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J. J.

Gremmelmaier

Ódio

Primeira Edição
Curitiba / Paraná
Edição do Autor
2016

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Símbolo usado pelo autor em alguns livros em seu 12º ano de criações.
1
Autor; J. J. Gremmelmaier
Edição do Autor
Nome da Obra: Ódio
ISBN
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte
Gremmelmaier, João Jose
Ódio, Romance de Ficção, 350 pg./ J. J. Gremmelmaier /
Contos / Curitiba, Pr. / Edição do Autor / 2016
1. Literatura Brasileira – Romance – I – Título
2. Literatura Fantástica – Romance Policial – I - Título
85 – 0000 CDD – 978.000

As opiniões contidas no livro, são dos personagens, em nada


assemelham as opiniões do autor, esta é uma obra de ficção, sendo
os nomes e fatos fictícios.
Texto, arte, diagramação e Capa de J.J.Gremmelmaier.
É vedada a reprodução total ou parcial desta obra.
Sobre o Autor:
João Jose Gremmelmaier nasceu em
Curitiba, estado do Paraná, no Brasil,
formação em Economia, empresário,
bancário, escritor, já teve de confecção a
empresa de informática, escreve em suas
horas de folga, alguns jogam, outros
viajam, ele faz tudo isto, a frente de seu
computador, viajando em historias, e nos
levando a viajar juntos.
Autor de Obras como Fanes, Guerra e Paz, Mundo de Peter,
Magog, João Ninguém, Trissomia, Anacrônicos entre muitos, cria em
historias fantasiosas ou não, mundos imaginários, interligando
historias aparentemente sem ligação nenhuma, gerando
curiosidade sobre outros textos escritos. Quando com 10 anos de
textos, ele tem um mundo próprio, de personagens e criações.
Mas não se nega a novas historias como esta.
©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

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J. J. Gremmelmaier

Ódio
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Primeira Edição
2016

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Ódio em letra artística AmericanIndian
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Eu comecei a escrever Ódio após ouvir uma palestra de


um historiador sobre o Ódio no Brasil, algo assim me pareceu
lógico de cara escrever em primeira pessoa, sei que colherei
as farpas de uma narrativa de um psicopata em primeira
pessoa.
Sempre tento me isolar do personagem, e isto nem
sempre é possível, tentar pensar como eles, nos faz em parte
viver esta revolta dentro de nós.
Toda a historia em si é ficcional, eu evitei por nomes de
cidades e lugares, para que vocês não pensem que os lugares
existem, pois existem apenas em minha mente.
A numeração dos capítulos, assim como narrativas de
tatuagens durante o decorrer da historia, foram feitas
baseadas em uma letra artística de nome AmericanIndian,
digamos que foi um recurso pensado pelo psicopata.
É a historia de um soldado, de um hibrido, de um
humano diferente, nem tudo narrado em uma sequencia tão
logica, começamos pelo humano criminoso, seguimos em seu
instinto de sobrevivência, mostramos parte de experiências de
seu passado e chegamos ao resultado de tudo, um ser
procurando saciar seu ódio e suas duvidas.

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Prólogo em letra artística AmericanIndian
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Historia que se passa em uma cidade ficcional, ano
ficcional, leis ficcionais, todas adaptadas ao andar da historia.
Então bem vindos a vida de Marcio Maier, que alguns
chamam de Pedro Pereira, e outros conheceram como Pietro
Martins, um personagem que tem por seu objetivo maior,
fazer as pessoas que ele odeia, lhe odiarem.
Boa leitura, tortura e carnificina a todos.

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Se olhar em volta, verei uma cidade moderna, alguns se


prendem aos anos, a data, eu me prendo ao povo, incrível
como a tecnologia avança, e as pessoas, estagnam em sua
maioria. Tudo que faço, é testar se eles merecem continuar,
as vezes, as pessoas acham que sou cruel, não, cruel é você
trabalhar 54 horas semanais, receber por 48, um salario de
fome, e ter de sorrir ao cliente que deixa o dono mais rico,
cliente que respeita o dono, você é apenas o atendente.
Mas olhando a cidade em volta, eu a vou chamar de
Capital do Sul, ela poderia ter outro nome, mas seria injustiça
com as demais.
A modernidade toma as ruas, mas as pessoas são as
mesmas da época imperial, classes sobrepujando classes,
policia, bandido, empresários, servos, exércitos e políticos.
A cidade que vejo, quero a derrubar, mas lentamente,
não de uma vez, quero os ver sofrer, quero os ver pedir para
morrer.
As vezes queria derrubar ela toda de uma vez, mas que
graça teria?
Estamos em uma nação genérica, mas se couber em
minha nação alguns atos, é porque minha base vem deste
país, desta ―Democracia Demagógica‖.

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Aletheia 1 em letra artística AmericanIndian
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Vou ter de começar me apresentando, eu sou um


qualquer, alguns me conhecem por Marcio, ando por estas
ruas há muito tempo, odeio esta cidade, mas obvio,
transformo cada dia, em uma aventura diferente, ou uma
mesmice, mas de qualquer forma, odeio os dias, tento achar
alguém a algum tempo, ela foge de mim, mas espero terminar
a semana com ela em meus braços, mesmo que ela odeie isto.
Caminho por estas calçadas peti poa, porque não falam,
estas ruas calçadas com recortes de pedras irregulares e
baratas, tem de usar um nome mais bonitinho para algo tão
ruim.
O meu caminho é acompanhado por milhares de
pessoas, que parecem zumbis andando, como se não tivessem
ainda acordando, gente que em si me parecem inúteis, gente
que parece não entender nem a própria vida, porque
trabalham se em nada comandam a própria vida.
Entro no prédio onde tenho uma sala, vejo um bando de
pessoas se esforçando para agradar o senhor que vejo ali a
baixo, alguém que nem sabe quem sou de verdade, enquanto
as verdadeiras formigas nem sabem de minha existência, ou
se sabem, não parecem se importar tendo um salario de fome
nas mãos.
Acesso o sistema do local, olho os números, quanta
coisa que não me dá prazer em fazer, talvez o único a poder

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1 em letra artística AmericanIndian
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levantar daqui a qualquer hora e sair, o único que pode matar
a todas em baixo, e eles talvez nem reclamassem.
Ligo para um senhor na região metropolitana, ele me
passa via sistema os últimos protótipos de microchip que
vendemos aos exércitos desta nação, olho os dados e vejo
que estão em dia, produção demais para compras de menos,
mas o valor de uma venda daquelas, me valia a manutenção
da empresa na região metropolitana por um ano, vendera
mais de 6 mil delas, e tinha outras 500 mil esperando que
pedissem, exércitos sempre compram coisas estranhas, eu
apenas produzia.
As vezes ver uma marca, não é saber quem a produz,
não é saber quanto disto está em estoques da própria fabrica,
como disse, alguns me conhecem por Marcio, no passado,
quando no Exercito, me conheciam diferente, hoje, tenho um
jornal que não dá lucro, uma fabrica de equipamentos
militares, uma fabrica de armas, temos acesso ao que as
pessoas acham a rua não existir, dois sistemas de fabricação
de alimentos, eu não como aquele macarrão, pois sei onde é
fabricado, as pessoas o comem, falam bem, mas eu não sou
normal, e tenho a fabrica de microchips, como cheguei a tudo
isto?
Estou começando, eu vejo estes seres abaixo a se
esforçar para agradar quem os comanda, eu olho eles como
objetos que me pertencem, e desculpa a frieza, mas para
mim, eles vivos, ou mortos, não faz diferença, talvez jornais a
menos nas banquinhas que já não vendem jornais, as pessoas
preferem os meios digitais.
Olho o relógio, já estou aqui a 45 minutos, acho que já
fiz minha parcela do dia de gente de bem, odeio isto, mas eles
não sabem quem sou mesmo, passam por mim a rua e me
empurrão, adoro ter o que tenho e ninguém me conhecer,
hora de tomar meu café, pego minha carteira, e assim como
entrei, sai, apenas o segurança a porta me cumprimentava,
talvez por eu já frequentar o prédio no seu primeiro dia, e
continuar a frequentar, mesmo que não saiba quem sou.

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Sinto os músculos da força feita a noite, as vezes
exagero, precisava de um café forte.
Entro na cafeteria, peço um café, um misto quente e
sento a mesa, passo a vista nos frequentadores, todos com
mais de 30 anos a mais que eu, venho aqui quase todo dia, e
sou um desconhecido para eles, se falar mal de mim mesmo
para um deles, eles são capaz de concordar e puxar assunto,
mas não faço questão de me entrosar, olho a TV, o som dela
toma o local gritando as noticias.
―Mais uma morte na noite, a policia disse estar a um
passo de desvendar o crime.‖
Olho sorrindo os demais, olho um policial entrar, quer
dizer, uma policial, ela faz uma pergunta ao atendente, ele me
aponta e talvez vendo o café quente vindo a mesa, com o
misto e um policial chegando a ela, me pareceu uma dica.
Outros dois policiais chegam a porta, eu mastigo o misto
e olho para o atendente.
— Levanta o volume um pouco.
O senhor me olha com um rosto que parecia não
contente, olha para os policiais, olha para a noticia e ergue a
mesma que mostra um apartamento no centro, onde a policia
achara mais um famoso desconhecido, morto.
―O deputado que defendia a lei que permitiria os
pastores e professores, mentirem em juízo, pastor a mais de
30 anos, foi encontrado morto, os seguranças dizem não ter
visto nada.‖
A policial me olha e fala.
— Senhor Marcio Maier?
— Sim.
— Poderia nos acompanhar?
— Posso terminar o café?
Ela sacudiu a cabeça negativamente, eu me levantei,
virei o café que entrou queimando na garganta, dei duas
mordidas no misto que ficou na minha boca, mastigando
aquilo para dentro, puxo a carteira, a reação dos policiais me
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apontando as armas assustados, mostrava o quanto estavam
apavorados, estendi uma nota para o atendente e falei.
— Depois pego o troco.
Olhei os policiais e levantei as mãos, com calma, a
moça pareceu assustada, mas não gostava de policias, não
gostava de muita coisa, mas se um famoso, um politico, um
policial, morresse em minha cidade, em 3 dias, muitas vezes
achavam o culpado, mas quando pessoas simples como eu,
morriam, as vezes demorava 8 meses para a criminalística se
mexer, então obvio que não achavam nada, duas justiças,
uma muito eficiente para alguns, uma nada eficiente para os
demais.
Me algemam e me jogam na viatura, parte da imprensa
que estava apenas tomando um café a frente me olham
saindo.
Tem uma coisa que tenho de lhes falar, eu não sou
inocente, sempre digo que inocentes neste país se dão mal,
podendo ser inocentes de fato, ou inocentes na fé de acreditar
que eles nunca se darão mal, eu não sou nem uma coisa e
nem outra, eu sabia que um dia me daria mal, então isto
estabelece ter alguém que dirá que passou comigo a noite, ter
um advogado na delegacia quando lá chegar, e fazer questão
de saber muito pouco da morte, apenas o que a TV me
informara, sei o limite que vi, nada além, nada aquém.
Preso primeiro em uma sala, uma ligação para o
advogado que já estava a caminho, e fui sentado diante de
um incompetente, que por ter formação em Direito e ter
passado em um concurso, tenho de tratar com educação
senão me prendem por desacato, mesmo eles o sendo para
todos grosso, incompetente e diria, gordo, fedido.
— Senhor Marcio Maier, o senhor está encrencado.
Olhei o advogado e perguntei.
— O que fiz agora?
— Lhe acusam de ter matado o Deputado Taco.

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— Avisa a Mirian que posso não aparecer para o almoço,
ela vai ficar assustada se não aparecer.
— Senhores, isto não é sala de recepção, queremos
respostas. – O delegado erguendo a voz.
Olhei o Delegado gordo, com aquelas bochechas
destacadas, pensei naquele senhor tendo de correr 100
metros, sorri e olhei para o senhor.
— O que gostaria de saber senhor?
— O que sabe da morte do Deputado Taco.
— Pouco, estava ainda vendo a noticia quando me
trouxeram para cá.
— Temos uma testemunha afirmando que lhe viu sair de
lá.
— Então vamos ao reconhecimento, vamos aos fatos
delegado, pois alguém vendo alguém sair de onde nem sei
onde é, mesmo que fosse eu, o que não era, pois estava
acompanhado a noite inteira, para mim não é nem prova de
crime, tem a arma, faço teste residuográfico, faço
reconhecimento.
O delegado olha para o advogado, olha para mim, obvio
que havia algo errado, eu o estava encarando, mas o que
poderia ser?
Começam perguntas básicas, perguntas que sabia o que
responderia, sabia o que tinha de provar, não o que o que ele
queria, as vezes odeio esta burocracia, mas me divirto de ter
ideias enquanto estes senhores tentam me pegar.
As vezes me veio uma aventura, as vezes um afastar-me
da cidade, mas isto não me facilitaria, as pessoas gostam de
provas circunstanciais, que nem sempre eram provas.
Eu chego a entrada, a imprensa lá, olho para o rapaz a
minha frente e olho em volta, estaria em todos os jornais do
dia seguinte.
— Senhor Marcio, o que tem a dizer referente as
acusações sobre ter assassinado o Deputado.
— Eu não tenho nada a dizer, rapaz.
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— Vai negar as acusações?
Olhei para ele e passei, os demais me fotografaram,
entrei no carro e Claudio, meu advogado falou.
— O que aconteceu?
— Não sei, mas descubro, mas me deixa na casa de
Mirian.
O carro sai e atravessa alguns bairros pequenos da
cidade.
Tem coisas que não faço, e uma delas é dividir tudo com
advogados, eu não confio neles, antigamente tinha amigos,
hoje, nem isto, Mirian eu chamaria de a numero dois, a
primeira de uma nova linha de controle.
Eu odeio as pessoas, mas adoro as controlar, queria
poder mandar todas se matar e apenas acontecer.

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Entro no apartamento de Mirian, ela me olha com a


passividade de sempre, olho ela e pergunto.
— Problemas Mirian?
— Fez de novo, o que quer?
— Nada, sabe que espero que fique quieta, não
comente, não responda nada. – Chego perto dela, a encosto
na parede, minha mão pressiona seu pescoço e a olho aos
olhos.
— Nunca para de fazer o mal.
— Eu não faço o mal, eles são o mal, você é o mal, tem
de saber se quer o peso de minha mão Mirian, apenas isto.
— Não sabe amar nada.
— Se me derem amor, terão ódio, vocês se vendem, e
reclamam, mas talvez alguns mereçam meu ódio, alguns não,
mas todos o terão.
A soltei e olhei para ela, que desvia os olhos, olho para o
apartamento e entro na peça ao lado, olho as câmeras
instaladas, e as informações, eu odeio as coisas improvisadas,
as pessoas acham que tudo é acaso, sempre acho que deixo
muitos rastros, mas parecem ainda não querer me pegar.
Olho duas câmeras portáteis que coloquei na peça, elas
gravavam e transmitiam via celular para o chip que estava no
computador a frente. Cada peça com duas pequenas câmeras,
tinha os minutos da operação, sabia que tinham pegado as

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câmeras internas, pois não transmitiam mais a imagem do
local.
A imagem da policial entrando e vendo o deputado
sentado a cadeira, morto, olhar em volta, ela pareceu quase
olhar para mim, como se perguntando-se o que era a câmera,
vi ela perguntar para o segurança se havia notado algo
diferente?
A imagem da peça ao lado olho os olhos da moça que
vira um senhor sair do prédio, me descreve, vejo a moça
pegar os dados e anoto alguns dados, olho para o senhor ao
fundo falar.
— Estas câmeras estão em toda a casa, deve ser um
sistema de segurança, mas não estão ligadas, funcionam, mas
não estão ligadas a nada.
— Tira as que achar, quero saber quem instalou isto,
pois se tivéssemos as imagens disto, teríamos quem o fez.
Vi uma imagem do delegado da civil, já estavam em
outro ambiente, eu estive ali a pouco, tinham levado para lá
as câmeras, vi a policial olhar para o delegado, e ouço, via
apenas a imagem do senhor gordo a frente.
— Achamos estas câmeras lá, mas o lugar está limpo,
ninguém nem ouviu o tiro, o senhor está morto sentado a
poltrona da sala, com a bíblia no colo, se não fosse o sangue a
altura da cabeça, passaria por dormindo, parece uma
montagem de suicídio.
— Morto no local?
— Aparentemente sim, o lugar parece muito limpo.
— E a testemunha? Já acharam a esposa e a filha dele
em algum lugar?
— Vamos dar segurança a testemunha, mas a família
não estava lá e ninguém viu elas saírem, não me conformo
com aquele atropelamento da nossa outra testemunha,
poderíamos agora confrontar as testemunhas e pedir a prisão
deste senhor, sei que foi ele senhor, mas não consigo nada
ainda.

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— Digitais, pelos, algo?
— Estamos coletando, retiramos as câmeras, não sei,
mas parece algo deixado lá para nos provocar, não para
documentar.
Olho os dados, olho as demais imagens e as deleto,
desinstalo o servidor e olho para Mirian a porta.
— Problemas?
— Policia lá embaixo.
— Subindo?
— Sim. O que quer que fale?
— Diz que não passei aqui a noite, apenas isto, não vou
lhe complicar desta vez.
— E este computador ai?
— Não funciona.
Tirei o sistema de recebimento via celular dos dados das
demais câmeras e o HD, coloco em uma sacola de lixo e ouço
a campainha, olho ela e falo.
— Abre calmamente, não devemos nada.
— Mas...
— Sei que olhou as imagens Mirian, me viu fazer isto?
— Não, vi o senhor se matar, mas não entendi, porque
eles lhe acusaram e quer que não o defenda.
— Não se complique apenas.
Coloquei o HD na mesa, e falei.
— Abre lá.
Fiquei a olhar o HD e coloquei o sistema de recebimento
de imagens na gaveta do fundo, olhei para tudo em volta, o
que faria agora.
Coloquei o mesmo na gaveta e com o computador
aberto, estava colocando um HD nele e olhei para a policial a
porta.
— Nos encontramos de novo? – A policial civil,
investigadora de nome Rita, ela não sabe o quanto sei de sua
vida, o quanto odeio a forma dela ser, o quanto não me apego
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a gostar das pessoas, odeio favores, odeio deve-los, adoro os
demais me devendo algo.
Olhei ela a medindo de cima a baixo e olho o anel no
dedo e falo.
— Casada, que pena.
— O que faz ai?
Tirei o HD da gaveta e falei.
— Mirian está reclamando que o HD não funciona, e
estava o trocando, hoje em dia é difícil viver sem sistemas.
— Ninguém mais usa computadores, tudo no celular, o
que faz nesta maquina?
— Rita Camargo, sei que acha que sou o culpado, mas o
que fazem aqui? Tem mandato?
— Mandato de condução coercitiva para a sua
companheira.
— Ela não estava comigo ontem a noite, o que
pretendem com isto?
Coloquei o HD e o sistema inicia, e a moça olha que o
HD estava pedindo sistema, coloco um Pen-Drive com sistema
Linux e começo a instalar, a olho, estava esperando uma
resposta.
— O delegado a quer interrogar, e tem razão, sei que foi
você, mas não entendo como.
— Você acha que fui eu Rita, a diferença é esta, não
existe ainda algo conciso que me indique, mas deve saber
fazer isto melhor que eu.
Um policial entra pela porta e ela fala.
— A ordem estabelece apreender tudo que tiver de
eletrônico e de celulares, ele quer saber o que aconteceu. –
Rita olhando o senhor a porta.
Olhei ela e falei.
— Não esquece que o HD antigo está na gaveta, ainda
não fiz o backup do que tinha nele.
A policial me olha intrigada e fala.

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— Não tem medo de ser pego, deve ser um psicopata.
— Todos somos malucos, apenas alguns sabem suas
psicopatias, outros a transferem aos demais.
Me levantei e olhei para Mirian assustada a porta.
— Eles dizem coisas horríveis de você Marcio.
— Claudio acompanha as coisas na delegacia, calma,
apenas eu disse que não estava aqui, e eles querem saber por
que não.
Mirian sorriu, eu sabia que estava entrando pelo cano,
mas nem a investigadora e nem os policiais sabiam disto.
Saio dali, vou a fabrica de protótipos, faço como na
maioria de meus negócios, apenas apareço, passo um ou
outro processo, me inteiro do que estava acontecendo e
sumo, não queria ficar ali, mas precisava neste instante saber
os resultados de algumas coisas, olho as pessoas ao fundo,
trabalhando, olho para o administrador, Carlos Nobrega, eu o
chamo de Carlinhos, ele as vezes parecia me temer, as vezes
me respeitar, mas me passa as planilhas, olho a linha de casas
ao fundo, e ele fala.
— 100% operacional, ainda não demonstrado em
controle total, mas operacional.
Fiquei a olhar as pessoas produzindo aquele microchip,
algo tão pequeno, tão minucioso, sorri pegando o controle no
celular e olhando todas os comandos, teria de testar, longe
deste local, mas entendia o projeto.
— Os cálculos estavam certos?
— Sim.
— Os projetos?
— Perfeitos, existe uma evolução, mas temos de vender
algo para financiar a continuidade.
Sorri, e me mandei para a região metropolitana.

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Amanhece, olho para a casa simples na região


metropolitana da cidade, olho para os moveis antigos, aquele
cheiro de poeira me atrapalhara o sono, acordei algumas
vezes a noite com o nariz reclamando.
Tiro o plástico sobre o colchão, fazendo um saco dele,
com travesseiro, colcha e o pequeno cobertor, olho para o
carro no fundo, coloco o saco numa armação de tijolos ao
fundo, coloco fogo e olho para todos os lados, casas muitos
próximas, a fumaça sobe, saio de carro bem sedo, descendo
no sentido do litoral.
Entro em um hotel de frente ao mar e pago 16 diárias,
olho para a região do café, deixo minhas poucas coisa e sento
lá.
A TV ao fundo falava que estavam procurando um
senhor acusado das mortes do Deputado Taco, que fora
acusado de abuso e violência psicológica por sua
companheira, a policia tentou o encontrar ontem a noite em
casa e nada conseguiu.
Me olho no espelho ao fundo, agora com um bigode e
com o cabelo raspado, parecia outro, um senhor olha para
mim e fala.
— Acha que pegam este senhor?
— Nem entendi a acusação.
— Alguns jornais estão chamando o senhor da imagem,
de assassino serial, responsável provavelmente por mais de 12

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mortes, estão levantando dados, baseados nas declarações da
companheira dele.
— Um serial killer? – Perguntei.
— Pode ser.
— Este senhor fazia oque?
— Não entendi, deve ser alguém que já tinha dinheiro,
pois alguns jornais ficaram receosos de o acusar.
Sorri e levantei, fui pegar mais um café, olhei em volta,
nada de policia, nada de nada.
Peguei o carro, deixando as coisas no prédio, saindo no
sentido de um sitio na região da serra do mar, pouco mais de
8 quilômetros dali.
Olhei o senhor José na casa da entrada, ele me
cumprimentou e falou.
— Mudou o visual?
— Tira o pessoal da região José, e me consegue 5 ou 6
meninos da região, para uma operação.
— Vai fazer oque?
— Me divertir, mas quanto menos olhos melhor.
— Certo, alguma preferencia?
— Gente que ninguém dê falta rápido José.
— Não foi a pergunta. – José.
— Ninguém que queira vivo José, se foi neste sentido.
O senhor olha serio para mim, ele me odiava, sabia
disto, mas não vou dizer que não o mataria sem pensar,
apenas queria chamar a atenção em outro lugar.
Entrei na casa e comecei a fazer uma limpeza geral,
olhei os dados, preparei as coisas, fui ao carro, abri o porta
mala, tirei as câmeras e coloquei no lugar.
Depois instalei 4 grandes telas na peça principal, e
comecei alterando todas as roupas de cama.
Estava acabando de arrumar as coisas quando vi a
caminhonete de José encostando e vi 5 rapazes, cada um
totalmente diferente dos demais.
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Vi eles entrarem e olhei para José.
— Esvazia a casa, fica uns 15 dias longe.
O senhor entendeu que não queria olhos, olhei para os
rapazes e perguntei.
— Bom dia, alguém tem algo contra ganhar um bom
dinheiro, por um serviço de 15 dias, que não lembrarão nunca
ter feito depois dos 15 dias?
— Porque não lembraríamos?
— Porque coisas que pagam bem, não são coisas legais.
— E o que faríamos?
— Este terreno tem 4 cantos, quatro torres de vigia,
ninguém que estiver para dentro, pode sair antes do fim dos
15 dias.
— Não podem sair, como assim.
Olhei os demais, este rapaz perguntava demais,
— Certo, nos dará a as armas de defesa? – Outro rapaz.
— Sim, não quero e não preciso saber o nome de vocês,
se não deixarem ninguém sair, ao fim dos 15 dias, cada um de
vocês ganha 15 mil dólares, para cada um que sair, eu
descontarei de todos mil dólares.
— E qual a ideia, quando começamos?
— Hoje, em 15 dias reaparecem, ou somem.
— Teria de comunicar que sumiria por 15 dias. – Um dos
rapazes.
— Alguém mais? – Os demais falaram que não, indiquei
os 4 pontos para os rapazes, falei que a arma estaria lá, que
tem comida para mais de 30 dias, que eles não falariam nem
entre eles, que quando o envelope de dinheiro fosse entregue
não os queria ver novamente. Expliquei que eles me veriam
trazendo as pessoas, mas somente eu entraria, com a
caminhonete, deixaria as pessoas e sairia.
Fiz sinal para o rapaz que teria de avisar que iriamos a
cidade, ele entrou no carro, olhei os demais e vi a forma que
eles olharam o rapaz, eles entenderam, não existia
comunicação com a parte externa, liguei os ajustadores de
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frequências de radio e celular, que somem na região, quando
parei na casa de José, falei para o rapaz me ajudar a pegar
algo dentro da casa, ele entrou, me viu com a pistola a mão,
um tiro a altura da cabeça, arrasto ele ao centro da peça,
desenrolo um tapete, abro um alçapão e o jogo para dentro, o
cheiro forte vindo do buraco me embrulhou o estomago, olho
aquele buraco profundo, a escuridão nem me deixava ver os
restos de corpos dali, fechei o alçapão, estiquei o tapete,
entrei no carro e fui a cidade.
Entro no prédio e vejo que o senhor me olhou, olho no
espelho, eu, sorrio e pergunto.
— Problemas?
— Policiais perguntaram sobre pessoas que chegaram
ontem, e apenas colocou os números dos documentos,
poderíamos os ver?
— Sem problemas.
Tirei os documentos falsos e o senhor me olha e fala.
— Desculpa importunar, mas odeio quando a policia
pressiona assim, tive de pedir para todos que chegaram
ontem para identificar-se com documentos.
— Sem problemas senhor, se me tivesse pedido mais
sedo, já o teria mostrado.
Subi, olhei em volta, senti que tinha algo errado, abro o
computador e coloco os sistemas de câmeras e vejo gente
chegando ao sitio, vejo gente conversando com José, vejo
gente conversando com pessoas que conheço em minha
cidade, odeio eles, sorrio por isto e deixo as câmeras
buscando imagens e tomo um banho.

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Depois de 2 horas dirigindo chego a recepção do prédio


de Mirian, olho os policiais, entro pela garagem e estaciono na
vaga para visitantes, saio do veiculo, ajeito a arma as costas,
e olho as 12 capsulas de soníferos, subo direto a cobertura,
entro nela e olho em volta, aciono o sistema de câmeras
olhando para o posicionamento dos demais.
Esperar era a regra, acalmei a alma e coloquei um capuz
de cabeça inteira, que deixava apenas meus olhos visíveis,
coloco um óculos de visão noturna sobre o capuz, olho as
armas e começo a descer pelas escadas lentamente, escada
de prédios de mais de 20 andares são locais vazios, ainda
mais as 11 da noite, o primeiro nem viu o sonífero no pescoço,
quando o quarto deles caiu, eu entrei na peça e o olhar de
susto de Mirian me fez sorrir.
— O que não entendeu ainda Mirian?
— Não pode estar aqui.
Cheguei perto, tirei o óculos, a encostei na parede e falei
a apertando o pescoço, a outra mão com a arma passo no
corpo dela e ela fala.
— Eu me comporto Marcio, não me mate.
— Será que posso confiar em você Mirian?
A arma para entre as pernas dela, a ergo, ela parecia
com medo e fala.
— Odeio você Marcio.

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Eu a beijei e apertando o pescoço dela ainda, encosto a
arma no armário ao fundo, e a possuo ali, para mim, ela olha
como se me temesse, não me odiasse, odiava esta inercia
dela, esta dependência, e falei.
— Vai fazer parte de um joguinho Mirian, se sobreviver,
vive, mas será minha para sempre e comportada, não gosto
de traições.
Virei ela para a parede, odiava este meu vicio por sexo,
este corpo me completava, ajeitei as nádegas dela, gostava
mais quando ela se batia, quando era mais jovem, quando
reclamava, mas sabia que eu imporá aquilo, ela deveria estar
em pânico, pois senti ela muito mais tensa que o normal.
— Mirian, eu odeio deixar minhas cobaias para trás, a
pergunta, vai se comportar?
Ela parecia em pânico e sacode a cabeça
afirmativamente enquanto fecho o zíper, ela não parecia mais
Mirian, teria de a lembrar que comigo, as coisas eram duras,
mas que se obedecesse, poderia voltar ao normal.
— Senta no sofá.
Olhei para a porta, puxei os quatro seguranças e passei
a arma para ela.
— Sabe o que tem de fazer.
Ela me olha, olha a arma e coloca o silenciador e dá
apenas 4 tiros, nada mais.
Ela senta-se a minha frente, arregaço a manga dela,
onde haviam varias tatuagens, mais 4 tatuagens e ela me olha
como se ainda tivesse medo.
— Eu não aguento mais Marcio.
— Porque não aguenta?
As lagrimas dela não me comoveram, ela olhava como
se estivesse em pânico, eu termino a tatuagem, coloco um
plástico sobre a área tatuada, e volto a manga comprida ao
lugar.
Ela pega a arma, ela parecia decidida, aponta para mim,
e depois para sua própria cabeça, vejo ela puxar o gatilho,
25
mas haviam apenas 4 balas naquela arma, mas entendi que
ela queria morrer, mas eu não faço favor a ninguém, talvez
não entendam, mas odeio fazer favores, mesmo a futuros
mortos. Peguei a arma e olhei para ela, estranho ela me temer
com a arma na mão e não temer puxar o gatilho, talvez, ela
temesse a dor, não a morte.
— Calma, vamos sair daqui.
— Eu não quero voltar lá.
— Quer me desobedecer Mirian?
Ela olhava-me, era um misto de dor e pânico, as vezes
até de carinho, como se não me odiasse como falou. Pego o
sonífero e apenas aplico no pescoço dela, ela deixa o corpo
relaxar e a sento no sofá, enquanto coloco os demais corpos
no elevador, perto da meia noite, quando subo os corpos para
a cobertura, eu adorava casas como aquelas, projetadas para
serem uteis, não para que eu morasse.
Coloco os corpos numa peça resfriada, olho outros
corpos colocados ali, pendurados, mortos, sorrio da ideia que
a maioria nunca entraria naquela cobertura, não naquela
parte.
Fecho a porta, puxo a parede de placas sobrepostas
sobre a porta, a fixando ao chão, esta era uma parede
construída apenas para ocultar aquela peça.
Desço para o estacionamento, era madrugada, levando
no ombro Mirian, que amordaço e coloco no porta malas.
Paro o carro na frente do condomínio que o Delegado
morava, vi os dois carros da policia fazendo segurança, olhei
para os rapazes, e de longe, com uma sarabatana que
comprei pela internet, e praticara dias, os fui atingindo aos
pescoço e os vendo cair, cheguei ao local, o segurança na
guarita estava quase dormindo, chego a portaria e olho para
ele, com o capuz e o óculos de visão noturna, ele se assusta,
jogo para dentro uma bomba de gás, ele tenta ficar lá, mas
gás pimenta é horrível, ele apenas tentava olhar para as
coisas quando o atingi ao peito.

26
Madrugada, coloco 4 dos policiais que estavam ao chão
no porta malas que estava Mirian, opalas antigos tem estas
vantagens, cabe muita coisa no porta malas.
Quando o primeiro porta mala está lotado, 7 pessoas, ali
já delegado, esposa, um casal de filhos adolescentes, e um
segurança da porta, saio calmamente no sentido do sitio na
serra, era 8 da manha quando terminei de amarar os
seguranças, o delegado, a esposa dele, uma empregada e
Mirian naquela peça, presos a cadeiras.
Chego ao hotel e peço para usar os computadores ao
fundo, pois meu computador pessoal havia pifado e precisava
passar um arquivo via e-mail, o rapaz disse muitos nãos, mas
nada que um suborno não dê jeito.
O passar do vídeo da morte do Deputado para os canais
de vídeos da TV mais vista no país, deveria em pouco tempo
chamar a atenção, subi, tomei um banho, e desci para o café,
já tinham parado de servir, mas consegui umas frutas e um
café puro, o que já dava para começar o dia, estava de costas
a TV quando ouço a noticia.
―Embora a polícia esteja acusando um senhor da morte
do Deputado, esta imagem mandada para nós por um dos
nossos assinantes, revela os últimos momentos de vida do
Deputado, não conseguimos ainda uma posição do Delegado,
mas alertamos que a imagem é forte‖.
A imagem mostrava o Deputado, lendo um trecho da
bíblia, mais exatamente um trecho de Jó.
―Na verdade sei que é assim, mas como pode o homem
ser justo com Deus? Se alguém quiser contender com ele, não
poderá lhe responder umas mil vezes. Ele é sábio no coração
e poderoso nas forças.‖
Para a leitura, parece olhar para algo, pega a arma que
estava ao lado da cabeceira coloca o silenciador, coloca na
cabeça e atira.
A imagem gira e vê que a frente do senhor estava uma
moça, deveria ter uns 15 anos, filha do Deputado, olhando ele
assustado, que estava sumida desde o dia do evento, e que
27
ainda não haviam conseguido a localizar, ela olha a câmera e
uma lagrima lhe corre ao rosto.
O senhor do hotel olha para mim e fala.
— E pensar que eles acusaram alguém por esta morte, e
toda a imprensa estava pressionando.
— Senhor, o que viu na imagem, pois eu vi alguém
sendo chantageado e se matando. – Falei.
— Não entendi.
— Quem estava com a câmera senhor, poderiam estar
com a arma na cabeça da filha do senhor, quem o fez, filmou,
foi um suicídio, mas porque não encontraram a menina ainda?
O senhor me olha e fala.
— Acha que forçaram ele a se matar?
— Ninguém viu nada além do senhor que acusam, sair
do prédio, mas poderia ter ido fazer qualquer outra coisa, e
garanto, não vão nos mostrar o depoimento dele agora.
— Mas muitos vão falar em suicídio.
— Depois vão falar que a menina tinha um namorado,
depois vão inventar coisas, mas este caso está com muitas
perguntas em aberto.
— Perguntas?
— Porque a policia omitiu o sumiço da menina e da
esposa, porque eles parecem tentar mudar o foco, as vezes
pode ser para que consigam pegar o verdadeiro criminoso.
Terminei de comer, peguei o carro e passei em uma
fazenda ao lado da que havia deixado o delegado, uma
senhora sentada e amordaçada, ao lado uma menina, que
parecia já ciente, olhava assustada em volta, medi a pulsação
das duas crianças que coloquei ali e olhei a menina.
— Teria sido mais fácil puxar o gatilho.
A menina olha para mim, parecia ódio, amo pessoas que
me odeiam, odeio pessoas que tentam me amar.
Chego perto da menina e tiro a mordaça dela e ela fala
gritando.

28
— Socorro, Socorro, alguém me tire daqui.
— Vai perder a voz menina, de tanto gritar, e ninguém
vai ouvir.
— Seu monstro, matou meu pai.
— Sim, e terá a chance de se redimir, qual o seu nome.
— Não lhe interessa.
— Certo, qual o seu nome completo Regina.
Ela cospe em meu rosto e sorrio.
— Vou lhe alertar, cada agressão eu respondo com uma
agressão, e cada ordem não cumprida, com algo pior que a
ordem não cumprida, espero que tenha ouvido.
Ela cospe de novo, eu pego uma brasa na lareira ao
fundo com um pegador de metal, solto uma das mãos dela,
abro ela e coloco a brasa queimando e forço ela fechar a mão,
ela grita de dor, ela deixa uma lagrima correr no rosto, deixo
ela soltar a brasa, pego um pano do bolso e enrolo na mão
dela e falo.
— Pensar é bom menina, está em treinamento, e se me
obedecer certinho, vai sobreviver, se não me obedecer, morre.
Forcei a mão dela para trás e a prendi novamente.
A olhei e sequei a lagrima de seus olhos, ela me olhava
com raiva quando coloquei a mordaça novamente.
Ouvi um porque disto saindo baixo pela mordaça e olhei
para a menina.
— Eu adoro odiar as pessoas, quanto mais elas me
odeiam, mas sinto prazer nisto, mas saiba que a praga do seu
pai, já foi tarde.
Verifiquei se as cordas estavam bem firmes, fechei a
porta primeira e a segunda, verifiquei o muro, e depois sai da
casa, pegando meu opala velho, ano 76, subindo a serra
novamente.

29
9

Eu estava ao longe vendo o agito no condomínio do


Delegado, um morto na portaria, ninguém na casa do
delegado, e vi aquela moça entrar na casa, peguei o carro e
sai lentamente, parei a casa da moça, abri com a micha a
porta e olhei para a menina, deveria ter uns 14 anos, olhos da
mãe entrarem pela porta, eu apontei a arma para ela e falei.
— Quieta.
Ela pensou em dar um passo atrás, mas dois passos já
estava segurando o braço dela.
— Me larga.
— Se gritar de novo, vai apanhar até desacordar
menina, então fica quieta e me responde.
— O que quer saber?
— Que horas a sua irmã chega?
— Já deve estar chegando.
— Seu pai?
— Fim da tarde, geralmente pouco antes da mãe.
— Que horas?
— Perto das 6.
Apertei o pescoço dela e a ergui até uma cadeira de
frente a porta, a coloquei ali, a amarrei e amordacei.
Fiquei ali esperando a segunda vítima, que entrou com
um menino da sua sala, problemas a vista, eles olham a

9
5 em letra artística AmericanIndian
30
menina amarrada e entram, um tiro com sonífero no rapaz e
olho a menina e falo.
— Senta na outra cadeira que não quero ninguém
atrapalhando as coisas hoje.
Chego a ela e a amarro, levanto o rapaz e coloco em
outra cadeira amarrado e ela pergunta.
— Ele está morto?
— Não, você ainda não o matou.
— Acha que vou o matar, tá maluco.
Chego a frente da menina e pergunto.
— Qual seu nome?
— Carol.
— Então me ouça, se eu mandar atirar, melhor atirar, se
mandar fazer algo, melhor não me desobedecer, que é pior
para você.
— O que você quer?
— Atrair sua mãe, mas para isto, preciso das iscas, você
e sua irmã.
— Vai nos matar depois?
Sorri, talvez minhas ideias estivessem sendo
atropeladas, estas coisas de improviso não é minha praia, mas
acredito que não se precisa perder dias para projetar algo
eficiente, apenas não posso bobear com minha própria
autoconfiança, amordaço a menina, olho a segunda, pareciam
começar a entrar em pânico, olho o menino, não estava nos
planos, mas era hora de acelerar.
Saio pela porta, abro a garagem, estaciono o opala de
costas, um pequeno sonífero e fui colocando as crianças no
porta malas, deixando ali a mais nova, saio com o carro
deixando a meia quadra, volto e entro na casa, pego o celular
da menina e disco, coloco o capuz e o óculos, o que para mim
era quase um amuleto.
— Por gentileza Rita Camargo?
Esperei a policial olhar o telefone, ela parece estar
ocupada, pois demorou para falar.
31
— Quem está com o telefone de minha filha?
— Rita, a estou tirando de casa, ela e a irmã, quero ver
se é uma boa policial, para me pegar.
Desliguei, peguei a menina, coloquei no ombro, ela se
batia, coloquei no porta malas, muita gente vendo isto a rua,
sem saber o que fazer, entro no carro e saio cantando o pneu.
Entro em um shopping mais a frente, subo a ultima
divisão, olho o carro parado naquele canto, a muito parado,
saio com calma, abro o porta malas, a menina estava fazendo
barulho, apenas aplico o sonífero e fecho o porta malas, abro
o porta malas do outro carro e coloco os demais para lá, olho
o Opala, adorava aquele carro, mas não o deixaria no
caminho, peguei uma bateria no porta-malas e troquei a do
carro ao lado, joguei gasolina dentro do Opala e um
dispositivo de descarga elétrica a radio.
Saio com calma do estacionamento, paguei a saída e
com calma vou a cobertura no prédio de Mirian.
Subo e aciono os televisores, as câmeras que estavam
em varias partes da cidade, aciono o dispositivo de descarga
elétrica e vejo o opala começar a pegar fogo.
Anoiteceu e desci ao carro, levei as 3 crianças a uma
peça na parte alta, e as sentei em cadeiras amarradas, olhei
elas começarem a acordar, estávamos no segundo piso da
cobertura em uma sala toda isolada acusticamente, então não
me prendera em deixa-los amordaçados, no passado,
tentando cuidar de uma cobaia, ela teve reação ao sonífero,
vomitou e morreu afogada, coisas assim as vezes acontecem,
mas olhava a imagem de 4 jornais televisivos a parede, vi o
alerta de sequestro das filhas da investigadora, vi que o que
era um sumiço do Delegado, começavam a falar em queima
de arquivo.
— O que pretende com isto? - Cintia, a mais nova.
— Respeito, ódio, quem sabe uma de vocês me supere e
me mate.
— Você é maluco.

32
Cheguei perto a olhando de perto e falei.
— Não sou maluco, eu apenas não sei amar, gostar, eu
me prendo em gerar ódio, como eu os odeio.
A olhei aos olhos, seguro seu rosto, viro calmamente
para um lado, tinha uma marca de machucado, deve ter
machucado com o jogar no porta malas, pequei um
cicatrizante na peça ao lado, e apenas limpei, ela reclamou da
dor e parecia não me entender.
— O que quer?
— Todos estão dizendo que fui eu que os sequestrei, as
vezes até eu me admiro com a minha capacidade de atrair
problemas, como acabar com o filho de um Desembargador
de nome Paulo sentado ai.
A menina olha o menino e fala.
— O que vai fazer com a gente?
— Ainda analisando se merecem algo.
— Não respondeu.
— Pequena Cintia, terá que me provar que merece
comer, que merece um copo de agua, tudo que precisar, terá
de conquistar, enquanto vejo se alguma de vocês merece
continuar viva.
Ela me olha com nojo e sorrio, eu não tinha pensado no
que ela pensou, ou pareceu pensar, a irmã dela já era
maiorzinha, mas ela era uma criança em tudo.
— Mas to com cede.
— E quer provar que merece o copo de agua?
— Não sei, o que voc... – ela não terminou a frase.
Me levantei e desci pelas escadas até o apartamento de
Mirian, deixei a porta aberta, sabia que a policia estava se
colocando na parte baixa da casa, mas peguei a gaiola com
três passarinhos de Mirian e levei para cima.
Subi e olhei a menina, peguei um pequeno pássaro a
mão e falo.
— Primeiro desafio. – Coloquei o pássaro na mão dela e
falei. – É só quebrar o pescoço do passarinho.
33
Ela olha o pássaro, olha para mim e fala.
— Não posso fazer isto.
— Então não terá agua.
A menina olha o passarinho e o solta, ele sai pela janela,
e sorrio, um a menos para sofrer, mas não quer dizer que os
demais não viessem a morrer.
Olho a TV e vejo a noticia de um grupo de policiais que
iria bater em muitos endereços até achar Marcio Maier, que
qualquer um que visse algo, comunicasse a imprensa.
— Vai me deixar morrer de cede?
Levantei os ombros e coloquei as imagens de alguns
pontos e vejo a investigadora no apartamento abaixo e falo.
— Sua mãe parece ter um instinto bom para caçar
pessoas, mas será que ela as acha?
Olhei a menina olhar a imagem e ver a mãe olhar para a
câmera, parecia olhar para ela, e fala.
— A quer matar, e nos vai usar?
— Vocês vão morrer se não fizerem o que eu falar, com
10 pontos, vocês vão ganhar uma lembrança eterna, e para
cada ação que eu não gostar, além de não ganharem nada,
vão sofrer uma pequena punição.
— Vai judiar de nós.
— Pode ter certeza, que perdeu a chance de tomar
agua, e não tenho pena de animaizinhos que acho mais digno
matar, do que os deixar na gaiola, ele saiu pela janela, ele
está ali fora sem saber para onde ir, como vai comer, pois
aqui em cima, ele não vê a comida e lixo lá no térreo.
Ouvi o rapaz abrir os olhos, ele deveria estar ouvindo e
ouvi ele ralhar.
— Meu pai o mata quando lhe achar.
— Sei disto, a pergunta que tem de responder pirralho,
se ele me encontrara e matara, antes ou depois de eu lhe
matar?
— Onde estamos, o que pretende.

34
— Eu não sei ainda, mas estou aqui esperando
anoitecer. – Coloco a imagem das pessoas acordando na peça
do sitio, amarradas a cadeira e olho para o Delegado, as telas
acendem e olho para ela e falo.
— Boa noite a todos, para cada um de vocês, darei uma
chance de sair vivo deste lugar, mas não me culpem por
mortes que não aconteceram, se não saírem pelo portão que
nem sabem onde fica.
Vi o rosto de Mirian olhar em volta e falei.
— Espero que consiga Mirian, mas não falo o mesmo, do
Delegado, dos policiais civis, da senhora do delegado, e nem
da empregada.
Olhei as telas e uma mostrou as crianças amarradas, e
falei.
— Delegado se não se esforçar para sair, terei de matar
as crianças, então é bom se comportar.
Desliguei as telas e fiquei olhando o Delegado olhar os
policiais e pergunta.
— Como viemos parar aqui?
— Não lembro senhor, estava de vigília na sua casa,
quando senti uma picada no pescoço, e acordei aqui.
— Alguém consegue se soltar? - O Delegado olhando
em volta e vendo a moça que pressionou para entregar o
senhor, e fala. – Pelo jeito ele é mais maluco do que nos
falou.
— Ele é sistemático, organizado, e não ama nada, não
sei o que ele pretende, mas parece uma casa que ele tem na
região da serra, se for ela, estamos a no mínimo 10
quilômetros de estrada de chão de qualquer coisa.
Olhei as imagens, os policiais estavam saindo do
apartamento e disquei para o telefone local e fiquei olhando
Rita olha o telefone, não tinha identificador, ela receosa pega
o telefone.
— Como está esta perseguição Rita?

35
Ela olha a câmera, ela agora sabia que eu a monitorava,
e fala.
— Sabe que está pondo a corda no pescoço?
— A pergunta básica Rita, vai me matar antes ou depois
de matar todos a volta, entre eles seu maridinho, suas duas
filhas, aquele filho de desembargador na hora errada no lugar
errado, seu delegadinho, até aquele amante do seu distrito,
Pedro é o nome dele, não é?
— Eu lhe mato se tocar nelas.
— Então se apressa, tá perdendo tempo onde não deve,
mas quer um dado assustador sobre mim?
— Assustador como?
— No prédio que está, tem uma cobertura de numero
221, entra lá, é minha, tem uma parede de madeira, na peça
principal, tira aquelas madeiras e descubra quem eu sou, e
depois começa a acelerar, está muito devagar senhora.
Olhei ela por outra câmera, por trás do espelho, tirar a
câmera e olhar para o policial e fala.
— Ele tem uma cobertura neste prédio, apartamento
221, não quero saber como, mas me consegue permissão do
desembargador para abrir aquele lugar.
— Acha que ele está ali?
— Estas câmeras, não sei como funciona, mas
transmitem para fora.
Vi ela atirar pela janela a câmera e sair, olhar para o
sindico e perguntar.
— Tem uma chave mestra?
— Não, quer ir onde?
— Cobertura de numero 221, dizem pertencer a Marcio
Maier.
— Sim, ele usa raramente, a muito tempo não vejo ele
entrando lá.
Subiram, Rita parecia me olhar pelas câmeras de
segurança, ela sabia que estava olhando.

36
Liguei o sistema de interferência dos sinais de radio,
internet e celulares, vi outra moça entrar na peça e olhar Rita.
— O desembargador me mandou lhe dar estrutura.
— Quem é você?
— Meu irmão está com este desgraçado, o que precisa.
— Não sei ainda. – Rita entra, a vejo por 4 câmeras,
olho ela tentar achar as câmeras, haviam ali as falsas e as por
trás dos espelhos, e ouço ela falar.
— Tira as câmeras, de alguma forma ele nos controla
por elas, e me consegue um pé de cabra.
— Pé de cabra, para que? – Um dos rapazes.
Ela chega a parede, dá dois toques, ficou evidente que
era oco, vê o sistema travado no chão e o policial tentou pedir
algo por radio, celular e fala.
— O lugar não tem sinal de celular.
— Bem cara de um maluco viver sem internet e celular.
O rapaz desce e para Rita parecia uma eternidade esta
demora, eu olho a pequena Cintia e pego o segundo pássaro e
fala.
— Este é mais fácil, ou quebra o pescoço dele, ou eu
mato sua mãe.
A menina olha o pássaro na mão dela, olha assustada, e
fala baixo.
— Não posso fazer isto.
— A escolha é sua Cintia.
Ouvi o estralo, e vi o sangue na mão da menina, sorri,
peguei o pássaro, o sangue estava ali na mão e passei nos
lábios dela e falei.
— Isto, boa menina.
— Mas não vai a matar, você falou.
— Enquanto você me obedecer, eu não a mato.
— Mas...
— Com calma chegamos lá, acho cômico sua irmã ainda
se fazer de dormindo, mas uma hora ela terá sede e fome.
37
— Eu continuo com sede.
— Tem uma coisa que pode fazer para lhe dar agua,
mas alguém sentirá dor, tem certeza que quer fazer agora?
— Não, eu me seguro.
Verifiquei os nós, amordacei os 3 e coloquei um capuz
na cabeça deles.
Baixei o som e olhei para o rapaz trazer o pé de cabra,
forçaram no meio e vi a parede ser erguida, olhei para as
imagens e vi as duas moças abrirem a porta do resfriador, ali
viram mais de 50 corpos pendurados, Rita estremeceu e olhou
para o segurança as costas.
Acionei o sistema de gás e vi o lugar, começaram a
entrar na peça, peguei a mascara de gás, corri a porta, abri a
mesma com a pistola a mão e dei dois tiros, dois policiais ao
chão, segurei a porta para que não saíssem, esperei um
instante e entrei na peça, vi as duas moças ao chão, e as
carreguei ao apartamento ao lado, olhei os policiais caídos
mortos, coloquei um na porta do elevador, que batia nele e
não descia, e penduro os corpos dos demais ali no frigorifico,
fecho a porta e a travo.
Como quem odeia, queria poder jogar todos pela janela,
mas não teria como, ou teria, mudo de ideia, destravo a porta
e volto ao apartamento, coloquei as crianças no grande
banheiro da suíte, joguei as duas moças a cama, as amarrei,
fechei a porta, voltei ao apartamento e liguei o gás, coloquei
os mortos em cadeiras próximo as janelas, debruço alguns
cadáveres na sacada, alguns na sala, estavam congelados
mesmo, os dispondo mais as janelas, saio calmamente, vendo
o agito, entro na suíte, fechando as demais peças, uma faísca
e vejo pelas imagens da TV o apartamento do lado estourar e
alguns corpos sendo arremessados, caindo andares abaixo,
muitos mortos, uma confusão se fez, prédio em chamas, o
sistema de incêndio ligou. Sentei as duas na cama, um tapa
na primeira que abre os olhos assustada, se viu amordaçada e
amarrada,

38
— Quem é você moça? – Perguntei olhando Rita abrindo
os olhos.
Ela me olha virar a moça e pegar sua carteira, olhei o
documento, deixei a mão sobre as nádegas dela e falei.
— Gostosa, senhorita Marilia Silva e Souza.
— Vai nos matar? – Rita olhando-me, dando um jeito de
baixar com o ombro a mordaça.
— Por enquanto a pequena Cintia me fez lhe dar uma
chance de viver a mais. – Me levantei e dei a volta na cama,
olhei a investigadora, 35 anos, uma mulher forte, passei a
mão na mordaça e a levantei, a prendi mais forte e tirei a
mascara de gás, o capuz, peguei uma tesoura a cabeceira da
cama, e comecei a cortar com calma o colete frontal, depois
abri a blusa dela, me olhava com raiva, mas ela não tinha
ideia de quanto queria mais ódio.
Ela se debate a cama, eu a despi na cama, cortando
toda a roupa, ela deveria estar pensando em algo que ainda
não era minha intenção.
Os bombeiros começam a se aproximar, se ouvia a
sirene, meus pensamentos estavam em como sair dali, os
policiais deveriam estar subindo pelas escadas, entro na peça
ao lado e pego algumas coisas, coloco na mochila e saio pela
porta e olho para a escada de incêndio, o calor vindo do
apartamento fazia o ar ficar com cheiro estranho, pego policial
que detinha o elevador e o empurro para dentro, pego
explosivo plástico, coloco em uma das portas, a parte oposta,
coloco plástico reativo, com detonador, passo uma fita,
isolando o plástico e o prendo ao corredor, o elevador fechou,
e começou a descer, eu desci um andar, olhei que as pessoas
estavam nas escadas, saindo, desço mais um jogo de escadas,
olho o andar de numero 20, entro no apartamento de Mirian,
olho que estava todo revirado, onde estavam os policiais?
Olhei em volta, principiantes, subiram todos, deixando o
lugar assim, a disposição de quem entrasse, estava olhando
aquilo quando ouvi a explosão, não sei se alguém estava no
elevador, mas agora seria tudo pelas escadas.
39
Olho para o apartamento, tentava achar uma forma de
sair dali, tudo pela minha vontade de jogar as pessoas pela
janela, agora teria de improvisar, eu como digo sempre, odeio
improvisar. Coloco nas estruturas daquele apartamento, cintas
de explosivos, olho para o lado, as vezes tinha medo de me
matar com minhas loucuras e ódios, mas não deixaria de viver
por isto.
Olho o prédio ao lado pela janela, olho para as pessoas
olhando assustadas para cima.
Peguei as capas ao armário ao fundo, e subi, vi que
vinha um agito pelas escadas, mas era hora de me superar,
subi e olhei as duas a cama, nuas, Rita parecia se incomodar
com a mordaça.
— Vai nos matar aqui?
— Tem coisa que o tempo resolve, mas as vezes não
penso nas consequências, e tenho de improvisar, odeio
improvisar.
Coloquei o capuz na cabeça dela, e amarrei forte na
altura do pescoço, desamarrei uma das mãos e a ergui da
cama, ela me chutou, e acertou a cama, coloquei a capa negra
e comprida, algemei a mão que tinha soltado na cama,
desamarrei a outra, e passei a segunda manga da capa,
algemei Rita pelas costas, e encostei o corpo no corpo de
Marilia, nua por baixo daquela capa, seria gostoso adestrar
aquela senhora, mas não sabia se valeria a pena.
Calmamente a prendo na cama, a sento e falo.
— Tem uma calça, você que sabe se vai deixar eu a por.
Ela resmungou algo e deu um chute a mais, olhei a
outra moça e falei.
— Se me obedecer é mais fácil.
— Você fez oque com meu irmão?
A levantei, e a encostei no meu corpo, coloco a mão
entre suas pernas, e falei.

40
— Ainda não abusei dele! – A inverti, soltei umas das
mãos, coloquei parte da capa, e depois coloquei a segunda
manga, e ela falou.
— O que é esta capa, estava com calor, agora está
agradável.
— Se tudo der errado, até duzentos graus, dá para
passar.
Baixei e coloquei a calça, ela não deveria estar
entendendo, e a algemei na algema de Rita.
Fui ao banheiro, e fiz cada uma das crianças vestir uma
capa daquela, e ouvi os bombeiro chegando, sorri, o sistema
tinha apenas câmeras de andares abaixo, mas algemei as
crianças de pé no banheiro, de costas para as outras, fui ao
quarto e as levei para a peça, coloco o capuz e a mordaça em
todos, os deixando ali no centro daquele banheiro.
Olho para o grupo e falo.
— Se me obedecerem todos saem vivos, se não me
ouvirem, morrem todos, e terei de planejar novamente as
coisas.
Aciono o detonador e se ouve o estampido seco, se vê a
parte norte do prédio, estávamos na sul, ceder, os bombeiros
estavam começando a jogar agua, e o chão deles estremece e
sede, mas o acompanhar daquilo era para achar uma saída,
teria de chegar ao estacionamento, neste momento solto um
―Merda‖, esquecera de mais um detalhe.
O desmoronar de parte do prédio, fez os que estavam
ao chão se afastarem, amarrei uma corda as algemas e os
comecei a puxar e falei.
— Vamos com calma.
Descemos pelas escadas ao sul, e quando havíamos
descido 6 andares, vi que vinham pessoas por aquele lado
agora, entramos no andar, e os deixamos subir, não sabia se
daria certo com todas, mas qualquer coisa as abandonaria.
Descemos mais dois andares, e entramos em uma
apartamento, olhei aquela moça a porta que abriu e falou.

41
— Vai matar a todos Marcio?
— Sabe que sim, qual a novidade.
Coloquei os demais no centro da peça e olhei para a
moça, nome, Tereza, ela não conseguira continuar, me olha e
fala.
— Quem são?
— Melhor não saber, e nem falarmos onde estamos, elas
não viram nada.
— Certo, mas precisa de que?
— Tem de sair, sabe como eu que eles colocaram um
sistema de abastecimento de gás, isto vai começar queimar
pelas paredes.
— E as vai deixar ai?
— A roupa aguenta 500 graus indiretos, acho que o
prédio aguenta, mas as pessoas que ficarem vão correr
perigo.
Eu tentava evitar falar o nome de Tereza, não a queria
complicar.
— Mas lhe devo uma Marcio, você acabou com aquele
tenente coronel.
— Sabe que não fiz por você, sabe que odeio
agradecimentos.
— Sei, vou pegar os documentos e sair.
— Saímos juntos.
Eu tirei uma furadeira da mochila as costas, comecei a
colocar grampos a parede bem presos, prendi neles uma
corrente, e prendi as algemas, as puxando em 5 sentidos,
para que não conseguissem andar, teriam de se manter ali,
poderiam até sentar, mas eu controlaria isto, coloco em cada
um dos lados uma câmera, e um pequeno som.

42
10

Saímos como os demais, Tereza falou para o bombeiro


sobre a pressão sobre os sistemas de gás e começam a
evacuar os apartamentos.
Peguei um taxi deixando ali Tereza, vou no sentido leste,
paro na mesma casa que parara antes, mas olho para o agito
em volta, vejo que existe policia por todos os lados.
Eu entro na casa, desenrolo o tapete, abro o alçapão,
desço e ligo o sistema de câmeras, olho para os senhores
quase dormindo nas cadeiras, e ligo o som alto no sitio, vi o
susto de todos, uma parede se acende e olho para eles e falo.
— Quem estiver vivo e acordado amanha pela tarde,
começa a batalhar por suas vidas.
A tela recuou na parede, eu a via por outra câmera, e o
sistema de paredes de concreto, tinha a toda volta, paredes
brancas, que eram tijolos de refração de calor, por trás deles,
a toda volta, as paredes começam a esquentar, seria uma
sauna com aquele som de tiros, de correria, de explosões, eu
não os queria deixar dormir.
Saio e olho para fora, a policia cercando, eles não
vinham conversar, vinham me matar.
Estico o tapete e coloco a mesinha de centro, vou ao
banheiro, teria de sair dali, mas já dera o comando, agora
esta parte poderia ir pelo espaço, abro um frízer no fundo,
pego um corpo congelado e coloco no sofá, ligo a TV, e me

10
6 em letra artística AmericanIndian
43
encosto ao fundo do quintal, dentre as frutíferas em meio a
escuridão.
Olho para a Lua Cheia sair de trás das nuvens e falo.
— Até tu está me sacaneando Lua?
Fiquei a olhar, não tinha informação, minha cabeça
tentava entender o que estava acontecendo, ouvi quando
arrombaram o portão, ouvi quando chutaram a porta, depois
de gritar para que eu me rendesse, e saísse de mãos para o
ar, olho o meu celular e olho os pontos externos, cheguei ali
de taxi, então não tinha carro, não sabia o que eles
procuravam, mas ouvi um senhor chegar a porta do fundo e
falar.
— Como ele saiu daqui?
— Pode ter se embrenhado no mato, pulado o muro, e
se afastado, ele está calvo, ele raspou o cabelo, temos de
refazer o alerta.
Os dois entraram e não me mexi, desliguei o celular e
fiquei ali encostado, vi que reviraram a casa toda, mas nada
tinha ali, mas não pareciam ter achado o alçapão, sorri,
esperei os primeiros raios de luz, por volta das 5 da manha,
pulo o muro, caminho por uma trilha, e entro em um boteco e
pergunto.
— O que está acontecendo Maneco? Me vê um café.
— Marcio, tinha de ser você.
— Eu fiz oque, que querem me pegar.
— Dizem que matou aquele Porco do Delegado Ribas.
— Digamos que não o matei, mas porque eu?
— Pensei que tinha nos livrado dele. – Um rapaz
entrando no boteco, olho ele e falo.
— Como está o agito lá em casa Pedrinho?
— Eles acham que você fugiu de lá e está aqui a pedir
um café.
O olhei ele que falou.
— Estão deixando dois rapazes da civil lá no boteco do
Miltinho, sabe que ele está odiando isto.
44
— Pensei que conseguiria dormir ali, mas se não vai dar,
paciência.
— Dizem que você explodiu uma cobertura no cento,
que lhe pertencia.
— Não sou nem rico para ter uma cobertura, e muito
menos maluco para a explodir Pedrinho, mas sinal que vão me
acusar de matar alguém que estava lá.
Maneco trouxe o café, ele colocou um salgado a mesa e
sentou-se.
— Sabe que não gostamos destes policiais Marcio, se
precisar pede, sei que não gosta de pedir nada.
— Odeio dever favores, mas vou lá no Miltinho e vamos
ver se a confusão continua.
— Vai fazer oque?
— Conseguir uma viatura para sair da região sem
ninguém me importunar.
Maneco sorriu e olha para Pedrinho.
— Tira o pessoa de lá, não queremos gente morrendo
por não saber que tem de sair.
Pedrinho sai e olho para Maneco.
— Sabe que não confio em ninguém Maneco, por isto
não peço ajuda, sempre fico pensando em quem vai me trair.
— Não confia em Pedrinho?4
Não falei nada, paguei e sai, caminhei três quadras me
afastando e depois comecei a dar a volta, para chegar pelo
sentido oposto que era esperado.
Olho o carro da policia parado, olho para o corredor ao
fundo, vejo que Pedrinho falava com os policiais, que se
levantam e vão ao veiculo, um deles fala.
— Vamos pegar ele de surpresa, de carro ele nos vê
chegando.
Sorri, olhei para Pedrinho caminhar no sentido da casa
dele, como se não tivesse dado o serviço, espero eles se
afastarem e olho para Miltinho que se assusta.

45
— Já foram Miltinho?
Ele me olha desconfiado e pergunta.
— O que veio fazer aqui?
— Nada. – Guardei a arma as costas, cheguei a porta do
carro, abri com a micha e dei partida, e sai dali pela rua
lateral, não olhei para Miltinho, para não o ver sorrindo, dei a
volta na quadra e passei pelos policiais atirando.
Um cai e outro se esconde, freio o carro, saio pela porta
e olho para o policial, ele teria de sair para me atingir.
Um tiro a cabeça, abri o porta malas e coloquei os
policiais ali, começo a retornar, olho para o apartamento
isolado, olho os policiais olharem para o carro que eu estava,
fizeram sinal para entrar.
Desço do carro, olho para o prédio, as reportagens ao
fundo, olho para os carros no subsolo, dois carros detonados
em tão pouco tempo, não estava planejando direito.
Olho a entrada de transportes, dou ré ali, abro o porta
malas, todos deveriam estar pensando que estava fazendo
algo importante, tiro os dois corpos, coloco no chão interno, e
pelas escadas chego ao apartamento de minhas cobaias, e
olho para os cabos, olho para a pequena Cintia, tiro o capuz e
olho nos olhos dela e pergunto.
— Aguentaram?
— Onde estamos?
Não respondi, mas ouvi um resmungo vindo do lado de
Rita, um ―Filha‖, que a fez olhar para a senhora, com capuz,
cheguei a ela, e olho as pernas queimadas, e peguei um
creme e passei em suas pernas e falei.
— Teimosa, agora vou ter de cuidar de você.
Ela tentou me chutar de novo.
Soltei as cordas, comecei as puxar, descemos as
escadas, e fui colocando uma por uma no porta malas, e com
calma saio dali, as pessoas deveriam estar pensando em
mortos, a imprensa parecia filmar e tentar explicar o que nem
eu tinha visto ainda.
46
Descemos a serra no sentido do sitio, paro na entrada
dele, estranho não ver José ali, mas pedi para ele se afastar,
mas nem sempre as coisas são como pedimos.
Chego a sala onde estava a filha do Deputado, a esposa,
e o casal de filhos do delegado, ajeitei as cadeiras e fui
trazendo as crianças, depois Marilia e por fim Rita.
O ódio aos olhos de todos me olhando foram cortados
pelas palavras de Regina.
— Pensei que nos deixaria morrer de fome.
A olhei e falei para todos ouvirem.
— Isto é um jogo, de vida ou morte, como falei para
Cintia, não pretendo matar ninguém, mas não quer dizer que
não peça que mate o rapaz ao lado para lhe dar de comer,
não quer dizer que não passarão privações, que não levarei
vocês aos seus limites.
Cheguei a uma parede no fundo, e tirei de lá gaiolas de
metal, tamanho de um metro de largura, um metro e vinte de
altura, e um e cinquenta de comprimento, gaiolas.
Peguei uma tesoura e cheguei perto da menina que
tirara da casa do delegado, ela acordara ali, deveria estar
estranhando.
— Qual o seu nome?
— Não lhe interessa.
Passei a tesoura afiada no pescoço dela que sente o
corte e fala.
— Bruna.
— Bom, agora fica quieta que não lhe corto muito.
Corto o pijama dela a frente e rasgo o resto arrancando
dela, tiro a calça do pijama e calcinha e sutiã, olho ela nua, e
pergunto.
— Quantos anos?
Ela me olha, parecia temer algo.
— 16.
Desamarro ela e seguro firme e falo.

