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J. J.

Gremmelmaier

Bonita 7?

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2020

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Autor; J. J. Gremmelmaier Normal encontrar um personagem de
Edição do Autor Guerra e Paz em Crônicas de Gerson Travesso, ou
Primeira Edição um Personagem de Fanes em Mundo de Peter.-
2020 Este escritor está somado a milhares
que surgiram com a possibilidade de produção
Bonita 7? pessoal e vendas por demanda, surge criando
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte suas capas, seus universos, seus conteúdos sem
Gremmelmaier, João Jose se prender a regras editoriais, então verá histori-
Bonita? / Romance de Ficção /680 pg./ as às vezes calmas, diria infantis, como Wave, e
João Jose Gremmelmaier / Curitiba, PR. / Edição verá histórias violentas como Ódio, temos histori-
do Autor / 2020 as que ele reuniu em Contos Reunidos, de apenas
1 - Literatura Brasileira – Romance – I – 20 paginas, como Amaná, ou historias de 5800
Titulo paginas como Crônicas de Gerson Travesso.
Indagado em 2018 sobre suas obras ele afirmava
85 – 62418 CDD – 978.426
que ainda tinha pelo menos 13 projetos ainda em
As opiniões contidas neste livro são dos
andamento para termina.
personagens e não obrigatoriamente asseme-
Alguns autores se prendem a uma his-
lham-se as opiniões do autor, esta é uma obra de
toria, este parece viajar em uma gama imensa de
ficção, sendo quase todos ou todos os nomes e assuntos, mas tendo em sua estrutura, uma
fatos fictícios (ou não).
paixão pelo dialogo, se ele puder por um perso-
©Todos os direitos reservados a
nagem a explicar, ele o faz, evitando narrativas
J.J.Gremmelmaier
pesadas explicando o andamento, e mostrando
É vedada a reprodução total ou parcial que a historia sempre terá o entendimento
desta obra sem autorização do autor.
diferenciado de cada personagem.
Sobre o Autor;
Um autor a ser lido com calma, a mes-
João Jose Gremmelmaier, nasceu em 30
ma que ele escreve, continuamente.
de Outubro de 1967 em Curitiba, estado do
Paraná, no Brasil, formação em Economia,
empresário, teve de confecção de roupas, empre- Bonita 7?
sa de estamparia, empresa de venda de equipa- Eu às vezes passo do ponto,
mentos de informática, e também trabalhou em e me perguntam, não tem
um banco estatal. fim esta historia? Até esque-
Amante da escrita, da conversa jogada ceram das mortes, mas estou
fora, das conversas intermináveis, tem uma tentando parar de escrever
verdadeira leva de escritos, em vários estilos, mas esta historia. Lá no inicio peguei um nome
o que mais se dedicou foi o fantástico. emprestado sem permissão, e criei minha nova
J.J Gremmelmaier escreve em suas ho- personagem, novamente uma menina, novamen-
ras de folga, a frente de seu computador, há te forte, começamos pela menia Micaela David e
algum tempo largou a caneta. Ele sempre destaca o Investigador Douglas Camargo, no Bonita 2?
que escreve para se divertir, não para ser um Somo João Mayer a historia, e o que deveria
acadêmico, ele tem uma característica própria de acabar ali, vira uma novela que aqui termina, nao
escrita, alguns chamam de suave, alguns de por ser um fim, mas por ser um bom lugar para
despreocupada, ele a define como vomitada. parar. Boa Leitura.
Autor de Obras como Fanes, Guerra e
Paz, Mundo de Peter, Trissomia, Crônicas de
Agradeço aos amigos e colegas que
Gerson Travesso, Earth 630, Fim de Expediente,
sempre me deram força a continuar a escrever,
Marés de Sal, Anacrônicos, Ciguapa, Magog, João
mesmo sem ser aquele escritor, mas como sempre
Ninguém, Dlats e Olhos de Melissa, entre tantas. -
me repito, escrevo para me divertir, e se conseguir
Aos poucos foi capaz de criar um uni- lhes levar juntos nesta aventura, já é uma vitória.
verso todo próprio de personagens. Uma coisa
que se enxerga com frequência em suas historias
Ao terminar de ler este livro, empreste a
é que começam aparentemente normais, tentan-
um amigo se gostou, a um inimigo se não gostou,
do narrativas diferentes, e sobre isto cria seus
mas não o deixe parado, pois livros foram feitos
mundos fantástico, muitas vezes vai interligando
para correrem de mão em mão.
historias aparentemente sem ligação nenhuma. J.J.Gremmelmaier
Existem historias únicas, com começo meio e fim,
e existe um universo de historias que se encai-
xam, formando o universo de personagens de
J.J.Gremmelmaier.

