerar que
não somos um bloco ou escola de samba, então eles podem ter regras, que não permitem publicidade
nas suas alegorias, o nosso grupo, é de empresários, que quer propaganda de seus negócios, então para
mim a única coisa que ficou dúbia foi esta parte na lei aprovada ontem, pois no desfile, o trio-elétrico,
enfeitado e com um grupo de cantores e instrumentistas, terá todos os apoios estampados a volta,
entre eles o da própria prefeitura.
— Não denigriria o espetáculo?
— Senhor, é uma festa comemorativa, e quem está comemorando, é o empresariado local, as
pessoas locais, acho que as pessoas confundem agradecimento, com compra de enredo, no caso de
escolas de samba, mas somos um desfile alegre e elétrico, então apoio de empresas como a Volvo, nos
cedendo chassis, de empresas elétricas, nos cedendo muitas baterias, geradores e lâmpadas, não
denigre a festa, a dá força.
— Pelo jeito é algo totalmente diferente.
— Eu acho que quase todo tipo de festa já foi feita, mas estamos pensando em uma que se der o
retorno, é para ser um evento anual, por décadas, séculos, marcando a cidade.
— E pelo jeito está agitando o local?
— Temos nesta quadra, 9 teatros, que tem participação no Festival de Teatro de Curitiba, mas
também temos a preparação de 300 pessoas, para a apresentação do coral Bárbaras, no Tarumã hoje,
não sei se vai na inauguração do conjunto industrial do Tarumã.
— Não entendi a ideia ali.
— Um dos barracões, será feito um dos segredos desta festa que faremos em Novembro.
— Mas não entendi a ideia ali.
— 14 industrias de empresários locais, produzindo de lâmpadas, placas solares, comida, injetados
plásticos, dois barracões para reciclagem de plásticos e alumínio, um passo industrial, em meio a uma
cidade comercial.
— Alguns reclamam de por industrias ali.
— Acho que eles não conhecem a região para reclamar, sem muitos vizinhos, e começamos a
pensar no desenvolvimento a partir deste momento prefeito, de um projeto para marcar a cidade no
planeta.
— Algo a que nível.
— Uma obra de 10 anos, um prédio entre os maiores do mundo, certo que quando estivesse
pronto, já seria o 10º mas a ideia, ter algo que marcasse, sim, somos uma cidade evolutiva.
— E onde seria este prédio?
— Onde hoje é a fabrica da Fiat Lux.
— E já tem o que pretendem?

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— Ainda não, sabemos que novamente vamos projetar, depois propor, e teríamos de ter
contrapartidas para a cidade, juro que não entendo esta parte, mas é que sou jovem, ainda aprendo a
fazer politica.
— Mas qual a pretensão.
— Três prédios, um ao lado do outro, um de 650 metros, um de 200 metros no meio e um de 400
metros, com certeza uma visão de Curitiba que não temos hoje, pois o topo do prédio mais alto, estaria
a mil e quinhentos metros do nível do mar.
— E pensaram ali porque?
— Não atrapalharia nenhum dos aeroportos da cidade.
— Certo, um símbolo de poder.
— De que podemos fazer.
— E porque pensou em por ali.
— Sei que Pedro Rosa, pretende remodelar toda a região, então um bom lugar para estar como
símbolo de algo.
— E qual a pretensão do Tarumã hoje.
— Vamos inaugurar um centro esportivo e cultural, com shopping, teatros, local de shows, centos
de treinamentos em pelo menos 6 tipos de esportes de campo, a central das empresas do Tarumã, dai
tenho mais próximo as empresas, mais um hotel Baptista, vamos inaugurar formalmente o segundo
colégio Guedes York, e vamos por uma serie de empresas que devem somar a produtividade, preciso
manter os números no positivo para investir a frente.
— E ali pretende ter algo a fabricar para este evento que falou?
— Não confirmei ainda, mas acho que dali sai no mínimo 3 estruturas para a festa de Novembro.
— E quer quantas?
— Como está no papel prefeito, um para cada bairro da cidade.
— Está falando serio em ter 72 veículos criados para desfile.
— Sim, se não tentar os 72, não consigo os 60 que quero no mínimo.
Passei para o prefeito o projeto, com as alterações dos locais, o que faríamos, o que
pretendíamos, os limites de som, de cada carro, os limites de horário, as alterações físicas no percurso, e
as autorizações de montagem de estrutura na Candido de Abreu, e toda a especificação dos separadores
de publico, de todo o percurso.
— Quantos veículos cabem ao mesmo tempo no percurso.
— 60 deles senhor.
— Uma volta inteira, por isto quer este mínimo.
— Deixar claro, eu quero os 72, posso me contentar com 60, mas eu quero 72.
— E vai agitando geral.
— Quero que todos envolvidos tenham noção, vamos atrapalhar, mas queiram que aconteça, pois
muita gente quer que aconteça, mas não tem compromisso com a cidade e sai falando mal, por falar,
então já deixando claro, vamos atrapalhar, mas vamos criar algo, que pode nos fazer diferentes, não
apenas a cidade do descanso no Carnaval, e o evento começa quase um mês antes, com o desfile dos
dragões e da apresentação das musicas que vão ser representadas, desfile provavelmente será na
madrugada do dia dois de Novembro, anunciando o que vamos fazer.
— E quer tudo ajeitado até lá.
— Sim, mas a apresentação das musicas é algo que pode percorrer o mesmo percurso, mas não
dura mais do que o passar pela região, não teremos ainda as arquibancadas da Candido de Abreu, não é
um desfile de noite toda, primeiro pois dia dois, os cemitérios tem de ter a entrada liberada, e temos
dois cemitérios no caminho.
— Certo, quer algo que seja grande.
— Outubro, anterior, é o mês dos concursos Teatrais da Cidade, das apresentações completas das
Bárbaras, e do festival de musica jovem do Guaíra.
— Emendando compromissos?