47
— Agora entra na gaiola.
— Mas...
— Bruna, não sei ainda como ou se vai morrer, então
entra de uma vez.
A tranquei, e olhei para o menino, tinha 14, se chamava
Carlos, o tranquei na segunda gaiola.
Chego até os cabelos de Carol, compridos até a cintura,
e com ela sentada, prendo mexas de cabelo, bem no couro e
começo a cortar, quando tirei as mechas, deixando em uma
caixa, peguei uma maquina elétrica de corte de cabelo e cortei
no tamanho zero.
Paro a frente dela e tiro a calça e depois a capa, e lá
estava a menina nua entrando na terceira gaiola, depois foi
Cintia, depois Rita, Regina, Marisa, todas com corte zero a
cabeça, prendi o menino, Paulo, filho do desembargador.
Olho para Marilia, e falo para os demais.
— Estão nos primeiros cinco dias, toda a manha, eu
trarei um ratinho, o colocarei no prato, ele estará vivo, é a
única comida que vão ter até eu aparecer novamente. – Ligo o
som e falo. — Espero que ninguém se entregue ao sono, pois
pode acordar em uma situação pior do que a que está.
Olhei para Marilia e falei.
— Quase terminando.
Raspei o cabelo dela, eu a despi e levei para a peça ao
lado, a amarei a uma mesa, ela ficou ali de barriga para cima,
nua, esticada e me olha.
— O que pretende.
— Que me odeiem, e deem o seu melhor para
sobreviver.
— O que vai fazer comigo?
Eu girei a mesa, a deixando pendurada para baixo,
olhando o chão.
— Cada dia a vida vai ser a aventura, de uma vida,
então olhe para tudo, olhe os detalhes, escolha algo, pois
pode ser sua comida.
48
Olho para o chão abaixo da moça cheio de insetos, e
sorrio, saio pela porta com a moça gritando algo.
Olho os demais e falo.
— Não precisam ter pressa para passar por algo, mas
podem ter certeza, passarão.
Saio pela porta, e chego a sala de controle e pelas
câmeras e ouço em meio a gritos, pois o som estava alto.
— Como estão filhas?
— Onde estamos mãe?
— Não entendi, mas estamos sendo testadas, mas não
entendi nada.
Regina olhava para as mãos, uma estava bem vermelha,
e olho para os ratos saindo das tocas, e elas começam a os
afastar, nus, em uma região cheia de ratos.
Olhei as imagens da casa que estava o delegado e os
policiais e olho para eles suando.
Uma tela aparece na parede e falo.
— Como está o local, soube que está quente, nem
entendi como algo pode chegar a este calor, mas vou tentar
melhorar para vocês.
A inversão de calor para frio, e termino a frase.
— Em cada corda as costas, tem um temporizador, vou
libertar um por um, que terá a chance de sair.
As luzes acendem, deixando mais claro, o branco das
paredes pareceu brilhar mais, o calor começa a recuar, mas
eles iriam reclamar.
O som sobe novamente e o Delegado Ribas olha para
Mirian e pergunta.
— Ele parece ter um plano, mas temos de conseguir sair
daqui.
— Senhor, Marcio parece um maluco, se pensar nele
como humano, mas ele é sistemático, e ele odeia e adora ser
odiado, não sei no que ele se prende, mas ele vai testar todos
aos limites da resistência.

49
— Ele já lhe colocou em algo assim?
— Eu e ele fomos vitimas de algo assim, onde alguns
políticos, delegados, empresários, apostavam em quem iria
morrer senhor Ribas. – O olhar para o senhor, fez alguns
olharem a moça, ele pareceu não acreditar.
— Mas nunca saiu dois vivos?
— Senhor, lembra da ultima vez? Lembra de um rapaz,
que saiu com uma perna perfurada, com uma parte do corpo
queimada, sei que lembra.
— O que quer dizer com isto?
— Ele é Marcio Maier, e tenta lembrar os seus
amiguinhos, tenta achar alguém vivo, e saberá quem é a
próxima vitima. – Mirian encarando o senhor.
Eu ouvia isto, sorri pois fui indicado para um caminho de
morte, e neste caminho, me achei gente, me achei animal,
sorri pois ser uma vitima, não era minha vida, descobri que o
que me separava, era que odiava as pessoas mesmo, após
sair de lá, mudei meus métodos, destes métodos, destes
novos apenas uma pessoa saiu viva, Mirian, mas ela me teme,
pois fiz com ela o que fizeram comigo, mas ela não se achou
nas mortes, eu sim. Sei que ela já passara por algo pior na
vida, ela assumira que era eu, a saída daquilo, mas as vezes
perecia que desejava mais do que poderia dar.
— Do que estão falando Delegado? – Um dos
investigadores.
— Se for isto, temos de achar uma forma de nos livrar,
pois ele vai nos matar a todos.
Sorri e vi que a temperatura chegaria a 10 negativos em
plena madrugada, o som estava a toda, alguns com muito
sono, quando em meio aquele esfriar, eu aciono o sistema de
incêndio e as pessoas começam a se encharcar nas cadeiras.
Cada cadeira que ali estava, tinha os pés presos ao teto
por uma corrente, eles nas cadeiras estavam com as pernas
presas nos pés e as mãos as costas do corpo.

50
Vi que a agua fez um dos rapazes soltar uma mão,
acionei o sistema de correntes e a cadeira dele, enquanto ele
soltava as mãos, começa o erguer, e inverter, deixando ele
pendurado pelos pés, olhei em volta, e ele foi erguido até um
tubo ao teto, olhei para o rapaz e vi os morcegos começarem
a se assustarem e alguns pensaram em entrar na peça, mas
estava fria, e se prendem ao buraco que se fecha deixando lá
o rapaz pendurado pelas pernas e na companhia de morcegos
nada vegetarianos.
Os demais que estavam forçando as cordas, param um
pouco e o delegado grita.
— Acha que não vamos lhe internar e matar seu
desgraçado.
A tela de TV da a imagem da filha na gaiola, com os
ratos a toda volta, e falo.
— Acho que sua filha tem mais chance que você animal,
mas calma, talvez ninguém consiga.
A senhora olha o marido e fala.
— Do que a moça estava falando, você participava de
algo assim Ribas?
— As vezes os delegados de 40 departamentos, pegam
uns presos e fazem uma caçada, mas são animais mesmo, a
prova é o que este ser está fazendo.
Eu recolhi a TV e peguei o carro e voltei ao hotel.
Duas da tarde, olho para a praia, incrível como pais
descuidam de seus filhos, para tomar uma cerveja, para falar
com uma vizinha, pior, elas são tão crentes que o litoral é
seguro, que deixa as coisas muito fáceis.
Olho a menina perdida a praia e olho ela ficando
apavorada, e falo.
— Se perdeu dos seus pais?
— Sim.
— Lhe levo ao guarda vidas e ele procura seus pais.
Estiquei a mão para a menina, ela apenas me deu a mão
e saímos da praia, uma pequena picada ao pescoço e ela
51
adormece, era estranho como nunca senti estes seres como
humanos de verdade, parecem lagartos a passeio.
A tarde termina e chego a fazenda, onde deixo as três
crianças coletadas na praia, amarradas.
Fico a olhar as noticias, e olho para o rapaz que soltou a
mão, olho para os morcegos e abro o corredor superior, e eles
saem e o rapaz estava desacordado, abro o buraco ao teto e a
corrente solta o corpo que se esborracha morto ao chão, ou se
não estava morto, acho que aquele estralo foi um pescoço
quebrado.
Olho as imagens e as crianças se batendo em não serem
mordidas pelos ratos, aciono uma sirene e os ratos veem as
portinhas se abrirem, eles saem procurando comida fácil.
Olho para uma das crianças na peça ao lado, um menina
de uns 7 anos, ela me olha assustado, atravessamos o
corredor e entramos na peça com as cobaias em suas gaiolas,
amarro o menino numa cadeira ao centro e olho para Regina.
— Você deveria saber que seria a primeira.
— Pois não me cortou o cabelo?
Não respondi e olhei para a menina e abri a gaiola, ela
olha para o menino e pergunta.
— Quem é?
— Interessa?
— Sim.
— A primeira pessoa que vai matar para mim.
— Eu não posso...
— Eu darei a chance a você, sabe que vou cobrar algo
se não o fizer.
Eu coloquei uma arma na mão dela, e falei.
— É só atirar na cabeça.
A menina me olha incrédula, os demais estavam olhando
assustados, e a mãe dela fala.
— Não pode fazer isto com minha filha.
— Calma senhora Marisa, o seu dia vai chegar.

52
— Eu não posso.
Peguei a arma e coloquei as costas, olhei para o menino,
ele relaxou, ingênuo.
Forcei a menina em uma cadeira, amarrei, coloquei um
fio que vinha de uma bateria na mão direita, a prendi, sobre o
queimado, e forcei ela pegar no fio negativo, os cabelos dela
se ergueram, ela sentia o choque, sentia o soltar, novo
choque, e depois de uns dez choques, amarrei a corrente nos
pés dela e a deixei erguida ali, no meio da peça.
Olhei para Bruna, a tirei na gaiola e a coloquei a arma
na mão e falei.
— Sua vez de fazer o que tem de ser feito.
— Porque disto...
Olhei para a menina, ela pega a arma e encosta na
cabeça do menino e dispara, todos veem a bala atravessar a
cabeça e o menino ficar ali morto.
Vejo a menina soltar a arma e olhar revoltada, olhei para
ela e falei.
— Bom serviço.
— Porque disto senhor?
— Porque eu mandei.
A levei a gaiola e a coloquei lá de novo, olhei para Carol,
olhei o menino e pensei no que poderia fazer, peguei a
cadeira e coloquei inteira numa peça refrigerada ao fundo.
Quando entrei novamente, trouxe uma menina, ela
estava se batendo, pedindo para a soltar, perguntando o que
fariam, amarrei ela na cadeira e olhei para Carol, e falei.
— Esta é sua.
— Não faz isto filha. – Rita.
Um imã vem do teto e gruda na grade de Rita e a
levanta, a menina olhava assustada, quando chega a uns 5
metros solta a grade que cai com tudo, Rita me olha revoltada
e fala.
— Vai fazer isto com todos?

53
— Quer fazer por ela? – Falei olhando ela aos olhos, a
senhora pensou em atirar me mim, com certeza, teria a
certeza em segundos, sempre era assim, mas a arma era
programada para atirar em qualquer sentido, menos no meu,
onde travava. Trava magnética que era a pegadinha do
momento.
— Se é para a poupar.
— Poupa agora e depois ela não estará pronta, mas a
escolha é sua.
— Eu faço por ela.
Abri a gaiola, Rita ainda estava com uma mão presa a
grade, sai se esticando, eu a olhei aos olhos e estendi a arma,
ela pareceu não acreditar, vi ela destravar a arma, mirar no
menino, e virar para mim e atirar, a arma não dispara e olho
para ela e falo.
— Covarde.
Ela puxou o gatilho outras vezes e fala.
— Seu desgraçado, me enganou.
— Mata ela de uma vez Rita. – Falei.
Ela apontou na cabeça da menina achando que não
atiraria, e dispara, olha assustada a cabeça da menina
estourar, e olha para a arma, chego a ela, apontando a arma
e falando calmamente.
— Vira de costas.
Ela olha para a arma apontada para ela e vira-se,
algemo a outra mão dela a gaiola, algemo uma perna e depois
a ultima e falo.
— Vai ficar pendurada um pouco, para pensar bem da
próxima vez que tentar me matar Rita.
A grade a ergue torta para cima, e viro-me para Carol e
falo.
— Sua vez agora.
Abri a gaiola e ela saiu.
— Puxa aquela mesa aqui no centro.

54
Ela o fez, e coloquei a criança na mesa, e coloquei uma
faca na mão dela e falei.
— Vai aprender a cortar um cadáver, o que se pode
comer, o que não se pode comer.
— Que nojo.
— Existem partes que tem de ser tiradas, como a pele.
Rasguei a criança de ponta a ponta e abri o peito, cortei
um pedaço de carne e estiquei para Carol e falei serio.
— Come.
— Mas...
— Prefere que tire um dedo seu e a force a comer? – A
olhei serio.
Ela colocou na boca, parecia com nojo.
— Coragem, não é tão ruim.
Ela engole e falo.
— Agora vai cortar um pedaço e dar a cada um dos
presentes, quem não comer, eu vou tirar um dedo e forçar a
comê-lo.
Ela tremia e foi servindo os que não estavam
pendurados, ela olha para mim revoltada, todos com seus
lábios com sangue, a encosto no cadáver e falo.
— Tem de entender Carol, não existe passar a missão a
frente. – Tiro a faca da mão dela e enfio no cadáver, a
encosto na mesa e a inverto colocando de bruços sobre o
corpo da menina, ela olhou a faca, e falei a penetrando, ouvia
a revolta da mãe pendurada.
— Se pegar a faca, tem de estar pronta para morrer
menina, pois não terá volta.
Segurei a cabeça da menina e aproximo dos lábios da
menina morta e falo.
— Um ultimo beijo na menina.
— Você é maluco.

55
Entrava e saia da menina, vi ela me olhar com medo e
beijar a menina morta, e isto me fez gozar como a muito não
gozava.
Olhei os demais me olhando, tentei não mostrar meu
fraco por sexo, teria de me controlar mais, ou não, meus
pensamentos as vezes tentavam me recriminar por me expor,
não por matar, mas para não deixar minhas fraquezas a
disposição dos demais.
Forcei os braços da menina para trás, a coloquei na
gaiola e fechei novamente, olhei para Rita e falei.
— Pense nas consequências antes de querer tomar a vez
de uma das meninas.
— Você é um animal.
Sorri, ela não sabia o que eu era, abaixei a gaiola dela, a
coloquei para dentro, a base de tapas e safanões, a tranquei e
olhei em volta, comecei a baixar Regina, a levantei, olhei serio
para ela.
— Podemos começar de novo?
Ela me olhou com raiva e respeito, olho os demais,
caminhei até a porta e trouxe a terceira criança, esta quando
vê a menina cortada e morta, começa a gritar, eu a coloco na
cadeira ao centro e falo.
— Sabe o que tem de fazer Regina.
— Por quê?
— Quem fizer direito, vai sobrevivendo, talvez alguns de
vocês não aguentem, mas é um jogo menina, de vida e morte.
Eu estico a arma para ela, ela anda até o menino que
gritava, encosta a arma em sua cabeça, ela tremia, não sabia
se ela iria conseguir ou não, ela olhava o menino, o pânico, e
ouvi ela falar bem baixinho.
―Desculpa‖
Ouvi o tiro e todos param de ouvir os gritos do menino.
— Bom serviço.
— Quantas crianças tem prisioneira?

56
— Hoje só tinha 3, senão teria sido algo mais cruel, mas
vocês aos poucos vão aprendendo a ser cruéis.
Peguei a arma, olhei para o corpo e o coloquei na parte
ao fundo refrigerada, olhei para a menina e falei.
— Agora sente-se na cadeira.
— O que vai ser agora? – Ela assustada.
Trouxe uma mesinha a mais ao centro, uma cadeira
para mim, peguei o cortador de cabelo, uma espuma de
barbear, gilete e os apetrechos de tatuagem, cortei o cabelo
dela, passei espuma na cabeça dela e raspei o cabelo a zero,
ela deveria estar pensando o que eu faria, pois ela não
pareceu gostar daqueles aparelhos.
Demorei um tempo tatuando um nome na nuca dela,
que o cabelo tendia a esconder com o tempo.

11

Certo que os desenhos não parecem um nome, mas


após isto a fiz levantar-se e sentar em minhas pernas, eu a
olhei e perguntei.
— Vai se comportar Regina?
Ela me olhou com medo, eu queria mais que medo,
queria medo, ódio e respeito, mas o principal era o ódio.
Ela balança a cabeça afirmativamente e pergunto.
— Vai me obedecer Regina?
— Sim – Saiu bem baixo.
— Então entra na sua gaiola.
Ela me olhou com desconfiança, todos estavam olhando-
me, ela entra e ergo um pouco todas as gaiolas.
11
Marcio em letra artística AmericanIndian
57
— Um descanso pequeno dos ratos, mas cuidado para
não dormirem.
Saio dali e olho para as câmeras, na entrada um tinha
carros da policia e vi o senhor Jose no carro dele ao fundo,
nem todos aprendem.
Os policiais estavam forçando para abrir quando aciono
o motor do portão e ele se abre, olho para os meninos e passo
um recado, para verificar as possibilidades, se forem muitos,
deixa comigo.
Olho os ratos entrarem na peça, obvio que eles se
amontoaram sobre a menina morta sobre a mesa, via os
rostos de horror dos demais, sorri e peguei uma pistola, ajeitei
um colete que comportasse ele folgado, depois peguei uma
escopeta, e uma pequena metralhadora, olhei para a noite se
aproximando, e pelo celular vi um carro ficar ao portão
enquanto os demais entravam.
Acionei o portão para fechar, o rapaz do lado de fora
tenta falar com os dentro e nada consegue, olha para a rua e
me vê ali, ele deve ter pensado pelas vestes que era um
litorâneo qualquer, mas quando cheguei perto, acionei a
metralhadora, e comecei a disparar.
O som do disparo foi transmitido para caixas a frente da
casa e falo ao celular, para os demais que chegavam a casa.
— O que querem aqui?
Olhava os policiais se posicionarem, olhei para os
internos a casa, seria sorte eles sobreviverem, levanto os
policiais, coloco no porta malas, e abro o portão e começo a
entrar, os demais estavam tão entretidos que nem olharam o
portão fechar, imagine abrir e fechar novamente, agora
isolando o sitio novamente.
Caminho olhando o celular e falo.
— Ninguém vai responder?
Os senhores olham para a casa e começam a fazer
movimentos para cercar a mesma, uma metralhadora
automática no telhado, começa a atirar na direção dos carros.

58
As pessoas dentro da peça central não ouviam nada,
estavam em um ambiente isolado e com som alto para não os
deixar dormir.
Os policiais começam a atirar contra o telhado, eu me
aproximava pela trilha, e ouvi um estrondo, todos se
assustaram, pois a toda volta da casa, depois de um ponto,
havia minas terrestres, eu não queria que alguém escapasse
com vida, ou inteiro.
Outro ao lado, para o movimento e olha para o chão, vi
o rapaz olhar assustado, e explodir também, a metralhadora
continuava a atirar a esmo quando atinge um na frente, os
carros estavam todos esburacados.
Olhava e ouvia eles agora e o comandante fala.
— Quem é este maluco, me falaram em um
sequestrador, não em um militar com armas pesadas.
— Dizem que ele explodiu o seu apartamento, mas ainda
não sabem bem quem ele é. – Outro rapaz.
— Será que tem reféns nesta casa?
Eu havia passado uns 10 metros do ponto de
isolamento, e acionei o comando, em um circulo de 50 metros
a toda volta da casa, começou a se ouvir estrondos, e um
circulo perfeito de terra com arvores, e tudo mais foi pelos
ares, vi um dos rapazes caminhar pela estrada e olhar o
buraco, e gritar ao comandante.
— Comandante, temos um buraco de 10 metros nos
separando de tudo, não sei qual a ideia, mas parede que nos
matar faz parte.
O senhor chega ao local e fala.
— Mas o que ele quer?
Peguei o celular e eles ouviram pelas caixas de som.
— Se baixarem as armas, juro não matar ninguém a
mais. – Parei a metralhadora e o senhor chega a frente, e fala
olhando para os carros, e para a casa.
— Acha que vamos confiar assim?

59
— Senhor, não sabe com quem lida, quer morrer, tenta
sair, tenta invadir a casa, pena ter de mudar de lugar o
cativeiro, mas depois de vocês mortos terei umas 6 horas até
amanhecer e os demais se tocarem que vocês não voltaram, e
começarem a procurar.
Um rapaz chega ao lado e fala.
— Ele pode nem estar na casa comandante, pois vemos
as câmeras e os autofalantes, pode ser uma arma automática
na parte alta da casa.
— O que é este senhor? – Perguntou o comandante para
Jose que olhava em volta, não sabia se fora uma boa ideia, eu
passo uma mensagem para um dos rapazes, o que tinha visão
dali, e dei a ordem de execução.
— Ele é sistemático, ele usava o terreno para receber
pessoas, mas nunca as via sair, sempre pensei que saiam
antes, mas... – se ouviu o tiro, atravessou a cabeça do senhor
e todos olham no sentido de onde veio o tiro.
Todos se protegem e um fala.
— Não sei o que tem lá, mas temos um atirador que não
está na casa senhor.
— Que enrascada nos metemos.
O comandante levanta-se e fala.
— Se deixar a arma, como nos falamos.
— Deixa a arma no chão e eu destravo a porta frontal
para conversarmos, mas quem não deixar as armas, será alvo.
— Sabe que está encrencado?
Olhei para o comandante e falei.
— Deveriam ter me matado Comandante Moreira.
— Me conhece de onde?
— Você ganhou um bom dinheiro apostando no 27, eu,
mas deveriam ter me matado, não me deixado solto, para me
vingar destes desgraçados.
O comandante que estava pensando em entrar, se
abaixa, olha os rapazes e um pergunta.

60
— O que ele quis dizer comandante?
Eu os via, estranho não terem verificado isto antes, as
vezes acho que não tem tanta graça eles morrerem assim.
Pego a automática, silenciador e aponto no que estava
mais próximo, ele se escondia dos tiros, o rapaz ao lado vê ele
reclamar, quando olha para mim, já estava com um tiro na
altura do peito.
O comandante parecia aturdido, ele não parecia um
grande desafio, e tinha de me manter focado, senti alguém se
mexendo as minhas costas e atirei sem olhar, o senhor
resmungou da dor na perna e acertei na cabeça o segundo
tiro, não tinha muita bala, e colete podia não ser uma boa
ideia.
Fui andando a volta dos demais e quando só faltava o
carro do comandante, atirei com a escopeta no sentido do
carro, e o mesmo explode, e os demais se afastam,
assustados, se arrastando, tiro a tiro até chegar ao
comandante e pisar na arma dele.
— Nos encontramos de novo senhor.
Ele tenta puxar a arma e apenas dou com a arma na
cabeça dele, que parece desacordar, aplico o sonífero nele e
olho em volta, quanta destruição por nada.

61
12

Olho os comandos e aciono o gás no interior da casa,


teria de os mudar de lugar, e não o faria rápido com eles
acordados.
Faço um sinal de luz para os quatro vigias, e entro na
casa, as pessoas estavam grogues, eu com a mascara e com
uma arma em punho.
Começo transferindo as pessoas, local, uma gruta de
mina, mais a frente, onde ai sim teria apenas uma entrada, e
estava improvisando novamente, e odeio improvisar, as vezes
fico na duvida se não me odeio também.
O colocar de cadeiras, de prender as pessoas, de fazer
aquele segundo local, levou muito tempo e muita energia,
acho que ficou até evidente para onde os levei.
Ligo o som, as luzes, e aplico em cada um uma doze de
acido, não sei como funciona, mas sei que não durmo direito
desde que me jogaram nisto.
Toda vez que tento dormir, são sonhos rápidos, e o
menor ruído, eu acordo.
Olho para a casa e para os corpos, arrasto eles e coloco
no buraco ao centro da peça, um segundo poço, aquele era
novo, começaria a cheirar mal agora, não antes, me livro dos
corpos, e depois vejo a merda que fiz, de ter explodido a
estrada de entrada.

12
7 em letra artística AmericanIndian
62
Olho para os carros, junto eles e fui colocando eles
todos no buraco, ou melhor, o ultimo não foi, pois não teria
como o empurrar para dentro, o que fiz usando o ultimo carro.
Joguei gasolina nos carros, e coloquei fogo.
Calmamente atravesso por uma trilha, olho o portão ao
fundo e abro o portão no automático, estava ao longe, quando
vejo um grupo a mais de policiais entrar no terreno.
Me escondo, me afastando, não queria ser pego, e
passo um recado para os rapazes se esconderem, que a
batida ia ser geral na região.
Atravesso o terreno, e olho para a casa que estavam as
crianças, bem ao longe, vinha o agito, acionei o sistema
automático para erguer as pessoas, as gaiolas entram cada
uma em uma caixa ao teto, totalmente isolada, penso na
moça na peça ao lado, e nas crianças mortas, paro ao longe e
fico a observar.
Os senhores vendo o carro da policia parado ali,
parecem chamar mais pessoas, e começam a entrar na casa,
eu ouvi um agito, deve ter sido quando acharam Marilia
amarrada, vi uma senhora que parecia ser da criminalística
sair de lá e vomitar na parte de fora, fracos, como podem
querer ser a lei, se não sabem ver que os humanos são
apenas carne e osso, e nada disto coloca medo em ninguém.
Vi o carro do IML chegar e retirar os três corpos, e vi
Marilia coberta com uma blusa de alguém, sair olhando em
volta, ela deveria tentar entender o acontecido.
Saio com calma, olho para um carro antigo, era do
senhor Mateus, dono da chácara ao lado, entrei nele e sai no
sentido da cidade, agora saberiam quem eu era, agora
começaria a caçada.
Teria de saber se reportaram uma mudança no perfil do
assassino e vi em um boteco a noticia com um retrato falado
meu, vi que um bêbado me olho desconfiado, mas não falou
nada, o dono de costas nem prestava a atenção na TV mas
falou.

63
— Que agito é este, nunca tem tanta policia na cidade,
parece que até a Federal e a Inteligência estão na cidade.
Um senhor no balcão olha para mim, olha para o
proprietário e fala.
— Estão falando que vão mandar um grupo da capital
para cá amanha cedo, para revirar tudo, e achar o senhor que
parece ter dado fim naquele falso pastor de ovelhas.
— Mas não mostraram que não foi ele? – O bêbado
parando ao meu lado.
Eu apenas observava, estranho que aqueles senhores
não me geraram ódio, estranho pois eu odiava todos, tudo, o
que fiz que mudou?
— Acabam de relatar que encontraram a filha do
desembargador nua e amarrada na casa, acharam o corpo de
outras 3 crianças, e parece que não conseguem achar o grupo
do Comandante Moreira, que foi para lá com 12 homens e
parece que todos sumiram.
Eu olhei a imagem da moça e a repórter falar.
— A moça parece assustada, o delegado disse que não
falou nada com nada, parece desnorteada, o delegado disse
que ela estava a mais de um dia sem dormir.
Paguei a cerveja que tomei e sai, vi que estavam me
olhando, teria de mudar de carro mesmo, mas obvio que
precisava mostrar força, as vezes as pessoas tem de ser
desviadas de suas trajetórias.

64
13

A cidade pequena era problema passar desapercebido,


ainda mais agora que estava oficialmente sendo condenado
por muitos, mas ainda pareciam não me odiar, porque não me
odiavam?
Entrei no hospital local, olhei para a região dos médicos
e entrei nela, vi o segurança vir me deter, e o encostei na
parede e apliquei o sonífero em seu pescoço.
O senhor caiu, tirei a roupa dele, a coloquei, olhei para
os corredores, tudo muito primário e pequeno, não teria como
me passar por algo, muito tempo, as pessoas em cidades
pequenas se conhecem.
Cheguei ao balcão de atendimento esticando minha
identificação e falei.
— Reforço para cuidar de Marilia Silva e Souza, deve
chegar mais 4 policiais, o desembargador quer a filha segura.
A moça da recepção estranhou, mas me olhou e
apontou o fim do corredor, ouvi ela fazer um comentário
quando me afastava.
— Estes policiais estão tirando a calma do local.
Entrei na região, olhei para o policial na porta do quarto,
o que dava toda a direção a tomar, a madrugada avançava, e
cheguei ao rapaz e apliquei ao pescoço dele, antes dele falar
algo, o ajudei a sentar no corredor, e entrei na peça, pegando
a pistola a mão.
Um senhor estava sentado ao lado da cama e falou.

13
8 em letra artística AmericanIndian
65
— Não queremos ser importunados policial.
— Verificando a área senhor, pois tinha um policial
desacordado na porta.
— Como?
— Poderia me fornecer sua identificação? – Falei, estava
forçando a voz, e a moça a cama não me via ainda.
Ele olha para mim, e fala.
— Ela sofreu, mas sou o pai.
Encostei ele na parede e apliquei o sonífero, e ele senta-
se encostado na parede.
Marilia quando me viu faz sinal que vai apertar o botão
de urgência e falo calmamente.
— Sabe que pode colher as consequências se apertar
este botão.
Ela aperta, eu saco a arma e encosto na cabeça dela e
falo.
— Uma pena morrer tão jovem. – Um tiro rápido, passo
pelo desembargador, um segundo tiro a cabeça, saio pela
porta vendo os médicos virem, e falo.
— Alguém saiu pela janela.
Os rapazes entram e veem o senhor e a moça morta,
enquanto eu entrava em um quarto, trocava de roupa, e saia
da região, que enchia mais e mais de policiais.
As vezes, gostaria de conseguir relaxar e dormir, pareço
a cada dia mais calmo, mas meus nervos estão a cada dia
mais tensos.
Caminho até a praia, o som do mar, há um ano me
acalmava, hoje me enerva.
Sento na areia, estico o corpo e relaxo, estava
descansando o corpo, naquela praia quase deserta a noite,
visível de muitos, pois a lua cheia me deixava visível.
Os pensamentos estavam em como matar o máximo de
pessoas antes de me deixar morrer, ou melhor, como tentar
sobreviver.

66
Eu sei deitado ali, que estava visível, alguns olhavam ao
longe, estava quente e seco o dia, mas o vento do sul dizia
que viria chuva.
Calmamente levanto e começo a voltar, não teria como
ir ao hotel, não teria como ir a muitos lugares, então tinha
apenas um lugar para ir.
Arrombo a porta dos fundos, e vejo um rapaz assustado
vir pelo corredor, era o filho de José, deveria estar
preocupado, olho a esposa do senhor levantar e olhar para o
filho, chego pelas costas dela e aplico um sonífero e aponto a
arma para ele e falo.
— Vira para a parede.
Ele se virou e aplico o sonífero.
Amaro os dois na cozinha, em duas cadeiras, pego o
controle e ligo a TV.
Foi difícil assistir a um capitulo de novela esperando o
jornal local. Mas ele já começa anunciando.
— Temos um alerta no litoral, temos de policia da
capital, local, federal, chegando a cidade, temos a confirmação
até agora de 3 crianças mortas, crianças que sumiram esta
tarde na praia, encontradas mortas, temos dois mortos no
hospital local, um grupo de policiais sumidos, os policiais
encontraram seus carros incendiados em uma chácara na
região. Vamos a região com o repórter Camilo.
O senhor olha para a imagem, e parece me olhar, mas
estava apenas olhando o outro.
— O que temos Camilo?
— A casa ao fundo, parece ter sido usada como
cativeiro, tem paredes acústicas, nos 4 pontos do terreno tem
torres de vigia, e na parte da entrada, um buraco a toda volta,
onde encontraram os carros queimados.
— Alguma pista?
— A policia está verificando, existe muita munição no
chão de uma metralhadora 18mm, que está ao telhado da
casa, os carros parecem ter marcas de tiros desta
67
metralhadora, dentro da casa, tem uma imensa mancha no
chão da peça principal.
O repórter estava falando quando viu o Delegado vir de
dentro e o repórter indagar.
— Alguma pista a mais delegado?
— Tem um buraco no centro da peça, pode existir
corpos ali.
Eu olhei para os dois ao centro da peça, estavam
desacordados mesmo, olho o carro do rapaz na porta, deve
ter vindo verificar porque o pai estava demorando.
Teria de mudar de planos, mas sabia por onde começar
a mudar a estratégia.
Pego o carro do rapaz e subo a serra, ainda tinha
alguém que não queria livre, chego a entrada do prédio da
prefeitura, se via que ali as coisas estavam mais normais, e
chego ao guarda que protegia a porta.
— Sabe se estão contratando? – Perguntei.
O senhor me olha e fala.
— Acho que não, mas está fechado.
Olhei para a rua e fui ao carro, acelerei na rampa e
entrei com tudo pelo vidro frontal da prefeitura, o segurança
me vê abrir a porta já atirando, outro veio do outro lado e
atirei nele.
Subo na sala do prefeito e picho na parede.
— Prefeito você é o próximo.
Dei ré no carro e sai dali, sorri da roda arrastando no
chão, parei em um boteco chique mais a frente, e esperei um
bêbado sair, sempre tem um bem alcoolizado.
Quando o cara estava com dificuldade de abrir a porta
eu cheguei ao lado e perguntei se ele queria ajuda, ele me
olha e fala algo, eu apenas cheguei perto e lhe apliquei o
sonífero, abri o porta malas e o coloquei lá.
Liguei o carro e sai calmamente no sentido da casa do
Delegado do 10º Distrito da Capital, ele era chefe de um
grupo que roubava e contrabandeava carros para o país
68
vizinho, pensei em alguém melhor protegido, os seguranças
foram caindo um a um, e entro na casa, o senhor saca a arma
quando chuto a porta, e ouço o tiro, saco a arma e atiro no
braço dele, o senhor larga a arma e tenta a pegar, chego
próximo e falo.
— Calma delegado.
Olho ao lado da cama uma moça, deveria ter uns 18
anos, com certeza uma garota de programa, olho ela e falo.
— Se vira para o travesseiro, se me olhar assim lhe mato
menina.
Aplico o sonífero no senhor, um acido, vejo ele começar
a se bater, vi que ele começa a espumar pela boca, não
estava com calma, um tiro na cabeça e ele parou de se mexer
e vejo se tem mais alguém na casa.
Amarro o delegado em uma corda presa a cama, e o
empurro pela janela do segundo piso e ele fica pendurado
pelas pernas, nu para fora da casa, os desacordados fui
colocando em outras janelas, ninguém olharia para a casa,
olho para a moça e a algemo, a levanto e pergunto.
— Nome?
— Fatima.
Passei a arma no rosto dela e perguntei.
— Sabe obedecer ordens, ou vai amarrada?
— O que quer?
Coloquei a arma dentre as pernas dela e falei.
— Ainda nada, ainda.
A levantei, ela estava algemada, chegamos ao carro,
foço os braços dela para trás e algemo atrás do banco.
Pego gasolina, furando a mangueira de combustível do
carro do senhor no estacionamento, ligo os botijões de gás e
picho na frente da casa.
―Prefeito, você é o próximo.‖
Derramo a gasolina nos moveis da sala e subo as
escadas, jogo gasolina sobre os corpos que estavam
pendurados e desço a escada, um fosforo, o fogo começa na
69
parte baixa da casa, pego o carro do segurança a entrada, e
começamos a sair dali, estávamos na quadra de baixo quando
ouvimos o primeiro estouro, fiquei sabendo que o gás correu
pela casa e tocou fogo nos corpos pendurados, dois deles as
cordas queimaram caindo de lá.
— Porque você fez isto?
— Porque gosto de matar.
Ligo o radio e começa uma reportagem especial,
acabaram de achar o delegado do 10º Distrito morto.
Paro o carro a frente e olho a moça.
— Mora onde?
— Vai matar as pessoas lá?
— Onde?
Ela olha como se não fosse falar e pego a faca e coloco
no pescoço dela, subo ao rosto e falo encostando no rosto
dela.
— Quer que destrua este rostinho bonito?
Ela deve ter sentido o pequeno corte, ela olha o sangue
na faca, ela não podia por a mão para ver, e me passa o
endereço.
A amordacei e peguei a chave dela, após saber que ela
morava com outras 3 garotas, entrei na peça e apenas as fui
desacordando, peguei as 3 e coloquei no porta malas, e olhei
para a moça abaixando a mordaça.
— Vai se comportar?
— Você as matou?
— Não, você as vai matar.
— Eu não vou fazer isto.
— Ou você faz ou vou ter de lhe judiar muito.
— Porque disto?
— É alugado?
— Sim.
Eu aperto o interruptor, o sistema de faíscas dispara e a
moça vê a casa explodir, e começar a pegar fogo.
70
— Porque disto?
A olhei, o sangue tinha parado de escorrer no rosto,
passei o dedo na ferida e depois nos lábios dela, abaixei a
faca, enfiando no banco, entre as penas dela, com o fio
voltado para ela.
Abaixei a mão em seus seios, os deixando visíveis, olhei
para ela serio e falei.
— Se fizer direitinho o que eu pedir, tudo, vive, se não,
apenas vai me dar mais prazer faze-la fazer na marra.
— Você é louco.
Sorri, aquela faca ali parecia a deixar tensa, ela tensa e
eu acelerando pela estrada voltando ao litoral.
Paramos na casa do José, os dois ao meio da peça,
pareciam ter dormido cada um puxando para um lado, eu
coloquei ali as 3 moças amarradas, e depois tirei Fatima que a
levei ao quarto do senhor, amarrei ela na cama e peguei a
faca, e retirei o clitóris dela, costurando após, ela gritava a
cama, de dor, e eu me divertia com isto.
Raspei o cabelo dela e falei.
— Eu não quero você tendo prazer, ou demonstrando
ter, eu quero prazer, entendeu?
— Tá doendo.
— Vai doer mais, mas não agora.
Olhei seu anus, levantei as pernas, fui a cozinha, olhei
os demais me olhando, o grito da moça os acordou, peguei
uma manteiga, abri a carteira pegando uma camisinha e
primeiro acariciei o cu dela, e ela me sentiu quente lá dentro,
toda vez que ela gemeu, eu lhe dei um tapa.

71
14

Já era manha quando sentei em um bar na região e vi


os 4 rapazes a tomar uma cerveja, eles me olham e um fala.
— Vai nos pagar?
— Querem pular fora?
— Sim, isto vai feder.
— Então vamos lá na casa do seu José, lhes pago e
vocês somem daqui.
Fomos a casa e os 4 olham as moças e falo.
— Enquanto eu conto o dinheiro, se quiserem se divertir,
tem um quarto ali no fundo, estas não vão mesmo amanhecer
vivas.
Os quatro se olham e um foi e soltou uma das moças e
levou ao quarto, eram apenas 3 para os 4, teriam de aprender
a dividir.
Eles entram no quarto ao lado de onde estava Fatima,
eu entrei no quarto que ela estava e a desamarrei, ela me
olha indignada e falo.
— Vai continuar boazinha?
— Sim, o que fez comigo.
— Tem acido na veia, lhe tirei o clitóris, mas se for
boazinha, e fizer o que eu pedir, não lhe mato.
— O que quer que eu faça?
Peguei a arma e coloquei na mão dela, e falei.

14
9 em letra artística AmericanIndian
72
— Tem 3 rapazes se divertindo com suas amigas lá
dentro, entra lá e os mata.
— Não sei atirar.
— Então vai morrer.
— Mas...
— É uma semiautomática, mira, apera e solta o gatilho,
mira, atira, solta o gatilho, mira, atira e solta o gatilho, tenta
não matar suas amigas, deixando o dedo no gatilho.
Ela olha a arma, eu a conduzo a porta, ela entra, eu não
vi o que aconteceu, apenas ouvi 5 tiros, quando uma moça
gritava, eu abri a porta e vi os 4 mortos e Fatima com um tiro
de raspão no Braço, as moças olhavam para ela assustadas,
ela olha para mim, e apenas afasto a arma, e falo.
— Deixa eu cuidar disto.
— Porque me fez fazer isto?
— Alguém tinha de merecer o almoço do dia.
— Não vai nos soltar?
— Não, sabe disto, ainda não está pronta.
Cheguei a cama, olhei as moças e falei.
— Quietas.
Elas viam os mortos e falo.
— As três, coloquem os corpos sobre a cama, e
encostem na parede.
Eu estava com a arma e elas obedeceram, algemei elas
de novo, e as conduzi a sala, amarei as cadeiras e em meio a
sala, dei um pano para Fatima morder, passei álcool no lugar,
esquentei uma pinça e encostei na parte que havia passado a
bala, cauterizando, depois fechei o corte e falei.
— Acha que está bem?
— Não.
— Senta então em uma cadeira ao centro.
Amarrei ela, mesmo ela reclamando, e apliquei um
sonífero em todas.
Ligo a TV, quase meio dia e lá dizia.
73
— Enquanto boa parte da policia do estado ia ao litoral
atrás deste serial killer, parece que ele atacou de novo, temos
um delegado, e 5 agentes de segurança mortos na casa do
delegado, e temos tanto nas paredes externas da casa como
da prefeitura esta frase pichada.
O repórter mostra as imagens das pessoas penduradas e
mortas na casa do Delegado, mostrando ela queimar
totalmente. Entra nas propagandas.
Os corpos dos rapazes eu coloquei no carro e ouvi
quando voltava as informações.
— Achado um buraco abaixo da casa, onde encontraram
os 12 corpos de policiais que estavam desaparecidos. Dentro
de um dos carros incendiados havia um corpo, que não foi
identificado ainda, no buraco havia mais um corpo, de policial,
este da capital, que estava com o pescoço quebrado e com
muitas mordidas pelo corpo.
— A policia do estado esta toda procurando por Marcio
Maier, se ver este senhor em qualquer lugar, ligue para o
numero da policia.
Eu olhei a imagem, olho as moças, raspo a cabeça das
três moças, olho para a maquina de costura ao canto e faço
uma peruca de cada cor, com um bigode e uma barba, de
cada cor.
As moças acordariam carecas, mas cabelo cresce, se
elas não me forçar a mata-las.
Sai dali caminhando em meio as trilhas da região, e
chego pela parte mato na casa que as crianças estavam
presas, um policial na estrada, nada mais, sinal que não as
acharam.
Caminho até a caverna, desviando a policia ao longe,
que tirava os corpos do grande buraco.
Olho para o Delegado e falo.
— Será o primeiro a ter chance de sair delegado. –
Acionei as câmeras, e todos viram varias passagens, e
continuei. – Tem uma caverna a frente delegado, para não

74
dizer que sou ruim, tem meia hora antes de soltar as onças da
câmera 3, elas vão correr tentando achar comida e garanto,
elas estão com fome, o corredor tem pouco mais de 32
quilômetros, se for numa caminhada acelerada, em 6 horas
estará livre, para tentar me pegar novamente, mas espero que
as onças não me decepcionem.
Chego ao delegado e aplico um acido em sua circulação,
e falo me abaixando colocando uma tornozeleira nele.
— Isto é um explosivo, tem de seguir pelo corredor que
tem seu numero, e é o numero 1, cada um de vocês, terá um
numero, e as cordas vão começar a se soltar, de hora em
hora, se passarem por qualquer outra porta que não seja a do
numero que está no peito de cada um, vão explodir, assim
que soltar a corda, tem 5 minutos para passar pela porta,
como vocês não tem relógio, não me enrolaria aqui.
Eles estavam sentados, nus, e fui numerando em seus
corpos com tinta fosforescente.
— Se sobreviverem, mas não saírem nas 8 horas
seguintes, eu vou os recuperar e vamos começar tudo de
novo, mas a cada vez vai piorar o desafio.
As telas começam uma contagem regressiva e saio da
sala, o senhor vê as cordas basicamente explodirem, e olha
para a esposa, ele tinha de decidir, as telas começam a
mostrar o caminho 1 e ele começa a caminhar, ele era gordo,
e em alguns metros, ele já parecia cansado, mas ele olha o
caminho e começa a descer para a gruta, num canto, tinha
um capacete e uma lanterna, ele as pega e começa a descer,
era estreito, ele não conseguiria andar rápido ali, teria de
tentar ser rápido.
Volto a sala e aplico o acido em todos os presentes e
olho para a empregada. A conhecia, mas não queria que os
demais soubessem disto.
— Quer uma chance de ser poupada da primeira parte
da prova?
Ela sacode a cabeça e ele fala.

75
— Pega a arma, encosta na cabeça do senhor ao lado e
o mata para mim.
Ela olha assustada, mas viu-me a desamarrar, ela
cheirava a medo, a coloquei a arma na mão dela e ela pareceu
na duvida, poderia ser uma pegadinha, o delegado lembrou
das provas psicológicas, mas a moça pega a arma e encosta
na cabeça dele, e dispara, o sangue respingou no rapaz ao
fundo, e olhei para ela.
— Bom, o que você estava na casa?
— Limpeza.
Tirei a tornozeleira dela, e falei puxando uma mesa de
metal ao centro da peça.
— Me ajuda aqui.
Puxei o corpo ao centro da peça, a dei uma tesoura e
falei.
— Passa sal grosso no corpo inteiro. – Falei lhe
alcançando o sal grosso.
Ela olhou sem entender, ao fundo peguei uma peça de
metal que cobriu ele, como uma tampa, tocando toda a volta
da mesa.
— Agora pega aquela lenha seca ali no canto.
— O que estamos fazendo?
— Quem sobreviver terá de comer algo.
A moça faz uma cara de nojo, e sorrio.
— A fome faz milagres moça, mas isto, é apenas para os
que não conseguirem passar em 8 horas.
Joguei um álcool que escorreu pela madeira seca, e
começa a pegar fogo.
Sentei na cadeira, olhando ela nua como os demais, e
falei.
— Senta aqui que vamos conversar.
Ela olhou desconfiada, estava com medo e veio receosa.
— Rápido moça, quer morrer?

76
Ela chega perto a e puxo pelo braço, a faço sentar-se no
meu colo e olho para ela.
— Ainda sabe obedecer ordens?
— Tô com medo.
— Até eu estou, mas se fizer o que peço, posso lhe
poupar, mas tem de ser boazinha, sabe ser boazinha,
enquanto eu judio de você?
— Porque vai judiar então?
— Eu quero seu ódio, seu medo, e sua obediência, se
me der as três coisas, cumprindo tudo que pedir, você pode
sair viva daqui.
— Vai me libertar se for boazinha.
— Disse viva, a liberdade vai ter de conquistar, sei que
entendeu, mas... – Olhei para Mirian e passei a mão em seus
seios, e terminei - ...enquanto estiver aqui, será minha cobaia,
minha escreva, e fará tudo que eu pedir, entendeu?
Ela sacode a cabeça e a faço levantar-se e saímos pela
porta, os demais estavam olhando as imagens, sabia que eles
estavam pensando em como passar pelos desafios, estava
olhando também as imagens, quando um corredor ficou
inclinado, e vi o Delegado andar rápido, ele estava olhando os
poucos metros que tinha a frente, e de repente, se ouviu o
grito dele caindo, e a imagem dele fincado em algumas
estalagmites bem afiadas.
Os demais olham o senhor em seus últimos resmungos,
e a senhora, esposa do delegado sente sua corda se soltar, ela
parecia em pânico, o numero no corpo dela era o cinco, mas
ela pareceu não prestar atenção, e passou na porta dois, e
todos ouviram a explosão, a senhora perde a perna e parece
ficar ali no chão definhando.
Sentei a moça na cadeira, e raspei seu cabelo, e tatuei o
meu nome como fizera em poucas ainda.
— O que está fazendo?
— Uma tatuagem, que ficara por baixo do cabelo
quando ele crescer, mas saberei se um dia cruzar com você de
77
novo, e – Coloquei um pequeno rastreador – abaixo desta
pequena tatuagem, tem um rastreador, para se tentar fugir
muito de mim.
— Não vai me libertar.
— Você é minha, se eu chamar Cobaia, venha, não
discute, se mandar fazer, não discute.
— Mas...
— Quer trazer alguém para este inferno, é só dizer que
está com saudade do filho, que farei você atirar em sua
cabeça para me provar fidelidade, então, melhor esquecer
eles, pois se você lembrar deles, eu terei o prazer de a fazer
os matar.
A moça se calou, a tirei dali e caminhamos com ela
algemada e com uma coleira pela trilha.
Chegamos na casa de Jose e olhei para a moça, e falei.
— Tem uma faca na mesa, mata a senhora.
Ela me olhou assustada.
— Pra ontem.
Os demais se olham assustados, estavam todos com
capuz, e todos ouvem quando a moça, que não perguntei o
nome pois sabia, atravessa a senhora com a faca.
Eles tinham um fogão a lenha, para fazer pão ao canto,
chego a moça e falo.
— Desamarra ela. Consegue por na mesa?
— Não aguento.
Ela estava com a faca, olhando para a mesma, parecia
pedir perdão, ou algo assim, ela me olha com aquela faca e
falo.
— Se quer viver, solta a faca moça.
Ela joga no chão e chegou perto.
Segurei a senhora pelos braços e fiz sinal para ela pegar
as pernas e erguemos ate o fogão.
— Na gaveta deve ter uma tesoura, tira a roupa dela.
— Vai cozinhar ela também?
78
— Eles tem de comer algo, e bem cozido, ninguém vai
reclamar muito, e quem reclamar Cobaia, será a próxima.
A moça começa a cortar a roupa da senhora, chego as
três amigas de Fatima, com a faca corto a roupa das três,
algumas roupas estavam rasgadas, deixando elas nuas com
apenas o capuz, com as mãos presas, amordacei cada uma
delas e coloquei o capuz novamente e com cada uma delas
gritando a sua vez, com um bisturi, tirei cortei o clitóris fora,
eu gostava de ouvi-las gritar.
A Cobaia olhava assustada.
O rapaz simplesmente foi uma castração forçada, ele
gritou para valer, quando arranquei os ovos dele sem
anestesia nenhuma.
Fiz a moça abrir a senhora, tirar os intestinos e partes
que não usaríamos, jogar no lixo, temperar por dentro, e
depois cortar em pedaços para entrar no forno, tiramos a pele,
para não ter gosto de pelos queimados, e a moça estava
muito assustada quando acendi o fogo e fiz sinal para ela
sentar em meu colo.
Ela me viu ajeita-la, a penetrando e expliquei para ela,
que não queria gemidos, não queria sinais que ela gostou, não
queria carinho, eu fazia, ela obedecia, os demais ficaram entre
suas dores e o cheiro de carne assando, ouvindo o pouco que
fizemos de ruído.
Depois de abusar dela, a adrenalina de ser perseguido
sempre me dava uma gana sexual que não tinha quando em
casa, sem matar as pessoas.
Sentei ela a cozinha e pedi o braço dela e lá fiz outras
duas tatuagem.
— O que são estes dois símbolos.
— Os nomes de quem matou por mim.
Ela olha os símbolos.

79
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16

— Mas não parecem nomes.


— Tem de ver que com o tempo vai acostumando com
as letras, mas sabe que não sou bonzinho, pois eu quero que
me obedeça, e mesmo assim, as vezes eu vou lhe fazer passar
por provas, pois você precisa ser forte para sobreviver lá fora.
A sentei na cadeira, a amarrei, e deixei ali eles ao centro
da peça, sentido o cheiro da senhora assar.

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Rosa em letra artística AmericanIndian
16
Moreira em letra artística AmericanIndian
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Estava olhando a TV, com todos amarrados ouvindo as
noticias, e vi os carros tirando os mortos, muita gente com
discursos de ódio, que a policia deveria matar alguém assim,
que para estes casos, deveria ter pena de morte.
O repórter da região, surge em uma reportagem sobre a
morte do Desembargador e da filha, as câmeras pegavam
alguém calvo, que tinha estatura mediana, que sai pela porta
da frente como se nada tivesse feito.
— A policia está procurando pistas, parece que o senhor,
subiu a serra novamente, e que está aterrorizando agora a
capital.
Olho a imagem, verifico se os nós estão bem presos, e
coloco a imagem de dois competidores pelos corredores,
aquela senhora morta na entrada 2, dava uma péssima
impressão aos demais.
Olha eles caminhando cada um num sentido, via eles
tateando a frente, obvio que a sensação de que alguém
morreria a mais era grande, mas eles ignoravam que naquele
sentido, seguindo as placas, eles nunca sairiam da montanha,
mas como ignoravam onde estavam, caminhavam como se
tivesse uma saída.
O som nos corredores começa dar o som de onças
famintas e alguns exaustores, davam o cheiro de gatos do
mato.
Saio pela porta, pego a trilha em meio ao mato e
caminho até onde as crianças deveriam estar com fome.
81
Um segurança a porta, dormindo no carro, sorri, entrei
sem ele ver nada, o isolamento sonoro e luminoso da casa,
não o faria me ver lá dentro.
Aciono o baixar das grades, o rosto de assustadas de
todas era grande.
Peguei na mochila garrafinhas de agua e dei uma para
cada pessoa.
— Tomem com calma.
— Limpou o lugar? – Rita.
— Não, a policia descobriu os corpos, e achei melhor
esconde-las a soltar gás toxico.
Olhei em volta, abri o buraco ao cento da peça e o
cheiro de podre tomou o lugar, eu joguei um galão de
gasolina lá dento e um fosforo, o fogo veio forte, todos
sentiram aquele bafo vindo pelo buraco.
— O que está fazendo?
— Dificultando para vocês, o que mais? – Respondi
olhando Rita.
O cheiro melhorou e desci um pouco, arrastei uma
tampa de concreto para o buraco, e entrei na peça abaixo da
casa, olhei os quartos escavados na terra, e subi, trouxe Rita
primeiro, ela parecia fraca, os olhos dela pareciam começar a
duvidar que sairia viva.
Aquele buraco a deixaria vermelha e pouco tempo, mas
primeiro a sentei na cadeira, tatuei meu nome na nuca dela e
depois a fiz esticar o braço e o tatuei.
— Isto ai significa Maria, o nome da criança que matou!

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17
Maria em letra artística AmericanIndian
82
Rita olha revoltada, eu a seguro pelo pescoço e falo.
— Regras aqui dentro eu dito, cada pessoa que você
matar, eu tatuarei em seu braço, se você não o matar, sofrerá
as consequências.
— Mas não posso matar minhas filhas.
— Pense nelas, pois é o que tem de defender, a partir
de agora investigadora, vou lhe chamar como as demais, por
Cobaia, e espero que entenda, que eu quero atenção quando
chamar seu novo apelido.
— O que quer dizer com isto.
— Se obedecer tudo que mandar, pode vir a sobreviver,
pois as vezes posso não matar, mas posso lhe fazer um furo, e
os ratos virem lhe comer.
— Você é um animal.
— Não, sou um humano, que acredito que os animais
disfarçados de humanos à volta, tem de ser mortos, não tenho
pena de gente fraca.
Prendi a mão das algemas naquela argola de ferro
concretada ao chão, passei a mão em seu corpo e falei.
— Espero obediência Rita, se não tivesse prometido a
sua filha não lhe matar, quando tentou atirar em mim ontem,
teria morrido, então não abuse, posso querer matar sua filha
para descontar o que não posso fazer em você.
— Você estuprou minha filha.
— Espero que entenda, todos os atos aqui, tem
repercussão, e a repercussão pode ser sua morte.
A deixei presa lá e subi, olhei para Cintia e a tirei da
gaiola, olhei para ela e falei.
— Primeiro teste menina.
— O que quer?
— Seu ódio.
A levei até a cela de Paulo, o rapaz que estava a casa
dela quando a tirou de lá, e a algema na gaiola, abre a mesma
e faz sinal para Paulo sair.

83
— Agora vou lhe dar um momento, quero dedicação
menina - encostei a arma na cabeça dele e falo o puxando
para o lado do corpo de Cintia que estava abaixada, de bruços
em sua gaiola.
— Tem 15 minutos para a violentar e gozar dentro,
senão eu lhe mato.
— Não... – Cintia.
— To contando.
O rapaz olha para Cintia, nem pediu desculpas, apenas a
penetra, se viu o sangue escorrendo pela perna da menina e o
rapaz gozou com tudo, ainda tinha uns minutos, quando olhei
para ele e falei.
— Agora encosta na gaiola.
O algemei, ele me olhou sem saber o que fazer, e olhei
para Cintia.
— Ele cumpriu o que mandei, agora você.
Ela parecia ter medo de perguntar oque aconteceria.
Coloquei uma coleira em Paulo e a prendi rente a gaiola,
deixando ele de bunda para cima, prendi cada um dos pés
num canto da gaiola, o rapaz me olhava estranho.
Cintia tinha uma lagrima aos olhos, e sorri, eu a queria
sofrendo mais, cada vez mais. Soltei as algemas dela.
— Chega aqui.
Coloquei uma cadeira as costas do rapaz, e fiz sinal para
ela sentar em meu colo, ali, a vista não era das melhores, mas
ela veio, a fiz segurar o pênis do rapaz e o excitar, ele estava
estranhando, quase gozando quando falei.
— Vai aprender hoje, como esterilizar um homem.
O rapaz se agitou, mas não conseguia se mexer, peguei
na mão dela, coloquei o bisturi, e ela fez um corte tremendo,
eu segurando a mão dela, o rapaz gritou de dor, e olhei para
ela e falei.
— Agora solta as bolas, cortando as ligações que a
prendem ao saco escrotal.
— Não quero fazer isto.
84
— Vai fazer, senão eu vou fazer algo assim em você,
pequena Cintia.
O rapaz gritava de dor, e ela soltou a parede, a fiz pegar
com a mão e puxar de uma vez, o rapaz parece desmaiar
sobre a gaiola, eu não me preocupava com isto, fiz ela abrir
mais um pouco, e cortar na base o musculo do pênis e o
arrancar também, ela olha aquele sangue sobre ela, e me
ouve.
— Agora vai costurar tudo de novo fechando o buraco
Cintia.
— Porque me faz fazer isto?
Abro o zíper e a penetro, e falo ao seu ouvido.
— Eu me excito vendo as pessoas sendo cortadas e
mortas, tem de ver que adoro isto.
— Você esta me violentando.
Esperei ela terminar de costurar, tirei a agulha da mão
dela, a fiz levantar e virar-se para mim, e a penetrei
novamente, a fiz me beijar, sem chorar, segurei a garganta
dela, tão frágil, mas gozei antes de apertar o pescoço dela, e
falei.
— Bom trabalho.
— Eu te odeio.
— Saiba que eu também lhe odeio menina, mas se me
odiar e fizer o que eu mandar, não vai sofrer muito.
A desci e prendi no buraco, a mãe dela viu que ela
estava com sangue pelo corpo, mas sai de lá subindo
novamente.
A mãe de Regina estava me irritando com uma ladainha
de orações, eu olhei para ela e sorri, ela não entendeu, mas a
tirei da cela, deixei uma das mãos dela presas a gaiola, ela
vira eu fazer isto antes, e depois tirei Regina da cela e apontei
a arma para cabeça de Regina e falei.
— É fácil senhora, é só encostar na cabeça a arma e dar
um tiro.
— Eu não vou me matar.
85
Eu olhei para ela e encostei a arma na cabeça de
Regina, não falei nada, vi a senhora pegar a arma e apontar
para mim, sorri, ela dá três tiros, todos de festim, era um
teste psicológico para a senhora.
— Você não morre seu demônio.
Eu não conseguiria dar mais uma, eu acho, mas estava
querendo ver se não, passo a mão entre as pernas de Regina
e falo.
— Cobaia, se ela não se matar, sabe que terá de mata-
la, ou fazer algo dolorido com ela.
— Não posso matar minha mãe.
— A escolha é sua, ela ou você.
— Mas...
— Tenho de reduzir gente, e de hoje somente uma de
vocês duas passa Regina.
— Você é um demônio. – A senhora.
Algemei Regina e me ergui, olhei a senhora e algemei a
segunda mão, peguei o bisturi e tirei seu clitóris, ela gritava de
dor, tentou me chutar, mas eu não estava preocupado com
isto.
— Regina, você pode acabar com isto rápido, ou bem
devagar, então pode me dar o prazer de a fazer sentir dor por
horas, para a matar, ou dar um tiro a sua cabeça por mim.
— Seu demônio.
Fui ao canto e peguei um couro bucal, chego a senhora,
chego perto e ela me xingava, ela estava com dor, mesmo
tendo fechado os pontos, forço ela abrir a boca, e Regina olha
para mim.
— O que vai fazer.
— Eu não mato pessoas Regina, eu as deixo morrer, eu
apenas corto, mutilo, mas não quero a morte, apenas eles não
aguentam.
O couro segurou os dentes e a boca aberta e puxei a
língua para fora, fiz o corte abaixo da língua e puxei um

86
trecho, cortei, o sangue jorrava e apenas fiz pontos simples, e
coloquei a mesa a língua e falei.
— Vou os servir isto, ou comem, ou passam fome, um
pênis, e uma língua, desculpa não ter cozinha neste lugar.
Fatiei a língua a senhora, e fiz Regina engolir, ela me
olhava com ódio.
— Porque está judiando dela.
— A função dela era se matar para lhe salvar, ela não
quer se matar, você não a quer matar, então ela vai sofrer
para purificar sua alma.
— Mas se ela matar não vai para o céu.
— Ela não vai para o céu de qualquer jeito, mesmo eu a
fazendo sofrer. – Vi a senhora se afogar, e baixei a cabeça
dela, para ela cuspir o sangue.
Ela tentou emitir um som que saiu bem fraco.
Regina me olhava assustada, e apenas chego a ela, solto
a algema da grade e coloco em meu braço, puxo ela para mim
e falo.
— Agora você a vai cortar, mesmo que não queira,
— Eu não...
Peguei a mão dela e fiz ela chegar perto, coloquei o
bisturi em sua mão, o fechando, a senhora, tenta se afastar,
com a mão da menina, passamos o bisturi do pescoço até
abaixo dos seios.
Ela tentava não fazer, se ouvia o grito estranho da
senhora sem língua, a menina estava horrorizada, eu jogo o
bisturi no chão e faço ela puxar a pele, com as duas mãos, e
depois colocar sobre os seios da mão, abaixo da pele, pela
mão dela sentir o coração da senhora, por baixo do pulmão, e
aperto a mão dela sobre o coração, a senhora grita, e seguro
a mão dela até sentir o musculo do coração parar, a menina
vê sua mãe tender para traz e morrer sobre a gaiola.
— Muito bom menina, a poupou de mais dor.

87
Ela se debruça sobre a mãe, ela chora, e obvio, isto me
excita, foi difícil segurar meus impulsos naquela hora, virei a
menina para mim, e a arrastei para o buraco.
Saio e olho para Carol.
— Vai poupar seu amigo ou não da dor?
Carol olha serio e fala.
— Eu o poupo.
A soltei, peguei a arma e coloquei na mão dela, que
apenas encostou na cabeça dele e resmungou.
— Desculpa amigo.
Se ouviu o tiro, e o corpo parou sobre a gaiola.
Sentei ela na cadeira, tatuei meu nome na nuca dela e
no Braço.

18

— Porque está nos tatuando?


— Para que não esqueça nunca.
— Mas não tatuou todos?
— Tem gente que não matou ainda, e tem gente, que
não sei se faço questão de ajudar a sair vivo daqui, se me
obedecer Cobaia Carol, sobrevive, se me desacatar, ou tentar
contra minha vida, morre.
— Minha mãe o ameaçou e não a matou. Vai a matar?
— Odeio quando prometo algo, tenho de achar uma
forma de driblar a promessa, ou de forçar as três irem ao fim,
sua irmã me fez prometer que não a mataria.
— E?
— Não vai gostar da solução menina, mas calma, me
obedece, vive, se tentar tirar sua vida, vou pensar se a quero

18
Paulo em letra artística AmericanIndian
88
viva, mas eu não faço favor, se quer morrer, não lhe mato,
mas se quer viver, ai pode ter certeza, eu vou a tentar com a
morte.
A inverti, a seguro na altura dos lábios e falo.
— Me obedece direito e pode ser que não a faça matar
sua mãe, pois não seria eu a matando.
A debrucei sobre o corpo de Paulo e falei invertendo o
rosto dele.
— Um ultimo beijo no amigo?
— É ...
— Todos somos apenas carne menina.
A vi o beijar e a penetrei, eu vi a cara de nojo, eu gostei
disto, ela era quente, eu as vezes me sentia o animal.
A desci, via que paravam de conversar quando eu
descia, e olhei para os irmãos e falei.
— O que os dois acharam do dia?
— Você é um monstro, meu pai vai o matar. – Bruna.
— Bruna, seu pai não resistiu a uma corrida de dois mil
metros e desabou, morreu, sua mãe, conseguiu pisar em uma
mina terrestre, não sei se ela está bem ou vai sangrar até a
morte, não quero saber deles, pensei em os testar contra seus
pais, e eles basicamente se matam em 5 minutos, espero que
os dois sejam mais espertos que eles.
— E se não formos.
— Ai terei de me livrar de vocês dois.
Levo Bruna até a cadeira, tatuo meu nome na nuca dela
e no braço, o nome do menino que ela matou.

19

19
Pietro
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— Vai nos matar?
— Depende dos dois, e não sou bonzinho, mas se me
obedecer, pode ser que viva.
— Só tatuou as meninas, vai matar meu irmão?
— Acho que você o vai matar, mas não hoje.
— Eu não...
— Eu a darei a chance, se não puxar o gatilho, passarei
para ele a arma, um dos dois morrem.
Os desci e olhei para todos e falei.
— Cobaias, espero que consigam dormir aqui, talvez o
último dia de sono antes de saírem daqui, boa noite. –
Cheguei a cada uma delas e apliquei um sonífero, de ação
longa, mas inicio lento.
Subi e fiquei a olhar para as câmeras que estavam
escondidas no barro a volta, e vi Rita olhar para filha e
perguntar.
— Está bem, que sangue é este?
— Ele fez Paulo me estuprar mãe. – Ela falou baixo, e
olhando para o chão. – Depois ele me fez o castrar.
Rita olha em volta, todos estavam em pânico.
— Temos de tentar ser fortes, filhas, sabemos que ele
está jogando, mas temos de ser fortes.
— Mãe, ele disse que prometeu para Cintia não lhe
matar, sinal que ele vai pedir para mim ou para Cintia para lhe
matar.
— Ele não faria isto.
— Ele colocou um bisturi na mão de Regina e segurando
sua mão, a fez matar a própria mãe.
Rita olha a menina ao canto, encolhida, todo aquele
sangue e respira fundo, começava a duvidar que sairiam vivos.
— O que é estas tatuagens no braço.
— Ele falou que é o nome dos que matamos.

90
Rita olha em volta, não parecia ter câmeras. Vi as
crianças começarem a dormir, estavam física e emocional
cansadas.
Abri a parede ao fundo e coloquei o corpo da senhora e
do rapaz, olhei os corpos e pensei se usaria aquilo ainda.

91
Eu saio dali e pego o celular, olho para os números do
celular da menina e disco para um.
— Bom dia Ronald.
— Quem fala.
— Sabe com quem fala, quer ver a esposa e as filhas
vivas, se quer, me ouve, faz o que vou falar e tudo acaba
bem.
— O que quer que faça?
— Tens uma poupança de reserva, sei que tem 22 mil
reais lá, você vai sacar todo o dinheiro, vai subir no alto do
prédio Roma, no centro, e vai jogar na avenida todo este
dinheiro as 3 horas da tarde de amanha, quando o fizer, lhe
entrego as meninas, dai vou pensar em outra coisa pela
esposa.
Desliguei sem saber se ele faria, eu imaginava que ele
ligaria para o pseudo melhor amigo, para isto, o investigador
Pedro da Policia Civil, o amante da senhora.
Chego a casa e o cheiro estava bom, olho a TV,
sintonizo na outra base na gruta e vejo que somente Mirian
ainda estava sentada, o monitor a sua frente, muda e ela me
vê a olhando e falo.
— Em 30 segundos Mirian, quero ver se ainda é de
confiança, a corda vai destravar, e saia pela porta que está
marcado no seu peito.
Ela olha aquilo, sente a corda soltar, olha para a porta e
passa calmamente, olha para roupas ao canto e as veste, olha

92
para o caminho e vê uma porta, sai para fora e olha para a
saída da gruta, olha para uma tela a parede e me ouve falar.
— Estou na casa do Jose, não esquece, tem de chegar
aqui, e ainda tem uma bomba no pé, estou a 3 horas de
caminhada, melhor não se desviar, cuidado para não ser
capturada pela policia, pois não quer que lhe tire a perna, ou
quer?
O monitor desliga e vejo ela começar a caminhar no
sentido de onde estou.
Desamarro a moça que não perguntei o nome, eu sabia
o nome, sei que ela nunca me esqueceria, aponto a comida e
falo.
— Dá a cada um de comer.
— E se não comerem?
— Morrem de fome.
— Vou providenciar. – Olho ela pegando um pedaço, a
cara dela não foi das boas, mas corta uns pedaços e começa a
dar de comer as moças.
Olho os rapazes tentando andar rápidos na gruta, vejo
um entrar na parte a direita, quando deveria ir a esquerda e
mergulhar naquele lago de poucos metros, mas fundo, no
breu total, vi ele deixar a lanterna descer, e se bater na agua,
as paredes eram lisas, e ele precisava sair pelas paredes lisas,
olhei ele e sorri, ele teria de ter muita resistência para
conseguir.
Quando a moça terminou de alimentar Fatima, a
desamarrei e sentei ela a minha frente.
— Fatima, quer viver?
— Você vai nos matar?
— Quer viver?
— Sim.
— Então vou lhe chamar de cobaia Fatima a partir de
agora, e se reclamar ou não fizer o que eu pedir, ontem foi
especial, mas isto não lhe torna independente, eu gosto de
provocar dores tanto físicas como psicológicas, se me
93
obedecer, será dores que não lhe tirarão a vida, se não me
obedecer, talvez implore para morrer.
— Você me mutilou ontem.
— Quer mais Cobaia?
— Não, desculpa.
Marquei meu nome na nuca dela e depois 4 nomes no
braço direito dela.