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©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J. J. Gremmelmaier

Bonita 7?

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Quando a historia insiste em continuar, damos
um jeito de parar de escrever, não porque a
historia acabou, mas porque, mais um carna-
val se foi. Vamos a mais dois carnavais, a mais
alguns enfrentamentos, mortes chaves, e por
fim, o parar de escrever, poderia escrever e
criar pseudo carnavais a mente por anos, mas
ai não terminaria de escrever mais nada.
Boa Leitura.
J.J.Gremmelmaier

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Micaela olha João ao barracão, ele
sempre está fazendo algo, estranho
como no começo ele parecia um invasor,
hoje, motivo de muitos a volta respeita-
rem mais ainda a família da moça.
Micaela David estava vendo o ma-
rido, o homem que a transformou em
mãe, em companheira, mesmo sendo
presidente da escola de samba, debru-
çado embaixo do carro.
A parede a programação do ano,
o que João pretendia fazer em cada dia
do ano ali, ela estranha ainda esta orga-
nização, mas se chegas na escola, tem
organização, transformação, se chega ao
barracão novo, a organização de cada
carro, o cronograma que as vezes assus-
ta os demais, pois ele organizava antes
de construir, mas diz se tudo está na
ordem, se teremos tempo ao final ou
não, ele sabe organizar, isto que poucos entendem, ela lembra de
olhar aquela parede, as mais de 99 mil coisas para fazer apenas nas
fantasias, nos 200 dias de trabalho, que gerava as 495 coisas que se
precisava fazer apenas na costura por dia, e quando olha-se ele ali
em baixo, olhando a estrutura de um tripé que não vai a avenida, as
ruas de Nilópolis, para as festas que ele pretende fazer, nem se diz
ser o presidente da escola.
Roberto chegar ao lado de Micaela e perguntar.
— O que ele está fazendo?
— Tem tanta coisa que nem sei, como foi a inauguração da
Cidade do Carnaval?
— Não foram, não entendi.
— Sua neta não estava bem, e resolvemos não descuidar.
— E o que ele pretende com isto?
Roberto olhava João ao fundo, olhando ele ajeitar um tripé.
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— Ele parece gostar de ajudar pai, as vezes vejo que as pes-
soas não entendem o que ele pede, mas como está o cronograma
no novo barracão.
— Ele nos deu um desafio, um cronograma de 200 dias, sei
que quando falamos nos cronogramas dele, parecem impossíveis, já
vimos isto antes, mas somos um barracão que dá emprego a 200
pessoas por 8 meses para executar o carnaval, mais os diretores e
organização, ele parece sempre querer mais.
— Pensa que todo ano ele faz isto, estabelece um limite bai-
xo, de 4500 fantasias e às vezes chegamos a mil fantasias a mais pai,
mas ali, o que ele pretende a volta, sabe disto.
— Às vezes as pessoas se assustam, ele está asfaltando todas
as ruas à volta, mudando as calçadas e plantando arvores a volta,
ele trouxe os espelhos e mudou toda a quadra, ampliando ela, ele
transformou a parte que era externa, um templo coberto a São Se-
