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J. J.

Gremmelmaier

Apocalipse
Conto Sobre o Fim do
Meu Mundo

Primeira Edição

Curitiba / Paraná
Edição do Autor
2017

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Autor; J. J. Gremmelmaier
Edição do Autor
Nome da Obra: Apocalipse – Conto sobre o Fim do Meu Mundo
ISBN
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte
Gremmelmaier, João Jose
Apocalipse – Conto sobre o Fim do Meu Mundo,
Romance de Ficção, 122 pg./ J. J. Gremmelmaier / Conto /
Curitiba, Pr. / Edição do Autor / 2017
1. Literatura Brasileira – Romance – I – Título
2. Literatura Brasileira – Contos – I – Título
3. Literatura Fantástica – Romance – I - Título
85 – 0000 CDD – 978.000

As opiniões contidas no livro são dos personagens, não


obrigatoriamente assemelham-se as do autor, esta é uma obra
de ficção, sendo os nomes e fatos fictícios.
É vedada a reprodução total ou parcial desta obra.
Sobre o Autor:
João Jose Gremmelmaier nasceu em Curitiba,
estado do Paraná, no Brasil, formação em Economia,
empresário por mais de 15 anos, já teve confecção,
estamparia, empresa de informática, já foi bancário, uma
faculdade terminada e duas abandonadas, escreve em suas horas
de folga, alguns jogam, viajam, ele faz tudo isto a frente de seu
computador, viajando em historias, e nos levando a viajar juntos. Foi-se os dias das anotações
em folhas, perdera muitas durante a vida.
Autor de Obras como a série Fanes, Guerra e Paz, Mundo de Peter, os livros Magog,
João Ninguém, Heloise e Anacrônicos, cria em historias aparentemente normais, mundos
imaginários, interliga historias aparentemente sem ligação nenhuma a primeira vista, gerando
curiosidade sobre outros textos escritos, e um universo de textos que alguns chamam de
Universo do Autor.
Boa Leitura a todos.

©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

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J. J. Gremmelmaier

Apocalipse
Conto Sobre o Fim do
Meu Mundo

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Surge Lucas, um morador do Sitio Cercado, que em
uma noite de Sexta, se depara com Auroras Boreais
sobre sua casa em Curitiba, ele sabia que algo errado
estava acontecendo, os rádios ficam mudos, o mundo
a volta parece desandar lentamente.
J.J. está tirando um conto da Gaveta, alguns diriam,
“apenas um a mais”, mas novamente ele leva seu
personagem entre o plausível e o impossível, entre o
real e o imaginário, entre o social e o animal.

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Lucas é um rapaz simples, mora em
uma casa de periferia de uma das capitais
Brasileiras, mais exatamente Curitiba, ele
vai a seu emprego, olha para os demais
olhando-o atravessado, ele sabia ser o
mais pobre daquele lugar, as pessoas não
falavam com ele, se reportava ao seu
superior, que o contratara, colocava as caixas o mais próximo e
organizado da área de vendas, ainda lembra a primeira vez, que
pisou na loja, a bronca, o não pise aqui mais, algumas palavras que
ele na época nem sabia o significado, embora existissem
vendedoras bonitas no local, ele não conseguia as olhar, pois
pareciam do mundo que nunca faria parte.
Lucas olha o fim das entregas do dia, apura o passo, termina
seus afazeres, bate o ponto, Sexta Feira e vai ao ponto de ônibus,
mais de uma hora para chegar em casa depois de entrar no ônibus,
chega em casa após passar na venda, ele compra uns biscoitos para
Peter, seu irmão mais novo, e algumas coisas para a geladeira que
estava vazia.
Mari era sua mãe, ela trabalhara como diarista uma vida
inteira, três companheiros, do qual o pai de Lucas fora o primeiro,
ele nunca nem vira o senhor, era alguém que sabia o nome por
precisar preencher o nome dele nos documentos de contratação e
contratos.
Ele ajuda ela a por as coisas para na geladeira.
— Como está filho, parece cada dia mais distante.
— Bem mãe. – Lucas não dividia seus pensamentos com a
mãe, ele as vezes tinha medo de deixar isto crescer em seu interior,
medo de deixar-se afetar pelas palavras dos demais.
— Sabe que pode falar filho.
Lucas apenas sorri sem graça, termina de ajudar a mãe e vai
ao seu quarto.

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Celular a mão, olha para o sinal cair, estranha, olha para fora
e estranha aquelas luzes ao céu, olha para Peter e fala.
— Fica para dentro mano.
— Mas as luzes são bonitas.
Lucas olha para o transformador a esquina, chega a mãe e a
afasta da geladeira, ela se assusta mas ouve a explosão do disjuntos
da rua e a luz cair, os dois sentem Peter os abraçar e a energia
correr pelas paredes, ficaram ali ao centro da peça ouvindo gente
reclamando, a toda volta, com calma Lucas vai ao disjuntor na
entrada do terreno e desliga ele.
— O que está acontecendo filho?
— Não sei mãe, tentando lembrar, mas lembro de um dia
alguém, nem sei quem, dizer que auroras boreais, são muita energia
no ar, eletromagnetismo, não deveria acontecer fora dos polos, mas
se for o que pensei, muitos disjuntores queimaram mãe.
— O que fazemos?
— Pega aquelas velas, vamos tentar acalmar, mas desliguei o
relógio de energia, não queremos curto e morrermos dormindo.
— Mas as coisas vão estragar na geladeira.
Lucas não sabia o que falar, ele olha para Peter e fala.
— Mantem a calma, não sei quando eles vão concertar o
transformador.
Lucas acende a vela em um pires e coloca ao centro da peça.
Os vizinhos começam a surgir a rua, Lucas olha para a mãe e
fala.
— Se quiser olhar pode mãe, mas evita ficar embaixo de
postes de energia.
— Acha que aconteceu algo?
— Nunca estudei isto mãe.
Lucas tenta achar um radinho de pilha que tinha ganho a uns
5 anos, era um brinquedo de criança, mas precisava de algo com
pilhas para tentar ouvir algo de informação.
Ele tenta todas as sintonias e fala alto deixando sobre a mesa
o radinho.
— As pilhas devem estar fracas.

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Lucas olha para as pessoas a rua, viu quando a energia correu
pelo poste bem ao fundo, as pessoas se afastavam, os fios caiam
jogando faíscas pelo chão.
Lucas tenta lembrar o que poderia fazer e olha para aquele
senhor descendo a rua, olhando as coisas, como se fosse
caminhando no sentido de sua casa, lembrou que ele que lhe falara
sobre Aurora boreal e para a sua frente.
— Tudo bem Lucas? – João.
— O que está acontecendo seu João.
— Não sei, as rádios saíram do ar, estavam lá a 15 minutos,
não estão mais, mas se os transformadores estão queimando como
os das ruas que vi, vão demorar para ter energia.
— Mas o que está acontecendo?
— Não sei Lucas, ainda tenho de chegar em casa, ver como as
coisas estão.
Lucas entendeu que o senhor estava vindo do trabalho,
entendeu que ele ainda ia para casa, nem conhecia bem o senhor,
apenas um desconhecido que não sabia se tinha família, embora
soubesse onde morava, soubesse o que fazia, soubesse chegar a
casa dele, soubesse que tinha um radio transmissor dos antigos,
olha o senhor e pensa que talvez o conhecesse mais que os demais
a volta, mas alguma coisa estava fora do lugar.
Entra em meio ao escuro cada vez maior.
Ele olha sua pequena prateleira ao quarto, quantos livros que
leu e não lhe levaram a nada, lembra que por anos achou que
poderiam lhe dar uma condição melhor, mas por outro lado, odiava
as aulas, adorava as aventuras, talvez os mesmos fossem para
momentos como aquele, mas não tinha certeza.
Pega um e olha a capa, mal via o livro, sabia que para ler teria
de ter luz, ter calma, seu pensamento tentava adivinhar, lembra de
sua professora de matemática que dizia que não aceitava
adivinhações, teria de ter os cálculos na folha.
Olha o senhor pela janela lateral, ele mantinha o passo firme,
olha para sua mãe e chega a entrada.
Lucas vê João se afastar e olha para a mãe chegar com Peter
ao colo.
— O que acha que aconteceu?
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— Não sei mãe, mas o senhor João falou que os rádios saíram
do ar, sinal que não é só no bairro.
— Aquele maluco, só você conversa com ele.
— É dos poucos que não me tratam mal mãe.
— Desculpa filho, mas todos falam que ele é maluco.
— Nem o conheço direito, dizem que morra no bairro ao
lado, que caminha até lá. – Mente Lucas, não queria discutir com
sua mãe, talvez tentar adivinhar não fosse o caminho, talvez
descansar e se preparar fosse o mais importante.
— Acha que amanha as coisas estarão normais?
— Não sei mãe, vou ter de tentar não perder a hora, tinha
colocado o celular para carregar, mas sem luz, não sei se terei
energia para o despertador.
— Então vamos tentar dormir filho. – Mari.
Os demais ficaram a rua enquanto a família se recolheu.

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Lucas pela manha olha a mãe e
fala.
— Mãe, sei que parece maluquice,
mas se o céu ficar verde, pega o Peter e se
protege no banheiro, as paredes são de
alvenaria.
— Mas o que estaria acontecendo.
— Queria poder ficar mãe, mas não
posso perder o emprego.
— Não respondeu.
— Não sei mãe, mas assim que o radio voltar e a TV, devem
explicar, mas se não voltar e o céu ficar verde, se protege.
Lucas abraça a mãe, pega a carteira e sai a rua, olhando os
transformadores ainda soltando fumaça.
Lucas vai ao ponto de ônibus em uma rua silenciosa, olha
para o ponto, muitos ali, uma senhora olha para o rapaz e fala.
— Pelo jeito não tem ônibus.
— Há muito tempo ai Maria? – Lucas falando com a senhora,
que sempre pegava ônibus mais sedo que ele.
— Mais de uma hora, mas ninguém consegue informação
como as coisas estão, os telefones não estão funcionando.
Lucas olha o senhor bem a frente, que ia caminhando pela
rua, pensa se existiria ônibus, pensou que mais a frente ele
conseguiria algo.
Aperta o passo e chega ao lado do senhor João.
— Tudo bem senhor.
— Perdido por aqui Lucas?
— Acho que mais a frente consigo uma carona, não posso
perder o emprego.
— Acho que ninguém vai funcionar hoje, nem sei se tenho
como abrir hoje.
— Acha que não consertaram no centro?
— Ainda sem energia e comunicação, de dia não dá para
saber se a aurora boreal ainda está por aqui, mas Lucas, estamos
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sobre os Trópicos, aurora boreal é coisa para polos, não sei, pensei a
noite, tentei achar um radio de ondas curtas e nada, minha filha
passou lá em casa para ver se estávamos bem, mas não sei.
— Não entendi porque não tem Ônibus.
— Nem eu.
Os dois caminham atravessando as 12 quadras que faltavam
para o comercio do senhor João, numa rua mais central, Lucas se
despede e vai ao terminal, viu que estavam sem luz, o rapaz falou
que estava saindo os ônibus todos atrasados, tiveram um problema
em uma das garagem e uma leva de ônibus havia pego fogo.
Lucas corre para pegar o para o centro, ainda tinha tempo de
chegar na hora, se espreme no sentido do centro.
Chega ao centro, as pessoas olhando tudo parado, chega a
loja e vê o segurança olhar ele, talvez achando que não viria, ou por
ter muito pouca coisa funcionando.
O mesmo não falava com Lucas, então ele apenas entrou,
pensando em achar os caminhões para descarga, que sempre
estavam ali, independente de chuva, sol, natal, feriado, eles sempre
estavam no pátio para descarga, mas o chegar a região de descarga
da loja, olha em volta, algo estava errado, nada.
Olha para o seu imediato, ele estava a porta, Lucas olha a
hora e vê que estava um pouco adiantado.
— O primeiro a chegar, sabe de algo que não sei Lucas? –
Carlos, o imediato, que sempre lhe dava as cargas a descarregar e
sempre lhe puxava a orelha quando algo não estava certo.
— Não sei senhor, estava em transito, tentando chegar no
horário em uma cidade que parece parada.
— Estamos sem luz, os caminhões devem estar na estrada
ainda, pois não chegaram, tínhamos 6 para descarga hoje.
— Sem luz vamos por em qual divisão senhor? – Lucas.
— Os sistemas de alarme tem bateria, mas estão nelas a
quase 12 horas, o problema é ficar sem bateria e disparar mesmo
sem nada estar acontecendo.
Lucas olha para o ponto eletrônico e soube que não o bateria,
ele estava desligado, sem energia, olha para os outros locais e vê
que nem o carro da gerente, a moça que lhe deu uma bronca na

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primeira semana ali, faz mais de ano, mandando ele nunca mais
pisar na loja, estava no estacionamento.
— Pelo jeito não vamos abrir hoje? – Lucas.
— Porque acha isto?
— Vendas todas por cartão, mesmo a maquina sem fio
precisa de sinal de telefone, e parece que os telefones não
funcionam hoje, não sei o que aconteceu.
Lucas olha ao fundo e ouve aquele barulho estranho, nunca
ouvira aquele barulho, parecia uma roda metálica, sai pelo portão,
Carlos veio junto e os dois viram tanques do exercito a rua, agora
Lucas tinha certeza, algo estava acontecendo.
As pessoas saiam as janelas, Lucas olha o prédio alto do outro
lado da rua, olha as pessoas nos andares altos, elas para descer
teriam de usar as escadas, não gostaria de estar em um prédio
assim sem energia.
Os carros da companhia de energia estavam a rua, mas
pareciam verificar e trocar lentamente um ou outro, Lucas volta
para dentro e pergunta.
— Tem algum radio que funcione?
— O do carro dá estática.
— Temos de descobrir se ficamos esperando Carlos, pois pelo
jeito o exercito sabe de algo, eles não viriam as ruas sem motivos.
O senhor olha Lucas, mas não entendia porque as coisas não
estavam funcionando.
Uma moça entra pela parte do fundo, era uma das
vendedoras, Lucas nem a conhecia, elas nunca entravam pela parte
dos fundos, mas olha para a parte interna do Shopping e vê tudo
apagado, lembra que as portas de abertura eram todas
automáticas, elétricas.
Lucas foi a parte interna arrumar seus equipamentos, seria na
força e com as empilhadeiras se algo viesse a chegar, ele tinha
quase certeza que iria chegar algo.
Carlos olha para Neide e fala.
— A senhora Catarina entrou em contato?
— Não sei Carlos, os telefones estão mudos.
— Ela já deveria estar aqui.
— Sábado as vezes ela chega após, mas quem chegou?
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— Você. – Carlos.
A moça entrou na parte da loja, olha para a mesma toda no
escuro, talvez ela nunca tivesse entrado naquele lugar no escuro,
então voltou a porta.
Carlos olha o segurança a entrada autorizar um dos
caminhões entrarem e Lucas liga a empilhadeira, ela funcionava a
gás, então seu serviço ele faria.
Lucas olha o motorista encostar a carreta, a destacar e deixar
ali, verificou se os encaixes estavam bem presos, abre a proteção
lateral, e começa da parte do fundo, de acordo com o prospecto
normal, sabia que não teria os locais exatos, isto o sistema imprimia
toda manha, então não sabia onde por, sabia que estava ali para
trabalhar, não poderia deixar o caminhão tomando espaço, mas
mesmo Carlos sabia que a bronca viria, era inevitável, eles não
tinham sistema para lhes dizer onde os proprietários queriam as
coisas, então eles apenas colocaram no barracão de recebimento.
Lucas olha para a energia voltar, acender, ele pensou que as
coisas estavam voltando ao normal, mas foi o suficiente para
saberem as posições a por das cargas, parte nem chegou, e a
informação que não abririam naquele dia.
A moça das vendas, a única a ir, sai como se decepcionada,
pois teria de voltar ao transporte.
Carlos olha para Lucas, todos os demais não apareceram, mas
pelo menos 5 dos caminhões também não, problemas para
segunda, mas como no sábado eles recebiam cargas até o meio dia,
quem não chegou, agora seria na Segunda.
Lucas estava na proteção, quando olha para a luz desligar,
olha para fora e viu a cor do céu mudar do azul para o verde e grita
para Carlos.
— Não sai agora.
O rapaz pareceu se assustar, mas ficou a olhar para fora, viu
um senhor na loja bem ao fundo, que parecia ainda querer abrir,
falando com seus funcionários, viu aquela leva de calor vir, ele
recuou, Lucas sai da empilhadeira e olha para Carlos, se afastando
para a parte do fundo do barracão.
— O que acha que está acontecendo?
— Não sei Carlos, mas parte do nosso problema está no sol.
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Os dois olham o conjunto de empilhadeiras, olham uma bem
ao fundo começar a sofrer com um pouco da luz que batia no
tanque de gás comprimido, Lucas olha para Carlos, por instinto pega
o martelo de pressão, que usava para fixar as caixas internas,
aproxima-se rápido e bate na válvula, sente o cheiro de gás, mas a
pressão diminuiu, ele olha os demais e pensa no grande problema
se todos explodissem.
Lucas olha para fora, olha as pessoas gritando, aquilo o
distraiu, Carlos olhava assustado para lá, mas viu elas pegando fogo
ao sol, ele bate na cinta que segurava o gás e ele rola para o pátio,
Carlos entendeu que algo estava muito forte, o mesmo começa a
pegar fogo, mas como estava perdendo pressão, funciona como um
míssil, que fica preso na parede oposta a eles, pegando fogo.
Lucas foi ao grupo de Empilhadeiras e as colocou mais ao
fundo, onde as duas lajes do shopping faziam sombra para o sol, um
lugar que sempre fora úmido, ainda estava, mas sentia-se o cheiro
do calor, Lucas ficou pensando em sua mãe e irmão.
Ele começa a achar que não deveria ter ido.
Carlos olha para a rua, algumas arvores queimavam, parecia
que tinham locais bem mais quentes que outros, mas aquele calor
dizia a ele e Lucas que não era hora de sair ainda.
— Como saímos?
— Não sei Carlos, mas acho que andei ouvindo demais um
maluco, ele que falava que se um dia o céu nesta parte do planeta
tivesse aurora boreal e o céu de uma hora para outra, fosse do azul
para o verde, para não ficar ao sol.
— E vai para onde?
— Não sei, a cidade a volta vai começar a queimar Carlos, se
estamos em pânico, imagina os moradores a toda volta, que estão
em andares altos e não sabem se descem ou esperam lá o problema
se resolver.
— E sem comunicação como alertar os demais?
— Não sei, mas parece que algo mais está acontecendo.
— Esta entrando em pânico Lucas.
Lucas olha em volta, algo estava errado, ele olha para o
sistema de telefones, era energia de baixa voltagem, mas nem sinal
tinha, lembra que passavam nos mesmos postes que os fios
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queimaram, ele olha para o transformador ao fundo que haviam
trocado queimar, olha o sistema de proteção automática desligar
todos os sistemas elétricos locais.
Olha para onde estava o grupo reunido a pouco, olha os
demais olhando ao longe, como saber se era seguro?
Lucas olha para Carlos e fala.
— Melhor fechar tudo Carlos, mas vamos ter sorte se estiver
tudo aqui na segunda.
— Pode ser algo rápido.
— Sim, mas os caminhões e tanques do exercito pararam de
passar, o som parou.
Carlos olha ao longe e fala.
— Acha que eles se esconderam?
— Não sei, mas fecha a loja, você responde por ela, ficamos
na parte que dá para dentro do Shopping, acho que eles não vão
abrir, mas não adianta ficar com isto aberto.
— Sabe que Catarina vai querer cobrar de alguém aquele
tubo de gás.
— Segunda vemos isto Carlos, acho que não consigo pensar
na segunda agora. – Lucas olhando os demais chegar aos corpos
queimados e um senhor fazer sinal que estavam mortos, Carlos olha
aquilo e fala.
— Se for isto o que temos de fazer?
— Carlos, quantos transformadores você acha que queimou
na cidade?
— Todos.
— Qual a chance da operadora ter para substituir no país
inteiro isto?
— Nenhuma.
— E quem vai produzir as pressas isto?
— Não sei.
— Não vão.
Carlos ia falar algo e ouve o carro dele ao estacionamento,
estourar, se ouviu outros estourando e a coluna de fogo subir,
gerando o afastar para dentro, mas Carlos fica de olho em Lucas, ele
parecia pensar, ele não sabia o que fazer, mas agora não tinha nem
carro para sair dali.
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— O que aconteceu? – Carlos perguntando automático, mas
Lucas não respondeu nada.
Lucas olha para um prédio a duas quadras pelo pátio de
caminhões começar a esfumaçar, agora seria o problema, como
enfrentar algo que poderia queimar a cidade a volta, Lucas olha
para uma bicicleta na região do pátio, chega perto e vê que a
borracha dos pneus tinham derretido.

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Mari olha o filho ir no sentido do
ponto, viu que tinha muita gente lá, viu
ele apertar o passo e andar mais a frente,
ele tentaria chegar ao terminal, olha para
o pequeno Peter a cama, olha em volta,
pensa no que seu filho falou, ela não
parecia entender, mas foi na parte
externa e viu que não existia pressão de agua vindo da rua, então
não teriam agua, teriam de economizar, olha para a armação do
poço tampada a anos, por determinação da prefeitura, todos
tinham de ir a um sistema de agua saudável.
Ela pensava no problema e olha para a dona Rita a porta, ela
vinha conversar, mas não estava para conversa.
— Vizinha, vizinha.
Mari olha para o filho se mexer a cama, virar de lado e vai a
porta.
— Fala Rita.
— Está tudo bem?
— Sem luz, sem agua, sem transporte, não acho que esteja
bem. – Fala Mari irritada.
— Já passa amiga, seu filho foi trabalhar?
— Sim, problema?
— O Jeferson falou que ele saberia consertar o disjuntor que
está queimado.
— Ele desligou o nosso, ele disse que não queria que
queimasse, mas falo com ele quando chegar.
— Sabe se ele vai demorar, o meu filho está querendo jogar.
— Rita, olha em volta.
Ela olha e pergunta.
— Qual o problema?
— Todos estão sem luz, não adianta trocar o disjuntor, não
tem luz na rua, acorda.
— Meu filho vai espernear.
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Mari olha descrente para a moça e fala.
— Deixa eu cuidar das coisas, hoje vai ser tudo sem energia
elétrica.
A moça foi para casa olhando a rua, talvez não acreditasse
que não existia energia, talvez o ouvir da musica vindo da rua, vindo
do carro do Carioquinha, que estava em meio a isto lavando o carro,
dava a sensação um pouco melhor, mas deixava gente desligada
sem o entender que não tinha energia, e que a agua que teriam
eram as das caixas d’agua.
Começou a pendurar as roupas que estavam a maquina desde
o dia anterior, o som do vizinho tomava o ar, pelo menos naquele
momento dava uma sensação boa ter aquele barulho.
Ela olha para fora, o dia estava ainda no começo, sentia-se o
ar fresco, olha para o sul.
Estranha, ela olha para sobre as casas, entra e atravessa a
casa, abre a porta para o fundo e olha aquele céu ficando verde,
olha para o céu, algo estava vindo, era lento, mas foi ao quarto e
olha para a coberta, vai ao tanque ao fundo, onde a roupa estava
estendida, recolhe tudo úmido, olha em volta, olha para as aves
passar por cima, vindas assustadas do sul, como se estivessem
fugindo, ela olha uma cair ao terreno ao fundo, olha para algumas
outras caírem, sente o ar quente.
— O que faço, o que faço, porque Lucas foi trabalhar?
Ela olha para traz e olha para os olhos do filho a porta do
quarto, ele olha para ela e fala.
— Estou com fome mãe.
Ela olha para fora e pensa no que fazer, olha para o ar ficar
quente e fala.
— Vamos ter de sobreviver antes de comer filho.
— Só oque?
Ela entra no quarto, pega a coberta e põem no tanque, liga a
torneira, agua direta da rua, nada, entra e liga a agua da pia do
banheiro, encharca a coberta, Peter não estava entendendo, até
sentir o calor vindo pelas portas, ela pega o filho e entra no
banheiro, única peça de alvenaria da casa, põem a coberta na porta,
a fecha, Peter pergunta baixo.
— O que está acontecendo mãe.
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— Que Lucas esteja em um lugar seguro Peter, não sei o que
está acontecendo.
Ela senta-se ao vazo e pega o filho no colo e fala.
— Não sei filho, estou com medo.
— A senhora não tem medo de nada mãe.
— Então hoje estou quebrando a minha regra.
Os dois ouviram o som parar, ouvem o estouro de algo,
sentem o ar quente, que vinha pelas frestas, Mari tenta não olhar
para fora, não era hora de saber, e sim de ficar protegida.
Ela sente o calor forte, sente o cheiro forte e começa a ouvir
estouros, não sabia que os carros a rua estavam estourando, não
sabia que as pessoas a rua estavam cozinhando vivas, não sabia que
o pouco que o telhado protegia, estava deixando naquela peça uma
temperatura alta, mas saudável.
Mari pensou em ir a cozinha desligar o gás, abriu a porta,
quando a mão dela avançou antes do corpo, sente um raio de luz
solar em sua mão, a recolhe, olha ela queimada, olha para parte do
telhado caindo e abrindo um trecho da sala para o sol, a telha
escorria como se estivesse seco, olha com dificuldade para o fundo
do quintal, as plantas secas, fecha a porta e liga a agua da pia, deixa
ela escorrer, sentiu o medo, põem a mão na agua para aliviar a
queimadura, Peter olha para ela e fala.
— To com medo mãe, onde tá o Lucas.
Os pensamentos dela foram ao filho, mas não teria como
saber, se recolhem ao banheiro, as vezes ouviam estouros, não
sabiam o que estava acontecendo, mas mãe e filho ficam ao
banheiro encolhidos, pensando em se sobreviveriam.

