Você está na página 1de 676

J.J.

Gremmelmaier

Contos
Reunidos 2

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2017

1
Autor; J. J. Gremmelmaier Sal, e livros como Anacrônicos, Ciguapa,
Edição do Autor Magog, João Ninguém, Dlats e Olhos de
Primeira Edição Melissa, entre tantas aventuras por ele
2017 criadas.
Ele cria historias que começam
Contos Reunidos 2
aparentemente normais, tentando
------------------------------------------ narrativas diferentes, cria seus mundos
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte imaginários, e muitas vezes vai
------------------------------------------ interligando historias aparentemente
Gremmelmaier, João Jose sem ligação nenhuma, então existem
Contos Reunidos 2, historias únicas, com começo meio e fim,
Romance de Ficção, 658 pg./ João e existe um universo de historias que se
Jose Gremmelmaier / Curitiba, PR. encaixam, formando o universo de
/ Edição do Autor / 2017 personagens de J.J.Gremmelmaier.
1 - Literatura Brasileira – Um autor a ser lido com calma, a mesma
Romance – I – Titulo que ele escreve, rapidamente, bem
----------------------------------------- vindos as aventuras de J. J.
85 – 62418 CDD – 978.426 Gremmelmaier.

As opiniões contidas neste livro são dos


personagens e não obrigatoriamente
assemelham-se as opiniões do autor,
esta é uma obra de ficção, sendo quase
todos ou quase todos os nomes e fatos
fictícios.
©Todos os direitos reservados a
J.J.Gremmelmaier
É vedada a reprodução total ou parcial Contos Reunidos 2
desta obra sem autorização do autor. A soma de pequenos textos
Sobre o Autor; em um unico livro, para que o leitor
João Jose Gremmelmaier, nasceu em tenha em uma edição caprichada
Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, parte das obras do autor.
formação em Economia, empresário por
mais de 15 anos, teve de confecção de Agradeço aos amigos e colegas
roupas, empresa de estamparia, que sempre me deram força a
empresa de venda de equipamentos de continuar a escrever, mesmo sem ser
informática, trabalhou em um banco aquele escritor, mas como sempre me
estatal. repito, escrevo para me divertir, e se
J.J Gremmelmaier escreve em suas horas conseguir lhes levar juntos nesta
de folga, alguns jogam, outros viajam, aventura, já é uma vitória.
ele faz tudo isto, a frente de seu
computador, viajando em historias, e Ao terminar de ler este livro,
nos levando a viajar juntos. Ele sempre empreste a um amigo se gostou, a um
destaca que escreve para se divertir, não inimigo se não gostou, mas não o deixe
para ser um acadêmico. parado, pois livros foram feitos para
Autor de Obras como a série Fanes, correrem de mão em mão.
Guerra e Paz, Mundo de Peter, J.J.Gremmelmaier
Trissomia, Crônicas de Gerson Travesso,
Earth 630, Fim de Expediente, Marés de
2
©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J.J.Gremmelmaier

Contos
Reunidos 2

3
Contos
1 – Wave 005
2 – Genuflexório 177
3 – Inteligência 259
4 – Keka 361
5 – Ladrão de Laços 415
6 – Hamy 475
7 – Sustos - É Sexta 13 507
8 – Laços do Tempo 567

4
5
J.J.Gremmelmaier

WAVE
A Origem

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2017

6
Autor; J. J. Gremmelmaier Ele cria histórias que começam
Edição do Autor aparentemente normais, tentando narrativas
Primeira Edição diferentes, cria seus mundos imaginários, e
2017 muitas vezes vai interligando historias
WAVE – A Origem aparentemente sem ligação nenhuma, então
existem historias únicas, com começo meio e
------------------------------------------
fim, e existe um universo de histórias que se
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte encaixam, formando o universo de
------------------------------------------ personagens de J.J.Gremmelmaier.
Gremmelmaier, João Jose Um autor a ser lido com calma, a
WAVE – A Origem, Romance de mesma que ele escreve, rapidamente, bem
Ficção, 164 pg./ J. J. Gremmelmaier / vindos as aventuras de J.J.Gremmelmaier.
Curitiba, PR. / Edição do Autor / 2017
1 - Literatura Brasileira –
Romance – I – Titulo
-----------------------------------------
85 – 62418 CDD – 978.426

As opiniões contidas neste livro são


dos personagens e não obrigatoriamente
assemelham-se as opiniões do autor, esta é
uma obra de ficção, sendo quase todos ou
quase todos os nomes e fatos fictícios.
©Todos os direitos reservados a
J.J.Gremmelmaier
É vedada a reprodução total ou parcial
desta obra sem autorização do autor.
WAVE – A Origem
Sobre o Autor; Vamos para um conto infantil,
João Jose Gremmelmaier, nasceu em vamos invadir a adolescencia de Baltazar,
Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, formação vamos nos divertir entre as ondas. Vamos
em Economia, empresário por mais de 15 ao reino de Wave, nem todos se tornam
anos, teve de confecção de roupas, empresa
condes na adolescencia, ainda mais no reino
de estamparia, empresa de venda de
de Wave.
equipamentos de informática, trabalhou em
um banco estatal.
J.J Gremmelmaier escreve em suas Agradeço aos amigos e colegas que
horas de folga, alguns jogam, outros viajam, sempre me deram força a continuar a
ele faz tudo isto, a frente de seu computador, escrever, mesmo sem ser aquele escritor,
viajando em histórias, e nos levando a viajar mas como sempre me repito, escrevo para
juntos. Ele sempre destaca que escreve para se me divertir, e se conseguir lhes levar juntos
divertir, não para ser um acadêmico. nesta aventura, já é uma vitória.
Autor de Obras como a série Fanes,
Guerra e Paz, Mundo de Peter, Trissomia, Ao terminar de ler este livro,
Crônicas de Gerson Travesso, Earth 630, Fim empreste a um amigo se gostou, a um
de Expediente, Marés de Sal, e livros como inimigo se não gostou, mas não o deixe
Anacrônicos, Ciguapa, Magog, João Ninguém, parado, pois livros foram feitos para
Dlats e Olhos de Melissa, entre tantas correrem de mão em mão.
aventuras por ele criadas. J.J.Gremmelmaier

7
©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J.J.Gremmelmaier

WAVE
A Origem

8
Um “Faz de Conta”, primeira pessoa, mais um
personagem, mais uma aventura fora do real,
“Faz de Conta” é como defino o que não é
real, sem chances de defesa na vida que vocês
consideram normal, se conseguir defender de
qualquer forma, não a chamarei assim, mas
como uma história contada em primeira
pessoa, espero não confundir as coisas.
Vamos a Baltazar e a origem de suas histórias,
as quais esta é a primeira que trago ao
público.
Bem vindos ao Wave, A Origem.

9
Vou lhes contar uma aventura que muitos dizem que não vivi,
mas sei que é verdade, vocês ficam dizendo que não tenho provas,
mas não entendo como vocês não conseguem ver a verdade.
Fazia dois dias na praia, todo ano nós descíamos para a praia,
eu sempre adorei construir castelos de areia, sempre achei que era
a melhor coisa que fazia a praia.
Eu estava nos meus 15 anos, na época ainda era virgem,
talvez por isto tenha sido eu o escolhido entre tantos a volta, estava
ali a frente do hotel, a poucos metros do calçamento de Matinhos,
construindo meu castelo, aquela manhã o mar estava distante.
Às vezes dizem que sou estranho, mas depois deste dia,
passei a escrever meus textos, passei a dizer ao mundo que o
mundo é bem mais complexo do que eles veem, mas sei que riem
de mim por isto.
As vezes penso que deveria manter para mim estas historias,
mas como posso esquecer do que vivi, como posso dizer-me feliz, se
para agradar os demais, tenho de negar minha vivencia, sempre me
deparo com isto, sempre me lembro da forma que todos me olham,
exigindo, cobrando que seja, o que nunca quis ser.
Meu nome?
Baltazar, sei que poucos põem nomes assim nos filhos hoje,
mas eu cheguei a ter amigos com meu nome, então é o hoje que
não existe gente com meu nome, o ontem, sim, existiam pessoas
com meu nome que andavam pelas ruas da minha cidade.
Se faltar algum detalhe na história, lhe lembrando que faz
mais de 15 anos que aconteceu, embora para mim pareça que foi
10
ontem, as vezes queria voltar a ver algumas pessoas, mas assim
como sei que os meus me olham como maluco quando falo disto,
imagino o quanto eu posso ter atrapalhado a vida de meus pais, de
meus irmãos, e dos que por descuido, atrapalhei.
Vou tentar lhes contar sobre alguns amigos que fiz, faz 15
anos, mas eles não saem da minha mente, como se ainda
estivessem em mim.

11
Eu lembro de ter chego a praia naquela manhã de um dia de
verão, a vantagem das férias é que indefere se é segunda ou
domingo, todo dia é dia de praia.
Eu lembro de parar a beira e começar a fazer meu castelo de
arreia, o mar estava distante, eu levantava meu castelo de areia,
geralmente as crianças vinham brincar no castelo, e os marmanjos,
ou pessoas de minha idade querendo se dizer homem, vinham
chutar o castelo, mas para mim, era apenas remontar o mesmo,
pois ele era de areia.
Lembro de ver aquelas crianças brincando e uma menina,
deveria ter uns 12 anos, olhar para o castelo e perguntar se podia
ajudar, estranhei, mas as vezes as pessoas estão entediadas, as
vezes distraídas, eu na verdade usava aquilo como forma de
distração, de pensar nas coisas, de lembrar de pessoas distantes.
Estava na infância, poderia ter 15 anos, mas não entendia
nada de adolescência, minhas brincadeiras eram infantis, meus atos
eram infantis, tanto que lembrando das coisas do passado, somente
hoje penso que a menina estava tentando impressionar, na época,
nem imaginava que alguém olhava para mim.
As vezes duvido que vivi tudo isto, mas aquele dia, entrei para
o rol dos que duvidam das coisas, pobres dos meus professores e
das minhas provas depois deste dia, as vezes tenho medo de
escrever algo errado, de me expressar errado, mas nunca mais parei
de escrever.
Estava eu de costas, então o mar longe não parecia algo
perigoso, mas lembro de ouvir a correria, talvez somente eu não

12
tenha olhado para o mar, erguendo com a mão um pouco de arreia
úmida e a gotejando no topo de uma das torres para fazer o
telhado, bem pontiagudo.
Olhei para a menina e as crianças que se afastaram, talvez
somente nesta hora me dei conta que todos olhavam para o mar,
eu me virei e vi algo que pensei na hora que todos viam, uma moça,
alta, corpo escultural, pele bem azulada, cabelos lisos grudados ao
coro cabeludo, ela me olha e me toca, sinto o corpo cair para traz,
sinto o castelo as costas, eu caindo derrubando tudo.
Sinto o passar pela arreia, não entendi aquilo, até hoje parece
muito estranho, e me vi dentro de paredes de areia, olhei para cima
e vi a moça recuar, mas olhei no sentido da calçada, não via, pois
não tinha janela naquela parte.
A onda veio forte, talvez isto que os demais olhassem, eu
parecia pequeno, todos a calçada pareciam imensos, vi aquela onda
abraçar o castelo e senti a agua me puxar para o fundo, com os
restos de um castelo de areia, olhei para a praia se afastando,
parecia que eu me afogaria, mas onde eu estava?
Olho o mar me puxar rápido, e de um momento para outro,
senti algo me puxar para baixo, segurei o ar, o pânico me tomou,
não sabia o que estava acontecendo.
Fechei os olhos, não via mais muita coisa, estava escuro,
parecia tão próximo, mas sentia aquilo me puxando para baixo,
tentava segurar a respiração, tampei a boca e o nariz, eu me batia,
mas continuava a afundar.
Me agitava tentando acreditar que não morreria afogado, os
segundos viram horas e sinto o corpo desabar, como se tivesse
caído, mas como, estava afundando no mar, deveria flutuar.
Abro os olhos e não vejo nada, era muito escuro, olho para as
minhas próprias mãos e não enxergo nada, parecia mais quente o
local, olhar para todos os lados parecia igual, me abaixo e sinto
onde estava, parecia uma areia fina, mas tinha muitos restos de
conchas, as senti, mas não as via, se tinha algo ameaçador em volta,
como poderia saber.
O silencio tomava o local, tateei o chão e sentei, respirei
fundo, parecia que o pulmão estava queimando, o ar parecia

13
quente, pesado, não sabia nem se era oxigênio, mas como sair dali,
onde eu estava.
Eu com o tempo, pelo esforço de ter tentado nadar, eu não
sei nadar, me bati na agua, então estava cansado, me deitei naquilo
que parecia uma areia, e mesmo tentando não dormir, adormeci.

14
Acordo com aquela luz em minha cara, olho em volta e estava
eu apenas, em meio a uma luz que me focava, mas olhando em
volta, escuridão total, por um momento eu estive totalmente
desligado, sem saber onde estava.
Demorei a lembrar que tinha afundado, será que estava no
inferno, pois era quente, era escuro, e alguém me focava uma luz
forte, que fazia meus olhos lacrimejarem.
Ouvi aquele som que parecia o barulho do bater de uma
madeira na outra, não parecia uma fala, mas o era, senti algo me
tocar, olhei o imenso caranguejo as costas, acho que tive medo,
muito medo naquele momento.
Alguns momentos e ouvi uma palavra, não entendi de
primeiro, mas ouvi aquela voz cantada, suave, que falava.
— Estão assustando o menino.
Olhei aqueles olhos, mal os via, era escuro, mas parecia uma
voz humana e perguntei.
— Onde estou?
— Num lugar que não poderá contar a ninguém que existe.
— Por quê?
— Vão lhe considerar um louco.
Sorri, pois eles já pensavam que eu era maluco, então não
havia novidade nisto, eu era como meus irmãos falavam, um
estorvo, eu não tinha noção de onde estava, via muito pouco, mas
tinha aquela luz que me fazia pôr a mão a altura da vista, para
tentar ver algo, e a única coisa que via era aquele caranguejo

15
imenso me olhando com aqueles olhos destacados e com suas
garras voltadas para mim, assustadoras garras.
— É sempre quente assim aqui?
— Nem está quente, estes humanos são frescos mesmo. –
Fala a mesma voz que via apenas aqueles olhos, mas que falava
minha língua, ou eu a dela, não tenho certeza desta parte.
— Não dá para reduzir a luz?
— Vai dizer que acha quente e claro demais, eu acho escuro
demais, mesmo com esta luz forte.
— Noções diferentes de mundos diferentes, mas onde estou?
— Nossa líder quer falar com o menino do castelo de areia,
porque não sabemos, mas parece que é você o menino, seja lá o
que menino signifique.
Vi a voz avançar na luz, era um ser com escamas na pele, tão
finas que tive de olhar certo para os seus braços, ela parecia ter
olhos bonitos, mas o corpo todo feito daquela espécie de escama,
parecia um humano com escamas, os pés e mãos pareciam
diferentes, talvez a ligação em pele entre os dedos, desse esta
diferença, vi que abriram caminho para que andasse, com aquele
caranguejo me empurrando, logico que andei, poderia nem saber
para onde iria, mas com certeza, não ficaria ali para discutir.
Estranho que andamos pouco e começamos a descer, parecia
um buraco muito fundo, olhei as conchas, talvez eu estivesse
pequeno, pois as conchas pequenas pareciam imensas, quando o
ser que me empurrava chega a um local mais ao fundo, que parecia
brilhar violentamente em todos os sentidos, olhei para o chão, mas
vi que não era um caranguejo, era um siri, sua cor ficou bem visível,
mas conseguia olhar as coisas para baixo, pois estávamos
caminhando agora por um caminho por baixo da areia, mas o que
tinha acima da minha cabeça, brilhava de tal forma que não
conseguia olhar nem para dizer o que brilhava daquela forma.
Sei que cheguei a um grande salão, brilhoso, bem brilhoso,
mas como o teto ficou mais longe, me deu uma visão para baixo do
local, parecia um reino, tinha um imenso castelo a frente, feito de
conchas recortadas e amontoadas, fiquei pensando em como

16
deveria estar pequeno para que conseguisse ver a concha com
aquela espessura.
Vi que me empurraram até a frente de uma senhora, se
portava muito mais como humana que a moça que ia a minha
frente, mas a aparência era muito semelhante, mas esta tinha uma
voz mais firme, ouvi alguém a chamar de rainha, ficamos ali
presentes, quando a senhora olha para o grupo e fala, parecia um
canto.
— O que trazem ao meu reino, sabem que humanos não são
bem vindos.
— O construtor de castelos que pediu grande rainha.
Vi a senhora olhar para mim, não sei o que ela pensou, ainda
estava com a cabeça abaixada, pois não conseguia olhar para o teto,
mas ela veio no sentido que estava, pega em minha cabeça, ela
parecia maior que minha mãe, ela olha meus olhos inchados, ela os
forçou para cima, então a claridade me fez quase fechar os olhos e
ouvi ela perguntar.
— Tenho de ver se isto serve para algo, preciso de um castelo
novo, parece desajeitado.
A moça olhou para a senhora, olha para o chão e fala.
— Foi a discussão de dois dias atrás grande rainha, era uma
criança que fazia os castelos.
— Achei que era alguém especial, não consegue nem abrir os
olhos direito, coloquem ele na cela, vou pensar até amanhã o que
fazer.
O siri as minhas costas me empurra e fui colocado em uma
cela, estranho uma cela que parecia ser feita de imensos palitos de
sorvete, e coberto por algo que não conseguia identificar ainda, mas
protegia a minha cabeça da luz, então me encostei ao canto, achava
ainda que acordaria a qualquer instante.
O corpo ainda cansado, me fez encostar no canto e
adormecer, se antes o pulmão queimava, agora as pernas pareciam
doer também, a caminhada foi grande.

17
Acordo assustado, doido, olho em volta, parecia bem mais
escuro, como se fosse noite, olho pelos intervalos dos imensos
postes feitos de palitos de picolé, olho para o trono, a senhora não
estava lá, olho em volto, havia seres trabalhando a noite, pareciam
seres que verificavam cada canto, o chão parecia muito liso, parecia
que eles sugavam a areia e colocavam em uma espécie de veículo,
mas todo resto, vazio, sentei-me, tinha de pôr os pensamentos em
ordem, e nada parecia além de um sonho, quer dizer, o ardido no
peito parecia não ser um sonho.
Olhei para a minha direita e vi a luz começar a surgir, olhei
para cima e vi que era algo como balões, amarelados, não sabia o
que compunha aquilo, mas com certeza, era algo que quando
esquentava brilhava forte, até a temperatura ficava mais amena
Sem a luz ao teto.
Aquilo vinha calmamente brilhando do fundo para o local
onde estava, vi que os seres que limpavam aceleraram o trabalho,
olhando para o piso, não se diria ser de areia, parecia um piso super
alisado e limpo.
Olhar em volta me pareceu sem sentido para quem estava em
uma prisão feita de palitos de sorvete, não sabia o que estava sobre
ele, danificar um destes, que nem parecia muito difícil, poderia
derrubar o que estava acima da cabeça.
Tento lembrar como fui parar ali dentro e mesmo tentando
não conseguia, o peito ainda doía, aquele ar parecia estranho aos
pulmões, será que morrei aqui? Será que já não morri, e isto é

18
apenas uma passagem, para um espaço maior e diferente, me
preparando para a mudança?
Os siris que faziam guarda ao fundo no dia anterior,
pareceram se desenterrar da areia, ao fundo, uma leva de areia veio
sobre o trabalho dos que limparam, que começam uma discussão.
Reparei nas construções, não sabia do que eram, estavam
bem ao fundo, eram brilhosas, senti quando o que parecia um delas
se inverte no sentido do sol e todos os postes a rua começam a
esquentar e iluminar, estranhei pois parecia tecnológico, sempre
pensei que isto era coisa dos homens, não de seres que nem sei
como chamar.
Olhei para um grupo de seres aparamentados como humanos
de segurança, virem de uma casa bem ao fundo, pequena demais
para todos aqueles seres, deveria ter algo que não via dali, talvez
aquele lugar não fosse tão plano como aparentava dali.
Sentei ao fundo, o pulmão parecia me tirar forças, como se
tivesse ruim, não entendo o que está acontecendo, sinto como se
tudo a volta estivesse estranho, viro para o canto, sinto o estomago
revirar e vomito tudo que nem tinha no estomago, aquela sensação
horrível de saindo por todos os orifícios, o gosto a boca, o nariz
irritado, senti a pressão cair, não estava bem, me encosto com
medo de dormir, pois se vomitasse dormindo, sempre ouvi de
minha mãe que pessoas morriam se isto acontecesse.
A dor no pulmão continuava forte, devo ter engolido agua, o
corpo estava tentando pôr para forra, mas a sensação no corpo era
horrível.
Mesmo sem querer fui encolhendo o corpo, sabia que estava
quente e estava sentindo frio, lembro de me encostar no canto, não
sei se dormi, se alucinei, mas lembro de alguém me tocar a cabeça,
não sei quem foi, pois meus olhos não conseguiam olhar no sentido
que o ser estava, a luz estava forte novamente.

19
Acordei deitado em algum lugar diferente, não sei onde
estava, parecia mais escuro, parecia um caixão e fiz o sinal da cruz,
tentei me mexer se vi que tinha algo em minha boca, tentei olha
para o outro lado e vi que minha cabeça estava presa a mesa, não
entendi como, mas parecia que não conseguia tirar ela, como se
tivesse colada aquele material estranho.
O corpo estava cansado, senti do estomago ainda revoltado e
senti que o vomito foi sugado por aquilo que estava a minha boca,
olho como se envergonhado, estava dando trabalho e nem sabia
para quem.
Senti como se o corpo estivesse estático, a dor no pulmão
parecia ter sumido, uma boa notícia, talvez, mas o sono era algo
grande, não sabia o que estava acontecendo, onde estava e fechei
os olhos lembrando de minha mãe, deveria estar preocupada, teria
de voltar, ou dar um jeito de dizer a ela que estava tudo bem, mas
será que estava bem? Meus olhos viram a luz mudar e um grupo de
seres estranhos me olharem, eles falaram coisas que para mim
pareciam “Mic inc nic” em sequencias diferentes de tom, em ordem
diferente, mas que nada me dizia o que estava acontecendo.
Um ser olha para minha córnea, olha em volta e fala com
outro que pareceu olhar como se não entendesse, mas ele trouxe
algo que parecia um óculos, e os meus olhos pareceram relaxar, ele
colocou como se fosse uma viseira de natação, pois ficou bem firme
e cobria todas as entradas de luz, não sabia o que era, mas vi
alguém abrir a janela no lado oposto, a luz interna foi para uma cor
quase natural, soube somente depois que aquilo controlava alguns

20
espectros de luz, e o que fazia o óculos estranho era me permitir
filtrar a luz.
Me medicaram, aplicando algo em meu braço, não sei o que,
mas senti o sono me tomar, sonhei com minha mãe e meus irmãos,
meu pai ira chegar no fim do dia, vindo de Curitiba, ele ficaria
preocupado, me daria uma bronca, acho que mereço a bronca,
estou entre estranhos, em um local desconhecido, e sem noção de
tempo.
Sinto as pálpebras pesarem e o sono me tomar, estava
ficando mal acostumado ou sem opções de reação.
Sonho que caminhava pelo fundo do mar, que estava perdido
e corria pelo fundo, olhava a bolha se desfazer, não sabia para onde
correr, não sabia para onde era a margem, não sabia quanto estava
longe da margem.
Olho a bolha se desfazer, seguro a respiração, estava em
pânico, quando não consigo mais segurar, abro os olhos assustado e
vejo que estava a cama.
Olho a moça semelhante a do dia anterior, ou de antes, não
sabia quanto tempo estava desacordado, vi ela parar ao meu lado e
falar algo, vi que não era comigo, ela estava falando com um
sistema, não via a câmera ou o que tinha a frente dos seus olhos,
mas ela explicou naquela língua que me parecia estalos algo para
alguém.
Ela desliga e me olha, penso no que perguntar, era tanta
coisa.
— Me diria onde estou?
— Alguns chamam de reino de Wave, outros, reinado da
Rainha Wavelia, mas ela não gosta de ser chamada pelo nome
inteiro, então, Rainha Wave a forma que ela prefere.
Olho para ela e pergunto.
— Mas onde fica este reino de Wave.
— Um 60 passos da quebra mais distante da margem do Mar.
— Mas estaríamos quase na margem.
— Sim.
— E como ninguém nunca os vê?

21
— As vezes não é não ver, é não saber onde estamos, o que
somos, ninguém acredita no que não vê menino.
— Tens nome? O meu é Baltazar.
Ela pareceu acanhada e me olha desconfiada, mas sorri e fala.
— Mic.
— Mas o que fizeram comigo?
— Tiramos a agua de seu pulmão, demoramos para perceber
que sua inercia era por falta de oxigênio nos pulmões, mas parece
melhor.
— Menos ardido respirar.
— E os óculos, melhoraram?
— Já dá para abrir os olhos pelo menos, mas não entendi, sua
rainha quer um castelo novo, porque não contrata um dos seus para
criar o castelo?
— Ela quando coloca algo a mente, difícil a tirar da ideia, as
vezes ela tem de ver um projeto desmoronar umas 10 vezes para
desistir dele.
— Meus castelos são de areia, eles realmente desmoronam.
— Ela quer falar com você, não entendi ainda o que ela quer
ao certo, mas ela viu algo nos seus castelos, algo que não somos
permitidos olhar, então não sei o que foi.
— Terei alta quando?
— Os médicos estão esperando dois dias para a cicatrização
se fazer, depois provavelmente não o vão querer por perto.
— Este linguajar de vocês, como posso aprender?
A moça me olha, não sei por que, mas ela sorriu e falou.
— Para isto tem de ter permissão da Rainha.
Olhei para ela desiludido, eles precisavam de permissão para
coisas simples, mas estava preocupado com minha mãe e perguntei.
— Mas preciso avisar minha mãe que estou bem.
— Com calma, conseguimos permissão para que vá para
casas e avise ela.
Sorri, eles se me permitissem sair, eu poderia fazer meus
castelos novamente, poderia avisar minha mãe, ela iria esquentar

22
minhas bunda por isto, mas não teria como fugir disto neste
instante e não sabia até quando eu ficaria por ali.
Olho os seres que pareciam médicos, quer dizer, pareciam
peixes com pernas e braços, me aplicarem novamente algo e o sono
me joga a cama.

23
Acordo assustado e olha aquela moça a minha frente, linda,
mas sabia que era a rainha, tento me sentar, não consigo, estava
preso a cama, olho como se tentando me inteirar de onde estava,
mesmo lugar que não sabia onde era, os olhos da moça me medem
e tento lembrar o nome dela, estava difícil, talvez errasse e fosse
pior, então apenas indaguei.
— Posso ajudar Rainha?
Ela me olha e olha a porta.
Um ser grande entra pela porta e olha para a rainha e fala.
— Em que posso ajudar Rainha Wave?
— Não o ensinaram nem o básico, se ele estiver bom, joga a
prisão novamente.
Olhei como se não entendesse, ela sai e olho o ser, parecia
uma lula, pés pequenos, corpo grande, amarelo, e pergunto.
— O que fiz?
— Tem de saber estranho, Rainha Wave, esqueceu disto, terá
problemas com a rainha, estranhos não tem liberdade com a rainha,
se ela abrir uma exceção, ela fala.
Eu sempre fui turrão, mas não estava em casa, mas não
pensem que gostei disto, o ser me olha sério e fala.
— Ela quer um castelo novo, pode ajudar, respeitando a
Rainha, ou ficar preso por muito tempo.
— Pelo jeito devem estar esperando o médico para me
mandar para a prisão novamente.

24
— Vejo que teremos problemas rapaz, ela ainda está
tentando, mas passou mal primeiro, requer atendimento e gastos
antes de dar retorno, não gostamos de pessoas fracas.
Penso, eu iria falar algo e me calo, o ser me olha e vejo os
“médicos” chegarem e me soltarem da cama, me sento e o ser fala
com o que me indagava, eles continuavam naquela falava nic ic nic,
eu não via diferença muito grande, sentia a diferença de tons, não
sei se minha garganta faria aqueles sons, um erro e teria problema,
começo a pensar se era uma boa ideia aprender.
Vi aquele polvo amarelo fazer com um tentáculos um
movimento que entendi que era para andar.
Ele me conduziu a uma mesa, vi que serviram algo e o ser
falou.
— Volto para conversarmos. Come algo antes.
Vi que eram algas, mais de 6 tipos, nunca havia comido
aquilo, olho para um ser me olhar ao longe, estava com fome e não
sabia se deveria comer.
Olho o prato, vi que não tinha algo para pegar a comida, tive
de pegar com a mão, coloquei um pedaço na boca e tive de chupar
para dentro, mastiguei, estanho o gosto disto, não tinha sal, não
tinham gosto certo, parecia algo viscoso ao mastigar, mas sabor era
algo que não tinha.
Comi apenas um pouco, o estomago não parecia muito bom
ainda, vi que o lugar não tinha muita gente.
Tomei um copo de agua, estranha agua salobra, pouco
salobra na verdade, mas salobra.
Vi que me mandaram a prisão no fim daquele dia, e se não
iria ajudar, não queria atrapalhar, o estomago não estava bom, a
alga me fez sentir o estomago cheio, estava com cede, mas aquela
agua não me tiraria a cede, e começava a pensar se sairia com vida
dali.
Sim, sou pequeno, desajeitado, e não tenho tamanho e nem
força para brigar, estou em um lugar estranho, com um corte a
barriga, e me sentindo um traste, eles falam por estalos e tem
regras, que podem custar minha liberdade ou minha vida, pelo que
entendi, e não sei se estou em condição de ajudar, eu olho para a
25
cidade apagando, a temperatura quando os postes desligavam,
mesmo ficando escuro, ficava agradável, reparei que o óculos assim
como reduzia a luz de dia, permitia olhar os detalhes a noite.
Eu as vezes pensava estar alucinando ou morrendo no fundo
do mar, e de uma hora para outra não teria mais os sonhos, mas eu
começo a olhar para os detalhes e vejo que eu deveria estar
pequeno, não o resto grande, detalhes de edificações, feitas de algo
que só poderia ser palitos de sorvete, aqueles trançados que
pareciam cordas mais brancas, pareciam plástico, os telhados,
pareciam feitos de metal.
Eu olhava em volta e fui riscando o chão do local, olhava para
cima, as vezes tinha a sensação de estarmos para dentro de um
buraco, mas qual o tamanho deste buraco, pois se um palito de
sorvete parecia algo com mais de 6 metros, qual meu tamanho
naquele momento?
Tentei fazer o cálculo, acho que fugi da escola nesta aula,
tento lembrar e escrevo a comparação no chão, e falo para mim,
sem a certeza do que estava falando.
— Devo estar com menos de 4 centímetros.
Eu olho em volta, talvez por isto os siris pareçam tão grandes,
teria de estar bem, mas como se constrói algo para durar, aquilo ali
parecia uma prisão para durar, mas como se mantinha?
Risco no chão o que tinha a volta, e olho para o dia voltar a
brilhar, ele vinha da parte distante para a atual, a luz crescia.
Olho para o piso e penso se deveria fazer o castelo, pois
qualquer coisa que fizesse, seria frágil como aquela prisão.
A limpeza e a organização pareciam o forte daquele reino,
mas não me parecia possível aquilo existir, e mesmo assim, estava
eu ali olhando aquilo.
Rabisco o piso e olho aquele ser que sabia o nome chegar e
falar.
— Melhor senhor Baltazar?
— Estranhando as coisas senhora Mic. – Ela sorriu.
— Pensou sobre o castelo da rainha?
— Nem sei em que material teria de construir.

26
— Existem coisas que a rainha gosta, como conchas, e coisas
que a rainha não gosta, como lixo humano.
— Então estou perdido, só entendo de lixo humano.
— Tem coisas no lixo que podemos usar, mas nunca pode
ficar aparente.
— Você parece entender o que a rainha gosta.
— Às vezes entendo ela, as vezes, não.
— E como saberei o que posso usar, preso?
— Ela não gostou do que aconteceu ontem.
— Às vezes esqueço que as pessoas querem ser bajuladas.
— Não fale isto diante dela, ela lhe manda esquartejar.
— Pelo menos deixo de ser um problema.
— Não fale assim, ela não é ruim, ela apenas foi criada em
regras severas.
Conversar pelos intervalos dos palitos, era estranho, mas vi
que alguém vinha naquele sentido e falei.
— Apenas não se complica por uma criança humana.
— Não preciso de pena de ninguém.
— Não foi pena, foi apenas uma recomendação amigável.
Aquele ser sai como se estivesse furiosa, eu realmente não
entendia nada daquele lugar.
Vi os seguranças chegarem a frente e não falei, olhei o chão e
esperei a rainha falar, tinha a sensação de que tudo que fizesse, não
daria certo.
A senhora chega a minha frente, eu olhava para o chão, ela
falou com o ser ao lado por estalos, então não entendi nada, se ela
estava me olhando ou não, eu não sabia, mas me mantive quieto.
Vi quando os seguranças se afastaram, olhei e a senhora não
falou nada em minha língua, não sabia o que aconteceria.
Me encostei no canto, talvez fosse meu destino me dar mal
naquele lugar, quem manda fazer castelos de areia, poderia ser
apenas um jogador ridículo de futebol, alguém que soubesse nadar
a praia, alguém que pegasse ondas, não, tinha de fazer castelos de
areia, tinha de me dar mal, as vezes acho que quando escolho o que
me parece o melhor caminho, aquele se mostrara o pior deles.
27
Me ative a olhar os pontos na barriga, o calor começou a
aumentar muito, fiquei o mais para dentro da proteção, e a moleza
do corpo fraco e daquele calor, acabaram por me dar sono.
Eu tentei me manter acordado, fiquei ali, tentando, mas em
certo momento, apenas os olhos se fecham.

28
Sinto alguém me chutar abro os olhos.
Um ser estranho me olha e fala.
— Tem de comer.
Olho a comida, ainda estava com aquela alga no estomago, e
não sabia se deveria recusar, ou aceitar.
As vezes se colhe as escolhas, e naquele momento, eu estava
a fim de colher confusão, e falo.
— Desculpa, tenho de recusar, não quero ser um peso a mais
para vocês.
— Mas se não comer não terá forças para trabalhar.
— Quando estiver trabalhando, eu como, por enquanto,
estou apenas ocupando espaço.
O ser sai, não sei o que pensou, mas ainda tinha a sensação
de que iria vomitar tudo que entrasse no estomago.
Olhei para o chão onde havia rabiscado e vi que estava limpo,
como se alguém tivesse arrumado as coisas ali, para ficarem
ajeitadas.
Devo ter dormido demais.
Olho para os seguranças chegando, lá iria eu a algum lugar,
sempre que os siris chegavam, locomoção.
Um abre a porta de palitos, fala algo entre um Ic inic sic, não
sei o que ele quis dizer, mas a pata dele apontando, e os demais me
dando um corredor para caminhar, me induziam para onde eu iria.
Fui levado a um campo, onde se via outros seres estranhos e
um deles fala, tive de ouvir ele três vezes para entender.
29
— Sua função, cortar as conchas com exatidão, não
aceitamos erros.
Olhei que havia uma espécie de marcador, eu me bati para
cortar o primeiro, todos faziam calmamente, mas eu não tinha ideia
do tamanho que deveria cortar, e perguntei.
— Este tamanho está bom?
O ser me olha e braveja algo, em Inc mic sicc.
— Desculpa, não tenho permissão para falar e aprender esta
língua senhor.
Ele pareceu me olhar descrente e falar.
— Mas todos nascem falando esta língua.
— Não sou daqui, e não tenho permissão senhor.
— Está bom o tamanho, mas priorizamos tamanhos que se
possa repetir por toda a pilha de conchas a sua frente.
— Obrigado pela explicação.
Eu não queria inimigos, não dos que pareciam quase escravos
como eu naquele momento.
Olho as conchas e entendi, somente 30% delas conseguiria
aquele tamanho e pergunto.
— Todas tem de ter o mesmo tamanho ou pode existir mais
de um tamanho.
— No máximo 3 tamanhos.
Separei os grupos de conchas e comecei pelas maiores, fui
fazendo aos poucos, mas não tinha paciência de fazer todas bem
lentamente, as recortei, vi que se lixava as pontas após, e dispus nas
três pilhas, um dia de trabalho, nada de mais, mas o estomago
continuava a reclamar, eles distribuíram uma agua, que parecia
menos salobra, soube que eles consideravam grau de preferência,
as mais salobras, eu não me preocuparia em ter as de menor
preferência e pelo que entendi, menos apreciadas por eles.
Ao final de um turno, não tinha relógio para saber o tempo,
me conduziram a cela novamente, e sentei ao canto, a agua pareceu
acalmar meu estomago, e relaxei um pouco, se tinha uma coisa que
não sabia era onde eles iam ao banheiro, vi alguns se afastarem

30
quando na região de corte, mas isto me induzia a não comer, a
beber pouco, não teria onde fazer minhas necessidades.
Recusei a comida pelo segundo dia, e não parecia estar
preocupado com aquela comida, algo sem gosto, requeria comer
apenas para ficar em pé, mas uma coisas que minha mãe falava, se
estava bom, eu devorava tudo, se estava ruim, não adiantava forçar,
eu não comia.
O calor do fim da tarde, me fez novamente adormecer, mas
os braços cansados, faziam com que não tivesse posição para os
braços, então apenas fechei os olhos, vi quando um grupo de 3
seres estranhos entram na cela, eles fotografam o chão, não
entendi novamente nada do que falaram.
Quando eles saíram, eu fui ao lugar que olharam, reparei que
era onde havia feito os traços que acreditava ser a esquematização
do que eu via a frente, mas com a saída para o primeiro dia de
trabalho reparei que a região a frente, não era tão diferente, era
apenas uma descida leve, sempre sobre aquele teto brilhoso, que
ainda não entendia.
Olhei um graveto, bem ao canto, e rabisquei uns traços ao
chão, queria entender o que estava acontecendo, e obvio, se não
precisavam de mim para construir, sinal que não precisavam me dar
liberdade ou algo assim.
Às vezes me preocupava com minha mãe, pensando onde eu
estaria em meio a toda esta confusão.
Mas rabisco o chão.
Me deparo com um fato, eu não sabia o que eles
consideravam um bom castelo ali.
Fiquei a olhar o chão, como se esperando que ele me desse a
resposta, mas não estava convencido de que precisava de uma boa
ideia, eu achava que poderia ser uma ideai qualquer.
Estranho tentar adivinhar e não vir nada.
Castelos de areia não são feitos com estrutura, fico pensando
e não sei, apenas rabisco o chão.

31
Sorri pois ficou bem infantil, mas castelos de arei, eram
infantis, não teria como mudar o fato, que eu ainda me achava uma
criança.
Encosto no canto novamente, vejo que o rapaz que vigiava ao
fundo olha para dentro, e parece fazer sinal para alguém do outro
lado, não sei quantos chegaram ali, mas vi que alguns chegaram,
senti quando eles abriram a porta e pareceram fleches de luz ao
chão, como se estivessem fotografando algo.
Eu não abri os olhos mais do que para observar, mas fiquei
com vontade de falar, mas o que falaria, me complicaria com
certeza.
Quando eles saíram, vi que eles limparam o chão, eles tiraram
os traços do chão, não sabia o que eles queriam ao certo, mas com
certeza, não era o que eu estava pensando, pois eu não consegui
pensar em nada referente a função daqueles seres.
32
Intrigado fechei os olhos e tentei descansar, mas os braços
estavam latejando.
Foi difícil achar uma posição para dormir, mas depois de um
tempo, adormeci.

33
Acordo com alguém me cutucando, abro os olhos e vejo a
rainha me olhando, não sabia se deveria falar.
Apenas me ajeitei e fiquei de pé, não olhei para ela e esperei
ela falar algo.
— Não fala mais com a rainha?
— Minhas desculpas Rainha Wave, ainda não sei as regras da
casa para falar algo.
Ela pareceu ficar furiosa e olha para o rapaz ao lado.
— Mantem ele mais uns dias ai.
Sei que deve ter sido instintivo, mas ri, não sei o que ela
pensou, mas parou a porta e falou.
— Quer morrer forasteiro, acaba de rir da rainha de Wave.
A olhei sério e apenas desabafei.
— Se me tiras de casa, me reduz a um nada, e não permite
que me expliquem as regras, estou à disposição senhora, para
qualquer ordem sua, mesmo a morte.
Os seguranças abriram os olhos, talvez agora eu tivesse
passado do ponto, mas estava chato aquilo, ninguém me explicava,
ninguém falava nada, eu estava em um mundo estranho e nem
noção do que eles queriam me deram.
Ela me olha sério, dá a volta e sai, os seguranças saíram atrás,
não sabia que horas iriam me levar a execução, mas começava me
irritar aquele lugar.
Sei que um grupo de siris me levou para o local de trabalho
do dia, um pedaço de madeira gigante, olhei ele, gigante para nosso
34
tamanho, tinham uma espécie de corda que passavam nele e
cortavam em fatias menores, eles usavam os siris para levar isto
para algum lugar, mas teria de fazer com um dos rapazes, em
equipe, e o rapaz só falava inic sic mic, e desculpa, isto não me fazia
nenhum sentido ainda.
Com calma percebia pelos gestos o que ele queria falar, algo
como se “marca aqui” fosse “minc”, Força fosse, “sicic”, mas
poderia ser apenas uma interpretação errada, e não conseguia gerir
aquele som com a minha boca, tentava e via que o ser sorria das
tentativas, não estava dando certo então nem tentei no fim, mas
conseguimos cortar o nosso trecho nas medidas, os siris levaram
não sei para onde aquilo e simplesmente vi que fiquei ali sozinho no
fim, os demais foram descansar e os soldados da rainha, chegam ao
local.
Cansado, sem comer a três dias, o estomago revoltado, e eles
acham que vou ter medo de cara feia.
Sou levado a presença da Rainha, vi que havia gente para
assistir aquilo, e olho para Mic ao fundo, ela pareceu revoltada
também, sinal que era meu fim mesmo, a senhora fala aquele
discurso de ic ic ic, para mim, e se a rainha achava que iria me
portar como um culpado, apenas olhava os demais, não a encarava
até ouvir.
— Tem algo em sua defesa?
Juro que fiquei com vontade de falar Ic Ic Ic, mas apenas me
calei, não entendi as acusações, e não sabia as regras,
provavelmente estava sendo condenado por ter rido da rainha, e
não estava feliz por ter rido, apenas foi instintivo, os soldados me
levam a cela novamente e o senhor da comida me olha.
— O que quer para sua última refeição?
— Come, eu não preciso comer hoje não.
— Dizem que ofendeu a rainha, como se atreve.
Eu olhei serio o senhor e falei.
— Eu ofendi quem, que rainha, vocês me tiraram de casa, me
jogaram nesta cela, não me apresentaram a uma rainha, na
verdade, a primeira vez que a vi, nem conseguia abrir os olhos, a
segunda, não sabia o que poderia falar, na terceira, desculpa,
35
mesmo tentando agradar ofendo, então pode ter sido que o fiz, mas
senhor, se vocês se ofendem com felicidade, com ignorância, posso
morrer, mas não entendo esta sua sociedade.
— Mas quem falou em morrer?
— Na verdade ninguém, mas como não falo sua língua, eu
tento adivinhar, e sou péssimo adivinho.
— Será obrigado a caminhar até sua casa, mas dizem ser
impossível atravessar a arrebentação.
Sorri, ele não fora condenado a morte, e sim, a voltar para
casa, com aquele tamanho, o que era pior?
— Não entendo o problema, você vai estar quebrado ao
anoitecer, pelas ondas.
— Se for para ser, será.
— E não tem medo?
— Estou com medo, medo de ficar aqui, neste seu mundo,
sem saber das regras, vocês não me querem aqui, e não querem
que eu saia, então, não sei qual a diferença.
— Mas porque a ofendeu?
Não respondi, ele não entendeu, eu não sabia o que
acontecera, eu tirei os óculos, vi o clarão, se iria contra as ondas,
que fosse como vim parar ali, com os olhos inchados.
O senhor viu que coloquei o óculos de lado, e me encara, ele
queria entender, mas eu não entendia, como poderia explicar o que
não sabia.
Quando começa a escurecer, os guardas da rainha vem me
tirar do local, eles iriam falar algo, e o senhor falou.
— Ele já deixou tudo que pegou ali.
Os rapazes se olham, e um fala agressivo.
— Anda.
Eu esperei ele me empurrar para andar, era birrento mesmo.
Sei que muitos estavam naquele corredor quando a rainha
anunciou algo, que não entendi, e os rapazes me fazem andar pelo
caminho que vim a sei lá quanto tempo.
Vi que Mac chegou ao lado e falou.

36
— Você não entende mesmo a gente, foi ofender a rainha por
nada, não custava ficar quieto.
A olhei e falei sério.
— Não se preocupe, as ofensas acabam hoje.
— Não se arrepende, nem se defendeu.
A olhei, ela sabia que não entedia aquela língua, ela mesmo
falou que não seria me dado permissão de entender, então não
respondi, apenas fui caminhando, os olhos estavam lacrimejando
devido aquela luz forte, e quando saímos, breu total, vi que eles a
volta tinham aqueles óculos, então eles viam para onde estava indo,
olho para cima, céu azul mas distante, sorrio, se fosse para morrer,
que fosse num mundo que dominava.
Os rapazes começam a me empurrar e começo a andar, não
sei quando eles pararam de empurrar, mas eu continuei, via as
marolas fortes a frente, senti em um passo sair da proteção e entrar
na agua, senti o corpo tentar achar o equilíbrio, senti quando a
primeira me arrastou, eu estava tentando não me afogar
novamente, fui jogado para todos os lados, senti a pancada a
cabeça, tento olhar em volta, e desacordo.

37
Acordo assustado, olho em volta, coloco a mão a boca, e olho
minha mãe ao lado da cama, por um segundo tudo me pareceu um
imenso sonho.
Ela fala algo com o médico que chega ao lado.
— Nos ouve?
Fiz sinal que sim.
Ele esticou a mão e perguntou quantos dedos tinha.
Tentei falar, mas parecia balbuciando, o três que mal saiu.
— Calma, algumas pessoas foram pegas por uma onda forte,
você ficou um tempo na agua, depois foi retirado de lá por
pescadores, calma, vai ficar bem.
Minha mãe segura minha mão, e fala.
— Calma filho, foi só um susto.
Não conseguia responder, mas obvio, tudo que passei,
pareceu um sonho.
O médico olha os exames e não sei o que ele falou, mas outro
médico veio verificar, ele chega a minha mãe e pergunta.
— Ele operou alguma vez os pulmões?
— Não, ele nunca quebrou um único osso senhor.
Eu passei a mão por baixo daquela roupa solta que estava,
deveria ser uma veste hospitalar e senti os pontos a altura da
barriga, sorri e olhei para minha mãe.
— Ele está bem senhor?
— Sim, eles está bem.

38
Demorou dois dias para me darem alta do hospital, não tinha
nada de mais, apenas uma batida forte na cabeça e um aranhão na
altura da barriga que parecia uma cirurgia segundo o médico.
Quando chego em casa minha mãe fez uma comida, o
estomago ainda estava revoltado, mas deitei depois de uma canja e
dormi como um anjo, eu não entendi, para mim a sensação de dias,
para os demais, dizem que foi questão de minutos tudo que acho
que vivi.
Foi inevitável sonhar com aquilo que parecia ter sido um
sonho, mas que deixou aquela marca a altura do pulmão, minha
mãe estava falando em voltar para a cidade, não queria estragar as
férias deles.
Na manhã seguinte, cortei uma garrafa de plástico de agua
mineral, a comecei pintar, minha mãe estranhou, eu peguei as
conchas que sempre catava a praia, e pelas dobras cortei elas em
quadrados, era difícil com minha mão, cortar aquelas conchas
pequenas, fui colando na estrutura, fiz a entrada, cortei um pedaço
de madeira e usei de base, cortei no tamanho que desse para
prender em três alturas dentro do frasco, preguei as madeiras em
intervalos diferentes após colocar as conchas ao chão das madeiras
colados.
Eu cheguei a olhar para minha mãe que falou.
— Vai fazer castelos agora em casa.
— Deixa eu me recuperar um pouco para voltar a fazer na
beira da praia.
Peguei um pedaço pequeno de espelho, que tinha em minha
carteira velha de couro, e colei em uma das paredes, do que poderia
ser o quarto da rainha, peguei alguns pedaços de vidro, e fiz uma
armação em madeira de picolé, fazendo uma grande estrutura
lateral, para entrada de luz.
Eu terminei em dois dias aquela maquete, ficou algo de pouco
mais de 60 centímetros de altura, e não mais do que 40 de largura,
altura de 3 pisos, com uma chão preso e colocado ao local com o
piso ou colado com areia, bem fininha, ou com recortes de conchas.
Era bem sedo em um dia a mais, eu coloquei aquela maquete
em uma sacola, e fui a praia, estava amanhecendo o dia quando

39
coloquei ela próxima de onde achei que seria a entrada, não deveria
ser algo que ficasse aberto sempre, mas a praia vazia, em minha
loucura de agradecer ter sido liberto, deixo ali pouco depois da
arrebentação, aquela maquete que quando enche de agua afunda.
Às vezes me achava meio maluco de fazer isto, sei que as
vezes duvidamos de nossos próprios sentidos.
Sentei a areia a beira e com o surgir do sol, fiz meu castelo de
areia, próximo do meio dia voltei para casa e minha mãe perguntou
da maquete e falei que dei de presente a alguém.
Senti a paz de ter feito o que queria ter feito, após o almoço,
deitei e adormeci.
As vezes duvidava de meus próprios sentidos, mas tocava nos
pontos a barriga e sorria para mim mesmo.

40
Na manhã seguinte, fui a praia, e estranhei, havia um imenso
castelo de areia, mas ele estava cheio de siris, eles se afastaram
quando cheguei e olhei para o mar, era cedo, eu caminhei até a
arrebentação, o mar estava calmo, não deveria ser 8 horas ainda,
olho em volta, um momento estava com agua pelas pernas, no
segundo seguinte senti o corpo encolhendo e prendi a respiração,
não sabia o que aconteceria, mas se por um lado queria provar que
não estava maluco, lembrei quando o corpo começou a encolher,
que fora colocado para fora pela rainha.
Vi o corpo começar a afundar na agua, vi quando tudo
escureceu, deveria ser o mesmo buraco de outro dia, senti quando
o corpo caiu e sinto o chão gentil como sempre.
Abro os olhos e respiro finalmente, desta vez, consegui
segurar a respiração o tempo suficiente.
O escuro a volta, e olho aqueles siris me olhando, e ouço.
— O que faz aqui de volta?
Sabia pela voz que era Mic, mas olhei no sentido da voz e
perguntei.
— Não quer que volte, é isto?
— Não foi o que perguntei.
— A rainha recebeu o presente Mic?
— Sim, ela recebeu e xingou o presente.
— Não gostou.
— Ela sempre reclama, isto que você não entendeu, ela
sempre reclama de tudo, mesmo do que ela gostou.

41
— Poderia ter me alertado antes.
— Lhe alertei, você que não prestou atenção.
— Se ela recebeu o presente e não posso retornar, deixa eu
voltar a arrebentação.
— Não vai insistir?
— Toda vez que o fiz, me dei mal.
Olho os seguranças da rainha chegando ao local, eles traziam
luzes, eu via os poucos contornos que agora reconhecia, antes,
eram apenas contornos.
— Andando rapaz.
Sorri, lá iria eu de novo a prisão.
Mic chega ao lado e pergunta.
— Veio só perguntar se ela havia recebido o presente?
— Vim, acho que lembrei dos problemas, apenas quando
estava encolhendo de novo.
— Não pensa antes de fazer as coisas?
— Ainda não, dizem que pensar antes e fazer depois é coisa
de adulto, ainda não sou um adulto.
— Mas já é grandinho.
— Sim, mas ainda não sou adulto.
Os soldados foram me empurrando, e quando chego a parte
iluminada, meus olhos reclamam novamente, mas agora, olhei para
o chão, sabendo para onde caminhava, vi quando o chão ficou
plano, e reconheci aqueles erros de cola ao lado.
— O que trazem ai?
— O forasteiro voltou senhora.
A rainha olha para mim, eu tentei a olhar, mas sabia que os
olhos estavam irritados.
— O que faz aqui?
— Apenas vim confirmar se recebeu o presente rainha Wave.
Mic me cutuca ao lado, eu não tinha jeito, eu falava e
somente depois me tocava que não deveria ter falado.
— Em todo este tempo ausente, não aprendeu nada pelo
jeito.

42
Mic me alcança o óculos e o coloco, foi um alivio ao olhos
poder olhar em volta sem os olhos quase fechando, olho a
imponência do castelo ao fundo, realmente quando temos 3
centímetros, algo de 40 centímetros fica imenso.
— Não vai responder forasteiro? – A rainha.
Pensei, ela me chama de forasteiro, pensei na primeira
resposta e falei.
— Desculpa novamente o atrevimento Rainha Wave, sei que
faço tudo errado, mas lembrei que me trouxe da última vez para lhe
prover um castelo, e sabes que este que estas não é merecedor de
sua realeza, é apenas o início de um projeto.
A rainha me olha e fala.
— Fale mais.
— Sei que ele contém materiais que não deveríamos dar a
uma rainha, mas foi apenas uma demonstração de que podemos lhe
dar um castelo digno da rainha Wave.
— E antes não o sabia fazer, e agora vai dizer que sabe?
— Não pedistes rainha Wave, deveria ter exigido, como seu
cargo estabelece, mas não o fez também, estava esperando uma
ordem, não pediu, e sei que falo demais rainha Wave.
— E se pedir algo que não consegue fazer?
— Terei de improvisar e tentar conseguir.
— E veio falar isto?
— Vim pedir permissão a Rainha Wave, para aprender a
linguagem local e com a ajuda local, construir um castelo de acordo
com sua grandeza, Rainha Wave.
Estava me segurando e falando rainha Wave até demais,
esperando o que ela fez neste momento.
— Prendam ele.
Tentei não sorri, mas foi o que deu vontade de fazer.
Fui conduzido a cela e o rapaz das celas fala.
— Voltou?
— Sim, mas me responderia uma coisa?
— Fala.
— Vocês não defecam por aqui?
43
— Está apertado pelo jeito.
— Exagerei no café da manhã.
— Tem em toda rua, um ponto central, um banheiro, como
vocês humanos falam.
— Mesmo preso posso ir até lá.
— Só pedir, acha que quero limpar suas sujeiras intimas?
— Sei lá.
Atravessei o local e viu que tinha um lugar para fazer minhas
necessidades, a limpeza não ficou muito boa, mas entendi o
funcionamento do local, começava a me sentir parte daquilo.
Voltei a cela e o senhor perguntou.
— Sobreviveu a arrebentação?
— Tomei muita água.
— Parece mais natural agora.
— Com o corpo bom e o estomago cheio da comida de minha
casa, fica mais fácil pensar.
— Pelo jeito não gostou da comida.
— Ainda tenho de acostumar com isto.
— Vai ficar muito tempo?
— Tenho de ver se querem que fique, posso de uma hora
para outra ofender sem sentir, e tudo desandar novamente.
— Todos falam do grande presente que a rainha recebeu,
alguns falam que ela recebeu de um pretendente, mas alguns dizem
que foi você que mandou para ela.
— Sou jovem demais para casar para ser pretendente.
— Não parece um jovem. – Fala o senhor.
— E como seria um jovem.
— Cada 25 dias aqui, correspondem há um dia lá fora, não sei
quantos anos tem lá fora.
— 15.
— Deve ser o ser mais velho de toda região.
— Não entendi.
— Você viveu lá fora, o correspondente a 375 anos daqui.
— Se está falando vou acreditar.
44
— Alguns diziam que você nem mais lembrava de nós quando
surgiu a oferenda a 24 dias na praia, a própria rainha ficou surpresa
de sua lembrança, já que fazia mais de 100 dias de sua partida.
Entendi que tempo era algo complicado de entender ali, e
que se demorasse um ano para voltar, tudo estaria diferente, pois
de alguma forma, eles tinham os dias internos, e que eram de
alguma forma, talvez pelo tamanho, representações de um dia
externo.
Como estava preso, me sentei ao canto e relaxei um pouco,
ainda era tenso quase se afogar naquele mar, como poderia eu me
acostumar aquilo, mas vim para ali novamente, não sabia o que me
atraia ali, ou melhor, sabia, nas minhas introspecções, criar um
castelo era imaginar historias, e pela primeira vez, estava a vivendo,
não era apenas uma divagação a areia, era tudo real, pelo menos
me parecia real.
Estava a olhar a parede, desta vez com o peito sem doer, sem
o passar mal, mas ainda tentava entender a Rainha, e não
conseguia, talvez ela me visse como alguém velho, como o rapaz
falou, 375 anos, e ao mesmo tempo, se depara com uma criança,
acho que ainda não entendo disto.
Pego o pequeno pedaço de madeira, tentei imaginar isto na
vida real, não consegui, penso no que conhecia do reino, a rainha
ainda não entendera, ela colocou sobre a beira do antigo castelo,
mas para mim, quando pensava em castelo, aquela área toda
aberta, que a cidade olhava quando começava clarear, era o lugar
para estar o castelo, mas eu não entendia eles.
Fico pensando na quantidade de palitos que existia na parte
do fundo, pego a areia ao chão, estranho, pois deste tamanho, um
grão não é invisível aos olhos, é um pedaço de pedra, até entendia o
como aquilo poderia parecer homogêneo ao chão, pois na
proporção, era diferente.
Traço um quadrado, queria pensar, e começo por abrir
espaço, tirar a areia da parte mais alta para a mais baixa, dispondo
já na região, levantar uma parede externa continua, uma interna
que subia, se colocava os pisos recortados de madeiras, e voltava a
erguer as paredes, olho a sequência e vi que não existia nem no
castelo um sistema interno de banheiros, a ausência de sistema de
45
esgotos fazia isto algo para praças, onde agora sabia porque aqueles
lugares cheiravam mal.
O que eu entendia de banheiros, nada, como resolver isto, eu
sabia puxar a descarga, mas como isto funcionava, nem ideia.
Estava a divagar, a traçar e vi que o senhor me olhou.
— Eles vieram e fotografaram algumas noites na primeira vez,
mas não parece que entenderam como fazer.
— Eu não estava fazendo um castelo, estava apenas os
distraindo, eles não entenderam o problema ainda.
— O que acha um problema.
— Imagino que eu não entenda do como a sua sociedade
funciona, para fazer algo para ela.
— O que não entende?
— Quem morará no castelo, pois castelos dependem de
quantos seres moram lá, quantos seres tem acesso ao lugar, se a
rainha e os demais recebem visitas, qual frequência, cada um tem
um local para dormir, ou dormem em locais comuns, se eles se
alimentam no castelo, se eles fazem suas necessidades no castelo
ou próximo.
— Ninguém faria as necessidades em sua própria casa, quem
seria maluco para fazer isto?
— Os humanos.
— Eles convivem com suas fezes?
— Não, temos sistemas de coleta disto, e que com pressão e
agua, joga isto bem longe de onde fazemos.
— Está falando sério?
— Sim.
— O que mais precisa saber, tô começando entender onde
eles não conseguem ver praticidade em seu castelo.
— Talvez eu nunca tenha me preocupado com estes detalhes
construindo castelos de areia, pois o mar os leva inteiros os
destruindo.
— Soube que eles lhe observam a muito tempo, eles
tentaram reproduzir um, mas eles não conseguiram viver lá.
— Montes de areia, sem espaços internos.
46
— E está pensando em como ajudar?
— Uma missão, construir um castelo, mas quantos moram no
castelo.
— A rainha e suas irmãs?
— Muitas?
— Umas 30, daí tem os pretendentes, nossa sociedade é
matriarcal, elas escolhem quem são os escolhidos para ter suas
próximas gerações.
— E quantos moram no castelo?
— Hoje deve ter a rainha, as 29 princesas, dois pretendentes
a rei, e 12 a príncipes, 30 seguranças, 20 camareiras, 12 cozinheiras.
— Eles comem no castelo?
— Sim.
— Fazem suas necessidades onde.
— No local público a frente do castelo, quando a rainha vai
usar, os funcionários limpam e ela o usa.
— Todos os dias?
— Sim.
— Vocês dormem em quartos individuais?
— Não, dizem que a rainha tem um quarto individual, daí
cada 5 princesas tem seus quartos, existe um quarto para os
pretendentes independente de serem a reis ou príncipes, um quarto
com muitas camas para os seguranças, e um para as camareiras e
cozinheiras.
— Todos usam o mesmo banheiro?
— O que é banheiro? – O senhor.
— O local que fazem suas necessidades fisiológicas.
— Vocês tem um nome para aquele lugar, é isto?
— Sim.
— Todos usamos os mesmo lugares, a cidade tem 16 destes,
não somos muitos, mas os coletores, limpam o local uma vez a cada
15 dias.
— Coletores.
— Os grandes sugadores.

47
— Devo conhecer com outro nome.
— É uma máquina rapaz, eles vem, sugam tudo, e jogam em
alto mar, vira adubo e comida a outros seres.
Pensei que se eles tinham um sistema de pressão não deveria
ser difícil, mas não entendia disto ainda.
Olhei o senhor e perguntei.
— Você tem nome?
— Não falamos nossos nomes para qualquer um, todos
falamos o nome da rainha, mas com moderação, se alguém lhe falar
o nome, é por interesse, as pessoas não se espoem assim
facilmente.
Lembrei que falei meu nome a Mic, ela falou seu nome
sorrindo, depois não pareceu feliz, ela pode ter entendido tudo
errado, como explicar algo assim.
Não saberia nem como começar este assunto, mas não
entendi algo e perguntei.
— Então quando nos referimos a rainha, como o fazemos
para ela não nos levar a mal.
— Começamos pela saudação, boa dia, boa noite rainha
Wave, falamos o que queremos, e nos despedimos com outra
saudação, não saímos falando por ai sem saudações e sem motivo o
nome dela, assim como para os estranhos, um bom dia é suficiente.
Eu sorri, eu a irritei, eu estava falando seu nome no começo e
no fim da frase.
— A devo ter irritado novamente, mas sabia que estava
provocando mesmo.
O ser sorriu e falou.
— Você voltou mesmo tendo sido expulso rapaz, você a
presenteou, como agradecimento, ela não entendeu você ainda.
— Ou queria apenas o castelo, mas porque não vejo aquilo
como um castelo.
— Nós gostamos de calor, de muita luz, você parece não
gostar tanto dela.
— Vocês não tem retinas sensíveis, um defeito humano.

48
— Você é dos rapazes que mais fala, a maioria nem troca
ideia, mesmo os que vieram fotogravar o que fez ao chão.
Sorri, olhei o senhor e me afastando para o fundo da cela
falei.
— Boa noite.
O ser me olhou e falou.
— Boa noite.
Me ajeito ao canto, na minha mente começava a formular
uma grande casa, mas ainda não tinha todos os dados.
Meu primeiro rabisco, pensando em espaços amplos, ainda
não entendia o todo, mas sabia onde seria difícil de convencer.

Assim que rabisquei, não olhei para o senhor da prisão, ele


me olhava ao longe, deitei ao fundo e adormeci, acho que estava
cansado, talvez aquele tamanho me cansasse mais, mesmo eu
sabendo que ainda deveria estar na parte da manhã do dia.
Vejo eles apagarem as luzes dos balões, e a escuridão tomar o
lugar, estava de olhos fechados quando os seres entraram pela
porta, fotografaram, devem ter olhado que havia cores ao chão,
aquela conversa ainda em ic nic era realmente algo que não parecia
normal, as vezes tinha a impressão de que eles falavam o Ic em três
pronuncias, quase me convencendo que dependendo da forma que

49
falar, significava algo, teria de aprender muito tempo, ouvir muito
para diferenciar as vogais.
Adormeci.

50
Acordo com alguém ao longe que falou.
— Baltazar?
Abri os olhos, vi aqueles olhos me olhando e fico a pensar se
falo o nome dela, vi que o senhor ao fundo me olhou, entendi
somente agora que aquilo era uma intimidade e respondo.
— Bom dia Mic.
Não olhei o senhor, mas imaginei o espanto, e ela sorriu.
— Não sei o que fez, mas tenta não brigar com minha irmã
desta vez.
— Sua irmã?
— Rainha Wave.
— E porque ela brigaria com um preso.
— Ela vai lhe mandar aos campos, mas parece que não está
se dando tão mal a cadeia.
— Acho que tenho um tempo para entender vocês.
— E já entendeu algo?
— Que acabou de declarar uma intimidade, o senhor ao
fundo está de olhos arregalados.
Ela me sorriu e falou.
— Se cuida Baltazar. – Ela andou de costas e o senhor me
olha e fala ao longe.
— Você é um humano rápido, uma princesa?
— Como saberia que é uma princesa?
— Verdade, não sabia das regras.

51
— Eles fotografaram oque ontem a noite.
— Como sabe?
— Eles tentam sempre apagar, para deixar claro, fizemos.
O senhor olha o chão e fala.
— Manchou meu chão.
— Vocês usam pano por aqui?
— Pano?
Peguei na minha camisa e falei.
— Tecidos absorventes para limpeza.
— Tecido é algo realmente raro aqui.
— Teremos de verificar isto da próxima vez.
Ele sorriu, e vi os siris chegando, iria a mais um dia de
trabalho puxado, entendera que se comeria, teria de trabalhar cada
dia que estivesse ali.
Certo que não estava com fome, mas entendi a lógica, as
vezes ouvindo meus pensamentos, parecia alguém com experiência,
ou tudo a volta parecia muito infantil, mas estranhava, pois se eles
me operaram, eles tinham sistemas bem mais evoluídos, mas eu
não os via nos ambientes que vivia.
Desta vez fui a um tronco muito maior, vi o rapaz que fiz o
serviço na vez anterior ainda lá, ele me olhou e sorriu, não entendi,
mas sinal que gostou do serviço, eu não entendia o que eles
falavam, então tentava não ofender ninguém.
Eu tinha feito apenas o pré-projeto, e talvez eles não
entendessem, mas lembro de minha mãe falando, que os castelos
antigos não tinham mais de 3 pisos, pois não existia elevador, eu
não vi elevador por ali, mas era obvio, eles deveriam ter locais mais
evoluídos.
Mas se eles não tinha elevadores, poderia ser o projeto final,
ou poderíamos por um andar a mais, mas com banheiros apenas no
térreo, não tinha como fabricar encanamentos.
Começamos cortar aquelas madeiras, vi que eles desenharam
imensos quadrados naquele tronco que para o tamanho que estava,
parecia imenso.

52
O cortar de um pedaço, demorou quase um dia de serviço, e
vi que não fui só eu que cansei desta vez.
O ser se afasta, não sabia o que pensavam de mim, mas
aquela peça de madeira, que cada grupo com toda dificuldade
cortou, dava para um salão, o alisar daquilo parecia que ficaria para
o dia seguinte, mas outros chegaram para trabalhar, e fui mantido
ali para fazer mais um turno de trabalho.
Olhei as madeiras, não entendia o que eles pretendiam, mas
para mim, aquilo era a base de um andar, fosse ele térreo, fosse um
segundo piso, alisei o meu trecho, e perguntei para o siri, que
pareceu não entender o que perguntei, se poderia cortar os
pedaços laterais, que havíamos tirado da madeira maior.
Ele perguntou algo ao outro e com não me deterão, corte os
4 lados côncavos que tínhamos tirado da madeira para transformar
em um triangulo com dos lados e lados iguais e um maior da largura
do piso.
Coloquei com ajuda de outro ser, eu não saberia descrever
aqueles seres, alguns pareciam espécimes de polvos, alguns siris
menores, outros espécimes de peixes com braços, pernas e cabeças
destacadas do corpo.
Eu fiz somente o referente a minha peça, mas se eles
achavam que reclamaria, eu apenas fiz algo a mais.
Sei que estava cansado para valer, quando vi aqueles
seguranças chegando perto, vi que os demais olhavam para a
rainha, mas não falavam, entendi dos Ic nic do segurança Siri apenas
o Wave, se a palavra anterior era rainha, dentão wec era rainha.
Lembro que não me apresentei, normal, ninguém se
apresentava, então estava esperando como os demais, parecíamos
todos condenados ou trabalhadores que só mereceriam comida se
trabalhassem.
Vi um daquele seres que foram a cela chegar ao triangulo e
olhar para ele, olhar o acabamento, falou apenas com os seguranças
e colocaram em uma das pontas do triangulo, não sabia se eles
estavam entendendo algo, ou apenas tentando montar um quebra
cabeça, sem perguntar que peças poderiam usar.

53
Como não perguntaram nada, e os rapazes que trabalharam
esperavam a dispensa, eu dei um passo atrás e esperei, eles se
posicionaram a minha frente, eu estava ainda de pé ali, mas atrás
de um siri, era apenas uma sombra.
Os braços estavam latejando, mas não reclamaria.
Vi os seguranças trazerem um veículo, não havia visto aquilo
ali ainda, mas eles colocaram as madeiras cortadas, os triângulos
que fiz no veículo e saíram, o siri fez o gesto que poderia ir, e outro
me acompanhou, eu deveria ser o único preso dali, pois somente eu
era acompanhado pelos seguranças, chegou a cela e olho para o
chão e haviam raspado para tirar a pintura.
Olhei o senhor e falei.
— Era só me dar uma lixadeira que eu limpava.
— Eles parecem acreditar que isto ai tem um valor
sobrenatural, não entendo, mas eles tiraram cada gota de tinta e
colocaram em um recipiente.
— Tem algo que se possa pintar, sobre?
— Porque?
— Eles levariam inteiro.
O senhor sorriu e falou.
— Existem placas de pintura.
— Não tenho como adquirir algo aqui.
— Acho que a rainha vai gostar da ideia, não entendo ainda o
que querem com você, mas não mandaram sua comida.
—Então para que trabalhei hoje?
— Você não comeu outros dias.
— Mas era o meu direito dizer não, ou não?
— Sim, porque demorou.
— Dois turnos, eles me querem cansado, sei lá, este seu reino
as vezes me parece sem sentido, como se fosse um sonho, sem
motivo para as coisas acontecerem.
— Eu consigo a placa.
— Tem algo para cortar ela?
— Quer fazer oque?

54
— Apenas montar algo.
O ser me olhou com curiosidade, mas não entendia o que
estava acontecendo ainda.
Ele trouxe algumas placas, eram grandes, medi a primeira
bem improvisada, tracei os pontos e fiz isto na segunda e terceira, e
cortei os meios, e terminei de montar, os braços estavam cansados,
quando terminei vi o senhor olhando para o pouco que havia feito e
ouvi.
— Você é um engenheiro?
— Sorri olhando aquela maquete mal feita.

Fui ao canto e falei.


— Ainda não sei tudo que daria para fazer, mas como disse,
algo assim é para uma rainha, não para um simples humano.
— Pelo jeito não tem medo de trabalho.
— Acho que quando adoecer, por teimosia de uma rainha, os
bons engenheiros dela, terminam isto.
— Não entendo as vezes você, constrói algo lindo, e
demonstra raiva.

55
— Queira sinceridade senhor, apenas isto, é bem legal eles
quererem algo assim, e não terem coragem de perguntar, como
fazemos.
— E pelo jeito cansou de tentar entender.
— Na verdade estou apenas cansado, amanhã estou mais
calmo.
O senhor me viu sair da visão, eu olhava ele, mas ele não
ligou, ele sabia de algo a mais, ele não falou.
Vi que alguém chega e não veio a sala, ele falou com aquela
voz feminina naquela língua que era evidente, não entendia.
Como os braços estavam doendo, não falei nada, apenas me
encolhi, sabia que tinha exagerado, pois eu senti frio, talvez força
demais, os músculos em frangalhos, já senti isto por passar uma
manha fazendo um castelo, mas ali, foi bem mais que um castelo.
Eu adormeci, talvez eu tenha me enganado ao ter ido ali.
Sempre chego querendo algo, mas quando vejo que ninguém
me quer por perto, eu começo a pensar se estou no caminho certo.

56
Acordei tremendo, e sabia que estava quente, pedi apenas
uma agua, e o senhor viu que estava suando, e perguntou.
— Está bem?
— Importa?
O senhor viu que não estava mais calmo, e fala.
— Não quer descansar mais um pouco, eles devem vir um
pouco mais tarde.
— Só me vê a agua.
Olhei que a maquete não estava lá, não sorri, mas não estava
para conversa, ainda cansado.
A agua pareceu entrar rasgando o estomago vazio, e não me
ofereceram nada, se no dia anterior tive uma visita logo cedo,
naquela manhã ninguém veio, mas como alguém que não vivia além
de seus sonhos, deveria ter entendido tudo errado novamente.
Não estava bem, mas quando vi os siris virem não pensei,
apenas me ergui, eles abriram e foram me empurrando como todo
dia, se estava bem no dia anterior, e nitidamente foi um dia mais
calmo do que seria aquele dia, uma pedreira, não sabia o que era
aquele tipo de pedra, se cortava fácil, mas cada um tinha de cortar o
seu grupo, eu fiz bem lentamente, os demais fizeram umas 10
pedras, eu fiz apenas metade disto, se no dia anterior eu produzi
mais que os demais, não queria produzir mais nada.
O siri me olhou como se não gostando.
— Se não me pede em minha língua, sabendo que a fala, não
faço, apenas isto. – Falei olhando o ser.

57
Os demais saíram, novamente fui deixado para fazer uma
linha extra, e apenas fiz menos ainda, estava quente, estava suando,
e não estava bem, a agua era a única coisa que me forneciam ali,
talvez um pouco de consideração, mas eles não estavam me
querendo ali, então eu entendera errado, pensei que queriam que
fizesse um castelo, tinha no meio de meu delírio acreditado que eles
queriam isto, quando vi a rainha usando o castelo que havia
mandado para ela.
Não sei o que pensaram, mas eles não falaram, mas me
deixaram para um turno a mais, quando um terceiro grupo chegou,
eu apenas sentei, eu não comera, eu não precisava fazer mais nada,
então apenas encostei na pedra e o siri me levanta e põem aquela
espécie de machado, e fala aquela língua que não entedia.
Ele viu que largaria novamente e fala.
— Se não fizer não vai comer.
— Que diferença, não comi ontem.
— Se não quer comer, o problema é seu, mas terá de
trabalhar.
Via que o ser olhava para o outro que fazia sinal para ele não
falar.
— Não precisa falar comigo rapaz, eles me querem punir, eu
morro, mas não se complica, e seu superior ali, não está gostando,
apenas ignora minhas malcriações.
Olhei aquela espécie de machado e caminhei até a região de
materiais, eu apenas peguei um cerrote, o afiei com aquele
material, cheguei a pedra imensa, cortei uma ponta, a outra,
fazendo os 4 cantos, cerrei elas no meio em um sentido, serrei ao
meio em outra, se olhei o ser me olhando, fui ao local, encostei o
cerrote e apenas sentei novamente.
O ser ao fundo parece que foi falar com o que me chamou a
atenção e não entendi, mas eles me liberaram para ir para a prisão,
um me acompanhou me empurrando, cheguei e o rapaz da prisão
me olha, eu não falei nada, deitei e não rabisquei nada.
Ele veio e falou algo, eu estava alucinando, sentia que estava
quente, não ouvi, deitei e senti o frio, me encolhi e não sei se dormi
ou delirei, talvez tenha ouvido vozes, sei que tirei o óculos, se eles
58
queriam me punir, e não sabia o que tinha feito de tão mais grave
que a primeira vez, então eles não queriam o castelo, eu os dei
corda mesmo cansado, mas estava cansado, mesmo sem ter feito
nada.

59
Acordei e olhei minhas mãos, elas estavam brancas, mas me
sentia um pouco melhor, estava fedendo, ali pelo jeito não se
tomava banho, e olhei o senhor a me olhar.
— Posso usar o banheiro.
O senhor sorriu e abriu a porta e atravessei a pequena rua, fui
ao local, era imundo aquilo, mas cheguei ao local e lavei o rosto,
não havia local para uma boa limpeza, apenas faço o básico e volto,
sento ao fundo e o senhor fala.
— Eles vieram a noite, acho que estranharam você não ter
feito nada.
— Já ajudei muito, como eles retribuíram?
— Você não entende mesmo nossos costumes.
— O que não entendi.
— Aqui não se retribui o que é sua obrigação.
— E o que é minha obrigação, morrer aqui?
— Fazer o castelo da rainha.
Parei e me encostei, eles queriam que eu erguesse o castelo
nos braços, encostei e falei.
— Esta obrigação já paguei, e o fiz por vontade própria, não
por imposição.
— Ela reclama do castelo todo dia.
— E quem disse que devo um castelo a Rainha?
— Ela disse que traria alguém para construir seu castelo, na
primeira vez ela lhe deu liberdade, mas era para não mais voltar.

60
— Quer dizer que quando voltei, eu vim por conta própria
fazer o castelo?
— Sim.
— Consegue algo contra febre?
— Febre?
— Estou acima da minha temperatura normal, não é bom
trabalhar assim, perdemos muito liquido, e podemos alucinar no
meio de um trabalho.
— E não falou nada ontem?
— Você me viu suando, me viu tremendo de frio, mas
entendo, não entendem de humanos.
— Sabe que a princesa foi afastada daqui, a rainha não gostou
do que ouviu.
— Sem problema, sinal que vocês tem uma péssima rainha, e
não tem como falar isto alto, tenho pena de vocês, e sei que não
sabe o que é uma pena.
Eu sentei e o senhor ligou para alguém, não sei o que tinha na
agua que me deram, mas quando o siri me levou, eu olhei em volta
e falei com o siri do dia anterior.
— Se tenho de construir um castelo, não deixem eles levarem
as peças, eles vão estragar, eu só vou montar uma vez o castelo, e
não precisa responder.
O ser me olha, eu fui as madeiras e risquei onde tinham de
cortar, os rapazes não reclamaram, mas o siri ao fundo pareceu não
gostar, mas se era para fazer de uma vez, eu faria, fiz eles cortarem
as paredes intermediarias, quando terminei a minha parte da
madeira eu caminhei até a pedreira, vi um grupo chegando e
expliquei por gestos como cortaríamos não de uma em uma, mas de
conjuntos de 6 em 6.
Os rapazes viram que era mais fácil, e olhei para as madeiras
finas ao fundo, e fui cortar algumas portas, algumas coisas básicas,
eu não havia visto ainda a modernidade, mas obvio que tinha.
Quando caminhei para a parte de ferragem, comecei a
separar parafusos, porcas e estruturas, eu comecei a prender as
peças, não seriam apenas peças soltas, eu não montaria mais nada,
se eles queriam fazer longe dos olhos, ou pior, estragar longe dos
61
olhos, que tivessem uma chance, eu havia me desiludido do local,
não via a hora de terminar e ir embora.
Começo a ter saudade de casa, se fui ali atraído por algo,
começava a odiar ter voltado.
Se eles queriam me ver trabalhando, eu estava trabalhando,
quando cheguei a comida não havia chego e perguntei para o
senhor da carceragem se nem comida eu tinha direito?
O senhor viu que eu estava bravo, não sei o que pensou, mas
ficou obvio que ele também estranhava aquilo, mas se eles não
trouxessem, sabia que teria de ser rápido ali.
Eles não trouxeram, então eu apenas me encostei no fundo,
não pedi mais nada, as vezes tinha vontade de mijar no canto, para
ver se alguém reagia.
Os sonhos foram com minha mãe, se queriam que não tivesse
pena deles, eu não teria, muito menos pena de mim.

62
Acordo sedo, faço abdominal, teria de me manter firme, e
mesmo com os braços doidos, sem comer a três dias dali, resolvi
que iria para o enfrentamento.
As vezes não saber o que farão, me dá o caminho, as vezes,
me faz perder o foco, quando cheguei e todo material do dia
anterior não estava lá, apenas olhei o siri da direção e falo.
— Você não está facilitando.
Ele não respondeu.
— Querem mesmo o castelo, começo achar que não.
Eu vi a madeira imensa e olhei para o rapaz do primeiro dia e
fiz sinal de como iriamos cortar aquela madeira, cortamos no
sentido dos nós, foi mais difícil, mas o fizemos de ponta a ponta,
aquilo seria um salão imenso, estava na minha mente, depois
cortamos os pedaços que dariam para usar na escada, cortamos
então peças bem pequenas, e imensas, se queriam brincar de
quebra cabeça, eu estava montando um imenso na minha cabeça.
Vi que os rapazes foram e vi que tinha um lugar a mais para
fazer as coisas, e vi um humano, pensei que eles não existiam por
ali.
O senhor me olhou e perguntou.
— Quem é você?
— A criança que a Rainha resolveu que lhe deve um castelo.
O senhor olha desconfiado e fala.
— Mas me mostraram uma maquete bem elaborada.

63
— De que adianta algo como aquilo, se eles não ouvem o que
falo, nem falam comigo.
— Aqui fazemos a parte da ferraria, não sei quanto tempo
estou fora de casa.
— Está aqui a quantos dias?
— Desde um dia de uma onda forte, parece uma eternidade.
— O mesmo dia que vim a primeira vez, talvez você tenha
sido o motivo da Rainha ter me jogado fora.
— Você que a deu o castelo que ela reclama, mas não sai de
lá. Dizem que ela fica lá se penteando por muito tempo.
— Tenho quase certeza que sei onde ela fica o dia inteiro.
— Como saberia?
Não respondi, mas um espelho era algo que não tinha ali, e
olhei o senhor.
— O que tenho de fazer aqui?
— Tem as ligas, elas chegam em placas, e transformamos em
pequenas dobradiças.
— Acha que eles não tem isto em outro lugar? – Perguntei.
— Eles parecem na era da pedra.
Me calei, olhei aquele senhor fazer umas peças rusticas, mas
se estavam me mostrando o senhor, pensando que eu dividiria com
ele algo, não entenderam como eu penso, eu não vi mais Mic, então
o me colocarem diante deste senhor, era algo para que ele
soubesse o que faria.
Fiquei esperando as perguntas, e quando ele perguntou.
— Você que está fazendo as peças que eles levam para o lado
do castelo?
— Eles vão ter trabalho para construir algo com aquilo.
O senhor me olha desconfiado.
— Esta enrolando eles, assim não vão o libertar.
— Eles não pretendem me libertar, qual a diferença.
— Mas e se proporem lhe soltar?
— Eles não o farão.
— Porque acha isto?

64
— Eles não acham que eu vá construir o castelo, pois eles noa
me dão de comer, não me dão agua, não estão nem ai se eu morrer,
vejo por suas roupas, que as lavam, até lhe dão estrutura própria,
isto parece uma casa, eu eles querem que morra, então porque os
dar algo, se eles me querem morto.
Eu estava jogando com as palavras, mas o senhor não parecia
interessado, mas sempre ouvindo.
— Realmente não parece bem.
— Febre a 3 dias, e sabe que para sentir frio aqui, tem de ser
alta a febre.
— E não vai reclamar.
— Para quem, eu vou do local de trabalho para a cela, da cela
para o local de trabalho, hoje é aqui o trabalho, amanhã, na
pedreira provavelmente, depois, na área de cerra, mas o que faz
aqui?
— Acho que está reclamando demais.
Sorri, olhei para ele e perguntei de novo.
— O que faz aqui, pois estas peças são horríveis.
— Eles tem um bom forno, mas não sei o que fazer com ele.
Olho o forno e olho aquelas formas, lembro de quando visitei
uma fábrica de vidros a poucos meses com o colégio, aquilo não era
para fazer ferro, era algo para vidro.
Peguei um balde, fui a parte externa e peguei uma
quantidade de areia, coloquei num recipiente que parecia ser de
ferro fundido, e coloquei no fogo, aquilo veio avermelhado de
dentro, estiquei na forma e com ela bem quente, jogo agua em
cima, o senhor olha aquele vidro translucido e pergunta.
— Mas quantos anos você tem, sabe fazer vidro.
Não falei nada, fiz uma soma de mais de 30 placas de um
metro e olho para os pedaços de latas de refrigerante, amassadas
do lado de fora, tive de recortar em pedaços e coloquei naquele
recipiente para se derreter coisas, pois sabia que apenas lenha não
faria um forno quente daqueles, enquanto derretia, olho para as
paredes, e olho para o senhor, chego a uma soma de pequenas
formas e pergunto.

65
— Para que eles usam isto?
— Não tenho ideia.
Eu ajeitei as formas e quando o liquido saiu do forno, eu fui
colocando nas formas, teria de esfriar, o que sobrou estiquei em
outra forma, bem fina, e o senhor viu que era uma placa metálica,
ele não entendeu, mas o vidro estava quente para tocar ainda, as
peças estavam ali ainda quentes, então esperei o siri me levar
embora, eu cheguei a cela novamente.
Olho o senhor, eu não sabia o nome dele, aquele tratamento
apenas por senhor me parecia estranho.
— Consegue aquele material de novo?
— Não iria parar de ajudar?
— Eles não vão entender mesmo.
Eu passei um tempo refazendo e o senhor me olhou.
— Estava apenas montando a base antes.

— Eu não havia entendido nada, e as vezes acho que ajo


melhor sem tentar lhes entender, nunca entendo mesmo.
Eu deixei a maquete ali montada e me deitei, eu olhava a
maquete quando aqueles seres entraram, eu não falei, eles me
olham olhando a maquete, o senhor que cuidava ali, não falou nada,
eles foram lá sem ele ligar, então eles deveriam acompanhar ao
66
longe e viram que mudei os prospectos, não sei o que eles
pensaram, mas o andar inferior estava com todas as paredes, então
era montar ela e reproduzir para cima, com certeza eles olharam as
peças superiores e pensaram que era o que havia criado aquele dia,
mas eu queria eles se batendo, se me perguntassem falaria, mas na
minha cabeça, eu testei os siris, e eles falam minha língua, então
estes senhores não falam se não quiserem, tinha até os intervalos
das portas, mas com certeza, eles não entenderam muita coisa, eu
vi na forma que me olhavam, eles talvez tivessem duvidas e não
queriam perguntar.
Eu era a criança, o senhor naquela siderurgia básica, era o
adulto, os seres a minha frente, adultos, lembrei do que o senhor da
cela falou, ele não deveria saber do outro ser, mas com certeza,
pelo que me lembrei, o ser sabia de mim.
Eles levaram a maquete, mesmo me olhando como se
tivessem medo que eu falasse que não.
O senhor chega a fresta dos palitos de sorvete e pergunta.
— Eles as vezes parecem ter medo de você.
— Você nunca viu o outro humano?
— Que humano?
— O que está morando na siderurgia.
—Está falando sério que tem outro humano lá?
— Sim, que veio para cá na mesma data que eu a primeira
vez, ele tem regalias, como banho, roupa limpa, comida, um
estoque de água, ele não tem a obrigação do castelo, e eu, sim.
— Continua achando que estamos mentindo?
— Não, começo achar que vou morrer aqui.
Sentei ao fundo, fechei os olhos, e apenas relaxei o corpo.

67
Acordei com alguém me mexendo e olhei aquele ser me
olhando.
— Algum problema? – Eu não conhecia o ser e ele recuou.
— Vim ver se estava bem, falaram que você falou em morte,
não o queremos morto.
— Não se preocupe comigo ser, apenas estava dormindo.
— Tem alguém ai querendo lhe falar.
Olhei para fora, era Mic, e ela desviou o olhar, entendi que
eles a proibiram de falar comigo e ouvi.
— Senhor, gostaria de deixar uma coisas clara.
— Não precisa moça, eu entendi, tem muito fofoqueiro em
volta, gente que me quer morto, mas não se preocupe, a rainha terá
seu castelo, pela qualidade dos que a servem, pelo medo dos que a
servem, um dia ela morre dormindo, pois o castelo caiu em sua
cabeça, mas não precisa deixar nada claro... – parei a frase – moça,
pois eles não precisam ouvir isto, e você não precisa materializar
isto em palavras.
Ela me olha e apenas tenta não sorri, ela sai e o ser que veio
ver se eu estava bem, fala.
— A rainha vem mais tarde, recomendamos um banho.
— Se para viver não tenho este direito, que ela veja como
sou, não como ela quer que eu esteja.
— Ela vai ficar brava.
— Se a ordem foi dela, que veja o resultado, se não foi, que
alguém seja jogado a arrebentação.
68
— Não sabe o que está falando.
— Não, aquela comida hoje, tudo limpo do lado de fora, tudo
maravilhoso para ela não sentir suas ordens, eu estou bem assim, e
ainda tenho de trabalhar para merecer aquela comida senhor.
Ele não gostou, o rapaz da carceragem me olha e fala.
— Vai sobrar para mim, não tem consideração.
— A mesma que demonstram por mim, se posso passar
apuros, todos a volta também podem, até a rainha.
Ele olha para os siris e me vê sair para o trabalho, ele iria
arrumar o lugar, não tinha entendido o que estava acontecendo,
mas vi que me mandaram para a siderurgia, o senhor me olhava, e
perguntou.
— Não lhe deram um banho?
— A rainha não precisa de dois cheirosos.
— Não fale isto, ela é nojenta.
— Imagino, mas o que tenho de fazer aqui hoje?
O senhor me olha e pergunta.
— Não sei como você fez, tentei fazer o mesmo e não
funcionou.
Ele apontou os vidros, mas eu não estava interessado nos
vidros, vi que as peças em alumínio ainda estavam nas formas, eu as
bati e tirei a parte interna da dobradiça, encaixei uma na outra e
coloquei o prego no meio, vi o senhor me olhando e perguntar.
— Quer dizer que sabe fazer algo mais bonito?
— Não estou preocupado com o bonito, mas com o firme,
portas que rangem deve ser algo triste em uma casa.
— E fez como se soubesse?
Peguei a película fina do dia anterior, coloquei atrás do vidro
fixei as quatro pontas com aquele metal fácil de torcer, e o senhor
viu aquele imenso espelho, e falou.
— Pensei que estava pensando em vidros para janelas.
Não respondi, e voltei a perguntar.
— Mas o que eles querem que eu faça aqui senhor?
— Os vidros.

69
Olhei que o senhor tentou fazer os vidros, mas não deixou
derreter bem, se via a areia dentro do mesmo.
Sorri, eu não achava aquilo difícil, apenas não gostava da
forma que eles me tratavam, ou tentavam me mostrar que eu era
um empregado da rainha, talvez eles não entendessem que meu
tempo estava passando, e que se eles não me dessem motivação,
não sairia da minha mente o projeto.
Peguei a areia do lado de fora, obvio que peguei a mais rala, e
coloquei para esquentar, pego uma quantia de alumínio e coloco lá
da mesma forma, enquanto isto fui olhando as demais formas, e
olho para um canudo de sopro, espero ficar bem laranja e pegou
apenas um pedaço daquilo, coloco na bancada coloco o cano dentro
e começo a soprar, aquilo começa a crescer, eu apenas fiz uma serie
de garrafas, pequenas, e olhei para o senhor.
— Melhor não tocar antes de esfriar, isto aparenta frio, mas
está bem quente.
O senhor viu que eu estava fazendo os vidros, e parecia me
olhar como se querendo me perguntar algo.
Eu fiz uma bola maior, e peguei um pouco do liquido de
alumínio e escorri por dentro do cano, com uma luva apenas fiz
aquilo escorrer em todas as paredes e vi aquela bola, parecia uma
bolinha imensa de arvore de natal, lembrei-me da mãe arrumando a
arvore, acho que fiquei olhando para a bola e o senhor falou.
— Tem saudades de casa, está em sua forma de olhar a bola
de natal.
Eu apenas olhei o senhor e não falei nada, estiquei algumas
partes finas daquele vidro nas formas e estiquei as películas na
parte das costas, enchi as formas das dobradiças novamente, e olhei
para um ser entrar pela porta e falar naquela língua de ic nic com o
senhor que me olha.
— Pelo jeito não sabe falar isto.
— Nem quero aprender.
— A rainha quer algo de mim, não sei o que fez menino.
— Não seja cômico senhor.
O senhor me olha como se eu tivesse falado algo, que lhe
colocava como quem sabia das coisas e fala.
70
— Sei que está pensando besteira, mas a rainha é uma pessoa
boa. Mas não tenho nada com ela.
— Não tenho haver com isto senhor.
Eu sabia que ele tinha algo, sabia que alguém de dentro do
palácio, não poderia falar comigo, porque algo acontecia lá que não
poderia saber, mas no fundo, achava que era tudo para me tirar do
sério, então vi o senhor sair, eu enchi todos os locais daquela casa,
com formas preenchidas, era para atrapalhar mesmo.
Depois de um tempo vi os siris chegando e vi que eles me
levaram para a região da cerra de madeira, os rapazes pareciam
agradecidos pelo que eu fazia ali, não entendia, mas era como se
eles estivessem sendo reconhecidos por aquele trabalho, talvez o
não falar aquele ic nic poderia ser parte do meu problema.
Ou melhor, talvez o não saber, fosse algo bom para mim.
Eu fiz muita força, eu estava fedendo a suor quando fui
levado a cela, a comida estava lá, mas deixei para depois, coloquei
no fundo, para não chocar a Rainha, e vi os assessores dela
chegarem, verificarem o lugar, vi que eles me olharam com nojo.
Vi a rainha chegar e apenas me olhar.
— Mandei lhe lavar, não me obedecem mais?
Olhei ao chão e falei.
— Boa noite Rainha Wave, mas eles não tiveram tempo,
acabo de chegar da área de Cerra, atrasamos, pois a peça era
grande.
— Mas deveria ter feito a Siderurgia hoje.
— Fiz pela manhã.
— Com respeito é melhor, mas tem de entender, diante da
rainha, os súditos tem de estar bem apresentados.
— Eu deixo isto para os súditos senhora, eu não pretendo
viver muito aqui, se sair sai, se não, morro, mas não serei súdito de
quem não respeita seu povo, me ignorar, judiar, inventar, tudo
bem, pois o que um humano fedido pode querer, mas seu povo,
merecia uma rainha melhor.
Vi o ódio nos olhos dela e ela falou.

71
— Sabe que darei minha irmã em casamento aquele humano,
pois ela andou falando com você?
—Sinal que nem a família você respeita, mais um motivo para
morrer e não ser seu súdito.
Eu ouvia os cochichos em ic nic e falei.
— Inic ec fec tec, nac acat ic! – Olhando os demais, a senhora
me olha e os demais ficam quietos.
— Você já fala nossa língua?
— Não mais de trezentas palavras, mas estes seus assessores
são fofoqueiros demais, gente que sei deve respeitar, mas estranho
uma rainha que respeita fofoqueiros, e não respeita a família.
Ela fala brava algo tão rápido que não entendi e sai furiosa,
eu não sorri, entendi que ela se ofendia mais com sorrisos que com
palavrões, e se querem saber o que falei, lhes desafio a vir a este
buraco e aprender.
Eu sentei ao canto e comi aquela gororoba, o senhor da cela
olha para mim e fala.
— Tens coragem, não entendi o problema?
— Amanhã eu descido.
Eu comi e com o estomago cheio tive sono.

72
Eu acordei com alguém me chutando, era o siri, ainda estava
escuro do lado de fora, obvio que eles me fariam trabalhar mais, e
apenas levantei, sai e nem olhei para o senhor da cela, vi que fui
levado a casa da Siderurgia, o senhor me olha como se tivesse tido
um prêmio e me fala.
— Não sei o que fez, mas acho que vou me dar bem agora.
Eu peguei o ferro e deixei no fogo, fui e pequei areia, e olhei
para o senhor e falei sério.
Eu estava com o ferro a mão e falei.
— Que humano faz o que está fazendo senhor?
— Agora terei um cargo.
Eu encosto o ferro entre es pernas dele, ele se estiva e eu falo
calmamente.
— Tem certeza que me quer como inimigo senhor?
— Eu não fiz nada contra você.
— Tem certeza. – Eu ergui o ferro um pouco mais, ele sabia
que se não baixasse o ferro ele não teria como não se queimar.
— Tem de entender, existem princesas, a rainha me ofereceu
uma companheira, ela escolheu uma, ela falou que vai me
apresentar a ela hoje.
— O que fez para merecer isto senhor?
— Eles queriam alguém que lhes fornecesse peças, eu o fiz.
— Isto não geraria isto, suas peças são muito ruins.
— Baixa isto.

73
Eu ergui um pouco e ele fica a ponta dos pés, ele se segura a
parede do fundo.
— Estou esperando?
— Quando chegou aquele castelo novo, eu expliquei para a
rainha o que eram cada uma das peças, como os humanos viviam
em coisas como aquilo.
— A verdade?
— Eu vi quando você voltou, eu a convenci que poderia
construir o castelo se você fizesse as peças.
— Então vou lhe falar apenas umas coisas senhor, e melhor
levar a sério, se você tocar em Mic, eu lhe capo, acha que tenho
medo de um pescador que não sabe fazer um prego, acha?
— Quem é Mic?
— A princesa que a rainha quer lhe apresentar, toca nela, e
lhe capo, você vai acordar capado, pois nem me verá chegar senhor,
entendeu?
— Não pode me ameaçar, não vou recuar.
Frase errada, pensei eu e ergui o ferro, não deu dois minutos,
estava entrando seguranças pela porta, o senhor estava se torcendo
ao chão de dor e olho os seguranças.
— Algum problema?
— O que ele tem?
— Sei lá, não vou perguntar o que ele e a rainha fizeram
sozinhos hoje não, e não vou falar para ela que ele está reclamando,
sei que ela já me odeia naturalmente.
— Você é desbocado.
— E vocês covardes, bons em grupo, sozinhos, covardes.
O segurança me olha com raiva.
— Reação aos olhos, mas somem, deixa ele sofrer, e pode
dizer para a rainha, que todos, todos mesmo, que chegarem perto
de Mic, vão sentir a mesma dor.
O segurança olha assustado, e olha.
— Se ele se atreveu achegar perto de uma princesa, merece a
dor.
— Concordo.
74
Os seguranças saíram e o senhor estava com ódio nos olhos.
— Ferra com uma criança, se acha homem, que saiba viver
sem usar o que tem entre as pernas, para aprender.
— Eu lhe mato.
— Me faz este favor, to de saco cheio deste lugar.
Vi os siris chegando, e fui a próxima parada, obvio que
ninguém estava entendendo os meus pensamentos, mas começo
achar que não vou voltar mesmo, antes era delírio, agora, uma
convicção.
O siri me olha e aponta a pilha e fala em ic nic, para que eu
não entenda que a pilha inteira era minha naquele dia.
— Posso escolher as ferramentas?
Ele sacudiu a cabeça, eu vou a parte interna e pegou uma
espécie de motosserra, nunca usara uma, eu a ligo, era bem longa,
ela tinha uma ponta de encaixe, olho que existia um pedestal de
trabalho e chego a pedra, passo num sentido, dava apenas a
distância de uma distância, mas eu passei por toda a rocha, depois
mudei de sentido e fui destacando cada rocha, as fui colocando em
uma pilha, pareceu rápido demais fazer daquela forma, e vi quando
a rainha chega ao local, pelo jeito perguntaram para onde me
mandar agora, ela mandou eu cortar a pedreira ao fundo e a olho e
falo.
— Boa Tarde Rainha Wave.
— Acha que vou mudar de ideia porque transformou aquele
traste em mais inútil.
— Não, quero o dar um motivo, para me odiar, sei que
humanos são de gerar ódios, e matam por estes ódios, não posso
obrigar uma irmã, privilegiada, apenas por ter nascido antes, olhar
para o lado, para seu povo, mas para justificar seus atos, cria
problemas onde não tem, você não é Wave, rainha, teria de nos
deixar a chamar de Wavelia, pois ondas, são seres do bem, são
energias do bem, uma onda que tem ódio de quem sorri, de quem é
alegre, tem de negar este nome.
— Prendam ele na corrente.
Gargalhei nesta hora, ela me olha mais indignada.
— Você vai sofrer por esta petulância.
75
— Boa tarde Rainha Wavelia. – Falei a olhando, seguindo a
regra, falar o nome no começo e no fim.
Eles me colocaram na cela, preso a parede, sei que os braços
e pernas iriam começar a reclamar, mas estava transformando tudo
ali em ódio, sabia que a rainha não tinha seu castelo, eu levei sorte,
eu projetei algo que todas aquelas pedras, dava para no máximo
metade do castelo.
Mesmo quando no fim daquele dia, jogaram aquele senhor
na mesma cela, eu sorri.
Ele me olha e fala ainda furioso.
— Acha que não lhe mato apenas por estar na parede preso?
— Estou esperando covarde.
O senhor veio para meu lado, ele tinha um metal a mão, senti
quando ele enfiou aquilo em meu estomago, senti a dor, senti o
gosto de sangue a boca, olhei aquele senhor, ele realmente estava
com ódio, minha mão ficou turva, e a fechei.
Na minha mente veio minha mãe, meu pai, a saudade de
casa, senti o gosto de sangue na boca, e desacordei.

76
Acordo com a dor, olho em volta, estranho saber que estava
em um hospital humano, pelo cheiro, não entendi como fui parar
ali, mas olha aquela senhora entrar, assustada, e vi que era minha
mãe, estranho pois não sei como acabei ali, mas estava entubado,
com as mãos presas, não era para me mexer e ao mesmo tempo,
parecia querer sair dali.
Estranho que o gosto de sangue ainda estava a boca, será que
foi um sonho, eu sonhei novamente?
As vezes queria que as coisas voltassem ao normal, mas não
assim, eu queria respeito nem que nos meus sonhos.
Eu senti a dor e pensei comigo vendo minha mãe falar com o
médico, e ouço.
— Uma moça viu ele esfaqueado a agua, e chamou ajuda, a
moça está ali fora preocupada, mas os pescadores tiraram ele da
agua com calma e chamara a ambulância, não sei com o que ele foi
cortado senhora.
— Como ele está?
— Ainda imobilizado, mas foi apenas um susto, não pegou em
nada importante, tivemos de fechar o intestino, parece que uma
espécie de alga, fechou o lugar e não permitiu que ele perdesse
tanto sangue, estamos ainda estudando o caso.
— Mas ele corre perigo?
— Ele foi atendido a tempo, agora é com ele senhora, a
recuperação é com ele.
Eu olhei a porta e vi aquela moça me olhando, eu parei
naquela imagem, quem era?
77
Olhei para ela com dificuldade e perguntei meio encantado
com aquela forma humana.
— Mic?
Ela me olha ainda assustada, mas sorri, vi que minha mãe
olha a moça e fala.
— Você que o achou?
Ela não respondeu, apenas balançou a cabeça.
— Obrigado por ele.
Ela não falou nada, saiu pela porta, e minha mãe chega ao
lado da cama e fala.
— Esta praia já foi mais segura.
Eu estava amarrado para não me mexer, mas sentia como se
estivesse diferente, e estava entre humanos novamente.
As vezes queremos ajudar, e nada do que fazemos ajuda de
verdade, então estar ali, mesmo tendo passado dor, era algo que
me fez relaxar.
O remédio me fez dormir, foram mais três dias para ter alta,
os médicos me deram muitas recomendações, toda manhã, eu
olhava a porta e Mic passou ali para ver se estava bem, não sabia se
teria de voltar, mas a única coisa que me prendia a aquele lugar, era
aquele sorriso, que como humana, era o mais bonito que vi.
— O que tem com aquela moça? – Pergunta minha mãe.
— Nada, apenas alguém que faz parte daquelas histórias
malucas que conto para as crianças enquanto monto o castelo.
— Mas aquilo é faz de conta.
— Sim, Mic é para muitos, um faz de conta mãe, mas de
alguma forma, não entendi ainda como, ela apareceu lá para me
tirarem da agua, eu pensei que somente eu a visse.
Minha mãe me olha e fala.
— Tem certeza que está bem para ir para casa.
— Não sei, mas se os médicos dizem que sim, vou.
Ela sorri e fomos para casa, uma comidinha caseira, me fez
pensar, pois não consegui comer a casquinha de siri, olhei o
camarão que sempre amai e deixei de lado, comi a verdura, e fiquei
a mastigar o arroz com feijão olhando para a comida, meu pai
78
chegou naquela noite, me perguntou se estava bem, e apenas
recebi o abraço, por dentro, queria viver algo diferente, mas era
hora de ficar entre os humanos um pouco.
Eu sabia que o tempo estava correndo, cada dia fora era 25
dias lá, eu queria saber o que estava acontecendo.

79
Estava a dois dias em casa, quando olho as notícias no jornal
do meio dia, e um senhor, sumido a alguns dias, surge morto a
praia.
O repórter fala que ele parecia ter sido mordido por muitos
peixes, estava irreconhecível, mas eu lembrei daquele rosto, dizem
que lembramos apenas de quem nos faz mal, não de quem
prejudicamos.
Minha mãe me olha e pergunta.
— O que lhe interessa este crime filho?
— Melhor não falar mãe.
— O que esconde de mim.
— Mãe, apenas esquece, eu não sei se foi este senhor, mas
ele se parece muito com quem me esfaqueou.
Vi que minha mãe olhou para a imagem e falou.
— Pelo jeito ele pegou alguém maior que ele.
Me calei, estava a olhar a TV, estava olhando para ela quando
ouvi minha mãe gritar.
Eu olhei pensando que ela tinha se cortado, ou algo assim,
mas pela porta da cozinha, entrava um imenso siri de lado, ela me
olha e fala.
— Se afasta filho, temos de sair.
Eu me levantei e olhei para fora e perguntei.
— Perdido por aqui segurança?
Minha mãe me olha e ouço aquele som de ic nic e falo.
— Não, ela não está aqui, porque estaria?
80
— A rainha a procura desde o dia que lhe colocamos para
fora, e parecia quase morto.
— Ela não voltou?
— Não.
— Se querem olhar, apenas não façam bagunça, mas não tem
ninguém escondida na casa.
Minha mãe me olha e fala.
— Quem eles procuram?
— Mic.
O ser olha para mim e pergunta.
— Como sua mãe a conheceria?
— Quando no hospital ela apareceu lá, mas pensei que ela
havia voltado para Wave.
Os seres fazem um barulho entre eles e saem pela porta,
minha mãe viu eles tomando uma forma quase humana, voltando
pela rua.
— Não me contou toda a história.
— Quem acreditaria mãe?
Ela olha os seres se afastando e fala.
— Ninguém.
Eu olhei o curativo e olhei para minha mãe e falei.
— Eu volto ainda hoje.
— Não está bem para isto filho.
— Eu volto.
Eu sai pela porta e fale alto.
— Eu ajudo.
O ser olha para mim e fala.
— Sabe que a rainha está furiosa com você.
— Sou culpado pelo que?
— Ter morrido, ela acha que a irmã se afastou por este
motivo.
— E porque ela teria raiva de mim.

81
— Algo sobre um humano ter dito que ela não era uma boa
rainha, ela não conseguia olhar nem para as irmãs, a família com
respeito, como respeitaria alguém.
— Duvido que alguém tenha ouvido isto dela?
O ser olha para mim e fala.
— Verdade.
Fomos a região do hospital, e olhei em volta, ela deveria estar
por perto, os seguranças forma caminhando quadra a quadra até o
mar, eu fiquei ali a olhar em volta e vi aqueles olhos me fitarem.
— O que aconteceu Mic, não voltou.
— Não quero uma relação ajeitada, mas és uma criança aqui
ainda.
— Mas tem vivido como?
— Não se preocupe com detalhes pequenos.
— Vamos, volto com você.
— Mas lá você é um prisioneiro.
— Não é a prisão que me afasta de lá Mic, sabe disto.
— Sei, minha irmã tem interesse em você, não pode voltar.
— Acho que não entendeu Mic, ela tem interesse em um
castelo, não em mim.
— Mas você a desafiou, e é o único vivo que a desafiou, ela
não o matou.
— Ela matou quantos?
— Verdade, ela não mata, ela induz alguém a matar, mas ela
ficou uma fúria quando você me defendeu, ela nunca fora
defendida por nenhum pretendente.
— Vamos antes que mude de ideia.
Eu estiquei a mão para ela, ela parecia temente a isto e falei.
— Ela acha que eu morri, ela mandou verificar, pois você não
voltou, na mente dela, fugimos juntos.
— Eu fugi para seu mundo, vocês desperdiçam muita comida
boa no seu mundo.
Apenas apertei a mão dela e começamos a andar, os
seguranças me viram chegando de mãos dadas com ela e ele falou.

82
— Não pode segurar a mão da princesa.
— Se não quer que ela volte, retornamos ao ponto que
estávamos. – Falei olhando o ser.
— Mas a rainha vai ficar furiosa, ela acha que vocês fugiram
juntos.
— Quem sabe aconteça, não sabia que ela estava por aqui.
O siri me olha e continuamos a caminhar, ela me segura a
mão firme e fala.
— Ela vai lhe judiar de novo.
— Eu não entendi ainda o que ela quer, sabe que sou uma
criança, ainda não pretendia me envolver eternamente.
— Você não sabe o que é Eternamente.
Sorri, realmente eu não sabia, mas ela retribuiu o sorriso,
chegamos ao ponto, não si o que as pessoas a praia pensaram,
aquele grupo de 20 pessoas, chegando a um ponto e afundando,
prendi a respiração e senti o escuro, ainda segurava a mão dela
quando cai ao chão de pé, as costas, os siris se transformando.
Vi que Mic foi a um canto e pegou dois óculos, e me alcançou
um.
— Agora entendo porque sentia calor, seu mundo é frio.
— Frio e escuro. – Respondi.
— Sim, frio e escuro.
Estávamos ainda de mãos dadas, ela puxou a mão e a segurei
e perguntei.
— Pelo jeito isto é uma intimidade em seu reino.
— Sim, mãos dadas á algo obsceno em meu mundo.
Ela puxou a mão e a deixei afastar, ela olha para mim, sorri e
fala.
— Porque aqui parece mais velho?
— Não sei, não me olhei no espelho aqui.
Começamos a caminhar e chegamos a entrada do castelo,
conhecia aquela castelo, mas eu não poderia entrar, então dois
seguranças a acompanham a parte interna.
Outro as minhas costas fala.

83
— Acha que vai agora ou espera a rainha lhe prender?
— Espero para ver se está tudo bem.
Fiquei ali um tempo e vi os seguranças trazerem uma
princesa, muito parecida com Mic, acorrentada, o segurança me
olha e fala.
— Não se mete.
— Qual a ordem da rainha segurança? – Perguntei para ele.
— Ela foi condenada a morte. - A rainha fala a porta.
Eu olhei para o segurança, e perguntei de novo.
— Qual a ordem da rainha segurança?
— Ouviu ela falar.
— Foi a meu mundo, pediu minha ajuda, para a matar, tem
coragem de se designar um segurança, um carrasco no máximo.
— Acha que me ofendo depois do que vi em seu mundo.
Olhei para a moça e falei chegando perto, sabia que me
barrariam.
— Acabo de lhe trair Mic, mas saiba, ela lhe quer morta, não
porque fugiu, e sim porque sabe sorrir, porque sabe amar, porque
sabe sentir, por mais que ela grite absurdos, não esquece, ela lhe
quer morta por ciúmes, e não tema, nem tudo acaba neste mundo,
mesmo que uma rainha afirme que sim.
Eu estava os distraindo com palavra olhei para as mãos da
Princesa, coloquei as minhas para trás e fale alto.
— Mas não esquece, eu voltei por Mic, achei que era o
melhor, meu mundo não é para pessoas puras, ele é cruel, o
segurança se faz de indignado, mas eu não matei o senhor humano,
ele sim, sobre ordens da sua irmã, mas agradeço, por ter deixado
lhe olhar como você é mais uma vez. – Eu olhei para a porta do
castelo, procurando algo, e não vi, não sabia o que estava
acontecendo, mas tinha de me posicionar.
Ela sorri e os seguranças me afastam e ouço.
— Prendam este humano, vamos ter uma execução pública.
Sorri e falei alto.
— Morro, mas sei o que é ser querido, amado e respeitado,
você ordena, lhe temem rainha, mas o que falei, matando sua irmã,
84
só vai pesar em você, cada dia, cada hora, como alguém falou, eu
não sei e não saberei o que é eternidade.
A senhora me olha indignada, mas na porta existiam outras,
que pareciam contrariadas e com medo.
— Espero que não mate a todas, por que elas sabem ser
felizes, e você, é triste e invejosa rainha Wavelia.
Todos poderia se fazer de surdos, mas tinham ouvido, eu não
dei alternativa, eu ofendia a rainha em público.
Fui preso, quando o senhor da cadeia me viu ali, pareceu
sorrir, mas quando colocaram a princesa na cela ao lado, ele
entendeu tudo errado.
Sei que devem achar que estou com a razão, mas na
educação deles, somente o pretendente pode dar a mão a princesa,
mas quem escolhe os pretendentes da princesa, é a rainha.
— Você desonrou nosso reino, agora entendi a raiva da
rainha.
Não respondi, fui a divisa e olhei a moça e perguntei.
— Onde está Mic? Ela está bem?
A moça me olha e fala.
— Sabia que não era ela?
— Sim, vocês são bem diferentes.
— Ela deve ter achado que não percebeu.
— Acho que ela não é tão tola assim, mas vai morrer apenas
porque sua irmã mandou?
— Ela nos tem sobre rédeas e controle, ela nos dá o caminho,
ela nos estabelece por que viela devemos passar, ela é quase tudo
em nossas vidas, a devemos nossas vidas.
— Se soubesse disto, não teria voltado com Mic, a convenci a
voltar, e vocês não respeitam nada mesmo.
— A rainha disse que você não saberia a diferenciar.
— Sou acusado de algo que não fiz, pois nunca faltei com o
respeito com este lugar, posso ter ignorado as regras, mas não
faltei, quer dizer, um dia eu estava maluco, pode ter sido, mas em
sã consciência não o fiz, então morro, como um dia este reino

85
deixará de existir, não porque seja ruim, apenas porque se nega a
“ser”, vocês “estão” aqui, mas não “são” um reino.
Eu me afastei e sentei ao fundo, o segurança a porta olha a
princesa, ele não pareceu saber a diferenciar, mas viu que eu a
diferenciava, na mente do segurança nos teriam de ter tido
intimidades, nos viu de mãos dadas, mas somente longe dali.
Eu apenas sentei, estava pronto, mas não sabia o que
esperar, as vezes não queria acreditar na verdade, eles tem uma
rainha, que não tem dom para ser rainha, então ela vira carrasca,
alguém assim, se não tiver como gerar uma herdeira, vai acabar
com o reino.
Eu estava no escuro da cela, para meus olhos era o melhor
lugar e ouvi o segurança falar.
— Pensei que era a princesa que havia fugido.
— O que aconteceu segurança?
— Fomos a casa dele, ele estava lá apenas com a sua mãe, ele
não estava com ela em casa, entramos na casa para verificar,
ficamos olhando um tempo, mas como não tinha sinal e nem cheiro
dela lá, entramos, ela não estava morando com ele.
— Seria um desatino se tivesse.
— Ele se propôs a ajudar, ela não queria voltar, ele a
convenceu a voltar e voltamos, mas parece que a conversa na porta
do castelo não foi para a rainha ouvir, foi para alguém que achava
estar ali a frente dele.
— Nunca tivemos a morte de uma princesa.
— Lá ele é uma criança, aqui que ele parece um adulto, ele
não parece ter idade de adulto lá.
— O que quer dizer?
— Ele a deu a mão lá, para que ela voltasse.
— Um desatino. – O senhor da cadeia.
— Não entendeu senhor, lá parecia que era mãe e filho, aqui
que olhamos ele como adulto.
Eu ao fundo ouvia aquilo, a própria princesa ao lado ouvia
isto, ela me olha e pergunta.
— Mas disse que voltou para a olhar como ela é.

86
— Somente neste seu mundo, seriamos algo, no meu, nunca
seriamos algo, ela mesmo me disse, no meu mundo sou uma
criança.
Vi os seguranças chegando, os que nem se atreveram a ir ao
meu mundo e vi a rainha chegar a entrada da cela.
— Acha que pode me ofender e fica em pune.
— Boa tarde Rainha Wave. – Falei para ela depois não dizer
que não obedecia as regras que não fazem sentido. – Sabe o que
está fazendo, ou não tem coragem de pedir o que quer?
Ela me olha desconfiada.
— Acha que quero algo?
— Mandou verificar se eu estava vivo, antes de qualquer
coisa, mas porque matar o senhor da cabana?
— Um imprestável, mas como sabe quem matou o senhor,
como sabe?
— Pescadores as vezes só sabem pescar rainha, queria dele
algo que ele nunca pensou fazer.
— Mas me anteciparam que em seu reino é uma criança, e
soube lidar com as coisas lá.
— Saber o básico, e saber que estão omitindo a parte
tecnológica do local, não precisava ser esperto para perceber, você
me operam a lazer, tirando a agua de meu pulmão, e querem me
convencer que estão a idade da pedra?
— Sabe por que vai morrer?
— Porque nasci, apenas por isto.
— Insiste em ser desbocado.
— Queria um ataque?
— Você vai morrer para que Mic veja você morrer.
— Certo, mas leve ela lá, pois uma irmã não a vai fazer sentir
nada dona rainha.
Ela olha para a irmã e fala.
— E como saberia que ela não é Mic?
— A senhora se acha parecida com Mic?
— Muito.

87
— Acha que o reino saberia diferenciar?
— O que quer dizer com isto?
— Acha que as duas em uma mesma roupa, sem a coroa e
sem a tatuagem de primeira a mão, os demais saberiam diferenciar
rainha?
— Acredita que não?
— Acredito que alguns a reconheceriam se falasse, sua voz é
mais firme, mas se as mantivesse em silencio, seria difícil.
— E se atreve a dizer que não é Mic?
— Sabes que ela não é Mic, escolhesse alguém mais próxima
do nascimento, esta deve ser das mais jovens.
Sei que a rainha me olhou estranho.
— E me ofendeu da mesma forma?
— Eu não sei como ela está, você condenou uma irmã a
morte por algo que ela nem fez, sei que queria que tivesse pego na
mão dela em público, seria a confirmação, mas mãos, damos até
entre amigos humanos, mas ela teria de ouvir o que falei.
— E se ela não ouviu.
— Eu vim apenas ajudar rainha, ela voltou, porque fazer
escândalo, era só não provocar, eu estaria ou na prisão ou em casa.
— Acha mesmo que me importo com minhas irmãs?
— Se quer confessar isto a dois, tudo bem, em público rainha,
não recomendo.
— Eles me temem.
— Sim, foi o que falei, mas a pergunta continua, o que quer
rainha, pois não parece querer um castelo.
— Os meus mestres de obras não conseguem entender o que
você queria com aquelas maquetes.
— Quem manda não perguntarem?
— Eles não se rebaixariam.
— Então que sofram, mas eu não entraria no castelo se eles
não entenderam o básico.
Eu olhava a rainha pela fresta, sabia que ela estava intrigada,
talvez eu tenha feito tanta confusão que até eu tinha dúvida de
tudo que acontecera.
88
— E pelo jeito não está preocupado.
— Gente fofoqueira que não se presta a pensar, é como
gente que se diz inteligente, e se nega a discutir ideias.
— Acha que terminaria o castelo?
— O que ganho com isto rainha, ficar preso, ver você matar
uma irmã, o que ganho com isto, uma chacina no final, para que?
— Mesmo que o prometa algo, tem de saber, eu posso vir a
não cumprir nada.
Eu dei três passos para trás senti a parede e sentei.
— Então espero a minha execução.
— Ainda se acha importante, odeio gente arrogante rapaz.
— Boa tarde Rainha Wave.
Eu fechei os olhos, vi que tiraram a princesa da cela ao lado e
fiquei a pensar no que poderia ajudar.
Eu queria uma garantia para Mic, não para mim, fiquei
pensando se alguém que mataria uma irmã, apenas para ver outra
sofrer, merece ajuda, mas era obvio, todos me olhavam estranho.
Eu me olhava estranho.
Eu não desenhei, não rabisquei, não fiz nada naquela noite.
Eu olhei as correntes que estive preso a parede, cheguei a ela
e fiquei pensando se não era um desafio orquestrado, seriam tão
malucas a este ponto.
Meus pensamentos foram a Mic, ela não aparecera todos os
dias, apenas nos que estive no hospital, ela parecia me observar,
pois quando os seguranças se afastaram ela me tocou as costas.
Ela não parecia ter ficado muito tempo longe de casa, e ao
mesmo tempo, se eu fiquei 5 dias no hospital e mais 3 em casa, ela
estaria a mais de 200 dias fora de casa.
Às vezes eu queria acreditar naquilo que eu sentia, mas posso
ter sido novamente atraindo para lá.
Coloco os braços a parede e bato as algemas contra a parede
e fico seguro pelas mãos a mesma, estava pisando na estrutura que
deixava eu de pernas meio abertas, mas que com uma pequena
batida, travaram as duas pernas, eu deixo o corpo tender para
frente, e sinto o corpo esticado para frente, braços doidos.

89
Agora não teria mais saída, se queriam me soltar, que
soltassem, se não, talvez eu tivesse entendido tudo errado.
Eu adormeci pendurado.

90
Estava dormindo, quando sinto alguém me olhando, saberia
mais tarde que os siris ao fundo vieram me pegar para um dia de
trabalho, e tiveram de chamar um responsável do palácio, para
autorizar minha soltura.
O senhor me olhava, eu nem o encarei, fechei os olhos e
continuei ali, senti os braços bem dormentes, e ouvi aqueles estalos
bocais, cada dia mais claros, cada dia mais distantes.
Ele deve ter mandado me soltar, e senti o corpo ser recebido
pelo chão com toda a sua força.
O siri me empurra, eu não falei nada, o senhor da cela parecia
meio descontente de eu ter voltado, deveria ser bom não ter nada
para fazer o dia inteiro.
Eu cheguei ao local de trabalho e um grupo de pessoas me
olha, não sabia o que queriam, eu não estava no comando, então
apenas olhei eles.
Uma espécie de polvo, lembro de um destes do primeiro dia
ali me olha e fala.
— A rainha vai lhe dar uma chance de sair vivo.
— Ela não entendeu nada ontem?
— Ela não negocia com forasteiros, então ou ajuda e tem sua
liberdade, ou morre.
Eu coloquei as mãos na cabeça e olhei para o polvo e
perguntei.
— E como se ajuda, quem não quer ajuda?
O senhor me olha e pergunta.

91
— Ela lhe deu uma chance rapaz, vai discutir?
— Eu não sei o que vocês fizeram com todo o trabalho
anterior, para saber o que precisam, não sei se a rainha quer um
castelo de doía pisos ou apenas um.
Olhei em volta e falei mais alto ainda.
— O grupo a volta, já fez o suficiente de peças para estarem
erguendo o segundo piso, então não estou falando da rainha
senhor, estou falando de gente que nunca vi, mas que somem com
peças todo dia, e não sabemos o que eles fazem com elas.
Ficou evidente que o polvo a minha frente era um dos que
pegavam as peças quando ele grita.
— Acha que não sabemos o que estamos fazendo?
— Se está me mandando fazer, e não sei nem o que foi feito,
logico que não sabe, e se sabe, para que estaria aqui novamente.
— Para que a obra ande.
— Fiquei 200 dias fora, em 10 se montava o castelo, o que
estava fazendo senhor, dormindo?
Os ao fundo sabiam disto, então eu estava provocando, parei
de provocar os seguranças, me colocaram alguém a minha frente e
ele parecia não querer ceder.
— Acha que sai vivo se não ajudar.
— Eu estava esperando a minha execução, se vai me ameaçar
senhor sei lá oque, me devolve a parede, e não me perturba.
O senhor olha para os seguranças, o que ele estava pensando
não sabia, mas ele estava ficando vermelho.
Prendi a respiração e senti aquele jarro de tinta negra em
meu rosto, o ser esperava que eu entrasse em desespero, mas eu
apenas tirei a camisa, eu não sou de tirar a camisa em público,
estava ali na minha barriga a operação do pulmão e a marca a altura
do coração, limpei aquilo da minha cara e apenas voltei a colocar a
camisa toda manchada e visguenta.
Eu olhei aquele ser e o mesmo falou.
— Todos ao trabalho.
Ele saiu e olhei para o segurança e perguntei.
— Para onde eles mandam as peças?
92
— Para o lado do castelo.
— O que todos estão esperando?
— Que dê a ordem, para que se faça o castelo.
Eu olhei os rapazes e falei.
— Vamos organizar as coisas. – Eu caminhei até aquele local
onde na minha mente estava o castelo, eu olhei em volta e falei.
— Preciso de alguém abrindo um buraco bem aqui, e uma
vala que corra até um outro buraco – Desci um desnível e risquei o
chão – Até um buraco neste ponto.
Dois seres estranhos se apresentaram, vi que com 6 braços
eles iriam acabar aquilo rápido.
Voltei para cima e falei.
— Isto é um topo de alguma antiga pedreira, então vamos
fazer o seguinte – risquei todas as extremidades de onde iria fazer
algo e falei.
— Se puderem limpar a parte interna e deixar o mais plano
possível – olhei ao longe – e começarem a erguer as paredes nestes
pontos – Risquei os pontos.
Um grupo começa a fazer o que pedi, e olhei os demais.
— Vamos lá ver o que temos de material, e começar a
desmontar para trazer para cá.
O segurança viu que iriamos conseguir confusão e fala.
— Não tem autorização para pegar as peças lá.
— Então me leva para a prisão, se não querem que trabalhe,
não me perturbem.
Um ao fundo fez sinal para nos deixar ir, eles foram mais ao
fundo, vi que parte das peças tinham sido dispostas no chão, e olhei
para as encostadas a parede, as pequenas eles nem sabiam para
que servia, então ficaram ali encostadas.
— Levem as pequenas primeiro.
Olhei um rapaz e perguntei.
— Sabe dirigir este veículo?
Ele sacudiu a cabeça e falei.
— Encosta junto a parede e vamos pôr as peças maiores
sobre ele.
93
Um grupo veio as janelas do castelo, eu não estava olhando
muito, mas sorri para um único olhar, e voltei a dar as coordenadas.
O pessoal começa a levar as peças e começo a dispor as peças
de piso inferior nos lugares.
Vi que tinha um grupo ainda sem nada para fazer e fui à casa
do antigo senhor, expliquei como deveriam fazer os vidros, vi que
estava tudo quebrado dentro, todas as garrafas, não sei quem, mas
entortou todas as peças internas.
Olhei ao fundo gente olhando, mas não queriam falar comigo
e nem pedir para que explicasse, então fui instruindo os rapazes que
ali estavam em como criar garrafas copos, e painéis de vidros, que
usaríamos em alguns lugares, outros como criar dobradiças, outros
como fazer sistemas de passagem de energia.
Eu e uma leva ainda de pessoas fomos a parte de corte e
começamos a trazer a parte maior que cortamos, elas eram
imensas.
Quando dispomos no chão, os rapazes que estavam erguendo
as paredes entenderam onde iria ficar as paredes, pois estava
vazado ao chão os espaços.
Olhei uns seres estranhos e falei.
— Tem como por terra nova na parte interna?
— Para que?
— Castelos tem jardins.
— O que é um jardim.
— Não sei que plantas vocês gostam, vi que tem algumas que
admiraram, outras comem.
— Pouca coisa de terra seca.
— Sorri, pois teria de trazer algo para lá, não poderia ser algo
dos mares em volta, mas dei as instruções, enquanto saia para
buscar mais algumas peças.
Fomos erguendo paredes, fomos fazendo buracos, e se a
única coisa para fazer um sanitário era vidro, tive de perder parte
do dia fazendo algo assim.
Eram seres diferentes, como gerar algo que servisse a todos?

