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A vida e a época de

Frederick Douglas:
escritas por ele
mesmo
Raissa Antunes
Retratos de Frederick Douglass, em exposição na 34ª Bienal de São Paulo (Foto: Lala Beltrão, El País)
Frederick Douglass

Nascido em fevereiro de
1818

Plantation - Maryland

Filho de Harriet Bailey


Neto de Betsy Bailey e Isaac Bailey
Rochester, Nova York

Orador e aboliscionista
Estadista
(1845) (1855)
(1881-1892)
Escrevo livremente sobre mim mesmo não por escolha, mas
porque me vi forçado moralmente, em função de minha
causa, a escrever sobre isso. O tempo e os fatos me
convocaram a me apresentar tanto como testemunha
quanto como defensor de um povo havia muito emudecido,
que não tinha permissão para falar sobre si, e que no
entanto era imensamente mal compreendido e
profundamente injustiçado. [...] Fui chamado a expor até
mesmo minhas cicatrizes, e com muitos temores obedeci ao
chamado e tentei assim cumprir integralmente meu dever
nessa primeira obra pública, e que posso dizer que se tornou
o melhor trabalho de minha vida. (DOUGLASS, 2022, 477-
478)

Parte I: A vida como escravo


Condado de Talbot, Costa Leste, Maryland
Nascimento e primeiros anos de vida
Discussões iniciais
Saber a paternidade

Avós Betsey e Isaac Bailey - primeira lembrança


Frederick e a fazenda do Coronel Lloyd

A demora para se entender como escravizado = infância


protegida pela avó
Capitão Aaron Anthony
Coronel Lloyd
Encontro com seus irmãos
O abandono
Era fim de tarde. O dia tinha sido agitado e cansativo, e não sei onde,
mas suponho que eu tenha chorado até dormir; e o bálsamo das
lágrimas jamais foi tão bem-vindo para uma alma ferida como a
minha. O leitor pode ficar surpreso por me ver relatar de modo tão
minucioso um incidente aparentemente trivial, e que deve ter se
passado quando eu tinha menos de 7 anos; como quero, porém,
apresentar uma história fiel de minha experiência com a escravidão,
não posso omitir uma circunstância que na época me afetou tão
profundamente e da qual me lembro tão vividamente. Além disso,
essa foi minha primeira apresentação às realidades do sistema
escravagista (DOUGLASS, 2022, p. 21)
Mudança para Baltimore

Hugh Auld, cunhado de Lucrétia Auld


Sr. Sophia Auld como protetora

se você der a um preto a mão, ele vai querer um braço. A instrução estraga o melhor
preto do mundo. Se aprender a ler a Bíblia, ele jamais voltará a ser adequado como
escravo. Ele não deve saber nada de nada, exceto das ordens de seu senhor, e aprender
a obedecer a elas. Quanto a ele, o aprendizado não vai lhe fazer bem, e sim um grande
mal, tornando-o desolado e infeliz. Se o ensinar a ler, ele vai querer saber escrever e,
quando tiver conseguido isso, vai fugir (DOUGLASS, 2022, p. 69)
Retorno

Morte do Coronel Anthony


Divisão e avaliação dos "bens"
O abandono da avó
Morte de Lucretia
Casamento do viúvo e retorno de Frederick à St. Michaels (1833)
Retorno à escassez
Thomas Auld convertido
Covey, o domador de negros

1° de janeiro de 1834
O trabalho extenuante e as artimanhas do "domador"
6 primeiros meses Frederick foi "Domado por Covey"

Trabalhávamos em todas as condições climáticas. Jamais estava quente demais ou frio


demais; a chuva, o vento, a neve e o granizo jamais eram fortes demais para nos impedir
a trabalhar. Trabalhar, trabalhar, trabalhar era a ordem do dia e da noite também. [....]
Minha resistência natural foi esmagada; meu intelecto definhou; a disposição para ler
me deixou, a fagulha de entusiasmo que pairava sobre meu olhar desapareceu; a negra
noite da escravidão se abateu sobre mim; e eis um homem transformado em um animal
(DOUGLASS, 2022, p. 115-116)
Fazenda do Sr. Freeland

Alteração da realidade de Frederick


O desejo de voltar a ensinar
O plano de fuga pelo rio (1836)
A descoberta da fuga

A volta para Baltimore


Calafetar = profissão de Frederick
A violência dos trabalhadores
Trabalho externo de Frederick
Consciência do valor do trabalhador