bastião, então agora temos de começar a por as pessoas aqui a tra-
balhar também.
— E como está o tio?
— A sociedade a volta está falando do asfaltar de toda a regi-
ão, das ligações, das novas calçadas, e obvio, alguns usam isto para
falar mal, outras, para apoiar a volta dele a prefeitura.
— Acho que mesmo que ele não ganhe, vamos continuar a
mudar a cara da região pai, é mudar o todo que nos vai fazer espe-
cial.
— Ele está se mostrando um politico de ação, todos que du-
vidaram da indicação, veem o mudar de toda estrutura para bem, e
sei que está investindo em educação.
— Acho que as pessoas tem de perder a vergonha de ser es-
peciais pai, de festar, mas muitos nem sabem o quanto ele projeta
as coisas quando está embaixo de carros.
João olhar para Micaela saindo de baixo do carro, lava as
mãos ao fundo, a seca e chegar ao lado, aperta a mão de Roberto
que fala.
— Qual a ideia?
— Uma festa por mês, nas ruas da cidade até o carnaval, as
vezes temos de providenciar a evolução.
— E estes espelhos.
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— As vezes é bom saber onde colocar as coisas, mas como foi
ontem senhor Roberto.
— Alguns perguntaram de você.
— Eu sei que deveria estar lá como presidente, mas dois pre-
sidentes não é necessário, e o de honra representa mais a historia
do que o eleito.
— Vi que estavam instalando as coisas por lá, não entendi.
— Sei disto, mas a empresa carnavalesca está colocando uma
sede em Curitiba, para produção de acetato, emplumados artificiais,
peles artificiais, e plumagem artificial, pois mantem para o geral,
uma sensação de que não sabemos nada dos carnavais concorren-
tes e usamos o plástico de outras cidades, para reciclar.
— E aqueles maquinários?
— Preciso de muita coisa para meus carnavais Roberto, sei
que alguns estranham, mas as vezes descobrimos que podemos
pegar os restos de um espelho, que é jogado fora, uma maquina o
quebra em pequenos pedaços, e transforma em tiras de espelhos,
podemos pegar madeira que as pessoas jogam fora, fazer hastes de
mão, podemos pegar latinhas de refrigerante e criar estruturas de
costeiros em alumínio, podemos pegar sacolas plásticas de super-
mercado, e transformar em plumas, pegar plásticos de embalagens
e transformar em estruturas de costeiros, este ano vamos fazer
sequencia de 5 tripés, que vão parecer esculturas de granito, e o
material, plástico do tipo branco, reciclado, quando colocado parte
a parte, parece granito branco.
— Vai incrementar com lixo? – Roberto.
— Não, vamos levantar uma bandeira Roberto, vamos ao lu-
xo, talvez o carnaval mais luxuoso que eu já criei, com veículos altos,
com muita estrutura, muita plumagem, que terão de tocar para
saber ser artificial, mas também muito acetato, pois se juntar aceta-
to, espelhados e plumas, com injetáveis, temos aquilo que coloquei
na planilha, começamos pela ferragem das fantasias, parte um, os
injetáveis parte dois, o tecido parte três, acabamentos espelhados
parte quatro, os bordados parte cinco, os acetatos e babados parte
seis, calçados parte sete, pedrarias parte oito, pintura parte nove,