— Porque disto?
— Cobaia, para cada morte que você fizer, registrarei
em sua pele, não queira que arranque as conquistas, por não
achar que merece a marca.
— Mas...
— Eu quero seu ódio, e sua obediência, e sabe que não
quero ouvir sorrisos.
A levantei e ela me viu a prender em uma jaula, e não
entendeu, olhei para ela e falei.
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— Quem sobreviver, pode me odiar, mas terá de
sobreviver.
Ela olha eu erguer a jaula, e colocar sobre o poço, e
apenas soltei, ela deve ter se assustado, um minuto depois,
ergui ela, ela cuspia agua, olhei ela e falei.
— Atenta, pois pode cair qualquer hora, pode ficar de 1
a 3 minutos submerso, então esteja atenta e com a respiração
controlada cobaia.
Ela me olha com medo, e vi ela cair novamente, ela
ficou 2 minutos e subiu de novo.
Ela cuspiu mais agua, e fala.
— Vai me matar?
— Vai se entregar tão fácil assim?
Entrei na casa, e olhei o rapaz com dor e falei.
— Como está Rogerio, espero que aguente.
— Você me capou.
— Hoje vou ensinar as moças, como fazer alguém sentir
dor sem o matar.
Ele me olha assustado, coloco a mordaça e uma moça
que já havia comido me vê chegar a sua frente.
— Nome?
— Thais.
— Cobaia Thais, como está o corte?
— Ardendo, acabei fazendo xixi e tá ardido.
Peguei o álcool, ela viu eu borrifar na região, vi as
lagrimas nos olhos dela e falei.
— Cobaia Thais, o que faria para sair viva daqui?
— Não pode nos matar?
— Ninguém sabe que estão vivas, para a sociedade
morreram ontem no incêndio da casa que moravam.
— Não pode ser.
Borrifei de novo e ela falou.
— Isso arde.
Coloquei um dedo e apertei os pontos, ela grita e falo.
95
— Cobaia, está a fim de sobreviver?
— Sim.
— Então vou explicar uma coisa, eu vou pedir coisas, se
fizer, não sofre retaliação, se não fizer, sofre retaliação, e
quanto mais retaliações, menos a chance de sair viva.
— Mas nos cortou.
— Não as quero sentido prazer, e pode ter certeza,
gosto de fazer vocês sentirem dor.
A levantei, e ela viu eu a levar ao banho e a ensaboar, e
a levar molhada e sentar novamente na cadeira após passar o
álcool nela, para desinfetar.
A moça não entendeu e perguntou.
— Onde está Fátima.
— Na prova que passara amanha, espero que sobreviva.
— Mas porque vai nos judiar.
— Eu gosto de provocar ódio, pois eu as odeio. – Olhei o
rapaz cuspir a comida no chão, entendo o problema, mas não
quer dizer que vou aliviar.
Olhei a moça e falo.
— Guarda o que caiu no chão, é a comida dele da tarde,
se quiser comer.
— Ela matou a mulher, por quê?
— Thais, você também vai matar quando eu pedir, pois
é isto ou vou lhe torturar.
— Mas...
— Quando este corpo estiver cheio de tatuagem, de
cima a baixo, talvez seja livre, mas para isto, terá de ter
matado mais de 80 pessoas para mim.
— Não pode me transformar em uma assassina.
— Quer morrer então?
Ela me viu a olhar e ir a moça do lado, ela me olha
assustada com a conversar.
— Nome?
— Porque quer saber?
96
— Nome menina, e idade?
— Silvia, já tenho 18.
— Como tá o corte Cobaia Silvia?
— Doido, mas nada de mais.
Abaixei-me a abri as pernas dela, colocando um dedo na
costura dos pontos e apertei.
Ela segurou bem a dor, sorri e falei.
— Valente, não está doendo então?
— O que quer velho?
Sorri.
Coloquei um vídeo na TV e falei, ajeitando o
identificador de movimento e peguei uma Tornozeleira e uma
roupa, fiz sinal para ela colocar, era emborrachado, iria assar
ali dentro, mas não era para ser fácil, coloquei na perna de
Thais também a Tornozeleira e a roupa, e chego a ultima e
pergunto.
— Nome?
— Vitoria.
— Como está o corte?
— Ardido.
Olhei para ela e coloquei a Tornozeleira e falei.
— Isto vale para as 3, espero obediência, respeito e
organização, mas hoje é dia de esforço físico.
Dei a roupa para a moça e falei.
— A Tornozeleira, somente se tira com o segredo de
retirada, se afastarem-se mais de 10 metros da TV, o
explosivo que está nele vai lhe tirar a perna.
Olhei elas tentando ver a Tornozeleira que estava abaixo
da roupa agora.
— Esta roupa. – Coloquei dois cadeados frontais no de
Vitoria, depois coloquei em Thais e por ultimo em Silvia – dá
choque, daqui a pouco vou ligar a TV, é uma aula de
exercício, de 4 horas, se pararem, a roupa lhes dará choque,
se afastarem-se, da choque, e dependendo da distancia,
97
explode primeiro a perna e depois a roupa, então quero que
prestem atenção, vocês vão seguir os movimentos, espero que
quando eu voltar em 4 horas, as 3 estejam vivas, não me
decepcionem, cobaias.
Olhei a moça que fora empregada do Delegado, olhei
para Rogerio e o prendi a parede e falei.
— Calma Rogerio, você não é cobaia, mas tem de
escolher se vai ser morto, refeição, ou me dará algo que valha
sua vida.
— Não pode me matar.
— Onde seu pai escondia as armas?
— Atrás do armário do quarto.
— O cofre?
O rapaz me olhou como se não soubesse, mas não tinha
como saber se ele estava encenando direito ou não sabia, e
falei.
— Vai ficar ai pendurado, para pensar se não sabe
mesmo. – Prendi os pés dele e parafusei ele na parede com
presilhas de ferro, ele ficou ali a olhar as moças a fazer
exercício.
— Cobaia, arrume esta bagunça. – Falei apontando os
pratos, ela os recolheu e começou a lavar, ela parecia estar
preocupada, mas não queria saber sobre quem tomava seus
pensamentos, ou queria, não sei ainda.
Ela terminou e fiz sinal para ela sentar e perguntei.
— Seu nome cobaia?
— Sabe que é Paula.
— Elas não sabem, entende isto Cobaia Paula, pega uma
Tornozeleira e coloca ela.
— Entendo, mas por quê por a tornozeleira?
— Este é um treino, as quero forte, mesmo que não
queiram ficar fortes. – Ela coloca a Tornozeleira e depois a
roupa, ela sentiu o choque e falei.
— Se junte as cobaias Paula.

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Ela não sorriu, mas pareceu relaxar.
Fiquei olhando elas, e depois de duas horas, sai, olhei
para Fatima, abri a cela, e lhe coloquei a Tornozeleira e depois
a roupa, expliquei e deixei ela ali a fazer exercício, ela estava
cansada, os nervos em frangalho, e estávamos no começo de
tudo.
Sento na parte externa e vejo Mirian chegando, ela me
olha com ódio e nem lhe dei motivos para tanto ódio, sinal
que era parte do que aprendera, que não gostava de sorrisos
e falei.
— Chega aqui Mirian?
— O que tenho de fazer?
Fiz sinal para ela sentar e tirei a Tornozeleira, coloquei
uma mordaça, e fiz sinal para ela entrar na cela que Fatima
havia saído a pouco, ela me olha assustado e falei.
— Acha que não vai pagar por ter falado demais Mirian?
Ela entra, e abaixo a cela, deixei apenas 10 centímetros
da cela fora da agua, onde se não fosse noite, veria Mirian
com a cabeça inclinada para cima, tentando respirar por ali.

99
O meu celular tocou o alarme de 8 horas e comecei a
atravessar a trilha, no sentido da gruta, quando passei pela
casa que as crianças estavam, parecia que alguém estava lá
dentro, não tinha como olhar agora.
Passei ao longe, chego a gruta, olho a tela ao fundo,
vejo onde cada um deles estava, numero os que levariam
choque, 4 desacordam com uma incisão na perna de sonífero,
feita pela Tornozeleira.
Olho a senhora morta, pego um carrinho elétrico a
ponta, coloco o corpo ali, olho mais dois mortos, chego na
gruta, prendo a corda nas pernas do delegado, e com uma
corrente puxo para cima, coloco no carrinho elétrico, o
próximo estava no salão de extração, ele tentou ligar os
motores, e levou um choque e estava ali ao chão, desligo a luz
e coloco ele no carrinho.
Olhei o caminho, tirei os três corpos dali, coloquei para
fora e fui ao rapaz ao buraco, ele se batia na agua quando
falo olhando para baixo, colocando luz para baixo.
— Segura a corda.
O rapaz assustado pega a corda, ele não me via, ele
veio para cima, e quando chegou na parte alta, se via as
sanguessugas no seu corpo, ele se bate, aciono a Tornozeleira
e ele cai ali.
Arrastei o senhor a cadeira e o sento lá, ainda deveria
ter algumas sanguessugas penduradas.
Peguei um segundo carrinho e coloquei os 6 rapazes,
desacordados nele e os coloquei nas cadeiras.
100
Eles estavam dormindo quando apliquei acido em seus
pescoços e vi eles começarem a ganhar cor, estavam
dormindo quando sai e olhei para eles.
Meus pensamentos estava na utilidade deles, e não via
mais função para eles, vi o rapaz acordar e tentar tirar as
sanguessugas mas com as mãos amarradas não conseguia,
olhei para os demais e surjo na tela.
— O grupo já está menor, mas vejo que tivemos perdas,
e não posso dizer que as regras eram difíceis de seguir, as
cordas estão sendo soltas, mas na caneleira ainda tem uma
bomba, reprogramada, se saírem por qualquer porta, ela
estoura agora, sobre a mesa tem um cozido, podem não
gostar, mas é a única comida que terão.
Vejo as mãos se soltarem e o rapaz tirar as
sanguessugas, e olho para os demais tirarem o metal e viram
o rapaz morto, cozido, a cara de nojo deles indicava que não
comeriam, mas eram fortes, tinham como sobreviver.
Olhei eles e sorri me afastando dali, eles teriam de achar
uma forma de se livrar da tornozeleira, e não era algo fácil, sei
pois já usei uma, e me aproximo da casa que as crianças
estavam e vi um carro da técnica chegar lá. Vinha puxando o
carrinho elétrico com os corpos. Chego perto com aqueles
corpos, encostando eles ao lado da casa.
Olho o carro, chego ao lado do carro, coloco um
explosivo abaixo do tanque e aproximo-me do local, eu ligo as
câmeras e acesso pelo celular, olho para uma moça, um
rapaz, olhando que houve mortes a mais ali, eles não viram,
mas o sangue dizia que tivera mais mortes. Coloquei o capuz.
A tela começa a descer na parede e olhei para os dois
olhando para a tela e me olharem, como se estivesse ali a
frente.
— Quem invade um local de tortura das cobaias? –
Perguntei olhando para frente.
— Quem é você?
— Alguém, se falar como Marcio, ninguém dirá de capuz
que não sou.
101
— O que quer?
— A morte de vocês, o que mais.
— Porque tanta violência? – A moça.
— Sandra, você apostou no 13, sei que quando eu venci
você perdeu um bom dinheiro, mas não se faça de inocente, e
você Claudio, eu resolvi criar uma disputa, alguém está
apostando, mas agora, vocês são a caça, entendeu Claudio?
Claudio olha para a tela e fala.
— Acha que tenho medo de você?
— Não disse que tinha medo, mas cuidado com a bomba
no carro, cuidado com a estrada este horário, cuidado com os
demais, pois sabe, somente um sobrevive no final, pensa, 22
delegados mortos no ultimo mês, 32 outros policiais, 13
políticos, 14 empresários, mas ainda falta uns 30 para matar,
e saibam, estão na fila de mortos, ou sobreviventes, a lista
ainda está crescendo, não sei o que estão procurando.
— Disse que estamos marcados para morrer, mas quem
vai nos matar?
— Claudio, você vai acabar matando o ultimo, como não
sei ainda quem será o ultimo, se estará lá, saiba que somente
os sobreviventes vão participar da parte final.
— Eu lhe mato rapaz.
— Você não entendeu Claudio, acha mesmo que fui eu
que sobrevivi? Acha que quantos estão nisto?
— Mas onde está o delegado?
— Morto do lado de fora desta casa, encostado em uma
das paredes.
— A esposa do Deputado.
— Por trás da parede ao fundo, morta.
— As crianças?
— Se os ratos não comerem até amanha cedo, vejo se
sobrou algo.
— Os policiais que tirou de Curitiba?

102
— Mortos em uma gruta a uns 500 metros dai pela trilha
a leste.
— Mas o que ganha com isto? – Sandra.
— Eu estou na capital Sandra, mas... – a encaro e falo –
quem sabe eu lhe treino um pouco.
— Lhe mato.
O rapaz olha para a parede que falei e chega a ela, e
desprende e vê os dois corpos, uma criança e a senhora
morta, e olha para a tela.
— Os matou? – Claudio.
— Logico que não Claudio, eu fiz as crianças os
matarem, a senhora a filha matou, o rapaz, uma capou sem
anestesia e outra deu um tiro a cabeça.
Olhei o policial ao fundo chegando e desliguei, mirei nele
e dei um tiro ao longe, eles não ouviriam de dentro da casa
isolada, mas chego ao lado do rapaz, arrasto ele para o carro
e coloco uma bomba abaixo e sorrio, olho para o capuz, rasgo
o mesmo um pouco, sujo um pouco mais e olho para dentro
pela tela e falo.
— Ainda ai?
Vi o senhor olhar com atenção e falei.
— Tem alguns minutos para sair dai, pois esta casa vai
vir pelos ares senhor.
Claudio olha para Sandra e fala baixo.
— Não é o mesmo.
— Reparei, mas se for mais de um, o que estamos
enfrentando?
— Vamos sair daqui.
Os dois olham os corpos e saem pela porta, olham os
corpos encostados a casa e o rapaz fala.
— Um deles está próximo, temos de avisar o policial a
porta.

103
Olhava eles pelos meus olhos e apertei o detonador do
carro do policial e os dois viram a explosão do carro, os dois
olham assustados e o rapaz fala se encostando na casa.
— Temos de sair Claudio.
— Se ele esteve aqui, e os corpos dizem que sim, ele
pode ter colocado um explosivo no carro.
— Mas como vamos sair daqui.
Claudio pegou o celular, eu não via o que ele falou, ou
com quem, mas agora viriam os organizadores deste
espetáculo, e se tinha uma coisa que iria feder, era isto, olhei
eles me afastando para a casa de José, olho as moças
cansadas e desligo o Televisor, elas me olham e falo.
— Agora vamos fazer uma corrida.
— Estou pregada.
— Quem quiser ficar morre agora, alguma duvida?
Elas se calaram e desativei os limites e falei.
— Vamos sair agora.
Olho a casa, coloco explosivos e vejo que teríamos
problemas logo, chego ao carro, e coloco as armas, talvez
explodindo a casa visse em que parede estaria o cofre.
Coloquei uma algema em cada uma e prendi na parte de
trás do carro e saímos lentamente, com elas correndo as
costas, olhava pelo retrovisor, quando uma caiu eu freei e sai
pela porta, olhei a moça e falei.
— Vai querer ir arrastando até o fim Cobaia Thais.
Ela se levanta, as demais viram que acelerei menos e
entramos a direita na estradinha a frente, olhei uma casa
simples ao fundo, e puxei as moças para dentro, olhei para a
grande cama e falei.
— Tomem um banho, e descansem um pouco.
— Vai nos deixar aqui?
— Vou vigiar, e se alguém sair, eu mato, entenderam?
— Entendemos.

104
Sai dali caminhando e entrei em um pequeno galpão,
acionei os explosivos na entrada da gruta, que desaba, vi os
rapazes se afastarem, um passou da porta e não explodiu,
sorri, pois os demais vendo isto saíram também, e o sistema
de explosão das tornozeleiras começa a piscar 10 segundos
em contagem regressivas e os rapazes tentam tirar no
desespero e quando explodem todos juntos, pensei que
aqueles não me incomodariam mais.
Olho as câmeras e vi um helicóptero chegando a casa
que as meninas estavam dormindo.
Vi os carros a estrada e acionei todos os microfones a
volta e ouvi Claudio falar.
— Caio, é um sobrevivente querendo se vingar, temos
de o achar e rastrear, ele usa sistema para nos monitorar,
mas isto pode nos dar onde ele se esconde, outra coisa, não é
um, é mais de um.
— Quem?
— Pelo que entendi, o que eles chamam de Marcio
Maier, é o numero 27, sabe que quando entram no jogo, nem
olhamos quem foi, mas preciso saber, quem foi este 27, se ele
é mesmo Marcio Maier, o que ele fazia, quais as condenações,
e o que podemos usar a nosso favor.
Sorri pensando que eles tentariam matar mais alguém,
mas acionei os explosivos na casa de José, o primeiro explodiu
a parede que Rogerio estava, com ele junto, e as explosões
continuaram até a casa cair, era perto das quatro da manha,
toda a região acordou com os estouros, mas olhava para
Claudio, que fala.
— Ele está desmontando, ouvi uma explosão a leste
antes, de onde ele disse que tinha uma gruta.
Explodo a casa que fora o primeiro cativeiro, e os
demais olham no terceiro sentido e ouço Caio falar.
— Vou verificar senhor, quer quantos nisto?
— Todos, pois pelo que ele disse, temos de levantar
quem estava na central de apostas na ultima vez, ele falou em

105
muitos mortos, me descobre se quem estava lá está morto e
os que não estiverem, são alvos, vamos os usar como isca.
Ouvi a agitação na casa, entrei vendo as moças
deitarem e apliquei em cada uma delas um sonífero, quando
dormiram, coloquei elas em gaiolas, e as fui erguendo ao teto,
onde ficariam ocultas no telhado.
Olhei para os demais conversando e acionei a bomba
que estava no carro de Claudio, vi pelas câmeras ele ser
jogado ao lado, e um dos rapazes pegar fogo, era para
provocar, vi o olhar de Caio, que apenas volta ao helicóptero
e sai a oeste.
— Porque ele não explodiu esta? – Sandra.
— Ele está sinalizando que vai nos torturar nesta casa
Sandra, ele ou eles, parecem estar dois passos a frente,
precisamos equiparar as coisas.
Eu dou o comando de explosão do sistema de controle
da casa, e não tenho mais as imagens de lá, das câmeras
internas, apenas algumas sem fio as arvores, mas não queria
eles tendo acesso as câmeras que controlava as crianças.

106
Pego o carro e começo a subir a serra por uma estrada
centenária, demora mais, mas não tinha postos de policia, e
era o caminho oposto a capital.
Chego já amanhecendo, olho para o agito a frente da
casa que usaria, e me deparo com algumas pessoas tirando
Tereza do apartamento dela, eles iriam querer jogar com o
que conheciam, coitadinho deles. Chego a casa de Caio, ele
estava a fazer operações na cidade, e não parecia vir para
casa, eu olhava as fotos da antiga esposa, das filhas, do rapaz
que fora preso e morto, ele odiava presos, e isto o faria me
odiar. Eu coloquei um sistema de controle ali e sai, ele acharia
um deles, pois foi colocado para ser achado.
Saio dali e vou a mansão de Claudio, não era uma casa
fácil de entrar, mas obvio que eles queriam me pegar, e não
deixaria barato, estava trocando a guarda pela manha quando
comecei a praticar tiro de um telhado vizinho, os seguranças
se viram para o telhado, não me viam, mas sentiam as balas.
Eu desci calmamente, coloquei uma peruca loira, bigode
loiro, uma pequena barba e um óculos grosso, e sai a rua, os
rapazes viram as pessoas assustadas saindo do prédio, e olhei
para um senhor ao lado e falei.
— Tem um atirador no telhado.
Falei para os rapazes do outro lado da rua ouvirem, vi
que eles começam a dar a volta, estava a sair pelo canto
direito quando uma metralhadora automática começa atirar,
algumas pessoas a rua foram atingidas e foram caindo, pouco
depois se via a policia.

107
Eu não entrei no condomínio, eu não queria morrer
ainda, mas fui a um hotel, destes baratos do centro que não
pedem nada de identificação, e acalmei a alma, eu não
conseguiria dormir, mas tinha de saber como fazer.
Olho a mochila, coloco as duas grandes metralhadoras
na mochila, desmontadas, armo uma a janela, olhando para o
edifício Roma a frente.
Olho para cima e fico a imaginar a imagem.
Sai a tarde deixando o quarto pronto para vir pelos ares
se alguém entrasse nele, e fui ao prédio Roma, ajeitei alguns
detalhes e liguei para Claudio.
— E dai Claudio, já descobriu quem eu sou?
— O 27 não se chamava Marcio Maier.
— Isto eu sei, meu sobrenome nunca foi Maier.
— O que quer?
— Estava apenas assustando os seus, quero eles em
pânico, pois as pessoas em pânico cometem erros.
— O que quer 27?
Respirei fundo e falei.
— Será que sua pequena Suelen da algum caldo, seja na
cama, ou cozida em meio a sala, para alimentar marmanjos?
— Não toque nela.
Eu caminhava entrando no colégio, apresento ao senhor
a porta uma ordem de serviço e entro na parte de sistema do
colégio, aciono o bloqueador de sinal e o senhor viu o sinal
cair, aciono em um corredor uma metralhadora e atravesso o
mesmo com outra as costas, aciono as duas que começam a
atirar nas duas entradas do colégio, um segurança morto na
direita, duas atendentes e uma professora na outra, as
crianças se agitam na escola e faço as duas metralhadoras
girar, e as janelas do primeiro andar, começam a estilhaçar,
com toda calma chego ao ônibus do colégio, dou ré na porta
do fundo, deixo a porta bem na entrada e caminho para
dentro com uma metralhadora a mão.
— Todos no chão e ninguém se machuca.
108
Chego a sala 12 e olho para a professora abaixada e
falo.
— Senhora, todos abaixados, quero saber quem é
Suelen Cristina.
A menina olha para mim e falo.
— Levanta menina, tenho ordens de a tirar daqui.
A professora olha seria e diz.
— Não pode a sequestrar.
Pego a arma e atiro na cabeça da mesma e olho para a
menina.
— Viva ou morta, prefiro viva, se meche.
— Mas qual das Suelen Cristina.
— Tem quantas?
— 3.
— As três para fora, agora, comecem a se por no
corredor.
— Mas porque eu? – A menina chorando.
— Caminhando.
Fiz sinal para duas meninas a porta e falei.
— Vocês duas também.
— Mas...
Dei dois tiros para cima e fiz as meninas entrar no
ônibus, apliquei o sonífero em seus pescoços e com calma,
começamos a sair, o agito estava grande para não verem um
ônibus, mas como se diz, quando se tem uma distração, todos
olham para a distração.
Estava a duas quadras quando aciono as bombas aos
pés das metralhadoras que explodem.
Paro o ônibus ao lado do carro, todos corriam no sentido
do colégio, e parei ao lado do carro, passei calmamente as
crianças para o porta mala, e saímos dali, subi ao
estacionamento do edifício Roma, e lá fiquei a olhar os
números.

109
Ouvi o telefone tocar e atendi.
— Fala Claudio.
— O que quer com isto?
— Com oque?
— Com o sequestrar de minha filha.
— Não sei do que está falando Claudio.
— Mas...
— Vou ligar para alguns para ver se não fizeram merda,
mas ainda não cheguei a cidade, tive de matar alguns no
litoral, diz para a Sandra que ela está gostosa.
— Acha que acredito nisto.
— Claudio, eu volto ainda hoje para o litoral, mas é
porque tem alguns vivos ainda, dos que peguei, não sou
alguém que deixa as coisas pela metade.
— Sua ficha é de assustar, e resolveu nos enfrentar.
— Claudio, eu bobeei e cai, por sorte, resolveram brincar
comigo, mas aquilo é brincadeira de criança, comparado ao
que faço com minhas cobaias, eles se mandar, eles lhe
matam, eles preferem morrer cumprindo a minha ordem a me
ver chateado com eles.
— Acha que nos vence?
— Eu não quero vencer, por sinal, aquela metralhadora
no teto na frente do seu condomínio, foi só para lhe dizer, sei
onde mora, mas ela estava lá a duas semanas.
— Pensou em me pegar.

110
— Quando eu for lhe pegar Claudio, eu pego, eu quero
diversão, pois se não quisesse, teria matado como matei o
segurança a entrada, um tiro a cabeça.
— Perdeu a chance 27, vou acabar com você.
— Talvez, mas deixa eu ligar e descobrir se está me
enrolando para saber onde estou, e descobrir qual das cobaias
pegou sua filha.
Desliguei, estar sobre um prédio de 30 andares, cheio de
carros, abaixo um shopping, acima um conjunto de lojas, olho
aquele carro parando a frente e olho para Ronald e Pedro
saírem de um carro, não conseguia ouvir o que falavam, mas
peguei uma segunda peruca, um pequeno bigode, um capuz a
cabeça, uma camisa amarela limão, um agasalho e um tênis
imenso ao pé.
Saio do carro e olho para os dois subindo, olho para as
câmeras na cobertura e olho para os dois pela câmera, chego
ao carro deles, passo o sistema de várias frequências e ouvi
vários alarmes desarmarem, quando desarmou o da frente,
coloquei o sistema de gás dentro e o controle das janelas,
olho em volta e volto ao carro, olho os rapazes de Caio
chegarem ali, eles estavam se informado e ligo para Caio.
— E dai Caio, vai querer morrer ou podemos ter um
acordo.
— Quem?
— Sabe quem, mas teremos um acordo ou morre hoje, e
assumo tudo que não está em seu nome, mas usa.
— Acho que não sabe o que fazemos, quem somos.
— Verdade, mas se não temos um acordo, paciência.
Desliguei, vi onde os carros pararam no andar superior,
vi eles irem aos elevadores, apenas preparei os carros
rapidamente, e voltei ao carro.
Deu 3 horas e olhei para o celular e disquei para Ronald,
e falei.
— Estou esperando esta chuva de notas Ronald, não vai
querer ver suas filhas de novo?
111
— Tem alguém aqui tentando me convencer a não o
fazer.
— Este ser a sua frente, quer mais que sua esposa e
filha morram, o nome dele é Caio, um traste tão grande que
esposa, filhas, odeiam ele, ele perdeu o filho em uma destas
brincadeiras do patrão dele, mas para não culpar o patrão, ele
culpa os presos, é uma merda covarde, pois ele sabe que o
filho morreu pois Claudio é como ele, nunca se preocupou com
os filhos, para ter ideia, peguei a filha dele hoje no colégio
dela, e ele nem está ai para ela, estou aqui esperando jogar, e
como não sacou os 22, aceito os 6 mil em dinheiro quando a
tarde fizermos a troca.
— Como sabe...
— Cadê a chuva de notas, não vale lançar maços, tem
de ser as notas.
Olhei a câmera e vi Caio apontar a arma para Ronald e
falar.
— Não vai desperdiçar estas notas, ele quer algo com
isto, mas não pode fazer isto.
— Ele vai matar minha filha.
— Ele pode já ter matado elas.
— Ele tem razão, você não ama nada.
Acionei o primeiro explosivo e um dos carros que os
rapazes de Claudio chegou ao local foi pelos ares, começa a
pegar fogo e aquela nuvem negra começa a subir.
Peguei a mascara, subi um piso e fui jogando bombas
incendiaria por baixo dos carros, aquela fumaça preta foi
crescendo, coloco o celular na boca e falo.
— Ainda estou esperando, mas se posso as matar,
paciência senhor.
Via ele pelas câmeras e os carros começam a pegar fogo
e estourar, olhei para rapazes descendo e como não me viam
em meio a fumaça, eu os acertei.
Caio olha para Ronald e fala.
— Certo, joga.
112
Vi o senhor começar a jogar as notas, depois de um
tempo, se ouviu os carros parando, as pessoas no meio da
rua, as pessoas todas pegando o dinheiro, estavam lá a
disputar o dinheiro quando a metralhadora começou a
disparar, sorri, e o senhor falou ao celular.
— Porque os está matando?
— Porque alguém tinha de morrer para que poupasse
suas filhas Ronald, agora tem 15 minutos para chegar na rua
XV na altura do numero 1560.
— O que vamos fazer lá?
— Teu tempo está correndo Ronald.
O senhor começa a sair e Caio não entendeu, ele olha
para a rua, a metralhadora disparando em tudo, gente
tentando sair dos carros, gente querendo tirar os mortos, e de
uma hora para outra, se ouve a grande explosão e se vê as
janelas do hotel explodirem, e todos os 12 andares acima do
que me instalei, tenderem para a rua.
Caio olha para os rapazes e fala.
— Quem é este maluco?
Vi eles se olharem e um rapaz falou.
— Disse que ele não era qualquer um Caio, ele não é um
qualquer, ele foi preso pela morte de 3 pessoas, mas muitos
acusavam ele de ter cometido mais de 30 mortes, mas só
conseguiram provas das 3, o jogaram na cadeia, era alguém
para deixar lá Caio.
Olhei pela janela Ronald e Pedro entrarem no carro e
acionei o gás, eles viram as portas travarem e adormecem, os
rapazes de Caio olham para o carro, não viam eles dormindo,
eu atirei nos 4 rapazes que iriam os seguir e encosto o carro
ao lado da caminhonete deles, abro a porta, coloco os dois no
banco de trás, aplico um sonífero, abro o porta malas e coloco
lá as crianças, assumo o volante e vou no sentido da casa de
Rita, de Ronald.
Estacionei de ré, os vizinhos não pareciam olhar nada, o
portão abriu e fechou e coloquei as crianças sentadas na sala,

113
depois os adultos, olho para Ronald me olhar, amarrado na
cadeira, tentou falar, mas amarrados nus, nas cadeiras, na
cintura, uma cinta de explosivo plástico, olho o rapaz ao lado e
falo.
— Vou falar uma vez para os dois, se tentarem fugir,
tem um sinalizador no explosivo a cintura dos dois, se
passarem por qualquer porta, explode, se desunir o circulo,
explode, então quero os dois calmos, e quando mandar fazer
algo, façam.
Peguei o celular da filha de Caio e liguei para ele.
— Quem está ai?
— Caio, e dai, quanto vai pagar pela sua filha.
— Quanto quer por ela?
— A cabeça de Claudio numa bandeja.
— Está maluco?
— É meu preço. – Desliguei e olhei para as meninas
acordando, estavam nuas as cadeiras, e cheguei a elas, e
falei.
— E dai, confortáveis?
Uma se bateu na cadeira e sorri.
— Eu guardava força menina, para quando precisar de
força.
Eu sai da casa e olhei para a piscina no quintal, uma das
partes era funda, e estiquei uma corda de ponta a ponta na
parte funda, e peguei uma por uma das meninas e coloquei na
piscina, elas para manter a cabeça fora da água, tinham de
segurar na corda, e mal ficavam com o nariz de fora, a boca
estava com uma mordaça.
Filmo as meninas ali e mando para uma TV local, e vou
a sala, e ligo a TV, os dois as costas me viram olhar para a
mesma e ouvem a noticia.
— O senhor que dizem estar fazendo o horror na cidade,
hoje entrou em um colégio metralhando tudo, mais de 14
mortos na escola, de onde sequestrou 5 crianças, depois
parece que jogou dinheiro do topo de um prédio no centro, e
114
metralhou as pessoas a rua, logo após, estourou o hotel,
dizem que antes disto, metralhou a casa de um empresário da
cidade, e antes de fecharmos a edição, alguém nos passou a
mensagem com um vídeo, a mensagem falava que esperava
que algumas pessoas fizessem a sua parte, e junto mandou
uma cena forte.
Os senhores olham para a imagem das crianças quase
se afogando na piscina, a imagem de alguém com capuz,
baixando a cabeça de uma menina na agua e olhar para a
câmera, a erguer, e falar.
— Sabe o que quero, estou esperando.
Olhei os dois amarrados, sorri, fui a região da piscina e a
cobri com a lona, iria ficar quente, mas pelo menos o nível não
subiria com uma chuva, peguei o carro, e sai dali, entrei num
hospital ao sul da cidade, vi dois senhores altos, olho para
eles, dois tiros, coloco eles no carro, volto ao estacionamento,
e estaciono lá, coloco gasolina sobre os corpos, e duas
bombas incendiarias, entro no carro ao lado, começo a sair,
ativo as bombas e vejo o carro pegar fogo, saio lentamente e
desço no sentido do litoral.

115
Estava chegando no litoral novamente, chego ao hotel,
sabia que já tinham a posição, mas tinha a chave do quarto, e
precisava tomar um banho e me preparar para o dia, mais
uma noite começava.
Olho para o segurança a porta, ele nem viu eu entrar
pelos fundos, um funcionário foi falar algo, e obvio, o
desacordei com o sonífero, o arrastei para o elevador e subi
para o quarto, coloquei o silenciador, entrei no quarto, dois
tiros e tinha um casal morto a cama, olho para o rapaz,
arrasto para dentro e amarro o rapaz entre os dois corpos,
tranco a porta e vou ao banho, tomo um bom banho, vejo as
roupas do senhor, nada do meu tamanho, chego ao rapaz a
cama e encosto a arma na cabeça dele e falei.
— Quer morrer?
Ele olha os dois mortos e faz que não com a cabeça.
— Uma pergunta, o senhor Claudio Silveira está no
hotel?
Ele sacudiu positivo a cabeça.
— Sandra Regina?
Ele sacudiu a cabeça, e perguntei.
— Se gritar eu lhe mato, entendeu?
Ele sacudiu a cabeça positivamente e perguntei
baixando a mordaça.
— Qual o apartamento dos dois?
O rapaz olha em volta, e fala.
— 13 e 14.

116
Coloquei a mordaça e apliquei outra dose de sonífero, vi
o rapaz dormir e esperei a noite avançar.
Peguei o telefone e disquei para Claudio.
— Como está Claudio?
— Onde colocou minha filha?
— Quer ela de novo?
— Sim.
— Tem um custo.
— Oque?
— Quero Caio e o Deputado Silva mortos, para ontem,
eles mortos e as terá de novo.
— Não vou fazer.
— Tem 24 horas, se não o fizer, lhe mando o caixão de
sua filha, mas verá que serei mais gentil com ela, do que com
a senhora que tirou do armário.
— Acha que não vou descobrir onde você está?
— No prédio que você está Claudio, você está em que
quarto, no 12, quer mesmo dormir ai?
O senhor parece se calar, fiquei a pensar no que ele
falaria e ouço.
— Então tenho 24 horas?
— Sim, 24 horas, sei que vai tentar me pegar neste
prazo, mas uma dica Claudio, você mata um e as coisas não
param.
— O que fez com aquele policial que fez jogar dinheiro
do prédio.
— Falei para ele sacar os 22 mil que tinha no banco, ele
quis me passar a perna em 6 mil, vão encontrar os corpos
carbonizados no estacionamento.
— Esta matando todos que lhe viram.
— Não me faça matar sua filha Claudio, embora as vezes
é melhor do que as ver crescer e fazer merda.
— Se a matar mato aquela sua prima, Tereza.

117
— Ela sabe os custos da vida, ela morta para mim é
melhor que viva, odeio gente que sabe muito sobre mim
Claudio.
— Não ama ninguém mesmo?
— O que é amor?
— Não entendi ainda seus métodos, não quer trabalhar
para mim Marcio.
— Sabe que poderia fazer a mesma proposta, mas não
daria certo, sabe disto Claudio, mas suas 24 horas estão
correndo.
Desliguei o telefone, coloco uma das perucas, faço a
barba bem feita no banheiro, e desço a recepção, o senhor me
estranhou, eu olhei para os seguranças e falei.
— Onde consigo tomar uma cerveja nesta cidade, estou
precisando relaxar, tem dias que as esposas estão
insuportáveis.
— Está em qual quarto?
— 26!
— Tem um bar a duas quadras.
— Porque tanta segurança?
— Tem um senhor importante no hotel.
— E quem iria o ameaçar neste fim de mundo?
O senhor me olhou atravessado e terminei de perguntar;
— E uma Lan House?
— Ai dá mais de 6 quadras.
Pego a caminhonete a frente e olhando os seguranças
saio no sentido da casa do gerente do hotel, a noite caia, e
entro na casa apontando para o senhor, faço sinal para o
senhor sentar, e o amarro a cadeira, trouxe os demais da casa
e os amarrei a cadeiras, umas reclamações, mas olho o senhor
e falo.
— Senhor Silva, me ouve, não gosto de falar mais de
uma vez, mas estou grampeando a casa, em cada um dos
seus filhos, em sua esposa, até em sua sogra, estou colocando

118
uma cinta explosiva, se me obedecer, todos vivem, se não me
obedecer, todos eles vão morrer, depois lhe mato, mas
podemos ter um acordo? - O encarei, ele olha os filhos, a
esposa e fala.
— O que precisa.
— Vou voltar ao hotel, lembra de mim, sei que lembra. –
Falei tirando a peruca, vi ele me olhando.
— Sim.
— Vai trabalhar normalmente. – Fiz um pequeno corte
na mão dele, por baixo da pele coloquei um sinalizador. –
Agora está sinalizado – Fiz um corte na altura do pescoço,
abaixo da orelha, e coloquei um receptor de som – E vou ouvir
o que falar, ou terei acesso ao que falou mais tarde, então
não me traindo, vive, entendeu.
Ele sacudiu a cabeça afirmativamente e falei, terminei de
dar os pontos, um ponto e fechou o pequeno corte e coloquei
um esparadrapo, e falei.
— Se eles saírem das cadeiras, as cintas explodem,
então melhor eles ficarem nas cadeiras, sei que vai vir todo
dia ao meio dia e os dar de comer, a noite comida, e na noite
seguinte, talvez já tenha acabado, mas por hoje entendeu.
— Sim.
— Em meia hora espero que esteja lá, tem dois mortos
no quarto 26, vai chamar a policia, tudo bem?
— Matou os hospedes.
— Não deveria ter os colocado lá, tinha 16 dias pago
naquele quarto, sabe disto.
O senhor me vê levantar e falo.
— Melhor não ligar para ninguém, não me trair senhor
Silva.
Sai pela porta e voltei ao hotel, entrei pela porta e olhei
para o atendente e subi, com uma mochila as costas.
Subi ao quarto 13 e entrei olhando aquela senhora a
olhar para fora assustada, ela me aponta a arma e falo.
— Senta na cama e não morre Silvia.
119
— Eu lhe mato.
— Quer tentar de novo? Explodimos juntos.
Ela olha para a mochila, não sei o que ela pensou.
— Não entendi como você escapou.
— Ninguém olha para os mortos Silvia, esta regra é
básica no esporte que vocês tocam, mas se disparar esta
arma, terei de a matar, e sair rápido, então ou atira logo ou
baixa a arma, mas sabe que nem atirar e nem baixar a arma é
uma saída.
Ela me olhava e eu me aproximava.
Chego a arma e travo ela e olho ela puxando a arma as
costas e falo.
— Senta na cama.
— O que quer Marcio?
Coloquei uma algema nela, e depois uma mordaça e
olhei para ela.
A levantei e a sentei em uma cadeira e peguei uma
caixinha as costas e falei.
— Vou lhe sinalizar, sabe o que é isto?
Ela sacode a cabeça positivamente.
— No meu jogo, não no de vocês.
A pequena incisão na mão e depois por trás da orelha e
puxei uma cadeira e falei.
— Esta me entendendo Silvia?
Ela faz que sim. Tirei uma cinta de explosivo plástico da
mochila, lembrando que no exercito aprendi a derrubar
arvores com aquilo, se aquilo arrebentava pinheiros de 50
anos, o estrago em uma pessoa eram impensáveis, abri a
blusa dela, afastei a parte na altura da barriga e falei
prendendo a cinta.
— Se tentar tirar explode, se tentar dois códigos
errados, explode, então pode arriscar, mas você que escolhe.
Ajeitei a blusa dela no lugar novamente e tirei a
mordaça e falei.

120
— Agora quero respostas Silvia, respostas e que faça o
que pedir, vai ouvir ao ouvido o que eu quero.
Falei baixo no celular - Tá ouvindo? – Acionando o
controle por trás do ouvido dela.
— Sim.
— Entendeu o problema?
— Se fizer o que você quer, pode apenas me matar no
fim, se não o fizer, morro agora.
— Na verdade não gosto de matar, mas gosto de os ver
se matar, uma pergunta, Claudio pediu a morte de Caio?
— Pediu, sacanagem isto.
Peguei o celular e disquei para Caio.
— Caio, ainda vivo?
— O que quer Marcio.
— Fiz a mesma proposta que fiz a você a Claudio, ele já
pediu sua morte, então sabe, ou mata ele ou ele lhe mata.
— E minha filha.
— Se morrer a educo no Ódio, ela me odiará, mas vai
me obedecer, se fosse você saia dai, pois os rapazes de
Claudio já devem estar chegando ai.
Desliguei e olhei para Silvia.
— Vai tentar parecer normal, entendeu?
— Ele vai desconfiar.
— Logico que ele vai desconfiar, ele lhe mataria apenas
por desconfiança, mas não o culpo, covardes são assim,
disfarçam seus medos em execuções desmedidas.
— Mas...
Apliquei o sonífero nela e falei.
— Boa noite.
Subo ao quarto, e pego as armas, o rapaz estava a se
fazer de dormindo.
Chego a ele e abro a camisa dele, coloco a cinta de
explosivo e lhe esbofeteio, ele abre os olhos e falo.

121
— Isto que carrega a barriga é um explosivo, se me
obedecer, não vai explodir, se não me obedecer terá um fim
como estes que lhe cercam.
Coloquei o chip de localização e o de escuta e falei.
— Esta marcado, e grampeado, está me entendendo?
— Sim.
— Desce e faz de conta que está tudo normal.
— Mas...
— O senhor Silva deve estar chegando para chamar a
policia, então some.
O rapaz sai assustado e desce, parecia não saber se
falaria, eu pego as minhas coisas e saio pela porta, subindo a
região dos quartos que somente na época de alta temporada
se alugava.
Abri uma das portas com a mixa e ouvi o senhor Silva no
sistema de som, que estava chegando.
Peguei o comunicador e falei baixo.
— Vai com calma Silva, primeiro se inteira das coisas, diz
que tem um hospede no 152, e aguarda eu falar quando vai
chamar a policia.
Ouvi o senhor parar, não o via, mas ouvi as dicas a
recepção e comecei a abrir um espaço no centro daquela
suíte, era das boas, pena as roupas de cama cheirarem a
maresia.
Falei para o senhor Silva marcar uma reunião no 152
logo após o almoço.
Desci as escadas olhando os seguranças, olhei para dois
a cuidar do corredor, eles se distraíram com uma moça,
coloquei o silenciador e atirei nos dois.
O quarto 27 era meu deposito de corpos, e naquela
manha, enquanto os hospedes se divertiam, fui abalroando os
seguranças, sabia que Claudio não tomava café, conhecido por
tantas coisas que eu que não o conhecia poderia fazer planos
dentro de seus vícios.

122
Era próximo das 10 e meia da manha, quando passo o
recado para o senhor Silva, acionar a policia.
Expliquei o que aconteceu pelo ponto ao ouvido dele
com o atendente e não deu 15 minutos a frente do local se
enchia de policiais.
As câmeras colocadas no quarto me apontaram que o
delegado conhecia Claudio, pois quando ele entrou, verificou
os dois a cama, olha os seguranças e olha para o auxiliar.
— Chama o senhor Claudio aqui.
O senhor Silva entrou na peça e vi que ele se assustou,
este teria medo de mim, espero que medo suficiente para ficar
em silencio, o senhor foi numerando, e quando Claudio chega
a porta, viu os seguranças mortos, 10 deles, poucos para a
quantia que trouxera, mas vi ele olhar em volta.
— Quem fez isto?
— Sabe quem Claudio, mas eu quero saber, quem é este
Marcio, porque alguém está transformando a região em um
campo de sangue?
Claudio não falou, um bom sinal.
— Tem algo haver com aquela barbaridade que o
delegado anterior fazia na região do mangue?
Claudio sacudiu a cabeça, ele parecia não saber o que
aconteceu.
— Mas quem seria este senhor?
— O ultimo ganhador.

123
— O delegado sempre me disse que não tinha ganhador,
como e quem era este senhor, e porque não o mataram.
— Todos acreditavam que ele morreu, estávamos quase
na próxima competição, e começa a morrer gente por todo
lado.
— Mas quem ganhou a ultima competição, pois este
Marcio Maier não tem condenação alguma, ele foi levado a
delegacia e saiu como se fosse alguém de posses e influente.
— Eu vi ele, não parece o mesmo, mas quem venceu a
competição foi Marcio Silva, mais conhecido como Marcio Gelo
— Está dizendo que o que nos ameaça é Marcio Come
Criancinha, aquele animal que foi condenado a mais de 300
anos, que provaram apenas 3 dos mais de 40 crimes que
sabemos que ele cometeu?
— Sim.
— Como deixam um cara deste ficar solto Claudio?
— Sabe que o delegado não passava os nomes, ele
apenas numerava eles e nos mandava, soube quem ele era
quando começaram as mortes e pressionei para saber quem
era o senhor que sobreviveu.
Sorri por dentro vendo a cara de perdido do delegado,
ele achou que estava entrando em um campo conhecido e se
depara com algo totalmente novo.
— E como ele matou os seus homens, alguém viu?
— Pelo jeito ele é melhor nisto que meus homens – vi
ele contar com os olhos – 10 mortos e nenhum dos demais
deu falta.
— Tem de ver se ele não se infiltrou nos seus Claudio,
pois é estranho, ninguém ouviu tiros.
Os rapazes do IML local, começam a tirar os corpos, os
demais hospedes olham assustados para a quantidade de
mortos, alguns ao saber que um casal morreu, pedem a conta
saindo do hotel.

124
Eu estava a observar e olhei para Caio entrar pela porta,
ele olha para os seguranças, eles não o matariam em publico,
ele olha para o chefe da segurança e fala.
— Flavio, preciso falar com o Claudio.
Fiquei na imagem, os rapazes de Claudio estavam se
armando e fiquei a olhar para eles, o senhor Claudio recebe
por celular a informação e desce de elevador.
— Qual o problema Caio? – Claudio dissimulando.
— Vai mesmo fazer isto Claudio, eu lhe apoiei em todos
os momentos e vai mandar me matar porque um desgraçado
pediu isto?
— Tem de ver que não posso ver minha filha morrer.
Caio sacudiu a cabeça negativamente e perguntou.
— Amarelou Claudio? Pensei que era homem, agora
virou um ratinho deste Marcio?
— Sabe quem é ele, viu o estrago que ele fez por ai.
— É um bosta Claudio, o defendi, lhe dei segurança,
estes cagões a volta, em grupo são valentes contra mim, mas
se tiverem sozinhos, um bando bom de cumprir ordens, mas
que me temeriam, bom saber que me traiu.
Caio começa a andar de costas, sabia que os rapazes
estavam chegando, teria de sair rápido.
Ele chega a porta e dois rapazes encostam uma arma
por cada lado, um tirando a pistola da mão dele.
— Quietinho Caio.
Desci pelo elevador, sai pelos fundos com minha peruca
loira, olhei os rapazes a porta, olhei os demais, todos voltados
para a porta, todos me dando as costas, coloquei a peruca no
bolso traseiro, tiro o capuz do esquerdo o colocando, cheguei
a caminhonete, olhei em volta comecei pelos ao longe,
quando comecei atirar, muitos estavam olhando para quem
atirava, até os dois valentes que pegaram Caio, o usavam
agora como escudo, os 18 rapazes da segurança externa
caíram muito rápido, Claudio tinha uns rapazes muito lentos.
Olhei para Caio e falei.
125
— Sua chance de sair Caio.
Os rapazes tentaram o segurar, mas um sentiu o tiro lhe
atravessar o ombro e largou a arma, Caio se joga no chão e
os dois foram alvejados a porta, para dentro do Hotel, onde
alguns hospedes que fechavam a conta, começam a se
esconder, vi Caio sair ao longe. Coloquei a peruca novamente,
armei a metralhadora para começar a atirar na fachada do
hotel e enquanto eles ficavam se escondendo, calmamente
dou a volta e retorno a suíte de cobertura.
Subi fazendo de conta, que não reparava que Caio me
seguia, entrei no quarto, olhei para a sacada e depois para
dentro, olhei aquele senhor entrar pela porta e falei.
— Podemos conversar Caio?
— Onde está minha filha?
— Na capital, onde mais. - Eu queria ver se Caio saia do
disfarce, mas duvidava disto.
— E quem está cuidando dela lá?
— Ninguém, ela está em uma prova de resistência, mas
acredito que ela passe.
— Não pode a matar.
— Eu não a matarei Caio, ela e a filha de seu amigo lá
embaixo estão na mesma prova de resistência.
— O que quer conversar?
— Este grupo do Claudio é uma piada Caio, quer mesmo
trabalhar para uma bosta desta? – Estranhava o senhor se
manter ali, ele queria me enganar, ignorando que eu sabia
quem ele era, ou o que ele estava pensando?
— Você pediu para ele me matar.
— Esperava que os dois conversassem e tentassem me
enganar e me pegar, e não levassem a serio o que pedi, eu
pedir coisas absurdas, normal, não me conhece. – Apontei a
arma para ele e falei – Senta na cadeira.
Ele sentou-se e sentei de frente a ele.
— O que mais de tão absurdo você pediu?

126
— Para uma filha cortar a barriga da mãe dela e apertar
seu coração até ele parar de bater. Mas isto não é método de
Marcio Gelo, ou é?
— Você é um animal.
— Estava numa solitária, isolado, em uma prisão de
segurança máxima, iria morrer lá, quer dizer, legalmente ainda
estou lá, vocês me tiraram de lá, eles nem viram as mais de
300 pessoas que matei em 20 anos, me pegaram em uma
semana que deixei passar detalhes desapercebidos, mas sei
que não gosto de vocês, que odeio estas amebas que vivem
para tomar sol, para dar tiro quando o dono, com outro nome
mandar, sei que livre desconto minha violência e meu ódio,
apenas o canalizei. – Menti, eu não vivera isto, mas parecia
que não teria o que queria daquele senhor.
— Não se arrepende?
— Eu fui pego Caio, pois eu olhei uns olhos azuis de
uma menina de 8 anos, e não a matei, se a tivesse matado,
estaria solto, continuando a fazer o que fazia, e ninguém
olharia para mim, eu dei chance ao azar, mas assim como
odiei ser pego, aprendi com isto, por 8 meses preparei o que
está acontecendo, posso morrer hoje, e todos aqueles
políticos, Delegados, seu patrãozinho, morrem da mesma
forma, apenas não curtirei as mortes. – As vezes estanhava a
frieza deste senhor, queria ser assim, não transparecer nada,
ser apenas um rosto impávido, sem sentimentos.
— E porque está conversando?
— Estou tentando lhe trazer aos que ficarão vivos, gosto
de gente que assume um caminho sem sentido, aquela
tentativa que o falecido Ronald de não jogar o dinheiro foi
cômico. Sabe que lhe filmaram lá. – Olhei o senhor.
— Estava lá.
— Eu não sou bonzinho Caio, mas odeio gente que
segue regras, ordens vazias, tem potencial que não tenho,
mas não sei se resiste a uma vida no ódio.
— Quer me cooptar para seu grupo, mas não vou ajudar
você antes de ver minha filha viva.
127
— Então sai antes do pessoal começar a entrar.
— Não tem medo de morrer?
— Todos vão morrer um dia ―Caio‖, - destaquei o Caio -
a diferença, é que quando eu morrer, muitos vão sorrir, pois
seu maior pesadelo morreu, quando você morrer, alguns vão
chorar, de saudades, por amor, eu prefiro ser lembrado pela
verdade, eu odeio esta mesmice, se sair por onde entrou,
ninguém nem vai olhar, pois esta segurança é cômica. - Olhei
ele sair, se mantendo no disfarce de Caio, estanho como meu
discurso provocativo não o alterou.
Vi o senhor sair, peguei a arma, e sai pelas escadas,
colocando o capuz, desci por elas, até ver os corpos sendo
colocados em sacos no quarto 27, sorri e olhei para os
rapazes, eles estavam ocupados e entro no quarto e aponto a
arma para o delegado.
— Senta na cama Delegado.
O senhor se assusta, e falo.
— Queria dizer uma coisa delegado.
— Você é um animal.
— Queria apenas dizer, que se no fim, tudo indicar
minha morte, não acredite antes de me ver no caixão, e
verificar se não é um impostor, cuidado com Claudio, ele vai
pedir para os rapazes dele limparem a área, todos que
souberem de algo, ele apaga, e vi você perguntando para ele
se não era aquele joguinho idiota, cuidado.
Chego perto e apenas aplico o sonífero no pescoço dele
e olho para os rapazes a porta, aponto a arma e falo.
— Correndo carregadores.
Eles me olham como se não fossem fazer isto, saco a
arma, destravo e dei mais 4 tiros, peguei um saco preto a
porta e coloquei o Delegado dentro, coloquei no ombro e subi
pelas escadas dois andares, chamei o elevador e subi a
cobertura.
Coloquei o senhor em uma cadeira ao banheiro,
amarrado e amordaçado.
128
Sentei, não era mais criança, o delegado era pesado,
para subir dois andares pela escada, estava ficando mole, mas
depois fazia mais exercício.
Olho a porta e vi Carlinhos, ele me olha desconfiado,
tirei o capuz, mas mesmo assim estava com uma peruca e
bigode.
— Encomenda para Marcio.
— Entra Carlinhos, o que tem para mim.
— Quando vai me deixar em paz?
— Eu não sou de deixar as pessoas em paz, mas o que
trouxe?
Ele tira uma mochila da costas e abre uma pasta, onde
se via quatro pilhas de cintas plásticas com 5 unidades, olha
para os bolsos da pasta e fala.
— Aqui tem chip de controle, nunca foram testados em
frequência fechada, dizem que funciona, mas o que pretende
com isto?
— E as armas?
— Tem duas metralhadoras portáteis, um rifle de longo
alcance, e 22 pistolas, tem granadas e explosivo plástico, e
100 micro câmeras sem fio.
Entrei e peguei 6 mil reais em notas e coloquei na mão
dele e falei.
— A entrada, se sobreviver pago o resto.
Carlinhos olha o dinheiro e um papel junto e fala.
— Está doente?
— Vai antes que mude de ideia Carlinhos.
Vi ele sair e programei as cintas, os chips de áudio e os
de controle.
Fui a sala e coloquei metralhadoras em pedestais as
paredes, e as cadeiras ao centro.
Vi o senhor Silva entrar, ele parecia descontente, e não
ficaria mais contente do que já estava, muito pelo contrario, vi
alguns funcionários, eu ao fundo apenas observava, vi os 26

129
funcionários virem a reunião, alguns estavam pensando que
ganhariam a conta, quem dera fosse assim bonzinho.
A porta fechou, o gás inodoro começa a tomar o local e
eles foram caindo desacordados, os coloquei as cadeiras,
coloquei as cintas, os controles, e liguei o som alto, eles
parecem vir no susto, olho para o senhor Silva sentado a
ponta e falei.
— Boa tarde a todos, vou ser breve, cada um de vocês,
agora carrega um explosivo ao peito, e um chip de controle
atrás da orelha, não recomendo tirar nem o chip e nem a
cinta, se não quiserem ir ver Deus antecipadamente, ou pior,
descobrir que ele não existe antecipadamente.
— Quem é você? – Uma moça.
— Alguém que está pegando o hotel emprestado por 10
dias, qualquer hospede que chegar nestes 10 dias, dirão que
está lotado, o comportamento de vocês será o mesmo,
considerando que espero que consigam manter a higiene em
alta, mesmo sem tirar esta cinta, e não se preocupe, ela não
explode com agua, mas com eletricidade não é tão segura
assim.
— Porque disto?
— Porque eu quero, porque se vocês presam suas vidas,
vão obedecer, e toda pessoa que atraírem para dentro, seja
família, amigo, uma dica, eu adoro matar quem me atrapalha,
então recomendava os deixar longe por 10 dias.
— Mas vai nos matar?
— Quanto menos souberem, quanto menos
perguntarem e mais se comportarem como se tudo estivesse
normal, maior a chance de todos saírem vivos.
— Mas e nossas famílias? – Um rapaz.
— Mantenham longe, pois senão vou a sua casa e
prendo todos eles, um a um, e não vai me querer em sua
casa, ou vai? Querendo saber onde mora, o que faz, como lhe
achar ao final de tudo isto.
— E esta nos prendendo aqui? – O rapaz.

130
— Ao prédio, por 10 dias, se passarem pela porta para
fora nestes dez dias, o sinalizador da cinta vai começar uma
contagem regressiva de 10 segundos, se voltar neste tempo,
ela desativa, se não voltar, morte na certa.
— Então somos prisioneiros? – A primeira moça.
— Vocês são meus convidados a estar trabalhando aqui
por 10 dias sem descanso, vocês não conhecem os meus
prisioneiros para se acharem presos.
Peguei a mochila e comecei a descer, eles iriam falar
mal de mim, mas fui instalando câmeras de vigilância e perto
das 4 da tarde estava saindo pela porta frontal.
Olho que alguns policiais estavam tirando os corpos da
parte frontal, olho o carro do outro lado da rua, atravesso,
entro nele, um agito geral, pessoas saindo do hotel, gente
entrando em seus carros e se direcionando a outro hotel,
policiais ao longe isolando a área, olho o espelho, para ver se
bigode e cabelo estavam no lugar.
Olho em volta novamente e estranho que ninguém
estava realmente ali, parecia pessoas deslocadas da realidade,
pois talvez não soubessem mesmo a realidade, meus olhos
não acharam ninguém me olhando, mas um cheiro estranho,
colônia masculina me alertou, a mão estava na ignição, afasto
rápido, basicamente pulo para fora do carro, colocando a mão
na arma as costa, me encostando na parede da loja frontal ao
hotel, penso se alguém reparou, sorrio da minha paranoia,
estava olhando em volta a sorrir dela quando o carro explode.
Sinto o calor do carro a poucos metros de mim passar
por mim, me viro sentindo o cabelo pegar fogo, me livro da
peruca, olhava em volta, e vou andando lentamente me
afastando, agora sem disfarce, sem arma pesada, apenas
pensando se os demais seguiriam o que falei.
As pessoas ouvem a segunda explosão, o tanque de
gasolina explodiu, mas já estava a 100 metros do carro, vi as
pessoas correrem para lá, e olho em volta, olho para as
janelas do hotel, e vi um senhor me olhando, Caio, ele levanta
as mãos como se não tivesse sido desta vez, sorrio, ele deve
131
ter achado maluquice, mas tenho de confessar, levei sorte, se
tivesse girado a ignição estaria morto, com certeza Caio
quando me viu sair do carro pensou em ainda me pagar e
acionou no automático, algo que deveria ter sido disparado
pela ignição.
Olho o fogo crescendo e ando rápido, pois sabia o que
aconteceria, e o fogo chega as cintas que havia pego para
usar na chácara, e se ouve a terceira explosão, eu me recolho
e se vê o grande buraco no chão, olho para a janela em que
Caio estava e sorri, levantei os ombros, se via o susto dele.
Olho um casal saindo do carro como se olhando a
destruição, entro no carro deles e disparo no sentido da
rodovia.
Nem olhei para trás, fui ao sito do Jose, já me demorara
muito para voltar, parei vendo que tinham revirado todo o
sitio, tiraram o corpo do filho do senhor, olho o poço e vejo
aquela cabeça para fora, e levanto a grade do poço, os olhos
de exausta de Mirian eram um misto de alivio e ódio, mas ela
sabia que se reclamasse era capaz de a jogar lá novamente.
— O que fiz para merecer isto Marcio?
— Sei que demorei muito, mas vai parar de me trair
Mirian?
— Que saída tinha, fiz o que disse, e sofro as
consequências, não faço, sofro as consequências, sabe que
não lhe odeio, eu lhe temo Marcio, mas você não fala disto.
— Entra no carro que vamos sair daqui.
— Não sei quem foi, mas fizeram uma algazarra no inicio
da manha, não conseguia ouvir oque, os ouvidos estavam na
agua, mas ouvia a festa e tiros para cima.
Pensei, olhei as marcas dos pneus e falei.
— Entra, sabe que não quero você morta, mas não quer
que fale do que não entendo.
Mirian entra no carro e fomos no sentido da casa que as
crianças dormiam, abandonada, entro nela, o cheiro de
essência dizia que aquele senhor esteve ali, fiz sinal para

132
Mirian recuar e como alguém treinada, anda de costas até
encostar em uma arvore, olho para o sistema e olho para um
sistema a mais de fios, sorrio e saio pela porta, alguém
querendo usar câmeras, as minhas, contra mim.
Sai e olhei em volta e falei para Mirian.
— Aquele Caio quer jogar Mirian, ele pegou o cofre do
Jose, ele alterou as câmeras que usamos para uso dele, será
que ele sabe onde estão os explosivos, será que ele sabe onde
a filha dele está, ou a vai explodir antes de descobrir?
Mirian olha para mim e sorri.
— Alguém a altura?
— Quem controlava o sistema, aquele que nos dava
como vivos ou mortos, ele nos deu como mortos, então ele
sabe que não somos fáceis de matar, mas ele vai tentar.
— E o que aconteceria com as crianças se morresse
agora.
— O que aconteceria com você se ninguém fosse lhe
tirar da cela Mirian.
— Morreria.
— Como digo, quando eu for morto, a corrida dele
começa, não acaba.
— E o que vai fazer?
— Dar uma dica para alguém para que se eu morrer,
mesmo ela explodindo, indicar onde as crianças estão.
— Porque não fala onde?
— Ele sabe onde elas estão Mirian, ele não é burro, mas
como não sabe como chegar lá, ele está tentando nos induzir
ao erro.
— Uma caçada? – Mirian Sorrindo.
— Vamos pegar as armas então, antes de começarmos a
guerra.
Olho a casa, a moça não entendeu, mas fomos a uma
parte do fundo, imaginava que Caio teria a imagem dali pelas
minhas próprias câmeras, e abro a porta, se via a escada em

133
descida, olho para o canto e pego uma leva de garrafas de
agua mineral e chego ao cativeiro das crianças.
Eu olhei as crianças e vi se estavam bem, vi nos olhos
de Mirian que não esperava que estivessem vivas, ela me olha
e fala.
— Está ficando mole.
— Talvez.
Pego o sistema e libero as câmeras dali, se o senhor
queria olhar, que olhasse, talvez não entendesse, mas era a
hora de acelerar, ou não, mas para isto novamente teria de
ser ruim, fui abrindo as celas e falei.
— Todas saiam e me esperem.
— Vai nos abandonar onde? – Cintia.
— Cobaia Cintia, eu me mantive longe, para as poupar,
talvez o olhar de Mirian sobre mim esteja certo, estou ficando
mole, poupar pessoas como você Cobaia Cintia, me custou um
processo e uma condenação de 300 anos, eles não me
condenaram pela morte que tinha a prova, mas pelas que
sabiam que fiz e não tinham prova, mas foi olhando um olhar
de uma menina de 8 anos, não atirando nela, que fui pego,
condenado, em teoria, eu ainda estou preso na cadeia em
isolamento, então não me conhece, sou ruim, adoro o ódio, e
não sei viver fora do Ódio, mas vamos sair, pois não é mais
seguro este lugar.
Cheguei a Rita e vi que estava com febre, não teria
como a ajudar, estavam todas nuas, sujas, vermelhas pela
terra local.
Saímos, usei as algemas que estavam as prendendo as
grades, e amarrei as algemas, e começamos a caminhar
naquele fim de tarde em meio a trilha, pegue a trilha no
sentido sul, não porque era o melhor, mas porque era onde
não haviam câmeras.
Paramos em uma das torres de controle que os meninos
usaram, chego a peça lateral, pego uma serie de camisetas e

134
calças de agasalho e fui alcançando as crianças e olhei para
Rita e falei.
— Como está a febre.
Ela estava encolhida, peguei um antitérmico, e dei com
agua para ela, um ―Fraca‖ veio a minha mente, mas não falei,
ela tentava se mostrar forte, mesmo em frangalhos, as filhas a
abraçaram e olhei para as crianças e falei jogando a chave das
algemas.
— Tirem as algemas e vão subindo a escada.
— O que vai fazer com a gente? – Regina.
— Cobaia Regina, se não me obedece, sabe que não sou
bom, mas sobe, e vê se não faz burrada.
Alcanço a roupa para Mirian, ela sempre esperava, ela
sabia o quanto eu era sistemático, deveria estranhar os planos
e subimos pelas escadas de madeira naquela torre de madeira
feita para vigiar uma casa que não estava mais lá. Chego ao
topo e olho para Cintia e falo.
— Pega um cobertor no lado, sua mãe está com febre,
ela precisa esquenta o corpo, com o antitérmico e a coberta,
ela se recupera rápido.
Mirian vê eu chegar ao topo e acionar uma tela, mas não
mexi nos comandos, apenas o liguei e falei.
— A câmera me dará o que ele está olhando, o que
procura, ele tende a por uma serie de câmeras, mas o que ele
procura, não está nas câmeras, mas ele não sabe disto.
Mirian olha o senhor procurar no hotel, olha para mim e
pergunta.
— O que ele procura?
— Ele sabe que eu pretendo voltar ao hotel, e isto o fará
controlar todas as entradas.
— O que vai fazer?
— Vou por 30 telas a volta, com 300 endereços fixos,
com o retirar dos dados via casa de Tereza, e retransmitido
via satélite, como criptografia.
— O que quer saber?
135
— Quem, oque, e como vão o apoiar.
— O que espera?
— Tem gente que não se mexeu ainda Mirian, tem gente
achando que Claudio dá conta, gente que não está nem ai se
matarmos todos, mas vamos com calma.
Comecei a colocar as telas, liguei o transmissor via
satélite, demorou para conectar, não estava usando o sistema
por ali, e sim pela capital, então o inicio demorou.
Vi a tela que Caio controlava colocar a única imagem da
casa de Teresa, a tela começa a me dar milhares de telas e vi
ele por uma, ele olha para trás e fala olhando para a porta e
vê Silvia.
— Como ele colocou uma câmera em você Silvia?
Ela abre a blusa e ele recua.
— Filho da Puta, o que ele quer?
— Que me comporte como se estivesse tudo normal.
— Mas como ele fez isto?
— Microchip, não sei como funciona, mas ele não esta
usando ainda, mas ele disse que se tentar tirar, explode.
— Não duvido, isto ai que tinha na caminhonete?
Ela sacudiu a cabeça e olho para os demais sistemas e
coloco na minha tela a chegada dos rapazes na casa de Jose,
o achar e o pegar do cofre e colocarem numa caminhonete.
Sinalizei como alvo 1 aquele cofre, vi por outra câmera
Caio olhar a imagem e se depara o cofre e alguns sendo
mortos para não dividirem e fala olhando para Silvia.
— Cuidado, os rapazes estão matando baratas, isto é
medo.
— Quem eram estes?
— Não sei, eles metralharam e parecia gente do Claudio,
e vão dizer que foi este Marcio.
— Mas o que este Marcio faria com este cofre?
— Não sei, mas com certeza, deve ter algo que o
interesse, ele pretende recuperar o cofre.