Eu vivia entre homens livres, e em todos os aspectos era igual a eles


pela natureza de minhas conquistas. Por que eu deveria ser escravo?
Não havia motivo para que eu fosse escravo de outro homem. Além
disso, como falei, eu agora recebia 1,50 dólar por dia. Eu fazia o
contrato, trabalhava para e coletava o dinheiro; ele era pago a mim, e
por direito pertencia a mim (DOUGLASS, 2022, p. 177)
A fuga

1838
Pedido de liberdade
Atraso do pagamento e punição
Frederick volta a se portar como "servo"
Plano concretizado
"Na segunda-feira, dia 3 de setembro de 1838, de acordo com minha
resolução, dei adeus à Baltimore e à escravidão que havia sido objeto
de meu ódio desde a infância" (DOUGLASS, 2022, p. 185)
Parte II
A fuga/Homem livre

Documento de liberdade - cor, idade, nome, cicatrizes


Proteção de marinheiro
24h depois - Nova York - 4 de setembro de 1838
A verdade sobre Nova York e os estados do Norte
Casamento com Anna Murray Douglass
New Bedfort - Massachusetts
Troca de nome - Sr. Johson - A dama do lago - poeta Walter Scott
Homem livre

Jornal Liberator, de William Lloyd Garrison


1841 - convenção em Nantucket
Sr. John A. Collins - Sociedade Antiescravagista A. Collins
Viagens

Anti-Slavery Standar e Liberator


Palestras por Massachussetts
Tratado como "bem" ou "coisa" "Conte os fatos", "Dê-nos fatos",
"Conte sua história Frederick", "não é bom que você pareça
instruído demais"

"Nem sempre eu conseguia seguir a ordem, pois agora eu lia e


pensava. Não me satisfazia narrar as injustiças; tinha vontade de
denunciá-las" (DOUGLASS, 2022, p. 211)
Relatos sobre o exterior

Fuga para a Inglaterra


Carta ao Liberator sobre suas impressões da Inglaterra (1° de janeiro de
1846)
Convenção Mundial da Temperança, 7 de agosto de 1846
Questiona a Igreja em relação à escravidão
Alforria de Frederick Douglass

Compra da alforria de Frederick


Lei do Escravo Foragido (1793-1850)
Revolta do colegas antiescravagistas
Retorno para casa
Nova realidade no Estados Unidos

Mudança para Rochester, Nova York


The North Star/ Frederick Douglass's Paper
Mudança de perspectiva (dissolução da ligação entre os
estados para determinação de uma forma única de governo)
Soujouner Truth
John Brown H. B Stowe
Prelúdio da Guerra

Revogação do Compromisso do Missouri


Transformação do Kansas em estado escravagista
Abraham Lincoln
John Brown como líder do movimento de libertação
O arsenal Harpers Ferry
O exílio

Falecimento da filha e retorno para os Estados Unidos


Mudança de perspectiva sobre John Brown

Eleições Norte-Americanas
1860
Guerra da Secessão

1861-1865
Recrutamento do 54° e 55° Regimento de Negros
Texto de Douglass intitulado Homens negros às armas
Não temos tempo a perder. A maré está na cheia que leva ao
destino. De leste a oeste, de norte a sul, em todo o céu leem-se as
palavras "AGORA OU NUNCA". A liberdade, conquistada apenas
por homens brancos, teria somente metade do esplendor. "Aquele
que quer sua liberdade deve ele mesmo combater". "Melhor morrer
livre do que viver como escravo". Eis o sentimento de todo homem
negro corajoso entre nós (DOUGLASS, 2022, p. 333)
O homem negro na casa Branca

Primeiro contato com Lincoln


Promessas de melhora para os soldados negros

Proclamação da Emancipação
1° de Janeiro de 1863
Passaram-se as oito, as nove, as dez, e nada. Parecia cair sobre a multidão
que esperava uma visível sombra, que as afirmações cheias de confiança
dos oradores procuravam dissipar em vão. Por fim, quando a paciência
estava perto de se esgotar, e o suspense se transformava em agonia, um
homem (creio que era o juiz Russel) avançou a passos rápidos em meio à
multidão e, com rosto belamente iluminado pelas notícias que trazia,
exclamou com notas que emocionaram a todos os corações: "Está
chegando! Está chegando pelo telégrafo!". O efeito desse anúncio foi
impressionante a ponto de não se poder descrevê-lo, e a cena foi fantástica
e grandiosa. A alegria e a felicidade exauriram todas as formas de
expressão, de gritos de louvor ao choro e às lágrimas (DOUGLASS, 2022, p.
347-348)
Revolta e assassinatos no Norte por causa da Proclamação
Nova eleição
Posse na Mansão Executiva
Queda da revolução
Assassinato de Lincoln
Nova realidade