— Sim, ainda não falei com as escolas de samba da cidade, apenas apoio uma, mas está na hora
delas terem diferencial, pois o que faz alguns crescerem no Brasil, é pegar a ideia, e adaptar a sua
realidade, mas quem sabe não preparamos neste meio tempo a Marechal Deodoro para desfiles de
coisas que tenham mais de 5 metros, hoje elas não desfilariam ali.
— Pelo jeito quer agita o ano inteiro. – Um secretário.
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— Sou de por as pessoas em movimento, quer ficar inerte, evita ficar na minha frente, eu não
gosto de passar por cima de nada, mas não mecho com duas ou três pessoas, quando falo na elaboração
deste evento no Domingo após o dia de Ação de Graças, que é quinta feira anterior ao evento, não
estamos falando em 10 ou 20 pessoas organizadas, estamos falando de por na rua para funcionar, mais
de sete mil pessoas, para certos carnavais, nada, para nosso evento, o numero ouro de algo que vai
agitar a cidade.
A cara de não gostei do secretário, ficou evidente, mas não iria parar porque uma pessoa não
queria, e ouvi o prefeito perguntar.
— E vai pelo jeito montando aos poucos, pois o agito ali fora na sala, não condiz com o que
falaram, que o dia seria calmo na cidade.
— Senhor, está em uma das quadras mais ativas da cidade, por aqui, é sempre agitado, e nosso
evento, não passa a frente, mas quero ainda verificar a realização de um grande festival de musica na
cidade, mas ainda não temos o prospecto para falar, só falo se tiver algo a oferecer senhor.
— Algo a que nível de festival?
— Algo que use a pedreira Paulo Leminski, a Pedreira Detran no Atuba, e o Pinheirão no Tarumã,
shows para 50 mil pessoas, por palco.
— E o que teremos nos teatros a volta?
— A parte Comédia do Festival de Teatro de Curitiba.
— E quem vê fala que vai se tudo calmo.
— Teatro é calmo senhor, apenas assim como precisava da aprovação do evento, agora
precisamos de autorização para o fazer, alguns olham para mim e pensam, como o paro, e esquecem,
tem mais de 190 empresários as minhas costas.
O secretario que parecia estar ali apenas para ter por onde atacar, pois ele era o que parecia estar
prestando atenção, o resto parecia ter se perdido na imponência da casa.
— E não teria como o parar sem gerar Guerra entre a prefeitura e Empresários. – O rapaz.
— Rapaz, vocês são os adultos, se comportem como adultos, como políticos, deixa as criancices
para a criança aqui, pois querer parar algo apenas porque a pessoa quer, não é ação de adultos.
O prefeito olha o secretario e fala.
— Ele tem razão Marcos, não se para as coisas apenas porque queremos, se ele conseguir paz
entre a prefeitura e o empresariado, já é um caminho, ele briga com gente como aquela outra criança,
Pedro Rosa, que tem apoio dos Hons.
O secretário me olha e pergunta.
— Não tem medo dos Hons?
— Tento entender este problema, mas eu não ataquei eles ainda, para eles me temerem, e não
fico por ai fazendo de conta que eles são seres normais.
— Acho que não sabe do que está falando menino, ninguém tem medo de você, e sou dos poucos
que tenta manter os pés do prefeito no chão, quando todos parecem ter ficado encantados com a ideia
que apresentou.
— Eu apresentei esta ideia apenas ao prefeito, vocês que espalharam a ideia, antes da hora.
— Mas estava com tudo armado?
— Os estudos iniciais, uma vez aprovada a intervenção, entram os engenheiros e medem, fazem
os laudos de mudanças, e afirmam o que precisamos, as pessoas acreditam em magia, eu em trabalho,
mas deixo armado, e como falo aos amigos, eu assim como Pedro Rosa, não tenho inimigos, tem de ser
muito crente para ter medo de nós, mas os Hons, são mais crentes que os humanos.
— Pelo jeito acredita na ideia.
— Eu apresentei uma ideia, que tem mais de 144 empresários locais interessados em executar,
acho que as pessoas ainda não entenderam a ideia, e só entendam no dia do evento.
Terminei aquela apresentação e vi prefeito e assessores saírem, e olho Sonia a entrada.
— Problemas? – Perguntei.
— Pelo jeito não tem conseguido relaxar. – Ela fala maliciosamente.
— Verdade, tento e acabo discutindo com gente que não tem noção do que come.
— E pensando em que?
— Ainda pensando, tenho espaço apenas para a construção de 32 dos veículos, estou passando
uma proposta para a Volvo, referente a patrocínio, com direito a abrir o desfile com o desfile de veículos
especiais.
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— E acha que as pessoas não falariam mal?
— Gente que vai falar mal, vai ter de qualquer forma, eu quero ouvir os que falarem bem.
— E pelo jeito pensando sobre o que fazer.
— Hoje é dia de gravar, então daqui a pouco, o dia começa e termina, pois é trabalho sequencial.
— Vai nos ver se apresentar?
— Com certeza, mas não quero gente me cobrando isto.
Como um ritual, receber mais uma corte e tentar não demonstrar cansaço, já que o dia estava
começando, e as ideias a toda.
Alguns ônibus locados, chegam a região, para nos levar ao complexo de ideias a volta de um
antigo estádio no Tarumã, onde haviam 4 grandes teatros, espaços de ginásio, e um espaço onde antes
fora um estádio de futebol, somados a shopping e um prédio comercial, uma central de cursos e duas
casas pessoais. Na região ainda teria mais d leste o meu segundo Colégio, um hotel e um complexo de
14 industrias, parceria com o grupo dos 50, e 5 barracões para o evento de novembro.