136
— Como sabe?
— Sandra, ouvi ele falar, ele estava no isolamento, quer
dizer, teoricamente ainda está lá, e deveria ficar lá, pois
animais não se solta, a sociedade moderna não é feita para
pessoas como eu e ele, eles querem tudo certinho, mas para
isto, precisam criar pessoas como nós.
— Acha que o entende?
— Não, ele reparou que estava usando o sistema dele,
pior, reparou sem acessar, ele deve conhecer cada canto que
montou, mas enquanto os rapazes de Claudio se matavam,
olhe isto. – Caio coloca a imagem das meninas nuas, mas
vivas sendo retiradas de um buraco por baixo da casa que
todos diziam ser o local de mortes.
— Ele salvou as vitimas, o que mais tem?
Ele coloca a imagem a imagem quando eu tirei Mirian do
poço.
— Ele pode ter mais gente em locais assim?
— Ele tinha as moças, mais moças, mas não sei onde
estão, deve ser na capital.
— E quem ele salvou ali?
— Temos uma moça da policia civil da capital, sei que
duas são as filhas dela, mas ele matou o marido e o amante
da moça, e obvio, ele não vai falar para elas.
— Ele gosta do sexo feminino.
— Uma falha que já lhe custou uma condenação, e
agora pode o custar a vida.
— Sabe que Claudio está lá embaixo tentando que mais
rapazes venham a cidade.
— Ele não entendeu, ele acha que o senhor é dois, mas
é alguém esperto, mas um único, que conhece a região.
Eu estava olhando para as imagens que Caio olhava e
ouço pelo comunicador na cinta de Silvia.
— Se olhar, todos os funcionários do hotel, tem uma
saliência na cintura, todos estão pensando que ele vai voltar,

137
mas pelo jeito, a ordem é se comportar como se nada tivesse
acontecendo.
— O que ele quer com isto?
— Acredito que ele está atraindo alguém, posso estar
enganado, mas ele espera Mauricio Lemos e seu assessor.
— Acha que ele esta dissimulando para isto?
— Se hoje alguém tentar uma vaga, vão dizer que o
hotel está todo ocupado, sabemos que mais da metade dos
que estavam no prédio saíram de medo, depois dos tiroteios,
da explosão, ele está tentando saber o que está acontecendo,
mas ele colocou em uma telas, mais de 300 câmeras, mas ele
não meche nelas, apenas observa, somente quando vê algo
como o cofre, ele mexeu, agora ele sabe onde está o cofre, é
um bom lugar para uma arapuca a mais.
— A mais?
— A caminhonete dele de alguma forma ele desconfiou.
— E como ficaríamos?
— Chamaríamos o antibombas, tem de ter um sistema
de comunicação via radio, mas não nego que passariam medo
até desarmarem, mas ninguém pode garantir que ele não
traga o prédio a baixo, por algo desencadeado com a morte
dele, mas se ele poupou as primeiras crianças, começo a
pensar que tenho de descobrir onde ele colocou minha filha
antes de o matar.
— Por quê?
— Porque se ele não for lá as dar de comer e beber, e
não souber onde é, aquele buraco que ele tirou as crianças, se
ele tivesse morrido, elas morreriam também Silvia.
— O que quer com isto? – Ouvi e tive de olhar quem
falou e vi que era Rita, a voz parecia mais fina, ela parecia
estar frágil, mas não estava com pena, estava mudando os
planos, e olhei para as demais.
— Estou tentando pensar Rita, a pergunta, temos uma
trégua, ou querem voltar para lá?
— Vai nos matar de qualquer jeito.
138
— Rita, todos a volta, pensam que seu marido está
morto, mas ele não morreu, mas está lá preso na sala de
estar, com Pedro, como todos os rádios e TVs deram a morte
deles, acharam corpos cremados, se não for lá os tirar, eles
podem morrer.
— Porque os prendeu então?
— Eu não gosto de homens, pensei em fazer suas filhas
os matarem, ou eles se matarem, para me provarem que
fariam o que mando.
— E o que mudou?
— Nada, mas pode fazer diferente, e salvar sua família,
decretar uma trégua, se cumprir o que eu pedir, terá mais
uma chance de ver suas filhas, e no meio disto terá seu
marido solto.
— Mas tem uma condição.
— Lógico, acha que tudo aqui é de graça?
— O que pretende?
— Dorme um pouco, tem de estar melhor.
— Mas...
— Não sei em que merda de academia aprendeu a atirar
moça, mas vamos treinar tiro.
— Mas se não quiser.
— Vou ter de convencer umas das suas filhas se
preparar para salvar o pai delas, mas acho que elas não estão
prontas ainda para isto, tem de crescer, se não estou sendo
claro.
— E o que vamos fazer? – Rita.
— Vamos é bom, mas tem de saber, é perigoso, mas
vamos sair daqui, vamos conseguir um carro, vamos a capital,
vamos salvar 5 crianças a mais, minhas cobaias, espero que
tenham resistido lá.
— As deixou em que estado? – Mirian.
— Com a cabeça de fora da agua, apenas isto.
— Você não poupa nem as crianças.

139
— Você que diga Mirian. – Falo a olhando.
— O que fez com aquela que chora ao fundo.
— Fiz ela matar a mãe, não aguentava mais ela me
chamando de demônio, repetindo Salmos como se fossem
sorte chinesa.
Vi a forma que a menina me olhou e falo.
— Tem de entender Regina, sua família agora sou eu,
pode me odiar, mas se fizer e passar pela sua iniciação, pode
ter certeza, mesmo que eu morra, será alguém na vida, pois lá
fora, as pessoas não são boas, elas lhe sorriem e tiram a
comida de sua boca, elas lhe chamam de amiga, e lhe traem,
como Rita referente a Marcia, amiga de infância, a outra acha
que ela é uma grande amiga, e nem tem certeza se a pequena
Cintia é de Ronald ou de Pedro, marido da amiga de infância.
— Não tem o direito de falar isto. – Rita.
— Sabe o que tem de engraçado nisto Rita.
— Nada disto tem de engraçado.
— Ronald não afasta Pedro e Marcia, pois não tem
certeza se Pedro Junior, não é seu filho.
— Eu mato Ronald se ele me traiu.
— O Pedrinho tem quase um ano a menos que Cintia, e
quer se fazer de ofendia. – Falei a olhando.
— Porque está fazendo isto, quer me jogar contra
minhas filhas?
Pensei olhando ela, ela estava reagindo, o corpo
melhora melhor quando reagimos, então falo para ela serio.
— Tem de entender Rita, eu falar não quer dizer, é
verdade, pelo contrario, mas somente quem sabe da verdade,
consegue ser forte, quem acha que as pessoas não desejam,
não traem, não mentem, não pecam, não são cegas, elas
apenas se negam a própria verdade.
As filhas estavam abraçadas com a mãe e Cintia me olha
com raiva e fala.
— Não pode falar assim da minha mãe?

140
— Quer que a obrigue matar o tio Pedro, fala isto de
novo Cintia.
Ela se cala, abraça a mãe e fala.
— Você é um monstro.
Sorri e falei olhando as meninas.
— Bruna, atrás daquela porta tem uns colchões e
cobertas, devem estar com cheiro de maresia, mas servem
para deitar, vamos dormir todos aqui em cima, se querem me
matar, a melhor hora é esta.
— Não teme a morte? – Carlos.
— A desejo, mas ajuda sua irmã.
Os dois pegam os colchões e foram colocando ali
naquela peça grande e olho para Mirian.
— Aproveita e dorme, vou esticar a tela de pernilongo a
toda volta.
Fui ao trabalho, olhava de longe as imagens, pensando
em como agir, olho para as crianças ficando em grupos, e
sentei ao lado de Regina.
Ela me bate e apenas devolvo o tapa.
— Tem de entender Regina, a quero forte, e não filha de
um pastor sem escrúpulo.
— Eu te odeio.
Olhei ela e falei baixo ao seu ouvido.
— Não deixa eles saberem que não preciso odiar para
matar alguém, mas deita aqui no meu ombro.
— Eu não quero dormir com você.
— Eu a quero aqui Regina, e não vai dormir comigo, vai
dormir em meu ombro, é diferente.
— Não algemou ninguém, por quê?
— Não sei uma saída, não existe uma então se me
matarem aqui, pelo menos não carregarei olhares
decepcionados e sem ódio no fim.
— Quer morrer?
— Não, mas encosta aqui.
141
— Vai abusar dela? – Rita.
— Se o fizer, não serei diferente do pai dela Rita, mas
ela me odeia por matar a mãe dela, não aquele monstro do
pai dela.
Rita olha a menina e apenas a ajeito ao ombro e ela fala
baixo, sem me olhar.
— Mas judiou de minhas filhas.
— Digamos que ainda não acabou Rita, mas me matar
neste momento, é entrar na lista das pessoas a serem mortas
apenas por estar no lugar que eles chegaram com ordem de
matar todas.
— E como sobrevivemos?
— Você vai a capital, vai soltar seu marido, pedir para
ele falar com poucos, e começar uma investigação, as escuras,
sem falar com muitos, enquanto eu termino o que tem de ser
feito.
— Posso levar as minhas filhas?
— Lógico que não, elas ficam com garantia que vai me
trazer as filhas de Claudio e Caio, para negociar nossas vidas
Rita, ou quer acordar um dia morta apenas por ter sabido que
eles fazem um joguinho entre delegados.
— Mas...
— Rita, estamos aqui, numa torre, podendo estar em
um hotel, pois lá, eles vão matar todos que acham possível,
espero que o hotel esteja lá pela manha.
— Por quê?
— Aquele Claudio é um bosta, e ele pode pedir a morte
de um funcionário, para se achar gente, o coração do
funcionário do hotel para, o cinto na sua cintura sente a
parada e aciona o explosivo, ele explode, mas C4, é mortal e
destrutivo, se tiver outro próximo, aciona o próximo, e se
levarem azar, morrem todos.
— E tem quantos armados, destas explosões.
— Rita, seus amigos estão mortos, se não os ajudar, se
não quer fazer parte, desce e vai ao hotel, garanto, pela
142
manha estamos saindo daqui, mas terei de criar suas filhas,
mesmo elas me odiando.
Mirian me olha e faço sinal para ela chegar perto e ela
me abraça.
— Não me procura mais, o que está acontecendo
Marcio.
— Hoje estou segurando o Marcio, o animal, o ser que
não deveria estar solto, mas que não sabe viver preso.
— Acha que saia de lá?
— Acho que o que faz alguns viverem é uma meta,
pensa em alguém há um ano, em uma solitária, o primeiro
ano foi difícil achar o fraco do concreto ao chão, e o esfarelar,
restos de cimento junto com o arroz que não comia, eles não
olham isto, segundo ano, usando a agua do banheiro para
transformar uma parede ao fundo, e mais larga, com a argila
por baixo da cela, iria precisar de uns 5 anos para sair de lá,
mas sairia.
— Não para de planejar mesmo em uma solitária?
— Se você não me entende Mirian, quem pode me
entender?
— Vão ficar fazendo barulho? – Regina.
Minha mão correu por baixo da coberta e segurou na
altura dos seios da menina e falei baixo.
— Calma, já chego ai.
Ela me olhou um misto de ódio e falta, não entendi,
olhei alguns olhares e falei para Mirian.
— Terá de me dividir agora.
— Porque está fazendo isto.
— Porque nossa família cresceu, mas elas ainda não
sabem fazer parte da nossa família, eles mataram Tereza, eles
perguntaram coisas que ela não sabia, idiotas nem sabem
fazer uma tortura sem matar a cobaia.
— Eles não se preocupam se estaremos vivas. – Mirian.
— Acha que me preocupo.

143
— Me deu 10 cm para respirar, sabe que eles nos davam
dois ou três, para apenas o nariz, para respirarmos agua, e
com o tempo o pulmão reclamar.
— Acho que ainda não me odeia o suficiente Mirian, e fiz
de tudo para me odiar.
— Você disse que a família cresceu, quem entrou para a
família.
— Regina, matei o pai dela, e a forcei cortar a mãe,
Bruna e Carlos são filhos do Delegado, teremos ainda 4 moças
que vão entrar como Cobaias Servas, e uma que tenho de lhe
apresentar.
— Está maluco, sabe que não vai dar certo.
— Sei, por isto estou lhe contando, se eu morrer,
alguém tem de tirar as moças da chácara do desafio, as
crianças de Caio e Claudio, estão na casa da Policial ai na
frente, por baixo da lona da piscina, apenas com parte da
cabeça para fora da agua, mas se ninguém olhar, morrem lá.
— E estas duas ai? – Fala olhando para as filhas de Rita.
— Uma incógnita, desta vez abusei da sorte, deixei
aquele Caio vivo, para ele tentar me pegar, ele quase me
explodiu com carro e tudo, tem aquele Claudio, que daqui a
pouco é passado.
— Como assim?
Eu olhava o senhor entrando na peça que Silvia estava,
ele a encosta na parede e fala algo que não ouvi, apenas
acionei o dispositivo, e a câmera dela parou, não ouvimos o
estouro, mas vendo a câmera de Caio, vi o susto dele, vendo
aquela fumaça enchendo o hotel.
Paguei o telefone e liguei para Caio.
— Não suportei sua inercia, e Claudio já foi, então terá
de me oferecer algo melhor que ele por sua filha.
— Acha que vou matar alguém para ter minha filha de
volta?
— Quer que exploda o prédio inteiro Caio, para não
matar aquele cagão do Mauricio Lemos.
144
— Desconfiei que iria pedir isto, mas o que fez com
Claudio?
— Explodi ele e Silvia.
— Não pega leve, vai querer matar mais alguém?
— Todos, mas quando tiver 30 mortos a mais, pode ser
que não tenha mais como me deter Caio.
Desliguei e olhei para Rita e falei.
— Se pensa que esta tornozeleira é ruim, não entende
como posso ser bem ruim.
Olhei para Bruna e perguntei;
— Pronta para matar mais umas 4 pessoas amanha?
— Porque gosta tanto de matar.
— Gosto da cara de dor de vocês quando tatuo o nome
dos mortos.
— E tem alternativa? – Bruna.
— Os deixar lhe matar.
— Eu os mato, mas porque disse que somos de sua
família agora?
— Seu pai e mãe, entraram em uma brincadeira
perigosa, e acabaram morrendo.
A cara do menino foi de descrente e olhei para Bruna
segurar uma lagrima e falei.
— Vem aqui Bruna. – Olhei para Mirian e falei – Cuida
do Carlos para mim.
Ela me olhou indignada, Rita olhava indignada.
— Se não quer ver o que vai acontecer, dorme.
— Você não pode fazer isto.
Me levantei, olhei para Regina e falei.
— Já cuido de você.
Encostei em Rita, ela parecia frágil, eu não gostava de
pessoas frágeis, ela me chutou, me tentou afastar, e algemei
ela na madeira de proteção, ela não sabia que isto me
agradava, ela se bate, senti Cintia me bater, para parar, e
olhei para ela e falei.
145
— Cintia, me bate de novo e entrara para minha família
na marra.
Arranco a calça de Rita, ela estava suja, aquela cor de
terra, me debruço sobre ela, ajeitando a perna entre as dela,
sinto-a quente e chego ao ouvido dela, ela tenta me morder e
falo baixo.
— A considero minha família Rita, você e suas filhas,
obvio, está defendendo um amor, uma família, mas saiba,
entrou para esta família, mas não entendeu ainda.
— Não o quero.
Levantei a roupa dela, sabia que ela me odiaria, e falei
lhe beijando a força, senti ela mordendo minha língua e
apenas a recolhi, o gosto de sangue estabelecia o problema, e
a ajeitei mas não separei os lábios, ela sente-me quente
dentro dela e falo.
— Sei que posso não sobreviver Rita, mas cuida da
nossa família, mesmo que me odeie.
Afastei-me dela e olhei para Carol.
— Muita raiva ainda?
— Você estuprou minha mãe.
— Não, eu abusei dela, assim como vou abusar de vocês
se disserem coisas que não quero ouvir, as vezes posso ser
carinhoso, as vezes, vai ser para me odiarem mesmo,
entenderam?
As duas se olham e ficam quietas e olho para Cintia.
— Sua mãe está quente demais, tem de cuidar dela
melhor pequena cobaia.
Me levanto novamente ajeitando a roupa, jogo a chave
da algema para Cintia e deito entre as duas meninas, abraço
as duas e falo.
— As duas escaparam hoje, mas hoje quero me sentir
menos ruim, então quero abraços, mesmo odiando me sentir
carente e mortal.
As duas me abraçam e pego no sono, estava a muito
tempo sem dormir.
146
Quando me tocam o braço, o erguendo e prendendo a
algo, soube que estaria em mal bocados quando acordasse,
ouvi uma menina falar baixo.
— Fica quieta moça, não vamos ser escravas deste ser.
— Só uma dica, somente ele sabe tirar a tornozeleira.
— Caio disse que consegue. – Rita.
Sorri por dentro e fiquei pensando quando eles haviam
conversado, eu pensando que ele não sabia das meninas, e
talvez já soubesse, o cheiro forte, sim, eles queriam me testar,
se Caio estudou meu caso, sabia como me portaria, não sei se
ele previa todos os pontos, mas obvio, não tenho pena dos
que temem a mim, assim como dos que ficam pelo caminho,
ouvia a conversa baixa e ouço Rita digitando algo, sabia que
logo estaríamos cercados, e penso em como podemos
sobrevier, ela não entendeu, ou eu não entendi, tentei ver o
que tinha de errado no que falava, lembro da frase que Caio
falou, ele tem 300 imagens mas não mexe nelas, alguém ali
tinha sido plantada, quem?
Abro os olhos e apenas puxo o corpo para trás, me
sentando e olho para as crianças, e para Mirian.
— Tem de fazer melhor Mirian, embora se vão matar as
crianças, não me importo, sabe disto, acho que está me
analisando pelo que deixei transpassar.
Rita olha para Mirian e pergunta.
— O que ele está falando?

147
— Que acaba de decretar a morte de seu marido e dos
demais, acha mesmo que Caio queria o que moça, lhe
cooptando para lhe passar a informação. – Mirian.
— Acho que não conhece ele. – Rita.
— Você que não o conhece, embora acho que ele não
está nem ai para aquela menina, ele quer a menina do Caio
para obrigar a esposa do Caio o passar o que quer para ele.
Os olhos de Rita para mim, me fizeram rir, gargalhar, e
ela olha serio.
— Não teme morrer mesmo?
— Me preocupei com vocês, morro por isto, da próxima
vez vou a casa que está a filha de Caio, não aquela menina,
mas Paula, a mais velha e a mato, se ele acha que vence,
todos perdem Rita, eu perco a vida, mas se Mirian acha que o
conhece, não tem ideia mesmo tendo sofrido na minha mão
quem eu sou.
Puxo a segunda chave do bolso e abro a algema, estava
a 10 metros do chão, alto demais para pular, baixo demais
para um paraquedas.
Com as mãos para as costas olho para Rita que me
surpreende.
— E se ele vier matar todos, disse que não deixariam me
matar a minha filha.
— Disse que não a mataria, é diferente.
— Disse que me considerava sua família.
— Sim, mas tem de saber Rita, lembra quando falei que
quando acharem um corpo, nunca acredite que ele morreu,
antes de ver o DNA.
— Lembro.
— Marcio Silva, fugiu do isolamento a 18 meses, ele não
estava na cela quando foram o buscar, me olharam e
colocaram no lugar dele, eu assumi o que ele queria que
fossem, mas Marcio Silva, sabe que não sou ele, mesmo que
ele faça de conta que não é mais o mesmo.
— E sabe quem ele é?
148
— Não me preocupo com ele, pensei que ele jogaria
mais honestamente, mas se querem guerra, vai ter guerra.
Levantei sem usar a mão, pulei para a sacada de
madeira, olho para a corda que erguiam as coisas para cima e
pulei nela, ela desceu rápido demais, e rolo no chão, vejo os
rapazes chegando ao longe, chego a entrada baixa e a fecho,
embora sabia que eles tentariam a detonar da mesma forma.
Vou ter de me explicar, acho que não, mas como alguém
que sofreu na mão de outro 10 anos, não soube me
diferenciar nos métodos, talvez ela já soubesse, talvez não,
mas precisava saber, se ela sabia, teria de dar todo o credito a
este ―Caio‖, os métodos dele eram realmente incríveis.
Cheguei em uma arvore próxima, pego a garra que
estava ao meus pés e começo com ela subir na mesma, e
quando chego aos 10 metros, oculto por trás da mata, olho os
rapazes cercarem o lugar.
Caio chega a parte baixa e fala.
— Quem vai me entregar ele? – Caio.
— Ele escapou Marcio. – Fala Mirian.
Ela sabia, sorri, vi a cara de assustada de Rita, e olhei
em volta.
Acionei os microfones na floresta e falei no microfone.
— E dai Marcio Silva, vai sair deste disfarce de
cordeirinho de Claudio finalmente? – Falei olhando em volta, o
som ressoou pelo mato e vi os rapazes se armarem, vi que
Rita recuou da sacada e juntou as crianças.
— Esperto, pensei que não tivesse desconfiado.
— Esquece dos demais da prisão muito fácil Marcio, me
disseram que era melhor do que se mostrou, mas tenho de
confessar, Mirian encenou direitinho.
— E desconfiou porque?
— Sua língua falou, ―mas ele colocou em uma tela, mais
de 300 câmeras‖, somente olhando para saber Marcio, mas a
pergunta que preciso lhe fazer é outra.
— Fala.
149
— Vai mesmo deixar Paula morrer assim, porque me
matou?
O senhor pareceu olhar em volta e se perguntou.
— Onde ela está?
— Acho que você esqueceu de alguns dados sobre Caio,
era um rapaz de sua estatura, mas que a esposa dele, não era
alguém fácil, tenta a domar como está Mirian a quanto tempo,
18 meses, lhe garanto que em 30 minutos a fiz me apoiar, em
outros 15 minutos, fiz você procurar por alguém que sabia que
não era você, mas não poderia deixar eu acabar com sua
historia.
— Eu não matava assim como fez.
— Sabe o problema Marcio, quem assinou as mortes foi
você, é só entregar a policia quem é Marcio Silva e saio livre,
eles nem saberão quem eu era.
— Mas tenho como descobrir.
— Digamos que sou um dos 25 mortos nas ultimas
revoltas de presos.
— Mas porque está matando os rapazes que tentaram
me matar?
— Querendo sua atenção Marcio.
— Acha que escapa?
— Sabe onde está Marcio?
— Na região da serra, nada de mais.
Peguei o celular e dei um comando, toda parte baixa era
de cavernas calcarias, e as explosões começam a toda volta e
se vê trechos inteiros de florestas afundarem, mais de 300
metros, as explosões fizeram Mirian olhar em volta e olhar
para a arvore que eu estava, e gritar para baixo.
— Na arvore Marcio.
Sorri vendo os rapazes vindo para o meu lado, não vi o
que aconteceu, mas ouvi o grito de Mirian desabando, soube
mais tarde que a pequena Bruna a empurrou.
Olhei um galho na outra arvore, e apertei o numero 62 e
me joguei no ar, pulando de arvore com as garras a mão,
150
enquanto a arvore que estava afundava numa caverna
calcaria, estava a me segurar, senti alguns tiros no sentido da
arvore e inverti o corpo, para ficar protegido pela arvore, olho
para o piso e olho as moças isoladas e falo comigo sentindo o
arder do baço.
— Merda, levar um tiro não estava nos planos.
Desativo as bombas do pessoal do hotel, e olho em
volta, eles começam a sair com receio, o senhor Silva chama a
policia local e explica o acontecido, e se depara com o
Delegado preso na cobertura.
Caio pula para a parte alta que se manteve, e vejo ele
vindo no meu sentido, as vezes fico na duvida de o chamar de
Marcio ou Caio, mas sentei e olhei o senhor vir armado e sorri.
Não esqueçam que estava irreconhecível, capuz, óculos de
visão noturna, embora soubesse mais do que iria falar, eu
tinha de jogar.
— Demorou.
— Acha que vou lhe deixar acabar com minha historia?
— Lhe fiz a proposta para ver se falava a verdade, e se
manteve na farsa Caio, não fui eu que não quis parar isto, eu
não o detive ou não coloquei uma cinta explosiva em você,
para ver se acordava, e ainda quer me matar.
— Acha que trabalho em equipe.
— Acho que perdeu a mão, Mirian estava com muitos
sorrisos ultimamente, e garanto, não era eu que lhe causava
sorrisos.
— Eu nunca a odiei.
— Eu sempre odiei tudo ―Marcio Silva‖, eu não gosto de
nada, mas eu me apego, eu gosto de matar, mas não um, não
escondido, eu sou daqueles que adora estourar um hotel de
quinta inteiro, não matar uma senhora depois de a torturar 20
anos, mas não me negaria a torturar alguém para conseguir
um favor ou um aliado a mais.
— Não entende minha obra.

151
— Nem você a entende, mas é bom saber que não
posso confiar naquela policial, ela me entregaria a você.
— E o que mudou?
— O que mudou é que eu não sou quem falou, eu sou
um estupradorzinho de quinta, que colocaram no lugar de
uma lenda, pois a lenda havia escapado, chego numerado,
com capuz, nu, em um mangue em lua nova, a maioria
começa a agredir os caranguejos e saem bem machucados, eu
sai inteiro, pois mantive o sangue frio, e passei calmamente
entre eles, dos que saíram, o desafio da bala, um morreu sem
chance, ali poderia ter morrido, a prova da piscina, que
enchiam e somente quando o ultimo tinha a cabeça coberta
começava a contagem de tempo, presos acorrentados ao
fundo, tive de manter a calma, para sair de lá, lá conheci
Mirian, ela me chamava de Marcio, parecia me conhecer,
assumi a ideia, mesmo sem saber o que ela queria, a induzi a
se fazer de morta na prova da passagem do desfiladeiro,
como regra, eles nunca olham os mortos.
— Esta me culpando por ter ido ao desfio?
— Não, eu sempre tive algo ruim dentro de mim, -
Pensei se aquela conversa seria tão amigável se estivesse sem
mascara – mas assumi os crimes de um nome que foi me
dado, mas vi que eu gostava muito mais de matar que o dono
do nome, você torturava quem queria que lhe seguisse, eu,
torturei pai a ponto de o ver se matar para não matar a filha,
eu gosto de judiar, mas e dai Marcio, vai me matar ou não,
estou cheio disto.
— Mirian era burra demais para lhe seguir, ela queria a
violência sequencial, as vezes ela dizia que você parecia
comigo muito, que você não se detinha por lagrimas,
fraquezas, mas preciso saber onde está Paula.
— Em uma jaula, isolada.
— Não vai falar?
— Se eu morro, você tem de perder algo.

152
— Sabe que fez um trabalho incrível em matar todos, eu
fiquei olhando muito tempo, Claudio parecia não se preocupar
com as mortes.
— Sabe como eu, que ele é uma bosta com dinheiro,
sem dinheiro, ninguém o seguiria.
— E quer sair vivo?
— Eu não sei ainda Marcio, ou Caio, acho que melhor
voltar a lhe chamar de Caio.
— Porque não sabe?
Vi uma picada no pescoço dele, e o mesmo cai, dorme,
olho para Carlinhos e pergunto.
— Tirou eles de lá?
— Sim, mas porque não falou que havia esvaziado a
piscina.
— Tem coisa que não se precisa falar.
— E vai fazer oque?
— Tenho de pensar.
— Lhe ligo.
Olho para o buraco entre aquela torre de vigia e onde
estava, tive de dar uma volta imensa, abro a porta e olho para
Rita e falo.
— Vira de costas Rita. – Apontando a arma.
— Temos de conversar.
— Seu maridinho e seu amantezinho estão seguros,
então realmente vamos conversar, mas melhor em um lugar
que tudo esteja mais calmo.
As desço na marra as colocando na parte baixa
algemadas, estava pensando ainda, não tinha uma saída e
precisava de uma, as vezes pensamos que as coisas vão ser
como pensamos, raramente o são, acho que não sou um bom
estrategista, odeio estratégias por sinal.
Chego ao carro, olho para os 6 carros parados, as coloco
para dormir, e olho para Bruna.
— Vai fugir ou me aguarda.

153
— Lhe aguardo, mas...
— Só pegar nossa carta de alforria.
Eu coloquei o senhor Caio, ou Marcio Silva no carro, fiz
um vídeo, e mandei para a imprensa.
Saímos calmamente subindo a serra, em minha cabeça a
historia, quer dizer, em minha mente corria a verdade e a
mentira, decidindo qual imperaria.

154
Entro na casa de Tereza, ela morrera e não falara, que
eu não era Marcio, o que iria fazer não sabia, olho as crianças
na sala e falo olhando para Carlos.
— Sabe que não matou ninguém.
— Elas são bonitinhas demais para se matar.
— Tomem um banho, estão parecendo todos filhos da
terra.
Fui a cozinha, Rita me olhava, fiz os pontos na altura do
baço, a bala passara, mas estava sangrando, limpei o lugar e
costurei, estava doendo, mas teria de encarar.
Sorri e puxei Rita ao quarto de casal e a puxei ao
chuveiro, a lavei inteira, ela me olha revoltada e falo.
— Calma Rita, em poucas horas estará lá com seu
maridinho, mas tem de ver, que este corpo me atrai, e pode
contar, as vezes vou lhe encontrar em uma esquina, e lhe
agarrar na marra.
— Não vai me deixar em paz?
— Não, quem sabe me dá uma menina, pois uma coisa
que seu querido Ronald não sabe, é que ele é estéreo.
— E como você sabe?
— 18 meses a gente pesquisa quem nos interessa.
A encostei a parede e a beijei, ela me beijou com gana e
depois de a sentir quente, ela me abraça.
— Mas se manterá longe de minhas filhas?
— Nunca.
— Não vou aceitar assim.
155
A olhei, talvez fosse a ultima vez que provava aquele
corpo, mas não diria isto a ela, ela parecia se excitar com o
medo.
Na saída do quarto, olhei para Carol e Cintia e falei
olhando para Rita.
— Como minhas cobaias vão se comportar a partir de
hoje?
— Vai nos forçar a ser suas cobaias.
— Uma vez cobaia sempre cobaia, mas está quase na
hora das duas iriem para casa. – Olho para Rita e chego ao
lado dela e aplico um sonífero, olho as duas e falo encostando
Rita no sofá esticando a mão as duas.
— Vamos conversar Cobaias.
— Não quero isto. – Cintia.
— Acho que esqueceu de regras básicas Cintia, terei de
começar tudo de novo?
— Mas...
— Se lava, e bem lavada, não quero terra em canto
algum, vale para você também Carol, um banho para valer
antes de qualquer coisa.
— Não vai nos libertar?
— Estou as libertando, mas a liberdade que vão ganhar,
a maioria nem sabe ser possível conseguir, nem se atreve a
pensar em ter, ou acha mesmo que acabou?
— Você vai nos tortura ainda? – Carol baixando a
cabeça.
— Eu coloquei as regras Carol, se obedecer, sabe que
terá um tratamento, se não obedecer outra, ainda não
chegaram em casa para serem livres de mim.
— Mas...
— Ajuda a sua irmã se ensaboar e limpar, ela está
querendo brincar com agua, mas as quero limpas, como se
não tivessem passado 24 horas rolando na terra.
Sai dali e olho Regina ao canto, ela parecia não saber o
que faria e chego ao lado dela.
156
— O que está esperando para tomar um banho Regina.
— Você não nos vai libertar.
— Você é minha Regina, qual a duvida, eu a coloquei na
situação atual, então é minha responsabilidade, mas vou ter
de ressaltar, não é porque vão estar um pouco mais seguras,
na segunda etapa, que espero desobediência.
— Como mais seguras?
Olhei Bruna e Carlos, fazendo sinal para eles chegarem
perto.
— Não é porque estarão com roupas, que não estarei
cobrando comportamento, espero não precisar voltar ninguém
a primeira fase, entenderam.
— Mas o que faremos?
— Matar gente, o que acha que faremos?
— Mas porque? – Regina.
— Eu gosto de matar, sei que não posso passar isto a
ninguém, posso tentar despertar isto, este ódio pelas pessoas,
mas não quer dizer que vão despertar isto, então as quero
sabendo matar e não se complicar.
— Porque disto?
— Bruna, ainda nem comecei com vocês, não sei como
será, mas começamos estudando quem me deu o nome, já
que para todos vocês, sou Marcio.
— Nem seu nome sabemos?
— Podem me tratar por adjetivos, sendo eles bons ou
ruins, mas não espero desobediência, estão entendendo isto?
— Mas vai me matar? – Carlos vendo que era o único
menino ali ainda vivo.
— Vou lhe dar a chance de entender que se fizer as
coisas certas, quando mandar, sem demonstrar prazer nisto, e
sim objetividade, vai ser um bom servo.
— Você não vai me abandonar? – Regina.
Eu a olhei e falei vendo ela toda suja ainda, a me olhar e
falei.

157
— Toma um banho Regina, que cuido melhor de você,
temos 3 quartos, aproveitem, nem sempre teremos tanto
espaço, pois este lugar a senhora ali conhece, e como ela vai
ser deixada para trás para que as coisas caminhem, temos de
nos apressar.
— Me ajudaria a tirar esta terra do corpo? – Aquele
olhar me pedindo para a proteger, para não a deixar, parecia
uma defesa, olho para ela e estico a mão para Bruna e falo
olhando Carlos.
— Vamos ajudar as meninas a se limpar Carlos, mas se
comporte.
— Vai me capar se não me controlar?
— Quem sabe, se comporte.
Entramos no chuveiro e ensaboei Regina de cima a
baixo, olhei as duas se esfregando e a agua avermelhada
correndo ao chão.
Carlos olhava para elas e falei.
— Vai lá.
Carlos olha estranho e falo para Regina.
— Ajuda o menino a se ensaboar Regina.
— O que quer com isto?
— Regina, aceitem ou não, são meus, os vou educar,
instruir, comandar, mas nada com frescuras de não me toque,
vocês são nomeados por mim como cobaias, e cobaia é irmã
de cobaia, querendo ou não.
— Mas...
— Regina, não gosto de dependência, apenas se lavem
e se cuidem.
Sai do banho, e vi Rita a porta, ela olha-me e olha as
crianças, e pergunta.
— Onde estão minhas filhas.
— No outro banheiro se lavando, não quero gente
parecendo sujas, ou pior, assadas por não terem como se
lavar direito.

158
— Pensei...
Estiquei a mão para ela e falei.
— Vamos conversar Rita, sabe que não sou bonzinho, e
não pretendo ser, você vai a sua casa, mas pede reforço, para
uma batida lá, eles vão estranhar, mas vão lhe ceder, nem
que para lhe mostrar que nada tem lá, mas cuidado para não
matarem seu marido e amante, sentados amarrados ao centro
da peça.
— Quem mais estará lá?
— Terá uma peça com muitas mortes, e numa cama,
dormindo com a arma ao lado da cama, com colete da prova
de bala, com um capuz ao lado da cama, Caio.
— E o que quer que faça?
— Se comporte, e terá suas filhas, não se comporte e
terá meu amor, e tem uma coisa que tem de saber Rita, eu
posso odiar alguém e fazer ela evoluir, mas para mim, eu
mato quem amo e me ama, então segura os impulsos.
— Eu não te amo.
— Senti que gosta de ser dominada Rita, sei que gosta,
e se me deixar, vou entra em você sempre que bobear, pois
tem um corpo que tem um encaixe muito bom com o meu.
Ela se aproxima, senti os lábios dela, ela me olha e fala
algo que não esperava.
— Te odeio, sei que não tenho ideia de quem é você,
você estuprou minha filha, castigou minha filha, mas não o
quero perto delas.
Olhei ela e falei.
— Então tira seu marido de lá, antes que mude de ideia,
não quero mais ódio, não seu, mas vai lá, esclarece quem é o
senhor lá, tenta descobrir quem eu sou, mas cuidado, as
vezes descobrimos o que queremos, e não temos mais como
fugir do destino.
— Não sou seu destino.
— É minha cobaia, e não me explicou quando falou com
Caio, então lhe tenho com desconfiança, se não fizer tudo
159
certo, pode ter certeza Rita, alguém vai sofrer o meu ódio,
então se comporta.
— Ele surgiu no buraco, falando que tinha de descobrir
onde você escondeu a filha dele, que nos deixaria lá, que se
tivéssemos chance, e lhe prendesse, ele nos daria salvo
conduto.
— Deveria ter prestado melhor atenção, sabia que tinha
algo errado, mas não tinha percebido que ele chegara até
vocês.
— Se você não percebeu, pareceu totalmente contrario
depois que reagiu.
— Eu não tenho o que perder Rita, mas defendo minhas
cobaias, defendo elas principalmente de mim e delas, o resto,
detalhe do caminho, ou corpos pelo caminho, mas vai lá, sabe
que assim que chegar lá, já não estarei aqui, mas me
comunico.
Abaixo e tiro a tornozeleira e ela me olha desconfiada,
queria saber ler mentes, mas não tenho poderes, apenas
desconfianças e um instinto apurado. Tem meu sistema, mas
não estava com ele ali ao lado.
Ela sai e olho para Regina e falo.
— Tem roupa na sacola, melhor todas se vestirem, em 5
minutos estamos saindo.
Cintia vinha enrolada na toalha e pergunta.
— Onde foi a mãe?
— Me entregar, mas temos de sair daqui.
Tirei as tornozeleiras e descemos as escadas, vi que Rita
estava ao longe olhando, fomos ao ponto de ônibus, as
meninas pareciam me olhar se perguntando onde iriamos,
mas não falaria.
Entramos no ônibus e sentamos no fundo.
Peguei o celular e falei no controle que tinha atrás da
orelha de Rita.
— Vai nos seguir?

160
Não sei o que ela fez, mas pareceu pensar e falou baixo,
como se não querendo passar por maluca.
— Tenho de as salvar.
— Quer que chegue lá e mate seu marido antes, tudo
bem, faço.
— Não faria isto?
— Caio não vai dormir para sempre Rita. – Vi o
sinalizador ficar mais longe e começar a se afastar do ônibus,
apertei para descer e descemos no ponto seguinte, olho para
um estacionamento de loja, pego o controle de alarmes,
desarmo o de uma caminhonete e entramos, dei a partida e
saímos.
Fomos ao sul e paramos em uma fazenda ao fundo e vi
Carlinhos me olhar, desci e ele olhou as crianças e falou.
— Qual o risco P... – Ele parou meu nome no meio, as
meninas me olham e sorrio.
— Todo, pega a família e sai ao sul, a guerra aqui vai
até o ultimo cair morto.
— As crianças estão a sala.
— Bom, as armas?
— No stand de tiro.
Faço sinal para as crianças entrarem e olho para as
meninas e falo.
— Boa tarde a todas.
— Quem é você? – Uma menina a ponta.
— Sua mãe deve estar chegando ai menina, calma.
— Porque estou amarrada?
— Para não fazer burrada.
Olho as telas a parede e começo a colocar os endereços
e olho para onde Caio estava, olho ele dormindo e a menina
pergunta.
— O que fez com meu pai?
— Ele não é seu pai e sabe disto.
— Mas porque o está vigiando?
161
— Eu adoro ver as pessoas se dando mal ou bem, mas
não tenho ideia do que deveria acontecer.
Olho para as meninas e pergunto olhando Caio pela
imagem.
— De onde sua mãe conhece Caio?
— Ela já fez segurança para este Claudio um tempo, a
uns 12 meses.
— Ela está colocando a corda no pescoço.
Ligo as noticias em outra TV e o repórter fala.
— Temos um vídeo mandado a nossa repartição,
passamos para a policia a duas horas, mas estamos levando
ao ar em primeira mão, as imagens são fortes, mas todas as
imagens estão sendo averiguadas pela policia, mas tudo indica
que o que chamavam de crimes de Marcio Maier, na verdade é
um disfarce de um criminoso que fugiu do presidio federal a
18 meses, Marcio Silva, o Marcio Gelo, condenado a mais de
300 anos de cadeia, e todas as imagens indicam que ele não
tinha a imagem que divulgamos e sim, alguém que se passava
por segurança de Claudio Silveira, empresário da cidade, que
foi morto no litoral na manha de hoje, um segurança que se
denomina apenas de Caio. – A imagem do senhor foi ao ar, a
imagem dele jogando o dinheiro, montagem do prédio, ele
atirando em alguns para sobreviver a dois dias – Temos a
confirmação que a cela que ele deveria estar isolado, está
fazia, estão temos os motivos das mortes, de juízes a
delegados, vingança por sua prisão.
Regina me abraça e fala.
— O que vamos fazer?
— Tem 5 meninas ai fora, duas me interessam, quero
ver como você mata alguém Regina.
— Porque tenho de matar elas?
— Quer que as coloque em seu lugar, quer me deixar
abusar delas e gostar?
— Você não presta.

162
— Quando você me convencer que mudou por dentro,
perdeu a pena por estes seres, acho que começarei a confiar
em você totalmente.
— Porque, nem sei seu nome.
— Sou seu dono, mestre, proprietário, não precisa saber
quem sou, apenas não gosto desta forma carente que olha,
quer, me toma com raiva para você, ou me desacata que lhe
tomo para mim, mas não a quero carente e fraca.
Olhava as imagens de Rita chegando na casa, ela entrou
pelo fundo e foi ao quarto, estava a soltar Marcio e ele olha
assustado e ouço ela falar.
— Tem de sair daqui Caio.
— Onde estamos?
— Esta dormindo em minha cama.
Os dois ouvem o barulho e ouvem três policiais ao
mesmo tempo.
— Parados.
Eles olham assustados e um senhor entra pela peça e
olha para Rita e fala.
— Quase chorei por você Rita, e está envolvida com isto
ai.
— Temos de conversar Delegado.
— Prendam os dois, a policia vai gostar de fotogravar
Marcio Gelo sendo preso novamente.
Caio olha assustado, sabia que esta acusação iria lhe
atravessar, ele tentara passar desapercebido, talvez tivesse de
ter negociado com aquele senhor.
Os dois são algemados e Rita passa pelo marido sendo
solto, ela não os soltou, os policiais olhavam para ela com
muitas perguntas sem respostas.
Eu olhava pelas câmeras e vi a cara perdida de Rita, ela
não me dera saída, ela olha a câmera e fala.
— Não pode fazer isto.

163
Sorri, os demais olham ela, o delegado olha para onde
ela olhava e olha para as câmeras e fala.
— Verifiquem quem mais esteve aqui, parecia que tinha
um cativeiro aqui.
Um senhor chega do fundo e fala.
— Senhor, tem um estoque novo de cadáveres na parte
da churrasqueira, como a que tinha no apartamento que voou
pelos ares.
— Quantos?
— Mais de 30 corpos.
Rita viu que tudo fora montado, ela não esperava ser
presa, mas se tivesse soltado o marido, ligado para a policia, a
interpretação seria uma, mas como a detiveram, estava
enrascada.
Ela encarava a câmera e Marcio entendeu, ela estava
pensando em suas filhas e fala.
— É idiota, pensei que pensaria, talvez ele tenha razão,
meus métodos tem de melhorar.
Rita olha Marcio, o senhor que ela não sabia o nome,
quem era, apenas as imagens das tentativas da prisão.
Olhei as meninas no centro da peça e olhei para Carlos e
falei.
— E dai menino, é virgem?
Ele ficou vermelho.
— Tem três menina para lhe servir, elas vão morrer
mesmo, então aproveita.
— Não vai me capar depois, vi como fez com Paulo.
— Não, mas servo Carlos, começa por aquela que está a
lhe olhar, com medo.
— Não me toque. - A menina gritou.
Carlos olha para mim, e falo.
— O segredo Carlos, é impor o que quer.
Chego a que estava ao lado, ela estava nua como a que
estava a sua frente e continuo.
164
— Quando você toma alguém, não interessa o que ela
sente, o que ela grita, o que ela quer, entendeu, o que vale, é
o que você quer, evita demonstrar emoção, pois ela tem de
lhe temer.
Olhei a menina a minha frente e peguei no pescoço, a
olho dos dois lados, elas estavam sentadas e com as mãos as
costas.
— Tem de pensar na força dela, um chute em meio as
pernas, pode lhe tirar uma semana de ação, então vamos
fazer juntos e entende.
— Pega no pescoço da menina.
— Ela é maior que eu.
— Sei disto, mas passa a mão em seus seios e quero o
ver a dominando, ela está presa, está nua pois as pessoas
somente quando estão nuas aprendem o básico.
— Como o básico?
— Que nada do que elas consideram delas, é delas além
do corpo que as carrega.
Olhei o menino a segurar, ele passou as mãos no seio da
menina, ele pareceu se excitar, ele estava a olhar ela, e falou
forte.
— Vai obedecer menina?
— Você vai abusar de mim?
— Sim, depois vou judiar, e por ultimo, posso até lhe
matar, mas vai obedecer ou não?
Ela pareceu com medo, ele pegou a algema e a colocou
na parte alta presa entre as divisões da cadeira.
— Não pode abusar de mim.
— Eu vou abusar, ou o meu mestre o vai, ou os dois,
depende de você, quanto mais oferecer resistência, mais vou
ter prazer em lhe fazer obedecer.
Sorri, o menino tinha prestado atenção nas conversas, e
a faz ficar de pé atrás da cadeira, ele dá uma batida forte na
bunda da moça e fala puxando o cabelo dela.
— Baixa esta bunda escrava.
165
Ele a penetra, ele a humilhou e olhei para a menina a
minha frente e falei.
— Você levou sorte menina, pois é dele, não minha.
Inverti a algema dela e a coloquei sentada invertida na
cadeira.
Cintia me olha parecendo revoltada e falo,
— Dor de barriga.
— Porque tem de as humilhar.
— Com você ensinarei ele a ser carinhoso, e violento,
então não tenha pena das meninas.
Chego a frente da filha de Claudio e falo.
— Sabe obedecer escrava?
— Não sou escrava.
Peguei ela pelo pescoço, e a levantei, as mãos presas a
cadeira trouxeram a cadeira junto e ela sente a mesma puxar
ela mais ainda para baixo.
— Pode não saber, mas é, e se não cumprir o que pedir,
o que qualquer menina ou o Carlos pedir, vai ser penalizada.
Soltei ela e coloquei uma coleira nela e apenas peguei
um controle e dei um pequeno choque e ela estremece.
— Entendeu que vai obedecer.
— Meu pai vai lhe matar.
— Até lá vai me obedecer.
Tirei a algema dela e falei.
— Senta aqui na minha perna.
— Eu... – ela recuou, como fosse dizer não e sentiu o
choque e olha com uma lagrima.
Ela olha para mim com raiva, mas chega perto e a faço
sentar e falo.
— Não quero nada com você.
— Quem fala o que quer a partir de hoje sou eu menina,
se obedecer, pode vir a sobreviver.
Ela se bate e falo.
— Não vai se comportar?
166
— Cintia, pega o ferro quente na lareira.
Cintia olha assustada e falo.
— Agora.
Ela pega e chega perto, o metal estava muito quente e
falo pegando a mão dela e a fazendo segurar o ferro,
fechando a mão, ficando ali parte da pele fina da mão, a
menina abre a mão e falo.
— Regina, pega a pomada para queimadura.
— Eu lhe odeio.
— Pode me odiar, e fazer o que mando, ou me odiar e
sofrer as consequências.
Passei a pomada, Regina sabia que sofrera isto, ela me
olhava com ciúmes, não entendia isto, mas olho a menina e
falo.
— Agora vem aqui. – A levantei e cheguei onde Carlos
se perdia no corpo da menina e falei.
— Senta um pouco Carlos, está cansando, elas que tem
de fazer força. – Ele sentou-se e fiz a menina se ajeitar ali, e
olhei para a primeira e falei.
— Vou soltar um pouco, mas vai se comportar.
— Ele me estuprou.
— Se pedir para ele lhe matar ele vai lhe matar, mas
morrer virgem é sacanagem, então vem aqui.
Vi a menina sentir a entrada firme nela e falei,
— Não quero gemidos, entendeu.
— Tá doendo.
Sorri, eu pediria para a matar daqui a pouco e ela estava
reclamando de dor, pobre criança, naquela noite, enquanto as
crianças dormiam olhava as câmeras.

167
Olhava a noite inteira as imagens, e olhei para aquele
senhor chegando na delegacia, a câmera era fechada, mas vi
a pressão sobre o delegado, que olha para o senhor e fala.
— Sabia quem ele era senhor Mauricio Lemos?
— Não pode ser ele.
— O DNA confirma amanha cedo, mas a pergunta, o que
faz aqui?
— Não pode deixar ele preso, ele é apoio da segurança
da cidade.
— Apoio a que segurança, ele metralhou pessoas a rua,
ele forçou todos acharem que dois policiais estavam mortos,
para ninguém falar nada, foi lá encenar, para não parecer ser
ele, tudo aponta para ele, e não posso o soltar senhor Lemos.
— Está conseguindo se complicar Delegado.
— Quer ser preso senhor Lemos, me ameaça de novo.
O senhor se cala, mas os seguranças dele não pareciam
felizes.
— Que horas teremos a certeza que ele é Marcio Silva?
— Fim da tarde, tenho problemas até lá senhor.
— Problemas?
— Mortes em dúzias, mais de 30 corpos onde dois
rapazes estavam amarrados e algemados, pessoas que ainda
estamos tendo identificar, onde o seu amigo Caio, dormia
tranquilamente, mesmo que não seja Marcio Silva, vai
responder pelas mortes, e temos ele matando dois dos

168
rapazes pendurados lá, em uma imagem em frente a casa
dele.
— E aquela sua investigadora.
— Ela não fala nada com nada, ela chegou lá e assim
como o senhor, priorizou o senhor Caio, deixando marido e o
amigo do marido presos a sala.
— E onde ela disse que ficou nos últimos dias, que
estava presa?
— Disse que estava em um cativeiro, mas se olhar para
ela senhor Lemos, ela está com uma roupa cara, limpa, sem
vestígios de ter estado em um cativeiro.
— Mas ela afirma com o que, que esteve em um
cativeiro?
— Ela passou a dois dias pelo tamanho do cabelo,
maquina zero no cabelo, e fez uma tatuagem, mas a tatuagem
está em uma linguagem de computação, e adivinha o que está
escrito nas nuca dela?
— Oque?
— Marcio em letra artística ―AmericanIndian‖.
— Acha que ele estava fazendo com ela o que se dizia
fazer antes de ser preso?
— Acredito que sim, ele juntou um grupo de seguranças
e atacou Claudio, que foi morto em um hotel no litoral, ele os
explodiu com C4, e fiquei me perguntando por quê?
— Alguma ideia?
— Tinha duas pessoas no local, e ambos foram
explodidos, teremos de conseguir um exame de DNA para
confirmar que Claudio morreu, a filha dele está sumida, toda a
família de Claudio, parece ter desaparecido a mais de 18
meses, então não temos como afirmar que ele morreu.
— Esta achando que ele iria pressionar a esposa do
Claudio para passar para ele as empresas?
— Sim, acredito que este era o plano, ele deixaria de ser
o segurança para virar o empresário.
— E posso falar com a moça?
169
— Porque quer falar com ela.
— Devo a ela algo, vou oferecer um advogado.
Vi o delegado falar para o rapaz a porta levar o senhor
até as celas, olho o sistema de som de Rita e falo em seu
ouvido.
— Me ouve Rita, disse para não fazer aquilo que fez,
mas quero lhe ajudar.
Ela olha para as moças e vai ao canto e fala baixo.
— Você me ferrou.
— Quer mesmo que treine suas filhas no ódio?
— Não, mas o que vai fazer?
— Mauricio Lemos vai lhe oferecer um advogado, aceita,
mas ouve mais do que fala, ele está chegando ai.
— O quer matar?
— Vou lhe falando o que falar, mas tem de saber se
quer sair livre, e me jogar a culpa não vai colar Rita.
— Alguns lhe viram.
— Como alguém levado ai antes de todo o problema.
— Mas como vai ser.
— Fala baixo, o senhor está chegando ai, e vai lhe levar
a presença do senhor Lemos.
Rita olha para a porta, ouço o rapaz que abre a cela.
— Tem um senhor querendo falar com você Rita.
Ela olha os rapazes, todos estavam a condenando, mas
ainda não sabia o que fazer.
— Deixa o senhor falar antes de começar a se colocar
Rita.
Olho tentando achar uma câmera na região, acho uma
aos fundos, via apenas eles sentados ao longe, e ouço o
senhor falar.
— Rita, podemos ajudar, mas preciso saber da verdade.
— Ajudar?
— Preciso saber, acredita que este Caio é quem o
Delegado acha ser?
170
— Sim. – Ela falou baixo.
— Estou disposto a lhe oferecer um bom advogado Rita,
mas preciso saber, quem é o próximo alvo. – Falei no ouvido
dela e ela repetiu.
— Você senhor Mauricio Lemos.
— Eu? – Fui falando e ela repetindo.
— Não sei quantos este Caio treinou, mas vi ele falando
com um que jurava ser Marcio Maier, como se fossem íntimos,
vi ele falando com aquela Mirian, como se fosse chefe dela, vi
a forma que ele não teve problemas de matar Claudio.
— Acha que ele treinou alguns?
— Ele tende a fazer uma operação a mais, bem para se
livrar, e o alvo senhor, é o senhor, ouvi dois deles falarem,
que você seria o alvo.
— Ele vai fazer uma operação para parecer não ser ele
lá fora.
— Sim, mas para isto, ele tem de dar um jeito do exame
de DNA não sair.
— O que acha que ele vai fazer?
Eu transferi para a conta do Presidente do sindicado dos
Policiais Civis, um recurso e vi ela falar.
— Pelo que soube, a Civil entra em horas, e em greve,
que pode demorar 15 dias, não teremos o exame.
— Ele armou isto antes de ser preso?
— Mauricio Lemos, eu deixei meu marido preso, pois sei
que ele ainda tem minhas duas filhas presas em algum lugar,
mas ninguém aqui vai acreditar em mim.
— Vou conseguir um advogado, mas pelo jeito teremos
problemas.
— Reforça a segurança senhor, as vitimas são as
pessoas que estavam na sala de aposta do ultimo jogo.
— Tem certeza?
— Olha os mortos senhor, foram os alvos, mas algo está
errado, e não sei oque ainda.

171
— Como oque?
— O Deputado morreu, mas transferiu para a filha, tudo
que tinha horas antes e não sei quem ele nomeou como
representante legal, mas pode ser o caminho.
O senhor se calou, não sei o que ele pensou, as vezes
induzimos muito e ele fala.
— E porque está falando, sabe que ele pode lhe mandar
matar?
— Mauricio, se deixarem ele preso 15 dias, coisa pouca,
minhas filhas se estiverem em um buraco sem nada e presas,
morrem e ninguém vai as achar.
— Certo, vou mandar ficarem de olho, entendo, quer
salvar as suas filhas, mas seu marido não pareceu gostar.
— Sei que fiz errado, mas o que posso fazer, sou mãe, e
minhas duas princesas estão sobre cuidado de um maluco
preso da policia, e se ele for Marcio Silva, ele não vai ficar 15
dias, ele vai direto a uma penitenciaria de segurança máxima,
eu não sei nem se consigo eu sair daqui para procurar antes,
ele me induziu que elas estavam presas na casa, mas onde ele
disse que elas estavam, tinha vestígios que alguém ficou preso
ali, mas nem tenho como dizer se eram elas.
— Onde?
— Na piscina da casa, fui lá antes de ir ao quarto,
precisava saber das minhas filhas, mas a policia chegou antes.
Eu parei de falar e ela olha para o senhor, que fala.
— E aquele Marcio Maier, sabe se ele está envolvido?
— Não sei senhor, quer dizer, parece em um plano a
parte, mas não sei.
Esta parte ultima foi ela que falou, não eu, acho que ela
ter me visto falar com Caio, deixou a duvida se não nos
conhecíamos.
Eu olhei a sala do Delegado e ele chamou um
Investigador.
— O que houve Delegado?

172
— Verifica toda a casa, pode ser que tenhamos
entendido errado.
— O que acha que entendeu errado Delegado.
— Rita, ela pode não ser uma cobaia deste Marcio Silva,
ela pode estar querendo descobrir onde as filhas dela estão,
não esquece, ela adorava as filhas.
— Porque mexer nisto delegado.
— A prisão dela não a vai tirar dali em menos de 5 dias,
mas sem agua as crianças morrem em 5 dias.
— Certo, não quer que invertam as coisas.
— Sim, outra coisa, me descobre para quem foram os
bens do Deputado morto, e olha se os demais transferiram os
bens para alguém.
— Acha que era por bens?
— Sim, acharam a esposa de Caio?
— Nem a esposa e nem a filha, que foi tirada do mesmo
colégio no dia daquela investida no centro.
— Temos tantas mortes que já é complicado, este
Mauricio Lemos sabe de algo, põem alguém no pé dele
também.
— O grampeou?
— Apenas a sala, pode não me servir de prova, mas me
serve de caminho a tomar.
Sorri e olhei para as crianças, abri um alçapão ao centro
da sala, fui a sala oculta, vi que Carlinhos havia ajeitado as
camas, as celas e entrei nos quartos e fui colocando as
crianças para dormir com um calmante e as fui colocando a
cela, lá tinha biscoitos, agua, reserva para 15 dias, as meninas
nuas na peça superior me viram chegar a elas, sentiram o
sonífero e fui as colocando em celas a parte.

173
Olho a delegacia ao amanhecer, olho para o meu
advogado, que por sinal chama-se Claudio, chegar e bater no
vidro do carro.
— O que precisa Marcio?
— Pode me chamar de Pietro Claudio, sabe que Marcio
morre hoje.
— Quer que vá lá e faça oque?
Conversei com ele, ele entrou com um óculos que me
dava para ver tudo, e ele chega ao Delegado e fala.
— Mandaram representar Rita Camargo.
— Não era advogado de Marcio Maier?
— Meu escritório o representava, mas a ordem que veio
há dois dias, nos tira da proteção dele.
— Algum motivo em especial?
Claudio passa os documentos para o Delegado que olha
e fala.
— Está dizendo que os documentos eram reais, mas que
ele é tido como morto ao norte do país.
— Sim, pedimos uma analise das digitais dele, mas os
policiais da criminalística entraram em greve ontem ao fim da
tarde, e não sabemos se eles vão conseguir dizer de quem é a
digital.
— Seu escritório desconfia de algo?
— Algo descabido senhor Delegado, mas acreditamos
que tanto este senhor como quem se passava por Caio, não
são as pessoas que dizem ser.
174
Claudio passa um relatório e lá dizia que as digitais
parciais da arma usada no crime do Deputado apontava para
Pietro Martins, mas este rapaz estava morto, foi morto em
uma rebelião a 18 meses.
— Mas aposta neste nome por quê?
— Porque a digital é recente senhor, e a descrição do
numero 27 que Caio levanta, vão a descrição física deste
senhor, um estuprador de crianças, pego após abusar uma
criança de 14 anos, uma enteada.
— Enteada?
— Filha de Marisa Matos, primeira esposa de Marcio
Silva, a moça fugiu com a criança do senhor, e parece que se
meteu com outro marginal, mas esta moça, está sumida a
mais de 5 dias.
— E quer falar com a senhora por quê?
— Senhor, não estou falando com ela, preciso de uma
batida numa chácara na região metropolitana, endereço que
foi de Marisa Matos para Pietro Martins, a um mês.
— Acha que podemos achar algo lá?
— Tem uma chácara na região da serra, a única que
ainda está inteira, pois estas eram terras de Marisa, que
ninguém sabe se está viva ou morta.
— E quer falar com ela antes ou depois?
— Antes, não sei oque ela vai falar, mas preciso da
posição dela, mas não sei se ela o fará.
— Por quê?
— Este Pietro Martins, além de estuprador, era um
engenheiro mecatrônico, ele desenvolveu um sistema de
controle por micro chip, ele pode ter a microchipado, e ela ter
medo de falar algo.
— Acha que tem dois senhores fazendo isto?
— Não Delegado, a impressão que temos, é que fomos
usados, e que existem dois grupos, grandes grupos, querendo
apagar a historia, e cada um dos grupos colocou um dos dois

175
em campo, e tudo que temos, é resultado da guerra entre dois
assassinos.
— Vou lhe acompanhar nesta conversa.
— Acho bom senhor, mas tem de ter calma.
— Sei disto, todos olharam para ela como culpada, e ela
pode estar tentando defender as crianças.
— Eu a levava a esta batida Delegado, ela passou por
cativeiros, ela pode facilitar o achar dos cativeiros.
— E se ela não quiser ajudar.
— Teremos de fazer por nós, o senhor Lemos ficou
assustado com a frieza que ela falou que ele era o próximo
alvo.
— Porque ele seria o próximo alvo?
— O existir de uma morte após a prisão do senhor,
teremos de dizer que existem dois assassinos, o senhor fica
livre das acusações atuais, e o escritório que o defende, vai
pedir a reanalise dos crimes anteriores, já que ele foi culpado
por um depoimento de uma criança, mas que não o viu matar
ninguém, apenas ouviu dele que a mataria.
— Certo, ou fazemos direito ou podemos ter dois
malucos soltos.
— Sim.
— Tem os endereços?
Claudio passa ao delegado os endereços e antes de
entrarem para falar com Rita, ele prepara duas operações sem
dar a localização, pede que um legista venha do IML, ele não
quis quebrar a greve e o Delegado o pressionou para vir a
delegacia.
Rita vê que a colocam na mesa e ouve eu falar.
— Hora de deixar eles salvarem suas filhas Rita.
Ela viu o Delegado, o advogado e o legista entrar pela
porta, o delegado olha para o Legista e fala.
— Tem como saber se ela está grampeada?

176
O rapaz olha desconfiado e ela sem falar nada, aponta
para um corte atrás da orelha e ele sente o pequeno chip, ele
pega um bisturi, tira o mesmo e faz o ponto.
O delegado olha para o chip e fala para o rapaz.
— Me soma isto no inquérito.
O legista olha o chip e sai, entendera, Rita olha para o
advogado e fala.
— O que aconteceu Delegado, este não era o advogado
daquele Marcio Maier?
— Marcio Maier está morto a 2 anos Rita.
— O que querem saber, pois sei que ele pode fazer mal
a minhas filhas.
— Temos endereços que gostaríamos que nos auxiliasse
a achar se tem vitimas, pois tudo indica que Marcio Silva está
em uma guerra com um rapaz que em teoria morreu a 18
meses, na mesma penitenciaria que ele estava, de nome
Pietro Martins, a descrição dele combina perfeitamente com o
numero 27.
— E porque acham que sabem onde estão as crianças?
— Nos ajuda ou não Rita?
Ela parecia meio perdida, entendo o medo dela, mas a
diligencia saiu para a fazenda, entraram em tudo e não viram
nada, Rita entra algemada e olha as cadeiras no centro da
peça, o delegado chega ao lado, ela olha a lareira acessa
ainda, olha para um tapete no centro da peça, ela se abaixa e
levanta a mesma e os senhores tiram o tapete e veem o
alçapão, abrem e veem uma escada, viram as celas, as
crianças dormindo, e o Delegado olha para o advogado.
— Em cheio.
— Acredito senhor, que todos os bens que estão em
nome deste Pietro Martins, podem ter algo.
— Como oque? – Rita.
— Arma, drogas, celas, corpos mortos, temos de
descobri onde está o vestígio de Marcio Silva.