plumagem e montagem parte 10, parece fácil, mas como cada uma
destas partes tem pelo menos duas divisões, temos em media por
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fantasia, 22 detalhes, para termos uma fantasia, vistosa, bonita,
brilhosa, com uma aparência de cara, a um terço do preço normal
de mercado. Muito trabalho para 60 alas.
— Acha que iremos como para o desfile de 2025? – Roberto.
— Como alguns falam, Opulentos, mas quero que cada fanta-
sia, a pessoa olhe e entenda, é para ser didático, ser bonita, luxuosa,
Rica em horas de trabalho. Viram o esquema inicial, pela primeira
vez quero ter de encolher o inicial, e não ampliar.
— E os carros? – Roberto.
— Estão chegando lá as estruturas, as escolas estão pensando
na regra para reduzir o tamanho, e eu, quero aumentar o tamanho,
e sei que aumento o risco, mas se considerar que quero dois aco-
plados, o inicial e o final, e outros 8 carros, mais os tripés, as escolas
vão estar entrando com 6 carros Roberto, nós com a estrutura de
12, o que algumas vezes alguns fazem em um carro, como altura,
quero em todos, vou tentar desenvolver algo a nível de inflável, mas
com estrutura interna, em fibra de carbono, não para voar, mas
para permitir adereços leves, na mão de estatuas imensas, mas
como disse, vamos falar de Brasil.
— Mas não entendi a ideia. – Micaela olhando João.
— A ideia, 10 carros, 8 menores de 25 metros, dois acoplados
de 50, dois tripés de 10 e 20 alegorias de intervalo. Mas o problema,
quando crio um projeto de carro de 25 por 10, alguns acham pe-
queno, até um começar a montar, dai eu coloco 5 ou 6 andares, ou
transformando os 250 metros quadrados de área, em 447 metros
quadrados em área, coloco neste carro, 69 esculturas, coloco 377
metros quadrados de painéis, e estabeleço a altura de 32 metros,
um gigante, então quando o carro passa por baixo do viaduto, a 5
metros, com tudo encolhido, com a largura de 10, comprimento de
uns 26, e começa a erguer a estrutura para 32 dois metros, isto não
uma vez, mas 8 vezes, e duas vezes com 52 metros de cumprimen-
to, ou as pessoas olham ou olham.
Micaela sorri para ele, pois as pessoas pensando em reduzir o
carnaval e ele querendo por coisas cada vez maiores lá.
— E vai contratar algum carnavalesco? – Pergunta Micaela
para ver o que ele iria falar.
João olha Micaela e sorri, ela olha intrigada e ouve.
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— Estava pensando em alguém que pudesse fazer mudar em
cada detalhe a forma de agir, mas ainda não confirmei com ele.
— Alguém? – Roberto.
— Roberto, quem ganha os carnavais não é o carnavalesco, é
a ideia, tem ideias boas que às vezes sem apoio e recurso, acaba
ficando pela metade, então preciso de pessoas que troquem ideias.
— E quer alguém a que nível?
— Do grupo de acesso, ligado a reciclagem e que tenha algum
tempo de experiência, mas a ideia é trocar ideias Roberto, não sei
como vou desenvolver isto, mas as planilhas estão lá, mas o pro-
blema é sempre começar.
— Por quê?
João tira um desenho da Gaveta e fala.
— Vamos começar agora em Junho, este projeto.