Quando chegamos ao local, ainda sedo, a entrada das pessoas das lojas, que abriam as 10, com
entradas a parte, se tinha Escolinhas em alguns esportes coletivos como Vôlei, Basquete, Handebol,
Futebol de Salão, Futebol Americano, um local para Ginastica Artística, Cursos de Musica, Canto, Balé,
Dança, Teatro, e Criação Teatral, gerando nas entradas a parte, movimento na região, então em pleno
começo de sábado, estava agitado, ainda mais nas partes teatrais, somando pelo menos 300 meninas
dos corais Bárbaras, que se apresentariam em 3 dos 4 teatros, dois grupos por teatro, em horários
especiais, e no quarto teatro, o pessoal armava os cenários das duas gravações, e novamente, como
alguém que queria noticia, olho as redes de TVs e a soma de Streamer de Internet somando naquele dia,
seria basicamente gravação de dois DVDs, que teria mais pessoas procurando o erro na plateia do que
tentando se emocionar, ou até se emocionando, mas como algo gravado, a parte por eles, depois
procurariam as falhas.
Olho o pessoal chegando, se organizando, e passamos todos os detalhes, antes de começar, e
mesmo com plateia, era uma gravação de DVD, então se precisasse repetir cada uma das musicas, 3
vezes, eu faria.
Quando abriram para as pessoas ocuparem o teatro, ali estavam as 4 redes maiores de TV de
canal aberto, duas de Canal Fechado, os 25 maiores críticos musicais a nível nacional, até eu as vezes me
assustava com o que atraia, mas olhando os demais, eu subi para a parte das luzes, passei as instruções,
as ordens, com o pessoal da técnica, confirmamos todas as medidas de segurança, e quando
começamos o gravar do show “Dagon”, eu me desligava das pessoas assistindo, eu me prendia aos
detalhes, por incrível que pareça, com o pessoal ali, a assistir, as pessoas parecem se dedicar mais, e o
que achava que demoraria para conseguir algo bom, tivemos de repassar apenas duas musicas de 20,
estranho como aquilo evoluiu.
Enquanto o pessoal desmontava ali para fazer a segunda gravação, assisti duas apresentações
diferentes das Bárbaras.
Quando parei para comer ao shopping, varias pessoas, entre elas João Roger, quer uma
entrevista, e as vezes temia aparecer, mas teria de acostumar a isto, mesmo chamando mais atenção a
obra, as pessoas querem a criança, eu, na imagem.
Então o comer de algo, foi uma soma de entrevista, que olhando em volta, via as pessoas olhando
para onde eu estava, deveriam estar perguntando, quem é o rapaz?
Quando volto ao teatro, e começamos a passar os dados da gravação da peça de Bárbara Vaz, de
nome “Dragon”, as pessoas voltam a se preparar, e Bárbara me olha e fala.
— Querendo chamar mais atenção que eu?
— Eu daqui a pouco, coloco a mascara, eles nem acreditam na metade das coisas que falo
Pequena Barbara.
— Vai ser tenso. – Ela me abraçando pela frente.
— Sim, mas relaxa, lembra o show no Centro Cívico?
— Sim.
— Tenta ser aquela menina, não o que eles querem que você seja, lá você parecia mais feliz, não
esquece, a felicidade é interna, não externa, procurar neles a felicidade, é ter a certeza das crises
existenciais.
— Mesmo cercado, parece ainda querer ficar escondido.

686
— Eles não me querem na foto, eles querem este Bruno Baptista, mas eles não sabem quem é
Bruno Baptista.
— E pelo jeito, você anunciando encima, enche o local.
— Hoje estou puxando para o local atenções que deveriam estar sobre o Festival de Teatro de
Curitiba, mas daqui a pouco passa, e eles se voltam ao outro festival, já que estão na cidade.
Fui passar as instruções de palco, de iluminação, trocamos uma das cordas de manutenção de um
dos painéis da cenografia, e quando começou, novamente, algo que eu gostei, e fiquei a olhar, pensei
em onde mudar, e não mudei nada, mesmo o pequeno erro da gravação, ali, como era a pequena
Bárbara, ficava como algo a destacar a realidade do processo, no final o entrar do grupo e cantar pela
segunda vez, ali, já havia ouvido 3 outras versões de Windows, mas aquela ficou com um clima que eu
diria que me fez arrepiar, e quando no final, se ouviu os aplausos, eu tentei manter a calma, a ciência do
que sentia, mas aquilo foi incrível, e aplaudi também.
Quando o grupo se arruma novamente, mais duas apresentações das Bárbaras, e fechando o
conjunto, a reunião de todas elas, em um show anunciado as pressas, do coral Bárbaras completo, não
separado, eu assistindo o sétimo show do dia, tinha de manter a calma, o dia ia ao fim, e havia deixado
tudo andando, então o diretor do Hotel o inaugurou, o do Colégio, o inaugurou, e a soma dos 14
diretores das industrias, as inauguraram.
Fim dos compromissos, eu vou para a residência que tinha ali, o pessoal também, o pessoal
pensando em comemorar o que tinham feito, eu, em editar o que tinha a mão, as vezes sabendo que as
coisas estavam quentes, a hora era esta para fazer.
Muita gente me querendo nas festas, e eu a olhar cada show, cada detalhe, pelos ângulos que
melhor reproduziam o sentimento, as vezes o olhar da plateia, as vezes o suor de uma dançarina, as
vezes o encanto, em todos os olhos.
Quando parei de o fazer, olhei pela janela e se via numa manha de domingo, com céu azulado, o
sol nascendo na serra do mar.
Eu com calma pedi um café, e quando chego a sala daquela casa, muita gente ainda festando e
alguns me olham e Barbara Vaz, me olha e sorri.
— Desentocou.
— Pensei que todos estariam dormindo.
— Resolvemos fazer uma recepção para os cronistas e alguns fãs e acho que a hora passou.
Sorri e olhei em volta e perguntei.
— Ainda tem café?
— Pelo jeito não parou ainda. – Barbara me abraçando.
— Eu estou tentando pensar e agir enquanto as coisas estão quentes.
Estava abraçado a ela e sinto alguém me empurrar, eu estava cansado, e apenas caio para o lado,
e sinto a o móvel ao lado na minha cabeça, dor, olho um rapaz me olhando com raiva e apenas tento me
mexer, por um segundo tive de prestar atenção, mas sinto os braços, doidos, a pancada deve ter sido
forte, foi difícil sentar.