177
Os paramédicos tiraram as crianças de lá, a imprensa
chegou rápido, mas o delegado isolou o lugar, um policial
vazou uma das fotos das celas e esta estava na capa de
muitos jornais da cidade no dia seguinte.
Olho a moça pelos olhos do advogado, tentando
entender o que ela fez, eu a defendi, eu criei uma historia,
mas sabia que não entendi a posição dela.
Hora de praticar maldade, começo a sair e dirijo até a
sede de advogados de Lemos, Claudio não trabalhava ali, sorri
da ideia boba, entrei e pedi para falar com um advogado, olho
a secretaria e a meço, as vezes tenho de segurar meus
instintos, abro a pasta e tico a mascara, a cara assustada da
secretaria ficou pior quando tiro as bombas de gás e começo a
jogar no chão e aquele gás foi tomando o lugar.
Chego a porta e a fecho, estávamos no vigésimo
segundo andar do prédio, vi as pessoas chegando próximas as
janelas para respirar, as pessoas perdidas, a secretaria
dormindo a entrada, fui sentando as pessoas na sala lhes
aplicando o sonífero, olhei para os documentos e sorri.
Pego as identidades, os documentos, acesso o sistema e
passou um recado para o advogado de Marcio Silva.
Olho os dados e passo alguns dados que não tinha
certeza do senhor saber, mas eu queria complicar as coisas,
não facilitar, coloquei um controlador nos computadores, dei
32 tiros, um desperdício, mas as pessoas ficaram ali estáticas
mortas, o gás começa a baixar, desço dois lances de escada e
aperto o elevador para descer.
A pasta agora vazia, era algo estranho.
Aciono Claudio e chego ao carro, para ter acesso as
imagens.
Claudio olha assustado para o delegado que pergunta.
— Problemas?
— Algo está acontecendo, o escritório me passou uma
mensagem de gás, agora ninguém responde minhas

178
mensagens delegado, este maluco pode estar fazendo mais
vitimas.
— Lhe acompanho lá, não sei quem é este Pietro
Martins, mas ele está fora de controle.
Claudio não comentou, entrou no carro e viu duas
viaturas o seguirem, entram no apartamento e sobem, a
imagem da secretaria morta a entrada, com clientes
chamando a policia, era a imagem que via, Claudio olha as
mortes, olha os papeis que mandei olhar e ele olha serio
guardando numa gaveta, pegando a chave de entrada, e olha
para o Delegado.
— O que ele quer com isto delegado?
— Temos de ter certeza que foi ele Doutor, como disse,
está tendo uma guerra entre dois grupos, e parece que eles
estão transformando nossa cidade em um campo de batalha.
Claudio olha as perguntas, olha as pessoas mortas, ele
não conhecia muito aqueles rapazes, estavam todos mortos, vi
ele olhar a transferência via sistema, o deixo olhando aquilo e
me direciono a casa do sócio de maior capital do escritório de
advocacia, entrei com os dardos a mão, dois rapazes a porta
caíram dormindo, e fiz sinal para a senhora sentar e olhei para
o senhor.
— Inventa algo e desliga.
O senhor me olha assustado, ele deveria ter uns 70
anos, os faço sentar, ligo o isolador de sinal de celular, amarro
as mãos do senhor e da senhora, fui trazendo os demais para
a peça, fui os sentando e liguei a TV e o senhor vê as mortes
e me olha.
— O que quer?
— Vai assinar algumas transferências senhor Thomas, se
não assinar será o ultimo a morrer, após ver todos mortos.
— E se assinar, como posso confiar?
— Uma aposta alta que estará fazendo senhor, mas se
não apostar, terá o resultado do escritório.
— Mas...
179
Coloquei alguns documentos a frente do senhor, apenas
a pagina para assinar.
— Não vai me deixar nem ler?
— Senhor, quando se tem tempo, se lê, saberá de
qualquer forma o que assinou, pode até contestar, mas neste
instante não tenho tempo.
Após ele assinar, eu olhei os rapazes, fui ao
estacionamento da casa, imenso estacionamento, olho uma
peça ao fundo e começo a por as pessoas ali, estavam
dormindo mesmo, mas passei uma corda em cada pescoço,
prendi no carro próximo, e o grupo de 6 pessoas quando dirigi
para frente, ficam pendurados, morreram dormindo, volto a
sala, olho as duas netas do senhor, o neto já estava morto
mesmo, olho aquela empregada e sorrio, tranco a casa, coloco
as chaves no console de uma Mercedes, dos demais carros, os
documentos dos mortos, coloco as meninas e a empregada
dormindo no carro e vou a sala ao fundo, e vendo que
estavam todos mortos, solto as cordas, coloco eles em um
frízer de carnes no fundo, fecho ele, tranco a porta e saio
calmamente pela portaria, o senhor nem olhou-nos, dirijo no
sentido do litoral, sabia que a policia daria uma batida lá, e
falo para Claudio.
— E se ele fez para ter tempo para tirar as pessoas do
outro endereço delegado?
— Não sei se ele percebeu que iriamos para lá?
— Odeio ter de adivinhar Delegado, me sinto em uma
contradição, feliz de não ter ficado aqui, triste pelos amigos
que perdi hoje.
O Delegado olha os corpos saindo, se a primeira noticia
do dia dizia que soltaram crianças de um cativeiro, a imagem
de muitos advogados saindo mortos, deixava as noticias
contraditórias.
Eu paro em uma casa a beira do mar, olho a moça e as
crianças e sorrio, teria como me divertir um pouco, estava
querendo judiar de alguém e perdera minhas cobaias, alguém
teria de me satisfazer.
180
As coloco na sala, e novamente as prendi, coloquei
tornozeleiras e as despi, dei um tapa na empregada que olha
assustada, tenta soltar as mãos e não consegue, me olha
assustada e dou a volta na cadeira.
— Nome Cobaia?
— Não sou cobaia.
— Certo, qual seu nome, minha cobaia, que se me
desafiar vai desejar ter morrido antes.
Ela olha em volta, não sabia onde estava, imagino o que
se passa a sua mente, se olha despida, tenta se soltar, nada,
olha para mim finalmente.
— Beatriz.
— Sabe obedecer Beatriz?
— O que vai fazer com a gente?
— Se me obedecer, poucos judiados, pois gosto de
judiar, se não obedecer, muitas judiações até pedir para
morrer, de tanta dor que vai estar sentindo.
— Mas por quê?
— Porque gosto de as fazer sentir dor, odeio fracos,
odeio a mesmice.
— E vai abusar de mim?
— Sim, mas vai ser a parte que menos vai se preocupar
em dias Beatriz.
— Porque trousse as crianças?
— Tudo que tinha naquela casa, está morto, de
cachorro, gato, periquito, até os velhos, então as trazer foi
não as matar, mas se não me obedecerem, posso mudar de
ideia Beatriz, entendeu?
Levantei e descobri o nome de cada uma das pessoas,
dei agua pingando em suas bocas, via o medo nos olhos
jovens, mas tinha coisa mais importante a pensar.
Pego algumas armas, coloco uma metralhadora no
carro, uma pá, uma motosserra, algumas minas terrestres,
binóculos, sabia que os policiais estavam na chácara, tirando
minhas cobaias de lá, mas somente uma me interessava, algo
181
anterior a competição, anterior a prisão, algo que me informou
muito do que sei, pena ter perdido Marisa neste processo, ela
perfurou o próprio coração para escapar de mim, não sei se
ela fez isto por ódio de mim, ou da filha, ou dos dois, mas
estava novamente tentando desviar tudo, para um objetivo.
Olho a estrada, se via as marcas dos pneus, eu apenas
peguei a pá, abri 20 buracos, e fui colocando minas terrestres,
olho para a casa bem ao fundo, e olho para as imagens
sumindo, eles estavam tirando os chip, sorri da ideia, e olho
em volta.
Arrumo a metralhadora bem no meio da pista, corto 3
arvores e estas atravessam a pista, subo em uma arvore e
olho para a casa ao fundo.
Ainda tinha meia hora, atravesso a trilha e derrubo mais
três arvores na outra estrada.
Estava a olhar em volta, olho para o delegado, olho para
Rita ao lado deles, e sorrio.
Disco para o telefone do Delegado, ele não reconhece o
numero, todos olham para ele, atende e fala.
— Delegado Mendes, o que deseja.
— Delegado, está cercado, tem apenas duas formas de
sair dai, a pergunta, quer sair vivo ou morto?
O delegado olha em volta, os demais viram ele puxar a
arma, algo estava errado.
— O que quer Pietro Martins?
— Senhor, este é o problema, eu nunca fui Pietro
Martins, nunca fui Marcio Maier ou mesmo Marcio Silva, tenho
de dizer que demorei para matar tanto Marcio Maier como
Pietro Martins, precisava dos bens deles, pessoas que não
existiam para a sociedade, embora seus bens estivessem ali a
chamar minha atenção, mas tem de ver que não respondeu a
pergunta.
— Acha que acredito em você?
— Tenho apenas um interesse neste local, mas posso
transformar meus planos Delegado.
182
Apertei o numero 3 e o delegado ouviu a explosão de 5
minas, que fizeram imensos buracos na estrada.
— E o que quer?
— Manda pela estrada Paula Silva, as demais merecem
um descanso.
— Veio apenas por ela?
— Delegado, me force matar todos, eu adoro matar,
pois vocês são o câncer deste mundo, odeio câncer, estou lhe
dando a chance de sair vivo.
Olhei pelo binóculos as moças todas em um veiculo, e
acionei o numero 4 no celular e se ouviu a explosão da casa
ao fundo, neste instante uns 5 que deveriam estar dentro da
casa morreram, mas todos os policiais são jogados ao chão
pela explosão.
Rita olha o Delegado levanta-se e fala.
— Podemos ter outra negociação? – Rita.
Acionei um chip no outro ouvido da moça e falei.
— Sim, mas não com eles ouvindo Rita.
Ela olha meio confusa, coloca a mão na cabeça e fala
olhando para frente.
— O que quer, quem é você?
— Pense que eu deixei tirarem suas filhas de lá Rita, lhe
dei um ponto de saída, mesmo os a volta não lhe ouvindo
ainda, mas só tem uma pessoa que pode me parar, e esta
pessoa se chama Marcio Silva, ou o Gelo.
O delegado ouvi pelo celular, e via Rita falar com ele
como se não precisasse do celular, estranha.
— Sabe o que quero, já falei, as estradas estão
intransitáveis, mas tenho sempre de lhes por a par, parecem
crianças e não investigadores.
Pego o celular mudo a frequência e falo, obvio que tanto
Rita como o delegado ouviriam.
— Saiu?

183
Os dois olham em volta, pareciam não entender, e
ouvem uma moça falar.
— Mais de 300 metros a leste.
— Cuidado com as minas terrestres na estrada.
— O que tá fazendo Pedro.
— Só você sabe meu nome Cobaia, lembra disto.
— Como esquecer, quase esqueci meu nome, e não
consigo esquecer o seu.
O delegado olha em volta, com quem ele estaria falando
e Rita olha para o carro das moças, ela olha para o policial
Ricardo e pergunta.
— Onde está Paula Silva?
O delegado chega ao local, entendera, a moça fugiu,
mas porque ela fugiu.
Olho o caminho que Paula fazia e sigo no sentido,
espero a beira da estrada e saímos no sentido da capital.
— Vai me judiar mesmo eu tendo obedecido? – Paula.
— Vou lhe judiar por ter falado meu nome, sabe disto,
as vezes parece gostar disto.
Ela sorriu, estranho como esta menina cresceu.
— Tem me traído muito Pedro.
— Você é minha, não o contrario, sabe disto, fiquei
preso por isto, lembra?
— Minha mãe pediu pela morte dela, bobeei com uma
faca, vi que estava tentando me manter oculta, mas não me
culpa por ela ter se matado?
A olho, talvez a culpasse, mas a trazer a luz era trazer a
luz quem eu era, ou melhor, ela sabia, algo que nem a mãe
dela sabia, e pergunto.
— E o que ela falou?
— Ela tentava negar o sentimento que tinha por Marcio,
acho que ela o amava como o amo, embora saiba que não
quer ouvir sobre isto.
— E como está Marcia?
184
— Numa instituição de crianças abandonadas, não tenho
paciência com crianças, principalmente as que não posso
cortar, e não quero matar nossa filha.
— O que eles estão achando sobre tudo?
— Que não sabem nada, agora eles saberão que não
sabem nada de você.
— Imaginei. – Eu tinha algumas coisas a fazer, vi Paula
me olhar e falar.
— Acha que nos deixam em paz?
— Quem somos eu e você?
Ela vê eu desviar para uma estrada secundaria, sabia
que a policia estava fechando todos os acessos, e tinha gente
que ainda tinha de morrer, se eles entendem o problema, não
sei, mas eu construo o problema andando.
Paramos em um motel a frente e coloquei as armas a
mesa, a levei ao banho, e lhe beijei.
— Porque não me odeia Paula?
— Eu lhe odeio, mas eu amo lhe odiar, odiaria não poder
não lhe odiar.
— Porque não me falou isto a 4 anos.
— Eu era uma criança.
— Atentada criança.
— E você me colocou em treinamento, vi que minha
mãe tentava dizer que lhe odiava, mas sentia que era mais
leve do que ela passara no passado, mas eu odiava ela por
tentar lhe amar, por pensar que você poderia ser dela apenas,
odeio quando faz o que fez na cabana, mas vi que está
aprendendo a judiar para valer das pessoas.
— Elas tem morrido demais na ultima semana.
— E foi lá me tirar?
— Quem vai acabar tirando o pessoal de lá, é o pessoal
de Mauricio Lemos, que fez um acordo com Marcio para lhe
tirar de lá.
— Sabe que os filhos do Delegado me conhecem.

185
— São seus, mas os quero vivos o máximo de tempo
possível, quero obediência e respeito, entendeu?
— Interessado nela?
— Achei que nem lembrava mais de mim Paula.
— Sabe que prefiro quando me chama de Cobaia, de
Coisa, acho que aprendi a não gostar de algumas coisas com
você Pedro, mas parece mais leve.
— Terei de contar nos dedos para saber quantos matei
esta ultima semana.
— E qual a ultima morte da semana?
— A ultima nunca se sabe, mas não sei se quer manter-
se oculta, ou ir a vitrine?
— Vitrine.
— O que quer?
— Ouvi um policial falar que Marcio Gelo lhe odeia,
quero que ele me odeie, como o odeio, para deixar as coisas
em pé de igualdade.
Sorri, deitamos e senti ela quente, ela parecia querer
que a forçasse, que lhe amarrasse, ela parecia gostar das
marcas doidas da corda, a maioria reclamava, mas ela parecia
adorar isto.
As vezes olho a criação e me sinto o monstro, as vezes a
olho e me sinto a criação.

186
Acordo com o telefone, atendo e ouço.
— Prenderam Carlinhos.
Olho a posição do senhor e vejo que o mapa me dá
Delegacia e sorrio.
— Como, ele morreu ontem Claudio, me confirma quem
eles pegaram, pois eu sei que o matei ontem.
— Vou verificar.
Desliguei e olhei para Paula e falei.
— Tem gente que não aprende, me trair bem na hora
que poderia embolsar o maior escritório de advocacia da
capital.
— Quem?
— Claudio.
— E como sabe que ele lhe traiu?
— Vamos sair e conversamos no caminho.
Ela coloca a roupa e vou ao carro, 5 minutos estávamos
saindo do Motel.
Pego o celular e disco para Carlinhos.
— Onde está Carlinhos?
— Sabe onde, porque pergunta.
— Claudio acaba de me ligar e dizer que o prenderam, e
ele de alguma forma tirou o controle 1.
— E sabe onde ele está?
— O controle 2 diz que ele está na delegacia do 5º.
— Quer que faça algo?

187
— Não o atende, eles vão tentar identificar onde você
está, sabe que terei de mudar de planos, e tenho mudado de
planos muitas vezes.
Paula me olha, pareceu entender, dirigimos até a casa
de Claudio e apenas lhe dei uma arma e falei.
— Acha que consegue?
— Eu não tenho pena deles como você Pedro.
— Cobaia revoltada e armada, algo está fora do
contesto. – Falo a olhando serio.
— Faço, quer algo dai?
— Sim, alguém de maior para assinar as transferências,
pois odeio a ideia de esperar alguém ter de chegar a
maioridade para me passar algo, mas se não sobrar nenhum
faço o Claudio assinar.
— Não deixou o Delegado vivo.
— Quero testar até onde podemos transformar Carlos e
Bruna em nossos assassinos, precisamos ter ações extras para
quando formos pegos.
— Confia neles?
— Que graça tem a vida sem perigo, e agora não tenho
saída, dei um caminho fácil de saída para a senhora, mas ela
em pânico entrou na porta errada, não era para explodir a
perna e morrer se esvaindo em sangue.
— Certo, não era para ser assim, mas se estamos nisto,
é para ganharmos.
— Sim, acha que gosto de prender crianças?
— Prender não, mas abusar delas tenho certeza.
— Está muito respondona Cobaia Paula, vou ter de
voltar a lhe por rédeas.
— Sabe que adoro você mandando, impondo, sinto
como se naquele segundo fosse meu, só meu.
Ela sai do carro, eu saio dali, todos achavam que eu
operava sozinho, a existência para a policia de Claudio,
Carlinhos, Paula, pode dar outra impressão, mas eu gosto de
usar os demais, mas os planos apenas meus.
188
Caminho no sentido do centro, tenho de parar de
estourar cativeiros e residências, pois além de dar custos de
recuperação, nos induz a locais públicos quando todos nos
querem achar, algo nada bom.
Parei o carro em um parque, do outro lado do mesmo,
na parte que subia, o parque fora feito na parte baixa, onde o
rio alagava quando chuvas muito fortes, então gerar lagos,
gramas e arvores ajudava em caso de grandes cheias, olho
para o condomínio, olho algumas crianças a brincar a frente,
olho a mãe, as crianças, pego a sarabatana na mochila, vi a
primeira criança cair, a mãe correr para a ajudar, acerto ela e
depois a menor, chego com o carro ao lado com toda calma e
coloco elas para dentro, a senhora estava grogue quando
pergunto o endereço dela, e falo.
— Lhe deixo lá, deve ter comido algo que não caiu bem.
— Meu filho.
Pensei em Morto, mas falei.
— Acordando, deve ter comido o mesmo.
Dei a volta, a moça olha a casa, uma senhora veio
ajudar, coloquei as crianças para dentro descobrindo que a
moça tinha separado, era o endereço dos pais dela, olho para
o outro lado do parque, um bairro de casas antigas e do outro
lado, de casas caras.
A senhora estava ajudando quando sentiu a picada ao
pescoço e caiu, olhei o senhor a porta e apenas estiquei a
arma e o mandei sentar, o coloquei para dormir.
Olhava para as crianças, nada naquilo me agradava,
pobres, crianças remelentas, roupas velhas, gente simples
demais, como eu direi sempre, pobres não só no dinheiro, no
comportamento, na cultura, nem um livro sequer, na
educação, e principalmente da ingenuidade.
Deixei as armas guardadas, na casa.
Amarrei todos e peguei o carro e sai, com a chave da
porta, passo lentamente na frente do condomínio, paro em um
dos muros, finjo que fui mijar no muro, encosto no muro

189
deixando ali uma mina terrestre, fui colocando isto a toda
volta do imenso condomínio, alguns lugares tinha uma linha
de arvores, e olho em volta, peguei cintas de explosivo
plástico, e enrolei nas arvores maiores na divisa, olho a hora e
volto ao endereço que deixara Paula, ela estava lá parada a
rua, esperando um ônibus como se não tivesse feito nada,
entra no carro e pergunto.
— Como foi?
— Claudio deve estar prestes a chegar ai com a polícia.
— Não foi o que perguntei?
— Ele vai pensar duas vezes antes de trair qualquer
pessoa.
Sorri, ela não respondeu, gosto deste método, não se
vangloriar, apenas deixa os demais verem o feito.
Fui na direção da estrada da Penitenciaria da Capital,
passei na estrada, parei a beira e fiz duas grandes linhas
amarelas, derrubei duas arvores isolando a região, logo
começaria encher de carros, soltei algumas minas terrestres
fora da linha, e dirigi calmamente no sentido da Penitenciaria,
parei o carro ao longe, em um bar e olhei para Paula.
— Sabe o que vamos fazer?
— Não entendi ainda.
Peguei uma metralhadora manual, coloquei na mão dela,
peguei outra, saio pela porta e entro no bar atirando, o tiro se
ouvia ao longe, deveriam vir verificar, via a frieza de Paula em
matar, todos mortos, saímos pela porta do fundo, e olhamos o
imenso terreno, ela me olha e fala.
— É suicídio.
— Não, senta ao fundo.
— Mas...
Saquei a arma e ela me viu atirar em seu braço, e falar
calmamente.
— Fugiu para os fundos, entendeu?

190
O ódio em seus olhos, me diziam que entendeu, pego a
metralhadora e paro ao canto e fico ali, estático, os policias
olham para a moça e um fala alto.
— Uma sobrevivente ao fundo.
O policial olha para ela sangrando, olho para o policial
chamar os paramédicos e nesta hora saio do canto, atirando,
os policiais nem viram o que os atingiu, chego a sala e sinto o
tiro atravessar meu braço, viro com a outro metralhadora
atravessando tudo e olho a leva de corpos a mais, os carros
da policia chegando e aperto o 22 do celular, e 12 morteiros
disparam ao ar no sentido da penitenciaria, e depois o 12 e o
carro a porta explode, abrindo um buraco, deixando ali um
rastro de mortes, olho para trás e vejo Paula pegar a
metralhadora e falar.
— Levou um tiro velho.
— Sim cobaia Paula.
Ela sorriu e vimos bem ao fundo mais policiais
chegando, andamos uns metros, atiro no motorista e
entramos nele, olho aquela linha na pista, e disparo por cima
da linha amarela, uma curva com minas terrestres e olho para
a arvore, desço do carro atirando, Paula pula a arvore e
entramos em um carro de onde puxo o motorista morto e
saímos cantando pneu no sentido oposto.
Mais a frente trocamos de carro, roubando outro e
voltamos a casa que havia pego emprestado, a dor no braço
estava latejando.
Primeiro tiro a bala de Paula, ela me olha com raiva e
fala.
— Nem precisava atirar em mim.
— Lembra disto a próxima vez que me chamar pelo
nome em publico.
— E este buraco ai.
— Já cuido disto.

191
Eu terminei de cuidar do curativo e olho para ela, que
fez o mesmo por mim, as vezes tento negar ajuda, mais para
não ficar mole, principalmente para não dever favores.
— Fica quieto, não é um favor, é um agradecimento.
Ligo a TV e se via a imagem de nós dois saindo da
região, do muro frontal da penitenciaria caído, e os mortos, se
via o delegado tentando justificar a ação de dois malucos, um
todos conheciam por Marcio Maier.
— Porque fizemos isto Pedro?
— Eles iriam transferir Marcio para lá amanha, assim
eles seguram ele na delegacia que está.
— Pensando em o soltar?
— Você que escolhe o que quer fazer com ele Paula.
Ela me olha, eu pego o binóculos e saio a frente da
casa, se via o dia escurecendo e olho para ela.
— Os óculos de visão noturna.
— Não entendi como está fazendo?
Sentei e a olhei.
— A grande mudança da minha vida, foi ser preso, sua
mãe conseguiu me denunciar, eu pensei que não a ouviriam,
mas obvio, mesmo você falando o contrario, o exame
confirmava o abuso, ela havia se livrado de mim, mas ela
mandou a prisão Pietro Martins, mas este fora o dono da casa,
do terreno, das coisas que vivíamos, eu o torturei até ele
passar as coisas para mim, quando falo que tenho de ensinar
isto e passar a frente Paula, é que não é só crime, é diversão,
e para ser diversão, algo tem de manter a comida a boca, o
dinheiro das armas, então temos de providenciar os recursos,
eu sabia que seu pai estava lá, mas eu conhecia ele apenas
pelo que vocês falavam dele, não ele em si.
— Ainda mais alguém no isolamento.
— Sim, ainda mais alguém no isolamento, mas depois da
primeira rebelião, vi ele a primeira vez, entendi que ele sairia,
ele saiu pela porta da frente Paula.
— Como?
192
— Não sei, mas alguém foi comprado lá dentro, ele tem
recursos fora, acha que ele está preocupado com a morte de
Claudio, ele se mantem por si, mas eu levei sorte, ele foi
nomeado para o tal jogo dos delegados, tinha passado 6
meses que havia visto seu pai sair pela porta da frente, eu fui
o escolhido, uma chance de sair ou morrer, sou péssimo na
coisa de morrer, quando vi este Caio a cuidar da segurança do
senhor que fazia a disputa, sorri, ele não me reconheceu, mas
acredito que de alguma forma ele ajudou, ele queria que sua
lenda se ampliasse.
— Deve um favor a ele?
— Sabe como eu retribuo favores, ou odeio dever
favores, lembra?
— Como esquecer.
— Dai quando sai, precisava de uma nova identidade,
incrível como um senhor como eu, tomando uma cerveja em
um bar, daqueles que tinha apenas para uma cerveja, me
deparo com um senhor, ele na aparência, diria que tinha
menos que eu, mas quando ele começou a falar, se mostrava
alguém culto, ele pediu mais algumas cervejas, ele parecia
não conversar com muitos, este era Marcio Maier, o nome dele
me fez desejar usar aquele nome, incrível como alguém
simples como aquele senhor, tinha recursos, mais incrível foi a
forma que aconteceu, o senhor parecia querer se livrar da sua
vida, ele estava quase implorando a morte, só não o fez com
medo de não o matar.
Estava a falar quando o repórter da TV fala;
— Encontrada morta toda uma família de um dos
colaboradores da policia referente a Marcio Maier, vamos ao
repórter direto do local.
— Boa Noite Silvio, o que temos de novidades?
— As nossas costas tem a casa de Claudio Silvério, um
dos únicos advogados que escapou da chacina hoje cedo no
escritório de advocacias do centro, o delegado fez um relato
do estado das pessoas.

193
A imagem vai para a de um delegado, nitidamente
gravado ainda de dia.
―A família foi toda morta, a pelo menos 3 anos não via
um crime assim, as pessoas estão todas sentadas em um
circulo, elas tem marcas de eletrochoque na mão, todas
tiveram suas línguas arrancadas, elas estavam com os pés
descalços e pregados ao chão, não sabemos quanto tempo
elas foram torturadas, mas tudo induz um bom tempo.‖
Olhei para Paula, ela usou os métodos de seu pai, então
agora teriam um problema, alguém estava solto e usando os
métodos de Marcio Silva, o Gelo.
Peguei o telefone e marquei com um rapaz, jovem, e
nos encontramos no centro, no escritório de advocacia novo
dele, recém formado, com apenas 20 m² de escritório.
— Boa noite, no que posso ajudar?
— Tem estomago para a criminalística que se formou
rapaz?
— Sim, mas quem vou defender.
— Quero saber se sabe guardar segredos, e se o que
falarmos aqui, vai morrer aqui.
— Com certeza senhor.
— Tenho um amigo, que está a mais de 3 anos, dos
quais passou um na cadeia, condenado por crimes que sei que
não foi ele que cometeu, mas ninguém acredita nele, pois se
falam em Marcio Silva, todos tremem.
— Quer que defenda Marcio Silva?
— Ouve, se achar no fim que vale a pena, fechamos um
acordo, se não, todos esquecemos o caso.
— Você não é Marcio Maier?
— Este é outro assunto.
— Quem é a moça, vão me matar?
Sorri, fama dá nisto.
— O nome da moça ao meu lado é Paula Silva, filha de
Marcio Silva, mas o que precisamos levantar é um dado, o
advogado Claudio Silvério, se apresentou hoje como um
194
advogado de um escritório de advocacia que nunca trabalhou,
ele apontou onde estavam dois cativeiros, em sua casa se
acha de cachorro a filha mais nova mortas, e não forma
mortos hoje, e ninguém está olhando porque os métodos
usados foram de Marcio Silva.
— Acha que ele sabe mais?
— Queremos saber a mais de 3 anos quem fez as
mortes, todo o jurado queria a prisão de Marcio, pois toda a
cidade achava que ele era culpado, ninguém tinha as provas,
ninguém tinha um fio de cabelo, apenas uma menina de 8
anos que afirma que ele a mataria, ele não foi condenado por
provas, e sim, circunstancias, sabe disto, todo advogado
aprende isto muito bem quando falam do caso Marcio Silva.
— Quer reabrir o caso?
— Pensa no furo de tudo isto, todos afirmam que Marcio
ainda está preso, alguém vai a cela dele e deixa a comida,
retira do fim do dia e não vê que ele não está lá?
— Porque ele não está lá?
— Porque ele foi tirado de lá para um destes joguinhos
de Delegados onde todos que participam morrem, então de
direção do presidio a delegados envolvidos sabem que ele não
está lá, porque acham que ele está morto.
— E ele não está morto?
— Sabe que não.
— Apenas confirmando, pois parece saber muito disto
para não ter parte.
— Ter parte, querer ajudar e Marcio querer minha ajuda
é outra coisa, eu sou um velho como ele fala, e me envolvi
com a filha dele.
— Tudo que falou é verdade?
— Falei o que posso falar, mas a pergunta, quer ajudar
neste caso, que se conseguir o feito de refazer o julgamento
já é um grande feito?
— E como vai cobrir as custas do processo?

195
— Rapaz, isto é outra coisa que não entendo, alguém diz
que eu morri no norte do país, e ninguém nem confere a
diferença de documentos, quantos Marcio Maier você acha
que existem neste país?
— Pelo jeito mais de um.
— 9 ainda vivos, mortos, deve ter existido mais de 30.
— Certo, e as acusações sobre você?
— Quando for a hora, me apresento e iremos a meu
julgamento, agora o julgamento é de um amigo, nem tão
amigo, digamos um sogro.
O senhor sabia que os dois estava armando, tinha visto
a imagem dos dois saindo da região, do presidio, e ouve uma
ultima frase.
— Verifica para mim, o que Rita Camargo fazia a um ano
e oito meses atrás, acho que ela foi parte dos que soltaram
Caio, e não queria a complicar, apenas preciso saber.
O senhor fez um contrato, eu assinei como Marcio Maier,
uma entrada em dinheiro e saímos dali.
Paula olha para mim e fala.
— Quando falam em não lhe trair não imaginam o
quanto é dissimulado, a ponto de inverter uma historia.
— O maior segredo da dissimulação, é conseguir manter
o que é verdade e o que é mentira nos locais certos Paula,
muitos dissimulam e começam a acreditar na mentira, dai,
caem junto com a mentira.
— Como sabia que iria usar os métodos de meu pai?
— Sei que parte das mortes não foi ele, e você tinha o
que, 13 anos.
— E nunca me falou que sabia.
— Eu deduzi com o tempo, nem tudo pisca como um
fato rapidamente.
— Mas nem perguntou?
— Sabe que para mim somente a minha historia é
importante, pois somente ela sei que foi como eu conto.

196
— Ou não.
— Ou não, mas sei onde minto, já na historia dos
demais nunca soube onde mentiam.
— Vamos para onde?
— Vou ver se minha mira está boa mesmo, se ainda não
perdi o jeito.
— Mira?
Passamos em um posto e compramos gasolina.
Voltamos a casa, eu ajeitei o rifle de precisão de longa
distancia na varanda alta, onde se via a porta da casa do
prefeito no condomínio fechado a frente, coloquei o óculos de
visão noturna e olhei para Paula.
— Pode preparar o local, sei que quer matar alguns.
Ela sorri e foi para dentro, ela matou um por um com
uma crueldade que parecia genético, pois fazia mesmo com a
criança de 6 anos, gosto da violência, gosto deste sangue pela
casa.
Estava tudo quieto as 2 da manha quando estoura as
cintas nas arvores, trazendo 20 arvores para baixo, assim
como o muro da divisa leste do condomínio, os seguranças se
agitam, logo em seguida, a explosão sequencia de 10 partes
dos muros frontais, vi os seguranças entrarem na casa do
prefeito, todas as casas se acendiam, mesmo as do lado da
que estávamos, pois o barulho era forte, estava focado na
porta da casa, vi eles tirarem uma criança, e vi o prefeito de
pijama a porta, um tiro, e vi a cabeça do senhor estilhaçar, os
seguranças olham em volta, procurando algo, mas nada que
vissem, era muito longe, guardo a arma e descemos ao carro,
nossas coisas no carro, gasolina na casa e um fosforo, saímos
calmamente enquanto a labareda corria pelo chão e atinge as
cortinas e sofás encharcados e começa a pegar fogo.
A polícia foi acionada e nós descendo a serra
novamente, novamente pela estrada mais longa e tortuosa,
mas sem módulos policiais no caminho.

197
Paramos na casa beira mar e ligo os sinalizadores na
tela e falo.
— O delegado está conseguindo sair só agora da região
que lhe tirei.
— E estas crianças?
— Sei lá, as vezes preciso de diversão.
— Sei que não gosta de matar, você mata rápido, eu
gosto de os fazer sofrer.
A segurei pelo pescoço e falei serio.
— Se controla Paula, só um pouquinho, ou vou devolver
tornozeleira e coleira para você.
— O que lhe mordeu?
— Gosto de lhe ver assim, com medo.
Ela me olha nos olhos, ela sabia que eu não era santo, e
fala pensando um pouco.
— Sei que faço uma ideia errada a seu respeito Pedro,
sei que confiou isto a mim, falei demais, mas como eles vão
descobrir quem é você.
— Não vão, e se um dia um delegado lhe perguntar
porque me chamou de Pedro, diz que era uma forma de não
apanhar, e me chamar de Pedra, seco, duro.
— Certo, mas...
— Terá sua vingança, sei que corre atrás dela, e
montaremos nossa vila de aterrorizados, onde eles farão tudo
que mandarmos, entendeu.
— Tudo?
— Sim, tudo, então cuidado com o que deseja, outra
coisa, estas ai, são nossa carta de herança do maior jornal da
Capital e do maior escritório de advocacia que existe lá.
— E como vamos passar para nós?
— Com calma, nesta hora quem tentar, será acusado da
morte dos demais, então no caso delas, calma, não as mate
antes de terem 18 anos.
— Vai abusar delas?

198
— Porque não, sabe que somente quando as pessoas
percebem que o abuso sexual é a menor das dores presentes,
que elas se tocam que a única coisa que carregam na vida, é
o próprio corpo.
— Você me fez adorar matar assim, acha que consegue
algo com algum deles, soube que andou se divertindo?
— Marquei quem quero, sabe do que falo.
— Não entendi a ideia da tatuagem, isto fica muito
evidente.
— Quando a pessoa esta sentindo dor, ela não percebe
você incutindo microchips, ou sistemas de microbactérias,
muito menos de micro incisões programáveis de soníferos.
— Fez isto com a policial?
— Sim, ela ainda é uma incógnita para mim.
— A deseja?
— Isto não preciso de justificativa para fazer, sabe disto,
assim como para matar, você sabe bem disto.
— Sei, tinha ciúmes de minha mãe, você me fez judiar
dela, gostei de judiar, e depois, ela por ciúmes me afastou de
você, e eu por ciúmes, não fiz questão de lhe defender, duas
bobas que quase o perderam.
As crianças estavam ao centro da peça e falei.
— Sabe que odeio regras, odeio tudo, mas você eu não
odeio Paula, odiaria ver você dependente de mim, odiaria ver
você não reagir ou não fazer, mas vi que encarou novamente
com naturalidade, andou praticando pelo jeito.
— Cortes mortais não tem muita graça, mas soube que
traumatizou uma menina a forçando matar a mãe com as
mãos.
— Ela me olha como você me olhava aos 14 e não vale
ter ciúmes.
— Achou alguém que lhe teme e lhe olha como um
protetor mesmo tendo a feito matar a mãe?
— Eu a fiz abrir a mãe com um bisturi, e segurar seu
coração, o forçando parar de bater.
199
— Olha que nunca havia pensado neste tipo de morte,
rápida, mas de um impacto a quem faz imenso.
A abracei e falei.
— Amanha vamos agir em paralelo, tudo bem?
— Então vamos achar mais carros?
— Já temos os carros, eles que não sabiam por onde
tirar do sitio sem os explodir.
— Carros oficiais?
— Eles olham pouco para as pessoas, eles tem medo da
policia em si, então não encaram.
Olhei a empregada e falei.
— Mas não me custa judiar de alguém.
Chego perto de Beatriz e apenas a olho, ela estava
ouvindo demais e falo.
— O que ouviu Cobaia?
— O que falaram.
Fui a mochila, peguei um bisturi e fiz um corte na orelha
dela que começa a sangrar.
— Vou perguntar de novo cobaia, o que ouviu?
— Não ouvi nada.
— Bom, não ouviu e não viu nada, pois lembra, posso
tirar sua língua, depois seus olhos, um por um.
— Desculpa senhor. – Ela fala baixo.
— Não lhe culpo, lhe odeio apenas, mas... – passei a
mão entre as penas dela colocando um dedo para dentro
forçando-o – abre as pernas cobaia Beatriz.
— O que vai fazer.
— Abusar de você, mas se for boazinha, lhe abuso com
o louquinho aqui entre as pernas, se não for boazinha, com o
taco de beisebol na parede.
— Não faz isso... – ela choraminga.
Dei um tapa para valer e ela me olha com dor, seguro
ela pelo pescoço apertando e falo.

200
— Sem choro, sem gemidos, sem sinais de coitadinha,
para cada choro, vai apanhar, e posso ser bem desagradável
moça.
Soltei o pescoço dela, e cortei as cordas com o bisturi, a
fiz ficar de pé e encostei ela na parede de costas e abri o
zíper, ela estava bem sequinha, senti entrar rasgando, abusei
dela muito, a bati muito e no fim a sentei na cadeira, ela ia
chorar e levantei a mão, ela segurou o choro, ela soluçava
mas não conseguia nem me olhar.
— Este Pedro é diferente, está aprendendo a fazer elas
lhe odiar de verdade, ódio com medo.
Fui a um banho e deitei com Paula, estava precisando
do que dizia não precisar, ela me fez massagem, e depois
deitou em meu ombro.
— Você me conquistou não com a violência Pedro, e sim
com o ceder de seu ombro para me proteger, você sempre
tentava me proteger e me fazer forte, as meninas estão em
pânico e pelo jeito nem chegou perto delas.
Amanhecia lá fora quando consigo dormir.

201
Acordo assustado, senti um cheiro de café e fui a
cozinha, a moça, a via como uma criança ainda, fazia um café
e olho a TV, havia dormido demais.
— Preso a instante o Advogado Claudio Silvério. – A
imagem da prisão e depois a gravação do delegado – Estamos
o prendendo para averiguação, as mortes na casa dele
parecem anterior a ida dele a delegacia, ele afirmou trabalhar
em um escritório que nunca pusera o pé, e todos sabemos
quantas mortes aconteceram lá, e apontou certeiramente dois
cativeiros, ou ele faz parte ou temos de verificar.
— O que o fez desconfiar?
— O advogado de Marcio Silva se apresentou hoje para
representar o senhor, e deixou claro que Marcio Maier não é
um morto como o advogado afirmara e sim, apenas Marcio
Maier, o senhor que odeia aparecer.
— O que o advogado de Marcio Silva afirmou sobre os
crimes do cliente dele?
— Ele quer um novo julgamento, com o cancelamento
do antigo julgamento, ele está mostrando os casos de mais de
2 crimes atribuídos ao senhor, e que tem as mesmas, exatos
métodos, do crime cometido na casa do advogado Claudio
Silvério.
A notícia foi para outra e olhei em volta, casa arrumada
e com café a mesa.
— O que pensa estar fazendo?
— Cuidando de meu dono, o que mais?
— E toda esta limpeza?
202
— Aprendi a sobreviver, tinha de ganhar um dinheiro
para comer.
Sentei e tomei o café, isto deveria ser parte dos
métodos novos de tortura?
Sorri e ela perguntou.
— Ofereço a elas?
— Não sei ainda, tortura pelo cheiro nunca pensei, café
quente na garganta? Não sei ainda.
— Vai as fazer passar fome.
— A vantagem das crianças atuais, é que se as der
agua, elas definham gordura nos 10 primeiros dias.
— Regime forçado?
— Tem de as fazer praticar exercício, os músculos são
mais importante do que a comida, a agua muito importante,
mas tudo sobre regras bem rígidas.
— Desenvolvendo um método novo, mas testou em
alguém?
— Em uma cobaia de seu pai, mas pelo jeito ela tinha
com ele algo mais profundo, quase morri por isto.
— Odeia quase morrer? Não disse não temer a morte?
— Não temo a morte, mas a quase morte.
— A dor?
— Quem não teme a dor, não nos serve de cobaia Paula,
quem não teme se afogar, não nos serve, quem não teme
animais, insetos, nos dá mais trabalho a por no caminho de
uma boa cobaia.
— Não teme elas ouvirem demais?
— Uma das moças ouviu demais, fui ao hospital quando
a recuperaram, um tiro na cabeça e pronto, sem depoimentos
ou testemunhas.
— E como vai sair da acusação?
— Posso fazer um teste bem profundo de medo e ódio,
e ver se alguém depõem.
— E estes chips que colocou em nós, de onde veio isto?
203
— O Pietro Martins original era um expert nisto e tem
uma empresa que fabrica isto, para fins militares, mas como
dono da fabrica hoje, resolvi usar nas minhas cobaias.
— Ajuda, mas nos deixa tensas.
— Tem de entender, que todas as cobaias são de Marcio
Maier.
— Por isto tatua Marcio naqueles símbolos estranhos?

Alcanço para ela uma plaquinha que tinha ao bolso com


os símbolos e falo.
— É um tipo de letra, mas tem a maiúscula e a
minúscula, o que confunde as vezes.
Ela olha a placa e fala.
204
— Fazendo um padrão?
— Sim, e não é todos que marco, apenas os que
pretendo resgatar ou treinar na morte, então se – olhei a
moça – marcar alguém, considere uma chance de vida,
mesmo tendo de aguentar minha crueldade, mas se não a
marcar, enquanto não a marcar, não estão em meus planos
de vida, e sim, de objetos que pedirei para as cobaias
matarem.
Olhei para Paula e perguntei.
— Me fez dormir como há anos não conseguia.
— Sei que me odeia ―Marcio‖, mas tem de ver que nos
odiamos na mesma frequência.
Sorri, sentia a picada no pescoço, sei que ela me fez
dormir, fiquei pensando se ela me traiu, mas teria de ir em
frente.
Isto me deixava atento a tudo, e obvio, nesta hora
atenção era muito útil, e ter dormido também o fora.
Era fim da tarde quando ligo para o advogado e ele
confirma que estava sendo monitorado pela policia, mas o
escritório de Mauricio Lemos falou em parceria, que
precisavam de ajuda e fora útil e eficiente, que o derrubar da
afirmação que Claudio era advogado deles, fez antigos clientes
no lugar de os verem como cumplices, como vitimas de uma
conspiração que não se sabia ainda quem administrava.
Estava a olhar as noticias na internet quando vejo Rita
entrar pela porta, ela estava sozinha, olho para Paula, ela não
sorriu, mas sabia que ela pensara em algo.
— Entre Rita.
A imagem externa da casa foi colocada na tela, queria
saber se mais alguém viera.
— Temos de conversar, não sei seu nome.
— Pode me chamar de Marcio.
— Porque fez tudo isto?
— Porque quero soltar o pai de Paula.
Rita olha para Paula, e fala.
205
— Ele preocupado com você e você com este monstro?
— Diz para meu pai que não cheguei a qualidade dele,
para ser comparada a nenhum dos dois Marcio.
— Ele não é tão ruim.
Sorri, olhei para Rita, ela queria algo.
— O que quer Rita?
— Você me marcou, e ninguém sabe como, o rapaz do
IML passou um raio X em mim e não achou nada.
— Digo que deveriam pedir todos a conta.
— Mas como...
— Não veio aqui por isto, Paula não entraria em contato
com você por isto.
— Ela não lhe contou?
— Ela me teme mais que ao pai dela, e isto é raro, pois
viu que aquela maluca da Mirian se matou por temer ele mais
que eu.
— O IML esta com o corpo dela, duas formas de
marcação, uma a faca e uma a tinta, eles querem saber quem
fez oque?
— Se comparar a sua, com a dela, eles saberão quais
eu fiz.
— Porque me marcou?
— Já falei, você é da família, vou pedir permissão para
Marcio para ensinar a filha dele bons modos.
— Acha que tenho medo dela?
— Eu teria, se fosse você, mas ainda não falou o que
veio faze aqui.
Rita olha as 3 pessoas no centro da peça e falou.
— Você não mata como os crimes que apareceram em
Curitiba, duvidei que estava aqui, e está, mas deve as estar
traumatizando.
— Diz para a Cintia, que enquanto ela me obedecer não
mato a mãe dela. – Olhei serio para Rita.
— Ela não vai ouvir isto.
206
— Por que acha que ela não ouviu Rita, porque eu
deixaria esta conversa fechada.
— Está jogando.
— Todos estamos, mas o que precisa.
— Saber da ideia, Marcio quer saber.
— Ele vai a novo julgamento, pois está provado que
alguém consegue fazer os exatos crimes, que atribuíram a ele,
com a mesma força feita, com a mesma crueldade, e ele está
lá na sua delegacia, isolado.
— Porque matou o prefeito?
— Porque disse que o faria, porque mais?
— Ninguém sabe como fez, mas sabem que foi você.
— A diferença Rita, eu faço escândalo para matar,
muitos fazem quieto, eu gosto de barulho.
— Acha que não vou me livrar disto a cabeça?
— Pelo menos Cintia não vai poder dizer que fui eu que
a matei, pois pode ter certeza, se tirar este que está ai, tem
45 segundos de vida, que é o tempo da enzima que a segura
se espalhar pelo seu corpo.
— É uma ameaça?
— Rita, você está em treinamento, mas não entendeu,
seu querido Marcio, não pode lhe fazer mal, sem mudar sua
opinião sobre ele, então entra em ação outro Marcio.
— Ele não faria isto.
— Eu faria, e pode ter certeza Rita, assim que estiver
com tudo pronto, voltamos a nossa aula de crueldade, mas
desta vez, sem interrupções. Mas o que quer, não arriscaria
ficar presa novamente se não quisesse nada, onde está aquele
delegado, o que ele pretende?
— E porque acha que a ideia é dele?
— Os dois trabalhavam na Penitenciaria da Capital,
quando do sumiço de Marcio, sem ninguém dar falta, uma
funcionaria do local, que depois passou no concurso da policia
Civil, levou comida por dois meses, para alguém que não
estava lá e seu superior, o atual delegado, antigo Diretor do
207
Presidio, a deu cobertura, ambos conseguem após isto, postos
melhores, todos apoiados pelo falecido prefeito, se
perguntarem lá fora Rita, em teoria, estou me vingando de um
joguinho de Delegados, mas na verdade, estou apagando
pegadas, e pode parecer distraidamente, que são as suas
pegadas que estou apagando, algumas podem até ser, mas
são as minhas que apago, as de Marcio Silva, não as das
Cobaias, e você sabe, é minha cobaia, até tentar tirar isto da
sua cabeça, dai será um defunto fresco.
Apertei um botão e Paula vê as grades vindo do teto, a
olhei fazendo sinal para colocar as cobaias nas celas, Rita me
olhava, vivera aquilo.
— Vai as manter presas?
— Como disse Rita, eu apago pegadas, ou é isto ou a
morte, pois elas me viram, elas ouviram mais do que você,
então – dei o comando e as grades se erguem entrando no
teto alto da casa – e dizer onde estão é as matar, pois não
teria como as salvar Rita.
Fiz sinal para Paula sair e falei.
— Tem de pensar melhor menina, vai se dar mal.
Ela não entendeu e viu a casa começar a ser cercada e
falou meio tremula.
— Não queria isto Pedro.
— Vou fazer de conta que acredito.
Paula entra em uma peça ao fundo, Rita achava que a
casa estava toda cercada, mas ignorava que aquela peça tinha
uma escada para baixo e uma manilha com agua da chuva,
pois a maré alta não ajudava nesta hora de a escorrer, até a
casa ao lado, uns 150 metros, até outra escada, outra casa,
uma saída calma se desse tempo para ela sair.
Me vi cercado, eles poderiam me matar, este era o risco,
e sabia que Paula queria aquilo, sempre soube, a dita
vingança que ela disse um dia executar.

208
Dei o segundo comando e as grades no topo trocaram
de lugar, invertendo para caber mais gente, mas Rita apenas
ouviu o ruído, e me olhou.
— E se as soltar?
— Soltar quem, os bonecos de cera?
— Não pareciam bonecos de cera.
Sorri e vi gente entrando por todos os lados, olhava para
Rita que fala.
— Como prometido Delegado.
— Porque cortou a comunicação Rita? – Delegado.
— Não cortei, ele usa aquele objeto na mesa, corta
todos os sinais não cadastrados por ele.
— Parado, ou leva um tiro. – Um policial as costas.
— Tudo bem, se eu morrer, não esperem que alguém
saia vivo rapaz, se acha que vai me jogar na viatura e vou
morrer no caminho por ter resistido a prisão, sinal que estará
dando a quem comanda isto tudo, autorização para matar
todos os seus, pois se não entenderam, sou um peão,
somente os peões fazem barulho, os reis são silenciosos.
Levantei as mãos e vi Rita me algemar, eu sempre
resgato as pessoas ou as mato, mas não pretendia ser preso
aquele dia.
Vi Rita apertar o botão para descer as grades e se viu os
quatro bonecos de cera nus nas celas, Rita teve de chegar
perto para ter certeza que eram de cera.
— Como faz isto?
— Acha mesmo que tem uma peça naquela porta?
Rita chega a porta que vira Paula entrar e vê uma
dispensa, cheia de coisas, apertada e me olha.
— O que é isto Rita? – O Delegado.
— Precisamos conversar Delegado, ainda sou uma
prisioneira, e não entendi ainda as acusações contra mim.
— Pelo que entendei, tem um pacto com este dai, mas
pelo menos tenho os dois presos.

209
Somente neste momento sorri, demorei para entender,
não concordaria com esta ideia se Paula tivesse a proposto,
mas sorri e Rita ficou insegura.
A imprensa a porta me veem sair, o delegado não dá
entrevista, ele não entendera o acontecido, se até eu estava
confuso, olho ao longe e vejo a pequena Regina me olhando
em meio a aglomeração de pessoas, olho ao seu lado e desvio
o olhar, Rita me olhava, olho para o outro lado, estávamos em
um circo e um repórter se portou a minha frente.
— O que o senhor tem a declarar sobre as mortes que
cometeu?
— Me viram matando alguém?
O repórter olha para o delegado, que não estava
entendendo a imprensa ali, agora não poderiam dar fim no
senhor.
Me levam para a capital, sentado a uma cadeira olho um
senhor ser sentado em outra e falo.
— Como está Silva? – Olhei o senhor que sorri, talvez
ele tenha demorado a me encontrar na memoria, e fala.
— Bem, e você Pereira?
— Tentando entender porque eles querem me pegar, o
que o traz aqui?
— Dizem que você andou matando gente por ai
copiando meus métodos.
— Sabe que nunca houve seus métodos, ou vai acreditar
que formas de lavar as mãos, de recolher provas, de esterilizar
uma região, são métodos seus Silva, isto todos nós fazíamos.
— Verdade, porque não me falou antes?
— Anda grampeado sempre, quer oque, eles nem sabem
meu nome, e querem me prender, por sinal, que confusão
aprontou Silva?
O senhor olha em volta, nós dois sabíamos que estavam
nos gravando, e precisava daquilo, pois ninguém diria que dois
rapazes que por obrigação da lei serviram juntos, não se
conheciam.
210
— Sabe que se meteu com a pessoa errada Pereira.
— Como iria adivinhar que era sua filha, linda filha por
sinal Silva.
— Como ela está. A pegaram?
— Paula é mais difícil de pegar que eu e você juntos
Silva.
— E porque ela lhe entregou então, ouvi que ela o havia
traído em meu favor?
— Eu não vi como traição, seria traição se ela não
tivesse chamado a imprensa, e a gentileza da policia gerasse
uma morte por resistência, na vinda para cá.
— Mas sabe que eles aprontam muito por aqui Pereira.
— Sei, mas seria constrangedor eles nos matarem e não
pegarem o verdadeiro assassino, eu morro, regra básica,
morro porque nasci.
— Vai dizer que não foi você?
— Adianta Silva, você falou que não o fez, lhe
condenaram a 300 anos, eles não querem culpados, e sabe
como eu, nem você, nem eu, nem o delegado, muito menos
aquela gostosa da Rita, é inocente, eu sou fácil de pegar, pois
eu torturei a Rita, as filhas dela, tem mais gente para me por
na cadeia que você Silva.
— E porque as torturou?
— Aprendi a Odiar, e adorei Odiar as pessoas.
— Sabe que eles vão pegar pesado?
— Espero não ter de desarticular uma família inteira
para que elas acordem que não posso ser culpado de tudo,
mesmo sendo culpado de muito.
— Não entendi.
— Eles gravam Silva, o que quer, que confesse mais do
que já falei?
— É minha carta de saída.
— Não entendeu nada Silva, pensei que era mais
esperto, mas se quer assim, problema seu.

211
Vi o delegado entrar e tirar a algema de Silva, e ele me
socou, olhei para ele, que fala.
— Não deveria torturar minha filha.
— Desculpa pelas filhas e netas Silva.
Ele me olha, olha para Rita, e fala.
— Sabia e não falou nada. – Rita a porta.
— Esperando a morte, porque me preocuparia Rita, ele
nunca se preocupou com você mesmo.
— Não sabe o que fala.
Fui levado a uma cela, sem interrogatório, sem nada, vi
que as pessoas estavam tensas, e nem queria saber por quê.
Uma tarde agitada na cela, vi que alguns me olhavam,
mas não era por não ser o maior, que era o mais fraco, eu
não queria confusão, mas obvio que as celas na delegacia
eram para pessoas especiais, e não marginais como eu.
Sentei bem na ponta, cela para 10 pessoas com mais de
30, sorri, estava pensando quando vi um rapaz sentar-se do
lado e falar.
— O que o traz a este pulgueiro.
— As pulgas.
— Falam que você é perigoso, por quê?
— Talvez eles pensarem assim, me poupe um nariz
quebrado, ou algo assim.
Estava sentado quando um rapaz veio de dentro e disse
que o advogado estava esperando.
Sai algemado e olhei para a cela, aquela era a com
menos pessoas, olhei para a sala que o advogado estava e
falei.
— Tem de saber que o Delegado grampeou esta sala
rapaz.
— Mas isto é ilegal.
— Ele não usa como prova, e sim para obter dados.
— Como está?
— Enrascado, e como estão as coisas do lado de fora.
212
— Estranho que os que pediram ajuda ontem para livrar
Silva são os que lhe querem presos hoje.
— Eles ainda não entenderam o problema, apenas não
os desacatam, eles parecem pensar como o Silva, com a
cabeça errada.
— O que faço?
— Tenta descobrir quais acusações eles declararam
contra mim, pois teremos de sequestro, assassinato, tortura,
mas o que eles tem provas, pois que saiba, destes crimes,
apenas um eu cometi, então saiba o que podemos usar a
nosso favor.
— Eles estão escrachando você lá fora.
— Você é meus olhos lá fora rapaz, eu estou aqui
isolado e sem ter como falar com ninguém.
— E como sabe que eles não tem ainda o processo
fechado?
— Eu sei demais rapaz, eles dariam fim em mim, apenas
não quero falar, quero um acordo, mas quem precisa do
acordo, não desceu do pedestal de Delegado, pois eles
acreditam mesmo que estão acima da lei.
— Certo, e não vai falar nada que possa levantar?
— Quero que levante em nome de quem está a casa que
fui em teoria pego ontem, levanta quem fez aqueles bonecos
de cera, que a imprensa fotografou, levanta porque afirmam
que Paula Silva estava lá, já que sei que não estava, e fala
com Mauricio Lemos que ou ele assume o papel dele ou vai
feder, ficar sobre o muro não é mais aceitável, que o senhor
Roberto Claudinei, não quer ele sobre o muro, todos nós
esperamos que ele saia de sobre o muro.
— Não vai pegar leve?
— Ele mata o prefeito e quer jogar sobre mim, vai a
merda, apenas não o acusa, mas ele sabe que mandou fazer,
não sei quem fez, mas manda ele sair de cima do muro que já
é o suficiente.
Vi o policial me levar a cela e falar baixo.
213
— Tá mexendo com fogo.
— Não fui eu que prendi a filha de Marcio Silva rapaz,
uma policial do bem, vocês que estão atirando no pé.
— Quem é a filha de Silva que todos falam?
— Investigadora Rita. – Falei olhando o rapaz que me
olha como se tentando achar palavras.
— Tem gente que não sabe e ainda está tentando
passar a perna nela, e você que ninguém sabe quem é de
verdade, sabe.
— Rapaz, eles sabem quem eu sou, apenas eles não
querem que eu seja quem eles falam, não é porque Silva me
conhece por Pedro Pereira, que eu seja Pedro Pereira.
— E quem é Pedro Pereira.
— Descubram e depois me deixem em paz, morrer em
paz, pois isto vai feder.
Entrei na cela e tenho de concordar, a sujeira, o cheiro,
a disposição das pessoas, faziam o mundo ficar cada momento
mais isolado daquele pessoal, pessoas largadas como animais,
quer dizer, chiqueiros eram melhor organizados e limpos.
O tempo não parece passar quando estamos encostados
a parede sem ter o que fazer, as pessoas ali pareciam já sem
a pressa, mas eu ainda estava acelerado e tudo acontece.
Não sabia se o conjunto de ideias que tracei estavam
sendo executadas, fiquei tentando manter a mente que
Carlinhos teria tirado as crianças das instituições de menores e
as levado ao sitio da serra, imaginado que o sistema de
informação estivesse ainda acelerando, e que as pessoas
estivessem descobrindo quem era Marcio Maier e quem era
Pedro Pereira, um encaixava na historia do outro, mas teria de
escrever um livro sobre isto.
Pereira foi um soldado do exercito, que em uma
operação maluca no passado, salvou o presidente de um
assassinato, na operação, pessoas morreram, entre elas a filha
mais velha do presidente. Por um lado condecorado, por
outro, tinha o ódio de um antigo governante.

214
A inteligência me prometeu uma nova identidade, não
era nenhuma das que usei, mas se encaixava em Marcio
Maier, um senhor que a alguns anos compra meios de
Comunicação, de produção e distribuição de comida.
Eu era bom em dar nós, eu não sabia onde acabaria,
mas herói não me cabia, não queria.
Alguns me olhavam querendo confusão, eu queria
passar desapercebido, mas não seria por muito tempo.
A noite vendo as pessoas se acotovelarem por um
espaço para se esticar, era bem constrangedor.
Era começo da manha, quando me tiram da cela, me
sentam na sala de interrogatório, olho o delegado, olhei o
local do escrivão e ele não estava ali, então era algo informal.
— Vai querer que esta versão de herói venha a tona e
engula senhor.
— Não sei do que esta falando?
— Pedro Pereira, condecorado pelo presidente, com
identidade nova concedida pela inteligência.
— A mais de 10 anos sou apenas Marcio Maier, qual o
problema Delegado?
— Esta conversa é informal, mas estamos com 3 casos
de mortes que não podem ter sido você.
— Vai dizer que fizeram a cagada de libertar Marcio
ontem?
— Porque seria uma cagada?
— Fizeram?
— Eu duvidava que ele fosse se descontrolar.
— Sempre digo que espero inteligência dos demais, mas
não posso pensar por todos Delegado, era em parte o seu
passado que estávamos limpando, ficou muito visível que as
ordens do presidio eram de manter a farsa que ele estava lá,
muito evidente para deixar os registros lá.
— Por isto do ataque de ontem?
— Ataque sobre os registros senhor, todos sabemos o
que queimou ontem no presidio.
215
— Porque a menina ajudaria?
— Você sabe Delegado, ela está livrando a irmã de uma
acusação daquelas, já que o pai nem estava ai se a filha iria se
dar mal.
— Mas agora parece interessado nela.
— Ele só se interessou por Paula quando a tirei do
caminho que ele fizera para ela, e desculpa, vocês devem me
manter preso, mas não me culpem do que não fiz.
— Sabe que todos estão preocupados, ninguém sabe
qual a reação dele diante da cidade que agora sabe quem ele
é.
— Estranho alguém acreditar que ele faria, eu fui
subalterno dele no exercito, e diria que era um comandante
relapso, relaxado, incoerente e desmiolado, mas nunca um
assassino, mas pelo jeito tenho de agradecer estar preso aqui,
pois me acusariam das mortes.
— Soube que queria a liberdade dele.
— Queria provar a inocência dele, não o soltar antes de
provarmos isto, um maluco faz assassinatos hoje, mesmo
tendo um ontem igual que sabemos não ter sido ele, acusam
ele por comodidade.
— Sei que pediu para alertar Mauricio Lemos pra sair de
cima do muro.
— Não é segredo que ele sobre o muro é perigo para
todos, mas o que tem haver. – Neste instante foi
dissimulação, o delegado me olhou e falou serio.
— Ele, toda a família e 12 seguranças foram mortos
hoje, até a filha de 5 anos dele está lá, pendurada na sala,
aberta de ponta a ponta.
Sorri, não aguentei, e olhei o senhor.
— Um a menos para me perturbar, mas temos um
problema legal ai delegado.
— Qual?
— Quem vai assumir os 30% de Mauricio na empresa de
Advocacia?
216
— Isto que não encaixa, aquele advogado tem uma
procuração de Mauricio. Assinada a 3 dias?
— Há quantos dias não se via Mauricio em publico
delegado?
— Acha que ele pode ter sido morto antes?
— Os demais antes, mas podem ter usado a menina
para o forçar a assinar aquilo.
— E como descobriríamos?
— O IML ainda em greve?
— Sim.
— Pressiona o sindicato delegado, vai a publico e afirma
que o presidente do sindicato é cumplice dos assassinatos,
pois ele para não analisar provas, entra em greve horas antes,
pede a prisão dele a abertura de contas e vamos ver se ele
não recua.
— Tenho de pensar se posso fazer assim.
— Eu faria diferente, mas estou aqui dentro senhor.
— Vai querer sair mesmo assim?
— Sabe que não quero sair, mas para de ouvir
conversas fechadas delegado, vai se complicar.
— O que vai fazer?
— Voltar a cela. Esperar meu depoimento oficial, e com
certeza, atrapalhar seu trabalho.
Olhei ele serio e ele fez sinal para me levarem a cela,
olho em volta e olho um rapaz bem ao fundo, sentado
próximo ao sanitário, local improprio para qualquer coisa.
— O que faz aqui Paulinho?
O rapaz me olhou e falou.
— Pensei que não falaria comigo, não queria se
complicar Marcio.
— Estão me complicando lá fora, e preciso de um celular
e um estilete, rápido.
— Paga como?

217
— Tem aquele terreno que sua mulher vive, me facilita
aqui e ele será seu Paulinho.
— Certo, algo que não possa ser roubado aqui, mas aqui
preciso de dinheiro.
— Eu preciso para isto Paulinho, ficar aqui está me
gerando problemas.
— Nem sei o que fez que o prenderam?
— Está aqui a mais de 15 dias?
— Dois meses.
— Então quando sair se inteira, mas consegue ou tenho
de achar outra forma?
— Sabe que eles tem outro vendedor aqui dentro?
— O grandalhão que vem ai as costas? – Perguntei.
— Sim.
O rapaz colocou a mão em meu ombro e falou.
— Aqui quem consegue as coisas sou eu.
Olho a mão dele, seguro o dedo indicador sobre meu
ombro e fui torcendo, o ser grande foi se encolhendo, a dor
em seus olhos diziam que estava com dor, e falo para o ser,
antes da paulada definitiva.
— Quero um vazo limpo neste lugar.
Com a outra mão forcei com força a cabeça do senhor
que se estilhaça no vazo sanitário fedido ao lado, e apenas o
vejo desacordar, os demais se afastam, e pego o celular dele
e olho para Paulinho.
— Pede para o Carlinhos, ele consegue o que preciso.
— E este dai?
— Não quero concorrência aqui dentro, e se alguém
mexer com você, diz que mexeu com Marcio Maier.
Dois rapazes ao fundo recuam, Paulinho entendeu que
aprontei algo, pego o celular do senhor e disco para Paula.
— Paula por favor.
— Ela não pode atender.

218
— Diz que preciso falar com ela para não lhe matar
porco, antes da hora.
— Quem?
— Alguns me chamam de Marcio Maier.
O senhor parece alcançar o celular falando meu nome e
a moça atende.
— Onde está?
— Ainda na delegacia, não era para o Gelo sair ontem, o
que aconteceu?
— Subornaram um juiz, soube somente quando o
serviço já estava feito.
— Faz um favor para mim, vou lhe passar o texto por
celular do meu texto que vai estar na capa do Diário Popular
de amanha, entendeu?
— Pressionar?
— Sim, pede para mandarem um repórter para falar
comigo, eles vão negar, mas faz ele levantar todas as
acusações e colocar no jornal na reportagem ao lado da minha
chamada de capa.
— O que mais?
— Recolhe as crianças, vai feder.
— Que crianças?
— Paula, para ele você é uma criança, Rita é uma
criança, mas pensa, as netas podem ser irmãs, não apenas
netas.
— Porque disto?
— Esterilidade não se discute, mas pensa nas crianças e
pensa entre Pedro e seu pai, e tenta juntar peças.
— Genética, mas o que mais?
— Vou armar meu circo, não caia nele, por favor.
— Certo, esqueço que sabe se complicar.
— Pede para o advogado e sua irmã vir me ver, mas
avisa para ele que ele tem de anotar tudo, pois eu não quero
que faça nada do que eu falar.
219
— E vai sair dai quando?
— Eu vou melhorar isto aqui, nem que tenha de matar
metade dos que me olham agora.
— Se cuida.
— Nem lhe agradeci, bela armação a sua, tenho de
pensar em um castigo a altura.
— Eu aguento, mas não me abandona.
Sorri e desliguei, o ser grande estava se recompondo, os
policiais viram ele sangrando, não viram nada, não faziam
questão, ele estava tonto e cai novamente e entram armados,
um no fundo iria começar uma confusão e apenas o encosto
na parede.
— Deixa eles tirarem o monstrinho.
— Temos uma chance.
— Ninguém sai daqui se não autorizar, entenderam?
— Quem acha que é?
Os policiais que tiravam o ser grande me veem segurar
no pescoço do senhor, e falar.
— Está aqui porque, roubou galinhas?
— Matei uma cadela que me traiu.
— Um cachorrinho no cio, se acha homem por ter
matado uma mulher?
— Ela mereceu.
Eu o ergui pelo pescoço e falei para o rapaz perdendo a
respiração.
— Você é do tipo que violenta os estupradores, mas não
consegue ver que você é um lixo, e merece morrer, mas
calma, esta sociedade é boazinha com você, mas eu não?
Eu fui apertando, vi o senhor desacordar e encostei ele
na parede e olhei para o policial.
— Este está bem, nada que em meia hora não esteja
latindo de novo, vão rápido que segurar eles não é fácil rapaz.
Os policiais viram que teriam de sair, tiram o rapaz e um
senhor mais velho me pergunta.
220
— Isto foi medo nos olhos dos policiais?
— Digamos que eles tentam provar que matei alguns
deles.
— Alguns?
— Deixa eu contar, dois delegados, 12 investigadores,
dois policias militares, 5 explodindo uma casa, 5 da segurança
do Delegado, não chega a 30 policiais, então eles não sabem
se querem-me morto, ou bem morto.
Paulinho olha ao fundo, alguns que não falavam com ele
passam a falar, ele virou o fornecedor ali dentro, e nem tudo
vinha via visitas, a maioria vinha via policiais corruptos, mas
sentei com meu celular e digitei a crônica que nunca escrevi, e
a transferi para Paula, esperava que as coisas se ajeitassem e
falei olhando para Paulinho.
Olhei o policial na vigia e falei.
— Será que é muito conseguir uma vassoura e uns
rodos e um balde com desinfetante?
O policial falou.
— Acha que temos medo de você?
— Não esquece policial, existem dois Marcio nesta
cidade, mexeu com um, mexeu com o outro. E consegue de
uma vez, ou vai querer limpar aquilo com a língua?
O policial saiu e olhei duas meninas, eram rapazes, mas
faziam a alegria de alguns ali e falei.
— Vocês duas vão limpar tudo, depois consigo uma
manicure e uma cabelereira, mas tem de ficar descente.
— Porque acha que vamos obedecer.
Encostei a travesti na parede, ela era forte, poucos
mexiam com elas e falo.
— Quer que lhe tire o que tem entre as pernas sem
anestesia, apenas com um estilete enquanto dorme menina,
garanto, vai doer, e vai aprender a respeitar os demais.
— Mas tá uma imundice.
— Vamos organizar isto, se eles querem viver em um
chiqueiro ao lado, este será o mais limpo deles, entendeu?
221
Soltei a garganta ele que falou.
— Onde se escondia velho? Tem força.
— Estava matando policiais enquanto vocês davam para
eles, mas eles sempre inventam que matei crianças, para que
o povo fique contra mim.
— Sabe que tem sempre gente que fala demais aqui
dentro?
— Depois me diz quais acha que vão falar, e arrancamos
a língua deles, uma a uma, para os demais aprenderem que
quem tem língua grande, acaba sem ela.
O rapaz sorriu estranho e sentei ao canto novamente, vi
quando o policial trouxe as vassouras, varri a bagunça,
jogamos agua no vazo, desinfetante, mesmo lavado era
nojento, mas passei a 10 deles pedaços do vazo estraçalhado
e eles entenderam, teríamos como nos defender.
Paulinho me olhou como se não fosse uma boa ideia, e
sabia que não era, mas não estava disposto a ficar dias ali a
esperar, e nada do que eu poderia fazer era honesto, então
estavam organizando as coisas, quando sou chamado para
uma visita do advogado.
— Se comportem, não me obriguem matar todos na
volta.
Olhei o policial, ele estranha a organização e limpeza, se
via que não tinha mais vazo ao canto, teriam de providenciar
outro, mas para isto, teriam de alocar em outra cela os
presos, estas operações é que davam sempre errado.
Sentei a mesa e vi Rita, o advogado e o Delegado.
— Não está facilitando Marcio. – Delegado.
— Quer que volte lá e me mate, esquece delegado.
— Detonou o mais violento em segundos, desacordou o
segundo, colocou as meninas a limpar a cela em menos de
uma hora.
— Consegue um vazo, aquele não dá mais para usar.
— Sabe que não temos como instalar isto com vocês lá.
— Deixa na porta, nós instalamos.
222
— O que quer com isto?
— Amanha saberá delegado, vocês tem uma versão da
historia, eu tenho outra, vamos ver quem vence no fim.
— Sabe que temos coisas serias contra você.
— Ponto de vista, mas deixa eu falar com o meu
advogado?
O rapaz estava com uma caneta e falei.
— Rapaz, tem uma escritório que não quero que passe
perto, o antigo escritório de Mauricio Lemos, sabe qual é.
— Sei.
— Não passa perto.
— O que mais?
— Esquece estes crimes novos, tem de se prender aos
mais antigos, é lá que está a solução.
— Entendi.
— Eles tem milhares de vídeos, mas esquece eles, eles
tem muita definição de imagem e nos complicaria.
— Certo.
— Consegue me deixar aqui o máximo tempo possível?
— Se quer isto.
— E por ultimo, daria um momento com Rita?
— Sim, vou providenciar, o que está acontecendo na sua
cela que o delegado ficou preocupado.
— O vendedor de cigarros, estiletes e drogas lá dentro
tropeçou e estraçalhou o vazo sanitário com a cabeça.
O advogado sorriu, e peguei na mão de Rita, estavam
geladas, sabia que estariam, a olhei e falei.
— Me diz que estou errado?
— Como você deduz as coisas assim?
— Rita, não vou deixar você sair da minha vida, se sabe
que não sou bom nisto, mas protege as crianças.
— Sabe que tenho medo.
— Sabe o que tem que fazer, ou não sabe.