94
Pensei no formato que tinham naquelas salas coletivas ao
meio das praças, e dei as instruções, não sabia se funcionaria, mas
tentaria.
O dia foi bem comprido, pois estávamos ainda trabalhando
quando as luzes começaram a escurecer, eu vi os siris pararem a
minha frente e entendi que tinha de ir para a cela, eles não
facilitariam minha fuga.
Eu olhei ao longe a construção. Imaginei como queria no fim
do dia seguinte.

Eu olhei ao longe e falei.


— Se eles tirarem tudo, esquece, amanhã não ajudo mais
nada.
O siri me olha e fala.
— Você transforma peças sem sentido em algo, não sei o que
pretende?
— Nem eu.
Sei que tinha comida quando eu cheguei e uma espécie de
chuveiro ao fundo, soube que não me queriam fedido como da vez
anterior que fiquei ali.
O senhor daquela cadeia me olha e fala.
— Dizem que está fazendo algo na colina dos abandonados.
— Colina dos abandonados?

95
— Uma lenda local que numa época que eu não existia, uma
rainha abandonou todos os seus serviçais a morte naquela região,
eles morreram felizes, mas que é amaldiçoado.
— Sei de uma coisa, se eu escolhesse outro lugar, não seria
melhor que aquele.
— Porque acha isto?
— Eu sempre escolho o mais complicado.
O senhor me viu se lavar e pergunta.
— Isto na barriga dói?
— Agora nem tanto. – Eu olhando os pontos, estavam bem.
Eu me lavei, aquele tempo quente dali era convidativo a um
banho demorado.
Eles haviam colocado uma cama ali, pela primeira vez não
dormiria no chão ao fundo, e parecia ter roupas de cama limpa e
olhei para o senhor que falou, quase como se adivinhando meus
pensamentos.
— Não sei de onde tiraram, continua raro no reino.
— Amanha falo algo errado e me tiram tudo de novo.
— Você não parece temer isto.
— Se pensar que fui mais rude esta vez, e o tratamento está
melhor, começo a desconfiar que vocês gostam é de pontapé.
Encostei naquela cama e adormeci, profundamente.

96
Acordei como se tivesse dormido muito, como estava numa
cama, quase pensei estar em casa, mas quando olho para os palitos
de sorvete, lembro que não estou em casa.
Algo me perturbara a noite, sei que estou sendo usado, mas
no dia anterior havia visto muita gente para ajudar, mas nunca
soube onde este pessoal dorme.
Fixei os olhos e vi a segurança da rainha vindo, com certeza fiz
algo errado.
Calmamente me levantei, lavei o rosto, olhei para o senhor
que fala.
— Nem ideia.
A rainha me olha e pergunta sem rodeios.
— Onde está minha irmã?
— Bom dia Rainha Wave, estou preso, como saberia?
Ela olha em volta e fala.
— Ela não esteve por aqui? – Perguntando ao senhor.
— Não.
— Se não for uma maldição pelo local que o rapaz escolheu?
– Fala o polvo do dia anterior.
Quase entendi o que aconteceu e falei.
— Não seria por este motivo, estamos apenas testando as
peças para depois construir o castelo em seu lugar definitivo. – Falei
apenas para o senhor ficar pensando.
— E onde vai construir o castelo final?

97
— Não vou, eu tenho como obrigação como você me disse
ontem senhor – eu estava querendo provocar – estruturar um
castelo que os engenheiros da rainha iriam entregar. – Ele não falou
isto, mas vi que o senhor me olhou intrigado.
— E se tivermos desmontado tudo que fez ontem?
— Um dia, terminarei no que comecei, mas senhor, um dia a
rainha vai perceber que não quer que termine.
A rainha olha o polvo, não sabia o que ele era ao certo.
— O que pretende atrapalhando? – Rainha.
— Eu não...
— Entendi, se minha irmã não aparecer logo, vou procurar
em cada canto, e se ela não estiver bem, o chefe da segurança, vai
ter de responder por ela.
— Mas ela foge sempre.
— Acho que não vou me repetir. – A rainha.
Ela sai e nem me despedi direito, sorri dos pensamentos, de
não ter terminado a conversa, que por regra, que não deveria ser
regra, era apenas chatice com estranhos.
Eu fiquei com o sumiço da moça, mas veio a dúvida se não era
mais uma armação da rainha.
Olhei a cama e falei ao senhor.
— Melhor voltar ao chão.
— Desconfiou de algo?
— Como digo, não entendo as regras internas de vocês.
— Mas dizem que ergueu a maior construção externa desde
os tempos do rei Kler.
— Vou ter de andar hoje, para descobrir o que posso fazer
para me superar.
— Está pensando em algo.
Não respondi, mas não comi nada, os seguranças já vinham
no fundo e um falou.
— Tiraram tudo do lugar novamente.
— Acho que vou ter de conseguir levantar o castelo em um
único dia, ou não dormir até ele ficar pronto.

98
— A rainha não gosta do lugar.
— Acho que o lugar é perfeito, e se vocês são supersticiosos,
não deixem o forasteiro descobrir isto. – Falei tirando sarro.
O siri olha o outro e fala.
— O que faria com isto?
— Ainda não tive uma boa ideia.
A parte alvenaria estava lá, eles não teriam como tirar, eles
tiraram as estruturas de madeira.
Fui a parte dos vidros, fizemos as armações de ferro para a
construção e em meio a uma manhã que fiquei pensando se foi
mesmo Mic que fugiu, eu me deparo com aquele ser andando
coberto no meio dos demais.
Poderia ser ela, poderia não ser, obvio que fiquei esperto, era
uma armação com certeza.
Ajeitamos em caixas de madeira fina as coleções de copos,
pratos e talheres, levei ao local os vasos sanitários, não pareciam
com um vazo que tivesse visto antes, mas era como eles usavam.
Os rapazes entenderam apenas quando viram no local, era
uma peça interna, com sistema de saída e que era isolado em
pequenas peças, mas num material fácil de limpar.
Eu não olhava muito para o lado, mas era obvio, eu não
estava disposto a cair em uma provocação, novamente estavam me
fazendo sentir-me mal, no fim daquele dia, eu olho para tudo que
projetara e com ajuda montamos o segundo piso, agora para tirar as
madeiras novamente, teriam de desmontar muito, não seria o tirar
de algo, seria o demolir de algo, vi o pessoal plantando uma espécie
de alface, nos canteiros centrais e com a terra em volta, plantaram
pequenas flores, que também não sabia de onde vieram.
Quando começara a erguer a terceira parte de madeira,
começa a ter cara de casa, não de castelo, mas internamente, era
um lugar bem espaçoso.
Estava cansado novamente, e vi a rainha chegando, eu me
afastei para não discutir, fiquei a observar o polvo tentando me
achar com os olhos, vi aquele ser todo coberto chegar a ele, falar
algo e se afastar, vi a rainha falando com aquele ser coberto, não
deveria ser o que pensei, mas não sabia mais o que pensar.
99
Olhei para eles entrando, o lugar parecia outro, talvez eles
nem lembrassem do como era a região em poucos dias, de longe, vi
a rainha subindo as escadas, vi ela inspecionar o lugar ainda em
construção, eu não ouvia de longe, pego uma capa e me cubro, os
demais estavam orgulhosos do trabalho, vi os siris me procurando
com os olhos, e quando a rainha saiu rápido, alguém havia fofocado
algo, e vi os siris e os seguranças saírem no sentido das celas.
Eu entrei no castelo, e fiquei pensando em qual era a
armação, enquanto olhava o castelo.

Todos correram para o local e apenas fiquei a olhar


encostado no vidro alto da entrada, eles chegando ao local, não sei
o que aconteceu lá, mas vi o desespero nos olhos e soube que
mataram alguém, sempre armações.
Lembrei de meus irmãos me chamando de imprestável,
parecia a mesma coisas em outro lugar, tudo aquilo ali não valia
nada, todo meu esforço não valia nada, eu apenas desci a escada e
comecei a voltar e vi os olhos virem sobre mim, nem senti me
jogarem no chão, eu olhei para o canto e tive a sensação de ser Mic,
as vezes sentia raiva de cair naquela armação, vi a forma com raiva
que todos me olharam e não falei nada, me prenderam a parede
como no dia anterior eu havia me prendido.
Ouvi absurdos, mas não falei nada, a rainha estava em um
discurso para seus súditos, que me viram trabalhando o dia inteiro,
mas não tinham nem coragem de desconfiar da rainha.
100
Quando a rainha terminou ela me olha e pergunta.
— Porque fez isto?
— Qual das coisas que me acusa quer saber antes?
— Porque matar quem disse amar?
— Quer saber mesmo?
— Sim.
— Já que não faz diferença, ouvi você falar isto, mas eu
acreditei em alguém, toda vez que acreditei, me dei mal, acreditei
de novo, me dei mal, cansei, mas não se preocupe rainha, tens
agora mais um castelo amaldiçoado, já tinha um, agora tem dois
amaldiçoados, se tinha uma coleção de irmãs, poderia ter escolhido
uma mais sua irmã para pôr no lugar de Mic, odeio matar gente
inocente. Referente a seus súditos, tenho mais pena deles hoje, que
ontem, mas sinceramente, não gosto de súditos burros.
Ouvi uma espécie de reclamação ao fundo.
— Eles me odeiam, por quê? Digamos que não sabem das
orgias, da rainha, não sabem das indecências do castelo, não sabem
onde aquele polvo que me aponta com raiva, coloca aqueles
tentáculos toda noite, por isto me odeiam, senão, linchavam todos
vocês, e quer saber, quando for apenas mais um a assombrar os
corredores dos castelos, da cidade baixa, não vou me preocupar
com isto.
Eu não olhei para a rainha, mas ela parecia aturdida, e ouço
no fundo um gritar.
— Esfola ele vivo.
Eu apenas olhei para o rapaz e falei.
— Espero que tenha aprendido direito a mexer com o vidro,
pois depois, não vai sobrar eu para culpar ignorante.
O rapaz me olha, eu estava preso, vi me tirarem o óculos,
sabia que agora com certeza seria a derradeira hora que me daria
mal.
Apenas fechei os olhos tentando acostumar com aquele
brilho, eles começam a conversar ao fundo, eu iria para execução
pública, eles queriam uma execução, quando surgiu o senhor morto,

101
esqueci que este era o fim que davam a quem de alguma forma,
descobria aquele reino.
Meus pés estavam latejando, eu abri os olhos, aquelas bolas
de não sei o que estavam ainda bem fortes a brilhar e iluminar tudo
e com dificuldade olhei em volta.
Estavam a fazer algo na praça em frente e vi aquele ser todo
coberto olhar ao longe, ela planejou aquilo, mas eu a olhei, se ela
achava que não sabia, ela não entendeu, eu desconfiei quando
voltei, e agora tinha a certeza, ela foi usada para me atrair, mas
tinha uma coisa que ainda me fazia olhar em volta.
Não adivinham o que?
Na minha cabeça, minha mãe havia visto a moça, assim como
os grandes siris, temia por ela, não por mim.
Talvez eles não entendessem, mas o que eu poderia fazer
para me soltar. Fechei os olhos, tinha de pensar.
As vezes temia ser eu o destruidor de tudo, eu provoquei, eu
que retornei a primeira vez, mostrando que sabia onde era a
entrada, talvez não devesse ter retornado, mas ainda gostava
daquele lugar. Senti alguém a minha frente.
Vi a rainha parar a minha frente, o senhor da cadeia estava
mais ao fundo e ouvi ela falar.
— Como ele sabe que não era ela?
— Ele tem um senso de observação apurado senhora.
— E o que você sabe traste?
A olhei aos olhos e falei.
— Eu não sou mais do que todos a volta rainha, sabe disto,
trastes andantes, mas se quer saber algo, pergunte.
— Você sabia que não deveria voltar, e mesmo assim voltou,
você sabia que era uma arapuca, deveria ter fugido, mas voltou.
— Eu sei que querem desculpas para me matar rainha, eu sei
como aquele senhor morreu.
— E veio da mesma forma.
— Às vezes fazemos as coisas pelo impulso, mas como
ninguém estava vendo o impulso, ninguém estava vendo as ideias,
ninguém estava querendo eu por perto, nem lá e nem aqui, eu fiz

102
de conta que alguém se preocupava, mas no fundo, sabia que iria
acabar como todos os contos, tragicamente.
— Fala algo coerente traste.
— Certo, diz para a Mic, que não fiquei chateado, apenas não
precisava toda esta armação para que viesse para cá, no fundo, eu
sempre quis que alguém se preocupasse um pouco comigo, mas eu
sei, ninguém se preocupa de verdade.
— Do que ele está falando. – O senhor da prisão.
Olhei ele e falei.
— A moça morta, era uma camareira, não sei de quem, mas
apenas vestiram ela como uma princesa.
A rainha me olha intrigada.
— E como saberia que ela é uma camareira?
Sorri e não respondi.
— Não vai responder? – Ouvi uma voz ao fundo.
Nem olhei, fiz que não era comigo.
— Tem de entender, ninguém sai daqui para contar onde isto
fica, não temos como o deixar solto. – A rainha.
— Isto soube rapidamente senhora, não precisava confirmar,
mas não entendo o que quer saber? Pois não estaria diante de mim,
se não quisesse saber algo?
Meus braços estavam latejando, Mic ao fundo, embora
tivesse perguntado, não chegou perto.
Olho a rainha.
— Porque me deu um castelo então?
— Eu não lhe dei um castelo rainha, não me deve nada, eu
apenas fiz o que sei fazer, construir castelos de areia, sei que eles se
desfazem com as ondas, mas no reino de Wave, acho que não vão
se desmanchar.
— E colocou naquele lugar de propósito?
— Rainha, todos os locais deste planeta, tem uma história de
morte, quem dá valor a elas é quem está vivo.
Vi que ela queria perguntar, pelo menos parecia querer
perguntar e não perguntou, ela saiu, eu fechei os olhos, e senti o dia
indo ao final.
103
As vezes queria entender de vida e morte, ali me sentia mais
vivo que a fazer castelos, sentia-me um verdadeiro integrante de
algo, mesmo quando fui preso, pois alguém olhava para mim, talvez
minha mãe tenha sido das pessoas que me apoiaram a vida, e não
queria nada de mal para ela.
Sinto alguém tocar em minha perna, estranho, abro os olhos
e estava tudo escuro, demorei para ver a sombra a minha perna que
fala baixo.
— Sic fic bri.
Olhei ele e apenas olhei em volta e senti que alguém
desprendeu minha mão direita, segurei na corrente, e depois outra
pessoa, estavam todos de capas negras, cobertos, me solta a mão
esquerda, vi que meu pé direito estava solto e depois olhei em
volta, os seres, 3 deles fizeram sinal para os seguir, um me alcança
uma capa, a joguei nas costas, não sei o que estava fazendo, mas
talvez descobrir antes de colocar alguém mais em perigo fosse bom.
Quando joguei a capa nas costas, senti a mesma abraçar meu
corpo, como se tomasse a forma de mim, o capuz também, olhei os
rapazes e ouvi um a frente.
— Disse que pode ser ele.
Outro me olhou e fez sinal para que caminhasse, eu nunca
havia me afastado naquele sentido, vi aquela entrada, era um
buraco, os demais pularam, eu não sabia onde estava indo, mas
pulei, estranhei, pois entrei na agua novamente, e senti a roupa me
tampar a boca e me fornecer oxigênio, o que estava acontecendo?
Chego a parte baixa, se via um corredor, parecia escavado, e
tinham milhares de janelas, olhei para cima sem saber a altura, a
agua turva e escura não me deixava ver muito, mas fiquei naquela
imagem, pois ali era a cidade que nunca vi.
Um chega ao meu lado e faz sinal para andar, eu não sabia
onde estava, mas vi quando entramos em uma peça, e a agua saiu
pelas frestas, e um senhor me olha sério.
— Quem trazem a minha casa pirralhos.
Um dos rapazes me olha e fala.
— Apenas de passagem senhor, apenas de passagem.

104
Eu os acompanhei, olhei para fora, lá era mar, ali, tinha uma
passagem para um corredor seco, bem mais estreito, sabia que pior
do que minha posição não existia, ou achava que não existia, mas
temia por outros no meu problema.
Caminhamos por um corredor, tinha prédios um encostados
nos outros, mais de 100 andares em cada lado, estávamos na rua, o
cheiro de esgoto era forte, pareciam jogar tudo naquele lado,
poucos caminhavam por ali, entramos em um estabelecimento e
um dos rapazes me olha.
— Sabe que pode ir para onde quiser, é apenas nossa
distração da noite.
— Soltam prisioneiros por distração?
— Sim.
Olhei em volta, quase pensando em voltar.
— Já pensando em voltar?
— O que eu tenho que possa ser de valia neste mundo?
— Esta capa me devolve qualquer dia, mas dizem que ela
espera o dono a anos, nosso primo ali na frente insistiu que tinha a
envergadura do preso do dia, apenas isto.
— E foi de quem esta capa?
— Alguns o chamavam de Deus, outros de Baal.
— E o que fazia este Deus? – Perguntei incrédulo.
— Protegia o rei de seus desmandos.
— E esta rainha faz muitos desmandos?
— Bem menos que o pai dela.
Estava parado e o rapaz me puxou.
— Eu não ficaria no corredor entre prédios, eles jogam tudo
aqui embaixo, dizem que tem gente que se perdeu nestas sujeiras e
ninguém mais achou.
— Crendices ou fatos? – Perguntei.
— Fatos.
Olhei aquele corredor e vi que jogavam até as fezes pela
janela, por isto o cheiro forte.
Entramos em um outro estabelecimento e o rapaz a frente
falou.
105
— Trouxeram alguém para pagar a conta hoje?
Eu fiz que não com a cabeça e os rapazes falaram.
— Vê uma doze para cada um.
— A vista. – O rapaz ao caixa.
Vi que colocaram algo a mesa, sentia aquela roupa justa ao
corpo, sobre a anterior, me olhei num reflexo ao fundo e pensei
sobre o que estava acontecendo, vi que um alerta piscou ao fundo e
o dono do local ergue o volume e olho para lá.
“Perigoso fugitivo acaba de fugir da prisão da rainha,
qualquer informação sobre o paradeiro dele, paga-se bem.”
Vi minha imagem naquela espécie de tela, e ouvi o senhor no
bar falar.
— Tirem ele daqui, não queremos polícia aqui hoje.
Duas constatações naquele momento, eu não era como os
demais, então mesmo que estivesse em uma roupa estranha, eu era
o único humano ali, segundo, alguém pagará para me tirar de lá,
pois os rapazes tinham conchas de credito, o dinheiro local.
Como eu não tomei o que estava a mesa, eles viraram o
conteúdo, saímos para a região com agua novamente, vi a entrada
se encher de agua e saímos, calmamente, eu não conhecia aquela
cidade, eu não sabia quem eram os malucos a minha frente, mas
estava livre.
Os rapazes caminharam rapidamente a frente, eles pareciam
querer me deixar para traz, era a sensação que tentavam me passar,
mas estava perdido naquele lugar.
Eu olhei para cima, e fiquei a olhar admirado as algas com
luminescência, brilhando naquele lugar, estava a olhar para os
detalhes e um dos rapazes chega ao lado.
— Tem de se esconder, ou volta para lá.
— Não se preocupem comigo, já se divertiram, se me
pegarem de volta, pelo menos ninguém se complica.
— Eles lhe fazem falar.
— Eles não acreditam na verdade, porque acreditariam em
qualquer coisas que fale?
— Vamos ao bar da Lika.

106
Eu vi que era para o acompanhar, e vi que os demais
esperavam que fosse, não entendi, mas era algo planejado, não era
algo apenas ao acaso.
Eu caminhei até o local que eles indicaram, entrei e vi aquele
lugar vazio, sentamos em uma mesa e não tinha ninguém para
atender, não sei o porquê esperar faz a nossa cabeça pensar em
tantas possibilidades malucas.
Vi que me olhavam e apenas soltei os ombros, estranho pois
a capa volta a ser capa, e os três me encaram.
— Como fez isto?
Sorri, não sabia ao certo, mas ergui os ombros e a mesma
ficou colada ao corpo novamente, me abraçando como algo quase –
Parei na frase e lembrei que as princesas, tinham algo assim, elas
não eram daquela forma, elas estavam vestidas daquela forma,
relaxei os ombros e perguntei.
— Quem lhes deu esta capa?
Os rapazes me olham sem responder, eles estavam
acomunados com alguém, teria de esperar para descobrir.
—Não vão falar, vou embora então.
— Mas porque não quer fugir?
— Não falei que não sou grato, mas alguém os deu esta capa,
e alguém queria testar algo, quem e porque seria a segunda
pergunta?
Vi alguém entrar pela porta, pela primeira vez, parecia um
humano pela forma de caminhar, mas as mãos entregavam que não
era apenas um humano.
O ser olha os rapazes e fala.
— Sumam agora.
No lado de fora estava algo estranho, um veículo marinho,
parecia grande, mas na verdade nós que estávamos muito
pequenos, não deveria ser maior que uma lata de refrigerante, mas
ao mesmo tempo, comparado ao meu tamanho, tinha o tamanho
de um micro ônibus.
Vi os rapazes saindo e o ser me olhar.
— O que queria saber mesmo?

107
— Quem os deu a capa para me passar?
— Eu lhe dei a capa, a pergunta, foi algo útil ou apenas uma
capa.
— Estranhamente útil.
O rapaz pareceu duvidar e apenas ergui os ombros e a capa
se ajeitou ao meu corpo, ele sorri e fala.
— E já sabe a usar, bom rapaz, mas a pergunta, é alguém útil
para mim, ou posso descartar.
— Pode descartar. – Falei para ver o que ele iria falar, se uma
coisas que aprendi naquele lugar, é não bajular.
Outros dois entram pela porta, apenas recolhi os ombros e
olhei para o rapaz.
— O que quer comigo?
— Todos falam do grande engenheiro que projetou um
castelo desmontável para a rainha, capaz de o reconstruir em um
dia, mesmo contra toda a corte de acomodados que não gostam de
estar perto da nossa cidade, eles preferem não ter nós na vista
deles, assim não sentem culpa.
— Não os conheço para opinar.
— Trabalhou lá e não os conhece?
— Eu era prisioneiro e continuei prisioneiro, apena agora eles
me acusam para dar fim em mim.
— E não protesta?
— Senhores, o que precisam, não sei se posso ajudar, não
quero prejudicar ninguém.
— Somos independente do reino, e não queremos o crescer
do mesmo, não queremos mais policiais, mais apadrinhados, um
castelo maior, é mais problemas e mais impostos.
— Quanto custou em impostos o novo castelo?
— Ainda não nos cobraram, mas pelo jeito, pelo que os
infiltrados falam, vai custar caro.
— Então porque me tiraram de lá, a rainha tem ordens de me
executar amanhã, o que os fez me tirar de lá? Pois eu lá, era o fim
do projeto do castelo novo.
Eles se olham e um fala.
108
— Não acreditamos que a rainha vá o executar rapaz.
— E porque ela não o faria?
— Ela mandou uma leva de soldados a sua cidade, dizem que
em 10 dias estão de volta, mas desconfiamos que ela quer lhe forçar
a fazer o castelo.
— Se fosse isto, porque a armação?
— Ela não gosta de dever a ninguém.
Olhei os rapazes e perguntei, vendo o símbolo nas vestes
deles.
— O chefe da segurança é parte de seu grupo?
— Porque acha isto?
— Sim ou não.
— Sim.
Me calei pensativo e falei.
— Daqui a pouco ele deve avisar por onde eles virão a cidade,
mas acredito que entendi o problema, tenho família lá fora, eles
podem os ameaçar para que faça, mas a pergunta, querem apenas
atrapalhar?
— Todos almejam uma vida melhor, mas muito poucos
conseguem chegar as regalias.
— E porque todos querem chegar as regalias?
— Lá tem espeço, é limpo, aqui é sempre a mesma coisas.
— O problema é que aqui, eu não sou útil, lá, vou ser custo,
não me encaixo nisto.
— Parece não querer fazer parte.
— Não disse isto, apenas disse que não consigo me ver como
útil se não for construir algo.
O grupo se olha e fala.
— Vamos pensar em algo, mas com você aqui, eles vão
começar a desmontar o castelo de novo.
— Porque gerar mais custos? – Perguntei.
— Sei que é um forasteiro, mas a rainha, está construindo o
castelo para seu pretendente.
Olhei como se não entendesse.

109
— Um pretendente de nome Baltazar, mandou um presente a
rainha, um castelo, todo o reino viu o luxo e a pompa, mas ela tem
de mostrar que seu reino pode ser mais rico que aquilo, e resolveu
fazer o seu castelo, mas não queremos pagar o castelo de um
príncipe que nem sabemos de onde vem, mas que já mandou um
castelo pronto para ela e suas irmãs.
Sim, senti como se aquilo tivesse sido um chute no estomago
e perguntei.
— Com tentos pretendentes, porque alguém de fora?
— Dizem que os internos ao reino, graças a poluição vinda da
cidade próxima, estão gerando apenas meninas, a rainha quer um
príncipe, quer deixar um rei na sucessão, o pai dela teve somente
meninas.
— E vocês tem certeza de ser a cidade o problema?
Os rapazes me olharam.
— O que quer dizer.
— Quase sem investimento, dava para criar nos corredores
internos secos, algo que limpasse aquela região, a poluição interna
deve gerar mais reação do que algo distante.
— Acha que consegue fazer algo assim, um projeto assim?
— Acredito que sim, pelo menos me sentiria útil.
— Temos de pensar.
Vi que alguns seres entram e uma moça, aparência dos
rapazes senta-se a mesa e pergunta.
— Quem é o forasteiro?
— O humano que a rainha iria matar.
Ela me olhou e falou.
— Não sei o que está rainha tem, parece não gostar de nada,
reclama de tudo, e mora lá em um castelo de luxo.
Vi os rapazes saírem e os três rapazes do lado de fora
voltarem a entrar.
A moça olha os rapazes e pergunta.
— Vieram dar o cano de novo?
— Não, apenas o dirigente disse para não deixar o forasteiro
se meter em encrenca, já que ele não tem nem para uma água.
110
— Aqui ele é convidado, mas é bom ficarmos atentos, mesmo
os aliados tendem a ter de fazer diligencias para achar o fugitivo.
Sorri, forasteiro, humano, fugitivo, mas nomes, nunca.
Aquela moça me olha e fala.
— Tem de entender, que forasteiros bonitos são ratos, a
maioria vem de mar aberto, não da cidade.
Os rapazes entenderam algo, pois eles foram a outra mesa e
estranhei, pois aquele lugar parecia estar começando a agitar, e
realmente, tinham muito mais fêmeas do que machos no lugar.
Sei que a moça me serviu algo, não sei o que tinha, mas para
quem não bebia nada, fiquei tonto muito rápido.
Moças oferecidas aos montes, e tenho de lhes ser sinceros,
não lembro como fui parar naquela cama, e nem por onde se
entrava ou saia daquele lugar.

111
Acordei com a cabeça pesada, não me pergunte o que fiz a
noite, mas desconfio que perdi minha virgindade, sei lá, estou bem
mal, e a cama, tem umas moças muito interessantes.
Sentei a cama e olhei em volta.
“Onde estou?”
Olho a janela e olho para a moça a cama me olhando e falo.
— Polícia chegando ao local.
Os olhos dela se arregalam e fala.
— Vai para a cobertura.
Ela apontou a janela, não sabia que altura eu estava, mas era
alto, e olhei aquela escada, parte interna, não tinha polícia,
somente na parte externa, ninguém olhava o lixo.
Subi e olhei para as pessoas olhando para o outro lado, e fui
subindo sem olhar para baixo, pois estava alto.
Quando chego ao topo, olho o topo do prédio, e vejo que a
escada é encravada no teto, vejo que tem uma comporta para a
rocha, fiquei na dúvida se era para ficar no topo, ou era para subir
mais, subo os outros 12 degraus de ferro, e toco a comporta, era
uma comporta mesmo, mas feita de rocha, eu a empurrei, nada, a
toquei, nada, estava começando a pensar que era para voltar e
esperar no topo da construção, tentei mais uma vez, ela se mexeu
um pouco, tive de fazer força com o ombro para ela levantar, depois
de 90 graus ela parou e entrei naquele lugar, olhei aquele lugar
imenso, coloquei a rocha no lugar, e vi a roupa me formar o óculos
de visão noturna, olhei os cantos escuros, era uma caverna natural,
a cidade estava abaixo em outra, mas ali, parecia uma imensa área,
112
olho aquilo e fico a observar, quando passei ao lado de corais, eles
pareceram brilhar, e vi a imensidão daquilo, caminho para a parte
brilhosa ao fundo, o lugar era imenso, ou como tento o tempo
inteiro lembrar, eu estava muito pequeno.
Chego a um grande buraco e olho que tem uma divisão de
vidro, uma armação metálica com vidro e olho para a parte com
água, a polícia estava dando batida em todas as casas, vi eles
subindo na construção ao fundo, até o terraço.
Me omiti ali, eles estavam usando um óculos de visão
térmica, então eles poderiam olhar até sobre os prédios, não sabia
se eu teria uma assinatura térmica, nunca havia pensado nisto
antes, então fui caminhando naquela gruta.
O lugar era bonito, imenso, e chego a um canto, onde parecia
ter morado alguém, tinha os restos de alguém, seco ao chão, pego
as suas anotações, olho aquelas letras e não consegui entender
nada.
Ele tinha uma linha de comunicação, então não fazia tanto
tempo assim.
Olhei os restos do senhor a cama, perturbar ou não o morto,
e apenas vi que ele tinha mãos humanas, alguém que talvez no
passado tenha passado pelo que ele passou.
Vi que numa outra parte, dobrei aquele plástico que ele
estava deitado, e fiz um saco, não sei se ele queria um enterro
digno, não sabia no que ele acreditava, minha mãe sempre dizia que
devemos fazer uma oração aos mortos.
Pensei em achar um canto e fazer um enterro digno, estava
tentando não pensar que toda a polícia do local estava me
procurando.
Olhei que mais a frente tinha um lago, quando chego perto
vejo que não é um lago, é outro pedaço da cidade, mas ali, não
tinha a armação, e a agua não entrava, vi que era mais alta a região,
a pressão do ar não deveria deixar entrar a agua.
Fiz um amontoado de pedras, e fiz uma oração, eu não sei
orar, mas pedi pela alma daquele ser que nem sabia o nome.
Voltei a região onde o senhor passava e fiquei a olhar em
volta, ele não tinha uma capa como aquela, então ele não
113
conseguiria nadar para fora dali pela parte oceano, se ele não
soubesse da entrada que ele usou, ele pode ter morrido ali, por não
ter por onde sair.
Olho para os riscos que ele fez a parede, não entendia o que
estava nos escritos, mas aquilo a parede, era minha língua natal,
então no topo ele colocou “Reino”, na parte baixa, com vinte e
cinco imensas avenidas fazendo um grande círculo, que se entrava
apenas por aquele buraco que dava no reino, ele escreveu “Servos –
Prisioneiros de suas vontades”, olhei o lado oposto, Lixo humano, e
aquele lugar ele chamou de “Inferno”.
Liguei o aparelho a TV e vi a notícia, da procura do grande
fugitivo, perigoso, que estavam oferecendo recursos e ascensão a
quem o entregasse.
Até quando eles vão me deixar ficar, a rainha quer o
pretendente, eu que não havia entendido, ela encarou como uma
oferta de casamento, o castelo, mas meu comportamento
pessoalmente não confirmou o que ela esperava.
Fui ao vidro e vi eles olhando cada teto, eles chegariam em
breve ao teto que eu não parei, ninguém me convencia que eles não
iriam entrar por aquele lugar, então desliguei as notícias, e me
posicionei no ponto extremo daquele lugar, próximo ao buraco que
tinha o mar na parte baixa.
Reparei que na parte do fundo, existia uma pequena subida, e
não entendi onde ela iria dar, começo a subir, e olho depois de uma
subida incrivelmente demorada, a cidade ao fundo, olho os
mexilhões e entendi que não poderia sair, eu estava pequeno, olho
uma criança cutucando um siri mais para baixo e resolvo começar
entrar novamente.
Eu sempre tento entender o que aconteceu, eu não sei como
eu reduzi de tamanho, mas agora sei que não é apenas sair, é sair
pela entrada principal, aquela que é escura.
Eu voltei com calma e bem lentamente, olhei os seguranças
pelo teto alto, eles não vieram até ali, o que eles achavam ter ali?
Aquele lugar era imenso, e tinha entradas para as partes da
cidade, e não se usava, porque?

114
Verifiquei que tinha entrada tanto para a parte baixa, como
para o reino, até para alto mar eu conseguiria ir por ali.
Eu desci pela escada e fiquei ao teto do prédio, sabia que a
polícia estava saindo, eles deveriam procurar em cada um dos
pontos da cidade.
Eu fiquei ali como se não tivesse entrado na caverna, como se
não tivesse reparado nela.
Fiquei bem ao canto e ouvi quando alguém me olhou e falou
baixo.
— Aqui, eles não o viram.
Não falei nada, sabia que os policiais não haviam ido ainda, e
esperava que alguém me denunciasse, ascensão social era algo que
atentava todos, mas se eles fossem me entregar, eu não os
condenaria.
Eu olhei o rapaz que não conhecia e ele falou.
— Fica ai ainda, eles devem estar quase saindo.
Sabia que mesmo os policiais, olharam mais o telhado do que
os cantos poluídos da cidade.
Eu olhei para baixo e começo a descer, o rapaz deve ter
achado que iria a um apartamento, mas eu desci até a parte baixa,
entendi porque tinha uma marquise para a parte dos fundos, eles
jogavam de tudo dos prédios, quantas espécies diferentes havia
somente naquele conjunto de prédios, e eu ali, um ser de 4
centímetros.
Vejo uma espécie de canto, parecia um antigo negócio, mas
parecia ter fechado a algum tempo, e tudo que não se usava,
acumulava sujeira.
Entrei e o senhor, uma espécie de polvo minúsculo, escuro
me olha.
— Sabe que estão lhe procurando.
— Quer ajuda a tocar?
O senhor olha desconfiado.
— E porque pagaria algo para você?
— Não preciso de salário, apenas de uma ocupação, e de
comida.

115
— Mas tem gente o querendo como líder, porque trabalharia
no pior beco deste lugar.
— Talvez porque seja quem mais está precisando.
— Eu não...
— Tudo bem, é só uma oferta senhor, não quer, tento em
outro lugar.
O senhor me olha saindo pela parte do fundo e pergunta.
— E se mudar de ideia.
— Que seja antes de conseguir outro emprego.
O senhor me olha e fala.
— Começa colocando o lixo para fora. Tem uma roupa de
tentáculos na parte interna, não sei se humanos a conseguem
vestir, mas é a roupa padrão de atendimento.
Olhei a parte interna e pensei, seria um disfarce, mas não,
olhei a cabeça de polvo, alguém um dia fez propaganda daquele
lugar, sorri e a coloquei e falei.
— Pego duas pernas, dois braços e a cabeça, pode ser?
O senhor sorriu, eu parecia um ser muito estranho daquele
jeito, mas eu vira coisas bem mais estranhas.
Peguei a vassoura e uns latões, limpei a saída do fundo, olhei
para os rapazes olhando ao longe, pensei que sabiam ser eu, ajeitei
os lixos e as estruturas, e peguei uma agua na parte externa e joguei
com calma na parte interna, limpando aquele lugar, vi que tinha um
sistema de ralos que a muito tempo deveria estar entupido, foi
nojento mexer naquilo.
Quando a agua escorreu ali, o senhor sai para o lado interno e
fala.
— Você é realmente algo diferente nesta cidade.
— Não entendi.
— Dizem que recusou uma princesa, que construiu um
castelo, mas em pouco tempo, limpou algo que todos diziam nunca
mais sair deste lugar, você tem o dom de transformar as coisas, mas
pelo jeito poucos viram isto.
— Depois vou aos banheiros e por último a cozinha, não sei o
que o senhor serve aqui?
116
— Fermentado de algas doces.
— Isto dá dor de cabeça.
— Acho que perdi a mão no fazer, mas se vai me ajudar a
reerguer este lugar, melhor.
— Eles olham desconfiados de longe.
— Eles são tolos, eles ainda não lhe reconheceram, devem
pensar ser um primo meu distante.
— Eles não podem ser tão tolos.
— Pode apostar, são.
Banheiro e parte interna foi assustador, mas a cozinha
parecia organizada, lavei os equipamentos e descobri que cada
lugar ali, tinha uma linha de produção própria de comida e
destilados, eu olhei o senhor no final e perguntei.
— A parte interna pertence a quem?
— Ninguém, quem quer aquela sujeira.
O dia de trabalho terminou com eu me despedindo e subindo
pela escada, o senhor não me viu entrar na gruta, mas eu subi e fui
até a parte praia, eu em meio a uma noite, caminhei até beira do
calçadão, foi difícil o escalar, aqueles imensos ratos eram
assustadores, a forma que as baratas me olhavam, assustadores,
mas deveriam me olhar pensando, o que era aquilo.
Caminhei até um lixo a frente, sabia que ali tinha muito resto
de laranjas, vi o tamanho, grandes, imensas, olhei as de maracujá e
vi que eram mais pequenas e fáceis de carregar, coloquei em uma
sacola improvisada, e peguei algumas sementes de limão, eu estava
pensando em sair quando ouvi um latido, lento, me olhando, talvez
somente neste momento eu tenha percebido que eu estava
pequeno, mas o tempo estava acelerado para mim, eu continuava
no intervalo de tempo interno, peguei as sementes e voltei para a
entrada.
Olhei de longe e pensei.
Quem acredita que um buraquinho destes dá em algum lugar.
Eu desci e olhei para a gruta, numa ponta tinha um pouco de
areia e terra, que escorria por ali, vi na ponta que corria para o

117
buraco ao chão, que um córrego corria ali, foi uma surpresa ter agua
sem sal ali, sorri.
Fiz alguns canteiros e coloquei as sementes, a agua doce e a
luz daquele lugar, não sabia se gerariam algo.
Estranhei pois as luzes internas, pareceram brotar as mudas,
e eu como alguém que parecia naquele mundo deslocado, desci
novamente a escada, com sementes de maracujá ao bolso.
A parte entre os dois prédios, na parte em que o senhor que
eu não sabia o nome, mas que todos chamavam de o senhor Homp,
pois era o nome do local, assim como no dia anterior conheci a
senhora Lika, mas este não era o nome da senhora, e sim do local.
Tentei não fazer barulho, mas cobri a região com telhas
transparentes que tinha jogado ao fundo, fazendo uma cobertura
entre os dois lados naquele lugar e colocando os cantos para
escorrer para os dois lados.
Fiz os canteiros abaixo, aquela mistura de lixo e coisas
orgânicas eu fiz um grande amontoado, e dividi em canteiros, se
minha ideia desse certo, eles iriam reclamar em breve, mas coloquei
as hastes e coloquei as sementes.
Estava agitado quando subi e na região da agua doce, tomei
um banho caprichado.
Eu encostei no canto e adormeci pouco, desci já vestido e o
senhor olha pra mim e pergunta.
— O que são aquelas coisas estranhas.
— Não sei se já provou destilado de maracujá?
— Não, é bom?
— Eu nunca provei, meu pai diz que é bom, se se nascer, seria
um mercado só seu senhor.
— Interessante, como disse, você vem mudar as coisas, mas
não dormiu a noite?
— Depois que me pegarem eu compenso o sono.
— Acha que vão lhe pegar?
— Talvez.
O senhor provou o destilado e olhou a cozinha.

118
— Nem na inauguração estava tão limpo, e você tem o toque
para fazer o destilado, mas pelo jeito, quer gerir algo diferente.
— Acho que meu estomago não processa esta algo, então
com o tempo, posso a comer, mas não consigo forças.
— Pensando em sobreviver, mas sabe que estas sementes
vão despertar curiosidade.
Uma senhora entra pelos fundos e olha o senhor e fala.
— Bom dia senhor Homp, vim agradecer por ter limpado a
minha parte do fundo, vi que criou até canteiros cheiroso.
— Estou pensando em plantar algo, cobri pois sei que jogam
de tudo lá de cima.
— Obrigado, a anos não conseguia abrir a porta dos fundos.
O senhor saiu e eu olhei as mudas que plantara no dia
anterior, não estava em algo normal, estava já lançando flores, o
senhor pega uma delas e fala.
— Sabe que nunca senti no cheiro de uma flor, algumas
pessoas chiques pagam fortunas por flores.
— Com calma chegamos lá, eu não conheço ninguém senhor
Homp, mas se eles autorizarem o senhor limpar um trecho,
podemos começar a pensar nisto.
— E quase o coloquei para correr.
Eu estava com aquela cabeça de polvo, patas e polvo quando
um dos rapazes parou ao lado do senhor e perguntou.
— Senhor, sabe se alguém viu o humano que estava por aqui?
— Estava? – O senhor.
— Dizem ter visto ele por aqui, seu sobrinho voltou?
— Este é outro.
— Se ver o administrador quer informação sobre ele.
— Os seguranças não o pegaram? – O senhor.
— Não sabemos, a rainha mantem as propagandas de que
paga uma recompensa pelo humano.
— O administrador vai dividir a recompensa? – O senhor.
— Não, ele não o quer entregar.
— Vou pensar se o ver por aqui.

119
Eu entrei e ouvi um dos rapazes comentar.
— Polvo mais horrível aquele sobrinho do Homp.
Os dois saem rindo e eu pensando quão estúpidos eles são.
A parte da manhã ele conseguiu que 10 vizinhos nos
permitissem limpar a região, o cobrir e limpar a parte baixa dos
fundos, em meio aquele campo de flores de maracujá, fez o senhor
e um vizinho colocarem cadeiras e mesas na parte externa dos
fundos, muitos nem se atreveram a abrir a porta para olhar, mas os
que ali sentaram, segundo o senhor, consumiram 6 vezes mais.
Toda a noite, eu subia até o telhado, cuidando para não ser
seguido, mas sabia que alguns começavam a olhar demais para
aquele lugar.
Eu na manhã seguinte descobri que a senhora a frente fazia
perfumes e numa conversa entre ela e o senhor, resolvemos fazer
perfume de maracujá, as primeiras frutas estavam começando a
crescer, a planta estava subindo pelas paredes, mas quando o
senhor viu que uma fruta, dava para fazer um licor, fizemos com ela
o primeiro destilado de maracujá, e pela primeira vez o senhor viu
uma serviçal do castelo entrar, e comprou 6 embalagens do
destilado e a senhor do fundo, dois frascos de perfume, vi que os
dois estavam alegres quando do fim do dia, mas ficou claro pela
forma que a moça me olhou, que era hora de sair.
O senhor sabia que eu não voltaria, mas agora ele tinha como
gerir um funcionário, ele agora tinha um produto que com certeza,
muitos iriam tentar plantar, mas como conseguiriam se eu levava
agua da parte alta para a baixa toda manhã, para regar a planta com
agua doce.
Eu subi e olhei as minhas plantas na gruta, aquele lugar
deveria ter magia nas paredes, pois a laranjeira cresceu em horas, e
não dias, estava dando uma laranja que dava 3 vezes meu tamanho,
eu a embalei, eu troquei de roupa, e flutuei pela parte oceânica com
aquela laranja, eu bati a porta, o senhor viu que estava como os
demais me procuravam e me atendeu.
— Sim?
— Uma encomenda para o senhor.
— O que é isto?
120
— Uma laranja, mandaram lhe entregar.
Ele agradeceu, eu estava entregando quando sinto alguém
me segurar pelo braço e olho para o segurança.
Ele não falou nada, pois em meio ao mar, raramente falavam,
mas fui levado para a parte superior.
A rainha me olha e fala.
— O fugitivo.
— Bom dia Rainha Wave.
— Onde havia se escondido?
— Se contar, um inocente que nem saberia me diferenciar vai
morrer, porque ver mais sangue de inocentes derramados.
— Acha que vai escapar da punição?
— Não, mas me responderia umas coisas sinceramente
rainha?
— Fala? – Sempre arrogante.
— Quer oque com aquele castelo?
— Algo que não esteja cercado por este plástico, que
transforma nosso reino em um reino de 8 mulheres para cada
homem.
— Acho que não entendeu.
— O que não entendi?
— As paredes são impermeabilizadas, para que o plástico
pudesse ser tirado depois das conchas colocadas.
— Está dizendo que não existe plástico na estrutura?
— Como falaram rainha, você não gosta de lixo humano.
— Mas sabe que seu cheiro entrega onde se escondeu?
— Quer trocar uma ideia rainha, antes de me prender?
— O que ganharia com isto?
— Um castelo novo, que os demais nem saberiam onde fica,
que lhe daria o controle real do reino, pois sei agora que eles
queriam que não fizesse o castelo.
— E porque eles se atreveriam a não querer?

121
— Impostos pelo que entendi, mas pareceu discurso de
aristocrata que não tem como se manter se a senhora não os dever
favores.
— E acha que devo prender quem o escondeu?
— Se após uma breve caminhada a senhora achar que
entendeu, pode ser que concorde.
— Está mais manso, não gosto de espertinhos.
— Eu não estou sendo esperto senhora, acha que alguém
transporta uma laranja com três vezes o seu tamanho, pela porta da
frente de um comercio, porque não quer ser visto?
— Isto que não faz sentido.
— Concorda em uma caminhada senhora, mas teria de ter
apenas seguranças de total confiança.
— Vai me mostrar algo.
— Sim, como os demais poderiam lhe controlar, e porque não
conseguem a controlar.
Ela fez sinal para 3 seguranças e olhei para um deles e falei.
— Sem estardalhaço, daria para trocar aquele do fundo?
Ela olha para mim e pergunta.
— Algum motivo especial?
— Gente do administrador, não quero ele vendo o que lhe
vou mostrar.
— Quando dizem que você é perigoso, eles não imaginam
quanto.
— Sou alguém de sorte senhora, apenas isto.
Saímos a caminhar, obvio que alguns olhavam ao fundo,
fomos no sentido oposto da cidade baixa, então a rainha estava
tentando entender o que faríamos, fiz sinal em uma rocha para ela
entrar primeiro, ela pareceu duvidar, mas sentiu o cheiro de flores e
ficou intrigada, ela entra e olha a grande caverna e falo.
— Rainha, o que vou falar, é entre nós e os poucos que
espero manter em segredo.
Ela olha o grande lado, e chega ao lado, olha para baixo e vê a
cidade, mas o que fez ela sorrir foi aqueles pés floridos de maracujá,
laranja e limão.
122
— O que quer falar.
— Criamos o castelo, não onde foi projetado, mas aqui, longe
dos olhos da cidade, ao fundo, junto as rochas, todo o castelo fica
para fora daquela parede, e aquela parede dá ao seu quarto, que
terá um piso a toda volta, com canteiros reais, com flores, com luz e
uma fonte de agua doce.
— Está falando que isto ficaria apenas o quarto da rainha?
— Sim.
— Você não tem ideia da arapuca que está se oferecendo a
entrar rapaz. – Fala a rainha.
— Acha mesmo que não sei? – Olhei para ela.
— Então estava projetando tudo isto?
— Rainha, se olhar os entre meios dos prédios, é um lixo só,
com certeza os farei produzir e jogar o lixo no lugar certo, com
certeza não gosto de mal cheiro e coisas assim.
A rainha me olha sério e fala.
— E como posso saber se é um príncipe compatível?
Eu a olhei e apenas ergui os ombros, ela olha a roupa me
vestir e ficar com a aparência dos dela, ela me olha mais intrigada e
fala.
— E descobre tudo isto em poucos dias?
— Rainha, esquece aquela operação na cidade, não me perde
de novo, não precisa matar gente para ter alguém ao lado, não
precisa tanta crueldade.
— E meus especialistas dizendo que você nem desconfiava de
nada, eles nem sabem deste lugar.
Eu a estiquei a mão, sabia que estava entrando em uma
arapuca por vontade própria, ela estica e aperta minha mão e
fomos a parte que subia, sentamos a pedra, a noite, olhando os
seres bem lentamente a praia.
Os seguranças nunca haviam saído do reino e olham tudo
quase parado, a rainha me olha e fala.
— Você está ampliando meu reino.
— Lhe mostrando que como aliado, sou algo proveitoso,
como morto, apenas mais comida de peixe.
123
— E minha irmã?
— Acho que não me quer ver neste mundo rainha, pois nele,
você se desencantaria rápido, imagino o que ela sentiu.
Começamos a voltar, e saímos pela freta e caminhamos até a
estrutura, e olho para o polvo da realeza que olha a rainha.
— Vai fazer o castelo de novo, não entende o perigo rainha?
— Meu conselheiro, estava me explicando que encostado a
montanha, estaria mais segura, que não despertaria a inveja dos
administradores da cidade.
— E o achou onde?
A rainha me olha e falo para provocar o senhor.
— Mandei um licor de maracujá especial para ela ontem, para
selar nosso acordo.
A rainha sorriu, eu nunca havia visto ela sorrir com
espontaneidade antes daquele dia, uma vez foi quando viu as flores,
agora com esta frase.
— Sabe que ainda está preso? – Falou ela.
— Talvez mais preso do que imagina rainha.
Os seguranças me levaram a cadeia, e pelo jeito, estava
pronto para começar a muda tudo de novo.
Me encostei no canto e adormeci.

124
Acordei com o polvo da nobreza me olhando pela fresta e
olhei para ele.
— Visita logo cedo?
— Não entendi, você armou para que achasse que você
queria algo, e quer algo totalmente diferente.
Olhei para o senhor da prisão que fala.
— Sua soltura saiu hoje.
— Melhor assim.
— A rainha vem lhe falar daqui a pouco.
— Acho que entrei pelo cano, e o nobre acha que eu me dei
bem, mas não entendo disto ainda.
— Você ofendeu todos e acha que vai se dar bem? – O polvo.
— Não, mas quem sabe, me comprometa a dar o que a rainha
mais quer.
— Ainda na história do castelo?
— Não senhor polvo, estou falando de um herdeiro macho
que possa ser o próximo rei.
O polvo entendeu onde estava o problema a muito tempo, vi
no rosto dele isto, mas ficar evidente, era algo que não queria ouvir.
O senhor ao fundo sabia que este era um dos possíveis
motivos, alguém que não gerasse meninas, e sim meninos, era o
que a rainha queria.
Mas isto era para depois, a rainha vinha ali a frente, e não
parecia amistosa neste dia.
— Bom dia rainha Wave.
125
— Problemas senhor, problemas.
— Quais são os de hoje?
— Primeiro sua mãe e irmãos devem estar chegando por ai, e
temos de resolver isto antes dela chegar, segundo, tem uns
fofoqueiros falando que o candidato a futuro rei, andou se deitando
com reles serviçais e algumas falam em herdeiros machos vindo ao
mundo, isto me perturba um pouco.
— Este seu candidato deveria estar muito bêbado, pois ele
não lembra desta parte.
— Imagino, mas sabe que teremos de conversar sobre isto.
— Sei que ainda não me explicou a encrenca que estou me
colocando rainha.
— Vamos ao castelo.
Eu ergui os ombros, e vi o polvo recuar, ele nunca me vira
com roupas da nobreza, estranho que alguém teve de me
apresentar elas, estranho que parece que foi a uma eternidade, e
mais estranho, pois ainda achava que estava em uma encrenca, e
esperava o humor da rainha mudar a qualquer segundo.
Sentamos em uma sala, eu nunca entrei nela, mas sabia que
fizera aquelas paredes, olhando minha mão lembrei de eu mal
conseguindo pegar aquelas conchas de tão pequenas, e colar a
parede.
— O que quer falar rainha?
— Confirma que aconteceu?
— Sim, pode ter acontecido, mas acho que como, não tenho
ideia alguma.
— Pensei que negaria?
— Rainha, eu nunca havia bebido algo alcoólico, sai do ar
muito rapidamente.
— E referente a minha irmã, você foi visto falando o nome
dela para cima e para baixo.
— Rainha, eu falei seu nome, não o dela, eu não sei o nome
dela, apenas o apelido, sabes disto.
A rainha sorriu e falou.
— Odeio o meu nome completo.
126
— Não vejo problema nisto rainha.
— Tens o direito a trazer 12 famílias da cidade a nobreza.
— Sei que tenho apenas 5 famílias a indicar ainda, então
verifico isto com calma.
— Já tem cinco?
— Precisamos de uma perfumista e de um bom licor, o resto
verifico com calma.
— Certo, um rei perfumado é algo bom. – Sorri a rainha, eu
estava tentando encarar com naturalidade, mas estava difícil de o
ser, mas ela parecia ainda querer perguntar algo.
— Mas tem de conquistar um título para poder ser um
candidato.
— Tinha de ter um porem. – Falei olhando ela sério.
— Acha que uma rainha casa com qualquer um?
— Sei lá, nunca casei antes, quer dizer, você é a primeira
rainha que conheço.
— Tem de formar uma casa, e criar um título.
— Tenho quanto tempo para isto?
— Uma semana.
— Isto que é pressa.
— Perdi quase um ano inteiro desde que decidi que queria
um fazedor de castelos.
— Quando for a hora de sair me avisa, eu não entendo disto.
— Certo, é hora de mostrar que tem algum dom a mais.
Eu sai pela porta, eu não olhei os demais, mas sabia que
estava encrencado, eu chego a região do castelo e vi aquela leva de
serviçais, olho o que disse para me esfolar e falo.
— Vamos conversar sério.
— Desculpa senhor, não sabia o que estava acontecendo.
— E continua sem saber.
— Certo, discrição.
Entramos no local e com as mãos, e ajuda dos demais,
fizemos a primeira maquete de como seria aquele castelo em outro
lugar.

127
— Vou determinar a construção de cada peça que vamos
montar no começo da semana que vem, e pretendo ter neste lugar,
um local onde vamos cultivar flores, sei que não estão
acostumados, mas vamos ter flores, vamos ter verduras, eu tenho
de ter algo para comer.
Eu passei a cada um o que iriam montar, e as peças que iriam
fazer, onde teria os elevadores, onde seriam as áreas comuns.
Os rapazes se dividem, parte começa a sair dali, e parte
começa a desmontar o que havíamos construído.
Alguns ao fundo, pareciam olhar curiosos, mas precisava ir a
frente, olho um grupo de falo.
— Vamos a parte difícil.
— O que vamos fazer?
— O que vou pedir, espero empenho.
— Mas o que vamos fazer, estamos indo para a cidade baixa.
Eu pulei no buraco, eles vieram atrás, eles tem dupla
respiração, eu, teria de resolver pendencias.

128
Vi a leva de seguranças vir junto e os dispensei, eles insistiram
em olhar ao longe, não sei que medo eles tinham, mas eu também
não entendia de tudo.
Entrei no agora Bistrô do Homp, ele me olhou e perguntou.
— Voltou?
— Eles não sabem onde me escondi, deixa eles sem saber.
O senhor sorriu, alguns no bistrô olham para o senhor
desconfiados e chegamos a parte do fundo.
Eu expliquei o que iriam fazer, que existia no fim do corredor
de prédios, uma passagem de não mais de dois metros, iriamos
construir uma saída de esgoto por ali, de 200 em duzentos metros,
iriamos por um banheiro, que toda a região próxima ao chão estaria
coberta e seria plantada como o que estava a frente, os rapazes
sentem os cheiros e um pergunta.
— Você que fez isto?
— Digamos que usava uma cabeça de polvo quando fiz isto.
O rapaz sorriu e falou.
— Quer transformar toda a área nojenta em área cheirosa.
— Sim, e com o tempo, vamos por sistemas de descida de
lixo, eles apenas jogam nos pontos pre-marcados, e com um veículo
pequeno, recolhemos dos pontos e levamos para fora.
— Vai fazer isto apenas aqui?
— Não, nos 26 raios de estrutura.
— Porque?
— Eu quero um lugar que eu goste de vir visitar.
— Eles nunca veem aqui.
— Eles tem medo, muitos lá encima tem medo de voltar para
cá, mas esquecem, que podemos transformar em melhor o lugar.
Saímos dali e voltamos ao bistrô, olhei para o senhor e
perguntei.
— Como foi com a laranja?
A senhora fez perfume com a casca, eu confesso que nunca
havia visto tanto suco de algo, aquilo é doce, quando fermentou,
tem gente ainda perguntando, quando faremos mais.
— Assim que acabar.
129
— Sabe que estou tenso com isto, estão me vigiando.
— Senhor, calma, eles me propuseram ascensão de 12
famílias, só não sei se será como eles acham que tem de ser.
— Me indicou? – O senhor sorrindo.
— Vamos precisar dos melhores licores.
O senhor abriu o sorriso, eu sai e os rapazes falaram.
— Eles estranham gente normal.
— Eu sou normal, como vou viver lá, se não tiver gente
normal como eu?
— E faremos o que agora?
— Vamos a siderurgia.
— Por quê?
— Porque somos muito dependentes de outros mundos,
precisamos de fontes de produção, com agregados maiores.
— O antigo rei tentou, mas apenas com filhas ele desistiu de
algo grande.
Fomos a casa do antigo senhor, eu expliquei onde iriamos
erguer oque, que faríamos uma parte para os cristais, outra para os
metais leves e uma para os metais pesados, que teríamos produtos
derivados de outras coisas também.
Subimos pela lateral, era difícil, e vimos a linha de lixo de
coisas que acabava no mar e os rapazes viram que eu não me
deteria em tentar ser melhor.
Caminhamos e falei para pegarem cada um daqueles grupos
de coisas e começarem a separar, os rapazes começam a fazer a
seleção e passo o projeto para transformar aquilo em coisas
aproveitáveis, que teríamos toda a região do reino de Wave, como
um mundo limpo de interferência humana.
Os rapazes viram as redes de arrasto e demarquei onde
colocaríamos os sistemas de corte, se eles queriam arrastar redes,
ali tão na beira, que perdessem as redes.
Um dos rapazes me olha e pergunta.
— Você quer mesmo transformar a gente em um reino.
— Sei que terei inimigos por isto, mas vamos a parte que
poucos verão.
130
No mapa a parede por dias eu olhei aquela caverna por baixo
da cidade, com aquelas bolas de energias, que ainda não entendia,
mas que vinham dali, chegamos ao local, e os seres olham aqueles
campos, secos, e falo.
— Este lugar será mais verde, teremos aqui as linhas de frutas
que os demais não tem, já que temos um bando de alcoólatras que
tenhamos uma linha de produtos para outros reinos.
— De quem é esta terra?
— Eu tenho uma semana para gerar um título, senão não
serei nada nesta terra, então preciso que isto passe a ser um campo
de frutas e flores.
— E que título vai ter?
— Sei lá.
Eles sorriram, eu cheguei a uma das pontas e falei.
— Neste local, vocês vão pôr o sistema de portas que estão
na área de corte, pois esta área é particular.
— As terras de quem? – O rapaz.
— As terras de Baltazar, o protetor do reino.
— Não entendi.
— Baltazar significa, protetor do rei, mas como temos uma
rainha, então será o protetor do reino.
Eles anotaram e saímos dali, sei que ainda não tinha uma
casa, mas tinha de aparecer no reino um pouco.
Olho para os restos de onde havia o castelo e desenho onde
seria um orquidário, e toda a estrutura de jardins entre aquele
ponto alto, que se via o nascer do sol, e o castelo primeiro, onde a
rainha ainda vivia, e o castelo dos fundos, onde por algum motivo,
não parecia que moraria ali.
E olho o administrador da cidade vindo com policiais, os
mesmos olham ele que fala.
— Este forasteiro que está perturbando a ordem, rapazes.
O senhor olha para mim e termina de falar.
— Prendam ele.

131
Eu sorri, os seguranças olham para minhas costas, tive de
olhar para ver quem estava ali, mas vi a rainha e uma leva de
seguranças e ouvi.
— O que o forasteiro fez administrador? – A rainha.
— Ele está plantando e limpando becos na cidade, sem
autorização, dispondo de espaços que não são dele.
Ela me olha e fala.
— O que tem a afirmar para se defender.
— Se plantar e limpar é crime, é só me prender rainha, não
acho que pegar uma vassoura e varrer, ou induzir algum a fazer,
pois não o fiz com minhas mãos, seja crime, mas se é, estou a
disposição.
— Tem de entender as leis rapaz, não pode passar sobre as
propriedades alheias. – O administrador.
Olhei ele sério, pois não queria parar na cadeia, mas sabia
que mesmo as cadeias altas, estavam nos meus projetos de
revitalização de toda parte alta.
Eu olhei para a rainha, ela que mandava, o senhor esperava
que ela confirmasse a ordem, eu também esperava que ela
confirmasse a ordem, era uma forma dela mostrar que tudo era
apenas um jogo de poder, não de amor, não de parceria.
— Terei de verificar o que ele fez administrador, pois também
não vejo motivos para dois policiais disporem de seu tempo para
cumprirem ordens na parte alta, referente a parte baixa da cidade.
— Eles foram eficientes na parte baixa ao acha-lo. – O
administrador.
— Quer dizer que eles o acharam? – A rainha provocando
algo, ela não parecia furiosa aquele dia, mas sabia que eu não a
cumprimentei com deveria.
Os policiais sabiam que não, foi o grupo de segurança dos
Siris que me trouxeram para cima.
A rainha fez sinal para os seguranças e falou.
— O acompanhem até a região da antiga cela.

132
O administrador não entendeu, mas achou ser uma vitória, eu
não entendi, mas vi os seguranças apenas me apontarem um
caminho, paramos mais a frente e eles esperaram a rainha.
O que eles conversaram era algo que não saberia de longe,
mas as vezes parecia que eu estava ficando paranoico, que nada
daquilo era real, mas a educação dos seguranças, sabendo que a
rainha acatou o afastar dos ligados ao administrador baixo e ao
prefeito, me isolavam da parte baixa.
Estava a esperar, as celas ao fundo, estavam sem grades, pois
tiraram os palitos de sorvete e seguraram a grande pedra a cabeça
com as primeiras hastes de metal, aquilo parecia outro lugar, o
senhor que cuidava ali me olha e fala.
— Nem as celas vão escapar as mudanças?
— Sempre achei perigoso perder um preso porque um palito
apodreceu.
— Vi eles começarem a fazer hoje, vai ficar com cara de
cadeia de verdade.
— Existe cadeia na parte baixa senhor?
— Sim, imundas e lotadas.
— Quem controla lá?
— O prefeito e o administrador dizem tocar, mas a segurança
é feita pelos siris.
— Como as leis locais encaram os presos.
— Sem direitos pelo prazo de prisão.
— Pelo jeito voltarei a cadeia, mas se esta está em reforma,
irie para a inferior.
— O que fez?
— Plantei maracujá nos intervalos de prédios inferiores,
tirando de lá toneladas de lixo.
— E isto é crime?
— Pensa em ser prefeito, dizer que não se tem dinheiro para
fazer isto, e um forasteiro, sem um credito ao bolso, limpar um dos
raios inteiro.
— E lhe acusam de que?
— De limpar a área sem permissão dos proprietários.
133
— A rainha não tem como os desmerecer.
— Como falei senhor, lá vou eu para uma cadeia que nunca
fui, pelo jeito lotada de coisas que desconheço e de regras que não
me preparei ainda.
Ao fundo via a rainha vindo com o administrador ao fundo, e
a forma dela falar descontraída com o ser, estabelecia que iria me
dar mal, queria estar ali para ver minha mãe chegar, mas pelo jeito
não seria como eu queria.
— Senhor forasteiro, o administrador me explicou a
gravidade do acontecido, e se é real que não pediu permissão, terei
de concordar com sua prisão.
— Sem problemas rainha Wave, apenas queria deixar uma
coisa clara, já que soube que as regras estabelecem que lá não
tenho direitos enquanto aguardo a penalidade preso.
— O que queria deixar claro.
— Que retiro o nome do prefeito e do administrador da
minha lista de famílias para ascenderem, já que quando lá estiver,
posso vir a não sair, e não quero mal entendidos depois.
A rainha me olha furiosa e fala.
— E sabe que se lá estiver, tudo que falamos, não será real,
então não existirá esta lista.
— Sinal que o que falamos ontem, esquece, pensei que falava
com a rainha, não com qualquer um. – Eu a encarei, e ela falou.
— Levem ele.
Me calei, mas o senhor soube que pisou no calo de quem não
deveria, por trocado e me pergunta.
— O que quis dizer com aquilo?
— Não é burro administrador, quer fazer política as minhas
costas, vai continuar naquele lugar, e se mesmo assim não quer que
melhore o lugar, mostra que não serve para administrador nem das
privadas da cadeia.
A rainha viu que fui rude com o administrador, se ela achou
que seria apenas com ela, pareceu me olhar como se esperasse um
pedido de desculpa, mas ela já havia me afirmado, que concordava
com minha prisão.

134
Eu olhei a região, a prisão era na área de mar, não tinha ar,
era mar mesmo, e minha roupa se fechou, eles não teriam como a
tirar agora, e o senhor pareceu meio que contrariado.
Eu não sabia como as coisas funcionariam, mas sabia que
deixei encaminhado, eu não tinha ainda onde dormir, teria de subir
as escadas até a parte alta, e não cheguei a conseguir chegar ao fim
do dia.
Quando me jogaram em uma cela menos cheia, eu vi que
tinha um caranguejo lá, eles eram seres que não faziam parte
daquele reino, os mangues eram distantes, então se me jogarem
numa cela assim, era para me dar mal.
O caranguejo me olha e apenas estalo os lábios em
monossílabas e o ser me olha. O eterno ic nic do local.
— Não falo esta língua atrasada.
— E o que fez que lhe prenderam aqui?
— Estes seres se fazem de ordeiros, mas não entendem nada
de ordem.
— Concordo, me prenderam por ter limpo uma área que
estava cheia de lixo humano, meu crime, limpei sem permissão.
O ser riu e falou.
— E pelo jeito lhe odeiam.
— A rainha não entendeu, presente aceito é presente aceito,
ela pode tentar negar que recebeu, mas vive lá dentro.
— Deu algo a rainha e ela lhe quer morto para não dever
nada a você.
— Eu tentei parecer normal, ofereci algo 10 vezes maior, mas
ela na hora se encanta, depois cria o ódio.
— E parece calmo.
— Eu aprontei, era para amanhã ter um dia da herói, mas
estou preso.
— Não entendi. – O caranguejo.
— O que acontece numa região desequilibrada, quando se
limpa a área, deixando apenas os restos orgânicos.
O caranguejo sorriu e falou.

135
— Uma prisão é um bom lugar para estar então, vamos ter
um dia agitado lá fora.
— Talvez, mas tem uma grande chance de ser terrível onde
tiver agua.
Eu me encostei e ouvi.
— Obrigado por conversar, como é seu nome rapaz, os daqui
não falam nem os nome.
— Eles acham que um nome é compromisso, são malucos,
sou Baltazar.
— Hucn!
Sorri, os demais ao longe talvez não tivessem entendido
antes, mas o segurança saiu, não sei o que ele foi fazer, mas algo me
dizia que ele iria direto ao prefeito e ao administrador.
Eu olhei em volta, muitos presos apenas por serem
forasteiros, encostado ao canto adormeci e não me preocupei.

136
Acordo com o agito, sinto a correria na parte externa, alguns
grupos estavam apenas no centro das celas, os guardas estavam
assustados, e vi um grupo de siris se postarem e um me olha.
— Mantem a calma senhor.
— Tem uma arma de choque?
— Sim.
— Deixa uma e defende os demais.
— Mas...
— A cidade é mais importante que eu siri, deixa apenas uma
arma de choque por cela e vai ajudar o povo.
Ele me olha e me alcança uma, eu olhei os demais e falei.
— Todos no centro da cela.
Eu encostei na arma na grade da mesma, e o siri entendeu, as
agua vivas não chegariam perto das grades, eles alertam todos e
começam a sair, os seguranças sumiram.
O caranguejo me olha e pergunta.
— Os siris lhe respeitam?
— Não gosta deles?
— Não tenho nada contra eles, mas sinal que não os faz mal,
as vezes vejo humanos ou Entre-Humanos, como a rainha, se
fazendo em áreas de siris.
Pela primeira vez eu ouvi aquele termo, Entre-Humanos, mas
pela primeira vez ouvi uma definição e perguntei.

137
— Às vezes acho que deveria saber mais sobre a briga que
assumi, mas calma, eles tem de se defender, depois consigo
verificar a soltura dos demais.
As agua vivas chegam perto, o choque as afastas e as pessoas
nas demais celas entendem a ideia, algo simples mas que os
defenderiam.
Nós não vimos o tumultuo na cidade, mas quando os
seguranças voltaram, eu apenas coloquei a arma de choque não
corredor e falei.
— Agora pelo menos terei um dia de paz.
— Pelo jeito não se preocupa com estar preso.
— Eu deveria ter morrido a uns 5 dias.
— E não parece ter medo disto.
— Sabe quando você é falso, pensei que a rainha manteria a
farsa por mais tempo, mas ela parece ter outro plano.
— Dizem que ela adora dominar os demais.
Vi o segurança chegar a mim e um rapaz das obras falar.
— Eles vão lhe soltar senhor.
— O mal entendido foi sanado?
— Sim, o mal entendido foi sanado.
Sai dali e fui ao diretor da daquela cadeia e perguntei.
— Não entendo porque as leis não estão sendo cumpridas
aqui.
O senhor me olha e pergunta.
— Que leis?
— Estamos no reino de Wave, ninguém que não nos é útil,
come e descansa, no reino apenas porque quer, não seria mais
dentro da lei colocar os forasteiros para fora, para correr senhor.
— O prefeito as vezes faz isto para ter poder de barganha.
— Bom saber que ele é alguém de barganhas sem sentido.
— Some rapaz, muitos o querem preso.
— Isto que não entendi.
Saímos e subi para a parte alta, agora com dois funcionários e
eles olham aquele lugar e um pergunta.

138
— O que vamos fazer?
Caminhamos por dentro, para os campos externos, onde o
lixo tomava a região e falei.
— Toda região tem lixo, não sei quantas vezes por ano as
agua vivas aparecem em grande número?
— Cada vez mais.
— Temos como conseguir uma máquina e limparmos toda a
região a volta do reino?
— Sem permissão?
— Eles não tem estas leis, mas se alguém perguntar, eu
mandei, se eles querem viver no lixo, eu não quero.
— Nem nós, mas acha que elas vão se afastar se não tivermos
este lixo por perto?
— Vamos ter de criar um sistema de proteção, assim como
protegemos a região das redes de arrasto, temos de proteger as
cidade da entrada de outros seres.
Eu fui a parte externa, começamos a limpar, ninguém ia ali
mesmo, víamos as agua vivas se afastando, olhei para a cidade e vi
os forasteiros sendo soltos, alguém ouviu o que falei, e obvio, o
prefeito se queria fazer barganha, ou algo pior, iria reclamar de
novo.
Vi o caranguejo parar a minha frente e perguntar.
— Está mesmo querendo limpar a região.
— Sim, sou em parte responsável por este lixo.
— Vai ter trabalho por uma vida.
— Se cuida, estes mares estão lotados de agua viva.
Ele desviou para a parte mais funda, e continuamos a limpar,
reunimos o lixo e separamos, iria mandar a locais diferentes, e
começamos a colhei algas e pedados destroçados de um coral,
vimos as partes vivas e começamos a dispor em toda região.
Os dois seres ao fundo me olham e um fala.
— Acha que aqueles siris vem fazer oque?
— Por a gente para correr.
Olhei para os siris e falei.
— Voltem a cidade, não precisam saber o que fizemos aqui.
139
Eu estava a colocar uma alga ao chão e ouvi.
— O que pensa que está fazendo?
Olhei nos fundos e vi a rainha.
— Apenas fazendo força com os braços, para entender o que
a rainha de Wave quer.
— Sabia que tinha permissão e não falou nada ontem.
— Mesmo que não tivesse, tenho de pensar se quero estar
em um reino, que limpar algo, se não estiver na lei, lhe leva a
cadeia.
— Sabe que se não estiver lá, estará morto.
— Não tenho medo da morte rainha, tenho medo da inercia,
mas estava apenas pensando enquanto recolocava as travas de
corte para as redes de arrasto.
— Travas? – A rainha.
Eu andei e peguei uma enfiada no chão e falei.
— Sei que vai me prender por isto, mas fizemos e dispusemos
a volta de todo seu reino, travas como estas, se os pescadores
usarem a rede na altura do reino, as redes são cortadas.
A rainha me olha e fala.
— E não pede permissão para nada.
— Se proteger, limpar, é contra a lei, vou me repetir.
— E não vai voltar?
— Assim que pensar um pouco, não adianta estar lá com a
cabeça com problemas, acabamos falando demais.
— Tem de entender minha posição.
— Sei, não quer me dever nada.
— Foi minha criação.
— Então esquece o castelo, esquece as ideias, você não quer
nada que pareça dívida comigo, eu me mantenho, longe.
— Você é tudo ou nada.
— Sim, eu sou tudo ou nada, mas tinha 7 dias, hoje tenho 6 e
não sei se quer que tenha um título, o problema rainha, é que não
sou alguém fácil, se fosse, você não tinha me olhado.
— Você nunca tenta me agradar.

140
— O que lhe agrada não me motiva.
Ela olha os siris e começa a se afastar, eu fico a olhar ela ao
longe, caminho para longe, na direção do mar alto, olho aqueles
campos e olho para um segurança.
— Alto ai.
— Sim. – Não conhecia aquele ser, ele parecia com outra
espécie de siri, ele me olha e fala.
— Não pode entrar no reino de Wallace sem permissão.
Fiquei pensando quem era Wallace e falei.
— E como consigo uma permissão para entrar no reino de
Wallace.
— Vem de onde?
— Wave.
O ser olha em volta e fala.
— A anos não via esta região tão limpa.
Eu olhei ele que falou.
— Lhe levo ao chefe da segurança, o que você é?
— Algo entre o Humano e o Entre-Humanos.
O siri me olha e fala.
— Mais um maluco.
Sorri, e fui levado a uma serie de cavas e entrei naquela
cidade, úmida, e vi os prédios baixos, e perguntei.
— Quantos seres fazem parte do reino de Wallace?
— Não somos cosmopolitas, temos Entre-Humanos e Siris.
Vi que um segurança me olha e fala.
— Identifique-se.
— Venho do reino ao lado.
— Nome?
— Sabe as regras de nome ao lado, não nos identificamos.
— Ainda estão nesta coisas de função, não de nomes, mas o
que vem fazer aqui.
— Apenas gostaria de falar com o responsável, para evitar
problemas de divisa.
— E porque nos preocuparíamos com aquele lixo.
141
Eu olhei o ser e falei sério.
— Estamos tentando livrar a região do lixo humano, mas as
vezes, um ou outro pode atravessar por descuido, e não
gostaríamos de problemas com os vizinhos por um motivo destes.
— A rainha Wave tomando jeito, o que está acontecendo? –
Ouvi a voz e olhei, não sabia quem era e ouvi o rapaz ao lado.
— Dona alteza, nossos respeitos. – O rapaz.
Reparei que não chamaram pelo nome e falei.
— Meus respeito dona alteza.
— A vontade, mas o que aconteceu, minha prima resolveu
limpar a região.
— Apenas nos livrando dos plásticos, falam que isto está
alterando hormonal mente toda região, já tínhamos indícios
maiores de fêmeas, mas estamos gerando um macho a cada 8
fêmeas.
A senhora me olha e fala.
— Se querem limpar a divisa, não terão nossa interferência.
— Limpamos tentando não invadir, mas estamos instalando
travas – Mostrei para ela uma – a cada 10 passos, para que redes de
arrasto não limpem a região.
A moça pega a trava e fala.
— Minha prima está bem, ela não parecia pensar em nada
além de sua fissura por castelos de areia.
— Não entendi.
— Ela parecia fissurada por castelos de areia, o pai dela teve
de a buscar uma vez na praia, pois ela perdeu quase um ano
ajudando um menino a construir um castelo de areia.
— Não conheço esta parte da história.
— Ela não é de falar disto, mas ela está fabricando estas
travas contra redes?
— Sim, estamos fabricando e colocando a toda volta.
— Vou mandar um representante lá, esta ideia contra redes é
algo bom, perdemos estrutura e bons súditos as vezes por ele não
ter uma faca a mão.
— Obrigado pela atenção alteza, tenho de retornar.
142
— Vai que hoje é dia de aguas vivas, não é um dia para andar
sozinho por ai.
Sai sempre olhando para o local onde as agua vivas estavam,
imensas comparadas a mim, eu seria um aperitivo apenas para elas.
Chego a parte da entrada da divisão que iria para baixo e olho
para a inscrição, abro a porta do Condado do Baltazar.
Olho para as mudas naquela área seca e agora com os
canteiros, alto, aquele riacho ao meio e no centro daquele imenso
terreno, um lago de agua doce.
As bolas de luz, eram uma espécie de agua viva, amarelada e
fosforescente, mas que pelo que entendi, foram presas e se
alimentava sobre as cidades com parte da sujeira, vi algumas mortas
ao fundo quando sai da cidade, elas foram atacadas pelas demais.
Teria de ter uma forma de as defender, mas como?
Olho as marcas ao teto das partes que tinham partes do que
estava instalando na parte superior.
Subi por uma das que estava pronta e entro na fábrica de
reciclagem de plásticos, os rapazes me olham e um fala.
— A rainha passou ai, ela queria saber de quem era a fábrica.
— Problemas?
— Não, ela ficou interessada neste Senhor Baal.
Sorri e perguntei.
— No que dá para usar isto?
— Estamos pensando em roupas, mas numa composição
menos prejudicial ao meio ambiente local, estamos pensando até
em formas de ração e estruturas para corais a toda volta do reino.
— Temos permissão de limpar até a divisa de Wallace, se
alguém perguntar atravessa e fala que está para o lado de Wallace,
eles não tem nada contra a limpeza.
— Certo, mas lá limpamos.
— Sim, mas teremos de passar com frequência, não dá para
deixar ao estado que estava.
Eu levanto os ombros e a capa, se solta sobre o corpo e olho
para a cidade ao fundo, e olho para os rapazes ao fundo.
Estava olhando os rapazes e um administrador falou.
143
— Sou o administrador, que contratou, não nos conhecemos.
— Estamos conseguindo compradores?
— Sim, não entendi a ideia, mas se vamos produzir com lixo,
e ganhar empregos melhores e salários melhores, não vejo
problemas.
— A ideia é simples, aqui estou criando o Pré Principado de
Baal, temos o Condado de Baltazar, a Cidade de Tazar, os campos de
Alta, as Vielas de Zar, as áreas produtivas de Balt, e as grotas de Ba.
— Não entendi.
— Sei que não, vão ter de absorver aos poucos, mas se
perguntarem de mim esta semana, não me viu.
— Porque disto?
— Muito a fazer, eu vou aparecer, mas quero vocês
resolvendo os problemas, não eu.
— Certo, acredito que o que me pareceu uma ideia sem
frutos pela manha, vi que tem um potencial imenso a tarde.
Sorri sem graça, me despedi e sai dali para a parte da
siderurgia, vi o rapaz que me mandou linchar, e ele fala.
— Pelo jeito vou pagar caro por aquela frase.
— Apenas alertando, vamos ter uma visita do pessoal de
Wallace, parecem interessados nas travas.
— Acha que eles comprariam quanto?
— Mais do que produzimos para os nossos.
O rapaz sorriu e falou.
— A rainha parece perguntar sobre os dirigentes, mas ela
olha como se procurando algo.
— Tenho de falar com ela, mas primeiro a organização.
— Não se matando antes de instalar os projetos.
— Vou tentar não ser linchado hoje.
Fui a parte interna e vi aqueles senhores ao longe, e entrei no
Bistro dp Homp, não perguntei nada, entre e vesti a roupa e o
senhor me olha e fala.
— Voltou?
— Muita gente olhando.

144
— E vai fazer oque?
— Como está a parte interna?
— O prefeito quis desmanchar, mas aquilo é nossa área, não
da prefeitura, ele parece não gostar que limpemos ali.
— Um local onde achamos até mortos que ninguém sabia
onde estava.
— E vai fazer oque?
— Tenho de colher e trazer para cá uma encomenda, mas
preciso de ajuda, vou falar com os rapazes na mesa ao fundo.
O senhor olha os três e fala.
— Se cuida, eles são gente do administrador.
— Sei disto.
Chego a eles e falo.
— Poderiam me ajudar?
— O que quer rapaz?
Eu tirei a cabeça e coloquei a mesa e olhei um deles.
— Fala para o administrador que precisamos acabar com este
mal estar e mal entendido, aqui em meia hora.
Olhei os outros dois, e falei.
— Vocês vão me ajudar, vamos a uma colheita hoje.
— Não somos seus empregados.
— É uma recusa? – Perguntei serio.
Os dois se olham, eles não queriam ir, mas eu coloquei a
cabeça e fui na rua, e olhei o caminho, por baixo da roupa a capa
me forneceu uma mascara, por segundos quase não respirei, prendi
a cabeça e caminhei até a cúpula vazia a frene, onde se via bem a
cima uma bolha, eles não viam a bolha dali, ativei duas bolsas de ar,
por baixo da roupa e esta começa a flutuar, fiz os movimentos
braçais para parecer um polvo e olho minha cabeça sair da agua, eu
sai da agua, peguei aquelas bolsas de ar, as abri, e fui as enchendo
de laranja, limão e maracujá, coloquei um pequeno peso e comecei
descer com aqueles sacos, difícil ninguém me ver, os rapazes ao
longe me apontaram e coloquei para dentro cada uma das sacolas,
se os clientes tinham duvida se o bistrô teria mais fermentado,
viram que o estoque estava chegando.
145
O senhor sorri e fala.
— Não exagerou?
— Ponto de colheita.
— Certo, fazemos e reservamos, mas o que é o mais verde.
— Limão.
— Então temos três sabores especiais?
— Sim, temos ainda apenas três sabores especiais.
— Ainda?
— Os campos do condado do Baltazar, vai ter pelo menos 18
tipos de frutas.
— Achou alguém para plantar?
— Sim, mas terei muita resistência, não entra na provocação.
Eu entrei e olhei o rapaz da obra e fiz sinal para ele colocar a
fantasia e ir para a parte interna ajudar o senhor, eu fiquei do lado
interno e sentei em uma mesa.
As vezes queria acreditar que eles não cairiam numa
encenação daquelas, mas eles chegam empurrando o rapaz, todos
olham o administrador, eu fiquei ao fundo e ouvi.
— Acha que vou acatar algo somente porque você é o
pretendente da rainha?
Todos olham para o rapaz tirar o capuz e o senhor olha
sorrindo.
— Quem dera eu o fosse.
Eu gargalhei, e obvio, todos me olham com aquela veste justa
ao corpo, e o senhor fala.
— Vale para você a frase.
— A pergunta, que vou fazer a todos administrador, porque
não quer as melhoras para o povo.
— Sabe por quê.
— Você não quer independência, você quer substituir a
rainha, mudar o nome do cargo de rei para presidente ou
administrador, não muda o fato, de não querer a melhora. E a
pergunta é porque não a quer?
— Mas quer ser rei.

146
— Não, não entendeu, eu não posso ser rei ainda, pois para
que o fosse, teria de ter um posto de nobreza, você consegue algo
assim mais fácil que eu.
— E quer este favor?
— Não, se descobri depois de ontem, é que não posso dever
um favor a você.
— Mas o que veio fazer aqui?
— Acho que ninguém entendeu ainda, mas o nome usado por
ai pode ser o meu administrador, mas todos sabem, não estou lá.
— Me ofendeu ontem.
— Merecia um direto de direita.
Os soldados iam chegar perto, eles queriam confusão e falo.
— Se não sabe conversar, limpar, fazer as coisas, vou pedir
uma reeleição de administrador, quero ver você ganhar agora.
— Eles votam sem pensar em mim.
— Acho que é fácil matando os candidatos e jogando nos
cantos de lixo, e policiais – olhei eles – não acharem um corpo
fedendo a mais de dois anos.
— Nos acusando.
— Vou entrar com a representação, pois o administrador
disse que o candidato concorrente fugiu das discussões, e a verdade
está longe de ter sido esta, ele morreu, e alguém o matou, o único
que ganhou, quer dizer, os dois únicos, o administrador e o prefeito
indicado por ele.
— Disse que queria conversa e está me acusando.
— Se não sabe acatar as ordens superiores, e quem deveria
dar proteção, está matando, não temos o que conversar senhor, e
se mandar me prender, desta vez, não vou apenas me defender,
vou o afastar por abuso de poder.
— Acha que manda algo?
Eu olhei os seguranças siris entrando e perguntei.
— Problemas senhor siri?
— Apenas vi ver ser era seguro para a rainha chegar aqui.
— Estamos a esperando, mas bom dar proteção para ela,
estes seguranças não a respeitam senhor.
147
O administrador viu os siris entrarem e colocarem os
seguranças para fora e olhei para o administrador.
— Se não sabe conversar, precisamos de alguém que saiba.
— Acha que alguém voltaria em você?
— Não, eu sou a favor do chefe siri para administrador, não
um Ente-Humano.
— Não fala absurdo.
— Vocês são minoria, só acertaram a parte que lhe interessa
da cidade, mostraram que não querem as obras mesmo sem custos
no resto da cidade, todos viram e falaram disto administrador.
— Acha que ganhou?
— Alertando todos, se eu sumir, não fugi, podem procurar
que apenas fui morto por este senhor.
— Um humano jogamos na praia, traste.
Sorri e olhei para a porta, talvez a rainha nunca tivesse
entrado em um local assim, as casas imperiais amplas, não eram
como um boteco de destilados, o proprietário olha para a senhora e
fala.
— Seja bem vinda Rainha Wave.
O rapaz colocou a cabeça de novo e a acompanhou a uma
mesa na parte externa, agora toda florida, a rainha nunca tinha nem
visto aquele lugar, então deve mesmo assim ter tido uma impressão
ruim, e com calma fui a mesa e falei.
— Boa noite rainha Wave, posso me sentar.
Ela olha com autoridade, ela iria dizer que não, senti que a
acompanhante ao lado dela lhe deu um chute, estava ali a lhe olhar,
todos para dentro olhavam para aquele lugar, não saberia dizer por
onde o administrador saiu.
Ela fez para sair com a mão, e sai, ela foi até ali e não me
queria a mesa, eu fui a parte interna, toquei a roupa e sai para a
rua.
O segurança olha para mim, estava a rua e faz sinal para
entrar na peça ao lado, na parte mar não dava para falar.
— Ela insistiu para vir, não sei o que ela quer?
— Nem eu.
148
— E os seguranças do administrador.
— Nunca entendi a birra, mas deve ser histórica entre as
famílias lá encima e os aqui em baixo.
— Sim. Eles tentam tomar uma parte do reino a anos.
— E não o conhecem?
— Sim, são como os lá encima, não conhecem o reino, falou
serio em me lançar para administrador.
— Uma cidade cosmopolita, como a rainha de Wallace falou,
não deveria ter apenas um grupo nos dois comandos.
— Foi a Wallace?
— Vão mandar uma comitiva para compras.
— E estava onde?
— Acredito que não serei rei segurança, pois eu não tenho
um titulo, em uma semana, não dá tempo de conquistar um, ainda
bem que estava preso ontem, uma das formas era tentar ser um
herói, mas morreria nas garras de uma agua viva.
— E desistiu?
— A ideia é mudança senhor, eu posso não conseguir fazer a
rainha sorrir, mas tenho de entender o que a corrói por dentro.
— Não sabe mesmo?
— Lembranças de infância, que foi há tão pouco tempo, mas
eu não ficava a prestar atenção em quem me ajudava, mesmo que
por 15 dias.
— Certo, pelo jeito ainda corre atrás da historia.
— Eu não lembro disto tão claramente, para me posicionar, e
não posso dizer ainda se não sou o motivo dela não sorrir.
— Então está em uma tentativa mais difícil, pois um titulo,
não é um sentimento.
— Eu tento lembrar das historias que falava, foi algo que falei,
provavelmente, eu inventava historias.
— Vai tentar de novo?
— Deixa o bistrô faturar um pouco, pois todos os demais
podem falar que são melhores, mas que a rainha Wave entrou e
sentou em suas mesas, isto ainda somente este.
— O lugar é aconchegante.
149
— Quando entrei nele a alguns dias, era puro lixo.
— Você os ajuda, alguns dizem que você tem o dom de fazer
as coisas darem certo.
— Queria saber fazer a minha vida dar certo.
Entrei e fui ao fundo, coloquei a segunda roupa, e ajudei a
cuidar do local, não sabia o que estava passando na cabeça da
rainha, mas ela estava bebendo muito.
Mandei reduzir a quantidade de álcool, o proprietário
entendeu, não seria bom a rainha sair dali bêbada.
Eu estava a olhar os demais clientes quando ela chega ao meu
lado, bêbada e fala.
— Senta lá antes que eu desista.
— Assim?
— Faz diferença?
— Está bem? – Perguntei preocupado.
— Você nunca se preocupou.
— Lhe acompanho a mesa.
Puxei a cadeira para ela sentar, talvez nunca eles tivessem
visto alguém fazer isto, não sei o que pensaram, mas ela sorriu, e
sente a sua frente e olhei a irmã dela e perguntei.
— Sabe guardar segredo?
— Sim.
— Rainha, como eu, um menino na época de 12 anos, iria
imaginar que a menina ao lado, era uma rainha, como eu, um rapaz
tímido e que me considerava feio, iria entender do que falava, eu
inventava, e algo do que falei, que nem sei oque, ainda lhe magoa.
Ela afastou o copo, olhou a irmã e falou.
— Melhor manter a boca fechada.
Ela balança a cabeça e ouço.
— Pensei que nem lembrasse daquilo, você não tem noção do
que aconteceu após aquilo.
— Me explique?
— A rainha é a menos feliz, ela tem de tocar o reino, eu era a
segunda mais velha, Mic tocaria o reino, mas na minha ignorância,

150
quando fiquei 15 dias lá, em teoria, para eles, vivi um ano a mais
que minha irmã, eu acho que vivi um ano a menos, mas ela se livrou
do peso, e meu pai me passa o peso.
— E acha tão pesado assim?
— Responsabilidade é peso.
— Porque não pede ajuda rainha.
— Não quero sua ajuda, eu lhe ajudei e me dei mal.
Pensei na inversão temporal, eu em casa parecia uma criança,
as moças, adultas, eu ali adulto, elas bem jovens.
Olhei o chão, eu queria a ajudar, e não teria como.
— Mas porque então mandou buscar sua irmã?
— Não o queria ao lado dela, não quero você aqui, você
deveria estar fazendo castelos, acho que somente quando o vi aqui,
entendi que não seria o menino lá.
— Acho que está se cobrando algo que faço o tempo inteiro,
improviso sem pensar nas consequências.
— Você sabe me irritar, sei que eles não estão olhando, sei
que usou o que lhe ofereci para criar uma estrutura que nem eu sei
o tamanho, mas quando uma prima a muito distante liga me
parabenizando a iniciativa de limpar os mares e proteger os meus
contra as redes de pesca, quando uma comissão de caranguejos
chega a entrada de seu reino e pedem para passar, sem guerra,
apenas por respeito, quando alguns me perguntam, quem é Baal,
quem é este conde Baltazar.
A olhei, deveria ser estranho para ela falar com alguém com
aquela cabeça e a tirei e coloquei a mesa, sabia que tinham pessoas
a janela ao longe, olhando para parte interna, e a olhei.
— Quer me complicar mesmo? – Ela fala me olhando.
— Eu acho que esta falando com o polvo.
Ela sorriu e falou.
— Não sou tão louca.
— Eu não sei se precisa se preocupar, pelo que entendi, um
processo para virar conde, demora 3 anos locais, um principado,
tenho de ter um dote, não o tenho, um herói, não sou de grandes

151
feitos coletivos, para ser um cidadão, um camponês ou mesmo um
grotão, precisava não ser humano.
— Vai desistir?
— Não disse isto, mas uma semana, vai ser difícil ver ela
passar e não poder cumprir com esta exigência.
— Por isto o agito, está pensando onde existe um caminho
que não viu, pensei que já tinha a saída, esqueci que títulos precisa
de alguém lhe passando o titulo.
— Apenas não vou falar minhas ideias, pois tenho uma
tentativa ainda.
— Pensei que havia desistido, eu lhe dei um prazo pequeno.
— Espero não a decepcionar mais uma vez.
— E se não conseguir.
— Terei de tirar a ultima carta da manga.
— Ultima?
— Roubar uma rainha.
Ela sorriu, talvez ela não tivesse pensado nisto.
— Sabe que eles iriam me buscar.
— Dai terei de ver se consigo esconder alguém dos olhos dos
siris.
— Pensei que vinha pedir mais tempo?
— Acho que desafiados fazemos milagres.
— E não vai me contar seus planos.
— Ainda não sei se fugiria com um qualquer?
— Terei de pensar 5 dias sobre isto.
— Não se esquece, praias para se fazer castelos, existem aos
montes.
— Morrer de amor não parece algo romântico. – Fala ela me
olhando.
— Romântico é estar com quem amamos, mas nem todos
amam a pobreza.
— E se aceitar o castelo como um dote?

152
— Algumas bocas mas, falam que já aceitou o dote de um
pretendente, mas eu sei que colocou um empecilho a este
pretendente, para que ele se dedique mais.
— Ou se dê mal.
— Seria um ponto que não teria como concertar. – A olhei
serio e ela falou.
— Eu não sei se quero você ao meu lado Baltazar, mas você
me trai por ai, vejo nos olhos da minha irmã, o encanto que via
diante do espelho, quando era mais jovem.
— Então pense, pois não é porque eu vou cumprir algo, que
tens de aceitar ou me matar rainha, sabe disto.
— Sabe as regras.
— Não existe regras que reis não possam desconsiderar, mas
se quer minha morte, por não conseguir decidir, estarei por perto,
esperando, não sei ainda como cheguei ao hospital, mas com
certeza, não chegaria lá sem um pré tratamento, mas uma hora,
pode ser que não se consiga contornar.
— E não fugirá.
— Não, talvez esteja na minha historia morrer aqui, pois eu
nunca pertenci ao mundo ali fora, se não pertenço a este, pode ser
que eu apenas entenda, e como meu pai fala, as cortinas se fecham.
Ela me olha e fala.
— Acho que está na hora de ir, sucos naturais, devem estar
esbanjando por aqui, pois isto nem nas mais altas rodas de reinos
mais modernos. – Ouvi ela falar isto, e não comentei, mas a vi sair, a
segurança a conduziu, e olhei para todos me olhando, eu coloquei a
cabeça de lula e voltei a atender.
Os siris haviam saído e falei para o rapaz.
— Hora de deixar a encrenca comigo.
— Acha que vão o prender?
— Vai, depois lhe apresento a uma princesa.
— Você parece saber que eles não vão pegar leve.
— Todos sabem, e todos deixam as portas abertas, para as
catástrofes acontecerem.
— E não vai desistir.
153
— Mantem os cronogramas, apenas isto.
Eu sai pela porta da frente, e comecei a caminhar no sentido
da cidade alta, iria até o buraco, muitos faziam isto, tomavam
folego, balançavam as pernas rápidas, e o conjunto de prender a
respiração, mexer as pernas, os dava velocidade para cima, e
quando saiam da agua, inclinavam o movimento caído de pé na
lateral.
Eu sentia que estava sendo seguido, senti quando alguém me
enfiou algo afiado pelas costas, senti o gosto na boca, de sangue,
aquilo me atravessou, eu não olhei para trás, eu apenas senti tudo
turvo, devo ter dado umas três voltas e olhei os seres se afastando,
ninguém por perto.
Encostei no canto, vi o rapaz vindo rápido ao fundo, não sei
quem vinha com ele, mas fechei os olhos, a dor estava forte, acho
que não sou feito para isto, senti o descordar, senti a veste me
soltar, não percebi tão rápido e aspirei agua, tudo ficou mais turvo.

154
A sensação de que estava entubado, era algo que não
gostava, mas olho em volta, não era o mesmo lugar que já estivera,
e olho para aquela espécie de médicos, deveria ser algo daquela
espécie, pois embora fossem diferentes, não eram os mesmos.
Olho o rapaz entrar e olhar o senhor.
— Ele está melhor, não sei o que ele tem dentro dele, mas
quem o determinou como humano?
Ouvi aquilo e o rapaz me olha.
— Alguém no reino ao lado.
Soube que não estava no reino, não sabia o que tinham
falado, mas o rapaz deve ter achado melhor me tirar do reino, não
tinha noção de tempo, apenas de que estava doendo na altura das
costas.
— Ele seria o que? – O rapaz.
— Ele tem sistema duplo de respiração, mas parece não usar
ele, como se estivesse a anos sem uso, ele nunca aprendeu na
infância a filtrar a agua, então ele mesmo tendo um pulmão e um
sistema de filtro para a agua, ele nunca aprendeu a usar, deve ter
sido criado em terra.
— Mas o que ele seria?
— Para mim a Origem é lenda rapaz.
— Origem? – Falei olhando o senhor.
— Os seres que deram origem ao grupo humano e ao grupo
de seres Entre-Humanos, como Sereias, Reinados, e Dissidências.
Fiquei com aquilo a mente e o rapaz perguntou.
155
— Ele vai melhorar?
— Quem o esfaqueou não desconfia da origem, pois pensou
em matar um Entre-Humano, ou humano.
— E o que difere?
— Alguém já tentara antes, ele tem uma marca de faca
frontal na altura do coração, mas os da origem, tem sistema de
estancamento de sangue, mas mesmo para mim, é lenda, ter
estudado isto nos cursos de Cura, não é se deparar com isto.
— Podemos contar com sua discrição e segredo senhor? –
Fala o rapaz.
— Sim, se falar algo assim, muitos iriam olhar para ele como
uma anomalia a ser estudada, eles podem até tirar a liberdade dele
por motivos de estudo da origem.
—Obrigado senhor.
— Ele levou sorte, se estivéssemos nos reinos mais próximos
como Wallace, o controle é tão próximo, que o deteriam para
estudos.
Fiquei pensando se a rainha sabia, eu fora a seu hospital.
Eu olhei para o rapaz e perguntei.
— Onde estamos.
—Reino de Lama.
Pensei ser um lugar mais escuro e estranho, parecia mais
moderno que os sistemas a praia, porque pensei nisto? Reinos
formados enterrados no lodo negro do litoral, era algo que parecia
ser mais sujo, mas não foi o que a primeira impressão me gerou.
Lembrei que muita coisa estava em jogo e olhei para o rapaz.
— Tem de olhar por minha mãe.
— Ninguém viu você ser atingido, um lado deve achar que
morreu, outro que está fazendo de tudo para ser aceito.
Tentei me mexer e o doutor peixe falou.
— Tem de se recuperar.
— Quando tempo ainda tenho? – Perguntei olhando para o
rapaz ao lado.
— 3 dias.
— Como as coisas estão?
156
— Não sei de tudo, mas os administradores estão produzindo,
o administrador está tentando tocar o que ele vê, se dizendo seu
representante.
— E o que ele está tocando?
— A linha de cristais e a linha de alumio.
— Ferro?
— Não, esta ele nem sabe que está lá ao lado.
— Espelhos?
— Também ao lado, mas nada do que fizer vai gerar um titulo
a tempo, sabe disto.
— Sei, mas se a rainha sabia que não precisava de algo, e
pediu para ver se era sincero?
— Não entendi.
— Regras para humanos, não para iguais.
— Certo, ela poderia chamar um igual e o ascender sem
precisar que ele fizesse nada. – O rapaz.
— Quem me esfaqueou?
— O secretario do prefeito.
Eu olhei o médico e perguntei.
— Quando me dará alta?
— Quando estiver bom.
— E quando isto vai ser?
— Tem de entender que algo lhe atravessou o corpo,
estancamos o que vimos, mas sempre tem o risco de algo mais
serio.
— Sim, morrer na cama, ou morrer lutando.
— Pelo jeito está próximo a fugir do hospital.
Sorri e o senhor falou.
— Sabe que o rei quer falar com o estrangeiro.
Olhei para o rapaz e ele falou.
— Disse conhecer alguém de nome Baltazar em uma prisão
em Wave, se ele era o atingido, queria o falar.
— Vai me dizer que Hucn é rei? – Perguntei e o medico falou.
— Sim, dona alteza real Hucn, é o líder supremo do local.
157
— Eles são realmente ignorantes naquele lugar.
O médico olhou-me e perguntou.
— Achou o rei numa prisão?
— Digamos que ambos estávamos presos por engano, eu sai
e forcei o soltar de todos os demais.
Estava ainda desconfortável e vi erguerem a cama e vi aquela
linha de caranguejos entrarem, olharem todos e vi Hucn entrar e
olhar o rapaz.
— Obrigado pela confiança rapaz – O rei me olha e fala – Esta
cercado de pessoas inteligentes, mas levou sorte, muitos estariam
mortos com o atravessar do corpo, mas nunca estudamos os
humanos, mas como está rapaz?
— Agradeço a hospedagem e cuidado, tenho de ver como
ressarcir o reino por gastos com minha pessoa.
— Considere um agradecimento por me tirar de lá, sem que
tivesse de dizer minha origem, o que faria o prefeito de lá pedir um
agrado aos de cá.
— Tenho de voltar rápido rei, sei que o correto seria ficar,
mas perderia o brinde extra.
— Todos falam de Baltazar, mas pelo jeito não olham ao lado.
Sorri, ninguém falava meu nome normalmente, e o senhor já
sabia mais de mim que muitos.
— Mas como reparou, fofocam, mas não sabem quem é.
— Sim, se alguém soubesse quem você era, estaria cheio de
emissários do lado de fora, mas assim que o curandeiro lhe soltar da
cama, espero na minha sala imperial.
O senhor saiu e olhei para o rapaz.
— Estamos em um grande buraco?
— Sim.
— Quando vai me soltar? – Olhei aquele ser a me olhar.
— Entendi direito, é o Conde que ofereceu um castelo a
rainha Wave, que ninguém sabe quem é?
Sorri sem graça e ele terminou.
— Alguém próximo, distante na pratica, próximo fisicamente,
pertencente a Origem?
158
— Vou ter de acreditar em você.
Ele solta aquele sistema de sucção que me prendia a cama e
vi o rapaz alcançar minha roupa e sair, eu me troquei e olhei os
pontos, sentia as costas, vi que havia uma compressa, puxando os
lados da pele, teria de ir com calma.
Sai pela porta e fomos a sala do rei, fomos anunciamos, olhei
aquele senhor e vi ele olhar o rapaz ao fundo e o mesmo veio com
duas espadas e falou.
— Senhor Baltazar eu o nomeio conde de Lama.
O senhor viu meu sorriso e falou.
— Agradeço realeza suprema.
Ele colocou a espada na minha mão e falou.
— Que defendas o que acredita, pois poucos vi encarar com
fé, coragem e determinação aguas vidas mesmo preso.
Ele olha o rapaz e pergunta.
— Qual o seu nome rapaz?
Ele olha em volta e sem jeito fala.
— Iun.
— Senhor Iun, por apoiar e proteger um líder, arriscando sua
vida e se prestando a isto, merece o titulo de cavalheiro de Lama.
O rapaz sorriu, ele seria um cavalheiro e agradeceu.
Saímos e o rei manda nos escoltarem até o reino vizinho,
chegamos a Wallace, de veiculo oficial de Lama, os rapazes olham
para nós desconfiados e nos hospedamos em um pequeno local, eu
não tinham muitos recursos, o rapaz parecia mais ligado a moeda
local, meus administradores lembravam de pegar dinheiro, eu acho
que ainda era a criança a fazer castelos de areia.
— O que faremos, temos dois dias? – Iun.
— Agora já pode pedir a rainha em casamento rapaz.
— Não estou brincando senhor.
— Tenho de lhe agradecer, estou vivo por sua prontidão e por
não ter ido embora.
— Acha que este colar de conde, eles vão levar a serio? – O
rapaz.

159
— Não posso arriscar não o levarem a serio, eles podem dizer
que o reino de Lama não é reconhecido.
— E o que vai fazer?
— Estamos dando tempo, pois a noite as cidades ficam
desertas, e não podemos ser culpados por algo.
— Vai se vingar?
— Não, mas se tem uma coisa que não consigo, é deixar
alguém que me feriu pelas costas, solto para o fazer de novo.
— Compreendo, mas como vamos nos defender.
— Não sei, sabe se existe algum tipo de região que guarda os
conhecimentos no local?
— Não.
— Consegue ir a cidade, e alertar todos os comandados que
não autorizei nenhuma troca de pessoal, sei que eles não devem ter
pensado nisto ainda, mas logo vão querer, e alertar que estarei na
cidade em dois dias.
— Vai se virar sozinho?
— Deixa pago a 3 dias e vou verificar o que faço.
— Não sei o que pretende?
— Existe uma área, que não está no mapa de Wave, e que
não pertence a Wallace, mas que tem acesso pelos dois reinos.
— E o que pretende?
— Vou caminhar até lá.
Eu sai dali, tentava lembrar onde eram os pontos de
confluências dos locais, e olho para o segurança do castelo de
Wallace e falo.
— Boa Noite, qual a melhor hora para uma audiência com a
rainha Wallace.
— Quem gostaria? – O rapaz.
— Conde Baltazar de Lama, pretendente da rainha Wave.
O segurança olha desconfiado e entra, a senhora o manda
entrar e fala.
— Está brincando senhor, isto é coisa seria.
— Meus respeitos rainha Wallace.

160
— És um humano, como seria conde de Lama, aquele reino
nojento.
— Lhe garanto, eles na propaganda, conseguem menos
inimigos que com batalhas.
— É serio que é conde de Lama?
— Vim propor ser conde de Wallace, mas teria de oferecer
algo, mas não sei o que seria aceito.
— Tens coragem, mas sabe que todo conde tem de te terras.
— Sim, por isto vim conversar rainha.
— O que quer conversar?
Peguei um lápis, e a parede do fundo, sabia que teria de
limpar e falei.
— Primeiro ponto rainha, não sou humano, os meus se
designavam de Origem, segundo, nossas terras, ficavam abaixo dos
dois reinos, e hoje geraria uma guerra que não pretendo travar
retomar nossas terras.
— Está dizendo que estamos sobre suas terras, dos seus
descendentes?
— Não, disse que estão sobre ela, bem acima. – Risquei um
traço bem ralo de um reino, escrevi Wave, risquei outro e escrevi
Wallace, e por fim, coloquei os buracos das duas partes dos
habitantes e os dois tracejar e falei.
— Segundo os meus, abaixo deste ponto, existiam os campos
de cultivo dos meus senhora.
— Está dizendo que existiria uma área cultivável abaixo dos
dois reinos.
— Sim, como terras dos meus ascendentes, saberia a entrada,
mas se me fosse dado um único titulo, teríamos como passar esta
parte em seu reino, para seu comando, pois mesmo que fosse terras
do conde Baltazar, seria do conde Baltazar de Wallace.
— Entendi, não existiria a guerra, e pagaria os impostos para
o reino, passando a ser parte das terras nossas.
— Sim.
— Mas se está abaixo da nossa cidade, porque não a tomaria
de você?

161
— Estou propondo senhora, posso propor o mesmo a sua
prima, pelo titulo que ela está a fim de me conseguir, mas acho que
geraria uma guerra abaixo de seu castelo, não em um campo
distante.
A moça me encara, eu estava ameaçando mas com sorriso
nos olhos e sem me posicionar, era uma proposta.
— E como pagaria os impostos atrasados?
— Com produção.
— Mas o que produziam os campos dos da Origem.
— Frutas cítricas, como laranja, limão.
— Esta falando que tem uma reserva de produção abaixo do
nosso reino?
— Não, estou dizendo que terei de retomar as produções,
pois elas estavam a anos abandonadas, minha parte da família foi
ao continente, eu estou me deixando atrair para as terras da minha
Origem rainha.
— E poderia pagar em suco e fermentados?
— Os fermentados serão produzidos em parceria com alguns
em Wave, não tínhamos este costume rainha.
— Certo, os sucos da Origem, são parte da fama deles, tenho
de pensar.
— Estarei até amanha cedo na cidade. Boa noite rainha
Wallace.
Eu sai, sabia que não conhecia o rei, e não sabia se não era
uma arapuca, fui no sentido da pousada, esperei o escurecer e fui
aos campos baixos, lacrados.

162
Entrei na casa após o lacre de parede e deitei a cama, estava
cansado e precisava descansar um pouco, os pensamentos foram no
conjunto de mentiras.
Eu deveria uma hora parar de mentir tanto, mas sabia que a
informação iria correr.
Pela manha, sai da parte lacrada e desci a parte dos siris,
levantei os ombros, com calma, respirei na agua, no primeiro
afogar, a capa me fornecia oxigênio, fui testando a respiração,
quando consegui não afogar, entendi que era questão de me
preparar, os siris eram atenciosos, mas não era um mundo com
muita diversidade, vi quando os soldados da rainha me cercaram .
Um deles fez sinal para que o acompanhasse.
Fui com eles, e vi Wave a entrada, e vi que ela não estava
feliz.
— Bom dia Rainha Wave.
— Posso conversar com este mentiroso?
Vi a rainha local nos deixar um tempo, ela me olha e fala.
— Mentir para ela não vai ajudar a ser um conde.
Olhei para ela desiludido.
— Não me quer como companheiro, é isto rainha?
— Não falei isto, mas sumiu.
— Digamos que tive de cuidar da saúde.
— Está doente.

163
— Não, mas o prefeito e o administrador até ontem, achavam
que tinham tido sucesso no matar-me, mas se está aqui, sinal que
eles já sabem que falharam.
— Sabe que se continuar a mentir, não poderei considerar o
titulo de Conde de Wallace.
— Se não considerar, será sua analise rainha, não minha.
— Um dia agradável, depois volta a ser como antes? – Ela
fala.
— Não a chamei de mentirosa, não estou dizendo que vai por
mais empecilhos, mesmo sabendo de detalhes a muito tempo que
me livrariam desta sua exigência.
— Não acredito em tudo que me falam.
— Desde que não seja contra mim, seria isto rainha?
— Não me entende.
— Ainda estou tentando rainha, ainda estou tentando.
— E onde estaria se recuperando?
Não respondi, estava com o colar de conde dado a mim pelo
rei de Lama, e ela sabia onde ficava.
Não sabia na verdade o que falar e apensa terminei.
— Não se preocupe com o titulo de Conde, de Wallace, eu
não o terei, pois o meu tempo aqui, já acabou, se ela não quer, o
que me propus fazer, apenas uma tentativa em tantas, Bom dia
Rainha Wave. – Eu não a dei as costas, mas quando cheguei a porta
sai acelerado.
Não sabia o que faria, mas estava quase chegando a divisa e
vi que estava com a divisa cheia de seres siris do lado oposto,
ordens para que eu não entrasse?
Desço do carro e olho o chefe dos siris e pergunto.
— Problemas?
— Ordens da rainha, para que não entre em seu reino.
— Bom saber de que lado estas siri.
Respirei fundo, e dei meia volta, andei pela divisa do lado de
Wallace até a divisa de Lama e entrei até a formação rochosa, me
encostei naquele lugar, toquei a pedra, olhei o rapaz abrir e me
olhar.
164
— Problemas.
— Fala rapaz.
— Quase me prenderam, os dirigentes estão todos presos, e
tem algo que não vai gostar.
— Fala.
— Sua mãe e seus dois irmãos, estão com data de execução
marcada para depois de amanha.
— Vamos então.
— Onde? – O rapaz.
Deixei o carro ali e descemos até a parte de plantas, eu fui
indo para a região que deveria estar a prisão, sobre nossas cabeças
e falei.
— A rainha apoia tudo isto rapaz?
— Não sei, mas se você não toca mais as empresas, e ela
parece ter colocado os siris para deter todos os seus aliados, o que
podemos fazer.
— Pensei que o líder deles estivesse se voltando para o nosso
lado, mas com certeza lhe prometeram algo melhor do que eu
poderia dar, principalmente se estivesse morto.
— Agora ele lhe viu vivo.
— Não muda o fato deles estarem prendendo tudo e parando
tudo, mas eles acham que este lugar não existe.
— Não mostrou a muitos.
— Tudo lacrado, lembra.
O rapaz viu os campos carregados de laranjas imensas e fala.
— Com certeza este é um dos triunfos que querem.
Peguei a coordenada da prisão, e comecei a fazer um buraco
simples, sabia que o fim cavaria na madrugada, mas senti o chão
quase ceder e parei o sistema de buraco.
Fizemos um buraco na região da fabrica e assaltamos um
local que deveria estar produzindo e estava parado.
Esvaziamos a partir daquele ponto das 4 divisões de
siderurgia, eu olhava ao longe quando vi os seguranças da rainha
chegando a região da prisão, eu olhei para eles e vi que o dirigente

165
estava lá, ele parecia querer algo, e não gostava do que aquilo
indicava, mas teria de ser frio agora.
Eu começo a furar abaixo do caminho interior, e quando já de
noite coloco a cabeça para fora, tinham descoberto tudo, e o povo
estava jogando sujeira ali de novo.
Pedi para o rapaz voltar e soltar todos.
Entrei no Bistrô, tinha uma placa de interditado na porta o
que indicava que tinham preso o proprietário.
Eu subo para a parte alta, eles nem se deram ao trabalho de
gerir aquilo, sabia que me xingariam, mas se não sabiam enfrentar,
agora entenderiam, eu quebrei o primeiro vidro da cúpula mais
baixa e vi a agua correndo para dentro da caverna na parte baixa, eu
abri a comporta para a parte interna, e a agua lentamente começa a
correr ali, subo para a parte alta e olho para os grandes polvos
amarelos, e fui soltando eles, tirando as estruturas que os deixavam
leves, sem movimentos, alguns começam a sair pela parte do fundo,
sem nem olhar para trás, um trabalho eterno para seres que nem os
defenderam das agua vivas.
Eu desci pela parte aberta, cheguei a região dos favorecidos,
estavam todos esperando algo na entrada, pois a segurança da
cidade não estava ali.
Eu entrei na parte do rapaz que me esfaqueara e falei.
— Feliz em me transformar em uma alma penada.
O rapaz olha assustado, eu vim da parte externa, sem a capa
protetora, sem sistemas de respiração, então ele me olhava
assustado.
Encostei nele uma arma de choque e ele se bateu no chão, eu
o amarrei, amarrei mais 12 seguranças da prefeitura, prefeito e
secretariado, eu os coloquei no corredor interno, num que nem
haviam limpo, os prendi a um poste e olhei para o prefeito.
— Espero que eu esteja errado, pois acho que tudo isto
amanhece cheio de agua.
Eu voltei ao local que abrira o buraco, e o tampei, fui a rua
externa, e comecei a andar no sentido do buraco, eu tomei folego e
olhei para trás antes de me lançar para cima.

166
Tomei folego, bati as pernas, encolhi os braços e peguei
velocidade e saltei para fora do buraco, olhei para os soldados indo
no sentido da prisão e apenas gritei.
— Vão onde?
Todos me olham, o diretor me olha e fala.
— Ainda vivo?
— Sim, o que está fazendo ai?
— Eles tem de ser mortos, sabe disto.
— Tanto faz, a cidade baixa não tem mais salvação, vai
inundar até o ultimo canto, se vou perder alguém , que percam
todos os familiares também.
Os siris chegavam ao longe e não olhei para eles, estava
olhando para o dirigente.
— E vai confessar os assassinatos facilmente?
— Eu não matei ninguém, mas seres que vivem na agua, e
não sabem respirar nela, se afogam.
Ouvi minha mãe falar ao fundo.
— Filho, está vivo, o senhor disse que estava morto.
— Ele tentou, como está mãe?
— Onde estamos filho?
— Num reino que deixa de existir, pois se para saímos vivos, a
única alternativa é os tirar daqui, eles escolheram a saída.
O senhor olha para mim e fala.
— E veio sozinho?
— Não, mas já que a rainha vai chegando lentamente, ela tem
tempo de sair.
O senhor viu que da região do castelo, vinha agua,
estranhou, mas ele ignorava a existência da caverna, o diminuir da
pressão, fez a agua entrar por todos os lados, e também vinha por
ali. – Eles estavam todos com seus uniformes que os permitia
respirar. O buraco que dava para a cidade baixa, começava a
encher, mostrando que também iria transbordar.
— Acha que não vamos aproveitar a ausência da rainha para
tomar o reino.

167
— Vocês e mais quantos? – Eu estava provocando, os
seguranças estavam começando a sorrir, eles tomariam a cidade, e
o senhor fala.
— Acha que os siris lhe apoiam?
— Acho que cada um terá o direito de escolher quem
seguem, mas duvido que alguém que mata qualquer um por cargo,
seja alguém que eles sigam se não por medo.
Eu não olhei para minhas costas, mas o olhar assustado dos
rapazes da segurança mostrava que alguém veio a me apoiar, eu
estava arrotando alto, mas achava que não teria apoio, sempre fui
de aprontar todas e ouvi o segurança de Wallace me olhar e falar.
— A rainha de Wallace disse que se a rainha não o aceitar, ela
lhe oferece a filha mais velha.
O dirigente não entendeu, estavam com seguranças de uma
outra nação invadindo e o senhor gritou.
— Vocês não podem intervir aqui.
— Se não tem exercito, prefeito morto, e o segurança não se
meche para os salvar, apenas fica na tortura de uma senhora que
deveria respeitar, intervimos sim.
— Porque vou respeitar uma humana? – Fala o senhor
arrogante e ouve o rapaz, eu só estava agora de turista, os olhares
para traz assustados me fizeram olhar, vi a linha de enfrentamento
do exercito de caranguejos subindo pelas paredes e surgindo as
costas e o segurança de Wallace fala.
—Se não respeita a Origem, não nos é importante.
Os seguranças de Wave olhavam assustados, mas estavam
querendo tomar a força uma cidade, ao fundo no castelo, alguns
seguranças que iriam se apoderar do castelo, começam a ser
trazidos pendurados pelas pernas e sem as roupas que os abraçava,
pelos caranguejos.
— Eles não podem ser a origem. – O senhor me olha, ele me
viu sorrir e fica na duvida, ele sabia que tentaram o matar, eu
sobrevivera 3 vezes.
Os seguranças foram desarmados e colocados nas cela que
não tinha mais ninguém, os caranguejos começam a sair, os

168
seguranças de Wallace tomam a cidade e os siris da cidade vizinha
olha para o grupo da rainha chegando.
Eu com apoio que nem entendi de onde veio, queria apenas
uma decisão, tinha tomado a cidade, os buracos foram trancados, o
vidro colocado no lugar, a agua começa a voltar ao normal.
Eu estava a praça a frente do castelo, quando a rainha chega
com os siris, e me olha.
— Veio enfrentar os problemas rapaz. — Fala o chefe dos
siris.
— Sim, toda a segurança está detida, tivemos problemas de
infiltração na cidade baixa, houve mortes, dizem que foi terrível, e a
segurança da cidade não estava nela.
— Não pode prender minha segurança.
— Se informe rainha, antes de falar alto comigo. – Apontei o
castelo dela e os siris se veem cercados e falei calmamente.
— Tinha tudo para estar do lado de cá senhor, mas escolheu
trair a rainha, então não tenho pena de vocês.
— Mas o prefeito não vai deixar barato.
— O prefeito está morto, toda a linha de conspiradores,
mortos, se eu posso morrer, eles também podem.
A rainha estava andando de costas se afastando para o
castelo, não sei o que ela ouviria ali, mas com certeza, ficaria
furiosa.
Os siris foram presos com os rebelados, e vi a rainha Wallace
olhar para mim, chegando com sua segurança.
— Ainda quer o titulo rapaz?
— Se achar que as terras podem ser uteis.
Caminhamos até a entrada da caverna e a senhora viu que
era uma caverna maior e mais alta que seu reino, e fala.
— E para que quer poupar a rainha rapaz?
— Talvez não saiba rainha Wallace, mas eu era o rapaz a
areia, que Wave fugiu para ficar ao lado, construindo castelos de
areia, a alguns anos.
— E veio retomar o seu reino.
— Quem sabe ela não toma a decisão rainha.
169
—Este anexar de terras produtivas a Wallace, é de grande
ajuda.
Naquele dia fui conduzido a cidade do reino vizinho e recebi
minha segunda comenda de Conde.
A segurança da cidade de Wave passa a ser feita pela rainha
ao lado.

170
A rainha Wave na manha seguinte, é levada diante da rainha
Wallace e fala furiosa.
— Tomou meu reino.
— Ainda não entendeu nada né prima.
— Vocês dão muito valor a este humano.
— Duvido que acredite nisto ainda, mas unificamos o
comando da segurança, mas não posso negar que o apoiar no conde
Baltazar não tenha me gerado um ganho.
— Você o tinha transformado em conde mesmo?
— As terras que ele me apontou prima, são maiores que os
nossos reinos juntos.
— Acha que acredito nisto?
— Quer ouvir minha opinião prima?
— Vai me dar a ele?
— Não, eu ofereci minha mais velha a ele, as terras dele são
um dote que somaria muito a nosso reino.
— Ele vai casar lá?
— Ele não respondeu.
Eu ouvia tudo isto do fundo, sem aparecer, e ela fala.
— Porque estamos conversando se tomou minhas terras.
— Não viu a batalha, para dizer que tomamos suas terras
prima, e se continua turrona, para que provocou tudo isto?
—Ele tem de entender o quanto me fez mal.

171
— Ele entende, pensei que era um motivo mais fútil o dele,
mas quando trazido para dentro, ele reformou seu reino, ele apoiou
a reforma de todos os buracos que surgiram ontem, com a revolta,
mas pelo jeito ele vai ter problemas ainda.
— Ele não é bem vindo.
— Não entendeu prima, suas terras, por conquista, e por
divisão, agora são as terras superiores do Conde Baltazar, com um
anexo de espaço em área, maior que as nossa duas nações,
referente aos campos cultivados.
— Não pode fazer isto?
— Como falei, você não está ouvindo, mas não esquece, se
não se posicionar rainha, tenho certeza que alguma de suas irmãs se
posiciona.
—E quer anexar nossas terras, demorei para entender, está
dando para ele para não ter de responder por apropriação destas
terras.
Wallace me olha a porta e fala.
— Entre Conde.
— Meus respeitos Rainha Wallace, rainha Wave?
Os olhos de raiva estavam sobre os meus, e falei.
— Bom ver que ainda alimenta ódio rainha.
— Não pode tomar meu reino.
— Eu tentei seduzir a rainha, mas quando ontem, com apoio,
depusemos os que diziam que você não entraria mais na cidade,
que estavam arrumando as coisas de suas irmãs para as jogar na
cidade baixa, não foi pensando em ter ódio aos olhos.
— Você armou.
— Rainha, pensa num cara, que era uma criança em tudo, e
sempre sonhou em ter seu castelo, sua rainha, sua linha de nobres e
protetores, e tudo isto, era apenas um sonho, que ficou no passado,
quando um senhor disse que não queria eu perto da filha dele
novamente, não sabia que era um rei me falando isto, mas quando
me trouxe para dentro, todos os atos, meus, seus, de sua irmã,
conspiraram para que estivéssemos neste ponto.
— E não vai me devolver o reino.