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O senhor João chega a sua
lanchonete, olha em volta e olha para a
atendente chegando apressada.
— Atrasei um pouco João, o relógio
não despertou.
— Bruna, hoje não vamos abrir,
sem luz não adianta tentar atender.
— Mas acha que não volta?
— Se os rádios já tivessem voltado, saberia, mas estamos as
cegas, então volta para casa, mas evita ficar ao sol, daqui a pouco
ele vai ficar forte.
— Mas que mal tem em pegar um sol João.
— Hoje acho que teremos um dia extremo Bruna, não sei
ainda o que fazer, mas vou por um aviso que não abriremos e vou
para casa novamente.
A moça sorriu e João olha para ela se afastando, olha para o
céu, algo estava errado, lembra que um dia falou sobre isto com
Lucas, mas tentava lembrar do que falara, estava tentando lembrar
o que o problema solar poderia gerar.
Faz a placa, desliga o gás, o disjuntor e começa a voltar pela
rua, sabia que não queria ficar muito tempo ao ar livre, então
acelerou o passo para casa, quando entra pelo portão, os gatos
pareciam todos assustados, olha para a porta e lembra de quando
ainda era casado, lembra das coisas boas que viveu, mas agora era
sobrevivência, olha para o sistema de captação de energia solar, o
desliga, ele não aguentaria se acontecesse o que seus pensamentos
falavam, ele olha as baterias carregadas, olha para o carro, coloca
ele abaixo da laje ao fundo, na churrasqueira, desliga sua bateria,
desliga o gás, olha para o céu e desce para a adega, olha para os
gatos entrarem rápido, viu o calor vir junto, fechou e ligou a luz de
emergência e olha para os gatos tomando agua ao fundo.

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Tenta achar uma frequência, mas o sinal não dava nada, ele
estava passando o comunicador em farias frequências quando ouve
uma ativa.
“Alertando todo o sul e sudeste do país, teremos um evento
solar que ninguém parece ter previsto, cidades pelo mundo estão
pegando fogo, mas ela vai nos atingir mais forte no horário do meio
dia, se tiver onde se proteger, se esconda, ninguém sabe a força do
que vem do sol”
Ele olha que o rapaz repete a mensagem, era uma gravação,
não sabia nem se existia alguém naquela frequência, mas alguém
tentou avisar, mas com uma calma cirúrgica foi passando pelas
frequências até achar uma que falava.
“Alerta as bases do Exercito, proteger as cidades, carros
protegidos, cuidados com o sol, mas o problema é mais complexo,
estamos passando para todas as bases do exercito, aeronáutica e
marinha instruções de sobrevivência.”
João olha os gatos e sente o calor vindo de todos os lados,
não sabia como as coisas estavam do lado de fora, mas começa a
ouvir explosões, o carro do vizinho acabara de explodir, João não viu
o mesmo detonar o muro de ligação com a casa.
A tensão começa a aumentar e João começa a ver pedidos de
ajuda do exercito, eles estavam sofrendo algo, mas não sairia dali,
se ouvia gente gritando, mas as vezes explosões próximas traziam
ele a realidade.
Ele vai ao canto e liga o segundo radio, e começa a procurar
uma frequência a mais, ao fundo se ouvia os rádios do exercito
pedindo instruções, falando de fogo ao centro de uma cidade longe
dali, falando de prédios queimando, que o sol estava gerando
queimaduras violentas, que fora os tanques com isolamento
térmico, os caminhões estavam parados e com mortos.
João olha para os gatos e fala.
— Que a Dani se proteja, ela é teimosa.
Ele fica pensando na filha, não sabia onde ela estava, mas
pensou nela naquele prédio no centro, sem elevador, o que seria se
algo acontecesse.
Ele ouvia as noticias e ouve a confirmação da linha do
exercito.
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“Confirmado pulsos eletromagnéticos sobre todo centro sul
do país, não sabemos as causas, mas podem não ser naturais,
confirmado casos semelhantes em mais de 100 nações.”
João pensa em pegar um livro, mas a biblioteca poderia não
estar mais na parte alta quando saísse, pois não lembrava o que
gerava pulso eletromagnético.
Ele senta-se e os gatos chegam perto, estavam todos
assustados, e não tinha o que fazer além de esperar agora.

21
Lucas olha para as pessoas
assustadas, olha para o céu, estavam em
horário de verão, então estar ao meio dia,
era estar a uma hora do sol em
capacidade total sobre suas cabeças, ele
olha para Carlos e pergunta.
— Se não aparecer na segunda,
releve, posso ter ido para o mundo do pé junto.
— E acha que só você está com medo rapaz? – Um senhor ao
lado.
Lucas olha o senhor, o segurança que olhava ele sempre com
a desconfiança de ser um marginal, nascera em um bairro de
pobres, crescera como pobre, ele sabia que estava em seu sangue a
forma de se mexer, de se vestir, não responde, ele estava tentando
pensar, mas as vezes sentia-se deslocado, todos estavam ali por
medo, viam ao fundo o fogo, sentiam as descargas no sistema
elétrico, viam a fiação estalar, algumas queimarem.
Lucas olha bem a porta do shopping, olha uma moça
encolhida na laje frontal do shopping, nos poucos centímetros de
sombra e olha para Carlos.
— Não é aquela moça do atendimento?
Carlos olha para o lugar e fala.
— Parece sim a Neide, espero que ela aguente lá.
Lucas olha para Carlos olhar em volta e um senhor ao fundo
falar.
— Acho que vamos ter de enfrentar o problema.
Lucas olha os senhor e o segurança olhava para o senhor e
falava.
— Vamos fechar, vocês tem de sair.
Lucas sorri e olha para o rapaz pegar na arma, Carlos olha
para o segurança e fala.
— Não teria como esperar um pouco?
— Cumprimos ordem rapaz.
22
Carlos pensou em ordem de quem, com certeza não era de
ninguém importante, mas não iriam discutir, o grupo fica na
proteção da laje naquele ponto, Carlos olha para Lucas como se o
condenando por ter fechado, mas nada adiantava ficar dentro de
algo que era altamente inflamável com tecidos com o gás que Lucas
achava que começaria vazar das empilhadeiras, ele olha para o
grupo, pega um plástico e estende a frente no sol, e viu que o
mesmo se distorceu.
Lucas sabia o que aconteceria, eles tentariam sobreviver,
como condenar alguém por tentar, mas ele começa a caminhar no
sentido da laje da moça bem a frente, Carlos não entendeu, mas
algo o rapaz estava pensando.
Lucas olha para a moça e fala.
— Fica bem rente a porta.
— Ainda por ai? – Ela olhando para Carlos, não para Lucas
que falou.
— Meu carro explodiu, não sei como vamos sair daqui.
Lucas olha para os seguranças e fala.
— Se duvidar eles vão usar a historia para assaltar o caixa
automático Carlos.
— Mas... – Carlos olha onde o tanque da empilhadeira estava
enfiado a parede, agora sem fogo, olha para os rapazes ao fundo, e
fala - ...eles devem achar que ninguém vai falar nada.
— Acho que vamos ter de sair daqui Carlos, enfrentando o
calor.
— Porque? Acho que não entendeu rapaz, vim quase
pegando fogo voltando para cá, o sol está de torrar.
— Sei disto moça, mas lembra, dentro das lojas, a toda volta,
tem empilhadeiras como as que usamos, com gás, e somas imensas
de roupas e coisas inflamáveis, estava pensando em como sair de lá
a pouco, os seguranças nos fizeram andar, mas quando a primeira
loja começar a pegar fogo, esquece, vai explodir, não quero estar no
caminho dos vidros, tendo de encarar o sol daquele momento, sem
escolha.
Carlos olha para Lucas, alguém que nunca falava muito, mas
que era um funcionário discriminado pela origem, todos pareciam
ter nojo dele, mas parecia querer sobreviver.
23
— E onde se esconderíamos?
— Na parte que os normais não vão.
— Não entendi. – Carlos.
— Carlos, abaixo da rua a frente, ali a 100 metros, passa um
rio, a muito canalizado, as bocas de entrada foram colocadas ali, eu
acredito que vou para lá, quero sair do centro, a cidade assim que
escurecer pode enfrentar o perigo, mas temos de ter saído da parte
explosiva, e não esquece, tanques de veiculo explodem, mas daqui a
pouco, o posto de gasolina bem ao fundo vai explodir, então estou
pensando se é uma boa ideia descer ao subsolo.
— Acha que tudo isto vai queimar? – A moça.
Lucas a olha e balança a cabeça positivamente, se via as
arvores da rua que geravam uma sombra boa na rua lateral
começarem a soltar suas folhas a toda rua, como se estivessem
secando, ou se protegendo, a natureza não enfrenta como os
humanos, elas soltam sementes, tentam proteger uma das raízes e
deixam o inevitável acontecer.
Lucas olha para a sombra que ainda dava para andar para a
próxima cobertura e foi andando, Carlos o seguiu, a moça pareceu
ficar na duvida, mas os seguiu.
— Vai onde?
— A sombra ali quando chegar a uma da tarde, não vai existir.
A moça pensa na frase e olha para a outra sombra, a que
estava quase a zero na rua lateral e entendeu o que o rapaz estava
fazendo, dando a volta no shopping, eles chegam a uma cobertura
que dava uma sombra bem pequena, o calor da rua parecia
transformar tudo em uma miragem, sobre um ar muito quente
vindo da rua.
Carlos olha para traz e ouve a grande explosão, já estavam na
rua lateral, as arvores sem folhas, não geravam mais sombra, Lucas
pensou que teria mais sombra, mas sente aquele calor vindo pela
rua que estavam, o calor mais forte que o do sol fez mais carros a
rua que acabaram de sair explodir.
Lucas olha uma grande arvore e olha para os dois, sozinho era
mais fácil, mas se iriam por algum lugar, que fosse agora, os dois
veem ele correndo pela rua, na sombra de uma arvore sem folhas,
ele chega a uma tampa de bueiro, somente neste momento que
24
Carlos viu que o rapaz prendera a calça o alicate de pressão, ele
prende no buraco do bueiro e faz força, ele se encolhe quando as
costas saem da proteção da sombra, sente as costas queimando, se
encolhe, empurra com o pé o bueiro, olha para dentro, olha para
uma escada metal a parede e começa a descer, ele sente o cheiro
de esgoto, tenta se localizar e ouve alguém ao buraco.
— Nos espera.
Lucas olha a moça, olha aquele salto baixo, olha o chão e fala.
— Para o sul.
Os dois olham para o som, não viam ele, mas viram que era
uma galeria bem escura, e Carlos fala.
— Não estou enxergando nada.
— Acaba de sair do sol Carlos, vai para o escuro e fecha os
olhos por alguns momentos.
Carlos olha a moça ir a parte escura, sente o sol ficar forte e
tira o braço da luz que vinha de cima, olha para o rapaz ao fundo e
fala.
— Vamos até onde?
— Moça, Carlos, temos de andar ao sul, mas o problema não
é quanto andamos, e sim, nos afastar dos dois postos de gasolina, e
das coisas que podem queimar, mas não vamos longe, vamos
apenas estar em um buraco esperando o sol passar do ponto mais
forte.
— Certo, estar em um lugar que ele não nos torre como
aqueles funcionários da Silvia Modas?
— Sim, não ficar onde podemos ser pegos pelo sol, quando
escurecer saberemos se passou, se não passou, tenho de chegar em
casa e pensar como amanhecer em um local seguro.
— Como assim.
— Carlos, eu vou para minha casa, que é de madeira, então
quero salvar minha mãe e irmão, mas se tiver aurora boreal ainda
estamos em perigo.
— Sabia disto desde ontem e veio trabalhar? – A moça.
— Preciso do emprego moça.
— Poder me chamar de Neide.
Lucas não respondeu, apenas andou encostado a parede, ali
estava bem mais fresco, mas o cheiro era terrível, quando os ratos
25
passaram correndo por eles indo no sentido que iam, mesmo com a
moça tendo um ataque, Lucas sentiu que estava indo no sentido
certo.
Mais a frente olha para um tubo que tinha uma escada lateral
e fala.
— Agora temos de esperar.
Carlos viu que o rapaz sabia onde estavam os tubos que lhe
permitiam sair e entrar, não era apenas um tubo, lembrou de passar
por vários deles e não ter a escada lateral de subida e descida,
então o rapaz escolheu o caminho.
Lucas estava encostado a parede e a moça pergunta;
— Como se chama rapaz?
Lucas a olha e fala.
— Lucas.
— Pelo jeito tínhamos um rato no estoque. – A moça.
— Sim, os ratos correram para onde viemos, um bom sinal,
mas temos de saber como as coisas estão, aqui por baixo, não
temos muita opção, prefiro sempre parar ao lado dos que tem
escadas.
— Algo de especial neles? – Carlos.
— Carlos, estes são tubos de drenagem de agua, se chover,
eles enchem, então tendo uma escada, saímos.
— E sabe onde estamos?
— Bem no meio da rua, entre a Marechal Floriano e Deodoro.
— Mas pelo jeito tudo parou.
— Foca no fato que estamos vivos Carlos, você poderia estar
em seu carro, já indo para casa, e ser pego por este sol, o carro
explodiria com você – Lucas olha a moça - ou eu poderia estar num
ônibus, lotado de gente, e o motor parar por falta de agua, o sol nos
atingir e todos morrerem torrados.
— E está indo para onde?
— Mais a frente, tem o canal que leva a Carlos Gomes, mas
não acredito que sobrou ônibus para pegar, então tenho de
conseguir um veiculo que não estava no sol, e me mandar para o sul
da cidade.
— Sul?

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— Carlos, eu vou roubar um carro e sair da cidade, com
minha mãe e meu irmão, acredito que as grutas ao norte sejam
regiões seguras, mas não tem estabilidade, as florestas não são
seguras, elas podem nos por em meio a um incêndio, e não termos
para onde correr, estou tentando pensar até onde tenho de chegar
durante a noite.
— Acha mesmo que a cidade vai queimar?
— Carlos, tudo indica que se o sol continuar assim, somente
transmissão em baixa frequência se pega, não tenho nada que
funcione em linhas de AM, hoje todos estão na FM.
— Sabe roubar carros? – A moça.
— Sei fazer ligação direta em veículos antigos, mas nada me
indica uma saída.
— Está tentando descobrir como sobreviver?
— Sim, o sol não faria o que aconteceu sozinho Carlos, ele
não nos tiraria a comunicação, algo gerou um pulso
eletromagnético.
— O que um pulso eletromagnético? – Neide.
— Quando se explode uma bomba H, ela gera uma linha
eletromagnética, que geraria no local todos os efeitos que vimos,
mas como ela reduz toda a humidade do ar, o sol nos pegaria mais
forte, mas então temos um evento solar em meio a um pulso
eletromagnético.
— Tentando adivinhar?
— Sim, para não ficar no pânico. – Lucas.
— Pensei que estava em pânico, olhando para a loja, estava
me escondendo o alicate de pressão.
— Tem de ver que sua ordem me deixaria sem ele, e não
estaríamos aqui.
— E vamos sair quando?
— Quando a tampa acima de nós, nos deixar a tocar.
— Certo, acha que vamos ao sul?
— Vamos? – Lucas olhando para Carlos.
— Eu moro para o sul. – Neide.
— Eu também. – Carlos.
Lucas olha os dois, sorri, todos iam para o mesmo sentido, e
pergunta.
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— E quantos temos de resgatar no caminho. – Lucas.
— Eu moro sozinho. – Carlos.
— Eu tenho um filho na creche, mas espero que ele esteja
bem.
— Onde?
— Sito Cercado, rua São Jose dos Pinhais.
Lucas olha a moça, daqui a pouco ela iria dizer que era sua
vizinha de quarteirão e nem sabia, mas já tinha o sentido.
— Acha que foi alguma guerra? – Neide.
— Não sei, pode ser algo natural, pulsos eletromagnéticos
podem ser gerados pelo sol. Mas pode ser algo causado, o que me
faz pensar em algo causado, é ver o exercito as ruas, pois não era
um bom momento para por soldados a rua. – Lucas.
— Acha que eles torraram a rua.
— Acho que aqueles nos tanques sobrevivem, mas os nos
caminhões, sem chance.
— E pelo jeito vamos esperar.
Ficaram a olhar uns os outros, o pouco que viam, naquele
local escuro, fedido, mas bem menos quente.
Lucas sobe a escada e toca o metal, estava quente, mas
aceitável, ele força para cima e olha em volta tudo parado, os dois
veem ele sair, era tarde, ainda bem claro, mas se via que uma
grande nuvem estava os protegendo do sol.
— Vamos.
— Acha seguro?
— Se resolveram seguir um maluco, vamos logo.
Os dois viram ele entrar num prédio a frente, a fachada falava
que era uma sede de Secretaria Municipal de Saúde, se via o saguão
todo vazio, olha para o segurança ao fundo e fala.
— Vai morrer ai sozinho Paulinho?
— Tenho que dar segurança, o que faz aqui Rato?
Carlos e Neide se olham, ela chamou ele de Rato, pensando
ser uma agressão, a naturalidade dele encarar talvez estivesse em
um apelido.
— Tenho de chegar a região sul, vou roubar uma ambulância.
— Não lhe vi por aqui.

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Carlos olha para o rapaz, desceram a garagem e viu que havia
ambulâncias do SAMU, mas o rapaz não foi à primeira, ele foi ao
fundo e pegou um galão de gasolina, via-se o sistema de
abastecimento, tudo vazio, tudo sem energia, ele abre a frente
daquela bomba e pega uma alavanca e começa a encher o grande
galão, foram a uma mais a frente e Lucas olha para a parte do fundo
e coloca o galão, pega os colchões térmicos que tinha em algumas
ambulância e umas fitas e fala.
— Prendam nas janelas.
Carlos viu que o rapaz não estava brincando em sobreviver.
Eles prendem os colchoes térmicos as janelas, Lucas se abaixa
e passa uma a volta do tanque e prende uma na frente da
ambulância, sobre o capo do motor, ele sai lentamente e olha para
Paulinho que estava a frente.
— Me deixa em casa.
— Nem sei se ela vai estar lá Paulinho, mas vamos.
O grupo crescia, mas com calma foram passando por uma
cidade em chamas, pessoas escondidas, embora em uma
ambulância, não tinham como ajudar ninguém, a cidade em um
caos, se viu ônibus em chamas, gente morta a rua, gente assustada
e escondida, foi uma viajem muito longa até o bairro, Paulinho
desce a frente de sua casa, ele olha a casa destruída, olha para
Lucas e fala.
— Vai, não sei se sobrou algo lá também.
Mais a frente, entram na São Jose, viram a creche, viram as
pessoas olhando a ambulância com esperança, e nada era
esperança naquele lugar, mas o entrar e ver o segurança lhes
apontar a arma deu o clima de entrada no local.
— Calma senhor. – Lucas.
— O que fazem aqui.
— A moça veio ver se o seu filho sobreviveu.
Lucas não mediu palavras, mas o senhor estava apontando
uma arma, as vezes Lucas esquecia que ele não era descriminado
apenas no centro, mas o senhor olha a moça e fala.
— As crianças estão lá dentro, mas não sei o que fazer, tem
uma professora lá.
Lucas olha para Carlos e fala.
29
— Pega aquele copo de agua vazio e põem lá fora, na grama.
Carlos não entendeu, mas fez, não sabia o que era este rapaz,
mas era obvio, ele queria sobreviver.
Neide entra e olha as crianças todas em roupas molhadas,
olha para a moça que cuidava e fala.
— Como elas estão?
— Não sei, o que aconteceu?
— Ninguém sabe, mas se mantenham longe do sol.
Lucas olha a menina pequena, uns 4 anos olhar a mãe e sorrir,
não teriam como salvar todos, mas Lucas olha as crianças e
pergunta.
— Algum plano moça? – Sem olhar que era Joseane.
— O que faz aqui Rato? – A atendente da Creche, as vezes as
pessoas reconheciam Lucas, ele fora uma criança problema do
bairro, tomou jeito, mas ainda carregaria sua forma de se portar por
uma vida, e seu passado por um tempinho a mais.
— Tentando chegar em casa, mas tinha de passar em alguns
lugares antes.
— Conhece Neide de onde?
— Ela é vendedora onde eu carrego as cargas pesadas.
— Não sei o que vamos fazer ainda, mas tenho de esperar os
pais virem.
— Passamos mais a noite, pois alguns podem não vir.
— E vai fazer oque?
— Não sei ainda pois não cheguei em casa ainda.
Saem dali, a casa da moça estava ainda em chamas, Carlos
nem se propôs a passar em casa então a próxima parada foi na casa
de Lucas com as paredes externas queimadas, Lucas entra e olha
para a porta do banheiro travada, Carlos ajudou a tirar uma viga
que se apoiava a porta e ao abrir viu sua mãe e seu irmão abraçados
em uma coberta encharcada.
Lucas olha o telhado todo danificado, abraça a mãe e fala.
— Vamos sair daqui mãe.
Ela abraçou o filho e falou.
— Para onde?
— Nestas horas temos de nos aliar aos malucos.

30
A senhora sai pela porta e vê tudo destruído, tudo entre o
seco e quase pegando fogo, chega a porta e olha as casas destruídas
a toda volta, parecia um local de guerra, entram na ambulância e
Lucas fala.
— Vamos, parece que vem mais problema ai.
— Como sabe? – Neide.
— O céu verde ao sul, vem mais calor ai.
Eles dão a volta, 10 minutos e Lucas chega ao portão do
senhor João, sabia que ali poderia ter respostas, mas não sabia se o
senhor estaria ali.
Lucas pega um grampo e abre a porta que tinha no portão
central da casa, ele olha para a casa do senhor, inteira, ou bem
inteira comparada as a volta, olha o muro caído, abre o portão e faz
sinal para Carlos estacionar para dentro, viu um carro esquentando
parar a frente e uma moça sair com uma criança no braço gritando.
— Não vão invadir a casa de meu pai.
Lucas sorriu e fala.
— Carlos, encosta o carro o mais que der, temos de por para
dentro o outro.
Carlos encosta na casa e a moça olha para Lucas.
— O que vão fazer.
— Moça, aquele céu verde quer dizer que vem mais calor ai,
temos de nos proteger agora.
Ela olha assustada e olha para o pai sair pela porta e olhar a
bagunça.
— Quem está invadindo minha casa.
O senhor olha a moça com uma criança, a senhora Mari com
o pequeno Peter, a filha e pergunta.
— Onde está Paulo? – Perguntando do marido da filha.
A lágrima nos olhos da filha o fez a abraçar e falar.
— Tem de fechar o portão.
— Não é melhor recolher o carro. – Lucas.
João olha Lucas e pergunta.
— Não foi trabalhar.
— Fui, trabalhei, bati o ponto, e segunda pode não ter nada lá
para provar isto.

31
Carlos chega ao carro, dá a partida e coloca com calma, na
parte coberta, Lucas fez sinal para abrir o capo, ele desligou a
bateria, e depois fez o mesmo na ambulância.
— Vieram me visitar todos juntos?
— Nossa casa não existe mais João, pensei em quem poderia
ter um radio de ondas curtas, só lembrei do senhor. – Lucas.
— E os demais.
— Carlos é meu chefe, Neide, a única vendedora que foi
trabalhar, a mãe você conhece.
O senhor olha o grupo e fala.
— Vamos descer, os gatos vão estranhar, mas é a única região
que acredito ser mais seguro.
— Seguro? – Lucas.
— Eu construí uma adega, abaixo de uma caixa de captação
de agua de 5 mil litros de concreto.
Lucas sorriu, o senhor colocou-se abaixo de algo que se
rachasse como o calor, o lavaria, ou os cozinharia vivos.
Eles descem e o senhor João pergunta:
— O que aconteceu no centro.
— Vi gente queimar ao sol João, o sol estava tão quente que
eles cozinharam a calçada, todos os postos de gasolina que
passamos explodiu, tem mais de mil prédios queimando na cidade,
milhares de carros estourados.
— E o que precisa em ondas curtas?
— Canal de emergência geralmente é onda curta, nem sei
qual, mas eles nunca fazem por linhas abertas, mas o que vimos ao
centro pareceu desespero, algo aconteceu, mas estranho não ter
liderança em lugar nenhum.
— Acha que foram evacuados?
— Não sei, mas ontem teria como evacuar, todos nós ficamos
olhando as auroras, mas desde ontem não tem comunicação.
João olha para as pessoas e fala.
— E o que aconteceu filha?
— Pelo jeito vim para o lugar cheio, não quero atrapalhar pai.
— Não seja infantil filha, o que aconteceu com Paulo?
— Ele foi ao trabalho, não sei o que aconteceu, mas ele não
voltou, quando vi que reduziu a força, passei pela fabrica, ela está
32
em fogo, ninguém saiu, o carro dele estava explodido no pátio, mas
acho que ele... – a moça olha para a filha e não termina.
João a abraçou e pergunto.
— E sua mãe?
— Ela está no litoral, com o Serginho.
— Espero que se protejam.
— O que faremos pai?
— Temos de saber o que aconteceu, pois as comunicações
estão com estática, como se tivesse um grande pulso
eletromagnético.
Lucas olha para João, ele estava pensando, algo estava
errado, mas ali parecia seguro, mas as crianças não saiam de sua
mente, olha para todos e fala.
— E como sobrevivemos a algo vindo do sol, vi pessoas
queimarem ao sol senhor João, sem tempo de reação, então foi
acima de 200 graus em segundos, antes bem, depois muito forte, as
telhas da minha casa, esfarelaram como terra, então não era só
calor, tinha de ter uma frequência que não ouvíamos.
— Não entendi. – Carlos.
— Telhas ganham resistência com o calor, não o contrario,
elas foram queimadas a mais de duzentos graus para ser cozidas e
dispostas como telhas, a madeira não estava em estado de
queimada, e sim de muito seca, então não chegou a 300 graus, mas
se eu somar uma pequena frequência inaudível a uma temperatura
alta eu desmancho as telhas, o ruim disto é que destrói até
concreto.
Mari olha para Lucas e pergunta.
— Sabe que estamos atrapalhando filho.
— Sei mãe, mas precisávamos de um lugar, rápido,
provavelmente com o inicio da noite, teremos de nos mexer, mas
onde chegar em 8 horas é o problema.
— Acha que teremos problemas até quando? – Neide.
— Até olharmos para o céu a noite e voltarmos a ver estrelas,
ou nuvens, não descargas elétricas e nem auroras boreais.
— E entende disto? – Neide olhando para Lucas.
— Não, todos me conhecem no bairro por Rato, ninguém
confia em ratos moça, mas eles tendem a sobreviver, dos meus
33
amigos da infância, somente o Rato sobrou, das pessoas a rua,
todos parecem me temer, mas o que estou fazendo é tentando
pensar, não sei como sobreviver a um sol de 200 graus, ele nos
mataria, nos não chegaríamos ao bairro se não tivéssemos tido
aquele momento de calma.
Lucas olha para João.
— O problema é que linhas solares, veem dele a mais de 800
mil quilômetros por segundo, elas passam por nós e tudo passa,
coisa de um giro no máximo, se estivermos com auroras boreais
ainda a noite, acredito que algo está muito errado. – Lucas.
João olha o rapaz, conversaram sobre isto a algum tempo,
lembra que a mãe dele não gostava dele, mas foi no dia que ele
indicou um emprego no bairro que estavam pagando curso de
Empilhadeira, foi quando o rapaz pareceu achar um caminho, uma
profissão, sobe pela escada e olha para a casa, tudo muito quente,
olha para fora e se via as arvores secas, se via a grama queimada,
sentia o sol quente, duas lajes e parecia que tudo estava muito
quente, pega o notebook na sala, olha para dois livros e desce.
Ele olha para o cabo que vinha da antena e faz negativamente
com a cabeça.
Ele senta-se e olha para o vídeo que o fez falar com o rapaz,
olha os dados e olha para Lucas.
— Lembra parece que quase tudo.
— As vezes tem coisas que absorvemos, outras coisas, quase
nada.
— O que acha que está acontecendo?
— As linhas de calor vem do Sul, então a disfunção pode ter
sido ao sul do Planeta ou do País, não sei.
João olha para a filha e pergunta.
— O que estava acontecendo em Brasília?
— Nada demais, o presidente está fora do país, os assessores
do Deputado Camargo estão lá, está tudo por ai, nada de
importante para votação nesta semana.
João olha para fora, o calor parecia começar a diminuir e
Lucas olhou para ele.
— O que ouve?