223
— Eles já me acham uma traidora.
— Rita, não estou falando em uma profissão de risco
moderado, e sim alto, pois família, a que pertencemos, é de
risco altíssimo, eles não entendem, e não vou falar nada aqui,
mas faz o que tem de ser feito, e não aparece mais aqui, saio
dentro de um ou 100 anos.
— Vai aguentar, o pai quase enlouqueceu.
— Duvido disto Rita, mas vai, lembra do que falamos. E
uma dica que ajuda, principalmente a mim, usa os óculos que
Carlinhos lhe deu.
— Me quer vigiar?
— Lhe proteger, mas se não quer, paciência.
Eu coloco as mãos nos bolsos e olho para o policial me
olhar e sair, ele olha para mim antes de por para dentro da
cela.
— Tem algo com a policial Rita?
— Ela é minha rapaz, ela sabe disto, mesmo com aquele
bicha do Ronald, se fazendo.
O rapaz olha para outro policial e me colocam a cela,
passo a mão na calça, onde ficou 6 micro pontos de sonífero e
pego um a mão, sonífero passado para mim por Rita, nem
vocês que estavam vendo a cena viram, imagina o policial a
vendo comigo, pensando na fofoca.
Vi o rapaz que pusera a dormir vir com um pedaço de
vazo a mão, vi os demais se afastarem, o pouco que
conseguiam, ele fez um gesto rápido, segurei a mão dele e
enfiei o sonífero no pescoço do rapaz, poucos viram, mas o
viram ficar tonto e desacordar, eu coloquei ele no fundo e
olhei para os demais.
— Vão providenciar um vazo novo, precisamos apenas o
instalar, eles vão colocar para dentro, ou teríamos de esperar
15 dias para ter um novo.
Paulinho me olha e fala.
— O que eles falam que é verdade?
— Não matei o padre.
224
— Não falaram de padre nenhum.
— Então acredite em tudo, mas sabe que eles
aumentam, historia pequena e desestruturada não tem graça
de passar a frente.
Ele me passa um celular e abro ele e vejo um bisturi e
uma agulha, fio e 12 microchips. Pego um e caminho até o
rapaz desacordado e faço um pequeno corte na parte lateral
do pescoço e aplico ali o microchip, colado na linha sanguínea
de irrigação do cérebro, costuro de volta, vou a meu lugar e
falo a Paulinho.
— Quem são os 12 rapazes mais problemáticos.
— O que fez?
— Quer ver como dormindo se sente dor Paulinho?
Alguns próximos me olharam, abri o celular e cadastrei o
do rapaz e todos viram ele mesmo dormindo se encolher de
dor, de tão intensa que era.
— E quer aplicar nos que não seriam de confiança?
— Sim, pois aquele armário volta amanha para a cela.
— E porque vai fazer isto?
— Ele lhe passou algo a mais?
— Sim. – Paulinho passou uma caixinha que não sabia
abrir e falo.
— Vou começar a montar meu exercito aqui, mas como
este pessoal não sabe atirar, vamos imobilizar os 12, eles vão
ter um ataque conjunto, os policiais tendem a tentar os tirar,
vamos os deter, e vamos tomar a delegacia, eu quero sair
daqui para minha casa, mas sem eles me proibirem Paulinho.
Encostei no canto, sabia que a noite, quando todos
dormiam, seria mais fácil.
— E como vai chegar perto?
Não falei nada, e apenas esperei a noite cair, enquanto
esperava que as demais coisas acontecessem, a maioria nem
viu eu instalar um controle de dor, novamente uma noite a
mais sem dormir.

225
Fiquei pensando na minha declaração e fiquei pensando
se ela daria efeito ou raiva em alguns, talvez os dois, mas
teria de me posicionar.
Estava a olhar o comportamento, eu odiava as pessoas,
e olhei para aquele conjunto de seres, era um teste final, e
nenhum lugar melhor que aquele para os testar.
Clico em dois dos rapazes em acordar, eles se olham,
clico em ódio, eles me olham, e clico em Alvo desconsiderado,
e vejo os dois se esmurrarem, um bate muito no outro, e
todos os demais dormiam na condição de inertes.
Fiz os dois travestis saírem no braço, não sei se no fim
um não matou o outro, as celas vizinhas começavam a olhar
aquela guerra, mas com pouca visibilidade, nem me viam ao
canto.
Sei que dos 30 internos, 28 lutaram a noite, talvez uns
10 mortos, e eu nada sabia daquilo, estava apenas dormindo.
Olho para os que acordavam, eles tinham lembranças da
briga, mas achavam ser sonhos, viram que alguns estavam
mortos e obvio, não entendiam, pareciam perdidos, pareciam
em meio a um transe.
Fechei os olhos e encostei num dos cantos, descansando
o esqueleto, estava amanhecendo do lado de fora, e não
queria ser culpado de nada.
As pessoas estavam ali, quando os policiais abriram a
cela para verificação, estava de olhos fechados, mas apenas
cliquei no atacar, e nem olhei eles atacando os policiais, um
recebeu um tiro e continuou, até pegar a arma do policial,
começa uma pequena fuga da cadeia, e olho para os poucos
que ficaram e olho para a porta aberta.
— Não vão sair?
— Não sei quem é você rapaz, mas algo você fez, sei
que briguei a noite, não deveria, mas lembro de você olhar
para mim, e depois para o rapaz que saiu, mas um ódio me
tomou e não sei como não o matei.
— Acho que sonhou senhor.

226
— Sonhos não geram cortes, roxos pelo corpo e
arranhões.
Volto a vista para a porta e vi os policiais trazerem dois
rapazes que pareceram perder o empenho, e vi eles tirarem
um dos rapazes mortos no corredor.
— Acha que eles vão lhe aliviar por isto? – Paulinho.
— Eu não estou pensando ainda Paulinho, eu nem sei
como vou sair daqui, mas como falei, quero sair pela porta da
frente. - Um dos policiais veio a cela e viu as marcas de
sangue e me olhou.
— O delegado quer lhe falar.
— Assunto?
— Uma declaração dada por você ao seu jornal.
— Quando ele estiver pronto policial, sei que hoje ele vai
querer fazer o trabalho dele, mas não tenho ideia do que é o
trabalho dele, mas o que puseram na agua deste povo, eles
pareciam malucos ontem a noite.
— Pelo jeito escapou de mais uma.
— Não sei o que aconteceu, mas acredito que alguns
estão tão cansados que é só os perseguir e trazer de volta.
— Cansados?
— De brigar a noite inteira. - O policia fez sinal para que
encostasse na grade, me algema, abre a grade e me leva a
frente do delgado.
— Saiu da defesa? – Fala o delegado, jogando um papel
a mesa.

227
Pequeno esclarecimento
Eu começo a me encher de acusações vazias, e venho por
minha visão sobre acusações que pesam contra mim.
Me acusaram de assassinar um deputado, sem prova
alguma, depois aparece o Deputado puxando o gatilho, mas o
processo ainda pesa contra mim, dai sem uma prova,
estampam meu rosto nos jornais da região e nacionais, como
alguém que matou mais de 12 pessoas, obvio que neste
momento, pedi discrição aos nossos repórteres e não se
meterem, transmitirem apenas os fatos, pois alguém queria
me ferrar, e obvio, quando a policia neste país lhe quer morto,
você se esconde, pois eu não quero morrer.
As acusações continuam, pessoas sumindo como antes, e
todas as informações me apontavam como culpado, lembro
de um amigo de exercito, a policia fez o mesmo com ele, para
ocultar mortes feitas por esquadrões de extermínio da Policia
Civil, mas quando deram o nome de Marcio Gelo, todos
pararam de falar em outros criminosos, e tudo era ele que
tinha feito, mesmo sem uma única prova dele ter matado
alguém.
O culpado da vez era eu, mas sou péssimo neste coisa de
me esconder, sou péssimo nesta coisa de ser usado, mas
queria sabe o que estava acontecendo, e estranhava pois
todos que pareciam culpados novamente apareciam mortos, e
quem eles acusavam?
Eu, um proprietário de jornal que se passar a rua ao lado de
meus funcionários, eles não me reconhecem, pois não estou
nas colunas sociais, um senhor que não precisa matar alguém
por dinheiro, alguém que tem até uma historia aceitável no
passado, mas que a policia local estava transformando como
fez com a de Marcio Silva.
Sei que sobrevivi, e descobri coisas terríveis, mas como não
os vou encher de dinheiro meu, vou levantar os fatos e os

228
desmascarar, pois hoje estou preso por ter confiado em
alguém, mas como adivinhar que duas moças incríveis eram
irmãs, e uma delas era agente da civil me procurando,
cumprindo ordens, pois alguns fazem a investigação, 99% tem
viseiras e o que os delegados ou comandantes mandarem,
eles cumprem.
Ouvi até que ameacei matar algumas crianças se alguém
atirasse dinheiro de um prédio para que eu metralhasse, acha
mesmo que alguém ganha com coisas assim, desmioladas?
Resolvi fazer este desabafo, pois vejo meus negócios sendo
prejudicados por esta propaganda negativa, vejo gente
inventando que tinha um prédio no centro, que estava lotado
de corpos, mas o delegado sabe que não estava em meu
nome, por sinal, a policia poderia me responder onde está
minha prima, tirada de casa pela policia para interrogatório e
nunca mais vista?
Então gostaria de respostas, e não de acusações, acusar
sem prova é fácil, vejo o caso de um advogado que se passava
por advogado de Marcio Silva, e na verdade, nunca nem
trabalhou para o escritório que o defendia, e que tem a família
morta exatamente como dizem que eram os assassinatos de
Marcio, mas ele estava preso, então não foi ele, por sinal, as
vezes as acusações são tantas, que acho que tenho um sósia
no litoral.
Marcio Maier – Proprietário deste Jornal – Empresário com
mais de 12 empresas na cidade.

229
— Até os palhaços cansam senhor. – Falei olhando o
senhor, nem sei o que tanto o revoltou, quer dizer, uma
rebelião, mortos, mas ele deveria estar pensando nos 2
policiais mortos, não nos 10 tirados da cela, mortos.
— O procurador de justiça me perguntou quando você
deu esta declaração?
— Nada nela é novo senhor, sabe disto, está lá
arquivado a 3 dias, esperando para ser impresso, se tivesse
solto, não viria a publico, mas como continuo preso, e
ninguém quer me tirar daqui, paciência, provem o que me
acusam.
— Você faz insinuações graves.
— Delegado, sabe como eu, que se a imprensa não
estivesse na porta quando me tiraram da casa, aquilo armado
lá, acordei lá, meu exame de sangue vai mostrar que tinham
me dopado, teria morrido vindo para cá por reagir a prisão,
não se faça do que não é Delegado.
— Mas sei que matou o prefeito.
— Terá de provar, nem sei como ele morreu para saber
se fui eu que o matei, ou foi a amante dele, ou o marido dela,
um atirador de elite da policia civil desta capital.
— Acha que alguém vai acredita em você?
— Não me importa o que vão falar Delegado, você sabe
que não sou inocente, inocentes morrem ali dentro, agredidos
por gente que faz comercio através dos policiais, fornecendo
de tudo ou quase tudo lá dentro.
— Vão acabar lhe matando, Marcio Maier, ainda não
acredito nesta historia, mas não achei furo nela, e se achar,
pode ter certeza, vou lhe por numa cela isolada, provou ser
perigoso para os demais.
— Da próxima vez, não acerto ele na privada e sim na
grade, talvez ele morto, não me viessem a perturbar, poupo
eles, como Paula fala, quem manda não os matar, e acabo
colhendo as consequências.
— E que rebelião foi esta a noite?

230
— Sei lá, estava dormindo.
— Vai dizer que não viu nada.
— Vi um policial dar 3 tiros em um detento, depois vão
dizer que foi legitima defesa, na verdade foi pânico dele.
— Não fugiu?
— Se fugir ou não a versão de vocês será a mesma,
então não me custa esperar aqui.
— Sabe que vamos alocar mais gente para cá.
— Consegue uma chave para fixar o vaso antes, ou é
difícil isto?
O delegado me olha, ele sabia que fizera algo, oque ele
não tinha ideia, mas obvio, algo havia acontecido, vi os
policiais olharem o vaso, um senhor veio instalar, estranho
uma cela que tinha 30 pessoas, hoje só ter eu e 5 pessoas,
das demais celas também fugiram pessoas, as ruas estavam
mais vivas naquele dia.
Vi que vieram presos para a cela, eu olhei para Paulinho
e falei.
—Vai sair hoje, vê se não se deixa pegar de novo.
— Como sabe?
— Meu advogado conseguiu a liberdade de 26 presos,
pena que alguns se mataram e outros fugiram, perdendo a
chance de sair pela porta da frente.
— Nunca entendi quem é você Marcio, você ia a vila,
tomava lá sua cerveja, evitava olhar as pessoas aos olhos,
alguns diziam que estava viajando, mas nunca entendi o que
você fazia lá.
— Poucos sabem Paulinho, é mais saudável não saber,
as vezes tenho de acalmar a alma, cada um acalma de uma
forma, eu, de uma forma que não falo abertamente, mas que
tem haver com a sua região, e regiões periféricas.
— E porque fez o que fez?
— O que fiz Paulinho?
— Não entendi, mas você fez algo, não sei oque, mas
posso apostar que eles se matariam se você pedisse, e
231
aparentemente não fez nada, você ficou quieto, se fez de
dormindo, mas algo aconteceu, só não entendi oque.
— Não quer se complicar Paulinho, esquece.
— Não sei oque tinha naquela caixinha, mas os fez
enlouquecer.
Sorri, eles não enlouqueceram, mas imaginava o grupo
de pessoas chegando a uma fabrica na região industrial e se
apresentando a Carlinhos, para trabalharem, ele os
programando para serem funcionários perfeitos, obedientes,
producentes.
Olhei o rapaz chegar e chamar Paulo, e ele se foi, nunca
soubera que o nome de Paulinho era João Paulo, coisas da
vida, conhecer as pessoas superficialmente.
Sentei e esperei os acontecimentos, não teria como
saber o que fazer antes de sair, não dependia de mim sair,
não dependia de mim quase nada ali dentro.

232
Três dias de poucas novidades, quando o advogado que
me deixara ali três dias, comparece a tarde, não sabia o que
estava acontecendo, quer dizer, o celular me dava noticias e
informações, mas ser livre é outra coisa.
O advogado estava lá serio, eu não sabia se era uma
boa noticia ou uma encenação, e ele fala.
— Senhor Marcio, as vezes me sinto perdido, as pessoas
que me davam apoio no começo começaram a me isolar, e
poucos estão dispostos a ajudar.
— O que lhe preocupa rapaz?
— Antes Paula estava lá, agora nem isto, as vezes temo
que estejam sumindo com todos a volta.
— E qual a posição da policia?
— Que não tem contingente para monitorar alguém que
fugiu com um criminoso.
Sorri e perguntei.
— Fez o que pedi?
— Nem sei se aquelas instruções ainda estão valendo?
— As determinações valem para cada encontro, se não
tem regra valendo, é o que falamos rapaz.
— Certo, mas existe um processo para abertura de
processos contra uma pesquisa de sua empresa, a PSI.
— O que pediram?
— Para ter acesso aos processos produtivos, aos nomes
de funcionários, aos sistemas de produção.
— O que Carlinhos falou?
233
— Para não me preocupar, pois nada dali era passível de
problemas.
— Aquilo é projeto militar com financiamento da
Inteligência Nacional, nos não detemos a tecnologia rapaz,
eles controlam e apenas produzimos.
— Sabe que falam horrores daquele lugar.
— Tudo que não se tem acesso, se fala horrores, eu
posso fazer um lindo parque ecológico, se eu colocar a toda
volta placas de não entre, vigilância armada, e controles
severos, eles vão dizer que é uma base secreta, ainda mais se
olhando via satélite verem apenas uma floresta.
— Certo, poucos tem acesso e inventam, mas o que
desenvolvem lá?
— Não pergunto, tem uma clausula de segredo, que não
devo passar de certas áreas, devo fornecer condição de
entrada e saída do pessoal, moradia e nada mais, devo me
ater a não fazer perguntas, e quanto menos perguntar, maior
é o prazo de contrato, estou com este contrato a 5 anos,
então eles estão contentes com o não perguntar, mas se o
ministério publico vai fazer perguntas, deixa Carlinhos
responder, não se mete rapaz.
— Estão analisando um pedido de soltura sua, a
diferença, as mesmas alegações tiraram Marcio Silva em 12
horas, eles se negam a olhar o processo na pilha.
— Mantem a calma rapaz, se tem uma coisa que sei, é
que justiça é lenta, mas em dois dias vence a temporária, eles
terão de analisar, mesmo sem querer, pois se não analisarem
eu saio, independente da decisão deles.
— Sua calma os deve deixar tensos.
— O delegado quer se livrar de mim, mas assim como
você, ele depende da analise dos juízes, então mantem a
calma, e uma dica.
— Fala.

234
— Se pedirem o converter de minha prisão para sem
prazo definido, apenas me avisa e vou lhe passar uma
procuração, para poder me representar.
— Representar?
— Eu posso ficar afastado 7 dias e nada se altera na
minha rotina, ninguém me vê mesmo, mas preciso que as
empresas continuem, tem mais de 12 mil funcionários que
podem ficar sem emprego do dia para noite, se não fizermos
as negociações certas nas horas certas.
— Eles pareciam querer lhe soltar até aquela
reportagem, não entendi a sua ideia?
— Eu aqui dentro, não podem me acusar das mortes lá
fora rapaz, posso estar errado, mas serial killers não param de
matar porque eu sou preso, então devem existir mortes iguais
as que sou acusado.
— Soube que houve mortes na sua cela.
— Soube, mas ninguém abril inquérito sobre isto, então
fica atento, eles querem me pegar, mas eles não entenderam
que eu não sou o problema.
— E quem seria?
— A Inercia, mas aqui não dá para falar muito.
O rapaz olha em volta e pergunta.
— Parece mais vazio.
— Ninguém quer ficar na minha cela, aquela leva de 29
solturas, ajudou a dar liberdade condicional até a quem havia
saído pela porta, mas eu quero o juiz dizendo sai.
— Certo, mas sabe porque o escritório de Mauricio
Lemos está agora se opondo a sua soltura?
— Não tem ninguém comandando, e tem um traidor no
comando, mas acho que as coisas vão mudar, mas como aqui
dentro não posso fazer quase nada, tenho de esperar.
O advogado estava saindo e vi o policial me olhar e
falar.
— Espera um pouco, um procurador de justiça quer falar
com você, está encrencado, este dai é dos terríveis.
235
— Eu não temo cara feia policial.
— E soube que tem um punho capaz de derrubar Zé
Pequeno.
Olhei ele, estava ali querendo sair, mas estavam me
dando tempo de pensar, e algo estava errado.
O delegado chega a sala, e me olha, o policial me
algemou, sorri, ele tinha medo de mim, e este sorriso fez o
policial sorrir.
O delegado e um procurador de Justiça entram na peça.
— Senhor Marcio Maier?
— Sim.
— Gostaria de cooperação do senhor. – O senhor.
— E com quem falo, pois tratar com alguém que não
pode me ajudar depois não me vale nada.
— Procurador Riato.
— O procurador filhinho de mamãe, o que quer senhor?
A cara de revoltado do senhor contrastou com a cara
seria do Delegado encarando o policial que sorria.
— Me mandaram lhe propor algo, mas se vai levar para
agressões pessoais senhor Marcio, podemos esquecer.
Olhei para o policial e falei.
— Hora de voltar para a cela.
O senhor achava que mandava, um retardado, será que
ele sabia que odiava todos, não apenas ele.
— Não quer ouvir pelo menos Marcio?
— Ele não veio propor Delegado, ele quer uma
promoção, ele quer crescer como o atual governador, quando
ferrou Marcio Silva, o que ele poderia me oferecer, se ele não
conseguiria nem aprovar minha soltura, não consegue nem
expor uma ideia sem uma ameaça velada, diante não de uma
agressão pessoal, pois ele é filhinho de Senadora, posto ai por
ela, e quer se fazer de mais do que é.
O delegado me olhava serio.
— Eles podem revogar a prisão.
236
— Delegado, sei que quer se livrar de mim, não me
culpe de esvaziar sua delegacia, a tornar mais limpa, ir contra
o comercio dos policiais nas celas, culpe quem me colocou
aqui, mas a pergunta continua, o que alguém assim poderia
me livrar, ele quer apenas promoção pessoal delegado.
— Acha que sabe das coisas, não tem ideia do que
posso, posso acabar com sua vida, a complicar, acha que
pode me desacatar?
— Melhor eu ficar aqui dentro delegado, pois uma das
minhas crias mata este ai e depois me culpam se estiver solto,
e desculpa, é desperdício de bala.
Encostei na cadeira, olhava o senhor, ele disse com
todas as letras que me ferraria ali, isto não era ameaça
velada, estava diante de um delegado, se fosse um civil
qualquer estaria já algemado, um procurador de justiça, nada
iria acontecer, olhei ele que olha para o Delegado.
— Perguntei se estava pronto para isto procurador.
— Ele é irritante assim sempre?
— Ele defende suas ideias, ele está ainda ai, e vai ficar
ai enquanto não o mandar para a cela, mas quer conversar ou
vão se atacar o tempo inteiro?
— Ele me ameaçou.
— Teria de narrar sua ameaça para narrar a dele
procurador.
— O que você quis dizer com sua cria?
Por baixo da calça, tinha o celular, as mãos para traz
não davam boa mobilidade, mas como quem aproxima-se,
encostei a perna na mesa, o numero já estava digitado,
precisava apenas dar o aceitar, pressionei e se ouviu um agito
geral na cela interna, gente batendo nas celas, panelas, um
barulho ensurdecedor.
— Eu não tenho uma cria, é forma de falar procurador,
eu sou apenas um qualquer na cela, mas se todos me querem
deixar nela para ver o problema se ampliando lá fora, não
serei eu que verei mãe, pais, crianças, empregados,

237
cachorros, gatos, pássaros domésticos, todos mortos, porque
para libertar quem não deveria, vocês servem, para fazer um
faz de conta em uma penitenciaria, vocês servem, para
coordenar uma execução em uma transferência, servem, mas
para achar quem está fazendo estas mortes, parecem cegos,
me explica isto procurador?
O senhor ouvia o barulho e encosto a perna na mesa e o
barulho para, vi de canto o policial me olhar, delegado
assustado e ouço.
— Como sabe que está acontecendo?
— Quando você conhece a região que nasceu, sabe
quando as coisas vão se complicar, como disse a 3 dias, estou
esperando as provas, se as tem, apresentem, se não tem,
tenho minha vida a tocar.
— Sabe que podemos o complicar com os relatórios da
PSI, e lhe manter aqui.
— Quero ver se é homem para isto senhor, pois acho
que até sua mãe temeriam colocar o chefe da Inteligência
nisto, pois sedemos local, empresa, para não ter de ser uma
empresa pública, que precisaria de permissão para comprar
agua, mas todo projeto de lá, é do Exercito, e não posso nem
citar o que eles fazem lá.
— Por quê?
— Contrato de sigilo absoluto.
— E não vai falar nada?
Levantei os ombros.
— O que acha que está acontecendo lá fora? – O senhor
tentando me pegar.
Sorri, olho em volta e falo.
— Posso estar errado, erro mais que acerto, mas
Mauricio e família devem ter morrido a 3 dias, a família do
desembargador Pinheiro, a família do Delegado Salgado, a
família da Juíza Rita, o empresário Camargo Filho, talvez o
empresário Carioquinha, o comandante da Militar Roberval

238
Lopes, e umas 30 famílias quaisquer para desviar o foco, para
não parecer planejado.
O procurador me encara e fala.
— Esta os executando aqui de dentro.
— Com as próprias mãos senhor.
— Não pode saber de tudo isto aqui de dentro.
— Acha mesmo senhor, que em algum momento, em
sua vida de faz de conta, soube de algo da vida? Acho que
enquanto um cara saudável como você inventava motivos
para não servir, pessoas como eu, fomos ao exercito, fomos
ao mundo de verdade, você não sabe o que come, e tudo
indica que não está aqui para um acordo, esta sua frase diz
tudo, pergunta querendo me ferrar e se faz de aliado, enfia o
dedo indicador no cu e verá, é fedido, como de todos em volta
seu merdinha.
— Pensa que está falando com quem?
— Manda tirarem minha algema senhor e verá, com uma
merda com pernas, o que mais?
— Acha que terei pena de você?
Sorri para não ameaçar, e olhei o delegado e falei.
— Acabou a trégua Delegado, se quer me ferrar
apoiando isto ai, esquece.
— Se achando?
Inverti a mão e um dos pulsos se soltou e olhei para o
procurador, colocando a mão sobre a mesa.
— Eles querem me matar mesmo senhor, se veio fazer
este trabalho sujo, os dando argumentos para isto, paciência
minha, terei de levar um tiro, mas não esquece, quando a
informação de que morri, todos saberão, amanha cedo, foi
você que conspirou com estes ai, melhor pegar tudo que tem
e começar a fugir, pois eu morto, eles não tem como parar o
que não sabem o que está acontecendo.
Dois policiais surgem na porta, o procurador recua e
fala.
— Vão o matar?
239
— Ele queria um acordo, o que propôs Procurador, o
quer ferrar e ele parece querer morrer, mas calma, já o
colocamos na cela.
O senhor fez sinal para ele recuar e um policial fala alto.
— Mãos para o alto?
— Vem erguer.
Olho os demais se afastando, mais policiais chegando e
olho para os olhos do bem a frente me mirando uma
semiautomática destravada, olho para ele e falo.
— Se vai atirar, não precisa inventar, vocês não são
bons em inventar.
Quando vi ele aproximar o dedo do gatilho, outro falava
para não apertar, eu toquei o bolso, o barulho da carceragem
aumentou, se iria acontecer, ninguém precisava ouvir.
Um chega pelas costas, estava naquele dedo quase no
automático me matando, e sinto algo a cabeça, sinto meu
corpo amortecer, e sinto as pernas ficarem moles, eu penso
nelas e inverto o corpo, o rapaz dispara e já tinha o policial
entre eu e as balas, sinto o ruído dos tiros, vejo os demais
assustados, tiros, a arma do rapaz vem a minha mão e
começo atirar, e sinto o tiro na altura do peito, sinto a
respiração profunda e caio, não sei descrever a dor do corpo
caindo, o coração tentando não explodir, e sinto mais alguns
tiros, o procurador me viu olha-lo, e minha vista ficou fosca, e
sumiu.

240
Sinto a dor, sinto o corpo, tento abrir os olhos, os forço,
olho para os corpos caídos ao lado e vejo as pessoas vindo
das celas, o delegado olha para aquilo e recua, eu fechei os
olhos, e pensei em meu sistema de desvio sanguíneo e sinto o
coração doido, ele me fazia perder sangue, as pessoas foram
passando por mim e vi um rapaz grande me pegar e começar
a sair pela porta, os policiais olhavam para ele, eu não
entendia ainda o acontecido e vejo a luz, mesmo que fosse a
do dia e ouço o rapaz falar olhando para um lado.
— Porque o mataram Delegado, muitos o respeitavam
aqui, mas manda matar alguém porque lhe pagaram para isto,
que merda de delegado é você.
Os repórteres ao fundo olham o senhor largar-me ao
chão e falar.
— Não quer fazer como fez ali dentro delegado, mandar
5 pessoas atirarem em um senhor desarmado, estou
desarmado, ou com a imprensa nas costas não tem coragem
de mandar nos matar Delegado?
— Não fiz isto.
— Você e este Procurador Riato, os que o detiveram
após o advogado o ver, e olha como ele está, cheio de balas.
— Ele reagiu a prisão.
— Algemado, em sua delegacia? Conta outra delegado.
— Quem era o senhor ali? – Uma repórter.
— O delegado tinha de o matar para não dizer que não
existem provas contra Marcio Maier, e vocês da imprensa

241
agora vão dizer que morreu um assassino, espero que sejam a
próxima vitima escolhida para ser culpado por estes policiais.
— Ele lhe bateu e o esta defendendo. – Delegado.
— Seus homens estão morrendo lá dentro delegado, não
vai chamar os paramédicos ou quer mesmo que todos
morram?
Ouviu uma explosão, soube mais tarde que alguém
explodiu os carros do estacionamento, e senti o ser correndo
com eu aos braços, senti quando ele me pôs em um piso, não
sei o que aconteceu ali, mas senti algo no pescoço e desta vez
foi como se deixasse de sentir as dores.
Mas senti as pessoas começarem a mexer em minha
barriga, ouvia uma conversa baixa e todos pareciam prontos
para tirar algo, e refazer e ouvi baixo.
— Que sistema é este, ele tem sistema duplo de
respiração?
— De respiração, de alimentação celular e cerebral, ele
parece uma cobaia de laboratório.
Sorri e ouvi alguém me segurar a mão;
— Calma, tem de voltar Pedro.
Sorri por dentro, pois os músculos não me obedeciam, e
pensei, o que realmente acontecera.
Eu vi que eles me matariam, foi tão rápido, e o promotor
queria a certeza da morte, e penso em quem estava por trás
disto, e fico a pensar horas enquanto tiram balas e fecham
minha barriga.
Estava quase dormindo quando ouço.
— Assim não vale Pedro, você trapaceou.
Queria perguntar sobre oque, mas entendi, ter um
sistema de proteção pulmonar, um sistema de caminho extra
para o sangue para o cérebro, e um sistema que forçava o
coração bater mesmo em choque, me fazia mais pesado, mas
mais resistente a balas.

242
Abro os olhos vejo Carol me olhando.
— Ele acordou mãe.
Olhei e tentei falar, mas pareceu um balbuciar, de
palavras sem sentido.
Vi Rita chegar perto e me olhar, odiava estar frágil
diante dos demais e a ouço.
— Agora vamos fazer com você o que fez com a gente.
Queria poder responder, mas apenas sorrio, ela deveria
esperar aquilo e fala para Carol.
— Pega a sopa de ratinho na cozinha.
Carol vez cara de nojo e olhei aqueles olhos me
encarando.
— Oficialmente querem o declarar morto, mas o
advogado esta tentando lhe manter como vivo enquanto não
acham seu corpo.
Fiz ruídos com a boca, mordi a língua e doeu, a boca
parecia não obedecer.
— Buaoun – Foi o que saiu, bem estranho de ouvir e
falar, e Rita pega minha mão e fala.
— Levou sorte, tinha razão que eles iriam querer matar
todos que sabiam de algo, Ronald morreu a 3 dias, Pedro a 2,
mataram até o pequeno Pedro, não dá para proteger todos, e
precisamos de você de pé, mesmo sabendo que nos quer lhe
odiando, mas tem de entender que somente loucos para
superar outros malucos que estão no poder.

243
Tentei me sentar, senti a dor e vi ela erguer a parte dos
fundos da cama, estava um caco, deveria estar como fazia
eles sentirem-se, mas eu odiava estar frágil.
Com dificuldade falei.
— Com.. segue um cel lu lar?
Ela sacode que sim e me trouxe um, eu estava tentando
pensar e passo mensagem para 10 pessoas, e ela apenas lê.
―Informando, podem achar que se livraram de mim, mas
ainda não.‖
Ela sorriu e falou;
— Vai os por para trabalhar?
Olhei pela janela e não sabia onde estava, apenas
balancei a cabeça e vi Paula entrar pela porta.
Ela parecia triste e não estava bom para parecer frágil,
não gostava das pessoas frágeis, e minha forma de a olhar, a
fez enxugar a lagrima aos olhos.
— Desculpa, mas estamos perdendo gente.
— Que...m? – Estava difícil.
— Pegaram a filha de Carlinhos.
— E o res... to?
— Tentando adivinhar.
— Consegue um celular com acesso rápido e via satélite.
– Falei lentamente, ela sacudiu a cabeça e nem dois minutos
tinha um na mão, programo ele e começo a estabelecer
mudança de funções, pessoas que ninguém via, saiam de suas
funções em fabricas, 10 delas, mais de 10 mil pessoas, e
foram para a fábrica de armamento, foram se armando com
apenas uma ordem, proteger a família.
Não se via muita coisa, olho para Rita que aponta as
telas ao topo, ela clica na parede e descem a toda volta, elas
queriam que eu fizesse algo, mas o que ainda não sabia.
Vi a imagem de Carlos cuidando dos outros dois filhos, e
da esposa, vi os carros chegando a casa dele, precisava saber
quem estava por trás disto e vi alguns militares e acessei o
sistema de comando e de uso dos microchips e todo não
244
cadastrado por mim, recebe contra ordem, abortar, os que
não estavam no automático, sentem a dor lhes tomar a
cabeça, olho para os soldados e olho para Paula.
— Exer... cito, hor... de ape lar! Me conse...gue um
micro... cchip.
Paula abre uma gaveta e me olho no espelho e falo.
— Como es... tão os pon... – A dor foi forte, pois tentei
me mexer.
— 3 Dias, ainda em pré-cicatrização.
Peguei o microchip, olhei no espelho, fiz um pequeno
corte com o bisturi que vinha juto com o chip, tiro um anterior
a altura da orelha, olho para o sistema e coloco o novo, vi as
fiações agarrarem o nervo e fechei, esperei um pouco, acessei
o celular e reduzi a dor, levanto lentamente e pego um
analgésico e o tomo, olho para Paula e falo.
— Me consegue uma escova de dentes?
Ela sorriu da frase inteira e ligo para Carlos.
— Carlos, vamos reunir as pessoas.
— Está bem?
— Saindo da cama, desculpa por sua filha.
— Depois falamos disto, e os seres do lado de fora?
— Tem um grupo chegando ai, eles vão tomar as armas
e equipamentos dos rapazes e lhe conduzir.
— Certo.
Ligo as noticias e a repórter vem a frente e fala.
— A cidade está um caos, uma facção criminosa tomou
as ruas, estão matando pessoas que não aderem a seu grupo,
alguns estão saindo da cidade, mas parece que temos
militares isolando a região, ordem, ninguém entra ou sai,
todos os voos para a cidade estão cancelados.
Pego a escova e com calma me olho no espelho, olho a
barba, a faço com calma, a mão nada firme me gera cortes
laterais, mas passo uma pedra pome e olho para meus
pensamentos e volto a sala.

245
Toda a cidade em povorosa, e vemos a repórter em
outra manifestação.
— Desde a morte de Marcio Maier, alguns policiais
tentam por ordem na cidade, mas parecem aliados a um
antigo segurança de Claudio, alguns dizem que este senhor é
Marcio Silva, e muitos falam que ele está tomando a cidade.
O caos no centro organizado da cidade, as ruas vazias
ou com pessoas armadas não era a minha cidade.
Pego o telefone e ligo para a moça da reportagem.
— Boa tarde, repórter Tamis?
— Sim.
— Me ajudaria a parar isto, ou quer perder a cidade para
estes marginais?
— Quem?
— Por telefone não, na sede da sua TV em meia hora,
não estranhe, mas começam a fazer parte do meu sistema de
defesa, então terá gente armada a parar os que não são
funcionários.
— Certo, mas não vai me dizer quem?
— Somente quando se vê fantasmas se acredita neles.
— Não entendi.
Sorri e desliguei.
Acesso o chip na cabeça das meninas da noite, Fatima,
Tais, Silvia e Vitoria, elas parecem olhar para fora e olhar para
o grupo chegando a casa que estavam.
Uma das telas no quarto mostra o mapa da região, e se
via os controlados pelo chip, os que estavam com dor no
exercito, e os que começavam a cercar o exercito nas saídas.
Aciono o comando e eles começam a atirar nos carros
do exercito, e liberar a saída, a entrada ainda estava
controlada, mas famílias começam a sair da região, após
passarem por uma revista e uma analise neurológica, onde se
implantavam os chips, não os queria perder, e não estava
mais usando somente a cabeça.

246
Olho as pessoas entrando no centro da cidade, a policia
acostumada a mandar em todos e as pessoas se recolherem
começam a cair, via por câmeras e por sistemas de comando,
eu estava morto mesmo, o que poderiam me acusar, quer
dizer, dentre em pouco me acusariam novamente.
Saio dali, Paula vai ao volante e começamos a andar no
sentido da TV local, vi que a policia formou barricadas a rua
para o povo não passar, eles queriam algo, e teria de jogar,
pois não sabia o que eles queriam.
Um grupo com armas mais pesadas surge a nossa frente
abrindo caminho e chegamos a entrada do jornal, onde a
policia tentava isolar.
Apenas passamos por eles, e chego a entrada do prédio,
coloco o capuz, e saio do carro, quem olhava ao longe viu
apenas duas pessoas de capuz sair do carro.
A moça olha para nós e pergunta.
— Quem quer falar?
— Quer que eles saibam antes do povo moça?
Ela me olha e faz sinal para subirmos, entro na sala
onde dois dirigentes falavam alto.
— Não temos como ir contra presidente, eles são a lei,
estão nos cercando, não sei quem nos dá segurança, mas
quanto tempo eles vão se manter ai.
A moça entra e minha entrada com a mascara fez alguns
me olharem e o presidente do local me olhar.
— O que teria a declarar que poderia inverter isto?
— Inverter não sei, mas está na hora deles saberem
senhor – tiro a mascara, o rosto com cortes da barba fizeram
um efeito que não planejei – que Marcio Maier, acaba de
voltar a cidade, depois de 3 dias, entre a vida e a morte, e que
todos o exercito que se puser contra nós, vamos reduzir a
zero, estamos deixando as 3 saídas da cidade abertas, e que o
povo que quiser sair, meu exercito dará cobertura, e que sou
contra a emancipação desta área mais o litoral, em uma nação

247
comandada por assassinos, políticos corruptos, senadora
vendida a traficantes de drogas.
— Lhe vi morto.
— Viu um corpo solto, com 22 balas sendo carregado
por um rapaz da delegacia, ainda não estava morto moça.
— Mas como vamos fazer eles recuarem?
— Jogar na imprensa que o exercito nacional está
apoiando isto e obrigando o governo central assumir a
proteção do povo local, e desculpa, mas na rua vai ter um mar
de sangue, recomendo colete a prova de bala a todos que
saírem as ruas, temos de avisar para o povo que não sair,
ficar em casa, se trancar e se proteger.
— Porque acha que vamos apoiar isto? – O rapaz que
falava em não reagir quando entrei ali, puxo a arma as costas
e dou um tiro na cabeça dele e falo olhando os demais.
— Porque quem não quiser a paz, a cidade normal, eu
mato pessoalmente.

248
Era começo da tarde daquele dia quando ia as TVs
ligadas a imagem de Marcio diante das câmeras.
— Boa tarde, estou aqui para fazer algumas perguntas,
o que quer Marcio Silva, pois isto não é inteligente, é bem seu
jeito acomodado, fraco, covarde, de ser, de matar e de se
posicionar. – Eu olho para a câmera mais de perto – Povo da
capital, quem ficar a rua no próximo dia, tem de saber, estar
lá é lutar pela sua vida, então se não quer se meter ou não
tem força para se envolver, se tranca em casa, pois a rua,
estou com 10 mil homens bem armados, para tirar esta policia
que nos força a obedecer um bandido.
As imagens de gente saindo da cidade foi colocada e
continuei.
— Por mais 3 horas, vamos deixar aberta a saída das
pessoas, mas após isto, se não tiver saído, pode ficar no meio
do caminho, no caminho das balas.
— Comandante geral dos exércitos, porque deixa isto
acontecer na capital local e proíbe a saída do povo apavorado
atirando neles, uma pergunta, alguém manda ai na central ou
é tudo a favor desta independência de um trecho na nossa
nação, por estes manezinhos?
Coloco a imagem de locais próximos até o litoral e
termino.
— O enfrentamento vai ser na capital, pois o litoral já
retomamos, a região metropolitana já retornamos, e peço a
todos os amigos, pessoas de bem, que tem força para lutar
contra estes animais disfarçados de policiais, de exercito, de
gente da ordem, que são bem vindos a batalha, talvez desta

249
vez eles consigam, mas desculpa, sou teimoso, morro, mas
vou levar o máximo de vocês comigo.
— Sei que alguns fizeram a imagem de alguém
assassino de crianças, não vou negar estas coisas, pois não
tenho tempo, mas infelizmente vou a batalha para matar pais
de família, vou a guerra para que tenhamos uma cidade
novamente nossa, prefiro vocês quase zumbis no poder, do
que alguém que acreditei na inocência, e é mais podre do que
pensei antes.
— Bom enfrentamento a todos, vim, vi e venci, e não
adianta tentarem, vocês perderam, pois não tem ideia do que
é meu exercito.
— Boa tarde a todos.
Eu olho o senhor da TV e saio dali e falo para os rapazes
dar proteção, para avançar um quarteirão para cada lado, e
isolar a região, criar 10 sistemas de proteção, para as pessoas
que quiserem fugir das balas.
Olhava as pessoas e vi Rita ao meio de uma nova levas
de soldados, sorri e Paula perguntou.
— Como vamos vencer?
— Estou esperando seu pai me ligar Paula, mas parece
que ele pode estar morto.
— Ele não é fácil de matar.
— Eles não estão usando os meios dele, não estão
preocupados em avançar, deixando claro que é uma guerra
civil, seu pai é mais sistemático.
Eu estava olhando Paula quando o meu telefone toca,
entro em um veiculo a frente e faço sinal para circular, Paula
veio junto, Rita ao longe observou que não queria dar uma
localização exata.
— Boa Noite – Falo serio.
— O que pensa que está fazendo Sargento Pereira.
— Há anos não sou Sargento, com quem falo. – Sabia a
resposta, mas não custava cutucar.

250
— General Moreira, pensei que soubesse o que estava
acontecendo ai.
— Estou esperando alguém me comunicar, pois existem
perto de dois milhões de pessoas para que eu mate, mas
quero saber, porque as matar sem dor, sem arrependimento
de seus pecados, sem lhes dar dias bons no fim da vida, e sim
o terror de serem cobaias.
— Porque se meteu Sargento Pereira.
— Odeio morrer, apenas isto, mas não entendi mesmo o
que está acontecendo.
— Temos um sistema que você desenvolveu de controle,
mas colocamos em 300 soldados e queremos os testar, para o
país, a capital do sul está contaminada com um vírus mortal, e
tivemos de os isolar.
— Ideia de quem isto, são cidadãos General.
— Você os defendendo?
— Vou ter de escolher um novo lugar para me divertir,
então sim, estou defendendo minhas cobaias.
— Silva me afirmou que havia morrido, pelo jeito ele já
não é tão eficiente nisto.
— Acho que somente homens enfrentam o que armou
aqui, mas temos um problema senhor.
— Problema?
— Torça que eu morra, pois senão não terá buraco para
se esconder ai no Distrito Federal.
— Acha que pode com meus soldados?
— Não disse que posso com eles, disse para torcer que
eu morra, pois talvez General Moreira, nunca foi grande coisa,
pois qualquer um do exercito saberia, que 12 balas frontais
não me matariam, sinal que os que sabiam das coisas já
foram afastados, e estão dispostos a matar parte de um
estado para testar a porcaria que criei.
O senhor ficou quieto e eu desliguei, se antes estava
esperando para Marcio Silva me ligar, agora eu ligaria para
ele.
251
— Comandante Silva por gentileza?
— Quem? – Uma voz feminina.
— Marcio Maier.
A moça deveria estar ao lado e ouvi.
— O que quer Sargento Pereira.
— Sabe que não sou mais isto, mas preciso lhe fazer
uma pergunta Marcio?
— Faça, embora ache que não vai gostar da resposta.
— É a favor de matar 2 milhões de pessoas para testar
uma arma nova?
— Não uma arma nova, e sim, um índice de crueldade
novo, pois soldados que não olham para quem esta em
campo, atiram na cabeça, independente de serem crianças ou
velhos, me enchi deles, tentei os melhorar, eles não sabem
nem obedecer uma ordem simples, um bando de fracos,
nunca entendi você Silva, tinha tudo para se dar bem, tinha de
defender aquela merda do presidente, consequência, ele
quando viu que em meio a proteção sua filha morreu, lhe
virou as costas e lhe afastou, nunca entendi porque o
defendeu?
— Como falou Silva, defendi quem deveria defender,
nossa função era defender o presidente, não a criança
chorona que em meio a crise resolveu correr na frente porque
não conseguia ficar em formação, que estávamos exagerando,
o mesmo idiota do presidente a incentivou a ir a frente, então
nunca considerei a morte dela minha culpa, pois não a mandei
a frente, não tinha função de proteger ela, e desculpa Silva,
isto não muda o que estão fazendo.
— Eles decidiram fazer aqui porque diziam que um mal
crescia aqui, eles sabem de algo, e querem extinguir antes de
que se prolifere. – Sorri, talvez o meu sorriso, mesmo por
telefone ficou evidente para Silva.
— O que tem de graça nisto?
— Eles autorizaram o ataque apenas depois que você
confirmou minha morte, seria isto Marcio?
252
— Não entendi porque, mas foi.
— Eu sou a ameaça Marcio, mas se nem você leu minha
ficha, como eles leriam, se nem você sabe o que enfrenta,
como posso explicar para você.
— Você não é uma ameaça. – Marcio Silva.
— Verdade, mas talvez, isto é um talvez, eu venha a
vencer esta batalha Marcio, e desta vez, quem será a cobaia
vai ser você.
Desliguei e fiz sinal para o rapaz no volante parar mais a
frente.
Paula olhava os músculos dos soldados que surgiram do
nada e não entendia, como explicar para ela que após 8 horas
de trabalho, onde consumiam apenas comida que lhes fazia
bem e aumentava resistência, eles faziam 4 horas de
exercícios, e 4 horas de pratica de tiro.
Como explicar para os demais, que quando olhava eles
trabalhando, eu queria saber até que ponto cada um resistiria,
até que ponto eles seguiriam regras as cegas, como poderia
inverter a imagem das áreas de produção, de 11 empresas, e
ver os olhos fixos no serviço, pregados na produtividades,
fixar em suas existências vazias, cumprindo uma
programação, implementada aos poucos, pior, se ouvisse as
conversas dos mesmos, nas grandes academias, nenhum de
vocês diria que eles eram tristes, não diriam que estavam em
meio a um experimento, e de repente começo meu plano de
extermínio do grupo que praticava aquela competição entre
presos e devo ter chamado muita atenção.
Tento lembrar da senhora que disse me ver saindo do
prédio, me denunciando pela morte do Deputado, procuro em
minha mente esta senhora, ela não morava naquele prédio,
quem ela era, eu não sai pela porta e sim pela garagem, como
ela me viu?
— Burro. – Falo me xingando e olho para Paula.
— Vamos ali a frente, eles isolaram a cidade, hora de
fazer as coisas funcionarem.

253
— O que eles vão fazer?
— Um teste de resistência e obediência, eles vão colocar
300 militares para entrar na cidade, pelo que entendi, pratica
de tiro, em tudo que se mexer, permissão para matar tudo,
não sei a duração da operação.
— Mas eles tem um objetivo?
— Matar e destruir tudo ligado a mim, mas nem eles
sabem como e quem sou, então vamos os complicar.
— E quem é você, pensei que o perderia quando o
colocaram a mesa de cirurgia.
— Por mim que chorava?
— Pelo que sinto, que tento não sentir, me senti a parte
de sua vida, pois nunca falou sobre isto.
— Tem coisas que são para o passado Paula.
As ruas desertas, as pessoas se isolando, caminhávamos
em meio a um calçadão, indo de encontro a uma praça a
frente, olho para ela e sentamos em uma lanchonete, ainda
existiam pessoas cumprindo ordens, o dono mandou abrir e os
funcionários cumpriam.
Estranho que alguns são suicidas e outros covardes, olho
a moça no balcão e perguntei.
— Se estivermos atrapalhando fala.
— O dono mandou abrir, mas a tensão está no ar, acho
que não teremos fregueses.
— Vê um lanche que não de trabalho de fazer, e dois
refrigerantes, se começar a complicar, ajudamos a fechar por
fora.
A moça parecia tensa, passa o pedido a outra e olho
para Paula.
— Um dia no passado me alistei, como algo obrigatório,
e como alguém que já havia feito segundo grau, e odiava as
pessoas, acabo indo para o sistema de táticas do exercito,
mas lá eles desenvolvem projetos para guerras que nunca
travaremos, lá tenho acesso a um rapaz, genial, que tinha um
protótipo de controle via chip do sistema nervoso, a pessoa
254
acha que está fazendo o que quer, e está apenas obedecendo
percepções falsas de seu sistema nervoso.
— Os Chips?
— Sim, mas por outro lado, existia um sistema de
proteção e implementação disto, eles queriam um soldado
mais resistente, e fui voluntario, eu queria ser diferente, mas
não para o bom lado, eles me aplicaram um sistema de
controle das reações de partes importantes do corpo, como o
coração, os nervos, a fala, um sistema de crescimento ósseo
frontal para lhe proteger pulmão e coração de tiros frontais.
— E foi cobaia nisto?
— Eu era cobaia, eu fazia a proteção do presidente da
época, e o senhor, desobedecendo nossa precaução em meio
a uma crise, manda esposa e filha saírem a frente, e saímos
aos fundos, protegendo o presidente, os carros foram
fechados, quando demos apoio retiramos o presidente, a
primeira dama, uma das filhas do senhor, mas uma delas
morreu naquele ataque, e em meio a um experimento, o
comando do Distrito Federal mandou me afastar.
— Tinha protegido o presidente e foi linchado pela
menina que morreu?
— Não, o exercito me deu honras militares por salvar o
presidente, e a primeira dama, mas o presidente pressionou
para que eu e seu pai fossemos afastados, ele era meu
superior, então ele foi afastado para outro cargo, e eu, dado
uma identidade diferente e lançado a rua, sem nada, além de
um nome novo, mas eu teria de escolher o nome, volto para
casa, e vou tomar uma cerveja, pouco dinheiro no bolso e
conheço a vitima perfeita para tomar o nome, um senhor que
todos sabiam o que tinha, mas ninguém sabia sua feição, com
poucas exceções, tomei o lugar dele começando a treinar os
demais, sabe disto, mas mantinha a procura de vitimas e
conheço sua mãe, alguém que me mostra um lado de seu pai
que não conhecia, um lado obscuro, começo a fazer minha
linha de cobaias, começo a mudar os funcionários da empresa,

255
o que era um jornal e duas empresas de Marcio Maier, vira um
jornal e 11 empresas.
— E amplia tudo, mas continua com o que foi lhe dado
dentro de você?
— Não tenho como tirar sem arrancar o pulmão, não
tenho como tirar o chip, pois a dor destes ossos crescendo é
insuportável sem controle de dor, mas dai sua mãe me
denuncia e vou a cadeia, mas sua mãe me conhecia por Pietro
Martins, pois eu tomara a posição dele, quando entendi a
logica do processo e convenci Carlinhos que poderíamos nos
dar bem assim.
— E acha que o que eles querem?
— O que está vendo a rua, mas eles não veem ainda,
pois eles isolaram a cidade, mas os rapazes já derrubaram as
barreiras, mais de 500 mil habitantes devem sair, isto alivia o
peso, mas mesmo assim, prédios como este, que estamos no
térreo tomando um lanche, para um soldado daquele, é entrar
e ir arrombando as portas e matando, eles devem ter proteção
frontal, devem vir com capacetes, os chips fazem eles não
sentirem as dores de tiros, soldados de extermínio.
A moça olha para fora colocando um lanche e falo.
— Come Paula, deixa eu verificar isto.
Saio pela porta, e puxo a porta de aço, e as moças veem
eu olhar para os rapazes, 10 deles, capacetes, roupa do
exercito, se ouvia os gritos, eles iriam entrar no prédio a
frente e me veem sair, devem ter pensado que era apenas um
velho.
— Alguém ai pode me informar quem é Paulo Teixeira?
O meu celular dava o nome dos a minha frente, via as
informações deles, e um fala.
— O que quer comigo senhor.
— Informar que sua filha no Distrito Federal, esta
morrendo agora, como você matou as pessoas ali atrás.
— Está mentindo.
— Não me interessa o que acha.
256
O meu sistema olha mais soldados a rua, eles iriam
começar aos poucos, se via o prédio que eles saíram começar
a pegar fogo, eles matariam os que se esconderam, eu até
tive vontade de me juntar a eles e ver todos morrerem, mas
eu gostava dos méritos apenas para mim, não para soldados
que não lembrariam o que fizeram.
O sistema dá a coordenada dos chips e os desativo e 3
carros ao longe disparam lança misseis contra eles, que veem
os corpos serem atingidos, olho os 10 ao chão, os corpos
tentavam se levantar, mesmo sem pernas, olho para o rapaz e
apenas chego a cada um deles, um tiro a cabeça e o corpo
para.
Outros soldados ao fundo veem rápido e não tive tempo
de desativa-los, chegaram correndo, eu peguei um capacete
de um dos rapazes no chão, meu ponto fraco era o deles, e
olhei para os rapazes bem ao longe e fiz sinal com a mão,
desenhei uma parabólica ao ar, e os soldados viram chover
morteiros, os rapazes tentavam se desviar, mas estavam
programados a não sentir, e não parar, mesmo atingidos, vi o
quanto eles estavam na parte errada do programa, chego
perto rápido e atiro em suas cabeças, a noite seria longa, mas
olho os rapazes e eles foram abrindo o leque, verificando onde
estavam os soldados.
10 grupos centrais no chão eu abro a porta de aço e
sento-me a mesa e tiro o capacete.
— O que vamos fazer?
Olhei para as atendentes e falei.
— Fechem, mas se preparem para se esconder, de
preferencia onde tenha agua, pois eles podem vir a por fogo,
então eu fecharia.
— O chefe mandou ficar aberto. – Um rapaz ao fundo.
— Fique então, se quer morrer, por um emprego.
— Minha função é garantir que elas não abandonem os
postos de trabalho.
Eu olhei as moças e olhei o rapaz.

257
— Se amanha, eu passar aqui, você estiver vivo e elas
mortas, pode ter certeza rapaz, vai querer ter morrido, pois
não é um covarde, é um burocrata puxa saco, alguém como
você deveria ser escrachado, mas ainda existem donos que
gostam de gente como você, então estou de saída. – olhei a
moças e falei – Tem de ser esperto para escolher a vida a um
emprego.
Uma das moças foi para dentro e pegou suas coisas, a
outra também, e o rapaz gritava com elas, alguém que não
vira antes, ele veio para fora só para ver as mortes, as moças
estavam assustadas e fiz sinal para um dos rapazes e falei.
— As deixe em casa.
As moças viram que tinham condução, estavam
querendo sair e nem sabiam como chegar em casa, coisa de
cidade grande, tudo parado, tudo um caos.
Os rapazes começam a avançar quadra a quadra, não
teriam as pessoas para apagar os incêndios, então prédios
começam a ser isolados, e as pessoas vindo para a praça, pois
prédios encostados uns nos outros, gerariam grande perda de
patrimônio.
Os grupos foram confirmando as baixas e os grupos
exterminados, era 6 da tarde quando eu sento-me em casa e
olho para fora, parte da cidade pegava fogo, parte estava
salva, a cidade isolada, os rádios quietos, eu entro na
delegacia e olho o delegado na cadeira e falo.
— Voltei senhor.
— Você não pode estar vivo.
Eu olhei para os policiais desarmados e falo.
— Coloca tudo na cela.
— Vai tomar a cidade?
— Vocês a entregaram e vem me falar isto delegado?
— Você foi matando quem poderia segurar isto, e vem
dizer que não faz parte.
— Eu não faço parte, eu sou possessivo delegado.

258
Dois rapazes seguram o senhor e fiz um pequeno corte
na altura do pescoço, primeiro chip, e na altura da orelha, um
segundo, olho para o senhor e acerto os dados.
— Agora vê se comporta-se Delegado, hora de por a
policia para defender o povo que é pago para defender.
O senhor tentou falar algo, mas viu o corpo levantar-se
e começar a ir ao grupo, olho para Paula e pergunto.
— Onde seria a base de seu pai?
— Presidio, lá é fora do campo de ação, muralha
protegendo e gente querendo sobreviver a qualquer custo.
Olho a mesa do delegado um radio via satélite e espero
alguém chamar.
Quando tocou eu atendo e falo.
— Um momento, o delegado está ocupado.
— Me confirme a operação, temos de desinfetar a área,
ou ele sai como os seus ou vão morrer ai.
— Só um momento - Carlinhos e o advogado entravam
pela porta.
— Fala, não esta com boa cara.
— O que conseguimos de ônibus, caminhão, carros, para
tirar as pessoas da cidade?
— Motivo?
— O delegado e os policiais, tinham um plano de
retirada para desinfecção total, o que seria isto se não o matar
de tudo que sobrasse?
— Eles não são malucos.
— Carlinhos, eles acham que entenderam o problema,
que tem a tecnologia, e vão acabar com qualquer vestígio que
isto aconteceu aqui, que testaram aqui, eles querem destruir
tudo.
Um rapaz chega a porta e fala.
— Não vai dar tempo.

259
— Nem sabemos quanto tempo isto significa, mas quer
dizer que temos de deixar um grupo vivo, pois ele tem de nos
dar a hora de saída.
— Eles vão matar muitos neste tempo. – Paula.
— Eles não são tão bons, colocamos resistência, e eles
ficam ali até chegar perto do horário de saída, mas alguém vai
ficar pelo caminho, muitos pelo jeito.
Carros começam a passar as ruas e dar sinal de
evacuação, as pessoas queriam levar suas coisas, mas não
daria tempo nem para documentos pessoais, mas era hora de
apelar, e falo para Paula.
— Tira todos, e sai da cidade.
— E você?
— Vou apelar, o que acha.
— Apelar?
— As partes que não contei, mas que podem ajudar,
vão, eu vou a fabrica de armamentos, mas a toda volta da
cidade, onde passar, avisa para fazerem pequenos balões de
gás, com botijões, todos que conseguirem, quero o máximo
de interferência aérea na região.
— Eles não chegam tão alto.
— Sei disto, mas os caças do exercito também não
decolam, gente de interferência, pode atravessar um destes e
morrer, não estou preocupado com estes.
Eu olho para fora e vejo um grupo de militares saírem,
eles estavam saindo sobre ordem, sinal que nem falaram o
que fariam, mas tirariam parte do contingente, ou pior, poriam
a estrada para proibir a saída.
Pego o carro e Rita entra nele e fala.
— O que vai fazer?
— Rita, pega as filhas, tem meia hora para sair da
cidade, escolhe um caminho que dê para fazer até a pé se
tiver muitos carros parados lá, hora de sair, e deixar aos
suicidas.

260
Ela sai do carro, querendo ir junto, estas mulheres eu
nunca entendi, elas querem algo que não sei sentir, e acham
que vão ter, mesmo eu demonstrando minha parte mais
animal.
Saio no sentido da região industrial, dois grupos de
segurança me acompanham e entramos na fabrica, entro na
minha sala e falo para um dos rapazes.
— Manda tudo que temos para os caminhões, podemos
estar em guerra amanha.
Ligo as telas de comando e vejo que não tenho sistema,
eles desligaram os cabos de fibra ótica, eu escolho dez
satélites que conseguia triangulação e começo a ter os dados,
se eles veriam isto não me interessava, precisava saber, os
telefones internos funcionavam, mas eles derrubaram a saída,
hoje feita todo via fibra ótica.
O sistema de satélite me mostra 3 aviões prontos no DF
para decolar, hora da decolagem, meia noite, alvo 3 horas
após, bomba incendiaria de ultima geração.
Mensagem interna avisando a hora para estarem fora de
alcance.
Olho os dados do voo e olho os comandantes e penso
no que poderia fazer, sistema de soldados do Exercito,
sistema implantado, quantos em DF?
Olho os dados e aciono o primeiro, ele sai da base
pegando tudo que tinha de armamento, aciono o segundo e
terceiro, um dos bombardeiros não teria como atingir, mas se
conseguisse reduzir o efeito, teríamos mais chances.
Dei as ordens, não teria como saber da eficiência, mas
obvio, ordens diferentes das dadas aqui, ordem de entrar na
base, colocar uma bomba no avião, se posicionar como
proteção da base, sobre ordens especiais.
Eu sempre disse que odiava todos estes seres, e paro,
estava a um passo de os defender, porque?
Quantas vezes eu disse que os queria todos mortos, olho
para o sistema de comando e olho para o programa de meu

261
chip, alguém criado no ódio, que tinha no chip, um desprezo
pelas pessoas e um amor a guerra, a judiar das pessoas, paro
olhando os dados me sentindo um objeto.
O que mudou?
Eu olhava para as informações, alerto as bases do
exercito próximas para evacuar, colocando os planos de
ataque, vejo pelas respostas perguntando sobre ordem de
quem, sorri, soldados programados a morrer.
Via os armamentos saindo a norte, e todos os
funcionários desmontando o principal, saio dali e passo no
sistema de fabricação de Chips, coloco mais de 7 milhões de
chips em uma pasta, os projetos, os arquivos, tiro os hds do
servidor e os coloco a mala e começo a sair.
Vejo aquele grupo de militares vindo no sentido da
fabrica, encosto a pasta ao canto, pego outra, olho para os
soldados, me armo, e começo a sair, vi os mesmos se
armarem.
Um puxa a metralhadora e começa a atirar, me encolho
em uma das entradas, eles passam por mim, a pasta ficou ao
meio do corredor, um deles a pega, eles entram na mesma e
começam a jogar bombas incendiarias, me encolhi, eles
metralharam o local onde estava, vi eles jogarem granadas, as
chutei para longe, mas obvio, estilhaços fazem estragos esta
hora, sinto a perna e vejo os mesmos saindo a oeste, eles se
afastando da região.
Com dificuldade chego a sala que deixara a pasta,
atravesso o fogo e a pego, olho em volta, evito respirar e
passo pelo fogo, saio e olho em volta, olho a perna, olho uma
maquina ao fundo e começo a sair, no mesmo sentido dos
militares.
Eu parei em uma farmácia fechada, forcei com a
maquina a porta frontal e peguei algo para limpar a ferida,
estava limpando a ferida quando vejo uma menina com uma
arma me apontando uma arma.
— Tem de sair senhor, senão lhe mato.
— Onde estão seus pais?
262
— Não lhe interessa.
— Menina, tudo que estiver aqui as três da manha,
morrera, onde estão seus pais?
Ela olha para trás e vejo um senhor baleado, olho a
menina e falo levantando.
— Quer atirar, atira de uma vez.
Chego ao senhor e vejo que a pressão estava baixa, ao
canto, uma senhora morta, duas meninas e um menino, ajudo
a colocar o senhor na maquina e lentamente, começamos ir
para oeste.
— Porque eles atiraram na gente? Pareciam do exercito.
– Um menino pequeno.
— Eles não são gente menino, apenas aparentam com
pessoas.
— E vamos passar por eles?
— Em uma hora, meia hora antes da explosão.
— Que explosão?
— Espero que parte se detenha por si, mas se não se
deter, que o máximo de gente tenha conseguido sair.
A maquina olha uma barreira a frente e olha as pessoas
não conseguindo passar, olho para os soldados ao fundo e
olho para um grupo chegando, se via mortos ao fundo, os
primeiros rapazes que mandei abrir caminho.
Vejo os militares passarem atirando nas pessoas, olho
para eles e falo para as meninas.
— Esperem um pouco, vamos ter de forçar a passagem.
Um rapaz me olha e vê um rapaz me alcançar uma arma
e um ao fundo abre caminho, era evidente que passaria, e
olho para o militar no comando e falo.
— Quem mandou matar todos eles general?
— Estão infectados.
— Vai se matar também?
— Não estou infectado.

263
— Nem eles, sabe disto, que militar que deixa de
defender seu povo, para seguir um general do DF, que tipo de
gente é você general, e estes animais ai que passaram
matando crianças.
Um deles olha para mim e fala.
— A ameaça, ainda vivo?
Olho para traz e falo.
— Abrir caminho.
Os militares só viram os mais de 60 lança misseis saindo
no sentido deles, estourando tudo, e os militares serem
queimados, enquanto os geneticamente alterados tentavam se
recuperar, eu avanço com um grupo e fomos dando tiros nas
cabeças, abrimos caminho e as pessoas foram saindo, se
tinham mortes a mais ali, foi por necessidade, mas obvio, não
sabia o que estava fazendo ainda.
Volto a maquina e vejo o senhor prestes a morrer, não
teria o que fazer, não tínhamos um hospital perto, e se
tivesse, deveria estar um caos.
Senti a menina abraçando o senhor e vi os três
abraçarem o pai, talvez eu tivesse de olhar as coisas com este
olhar, o que existiam pessoas que faziam o dia de amanha
melhor.
Mas será que saberia viver assim?
Olho as meninas, sabia que muitas mortes foram
declaradas naquele local, e em toda volta da capital, eu não
queria pensar nela, pois ela deixaria de existir, muita pessoas
vinham pelas estradas, mas a fila era imensa em algumas
estradas, começamos a falar que as pessoas deveriam andar,
alguns não ouviam, mas muitos começam a caminhar, no
sentido da divisa da cidade, era perto das 3 da manha,
quando dois bombardeiros deixam cair bem ao fundo duas
bombas, ela explodem antes de atingir o chão e se vê o clarão
vindo em todos os sentidos, algo que nunca pensei em ver,
uma cidade, a minha cidade, destruída.

264
Sentimos aquela onda de calor vinda da cidade, nos
jogamos ao chão.
As pessoas pensando que não chegaram longe
suficiente, mas viram que o calor começa a diminuir, a
imagem desoladora da grama a uns mil metros dali, pegando
fogo, carros explodindo, gente saindo dos carros gritando,
com os corpos todos queimados.
Olho se as crianças estavam bem, mas estavam em
pânico, acho que até eu temia aquele momento. Por instantes
fiquei olhando o céu, esperando que não viessem mais
bombas.
As vezes queria saber o que estava fazendo, mas sabia
que nada do que falasse ou fizesse mudaria aquela imagem na
cabeça das pessoas, a cidade foi destruída, não houve aviso,
não havia motivos, mas ela o foi, e com certeza, todos que
falassem, morreriam.
Um rapaz para ao meu lado e pergunta.
— O que fazemos, o exercito tentou nos deixar lá
dentro, eles nos queriam mortos.
— Recomendo saírem das estradas principais, andem
pelo campo, não sabemos como será, mas algo vai acontecer,
e sei que precisamos da versão oficial para mostrar ao país e
ao mundo, a verdade.
Eu olho as crianças, elas olhavam bem ao fundo, onde
era a casa delas, junto com a farmácia do pai, tudo destruído,
se pensar que duas bombas foram lançadas, a programação
era para 10 delas, não era para sobrar nem pó, mas ainda
tinha restos de casas ao fundo, ao centro, ainda se
mantinham prédios queimando, quantos morreram.
Vi um senhor rezando pelas almas, queria acreditar em
Deus, mas a existência de coisas assim, mostrava para mim,
um descrente uma ou outra coisa, ou Deus não mandava
nada, pois permitia isto, ou ele não se importava, e nos dois
casos, não via com bons olhos orar para alguém assim.

265
Os telefones com o fim das torres de comunicação da
cidade ao fundo, param de funcionar, olho para um dos
rapazes da indústria e pergunto.
— Tem a situação?
— Mais de 900 mil conseguiram sair senhor.
— Menos da metade, como estão os grupos?
— Estamos tentando achar uma forma de comunicação,
parece que as regiões próximas estão com efetivo do exercito
proveniente da cidade, e com ordem de matar mais gente.
— Consegue cuidar das crianças?
— Os pais?
— Mortos.
— Vejo o que podemos fazer, mas o que fará?
— O que prometi que faria, como está a situação na
Penitenciaria?
— As muralhas aguentaram o calor, mas parecem
perdidos, parecem assustados.
— Manda as famílias para as ruas laterais, vamos os
ajudar a sair do caminho.
— E o que faremos?
Eu caminho até um tanque que estava na entrada, que
não fora danificado pelos lança misseis, começo a manobrar
ele e os demais viram que iria no sentido do exercito.
Estava olhando para fora quando um rapaz pergunta.
— Você não é Marcio Maier?
— Alguns me conhecem assim.
Vi o grupo começar a explicar que não entendiam a
posição do exercito, mas para evitarem a principal, eles
começam a atravessar os campos, famílias inteiras deixando
ali seus carros, fora os que correram vendo os aviões jogarem
as bombas e mal tiveram tempo de chegar a região e estavam
a caminhar, noite, ao fundo a cidade queimava, mas teríamos
de usar a noite para os tirar da vista.