172
— Para que, você solta os conspiradores, em 6 meses eles
novamente, agora sabendo que sabe que eles são conspiradores,
tomam o poder e você ainda aplaude.
— Eles não o fizeram.
Eu olhei para a rainha vizinha e falo.
— Agradeço o apoio, teremos de formar novos seguranças,
pois vimos que todos eles estavam corrompidos por sonhos de
grandeza, mas não conseguiam olhar para o lado.
A rainha saiu e olhei para a rainha Wave e falei.
— Se que mesmo que eu me vá, eu vou, estou aqui, diante de
ti, com um titulo, com um dote, com o seu castelo sendo terminado
ao fundo, com a cidade baixa reformada, as indústrias fornecendo,
materiais básicos, lhe perguntando, como vai ser?
Ela me dá um tapa e apenas dou um passo atrás e falo.
— Quer mesmo que desista assim Wavelia?
— Você me tomou tudo.
— Não deveria ter lhe tomado o coração, parece ser o que
mais a deixa dura comigo.
— Você não recua nunca.
— Eu recuei em tudo, eu deixei minha casa, meus castelos,
minhas vontades, pare lhe dizer o que disse sentada em um local
que nunca havia ido, o que fez, prendeu os que me permitiram lhe
olhar e dizer, vamos em frente, para que?
— O administrador me falou que eles estavam conspirando
contra ele.
— Sim, ele conspirava contra a rainha, quem conspira contra
o conspirador, não deveria ser inimigo, e sim aliado.
— Mas como posso tocar o reino sem um administrador, sem
um prefeito.
— Ainda não sei como vou administrar isto, mas você não me
respondeu, como ficamos?
— Você me tomou tudo.
— Não, ainda não lhe tomei nada.
— Porque não sede?

173
— Porque você me deixa jogar na arrebentação se ceder,
deixa eles me esfaquearem, duas vezes, prender e torturar minha
família, não foi me dada a chance de ceder mais do que cedi.
— Onde colocou sua mãe e irmãos?
— Eles retornaram, eles ficaram assustados, você não estava
aqui quando os caranguejos invadiram, até o exercito da rainha, não
se mexeu.
— E porque o rei dos caranguejos lhe defenderia.
— Ele defendia o conde dele, a rainha ao lado, somente
depois da confusão, me deu o titulo Wavelia, mas não estava aqui
porque eles vieram, eu vim enfrentar os seus seguranças.
— E como os enfrentaria?
— Com quem você chamava de conspiradores.
— E nada aconteceu como você pensou.
— Rainha, quer ser minha condessa?
—Porque me rebaixar.
A olhei serio.
— Não estou falando de reinos, condados, estou lhe
perguntando, quer ser minha condessa?
Ela fez o movimento para me dar outro tapa, eu segurei a
mão dela ao ar, e a puxei para perto, a olhei aos olhos e a beijei,
talvez todos a volta estivessem vendo aquilo, mas ninguém estava
querendo aparecer, ela me morde os lábios e afasto os lábios e falo.
— Pelo jeito, a perdi de vez.
Eu dei as costas e ela fala.
— Não entende.
— Quando você se entender, um dos dois estará morto.
Ela segura meu braço e fala.
— Mas vai para onde?
— Estou tentando não ir, e você continua me mandando
embora.
— Mas estamos em seu condado.
— Sim, tenho de providenciar segurança.

174
Senti ela aproximar os lábios, agora sim um beijo, se
perguntar o que foi esta relação, diria que uma guerra entre amor,
possessão e ciúmes, mas por anos, ela me fez feliz, mas hoje
olhando para a praia ao fundo, parece que as entrelinhas de tempo,
fazem meu filho mais velho tocar lá, ser mais velho que eu aqui
fora, minha mãe nos deixou a duas semanas, e olho para esta
historia, que muitos a volta dizem, que não vivi.

Fim.

175
176
177
J.J.Gremmelmaier

Genuflexório

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2017

178
Autor; J. J. Gremmelmaier Ele cria historias que começam
Edição do Autor aparentemente normais, tentando narrativas
Primeira Edição diferentes, cria seus mundos imaginários, e
2017 muitas vezes vai interligando historias
aparentemente sem ligação nenhuma, então
Genuflexório
existem historias únicas, com começo meio e
------------------------------------------ fim, e existe um universo de historias que se
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte encaixam, formando o universo de
------------------------------------------ personagens de J.J.Gremmelmaier.
Gremmelmaier, João Jose Um autor a ser lido com calma, a
Genuflexório, Romance de mesma que ele escreve, rapidamente, bem
Ficção, 81 pg./ João Jose Gremmelmaier vindos as aventuras de J.J.Gremmelmaier.
/ Curitiba, PR. / Edição do Autor / 2017
1 - Literatura Brasileira –
Romance – I – Titulo
-----------------------------------------
85 – 62418 CDD – 978.426

As opiniões contidas neste livro são


dos personagens e não obrigatoriamente
assemelham-se as opiniões do autor, esta é
uma obra de ficção, sendo quase todos ou
quase todos os nomes e fatos fictícios.
©Todos os direitos reservados a
J.J.Gremmelmaier
É vedada a reprodução total ou parcial
desta obra sem autorização do autor. Genuflexório
Sobre o Autor;
Vamos ao mundo de Lucas, seus
João Jose Gremmelmaier, nasceu em
problemas, seu talento, e toda a garra e fé
Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, formação
em Economia, empresário por mais de 15 para tentar recomeçar a vida.
anos, teve de confecção de roupas, empresa
Agradeço aos amigos e colegas que
de estamparia, empresa de venda de
sempre me deram força a continuar a
equipamentos de informática, trabalhou em
escrever, mesmo sem ser aquele escritor,
um banco estatal.
mas como sempre me repito, escrevo para
J.J Gremmelmaier escreve em suas
me divertir, e se conseguir lhes levar juntos
horas de folga, alguns jogam, outros viajam,
nesta aventura, já é uma vitória.
ele faz tudo isto, a frente de seu computador,
viajando em historias, e nos levando a viajar Ao terminar de ler este livro,
juntos. Ele sempre destaca que escreve para se empreste a um amigo se gostou, a um
divertir, não para ser um acadêmico. inimigo se não gostou, mas não o deixe
Autor de Obras como a série Fanes, parado, pois livros foram feitos para
Guerra e Paz, Mundo de Peter, Trissomia, correrem de mão em mão.
Crônicas de Gerson Travesso, Earth 630, Fim J.J.Gremmelmaier
de Expediente, Marés de Sal, e livros como
Anacrônicos, Ciguapa, Magog, João Ninguém,
Dlats e Olhos de Melissa, entre tantas
aventuras por ele criadas.

179
©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J.J.Gremmelmaier

Genuflexório

180
Entro a igreja, meu coração
estava pesado, me ajoelho, cruzo as
mãos e fecho os olhos, tento manter a
calma, mas meu peito doía, estava
amarrado, meus sentimentos estavam
me matando e não teria como aliviar
rápido, meus pensamentos foram a
Deus, mas sabia que a muito ele me
dera liberdade, meu nome, Lucas, o que faço? Comercializo minhas
coisas, mas em meio a isto, meu coração se perdeu em um sorriso,
me perdi nele, e a dor do meu peito é saber que ela está com outro,
que me disse que não queria mais nada comigo, que tudo que
entendia como amor, em nada eu estava colocado.
Eu olho para minhas mãos, uma lagrima corre ao rosto, eu
tento segurar, a lágrima parece soltar os sentimentos, o choro
começa, o soluço o acompanha, estava ali tentando, mas nada
parecia tirar a imagem dela saindo, meu coração apertado e
parecendo que meu destino a perdera.
As vezes achamos que um sorriso é para uma vida, estranho
pois um dia eu não a conhecia, dois dias depois, sabia que era
dependente dela, daquele sorriso, mas agora, não sei por onde
começar a caminhar.
Meu mundo estabelecido em um intervalo, antes daquele
sorriso, naquele sorriso, e agora, o que será deste ser que olha para
o altar, e não tem forças nem de levantar-se, não tem coragem de
olhar ao lado, de encarar o mundo.
Eu declarei amor, dependência, e agora, vou declarar oque,
ela levou tudo, mas o principal, minha alma.
Este local pode ser meu ultimo recinto, meu único caminho.
Porque as lagrimas não param aos olhos, porque me sinto
nada, onde me acho neste momento.
Não sei mais o que faço, pois era tudo para ela, me dedicava a
vender meus retalhos, minhas coisas, minhas ideias, mas sinal que
nem ela gostava das ideias.

181
Olho o altar à frente, meus joelhos parecem doer, mas não
tinha mais forças nem para os erguer.
Olho a estatua e ela me olha, não sei mais se estou
alucinando, mas olho para a reação dos demais ao local, não viam
nada, mas aquela imagem se mexe e chega a minha frente, e fala,
estanho aquilo, mas neste momento senti uma paz.
“Para amar alguém Lucas, tens de se amar antes.”
A imagem me passava uma paz que nunca senti, meus olhos
secaram, minhas mãos se juntaram a frente do corpo e continuei a
ouvir.
“As pessoas amam quem se ama, quem cria o seu próprio
caminho, não o dela, as pessoas se iludem mais em caminhos
inacabados do que em caminhos exatos, mas antes de chorar, olha
em volta, tens um dom, tens as mãos, tem a cabeça boa, força para
recomeçar, o que posso lhe dar, que não tens, o que posso aliviar,
que não esteja apenas dentro de ti, como disse antes, ama a ti,
antes de amar ao próximo.”
Eu olhava assustado, encantado e o ser sumindo fala.
“Para amar ao próximo como a si mesmo, tens de se amar
antes de tudo, pois se amar ao próximo, e não se amar, não estará
cumprindo seu caminho...”
Fiz força e sentei, passei a manga aos olhos e os enxuguei,
olhei para os rapazes fechando a igreja, com dificuldades me
levantei e fui a rua, olho para as escadas, para a descida para casa, e
começo a voltar.
Chego a porta, abro ela e me deparo apenas com meus
trapos, nem a cama ficou, nada.
Me encosto ao canto, estava frio, ou eu estava com frio, não
sabia definir isto naquele momento.
Me olho no escuro, levanto e acendo a luz, olho tudo vazio, e
sobre um canto, uma carta, eu a pego e penso se deveria ler.
O que poderia me fazer mais mal?
“Oi
Sei que não vai entender Lucas
Mas acabou
Não é a pessoa que me completa
Não é contra você, é a meu favor
Vou correr atrás da minha felicidade.
182
Se cuida”
Ajeito algumas coisas, meus documentos, poucos trocados,
meio de mês, não teria como comprar nada até receber a próxima
venda, e não sabia quando seria, me olho e lembro das palavras da
imagem, as vezes duvidava de não estar ficando maluco, mas me
olho na única coisa que sobrou no banheiro, um espelho velho, nem
o chuveiro para um bom banho tinha ficado.
O universo parecia me dizer, desiste, passei por coisas piores
com ela, mas naqueles dias, tínhamos um o outro.
Respiro fundo, olho o amontoado de roupas, que ela nem
arrumou ao canto, as jogou ali para tirar o guarda roupa, olhei uma
toalha velha, tomei coragem e tomo uma ducha, precisava acordar,
precisava iniciar algo.
Pego os pequenos quadros, pequenas coisas que vendia a
rua, e olho para as coisas, o que poderia eu fazer, como poderia eu
erguer a cabeça.
“Para amar ao próximo como a si mesmo, tens de se amar
antes de tudo.”
Olhei em volta, quase tive certeza de ter ouvido novamente a
frase, me seco e coloco uma roupa quente, não daria para dormir
direito, então pego os papeis, um caderno e começo a pensar, não
sabia o que faria, mas era obvio, queria uma forma de sair do
buraco, estranho todas as coisas que fiz nos últimos anos me
remeterem a ela.
Pego uma madeira no fundo, e começo a lascar ela,
preparando para por uma frase, olho em volta e marco com o lápis
o escrito.
“Antes de amar ao próximo, tens de se amar.”
“Ama a si mesmo, como ao próximo.”
“Antes amar só, do que falso amor.”
Fiquei a fazer plaquinhas, pois tinha de parar de pensar, mas
não estava dando certo.
Olho para a noite passar, talvez tudo que precisava, era
acreditar, peguei as plaquinhas e fui a praça, que sempre vendia,
olho para os lados e começo a vender, o dia estava bem quando me
vejo cercado de dois fiscais da prefeitura, eles recolheram tudo, me
empurrão, me falaram que para pegar de volta teria de ter as notas
de compra, tentei argumentar e um policial gentil me afastou, os
183
comerciantes ao longe, pareceram sorrir, como alguém sorri da
falência dos demais.

Me vejo no fim daquele dia de novo no genuflexório, de


joelhos, a olhar o altar, e pensar.
“Parece que fiz tudo errado, que nada que posso fazer vai dar
certo, as vezes temo por minha vida, mas peço apenas forças Deus,
o resto, vou tentar me levantar.”
Os meus pensamentos vão a Bruna, eu não sabia por que,
mas tudo que me vinha à mente, sempre tinha relação a uma
pessoa que se foi, ela me abandonou, tenho de aceitar isto.
Mas que ela sempre teve ideias boas, não posso negar.
Separei parte do dinheiro e coloquei na meia, e outra parte,
fui a um material de construção e comprei um chuveiro, passei no
mercado e comprei uma daquelas toalhas finas, mas melhor do que
a que tinha, e um sabonete.
Tenho de me reorganizar.
Chego a casa, olho para a senhora da casa, ela me perguntou
se iria ficar, confirmei que ia, ela me perguntou se tinha o dinheiro
do aluguel e falei calmamente, que na data estaria com o dinheiro
na mão dela.
A senhora me olha desconfiado, talvez a casa vazia, a fizesse
achar que iria sair a qualquer hora, mas o que posso fazer, na hora
de me avisar que Bruna estava esvaziando a casa, ninguém me
avisou, agora teria de me virar.
Tomei um banho, peguei umas placas de madeira e olhei para
a bagunça, a organizei e comecei a fazer mais placas, mas não sabia
onde venderia aquilo no dia seguinte.
Sentei a frente e Mauricio, um rapaz que expunha na frente
da catedral, chega e pergunta.
— Fazendo mais placas, o dia foi bom pelo jeito.
— Aqueles desgraçados da prefeitura recolheram tudo.
O rapaz sorriu sem graça e falou.
— Estes comerciantes do centro nos odeiam.
— Eu até entendo eles, mas eu fico ali, escondido, vendo um
nada, não atrapalho, não tento os perturbar, mas nem sei onde vou
expor amanha.
— E pretende vender oque amanhã.
184
— Placas de protesto.
— Maluco.
— Sim, mas o que posso fazer, tenho de sobreviver.
O rapaz sai e a senhora da casa olha ao longe, ela parecia
estar oferecendo a minha casa, que pagava aluguel, não era minha,
algo me indicava o problema, mas novamente, parecia que os a
volta sabiam de algo e não falariam, então naquela noite, fiquei ali,
com as luzes acesas, olhei na minha caixa de trabalho, acho uma
linha e uma agulha, pego 3 tecidos velhos, pego uns ganchos antigos
de cortina, coloco nas pontas, e com dificuldade de quem não tinha
uma cadeira em casa, coloco nas janelas, se antes parecia que a
casa estava vazia, agora teriam de abrir a porta para dizer isto.
Mas algo me dizia para cuidar para não pisar em calos, eu
nunca fui o mestre das relações em casa, e sim o vendedor de coisas
sem sentido, como placas de madeira, papeis com frases, que nada
diziam, e que eu tinha uma certeza, serviam apenas para me
sustentar, pois imaginava elas jogadas ao canto das casas, sem a
pessoa que comprou saber o que fazer com elas.
As vezes me sentia culpado por isto, pois vivia de ilusão
momentânea, não de algo incrível, olho a bagunça que estava
virando a sala, e teria de recomeçar.
Sai a caminhar, olho para algumas madeiras jogadas em um
terreno baldio a frente, olho o estado delas, teria de as levar para
casa após a senhora Marilda ter dormido, ela não gostaria de ver
aquilo entrando lá, ela sempre implicara com minhas criações, acho
que ela imaginava que Bruna trabalhava e colocava dinheiro em
casa, pois a tratava bem, eu sempre com poucas frases.
Olho aquelas coisas, que poucos davam valor, e não sabia se
teria como passar mais uma noite acordado, tinha um colchão
jogado ao relento, meio úmido, mas coberto me daria uma cama,
nem que para a outra noite.
Passei a noite catando lixo, sei que os demais estranham isto,
mas sabia que não teria como comprar as coisas rápido, e se
gastasse comprando, não teria para o aluguel, as vezes me sinto
inútil quando penso que tenho idade e não tenho uma casa para
morar.
As madeiras eu serrei, lixei, e coloquei dois conjuntos de
pernas, olho para ela e penso que precisava de uma vassoura, olho
185
a armação de 3 cadeiras que estavam jogadas no terreno ao fundo,
a algum tempo, as lixei, as passei um selador, e cortei 3 madeiras de
mesmo tamanho, lixei as pontas e parafusei nas armações, uma
ficou bem bamba, mas duas ficaram boas.
Pego a sobra das madeiras e faço uma armação para o
colchão e o coloco erguido ali, estava cansado, pego a lona que
usava para cobrir as coisas quando chovia, cubro o colchão, coloco
uma blusa e deito ali, estava cansado, apaguei.

186
Acordei assustado, com frio,
acho que estou com febre, pois o
corpo não para de tremer, vou ao
banheiro, tomo agua, reviro as minhas
coisas e acho um comprimido meio
amassado, talvez não devesse tomar
aquilo, mas a febre era evidente, e me
olho tremendo, sento a cama, coloco
mais uma blusa e olho em volta e o corpo tremia.
Os olhos estavam no medo, eu não tinha ninguém que me
queria bem, todos a volta não se preocupavam, se morresse, viriam
bater para receber o aluguel e me achariam.
“Para de pensar besteira.”
Olho uma calça a mais, uma blusa a mais, me encolho, e
deito, cubro os pés com uma blusa antiga, me cubro com a toalha,
estava meio úmida, mas me serviu de coberta.
Eu tremia, o corpo parece amortecer, deveria ser o remédio,
ou a resistência que desenvolvi por anos, já dormi na rua num
passado distante, mas isto não pretendo voltar, mas se for o caso,
não é um mundo estranho para mim.
O corpo tremia, eu resolvi levantar, eu tinha de reagir, vou ao
mercadinho, não tinha dinheiro para remédio, comprei alho e
gengibre, porque vassoura é tão caro, mas precisava, comer alho
sempre foi algo que achei gostoso, mas sabia que com Bruna não
conseguia nem chegar perto dela depois, vi um pedaço de madeira
de uma arvore que haviam cortado e a levei junto para casa.
Mesmo meus piores momentos me lançavam na lembrança
de Bruna, eu passo no material de construção, compro um verniz e
vou para casa, tinha de fazer algo, e começo a envernizar a mesa,
levanto a cama e coloco o colchão a janela, deixando o sol pegar
nele, vi um rasgo no fundo e o costurei.
Varri a sala e peguei a madeira, fiz uma santa e a olhei, ficou
bonita, parecia que ela me olha, mas eu no lugar de pensar em
vender ela, a coloquei a ponta da mesa, ajoelhei na madeira ao lado
e falai olhando para ela.
187
— Sei que não está ai Santa Maria, mas as vezes, queria que
alguém me visse e valorizasse pelo que sou, mas dentro de mim,
ainda falta a confiança, como podem gostar de algo que mesmo eu
não gosto?
Eu olhei para a santa e levantei, peguei minhas madeiras e
comecei a fazer algumas frases, coloco a parede algumas e olho em
volta e sorrio.
Quando sentei a frente da casa naquele dia, foi para pegar
um sol, não estava bem, tudo dera errado, e não conseguia
esquecer alguém que ainda morava em meu coração, eu teria de a
tirar daqui, doía ainda, mas não sabia o caminho para isto, era difícil
tirar algo que estava arraigado, e não tinha caminho para o fazer.
Entrei, estava tentando me recuperar, acho que o tempo
passou sem sentir, o corpo estava quase em off, não sei quanto
tempo passou.
Ouvi alguém batendo e vi Mauricio a porta, olhei ele e fiz sinal
para entrar.
Ele entra e olha para a santa, faz o sinal da cruz e fala.
— Tem gente que passou no seu ponto e perguntou por você.
— Estava lá?
— Um senhor, não entendi, mas falei que deveria estar lá
amanha, sabe que não gosto deste pessoal.
— Estava meio gripado, não estava bem, então estou me
recuperando antes de ir para lá.
— Por isto está cheirando a alho?
Sorri, mas assim como entrou, saiu, eu peguei alguns
materiais e olhei para fora, estava precisando de material, e não
teria como comprar ainda, estava com o do aluguel separado, e não
gastaria ele ainda.
Quando anoiteceu, eu sai a rua, sabia que onde tinha a
madeira que esculpi a santa, tinha outros trechos de madeira,
peguei minha mochila, a chamava de mochila de angariação, mas
era uma forma de escolher e separar, cheguei ao local e tinha mais
uns 8 pedaços que dava para esculpir algo, na rua de baixo tinha
uma janela de ferro jogada fora, olhei ela e sorri.
Peguei ela e levei para casa, eu separei os vidros, os lavei, e
com calma, fui fazendo os escritos invertidos no verso, e depois
pintei de negro o resto, era uma das minhas formas de exposição de
188
artesanato, passei o resto da fita a volta de 8 deles, e com calma fiz
duas esculturas de figa, e uma de Santa Maria, e fui descansar.
Me ajeitei a cama, coloquei todas as blusas e deitei na cama.

189
Quando acordo, pareço melhor,
ainda assustado pela ausência de
tudo, mas olho para a santa e tenho
sensação de que ela brilhava, ajoelhei
ali e rezei uma Ave Maria, e olho para
as coisas, olho para a outra imagem e
falo.
— Desculpa, não faço por mal.
Ele pega as coisas e vai ao mesmo ponto, olha para o lugar, os
comerciantes do outro lado da rua olharam atravessado, sabia que
poderiam chamar novamente a prefeitura, mas fazia parte do estar
diante de um mundo de estranhos, cidades grandes, eram todos
desconhecidos.
Vendi duas placas e vi uma menina pegar a santa e olhar para
a mãe que falou que não adoravam imagens, não entrei na
discussão, pois não era a intensão vender uma imagem, a senhora
me olha e fala.
— Sabe que é um sacrilégio vender imagens.
— Sei que parece uma santa senhora, mas é uma escultura,
de uma senhora, mas mesmo que fosse uma santa, seria referente a
outra religião, respeito aos demais, mas esta é apenas uma imagem
de uma senhora.
A senhora pega a imagem, sabia que era baseada nas vestes
que todos colocavam em nossa senhora e ela fala.
— Mas parece Nossa Senhora.
— Estas vestes remetem ao ano 1500, não ao ano zero.
A senhora olha que a estatua estava com uma veste como se
fosse uma calça larga por baixo de uma anágua, e fala.
— Verdade, bem detalhista, mas para mim parece uma
imagem de Santa.
— Não precisa comprar senhora, esta é uma arte de valor,
não é qualquer um que pode a comprar.
— Acha que não posso.
— Não disse isto senhora.
— Quanto.
190
— 600. – Chutei para cima, sabia que a senhora estava
entrando na provocação, via a menina olhando a estatua quase
encantada, dava para vender por uns 60, mas a senhora me olha
desconfiada e falo, olhando a menina.
— Gostou da escultura?
— Sim, é linda, é linda, muito linda.
— Então leva, é um presente, se sua mãe autorizar, pode
levar.
— Não era 600? – A senhora.
— Senhora, as coisas são como são, ela gostou, as vezes um
brilho nos olhos vale mais que uma pilha de dinheiro.
— Provavelmente por isto se veste mal assim. – A senhora,
mas ela pega a escultura e fala.
— Vou pagar 100, não tenho os 600.
— Agradeço a doação então.
A senhora sai e guardo o dinheiro, olho um senhor chegar a
minha frente e perguntar.
— Lucas Camargo Filho?
— Sim.
— Me indicaram você para um serviço, mas não sei se é a
pessoa certa.
— Serviço em que especialidade?
— Uma indicação para uma placa de chácara, mas tem que
atender algumas especificações.
— Escultura em madeira, nisto posso fazer meu melhor
senhor, mas qual o tamanho da escultura.
— Se deixar lhe mostro.
Olho o senhor e recolho minhas coisas e fomos ao carro do
senhor, e quando estava saindo, vi os fiscais entrando na rua, já
estava indo para um serviço.
O senhor pega o carro e fomos a uma chácara na entrada, ele
me mostra uma madeira grande e pergunta.
— Não sei o tempo que demoraria para fazer um trabalho
assim, mas gostaria de uma placa com pássaros e trepadeiras com a
frase, Chácara do Marcos e embaixo, Família Ribeiro.
— Quanto tempo precisa disto senhor.
— Tenho duas semanas para isto.

191
— Quanto paga para fazer isto senhor, já que estamos no seu
sitio e não sei nem como chegar aqui.
— Lhe pego pela manha lá, tenho de vir toda manha mesmo.
— Quanto está pagando para este trabalho.
— Ofereço 700, mas se ficar bom, posso ver se damos uma
caixa a mais.
Olho a madeira, a meço e foi inevitável a pergunta.
— Ela vai ser apoiada no que senhor?
— Lhe mostro.
Chegamos à entrada e olho que eram duas madeiras fixadas
ao chão, e aquele pedaço de mais de 14 metros de comprimento e
mais de um metro de largura, circunferência de mais de 2,5metros.
— Alguma exigência para saída?
— Não entendi.
— A madeira pode ter algo no sentido de saída, como volte
sempre, boa viagem, ou algo assim.
— Acredita que daria para fazer?
— Sim, mas tenho de estudar a madeira. – Voltamos para a
parte interna do sitio, medi e olhei para a distancia, olho para as
bases e pergunto.
— A trepadeira pode descer ao chão senhor?
O senhor sorriu e falou.
— Podem, pensei que pediria mais por isto.
— Eu faço, se achar que pode pagar mais, sempre agradeço a
chance de fazer o meu melhor senhor.
O senhor me deixa ali, meço a madeira, a frase, faço a pré
letra, os pássaros sobre o tronco nas ponta, como se estivessem em
galhos, na ponta esquerda um João de Barro e sua companheira na
toca, e a direita a cabeça de uma Harpia, os escritos, e começo a
esculpir.
Olho para o caminho e vou a estrada, ajeito as medidas da
Harpia com as asas encolhidas, e na parte oposta, pássaros, e os
braços de uma arvore, onde tinham pássaros, ajeito alguns galhos e
começo a fazer o acabamento, o senhor olha para mim no fim do
dia e pergunta.
O senhor voltou no fim do dia para me dar uma carona e
pergunta:
— Acha que termina em duas semana?
192
— Sim, uma pergunta, o senhor me vende aqueles retalhos
de madeira a beira da estrada?
— Pega, iria jogar fora, cortamos algumas arvores, e sobre os
troncos, os locais fazem lenha com aquilo.
— Nó de pinheiro, sei que faz um bom fogo, mas também é
bem resistente para esculturas.
— Estaciono o carro lá, pegamos e leva, se acha que pode lhe
ser útil.
Sorri, colocam no carro, a senhora viu o senhor com o carro
novo me deixando, não sei o que ela pensou, mas eu coloquei para
dentro as madeiras e os nós, e ouvi o senhor falar.
— Passo sedo, não sei que horas acorda.
— As vezes perco a hora, mas vou estar pronto senhor.
Entrei, peguei as minhas coisas, ajeitei no lugar, olho para o
valor do aluguel e fui a porta da senhora Marilda e peguei o aluguel,
ela me perguntou porque estava adiantando, e fui sincero.
— Pagando para não ficar com o dinheiro a rua, com ele no
bolso senhora, posso ser assaltado e perder tudo.
— Novo patrão.
— Uma encomenda, se der certo, pode ser 3 meses de
aluguel, o que é uma boa coisa, mas tenho de conseguir entregar no
prazo.
— Mais animado hoje, mas pensei que me daria o calote este
mês, sua es sempre me pagava direito.
Não falei nada, sinal que falavam mal de mim, pelas costas, e
não entrei em detalhes, apenas me despedi e voltei a casa, antes de
parar, fui a uma loja a 3 quadras e comprei duas mantas, destas
baratas, algo para comer e um travesseiro.
Chego em casa, arrumo aquilo na cama, iria por aos pouco as
coisas no lugar, ajoelhei a frente da santinha e agradeci.
Me senti meio bobo agradecendo, mas me senti bem, e
peguei os nós de pinho e começo um projeto, estávamos chegando
em novembro, separo os tamanhos, faço um burro, um boi, umas
ovelhas, e separo o que seria três reis magos em seus camelos, e as
três peças principais de um presépio.
Pego uma tabua e no canto da sala, faço uma mesa baixa, e
coloco ali as primeiras peças, e falo comigo mesmo.
Vai ficar bonito, só tem de caprichar.
193
Olho para os pedaços de madeira bem cortadas e pego o
cerrote e começo a cortar em fatias a madeira maior, e depois os
pedaços menores, lixo bem e passo um verniz a toda volta, para
formar um conjunto de apoios para copos e panelas, tinha de três
tamanhos, e os dos copos, fez 3 conjuntos e coloco no canto,
separando os conjuntos, pego dois nós e faço duas esculturas de
moças, sorrindo e olho em volta.
Estes nós são firmes e jovens, teria de os deixar secar, mas dai
não teriam a aparência atual. Reparo nos conjuntos de madeiras e
vejo que com aquelas poucas madeiras, recolocaria todo o estoque,
mas não daria para ficar naquele ponto, teria de pensar nisto, pois
os fiscais não desistiriam de limpar a região.
Comi uma maçã e cai na cama, os pensamentos foram a
Bruna, porque ela não abandonava meus sonhos?

194
Me levantei, tomei um banho,
e peguei uma maça a mais, não teria
luxo, mas se tivesse esta entrada,
poderia começar a pensar em pelo
menos voltar a ter um fogão.
Ajoelhei e orei, fechei os olhos e
tive a sensação de bem estar e abri os
olhos, os olhos da santa pareciam
mais felizes, eu estava mais feliz
aquele dia, menos deprimido.
Olho senhor vir e buzinar, ele nem buzinou a segunda vez e
estava já na porta, não olhei para a casa ao lado, tinha certeza que
Marilda olhava, e não queria a encarar, não estava ainda firme para
desafiar, e mesmo ela me julgando, não tinha nada contra ela.
Fomos ao sitio, e olhei que tinha uns rapazes lá e o senhor
falou.
— O pessoal está ai para ajudar a levar a madeira para lá, vi
que quer acertar a escultura daqui com a de lá.
Sorri, 10 rapazes, muita força, mas que em 10, foi levar e
erguer, quando ajeitamos no lugar, empurramos no sentido da
cabeça ficar sobre o corpo da ave e o senhor entendeu a ideia e
falou.
— Agora entendi o que era a parte baixa, mas você não é
qualquer um, pensou no projeto inteiro, está ficando muito bom.
Tentei não absorver o elogio, precisava me concentrar, os
rapazes ficaram por perto para ajudar, mas gente olhando não
facilita em nada esculpir, ajeitei os galhos de um lado, como se fosse
parte da arvore que subia ali, e nos galhos, pássaros, desço e olhei
frontalmente aquele conjunto e olho para a ave colocada sobre um
pedestal, como se tivesse a frente, as costas dela, a madeira que
cruzava a estrada, a mais de 10 metros de altura, a frase, uma
sequencia de pássaros, de flores, dando vida a aquela escultura,
estava distraído quando ouvi a buzina e tive de tirar a escada do
meio do caminho, vi o senhor voltando, mas ao lado do carona
estava Bruna, ela me olha como se soubesse e fala.
— Está ficando bonito Lucas.
195
Olhei o senhor e olhei o local, por dentro, a ver me fez
recordar, parecia com roupas novas, cabelo alisado, pintado, ela
estava linda, se por um lado sorri, por outro, odiei, um misto de
sentimentos nesta hora, mas não sei o que senti naquela hora,
vontade de largar tudo, não entendi aquilo, mas para mim parecia
apenas uma coisa.
O carro entrou, eu fiquei a olhar e um dos rapazes pergunta
para ele.
— Conhece a namorada do patrão?
“Namorada”
Eu olhei como se tentando ignorar, mas vira e volta eu olhava
para dentro, eu tive de me concentrar para voltar a esculpir,
coloquei o “Boa Viagem”, eu me senti traído, usado, mas talvez eu
tivesse mesmo de esquecer, o coração queria bater, a razão queria
sumir, e terminei a parte do fundo, comecei a lixar, teria mais de
dois dias para lixar, eu não estava conseguindo me concentrar,
quando fui mais quieto que o normal, o senhor não puxou assunto,
eu cheguei em casa e sai a caminhar, mesma igreja eu ajoelho e
olho o santo e sinto a lagrima aos olhos, eu a perdera, eu não
merecia ela? O que eu poderia fazer para passar por isto, eu sabia
que não era fácil, eu queria que fosse fácil, mas meus olhos cheios
de lagrimas olham aquela imagem novamente se mexer a minha
frente e falar.
“Todos tem direito a felicidade Lucas, tem de entender, você
não a fazia feliz, você tem de entender, o que lhe fazia feliz, nunca
foi Bruna, quem lhe fazia feliz, era você mesmo, você é um bom
filho, mas tem de entender, tem de aprender a se amar, antes de
abrir o coração novamente.”
Sequei os olhos e olhei para o santo a minha frente e orei,
pois precisava me controlar, volto para casa, pego algumas peças e
começo a esculpir, pássaros, estava amanhecendo quando ainda
esculpia aqueles pássaros.
O senhor buzinou, eu coloquei todos os pássaros na mochila,
o senhor me cumprimenta, eu não teria de o odiar, teria de
entender que todos, todos mesmos, tentam ser felizes, eu comecei
a fazer pontos sobre a madeira, buracos onde coloquei galhos que
tinha alisado e quando o coloquei sobre a madeira principal, vários

196
galhos, com aquelas 25 esculturas de pássaros, eu desço e um dos
funcionários me olha e fala.
— Parece que realmente uma arvore caiu ai, mas ficou muito
bom, pensei que era apenas um escultor iniciante.
— Estou cansando hoje, estes pássaros me tiraram a noite de
sono, mas vou começar a pintar os pássaros e folhas e depois vamos
pintar a Harpia e por fim, envernizar tudo. Preciso de uma ajuda,
não sei se consegue que o pessoal me ajude.
— O que precisa.
— Ali no fundo tem uma madeira caída, queria a encaixar na
que está a placa, como se realmente fosse uma arvore que caiu.
O rapaz sorriu e foi pegar uma maquina, entendi que não
teriam outros naquele momento, mas vi que por ser uma madeira
que não tinham como de valor, ele com um trator puxou para o
local.
Fiz sinal, fiz para aproximar, cortei parte da madeira e ela
encaixou, a raiz ficou ao chão, como se tivesse deitada, olho para
aquilo e começo a limpar aquilo.
O rapaz me olha ajeitar o resto da arvore e pergunta.
— Vai dar conta?
— Aqui ajuda, vou cortar e encaixar exatamente, quando
colocar os galhos e as aves, vai sumir a emenda.
Eu vi as sobras, estava distraindo a mente, tentando não
pensar, coloquei na mochila outros nós de pinheiro, olho para as
sobras e alguns troncos cortados, coloco a volta nos dois lados, e
sento a um e começo a esculpir umas Harpias menores, uns
pequenos homenzinhos e coloquei sobre os troncos, sorri e olhei o
rapaz chegando.
— O patrão quer saber se vai comer algo?
— Se conseguir um prato, não sei se ele comprou as tintas
que falamos?
— Vai dar cor agora?
— Sim, a tinta faz a madeira durar muito mais, então vou
começar a pintar as peças, mas os pássaros consigo pintar no chão e
fixar lá depois.
Eu tentava manter o foco, se alguém iria me pagar algo por
aquele trabalho, eu o faria da melhor forma, era fim da tarde,
cansado, o senhor me deixa em casa, acho que meu cansaço estava
197
estabelecido no rosto, vou ao mercadinho e compro algo para
comer e sento-me a olhar para fora, numa das cadeiras que
recuperei.
Vi aquela senhora entrar no terreno, a menina vinha ao seu
lado, não entendi, o que faziam ali, e ela parou a minha frente.
— Achamos ele filha.
A menina estava com a escultura a mão.
— Podemos falar rapaz?
— Quer o dinheiro de volta? – Estava cansado, então pensei
em algo ruim, fui rude e ela falou.
— Não, pelo jeito está cansado.
— Sim, esculpi a noite inteira, coloquei no lugar hoje, uma
encomenda, mas não descansei ainda.
— Vim pagar o resto da escultura.
— Disse que foi um presente senhora.
— Mas minha filha acalmou com a escultura, não sabe o
quanto ela é especial, mas ela começou a falar mais naturalmente
desde o dia que você falou com ela, sou grato.
Eu talvez não tivesse visto diferença na menina, mas ela era
Autista, e não tinha reparado, mas talvez tivesse passado outra
impressão a senhora.
— Ela fala com a boneca, ela consegue se desligar dos demais
assuntos, quando fala com ela, isto faz ela sorrir, não sabe o quanto
para uma mãe, isto faz de diferença.
— Agradeço a ajuda senhora, sempre digo que pessoas
especiais, são as que nos fazem mostrar nosso melhor lado.
— Ela ficou falando que tinha de pagar a boneca, pois foi o
melhor presente de sua vida, não posso discordar disto, até o pai
dela, concordou com isto.
A senhora me alcança o dinheiro, sorri e olho para a moça.
— Deixa eu dar um presente para ela, senhora?
— Se não for uma santa.
Entrei e peguei um João de Barro que esculpira na noite
anterior, e o trouxe para fora e dei para a menina que me olha e me
pergunta como se me olhando de lado.
— Um passarinho?
Olhei a menina e falei.

198
— Quando os pássaros do lado de fora cantam, ouvirá ele
responder em sua mente, separando isto, verá que ele é um bom
amigo para estas horas.
— Eles falam com ele?
— Vai ver que sim.
A menina sorriu e a senhora sorriu, a menina não se
desgrudava da escultura há dois dias e olha para o passarinho e
pergunta.
— Mora nesta casinha?
— Alugada senhora, não tenho minha casa, mas com calma
chego a isto.
— Saiba que é um excelente escultor.
— Agradeço o elogio.
A menina me deu um Tchau que me fez sorrir, esquecer dos
problemas, entrei, fechei a porta.
Eu ajoelhei e agradeci a santa ter me controlado, estava bem
cansado, e cai na cama, dormi como uma criança naquela noite,
com sonhos bons.

199
Acordo de sobressalto, ouço a
buzina, saio a porta e peço um
momento, o senhor pareceu não
gostar de estar atrasado, e falou.
— Tem de ter horas rapaz.
Não falei nada, olhei o senhor e
apenas me desculpei.
Sei que as pessoas que tem um
pouco mais, acham que devemos a eles os mesmos estarem
comprado nosso serviço e ouço.
— Não quero aquelas esculturas de anão na beira da estrada,
o portal é suficiente, não gosto daquilo.
— Tiro de lá senhor, não tem problema.
Ele estava irritado e estava nítido nele aquilo.
Ele me deixa na porteira e entra, não falou nada, eu olho o
verniz, vi que o senhor não falou nada, eu também não falaria,
coloquei os anões para fora, peguei o verniz e terminei o passar em
todas as peças, bati a casa e o senhor veio descontente.
— Problemas rapaz.
— Passei o verniz, tem de deixar 3 dias agora para secar e
penetrar, então por três dias, não tenho o que fazer senhor, apenas
avisando.
— Sabe que me impressiona seu sistema de trabalho, mas
não tenho como lhe dar carona este horário.
— Não nasci num carro senhor.
— Quer um adiantamento.
— Recebo no termino senhor.
Ele estava sendo duro, vi que ninguém nem me ofereceu uma
carona até a estrada, então peguei minha mochila, e comecei a
voltar.
Não era este o caminho que me tiraria do buraco, mas se ele
pagasse, começava a achar que ele não pagaria, estranho quando
sinto algo assim, mas a certeza me veio, sabia que a porteira estava
quase pronta, já poderia ser dada como pronta, mas ainda faltava

200
muito, e minha saída, sem carona, me estabelecia que o senhor
achou que demoraria mais, ele queria algo, o que não sabia.
Chego a uma lanchonete na estrada, pergunto que ônibus ia a
cidade, e pego ele.
Depois de quase uma hora e quarenta chego a casa, olho para
a senhora Matilde que me fala.
— Aquele vagabundo perguntou de você.
— Não conheço nenhum vagabundo senhora.
— Aquele que veio estes dias, ele disse que queria falar com
você, mas que não sabia onde era o lugar que você estava
trabalhando.
— Sem problemas, mas deixa eu tomar um banho, esta coisa
de ônibus no fim do dia, nos mata.
— Já foi mandado embora?
— Por 3 dias, o trabalho não vai estar em condição de ser
mexido, então tem de dar tempo ao tempo.
Entrei na minha casa, vi que alguém tinha mexido nas coisas,
vi que a santa estava em lugar diferente, a senhora mexera nas
minhas coisas, isto eu estranhava.
Tomei um banho, olhei para as peças, Mauricio agora só
acharia depois das 18 horas, sexta feira, ele cuidava de carros na
lateral do Teatro, olho para as peças, pego alguns outros nós que
trouxe nestes dois dias, e começo a fazer as peças do presépio, eu
ajeitei elas no canto, como se fosse um altar, sorri da ideia, ficou
bonito, pego alguns retalhos de madeira e faço a cabana, pegou um
pedaço de vidro, coloca a mesa fazendo um pequeno lago, ele teria
tempo para ficar pronto.
Saio a andar, a mochila as costas era algo normal sempre, na
esquina a policia me para, me revista, e olha o que tinha na mochila,
aquela historia de escultor, nunca era recebida bem, eles me
achavam um vagabundo, vi que a senhora Matilde achava isto,
talvez mesmo com o aluguel pago, tivesse problema, mas caminho
pelo terreno baldio, e retiro vidros de uma segunda janela, muito
pesada para que levasse para casa, mas os vidros, coloquei na
mochila, voltei para casa e abro a porta e me deparo com dona
Matilde dentro da casa.
— Problemas senhora?
A senhora me olha assustada e fala.
201
— Tem de entender que não gosto de você rapaz.
— E isto a faz invadir a casa quando me viu sair? Não entendi,
quer que ache outro lugar para morar?
— Sim.
— Sem problemas senhora, saio, mas vai me devolver o
aluguel?
— Fica como quebra de contrato.
— Acha engraçado roubar senhora, pois isto é roubo, a
senhora sabe disto, você está me mandando embora.
— Me acusando, chamo a policia.
— A senhora que sabe, mas me dá a licença, amanha arrumo
outro lugar para viver.
A senhora sai e olho para os cantos, não sei o que ela fazia ali,
ela se assustou, mas ela olhava a santa.
Ela estava na porta da casa dela e fala.
— Lhe dou até segunda para esvaziar.
Entrei e ajoelhei.
— Sei que quer me dizer algo, mas oque mãe?
Senti uma calma, e vi o lugar brilhar, não entendi, olhei em
volta, era o mesmo lugar, mas vazio, senti uma paz, e sorri,
agradeço e sorrio, lembro que Bruna não sabia onde eu estava
vendendo as coisas, Mauricio foi a porta, sorri e olho em volta,
desmonto a mesa, pego algumas sacolas plásticas e guardo as
minhas coisas.
Tomo um banho, arrumo as coisas, deixo varrido, ajeitado,
olho para as minhas poucas coisas, dobro minha roupa, coloco em
duas sacolas.
Carteira no bolso, tudo arrumado, santa na mochila, algumas
poucas coisas, e saio, vou no sentido do sul da cidade e olho para
um senhor ao bar no Sitio Cercado.
— Como está senhor Carlos.
— Vivos sempre aparecem, como está menino.
— Ainda tem quartos a alugar?
— Onde está a esposa°
— Achou algo melhor.
— Tenho uma casinha no fundo e um quarto, não sei o que
fica dentro do que precisa.
— Casinha, a 5 anos não tinha isto.
202
— As coisas não estão mal, mas estou pedindo 100 na casa.
— Primeiro adiantado?
— Sim.
— Posso ver senhor Carlos.
Entramos na peça e ele fala.
— Não sei se precisa dos dois quartos, mas o rapaz que
estava aqui deixou a cama e uma geladeira, se quiser tiro.
— Aluga com isto dentro?
— Pelos mesmos 100.
Tiro os 100 e dou na mão do senhor que sorri.
— Vai mudar quando?
— O pouco que tenho, é os braços senhor Carlos, Bruna
esvaziou a casa, quando saiu.
— Não trazendo confusão para cá, sabe que é bem calmo.
— Apenas se alguém perguntar, não precisa dizer que sou eu
na casa senhor, estranho quando gente me procura onde não estou,
e me acha.
— Enigmas?
— Fui contratado para fazer uma escultura, mas tudo me
indica que não vou receber, então tenho de conter gastos senhor
Carlos.
— Certo.
O senhor sai e eu entro no banheiro e olho para o chuveiro,
coloco o meu, ajeito aquele no armário que tinha no banheiro,
coloco a santa sobre a geladeira e faço o sinal da cruz e ajoelho.
— Sei que não entendi senhora, mas algo me diz, sai de lá, e
estou aqui.
Senti a paz, e orei mais um pouco.
Fui a avenida e comprei uma manta, uma colcha, e um
sanduiche, sorri, pois o custo foi quase metade do que tinha
comprado perto do centro.
Chego a casa e ajeito as coisas, e sobre um colchão usado,
mas bom, estiquei a colcha, coloquei a manta, tomei o banho e
fiquei a esculpir as peças pequenas.

203
Sabia que não teria muita coisa
a fazer no sábado, mas acordei cedo e
fui a casa da senhora Matilde, peguei
as peças, o travesseiro, 6 sacolas de
roupa, tiro os tecidos das janelas, os
dobro, coloco em outra sacola, fecho a
porta e saio, sabia que não entraria ali
novamente, mas Matilde deve ter
pensado que voltaria para pegar a mesa e as cadeiras, não, se era
para me afastar do problema, iria me afastar.
No meu interior queria sentir que algo estava certo no antigo
caminho, mas sentia que não estava, e a paz de sair dali, foi algo
que a muito não sentia.
Olho para a rua, sábado cedinho, nada aparente, estava
impressionado, vou a rua e pego o ônibus para um recomeço.
O senhor Carlos olha para mim e fala com eu entrando.
— Preciso falar com você.
Deixei as coisas e fui a parte frontal.
— Problemas senhor.
— Um senhor veio perguntar de você.
— Senhor? Ninguém nem foi avisado que estou aqui.
— Mauricio, parecia um mendigo de rua, mas ele perguntou
de você, e falei que não estava.
Paro na afirmação e pergunto.
— Como?
— Deve algo para ele?
— Não, mas se for quem eu penso, ele não teria como saber
que estou aqui Carlos, ou é outro Mauricio.
— Um senhor o trouxe, de carro, perguntou de você, e
saíram.
— Honda Civic prata?
— Sim.
— Menos mal senhor Carlos, serviço.

204
Carlos sorriu, mas eu sabia que não fazia sentido, nem eu
sabia que estava ali, e como ele saberia, talvez Bruna fosse a
resposta, mas não teria como saber ao certo.
Entro e olho para minhas anotações, olho para o local e
penso, que eles também deveriam achar que mudaria durante a
semana, a não ser que estivessem me vigiando.
Sorri da ideia, paranoia, ninguém persegue pobre.
Ajeitei as poucas coisas e fui a avenida e olhei uma loja de
moveis usados, um fogão, uma mesa pequena, uma pia, duas
cadeiras, e o senhor colocou na caçamba da Fiorino dele e quando
cheguei com os moveis, comecei ajeitar as coisas, aos poucos
pensando em retomar minha vida.
Olho para as coisas que tinha, pego o pouco que podia gastar
e compro no material de construção da esquina uma fita adesiva,
um verniz e dois pinceis.
Começo a ajeitar os quadrinhos em vidro, faço duas estatuas
a mais e duas estruturas de madeira com passarinhos, para se
pendurar em algum lugar.
Corto os pequenos quadrados de madeira e fixo os pequenos
pássaros feitos com nós, alguns pequenos anões, estava a me
distrair e o sábado foi passando, quando alguém bateu, não atendi,
pois não deveria ser para mim, pois eu não havia falado que estava
ali.
Estava distraído quando aquele senhor chutou a porta e dois
policiais entram apontando armas de alto calibre, e um fala
gritando.
No chão.
Eu levante as mãos com calma, e deitei no chão, não sei o que
estavam fazendo ali, mas era obvio, eu não achava dever nada,
então não estava pensando em problemas.
O rapaz olha tudo e fala.
— Vazio.
Um me algemou, estranhei e falou.
— Conduz a delegacia.
Olho envergonhado para Carlos, pois o estava
envergonhando, e não sabia o que estava acontecendo.
O senhor pergunta algo e o policial não falou nada.

205
As vezes diziam ser policiais militares, mas porque alguém
estaria me procurando onde não deveria estar.
Fui colocado em uma sala e vi aquela moça entrar e me olhar
e falar.
— Foi ele sim delegado.
O rapaz me levanta e me joga na cela, fui eu, oque fiz, nem
me falaram e me jogaram lá, deveria ser grave, mas oque não sabia,
começo a me sentir usado, odiava isto, o que não entendi.
Um rapaz para ao meu lado e pergunta.
— Novo no lugar, fez oque rapaz? – Eu olhei ele, como dizer
algo que não sabia, e fiquei quieto, o rapaz do outro lado me olhou
e fala.
— Este ai é aquele vendedor da XV.
Alguém me reconheceu, estranho, será que não era tão
invisível quando achava?
Meus sentimentos estavam estranhos, eu ajoelhei e rezei,
alguns tiraram sarro, mas eu não lhes devia nada, e olhei em volta,
senti que era pesado o lugar, mas dentro de mim, veio uma
esperança, algo estava comigo, lembro da estatua e penso dos
últimos dias e penso, o que poderia ter feito diferente, nada, tudo.
Lembro da ultima semana com Bruna, ela falando que tinha
acabado, que não me queria mais, que eu fora um engano, aquelas
frases que são feitas para machucar, que foi infeliz por 5 anos, será
que eu era cego, pois ela não me parecia infeliz, sentei ao fundo,
sabia que não teria cama para mim ali, esperava ser ouvido e
liberto, mas não parecia ser este o caminho.
Sabia que dormiria encostado naquele canto, ou em outro, vi
que as pessoas começam a se encostar, que distribuíram cobertas,
estavam fedidas, mas isto nunca fora problema.
Os demais se ajeitam e me cubro, não foi bem uma noite,
mas na manha, me levam a um interrogatório, tinha um rapaz do
ministério publico, mas ele não falou comigo, então não sabia o que
estava acontecendo.
— Lucas Camargo Filho, tudo que falar pode ser usado contra
você, vamos fazer algumas perguntas, tudo bem.
— Posso fazer apenas uma pergunta senhor? – Olhei o
delegado, ele me olha esperando algo.
— Sim.
206
— Do que sou acusado, tenho o direito de saber.
O delegado olha para o rapaz e fala.
— Se acha engraçado.
— Foi uma pergunta delegado, do que sou acusado.
— De ter participado de um assalto no centro na noite de
sexta, onde duas pessoas foram mortas.
Me calei, era armação e o senhor perguntou.
— Onde estava as 11 horas de sexta, tem testemunha?
— Na casa onde me pegaram, sem testemunha, pois estava
sozinho.
— Porque mudou de casa de sexta para sábado?
— A proprietária me deu até segunda para sair de lá.
— Conhece Mauricio Diógenes Marinho.
— Conheço uns 10 Mauricio senhor, nome completo na sua
não se usa.
— Mauricio Estacionamento.
— Todo ser que já morou na Rua, já o fiz, conhece Mauricio
Estacionamento senhor.
— Temos uma testemunha que lhe aponta como estando lá,
o que tem a dizer sobre isto.
— Que acareação mostrando alguém que ela não conhecia,
para fixar os olhos em mim e saber quem acusar, foi bem feita.
O delegado olha e bate a mesa, eu não tinha medo, mas não
era alguém que estava entendendo.
— Não vai confessar?
— Senhor, eu nem sei que loja é esta que está falando.
O delegado me olha e coloca uma imagem de fala.
— Assaltaram uma loja, e esta criança foi morta, você vai
responder por assassinato, acha que deixamos criminosos na rua.
Olhei a fotografia e olho aquela menina, meu coração se
rachou naquele momento e falei.
— Desculpa senhor, mas não entendo a acusação, pode me
tirar da rua, mas não está colocando criminosos na cadeia, está os
deixando solto, e acusando o pobre.
O senhor bateu na mesa, e o rapaz do ministério público me
olha pela primeira vez.
— Tem de colaborar rapaz.

207
— Quem é você? – Perguntei, já fora acusado antes, mas
nunca preso, sabia quem deveria ser.
— Ministério publico, quem está tentando lhe defender, mas
as acusações são graves.
Olhei o delegado e falei.
— Sei que sou pobre, que não tenho álibi, nem dinheiro para
uma fiança, com um advogado que nem quer saber de estar aqui,
uma defesa que nem me informa do que sou acusado, então
delegado, se já escolheu o culpado, e isto é quem vai me defender,
melhor me mandar para a cela.
O delegado olha o rapaz do ministério publico e fala.
— O que tem para falar a favor dele?
O rapaz nem me ouvira, como ele poderia se posicionar, e
fala.
— Não tenho ainda dados para expor a defesa senhor.
O delegado fez sinal para o rapaz na porta e fala.
— Levem para a cela.
A imagem da menina com Autismo não me saia da mente,
alguém a matou, a mãe que antes me pagara, agora com certeza iria
querer minha morte, pela morte da menina, não teria como a
culpar, e quando chego a cela, desta vez, alguém mandara me
bater, pois apanhei, lembro de sentir muita dor, de cair e me
acertarem na grade, apaguei.

208
Acordei sendo colocado na
maca, um dos rapazes olha que estava
cortado ao lado e suturam antes de
me levar, olho tudo turvo e ouço o
delegado falar.
— Quem quer ele morto Diego?
Não sei quem é este Diego, mas
a voz foi de um senhor que falou do
lado de dentro.
— Assassino de crianças, tem de morrer.
— E quem lhe informou o crime dele?
— Todos sabem.
O delegado fala algo a mais, mas não ouvi, estavam me
levando de maca a algum lugar, senti algo ser colocado em minha
boca, tive dificuldade, era oxigênio, e ouvi a sirene da ambulância e
senti a dor com o movimento.
Os meus sentimentos estavam no crime, mataram a única
coisa que me fez alegre nos últimos dois dias, olho para o lado, sinto
o corpo leve, será que vou morrer?
Sinto o corpo balançar, mas foi distante, abro os olhos e olho
o rapaz usando o desfibrilador, olho o rapaz falar.
— Está abrindo os pontos.
— O pulso sumiu.
Sinto minha alma ser puxada para o corpo e ouço o aparelho
de pulsação apitar e o rapaz parece aliviar um pouco.
— Tem certeza que quer salvar isto.
— Pelo que entendi, este está morto, mas não sendo em
nossas mãos, não me preocupo.
A ambulância chega e freia, sinto a dor, um resmungo e sinto
tirarem-me da ambulância, fui deixado em um corredor, não via
nada, e vi os dois rapazes me deixarem e ouvi por ultimo.
— Agora se parar, não teremos de fazer laudo.
O outro sorriu, senti o coração e senti alguém pegar a minha
mão e olhei para o lado, vi aquela alma a me olhar e falar.
— Calma rapaz, nem todos que chegam, morrem.
209
Eu não conseguia respirar direito, sabia que tinha oxigênio
puro a boca, poderia estar alucinando.
Fecho os olhos de oro baixinho, não conseguia mexer as mãos
para as cruzar, estava preso a maca.
Sinto o movimento da maca novamente e vejo que abrem
uma porta e ouço.
— Está perdendo muito sangue.
— Veio da delegacia senhor, nada urgente. – Um rapaz ao
corredor.
O medico olha para o rapaz e fala.
— Tira este senhor daqui.
Senti sono e dormi.

210
Senti dor e vim a consciência,
gosto amargo na boca, seca, senti a
dor dos olhos e um rapaz fala a porta.
— O 22 acordou, avisa a
enfermagem.
Ouço uma correria e uma
senhora me olha e fala.
— Entende algo?
Balancei a cabeça positivamente.
— Sente algo.
Tentei falar e saiu um:
— Sedsss.
— Agua? – Ela perguntou.
Balancei a cabeça e vi uma moça trazer uma espécie de
esponja e me colocou a boca, a garganta dói, senti que estava a
algum tempo se tomar nada, a dor foi forte no estomago com
aquelas gotas de água e senti a lagrima nos olhos.
Não conseguia ver direito, vi que lavaram meus olhos e vi a
luz melhorar, e ouvi algo que não fazia sentido.
— Voltou depois de dois meses e 7 dias.
Tento entender o que aconteceu, para minha mente, entrara
ali a poucas horas, mas pelo jeito, fiquei a cama um tempo imenso.
Um médico entra pela porta e fala.
— Qual o agito?
— Cama 22 acordou.
O senhor saiu e não entendi, pouco após ouço a voz.
— Temos de relatar a policia, ele era um criminoso quando foi
trazido para cá depois de uma briga.
— Estes nunca se vão fácil. – A moça que antes tinha
perguntado de sentia algo, vi que o que era uma boa vinda, agora
era uma critica.
Os olhos estavam irritados e olho em volta e agradeço a Deus,
olho para os lados, minha vista via muito mais coisa e senti uma
mão na minha, virei o pescoço e vi aquele rosto jovem que me fala.
— Tem de melhorar moço.
211
Sabia que era um espirito, mas nem sabia seu nome e
perguntei.
— Por quê? – Não sei nem se os demais ouviram, mas ouvi
ela falar.
— Eles precisam entender moço, eles precisam entender,
que hoje sou mais eu, mais eu, muito mais eu. – Eu sorri e ouvi um
segundo senhor falar a porta.
— Melhor tratar este bem, pois sei que nem inquérito deve
ter ainda, ele não foi ouvido, ele tinha sido preso no dia da briga, é o
que diz a ficha, muitos acreditavam que ele morreria.
Penso e começo a tentar lembrar das coisas, eu desconfiei
certo, mas tudo que me fizeram, estava no caminho que deveria ter
traçado, tinha certeza disto, e como tudo que enfrentei desde os 14
anos, quando sai de casa, vim para a cidade, vivi na rua, aluguei meu
primeiro quarto, e fui aprendendo a reproduzir coisas com um
canivete, que lembro que ganhei para outro fim.
Mas uma coisas não saia da minha mente, dois meses,
perdera dois meses em uma cama, e nem sentia o corpo ainda, as
pernas pareciam adormecidas, dois meses sem a usar, teria de fazer
fisioterapia, as mãos, tento mexer os dedos, eles estavam ali, mas a
dor de músculos parados, foi grande, mas comecei com calma.
Acho que ficou na minha feição a dor pois ouvi alguém falar.
— Ele está tentando se mexer, mas parece doer.
Ouvi uma moça falar.
— Vai com calma, se ficou 2 meses, e voltar a se mexer, com
certeza vai retomar os movimentos.
Por um momento achei que estava tudo voltando, mas ainda
parecia que não controlava as coisas.
Senti me aplicarem algo ao braço, e dormi novamente.

212
Odeio me sentir inútil, e esta
cama me diz que estou um caco,
soube que não teria fisioterapia,
soube que assim que tivesse como
andar, voltaria para a delegacia.
Às vezes esqueço que este país
a classe media fala que quer justiça,
que lugar de bandido é na cadeia, mas
não pagar um funcionário não é crime, já pegar uma pera por estar
com fome, é crime inaceitável.
Estava a duas semanas acordado, e sabia que consideravam
que iria para a prisão novamente, toda manha, eu ajoelhava na
beira da cama, e fazia minha oração, sabia que alguns me
chamavam de hipócrita, mas o que eles entendem de se olharem ao
espelho.
No fim daquele dia, fui transferido para a delegacia, obvio
que a cela não tinha muitos, e vi que o rapaz do ministério publico
pediu para me falar.
— Senhor Lucas Camargo Filho, estou pedindo sua liberdade
condicional, mas pelo que vejo não tem endereço fixo.
Olhei o rapaz, o que falar, a policia me tirou de lá, na força, fui
jogado a cela, e com certeza, não teria nem dinheiro para
recomeçar.
— Vivia numa casa alugada, quando me tiraram de lá a três
meses senhor.
Ele me olha e pergunta.
— Sem residência fixa, não conseguimos estabelecer
liberdade condicional, não teria onde ficar, um parente.
— Não. – Por dentro xingava e olho para o rapaz e falo – Se
não quer ajudar rapaz, não se preocupa, me matam desta vez, pois
se tentativa de assassinato aqui dentro, é tido como normal, e lá
fora, acusação de assassinato sem provas, me trouxe para cá, e não
consegue me soltar, que eles tenham uma melhor pontaria desta
vez.
— Seu caso não é fácil.
213
— Qual a dificuldade senhor, eu aluguei uma casa, passei lá, a
noite inteira, o proprietário mora acima, e é impossível entrar e sair
dali sem tocar o interfone de entrada, então eu não sai, mesmo não
tendo ninguém lá comigo, qualquer pessoa poderia ter feito esta
pergunta para o proprietário, mas não o fez.
— A versão dele é diferente desta.
— Diferente, então poderia me dizer quem é Camilo Prestes
Oliveira?
O rapaz lhe olhou e perguntou.
— Porque quer saber sobre o desembargador.
— Desembargador? Esquece, estou ferrado, agora entendi,
me manda para a cela, vocês não querem que sobreviva.
O rapaz me olha e fala.
— Ele é dos desembargadores mais bem conceituados do
estado rapaz, nada que falar contra ele, vai pegar, não adianta
inventar.
— Entendi, muito mais que você rapaz, mas se não consegue
minha liberdade, mesmo depois de ter sido quase morto ali, sinal
que ninguém quer me libertar, sabe disto.
— E vai aceitar.
— Talvez isto que esteja no prospecto, deveria ter morrido, e
não morri, pois rapaz, eu não temo a morte, temo vocês, a lei.
Fui conduzido ao IML, fiz corpo delito, estava um caco, e fui
colocado na cela novamente.
Sabia que iria morrer, ou achava isto, eu apenas fui ao canto,
ajoelhei e orei.
— Sei que estou nos meus últimos momentos mãe, mas
tenha pena destes que falam em leis, mas não a aplicam, tenha
pena destes que se fazem de indignados, e apenas se venderam
para ter algo para os filhos lá fora, pois sabe que minhas mãos, são
o que tenho para me sustentar, elas não funcionam mais tão bem,
minha vista, era o que me permitia ver os detalhes, minhas pernas,
me levar ao local onde vendia o pouco para sobreviver, tudo isto
entrego a senhora, pois sabe, a menos de3 meses, entrei em seu
caminho, começo a entender os pesos de carregar algo assim, mas
saiba, estou aqui para colher as consequências.
Senti tudo a volta, senti aquela mão e olhei a menina na parte
de fora da grade, que estava a minha frente e ouço.
214
— Sabe que me fez feliz, porque não consegue sorrir mais.
Senti a paz da frase, e senti alguém bater na minha cabeça,
não olhei, senti o ferro da cela e alguém fala alto.
— Porque o matar Ricardinho?
— Estes católicos me dão nojo.
Senti o gosto amargo a boca e apenas rezei baixo e olhei a
menina ainda a frente e falei.
— Alegria é para quando estou fora das paredes, não se deixe
enganar, a alegria é uma conquista, e nada, nada mesmo, aqui
dentro me gera felicidade.
Segurei a cela, estava tonto e me levanto e olho o senhor.
— Se quer me matar, não use Deus para justificar.
O senhor olha nos meus olhos e fala.
— Você matou uma criança.
— Você sabe que não, pois recebeu para me matar, mas
como digo, estou aqui para morrer, acho que há três meses, se
tivessem me mandado direto a cela, teria morrido mais fácil, o que
pode tirar de mim além da vida, pois me tiraram o grande amor,
quando a ver ao lado de quem vai lhe pagar, diz que não tenho ódio
dela, me tiraram o pouco que tinha de dinheiro, depois a liberdade,
depois a saúde, mas não entendeu, minha vida não me pertence,
quer tirar, o que posso fazer, dinheiro maldito de uma morte, é
dinheiro que gera morte, se vão me matar para provar algo, quem o
fez, morre para não saberem que pediram, isto gera uma morte
sequencial, até alguém cansar de mandar matar.
Sentei e fiquei olhando o senhor.
— Mas dizem que você matou uma criança.
— Se mata todos que dizem ter matado criança, quando ver o
pagante, da minha morte, e lembra, eu não a matei, e para desviar
um crime, me acusam, mas quando se tem um desembargador lhe
querendo morto, me sinto meio morto, mas se quer matar o
assassino, ou mandante da morte, lembra dele.
O senhor me olha e grita.
— Mas vou te matar.
— Desta vez senhor, cai eu morto, você, delegado, ministério
publico, pois duas vezes, colocado em uma cela para morrer, e o
mesmo assassino a frente, tenho pena do delegado, tenho pena da
sua alma, e principalmente. Lhe espero lá. – Eu levanto as mãos, o
215
senhor olha em volta, todos sabiam agora que ele fora pago, mas
obvio, não deveria ter um ali dentro e olho os demais – Não se
acanhem, estou morto mesmo.
Cansado, me encolho e encosto a cabeça ao braço, e
adormeço, pensei que morreria, pois todos deveriam estar
querendo minha morte, mas não entendia ainda o por quê?
Talvez isto que não combinava, pois eu estava ali, sabia que
teria mil formas de chegar ao julgamento, mas começava achar que
não chegaria a ele.
Estava encolhido, estava frio ainda, e sinto alguém me chutar,
e abro os olhos.
— O delegado quer falar com você.
O rapaz do lado de fora da grade que me chutara, olho os
demais e um rapaz fala.
— O que é ele investigador.
— Não sei ainda, mas o que os está assustando.
— Ele brilhou a noite.
— Estão tomando oque ai dentro.
Eu não entendi, mas o rapaz me algemou e fui levado a sala
do delegado.
O rapaz do ministério publico estava lá e olho o delegado.
— Sabe que o pedido é frágil rapaz.
— Mandar ele para a mesma cela com os mesmos que
tentaram uma vez, me parece tentativa de assassinato senhor, o
que estão querendo esconder?
— Um assassino de criança não tenho pena.
Não falei nada, não estava entendendo nada.
— Tem uma determinação de soltura para você, mas tem de
registrar um local como residência, o ministério publico foi bem
convincente que seu caso poderia nos custar corregedores aqui
dentro rapaz, não gosto de lhe soltar, então saiba, pisou na bola, vai
voltar para aquela cela.
Olhei o rapaz do ministério publico e falei.
— Não precisa me tirar rapaz, o delegado me quer morto,
todos acham que não se perde nada, e na verdade, não se perde
mesmo, não quero complicar ninguém.
— Mas tem direitos rapaz. – O rapaz do ministério publico
que eu nem sabia o nome.
216
— Posso fazer uma pergunta?
— Sim.
— Acha mesmo que sobrevivo lá fora?
— Sabe que aqui dentro podem lhe matar.
— Lá fora também, como disse, quem me viu em casa a noite
inteira foi pressionado para dizer outra historia, então ele vira alvo
por ter me alugado um lugar, segundo, olhei em volta e Mauricio
Estacionamento não foi preso, então eles não querem resolver o
caso, querem apenas minha morte, por ultimo, você é só o
ministério publico, o que seria de sua vida, com Delegado,
Desembargador Oliveira, e toda aquela gangue do Mauricio
querendo lhe complicar rapaz.
— Mas...
— Eu morro aqui, ninguém se preocupa, ninguém mais
morre, eu lá fora, eles vão começar a limpar a merda que fizeram,
então eu fico quieto e morro aqui dentro.
O delegado olhou atravessado e olhei ele.
— Não tenho medo de cara feia delegado, mas faz direito da
próxima vez, pois acordar dói.
Eu estava algemado, toda a valentia do senhor poderia ser
grande, mas era apenas cara feia, de quem achava que era temido,
desculpa, os delegados acham que podem fazer a lei de acordo com
suas vontades, mas esquecem, ninguém tem medo deles, pois são
mais fáceis de monitorar e enfrentar que um desconhecido a rua.
O delegado olha para o rapaz do ministério publico que me
olhava sem saber o que fazer.
— Acalma, eu lá fora, vão ser mais mortes, me faz apenas
uma coisa, sei que não parece normal, mas antes de morrer, queria
apenas falar com a mãe da criança.
—Ela não o quer ver.
— Diz para ela, que Camila está mais feliz agora que antes, e
que gostaria de apenas lhe olhar aos olhos de falar uma coisa.
O delegado estranha, realmente parecia quase uma confissão
e fala.
— Vai confessar agora.
— Delegado, não queira ser engraçado, o senhor não tem
dom para isto.

217
O delegado faz sinal para me recolherem, e me colocam a
cela novamente.
Me encolho e volto a dormir, não sei o que eles queriam, mas
uma hora ou outra, achava que acordaria morto.

218
Amanhece e eu olhava o senhor
que parecia ainda querer me matar,
ele tinha um estilete, então sabia que
ele me mataria a qualquer momento,
olho o policial chegar e me olhar.
— O rapaz do ministério público
quer lhe falar.
Lembro-me de cada palavra de
Camila, a menina morta em meu sonho e saio da cela, chego ao
local e aquela senhora estava ali, eu estava algemado, e ela fala.
— Que apodreça a cadeia, por matar minha filha.
— Isto eu já estou condenado senhora, apenas queria lhe
dizer uma coisa.
— Não sei o que faço aqui.
— Era uma estatua de Nossa Senhora, e sua filha, está melhor
agora que antes, e desculpa, se acha que matei sua filha, e se recusa
a ouvir a verdade, expressa em tudo a volta, eu só tenho uma frase
de usa filha para lhe dizer.
— Ela está morta.
— Ela lhe olharia e falaria, Não Mãe, não mãe, não entendi o
porquê do tapa, porque do chute, da mordida, não mãe, não mãe.
Olhei a senhora e falei ao rapaz.
— Agora pode me mandar à cela rapaz, hipócritas, mãe, pai,
delegado, toda a sociedade à volta, mas se vou ser culpado por uma
morte que não cometi, apenas tenha certeza, outra vai acontecer.
Levantei e o rapaz da delegacia chega rápido, como se fosse
me forçar a fazer algo.
Olho ele e falo.
— Pode me devolver a cela?
A senhora me olhava quando o rapaz me conduziu, não era
de passar a mão à cabeça de uma mãe, mas achava que meu fim
estava próximo.
Chego à cela, dou as costas para os demais, me ajoelho e
começo uma Ave Maria, não queria a morte, mas sabia agora o

219
porquê estava ali, o sonho fora tão real que pela primeira vez sorri
da felicidade da menina, de estar livre para ser ela.
Sei que o senhor se manteve longe, mas quando me virei,
todos me olhavam e o senhor falou.
— O que é você, todos o querem morto, mas você não é
alguém normal, você brilha a noite.
— Apenas dormi, não lembro de ter brilhado.
— Mas brilhou. – Um rapaz ao fundo – Pior, sabe que alguns
receberam um adiantamento por sua morte, eles não querem você
vivo, e mesmo assim, não parece preocupado.
— Acho que não entenderam, meu coração morreu a 3
meses, um grande amor foi me tirado, eu tentei por 4 dias me
levantar, mas não sei o que me é reservado, acho que estou com os
dias contados, mas não me recusarei a andar cada dai, até a minha
morte.
— E porque lhe querem morto? – O senhor.
— Não sei, realmente não sei.
— Tem de saber, pois nunca me pagaram tanto para matar
alguém. – O senhor.
— Vou morrer antes de descobrir, então não me preocupo,
entendi que queriam eu no lugar da morte, eles mataram alguém,
para me incriminar, se eu sair, estarei morto, mas tenho quase
certeza, que não é aqui dentro que morro.
— Onde acha que morre?
— Diante deum amor.
— E porque alguém lhe mataria, isto que preciso saber, pois
eles acham sua morte algo caro.
— Eu não sei. Na verdade, não quero saber.
Me encosto ao canto, e estico o corpo.
O sono vem e a menina para a minha frente.
— Não era para a fazer chorar.
— Desculpa, mas ela tem de entender Camila, que mesmo
que eles não queiram admitir, eles sabem dos motivos, não deveria
ser eu a lhe falar isto.
— Ela está falando para alguém, não conheço, que eu falei
para você o que sofria, como poderia a filha dela ainda viver ou
estar por aqui?
— E o que a pessoa está falando Camila.
220
— Que era mais um motivo para lhe matar.
— Quem está lá?
— Uma moça, bonita, olhos castanhos, cabelos alisados e
pintados de loiro, cacheados.
— Bruna?
— Acho que este é o nome, sim, este é o nome.
— Porque eles me querem morto?
— Não entendo, eles falam que Lucas Camargo morreu, e que
precisavam da morte do filho, que antes da morte, nada poderiam
fazer, que precisavam da morte, mas ela quando minha mãe está
longe, fala que assim que este rapaz morresse, expulsariam minha
mãe.
Sorri e abri os olhos e olhei para o rapaz da policia e falei.
— Consegue avisar o rapaz do ministério publico que preciso
fazer uma coisa antes de morrer.
— Porque acha que ele resolve seu problema.
— Eu não o vou resolver, eu vou me livrar do problema,
minha vida é o problema, pela quantidade de gente querendo me
matar, mas ainda não entendi porque.
Pensei e falei.
— Vai em paz pai, vai em paz.
O senhor olha para ele e pergunta.
— Seu pai morreu?
— Acho que sim, sonhei que ele havia morrido.
O senhor olha e fala.
— Você é estranho.
Sim, eu sou estranho.

221
Era fim da tarde quando o rapaz
me chama na sala de entrevista e fala.
—Mudou de ideia?
— Consegue fazer algo sem
ninguém a volta saber rapaz, nem sei
seu nome.
—Paulo.
— Consegue uma transferência
assinada e registrada de tudo que tenho em meu nome, para uma
associação.
— Mas você na tem nada.
— Consegue?
— Não entendi a ideia.
— Um documento oficial, que assim que eu morrer, todo o
meu dinheiro e qualquer coisa que venha a herdar, vai para a
Congregação dos Capuchinhos.
— Não entendi o que quer?
— Eu acho que amo alguém além de minha vida, mesmo ela
pedindo minha morte, eu não a quero ver morrer por que viveu
comigo quase seis anos, e seria a herdeira de meus problemas.
O rapaz não entendeu, mas saiu, eu passei os dados para ele,
ele veio a tarde, assinei o documento e ele registrou em cartório, eu
sentei na cela e sorrio da ideia de morrer e sorri.
Lembro de uma pergunta que sempre fazia, porque as
pessoas as vezes doavam as coisas para a igreja, que já tinha tanto,
e agora eu o fazia, e achava ter um motivo digno para o fazer, pois
entidades imensas, não se tem como matar, enquanto se deixar
para uma pessoa tenha como a matar e roubar, para uma
instituição, isto preservava as pessoas envolvidas.
Sabia que tudo não poderia doar, mas olho para a menina e
penso no quanto tudo fora planejado, meu sentimento estabelecia
aquilo como estranho, e não sabia como encarar o deixar deles
vivos, mas não era minha função os mostrar a verdade.
Eu olho em volta e tudo me indicava que aquela poderia ser
minha casa naquele momento, não sentia paz ali, mesmo quando
222
orava, então uma parte de mim, indicava que não seria ali que
morreria, e por alguns momentos, via até os mais assustadores me
olhar assustados, não sei o que aconteceria agora.
Eu estava encostado a cela, e vi outros dois serem
transferidos, entre eles o senhor com o estilete, nas minhas certezas
incertas ele fora colocado ali para me matar, se ele não tinha
conseguido, o próximo tentaria.
A duvida era quem, mas vi Mauricio ser trazido a cela, ele me
olha e fala.
— Perdido por aqui Lucas.
Olhei ele serio e perguntei.
— Precisa encenar agora?
— Me confundindo Lucas, não está legal?
Olhei ele serio, outros dois me olham e olham para ele, ele foi
ao fundo, e falaram algo baixo, não sabia oque, mas sim, mandaram
alguém resolver o problema, não conseguia ter criatividade para
recriar os acontecimentos do lado de fora, tentava imaginar, mas
olho Mauricio vir da parte do fundo da cela e me olhar, ele sentou a
minha frente e falou.
— Sabe que tem de morrer amigo.
— Não faz diferença, quando os pobres se matam para um
Desembargador que tem muito, ficar melhor ainda, não posso ir
contra o sistema, mas Mauricio, matar a criança, para que?
Os demais olham para Mauricio, ele sorri e fala.
— Encomenda, eu não discuto encomendas.
— Encomenda?
— Não houve roubo, apenas a morte, mas todos falam de
roubo, mas o pai não aguentava mais aquilo.
Sorri, pois era o que a menina precisava para sentir-se livre, e
termino de ouvir.
— A menina era retardada, porque ter pena dela.
— Se considerar retardado todo que mata os amigos, em prol
de dinheiro que não vai ver, bem vindo a companhia da menina
Mauricio, se acha que me matar resolve, esqueceram do básico.
— Básico?
— Sabe qual a diferença de um pobre honesto e um pobre
arrogante que rouba e mata?
— O dinheiro no bolso.
223
— Falei pobre, não podre como o desembargador Mauricio.
— Ambos se dão mal no final, é o que está dizendo.
— Não, um sorri livre e leve, o outro, olha a sombra
desconfiado que vão o matar, eu não tenho medo da morte, pois
todas as minhas dividas, são terrenas, não divinas.
— Não acredito em Deus, isto é papo de pastorzinho.
— A diferença Mauricio, é que sei que existe algo, mas
somente quando morrer, saberei o todo, pensei que iria a meu
descanso, mas não foram eficientes, quem sabe alguém que chamei
de amigo, seja mais eficiente, embora sei que quem me matar, está
condenado a me fazer companhia, pois todos a volta sabem,
quando alguém grande manda lhe matar, você morre, quando a
imprensa para de olhar, o assassino morre, por alguma morte boba,
como resistência a detenção a rua.
— Sabe que isto não lhe salvará, vim e vou fazer o serviço.
— Alertando, pois quando morrer, implora, pois sei Mauricio,
como ninguém as costas, o quanto é um merdinha, eles tem medo
de sua violência, eu, medo da sua ignorância, mas se todos, você,
Bruna, aquela mãe e pai da menina, aquele desembargador querem
minha morte, vou morrer, mas eu estou pronto para isto, se
prepara, você é o próximo.
Vi ele puxa um estilete da calça e falar.
— Hora de morrer.
As vezes tenho medo do futuro, mas neste momento senti
paz, estranho, talvez o que não tivesse sentido antes para partir, sei
que não entendo nada, senti ele enfiar a faca, senti a dor, senti a
dor, sua mão segurou minha boca, ele não queria um grito, eles
desta vez queriam minha morte, senti o corpo cair, olho para trás, e
ali estava eu caído, com Mauricio terminando de furar, a dor eu não
senti nesta hora, olhei em volta e ouvi Mauricio.
— Ninguém viu e nem vão chamar ninguém.
Todos olharam o senhor, como digo, as vezes ser traído, por
algo assim, fosse no fim, o que todos esperavam, lembro de meu pai
dizendo que se saísse de casa, não precisava voltar.
Minha mãe havia morrido a 4 meses, ele prestes a casas de
novo, e sumi no mundo, depois de uma surra, que não mereci, mas
se eles achavam que ficaria para apanhar de novo, não fiquei.

224
Agora olho em volta, Mauricio coloca o estilete no vaso e
puxa a descarga.
Olho em volta todos olhando o corpo, e um senhor olha
Mauricio.
— Porque o matar Mauricio?
— Ele tem de morrer, vocês não entendem.
Talvez somente nesta hora aquele rosto da moça me veio a
mente, olhei a imagem da menina surgir ao meu lado e falei, não
ouvi minha voz.
“Es minha irmã.”
Ela sorri e olha em volta, e fala também sem som.
“Eles acham que entenderam o problema Lucas.”
“O que eles não entenderam.”
“Você foi marcado, para estar neste momento, sei que não
lembra, mas quando desacordou, e ficou dois meses longe do
corpo, você foi instruído para voltar, mas tinha de esquecer do que
viveu lá.”
“Mas morri.”
“Volta ao corpo, mas somente pela manha, pois antes, eles
lhe matam de novo.”
“Não entendi de novo.”
Ela me estica a mão, e vi um enterro, vi a senhora a frente, e
olho para o corpo, ele morrera, agora tinham matado a menina, e
só faltava minha morte, lembro que meu pai falou que casaria com
separação de bens, para que os filhos tivessem direito, se a moça
achava que nadaria em seu dinheiro, ele não a deixaria nada.
Lembro que foi o motivo da discussão, e ele disse que eu não
entendia nada de amor, para saber como as mulheres eram
interesseiras.
Eu juro que por anos duvidei disto, e imagino que existe
gente diferente, mas queria saber como eles iriam tentar transferir
os bens, e vi meu tio Carlos, a muito ele não aparecia, e vi ele
chegar ao lado da moça e dizer que ela tinha de desocupar a casa,
que tinha uma semana, que não queria nada dela lá.
Olhei em volta e vi o Desembargador ao fundo, senti que eles
estavam felizes, vi Bruna ali, entendi, eles tinham a esposa do filho,
pois sabia que tudo tinha de passar por algum herdeiro de minha
mãe, a verdadeira dona das terras.
225
A menina me segurou a mão e surgimos em uma casa,
conhecia aquela casa, a muito tempo sai dali, olho para a imagem
do lugar, triste, olho a imagem a parede, e olho para o oratório, em
espirito ajoelhei e orei.
Senti as energias a volta e vi meu pai, que falou também sem
som, frequência de luz, estranho isto.
“Morreu filho?”
“Eles mataram a pequena Camila, para me incriminar e me
jogar a cadeia, para me matarem pai.”
“Então quem herdará isto?”
“Se eu não acordar, a igreja, já que não vou deixar para quem
me matou isto pai.”
“E eles não sabem ainda.”
“Não, vão por sua amada para fora, não a reconheci quando
dei a santa a pequena Camila.”
“Foi você, ela sorriu por dois dias.”
“O que deve a eles pai?”
“O desembargador se fez de amigo, mas acho que tentou
cantar a Rosa, ela não lhe deu bola, então ele mudou, não sei quem
é esta Bruna, mas ele pareceu desencanar dela depois.”
“Bruna era quem tinha meu coração pai.”
“Não parece me odiar, pensei que me odiava.”
“Pai, nunca quis o que era da mãe, ela sabia que tudo que
viesse desta terra, traria mortes, nunca entendi, mas ela sempre me
quis longe destas terras, mas antes dela morrer, não tive coragem
de me afastar.”
“As historias tristes que ela sempre cantava.”
Olhei em volta e vi os espíritos do lado de fora e vi aquela
leva de escravos a dançar e se reunir, olho para outro lado, os
soldados da resistência, no fundo, uma leva de índios, e falei, aquele
som era ainda estranho, não se ouvia, se sentia.
“Acho que a volta, está todas as historias antigas pai.”
Ele chega a meu lado e olha o todo de almas que tinha ali e
fala.
“Tem quantos espíritos ali fora?”
“Todos os que sofreram nestas terras, não entendo o que os
prende aqui.”

226
“Não sei, mas a pequena Camila dizia que eles estavam a
perturbando para lhes dar liberdade.”
Olho ao lado e a menina surge e olha o senhor, não sei o que
aconteceu, mas sabia que ela não queria aparecer ali, talvez o fez
porque eu estava ali e o senhor falou.
“Desculpa filha, sei que não fui um bom pai.”
“Você não me queria entender...”
Olhei-a e perguntei.
“O que eles queriam que fizesse?”
“Lhes desse liberdade...mas eu tenho medo deles.”
Sorri e estiquei a mão para ela e fomos saindo, os espíritos a
frente da casa olham para nós, estranho aquele conjunto de muitos
ali e um senhor bem idoso, já deveria ter aquela idade quando
morreu, pois existiam almas de crianças ali.
“Quem é você rapaz, a menina morreu e não nos deu
liberdade...”
“Ela não sabia lhes dar liberdade, o que precisa para lhes dar
liberdade, para serem livres...”
“Dizem que estas terras aprisionam, poucos conseguem sair
dela depois de atraídos para cá...”
“Dizem, quem diz? – Perguntei ao senhor, ele parecia dos
mais velhos ali.
“Os mais velhos...”
“Mais velhos?” – O senhor parecia o mais velho.
“Os com mais tempo aqui, morri velho, mas tem seres a
muito tempo aqui.” – Ouvi e vi um senhor, deveria ter a idade de
mau pai, ao fundo e ele me olha, e fala.
“Mais mortos, precisamos de um vivo para nos libertar!”
“Como lhes libertaria?”
“Este terreno está sobre um grande cemitério, aqui viviam os
meus antepassados.”
Estava a olhar o senhor, com traços indígenas e ele terminou.
“Precisamos que a terra seja devolvida a natureza, aos seres
da Terra, pois somente assim, com as arvores, os bichos voltando, o
cantar dos pássaros, o sentir na terra da umidade da natureza a
volta, vamos poder evoluir como almas.”

227
A menina parecia com medo ao meu lado e a estiquei a mão,
olhei para fora, e o tempo pareceu avançar, estávamos novamente
na cela, os demais estavam dormindo, a menina me olhou e falou.
“Acredita, eles o queriam aqui agora.”
“Vamos ajudar a todos?”
“Algo naquele senhor não me parece real.”
“Sim, algo não está certo naquele senhor, mas vamos os
ajudar.”
Deitei e foi difícil, eu fiquei quieto, e senti o corpo, parecia
que ele não se mexeria, mas quando senti os meus pensamentos,
senti a dor, e segurei o grito, e a lagrima me veio aos olhos, senti o
sangue no chão e olhei em volta, dormindo, sentei, estava doido,
desci a cabeça e fiquei quieto, sentindo o corpo, não sei como
voltei, mas foi dolorido, e quando ouvi o primeiro me olhar sentado
foi de susto.
— Quem o sentou.
Ouvi Mauricio ao lado.
— Quem foi o brincalhão que queria me assustar.
Levantei o pescoço e olhei para ele.
— Eu. – Falei olhando ele nos olhos, todos recuaram, e
Mauricio me olha assustado.
— Lhe matei, sei que estava morto, lhe mato de novo.
— Obrigado, precisava entender o problema.
Mauricio se levanta, me olhou e para o sangue seco ao chão,
eu olhei a roupa toda ensanguentada, sorri e Mauricio falou.
— O que é você, tem de morrer.
— Não entendeu ou não ouviu nada do que falei ontem.
O rapaz do café veio com aquelas canecas, o pessoal estava
todo afastado e eu estava de costas para ele, quando me viro, não
sei o que ele viu, mas saiu deixando parte das canecas de café
caírem e minutos depois o delegado entrava pela porta.
Mauricio olha o delegado e fala.
— Não fiz nada.
O delegado me olha, não sabia o que passava a mente dele,
mas ele fala olhando para o rapaz ao lado.
— Chama uma ambulância, o ministério publico vai nos
esfolar, mas eles que mandaram Mauricio a cela ontem.

228
Os rapazes me olham e pensei se encenava, e fiquei
encostado na cela, de costas a eles, para não dar as costas
novamente a Mauricio.
Mauricio olhava para mim, não sabia o que ele pensava, mas
eu não sabia como eu mesmo estava.
Os enfermeiros me fazem deitar, e somente quando levantam
a minha camisa, vi o buraco, aberto, eles olham todo aquele sangue
e me mandam ficar quieto, lá fui eu a ambulância, o rapaz do
ministério publico olha para mim quando estava entrando na
ambulância e ouvi o delegado ali.
— Não sei, vamos revistar o local.
— Acho que ele esperava morrer, o que aconteceu?
— Não sei, ele parece em choque, pois não falou nada.
O rapaz entra na ambulância e me olha.
— Temos problemas em fazer aquilo.
— Espera eu melhorar, mas segura a transferência.
— Tem gente contestando aquilo.
— Minha es?
— Sim, mas eles deram um tempo para a última esposa do
seu pai para sair de lá.
— Sei disto, não tinha entendido quem era Camila, não tinha
reconhecido Rosa, mas se puder mudar a doação para ela, mesmo
os demais sendo contra, eu como herdeiro, posso doar, mas fez os
documentos?
— Sim, mas eles querem parar tudo.
— Eu sei.
— Tem de ficar quieto rapaz, tem um buraco na barriga. – O
enfermeiro.
— Não deveriam ter uma arma branca dentro da cela, mas
Paulo, agora pode me tirar de lá.
— Mas...
— Meu pai morreu pois acharam que eu não acordaria,
devem ter até me esquecido lá, mas se ele morreu, agora tenho
endereço fixo para dar ao delegado.
— E onde fica?
Passo para ele o endereço e o rapaz quando ia para a cirurgia,
foi para o juiz e pediu a liberdade condicional, que a delegacia não

229
era lugar seguro para alguém jurado de morte, foi a primeira coisa
que soube quando acordei da cirurgia.

230
Quando sentei no fim do
primeiro dia na enfermagem, o rapaz
me conseguiu uma cadeira de roda,
ele me deu uma carona e fomos à
região metropolitana.
A senhora me estranhou saindo
do carro do rapaz e olha assustada em
volta.
— O que faz aqui.
— Calma Rosa, precisa assinar uns papeis.
— Eles lhe pagaram para matar minha filha, e agora vão me
colocar para correr.
O rapaz do ministério público chega a ela e fala.
— Senhora, Lucas Camargo Filho, veio aqui para lhe passar a
parte dele da residência, para que não a tirem daqui.
A moça olha para mim, ela talvez somente nesta hora tenha
entendido quem eu era e fala.
— Mas você é morador de rua, como pode ser Lucas Camargo
Filho.
— Bruna, vivia naquela casa comigo senhora, a menos de três
meses, mas meu pai sempre foi alguém difícil, mas não tinha
entendido o problema antes.
— Sabia que Camila era sua irmã?
— Sonhei com ela senhora, mas ela está feliz.
— Ela sempre o foi. E você, não morre fácil pelo jeito.
— Acho que estou na hora extra, não no principal.
— E veio me passar estas terras?
— Tenho de ajudar a limpar estas terras, do que sempre foi o
peso dela, atrair as coisas ruins, mas recomendava sair das terras.
— Por quê?
— Eles a querem, se mandaram me matar, o que fariam com
você nesta casa, sozinha?
— Mas vou morar onde.
— Ainda não sei nem onde eu vou morar, mas enquanto
resolvemos isto, uso o quarto de hospede.
231
— Não lhe entendi.
— Eu não quero parecer louco Rosa.
— Certo, mas o que o rapaz ai tem para assinar.
— Lhe passando 50% das terras.
— Eles vão reclamar.
— Sim, mas os outros 50% vou criar uma ONG.
— ONG? – Paulo.
— Uma de preservação natural, uma para refazer as
nascentes e que possa conseguir descobri o que eles querem aqui.
— Eles? – Paulo.
— Algo eles acharam nesta terra, pois eles colocaram gente a
matar, gente a iludir, a roubar.
— Acha que aquele Desembargador pode ajudar? – Rosa.
— Ele é o mandante Rosa.
— Não pode ser.
— Sim, mas calma, tenho certeza que vamos ter visitas
indesejadas, mas primeiro assina os papeis – Olho para Paulo – Só
não sei como pagar esta transferência.
— Já que estamos nisto, verifico para você, mas vou tentar
não aparecer.
— Melhor, eles lhe matam e temos de começar tudo do nada.
Rosa assinou e vi o rapaz sair, olhei para Rosa e perguntei.
— O que meu pai fez para atrair o Desembargador.
— Ele sempre contava aquela historia das pedras valiosas do
vale da mina.
— Acha que eles retiraram algo de valor de lá?
— Nem ideia, nunca passo perto do rio.
Entrei com a cadeira de roda, olhei a sala, quantas
recordações de infância, olhei o canto de oração da mãe, levantei
da cadeira, olhei o curativo, firme, cheguei ao canto e ajoelhei no
genuflexório e a moça me olhou.
— Não lhe reconheci quando fomos lá.
— Somos estranhos Rosa, eu era uma criança quando sai
daqui.
— Mas fala bem.
— As vezes queria confiar cegamente neste rapaz.
— E como saberia se ele está mentindo.

232
— Digamos que ainda não sei se estou de volta a este mundo
ou estou no outro, ainda me acho frágil, e tudo que ver aqui Rosa, é
apenas para que o pai, a mãe, e a mana, possam descansar.
— Acredita mesmo que tem uma maldição nesta terra?
— Sim, olha onde eu acabei, mesmo depois de ter quase
morrido.
— E vai fazer oque?
— Vou aos poucos, tentar entender o problema.
— Aos poucos?
— Eles devem começar a me procurar na cidade, depois eles
devem vir a olhar aqui.
— Provocando?
— Sim, mas saiba que Camila lhe ama Rosa.
— As vezes acho que não a dei o carinho que ela merecia, seu
pai não gostava dela.
— Ele nunca demonstrou carinho Rosa, fiquei em casa
enquanto minha mãe estava viva, você entrou e eu sai, e não era
você o problema, era meu pai mesmo.
Sai para fora e olhei para o terreno, olho para o canto das
macieiras, olho para o campo plantado ao fundo, e para aquela
formação rochosa que meu pai sempre dizia, ter uma mina
abandonada, eu não chamaria aquilo de mina, era apenas uma
parede, que escavaram e foram ampliando o buraco, para dentro da
formação, mas era ampliar a inclinação já existente para dentro da
rocha que tinha ali.
Sinto o ponto, olho para a barriga, caminho no sentido do rio,
chego a ele e sinto a menina, fecho os olhos e sinto sua mão e ouço
ela falar.
— Eles querem ajuda irmão, eles querem ajuda.
Sinto ela a mão e pergunto.
— Mas porque eles mentem se querem ajuda irmã.
— Eles falam que degradamos a região.
— Sim.
Abro os olhos e ainda sinto a mão dela e olho para o lado e
por um segundo quase achei que a via.
Pego uma madeira a beira do riacho e olho para a formação,
olho para a formação, atravesso com calma passando por aquelas
pedras escorregadias e chego a parede, alguém andou escavando
233
ali, se via os restos ao chão, olho para a formação e olho para a
fissura, tento lembrar o que meu pai falava daquilo, a ranhura da
morte, sim, era assim que ele a definia, antes vida, morte, depois
vida novamente.
Olho aquela ranhura escura, naquele local, tinha perto de 45
centímetros, e olho que as pedras dois palmos abaixo daquela
ranhura escura na pedra, tinham sido quebradas recentemente,
olho em volta e olho o chão, não entendia nada disto, mas ali
poderia estar o problema, pego uma pedra e bato com força
naquele momento monto de tempo, que era uma ranhura mais
clara uns dois palmos abaixo da escura, e vejo o brilho, pego uma
pedra e coloco no bolso da calça, pegou uma madeira na entrada e
vou a casa, pego uma faca, pego aquele pedaço de madeira, trazido
pela agua, estava bem no seco, mas mostrava que quando chovia
forte, as madeiras ao fundo, poderiam vir a chegar ali, comecei a
esculpir e surge uma imagem de nossa senhora, eu a olho, não era
nossa senhora, era uma mãe, fosse ela quem fosse.
Olho para Rosa chegar e olhar aquele esboço e falar.
— Desenvolveu algo incrível, mas sempre nossa senhora?
— Não, isto que pensava, a mãe de todos, podemos negar
tudo, menos nossa mãe, tudo a volta, é parte da historia, sempre
que se olha em volta, um senhor me disse que isto um dia foi um
cemitério indígena, mas foi também um Cubatão.
— Não entendi.
— Cubatão, vem de barracão onde se deixava os negros que
chegavam em quarentena, mas alguns ficaram conhecidos pois os
negros foram vendidos a partir dali, mas a historia que minha mãe
contava deste, foi de uma leva de 200 mortos, de todas as idades.
— As historias tristes da terra, como seu pai falava.
— Ele sempre foi preso a isto, não entendo, mas toda vez que
vinha aqui, a única coisa que ele destacava era a mancha escura na
pedra, ele dizia ser referente a extinção dos dinossauros, que era o
símbolo de que a vida existia, mas o planeta o tirava de nós quando
bem entendesse.
— E o que acha que eles querem?
— Algo da Terra, mas tem de ver que tudo na vida, tem seus
custos, estranho quando amigos, transformam-se em inimigos por
um dinheiro que não verão, ou não gastarão.
234
— Acha que este desembargador queria algo com este lugar.
— Ele quer, ele me contratou para inventar algo, quando
percebeu que não cairia na armação, acho que apostaram em uma
tentativa de crime passional, mas como não tinha como reagir, não
tinha nada além desta minha tendência de transformar tudo em
esculturas, para enfrentar o problema.
— E cria mulheres bem reais.
— Digamos que eu me dedico a isto, as vezes vendia uma
única ao mês, mas sabia que uma escultura daquelas, tinha seu
valou, mas as pessoas não entendem isto.
— E acha que eles vão vir para cá.
— Se vierem, devem mandar os rapazes de Mauricio
primeiro.
— Quem é este?
— Quem atirou na cabeça de Camila.
— Sabe já quem a matou, você deve os estar provocando
para lhe matarem.
— Sim, mas segundo uma menina, que não consegue ver, o
Paulo, deu entrada nas transferências, não entendo ainda quem é
ele, pois os anteriores, não se preocuparam comigo.
— Alguém sendo correto, pode não parecer, mas eles
existem. – Ouvi Rosa falar aquilo e perguntei.
— Amou mesmo meu pai.
— Sim, mas ele me culpou pela doença de Camila, como se
fosse apenas eu a responsável.
— Ele não sabia o que era ser carinhoso, amoroso, ou coisas
assim com os filhos, entendo que alguém mais sensível e com
Autismo, é algo que não imagino como o pegou.
— Acho que ele era especial, mas ele não sabia demonstrar
os seus sentimentos.
Olho em volta e falo.
— Vamos ficar um pouco ao longe Rosa.
— Por quê?
Caminhamos no sentido das arvores no fundo, e ficamos a ver
um grupo de pessoas chegarem a casa, vi Mauricio ao longe, com
certeza ele veria a cadeira de roda, olho de canto e ficamos ali
somente olhando.
— Quem é o senhor.
235
— Este é Mauricio.
— E o que eles querem?
— Me matar, ele estava a cela, ele me enfiou a faca que me
cortou a barriga, mas já está solto, sinal que mesmo o delegado está
envolvido nisto.
Vi ele revirar a casa e olhar para outro.
— Põem fogo.
— Não... – Segurei a boca de Rosa que iria reclamar e falei
baixo.
— Calma, eles não querem nos dar um lugar para viver, mas
calma.
Vimos a casa começar a pegar fogo, o senhor ficou ali a olhar
em volta e olha para onde estávamos antes e fala ao rapaz ao lado.
— Deve ter vindo, e saído, sabe daquele rapaz do ministério
publico?
— Está em casa, tem outros casos.
— Pensei que nos livraríamos da senhora,
— Qual a ordem para ela?
— Matar, o desembargador não quer gente atrapalhando.
O rapaz sorriu, ouvíamos a conversa, era quase um eco forte
que fazia a parede ao fundo, e no silencio daquele lugar,
começamos a ouvir a casa queimar.
— Vamos ver se ele não tentou em um dos pontos que ele
alugou antes de ir para o centro.
— Tem os lugares.
— Sim, sei os 6 lugares que ele morou.
Eles saem e começa a escurecer, estávamos longe da cidade,
e estava confuso e pergunto.
— O que eles acham que vão ganhar com isto.
— As terras.
Eu entrei na mata e Rosa veio junto, vi aquele buraco, estava
a muito tampado, forcei a madeira e a madeira veio para fora, senti
o ponto e pensei se não deveria estar fazendo força, levantei a
camiseta e Rosa falou.
— Os pontos, tem de cuidar menino.
— A muito não me chamavam de menino, sorri e vi a antiga
entrada da mina, peguei uma caixa lá dentro, e Rosa perguntou.
— O que vai fazer.
236
Com a faca, abri buracos na parte escura da rocha, estava
escurecendo, mas aquela marca estava ainda visível, peguei uma
carga de dinamite, deveria estar velha, e uma de corda, coloquei
nas pontas e Rosa entendeu que explodiria aquilo, ela me olha
assustado e pergunta.
— Por quê?
— Eles querem isto, e nem sempre a energia de algo assim é
positivo, mas calma, vai ser uma noite longe.
Senti o ponto, toda vez que ele abria um pouco, sentia uma
dor bem forte, as vezes parava e tomava ar.
Puxei a corda e fomos no sentido do que sobrara da casa, pois
a madeira de anos, seca, queimou rápido, olho para a estrada e
ninguém nem veio olhar, bem ao longe, tive impressão de um carro
na estradinha e falei.
— Tem alguém esperando nós voltarmos, bem na estrada ao
fundo. – Falei e Rosa olha.
— O que vai fazer.
Sorri, o Genuflexório que meu pai tinha em casa, estava
intacto, algo de madeira, em meio a uma sala destruída pelo fogo,
intacto, olhei para o local, Rosa olha admirada e entro nos restos da
casa, ajoelho e oro fechando os olhos.
Sinto os espíritos e ouço meu pai ao lado.
— Eles destruíram a casa e não a defendeu.
— Aquele que mataram sua filha, tentaram matar seu filho,
vieram matar sua esposa, queria oque pai.
Rosa a porta olha em volta, deveria me achar maluco.
— Mas eles queimaram tudo, todas as minhas coisas.
— Bom descanso pai.
Olhei em volta, os espíritos estavam todos chegando, vindos
do rio, lembrei das madeiras na entrada da mina, algo antigo,
madeira em vigas, não em tabuas, algo anterior aos negros, entendi
que era o problema, e olhei nos olhos do meu pai e depois da
pequena Camila e falo.
— Descanse em paz irmã.
Olhei o ser de luz a frente vir a mim e falar.
— As mãos continuam sendo o instrumento de oração, de
trabalho, e de força, mas assim como significa força, pode a
prender, instrumentos que criamos, e nos prendem a vida.
237
Lembrei da santinha sobre a geladeira, sorri e falei.
— Que todos tenham em alma, uma evolução. – peguei uma
madeira em chamas, fui até a corda de detonação e coloquei fogo,
aquilo começa a correr pelo campo, passa na parte que deixei sobre
a madeira que escorria ao lado do rio, e fomos caminhando no
sentido da entrada, mas pela lateral, para não seremos vistos,
aquela trilha, que quando ia a venda na estradinha, quando amais
de 7 anos sai dali, usávamos, pois íamos a cavalo, não de carro.
Estávamos na trilha quando ouvi a primeira explosão, olho o
carro ao fundo ligar, todos os vizinhos agora não iriam poder dizer
que não viram, todos se fazendo de cegos.
Olho para o local, vi aqueles espíritos, quase ninguém veria, vi
os cristais voarem, e as almas serem atingidas por aquilo, elas no
lugar de se esconder, brilhavam e sorriam.
Parei um momento naquela imagem, vi meu pai me olhar aos
olhos e li em seus lábios o “Obrigado filho”, sorri, a menina estava
ao fundo e brilha também, e some, os seres pareciam mudar de
forma, fui ouvindo agradecimentos em meio as explosões, estava
sorrindo quando sinto rasa me tocar.
Olhei para Rosa e perguntei.
— Do que meu pai morreu?
— Dizem que de desgosto, mas ele estava bem pela manha, o
Desembargador veio o falar algo com ele, dizem que ficou
desgostoso e morreu do coração.
Eu a olhei sério.
— Eu o amava menino.
Não falei nada e vi o carro entrar no campo de vista, e vi eles
saírem do carro, e as explosões continuavam, eles começam a ver a
pedreira explodir, quando um se abaixou para pegar algo brilhoso,
fiz sinal para ela chegar rápido, entramos no carro, não sei o que
eles viram, mas saímos rápido de carro, ouvi os tiros, mas
estávamos já bem longe.
— Tudo bem? – Perguntei.
— Sabe dirigir.
— Comparado a um trator, fácil.
Saímos pela estrada e vi um ponto de ônibus e falei.
Hora de voltar para a cidade Rosa, mas não de carro.

238
Paramos, descemos, estava sentido o ponto, tentava
controlar a dor e pegamos o ônibus, com sentido a cidade.
Não sei o que pensariam, mas era hora de começar a reagir e
não sabia como.
Rosa me olha e olha minha barriga.
— Sei que tá doendo, mas se eu for internado, eles me
matam Rosa, não sei se entendeu em que problema nos metemos.
— Juro que não.
Peguei a pedra no bolso e falei.
— Posso estar enganado, mas este é o problema.
Ela olha o brilho e fala.
— Acha que tem algo de muito valor lá.
— Sim, eles não querem gente olhando, mas aquela pedreira
foi parar nas terras vizinhas hoje.
— Sabia e a destruiu.
— Eu vivo do que produzo, eu não preciso ser esfaqueado por
uma terra que nunca pensei voltar Rosa.
A senhor pareceu preocupada.
Fomos ao centro e sentamos em um banco da rodoviária.
— O que fazemos aqui?
Pedi uns trocados para gente que estava chegando para
viajar, e consegui uns trocados e sentamos em uma lanchonete,
pedi algo para comermos e as noticias extras são chamadas e olho
para a TV.
— Da para aumentar? – Perguntei para atendente.
“...estamos em Mandirituba, alguém resolveu explodir e
queimar a casa ao fundo, a policia chegou e prendeu dois rapazes
que estavam aqui, mas eles explodiram uma formação ao fundo,
com dinamite, e os vizinhos dizem que choveu diamante na região.
O repórter olha um senhor e pergunta.
— O senhor é vizinho da casa?
— Sim, o senhor Camargo morreu a dois dias, espero que a
esposa dele não estivesse na casa.
— Viu algo?
— Os rapazes chegaram, não entendi nada, pois vi eles
colocando fogo na casa, ficamos com medo, acionamos a policia,
mas somente depois das explosões, um carro da PM apareceu e
deteve os rapazes.
239
— E este papo de chuva de diamante.
O senhor abriu a mão e tinha umas pedras brilhosas e falou.
— Não sei se é diamante, mas vou mandar avaliar amanha.”
Rosa me olha e fala.
— Esta escancarando o problema.
— Sim, tentaram me matar, agora vão tentar jogar tudo isto
sobre mim, o que mais poderia ser Rosa.
— E como ninguém lhe conhece, engolem a historia.
Comemos e vi um rapaz que dormia na ponta da rodoviária e
perguntei.
— Roni, tem alguma coberta sobrando?
— Perdido por aqui, sabe que Mauricio está perguntando de
você.
— Sei. – Apontei a barriga que estava sangrando – Mas se vai
dar o serviço aquele desgraçado, esquece.
— O que ele quer matando gente da rua?
— Ganancia, isto se chama ganancia.
Levantei e saímos dali, sabia que Mauricio estava pagando
para nos acharem, então era obvio, nada ali era seguro.
Olhei para a rua e subimos para o Cajuru, eu não estava legal,
deveria ser perto da meia noite quando parrei ao pronto
atendimento do hospital, Rosa estava ali e não falou nada, o rapaz
viu que era um ponto aberto a barriga, o estagiário de plantão refez
o curativo, e fiquei a maca, Rosa estava assustada, mas era um lugar
bom para estar até amanhecer.

240
Rosa me toca e acordo, devo ter
dormido na maca, e me fala.
— Tem um pessoal estranho
entrando.
Demorei para me situar, olhei
para os rapazes e falei.
— Vai ao banheiro.
— Mas...
— Rápido.
Ela sai pelo corredor e entra no banheiro ao fundo e me
levanto e olho para Mauricio subindo a rampa e falo alto, para que
todos me olhassem.
— Veio terminar o serviço, será que consegue agora
Mauricio.
O senhor me olha aos olhos, todos olharam para ele e o
segurança viu o senhor armado e pede reforço ao fundo e vejo ele
puxar a arma e falar.
— Acha que escapa.
— Acho que você é idiota, uma pedra daquelas, é mais do
que tudo que o Desembargador vai pagar para você.
Os rapazes se olham e Mauricio fala.
— Acha que acredito em milagre.
— Não, é cego, você me viu morto, esqueceu?
Ele me aponta a arma e ouço dois seguranças a volta gritarem
esticando as armas para ele.
— Abaixa a arma, agora.
Ele virou-se para o primeiro segurança sem baixar a arma e o
segundo o acertou ao peito, os demais assustados, se olham e
levantam as mãos, enquanto Mauricio caia morto.
— Ao chão, ao chão rapazes.
Os dois que estavam com ele de abaixaram e fiquei a olhar a
entrada, o segurança que atirou viu que esperava que tivesse mais e
me pergunta.
— Quem são estes?

241
— Os que explodiram e parece terem matado uma família em
Mandirituba, para explodir uma mina de diamantes.
Os seguranças chegam pelos corredores e um senhor olha o
morto e olha para a entrada, viu a policia civil, eles não vinham tão
cedo normalmente, mas parecia que era esta a proteção de
Mauricio, sinal que tinha de sair dali.
Estava com dor e sentei, de costas a porta e me encolhi, o
senhor me olha, talvez tenha ficado visível que estava me
escondendo, pelo menos eu achei que ficou uma encenação de
quinta qualidade.
Os policiais começam a fazer perguntas, estava encolhido
quando o policial pega o comunicador e fala.
— Mauricio apareceu no Hospital Cajuru Delegado.
O intervalo de quem estava ouvindo algo.
— Não senhor, a segurança o deteve, está morto senhor.
Ouvi o agito e ouvi o policial olhando o segurança.
— Quem ele queria matar?
O senhor deve ter me apontado, e senti alguém me tocar o
braço, estava com dor de verdade, e quando tirei a mão da barriga,
a roupa estava com sangue, e o policial olha para o atendente.
— Está sangrando. – Olhei o policial e ele falou.
— Nome?
— Lucas Camargo Junior.
Ele pega o celular e fala.
— Queria matar alguém ferido a faca, de nome Lucas
Camargo Junior.
Não sei o que o senhor falou do outro lado, nem sabia que
delegado estaria do outro lado, mas ouvi.
— Proteção na porta, estamos no problema de Mandirituba.
O policial olha para o rapaz e pergunta.
— Quem é o rapaz?
— O herdeiro das pedras que detonaram em Mandirituba.
O segurança me olha, eu não era nada, mas ele sorriu, o rapaz
me levou para dentro, e suturaram agora para valer o ponto, o
estagiário tinha feito um trabalho bem meia boca.
Estava na cama da enfermaria quando um senhor entra pela
porta e fala.
— É ele?
242
— Sim, é ele.
Um senhor cabelos brancos entra pela porta e fala.
— Dizem por ai que morreu rapaz.
— Dizem muita coisa por ai.
— Sabe que tem acusações pesadas sobre você.
— Sim, de ter matado uma irmã.
O delegado me olha com uma indagação, ele não entendera.
— Não entendi.
— Camila Camargo era minha irmã, de um segundo
casamento de meu pai.
— E seu pai morre estranhamente neste intervalo.
— Os inocentes são os que tentam nos matar senhor, qual a
duvida, mesmo mortos, esfaqueados, somos os culpados.
— Sabe quem está pedindo sua prisão?
— Se duvidar, o mesmo que quer casar com minha es esposa,
para ter direito aquelas terras.
— Não estou tão inteirado da historia, mas o Desembargador
Oliveira que está pressionando por sua prisão.
— Motivos?
— Afirma que você planejou a morte dos seus familiares para
assumir as terras de seu pai, não parecia fazer sentido tamanho
desperdício, antes das explosões da noite.
— Certo, quem eram os rapazes no sitio?
— Gente de Mauricio.
— Ele veio me dar cobertura então, pela versão do
Desembargador.
— Ele não sabe disto, mas com certeza dirá isto.
— Bem convincente ele me dando proteção, me esticando
uma arma e dizendo que iria me matar.
— E porque não?
— Para qualquer mendigo na rua hoje, e pergunta o que
Mauricio perguntou para eles, qualquer um, de um que dorme na
Rodoviária a um no centro.
— Ele perguntou por você, mas o que isto tem haver.
— Fui tirado da delegacia, onde ele foi colocado a minha cela
para me matar, este buraco na barriga, que cresce pois estou
fugindo, foi feito nas dependências da Quarta DP, por Mauricio, mas
ele foi para dentro e já estava solto, então o Desembargador quer
243
dizer que o Delegado de lá é cumplice meu? Meus aliados são
realmente bem eficientes no me manter perto da morte.
— E porque o desembargador faria isto, o que ele ganharia
com isto.
— Primeiro, conhece o sitio do meu pai, ele sempre foi amigo
da família, ele visitou meu pai no dia da morte dele, dos últimos a o
ver vivo, segundo, deve ter conhecido a nova namorada dele.
— Aquela menina que ele anda para cima e para baixo?
— Sim, minha es mulher, com minha morte, herdeira, já que
meu pai casou a segunda vez por contrato, então ele tinha dois
herdeiros diretos, eu e a menina, as terras eram de minha mãe,
então nenhum dos meus tios, por parte de pai, tocariam na terra,
por mãe, não tenho tios, então quer o motivo, preciso ser mais
explicito que isto senhor?
O delegado olha o desembargador entrar e olhar para o
delegado e falar.
— Pegou o desgraçado.
O delegado olha o desembargador e pergunta.
— O conhece?
— Não.
— Mas o reconhece assim, na cama?
— Me disseram que era ele.
— Quem, este dado é sigiloso, quem está vazando
informação Desembargador.
O desembargador olha serio para o delegado e pergunta.
— Me acusando?
— Querendo saber quem são os cumplices do rapaz, quem
vazou as informações, e vai me dizer agora desembargador.
O senhor parece pensar e fala.
— Alguém me ligou, nem sei quem.
— Está mentindo desembargador, quem está protegendo, a
namorada? – Delegado.
Olhei para o delegado e falei.
— Delegado, pode me prender, mas eu daria proteção aos
vizinhos do sitio, pois as pedras, desculpa, arremessei para os
vizinhos com dinamite.
— E porque fez isto.

244
— Digamos senhor, que eu amo uma moça de nome Bruna,
ela me largou, mas se não o fizesse, ela seria a próxima morte, as
pessoas não entendem. – Olhei o desembargador e falei – e me
deve 700 desembargador Oliveira, ou acha que não vou cobrar a
escultura que fiz no portão de seu sitio?
O desembargador olha para o delegado e fala.
— Não o conheço.
— Deve dinheiro para ele, por isto está o acusando
desembargador.
— Delegado, a única coisa que queria, se um preso ainda tem
direito de algo, era pedir a exumação do corpo de meu pai, quero
saber a verdadeira causa morte dele, ele pode até ter morrido do
coração, mas tenho de ter certeza. – Falei olhando o
desembargador.
— Me acusando.
— Esperando o pagamento do meu serviço, para poder
contratar um advogado, e diz para a namorada, que eu ainda a amo,
e que você pode ser cheiroso, mas seu cheiro, é como o do meu pai,
e sabe bem do que estou falando.
O desembargador olhou o delegado e fala.
— Tem de o prender.
— Assim que puder ser preso senhor, ele foi a delegacia
tirado do hospital, e ninguém me explicou ainda a sua determinação
para soltura hoje cedo, de quem o havia esfaqueado a noite, com
urgência.
— Qual o marginal que vai me acusar de conhecer.
— O assassino de minha irmã, lembra dele? – Olhei o
desembargador.
O senhor me olha e fala.
— Por Deus delegado, está dando ouvidos a este marginal.
Não sei exatamente o que aconteceu nesta hora, mas vi um
senhor entrar pela porta e me olhar, o tempo estava parado, ele
olha para mim, foi difícil achar o ser em luz da igreja naquele ser.
— Este vai pagar por seus crimes Lucas, mas tem de
melhorar.
— O que está acontecendo.
— Estão tirando a moça enquanto o senhor os distrai ai.
— O que faço.
245
O ser tocou a minha ferida e senti o aliviar, e vi o ser se
desfazer, olhei o desembargador e falei.
— Traíra como sempre, esqueci de quem estávamos falando.
— Não entendi.
Eu me virei na cama e me levantei, o rapaz estranha e chego
com a veste do hospital rapidamente no corredor e paro a frente de
Rosa e olho os rapazes e falo.
— Estão a levando onde?
— Não se mete.
O Delegado viu que estavam armados, apontando para a
moça e fez sinal para os seus rapazes e o desembargador chega a
porta.
— O que está fazendo Delegado.
— Gente armada, conduzindo alguém a força, e me pergunta
o que eu estou fazendo desembargador.
— São pessoas do ministério publico.
O delegado olha o policial ao canto e fala.
— Desarma, e chama a imprensa, quero sair com respaldo
daqui, e o senhor, melhor encostar a parede, está preso
desembargador, e nem sei quem é a moça, mas posso garantir, é a
peça que você nem citou.
Ele viu que o delegado o algemou e o olhar do delegado para
mim.
—Quem é a moça?
— Seria minha madrasta, a mãe da menina que morreu.
— E a acusam do que desembargador.
O senhor olha os policiais prendendo e desarmando o
pessoal, algemando e fala.
— Não pode fazer isto.
— Vai para minha delegacia senhor, e se não explicar uma
detenção ilegal, por gente que não é polícia, que nitidamente estava
ali para me distrair, para a ação deles, alguém que nem tem uma
afirmativa de crime.
— Ela pode ter matado o marido.
— E o senhor ser o cumplice? – Perguntei.
— Não falei isto.
— Para toda família, isto o delegado pode verificar, no
enterro de meu pai ontem a noite, o senhor falou que ele morreu
246
de desgosto, por ver o filho preso, agora a prende para que, para
que ela não atrapalhe o extrair de algo que nem sabe se é real.
Voltei para dentro, e sentei, não estava tão bem para entrar
em uma guerra, mas vi Rosa entrar e me olhar.
— Como está?
—Achando que vou morrer a qualquer momento, e não sei de
quem vira a bala.
— A imprensa fala em maior mina de diamante daquele vale,
com diamantes de alta pureza nas terras. – Rosa falou.
— Sempre me pergunto, o que vocês querem da vida, uns
dizem que querem conhecer o mundo, mas o que muda? Quero
viver e ser feliz, sem passar um perrengue ou desgosto, para que
tanto Rosa.
— Sabe que este diamante pode ser o motivo de todas as
mortes.
O delegado olha para mim entrando.
— Pode mesmo.
— Senhor, não são tantos lugares que fazem este tipo de
trabalho de verificação, nem qualquer um que sabe fazer uma
analise, se eles tiraram uma amostra, um geólogo consegue dizer se
tiraram daquelas terras, se eles fizeram um teste, ficou registrado
em algum lugar, pois isto é ciência, não especulação.
— E acha que eles pagaram mortes.
— Senhor, um diamante daqueles, compraria as terras, mas
as terras eram de minha mãe, então meu pai para as vender, teria
de me passar metade, mas ele nunca quis vender, se pensar nos
gastos dele, pode ser que ele soubesse disto, mas ele falava muito
quando bêbado daquelas pedras.
— E alguém cresceu os olhos na terra.
— Imagino que não me acharem foi o que manteve o
problema estacionado, e imagino até quando fui pego pelo sistema,
eu tive uma apendicite e tive de refazer meus documentos, pois não
tinha nenhum, e devem ter visto um rapaz de rua, que era o ser que
eles procuravam por ai.
— E tudo desencadeia uma leva de mortes e pressões, mas se
for isto, sei quem para o desembargador.

247
Eu vi o medico vim ver o ponto e falar que a cicatrização fora
incrível, e me dar alta, os policiais me conduzem a delegacia, e fui
sentado a frente do desembargador.
O senhor estava na empáfia, e falou.
— Vai se arrepender disto delgado.
— Pode digitar todas as ameaças escrivão.
O senhor viu o rapaz digita e ouvi o delegado falar.
— Senhor desembargador, estamos pedindo o seu
afastamento para não influenciar nas investigações, como se trata
de algo complexo, não estou ainda na acusação, mas pedimos 6
exumações de corpo hoje, para não deixar nada passar, e vou
começar por perguntas simples.
— Tenho direito a um advogado.
— Sim, assim como não responder, para não criar provas
contra o senhor.
— Mas ele não está ai ainda.
— Sim, estamos no pré depoimento, não precisa de advogado
para falar seu nome completo, sua idade, sua formação, sua
profissão, ou precisa?
O advogado chegou, tinha uma petição de soltura na mão, e o
delegado olha para outro a porta e fala.
— Manda a imprensa esperar.
— Imprensa? – O advogado.
— Quero saber quem está envolvido, e – ele pega a petição
de soltura e fala – habeas corpus sem objeto de acusação – o
delegado olha para o investigador a porta e fala – Liga para o Juiz
Cardoso e pergunta se ele sabe o que está assinando, e se mantem
este Habeas Corpus, pois sem objeto de defesa, não existe Habeas
Corpus, ele nem foi acusado, como pode ter algo o defendendo
disto.
— Não pode ir contra uma determinação de Juiz.
— Advogado, hoje é apenas uma tomada de depoimento com
uma acareação, dependendo das respostas, ou não, posso
considerar que ele sai livre, pois tem grau superior, mas com
certeza, ele esta conduzido coercitivamente, por associação
criminosa, exercer função de condução e prisão, sem o ser
determinado em nem ter objeto de acusação valida contra a pessoa,
estamos erguendo dados, que podem vir a levar o senhor Lucas aqui
248
a prisão, mas se o desembargador não quer o apurar, porque pediu
a prisão do rapaz.
— Ele é acusado de assassinato delgado. – O advogado.
— Acusado que pelo incompetência ou por saberem os
resultados do teste, não passaram ele por um teste de pólvora, não
fizeram uma acareação valida, não tem provas que liguem ele ao
crime, pressionaram o senhor onde ele mora a dizer que não
reparou que ele ficou em casa, mas foi de lá que o tiraram, então,
ele estava em casa.
— Mas... – O delegado olha para o desembargador e para o
advogado e fala – estranho alguém se dizer desembargador de
justiça, e não saber que todos são inocentes até que se prove o
contrario, mas a primeira pergunta, conhecia o senhor Lucas
Camargo Filho senhor Oliveira?
Eu apenas olhava, achava que no fim, eu me daria mal, mas
estava ali para encarar, e não sabia o que aconteceria.
— Não o conheço, por mais que ele afirme o contrario.
— Onde conheceu Bruna Rosário.
— O que ela tem haver com isto?
— Não quer responder, tudo bem senhor Oliveira.
Eu não estava encarando ninguém, apenas ouvindo.
— Conhecia a senhora Rosa Silva.
— Ela era casada com o meu amigo, o senhor Lucas Camargo.
— E porque o seu pessoal estava a conduzindo armados em
um hospital, se não existe inquérito contra ela aberto, e os seus
rapazes, que estavam lá, não são do ministério publico.
O senhor se calou.
Imaginei ele pensando na resposta, ele depois diria que era
sigiloso e que não tinha como abrir o inquérito ainda.
— Poderia me dizer quando foi a ultima vez que falou com o
senhor Lucas Camargo?
— Fui ao sitio da família, ele queria que achássemos seu filho.
— E se propôs a ajudar ao amigo, seria isto.
— Sim, seria isto.
— O que o senhor tem referente a afirmação de que falou
que o senhor Lucas morreu de desgosto.
— Quem não teria desgosto disto.
— Disse que não o conhecia senhor.
249
O desembargador olha que a historia estava muito furada e
fala.
— Tudo para defender este marginal delegado.
— Não estou sobre julgamento ou indagação, mas para não
dizer que fui relapso senhor, conhecia Mauricio Diógenes Marinho?
— Apenas tive uma petição dele sobre minha mesa.
— Manda soltar alguém sem saber quem é, apenas por uma
petição a mesa senhor, com urgência?
— Não existe ilegalidade nisto.
— Perguntei se faz isto sempre senhor?
— Não.
Os olhares do delegado vieram aos meus e começou com a
pergunta.
— Conhece o senhor Camilo Prestes Oliveira?
— Sim, ele frequentava a casa do meu pai, desde que me
lembro por gente, não o via a muito tempo, até ele me contratar
para fazer a escultura de uma porteira na região de Almirante
Tamandaré. Fiz a primeira parte, foi neste trabalho que descobri
que o senhor estava namorando minha es esposa.
— Tem algum motivo pessoal de vingança contra ele, por ter
lhe tirado a esposa.
— Sempre disse para ela que merecia algo melhor que eu,
amar ela não quer dizer a prender a mim senhor.
— Teria como provar que conhecia o senhor desde a infância.
— Não, a casa do meu pai pegou fogo senhor.
— Conhecia Mauricio Diógenes Marinho.
— Quando me perguntaram isto quando me detiveram, não
sabia o nome inteiro de Mauricio, mas sim, moramos na rua,
quando tinha 14 anos e vim para a cidade.
— Foi morador de rua.
— Sim.
— Onde estava ontem a noite.
— No terreno do meu pai.
— Porque foi para lá?
— Eu pretendia passar uma procuração para Rosa, que
deixava com ela minha parte da herança.
— Parece fantasioso isto rapaz. – Desembargador.
— Tenho de concordar com o desembargador.
250
— Sei disto, mas quando fomos cercados, e nos escondemos
na antiga mina, para não sermos pegos pelos rapazes de Mauricio,
devemos ter deixado algo que gerou o curto que iniciou as
explosões na mina, mas víamos a casa queimando de um lado, e
fugimos por outro.
— Então pode ter colocado fogo na casa de seu pai?
— Sim, posso ser acusado disto senhor, mas não o fiz.
— Tem algum envolvimento com sua madrasta?
— Não senhor.
— O que tem haver com a morte de sua irmã, em um assalto
no centro da cidade.
— Nada, não vou acusar o teimoso e insensível do meu pai de
ter planejado aquilo, mas tem bem a cara dele.
— Porque ele planejaria isto.
— Queria um menino, tem uma menina com Autismo.
O desembargador me olha, imaginei ele pensando como sabia
daquilo e ouvi.
—Vai culpar seu pai por ter morrido.
— Quem manda ele sempre falar para todos, que aquela
pedra tinha valor, um dia alguém iria ouvir, quem não sei, mas com
certeza, todos a volta, já tinham ouvido falar das pedras que
amaldiçoavam aquele terreno.
— E planejou isto direitinho. – O delegado.
— Não, mas sei que neste país, o pobre, mesmo inocente,
aguarda na cadeia, podendo morrer, o rico, mesmo culpado, recorre
de decisões até os prazos o tornarem inocente, pobres vão para a
cadeia, ricos, saem inocentados.
— E se acha rico? – O desembargador.
— Não, eu sou o pobre, eu vivia na rua, vivo em casa alugada,
vivo de meu trabalho, isto neste país é coisa para pobre, mas eu não
tenho medo nem da vida, nem da morte.
— O que acha que aconteceu? – O delegado.
— O que aconteceu, o desembargador deu encima de minha
madrasta, ela não lhe deu bola, então ele tinha de achar alguém
para passar a perna no velho, achou procurando uma moça com
ganancia nos olhos, contratou um pé-rapado para fazer uma
escultura, fizeram questão de mostrar lá que estava namorando
minha es, acho que apostaram em uma cena de ciúmes, algo para
251
com 10 testemunhas, depois afirmar uma tentativa de assassinato,
que foi respondida pelos seguranças, algo assim, crime passional é o
mais clássico no Brasil. Como o serviço andou muito rápido,
tentaram me chamar a uma conversa com Mauricio no dia da morte
da menina, também levei sorte e não cai, mas na manha seguinte,
mesmo sem ter passado perto do local, jogam sobre mim as
acusações, sou espancado e esfaqueado na delegacia no primeiro
dia, fico entre a vida e a morte, por algum tempo, e volto dos
mortos, eles achavam que não voltaria, mas isto fez com que
pedissem minha prisão novamente, eu não tinha residência fixa, o
pobre, então aguardar na prisão mesmo quase tendo morrido na
primeira noite, o que aconteceu, transferiram Mauricio para minha
cela, para mesma delegacia, na noite posterior, e me furam de
novo, fiquei quieto suficiente para me acharem morto, levantei
somente quando o rapaz do café trazia comida, dizem que parecia
um fantasma de branco, contrastando com o sangue, saio depois, e
vou ao sitio, novamente perseguido, mas o problema é que deste
ponto em diante, não tinha mais volta, e como Mauricio fala no
hospital, eu precisava morrer.
— Acha que alguém acredita nesta historinha? – O delegado.
— Como disse, sou o pobre, o que o senhor não perguntou se
tinha advogado, o que não esperou o ministério público mandar um
representante, o que acaba morrendo na delegacia.
— E não se preocupa?
— Senhor, eu fiquei em coma, mais de dois meses, somente
quando acordei, mataram meu pai, então, ele estava nisto, ou sabia
disto, mas não o culpo, ganancia leva a morte.
— E porque acha que ele estava nisto? – Desembargador.
— Desembargador, eu nunca daria o herdeiro da família, pois
ele me fez trabalhar na fazenda quando jovem, com caxumba, me
chamando de fraco, isto me transformou em estéreo, ele tenta um
filho a mais, sei até onde pegou o problema, ele achou que a filha
era parte da praga daquela terra.
— Sabe que terá de aguardar o julgamento preso? –
Desembargador.
— Como disse senhor Oliveira, sei meu lugar, quem me tirou
da inercia foram vocês tentando me matar.