34
— Se fosse calor lateral, as nuvens não teriam estabelecido
aquela pausa de calor, se fosse explosão a nível nuclear, teria
resquícios de ventos, não estaríamos mais aqui, se fosse linha de
dispersão do sol, teria chego a mais de 300 graus, parece aquela
porcaria que chamam de Pulso Eletro Magnético.
— Mas e a aurora boreal?
— Não sei João, estou pensando, pois sem eliminar causas,
não adianta sair correndo para um lado.
— E se for algo conjunto?
— Ai temos de saber oque, se é local ou mundial.
Carlos olhava os dois conversando, estranha, pois eles
estavam conversando sobre algo que poderia ter acabado com a
cidade.
— Não estão exagerando?
Lucas olha para João e fala.
— E não adianta sobrevivermos sozinhos, como podemos
proteger algo do tamanho desta cidade.
João sorriu e olhou para o rapaz.
— Acho que pode ser coincidência, mas estávamos o ano
passado falando sobre um programa de TV, que falava sobre se um
dia o céu ficasse verde, seria uma descarga solar, mas pelo que
parece, em um nível eletromagnético, e sem aviso.
Lucas lembra da cor e revê sua ideia.
— Verdade, o verde é disfunção magnética, tem parte do sol
nisto, mas porque ainda está sobre nós?
— Acha que deveria já ter passado? – Carlos.
— A Terra tem pouco menos de 13 mil quilômetros de
diâmetro, se uma onda magnética se propaga na base de 800
quilômetros por segundo, ela passaria por nós causando problemas,
mas não estaria sobre nós. – Lucas.
João olha para o computador e fala.
— O eletromagnetismo terrestre pode ter sido abalado por
isto, ou por algo, e o que estamos vendo, é o sol correto sem a
defesa certa.
Lucas olha para fora e fala.
— Quando o pessoal estava lá fora, não sentimos o calor
muito forte, embora eles queimaram a metros a frente.
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— Sim.
— Frequência de energia, não potencia. – Lucas.
— Não entendi. – Carlos.
— Se algo reproduz algo em frequências diferenciadas, nos
dará a sensação que vem do espaço, mas não seria solar, e
frequências sobre nossa ionosfera faria as auroras. – Lucas.
— Agora explica. – João.
— Se alguém atacar uma região com frequência de 528hz,
mas potencia alta, dizem, nunca vi, que você cozinharia o DNA das
pessoas, isto quer dizer, torrar por dentro, a sensação de calor seria
imensa.
— Mas o sol queimou suas costas.
— Sei disto, estou pensando, frequência assim acho que não
seria segura por uma nuvem, ela a atravessaria.
Lucas silenciou, ele pareceu ouvir algo, abre a porta e sai para
fora.
João o acompanha e olha para aviões no céu, o céu estava
começando a escurecer, mas sinal que teriam respostas, passam
alto, indo no sentido do aeroporto na cidade vizinha ao fundo.
Carlos chega a eles e pergunta.
— O que aconteceu?
— A aeronáutica já está no ar Carlos, sinal que pode ter
passado.
João olha para as estrelas e fala.
— Acho que ainda não, mas sinal que eles estão tentando
entender, vamos ouvir as noticias.
— Preciso ajudar alguns João, não sei ainda o que fazer, mas
as crianças da creche ainda devem estar esperando os pais, que
podem não vir a chegar.
— A casa não comporta, sabe disto.
— Eu não estava pensando em as trazer para cá, mas
precisamos de um lugar, e tem de ter lajes, não apenas uma como a
creche.
Carlos olha para Lucas e fala.
— Vou lá com você.
— Eu cuido dos demais. – João.

36
Os dois põem a ambulância para
fora, invertendo a posição dos carros, e
saem no sentido do bairro ao fundo.
Chegam a região da Creche, olham
a moça ainda ali, tinha umas 12 crianças
ali.
Carlos olha ela e fala.
— Acha que eles vão vir?
— Não sei, as vezes queria saber o que está acontecendo.
— Ainda não sabemos, mas acha que tem como ficar ai a
noite inteira?
— Tenho de ir para casa ver como as coisas estão.
Lucas a olha, olha Carlos, como falar.
— O que me escondem? – Joseane.
— Toda a linha de prédios da avenida está em fogo.
— Mas...
— Não sabemos, mas pensem o que podemos fazer, não
pode deixar as crianças aqui a noite inteira.
— E onde vamos por tantas crianças?
— Tem de ser algo com mais lajes. – Fala Lucas apontando
para o teto, olha Carlos e fala.
— Não sei ainda o que está acontecendo. — Lucas sai pela
porta e a moça pergunta.
— Conhece ele de onde? Ninguém por aqui confia nele.
— Ele é apenas o encarregado de descarga de onde trabalho,
mas ele resolveu vir salvar sua mãe e irmão, se tivessem no mesmo
lugar quando da ultima onda, poderiam estar mortos.
— E estavam onde?
— No centro, lá tem muitos prédios pegando fogo, o pânico
está nos olhos moça, a todo lado.
Lucas olha para o céu e olha para a aurora boreal se formar
ao sul, e ao norte, estavam entre dois polos de eletromagnetismo,
mas como?
37
Ele olha para a rua, olha Paulinho chegando ali, seus olhos
estavam na revolta quando Lucas grita.
— Aqui.
Paulinho olha para Lucas e fala.
— O que faz ai?
— Tem crianças vivas ai, mas sei que as coisas estão ruins
Paulinho, alguma boa noticia?
— Não, não quero falar disto.
— Tem de ser forte Paulinho, hora de agarrar a corda e não
soltar.
— Você pelo jeito queria achar algo, mas no centro estava
seguro.
— Seguro?
— Certo, estava em pânico, mas aqui não está diferente.
— Nada sobrou Paulinho, a pergunta que me faço, o que está
acontecendo, como sobreviver?
— Acha que temos de sair da cidade?
— Não sei, mas não adianta correr para um lugar para
morrer.
— E vamos fazer oque?
— Anda na rua e vê quem está vivo ainda?
— O pessoal da laje inferior está bem, as superiores sofreram
mais.
— Passa no Tico, vê se ele tem algo de som, se ele está bem,
e se tem como reunir os que sobreviveram no CAIC.
— Porque lá?
— Salas com janelas que podemos proteger, duas lajes, mas
verifica se a caixa d’agua tá cheia.
— Acha que temos de nos preparar para amanha?
— Sim, e tem de ser antes da policia se organizar, pois dai a
lei volta a valer e ela manda que tínhamos de ter morrido.
— Certo, vou lá.
— Cuida desta queimadura o braço Paulinho.
— Eu me escondi, mas quase cozinhei, entendi o problema,
mas como protegemos as janelas?
— Já chegamos lá.

38
Lucas olha para Paulinho indo no sentido do colégio a mais de
8 quadras dali, olha para as pessoas começarem a olhar para o céu,
agora eles sabem que o que foi bonito na noite anterior foi parte do
problema.
Lucas olha para o segurança e pergunta.
— Vai ficar por aqui?
— Vai mesmo assumir esta bagunça Rato?
— Eu não sei, mas deixar eles em casas, como estas, uma
encostada na outra, se começar a queimar em meio a uma reação
solar, morrem fugindo do fogo, queimando vivos.
— Eles começam a fazer barulho agora, nem temos como
verificar se existe sobreviventes em alguns lugares.
— Ajuda o rapaz a levar as crianças para o CAIC, coloca um
anuncio na porta que estão lá, vou ver se ajudo Joseane.
— Vai aos apartamentos?
— Os pais dela moram lá com a irmã, não sei, mas existem os
que sobrevivem, e os que morrem.
— E você resolveu ajudar, o Rato virando homem?
— Eu nunca fui algo a ser seguido senhor Rui, mas sei que
muitos não entendem, eu sempre tentei não ser o que falavam
sobre o senhor que é meu pai, se alguém com todo respeito que
vocês falam dele, abandona um filho e nunca o vai ver, prefiro ser o
ser que todos odeiam e tem nojo, e não me preocupo com o que
vocês falam.
O senhor olha para o rapaz, todos falavam que o pai dele era
alguém respeitável, mas que vivia na outra ponta da cidade, Lucas
entra e olha para Carlos e fala.
— Carlos, com ajuda do senhor Rui, vai levar todas as crianças
para o CAIC, eu e Joseane vamos a Izaac, vamos ver se alguém
sobreviveu lá.
— Mas... – Joseane.
— Paulinho vai chamar as pessoas para se reunir no CAIC, lá
temos algumas coisas, outras vamos pegar no caminho.
— Coisas?
— Um contador de radioatividade, tem um no colégio ali no
lado do Terminal, um sistema de radio portátil, vamos ver se
conseguimos um nas Casas China, se sobrou algo, vamos aproveitar
39
a noite, pois de manha, teremos de estar prontos para nos defender
se tudo voltar a acontecer.
— Mas vamos como? – Joseane.
— A pé. – Lucas olha para o pé da moça e vê que estava de
tênis, as crianças pareceram a abraçar, mas era hora de começar a
reagir.
Lucas olha para Joseane e foram a rua, caminhando no
sentido oposto ao que as crianças iriam, mas já passara ali, ele
olhara com cuidado enquanto passou, ele queria sobreviver, e sabia
que um bairro baixo como o Sitio Cercado não era nada bom para
isto.
— Qual a ideia Lucas?
— Vamos ter de não ser pegos ou atingidos, mas isto não
quer dizer que não vejamos coisas desagradáveis.
— Para onde?
— Vamos caminhar até o Condor, ele estava estourado, deve
estar juntando gente lá.
— Certo, comida.
— Não, condução, vamos.
A moça não entendeu, atravessaram pelas ruas internas do
bairro e chegam por uma viela ao lado das casas Bahia, eles
caminham mais uma imensa quadra, vendo o terminal de ônibus
destruído, as coberturas de fibra de vidro queimadas, as armações
de ferro estavam lá, apenas isto, os restos ao chão, plástico, acrílico,
as paredes de alvenaria de pé, mas tudo que tinham de proteção,
queimado ou derretido.
A moça entendeu somente naquele momento a força do sol,
pois as casas queimadas ela achou que era outra coisa, mas chegam
ao Condor, eles viram um grupo de rapazes armados a parte alta e
um olhou para Lucas.
— Não tem para todos Rato.
— Me deixaria roubar um carro no estacionamento?
— Pode, quer uma condução, mas nem pense em pegar nada
da comida na parte alta.
Lucas olha para o teto desabado parcialmente na parte de
dentro, pelo pouco de luz que se tinha e entram na parte do

40
estacionamento de carros, Lucas passa os olhos e olha o carro de
entregas bem ao fundo e fala.
— Melhor nem olhar em volta muito, tem gente apavorada
dentro dos carros, tem gente que não sabe o que fazer, não é hora
de gerar mortes de gente nos seguindo.
— Um lugar que todos reclamam da umidade, parece seco.
Chegam a parte da carga, Lucas olha o rapaz da Loja na parte
externa, ele deveria estar fumando um cigarro e olhando em volta
quando veio a primeira leva.
Joseane olha para Lucas abrir a proteção e pegar as coisas
que estragariam nas caixas de entregas, parte derretida, parte
danificadas, as separa e olha para algumas bem preservadas na
entrada, ela ajudou ele a por para dentro do veiculo, antes de
alguém ver, Rato olha um rapaz olhar ao longe, não sabia se via
naquela escuridão algo, mas era obvio, ele subiria falando o que
fizeram, e Lucas fala.
— Entra na parte da frente, põem o cinto.
— Acha que eles vão atirar?
— Acho que eles não sobrevivem se algo acontecer a mais,
mas as pessoas parecem em pânico.
Lucas passa ao lado de um dos carros e fala.
— Estamos reunindo as pessoas no CAIC, se quiserem sair, é
durante a noite, de dia não recomendo.
As pessoas olham para Lucas e ele espera o rapaz descer e um
encosta ele no carro que estava alertando.
— O que pretende?
— Estava pensando em sobreviver Naco, mas parece que
querem fazer de conta que estão mandando.
— Vai os tirar daqui?
— Sim, assim você não mata um para dizer que não tem
comida, por sinal, eu ainda não tirei toda aquela comida do veiculo
de entregas, mas já termino.
— Porque não quer a comida? – Um rapaz ao fundo.
— Digamos que mortos não precisam comer, então apenas
estou precisando de um veiculo leve, para me levar o mais distante
possível em uma noite.
— Sabe que não tem combustível. – Naco.
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— Sei. – Lucas olhando o rapaz com a arma na altura de sua
barriga, sabia que um tiro ali ele estaria morto.
— Ajuda ele a esvaziar a van de entrega, se ele vai conduzir as
pessoas para fora, que nos deem mais espaço para sobreviver.
Lucas olha o rapaz o empurrar.
Com calma ele anda até o carro, os rapazes tiraram as caixas,
Joseane olha para os rapazes, eles não estavam nem ai se deixariam
as pessoas morrerem.
Lucas liga o carro, alguns carros ligaram junto e começam a
sair, os demais viram que era aquele momento, talvez depois não
desse, Lucas para o carro mais a frente e indica eles irem para o
CAIC, sabia que estava criando uma expectativa grande, mas
precisava acreditar que algo sobreviveria.
Param no colégio a frente, Lucas entra e pega algumas coisas
no laboratório de Física, aquelas coisas que nunca na infância
entendeu, mas agora precisava usar.
O farol do saber tinha pego fogo, estava apenas a armação
com as janelas estouradas, mais a frente olha para trás e olha os
rapazes os seguindo ao longe, ele não tinha pressa, mas Joseane
pergunta.
— O que eles querem?
— Saber o que planejamos, pois eles acham que não vamos
para o CAIC.
— Certo, eles acham que despistamos eles, mas aquela
comida ajudaria.
Lucas faz a manobra e encosta de ré na porta de aço das
Casas Bahia, ele olha para Joseane e fala.
— Tem de ser rápido, tudo que achar de bolacha e líquidos
bebíveis, pega e coloca num carrinho, eu vou pegar coisas para fazer
algumas coisas.
— Coisas?
— Vamos.
Os rapazes começam a recuar pela rua, Lucas sabia que
viriam, ele olha para o teto estourado e olha para o lado dos
plásticos, incendiado.
— Sorte não faz parte.

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Ele ajuda ela com um carrinho, pega as bolachas, os
refrigerantes e as coisas comíveis, 5 minutos estavam saindo, após
pôr dois carrinhos no fundo do lugar.
Eles aceleram deixando o lugar arrombado, os rapazes olham
para o lugar e Naco fala.
— Esqueço que Rato não discute, ele pega mais a frente, mas
encham os carrinhos e levem a parte comestível para o Condor.
Os rapazes já estavam meio bêbados, estavam bebendo
cerveja quente, então estavam alcoolizados.
Lucas olha para o pessoal entrando nas Casas China e fala.
— Seus pais ainda moram na esquina da Tijucas?
— Sim.
Eles foram para lá, Lucas olha para as pessoas sobreviventes,
poucos vindo a rua, ia desviando carros estourados a rua, gente
morta pelas calçadas, lojas queimadas, ele vira na Tijucas do Sul,
olha para os prédios em parte destruídos, entram com calma, as
pessoas saindo de um prédio ao fundo, fez Joseane olhar para
Lucas.
— Por fora parecia só morte.
— Eu estava do lado de fora Joseane, fora do sol, nem tudo
era insuportável, sei que a primeira leva pode ter matado muitos,
mas a consequência total que assusta.
Ela sai e olha para os pais bem ao fundo, e chega até eles.
Lucas olha os demais e pensa que estariam todos assustados,
estavam, olhando os andares superiores, se via telhas secas e
caídas, ainda tentava entender o que causara aquilo.
Lucas não era de falar muito, mas viu a moça chegar e falar
que iria ficar, que ali era seu lugar.
Lucas nunca era de falar, se cuida, mas apenas olha para ela e
pergunta friamente.
— Tem certeza?
O olhar dele foi firme, ela olha os pais, não confiava em Rato,
ele poderia estar fazendo as coisas certas, ele abre a porta e fala.
— Então melhor ficar com este estoque.
— Mas...
— Aqui tem mais gente que lá Joseane, mas se vai ficar,
melhor ter pelo menos agua e bolacha, não sei quando vai acabar.
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O senhor viu que eles haviam pego coisas em algum lugar, o
olhar de reprovação para a filha do senhor, fez ele olhar serio para
ela.
— Mas se não quiserem, todos a volta sabem que não me
preocupo com quem desiste no meio do caminho.
— Você roubaram isto? – O senhor falou alto – Não quero
nada roubado, não pode ficar com gente assim filha.
Lucas fecha a Van e fala.
— Amanha quando seus filhos estiverem com fome senhor,
espero que saiba cortar a língua para comer, vai precisar.
Lucas entra no carro e sai dali, odiava a forma que olhavam
para ele, estava pensando em sobreviver, mas não teria como ser
outro, ele sempre pensara se as coisas poderiam ser diferentes,
sempre disse que sim, mas se por um lado, invejava os que tinham
pai e mãe, odiavam a forma que os senhores se portavam.
Lucas sai pela porta e Joseane olha para o pai e fala.
— Pensei que estavam mortos, estava ainda com um monte
de criança lá pai, ele foi lá ajudar, mas se vai gritar com quem me
ajudou a chegar aqui, acho que vou ter de ir cuidar das crianças,
minha obrigação como o senhor fala.
Ele olha a filha, os demais a volta não tinham agua, ele viu o
estoque de agua se afastando, ele viu que falara alto, mas achava
que teria como conseguir algo a mais.

44
O senhor João olha para o radio e
ouve o alerta.
“A todos os que ouvirem, teremos
um vento vindo aos campos das cidades
de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Recife,
Salvador, Manaus e Belém, confirmadas
como atingidas por bombas Nucleares, temos alguns núcleos que
podem vir a receber está mensagem de radio, estamos transmitindo
para estes pontos, não sabemos ainda a situação externa ao país,
temos alguns dados que passaremos aos poucos, como uma virose
que se espalha no centro oeste, e calor excessivo em algumas
cidades ao sul, mas se sua cidade ainda está em pé, temos uma
descarga muito forte de magnetismo ao ar, ele inviabiliza
comunicações, os ventos com radioatividade devem estar chegando
a toda volta, então, preservem sua agua, e se protejam, após o
calor, virá a radioatividade.”
João olha a filha e fala.
— O que fazemos?
— Não sei pai, quem sempre foi fissurado por estas historias
de Apocalipse, foi você, eu sempre duvidei que chegássemos a isto.
— O que eles não falaram? – Mari.
João olha para ela e fala.
— Este é o problema, eles nos narram o que está
acontecendo, mas como se não soubessem ou não pudessem falar.
— Não sobre isto. – Mari.
— Sobre oque?
— Porque quem está narrando isto em Português, tem
sotaque estrangeiro, alguns R e ÕES, mostra que tem origem
externa.
João olha para a filha e pergunta.
— Acha que não foi alguém da estrutura.

45
— Pai, pensa, onde está a estrutura deste país? Brasília, se
destruíram Brasília, de onde viria o alerta?
— Alguém com sotaque local, não externo. – João.
O grupo se olha e ouvem a buzina a porta.
João foi ao portão e Lucas saiu do carro sozinho.
— Onde está Carlos? – Neide.
— Reunindo sobreviventes no CAIC, mas não sei se a ideia é
boa.
— Que veiculo é este? – João.
— Algo que era para ajudar a conseguir comida, mas as vezes
as pessoas querem manter a lei, em tragédias.
— E vai para lá? – João.
— Primeiro me inteirar dos problemas, descobriram algo?
— Pelo menos 10 bombas Nucleares sobre o Brasil.
— E o calor do sol? – Lucas.
— Não sei, mas o alerta é para nos protegermos da
radioatividade.
— O que é bom para isto? – Neide.
— Quando se fala em radioatividade, é algo que não entendo
direito Lucas. – João.
Lucas olha para fora e fala.
— Ia falar que a linha de aurora boreal vinha de pelo menos 3
lados, mas se foram bombas pode ser algo gerado por elas.
— Radioatividade é mortal filho.
— Mãe, se eu fosse um formado, mas sou um teimoso, eu lhe
fiz sofrer por minhas revoltas, hoje eu sofro por elas, mas poderia
ter estudado mais, não entendo nada também senhor João.
— E o que vai fazer? – João.
— Vou alertar o pessoal no CAIC, vou tentar pensar em o que
fazer, mas estava pensando em isolar com proteção contra calor as
janelas, pelo jeito teria de ter algo contra radiação.
— A agua que vem do céu, vai estar toda contaminada, o que
podemos fazer é estocar agua, mas não sei quanto podemos
conseguir.
— João, os mercados estão na mão dos que tem armas,
quadrilhas, eles se fixaram, colocaram para fora donos ou os

46
mataram, então não vamos conseguir algo nestes lugares, mas
precisamos de água, mas onde?
— Se for radioatividade, precisamos de uma nascente
profunda, não uma de superfície, mas um estoque de agua até
começar os atendimentos. – João.
— Acha que vai ter algum resgate? – Neide.
Os olhos foram a João que olha Lucas que fala.
— Acho que não podemos esperar isto, mas acho que daqui a
pouco vai começar os saques noturnos, não sei como evitar. –
Lucas.
— Acha que em grupo seria mais seguro? – Neide.
— Sim, pois uma casa assim, qualquer grupo de 4 arromba,
mata todos e não temos nem como nos defender.
— E acha que esta ideia de CAIC é boa?
— Amanha vamos mudar isto João, mas precisamos
sobreviver a isto, e temos de estar em um lugar onde tenhamos
mais que um porão para nos proteger.
O grupo decide que vão se juntar os que estão no CAIC.