Olho tudo girando, alguns riam, eu sentido dor e o rapaz querendo me atacar ainda.
Olho em volta e foi difícil entender como cansado as vezes, não prestamos atenção, o rapaz viria
para meu lado.
— Vou acabar com este folgado.
Ouvi vários calma João, eu não sabia quem era este João, ouvi alguns separarem e apenas nesta
hora vi Laura chegar ao lado e falar.
— Tá bem?
— Discretamente, chama uma ambulância.
— Qual o problema.
— To tonto, bati a cabeça, não sinto as pernas.
Talvez a cara de susto dela fez alguns chegarem perto e vi dois rapazes me ajudarem a sentar,
estranho as pernas irem a cadeira arrastadas.
Fecho os olhos e sinto o mundo de Hons, e sinto meu corpo, ali eu conseguia me mexer, sinto as
energias, e fecho os olhos e novamente olho em volta e vi um paramédico chegar.
Me colocaram em uma ambulância, e fui ao Hospital, muito mais tarde, descobriria que fui ao
Cajuru, o medico pareceu pedir exames, mas não parecia me dar atenção, eu as vezes esqueço que as
pessoas são respeitadas pela forma que se festem.
687
Com dificuldade, peguei o telefone e pedi para a segurança ir a casa do Tarumã e por todos para
fora, não era hora de festa, e o proprietário acabou com a festa.
Estava ali esperando para me atenderem direito, pediram um exame e estava confuso, não
conseguia me concentrar direito, e vi minha mãe chegar ao local, ela me olha, e parece que naquele
momento os médicos começam a se mexer.
Minha mãe me olha e pergunta.
— Como tá filho?
— Tonto, bati a cabeça, não me alimentei direito ontem, trabalhei a noite inteira, e algo
aconteceu na batida, mas se tiver um local melhor para me levar mãe, aceito, não sinto as pernas.
— Vou verificar.
O mesmo medico que não me atendera antes, agora chega simpático e fala.
— Não fizeram o exame ainda? Desculpa a demora.
— Não precisa fazer-se doutro, me veria morrer e não sairia da cadeira, torça para que não seja
serio, que se for, vou tentar lhe tirar do cargo que não quer estar, pois se não quer atender, pede a
conta.
— Esta confuso rapaz.
Olhei minha mãe e Laura e perguntei.
— Alguém decide, pois se for hemorragia cerebral, eu morro, e eles nem estão ai para isto.
Eu encostei encarando o doutor, ele parece ir para dentro, senti Laura segurar minha mão e falar
baixo, quase não ouvi.
— Não nos abandona Bruno.
Acho que a dor e a inercia das minhas pernas, com a tontura, me fez pensar em algo ruim, eu com
dificuldade ergo os braços e toco meu pescoço e sinto que tem uma luxação e pergunto para Laura.
— Verifica se não bati o pescoço?
Ela olha e foi para dentro, eu via as vezes as coisas girarem, e isto me enjoou, e com dificuldade
me inclinei para frente, e sem conseguir mexer as pernas, coloquei o que nem tinha comido, para fora,
sobre minhas pernas.
Eu estava no corredor, e nesta hora se vê o que é poder politico, pois ouvi Laura ligar para o
governador e não deu 10 minutos, estavam fazendo os exames, e uma batida forte na cabeça, gerou
apenas uma luxação, mas quando cai, bati a medula, e uma inflamação, me tirou os movimentos das
pernas, e com dor pelo corpo, sou medicado, lavado e deitado em um quarto, adormeço, estranho
terminar um dia bom, assim.

688
Acordo e vejo minha mãe a minha frente, e Laura ao meu lado, e ela fala.
— Descansa filho.
Eu olho para fora, apaguei, nem sonhei, mas eu sinto a coceira nos pés, e
tento mexer os dedos e eles mexeram, eu sorri do pouco, as vezes tinha medo
do dia a dia.
— Descobriram o que foi?
— Foi apenas uma luxação, vai ter de andar com um protetor de pescoço
por uns dias.
— Pelo jeito não vou poder me apresentar estes dias. – Falei para provocar.
— É serio filho.
— Apenas tentando me equilibrar mãe, ontem quando cheguei ao hospital, estava tão confuso
que nem sei como vim parar aqui.
— Certo, brigando de novo?
— Nem entendi, estava abraçado com a pequena Barbara, pedindo um café, pois queria terminar
a edição de dois vídeos ainda, uma hora estava ali, outra estava sentindo o móvel ao lado, a dor na
cabeça e mal conseguia me mexer.
— O pessoal estava lá tentando fazer mais bagunça, quando a segurança colocou todos para fora,
até as meninas tiveram de voltar para a casa no Agua Verde. – Laura.
— Obrigado por me trazer ao hospital.
— Todos estavam rindo e você nem conseguia se mexer, não entendi também, mas parece
melhor que ontem, mas vai com calma.
Sorri, teve visitas no horário de visitas, e no fim do dia, um medico veio ver como eu estava e me
olha e pergunta.
— Temos aqui uma reclamação formal contra você rapaz, saberia o que aconteceu?
— Reclamação formal, eu só entrei quase tetraplégico ontem, o que fiz? – Sabia que as pessoas
para se defenderem inventam.
— Que ameaçou um medico no plantão da noite.
Olhei em volta, sem entender e olho para minha mãe.
— Consegue uma cadeira de rodas, e uma roupa.
— Não tem alta.
— Está me tratando a cama de um hospital, não, esta aqui para me alertar que tem uma
reclamação formal contra mim, isto quer dizer, todos a volta, vão fazer de conta que serei atendido, mas
não vão me atender, pois se leu o estado que cheguei ontem, ameacei como, nem levantar os braços
conseguia, nem ficar de pé eu conseguia, mas calma, hoje já consigo falar.
Pelo o telefone e ligo para o secretario de saúde e falo.