252
Olhei os policiais entrarem pela porta e vi o delegado da
outra delegacia me olhar.
— O que temos aqui delegado? – O outro delegado.
— Isto que queria saber, que historia é esta que nos
metemos, um desembargador que não tentou o básico, e um morto
que sabe parecer estar morto.
— Tem de entender a fortuna disto.
— Pelo que entendi Delegado, o desembargador colocou
tanta gente nisto que no fim, teríamos mais mortos que dinheiro.
— Não entendi.
— Seu grupo, grupo do Mauricio, grupo do Ricardinho, grupo
do Souza, o pessoal do ministério publico, todo morador de rua da
cidade sabe que Mauricio estava pagando 50 por informações do
rapaz.
O delegado da quarta DP olha o desembargador e fala.
— Idiota.
Eu entendi a encrenca que estava, mas evitei olhar muito,
pensei no como poderia salvar os demais, não a mim, e vi os olhos
do delegado vir a mim.
— E como não está morto?
— Como dizem na rua senhor, morador de rua, morre varias
vezes, e Deus o traz a vida, para dispor de mais aprendizado, até
que sua alma esteja pronta, a caminhar nos campos de trigo.
— Acha que está morto.
— Estou morto, o que ninguém entendeu ainda?
— Que está muito calmo.
— Delegados, desembargador, eu sei que ainda estou aqui,
porque ainda existem pessoas a salvar, se tivessem parado as
mortes, acho que já estaria morto.
— E como sabe que continuam as mortes?
— Se um dia, algo estranho acontecer senhor, entenderá,
mas antes, não posso dizer.
Vi que os demais me olharam, vi finalmente Paulo chegar e o
delegado olhar ele.
— Interrogatório.
— Ministério Público, defesa de Lucas Carvalho Filho.
— Já estamos acabando.
Vi Paulo me alcançar um papel, eu o abri e li.
253
“Terras em nome de Rosa, e de uma fundação, que és
presidente, Rosa está quase no litoral neste horário.”
Peguei o papel e coloquei na boca e comi, o delegado me olha
e o Desembargador me olha.
— O que fez?
— Posso morrer agora, mas ainda não é minha hora.
O delegado viu a petição para aguardar julgamento em
liberdade de Lucas e olha para o rapaz.
— Mas como lhe concedem isto?
Paulo olhou para o senhor e falou.
— Se delegacias fossem seguras, e ele não tivesse morrido
quase duas vezes em uma, eles teriam como não conceder.
Paulo viu que o delegado não gostou, mas o olhar do
desembargador foi ao advogado que saiu, olhei Paulo e ele falou.
— Os vizinhos estão fazendo orações nas terras de seu pai, e
juro que demorei a entender.
— Não entendi.
— Eles devolveram as pedras, já coloquei no cofre da caixa, e
tive de ir lá para entender.
O desembargador não entendeu.
— Devolveram as pedras?
Paulo sorriu, saímos e ele me deu carona até o sitio, entramos
e a casa estava em chamas, entrei na sobra da casa, ajoelhei para
orar, e olhei para a pedreira naquele fim de dia, e afrente do
genuflexório, estava a escultura que tinha feito do outro lado do rio,
o que antes era uma madeira, agora parecia escurecida, pelo fogo,
na parte madeira, e os restos da explosão, geraram uma película
branca sobre a madeira, e olhando, parecia que ela estava olhando
para quem ali ajoelhava, fechei os olhos e falei.
— O que precisa mãe de todos nós?
Senti a energia e senti um cheiro que a anos não sentia, o do
perfume de minha mãe, tentei abrir os olhos e ouvi.
— Calma filho, estou aqui.
— Como mãe?
— Livrou os pesos desta terra, agradeço por eles e pelos
meus, que a séculos vagavam por estas terras, tem algo a saber,
precisa ajudar Rosa.
— Ajudar?
254
— Ela espera o herdeiro destas terras filho, seu pai não teve a
paciência para o ver nascer, mas ele é a continuidade disto.
— Saudades mãe.
— Um dia andaremos pelos campos de trigo, eternamente,
apenas acalma a alma filho.
Orei e abri os olhos, aquela escultura, coberta de uma
camada brilhosa ao sol, no fim da tarde, fazia todos os vizinhos
estarem lá orando.
Abri os olhos e olhei para Paulo que falou.
— Entendeu.
— Paulo, as vezes temos de viver o desconhecido, para viver
a verdadeira fé.
— Um milagre duplo, tem de ver que isto não se explica
assim.
Caminhei até a escultura e os vizinhos me cumprimentaram, e
a noticia de todos, era que algo triplo acontecera nas terras, a casa
queimou e o genuflexório não queimou, que a explosão, fez surgir
uma imagem esculpida de nossa senhora na beira do rio, e o filho
do senhor Camargo, havia voltado as terras.

255
Vi os vizinhos trazerem uma
armação que usavam para as festas e
cobriram os restos da casa, cada um
trouxe algo, estranhei, olho os
vizinhos, eles estavam
impressionados.
Anoiteci em uma barraca, Paulo
foi a cidade, e quando amanheceu, viu
aquele carro chegando pela estrada, vi quando o senhor Oliveira
saiu e viu a imagem, viu os vizinhos peregrinando e para a minha
frente.
— Acha que se livra.
— Acho que não entendi nada senhor.
— Tem alguém querendo falar com você.
— Tem de ver senhor, que quando ela lhe escolheu, escolheu
a folga, a beleza por herança, não por conquista, estas terras, vou
doar a Igreja, pois assim o senhor não me tira elas nem querendo.
— Não pode fazer isto.
— Posso, vou, pois teria de matar toda uma religião para
conseguir as terras, por um dinheiro, que nunca precisou, mas como
disse, eu amei aquela menina, e sei, que se tudo desse certo, ela
seria a ultima morte, então, considere que não é por você, por Rosa,
pelo meu pai, que darei as terras, e sim, por um amor que morreu,
morto a faca, por uma denuncia vazia.
— Ainda vai se dar mal.
— Eu? Acho que não entendeu senhor, me deve 700, vou
cobrar, mas estas terras, nunca serão suas, pois tem uma coisa aqui,
que não tem como conquistar senhor.
— Não tenho medo de truques, isto é truque.
Eu fechei os olhos e ouvi o senhor falar alto.
— O que fez.
Abro os olhos e falo olhando o fogo a toda volta, algo bem
forte, e falo.
— Este é o fim dos que herdam esta terra senhor Oliveira, se
no fim venceres, gargalharei pela eternidade.
256
O senhor viu o ar voltar ao normal, olha em volta e fala.
— O que foi isto?
— Acha mesmo senhor, que não morri na Delegacia?
O senhor olha para o carro e começa a sair, ele sai assustado
e vejo Bruna ao carro ir junto, não sei, não era mais os olhos que me
prenderam, talvez no fim, era para não ser eterno.
Olho o pessoal ajoelhado a beira do rio, do lado de cá, e olho
para os vizinhos chegando e um pastor chegar.
— Isto é um sacrilégio.
— Sacrilégio? – Perguntei.
— Adoração a uma imagem.
— Todo ser que fala isto, e se faz de surdo, pois sabe que não
estão adorando a imagem, mas o símbolo que ela representa, a mãe
de alguém morto e crucificado, não deveriam pregar Deus, pois não
entendem dele.
— Mas...
— Respeito Pastor, se não é feliz em ver uma obra do senhor,
para mostrar aos filhos, que ele ainda está olhando por eles, não
posso o fazer compreender o todo.
O senhor se afasta, até entendo o que ele estava pensando,
nos dízimos que não receberia, pensei que ali começava minha
historia, e naquele lugar, surge uma chácara para menores carentes,
com minha oficina de criação, sei que não adoro a imagem, mas é
difícil de explicar o que sinto a cada ajoelhar ao genuflexório.

Fim.

257
258
259
J.J.Gremmelmaier

Inteligência

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2017

260
Autor; J. J. Gremmelmaier Ele cria histórias que começam
Edição do Autor aparentemente normais, tentando narrativas
Primeira Edição diferentes, cria seus mundos imaginários, e
2017 muitas vezes vai interligando historias
Inteligência aparentemente sem ligação nenhuma, então
existem historias únicas, com começo meio e
------------------------------------------
fim, e existe um universo de histórias que se
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte
encaixam, formando o universo de
------------------------------------------ personagens de J.J.Gremmelmaier.
Gremmelmaier, João Jose Um autor a ser lido com calma, a
Inteligência, Romance de Ficção, mesma que ele escreve, rapidamente, bem
102 pg./ João Jose Gremmelmaier / vindos as aventuras de J.J.Gremmelmaier.
Curitiba, PR. / Edição do Autor / 2017
1 - Literatura Brasileira –
Romance – I – Titulo
-----------------------------------------
85 – 62418 CDD – 978.426

As opiniões contidas neste livro são


dos personagens e não obrigatoriamente
assemelham-se as opiniões do autor, esta é
uma obra de ficção, sendo quase todos ou
quase todos os nomes e fatos fictícios.
©Todos os direitos reservados a
J.J.Gremmelmaier
É vedada a reprodução total ou parcial Inteligência
desta obra sem autorização do autor. Mais um personagem apresentado
Sobre o Autor; aos poucos, vamos entrar na vida de Carlos
João Jose Gremmelmaier, nasceu em
Pinheiros, um professor de Cálculo, mas que
Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, formação
se vê no mundo que mais se dá bem, o da
em Economia, empresário por mais de 15
Inteligência, as pessoas as vezes esquecem,
anos, teve de confecção de roupas, empresa
de estamparia, empresa de venda de que por trás de um vencedor, sempre, disse
equipamentos de informática, trabalhou em sempre, existe uma Inteligência, e se ela
um banco estatal. não estiver ali, não existe o vencedor.
J.J Gremmelmaier escreve em suas
horas de folga, alguns jogam, outros viajam,
Agradeço aos amigos e colegas que
ele faz tudo isto, a frente de seu computador,
sempre me deram força a continuar a
viajando em histórias, e nos levando a viajar
escrever, mesmo sem ser aquele escritor,
juntos. Ele sempre destaca que escreve para se
mas como sempre me repito, escrevo para
divertir, não para ser um acadêmico.
me divertir, e se conseguir lhes levar juntos
Autor de Obras como a série Fanes,
nesta aventura, já é uma vitória.
Guerra e Paz, Mundo de Peter, Trissomia,
Ao terminar de ler este livro,
Crônicas de Gerson Travesso, Earth 630, Fim empreste a um amigo se gostou, a um
de Expediente, Marés de Sal, e livros como
inimigo se não gostou, mas não o deixe
Anacrônicos, Ciguapa, Magog, João Ninguém,
parado, pois livros foram feitos para
Dlats e Olhos de Melissa, entre tantas correrem de mão em mão.
aventuras por ele criadas. J.J.Gremmelmaier

261
©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J.J.Gremmelmaier

Inteligência

262
Quando se fala de
inteligência, existem algumas
coisas que Carlos, a frente de
sua turma, discorda, alguns são rápidos, alguns lentos, mas existem
os lentos que você explica uma vez e não esquecem, e os rápidos,
que parece ter de explicar 20 vezes a mesma coisa.
Estar a frente de uma turma, faz ele estar sempre diante de
diferenças, pois todos dizem do lado de fora, que todos somos
iguais, talvez perante a lei, mas não perante a inteligência.
Temos de ter mesmos direitos, mas mesmo isto, é difícil de
encarar com tamanha naturalidade, quando se vê gente colando, e
não poder estabelecer algo que não fosse possível colar para toda
turma, pois alguns se estudantes muito bons se perderiam no
caminho.
As vezes via pessoas que eram criativas em um curso
totalmente técnico, as vezes via gente totalmente técnica em cursos
de criatividade, então como um professor de cálculo, se deparava
com gente que o amava, e 99% dos que lhe odiavam.
Carlos olha para mais uma turma, universidade não se fala em
formulas, se fala em Derivar e integrar, para alguns fins, mas
quando se chega ao segundo ano de Engenharia, isto já deveria ter
sido dado no primeiro ano, e via gente que chegou ali e não sabia
nada disto.
Ele para na frente dos alunos, os cumprimenta e fala.
— Bom dia turma, hoje vamos dar uma parada, vi que o
resultado da última prova, não foi legal, então resolvi que vou
perder dois dias, para revisar as bases Trigonométricas, pois
deveríamos estar entrando em volumes por fatiamento, mas 90%
dos erros, não foi na base da Integral Definida, mas na
Trigonometria, que é a base anterior a ela.
Carlos começa a fazer uma revisão de seno, cosseno e
tangente, as bases da trigonometria, viu que assim como alguns
prestaram atenção, alguns saíram, não entendia o que alguns
faziam naquele lugar, pois no mínimo precisava de dedicação.

263
Alguns perguntaram ao final da aula sobre a prova e Carlos
disse que precisava pensar em como fazer, mas pensou em após a
revisão de Trigonometria voltar a prova e a refazer.
Alguns sorriram, alguns queriam as notas, Carlos não entrou
em discussão, ele pretendia que a maior nota valesse, mas era
estranho como os piores eram sempre os que mais falavam alto.
Carlos olha para os alunos saindo e tinha de mudar de
instalações, vai ao estacionamento e olha os 4 pneus vazios, sorri,
criancice, olha o segurança que fala.
— Não vi senhor, desculpa.
Carlos sabia que poderia perder uma aula por isto, mas com
calma chama o borracheiro, que recolhe os pneus, deixa o carro
erguido, deixa acertado o concerto e pega um taxi, para a faculdade
de Economia, a mesma matéria, mas com usos diferentes, as vezes
fazia Carlos sorrir o quanto a inteligência humana avançou em todos
os sentidos gerando usos para os mesmos cálculos, em vários
aspectos da vida moderna.
Três aulas e estava no fim de semana, olhando o início da
noite de sexta e olha para o carro no estacionamento, sorri, pega
ele e volta para casa.
Morar sozinho tinhas suas vantagens, mas Carlos ainda se
batia com isto, talvez ele tenha sido relapso a ponto de perder um
grande amor, mas não conseguia ser diferente, mesmo sozinho,
referente a algumas coisas.
Há dois anos Carlos estava só, mas sexta a noite, era dia de
tentar relaxar e tinha um convite de formatura, se veste e vai ao
auditório da Reitoria, formatura de História, estranho ter tantos
amigos em história até hoje, e nunca ter sido ligado a esta matéria,
estudou isto somente para passar.
O convite foi do Ricardo, entraram na faculdade junto, ele se
formou a 4 anos, Ricardo pulou de Direito para Economia, depois de
Economia para História, e parecia que agora, 10 anos depois de ter
entrado, estava se formando.
Formatura sempre pareceu a Carlos algo mais para a
sociedade a volta, e lembra que quando fez sua primeira formatura,
ele também ficou com aquela cara de etapa concluída, discursos
bonitos, mas que eram apenas discursos.

264
O discurso do orador, estava sendo pragmático, e estava
demorado, parecia que poucos estavam prestando atenção.
Estavam em meio aquele discurso quando ouvem a grande
explosão e a luz apaga, primeiro as luzes de emergência, alguns
saíram, mas era festa ainda, então parecia apenas um
inconveniente, mas quando Carlos ouviu a segunda explosão, sai de
sua posição no fundo e olha para a entrada e viu que as pessoas que
saíram entravam de costas, algo estava acontecendo.
Ele estranha e passa pelas pessoas e olha o fogo a rua, não
entendeu, mas olha para os carros e algo corria por baixo deles, os
fazendo pegar fogo, vira-se rápido e faz gesto para entrarem e
rápido olhando os demais e grita.
— Todos para dentro.
Os demais se assustam, Carlos vira-se de costas e sente os
vidros frontais do auditório explodirem, alguns caem ao saguão,
Carlos sente os vidros e olha para o braço, sentido a dor, com dor
põem os demais para o auditório, encosta a porta e senta-se a
escada para dentro, sente o vidro, estava doendo e latejando, pensa
por instinto e puxa o mesmo para fora, sangrou, ele aperta o local,
mesmo doendo, precisava estancar o sangue, põem o fone de
ouvido e coloca em uma rádio, os demais na festa veem os feridos
virem para a parte interna, sangrando, mas Carlos queria entender
mas naquele momento tinha de conter a dor, queria saber o que
estava acontecendo, lugares com muitas pessoas não era um bom
lugar para estar em uma crise.
Um rapaz encosta as porta do auditório e se ouve mais 6
explosões do lado de fora, e olha Carlos.
— Obrigado.
Carlos não entendeu, mas o rapaz correra para dentro e vira
os demais ao fundo sendo atingidos.
— Temos de descobrir o que está acontecendo. – Carlos.
— Parecem ser explosões. – Um senhor – mas o que causaria
isto, não estamos em guerra.
— A explosão que destruiu os vidros frontais foi dos tanques
de combustível frontais ao local, tinha algo correndo pela rua e
queimando.
— Mas o que pode ser.

265
— Não sei. – Carlos Chega a lateral do palco, sobe e entra na
parte interna do mesmo, alguns olham ele que estava sangrando,
vai a saída do fundo, olha a reitoria a frente, tinha a porta superior e
a inferior, desce e olha para algo passando por baixo da porta,
parecia normal, o cheiro estava forte, abre a porta e olha em volta
saindo e olha para o lado da rua que vira tudo explodir, parecia
acalmando, mas sente uma luz de cima, olha para o prédio de 11
andares de Humanas e este estava em fogo, labaredas caiam em
liquido de lá, olha para o outro lado, o outro prédio não fora
atingido, então caminha naquele sentido, contorna a reitoria e
chega ao pátio externo, alguns vieram o seguindo e veem o
tumultuo vindo da rua de cima, o cheiro de combustível estava forte
e Carlos segura os demais pois viu aquele combustível correndo
pela escada do prédio de humanas, aquilo estava escorrendo pela
parede, vindo da rua de baixo, foi inevitável ele pensar que seu
carro estava lá, e os demais viram o fogo vir junto e recuam, as
pessoas tentando sair do prédio a frente correndo, algumas serem
atingidas e começarem a gritar, mas aquilo passaria ao lado do
teatro, teriam de achar uma forma de evacuar, pois se começasse
queimar todos dentro morreriam.
Os carros subindo a rua, começam a ser abandonados e as
pessoas corriam a rua, enquanto os carros atingidos estouravam,
queimavam, as arvores a rua queimavam.
O segurança da reitoria estava assustado quando Carlos
chegou a ele e falou.
— Temos de evacuar tudo que conseguirmos.
— O que aconteceu?
— Não sei, mas tem gasolina de avião, pelo cheiro, correndo
pela rua ao fundo, algo caiu, ou vazou, mas isto é altamente
inflamável.
Carlos olha o sentido, faz sinal para os demais, entrarem no
prédio, fecha a porta baixa do teatro a forçando, por ali não corria
combustível ainda, mas no outro extremo via combustível correndo
e logo estaria por ali também, então olha para o prédio e viu aquela
ponta de algo estranho no prédio.
Entra na reitoria e olha para a porta para o teatro e fala.
— Temos como abrir.
— Sim.
266
O segurança ajudou Carlos, que estava com dor e só
conseguia mexer um braço.
Eles abrem e Carlos vai para os controles, teria de achar os
alarmes de incêndio.
Ele chega a região de alarme contra incêndio do teatro e
dispara e as pessoas internas começam a ser encharcadas de agua,
mas isto poderia as ajudar a enfrentar o problema.
Os gritos vindos da rua, e novas explosões faziam todos se
olharem assustados, mas Carlos queria uma saída, e tudo indicava
para ele, que tudo que estava ali queimaria.
— O que lhe assusta professor.
Carlos olha o rapaz e olha em volta e fala.
— Posso estar errado, mas aquilo no prédio – Carlos aponta
para cima – é o bico de um 747, ele entrou no prédio, as asas caíram
na General Carneiro, começaram a jogar gasolina na rua ao fundo,
mas estamos no caminho deste combustível altamente inflamável.
— Não entendi. – O segurança.
— As ruas ali, descem neste sentido, então a gasolina vai
correr pelas ruas, externas e escadarias do prédio, até nos cercarem
totalmente, depois de queimarem tudo, vão para os esgotos, e vai
descer explodindo tudo no caminho, até chegar a drenagem do rio e
vai descer queimando tudo neste caminho, nós estamos nele.
— E como escapamos?
— Vamos precisar de sorte.
— Onde? – O segurança.
— Sabe se a passagem para o prédio está aberta? – Fala
Carlos falando da passagem entre o prédio a esquerda e o da frente
da reitoria.
— Abrimos.
— Vai abrindo e colocando todos para andar no sentido do
prédio abaixo, e das janelas do lado de lá. – Carlos.
Carlos entra no auditório e olha os demais assustados.
Ele olha professor emérito e fala.
— Temos de evacuar, pela saída dos fundos, direto para a
reitoria ao fundo e de lá para Dom Pedro Primeiro, pois parece que
um avião caiu e está escorrendo gasolina a toda volta.
O senhor olha assustado e vai ao microfone enquanto Carlos
chega ao saguão, olha dois feridos e os ajuda a vir naquele sentido,
267
sentia-se o calor vindo da rua, viu 3 mortos e começam a entrar, o
rapaz não queria andar, mas Carlos não queria deixar para trás, um
rapaz chegou ao lado e o ajudou a carregar o senhor.
— Não entendi o problema.
— O problema é que se este prédio todo cheio de
acabamentos de luxo e madeira de isolamento, começar a pegar
fogo, todos morremos.
O rapaz ajuda e viram os demais entrando no prédio a frente
e começam a passar, para o prédio ao lado, Carlos olhou aquela
gasolina começar a correr naquele sentido e foi acelerando as
pessoas, que estavam assustados, de festa a desastre, o calor
começa a aumentar, Carlos ajuda os últimos a entrar e indica as
escadas, via agora fogo pelos dois lados, olha para o reitor e fala.
— Estamos escolhendo, mas aceito um palpite.
— Porque por ali?
— O predo da Humanas está em fogo, as rampas estão
escorrendo gasolina, não sei quantos estavam no prédio, mas vai
ser triste a notícia amanhã reitor.
— E o menor acha mais seguro?
— Não sei, mas o calor vindo das vidraças frontais estouradas
do teatro pareciam quase em alto combustão.
Carlos olha o segurança e pergunta.
— Me ajuda?
— O que vamos fazer?
— Assim como tem esta passagem para cá, tem o para
humanas, se começar a entrar gasolina, tudo se perde aqui.
O reitor viu Carlos ir no sentido da outra porta, colocaram
panos, não era o indicado, mas se a gasolina não passasse por baixo
da porta, já ajudaria.
Carlos fez rápido e subiram para o piso superior, onde viram
que a gasolina já chegava a porta, eles não teriam mais o que fazer,
o prédio pegaria fogo, Carlos olha para os tijolos de vidro, pega um
troféu a parede e dá com tudo no vidro, o segurança viu que ele
queria salvar a reitoria, mas talvez fosse loucura.
O segurança arrancou o piso, e a gasolina começa a correr
para o canto que haviam quebrado o vidro, afastam o móvel do
fundo e a gasolina começa a correr para baixo, que não chegasse
muito ali, pois aquilo era para pouca quantidade.
268
Carlos olha pela janela, a gasolina atravessar pelos dois lados
e começar entrar no teatro a frente, foi rápido o começar do fogo,
os dois no sentido que os demais foram, sentem o calor forte
quando passam pelo corredor alto que ligava os dois prédios,
deveria estar em chamas a parte baixa.
Carlos estava com a adrenalina subindo, ele olha o braço,
latejava.
Carlos fica a rampa, olhando o pátio interno pegar fogo, e
olha agora de frente o grande avião na parte alta do prédio, e fala
baixo.
— Que suas almas descansem em paz.
O reitor viu o prédio da reitoria começar a pegar fogo, pois
via-se a gasolina escorrendo em fogo da parte alta do prédio de
humanas para aquele lado, e fala.
— E se precisarmos sair.
— Senhor, pode ser que tenhamos de esperar o pior passar,
mas o fogo está começando a baixar.
— A gasolina terminando de queimar?
— Temos de ver que prédios pegam fogo e são difíceis de
parar, a biblioteca a frente, está em chamas, a acima do RU, em
chamas. – Carlos ouve a explosão e se afasta da janela e vê os vidros
estourarem e o calor vir junto.
— O sistema de gás pegou fogo.
— Onde seria mais seguro?
— Tanto este quanto o do lado tem uma imensa piscina na
forma de uma caixa de agua no topo, se começar piorar subimos
todos para a cobertura senhor.
O senhor olha o braço de Carlos e fala.
— Está sangrando para valer.
— Sei que está doendo e latejando.
Carlos olha para um canto e se encosta, estava no terceiro
andar do prédio, mas via pelos vidros agora estourados o prédio a
frente em fogo, e não estava sentindo-se bem.
Sente a pressão cair e se encosta.
Um senhor chega a ele e fala.
— Temos de estancar o sangramento rapaz.
Carlos não parecia entender mais e viu o senhor pegar um
pano e começar a pressionar e enrolar no braço até parar e o fala.
269
— Os feridos precisam de socorro, ele parece que vai entrar
em choque anafilático, mas não sei quem é, mas nos indicou uma
saída, o teatro está queimando.
O segurança olha Carlos e fala.
— Ele pareceu assustado antes, agora branco.
Se ouve os bombeiros chegando pela parte alta, sinal que
ainda corria para o rio canalizado na Mariano Torres, a gasolina, e
todos começam a pensar que teriam uma chance de sair dali vivos.
Carlos sente a pressão caindo e olha em volta, teria se se
manter acordado e sabia que não estava bem, o médico falou para
ele ficar quieto.
— Mas sinto que vou apagar se ficar quieto.
— Entendo o medo, perdeu sangue, mas alguns não vão
acordar rapaz, o senhor ao fundo, não aguentou.
Carlos olha o senhor e fala.
— Desculpa dar trabalho, todos querem sobreviver.
— Sim, mas...
Carlos chega a parte para fora, o escuro quebrado por
labaredas, volta a tomar o lugar e fala.
— Hora de sair daqui doutor.
— Sabe onde ir?
— HC é uma boa saída, subimos a rua lateral, e depois
subimos para lá.
O segurança olha para Carlos e pergunta.
— Acha que é mais seguro?
— Seguro não é, mas não gosto de ficar aqui, eu preciso
chegar lá rapaz.
O médico entende que Carlos estava com medo de morrer,
ele deveria estar sentindo-se fraco, e uma noite assim era
realmente algo assustador.
— Mas se não for seguro? – O médico.
— Vou descer a parte baixa, e ver o como está.
Carlos desce e começa a olhar para os estragos, o calor vindo
do pátio e das arvores que queimaram era grande, não havia luz, o
segurança iria andar e ele o segura.
— Vamos voltar.
— Por quê?

270
— Os fios de alta tensão estão todos ao chão, é muito
arriscado. – Carlos.
Eles sobem e o médico pergunta.
— Desistiu?
— Todos os fios dos postes, estão a calçada, só tem uma
forma de saber se estão ligados, e não quero descobrir da forma
que tenho para descobrir.
— E como está?
— Assustado, o calor está forte, mas a luz caiu em toda a
região, não sei de os transformadores queimaram, ou apenas os fios
foram desligados.
— E não temos muita visão deste lado.
— Tentei não olhar muito, mas os carros a toda volta
queimaram, tem um prédio ali a frente, na Marechal que está
queimando, o restaurante em frente, queimando, algumas casas
também, o hotel a frente parece ter gente na parte dos
restaurantes, mas imagino o medo que todos a volta estão.
Carlos estava olhando em volta e ouve outra explosão, e olha
para o prédio da frente e uma parte do avião desaba no pátio
interno.
— Deve ter decolado a pouco, pois parecia estar lotado de
combustível, mas não entendi como ele entrou no prédio ao lado,
ele teria de vir do norte, sinal que iria mais longe do que o
aeroporto ao sul da cidade.
— Como está a lanchonete?
— Queimando.
— Mas como? – O médico.
— Gás aquece e como está sobre pressão, explode o botijão
espalhando destruição, mas é que tudo acontece muito rápido, se
olhar o relógio, nem teriam terminado o cerimonial, mas como
todos ficam tensos, parece que foi a muito tempo. – Carlos.
— E temos de esperar eles desligarem a energia elétrica?
— Sim, estamos no escuro, mas com garantia de que não
ficaremos tostados a calçada.
A rádio ao ouvido parecia apenas tocar música, ele queria
informação mas não conseguia nada.
Carlos se encosta novamente, e começa a sentir sono, o
médico sabia que ele poderia não voltar, mas não teria nada para
271
fazer, as pessoas assustadas a toda volta, contando que tinham
crianças, tinham formandos, tinham de irmãos a avós dos
formandos.
Ricardo que estava com os pais e a irmã ao fundo chega ao
médico e pergunta.
— Como o rapaz está?
— Teve sangramento no Braço, parece assustado, mas a
pressão dele caiu muito, mas não temos o que fazer por enquanto.
— Vi que desceram, acham que não é seguro sair.
— O rapaz disse que os fios de alta tensão estão a rua, se
estiverem ligados, morremos, pois as proteções queimam e eles
ficam a gerar energia a calçada.
Carlos olha as pessoas, sem entender bem o que estava
acontecendo, e olha para Ricardo parar a sua frente.
— Como conseguiu estar entre os feridos Carlos?
Carlos olha sem graça e fala.
— Segura as pessoas que quiserem sair Ricardo.
— Acha que está ligado.
— Cheiro de pneu queimado que me fez olhar para lá, carros
não atingidos, na rua em frente, que estavam com os pneus
começando a queimar.
— Pensei que nem viria.
— Não me chamo Ricardo.
— Não perece bem.
— Vê se consegue algo na sala dos professores do
departamento, eles se não me engano, tinham até uma geladeira
ali.
Carlos viu Ricardo descer a rampa, Ricardo arroba a porta e
olha para aquela geladeira, o médico veio atrás de falou.
— Pelo jeito o rapaz trabalha aqui, pois lhe indicou o
caminho.
— Um dos professor mais odiado antes do terceiro ano, e
mais amado depois disto.
— Não entendi.
— Engenheiro que não aprende cálculo direito, só xinga
depois do terceiro ano, quem não chega ao terceiro, a culpa não é
dele.
— Professor de cálculo, certo, mas o que temos ai?
272
— Refrigerantes, nada que desse grande coisa.
— Este açúcar pode ajudar a cicatrizar, o álcool a limpar o
lugar e temos toalhas limpas, já dá para começar.
O rapaz sorriu e falou.
— Ele é teimoso, mas sabe sobreviver senhor.
— Pelo jeito ele já lhe livrou algumas vezes.
— Sim, mas ele sempre diz que uma ação requer sorte, e hoje
não era o dia de sorte dele.
— Não entendi.
— Ele sempre diz que temos de entrar, nos posicionar e sair
rápido dos perigos, que a vida é como a matemática, quanto mais
tempo damos ao acaso, mais encrencados ficamos.
— O rapaz a porta disse que ele fez sinal para todos entrarem
rápido, alguns nem se mexeram, e morreram lá, alguns correram e
nem se feriram.
— Disto que falo, tem gente que parece ligado na tomada,
devo imaginar como é para ele sentir-se inoperante.
Os dois estavam falando e Carlos entrou pela porta.
— Começou a ser notícia, dizem que a 45 minutos um avião
caiu no centro de Curitiba, com 300 passageiros a bordo, decolou de
São Jose dos Pinhais com destino a Cuiabá, com uma parada em
Campo Grande.
— Então temos uma queda de avião, mas o que está fazendo
de pé.
Carlos olha para as toalhas, tira a camisa, pega um pouco de
álcool, ele põe no pano e passa no lugar, se viu as lagrimas nos seus
olhos, ele passa aquele pano, e quando amortece, sentiu os
pequenos pedaços de vidro, os tirou, olhou no vidro ao fundo e
olhou o senhor.
— Alcança a fita esparadrapo.
— Sabe que anão é indicada.
— Sei, tenho uma cicatriz na perna por causa de uma destas,
poderia não ter a perna. – Carlos estava com dor, mas pega o açúcar
e coloca em um pano, coloca no lugar e depois com uma fita grossa
prende ao braço, fazendo força para fechar o corte, talvez por ter
passado o álcool não tenha sentido tanta dor, mas mesmo assim,
doeu muito.

273
Carlos olha para um avental de professor e coloca ele, a
camisa estava furada e com muito sangue.
Carlos meche os dedos, sabia que alguns doíam mais e fala.
— A merda é que pegou um par de músculos, mas para
remendarem eles, temos de estar vivos.
— O que aconteceu que não falou.
— Não sabem, mas pensa num fato, os bombeiros passaram,
pensei que viriam pela parte alta, eles não vieram, eles passaram e
se foram, o rádio fala, um avião caiu em Curitiba, um avião caiu em
Porto Alegre, dois aviões caíram em São Paulo, e um no Rio de
Janeiro.
— Acha que é terrorismo? – Ricardo.
— Não, mas temos de sair daqui, e não dá para andar por ai
sem saber se a rua é segura.
— Não entendi a lógica. – O médico.
— Senhor, Terrorista faria tudo planejado, mas com saídas
diferenciadas, para que a notícia desse impacto, mas de repente,
em espaço de 5 minutos, 5 aviões que sabemos, podem ter caído
mais, caem.
— Certo, algo pode estar acontecendo, mas porque sair?
— Começaram a dar o rumo do combustível, mas ele já deve
estar em seu fim, mas sei que preciso de pontos doutor, todos falam
que devo me preocupar com os demais, mas não posso esquecer de
mim, sempre induzo a sobrevivência, mas tem de ver que quero
sobreviver.
— Mas e se algo estiver acontecendo. – Ricardo.
— Vai lá e fala com seus pais, não deixa eles saírem ainda,
tinha gente querendo o convencer a sair antes de ser seguro.
— Certo.
Carlos pega o açúcar, as toalhas, o esparadrapo e começa a
voltar, começa a ajudar os feridos, os demais nem sabiam quem era
ele, mas ajuda sempre é bem-vinda.
Um rapaz para ao seu lado e fala.
— O que acha do que os rapazes estão falando.
— Não sei o que estão falando.
— Para sairmos, aproveitarmos e corrermos para a parte alta,
as vezes parece que o prédio do lado ainda tem combustível
escorrendo.
274
— Com certeza tem, mas toma cuidado com os fios elétricos,
eles estão todos no chão.
— Mas não teriam desligado automaticamente?
— Carga superior, três positivos, um cai, nada acontece, o
segundo cai, desliga o primeiro e o segundo juntos, cai o terceiro, e
nos usa como terra.
— Certo, existe a possibilidade deles estarem com energia,
mas e o isolamento dos calçados.
— Se for lá, e olhar em volta e os demais começarem a sentir
choque, junta os pés, e vem arrastando os mesmos, para fora do
campo de energia.
— Pelo jeito pensou em fazer isto.
— Já fui adolescente, já estive em um carro que acertou um
poste rapaz, e sei que sai de lá vivo.
— Mas daí não teria como passar.
— Pensa, como eu com os dois pés únicos, arrastando no
chão, consigo passar sobre fios a rua.
O rapaz olha em volta e fala.
— Eles vão tentar.
— Se passarem seguiremos eles.
— Acredita que não passam.
— Eles tem menos de 20% de chance de estarem todos
desligados, eu não gosto desta estimativa.
Carlos limpava um corte a mais e coloca um pedaço do pano
e prende forte, e fala.
— Sei que vai doer, mas temos de estancar.
— Já fez isto? – A moça.
— Está latejando meu braço moça.
Ela olha para o braço do rapaz, entendeu, viu ele parado ali a
pouco, mas ele resolveu reagir, tinha pessoas que não pareciam
querer reagir, estas tinham de trazer a lucides e a dor era uma
forma de as trazer, o limpar da ferida já as fazia sentir a pressão
crescer, daí o fechar com força, fazia o corpo latejar no lugar, mas
precisavam de algo para se manter acordados.
Carlos estava com o fone de ouvido e olha para o Doutor.
— Temos de conversar, não sei quem tanto está aqui?
— Temos de reitor a funcionários, de crianças a idosos, todo
tipo de gente.
275
— Foi atentado senhor. – Fala Carlos olhando o doutor.
— Como sabe?
— Acabam de relatar a queda de um avião sobre o palácio da
Alvorada, onde estava o presidente da república, ainda não sabem
se existe sobreviventes.
— E como enfrentamos?
— Precisamos estar atentos, para saber quem tomou o
poder, antes de nos manifestar, acho que o exército vai tomar as
ruas.
Ricardo chega e fala.
— Alguns decidiram que vão tentar sair.
— Temos de saber o que fazer, acabou de cair um avião em
Brasília Ricardo, neste momento, não sabem se temos presidente.
— Disse que não era terrorismo.
— Continuo achando que não é, consiste em um grupo
organizado, terrorismo é algo para gerar Terror, o que vemos é algo
para matar pessoas, provavelmente para tomar o poder.
Carlos foi ao próximo, estava ajudando para pensar, fazer
algo o dava tempo de ouvir as notícias, mas ouve.
— Mas meu pai quer sair como o pessoal Carlos.
— E não o consegue deter.
— Ele é teimoso.
— Deve ter puxado a ele.
Carlos deixa as coisas com o médico e chega a frente do
senhor Rabelo.
— Podemos conversar senhor.
— Ricardo não entende, temos uma chance agora.
— Senhor, a chance deles atravessarem a rua, é de menos de
20%, eu esperava eles tentarem, não iria para baixo para ser
induzido ou ter uma das crianças induzidas por eles a atravessar, eu
não arrisco a minha vida com uma chance de 80% de perdê-la, se
quer arriscar a sua, tudo bem, acha certo arriscar a da sua esposa e
filhos por algo com uma imensa chance de não dar certo.
O senhor olhou serio os demais descendo, alguns que
estavam indo, pararam, e Carlos ouviu um rapaz.
— Vamos, não existe este risco.
— Se tem tanta certeza, porque não sai sozinho. – Carlos.
O rapaz olha para os demais e fala.
276
— Alguém se achando entendido, vamos de uma vez.
Carlos olha para o senhor Rabelo que sente a esposa o
segurar e falar baixo.
— Se der certo, é uma chance, mas para quem esperou até
agora, porque não esperar mais um pouco.
Carlos queria sair dali, mas queria sair vivo, esta era a
diferença.
Carlos desce a rampa e Ricardo olha para ele.
— O que vai fazer.
— Carlos, odeio ter de salvar alguém, quando quem está em
pedaços e precisando ser salvo, sou eu.
— Vai fazer oque?
— Segura os demais, se der para ajudar alguém a sair vivo,
vou ajudar, sabe disto.
Carlos desce e um senhor na rampa fala.
— Acha que ele não consegue?
— Gostaria de estar errado senhor, mas eu não sou maluco
de arriscar minha vida assim.
O senhor segurou o neto ao colo e falou.
— Vamos esperar neto.
— Mas vô.
— O rapaz tem razão, se der certo, todos saímos, mas ser os
primeiros, é maluquice.
Carlos chega ao ponto que estava antes e o segurança olha
para ele.
— Eles vão tentar.
Carlos olha para os carros do outro lado da rua, mais a frente
e fala.
— Espero que não seja o que estou pensando.
Uma moça ia a frente com o rapaz, ele parecia confiante,
Carlos sabia que se o rapaz sobrevivesse, seria um herói, se
morresse, seria um herói, mas odiava a ideia de ser herói.
Um grupo de rapazes foi junto, as famílias deles também.
O rapaz começa a caminhar para o local, estava tudo bem, até
ele dar o passo para passar sobre o fio, quando ele tocou o outro
lado, todos se desviaram, pois ele começa a tremer, a moça que ia
logo atrás, ouve algo e vira-se para o prédio, e Carlos fala
calmamente.
277
— Junta os pés, agora, e vem arrastando eles.
A moça olha assustada, os demais viram o rapaz queimar a
calçada, e Carlos olha outros e fala.
— Alguém sabe se em algum lugar por aqui temos um
medidor de tensão?
A moça sente o choque, tirou um dos pés do chão, e deu um
passo largo, Carlos grita para ela não tocar o chão, ela não parecia
acreditar que fosse possível chegar lentamente, quando ela toca o
segundo pé, o primeiro serve de entrada de energia, o segundo, se
saída, e os adultos tiraram as crianças, tinha mães e pais de duas
vítimas, logo ali, queimando a calçada.
Carlos estava vendo os demais entrarem novamente quando
ouve um estouro, olha para cima e olha o resto do avião explodir,
parte dele caindo, parte voltando a pegar fogo.
Ele olha em volta e a biblioteca estava pegando fogo, olha
para o prédio da reitoria, fogo, aquele fogo chegaria a eles, mas
como evitar o pior.
Um rapaz que ouviu Carlos alertar das chances chega ao seu
lado.
— E como sobrevivemos.
— Normalmente eu diria, esperamos ajuda, mas ela não vai
vir, então temos de improvisar, mas não quero chegar no outro
prédio para entender o problema inteiro, mas algo temos de fazer.
— Pensando?
— Desde que fui atingido pelo vidro, mas às vezes, quando
fixamos uma meta, esquecemo-nos do resto.
Carlos olha para o segurança a porta e este chega perto.
— Pelo jeito o que temia aconteceu.
— Dois mortos desnecessários.
— Os demais ficaram assustados.
— Transfere eles todos para o primeiro andar, podemos ter
de evacuar o prédio, em meio ao problema, e temos de ter uma
saída.
Alguma ideia?
Carlos olha para o prédio alto a esquina, olha que mesmo o
fogo passando por ali, os moradores assustados, usaram os
extintores para deter o fogo.

278
Olha em frente, tinha um prédio de uma faculdade particular,
ele estava em fogo, não sei via ninguém ali mais, não sabia o que
acontecera, mas o fogo deve ter entrado com tudo pela recepção e
o terror deve ter se instalado.
Olha o estacionamento ao lado, os muros frontais estavam
estourados, mas os fios do poste naquele espaço estava ainda no
lugar.
Ele chega ao segurança e fala.
— Vou caminhando lentamente, se achar que devo sair, falo,
mas não deixa ninguém me seguir ainda.
— Vê se não se mata.
— Desce todos para o primeiro andar.
O rapaz ao lado ficou a olhar Carlos atravessar a rua, se via os
fios sobre a cabeça dele, Carlos foi andando lentamente, com os pés
juntos, não sentia choque, mas não iria facilitar, ele olha para
dentro do local, era a hora do problema, ele mede o passo e salta
como os dois pés pelos restos, desequilibra e cai para dentro, o
rapaz ao longe fica tenso, Carlos toca o chão e vê que ali não tinha
energia, e olha para a rua, ele dá a volta e chega a outra entrada do
mesmo estacionamento, os carros estavam estourados, o rapaz na
guarita, morto carbonizado, mas olhando para a rua, parecia
tranquilo, olha para a Oficina de Circo, pegando fogo do outro lado
da rua, olha em volta e sente o cheiro de pneu queimando, olha os
carros e começa a recuar, ali não era uma saída.
Ele chega ao outro lado, olha para o prédio alto a frente,
parecia inteiro, mas o bem na esquina, queimava, não sabia o que
fazer, pois era residencial, não tinha ninguém para ajudar e ele não
teria como ajudar.
Carlos começa a voltar, caminha calmamente e chega ao
rapaz e fala.
— Sem saída.
— Mas para a rua lateral.
— O mesmo problema do rapaz, tudo cheirando a queimado,
mais meia hora os carros vão começar a incendiar, pois os pneus
vão entrar em combustão.
O rapaz olha o braço de Carlos e fala.
— Parece que está sangrando.
— Tá latejando de volta.
279
Carlos chega até a altura do prédio e grita para o senhor no
saguão.
— Como estão?
— Não entendemos o problema.
— Caiu um avião na rua de traz, acertou o prédio de
humanas, e parece que todo combustível correu pelas ruas, e
ninguém ainda desligou a luz, a rua está dando choque.
— E a saída pela nossa rua.
— Os pneus dos carros a frente, estão cheirando a queimado,
sinal que os cabos a rua estão com energia senhor.
— E quer uma saída pelo jeito.
Carlos ouve uma explosão e dá dois passos atrás, ele sempre
fora precavido, o prédio de esquina, que se erguia a frente, na
esquina inicial da Francisco Torres parece estremecer, o prédio
estava tomado de fogo, mas algo explodiu nos estacionamentos,
que pareciam ter recebido parte da gasolina que correu pela rua, se
ouve o estalar e Carlos e o rapaz olham o prédio tombar para a rua.
O senhor olha assustado e fala.
— Pelo menos conseguimos evitar que a gasolina entrasse
nos estacionamentos do prédio.
— Isto pode ter salvo muitos, mas deixa eu tentar outra coisa.
Carlos foi caminhando lentamente até perto da esquina,
contraria a que falara com o senhor, e olha para o prédio deitado a
rua, os postes forma puxados ao chão, e parte dos fios foram
arrancados, puxando alguns postes para aquele lado.
Carlos olha que mesmo os fios que estavam antes intactos
que lhe permitiram atravessar a rua, agora tinha um tendendo a
rua.
O cheiro de queimado estava em tudo, carros queimados,
arvores a rua, queimadas, casas queimadas, olha para o hall do
teatro, pegando fogo, os cabos que antes estavam ali agora
pareciam puxados mais de 100 metros à frente, um grupo olha do
prédio da esquina, o medo, depois do desabar do prédio ao lado,
estava nos olhos dos demais.
Carlos caminha atravessando a rua, e olha para tudo, ele fez
com os pês juntos, alguns do lado oposto, pareciam querer ir
naquele sentido, e um senhor perguntou.
— É seguro lá?
280
— Estou tentando um caminho de saída de lá, não de
entrada.
Carlos subiu pela calçada oposta e olha para duas quadras
dali, e olha os postes acessos, olha para o caminho que havia feito,
havia chego na esquina da General Carneiro com a Marechal
Deodoro, e olha no sentido da Reitoria, e olha aquela destruição, o
avião ao alto, parte dele a rua, não dava para saber que parte era,
toda negra, olha onde deveria estar seu carro, nem o reconhece,
tudo havia queimado, o prédio a esquina da General Carneiro com a
Amintas de Barros, queimava, a livraria a esquina, queimava.
Começa a voltar, e olha para um tanque ao fundo, eles
estavam dando a volta, mas reparou que estavam bem armados,
volta e chega ao local e pergunta se queriam sair, que pelo estrago e
altura do fogo do Teatro da Reitoria, logo o fogo se espalharia.
As pessoas começam a sair, lentamente, Carlos explicou que
deveriam atravessar a rua de pés juntos, para não levarem choque e
foram indo no sentido oposto do que ele mesmo queria
inicialmente.
Quando o último grupo passou, viu o médico e dois rapazes
ajudando um senhor.
— Acha que eles aguentam.
— Temos de tentar, mas primeiro temos de chegar onde é
seguro andar a rua, para depois, conseguir ajuda. Ajudaram o rapaz
e mais para cima, um rapaz para na casa de um amigo e consegue
um veículo, o doutor e um rapaz levaram os 4 mais graves ao
hospital.
Ricardo olha para Carlos e pergunta.
— Pensei que iria agora.
Carlos não falou nada, uma das asas ainda estava pendurada
no prédio, e os dois viram ela se soltar e tocar o chão, explodindo, o
prédio lateral recebeu a leva de calor, e se viu o fogo começar a se
espalhar novamente.
Ricardo olha para aquilo e fala.
— Poderíamos estar no meio da rua.
— Sim, daí correríamos como malucos.
— E vai para onde?
— Acha que alguém ainda está atendendo no HC?

281
— Acho difícil, devem estar lotados de gente que conseguiu
fugir do fogo, subindo a rua.
— Se cuida Ricardo, vai para casa com a família, chama um
taxi, pois daqui a pouco as ruas estão uma baderna.
Ricardo abraçou os familiares e saiu, vendo Carlos caminhar
lentamente até um ponto acima, ele olha a carteira e chama um
taxi, este olha ele e fica na dúvida se ajuda, Carlos teve de implorar
para o mesmo o levar ao hospital.
O mesmo disse que não poderia, pois mancharia o estofado e
o carro não era dele.
Carlos senta-se a rua e chama outro, explicando a situação, se
iriam mandar alguém que não poderia levar um ferido ao hospital
não mandassem ninguém.
Carlos estava cansado, quando um dos alunos chega ao lado e
fala.
— Não é hora de desistir professor.
Carlos estava cansado, tinha perdido sangue, e vê dois
rapazes o ajudarem a entrar em um carro, chegam a emergência do
Hospital Cajuru e o médico o atende rápido, Carlos havia perdido
muito sangue.
Após limpo e costurado, Carlos adormece.

282
Carlos acorda assustado e
olha que estava em uma
enfermaria, olha em volta e o
médico olha para ele.
Um senhor chegou e tirou sua pressão, olhou os pontos e um
rapaz fardado entrou.
— Senhor Carlos Pinheiro?
—Sim.
— O que faz?
— Professor de Cálculo da UFPR.
— O que fazia na reitoria ontem a noite?
— Formatura de um amigo de História.
— Dizem por ai que foi um herói ontem, mas todos
estranham a história, já que parte saiu bem quando o pior veio a
tomar a região.
— O pior?
— Pessoas tentando salvar-se das chamas e morrendo a rua,
eletrocutadas ou carbonizadas.
— Saímos quando deu senhor, se tivéssemos ficado,
estaríamos entre os mortos.
— O que lhe cortou o braço, o médico falou em 20 pontos.
— Quando as explosões começaram, sai para o hall de
entrada do Teatro da Reitoria, e bem nesta hora, os vidros frontais
se estilhaçaram.
— Estamos verificando esta história, não se ausente da
cidade sem comunicar onde vai.
Carlos não entendeu, pois não fazia sentido desconfiarem
dele, mas poderia ser apenas o achar de um culpado, para desviar
as atenções.
O médico entrou quando o senhor saiu e falou.
— Estão tentando achar uma justificativa.
— Não entendi. – Carlos.
— Quem foi atacado ontem, é a oposição do presidente,
quando algo não deu certo, como o avião em Curitiba não ter caído
no palácio Iguaçu, parecem ter criado uma encenação em Brasília, e

283
depois de todos acharem que estávamos sem presidente, o mesmo
sai dar ruinas do palácio.
Carlos pensou na possibilidade, seria muita fantasia achar
aquilo, mas lhe acusarem de algo, também era algo muito
fantasioso.
— Como está o corte doutor.
— Estava começando a infeccionar.
— Desculpa não ter vindo antes, achei que nem chegaria.
— Os rapazes que o deixaram aqui disseram que conduziu um
grupo de 300 pessoas para fora da reitoria em chamas.
— Nem contei, apenas sobrevivemos, não foi meu mérito
senhor, mas entendo o que eles não querem, um herói nesta hora
atrapalha as coisas.
— Acha que isto que os trouxe aqui?
— Existe alguma lei contra sobreviver?
— Não, mas o senhor foi bem incisivo e deixou gente a cuidar
na porta de saída.
Carlos tenta pensar nas possibilidades, mas ver o local do
corte costurado, o fez sorrir.
— Sabe que terá uma cicatriz boa ai.
— Cicatriz é para vivos, já dizia meu avô copiando de alguém.
O senhor saiu, Carlos fecha os olhos, um rapaz a ponta olhava
para fora, pela janela, naquela enfermaria para 4 pessoas, ele
estava olhando quando falou, Carlos estava de olhos fechados.
— Algo está acontecendo na avenida.
Outro chegou lá e falou.
— Exercito, estão cercando o hospital, será que alguém
ameaçou o hospital?
Um médico chega a porta e fala.
— Todos as camas, estou a fim de dar alta para alguns.
Os rapazes foram para as camas, um olhou para a porta e
falou.
— Exercito nos corredores.
Carlos se ajeita a cama, teria de melhorar, e sua mente estava
nos fatos que conhecia, mas desconhecia a maioria, como alguém
de uma cidade no sul de um país continente, ignorava o todo, o
parcial era a regra, achar a verdade, as vezes demorava 10 anos,

284
pois Brasil sempre foi um país de cada lugar puxar para o seu, e no
centro de tudo, os políticos puxando para eles.
Mas o exército a volta, e ao corredor não fazia sentido, se
todos estavam sentados a cama, Carlos estava deitado e de olhos
fechados.
Os rapazes fazem um silencio extremo e Carlos abre os olhos,
olha para aquele militar a sua frente.
— Devo estar sonhando. – Fala olhando aquele rapaz com
insígnias a sua frente.
Os demais viram que era com o rapaz que fora para ali
naquela manhã, olham-se como se estivessem sem entender nada e
o senhor fala a porta.
— Mantem o perímetro.
Os militares saíram e Carlos ouviu.
— A mãe ainda pergunta de você.
— O que faz aqui Roberto? – Fala Carlos se erguendo.
— Não entendemos de parte do problema, e o presidente
quer alguém que entenda isto, mas pelo jeito, resolveu estar no pior
lugar na noite de ontem.
— Pensei em certas horas que não sairia vivo de lá.
— Dizem ter usado a única oportunidade, tem gente que
estava em lugares mais seguros que vocês e morreram.
— Ainda não me inteirei do problema.
— Mas estamos conseguindo uma transferência para você.
— Transferência?
— Em minutos.
— Qual a urgência?
— Não é lugar para falar. - Roberto
Carlos viu uma cadeira de roda e olhou para Roberto.
— Só preciso de uma roupa, digamos que a minha cortei a
noite.
Roberto olha para o rapaz a porta e fala.
— Verificamos isto, em circulação.
Carlos olha para o médico a porta e pergunta.
— Posso andar um pouco?
— Sabe do perigo.
— Sei, estava disposto a chegar aqui caminhando ontem, mas
uns rapazes resolveram me ajudar.
285
Carlos olha para Roberto e fala.
— Por onde?
Ele faz para ir a frente e os rapazes abrem o caminho, o
médico olha para os demais e fala.
— Absurdo, ele precisa de cuidados.
Os militares nem deram atenção, os rapazes na entrada,
olham para o contingente tirando o rapaz, o senhor ser colocado em
um carro militar, Carlos olha uma mala e Roberto fala.
— Não escolhemos muito.
Carlos olha a sua mala, abre e vê que eram suas roupas,
arrombaram sua casa? Ele olha o veículo se direcionar ao aeroporto
do Bacacheri e entram em um cargueiro do exército.
Carlos se localiza e vai a um banheiro ao fundo, se feste, e se
olha no espelho, sai e olha para Roberto.
— Tem uma fita de vedação?
— Não entendi.
— Tem ou não?
Um militar ao fundo pega em suas coisas, Carlos tira a
camiseta, pega um plástico, coloca sobre os pontos, e repuxa eles
com força, isolando o local.
Roberto olha Carlos ajeitar a camiseta e olhar para ele.
— Não entendi esta operação.
— Não entendemos o todo ainda Carlos, mas mandaram
separar alguns, e você foi um.
— Eu?
— Estaríamos lhe tirando da cidade, independente do seu
problema de ontem, apenas teríamos saído sem os demais
perceberem.
— O que está acontecendo?
— Não sei, não tenho posto para saber Carlos, então sabe
que é algo entre os que mandam e você.
— Mandam?
Roberto não falou nada, mas um grupo de militares chega ao
hospital e é informado que uma operação de guerra tirou o senhor
dali, e um general olha para todos lados e fala.
— Quem era este?
— Não sabemos, um professor de cálculo.
Um senhor chega a eles e fala.
286
— Tiraram apenas 6 pessoas da cidade, mas este parece que
estava no lugar errado, pois eles o tirariam ontem a noite,
demoraram para saber onde ele estava.
— O que está acontecendo General.
Os dois olham-se e o indagado fala:
— Não sabemos ao certo, mas algo aconteceu ontem, na
região ao norte de Brasília, um general ligado aqueles espiritas,
parece ter dito algo que não agradou aquilo que lá tinha, e no
segundo seguinte, parece que as coisas desandaram.
— Generais ligados a que?
— Sei que é difícil levar a sério, mas algo surgiu na região, não
sabemos ainda o que, pois o espaço aéreo está quase parado, pois
ninguém quer por um avião no ar, todos que subiram, não
chegaram a lugar algum, na maioria caíram.
— Mas então estão fazendo o que, de carro é uma viagem até
lá.
— De cargueiros, mas não sei qual o caminho que estão
tomando, mas parte do exército ontem tentou algo, pois o avião
sobre o palácio foi uma tentativa frustrada.
Carlos olha para o avião baixando em uma base, olha em
volta, plano, olha para o fundo, Brasília, ele é conduzido a um
barracão e um senhor fala.
— Nome.
— Carlos Pinheiro.
— Atrasado, se direciona ao auditório.
Carlos olha para Roberto e sorri.
Chega ao local e um general ao centro do palco pega o
microfone e fala.
— O último dos seus chegaram, sei que não estão
entendendo nada, mas o que vou falar, é segurança nacional, e
estamos sobre ataque, não teremos esta conversa fora de lugares
específicos e não espero ter de aplicar corretivo, aos que falarem.
Carlos olha os demais, ninguém conhecido, pessoas
aparentemente simples, alguns até estranhos aos olhos.
— O que temos aqui, é algo que alguns dos meios mais
ligados a grupos de ufólogos falam em contato de alto grau, com
alguém que vive em uma realidade paralela, mas existe um grupo
de pessoas que se denominavam os Detentores do Segredo,
287
membros o SNI, chamavam de uma farsa, mas o que os sistemas de
radares detectaram ontem, foi uma tentativa deste grupo, de tomar
alguns pontos do país, mas algo aconteceu que ignoramos, pois 12
aviões caíram, morreram em acidentes aéreos ontem, mais do que
nos últimos 10 anos, somados aos mortos em Terra, mais de quatro
mil e seiscentos mortos, estranhamos pois temos esta imagem.
O senhor coloca a imagem de um ser de pernas altas, cabeça
bem pequena, corpo esguio, ombros largos, Carlos lembra da
estátua a praça dos 3 poderes, com dois abraçados. O ser surge a
frente do presidente, todos os seguranças se assustam, mas sentem
aquela luz passar por eles, os segundos seguintes foram de explosão
e tudo queimando, tudo a volta em chamas, e quando as chamas
sessaram a imagem mostra o ser, ele olhar em volta e sumir.
— E não entendemos, tudo indica que fomos atacados,
parecia ser os seres, mas o que aconteceu foi algo que não
entendemos, e reunimos vocês aqui.
— Mas o que podemos fazer? – Uma moça ao centro daquele
auditório, com não mais de 50 pessoas.
— Vocês são os seres que o grupo que se denominava
Detentores do Segredo vigiavam, um único eles tentaram deter,
pois não nos demos tempo, mas eles estão nos achando inimigos,
pois os separamos e alguns deles, surgiram mortos, e não
entendemos ainda o que está acontecendo.
Todos se olham e Carlos lentamente ao fundo levanta a mão.
— Fala senhor Carlos.
— Está falando que os seres do Capitão Ribeiro, são estes, e
que de alguma forma, estão ligados aos eventos que aconteceram?
— Aparentemente sim.
— O que o SNI falou a respeito?
— Nos isolaram, eles não acreditam que não fomos nós.
— Eles não acreditam em algo? Quem está a frente do SNI
agora senhor.
— Francisco Ramalho.
— O senhor que vigia até os telefonemas do presidente, se
ele não acredita em algo, algo foi feito, a pergunta, oque?
— Ele acredita que estamos por trás destes ataques e que
estamos represando eles pelo acontecido.
— Alguém tentou falar com Ramalho?
288
— Ele não nos atende senhor Carlos.
— Posso tentar senhor?
Os generais se olharam, Carlos estava provocando, mas ele
queria sabe de que lado estava, mas ouviu.
— Ainda não temos certeza de que ele não nos atacou, para
liberar que o grupo por eles investigados, sejam expostos a ele.
Carlos olha para o senhor, fica quieto e não falou mais nada,
o senhor viu que Carlos não continuou e falou.
— Precisamos de uma posição sobre este evento, e achamos
que vocês são a solução.
A moça que perguntara antes, olha para Carlos, mas ele
olhava para as mãos, volta-se a quem falava e pergunta.
— Certo, quer uma posição, mas quem é você, o que são
estes seres da imagem, e por que parecem não conseguir falar entre
vocês, preferem me tirar de São Paulo, me trazer a um auditório,
com estranhos, para não falar com alguém que deve estar em um
prédio próximo?
O senhor olha pra Carlos, mas ele não parecia mais ali, estava
olhando suas mãos, e fala.
— Sou o general Souza, somos responsáveis pela segurança
presidencial, a posição é referente ao que os seres queriam
protegendo o presidente, e é mais fácil arrastar alguém de São
Paulo para cá do que achar em que local o chefe do SNI está
escondido em Brasília.
A moça volta a olhar para Carlos e pergunta.
— E quem é você?
Carlos olha todos lhe olharem, olha para a moça e fala.
— Moça, o que vou falar é um acho, pois nunca fiz parte de
algo assim, sou professor de cálculo em Curitiba, mas eles
separaram todos os indicados como acima da média, acredito que
aqui, qualquer um de vocês, tiraria nota máxima em pelo menos 3
tipos de testes de Inteligência. Sei que alguns não acreditam nisto,
mas o SNI sempre teve um sistema para avaliar e monitorar os que
tinham condições de desenvolver liderança, então não estão aqui
apenas os que passariam em 3 testes com nota máxima, mas os que
geram seguidores sem fazer força para isto, mas isto não explica
porque eles nos querem aqui moça.
— E como saberia disto?
289
— Antes de me dedicar ao cálculo, passei uma ano e meio no
exército moça.
— Quem é este Ramalho?
— Um paranoico muito bom no que faz, investigar pessoas
sem que elas se deem conta que estão sendo investigadas.
— E como alguém faria isto?
— Hoje os meios de câmeras e redes sociais fazem isto por
eles, nem é tão difícil matematicamente nos separar, mas se não
vamos servir para apaziguar, não sei como a senhora o que fazemos
aqui.
O general olha para Carlos e fala.
— Tem de entender senhor Carlos, tudo aqui e sigiloso.
— Aquela imagem foi cortada, editada, revisada, e talvez
modificada senhor, sigiloso em que sentido, já que nem o original
vai nos mostrar? – Carlos.
O general olha o segundo e pergunta.
— O que ele está falando?
Carlos evitou rir, mas teve vontade.
— Que o conteúdo teve 18 minutos, cortamos e editamos
para caber em uma explanação senhor.
— E como ele saberia.
— Está é Carlos Pinheiro senhor. – O ao lado.
— E quem é Carlos Pinheiro.
Carlos riu e perguntou.
— Posso ir para casa senhor, se não sabe quem somos, não
sabe o básico, lhe omitem porque está aqui, para que estamos
sendo conduzidos?
O segundo general olha a porta e um senhor entrou pela
porta, Carlos não olhou, o que parecia ser para surpreender.
A moça olhava para Carlos, e viu aquele senhor entrar.
— O que ele quer saber general, é se você é de confiança?
A moça não tirou os olhos de Carlos que sem olhar para trás
fala.
— Não coloque palavras em minha boca, que são seus
desejos de informação Tenente Campos.
Alguns estavam olhando para o rapaz e olham para a mesa, o
senhor não sabia quem era o rapaz que entrara, mas Tenente

290
Campos ele sabia quem era, a fama entrando em campo antes do
ser em si.
O senhor olha Carlos e pergunta.
— E conhece todos, quem é você.
— Não conheço senhor, mas dos presentes, alguém quieto
deve ser Carvalho Junior, deve ter em outro lugar, uma moça de
nome Carla Silva Santos, mas saber quem são, não é ter conversado
com eles senhor.
Pela forma que a moça olhou para ele, Carlos soube que era a
moça.
— E o que um atrasado sabe, já que foi o último a ser trazido.
Carlos não falou nada, não estava entendendo o problema
ainda, mas ter muitos ali, estabelecia que não sabiam o que estava
acontecendo.
Carlos olha para Campos e pergunta.
— Porque não falaram com Ramalho ainda?
— Não o achamos.
Carlos olha para cima e se pergunta o que fazia ali, tirado de
um hospital para um auditório e ninguém falava nada com nada.
— Como não?
— Acha que é fácil assim? – O general a mesa.
Carlos pega o celular e disca e fala.
— Ramalho, o que está acontecendo. – Fala alto, pois estava
em uma era de tecnologia, como não sabiam o telefone de alguém
que estava em todas as listas de nomes.
O senhor olha para os rapazes a entrada fazendo sinal para
chegar a Carlos rápido e ouve.
— Vão proibi-lo de falar comigo Carlos, mas o que quer
saber?
— Motivo?
— Saiba que não é pessoal.
— Imagino se fosse, mas o que faço aqui, posso ir para casa
Ramalho, vocês são crianças brincando de informação, já disse para
você isto a quanto, 10 anos?
— Ninguém acredita em suas deduções.
— Certo Ramalho, você deve estar no prédio da TUC, olhando
3 rapazes a olhar para você perguntando o que estão esperando, na
porta deve estar Richard, a pergunta, porque? Já que não tem
291
coragem de me encarar e mandou um general com cheiro de merda
ao hospital para tentar me deter, mas ele deve ter visto o estrago
que fizeram ontem e não teve como me tirar de lá.
— Não lhe informaram que aviões estão caindo.
— Mais de 12 decolam por manhã em Curitiba, lugar que
chama de fim de mundo, fala sério, se eu tivesse derrubado 200
alguém poderia se recusar a voar dizendo que todos estão caindo,
mas com 12, Brasil inteiro, impossível, é propaganda, mas o que
quer Ramalho?
— A tempos não lhe irritava Carlos.
— Pensa em você estar em uma formatura, e um avião cair
no prédio ao lado e lavar tudo com combustível de avião, eu estava
lá, não neste buraco que se esconde, mas a pergunta Ramalho,
porque?
— Não fui eu.
— E quem foi então?
— Não tenho a gravação de algo assim, mas se não tenho só
pode ser porque me isolaram.
— Certo, você é paranoico, então entendo o raciocínio suicida
e irracional, mas você controla todos os mil cargos mais importantes
do país, diretamente, não indiretamente, não me venha com foi
eles porque não tem nada, provavelmente não tem nada, porque
está sempre olhando para o lado errado.
— Acha que entendeu algo?
— Estou em uma sala, onde todos me olham, se perguntando
quem sou eu, mas pensa Ramalho, se fossem eles, não estaria CJ,
CP, SSC, CSS todos nela.
Ramalho olha os demais e fala.
— Temos de conversar Carlos.
— Começa a trabalhar, algo que deveria estar fazendo antes
de me tirarem de Curitiba, se você não descobrir, sinal que é algo
que não estamos vendo, dai, sabe para onde olhar.
— Para os Ribeiros.
— Para os campos dos Ribeiros, não para as pessoas, para de
ser incompetente Ramalho.
Carlos desliga e olha para o general e fala.
— O que falava mesmo?
— Quem é você rapaz?
292
— Professor de Cálculo, Carlos Pinheiros, formação em
Cálculo, pôs em Calculo Aplicado, Economia e Geologia, Mestre em
Cálculo Estrutural, Doutor em Aplicabilidade de Integrais, ainda
desenvolvendo meu Pós Doutorado.
— Isto não me diz nada.
— Entendi isto de cara, então quando achar que pode nos
mandar para casa, avisa.
O tenente Campos olha o general e fala.
— A inteligência chama ele de célula de Inteligência senhor,
alguém capaz de aplicar logica matemática, sobre logica emocional,
e sobre dados sensorial, e muitas vezes sobreviver ao que todos os
que não estavam junto com ele ontem em Curitiba, no auditório da
Reitoria, não sobreviveram, ele tirou 300 pessoas vivas de um local,
que somente quem ele tirou, sobreviveu.
— O dito herói curitibano, que deixou muitos morrerem para
sobreviver. – O general.
— Eu estava salvando minha pele senhor, como o senhor,
quando manda soldados a campo, estando em Brasília, General.
— Não estamos em guerra, o que os pode matar?
— Não vim discutir senhor, eu estava no hospital com 20
pontos recém feitos e me tiram de lá, para nada, isto me enerva, e
se não vamos fazer nada, tenho aula amanhã para dar.
— Estão prestes a decretar lei marcial. – Tenente Campos.
— Se não sabem quem atira, porque levantar a barreira,
podemos estar sendo presos com o assassino. – Carlos.
— A lógica induz que algo se manifestou, não sei para que,
mas lógica nunca foi meu forte. – Campos.
Carlos olha o general a mesa e pergunta.
— O general Rosa está afastado mesmo?
— Deve estar chegando ai. – O general.
Carlos olha em volta e vê um rapaz a olhar a mão e fala.
— O que acha que aconteceu Carvalho Junior?
O rapaz olha para Carlos e fala.
— Tiraram a lenda de Curitiba, eles devem achar que é algo
grande.
— Como digo, levei sorte Carvalho, eles erraram o alvo.
— Não entendi.

293
— O avião caiu 30 metros a direita de onde eu estava, 30
metros a esquerda e estaria em carvão.
Carvalho olha para o general e para Campos.
— Tem certeza de que o inimigo é externo?
Campos olha para Carvalho, nunca o vira, e pergunta.
— Qual o problema.
— O problema é que alguém que sabe de Pinheiro, consegue
saber o nome de cada um aqui dentro, e se a ameaça não for para
os demais, e sim, para descobrir quem somos?
Carlos olha para a porta, não se via nada, mas Carla olha para
Campos e fala.
— Quem nos acionou?
— Estavam na lista que pegaram com Ramalho, alguns nem
sei quem são. – Campos olha para a moça e esta desvia para Carlos,
ele olha para as mãos, ele olhava a palma de uma e batia com o
outro indicador, parecia pensar.
Carlos levanta-se e olha para o general e fala.
— Estou indo para casa.
— Não pode sair.
— Porque? – Carlos olhando para o general.
— Tenho ordens de os manter aqui.
— De quem? – Campos.
Dois soldados chegam a porta, armados e Carlos apenas olha
para Campos, que o vê levantar-se, Campos foi ao palco, enquanto
Carlos chegava ao corredor do auditório, ele olha os soldados e fala.
— Idiotas.
O general olha para Carlos e fala.
— Acha que está falando com quem rapaz?
Carlos riu e olha para a porta, olha para o teto e fala.
— Um bom lugar para morrer, mas sou péssimo nesta coisa
de morrer.
Carlos olha para o corte, olha para a porta e fala.
— Avisa para o Roberto, que ele morre 30 segundos depois
de mim, e que o presidente, 1 minuto depois general Camargo
Santos.
O general olha para o rapaz caminhar até a porta, o militar
postado para ele não sair, um nada, Carlos olha o rapaz e pergunta.
— Poderia me dar licença.
294
— Não pode sair, ordens.
— Não somos militares rapaz, quer matar civis, avisa a
esposa, que deixou de ser gente, para ser animal do exército.
— Eles não mandaram lhes matar.
— Ainda.
Carlos vira-se para o general e olha os demais e fala.
— Foi uma arapuca, ainda não entendi ela toda, vou explicar
porque eles lhes querem mortos, e porque sei que é uma arapuca.
Primeiro, Ramalho nunca fez uma lista com os nomes de vocês, mas
ai vem a pergunta, quem fez, provavelmente General Rosa, porque
seria importante os tirar de lá? Eles acreditam que somos o
equilíbrio, eu sempre digo que somos a evolução. Porque eu digo
que eu morro e 30 segundos depois todos os que mandaram me
matar morrem? Porque eles são fáceis de rastrear, mais do que um
professor de Cálculo. Mas a pergunta que não encaixa, porque?
Os demais se olham, o soldado as costas parecia querer algo,
mas Carlos estava no meio do corredor, de costas para eles.
— Porque General Rosa, é apenas um nome, que fez a fama
sobre alguns a sala, mas ele parece nos vigiar pelas câmeras, ele
deve estar se divertindo ao lado do Presidente, ignorando o que é
ser do SNI, o que é ser realmente um general, e principalmente
General Camargo Santos, porque nos acha perigosos.
— Mas porque nos matar? – Carla.
— Um presidente de merda dá nisto, custos da democracia,
exércitos sem guerras, um custo da inercia, um sistema político que
se alto protege, uma democracia com cara de fascismo, isto gera
pessoas com medo, e medo mata mais que valentia no país.
— Mas medo de nós?
— Tem coisas que mudam o futuro, e tem coisas que se força
no presente, podemos pôr alguém a sala, que influencia a mídia
com suas propagandas, podemos por alguém que tem 5 milhões de
seguidores do Twitter, e não vem dos meios midiáticos, alguém
capas de construir uma ponte com cordas que aguentaria um
tanque, ou o inverso, alguém capaz de escapar de quase todos os
meios de influência midiática a ponto de não ter um Twiter, gente
que comanda 3 sindicatos médicos, sem nem ser médica, mas todos
no meio acreditam que ela seja.
— E quem é você? – Um senhor ao canto.
295
— Para desconhecidos, apenas Carlos Pinheiros, para
entendidos em segurança, alguém que desenvolveu um método
para monitorarem ameaças, mas eles como sempre digo são burros,
se ouviram eu chamar o chefe da inteligência de Incompetente, é
porque eles sempre tentam usar para o que não dá certo o sistema.
— Eles nos monitoram e estamos aqui porque você
desenvolveu uma forma deles obterem perigos eminentes? – Carla
– E isto apontou para nós.
Carlos sorriu e falou a olhando aos olhos.
— E nem sabia que tinha lindos olhos azuis, mas sim, se
querem me culpar, sim, se morreram ontem mais de 400 pessoas
no prédio de Humanas da Federal, e quer me culpar, por eles
quererem atingir um auditório com 300 pessoas e errarem o alvo,
sim sou culpado.
— Mas porque você seria alvo?
— Quando você tem uma arma a mão e não a controla, você
a desativa, tentaram ontem, levei sorte, então não estou nesta sala
porque eles querem, e sim porque alguém errou feio ontem, mas a
pergunta ainda está no ar, o que eles acham que ganham com isto?
— Sua morte. – O general a mesa.
— Isto não é ganho, a morte de uma pessoa, não é ganho, se
acredita nisto, se afasta do exército, uma pessoa, se substitui, uma
ideia é bem mais perigosa.
— E que de ideia estaríamos falando? – Carla.
— A existência de realidades paralelas, e ser possível viajar
entre elas, ideia espalhada no exército, e que despendeu
investimento no ano passado de 4 bilhões de dólares para o
exército Brasileiro.
— Eles investiram nisto? – Tenente Campos.
— Sim. – Carlos olhando o general que falou que ganhariam
com sua morte, talvez ele tivesse razão, sua morte seria um ganho,
mas para quem era uma incógnita.
Carla olha para o general e pergunta.
— Porque estamos aqui?
— Acha que vamos os matar, absurdo.
— Sabemos disto senhor, se fossem nos matar apenas nos
jogariam pela janela do avião.

296
— Mas o rapaz falou... – O general começa a falar e ela o
interrompe.
— Lhe perguntei, senhor, não ao rapaz, que parece saber
mais que o senhor, mas por algum motivo nos trouxeram aqui.
— Precisamos de uma posição referente aos seres, e sabemos
o grau de intuição do grupo, assusta muitos a volta.
Carla olha para Carlos ainda de costas para a porta, ele queria
dizer algo, mas não tinha ainda como, era obvio, poucos ali se
conheciam, talvez a forma de se portar, não sabia, ela mesmo
tentava entender porque se dava credibilidade a coisas que o rapaz
falava, tom de voz, correto, postura, sempre lhe oferecendo o corpo
como um amigo, dados estabelecidos reais, mas a pergunta era
clara, quem era o rapaz.
A forma que todos se olhavam a fez olhar para Carlos
novamente, ele não olhava os demais, ele olhava as mãos, ele não
estava a analisar as pessoas fisicamente, ele estava a calcular algo, e
não tinha ainda a resposta para suas perguntas.
Carla se levanta e olha para o rapaz ao corredor.
— Quando vamos ser apresentados a estes seres.
— Primeiro problema. – Carlos.
— Primeiro? – Campos.
— Se eles soubessem onde eles estavam não teriam gasto
milhares de dólares com vigilância ao local, segundo ponto,
Ramalho teria visto se tivesse vindo via campos dos Ribeiro,
terceiro, não sabemos nem se podemos tocar nestes seres, pois
tudo indica que eles vem de um universo que não entra em
concordância como o nosso facilmente, então um toque num deles
pode ser a morte. Eles sedem seres adulterados para pesquisa a
mais de 20 anos, mas pela primeira vez vi a imagem de um, e pela
primeira vez, pareceu fazer sentido aquilo.
— E estudou eles? – Carla.
— Prospecto Ala 22 de Campinas Doutora.
Carla olha para Carlos, e fala.
— Está dizendo que aqueles seres não são anomalias, são
oque então?
— Tentativa de cruza de duas espécies, viu que não deu
certo, eles morrem muito rápido, morrem quando chegam a idade
reprodutiva.
297
— E oque eles queriam com isto?
— Chegar a experiência que gerou o E1b1b1(M35). – Carlos.
— Está falando serio? – Carla.
— É o que dizia os prospectos da pesquisa a 10 anos moça.
— Sabe o quanto eles são resistentes a viroses?
— Sim, mas como não se reproduzem via hormonal, 99% das
mulheres que tem esta combinação genética tem câncer de Ovário,
82% de útero, 72% de Trompas, fora desenvolver RH+ contra o
próprio feto.
Os demais olham Carla e um senhor ao fundo pergunta.
— Estão falando serio, que tentaram uma cruza entre
espécies inteligentes bem distintas?
Carla olha Carlos e pergunta.
— E sabia disto há quanto tempo?
— Não sou medico, eu não tenho amigos médicos, então não
divido isto com muita gente.
— Há quanto tempo?
— Eu nunca fiz parte deste experimento, sei apenas os dados
obtidos sobre o grupo, falar sobre alguns dados, não me transforma
nem em quem fez, e nem participante, apenas levantamentos de
dados referente ao conjunto de ideias dos Ribeiro. Mas pararam
isto oficialmente a 9 anos, estou a 10 fora do exercito, não tenho
estes dados atualizados moça.
— E como seria você com os dados atualizados. – O general.
— Talvez não tivesse ido a uma formatura ontem à noite.
— E como falaríamos com estes seres?
— Senhores, eu não sei se eles são o problema, pois como
disse os campos são vigiados, e nada de anormal apareceu, mas
pode ter sido feito em outro lugar, pensa, isto é um projeto que
oficialmente está cancelado há 9 anos, mas que nos últimos anos,
todos ouvimos falar dos investimentos em Brasília sobre
experiências estra sensoriais, tentativa de desenvolvimento de
experimentos mentais, as peregrinações ao sitio dos Ribeiro se
tornaram rentáveis, mas como fazemos contato, nem ideia.
— Acha que eles viriam até nós? – Campos.
— Campos, a imagem que nos mostraram é uma montagem,
estou afirmando isto sem olhar quadro a quadro, se o fizer, verá por
você mesmo que não é uma gravação, é uma recriação de
298
ambiente, e isto transforma o vídeo em farsa, alguém dos grandes,
quer nos convencer que é real, mas se ele o quer para que falemos
com os seres, não tenho a mínima ideia de como falar com eles.
—E quem teria? – Carlos olha para a porta, viu o general Rosa
e a o seu lado o presidente. – Carlos, o sempre desbocado.
Carlos ouviu a voz, não precisava olhar para saber que era o
general, e apenas fala.
— Quem os vê com frequência.
— Mas os registramos, eles não parecem ver nada, e
inventam muitas coisas. – General Rosa.
Carlos não era de muita conversa que não o fizesse pensar, e
como alguém que sabia ser vigiado, sabia que não poderia abrir as
coisas assim, tão facilmente.
O presidente que ouvira ao lado do general Carlos o chamar
de “Presidente de Merda”, olha os rapazes a porta e fala.
— Prendam este rapaz, ele é muito desbocado e informado
para não saber nada.
Carlos riu e apenas olha para Carla e pisca para ela.
— Porque disto presidente? – Carla.
— Quer ser presa?
— Se vai nos prender, porque não prendeu ainda, se vai fazer
de conta que foi atacado, para que façamos o trabalho, não pensou
no problema ainda.
— Problema?
— Pergunto para um ser mais evoluído que nós, mais
poderoso que nós, porque defenderam nosso presidente, ele fala
que não o fez, eu baseado em um vídeo falsificado, afirmo que fez e
começamos uma guerra que não temos noção do que tem do outro
lado. – Carla.
Tenente Campos olha para o general e fala.
— Se mandou prender Carlos, por xingar esta merda de
merda, prende nós todos de uma vez general de merda.
Rosa olha furioso e o presidente fala.
— Tomando as dores do rapaz, faz parte?
— Faço parte de um grupo, tirado de varias partes do Brasil,
para serem induzidos por seus marionetes aqui dentro, que o
presidente foi atacado por alguém e defendido por seres estranhos,
mas começo a pensar, onde estava presidente, e porque da
299
montagem, a moça tem razão, mas acho que Carlos está calmo, ele
sabia que estavam ouvindo, não sei como ele desconfia das coisas,
mas ele sabia, mas a pergunta que ele se faz neste momento, vale a
pena ajudar, ou se vai morrer no fim, porque não deixar a coisa
explodir de vez.
— Da muito valor a este rapaz general. – Presidente.
— Ele consegue montar quebra cabeças impossíveis
presidente, ele está pensando, o deixa acalmar na cela, que quando
for à hora, ele nos chama.
Carla volta a seu lugar e senta-se, não entendeu o acontecido,
mas precisava conversar com alguém, mas ninguém ali parecia
disposto a conversar, todos introspectivos.
O general olha os seus rapazes, ninguém ali prenderia
Campos por bem, então fez que esqueceu a agressão verbal e vai a
frente do local.
— Boa tarde a todos, sou o General Rosa, estamos com um
problema e precisamos da ajuda de vocês, alguém atacou nosso
país ontem, este ataque, gerou mais de 4 mil mortes, e insegurança
no país inteiro, temos de descobrir quem o fez, entendo a raiva de
Carlos Pinheiro, ele estava em um dos alvos, como ele disse,
sobreviveu por sorte, mas precisamos descobrir quem e porque
fizeram isto e os parar, os seres nos parecem o caminho a seguir.
— O que liga os seres a isto? – Um rapaz ao fundo.
— A ausência de provas visuais, liga a eles, pois são seres que
são vistos apenas quando se deixam ver.
O general olha para os demais e viu que não falaram mais
nada e pergunta.
— Algum de vocês tem alguma experiência neste tipo de
avistamento pré-determinado pelo outro lado.
O silêncio veio ao grupo e o general olha para Carla.
— Esquece o que ele falou sobre Campinas.
O general viu que estavam todos assustados e sem entender
o que fariam ali, então resolve ir a cela de Carlos, ele estava lá,
sentado ao fundo, olhando a mão, batendo um indicador no outro.
— Fala sempre demais senhor Carlos Pinheiro.
Carlos não respondeu, estava preso, se era para o prender,
porque saiu de sua cidade, ele se perguntava isto, e o general não
entendia, pois era alguém sempre pronto a sair e fugir para casa.
300
— Tem de entender a urgência.
Carlos olhou o senhor, não demonstrava ter entendido nada
até aquele momento, parecia ainda na dúvida se o avião era para
lhe acertar ou não, ele tinha quase certeza de que não era para ele.
O general olha Carlos voltar a olhar para a mão e fala.
— Está perdendo a oportunidade Carlos.
Carlos olha ele e sacode negativamente a cabeça.
— Acha que estou no caminho errado, não entendeu nada.
Carlos concorda com a cabeça sem tirar os olhos da mão.
— Pensa ai enquanto o mundo desanda.
Carlos olha o senhor, que sai, quando ele estava quase na
porta resmunga baixo.
— Idiota. – Carlos.

301
Ramalho desliga o celular
e se levanta.
— Saindo agora.
— O que aconteceu.
— Carlos me ligou, ele não ligaria se não fosse para dizer, sai
daí Ramalho, tá muito visível.
— O que está acontecendo Ramalho?
— Ele me induziu a olhar para onde não gosto, mas vamos ao
laboratório do ABIN.
— Sabe que tem informantes deles lá.
— Sei, mas preciso de algo.
— Acha que o rapaz entendeu algo?
— Não, ele deveria estar desmascarando algo, mas se o fez,
vai ser preso, e saberemos quem é parte do problema.
Ramalho sai dali, e 10 minutos depois alguém dá uma batida
lá e liga para o general.
— Estavam aqui senhor, apenas saíram há pouco.
Ramalho chega a sede e olha para os dados, pega os dados
das câmeras dos campos e olha aquilo, estático demais e fala.
— O que tem de errado nesta imagem.
— Parada demais.
— Sim, estou passando uma hora a cada 10 minutos, e está
parada demais.
O rapaz olha para a imagem e fala.
— Nem os galhos se mechem em 3 horas?
— Vamos lá, algo está errado.
Ramalho sai dali e a informação para fora foi de que ele
chegou e saiu, não fez nada neste intervalo.
O chegar a fazenda, viu todos aqueles turistas, toda aquela
movimentação, olha para as câmeras, sorri, eles colocaram
iluminação temporária, e fotografias estáticas, olhando para o
campo, cheio de gente, não se diria que algo assim passou tão
desapercebido, quando no escritório.
Ramalho olha em volta e registra com sua câmera, ele para o
carro do outro lado da rodovia, olha para o terreno e um senhor
para ao lado.
302
— Não podem filmar.
— Não posso oque? – Ramalho.
— Os seres não gostam de ser filmados.
— Não sou turista senhor, tenho de demarcar a área, e me
mandaram apenas fotografar, 10 fotos e estou indo embora.
— Cartografo?
— Não, levantamento estrutural, não entendi nada da
requisição vinda de Brasília, mas não custa tirar umas fotos e dizer,
tá tudo ok.
— Pelo jeito não acredita.
— Quando ver acreditarei senhor. – Fala Ramalho sorrindo.
O rapaz dentro do carro estava filmando e olha pra Ramalho,
ele chega a parte interna e pergunta.
— O que viu que parece assustado?
Ramalho olha o rapaz colocar a imagem, estava tudo normal,
mas quando ele colocou em infravermelho, para medir o calor, o
lugar mudou em tudo, tinha muito mais coisa ali do que os olhos
normais poderiam ver.
— Vamos voltar, não quero chamar atenção.
Eles começam a voltar e param a frente de uma lanchonete, e
Ramalho recebe a ligação de Campos.
— Você também por aqui Campos?
— O presidente acabou de mandar deter Carlos Pinheiro, não
sei se confio neste presidente.
— Às vezes acho que nem todos são ruins, mas muitos estão
perdidos neste governo.
— Onde conseguimos conversar Ramalho.
— Quando tiver um lado a apoiar eu lhe ligo.
Ramalho fez sinal para começarem a sair e antes de todos
perceberem quem eram, já estavam saindo.
O rapaz que ficou a esquina observando dá o serviço que o
pessoal do general já deixou o TUC e voltam para lá, Ramalho coloca
as imagens em infravermelho e seu assessor, Pedro Correia
pergunta.
— O que é isto Ramalho?
— Parece que no fundo, onde tem um grande campo
separado, o calor pega duas coisas grandes ali, mas nos campos,
longe de nossa vista, parecem estes seres em infravermelho.
303
Ramalho começa a documentar e olha para Pedro.
— Fala com alguém lá que preciso falar com Carlos.
— Aquele maluco?
— Sim.
Pedro trabalhava nas detenções do exército, na Asa Norte,
ele entra e o rapaz na portaria o cumprimenta.
— Perdido Pedro.
— Não sei, recebi um aviso no celular que tinha de me
apresentar aqui hoje.
— Logo hoje Pedro.
Pedro olha o general Justiniano e fala.
— Me apresentando senhor.
— Não requeremos ninguém rapaz.
Pedro olha com desgosto e fala.
— Apenas confirmando senhor, deve ter sido uma brincadeira
de mal gosto de alguém general.
O general olha o auxiliar e fala.
— Alguém faltou?
— Sumiu todos, sabe bem o que eles querem dizer senhor.
— Que não gostaram da prisão, mas eles tem de entender
que ordens são ordens.
O rapaz concorda com a cabeça, mesmo estando em sua
feição que discordava.
— Pedro, já que veio a uma pegadinha, troca de roupa e se
apresenta na detenção.
— Detenção?
— Sim, temos um detento, pelo jeito estava namorando.
— Tem algo melhor a fazer nas folgas senhor?
O general fez com a mão para ir, e olhou para a parte interna
pelas câmeras e perguntou.
— O que ele fez de diferente?
— Nada, ele parece estar contando, pois bate um dedo no
outro sequencialmente por mais de hora senhor.
— Não entendi quem é o rapaz, mas fica de olho.
— Acha que Pedro foi mandado?
— Quase certeza, mas ele não é burro, não vai fazer burrada,
talvez no máximo, passar um recado.
— Comunico senhor.
304
Pedro olha para a cela e olha em volta, câmeras, olha para
Carlos, ele faz sinal para a câmera e Carlos para de bater o dedo e
fala.
— O que quer rapaz?
— Eles estão gravando você e parece calmo.
— Quem teme General Rosa, não deveria ser do Exército.
— E você vem de onde, este sotaque é do sul?
— Curitiba.
— Eu estava namorando e algum engraçadinho resolveu
mandar uma pegadinha para me apresentar aqui, quando pensei
que iria embora, o general mandou eu me apresentar nas
detecções.
— Pelo jeito ainda fazem isto por aqui.
— Serviu por aqui?
— Sim, mas fui da ABIN.
O rapaz do controle chama o general que fica a ouvir.
— Foi daquele grupo de malucos da ABIN?
— Digamos que um ano e meio, foi o suficiente para todos
me odiarem, daí fui tocar minha vida.
— Odiarem?
— Não sei como as coisas estão hoje por aqui, mas no meu
tempo, aquele maluco do João Ramalho mandava lá, tem gente que
nunca entendeu porque ele se escondia no TUC, mas é que teriam
de olhar as plantas baixas da criação de Brasília para entender.
— Está dizendo que ele se esconde lá, tem algo secreto lá?
— Tem, daquelas coisas que não se vê sem estar preparado
para ver.
Pedro olha em volta e fala.
— Dizem que estes ET também são assim, ninguém os vê e
eles andam por ai.
— E como algo andaria por ai e não se veria? – Carlos.
— Tenho uns amigos no ABIN, eles não me ouçam, mas dizem
que é algo sobre Infravermelho, eles tem calor, mas não tem
matéria, eu acho que isto é algo quase espiritual.
Carlos olha o rapaz e fala.
— Seria legal se fosse assim, algo documentável apenas por
câmeras infravermelhas, e não vistas a olho nu. – Carlos.
— Mas fez o que para ser preso?
305
— Palavras de baixo calão, usadas quando alguém está lhe
monitorando geram isto.
— Palavras de baixo calão, fala sério.
— “Um presidente de Merda”.
— E o que o presidente estaria fazendo, ouvindo um nada
como você.
— Boa pergunta, não tenho a menor ideia.
Os dois estavam conversando e se ouve pelo microfone.
— Ao serviço Pedro, não é para ficar de papo furado com o
prisioneiro.
Pedro olha para a câmera e fala.
— Vai dizer que nunca teve vontade de dizer para o
presidente que ele é um presidente de Merda. – Repete Pedro, o
rapaz encima sorriu, Pedro não parecia estar ali para o que ele
achou, mas sinal que realmente passaram trote para ele.
Carlos olha para o rapaz e olha para o papel ao chão, põe o pé
sobre ele, enquanto a câmera era oculta pelo movimento do rapaz e
olha o rapaz sair.
Carlos sentou-se de costas a câmera bem naquele lugar, e
abriu o recado.
“Ramalho quer falar com você!”
Carlos sorriu e olhou para a câmera e fala.
— Diz para o velho, que se quer falar, entendi.
O general olha para o rapaz e pergunta.
— Como?
— Não sei quem é para tanto esquema senhor.
— Um nada, em uma cidade de nada, mas que parece ter algo
a oferecer.
Carlos sentou-se a cama ao fundo, e tira a camisa, olha os
pontos e depois repõem a camiseta, talvez somente nesta hora eles
tivessem tido a noção do tamanho do rasgo que ele tinha ao braço.
Fica a contar os dedos e vê o General Rosa a cela.
— Algo que possa me servir Carlos, sem papo furado.
— Quer mesmo ser rebaixado General, não me ouvindo? –
Carlos olhando para o general.
O senhor olha em volta e fala.
— Estou ouvindo.
— Quer mesmo saber se os seres estão por trás disto?
306
— Sim.
— Os acho para você, mas preciso se sinalizado, sei que
gostam disto, pois não teria como fugir, de equipamento, e
principalmente, de gente inteligente pensando.
— Acha que está mandando?
— Oferecendo ajuda, para limpar um presidente, que fez
merda, e se alguém fala isto para ele, manda deter, mas se auto
atacar foi realmente uma farsa mal elaborada.
— E acha que descobre o que aconteceu.
— Saber e provar é diferente general, você ai é a prova que
quem sabe a verdade, não tem importância, apenas quem prova o
que quer provar.
— Não vai se desarmar pelo jeito, tenho de pensar no seu
caso.
— Depois não reclama senhor de ser o último, a saber.
O general saiu, o ao comando olha o auxiliar e fala.
— Ele realmente não tem medo do General, sinal que sabe
muito de algo, mas o que?
O rapaz olha para o general saindo e olha para as câmeras e
fala.
— Algo errado.
— Por quê?
O rapaz põem as câmeras de saída, quando vão a avenida, o
carro sai de uma câmera, mas não entra na próxima, o general olha
para ele e fala.
— Verifica.
O general olha para Carlos e entra na detenção.
— Podemos conversar rapaz?
— Sempre.
— Porque não baixa a guarda.
— Eu sei minha posição general, eu com guarda baixa é eu
neste buraco, mas não leva para o pessoal, apenas tenho de sair.
— Não levar para o pessoal?
O senhor não viu quem colocou o sonífero em seu nariz, mas
sente o corpo mole e cair.
Carlos olha para Pedro e fala.
— Se cuida.

307
Carlos sai pela porta e Ramalho para o carro, ele entra e
pergunta.
— Que papo de infravermelho é este?
— Lhe mostro. – Ramalho.
Os dois foram a sede do ABIN, entram e um general a entrada
vira-se de costa, para não ver quem entrava, os soldados fizeram o
mesmo, e Carlos olha para Ramalho.
— 10 anos e não mudou nada.
— Piorou.
— Duvido.
Ramalho conduziu Carlos a uma sala e falou.
— Tem de ver isto.
Carlos olha a toda volta as câmeras e olha para a diferença,
normal sem vida, e começa a pôr o infravermelho do fim da tarde,
ruas aparentemente vazias, agora com seres estranhos.
— Isto nunca foi novidade Ramalho, o que quer me mostrar?
— Como não?
Carlos chega ao comando e coloca a especificação de leitura e
fala.
— Pelo menos melhoraram as câmeras.
— O que acha que aconteceu? – Ramalho.
— Sabe que não acho nada Ramalho. – Carlos começa a
recuar as imagens e coloca a imagem do palácio do planalto em
linhas de visão noturna e ultra violeta, Ramalho olha para a
existência de uma energia estranha no local e fala.
— E não iria falar.
— Sala cheia de gente e com gravadores Ramalho, mesmo na
cela, câmeras e mais câmeras.
— Às vezes esqueço que é paranoico.
Carlos coloca a imagem e olha os assessores presidenciais
saindo meia hora antes do evento, o presidente saindo, e por fim o
general colocando um sinalizador, não se vê no escuro qual avião
caiu ali, mas estava totalmente apagado e vazio, Carlos gira as
imagens noturnas da região e acha dois paraquedas bem ao sul, e
Ramalho entendeu que ali não fora como dito.
Ele passa o laudo do período para a Inteligência, eles
poderiam até não querer ver, mas teriam de saber.

308
Ramalho olhava para Carlos, pois ele estava a olhar dados, ele
não estava querendo o fato ali, estava querendo algo a nível do
acontecimento, olha para os dados, ele acessa o sistema de
satélites, nenhum satélite local com dados, olha para o sistema de
dados criptografados, entra na rede, puxa um arquivo de seu Dados
Online e começa a tentar dados em 4 satélites, enquanto isto, pega
os prospectos de acontecimentos via câmeras em Curitiba, São
Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, consegue o horário e começa a
buscar os dados de orbita dos 4 satélites, dois deles não teriam
nada, estavam do outro lado do planeta naquela hora, olha os dois
que teriam os dados e acessa, o primeiro a resolução infravermelha
era muito baixa, mas tinha medidas de áudio, bem apuradas e
coloca os ouvidos em dois pontos, o segundo, conseguiria os dados
de São Paulo e Salvador, naquele pequeno intervalo de tempo e
coloca as leituras infravermelhas, e lá estava, Ramalho olha para
Carlos, pois ele sempre o admirara, capaz de ver, mesmo sem
provar, que os aviões foram derrubados a míssil, se via os pontos de
disparo em dois pontos, cronometrados, o evento era nacional e
cronometrado por horário de Brasília.
Carlos olha para o sistema e fala.
— O que não vejo Ramalho?
— Parece ver tudo.
Ramalho olha para o sistema e vê um sistema tentar haquear
todos dados locais, e Carlos sorri, inverte os dados, e começa a
achar a localização do que tentava lhe parar e olha para um satélite
que não estava nos sistemas oficiais, olha para o sistema lhe dar os
dados e os cronogramas e quando o satélite para de lhe invadir,
coloca o sistema e fala.
— Temos meia hora para sair do prédio Ramalho a partir de
agora, melhor ter um carro a porta para isto.
— Quem vai atacar?
— Não sei ainda, mas quando você estabelece um sistema
determinando ataque em 12 pontos, no exato segundo, não seria
algo por relógio local, daria diferença, teria de partir de um ponto,
quando pensei em satélite, é pois o giro do planeta estabelece que
por terra, não existe como exatificar com esta precisão, somente do
ar.

309
Ramalho sai e pede um carro, bate no evacuar daquela prédio
e alguns começam a olhar assustados, e quando Ramalho vê os
dados a parede, a parede continha um mostrador que estava em
regressivo de 5 minutos, Carlos olha para ele e fala.
— Liga o carro, vai ser na corrida mesmo, e me espera lá.
— Mas...
— Falta um minuto para os dados chegarem, e não saio daqui
antes dos dados.
— Maluco.
— Vai.
Carlos olha os dados e quando confirma a passagem ele corre
ao carro, pula para dentro e saem rápido e quando já na estrada de
entrada, quase na Estrada St. Policial Militar param o carro e veem o
drone ao fundo disparar um míssil, Carlos faz sinal para parar e
registra o acontecido de longe.
Ramalho olha para Carlos e fala.
— Quem nos ataca?
— Preciso de um computador, mas que não tenha saída de
rede Ramalho, e que seja potente, preciso compilar os dados.
— Mas...
— Carlos, liga para o presidente e fala que preciso falar com
ele, mas que se o general Rosa não vai ouvir o rapaz, não adianta
depois reclamar.
— Ele não vai acreditar.
— Foi atacado na sede da Inteligência Brasileira em Brasília,
por um drone que não temos tecnologia Ramalho.
— Certo, acha que eles vão engolir algo?
— Ramalho, eles nunca engolem, eles aceitam o que
conseguem defender com suas palavras, eles com o tempo até
acreditam em suas mentiras, mas temos de parar isto.
— E como vamos parar isto?
— Onde?
Ramalho olha e faz sinal para andarem a frente, havia um
grupo que se considerava isolado dos demais, desde Alcântara,
sentiam-se traídos, pois foram detonados e o governo não fez nada.
Quando pegaram a frente a direita e depois a esquerda,
soube que iriam a AEB, entram e novamente o general a entrada fez

310
que não viu o carro, estavam dando cobertura a Ramalho, para
Carlos era sinal que ele cresceu em respeito.
Entram em um prédio bem ao fundo, não tinha segurança
alguma e Carlos olha aquele senhor olhar para Ramalho e
perguntar.
— O que está acontecendo Ramalho?
— Não sabemos ainda, mas preciso da sala sem comunicação.
— Vai determinar oque lá?
— Quem nos ataca.
— Ele é de confiança? – O senhor olhando Carlos.
— Para ser de confiança teria de existir, ele não existe
oficialmente Capitão.
— Como alguém não existe.
— Vamos caminhando para lá e conversamos.
Carlos chega a sala, simples, ao fundo, uma parede isolante,
temperatura controlada, senta em um sistema, e verifica se tem
internet, isola os dados de controle e coloca o Pen Drive na maquina
e começa a decodificar os mesmos.
Ramalho olha que eram cálculos, e pergunta.
— Não entendi, que cálculos são estes?
Carlos não falou, estava a tentar entender.
Ramalho não estava entendendo, parecia algo muito
matemático e ouve.
— Entendi porque me matar finalmente.
— Por quê?
— Eu nunca havia chego a este calculo, mas alguém chegou, e
isto transforma os que chegaram e os que poderiam ter acesso a
ele, em alvo.
— Que calculo é este?
— Já ouviu falar em um conjunto de dados, ou uma formula,
que pudesse calcular o todo, da galáxia a interação das partículas
subatômicas?
— Está falando serio.
— Sim, estranhamente sim.
— Por quê? – O senhor que estava junto.
— Esta discussão vem desde os gregos, deste Platão e
Demócrito, um pregava a existência através do materialismo, e
outro da consciência, um definia as coisas por coisas exatas e outro
311
por coisas que não existiriam se não houvesse uma mente
pensante.
— Está falando de uma formula de Deus? – Ramalho tirando
sarro.
— Não, mas de um padrão vibratório, que pode ser uma
arma, um sucesso, ou um fracasso, mas temos de descobrir quem o
fez Ramalho, pode estar entre os mortos.
— E o que eles querem agora?
— Eles puxaram para fora estes cálculos, agora estão
destruindo a estrutura que fez o senhor descobrir, mas isto vai
feder.
— Sei que já tinha este calculo, o que demorou naquele
computador.
— Tinha de entregar a encomenda Ramalho, acho que
esqueceu porque me odiava.
— E o que faremos?
— Vou calcular, você vai a um lugar físico e falar
pessoalmente com presidente, com quem pode ajudar, mas sem
dados de onde estou.
— Acha que vão buscar você por quê?
Carlos não respondeu e falou.
— Tenho de pensar Ramalho, acha que as coisas se resolvem
por magica?
— Para você parece.
— Certo, alerta dos demais que vamos a fazenda dos Ribeiros
amanha pela manha.
— Um local estranho aquele.
— Estranho para quem não entende de problemas
dimensionais, podem nem estar escondendo de nós o problema
Ramalho, mas ai o problema vai se ampliar.
— Está falando dos seres?
Carlos olha o senhor e pergunta.
— Consegue uns monitores a mais, e uma calculadora melhor
que esta que tenho no computador.
— Sim.
O senhor saiu e Ramalho pergunta.
— O presidente quer algo, o que falo?

312
— Que a operação em Curitiba foi para Matar eu e Marcos
Ramos, que se não me engano, deveria estar em um voo para
Cuiabá na noite de ontem.
— E acha que ele morreu?
— Ele que assina estes cálculos senhor.
— E achou a ligação?
— Encontro de matemática em Cuiabá no fim de semana,
gente vindo de Curitiba, Porto Alegre, São Paulo, e outros lugares.
— Os alvos?
— Prováveis alvos.
— E não iria?
— Sou um professor de Cálculos, nunca me prendi a tentar
provar o que para mim, parece logica, mesmo sem a matemática.
— Lógica? – Ramalho.
— A matemática diz que para toda ação existe uma reação,
eu através da teoria das cordas acredito que toda reação é
desencadeada por uma ação, parece nada esta mudança, mas é a
essência entre dar certo e dar errado.
— Mas não muda nada.
— Ramalho, se fosse a mesma coisa, eu teria morrido, reação
na matemática, é aguentar o impacto e morrer, se não conseguir
com o impacto, mas o que ninguém entende, a parece está ali,
formada, intacta, sem oferecer resistência nenhuma, ela só
desencadeia a resistência, se atacada, mas ela está ali, então a
força, pode ser estabelecida mas a resistência nunca.
—Não entendi.
— As pessoas tentam estabelecer normas, por ações, um
exemplo, a inclinação de Urano, mas o que o colocou de lado, não é
a ação e sim a resistência, mesmo sem toque, de pesados objetos
circulando por ai, quando se tem gravidade, se influencia, uma vida
inteira em algo, mas este algo, por eu não ter batido nele, não
sente, dai vem o experimento de dupla passagem, que estabelece
que a partícula, quando observada, tem um comportamento,
quando não observada, tem outro, para que eu observe um elétron
eu preciso de um fóton de registro, para o elétron se manter como
partícula, manter sua integridade, ele se comporta como uma
partícula, se eu tiro o fóton de observação, o elétron pode sentir-se
solto, e resvalar em tudo para chegar ao ponto.
313
— Não entendi nada.
— Sei disto, mas se alguém conseguiu calcular o ponto de
frequência que pode-se medir os elétrons, ele não vai mais usar um
fóton para a medição, mas outro elétron, e dai poderemos entender
a partícula elementar, e através dela, sua interferência no todo.
— Falando difícil hoje.
— Estamos falando de matemática avançada, um provável
Nobel de matemática acabou de ser morto, e o que disparei ao
mundo, foi o calculo, e a autoria, se alguém surgir dizendo que o
fez, todos dirão fui eu, melhor que um qualquer que matou a teria
antes dela ser terminada.
O senhor do local chega com dois rapazes e fala.
— O que vamos fazer?
— Espalhar a nova, pelo planeta, alguém para se dar bem,
resolveu matar um cientista em Curitiba.
— E o que ele teria calculado?
— “A teoria do Tudo”.
O senhor olha serio para Carlos e fala.
— E quem conseguiu?
— Ele iria discursar amanha em Cuiabá, apresentando a
descoberta em primeira mão, todo o planeta iria olhar para cá e
testar a teoria, e se fosse real, teríamos uma celebridade local.
— E o que fizeram?
— Explodiram o avião sobre Curitiba, pensando em matar
mais gente com a queda, e não deu certo, estou aqui.
— E o que faremos?
Carlos foi dizendo onde colocar as telas, todas fora do
sistema, pede um caderno e começa a fazer anotações, ele não
estava ainda disparando ao mundo, mas precisava de um sistema
de engano e um sistema de informação, o senhor olha os cálculos e
pergunta.
— Está dizendo que isto é o mais importante feito da
existência humana.
— Não, poucos vão entender o que é isto, entendo o perigo
disto, mas não é por isto que não se deve transformar isto em
ciência universal.
— As vezes gostaria de ser bom em propulsão, é onde
sofremos.
314
— Senhor, o mundo não precisa da parte feia para contar,
mas um gênio morreu em Alcântara, pois ele chegou ao calculo mais
exato da ignição, se olhar os lançamentos mudam de propulsores na
China, na Guiana Francesa, na Rússia, os Americanos ainda mantem
o calculo dito seguro deles, mas este cálculo geraria uma corrida a
Marte com mais malucos, e foi sabotada, quando você tem 4 nações
querendo que você não chegue a isto, e todas, são mais poderosas
que você, vemos gente nossa morrer.
— E resolveu não morrer?
— Primeiro vou fazer uma rede espelho, somente depois de
espelhada, vou conectar, mas preciso estar com os dados em mãos
e todos os pontos em total concordância, tem de ser esta noite, pois
amanha alguém diria que o fez em algum outro lugar, devem estar
estudando o que roubaram e precisam de alguém com renome para
apresentar algo assim.
— Certo, e vai transmitir daqui?
— Não, vamos transmitir do palácio do Planalto, aquele que
caiu um avião vazio do exercito cheio de combustível.
— Vi umas imagens chocantes do evento, não sei se viu.
— Chocante?
— Seres estranhos.
— Aquilo foi montagem, mas estranho os humanos de Brasília
não conviverem com os Kýklops.
O senhor olha Carlos estranho e pergunta.
— Já havia visto algo daquele gênero?
— Pessoalmente ainda não senhor, mas vamos com calma,
primeiro a obrigação, depois a diversão.
O senhor viu Carlos comandar todas as telas a sua volta, e
pedir uma webcan com um bom microfone, coloca a mesa e escreve
o seu discurso que iria a tela.

315
Numa base em Camp
Plendleton na Califórnia, um
senhor olha os dados sumindo
no computador e pergunta.
— Quem está nos raqueando?
O rapaz no comando tenta parar as perdas, não teria como
desligar, olha os firewall e estava tudo estável e fala.
— Veio com o pacote senhor, é de dentro para fora.
— Isola isto.
— Vamos perder o pacote senhor.
— Que merda, que defesa usaram?
— Não sei senhor, mas estou tentando isolar, espero que o
pacote tenha valor real senhor.
— Os matemáticos começam a chegar daqui a pouco, não sei
ainda, mas como estão os prospectos de ação?
— Não sei quem acessou lá o pacote senhor, um drone saiu
da base avançada e acertou o local.
— Espero que seja algo limpo.
— Limpamos se for o caso senhor, é Brasil.
— E o que eles descobriram desta vez?
— Um calculo de partícula, que parece se encaixar com os
cálculos de gravidade e termodinâmica.
— Está falando serio, alguém chegou a isto?
— Não sei, mas alguém no Brasil está fazendo uma
transmissão senhor.
— Consegue barrar?
— Não tenho a posição senhor.
O rapaz olha e fala.
— Deve ser algo subterrâneo senhor no prédio que foi
destruído ontem.
— Não entendi.
— Brasília, Palácio do Planalto.
— Coloca na tela.
— Tenho de quebrar a segurança antes senhor.
— E como sabe que está transmitindo?

316
— Abriu contato com Berna, com Princeton, com as maiores
faculdades do país dele e do mundo, está chamando para uma
discussão, não vai gostar.
— Discutir?
— A internacionalização da formula do Tudo.
— Mas o autor não morreu?
— Dizem que um sobreviveu, não sabemos bem onde ele está
e não podemos atacar diretamente um país senhor, que não nos
atacou.
— Tenta tirar do ar.
O rapaz olha a imagem surgindo na tela e fala.
— O transmissor.
— Põem o tradutor, eles falam estas línguas hispânicas.
Carlos estava com uma mascara e fala olhando para a Tela.
— Bem vindos a discussão, devem ter ouvido referente a
queda de 12 aviões ontem no Brasil, tem referencia a esta formula
ao fundo, o autor, morreu ontem, mas ele gostaria de propor a
comunidade internacional, o desafio de provar que ela não funciona
para calculo de partícula, regras termodinâmicas, e gravidas das
menores as mais excêntricas, o nome dele era Marcos Ramos,
morto ontem a noite, pois seu avião foi atingido por um míssil.
Carlos coloca a visualização via satélite.
— Como não tenho capacidade de meu mentor, resolvei abrir
com a comunidade, ele exporia esta noite em uma reunião em uma
das nossas capitais esta formula, mas ele morreu, e seu trabalho
não pode se perder.
O rapaz em Camp Plendleton estava tentando deter a
transmissão e olha para os seus dados serem barrados e o general
olha para as imagens, começam a ter indagações em outras línguas,
e o rapaz começa a responder em Frances, Russo, Chinês, Inglês,
Alemão as indagações, e o telefone do general toca.
— Como eles vazaram isto general?
— Pelo jeito este era o rapaz que sobreviveu, ele tinha os
dados e está os divulgando.
— Temos como o desacreditar?
— Temos, mas vamos perder confiabilidade, não é mais como
antigamente, que não revisavam os cálculos senhor.

317
Os matemáticos de Berna e de Cerne começam uma
discussão sobre aplicabilidades matemáticas e a conversa vai a
dados que pareciam irreais até a Carlos, ele olha para os demais e
termina a explanação.
— Amanha neste mesmo horário, estaremos abrindo
novamente a conversa, pensem sobre a formula.
Carlos desloga e o general na Califórnia olha os demais e fala.
— Estes não conseguimos desqualificar.
Os dados foram sumindo e o rapaz viu o servidor ao fundo
reiniciar e xinga.
Os técnicos olham descrentes todos os servidores em linha
começarem a formatar, o general entendeu que alguém mandou
uma bomba para dentro, eles abriram como aceito, e o sistema
começa a cair em toda a base.
Aviões começam a ser desviados dali, teriam de refazer
sistemas a noite inteira até conseguirem entrar na conversa no dia
seguinte.

318
O engenheiro da AEB olha
para Carlos.
— Jogou a bomba e os vai
deixar trabalhar pelo jeito.
— Temos de montar isto em outro lugar, eles vão tentar
rastrear o lugar, e não estaremos no local, por isto que tive de
desligar, gostaria de ficar para a discussão, mas a sede do ABIN foi
atacada e não gostaria de ser atacado.
— E onde pretende fazer isto de novo? – Ramalho entrando
pela porta.
Carlos olha para as costas dele e ali estava o general Rosa e
mais 3 generais, e Carlos sorriu.
— Não preciso fazer, seria bom para dar confiabilidade, mas a
bomba já foi lançada, agora é esperar as chamas.
O general Rosa olha para Carlos e fala.
— Prendam todos.
Carlos sorriu e o senhor ao fundo entendeu, tinha gente
envolvido, mas viu o rapaz apenas apertar o deletar e todo o
trabalho ali começa do zero.
Quando chegam ao computador a tela estava pedindo
sistema e o Carlos olha para Rosa.
— Traidor, e ainda tem gente que lhe segue, estranho gente
que deveria defender sua nação, a vende.
— Me acusando?
— Constatando, mas pode ter certeza General, o dinheiro na
conta, vai ter de devolver, e se gastou, tenho pena do senhor, pois
CIA não é estes generaizinhos ai no fundo.
Carlos é detido e tirado dali, o senhor da AEB olha o general e
fala.
— Pode largar os meus rapazes general, aqui você não manda
nada, e se quer arrotar alto, terá de ser bem alto para o seu
presidente ouvir do inferno.
Os rapazes ao fundo apontam suas armas, exercito contra
exercito.
— Não preciso dos seus incompetentes.

319
— Amanha, se o rapaz não estiver vivo, terá de responder por
sua vida senhor general, vi alguém que não conhecia, falar com os
grandes do mundo, talvez não tenha entendido, mas amanha, um
nome será respeitado a nível mundial, e não será de um general que
só veio mostrar que está no bolso dos Americanos – O senhor olha
os demais e fala – e se estão todos apoiando isto, é bom pedirem
para sair do exercito, pois vamos os por para correr senhores, aqui
não é lugar para vendidos.
— Nos acusando?
— Sim, e não adianta inverter para cima do rapaz, o mundo já
sabe, vocês mataram Brasileiros para que algo não viesse a
conhecimento dos demais.
— Não tem provas? – General Rosa.
— Amanha senhor, espero seu pedido de afastamento, pois
temos as provas, e se estes ai apoiaram as mortes, quero ver todos
longe do exercito, acham mesmo que podem derrubar aviões cheio
de Brasileiros para vender algo para fora?
O general Rosa não sabia o que o senhor estava falando, mas
no comando do exercito e aeronáutica chegavam pedidos de
esclarecimento de ordens vindas de Brasília, e que se fosse
analisado, um general do comando maior olha as imagens e chama
os generais de sua base em Brasília e fala.
— A acusação é grave, me levantem os dados.
— Acha que são reais?
— Acho que se aconteceu, nem que parcialmente como eles
indagam, temos de afastar os envolvidos.
— Sabe que muitos respeitam o general Rosa.
— Até eu respeito, mas se ele encobriu isto rapaz, começo a
achar que ele encobriu Alcântara, e seria o mesmo esquema, venda
de tecnologia nossa, para fora, se for real, alguém tem de pagar, se
não fizéramos nada e vier a publico, nós pagamos e ele sai como
santo, desculpa, não vou por meu pescoço na forca por gente que
perdeu noção do que se pode ou não fazer.
Corregedorias pedem intervenção em 12 pontos entre
aeronáutica e exercito e o senhor começa a ver os dados e olha
quem assinou, quem deu prioridade e era perto das 10 da noite de
sábado, quando um grupo chega a casa do general Rosa.

320
Os rapazes saem com armas em punho e o general Carvalho
chega a frente da casa do general e fala.
— Melhor pensar antes de falar general, está detido por
conspiração, assassinato e ocultação de operação ilegal.
— Não pode fazer isto.
— Podemos, esta detido, e na segunda o ABIN vai pedir
esclarecimento sobre o evento no palácio do Planalto.
— Mas...
— Pense no que vai falar senhor, pode se complicar.
O senhor olha a esposa a porta, não estava entendendo nada,
obvio que isto é marcante, para a família.
Carlos volta a mesma cela, obvio que o general não estava
feliz, ele fora imobilizado, mas Ramalho ter entregado o local lhe
preocupava mais do que o restante.
Detenções nunca foram lugares bons, verdadeiros locais
insalubres para os generais mostrarem que mandavam.
Carlos senta-se ao canto, não tinha um cobertor, mas para
quem estava acostumado com Curitiba, o frio de Brasília era quase
um ar condicionado quente de sua cidade.
Carlos relaxa, achou estar fazendo o certo, mas ainda tinha
uma duvida, e esta era referente a posição do general e presidente,
ele não parava em intrigas pessoais, mas seu raciocínio parava na
imagem de campo que Ramalho lhe mostrara e sorri.
Carlos olha como estava o curativo e deita sobre o outro
braço.

321
Carlos acorda com alguém
a grade, abre os olhos e olha
aquela moça lhe olhando.
— Como pode ter feito isto?
— Feito?
— Entregue algo que vale bilhões, de graça ao mundo.
— Não existe preço por coisas universais.
Carlos se ajeitou e a moça olha para o braço dele, estava com
uma imensa mancha vermelha.
— Está bem?
— Não vou morrer ainda.
— Porque fez isto que estão falando em toda a rede de
matemáticos do planeta.
— Se não o fizesse ontem a noite, um americano qualquer, ou
um inglês qualquer, faria o anuncio, como sendo sua descoberta,
pois o autor morreu moça.
— E como sabe que eles o fariam?
— Eu consegui deles aqueles cálculos, eles já haviam
conseguido roubar o trabalho daqui, sei que vão nos acusar disto,
mas como disse, é questão de distribuição de conhecimento.
— Nem deve saber o agito que está do lado de fora.
— Não, sou alguém que realmente dorme 8 horas, mesmo
que não esteja bem.
— E não quer saber?
— Carla, o problema é que ninguém me conhece, os que me
conhecem me odeiam, os que me devem algo, me querem longe, e
os que envolvo acabo os colocando em encrenca.
— Mas o que acha que consegue com aquele anuncio?
— Devem declarar o Nobel de Matemática Emérito, o que
pode garantir a família do senhor algo para recomeçar.
— Certo, não pensou no trocado ainda.
— Eu tenho de pensar naquela formula, mas ela diz que tudo
é parte de uma programação que tende sempre a evoluir como
programação, ela não precisa de um Deus, ela uma vez iniciada, não
para até a extinção.
— Está falando serio.
322
— Sim, mas acredito que entendi tudo errado ontem.
— Tudo errado?
— Se ver um senhor de nome Ramalho, diz que preciso falar
com ele, acho que o general Rosa não vai estar em condição de me
ajudar, talvez tenha de improvisar no meu segundo dia em Brasília.
— Por quê?
— Acho que as coisas não acabaram, e que os mandantes
ainda estão ativos, e se isto for real, é algo para ABIN.
— Não entendi porque nos trouxeram.
— Turismo.
— Não teve graça.
Carlos não respondeu, mas viu Ramalho as costas da moça.
— Acha que tem algo a mais, mas não entendeu minha
posição.
— Ramalho, eu não pretendo entender as pessoas, quero
voltar a minha vidinha, ontem ninguém me viu, o que muda
referente a minha vida o dia de ontem?
— Nada, isto que a maioria não entende, pois não viram você
fazer nada, alguns ainda se referem ao rapaz maluco que trouxeram
de Curitiba.
— Pedro é bom nesta propaganda negativa, mas qual foi a
mudança nos campos dos Ribeiros?
— Acha que eles mudariam no que?
— Dobrar o numero de seres, diminuir os turistas em menos
de um terço.
— Não entendi.
— Metade daqueles turistas eram agentes estrangeiros, mas
se você prova por a + b que tudo é frequência, mundos paralelos
não deixariam de ser frequências, e talvez não saiba, pois nunca leu
meus relatórios de 10 anos atrás, os tirou sarro, mas aquilo era
referente aos Kýklops, e o desejo de entender a logica humana, pois
chegávamos a conclusões incríveis com um cérebro mínimo.
— Mas a cabeça deles não é grande.
— Kýklops são operários, ou guerreiros de algo a mais, nunca
cheguei ao a mais, mas eles são os Calangos fazendo o trabalho dos
que não nos querem falar nada.
— Mas quem seriam os mestres deles.
— Se for a cultura seja nórdica ou grega, Deuses como Zeus.
323
— Fala serio. – Ramalho.
— Lendas são baseadas em fatos, quanto mais aberto a
novidade, maior a condição para ver os seres, e todos os contos
falam, que os operários, com um olho a testa, foram aprisionados
após seus trabalho.
— Está falando serio? – Carla.
— Não, estou divagando, para tentar chegar a algo que não
tenho como fazer aqui dentro Carla, eles querem um bode
expiatório, quanto tudo poderia estar se virando aos culpados,
estão tudo voltado a mim.
— E porque acha então que mandaram matar o matemático.
— Pois tem uma coisa que não se fala Ramalho.
— O que?
— Que não estava completa, que faltava a ultima parte, que
seria anunciada em Cuiabá, provavelmente a parte que difere
cálculo de algo natural, para algo universal.
— Está falando que a formula está incompleta e mesmo assim
geraria um premio Nobel? – Carla.
— Estou dizendo que se eu descobrir a verdade, acho que o
professor não o fez, eu não precisaria estar naquele avião para ir a
Cuiabá.
— E acha que eles sabiam disto?
— Acho que eles tinham como fato que a formula está
correta, pois ela é correta, mas não é completa.
— Correta e não completa? – Ramalho.
— Se eu tenho uma formula que me calcula a orbita e o
afastamento da Lua referente a Terra e o sol, e a mesma formula
me calcula com mais de dois minutos de antecedência a rota de
onde um elétron vai estar, o transformando em passível de estudo
real, não teórico, diria que a formula funciona.
— E porque os Kýklops estariam envolvidos?
— Está no meu relatório de 10 anos Ramalho, deixa eu
descansar, já que se está aqui, tudo saiu como você queria.
— Mas você disse que não terei o brinde.
— Não me propus a lhe dar o brinde, nunca pediu isto.
— E como se chega a conclusão final.