47
Carlos olha o pessoal chegando,
começam a por as cadeiras para fora,
organizar as coisas, pegaram coisas nas
casas a volta, começam a por as crianças
para dormir, crianças que choravam
perguntando dos pais, as vezes o trazer de
peso extra parecia algo sem sentido, mas
um senhor chega a eles e coloca um radio ao centro da peça e todos
ouvem o alerta contra radioatividade.
Carlos olha em volta, não conhecia as pessoas, Paulinho
chega a ele e pergunta.
— Onde tá o Rato?
— Disse que ia deixa Joseane em casa, mas não sei qual a
ideia dele.
— Dizem que o pessoal do Naco está no Condor, o pessoal do
Osternack pegou toda comida dos pequenos mercados locais, o que
vai faltar é comida.
— Acha que Lucas resolve isto como? – Carlos.
O rapaz pareceu pensar, Carlos não entendeu que o Lucas
pareceu não dar resultado, o rapaz olha como se pensando e
pergunta.
— Tá perguntando do Rato?
Carlos sorri e fala.
— Sim.
— Não sei, mas ele não sabe deixar as pessoas para trás, isto
que nos complica, ele vai arrastando todos, ampliando, o grupo
ficou tão grande, que quando começaram a cair, para se livrar,
todos começaram a apontar o Rato, era o único que todos
conheciam, quando ele foi detido, de menor, muitos achavam que
ele entregaria todos, ele apenas silenciou, e como as coisas
continuaram acontecendo, como pichações, pequenos furtos,
brigas, ele acabou saindo, mas ele se afastou de todos, pois viu que
ninguém segurou a língua.
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— E mesmo assim ninguém confia nele?
— Os velhos não confiam, as meninas falam demais, mas sei
que se ele começar a correr, eu vou correr no sentido que ele for.
— De onde vem estes carros?
— Estavam todos no estacionamento do Condor, gente com
medo, que teve suas compras roubadas por quem está lá, e
ameaçados, e parece que o Rato passou por lá, mas se ele não veio
ainda, sinal que ou vem mais gente, ou ele está com problemas de
deixar alguém para trás.
— As vezes, lembro de meu pai falando. – Carlos – Ele dizia
que em casos de catástrofe, existiam dois seres, os que mostrariam
seus lados animais, e os que mostrariam a parte de inteligência, que
o que vencesse, seria o dono do futuro, se o animal ganhar,
voltamos a pré história, se vencer a inteligência, vamos ao futuro
mais pensado, menos violento.
Carlos viu 3 carros chegando ao fundo, olha para Neide sair
de lá, olha para os rapazes a porta e um senhor bem na entrada
barra Lucas, ele olha os demais entrarem e Neide olha ele afastado
pelos senhores.
— O que está acontecendo? – Neide.
— Eles não confiam nele, pelo jeito este rapaz tem sua
historia amarrada ao bairro. – Carlos.
Mari olha para o filho que apenas fala alto.
— Protege o Peter mãe, mas calma, eles apenas estão me
dando liberdade de ação.
Lucas olha para Carlos na parte de dentro e fala.
— Faz um favor Carlos?
Os rapazes olham para Lucas olhar o rapaz, não sabiam quem
era, mas foi dos que chegou ali com as crianças da creche.
— Fala Lucas.
Lucas abre a porta e tira os dois carrinhos de coisas que
pegara na casas China e fala.
— Separa para quando precisar.
Os senhores olham o rapaz, não sabiam quem era, mas ali
tinha agua, tinha bolacha, tinha salgadinho, algo a somar na reserva
local, Lucas colocou para fora.
Lucas olha para João e estende o contador Geiger.
49
— Tem de ver os níveis de radioatividade João.
Lucas volta ao carro.
Mari olha o filho recuando de ré, ele criou a ideia, agora
estava proibido de entrar.
Paulinho chega a entrada e olha o senhor a entrada e fala.
— Temos de conversar senhor Ribeiro.
— Vai defender o amigo agora?
Paulinho olha todos e fala.
— Quero saber quem é a favor de selecionarmos quem
vamos salvar, pois é isto que o senhor fez, sem perguntar nada aos
demais, sinal que não confio em lhe deixar a entrada, vai deixar
alguém para fora para dizer que manda.
— Acho que não entendeu rapaz, eu vou mesmo selecionar
quem entra.
— Vai, então vai buscar comida, pois peso morto aqui dentro
não nos serve, se quer falar alto senhor Ribeiro, que entre com algo,
pois colocou alguém para fora que teve a ideia de recolher as
pessoas aqui, pois era uma região segura.
Paulinho olha outros olhando atravessado e olha para o
senhor Joao e pergunta.
— Ele iria onde?
— Não sei, aquela professora ficou com os pais, então ele
tinha de cuidar das crianças, mas ele ainda parecia querer entender
o problema.
— Não entendi.
— A partir de amanha, ele vai mudar de caminho, precisa
pensar, mas obvio, radioatividade é algo que precisa de proteção,
ele queria perguntar sobre algumas coisas, mas nem o deixaram
entrar.
— O que fazemos? – Carlos.
— Consegue fazer algo com as cadeiras, uma proteção de
madeira protegendo os vidros, mas depois disto, precisamos de algo
que não pegue fogo.
O senhor Ribeiro olha o rapaz já fora da vista, pelo jeito ele
não entendera o problema, mas como todo ser que é agressivo
contra alguém, ele não sabia recuar.

50
Lucas volta a avenida principal, olha para um bar arrombado
na esquina da São Jose com a Izaac, olha para o que sobrara, pega
uma garrafa de pinga, põem a mesa, olha para a rua, desligou a
bateria do veiculo e a linha de ligação direta, pega uma mesa de
plástico na parte interna, olha para a aurora boreal, serve um copo
e fica a olhar em volta.
A informação que ele estava sozinho ali, chega a Naco que
caminha pela rua até ele.
— Perdido ai?
— Esqueci que ninguém me quer por perto.
— Vai encher a cara.
— Thomas, desculpa, Naco, amanha tudo muda, amanha
começa a parte que nos mata silenciosamente.
— O que vai acontecer amanha?
— Radioatividade vindo com a chuva, com o vento, com as
coisas que fugiram da morte ao norte, a Oeste e ao Sul.
— E vai tomar um porre.
— Pensando, sair matando todos não adianta.
— Obrigado por não nos entregar quando foi preso.
— Se paga suas gratidões quase atirando em mim, não
precisa pedir Naco.
— Sabe que tenho de manter a ordem.
— Eu não vejo ordem no que vai acontecer, amanha vou
tentar conseguir reforço, e sair da cidade ao sul.
— Vai sair da cidade.
— Naco, Sampa não está mais lá, Porto Alegre, não está mais
lá, provavelmente a linha que vem do Oeste quer dizer que
Assunção não está mais lá.
— E vai fugir disto.
— Quem ficar morre em meses, de uma coisa que não vemos,
radioatividade, mas não quer dizer que não sofreremos, quer dizer
apenas que não será agora.
Lucas enche mais um copo e vira.
— E vai ficar até quando aqui?
— Não tenho para onde ir, quando você induz umas pessoas
a irem a um lugar, eles chegam lá antes e arrumam as coisas, e você

51
quando chega, é o único que não deixam entrar, mostra quem sou,
algo que ninguém quer por perto.
— E não vai pegar em armas?
— Ainda não está na hora de matar Naco, eu não ficaria em
um lugar que tivesse comida, não gosto de virar alvo.
— Você saiu do grupo, muitos falam que amarelou.
— Eu passei aos 18, agora eu iria ficar preso, minha mãe
precisa de mim, comecei a trabalhar, mas aconteceu bem neste
meio o que todos dizem que nunca aconteceria.
— E todos lhe olharam com medo, sabe que medo é algo que
eles sempre tiveram de você.
— Sempre digo Naco, se eu for correr, sempre quero saber o
lado para correr.
Lucas olha em volta e fala.
— Ontem quando vi esta aurora, sabia que algo tinha
acontecido, mas ainda acho que estamos sobre ataque, e não sei de
quem.
— Acha que algo quer nos matar?
— Eu não vou morrer fácil Naco, mas para de conseguir
inimigos, protege a comida e isola as entradas, você está dando
chance ao azar.
— E quem acha que vai nos atacar?
Lucas sorri, estava ficando bêbado, olha em volta e fala.
— Vamos descobrir Naco. – Lucas se levanta com a garrafa
em meio aquele breu e recua para a parte interna daquele bar
estourado, Naco olha aqueles carros estranhos a rua.
Lucas olha para dois rapazes saírem do carro e olhar o carro a
rua, sabia que ele estava inteiro demais para estar ali, NIquinho ao
longe aponta a arma para os rapazes e fala.
— Parados ai, é só sumir pessoal.
Um rapaz sai do carro e começa a atirar para o lado de
Niquinho que cai a rua, os demais olham aquilo e vem no sentido.
Lucas sacode a cabeça negativamente, recua um pouco mais
e fala baixo.
— Arma pesada Naco, tem de pensar para os enfrentar.

52
Naco viu os rapazes começarem a atirar, os rapazes começam
a revidar a tiro, mais carros surgem na rua, vindos do lado dos
prédios da Izaac, ele olha em volta e pergunta baixo.
— Tem uma arma sobrando Naco?
O rapaz vendo seus rapazes caírem olha para Lucas, o alcança
uma arma leve que ele estica a mão, 12 tiros, sorri.
Os tiros estavam cortando a rua, do lado oposto, pois os
rapazes usavam armas muito silenciosas.
Lucas olha as garrafas, olha para o gás e faz sinal para Naco
recuar, ele bate com a arma na base de um botijão bem ao fundo,
ele olha os rapazes, ele queria fazer barulho, Naco foi para o lado
que Lucas indicou e continuou a bater no gás, ele senta-se ao lado e
olha em volta, com uma garrafa a mão e olha para uma luz forte ser
focada nele, não via além das pernas de quem lhe apontava a luz
forte.
Lucas olha no sentido e fala enrolando a língua.
— Já amanheceu, pensei que não tinha dormido tanto. –
Lucas com a garrafa a mão, o rapaz fala algo que Lucas não
entendeu, não era inglês, não era uma língua que entendesse uma
única palavra.
O rapaz ao lado sorriu e falou algo, Lucas sente o destravar da
arma e puxa a arma de 12 tiros, um tiro, e a primeira luz vai ao teto,
segundo tiro no sentido de quem falara, e o se jogar para fora pela
porta do fundo, os rapazes atiram contra o local, e Lucas sente a
parede explodir as costas, eles acabaram de atingir os botijões que
já deveriam estar super instáveis, o clarão foi imenso, mais que a luz
das lanternas, se protege atrás de um poste da rua lateral, sente o
calor passar por ele, ficou quieto e ouviu a arma de pequeno calibre
atirando e volta-se a região, olha para os rapazes ao chão, Naco os
estava matando, ele olha um ao fundo, agora se via todos a volta,
pois o pegar fogo do bar estava iluminando a região.
Lucas dá a volta longa, olha para as lojas sentando ao chão,
atrás de uma mureta, o som faz eco nas portas, olha os carros
parados a rua e vê dois rapazes que olhavam para dentro do bar,
um vinha de costas, para seu lado, como se querendo ver de longe,
o atingiu a cabeça, pega a arma e olha para os carros e fala para
Naco, voltando a sentar, falando para as paredes que faziam eco.
53
— Cuidado Naco, dois ainda entre nós.
Os dois olham para o lado onde Lucas estava, alguém estava
no ponto externo, mas se via mais dois carros chegarem ao fundo,
Lucas encolhe-se no outro lado da rua, nem sabia como aquele
arma funcionava, os carros pararam e ele olha uma espécie de
destrava e começa a dar tiros contra os carros, duas coisas ele viu
com isto, eram blindados, um bom sinal, depois que não entendia
nada de armas de alto calibre, sentiu o braço ser forçado para trás.
Lucas sente a atenção vir a ele, o silenciar de Naco, poderia
ser sinal de que ele morrera, os rapazes começam a sair pela porta
oposta e alguém fala em uma língua estranha.
— Se largar a arma não o matamos.
— Finalmente alguém que fala minha língua. – Lucas.
— Estamos limpando a área, tem muito criminoso por aqui.
— Então não vou baixar a arma rapaz.
— Vai morrer então.
— Não sabe onde está senhor. – Lucas deitando no chão, a
mureta da rua frontal lhe dava uma proteção, olha em volta, os
rapazes de Naco não estavam mais ali, então poderiam estar
mortos.
— Se não baixar a arma vai morrer rapaz.
— Se não sair da cidade, vou morrer, se baixar a arma, não
sairei da cidade, me dê uma alternativa senhor. – Lucas.
— E porque morreria?
— Pulso eletromagnético, vocês que estão nos matando, e
não sabe como estão o fazendo?
— Acha que entendeu?
Lucas sorrira da frase de Naco pois entendera, o ataque vinha
agora, eles iriam isolar áreas sem a destruir, mas veio uma duvida
naquele momento, e se foi estouros de bombas PEM na atmosfera
sobre as grandes cidades?
— Acho que não, mas se aquele rapaz não parar de dar a
volta, ele vai morrer.
O rapaz vendo o rapaz do grupo dando a volta, achou que era
uma possibilidade, mas ele queria saber onde exatamente o rapaz
estava, ele recebia a voz pelo eco da parede ao fundo, então quem
estava escondido ali, sabia que o eco o esconderia.
54
Na parte da lanchonete Naco chega a arma de um dos que
estava caído, destrava, olha para os rapazes todos esperando Lucas
atirar para o acertar, sorri e dispara contra os rapazes, que quando
ouviram o tiro foram caindo, eles foram caindo e Naco vê um
helicóptero, pensou ser seu fim, Lucas sente o mesmo as suas
costas, e ativa um lançador de granadas e estas começam a subir no
sentido do mesmo, e começam a estourar ao ar, o helicóptero é
atingido por apenas um, mas estoura ao ar.
Naco olha para Lucas, e atira no ultimo rapaz e fala.
— Estes que procurávamos?
— Vamos tirar os carros da rua, mas temos de conversar.
Naco olha para o lado que estavam os seus rapazes e fala.
— Alguém vivo?
— Quem eram os desgraçados. – Joãozinho.
— Quem nos atacou Naco? – Pilinha.
— Não sei, mas pelo jeito era isto que o Rato estava
procurando.
Os dois apontam a arma para Lucas que apenas fala.
— Se assim que agradecem, vão a merda. – Lucas solta a
arma e sai a andar de costas.
— Espera. – Naco.
Lucas olha para ele, e fala.
— Tem de entender.
— Entender que morreriam e quando alguém lhes ajuda o
apontam as armas, vai a merda Naco, vocês estão todos mortos.
Joãozinho atira para cima e Lucas olha para ele e fala.
— Porque não atirou neles Joãozinho, pois não ouvi tiro de
pistola?
Naco olha para Joãozinho e fala.
— Verifiquem os demais.
— Quem são estes?
— Estrangeiros, mas quem não sabemos ainda.
Lucas olha para dentro de um dos carros e fala.
— Põem eles na parte da garagem do Condor, são com
reforço contra radiação e armas de alto calibre.
— Não vai querer um? – Naco.

55
Lucas lembra de onde eles vieram, volta e pega a arma no
chão e fala.
— Vou ver se alguém sobreviveu?
— Quem?
— Naco, isto é sobrevivência, deveríamos estar nos unindo, e
não nos separando, independente de quem for, isto os facilita.
Lucas liga o radio e ouve aquela língua, liga o carro e volta no
sentido dos apartamentos, viu que parte dos prédios estava
queimado, ele para o carro a entrada e entra com aquela arma a
mão, ele entra na região dos prédios e fala.
— Alguém vivo?
Joseane olha para ele por uma janela e fala.
— Atiraram no meu pai.
— Alguém mais vivo?
— Tem alguém no telhado rapaz. – Uma voz ao fundo, que
não sabia de onde veio.
— Onde?
— No bloco D.
Lucas olha para o lança granadas e começa a lançar para
cima, o rapaz na cobertura começa a atirar, ele ouve alguém na
outra ponta e fala.
— Os sobreviventes fiquem quietinhos nos seus cantos.
Um grita e cai do primeiro telhado e Lucas grita para outro.
— Pode morrer ou se entregar rapaz.
— Não nos entregamos.
— Quer morrer mesmo?
— Nosso grupo já chega com reforço.
— Aqueles mortos ao longe em frente do bar, difícil, o
helicóptero, difícil, mas a escolha é sua.
Naco havia seguido Lucas, quando o rapaz fala, ele pega o
lança granadas e atira no sentido do som, o rapaz grita com a
explosão, algo que nem Naco e nem Lucas entenderam e desaba na
região central do condomínio.
— Atenção Naco, eles podem ter mais gente esperando para
atirar, não é um grupo com pressa, mas a ideia de matar todos não
me agrada.
Lucas olha para a Joseane e fala.
56
— Acho que temos de levar seu pai ao CAIC, aquele senhor
Marquinhos estava lá.
— Não estava lá?
— Eles não me querem lá, não me querem aqui, não me
querem no grupo do Naco, então apenas ajudando enquanto não
morro.
Naco olha para Lucas e fala.
— E avança sobre eles do mesmo jeito.
— Faz um favor Naco?
— Não sei.
— Pega os rapazes, pega as armas, os carros, e leva para o
CAIC, mostra o sistema de radio para o senhor João, ele entende
mais que eu, ele vai saber entender o que está acontecendo.
— Pelo jeito os malucos resolveram se unir. – Joseane.
— E se não o fizer.
— Se todos querem morrer, morram, mas saiam do meu
caminho Naco, pois já falei, se todos querem morrer, hora destes
que nos atacam vencer.
— Mas ajudaria a levar meu pai para lá?
— Ele me odeia Joseane, assim como aquele senhor Ribeiro
na entrada do CAIC, pior, eles adoram Naco, seu pai garanto que se
Naco ajudar aceita, eu não.
Lucas sai, entra no carro dos rapazes, olha para as armas,
para o sistema de proteção, e anda duas quadras, para a frente do
Stall, outro mercado, olha para os rapazes do Maicow todos mortos
a entrada e fala entrando.
— Alguém vivo a salvar, ou não?
Lucas pega o colete e sai do carro, sente alguém atirar nele e
falar.
— Fica longe.
— Quem está ai. – Fala Lucas ouvindo aquela voz feminina.
— Quem quer saber?
— Rato, quem está ai, o grupo que desceu a rua detonamos
no Condor, mas vim ver se alguém sobreviveu, hora de reunir os
sobreviventes.
Lucas olha um rosto sair da sombra e olhar para ele e falar.
— Porque não veio antes?
57
— Porque estava tentando sobreviver.
— Acertaram Maicow, não sei o que fazer.
Lucas foi entrando e vendo gente morta, chega a Maicow e
fala.
— Temos de mudar de lugar.
— Mas aqui tem comida.
— Tem de ver que o lugar não é bom para encarar o sol, é
alvo fácil, e com uma entrada, eles atacam por cima e por baixo e
matam o resto.
Lucas olha uma moça lhe apontar a arma e fala.
— Acha que confiamos em você Rato?
— Não, mas assim como o pai da Joseane indiquei ir no
sentido do CAIC, indicava levar Maicow para lá, tem dois médicos lá,
mas eu levaria a comida se fosse vocês.
— Mas eles vão querer dividir a comida.
— Moça, a comida descongelando se come em dois dias,
depois é lixo, você não consegue comer tudo isto.
— E como levamos ele para lá.
Lucas chega até Maicow e vê que o atingiram no peito, não
estava nada bom, ele provavelmente morreria no transporte, mas
olha para ele e fala.
— Ainda entre os vivos Maicow.
— O que faz... coff cofff ...aqui Rato.
— Vim pegar comida, mas parece que os famintos
esqueceram de dividir o que vai apodrecer.
— Não estou bem, protege minha irmã.
— Ela ainda quer me matar Maicow, não que a proteja.
— Mas... – Maicow viu algo as costas de Lucas.
— Quem está chegando Jessica.
— Aquele Joãozinho.
— O que faz aqui Joãozinho? – Lucas.
— Naco explicou que ou juntamos força ou morremos, mas o
que precisa.
— Ajuda Jessica à por o Maicow no carro que vim, e se manda
para o CAIC, ele tem de ir agora, depois vai morrer.
Joãozinho olha para Maicow e fala.
— Mas ele está quase morto.
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— Ele quase morto matou mais de 12 destes a volta.
Joãozinho olha para Lucas e fala.
— E vai fazer oque?
— Maria no fundo vai me ajudar, deixa o carro que veio na
entrada, e vamos levar tudo que podemos levar hoje para o CAIC, e
organizar as coisas.
Lucas entra e começa a organizar as coisas em carrinhos, ele
pega corda de varal de roupa e vai prendendo de 4 em 4 carrinho,
colocando cada coisa que precisava ali, comida, carvão, curativos,
ele passa na farmácia a esquina e a arromba e pega todos os
remédios e com o carro bem devagar, olha para Maria e fala.
— E o resto?
— Devem estar em volta.
— Não entendi o problema ainda Maria, podemos estar
facilitando para eles, mas primeiro vamos estar fortes para resistir.
O carro foi amarrado aos primeiros carrinhos, e uma fila de
mais de vinte por 4 carrinhos, começa a andar pela rua, na
contramão, dobra na região da avenida Tijucas do Sul, viu que as
pessoas olharam o conjunto indo no sentido do CAIC, os que
estavam na duvida, viram que era uma resistência.

59
Quando Lucas embica na Ourizona
e vai descendo a mesma, bem no centro
da rua, para que os carrinhos viessem
junto, o barulho toma a rua, eram
carrinhos andando em uma rua, aquele
som chamava a atenção, o senhor Ribeiro
olha para aquele carro escuro, viu um
antes, quando ele faz a curva para entrar no colégio Lucas olha para
Maria e fala.
— Fecha as janelas, vamos deixar isto lá dentro, e se me
verem não me deixam deixar lá.
Naco olha aquele veiculo improvisado ao lado de João chegar
e sorri.
— Pelo jeito os estoques estavam altos.
— Nem pegamos a parte nossa senhor João, mas a ideia é
interessante.
O senhor Ribeiro vendo que era comida, material de limpeza,
de higiene, deixa eles entrarem, não sabia quem estava ali, mas era
obvio que alguém pensando em lhes dar de comer.
Quando Maria sai do carro, ela olha as lagrimas nos olhos de
Jessica.
Lucas sai do carro e caminha até o senhor Ribeiro e fala.
— Podemos conversar?
— Você não é bem vindo.
— Sei disto, mas temos carne que em 2 dias, estará
estragada, então eu recomendava começar por ela, tem ali
estrutura para fazer uma churrasqueira no fundo e começar por
estas carnes, temos de estar fortes para sobreviver senhor.
— Mas...
— Para de besteira senhor, aquele menino que está
condenando, já morreu, ele há muito tempo deixou de ser o que
ainda me chamam por ai.
João chega ao lado de Lucas e pergunta.
60
— O que acha que está acontecendo?
— Que soltaram o que alguns chamam de ebomba, ou bomba
PEM a alturas muito altas, então eles mandaram os demais nos
tomar, é uma invasão, para mim aquilo parece russo.
— Acha que temos de cuidar com a radiação.
— Enquanto o contador de radioatividade não registrar ela,
para mim é historia para as pessoas entrarem em pânico.
— E como sobrevivemos?
— Vou sair daqui a pouco, mas pede para as pessoas
reforçarem a comida, com moderação, mas se assarmos os
congelados resistem mais, como estão vão estragar tudo.
— Certo, pensando em sobreviver,
— João, preciso saber o que eles falam nos rádios, vi que
ninguém falava aos rádios, eles apenas ouviam as informações, eles
não querem deixar registrado que são estrangeiros. Mas alguém
passa as instruções, pode ser o motivo do exercito ter colocado os
militares a rua, mas isto pode ter gerado o problema sequencial,
não sei o que nos ataca, mas devemos estar sem entradas externas,
agora eles vão começar a caçar dentro das áreas, mas não podemos
deixar as pessoas nas casas, elas vão ser mortas, mas tem sempre o
problema de atrair para cá, eles podem nos achar.
— Acha que estamos sendo invadidos.
— Os veículos provam isto, mas como vencemos, ou melhor,
como sobrevivemos.
— Acha que devemos sair da cidade?
— Pensei nisto, mas se formos sair, tem de ser organizado, de
dia, e em estradas secundarias, isto transforma em muito difícil sair
da cidade.
— Porque acha que tem alguém nas estradas? – Carlos.
— Ninguém está chegando, lembro que apenas um
caminhoneiro chegou a cidade, deveria ter chego 6 para descarga,
mas um chegou, os demais não, e apenas o que já estava para
dentro da cidade na noite anterior.
— Parar estradas é mais fácil, mas isto nos reduz
possibilidade.
— Sei disto João, mas temos de pensar, não vou conseguir
dormir, mas algo me diz que preciso organizar as coisas.
61
— Acha que eles vão vir para onde?
— Prédios grandes, como esta escola, chamam a atenção,
não sei se eles conseguem verificar se estamos aqui, mas é hora de
deixar todos com força, os veículos tem um sistema de proteção nos
sistemas elétricos, não entendo disto, mas precisamos saber o que
faz e como usar.
— Acha que estes veículos vieram de onde?
— O problema é que não entendo a língua, símbolos sem
sentido para mim.
Lucas olha para Carlos e fala.
— Como estão as coisas?
— Você pelo jeito mesmo a contra gosto, ajuda as pessoas.
— Elas podem escolher ser fortes, ou as fazemos fortes, eu
sou um fraco Carlos, mas sei onde sou fraco, não vou fazer força
para dizer que posso levantar algo que não consigo, mas sei me
esgueirar, me esconder, me camuflar, acha que me chamam de
Rato por quê?
— Pensei que nós o tratávamos mal, mas pelo jeito todos a
volta o odeiam.
— Eu sou o símbolo que eles odeiam no bairro, mas isto é
passado.
— Acha que vão nos atacar?
— Sim, vão, a pergunta é quando e com quantos, eles devem
estar procurando quem os atacou, então eu vou a avenida principal.
— E se vierem para cá?
— Acho que eles não devem atacar hoje, não acredito que
existam tantos, não somos um país simples, pequeno, se eles
querem o tomar, vamos garantir alguns sobreviventes.
— Você é maluco.
— Talvez.
Lucas sai a entrada e Naco olha para ele e fala.
— Maicow parece fora de combate.
— Se sobreviver já é uma vitória.
Maria chega ao lado e olha Lucas.
— Vai onde?
— Vou voltar a avenida, não sei quem vem por ai, mas se não
tiver ninguém lá eles vão olhar em volta.
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— E pretende os enfrentar sozinho? – Naco.
— Sabe que não fiz sozinho Naco, apenas eles não nos viram,
então não espalha, mas quero olhar de perto.
Lucas caminha a entrada, passa pelo senhor Ribeiro, já
saindo, ele não ficaria ali para gerar problema, Lucas viu que Maria
o acompanhou e falou.
— Se precisa de alguém as costas, eu ajudo. – Maria.
Lucas olha Naco sair ao fundo com dois rapazes e fala.
— Vamos verificar o Condor?
— Minha ideia era outra lá. – Lucas.
— Outra ideia?
— Vamos gerar energia e luz lá, vamos fazer um churrasco e
uma festa aparente, sem ninguém a vista, quero ter um ponto que
não seja as crianças, para eles atirarem.
Naco sorriu, este era Rato, ele estava afastado, mas eram
estas ideias malucas que todos procuravam nele.
Caminham pela rua, silenciosamente a calçada, no sentido da
avenida e param um pouco antes da Izaac, viram o tumultuo,
estavam a pé, mas com armas pesadas a mão, Maria olha os rapazes
a frente e fala.
— Quem são os desgraçados?
Lucas fez sinal para entrarem pelas ruas laterais e olha para
os rapazes a frente, ele olha os rapazes lhe olharem e um grita algo
que não entendeu.
— Não falo Russo, sabe disto. – Lucas.
Outro olha para ele, e fala.
— Quem é você.
— A morte destes desgraçados.
— Alguém os atacou aqui.
— Vi os carros, mas tem outro abandonado mais a frente,
eles pareceram atacar um grupo de crianças no Mercado, depois os
dos prédios, e algo os cercou neste lugar.
Lucas via as armas apontadas para ele, os demais pareciam
não entender o que ele falava, então olhava o rapaz que falara
português.
— Sabe que está morto rapaz?