266
Me afasto pela estrada, via outra barreira a frente, mas
ali parecia que não haviam mortos, mas a inexistência de
gente ali me deixou alerta.
Um militar olha para mim e faz sinal para parar.
— Desce senhor, nosso comandante quer falar com
você.
— Motivo?
— Ordens para nos matar, ele não gostou.
Desço do veiculo e olho para os carros ao fundo e grito.
— Mantem distancia, sabem que vem mais gente ai.
O soldado viu os carros militares parando ao longe e me
conduz a uma tenda de campanha.
Bati continência e o general me olha.
— Não é militar?
— Não.
— Mas está de posse de um tanque do exercito.
— Tivemos de forçar a porta para passar ali, senhor, não
entendo a ordem de deixar todos morrerem.
— Esta ordem não chegou a nós.
— Mas fomos recebidos a tiro, e se olhava para lá, viu
que o exercito destruiu a cidade, não sei oque eles queriam
queimar lá, mas com certeza está queimando.
— E vem armado?
— Tem perto de 30 mil pessoas entre este ponto e o
anterior, eles estão com medo de chegar perto senhor, e
precisam de ajuda, muitos feridos, muitos perderam tudo, até
parte da família nisto.
— Sabe que tenho ordens de não deixar ninguém
passar.
— A escolha é sua senhor, em 5 horas, quem mandou
fazer isto estará caindo em DF, e não poderá dizer que não
teve alternativa.
— E porque eles cairiam?

267
— Senhor, eles queriam um índice menor de 10% de
sobreviventes, acho que sobreviveu perto de 40%, muita
gente para se indagar e perguntar ao governo, aos deputados,
a todo resto, o que eles fizeram aqui.
— E como sabe que sobreviveram tantos, não temos
comunicação?
— Esta informação é de 10 minutos antes da explosão,
se saiu mais gente não temos como saber, mas 900 mil
saíram, 300 mil não se mexeram, então podemos ter gente
escondida em porões, gente que saiu por onde não vimos,
como a divisa leste, que é de cidade encostada em cidade,
não existe barreira que detenha gente naquele sentido.
O senhor me olhou, não sabia se ele estava querendo
me prender ou fazer passar, mas era obvio que algo estava
acontecendo.
— E o que vem fazendo na estrada?
— Avisando para deixar os exércitos que vierem verificar
o estrago passar sem os verem, pois se a ordem era os matar,
duvido que tenham a mudado.
— Não entendo esta operação, é algo totalmente
impensado destruir uma cidade.
— Eles vão acusar alguém, sabe disto, eles sempre
inventam um culpado, e sei que eles tem alguém que
pretendem culpar.
— Quem?
— Quem sobreviver senhor, quem sobreviver.
— Você?
— Se eu sobreviver, sim, se morrer, outro.
— E quem seria você?
— Para o exercito, um dia fui Sargento Pereira, para os
que acreditam em conspiração, me chamam de Pietro Martins,
o inventor do Chip de controle mental, e para quem tinha
negócios na cidade as costas que queima, apenas Marcio
Maier.
— De herói a empresário.
268
— A policia tentou me culpar de mortes sequencias, para
preparar o povo para algo, mas somente hoje soube que as
coisas estavam programadas para matar todos.
— Dizem que morreu a uns 4 dias.
— Dizem que eu desarmado, algemado, reagi a prisão já
dentro da delegacia, e me deram 12 tiros, todos ainda bem
doídos senhor.
— E quer passagem?
— Recomendo sair do caminho, não sabemos se eles
deixarão alguém que viu a explosão e os aviões do exercito
vivos, falam em um grupo de elite do DF que mata tudo, até
criança de colo, eu vi parte deles na cidade.
— E vai fazer oque?
— Estamos abrindo corredores de fuga a leste, oeste,
norte e sul, temos a madrugada para tirara parte do pessoal,
depois os exércitos vão começar a chegar, eles não vão
mandar gente antes, e como não sabemos se pode ter novo
ataque, recomendo ainda afastar mais.
— Porque diz que podem ter mais ataques.
— Um grupo conseguiu deter a decolagem de mais 4
aviões, não sabemos como seria a reação do mesmo fogo com
mais 4 bombas, o que viu ali, foram duas bombas.
— Passem, pelo jeito quer virar herói de novo?
— Não me cabe isto senhor, sou apenas alguém que
tinha milhões em patrimônio e empresas na cidade, o que
tenho agora?
O senhor me olha, ele deve ter pensado, nada, mas
sabia que tinha muita coisas, mas a ideia era esta, e em
minha cabeça não passava outra coisa, quando poderia
retomar minha diversão preferida, no lugar de ficar salvando
gente por ai.
Caminho para fora e fui ao tanque e os soldados abriram
o caminho, fiz sinal e os militares viram o grupo abrir caminho,
bem armados, olhei eles passarem e depois vi o militar ao
fundo começar desmontar a base temporária.
269
Chego a cidade vizinha, muitos carros a rua, gente
dormindo em carros, dormindo em hotéis, gente chegando,
muitos viram a explosão ao longe, chego em um posto de
gasolina e pergunto.
— Tem diesel?
O senhor olha o tanque e fala.
— Sim.
— Enche. O que está acontecendo rapaz?
— Dizem que um terroristas jogou uma bomba sobre a
capital, está todos os rádios falando isto.
— E quem deu a informação?
— Por quê?
— Da cidade não sobrou nada para que alguém de lá
falasse algo, quem está falando que foi terrorista?
— O comunicado é presidencial.
— Bom saber.
— O que aconteceu então?
— Não sei, só vimos dois aviões da aeronáutica lançar
duas imensas bombas incendiarias, a cidade queima a horas.
— Muitos mortos?
— Quem não saiu morreu rapaz, dizem que perto de 1
milhão e meio de pessoas morreram ali ao lado hoje.
O senhor olha para outro e falou.
— Ouviu isto?
— Não consigo falar com minha mãe, sabe como está o
centro?
— Queimando, acho que ninguém vai conseguir chegar
perto, o exercito deve entrar amanha.
O rapaz ao fundo foi ao telefone, não parecia conseguir
falar com ninguém, se vê o desespero da informação tomando
a cidade, não fora uma morte, mas milhares.
Pago o diesel com o cartão, e consigo uma vaga em
uma pensão na saída da cidade.

270
Sento ao quarto, não sabia o que faria, queria a
normalidade, vi um dos rapazes bater a porta e vi ele trazer as
3 crianças e me perguntar.
— Alguém tem de cuidar dele senhor Maier.
Olhei ela e falei para o rapaz.
— Eu cuido, mas elas vão correr mais perigo ao meu
lado que na cidade.
— O exercito local começa a ser mandado para a divisa,
não sabemos as ordens, mas parece quererem verificar o
documento de todos a rua.
Olho as crianças e pergunto.
— Cansadas?
— Sim senhor.
— Aproveitem e durmam um pouco, não sabemos que
hora sairemos, mas pode ser a qualquer hora.
Olhei o rapaz e falei.
— Alguma comunicação?
— Não ainda, deve estar evitando os satélites, sabe que
tudo pode ser monitorado.
Peguei as imagens da cidade, do avião, do sistema
militar retendo e atirando nas pessoas a rua, não fiz uma
montagem, apenas lancei 30 sequencias na internet, com o
titulo, ―A verdade da Capital‖, olho para o sistema via satélite
sendo monitorado e pego o telefone a radio e disco para o
general no DF.
— Por gentileza o General Moreira?
271
— Quem?
— Apenas com ele rapaz.
O senhor veio ao telefone e fala serio.
— Quem tem noticias para mim.
— General, lembra que disse que tinha um problema?
O general se cala, fiquei pensando ele pedindo para
monitorar a ligação e falei.
— Estou a oeste da cidade general, começando ir a
norte no sentido do DF, pode me esperar general, vai pagar
pelas mais de duas milhões de pessoas que condenou, outra
coisa, cuida com bombas incendiarias.
Mais tarde soube que o general estava em uma base
subterrânea, mas um dos aviões pilotados por um dos
militares programáveis deixa cair ali uma das bombas e tudo o
que tinha ao nível do chão, ao norte do DF, começou a
queimar, se queriam uma historia, agora teriam.
Estava a caminhar, chego a beira da estrada, olhando
para os militares passando no sentido da cidade, muita gente
para ser apenas da região, e pego o tanque e começo a voltar,
olho os rapazes e eles entram em seus carros, não
amanhecera ainda, mas já voltaríamos a batalha.
Os militares começam a pedir os documentos e isolar os
vindos da capital, eu faço sinal para os rapazes os cercar e
pego um megafone e subo no tanque e fala alto.
— Quem é o general no comando?
Os soldados se viram cercados e um tenente veio a
frente e falou.
— Estou comandando estes, quem quer saber?
— Querendo respostas, porque estão tratando o povo
que fugiu de ser morto por seu exercito, em separado dos
demais, o que pretendem?
— Não respondemos a qualquer um.
Eu saquei a arma e atirei na cabeça do tenente e olhei
em volta com todos os rapazes apontando as armas e falei.

272
— Então, devem ter alguém que mande, pois o tenente
não queria me responder o que preciso saber, porque o
exercito deste pais esta matando as pessoas da cidade ao
longe?
Vi um senhor sair e olhar o morto e falar.
— Vai a corte marcial.
— Já tentaram general cagão, a bala era para você, não
para ele, mas porque matar uma cidade, porque o exercito
está matando cidadãos, e olhando quem estão selecionando,
se qualquer idade?
— Estão infectados?
— Com oque, algo contagioso?
— Altamente contagioso.
— Então desculpa senhor, vamos lhes matar, pois vocês
tocaram neles, e se eles estão contaminados, todos vocês
estão.
Os rapazes estavam com as pontarias prontas, e o
general viu que não convenceria.
— Cumprimos ordens?
— Não acredito que alguém assinou a ordem para matar
todos, e a prova é a versão de seu presidente, que foi um
ataque terrorista, mas a pergunta senhor, é homem ou rato,
pois um exercito que faz este tipo de trabalho, é rato.
— Não pode nos matar.
— Todos que baixarem as armas, não mataremos, se
um puxar a arma, sabe que matou a todos, vamos fazer
exames e se eles e o senhor não estiverem infectados, vamos
querer o nome dos que deram a ordem.
— Não sedemos a chantagem.
Dei um tiro a mais e olhei para os militares e falei.
— Vale para os vivos, quem baixar a arma não
matamos.
O povo a volta ouvia, era obvio que estávamos passando
dos limites e vimos um rapaz baixar a arma, os rapazes os
detiveram em um salão de festas, joguei gas para os fazer
273
dormir, desculpa os moralistas, mas fora de ação é fora de
ação.
Olhei o rapaz do posto e ele levanta a voz.
— Como vamos salvar os que tentaram sair?
— Estamos juntando aliados, é evidente que o que vem
como informação é propaganda do governo, se duvidar vão
inventar outros ataques, e se precisar me afastar para não
serem considerados terroristas eu faço.
— Acha que vão lhe culpar?
— Não tenho duvida.
As noticias vinham ao ar na manha, olho a repórter falar
que um grande ataque terrorista havia tirado a Capital do Sul
do lugar, e o governo falava em mais de dois milhões de
mortos, fala também em um ataque na base do exercito em
DF e mostra a destruição em toda a região e mostra a minha
cara como o culpado, e sorrio, hora de me afastar e talvez por
algum tempo, poucos me vissem.
O rapaz do posto me olha e fala.
— Sabia que iriam lhe acusar?
— Era para vir 6 bombas para a cidade e região, duas
chegaram, uma eu explodi no chão lá mesmo, e obvio, quem
não morre é culpado rapaz.
— E eles não vão assumir isto.
— As imagens estarão por dias na Internet, depois vão
tentar as tirar de lá, mas o povo acredita se quiser rapaz.
Volto ao tanque e retorno a região da pensão, olho os
rapazes ao fundo e com o equipamento militar isolam a área,
deixando entrar apenas pessoas com permissão do estado
maior, pessoas detidas metros após.
Olho para os dados e consigo falar com Paula que
confirma que estava ao litoral, ela confirma que estavam em
uma das proteções, que seu pai queria me falar.
Faço um grupo, e começamos a dar a volta, olho para os
militares ficando fora da área, respeitando o isolamento, nada
de informação saia dali, e parecia que o raio estava mantido, e
274
ampliado, como tive de contornar a cidade inteira por estradas
secundarias, chego a linha de proteção do leste e vejo os
rapazes fazerem sinal para entrar, mais 10 quilômetros estava
as portas do presidio, olho em volta, os rapazes se posicionam
e falo para um.
— Se não sair, mata todos.
— Eles seriam malucos a este ponto senhor Maier.
— Eles não sabem o que enfrentam, e estou maluco
para parar isto, mas alguém vai ter de reconstruir minha
cidade.
Entro e vejo os rapazes me desarmar e vejo uma leva de
policiais escondidos ali, vi que me conduzem a direção e lá
estava sentado como o comandante de um grupo de
refugiados do fim do mundo, Marcio Silva.
— O que quer falar
As pessoas me olhavam a toda volta, olhei para o senhor
que fala.
— Você é muito previsível Pereira.
Olhei em volta e falei.
— Previsível sim Marcio, mas se não sair pela porta,
pode considerar que a próxima bomba explosiva que está no
ar, esperando um alvo, vai ser sobre este lugar.
— Tem que considerar que o preço que o general
Moreira pagou por você vivo ou morto faz muitos arriscarem.
— Acho que não entendeu Marcio – olhei em volta – e
eles não entenderam, que um terço das mortes que lhe
atribuem, fui eu que fiz, outras 50% foi sua filha, porque não
assume diante deles, que é uma merdinha de um militar
cagão Marcio Silva, que você nem sabe como sobrevivi.
— Está achando que eles acreditam?
— Eles não precisam acreditar Marcio, pois se eu não
sair, vocês são mortos, aquele general Moreira, deve estar se
desenterrando do buraco que estava em DF, pois todos viram
que eu o ataquei com oque ele atacou a cidade ao lado, obvio
que aquela base não vai ser operacional por anos, mas a
275
pergunta, o que queria me falar, se era que vou ser entregue
a um general cagão, explica para eles, o que faço com
generais, explica para eles, que ali fora, tem 12 mil soldados
armados, todos meus soldados, como disse antes Marcio, você
não sabe quem sou, mas a pergunta, acha que eles com estas
36 armas apontadas para mim, em quantos segundos chego
ao primeiro e começo a matar eles um a um, ou melhor, atirar
as pernas, baço, eu os quero ver sofrer, eu queria a cidade
morta, mas não morte sem dor, eles morreram e nem
sofreram mais que um corpo queimando segundos.
Os rapazes viram que Marcio não levantou, ele era de
imposições, mas deveria estar pensando no que fazer.
— Acha que vai ter todas para você?
— Você matou nossa experiência principal, uma nova
experiência, quer dizer, ela pulou para a morte, acho que não
entendeu Marcio Silva, eles a volta nunca viram sua filha
cortando alguém, eu a ensinei cortar, deixar vivos com pouca
coisas, pressão psicológica de dias sem sono, de frio e depois
calor, de dor, de abusos, poucas pessoas chegaram tão a
fundo como sua filha, ela aprendeu seus métodos olhando,
mas sabe que você deixava rastros, eu consigo diferenciar as
suas mortes das delas, pois as delas são mais cruéis, mas o
principal, não deixam rastros.
— Não sei porque veio então?
— Pensei que estava tomando espaço, avançando,
tomando a região, e está ainda escondido, pensei que estaria
assumindo a sua parte, e está embaixo das saias destes dai,
eu vou a DF, espero que na volta tenha assumido seu papel,
pois alguém tem de fazer o dia a dia, mas acorda Marcio,
ainda em consideração as suas filhas, está vivo.
— Não vamos o deter Marcio? – Um rapaz ao fundo.
— Se ele veio aqui, e todos vocês me disseram que ele
não viria, que o exercito estava a rua, que ele não conseguiria,
me expliquem, quem é o exercito lá fora?
O rapaz olha outros e fala.
— Amarelou Marcio?
276
Eu olhei para o rapaz e falei.
— Quer tentar rapaz, acha que pode comigo?
O rapaz me olha, eu não tinha arma, e fala.
— Para mim não é problema em lhe dar uns tiros.
— Quer tentar me matar rapaz?
Os demais se afastaram, eu olhei o rapaz, ele pega a
arma e mira em mim, os demais estavam pensando em minha
morte, e apenas olhava o rapaz, dei os 3 passos para ele, e
ele deu o primeiro tiro, desviei e atingiu meu ombro, doeu
mas eu andei mais rápido, segundo tiro parecia que ele estava
a um passo, terceiro tiro e peguei a arma batendo na mão
dele lateralmente e a arma veio a minha mão e a coloquei as
costas, coloquei as duas mãos na cabeça do rapaz, sentia as
balas, mas estava bem, e torço o pescoço do rapaz que cai e
olho os demais, eles me olhavam com um misto de esperando
eu cair e olho para o rapaz ao lado que me apontava a arma e
falo.
— Alguém mais quer tentar?
Marcio me olha assustado, pois ele me vira tomar os
tiros e um rapaz ao lado fala.
— O que é você, está sangrando?
— Lá vou eu ficar 3 dias de cama de novo, mas quando
vão assumir o destino de vocês, tomar a região, não matar
todos, mas tomar, impor as regras?
As pessoas me olhavam e vejo um dos rapazes chegar a
porta e falar.
— Ficamos preocupados, está bem?
— Sim, como está as coisas?
— Tomamos a parte externa, tomando os corredores.
— Tira este pessoal daqui, tenho de terminar de falar
com este ex-militar teimoso.
Os rapazes entraram, desarmaram os rapazes, e Marcio
me olhava e fala.

277
— Os treinou quando, não são o que me falaram,
apenas funcionários que se armou, são monstros em
músculos.
Pego uma pinça ao bolso e tiro a bala do braço, seguro
a dor e fecho o primeiro buraco, olho o segundo, faço o
mesmo e vi Marcio me olhando e me pergunta.
— Você se tornou cobaia de você mesmo?
— Eu não sei exatamente o que sou, queria lhe fazer
algumas indagações e não sei se lembra de algo.
— Indagações?
— Sim, se lembra de qual departamento fui mandado
para a proteção do presidente.
— Porque quer saber?
— Eu nunca me preocupei com isto Marcio, mas tudo
indica que fui de algo mais secreto, algo que está em mim,
algo que não deveria lembrar, algo que comanda meus ódios,
meus medos, e principalmente, minhas ações.
— Acha que foi programado para fazer isto?
— Tenho sistemas de proteção óssea para pulmão e
coração, tenho sistema de liberação de células tronco para
recuperação rápida de cortes, eu durmo um dia a cada 4,
controlo minha dor, como se a conseguisse isolar, eu consigo
processar meus movimentos, e os executar, independente de
pensar neles, o rapaz atirou, mas sabia onde chegaria, poderia
estar morto no fim, mas os movimentos iriam até a quebra do
pescoço, independente de nova ordem.
— E quer descobrir quem fez isto?
— Quero saber se o que tenho de lembranças são
minhas, se o que fiz foi realmente o que acho que fiz.
— Acha que não fez oque?
— Acho que era um degenerado, que foi usado como
cobaia do exercito, e aos 18 colocado em um programa
avançado, acho que tudo que vivi, que me lembro, é a partir
dos meus 16 anos, tudo que tenho antes disto, é memoria
muito falha, mãe, pai, irmãos, tudo em dados que não se
278
encaixam, eu não amo as famílias e não tenho medo de as
despedaçar porque eu não tenho nada de bom vindo dai, na
verdade as vezes temo que seja uma experiência total, e que
esta experiência saiu da programação, e a destruição da
cidade ao lado, indica isto, tudo sempre me trazia a esta
cidade, mesmo não sabendo o que me trazia para cá.
— Você foi me indicado pelo estado maior das forças
armadas, como um rapaz de muito futuro, e ninguém se
portava como você, sempre frio nas escolhas e proteções, até
aquele dia, sei que se fizéssemos diferente, como a regra
indicava, o presidente teria sido atingido, talvez morto, e a
filha sairia viva, mas você impôs a operação e com tudo
indicando 4 mortes, apenas a menina morreu.
— Acredito que o que montei Marcio, é o que eles
tentaram destruir.
— Oque?
— Acha que tenho um exercito e ninguém veria,
imaginei eles não olhando, mas talvez a minha tentativa de
parar os animais dos delegados, empresários, mostrou para
eles que poderia estar fora do que eles queriam.
— Tem um exercito bem armado, resistente e pelo jeito,
programado a não sentir dor.
— Programados a fazer tudo em conjunto, eles sabem
onde cada um avança, eles são em ação um só, mas eles não
sabem disto Marcio, se olhar eles nos momentos de diversão
deles, dirá que são pessoas normais, sem nada de mais.
— Eles sabem disto?
— Eles tem o pré projeto, o que eles instalaram nos
militares que atacaram a cidade, 300 deles deveriam ser capaz
de tirar uma cidade do ar, o projeto deles, gravado deveria ter
matado mais de 18 mil, mas os matamos antes, deixamos um
grupo pequeno sair, mesmo custando mais vidas, mas
teríamos de saber a hora da operação.
— E porque acha que devo tomar as rédeas?

279
— Eu não sou politico Marcio, sou um empresário,
péssimo empresário, sou um soldado em campo, e ali me
sinto bem, mas tudo a volta, até o mar, está tomado, nas
divisas do estado ao sul e ao norte, estamos quase lá, o
exercito acha que estamos isolando para eles, e nem sabem o
acontecido total.
— Mas eles terão os satélites.
— Acha que as 4 bases que os dariam estrutura foram
atacadas com bombas incendiarias porque Marcio.
— E como os atacou?
— Eu fiz o projeto Marcio, eu sei o parar, eu sei o
inverter, sei até verificar quem está em ponto de ação, parei
os que consegui, e mesmo assim a cidade queimou, acho que
eles queriam todos mortos, até você.
— Então era você mesmo o perigo?
— Acho que sim. – Menti, não tinha certeza, mas
começo a sair e falo.
— Em três dias estarei de novo, mas vai avançando em
todos os sentidos, e quando tiver toda uma área tomada,
isolada, começa a determinar ordem e leis.
— Você querendo impor leis.
— Eu adoro a desafiar Marcio, mas sem deixar as linhas
de incriminação, mas reaja, ou terei mesmo de tomar tudo
com as próprias mãos, dai não reclamem.
Olhei para o rapaz a porta e falei.
— Saindo.
Volto a região Oeste, não passei no litoral, olho as
crianças dormindo ainda e olho para os rapazes saindo para a
área comum novamente.
— Melhor parte, se fazer de inofensivo, quem quiser
ajudar, vamos colocar em nosso esquema, e vamos os fazer
trabalhar em equipe para nós.
— Sim senhor.
— Organiza um grupo e começa a se apoderar de terra,
de material e começa a construir uma cidade em anexo a esta,
280
devem ter mais ou menos 300 mil desabrigados para dentro
da proteção.
— Alguns vão reclamar.
— Sei disto, mas vamos por o máximo de pessoas a
trabalhar, vamos controlar isto, consegue rapaz?
Ele me olha, olha outros como se concordassem e fala.
— Vamos providenciar, começamos por onde?
— Os rapazes do exercito, que estão desacordados,
instala os chips neles, chip 3, sem opção, vamos os por para
trabalhar, se eles forem eficientes, colocamos neles o chip 1 e
os integramos ao esquema.
O rapaz concordou e um falou chegando.
— Devemos ter mais de 5 mil soldados detidos senhor.
Eu andei até a maquina, peguei a mala e peguei uma
linha de chip e passei para o rapaz, ele olha e fala.
— Vamos providenciar, o que faremos com os demais?
— Vamos assim que os colocar em suas casas, vamos os
controlando, não tenho para o todo, mas 600 mil temos.
— Acredito que este seja o medo deles?
— Vamos reerguer a fabrica, as principais, e vamos em
dois meses estar em operação, mas primeiro o controle,
depois nos preparar para apoiar um governo de controle.
Entro na peça e com o celular programo o sistema de
memorias e nas crianças dormindo, as aliviei as memorias,
elas receberiam isto aos poucos, queria entender se não foi
feito isto comigo.
Vejo as três crianças abrirem os olhos e olho para elas.
— Vocês sabem obedecer ordens?
Elas sacodem a cabeça e falo.
— Eu não sou bonzinho, mas se me obedecerem serão
grandes peças em meu esquema.
— O que temos de fazer senhor?
— Me obedecer, o que mais.

281
A menina se levantou e me abraçou, os demais me
abraçam e ela fala baixo.
— Obrigada, estaríamos mortos lá.
Minha memoria foi a quantos morreram, quantos não
conseguiram, ou nem desconfiaram, as abracei e falei.
— Agora durmam mais um pouco, pois depois vamos
praticar e os deixar fortes.
— O que é esta voz na minha cabeça? – O menino.
— Eu vou lhe passar minhas ideias, e quero você as
seguindo, mesmo que pareça cruel, será a vida de vocês que
estarão defendendo, tudo bem?
— Vai nos abandonar?
— Acho que daqui a 15 dias, eles terão o que temiam
que eu fizesse em 50 anos, mas eles escolheram este
caminho.
As coloquei na cama e olhei os dados, a cidade ao fundo
começava a esfriar, uma chuva lavou a cidade, destruída, a
versão que vinha nos meios de comunicação, parecia tentar
convencer as demais regiões, as estradas interditadas estavam
isolando o resto do sul da nação, então teria duas formas de
agir, e não sabia ainda o que fazer, também não sabia quando
alguém tentaria me matar novamente.
Olho os dados e os sistemas, teria de remontar as
bases, teria de achar as informações, e para isto, teria de ir a
próxima capital, teria de recomeçar, teria de andar passo a
passo para reconquistar o que perdera.

282
283
284
20

Dois meses de reconstrução, isolados, meus planos a


toda, não tenho pena dos que morreram, tenho pena dos que
não sabem o quanto posso ser cruel, e me acham um herói,
tenho pena de quem não entendeu eu parado aqui, muitos
pensando em retaliação, mas meu sumiço da região, o sumir
dos exércitos particulares a rua, o não aparecer em publico,
gerou a lenda que sai dali, e muito se falou sobre atentados
em outros lugares, e eu parado.
O que estou fazendo?
Me divertindo, pois olho para os noticiários de começo
de reconstrução da cidade, as divisas abertas finalmente, os
militares não entendendo o que aconteceu, pois assim que
abriram as divisas internas, pareceu uma leva de pessoas que
vieram a cidade, a busca do que era delas, mas isto em dois
meses a mais se acalma.
Minhas empresas mudaram de lugar, minhas reservas de
pessoal se ampliaram, mas olhando pelas noticias, se via o
surgir de um homem injustiçado virando herói e líder, Marcio
Silva, eu sorrio, mas ele une os nomes mais poderosos que
sobraram, pois poucos sobraram, e estabelecem o recomeçar,
e eu, apenas olhando, pois minha parte não era esta.

20
Aletheia 2 em letra artística AmericanIndian
285
286
Olho para Paula e ela me fala.
— Vai ficar ai inerte, nem parece o mesmo.
— Quer que volte a ser o que era?
— Aquele ser eu respeito, a morte, me fez o que sou,
tem de entender que este ser apático não é você.
Sorri, e olha que não sou de sorrisos, e falei.
— Sei que todos esperavam eu matando as crianças, eu
pisando nos corpos cremados, mas como sempre disse, eu
queria os fazer sofrer, mas não matar todos de uma vez.
— Sabe que enquanto você estava preso eu andei
praticando.
— Praticando?
— Não me apegar, fazer fazerem, forçar reação,
resistência e chego a você, que parece inerte neste instante,
não entendo o que aconteceu.
— Eu quero algo como fazia, sem holofote, eu não fazia
para aparecer, eu não fazia para dizer, fiz, eu fazia para me
divertir, e parece que a volta, todos esperam que judie mais
um pouco.
— E o que o proíbe?
— Quer ver algo que me coloca medo?
— Você tem medo de algo?
Não respondi, todo ser que ama a vida teme a morte,
pelo menos eu amo a vida, nem que odeie a ideia de amar.
Saímos no sentido sul, passamos por mais de 5
pequenas cidades e paramos na entrada de um barracão.
Entramos, estava vazio, eu a olhei e falei.
287
— Temo recomeçar e não entender o que sou.
Liguei as imagens de um grupo de crianças, que foram
separadas pelo exercito a mais de 30 anos, éramos crianças
em tudo, e Paula viu o sistema de seleção, sobraram 4 deles,
que mataram todos os demais.
Olha para a segunda fase, jogados em famílias adotivas,
missão, matar toda a família.
Terceira fase, se viu um senhor colocar um chip de
comando na parte de traz do pescoço, se via o sistema
rudimentar, e as crianças agora com uns 10 anos, passando
por testes extremos, e estas crianças matando de tudo, e
Paula perguntou.
— Qual é você?
— O único que está vivo, pois – ele põem uma imagem
de um menino cortando o pescoço, e o sistema dizer que ele
estava morto, e o menino ficar inerte, os demais nem notaram
nada, mas este menino quando anoitece, some do lugar.
— Quer dizer que sumiu dali, e os demais?
— Eles estavam treinando, eles não sabiam as
resistências – Colocam um segundo chip menor e as crianças
em uma briga que deveria ser controlada, matam o instrutor,
pegam uma arma e atiram nos militares do controle, e se vê
os soldados entrarem e atirarem nos três, pior, eles sorriram
ao morrer, parecia um alivio, eles não pareciam felizes com o
chip.
— E continuaram este projeto?
— Sim, mas podem nem saber disto.
— Está tentando encontrar a sua historia?
— A infância nunca me prendi a tenta lembrar, mas as
pessoas ali, eram numeradas, eu era o 2, tenho a marca na
nuca do numero até hoje, então era eu, não é suposição, mas
o que fiz depois disto?
— Ainda carrega o chip?
— Não, de alguma forma eu o tirei, não lembro desta
parte, é como uma barreira que a própria tirada do chip criou,
288
mas parece que parte disto ficou em mim, mas preciso saber
se odeio por odiar, ou por que fui programado para isto.
— Sabe que não odeia.
— Acho que não entende, eu odeio, mas algumas
pessoas eu estabeleço uma ligação, uma dependência deste
ódio, mas preciso saber se isto é meu, eu, ou algo implantado
em mim.
— E porque seria?
Coloco a imagem de um humano normal a tela e falo.
— Os humanos são assim, sistema simples de
distribuição de sangue, o meu tem um sistema interno de
controle próprio, minha leva de ossos me força ter de me
manter em forma, pois sou em media 20% mais pesado que
alguém da mesma altura que eu.
— E qual o medo?
— Paula, eu não sei nem quem sou de verdade, estes
meninos tiveram seus nomes adulterados, eles não tinham
família, meu nome inicial vem da família que matei, não de
minha origem, mas quem eu sou, sei que muitos não se
preocupam com isto, mas parei para pensar, quando tive
acesso em meio a guerra a isto, nos arquivos do general
Moreira, e não sei se ele teria como saber quem eu sou.
— Acha que sim?
— Quase certeza.
— Por quê?
Coloco a imagem de um arquivo meu, de quando fui
aceito no exercito, aos 18 anos, e uma frase do lado da fixa
de cadastro.
―Cobaia 2 – Obrigatoriedade de Serviço no DF‖
— Acha que eles lhe testaram e reprogramaram?
— Eu não sei tudo, mas parei para pensar, pois tenho
vontade de voltar a fazer tudo de novo, tinha vontade de ir ao
DF para fazer justiça, mas será que não é o que querem?
— E parou por isto?

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— Não parei Paula, sabe disto, apenas não estou
fazendo com as mãos, mas estou incrementando seu treino,
de Rita, das meninas, mas a diferença, é que a ordem superior
era não dispor de mulheres nisto, as considerava fracas, e eu
as considero muito mais maleáveis e cruéis.
— Mas porque parar para pensar, não era mais fácil
encarar e desmascarar tudo?
— Se tivesse certeza se quero desmascarar, eles
pareceram me perder, estão procurando ao norte, e estou
aqui ao lado de onde estamos reconstruindo.
— Mas o que pretende?
A olhei aos olhos e perguntei serio, a segurando pelo
pescoço, eu gostava desta forma de me impor.
— O que quer perguntar que não consegue Paula?
— Parece mais interessado em minha irmã que em mim.
— Não é isto ainda. – A segurando com força.
— Como consegue me conhecer assim?
— Não vai falar?
— Eu não quero falar coisas que lhe deixem mais
confuso, mas... – Ela olhou em meus olhos, ela estava gravida
de novo, e fala – sei que não nos falamos nem da primeira, e
parece que você me controla de tal forma que acabo
engravidando.
— Ainda enrolando, mas criamos, ainda tenho de tentar
aceitar a ideia de ser pai, odeio a ideia e ao mesmo tempo sei
que é forma de ir ao futuro, a nossa imortalidade é através
dos filhos saudáveis, mas algo ainda não gosto neste ideia,
quer dizer, sei o que, eles serem alvos que não defenderei,
pois não gosto da ideia de parar por isto.
— As defendo de nós dois.
A abracei e ela falou.
— Mas vai parar de cuidar de mim?
Este cuidar em nada tinha de cuidado, era crueldade, e
ela sentia falta, como chegamos a isto não sei ao certo, mas
faz muito tempo, e apenas apertei seu pescoço e falei.
290
— Sabe que é minha, apenas estou pensando, pensa
que vou lhe deixar por ai?
Ela sorri, estranho nossa relação desde a primeira vez,
ela gostava da minha parte violenta, ela nunca pareceu me
odiar, mas as vezes, fugiu para não dizer que não me odiava,
e a encosto a parede a tendo para mim e falo.
— As vezes temo que meu ódio não seja suficiente para
você Paula, pois sei que se um dia deixar de lhe odiar lhe
perco, mesmo você querendo diferente.
— Sei que não lhe quero mole, não me odiando, sabe
disto, gosto de você firme, não um fraco.
Pensei em falar mais, mas saímos dali voltando para o
litoral, próximo a capital em reconstrução, olho para um carro
nos seguindo e falo.
— Pelo jeito vai acabar a folga.
Paula olha para trás, se via o carro da policia rodoviária
vindo rápido, e obvio, eu não tirei o pé, acelerei até chegar
perto de onde entraria, reduzi para eles verem onde eu entrei
e entramos na rua secundaria, eu vi as marcas na pista,
pintadas, passei sobre elas e parei na casa, fiz sinal para Paula
entrar e fui a varanda, o carro vinha pela estrada, vi quando
ela entrou na reta e me viram na varanda, eles vieram e as
minas terrestres na estrada explodiram jogando o carro fora
da estrada, peguei dois soníferos e cheguei a eles e apliquei
neles tontos um sonífero.
Vi o radio confirmando o endereço, se confirmavam o
alvo e pensei.
―Alvo‖.
Peguei o comunicador e falei.
— Confirmando o alvo, se entendi direito o alvo.
— Onde?
— Km 75, a direita, estrada de terra, segunda bifurcação
a direita, uma casa no fim da estradinha.
Desliguei e olhei para os policiais, tirei seus documentos
e vi que não eram rodoviários, eram exercito, sorri e puxei o
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primeiro para a casa, puxei o segundo, e com uma corda
lateral e uma roldana, puxei o carro para fora da pista, e olhei
para Paula.
— Vai para outra casa.
— Quero participar.
— Me verifica quem é, e me dá cobertura, mas os dois
aqui nos pegam de surpresa.
Ela me beija e fala.
— Te odeio, consegue terminar dias normais em guerra.
— Um dia aconteceria.
Peguei cadeiras e coloquei no centro da peça, e
pendurei uma corda no teto, prendi na cadeira, e coloquei nos
pescoços, não seria muita diversão desta vez.
Olhei para cima, não via de dentro da casa o céu, mas
ouvi um helicóptero alto, e saio pela porta lateral e vejo um
rapaz mirar um lança míssil no meu sentido e sai correndo
para a floresta.
Parei em uma arvore e ouvi a explosão no chão as
costas, senti o calor e sorri.
Olhei a casa e vi outro lança míssil e a mesma vir pelo ar
e olhei para os carros chegando, vi um caminhão do exercito e
vários militares saindo dele e começando a caminhar no
sentido da explosão.
Olho para cima, a mata não daria minha posição ao
helicóptero, ouço a explosão de um carro no passar em outra
mina terrestre, e os rapazes se armarem, sorri.
Ouvi o celular e atendi.
— Fala.
— Vai se entregar Cobaia 2?
— As suas cobaias os seus soldados atiraram nelas,
lembra general?
— Eles tentaram os matar?
— Fomos treinados para isto, mas espero que tenha
mandado gente a altura para isto.

292
— Não entendeu Cobaia, sempre o monitoramos, nunca
entendemos como seu cérebro absorveu os comandos e
informações, mas nitidamente tem a memoria.
— Eu não sei do que está falando.
Ouvi o segundo toque e cliquei no 2 e ouvi.
— General Moreira, 20 militares especiais, não sei quem
são, e 50 normais.
— Obrigado, mas consegue a localização deste general e
decola a ultima bomba incendiaria, quero ver ele preso em
outro buraco no fim do dia.
Mudei para o numero 1 e falei.
— Melhor se esconder General, sabe que não sou fácil
de pegar, mas mesmo me pegando, corre seus riscos.
— Soube que enfrentou os novos modelos
pessoalmente, mas não entendi ainda como.
— Quer saber mesmo General Moreira?
— Não tem como você me informar?
— A 4 anos que Pietro Martins implorou para morrer e
me passou os planos do Chip.
O silencio foi cortado pelo avançar dos senhores, ouvia
uma explosão ou outra, pois a região era toda minada, e ouvi
o senhor falar.
— Não tem como ter feito isto?
— Sempre disse que sou péssimo mentiroso, mas tentei
general.
Desliguei e coloquei o celular no bolso e olho ao longe
um rapaz, caído, pego sua arma e óculos, visão de calor,
idiotas, estavam de dia, não funcionava direito, deito no chão
ao lado do senhor e olho os demais passarem.
— Cuidado com as linhas, eles colocaram milhares de
minas terrestres neste terreno.
Estava de bruços e ouvi um rapaz terminar.
— Estes militares são patéticos.

293
Senti o movimento, me virei, olhei os capacetes e pensei
no grupo de destruição e olhei para eles ao longe.
Peguei a arma do militar, arma de perfuração profunda,
e me deitei, duas miras, e dois mortos caindo com seus
capacetes ao chão, vi outros chegarem a eles e olharem para
onde eu estava, eles vieram em formação.
Qual a melhor saída?
Atirei na perna de um que continuou mancando,
imaginei isto, o segundo estava chegando mais rápido, pego o
celular e aperto o 22 e começa a se ouvir estouros a toda
volta, e os rapazes a frente veem as minas lhes tirarem parte
das pernas, eles me olham tentando andar, dois tiros a cabeça
e vi eles caindo, sabia que alguém se aproximava pelas costas
e me viro e olho para Rita, quase a dei um tiro, ela estava de
capacete e roupa negra, proteção contra visão de calor, e ela
olha em volta e me joga uma roupa daquelas e dá 3 tiros, se
ouvia lamentos a toda volta, de gente atingida pelas minas.
— Vamos os levar ao rio. – Rita.
Sorri e começamos a andar no sentido do rio usando as
arvores como proteção, os que estavam atingidos, fomos
dando tiros a cabeça.
Um pareceu resvalar a bala na cabeça e falei.
— Eles vão mexer até na estrutura óssea da cabeça.
— O que fazemos? – Rita me olhando.
Sorri, eu não sabia ainda, mas se ouvia os tiros ao longe
e não sabia quem estava atirando no que, então fiquei a
esperar para ver quem chegava, vi os rapazes chegando no
sentido oposto e vi aqueles militares que vi em ação a 2
meses, eles vinham em formação, os rapazes pegaram lança
misseis e lançaram tudo sobre eles, uma chacina em meio a
uma floresta caindo.
Alguns eram mais resistentes, e olho que alguns
avançariam mesmo queimando, se via uma estrutura metálica
sobre a pele, eles não eram mais seres vivos, eram maquinas.

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Fiz sinal para recuarem, Rita recuou e um deles me olha,
parecia ser eu o alvo, os demais eram detalhe e fala.
— Não vai escapar 2.
Ouço a voz e falo olhando para o rapaz.
— Não deveria estar morto 4?
Ele me olha, pois era uma estrutura metálica a falar,
deve ter pensado como o reconhecia.
— Como sabe quem fui?
— Como digo 4, tínhamos a idade da duvida, mas eles
não sabem porque somos especiais, vai continuar neste
caminho?
— Não tenho mais autonomia.
— Desculpa, isto não tenho como o oferecer, mas vou
lutar pela minha autonomia.
— Não tem chance.
Meu sistema estava escaneando pelo celular o sistema e
começa a deletar e vi os olhos do ser me encararem e falar.
— O que está fazendo, está apagando minhas
memorias?
— Se um dia foi um adversário a altura 4, o que lhe
transformava em especial foi ter independência e raciocínio
próprio, o general não tem como pensar por todos, por isto
fica fácil os derrubar.
O ser olha par mim, se levanta e chega aos seus e olha
eles mortos e fala.
— Não vão lhe deixar livre depois disto.
— Eu estou esperando um general cagão sair de casa,
mas parece que ele se esconde em buracos fundos, medo
gera isto.
O ser pareceu me olhar e desativar, chego perto e sinto
ele me segurar pelo pescoço, olho para ele, estava quase
desligado mas tentava as ultimas ações e ouço.
— Mata ele por nós numero 2.

295
Sinto o ser desligar e faço sinal para os rapazes
chegarem e falo.
— Um meio de sair daqui e me tirem aquele helicóptero
do ar.
Três misseis atingem o mesmo e olho para o ser em
uma espécie de metal e falo.
— Rita, vamos começar uma nova linha de batalha.
— Qual?
— Verifica os que morreram, os que não morreram, pois
o chip os tira as dores, os faz dormir e vamos os prender e
estudar este chip.
— E este ai?
— Se eu não tivesse fugido do exercito, talvez eles
tivessem me transformado em algo assim.
— Fala serio. – Rita me olhando.
— Sim, mas são maquinas de matar, não de judiar, e
ainda está em treinamento Rita.
Saímos dali.

296
Entramos na casa a frente, vi os rapazes trazerem 6 dos
seres, descemos por uma escada longa e chegamos a um
imenso buraco abaixo da floresta, mais de 500 metros
quadrados, um dos rapazes me trás os chips dos soldados e
fala.
— São os mesmos chips senhor.
— Chip sem comando certo, não nos adianta nada, ou
pior, sem autonomia da decisão rápida de um cérebro não me
adianta nada.
— Quer dizer que o que nos difere é a autonomia?
— Em parte, mas pega todos os corpos lá em cima e
leva para os restos da casa que estouraram, no poço, depois o
tampa e me apaguem o incêndio, não quero matar toda a
floresta em volta por isto.
— Vamos nos livrar, e estes ai?
— Quero ver como eles são fisicamente, temos de saber
o que enfrentamos.
Paula desce e olha o ser mecânico e pergunta.
— O que é isto?
— Este era o 4, aquele que atirou primeiro, sinal que
nem o deixaram morrer.
Paula chega perto e olha os sistemas de dor e orgânicos
e fala.
— Mas queimou tudo.
— Quase tudo, quero ver algo, acho que podemos estar
entendendo errado o processo, e estes rapazes me fazem ter

297
de evoluir, pois se eles estão fazendo um exercito destes em
DF, temos de saber como nos defender.
— Do que os dois estão falando? – Rita.
— Aquilo que falei lá fora, se não tivesse fugido, eles me
tornariam nisto. – Falei a olhando serio.
Peguei um corpo que estava tentando sobreviver, tiro na
cabeça, mas se mexendo, de um dos soldados com chip, que
não sentiam dor, e coloquei a linha esquelética sobre ele, o
sistema de proteção cerebral e o sistema de comando por trás
do cérebro, que parecia o HD deste ser, coloquei um pequeno
acido plástico nos fios de comando de saída do HD.
Fiz sinal para afastarem-se e liguei e vi o ser segurar
minha cabeça de novo e falar, olhando em volta.
— Onde estou numero 2?
— Podemos conversar 4?
— Tenho de lhe matar.
— Vai tentar de novo, quantas vezes 4?
O ser olha em volta, como se procurando algo e
pergunta, a voz metálica era estranha.
— Não sinto o comando, como posso estar livre deles?
— Não está ainda, mas se quiser lhe ajudo a se livrar
deles 4.
— Como conseguiu?
— Eu sai a muito 4, sabe disto, eles me deram como
morto, eu me fiz de morto, e nunca desconfiaram da verdade,
por muito tempo.
— O general disse que 4 dias depois descobriu que você
tinha fugido, que tinham como lhe monitorar, mas pelo jeito
esperaram para tentar lhe matar.
— Eles me cercaram com o exercito, me ofereceram
uma carreira, mas levei sorte, pois odiava o que fazia, mas
acabei gerando a morte da filha de um presidente e o mesmo
me afastou, sorte numero 4.

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Sentia a tensão no ar, talvez a fragilidade dos demais, e
vejo a forma que o ser olha para a barriga de Paula, não falei
nada, mas ele era disposto de controles que eu não tinha.
— Mas se cerca de fracos, e quer dizer poder ajudar.
— Oferecendo ajuda ou morte 4.
— Acha que pode comigo?
— Está em um corpo emprestado, quer que o tire, volta
a ser a estrutura sem poder de movimento, mas a escolha é
sempre nossa, não dos demais.
— Você escolheu o caminho dos fracos 2, não estamos
no mesmo lado.
— Uma pena 4.
Apertei o comando e o acido queima a ligação do HD de
memorias e comandos com o esqueleto e o ser deita estático
e Paula me olha.
— Ele nos acha fracos?
— Eles são criados no modelo que gera perda, pois toda
vez que você analisa as pessoas por sua origem, seus
músculos, pelos recursos que você vê, você perde, pois Paula,
sei o que fiz com as cobaias, sabe pois é uma, os homens nela
são mais frágeis, eles se definham, já as mulheres procuram
uma saída, mesmo psicológica que as permita sair mais
rápido.
— Você está tentando nos agradar. – Rita.
A olhei serio e falei.
— De quem está falando cobaia Rita?
Ela me olha com o ódio que amava, e falo.
— Eu falo o que acho, mas vocês não entendem, mas o
sistema de movimento e durabilidade deste proto esqueleto
quero estudar, e vamos verificar quem nos pode dar
informação sobre isto.
— Sempre avançando. – Paula.
— Tudo que planejei tinha duas linhas de avanço, os
comandos e os peões, vamos por os bispos no campo.

299
— Não entendi a ideia?
— Paula, se seus músculos estivessem recebendo esta
estrutura para facilitar em sua locomoção, em um sistema
capaz de segurar as memorias parciais do ser, ele iria a campo
sem ter de sentir como sinto, exausto e sem conseguir dormir.
Olho os rapazes, pego um chip e coloco no sistema e
vejo o rastrear do programa, objetivos, ordens, informações.
Começo a passar os dados e olho para Rita.
— Vem mais.
— Motivo?
Pego a transmissão de Marcio Silva para o Comandante
Moreira, passando os dados da região que estávamos.
— Este meu pai não toma jeito. – Paula.
Peguei as chaves pequenas, lembro que a 10 anos usava
estas chaves para abrir celulares, hoje, abro seres robóticos,
olho para as peças, fui as digitalizando e colocando no sistema
seus funcionamentos, seu material, sua durabilidade, e o
mesmo foi fazendo um protótipo 3D, olho para Paula e falo.
— Será que conseguimos este material em algum lugar?
— Não entendi o que pretende?
— Isto é um protótipo de uso, eles tem a memoria do
ser na caixa, ela não se perde, mas eles conseguem dispor da
estrutura sobre um outro corpo, e este corpo ganha
velocidade, resistência e firmeza. Não pensei na parte alta,
mas na estrutura que nos permitiria andar a uns 20
quilômetros por dia, por 5 dias sem nos cansarmos.
— Pensando em usar isto como força, não como ser.
— Deve ser triste alguém poder lhe desligar de tudo, e
você não saber quando vai acordar.
— Certo, mas o que o sistema está fazendo?
— Estudando as peças, pois elas podem ser feitas sobre
medida para cada ser.
— Mas vai falar com meu pai?
— Adianta?

300
— Acho que não.
— Então deixa ele nesta guerra perdida dele, que
ficamos na nossa.
— Mas se vem mais, como sobrevivemos? – Rita.
— Rita, não estamos aqui para sobreviver, e sim,
vencer, meta errada, resultado errado.
— Mas como vencer?
— Eu não estou usando nada ainda, como falava com
Paula, estava tentando descobrir quem eu era, como poderia
confiar em meus atos, estou segurando a reação, pois o
tamanho da reação será de acordo com o tamanho da força
que demonstrarmos.
— Não entendi. – Rita.
— Eles nos acham fracos, esta é a programação do ser a
mesa, mas eles estão desenvolvendo gente assim. – Chego a
um dos corpos que se batia na mesa, mesmo com morte
cerebral. Abro seu peito e ela vê a camada de ossos
protetores, abro a cabeça e ela vê que tem uma proteção
implantada na parte cerebral, abro ele um pouco mais e as
duas veem o ser com um sistema que tentava regenerar os
órgãos, pego um pequeno chip com tecidos aparentemente
humanos a volta, e o arranco e as duas veem o ser ficar
estático a cama, como se parasse de tentar sobreviver.
— Você tem algo assim? – Paula.
— Não, eles testaram algo diferente em mim, algo que
eles querem morto, pois me dá independência deles, este
sistema é um sistema que permite o rapaz em DF desligar o
ser, mesmo que ele tenha ganho a batalha para eles.
— E quer saber o que usaram em você?
— Talvez nem eles saibam, a ordem diz, matar e trazer
corpo o mais rápido e intacto possível.
— É um talvez ou tem algo a mais? – Paula.
— Como falei hoje cedo Paula, tenho de descobrir minha
historia antes de voltar a fazer o que gosto, para saber se não
estou fazendo o que eles querem.
301
— E deixaria de fazer o que gosta se eles estivessem no
comando?
— A ideia não é deixar de fazer o que gosto Paula, é eu
estar no comando do que faço, e não um general, eu saber,
não um general, eu improvisar e não um general.
— Acha que consegue entender e dominar isto.
— Isto que não tenho acesso, eu entendo parte disto,
embora nunca tenha estudado isto, estas coisas que tem aqui
– toquei a cabeça – e não sei de onde veem que me
preocupam, não o ódio que sinto, e sim, tecnologia que não
estudei, mas sei aplicar e fazer.
Olho os dados e olho para Paula.
— Não é por isto que entendo de tudo, mas faço os
demais estudarem, tem gente que sabe coisas incrível neste
grupo de gente sobre controle.
— Como oque?
— Como explodir uma cidade com poucas coisas, todas
encontradas na cidade.
— Certo, está preparando eles para serem algo, aquilo
que falava, odiava a inercia e a mesmice.
— Eles são pela mesmice, mas não os deixo inertes,
uma pequena diferença.
Olhei as imagens e comecei a subir as escadas.
A casa estava ali, em meio a floresta, olho em volta, os
rapazes já haviam limpado a área, gosto de eficiência, olhando
ao fundo, policiais chegam aos carros explodidos, eles tinham
detectores de minas, exercito, olho em volta e vejo 3
helicópteros, todos a postos, e olho um senhor num carro bem
no fundo.
Faço sinal para Paula e Rita saírem pela porta ao fundo
e saio a frente.
Olho os militares vindo ao longe e falo alto.
— O que quer General Moreira?
— Sabe o que quero?
— Sei?
302
— Sua morte, você me pertence.
— Estes soldados ai, sabem que vão morrer ou alertou
apenas como fez ao numero 4, ele é um fraco e precisa
morrer.
— Não sei do que esta falando.
— Um menino, nome, Silvério Santos, tirado de uma
casa de menores, aos 4 anos, colocado em experimentos
desde então, apagado seu nome, tatuado 4 em sua nuca,
morto a tiros, e reanimado, hoje um complexo apenas
funcional, quer dizer, deixou de ser funcional.
O general olhava os militares avançarem, estava a uns
300 metros do general, os soldados a uns 100 metros de mim.
— E como sabe disto?
— Sabe bem general, eu era o numero 2, ou como
alguns dizem, Pedro Quintino, recrutado aos 5, por minha
violência, por minha crueldade, hoje sou o que me fez, um
assassino, e quer me matar, me fez assim, o que quer?
— Vamos lhe pegar.
Olhei para o celular e falei.
— Tira os pássaros do ar.
O general não viu de onde, mas cada helicóptero foi
atingido por dois misseis.
Olhei para os soldados e falei.
— Quem recuar agora, pode vir a continuar a respirar?
— Eles não lhe ouvirão.
— E o senhor, ouvira ou continuara querendo apagar as
pegadas que deixou, inventando um terrorista, matou mais de
um milhão e quinhentas mil pessoas para me pegar, e ainda
quer me acusar general?
— Lixo de cidade, não gostava dela mesmo.
Peguei o celular e falei.
— Linha de 100 metros no chão.
O general não via as pessoas escondidas num momento,
no seguinte, mais de 3 mil pessoas disparando suas

303
metralhadoras e misseis, e uma chuva de morteiros entre 100
e 200 metros a minha frente.
O general se escondeu, vendo um pelotão inteiro morrer
ali, enquanto eu olhava ele e vi um senhor sair de um carro ao
fundo, vi o antigo presidente, sabia que era ministro de
segurança atual, uma tralha junto com outra.
— Não disse que seria fácil e me entregaria o autor da
morte de minha filha general.
— Ele quer o autor general, é só ter culhões e dizer para
ele se olhar no espelho, ele sabe a merda que fez, quebrando
a segurança daquele dia.
— Ele sabe, mas ele me mostrou que você estava
ficando perigoso demais, e sua forma de defesa, mostra isto.
— General, eu nunca fui inimigo, você sabe disto, vocês
que estão me colocando do lado errado do campo.
— Nem aquele Marcio conseguiu lhe deter.
— Aquilo era uma merda já no exercito, vocês que o
transformaram no animal que é.
— Uma merda útil.
— Sim, uma merda que trouxe a minha frente dois
mortos, que se acham grande coisa.
Os dois se assustam, pois veem gente surgindo de todos
os lados, o ex presidente sente uma picada no pescoço e cai,
os soldados, foram todos adormecendo em campo, e o
general olha para mim.
— Acha que vence assim?
— Como disse para alguém estamos aqui para vencer, e
lhe deixar livre general, não é vencer, é sobreviver.
O general sente a picada no pescoço e cai.

304
Uma semana a mais, olho para Paula a porta da casa,
olho para as crianças brincando, no que estava me
transformando, eu odeio crianças brincando, felizes, será que
eu não sei o que é ser feliz, ou minha felicidade é diferente da
deles.
— O que vamos fazer Pedro? – Paula.
— Os rapazes estão mudando a programação dos
soldados, para podermos usar eles aqui, o sistema deles está
pronto para ser invadido, mas o general é realmente teimoso.
— O que vai fazer?
— Matar ele, o que faço de melhor?
— Você não gosta de coisas escondidas.
— Sei disto, mas tenho de resolver uma pendencia, e
quero saber de que lado vai ficar Paula.
— Ele é meu pai.
Apenas a olhei e sai, entrei em um dos carros e me
direcionei a cidade, a um enterro a céu aberto, olho a lateral
da estrada onde muitas casas se mantiveram, e estava sendo
o reinicio, eu não gosto de morrer, mas se eu estava deixando
de ser quem eu era, talvez fosse a hora de ir para outro
andar.
Deixar claro que não acredito em Deus, o andar que falo
é 7 palmos de terra.
Olho pelo retrovisor os carros normais, o sistema estava
voltando ao normal, a entrada na região ainda era controlada,
então todos achavam que minha estava ali era algo

305
impossível, chego ao rapaz do controle que apenas me olha e
fala.
— Pode passar senhor.
Entro na área restrita, as casas que não foram
destruídas, começam a ganhar pessoas a toda volta, e a parte
central da cidade, começava a ser demolida, entro na avenida
que daria ao centro, e depois de um tempo, tem uma barreira
novamente, olho para o rapaz do comando que fala.
— Estamos desviando todos senhor.
— Sistema de implosão, para recomeçarmos.
O rapaz olha para outro na guarita, levanta a proteção e
fala.
— Mantem-se na avenida, ainda existem focos de calor e
incêndio em toda a região.
Entrei, agora estava dentro do limite de destruição,
aquilo que tinha visto apenas por imagens, não havia chego
perto, corpos carbonizados ainda ao chão, apenas o caminho
aberto, chego a um grupo de veículos e saio olhando em
volta. Carlinhos veio a mim e falou.
— Qual a ideia?
— Existe um projeto para demolir tudo e começar do
zero, a total desapropriação da área, foi aprovada, o governo
vai vender direito de construção e podemos começar do zero
ou reconstruir da nossa forma Carlinhos.
— Sua forma quer dizer?
— Às vezes tento que troquem ideia, mas ainda ficam
receosos com isto.
Vi os rapazes chegando do fundo e um engenheiro falou.
— Vamos começar demolindo os 40 prédios encostados
um nos outros bem na avenida central.
Autorizei e se ouvi bem distante a explosão, e duas
quadras no centro daquela cidade desmoronaram.
— Os prédios mais afastados, estamos usando
desmontar andar a andar, é mais rápido. – Engenheiro.

306
— Recebeu meu pré projeto? – Perguntei ao senhor, que
somente neste momento deve ter se tocado que eu era o
responsável pela obra e demolição.
— Recebemos, vão refazer a cidade inteira com outra
cara pelo jeito.
— Apenas o que nos permitirão, pois teremos de dispor
de formas de interagir com as partes que não foram
destruídas.
— E porque querem demolir rápido?
— Existe um projeto em DF que quer preservar parte da
destruição como alerta contra terroristas, se reparar, deixamos
parte destes locais nos círculos verdes, então vamos primeiro
demolir a parte que temos de reconstruir e depois se eles
resolverem mesmo conservar aquilo, estará em meio ao mato.
— Programamos 22 explosões, a cidade em volta nem
sabe por que dos estrondos. – Engenheiro.
Fiquei a olhar eles, estavam falando de partes técnicas,
explicando e sorri, eles estavam querendo mostrar seu valor, e
não tinha como contestar isto.
Olhei para as estruturas e maquinários pesados
chegando, iriamos refazer quase tudo, teríamos de escolher
onde iriamos jogar todo o entulho, iriamos acabar aplainando
uma parte daquele local, mas meus pensamentos não
estavam exatamente nisto.
Olhei para Carlinhos e falei.
— Tem como registrar tudo que vamos fazer, do estrago
ao que se tornara este lugar?
— Pelo que entendi, quer uma cidade parque?
— Quero uma cidade minha, você sabe disto, poucos
sabem Carlinhos, mas quero ver se as pessoas não
conseguem evoluir como espécie, e com isto, reconstruir tudo
diferente, mais controle, mais dedicação, mais estudos, e paz.
— Você falando em Paz?
— Para eles Carlinhos, para eles.
Carlinhos abre a pasta e pergunta.
307
— Ainda não entendi o quadrado em si Marcio.
— Tem de ver que você está olhando de cima. – Puxei o
mapa com o rio e Calinhos olhou com atenção.

308
— Carlos, eu criei os círculos nas partes planas que
tinham diferença de altura, na verdade foi um projeto bem
palha, bem vagabundo, eu apenas estava desviando o curso
dos rios, que cruzam a cidade e as nascentes, mas obvio,
nada fica como projetamos para sempre, ainda bem, seria um
tedio se as coisas não mudassem.
Carlinhos pareceu entender finalmente a ideia e
perguntou.
— Mas estas partes onde colocou as ruas retas em nada
tem de planas.
— Hoje não, mas quando terminarmos de arrumar esta
bagunça, alguns estarão bem planas.
— E teremos como erguer isto?
— Sim, mas isto fica entre nós Carlinhos, sabe que vai
sobrar um peso e tanto para você.
— Nem sei o que estou fazendo ainda, depois penso no
peso Marcio, sei que os engenheiros não imaginam seus
planos.
— Se não estiver vivo, pelo menos tenta Carlinhos, sei
que tem pena deles.
— Eles estão mais felizes, e mesmo não concordando
com tudo Marcio, sei que eles tem estudado mais, aprendido
mais, trabalhado em equipe muito mais, o ser monitorado os
fazem obedientes as leis, um mundo estranho este, mas que
pode vir a dar bons frutos.
— Deixa eles se mostrarem, vou conseguir ao norte,
onde será um campo, para darmos um enterro coletivo a
todos os que morreram aqui, acho que muitos vão
comparecer, mesmo não tendo como os reconhecer, muitos
esperam este alivio, embora não vá dar para fazer enterros
individuais, vou ver se conseguimos erguer a moral deste
pessoal.
— Ainda vai ter de me explicar porque os rapazes são
tão mais eficientes que os soldados?

309
— Eles estão em rede, trabalhando em conjunto, mas
com autonomia para correr, para palpitar, o sistema calcula a
melhor das ideias e apresenta a todos, isto os fazem melhor
quando em campo.
— Liberdade, controle, compartilhamento de informação
e um sistema analisando possibilidades, seria isto?
— Na verdade o outro sistema recebe uma ordem e
independente dos soldados que os acompanham, a missão é
única, e para qualquer um, mas apenas uma missão, eles
falham por não trabalhar nem em equipe, e nem alertam de
perigos, pois eles estão focados apenas na missão.
Cheguei ao carro e falei.
— Se não retornar, mantem os planos.
— Porque tem de fazer isto?
— Não vou reconstruir uma cidade para entregarem a
dirigentes que não a conhecem, eu a odiava, vou ter de a
reconstruir para voltar a odiar, mas a conheço, é meu mundo,
não de um bando de políticos e militares em DF.
Entrei no carro, se via ao longe mais poeira vindo ao ar,
pelas explosões, os imensos caminhões e maquinas ao fundo
esperavam para entrar em operação, enquanto eu desvio a
leste, desviando o centro, mas priorizando as avenidas
desbloqueadas, pois haviam nas paralelas restos de tudo a
rua, o que não queimou, com certeza foi saqueado, saquear
coisas queimadas é bem de pessoa que não entende a logica
das coisas.
Chego próximo do presidio, se as pessoas chegavam
pelo outro lado, este ainda estava um caos, verdade, eu
detonei este caminho.
Sou parado em uma barreira e olho em volta.
— Gostaria de falar com Marcio Gelo.
— Ele não recebe qualquer um.
— Diz que Marcio Maier quer falar com ele, eu.
O rapaz na divisa me apontou a arma.
— Assunto?
310
— Apenas com ele, venho desarmado e sem reforços,
para o poupar de perder mais tempo, mas se não querem que
chegue a ele, dou meia volta e ele que tente de novo.
Eu vi o rapaz na guarita tremendo com aquela arma,
principiantes, olhei ele pegar um comunicador e vi ele e outros
dois chegarem ao carro.
— Desça do carro por gentileza e encosta as mãos no
veiculo.
Desci com calma, deixando ali meu celular, não queria
problemas, não mais do que já tinha.
Olho em volta e vi alguns a mais a apontar a arma para
mim e um falar de dentro.
— Melhor mantermos o perímetro isolado.
— Quem é este?
— Da ultima vez ele nos esvaziou de armas e drogas,
tem gente que diz que eles os abduziram.
Sorri, eles nem imaginavam o que tinham feito com eles,
mas foi por isto que deixei o celular, eles pareciam tensos,
mas a informação que Marcio Maier estava sendo conduzido a
Marcio Gelo, fez muitos se aproximarem, não sabia o que eles
pensavam, mas alguns estavam me olhando com pena, não
queria pena de ninguém.
Sou algemado e empurrado, valentes em grupo, fui até
uma sala nova, vi que Marcio estava como um imperador, uma
cadeira onde traziam os que iria falar.
— Voltou?
— Se quer me entregar Marcio, que todos saibam que o
fez, não entregando onde estou ao exercito.
— Ninguém lhe quer por perto.
— Acho que eles não entenderam ainda Marcio, que eu
sou a garantia de você no equilíbrio, mas acho que nem
aquele General entendeu isto ainda.
— Sabe que pode ser condenado a perpetua?
— Acho que o que fiz, merece uma perpetua, para você
seria injustiça, você é um merdinha, não um assassino.
311
— Menos cordial hoje?
— Eu fui cordial e o que aconteceu, me entregou para
aquele general, eu falando em você impor a lei local e você se
preocupando com me entregar a morte.
— Tem de ver que me deram cartas de ação se lhe
entregasse.
— Estou aqui Marcio, não sou um cagão que entrega
pelas costas, encaro quem me quer morto, mesmo que saiba
que é uma péssima ideia me matar.
— Acha que vão sentir falta de você?
— Não, ninguém sente saudades ou falta de uma dor,
você eles chorariam, eu, com certeza um grande suspiro de
alivio, talvez até uma rizada.
Senti alguém chegar as costas, não olhei, senti aquela
agulha no pescoço, não sei se demorei para cair, mas sei que
desacordei, vendo tudo ficar turvo.