324
— Sente-se ela, não apenas a chega a ela. – Carlos sorriu, ele
olha a câmera e fala – Acha mesmo que vou falar assim, fácil
Ramalho?
— Já deu o caminho.
— Não entendeu nada ainda Ramalho, para que eu tivesse
falado o caminho.
— Mandou olhar os campos dos Ribeiro.
Carlos sorriu e olha para Carla.
— Eu faria turismo na cidade, existem lugares que poucos
visitam, mas que tem uma historia incrível.
— Certo, acha que eles vão nos liberar?
— Eles os trouxeram baseados em uma lista que nunca
existiu, Ramalho sempre foi de decorar as coisas, ele documenta
apenas o que precisa passar a frente.
Ramalho olha para Carlos e fala.
— Não vai facilitar.
— Quando queria ter feito um tour noturno, fui preso
Ramalho, então ainda falta muito para anoitecer.
Ramalho sai e Carlos olha Carla e fala.
— Sai da cidade, com quem conseguir convencer, destino, BH.
— Mas...
— Eles estão ouvindo demais Carla, aproveita a chance,
depois, é buraco por 3 dias.
— Você parece ter calculado a formula na mente, não
entendo isto.
— Tem coisa que não entendi ainda, mas tem de ver que para
alguém que convence um engenheiro que os cálculos dele tem de
dar zero em todos os pontos, para o prédio ficar de pé, multiversos
transformaria estes cálculos em qualquer coisa menos zero, estou
no ponto de encarar que a realidade, me mostra dados a mais,
tenho de os pensar, pois para cada sentido a mais, teria que ter um
sentido reverso a mais, então o numero de universos seria um
numero primário, não par.
— Não entendi.
— Os cálculos funcionariam para 1, 3, 5, 7, teria de ver se que
o que não é primário funcionaria, mas não tenho uma calculadora,
mas para 11 funcionaria.

325
— Está tentando calcular mentalmente a quantidade de
multiversos, você é maluco.
— Não, para cada conjunto, eu consigo descobrir uma porta,
eu não abro a mesma porta matemática no 3 que faço no 11, e
talvez esteja no 9 o segredo que não está na formula.
— Dando uma dica a eles?
— Eles não entenderam ainda Carla.
— E o que seria o calculo desta formula.
Carlos aponta para a parede e fala.
— Seria quebrar a lei da ação e reação, eu investiria sobre a
parede e a atravessaria, eu abriria uma porta dimensional para um
mundo paralelo, a nossa dimensão, andaria 10 passos, e abriria um
porta para Marte, andando 10 passos.
— Este dizendo que eles querem a arma.
— Eles não estão entendendo, mas vai, é a chance.
Ramalho olha para o general que pergunta.
— O que ele descobriu que todos o querem preso?
— Ele está mais seguro aqui, do que lá fora, mas sei que
teremos de fazer vistas grossas a noite general.
— O que ele quer dizer com este papo maluco.
— Que os famosos Kýklops, não são alienígenas no planeta,
mas moradores de um mundo paralelo, que um rapaz lá em Curitiba
descobriu os cálculos para desvendar isto, e o mataram.
— Mas como ele pode quieto ali fazer isto?
— Capacidade para números e cálculos como poucos que
conheço senhor, mas ele tem o poder de visualizar cálculos, não sei
como ele faz, mas lembro de um experimento que fizemos a 10
anos, vários tipos de armas, a pessoa tinha dois tiros para tentar
alcançar o mais longe possível com um tiro, ele gastou todas as
primeiras balas atirando para o chão, e todos os segundos tiros,
alcançaram o ponto mais longe.
— E o vai deixar preso.
— Pede para um medico vir e ver aquele ferimento, ele não
pode morrer antes de nos falar o que ele sabe.
— Acha que ele descobriu algo mesmo.
— Ele sabia dos campos, ele me fez ir lá, mas sei que os
turistas saíram de lá bem no fim de semana, tem turista viajando

326
para todo lado, os aeroportos reabriram com milhares saindo da
cidade.
Carla sai e o general pergunta.
— Vai a deixar sair.
— Ela não tem no que ajudar, ramo médico general, e não
pareceu nem nisto poder ajudar o rapaz.
— Ele falou em sair agora, senão em 3 dias, o que ele espera,
não vejo gente prevendo catástrofes.
— Não sei, chama os médicos, depois falamos com o rapaz.
Carlos senta-se e começa a pensar na formula, ele queria
entender alguns dados, ele pega um pedregulho ao canto e risca no
chão da cela parte da fórmula, fica a olhar para ela.
Parecia sentir as coisas e olha para a câmera e fala.
— General Richard, se puder dizer a Rosa que preciso falar
com ele, sei que é importante.
O general olha para Ramalho já no carro e fala.
— Ele parece saber mais o que acontece aqui fora do que o
normal.
— Não entendi ainda quem é o rapaz?
— Professor de Calculo, esteve na ABIN por quase dois anos,
Ramalho o colocou para correr, soube pela manha que quando
Ramalho o afastou por birra de quem acha que todos tem de fazer
apenas o que ele manda, todos os estudos do rapaz, se auto
deletaram, o rapaz saiu, mas levou com ele tudo que tinha feito na
ABIN.
— E o que ele fez ontem novamente, que todos querem saber
do preso?
— Sei que poucos estão ligando, mas entendo quando alguns
ligados a projetos detonados por Rosa e Ramalho veem os dois
perdidos como se querendo respostas e a única pessoa que poderia
os dar resposta, está na cela, e a muito não via alguém tão firme
com Rosa como com Ramalho, os dois parecem querer fazer as
pazes com o rapaz, mas temer a paz.
O general sai dali e vai a detenção na asa sul da cidade e olha
o general Rosa.
— O que faz aqui Richard.
— Não sei a encrenca que estamos metidos Rosa, mas o
rapaz, disse que precisa falar com você, que é importante.
327
— Mas...
— Ele também está detido general, não preciso saber de
dados que não vão me ajudar em nada, eles vão querer saber mais,
mas a gravação vai dizer, exatamente o que falei para o senhor.
— Esqueço que tem gente que não leva para o pessoal, e que
Carlos Pinheiro é um destes.
— O que falo senhor?
— O que ele está fazendo?
— Ele disse em outras palavras, que o pacote não está
completo, ele está riscando o chão da cela pensando, não sei o que
ele busca.
— Ramalho foi lá?
— Sim, ele falou algo sobre Kýklops, não entendi, que tinha
entendido tudo errado.
O general olha serio e pergunta.
— Tem certeza que ele falou sobre Kýklops.
— Sim, ele falou que os Kýklops são calangos e hoje os
turistas sumiriam da região dos Ribeiros, não entendi.
— Algo mais assustador ou incompreensivos?
— Uma das moças que vieram arrastadas para cá, perguntou
se ele era maluco, estava tentando calcular o numero de
multiversos, logo após indicar ela sair da cidade, que se fosse para
sair era agora, depois seria 3 dias em buracos se escondendo.
Rosa ouve aquilo e olha para a câmera e fala.
— Diz para o Ministro da Defesa, que preciso lhe falar.
O senhor olha para o general Richard e fala.
— Dá segurança para aquele maluco, podemos ter levado
sorte dele não ter morrido em Curitiba.
— Se cuida general.
Rosa senta-se e depois de duas horas o ministro entra da
região, Rosa foi levado a uma sala de conversa.
— O que quer falar General?
— Senhor, há um ano, americanos nos contataram para em
uma operação conjunta, passou pela sua mesa, um controle sobre
os campos dos Ribeiros, eles estavam interessados na presença de
um senhor, muito bom em cálculos, de nome Marcos Ramos, eles
convenceram alguns que o senhor estava sendo induzido a dividir
com seres que poucos falam esta descoberta.
328
— Está falando serio.
— Senhor, como falava para general Richard, levamos sorte,
pois um dos alvos não morreu, mas quando ele dividiu a parte de
ontem a noite, deve estar circulando em todas as redes que um
brasileiro, de nome Marcos Ramos, teorizou e provou
matematicamente a Teoria do Tudo.
— Está dizendo que é este o motivo dos problemas?
—Os americanos pediram autorização para uma operação,
mas não sabia que eles pretendiam derrubar aviões civis senhor, sei
que abri o caminho, o rapaz me chamou de vendido, entendi
somente agora o quanto aquilo era importante, eles tentaram
roubar isto, e no meio disto, mortes, queda de aviões, o presidente
fazendo politica, mas o rapaz precisa de apoio, e não de prisão, e
não sei o que Ramalho está pretendendo o deixando preso.
— Acha que ele está do outro lado?
— Não, acho que ele o quer protegido, e dentro de uma base
em suas detenções, ele esta mais protegido que na cidade.
— E quer ser solto?
— Se precisar de que esteja lá fora Ministro, nesta hora
estamos dividindo forças, e não sei quem poderia as unir.
— Acha que o rapaz sabe.
— Ele se deixou prender, mas ele não parou no acontecido,
continua a formular os acontecimentos em sua mente.
— Porque acredita tanto nisto general.
— Eu sei dos Kýklops desde a infância, cresci nesta cidade,
mas pela primeira vez alguém me falou algo que nunca havia
pensado antes, e faz sentido, algo que veio de algo que me cheira
fogo, que me induz uma prisão, mas como é algo extraordinário,
nunca pensei no assunto.
— Não entendi.
— Senhor, a estatua se chama os Guerreiros, lembra?
— Sim, mas o que quer dizer.
— Escravos guerreiros provavelmente Ministro, é o que o
rapaz está pensando na cela, e porque teríamos escravos guerreiros
a porta, se o contato fosse pacifico?
— Está me confundindo.

329
— Tira o presidente da cidade, ajuda a tirar inocentes, algo
vai acontecer, vem da asa norte para a sul, pois ela está mais
próxima dos campos dos Ribeiro.
— Tem certeza.
— Não, mas não podemos arriscar agora senhor.
O ministro sai e olha para os auxiliares e um fala.
— Ele enlouqueceu?
— Ele passou a versão dele dos fatos, para gente que não
olha além dos shoppings da cidade rapaz, entendo a duvida.
O secretario liga para a segurança presidencial, uma leva de
pessoas começa a deixar suas casas, 3 aviões com destino a Minas,
gente pegando a estrada com destinos incertos, Carla no aeroporto
olha os demais e fala.
— Porque meu corpo não quer sair?
— Não sei, não é fácil isto Carla, algo dentro de nós diz para
ficar, e sabemos que o presidente saiu a pouco.
— Mas porque?
Os dois se olham sem entender, enquanto o general Rosa é
liberto e chega a cela de Carlos.
— O que quer falar.
Carlos olha para Richard pela câmera e pergunta.
— Daria para desligar um pouco.
Rosa entendeu que não era para sair aquilo, não sabiam
quem poderia os monitorar e fala.
— O que vou falar parece maluquice senhor.
— Todos estão me olhando como maluco também.
— Eu colocaria os exércitos todos a volta do sitio dos Ribeiros.
— E se não acontecer nada.
— Treinamento, mas todos tem de estar prontos a não ser
senhor.
— O que falam os cálculos.
— Da existência de imensos patamares de cálculos, onde os
números primos são os caminhos fáceis, a matemática que todos
eles aceitam, mas não dominam, nesta conjuntura, existe a que
mais está ativa no nosso canto do universo, que conjura 13 mundos
paralelos, mas o problema, é que um destes mundos, está em fase
de transformação, e está prestes a tentar achar uma saída de lá, eu
não sei se eles conversariam, mas para isto, terei de ir lá para
330
verificar, mas se for isto, podemos estar prestes a entrar em
extinção, pois uma outra espécie, quer nosso multiverso como
ponto seguro para esperar seu mundo se arrumar.
— E porque acha que é importante?
— Senhor, assim como eles passam para cá, podemos passar
para lá, um mundo de possibilidades de crescimento, mas sempre
se estabelece que uma espécie entra em extinção, pois multiversos
são coisas para deixar quieto ali, mas não temos esta opção.
Rosa olha para a porta e fala.
— E o que mais está acontecendo?
O ministro olha para Carlos e pergunta.
— Aqueles que foram trazidos, não sei de quem foi a ideia,
estão relatando que não conseguem sair da cidade, como se algo
estivesse preso a eles.
Carlos abaixa a cabeça e fala.
— Se for isto general, indico confiar desconfiando de minhas
deduções, posso ser um instrumento deles a mais de 10 anos.
— Mas para ser um instrumento, não estaria no caminho
inverso?
— Pensando em local general?
— Acha que é mundial, seria loucura.
Carlos sorriu e falou.
— Me daria salvo conduto por uma noite general.
— Acha que consegue os convencer do problema?
— Não sei, mas vou alertar, se eles ouvirem ou não, não é
problema meu.
— Começamos por onde?
— Local de transmissão de ontem, foi bem eficiente.
— Sabe que pode não dar certo.
— Sei, mas vou tentar.
Carlos sai conduzido para a sede que estivera no dia anterior
e olha para o comandante da AEB e fala.
— Vamos voltar a ativa?
— Vai refazer.
Carlos sorriu, olha o sistema e o reinicia, dá um F11 na
inicialização e um código de teclado e o computador começa por
um sistema paralelo e o general olha as telas todas se ligarem.
— Começamos por onde? – General Rosa.
331
— A máscara. – Carlos.
O senhor sorriu e viu Carlos olhar para Ramalho chegando ao
local.
— Estamos visíveis demais.
— Sei disto. – Carlos que vê Carla as costas e pergunta – Não
deveria ter saído?
— Queria saber o que está acontecendo, pois não consegui
controlar meus músculos para levantar e ir ao avião, ele saiu do
local.
Carlos olha Ramalho e fala.
— Põem todos desta sua lista mental em vigilância Ramalho,
não sei o que eles podem fazer ainda.
— Não entendi.
— Uma historia complicada, comprida, que eu só vivi 30 anos,
todo resto, de 14 mil anos até este momento, apenas especulação.
Carlos coloca um deformador de som na sala e aponta para os
demais ficarem na parte que não ficaria na câmera.
— Ramalho, precisamos os controlar, vai.
Ramalho olha o general que fala.
— Vou sair daqui a pouco, pelo que entendi.
Ramalho sai e Carlos olha para Rosa e fala.
— Consegue cercar o sitio dos Ribeiros, os deter todos, em
um lugar que não seja para dentro de Brasília, mas para fora.
Rosa sai pegando o celular e Carlos olha pra Carla.
— O que sentiu?
— Não consegui mexer as pernas.
— O que aconteceria se tentasse sair daqui agora.
— Acho que sairia.
— Tenta.
Carla olha desconfiada e começa a sair e chega a porta e fala
assustada.
— Daqui não consigo.
— Quais pensamentos bobos vem nesta hora?
— Que a culpa é sua, que deveria ter ficado em casa, mas que
agora você tem de ser detido.
— Agora faz uma coisa Carla, olha para sua mão direita e bate
na ponta do dedo esquerdo com o indicador direito.
— Mas...
332
Carlos a olhou, ela olha descrente, olha a mão e bate e ouve
Carlos falar.
— Agora tenta sair.
Carla olha para a mão e continua o movimento, consegue
passar a porta, mas quando para o movimento sente o corpo
barrado.
— Por quê?
— Cobaias são para serem testadas. – Carlos sorrindo.
Carlos abre a comunicação com Camp Plendleton e olha o
general a frente e fala.
— Podemos conversar General Taylor?
— Quem é você?
— Uma ideia, o rapaz de ontem foi morto, mas ideias, não
param, e preciso saber, é pela raça humana ou por estes Kýklops,
podemos conversar?
— Não tenho autorização para dividir esta informação.
— Imaginei senhor, mas os Kýklops são soldados, ou como
alguns denominam, escravos soldados, que podem obter a
liberdade ou a prisão, depois das conquistas.
— Não entendi.
— Os cálculos, eles abrem fendas entre mundos, mas eles
estão incompletos, mas o deixar algo pela metade, é mais perigoso
do que o enfrentar, mas cada matemático que tentar, e abrir uma
passagem entre dimensões, para o mundo onde estão estes
Kýklops, podemos ter a entrada de exércitos que desconheço o
poder através daqueles pontos.
— Não acredito nisto.
— Estou alertando, quando acontecer, saberá que foi isto que
aconteceu, e terá a chance de entrar na guerra contra os seres ou
contra nós, mas isto, é daqui para no máximo, 12 horas, como vocês
falam, estendendo a América até mais ao sul, “Que Deus salve a
América”.
A conversa em inglês fez o rapaz ao lado olhar e falar.
— Ele fez a transmissão aberta senhor, era para todos
ouvirem, ele está alertando todos, que o calculo de ontem tem um
poder que vai além do que eles falaram ontem.
— Não parecia ser a mesma voz.

333
— Não parecia mesmo, a voz é sintética, a mascara, para que
qualquer um possa fazer isto, se duvidar a diferença de voz é
porque o sintetizador faz a partir da voz origem.
O general passa aquilo a frente, mas poucos o leriam em um
domingo, olha o rapaz e fala.
— E se for real?
— Aciona acima deles senhor, se for 12 horas, não teremos
como esperar segunda feira.
O general olha outros dois e um senhor fala.
— Se aqueles cálculos abrem isto, o maior perigo está na
própria base senhor, eles trabalham naqueles cálculos a 3 dias.
O general passa o alerta e tenta falar com os matemáticos e
ninguém responde e se ouve a explosão na região a Leste, nas
instalações da universidade.
Passa o alerta e a base entra em isolamento, os aviões
desviados, as instalações fechadas para interação externa.
Carlos olha os dados, abre para os demais e fala.
— Ontem, falamos de cálculos básicos, mas o que vemos na
evolução do calculo é uma possível ameaça, um dos campos
daquele calculo, é a possibilidade de calcular multiversos, e
atravessa-los, mas e se abrirmos, mesmo acidentalmente, temos de
ter ciência de que existe o risco.
— Sabe que matemáticos não param por coisas assim.
— Alertando, os que não pararem, quando verem o perigo,
desejo a eles, uma morte rápida, pois se eles se dizem inteligentes,
e ignoram o perigo, deixam de ser inteligentes para serem loucos.
Carlos desliga a ligação e olha para Carla.
— O que teve vontade de fazer?
— De lhe proibir de falar.
Carlos levanta as mãos, ele estava fazendo o mesmo gesto e
olha para o general a porta.
— Vamos, quem sabe tenha alguém racional neste caminho.
— E o que vamos enfrentar?
— Dissuadir, não enfrentar. – Carlos olha para o general e
pergunta – Marcos Ramos estava na chácara ou não?
Rosa olha para Carlos e fala.
— Sim, você desconfiava desde o principio.

334
— Sim, quando se abre algo assim, é para que todos saibam,
mas como Ramalho falou, tinha muitos lá a dois dias, eles já haviam
aberto a passagem, como se não tinham os cálculos?
— Quando todos querem a mesma coisa, é o momento mais
fácil de conseguir colaboração, mas os agentes locais, eram para
despistar, eles não acreditavam no perigo, eles queriam a formula,
se duvidar induzidos pelos seres.
Carlos tira os sistemas, olha para o general e começam a sair,
meia hora após, estavam chegando a chácara dos Ribeiros, Carlos
olha em volta e fala ao general.
— Vou entrar, observar de longe.
— Não tem nada.
— Pede um binóculos infravermelho e entenderá general.
Carlos olha para Carla e pergunta.
— Os vê?
— Apenas espectros.
— Não, apenas a parte calor.
Carlos começa entrar no campo e sente quando é barrado,
Carla olha para ele e fala.
— Porque não entra?
— Você eles consideram um deles.
Carla olha para o outro lado, seres imensos, corpos estranhos,
cabeça pequena, olho no centro da cabeça, cérebro diminuto,
garras nas mãos e pula para fora.
— Eu não quero ser aquilo.
— Aquilo que dita o que você sente por mim Carla, o que lhe
permite músculos entrarem ou não.
— E vai entrar?
— Não quero desfazer a bolha.
Carlos desenha o símbolo de infinito ao ar e a bolha lhe puxa
para dentro, Carla tentava se afastar, mas não conseguia, ele olha a
mão e começa bater nos dedos, e andar de costas, não sabia o que
aquilo fazia, mas funcionava.
Carlos estava para dentro e olha aquele ser olhar para ele.
O som lhe atravessou, não entendeu nada, mas sentiu a
vibração lhe atravessar. Carlos olha para trás, Carla se afastava, mas
olha que Carlos a olhava, ela queria fugir, ele precisava de ajuda,
mas era uma escolha pessoal.
335
Carlos olha o ser, parecia agressivo, aquelas garras eram
assustadoras, e um ser surge em meio a eles e olha Carlos.
— O que faz aqui Carlos?
— Iria perguntar a mesma coisa Marcos.
— Eles são uma espécie pacifica, porque nos cercam.
— Eles não são pacíficos Marcos, sabe disto, apenas eles lhe
falam que são bons, que não lhe farão mal, mas o que eles querem,
é nossas terras.
— Não acredito nisto.
— Pena estes seres incultos estarem aqui, quando os
verdadeiros senhores vem a este mundo.
— Não entendeu nada Carlos, mas o que faz aqui?
— Digamos que quando eles derrubaram o seu avião, era
para ele cair sobre mim, mas eu não duvidei e continuei até
sobreviver.
— E sabia que eu não estava lá?
— Muitos acham que morreu Marcos, eu quando forcei a
comunidade cientifica, matemática e física a estudar o calculo de
Marcos Ramos ontem, pensava estar garantindo a sua família um
futuro, pois achava que havia morrido.
— E como teve acesso a meus cálculos?
— Através do hackear de quem mandou derrubar o avião.
— Não sabia que era um Hacker.
— Não sou, meu mundo é o calculo, mas vi que eles não
tinham a formula total, que faltava o ponto principal da formula,
embora para o mundo seja mais segura aquela formula.
— Qual dado acha que falta no cálculo.
— Expressão de direção.
— Não existe expressão de direção.
Carlos sorriu, e o senhor olhou desconfiado.
— Ri do que?
— Levamos sorte aqui, mas logo eles voltam.
Marcos olha em volta os demais saindo e sumindo ao fundo,
e pergunta.
— Onde foram?
— Alguém decifrou um caminho de entrada, professor, o
senhor ignorar que eles precisam deum portal de entrada, para lhes

336
dar a direção do calculo, pode ter poupado momentaneamente a
cidade ao fundo. – Carlos começa a sair de costas.
— Vai onde?
— Se quem por determinação de ligação não está aqui ainda,
não tenho com quem falar Marcos, eu não os entendo.
Carlos batia no dedo, e andava de costas, viu que na ultima
batida, seu corpo não se mexeu, olha em volta e vê um ser
diferente, ele tinha dois olhos, maior, mais bem definido, o olhar de
assustado de Marcos estabelecia que nunca tinha visto aquele ser.
Carlos ouve em sua mente.
— Porque foge Carlos.
— Pensei em seres mais inteligentes, não dominadores
apenas, se é esta a função, não precisa de mim.
— Ouvi seus pensamentos, você decifrou, você mudou a
formula, não entendi, mas eles estão se despedaçando na entrada.
— Eu não mudei a formula, eu apenas, não fixei uma parada,
loop eterno só existe na matemática, pois na realidade existe algo
determinado como resistência, ela surge apenas quando o
movimento acontece, não antes, não depois.
— Está dizendo que eles não estão morrendo.
— Não sei o calculo e nem quem o fez, para lhe dizer, para
onde estão indo, ou se estão morrendo.
— Mas está aqui.
— Você me conduziu, sabe disto, não existe opção nos meus
atos, são todos ditados, sobrevivi, não entendi porque me ferir, mas
obvio, eu tinha de cair na real rapidamente para sair de lá, uma
gratidão que não sei se devo agradecer ou amaldiçoar.
— Porque faria algo contra, já que maldições não existem.
— Vocês querem meu mundo, pois são incapazes de parar
seus próprios problemas, e perguntam por quê?
— Seres inferiores que se deixam dominar, o que seriam além
de escravos rapaz.
— Então vai calcular você, não me perturbe.
— Não entendeu que vou conseguir tirar isto de você.
— Entendi que esta era a ideia, mas vocês são incapazes de
fazer cálculos, incapazes de arriscar suas vidas, matam com a
facilidade que tem de morrer, um povo que se diz inteligente, mas é
apenas, mais um.
337
— Acha que me ofende?
— Não, eu sei quem sou, você sabe quem é?
— Todos sabem quem são.
— Eu ignoro, está em minha mente desde o nascimento, e
ignoro, não sei quando e onde fui cobaia, mas sei que fui atraído a
estas terras, depois liberado para posição que queriam, mas nunca
ouvi alguém lhe chamar por um nome, apenas elogios, em sua
maioria por medo.
— Eles sabem quem sou, não precisam me chamar.
— Ouvi alguns perderem a língua, por acharem que lhe
homenageavam lhe chamando pelo nome de seu filho, mas eles
esquecem, quem se acha Universo, não tem filhos, tem começo,
meio e fim.
— E como ouvia isto?
— Na infância foi difícil, os demais me chamavam de louco,
maluco, desregrado, mas o que é ser isto, se todos a volta, não
entendiam nada de nada, nem eu.
— E veio conversar sobre oque?
— Sei que assim que combinar algo, você mudará de ideia,
mas não custa tentar.
— Não confia em minha palavra?
— Quem engolia os filhos, por medo de uma profecia,
estabelece um problema, que não era o ser supremo, e não
controlava o todo. Alguém assim, não tem como se confiar.
— E mesmo assim tenta?
— Quando terminar de calcular aquilo, estarei morto, então
que alternativa tenho.
— E porque não terminou ainda, poderia ter com o que
barganhar.
— Eu não consigo, tem você aqui dentro. – Carlos aponta a
cabeça, que me diz que alguns caminhos são impossíveis, você é
forte demais dentro de minha mente, você não me quer achando a
saída, então meu problema, não é o calculo, é não conseguir olhar
para o lado, pois você tem medo que eu olhe para o lado.
— Não entendeu quem sou ainda.
Carlos pensou e quando ele sorriu, o ser a sua frente deu um
passo atrás, como a comunicação era mental, Marcos ao lado não

338
ouvira nada, mas talvez isto que ele não tivesse entendido, lados,
nem todos estão contra tudo.
— Não quer a resposta, desculpa, não sou bom em lendas,
então me bato nisto.
— Acha que entendeu?
Carlos olha para Marcos e fala.
— Se quer tentar sai, é agora.
— Mas quem é este?
Carlos olha o ser, olha Marcos e fala.
— Cronos, segundo os Gregos, preso a esta Terra, desde os
antigos, por Zeus, a entrada, é para os soldados de Zeus, os Kýklops,
que serão soltos na Terra, pois Zeus precisa da Terra, por séculos ele
não precisou, agora parece precisar novamente.
Marcos olha como se não tivesse entendido e ouve.
— Vai, ele está lhe deixando sair para alertar os demais.
— E você?
— Ainda conversando.
Carlos olha Marcos sair e o ser olha para ele.
— Improviso não funciona com Zeus.
— Não estou improvisando.
O ser olha Carlos olhar em volta e fala.
— Todos acham que a entrada é em outro lugar, eles estão
saindo daqui Cronos, o problema, é que eles não entenderam o
problema dimensional, é matemático, não adianta você forçar fora
da hora, ele sempre esteve ali, e nunca esteve ali, pois ele só
funciona no momento certo, e muda no segundo seguinte.
— Está dizendo que ainda não é a hora.
— Estou aqui para lhe perguntar, de que lado está Cronos,
pois parece querer que Zeus volte.
— Minha vingança teria chance.
— Ou voltar ao esquecimento por mais 3 mil anos.
— Porque está salientando meu nome?
— Para atrair o problema, porque mais?
— Você está me usando.
— Você está dentro da minha cabeça e de mais uns mil seres
no planeta, e não consegue entender, humanos são suicidas, os que
dão certo, heróis, os que dão errado, um Cronos da vida.
— E como pretende vencer?
339
— Eu pretendo aprender, para que não se repita, os seres
estavam usando uns para calcular, você usando outros para
postergar, mas a pergunta continua Cronos, de que lado está.
— Da minha sobrevivência.
— Então quer ajuda Cronos?
O ser olha para a insignificância de Carlos e gargalha, mas
olha a seriedade do mesmo e depois fala.
— Não leve a mal, mas se um humano derrotar meu filho, ele
vai ficar muito, mas muito furioso.
— Temos uma trégua Cronos?
— Sim, mas vai pedir algo.
— Que me deixe livre, por 3 dias.
— Quer a liberdade por apenas 3 dias.
— Eu não controlo isto, então se tenho de pensar livre e não
consigo, serei sempre detido por seus medos, você foi derrotado
uma vez, isto lhe gera o medo, que me proíbe de achar a solução,
mas a escolha é sua.
— Eu o liberto e estes demais, mas saiba, 3 dias.
— Eu não tenho como não estar aqui em 3 dias, você sim,
então que tenhamos sorte.
— Sorte não existe rapaz.
Carlos consegue recuar sem ter de bater o dedo e olha para
Carla chegando perto.
— O que aconteceu.
— Temos 3 dias para tentar vencer, pensando livres sobre o
problema.
— Você queria liberdade de pensar, o que descobriu.
Carlos sente a ferida ao lado, levanta a camisa e os pontos
estavam começando a abrir, ele olha para ela e fala.
— Quando controlamos a mente, e sabemos o que controla
oque, minhas mitocôndrias podem bem me fornecer uma
regeneração melhor.
Carlos passa o dedo na ferida e esta foi se fechando, tira o
plástico, puxa o isolamento e baixa a camisa, Carla ainda olhava
para o local assustada.
— Você se cura?
— Por 3 dias Carla, estamos libertos do poder da Terra, da
morte, eu, você e o pessoal, sentimos a terra, posso o chamar de
340
Cronos, mas eles também são influenciados, apenas, eles não
sentem seus músculos contraírem e suas vontades mudarem, pois
eles não ouvem isto na mente.
—Por isto da mente leve?
— Sim, espero ter feito o certo.
Carlos olha para o general e fala.
— Eles vão demorar para entender, mas temos de montar a
resistência no centro de Brasília.
O general nitidamente não entendeu e Carlos falou.
— O ponto de entrada não será aqui general.
— E onde vai ser.
— Vamos à cidade, tenho de ver as coordenadas, recalcular,
mas é algo dentro da cidade.
Rosa entendeu que algo estava errado, mas começam a sair
da região, Carlos olha os demais ficando, com Marcos e os Ribeiros,
sorri, eles não sabiam o que os esperava, não poderia provar a um
matemático a lógica, se ele se recusava a enxergar.
Carlos chega ao parque Sara Kubitschek e o general olha ele
pegar uma calculadora, ele parecia procurar algo, ele chega a um
ponto e fala olhando para cima.
— Espero estar errado nos cálculos.
Carlos olha para o mapa que pegara no carro com os rapazes,
e rabisca 3 círculos, um bem vermelho, um mais laranja e um mais
amarelo.

341
O general olha Carlos e faz sinal para os rapazes começarem a
se preparar, eles estava falando que ali nomeio do parque, com
uma abrangência que iria passar do eixo rodoviário, era o ponto de
entrada, eles iriam parar a região Sul do Eixo estrutural Sul da
Cidade.
O olhar de Carlos meio perdido era preocupante para o
general Rosa, mas ele não parara mais batendo no dedo, ele olhava
como se procurando respostas e fala.
— Temos de alertar os demais general.
— Os demais?
— A conjunção dos mundos, abre 4 portais por linha, os a
nível de Antártida, na sei se eles resistem, mas não temos ninguém
lá, seria os seres contra o próprio frio, a nível sul, temos Brasília e
um ponto na África, entre a Moçambique e Zimbábue, os outros
dois pontos, pacifico e Indico, ao norte, temos uma entrada em
Dakota do Norte, a noroeste de Fargo, um na Irlanda e um no
Cazaquistão, quase divisa Leste com China, Mongólia e Rússia, a
norte disto tudo vai parar no espaço senhor.

342
— Quantas entradas.
— 12, somos o decimo terceiro ponto, mas destes 12, 5 sobre
continentes habitáveis senhor.
— E como vamos os alertar.
— Reforça a defesa aqui, vou para aquele transmissor, e
espero que alguém ouça do outro lado.
— Acha que resistimos?
— Eu ainda não sei general, mas não quero perder nossa
capital para seres que são lenda, para mim.
— Certo, vai lá.
Carlos pega um carro e sai no sentido da Agencia Espacial
Brasileira, o rapaz já o esperava a entrada.
— Temos umas indagações, e não sei como responder.
Carlos antes de entrar na sala, pega a mascara, coloca e chega
ao comando, olha que ali existiam gente ligada a ciência e gente
ligada a vários meios, mas olha para o general em Camp Plendleton,
general Taylor e pergunta.
— Já começaram a forçar a porta?
— Sim, mas não estão passando.
— E não vão, mas em exatas 11horas e 6 minutos, abrem as
fendas que vão se os cálculos desta formula estiverem certos,
abertos por 32 minutos, em 12 pontos no planeta, um fica aqui em
Brasília, um fica em Dakota do Norte, a Noroeste de Fargo, um fica
na Irlanda, não conheço o local, um fica na África, em Moçambique,
quase fronteira com Zimbábue, e um ultimo no Cazaquistão, bem a
Leste, quase Mongólia, todos os demais pontos ou vão estar sobre a
Antártida ou oceanos, mas temos 11 horas para eles começarem a
passar, sei que parece maluquice, mas é o que os cálculos estão
afirmando, estamos tirando de Brasília, presidente, deputados e
senadores, o exercito está começando a fixar o ponto de entrada.
— Está dizendo que eles não entram por onde se abriu? –
Fala o general.
— Não, mas uma vez aberto, vai se manter aberto por 72
horas após aberto, mas por sorte, a única parte que ficamos no
conjunto, é 32 minutos, o ponto inicial, tente da se arrastar a oeste
por 32 minutos, mudando de local, e nos forçando sobre áreas
vizinhas, se os determos por 32 minutos, a próxima conjunção, vai
ser dentro de 2032 anos, não estarei aqui para ver isto.
343
Os demais começam a falar todos juntos e Carlos responde
cada uma das perguntas, como se tivesse ouvido todas, e olha para
o rapaz de Berna e fala.
— Descobrimos em meio a isto, que o autor da formula ainda
está vivo, mas não sabemos se sobrevivera até o fim desta batalha.
— Ele está onde?
— Tentando abrir o portal do lado de cá, ele acredita na parte
boa de todos, esquece que bondade é como maldade, não existe,
depende de necessidade.
— Ele está contra o povo humano?
— Ele está sobre influencia mental deles, o portal precisava
ser aberto pelo lado de cá, eles deram um empurrão na formula,
mas precisamos nos organizar, sei que parece maluquice, mas agora
tenho de ir.
Carlos olha para o diretor da AEB e fala.
— Se protejam.
— Espera algo pesado.
— Uma guerra, que pode durar horas, dias, anos, depende o
que passar por ali.
— E mesmo que pararmos aqui, podem vir de outras partes
pelo que entendi.
— Sim, talvez um dia a raça humana me ouça senhor, é
obrigação do ser humano, abrir mais de um local mesmo próximo a
Terra, para por 22 mil exemplares, para num evento total,
recomeçarmos.
— Sabe as dificuldades?
— Sim, mas tem uma coisas que sempre aprendi, se não
começarmos um dia, nunca acabamos.
Carlos sai e entra no mesmo carro que o trouxe e foi
calculando as coisas, para na sede da ABIN e olha para Ramalho.
— O que houve Ramalho.
— Você fez algo, estou desconectado de tudo, distraído, não
sei oque, mas fez.
— Aproveita e reconhece o que é você e o que é o ser, mas
preciso saber, acha que estou maluco?
— Não entendi os cálculos, mas todos os vigiados, parecem
perdidos como eu.
— Uma pergunta, todos ou quase todos?
344
— Quase todos, sabia disto, veio aqui.
— Digamos que estamos em uma briga entre pai e filho, e
não sei como é o filho ainda Ramalho, mas se for como o pai,
alguém de uma influencia mental avassaladora.
— Certo, acha que estamos em que conto de fadas?
— O retorno do filho a Terra, depois de ter prendido o pai,
Cronos a Terra, e todas as conjunções da volta segundo os cálculos
serem para agora.
— Cronos, quem seria o filho?
— Não o filho é Zeus. – Carlos sorrindo.
— Certo, estamos em um conto de fadas grego, como os
detemos?
— Vigiando os que são parte dos grupos externos, temos um
portal de entrada que vai se abrir em 11 horas, manha de segunda,
madrugada, e lentamente este portal anda com o sol por 32
minutos, indo para cima, e para oeste.
— Para norte?
— Não, para cima mesmo.
— Temos de parar o espaço aéreo.
Carlos não havia pensado nisto, os aviões entrando em algo
assim e saindo sei lá aonde.
— Alerta e fica de olho nos influenciados de Zeus.
— Está dizendo que estávamos influenciados por Cronos.
— Sim, mas ele me forçava a ir sempre pelo caminho difícil, e
odeio o caminho difícil.
Carlos termina de calcular as coisas e volta ao parque, o
general olha o rapaz e chega a ele.
— Não sei ainda onde os posicionar.
Carlos abre o mapa e fala:

345
— General, o portal se abre no parque e se move a oeste,
mas já saindo do planeta, então por 32 minutos ele nos será
presente, no ponto final, os seres estarão caindo do céu, alertei
Ramalho a parar o espaço aéreo, recomendava o mesmo para a
aeronáutica, não sabemos onde eles iriam parar.
— O que enfrentaremos? – Outro general, começavam a
ouvir sobre movimentos em todos as partes do mundo, para
enfrentar aquilo, que grandes apoios estavam indo da Rússia e da
China para o Cazaquistão, Ingleses, Americanos, Moçambique
estavam a se preparar.
Carlos estava tentando não parecer maluco, e isto as vezes
parecia meio impossível, mas todos os dados apontavam para seres
com uma força incomum, e uma capacidade de enfrentar o calor
maior ainda.
Ele estava pensando no que falar, no como se falava disto,
pois no meio de uma crise tudo que tinha parecia irreal.
O general olha para os demais e fala.

346
— Quero prontidão, pelo que nos passaram de fora, é para
ser nesta área, mas será nas primeiras horas de segunda, temos de
nos preparar, não sei o que vai acontecer, mas os demais estão
falando em algo poderoso, não temos como duvidar.
Carlos se afastou, ele olha de longe, Carla chega ao seu lado e
fala.
— Parece inseguro.
— Antes para pensar que era inseguro teria de bater no meu
dedo, muitos me acham louco por aquilo, agora me veem sem
aquilo e não acreditam em mim, não entendo as coisas.
— Você emanava paz, sempre odiei a paz.
Carlos sorriu e falou.
— Então estou no ponto certo, mas as vezes penso que estou
aqui para algo mais.
— Dizem que você sempre foi o metido.
— Dizem?
— Estes que o odeiam, a toda volta.
— Eles nem me conhecem, como podem me odiar, mas
entendo que se afasta o que não se domina, mas é sério, como
sente esta liberdade.
— Está me usando como cobaia mesmo?
— Sim, uma cobaia que não posso olhar aos olhos, ficaria
perdido ai, então vamos falar de enfrentamento entre a vida e a
morte.
— Certo, não temos mais como sair, e não podemos nos
esconder.
— Posso estar errado, mas seremos os caçados.
— Quer me por medo.
— Eu tenho medo moça, eu tento parecer arrogante, pois eu
não quero alguém seguindo-me, Marcos tem milhares de
seguidores, eu, nenhum, se entrar em minha rede social, tem 5 ou 6
pessoas, primeiro por não entrar lá, segundo, por não ter paciência
em ficar dando bom dia 20 vezes pelo dia, uma é suficiente para
mim, mas como ninguém me ouve, me faço ouvir.
— E os olha pensando em algo como morte, eles se assustam.
— Eu estou assustado e tenho de os poupar? – Carlos.
— Não sei, os liderar.

347
— Como posso liderar, se não sou um líder, como posso
induzir se não tenho certeza, como posso agora ensinar a deixar um
prédio de pé, se em minha mente, o ponto não dá mais zero.
— Você fala difícil as vezes.
— Eu para deixar um prédio em pé, ensino meus alunos, que
todos os pontos de intercessão da construção, tem de dar zero, pois
forças para cima ou para baixo, ou para o lado, derrubam prédios,
mas os cálculos de Marcos, estabelecem que minha conta, para
estar certa, tem de considerar forças que não tenho como saber
quais são, vindas de uma vertente que pode ser direita, esquerda,
inclinada de cima para baixo, e derrubar o prédio.
— Mas isto não acontece.
— Verá acontecer Carla, pode não acontecer todo dia, mas
toda vez que acontecer, os prédios que ensinamos a erguer, caem.
Carla olha em volta, olha para o rumo de onde todos diziam
que iria passar, e fala.
— Tem de os alertar.
— Estão evacuando moça.
— Mas não tem como ser diferente?
— Não posso projetar um prédio para ficar em pé apenas no
dia que acontecer isto.
Carlos senta-se a um banco e olha para o lago, olha para
todos olhando ao fundo e ouve.
— Mas está os deixando inseguros.
Carlos nunca fora de lidar com cobranças, ainda coisas que
não considerava sua responsabilidade, ele olha as mãos e fala.
— Tem coisa que não entendo, e vocês não me deixam
pensar, acho que realmente meu mundo, é do isolamento.
Carlos se levanta e sai a andar, ele parecia querer sair dali
rápido.
Carla olha o general parar ao lado dela e fala.
— Ele está fugindo.
— Não pressiona, ele funciona melhor livre, mas ele não está
fugindo, ele em um dia, colocou o planeta esperando algo amanha,
como não sei, mas os cálculos fazem os matemáticos falarem em
abertura temporal, em encontro de realidades, mas o único que
parou e calculou os pontos foi ele, não sei como, mas ele o fez.
— Ele parece temer estar errado.
348
— Sim, imagina estarmos aqui e os seres aparecerem as
nossas costas, seria difícil, mas estamos falando de portais que se
um sair do lugar, todos os demais, saem do lugar.
— Acha que temos de o deixar quieto.
— Ele não está quieto, ele está pensando.
— Pelo jeito o conhece.
— Digamos que tivemos problemas no passado, ele sempre
queria investigar coisas que muitos não gostam de investigar.
— Coisas?
— Alcântara é uma das coisas que ele sabe que não foi como
dizem os relatórios, isto faz dele sempre um quase inimigo.
— E o que estamos fazendo?
— O que o mundo está fazendo, se agrupando e se
preparando, existe até um grupo de porta aviões Americanos que
vai ficar próximo a região do portal no Pacifico.
— E Antártida.
— Inverno, se eles saírem lá, talvez tenhamos um exemplar
congelado a estudar.
— Talvez?

349
Naquela noite tensa,
Carlos olha para todos e pensa
em tudo o que viveu, os
problemas na adolescência, saído de uma casa de adoção, aos 18,
pois ninguém o adotara, entrar direto no exercito, ter segundo grau,
mas algo que ele achava fraco, ele tentando extrair mais dos
professores, conseguia que mesmo estes, não o tratassem bem,
hoje até recebia um ou outro elogio, na adolescência, se olhava no
espelho com aquelas imensas espinhas.
O exercito foi o primeiro lugar que sentiu-se útil, mas
estranhou o selecionarem pela inteligência, ele por ter passado por
colégios fracos, se achava fraco em muitas, coisas, estava a dois
meses no exercito quando foi acomodado na Segurança Nacional,
alguém que nunca havia saído de Curitiba, a qual conhecia muito
pouco na época, é mandado a Brasília, ele se depara com uma
cidade que a primeira vez como um amigo falava olhando as fotos,
que faltou material para acabar, depois começa entender a beleza
do simples do local.
Carlos olha o relógio, sente o ar e sai a caminhar no sentido
do Eixo Monumental, ele estava desligado, mas seus pensamentos
estavam a toda, ele nem viu o carro buzinar, todos olham para
Carlos e o carro frear, e o atravessar, Carlos olha para o carro a
frente, olha a freada e demora a perceber o que acontecera, o rapaz
sai assustado, pensando ter atropelado e grita.
— Olha onde anda maluco, tem sinal a frente para pedestre.
Carlos sente o carro, a briga chegar lentamente ao seu ouvido
e fala normalmente, mas ouve a voz sair lentamente.
— Desculpa! - Quando ouviu sua voz, soube que estava fora
do tempo normal, ele sempre procurara aquele momento para
estudar, mas nunca andando, uma moça olhava assustada para ele
e pergunta.
— Está bem rapaz?
Carlos entendeu que o carro teria de ter batido nele, olha
suas mãos, e sente seus pensamentos, sente o calculo e fala
conseguindo segurar a outra mão.
— Sim, ele passou raspando.
350
— Jurava que ele passou por você.
Carlos não queria naquele dia de pessoas olhando o exercito
ao fundo todos assustados gerar mais susto e falou.
— Ângulo, mas o que está acontecendo ali que tem tanto
exército?
— Eles estão indicando evacuar os prédios, e não entendi.
— Mora num destes prédios. – Carlos.
— Sim.
— Ouvi que eles estão revirando o subsolo, para achar uma
ameaça de bomba nas quadras iniciais, não entendi, mas eu vou sair
da área, eles falaram que amanha pela manha já examinaram tudo,
o que é passar uma noite em claro, mas vivo.
— Mas olha para atravessar.
Carlos sorriu, ele solta a mão e continua a caminhar, olha em
volta, todos bem lentos e chega a torre, olha para os dois lados,
pensa onde ir, caminha no sentido da Praça dos Três poderes, hoje
tinha apenas um quarto poder ali, pois legislativo, executivo e
Judiciário foram tirados da cidade, por segurança.
Carlos olha para um banca na altura da Rodoviária, compra
um caderno e uma caneta, caminha mais um pouco e para a frente
do Museu Nacional Honestino Guimarães, em um banco baixo, olha
para o museu e olha em volta, pega o caderno e calcula os passos e
sorri, lembra das teorias de sermos uma programação, e olha em
volte e fala.
— Uma programação que muda de acordo com o usuário não
é uma programação, é uma evolução forçada a frente.
Por reflexo deixa o caderno ao lado e estava batendo um
dedo no outro e de repente sente a perna, e olha a mão, matéria
em movimento passa, o dedo passa pelo outro e pensa, mas como
não gostaria de parar no meio, para o movimento e tenta entender
o que aquele calculo estabelecia.
— Algo tão complexo e simples, como pode existir algo assim.
Carlos estava falando com ele mesmo e ouve alguém as
costas.
— Veio pensar longe. – Carlos sabia pela voz que era Carla,
sorri, pois ela queria uma posição que ele não tinha.
— Fugi.

351
— Dizem que correu de lá aqui, pensei que iria pegar um
ônibus para longe.
— Ainda dá tempo, não dá ideia.
— Atrapalho.
— Você não entenderia, que não existe como atrapalhar.
— Acha que não atrapalho, fico.
Carlos olha para as mãos e olha para a moça parada e
continua a fazer os cálculos, a mede e fala.
— Tem de se concentrar Carlos.
Os pensamentos dele foram ao tempo e pensa no que
poderia ser feito.
Ele bate a palma e olha Carla lhe olhar.
— Acho que todos querem uma resposta, mas se tudo, puder
ser ganho, por termos mais tempo.
— Não entendi.
— Vou para a praça dos três poderes, nos encontramos lá.
Carlos bate palma novamente, e com tudo estático caminha
calmamente até a praça dos três poderes, ele senta-se ao
monumento a Juscelino e bate palmas, Carla estava olhando ele, e
no segundo seguinte olha para todos os lados, e se pergunta como,
o rapaz estava avançando, mas não entendeu, começa a andar no
sentido da praça dos três poderes.
Carlos estava a calcular o que dava para fazer e Carla chega
ao seu lado e fala.
— Como fez isto?
— Acho que não entendi tudo, mas uma coisa é saber que
podemos controlar a velocidade de nossos átomos, isso com certeza
envelhece mais, mas dá para acelerar um pouco o tempo.
— Um pouco, está falando serio?
Carlos a olha aos olhos, ela vira ele sumir de sua frente e
perguntava se falava serio, o que ela acharia que é enganação.
— O que tanto lhe faz querer de mim a resposta Carla?
— Eles parecem perdidos.
— Todos estamos, mas vamos pegar um Taxi, preciso falar
com Ramalho.
— Pegou um taxi antes?
— Se não viu, posso inventar o que bem entender, melhor
não inventar muito agora.
352
Carlos sabia que o tempo acelerado era uma arma, mas não
daria para acelerar os demais, eles poderiam não voltar.
Carlos pede um taxi e vão a sede da ABIN, Ramalho olha para
Carlos e pergunta.
— Algo novo?
— Sim, a anos não atiro.
— E acha que vai precisar.
— Sim, acho que vou precisar.
— Ainda aguenta uma arma.
— Sim, mas vai ser estranho se entrar em campo, e no fim,
serei apenas o maluco.
— Os demais, parecem ter se concentrado na região um
pouco a oeste de onde está o exercito, eles vão intervir de alguma
forma.
— Distração, mas acha que consegue uma arma com muita
munição?
— Muita?
— Não sei quantos vão vir pelo portal.
Ramalho sorri e pergunta.
— E quanto vai precisar?
— Ramalho, sabe que não trabalho em equipe.
— Certo, o rapaz que não confia suas costas a ninguém, tem
de ver que você está a 10 anos fora Carlos, muitos passaram aqui
depois de você.
— Onde?
Ramalho lhe indica o estoque, Carlos olha o estoque e fala.
— Pelo jeito é serio que cortaram verbas do Exercito.
— Muita, eles nunca pensam em crises, apenas nos bolsos.
Carlos olha para o estoque e sorri para Carla, bate palma, os
dois viram ele ali, e no segundo seguinte todas as armas e munição
da sala não estavam ali.
Ramalho olha em volta e pergunta.
— Como ele fez isto?
— Não entendi, ele quer enfrentar sozinho um exercito de
seres estranhos?
— Este é mais Carlos que o rapaz que se deixou prender, mais
Carlos do que aquele ser falando com os demais em línguas que não
entendo.
353
— Qual a formação dele Ramalho?
— Ele chegou ao exercito com segundo grau feito em um
colégio estadual de bairro, potencial alto, altura certa, mandado a
Brasília, ele aqui por um ano e meio, fez cursos de tiro, de calculo,
de reforço em línguas, ele tem uma facilidade para línguas e cálculo,
logico que isto o trouxe a ABIN, alguém capaz de conversar e
entender Russo, Americano, Frances e Alemão, o fez virar alguém
de referencia aqui dentro.
— Mas e este sumir.
— Ele tentou falar que o calculo era perigoso, ele está a dois
dias pensando sobre as aplicabilidades do calculo, ele parece estar
testando mentalmente o caminho de cada um dos locais.
Carlos pega um carro a entrada, o de Ramalho, e vai a região,
ele passa pelos pontos de evolução, de foi deixando armas, carga, e
olha para o exercito ao longe, pega o carro e vai a base dos
Fuzileiros Navais, na região do Iate Clube.
Entra e olha aqueles estoques e começa a pegar os reforços
de equipamento, ele coloca tudo em um caminhão da marinha e sai
dali, ele coloca os lança misseis nas posições e começa a programar
para funcionar, ele olha para os pontos próximos e começa apensar
em como acertar os seres ao ar.
Carlos estava cansado quando dormiu no volante do
caminhão, ele precisava de seus músculos, acorda e olha tudo
parado ainda, perigo aquilo, poderia morrer fora do tempo, nunca
encontrariam ele.
Carlos volta a base, pega o carro de Ramalho e sai com calma
e volta a base, deixa o carro e olha para fora, encosta no carro e
olha o céu começar a clarear a Leste, olha Carla olhar para ele e
perguntar.
— Vai tentar enfrentar a morte sozinho.
— Não tenho como por alguém lá e tirar, vou tentar ajudar,
não sou suficiente para derrotar eles.
— Certo, mas parece cansado.
— Normal, vai ficar por aqui, é mais seguro.
— Ramalho disse que posso ficar.
— Se cuida.
Carlos olha para o carro de Ramalho e sai com ele
calmamente, estava amanhecendo e os soldados saindo de suas
354
barracas, pegando suas armas, o general Rosa olha para Carlos e
pergunta.
— Tem porte para isto?
— Lógico que não.
Carlos sente a energia e olha para o local e fala.
— Mantem o pessoal longe general, não me acertando tá
bom.
— Vai querer ficar na linha de tiro, maluco.
— Sempre.
Carlos entrou no campo e olha aquela nave materializar ali,
ele olha para a carreta ao fundo, o general olha para cima, parecia
que estava chegando mais, mas Carlos apenas pega o detonador e
quando a comporta começa a abrir, todos os soldados veem o míssil
rasgar o céu sobre suas cabeças e acertar a porta, começa a
explodir, o general olha para traz, não lembra daqueles lança
misseis ali, olha o rapaz e pergunta.
— Agora sabemos que é real, todos a postos.
Carlos olha o exercito se posicionando, uma imensa nave
pousar ali, viu os polos se invertendo, olha para o prédio ao fundo
viu ele se desfazer, a toda volta, os generais viram que tudo ficou
muito leve.
Carlos olha para os carregadores, para os pontos e quando a
segunda comporta se abre, viu aqueles seres com um olho, cabeça
pequenas, músculos fortes, peles cinzentas, ele pega as armas, o
general fez sinal para se armarem, a tensão da quantidade imensa
era grande, o general olhava Carlos, um segundo, ele bate palmas.
Carlos começa a entrar, tiros rápidos na cabeça, viu os
mesmos começarem a cair, tudo estático eles não cairiam, então
abrandou o ruído e o tempo começa a passar lentamente, os
primeiros caem e os demais começam a sair, ele entrou atirando em
tudo, entra na primeira, deixa duas granadas e atravessa para o
outro lado, atirando nos seres que saiam do outro lado, ele olha
para o explodir as costas e vai entrando na próxima, pega uma
mochila ao chão na grama ao fundo, carrega a arma e volta a entrar
atirando, os seres foram caindo, ele foi seguindo, ele acionava os
sistemas de misseis e viu que não funcionaria, pois estavam em um
tempo diferenciado, mas era um alerta que ele apertou não veio
naquele momento, mas poderia sair depois, então teria de estar de
355
olho nos sistemas que acionava, Carlos por 20 minutos, entrou e
saiu daquelas naves atirando, colocando bombas e quando ela para
a beira dos lança misseis e bate palmas bem a frente olha os
soldados enfrentando, e olha para traz o ruído das naves pegando
fogo e caindo.
O general fez sinal para se preparar, olhava para Carlos e viu
ele sumir, ele olha ele surgir uns 100 metros a frente e todos
caírem, viu ele acelerar no meio dos seres atirando e os
derrubando, se viu os primeiros estouros e os soldados terminaram
de atirar nos últimos, e viram os seres caírem, poucos viram Carlos
no campo, então era um enfrentamento com tudo a volta.
Carlos olha para a ultima nave decolar e no lugar e atacar
tentar voltar pelo portal, outras pararam de descer, e os lança
misseis começam a disparar para cima, e acertar naquelas
proteções, fechadas eles não as atingiriam.
O exercito olha em volta, teriam de limpar e ajudar a recolher
os que não saíram dos prédios, se via ao longe muitos prédios
destruídos e Carlos olha para cima e olha para o general, não tinha
acabado ainda, faltavam minutos, mas vendo eles soltarem algo,
Carlos bateu palmas, aquilo ficou ali, no ar, ele pega os lança
misseis, nas carrocerias e avança para baixo do objeto, aponta para
o objeto, prepara o sistema e volta caminhando.
Chega ao longe e olha para os soldados e grita.
— Todos para trás.
Eles começam a se afastar e ele aciona os misseis a toda volta
e a baixo e o objeto é atingido e inverte a direção, como se fosse
ejetado para dentro do portal, e viram a explosão para dentro e fora
daquela quebra de espaço, e todos comemoram vendo o fechar
daquele buraco com cor estranha ao céu.
O general olha para o auxiliar e fala.
— Registrou isto?
— Sim, não entendi o que ele fez, mas se não tivesse gravado,
não acreditaria senhor.
— Ele veio a guerra, alguns achando que ele estava se
fazendo, ele veio enfrentar estes seres, começa a tirar eles daqui,
vamos ter de estudar estes seres, mas melhor poucos verem eles.
— Estamos isolando a região.
O general olha Carlos sentado ao fundo e chega a ele.
356
— Belo trabalho. – O general olhando o estrago.
— Belo trabalho mesmo, pensei que não dariam conta
senhor.
— E não vai falar nada pelo jeito. – O general.
— Eles não precisam disto em um relatório General, sabe
disto, isto deixa os demais preguiçosos, e a segurança na mão de
uma pessoa, é arriscar demais.
— Não discordo disto, mas pelo jeito, entendeu o que os
demais ainda não.
— Começando a entender senhor.
— Então some daqui antes da imprensa.
Carlos bate palmas e o senhor olha ele sumir da sua frente,
olha em volta e não o vê, sorri sem graça e vai aos grupos, aquelas
naves, aqueles seres, tudo sendo tirado dali.

357
Era quinta feira e Carlos já
estava em sala de aula, as
noticias vindas da Europa e da
África, diziam que seres estranhos tomaram um espaço de Terra e
que estavam em guerra com os humanos locais.
Carlos olha aquilo no refeitório e olha aqueles olhos azuis
entrarem no lugar.
— Aqui que se esconde.
— Sim, professor de cálculo, se esconde na sala de aula.
— Ninguém fala sobre você estar no lugar, mas Ramalho e o
general Rosa fizeram um relatório fechado, lacraram e deixaram lá
para se um dia precisar novamente.
— Eles sempre fazem isto, qual a novidade.
— O nome do Arquivo.
— O nome?
— Homem Inteligência.
— Não entendi.
— Se faz de bobo, mas pelo menos sinto minhas ideias todas
voltando, seu acordo terminou, me sinto melhor assim, sentindo o
todo.
— Eu não sei o que será isto novamente, mas pode ser que
volte ao acordo, mas acho que alguém ficou feliz com o resultado.
— Não entendi a historia?
— Digamos que alguém projetou uma ajuda local para os
seres, e o prédio que eles resolveram esperar o inicio da invasão, se
desfez nos primeiros momentos do enfrentamento.
— Vi muitos derrubados, tem gente especulando, mas com a
imagem dos seres em outros lugares, estão dizendo que teve um
enfrentamento menor aqui.
— Bem menor, diria.
— E vai se contentar com as migalhas.
— Não entendo você aqui Carla.
— Tentando entender o Homem Inteligência.
— Ele não existe, pois ele tem hormônios, ele sempre fica
bobo.
Carla sorri, e Carlos se levanta e fala.
358
— Agora deixa eu ir a mais uma aula.
— Não da chance mesmo de aproximação.
— Gente complicada, deixa eu ficar longe.
Carla olha o rapaz entrar e ir a uma sala de aula, não
entendeu a historia, mas enquanto exércitos cercavam exércitos
destes seres, tentando os vencer, eles não chegaram a invadir a
cidade, e algo dizia a moça que aquele rapaz tinha algo haver com
isto.
Carlos sorri entrando na sala de aula, pois inteligência na
inercia, não é inteligência, e voltar a sala de aula, era a sua forma de
acalmar, mas os cálculos a cabeça, estavam a toda.
Poderiam ter problemas em outros pontos do planeta,
poderia ser que ele ajudasse, mas isto era outra historia.

Fim.

359
360
361
J.J.Gremmelmaier

Keka
A Cientologista

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2017

362
Autor; J. J. Gremmelmaier Ele cria historias que começam
Edição do Autor aparentemente normais, tentando narrativas
Primeira Edição diferentes, cria seus mundos imaginários, e
2017 muitas vezes vai interligando historias
Keka – A Cientologista aparentemente sem ligação nenhuma, então
existem historias únicas, com começo meio e
------------------------------------------
fim, e existe um universo de historias que se
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte
encaixam, formando o universo de
------------------------------------------ personagens de J.J.Gremmelmaier.
Gremmelmaier, João Jose Um autor a ser lido com calma, a
Keka, a Cientologista / Romance mesma que ele escreve, rapidamente, bem
de Ficção, 055 pg./ João Jose vindos as aventuras de J.J.Gremmelmaier.
Gremmelmaier / Curitiba, PR. / Edição
do Autor / 2017
1 - Literatura Brasileira –
Romance – I – Titulo
-----------------------------------------
85 – 62418 CDD – 978.426

As opiniões contidas neste livro são


dos personagens e não obrigatoriamente
assemelham-se as opiniões do autor, esta é
uma obra de ficção, sendo quase todos ou
quase todos os nomes e fatos fictícios.
©Todos os direitos reservados a
J.J.Gremmelmaier
É vedada a reprodução total ou parcial Keka – A Cientologista
desta obra sem autorização do autor.
Keka, mais uma pesonagem de
Sobre o Autor;
minha cidade, como tantos, apenas são
João Jose Gremmelmaier, nasceu em
Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, formação
vistos se gritarem muito, ou se alguem
em Economia, empresário por mais de 15 precisar deles.
anos, teve de confecção de roupas, empresa Vamos a um enfrentamento,
de estamparia, empresa de venda de lançarei os personagem aos poucos nas
equipamentos de informática, trabalhou em poucoas linhas da historia.
um banco estatal.
J.J Gremmelmaier escreve em suas Agradeço aos amigos e colegas que
horas de folga, alguns jogam, outros viajam, sempre me deram força a continuar a
ele faz tudo isto, a frente de seu computador, escrever, mesmo sem ser aquele escritor,
viajando em historias, e nos levando a viajar mas como sempre me repito, escrevo para
juntos. Ele sempre destaca que escreve para se me divertir, e se conseguir lhes levar juntos
divertir, não para ser um acadêmico. nesta aventura, já é uma vitória.
Autor de Obras como a série Fanes,
Ao terminar de ler este livro,
Guerra e Paz, Mundo de Peter, Trissomia,
empreste a um amigo se gostou, a um
Crônicas de Gerson Travesso, Earth 630, Fim
inimigo se não gostou, mas não o deixe
de Expediente, Marés de Sal, e livros como
parado, pois livros foram feitos para
Anacrônicos, Ciguapa, Magog, João Ninguém,
correrem de mão em mão.
Dlats e Olhos de Melissa, entre tantas
J.J.Gremmelmaier
aventuras por ele criadas.
363
©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J.J.Gremmelmaier

Keka
A Cientologista

364
TERRÁQUEOS X LARIDIANS
Um texto rápido do escritor, que vai novamente olhar
para dentro e para fora, e rapidamente, pela primeira vez em
seus escritos fala de Thetan.

365
G ustav estava a olhar os dados do satélite de
posicionamento Global como toda manha,
controlando o sol, para que não existisse perigo de
perda de comunicação.
Seu objetivo, proteger os sistemas de comunicação
Americano do Sol, ele estava a registrar algo, quando uma imensa
sombra o fez olhar para a imagem, ele aciona seu superior que veio
pensando que era referente ao sol e olha aqueles objetos, que
pareciam asteroides, vindo no sentido da Terra.
— Confirmou as trajetórias.
— Preciso de autorização para passar os dados e os demais
calcularem senhor.
— Autorizado.
Gustav olha os dados e passa para o grande telescópio de
Palomar na Califórnia, onde o cientista e astrofísico Connor olha os
dados e começa a cancelar o experimento que estava previsto para
a noite, e vira o grande telescópio, ele estava de dia, e não teria
muito o que fazer antes do fim da tarde, mas se era algo que vinha
aquela velocidade dos dados, teria tempo, mas teria de ser rápido,
ele passa os dados para mais de 70 observatórios no mundo, e
todos se voltam aos grandes objetos, vindos da direção do sol.
Ele começa a ver dados de todos os lados, e quando liga os
telescópios tem aquela formação, ainda imprecisa, de 20 objetos
imensos vindos na direção, teria de ter alguns dados para dar o
alerta, mas ele estava olhando os dados e aproxima o grande
telescópio da formação, faltava não mais de uma hora para
anoitecer, e não teria dai o ângulo para obtenção dos dados.
Ele acerta o telescópio e eles foram registrando, sempre o
grande desafio de fotografar dentro da atmosfera algo na direção
do sol.
Na NASA os grupos da Califórnia e Florida começam a inverter
seus grandes telescópios, parecia séria a ameaça.
Todos os dados sendo coletados, e sendo repassados,
enquanto Gustav vai para a base, fim do expediente diário, olha
para os demais em clima de festa, não estava legal, talvez um
366
resfriado, sentia as narinas entupidas, o falar fanho era o que mais
destacava neste momento.
Enquanto isto em vários pontos do país um reforço de
segurança chega aos telescópios, enquanto os cientistas fazem suas
medições e estranham a composição dos objetos.

Gustav acorda naquele dia normal, toma um suco, liga o


radio, e ouve estática, olha para fora e olha para o senhor Carter
caído a calçada, corre para fora pensando em ajudar o senhor, ele
estava correndo no sentido do senhor, quando ouve a explosão e
sente o corpo arremessado no sentido que estava indo, bate a
cabeça e sente tudo turvo.
Gustav sentiu os músculos flácidos, sonolento e não consegue
nem abrir os olhos.
Um grupo de pessoas armadas, entra na base e começa a por
fogo nas casas, o pessoal não falava entre si, bem armados e com
uma espécie de capacete, que não permitia ver algo, os senhores
olham uma menina correr tentando fugir, saída da casa em chamas
ao fundo e atiram nela.
Estavam a caçar os últimos sobreviventes, e parecia que
seriam poucos.
O grupo passa em cada um dos pontos e põem fogo na sede
que monitorava o sol, saindo dali as pressas.

A policia chega ao observatório e olha para o mesmo


pegando fogo, os carros pegando fogo, e ninguém por perto, um
policial grita da guarita.
— Morto com um tiro a testa.
— O que está acontecendo Robert?
— Não sei, vamos relatar os acontecidos, ataque a cientistas
não me parece algo racional.
Os policiais fazem as medições e os levantamentos voltando a
Los Angeles ao pé da montanha.

Gustav acorda, com alguém lhe mexendo, ao chão, olha


confuso, e ouve alguém falar.
— Um vivo general.
O senhor olha para a cabeça do rapaz e fala.
367
— Alguém errou o tiro de misericórdia, mas temos de saber
quem nos atacou, o presidente quer uma resposta rápida.
Os rapazes tiram o rapaz dali, e Gustav acorda em um
hospital, sem entender o que havia acontecido, mas o general Poter
para a sua frente e fala.
— Tenente, algo que lembre sobre o evento.
— Tinha levantado, vi o general Carter caído, corri para fora,
e só lembro de sentir o corpo sentir o calor e me jogar sobre o carro
a calçada, mas o que aconteceu general.
— Alguém invadiu a base, e destruiu tudo.
— Alguma testemunha?
— Não, mas temos gente surgindo mortos em 6 telescópios e
pensamos o que esta base tem haver com eles.
— Os objetos vindos do sol, relatados ontem?
O general olha para o tenente, para olhando ele e fala.
— Que objeto.
— Conjunto de 20 objetos, que pareciam rochas, vindos do
sentido do sol, passamos o alerta para os telescópios da Califórnia,
mas porque não iriam querer que víssemos senhor o que vem ai?
Um segundo tenente chega ao general e fala.
— Tivemos ataques no Chile, na Austrália, na Itália, na
Espanha, na Rússia e no Japão.
— Telescópios?
— Sim.
O general olha as imagens que o rapaz trazia e fala.
— Eles não atacaram apenas as pessoas, eles destruíram o
equipamento que dava para verificar.
— Dizem que tem gente tentando acertar os sistemas dos
satélites a volta do planeta, mas parecem sobre interferência de um
vírus, não deixa focar.
O general não conseguia ver um motivo para aquilo e olha
para o Tenente a cama.
— Descansa, não sabemos ainda o que está acontecendo,
mas vamos tentar entender.
O chefe do grupo da NASA na Califórnia, John Stander, olha
para o local sendo cercado pelo exercito.

368
Ele sai a entrada e olha o exercito detendo um grupo que
estava a observar ao longe, mas não detendo ali, e sim afastando, e
olha o general Poter chegar ao local.
— Não entendi o exercito general, somos cientistas.
— Temos de conversar.
O senhor estranhou, entraram e o general coloca a mesa as
fotos dos locais atacados, e fala.
— Tivemos ontem, observando o sol na Base de Controle em
Fallbrook do sol, um avistamento de algo vindo do sol, todos os
pontos que foram notificados disto, até a base de Fallbrook, foram
atacados, matando todos os que estavam lá.
— Esta falando serio General?
— Entre os mortos está Connor em Palomar.
— E o que precisa?
— Não sei se tem algo lá, mas se tem, preciso saber, só não
entendo porque proibir que eles dessem o alerta.
— Tem os dados?
— Destruíram os locais, e observatórios não se constroem
assim tão fácil.
— Vou por alguém para verificar isto, pelo jeito acredita ser
algo serio.
— Tivemos mais mortes ontem dentro de nosso país, que no
primeiro ano no Iraque.
— Certo, vai deixar a proteção.
— Vou isolar a região, e somente quem eu conheço, vai ficar
para dentro senhor.

No Brasil, em uma cidade ao sul do país, capital de um dos


estados, uma menina olha para o quadro e olha um rapaz ficar ali.
— Acha que não vou falar o que vi.
Keka era alguém calma, diziam que quando ela sorria era a
hora de sair correndo, mas ela estava o encarando serio, e fala.
— Falar oque?
— O que vi ontem, não vai negar?
— Vai inventar algo, tudo bem Marcio, ninguém liga mesmo
para mim.
Marcio olha intrigado e fala.
— Não vai negar?
369
— Não sei o que viu, algo está errado.
— Não entendi.
— Meu padrasto não voltou ontem do observatório, a mãe
está preocupada, e se quer fazer fofoca, sinta-se a vontade,
segunda devemos estar de volta.
— Não vai negar?
— Já perguntou isto Marcio.
Keka guarda os materiais e sai pela porta.
Caminha até em casa onde a mãe a esperava.
— Vai comigo?
— Sim, estes meninos querem confusão, e se ficar, vai ter
confusão.
— Tem de parar de bater nos meninos Keka.
Keka sorriu, ajuda a mãe a por algumas coisas no carro e
saem no sentido da serra, onde há um ano, haviam construído o
observatório astronômico da UFPR.
Chegam a entrada e o carro de Sergio estava ali.
Elas batem e depois de um tempo ele abre e fala.
— Perdida aqui amor.
— Não ligou, ficamos preocupadas.
— Estou terminando de relatar os dados, já iria para casa.
— Relatar?
O senhor não entrou em detalhes, mas elas viram ele
terminar e foram para casa, trancando o local.

John chama o General e fala.


— Temos uns dados, não sei se o rapaz entendo o que viu,
mas os dados me deixaram confusos senhor.
— Por quê?
O senhor põem as coordenadas e fala.
— Um observatório viu isto no espaço ontem, mas não está
mais lá, algo rápido, vindo em nosso sentido, mas os dados,
estabelecem 20 globos, aparentemente rochosos, vindo para cá.
— Tamanho.
— Qualquer deles se fosse maciço, entraríamos em extinção.
— Se fosse?
— Os dados que nos passaram, estabelecem 20 objetos ocos,
com calor interno.
370
— Não entendi. – General.
— Parecem 20 naves espaciais senhor, isto que parece, pois
elas estão no espaço, não deveriam ter calor interno, só superficial,
não deveriam ser ocas, são, e nitidamente, elas emitem radio.
— Tem certeza disto?
— Estamos revisando os dados, foi feito por um astrônomo
no Brasil, eles não tem nenhum grande observatório, mas aparece
que alguém passou para ele o problema e ele registrou, quando ele
tentou responder ao pedido de ajuda, não teve respostas e nos
comunicou o relatório.
— Está dizendo que podem ter seres infiltrados que nos
sabotaram, pois vimos eles chegando?
— Muita suposição ainda senhor.
— Certo, vou por os exércitos em alerta, hora de fazer um
grande movimento de tropas.
O senhor liga para o secretario de Defesa que aciona o DOD, e
varias vertentes militares a partir do pentágono começam a se
preparar para a guerra.
Sem inimigo declarado, mas em alerta total as fragatas de
guerra entram em operação ao redor do mundo, parecia um alerta
falso, mas com recomendações de atenção máxima, parecia que
alguém havia feito algo errado e o DOD não podia declarar guerra a
este inimigo ainda.
A informação das mortes em terreno americano dentro de
uma base do exercito, pois muitos se perguntando quem eram os
inimigos desta vez.

Keka ia ao banco de trás e seu padrasto perguntou.


— Quieta demais, o que aconteceu?
— Tem um menino me perturbando na escola.
— Namorado?
— Deus me livre.
— Então no que ele lhe perturba.
Keka olha pela janela e o senhor fala.
— Não pode ficar se demonstrando em publico Keka.
— Foi um acidente, mas isto também não me preocupa.
— O que lhe preocupa.

371
— Um carro nos seguindo desde a saída do observatório, eles
estavam indo para lá, mas quando cruzaram por nós, vieram atrás.
O senhor olha pelo retrovisor e fala.
— Deve ser apenas coincidência.
Keka não falou nada, mas viu o padrasto reduzir a velocidade,
ele queria provar que era apenas impressão, mas o carro ao fundo,
reduz a velocidade e troca de faixa para a mais lenta ao canto.
— O que aprontou a mais Keka?
O senhor falou mais grosso e Keka falou sorrindo.
— Mais nada, mas eles não iam atrás de mim Sergio, e sim de
você, pois eles estavam indo ao observatório.
Sergio liga o radio e ouve a noticia.
— Um incêndio esta devorando o observatório astronômico
da UFPR em Piraquara. Os bombeiros estão chegando lá, mas é um
local de difícil acesso.
Sergio olha para Maria, a esposa e fala.
— Se segura, vamos ver que está acontecendo.
Sergio acelerou, pareceu os despistar, mas quando chega ao
bairro, olha o tumultuo a rua, olha para os bombeiros e Keka olha
para a mãe.
— Se abaixa mãe.
— O que está acontecendo.
— Sergio, dá ré e para a esquina.
O senhor entendeu que algo estava acontecendo, sabia que a
enteada tinha um jeito de inocente, mas nunca conseguiu nem
chegar perto do senso de observação dela.
Ele para a Keka abre a porta, procurando alguém em volta,
olha para Marcio e fala.
— Quem fez aquilo Marcio?
Marcio olhava assustado a casa, e fala.
— Eu não...
— Não estou lhe acusando, mas preciso sabe agora.
O menino olha em volta e fala.
— Os dois no portão da Rosa.
Sergio no carro olha os dois rapazes, estanha eles estarem de
blusa de frio naquele calor.
Ele iria falar para Keka não se meter, mas ela passa a mão no
braço de Marcio e fala.
372
— Apenas me confirma, quem mais. – E começa a andar no
sentido da casa e dos bombeiros.
Keka olha para Sergio e faz sinal para fechar os vidros.
Maria olha a filha e fala.
— O que ela pensa que está fazendo.
— Tentando descobrir quem nos ataca amor, pensa, dois
pontos para garantir algo, mas não sei o que ela pretende.
Marcio olha para Keka e fala.
— Eles vão nos matar.
— Deixa de ser medroso Marcio, estamos em publico.
Keka chega ao lado dos dois e fala olhando para um deles.
— Me responderia uma coisa senhor?
Os dois seres olham para ela simultaneamente, até Marcio
reparou que pareceram maquinas, mas não emitiram som.
— Não falam?
Os dois se olham e Keka olha para a casa, dando as costas aos
seres e passa o braço no de Marcio e fala.
— Estamos encrencados.
Marcio ficou tenso, pois viu outros três seres estranhos
olharem para eles, ele não olhou para trás, mas sentiu os seres
ficarem perto.
— Acha que foi o fogão Marcio?
— Fogão?
— Que deixaram ligado e gerou o fogo?
— Pode ser.
Keka olha o policial a frente e ele fala.
— Tem de se afastar.
— Sei disto, mas posso estar enganada, a dona Maria as vezes
deixava um feijão para cozinhar, se foi aquele fogão velho dela,
acho que todos estamos muito perto senhor.
Os dois policiais se olham e começam a ampliar a linha de
segurança, Keka sente o ser lhe encostar as costas e vira-se para ele.
— Problema mudinho?
Outros 4 chegavam a ela.
— Morava ai? – Uma voz bem mecânica.
— Explode minha casa e não sabe quem mora ai?
Os outros chegam rápido ao local enquanto os policiais
afastavam os outros, Keka passa pelo poste andando no sentido do
373
ser, que parecia a atrair a uma arapuca, quando ela passa pelo
poste, ela força Marcio para a sombra do mesmo, e se ouve a
explosão vinda da casa, os seres olham assustados, suas roupas
queimam, todos se jogando no chão e quando vão se erguendo,
todos a rua olham aqueles seres mecânicos, agora com rostos
derretidos, uma mascara de algum material que parecia bem
humano, olhando para a menina, Marcio não entendeu, viu a
explosão, sentiu o calor passar pelo lado, recolheu o braço, e viu os
seres derretendo.
O ser olha para Keka, ela não se queimara, e pergunta.
— Porque não morreu?
Keka não responde, mas ouve os 5 policiais a rua apontando
para os seres e falando.
— Encostados a parede.
Os policiais pareciam mais assustados do que o normal, e
quando um tenta andar, eles atiram no ser, que parece ter algo
perfurado ao baço, e aquele liquido prateado escorre e o ser parece
se desligar.
Os demais se assustam, mas não queriam ser pegos, um
abraça o que tinha sido danificado e corre no sentido da rua do
fundo, os demais acompanharam, os policiais olharam que não
teriam como atirar contra os curiosos, e olham para Keka.
— Está bem menina, não se queimou?
— Não, acho que o estar entre o poste e a explosão me
protegeu, mas meu amigo parece ter queimado o braço.
Somente nesta hora Marcio olha o braço esquerdo e parece
que o ver aquilo veio com a dor.
Os policiais olham para os bombeiros, pedem mais reforço e
começam a fechar a rua, Marcio foi para casa, a mãe dele o
conduziu ao posto de saúde, e Keka chega ao carro.
— O que era aquilo? – Sergio.
— Sergio, o que relatou hoje que fez todos lhe ouvirem e que
colocou um grupo de coisas estranhas na nossa cola. – Keka.
— Uns objetos, vindos da direção do sol, uns vinte.
— Relatou quem?
— Uma base da NASA, na Califórnia, pois quem havia pedido
a informação não estava atendendo. – Sergio olha para Keka – está
achando que eles atacaram lá como aqui?
374
Keka não falou nada, entrou no carro e fala.
— Vamos sair daqui Sergio, depois vemos o que sobrou.
— Para onde?
— Algum parque.
— Mas se nos pegarem.
— Eles não pareciam interessados em pegar os demais, sinal
que eles estão ainda retendo informação.

Em uma base no Novo México, um grupo de Cientologia se


reúne e o líder religioso deles fala.
— Chegou a hora da grande batalha, hora dos seguidores
virem ao templo e nos protegermos.
— Qual o grande desafio grande líder.
— Pela primeira vez na historia, almas reencarnadas em
outros planetas, os thetans, estão chegando a este planeta, eles
vem promover a conscientização dos não conscientes, hora dos
adeptos se reunirem, orarem, sentirem suas regressões passadas,
para que saibamos como nos portar diante dos thetans que estão
chegando.
Os demais entenderam a urgência, era algo a nível revelação,
se se algo superior vinha a eles, teriam de se reunir.
O contato com outros membros, e nas sedes criadas para
proteção e resguardo ao redor do mundo, os praticantes começam
a se reunir e se isolar, no Novo México, tinham um buraco escavado
de mais de 20 mil metros quadrados, entre tuneis e salas de oração,
alimentação, moradia e convivência.

No Pentágono uma reunião se faz, e o secretario de Defesa


olha os demais e fala.
— Temos algo acontecendo, ou o que está acontecendo?
— Temos telescópios do mundo inteiro danificados, não
conseguimos olhar uma estrela, alguém cronometrou o ataque, e
nos tirou até o Hubble, invertendo ele para a Terra.
— Quem?
— Estamos monitorando alguns grupos, mas o único que
relatou os fatos que nos chegaram, teve seu telescópio também
danificado, ninguém olhou para ele, mas não sabemos nem se ele

375
está vivo, e algo muito estranho foi filmado na porta da casa deste
senhor.
— Estranho? – O secretario.
O senhor coloca a imagem do incêndio, da explosão e depois
de todos voltados para aqueles seres de aparência estranha, pois
pareciam ser feitos de ferro oxidado, pela cor, e mostra a conversa
e depois os seres saindo correndo.
— Isto estava onde?
— Brasil, as informações afirmam que foram eles que
colocaram fogo na casa do cientista, podem ter feito no Telescópio
também.
— E o que é estas coisas?
— Isto que temos de descobrir senhor, mas se algo vem, algo
já está aqui, e está dando cobertura, temos de tentar identificar ele
para nos posicionar.
O secretario olha os demais, não sabia o que fazer, não era
um inimigo com endereço fixo, e fala.
— Deixa escapar na mídia, se algo assim aparecer em outro
lugar, a internet vai ser a forma mais fácil de nos informarmos.
Os demais começam a passar as medidas de segurança e
todas as bases entram em alerta máximo.

Agora sem ninguém olhando as naves acelerando usando o


empuxo gravitacional do sol em nossa direção, parecem preparar as
aberturas laterais para desviar a rota atual e entrar em uma
parábola inicial longa a volta do nosso planeta, ninguém das naves
ainda surge, as vezes, parecendo que estavam vazias, ou já estavam
sobre o planeta.

Keka olha para o espaço e fala.


— Pode parecer maluquice mãe, mas eles já estão no planeta,
e não sei o que querem.
— Eles? – Sergio.
— Sabe que não demonstro nada normalmente Sergio.
— Certo, mas o que era aquilo.
— Maquinas de guerra projetadas para se parecer com a
gente, prováveis olhos de algo para aprender ou para nos sabotar.
— Eles queimaram nossa casa.
376
Keka olha em volta, Sergio para o carro em um parque, e ela
caminha até a beira do lado, estava escurecendo, ela senta-se e
olha para o lago.
Ela não parece fazer nada, a mãe olha ela ao longe e
pergunta.
— O que ela está fazendo?
— Não sei Sergio, não sei.
Estavam os dois olhando para ela quando veem espectros de
luz a toda volta, seres translúcidos em uma luz tênue mas bem
branca, se aproximando dela.
Maria olha assustada, pois tinha a impressão daquilo entrar
em Keka, que começa a lembrar de coisas do passado, aquelas
partes de sua historia que ela sempre deixara longe dela, começa
por historias tristes e termina pelas ultimas, quando seu thetan já se
encontrava mais equilibrado.
Ela olha para as mãos, aproxima de seu peito e sente aqueles
sentimentos alegres e tristes, algumas lagrimas ao rosto, alguma
dor ao rosto, alguma alegria ao rosto, difícil naquele momento de
estabelecer o que ela sentia, mas o que pareceu minutos para quem
olhava, para Keka, pareceu horas.
Ela enxuga as lagrimas e se levanta, olha para Sergio e fala.
— Liga para quem comunicou e diz que sobreviveu.
— Mas...
— Sei que tem todos os dados no seu computador Sergio, é o
que eles querem.
— Acha que eles nos deixam ir se entregar isto.
Keka sacode negativamente a cabeça, Sergio pensou que ela
estava respondendo sua pergunta negativamente, mas ela estava
decepcionada com a pergunta.
Ela entra no carro, Maria assume o volante e Sergio pega o
celular.
— Vamos circular mãe, melhor que parados.
Sergio liga para o numero, demorou para alguém entender
algo, ele teve de falar com seu péssimo inglês que não entendia
inglês, mas que tinha os dados da aproximação, tinha sobrevivido,
mas não sabia até quando.
Keka olha em volta e começa a relembrar as memorias de seu
Thetan, estanhava ele se dividir em mais de um após a morte, nunca
377
pensou que a alma poderia ser uma, mas as memorias, serem
separadas e designadas cada qual ficando em seu tempo, o atrair
todas ao mesmo lugar, era algo que Keka evitava, era doido ter
todas as memorias, de varias vidas vividas.

Um ser com capa, escondendo seu rosto, do outro lado do


lago olha para a menina, ele olha os demais que se aproximam e
fala em um dialeto estranho aos ouvidos humanos.
— Ela domina os Thetan passados, quem é a menina?
Os seres se olham e um fala.
— Ao veiculo está nosso alvo.
— Quem é nosso alvo, pois os que dominam os Thetan foram
os que nos chamaram.
Um danificado chega ao fundo e pensa na imagem da
menina, e o ser olha para ele.
— Ela domina o calor, como?
O ser ao fundo apenas olha para ele sem respostas, eles
basicamente mantiveram a parte mecânica interna, enquanto a
menina se manteve inteira.
— O que este minúsculo ser desenvolveu?
Uma transmissão da imagem da menina e referente ao alvo é
lançada ao espaço, codificada, não foi entendida em nada, mas pela
primeira vez se registrava na Califórnia que alguém no Brasil
transmitiu para fora.
O informar que tinha alguém no Brasil que eles estava vivo, e
a informação de que transmitiram para fora, fez um comunicado
entre governos.
Sergio estava olhando em volta, olhava Maria ao volante
quando o telefone tocou, alguém se identificando como
Aeronáutica falou para eles se dirigirem a base aérea.
O dirigir para lá, fez Keka observar que dois veículos os
seguiam, e fala.
— Os seres nos acharam de volta, não sei o que são Sergio,
mas toma cuidado e chega lá com segurança.
Os seres olham para onde estavam indo e parece que uma
leva de seres surge a volta, o que era um carro, virou mais de 30
carros, Sergio pega o telefone e devolve a ligação.

378
Sergio explica que estava sendo seguido, e que agora tinha
mais de 30 carros quase nele, iria chegar a base com eles bem
perto.
Um alerta ao comando da Aeronáutica faz alguns soldados se
posicionarem a entrada, ficou bem visível quando Maria despontou
na avenida os 30 carros o seguindo.
O rapaz a entrada faz sinal para ele entrar, outro abre o
caminho para a pista e aponta um avião bem a ponta.
Maria não pensou muito, pois viu os seres saindo dos carros
ainda em movimento e vindo no sentido da base, para ao lado do
avião, o comandante olha que estavam invadindo, não entendia
aquela luz, Sergio olha para Keka que fala.
— Entra e vai Sergio, leva o que eles precisam.
— Mas filha.
— Mae, vai agora.
O soldado não entendeu, mas Keka sai do carro e se vira para
os seres, o que parecia uma criança, parece se tornar mais de 40
seres brilhosos, os seres que entravam, começam a recuar, Keka
olha para o avião decolar e olha para os seres recuando e chega a
entrada, o comandante olha para a menina e vê todos os seres
entrarem nela e pergunta.
— O que é você.
— Adoro jogo de luzes, mas o que eram estes seres.
Um estava a entrada, atingido, e o exercito olha que era uma
maquina, o alerta de segurança foi dado.

Keka não sabia dirigir, mas sabia alguns truques de


ilusionismo, ela olha para um grupo de contêineres transformados
em restaurantes na rua lateral, pega algumas folhas ao chão e faz
bolas de papel, pega uma latinha, põem a sua frente e começa a
fazer truques em meio aquele corredor, por exatos 14 minutos ela
conseguiu algum dinheiro, depois o segurança a afastou.
Ela pega as poucas notas e pega um ônibus para o centro, de
onde saberia se virar.
Ela caminhava a rua e os seres estavam bem ao longe, eles
não pareciam dispostos a lhe enfrentar, mas obvio, ela queria saber
quem eram, porque estavam ali.

379
Ela chega ao centro e entra em um shopping e olha a hora,
faltava pouco para fechar, mas olha aquele ser sentar-se a mesa.
O ser a olha e pergunta.
— Como um ser em carne, que come estas coisas ai,
consegue controlar seus Thetan?
A língua foi estranha, mas Keka entendeu.
— Não sei de onde veem para que valha a explicação.
— Fala nossa língua e não sabe de onde venho.
— Ter uma memoria, de algo vivido dentro de um planeta,
não é saber onde ele fica.
— O chamamos de Lar.
— E porque estão matando dos nossos?
— A chegada sempre tem de ser em surpresa.
— E precisava os matar?
— Morte é apenas uma passagem de Thetan.
— És 100% maquina? Pois não parece saber a dor de carregar
uma morte frustrante em seu Thetan.
— Sou, entendo por este lado sua indagação, mas a dor os faz
evoluir.
— Não concordo com esta parte da Cientologia.
— Porque não?
— Porque todos que conheci, eram farsantes, dizem existir
reais seguidores, mas no meu país, apenas farsantes, gente que não
domina duas experiências de Thetan, e se diz mestre em
Cientologia.
— E não quer ficar só em um planeta pelo jeito.
— Tudo que para sentir o Thetan dentro de nós, precisa nos
matar, é igual aos Mestres em Cientologia local.
— Mas como sentiriam sem os matar.
Keka toca a mão do ser que estava sobre a mesa, ele
estranha, mas sente algo estranho e ouve.
— Parte do ferro que lhe estrutura a existência, foi parte de
um ser, parte do cálcio que o estrutura, foi parte de um ser, parte
do carboidrato plástico que compõem sua pele, foi parte de um ser,
dos que sinto em você, apenas dois tinham razão, mas não quer
dizer, que parte dela, não ficou em você.
O ser afasta as mãos e as vê brilhar, estranha e fala.
— Que truque é este?
380
— Quando estiver disposto a ouvir o que está dentro de você,
terá um nome, não uma serie, mas por isto, nunca se aproxima
autômatos ou seres de controle do planeta Terra, pois aqui, sente-
se os Thetan, e somente as existências neste planeta, parecem
sentir o Thetan de outra existência.
O ser olha em volta e se levanta, ele sai olhando a mão, Keka
se levanta e vai ao ônibus e volta para o bairro.
Estava cansada quando bate a porta de uma de suas tias.
— Keka, o que faz aqui?
— A mãe e o padrasto tiveram de viajar, e me deixaram no
terminal, tem um cantinho para mim tia?
Mirian achou um lugar no quarto da prima e Keka se
acomodou.

Era perto das 5 horas da manha do dia seguinte quando


Sergio e Maria desembarcam na Califórnia, sem passar por nada de
controle, diretos para dentro da base.
Sergio cumprimenta todos e pega o computador e passa os
dados para o rapaz que fala.
— Vamos verificar, devem estar cansados, vamos conseguir
um alojamento e descansem.
Os dois foram descansar enquanto o rapaz chega ao comando
e olha para o diretor.
— O que tem ai?
— Temos 32 minutos de avanço, a velocidade deles estava
muito alta, eles usaram o sol para acelerar para cá.
— Algo consistente?
— Não sei, quando eles tiraram o casal do Brasil, uma das
maquinas foi danificada, conseguimos a liberar, deve chegar daqui a
pouco, vamos ver o que está chegando ai senhor.
O grupo começa a estudar os dados e repassar para o
Pentágono, que subdivide esforços mundiais para tentar entender o
problema.

O ser estava sentado a beira de um lago, olhando as mãos e


um outro ser chega ao lado.
— Relate X43i.
— Confuso.
381
— Sistemas não são confusos, são exatos, executam ordens,
estabelecem prioridades.
— Mas se com um toque, um ser deste planeta tivesse aberto
um caminho que meus sistemas nunca falaram, se procurar as
palavras, diriam impossíveis.
— Não entendi.
—, se com um toque, você sentisse a historia de um ser que
está dentro de você.
— Você é uma maquina, não existe ser dentro de você.
— Isto é o que o manual e regras fala, mas meu ferro, foi
parte de um ser de um Planeta que se denominou Blue, este ser
viveu 68 ciclos locais, ele tinha escamas, tinha família, vivia entre o
mar e o ar suficientemente denso para que sua respiração fosse
branquial em qualquer ambiente.
— Está delirando, eles vão lhe desmanchar X43i.
— Não duvido que eles vão me desmanchar, mas até a
menina me tocar achava que era o certo, agora estou na duvida.
— Como um mínimo ser pode lhe alterar deste jeito, ela lhe
reprogramou.
— Se o fez, não senti a reprogramação, apenas a sensação, de
que um dia, algo viveu e morreu, e lhe digo, morrer tem uma
sensação de paz, que não sei descrever.
— Como morte pode ter paz.
— Estou tentando entender ainda, sei que já devem ter
repassado as informações e dados, para o dia, mas estava
pensando, e sei que não somos programados para isto, mas algo
mudou nos meus circuitos.
— Percebeu esta tentativa?
— Não, senti a tentativa, não a percebi, teria evitado o toque
se percebesse, mas quem dos de Lar, tem este toque X42e, porque
não nos alertaram que existem seres mais evoluídos que eles,
podemos ter matado seres, que chegariam a isto, e nem pensamos,
apenas executamos.
— Eu dou um jeito nesta ameaça X43i, sua ordem é avançar
para um aglomerado politico ao norte.
O ser sai do local onde estava sentado, olha em volta, toca
algo que parecia estar ali, invisível aos olhos, abre uma comporta
que ficou visível apenas enquanto o ser entrou, o ao chão, por
382
medir o local por calor e não por luz visível, vê aquele veiculo aéreo
sair do chão e rumar ao norte.

Keka estava acordando quando sente tudo hostil a sua volta,


ela sente as suas experiências vivas em carne, olha para a prima e
fala.
— Eles ainda não sabem exatamente onde estou, mas se
prepara para sair se for o caso.
— Eles?
— Os seres que perseguiam Sergio, parece que estão a minha
procura a volta.
Keka se veste e sai a rua, sua tia ia falar algo, mas viu aqueles
seres todos vestidos igualmente a rua, pareciam olhar os restos da
casa e esperar que algo acontecesse, Keka olha eles irem no sentido
da casa de Marcio, ele estava ao portão, ele esteva ao seu lado,
sorri da ideia deles darem fim em Marcio.
Ela anda calmamente e quando um ser chega a frente de
Marcio que demostra susto, pergunta.
— Onde está o ser que lhe acompanhava ontem.
Marcio olha para os seres e olha Keka ao fundo e fala.
— Não sei se é cego, pois se eu a vejo, você a deveria ver.
O ser olha em volta e todos se voltam a menina, a rua inteira,
naquele sábado olham aqueles seres estranhos olhando Keka.
— Você reprogramou um dos nossos, isto é quebra de regra,
temos de a eliminar.
Keka sorri e olha para o ser.
— O problema, é que se toda vez que você pensar, quem o
faz é alguém no comando, realmente, não levarei sua morte como
peso. – Keka olhando o ser.
— Acha que me põem medo.
Keka sem contar eles a volta fala.
— 22 seres para pegar uma menina, desarmada e indefesa, e
pergunta se eu tenho medo, logico que não, assim como você, mas
quem o programa, sim, este está preocupado e monitorando
pessoalmente esta operação.
— Como sabe que ele nos monitora.
— Ele os comanda, mas a pergunta que faço a ele, está
preparado para ser julgado como julga, está preparado para sentir
383
todas as vivencias de seu Thetan, pois podem tentar nos destruir,
podem tentar nos testar, mas antes, tem de saber, se estão prontos
para isto.
O ser a frente recebe ordens para atacar Keka, eles a foram
cercando e Keka olha para Marcio ao portão.
— Melhor não ver o que não poderá contar depois.
Keka sorriu, Marcio recuou, os seres estranharam, e como
estavam todos sobre ordem de avançar, começam a avançar, da
menina saiu apenas 22 espectros de vivencia, que atravessaram os
seres, que param, o ser a sua frente olha para as próprias mãos e
sente a ordem, mas pela primeira vez, sente a independência de
atos, os demais se olham e X42e pergunta, vendo os espectros de
vivencia voltando a menina.
— O que fez?
— Nada, mas é para o ser que lhe ordena minha morte, que
preciso falar, se ele não está preparado para entender, que a rocha
que ele chama de Lar58 pode ser transformada em ser vivente,
pensante, então não se desafia quem pode o fazer.
Keka brilha e os seres tiveram de acionar seus sentidos de
calor, para ver para onde ela havia ido, mas não veem, ela sai pela
rua, caminhando calmamente, eles a viram no fim da rua, pois
Marcio correu até ela.
— Vai onde Keka?
— Entender o problema, o que mais.
— Mas vai para onde?
— Não vou, mas eles virão a mim.
Os seres recebem ordens de atacar novamente e o ser ao
comando transmite que não conseguia executar ordem de
destruição contra aquele ser, indagado por sistema porque, ele
apenas passa a mensagem.
“Regra de Comportamento 1: Nunca atacar ou ferir um ser de
Thetan avançado.”
O ser na nave gira a cadeira que estava e olha para um
segundo que pergunta.
— O que ele quer dizer com isto.
O ser de Lar, que tinha uma cabeça alongada, mãos com 6
dedos, que tinha um tronco dom subdivisões, tinha uma pele
cinzenta, olha o seu superior e põem a imagem, o senhor olha a
384
ordem, todos avançam, e da menina, saem 22 espectros de Thetan,
e os seres param.
— Mas quem é este ser feminino?
O subalterno coloca a conversa que gravaram de X43i, e o
comandante chega perto e fala.
— Está dizendo que um ser de nada deste planetinha sente os
Thetan, isto é impossível.
— Sim, segundo nossas ordens, impossível, mas quando ela
dispôs não de força, mas de suas existências para enfrentar os
“Drot”1 eles entenderam ela como um ser evoluído.
— E a contra ordem?
— Eles não obedecem senhor, estou captando alguns deles
conversando sozinhos, como se falassem e respondessem, não sei o
que aquele ser fez, mas ele conseguiu parar um conjunto de ataque
perfeito.
— Manda o primeiro esquadrão para a cidade da menina, não
vamos admitir que surja longe de Lar, alguém se dizendo
especialista em Thetan, vou conversar com os lideres.
A primeira nave de seres de Lar, começa a ser preparada, e os
Laridios, como se definiam, um grupo de 50 deles, começam a se
apresentar a nave, e sabem que irão a um confronto.
Outras 12 naves de Drot foram acionadas para os
acompanhar, cada qual com 220 seres.

Keka olha para Marcio e pergunta.


— Porque sempre me seguindo?
— Não sei o que você é, mas aqueles seres, deixou todos
assustados, não sei o que fez, eles lhe cercavam num segundo,
deram dois passos atrás no seguinte e começam a olhar as mãos.
— Sabe que aqueles seres são uma espécie de Androides,
mas a pergunta que me faço, o que eles vieram fazer aqui.
— Androides, fala serio.
— Você os viu, não se faça de inocente Marcio.
— Sei que me queimei ontem.

1
Ser robótico, com estrutura física e orgânica, sendo as duas
independentes, uma gera a estrutura e outra a maleabilidade de se
passar por qualquer ser.
385
— Sei, quem manda se mexer, tinha de ficar na sombra do
poste, mas tem de andar sacudindo os ombros. – Keka olhando o
rapaz, e começando a andar no sentido da avenida, ela iria a uma
praça mais a frente.
— E o quem parece querer atrair.
— Os primeiros serão soldados, não quero eles mal, mas
depende do que fizerem, não tenho como enfrentar todos ao
mesmo tempo, mas preciso saber o que eles querem.
— E não vai me explicar.
— Vamos a praça a frente e quero pensar, se ficar em casa,
eles vão querer por fogo na casa da tia, melhor não.
— Certo, e seus pais?
— Califórnia neste momento, dormindo depois de uma
viagem de noite inteira.
— E como sabe?
— Marcio, o que quer saber?
— Como você faz isto.
— Isto oque?
— Você brilha, você enfrenta seres, eu me queimei na sombra
do poste, muitos se queimaram ao longe, e você, nem um
chamuscado.
Keka olha serio para o rapaz e fala.
— A verdade, não sei, tento descobrir a muito tempo, e muito
tempo, para mim tem dois sentidos, o desta vida, e o de todas as
que vivi, mas que somente quando se está preparada, devemos
puxar para nós, não tive alternativa, puxei elas para mim, sei agora
que este corpo, não me permitira entender o todo, fisicamente não
tenho como processar todas as vidas que vivi, e não sei se quero o
fazer.
— Está dizendo que aquelas luzes que lhe cercam são vidas
passadas?
— Sim, mas o problema é que almas se locomovem a
velocidade da luz, e as vezes, se perdem no espaço, e como não
congelam, elas avançam no espaço, as vezes sendo puxados para
uma nova existência, em outro sistema solar, a 4, 6, 12 anos luz de
onde foi gerada a sua alma inicial.
— Você é maluca?

386
— Não, mas se um destes seres, não estes que se parecem
com nós, os com cabeça mais longa, ficar a sua frente, apenas
lembre de perguntar. “O que quer Laridio?”.
— La.. o que?
— Laridio, mas... – Keka senta-se em uma destas mesas de
dama, Marcio senta-se a frente, ela estica a mão e ele as pega e
ouve – ...tenta não ficar maluco antes da hora.
Marcio começa a ouvir vozes em sua mente e olha em volta,
como se tivessem outros seres a volta.
— O que são estas vozes.
— Isto se chama de Thetan, são experiências suas, em outras
vidas, os mais nervosos, e impacientes, são as almas mais novas, e
os mais calmos, as mais antigas.
Marcio olha as mãos, teve a impressão de não ser suas mãos,
olha para Keka assustado.
— Porque disto?
— Marcio, se tiver de olhar para onde você está e lhe
defender, os dois morrem.
— Certo, mas o que é isto?
— Quando sente-se os Thetan, cada um se manifesta como
um ser, toda experiência, pode ser materializada, e a partir disto,
você não é um soldado em campo, como humana, sei que estou a
mais de 22 mil anos neste planeta, só de humanos, são mais de 400
vivencias, mas obvio que se usar todas elas, eu enlouqueço.
— Por isto sabe tanto de historia.
— Por isto divirjo tanto da historia do professor, pois saber
que não foi como está nos livros, gera algo bem complicado.
— Mas como saber se sou eu pensando.
— Verá com calma, que todos eles são você, apenas os
diferenciara, verá que alguns, eram curiosos, outros, acomodados,
digo que das mais de 400 vivencias na Terra, umas 40 se aproveita,
quando se fala nas mais de 4 mil vivencias, não se chega as 300
vivencias proveitosas.
— E me quer maluco como você, é isto?
Keka sorriu, o rapaz ficou pensando em uma represália, mas
viu da menina sair muitas luzes e estas começarem a se afastar e
fala.
— Mantem a calma por enquanto.
387
— Por enquanto?
— Se concentra em uma existência sua no passado, um
corredor italiano, e aprende a como respirar, se precisar correr, pelo
menos é útil.
— Se achando engraçada?
Se ouve os estouros ao ar, em uma hora estavam em um dia
nublado, no outro, com aqueles triângulos ao ar vindos do espaço.
Marcio olha assustado e olha para Keka olhar para o céu e ir
para o campo ao lado, ela olhou para ele pedindo que esperasse e
fica ali a olhar, todos olhavam para cima, se antes era teórica a
chegada, agora ficava visível, alguns começam a filmar no prédio ao
fundo, alguns ao vivo começam a transmitir em suas redes sociais, e
Keka caminha calmamente ao campo de futebol, olha em volta,
sente as mais de 300 vivencias que saíram dela, não sabia se
precisava de tanto, mas algo, dizia que neste momento, ela estava
em desvantagem.
Uma nave menor desce a frente, os Drot descem duas naves a
mais ao lado, pequenas, não mais de 100 metros quadrados cada,
estes começam a sair e se posicionar, a frente e Keka olha aqueles
soldados armados surgirem na porta, e olharem em volta, talvez o
primeiro impacto, de um mundo vivo.
Os pássaros ao fundo parecem sobrevoar assustados.
Os cães a toda volta começam a latir.
Marcio olhava aquilo, não era mais dois, eram mais de 100
seres estranhos, que sabia o que eram, e aqueles seres de cabeça
maior, saindo daquela nave, ao fundo, dois carros da policia ficam a
olhar sem saber o que fazer, mas os Drot se posicionam para que
nada atinja os seres a frente.
Marcio olha um sair a frente e olhar para Keka.
— Você é nossa ameaça. – O ser fala em sua língua própria,
era uma forma de nada ser respondido, tentando se fazer de
superior.
— Não, quem tem medo de um macaquinho como eu?
Os demais se olham, a palavra macaquinho não tinha sentido
na língua deles, e o ser fala.
— Mandaram lhe destruir, e o faremos?
— Esperando oque então Laridio?

388
O ser olha em volta, muitas testemunhas, não teriam como
segurar aquilo a partir deste ponto, lembra do tamanho da cidade
quando baixava, a toda volta.
O ser olha os demais e dá a ordem aos Drot.
— Ordem para os Drot, tem medo de me destruir Laridio? –
Keka olhando ele serio.
— Não matamos seres inferiores.
Keka olha em volta e puxa os braços, de vários pontos a volta
surgem espectros de seus Thetan e atravessam os Drot, a toda volta
e olha para o rapaz.
— Nunca foi função dele nos julgar e destruir, que lembre,
isto faz tempo, umas 2 mil existências, uma Laridia de nome Cant,
eu, fui condenada a morte por um Líder, pois não executei a ordem
de destruição, sinal que as regras mudaram, mas como eu, Cant,
posso saber aqui neste mundo, a mais de 400 existências, qual a
atual regra em Lar?
O rapaz olha Keka, que não entende o rosto de assustado do
rapaz, mas ele deu um passo atrás, os Drot, olhavam suas mãos,
perdidos em pensamentos que não teriam como registrar, o ser a
frente de Keka passa uma confirmação de ordem, ele teria de o
fazer, e todos a volta esperavam a ordem.
O ser olha para os Drot, não olhavam para nada, estavam
perdidos em seus pensamentos próprios e fala.
— Mas porque da ordem senhor?
O comandante bem distante dali olha para o subcomandante
e fala alto.
— Ele tem de a destruir.
— Ela diz ser Cant, e se for senhor? – O subcomandante.
— É uma ordem dos Lideres.
— Tem certeza senhor. – O subcomandante repassando a
ordem.
— Passa a ordem, eles tem de executar.
— Foi passada senhor, a nossa conversa é sem eles ouvirem.
— Para mim Cant é lenda.
O senhor via pelas câmeras das naves a volta a menina, os
soldados ligaram suas armas de luz e dispararam, era a ordem,
Marcio olha para Keka ser atingida, e as luzes a volta, tentarem
chegar a menina, e atravessarem os seres, que começam a olhar
389
perdidos, e o comandante olha as mais de 4000 vivencias ficarem de
pé, olharem em volta, o corpo estava ao chão, e olharem para os
seres, olharem para as câmeras e um som ensurdecedor do abri da
boca do primeiro ser a frente, seguido dos demais, foi estourando
vidros, os cães que latiam se recolhem, pombos caem mortos ao
fundo, as naves começam a vibrar e se desmancham em pó, as
imagens sessam-se e o comandante olha para o sub comando e fala.
— Isto não sai do comando.
O rapaz olha o comandante e não responde.
Os seres veem seus equipamentos de proteção, que usavam
apenas para chegar aos planetas, se desfazer e o pequeno espectro
de Keka olhar para o corpo, se deitar e sentir seus músculos, Marcio
corre a ela e a vê abrir os olhos, ela olha em volta, muitos olhando,
mas levanta-se lentamente, as vivencias parecem entrar nela e olha
para todos a frente e fala.
— Quando se tem lideres fracos, pelo jeito continuam com
lideres fracos, nunca serão nem um humano, imagina um ser
evoluído, um Laridiano2.
Keka olha para Marcio e fala.
— Vamos, já chamamos muita atenção.
Marcio olha os policias a toda volta se posicionando, eles
chamavam reforço, as imagens pela internet eram de um ser
estranho sendo preso no Brasil.

Na Base em da NASA, John Stander olha o tradutor e


pergunta.
— O que temos?
— Não sei quem é este senhor, mas ele e a esposa pegam o
avião, a filha, que deveria ser quem deveria ser protegida, dá
cobertura a saída deles de lá.
— Cobertura?
— O primeiro autômato que temos, foi num enfrentamento
lá senhor, agora temos vários perdidos em uma praça, sem
responder a nada, eles olham as mãos, e 50 seres estranhos, que
conversam por estalos bocais.
— Seres? - John Stander.

2
Laridiano – Evolução dos Laridia, pela evolução da alma.
390
Ele coloca a imagem do Brasil, em todas as redes sociais e o
senhor olha a imagem da menina na primeira e no centro da praça e
pergunta.
— Quem é a menina, eles foram lá para a matar.
— É o que parece, mas as imagens são difíceis de definir, tem
gente colocando muitas teorias de conspiração na rede.
— Ela fala a língua deles?
— Parece, eles atiram nela, ela cai, milhares de seres de luz
aparecem na imagem, nesta hora a maioria das imagens próximas
param, parece que tudo deu defeito quando os seres de luz
começam a falar, e as imagens são apenas de 3 apartamentos ao
fundo, dai a menina não está mais lá, os policiais detêm os seres, os
autômatos parecem perdidos em comando, estão dispostos na
praça, as pessoas olhando eles, mas sem interação.
Sergio entra na sala e John Stander olha ele e pergunta.
— Bem vindo, poderia me responder apenas uma coisa que
nos intriga senhor.
— Pergunte.
— O que é sua filha.
— Minha enteada, quer dizer.
— Pode ser, mas o que ela é, pois ela lhe deu cobertura
contra seres que fizeram estragos por aqui.
— Ela é uma destas que aderiu aquela vertente religiosa que
se denomina de Cientologia.
John Stander continua a olhar para Sergio, queria algo
concreto, Sergio entende que a palavra não fez sentido.
— Ela é diferente, mas é difícil de entender, quando ela
manda correr, não conseguimos não correr senhor, mas ela acredita
que teve vidas anteriores, ela chama por um nome, nunca decorei,
mas que estas experiências, lhe davam uma condição especial,
sempre recomendamos a ela não se mostrar muito. Sabe se ela está
bem?
— Ela enfrentou mais de 50 seres esta manha no Brasil, não
sabemos o que aconteceu ao certo, mas temos a imagem dela
sendo acertada, e depois ela saindo ao fundo, ao lado de um
menino, mas não temos ainda informação concreta do que está
acontecendo lá.

391
O tenente Carter entra e passa o relatório para Stander que
fala.
— Não sei o que ela fez, mas surgiram grupos em todos os
pontos do planeta, se deixando visíveis e começam a retornar a sua
cidade, ela parece ter os provocado, mas isto nos dá tempo de
tentar uma reação.
— Mas o que é estes seres?
— Não sabemos, mas uma das esferas vem a frente e as
demais estão se posicionando em orbitas mais longas ao redor do
planeta, para não ficarem visíveis, estamos usando seus dados e
passando a todos, muitos duvidavam de estarmos sobre ataque até
as imagens da aproximação deles em Curitiba.
— Acha que ela corre risco lá?
— Não sabemos ainda o que são estes seres, mas estamos
mandando gente para lá, não sabemos ainda o que fazer.
O reunir de dados e passar a frente tomava o tempo de todos
em volta.

No Novo México, uma nave desce ao fundo, o ver dos


símbolos na forma de dois círculos, era o símbolo de encontro, de
transposição, de dois Drot se aproximam da entrada, um senhor
armado aponta para eles e fala.
— Parados, não avancem.
O estalar de fala dos Drot não são respondidos, X43i que
desce ao fundo fala naqueles estalos que os seguranças na porta
não entendiam.
— Não os matem, temos de saber se são evoluídos antes.
Os seres levantam as proteções, os seres a porta atiraram, e
são imobilizados, e o grupo de 20 Drot entram enquanto dois
olhavam a entrada.
O deter de todos internos, gente famosa, gente rica, gente
que ninguém conhecia mas tinha mais dinheiro que alguns famosos.
O Drot chega a frente do membro superior e fala.
— Os Laridia mandam saudações.
Os olhos de X43i viram que ninguém lhe entendia e olha para
o ser falar grosso, mas nada de palavras entendíveis, apenas ruídos,
olha os demais e fala.

392
— Pede confirmação da ordem. – O Drot a porta, que assim
que olha para X43i, aciona a arma de luz a atravessa os seres, X43i
olha uma criança ao canto, para ele eram apenas seres inferiores e
pela primeira vez viu um Thetan naquele lugar, esticar a mão e falar
algo que ele não entendeu.
X43i para e olha para os demais.
— Um escolhido, vamos aos demais lugares.
Os seres saem como entraram, a menina olha os pais, os
parentes, todos os demais mortos e se debruça sobre eles.
— Não iriamos os julgar? – X43f.
— Vamos verifica os que tem Thetan, não nos é parte os
julgar, e sim aos mestres, se eles ordenarem a morte, executamos,
mas viemos analisar a existência de Thetan, mas se este era o grupo
avançado, sabe o que encontraremos.
— Porque perdemos tempo com fracos.
— Conheci uma nada fraca X43f.
— Soube, está bem?
— Entendendo que poucos falarão nossa língua, a corda vocal
deles tem de ser treinada para falar conosco.
— A que encontrou falava nossa língua?
— Sim, mas ela dispunha das Thetans de existências
anteriores, não uma, duas, tinham muitas.
— Não contou?
— Não estava tentando contar, mas vi a mesma menina
dispor de mais de 40 thetans numa base aérea para proteger uma
decolagem.
— Mais de quanto? Isto é impossível.
— Para que então contar a quantia certa, se falarão que é
impossível.
X43f olha para o ao lado e fala.
— Mas os relatos dizem não existir isto.
— Acha que quando falei em nada fraca, estava falando de
que?
— Mas...
— 325 mundos e não vi nada como aquele ser.
Os demais olham para X43i, eles não estavam nisto há pouco
tempo, mas tinham suas missões.

393
O exercito chega a região e veem aquela menina saindo pela
porta, abraçada a seu ursinho, entram e veem todos mortos, o
comando passa a frente que a sede dos Cientologistas no Novo
México, estava destruída.

A informação de que os seres que os chamaram eram fracos,


que não valiam a viagem, estabelece uma reunião na Lar50.
Os seres chegam a região central de uma grande nave, a volta
se via todos os membros daquele Lar, e o Líder chega a frente e olha
para o comandante.
— Os relatos nos põem eles como inferiores, quero uma
posição comandante, fazemos uma colônia ou os deixamos e vamos
ao próximo ponto.
— Vamos a um outro ponto senhor.
— Porque não nos fixarmos. – O líder querendo que o
comandante lhe desse fatos, mas sem falar muito.
— Não sei baseado em que dados, chama eles de inferiores
Líder, pois temos mais de 50 dos nossos detidos no planeta, temos
mais de 2200 Drot se comportando ao planeta como se não
respondessem aos sistemas.
O líder olha o comandante com reprovação, mas ele colocara
os fatos e o senhor fez de conta que não ouvira, que não estava
acontecendo, eram os seres dos Lares que iriam a Terra e sofreriam,
eles iriam ao próximo, já vira isto acontecer, mas nunca antes de
chegar, perdera um Drot, agora parecia que eles não respondiam.
— Sabe de suas responsabilidades Comandante.
— Sei senhor Líder, lembra das suas, garantir uma terra
saudável e sem predadores aos Lardia.
— Acha que acredito no que falou?
— Mandou destruir antes de perguntar, perdemos os 50
Laridians que lá foram, e no lugar de ser claro referente aos perigos,
usa o termo Inferiores, mas Crast3 são inferiores, mas nenhum
daqui os enfrenta em campo sozinhos, ser inferior não quer dizer,
não ter riscos senhor.

3
Crast – Carnivoro de mais de 400 quilos que corria pelos vales
de caça em Lar.
394
— Nossa função é verificar as evoluções de Thetans e retomar
os mundos que não se desenvolveram.
— Desafiado a ir lá senhor, e retomar.
— Não é minha função bélica.
— Então me explique sua função Líder, nos manda a morte,
contra uma lenda, nega ela aos demais a volta, me proíbe de falar
em publico sobre isto, e quer por mais Laridians no planeta?
Todos olham o comandante, o Líder o mandara ocultar algo,
isto era inaceitável, mas o comandante olha o líder serio, ele teria
de desmentir, mas não seria uma boa ideia, mas a fúria crescia nele
e fala.
— Eu nunca o proibiria de falar algo comandante, não seja
estupido, o que poderia eu esconder.
— A existência de um ser, que se denomina portadora do
Thetan de Cant, ela sozinha, recebeu a energia de 50 armas de luz, e
continua viva, no planeta.
Todos se olham, o Líder olha em volta, e grita alto.
— Prendam este traidor.
Os soldados o prendem, mas todos souberam, de cara, o que
enfrentariam, o Líder se recolhe, não ficaria para discutir, já falara
demais, ele mandara destruir qualquer ser que se denominasse
Cant, mas o comandante mandara Laridians para o planeta e nada
de voltarem ou darem uma boa noticia.
O novo comandante chega a ponte e olha o subcomandante.
— Se vai me enfrentar melhor sair antes rapaz.
— Quer mesmo entrar nisto as cegas senhor Caront.
O senhor entendeu que era grave, o comandante não
enfrentava o Líder, era regra.
— O que teria de saber.
O segundo no comando coloca todas as imagens a tela, da
Terra, parte fácil, parte bem fácil, e de repente, aquele minúsculo
ser e tudo começa a desandar.
— Ela fala nossa língua?
— Sim, ela domina o Thetan dentro dela.
O senhor olha as imagens e fala.
— Impossível.

395
— Isto que o comandante narrou ao Líder, ele mandou 50 dos
nossos para lá com 2200 Drot de segurança. – O rapaz coloca a
imagem.
— Mas as imagens mostram ela sendo morta.
O rapaz coloca a imagem dos Drot, mesmo perdidos em
pensamentos internos, a menina se levantando, toda aquela luz vir
a ela, e ela sair dali.
— Quantos Thetans ela tem controle?
— A conta é difícil, pois alguns estão sobrepostos, mas
contamos mais de 2 mil deles.
— E o resto?
— Senhor, quando o comandante recomendou não ir ao
planeta, era pelo manter da ordem e poupar dos Laridians, estas
imagens estão retidas, pois acabaria com a crença dos locais.
— Ele queria que o Lider recuasse e ele não o fez, é o que
está falando.
— Senhor, como trazer Laridians para dentro do Lar, se eles
viram um ser mais poderoso que o maior Líder dos Thetans.
— E as missões?
— Os que lançaram o comunicado ao espaço a mais de 35
ciclos locais, são fracos, mas existem seres que dominam os Thetan
em algumas partes do planeta, mas o mais explicito é este ser da
imagem.
— O comandante estava pensando em que?
— Em evitar o que aconteceu ali, uma declaração que
estamos chegando, o mundo deles, dividido politicamente em
vários pedaços, está se unindo momentaneamente contra nós.
— Retêm todas as missões e amplia os olhos para lá, manda a
Lar58 ficar em atenção total.
— Sim.
— Pelo jeito o comandante Ganst confiava em você.
— Estamos em missão a mais de 325 mundos, e nunca ele se
deparou com um ser que altera a determinação de um Drot com as
mãos, um toque.
— Nosso exercito contra nós, seria algo a evitar.
— Sim, mas quando o Líder determinou que 50 iriam acabar
com a ameaça, ordenou 10 naves de acompanhamento de
segurança, todos estes, estão em terra, não sei a frequência que foi
396
usada, mas os Thetan mostraram que a frequência certa de som,
transforma nossas naves em pó.
O novo comandante vê que assumira em um momento ruim,
sonhar com um cargo de comando, é ignorar que os grandes
comandantes, ou se aposentam, ou são tirados do poder, em crises.

Ao planeta, os seres começam a se agrupar e voltar a região


da menina, os que estavam perdidos, foram detidos pelo exercito e
nem reagiram, os demais, começam a chegar a região e olham para
a montanha de pó que foram naves, olham para os dados e
começam a pensar em uma ação na base do exercito local, para
resgate dos Laridia, e dos Drot, não deixavam dados excessivos para
os demais, sempre na ordem de limpar a bagunça.

Keka chega a outra praça, Marcio senta-se ao seu lado e fala.


— Está bem mesmo?
— Aquilo dói.
— O que é aquilo?
— Arma de luz, lhe atravessa lhe queimando por dentro.
— Ai. – Marcio se encolhendo.
Keka sorriu e falou.
— Não entendi a reação, por segundos senti paz, mas os
Thetans não reagem a morte, eles acham ela natural, não entendi,
estou tentando falar com minhas experiências para entender o
acontecido.
— Porque acha que tem algo? – Marcio.
— Eu só lembro de uma vivencia neste mundo deles, Lar, mas
lá eu era um ser de nome Cant, e fui condenada a morte, mas
quando falei meu nome, o ser a minha frente deu um passo atrás,
não sei ainda o que represento naquele mundo, mas foi o que
representei lá, não aqui, que fez as demais existências reagirem.
Keka olha em volta e fala.
— Vamos a encrenca.
Marcio olha seres armados entrarem na praça e um olhar
para ela e falar em inglês.
— Keka Duarte?
— Sim.

397
— Estamos aqui para lhe dar proteção. – O rapaz em inglês,
Marcio não entendeu, mas viu os demais os cercando.
— O que ele falou? – Marcio.
— Que estão aqui para nos proteger.
— Tá ficando importante? – Marcio.
Keka olha ele como se reprovando e Marcio sorri.
Os rapazes se posicionam e um comandante vem a frente e o
soldado aponta a menina, a cara de descrença foi grande, Keka
sorriu e fala a Marcio em inglês, ele não entendeu.
— Vamos, proteção de quem nem entende o problema, é só
peso.
O comandante olha para a menina pegar o braço de Marcio e
começar a sair da praça, o senhor olha para o soldado e fala.
— Isto ai que temos de proteger?
O rapaz sorri, parecia realmente algo desmedido para quem
havia saído de uma base em meio ao Suriname, voado direto e
chego ali para dar proteção a uma menina em tudo.
Keka olha para Marcio e fala.
— O que entendeu das vozes a cabeça.
— Que não vou ficar maluco.
Keka olha para ele serio.
— Que eles sabem mais que eu em quase tudo, mas eles as
vezes falam todos ao mesmo tempo, as vezes, apenas um, as vezes
temo não dar importância porque não ouvi o ser certo, e sim o que
falou mais alto.
— Com o tempo, aprende a controlar o volume de cada um.
— Está falando serio.
— Tens só 15 vivencia Marcio, o que está reclamando?
— Certo, mas mesmo minhas vivencias anteriores perguntam
o que você é?
— Você não tem nenhuma vivencia fora deste planeta para
que eles entendam.
Marcio olha para o fim da rua e falou.
— Eles vão nos seguir?
— Sim, mas eles querem vencer uma guerra, que não existe
ganhos.