63
— Sei, mas a pergunta, sabe que está morto também, ou
acha que eles vão parar neste ataque infantil?
— Não acho que seja dos nossos.
— Sabe que não sou, está pensando, onde ele está, onde os
demais estão, quantos estão a volta, com nossas armas, o que
acontece se atirar?
— Não parece preocupado.
— Rapaz, estes carros são muito ruins para ficar no meio do
perigo, mas a pergunta, com quem falo.
— Sargento Kalisk.
— Rato para os amigos.
— E para os inimigos?
— Eles não existem Kalisk.
— E porque conversa.
— Ganhando tempo, porque mais?
— Acha que não vimos os demais.
— Acha mesmo que viu?
O rapaz olha em volta e os demais se armam, Lucas olha para
o rapaz e fala alto.
— Luz.
Os rapazes estavam olhando para Lucas, mas de um segundo
para outro viram nada, estavam sendo focados por luzes fortes, e o
rapaz tentando ver onde Lucas estava fala.
— Acha que temos medo de Luz.
— Apenas fala para eles, quem baixar a arma, não morre, os
demais, preferiram a morte.
Lucas caminha lateralmente e olha para eles ficando fora da
luz, e saindo da mira, eles não tinham noção de onde estavam, o
rapaz fala algo e Lucas ouve eles destravarem as armas.
Naco a rua deita ao chão e Maria se protege, ainda mantendo
a luz forte, e Lucas espera se atirariam, um rapaz faz uma pergunta
que Lucas não entendeu e Lucas viu o rapaz largar a arma, e outros
largarem as armas, e o rapaz grita algo e os rapazes pareceram
encenar, Lucas olha para Naco e fala.
— Encenação.
O rapaz a frente que não via os demais soube onde o rapaz
estava, as armas mudam de foco e Lucas apenas fica escondido por
64
trás de uma coluna e os rapazes atiram, Naco esperou eles pararem,
estavam em silencio, tira as granadas e as atira pela calçada, Maria
sorri, elas chegaram explodindo ao chão e os rapazes se jogaram ao
chão.
Maria em uma ponta ainda mantendo a luz alta, mira no que
estava ao comando e ouve.
— Precisamos de alguém vivo Maria.
O rapaz no comando viu que a voz vinha da região que
atiraram, como era a pergunta e fala algo referente a pararem de
atirar, mas olha em volta e vê que os demais já estavam se
escondendo e sente o tiro lhe atravessar o braço.
Os demais começam a atirar no sentido de Maria, que se
esconde, Lucas olha para onde ela estava, a luz cai a rua, e os
rapazes pareceram ver que não tinha muitos ali, mas enquanto
olham a luz abandonada por Maria distraem a atenção, Lucas sai de
trás da laje que lhe protegia e começa atirar, os rapazes começam a
cair, o rapaz olha para Lucas, sente ele puxar uma arma leve e atirar
na altura da cabeça, olha os rapazes caindo, olha para ele assustado
e fala.
— Não me mate.
Lucas sente alguém se levantar as costas, sente o tiro lhe
atravessar o braço e inverte a arma e joga uma granada no sentido,
algo explodiu as costas e olha o rapaz.
— Um motivo para não morrer.
— Estou me entregando.
— As crianças que matou não estavam lhe atirando e as
matou da mesma forma.
— Temos ordens.
— E elas dizem para se entregarem quando estiver em
desvantagem, e matar todos quando retomar a vantagem?
O rapaz olha serio para Lucas que atira em sua perna e fala.
— Fiz uma pergunta.
Naco abalroa os últimos e olha para o céu e fala.
— Clareando em 15 minutos.
— Mata todos menos este.
— Porque os mata? – Kalisk.
— Quem não me entende não me é útil.
65
— Acha que serei útil, está maluco.
Naco chega ao lado e fala.
— Tem um grupo se afastando ao fundo.
— Verifica o Condor, mas pode ter gente nos telhados, não
esquece.
— E fazemos oque?
— Colete, arma, carro. – Fala Lucas olhando para Naco.
Maria chega ao lado e pergunta.
— Vai o matar ou não.
— Fala russo? – Lucas olhando Maria.
— Não.
— Então preciso de alguém como ele no microfone.
— Acha que ele vai falar o que você mandar?
— Tenho certeza que não.
Maria sorri e fala.
— E vamos fazer oque?
Lucas olha em volta e fala.
— Naco, o que temos a volta?
— Gente sem saber o que somos.
— Brasileiros?
— Eles não parecem entender.
Lucas olha para o rosto ao fundo e fala.
— Os vi morrerem Naco.
Naco olha os rapazes que atiraram antes, os seus rapazes,
eles pareciam balançar as cabeças e olha para o rapaz e fala.
— O que é isto?
— Pensei que soubessem o que enfrentavam, são uns
palhaços. – Kalisk.
Maria aponta para a outra perna a arma e fala.
— Uma chance de falar, ou vamos ter de lhe deixar para eles.
O rapaz olha para os seres os cercando e fala.
— Uma infecção.
Lucas lembra das proteções do carro, poderia ser por outro
motivo, não para o que pensara.
Maria olha para Lucas.
— Acha que estes que vê em volta foram mordidos como
Maicow? – Maria.
66
— Não sei, mas se ele foi infectado, ele vira problema, se
morrer.
Lucas olha para Naco e fala.
— Pega o veiculo e alerta o medico, tem algo junto, eles
querem matar a todos.
— Mas por quê? – Naco.
— Ouvi um dia estes malucos que ficaram famosos em meio a
este tumultuo, tinha um que falava que era mais fácil matar a todos
e recomeçar do que educar a todos, que este jeitinho não levava a
nada. – Lucas olhando o rapaz.
— Acha que consegue sobreviver?
— Sei lá senhor Sargento Kalisk, pelo que entendi, isto não é
controlável, mas se decretaram o Apocalipse no meu país, vamos
levar o máximo de vocês com a gente.
— Vocês não tem como reverter, estão todos mortos, você
não tem como sobreviver. Estamos apenas os facilitando o fim de
suas vidas.
Lucas riu como a muito não Ria, pega a arma as costas e atira
na cabeça do rapaz, segundos de silencio e olha para Naco.
— Vamos para o Condor, mas preciso de alguém indo ao CAIC
e falar para João o que vimos.
— Acha que estamos infectados? Que vamos morrer? – Naco.
— Naco, acha que eles sabem o que está acontecendo? Acha
que se eles tivessem certeza que todos nós morreríamos,
mandariam soldados para matar velhos e crianças?
Maria olha para Lucas.
— E estes seres?
— Talvez uma reação, talvez uma infecção, talvez um acaso,
mas nunca acreditei em acaso.
— Acha que o problema é na nação inteira? – Maria.
Lucas sacode a cabeça, olha os seres começarem a entrar em
construções como se protegendo do sol, se via suas vistas
lacrimejarem com a luz.
As pessoas a rua pareciam se esconder do sol a rua, a
claridade começa a mostrar pessoas brancas, pessoas que de
alguma forma estava ainda se mexendo, então algo estava errado,

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entra no carro e vai no sentido do Condor e olha para a parte baixa,
se via os seres se escondendo ali.
— Porque disto?
— Algo que não parece real, alguém espalhou uma praga
enquanto nos apontava armas para nos queimar, logo após ter
derrubado toda a nossa comunicação, que está voltando aos
poucos. – Lucas.
— Acha que o rapaz falava a verdade? – Maria.
— Maria, eu vou tentar sobreviver, mas tem de ver que
somente os fortes o vão fazer.
— E os fracos?
— Vão penar, mas precisamos de reforço, mas vamos olhar
em volta, os dias vão ser para ter ideias e descansar.
Maria olha os demais fazendo um churrasquinho, em meio as
gondolas do supermercado.

Pegam algo para comer, os sistemas de gás do fundo estavam


instáveis e estouram durante aquela tarde, enquanto Lucas olhava
para os seres na parte baixa, pela entrada frontal.
Lucas pensa no que sentia, Maria senta-se ao seu lado,
protegidos na sobra, para a rua, sabendo que as suas costas haviam
seres que não deveriam estar vivos.
— O que acha que está acontecendo Rato?
— Um pesadelo, devo acordar e ir trabalhar na segunda.
— Não teve graça Rato.
— Nunca fui engraçado, todos sabem disto, sou o chato, mas
ainda não sei o que esta acontecendo.
— E o que tanto olha?
— Maria, e se estivermos isolados, para que algo assim não
saia do controle?
— Esta falando dos seres ali embaixo.
— Sou um péssimo adivinho.
— Mas tenta entender.
— Quando ontem de manha cheguei para trabalhar, o céu
estava azul, hoje está verde, o dia inteiro, isto é descarga solar, ou
um pulso eletromagnético de altíssimo poder, mas ai está o
problema um, se fosse um pulso eletromagnético, de uso militar,
68
todos os rádios estariam queimados, meu ponto eletrônico estava
desligado, quando voltou a luz rapidamente, ele funcionou, desligou
depois, mas ele não torrou.
— Esta tentando eliminar possibilidades.
— Sim, o rapaz ali sabia de algo, mas ele não iria nos contar, e
nos distrairia, melhor não perder tempo se distraindo, e como os
seres o arrastaram para longe quando se esconderam, saberemos
se mortos podem voltar a vida.
— Certo, uma coisa é infectado, outro mortos vivos. – Maria.
— Sim, dai vem o segundo problema, estávamos em meio ao
fim do meu expediente de trabalho, e 5 caminhões não tinham
chego, mas se o sistema não foi queimado, apenas desligado por
falta de energia, os caminhões também funcionariam, e nem no
Natal e Ano Novo, eles deixam de chegar na loja.
— Acha que alguém os barrou.
— Sim, mas o exercito saiu a rua, e quando vimos, algo foi
novamente ativado, pois as pessoas que não estavam protegidas do
sol diretamente, morreram cozinhando, elas não tiveram tempo de
correr, morreram gritando e queimando a rua.
— Os momentos de sol forte.
— Sim, mas dai vem aquela indagação, nós estamos no
espaço, e quando algo vem do espaço, viaja de lá até aqui a uma
velocidade de mais de 800 quilômetros por segundo. Se algo viesse
de lá, nos teria atravessado e já estaríamos livres, mas o céu
continua verde, então está carregado de partículas elétricas, o que
quer dizer, não acabou ainda.
— E o que fazemos para sobreviver?
— Eu pensei que os rapazes estariam marcados e sinalizados,
mas se estão, não sei com o que, pois os carros ainda não vieram
pegar.
— Está tentando os atrair?
— Estamos.
— Mas não entendemos o que eles falam.
— Este é um problema que não tenho como contornar, então
vou ter de me virar sem entender.
— E se eles aparecerem, estamos fazendo festa.

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— Maria, eu quero ver o que eles fazem com o seres lá
embaixo.
— Não entendi.
— Eles não nos atacaram, mas eles parecem querer algo, não
sei se comida, mas parecem estar com medo, como se estivessem
em um estagio de instinto, não sei se pensam, mas todos os seres
tem instinto de sobrevivência.
— E estavam todos nesta região. – Maria.
Lucas sorri e fala.
— Verdade, e estão no eixo do nosso bairro que eles
passaram, os demais tem gente normal se escondendo.
— Mas como eles chagaram aqui.
— Vi pelo menos 3 cargueiros indo no sentido do aeroporto
internacional, mas eles podem ter sistemas que são imunes a estes
problemas.
Lucas se cala, olhando o fim da tarde, precisava da noite para
continuar, não descansara, estava pregado, mas sua cabeça não
estava conseguindo parar.

70
Lucas olha em volta, vê Naco vir da
parte do fundo, como se tivesse
estacionado o carro na rua de trás.
— Problemas?
— Não sei como falar.
— Falando. – Lucas.
— Maicow foi dado como morto,
dai o corpo dele sumiu, ele está nas quadras escondido da luz,
encostado em uma pilastra, vivo, mas parece com muito medo.
Lucas olha para Naco e fala.
— Naco, eu e Maria vamos lá, mas o que precisamos aqui é
saber qual a atitude que os que vão aparecer por ai vão ter em
relação ao infectados, quero saber também quem os dá apoio, e
não adianta querer morrer pelo jeito.
— Acha que eles são uma experiência?
— Não sei, mas vou descobrir.
Lucas pega a chave com Naco e caminha pela entrada lateral,
ainda dia, mas já escurecendo, entram no carro e vão para o CAIC.
Lucas olha para Maria e fala.
— Mantem a calma.
— Mas se ele for um destes seres.
— Hora de descobrir parte do problema, e para isto, preciso
de calma.
Lucas dirige para o CAIC, o senhor Ribeiro nem olhou para
quem estava no carro, pelo jeito estava mais calmo.
Lucas sai do carro e olha para Jessica ao canto.
— Fala menina.
— Ele não parece entender, o medico falou que ele estava
sem pulso, chorei pela morte dele, e ao mesmo tempo, ele está lá,
se escondendo.
— O que o pessoal quer fazer? – Lucas.
— Tirar ele de lá na marra.
Lucas olha para um rapaz ao fundo e fala.
71
— Paulinho, o que está acontecendo.
João do lado de dentro reconheceu a voz e sai para fora,
Paulinho olha serio.
— Se ele é uma ameaça, temos de o matar.
Lucas olha para Paulinho e pergunta.
— E como se mata um morto?
Um senhor, Lucas sabia que ele era médico, sai junto com
João e pergunta.
— O que quer dizer com isto, quer os assustar?
— Senhor, não sei o que está acontecendo, mas pense, eu
para me defender ontem, para que as pessoas viessem para cá, tive
de dar tiros, em pessoas que não falavam português, estes
aparentemente morreram ontem a tarde, mas ontem a noite, eles
estavam a volta de um novo grupo de pessoas que não falavam
português, mas não atacavam, se escondiam, como se estivessem
com medo, instinto diria eu.
— Quantos viu assim? – João.
— No estacionamento longe da luz, no Condor, tem mais de
seiscentas pessoas assim.
— E o que pretende fazer? – Doutor Marquinhos.
— Ver o que estes que estão a rua atirando em vivos, fazem
com os infectados, eles não estavam lá matando infectados senhor,
tem de ver que tudo que está acontecendo pode ser consequência,
não o fato em si. – Lucas.
— Não entendi. – João.
— Se uma infecção sem cura surgisse nesta região, eles não
nos isolariam?
— Sim, mas isto não geraria o pulso eletromagnético. – João.
— João, se fosse um pulso eletromagnético, não teríamos
como religar os veículos, eles estariam com circuitos queimados,
somente os trocando.
— Certo, mas não é conclusivo.
— Sei que não é, mas tenho certeza de uma coisa, algo
infectou os mortos, não os vivos, então enquanto vivos, temos algo
que deixa este vírus ou praga longe de nós.
— E acha que estão nos matando para que então?
— Senhor, vim tentar falar com Maicow, não o matar.
72
Lucas viu que os rapazes estavam ao longe, talvez eles
esperassem outro para ir naquele sentido, mas Rato todos sabiam
ser o mais maluco deles.
Maria entrou junto e olhou o ser bem no fundo, ele olha para
a lanterna a mão e fala para Maria.
— Apenas para segurança.
— Eu me armei, é meu irmão, mas não quero morrer Rato.
Lucas olha para trás e olha Paulinho.
— Fecha a porta e mantem o pessoal ao longe.
— Sabe que está arriscando, pessoas como você são
importantes Rato.
— Sou mais um, mas olha e registra de longe, se não tiver
jeito, intervém.
— Certo.
Maria olha para aquele ser escondido por trás da coluna, viu
os seres no Condor, pareciam ariscos, mas com calma eles fixavam a
vista neles.
— Boa noite Maicow.
O ser balançou a cabeça de um lado para o outro, ele parecia
branco, o corte ao peito, sem camisa, dava o tamanho do rombo
que fizeram nele.
O ser olha ao longe, parecia querer fugir e não tinha para
onde.
— Sei que pode não lembrar de mim, mas preciso falar
Maicow.
O ser balança a cabeça, parecia querer ouvir, parecia meio
perdido, como se procurasse uma saída.
— Primeiro acalma.
O ser emitiu um ruído forte, o que fez Paulinho na entrada se
armar.
Rato olha para as mãos, a abaixa, deixando a lanterna ao
chão, o ser olha para ele o medindo, parecia ver bem ali a noite, já
Lucas tinha dificuldades para isto.
O ser sai de trás da coluna, ele olha para Maria como uma
desconhecida, Maria sente que não era mais seu irmão e fala.
— Não é mais ele.
— Acho que é ainda, mas mantem a calma Maria.
73
Lucas se aproxima, Paulinho ao fundo fala um palavrão baixo,
pois Lucas ficara na mira dele, não teria como o acertar sem acertar
Lucas.
Maicow pareceu olhar serio para Lucas e balbuciar algo.
— Fala com calma Maicow.
— Naão quer te ferir Rato. – O rapaz a frente.
— Sei que está com medo, se tivesse me sentindo estranho,
frágil, estaria também.
— Não entende, tenho fome, e tenho medo.
— Fome.
— Proteína, parece que preciso comer carne.
Lucas sem olhar para Maria fala.
— Consegue algo para ele comer Maria.
Ela se afasta, Maicow a mede e fala.
— Tem de entender Rato – Fala bem baixo – eu não consigo
ver, minha vista está muito doida, vejo vultos, nem sabia que era
Maria antes dela falar que não era mais eu.
Lucas pensa nas palavras e fala.
— Temos um acordo rápido Maicow.
— Acordo rápido?
— Trazemos comida, não ataca ninguém.
— Nem sei o que aconteceu.
— Em teoria, seu coração parou, algo que está dentro de
você, não o deixou morrer, mas isto lhe tira a visão, e lhe dá fome
de proteína animal.
— E porque não me matou Rato, disse que iria proteger
minha irmã.
— Ela que está armada, eu não o mataria Maicow, mesmo
sabendo que você me entregou para os cana.
— Sabia e não retalhou.
— Eu sei de pouca coisa, não preciso saber mais do que
soube, mas vamos providenciar um lugar escuro, não sabemos
ainda se a vista vai melhorar, mas gostaria de um acordo de não
agressão Maicow.
— Sabe que eles podem não respeitar.
— Sei, mas você já morreu e eles não podem matar de longe,
já eles, ainda podem morrer.
74
— Quer me tentar a agredir alguém.
— Maicow, deixa eu tentar lhe trazer aos vivos novamente,
depois resolvemos pendencias.
— Pelo jeito vai sair correndo.
— Vou, tenho de ajudar a manter os que nos infectaram,
longe daqui.
Lucas viu Maria trazer um prato de comida, ele deixa a frente
de Maicow, talvez ela tenha entendido que ele não enxergava
quando ele tateou a comida para comer.
Lucas olha para Maria e fala.
— Vamos deixar ele comer.
Paulinho olha para Lucas e fala.
— Vai deixar esta anomalia comer nossa comida.
— Paulinho, se conseguirmos uma forma de ajudar ele,
podemos ajudar muitos, ele não é uma anomalia, ele apenas está
frágil, em meio a uma guerra, todos que ficam frágeis nas guerras
sentem medo.
Lucas falou com João acertando o que combinara com o
rapaz, explicou para o médico que ele não enxergava, que isto os
tirava confiança e localização, ele recuou até uma parede, não sabia
onde estava, mas não tinha como fugir sem escalar, então ele não
estava se escondendo ali, estava inerte por não conseguir sair.

75
Naco começa a recuar seus rapazes
que se posicionam no telhado, instruindo
eles a se posicionar como se estivessem
invadindo o local.
Viram os carros chegarem ao local,
eles entram no mercado e se deparam
com a comida feita, mas sem ninguém ali,
eles olham em volta e um rapaz fala em português.
— Precisamos falar com o líder de vocês, estamos propondo
parceria.
Naco não havia visto Lucas entrar pela porta do fundo, mas
ele estava ali a observar e ouve.
— Parceria como aquele Sargento Kalisk nos propôs, se
entrega e depois nos mata pelas costas? – Lucas no ponto extremo
do corredor, olhando para o rapaz que falaram iluminado pela
fogueira que lhes dava uma comida.
Luca olha em volta e fala alto.
— Naco, cuidado com os atiradores do telhado.
Naco olha em volta, procurando quem estava ali, e sorri, era
ele que estava no telhado.
O rapaz olha para Lucas sem uma arma e fala.
— É o líder deles.
— Somos uma democracia evolutiva.
— Democracia evolutiva.
— Sim, elegemos alguém, este alguém morre, elegemos
outro, não perdemos tempo chorando mortes, vamos avançando.
— E temos um acordo de não agressão.
— Depende, o que compreende o acordo, se nele está matar
todo resto, esquece, eles já estão mortos.
— Compreende em não atrapalhar, estamos perdendo gente
aqui, que não deveríamos perder.
— Se não tivessem vindo atirando em crianças, as crianças
não teriam atirado de volta senhor.
76
— Eles estão infectados.
— Não sei o que lhe falaram rapaz, mas se respirou este ar,
você também está, a única coisa que difere você dos lá de fora, é
que não morreu ainda.
— Não fala besteira.
— Besteira? – Fala Lucas – Naco, eles estão me distraindo,
mantem uma bala para cada cabeça.
O senhor olha para a moça sair pela porta que Lucas saiu e
sente o ponto de laser a sua cabeça.
— E sou grato pelas armas, elas são melhores que as nossas.
– Lucas.
— Não entendeu, não temos como estar infectados.
— Senhor, se o Sargento Kalisk não estivesse escondido em
nosso estacionamento, olhando em volta como alguém perdido,
acreditaria que não estão, mas todos que matamos, se levantaram,
então, todos que respiraram, estão infectados, isto quer dizer, eles
não pretendem poupar ninguém, eles vão incinerar tudo, mas a
pergunta, eles sabem o que lançaram ou acham que sabem.
Um rapaz entra pela porta e fala em russo com o rapaz, a cara
dele não estava boa e o rapaz olha para Lucas.
— Pelo jeito estamos mesmo todos mortos, mas o que
pretende fazer?
— Ensinar mortos a atirar, a controlar a fome, quero ver
quem nos quer morto, correndo para longe senhor. – Lucas falou
serio e ouviu um general entrando em um traje com oxigênio.
Lucas olha para Naco que sorri, espera o senhor chegar perto;
— Eles são soldados, sabem que se for o caso morrem pela
pátria deles.
— Duvido que estivessem pensando em morrer pela pátria
senhor covarde, estavam pensando em vencer pela pátria.
O rapaz olha para o general, ele sabia, alguns outros com
tubos de oxigênio surgem a volta e Lucas ouve o tiro seco, olha para
onde deveria estar Maria, ela não estava mais ali, mas viu o ar do
senhor começar a sair, o tanque dele fora furado.
O senhor pareceu se desesperar, prender a respiração e olhar
outro lhe trazer um novo recipiente.
Lucas sorriu e fala para o rapaz que propôs uma trégua.
77
— Como fazer uma trégua se a sua liderança lhe considera
um morto como eu, e é um covarde, pois se vê o medo no rosto do
mesmo.
Muitas armas apontavam agora para Lucas.
— Sabe que está morto. – O general.
— Não, morto eu não estou, estou infectado, por algo que vai
me tirar a visão diurna, mas a noite, me permitira caçar, mas não
estarei morto, terei lembranças de quem fui, mas dificuldades de
falar, estarei a rua, e se não incinerar direito senhor, entrarei por
sua janela um dia para comer sua família, por total falta de opção, e
quando acordar e ver seus filhos e futuro mordidos, não mortos,
sabe que foi o cagão que estava por trás disto.
O general olha para Lucas, como ele sabia era a pergunta que
lhe estava a mente e fala.
— Não me matem este, ele sabe demais, preciso de gente
inteligente, parece que ninguém esta pensando mais.
— Tem de ver que eles não tem autorização para pensar
senhor, e os mandou a morte, pois era só mandar um sistema de
oxigênio para eles, mas entendo o problema de estar com algo
explosivo em meio a um pulso de alta frequência.
O Tenente que lhe indagou primeiro pergunta.
— O que quer dizer com isto?
— Gás de cozinha, oxigênio, alguns postos de gasolina,
explodiram, então estão próximos de terminar o serviço.
— Não entendi.
— Rapaz, eu não entendi o problema, se soubesse o
problema estava em movimento, estou parado, eu não sei as
respostas ainda.
— Sabe que não tem saída para a cidade. – General.
— Espero que tenham cercado com um muro, pois somente
assim não sairíamos.
— Parece não querer sair, mas não entendo por que. –
General.
— O que faz aqui senhor? – Lucas.
Naco no teto começa a prestar atenção, pois um general ali
não fazia sentido.