Fim do trabalho de Frederick


Entende que a liberdade ainda não está garantida

"Ninguém pode ser realmente livre caso sua liberdade dependa do


que pensam, sentem e fazem outras pessoas; e nem pode ser livre
aquele que não tem em suas mãos os meios para guardar, proteger,
defender e manter sua liberdade. E contudo o negro, depois de sua
emancipação, estava precisamente nesse estado de privação"
(DOUGLASS, 2022, p. 371)
Nova realidade

Convenção Legalista Nacional - 15ª Emenda à Constituição


Douglass eleito Delegado
Tentativa de excluí-lo pelos próprios membros

Washington
New National Era
Caixa Econômica e Truste dos Libertos ou Banco dos Libertos
Frederick Estadista

Santos Domingos
Cadeira no conselho da câmera do Distrito de Colúmbia
Representante do estado de Nova York
Fala na estátua de Abraham Lincol na Madison Square
Agente judicial do Distrito de Colúmbia
Oficial de registros no Distrito de Colúmbia

Esses cargos lhe geraram inúmeros impasses políticos em que


Douglass buscou se retratar por meio de cartas e jornais
Visita ao passado

40 anos após a fuga


retorno à Sr. Michaels
Reencontro de "iguais"
Verdade sobre sua avó
Escrevi aqui minha experiência não para exibir minhas
feridas e hematomas e para atrair compaixão para mim,
pessoalmente, mas sim como parte da história de um
período profundamente interessante da vida e do progresso
dos Estados Unidos. Pretendi que esta fosse uma pequena
contribuição individual para a soma de conhecimento sobre
este período especial, a ser repassada para gerações futuras
que possam desejar saber quais coisas eram permitidas e
quais eram proibidas; quais relações morais, sociais e
políticas havia entre as diferentes variedades do povo
americano até o último quarto do século XIX e por quais
meios elas foram modificadas. [...]
[...]
Meu papel foi contar a história do escravo. Para a história
dos senhores nunca faltaram narradores. Eles tiveram todo
o talento e o gênio que a riqueza e a influência podem
mobilizar para contar sua história. Eles já contaram seu
lado perante o tribunal da história. A literatura, a teologia, a
filosofia, o direito e a educação se mostraram dispostos a
lhes prestar serviços, e, caso venham a ser condenados, não
terão sido condenados sem ser ouvidos (DOUGLAS, 2022,
p. 469)
Parte III
Retomada da escrita de sua vida
1881-1891
Retoma de forma detalhada alguns acontecimentos políticos
citados na parte II
Cônsul do Haiti (1889)

quando nos afastarmos um pouco mais do conflito, alguns homens


corajosos e amantes da verdade, tendo todos os fatos diante de si,
reunirão daqui e dali fragmentos esparsos, entre os quais talvez esteja
minha pequena contribuição, e oferecerão àqueles que virão depois de
nós uma história imparcial desse grande conflito moral do século. A
verdade é paciente e o tempo é justo. (DOUGLASS, 2022, p. 480)
O fim de sua autobiografia

Cheguei quase ao fim do período sobre o qual inicialmente me propus a


escrever, e, caso viva o suficiente para assistir ao fim de mais uma década, é
bastante improvável que eu me sinta disposto a acrescentar uma única
palavra a este volume. Posso, portanto, fazer deste o capítulo conclusivo
dessa autobiografia. Contemplando minha vida como um todo, tenho de
dizer que, embora por vezes ela tenha sido sombria e tempestuosa, e eu
tenha deparado com privações a que outros homens não estiveram sujeitos,
minha vida foi notavelmente cheia de luz e alegria. Escravidão, perseguição,
falsos amigos, deserção e depreciação não tiraram a felicidade de minha vida
nem a tornaram um fardo. Fui, e continuo sendo, especialmente afortunado.
(DOUGLASS, 2022, 581)
Referências
DOUGLASS, Frederick. A vida e a época de Frederick
Douglass escritas por ele mesmo. Carambaia, São Paulo, 2022.

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