— Bom dia Secretário Rogerio Marques, poderia me informar uma coisa? É Bruno Baptista.
— Está bem menino, soube que teve problemas ontem?
— Sim, tem um medico na minha frente falando que tem uma reclamação formal contra mim no
hospital Cajuru, teria como se informar, o que estes médicos estão fazendo, pois garanto, tem gente na
recepção precisando de atendimento, e tem medico passeando nos corredores.
— Vou verificar, mas está bem.
— Já sinto o pé, ontem nem isto conseguia, mas verifica para mim.
— E como está o atendimento?
— Vou procurar outro lugar para me cuidar, pois sempre digo, eles atendem as pessoas pela
roupa que está usando, e como não tenho idade para por um terno e gravata, morrerei na sala de
espera, mas apenas verifica, estou saindo do hospital, vou para algum local melhor.
Vi o medico sair pela porta e vi dois seguranças entrarem e um falar.
— Não podem sair.
Não falei nada, apenas olhei Laura que me alcança uma roupa, minha mãe viu que eles podem ter
medicado, mas pareciam quere se livrar de mim, então ela olha o medico e o fotografa e depois os
seguranças e fala.
— Vão fazer o que agora rapazes, bater em um rapaz que nem consegue ficar em pé?
O olhar dos dois para o medico os fez sentirem-se seguros e apenas olho para minha mãe.
— Vai saindo mãe, nos espera na frente.
689
Ela ele deixam sair, e Laura me olha e fala.
— Pelo jeito as coisas ainda não conseguem ficar na paz com você. – Segurei a roupa, um segundo
ali, um segundo no mundo dos Hons, me visto, ajeito o cabelo, fecho os olhos e surjo na cadeira vestido
e o segurança me olha assustado e olho par ao Hons a parede e falo.
— Não precisa machucar estes.
O medico olha um ser o segurar pelo ombro e pegar o papel do cliente, com a outra mão, Luiz
veio ali, algo estava errado, Luiz olha para o médico e fala.
— Aqui não fala nada sobre reclamação formal, nem tem o nome do doente, quem é o senhor?
O medico olha assustado e vê os dois seguranças saindo de costas e eu saio na cadeira de rodas,
as vezes queria saber se estava bem, olhei para Luiz e perguntei.
— Lhe tiraram da praça?
— Os Hons sentiram que algo iria acontecer errado no Tarumã, mas quando chegaram lá, os
seguranças já estavam colocando o pessoal para fora, mas tem um grupo lá, esperando para fazer algo.
— Alguém conhecido?
— Falidos da cidade.
— E o que diz ai referente a minha ficha.
— Não sei quem é este rapaz, mas ele não parece medico, aqui não tem nada referente ao
cliente, ele queria algo, e perdeu a chance pelo jeito.
Olho os seguranças, e vi outros seguranças chegando e olho um deles e perguntou.
— Poderia me informar se estes rapazes são da segurança?
Um senhor veio de dentro e falou.
— Não está bem rapaz, para sair.
— Mas para ser colocado a força na cama por dois seguranças estou?
O senhor olha os dois seguranças e para o chefe da segurança que fala.
— Não são parte do hospital senhor.
— E o que o fez desconfiar? – O senhor me olhando.
— Regras são regras senhor, algumas coisas se evita nos hospitais, e uma delas, são loções e
perfumes que cheirem demais.
— Mas tem de se cuidar menino.
— Poderia me ver meus exames, vou a um hospital particular, não quero custar ao estado o que
posso pagar, apenas acabei hoje sedo aqui, pois eu nem sabia onde estava.
— Mas alguém teria de se responsabilizar.
— Senhor, eu aqui, é complicar o hospital, pois não vai dizer que acha normal, dois seguranças
falsos e um medico falso, no meu quarto.
— Mas o Doutor Richard é do Hospital.
— Mas a prancheta dele, não tinha meu nome e nem nada referente a mim, o que ele fazia ali,
não quero complicar as coisas mais do que posso compreender.
O diretor do setor olha o doutor, que sabia que não teria como mentir e fala.
— O doutor Hermes abriu uma representação contra o menino, e como parte do sindicato, vim
verificar quem acha que pode destratar um medico.
O diretor me olha e fala.
— Eles odeiam quando o secretario da saúde liga, e pelo jeito vai ligar de novo.
— Sei que posso ter entrado em um péssimo dia, mas apenas quero sair e parar de atrapalhar
estes senhores tão ocupados, que conseguem se mobilizar enquanto eu achava que nem acordaria, mas
apenas passa para a Laura ao fundo os exames, e saímos senhor, não quero complicar gente que nem
sabe com quem mexe.
O doutor iria falar algo e Luiz devolve a prancheta e fala antes.
— Vai trabalhar doutor.
Ele me olha e fala.
— Vou dar uma olhada no Tarumã.
Laura pega um pendrive com os exames, e quando ela toca na cadeira de rodas, o local muda e
falo.
— Vamos sair daqui, antes que faça merda.
Eu não sei o que eles pensaram, vendo eu e os Hons sumindo da frente deles, caminhamos pelo
mundo dos Hons, e quando surgimos a frente do hospital olho minha mãe e falo.
690
— Vamos, não entendi ainda o que está acontecendo.
— Desconfia?
— Gente agindo como sempre o fizeram, eles colocaram alguém na festa ontem, alguém que
estava ali para fazer de conta que estava com ciúmes, e que provavelmente queria fazer mais estrago do
que fez, mas vamos ao Tarumã, quero ver as câmeras.
Quando chegamos ao local, vi o pessoal parado a frente do local, com certeza o eu entrar de
cadeira de rodas, fez isto sair do local como uma informação.
Subimos a sala de edição, ela estava toda ligada, mas como estava travada para estranhos,
ninguém havia entrado ali, eu olho os arquivos, coloco os dois que estavam ainda em conversão na
internet, e no meio de tudo isto, começo a olhar as câmeras, a ideia surgiu ainda no shopping, mas
como eu estava longe, pensando no produto, ainda os Gulin, pior que eles tinham milhares de caminhos
a crescerem, e começavam a perder realmente dinheiro, e pelo jeito queriam algo a mais.