78
— Temos uma transmissão para fora, via um radio que
destruímos a pouco em uma casa local, que dizia, não venham para
a cidade, está um caos e é contagioso.
— Sim, rua Francisco Alves de Oliveira, ultima casa. – Lucas –
Mas o que o faria vir aqui por esta transmissão.
— Disse que eles estavam organizados. – O general.
O senhor olha em volta e fala.
— Mas como podemos ter um acordo.
— Como perguntei por primeiro, que acordo?
— Uma parceria.
— Em que nível, o que nos teria a oferecer.
— Precisamos que todos estejam mortos, para que possamos
implementar o sistema de extermínio, se eles não estiverem
mortos, ninguém vai querer autorizar algo assim.
Lucas sorriu e olha para o senhor.
— Qual a abrangência do extermínio?
O senhor olha em volta.
— Seu estado e mais 3 vizinhos.
— Três?
— Digamos que o Paraguai entrou nisto sem pedir permissão.
— Quatro estados? Acha que está falando com quem senhor?
– Lucas olhando aqueles seres começando a se posicionar a toda
volta.
O general fica tenso, olha em volta e fala.
— O que entendeu que parece não caber no acordo.
— Senhor, não existiria exercito Russo a rua, se Brasília
estivesse lá.
O general olha para os rapazes e faz um sinal.
Maria olha para o general e este sente a bala atingir o
capacete, e o ar começar a sair, o rapaz olha para Lucas e fala.
— Ele quer você morto.
— Disto eu sei, mas porque é a pergunta?
— Ele não nos passa tudo, mas... – os rapazes ao fundo
começam a atirar nos infectados que entravam no local.
— O que eles querem?
— Só recua. – Lucas olhando o rapaz.

79
Ele não entendeu, os rapazes que estavam com ele ouvem ele
falar para recuar, e vem de costas no sentido de Lucas.
Os rapazes com roupas especiais foram caindo, e os seres
chegam até a comida, estavam com muita fome.
Os rapazes ao chão são arrastados para a parte baixa,
enquanto alguns pegavam o que conseguiam de comida pronta e
cheirosa e levavam para baixo.
Lucas olha o rapaz e fala esticando a mão.
— Acho que não nos apresentamos. Rato.
O rapaz olha para a mão esticada e a aperta e fala.
— Tenente Mikos.
— Estamos em lados opostos, mas não precisamos nos matar
rapaz, eles vão tentar matar todos, apenas temos de sobreviver até
lá.
— Acha que eles vão nos matar a todos.
— O problema é que eles lançaram algo, que não controlam.
— Não entendi. – O tenente Mikos.
— Eu e todos os vivos, se eles lançarem uma bomba H,
morremos, mas o que está dentro de nós, é o que eles não
controlam, parte dos que caírem mortos com a bomba, se levantam
após.
— E porque eles lançaram isto?
— Se vocês do lado de fora não sabem, nós isolados aqui
dentro muito menos.
— Chegamos pela manha, diziam que um grupo iria nos
receber ao aeroporto, mas não apareceram.
— Quais as ordens?
— Achar a resistência e propor uma trégua, para levantarmos
os danos causados.
— Uma cidade morta, que tipos de damos?
— Estruturais.
— Quase nenhum.
— Como nenhum.
— Senhor, estamos em uma nação que a temperatura menor,
é próxima dos 5 negativos no inverno, no verão, próximo a 40 graus,
então não temos estruturas de sobrevivência, mas não temos
desafios extremos, tudo que explodiu, recolocamos, mas nem os
80
sistemas foram derrubados, apenas não temos energia, pois os
postes tiveram seus transformadores estourados.
Lucas sabia que os seres pegavam comida a frente e
recuavam, olha um pegando lentamente a comida, como se
estivesse tentando ouvir o que falavam, os rapazes estavam tensos,
ele olha quando Dalton olhou para eles, que falavam, dá dois passos
no sentido da grande fogueira que assava as coisas, Lucas olha para
Dalton e fala.
— Podemos conversar Dalton?
O soldado estranha, pois Lucas estava se propondo a falar
com um deles, o ser olha para ele tentando fixar a vista e ouve.
— Sabe que reconhece esta voz, lembra do Rato?
O ser sacode a cabeça, Naco no telhado olha para aquilo,
todos olham para Lucas e o ser fala baixo.
— Você está com estes que nos atacam?
— Não, sou o que preparou a comida para os alimentar, mas
eles chegaram antes.
— Como sabia que ouviria.
— Temos de conversar Dalton, fala com os demais, vamos
observar e vamos sobreviver.
— Eles nos querem mortos.
— Eles também nos querem mortos. – Lucas.
O ser olha a carne e olha para Lucas e fala.
— Não confio em você Rato.
— Novidade, me conta algo que não saiba Dalton.
O ser pareceu rosnar, pega a carne e sai olhando para o
sentido que Lucas estava.
O tenente as costas olha para Lucas e fala.
— Você estava falando serio em os ensinar a atirar?
— Lógico.
— Sabe o perigo disto.
— Rapaz, se vamos morrer, que tenha alguém que recuperou
a consciência para nos trazer a lucides.
O tenente faz sinal para os seus saírem, eles olham os carros
todos virados na entrada e saem pela rua, olhando os seres, que
pareciam estar as rua escuras a comer, não os viam, mas ouviam
eles comendo.
81
Naco dá a volta e chega a eles.
— O que está pretendendo Rato.
— Naco, você viu, eles atiraram nos seres e estes nem
sentiram as balas, e continuaram a avançar.
— E quer os dar armas?
— Sim.
— Eles vão matar a todos.
— Vamos sair daqui, enquanto podemos.
Naco entendeu que os demais deveriam chegar com reforços,
saem pelo fundo, se amontoam no veiculo e voltam para o CAIC.
O tenente Mikos olha os rapazes saindo ao fundo e pergunta.
— Quantos estavam a volta?
— Mais de dez deles.
— Nossas armas?
— Sim.
— O que o satélite fala que tem aqui nos fundos?
— Uma favela senhor.
— O que entenderam?
— Que estamos mortos, infectados e pelo jeito, seremos
ainda cobaias destes que nos mandaram para cá.
— O rapaz é corajoso, ele não treme, ele estava armado e não
nos apontou uma arma, mas não entendi a ideia de armar esta
praga.
— Eu não entendi aquela conversa. – Um rapaz em russo.
— Ele reconheceu o rapaz, este pareceu parar para ouvir, ele
não fixava o olhar, ele não conseguia ver quem estava ali, mas
conseguia ouvir que era alguém que ele conhecia.
— Esta dizendo que o ser o reconheceu pela voz e falou com
ele?
— Sim, mas pelo que entendi, eles não enxergam, então não
adianta a ideia de por armas nas mãos deles.
— Pelo menos uma boa noticia.
Os rapazes sorriram.
Dalton os observava, olha para o rapaz ao lado, alguém que
falava coisas estranhas em duas línguas e pergunta.
— O que os fez rir? – Dalton ouvira a rizada, não a vira.

82
— Alguém lá dentro parece ter dito em nos dar armas, o
rapaz falou que não enxergávamos, não entendo porque não
vemos, mas que a ideia do rapaz não daria certo, pois não
enxergávamos.
Dalton olha outros e aproxima-se de alguns que lastimavam
as costas e ouve um falar.
— Minha mãe vai ficar triste, eu a decepcionei.
Ele reclamava, Dalton chega ao lado e pergunta.
— Bruno?
O ser olha para o som, mesmo não vendo quem estava ali.
— Quem quer saber.
— Dalton.
— Também está neste buraco.
— Ouvi algo estranho, e preciso conversar.
— O que ouviu?
— Que os que nos atacaram, querem todos mortos.
— Aquele que falava, nos atacou, reconheço a voz.
— Sei disto, mas fui indagado lá encima por um que me
perguntou se poderíamos conversar, nos organizar e sobreviver.
— Porque eles iriam querer nos salvar.
— Eles não, um rapaz, que falava com um rapaz com sotaque
estranho.
— Alguém conhecido Dalton?
— Rato.
O rapaz tenta olhar em volta, não via muita coisa, mas de
noite ainda via vultos, de dia, os olhos lacrimejavam totalmente.
— Estava sozinho?
— Estavam ali, Naco, a irmã do Maicow, outros que não
reconheci.
— Eles que estão agitando aqui?
— Pelo jeito enfrentando estes que nos querem mortos, mas
eles vão vir conversar, mas não sei sobre oque.
Os dois pegam um pouco mais de carne se alimentando.

83
Lucas chega ao CAIC e para a frente
de Marquinhos, o medico e pergunta.
— Como está o pai da Joseane?
— Melhor, foi de raspão, mas pelo
jeito vai desperdiçar comida com aquele
rapaz.
— Senhor, o que vou falar foi me
passado por um soldado do outro lado, que também está infectado,
não sei como, mas qualquer a volta que morrer, por qualquer
motivo, pode vir a se levantar como aquele rapaz, então quero
estudar o que aconteceu, e preciso saber se ele morreu mesmo, ou
está confuso.
— Está falando serio.
— Estou falando que os comandantes destes rapazes, vieram
a campo com proteção total e oxigênio próprio.
— Então pode ter sido esta a causa do ataque, para matar
algo fora de controle.
— Não entendi o problema, mas queria saber o que pode
gerar irritação nas córneas a ponto delas não enxergarem nada de
dia, e muito pouco na noite.
— Muita coisa, qualquer infecção ocular, é uma região frágil,
como ele passou momentos morto, pode ser uma forte conjuntivite,
já que a proteção ocular é 24 horas por dia.
— E como podemos ajudar ele a enxergar.
— Sabe o que está fazendo?
— Senhor, ele lembra quem foi, então ele não é um morto
vivo, ele é um infectado, que voltou a vida, e se os fora da cidade
querem todos nós mortos, eu quero saber como sobreviver, como
fazer algo para viver, mesmo que todos achem que morri.
— Pelo jeito está falando serio.
— Sim.
O senhor fala sobre um antibiótico, e que os olhos mesmo
assim teriam problemas com a luz.
84
Lucas olha para fora, agradece, abraça sua mãe e fala.
— Como está mãe?
— Assustada, todos me perguntam de você.
— Mãe, tem gente fora deste colégio nos querendo todos
mortos, mas se eles chegarem a você, lembra de uma coisa.
— O que?
— Se eles lhe atingirem, faz de conta que morreu e fica
inerte, quando for seguro, fala alto e fica junto a Peter que os acho.
— As vezes me assusta.
— Mãe, eu tenho medo, mas preciso ajudar agora.
Ele ficou ali pouco, não queria parar, não era hora de parar,
ele foi a farmácia mais a frente, ele e Maria arrobaram e pegam o
antibiótico, e voltam ao CAIC, ele olha para o óculos de visão
noturna dos rapazes daqueles carros, pega três, uma roupa limpa e
entra no ginásio, fazendo sinal para Maria vir junto a alcançando um
óculos, ao fundo alguns rapazes olhavam ele desconfiado.
Maicow olha para o movimento e ouve.
— Voltei Maicow.
— Estes ao fundo me querem morto, eles falam isto.
— Eles não sabem da verdade Maicow, mas gostaria de
conversar.
— Falar me fez acelerar os pensamentos, não sei como.
Lucas chega bem perto e fala.
— Este antibiótico é para gotejar nos olhos, a cada 6 horas,
mas acho que pode gotejar quando achar bom.
Maicow olha para o lado que estava a irmã e fala baixo.
— Desculpa ter rosnado, não vejo nada mana.
— Rato me explicou isto.
Ele pega o colírio, sente ele, abre e pinga no olho.
— Vai doer no começo.
Maicow rosna e fala.
— Só fala agora.
— Quer oque, estamos testando em você, algo que é teórico,
não pratico.
— Não tem médicos para me tratar.
— Pelo que entendi, um dia vai ter de me induzir a isto
Maicow.
85
— Acha que ninguém sobrevive? – Maria.
— Eles tem planos, mas com certeza eles querem matar
todos, então tem de ser algo incendiário, ou altamente destrutivo,
não entendi porque não acabaram com tudo ainda.
Maicow pinga novamente, Lucas via ao longe os demais, o
óculos lhe dava o rosto de Maicow, sua dor, o rapaz olha em volta e
fala.
— Parece que ficou menos doido, mas é estranha as cores.
Lucas o alcança umas gazes e fala.
— Limpa o rosto e vê como fica a visão com este óculos.
Maicow olha desconfiado, limpa o rosto com aquela agua que
ele nem sabia ser hidratante, sente o óculos e o coloca, olha em
volta e sorri.
— Arde ainda, mas dá para ver vocês.
Lucas olha para Maria e fala.
— A roupa é para vestir, vamos o deixar se trocar e vamos a
ação Maicow.
Ele olha desconfiado Lucas esticar a mão para Maria e saírem
no sentido da porta.
Lucas chega a porta e fala.
— Podem descansar rapazes.
— Mas ele pode atacar os demais. – Paulinho.
— Em meia hora estamos saindo com ele, algum problema
Paulinho.
— Saindo? – Outro rapaz.
— Levando ele para outro lugar.
Paulinho não entendeu, mas viu aquele rapaz com uma roupa
limpa se levantar, com aquele óculos e andar até ali, ele olha para
Paulinho e fala.
— Pode me querer morto Paulinho, mas alguém acha que sou
útil em outro lugar.
Os demais nem entenderam quem era o rapaz, pois ele saiu
com uma roupa limpa, com aquele óculos, no sentido do carro,
Jessica olhou ao longe, mas não chegou perto.
— Depois falo com ela. – Maicow.
Lucas olha os demais e saem no sentido do Condor
novamente.
86
Estacionam na parte do fundo, e foram entrando, Lucas chega
a frente de Dalton e fala.
— Podemos conversar Dalton?
Ele olha os três vultos, em meio a todos aqueles, não poderia
dizer que eles não tinham coragem e fala.
— Pelo jeito trouxe mais alguém.
— Dalton, vim para conversar. – Maicow.
Dalton olha no sentido da voz, estranhou a voz, era a de
Maicow, mas parecia estranha.
— Que voz é esta?
— Até o inicio do dia, estava como você.
Dalton pareceu não acreditar e fala.
— Como se não consigo nem me mexer direito sem ter de
esticar os braços para frente para não bater em tudo.
— Isto que queremos conversar Dalton. – Lucas.
— Sabe que tem gente que está ouvindo que não deveria? –
Dalton.
— Se eles não entenderem que já não são soldados Russos, e
sim vitimas de algo que nos atingiu, não posso os ajudar Dalton, a
escolha é deles.
— O que faço? – Dalton.
Lucas encosta nele e fala.
— Estou lhe passando um colírio, é doido, mas tem de
lembrar de por ele varias vezes ao dia, após isto, um óculos de visão
noturna, de dia ainda não temos o que usar.
Dalton sente na mão, pinga nos olhos e sente a dor, sabia que
doeria, e mesmo assim não titubeou.
Eles ficaram conversando e Dalton depois de um tempo
experimentou o óculos e falou.
— Assim pelo menos consigo andar.
— Ainda não temos para todos Dalton, mas precisamos os
mudar de lugar, pois aqui viramos alvo.
— Alguma ideia?
— Não, nenhuma. – Lucas.
— Como nenhuma. – Maicow.
— Ele está pregado mano, tem de entender que ele não
dormiu desde a manha seguinte aquelas luzes no ar.
87
— Mas o que podemos fazer? – Dalton.
— Vamos mudar de teto, mas não para longe, vamos para a
casa de show a frente, ficamos quietos, a noite tentamos trazer a
luz mais alguns. – Lucas.
— Tem quantos óculos?
— Não mais de 20.
— Pouco.
— Acho que podemos conseguir mais colírio, isto já vai
começar a ajudar Dalton, eles usam e devem conseguir enxergar
algo, temos de os fazer começar a falar, para eles começarem a
pensar nas cordas vocais, suas memorias devem voltar, mesmo que
alguns choros voltem.
— Acha que podemos sobreviver? – Dalton.
— Eles nos querem mortos, sabe que sempre desafio o que
eles querem.
— Certo, consegue os colírios, vamos fazendo eles usarem
aos poucos, e depois vemos o que acontece.
Lucas pega o pacote e fala.
— Apenas 20 frascos por enquanto.
— Um começo, mas vão ficar?
— Vamos transferir eles pelo fundo, deve ter alguém olhando
a frente.
O rapaz sorriu, eles começam a sair pelo fundo, fim da noite e
entrar no clube ao lado, uma casa noturna que com as luzes
apagadas, pareceria noite em pleno dia.
Maicow olha Lucas saindo e olha para Dalton.
— Olha quem vem na hora que precisamos?
— Ele sofreu na carne Maicow, todos falamos mal dele, mas
todos tivemos pai, ele não, mas depois que aquele senhor na Tijucas
morreu, ele mudou.
— Continua firme, com aquele jogo de corpo ao andar, ele
pode ter virado escravo do sistema, mas um escravo com
personalidade.
Dalton sorriu e fala.
— Enxergar nem que pouco, muda as coisas.
Os dois começaram a aplicar a primeira leva de colírio, eles
nem sabiam como seria quando de dia, mas estavam tentando
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sobreviver, tentando recomeçar em um mundo que parecia não os
querer vivos, aquele grupo de pessoas começava a crescer, Maicow
priorizou 6 primos e duas meninas do grupo, Dalton o pessoal da
Tijucas, formando aquele grupo de 22 pessoas que enxergavam em
meio aos demais.
Dalton olha os demais e fala.
— Engraçado agora eles não aparentarem tão assustador.
— Os demais não pensam assim Dalton.
Os dois viram que muitos trouxeram parte da comida, aquilo
que antes parecia saboroso, ver como estava, meio cru, sem higiene
nenhuma, faz Dalton olhar com nojo.
— Deixa de ser mariquinha Dalton.
Dalton olha para Maicow e fala.
— Viramos bicho, e ninguém nem ai para isto.
— Como disse em outras palavras, olha quem veio nos trazer
a condição de gente Dalton.
Os dois não viam mais Lucas, este saia de carro e parava a
frente, no posto de saúde 24 horas, entra com calma, sabia que
poderia ter gente ali, mas achava difícil achar algo útil.
— O que viemos fazer?
— Preciso algo para cabeça.
Lucas entra na parte de medicamentos e olha um senhor lhe
apontar a arma.
— Larga.
— Não vejo motivos para largar algo. – Lucas.
— Preciso deste medicamento, não o vou deixar levar.
— Precisa? – Lucas se virando para o senhor, viu que havia
uma criança as costas e fez sinal para Maria recuar.
— Se ela tentar algo eu mato você.
— Se me matar, morro senhor, mas o que precisa, pois aqui
tem muito pouco para ajudar em algo.
— Veio a um lugar que tem nada? – O senhor.
— Apenas um AS, 3 dias sem dormir me faz ter dor de cabeça.
— Estavam ali na frente, vimos aqueles animais, aqueles
militares, o que são vocês? – O senhor apontando a arma.
— Apenas sobreviventes.
— Sobreviventes armados?
89
— Tirei esta de um rapaz que tentou me matar.
Lucas pega a arma e põem a frente do corpo, o senhor viu
que a arma era bem mais perigosa do que ele vira antes, e fala.
— Não nos atrapalhando não precisamos brigar. – O senhor.
— O que está acontecendo senhor, se deixar eu posso ajudar,
existe um lugar que tem um médico, mas não aqui.
— Vai dizer que é medico?
— Não, fugi da escola.
— Ela?
— Não, mas temos um grupo de sobrevivência, estamos
juntando coisas uteis, pois queremos sobreviver.
O senhor olha para a menina, ela estava estática, não se via
mais que isto.
— Ela está mal.
— Podemos ajudar senhor.
— Não confio em vocês.
— Senhor, ela pode sair viva, ou ficar como aqueles ali no
mercado, mas ambos, ainda vivem, apesar de que uns tenham
passado pela morte.
O senhor olha a moça, ela também tinha uma arma de alto
poder de destruição.
— Mas parecem querer matar todos.
— Senhor, o Rato só veio pegar uma aspirina, nem vi ele
derrubar os rapazes que nos cederam na marra estas armas, mas
não viemos matar gente, mas tem de escolher, agora, se quer ajuda
ou não, podemos virar as costas e ir embora, mas saiba, é a ultima
vez que alguém vai lhe oferecer ajuda.
O senhor olha a menina, ela estava branca, parecia perder cor
e fala.
— Ela perdeu sangue, ela está estranha, mas ela não tem
noção mais do que é, ela ameaçou me morder.
Lucas olha para Maria que entra e olha para os frascos de
soro fisiológico e fala.
— Podemos lavar os olhos dela, dar um anti-inflamatório,
antitérmico e a levar ao medico, mas tem de escolher se quer. –
Maria.
— Eu não quero ajuda, eu cuido dela.
90
Lucas olha para a criança e fala serio.
— Tem certeza? – A frieza de Rato fez Maria olha o senhor,
mas se ele queria ser irracional Lucas não seria diferente.
O senhor viu o rapaz pegar a aspirina e olhar para Maria.
— Vamos, temos gente a ajudar, quem quer ajuda.
— Vai deixar a menina morrer?
— Maria, eu não posso decidir ou ser acusado das escolhas
dos demais, ele pode reagir e lhe dar um tiro, lhe acho mais
essencial que ele, mas as escolhas não são minhas.
— Se tivesse o mandado embora teria ido? – Maria.
— Já me mandou embora antes Maria, sabe que sim.
— Você não parece sentir nada, isto que os demais temem
em você.
— Eles são os que sentem, deixa para mim apenas o seco,
imaturo, irresponsável e violento.
Lucas sai, Maria olha o senhor, eles ofereceram, mas Maria
parecia querer ajudar.
— Não tem outra forma?
— Maria, todos deveriam querer sobreviver, mas esta
sociedade é de fracos, não de fortes.
Lucas foi saindo sem olhar em volta e ouve uma voz alta.
— Parados.
Lucas joga a arma para traz, ele olha para Maria que apenas
recua e o senhor fala.
— Não mandei recuar.
Lucas anda a frente e fala.
— Não estou recuando senhor.
Lucas via o dia amanhecendo, via dois caminhões, e ouve
aqueles tanques ao fundo, olha para os mesmos indo no sentido do
Mercado e fala.
— Mãos para cima.
— De jeito nenhum senhor.
Lucas pega no gatilho, olha o senhor e fala.
— Se vai atirar em mim senhor militar, vou cair atirando,
como cai matando aqueles russos desgraçados.
— Estamos colocando as pessoas locais em quarentena.

91
— Estamos isolados, na cidade, em quarentena, não fala
besteira senhor, ou acha que ninguém aqui sabe o que está
acontecendo, que vão matar todos para dizer que fizeram o
trabalho sujo deles.
— Esta me acusando.
Lucas olha os soldados ao fundo todos armados e fala.
— Quem não atirar, não morre.
O general a frente olha em volta, não via nada, mas ficou
olhando o rapaz, Maria entra e faz sinal para o senhor sair pelo
fundo e fala.
— Estes vieram limpar a área senhor.
— Como sabem?
— Eles vão matar todos que podem estar contaminados.
O senhor olha a filha, pega ela no colo, ela tenta o agredir,
mas quando ouve sua voz o abraça.
— Fala com ela que ela acalma senhor.
— Como sabe?
— Ela não está vendo nada, isto desperta em nós os instintos,
não o racional, mas vamos sair.
Maria atravessa o local e olha uma ambulância no fundo,
entram nela e sem fazer escândalo, abre ao fundo um portão, olha
para o exercito ao fundo e fala ao senhor.
— Vamos ficar quietos enquanto eles se mexem.
— Acha que eles são inimigos?
— Senhor, para eles, estamos todos contaminados, isto quer
dizer, todos mortos.
O senhor olha a menina e a abraça forte.
Lucas olhava o senhor e este fala.
— De onde conseguiu esta arma.
— Já falei.
— Se largar a arma não o matamos.
— Você não tem autonomia para não me matar general,
então não fala besteira.
— E como sabe disto?
— Sabendo senhor, mas a pergunta, está a favor do povo de
sua cidade ou destes malucos?