398
X42e olha o descer da nave de X43i, o mesmo olha os a terra
e fala.
— Problemas X42e?
O ser olha os demais e fala.
— Como posso ouvir uma alma, ou o parcial de um Thetan,
ele não sabe muito, mas como?
O ser descendo da nave olha em volta e fala.
— Cuidado para não serem detidos, os seres estão nos
acompanhando via satélite, eu não sei o que farão, mas com
certeza, vão tentar algo, eles são primitivos por um lado, evoluídos
por outro, um mundo muito vivo. – X43i.
Os demais se afastam e X43i fala.
— São seres fracos, primitivos, mas que tem um poder em
ascensão, aquele ser minúsculo, é o ser mais poderoso deles, mas
não sei o que aconteceu.
— Uma leva de 50 Laridians foi mandado ao planeta com
2200 Drot, e a menina foi atravessada por 50 armas de luz, caiu, as
suas vivencias reduziram as naves a pó, as roupas de proteção dos
Laridians em pó, ela se levantou, pegou suas vivencias novamente e
saiu do local.
— Acha que ela pode ser oque? – X43i.
— Ela se denominou de uma Laridia que está a mais de 400
vivencias neste local, de nome Cant.
X43i olha em volta e fala.
— Eles sabem disto?
— Sim, eles querem destruir uma lenda.
— Todas as vezes que se tentou destruir uma lenda, ela se
refez e nasceu mais forte, a morte de Cant, derrubou lideres da
época, estabeleceu que nós deveríamos executar e não os Laridia,
estabeleceu toda uma nova regra de vivencia em Lar.
X42e recebe as ordens novas e olha para X43i e fala.
— Estão mandando nos afastar.
— Não entendi.
— Todo ser que teve contato com a menina, está sendo
considerado um Drot não mais bem vindo.
X43i entra na nave e olha para os demais, eles não tiveram
este contato, então ele decola e sai ao norte.
— Ele vai onde? – X25u.
399
— Não sei, mas se me querem fora da guerra, estarei
esperando eles voltarem as regras normais.
O que viera do norte entendera, X42e tinha tido contato
direto com a ameaça.
Os demais o deixam ali, mas com ele ficaram os outros 21
seres mandados a ação contra a menina.
Numa praça próximo um grupo vindo de varias partes do
planeta, chegam a praça, um Drot olha em volta, e estabelecem o
mais antigo por natureza como líder, ele olha em volta e sente o
afastar de X42e, cumprindo uma ordem de exclusão.
Os seres se armam e olham para a menina, na nave que vinha
a frente, o novo comandante da Lar58 olha para os autômatos indo
aos campos, excluídos, olha para os demais chegando e fala.
— Que Cant nos proteja. – Foi quase automático, mas o ser
olha a menina e repete – Que não seja Cant nossa inimiga.
Os demais no comando entenderam, estavam prestes a
enfrentar uma lenda, talvez destruir a lenda fosse mais perigoso
que o ir embora, mas alguém queria ser mais que uma lenda, e não
perderia a chance de o ser.
Keka passa a vista e olha para o mais velho deles e fala.
— Como vai ser X122a?
A menina foi ao ataque, olha para Marcio e fala.
— Recua para atrás do exercito.
— Mas.
— Eles vão recuar um pouco num sentido, recua no outro.
Marcio não discutiu, ficou ali, vendo Keka andar no sentido
do ser, os Drot olham a menina se dividir em mais de mil vivencias e
ela em carne olhar para X122a e voltar a perguntar.
— Não vai me responder X122a?
— Sabe as regras.
— Já discuti isto com outro de vocês, mas se ele não está
aqui, sinal de já o terem afastado, não vou me repetir, pois quem
lhe ordena ouviu.
— Mas...
— Eles sabem que não os vou destruir Drot, mas eles não
entendem, mandaram você matar em meu atual mundo, se o seu
Líder quer mostrar que não sou Cant, que venha pessoalmente, mas
ele não teria coragem, vi com meus olhos, um líder ordenar minha
400
filha em Lar a me matar, ela com medo de morrer me matou, mas
eu nunca mataria alguém porque um Líder disse, mate, isto não é a
regra, mas se querem enfrentar, estou aqui.
Os seres estavam recuando, pois todos que tiveram contato
com os Thetan do ser a frente, tinham afastado.
Keka sente quando Marcio já estava atrás dos soldados e o
militar estava prestes a lhe matar, antes do Drot, pois existiam
muitos dedos no gatilho.
— Mas você nos adultera.
— Eu? Pregam o conhecer do poder dos Thetan e condenam
os que por este poder foi dado liberdade?
— Eles não foram libertos, foram expulsos.
— Não entendeu nada mesmo X122a.
X122a olha em volta, estavam cercados e pergunta.
— O que eles pretendem com estas armas infantis.
— Um buraco na altura humana de seu baço, vão perder
líquido de engrenagem, perdem pressão e param.
— Como sabe disto?
— Ser um primata, é aprender rápido, ser um Laridia, é
aceitar o que um Líder fala, sem contestar, prefiro ser um Primata.
Keka avançava lentamente, o exercito via isto as costas, pois
eles estavam tensos, mas a menina avançava contra os seres,
aqueles seres de luz não sabiam o que era, mas era a arma da
menina.
Os seres começam a tentar enfrentar os medos, mas Keka fez
um gesto com a mão e olha para X122a vendo os demais sendo
atravessados e se perderem em pensamentos estranhos.
— Fala para o Líder, podemos ter paz ou guerra, a escolha é
dele, esperamos o passar para o Líder da informação antes de tirar a
Lar58 do ar, para que ele nos leve a serio.
O ser olha para os demais, olha como se fosse o único em
campo neste momento e recua, entra na nave e começa a sair da
região.
O comandante Caront olha em volta e pergunta.
— O que ela quis dizer com nos tirar do ar?
O subcomandante olha os misseis saindo do planeta, não
sabia do que eles eram feitos, em 22 minutos seriam atingidos,

401
passam a conversa a frente e dão alarme para todos estarem
preparados para ser abalroados.
O tempo passa, as primeiras 3 bombas estouram, o rapaz ao
comando sente a onda eletromagnética os atingindo e os sistemas
caindo, e sentem as 4 primeiras bombas na região externa e
começam as explosões, o comandante Caront olha para o calor
surgir de todos os lados, os sistemas desativados e sobre olhar das
bases na Florida e na China, tudo explode ao ar.
Keka olha para cima, teriam outros seres com poder de
desenvolver seus Thetan no planeta, mas a morte, embora para o
ser geralmente era paz, pois ele sentia o corpo solto da carne, para
os que os viam morrer antes do tempo, triste.

O comandante geral em Lar50 pede para falar com o Líder,


ele não queria lhe falar, e o comandante manda ele ser trazido a
ele.
O senhor em sua postura de ser de poder, ao comandante
geral e fala.
— Porque me perturba.
— Manda atacar e se faz de indiferente Líder? – Fala
comandante Lout.
— Não entende, não vou ouvir nada que desafie minha fé,
não vou aceitar fracassos.
O comandante olha para o auxiliar e coloca a menina a tela.
“Fala para o Líder, podemos ter paz ou guerra, a escolha é
deles, esperamos o passar para o Líder da informação antes de tirar
a Lar58 do ar, para que ele nos leve a serio.” – Depois coloca a
imagem de Lar58 explodindo ao ar.
O Líder olha serio.
— Vai deixar um ser minúsculo lhe desafiar comandante.
— Não, prepara suas coisas Líder, você vai falar com este ser,
somente agora entendi porque o comandante Ganst lhe desafiou,
ele viu o perigo, deveria o ter ouvido, mas o senhor o isolou, e se ele
estiver morto senhor, pois vou o querer ver, quando da sua volta, se
voltar, responderá pela morte.
— Não somos animais.
— Sim, graças a Cant não são animais, mandavam filhos
matarem mães para provarem não estarem dominados por um
402
Thetan ruim, Cant é o colocar da religião abaixo da lei, não acima,
eu respeito Cant, o senhor parece não respeitar.
— São inferiores.
— Prepara sua coisas, você vai lá, e não vou mandar mais
nenhum contingente de Drot, não os quero perder.
O senhor se assusta e grita.
— Não pode fazer isto.
— Não foi você que afirmou que são inferiores e não é Cant,
então vai lá e me prova isto.
— Mas e minha vida, sou o Líder de seus Thetan.
— Seu Thetan vai estar bem ocupado com as 125 mil mortes
que carregará para a eternidade nas costas, não se preocupe com
isto, em duas horas pode estar na porta da nave, que o deixará lá,
ou consigo permissão para que o ejetemos para lá.
O senhor sai dali.
Ganst recebe a informação nas celas que toda a sua
tripulação havia explodido ao espaço.
Ele senta-se lembrando de cada um, lembra das
recomendações de seu auxiliar, que agora correria ao universo
como um Thetan até escolher um renascimento.
A informação de que uma nave inteira havia explodido, vai as
conversas, pois todos viram o antigo comandante falar em Cant,
agora novamente, estavam desafiando Cant, mas na primeira vez,
ela se entregou a morte, sua morte foi o conscientizar de muitos
que não poderiam deixar a lei com os Lideres, agora o líder
novamente os coloca em confronto.

Keka olha os seres sendo detidos e olha para o comandante


parar a sua frente e falar.
— Cheia de truques.
— Truques?
— Assustou as maquinas mesmo.
Keka sorri, brilha e o senhor não a vê sair dali, ele continuava
a querer enfrentar ela, mas na base na NASA o constatar do afastar
das orbitas das demais e destruição da primeira era tido como um
provocar da guerra, então todos ficam em alerta.
Maria olha as imagens da filha e olha para Sergio.
— Ela está se complicando.
403
— Ela sempre tentou evitar isto amor, mas ela sabe que se
não fizer nada, eles vão descer com tudo.
— Parecem fracos.
— Eles ainda estão nos estudando, tem de ver que ela está
tentando os por medo.

O Líder dos Thetans chega em uma nave e olha em volta, se


vê cercado de armas, ele estava tenso, um auxiliar saiu a frente e
falou.
— Nosso Líder quer falar com o ser que lhe chamou.
Os soldados se olham sem entender e olham aquele menino
chegar ao campo e falar.
— O que quer senhor? – Marcio.
— Falar com a menina.
Ele se batia com os estalos e fala meio torto.
— O que ele quer falar, mandou a matar antes, o que ele quer
falar?
— Ele precisa convencer ela de que não é Cant.
— Ele tem medo dela ser Cant?
— Ela não pode ser Cant.
Marcio olha o ser e fala.
— Então vocês não podem ser representantes do Thetan,
você se nega a ver seu próprio Thetan, como pode vir a querer
julgar ou entender, o ao lado. – Marcio.
— Quem é você ser, para nos falar assim.
Marcio sente duas de suas presenças e olha os seres de luz ao
lado, o ser olha para Marcio, mais um, talvez este fosse o recado,
eles poderiam não ver, mas os seres eram especiais, o rapaz a
entrada recua.
— Eu, um ser, que antes de ser tocado por Cant, não
conseguia dominar meus Thetan, mas ela me mostrou em minutos,
como se falar por estalos, sou um ser que não viveu além deste
planeta, estou em existência, muito pouco tempo por aqui, com
esta seria 16 Thetan de experiência.
— Não existem seres tão velhos.
— Não? – Marcio.
Os demais foram se formando ao lado e o comandante olha
para o rapaz ao comando da nave e fala.
404
— Se o Líder não for lá, ejeta ele.
O Líder olha para o rapaz e fala.
— Não faria isto?
— Vai de uma vez Líder, com medo de crianças.
O ser a porta estava entrando de costas, tinha a sua frente
um ser local, com 15 existências mais a atual lhe olhando.
X42e olhava ao longe, o rapaz estava ao lado da moça, e se
ele não falasse em Thetan não teria olhado para ele.
Outros olham ele e ouve.
— Tem de entender X42e, não é pessoal.
O Drot olha para trás e olha a menina.
— Eles nos isolaram.
— Não, os Lideres lhes isolaram, mas eles temem mudanças,
sabe bem que mudanças não são para alguns.
— Nossas regras são fixas, não podem e nem requerem
mudanças.
— Então não são defasadas, são antiquadas.
— Palavras estranhas.
— Linguagem antiga de quando sai de Lar.
— O que faz aqui?
— Esperando o Líder aparecer.
— Acha que ele veio.
— Ele está ali, esperando para me matar pelas costas.
— E veio para ser morta?
— Eu morri em Lar, por isto vivi aqui, adoro este planeta
X42e.
— Ele é diferente, tem seres estranhos, em tudo, e é bem
corrosivo a metais.
— Sim, bem oxido.
Ela falava quando vê aquele ser gordo para o padrão dos
Laridia, o ser olha para Marcio e fala.
— Vai representar uma paz menino?
— Sei que me indicaram não lhe dar as costas, esta é a paz
que terá neste planeta.
— O que quer?
— Paz, podemos esquecer as mortes dos nossos, se
esquecerem o dos seus, cada um toma seu caminho, e tudo se
resolve por bem.
405
— A que se diz Cant não vai aparecer?
— Ela está acalmando os que excluiu por medo senhor.
— Não exclui ninguém por medo.
— Posso considerar nesta declaração a reintegração de todos
os Drot que tiveram contato com ela?
— Eles foram excluídos por mal funcionamento.
— Se quebrar sua perna, eles lhe abandonam aqui senhor? –
Marcio sério.
— Não é a mesma coisa.
— Não, eles se viram sem uma perna, o senhor não,
realmente não é a mesma coisa.
Keka começa a vir do fundo, o senhor olha para os soldados e
olha para tudo a volta, olha aquela menina e Marcio soube que ele
tentaria algo.
Keka chega perto e fala.
— Tem de entender senhor, não posso deixar maquinas que
tem os seus sistemas de propulsão, de engenharia, de química, a
disposição de um povo, que não as desenvolveu, a evolução sempre
lenta é sempre melhor, que a induzida às pressas.
— Sabe que os vamos desmontar?
— O senhor não comanda isto, soube a pouco tempo, da
diferença politica gerada por minha morte, se ela foi útil lá, me sinto
melhor aqui, pois deixei gerações para trás.
— Não quer voltar a um mundo mais civilizado?
— Qual a civilidade que um povo, que morre porque o senhor
tem medo de algo, tem, que os humanos ou Terráqueos não tem?
— Não a temo?
— Então me mandou matar porque?
— Eles não podem duvidar da fé, eles tem de entender,
controle e respeito se faz pelo medo.
— Sei, obrigaram minha filha a me matar, pois se não o
fizesse ela seria a próxima morta, não existe palavra em sua língua
para este ato Líder, pois é cruel, é fanático, é covarde, é mentiroso,
é ganancioso e cruel na mesma palavra.
— Eles mudaram depois daquilo.
— Mas parece que os Lideres já esqueceram disto, já estão
achando que é apenas uma lenda, como falaram, estão deixando
como uma lenda, para poderem novamente dizer que não
406
aconteceu, e novamente voltarem a praticar aquilo, talvez por isto
tenham cruzado com este planetinha.
— Nós não fazemos isto.
— Mandam matar povos que não os seus, apenas por não
desenvolver algo que nem o senhor consegue ouvir?
— Eu controlo o meu Thetan.
O Thetan de Keka dá o passo a frente, deixando ao corpo os
demais, e olha para o senhor e fala num agudo insuportável aos
ouvidos.
— Então de Thetan a Thetan.
Marcio ao fundo sentiu os ouvidos se fecharem e ouviu as
palavras, entendeu que os Thetan desenvolvidos, protegiam os
próprios ouvidos de seus agudos, mas viu o senhor colocar a mão ao
ouvido.
O comandante Laridia olha para o auxiliar e fala.
— Ele esperava não ir lá.
— Por quê?
— Ele colocou as mãos aos ouvidos, o teste que eles usam,
para analisar se o ser desenvolve o Thetan, mas o agudo de um
Thetan é muito mais agudo do que o teste, ele não o controla.
O senhor gira a imagem, e olha que apenas o menino ao lado
não colocou a mão ao ouvido, e fala.
— Eles omitem os que desenvolveram, eles não querem uma
traição.
Keka olha para os demais e dá um passo atrás e olha para
X42e, olhando para trás, e sente aquele calor a altura da barriga, ela
olha para a mesma, Marcio olha para ela assustado, ela toca a luz e
a mesma volta, olha para o Líder, todos viram ele a atraiçoar pelas
costas, todos viram ele não resistir a uma conversa, mas ela olha
novamente para X42e e falou baixo, o ser ouvia de longe.
— Entendeu o problema?
Marcio ainda olhava assustado, o senhor sorria, mas sente a
energia lhe empurrar para trás e olha para a menina, que não
gostara daquilo.
Ela olha para a câmera e fala.
— Pelo jeito terei de firmar algo com o comandante, pois este
não é de confiança.

407
O ser olha assustado e olha os vários seres saírem dela, ele
fica cercado por aqueles seres de luz, que tocam nele e no lugar de
lhe passar ciência, lhe tiraram ciência, o senhor olha em volta, e
pergunta.
— Onde estou?
O ser olha sem saber o que fazer e o outro o leva para dentro
e o comandante olha para o segundo no comando.
— Prepara uma nave, vou lá negociar a paz.
— Os Lideres não vão aceitar isto.
— Sei disto, mas marca com eles, e após isto, vou lá.
O rapaz ao comando da nave sai à porta e olha para todos lhe
apontando armas e olha a menina.
— Meus respeito Cant, o comandante da Frota, vem lhe falar
em horas, apenas resolvendo problemas internos.
— Espero.
A nave sai e Keka cai de joelhos, estava se fazendo de forte,
mas ela levanta a blusa e tinha a grande marca de queimado e fala.
— Preciso de agua.
— Tem de fazer o que fala. – Marcio.
— Eles precisavam ver que o senhor não é de confiança, mas
dói ser traída.
Os autômatos que se passavam por pessoas normais ao
fundo, entram no campo e um olha para o rapaz.
— Eles vão voltar, mas o que ela precisa.
— Ela só vai descansar, o comandante da frota vai vir
conversar.
— Ele é difícil. – X42e.
— Preciso recuperar seus postos de trabalho. – Keka.
— O que é Trabalho?
— Postos de serviço.
Os militares chegam à volta, olham que o grupo da menina
estava crescendo e o general fala.
— Não tem autorização para negociar menina.
— Que saiba general, aqui, Brasil, você não manda nada,
some, se quer que não defenda o seu país mando eles para lá.
O general ainda olhava ela como uma criança.
— Temos ordens de manter sua segurança.

408
— Se vão manter minha segurança, não atacando quem me
ataca pelas costas, tenho pena dos que defende senhor.
O senhor sai com raiva, mas Keka não queria que ele
reparasse nos Drot, e o general caíra na provocação.
Marcio consegue uma agua e olha para Keka olhar para ele
falar.
— Aprendendo rápido.
— Que alternativa temos?
— Fazer o que digo, não o que faço.
Marcio sorriu e falou.
— E agora?
— Vamos caminhar.
— E o exercito?
— Que nos siga.
Keka olha para X42e e fala.
— Nos dá uma carona?
— Onde?
— Base militar.
O Drot estranhou, aquele ser mínimo, estava tomando para
ela uma proposta de paz, mas os Laridians não eram seres de guerra
e sim de dominação.
Talvez por não terem se deparado com alguém como a
menina.
O comandante ao fundo, olha aquele ser surgir sobre a praça,
eles estranham, mas veem a menina entrar com alguns a praça e
saírem dali.
Eles descem na base, muitas armas apontadas e um general a
entrada grita.
— Baixem as armas.
Keka olha para X42e novamente e este deixa a nave invisível.
— Podemos conversar general? – Keka.
— A menina que os americanos protegem.
— Eles deixam os demais me matarem me protegendo
general, mas preciso saber, posso negociar a paz entre nossa nação
e estes seres?
O general olha para a menina e pergunta.
— Acha que eles deixariam o planeta?

409
— Os Americanos me disseram que não posso negociar a paz,
eles destruíram uma das naves, mas ignoramos o que eles ainda
tem lá encima, tem mais dezenove delas lá encima.
— Certo, o que precisa?
— Saber se posso prometer devolver os reféns em troca de
uma paz.
— Acha que eles concordam?
— Senhor, estamos apenas com uma pequena quantidade de
seres que teriam morrido lá encima, pois foi a nave deles que
explodimos, mas precisamos de uma demonstração que queremos
paz.
— E acha que eles lhe ouvem, desculpa perguntar, mas é uma
criança.
— Uma criança teimosa e insistente.
O general olha ela e fala.
— Vou conversar com outros generais, mas para quando
precisa da resposta?
— Assim que eles surgirem por ai.
— Vou falar com eles.
Keka sai pela porta e olha para a nave, que não se via, e a
mesma fica visível e olha para os Drot.
— Sei que não confiam em mim, mas X42e, gostaria apenas
de um favor, que transmitisse que espero o comandante no sinal
que esta nave vai mandar.
— Não quer confronto?
— Quero negociar, mas os dois lados estão relutantes ainda.

Na nave o comandante geral das naves chega a sala dos


Lideres, tinha um para cada nave, com seus assessores, ele olha os
demais e pergunta.
— Qual a posição dos Lideres?
— Acompanhamos a conversa Comandante, mas não
podemos concordar com alguns pontos.
— Pontos? – O comandante querendo saber onde pisava.
— Não pode aceitar maquinas de guerra adulteradas, virem
novamente as naves.
— Estão excluído realmente seres mecânicos que serviram
mais de 30 gerações senhores?
410
— Se eles foram adulterados, são perigosos para nós.
— Algum ponto a mais?
— Que os Laridians que não foram mortos, sejam libertos
como sinal de paz.
— Isto iria negociar de qualquer forma.
— Não queremos estes seres perto de nós. – Um ao fundo.
— Quem veio ao planeta deles fomos nós senhor Líder, não
eles ao nosso.
— E não queremos que este papo de Cant se espalhe
internamente, tem de ser retido.
— Um motivo para isto senhor?
— Não acreditamos nisto.
— Não acreditam em Thetan?
— Não dissemos isto.
— Falaram sim, mas entendo o medo, um Líder supremo que
diz ter o Thetan de Cant, e o encontramos num fim de mundo, seria
prejudicial a ordem, mas referente a espalhar, não posso reter a
informação, ela já é pública, e não a vou desmentir, seria forçar a
conversa sobre isto, e não pretendo perder tempo com isto
senhores.
— Está faltando com respeito comandante.
— Sim, perdemos uma nave por avançarmos sem ouvirmos
os gritos de todos, que era perigoso entrar neste planeta oxido, que
tem um nível bacteriano nunca encontrado, um viral de ambiente, e
um povo resistente a tudo isto.
— Acha que eles concordam em ficar com os Drot.
— Não gosto desta solução, prefiro os reter e desmontar, pois
é mais seguro senhores, mas ainda não negociei, mas como sabem,
tudo que não funciona, reciclamos, não deixamos para trás.
— O que acha que aconteceu com o Líder que ficou de frente
aquele ser que se diz Cant.
— O que se diz ser algo que somente os Thetan tem poder
para fazer, tirar a memoria de outro Thetan.
— Porque tanta crueldade.
— Não o mataram, seria mais cruel, mas ele desafiou o que
querem negar, mas estou aqui para saber o que os colocaria contra
mim, mas não estou aqui como um servo, e sim como o
comandante máximo desta leva de naves, então me sinto culpado
411
pelas mortes, por ter deixado o Líder prender o comandante da
Lar58, mas se ele está vivo, é por ter sido preso.
— Acha que devemos passar reto?
— Já subjugamos todos os que nos chamaram, 5 crianças que
desenvolveram alguma coisas, poupadas para evoluir, mas fora dos
grupos, pelo jeito temos um conjunto de seres ocultos, que
desenvolveram seus Thetan, sei que vi dois, e para mim, já é mais
do que vimos em mais de 300 mundos, o que estes dois fazem.

Keka olha para general e este fala;


— Se eles saírem, não temos nada contra nos livrar disto,
nem sabemos se isto tem algo perigoso a nós.
— Ninguém sabe senhor.
— O Chefe Maior das Forças Armadas, lhe permitiu negociar.
— Então mantem as mãos as armas, mas sem os dedos nos
gatilhos, senhor.
— Quer ver os seres.
— Sim.
Keka entra em um barracão, olha aqueles seres cinza, corpo
estranho, pele rígida e fala com aquele estalar de língua.
— Quem os lidera?
Um dos seres olha a menina, a tentaram matar e estava ali.
— O que quer menina.
— Vou negociar a paz, se eles fizerem sinal para andarem, é
porque estarão os conduzindo a uma de suas naves.
— E porque quer paz?
— Talvez a algumas vidas, estivesse mais propensa a guerra,
hoje, a uma paz imensa.
Keka olha para o rapaz a porta e sai.
Ele olha para fora e todos veem aquela nave grande descendo
a pista interditada do aeroporto ao fundo.
Keka respira fundo e olha para Marcio.
— Pronto para entrar para a história?
— Entrar para a história não é demais?
Os dois saem e olham aquele senhor na entrada da nave, e
Keka chega até ele e fala.
— Podemos conversar comandante – Keka olha o nome do
senhor ao uniforme – Lout.
412
— Sim, qual a proposta de paz.
— Saída de vocês do planeta, todos, levarem seus autômatos,
se vão os desmontar ou não, não nos diz respeito, mas o manter
deles aqui é dispor a seres ainda sem a sua tecnologia, algo para
crescerem rápido senhor.
— E o que ganharíamos.
— Não lançaríamos tudo que temos sobre vocês, não
vencemos, mas podem perder 5 ou 6 naves Lar a mais, acha que
vale o peso senhor?
— Sabe de sua inferioridade e propõe paz.
— Sim, até posso devolver os seres que foram detidos, mas
como disse, quero paz.
— E nos deixariam sair fácil?
— Senhor, eu não gostava daqueles metidos da Cientologia,
eles não entendiam nada de Thetan e arrotavam poder despertar os
antigos conhecimentos para nosso crescimento pessoal.
— Pelo jeito você desenvolveu isto sozinha.
— Digamos que posso ensinar isto, mas ainda estou me
preparando para ser um mestre neste sentido.
— E os seus mestres não vão se mostrar.
— Toda vez que eles aparecem, todos a volta se assustam,
então melhor não.
— Eu, comandante das naves Lar considero assinado este
acordo de paz.
Keka olha para traz e os militares trazem os prisioneiros,
depois, os autômatos começam a surgir a toda volta em suas naves
e o comandante olha para a menina.
— Não parece feliz ainda.
— Eu me sentirei feliz, quando vocês estiverem longe do
nosso paraíso senhor.
A nave decola e as demais naves começam a acelerar para
sair da orbita.
O comandante chega a sua nave e os Drot se apresentam a
reciclagem, mas nunca voltariam a ser como eram, as 12 primeiras
naves se afastam e o chefe de Defesa Norte Americano olha para os
dados e pergunta o que estava acontecendo.
O que ouviu ele não gostou, mas teria de aceitar.

413
Sergio estava na base da Califórnia com Maria quando um
general olha os dois e fala.
— Vamos os liberar, mas saibam que estaremos sempre de
olho em sua filha.
— Não a tirando do serio General, ela consegue conversar.
O general viu que a senhora não aceitou a ameaça, mas os
dois são embarcados em um voo normal para o Brasil.
Keka olha os seres indo embora e olha para os soldados
dispersando e olha para Marcio.
— E dai, como o fofoqueiro do Marcio vai se virar amanha?
Marcio a olha e fala.
— Vou ter muito a falar de mim amanha.
— Verdade.
Keka olha em volta, sentia algo a observando, estava quase se
acostumando com aquilo, mas sabia que algo estava errado.
Sente a energia se aproximar, ela olha aquele Drot se
passando por humano parar a sua frente e pergunta.
— Pensei que tinha ido embora X43i?
— Como nos reconhece menina?
— Difícil de falar que cada um de vocês transmite sua
frequência a frente, assim como os demais Drot o sentem, o sinto,
mas o que precisa, não vai embora.
— Não, e preciso de ajuda.
— Ajuda?
— Destruímos os Cientologistas, mas me sinto responsável
pelas 5 crianças que ficaram.
— Quer ajuda?
— Sou uma maquina, não sei criar alguém.
Keka sorri, acompanha aquele ser, foram a uma sede no Novo
México, nos Estados Unidos da América, e ela olha aquelas crianças,
assustadas, começa a ensinar, sorri da capacidade delas, ela olha
para fora, um caminho que nunca pensou em trilhar, sorri.
Ela começa a ensinar X43i, ela não teria como estar ali
durante a semana, mas as crianças vendo ela ali, pareceram se
acalmar, todas estavam assustadas, e alguém teria de assumir
aquele lugar.
Mas esta é outra história... Fim.
414
415
J.J.Gremmelmaier

Ladrão de Laços

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2017

416
Autor; J. J. Gremmelmaier Ele cria historias que começam
Edição do Autor aparentemente normais, tentando narrativas
Primeira Edição diferentes, cria seus mundos imaginários, e
2017 muitas vezes vai interligando historias
Ladrão de Laços aparentemente sem ligação nenhuma, então
existem historias únicas, com começo meio e
------------------------------------------
fim, e existe um universo de historias que se
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte
encaixam, formando o universo de
------------------------------------------ personagens de J.J.Gremmelmaier.
Gremmelmaier, João Jose Um autor a ser lido com calma, a
Ladrão de Laços, Romance de mesma que ele escreve, rapidamente, bem
Ficção, 061 pg./ João Jose vindos as aventuras de J.J.Gremmelmaier.
Gremmelmaier / Curitiba, PR. / Edição
do Autor / 2017
1 - Literatura Brasileira –
Romance – I – Titulo
-----------------------------------------
85 – 62418 CDD – 978.426

As opiniões contidas neste livro são


dos personagens e não obrigatoriamente
assemelham-se as opiniões do autor, esta é
uma obra de ficção, sendo quase todos ou
quase todos os nomes e fatos fictícios.
©Todos os direitos reservados a
J.J.Gremmelmaier
É vedada a reprodução total ou parcial Ladrão de Laços
desta obra sem autorização do autor.
Sobre o Autor; Luiz Candido é um Curitibano, que
João Jose Gremmelmaier, nasceu em está em eterna evolução, um personagem
Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, formação sem moral, sem certo ou errado, que tentou
em Economia, empresário por mais de 15 se converter e acabou em guerra, pessoal,
anos, teve de confecção de roupas, empresa de energias e de posicionamento referente
de estamparia, empresa de venda de aos demais.
equipamentos de informática, trabalhou em
um banco estatal. Agradeço aos amigos e colegas que
J.J Gremmelmaier escreve em suas sempre me deram força a continuar a
horas de folga, alguns jogam, outros viajam, escrever, mesmo sem ser aquele escritor,
ele faz tudo isto, a frente de seu computador, mas como sempre me repito, escrevo para
viajando em historias, e nos levando a viajar me divertir, e se conseguir lhes levar juntos
juntos. Ele sempre destaca que escreve para se nesta aventura, já é uma vitória.
divertir, não para ser um acadêmico.
Autor de Obras como a série Fanes, Ao terminar de ler este livro,
Guerra e Paz, Mundo de Peter, Trissomia, empreste a um amigo se gostou, a um
Crônicas de Gerson Travesso, Earth 630, Fim inimigo se não gostou, mas não o deixe
de Expediente, Marés de Sal, e livros como parado, pois livros foram feitos para
Anacrônicos, Ciguapa, Magog, João Ninguém, correrem de mão em mão.
Dlats e Olhos de Melissa, entre tantas J.J.Gremmelmaier
aventuras por ele criadas.
417
©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J.J.Gremmelmaier

Ladrão de Laços

418
P ela visão dos demais, Luiz era um rapaz, normal, em
uma rua normal, os vizinhos viam ele sair pela manha,
voltar pela noite, sempre com uma camisa fechada até
o ultimo botão, gravata, calça social, um tênis bem maior que o pé,
mas naquela manha, algo acontecia em sua casa, os vizinhos
olhavam aquele carro da policia a porta da casa do rapaz.
Luiz foi tirado da cama, reviraram a casa, jogado ao
camburão, foi quieto, como se não fosse com ele.
A imprensa tenta entender o que estava acontecendo e os
policiais apenas afirmam que estavam realizando uma operação,
nome, Ladrão de Laços, algo que não parecia fazer sentido, mas que
com um preso, classe media, não chega a dar repercussão.
Quando o Delegado Ribas olha para Luiz, no fim da manha,
pergunta.
— Ele falou algo?
— Nem um som sequer.
— Tem certeza que pegamos o ser correto.
— Nome e endereço batem senhor.
O delegado chega a frente do rapaz e pergunta.
— Quer dar um telefonema, chamar um advogado?
Luiz olha o senhor e faz que não com a cabeça e o senhor
pergunta.
— Vou fazer perguntas diretas rapaz, temos uma denuncia
contra você. – O delegado pega uma foto, mostra ao rapaz e
pergunta – Conhece esta menina.
Luiz olha a foto, era Maria, uma moça da rua, sim conhecia,
mas não sabia se falaria isto, mas era obvio, que se conheciam, mas
as suas lembranças o fazem ficar serio.
— Sim, mora a três casas da minha.
— Sabe o nome?
— Acredito, não tenho certeza que seja Maria Silva.
— Ela está sumida a três dias, e todos apontam para você
como ultima pessoa a falar com ela.

419
Luiz não falou nada, eles não teriam como saber se foi,
mesmo que tivesse sido.
Luiz olha o delegado esperando a próxima pergunta.
— Sabe algo sobre o paradeiro desta moça.
Luiz sacode negativamente a cabeça.
— Esta detido para averiguação, tem direito a um advogado
ou o ministério publico se responsabilizara por sua defesa.
— Não tenho dinheiro para advogados senhor.
O delegado olhava Luiz pensando se era o suspeito certo,
parecia alguém desleixado, sem nada de especial, nada de
tatuagens, nada de sinais de briga ao rosto, cabelos cortados e
desajeitados, parecia um qualquer.
Dão as coordenadas e Luiz vai a cela, não teria para a fiança.
Alguém tão normal que os demais olham como um coitado
que acabou ali, mas os olhares para suas roupas e seu tênis, fizeram
de uma noite que parecia normal, virar um pesadelo de pontapés,
agressões, violência, os olhos de Luiz tentavam se manter lucidos.
Quando os carcereiros foram olhar pela manha, estava Luiz
nu ao canto, sem nada, os demais não falaram nada, mas era obvio,
o sangue e a violência que ocorreu ali.
O delegado chega e olha para o rapaz.
— Quem não olhou Investigador.
— Dizem não ter percebido nada Delegado.
— Se ninguém assumir que dormiu, vou ter de afastar todos,
não quero saber de não percebemos.
O rapaz foi ao grupo da noite, conseguiram uma roupa para
Luiz e olham para ele com raiva, ele apanhara, eles não fizeram
nada, e olhavam ele com raiva.
Era inicio da tarde quando ele é colocado para correr, da
delegacia, com palavras como “estamos de olho em você”.
Os vizinhos o veem chegar e não vão lá, ninguém falava com
ele, então ter falado com uma vizinha parecia a muitos um absurdo,
existe uma lenda Urbana em algumas cidades do Brasil, que vizinho
não fala com vizinho, mas posso lhe garantir, eles se amam ou se
odeiam.
Luiz chega a cama, descansa aquele fim de dia, mas na manha
seguinte, vai a feira onde vendia alho para defender um trocado.

420
Talvez a postura de ter vivido em um templo, estava em sua
alma, mas o que vivia nele era uma raiva, e sabia que quando a
colocava para fora, não tinha quem o segurava.
Fim de noite, ele estava ainda com a marca da surra no rosto,
doido, vai ao posto de gasolina na estrada, sempre tinha alguém
que dormia se tanta segurança, entra em uma cabine a
arrombando, o caminhoneiro acorda assustado, vem com violência
para cima de Luiz que teve dificuldades de o colocar para dormir
novamente.
O amarra no banco dos passageiros, olha para a carreta de
combustível, o senhor tentava entender o que estavam fazendo,
pois o rapaz o prendera ali, e estavam indo ao centro.
Luiz olha para a descida que dava na delegacia na parte baixa,
olha para o caminhão.
Olha o senhor e fala.
— O céu é para sofredores.
Luiz deixa em ponto morto, solta o freio de mão, e o veiculo
começa a andar na descida, abre a porta e pula para fora, olha o
caminhão acelerar a acertar os carros na parte de trás e os jogar
todos para a entrada dos fundos, o peso da carreta lotada de etanol
arrasta tudo para dentro, a carreta vira e o combustível começa a
vazar, o fogo começa, Luiz não ficou olhando, sobe umas quadras e
volta para casa.

Luiz levanta cedo, pega as embalagens de alho, põem na


mochila e vai a mais um dia de vendas, poucas em fim de mês, mas
que garantiam o comer e o básico da casa.
O dia não foi fácil, volta para casa e olha aquele senhor na
porta da igreja na descida da casa dele.
— Vai colher as ofensas, acha que Deus vai abrir alguma porta
para você?
— Porta? Que saiba não quer porta pastor, quer carteiras, e
como desempregado, realmente, não serei bem aceito ai.
O senhor começa a falar aquelas coisas de gente que não tem
conhecimento, como:
— Sai daqui demônio, você está possuído, Deus nos livre de
alguém como você.

421
Luiz era odiado por alguns, agora seria desprezado, mas sabia
que não brigaria em publico com alvos, mas o senhor não sabia o
que era isto, ele sai e vai a sua casa, olha o portão pichado.
“Assassino”
Luiz olha para fora, ninguém, passa a mão na tinta, fresca,
entra e pega uma embalagem de tinta e sai para fora, ninguém
olhava mesmo, escondido em suas casas, abre o spray e escreve.
“Melhor começar a correr, morto”
Luiz fecha o portão, obvio que ninguém diria que pichou, mas
todos viram naquela rua alguém o fazer, e o rapaz não ficou na
defesa, foi ao ataque.

Amanheceu com mais policia na porta.


— Senhor Luiz Candido.
— Nos acompanha.
— Posso trocar de roupa.
— Sim.
Luiz colocou a camisa fechada até encima, colocou um tênis
novo, uma calça social e foi ao veiculo da policia.
Um senhor o conduz a delegacia da sétima, a decima tinha
queimado toda, mas Luiz não olhava assuntos que lhe complicariam
olhar.
O delegado responsável olha para Luiz e fala.
— Andou brigando.
— Apanhando.
— E não deu queixa?
— Foi dentro da cela da 10 a 3 dias senhor, não preciso dar
queixa disto.
— Qual o motivo da prisão?
— Averiguação sobre o sumiço de uma vizinha, como não
tinham ninguém, me jogara, na cela, se morresse, quem sabe o
delegado de lá, tivesse concluído que eu era o culpado.
— E faz oque para viver?
— Vendo alho a feira senhor.
— Algo que dê dinheiro.
— Garanto que dá mais do que alguns empregos bonitos da
cidade senhor, só tenho de manter a qualidade do fornecimento.
— Estão lhe acusando de ter ameaçado um pastor.
422
— Eu não ameacei senhor, apenas passei a frente e ele disse
que eu iria colher as ofensas que fiz a Deus, pensei que ele estava
falando em Deus me penalizar, não inventar uma agressão.
— Porque não se dá com o pastor.
— Senhor, aquilo não é uma casa cristã, eles usam uma placa
dizendo ser igreja, mas extorquem em nome de Deus, quando não
se tem mais o que extorquir, e eles veem que não podem lhe deixar
ao lado, você vira o demônio para eles.
— Ele tem testemunhas.
— Fazemos uma acareação senhor, ele mente, as
testemunhas, mentem, mas alerta eles, se me chamarem de
demônio, eu os processo por discriminação religiosa.
— Temos um outro problema.
Luiz olha para o senhor serio, estava começando parecer
perseguição, mas sabia que era resultado de suas ações.
— Estou à disposição senhor.
— O delegado da 10ª está chegando ai e quer lhe falar.
— Pelo jeito este fim de mês vai ser pior em vendas que o
anterior.
O delegado da outra delegacia entra, os dois se
cumprimentam e o delegado Ribas olha para Luiz.
— Problemas com nosso menino?
— Uma denuncia de um pastor, um deputado pressionou
para abrirmos inquérito.
— Sinal que ele não é apenas o que aparenta. – Ribas.
— Fala demais para ser culpado.
— Ele levou azar na decima delegado.
— E vocês, o que aconteceu?
— Um caminhoneiro perdeu os freios e parece que invadiu a
delegacia, combustível para todo lado, os policiais saem correndo
do fogo e os presos não tiveram a mesma sorte.
Luiz olha para o senhor e fala.
— Então não vou reclamar ter levado a surra.
O delegado olha para Luiz.
— Tem gente dizendo ter lhe visto na região.
Luiz sorri e balança a cabeça negativamente.
— Acha engraçado? É serio.

423
— Fiz oque, peguei um caminhão de combustível, deve ter
aos montes abandonados por ai, dirigi até a sua delegacia e acelerei
na entrada, e sai sem problemas de lá?
— Tem de ver que tinha um motivo?
— Motivo?
— Vingança pela surra.
— Não joguei um caminhão na porta do delegado,
responsável pelo local e cumplice das agressões, eles são os pobres
senhor, quer inventar cria outra historia.
— Me acusando.
— Entrei vestido na sua delegacia, sai com a veste de um
presidiário que deveria estar a uns 4 anos sem uso, mas minha
roupa, não teve coragem de pegar de volta, pensei que mandava lá.
O delegado da sexta viu que o rapaz sofrera na delegacia e o
delegado parecia querer o dar uma lição.
— E o que fez contra o Pastor Zico?
— Deixei de pagar dizimo, senão ele mesmo me odiando, não
me acusaria, mas entrei em uma igreja que diz seguir um senhor
que expulsou os vendedores da igreja, que pregava o amar ao
próximo, mas eles odeiam todos que não são da igreja ou não
compram seus produtos, sai pois isto me fazia mal, apenas isto.
— A moça que morreu era da igreja, não falava com ela lá?
— Senhor, ninguém fala com o vendedor de alho, ele cheira a
alho, ele come alho, ninguém gosta do vendedor de alho.
— Não é brincadeira rapaz. – Ribas.
— Pelo jeito, mais uma noite a cela.
O delegado da sexta olha para Luiz e pergunta.
— Não saia da cidade.
— Não tenho dinheiro para isto senhor.
— Alguns dizem que você ameaçou alguns vizinhos de morte.
— A pichação no meu muro é o contrario senhor.
O delegado libera Luiz, que sai olhando em volta, sabia que as
energias negativas estavam nele, ele atraíra para a morte energias
do bem, agora, sentia a falta destas energias, ele sentia-se culpado
e começava a se perder naquele caminho obscuro.
Na sua mente tinha aquele nome da operação, Ladrão de
Laços, e sentado ao ponto de ônibus, a mente dele procurava

424
entender, pois se eles sabiam dos demais laços, porque não o
prenderam, ou eles estavam esperando algo.

O delegado Ribas olha para o delegado Camargo.


— O que acha Camargo.
— Não parece ser ele, como ele disse, ele trabalha o dia
inteiro, para sobreviver de vender alho, ele tem de passar o dia a
vender, e os rapazes verificaram que ele realmente ficou lá
vendendo.
— Ele saiu?
— Eles acompanharam ele até em casa, depois vieram
embora.
— O que o Deputado falou para pressionar.
— Que ele era envolvido com magia negra.
— Direito a credo, será que o deputado não ouviu falar disto.
— Ele sabe disto, mas alguém saiu da igreja e não parece
querer entrar em outra, é fácil falar mal sem falar.
— Algo sobre a moça?
— Não sabemos nem se ela não saiu de casa, não temos nada
nem para acusar de algo.
— E este papo de Laços.
— O deputado espalhou ai que pessoas ligadas a ele estavam
morrendo, então alguém tirou sarro que eram os Laços do
Deputado, para não falar Amantes, e sabe que não podemos jogar
esta possibilidade fora.
— Ai sairia de nossa jurisdição.

Luiz chega em casa e olha para os rapazes ao longe, policia


vigiando a casa, legal.
Luiz pega a mochila, e vai a feira, alguns já achavam que ele
não apareceria, mas uma de suas compradoras prioritária, garantiu
a venda daquele dia, Luiz sabia que estava sendo vigiado.
O rapaz ao carro fala.
— Ele sabia que tinha clientes, pensei que estava usando
como desculpa para sair.
— Ele vende bem, vejo gente na parte oposta, mesmo preço,
vender quase nada.
— Deve estar ai há muito tempo.
425
— O delegado acha que isto ai fez oque?
— Não sei, mas ele é uma figura conhecida do local.
— Reparei, todos o cumprimentam, parece conhecer as
pessoas pelos nomes aqui.
— Estranho, pois perguntei ao vizinho dele se conhecia o Luiz
e tive de explicar quem era o Luiz, aqui todos o cumprimentam por
Luiz do Alho, direto.
— Ele pelo jeito não vive em casa.

Luiz volta para casa, estava no fim de sexta e pensa se iria


tomar uma cerveja, lembra que ele sempre provocava os próximos,
pois ele discordava dos crentes não beberem, cristo bebia, e para
Luiz, só se conhecia o verdadeiro eu das pessoas, quando as tirava
um pouco da sobriedade, seres sóbrios se dizendo do bem, e que
não se atreviam a um gole, parecia alguém mentindo para eles
mesmos.
Luiz olha para os rapazes que o vigiavam e caminha até eles.
— Querem um alho?
— Não rapaz, fica para outra hora.
— Se vão me vigiar, só uma dica, vou beber.
Os rapazes ficaram olhando Luiz entrar de novo na casa, toma
um banho, escova os dentes, um perfume, uma camisa, uma
gravata, uma calça, um tenis, um perfume, carteira no bolso e sai a
rua, ele pega o ônibus e vai ao centro, de lá para Bacacheri, entra
em um bar de Punk Rock, pega uma cerveja e senta-se ao fundo.
Luiz não queria pensar, ele ainda queria se livrar do peso, e
sabia que quando ele bebia, ele sentia o pouco de “Dani”, que ainda
existia, ela pedia ajuda, ela pedia para ser liberta, mas ainda não
tinha como chegar a ela.
Lembra daquela vez que entrou na igreja central da
congregação, e viu aquela pedra negra, o senhor ao altar dizia ser
algo de bem, mas foi o dia que deixou a igreja, todos chegavam e
tocavam a pedra, Luiz sentiu o local leve, chega ao local, mas sentiu
quando tocou a pedra, Dani, alguns outros seres de magia, tira a
mão e o pastor Zico fala.
— Que todos os males fiquem na pedra.
— Males? – Saiu sem ele sentir.
— Tudo que não é cristo, é do mal.
426
Luiz afasta a mão, lembra da pedra mudar de cor, olha para a
marca a mão, negra, parecia uma tinta, o pastor olha revoltado, os
seguranças afastaram Luiz que olha para aquela pedra se desfazer,
em pó ao altar, não entendeu por dois dias, mas o pastor o afastou,
falou que ele não era bem vindo, ele destruiu uma peça de poder.
Luiz sorri, pois quantas vezes ele ouviu crentes e evangélicos
acusarem os católicos de adorar estatuas, mas se o pastor os vende
uma vassoura que limpa o mal de casa, eles não veem que é a
mesma coisa.
Luiz pega a segunda cerveja e um rapaz senta-se a mesa.
— Perdido aqui Luiz?
— Senta ai Eduardo, mas melhor não fumar hoje na minha
frente.
— Parou?
— Não, é que tem dois policiais civis querendo me complicar
hoje, de campana, então evita.
— Fez oque que estão na sua cola.
— Parei de pagar dizimo e resolvi comprar cerveja.
— Está querendo oque hoje?
— Confusão, é isto que quero hoje.
— Quem lhe vê nestas vestes, não sabem como bate Luiz.
— Força não se faz por gordura exposta na barriga e
tatuagem no braço.
— Afiado hoje.
Luiz sorri e olha para tudo ficar bem limpo ao ar e fala.
— Algo estranho vai acontecer.
Eduardo olha em volta e fala.
— Não vejo nada.
— Mas pode ter certeza, vai acontecer.
Os policiais ao fundo olham o lugar e um fala.
— Turma da pesada, mas muitos cumprimentam o rapaz.
— Ele veio beber bem longe de casa.
Eles olhavam para a mesa e veem aquela luz surgir no meio
do salão, os dois olham desconfiados e o garçom fala.
— Não estragando nada, não interfiro.
Os policiais estranharam e viram aquela moça em luz
caminhar até a mesa de Luiz e Eduardo sair.
— Um gole? – Luiz.
427
— Sabe que não é bem vindo.
— Sei que ninguém gosta de mim.
— Vai se retirar por bem?
Luiz olha para a moça e fala.
— Eu sair não trará Dani de volta.
— Mas ela ainda implora em algum lugar, você sabe onde.
Luiz sente a moça tocar ele com aquela mão quente na altura
do pescoço e todos veem ela o erguer, e falar.
— Intrusos eu tiro, não gosto de você Luiz.
Todos no bar abriram caminho, os policiais estranharam e
viram Luiz ser atirado para fora pela porta, a moça em plena calçada
some.
Luiz se levanta, olha o bar, o rapaz a porta fez sinal para ele
não voltar, pega a carteira, ajeita a camisa, olha os arranhões no
braço e começa a andar pela avenida, ele chega a um bar mais a
frente, compra entrada e se aloja em uma mesa ao fundo.
Os policiais se olham, saem e olham ele andando para outro
bar, não entenderam, o que era aquilo, eles veem ele entrar em
outro bar e pedir outra cerveja.
Eles entram e o segurança recebeu carteirada quando quis os
desarmar, eles sentam ao bar e olham para Luiz a ponta.
— O que foi aquilo?
Um deles mostra a gravação do celular e fala.
— A moça não parece, não se ouve, mas algo sobre uma Dani.
— Sabe que nunca havia visto algo assim.
— E ele não levou para o pessoal, saiu e veio ao próximo.
— E parece querer sentir as coisas, ele olha em volta, ele
sabia que seria posto para fora.
— Talvez por isto o Deputado mandou ficar de olho nele, ele
representa algo que alguns não concordam.
Os dois olham uma moça chegar a mesa e Luiz ouve.
— Perdido aqui Luiz.
Luiz a olha e fala.
— Vai um alho ai?
— Não, tomando um gole?
— Patrícia me tirou do Lino.
— Lhe tirou?

428
— Aquelas coisas que amanha alguém diz ser uma
montagem, um rapaz voando pela sala, e sendo atirado na rua.
— Certo, o que fez?
— Ela me culpa por Dani.
— E não teve nada com aquilo?
— Tive, eu entrei naquela casa de vigaristas, ela deve ter me
seguido, mas oque aconteceu nem eu sei ao certo.
— E vai beber apenas hoje?
— Os dois rapazes no balcão, civil, de olho em mim.
— Encrencado?
— O deputado ligado a igreja, mandou me ferrar.
— Por quê?
— Digamos que a pedra dos milagres, vinda do Egito que
absorvia todas as pragas e maus de sua vida, se tornou pó, depois
que toquei nela.
— Foi você, muitos riram daquele vídeo que vazou.
— Não teve graça, temo pelas almas perdidas nestas
enganações.
Luiz tomou um gole a mais e fala.
— Só não se estressa hoje Carla.
— Problemas?
Luiz olha como se tudo ficasse novamente limpo demais.
Os policiais ao balcão olham para aquele apagão, tudo escuro
e viram aqueles seres de luz surgirem ao local, a maioria apenas
ligou os celulares e continuaram a beber, e a frente de Luiz uma
pequena “Ane” surge.
— Veio se gabar?
— Apenas beber Anelais.
— Não é bem vindo.
— Por quê?
— Gente com seu peso, não são bem vindos.
— Minha saída não muda nada para os Ane.
— Por bem ou por mal.
Luiz pega a comanda, passa no caixa, paga e sai novamente
do lugar.
Os policiais viram as luzes voltarem e os dois saem.
— Mundo maluco este.

429
— Ele está provocando, não sei oque, mas ele está
provocando.
— Ele caminha fácil, ainda nem bebeu direito.
— Pelo que vi, pagou 3 cervejas e só bebeu a primeira.
Os dois seguem ele, que pegou pela Avenida Nossa Senhora
da Luz, quando ele começa a descer pela Itupava, os policiais
sabiam que ele iria provocar algo a mais.
Ele entra em um bar, o segurança o barra e fala.
— Veio fazer oque Luiz.
— Tentar defender um trocado.
O rapaz sorriu, o rapaz ao bar fala.
— Se ele conseguir atrair gente, pagamos, sabe disto.
Luiz chega ao rapaz que pegou um violão ao fundo e lhe
alcança, ele vai ao pequeno palco e começa por Bidê ou Balde, Foi a
Gripe Forte, estava tocando Motorocker quando o rapaz ao balcão
viu aqueles seres translúcidos entrarem na casa, as pessoas se
afastarem, os policiais estavam tentando registrar, mas pegavam
apenas a reação das pessoas, não os eventos.
Um dos seres para a frente de Luiz e fala.
— Você não é mais bem vindo a cidade.
— Nem vocês, o que muda isto? – Luiz.
— Eles não tem seu peso.
— Não os vejo enfrentando, os deixam tomar espaço, culto,
lhes chamar de demônios, e no lugar de os enfrentar, colocam
gente como Ricardo, João, agora eu para fora, posso sair Plout, mas
o covarde aqui não sou eu.
Todos recuaram, Plout se materializa, imenso e dá um direto
de direita em Luiz, ele sacode os ombros e fala.
— Quer provar o que falei, é isto?
— Tem até segunda para sair da cidade.
— Estarei na feira, vendendo alho, na segunda.
— Avisado.
Os seres saem e o rapaz do balcão fala.
— Vou descontar da apresentação a confusão.
Luiz sorriu e falou.
— Então deixa eu levar meu violão, pois em casa de medroso
e explorador, cansei de entrar.

430
Luiz saiu e todos olham o senhor, pois foi covardia descontar
em Luiz, um policial barra Luiz e fala.
— O que é você?
— Eu, Luiz Candido, apenas um Curitibano.
— E quem era aquele ser.
— Plout, um ser da noite, como muitos, quase extintos na
cidade, a transformação de tudo que não é cristão, judeu ou
mulçumano, em demoníaco, é o forte desta cidade, os seres da
noite, nunca foram cristãos, pois eles existiam antes de Jesus existir,
eles existiam antes de Adão existir, então todos os que falam grosso
comigo, são seres dependentes de crenças que não eram deles, é
estranho estar colhendo as consequências de os ter defendido.
— E porque eles lhe querem fora da cidade.
— Eu estou provocando, se eu fico em minha casa, não saio,
não apareço, eles acham que mandam, quando alguém que eles
mandaram embora, aparece onde eles estão, eles se irritam.
— E não vai falar isto numa delegacia.
— Rapaz, não sei seu nome, mas eu poderia ter me defendido
na delegacia, mas lá, perante a lei, se me defendesse, estaria lá, algo
me mandava sair de lá, na primeira chance o fiz, e todos sabem o
que aconteceu com os que estavam a cela que me colocaram.
— Sabe quem foi?
— Não, mas presos somos fáceis de pegar, soltos, eles tem de
vir a nós, eles odeiam ter de se mostrar, mas se vão me seguir,
ainda estou começando a noite.
— O senhor ali não paga mesmo?
— Ele depois pede para que apareça, ele pelo jeito estava
mais com medo que os demais.
— E o porquê ele vai lhe chamar de volta.
— Plout em luz não se filma, mas garanto, ele terá muita
propaganda gratuita esta semana, com a filmagem de Plout me
acertando um direto.
— E vai para onde?
— Largo, onde mais.
— Vai cruzar a cidade.
— Termino na Praça do Gaúcho.
— Onde fica?
— Oficialmente se chama Praça da Redenção, é só me seguir.
431
Os dois viram o rapaz começar a andar e descer e depois subir
a rua, eles iam de carro ao longe, mas o rapaz o fez caminhando, ele
entra em um bar Punk na Rua Trajano Reis, novamente ele foi ao
fundo, pegou uma cerveja e sentou-se.
Os policias ficam na parte externa, e veem quando a rua se
fecha, não entendia, mas pareceu que o grupo de gente cresceu
muito, não estavam tumultuando, mas eram tantos, que a rua a
frente do bar parou, não tinha como passar.
Luiz estava a mesa quando um senhor senta a mesa.
— O que está acontecendo Luiz?
— Lhe tiraram de casa, doente?
— Serio Luiz.
— Jorge, não sei o que está acontecendo, mas não tem haver
com Piraquara, apenas a noite da cidade.
— Tem um deputado querendo sua cabeça.
— Ele quer a energia de todos da noite, todos querem entrar
nesta sensação, mas é prisão, quando sai, os que deveriam ter me
apoiado, estão todos, contra mim.
— O que eles acham?
— Que matei as forças que estavam presas.
— E não as matou?
— Jorge, como se prende algo como o ser dentro de você.
— Matando.
— Não, ai eu lhe paro, não prendo, eles querem o poder, mas
não podem dizer para estes que pensei serem inteligentes, que
estarão deixando a vida que conhecem.
— E os alertou.
— Eles não querem ouvir ainda, me mandaram sair da cidade
até segunda.
— Quem mandou?
— Plout.
— Se cuida, dizem que o direto de direita dele é mortal.
— Sei que está doendo Jorge.
— E daqui vai para onde?
— Estou provocando, mas não era para você a provocação,
tenho até dois policiais civis me seguindo, não sei o que será desta
noite.
— E porque não sabe?
432
— Porque eles estão olhando, adiando apenas uma semana.
— Certo, não quer problemas, mas se cuida – Jorge alcança o
cartão e fala – precisando me liga.
— Se lhe ligar, não aparece.
Jorge olha desconfiado.
— Por quê?
— Porque deixa de ser seguro, apenas isto.
— Se cuida.
Jorge sai e o policial olha ele saindo e fala.
— Este rapaz pode ser qualquer coisa menos um qualquer.
— Quem é o senhor ali?
— Jorge, o retaliador.
— O dono da Tribuna?
— Este mesmo.
Jorge toma umas 3 cervejas a mais, e sai a caminhar, agora
subindo a rua, no sentido da praça do Gaúcho, os policiais olham ele
parar a olhar dois bêbados na praça e um olha para Luiz.
— Veio, quem lhe segue.
— Meganha.
— E o que faremos?
— Eu vou pular um muro, apenas isto.
— Lhe damos cobertura.
— Cuida com os demais, apenas isto.
Luiz atravessa a rua e sobe ao lado do muro do cemitério,
chega ao portão lateral, o usa como escada e pula para dentro,
caminha pelos corredores vazios, os policiais viram e um falou.
— Primeira contravenção do dia.
— Ele caminha como se não tivesse pressa, mas parece viver
sozinho, nada o prendeu em lugar algum.
Luiz chega a um tumulo, senta-se e cruza as pernas e fala.
— Não sei o caminho a andar pai, mãe, irmã, eu por anos,
pensei que estava no caminho certo, eu mudei, muitos mudaram
junto, agora, sinto como se tivesse ido pelo caminho errado e não
tenho como concertar, mas sei que meu certo, nunca lhes agradou.
Luiz sabia que não lhe ouviam, mas estava a desabafar. Fecha
os olhos e ouve Dani.
“Nos levou a morte, te odeio”

433
“Nunca entendo entidades, odeiam os enganados e se
deixam levar pelos lideres que enganam”
“Você me traiu”
“Sei disto, e somente quando senti que estava presa, me
afastei, mas você ainda me odeia, e continua ai”
“Eles não são ruins”
“Então o que me perturba, se está onde quer, o que fica
chorando e se lamentando” – Luiz perdendo a paciência.
“Você não me disse que teria de largar tudo”
“Você não foi parar ai por mim, vocês me odeiam por uma
escolha minha, que não tinha haver com vocês, vocês escolheram
seguir, agora Patrícia me odeia, por não a permitir lhe seguir”
“Mas ela tem razão”
“Começo a duvidar que seja inteligente Dani”
Luiz de pernas cruzadas e olhos fechados, não viu aqueles
senhores se aproximando.
“Mas sou, saberá da pior forma”
Luiz sente a batida na cabeça e tende para o lado.
Um carro para a frente do cemitério e os dois policiais veem
colocarem o rapaz desacordado no porta malas, seguem o mesmo,
até a casa do deputado Kaiana.
Luiz estava sentado em uma cadeira, quando sente a agua e
acorda assustado, olha que estava amarrado e olha aquele senhor a
sua frente.
— Acha que vai parar tudo?
— Quem é você? – Luiz provocando.
— Sabe quem sou, foi de minha igreja.
— Não, fui de uma igreja, não de um ritual de poder e
sangue.
— Não sabe do que fala.
— Não?
— Acha que alguém vai ouvir você apanhando aqui dentro.
— Bom saber que se matar eles, ninguém ouve.
Os seguranças riram e Luiz olhou ele.
— Ria quando for gente para encarar Plout, pois eu fora da
cidade, será ele dando segurança ao deputado, não uns humanos
fedidos.
Os olhos do Deputado estavam em Luiz e pergunta.
434
— Porque destruiu a pedra, deu trabalho a desviar do Cairo.
Luiz sorriu e falou.
— Quer a verdade ou o que lhe agrada.
— A verdade.
— Falsificações tem de ser destruída.
— Se acha engraçado.
— Disse que não gostaria da verdade.
O deputado saiu e Luiz sentiu a gentileza dos seguranças.

Os dois policiais civis voltam para a delegacia, e o delegado os


chama.
— Não deveriam estar seguindo o sujeito?
— Se ele aparecer morto, foi o deputado delegado.
— Está na casa dele?
— Sim, ele foi fazer algo no cemitério, não sabemos oque,
mas foi jogado em um porta malas, aparentemente desacordado, e
o levaram para a casa do deputado, por isto achamos que está vivo
ainda.
—E o que eles fez?
Os dois se olham e um fala.
— Difícil de explicar delegado. – Ele coloca a gravação do
rapaz flutuando e sendo jogado para fora do primeiro bar.
— O que é isto, montagem?
— É o que todos que não estavam lá vão falar, mas um ser em
luz, que parece ter mandado ele sair, com a negação, ela o jogou
para fora.
— Fala serio investigador.
O segundo olha e fala.
— Dai ele vai a um bar a frente, e tudo apaga, fica estas luzes
estranhas, e ele sai, caminha até a Itupava e lá tocou perto de uma
hora quando este ser apareceu.
O delegado olha o ser e fala.
— Andaram fazendo montagem a noite inteira, falem serio.
O rapaz olha o outro que fala.
— Dai ele vai para o Largo, e Jorge, o retaliador senta a mesa,
não temos o que eles falaram, ele bebe um pouco, sobe para a
região do cemitério, e temos a imagem dele sendo jogado no porta
malas.
435
— Não entendi.
— Entendeu, nada do que vimos, pode entrar em um
relatório, ou acha que devemos por que seres deluz, um ser
disforme, um soco daqueles eu teria caído senhor, um dono de
jornal e os seguranças de um deputado, nada dá para por no papel
senhor.
— Acha que o deputado vai dar fim nele.
— Se ele morrer, o deputado vai esquecer de tudo, fazer de
conta que não pediu nada, sumir, se ele escapar, dai sabe que ele
vai vir com acusações pesadas senhor.
O delegado entendeu, o deputado os colocou nisto, mas o
rapaz resolveu sair a noite, e se sumisse, não poderiam ligar nada a
ninguém, quer dizer, tinham as gravações do tirar dele do cemitério.

Luiz já tinha levado muitos socos no estomago e rosto quando


ele encosta uma mão na outra, sente aquela pedra que absorveu, o
segurança olha para ele e arma o soco e lhe acerta, a mão deforma
como se acertado uma pedra, e o senhor recolhe a mão de dor,
outro tirou sarro, mas eles viram que Luiz estava como se fosse uma
pedra, um pega um cassetete e acerta a cabeça de Luiz, o mesmo se
quebra, mas Luiz prende a respiração e deixa o pescoço cair de lado,
e o outro se assusta.
— Não era para o matar.
Os seguranças saíram, não sabiam o que falar, mas o
deputado iria querer chegar ao rapaz pela manha, Luiz olha em
volta, tudo escuro, sente a pedra crescer dentro dele e a corda se
desfaz, levanta-se, olha para o corpo e ficou negro, ele olha para a
parede do fundo, bate nela e esta se desmancha, ele sai pelo
escuro.
Ele volta a rua, olha para o ponto do ônibus, olha que estava
sem carteira, sem documentos ou dinheiro.
Senta-se e olha em volta, sente a garoa fina, encosta as mãos
e olha seu corpo voltar ao tamanho normal, olha para um canto e
ficou ali encolhido.
As energias não estavam boas, lembrou que deixou o violão
no bar, lembrou que nada estava no lugar e olha em volta, levanta e
vai a sede da igreja, entra pelo fundo, arrombando, os alarmes
tocam, ele abre a parede do fundo e viu a outra pedra, toca as duas
436
mãos, se tornando pedra, e ergue a segunda pedra, sai por onde
entrou, enquanto a policia chegava pela frente.
Ele caminha até uma praça, cava com as mãos um buraco,
põem a pedra e volta ao seu tamanho, começa a voltar, olha a casa
do deputado, entra e senta-se, olha para a parede quebrada, não
teria como a repor e apenas fecha os olhos.
O deputado abre a porta e olha a parede quebrada e olha o
rapaz.
O segurança joga a agua, achando que havia o matado, mas
ele abre os olhos e olha o Deputado.
O sangue a boca, as mãos sujas, o corpo todo machucado, fez
o deputado olhar desconfiado.
— Quem quebrou a parede?
— Não sabemos senhor, ela não estava assim a pouco.
Luiz coloca as mãos para frente e olha para o Deputado.
— O que quer deputado, pois não vejo motivos para me
sequestrar se não quer nada.
— Muitos pedem sua morte.
— Pedirem e conseguir me matar, diferente, me pescoço está
se não quebrado, quase quebrado, e estou lhe olhando.
— Não teria como estar me olhando se estivesse.
— Verdade, mas se era para me matar, era só ter me matado
no cemitério, me enterrado e pronto.
— Onde está Maria?
— Morta.
— Rita?
— Morta.
— Rose e Katia.
— Mortas.
— Matou a todas.
— Sabe que não, quem as matou foi o senhor, matou a alma
delas.
— Não fala besteira.
— Se queria a confirmação, não precisava me agredir para
isto, era só perguntar.
— Eu odeio você.
O deputado vira-se e soca Luiz, que reage como pedra ao
soco e o senhor recolhe os dedos e ouve.
437
— Pode ter certeza, quebrou senhor. – Olhando os dedos
incharem do deputado.
— Matem o desgraçado.
— Não vai querer saber onde está a verdadeira pedra.
— Eu sei onde ela está.
— Quer dizer que não lhe informaram ainda, roubaram ela
ontem à noite enquanto eu chamava a atenção de vocês?
O deputado olha com raiva e fala.
— Matem este demônio.
Luiz se ergue e fala.
— Porque tanta violência deputado, não sabe negociar?
Um dos seguranças dá um tiro, resvalou em Luiz como se
fosse pedra.
Ele soca o ser que se deforma e se esborracha a parede, soca
o segundo e quando o terceiro estava ao chão, vê o deputado lhe
apontando a arma.
Luiz encosta na arma e fala segurando o senhor pelo pescoço.
— Atira.
Luiz sentiu o coice, mas não a bala, e o deputado solta a
arma, Luiz aperta seu pescoço e sai pela porta, volta a seu tamanho,
olha o carro que o pegaram e joga todos os corpos ali, entra e pega
os seus documentos, olha para a menina na escada e fala.
— Avisa a policia que tem um assassino no lado do cemitério.
— Quem morreu?
— Seu pai.
Luiz dirige até a lateral do cemitério e esperou a policia.
A mesma chega apontando armas e o investigador olha para
Luiz e pergunta.
— Onde está o deputado.
— No porta malas, morto.
O rapaz não acreditou, mas Luiz acionou o porta malas e
outro abriu vendo os 4 mortos lá, e todas as armas apontarem para
ele.
Luiz é levado para a delegacia e o delegado manda ele para a
cela, antes de qualquer coisa, os rapazes o olham como alvo, e
quando o primeiro o encosta na grade, Luiz fala lentamente.
— Quer morrer cara, vai por este caminho.
— Me ameaçando, vou quebrar você.
438
— Não duvido, mas hoje não estou em um bom dia, como um
filme antigo dizia, afirmo o inverso, não é um bom dia para morrer.
O senhor socou o estomago de Luiz e sentiu os ossos, recolhe
a mão, Luiz inverte ele na grade e fala.
— O que é matar mais um.
Outro mandou soltar o rapaz e Luiz apenas socou o ser a
grade e todos viram o rapaz se torcer de dor, virou para o que vinha
com uma barra e segura a mesma, puxa para ele e fala.
— Me deixando quieto ninguém morre a mais.
Os demais olham o Carlão se contorcendo, e um chamou o
rapaz, eles não vieram, pensaram em dar uma lição no rapaz, mas
quando aparecem pensando em o tirar morto dali, viram o rapaz
morto e ouviram o rapaz reclamar.
— Se fazendo de surdos.
Os rapazes tiram o corpo da cela e os olhos foram a Luiz e o
rapaz pergunta.
— Porque o matou.
— Eu morrer pode, ele não?
— Ele era um bom amigo.
— Quer o fazer companhia?
O rapaz recuou, Luiz sentou-se e pouco depois foi levado a
sala de depoimento. Olha que havia um rapaz a ponta, apenas
ouvindo, hoje com escrivão, era real, olha delegado.
— Pode se recusar a responder, mas farei algumas perguntas.
— Sou ouvidos.
— Porque matou o deputado.
— Provem que o matei.
— Foi encontrado no carro dele com ele morto no porta
malas.
— Sei disto, mas não sei o que o matou.
— E não vai afirmar.
— Delegado, se com dois rapazes seus, a noite inteira – Luiz
olha para o escrivão – pode digitar tudo, com dois seus na minha
cola, me veem sendo tirado desacordado e jogado em um porta
malas, e isto não gerou uma operação para me salvar, como o
senhor, pode ser competente ou indicado para esta acareação e
levantamento de dados.

439
— Acha que esta falando com quem? – O delegado batendo a
mesa.
— Um concursado, que deveria servir ao povo, não a
deputados, mas a pergunta está de pé senhor, eu se morresse,
vocês esqueceriam que me viram ser arrastado para lá, mas a
pergunta, porque eu sou o culpado, achem o culpado.
— E porque não seria.
— Eu acordei e eles estavam mortos, a parede do fundo
estava quebrada, e como não iria chamar vocês lá, os coloquei no
porta malas, não sei quem estava matando lá, mas se fui eu,
provem.
— E vai negar?
— Vou lhes complicar, mas eu aguento o levantamento das
provas senhor, mas manda os demais não virem querer me quebrar,
deixaram o rapaz morrer para não olhar, pode ter certeza senhor
delegado, todos aqui, vão responder pela morte do Carlão, todos
cumplices, meus cumplices.
— Não o matamos.
— Me colocaram lá para o matar e se negaram a dar socorro
por mais de meia hora, pode ter certeza, a imprensa engole fácil
esta.
— Não foi o que aconteceu. – O delegado.
Luiz olha ele serio e fala.
— Viu como é bom inverter provas delegado.
O rapaz do ministério público que apenas ouvia olha o
delegado.
— Que papo de dois rapazes o seguindo.
— Os seguranças do deputado o tiraram do cemitério
municipal desacordado.
— E não relatou isto.
— Está no inquérito, mas o morto não foi o rapaz, foi o
deputado.
— E porque o seguiam, tinham determinação judicial.
— Logico. – O delegado.
O rapaz olha para Luiz e pergunta.
— E o que fazia no cemitério de madrugada.
— Sei que é errado, mas meus pais e minha irmã, morreram a
4 anos, em um acidente de transito, as vezes sento no tumulo, acho
440
que faço isto quase todo fim de semana, deveria imaginar que
alguém me seguiria, mas nem vi me acertarem.
— E o que aconteceu na casa do Deputado.
— Ele queria saber algo sobre uma pedra, que tinha sumido
da igreja dele, que alguns falavam que eu tinha roubado, e
gentilmente os seguranças me bateram, lembro até o ponto que
desacordei.
— Porque tirou os corpos de lá e chamou a policia.
— Uma vez, quando sai da igreja, fui quase linchado, e nem
tinha um deputado pastor morto na sala.
— Pensou nas respostas? – O delegado.
— Obvio.
— Está mentindo?
— Ainda não delegado, vou mentir na parte que passariam
por demente mental, pois não é legal passar por louco e os demais
acharem que você está fingindo loucura.
O advogado do Ministério Público olha para Luiz.
— No que vai mentir.
— No causo do meu voar para fora de um bar no Bacacheri e
me ralar todo no chão, sobre uma montagem onde um ser disforme
de nome Plout me dá um soco já no alto da XV, coisas básicas que
me transformariam em alguém fazendo montagens.
O delegado olha para Luiz e fala.
— Sabia que o filmávamos?
— Delegado, você me filmava, o grupo do deputado me
filmava, os curiosos me filmavam.
— E não vai explicar aquilo. – Delegado.
— Senhor, quem estava lá viu, o resto, não precisa saber.
— Certo, não soma no caso, mas como vai provar que não foi
você que matou os demais.
— Espero o IML dizer do que eles morreram, dai falamos
sobre o que pode ter os matado.
— Acha que se livra fácil.
— Logico que não delegado, mas o que não entendeu, é que
todos que provoquei a noite, graças a um deputadinho, acham que
uma pedra que nem sei o formato, está comigo, então onde eu
estiver, eles vão vir.
O delegado olha serio.
441
— Está falando serio.
— Sim, eu afastava os frágeis servidores públicos, pois depois
vão dizer que os matei.
— Não tem medo?
— Senhor, se eu morrer, venci, se eu não morrer, venci, então
é uma batalha perdida, para o outro lado, que nem é quem me
atacará.
— E se o soltarmos?
— Vou complicar alguém, o que mais.
— E porque acha que não teremos provas.
— Terão de provar que posso dar um soco de 22jaules,
conheço somente um ser capaz de o fazer, mas ele entra
geralmente translucido, nos locais que aparece.
— Esta dizendo que eles foram lhe pegar, mas porque não o
mataram.
— Acha que se tivesse certeza que eles não estavam por
perto ainda, não teria ficado por lá delegado.
— E porque acha que um soco destes mataria.
— Sou resistente senhor, mas Carlão não tomou algo superior
a 7jaules de força, e sei o problema que gera internamente isto.
— Pode ser acusado da morte dele.
— Sei, mas melhor ele morto que eu.
— Tem uma linha de pensamento quase de adivinhação, isto
que o faz não temer.
— Senhor, quer uma dica, já que não posso sair e verificar.
— Uma dica?
— Verifica os canis da casa do Deputado, apenas isto.
— O que vamos encontrar lá.
— Não sei que vão encontrar, mas me indicaram que seria
onde estaria as moças que ele disse ter sumido.
— Enterradas? – O rapaz do ministério público.
— Não, tratadas como cães, eles acham isto de todas as
demais crenças senhor, dentro somos abençoados, saímos, cães
que não merecem o céu.
Luiz foi à cela, e uma diligencia retira 10 moças presas, não
havia gente em 4 delas, mas tinha restos de que alguém ficara ali, as
moças estavam bem debilitadas, a esposa quis dizer que não sabia e
não vira nada, mas a imprensa fotografa o local e a reportagem vai a
442
todos os jornais do pais e exterior, “Deputado Federal do Brasil,
mantinha moças presas como cadelas em casa”.
O silencio de Luiz ao canto, foi cortado por um rapaz que lhe
olha.
— Acha que não vai ter retaliação.
— Acho que se eu sobreviver a esta noite, eu aceito a
retaliação.
O rapaz não entendeu.
O advogado do ministério Público olha as imagens e entende,
o rapaz se metia com coisas estranhas, mas estas imagens quase
passaram desapercebidas, depois da batida na casa do deputado e
libertação de moças que eram tidas como sumidas.
Alguns grupos que estavam se organizando para protestar na
porta da delegacia contra a morte do deputado, ficam na duvida, os
pastores querendo gente lá, mas as imagens fez eles cancelarem,
iriam ser enrolados no problema, não era a hora.
Pastor Zico estava a terminar o culto quando dois policiais o
acompanham a um depoimento.
— Tem o direito a ficar calado senhor.
— Do que me acusam?
— Induzir a policia contra alguém que não era da sua religião,
e o corpo acaba de ser encontrado na casa do deputado.
— Mas...
— Sim, criar provas falsas, é crime senhor.
— Mas me adiantaram que eram reais.
— Entendo que pode ter sido usado, mas será investigado
pelo sumiço das moças, pois todas as que resgatamos vivas, eram
da sua paroquia, então saiba, está sobre investigação, não saia da
cidade, e vamos o chamar para cada processo que for aberto.
— Elas estão mentindo delegado.
O delegado não fala nada e olha o senhor saindo e olha para
o rapaz do ministério publico.
— Ele sabia, as moças nem depuseram ainda.
— Lobos na pele de cordeiros.
— Na cela temos outro Lobo no mesmo disfarce.
— Ele sabe o que matou os seguranças, um tinha a mão
quebrada, então ele socou uma parede de pedra antes de ter o

443
crânio esmagado a parede, o deputado foi erguido e teve a traqueia
quebrada, ele morreu sufocado.
— Muita força?
— Muita força, todos os ossos quebrados onde foram
socados.
— E o rapaz?
— Ele resiste bem a porrada.
— Hematomas reais?
— Sim, ele foi espancado.
— Algo grave?
— Ele recebeu bem as pancadas, ele pelo jeito sabe que não
pode segurar o soco, ele relaxou o corpo.
— De onde saiu este rapaz.
— Esperando o investigador Romário chegar. – Delegado
— Ele foi fazer o que?
— Verificar de onde o rapaz conhece o Retaliador.
— Ele conhece aquele ser estranho.
— Sim.
No Bacacheri um ser translucido para a frente de um trilho e
fala.
— O que faremos Plout. – Patrícia.
— Os mestres estão dizendo que ele roubou a pedra.
— Mas quando?
— Não sei, mas eles também omitiram isto antes, agora com
a morte do Deputado, parecem todos com medo.
— Eles prendiam dos seus, para conseguir força, sempre foi o
ponto que mais me pôs receio, agora se deparam com a lei deles
mesmos, mas não são eles que me interessa.
— Ele está em uma delegacia no centro.
— Pensei que acabaria com ele ontem Plout.
— Eu o soquei, sabe o que acontece a humanos com um soco
daqueles.
— Ele desenvolveu algo, e não sei, ele parecia querer
provocar ontem, mas os humanos o pegaram depois que o
deputado resolveu mostrar força sobre ele.
— Estou reunindo o pessoal e vamos a delegacia daqui a
pouco.

444
As pessoas a rua olhavam aquele grupo se reunindo no trilho,
eles o seguiriam até quase a Delegacia, pouco transito e cortando a
cidade.
O grupo foi crescendo, Luiz sentia a desordem vindo.
Romarinho chega a sala do delegado.
— O que tem para nós Investigador.
— Os dois se conhecem da faculdade, não entendi, mas o
rapaz não parece alguém com curso superior, mas tem em
jornalismo, temos um jornalista que ganha a vida, vendendo alho
nas feiras de Curitiba.
— Mas o que mais conseguiu.
— O rapaz era conhecido como a Pedra, na faculdade, ele
aguentava porrada para valer, mas ele não é um ser como estes da
serra, ele desacorda.
— Um humano, mas porque o Retaliador foi até ele ontem.
— Ele que informou o rapaz que falaram para ele, que o
deputado parecia ter algo estranho em casa, nos canis.
— Ele não iria relatar?
— Ele esperava que algo acontecesse, mas não sei oque
ainda.
O investigador entrando de costas com a arma a mão fez o
delegado olhar para a porta.
O senhor olha para fora e aqueles seres começam surgir na
delegacia.
Se ouviu tiros e gritos e o delegado fala.
— Vamos recuar.
— Para onde?
— Eles querem o preso não nós. – Delegado.
O delegado aponta a carceragem e os seres começam a ir no
sentido dela.
Luiz estava sentado, de olhos fechados quando ouve um tiro
e olha para a entrada e fala.
— Quem quer sobreviver, melhor se encolherem bem no
canto.
O rapaz iria perguntar do que e viu aquela moça em luz
passar pela porta, olhar para Luiz se levantando.
— Veio conversar, pois poderia ter o feito no bar, mas me
jogar para fora, sempre é mais divertido né Patrícia.
445
— Vim lhe matar.
— Não lhe contaram, mortos não se mata.
— Você não é um morto.
Luiz dá um paço a frente na direção dela, e seu corpo fica,
desabando ao chão, e em alma olha para ela e fala.
— Não quer mesmo conversar.
Patrícia tenta segurar ele e a mão passa ao ar e fala.
— Mas almas eu posso pegar.
— Estas que lhe devem a vida, quer dizer, a morte?
— Não entende o problema de ser uma lenda.
— Entendo, “A loira fantasma”, quem na cidade não ouviu,
quem não pegou um taxi assustado de madrugada, mas o que veio
fazer aqui.
— Dizem que você roubou a pedra da igreja.
Luiz olha para ela e fala.
— Vocês pensam, ou são idiotas por total.
— Acha que me ofende.
— Vocês já reviraram minha casa, nos meus bolsos, não
caberia uma pedra de mais de 100 quilos, eu não ergueria ela, então
dizer que eu roubei, é não saber quem são seus mestres.
— Eles nos prometeram um espaço no perdão.
Luiz riu, não conseguiu não rir e viu Plout entrar pela porta a
chutando, ele era mais matéria, mas ver o corpo caído e o rapaz de
pé em alma, o fez sorrir, Luiz sorriu de volta e ele fecha a cara.
— Somente um idiota ri da morte de algo, bem humano isto,
está deixando mesmo de ser um animal Plout, está virando
humano.
— Mas quem é nosso inimigo. – Patrícia.
— Eu sou o inimigo. – Pois vocês querem ir ao inferno
sorrindo e eu sou quem está no caminho os proibindo.
— Eles não são o lado ruim.
— Foi o que falei para sua irmã, ela me disse que não sabia o
que estava falando, hoje, fica lá gritando que não sabia que tinha de
abandonar todo resto.
— Não acredito em você.
Luiz em alma toca a cabeça de Patrícia e sua mão a suga,
Plout olha assustado, Luiz olha o chão, e seu corpo sobe ao ponto
que estivera antes e ele em carne, chega a porta e a soca, a mesma
446
abre e Plout começa a recuar, os seres como ele, começam a ver o
mestre recuar, mesmo os policiais, eles vão recuando, e saindo da
delegacia, olha pra Plout e fala.
— Não veio me enfrentar Plout, onde estão os seus mestres,
que tem de pedir para quem eles juraram um novo caminho, para
voltar ao antigo caminho, matar, para eles, qual a diferença Plout,
se você mata com permissão pode, permissão de quem?
— Você matou Patrícia.
— A coloquei junto a irmã, talvez elas juntas entendam o
problema, mas tira os seus da rua, se os ver de novo, se aparecer
tentando me bater, eu vou revidar Plout.
Outro empurra Plout que olha com medo, os demais saem e
ao fundo.
Luiz olha para onde estava as Ane, e encara Anelais, e fala.
— Uma hora teremos de conversar!
— Acha que consegue me convencer a os trair.
— Você está traindo todas as Ane, estou tentando, quando
uma delas entender a merda que está fazendo, não reclame.
Luiz sentiu aquela energia vir a ele, sente a todo lado a
proteção, sente o choque dela, transforma a mão e soca aquilo que
se despedaça em pequenos cacos saindo em todos os sentidos e
olha ela serio.
— Está aprendendo direitinho com estes lideres, como trair,
como enganar, como usar as coisas contra os amigos.
— Você não é meu amigo.
— Eu não a quero mal Anelais.
— Mas eu vou lhe destruir.
— Então melhor não chegar perto, que te mando para onde
quer ir, o paraíso que estes seres prometem existir.
Luiz dá as costas e volta a cela, senta-se e fecha os olhos.
O delegado olha o investigador e fala.
— Isto que viram lá?
— Sim.
— Bem mais assustador pessoalmente.
O advogado olha para o delegado e fala.
— Com o que estão mexendo senhor?
— Não sei, mas viu o medo nos olhos do ser?

447
— Sim, não entendi, mas esperavam que ele não reagisse,
saísse, mas parece que não vai ser como eles querem.

Domingo termina e Luiz a cela fecha os olhos e olha as duas


irmãs a frente.
— Me enganou também.
— Eu, parem de ser crianças.
— Mas me prendeu.
— Eu? Estão presas na pedra de poder e sinal do poder do
todo poderoso Deus, tocando nesta pedra, vocês teriam todos os
pecados perdoados e estariam prontas a entrar no reino de Jesus.
— Mas...
— Pensem, se não conseguem ver o básico, não vão
conseguir sair daqui.
— O que vai fazer?
— Lhes dar companhia.
As duas veem moças, vindas dos dois lados, as que ele
mandara para lá, mas para Luiz, ele estava apenas começando sua
limpeza.

O delegado olha os demais sem saber o que colocar no papel,


era inicio de segunda, e o rapaz do IML confirma as causa mortes,
eles tinham agora até o que poderia ter gerado as mortes, mas não
entendiam quem era o rapaz, quando o escritório de advocacia de
Jorge entra no caso, a soltura saiu e o delegado olha para o rapaz do
ministério publico.
— Agora começam os aliados.
— Não sei se gostaria de o ter como inimigo delegado, viu o
como ele enfrentou os seres?
— Na força, mas eles tinham medo dele, não entendi, uma
certa hora ele falava com algo que não víamos, mas vi aquilo surgir
a toda volta dele, pensei que alguém o deteria, mas pelo jeito,
alguns entraram na guerra, sem entender, quem colocaram na
mesma.
Luiz é solto no fim daquele dia, ele tinha profissão, tinha
residência, e iria responder por morte sem intensão de matar do
companheiro de cela.
As leis no Brasil são moles mesmo.
448
Era fim da manha ele deixara a arrumação para depois e já
estava no ponto dele a vender alho, na normalidade do dia.
Era inevitável reparar nos rapazes o observando.
Luiz passou em 3 salões da igreja, antes de ir para casa, olha
pra Zico a rua, ele olha atravessado, mas não fala nada.
Na porta de sua casa, a marca do chute, as coisas reviradas,
começa a arrumar, ajeita as coisas e olha aquela moça entrando
pelo portão, não conhecia.
— Senhor Luiz Candido?
— Sim, lhe conheço?
— Mandaram verificar se estava tudo bem por aqui, os
vizinhos denunciaram arrombamento.
— Estou apenas colocando as coisas no lugar.
— E não vai dar queixa.
— Tem gente que não existe, como pode se reclamar delas.
— E não leva para o pessoal.
— Eu levo tudo no pessoal, mas isto não quer dizer levar ao
futuro, ou ao interno, sei quem me odeia, e quem ignora que existo.
— O ministério público me indicou para seu caso, o rapaz
anterior, abandonou o caso.
— Ele não relatou que já tenho advogado?
— Não, então dispensou o ministério publico.
— Moça, se não falar o que quer, não sou adivinho.
— Acha que não sou do ministério público.
— Se for, é das poucas que faz hora extra.
— Acha normal entrarem nas casas das pessoas assim.
— Eu e alguns poucos acham que é a prova, que certos
crimes, são legalizados no Brasil.
— Não entendi.
— Arrombamento só dá cadeia em flagrante delito, em casa
de rico, pois arrombamento em casa de pobre, números, a polícia
nem vai vir verificar, o que estiver no BO é o que vale, mas se a
policia é só para registrar o que já aconteceu e não apurar, não
preciso dela.
— E acha normal.
— Eu não tenho nada de valor aqui dentro, não sou alguém
que deu certo, eu me formei e nunca trabalhei no ramo de minha
formação, estava recém formado, e meus pais e irmã morreram,
449
vindo de São Paulo, dizem que entraram em uma curva e a ponte
tinha sido levada, eles encontraram o carro 3 dias depois, com os
corpos em meio a lama enterrados dentro do rio.
— E se formou em que?
— Jornalismo.
— Teria direito a prisão especial.
— Acho isto uma idiotice.
— Idiotice?
— Moça, prisão especial deveria ter quem não sabe da lei e
por acidente a comete, mas gente com grau superior, que sabe as
leis, as quebra, deveriam pagar em dobro, juiz que rouba, deveria
ser hediondo e sem fiança ou redução de pena, pois eles são os
símbolos da lei, a quebrar, sabendo todas elas, deveria ser
penalizado com rigor.
— E não desconfia quem sou.
— Diria que pelo sotaque, paulistana, pela forma que segura
o lápis, canhota, pela forma que usa o relógio na esquerda, IML.
A moça olha para Luiz, e pergunta.
— E perde a vida vendendo alho?
— Não, isto é na hora de folga, no trabalho enfrento os Hon,
mas é difícil os definir, eu quando os vi a primeira vez, achei que
eram extra terrestres, mas eles são algo entre humanos e Lagartos,
fortes, quando não os estou enfrentando, tem as irmãs Hans, os
demais as chamam de loiras fantasmas de Curitiba, eu as chamo de
Patrícia e Dani, as vezes tropeço em uma Ane, isto é crença indígena
da região da serra, pequenos seres voadores, que na Europa
chamam de Fadas, os indígenas chamavam de Ane, ela também não
gostam de mim.
A moça sorriu e Luiz entendeu que ela achou graça, e fala.
— Pelo menos alguém riu disto.
— Não desconfia o que faço aqui?
— Não, vai desenterrar os corpos do quintal?
— Muitos lá?
— Perdi as contas, deve dar uns 30 por mês, nos últimos 3
anos, mais de mil.
— Não leva a serio as coisas mesmo.
— Não sei ainda se estou preso, solto ou em investigação.
— Em investigação.
450
— Motivo?
— Morte das que foram encontradas mortas na casa do
deputado.
— Eu sou o culpado agora.
— Eles querem saber o que você é, mandaram uma moça,
não sei o medo que eles tem de você.
— Digamos que as vezes falo grosso.
Dois rapazes entraram pela porta e ela falou.
— Mandaram tirar uma amostra do seu sangue, por bem ou
por mal.
— Você e mais quantos?
Os dois avançaram e quando eles o tocaram, a moça viu os
dois sumirem, eles surgiram na pedra, ele olha para ela e pergunta.
—Para quem trabalha moça.
— O que fez.
Luiz a toca e ela some no ar, ele sai a porta e olha que os
policiais não estavam lá, pega a mixa na gaveta da cozinha, um
capuz, vai ao carro da moça, dá a partida no carro a frente, fecha o
portão e sai com o carro.
Ainda estava em algo que não entendia, sabia que a agulha da
moça estava com algo, não estava ali para tirar sangue, mas as
vezes ele tenta achar que as pessoas são do bem.
Para a igreja central e quando ele para o carro sobre a
calçada, põem o capuz, os dois seguranças da porta vieram falando
alto, ele apenas os toca e estes somem, Luiz foi entrando e quando
o pastor Roberto viu ele vindo direto, os olhos dele se arregalaram,
ele olha a porta, não tinha mais segurança, olha em volta e recua, as
pessoas olham para aquele ser com capuz chegar e falar.
— Vocês todos estão comprando um lugar no inferno, pior é
que sabem disto, mas – ele toca no pastor que some – mas terão de
esperar um pouco, para fazer companhia ao pastor.
Ele toca as cestas de oferta e no mundo dentro da pedra
negra, começa a chover dinheiro.
Luiz volta ao carro e sai cantando pneu.
Abandona o carro em um estacionamento de shopping a duas
quadras dali e pega um ônibus para voltar.

451
Em outra igreja, quando o pastor tocou na bíblia ao altar, ele
olha as mãos, viu aquele negro surgir e todos na igreja veem ele
sumir.
O mesmo aconteceu em todas as igrejas que Luiz havia
passado, e quando ele deixa a cama, sabia que estava apenas
somando em inimigos, mas ainda queria paz.
Luiz fecha os olhos e vê Dani lhe olhar.
— Veio tirar sarro.
— Não, vim ver como estão, já conseguiram enxergar algo?
— Você...
— Certo, dou mais dias para vocês.
Patrícia olha Dani e fala.
— Ele quer que o perdoemos.
— Estamos aqui porque ele nos enganou.
— Não foi ele que trouxe a pedra, ele tinha seus pecados, o
que o atraiu a igreja, foram seus pecados.
— E estes a volta?
— Eles acham que orar para quem não deram bola até estar
aqui adianta.
Elas olham mais pastores surgirem, viram aquela senhora e os
seguranças, e um senhor chega a moça.
— Pelo jeito não deu certo.
— Onde estamos?
— Não sabemos, estava em meio ao culto quando sumimos,
como se a bíblia nos absorvesse.
— Não nos alertou deste risco pastor.
— Não entendi isto, e não pode ter sido tudo causado por
uma única pessoa.
— Eu sei quem me colocou aqui.
— O que são aqueles seres de luz? – A moça.
— As irmãs Hans.
— As Loiras Fantasmas existem?
— Pelo jeito as conhece.
— Não, mas ele estava tirando sarro que o trabalho dele, era
enfrentar estes seres, não vender alho.

452
Luiz é acordado pela policia na porta, ele atende, novamente
conduzido a delegacia, entra e olha para o advogado que Jorge
mandara e ouve.
— Eles não tem nada, mas parece que alguns religiosos
sumiram.
Luiz olha para o delegado.
— Pelo jeito o manter aqui não gera mais acusações.
— Qual das acusações precisa que confesse para ficar preso?
– Fala Luiz olhando o delegado.
— Não tem medo, mas ele estão com medo de você.
— Senhor, eu aqui, é aqueles seres tentando me pegar, eu
fora daqui, é a igreja inventando que sou eu, e não eles que estão
no caminho deles.
— E porque você.
— Alguém que bate forte, mesmo quando não tem motivos
para bater forte.
— Não entendi.
— Se lembra do começo da nossa primeira conversa, eu não
estava amistoso.
— E o jogamos na cela.
— Sim.
— Temos a imagem de você entrando em algumas igrejas e as
mesmas que entrou, os pastores somem durante o culto.
— Não entendo, eles pregam o arrebatamento, quando
acontece, eu sou o culpado?
— Isto não teve graça.
— Delegado, prove que eu dei sumiço neles, na frente de
câmeras durante um culto. Se eles filmaram, eles tem de ter eu lá
tirando eles, eu tocar em uma bíblia, não transforma a bíblia em
uma passagem para o inferno.
— Os está mandando para o inferno.
Luiz ouve a voz e olha para a porta e vê o líder máximo local
daquela igreja e fala.
— O céu que vocês pregam, com conquistas materiais, com
sobra de dinheiro, com ganhos pessoais, é exatamente o inferno do
anticristo.
O senhor olha o delegado e fala;
— O porque não o prenderam ainda.
453
— Provas, precisamos de provas, a busca e apreensão na casa
dele não deu em nada, ele não tem nada religioso na casa, as
imagens mostram ele orando e tocando a bíblia, não existe esta
coisa de maldição para a lei senhor.
— Mas os lideres da minha igreja exigem que o prendam.
— Eles oque? – Fala Luiz – Fazem acordo pela minha morte
com os Hon, com as irmãs Hans, e ainda querem mandar na lei?
O senhor vendo o rapaz se erguer, recua.
— O senhor está querendo dizer, que se eu – Ele toca no
senhor – o tocar, o senhor vai para o inferno, quem acha que sou,
para ter tanto poder senhor.
— O anticristo.
— Acha mesmo que está fazendo o trabalho de Cristo,
enriquecendo senhor? Lava a boca para falar dele.
O delegado viu o medo do senhor, mas quando não
aconteceu nada, ele pareceu respirar.
A sensação que o próprio delegado teve, era que o senhor iria
sumir.
Luiz volta a sentar e o senhor olha tentando fixar os
pensamentos e fala.
— Ele é um demônio, tem de o prender.
— Provas senhor, e mesmo que fosse um demônio, seria
minha religião, teria de me respeitar diante da lei, falam que
respeitam os demais e nos chamam de demônios, repete, que
quanto mais o senhor falar, mais vou pedir sua prisão por incitação
a ódio por outras religiões.
O senhor viu que o delegado estava ali, o advogado, e fala.
— Nos falamos depois delegado.
O senhor saiu, ele chega ao carro, quando ele encosta no
banco de trás do carro, o negro que ficara na veste do senhor as
costas, interage com o carro, e na reta, saindo dali, o carro acelera
para aquele mundo vazio, parando mais a frente, olhando em volta.
O delegado olha para Luiz e fala.
— Não pode negar que ele tem medo de você.
— Senhor, eu enfrento seres como os Hon, como aquele
Plout que veio aqui me atacar, de frente, acha que tenho medo de
palavras como “Está amarrado, em nome de Jesus”.
— Eles devem o achar um demônio mesmo.
454
— Se eles não sabem que toda repetição sem dedicação de
palavras, é jogar palavras ao vento, não vou os explicar, quando se
fala isto como um bom dia ou um boa noite, perde sentido,
estranho, pois a 20 anos, o “Está amarrado” era usado em templos
de candomblé, hoje eles usam com uma naturalidade incrível.
— E sabe onde eles foram?
— Nem inferno nem céu, o que eles pensam, que existe um
lugar no espaço onde cabe todos os seres que já viveram e
morreram, inteligentes do universo?
— Porque não acredita existir.
— Senhor, os matemáticos poderiam lhe explicar isto, mas
imagina um lugar, contendo, e vamos ser modestos, apenas uma
forma inteligente por galáxia, o que acho muito improvável, mas
mesmo assim, teríamos mais de um bilhão de espécies, e cada lugar
entrasse apenas com um bilhão de salvos, um sétimo do que temos
no planeta hoje, em toda sua historia seria muito mais. Isto daria
um local lotado de um bilhão de espécies, mas o numero de seres,
seria algo como um seguido de 18 zeros, eu não sei falar este
numero, e este ser superior, saberia o que cada um fez, no que cada
um deslizou na vida, considerando que ele desse atenção para você
apenas um segundo de sua vida, ele voltaria a lhe dedicar um
segundo, depois de mais de 760 bilhões de anos. Isto sem
considerar os que ele analisou e ficaram no caminho.
— O gigantismo que eles tentam negar para poder manter
suas fés.
— Eles apenas se apegam a coisas impossíveis, mas não quer
dizer que não exista um tempo paralelo em cada existência, para
onde nossas almas vão, mas não acredito que o que nos norteia
socialmente, norteia a alma.
— Por quê?
— Senhor, estes que ganham dinheiro com cultos, pregavam
a escravidão baseada na bíblia a 100 anos, a mutilação de meninas,
para não ter prazer, a submissão da mulher, o queimar e torturar de
pessoas por desconfiança de serem bruxas, acha mesmo que
qualquer seguidor deles, vai para o céu, para um paraíso?
— Acha que outros vão?
— Deus me livre do paraíso Mulçumano.
— Por quê? – O delegado dando corda.
455
— Você morre e tem direito a 50 virgens, mas 50 virgens,
depois de 50 dias, são cinquenta mulheres, com suas cargas, nas
regras de Deus, não na das escrituras, depois de 9 meses, pode ser
que sejam 50 filhos.
— E não falou onde eles foram parar?
— Senhor, a culpa não é minha, eles tinham um atalho, não
sei de quem eles roubaram no Egito, mas eles trouxeram uma pedra
negra, a promessa era que todos que tocassem, estariam livres de
todos os pecados do passado, e caminhando ao lado das leis de
Deus, teriam um caminho para o paraíso, eles trouxeram roubado
do Egito, dizem ter adquirido, mas quem venderia algo assim? Dai
eles por mais de 4 anos, criaram esta vertente cristã, que tem o
apoio de Jesus, direta, que perdoa seus pecados, independente das
demais, começa a crescer, a fazer templos maiores, a sensação que
se tem ao tocar a pedra, é de liberdade mesmo, aqueles pesos do
passado parecem sumir, junto com a lavagem cerebral praticada,
muitos se voltaram a igreja, eu fui dela por dois anos, até tocar a
pedra e sentir a energia de uma das irmãs Hans, pedindo para sair
de lá, então o pastor Zico me disse que todos os demônios da
cidade seriam atraídos e absorvidos, entendi naquele toque, que a
pedra não dava a sensação de perdão, ela tirava energia espectral,
ela em si, reduzia a magia natural de cada um de nós, e transferia
para a pedra, mas eles tinham uma pedra apenas, então quando a
pedra chegava a cidade, em qualquer templo, as filas, as doações,
multiplicavam-se.
— E o que isto tem de mal.
— Eles prometeram para seres de magia da cidade, eles se
encantaram com a ideia de serem perdoados de todos os pecados
do passado, mas quando a primeira irmã Hans sumiu, eles não
assumiriam que a pedra era uma concentradora de forças, e jogam
sobre quem sente a alma de Dani presa a pedra a culpa, mesmo
tendo ouvido do pastor a verdade, isto foi pessoal, para os demais
seres, a versão mudou.
— Eles prenderam um ser do mal a pedra? – O delegado.
— As irmãs Hans estão mais para crianças mimadas e
estripulentas, mais para o modelo do Saci Pererê de Monteiro
Lobato do que para seres do mal, delegado, quando eu falo, irmãs
Hans, todo taxista da cidade, as chama de Loira Fantasma, mas elas
456
são gêmeas, então nunca vão identificar uma diferença sutil em um
ser espectral.
O delegado anotou e pergunta.
— E o que os levaria para lá, para o mesmo lugar, para onde
eles estão indo?
— Todos eles tocaram na pedra senhor, todos estão ligados
ao mundo da pedra, não sei onde é, mas todos que tocaram, sabem
que posso atalhar o caminho, então não sou eu que fiz o caminho,
não sou eu que os mando para lá, e sim o desejo deles de ir, de ter
seus pecados perdoados.
— Disse que sabe atalhar este caminho?
— Se perguntar para os demais na cela, quando a segunda
irmã Hans veio me pressionar, abri o caminho para lá, pelo menos
as irmãs se apoiam.
O delegado olha o advogado.
— Não sei o que falar.
— Eles falam maluquices, mas faz parte de defender pessoas
ligados a Jorge senhor.
— Sei disto, mas somente quem viu aqueles seres imensos,
sabe que este rapaz não é inocente, mas não quer dizer que seja
culpado de tudo.
Luiz sai dali, novamente e o advogado fala.
— Estamos acompanhando de perto, existe pressão para sua
prisão, mas eles não tem motivo e nem processo fechado.
— Temo mais ser linchado do que preso, por estes fanáticos.
— Se cuida.

Luiz olha para a rua, ele pensa em o que fazer, ele queria
parar de vez aquilo, mas parecia que ninguém o queria ouvir, todos
queriam o perdão, mas a pergunta que Luiz se fazia agora.
“Para que Deus me quer puro?”
“Para que Deus quer os inocentes?”
“Para que Deus quer sofridos e inocentes?”
“Para que eu quero um paraíso, com tudo feito, com tudo
pronto, com nada para duvidar ou executar?”
Luiz olha em volta e fala alto.
“Paraiso é lugar para folgado, mas folgados não vão para o
paraíso, talvez por isto a inocência, para não morrer de tedio.”
457
Começa a caminhar no sentido da praça que enterrara a
pedra, olha para o local lotado de energias escuras, olha para
aqueles humanos de negro e toda volta, como se algo os atraísse ali,
viu que teria um show na outra ponta da praça, mas todos estavam
na ponta que a pedra estava.
Luiz olha para os rapazes, passa olhando, era provocação, um
sorriso nos lábios, que parecia a quem estava ali um deboche.
Ele sente as demais energias chegando ao local.
Luiz nunca foi santo, mas tentara algo para sentir-se livre,
mas sentiu a alma leve demais, não sabia viver sem o peso, ele por
si preferia o peso a viver na promessa de um paraíso, ele não queria
algo fácil, ele quando sentiu seus pecados fora dele, sentiu falta
deles e começou a cometer novos pecados, por dois anos, fez o que
bem quis, atraiu e matou, mais do que o normal, ele sentia a paz do
tirar daquilo dele, e novamente matou, pois não precisava mais se
preocupar com o condenar, mas algo mudou, ele sabia que os seres
de força, estavam sumindo, mas pensou que estavam se afastando,
não seguindo seus passos, estranho saber de cultos apenas para
seres especiais, mas começaram a acontecer, e quando sentiu as
forças de Dani presas, entendeu que não era liberdade que eles
pregavam, era o desequilíbrio total, era o peso total.
Luiz repara em alguns Punks a frente e se vê cercado e ouve.
— O que um burguesinho faz aqui.
Luiz olha em volta e fala.
— Burguesinho não vi nenhum por aqui.
— Acha que sai por bem? – O rapaz a frente, eles estavam
bebendo e pelo jeito resolveram que parariam Luiz que fala.
— Eu saio, você sai?
O rapaz cheio de metais, cabelos espetados para cima, uma
barra na mão toca as costas de Luiz, ele se vira e vê o mesmo virar
um soco de esquerda com um soquete na mão, sente o golpe,
recuando o rosto, mas nada que o parasse.
O rapaz olha para ele lhe olhar e fala.
— Punk covarde, pensei que isto não existia.
Os demais viram que o rapaz não se mexeu, um veio com
uma barra, e Luiz a segurou no ar e olhou para o rapaz.
— Minha briga não é com vocês.

458
Luiz olha aqueles seres surgindo em meio a praça, Plout vinha
a frente, Luiz sentia que vieram com proteção contra encantos e
sorri, eles não entenderam o problema.
Os rapazes ao lado se armam vendo aqueles seres estranhos
e ouvem.
— Veio, trouxe diversão para nós?
— Você não pode comigo Plout, não se faz.
— Vi que você traiu Patrícia.
— Me atacam, querem minha morte e me defender é traição,
ainda espero vocês para conversar.
— Não falamos com traidores.
— E o pastor ali no fundo é oque então.
— Ele nos explicou que você roubou a pedra.
— Eu a destruí Plout, eu não quero o perdão fácil, eles
querem lhe dar algo que não têm, mas se ele achou que acharia a
pedra aqui, ele está perdendo tempo.
— Ele sabe que você vai até o que ele chama de pedra.
Plout tinha uma imensa espada a mão direita, daquelas bem
afiadas e a cruza ao ar, Luiz sorriu e fala.
— Acha que tenho medo de me ferir Plout, não me viu ainda
como inimigo, e não estou aqui como inimigo, mas uma hora terá
de me ouvir.
O ser avançou, passou aquilo no ar e uma arvore ao lado
tende no sentido de onde outros punks estavam, os mesmo se
armam, e Plout olha para Luiz e passa no ar a imensa espada e vai
para cima dele, Luiz segura a espada com a mão quando vinha de
cima, empurra para traz, todos viram Luiz crescendo e ficando negro
como pedra, e avançar, Plout o viu puxar a espada e fixar no chão a
frente e vir sobre ele, o socando, Plout sente os punhos de Luiz,
tenta resistir, mas foram minutos para ele cair, os demais estavam
apanhando dos punk a volta, não estavam em uma parte fácil da
cidade, Luiz olha para os que pararam e fala.
— Arrastem este lixo daqui.
Os Hon que sobraram seguram os que desacordaram e estes
somem, Luiz olha para suas mãos, caminha rápido ao carro do
pastor ao fundo e o toca, e este some na calçada.
Luiz olha os Punk e vai voltando para seu tamanho, ajeita a
camisa, olha eles e fala olhando o que o havia barrado.
459
— Desculpa, tenho ainda coisas a fazer, fica para a próxima a
briga.
O rapaz olha Luiz saindo e um fala.
— O que é ele?
— Vamos descobrir, mas os Hon não vem para matar, hoje
eles vieram, e não sei como, mas viram com que facilidade o rapaz
desacordou Plout.
— Conhecia o ser?
— Ouvir falar, não é ver, a espada ali na praça, deve pesar
quanto?
O grupo chega e em conjunto não conseguiam a mexer.
Luiz volta a caminhar e vai ao centro novamente, e para em
um bar no largo novamente, calçadão, senta-se e pede uma cerveja,
ele enche o copo e toma um grande gole, encosta as costas na
cadeira.
Olha ao longe, os policiais continuavam a o seguir, mais
problemas depois, olha ao fundo e vê os punk, e não iria parar hoje,
tão cedo, era segunda, a noite era curta em si, mas ainda dava para
provocar.
Os policiais olhavam ao longe e Romário fala.
— Viu a forma que ele tomou quando enfrentou aquele ser?
— Mais de 3 metros, parecia ser uma rocha maleável, negra e
lisa, brilhosa até.
— Sim, e não sei o que ele fez, mas ele realmente, fez o carro
do pastor sumir.
— Pensei que ele faria o ser sumir.
— Não sei o que ele quer, mas parece querer apenas
provocar.
— Os punks estão chegando por todos os lados.
O policial olha e fala.
— Ele não parece preocupado ainda.
Luiz olha o rapaz punk sentar a sua mesa e falar.
— Sou Paulão.
— Luiz.
— O que é você?
— Alguém bebendo uma cerveja, apenas isto.
— O que foi fazer na praça?

460
— Provocar Plout, mas não entendi, reunião Punk na
segunda, não me parece padrão daquele lugar.
— Tinha um show na Arena que foi cancelado, mas já
tínhamos combinado com a turma.
— Aquele lugar era para não ter ninguém rapaz, não é seguro
estar em um lugar onde Plout empunha sua espada.
— A lendária espada que nunca perdeu uma batalha?
— A lendária espada que nunca viram em ação.
— E você a tirou dele, ele vai ficar furioso.
— Amanha ou ele recua, ou terei de o fazer recuar na marra,
ainda estou tentando o trazer a lucides.
— E não vai falar quem é?
— Um nome, que ninguém conhece, e vai continuar sendo
assim Paulão.
— E o que veio faze aqui?
— Segunda não acontece nada por aqui, mas ao passar da
meia noite, as Ane vão surgir, é dia de coleta de energia, elas
tendem a aparecer a volta.
— E quem é esta Ane?
— Os europeus chamavam de Fadas, eu chamo de Ane, seres
pequenos, mas seu poder não está no tamanho, e sim, no
conhecimento, um segundo de distração diante de uma, pode lhe
custar a vida, diante de Plout, uma dor de cabeça imensa.
— E porque as tornar visível?
— Elas não precisavam da visibilidade, mas não entendem,
antes enfrentaria Plout em um sub campo de energia, mas eles
foram roubados, e no lugar de olhar os verdadeiros ladrões, estão
todos me culpando por algo que posso ter caminhado, mas eu
caminhar uma calçada errada, sem forçar ou convidar ninguém, não
me torna culpado de outros seres quererem me seguir e se darem
mal.
— Foi impressão ou se tornou pedra.
— Isto é recente em minhas habilidades.
— E vai somando força.
— Paulão, somente eu conseguirei tirar aquela espada do
chão, sei que estamos aqui e Plout vai surgir lá, para recuperar sua
espada, mas ele a perdeu em batalha, terá de a pedir, ele vai estar
mais furioso amanha que hoje.
461
— E não se preocupa.
— Espero o dia, que alguém me pare, não sou santo rapaz, eu
não paro porque alguém ainda respira, eu não tenho pena de matar
um pai a frente de uma filha, eu não tenho certo ou errado, mas eu
respeito as energias locais, as pessoas esquecem do básico e a culpa
sempre é minha.
— O básico?
— Imagina alguém estar sentado a mesa, só teoria, e sentir o
ambiente em volta, as pessoas, as coisas, e focar em algo,
desejando um som – Luiz fica quieto um pouco, começa bater
lentamente o dedo na mesa, e se ouviu os sinos da catedral, da
igreja a frente, das duas mais a cima, acompanharem aquelas 4
batidas – mas isto, poucos reparam a volta.
Paulão olha Luiz e fala.
— Mas como alguém pode sentir tudo assim.
— Isto, é parte do caminhar, mas muitas vezes, faço com
minhas forças, não com a dos seres e energias a volta.
— Suas forças.
— Quando soltei os freios do caminhão de combustível, era
vingança, mas o principal, ninguém ficar com roupas que
transpassaram existências, vestidos como se fossem peças apenas,
tinha de as tirar da existência.
— Está falando que não se preocupa em matar gente.
— Não, não me atenho a regras que não me parecem fazer
sentido.
— O que não lhe parece fazer sentido?
— Todas as religiões pregam que o matar é inadmissível, mas
se estas almas realmente fossem a Deus, você não estaria fazendo
nada além de antecipar uma vontade dele, as libertando do peso.
— Vai dizer que faz um trabalho de Deus.
— Acho que tentando achar Deus, descobri que ele não é
como pensam, então obvio, não faço o serviço de Deus, pois
ninguém o faz, tudo que nasce, morre, regra básica, você pode
matar Deus ou o impor a todos, e as pessoas que nascerem,
morrerão.
— E porque fala que mataria na frente de um filho o pai.

462
— O tirar de alguém da inocência, matando alguém que o
desviaria do bom caminho, não vejo como problema, e todos, todos
mesmos, ninguém é inocente, todos respiram e comem.
— Mas como sente-se tudo a ponto de sentir um sino a mais
de 500 metros.
— Você tem de entrar em um mundo, onde você seja você,
não o que os demais querem, não me visto como os demais
querem, não me faço de inocente, e principalmente, me mantenho
tão atento, que mesmo quando alguém me acerta pelas costas, e
todos a volta pensam que não o vi, apenas desejei que ele não o
fizesse.
— E faz oque para viver?
— Vendo alho em uma feira, de segunda a sábado, sem
folgas, sem chefe, sem nada além de meu trabalho, para gerar meu
sustento.
— E porque a policia o vigia?
— Estão querendo saber se matei ou não aquele desgraçado
do deputado.
— E o matou?
— Não se perdeu nada com aquela morte.
— Matou?
— Isto é detalhe, não matei ninguém hoje ainda, e pode ser
que passe sem uma morte.
— Não se preocupa com metas.
— As vezes, um caminhão faz o trabalho de 3 dias, as vezes,
apenas caminho, e nada acontece.
— E espera oque aqui?
— Mais 15 minutos.
Luiz pede mais uma cerveja e toma com calma, estava
terminando a terceira quando um grupo de roqueiros desce a rua,
vinham da parte alta da rua.
— Se quer sair, a hora é agora.
— Não temo roqueiros.
— Eu não defendo ninguém ao lado rapaz, já me custa me
defender.
— E quem vem ali que lhe quer mal?
— O vagabundo do filho do deputado.

463
Os policiais ao fundo olham aquele grupo de roqueiros
chegando, os Punk estavam a toda volta e obvio, ficou bem tenso o
local.
O chegar do grupo com bastões a volta de Luiz fez o mesmo
olhar para o rapaz a frente.
— Valente como o pai, um covarde.
— Matou meu pai.
— Eu não acho que consiga provar isto Guto.
— Sei que foi você.
— Não sabe, acha, e tem de se mostrar diante dos
amiguinhos.
Luiz viu o rapaz inverter o taco, e virar com violência, ele
segura a mesa, bate na parte baixa, e enquanto o taco vinha na sua
direção, a mesa abaixava ao chão, ele segura a cerveja com a
direita, a deixando de pé ao chão e se protege com a esquerda.
Sente a pancada e se ergue.
Os demais viram ao longe e se afastam, mesmo nas mesas
próximas.
Guto tentou o segundo golpe, Luiz segurou e puxou o bastão
para ele e fala empurrando o rapaz.
— Quer mesmo me matar em publico Guto.
Luiz gira o taco agora a sua mão e o rapaz começa recuar.
Outros vieram para o agredir, segura os dois tacos, os
empurrando no sentido da fonte, ao centro do local, os dois rolam
para trás e Paulão olha para Luiz andar firme, e olhar para os
demais.
— 30 segundos para correr, depois, vão sair em caixões
rapazes.
Uns acharam que ele estava se fazendo, mas Guto recuava,
dois tacos a mais vieram, ele segurou o primeiro, jogou o rapaz
sobre o segundo e deu com força na primeira cabeça, ele gira e bate
na cabeça de Guto, que cai de lado, os demais foram vindo, e
Paulão viu os 32 ao chão, Luiz não parou para ficar olhando, se
baixou, pega uma chave no bolso de Guto, os policiais ao fundo
olham a briga e um chama uma ambulância e reforço e fala.
— Já viu algo assim?
— Ele enfrenta monstros, o que são roqueiros metidos e
gordos em comparação. – Fala o policial.
464
Os punk pensaram em entrar na briga, mas quando pensaram
o rapaz já tinha todos no chão.
Luiz sobe a rua, aciona o alarme e olha para o carro, esporte,
entra nele e liga o mesmo, os rapazes ao fundo olham que ele
sairiam dali com o carro do rapaz, os policiais nem viram como ele
saiu.
Os policiais olham o pessoal assustado, viram que tinham
mortos, Romário olha para o outro policial e falou.
— Ele sem uma arma, em 3 minutos, matou os 32 rapazes.
Paulão chega ao lado de Ricardo, outro punk e fala.
— E queríamos o desafiar.
— Ele não tem medo de matar, e nem se mostrou como na
praça.
— 32 a menos na noite.
— O que ele falava lá?
— Ele não quer chamar atenção, quando começaram a olhar,
ele some, viu a forma que ele se porta, ele mal se desmonta, parecia
um boyzinho subindo a rua, como se não tivesse acabado de sair de
uma briga.
— Ele pegou o carro de um deles, antes de sumir.
— Alguma ideia de onde ele vai?
— Nem ideia.
Luiz volta a praça, para o carro, vê que tem um frigobar, pega
dois copos e uma garrafa e viu Plout a tentar tirar a espada.
— Não tem como a tirar dai Plout.
— Eu te mato.
— Se me matar, e não pedir para que lhe devolva, ela vai
enferrujar ai Plout, sabe bem disto.
— Mas veio fazer oque?
— Lhe convidar para um gole e uma conversa, se for um Hon
para aceitar.
Plout olha para Luiz, sabia que aquele rapaz mesmo antes,
batia forte, mas viu que ele absorvera a pedra, não entendia, mas
parecia que a pedra agora fazia parte dele.
Plout olha ele serio.
— Mas como confiar em ti.

465
— Não ataquei ninguém, não enfrentei ninguém
mortalmente ainda, dos especiais, mas te coisa que sabe que não
falo com testemunhas Plout.
— O que quer?
— Se afasta da igreja, ela vai lhe matar.
— Mas...
— Você não precisa de perdão de um humano, você
precisaria descer na evolução para ser comparado a um humano,
como pode aceitar que algo vindo de nós lhe dê perdão.
— Mas ele como filho de Deus, não seria apenas humano.
— Ele nunca se disse não Judeu, ele nunca se disse Deus, ele
se disse filho do pai, onde pai era Deus, mas todos somos se
encararmos a vida como eles encaravam, que todos somos
descendentes de um filho de Deus.
— Mas e a sensação de paz.
— Foi o que me levou aquele lugar, mas não posso dizer que
gosto de paz, eu sou a Guerra, com o suor do dia a dia, para que eu
quero paz?
— Mas eles prometeram.
— Plout, você é o portador da Espada de Hon, nenhum deles
tem o poder de a levantar, estes que não tem este poder, dizem
que você tem de a deixar, a destruir, pois eles, nem conseguem a
segurar, mas se fosse Deus ao lado deles, este destruiria sua espada,
não você.
Luiz sentou-se ao gramado, os demais Hon olham a calma de
Luiz, isto os deixava nervosos, viram Plout sentar-se e Luiz servir um
copo para ele.
—Mas como abandonar os demais lá.
— Eles não tem mais a pedra, e pode dizer a todos, para
recuperar a pedra, teriam de saber onde ela está, mas eles a
jogaram no lixo, pois vendo os cacos, não entenderam, aquilo era a
pedra.
— Mas como se atreve a destruir a pedra.
— Não o fiz, eu a toquei, quando senti Dani, presa, algo
aconteceu, mas ninguém me ouve, mas agora sei o caminho que ela
está, antes nem isto tinha.
— Mas matou Patrícia.

466
— As irmãs estão juntas Plout, eu não saberia onde Dani está,
se alguém não fosse para lá.
— Mas as prendeu lá.
— Eles estão orando lá dentro, mas esquecem, que eles não
estavam orando a Deus, e sim, a uma igreja, para perdoar crimes,
pensa em alguém poder me perdoar Plout, eu já matei mais gente
que lembro, e a igreja dizia que eu estava perdoado, como, e os
mortos, e os que sofreram, eles não tinha naquela igreja a salvação,
mas eu, o assassino, sim.
— Foi lá tentar o perdão, você ir, fez muitos olharem, você
nos colocou no caminho.
— Eu queria entender, eu achava que se tivesse ido a São
Paulo, sentiria o problema e teria salvo meus pais, minha irmã, eu
não me culpava pelos mortos, mas pelos próximos que não ajudei,
que deixei se afastar, que não protegi, quando vi que Dani estava
presa, senti estar fazendo o mesmo, para me sentir bem, largando
tudo o que conhecia, neste momento, olhando o pastor, vi a pedra
se desfazer, senti o negro me tomar a alma, acho que naquele
momento morri como alma, mas o corpo, ficou aqui, isto que eles
não entendem, ou os ajudo, ou vou piorar a cada ano, em minutos a
policia de toda cidade estará nesta praça Plout, pois eu nunca havia
matado em publico, não vejo problema em o fazer mais.
— E matou eles, e porque não me matou.
— Você é a família Plout, eu brigo com você, pode pegar sua
espada, é sua, mas eles parecem ser qualquer coisa, menos minha
família, me identifico com grupos violentos e traiçoeiros, mas não
com grupos violentos que se fazem de santos e indignados.
— Pensei que me mataria.
— Eu não matei as irmãs, elas que não entenderam nada
ainda.
— Tem como as trazer a casa novamente.
— Lógico, acha que estou nisto para que?
— Eles vão continuar lhe odiando.
— Nunca me amaram, nunca nos demos, mas quero apenas a
paz para as trazer de volta Plout.
— Vou segurar os Hon, mas se cuida.
Plout se levanta, vai a espada, que foi a sua mãe e ele some
caminhando ao fundo.
467
Luiz viu a policia chegar a toda volta, obvio que vieram com
armas apontadas.
Deitou na grama quando mandaram deitar, o algemam e
levam para a delegacia.
Luiz não viu, mas todas as TVs do país mostravam os mortos
em uma briga imensa em uma região turística de Curitiba, que
pegaram o líder dos assassinos, e que os mortos estavam o filho de
um deputado morto a alguns dias.
Luiz sentou-se a cela e os demais olham ele desconfiado.
Ele foi apresentado a imprensa como culpado, muitos que
conheciam ele como vendedor de alho, se perguntam como alguém
tão cruel, se disfarça tão fácil na sociedade.
As imagens de uma câmera de segurança, pegam o rapaz em
ação, não o que ele falou, que haviam outros lá, tentaram complicar
os Punk, mesmo eles não tendo se metido, mas era obvio que os
rapazes não vieram em paz, a imagem é bem clara, ele não atacou
antes, mas o ter matado gera aqueles rapazes, gera aqueles que
defendem que temos de apanhar e morrer quietos, não reagir, que
a policia estava lá para apurar.
Luiz estava no fim do dia na cela quando sente aquela energia
vindo no sentido da delegacia.
O delegado sente a energia cair, o que era um fim de tarde,
parece escurecer com nuvens pesadas, e sem luz, tudo fica escuro,
Luiz estava a cela de olhos fechados, mas ouviu os demais falarem
que iria chover, sorri, aquilo não era nuvem de chuva.
O rapaz de dois dias antes pergunta olhando para Luiz que
sorria.
— Problemas?
— Apenas não entrem em pânico e não matem nada.
— Mas o que é isto?
— Um enxame de Ane.
O rapaz olha desconfiado, se via que estava tudo fechado,
Luiz levanta-se e olha para o rapaz da segurança e fala.
— Mantem a calma, apenas isto.
— Algo perigoso?
— Não vivi isto, mas todo local que as Ane se mostram como
força, deixa de existir, então mantem a calma.
— Deixa de existir? – O rapaz ao fundo.
468
Luiz olha que o escuro aumentou, mas viu uma luz vindo da
parte da entrada, e se ouve tiros, gritos, e o rapaz da carceragem
pergunta.
— Mas o que posso fazer?
— Apenas abre a porta e evita olhar.
O rapaz abre a mesma e se abaixa, os demais se viram a
parede, entenderam, e Luiz viu aquela soma de seres, entrando,
eles juntos pareciam um ser maior, este olha para Luiz e fala, o som
saiu por todo o corpo, pois o ser era feito de milhares de pequenos
seres.
— Porque nos força a lhe destruir rapaz.
— Quem tem ouvido seres sem força não sou eu, sabem
disto.
— Mas dizem que você destruiu o atalho para Deus.
— Se tivesse destruído, eles não estariam ainda atalhando o
caminho.
O ser olha em volta, um ser ao canto olha para o ser e
milhares de pequenos seres avançam e o comem vivo encostado a
parede, milhares de dentes comendo um ser que pareceu se
desmanchar a parede, um dos rapazes da segurança saiu correndo e
foi devorado a entrada, os demais ouvindo os gritos fecham os
olhos como se não pudessem respirar.
— Mente.
— Devolvo mentira com mentira, grande Amane.
— Quer morrer mesmo, me chamando de mentirosa.
— Mentem aos demais Ane, que estão querendo o caminho
de Deus, e na verdade estão negando a mãe maior em troca de uma
sensação de paz, mas como um povo, que representa o limpar das
matas, em nome de Yolokantamulu, quer ser Cristão?
— Nosso peso seria aliviado.
— O morto a parede, mostra que não fala a verdade, você
matou dois agora, apenas para manter um segredo, isto ainda é
coisa de um servo de Yolokantamulu, não de Cristo.
— Nos desafia?
Luiz sente apedra, mas não toma a forma, e apenas abre os
braços, como se dizendo, estou aqui.
Os seres avançam, e Luiz fala.