Olho as câmeras de outros lugares, a aparente calma de alguns lugares, o agito da semana de
Teatro, muita gente para se controlar, e vejo as câmeras pegando o rapaz conversando com a pequena
Barbara, as vezes ouvir as conversas, não facilita as coisas, pois não sabemos o que é verdade e o que é
apenas para impressionar.
Olhei que quando o rapaz me agride, dois rapazes pegam em armas, mas como eu cai e não tinha
mais reação, eles acabam escondendo as armas, mas era para mim reagir e levar tiros, acho que eles
não entenderam ainda como as coisas acontecem.
Sinto a coroa a cabeça, vi minha mãe me olhar e perguntar.
— Que coroa é esta?
Eu a toco, e coloco sobre a mesa, coroa em energia, e ouço uma pergunta.
— Porque a tirar Bruno? – Laura.
— Tem coisas que eu acho pesado, pois o peso seria por uma vida inteira deles, mas – olho o
espectro de Pedro que sempre estava ali, mas mesmo ele não teve tempo de pensar nisto e pergunto
olhando a parede – teria espaço no seu reino para mais escravos encrenqueiros.
Vi minha mãe e Laura desviarem o olhar para Pedro que surgia ali.
— O que eles querem?
— Algo que talvez um dia alguém consiga, minha morte.
— Sabe os pesos?
— Eu não tenho problema com pesos. – Falei olhando Pedro serio, ele some e olho as câmeras e
vi os rapazes todos esperando algo, mas uma hora eles estavam lá, no momento seguinte, sumiram
todos, e Laura olha-me e fala.
— Ele lhe vigia todo tempo?
— Sim, mas eu não fiz nada, e ao mesmo tempo, sabem que será a mim que atribuirão.
— E onde os colocou filho?
— Nos campos de batata dos Hons a plantar comida.
— E pelo jeito quer sair da cadeira. – Minha mãe.
— Acho que o problema, é um inchaço, mas vou reduzir o ritmo, isto quer dizer, por muita gente
a correr.
Sentado ali, terminei de compilar os shows, e coloquei na internet, voltamos a Agua Verde, eu
entrando de cadeira de rodas, pareceu chamar muita gente a sala, e apenas tentei não me
comprometer mais do que já estava, mas que precisaria de uma recuperação, lenta que me garantisse
as mesmas condições.
Fui para o quarto, passei para algumas pessoas, para me explicarem qual o perigo, os exames,
deitei a minha cama, e após tomar o remédio, apaguei.

691
Por duas semanas, eu fui a faculdade de cadeira de rodas, eu já sentia-me
bem, mas não queria arriscar, isto me garantiu algumas coisas, e uma que mais
me marcou, é o quanto a cidade não está preparada para quem tem
necessidades especiais, parece estar, mas o parecer é bem diferente do estar
pronto.
Mas as coisas foram caminhando, e mesmo de cadeira, acompanhei cada
passo das coisas, e alguns olhares de pena, eu evitava absorver, acho que eles
não entendem, mas nestas horas sentimos algumas coisas que temos de cuidar
para não confundir, como Carinho com Pena, estranho como as pessoas quando você parece frágil, se
aproximam, achando conseguir algo, mas eu não mudei muito.
Mas na metade de Março, fui ao medico, ele viu todos os exames, mandou eu maneirar, os
exames estavam bons, mas não era para abusar.
Quando sai da cadeira de roda, obvio, percorri cada investimento, alguns meio parados,
aceleramos, alguns precisando de ajustes, mas o principal, terminei de fechar a publicidade com a
Volvo, e num leilão de ônibus antigos da cidade de Curitiba, adquiro 72 ônibus bi articulados, e 72
ônibus simples, o acordo com a volvo, fabricante da parte mecânica, era em manutenção e assessoria
para por aquelas coisas em funcionamento.
Uma coisa é estacionar 72 veículos em algum lugar, outra esconder 72 veículos, que começariam
a ganhar seus projetos.
Os grupos começavam a se organizar, e quando vi aquele banner a tomar a parede, eu sorri, uma
ideia simples, evolutiva, sempre é uma boa surpresa.

As vezes olhar o projeto das pessoas, concorrendo diariamente com o dia a dia, o confirmar com
Roseli de todas as obras, o seguir caminhando lentamente, mas evoluindo, e se os projetos, empresas, e
grupos começavam a evoluir, eu ficava mais tranquilo a ir a outros projetos.
Quando o prefeito pensando que queria falaz sobre a festa, eu queria começar fazer um projeto
maior, mais caro, mas que daria uma área totalmente diferente na cidade.
A ideia parecia simples de ter, mas sabia que iriam anos para implementar, e uma coisa era falar,
estamos com o Iguaçu poluído, outra, quero o transformar em uma are nobre da cidade, a cara do
prefeito foi de que estava maluco, e coloco o projeto a mesa, a área ao sul da cidade, haviam as áreas de
exploração de areia, que com o tempo, viraram apenas cavas, eu queria encerrar a exploração de areia
daquela região, colocar pelo menos 3 grandes sistemas de purificação de agua, nos rios que acabavam
no Iguaçu, e onde era apenas uma área isolada da cidade, criar avenidas, uma área de praia artificial de
agua doce, e atrair para a região, hotéis, pessoas, gerando uma região toda diferente da atual,
diferença, quando comprei as terras, eram terras tidas como sem valor, agora, queria transformar aquilo
que era uma área de desova de corpos, marginal a cidade, em uma área nobre.
Marcos o assessor que por algum motivo não gostava de mim, pelo menos era o que o
comportamento dele aparentava, vira para mim e fala.
— Está falando em usar uma das áreas mais degradadas e desvalorizadas da cidade, para gerar
um atrativo para pobres?
Olhei ele serio e falei.