92
O general vê os tanques avançarem no sentido do Mercado,
viu eles entrarem no mesmo, não os viu sair, mas ouviu um estouro,
Naco quando viu que Lucas estava cercado, recuou ao Mercado,
observava de longe, vendo os soldados virem no sentido do
mercado, começa soltar os botijões de gás na entrada, quando os
tanques passaram por cima, começa os estouros, como eles não
viam quem os atacava, atiram na parte baixa do mercado, que com
suas colunas atingidas, desmorona sobre sua estrutura.
Lucas olha os soldados lhe olharem.
— Acha que não vamos matar estas anomalias?
— O senhor pelo jeito apenas não mandou me matar pois
morreria antes deles me atingirem, mas não quer dizer que queira
morrer senhor.
Lucas começa a recuar para a entrada, ele olha para o sistema
interno de refrigeração, atira uma granada naquele sentido e corre
para a parte do fundo.
Maria olha para Lucas correndo para o fundo e olha o prédio
estourar as suas costas.
— Vamos.
Lucas entra na ambulância e Maria acelera pelo fundo, os
soldados estavam vendo tudo estourar, ouvindo o estouro vindo do
Mercado, enquanto ao fundo saia a ambulância, tentando não
chamar a atenção.
Lucas olha para Maria e fala.
— Me deixa ao lado dos restos do Terminal e se manda para
o CAIC Maria.
— Certo, eu volto.
— Eu não quero matar ninguém ali, mas como eles vão
querer nos tirar as armas, temos de os afastar.
Lucas olha para a calçada, olha para o céu, atravessa os restos
do terminal, e olha para os comércios em chamas, olha para a
construção da Igreja Mundial, entra e olha para o prédio do
Mercado ao lado, olha para ou outro lado, olha para a parede e
atira nela, como se tivesse atirando em algo.
Os militares que olhavam para os restos do posto de saúde
olham para o outro lado da avenida e o general pergunta.
— Como ele chegou lá.
93
— Não sei senhor.
— Vamos naquele sentido, quero ver quem é este rapaz, ele
esta armado e parece perigoso.
— Não era para terem estrangeiros aqui senhor?
— Ouviu o que o rapaz falou Tenente, eles para sobreviver
pelo jeito os mataram e pegaram suas armas.
— Acha que ele se escondeu na igreja a frente?
— Quase certeza Tenente, todos me perguntaram onde era a
cede de resistência, todos apontaram para o mercado, mas
esqueceram que eles podem ser mais espertos que isto.
O senhor olha para os tanques ao fundo, pareciam ter
explodido, esqueceu que poderiam ter posto pontos de resistência.
— Acha que ele vai estar lá para conversar?
— Quero saber o que esta acontecendo rapazes, este rapaz
armado, não foi narrado tenente, algo está fora do que me
disseram, me afirmaram que existiam seres infectados, mas ele
parece bem vivo.
— Vivo e bem equipado, ele estava com um óculos de visão
noturna no pescoço senhor, uma arma calibre 16, mas de 60 tiros,
não sei quantos cartuchos ele tinha as costas, mas ainda tinha a
moça na parte interna, deve ter sido quem preparou a explosão,
mas não deveríamos os salvar senhor? – Tenente.
— Estão dando parte da cidade perdida para uma peste,
mandaram desinfetar, mas pelo jeito as coisas estão violentas.
O grupo atravessou a rua, Maicow olha para Dalton e fala.
— Vamos por todos na parte do fundo, a área de preparação.
Os dois foram encaminhando as pessoas para a parte dos
fundos, deixando o local vazio, e a ordem era ficar quietos.
O grupo de militares chega a frente do local, um caminhão de
soldados sai dos caminhões e começa a olhar para os restos do
mercado, olha para os tanques estourados, eles olham as
construções em volta, Lucas da porta ouviu tiros na Igreja Universal
a frente, o que o fez olhar para Naco ao fundo e falar.
— Quem está por perto?
— Poucos.
— Eles querem se dizer soldados, mas devem ter matado
crentes na igreja em frente.
94
— Nesta nem crentes tinha. – Naco.
— Naco, preciso de acordos, não de mortes, mas para isto,
estarei ali, se eles me levarem, deixa, se destravarem uma arma,
vou levar o máximo deles comigo.
— Acha que acordaria?
— Saberei depois, mas isto não quer dizer que seja agradável.
— E como vai enfrentar isto?
— Recua e põem os rapazes nos pontos estratégicos.
— Eles vão te matar Rato. – Joãozinho.
— Acho que nem eles sabem o que está acontecendo, mas
não quer dizer, que vou gostar disto.
Lucas começa a sair da capela lateral ao palco e olha para os
soldados entrando todos com suas armas engatilhadas, ele olha o
general e fala.
— Podemos conversar ou vai continuar atirar em crentes e
dizer que é um Brasileiro, todos matando Brasileiros, e se dizendo
patriotas.
— Acha que convence eles de algo. – O general.
— Apenas alertando eles, todos estão mortos, pois todos que
respiraram no bairro estão, então estão como eu, mortos, até você
general, arrota alto, mas eu posso estar morto e não ver, mas
gostaria de estar lá para rir a gargalhadas quando lhe matarem.
Os soldados se olham, Lucas sente o primeiro tiro no ombro,
ele larga a arma e não reage, olha em volta antes de apagar, mas os
rapazes o algemam mesmo sangrando, e o jogam na parte dos
fundos de um veiculo.
— Onde está o resto?
— Limpo senhor, eles podem ter se matado a todos.
— Não acredito nisto, mas me levem este rapaz para a base,
quero ver o que ele sabe.
— Fazemos um curativo? – Fala o tenente apontando o tiro.
— Morto por morto, apenas mais dor tenente.
Os soldados foram saindo, Naco olha para Maria olhar ao
longe, todos esperando eles saírem.
Maria chega perto e Naco fala.
— Ele se deixou pegar.

95
— Vamos ao CAIC, temos de achar um lugar e mudar tudo
para lá.
— Já pensou na faculdade ali na frente? – Naco.
— Estava pensando nisto, ali tem a região do restaurante
comunitário, vamos lá, decidimos, mas se pegaram ele, eles vão o
fazer falar.
— Vamos.
O grupo olha para o senhor que entrara naquele momento,
não entendia quem eram, mas viu que o rapaz para proteger o
pessoal se deixou pegar.

96
Lucas sente a cadeira, olha o senhor
pegar sua arma e olhar para ele.
— Acha que pode me ameaçar e
deixaria barato.
Lucas não fala nada, mas sentiu o
senhor apertar o braço inchado que doía,
latejava, sente os olhos lacrimejarem de
dor, ele não era um guerreiro, era penas um Curitibano, morador do
Sitio Cercado, que tinha o emprego de carregador e empilhador,
sorri, o que eles iriam tirar dele, lembrou da mãe, do irmão, mas
nada disto era algo que lhe desse medo.
Lucas sente a dor e ouve.
— O que sabe sobre o que está acontecendo.
— Não sei o que o senhor sabe para lhe situar do que sei.
— Acha que caio nesta conversar.
Lucas sorriu e o senhor apertou a ferida, os olhos entregaram
a dor, mas ele sorri com dor e fala.
— Valente, mata crianças e crentes e acha que entendeu algo
senhor? – Lucas.
Por traz de um vidro tinha dois senhores, Lucas não entendia
onde estava, mas não pareceu longe, ele olha em volta, apenas o
senhor, uma sala, aquilo parecia uma sala que só existia em livros
que lera, nunca na vida real.
— O que sabe sobre os planos de ação do exercito.
Lucas olha em volta, o senhor segurava seu braço que estava
inchado, sente sede, mas não falaria sobre isto, olha o senhor e
refaz a pergunta.
— Na verdade nada da ação do Exercito, vi um exercito a
alguns dias no centro, em caminhões que não resistiriam uma arma
de alta frequência, mas depois disto, só vi estrangeiros, não o
exercito nacional, e eles não chegaram atirando em religiosos
senhor, pensei que eles fossem os inimigos, não o exercito capaz de
matar religiosos desarmados.
97
O senhor aperta o braço e Lucas olha ele serio.
— Se não quer ouvir a verdade senhor, não pergunte, me
mate e incinere, pois senão em dois dias estarei lhe encarando, pois
sei como me livrar do problema, mas você não quer saber senhor,
pelo jeito não sabe nem o que perguntar.
Lucas olha um senhor entrar na peça, sabia que aquele
uniforme era Russo, sorri e o general olha os senhores.
— Pelo jeito achou o que procurávamos General. – General
Marques, era o que dizia o uniforme.
— O que acha que ele sabe?
— Senhor, levantamos a fixa deste rapaz, ele é em teoria, um
rapaz que faz carga e descarga no centro, passamos na casa dele,
toda destruída, o bairro dele deixou de existir, queimou enquanto
ele trabalhava, mas de alguma forma, ele saiu do centro e voltou ao
bairro, 90% das pessoas não conseguiram sair da quadra que
estavam, estão com medo, ele atravessou a cidade, sabemos que
ele sabia da existência de uma transmissão para fora, até onde ela
estava, então ele esteve lá e pôs a gravação, mas tudo me mostra
um rapaz problema. – O general.
— Rapaz problema? – O general com roupa Russa e sotaque
puxado no português.
— Ele ficou preso até completar 18 anos por assassinato
general, ele não é alguém que não mate alguém.
— Soube por um tenente que ele sabia evitar o ataque dos
seres, mas a pergunta, como ele sabe disto?
— Ele deve ter uma resistência, mas não a achamos em meio
ao local que ele estava.
Lucas vê que estão o forçando pensar, mas o induzindo, sorri
mas o braço latejava. Ele olha o general que lhe pergunta.
— Onde teve treinamento em armamento.
— Nas ruas do bairro.
— Pelo jeito mata tão friamente quanto o exercito?
— Não sou um assassino senhor, mas se precisar sobreviver,
eu atiro, odeio gente que se levanta depois que leva um tiro.
— O que quer dizer com isto? – O general que lhe apertara o
tiro ao braço.
— Tiro na cabeça senhor, é o que estou dizendo.
98
— Não tem remorso pelo jeito.
— Eu acho que estou morto, por uma merda que lançaram
sobre o país, alguém depois que lançou, resolveu testar outros dois
tipos de armas, mas são armas diferentes, e com certeza existia os
em prol do povo, e os em prol da morte, mas o que posso fazer, não
discordo de nenhuma das partes.
— Não discorda do matar a todos?
— Senhor, este país tem um problema serio, ele precisa ser
ordenado, o povo tem potencial, mas não tem cultura ainda, tem
força, mas foi induzido que trabalho é para os fracos, um povo que
poderia ser a terceira economia do mundo, e é a sétima as vezes
oitava.
— E mata meus rapazes mesmo assim? – O russo.
— Eu não tive alternativa senhor, eles foram para lá com
ordem de matar a todos, então quem os matou, foi quem os
mandou, pois tinha 4 malucos que não queriam morrer.
— Vai dizer que resistiu com 4 pessoas, isto é impossível.
Lucas encara primeiro o senhor que falara e após olha para o
russo e fala.
— Deve saber, eu estava sozinho lá quando outro general de
vocês foi lá, eu propus trégua, mas os seres estavam com fome, não
se interrompe eles quando eles querem andar, apenas os deixamos
andar.
— Me afirmaram que você falou com um deles.
— Senhor, eu aprendo vivendo, mas não sou de grandes
conquistas, não fico para ter louros, eu apenas vivo.
— E porque transmitiram para fora?
— Queríamos uma reação, e teria de ser em ondas curtas,
pois em FM não sairia do país, não teria o efeito que queríamos.
— E como 4 pessoas enfrentam exércitos?
— Na verdade duas estão lá ainda, mas funciona como
sempre dizemos, em pequeno numero, a locomoção é rápida,
enquanto no escuro locomover um exercito requer estrutura, 4
pessoas com quatro óculos de visão noturna e armas pesadas,
fazem um estrago grande.
— Sabe que vamos verificar.

99
— Senhor, tinham muitos sobreviventes, mas depois de
ataques infundados e inocentes, as pessoas morrem e se erguem.
— E quando viu eles se erguerem?
— Não vi, estávamos sobre ataque do segundo grupo
mandado ao local, eles detonam os demais e descem a rua no nosso
sentido, e quando os cercamos, nos vimos cercados por estes seres,
naquele momento aprendi duas coisas, vi naquele momento que
vocês sabiam como não serem atacados, e que alguns que
achávamos ter morrido, estavam entre os que nos cercavam, era só
não os atacar ou barrar, mas pelo jeito alguns de vocês não leram os
próprios manuais.
— Parece adivinhar o que sabemos, isto que não entendo.
— Pensar não é algo proibido senhores.
— Pelo jeito não tem medo de falar.
— Não sei o que está acontecendo para temer, acho que no
fundo, temo a morte, mas não criancices.
— Se acha esperto.
— Não, me acho um ser qualquer, que não juntou uma
resistência, pois ninguém lá confia em mim, então éramos apenas
um amontoado de pessoas tentando sobreviver.
— Acha que eles se afastariam?
— Não sei, eu mudaria de lugar, mas eles, não mando neles.
— E aquela moça que todos viram com você.
— Digamos que o irmão dela, com um tiro de uma destas
suas armas a barriga, pediu para a proteger.
— E não está preocupado em a proteger? – Um dos generais.
Lucas sorriu e olha para os generais.
— Se querem ajuda peçam, eu não estou entendendo nada e
vocês parecem não saber o que perguntar, mas o que fiz ou deixei
de fazer lá, não tem haver com esta conversa.
O general Brasileiro olha para o Russo e pergunta.
— O que precisavam dele?
— Uma organização, não uns pivetes com armas, não tenho
como jogar em 4 pessoas toda a culpa.
Lucas olha os senhores, eles queriam um grupo para culpar,
mas não poderia ser os seres, pois eles eram muito calmos, ai o
problema, Lucas olha para eles e fala.
100
— Quantidade é questão de espelhos, não de pessoas.
O general olha para ele e pergunta.
— Não entendeu ou é burro.
— Entendi, vocês querem um culpado, alguém começou uma
operação, já conseguiu o que queria, agora quer uma justificativa, a
praga não está funcionando, eles são muito pacíficos para justificar
um ataque com um PEM, muito menos com algo de maior poder de
impacto, mas como disse, tudo é questão de espelhos.
— Você é maluco mesmo, e me disseram que era um líder de
uma resistência, ninguém nem sabe o biruta que você é.
— Eu posso ser biruta General, mas não mato os habitantes
de minha nação, não rasgo o uniforme que uso, não sou um babaca
de farda que deveria estar defendendo o povo e está lá atirando em
crentes em igrejas. – Lucas sentiu o direto de direita do senhor, caiu
para trás e a cadeira que ele estava preso pendeu para traz.
Lucas chacoalha a cabeça e ouve o senhor falar.
— Acha que vale a bala?
— Fotografa e diz que prendemos o primeiro membro de
uma rede de terroristas Brasileiros, começa a devolver a
comunicação, que tivemos ataques sequenciais a estrutura, com
liberação de um agente contaminante, ainda estamos isolando, um
ataque com uma arma de pulso eletromagnético, e estamos
começando a contar os estragos, pois fomos pegos de surpresa.
Lucas sente o senhor sacar a arma, sente o corpo ser atingido
pelos tiros e deixa o corpo cair para traz.
Lucas sente a dor e o coração parando após uma dor imensa.

101
Lucas acorda em um monte de
corpos, alguns se mexiam e o senhor ao
fundo falava.
— Mais um para o incinerador.
Lucas não abriu os olhos, ficou
quieto, pois entendera o que o senhor
falara, olha em volta e vê uma leva de
pessoas normais, gente que deve ter sido morta em suas casas e
arrastadas para aquele lugar, para os incinerar.
O silencio dele fazia ouvir cada um que tiravam dali, ele
mesmo que tentasse, com aquela luz não conseguia abrir os olhos.
O anoitecer foi seguido pelo acender de 6 holofotes, dava
para sentir na pele aquela luz, mas mesmo assim era passível de se
abrir os olhos.
Lucas olha para algumas pessoas chegando vivas ali, via eles
entrarem em peças, pensavam estar sendo resgatados da rua pelo
exercito, e começa a ouvir os tiros, depois ouve os rapazes
amontoando eles todos a sua volta.
Ele usou o jogar de mais corpos para rolar para o lado, se
ficasse no mesmo lugar eles desconfiariam do não acordar dele.
Um general bem ao fundo olha as pilhas novas e fala.
— Amanha começamos trazer quem detivemos no centro,
eles estão mais gordos que estes, mas não podemos arriscar que
esta peste saia do controle.
Lucas ouve aquilo, estavam matando gente saudável para
esconder algo, dentro dele havia uma revolta que tentava ocultar.
Lucas olha para o céu verde, sorri e ouve os soldados ao
fundo.
— Temos de desligar o gerador.
— O general mandou não tirar os olhos destes seres.
— Vai queimar, ele tem certeza? – Um soldado ao fundo.
O rapaz nem terminou de falar e se ouviu o disjuntor frontal
da rua estourar, a energia veio correndo pelos postes e os grandes
102
holofotes estouram, Lucas fica inerte, teria de ficar inerte um
tempo.
Os militares saem e um fala.
— Joguem luz sobre estes seres.
Lucas olha um ao lado e este rosna, não era somente ele que
estava se fazendo de morto, uma porção de seres parecem olhar
em volta e avançar no sentido da luz, Lucas ouviu os tiros, olha os
primeiros seres passarem pelos militares, eles não os pouparam,
eles foram mortos por aqueles dali.
Lucas ouve a sirene, olha um tonel de combustível acima e
olha para os militares correndo para lá e se escondendo em
casamatas ao lado.
Lucas olha que aquilo passaria por ele, e correria pela parte
baixa, queimando tudo.
Ele abre os olhos com muita dificuldade, olha a roupa que
estava, ainda a mesma que lhe tiraram da rua, corre no sentido
daquele grande reservatório de algo, Lucas poderia jurar que era
algo ou corrosivo ou incendiário, alguns ao longe, que não viam
direito como ele, se viram para onde ele corria, eles já tinha
atravessado os militares, mas teriam de correr uns 2 mil metros
para sair, os militares se escondendo, dizia aos instintos que eles
iriam fazer algo.
Lucas olha os militares, ele balança a cabeça para andar,
entendeu, não tinha o equilíbrio ainda, teria de o conquistar, ele
tropeça e o olhar daquela menina com um tiro na cabeça ao chão
parece lhe parar.
Lucas olha para o soldado, olha para a criança, uma lagrima
lhe corre ao rosto, ardida, como poderiam estes se dizer humanos,
o soldado pareceu não entender, e um deles começa a subir, Lucas
olha para as guaritas ao fundo, olha para o céu e sente aquela
energia quase viva no ar, estranho como sentiu isto, seus instintos
podiam lhe dizer onde estavam, quem estava ali, o estomago
parecia mandar ele comer, transformando pessoas a frente em algo
comestível, sente os rapazes que olharam para ele começarem a
subir atrás dos militares, mas ele apenas parou, pegou a menina
morta ao colo, olhou em volta e graniu, tentou granir mais alto,

103
todos os soldados olharam para ele, eles poderiam dizer que eram
infectados, mas estavam vivos quando ali chegaram.
Ele começa a andar no sentido da saída, todos os soldados
olhavam para o grupo de seres subir no reservatório de gasolina,
Lucas abaixa-se e pega o colírio na dobra da calça, pinga no olho,
abaixa-se quase na saída, olhando os militares apontarem armas
para ele, encosta o corpo da menina, olha sacudindo a cabeça para
ver e encontrar o equilíbrio, lentamente vai em direção ao portão
enquanto ouve o explodir as costas, tira a arma do primeiro que
atira nele e começa a atirar em suas cabeças.
Lucas olha para aquele liquido entrar em contato com a
energia dos postes, que queimavam a fiação e começa a pegar fogo
e vir no seu sentido, não teria como pegar a menina novamente,
olha para o muro e o abre, alguns corpos naquela pilha queimariam
antes de recobrar a vida, mas Lucas em meio ao escuro, olha os
rapazes e estes saem do caminho, ele começa a entrar novamente,
mas agora com duas armas, sente algo lhe atingir as costas, vira-se
atirando.
O olhar do rapaz vendo Lucas com duas armas lhe mira a
cabeça, era de susto, não foi deixando testemunhas, mas aquela
gasolina iria correr até a rua.
Lucas olha para fora, estava na sede da Marechal Floriano, ele
olha para soldados que cobriam a rua vir no sentido dele, se
esgueira e sobe no portão, quando o jipe entrou pelo portão, com
uma arma atirando em todos, Lucas se lançou sobre o mesmo, o
rapaz assustado tenta o acertar, dá dois socos, ele estava fraco, ele
tende para o lado, puxa a arma e atira no rapaz.
O rapaz cai e Lucas se ergue calmamente, inverte a
metralhadora e começa a atirar nas casamatas que os militares se
esconderam.
O motorista do jipe vendo isto para o mesmo e Lucas só vê
alguém puxar ele para fora.
Os pneus do veiculo estavam queimando quando Lucas
atravessa as paredes com aquela metralhadora, um outro veiculo as
costas atira em Lucas que sente os tiros lhe atravessarem, ele
inverte a metralhadora, motorista e atirador em segundos no chão.
Lucas olha os rapazes e faz sinal para saírem.
104
Lucas pinga mais um pouco de colírio, o pouco da luz do fogo
lhe irritava os olhos, aquela fumaça negra dos pneus também.
Lucas pega a arma e começa a entrar, quando ele chegou a
sala de comando, os senhores olhavam assustados para a porta,
pensaram que viria um exercito, todas as armas em punho e entra
Lucas.
— Você está morto. – O general a frente.
Lucas não tentou falar, mas começa a atirar, e a sentir os tiros
em seu sentido, ele olha para a porta e viu que alguns vieram junto,
não deixariam a gloria apenas para ele, mas o entrar de apenas 3 as
costas, fez a imagem de Lucas chegar bem longe naquele dia, pelas
câmeras de segurança.
Eles matam os primeiros e um general ao fundo, fala
assustado.
— Porque vai nos matar, você disse que não era contra matar
todos eles.
Lucas tenta falar, como balbuciou algo, ele não falou, apenas
pensou, dando um tiro a cabeça do senhor.
“Sim, mas fiquei pensando, se era melhor matar eles ou
alguém capaz de matar uma menina normal, com um tiro, e se fazer
de bonzinho depois.”
Lucas olha as imagens saindo e faz sinal para os rapazes
começarem a sair.
Lucas olha os pontos de envio, locais cheios de pessoas pegas,
vivas para depois matar e incinerar, uma ideia simples, mas que
jamais daria certo, e Lucas em sua Loucura naquele momento, tinha
certeza que não daria, pois teriam de matar os soldados que o
fizeram, depois os soldados que executaram os soldados, uma hora
alguém se recusaria a morrer quieto.
Lucas olha as antenas de transmissão, a sala ao fundo, olha as
edições de suas palavras, e sorri.
Lucas olha para o sistema de transmissão, aquilo era uma
arma que eles não deveriam deixar desprovida.
Lucas olha em volta e teve certeza que os reforços estavam
chegando. Olha as gravações, estavam todas em um equipamento
que não compreendia, todos teriam as imagens da ação dele,

105
xingou-se e olha para fora, pega o colírio, os olhos vermelhos,
imensos e doloridos, olha os helicópteros chegando.
Lucas olha para a leva de soldados saindo do fundo, de
casamatas, tanques, não sabia como sobreviveria, os que reagiram e
sobreviveram, olham para os helicópteros e começam a se esconder
nas sombras, eles mal viam eles, mas sentiam onde estava a luz, o
calor, eles olhavam parte da pilha de gente, mesmo queimada
começar a se erguer, olhando em volta, começam a ir no sentido do
fundo, um campo escuro, não viam que os tanques vinham daquele
lado.
Lucas olha as câmeras e olha para um prédio em frente, se via
luz ali, o que mantinha aquilo funcionando, 24 horas, um prédio
baixo com um imenso gerador do lado de fora.
Lucas olha para o gerador e olha para o soldado Russo morto
a porta, pega sua arma, talvez estivesse se apegando a aquela arma,
mas com dificuldade que não tinha como desviar, sai pela porta, e
atira para dentro duas granadas, a sala explode, começa a andar
entre um prédio e outro, viu um soldado a porta lhe apontar a arma
e cair ali mesmo.
Encosta na porta e olha o grande tanque combustível a nível
dos pês, protegido por grandes fios terras, ele pega uma das
granadas, tira o pino e põem sobre o cano de saída do tanque, anda
rápido tentando por o máximo de paredes entre o local e ele.
Olha para um helicóptero mirar a luz sobre ele, não viu nada,
se encolhe, e ouve a explosão, Lucas sente os primeiros tiros
encolhido, vindos do helicóptero, mas estes pareceram tender para
o lado e ele olha para o helicóptero, quando a luz saiu dele, ser
atingido por parte do telhado do local que voou para cima e caiu
sobre o mesmo.
Lucas sente a parede lhe empurrar para a rua.
Sente as costas atingidas pela parede e se vê cercado por ela,
sente o peso sobre ele, olha em volta, preso, tenta se mexer, não
consegue, os pensamentos de Lucas foram para o quão idiota era
morrer ali, enterrado, seus pensamentos pareceram ficar confusos,
estava respirando pouco, com poeira, sente aquele gosto de tijolo
velho a boca, tenta mexer e nada, sente quando o dedo direito dá
um tiro, ouve o mesmo, mas nada de reação.
106
Um grupo do exercito chega ao
Quartel do Boqueirão, um general chega a
frente e pergunta.
— O que estava acontecendo aqui?
— Não sabemos senhor.
— Aquilo são pessoas mortas e
incineradas, os grupos centrais parecem
querer se livrar dos sobreviventes, me confirma o que está
acontecendo aqui Tenente.
— Temos apenas a imagem do rapaz que eles anunciaram
como um terrorista, que eles afirmaram ter morrido, nitidamente
infectado, atirando neles.
— A central de comando e transmissão?
— Estourada.
— A documentação.
— Estourada.
— Os soldados?
— Falam que a ordem era matar e incinerar todos os
infectados.
— E como eles detectavam os infectados? – O general.
O rapaz alcança um relatório e fala.
— Segura isto, não pode sair daqui, entendi da onde vem a
revolta dos que apareceram a câmera, mas tenta me salvar algo.
— Estamos tentando entender o prospecto, pelo que entendi
senhor, eles foram fechando pedaços da cidade e a limpando, não
sei sobre que pretexto.
— E estes russos com equipamento Russo.
— Me inteirando do problema, mas nitidamente os grupos
que estiverem armas a rua, nos consideram inimigos general.
— Entendo eles, mas é nossa função gerar ordem.