312
Acordei amarrado a uma mesa, via o meu peito aberto,
via os instrumentos na minha mente, em meu corpo, sentia a
dor do corte.
Um rapaz olha para mim e para a porta.
— Acordou Comandante.
Não tinha como inverter o pescoço preso a mesa, tive de
esperar o senhor chegar a minha linha de visão, mas ele não
me parecia conhecido, e ao mesmo tempo, me pareceu muito
intimo.
— Demoramos para lhe recuperar Marcio Maier, quantos
anos, e olha que você sobreviveu bem, dizem que até virou
um terrorista, mas preciso saber, o general está vivo?
Olhei para o senhor, tentei mexer a língua, não
funcionou, estava grogue ainda, olho no monitor sobre minha
cabeça e escrevo ali, pelo sistema que não sei onde está em
mim, mas sei que está.
―Sim, pedindo para morrer, mas vivo‖
O senhor olha o rapaz que sai dali e fala.
— Não sei senhor, ele não deveria ter acesso ao nosso
sistema, ele não tem chip nele.
— Isto que não sabemos o que foi feito, o doutor Hélio,
desenvolveu algo que eles absorviam a informação e os
comandos, mas eles mataram o Doutor Hélio.
— Mas como Comandante?
— Isto que temos de saber, eles perceberam que não
teria saída, este senhor, uma criança, se fez de morto, parou

313
sua respiração por mais de 3 minutos, o sistema deu ele como
morto e o desconectou, na mesma tarde, os demais entraram
em parafuso, como se perdessem o controle e mataram todo
o grupo de pesquisa, pior, eles foram metralhados e mortos
naquele dia, e o que podemos saber é que deveria ser no
corpo, pois os demais tiveram o corpo salvo, mas em meio a
operações, pararam de interagir, eles apenas passaram a
obedecer ordens, sem interação alguma, a interação que era o
segredo do projeto.
Eu ouvia, mas não conseguia ainda mexer a língua e
tento me programar, sinto a língua voltando e falo.
— Até eu gostaria de saber isto Comandante.
— O que fez com o General?
— Nada de mais, deve estar comendo formigas para
sobreviver.
— E se não comer as formigas?
— Morre.
Eu não conseguia mais ver o rapaz, mas as vezes ouvia
onde ele estava.
— Porque mandaram me pegar comandante, se nem
sabem como obter o que querem?
— Se não tivermos como o fazer, o faremos falar onde o
general está, e ele dá um jeito ou lhe mata.
— Quanta incerteza, até parece saber o que fala.
Pensei no que o senhor iria falar e olho para a tela, ela
desliga, e ouço o rapaz vir rápido e perguntar.
— O que houve senhor, desligou o sistema?
— Não, mas o que é este senhor.
— Ele é um projeto do governo de 32 anos, ele tem
sistema ósseo reforçado, DNA adulterado para auto
recuperação, duplo sistema de irrigação das células, quando
uma parte perde pressão, o corpo dele isola esta parte e
mantem o funcionamento, nem nos protótipos novos funciona
tão bem como nele, abrimos ele no peito e ele continua
funcionando como se tivesse tudo normal.
314
— Sistemas?
— Nada, se for é inserido em algo, ou um sistema
orgânico de informação.
— E como algo assim existe e ninguém fala nada?
— Este senhor, foi condecorado por salvar um
presidente a mais de 12 anos, ele tem medalha por eficiência,
passa por um ser normal, ele é humano completo senhor, não
foi esterilizado e deixa herdeiros, mas não sei se tudo que ele
tem em si, é adulteração a nível genético para se passar a
frente.
— Ele tem algum herdeiro genético?
— Não ainda.
— Qual a linha genética da experiência?
— Não vi nada igual.
Minha cabeça ainda tentava achar o senhor e olho para
ele e sorrio e falo.
— Como se tornou um comandante numero 3?
O ser me olha, o rapaz não entendeu.
— Ninguém me chama de numero 3.
— Foi uma pena ter de desativar o 2, ele não estava
mais pensando, apenas reagindo ao programa, uma pena, ele
tinha mais capacidade que eu. – Falei olhando o senhor.
O senhor olha para o auxiliar e fala.
— Me traz a fixa dele, quero ver uma coisa.
— O que ele está falando?
— Crianças usadas em experiências a mais de 30 anos,
disto que ele está falando rapaz, pega para mim lá.
O rapaz olha sem entender e lhe traz a ficha e vejo o
senhor olhar e falar.
— Pedro Quintino, o numero 2, interessante, você
desenvolveu algo que os demais não desenvolveram numero
2.
— Acho que não desenvolvi, mas vocês como não
entendem isto, querem fazer-me de cobaia.
315
— Sabe que muitos acham que a informação que o
numero 2 estava na Capital do Sul era um erro, que não
existia o risco que o exercito falava.
— Eu não sou um risco, sou o que fui programado a ser,
um assassino programado a proteger a ordem, obvio, quando
a ordem diz, protege o presidente, protejo, como poderia
proteger ele e aquela criança correndo no sentido errado.
— Vai dizer que não existiu o atentado?
— Provocado por vocês, deveriam ir ao ar no dia, 6
aviões para uma destruição total da Capital do Sul, não sei
quem deu a ordem, mas apenas dois deles partiu, senão
estaria morto a algumas semanas.
— Vai dizer que fomos nós?
— O general estava em uma base subterrânea, e se alto
atacou para ser convincente, ele não se preocupa se 5 mil
soldados, mais 30 mil a volta da base morrem, para se dizer
atacado.
— Ele não fez isto. – O rapaz.
— E o que ele fez, já que sabe. – Eu não via o rapaz,
mas nitidamente ele não ficou feliz com minha versão.
— Ele iria atacar com as 6 bombas incendiarias, ele
queria um corredor destruído, entre a Capital e o mar.
— Bom saber que o desgraçado do general não teve
coragem de dizer a quem me entregou que o queria morto.
— Aquele Marcio Silva, como você diz, é um merdinha
mesmo. – O auxiliar.
Sorri, pois ele era mesmo, mas falei.
— Ele é um merdinha sim rapaz, mas faz umas filhas
muito gostosas.
— Sei que uma está lá a brigar com o pai, pois você o
entregou.
— Qual das filhas, ele faz muitas meninas.
— Paula, Rita se afastou, mas não sei se ele tem outras.

316
— Pode ter certeza que tem, mas porque Paula estaria
brigando com o pai, por algo que jurou fazer, me entregar ou
matar?
— Dizem que sabe programar as pessoas a fazerem
apenas o que você quer, não entendi os métodos, mas o
general estava estudando os seus métodos.
— Estudando?
— Ele fez uma entrevista bem interessante com aquela
Mirian, ela dizia que você a dominava e a odiava, e a
mantinha na linha através de castigos.
— Eu tentei fazer um sistema de comportamento e
castigos, que tem como objetivo, forçar a pessoa a fazer o que
quero, mesmo sem um Chip.
O comandante estava apenas ouvindo a conversa entre
eu e o auxiliar, me olha e pergunta.
— Vai dizer que você é o matador da Capital do Sul?
— Eu queria entender os métodos de Marcio Silva, mas
os corpos que ele matava, se encontrava, os meus, vieram a
tona apenas agora, 12 anos depois dos primeiros.
— E como mantinha o segredo?
— Segredo de uma pessoa, eu, não existe como outro
saber, as cobaias nunca souberam do todo, obvio, algumas
me superam nas mortes, mas não no esquematizar da morte,
todos sabem que fui eu que matei o prefeito da Capital do Sul,
mas ninguém consegue provar isto.
— E porque o matou?
— Como Marcio iria tomar o poder sem os matar, era a
ideia, mas considerando que ele sabia que matariam a cidade
e não falou nada, mereceu a morte.
—Acha que o seu sistema está onde?
— No mesmo do seu numero 3, na cabeça, eles não nos
programavam, sabe disto, eles nos davam eletrochoque para
que sentíssemos o positivo e o negativo por reflexo, antes
deles aplicarem, eles nos fizeram pensar por sim ou não, o
sistema funciona por 0 ou 1, se sei o que preciso, faço.
317
— Quer dizer que é nossas mentes que fazem isto, mas
como interfere no sistema?
— Sem os fios não interferiria, mas vocês me ligaram a
ele, não eu, e isto é um acho, não uma certeza.
— E se não for isto?
— É algo que preciso pensar, não é intuitivo, então é
algo programável, por minha vontade, se não tem nada que
se programe em mim, somente minha mente, é a base que
treino minhas cobaias, elas não recebem castigos no 0
recebem castigo no 1.
— Mas tem como escapar disto?
— Eu quando me deixei pegar, foi pensando que havia
algo dentro de mim que não conhecia, algo que vocês
soubessem, mas a pouco, quando deram a entender que não
sabiam de onde vinha o programa, fui tentando resolver o
problema, e me veio o fato, pois é fato, ainda estou dopado,
não deveria estar falando, mas consigo administrar via mente
minha língua e falar pela parte que se mexe.
— E parece mais ativo agora, seu encefalograma afirma
que parece mais ativo agora.
— Acabo de descobrir numero 3, que não preciso do
celular. – Os dois me olham enquanto o sistema volta, a tela
em volta passa a ser dados, números, e informações, sinto o
sistema e meu peito que estava aberto, começa a forças o
sistema, e as garras que mantinham o peito aberto o soltam e
ele começa a fechar.
Os dois olham assustados e o rapaz fala.
— Temos de acionar a segurança.
O sistema e as portas estavam sobre meu comando,
nada abriria antes de mandar.
Vi o comandante, o numero 3 sacar uma arma e falar.
— Para ou lhe mato.
— Este era o custo, lembra numero 3, virar cobaia ou
morrer, não existe meio termo, mas tem de saber numero 3,
isto tem de se aprender a fazer. – Sinto a mente dele e
318
imagino ele com muita dor, o auxiliar corre a porta e começa a
bater, mas eu ainda estava me recuperando, vi o numero 3
desacordar, vi o rapaz batendo na porta grossa e falo.
— Não sei o seu nome. – Sentando naquela maca.
— Para que quer saber?
— Porque deste medo rapaz, lhe fiz mal?
— Você é uma arma, não podemos deixar sair.
Sorri e olhei para o rapaz, que me olha, o peito voltava a
fechar e mecho os braços, tirando os fios, estava nu e apenas
ando até a porta e o pego pelo pescoço e ergo a parede e
pergunto serio.
— Nome?
— Não lhe interessa.
Apertei um pouco mais.
— Nome.
— Camilo.
— Cobaia Camilo, sabe obedecer ordens?
— Não sou... – eu apertei o pescoço e ele parou a frase,
não queria ouvir que ele não era uma cobaia, olho ele serio e
pergunto de novo.
— Sabe obedecer ordens Camilo?
Ele sacudiu a cabeça e perguntei.
— Onde estão os chips?
Ele não queria isto, mas eu queria, ele olha para uma
gaveta, eu o ergo e apertando o pescoço vou até a mesa, que
ele olhara, sento ele na cadeira, e com os fios do monitor
amarrei ele na cadeira, calmamente abri as gavetas até achar
10 chips dispostos em ordem.
Ando até a mesa e pego um bisturi, volto ao rapaz, um
pequeno corte, ele se batia, mas quando fixou, ele parou, ele
me olha, eu assumo o comando do sistema, me veio os
comandos das pessoas e veio a informação, não era o que
tinha falado, tinha de ter algo a mais, ou minha mente era
mais do que apenas uma cabeça normal.

319
Olho no sistema as informações e as dimensões, todas
normais, chego ao numero 3 e instalo o chip, ele reagiu e
abriu os olhos e fala.
— Porque numero 2?
— Sou Marcio Maier, não numero 2, sei que é Paulo
Cardoso, mas o que precisamos é uma evolução Paulo, ou
está a favor da evolução ou contra ela.
— E você é a evolução?
— Não, o instrumento.
— Como o instrumento?
— Quantos você acha que sobreviveram do atentado na
Capital do Sul?
— Os que protegeu, não entendi, mais de 12 mil.
— Mais de 900 mil Paulo, mas tenho de saber, é de
confiança ou não?
— E controla quantos?
— Como disse Paulo, eu queria entender o problema,
não controlar o todo, mas obvio, adoro controlar quem é
problema, e deixar livre quem não é problema.
— Mas sabe as ordens?
— Eu aberto a mesa não é algo de que queiram vivo,
então é só dizer que morri.
— Mas não vai sumir, eles saberão.
— Com certeza, mas é de confiança ou não numero 3?
— Odeio tudo, sabe disto, não sou de acordos, não sou
de dizer que faço acordos.
— Sei o que é isto, mas vou considerar um não inimigo,
então se cuida Paulo.
— Comandante Cardoso.
— Tô indo, se cuida.
Destravei a porta, os dois dormem, olho o projeto do
local, um buraco a norte do DF, saio com calma e subo com
um uniforme de técnico, identificação na saída, e obvio, tudo
que fizemos, nos preparou para aquele momento, sim, agora
320
sei quem sou, um ser misto de humano e experiências, um
animal que gosta de fazer sofrer, saio da base, com a chave
do carro do comandante Cardoso, estava longe quando ouço o
alarme em minha mente, deram minha falta.
Olho o mapa e me dirijo a região dos prédios funcionais
de DF, na portaria apenas passo como um comandante, o
rapaz nem me olha, aperto uma campainha e olho aqueles
olhos cor de vinho, moda do momento me olhar e sorrir.
— Deve estar perdido senhor.
Tirei o quepe e olhei a menina, agora uma moça, a medi
e falei.
— Desculpa demorar 12 anos para voltar Marta.
A moça me olha, a mãe ao fundo grita algo, a moça não
entendeu, ou estava me procurando a mente, vi a senhora
pegar o telefone e falei.
— Não gosto de matar quem protegi senhora, então
larga este telefone.
A moça me olha e pergunta.
— Pedro?
— Sim, vim ver se estavam bem, mas pelo jeito sua mãe
sabe de algo que ignoro?
— Oque?
— Porque seu pai me quer morto, quando apenas
protegi o que conseguia.
A moça olha a mãe que solta o telefone e fala.
— Ele é um assassino filha, ele é uma arma do exercito.
— Do que está falando mãe, ele nos salvou a vida.
— Ele é um programa, ele nem humano é segundo seu
pai, ele que causou o problema na Capital do Sul.
Ela me olha, aquele olhar na cor vinho era estranho, ela
me encara e fala.
— Está bem, tem feito oque?
— Torturado gente, matado gente, coisas de exercito.

321
— Coisas de exercito, sabe onde está meu pai, a mãe
esta a uma semana em cólicas, parece que ele foi procurar
alguém e esta pessoa nos bate a porta.
— Ele foi me matar, não conversar, mas ele está vivo, se
a pergunta é neste sentido.
— E veio apenas comunicar isto?
— Confesso que até me passou a cabeça sequestrar as
duas e garantir minha volta a minha cidade, mas não vale o
esforço.
A senhora olha estranho e fala.
— Vai nos matar?
— Se não matei seu marido, porque as mataria?
— Ele disse que iria finalmente se livrar de quem
estragou sua família.
— Acho que eu não estraguei sua família senhora, e sim
a sua teimosia e dele, de lhes mandar a frente, sabe disto,
mas estranho alguém manter um ódio a este ponto, já que
não tinha alternativa, duas táticas, uma 4 mortos e um salvo,
seu marido, uma segunda, 4 salvos e um morto, sua filha, não
tivemos tempo e fizemos o certo, mas sei que sabe, podem
alimentar um ódio, mas não transfiram para mim a culpa que
não me pertence.
— E veio apenas falar isto? – A senhora.
— Vim convidar Marta para me apresentar a cidade.
— Ela não vai.
— Vou sim, quer oque mãe, me prender em casa, com
estes amigos chatos do pai, ou seus filhos idiotas?
— Ele...
— Mãe, eu não tenho medo dele, mas desta sua forma
de condenar as pessoas que sabe não serem problema.
— Meu marido volta quando?
— Em uma semana, ele e o general Moreira acham que
estou em uma cidade ao sul, e estão a cercando, quando eles
terminarem lá eles voltam.

322
— E porque ele não me ligou?
— Ele vai inventar algo, mas não me cabe estragar mais
sua família do que já o fiz.
A senhora me olha atravessado, eu não falara, mas
insinuara, ela não me perguntou mais nada, estendi a mão
para Marta que se olha e fala.
— Mas tenho de me arrumar.
— Esta linda.
Ela sorriu, ela queria se arrumar ainda.
— Mas tenho de me arrumar?
— Ser for me fazer esperar, volto outro dia Marta.
Ela me olhou e fala.
— Sempre se impondo.
Estiquei a mão para ela e saímos, sei que senti a ligação
da mãe dela para a policia e falei para Marta.
— Só evita ficar na frente, pois sua mãe chamou a
policia.
— E se me derem um tiro?
— Cuido de você.
Saímos e entramos no carro oficial, quando saiamos
calmamente, vi os policiais chegando no prédio, fomos a um
prédio no centro, a muito não ia ali, estava na minha
memoria, a residência da família que matei, de onde vinha
meu nome, Marcio Maier, entrei e a moça viu a bagunça e
falou.
— Chegou quando?
— As vezes queria passar mais por aqui, mas sempre em
missão, isto acaba comigo. – Menti e a encostei na parede e a
beijei, ela me agarrou e naquele sofá coberto por um pano
empoeirado a tive para mim, fomos ao banho e ela viu a
grande cicatriz e perguntou.
— Dói?
— Tenho de lembrar de não tirar a camiseta na frente
das moças, elas se assustam.

323
Ela tocou minha cicatriz e senti ela me beijar, tinha
gente que se excitava com estas coisas, esta pelo jeito era
uma delas.
Ela me beijou, me tomou para ela e falou.
— Serio que meu pai o quer morto?
— Acho que ele vai mudar, mas tá terrível menina,
cresceu em todos os sentidos.
— Sabia que me olhava, não presta mesmo, eu era uma
criança Pedro.
— Eu queria é lhe fazer mal naqueles dias, mas as vezes
tenho de entender o passado, porque não me odeia Marta?
— Você foi carinhoso, sabe disto, mesmo quando
mandava, sabia que era para minha proteção, para meu bem,
mas não voltou, pensei que achou outra.
— Outras cobaias para testar meus métodos de tortura.
— É um torturador mesmo?
— Só quem não me obedece.
— E alguém consegue dizer não a você Pedro?
Passei a mão na cabeça dela e perguntei.
— Seu pai usa um chip na própria filha?
— Ele diz que é para saber onde estou.
— Então devem estar chegando ai.
— E vai fazer oque com eles?
— Eu não sei. – Olho a informação da mente dela e a
sinto e mudo o endereço dos rapazes que vinham e a abraço.
— Eles podem não vir, apenas eu acho que sua mãe
chamou a policia, pode ter sido uma interpretação errada.
— Mas se eles viessem?
— Iria testar sua obediência Marta.
— Como assim?
— Já matou alguém?
— Não, assassinato é crime.
— Fora do exercito é, mas um dia vou lhe dar uma arma
e pedir para atirar, espero que atire Marta.
324
— Se não conseguir.
— Terei de pedir com mais jeito.
— Mais jeito?
Estávamos nus no banheiro, a tive novamente para mim
e fomos a sala, colocamos as roupas e ela falou.
— Vai me deixar em casa?
— Sim, mas vou aparecer mais vezes agora.
— E o pai?
— Devo vir com ele em alguns dias.
— Vai fazer as pazes com ele?
— Vou tentar não o matar, para lhe ter assim outras
vezes, mas calma, eu volto.
— Vê se não demora outros 12 anos.
Eu a deixei a porta de casa, a rua estava agitada, vi ela
entrando no prédio, os policiais a fazendo perguntas, ela
sorria, e fiquei na duvida, eu não a odiava?
Parei o carro ao longe e fiquei a observar as coisas, a
lembrar, é estranho esta infância vazia, saber que os relatos
dizem que matei uma família, mas não lembrar. Estranho dizer
que sei coisas, e mesmo isto, não estar aqui, como se
estivesse em outro lugar, as vezes paro diante da realidade, e
ela não me mostra como o ser odiável que criei, as vezes até
me odeio por ser tão bom.
O que eu era?
O que gosto?
Porque alguns consigo ser muito cruel?
Outros apenas um pouco?
Esta achando que sabe amar, não pensa besteira Pedro,
sei que deve ter outra resposta.
As vezes queria pensar menos, as vezes fico pensando
que as lembranças não estão aqui, mas somente parte não
está, estou precisando puxar algo, é como se eu não fosse o
numero 2, alguém o é, alguém transferiu isto para mim,
alguém que passa desapercebido, mas porque eu?

325
As vezes duvido até de meus pensamentos, pois eles me
fazem perguntas estranhas, as vezes acho que sei as
respostas e no segundo seguinte não sei mais nada.
Minhas lembranças, não correspondem ao que falo, e
tenho de dividir isto com alguém, quem eu não consegui
matar, quem eu me apego?
Será que sou programado a não conseguir matar uma
família, uma programação que não foi feita em um chip, e sim
em minha memoria, lembrei de Mirian, ela não conseguia se
libertar de Marcio Gelo, mesmo quando tudo lhe indicava
outra saída.
O que não entendi, o que não consigo imaginar, ou
porque não consigo acreditar nisto.
―Ele é meu pai!‖ – Esta frase bate em minha mente, mas
quando ele fez isto, porque ele fez isto?
Paro e entro num bar, aquela veste de oficial do exercito
trazia os olhos sobre mim, e peço uma cerveja, sento ao fundo
e vejo os demais bebendo, e olho as noticias na tela ao fundo,
onde um senhor faz as especificações sobre o pedido de
emancipação da região sul, eles falavam em plebiscito, tendo
como motivos disto, o não proteger da região pelo governo
central, por sinal, em meio a crise, o exercito matou mais
gente de bem do que criminosos.
Olho a noticia e não entendi, o que não combinava, o
que não entendia, pois eu pedi para Marcio Silva fazer isto,
mas as vezes parecia quase um acordo, eu era o medo, que
Marcio controlava?
Eu era controlado?
A noticia mostrava que o governo de Marcio Silva havia
prendido uma filha e netas, por traição e apoio ao terrorista
de nome Marcio Maier.
Os rapazes estavam olhando a imagem do ser a tela,
quando tiro a quepe da cabeça e olho para o garçom e peço
mais uma cerveja, não sei oque pensaram, mas um senhor
chega a mesa e pergunta.

326
— Perdido aqui?
— Noticia falsa, mas tudo bem.
— Não é o terrorista?
— Acha mesmo que foi aquele ser, ou eu que fez isto
senhor, eles queriam isto, eles provocaram, não entendo ainda
todos os problemas, mas obvio, ninguém esperava que
alguém sobrevivesse.
— Estava lá?
— Em um dos aviões que sobre ordem local, soltou uma
das duas bombas incendiarias sobre a cidade.
— E porque fizeram isto?
Sorri, eu não tinha a resposta, mas começava a
entender parte do problema, mas como me reprogramar,
como ser alguém independente, alguém que tentaria ser eu
mesmo, e falei.
— Senhor, generais cumprem ordens, não as discutem,
se mandarem eu entrar aqui e matar todos, pode ter certeza,
teria feito, cumpro ordens, nada mais que isto.
Chego ao balcão, deixo uma nota e saio pela porta, com
muitos me olhando.
Caminho até a base que havia saído, e entro nela, as
identificações me davam acesso e chego a sala onde Paulo e o
assessor se olhavam tentavam entender os dados.
— Posso ajudar? – Falei olhando os dois assustados me
olharem e o ajudante pensar em tocar o alarme.
— Espera um pouco, depois posso voltar a ser a cobaia,
mas queria trocar uma ideia.
— Duvidas?
— Todas.
— Porque voltou?
— Porque vim a busca de respostas, vocês não as
tinham então fui dar uma volta, sabem disto.
— E chegou a qual conclusão?
Os dois veem a tela a toda volta piscar ―Duvidas!‖

327
— Como faz isto?
— Vim descobrir isto, mas não está no sistema de vocês
esta resposta, mas Paulo, quem era o numero 1?
— Não sabe mesmo?
— Não está no seu sistema, poderia fazer um chute,
mas não está ai e preciso saber.
— Marcio Silva.
— Ele sabe disto desde quando?
— Sempre soube, mas ele e o general travaram um
plano que não entendemos, não está no sistema.
— A independência e repovoamento da região sul da
nação como independente.
— Mas porque eles fariam isto?
— Não sei, se tivesse as respostas não estava aqui, eu
não sabia da verdade para fazer as perguntas certas ao
general, eu não sabia as respostas e nem a verdade para me
portar como deveria diante de Marcio Silva, ele me programou
de alguma forma para achar que ele é um fraco, estava
procurando qualquer lembrança de infância, não as tenho,
nem as do sistema de controle, sei o que está no sistema
sobre Pedro Quintino, mas não sou ele.
— Como não? – Paulo, ou numero 3.
— Eu fui apagado, posso ter sido ele, mas não o sou, eu
não tenho recordações nem de dores de infância, eu tenho
uma mente vazia, e ao mesmo tempo, conectada a qualquer
sistema, adoro judiar, mas não consigo judiar certa linha de
gente, entre elas o general, fico sempre na duvida do que
fazer, não consigo judiar a linha presidencial, então estou
ainda em uma programação inicial, que separa quem devo
proteger e quem posso matar.
— E quer se livrar disto? – O assistente.
— Não, quero saber minha função, vocês não entendem
mesmo, ser do exercito é ter função. – Menti.
— E vai aceitar e voltar aos planos?

328
— Eu nunca estive em um plano, eles incutiram algo em
mim, que não deveria gerar o que gerou, embora possa estar
errado, chegar a Capital do Sul e tudo que pensei, ser o
inverso, mas tenho de voltar.
— Porque?
— Fui programado para proteger certa família, se não
tiver lá, eles vão achar que morri aqui, mas quem seria eu se
não tivesse escapado daqui numero 3.
— Uma cobaia qualquer.
— Sim, uma cobaia qualquer, e como Marcio é capaz de
chegar a matar a filha e as netas para ver se estou vivo,
paciência, elas morrem.
— Mas quer olhar de perto?
— Sim, mas não entendi, o que seu assistente sabe
numero 3, ele sabe dos planos, e não fala nada, ele tem
ciência de como tirar um chip de sua própria mente, nossa
idade, eu apostaria nele para o numero 2.
O ser me olhou e falou.
— E como algo programado chega a esta conclusão?
— Vocês não sabem o que sou, é evidente, mesmo você
numero 2, não sabe quem sou, o general não abriria isto, ele
não deixou isto na rede, mas sei que fui o ser que esteve
diante da morte varias vezes, algo provavelmente gerado e
criado em um laboratório como este, e pelo jeito, morto varias
vezes até acharem uma forma de sobreviver.
— E como vai descobrir quem é?
Sorri, eu não precisava descobrir quem eu era, e sim o
que não era, pelo jeito um ser com 10 anos a menos do que
pensava, alguém que deveria envelhecer, mas o que seria de
mim, se fosse isto, uma duvida veio a mente e sorri
novamente.
— Falou quando estava deitado que era humano, que
tinha situação de transferência sexual normal? – Olhei o
assistente.
— Sim.
329
— Humano de quantos anos?
O assistente olha para mim, ele não sabia, ele olha a
experiência da célula e fala.
— Não sei se confio nestes dados.
— Quais?
— Suas células seriam mais novas que de uma criança.
— Mais novas, estou nascendo ou morrendo Marcio?
Ele me olha, ele mentira o nome, e fala.
— Não tenho como saber assim em poucas horas, mas
tem recordação de quanto tempo?
— Apenas do básico, as vezes acho que existe uma
maquina em algum lugar que me dá os fleches do que tenho
de saber, mas não em minha cabeça, que parece sempre
vazia.
— Isto é algo que difere a mente humana das maquinas,
as maquinas tem de carregar os programas de inicialização
para começar, então elas tem peso, o cérebro parece não se
preocupar em dispor de uma sala vazia, pois as ligações vão
se fazendo aos poucos.
— Mas quem sou, seu sistema me induziu a ser quem
disse ser. – Perguntei olhando o assistente.
— Tem de ver que uma forma de não me procurarem é
existir um numero 2.
— Mas alguém me criou, pois tenho o dois tatuado na
nuca.
O rapaz me olha com duvida, ele não sabia, olho para
Paulo que fala.
— Cuida dele, ele está mais perdido que nós, e se
alguém perguntar, vou a Capital do Sul.
— Como, a área está isolada.
— Eu não sei ainda, mas que vou, pode ter certeza que
vou.
Saio pela porta, as vezes a inercia de alguns me gera
ódio, e eles estáticos estavam me dando muito, mas muito

330
ódio mesmo. Imagina você imaginar em sua mente, mais de
20 formas de sair dali, e eles não acionarem os alarmes?
Sim, inercia as vezes me dá ódio.
Saio pela porta e o rapaz ainda me bate continência.
Saio tão calmamente que meus instintos estavam me
forçando ficar atento, pois parecia tudo normal, isto quer
dizer, não estava.
Paro a rodoviária e compro um passagem para a região
metropolitana da Capital do Sul, olho para os demais, gente
meio receosa, gente falando algo que estavam oferecendo
novos espaços na cidade nova, que teriam empregos e casa
nova, ainda em construção, mas era uma nova vida.
Vou ao banheiro, o cabelo bem ralo, pois agora que
começava a tomar forma, olho os meus olhos procurando os
meus pensamentos, meu passado, eu queria voltar a me
divertir, a fazer as pessoas fazerem o que mandava, mas
precisava deste tempo, deste instante.
Sento ao restaurante, vejo o anuncio da nova lei da
Nova Capital do Sul, os tidos como traidores, estavam sendo
condenados ou a serviços pesados ou morte.
Se via algumas famílias inteiras ali, não se via
manifestação nenhuma, vi a cara de susto de Carol e Cintia.
Se via o agito e as promulgações de morte, tarde do dia
seguinte, eu olho o ônibus parando na plataforma, o rapaz
nem olhou o documento, olhou mais se tinha preenchido a
ficha do que o documento.
Sento na cadeira do fundo, bem ao lado do banheiro,
saímos, vi quando entramos no estado do sul, fomos parados
por uma barragem, alguém entrou, olhou os documentos e me
olhou.
— Vamos o conduzir senhor.
Olhei ele pensando no que estava acontecendo, talvez
os demais pensassem que estava sendo preso, mas vi o carro
de Carlinhos na parte externa e não falei nada, apenas entrei
nele. Olhei ele sem falar nada.

331
Ele me olha, não falou nada e apenas deu 3 toques no
vidro e o motorista saiu.
Vi a leva de carros saírem e olhei para ele, algo ele
queria falar, mas não queria dizer.
Vi ele me alcançar o celular e vi nele a programação do
chip e olho em volta, olho ele e não falo nada, quer dizer, não
de cara, estava pensando em o que fazer.
Olho o comando e vejo que o sistema de controle estava
sendo usado em Carlinhos, olho o motorista e peço para ele
parar, ele estaciona, os carros foram parando, saio do carro e
olho para Carlinhos, ele não saiu, tinha algo a mais.
A programação induzia para normal, mas tive de fazer a
analise total e vi que tinha dois sistema de controle, dois de
ouvidos, e um de toxina, vi que eles instalaram nele e na
família, Marcio ou tinha medo de mim ou estava querendo se
livrar da parte que eu nunca me livraria, as cabeças a tocar.
Desativo o sistema, mas não falo nada, olho os demais
me olhando, em seus olhos tinha um misto de pedido de me
salvem e de raiva, entendo, eles confiaram em mim, e mal sai
e tudo desandou.
Olho para o carro e entro.
— Carlinhos, o que vou falar é sério, se quer sair do
carro, é agora, eu não vou salvar ninguém, se ele quer matar
quem não posso, a vontade, eu vou lá apenas olhar, mas não
interferir.
— Ele espera isto.
— Ele não espera isto Carlinhos, pois ele acha que sou
um sistema como ele, o numero 2, onde ele seria o numero 1,
mas eu não sou o 2, sei onde está, mas não tenho haver com
este plano, se querem se matar, se matem, pensei que ele
entendesse a importância de pessoas como você, dos
exércitos de ordem, mas ele ainda está sobre o comando
daquele general Moreira.
— Ele não descobriu onde Rita o escondeu.

332
— Rita não o escondeu, ele sabe, eu não confio em
nenhuma das filhas dele, então elas não sabem, eu morro, o
general morre, de leva vai um ex-presidente, mas Rita, apenas
uma morte que ele levará a consciência, si é que ele tem isto,
como disse antes, e não discordo disto, ele é um fraco, mas
agora sei quem ele é.
— Mas vai para onde?
— Carlinhos, pega um carro e tira sua família de lá, o
resto, deixa comigo, se ele quer erguer a cidade no braço, ele
pessoalmente, que o faça.
Eu olho os rapazes e desativo pelo celular todos
sistemas de proteção que eu mantinha da cidade, as pessoas
foram saindo da mesma no sentido do sul, para fabricas
prontas mas ainda não implementadas, ninguém veria isto
durante a noite.
— E estes? – Carlinhos.
— Dois dos dele, o resto, continuam no seu celular
Carlinhos, apenas tira as famílias primeiro.
— E não vai salvar Rita?
— Prometi que não a mataria, se o pai a vai matar, o
que eu tenho haver com isto Carlinhos.
Carlinhos saiu, dei comando para o motorista sair
também, sai pela porta, entrei na parte do motorista e fiz o
contorno e comecei a retornar para DF.
Ativei o celular e vi que o sistema tinha as pessoas a
volta de Marcio Silva, olhei para a cela e olho para as
pequenas em celas e vi o soldado chegar a porta.
— Acha que sobrevivem?
— Se o verdadeiro herói da cidade estivesse aqui, você
não estava me dirigindo a palavra rapaz. – Cintia.
O rapaz olha as duas a mais e fala.
— Sabem que é uma arapuca?
— Não, é uma desculpa dele para se livrar de nós, ele
entregou Marcio Maier, ele sabe que ele não virá. – Cintia.
— E mantem a calma assim?
333
— Se você fosse uma cobaia de Marcio Maier, saberia
que as coisas só morrem no fim, não adianta antecipar isto, se
fosse algo importante, não estava guardando uma porta sem
cidade do lado de fora, é cômico. – Cintia.
O rapaz bateu na grade para ver se menina se assustava
e ela continuou olhando ele.
Olhava a menina e sorri, elas aprenderam, incrível que
nem tive tanto tempo para as ensinar o valor da vida, olho em
volta e pego uma estrada secundaria e olho para um barracão,
entrei e olhei um monomotor, olho a estrada esburacada, ligo
o monomotor e decolo naqueles poucos metros, voo baixo
com destino ao sistema de pouso ao sul, estava a voar bem
baixo e ouvi no radio.
— Aeronave na direção 234 por favor, se identifique.
Não respondi e desci mais ainda.
— O sistema é via satélite, não adianta voar mais baixo
aeronave, se identifique.
Acesso o sistema de satélites e apenas dou um clique
em deletar, não mandei querer me atrapalhar, mas todos os
satélites giram e o sistema começa a perder os sinais, e ergui
o voo um pouco, meia hora e vi uma leva de naves ao fundo,
sobre uma pista improvisada.
Desço e olho os militares esperando ordens de
operação, sorrio, desço e me porto como um comandante e
olho para os pilotos.
— Aguardem, ordem de decolagem em 12 minutos.
— Sim senhor. – Os rapazes batendo continência.
— Quem está no comando? – Entrando na sala de
comando.
— Deve ser quem vinha do norte, e não nos respondeu.
— Sargento Pedro Pereira, trazendo ordens pessoais do
comando do DF.
— Porque ordens Pessoais?
— Algo na cidade a frente, tem acesso aos satélites,
derrubaram o sistema no DF, mas eles não querem passar
334
pânico, dizem ser algo do sistema, devem reestabelecer em –
olhei o relógio – 2 minutos, assim que voltar, sobrevoo e
resgate nas coordenadas – passei elas ao senhor – do general
Moreira.
— Eles identificaram onde estava?
— O sistema diz que tiraram isto do celular deste Marcio
Silva, não tenho esta confirmação para comentar senhor.
Dei o comando no celular e os sistemas começam a
voltar e a moça no comando fala.
— Satélites voltando.
— Prendam ele. – O senhor.
Sorri, o que deve ter deixado o senhor intrigado.
— Acha que acredito na sua ordem pessoal?
— Não me preocupo com oque um Almirante de quinta
escala pensa senhor, eu cumpro ordens, as vezes sou preso
por isto, normal na minha posição.
— Me chamou de que?
— Desculpa senhor, Esqueci do senhor na frase,
refazendo, Almirante de Quinta Senhor.
Os soldados me conduzem a parte do fundo e vejo dois
helicópteros saírem no sentido sul, acompanhados depois por
uma leva de 12 caças de proteção.
Sou colocado em uma cela e pego um grampo, abro a
cela, desacordo um segurança, pego minhas coisas, e olho
para a base, um carro ao fundo, fui desacordando os militares
e chego ao carro do Almirante e saio com calma, não tinha
ninguém ali, o senhor deveria estar preparando a operação, e
sabia que agora teria o comando e informações do general em
primeira mão.
O carro deixo a beira de uma rodovia, apresento a
passagem e volto a minha poltrona, as pessoas me olharam
estranho, mas se um lugar que não me procurariam era no
ônibus que me tiraram.
Era perto das 6 da manha quando chegamos a região
metropolitana da Capital do Sul, todos pegam suas coisas e eu
335
apenas vou aos taxis e me mando para região metropolitana,
região Leste e paro no bar do Maneco, ele me olha e fala.
— Dizem que os vivos sempre aparecem.
— Tem algo forte Maneco?
— Não vai de café?
— Preciso de algo mais forte, mas como está a região?
— Somos os sobreviventes, não entendi o problema,
mas todos vimos a cidade queimar por 5 dias, depois
começaram as chuvas e isto facilitou o esfriar, mas todos
perdemos algo lá Marcio.
— Estava falando daqui?
— Calmo, as pessoas estão assustadas, dizem que
deveríamos ter morrido.
— Acho que ninguém vai antes da hora Maneco.
— Acha que este Marcio Silva, ou o Gelo, é gente do
bem? Pois parece um almofadinha com nome de assassino.
— Sei lá, uma incógnita, ele condenou a própria filha por
algo que sabe que ela não sabe, acho que é alguém tentando
provar ser duro, mas uma menininha.
— E veio fazer oque aqui?
— Estou esperando um general me ligar.
— Um general?
— O general que este Marcio diz estar em um cativeiro,
que eu montei, e sei que nada foi como ele diz.
— Você?
— Certo, o tal de Marcio Maier fez.
Maneco me olha, olha em volta e sorri.
— Está dizendo que naquela casa simples ali ao fundo
tinha um terrorista nacional, e ninguém desconfiava.
— Terrorista nunca fui, mas assassino, sim, mas preciso
firmar algo antes de acabar morrendo.
— E porque este general ligaria para você?
— Eles ficaram com meu celular, eu escapei, mas a
única coisa que liga quem o ajudou a sair de lá, é o celular.
336
— Corremos perigo?
— Se surgir milico por todo lado, se enterra e espera
eles saírem Maneco, estes não pensam, apenas atiram.
— E precisa de paz com estes?
— Estou ficando velho para derrubar um exercito todo
dia, tenho de dormir as vezes.
Ele sorriu e pôs uma vodca bem gelada a mesa,
daquelas que descem como um licor, mas nos tiram do ar
facilmente.
O celular toca e olho para Maneco, coloco na mesa uma
nota e começo a caminhar para a casinha que tinha ali, desço
ao porão e atendo o telefone.
— Fala general.
— Quem?
— Precisamos conversar general Moreira, pois estamos
destruindo o que construímos por um ignorar o plano do
outro.
— Está onde?
— Eu quero ver a execução das meninas hoje, a filmar e
jogar em todas as redes de comunicação e terão de intervir ou
justificar, crianças terroristas é coisa difícil de aceitar general.
— Disseram que deu a posição para minha soltura,
porque Marcio?
— General, descobri por acidente que não sou o numero
2, talvez você saiba quem eu sou, isto que quero saber, antes
de voltar a minha vidinha, aquela que sua operação me tirou.
— Acha que acredito nisto?
— General, o que quer, que mate o resto para repovoar,
o que precisa que faça para pararmos isto?
— Você não pode fazer o que preciso.
— Não?
— Teria de ter matado o ex-presidente, e o deixou vivo.
— General, o que um senhor que para dominar a filha, a
controla via chip, o que um senhor deste lhe ameaça?

337
— Ele sabe demais.
— O senhor sabe demais e não preciso lhe matar, mas
tenho de saber se existe algo que possa me gerar a paz, pois
hoje sei que vocês ignoram quem sou, temem, mas não me
conhecem, mas general, qual a sobremesa deste jantar?
— Poderia ter matado este senhor ao fundo, ainda fez
questão de o salvar.
Clico no desacordar do presidente e o general o vê cair e
falo.
— Uma marionete general, o que mais precisa?
Olhei para a sala de comando e fui ligando as telas e vi
Calinhos saindo ao norte, o sistema de Marcio Silva disparando
o morrer, e o sistema dele apontar como executado, sorri,
pois via Calinhos a sair, e vi o senhor olhar para os seus e
falar.
— Temos de ter alguém que controle as obras.
— Porque Marcio, o senhor Carlos não era eficiente. –
Paula olhando o pai.
— De alguma forma Marcio o convenceu a sair, não
poderia deixar ele e a família sair, sabe que tenho de dar o
exemplo.
— Então comece a se mexer pai, Marcio deixou tudo
bem fácil de executar, deu ordem para se ele sumisse
continuassem, os prendeu e os colocou sobre controles
extremos, para que, parar tudo?
— Ele não iria continuar.
— Ele não queria a morte da família, mas eles esquecem
que Marcio não se preocupa com a vida de cobaias.
— Acha que ele virá salvar as suas irmãs?
— Acho que não, ele vai deixar você as matar, e toda
vez que falar algo, ele vai lhe jogar isto na cara, como uma
fraqueza, e não sei se ele não está com a razão.
— Quer morrer filha, continua me desafiando?

338
— Estamos sós, senão nem estaria aqui, pois é maluco
suficiente para matar todos, acho que nisto você e o general
são iguais.
— Poderia me matar aquele Marcio Silva.
— Porque fazer seu trabalho general, ele não me fez mal
suficiente, para me queimar com toda a estrutura, mas quer
ele novamente nos seus laboratórios, consigo.
O general pareceu silenciar e me pergunta.
— Sabe quem ele é?
— Agora sei, mas ele não imagina que sei, mas deixa ele
remoer a morte de toda a sua linha genética, depois o capo e
ele vai ter a eternidade em um buraco para pensar que tinha
herdeiros, e agora não o vai poder ter novamente.
— Você é pior do que falam Marcio?
— Ainda não sei o que sou general, mas com certeza,
algo dentro de mim foi adulterado, sei que não sou uma das
suas cobaias iniciais, mas tenho de saber o que sou ainda,
mas o que precisa que possa fazer, já que este presidente e
Marcio é minha parte, não sua.
— Preciso de um grupo para presidir.
— Isto tenho, apenas temos de saber o que precisa
general, já que iriamos começar a reconstruir, quando o
maluco do Marcio resolveu matar todos que trabalhavam sem
reclamar das horas de trabalho.
— Esqueço que não tem apenas soldados, tem
engenheiros, arquitetos, programadores, sistema de
distribuição, parece até que esperava isto.
— Não queria ter de reconstruir, mas se vamos o fazer,
que seja em paz general, lhe soltei para provar que não
guardo rancores.
— Sabe que tirarei os controles que tem em mim.
— Problema do senhor, que não entendeu, eu não uso o
sistema para os controlar, e sim, para que tudo funcione em
coordenação, eles sabem onde os demais estão, o que estão
fazendo, não ficam indo para onde não precisam.
339
— Mas não ficarei com isto.
— Sei disto general, mas temos um acordo temporário?
— Sim, porque quer um acordo temporário?
— Porque acho que sou uma experiência, e quem sabe o
que sou, está lá pensando que vou aparecer.
— E não vai?
— Me prendi em uma cela para não o fazer e joguei
longe a chave e o celular será o próximo a ser jogado fora.
— Acha que iria lá de qualquer forma?
— Acho.
Eu olho as meninas pelo olhar de Rita e acesso o
sistema dela e falo em seu ouvido.
— Mantem a calma Rita, não sei ainda se consigo
ajudar.
Ela olha em volta e pergunta.
— Porque não?
— Estou detido, e preciso lhe alertar de algumas coisa,
mas tem de manter a calma, a concentração e saber se quer
me ouvir.
Ela olha para as filhas que chegam perto.
— O que precisa?
— Vou dispor do que consigo, dois policiais, duas
estruturas externas para fuga, mas seu pai tem de acreditar
que morreram.
— Mas como ele vai acreditar?
— Terá de ajudar elas a voltar Rita, não vai ser fácil,
mas depende de você.
— Porque não aparece de uma vez?
— Rita, meu acerto vai ser com ele, não com vocês, mas
preciso que ele acredite não posso estar ai, neste instante não
posso, mas se pudesse, acho que não apareceria, desculpa,
mas vocês mortas é algo que não queria, e quem estabeleceu
isto era quem deveria as proteger.
— Qual vai ser a forma de morte?
340
— Enforcamento.
— Elas não vão aguentar.
— Um soldado vai entregar ai, a ultima refeição, por
baixo, uma fibra de carbono, que prenderá as pernas delas e a
haste ao pescoço, não esquece da sua, e tem de quando
sentir a dor, fechar os olhos, mas eles vão jogar os corpos
depois de um tempo, no buraco, tem de as ajudar a sair de lá.
— Quer que ele acredite que morremos.
— Se ele as mandou matar, por algo que sabe que não
tem como entregar, pois o general está solto, e vivo, ele as
quer mortas, então para ele vocês três morrem amanha.
— E todos estes inocentes mortos que vejo em outras
celas?
— Não posso salvar todos Rita, eu arrisco as salvando,
mas é que não queria ver as meninas que aprenderam o valor
da vida, mortas assim.
Desconectei vendo um senhor chegar perto e elas se
abraçaram, ele alcança a ultima refeição, e Rita olha que por
baixo existia um sistema de fibra, e um cordão de pescoço, na
cor da pele, ela sujou o pescoço das filhas e depois as ajudou
a colocar aquilo, ela não falou muito, mas explicou o que
aconteceria, eu apenas acompanhei torcendo que uma não
morresse.
Coordenei dois dos rapazes que jogavam gasolina no
buraco para depois colocar fogo, algo ao fim de cada dia, elas
teriam de se soltar e subir a lateral do buraco em meia hora,
depois disto, quem estivesse ali, morreria queimada.
Sai de carro e fui no sentido de onde o ex-presidente
estava na região metropolitana, ele estava sentado a tomar
um café quando sentei a sua frente.
Ele ia falar algo e apenas olho para ele e falo apertando
o silencio no celular.
Ele olha e falo.
— Tem um controle dentro de você Ex-presidente, e vou
lhe falar porque tem isto ai, e porque não o tiraria.
341
Olho o senhor olhar em volta e vejo a condenação
começar, as pessoas sendo enforcadas, e depois soltas no
buraco, tudo pronto para a condenação final.
— Senhor, se tirar este comando, vai morrer, pois a
ensina entra em sua circulação em 30 segundos e morre. –
Olhei ele serio – esta prestando a atenção?
Ele balança a cabeça positivo e continuo.
— Eu gosto de sua filha, e vou frequentar sua casa, não
quero retaliação, entendeu.
Ele parece se agitar, se ele pudesse teria me xingado.
— Sei que não entende isto, mas sim, nós estamos
juntos, e não adianta você a tentar afastar de mim, você que
me facilitou a vida presidente, a marcando com um chip, o
que me dá a posição dela em tempo integral.
Olho em volta e vejo o general vir a mesa, ele vinha
para a mesa do ex-presidente que estava sentado com um
rapaz de boné.
— Entendeu ex-presidente, que se não obedecer, vai
sentir dor, se não for natural, o faço dormir, se não facilitar,
eu o coloco na cama com dores pelo corpo inteiro, entendeu?
Olhei para o general, que olhava a TV e falo.
— Senta ai general.
Ele me olha, parece surpreso, até eu estava, eu joguei
com o que podia, poderia perder alguém naquele dia, mas não
estaria lá fazendo o que eles queriam.
— Eles achando que você estará lá para as salvar.
— Falei que se ele matar as filhas, será um alvo fácil
para o sistema de degeneração psicológica de alguém que já
não é normal.
— E está falando normal com o ex-presidente.
— Estou alertando ele, que se ele pegar pesado contra
mim ou o senhor, ele vai sentir dor, que não é porque ele não
quer eu perto da filha dele que não estarei lá quando eu
quiser, e que ele vai indicar 4 pessoas de nossa confiança para
as pastas principais da segurança.
342
— Ele não fala?
— Não gosto da voz dele, então quando eu ou o senhor
estivermos a menos de 20 metros dele, ele vai travar a língua,
e não quero ouvir xingamentos depois, que posso me vingar
senhor, eu me enchi de suas maluquices.
— Porque disto Marcio?
— Este seu aliado a matar as pessoas ao fundo, matou
meus 12 engenheiros, meu rapaz das obras com família e
tudo, apenas para se dizer ruim, uma criança mimada, olha as
famílias morrendo para ele ter a sensação de que manda.
— Não vai olhar? – O senhor olhando a execução.
— Já fiz isto com minhas mãos, não tem graça a
distancia, ele nem faz com as mãos, como disse, este seu
protótipo 1 é um fraco.
As pessoas em silencio do local me faziam ouvir a leitura
da condenação e a execução da família, espero que tenham
feito tudo certo e olho para o general.
— Mortas, e agora?
Eu olho para a cena, eles soltam os corpos e olhei para
o senhor ao fundo, procurando alguém que não estava lá, e
ligo para ele.
— Parabéns Marcio, matou suas 3 primeiras filhas, agora
mato a terceira e lhe capo para não ter mais filhos, muito
bom, obrigado por fazer meu serviço.
O senhor olha em volta, ele não entendeu e perguntou.
— Mas foi programado para as proteger.
— Não lhe explicaram que refiz esta programação?
— Porque refez?
— Odeio me sentir um cordeirinho na sua frente, mas
avisa a Paula que ela é a próxima, aqueles dois meninos que
tinha em DF, desculpa, mortos.
— Porque está fazendo isto?
Olho para a confirmação de que as moças saíram do
buraco e falo.

343
— Não quero dar chance que sobrevivam.
Todos olham os morteiros ao ar, vi a imagem de
assustado do senhor, mas todas as curvas induzem ao local
dos enforcamento, e todos a volta se afastam, com os
estouros.
— Mas porque disto Marcio? – Grita Marcio Silva.
— Não gosto de ser enganado, se não reparou, alguém
queria que elas sobrevivessem, eu não quero dar chance a sua
descendência de sobreviver.
— Mas...
— Olhe a cena, deve ter ela, a pequena quando é solta
no buraco, encolhe as pernas, não sei se ela estava morta,
agora tenho certeza.
O general me olha assustado e fala.
— E tem gente que achava que você queria as salvar.
— Senhor, você ouviu, estava no viva voz, ele afirmou
que eu estava programado para as proteger, ele sabe de que
buraco de tecnologia me tiraram.
— Eu duvidei que ele soubesse, mas vai mesmo matar a
menina que ele adora?
— Alguém não queria as irmãs mortas, quem poderia ir
contra as ordens dele?
— Você põem medo em alguns. – O general sorriu, ele
entendeu, isto que era o principal.
— General, vamos tocar este país ou vamos deixar
fracos como este senhor a nossa frente no comando?
— O atual presidente é mais teimoso que este ai.
— Vamos a recepções e vamos o por nas rédeas curtas
general, sem os demais saberem, eu e o senhor saberemos.
— E quem vai indicar para a segurança nacional?
— Mortos, ou acha mesmo que Carlinhos morreu?
— Certo, alguém inteligente e dinâmico, que conhece o
país, pois estes generais as vezes me irritam. – Moreira.

344
Levantei e sai dali, o general me olha ao longe, pego o
carro e saio, sabia que não poderia ficar muito a disposição,
mas era obvio que ainda não sabia tudo.
Volto para a floresta ao sul da cidade e olho para aquela
moça sentada a varanda, com uma lagrima nos olhos.
— Chorando? – Perguntei olhando Paula.
Ela me olha com raiva, finalmente a raiva que queria.
— Não as salvou.
— Eu não, mas seu pai acha que você tentou as salvar,
então a qualquer momento os rapazes dele a vão levar a sua
presença, mais uma morte que verei de longe.
— Pensei que me entendia.
— Perguntei antes de sair, em que lado estava, você não
titubeou, no dele, ele mata suas irmãs e está ai a me culpar,
não a ele, bem você isto Paula.
— Mas o que poderia fazer?
Sorri, isto a irritou e chego perto, a seguro pelo pescoço
e a encosto a parede, ela estava com ódio, eu não estava ali
para perguntar, e sim mandar, eu não queria saber se ela
entendia, apenas que ela se afastasse.
— Não o quero.
— Isto sei, mas nunca perguntei, lembra?
— Você é um monstro, pensei que as salvaria?
— Quer dizer me matar?
— Poderia o matar e parar estas mortes idiotas?
— Paula, eu não posso matar ele, algo dentro de mim
está programado para não o matar, não a matar e nem as
suas irmãs, então minha única chance de me livrar disto, é as
ver mortas.
A levei para dento, não estava para desobediências, tirei
o controle do pai dela, coloquei o meu, eu não gostava de a
controlar assim, mas obvio, se tivesse de falar com ela, teria
de conseguir.

345
A tive para mim, ela parecia me odiar naquele fim de
noite, eu não sabia se ela estava pensando apenas com ódio,
vi no celular o grupo chegando, ela dormia a cama, fiz um
pequeno corte na vagina dela, a vesti e entrei na peça que
saia dali por baixo, fiquei a olhar para ela ser acordada e os
rapazes a apontando as armas.
Vi ela olhar em volta, ela olha todo aquele sangue, ela
parece parar um momento, ela não sabia o que aconteceria,
mas queria ver ela me odiar mesmo.
Meia hora depois ela estava algemada a frente de seu
pai, e ouvi ele falar.
— Acho que este rapaz não entendeu Paula, eu não
posso ter filhos, isto me faz odiar as pessoas como você, como
ele que podem ter filhos, ele lhe engravida, engravida Rita, e
querem que deixe estas crianças nascerem, ele não entendeu,
ele acha que vou me preocupar em ver vocês mortas.
―Não se preocupe Paula, eu e você sabemos que não é
bem isto‖
Paula olha ele, ouvi a rizada dela e ele parece
desconcertado.
— O que tem de engraçado?
— Segundo ele, ontem quando falou sobre ele não
poder lhe matar, e nos matar, que ele estava programado, a
conversa estava no viva voz com o general Moreira ao lado
dele, agora ele sabe que você é a resposta que ele quer, e
sabe pela ação dele referente a Rita, que ele vai deixar nos
matar.
— Eu vou inverter isto, pois eu não estou matando
vocês, e sim os filhos dele, fora aquelas filhas de Rita, ele as
induziu de certa forma, que pareciam saber que não
morreriam, o que fez?
— Nada, porque eu teria feito?
— Ele me alertou que a pequena encolheu as pernas,
quando jogada ao buraco, ele pela TV viu e detonou o lugar

346
para que se elas não morreram enforcadas, morressem
naquele buraco.
Paula olha o senhor, ele acabara de dizer que não era
seu pai e pergunta.
— Pelo jeito me mandará para lá também.
— Sim, mas vou me divertir antes, lhe fazendo perder
esta criança.
―Fala que ele chegou tarde, eu fiz isto na cabana antes
dele, para ver a reação.‖
Paula olha para o senhor e fala.
— Não entendi por onde ele saiu daquela cabana, mas
chegou tarde Marcio, ele fez o trabalho sujo por você, ele
disse que não deixaria um filho morrer por suas mãos, ele
mataria antes.
O senhor olha para ela, o sangue na roupa, a forma que
ela lhe olhava, olha os rapazes e pergunta.
— Viram algo lá?
— Não senhor, mas ela estava dormindo quando
chegamos.
Estava eu na sala de comando, sento a sala, ligo as
imagens dos chips de controle, e de Paula e olho a imagem
vindo de 5 lugares, o senhor levanta-se e chega perto,
olhando o pescoço dela, o sangue;
— Como posso voltar a confiar em ti Paula?
— Ele tinha razão em uma coisa Marcio, você não sabe
quem ele é, pode ter uma ideia do que ele foi, não do que ele
é.
— Quer ouvir uma historinha menina?
— Pra que, vai me matar mesmo, não tem mais como se
manter diante destes seus rapazes sem me matar, sem matar
quem sabe matar melhor que você.
— A muito tempo, eu tentei sair de um experimento, um
rapaz falava que a única forma de sair, era se fazendo de
morto, eu discordei, um rapaz saiu se fazendo de morto, e eu
convenci os 3 outros a sair na marra, levamos tiros e fomos
347
reanimados, a dor já era controlada, mas ele pegaram uma
criança para substituir ao numero 2, este é Marcio, que você
chama de Pedro, por isto ele tem o dois tatuado nas costas,
mas ele não era alguém que interagia, ele parecia não gravar
nada, ele parecia apegado a violência, pois ele não controlava
suas memorias, ele parecia sempre distante, ele não absorvia
a informação, ela se perdia no meio do caminho, mas o
general identificou que ele servia para as ações que ele
precisava, pois, ele não lembraria da operação. – As vezes eu
apenas ouvia, mas sabia que ele estava falando para mim, não
para Paula – Dai ele foi mandado em uma operação de
assassinato em Darka, ele executou todas as ordens, mas ele
não tinha noção de quem era na manha seguinte, e foi detido,
não sabemos quais experiências ele passou do lado de lá, mas
ele voltou menos animal, mais racional, mas ele volta
dominando 3 línguas, não mais somente a nossa, os exames
mostravam que eles fizeram um trabalho de memorização com
ele, algo baseado no 0 e 1, ele conseguia programar, mas de
2 em dois anos, naquela adrenalina do treinamento que
estávamos os 4, ele sofria terríveis dores e tudo que ele
conquistou, boa parte se perdia, foi quando ele foi
apresentado ao novo chip de Pietro Martins, ele parece
interagir com o chip e começa a desenvolver a memoria
própria, e para de ter crises, fomos separados, e vim a ver ele
apenas já na segurança presidencial, eu era o responsável, e
ele, sistemático, organizado, mas com um ódio crescente a
desordem, parecia odiar cada erro dos demais.
O senhor olha para Paula.
— Para que me contar isto?
— Ele matou mais gente Paula, que todos os soldados a
sua volta conseguem pensar, aquilo que ele fez na sala aqui,
ele era programado para fazer, tive de me fazer de
desentendido, mas ele interagindo com o chip, ele conseguia
programar seus movimentos, o general volta a olhar para ele,
e parece o por em um sistema de desenvolvimento de
protótipos de segurança, ele entra para a segurança do
presidente e para a organização dos homens, a ultima palavra
348
era a minha, mas confiava nas deduções dele, pois ele parecia
analisar rapidamente 10 ou 12 possibilidades, e poucos
conseguiam a eficiência dele, em testes iguais, os demais
conseguiam em media 60% mais mortes que ele, então
quando ele decidiu o que iriamos fazer, ninguém contestou, o
antigo presidente sabe que ele estava certo, mas obvio,
politica é assim. Ele sai da segurança presidencial, os generais
lhe dão condecorações, lhe dão um novo nome, pois eles o
queriam como arma, não o fizeram para lhe dar liberdade,
mas ele não gostava de ordens sem sentido, e exercito é
composto de ordens assim, ele para fugir da base que estava
confinado, matou em uma noite, 420 pessoas, quando
recuperado, o general não teve opção e mandou tirar o chip
de sua mente, por cinco dias ele ficou inerte, os generais que
pediram para o desativar, estavam vendo o valor do chip, mas
no quinto dia, o senhor abriu os olhos e sentou-se a cama, ele
olhou para as telas, não falou nada, mas ele começou a se
reprogramar, ele começa tentando disfarçar, desfocar os
demais, para não olharem para ele, mas numa noite, ele
apenas sumiu, ninguém viu, as câmeras de toda a base
filmando, numa hora ele foi ao banheiro, na saída, ele não
estava mais em lugar nenhum.
— E quando o programou?
— Parte das programações que o chip tinha ele
absorveu, e minha família, a do general e do presidente
vigente ele não podia matar.
— Talvez por isto ele faça as pessoas se matarem em
seu modelo de treino das cobaias.
— Nunca entendi o treino.
— O treino dele se baseia em algo simples Marcio, ele
programa as pessoas a fazerem ou não fazerem, fazer o que
ele pede, tratamento normal, embora em nada tenha de
normal aquilo, não fazer, um castigo, mas o castigo pode ser
físico, psicológico, em intensidades diferentes.
— E sobreviveu a isto, prefere ele a mim.

349
— Acabou de falar que não sou sua filha Marcio, que vai
me matar por isto, que queria matar as mulheres dele porque
ele pode deixar descendentes, mas assim como eu, ele sabe
que nesta sua historia tem um imenso furo.
— Alguns, ele nunca foi fácil menina.
— Mas o primeiro é que se o esterilizaram, fariam o
mesmo com ele.
— Eles não o fizeram, mas o 2 fez, foi um desafio, um
de nós deixaria herdeiros, o que vencesse, tínhamos 16, ele
14, ele nos venceu, ele nos odiava, nós o odiávamos.
Paula gargalhou e ele a olhou assustada.
— O que tem de graça nisto.
— Ele não os esterilizou Marcio, acho que este é o
ponto, ele mesmo sempre dizia que genética não se nega,
mas obvio, ele os cortou, o general deve ter achado algo bem
nojento e como vocês tinham de se cuidar, ele não olhou, mas
você é patético, matou provavelmente 3 filhas, por que se
acha especial, e é um lixo.
Paula olha serio para o senhor, ele parece se perder, e
faz sinal para as pessoas saírem, ele a esbofeteia, ela sentiu a
dor, e falou olhando para ele serio.
— Cintia batia mais forte Marcio.
A raiva dele estava grande, acho que no ponto que eu
gostaria de estar lá, mas ainda não tinha certeza de poder
fazer algo, pois está dentro de mim, se comportar como um
cordeirinho na frente de alguns seres.
Ela estava algemada, não via o que ela fazia, apenas
aquele senhor que lhe arrasta na sala, ela deixou sua marca
de sangue no lugar, ele olha para ela, estava numa parte algo,
ele olha para baixo e fala.
— Se quer morrer, acha que não a vou matar?
— Acho que não entendeu Marcio, ele quer bem isto,
pois ele não pode nos matar, ele odeia a ideia de não poder
matar algo, ele deve odiar ficar a sua frente e sentir-se um
cordeiro, e não quem é de verdade.
350
— Acha que vou a poupar?
Eu olhava por uma câmera, não via quase nada, mas vi
o movimento dela inverter e a algema que estava as costas
ela, estão no pescoço de Marcio, ele olha assustado.
— Acha que consegue sair?
— Eles não lhe querem aqui Marcio, eles apenas não
sabem bem o que querem.
Ela apertava a algema, se via o sangue, ele anda de
costas e ouço o resmungo dela batendo na parede as costas,
ele tenta se livrar, colocando a mão, mas como não
conseguia, começa a bater na parede, ela pareceu soltar um
pouco, ele coloca os dedos e ela puxa com força, uma mão
ficou ao pescoço, ela segura com mais força e o senhor faz
que perde força.
―Cuidado!‖
Ela olha em volta, e vê que ele queria isto para ela
soltar, ela solta pensando que acabara e vê ele girar e pegar
ela pelo pescoço, ele não iria a poupar, e eu não teria como a
defender.
Pior, se a defendesse ela poderia não gostar, dane-se,
eu acionei os chips a volta e 3 rapazes entram na peça e
seguram o senhor, ele grita para o soltarem, tive de manter o
comando, ela olha ele, tomando o folego, ela se abaixa, não
via Marcio, ela levanta-se e olha para os rapazes, soltando as
algemas.
— Podem sair, não é entre vocês.
Marcio sorriu, mas Paula olha ele aos olhos e pega na
costura da calça, ainda abaixada, uma lamina e a coloca na
mão, viu o senhor vir e lhe encostar a parede.
— Acha que pode comigo?
— Se é para morrer, que seja pelas suas mãos, não
naquela forca imunda.
Ele aperta o pescoço, ela solta os braços, sentia o
coração dela tentando reagir, e vi o senhor olhar ela serio, ela
abrira os olhos, ela pega a espátula e enfia no pescoço dele,
351
com força, e puxa a frente, abrindo o pescoço, vejo ela ser
solta, o sangue jorrar pelo pescoço, ela olhar para a porta
para a sacada aberta, olha o senhor perdendo sangue, vê ele
tentar acionar um alarme e atravessa a mão dele com a
lamina, ela o chuta a cabeça e ele cai de costas, ele parecia
tentar recuperar-se, ela chega a mesa dele, pega uma arma,
engatilha na cabeça dele e dá os 6 tiros na altura do ouvido,
nos dois olhos, e na nuca, de baixo para cima, o ser fecha os
olhos, ela olha os rapazes entrando armados, ela pega a arma,
coloca na cintura, e fala.
— Joguem da varanda no pátio, hoje as coisas mudam
aqui.
— Mas ele...
— Um fraco, se não pode comigo, como pode querer
comandar todos vocês...
Desliguei o sistema e olhei para a porta, vi a pequena
Carol me olhar e falar.
— E dai, como vamos o matar?
— Paula acaba de o matar.
— Não vale, tirando nossa diversão. – Cintia.
Olhei as 3 e falei.
— Sei que devem estar me xingando, mas tenho um
problema ainda, e não gosto deste problema.
— Problema?
— Não as poder matar.
Cintia sorriu e falou.
— Pensei que fosse um problema difícil, mas o que
faremos, somos mortas.
— Se eu posso ser Marcio Maier, Pietro Martins, Pedro
Quintino, Pedro Pereira, damos um jeito com vocês.
— Ainda somos suas cobaias? – Carol.
— Isto é algo para a vida, não para uma semana
menina, se acha que acabou, não sabe onde vamos parar,
mas com certeza, no fim muita gente vai me odiar.

352
As vezes, espero que as coisas mudem, as vezes,
olhando para fora do prédio central a cidade em volta, mais de
dois milhões de pessoas sobre controle, estudando, mantendo
a forma física, produzindo, me fazem ter esperança na
sociedade, mortes, ainda as pratico, hoje tenho 26 moças e 4
rapazes ainda em treino, quero saber onde a mente humana
procura fuga, para cobrir isto com o chip, eles podem não me
odiar como antes, podem não concordar com minhas leis, mas
quer saber, não me preocupo com eles, vendo a cidade nova a
volta, as pessoas calmas, índice de crimes, zero, índice de
mortes do coração, zero, pessoas começando a sua segunda
faculdade, gente se esforçando desde cedo em serem as mais
inteligentes, ainda não sei tudo que aconteceu na minha vida
no passado, e as vezes olho Paula ao fundo, com as duas
meninas, uma de colo, e uma que trouxe para casa a pouco, e
penso se tem importância quem fui, pois para todos a volta,
interessa o hoje, o amanha não existe, e historias tristes do
passado, não deixam de ser passado.
Olho o comunicador tocar e olho para Carlinhos na
Capital do Norte e pergunto.
— Como estão as coisas por ai Carlinhos?
— As fabricas começam a funcionar, mais de 22 mil
funcionários, muita gente querendo trabalhar em sua
empresa, e parecem felizes com todas as novidades.
— Como falo Carlinhos, eles são cobaias, mas deixa eles
pensarem que são livres.

353
Carlinhos sorriu, senti alguém me abraçar pelas costas e
me perguntar, uma voz fina.
— Porque não parece feliz? – Olho a pequena menina,
uma filha que Paula escondeu de mim com medo de que a
fizesse a matar.
— O que me faz feliz, deixa outros com dor, raiva, ódio,
então dificilmente me verá feliz pequena Pietra.
Pietra me abraçou e fico a olhar a cidade, minha cidade,
agora mais minha que nunca.
Caminho todo dia cedo nela, as pessoas a rua sorriem,
mas sei que agora elas são minhas, todo aquele papo de
liberdade, ainda se discute na cidade, no país, mas eu sei, que
eles me obedecerão quando eu mandar, hoje para entrar em
minha cidade, existem regras de saúde, que exigem
implantação do chip, incrível como uma propaganda simples,
os faz acreditar, e como depois de um tempo, será apenas
mostrar como eles eram, flácidos, gordos, mal cuidados, com
o atual, eles vão estar felizes, que idiotas, então como digo, a
diferença da vida, é você escolher ser um humano, ou uma
Cobaia, um dia eu fui uma cobaia, mas sabia onde queria
chegar, e vocês, sabem o que gostam, o que querem, não o
que a sociedade em volta aceita, e sim, o que quer fazer, eu
ainda mantenho minhas cobaias, elas não usam o chip, mas
garanto, elas me obedecem muito mais que estes ali fora, a
andar na rua como se fossem felizes.
Sei que minha visão de mundo perfeito, é o meu mundo,
eu o alterei, eu o induzi, eu o tomei, mas não é isto que me
faz feliz, o que me faz feliz, é distante destas paredes, fazer as
pessoas sentirem dor, e me obedecerem por medo, me
odiando, mas obedecendo, os chips me alertam quando
alguém quer sair do controle, hoje os chips me mostram ideias
imprecisas, antes mesmo das pessoas as terem, transformo
isto em dinheiro, em controle, e poder.

FIM.

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355
21

21
Alfabeto disposto letra maiúscula, minúscula em AmericanIndian e a
letra correspondente normal.
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