692
— Quando se criou os parques na cidade, foram para preservar as coisas, estamos falando em
criar uma praia artificial, com prédios e atrações, mas que serve também como medida de controle, pois
ali vai se saber antes de qualquer lugar, se alguém furou o projeto de controle de dejetos e poluições,
mas é algo a incrementar na cidade, algo que ela não tem hoje, um parque aberto para diversão real,
passear apenas, não é diversão real.
— E como faria isto? – O prefeito.
— Enquanto remodelamos e construímos, colocamos ali, pelo menos dois parques temáticos, um
aquático e um parque de diversões radicais, alguns vão reclamar, mas um dia, teríamos de terminar de
definir até onde nossa cidade se estende, e um marco que pode vir a ser de uso local, e um símbolo da
cidade, é algo que gosto.
— Todos pensando na festa maluca que propôs e agora vem com mais esta ideia maluca. –
Marcos, o assessor.
Sorri e olhei o prefeito e falei.
— A ideia me veio pois existe uma ideia do Governador e de Pedro Rosa, de tornar a região uma
área de passagem de balsas de escoamento de produção, e acredito que dê para limitar com um projeto
de uso e preservação, o caminho que eles vão fazer, não nos espremendo e deteriorando a região, é
uma soma em uma ideia, para não deixar eles usarem isto apenas como eles querem prefeito.
— Acredita que teríamos algo ali.
— Se os demais se enrolarem, eu faço a minha parte, apenas precisamos de alteração do plano
diretor da cidade para o implementar, não é algo a deteriorar a região e sim, de criar mais um bairro
nobre na cidade, hoje poucos acreditam, mas quando estiver ali, pode ter certeza prefeito, estará na
historia real da cidade.
— Primeiro cria um evento que quer valorizar a cidade, agora quer criar um bairro onde já tem
um bairro? – O prefeito.
— Criar áreas valorizadas em bairros como Cachimba, Campo do Santana, Umbará e Ganchinho.
— E porque acha que conseguiria criar algo ali. – Marcos.
— Pensa num fato, eu consigo erguer em cada um destes bairros, encostado nos municípios
vizinhos, o equivalente ao bairro do Bigorrilho, então seria como criar 4 bairros como o “Champanha”,
na região, pode ser que não dê tudo que estou pensando, mas se der um quarto do que pensei, seria
como ter o equivalente ao IPTU do Bigorrilho, a mais nas contas da prefeitura. E com um detalhe
Prefeito, Matinhos, no litoral, não tem 10 quilômetros de praia.
Um segundo assessor sorriu e falou.
— E qual a ideia simplificada.
— “Curitiba ter praia!” – Falei olhando o senhor.
— Algo a mudar até esta coisa conservadora da cidade.
— Sempre falava isto, os amigos sempre falavam que odiavam Carnaval, mas as imagens deles do
Carnaval, é eles andando atrás dos trios sejam no litoral local ou em Santa Catarina, tem de diferenciar o
que o Curitibano fala, e o que ele quer.
— E acha que o curitibano iria a uma praia local?
— A ideia, é criar algo bom, tão bom, que os com dinheiro falem do local, sempre digo, uma
imagem tem duas formas de filmar, do rio para a beira, da beira para o rio, as duas imagens tem de
estar boas, mas para isto que precisamos começar pela garantia do rio ainda estar vivo.
— E acha que os institutos ambientais seriam favoráveis.
— Eu não sei discutir com alguém que vive em um prédio de classe média alta, em cidades,
preservação, sempre digo, eles não querem preservação, eles querem ter a razão, independente se eles
param a vida de uma cidade, de um estado ou de milhares de famílias, ele está no conforto, para ele,
isto não muda nada.
— E se aprovasse, iria correr atrás de investidores.
— Sim, com certeza teria um parque temático e dois hotéis na região, mas a ideia, é atrair mais
pessoas a ideia.
— Ideia maluca mas tenho de concordar que tens coragem, as pessoas pensam em mudar um
ponto, você a quer mudar toda. – Marcos.
— Eu sou uma criança, teimosa, que ainda apanha porque alguém quer dar encima da minha
namorada, e nem está ai se vai matar a criança aqui, mas sou teimoso, e quando coloco a ideia na
cabeça, eu tento a realizar.
693
— E como está a estrutura da festa que pediu para fazer em Novembro.
— Estamos modificando pequenos locais na cidade inteira, muita gente se perguntando o que vão
fazer aqui e ali, por um mês, uma soma de mais de 8 quilômetros de avenidas no centro, terão buracos,
pois vamos dispor das fiações e sistemas, todos abaixo das calçadas, depois vamos esticar para todos os
lados da cidade, avenidas que nos permitam chegar até o centro.
— E qual o local mais difícil.
— Quase todos tem suas dificuldades, mas na união do Sitio Cercado com o Alto Boqueirão,
vamos criar um parque particular, de preservação, para nos instalar lá e dispor de lá até o centro, é um
bom caminho para se estudar as dificuldades.
— Dizem que você não está fazendo nada. – Marcos.
— Estava me recuperando, mas os 72 grupos, estão formados e cada qual, começa a levantar
sobre chassis de ônibus, que compramos da prefeitura, os 72 projetos.
— Mas ninguém está vendo nada. – Marcos.
— Senhor, o show é uma surpresa, um concurso, então o sigilo é essencial aos grupos.
O grupo saiu, o prefeito saiu olhando o novo projeto, eu não queria eles atrapalhando um projeto,
então vou colocar eles olhando para o outro lugar.

694
Quando o Agosto me apresenta o meu primeiro menino, eu sabia que
minha vida tinha mudado, no intervalo de 3 dias, três crianças, um menino e
duas meninas, o me medo ao pegar meu primeiro filho nos braços, tudo na
minha cabeça, estaria depois daquele dia, dividido, entre os filhos e as
empresas e ideias, estranho olhar para a faculdade, e começar a ter destaque,
estranho que o que eram apenas sexo no começo, começa a ficar serio em
varias relações, o que era 3 gravidas em outubro, agora eram 18 ainda a nascer,
eu acho que estava seguindo um caminho ditado, mas as vezes, parecia apenas
os hormônios mandando em tudo.