107
O grupo que chegou de Brasília, começa a documentar o que
havia acontecido, mas a comunicação na região sul do País ainda
era estranha.
O ter de levantar em cada base do exercito, os dados, o
descobrir que eles tinham um sistema de informação, um sistema
de mais de 30 cidades no sul, sudeste, Argentina, Paraguai e
Uruguai dava o tamanho do evento descontrolado.
As informações chegando via carro, faziam demorar demais.
O general chega a frente de alguns generais detidos e
pergunta.
— Alguém pode me confirmar que confusão armaram aqui
senhores?
— Não vamos nos incriminar General Tamoio.
— Quem falar pode ser que poupe da corte marcial, mas
ainda tentando entender o acontecimento.
Os generais não falaram nada, soldados mudando de
comando, alguns mortos em tentativas de escapar.
O general estava olhando os dados a 3 dias, quando o
Tenente Souza entra pela porta.
— Problemas?
— Algo inusitado senhor.
— Não entendi.
— Estávamos verificando hoje a região desabada em volta do
laboratório de transmissão e ouvimos um tiro, vindo de baixo dos
destroços, e tiramos um rapaz de lá.
— Um rapaz?
— “O Rato”.
O general não pareceu acreditar, mas foi com o tenente para
a enfermaria, onde o rapaz estava sentado a cadeira, o medico lhe
fazendo perguntas, ele falava ainda com dificuldades, mas os olhos
não estavam mais tão inchados, eles viram ele tomar agua bem
lentamente, como se soubesse que iria doer.
— Como ele está Tenente Claudio. – O general perguntando
para o Médico.
— Não sei quem é senhor, ele está meio confuso, mas foi
encontrado depois de três dias, demos um banho nele, primeiro nos

108
olhava desconfiado, ele tinha a mão um comprimido que não
conseguiu tomar por estar preso, mas agora parece se recompondo.
O general olha para Lucas e fala.
— Rato?
— Apenas os amigos me... – Lucas tosse – ...me chamam
assim.
— E os inimigos?
— Não tenho inimigos.
O médico entendeu quem era, o rapaz que estava em todas
as transmissões como o terrorista, e acharam ele enterrado por
paredes de tijolo.
— Os matou todos.
— Não sou tão terrível, e nem tão bom em pontaria para ter
matado todos senhor. – Lucas usando um tom sarcástico.
O tenente chega ao lado do médico e pergunta.
— Como ele pode estar bem, os soldados estão pior que ele.
— Não sei, ele tinha um anti-inflamatório a mão, um colírio
anti-inflamatório na barra da calça que usava, mas ele não parece
estar contaminado, os exames mostram que ele não tem o que
mesmo eu e você temos Tenente, este esporo no sangue.
— E o estado de saúde dele?
— Ele está até bem, tem marca de ter levado mais de 50 tiros,
todas cicatrizadas, mas nada que pareça recente.
O general olha para Lucas e pergunta.
— Como um rapaz de rua se mete em tamanha encrenca?
Lucas olha o senhor e fala.
— Já falei tudo para os anteriores, antes de me matarem,
então para que responder.
— Os que estavam aqui, sabemos que matou, mas não é você
que está respondendo pelas mortes lá fora.
— Senhor, eu não sei tudo, eu como falou, sou um rapaz que
estava trabalhando quando vi gente queimando a rua, no centro,
como se fervessem por dentro, todos que não estavam em uma
proteção, queimaram a calçada, depois fugimos de lá para o bairro,
fomos recebidos a tiros por gente que tinha armamento com uns
escritos estranhos, estava com uma arma deles a mão, apenas nos
recusamos a morrer.
109
— Sabe o que aconteceu aqui, pois tudo indica um problema
solar.
— Senhor, podemos ter um problema solar, mas nada parece
natural, e não sei porque o senhor não saberia.
— Demorei 5 dias para ter acesso a cidade, ainda existem
cidades ao sul que não conseguimos entrar.
Lucas sorriu, era a parte dos que queriam salvar as pessoas,
ou alguém que o estava enganando, mas não entendera o problema
total.
— Não acreditava ainda ter alguém querendo salvar as
pessoas senhor, eles pareciam querer um culpado para os
acontecimentos, mas como estamos em uma cidade sem
comunicação transmitimos para fora, falando para não virem,
explicando o que estava acontecendo.
— Você que transmitiu para fora?
— Eles estouraram a casa, não está mais lá.
— E pelo jeito pensaram que tinham se livrado de você.
— Senhor, eles acham que tem uma praga nas pessoas, como
ouvi o seu Tenente falar, mas por algum motivo, não reage a nós
como aos Russos.
— Porque fala isto?
— Teria de confiar mais ainda para lhe mostrar isto, mas os
infectados Russos, não recobram a consciência, os Brasileiros, sim,
então deve ter alguma vacina básica no Brasil que nos fornece um
anticorpo natural ao que eles lançaram.
— Mas você não está infectado.
— Disto não entendo, mas tem coisa que posso demonstrar.
Lucas pega a espátula do medico, todos apontam as armas
para ele, ele põem a mão na cadeira e a atravessa com a espátula,
ele não sentia mais dores fortes, isto ele sabia, mas o medico olha a
mão começar a fechar e fazer uma casca, em 3 dias seria apenas
uma cicatriz com jeito de antiga.
— Esta dizendo que está infectado?
— Estou dizendo que eles estavam incinerando todos os
infectados, pois eles se levantariam e saberiam que eles os
tentaram matar.
O medico olhava para a mão ainda.
110
— Mas não acontece comigo ou com os demais isto? –
Tenente Claudio.
Lucas olha o medico e fala.
— Não sou medico para explicar algo senhor, pensei que
morreria sem água abaixo dos restos da parede que eu mesmo
explodi, este terrorista é um péssimo terrorista.
O general olha para o médico e fala.
— Ele pode caminhar?
— Para quem saiu de baixo de uma parede depois de 3 dias,
esta melhor que eu, e viu aquilo, não sei explicar aquilo.
— Tira uma amostra de sangue, não sei o que está
acontecendo, mas ele nitidamente quer sobreviver, acho que a
existência dele vivo, pode ser uma boa noticia.
O medico concorda e fala olhando para Lucas.
— Mas ele não era um terrorista?
— Se estivéssemos em uma base do exercito com apenas
soldados brasileiros, equipamentos brasileiro e razão para eles
terem incinerado a quantia de ossos que temos ali fora, eu
acreditaria nele como terrorista, mas pelo jeito ele não acredita que
acabou.
— Vou verificar e ficar atento.
Lucas é deitado e sedado, enquanto o General chega a sala
dele e chama outros senhores.
— Alguém tem ideia do que estava acontecendo aqui?
— Existem mapas que estabelecem o surgir de uma nova
nação, que abrangeria Argentina, Chile, Paraguai e todo o Sul do
país, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
— Quem apoiou esta ideia maluca, e o que eles usaram?
— Pelo que parece, seria uma republica com apoio Russo,
com campos de produção grandes, mas o que parece é que a
propaganda que eles usaram, estabelece o que foi usado senhor. –
Fala um general.
— Como assim?
— Eles estabeleceram um rapaz como Terrorista, isto é base
pelo jeito pelo fato de ter ele numa transmissão para fora, eles
queriam o desacreditar, mas fala em uma infecção, que no Paraguai

111
e Chile faz ter pessoas aparentemente apodrecendo a rua e
comendo os que dão bobeira.
O general viu eles colocarem uma imagem a tela, e o rapaz
continua a descrição.
— Eles atribuem ao rapaz, a disseminação da infecção, o
conseguir desenvolver uma arma PEM e com esta atacar 32 cidades
no sul do Continente.
— E como paramos isto sem entrar em guerra?
— Não sabemos senhor, desconfio que não vai sobrar nada
para contar que existiu um país sobre solo Paraguaio, Montevideo
parece não ter uma viva alma as ruas, mas tem exercito a toda volta
da cidade proibindo de chegar lá, lembra bem aqui e São Paulo isto.
— Como detemos estes e os colocamos para correr, algo me
diz que eles não vão desistir deste plano, e podem nos por como
causadores, eles tem as imagens, então eles podem inverter para o
governo nosso.
— Este terrorista, não o poderíamos usar?
— Senhores, ele me passou um dado que estamos
verificando, mas se for real, levamos sorte, quem o fez, azar, então
tudo que temos no Brasil a nível de resistência, foi sorte, cadê a
inteligência deste país?
— Eles afirmam que não detectaram nada.
— Eu pedia para o presidente os transferir e nesta
transferência os detinha todos.
— Acha que é impossível eles não terem visto?
— Acho que eles fixaram algo, não sei oque, mas preciso
descobrir, em algum lugar algo está criando uma disfunção violenta
no magnetismo nesta região, então temos um buraco na proteção
solar em vários locais, isto não é acaso, e junto com isto, quando se
fala em pulso PEM, é destruição de equipamentos eletrônicos, mas
parece que isto não aconteceu, mas usaram para acusar alguém
sobre não terem comunicação interna.
Os senhores começam a traçar planos, começam a receber
auxilio de onde não queriam dever favores, mas precisavam dos
dados dos satélites, e a inteligência Americana entrou com imagens
e com dados como perder de dois satélites sobre uma região.

112
Lucas adormece e parece lembrar
dos olhos da menina, isto lhe fez lembrar
de uma moça, de seu olhar, lembra pois
isto o fez se manter afastado a muito
tempo desta verdade, lembra que estava
na saída do colégio com os amigos, como
fazia a anos, lembra de ver alguém se
aproximar, um senhor puxou a arma para ele e disse que o mataria
por ter engravidado sua filha, Lucas viu o senhor o apontar a arma,
ele tenta acalmar o senhor e sente o tiro no braço, ele puxou a arma
para ele, lembra de ver o senhor olhar assustado, ele atirou sem
pensar, não foi legitima defesa, ele sabia, ele tentava não se culpar
por aquilo, mas aquele rosto da menina, o remeteu ao passado, algo
que ainda estava dentro dele.
Acorda assustado e olha aquele senhor lhe olhando.
— Com descobriu isto rapaz? – Fala o Tenente Claudio
apontando a sua mão.
— Da pior forma, levando 5 tiros no peito.
— Eles lhe mataram?
— Senhor, eu não sei por que dói tanto, mas quando o
coração parou, eu apaguei, lembro de ter acordado em um monte
de corpos, eles esperavam os corpos reagirem, voltarem e
cremavam, como eles não voltavam junto, eles faziam isto com
calma. Soube que algo havia mudado quando me deram o primeiro
tiro e não senti a dor, algo que parece ter sumido, sei que ainda
estou com fome, mas me seguro, imagino como isto tira muitos do
serio no começo.
— Fome?
— Eu teria comido 6 vezes mais proteína do que me deu para
comer, mas tento manter o racional.
— Acha que todos nós estamos infectados?

113
— Os que estavam aqui estavam querendo a morte de todos,
não entendo o que fariam depois, mas a ideia era matar a todos e
inventar algo.
— Algo como?
— Sei lá, mas este céu verde a noite mostra que eles de
alguma forma estão distorcendo o campo magnético sobre nós, isto
afasta a proteção contra o sol, isto deve ser mais mortal que a
doença, mas que eu gostaria de devolver isto a quem o fez, gostaria.
O medico olha a porta e vê o General entrar.
— Também gostaria rapaz, mas como?
Lucas olha para o senhor e fala.
— Tem de ver que só vi um grupo protegido contra o ar local,
então todo resto deve ter algum tipo de vacinação, vi que os
soldados Russos não voltaram como as pessoas a rua, eles parecem
meio lerdos, quase sem ação, não sei como foram com os que
foram mortos desta base? – Lucas olhando para o general.
— Não para de pensar pelo jeito.
— Senhor, eles quase conseguiram me matar, eles queriam
queimar todos, mesmo que tivessem de queimar o quartel para
isto.
— Os soldados locais não voltaram, como se tivessem
morrido, eles não tiveram retorno.
— Eles devem ter alguma vacina contra isto, mas no lugar de
os trazer a vida, os dá o direito da morte, a minha forma de pensar
general, gostaria de ter este direito reestabelecido.
— Não parece temer a morte.
— Temo meus erros do passado, que eles sabiam exatamente
todos eles, então eles tinham acesso, o que quer dizer, não foi um
pulso PEM, foi algo para induzir a isto, mas não um pulso que
queimaria todos os circuitos elétricos e eletrônicos.
— E como podemos vencer, pelo jeito temos um exercito
sobre o Brasil, e não é o Brasileiro, e de generais que querem o
poder.
— Como está as coisas fora das divisas?
— Bem, por quê?
— Juro que pensei que fosse mundial, que não havia saída.
— E mesmo assim reagiu?
114
— Senhor, todos me chamam de Rato, por quê? Porque se
tiver uma saída segura, é para lá que vou correr, e não vou olhar
para trás, quem correr para sair, sobrevive, mas eu não gosto de
carregar peso inútil, mas se acreditar que pode ser útil, eu arrasto
por uma vida.
— E como enfrentaria isto?
— Senhor, eu ajo sozinho, isto que me permite entrar em
locais e detonar eles, mas sou suicida.
— Sabe que se sair, não posso me responsabilizar com sua
segurança.
— Sem problemas.
— O vai deixar sair? – Claudio.
— Tenente, se não fosse este rapaz, acharíamos que o
problema era outro em Curitiba, a transmissão dele para fora fez os
Americanos ligarem para nosso presidente. Ele veio a esta base, e a
trouxe a baixo, mesmo que não o tivéssemos achado, fomos
colocados nisto porque ele detonou este local.
— Certo, mas o que vamos falar?
— Todos acham que ele está morto rapaz.
— Certo, lendas são boas para isto.
Lucas sorriu e viu outro rapaz entrar pela porta e falar.
— Não sei se vai com sua roupa original?
— Melhor que um uniforme.
Lucas se veste, os soldados o acompanham até a entrada do
local, ele sai pela porta e olha em volta, olha para o céu verde e vai
a uma cobertura a frente, espera o sol ficar mais fraco e começa a
voltar para o bairro.
Lucas olha a rua, tudo vazio, ao mesmo tempo, sabia que
havia olhos sobre ele, quando ele começa a descer a Izaac, já no
Sitio Cercado, ele olha para a noite chegando e olha para o céu,
tinha algo errado.
Lucas chega a casa de Show e não tinha nada lá, ele entra,
senta-se e olha em volta, tinha de pensar.
Ele fecha os olhos, ouve alguém entrar e lhe apontar uma
arma e fala.
— Se vai atirar Maria, pelo menos é uma boa morte.

115
Maria foi ali sem acreditar que Lucas estava vivo, ela viu as
noticias voltando e todos os rádios falavam que o “Rato” fora pego
e morto.
— Como vou saber se é você Rato.
— Se não confiava antes Maria, o que muda saber se sou ou
não eu?
— Mas voltou.
— Sim, mas está na hora de sumir, apenas pensando como se
some.
— Estamos na faculdade, eles estouraram o CAIC, sem nem
ver que eram bonecos e sombras lá.
— Não descuidem.
— Não vai lá?
Lucas não respondeu, ele queria abraçar sua mãe, ele sai dali
e foi a Faculdade, ele entrar foi algo que atraiu muitos olhares, pois
muitos o consideravam morto, ele caminha até sua mãe e a abraça,
sem falar nada, ela o abraça forte e fala palavras entre lagrimas, ele
explica que não ficaria mãe, onde ele estivesse todos seriam alvo.
— Veio apenas para dizer que estava vivo?
— Mãe, eu vou tentar ajudar, sei que todos estão em pânico,
mas preciso ajudar.
Ele abraça o irmão, fala para ele cuidar da mãe e para a frente
de João.
— Temos como os identificar João?
— Não entendi o problema.
— A CIA passou alguns pontos que eles perderam satélites,
eles entravam em curto, eles nos dão o primeiro ponto no centro de
Curitiba, mas não conseguem dizer onde.
— Desconfia?
— Eu preciso de um carro, do colete a prova de balas, e uma
arma. – Lucas olhando João.
— Sei que forneceu isto a eles, mas eles não vão liberar para
você, sabe disto.
Lucas olha serio para João que fala.
— Tem de ser na região central.
— Vou descobrir então.

116
Lucas olha para a porta, começa a sair, entra no laboratório
de ciências da universidade e consegue um contador de radiação,
olha para trás e vê Maicow.
— Se precisar de ajuda, estamos nesta.
— Sabe o risco Maicow.
— Descobrirem que não somos normais?
Lucas pega algumas coisas e começa a sair, não pediu
nenhum carro, sai pela rua lateral e vai ao estacionamento do
mercado, estava todo estourado, pega algo para comer nos restos
dele, senta-se e olha em volta.
— O que pretende Rato? – Dalton.
— Termos estrelas amanha a noite.
— Reação sobre oque?
— Não sei, algo que pode estar no centro e passa
desapercebido, pois o exercito está por ai, e não consegue ver,
como?
Lucas estava tentando lembrar algo que mudou no centro, ele
tentava entender onde poderia estar este equipamento que estava
gerando aquela perturbação.
Ele olha para Maria parar com um carro dos Russos a frente e
sair pela porta.
— Onde vamos?
— Vamos?
— Está correndo pelos rádios a informação de que Rato
morreu era mentira do exercito, que ele agora está as ruas para
entender quem estava matando os habitantes de Curitiba.
Lucas se levanta e fala.
— Então vamos, pelo jeito serei eu o causador das desgraças
hoje, então vamos logo.
Lucas entra no lugar do passageiro e viu Maria assumir o
volante e perguntar.
— Onde?
— Shopping Mueller.
Saem dali e os demais os seguem, um tenente ao longe olha
para o grupo e fala.
— Viu isto General?

117
— Sim, ele em meia hora, já tem arma, colete, carro, e
ninguém viu de onde saiu.
— Quer dizer 3 carros, e não é mais um, é oito.
— Quando apostei nele é por isto, sabe para onde ele vai?
— Indo ao centro senhor, o microfone ao longe fala, Shopping
Mueller.
— O que tem lá?
— Não sei, o local de trabalho dele.
Lucas olha pelo retrovisor e fala.
— Não acelera muito, o exercito vai nos perder.
— Quer confusão Rato, o que mudou?
— Eu vi muita tragédia e resolvi acabar com uma.
Quando eles se aproximam na região do Shopping, Lucas fala
para encostar e vê os demais encostarem atrás, olha para as arvores
imensas secas entre as duas pistas, sai do carro e fala.
— Vou entrar, melhor se protegerem.
— Porque vai entrar ai.
— Maria, acha que quem tentou nos matar vai desistir fácil
de nos parar?
— Não.
— Então ele vai usar os dados para chegar a nós, mas o
importante, a mim, hora de se esconder e vê se não leva um tiro
que não é seu Maria.
— Vou tentar.
Lucas faz sinal para Maicow acompanhar Maria, e entra na
área de descarga do local.
Lucas olha os seguranças pelo pequeno espaço de vidro que
dava para fora e sorri.
— Local fechado.
— A dona da loja disse que tinha de vir hoje, que precisava
tirar as roupas dai, não entendi nada.
O segurança olha para Lucas e fala.
— É o carregador da Sandra’s.
— Acha que alguém vai aparecer? – O segurança sem abrir.
— Se não aparecer não perco o emprego.
Os dois rapazes ao fundo, vendo que o rapaz tinha algo a mão
pergunta.
118
— O que traz ai?
Lucas apenas aperta o lançador e começa a jogar as granadas,
os rapazes recuam e um olha para o outro.
— Não disse que era o carregador.
— É ele, mas pelo jeito veio armado.
O portão destrava com o arrombar da estrutura que ele era
fixado, Lucas fica na sombra e olha para o prédio.
— Quem largar a arma não morre. – Lucas.
Os rapazes estavam recuando, mas o estouro atraiu gente de
dentro, Lucas olha os rapazes com uniforme Russo chegarem a
entrada e um pergunta.
— O que está acontecendo.
— Um carregador começou a atirar contra nós.
Lucas pega o megafone que pegou na faculdade e fala.
— Quem largar as armas não morre. – Lucas vendo que um
dos rapazes era o Tenente do Condor – Também serve para você
Tenente Mikos.
O tenente recua, uma coisa era alguém que não sabia o que
estava acontecendo, mas o segurança viu que não era brincadeira.
— O que faz aqui Rato?
— Vim garantir uma noite estrelada amanha.
Se ouviu o alarme e começou a aparecer segurança e soldado
por todos os lados.
Lucas força a porta da loja que trabalhava, ele olha para a
região das empilhadeiras, joga uma granada no sentido e vai
entrando, uma na porta frontal e vê os soldados vindo por um dos
corredores do shopping fechado.
“Vai doer” – Pensou Lucas.
Lucas começa a entrar atirando, por cada soldado morto, ele
pegava o carregador da arma, e ia colocando as costas, ele chega ao
vão central, lembra da primeira vez que foi ali, aquela imensa forma
de estrutura toda a volta de um grande gerador artificial, ele
sempre pensou ser pois tinham 12 grandes lojas de ferragens, mas
quando pensou em onde começou tudo, lembrou das faíscas saindo
do prédio, as vezes estar em certos lugares, lhe garante a vida.
Lucas olha em volta e joga na armação todas as granadas e foi
encostando na parede do fundo.
119
Lucas encosta em uma parede de concreto que dava para as
escadas e ouve o começo das explosões, poderia não ser ali, mas o
rapaz queria eliminar possibilidades.
Os rapazes começam a entrar e alguém grita.
— Exercito chegando.
— Apoio rápido? – Um dos Russos.
Os dois ao lado olham para os tiros vindo de fora e sacodem a
cabeça negativamente, e aquele sistema no centro da peça começa
a esquentar e Lucas começa a sair de costas, olha para um rapaz o
apontar a arma e apenas sente a bala lhe atravessar o braço, o
segundo parou no colete, olha a parte interna e se joga no chão e
ouve a explosão.
Maria do outro lado da rua olha para o irmão e fala.
— O que tinha ali dentro?
— Não sei, mas como viu ele pretendia destruir algo ali,
parece que o prédio veio a baixo.
Os soldados do lado de fora estavam atirando ainda quando
Maria vê um senhor fazer sinal para pararem.
O general olha para Lucas saindo pela porta da loja que
trabalhava e olha o estrago.
— Acha que era um ponto?
— Verifica onde a Volska se instalou nos últimos meses
senhor.
O general olha para o Tenente e este fala.
— Se for isto, teríamos os 30 pontos para desarticular.
— Verifica.
Lucas ia saindo e o general fala.
— Você em segundos detona eles a ponto de parecer
incompetência nossa.
— Senhor, eu sempre nos meus almoços, olhava aquela
formação no centro do shopping pensando ser marketing de
alguém, dia após dia, para vocês aquilo era estranho, para mim,
algo que minha cabeça tentava dizer que não funcionava, a cada
almoço.
— Vai onde?
— Não sei ainda.

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Lucas volta a faculdade, entra e
olha para Carlos e fala.
— Acho que temos de procurar
emprego em outro lugar.
— Pelo jeito foi ao centro.
— Sim, mas as vezes descobrimos
que nosso trabalho de sobrevivência está
apenas começando.
Lucas olha uma moça olhando para
ele, olha aquela pequena criança ao lado, desvia os olhos e sai dali.
Carlos olha para a moça e pergunta a Maria ao lado.
— Quem é a moça que tira as palavras de Rato?
— A mãe de uma criança que todos dizem ser dele.
— E pelo jeito ele não gosta da historia.
— O pai da moça puxou uma arma para ele, atirou nele,
pegou no braço, com dor, ele puxou a arma e descarregou no
senhor. – Carlos viu que era pesada a historia.
— Então ele é fugitivo?
— Não, ele era de menor, foi a uma instituição de menores,
quando ele saiu de lá, mudou, todos estavam querendo bagunça,
ele até tentou, mas na primeira vacilada, todos apontaram para ele,
pois ele já tinha passagem. – Carlos olha a criança, não parecia ser
dele, pois a criança em nada parecia com Lucas, ele entra e olha
para Lucas.
— O que aconteceu, algo lhe tirou as palavras? – Carlos.
— Acho que certas caras, como a daquela moça, com ódio e
dor, quando viu o pai morto, nunca vai sair de minha mente.
— E pelo jeito o filho nem era seu.
— Eu não tinha duvida disto na época, todos me tacharam
até a criança nascer, mas ai, o pai da moça já estava no inferno,
esperando o dia que vou lá o visitar.
Lucas chega a parte do refeitório, pega algo para comer e
olha para fora, o local começa a ser cercado, ele serve o prato e faz
sinal para Naco subir, olha para Maria que se coloca na entrada,
olha Maicow que se esconde ao fundo com Dalton, os rapazes de
121
Naco se posicionam na cobertura mirando para baixo e Lucas sai
com o prato a mão. O general olha para dentro e vê crianças
brincando, gente tentando se manter vivas, não via todos, mas até
aquele momento era o maior agrupamento de gente que vira na
cidade.
— Aqui que se esconde?
— O que faz aqui general Tamoio?
— Estamos precisando da sua ajuda.
— Minha ajuda?
— Você parece detonar com uma facilidade, e vi as imagens,
eles lhe atingiram mais de 10 tiros novamente, nossos rapazes
estariam mortos.
— Estamos pensando senhor, faça uma proposta.
— Tem como ampliar isto?
— Assim que comer, ou se quiser entrar em um campo
neutro conversamos enquanto comemos.
O general faz sinal para os rapazes a rua e estes invertem os
tanques, os colocando em posição de proteção do local, Lucas faz
sinal para Dalton e Maicow e os dois chegam a mesa e o general
olha os 3 e fala.
— Vocês que são o grupo de resistência?
— Senhor, qualquer dos três, sairia vivo de lá, a pergunta é
como ajudamos a por estes terroristas a correr.
— Acho que sua dica nos dá 22 pontos.
— Ótimo, faz a proposta general e estaremos lá.
O general olha em volta e fala.
— Quando se falava em resistência, pensei em apenas
guerreiros.
— Senhor, para proteger eles, detonamos muitos, mas deixa
eu comer, levar tiros me dá fome.
O senhor olha Maria chegar a mesa, olha Naco ao longe, olha
para alguns ao longe, tinha um grupo grande que parecia estar ali a
olhar cada passo deles, mas esta historia ainda estava começando
para Lucas, pois ele acabou sendo o terrorista mais amado em 4
nações, e isto, lógico, com os anos criou muita resistência.
Fim.
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