469
— É muito difícil ter de dizer isto Amane, mas os Cândidos,
deixam de ter os Ane como amigos, aliados.
Luiz sentindo os seres tentando o morder, e quebrando os
dentes encantados.
— Não pode resistir.
— Que Amaná não tenha pena de quem a viu pessoalmente e
a renega, em troca de sensações humanas.
Os seres que o mordiam foram surgindo no mundo das
pedras, como eram muitos, avançando um sobre outro, somente
quando a ultima leva de ataque sumiu, o ser a porta, ainda
composto de milhares de seres, vê que perdera parte da família e
fala.
— Não pode os amaldiçoar.
— Eu não os amaldiçoei, você me atacou com os dentes, isto
para mim, é total desconsideração a sua própria mãe, não chamarei
nunca mais vocês de Amane, agora são nada mais que um grupo de
Ane reunidas.
Luiz olha em volta e uma nevoa sai dele e cerca o ser e o
mesmo surge nos campos de religiosos, olha em volta e olha para os
mesmos orando.
Os demais que estavam próximos, começam a sair fugidos, e
mesmo em um fim de dia, ficou mais claro, 15 minutos depois a luz
voltava e Luiz estava ao canto sentado.
Luiz não estava feliz, e de olhos fechados olha para Dani e
fala.
— Pode não entender o que quero Dani, mas olha em volta, o
que está errado?
— Você...
— Sei que errei, mas olha em volta, o que está errado.
— Não tem um Deus.
— Sim, isto não precisa ser esperto, mas o que os que
pregavam que ai era o atalho para Deus estão fazendo?
— Orando.
— Acha mesmo que num atalho para Deus, se precisa orar?
— Sabe como saímos daqui?
— Apenas se mantem em nevoa, as Ane não vão estar feliz.
— As traiu também.
— Somente as que tentaram me morder.
470
— E não as vai perdoar?
— Elas vieram me matar, eu não as quero mortas, mas
pensando, talvez elas tenham de entender que vão precisar comer
ai, para manter as forças.
— Mas porque?
— Aqui elas são representação de Yolokantamulu, e como sua
representação, elas tem a energia de Amaná, sem suas forças, elas
precisam comer, então melhor ficar em nevoa Dani.
Luiz ouve seu nome e abre os olhos.
— Luiz Candido?
— Quem quer saber?
O delegado Ribas olha ele e fala.
— Pelo jeito ter você preso não é uma boa ideia mesmo.
— Já falei isto antes.
— Todos os demais, na delegacia estão mortos, montanhas
de restos de carne, não sei o que os atacou, mas ainda está vivo.
— Se querem sensacionalismo, é só dizer que comi eles vivos.
— Mas na sua cela, tem um morto, mas o resto tá vivo.
— As vezes me decepciono com os demais.
Luiz entendeu que todos na delegacia estavam mortos, um
ataque covarde, ele não estava feliz, ele não queria algo assim, mas
se uma manifestação não perdoou quem nada tinha haver com o
problema, ele queria saber duas coisas, quem era o Pastor, e quem
foram os lideres Ane que ordenaram aquilo.
A informação vinda da delegacia que Luiz estava preso, fez as
pessoas ligarem as mortes a ele, mas o colocando como culpado.
O rapaz a cela olha para ele e pergunta.
— Entendi errado?
— Não, todos os demais morreram.
— Mas o que foi isto?
— Uma quebra de regra, das graves.
— Quebra de regra?
— Rapaz, nem eu sei o problema todo, mas pode ter certeza,
alguém bem pequeno em tamanho, grande em poder, acaba de
pisar em calos que não precisava, por religiosos covardes.
Eles foram mudados de delegacia e a imagem da sala ao lado
era de assustar até Luiz, embora já fizesse coisas assim, mas como
se fala, humano matar humano, aceitável, Ane matar Ane, aceitável,
471
Hon matar Hon, aceitável, mas um espécime matar outro era
sempre penalizado.
Luiz chega a delegacia do Oitavo e todos estavam com as
imagens da delegacia anterior, e o carcereiro que o conduziu até lá
fala.
— Tenho de agradecer, embora isto é magia negra.
— Sim, mas solta por uma religião dita cristã, na cidade.
— Acha que foram os da Congregação?
— Foram, e não vão parar por ai, mas agora, quero ver se
tudo começa a mudar, pois apenas se mantem longe.
— Vai fazer oque?
— Sair pela porta da frente.
— Sabe que vamos tentar lhe deter.
— Sempre digo, as vezes se salva primeiro e se mata após.
O rapaz fecha a porta todos veem Luiz crescer, socar a porta e
começar a sair, alguns olham assustados, mas era apenas um ser
imenso saindo, alguns deram tiros que resvalaram, ele inverte os
carros da policia a porta, os colocando de lado, e sai no sentido da
avenida Sete de Setembro, entra na cede central e olha aqueles
senhores reunidos.
— Me esperando?
O rosto de surto deles foi grande, mas Luiz olha para Anelais e
fala.
— A traidora dos Ane.
— Você me paga pelos nossos.
Ela manda um feitiço, mas Luiz apenas se torna uma nevoa e
cerca os demais, e todos se veem naquele campo, que nunca
escurecia, e olha para Ane.
— Traição contra sua espécie, um dia, se merecer ser
perdoada, Amaná que a tire daqui.
Fala Luiz voltando a forma física, ele caminha até a colina
lateral e olha para Dani.
— Difícil de achar este seu caminho.
— Lhe prenderam também.
— Dani, a pergunta, quer mesmo abrir mão de tudo, para
ficar em um campo de oração pela eternidade?
Ela olha para a irmã e pergunta.
— O que fazemos?
472
— Aqui os pastores nem falam com a gente, parecem ter
medo, não entendo.
— Aqui ninguém morre Patrícia.
— Mas se as Ane comerem uns?
— Não sei a dor de voltar a se refazer, mas dor existe aqui.
— E não tem pena deles.
— Eu sou o que sou, não eles.
— Tem como nos deixar em casa?
Luiz se torna nevoa e some dali, as deixando em frente ao
cemitério municipal, na casa de esquina que nasceram e
assombram até hoje, 130 anos depois.
Luiz caminha por 12 templos, e foi mandando pastores e
farsantes para aquele mundo que ainda não entendia, mas sentia
como sendo parte dele, assim que a pedra se desfez.
No fim do dia assim como saiu, entra pela porta a delegacia, e
senta-se ao fundo.

Os Hon estavam reunidos na praça do dia anterior quando


Plout olha as irmãs vindo pela rua e olharem para ele.
— Temos de conversar.
— Ele reduziu o culto da Congregação a um templo na cidade.
— Aquilo não é o paraíso Plout.
— E como saíram?
— Ele nos tirou de lá, mas os religiosos estão começando a
ter problemas, com as Ane lá.
— E acha que eles se entendem?
— Se entendi o que Luiz quer, ele os deixou para o tempo os
por em tentação, não sei o que elas fizeram, pois Luiz nunca
enfrentou as Ane.
— Comeram uma delegacia inteira de gente, para chegar
nele.
— Perderam noção de perigo?
— Sim, vi algumas envergonhadas irem para a serra, se
afastando, outras querendo mais confusão, mas parece que estão
pensando em como se reestruturar.
Eles conversam vendo que as energias pessoais começavam a
voltar ao normal, poucos dias depois da pedra ter sumido.

473
Amanhece na delegacia, e novamente aquela cidade que
ninguém sabe onde fica, Curitiba, estava com imagens assustadoras
de pessoas comidas vivas em uma delegacia.
O ministério público fica na duvida se tinha como manter o
rapaz preso, ele tinha emprego, tinha endereço, e tudo indicava que
ele bateu em 32 pessoas, que vieram armadas, ele não usou uma
arma pessoal, obvio que um enfrentamento com tacos de basebol
fazem estrado nos atingidos.
A determinação de prisão temporária deixa ele por 7 dias
preso, uma vez levantado os fatos, ele volta ao seu ponto, mas se
antes tinha clientes, agora não os tinha, e teria de começar tudo de
novo.
Luiz ainda espera para ser julgado, pois é difícil os demais
colocarem palavras nos relatórios, que não se tem como provar se
Luiz não está por perto, a Congregação foi fechando as portas e
deixou de existir, e as Ane, estão espalhadas na serra, sem líder,
voltando a viver em pequenas comunidades nas arvores.

Fim.

474
475
J.J.Gremmelmaier

Hamy

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2017

476
Autor; J. J. Gremmelmaier
Edição do Autor
Primeira Edição
2017
Hamy
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte
Gremmelmaier, João Jose
Hamy / Romance de Ficção /029 pg./ João Jose Gremmelmaier / Curitiba,
PR. / Edição do Autor / 2017
1 - Literatura Brasileira – Romance – I – Titulo
85 – 62418 CDD – 978.426
As opiniões contidas neste livro são dos personagens e não obrigatoriamente
assemelham-se as opiniões do autor, esta é uma obra de ficção, sendo quase todos ou todos
os nomes e fatos fictícios (ou não).
©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier
É vedada a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização do autor.
Sobre o Autor;
João Jose Gremmelmaier, nasceu em Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, formação
em Economia, empresário por anos, teve de confecção de roupas, empresa de estamparia,
empresa de venda de equipamentos de informática, mas também trabalhou em um banco
estatal.
J.J Gremmelmaier escreve em suas horas de folga, alguns jogam, outros viajam, ele
faz tudo isto, a frente de seu computador, viajando em historias, e nos levando a viajar
juntos. Ele sempre destaca que escreve para se divertir, não para ser um acadêmico, ele tem
uma característica própria.
Autor de Obras como Fanes, Guerra e Paz, Mundo de Peter, Trissomia, Crônicas de
Gerson Travesso, Earth 630, Fim de Expediente, Marés de Sal, Anacrônicos, Ciguapa, Magog,
João Ninguém, Dlats e Olhos de Melissa, entre tantas. Capaz de criar um universo todo
próprio de personagens. Ele cria historias que começam aparentemente normais, tentando
narrativas diferentes, cria seus mundos imaginários, e muitas vezes vai interligando historias
aparentemente sem ligação nenhuma. Existem historias únicas, com começo meio e fim, e
existe um universo de historias que se encaixam, formando o universo de personagens de
J.J.Gremmelmaier.
Um autor a ser lido com calma, a mesma que ele escreve, rapidamente.

Hamy
Vamos as montanhas de Zani, acompanhar a busca de Hamy por
seu caminho, por sua paz em meio a guerra.

Agradeço aos amigos e colegas que sempre me deram força


a continuar a escrever, mesmo sem ser aquele escritor, mas como sempre me repito,
escrevo para me divertir, e se conseguir lhes levar juntos nesta aventura, já é uma
vitória.

Ao terminar de ler este livro, empreste a um amigo se gostou, a um inimigo


se não gostou, mas não o deixe parado, pois livros foram feitos para correrem de
mão em mão.
J.J.Gremmelmaier

477
©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J.J.Gremmelmaier

Hamy

478
Uma carruagem de fugidos da guerra atravessa as planícies
de Zani sem destino, fugiam de serem mortos, os exércitos dos
Brancos, um grupo de seres sem olhar fixo, bem armados, que
entravam nas vilas e matavam a todos, pareciam fantasmas e não
poupavam nem os animais, matando tudo.
Passaram por muitas vilas totalmente destruídas, vendo que
o rei estava alistando, se afastam continuando na estrada, pois nas
vilas os homens eram obrigados a se alistar em nome do império, e
as mulheres em idade de trabalhar, iam aos campos de preparo
para servir ao rei.
Passaram em muitas cidades, onde velhos sem forças
morriam por não conseguirem o básico para viver, mas estavam em
fuga, não ajudaram também.
Estavam a contornar uma grande formação quando se
deparam com um rapaz, amarrado.
Soltam o rapaz, nitidamente um aprendiz do concelho das
terras altas, de nome Itan, ele os induz a seguirem para as terras
misteriosas. Era o caminho para as terras dos Anciões, são atacados
por espectros negros, apenas uma menina muito pequena, se
esconde ao canto, fica para traz em meio ao ver sua família ser
arrastada por aqueles espetros negros para longe, o pânico nos
olhos da pequena menina, a fez quieta.
Um rapaz de nome Hamy é chamado pelo conselho de
anciões, estes lhe dão a incumbência de proteger um grupo que
deve tentar se refugiar nas paragem baixas.
Indagado sobre os riscos, o ancião mais velho fala sobre a
vinda da Esperança, o surgir da libertação, que teria de a achar e a
levar até a vila, onde os anciões a protegeriam.
O rapaz desce as encostas, por dois dias e se depara com uma
menina, escondida, assustada, faminta, se ela era a tal esperança,
ele não sabia, ele com calma, começa o caminho de volta.
Primeiro desafio, os portões da montanha, quando se desce,
se contorna os portões, para que os espectros não acordem, mas
479
para subir, tinham de abrir as portas, não daria para subir com
alguém, ele até escalaria como o fez para descer, mas ali tinham de
abrir, fechar, tudo muito silenciosamente, passam silenciosamente
e começam a subir a montanha, a menina parecia assustada, pouco
falava, as vezes chorava baixinho.
Eles acampam no final do segundo dia subindo, a menina não
falava muito, mas olhava assustada, não sabia o que ela via, mas fez
uma pequena fogueira.
A noite começa e uma nevoa negra encobriu eles, ele olhava
a menina dormindo, sente aquela nevoa, sente o corpo adormecer,
acorda assustado e embora o rapaz tenha tentado achar a menina,
não a achou, esperou o amanhecer e nada encontrou. Nem
pegadas.
A volta de Hamy sem a menina, faz os anciões o chamarem de
incompetente, numerando as vezes que não cumpriu simples
ordens, Hamy abaixa a cabeça em respeito, ele sentia que não teria
como o ter feito diferente, mas estavam o acusando, e sentiu como
se realmente não tivesse feito direito.
Em meio a discussão o ancião mais velho propõem ao rapaz
uma chance de se redimir ou teria de procurar outro lugar para
viver.
Os olhos de desilusão, fez o rapaz se despedir, ele sente os
olhos de reprovação da vila quando foi ao seu pequeno cubículo,
pegou apenas sua roupa, ele teria de se achar antes de achar um
lugar para viver.
O descer das montanhas, faz uma reunião dos anciões, a ideia
não era esta, pensaram em induzir o rapaz a achar a menina, ficou
nítido para alguns que pegaram pesado, mas anciões não recuam,
mas não pensavam que o rapaz sairia.
O rapaz chega a vila baixa e é preso, não tinha documentos, e
se depara com as cadeias do rei, onde ou se trabalhava ou não se
comia. Ele apenas faz o que pode, mas via que alguns não
aguentariam e divide sua comida, vai a detenção solitária, por se
atrever a ajudar o próximo.

480
Quando amanhece, ele viu o rapaz bem armado empurrar ele
para o campo, teria de trabalhar, viu o senhor morto, o que havia
dado parte de sua comida, eles o mataram para que ninguém mais
o ajudasse, Hamy entendeu que eles o matariam assim que não
servisse para mais nada, então não era um lugar para ficar.
O olhar dele para o segurança, fez o mesmo bradar, mas
Hamy não provocou, apenas olhou, mas sabia que algo estava
errado, sentia o ódio no ar, não era a Esperança, era a certeza da
derrota que deixava aqueles seres tensos e violentos.
Hamy olha quando no campo, aquela leva de seres brancos
entram, viu os guardas que com eles eram valentes, saírem fugidos,
eles eram presos a uma leva de correntes, então não teria como sair
dali, sem os demais, ou sem livrar-se da corrente.
Um rapaz olha para ele assustado e ele faz sinal para ficar ao
canto, sem se mexer.
Hamy solta os braços, e fica no meio da vala, que plantavam
trigo, viu os seres olharem para ele, com aqueles olhos mortos,
nunca soube quem os transformou naquilo, dizem que milhares de
vilas na região norte, foram invadidos por aquilo, eles pareciam
seres sem consciência, Hamy olha o ser, alguém gritou e viu um
deles avançar e cortar a cabeça de quem gritou.
Na muralha ao fundo o segurança chefe olhava os seres, as
muralhas o fariam desviar, mas o olhar sobre Hamy era esperando
eles o matarem.
Hamy pega a corrente ao chão e a levanta, esperando o ser
avançar, ele olha aquele grupo, outros presos gritam, se vê a agua
aos seus pés ficarem vermelhas, o ser ao canto grita de ver os ratos
mortos boiando, e o ser olha para o lado, ao canto, ele não pareceu
ter emoções, apenas vontade de matar tudo.
Ele avança, ele levanta uma espada, parecia afiada, Hamy
estático olha ele empunhar, erguer a espada e vir com força,
quando a espada chega bem perto, ele ergue a corrente e sente o
impacto segurando a força do ser.
Cai para traz e ouve outro chegar e cortar a cabeça do que
estava ao chão, ele olha a corrente se partindo e puxa um trecho,
481
ele inverte e aquilo acerta os olhos brancos aquele ser, se vê o
sangue quase um leite sair dos olhos, o ser parece começar a se
bater tentado achar onde Hamy estava, ele começa a se afastar,
desviando as espadas, e usando a corrente como defesa, para
segurar a espada, como arma, ao usa-la como uma corrente para
atingir os olhos dos seres.
O segurança olha os seres sem ver ao chão e dá ordem de
matarem aqueles e recuperarem o prisioneiro.
Os seguranças pareciam tementes e o senhor viu por que
estavam perdendo a guerra, valentes com velhos e mulheres,
covardes nos campos de batalha.
Hamy se afasta e sobe um pouco a montanha, via a mesma ao
longe, e via o exercito de seres brancos avançando.
Ele põem um pano a boca, lembra que dormiu quando sentiu
um cheiro estranho, e não queria adormecer novamente.
Ele olha aqueles seres negros surgirem a todo lado, não sabia
o que eram, mas começam a lhe cercar, entendeu que ele deveria
ter dormido, eles olhavam desconfiados, olha aquele ser com uma
barba imensa olhar para ele, e perguntar.
— Longe de casa aprendiz?
Hamy viu pelo termo, que era alguém que sabia de sua
origem, por suas roupas, e concorda com a cabeça.
O ser faz sinal para ele o acompanhar, e olha para os seres,
pareciam os Negros da porta de encanto, mas diferentes, estavam
mais calmos, e não entendeu.
O caminhar atrás do senhor fez os seres aceleram a frente.
Hamy não era de muitas perguntas, mas poderia ser que
estivesse entrando em outra armadilha, sorri de seus pensamentos
bobos e guarda a corrente as costas, ele não estava armado, mas
lembra que se estes eram seres negros, algo estava errado na
descrição que os anciões fizeram deles.
Chega aos portões, quando estes se abriram fazendo todo
barulho possível, soube que o senhor não tinha medo, então
deveria estar indo no sentido que nunca foi, os labirintos dos

482
Negros, algo que o que os Anciões falavam, é que quem lá entrou,
nunca mais saiu.
Ele chega a parte interna da montanha, olha em volta, não
era algo que cabia naquela montanha, olha a porta se fechando as
costas e olha para um rapaz olhar para ele e sorrir.
Itan estava ali, pensou que ele teria morrido, era o que
falaram quando determinaram que ele teria de fazer a busca da
Esperança, pois quem o faria normalmente, era Itan, que tinha
saído semanas antes.
O senhor olha para Hamy e fala.
— Sei que está confuso, mas descansa, conversamos quando
amanhecer.
Itan chega a ele e fala.
— Perdido aqui?
— Onde estamos Itan?
— Pelo que entendi, alguém espera alguém que chamam de
Esperança, os Anciões me mandaram achar um grupo de pessoas
que queriam subir a montanha, os levar aos anciões, mas fui
roubado por ladrões enquanto dormia, e preso a uma arvore, um
grupo me soltou, mas fomos conduzidos a força durante a noite por
Negros.
— E quem é a esperança Itan?
— Não sei, eles trouxeram depois uma menina que havia
sumido, mas não parece ser ela a esperança.
Hamy olha o amigo, sabia que não era mais da congregação e
fala.
— Eles mandaram eu descer e levar uma menina que estava
no caminho, ela sumiu durante a subida e fui colocado para fora
Itan, eu não me sinto bem ainda para entender estas coisas.
— Mas porque fariam isto?
— Eles nomearam meus fracassos, e me deram a
possibilidade de faze algo de honra e ser novamente aceito, ou
tomar meu caminho, pois lá não era um lugar para fracos.
Itan olha para Hamy olhando o chão e fala.
— E desceu, está pelo jeito tentando se achar?
483
— Fui preso na cidade, eles estão fazendo o povo trabalhar
até suas ultimas forças e depois apenas deixam morto no campo.
— E escapou deles?
— Na verdade nos campos de arroz fomos atacados por
Brancos.
Itan olha os demais e fala.
— Não entendi este lugar, parece magia pura.
Hamy não sentia isto e apenas foi a um canto e descansou,
viu a menina chegar a ele e falar.
— Também por aqui?
— Menos medo?
— Sim, eles são minha atual família.
Hamy sorriu, ela longe dali, mal falava, ela soluçava e tremia e
fala.
— Família é quem nos faz o bem, e nos mostra o bom
caminho, todo resto, ocupantes das cadeiras a mesa, para que não
comamos sozinhos.
Ela olha Hamy e fala.
— Eles disseram que iriam trazer um rapaz hoje, um
guerreiro.
— Será que vão trazer mais alguém? – Hamy.
— Não seja bobo. – Fala a menina saindo e indo de encontrou
aos demais.
Hamy adormece ali.

Hamy acorda assustado, olha em volta, estava coberto,


estava escuro e olha aqueles olhos brilhosos olhando para ele,
senta-se e o ser parece afastar a cabeça, o ser ao fundo chega ao
local e fala.
— O Dragão gostou de você.
— Eu vejo apenas os olhos, como pode ser um dragão.
— A maioria nem os olhos vê, a menina o vê inteiro.
— E o senhor?
— Sinto quando ele se meche, sei onde ele está, mesmo que
não o veja.
484
Hamy pensa na frase, poderia ser um engodo, mas ouve o
senhor falar.
— Ele fez todos sentirem que você corria perigo, não
sabíamos que era essencial quando tiramos a menina de seu
acampamento.
— Não sou essencial senhor.
— A essência não é algo discutível rapaz, mas os brancos
estão chegando a montanha, eles querem subir, não sei o que eles
pretendem?
— Não parecem organizados senhor.
— Pode ter uma certeza rapaz, eles não viriam para a
montanha dos anciões, se não quisessem nada.
— E se o que eles quiserem não estiver lá encima.
— Ainda não sei o que eles querem, saberia?
— Os anciões falam em surgir da Esperança.
— E onde estaria a esperança, pois eles virem atrás desta
Esperança, fez eles atravessarem meio reino, fez o rei prender seu
próprio povo, o explorando e matando muitos velhos.
— Não sei senhor, não sou mais parte da congregação, falhei,
então não sou alguém que deve servir a algo.
Hamy se afasta e o senhor olha para o dragão negro ficar
visível e falar, algo que o senhor nunca havia ouvido.
— O coração dele esta pesado.
O senhor ouve assustado, pois o dragão dos negros, parecia
preocupado com o rapaz.
— Quer que coloquemos ele para fora?
— Ele não está aqui porque lhe forçaram a vir senhor. – Fala
Itan que chegava e não ouviu ou viu o dragão negro.
— Acha que ele tentaria não vir se não quisesse.
— A teimosia de Hamy, é conhecida por todos os anciões, não
sei o que eles pensavam quando o colocaram a parede, que ele iria
fazer algo a mais para eles, provavelmente, mas ele nunca foi tão
confiante em si, e muito menos, de ações dentro da lógica.
— As conversas dos campos, dizem que uma esperança
surgiu, um mandado dos anciões, que derrubou sozinho 30 Brancos.
485
— Este que vão resgatar.
— Não, este que já resgatamos, seu amigo, talvez ele seja a
esperança.
Itan olha Hamy ao fundo e fala.
— E os anciões não saberiam?
— Anciões nem sempre acertam, na maioria das vezes,
adaptam a historia que nem sempre tem bons finais, a
aprendizados, mas nem sempre são vitorias.
Hamy chega a parte que dava para ver os seres em espectros,
ele olha para os mesmos e caminha até a entrada e Itan fala.
— Vai o deixar sair.
— Ele não está tentando sair.
— Mas está indo a entrada.
O senhor não falou, olhava Hamy chegar a um dos seres, eles
não falavam com qualquer um, mas o ser olha para aquele rapaz.
Hamy sente as energias e fala.
— Calma não estou indo para fora.
O ser mede Hamy e ele sente a energia mudar, os demais
olham para ele e apenas senta-se em meio a região dos seres, Itan
olha ao longe e mal via o amigo em meio aos seres.
O senhor sente o dragão passar por ele, sumindo no sentido
do ser e fala.
— Qualquer ser que acalme os Negros, tem de ter um peso
na alma muito grande, eles respeitam pessoas que tem pesos
imensos, e o comportamento dos Negros, diz por si, que seu amigo
tem algo em sua alma, que lhe arrasta ao mundo, não permitindo
que ele voe.
Hamy encosta-se ao canto, distante dos demais humanos, e
apenas descansa o resto da noite.

O barulho acordou ele, parecia que tudo gritava ao lado de


fora e se viu o medo nos olhos ao longe e o senhor falou.
— Calma, eles estão passando.
— Não temos como ajudar, eles vão matar a montanha?
— Tudo que sair, morre rapaz.
486
— Estou preso aqui?
— Não, se quiser, as portas para sair estão sempre abertas,
mas nem sempre para entrar.
Hamy olha os demais e começa a sair, Itan o alcança e
pergunta.
— O que vai fazer?
— Tentar proteger um pouco da vida, eles matam até os ratos
Itan, se eles matarem tudo, nossa morte será a seguinte.
Itan olha na duvida se saia, viu Hamy sair, não teve coragem
de sair e olha o amigo sair por aquilo que o deixou passar sem
barulho, as portas dos negros.
Hamy olha os seres vindo, pega a corrente, girou ela no ar, e
dois a frente ficam tentando olhar em volta com os olhos atingidos,
ele pega a espada de um, e começa a avançar.
Hamy não ia com pressa, mas com calma, uma batalha de
horas, que não gostava, mas quando viu servos correm ao fundo, os
seres iriam no sentido e ele os chamou.
Aquele bando de seres olham para Hamy, ele não se via, mas
ele estava branco por fora, de tanto sangue dos seres, mas o cheiro
de vivo, fez os demais olharem para ele.
Um para mais a frente e faz um ruído para todos, aquilo não
parecia uma fala, mas um momento todos estavam indo no sentido
dos servos, no seguinte, vindo em seu sentido.
Hamy olha em volta, ele era o que sobrara, não tinha
exércitos, não tinha alguém as costas, mas foi os cegando e
cortando, ele não parecia com pressa, mas viu o ser a frente vir com
força, espada na espada, o ruído foi assustador, Hamy sorri e o
senhor pareceu temer, o que usavam contra os demais era o medo,
eles eram muitos, mas Hamy não parecia temer.
O ser sente o movimento de Hamy, girar no sentido oposto, e
sente a espada lhe atingir, o ser olha descrente, sentindo dor, o
grito dele fez os demais olharem assustados, viu quando os seres
começam a recuar, ele conhecia aquele olhar, medo.
Olhando o campo, muita morte, chega a uma nascente mais a
frente e se lava, olha para a cidade ao fundo pegando fogo, os
487
gritos, não teria como ajudar, os soldados e os demais não teriam
como sair, as mesmas muralhas que os protegiam, de madeira,
eram a muralha de fogo que os mataria, Hamy senta-se a olhar os
seres se afastarem, olha o agito ao fundo, e começa a subir a
montanha, pois os exércitos do rei estavam chegando, e não queria
novamente acabar nos campos preso.
Viu os moradores da vila dos anciões caminhando atrás de
uma carroça.
Olha o general Dante a frente, ele olha a soma de mortos,
mas assim como ele, não teria como ajudar o pessoal a aldeia, que
queimava, agora parecia não existir mais gritos na parte de dentro.
Hamy sobe em uma arvore antiga e olha para os seres bem ao
fundo, estava quieto e ouve os demais chegando, os que pareciam
ter saído dos campos escondidos, os soldados que com ele eram tão
valentes, fugiram para o mato e se esconderam.
O general começa os ouvir e parabenizar pela quantia de
mortos, Hamy sorri, pois eles começam a se vangloriar, mas não
conheciam o general, ele nunca se vangloriaria com aquele senhor,
ele se ajeita a arvore, e tem um sono leve, mas que lhe fez bem.
O amanhecer foi vendo os valentes sendo mandados em
formação no sentido dos lado que os Brancos fugiram, ele olha os
moradores da sua aldeia, quer dizer, da que ele fora, sendo
obrigados a limpar os campos e começar a ajeitar os cultivos ao
fundo, eram muitos mortos, que colocaram no centro de uma
clareira, para conseguir começar a ajeitar os campos.
Os exércitos faziam com outros, o que fizeram antes, mas os
anciões eram fracos, e viu os soldados matarem o primeiro e
pensou que não adiantaria ele chegar para fazer o seu serviço, eles
os matariam apenas mais rápido.
Ele espera anoitecer novamente, e contorna aquele
acampamento, onde a noite anterior, muitos morreram ou dentro
das muralhas, agora cinzas, ou nos campos.
Hamy começa a caminhar ao fundo de passos distantes de um
exercito, viu quando eles começam a vir fugidos no seu sentido, ele
olha para os brancos, os primeiros tentam, mas o ver dele ali, fez
488
alguns voltarem a recuar, ele novamente com a calma que Itan dizia
que ele tinha, calma agitada, faz uma leva de seres voltarem a
recuar, mas ele não fica ao campo, sabia que a valentia dos demais,
seria quando eles se afastassem, e não queria os dois lados contra
ele, mas sabia que estavam.
Os soldados olham os mortos deles, e um comandante
ordena eles acamparem ali e manda uma carta ao rei.
Hamy ao longe não viu o rapaz sair, ele novamente atravessa
a colina, olha para o lado que os brancos fugiram, as montanhas
sem arvores, eles derrubaram tudo, chega a parte alta, e olha
aquele agrupamento ao longe, a perder dos olhos, eram milhares,
ele não teria como os vencer sem inteligência, mas o que lhe
revoltava era ver tudo morto, eles não pareciam comer, mas se via
tudo morto, de pássaros a arvores, de servos a ratos, aquela
montanha de gente ao fundo, não o colocou medo, mas sabia que
este era o poder dos seres.
Hamy estava olhando para aquele lado e ouve as costas.
— Quem é você?
Ele olha o comandante do agrupamento.
— Apenas alguém que viu os seus matarem os anciões da
minha vila, e aqueles ali, o resto, não sei se existe paz, onde dois
lados não querem paz, e o povo que morre ao campo.
— Eles tem de obedecer o rei, as terras são deles.
— Eu sobrevivi porque estava fora da cidade que queimou a
um dia de caminhada, seu exercito jogou os velhos, mulheres e
escravos para enfrentar, e se fecharam na cidade, os seres não são
tão irracionais, apenas colocaram fogo, mas quando se sente o
cheiro de medo, olhos de medo, nos exércitos, sabemos que eles
perderam antes da batalha.
— E não quer fazer parte do exercito?
— Matar velhos para se dizer exercito, não me parece ajudar
em nada, o moral, e sei que as leis da sua guerra estabelecem isto.
— Mas...

489
— Se quer dizer que um velho não serve para nada, bom
saber que matou toda sua arvore, e se o fez por um rei, você é mais
animal que o rei que pediu.
O senhor olha para Hamy e pega a espada.
— Saiba que se a puxar, eu vou me defender senhor, já vi
muitos morrerem por não ter armas, gente que poderia ter vencido,
mas estava acorrentado pelos seus em campos que os seres
invadiram.
— E não morreu como?
Hamy pega a corrente presa as costas e gira ela no ar e fala.
— As vezes, usamos a única coisa que temos.
— E se o rei quiser lhe prender, por desertar.
— Eu não desertei, eu não estou no reino do rei, estamos nas
terras que vocês dizem ser dele, mas se o fossem, ele não teria de
impor mortes para que homens fossem aos campos guerrear, eles
iriam pelo rei, mas sabes, ninguém aqui está no exercito porque
quer, e se soubessem que provavelmente quando voltar, os
soldados nas cidades deles, tenham matado seus pais, estuprado
suas esposas e depois as matado, não estariam ali.
— Não fazemos isto.
— Se não sabe o que o exercito faz, além de tudo, não quero
você as minhas costas, pois é cego.
O senhor olha os campos ao fundo e olha os exércitos branco
começarem a caminhar.
— Eles vão vir em grupo.
Hamy olha para o campo e fala.
— Ou os detemos aqui, ou perdemos tudo depois das
montanhas de Zani, eles tem de passar por aqui
O rapaz olha Hamy e fala.
— Conhece este lugar.
— Quem não conhece, montanhas Zani as costas, pantanal de
Don a esquerda até o mar, cobras não tem medo da cor, elas vão
atacar, e a direita, o deserto dos Lobos, eles não são tão
destemidos, senão estavam avançando ao deserto enfrentando as
matilhas de cães, ou ao pântano enfrentando crocodilos e cobras,
490
apenas usam o medo, e a quantidade, e exércitos de jovens
camponeses, com medo nos olhos, perdem batalhas.
Hamy olha o rapaz recuar, enquanto fica ali a olhar os seres,
estavam a meio dia de caminhada dele, o primeiro grupo, já
derrubara a floresta, agora eles viriam para terminar a guerra.
Hamy avança calmamente, olhando a montanha, aqueles
troncos caídos era triste para ele, mas também era um solo difícil de
se caminhar.
Chega a vila a frente, todos mortos, os corpos a rua, eles
passaram ali antes de avançar, era triste ver crianças mortas, os
exércitos mortos, mas aquelas crianças e velhos, estavam a muito
mais tempo mortos, ele olha para o fogo central do local, os óleos
do rei, eles diziam que enquanto o rei mandasse, ao centro da
cidade, o fogo do rei estaria em fogo, e estava mesmo, Hamy olha
aquelas grandes vasilhas de óleo que escorriam lentamente para o
local de queima, e faz força, e esta escorre no sentido do mar, por
aquele rio de sangue, madeira e apenas pega um galho e pega o
fogo no centro e estica até o óleo correndo e vê aquele fogo se
espalhar.
O comandante bem ao fundo, olha para aquele rio de fogo,
correr no sentido dos brancos e olha para o rei ao seu lado.
— Quem ele é?
— Um escrevo dos cultivos rei.
— O que ele pretende?
— Os deixar em formação senhor, o rio corre no centro deste
local que eles mataram, mas se o caminho fácil era pelo rio, raso,
agora eles terão de caminhar sobre as toras que eles mesmo
derrubaram.
— Pelo jeito achamos a esperança.
— Ele não gosta do rei senhor.
— E porque ele não gosta do rei?
— Ele foi preso por ser mão de obra do rei, sobreviveu, mas
não viu o rei o defender.
— Eles tem de morrer por mim comandante, eles sabem
disto.
491
O comandante não falou nada, mas teve a sensação do rapaz
bem ao fundo olhar para traz e lhe olhar, o Rei olha o rapaz e fala.
— O que ele vai fazer?
— Se ele fosse previsível, não estaríamos avançando, mas ele
viu algo que ninguém me falou antes senhor.
— Oque?
— Eles tem medo, eles atacam como irracionais, mas
irracionais estariam avançando pelo pântano e pelo deserto, eles
escolheram onde entrar.
— E pelo jeito a vila a frente foi toda morta.
— Sim, devem existir 12 vilarejos até o mar, devem estar
todos mortos senhor.
Hamy caminha no sentido do deserto, era fim de tarde,
começando a anoitecer, ele caminhava e o comandante ao fundo
olha para ele.
— Ele não quer morrer pelo jeito.
Hamy olha a noite cair, os exércitos ao longe acenderem suas
chamas, olhando ao longe, era algo de assustar crianças, mas ele ao
deserto, caminhava ao longe, e olha os cães ao fundo, e olha eles
acompanharem seu movimento, eles estavam querendo o cercar,
mas ele caminhava em um grande C.
Hamy via os cães famintos o cercando, e quando ele se inclina
para o grupo de brancos, o olhar de raiva deles, viram ele brilhando
por suas tochas e ele começa a cortar, os cães que primeiro
demonstraram medo, quando os mesmos começam a cair,
começam a puxar eles, e começam a estraçalhar os que se
atreveram a se afastar para o deserto.
Hamy foi avançando, e com calma atravessa o meio deles,
sem ser visto da colina, ele chega a beira do rio, olha os seres com
medo do fogo ao rio, ele olha os mesmos avançando dos dois lados,
ele entre acertar um, pular no tronco ao lado, acertar outro,
atingindo um na vista, outro no pescoço, uma corrente a esquerda,
uma espada a direita e olha o rio, pegando fogo, foi descendo, ele
não estava indo no sentido do rei, ele estava indo no sentido
oposto.
492
Estranho estar derrubando gente, e de uma hora para outra,
eles continuavam a avançar, e o fogo a descer para o mar, mas eles
não vieram, ele pensou em desviar parte, mas ainda não entendia
aqueles seres.
Hamy chega a segunda vila, toda destruída, mas tinha um
grupo de senhores velhos ao centro e pareceram se assustar com a
chegada dele.
— Quem se atreve a entrar em nossa terra sem permissão.
— Se ainda estão se aquecendo ao fogo do rei, não estão
ainda em suas terras. – Hamy.
Hamy os olha, era senhores aparentemente mais brancos,
mas eram humanos, apenas os humanos do norte, aqueles mais ao
gelo do norte.
— Não tem medo rapaz?
— Porque deveria ter medo?
— Parece cansado.
Hamy conhecia aquele tom de voz, sorri, olha o senhor e fala.
— Cansaço porque, nada de pesado hoje.
— Mas parece ter enfrentado um exercito de Brancos, está
coberto de seu sangue.
— Vim ver porque derramaram óleo do rei ao rio.
Os senhores olham para o rio queimando ainda e falam.
— Esperto este rei, mas quem é você?
— Um prisioneiro fugindo do rei.
— E não quer se juntar ao nosso rei, e seu exercito.
Hamy olha todos mortos na vila e fala.
— Se soubessem que todos esperavam alguém para os
libertar do rei, e no lugar disto os mataram, sinal de dois idiotas
brigando por terras.
Hamy olha o senhor se erguer, ele tinha quase seu tamanho e
ouviu.
— Me chamou do que?
— Es o rei destes animais que matam até ratos?

493
— São meus por direito de seus descendentes, de seus pais e
avós, todos em minhas terras me devem suas almas para meus
exércitos.
— E o que acontece quando eles morrem em batalha? –
Hamy encarando o senhor que estava segurança uma espada a
frente do corpo, como se o fosse atacar.
— Eles não podem morrer, não os autorizei morrerem.
— Um babaca que quer morte e devoção pela eternidade,
acha mesmo que eles não podem ser mortos?
— Logico que não.
O senhor estava segurando a espada e Hamy fala.
— Se levantar a espada senhor rei, esteja pronto para morrer.
Os demais começam a se armar e Hamy olha o senhor olhar
serio para Hamy, este sente pelo barulho que de alguma forma ele
chamou alguns para aquele lugar, seu exercito de escravos.
Hamy olha o senhor recuar, olha um grupo de 100 seres
virem no seu sentido, ele apenas sacode a corrente, acerta o
primeiro, gira a mesma, os seres sem saber onde ele estava, vão
caindo, e Hamy olha o rei recuar ao fundo, quando os 100 seres
estavam ao chão, ele chega ao grupo de óleo e olha bem ao fundo,
na entrada da baia, os navios de chegada, derramo a soma de óleo e
olha aquele fogo crescer no rio, e correr no sentido das
embarcações, viu os senhores avançando no sentido do mar
acelerado, eles tentariam chegar aos barcos primeiro.
Hamy senta-se ao centro da praça e fecha os olhos e sente o
cheiro do fogo, da morte, e sente algo lhe tocar o ombro, sabia que
ninguém caminhara até ele e ouve de olhos fechados.
— Agradeço a liberdade guerreiro.
Hamy abre os olhos e olha aqueles espíritos a toda volta e
fala.
— Descansem, pois ninguém merece a eternidade de
servidão.
O senhor olha em volta e sorri, e embora o rei ao fundo,
caminhando acelerado não via o que ele viu, Hamy olha todos

494
virarem luz, viu aquilo aumentar o calor local e sentiu o fogo crescer
no rio, acelerando no sentido da baia.
O rei ao longe fala.
— Não pode ser, nunca eles foram mortos.
— Estamos sobre terra de outros senhor, sabe disto, eles são
soldados de uma causa, não de uma guerra.
— Mas se tomei para mim, eles não deveriam morrer.
— Não sei senhor.
— A bruxa me paga. – O rei olhando o fogo avançando pelo
rio – Temos de chegar aos barcos e os tirar do alcance do fogo.

Hamy olha para o sentido da outra vila, empurra uma tora


grande ao rio, e sobe nela, o fogo pelos dois lados, mas como a
correnteza ajudou, chega a outra margem, pula longe do fogo e olha
para os soldados mortos, não existia mais moradores na cidade,
com certeza mortos ou escravizados pelo rei.
Hamy olha para os senhores do outro lado do rio ao longe,
eles não o viam mais, ele sobe nos restos da muralha, a parte de
pedra, que não queimara, e olha para o rio acima, os exércitos
começavam a se preparar para avançar pela manha.
Olha para as pilhas de toras, eles escolheram o lado mais
plano, ele faz uma tocha, põem a mão, e começa a subir o rio,
acelerado pelo lado vazio, quando ele entra na parte não cortada da
floresta avança a noite, por meio daquela floresta, as arvores
cobrindo a estrada, olha para o caminho e para a frente de uma
miragem, ele olha uma menina, ela lhe olha e fala.
— Toma cuidado guerreiro.
— Não sou um guerreiro.
— Toma cuidado.
— As vezes, queria o libertar do meu peso, mas ele vai
comigo até a morte, e não vejo em nenhuma das vitorias, algo a me
orgulhar.
— A gloria, não requer vitória, você já a tem.
— Não vejo motivos para a ter?

495
Hamy olha aquele ser, que parecia sobre livros, ela pega um e
o abre e fala.
— Aqui diz, que um dia, viria das montanhas, a Esperança, ela
seria amada e odiada, mas ela libertaria milhares de almas da
escravidão. – A menina olha Hamy e fala.
— Juro que pensei em outra coisa quando li isto, você os
libertou, mesmo que para muitos pareça que você os matou.
— Não o fiz querendo reconhecimento.
— E o fez por quê?
— Se eu não caminhar, eles se matam, eles matam a historia,
e tenho certeza, se um vencer o outro, ele põem seu povo em
barcos e vai contra o derrotado hoje, não existe ganhos nesta
guerra.
— Nem todos são tão ruim.
Hamy a olha e fala.
— Agora tenho de continuar.
— Se cuida.
Hamy olha aquele trecho pequeno de floresta acabar, olha
para mais troncos caídos e começa a avançar no sentido do rio, e
olha para a vila de Guis, destruída.
Novamente velhos e crianças a muito mortos, e soldados e
mulheres queimados a cidade.
As lembranças de sua infância foram cortadas por gritos, e
Hamy caminha até a beira do rio e olha para os Brancos avançando,
ele não sabia o que faria, mas eram muitos, ele sente aqueles seres
as costas e olha para os Negros, era quase manha, sente o tocar no
ombro e ouve.
— Não queremos o mesmo destino deles.
— Mesmo destino?
— Defender um rei.
Hamy olha para um grupo vindo ao fundo dos exércitos, e viu
aquela carroça, sabia que agora era vida ou morte, preferia morrer
a perder a alma.

496
Ele olha para uma tora, começa a jogar mais toras, e começa
a atravessar de uma para outra aquele rio em chamas, as toras
queimando, mas teria de ser rápido.
Ele pula na beira do rio do outro lado, e sai da fumaça e
começa a matar Brancos que já haviam avançado, o comandante
olha para a lateral e o rei olha para ele.
— Ele quer a Bruxa.
O comandante olha para a carroça ao fundo e fala.
— Vamos ter de deixar o avançar para a defender.
O rei olha o rapaz e fala.
— Manda alguém, nem sei se ele é páreo para a Bruxa.
Hamy olha para aquela moça nova, sair da carroça e olhar
para ele, ela olha em volta e os brancos pareciam não chegar na
carroça, mas viu que os negros se afastam.
Hamy olha a senhora e fala.
— Porque Catherine?
O comandante olha assustado, o rapaz sabia o nome da
Bruxa, ela não falara isto a ninguém, o rei disse que este era o
segredo que a mantinha fiel.
— Porque você filho?
Nesta hora o rei olha para o rapaz, não sabia mais se ele era
um inimigo ou um aliado.
— Guis não existe mais Catherine.
— Um peso a menos em minha alma.
— Sabe que estaremos em lados opostos mãe, se for querer
fazer o que o rei dos Brancos fez.
— Um exercito invencível é sempre o desejo dos reis.
— Não acredito que apoie isto.
— Eles tem de entender filho, todo o poder é para mim, um
detalhe, o rei acha que me prende sabendo meu nome.
— Ele não entende, que está morto mãe, ele cheira a morto.
A senhora olha para o filho e fala.
— Mas então os Brancos são muitos?
— O que o mata, não sei, mas ele morre, mas sei que cheiro a
mesma morte, e agora sei, você apoia minha morte Catherine,
497
como posso ir contra minha arvore, como posso vencer algo, se não
fundo, o vencer é perder.
Hamy começa a andar de costas, se o rei achava que ele iria
atacar a bruxa, acaba de descobrir que ele era filho da bruxa, mas
ele não gostou do que ouviu ao longe.
Hamy olha para os brancos e os vai cortando para voltar ao
ponto anterior, entra na fumaça junto ao rio, ele estava meio
aturdido, quando sente alguém lhe acertar, ele olha para trás e olha
o comandante, sente a espada lhe atravessar, deixa o corpo tender
para frente e cai no rio, afundando no mesmo.
Catherine olha para o rei fazer sinal para o comandante e este
olha a bruxa entrar na carroça, ela não gostou, o rei olha que os
agrupamentos de Brancos recuam um pouco, mas eles não
cederam, eles apenas pararam, era fim de um dia de batalhas.
O rei entra na carroça e olha para ela.
— Acha que deixo alguém pregar minha morte.
— Se quer morrer, mata os seus e os seus aliados rei, idiotice
não se discute.
Ele segura ela pelo pescoço e a levanta.
— Acha que não lhe mato bruxa nojenta.
— Sei que mata, matou seu povo, o que é matar uma bruxa,
mas ele disse, o rei tem meu cheiro, o matar dele, só confirma
senhor, não fui eu que falei, foi ele, Hamy de Zani, o menino que viu
a mãe ser levada ao centro da praça, e queimada em publico,
afastado como o filho da bruxa, apedrejado, quase morto, ele foi
criado por alguém, mas eu não sei quem o criou, ninguém sabe
quem é o guerreiro do rei, mas se o Rei não quer um guerreiro que
sabe matar esta praga, esquece, o rei não é um rei, é um mimado.
Ela se transforma em nevoa e chega ao chão e olha para o
senhor e termina de ouvir.
— Para me matar senhor, eu teria de estar viva ainda.
O rei olha para ela e fala.
— Mas sei seu nome.

498
— Sabe como me chamam, mas meu nome, somente um ser
sabe, e este, você matou hoje, por algo, que não é culpa dele, você
cheira a morto.
O rei sai pela porta e olha para o comandante.
— Achem o corpo, quero certeza da morte do rapaz.
O comandante não entendeu, mas deu as ordens.

Hamy afundava no rio, quando viu uma luz ao seu lado, ele
olha a menina, e esta o toca, ele sente seu corpo desabar na floresta
ao fundo e olha em volta, estava dolorido, ele toca a ferida e sente a
dor, estava perdendo sangue, e olha para os seres negros chegando,
viu Itan ao lado.
O mesmo corre a ele e fala.
— Calma, não se meche muito.
Hamy olha aquela menina andando até ele, era nítido que
Itan não a via e sente ela lhe esticar a mão, Itan viu o corpo do
amigo brilhar.
Ele olha o corte começar a fechar, a dor estava nos olhos de
Hamy.
Ele sentia o repuxar da pele e olha para Itan.
— Acho que alucinei.
— Por quê?
— Vi minha mãe.
— Alguns falam que ela agora é um reforço do rei de Zani.
— Eu a vi queimar, como ela ainda vive amigo.
— Dizem que ela era uma bruxa real.
Hamy olha para a barriga e olha para ele.
— Então não falar disto amigo.
— O rei está ao rio, procurando um guerreiro, dizem que ele
matou um guerreiro dele, agora quer a garantia da morte dele.
Hamy olha os seres negros chegarem ao lado e o dragão se
materializar a sua frente, Itan recua e ouve.
— Dizem por ai, que Hamy de Zani, foi morto a pedido do rei,
para manter uma bruxa no caminho.
— O que quer saber Dragão? – Hamy.
499
— Somos a força da Bruxa, elas nos mantem presos, para um
dia passar a frente, para manter sua juventude, sua vida.
— Ela não era ruim, mas como se diz, ela cheirava a morta,
ela sabia que iriam a matar, e pior, agora me sinto melhor, e tudo
que tentar explicar, não vai adiantar.
— Tem de dividir o peso com os demais. – O Dragão.
— Não quero eles me devendo nada, sabe que este é o maior
perigo dragão, é esta divida, que os prende, não quero ninguém me
devendo nada.
— Mas alguém pelo jeito – o dragão aponta a ferida – quer
que lhe deva algo.
— Imagino, protege a menina, ela é forte.
— Não entendi. – O dragão.
— Ela tem a força de uma bruxa, o sangue do rei.
O dragão olha os demais e some a sua frente, Hamy olha ele
saindo no sentido da montanha e Itan pergunta.
— O que vai fazer.
— Volta, esta guerra é suja demais Itan.
— E não se recusa a se ferir, a tentar morrer.
— Agora sei que não posso dar as costas a pessoas que
deveria apoiar, como vencer, se para vencer, tenho de derrotar
minha mãe, derrubar dois reinos, e ajudar mortos, pois é o que vai
sobrar.
— Mas o que posso fazer para ajudar.
— Entra na vila, e solta os anciões, enquanto ainda tem algum
vivo, os leva a montanha.
— Eles foram capturados?
— O rei quer todos em campo, para morrer por ele, ele quer
o brinde, mas não entendeu, ele está prestes a dever a vida a uma
bruxa, e quando isto acontecer, ele morre, mesmo que a bruxa não
o mate, mesmo que ninguém o toque, dividas de vida, não
deveriam ser impostas.
Hamy olha para Itan e fala.
— Agradeço, mas volta, tenta ajudar os demais.
— Se cuida.
500
— Eu não sei ainda como não perder a batalha.

Hamy olha o amigo se afastar, pega um tecido e marra firme


a altura do corte ainda dolorido, não entendeu a quem estava
devendo a vida, mas entendeu, alguém quer algo que ele não vai
poder ajudar, não sabia que a menina o ouvia, mas ela estava
seguindo a batalha.
Hamy passa a beira da pedreira de gesso, molha aquele pó, e
passa no corpo, todos estavam um misto de sujeita e branco, não
seria fácil, mas tentaria atravessar o grupo.
Ele começa a caminhar no sentido dos Brancos, olha uma
pedra alta, e olha no sentido do mar, e viu os 10 navios queimando,
os Brancos pareciam as vezes quase infantis, as vezes, violentos,
deveria ter de todo tipo de alma ali, elas deveriam estar furiosas de
ter de fazer isto, mas não tinham alternativa, uma missão para a
vida, ele com calma atravessa o grupo e olha para os soldados na
parte alta.
Ele atravessa para o lado do deserto, e começa a voltar a
espada era uma proteção contra os cães.

Itan com ajuda dos negros, invade a cidade, e os anciões


começam a voltar para a montanha, Itan viu que os anciões não
acreditaram nela que poderiam se proteger na montanha, com os
negros, e ouviu.
— Tem de entender Itan, inventar coisas, mesmo nos
salvando, não vai ser aceito pelos anciões.
Itan os deixa no caminho subindo, diz que vai fazer vigia e
olha para o senhor surgir a sua frente.
— Eles não aceitaram a ajuda.
— Vai contra suas convicções.
— E Hamy.
— Ele viu algo que dizem ser verdade, mas não havia visto
alguém que o tivesse visto.
— O que ele viu?

501
— A bruxa que o rei aprisionou, é a mãe dele, ela foi
queimada no centro da vila, ele foi apedrejado e saiu bem ferido da
vila, e nunca mais voltou.
— Ele tem este peso nele?
— Sim, todos que ele considerava sua família, mataram sua
mãe, e o apedrejaram, mas ele falou para defender a menina, ela
tem a força de uma nova bruxa, e o sangue real.
— Ele tem certeza disto?
— Pode ter certeza, se ele falou, ele acredita nisto senhor.
— E o que ele vai fazer?
— Não sei, ele não divide nada muito, ele teme que nos
envolvamos, ele não quer dever nada a ninguém, mas alguém o
atravessou com uma espada, e alguém, lhe ofereceu cura, a muito
não ouvi sobre tanta magia solta.
— Os negros falaram que um mar de almas foi liberta nos
campos.
Itan não entendeu, mas sabia que Hamy iria a guerra.

Quando o rei viu o mar de fogo vir pelo rio acima, soube que
alguém acabara de tomar a cidade a cima, os soldados tem de sair
da beira do mesmo.
Os soldados sobem no sentido da cidade, Hamy olha os
soldados, ele balança a corrente em uma mão e a espada em outra,
se eles tinham medo dos brancos, sabiam que aquele, era o rapaz
que matava Brancos, o comandante olha ele a porta da cidade e
fala.
— Agora vai matar seu povo.
— Covardes que matam pelas costas os aliados, sim, eu mato
comandante covarde.
Os demais souberam que o rapaz estava querendo briga, o
exercito olha para ele, ouvem o chamado do outro lado, e o
comandante olha ele.
— Não sabe o que é obedecer uma ordem.
— Matas inocentes por um cagão de um rei, bom saber que
es um covarde comandante.
502
Hamy olha ao seu lado, estava amanhecendo e o comandante
olha os seres negros surgirem ao lado do rapaz, o rei ao fundo olha
aquilo e fala aos soldados.
— Vamos ter problemas.
Os soldados olham os seres negros, o comandante olha para
os seres e começa a andar de costas, com medo, os seres brancos
chegam a parte alta, onde ele estivera a dois dias, o rio contornava
aquele morro, em uma imensa curva que gerava o pântano, Hamy
olha os brancos, não sabia se eles pensavam, mas ficou obvio, eles
estavam tensos, e ver Hamy e os seres negros, fez eles pararam na
colina.
Hamy não olha para a carroça, mas se olhasse, tinha ali uma
senhora olhando ele, talvez ela fosse quem mais admirou o filho,
que ela não criou, mas que estava ali, diante de um exercito, com os
negros as costas, e quando o rei olha o comandante pensando em
atacar o rapaz, olha aquela mancha vir ao céu, ele se aproxima do
chão e os negros se afastam e o dragão negro se apresenta ao
campo, e o rei sabia agora que tinha mexido com o cara errado.
— Não pode querer matar seu povo. – O rei ao fundo ao
berros, Hamy não ouviu, e apenas começa a caminhar no sentido
dos exércitos do rei, se eles tinham medo dos brancos, eles tinham
pânico dos negros, e eles começam a avançar no sentido dos
brancos, não porque queriam, mas por falta de opção, o dragão faz
um som com a garganta, e ao deserto se viu os lobos, no pântano,
surgem os crocodilos, jogando as toras para fora do rio, surgindo a
beira, e avançando.
O rei olha para o rapaz, ele não foi poupando alguém ele não
considerava daquele reino, enquanto alguns iam avançando, ele
chega a frente do rei, e apenas olha para ele, passa pelo mesmo e
continua a avançar, ele não olha para o rei, sabia que se ele o
matasse sem agressão, a magia lhe tiraria a vida.
A menina surge na porta da cidade ao fundo, olha para Hamy
passar por seu pai, vê quando ele pega a espada.
Ela sente o que vai acontecer e grita.
— Não pai.
503
O rei atravessa Hamy, o comandante já estava morto ao
fundo, mas os negros olham para Hamy tocar a espada, que lhe
atravessou, sente o fio da espada lhe cortar a mão, e o senhor sente
a energia o atravessar, e a menina olha o pai cair e Hamy olha os
negros e fala.
— São livres, pela minha segunda vez, derramo o sangue que
em mim corre, da bruxa, para lhes libertar.
Os seres sentem suas almas livres e um olha para ele.
— Mas se quiséramos vencer a batalha.
— Eles merecem ser libertos também. – Hamy olhando com
dor, sente o corpo cair, o rei cai para trás com a espada, sentido a
ferida que provocara no rapaz, e o rapaz cai saindo da espada para
frente.
A menina olha a Bruxa e caminha sobre os corpos, se via a
senhora envelhecendo, enquanto a menina caminhava.
Os negros avançando com os lobos, com os crocodilos,
enquanto a menina toca Hamy.
Ela sente a força dele, sua mão é afastada e ouve.
— Desculpa, não quero dever nada a ninguém.
— Pode morrer por isto?
— Um dia morrerei, um dia caminharei livre para o mundo
das almas, livre.
Hamy se levanta, e os negros olham para ele, o mesmo olha
para a mãe na carroça e olha para a menina.
— Cuida de nossa mãe, mas cuida de você, antes dela.
Hamy caminha pelo campo, e somente 26 horas após, depois
de muitos brancos ao chão, com todo o exercito do rei ao chão,
chega ao segundo rei e puxa sua espada, o senhor olha assustado e
suas palavras de rei que achava que tudo se comprava, foram
cortadas por uma espada.
Hamy senta-se ao cais e olha para o dragão lhe olhar e falar.
— Libertou meu povo.
— Ninguém é meu povo, todos somos um único povo,
separado por estes que vivem bem, a custa do povo, mas se cuida,
não precisava surgir em campo dragão.
504
O dragão o olha e fala.
— Mas agradeço da mesma foram.
O mesmo vai ao ar, e Hamy olha para o mar, quantas mortes,
quantos problemas.
Volta a caminhar, estava cansado, mas sabia que mesmo
tendo uma rainha, uma princesa, quando um rei morre, as historias
sempre lhe complicavam.

Fim.

505
506
507
J.J.Gremmelmaier

Primeiro conto da Série Sustos

Sustos,
É Sexta 13

Primeira Edição
Edição do Autor
Curitiba
2017
508
Autor; J. J. Gremmelmaier normais, mundos imaginários,
Edição do Autor interligando historias aparentemente
Primeira Edição sem ligação nenhuma;
2017
Sustos - É Sexta 13
------------------------------------------
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte
-----------------------------------
Gremmelmaier, João Jose
Sustos - É Sexta 13 /
Série Sustos / Romance de
Ficção / 057 pg./ João Jose
Gremmelmaier / Curitiba, PR. /
Edição do Autor / 2017
1 - Literatura Brasileira –
Romance – I – Titulo
--------------------------------
Sustos,
85 – 62418 CDD – 978.426 É Sexta 13
Este texto surgiu de um sonho,
As opiniões contidas no livro, então imagino os pesadelos do
são dos personagens, e não autor.
obrigatoriamente assemelham-se as
opiniões do autor, esta é uma obra de
ficção, sendo quase todos os nomes e Agradeço aos amigos e
fatos fictícios. colegas que sempre me deram força
É vedada a reprodução total ou a continuar a escrever, mesmo sem
parcial desta obra sem autorização do ser aquele escritor, mas como
autor. sempre me repito, escrevo para me
Sobre o Autor; divertir, e se conseguir lhes levar
João Jose Gremmelmaier, juntos nesta aventura, já é uma
nasceu em Curitiba, estado do Paraná, vitória.
no Brasil, formação em Economia,
empresário a mais de 15 anos, já teve Ao terminar de ler este livro,
de confecção a empresa de estamparia,
empreste a um amigo se gostou, a
ele escreve em suas horas de folga,
um inimigo se não gostou, mas não
alguns jogam, outros viajam, ele faz
o deixe parado, pois livros foram
tudo isto, a frente de seu computador,
viajando em historias, e nos levando a
feitos para correrem de mão em
viajar juntos. mão.
Autor de Obras como a série J.J.Gremmelmaier
Fanes, Guerra e Paz, Mundo de Peter,
os livros Heloise, Anacrônicos, cria em
historias que começam aparentemente
509
Sustos,
É Sexta 13

J.J.Gremmelmaier

510
Primeiro conto da Série Sustos

©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

511
512
Imagens da Capa e Números de são trabalhos
aplicados e diagramados sobre a arte de
Karen G. G. Pedro
Editoração: J.J.Gremmelmaier

513
Amanda é uma menina que se considerava moça, tinha seus
18 anos, um namorado que vivia da aposentadoria da mãe, o que
lhe deixava bastante tempo para se divertir, para aprontar, para
transgredir, estavam passeando no Bairro do Alto Boqueirão, bairro
ao lado de onde viviam na cidade de Curitiba, no Paraná, Brasil,
olhando se tinha um carro para arrastar, Jonathan já tinha 4
passagens pela policia como menor infrator, agora de maior,
tomava mais cuidado, mas roubar carro era algo que fazia desde os
10 anos, ela estava com uma saia curta, e uma blusa colada ao
corpo, de malha, ele com uma calça larga, tênis largo, de marca, e
uma camiseta tamanho XXG do Paraná Clube jogada no corpo,
caminhavam tranquilamente na rua, quando viram aquele senhor,
deveria ter uns 100 anos, ou estava muito acabado, entrando em
uma casa, nunca haviam reparado naquela entrada, pois estava
sempre fechada, mas olharam para dentro, e viram um imenso
tapete verde de grama bem cuidada, com estatuas, e uma casa
grande bem ao fundo.
Jonathan sorriu e falou.
— Este seria um velho fácil de roubar, só precisamos de
alguém que entre e nos abra as portas, pois este muro é alto e o
sistema do portão tem estes fios de energia, se duvidar tem até
câmera.
— Alguma ideia?
— Não sei ainda, mas obvio que vamos ter uma.

514
Caminharam mais um pouco, e Jonathan viu aquele carro
dando mole em meio a calçada, entrou pela porta do motorista, deu
partida com uma mixa e abriu a porta de Amanda.
Sai calmamente, se dirigindo aos campos de Piraquara, cidade
vizinha, Jonathan tinha seu contato para fornecimento de carros,
entram em um terreno, e uns 100 metros depois da entrada, outro
muro, e a partir dali, muitas peças de carros jogadas por todo lado,
param em um barracão e um rapaz de cabelos raspados, olha
Jonathan e mede Amanda com os olhos e fala.
— Ainda torce para esta porcaria – olha Amanda aos olhos –
quanto desperdício de material.
— Consegue algo por este? – Jonathan.
O rapaz que todos conheciam apenas por Nazi, olha o carro,
chega perto olhando o carro e fala.
— Nada especial, pelo jeito o dia estava ruim?
— Quanto?
— 500.
— Mas não dá nada isto, não tem um preço melhor.
— Pegar ou largar, pois peça antiga não tem tanta saída, se
fosse um clássico, ainda tudo bem, mais uma lata velha de serie,
tem de escolher melhor Jota.
— Aceito os 500.
O rapaz foi para dentro e voltou com um maço de notas e
falou olhando para o dinheiro.
— Conta que depois não aceito reclamação.
Jonathan passou a mão no dinheiro, colocou no bolço e
começam a sair pelo caminho que entraram, estavam longe da
região deles, mas sempre existem lugares para se divertir, bem
acompanhado e com dinheiro mesmo que pouco no bolso.
Um rapaz de dentro do barracão olha para Nazi e pergunta.
— Porque canta sempre aquela moça, ela parece lhe odiar.
— Se ela me olhasse com carinho, agiria diferente, é o tipo de
gente que só atrai problemas, então quanto mais longe melhor, e
nada como uma cantada animal para tirar os dois daqui, daqui a
pouco chegam os bons carros, põem este lixo no fundo.
— Vou fazer de conta que acreditei.

515
— Tira isto antes que Romarinho chegue, não queremos
problemas, e este carro lá dentro sendo desmanchado pode ser
problema, põem ele encostado no muro do fundo, tira os cabos,
mas deixa fora do terreno.
Jonathan olha para Amanda que fala.
— Estes seus amigos são todos grossos, querem meninas
apenas como objeto.
— Você gosta Amanda, não se faz.
Os dois foram a uma festa na região e chegam em casa já na
madrugada de quinta, o dia começava a mostrar seus primeiros
raios de sol, estranha primavera, dias quentes, noites frias, mas sem
a chuva clássica, diziam ser influencias climáticas do aquecimento
dos oceanos, mas Jonathan nunca acreditou nisto.

516
Amanda acorda tarde, olha para fora, olha Cristine e Silvia,
pela janela a falar com Paulo e Rogerio, toma um banho, e ouve sua
mãe quando saia do banho falar algo.
— Faltou aula de novo filha, quer ser como sua mãe,
domestica a vida inteira?
Ela não respondeu, veste uma roupa, e sai a porta, Cristine
sorri e fala.
— Jonathan parece ter uma ideia para hoje.
— Boa ou péssima? – Silvia.
— Pode ser divertido. – Cristine que abraça Paulo, seu
namorado.
— Divertido para Jonathan me dá medo. – Paulo.
Amanda olha ao longe Jonathan chegando, ele parecia não
estar feliz, sinal que os planos dele murcharam, não seria naquele
dia que eles aprontariam.

517
Amanda volta para casa, os planos para o dia não tinham
dado em nada, e sua mãe pede para ela a acompanhar, ela tinha de
ir a uma entrevista, mas alguém teria de ficar a frente da casa, com
a pequena Jessica, pois ela queria tentar conquistar a vaga, e se
entrasse já com a filha de 3 anos no colo, era quase certeza de não
conseguir.
Amanda viu a fila de candidatas, lembra da casa que havia
passado a porta no dia anterior, estavam contratando uma
governanta, ela fica a frente da casa, vendo as caras de encanto
quando entram, pois a casa era bem ao fundo, mas parecia incrível
de longe, mas via as caras de decepção na saída, era quase uma
antecipação da forma que sua mãe sairia, ela olha o sistema de
câmeras, um funcionário a porta pergunta para ela.
— Vai concorrer a vaga?
Ela pensa em o que falar, e apenas despista.
— Minha tia quer conquistar a vaga.
— Sua sobrinha?
— Irmã, estou de baba hoje, mas é bom trabalhar aqui?
— O senhor não fala muito, a casa é bem organizada, sem
bagunça é um lugar calmo para trabalhar.
— Então gosta de trabalhar aqui?
— Sim. Embora os seguranças são temporários, a casa em sua
maioria das vezes fica somente o senhor, pois as empregadas da
casa e a governanta saem as 18hs, depois disto, sono profundo
quase todo dia.
— Então ganha para dormir?

518
— Ganho para cuidar do que o senhor pede, se ele pede para
me recolher, me recolho.
— E mora ai?
— Tem duas casas mais ao fundo, um do segurança e um para
as duas moças que trabalham ai, mas raramente elas usam esta
entrada, pois as casas ficam para a rua de cima, se eu moro numa
casinha, a das moças é melhor que a minha que já acho boa.
— Solteiro?
— Sim, ainda solteiro, tem namorado menina?
Amanda iria responder mas viu o que esperava acontecer, sua
mãe vindo como se desiludida pelo caminho e fala.
— Hora de ir, mas boa tarde.
Amanda olha o rapaz com malicia, estava provocando, sabia
que aquela casa a agradava, bem ao estilo de casas boas para
roubar no bairro.
A mãe olha para ela, não fala nada e estavam a duas quadras
quando ela falou.
— O senhor é seco, nem sei se paga bem?
— Segundo o rapaz, ele contrata cedendo casa para morar,
parecia feliz com o salario. – Amanda.
— Muita gente, pensei que tinham me mandado para uma
entrevista, mas mandaram pelo jeito todas as desempregadas do
bairro, assim fica difícil de competir.
As duas caminham saindo de um bairro para outro
atravessando uma ponte de metal sobre um rio que neste
momento, com pouco fluxo de agua, tinha o cheiro do esgoto que
alguém jogava nele.

519
Um senhor idoso, olha as candidatas, a empresa mandou
algumas candidatas para a vaga de governanta da casa, casa grande,
3 funcionários, que estavam na casa a anos.
O senhor olha a quarta candidata e parecia que nada o
agradava naquele dia, parecia desmotivado, parecia faltar algo
naquelas candidatas.
O senhor se chamava Ângelo, ele não falava sobre sua idade,
sua pele branca, com muitas rugas, olhos negros profundos, olheiras
de quem não dormia direito a anos, um corpo que naquela cadeira
da escrivaninha não diriam ser de alguém que se cuidava, pois viam
ele sentado.
A falta de empatia dele, fazia muitas desistirem, mesmo sem
ele recusar, estava analisando muitas, pensou que a empresa de
seleção as selecionariam e mandaria algumas, tinham mandado
mais de 20, o que já estava tirando a paciência de Ângelo.
Ele olha pela câmera, olha para a menina a porta, olha para a
senhora saindo e olha as imagens do dia anterior, a mesma menina
que olhava os carros, com cobiça, sorri, lá vinha encrenca.
O senhor olha para o segurança ao longe e faz sinal para
chegar perto.
— Namorada?
— Não senhor, apenas ela estava esperando alguém.
— Não se envergonhe rapaz, vi como a olhou, e sempre se
tem de escolher alguém.
— Ela estava perguntando se era bom trabalhar aqui.
— Imagino, mas se duvidar nem perguntou o nome dela?

520
— Não, parece que a tia dela voltou da entrevista bem na
hora, e acabou com o assunto.
— Pode tirar folga Silvio, pois tenho de mudar de empresa de
seleção, eles não selecionaram, mandaram todas as candidatas, se
fosse para que eu selecionasse não precisava deles.
— Tem certeza, que vai ficar bem?
— Estando ai amanhã por volta das 8 da manha, tranquilo.
— Vai sair pelo jeito?
— Na verdade não sei ainda, vou ver se consigo achar uma
moça para fazer a função de governanta, estou ficando velho, não
tenho mais a paciência dos 70 anos.
O rapaz não perguntou quantos anos o senhor tinha, mas
sinal que tinha mais de 70 anos.
Silvio olha o senhor, não parecia ter um corpo de 70 anos,
parecia alguém que se exercitava, mas todo o corpo estava por
baixo de uma roupa folgada ao corpo, mas o que chamava sempre a
atenção, o rosto gasto do tempo, e as mãos bem envelhecidas, olha
o senhor entrar e ir a sua sala, e volta a sua pequena casa de 6
peças na entrada do terreno, tinha uma entrada através do muro da
casa para o terreno que estava a casa que era parte do trabalho, já
morara em casas bem menores que aquela, mas sempre lhe parecia
que não era para se acostumar com aquilo, pois um dia o senhor iria
desta para melhor e teria de ir a um outro lugar.
Silvio olha para as duas moças da casa, uma olha para ele com
medo, parecia não o encarar, e a outra, nem ficou na peça, as duas
saíram como se fosse fim de expediente, mas não pareciam gostar
de trabalhar ali.
Silvio olha para a casa, chega a biblioteca, tinha uma parede
que tinha apenas um quadro em óleo que tinha pintado vários
livros, em estantes, ele chega ao canto da mesma, gira uma
maçaneta, uma porta abriu e ele acende uma escada, ele olha para
as câmeras da casa, todas ligadas, olha o sistema de gravação, e
tudo em volta, fecha a porta e sobe para o segundo piso, em seu
quarto fica a olhar para a imagem das duas moças chegando em
casa, de Silvio saindo, iria ver alguém, ele sempre que podia ia ver
alguém que ele não conhecia.

521
As imagens da rua calma, não pareciam preocupar o senhor
Ângelo, ele fica a olhar para a imagem das moças que o sistema
deixou gravado, de suas entrevistas, os papeis de seus currículos,
estava pensando se algo servia ali.
Ele nunca foi de pegar algo pronto, e sim de preparar algo, de
impor suas opiniões e seus métodos, as coisas ali eram como ele
queria, não como os demais pregavam correto.

522
Amanda estava a chegar ao grupo novamente, Jonathan olha
para ela que sorri, ele soube que ela teve uma ideia, o olhar de
Paulo para o de Jonathan mostrava que a ideia vinha de Amanda,
não sabia o que estava acontecendo, mas o grupo entrou no carro
de Paulo, apertados, os 3 casais, e param a uma quadra da casa do
senhor e Amanda desce, beija Jonathan e fala.
— Vamos ver se vale mesmo a pena.
— Se cuida.
Amanda chega a entrada da casa, ela toca a campainha, ela
esperava que o segurança a atendesse, pois achou que ele seria
uma forma fácil de entrar na casa, talvez fosse, mas apenas ouviu
uma voz rouca no interfone.
— Em que posso ajudar?
— Aqui que estavam fazendo uma entrevista para
governanta.
— Está tarde moça, as candidatas já foram.
Amanda olha para o interfone e fala meio baixo.
— Não teria ninguém para falar, sei que é tarde, mas não
tenho onde ficar ainda na cidade, me perdi para vir aqui, e pelo jeito
nem vou conseguir fazer a entrevista.
— Você...
— Não tem jeito de me ouvir hoje senhor, sei que é tarde,
mas é que... – Amanda faz uma voz quase chorada – ...estou
precisando muito deste emprego.
— Vou abrir uma exceção, entre.

523
Amanda olha para a rua, ouve a porta destravar, quando ela
abre, ela pega no bolço de traz uma fita, e passa na atura da trava
da porta, ela encostaria, não fecharia.
Amanda entra como se estivesse olhando em volta e começa
a caminhar para a casa, olha para como ela era maior de perto, viu
as luzes do caminho se ascenderem. Ângelo olha a menina, quase
uma moça entrando pelo caminho, sabia que deveria ser uma
arapuca, ele parecia querer provar que ainda controlava as coisas,
mas sabia que estava arriscando, não entendeu o problema ainda, e
olha a menina chegando a porta e apenas fala pelo interfone, ele
estava chegando ao escritório, mas olha para ela pela imagem que
desliga ao monitor.
— Entre, fim do corredor a direita.
Amanda olha para a porta toda trabalhada em madeira, olha
para o corredor e caminha até o lugar.
— Veio para entrevista?
— Sim.
— Trouxe um currículo? – Ângelo rindo da pergunta por
dentro, queria ver até onde ela iria com aquilo.
Amanda para na imagem do senhor, aquilo sim era um
senhor velho, e fala.
— Vim encima da hora, mas tenho muita força de vontade,
muita determinação.
— Qual sua formação?
— Terminei o segundo grau e pretendo fazer Farmácia. –
Mente Amanda.
— Quantos anos você tem moça? – Ângelo.
— 18 anos, sou de maior senhor.
— Acha que consegue administrar uma casa com 400 metros
quadrados, não é coisa fácil.
— Tenho garra senhor.
— E gostaria de começar quando, amanha cedo?
Amanda olha o senhor, ele não a estava colocando para fora,
mas não a estava colocando para dentro.
— Se for o caso.

524
Na entrada da casa enquanto Amanda distraia o senhor,
Jonathan e os dois casais entram, poem uma madeira na porta e
Jonathan chega ao portão eletronico, ergue a armaçao de ferro da
engranagem do motor que abria o portão, ninguem entraria no
automatico naquele momento.
Jonathan vai invertendo as cameras, e olha para Paulo.
— Vamos a casa, vamos ver se aquele carro do senhor
realmente é uma raridade, pode valer uma boa grana.
— Você e este vicio por carros, mas tudo bem, qual carro este
senhor teria?
— Um Opala Vermelho, completo, ano 70, 8 cilindros.
Os dois sorriem, olham a parte baixa da casa, uma imensa
garagem, deveria ter mais de 12 carros concervados, alguns
empoeirados, e uma caminhonete 4x4 do ano, o rapaz sorriu e fala.
— Esta caminhonete nos facilita tirar as coisas da casa, pois
classicos são valorizados, mas dificil de levar muita coisa.
Jonathan sorri e fala.
— Olhem a garagem, se acham as chaves, parece que está
calmo, o senhor nem desconfiou ainda, vou subir para a casa e fazer
uma surpresa para este velho.
— Não faz burrada.
— As vezes facilito a passagem Paulo, mas não quer dizer que
ele vai hoje.
— Vamos ajeitar as coisas aqui. – Fala Cristine.
Jonathan entra na casa e vai entrando, com cuidado, ouve a
conversa e aparece a porta, o senhor olha desconfiado e fala.

525
— Quem é você rapaz? – Angelo medindo o rapaz ainda com
aquela camiseta do Paraná Clube jogada ao corpo.
— Quem vai esvaziar a casa velho, senta que não se machuca.
— Acha que está falando com quem ladrãozinho.
Amanda sabia que Jonathan gostava de roubar, mas odiava
quando alguém o chamava de ladrão, talvez fosse a hora que ele se
tocava que estava num caminho sem volta.
Ele se irrita, poem a mão as costas e puxa uma arma e aponta
para Angelo que parece recuar, ele olha a moça que sorri, entendeu
que eles entraram logo em seguida, aquela arma não era uma boa
ideia, ele olha para as janelas, longe, olha para os olhos da menina e
fala.
— Esqueci de prestar atenção no namoradinho marginal, mas
o que quer ladrãozinho, roubar um velho sozinho?
— Se me chamar de ladrãozinho de volta vou lhe furar.
— Quer que chame do que, senhor Ladrãozinho?
Jonathan estava irritado agitando a arma na frente do corpo,
a coceira no gatilho, ouve o senhor tocar na mesa, pensou ser um
alarme e dispara descarregando a arma no senhor.

526
Jonathan atira no senhor, olha o senhor cair para traz, vê um
buraco se abrir, ao chão e o senhor sumir no escuro de um buraco
ao chão, Amanda ia falar que tinham de dar sumiço no corpo e o
mesmo já tinha desaparecido no buraco. Rogerio e Silvia sobem
após ouvir os tiros e se deparam com os dois olhando o buraco e
perguntam.
— O que aconteceu?
— Vamos esvaziar a casa, não sei onde este buraco dá, mas
parece que o senhor tentou uma fuga, mas o acertei antes. –
Jonathan olhando em volta, quadros nas paredes, olha o monitor a
mesa desligado, o liga e vê as imagens, olha os cabos e fala.
— O senhor se distraiu com Amanda, senão teria nos visto
entrar, mas ele tem câmeras, deve ter um servidor – abre a gaveta –
tem um computador pessoal, celular, deve ter um monte de coisa
de valor na casa, vamos a revirar com calma e em silencio, ninguém
percebeu, então vamos ser rápidos. – O relógio na parede toca as
11 badaladas da hora e Jonathan olha aquilo e fala.
— Destes relógios acho que só tem em museu.
Os demais sorriram e Silvia olha para Rogerio e para a escada
e fala.
— Vamos ver lá em cima, deve ter coisas de valor, nem sei o
que vale mais nesta casa, parece aquelas casas de antiguidade. –
Silvia.
— Coisa que sejam fáceis de vender, não esqueçam.
Amanda olhando o buraco, olha um botão a mesa, a que o
senhor apertou e viu o buraco fechar e fala.

527
— O pegamos antes dele tentar escapar.
Jonathan olha para o casal subindo no fundo por uma escada
com adornos de madeira, haviam quadros nas paredes, o piso era
de madeira bem trabalhada, parecia brilhosa.
Silvia entra em uma peça e olha para Rogerio.
— Aqui Rogerio.
Ele entra e olha um cofre, estava apenas encostada a porta,
ele olha para dentro e vê maços de notas e sorri, não fala nada,
põem o dinheiro no bolso, vai a escada e grita para Jonathan.
— Sobe aqui Jota.
Jonathan dá um beijo em Amanda e fala.
— Vamos ver o que eles acharam?
Sobem e olham aquele cofre aberto, joias, 3 barras de ouro e
Rogerio pergunta para Jonathan.
— Deve valer um dinheiro, mais que os carros lá embaixo.
— Vamos ter de repassar para quem entende disto, mas um
bom começo, e este quarto, parece estranho. – Jonathan olhando
em volta, uma peça imensa – a escada dava naquele quarto que
tomava toda a parte superior da casa, uma peça ampla, se via a lua
cheia por uma das janelas, a surgir no céu estrelado. Dali se via
todos os cantos do terreno, se tinha uma porta de vidros com uma
cortina simples, transparente de renda bem fina, a dada lado da
mesma, de um lado o guarda roupa, do outro o cofre, a cama bem a
frente, parecia bagunçada, talvez a única coisa bagunçada.
A sensação de que tinha alguém a cama, os fez olhar
assustados, chegam a cama, algo se mexia por baixo da coberta,
Jonathan pega a arma, chega perto, bem lentamente, os demais
começam a se aproximar, e veem Jonathan puxar a coberta e um
gato bem negro, grande, sair correndo pelo quarto, tentou uma da
janelas, se bateu, parece correr quase a parede e desce a escada
sumindo por ela.
— Todos estavam ainda assustados e Amanda sorriu.
Eles começam a revirar o quarto, relógios, aquelas joias,
alguns pertences que pareciam banhados a ouro, foram colocando
tudo em uma sacola, quando ouvem o relógio tocar as 12 badaladas
da meia noite.

528
Ângelo havia prendido os pés em uma fenda, estava de ponta
cabeça, olha para baixo, sente o corpo, sente a energia lhe correr o
corpo, sente os músculos, se ergue apoiando as duas mãos na
madeira de um dos lados, solta com dificuldade os pés, olha para o
buraco, solta o corpo, que cai pelo buraco, recolhe as pernas para
amortecer a queda.
Calmamente olha o quarto escuro, fecha os olhos, pois não
teria de sentir o local, sente a mascara a parede, coloca em seu
rosto, olha para o corpo, sente a bala e pensa nela saindo do corpo,
sente a dor e grita.
A dor da pele repuxando a pele enquanto fechava o buraco
que a bala saiu, fez o senhor gritar mais uma vez.
Ele chega a parede que dava para fora, olha para o céu, lua
cheia, meia noite, começando a sexta feira, 13, e nada parecia
diferente de outros dias.
Ele sente a energia, e olha as duas moças vindo pelo terreno,
olha para elas que vendo ele com a mascara, recuam, eram as duas
empregadas, elas recuam e uma olha para a outra.
— Invasores?
Ângelo apenas sacode a cabeça, afirmativamente.
Elas recuam as suas casas.
Ele caminha até o portão de entrada, o ergue facilmente o
colocando no lugar, sai pelo portão, olha o carro dos rapazes parado
mais acima, chega ao carro, e o empurra para a entrada, aciona o
portão, ele lentamente abre, ele empurra o carro para dentro do
terreno o deixando atravessado ali.

529
Começa a entrar novamente e vai ao buraco novamente.
Ele entra na garagem pela lateral, Paulo estava a olhar as
chaves, estava ajeitando a caminhonete para sair, e vê Jonathan e
Amanda chegar ali, Ângelo estava em um canto escuro, olhando
eles, com uma mascara que tinha a forma de uma caveira, branca e
negra, para noites especiais.
— Ouviu o grito? – Jonathan.
— Quem não ouviu, tem certeza que matou o velho? – Paulo.
— Temos de descobrir onde ia aquele buraco, pois se ele ficar
gritando pode nos complicar.
— Vamos dar uma geral, a caminhonete e mais 6 carros estão
prontos para encher e sair, pensei em 6 pois cada um sai com um,
depois volto pegar o meu na rua.
— Uma boa ideia. – Amanda.
Eles começam a olhar os cantos, e Amanda entra na peça que
Ângelo estava ao canto, ela olha o buraco e olha para cima, não via
que era um buraco, pois estava tudo escuro, Ângelo se aproxima
pelas costas, ele estava quase a puxando para o buraco quando
Rogerio fala da parte alta.
— O tempo está invertendo, vamos acelerar, pois a chuva vai
cair logo.
Amanda sai para fora, e olha para o céu que antes se via a Lua
Cheia agora com raios e relâmpagos, estava noite, não teria certeza
se era das demoradas, mas entra novamente.
Cristine olha para Paulo, o dá um beijo e fala.
— Vou ajudar a trazer as coisas, temos de acelerar.
Paulo olha para o local onde Amanda saiu, acende a luz do
carro, teve a sensação de ver algo lá, pega a chave de rodas, e entra
no lugar, olha em volta, não viu nada, olha pensando que estava
impressionado.
O olhar para cima, deu a sensação de ouvir os passos na peça
acima, poderia ser o buraco que eles falaram, entra um pouco,
mais, Ângelo estava a parede, olhando para ele, esperando um
momento para agir, ainda olhava como curioso o que aqueles
rapazes achavam que estavam fazendo, mas quando vira-se se
assusta.

530
Olha aquela caveira, recua, e se desequilibra, ele cai num
buraco que estava ali, a meio passo de onde Amanda parou, e se
ouve o grito de Paulo caindo e depois um som seco de quem havia
caído sobre madeiras.
Cristine ouve o grito e fala.
— É o Paulo.
Ela desce apressada e Rogerio e Silvia vieram juntos, viram
que a luz estava iluminando um canto, e chegam a ele, olham para o
lugar, Cristine ia dar um passo a mais e Rogerio a segura e fala.
— Cuidado com o buraco.
Ela parece não entender, mas viu que não havia piso, olha
para baixo e fala.
— Paulo, está bem?
Se ouviu um resmungo, e Cristine fala.
— Precisamos de uma lanterna.
— Vi uma lá encima, vou pegar. – Silvia.
Rogerio olha para o lugar e fala.
— Parece um buraco de despensa, deve ter uma escada para
baixo.
Amanda e Jonathan chegam com duas sacolas e colocam na
caminhonete e o mesmo pergunta.
— O que aconteceu Rogerio, onde está o Paulo?
— Parece ter caído em um buraco, Silvia foi pegar uma
lanterna.
531
Ela chega ao lugar, com duas lanternas e se ouve os trovões
do lado de fora e um estouro, um transformador havia estourado,
toda a luz da casa apaga, se olha para fora, a rua estava apagada,
Jonathan olha para Rogerio e pega a lanterna da mão de Silvia.
Tentando manter a calma, chega ao canto que as luzes do
carro iluminavam, olha para baixo e a visão de Paulo esticado ao
chão, estático, não foi boa, ele olha para Cristina e fala.
— Merda.
Ela olha para baixo, lá estava Paulo, aparentemente morto,
Jonathan olha para a escada de metal que fixa a parede que ia para
baixo e fala.
— Vou ver como ele está lá embaixo – ele coloca a lanterna
no sentido para cima e se vê um piso pouco mais de 3 metros acima
e fala – este poderia ser o buraco que o senhor caiu, escuro, mas ele
estaria ali embaixo de Paulo.
Amanda olha e não vê nada e fala.
— Se cuida Jota.
— Vou lá e vocês coloquem as coisas na caminhonete, vamos
sair daqui, levamos Paulo a um hospital e voltamos para pegar os
carros, não podemos esperar muito.
Jonathan começa a descer a escada de metal incrustado na
parede.

532
Jonathan olha para Paulo, toca ele, estava frio, olha em volta,
não havia o senhor ali, olha para cima, poderia existir outros
alçapões na parte alta.
O olhar para Cristine na parte alta, falava que ele não
sobrevivera, Jonathan sabia que teriam de tirar o corpo dali, eles os
culpariam, ainda achariam o corpo do senhor, e os complicariam.
Jonathan olha para Cristine e fala.
— Temos de o tirar deste buraco.
— Mas...
— Ele merece um enterro digno Cristine, não neste buraco.
— Temos mesmo de fazer isto? – Rogerio.
Jonathan olha em volta e vê que não era uma peça, era uma
galeria pluvial.
A chuva começa do lado de fora, o barulho dela atrapalhava
até a conversa, a luz de duas lanternas e do veiculo que estava de
luz acesa, dava um clima estranho, Jonathan estava olhando em
volta quando sente uma mão no ombro e olha para Cristine, ela
descera, e a vê debruçar sobre o corpo de Paulo.
— Não era para me abandonar desgraçado.
“Um amigo morto”, pensa Jonathan tentando manter a calma
e entender o que teria de fazer.
A agua começa a entrar por uma das entradas, e Jonathan
olha para Cristine.
— Melhor subir, isto vai encher de agua.
— Mas e Paulo.

533
— Vamos achar uma corda e o levantar, mas não podemos
ficar aqui que isto vai ficar alto e molhados não ajuda.
O olhar de Amanda para Jonathan não era bom, o velho
morrer não parecia lhe pesar, mas Paulo era diferente, cresceram
juntos, não era a mesma coisa.
Cristine sobe, olha em volta como se estivesse perdida, as
demais tentam a acalmar, mas ela sobe para a casa, parecia soluçar,
Jonathan quando chega na parte alta, olha para o corpo abaixo e o
vê boiar, começando a sair a oeste, se duvidar aquilo ia até o rio, se
fosse, o corpo poderia ser achado bem longe dali.
— Onde está Cristine? – Jonathan.
— Subiu para a casa. – Sonia.
— Melhor não deixar ela sozinha, a coisa já se complicou, e
não estou feliz com o que aconteceu.
Rogerio olha para Sonia e fala.
— Vamos a procurar, ela não deve estar longe, deve estar
assustada, sei que todos estamos e esta chuva não está facilitando
nada. – Rogerio quase gritado entre um estrondo de trovão e o som
de um raio que deve ter caído próximo.

534
Cristine some, enquanto Ângelo segura o corpo de Paulo e o
tira da agua, amarra o corpo em uma tabua e começa a puxar para
uma peça lateral.
Acende algumas velas, olha para a chuva e sorri.
— Que as forças de sexta 13 se apresentem. – Ângelo.
Um raio cai, sente-se o balançar de tudo pelo som
ensurdecedor do mesmo.
As duas moças surgem na peça, seus rostos estavam
pintados, escurecidos na altura dos olhos, o nariz pintado de preto,
e com tocas brancas na cor do que pintaram o rosto.
Olhando desapercebidamente, ou se fechassem os olhos,
ficavam caveiras andantes, Ângelo as mede e viu que estavam com
capas negras.
As duas não falaram nada, as vezes pareciam nem estar ali
fisicamente, suas mentes pareciam distantes.
Ângelo olha para o corpo e o levanta em um altar, pinta seu
rosto como estava o rosto das moças e põem sobre cada um de
seus olhos uma pedra, tira sua mascara deixando ao lado do corpo.
O senhor começou a assoviar lentamente, e se viu o rapaz
estremecer na mesa, o olhar do senhor envelhece um pouco mais
antes de começar a mudar, sua feição começa a rejuvenescer, a
mudar, o rapaz a mesa, ergue as mãos, e tira as pedras do olho,
Ângelo olha para cima olhando o local.
Ângelo abaixa a cabeça, e fala baixo entre os estrondos da
chuva do lado de fora.

535
“A energia vital elabora a vida, a energia da luz, a energia dos
raios, a energia do som, a energia da concepção, todas as coisas
estão no caminho, todas as coisas estão no destino, todas as
energias venham a mim, todas as energias venham a mim, todas as
energias venham a mim.”
Um raio cai sobre o para raio da casa, a energia corre pelas
paredes, o som entra junto, estremecendo tudo, as mãos de Ângelo
tocam o chão e ele sente o corpo estremecer, as moças
continuaram estáticas, mas o rapaz abre os olhos, se vê a alma dele
sair do corpo, olhar para o senhor que sente a energia no corpo e
olha para o espirito ser atraído para ele, suas rugas somem, as
moças parecem sentir a energia, se vê uma lagrima nos olhos de
uma moça, talvez uma lembrança de um passado.
O rapaz olha para o senhor e não emite um som, apenas fica
ao lado das moças, estático, olhando ele rejuvenescer, a dor dele
pareceu um trovão.
Ângelo alcança a mascara para Paulo, que a pega e coloca,
sem falar nada, e fala.
— Faça a segurança de nossa amada.
Paulo sai pela porta, como se conhecesse onde estava, um ser
sem vontade, ombros caídos, com aquela máscara ao rosto.
Cristine estava a sala, olha para aquele ser, de mascara, recua
e nem percebe o alçapão se abrir ao chão, e desaba, sente o chão,
um colchão, olha para cima e olha aquele ser pular sobre ela, por a
mão em sua boca, ele não falou nada, mas ela desacorda, com a
falta de ar, esticada naquele colchão.
Ângelo chega a ela e coloca uma mascara, e faz sinal para o
rapaz sair.

536
A procura de Cristine é feita por Rogerio e Silvia, eles estavam
olhando a casa, na sala que era ao lado do escritório acham um
buraco, um alçapão aberto, eles estavam com dificuldades de olhar
quando sentem a luz voltar na casa, Silvia acende a luz da peça e
viram um corpo caído, olham aquele corpo rosto de um velho e
pensam ser do senhor.
Reparam na altura e descem para a garagem, atravessam o
corredor lateral, olham para aquele colchão. Silvia tentava se
mostrar valente, mas tremia por dentro, tudo estava errado
naquele incidente.
Ela chega a altura do corpo, olha que estava coberto com
uma capa, olha para o rosto e vê o ser se mexer no chão, ela tenta
manter o raciocínio, mas olha para Rogerio, ele parecia assustado.
Silvia num instante estava confiante, no seguinte, em pânico,
ela olha o ser levantar a cabeça, tentar olhar em volta, sem
perceber que estava com a mascara.
Silvia olha aquilo e tem um ataque de pânico, sai correndo e
entra em uma sala ao lado.
Rogerio a segue, tentando manter a calma, o ser parecia
perdido, mas não se preocupou, tenta manter a calma, olhando
para onde a Silvia correu.
— Calma Silvia, nada de assustador aqui.
Vendo ela se afastar fala mais alto.
— Volta aqui, nem sabe para onde está indo.
Estava andando quando sente alguém pegar no seu ombro,
se assusta, pensa que é Jonathan e fala se voltando.

537
— Me assusta assim Jota.
Ele olha assustado aquela caveira branca olhando para ele, vê
uma mascara e como o ser estava parado, puxa para ele a mascara,
olha os olhos de Paulo, sobre uma pele pintada de branco.
Ele recua, pois não poderia ser Paulo e sente a estaca lhe
atravessar a barriga, caindo para trás.
As moças surgem na peça, o colocam em uma maca e a
levantam o levando para a sala que Ângelo esperava.

538
Sonia corria em pânico, foi entrando nas peças, acendendo e
atravessando, entra em uma sala, toca a parede para sentir o
interruptor, acende e vê que é uma jaula, olha para a porta e vê a
mesma se fechar e começa a gritar para Rodrigo.
— Aqui Rodrigo.
Ela olha para um vulto em meio ao escuro.
— Não brinca Rodrigo que não é hora de brincar?
Olha aquele ser branco, cara com a mascara, arrastando um
corpo, era da Cristine, a moça se afasta, assustada, enquanto o ser
abre a porta e põem a moça para dentro da grade, fecha a grade da
porta e joga um copo de água em Cristine que acorda.
Ela olha assustada, olha para Silvia, demora para se localizar,
viu aquela caveira lhe encarando e fala.
— Não tem graça, tira esta mascara e mostra quem é de
verdade.
O ser olha para ela, não parecia ter sentimentos, mas parece
dobrar o pescoço um pouco, como se a reconhecesse e começa a
sair, com os braços caídos.
— Onde estamos? – Cristine.
— Não sei, o que aconteceu com você?
— Desabei de costas em um destes buracos, mas tinha
alguém lá, alguém me segurou o nariz até eu desacordar, ele
cheirava a Paulo, mas não poderia ser ele.
— Algo está errado Cristine, isto é uma cela, casas não tem
celas na parte de baixo, e aquele ser, o que era aquilo.

539
— Parece o ser que segurou minha respiração até eu
desacordar.
— Temos de sair daqui.
— Como?
— Não sei.
Cristine começa a gritar, pois alguém teria de ouvir, tomara
que Amanda e Jonathan estivessem bem.
Silvia olha para algo vir pelo corredor, duas moças passam
por ali, pareciam carregar algo, pesado.
— Moças aqui, nos ajudem. – Silvia.
As moças soltam a maca, que estava Rogerio, uma acende a
luz, Silvia olha o namorado sangrando na maca e olha aquelas
moças, com os rostos pintados como caveiras e fala.
— Estão querendo assustar quem com isto, o que fizeram
com o Rogerio.
A moça pega as notas na roupa do rapaz e olha para Sonia e
fala com uma voz fina e fúnebre.
— Os pesos da vida se conquista pelo dinheiro.
Cristine olha o dinheiro e não entendeu, mas a moça apagou
a luz e pareceram erguer a maca e continuar por um corredor
lateral. Elas deixam o segundo corpo entre as velas, sobre o altar,
pintam seu rosto e uma delas tira a mascara e se via os anos que
expressos em suas rugas, e ela tomou o lugar de Ângelo, e se viu
suas rugas se apagarem, a voz que não tinha mais força parece sair
forte. Termina o ritual e fala ao final.
— Obrigada por mais este trecho de vida energia vital.
O rapaz levantou-se ela falou.
— Cuidem das entradas, hora de por fogo no carro ao portão.
Rogerio saiu e foi na direção do portão, pega um galão de
gasolina em meio a chuva, olha o carro, abre ele, derrama gasolina e
coloca fogo, afasta-se lateralmente, mas de longe Jonathan olha
para o carro de Paulo ali, não estava ali antes, o que estava
acontecendo.

540
Amanda estava a olhar a casa, todos haviam subido, quando
ouve o grito de socorro de Sonia, desce e olha para a garagem, tinha
um corredor no fundo que não havia visto, Jonathan olha ela
entrando nele.
— Vai onde?
— Sonia está gritando por ajuda, só não sei onde.
— Já chego lá.
Amanda olha para o corredor acesso e vai por ele.
Jonathan estava ligando a caminhonete, para a ajeitar a
entrada, sairia dali de qualquer forma.
Ele olha para a porta e vê aquele ser saindo pelo corredor que
Amanda entrara, parecia um ser sem vida, pois os braços estavam
caídos, puxa a arma e aponta para o ser, ele não deixaria de reagir.
Ele olha para o ser saindo do carro e sente alguém segurar
seu ombro, olha assustado o segundo ser, olha em volta e vê duas
moças, todos com aquelas mascaras, ele aponta para o mais
próximo e descarrega a arma.
O ser olha para ele e apenas fala baixo.
— Dói Jota.
Jonathan não entendeu, puxa a mascara e olha para Rogerio,
olha as balas saindo da barriga do amigo, e o mesmo passar a mão
no sangue e passar em seu rosto, sente as duas moças segurarem
seu braço e uma fala.
— O levem a sala de passagem.

541
Jonathan não entendeu, mas sentiu o segundo ser o segurar,
e olhar para ele como se fossem conhecidos, ele vê Rogerio colocar
a mascara novamente e fala.
— O que está acontecendo Rogerio?
— Não me chamo mais assim Jota.
— E como se chama?
— Ângelo 3, e será o Ângelo 4, parte desta família.
— Está maluco.
O segundo segura seu braço e fala.
— Até que a desventura nos separe.
Jonathan entendeu que o segundo era Paulo, pois ele sempre
falava isto quando algo dava errado, mas ele vira Paulo morto,
lembra de ter descarregado a arma em Rogerio a pouco, e não
entendeu e começa a espernear, que não iria a lugar nenhum.
A chuva aperta do lado de fora, e levam Jonathan para a peça
ao fundo, Ângelo viu a segunda moça fazer o ritual e o terceiro
rapaz ficar ali a pensar quem ele era.

542
Amanda chega à cela e olha para as moças presas e pergunta.
— Estão bem?
— Assustadas, vi duas moças arrastando Rogerio.
— Tem certeza, não acho ninguém mais, ouvi você gritando,
mas pelo menos vocês duas estão bem.
Os olhos fixos de Silvia olhando para traz, fez Amanda olhar
para traz, e olhar assustada para aquele senhor, ela o vira mais
sedo, o que vira Jonathan atirar, as costas dele, duas moças bem
jovens, e ao fundo delas, 3 rapazes que na altura e corpos poderiam
ser os três rapazes, mas carregavam mascaras e estavam com capas
negras, que destacava apenas as cabeças ambulantes com aquela
mascara.
— Você não pode estar vivo.
O senhor Ângelo olha para Amanda e pergunta.
— Ainda quer começar amanha?
Amanda olha o senhor, o que ele estava falando, ele vira que
eles estavam o roubando, ele deveria saber de mais alguma coisa, a
pergunta fora do contexto a tirou as palavras.
— Não entendi a pergunta.
— Não veio pedir um emprego?
— Sim.
— A minha direita, Rose a cozinheira, a minha esquerda,
Matilde, quem ajeita a casa, a pergunta, quer trabalhar mesmo ou
quer fazer parte desta casa para sempre?

543
Amanda olha para os rapazes ao fundo e as três viram os três
tirando as máscaras, Cristine olha Paulo de pé sem saber o que
estava acontecendo.
— Não pode estar vivo?
Ângelo olha os rapazes e fala tirando a mascara de idoso, já
que agora estava sentindo-se bem jovem e olha para Amanda.
— Disse que elas caiam perfeitamente Jonathan.
O senhor dá as costas e começa a sair, e Amanda olha com
raiva para Jonathan que chega perto e a beija.
— Feliz sexta feira 13.
Paulo abre a porta e as duas outras saírem e Cristine bate no
peito de Paulo e fala brava.
— Não se faz isto.
Paulo levanta os braços e fala olhando para ela.
— Me preferia morto?
— Não disse isto, não mesmo.
Os três começam a sair e Jonathan olha para Rogerio que fala.
— Eu dirijo o Opala.
— Eu vou de caminhonete mesmo. – Paulo.
Amanda olha como se não entendesse, e Jonathan fala.
— Com calma lhe explico.
Amanhecia lá fora, quando os 3 carros saem pelo portão,
desviando pela grama o carro incendiado de Paulo.
Param na casa de Jonathan, deixam as coisas que pegaram na
casa no quarto dele e os três rapazes deixaram as meninas em casa
e foram no sentido de Piraquara.

544
Ângelo olha para Rose e pergunta.
— Está bem?
— Sim, há anos não sentia meu corpo, a dor de andar me
tomava o corpo.
Ele olha para Matilde.
— E você?
— Bem, não entendi o que pretende?
— Se um dia as convenções me prenderem, estarei morto, se
um dia o mundo me entender, as energias não me obedecerão
mais, então apenas aceito um obrigado e pronto.
— Obrigada. – Rose e Matilde.
Ele sobe ao quarto, olha para as coisas fora do lugar, a chuva
parece apertar um pouco, um raio a mais cai sobre a casa, e as
coisas parecem ficar energizadas, a mesma corre pelas paredes e
tudo volta ao lugar, Ângelo abre um segundo cofre e repõem o
dinheiro no lugar, as peças de ouro, e olha pelas janelas, vendo
aquelas duas moças, jovens, entrarem em duas combinações
transparentes pela porta.

545
Nazi olha aquela caminhonete entrando no terreno com dois
carros antigos bem conservados, e olha para o portão e fala.
— Fecha, não sei quem é.
O rapaz olha os carros e a caminhonete e olha para Nazi.
— Este trabalhou a noite pelo jeito.
Nazi não entendeu até ver o carro parar a sua frente e
Jonathan sair da caminhonete e olhar para ele.
— Consegue algo por esta Nazi? – Jonathan olhando ele, com
a mesma camiseta, parecia não ter outra na vida.
— Esta vale um bom dinheiro, mas tem de ver que não tenho
no cofre.
— Então perdeu este, não posso esperar Nazi.
— Não vai nem dar uma chance de lhe pagar amanha?
— Hoje não.
— Me dá um momento Jota, o que aconteceu, vai querer
pelos carros também?
— Se quiser ficar com o Opala, pode ser.
Paulo sai do Opala e olha para o rapaz, não se conheciam,
mas parecia obvio, que Jonathan estava ampliando os negócios.
O rapaz que nunca saia olha para Paulo e fala.
— Abre o capo para eu dar uma olhada.
Paulo puxa a trava e o rapaz abre o capo e olha para Nazi, que
entendeu, valia.
— O que tem ai Carlinhos?

546
— Um motor original com toda a suspensão nova, com a
lataria inteira, as borrachas bem conservadas, diria que parece
novo, e estamos falando de um carro de mais de 40 anos.
Nazi que raramente via emoção na voz de Carlinhos, olha
para o carro e chega perto.
Olha o estofamento, olha para o painel, parecia muito bom
para ser verdade, mas viu que o outro que tinha um rapaz dentro,
parecia também bem conservado.
— Sabe que estes devem ser bons de mais para não chamar a
atenção Jota.
— Não ofereci, se não quer, fala, acho quem compra.
Carlinhos olha para Jota e fala.
— Se ele não comprar eu compro.
Nazi odiava quando Carlinhos atravessava a conversa, mas
era obvio que o rapaz se encantou com o carro, principalmente
porque ele tinha um chassis do mesmo do lado de dentro, com
documentos, teria apenas que mudar a parte do chassis, pintar na
mesma cor e pedir alteração de cor do carro e teria uma raridade na
mão.
— Ofereço 12 pelos dois?
— Capricha ai Nazi, está pechinchando, mas tudo bem, disse
que não tinha mais no cofre, mas capricha no preço. – Jonathan.
Nazi olha para Jonathan, ele nunca negociava, mas estava
com um olhar cansado, mas bem fixos nos seus olhos.
— 24 pelos dois.
— Agora.
— Sim, vou pegar o documento, estaciona os dois para
dentro.
Eles estacionam, recebem e voltam para suas casas, com um
dinheiro no bolso e quando chegam a casa de Rogerio ele olha para
Jota e fala.
— Vamos falar serio agora.
— O que quer falar?
— Não sei, minhas lembranças não me dizem nada, parte não
lembro do que aconteceu naquela casa, mas quando abri o cofre,
peguei estes maços de dinheiro.
Jonathan viu o rapaz por o dinheiro a mesa e falar.
547
— Acho que o senhor tinha mais dinheiro que este seu
atravessador.
— Acho que vamos voltar lá, não entendi ainda o que
aconteceu, juro que nada do que vivi lá esta se encaixando também
Rogerio, mas então teremos um bom fim de semana.
— Parte eu vou guardar, sabem que nem toda semana será
como esta.
Os três sorriem.
Nazi olha o carro que Carlinhos olhava e pergunta.
— Se encantou com este carro?
— Nazi, estas peças são originais, as junções originais, dá até
pena de cortar para substituir o chassis, pois é um carro original
como poucos que vi, ele parece ter ficado 40 anos numa garagem,
um quarto a vácuo, pois nem ferrugem demonstra ter.
— Tem de manter o brilho fora dos olhos, assim não se faz
bons negócios.
— Este vou comprar de você Nazi, este é meu, nem pensa
nele que tem dono.
— As vezes esqueço que carros antigos são sua especialidade
e paixão.
— Eles estavam em um mais clássico, mas talvez não
estivesse como este aqui, mas se ele aparecer com outro destes, ele
tem alguém para roubar ou uma garagem destas que abandonam
por ai, com raridades.
— Vale muito?
— Nazi, eu pagaria os 24 que pagou pelos dois só neste.
— Ele vale quanto?
— Se achar um assim, neste estado e conservação, não vão
pedir menos de 40.
— Bom saber quanto lhe cobrar.
— Se quer perder um parceiro nisto, faz isto Nazi.
Nazi olha serio para Carlinhos, sabia que ele entendia da
parte carros antigos, pelo olhar de Carlinhos sabia se valia algo ou
não, mas pelo jeito aquele carro encantou o senhor.
O senhor colocou o carro para dentro da área de corte, ele
substituiria apenas a parte do chassis, Nazi olha a diferença de
ferro, realmente parecia que o carro estivera em uma sala isolada,
548
pois o que mais deu trabalho para Carlinhos foi ajustar a diferença
de ferro, um intacto, outro mesmo inteiro, desgastado.
— Vendo você trocar a parte interna, entendi o quanto o
carro está conservado, mas sinal que este pode ter um rastreador,
pensou nisto?
— Sim, passei o medidor de sinais de saída, nada, este estava
limpo, ele não usou nem sistemas de trava, pois deixariam marcas,
ele parece estar como saiu de fabrica.
Nazi olha o outro e fala.
— Acha que eles vão trazer outros?
— Não sei, mas esta foi uma compra realmente lucrativa,
sabe disto Nazi, nem todos os carros estão tão conservados.

549
Amanda olha para fora, estava pensando, o que não estava
certo, ela olha para fora e se depara com uma pergunta.
“Como Jonathan saberia o que ela pensara à tarde, com a
mãe a frente daquela casa?”
Ela olha para a rua, as duas amigas estavam lá, os meninos
não, estranha, embora Paulo tivesse de explicar o carro que
incendiou, embora com um carro novo no lugar, mas não, o carro
era do senhor, ele não poderia usar.
O olhar para fora foi cortado pela frase da mãe.
— O que fará hoje a tarde filha?
— Porque mãe?
— A entrevista de ontem, me chamaram para conversar,
parece que algo o senhor viu que eu não vi. Preciso que olhe a
pequena Jessica.
O olhar de perdida de Amanda, o que não entendera, o que
parecia não encaixar, olha para fora e fala.
— Vou sim, não entendi nada mesmo do dia de ontem.
— O que aconteceu, Jota não está por ai? Está se cuidando
filha?
— Sim, mas quando vamos?
— Assim que terminar a louça, mas se começar lá, terá de
cuidar da casa, tenho de trabalhar, sabe que sem dinheiro não
temos nem o que comer.
— Sei, quando me cuido, é para não ter um filho com alguém
que parece mais inconsequente que o pai.
— Então porque está com ele?

550
— Acho que quando amamos acreditamos que podemos
mudar as pessoas, mas não sei o que mudar nele ainda.
Amanda ajuda a mãe e vão a casa do senhor, ficou a porta a
olhar sua mãe entrar, olha para o carro de Paulo inteiro,
estacionado para dentro, olha em volta, olha o segurança do dia
anterior olhando-a.
— Voltou?
— Sim, parece que ontem era a pré entrevista.
— O senhor Ângelo ficou bravo ontem, ele queria que o
trabalho feito por ele ontem, tivesse sido feito pela agencia.
— E vieram muitas hoje? – Pergunta Amanda.
— Só sua tia.
— Desculpa, eu menti ontem.
— Mentiu?
— É minha mãe, mas as vezes tememos ser peso para ela
conseguir um emprego.
— Nisto não posso opinar, não tenho filho, não achei a
pessoa certa ainda.
— Seu o carro? – Pergunta Amanda apontando para o carro
de Paulo.
— Não, alguém deixou na entrada, está aberto, apenas
encostamos onde não atrapalhe a entrada.
Amanda olha para o carro sem entender, para ela o carro
tinha pego fogo, será que pregaram uma super peça nela, não
conhecia o senhor, poderia nem ser o que vira no dia anterior, mas
a pergunta era como Jonathan soube onde indicaria?
Estava olhando o rapaz, o carro quando sua mãe saiu
sorridente, algo estava errado, mas não sabia ainda oque.
— Começo na segunda.
Amanda olha para o rapaz e fala.
— Estamos indo, meu nome é Amanda.
— Silvio.
Amanda sorriu e saiu.
Sua mãe estava olhando para ela esperando se afastar e fala.
— As vezes a primeira impressão é diferente da segunda,
ontem o senhor parecia antipático.

551
— O segurança falou que era para eles terem feito uma pré-
seleção na agencia e mandaram todas, que o proprietário parecia
cansado e irritado ontem a tarde por isto.
A senhora olha para a filha e fala.
— O senhor é bem idoso, parece estar precisando de 3
pessoas novas para cuidar da casa, ela parece bem limpa e
organizada, mas ele a quer assim sempre.
— Bem idoso?
— Não perguntei a idade, mas tem mais de 80 com certeza,
ele parece bem fisicamente, mas o rosto e as mãos entregam a
idade, parece alguém que viveu muito ao sol, pele bem envelhecida.
Silvio olhava as 3 se afastando e ouve o senhor Ângelo chegar
até a entrada e falar.
— A olha diferente Silvio.
— Ela não era a sobrinha e sim a filha.
— Descobriu o nome?
— Amanda.
O senhor pareceu mais sorridente e o rapaz perguntou.
— Achou uma no meio de tantas?
— Sim, as irmãs estavam a 3 meses falando que era hora de
as dar a aposentadoria, elas parecem cansadas, não sei se a senhora
vai conseguir assumir tudo, mas Roberto deve estar por ai a tarde,
vou dar uma saída então.
— Vem com alguém?
— Disse que convidou alguns rapazes para conversar, mas
este meu filho não toma jeito.
Roberto era o nome que Ângelo tomava quando surgia mais
jovem, para o rapaz, o filho de Ângelo, a verdade, Silvio nem
imaginava, talvez se ele lembrasse o dia que começou ali,
entendesse, mas isto era algo no subconsciente do rapaz, algo que
Ângelo não queria despertar.

552
Amanda estava ao portão, as meninas falam que os meninos
estavam estranhos, mas pareciam sorridentes, pareciam diferentes,
Amanda olha em volta, sentia como se algo estivesse errado, mas
poderia ser apenas sensação.
As vezes ela temia o caminho que aquele grupo estava
tomando, as vezes, excitante.
Quando Jonathan pareceu naquele opala, estranhou, eles não
estavam escondendo o mesmo, e viu aquele rapaz sair pela porta do
passageiro, Paulo vinha no fundo da rua com o carro que ela jurava
ter queimado na noite anterior, ela olha para a mãe sair pelo portão
e lhe olhar.
— Não apronta muito filha, segunda começo no novo
emprego, então tenho de acertar algumas coisas que semana que
vem não vou ter tempo.
— Me comporto.
A senhora olha para as pessoas a rua e olha para o rapaz que
saíra do carro de Jonathan.
— Alguém novo na rua?
— Ainda não entendi esta historia mãe, mas não deve passar
de hoje o entender disto.
A senhora sai pela porta e Jonathan apresenta o rapaz,
Roberto as meninas a rua, Amanda ainda olhava ao longe, alguém
que ela não conhecia, mas que surge de uma hora para outra,
confusão na certa.

553
A forma que o rapaz olhou para ela, lhe deixou insegura, não
sabia exatamente porque, mas tinha certeza de ser problema
novamente.
Jonathan olha para ela e chega ao portão.
— Vai se isolar? – Jonathan.
— Não me explicou o que aconteceu ontem.
— Se assustou pelo jeito, sinal que fizemos certinho.
— Não teve graça Jonathan, as meninas estão se fazendo de
normais, mas todas estavam em pânico.
— Acha que exageramos um pouco? – Jonathan sorrindo.
— Sim, e que carro é este?
— Do rapaz, ele disse que não tem boa visão para dirigir uma
banheira destas, para mim, um clássico com todo conforto de um
clássico.
— Não era para brigar comigo, apenas adrenalina, sei que
adora uma adrenalina.
— Eu tive medo, agora traz o rapaz para dentro como se
fossem íntimos, nunca o vi por aqui antes.
— Tem de ver que as vezes, as coisas acontecem meio
estranha, tínhamos pensado em fazer a pegadinha, dai você se
propõem a assaltar a mesma casa, juro que pareceu na hora que
você soube de algo.
— Vai dizer que foi apenas coincidência?
— Deixa lhe apresentar o rapaz, filho do dono daquela casa, o
nome dele é Roberto.
Amanda chega perto e o rapaz, mais velho que todos ali,
deveria ter uns 30, olha pra a moça e fala.
Roberto (Ângelo) estica a mão para ela, se olham apertando
as mãos, e ele fala.
— Desculpa o susto de ontem.
— Não entendi algumas coisas, um delas talvez saiba me
responder.
— Se souber?
— Porque seu pai contratou minha mãe hoje?
Jonathan ao lado não parecia ligado ao que falavam, foi a
Paulo falar sobre o carro.
— Ela precisa do emprego.
554
— E como ele ficou sabendo, quem é você realmente?
— Pensei que tinha entendido algo sobre ontem, que
Jonathan já tivesse explicado as coisas?
— Não, mas sei que algo estranho aconteceu, existem
segundos que não lembro, coisas que parecem não encaixar, mas
como se diz, pode ter sido o susto.
— Ou o senso de percepção feminina, que é bem melhor que
o nosso. – Roberto.
— Como saber que o carro ao fundo explodiu ontem, e está
ali?
— Sim, mas parece a única preocupada com isto.
— Ou a única que não entendeu o acontecido, então está
apenas divagando, mas o que Jonathan fala ao fundo? Parece
agitado.
— Meu pai não vai estar em casa hoje e combinamos fazer
uma festa lá daqui a pouco.
— Festa?
— Uma festa do horror, pois hoje é Sexta 13.
— Na casa ou nos porões?
Roberto não respondeu, Jonathan chega ao lado e fala.
— Vamos?
— Onde? – Amanda nunca deixou as coisas fáceis, não
mudaria neste momento.
— Ele não falou da festa?
Amanda olha para Jonathan enquanto o rapaz sai ao fundo,
ela não olhou para o rapaz, mas sentiu que ele a olhava, Jonathan a
olhava, os rapazes a olhavam, o que estava acontecendo?
Ela olha para Jonathan que fala.
— Vamos dar uma festa na casa do senhor, convidei todo
pessoal da rua.
— Festa?
— Sabe que nem sempre damos festas, mas ontem foi um
dia lucrativo.
— Como?
— Lembra do outro carro? Do senhor.
— Não seria do rapaz o carro?

555
— Ele disse para o pai que roubaram, mas já tínhamos nos
livrado dele, e este sim, gerou um dinheiro, temos de comemorar
isto.
— Parece armação ainda. – Amanda.
— Não quer ir, fala serio? – Jonathan.
Amanda olha o pessoa a rua, pareciam todos olhando para
eles, então todos sabiam da festa, eles queriam é não chamar
atenção de seus próprios pais.
— Não disse isto Jonathan, mas tem de ver que ele me
convidar a uma festa é diferente de você me convidar a ir.
Amanda olha para o rapaz ao longe e sorri.
— Desculpa, nem percebi que não tinha falado disto, acho
que falei para tantos que parece que falei a todos.
— Tem de manter os pés no chão amor, sabe que te amo,
mas tem de manter os pés no chão.
Jonathan sorri e a abraça pela frente, e olha para ela de cima
para baixo e fala.
— Devo estar estranho, é isto?
— Sim, tá dando mais atenção aos carros e amigos, do que
para mim.
Ele a beija e fala serio.
— As vezes nos empolgamos, as vezes, não sei, quando tudo
da certo, fico tentando entender onde está o erro.
— Em tudo, mas quando vai ser esta festa, como vamos?
— No carro do dono, ele parece não conseguir dirigir, não
entendi, ele não explicou bem ainda.
— Mal o conhece? – Amanda.
— Sim, mas é bom ter gente que tem como dar festas no
grupo, tá ficando apenas assaltos, nada de diversão.
Os dois sorriram.

556
Nazi olhava Carlinhos ajeitar o carro quando viu um grupo de
pessoas chegar a entrada, não conhecia, olha para Carlinhos que
reparou ser gente que não era da região, olha para a câmera e fala.
— Estes não vieram de carro Nazi.
— Vamos descobrir o que querem.
Nazi pega a 12 e coloca a baixo do balcão, a engatilha e fica
esperando os rapazes entrarem, um senhor vinha a frente, ele olha
pra aquele rapaz e pergunta.
— No que posso ajudar?
— Me informaram que tinham um carro antigo a venda aqui,
como colecionador, vim verificar.
Os olhos do senhor foram ao carro e falou.
— Está legalizado? – O rapaz.
— Não está a venda. – Nazi.
— Não entendeu, eu quero, faz o preço, você que sabe se
quer fazer negocio ou se meter em encrenca Nazi.
O rapaz viu que o senhor não veio brincar, estava com mais
de 12 pessoas grandes a volta, Carlinhos olha os rapazes sacarem
armas, apontando para Nazi e fala.
— Se pagar 30 leva, não precisamos morrer por um carro. –
Carlinhos.
— Seu sócio é mais meu estilo, não gosto de não ter o que
quero.
Carlinhos olha para Nazi, sabia que teriam problemas, eles
não sacariam as armas se não tivessem intensão de usar, o senhor
olha o carro de perto e fala.

557
— Olha que quando me disseram que alguém havia
conseguido tirar este carro da garagem do senhor Ângelo, duvidei,
mas sinal que o velho está fraco, ou vai passar para o outro lado. –
O senhor fazendo sinal para os demais baixarem as armas.
— Pelo jeito estava de olho no carro há muito tempo? – Nazi.
— Mais do que seu tempo de vida rapaz, para não dizer que
fizeram o preço pelas armas apontadas, e para não colher as pragas
de algo mal feito por este carro, pago os 42 mil que vale.
Nazi estranhou, mas viu um rapaz entrar, com uma bolsa, o
senhor viu os documentos, olha para o novo chassis, soube que
ainda iriam dar um retoque de tinta por baixo, não dera tempo do
rapaz terminar, mas sorri e fala.
— Bom fazer negocio com vocês, se conseguirem um opala,
que Ângelo tinha, pago outros 42, este senhor tem um Mercedes 44
vermelho a garagem, por este pagaria mais de 50, mas este duvido
que alguém tire de lá.
— Por quê? – Carlinhos.
— A importância dele não está na conservação, mas na prova
de que Ângelo existe, mas já falei demais.
O senhor passa a pasta, Nazi conta as notas e olha para o
senhor pegar a chave e sair.
Carlinhos olha para Nazi e pergunta.
— Quem são estes?
— Não sei, vieram a pé, para não deixar os veículos deles nas
câmeras, o senhor usava barba falsa e não sei, vamos sair Carlinhos.
— O que acha que pode acontecer?
— Não sei, mas como falou, um carro super conservado, que
parecia ter sido mantido em uma sala especial, mas que existem
outras pessoas querendo ele.
— Acha que corremos perigo?
— Acho que ele quer que consigamos os demais carros, ele
de alguma forma nos vigia, pois ele não veio perguntar, ele veio
adquirir o carro, nem que fosse a força.
Carlinhos olha para as câmeras, olha para Nazi e fala.
— Algo muito errado nesta historia.
Nazi olha os rapazes ao fundo, simplesmente sumindo no
caminho, como se não tivessem mais ali.
558
O senhor chega em sua casa na região da Serra do Mar, se via
a estrada que dava a Piraquara ao fundo e um rapaz chega ao
senhor saindo do carro.
— Como foi senhor Oliveira?
— Não sei como, não tem magia, nada de interação, como se
o carro tivesse realmente sido roubado do local, prepara a prensa.
O rapaz olha o carro e pergunta.
— Vai destruir mesmo?
— Quando o ultimo sinal de Ângelo estiver sobre a terra, e
ele deixou muitos, talvez ele tenha coragem de mostrar sua
verdadeira origem.
— Nunca entendi esta obsessão senhor. – Fala o funcionário
olhando para o carro conservado.
— Não é obsessão, mas sei que nem todos entendem.
O senhor olha para a porta da casa e caminha até lá, olha
para o pequeno Bryan, sua esposa sorri e entra a casa, pensando
que não gostaria de ter de passar a seu filho a função de achar os
sinais do ser que muitos chamavam de Caveira andante, alguns, de
ser mais antigo do planeta de aparência humana, ele chamava
apenas de Ângelo, o Anjo Inicial.
— Tem de se cuidar amor.
— Sei disto, mas hora de tentar encerrar uma historia.
— Porque acha que consegue?
— Nunca se tirou nada da casa do senhor, ele não a deixava
visível tanto tempo, ele parece estar envelhecendo.

559
— Mas se cuida, nosso filho precisa mais de você que esta
historia.
— Sei que não entende amor, mas vou apenas ajeitar
detalhes e vou ter de olhar de perto isto,
O senhor beija a esposa e sai pela porta, o funcionário não
pareceu se impressionar com as pessoas surgindo a calçada, e
entrando no galpão ao lado.
— O que temos Oliveira?
— Um dos carros saiu de lá, outro está passeando no Sitio
Cercado, a pergunta é como dois ladrãozinho fizeram isto?
— Acha que é uma arapuca?
Um rapaz entrou pela porta e Oliveira olha para ele.
— O que está acontecendo?
— Dizem que o filho de Ângelo vai dar uma festa hoje na
casa, tem muitos jovens do Sitio Cercado que vão a festa senhor.
— Ele deve precisar de forças, ele vai tentar algo, mas temos
de tentar evitar que ele consiga, pois se ele está dispondo de bens
sem olhar para eles, pode ser que seja apenas para atrair jovens,
mas temos de verificar e ficar de olho.
O rapaz a porta olha serio e fala.
— Não quero voltar a servir a ele Oliveira.
— Ninguém aqui o quer, mas temos de evitar que outros
entrem nesta encrenca, temos de tentar defender os que nos
cercam.
— Não vou negar que tenho medo senhor.
Oliveira também tinha, mas não teria como abandonar a
historia antes do fim, sabia que todos que pararam, voltaram a ser
prisioneiros.
Oliveira olha os demais e fala.
— Sei que temos medo, sei que alguns demoraram séculos
para se livrar, mas se pararmos, ele nos alcança, as irmãs estão lá
novamente, elas não tem nem como nos passar o que sentem,
quando sobre domínio dele, mas todos sabemos que elas acharam
que estavam seguras, se por um lado elas estão sofrendo, elas nos
permitiram saber onde ele está neste momento.
Todos se olham, talvez a guerra mais difícil que eles teriam de
batalhar, era contra suas próprias vontades de fugir.
560
As irmãs se olham, elas pareciam não falar o que sentiam,
mas o que não queriam, sabiam que o controle é total, mas as
vezes, diante de palavras fortes, precisavam trocar uma ideia.
— Acha que ele cumpre o que falou?
— Acho que não depende de nós isto, se ele se propôs, seria
bom voltar à vida, voltar a nossa vida.
O olhar trocado entre elas, vendo as coisas se arrumarem na
casa, sabendo que o senhor vinha a casa com novas vitimas, as fez
se afastarem para a casa ao fundo.
Estranhos sentimentos das duas, pois era triste ver outros
entrando naquilo, ao mesmo tempo, se o senhor não conseguisse,
não lhes daria liberdade.
Dualidade de uma escolha difícil, voltar à vida, continuarem
escravas pela eternidade.