Nem todos entendiam, mas agora teria um herdeiro em 3 das famílias, com o tempo, queria
chegar a ter pelo menos dois herdeiros por família, mas poderiam ser mais, sei que olhando a minha
imagem filmada por amigos e outras moças, parecia assustado no dia do primeiro nascimento, mas
sabia que com calma agora viriam mais pessoas especiais a vida.
Estanho como a cabeça ocupada, sempre pensava em como fazer para minha família, crescer mas
se manter, os programas da Globo, começam a ser referencia de programas inteligentes, de
apresentação de ideias, mas as vezes, achava a ideia, sempre repetitiva, mas os demais estavam
gostando.
Na faculdade, tem gente querendo que faça parte do CAL, mas acho que não tenho tempo ainda,
no segundo semestre, me matriculei em 7 optativas, somando o peso, mais de 360 horas, somadas as
240 horas obrigatórias, me fazem tentar tocar as coisas através de administradores, ser o rapaz da ideia,
não alguém que fica a correr.
As vezes, quando parece tudo calmo, Elizabeth ameaça uma guerra, mas o que ela quer, atenção
no mundo dos humanos, este trio pode um dia dar merda, mas por enquanto, esta apenas seguindo um
rumo estranho.

695
O ano correu, o curso correu, e quando chegamos a novembro,
começamos pelo primeiro desfile, dos dragões, depois os carros de som, ainda
sem toda a produção, apresentam as musicas, que seriam usadas quase um mês
após, gravamos isto e colocamos na pagina dos 72 grupos, agora com os nomes
das Sinhazinhas, das Porta Estandarte, dos Caciques, e as descrições de suas
tribos, mas o principal, pela primeira vez, testamos os percursos, alguns eventos
no meio do mês e por fim, começa o evento que eu achava que não seria tão
especial, era o primeiro, mas quando a Globo se propõem transmitir parte do
evento entre as duas da manha e o primeiro jornal do dia de segunda, já estabelecia algo grande,
quando os parceiros anunciam que os hotéis estavam cheios, e que a cidade estava em um clima de
espera, colocava todos os grupos, em acelerado trabalho, e quando os anúncios das empresas locais, de
vendas especiais, no Black Friday na cidade, estabelece o começo de tudo.
Mas quando no inicio de Domingo os veículos ainda apagados, começam a se direcionar para o
centro, estacionando nas mediações da Praça Rui Barbosa, nas Av. Westphalen, as pessoas começam a
olhar os veículos ainda vazios, e quando começa, eu realmente vi que aquilo era especial, eu tentava
dizer que era apenas mais um show, mas novamente, colocando uma ideia em destaque, todos os
parceiros felizes com o destaque, e quando aquilo vira assunto dentro e fora do país, me fez olhar
atento onde tínhamos de melhorar, mas era incrível o quanto ficou bonito, logico que o terminar na
manha de segunda, atrapalhava um pouco o andamento da cidade, mas os veículos agora podiam voltar
lentamente aos seus barracões.
A recepção e as impressões foram boas, as vezes fico temeroso com todas as minhas ideias, mas
neste instante, enquanto alguns falam na grandiosidade da ideia, vejo o prefeito mandar a câmera dos
vereadores a proposta da área que chamamos de Praia Curitibana, talvez estivessem todos esperando o
fracasso para falar, não vamos apoiar, mas a dedicação dos demais, fez o evento ser grandioso.

696
Sei que a historia poderia se arrastar, mas hoje, 6 anos após, posso dizer
que o maior peso, é o que me dá mais felicidade, uma criança a mais acaba de
nascer, e posso olhar para o passado e falar, sim, até agora, 132 filhos, as vezes
tenho dificuldade com nomes, tenho um verdadeiro dicionário de nomes, e
podem me condenar, mas não sei o nome de todos, as vezes troco nomes, e por
mais que isto me gere peso, me faz trabalhar a cada dia mais, sim, a sociedade a
volta não sabe disto, sim, coordeno pelo menos 50 fabricas, tenho ainda
escolas, cursos, teatros, espaços de show, sim, tenho também plantação de
soja, mas isto é apenas um detalhe, se sou dono da cidade, não, acho as vezes que as pessoas não tem
noção de riqueza, hoje sei que para ter um bilhão de dólares, é difícil, posso dizer que tenho 3,5 bilhões
de reais, e não chego perto do bilhão, e sei que tenho muito mais do que preciso para viver.
As vezes olho as meninas e fico pensando na maluquice, e toda vez que ouço, que as Bárbaras
estão cantando em algum local do mundo, sei que lá estão 50 pessoas importantes em minha vida, se as
pessoas me queriam parar no passado, acho que nem sabem onde estou hoje, as vezes dando aula, as
vezes, trocando fraudas, as vezes, como agora, vendo um filho a mais vir ao mundo, hoje já não
estranho tanto, o primeiro, lembro da cara de espanto minha.
Alguns falam que o mundo tem de reduzir a população, mas para isto, temos de ir a um sistema
que não é nem socialismo e nem capitalismo, pois lucros abusivos, não são possíveis com redução de
pessoal, mão de obra barata, também não, o preço dos comodatos de comida, devem estacionar e
começar a cair, pois vai ter sobra, mas isto ainda iria um século para sobrar.
Sim, estou pensando no futuro, e se pensar, ainda tenho as vezes de olhar aquele espectro, que
não aparece mais tanto, ele assusta apenas pelo estado físico que se encontra, ainda tenho o vicio de
criar pequenos shows, tem um grupo de pessoas, que ainda quer dizer que sou apenas a criança. Sim, a
criança cansada e com olheiras, as vezes dar conta de toda esta confusão, acaba com minha energia,
mas viver virou uma guerra, dia a dia, e mesmo alguns olhando atravessado, vou vivendo, cada guerra a
sua vez.
Fim.

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