561
Quando Amanda chega a casa, talvez o olhar em volta, fez ela
reparar que não era uma festa, mas como Jonathan estava ali, ela
não pareceu preocupada.
O entrar na casa, uma vitrola antiga parecia fazer um som
impossível para ela, ela apenas olha o senhor que fala.
— Bom que veio.
— Deixar claro, vim com meu namorado, não porque me
convidou.
O olhar para ela foi apenas de duas moças que serviam ao
fundo, nem Jonathan a olhou.
Amanda olha as amigas soltas, como se já tivessem entrado
na festa, algo estava errado, ela era quem agitava, talvez a sensação
total fosse algo que não lhe cabia.
Tentava relaxar e não estava funcionando, estranha que
Jonathan não ficou ali, então tinha os olhos do dono da casa sobre
ela, jovem comparado ao velho, mas ainda assim muito velho para
ela.
Quando as moças lhe serviram algo a tomar, ela sente aquele
gosto estranho a boca, tinha algo ali, os demais estavam tomando,
sem sentir, ela encosta o copo e fala caminhando no sentido que
Jonathan estava.
— Vamos agitar.
Jonathan a olhou como se estivesse a estranhando e ela
perguntou.
— Queria lhe dizer uma coisa Jonathan.
— Está estranha.

562
— Apenas uma coisa.
— Fala.
— Não esquece, eu te amo.
As meninas pareciam mais reais, talvez fosse apenas
impressão, mas o olhar das moças estava no grupo, e isto fazia ela
achar que algo acontecera.
As duas estavam no dia anterior ali, a forma que o senhor
olhou para ela, que lhe preocupou, uma conotação que não gostaria
de por sua mãe.
As vezes a idade das coisas internas na casa, pareciam não
fazer sentido real.
Tudo com muito tempo, as luzes eram de vela.
Mas o que mais irritava Amanda, era que Jonathan
basicamente estava a deixando de lado, as vezes lhe dava as costas
e ficava a conversar com os demais.
Amanda sabia que algo não estava normal, e não queria
brigar, mas estava ficando chateada.
Sua mãe sempre disse que dentro dela morava um perigo,
pois ela não se prendia facilmente, mas quando ela olha pela janela,
Roberto (Ângelo) sente as energias, olha para ela e pergunta.
— O que sente?
— Que este lugar vai ruir, mas como, é rocha? – Amanda que
olha para Jonathan e vê que estavam como se estáticos, lembra do
dia anterior, será que fora uma peça mesmo?
Roberto olha pela janela e vê o carro entrar acelerado pelo
portão, o rapaz a porta, os barra e todos ouvem o tiro, Amanda
estava olhando o grupo e pareciam todos estáticos.
— O que fez com eles?
— Durante a eternidade lhe explico.
O senhor olha os rapazes e fala.
— Defendam a casa.
Amanda viu Jonathan abrir um armário ao fundo e pegar uma
arma pesada e tentou o deter.
— Acorda Jonathan.
— Ele não tem como acordar, ele já está no mundo dos
mortos.
Amanda olha o senhor e fala.
563
— Porque disto?
— Como disse, preciso de novos serviçais.
Amanda começa andar de costas e viu os rapazes irem para a
frente e começarem atirar nos carros.
As duas moças olham e ficam inertes.
— Vão me trair? – Ângelo mudando de feição, o que fez
Amanda saber quem era.
Os demais não pareciam seus amigos, pareciam seres sem
vida a atirar, as moças estavam tentando apoiar os rapazes, mas
eles, pareciam totalmente fora do controle.
Amanda para a frente de Jonathan e lhe dá um tapa.
— Acorda.
Ele pega a arma e dá na cabeça dela, que cai.
Ângelo olha que a moça desacordou, e estranha, pois as
moças pareceram correr para a acudir, enquanto os rapazes
mantinham os tiros.
Amanda olha para Jonathan com raiva, mas não parecia ser
ele, olha para as meninas e fala.
— Temos de sair daqui.
— Mas e os meninos?
— Desconfio que não foi armação ontem, algo aconteceu de
verdade.
As duas ajudaram Amanda a chegar ao canto, viram o senhor
olhar para elas e falar.
— Se estão aqui, ou são aliadas ou inimigas.
Amanda olha para ele e fala.
— Inimigas, sempre inimigas de velhos babões e nojentos.
O senhor ficou furioso e olhou para ela.
— Um dia vai pedir perdão por estas palavras.
Amanda o olha e fala.
— Pode ser, mas não deixarão de ser verdade, porque por
medo ou submissão pedir perdão.
As meninas tentavam abrir uma porta, viram que Paulo tinha
levado alguns tiros e continuava a atirar para fora, Jonathan olha
para o senhor Ângelo, se viu o tiro na cabeça, e continuava a atirar.
Amanda olha para o senhor e fala.
— Pelo jeito ou ajudamos ou morremos, é isto?
564
— Sim, quem vem ai não vai deixar ninguem vivo.
Amanda anda até Jonathan, passa a mão em seu rosto, ele
estava sem traços de personalidade, como se o rosto estivesse sem
músculos, pega a arma dele e olha pra fora, ela olha para as
meninas e fala.
— Desculpa.
Ela pega a arma e coloca na boca, o senhor se assusta, mas
para Ângelo seria apenas ter de conseguir outras, as moças ao
fundo viram que teriam de continuar naquele lugar, elas param
olhando Amanda.
Ela inverte a arma para o senhor e puxa o gatilho, o senhor
olha assustado e sorri.
— Acha que um tiro me mata?
Amanda olha para Jonathan, ele de alguma forma ainda
estava vivo, ela recarrega e atira no peito do namorado, Ângelo
gritou, e colocou a mão no peito, ela carrega e aponta na cabeça de
Ângelo e atira de novo, ele ainda não morreria, mas ele caiu, ela
olha para as moças a segurarem e viu o senhor se recompondo.
Os rapazes do lado de fora atiravam, o segurança estava
nitidamente morto e continuava a atirar, Amanda olhava aquele
rosto se refazendo e ouve o tiro, olha para o lado e Cristine havia
atirado contra o coração de Paulo, o senhor parece recuar, ele
colocar a mão no coração, Cristine mira nas moças e começa a
atirar, Amanda sai do caminho, mas era obvio que o senhor se
levantaria, ela olha para Silvia, ela abraçava Rogerio ao chão, e se
ouve o tiro, seco.
As moças olham os rapazes ao chão, mortos, Ângelo olha
para as três olharem para ele, Amanda pega a arma e também
aponta para ele e as três atiram.
Os rapazes entravam pela garagem quando veem a casa
começar a se desmanchar, e começam a sair.
As moças olham para as três e falam.
— Vocês não sabem o que estão fazendo.
As três apontam para as duas e começam a atirar, ao chão
Ângelo parece se transformar em uma nevoa, e as duas começam a
recuar.

565
Amanda chega ao alçapão ao fundo, as amigas estavam ali e
puxa com tudo, sente o corpo cair, entram em meio a um barro e se
batem para sair dele, Amanda ajudar Cristine a sair e a casa começa
a se despedaçar.
As três saem pelo fundo, vendo que os atiradores estavam no
outro lado.
— Eles podem ajudar. – Silvia.
— Ou nos matar. – Amanda.
As três chegam a rua dos fundos, Amanda lembra do
namorado e senta a calçada, uma lagrima escorre ao rosto, se ouve
a badalada da igreja bem ao fundo, meia noite.
Amanda olha para a casa, e parte do pessoal não consegue
sair do terreno, sendo puxados para dentro, parte consegue, e o
que era uma casa, passa a ser apenas um lamaçal.
Amanda olha para o terreno e fala.
— Como falar disto?
— Eu não vou falar nada.
— Minha mãe vai xingar alto.
As três voltam pela rua, se lavam na praça a frente, em uma
torneira, não poderiam chegar assim em casa.
As três sentam-se a rua, e as lembranças fez as três chorarem
abraçadas, os demais não entenderam, elas estavam sujas, estavam
tristes, mas nenhuma delas sabia o que havia acontecido.

Fim.

566
567
J. J. Gremmelmaier

Laços de Tempo

Primeira Ediçao

Curitiba
Ediçao do Autor
2010/2017

568
Autor: J. J. Gremmelmaier
Edição do Autor
Nome da Obra; Laços de Tempo
ISBN:
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte
Gremmelmaier, João Jose
Laços de Tempo, Romance de Ficção, 103 pg./ João
Jose Gremmelmaier / Curitiba, Pr. / 2011/2017
1. Literatura Brasileira – Romance – I — Título
85 – 0000 CDD – 978.000

As opiniões contidas no livro são dos personagens, em nada


assemelham as opiniões do autor, esta é uma obra de ficção,
sendo os nomes e fatos fictícios.
É vedada a reprodução total ou parcial desta obra.
Sobre o Autor;
João Jose Gremmelmaier, nasceu em
Curitiba, Paraná, Brasil no ano de 1967,
formou-se em Economia e atuou como
microempresário por mais de 15 anos.
Escreve em suas horas de folga como
hobby, alguns jogam, outros viajam, ele faz
tudo isto, mas não abre mão de ficar a frente
de seu computador, viajando em estórias, e
nos levando a viajar com elas pelo mundo
da fantasia. Autor de Obras como a série Fanes, Guerra e Paz,
Mundo de Peter, Heloise e Anacrônicos, as quais se assemelham no
formato da escrita, por começarem como estórias aparentemente
normais, e logo partem para o imaginário utilizando de recursos que
interligam de forma sutil e inteligente as diversas estórias entre si,
fazendo com que o leitor crie um certo grau de curiosidade em
relação as demais estórias.
569
J.J.Gremmelmaier

Laços de Tempo
Texto contando uma aventura, lenta, gradual, de
Pedro, talvez das historias mais lentas e graduais que
escrevi, para quem escreve 50 paginas em um fim de
semana, demorei mais de 7 anos para escrever esta
história, os primeiros esboços, estavam ali, mas
precisava de algo para explicar a historia, por fim, 7
anos apos, a historia passa das 40 paginas para as 100
atuais, boa leitura.
Esperiencia de historia, lembraças, fotos.

570
571
“Meu nome é Pedro, eu sou um funcionário de uma montadora, na
região de Curitiba, estou no emprego a alguns anos, ainda solteiro,
minha vida é trabalhar de segunda a sexta e me divertir no fim de
semana, vivo em um terreno próprio, na região metropolitana de
Curitiba, é simples, mas é meu, estou contando o dinheiro para
comprar um carro novo, comprei um usado por precisar desentocar,
um novo é meu próximo objetivo, moro sozinho, vim do interior,
uma comunidade simples perto de Cerro Azul, mas o município era
de Adrianópolis, uma região de plantação de pinus, isto quer dizer
que tudo em si desandou na pequena vila, que diminui a cada dia,
tive de sair de lá, terra de coronéis, embora ninguém fale, grandes
áreas ainda tem um único dono na região, e ou se respeita ou não
se tem chance de viver no lugar, eles vivem bem, a maioria,
subsistência!
Esta historia acontece comigo, não é algo apenas do meu
passado, é parte de minha vida.
Por quê?
Somente Deus poderia lhe responder isto, vou narrar o que
aconteceu, passo a passo, para que entendam a minha história. A
escolha de não narrar em primeira pessoa, foi para melhor me
posicionar na historia!”

572
573
Pedro compra seu primeiro
carro e sai para passear, acabara
de receber seu salário, solteiro,
poucos amigos, já que vivia a
pouco tempo em Curitiba, não
conhecia muito da cidade.
Estamos na região metropolitana de Curitiba, Pedro é um
funcionário da Audi Automóveis, uma subsidiaria da Volkswagen,
seu primeiro emprego, esta a 2 anos na cidade, veio de uma cidade
pequena na região metropolitana, Cerro Azul, uma localidade muito
pequena chamada Anta Gorda, uma comunidade que diminui a
cada ano mais, com o aumento das plantações de Pinus. Foi forçado
a vir a cidade para ter um futuro.
Por um ano ele economizou para comprar um carro, passou
por uma concessionaria de carros usados, viu que um Kadete com
10 anos de uso, estava no poderio de seu bolso, gostou do carro,
bem conservado, bancos novos, rodas novas, um som que lhe
agradou, ele se encantou com o carro, não resistiu e o levou para
casa;
Pedro morava no centro de São Jose do Pinhais, um terreno
que comprara, estava a economizar, o terreno primeiro, a casa
simples após, agora um carro, uma vida simples, mas olhando hoje,
pensou que em 2 anos, estava evoluindo, ainda tinha a lembrança
de sua mãe, de seu pai, a morte dos dois, morando na fazenda de
um Deputado que tinha muitas terras naquela região, foi colocado
para fora, sem oportunidade na pequena cidade, saiu sem nada,
pegou documentos e lembranças pessoais, e todo resto, ficou a
casa, não teria para a mudança, sairia mais caro para trazer a cidade
tudo aquilo.
Trabalhar em uma unidade de produção, o dia inteiro com
fones de proteção sonora, fazia do silencio um amigo, um desejo do
rapaz.

574
Estava conversando com um colega de trabalho, sobre o que
não conhecia na cidade, e Paulo o colega falou;
— Qualquer dia temos de fazer um churrasquinho na
Graciosa!
— Não conheço, onde fica?
— Estrada para São Paulo, BR 116, uma estrada centenária,
tem uns quiosques com churrasqueiras, dá para fazer um churrasco,
levamos duas garotas, dá para tomar banho de rio, se divertir num
domingo destes!
— Por mim tudo bem, estou precisando mesmo conhecer um
pouco a cidade, me divertir, a 2 anos aqui e não conheço quase
nada!
Os dois conversaram e foram para segunda parte do dia
dentro da montadora de automóveis.
As semanas de trabalhador parecem voar.
Fazia duas semanas que comprara o carro, e o se divertir
sempre esbarrava em algo, alguém não pode, alguém não esta bem,
não tem dinheiro¸ Pedro começava a achar que não sairia mais, que
tudo conspirava contra.

575
Mais uma sexta se
apresenta, Pedro esta sentindo-se
só, a vida na cidade grande
parecia não o satisfazer, estava
triste e só, tentara no começo
achar uma namorada, mas não era
chegado a internet, a papos online
e coisas assim, gostava do campo,
queria viajar com seu carro, mas
para sua cidade não retornaria,
saiu do emprego e parou em uma
lanchonete no calçadão da Quinze de Novembro em São Jose dos
Pinhais, olhava as pessoas, mas parecia querer fugir daquilo;
Em sua cabeça veio a conversa com o amigo, parou em uma
banca de revista e comprou um mapa da 4 Rodas, fim de tarde, ele
nem sabia se era uma boa ideia, mas algo o chamava a ir conhecer a
Estrada da Graciosa, sem a devida ideia de onde era, e o quão longe
era também.
Sexta a noite, lua cheia, decide de vez que iria conhecer a
Estrada da Graciosa, nem que sozinho, sempre lhe disseram que a
noite havia um ar místico na região, mas o que ele queria era se
afastar um pouco da cidade barulhenta que o cercava, acostumado
com o silencio do campo, a 24 meses se via dentro da maior região
metropolitana do Paraná;
Pega o mapa e começa a traçar o caminho, tentou falar com o
amigo Paulo, mas este não lhe atendera, olha para o caminho
traçado, maluquice, mas estava a fim de sair de qualquer jeito
aquela noite da cidade, relaxar, estava com o salario ao bolso, e
pretendia se divertir um pouco.
Pegou a BR 376 no sentido de Santa Catarina, no trevo do
Contorno Leste pegou no sentido de São Paulo.
Ele olha a cidade a beira da estrada, olha para uma montanha
no sentido da Serra, viu a Lua Cheia e para a lateral, olha a grande
lua, estava avermelhada, sorri, olha o contorno das montanhas ao
fundo, e de onde a lua parecia surgir, por um momento sentiu que o
caminho estava mais calmo e resolveu conhecer aquela serra, olha
576
para o caminho, pouco a frente viu a estrada virar um trecho em
construção, teve de desviar uma grande maninha, estava indo com
calma, por um momento achou estar no caminho errado, mas viu a
placa indicando a rodovia mais a frente.
Mais a frente, quando o contorno entrou na BR 116, procurou
um posto, estava caminhando a meia velocidade, então parecia que
tinha andado muito, parou em uma lanchonete, onde o senhor
explicou onde era a estrada, mas que aquele horário era muito
escuro para descer vendo algo;
Pedro estava tentando não desistir, no fundo queria fugir da
cidade, o bar a beira da estrada, com o ruído apenas da BR ao fundo
já lhe parecia mais para o seu mundo que a cidade.
Tomou uma cerveja, não sentira o álcool, mas olhou a
cerveja, acostumado a amaçar a latinha com a mão, estranhou o
quanto aquela lata era mais resistente, pagou a conta e ouviu o
senhor falar quando saia pela porta;
— Vai devagar, bebeu um pouco, tem um modulo policial na
entrada para a Graciosa!
— Obrigado pelo aviso!
— Deve estar querendo algo diferente rapaz, mas com um
carro destes eu também iria querer!
Pedro estranhou a frase, saiu pela porta do estabelecimento.

577
Os vagalumes a brilhar em volta do carro, eram um bom sinal,
tomou uma cerveja e um salgadinho e pegou a estrada, viu quando
uma placa anunciava a estrada a 500 metros, se posicionou a direita
da pista para entrar na estada que era seu destino;

578
Olhou a entrada da estrada,
uma cancela aberta, como se as
vezes fechassem a estrada, olhou
os policiais, pareciam não estarem
preocupados com a estrada. O
começo não lhe pareceu muito
diferente de uma estrada
asfaltada, fez três curvas e viu
uma moça a beira da estrada a
pedir carona.
Para o carro e dá uma pequena ré, abre o vidro e olha a
moça.
— Vai para onde moça?
— Morretes, se puder me deixar lá!
— Sem problemas!
A estrada era cheia de curvas, mas ainda não era a descrição
que o amigo tinha lhe feito.
— Como é seu nome moça?
— Sueli, mas todos me chamam de Suelen!
— Me falaram que esta estrada era histórica, mas acho que
estou perdido entre a descrição e o que vejo!
— A parte bonita, é daqui uns quilômetro!
— Mora onde?
— Morretes, e você?
— São Jose dos Pinhais, no centro!
— E o que faz numa estrada destas vazia a estas horas?
— Ia perguntar o mesmo? – Pedro olha a moça, que sorri.
— Depois da pequena baixada, encosta a direita!
— Vai ficar aqui?
— Não, já que esta passeando, lhe mostrar algo!

579
Pedro viu a curva bem acentuada e estreita a direita naquela
estrada sem acostamento, de paralelepípedos, olha o quanto era
vazio naquela hora, um ou outro veiculo, dos antigos subiam aquela
serra, olha a descida e os quiosques começarem a aparecer a direita
da Estrada.
Os seus sentimentos pareciam o lançar no seu passado, mas
nele não tinha um carro, nele não tinha alguém com ele,
lembranças de uma infância a olhar a lua ao céu, a sentir a natureza,
filho único, ultimo remanescente de uma família.

580
Parou em um quiosque,
pouco antes de começar a descida
da serra, a Lua cheia surgia ao
fundo, e Suelen falou;
— Levou sorte!
Pedro pensou que talvez
tivesse realmente muita sorte, não
sabia quem era a moça, mas era bonita,
e algo atraia ele a ela, talvez a solidão, talvez
aqueles olhos radiantes.
— Acho que sim! – Falou olhando ela aos olhos;
Suelen sorriu e falou;
— La onde surge a lua, se reparar, tem uma cidade, aquela é
Paranaguá, a cidade portuária, pouco para dentro, esta vendo o
negro ao fundo?
— Parece um grande lago!
— Baia de Antonina, e na ponta de cá a cidade de Antonina!
— E esta luz logo a baixo?
— Porto de Cima, uma vila de Morretes, que não se vê daqui!
Pedro olhou os quiosques, pareciam bem cuidados, olhou
para as churrasqueiras e para as placas iluminadas por aquela
grande lua ao céu.
— Às vezes tenho saudades desta paz! – Pedro;
— Por que, não gosta de agito?
— Cidade grande é muito barulhenta!
A moça sorriu e falou;
— Eu ao contrario, sempre sonhei em ir a Curitiba, deixar este
fim de mundo!
Pedro não comentou o que ela falou, pois não trocaria o
campo pela cidade por opção própria.

581
Ele observa a Lua cheia ao céu, olha ela iluminar todo aquele
vale, e viu o mar ao fundo, ele nunca fora até o mar, mas ainda
estava longe dele, mas o cheiro de mato, o local, lhe fez sorrir, era
um lugar especial.
Pedro volta ao carro e a moça sorri, iriam continuar a descer,
embora ela olhasse ele como alguém e conquistar, Pedro não estava
conseguindo ver naquele sorriso triste uma porta aberta.

582
Descem a estrada, agora
entrando na parte mais íngreme,
mais lenta, curvas de 180 graus
em descida, algumas pareciam ter
até mais que isto, eles pararam
em dois pontos, ela mostrando
primeiro uma grande queda
d’água, e depois pararam sobre
uma ponte, rio Mãe Catira, a moça
parecia ter cultura, falava muito bem, mas tinha um ar sofrido, as
vezes triste.
— Estes quiosques no Domingo se enche de gente vindas da
Cidade, eles mesmo quando em um lugar assim, agitam.
Pedro via que a moça quase pedia para a tirarem dali, aquele
sorriso triste pareceu prender Pedro.
Eles passaram sobre a ponte de Ferro, parram um pouco,
Pedro viu aquela agua translucida, sem cheiro químico ou de
esgoto, apenas de mato, isto lhe lembrava sua infância, agua limpa,
mesmo que já nem tão limpa quando a de seu passado serra acima.
Senta-se a uma pedra, olha para a lua sair de entre as nuvens,
pareceu avermelhar o chão, olha para ela vermelha sangue e Suelen
olha para ele e pergunta.
— É supersticioso referente a lua?
— Não, mas minha mãe era, dizia que Luas Vermelho sangue,
eram símbolos de mudanças, radicais mudanças.
— Fala triste dela, ela já se foi?
— Sim, ela e meu pai, morreram com uma semana de
diferença entre eles, quando meu pai morreu, soube que minha
mãe iria, eles eram ligados.
— Amores eternos, as vezes queria acreditar no Amor.
— Não acredita?

583
— Quando o achar, vou acreditar.
Era perto das 8 da noite quando ele a deixou em casa e ela
fala:
— Tem uma festa hoje a noite, aparece e vamos juntos.
Pedro mesmo se fazendo de desinteressado aceitou o
convite.
Olha a casa simples, junto a mata, olha para a casa, parecia
ter mais alguém, pensou se ela tinha alguém, mas o que mais ficava
visível era a tristeza naquele olhar.
Olha para aquele pedaço de cidade, parecia muito pequeno
para ser Morretes, mas se fosse, seria algo que estaria fadado ao
fim de sua vila, para em uma pousada a esquina e pergunta onde
era o centro da cidade, o senhor apontou uma rua e falou.
— Por ali.
Pedro viu que entrou na estrada novamente e viu uma grande
reta, se via uma construção bem ao fim dela, só não acelerou muito,
pois não conhecia o lugar e as lombadas estavam em espaçamentos
que ele não conhecia.

584
Pedro para no centro da
cidade de Morretes, caminha
primeiro pelas ruas fechadas ao
transito, bem iluminada, turística
diria ele, bonita nos detalhes,
clima bem mais gostoso que
Curitiba e região metropolitana,
mais quente, uma cidade
pequena, um lugar que ele viveria
bem, mas sabia que cidades assim não teriam emprego para ele,
vindo do campo. Senta-se em um bar, ele não nota que todos
olhavam para ele, suas vestes, seu carro, para ele aqueles carros
mais antigos as ruas eram um charme, parecia mesmo que havia
voltado no tempo.
Ele toma uma cerveja a mais, sai a olhar o centro, tinham
hotéis turísticos, mas gostou dos preços locais, ele pensou que
viveria melhor ali que na parte alta.
Camilha a beira do rio, e viu o chafariz de agua do rio, as luzes
iluminando o rio, ficou a observar aquilo, namorados ao calçadão,
pessoas vendendo artesanato em uma pracinha a frente, tudo na
calma de uma cidade que parecia que a pressa não fazia parte.
Caminha pela rua conhecendo e olha a grande igreja a frente,
sobe suas escadas e entra nela, um casamento se fazia, ele senta-se
ao fundo e olha para o local, se duvidar, muitos da cidade estavam
ali, não sabia o tamanho da cidade, mas aquilo o fez sorrir, tão perto
e ao mesmo tempo, outro mundo.
Ele sai da igreja olhando em volta, cidade sem prédios, o que
era alto, tinha três pisos, a torre da igreja sendo o ponto mais alto
da cidade inteira.
Realmente uma cidade de interior, não tinha noção do que
mantinha aquele lugar, mas viu que as ruas cuidadas, pareciam
induzir ao turismo, hotéis simples, baixos, mas bem conservados,

585
tinha de achar um lugar para passar a noite, e começa a voltar no
sentido que deixara a moça.
Lembra da pousada a entrada daquele lugar, entra e reserva
um quarto, soube que era um chalé ao fundo, toma um banho,
estava cansado, relaxa um pouco.
Até aquele momento estava gostando de sua aventura nada
agitada, sorri da calma, da tranquilidade daquele local.

586
Pedro passou na casa da
moça por volta das 23 horas, e
foram a festa, era em uma fazenda
beira rio, teve de deixar o carro ali,
todos atravessaram o rio em Rurais
(veiculo 4 por 4), ele achou
interessante uma festa onde os
carros e o som dos mesmos não
chegassem, reparou assim que a fazenda era cercada de água por
todos os lado, rio Nhundiaquara por todos os lados. Era um
estranho no local, mas era um lugar que ele gostaria de se
enturmar, mais ao seu estilo, campo, do que o estilo cidade;
— Belo local para festas!
— As vezes acho que tem muito cara desta cidade, muito
pequena para mim, sempre sonhei em ir a Curitiba, viver minha vida
e não a da cidade inteira e me sobrar tempo!
Pedro não comentou, duas pessoas diferentes, ele daria tudo,
o pouco que tinha, para viver numa cidade do interior, foi a cidade
grande por falta de emprego, de futuro, a vila que nasceu diminuía
a cada ano, foi o ultimo dos jovens a sair, não via como voltar para
lá, mas sempre sonhara com viver na calma, não no agito.
Ele repara que ela apresentou uma moça, e soube de cara,
que ele fora ao casamento, Suelen não, era a festa da cerimonia de
casamento.
Viu que sair dali, era por agua, não era tão fundo, mas apenas
por água, todos os lados, viu que Suelen estava querendo fugir, e
logico, na primeira chance, fugiu.

587
A moça no começo da festa
ficou um pouco ao seu lado, mas
não se prendeu a ele e foi se
divertir em outras rodas de amigos,
já que ela tinha amigos ali, não ele;
Olhava em volta, algumas
moças olhavam-no, mas veio de
cidade pequena, sabia que os
rapazes também o estavam olhando, pegou uma cerveja e sentou-
se ao longe da multidão, não queria que sua primeira festa depois
de meses, acabasse em uma briga.
Mas era obvio que algumas moças sorriam para ele, tenta
ignorar, ele viera acompanhado, ou não?
Mas ele não sabia onde estava, não tinha noção de como
voltaria ainda, mas o lugar foi enchendo, a maioria trazida nas
Rurais, enquanto poucos, vinham em tratores antigos, aqueles
pareciam bem conservados, bonitos.
Vi que tinha gente de todas as classes sociais ali, em grupos
fechados, ele era o invasor, o ser que teria de se conter, pois não
tinha ideia de onde aquela festa iria acabar.
O agito em musicas antigas, lhe fez viajar a seu passado
novamente, todo aquele passado que ficou em Cerro Azul, toda sua
historia passada a beira de outro rio, de outra cidade pequena, mas
eram cidades diferentes, cidade pequena, com muitos pequenos
negócios, fazia ter varias famílias de varias atividades diferentes,
tentava não ligar a cidade a sua para não se desmotivar a vir, ele foi
afastado, ele não saberia como poderia viver em um lugar daquele,
ainda tinha de defender os trocados na barulhenta linha de
montagem da empresa.

588
Depois de um tempo, um
rapaz, Rogério, se aproximou e
perguntou quem era o boyzinho,
ele se apresentou, não queria
encrenca, fora apenas
convidado pela moça, nada mais
que isto.
Viu que um grupo de 3
rapazes o tentaram intimidar, já estavam alterados pela bebida que
corria solta, sentia o cheiro de maconha no ar, mas estavam até
comportados, e o som de rock dos anos 90 parecia animar o
pessoal, evitou problemas.
Ele se afastou um pouco, olhando o rio, mas Rogério ficou
lhe olhando de longe, parecia querer confusão, via que algumas
moças também o olhavam, sentiu-se intimidado, não conhecia o
local, não teria como sair dali as pressas, seu carro estava do outro
lado do rio, então evitou mexer com quem não conhecia, teria
outras oportunidades para isto;
A festa corria livre, via alguns a vomitar no rio, depois de
beber demais, viu que a festa era daquelas que nunca foi, era por
manter a sobriedade, mesmo nos piores momentos.
Como não via mais onde Suelen foi parar, ele fica ao canto, a
moça deveria ter alguém, uma pena, mas seus olhos estavam em
ver os rapazes dançarem igual no centro daquele terreiro que
parecia de uma areia fina, lembrou de sua infância no interior, a
muito não ouvia aquelas musicas e não via as pessoas dançando
sem se preocupar se estava na moda, apenas se divertindo.
Tenta não gerar problemas, via que os rapazes queriam uma
discussão, estranhou serem bem os sozinhos, tinha mais meninas
sozinhas que os baderneiros, mas entendeu a arapuca, seria ele se
aproximar de qualquer uma, seria puxado para fora.

589
Sabia que em grupo, era uma ação fácil, e o ser calmo, sem
desejos de violência, chega a uma mesa ao fundo, olha para os
demais ao longe, olhava os noivos ao fundo.
O sair dos noivos estabelecia que a festa pegaria fogo ou
acabaria, não conhecia as pessoas, mas de cara uns dois grupos
atravessam o rio das Rurais.
O clima foi ficando mais familiar, os rapazes pareceram se
desencantar dele, talvez pensando em ir agitar em outro lugar.
Os tratores saíram ao fundo, Pedro estava quase que
pegando o próximo grupo para sair.

590
Pedro estava a olhar para os
veículos ao fundo.
O pessoal não estava mais
dançando e o som já estava baixo,
ele havia bebido quase nada, festa
indo para o fim, muitos já haviam
se retirado.
Pedro estava olhando para
o rio quando ouve.
— Bom saber que não fugiu ainda.
Pedro sorri do surgir de Suelen novamente, lhe abraça e lhe
dá um beijo, ele fora pego de surpresa.
Por um momento esqueceu que poderia ter alguém olhando,
mas curtiram um pouco, estava amanhecendo quando saíram no
sentido de Morretes, a deixou em casa, foi a pousada logo ali a
frente, olha que estavam quase todos dormindo, mas reparou que a
pousada era dos pais do rapaz que o indagara.
Estava cansado, mas não pretendia dormir muito, mas com o
tempo um pouco mais fresco, cai a cama.

591
592
Acordou tarde, no lugar de
tomar café almoçou na pousada,
acertou as coisas, e passou na
casa da moça, ela o convidou para
entrar e apresentou sua filha, a
pequena Suzi, menina de 10 anos
com lindos olhos azuis, traços bem
marcantes e cabelo encaracolado
castanho claro.
Saíram e passearam a beira de um rio, estavam os três lá,
quando Suzi veio correndo do rio assustada, Pedro viu que Suelen
nem se preocupou e foi ao local, viu aquela coisa estranha o centro
do rio, mas não conhecia o lugar, então pareceu apenas uma grande
pedra, e menina fala que viu umas coisas estranhas.
Pedro se levanta e vai com ela ao local, para um momento
olhando o rio, depois olha ela e fala.
— Acho que se assustaram com seu grito. Mas o que
aconteceu.
— Não sei, um ser grande saiu daquela pedra e segurou um
ser estranho, que parecia uma moça, ele parecia que ia a mater.
— Acho que ele a soltou, pois senão estavam brigando ainda.
— O ser era assustador.
— Assustador?
— Já comeu siri? – Olha a menina olhando para Pedro seria.
— Não, mas já vi um.
— Parecia um siri imenso, de mais de dois metros.
— Daria um bom ensopado.
A menina sorriu, pois não viu nada de diferente ali agora, e
aproveitaram a beira do rio o dia inteiro, no fim do dia, as deixou
em casa subindo a serra;

593
Um fim de semana incrível para quem queria apenas
conhecer um lugar.
Sorria de lembrar da moça, estanha como um sorriso
conquistara seu coração.
Foi subindo, para e toma um caldo de cana, um pastel de
vento e olha em volta, local simples, mas que lhe trazia a lembrança
de quando vivia no interior, ele gostou da sensação.

594
Pedro estava subindo,
quando todo o movimento da
estrada para.
Ficou ali parado, os carros
atrás começam a fazer a volta, ele
não conhecia outra saída.
Olha o policial que veio pela
rua e afirmou que teriam de
voltar, e fazer o caminho para Curitiba pela 277, pois um trecho da
estrada cedera, nada grave, mas que as maquinas estavam
trabalhando no lugar. Perguntou para o policial como fazer, teria de
fazer no sentido que veio, e soube que poderia chegar ali por duas
estradas que saiam de Curitiba.

Pedro volta, olha a entrada para a casa de Suelen e quase


virou ali novamente, mas foi para a cidade, tinha de trabalhar no dia
seguinte.
Pedro chega em Curitiba, pela linha verde e pega no sentido
de São Jose dos Pinhais na Avenida das Torres, no portal de São
595
Jose, se mantêm a direita e 5 minutos estava entrando em um
apartamento locado no centro de São Jose dos Pinhais, a semana foi
agitada no trabalho, mas não via a hora de descer a serra
novamente, pela primeira vez achou que estava gostando de
alguém, estranho conhecer alguém tão pouco e se deixar envolver;
Uma semana inteira pensando em voltar, Paulo disse que não
poderia descer junto, talvez aquela tenha sido das maiores semanas
que ele teve, desde que começou ali, parecia interminável, mas
cada dia a mais, era um dia a menos para descer a serra.

596
Sexta feira a noite, Pedro
estava animado, pensando em
voltar a descer a serra, suas
lembranças da semana anterior o
fizeram sorrir a semana inteira.
Quando ele tenta dar
partida no carro ele não pegou, e
não conseguiu descer a serra,
chama um amigo que era mecânico verificou que era bateria, teria
de deixar carregando.
A noite foi de lembranças, talvez ansiedade e na manha de
sábado, a luz do dia, desce a serra, quando entrou na estrada da
Graciosa, olhou o portal.

Pensou como não vira algo tão grande no dia anterior, olhou
o modulo policial logo a frente, com grandes cones no centro da

597
pista, não havia notado isto também, começa a descer, para no
lugar onde pegara a moça na semana anterior, não havia nada ali,
ficara pensando o que ela fazia ali sozinha, olhou em volta, nada
alem de uma casa aparentemente abandonada a anos, a uns 100
metros da estrada, não dava nem para ler o que dizia no que fora
um cartaz de entrada;
Para a olhar para o visual da parte alta, parecia outro lugar de
dia, olha os comerciantes no lugar, entendeu que de dia era outro
lugar, pois o lugar era bonito e chamava turistas.
O descer foi observando os lugares que não viu quando
desceu a primeira vez, mas as vezes parecia outro lugar, as vezes ele
olhava para detalhes pensando como não os vira.

598
Chega a Porto de cima, olha
para a ponte antes de a
atravessar, parecia diferente, mas
era dia, estava cheio de gente,
mas tinha mais bares, os lugares
pareciam diferente, muitos carros
de turistas, bem menos os seus
estilo, muito agito, ao lado da
pousada, tomou a direita,
passando ao lado da igrejinha, atravessou os trilhos.
Quando pegou a direita novamente, viu a estrada cheia de
mato, estranhou, não conseguia entrar por ali com o carro, parou e
fez o caminho a pé, olha o tênis cheio de lama.
Estranhou, pois não parecia o mesmo lugar, parou diante da
armação de tijolo, que era a única coisa que restava de vestígio de
que tivera uma casa ali.
Olha em volta, era o mesmo lugar, mas como se tivesse
passado muito tempo, ele não entendia como crescera daquele
jeito o mato.
Deveria estar maluco, sonhado, ou era um lugar paralelo a
aquele muito semelhante, voltou pelo caminho, pés cheios de
barro, chegou na entrada da estradinha, olhou para uma venda de
Secos e Molhados, com uma placa grande de Eletricista Fator Copel
ao lado, entrou e perguntou pela casa que tinha ali a frente;
— Senhor, ali a frente não tinha uma casa de uma moça?
— A muito tempo ela não mora mais ali.
— Muito tempo?
— Ela abandonou a casa a mais de 10 anos, ela parece ter
enlouquecido.
— Mas onde encontro esta moça?
— Dizem na cidade que ela morreu a poucos dias, e a filha
dela perambula pelas ruas do centro pedindo dinheiro.
599
Pedro pensa no que o senhor falou, que ali morava uma
moça, mas a mais de 10 anos que ela saíra dali, que ela
enlouquecera e morrera a poucos dias, que a filha dela ainda vinha
ali, mas eram todas malucas;
“10 anos, como pode ser?”

Ele volta ao carro, fica a lembrar das pessoas perguntando do


carro, impressionados com o carro, parecia fazer sentido, mas na
sua mente, não tinha sentido nenhum.

600
Estranhando a historia ele
resolveu ir a fazenda que tinha
havido a festa, pegou o carro e
saiu na direção da ponte,
atravessou e entrou direto a
direita, a estrada caminhava em
paralelo ao rio e mais a frente viu
a entrada que ele parara o carro,
muito mato, para a beira do rio, e
viu que toda a região do outro lado, estava diferente, olha para o
chão, não tinha marcas de que tivera um estacionamento ali para
carros, as marcas ao rio, pareciam todas antigas, se via o rio mais
longo que a uma semana.
Olha em volta, não estava entendendo, 12 anos teriam se
passado, 10 anos que a moça não estava mais naquele endereço,
como, para ele foi um momento, não fazia sentido, tudo parecia
girar na sua mente.

601
Entrou no carro, andou uns metros e parou novamente o
carro pensando que teria de olhar do lado de cá de novo, saiu do
carro, passou em meio ao mato alto, mas com uma trilha pelo meio,
tratores passariam fácil ali, não seu carro, parou a beira do rio
novamente, estava totalmente perdido em pensamentos, ele
sonhara, ele não vivera aquilo, o que estava acontecendo, como
poderia ter parecido tão real, como ele sabia que existiu uma casa
naquele terreno que fora antes, como sabia desta entrada que
atravessava o rio, e olhou para o outro lado, todo cultivado de
Gengibre, olhou em volta e viu que era ali mesmo, o lugar era o
mesmo, mas não fazia sentido, não entendeu.

602
Estava a voltar pela estrada
quando viu uma menina sair do
mato assustada, ele freou com
tudo, havia dois rapazes a
seguindo, que quando viram o
carro se mandaram no sentido do
rio, ela olhou o carro, como se
conhecesse, mas pareceu se
perder na imagem de Pedro saindo
do carro, ele olhou a moça que não lhe olhava aos olhos e
perguntou;
— Tudo bem?
Ela concordou com a cabeça, viu que ela tinha batido a
cabeça e estava sangrando, e ofereceu-se a leva-la a um hospital,
ela olhou desconfiada, ele olhou aquele rosto e perguntou sem
sentir;
— Suzi?
A moça olhou serio para ele, lagrimas correram por seu rosto,
a moça deveria ter mais de 20 agora, o que acontecera, ele a abraça
e ela pergunta num tom triste;
— Por que só voltou agora?
Ele não sabia o que falar, a ajudando a entrar.
— Estou tentando entender menina, estava achando até este
momento, que sonhei!
Ela olha ele e foi quieta, foram a um hospital no centro de
Morretes ele a olhava, sem entender o que havia acontecido.
Ela é atendida e ele fica a olhar em volta, a cidade continuava
pequena, mas tinha carros mais novos a rua, a cidade era a mesma
e ao mesmo tempo, parecia que estava diferente, estava a olhar e
vê a moça, não mais uma criança, o sorriso da mãe, sorriso triste.
Ele olha a cidade, mais moderna, as pessoas não olhavam seu
carro mais seu carro, velho, as pessoas a rua eram turistas, o
603
movimento de gente era grande, ele tentava entender, a cidade era
a mesma e ao mesmo tempo outra.
Ele parecia perdido, seus pensamentos estavam no que
poderia gerar aquilo, um sonho, uma volta no tempo, não existia
isto na mente de Pedro que parecia confuso com o todo.
Os dois saem dali e sentam a uma lanchonete, viu que os
preços agora eram normais, não os anteriores, as coisas pareciam
lhe contar algo que para ele era impossível, pois não teria como ter
voltado no tempo, algo especial aconteceu, mas ele estava bem
confuso.

604
A moça, que aos olhos de
Pedro era ainda aquela criança,
pega o suco a mesa e olha para
ele.
— A mãe parece ter
gostado de você, mas você parece
o mesmo, como se o tempo não
tivesse passado para você, não sei
o que está fazendo.
— Eu? Tentando entender, para mim, se passou uma semana,
entendi apenas agora, o porque olhavam o carro como novo, ele
nem havia sido lançado a 12 anos, hoje, uma velharia conservado,
não sei o que está acontecendo.
— Vai mentir para mim descaradamente? – A moça olhando
Pedro.
— Pareço estar mentindo, pareço ter vivido 12 anos a mais? –
Pedro a devolve a pergunta.
Ela lhe olha e fala.
— A mãe pareceu se desiludir, o rapaz da Pousada disse para
ela que a amava, ela o destratou, ele a isolou, esperando que você
voltasse, mas não voltou.
— Eu estou um dia atrasado, mas aparentemente, 12 anos
depois, na minha cabeça, a festa de casamento foi a uma semana,
você assustada olhando o rio, a uma semana, mas sei que não
aceita, eu não estou aceitando a historia.
A menina conta que eram felizes, a mãe era meio estranha,
com um trabalho que não se orgulhava, mas que depois que ele
havia aparecido, por uma semana ela sonhou novamente, depois,
começaram as gozações, ela começou a beber mais do que o
normal, se culpava de não ter lhe dado atenção, parou de trabalhar,
desandou de vez, ela vivia agora uma hora na casa de uma tia, outra
hora na de outra, e que a uma semana sua mãe havia morrido.
605
Pedro olha ela segurando suas mãos e fala.
— Desculpa, não queria ela morta, queria apenas estar aqui
na semana seguinte, e sei que não vai entender.
As vezes Suzi olhava em volta, ela parecia se localizar e fala.
— Sei que não está mentindo, mas por 12 anos, pensei que
não apareceria ninguém mais...
Suzi para a frase, olha os demais lhe olhando, ela era a
maluquinha da cidade, ou a filha da louca da cidade, já fora
chamada de coisas piores nos últimos 12 anos, mas parecia tentar
entender, Pedro, não entendia a historia.
Pedem algo para comer, Pedro viu que a moça estava com
fome.

606
A lógica não servia, ele foi ao
carro, pegou a boneca que ela
havia esquecido no carro, alcança
para a moça, uma lagrima correu
em seu rosto, não havia chão para
pisar na historia, ele estava ali,
olhando a moça, a boneca,
pensando que a pessoa que ele sonhou a semana, estava morta há
uma semana, mas que tudo que ele jurava ter vivido no fim de
semana anterior, estava há 12 anos atrás;
Os pensamentos dele estavam se perdendo, como aquilo
havia acontecido, como poderia esta moça a sua frente, ser a
criança de uma semana atrás.
Seus pensamentos estavam todos confusos, ele não tinha
explicação, e não estava funcionando.

607
Alguém acostumado em uma linha de produção, onde as
coisas eram sempre iguais, na sequencia igual, não entendia como
poderia acontecer algo como aquilo.
Pensamentos tentando se manter no racional, em uma
historia que não conseguia pensar pelo racional, amenina a sua
frente, era prova de que acontecera, mas como?

608
Os vão na direção da casa
onde ela morou um dia, Pedro
tentava achar significado em tudo
aquilo, mas não conseguia, o
inicio de uma historia que deveria
ter sido linda, estava no passado,
e não fora linda, tinha de ver que
se ele foi ao passado por aquela
estrada, teria de ter uma forma de voltar lá, de ajudar a menina a
ser feliz, a que Suelen não morresse.
Os dois chegam aos restos da casa, Pedro tentava achar o
chão a pisar, ele olha em volta, ele não conhecera o lugar, então
tudo que ele tinha eram rastros de uma historia de uma semana, e
tudo que não conseguia era entender este caminho.
— Ainda está no nome da sua mãe?
— Sim.
— Se me deixar ajudar.
— Acha que tem obrigação, não entendeu, não estou lhe
culpando por isto.
Pedro a olha serio.
— Aceito ajuda, mas não por pena.
Pedro sorri e fala.
— Pena, o que é isto?
Ele olha que o terreno era íngreme, tinha bananeiras no
fundo, viu que era bananeira da natural, pois pegou uma madura e
era quase só semente.
— Vai ficar?
— Não sei, não sou rico para dispor de muito em dois lugares.
— Mas quer ajudar como então?
— Dinheiro não faz milagres, e precisamos de um Suzi.

609
Ela olha como se não entendesse, eles chegam ao fundo do
terreno, tinha uma construção, ele queria falar, mas não sabia como
falar sobre isto.
Pedro fez força e abriu a porta e olha para a estrutura, olha a
estrutura da casa e fala.
— A estrutura era boa, pena ter ficado abandonada, levaram
tudo, dois anos, é o que entendi?
— Sim, a mãe há dois anos dava uma de louca no centro,
brigava, bebia todas, ela se desencantou com a vida.
Pedro olha para uma vassoura bem usada, tão usada que não
levaram e junta as palhas que estavam para dentro, aquilo poderia
queimar o resto da casa, e separa dois bancos e senta-se.

Ele a olha e fala.


— Tenho tentado entender, não está funcionando.
Suzi senta-se ao lado e segura sua mão.

610
Pedro olha aquela mão
segurando a sua, olha os olhos
azuis de Suzi e fala, tomando
coragem.
— Sei que é difícil entender,
mas para mim, a uma semana,
pensei me apaixonar por sua mãe,
não sei o que aconteceu, estou
aqui, perdido, desci a serra
pensando em a convidar a morar comigo, ela falava que queria viver
na cidade, e passei uma semana pensando nisto, em dividir o meu
pouco.
Suzi ouve Pedro falar, uma lagrima corre no rosto do rapaz.
— Eu não sei como aconteceu, pensa em ter descido uma
semana depois e descobrir que a pessoa que você conheceu, está a
este tempo morta, mas não porque morreu assim que saiu, e sim,
porque se foram, 12 anos. – Pedro passa a mão nos olhos, como se
os limpasse para ver.
Suzi segura sua mão, não sabia o que falar, o rapaz parecia
estar perdido, olhava tudo perdido, ela parecia querer falar algo,
mas não tinha coragem de contar também.
Pedro conta para a moça a sua versão da historia, ela sabia
que era ele, sabia pela boneca, pelo carro, pelo rosto e pelo olhar
do rapaz que era verdade, mas a lógica também não ajudou ela a
entender o que havia acontecido;
Suzi olha ele e não tem coragem de falar sua parte da
verdade, a verdade, será que existia verdade nesta historia? Pensa
ela também sem saber o que falar, ela tinha um segredo, olha o
rapaz, como poderia ser verdade, como poderia ela estar naquele
ponto da historia.

611
Depois de muito
conversarem naquele fim
de semana, ele a convida a
morar com ele em São
Jose, região de Curitiba, ela
estranha o convite, aceita
receosa, sem saber que ele
ainda a via como aquela
menina de 10 anos, arteira de um fim de semana no passado.
Suzi subiu olhando aquele rapaz, lembranças de uma menina,
de um dia no passado, quase sem entender, ela abraça sua boneca,
olha para ele ligar o carro e sobem a estrada, ele parou, tomaram
um caldo de cana, ela via que ele tentava lhe ajudar, mesmo ela as
vezes dando umas patadas, sofreu uma semana, todos a volta
queriam que ela sumisse, mas depois explicava para suas tias.
Ela não entendia as palavras de Pedro as vezes, ele parecia
acreditar em algo impossível, tentava não o desiludir e enganar.
Chegam naquele fim de domingo a casa de solteiro, toda
bagunçada, ela sorri, Pedro viu que teria de mudar sua vida, mas
sentia que aquela menina era a única coisa que lhe permitiria
dormir aquela noite, pois ele olhava tudo incrédulo, próximo da
loucura de algo que não tinha como ter acontecido, mas
acontecera.

612
As adaptações foram
visíveis, complicadas, ele era
solteiro, acostumado a liberdades
que não teria mais em sua casa,
vícios de alguém solteiro.
A semana passa com ele
tentado lembrar cada detalhe da
noite em que fora a primeira vez a
Morretes, foi uma semana
conturbada, com desafios que iam alem do normal, mas sentia-se
responsável por Suzi.
Suzi presa naquela casa, olha para Pedro sair sedo, trabalhar,
não ter tempo para muita coisa durante a semana, sua mãe sempre
dizia que a cidade grande era coisa boa para todo lado, e Suzi viu
que para manter-se o rapaz trabalhava duro, não tinha regalias em
casa.

613
Ele comprou umas roupas para ela, estava olhando ele
diferente, eles tinham agora quase a mesma idade, mas ele
continuava a lhe tratar como pequena Suzi.
Aquela casa era simples, mas tentava não chegar perto da
cerveja da geladeira, tentou dar uma ajeitada na casa, teria de
ajudar, estava pesando e não queria isto, mas parecia que seriam
uma família, estranha família a partir daquele momento.
Mas ela não contou a verdade a Pedro, pois ela não entendia
a verdade, mas na cidade grande, parecia que as coisas se
acalmavam, mas desde a segunda, a cada manha, ela acordou em
uma parte da vida dela, diferente, passado, presente, e bem a
frente, mas somente no passado não tinha Pedro ali, ele estava em
todas aquelas subdivisões de sua vida, mas ele não vivia múltiplas
vidas, ele viveria aqueles trechos ainda.
As vezes queria ficar ali para sempre, mas sabia que Pedro
não seria feliz se não fosse a parte de Morretes, sabia que falara
com ele lá em um ponto ao passado, diria mais de 30 pontos em 12
anos de história.
Ela não sabia como contar algo que nem ela entendia, e não
sabia como seria, pois ela para viver aquilo, ou ela recuaria no
tempo, ou ele a deixaria e voltaria no tempo, não queria ele longe,
mas também queria ver sua mãe sorrir, embora ela nunca sorriu de
verdade.
Ela estava na duvida se falava ou não para Pedro, resolveu
não falar, ele poderia decidir a poupar e não descer mais e algo que
aconteceu no passado e no futuro, não acontecer.
Suzi se olha no espelho e fala.
— Tá ficando maluca Suzi.
Ela sorri por falar a frase de sua mãe.

614
Suzi contava sempre a
mesma historia para Pedro, que
sua mãe mudou, fez planos, mas
que algo não deu certo, que ele
não havia voltado, ela foi ficando
triste, parecia que ouviria esta
historia muitas vezes, muitas
mesmo.
Suzi sabia que estava sendo
chata, mas ela queria entender, ela mesmo pareceu olhar a mãe
estranha.

As vezes ela queria que as coisas voltassem no tempo, tentar


viver de volta, ajudar sua mãe a ser feliz, não implicar tanto com
Rogerio, sabia que ela não gostava dele, mas era a forma que ele
tratava sua mãe que a machucava, mas começa a pensar se não era
a forma dele conseguir estar ali.
615
Pensar em algo que não gostava, pensar em sua mãe
diferente de todas as formas, não estava lhe fazendo feliz.
Tentava não julgar, sabia que nascera e sua mãe tinha 14
anos, com certeza isto mudou a vida dela, talvez ela não quisesse
fugir da cidade, mas das pessoas que sabiam sua historia.
Pedro a cada dia que chegava em casa, parecia que o mesmo
canto estava maior, a menina tinha ajeitado mais um canto, ainda
faltava um espaço apenas dela, mas teria de ter calma para
construir algo, tinha um plano, e precisava estar centrado no
problema a cada dia mais.

616
Sexta a noite, os dois saem
em direção a Morretes pele 116,
para passarem pela Estrada da
Graciosa, fez cada movimento
como fizera no primeiro dia.
Quando do desvio da
construção do contorno, que lhe
fez fazer um desvio que lembrara do primeiro dia.
Depois parou em um Bar a beira da estrada, pediu uma
latinha e sorriu. O senhor no bar olhou para Pedro e perguntou se
conseguiu achar o caminho outro dia, Pedro sorriu.
Quando saiu da BR 116 entrando na Graciosa Pedro já sabia
que estava no passado, Suzi ao seu lado pergunta onde estava o
portal e entendeu no sorriso de Pedro que poderiam ter voltado ao
passado.
Os policiais estavam olhando os carros naquele dia, mas não
pararam o carro dos dois.
Deveria ter algo naquele caminho, naquela noite, pois o
movimento estava maior do que na primeira vez.

617
Pedro estaciona e deixa os demais carros passarem, Suzi olha
para ele e pergunta.
— E como vai ser?
— Nem ideia, cada vez que desço esta estrada as coisas estão
diferentes, estou travado em um misto de tempo, não sei o que me
colocou nisto, e neste momento, não quero pensar em sair deste
misto de tempo.

618
Na altura que pegara a
Suelen a primeira vez, olhou
atento e viu a mesma casa, agora
conservada, 3 focos vermelhos a
frente, a placa dizia Boate 3
Focos, saiu a descer a serra.
Suzi olha para onde Pedro
olhou, não conseguiu não
perguntar.
— Foi ai?
— Não.
Suzi olha o lugar, olha bem ao fundo alguns carros que sabia
de quem era, foi inevitável pensar em quem ele pegara ali, a
estrada, ele parecia ainda perdido, procurando uma historia que ele
pulara para dentro, mas não participara.
Os pensamentos de Pedro foram a estrada, viu que muitos
entraram mais a frente em uma estrada de chão, ele continuaria
pela estrada, nem imaginava que aquele caminho era a antiga
estrada que ia até Curitiba.
A neblina fez ele ligar a luz baixa, viu que a mesma tomava
toda a região, olha para a curva acentuada, sabia que tinha uma
entrada para o mirante a frente, foi calmamente.

619
Parou na parte onde Suelen
lhe mostrara as luzes, uma neblina
tomava tudo, não se via nada, não
era tarde, mas a neblina dava um
ar de mistério naquele lugar.
Suzi olhava para os detalhes,
lembra que poucas vezes subia,
sua mãe não queria que ela fosse por este caminho, notava que as
coisas estavam diferente do pouco que conhecia.
— Com neblina não teria descido.
— E não estaria nesta encrenca.
— Talvez, ou numa pior.
— Pior? – Suzi.
— Voltar para uma cidade, que estaria 10 anos no passado
chamada São Jose dos Pinhais, não teria minha casa, não teria nada,
nem emprego.
— Mas com certeza teria um plano.
Pedro sorriu, teria como voltar a sua cidade, ajuda seu pai,
mesmo sem ele ver, viver melhor aqueles anos, que hoje sentia
falta, na época, apenas reclamava.

620
Na mente de Pedro veio outra duvida, se levasse Suelen a
cidade, e ela acordasse dez anos mais velha, como ele se portaria,
como seria?
Com calma e cuidado, começam a descer a serra com toda
aquela neblina.

621
Pedro para na porta da casa
de Suelen.
Pedro desce e bate palmas,
mas parecia que havia saído, não
subiria e entraria com Suzi
naquela boate, mas foi onde
Pedro pensou que encontraria ela
naquele momento.

Como ninguém atendeu a porta, começa a voltar pela


estradinha, olha que o secos e molhados na curva de saída do local
ainda estava aberto, vai lá, Suzi o acompanhou.
— O senhor sabe onde a Suelen está?
— A moça da casa ao fundo?
— Sim.

622
— Ela não vem muito, a filha dele que vinha, a uma semana
que a pequena Suzi sumiu, ela corre para cima e para baixo, mas
não gosto de me meter com este tipo de moça.
— Esse tipo de moça? – Suzi.
— Vocês sabem. Da noite.
— Mas o que aconteceu com a menina. – Pedro.
— Outra maluquinha, deve ter fugido com alguém, sei lá,
estas crianças hoje não esperam crescer para sumir.
Suzi lembra que o senhor Ramalho sempre a tratava
diferente, mas era estranho saber o que as pessoas pensavam a
respeito dela assim.

623
Saíram dali e foram a
cidade, Pedro viu Suelen ao lado
de um policial e sai para falar com
ela.
Estranhou quando ela lhe
olhou com ódio.
Estranhou e viu dois policias
chegarem lhe apontando a arma e
gritando.
— Encosta na parede.
Pedro demorou para entender o problema, entendendo
quando os policiais o encostaram violentamente no carro.
— Ele veio a uma semana, dizem ter visto ele voltando e
passando lentamente por aqui policial, só pode ter sido ele que
roubou minha pequena Suzi.
Pedro não acreditava no que ela estava falando, pensou que
ela era diferente, acusado de raptar a pequena Suzi.
— Confirma que passou aqui depois?
— Sim, o senhor estava lá policial, a estrada estava
interditada, todos voltaram.
Pedro sabia que não poderia falar a verdade, Suzi ao carro
olhou a senhora, não parecia sua mãe, mas entendeu a
preocupação.
Suzi sai do caro, os olhos de ódio de sua mãe para ela, foi de
doer, e perguntou o que havia acontecido.
— Está com este bandido, deve ser cumplice.
Suzi viu que a mãe a olhar como concorrente, ela quase riu e
ouviu absurdos da boca de sua mãe referente ao senhor.
— Ele se aproximou somente para ter confiança da menina,
deveria ter desconfiado, deve ser um destes ladrões de crianças.

624
Suzi pensou se era raiva dele não ter aparecido, ou o que era,
os documentos de Pedro não ajudavam, pois seriam de um
adolescente, Suzi somente nesta hora de deu conta e entendeu que
se ela teria dez, ele não mais de 14 pela data de nascimento, o
detiveram para averiguação.
Suzi foi ao carro, e Pedro foi a delegacia, o delegado
perguntou os dados do documento, o senhor viu que eram novos,
pergunta dados de mãe, de pai e pergunta sobre a data de
nascimento, se fosse nos dias atuais, ele estaria encrencado, mas
sem sistema unificado, um erro que Pedro disse nem ter verificado,
foi o que falou.
Cela enquanto o delegado olha para o policial.
— Acha que foi ele.
— Lembro dele delegado, estava com a moça no casamento,
e depois ficou lá parado no deslizamento, lembro que ele perguntou
como chegar a cidade pelo outro caminho.
— E a maluca da Suelen não perdeu chance de detonar mais
um, está é maluca.
— A menina sumiu senhor, alguém foi.
— Ou ela, cansou do que falam da mãe e pegou uma carona,
como saber onde, Paranaguá, Curitiba, São Paulo, tem turista de
todo lado por aqui ultimamente.
— Verdade.
— O rapaz nem pareceu temer, ele não estava entendendo,
imagino o que é ser pego de surpresa, ele vinha falar com ela, acho
que se fosse ele teria desviado. – O delegado.

625
Nada tinham contra o rapaz,
mas só liberaram na tarde de
sábado, ele não viera com nada
que pudesse o ligar a menina, Suzi
viu sua mãe pegar a boneca.
— Ele tem a boneca no
carro, e nem isto eles levam em conta.
— Sabe que ele veio lhe ver moça, porque o trata assim.
— Não está com aquele galanteador?
Suzi olha a mãe pegar a boneca e a abraçar.
Pedro sai e olha as duas, embora ele sempre achava que
falava termos estranhos do interior, somente agora ele começava
notar por que o estranharam, por que boyzinho, o som era
ultrapassado, mas anos 2000 e não anos 1990, sua noção das coisas
estavam desfocadas ao futuro, mesmo ele um caipira na cidade
grande parecia um boyzinho para eles.
Fim da tarde de sábado, ele e Suzi se olharam, ela olhou a
mãe ao longe, olhando Pedro, se antes nada os separava, agora
parecia que tudo os separava, até ela, viu a forma que sua mãe lhe
olhou, estranhou tudo.
— Ela me vê como concorrente.
— Sim, ela lhe vê como concorrente.
O termo saiu desiludido da boca de Pedro, ele não parecia
acreditar que estava acontecendo novamente uma versão da
historia que não gostara.
Os dois já não estavam em clima de passeio, mas pela
primeira vez, Suzi olha para a história pela visão do rapaz, chegar lá,
e todos olharem eles como burguesinhos, por um carro usado, mas
que eles olhavam como lançamento.

626
Os dois voltam a Curitiba,
sua mãe conseguira em poucos
atos transformar a admiração de
Pedro em silencio, se ele falava
como se talvez nunca voltasse
para Curitiba se fosse para ver a
mãe dela feliz, na volta não falava
nada, o silencio entrou a semana
enquanto Suzi pensava se o que sua mãe sentia era amor ou apenas
uma saída de uma vida que entendeu apenas depois, quando
começou a crescer e as pessoas lhe jogar na cara;
Pedro dormindo no sofá, ela na cama dele, as vezes não
achava justo isto, mas Pedro parecia olhar Suzi ainda como uma
criança, mesmo que ela tivesse quase sua idade agora.
Pedro pensava se não deveria parar de pensar nisto e ir ao
futuro, mas algo estava lhe ligando aquela cidade, ele não sabia
oque, ela surgiu em uma conversa, e nunca mais saiu de sua mente,
quando entrou na cidade mesmo no passado, parecia já ter ido lá,
quando a vida tentava lhe mostrar que fora um sonho, retornou e
achou Suzi.
Pedro olhava Suzi como se ela escondesse algo, ele às vezes
via que ela queria falar algo e ficava quieta.

627
A semana acabou, desceram
na sexta a noite, mas quando
passaram pelo portal sabiam que
não haviam ido ao passado, mas
Pedro desceu da mesma forma,
Suzi viu o rapaz parar na pousada
que Pedro sabia ser da família de
Rogério, ele nunca esqueceria o
rosto do rapaz, mesmo que com mais 12 anos, estava a pedir dois
quartos de solteiro na recepção quando o senhor o barrou e
perguntou quem era, que conhecera alguém que tinha um carro
igual a aquele;
As pessoas da pousada sabiam quem era a moça, viram
crescer, mas estranho como se pode conhecer alguém desde
pequena, e numa tragédia, a sociedade moderna não acolhe os
necessitados os deixando para traz, os tachando por coisas que se
parassem para ouvir suas palavras veriam que não fora como a boca
falava;
O senhor não obteve respostas de Pedro, ele não devia nada
a aquele senhor, se recolheram e acordaram cedo.
Pedro foi a um material de construção no centro de Morretes
e comprou uma casa de madeira, acertou a construção, pagou,
deixou o endereço, eles sabiam onde era, comprou também uma
roçadeira a gasolina, passaram aquele fim de semana cortando
mato e podando as arvores, reabrindo a estradinha entre o portão e
a casa, Suzi viu que ele não estava falando mais de sua mãe, mas a
historia havia mudado, falando que Suzi sumiu um tempo, e quando
reapareceu ela já havia sumido no mundo, este fim ainda não
agradava a Pedro;

628
Passou também nos escritórios da Copel, e da Sanepar,
empresas de luz e água do Paraná, e acertou os atrasados e pediu
para o rapaz do secos e molhados fazer a ligação para ele, deixando
pago.
Param a frente da Igreja de São Jorge na praça e conversam
sobre o que Suzi vivera ali, ela fala que o colégio a frente estava
cada dia mais vazio, que as pessoas que vinham ali eram quase que
só turistas.
Pedro vê que a moça tinha uma historia triste, ela também
parecia sorrir com dor.

629
Voltaram a Curitiba, por
duas semanas não desceram a
serra, ele havia ultrapassado seus
gastos, não tinha como descer
antes do próximo salário, não
sabendo nem se a casa estava
montada, preso a cidade mesmo a
uma distancia tão próxima de
carro;
O sofá da sala estava tirando o sorriso de Pedro, dor nas
costas não combinava com alguém que tinha de trabalhar de pé
meio dia, ele pensava em arrumar aquilo, mas poderia não precisar,
a duvida de alguém que queria tentar consertar as coisas, mas
parecia que a historia ia se complicando a cada vez que descia.
Mesmo Suzi as vezes sentia que estava atrapalhando, mas
Pedro não reclamava para ela, que tentava por a casa cada vez mais
em dia para justificar sua estada, ela estava precisando ajeitar seus
documentos, para conseguir trabalhar.
O assunto parecia ainda meio confuso, e por duas semanas
eles não tinham como descer, não sobrara nem para a gasolina, se
não fosse as reservas no estoque e o ônibus da empresa que o
pegava a porta da casa, teria tido problemas.

630
28 dias haviam se passado
da primeira vez que ele fora a
Morretes, lua cheia novamente,
Suzi e Pedro, saem com destino
certo no sentido de Morretes,
fazem o mesmo ritual, sabiam já
na ausência do portal que
estavam no passado, param na
parte alta para apreciar a vista, o local estava calmo, a vista dava
para ver as luzes de porto de cima, de Morretes, de Antonina e até
uma Ponta de Paranaguá, uma noite muito clara, estavam a
observar quando a lua cheia surge ao céu.
Pedro olha assustado para Suzi que olha suas mãos, e vê seu
corpo encolher ficando embaraçada em uma imensa camiseta,
segurando a saia que não se manteve no local, sorriu, e olhou a mão
novamente, pequena, algo mágico acabara de acontecer;
— Acha que terei uma segunda chance?
— Agora tenho de lhe deixar em casa.
— Sabe que vou odiar estudar tudo de novo?
— Capricha desta vez, quem sabe, nos vemos mais vezes
assim.
Pedro pega a estrada descendo lentamente, a neblina estava
bem forte.

631
O rapaz para a porta da casa
de Suelen, que o havia acusado de
a ter seqüestrado, talvez fosse a
prova do que havia acontecido
mesmo, Suelen veio a porta e
olhou atravessado para Pedro, que
apenas deu a volta no carro e abre
a porta, Suzi sai do carro e olha
com um jeito maroto para a mãe, enquanto ela andava até sua mãe,
ele entra no carro, dá ré e some na estradinha no sentido de Porto
de Cima;
Para na mesma pousada, pede um quarto, Rogério olhava ele
estranhando a familiaridade, se acomoda e depois foi dar uma
caminhada até o rio, sentou-se em uma pedra ao lado da ponte, não
estava feliz, mas estava onde tinha de estar.
Fica a olhar o rio e chora suas lembranças;
Ouve uma menina chamar seu nome, limpando as lagrimas
olha para a menina.
— Não sei ainda o que será desta historia.
— Nem eu Pedro, pela primeira vez vi um rapaz capaz de não
dar encima de uma louquinha como eu, acho que sua missão era me
trazer a um futuro melhor.
— Ainda me parece um futuro que não me faz feliz.
— Sei disto, mas pelo menos, posso tentar fazer minha mãe
mais feliz.
— Ela merece sorrir, a primeira vez que a vi, ela tentava
sorrir, mas o sorriso parecia doido.
— Tem algo que não sei se devo falar Pedro.
— Oque?
— Não sei se posso, mas sei que você ainda vai vir outras
vezes, e queria pedir para não desistir de nós.

632
— Não desistir.
— Não pare de tentar nos entender, você me trouxe para
casa, mas acredito que ainda não descobriu o que nos prende nesta
historia, e gostaria de saber.
— Vai ficar bem?
— Vou pegar menos no pé do Rogério.
— Tenta fazer sua mãe feliz, ainda me parece doida os
sorrisos dela.
Pedro vê a menina voltar para sua casa e fica a olhar o rio.

633
Quando Pedro volta a
Curitiba, ele senta-se em um bar,
sua historia estava triste, ele não
sabia o que fazer, ele desejara um
fim, mas tivera outro, sabia que
algo estava lhe ligando aquela
cidade, mas não sabia como se
portar, ele descera a serra varias vezes, cada uma das vezes, foi
diferente.
Nada do que ele vivera parecia definitivo, pensa uma semana
inteira em não descer, mas porque não descer.
Por uma semana ele sentiu-se atraído e afastado do litoral,
ele parecia temeroso em descer, e voltar a estragar tudo.

634
Quando ele estava
descendo a serra, sexta a noite, o
carro quase que foi sozinho,
passou pelo bar que comprara a
primeira vez uma cerveja e
descera, ele estava com um
desvio como se tivessem o
fechado, estranha, quando ele
chega a entrada da graciosa, viu
os cones grandes no meio da rua,
a frente da policia rodoviária estadual, olha pelo retrovisor e o
portal foi sumindo, ele olha naquela reta as coisas mudarem, ele vai
encostando o carro assustado, vendo seus braços encurtarem, mal
conseguiu frear o carro, e olha para suas mãos, ele se olha ao
espelho assustado.
Abre a porta do carro e olha para a estrada, olha para o carro
sumir a beira da estrada.
Pedro olha em volta assustado, ele agora não tinha carro, não
tinha nada e estava em uma reta do inicio da estrada.
Ele olha para sua roupa solta, aperta o cinto até o ultimo
buraco e ficou frouxo, ele solta a camiseta e dobra a barra da calça,
o tênis ficou folgado no pé.
Ele olha para a carteira, ainda ali, ele pensa em voltar, mas
olha para a estrada no sentido que viera e pensa se era uma boa
ideia, não parecia uma boa ideia.
Começa a caminhar pela estrada, deveria ser perto das 10 da
noite, quando ele senta-se a beira da estrada, seus pensamentos
estavam perdidos, e viu aquela menina vir ajudando o senhor a
chegar em casa, ele estava alcoolizado, ele a viu olhar para ele do
outro lado da estrada, caminham até uma casa um pouco a frente.
Os olhos dele foram para a casa, uma casa simples, mas
parecia confortável.
Ela lhe olhou aos olhos e ele sorriu.

635
“Sueli” – Veio a sua mente e ela sorriu.
Pedro pensa com sigo, deveria ter uns 14 anos, a menina a
mesma idade, estranhou pois novamente ele voltara a historia,
tinha algo a mudar ainda?
As vezes Pedro achava que estava numa missão, e não sabia
se era real ou não.
Começa a caminhar e para mais a frente na cobertura de uma
construção que tinha passado antes, mas agora falava em policia
ambiental, não tinha ninguém naquele momento, sentou-se na
cobertura, estava com frio, e a garoa gelada estava lhe molhando,
parou e se encolheu.
Estava ali parado quando viu aquele senhor chegar a ele e
falar.
— Fugiu de casa?
Pedro olha desconfiado, não sabia o que falar.
— As vezes a verdade é difícil.
— Está molhado, se quer um lugar para dormir, amanha cedo
você se manda, mas pelo menos não vejo você morrer a 200 metros
da minha casa.
Olhei para o senhor, era o que a moça ajudou a chegar em
casa, não sabia se era uma boa ideia e ouve.
— E se olhar para minha filha, lhe capo.
Pedro olha para o senhor e fala.
— Então melhor ficar aqui.
O senhor olha para Pedro e fala.
— Vamos de uma vez.
Pedro caminha no sentido que o senhor indicou, chegam a
casa e a senhora fala.
— Toma algo quente, amanha devolvemos você a sua casa,
não é uma boa noite para fugir de casa.
A menina sorriu e aquele cozido quente, pareceu me
esquentar, eu agradeci, me deram um lugar no sofá e lembrei que
dormir no sofá estava se tornando minha especialidade.

636
Amanheceu e Pedro
agradeceu, desceu a serra, ele não
sabia o que estava fazendo, mas
caminhou pela estrada, bem
conservada, ele conheceu cada
curva, cada comercio, e viu
quando chegando a cidade, pernas
doidas, a cidade estava mais
bonita, mas muito do que era
turístico ainda não estava ali.
Viu que os sistemas de proteção e quiosques, eram coisa
nova, e sentou-se a praça, como ele se viraria para sobreviver ali.
Pedro reparou que o dinheiro que tinha a carteira não servia,
era outro, lembrou das aulas de historia, que tinha uma época de
inflação complicada, que as pessoas corriam para comprar as coisas,
então começa a voltar, em uma goiabeira a beira da estrada, enche
a barriga, prevendo que teria uma desinteira mais a frente.
Em porto de cima, para a beira de uma capela e olha para um
casamento simples mas bonito, via um menino de sua idade e este
lhe olha atravessado.
Rogério, todos estava ali a tento tempo, que poderia voltar
no tempo e as peças seriam as mesmas.
Atravessa a ponte e olha para o caminho, talvez cansado,
sentou-se a olhar a estrada.
Caminha pela estrada lateral do rio e para mais a frente, onde
fora ao casamento, olha que era algo bem rustico, olha para o rio, e
olha aquela imensa estrutura vir do rio, não cabia no rio em si, mas
viu aqueles seres com jeito de siris, lembra de Suzi falando deles,
lembra que ela se assustou, viu que um olha para ele e chega ao seu
lado, lembra de cair para trás, como se ele lhe tivesse com aqueles
olhos destacados, indo e vindo, lhe feito dormir.
Pedro acorda com alguém lhe jogando agua nos olhos e ouve.
— Ele está bem mãe.
637
— De onde fugiu menino, parece estar no nosso caminho
sempre. – A senhora da noite anterior.
— Sonhei com uns siris gigantes, acho que me assustei.
A senhora olha para Sueli e fala.
— Ele viu, disse que ele tinha visto.
— Vi o que? – Pedro pergunta sem sentir.
— Os Otatos, os seres que dominam a magia local, meu pai
falava deles, poucos os veem, mas ele é um condenado.
— Condenado? – Pedro.
— Poucos veem os Otatos, os que os veem, uma hora eles
atravessam suas vidas com maluquices, mas na maioria, esquece,
não sei de onde veio, mas pode ter certeza, este rio, está na sua
vida, pode tentar escapar daqui, mas sempre voltará a este exato
ponto, pois foi aqui que os viu.
Pedro olha para a senhora e pergunta.
— Está dizendo que se alguém ver eles neste rio, estará preso
a este momento, voltando e indo, independente que quando o viu?
— Sim, dizem ser uma maldição dos antigos Otatos, mas
nunca os vi, e espero, nunca os ver.
Sueli se afastou com a mãe e Pedro a viu sumir na curva da
estrada, olha para o rio, senta-se e talvez este fosse um dos pontos
que deveria voltar, mas tinha algo a mais.
Ele caminha a beira do rio, ele queria respostas, e não tinha
nada ainda.
Ele olha aquele ser e pergunta alto.
— Fala minha língua Otato?
O ser estranha, pois os humanos uma vez que o viam, eles os
faziam esquecer, mas ele estava novamente ali.
— Não deveria ter esquecido de nós?
— Sei que algo vai acontecer, estou em um loop, não sei se
sabe o que é um loop, de tempo, eu já vim a este rio, em mais de 5
tempos diferentes, somente agora os vi, pois somente agora sou
criança nesta historia, mas a pergunta, como posso ajudar.
— Humanos não ajudam, só atrapalham.
638
— E porque estão coletando tão próximos a cidade?
— Coletávamos mais para a serra, Anhangava, mas dizem que
uma grande força ganha força lá.
— Grande força?
— Magog, o nosso líder diz que ele vai despertar, pode ser
hoje, pode ser em 20 anos, mas ele está juntando almas na
montanha amaldiçoada.
— Obrigado pela explicação.
— Disse que somente agora está nesta idade, que já veio em
outras horas e somente agora, a maldição foi estabelecida?
— Digamos que a primeira vez, tinha 26 anos, devo ter 14
agora.
— E veio em varias épocas?
— Sim, vim em varias épocas.
— E nada aconteceu ainda, então você deve ser o emissário,
o que determina quando vai acontecer no futuro.
— Ainda não aconteceu, e o mais a frente que fui, foi a 22
anos daqui, pois é nesta curva temporal em 22 anos, que tenho 26.
— Isto acalmará meu líder Oto.
— Deixa eu ir. – Pedro dando as costas e se afastando, um
Otato chega ao soldado e pergunta.
— O que o menino fazia nos olhando novamente?
— Ele veio se inteirar, pois ele disse que está num loop de
tempo, sabemos que é a consequência, mas ele sabe do loop, não
enlouqueceu, e fala que ele vem de algo longe no tempo, 22 anos a
frente.
— Acha que ele é um marcador? – O segundo ser na forma de
um grande siri.
— Não sei, mas relatarei.
— Estes humanos são nojentos, eles destroem tudo.
O ser olha com nojo para Pedro se afastando.
Pedro volta a subir a estrada, e começa a olhar para o
caminho, olha para a estrada, seria uma subida difícil, o vento vindo

639
do mar, esquentou e fez abrir o tempo, estava cansado se esticou
em uma mesa em Mae Catira a noite de Sábado.

640
Pedro acorda assustado e
cai da mesa, vendo gente chegar
fazendo barulho, olha para os
turistas, vestes da década de
setenta, coloridas e largas, sorri,
estava ainda no passado, o corpo
estava cansado, e olha a estrada,
começa a subir, goiabas
vermelhas, Pedro nunca
esqueceria delas.
Sorri dos próprios pensamentos, pois lembrança de infância,
estava mudando o sentido, e se não voltasse a ser adulto, como
faria?
Estava subindo a serra e olha a casa que fora de Sueli e olha
para ela sumir, ele sente o ar e olha para a calça ficando apertada,
olha para a barra da calça, a abaixa, e caminha no sentido da
estrada, acha seu carro ali, a policia estava a olhar ele e Pedro fala.
— Desculpa, deixei ai.
— É seu?
O policial verifica o documento e fala.
— Achamos que era roubado, mas foi onde?
— As vezes temos de emprestar um banheiro, pois goiaba dá
uma dor de barriga.
O senhor sorriu, pelo menos isto, Pedro entra no carro, dá
meia volta e volta a Curitiba.
Uma semana de perguntas sobre coisas que não se tinha
registro, pois os Otatos, são lenda de índios extintos no Paraná,
digamos que nós tínhamos uma etnia bem ao litoral, uma na serra e
ou terceiro nos campos gerais, e a mesma de bem ao litoral, tinha
vertentes já na fronteira do Paraguai e Argentina, mas a extinta, era
a da Serra, foram os que enfrentaram a dominação, as demais
mescladas e caçadas.

641
Magog era uma lenda de longe, o que teria uma lenda do
outro lado do planeta com aquela região, então Pedro não avançou
no que queria, mas descobriu que os portadores da Lenda de
Otatos, foram extintos, e mesmo que não o tivessem sido, eles não
tinham transcrições escritas da língua, apenas verbais.
Estava pensando em descer a serra quando foi previsto um
furação no litoral Catarinense, nada normal, e embora ninguém
falasse, se vê imagens ruins em um dia chuvoso, se seres na forma
de Lobos translúcidos enfrentando caveiras ambulantes, lembra de
ouvir o termo Gog, o termo Laikans e Frock, as imagens assim como
surgiram, sumiram, os jornais não narraram.
Ele olha para a fim de semana perdido, algo havia acontecido,
algo o proibira de descer a serra, então bem menos pregado entra
em uma segunda feira, lembra de Paulo sorrir, pois ele estava sem
olheiras naquela semana.
Pedro sentia falta daquilo, estranha, ele não descera um fim
de semana, e parecia que fazia uma eternidade.
A semana se arrastou, parecia que poucos prestaram atenção
aos eventos em Piraquara e região, como se não fosse parte da
grande cidade.

642
Pedro estava na quinta
feira, saindo do trabalho, quando
olha aquele rapaz em seu carro a
frente da fabrica, ele falava com
Paulo que lhe aponta.
Pedro nunca esqueceria
aquele rosto, todo cheio de
cicatrizes, ele o olha e fala.
— Podemos falar rapaz?
— Lhe conheço de algum lugar?
— Jorge, da Tribuna do Paraná.
O rapaz era uma lenda, daquelas que poucos entendiam na
cidade, Pedro o estica a mão e pergunta.
— No que posso ajudar uma lenda?
— Lenda? – O rapaz sorriu – Sou bem real para uma lenda.
— Desculpa, mas falar de você e o ver esticando a mão, e
cumprimento, é bem diferente.
Paulo ao lado entendeu quem era o rapaz.
— Sou Pedro, no que posso ajudar?
— Toma uma cerveja?
— Sim.
Paulo acompanhou, estava estranhando aquele ser.
A uma imensa quadrada fabrica, bem no trevo interno que
levava a cidade, sentaram em uma lanchonete.
— Não sei se entende o problema que está rapaz?
— Problema?
— Soube que andou perguntando de Magog, toda vez que
alguém excita este nome, este ser se manifesta com força, mas não
entendi o que o liga a isto?
Pedro para na frase e olha em volta.
— Não entendi, perguntei a poucos.

643
— Sim, mas os ouvidos deste ser mitológico é poderoso, e
soube depois dos enfrentamentos, que mesmo quem achava que
fugiria, sabia que seria neste ano que aconteceria, e fala em um
rapaz, de nome Pedro, que anunciou que o evento teria uns 22 anos
após, eles entraram no outro lado da guerra, mas eles estarem ali
para guerrear, foi estabelecido.
— Está falando dos Otatos? – Pedro.
— Sim – Jorge sorriu, pois o rapaz realmente era quem ele
estava procurando, até aquele momento, duvidava.
— Não entendo o problema mesmo, mas estava em Morretes
há duas semanas, e quando vi pela primeira vez um ser destes,
entendi que estaria num loop de idas e vindas, mas este loop
somente agora foi narrado por ele, deveria ter algo anterior a isto e
não sei oque ainda.
— Por quê?
— Distorção temporal, apenas para mim e uma criança do
outro lado, já cheguei no mesmo ponto, sei que parece maluquice –
Pedro olha para Paulo – isto não falo lá dentro Paulo.
— Não estou entendendo nada mesmo.
— Como falava rapaz, eu cheguei no mesmo ponto, duas
vezes nos anos noventa, uma vez nos anos 80, mas na cidade, aqui,
sempre na mesma data.
Jorge olha em volta e vê aquela moça chegando, Dalma
estava próxima, eles se entendiam como poucos, mas parecia que
algo estava errado ainda.
— Um passageiro do tempo Jorge. – Dalma, uma moça que
deveria ter a idade de Jorge, e tinha uma imensa cicatriz no
pescoço.
— E o que é um passageiro do tempo?
— Uma praga dos Otatos, eles não querem ser transformados
em lendas, e nem caçados, então seus soldados amaldiçoam quem
os veem, e na maioria das vezes, isto os leva a loucura.
— Estão falando em quebra temporal? – Paulo – Isto é
impossível.

644
Pedro sorriu, não teria como discordar e nem sabia quem era
a moça, mas sentiu que Jorge e a moça se conheciam por olhares, e
Dalma falou.
— As peças sempre entram no tabuleiro na hora do jogo, isto
estabelece que a guerra de ontem, teria sido pior se os Otatos,
mesmo não nos falando, não tivessem a certeza que seria agora a
guerra, entraram do outro lado, mas com o medo de algo a muito
narrado, explica a tentativa de fuga inicial.
— E acha que Magog volta?
— Sabe que sim, enquanto não entendermos a ideia total, ele
tem chance de vencer, ele não coletou quantidades vivas de alma
suficiente, um exercito de mortos, não é um exercito que lhe de
forças, e sim absorve suas energias. – Dalma.
— E como perguntei primeiro, como ajudo?
— Fica atento, o desviar ao sul o problema, pode ser
complicado. – Dalma.
— Acho que o problema não desviou ao sul e sim desceu a
serra. – Pedro.
— Onde acha que será o próximo problema?
— Morretes, entre a cidade e a serra da Graciosa. – Pedro.
— Terra dos Otatos e dos Saci, ainda forte em seres nativos
de força incrível, se for isto, Magog quer ganhar força de alguma
forma para retornar. – Dalma.
— Não entendi. – Jorge.
— Campos de magia dos Saci, cidades internas dos Otatos, e
dizem existir na serra da Graciosa, a entrada para a cidade das
arvores abaixo da serra dos Órgãos. – Dalma.
Pedro apenas ouvia e sabia que algo aconteceria, e pensa em
como poderia proteger Sueli e Suzi.
Pedro olha a moça e pergunta.
— Acho que não entendo nada disto, sei que quero ajudar
duas pessoas, que estão em Morretes, mas como ajudar, eu não sei
nada destas coisas, eu sou apenas um funcionário de uma linha de
produção de automóvel?

645
— Acho que não entendeu rapaz, eu, era apenas uma menina
de um orfanato, até o dia que cruzei com a verdade, Jorge, um
estudante de jornalismo, ninguém aqui sabia de nada, antes de
entrar na historia, sei que poucos veem as coisas acontecerem,
poucos viram as guerras, mas não quer dizer que não aconteceram,
se um dia duvidei, hoje não tenho como duvidar, mas toda força,
está dentro de cada um, apenas temos de saber onde, cada um de
nós se encaixa na historia.
— Acha que posso fazer parte de um plano deste ser que
falaram? – Pedro.
— Acho que você ter anunciado aos Otatos, não parece ser
algo ao acaso, mas é que vidas entrelaçadas, pelo tempo, leva
geralmente os dois lados a loucura ou a morte.
— Não entendi.
— As vezes, no meio de tantos enfrentamentos, não vemos
exatamente onde está os inimigos ou apoios, mas toda a
antecipação, é sinal de premeditação.
— E como posso estar entrelaçado em algo, que só aconteceu
agora, baseado em algo na adolescência, eu uma adolescência que
nunca vivi. – Pedro.
— O problema rapaz, é que não tenho como saber se você no
passado, na adolescência, viu um Otato, você não lembraria dele,
pois a confusão é para se esquecer o ser, mas se aconteceu no
passado e voltou a acontecer com você voltando no tempo, pode
ter sido antecipado em um local, para ser avisado em outro.
— Maluquice isto. – Pedro.
— Sei que alguns não reagem bem a estas coisas.
Pedro pede uma cerveja e toma um gole e fala.
— Mas os dois tem algo que pode ajudar numa guerra,
aqueles seres são imensos.
Dalma olha para Pedro que recua a cadeira vendo o rosto
dela ir para uma caveira e a imensa mão de garras na mesa.
Paulo que achava que estavam falando maluquices
impossíveis, entende que a moça era algo que estivera nas redes
sociais, mas que alguém já o tirara de lá.
646
— E o que é você?
— Se ouviu sobre Magog, ouviu sobre a Bruxa de Piraquara,
eu, o ser que alguns acham ser Frock, o ser que deveria batalhar ao
lado de Gog, mas eu, acho que não sei o que sou.
A moça volta a sua forma normal e Pedro pergunta.
— E como soube de seu poder?
— Eu não lembrava, eu precisei de ajuda para lembrar das
coisas e ter controle sobre as coisas.
— Não lembrava?
— Acordava longe, e alguém falava em seres mortos por
garras, mas não lembrava do acontecido.
— E agora sente isto?
— Sim, mas você é um caso que nunca me deparei, mas com
certeza, o tempo é algo que não é quebrado por regras normais,
então se alguém pode estar aqui hoje, e a vinte anos no passado em
outro, pode ser uma arma, mesmo contra nós. – Dalma.
— Contra?
— Quando acha que passou pelo tempo, indo ao passado?
Pedro tenta lembrar e fala.
— Estava no contorno sul indo para a estrada da graciosa,
lembro da lua vermelha no céu na altura de Quatro Barras, quando
uma hora o contorno estava lá, no outro, tive de fazer por dentro da
cidade para chegar a BR116.
— Divisa de Piraquara com Quatro barras. – Fala Jorge
olhando para Dalma.
— O que tem aquele lugar.
— Todo o mal, está preso no morro Anhangava, foi naqueles
campos, que quando eu era uma criança, fui atacada. – Dalma.
— Atacada?
— Uma pré coleta, para que o ser dentro da montanha
tivesse força e premeditasse outros ataques.
— Acha que eu poderia ser o alvo? – Pedro pensando.
— Sim, pensa, se você enlouquecesse, seria mais fácil o atrair
a eles e o usar para uma chance a mais, no passado.
647
— Acha que é algo que pode ainda vir a acontecer?
— Sim, sabemos que existe um grande risco nesta cidade, e
nem todos ouvem ou sabem. – Jorge.
— Grande risco? – Dalma.
— Pensa em Magog, conseguir o poder de um bruxo forte
como o Peter Wasser, ou o controle sobre o Fim de Expediente,
qualquer dos dois seria terrível, mas imagina isto, podendo ir ao
passado, e nos derrotando, tendo ai a força dos Laikans a seu lado.
Pedro olha para Jorge, não entendeu nada, mas Dalma olha
para ele e fala.
— Se preparando para o pior? – Dalma.
— Sim, se estivermos atento ao pior, podemos evitar e
vencer. – Jorge.
— Me perdi na historia. – Pedro.
— Tem de ter calma, está entrando na historia agora, mas
saiba, qualquer peça que sair da linha, pode ter certeza, eu derrubo
com minhas garras, então se quer o bem de alguém abaixo na serra,
não fique no nosso caminho, ou contra nós. – Dalma.
Pedro sorriu, Jorge entendeu que Dalma estava com medo,
pois ela ameaçara, e pior, o rapaz a frente entendeu que era medo,
e fala.
— Tem de entender Pedro, seria perder o litoral e a cidade a
volta, toda, para algo tão mortal, que transformou um império que
existira sobre o Saara, onda havia o maior lago de agua doce do
mundo, em apenas lenda, pois não sobrou nada de 22 mil anos
atrás.
— E este é o perigo que resolveu despertar aqui ao lado? –
Pedro.
— Sim, enfrentar este problema, gera as lendas locais, mas
temos de ter calma nesta hora, todos os que entraram neste
caminho, geralmente escolhem um caminho, agora, de algum jeito,
eles colocaram você nisto, mas somente você pode descobrir sua
função nesta historia.
Pedro olha os dois se olharem e pouco depois se despedem e
saem, Pedro olha para a cerveja, olha para Paulo e fala.
648
— Malucos, acham que vou acreditar nestas coisas.
Paulo sorriu e falou.
— Quase me convenceu que estava convencido.
— Paulo, acha que existe estas coisas de voltar no tempo,
eles estão delirando, pior, sei que a moça enfrentou algo, mas
quebrar o tempo com uma maldição, olha que esta maldição é mais
interessante que... – Pedro se cala, olha em volta, levanta a mão e
pede a conta – Vê a conta garçom.
— Nem bebeu ela.
— Quinta, não é dia de beber Paulo.
Os dois sorriram e Pedro sai dali.
Ele chega em casa e pega um caderno antigo e começa a
rabiscar e fala sozinho.
— Vou enlouquecer ou oque?
Pedro deixa o lápis cair, olha para ele e o olha para o chão,
olha para o caderno e pensa no lápis subindo para sua mão, e olha o
mesmo voltar no tempo, olha para o lugar e fala.
— Dentro de mim, uma arma, mas talvez eles não tenham
entendido o problema. – Pedro olhando o lápis e jogando o lápis,
ele olha fixo nele e estala o dedo, o mesmo para antes de chegar a
parede e olha para o lugar, levanta-se e pega o lápis e volta a por na
mesa, estala o dedo novamente e vai a um banho.
Pedro volta a sala, pega o computador e pesquisa todas as
vezes que Magog se manifestou na serra, as grandes mortes de 10
anos antes, os primeiros julgamentos de Jorge, se duvidar o passado
e o presente estão ligados ali naquele ponto.
Ele deita e dormiu um pouco quando já quase amanhecia.

649
Pedro foi ao trabalho na
Sexta, o dia começa a abrir com
sol e olha para Paulo lhe olhando
estranho.
— Problemas Paulo?
— Um senhor veio a mesa
depois que saiu e perguntou se
você era Pedro, ele é bem
estranho.
— Senhor?
— Joaquim Moreira.
— Esta historia está perdendo o contesto e vai piorar.
— Vai?
— Sim, pois se fala de Joaquim Moreira, fala de gente
atirando por ai Paulo.
— Verdade, mas acha que eles desencanam?
— O que ele falou?
— Que estava de olho, e que precisava que lhe relatasse
coisas estranhas acontecendo aqui.
— Isto é uma linha de produção, coisas estranhas acontecem
todos os dias. – Sorri Pedro.
Paulo olha serio e fala.
— Estou falando serio.
— Paulo, as minhas desconfianças não servem para nada,
neste mundo deles, não sei o que eles pretendem, mas pretendo
manter-me na produção e com a mente sã.
— Só falaram maluquices ontem à noite.
— Eu não sei o que eles acham que sou, mas pode ter
certeza, eles acham que as coisas acontecem quando eles querem,
e como alguém na produção, sei que qualquer coisa que saia ao fim
da produção, depende de cada um dos funcionários na linha de
produção, quando o cartel está completo e com os melhores, sai o
650
melhor, quando está com Pedro na produção, o normal, mas tem
aqueles que apenas produzem, mas todos eles, saíram da mesma
linha de produção, o cliente entra na concessionaria um e pega o
carro feito pela produção dos melhores e sai falando maravilhas,
outro entra e compra o mesmo produto, feito pela terceira linha de
funcionários, e fica com tanta raiva que coloca fogo no carro.
— Acha que eles não sabem o que estão fazendo?
— Como alguém como aquela moça, pode ter medo de mim
Paulo, e aquela ameaça, foi demonstração de medo.
— Certo, eles sabem de algo que não falaram, e acham que
você é a peça que falta.
— Acredito que assim que eles acharem a peça, eles somem.
Pedro foi a sua posição e trabalhou pensando em o que faria
no fim do dia, ele saiu sem falar com Paulo, pegou o carro, passou
em um shopping no centro de São Jose dos Pinhais, comprou umas
roupas jovens, um calçado mais confortável, os calos no inicio da
semana por um tênis maior que o pé, doeram por dois dias.
Coloca tudo numa mochila, enche o tanque e sai para a
estrada, ele avança e para a beira da estrada, na altura que viu o
contorno mudar e se deteriorar, e olha que era bem num ponto que
tinha uma ponte sobre um rio, se via os campos a direita da estrada,
olha para a Lua surgir ao céu, olha para a montanha ao fundo,
sentiu uma vontade de ir lá, mas apenas entrou no carro e seguiu
até a entrada da estrada.
Ele para no bar a beira da estrada e olha para o atendente, o
local não estava no fim de semana ali, ele o cumprimenta e fala.
— Novo por aqui?
— Sempre fico na duvida do que acontece neste bar, sei que
algo está ligado a minha historia, mas não entendo.
— Nunca o vi por aqui. – O rapaz.
Pedro olha para a porta, o senhor do primeiro dia que
comprou uma cerveja e este olha para ele.
— Vai a que parte da historia hoje rapaz?
— Sabia de cara, como?

651
— Dizem que quem tem problemas com o Tempo, tem cheiro
de fogo, você cheira a isto.
— E quem é o senhor?
— Alguém que observa ao longe, tenta não entrar na guerra
antes dela ser decretada.
— Definição que para mim, não fala muito.
— Digamos, quando se fala em lobos locais, nos chamam de
descendentes dos Guarás, mas se tem problemas com o tempo,
deve ser descendente dos Yawara.
— Não entendi.
— Tem gente, que abre os caminhos, estes são os
descendentes dos gatos grandes, Yawara, os descendentes dos
Cães, os Guarás, mas no meio disto, muitos incultos querem
enfrentar o que não entendem.
— E como sabe disto?
— Moço, quando você entrou a primeira vez, estávamos em
1992, quando o vi com a mesma cara em 2004, e depois em 1982,
sabia que era um ser do tempo, mas os seres do tempo, quando
veem os Otatos, ficou no seu cheiro, não esquecem dos seres.
— Está dizendo que alguém despertou isto?
— Sim, que algo despertou isto em você, e parece querer
entender, mas se lembra de mim, eu tenho a mesma aparência em
todas as vezes que você entrou pela porta.
Pedro olha o ser e pergunta.
— Não envelhece?
— Envelhecer é para os seres descendentes dos Macacos, vi
que veio com uma filha, ela cheirava como você, a fogo.
— Filha, na... – Pedro para na frase, olha para o senhor e fala.
— Pelo jeito falei demais, mas ela tem seu cheiro, e como sua
descendente, vê os Otatos, e não esquece deles, todos os demais,
esquecem, eu se um dia os vi, esqueci.
— Certo, mas o que são estes Yawara.

652
— Quando achar ele dentro de ti, saberá quem são, estes não
são tão fáceis de se mostrar, mas o cheiro de fogo e de gato
molhado, sempre o acompanhara rapaz.
Pedro pega um cerveja e fala.
— E como pode saber tudo isto senhor?
— Porque estou aqui neste ponto, de antes de você ter
nascido, e se não achar o Yawara dentro de você, não será pó
quando eu me for.
— E os Yawara, podem ter filhos com os humanos?
— Nunca, somente entre eles.
Pedro olha para a porta e fala.
— Lá vou eu para a aventura sem saber o ponto de entrada.
— Mas desconfia?
— Estou começando a sentir isto.
O senhor olha para Pedro sair e olha para o filho, que se fazia
de atendente a frente.
— O que é este ser pai?
— Ele é a arma que os dois lados querem na batalha, mas ele
parece ter a cabeça certa para este momento.
— Arma?
— O problema de cidades pequenas ou médias, é que os
humanos não conseguem interferir o suficiente para deter o mal
natural da terra.
—Mal natural?
— A morte.
— E ele vai enfrentar a morte?
— Ele já enfrentou e ao mesmo tempo, não.
O rapaz viu outros entrarem e foi atender enquanto o senhor
olhava o carro do rapaz se afastar.
Pedro chega a entrada da Graciosa, olha para o portal, olha
em volta e pensa no que estava acontecendo, não entendia de
quase nada ali, mas era hora de começar a aprender.

653
Todos olham os carro parando, um grupo de rapazes
estranhos, parecia que estava atrapalhando, sorri, pega a mochila as
costas e olha para os rapazes, Pedro abaixa-se e pega uma pedra ao
chão, olha para os demais lhe olhando, e ouve.
— Some rapaz, aqui é para especiais.
Pedro sorri e joga a pedra para cima, se concentra nela e olha
para a pedra descendo, as coisas recuando no tempo, aceleradas,
olha em volta e olha para os carros sumindo, seu corpo em
colhendo, olha as mãos, em volta e um banheiro ao fundo, pega a
mochila e troca de roupa, após olhar em volta, ver aquela neblina
vindo da parte baixa para alta, começa a descer a estrada.
Descendo pela esquerda pois os que subissem o veriam, e ele
veria eles vindo.
Ele chega em uma cobertura mais abaixo e senta-se, o tempo
estava estranho, ele sentia os primeiros pingos, pega uma capa,
olhava em volta e vê aquelas luzes piscando, pensou em vaga
lumes, olha mais atentamente e olha para um em si vir na sua
direção, Pedro lembrou que os seres normalmente não viam eles,
então eles deveriam chegar bem próximo.
Pedro senta-se e um assoviou para outro, ainda não era bem
visível como eles eram.
Um linguajar estranho e assoprado, Pedro não entendia, mas
quando olha para o rio ao fundo, e olha aquela imensa criatura sair
por um local que não parecia ter nada, apenas uma rocha, Pedro
olha o Otato e os pequenos sacis vendo isto, mesmo que
instintivamente, se põem atrás de Pedro.
O otato olhando o humano olhando para ele, se aproxima,
mas Pedro ficou a olhar para onde ele saíra, não queria mostrar que
os via e olha o ser olhar os pequenos sacis e falar.
— Pensei que ele nos olhava.
— Ele vê algo, mas oque não sabemos.
Pedro entendera a velocidade da conversa e fala.
— Porque me mandaram esperar aqui, porque parece que cai
em uma brincadeira de mal gosto.
O otato olha para onde Pedro olhava e fala.
654
— Ele espera alguém, mas o que ele olha ali?
Pedro olhava a noite avançar, um adolescente em todo e olha
para aquela menina subindo ao lado de um outro rapaz, ela olha
para Pedro e fala.
— O perdido voltou?
— Não quero atrapalhar Sueli.
— Conhece Rogerio?
Pedro sorri e fala.
— O filho dos donos da pousada em porto de cima?
— Me conhece?
— Ainda não, Pedro.
— Conhece Sueli de onde?
— Eu fugi de casa e o pai dela não me quis ver congelando na
porta da casa dele.
— Algo assim vindo do senhor Rodolfo, ele gostou de você.
— Gatos gostam de gatos, cães de cães, humanos que se
batem nestas coisas. – Pedro fala observando que Sueli evitava
olhar para o Otato ao fundo, mas o via.
— Não entendi. – Rogerio.
— Rogerio, tudo que falar, pode desconsiderar, eu sou um ser
como a mãe dala falou, amaldiçoado pelo tempo.
O Otato olha para Pedro.
— Porque seria um amaldiçoado, e o que lhe amaldiçoaria.
Pedro via que Rogerio não parecia preocupado com os pontos
luminosos quase em seus olhos dos Sacis, e muito menos com os
mais de 10 otatos que estavam subindo a rua.
— O que vê em volta Rogerio? – Pedro.
— Uma rua escura, que é perigosa para pessoas
desacompanhadas.
Pedro olha para Sueli e pergunta.
— Porque tantos Otatos a volta Sueli?
— Do que estão falando.

655
Pedro toca no ombro do rapaz e o inverte e como ele estava
tocando no rapaz, o mesmo dá um passo atrás, e os otatos olham
para eles.
— O que é isto?
— Os seguranças do rei Oto, não sei o que eles procuram,
mas é obvio que o subir olhando o chão, é coisa de gente que
procura algo.
Os sacis olham Pedro que fala.
— Não estão entendendo a dia Sacis, para sair rápido?
O pequeno ser olha para Pedro, iria indagar algo, mas começa
a sair de costas e somem nas arvores.
Sueli olha Pedro e fala.
— Você sabia que víamos?
— Yawaras não são algo que entenda ainda Sueli, apenas
estava perdido naquele dia.
— Hoje parece pronto para um baile. – Sueli vendo Pedro
com roupas novas.
Pedro sorri e fala olhando para Rogerio tirando a mão de seus
ombros.
— Tem coisa, que se vê, mas não se fala, nos torna malucos
Rogerio.
Ele olha em volta e pergunta.
— Onde eles foram?
Os otatos pararam, e ouvem.
— Este truque é fácil, difícil é encarar sozinho a descida.
Rogerio sorriu e fala.
— Não entendi a montagem, mas me pegou direitinho.
Sueli sorriu e falou.
— Vamos Rogerio, você acredita em tudo mesmo.
Os dois voltam a subir a rua e um otato para a sua frente e
pergunta.
— Como saber se não está nos vendo?

656
— Perguntando se os vejo. – Pedro olhando o ser bem
próximo.
— E não tem medo de ficar aqui sem memoria?
— Me alertaram que as vezes, é um custo a encarar.
O grupo foi chegando e o ao fundo fala.
— Foi ele general.
O otato a frente de Pedro olha ele e fala.
— Você que falou para um segurança que teremos um
problema em 22 anos.
— Sim.
— Nosso rei mandou lhe achar e perguntar, qual o perigo?
Pedro sente o caminho e fala.
— Naquele sentido existe uma força se levantando, no
Anhangava.
— Força?
— Algo que uns seres estranhos em Curitiba chamam de
Magog.
O ser deu um passo atrás e pergunta.
— E sabe o resultado deste enfrentamento.
— Não, mas sinto que referente ao primeiro enfrentamento,
apenas aviso, o segundo, ai com certeza vou estar em campo, e será
seu líder que vai escolher se estaremos nos campos contrários.
— Acha que temos medo de humanos?
— Lógico, eles destroem tudo, mas o que eu tenho haver com
você ter medo de humanos.
— Você é... – o ser cheira o ar e dá um passo atrás, não sabia
o que estava acontecendo, mas sentia aquele cheiro de gatos
chegando ao fundo.
— Não sei ainda o que sou, mas pode ter certeza, estarei na
segunda batalha, mas como não sei em que lado estarei, pode ser
que voltemos a nos ver.
Os otatos começam a andar de costas, nada anormal a um
siri, mas Pedro sente aquele cheiro forte de onça, tenta manter a
calma, mas seu coração estava acelerado.
657
Ele olha as mãos, sente suas garras, lembrou do cheiro da
moça no dia anterior, era através do lembrar do cheiro que sentia
algo dentro dele, e olha suas mãos se transformarem, ele olhava
para as garras quando ouve o otato ao fundo.
— É um Yawara.
— Este cheiro de tempo, disfarça muito o cheiro dele.
— Um Yawara com problemas com o tempo, não sei se isto é
uma boa noticia ou uma péssima.
Pedro ainda olhava as mãos quando vê um ser se erguer ao
seu lado e lhe olhar, uma moça, a roupa que ela usava,
acompanhou a mudança de Pantera Negra a humana.
— Quem agitou os sacis? – Pergunta a moça.
— Não sei! – Pedro a olhando aos olhos e deixando sua mão
voltar ao normal.
— O que é você rapaz, Yawaras não tem problema com o
tempo.
— Digamos que apenas Pedro.
— Não estou perguntando seu nome.
— Eu não sei, entrei na historia a menos de dois meses, e
parece que nada está no lugar que deveria.
— Problema com os Otatos?
— Nada que não desse para correr um pouco.
A moça olha para Pedro e passam, ele realmente não parecia
uma ameaça ou algo que fizessem os sacis fugirem.
Elas saem da estrada assim como surgiram, se embreando no
mato a frente.
Pedro olhava a mão e pensa.
— O que pretende Pedro?
As moças sumiram e Pedro viu a chuva apertar, olha para
aquele lugar, se encolhe em um canto sobre uma mesa que não
chovia e ficou a olhar em volta.
Estava encolhido no escuro, quando viu Rogério passar
acelerado na rodovia, maluco ou apaixonado, sabia que amor e
ódio, as vezes são parte integrante de um mesmo ser.
658
Pedro estava a olhar ao longe quando ouve alguém as costas.
— Porque não disse que era um Yawara da vez anterior?
Pedro olha para trás e olha o senhor Rodolfo.
— Ai há muito tempo?
— Vi as guerreiras passarem e nem se preocupar com você,
devem pensar como eu, um qualquer no caminho.
— Meu caminho, não vai facilitar o seu senhor Rodolfo, e
nem o dos demais.
— Por quê?
— Já ouviu falar de Magog?
— Sim, uma força altamente destrutiva de coleta de almas
para um Deus, que não é o meu.
— Este ser se instalou no Anhangava, serra acima.
— E não sabe o que vai acontecer.
— Sei que muitos vão morrer, e não sei se o senhor escapa
senhor Rodolfo.
— Por quê?
— Este meu cheiro de tempo, é cheiro de futuro, é quente e
morto, por isto, futuro.
— E não tem como evitar?
— Desconfio que adiamos, mas um ser como eu, não tem
como enfrentar exércitos de mortos vivos, muito menos de
espectros de vida, imagina Magog em pessoa.
— Certo, mas veio alertar?
— Soube que sem saber quem era, quando vi o primeiro
Otato, eles perceberam como um anuncio de um enfrentamento, 22
anos a frente, onde eles se aliaram, aos mortos vivos, as sereias, e
aos Otatos para enfrentar os demais.
— E venceram?
— Toda vitória, parece apenas temporária, estamos falando
de algo que vive mais tempo que nossas lendas, crenças e registros
senhor.
— E veio do futuro para que?

659
— Entender quem sou, meus pais não me falaram quem eu
era, qual minha origem, descobrir por outros não me parece ser a
forma mais correta de descobrir algo assim.
— E sabia quem éramos?
— Não, mas algo o fez me dar uma cama a dormir, mas os
otatos vão de encontro ao problema, as sereias farão um acordo,
mas não me preocupo com os que conheço, se sim com os que não
tem para onde fugir.
— Como?
— Os Otatos podem refazer suas cidades subterrâneas, mas
os sacis tem suas cidades magicas na região, e os Semeantes,
parecem sempre o ponto fraco, eles não resistem nem a humanos,
imagina a Magog.
— E vai ficar a tomar chuva.
— Eu tenho de aprender, e quando tudo isto se desencadear,
o futuro se fará.
— E não tem como evitar.
— Não, não tem como evitar, não tem como adiar, mas em si,
são enfrentamentos nos últimos 22 anos, os primeiros nem são
narrados, de tão pequenos.
— E não sabe quando?
— Estou aqui senhor, tentando entender o que sou, para
ajudar, mesmo sendo uma criança.
— Não fala como uma criança.
— Cuida dos seus senhor.
Pedro fala isto e vê a senhora vindo correndo pela estrada e
gritar.
— Amor, ajuda.
O grupo começa a correr para o lugar e olha aqueles seres
sem vida vindo pela estrada, se via uma senhora a frente que olha
para os demais e fala.
— Toda colheita, que conseguirem.
Pedro olha para os dois e fala.
— Onde Sueli está?
660
O rosto de assustado do senhor, foi de medo, Pedro sente o
corpo se mudar, a mochila ficou as costas e começa a correr pela
estrada rodovia acima.
Ele foi passando as garras nos olhos dos seres, e chega a casa
de Sueli, ela estava assustada, na forma de uma grande onça ao
fundo acuada, Pedro chegou rasgando tudo pela frente e olha para
ela.
— Temos de sair.
— Mas...
Os dois começam a sair rasgando os demais com as garras, e
enquanto se via os Otatos se afastando ao fundo, se viu outros seres
da noite virem a guerra, outros grupos de lobos, de Yawaras, e
Pedro viu pela primeira vez aqueles seres translúcidos, na forma de
lobos, a entrar em campo rasgando os seres.
Pedro defendeu a casa, a menina, mas estava em frangalhos
quando os lobos arrastaram os seres no fim daquela noite, e o subir
de um grupo de pessoas, tristes, dizia a Pedro o problema.
Sueli correu pela rua e viu os tios trazendo os pais dela, e
Pedro sai pela porta, não era da casa, não era nada ainda da
menina, olha para eles o afastarem e ouve um Laikans olhar para
ele e falar.
— Tem os pesos no seu cheiro, mas queria agradecer.
— Agradecer?
— Defendeu a menina, e enganou os Otatos com aquele papo
do enfrentamento ser em 22 anos, eles podem lhe odiar, mas
agradeço por hoje.
O ser saiu se afastando antes de Pedro poder falar que
existiria realmente a outra guerra.
Seus músculos estavam cansados, ele desce a beira de um
riacho, tira a camiseta, se lava, pega uma camiseta e coloca sobre o
corpo lavado, tira a calça e a troca, e olha para todo lado, ele estava
cansado, e não sabia onde descansar, ele olha uma arvore, aciona
as garras e some nela e sobre um ganho alto, ele descansa um
pouco.

661
Pedro não conseguiu
dormir mais, estava
amanhecendo quando desce da
arvore e caminha até a casa de
Sueli, ela a olha triste e fala.
— Tenho de agradecer e ao
mesmo tempo, sabe que não
deveria estar aqui.
— Não?
— Muitos dizem que sua maldição trouxe eles.
Pedro olha todos lhe olhando com raiva e fala.
— Uma pena Yawaras idiotas imperarem.
Pedro olha para ela e fala.
— Se cuida.
Pedro sai, os senhores queriam descontar nele algo que não
poderia ser sua culpa, mas soube que era parte do problema.
— Acha que tememos fedelhos?
Pedro olha para o senhor e olha para Sueli e fala.
— Em respeito a casa de Rodolfo não lhe respondo senhor,
conversava sobre a possibilidade disto acontecer quando eles
atacaram, não era para os alertar a tempo.
Pedro sai, olha aquelas crianças brincando a frente, a morte
parece que não os atingiu, coloca a mochila as costas e volta a
descer a serra, na altura do mirante, ele pega uma pedra, e joga
para o ar, olha o carro e este estava com as janelas quebradas, olha
em volta, entra no carro, limpa os vidros, corta a mão e olha para o
carro da policia parando atrás.
Pedro iria falar algo quando ouve.
— Encosta no carro. – O senhor apontando a arma.
Pedro não sorriu, encosto e ouviu.
— O que está arrombando um carro pirralho.
Pedro olha para o rapaz e não fala nada.
662
— Os documentos.
Pedro pega os mesmos e o rapaz olha e fala.
— Não pode ser o dono, o carro está abandonado ai desde
ontem.
— Sei, um grupo de pessoas me colocou para correr ontem,
vim ver como estava meu carro, posso baixar as mãos. – Pedro
irritado, não vieram quando estavam quebrando o carro e agora
estavam querendo fazer de conta que estavam cumprindo a lei.
O outro olha e fala.
— Sim, pensamos ser os malucos que estavam por aqui
ontem.
— Vou descer a cidade ver se consigo um vidro, e limpar os
cacos, algum problema.
O policial faz que não, Pedro olha para os rapazes e um fala.
— Parece conhecido.
— A ultima vez que lhe vi rapaz, acho que seu pai me
colocava para fora da casa do senhor Rodolfo, na manha após a
morte dele.
O policial olha para Pedro e pergunta.
— É da família?
— Não, vim avisar que poderia acontecer, mas fomos
interrompidos pelo ataque, avisa os seus, Magog vai voltar-se para
parte baixa novamente.
— Mas não a derrotaram?
— Avisando, da ultima vez, eu era uma criança de defendi
uma casa, os que se esconderam, me colocaram a culpa, então, não
sei quem teria força de enfrentar isto.
Pedro entra no carro e o sargento olha para o tenente e
pergunta.
— Do que ele estava falando.
— Algo que não se fala abertamente na cidade, uma noite a
22 anos, que algo, atacou todas as casas isoladas da parte alta, mas
não poderia ser ele.
— Porque não?
663
O rapaz se calou, pois para ele, foi a 22 anos, o rapaz não
tinha 25, então como poderia ser ele.
Mas poucos falavam daquilo, e termina a frase.
— Esqueço que dizem que a praga deste é o tempo.
— Tempo?
— Teria de conversar com ele para entender.
Pedro desce a serra, para a beira do rio, sente o tempo voltar
10 anos e vai a lanchonete a frente e sorri ao ver a menina ali.
— Lembra de um velho?
— Como esquecer.
— Suzi, tudo indica uma guerra na parte baixa, não sei o que
vai acontecer, mas algo grande vai acontecer.
— Mas...
— Fala para Sueli, que tudo indica que Magog vai vir a parte
baixa da serra, entre Graciosa e Morretes.
— Mas o que ela sabe disto.
— Apenas alerta, eu vou pegar um quarto e descansar um
pouco.
— O que aconteceu com os vidros.
— Uns grandalhões.
Pedro foi a pousada, pediu um quarto, tomou um banho
quente e caiu a cama, mesmo com calor, adormeceu.

664
Pedro acorda já a tarde,
perdera o almoço, mas faltando
pouco para a janta, desce no
horário da janta e primeiro come,
Sueli senta-se a mesa.
— O que quis falar com
aquilo.
— Sueli, somente nesta
descida, fui até aquele
enfrentamento em frente a sua casa, eu não sabia disto antes, mas
alguém me procurou no presente na capital, e me falou, que o alvo
poderia ter mudado.
— Pior do que o furação a uma semana?
— Apenas alertando.
— Então agora sabe porque da minha raiva.
— Eu sei que ela é minha filha, mas não vivi isto ainda Sueli.
Ela olha Rogerio parar a mesa e falar.
— O que estão falando?
Pedro olha para Rogerio e fala.
— Poderia dizer que sobre Otatos, mas acho que uma vez na
infância você cairia, uma na infância e outra na vida adulta, difícil.
Rogerio olha o rapaz, talvez somente nesta hora ele se dera
conta que era o mesmo e fala.
— E o que quer falando com minha esposa.
— Alertando, quando os Otatos estiverem a rua, é guerra,
melhor saber se proteger.
— Acha que acredito nesta baboseira?
Pedro termina de comer e fala.
— Não, mas não esquece, quando os ver novamente é
guerra, e eles não são seres que se para na conversa.
Pedro sai e vai ao rio, senta-se em uma pedra a olhar a agua e
ouve Suzi ao lado.
665
— O que está acontecendo.
— Senta aqui menina.
— Problemas?
— Esta coisa de ir e voltar no tempo, tem um problema.
— Problema?
— Descobrir coisas que aconteceram no passado, mas que
não vivi ainda.
— Coisas.
— Não sei como falar.
— Falando.
— Eu e sua mãe tivemos algo intimo quando éramos
adolescentes, não aconteceu ainda, mas tudo indica que... – Suzi
olha para Pedro serio.
— Vai dizer que não foi maluquice dela?
— Maluquice.
— Que vocês tiveram algo depois de uma guerra contra
mortos vivos.
— A guerra no passado já vivi, e sim, ela aconteceu, seus avós
morreram naquela guerra.
— Mas não quero você como pai.
Pedro estica as mãos e fala.
— Tem de saber algumas coisas Suzi.
— Coisas, tá usando muito esta palavra.
— A primeira é confiar, a segunda, sabe este cheiro que deve
sentir diferente em sua família, em referencia aos demais.
— Cheiro de onça?
— Sim, cheiro de onça.
— O que tem este cheiro.
Pedro estica a mão e fala calmamente.
— Sentindo o cheiro e sentindo os dedos, temos uma das
grandes armas dos Yawaras. – A mão de Pedro se transforma em
uma grande garra.
A menina recuou e perguntou.
666
— O que é você?
— Se for minha filha, sentirá isto, mas instruída, pode
enfrentar os demais, ou morrer em batalha.
Suzi olha desconfiada para a mão, e fala.
— Está dizendo que sou oque?
— Não sei ainda como sou, não me olhei ao espelho
transformado, mas sua mãe é uma linda onça pintada.
— E porque está falando isto.
— Eu cheguei na guerra e não tive tempo de alertar seu avô e
ele faleceu. Não gostaria de os ver morrer.
— E o que seria esta batalha.
— Não sei, quando há 10 anos, todos me culparam, mas o
que poucos entendem, estamos 10 anos afrente do momento em
Curitiba, a 10 deste enfrentamento, e para mim, só pode significar
algo.
— Oque?
— O enfrentamento é agora, é algo inicial, e mesmo que
sobrevivamos, longe ao futuro, podemos não ter a mesma
felicidade.
Suzi olhava a mão, sente o cheiro de Pedro e olha as garras se
mostrarem e fala.
— E quem vem em apoio a eles?
— Por enquanto os mortos vivos, e talvez algumas famílias de
Otatos.
— Aquilo me põem medo.
— Estas garras, são para cortar rápido menina.
— Então não poderemos namorar, você é meu pai, pelo que
entendi.
— Sim, e como viu, tenho sua idade.
Pedro estava distraído quando sente aquela energia o
atravessar, ele olha em volta e Suzi olha em volta.
— O que foi isto.
Pedro se levanta e estica a mão para ela e fala.

667
— Um chamado.
Pedro olha em volta e as pessoas começam a recuar, olha em
volta e começam a andar com o grupo no sentido da estrada, Pedro
olha em volta e olha aqueles seres vindo pela estrada ao fundo e
fala.
— Hora de correr Suzi.
Ela passa pelos demais e enquanto os demais recuavam,
Pedro sente suas garras e olha para os seres, uma senhora a frente,
ela olha ele e pergunta.
— Acha que pode comigo criança.
— Lembre moça, que não sei o nome, posso ter este
tamanho, mas tenho apenas 12, então perder para mim vai ser uma
vergonha.
Ela olha em volta e fala.
— Sozinho.
Os otatos começam a surgir e Pedro olha para Oto, o rei e
fala.
— O eterno traidor.
Pedro sente o cheiro as costas e a senhora olha para os
Laikans e fala.
— Acham que vale o esforço.
— Cada coleta, se pudermos a reduzir, pode ter certeza, o
fazermos. – Pedro.
Oto começa a recuar e os soldados a sair do rio, um rei
covarde, mas Pedro avançou ainda com os músculos doidos,
cansados, sobre aqueles seres lentos.
Quando Suzi falou que estavam vindo Otatos e mortos vivos
pela estrada, Sueli olha para Rogerio e fala.
— Leva todos para a igreja Rogerio.
— Mas...
— Isto é para proteger, a igreja não é apenas um santuário,
tem paredes bem grossas.
Rogerio olha aqueles seres vindo pela rua, não era
brincadeira, o rapaz não era alguém normal, sabia que Sueli era
668
alguém especial, mas quando as onças começam a surgir na rua e
passar pelos humanos, e avançar se transformando sobre os mortos
vivos, Suzi ficou a porta olhando e Sueli falou.
— Se vai a guerra, tem de saber, cada um por si, pois cada um
que for lhe defender, pode perder algo.
Rodrigo olha a menina olhar as mãos e elas se tornarem
garras e fala.
— Eu os protejo mãe, vai, eu fico a igreja com os demais.
Suzi faz as mãos voltarem ao normal, as pessoas no tumultuo
não viram aquela moça se transformar e sua roupa por baixo
acompanhar o movimento, e avançar.
Ao longe Pedro rasgava um em sequencia a outro, os primos
de Sueli surgiram atirando, poucos mantiveram as crenças dos pais,
talvez o culpar de Pedro foi por terem deixado no passado o poder.
Por mais de 3 horas, as estradas fechadas, gente morrendo,
gente destruindo tudo, Pedro olha quando os Otatos recuam, os
mortos vivos ainda vinham, mas já eram poucos, a senhora ao
fundo recua protegida pelo avançar daqueles seres.
Ao fim de uma batalha cansativa, Pedro chega ao rio, lava o
rosto, e olha aquele lobo translucido ao seu lado.
— Não sei quem você é rapaz, mas lembro de você numa
batalha a anos, e novamente, venho lhe agradecer.
— Guerras eternas, imagino o quanto é difícil manter um
segredo.
— Sim.
Os lobos começam a arrastar para a mata os corpos, dos
mortos vivos, Sueli volta a pensão, troca de roupa e volta a igreja e
abre a porta, e Rogerio a olha.
— Como foi?
— Agora já é seguro, eles passaram, não sabemos para onde
vão. – Mente Sueli olhando os demais.
— E Pedro? – Suzi.
— No rio.

669
Sueli olha para a filha correr naquele sentido, e Rogerio
pergunta.
—O que é ele?
— O pai de Suzi, sabe disto.
— Mas ele fez oque?
— Vi ele com 14 anos, cortar as mesmas ameaças, ele vem a
guerra, ele tenta reerguer suas memorias, ele não lembra do
passado Rogerio, não do todo.
— Mas como alguém esquece algo, e lembra de outra parte.
— Digamos que é complicado explicar.
— Tenta.
— Para ele, eu e ele não existe ainda, pois ele não viveu isto
ainda, os Yawara o chamam de Laço de Tempo, ele vive passado e
futuro junto, e este caminho vai se abrindo, quando ele souber de
tudo, pode ser que já tenha morrido.
— Quer que acredite nisto.
— Rodrigo, os Otatos são visíveis apenas quando se deixam
ver ou para quem os enxerga através do calor e cheiro.
— Certo, lembro que aquilo me assustou, mas vi onças
correndo a rua.
— Sim, a defesa desta terra, os Yawara.
— Temos de falar mais sobre isto.
— Ele veio a guerra, quando ele me alertou, é porque ele
chegou naquele dia para alertar algo, mas não sabia oque, ele
estava falando com meu pai quando fomos atacados.
Rogerio olha para aquele rapaz, com a roupa suja chegando
com a pequena Suzi, ele não parou na entrada, ele entrou e foi a um
banho, ele não sabia se tinha acabado, mas tudo, lhe trouxera ali,
talvez o caminho dele continuasse se abrindo, mas ele sabia que
teria de viver isto aos poucos.

670
Pedro é alguém especial,
por que nem ele sabe, mas
aprendeu a conviver com duas
realidades, quase todo fim de
semana vai a Morrestes, as vezes
senta a pedra, e conversa com a
menina, as vezes vai a casa de
madeira e ficam a conversar. A
mãe de Suzi casou-se com Rogério,
mas ele ainda fica inseguro se estiver descendo a serra em uma
noite de lua cheia;
Receoso e desejoso, estranha o que sentia, ele queria viver o
passado e o presente, mas sempre tenso, antes de saber
exatamente em que momento de sua historia, e dos demais ele
chegaria a parte baixa da serra, muitos em Morretes acham que ele
é Pedro filho, filho do Pedro que vinha ali, poucos entendem o que
aconteceu realmente, e nesta noite, ele sabe que sentara ao lado de
uma menina a pedra, que parecia ter o mesmo problema, algo que
ambos não conseguiam entender ainda.
Viver entre realidades paralelas, onde cada decisão lhes abriu
um mundo, mas que por algum motivo, ambos são forçados aos
mesmos intervalos, mesmo que não entendam o sentido daquilo.
Pedro olha para Suzi e fala.
— Vou estar pregado na linha de produção.
— Imagino, mas obrigado por proteger todos.
— Com o tempo, entenderá que todos a volta, são sua
família, mesmo os que não gostam de você, eu não tenho nada
contra Rogerio, mas ele me olha como concorrente.
— Fazer oque né, pai.
— É, vou ter de me acostumar a alguém me chamar de pai,
mas sei que ainda será tensa as descidas da serra.
— Mas parece mas estável seu cheiro.
— Na verdade, é assustador controlar isto.
671
Suzi sorriu.
Os dois voltam a pousada e Pedro tenta descansar, embora
algo dentro dele, o estava deixando alerta, bem alerta, o sentir de
cheiros e de medos, o faz a cada dia mais alerta.
Pedro sobe a serra, chega no apartamento, olha as paredes e
pensa.
“Começo a gostar desta maluquice, como não ficar maluco.”

Fim.

672
673
674
675
676

Você também pode gostar