Micaela olha que João estava com espaço, mas querendo


começar pelos maiores, sinal que ele queria algo grande, mas era
algo para ficar grande mesmo.
Micaela pegar a segunda folha, João não era de falar pouco,
mas as vezes demoravam para o entender, meu pai olha para o
segundo desenho.
— Em Agosto vamos para este nível.

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João pega uma folha por baixo e termina.
— Em Outubro, quero estar com toda esta estrutura em cons-
trução Roberto.

Roberto olha o desenho e fala.


— Um carnaval para ser campeão?
— A ideia, por um nome novo para criar Roberto, mas este
rapaz, vou querer que ele aprenda e se forme, na nossa faculdade,
assim como terminar seus estudos, mas para este ano estava pen-
sando em atrair o Guilherme Estevão.
— E acha que ele consegue administrar algo assim.
— A ideia nós vamos ter juntos Roberto, eu vou comprar uma
leva de manequins, para dispor das roupas, montadas, cada uma
delas, quero não ter quebras de padrão, quero a escola compacta,
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bem compacta, gritando o samba, uma bateria que sacuda a Mar-
ques de Sapucaí, mas para isto, comecei a comprar o básico, e es-
tamos terminando de desenhar as 20 primeiras alas, para começar a
costurar, comprando plástico, reciclando alumínio, madeira, plumas
do ano anterior, pedrarias, vamos criar uma linha de cristais falsos,
que vamos dar a cor que precisar, mas que vai somar em muitos
lugares, mas estamos começando a costurar todas as roupas de
baixo, e a maquina ao fundo, está costurando calçados, para todo
integrante.
— E acha que este senhor aguenta a pressão?
— Eu quero formar gente Roberto, o carnaval precisa de no-
vos nomes, eu queria ele e o Fabio Ricardo para este carnaval, mas
sei que nem todos tem coragem de assumir algo assim.
— Um carnaval de 10 carros? – Roberto.
— 10 Carros, dois tripés, e 13 alegorias.
— Algo para por tudo que fez como pequeno?
— A ideia, cada ano fazer algo diferente, um ano ir com 10
carros, no outro, com 6 acoplados, outro com 12 carros menores, a
ideia é não fazer igual, e tentar errar o mínimo, pois é estranho pen-
sar em um carnaval maior do que aquele primeiro.
— E acredita que temos recursos para isto?
— Sim, estruturas se somam, apenas vamos estruturar toda a
ideia, pois sei que em teoria, preciso de 6 meses para cada carro,
então vou ter de fazer tudo bem acelerado, organizado, pois em
Janeiro, quero estar com o carnaval pronto Roberto.
— E a ideia das festas na comunidade.
— Eu vou propor o cobrir de uma avenida, como uma avenida
de ligação que nos permita fazer desfiles de ensaio, que force o
surgir de uma área nova comercial, e que possamos ter sedes das 40
empresas que eu e Mick temos. Comercio local ganhando, uma
festa que se torne padrão, mensal, anual, que possa ser junina, pos-
sa ser de nossa senhora, que possa ser de São Jorge, que possa ser
carnavalesca.
— Algo para somar a cidade?
— Para nos por na historia da cidade, e como aproveitamos e
nos instalamos e geramos um lugar melhor, damos o exemplo, eu
acho que dá para fazer o mesmo com a Chatuba, o mesmo com a
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Grande Rio, o mesmo com a Ponte, fazendo com que os ao Rio de
Janeiro olhem e vejam que não somos um peso.
João estava falando que queria um crescimento, Micaela sa-
bia que forçara algumas crescerem, João sabia o peso disto, ele
ainda queria conversar sobre algumas coisas, e João em dois meses,
estava tomando mais espaço que muitos na cidade, Micaela viu no
semblante do pai que ele não gostou, mas João não era de não falar
o que pensava.
— Vai ajudar as demais, tem de entender que agora é presi-
dente da Beija Flor João.
— Sei disto senhor, mas eu não quero não ter concorrência,
eu quero forçar uma evolução, não uma acomodação, e quero fazer
as festas em Janeiro de Show das coirmãs na nossa quadra, vamos
as chamar para perto e trocar ideia Roberto.
— As vezes tem de conter estas ideias.
— Ainda não estou apoiando ninguém Roberto, estou refor-
mando a quadra, gerando um novo lugar para fazermos o nosso
carnaval, melhorando a programação anual, resolvendo problemas
de estruturas antigas, falando que teremos pelo menos 12 festas
anuais, e mais outras 36 reuniões programadas para a quadra, e
mais outros 36 feijoadas festivas.
— E no meio disto vai fazer um carnaval?
— Sim, este ano não vou estar embaixo de um carro, não an-
tes de Janeiro, até lá quero gente fazendo como eu quero, e como
fui eu que escolhi o enredo deste ano, para o ano de 2025, estou
aceitando ideias de enredo, e falei isto para todos os Carnavalescos
que conheço, eu vou escolher uma deia deles, e promover ela.
— Esta pensando em já os fazerem pensar no que podem fa-
zer.
— Carnavais preguiçosos se pensa rápido Roberto, ideias bem
elaboradas, precisamos de tempo.
— E como vai fazer esta ideia?
— A ideia não era minha, mas vocês falaram em me indicar,
eu sabia que dois carnavalescos estavam sem emprego, eles ainda
não toparam, mas já conversamos sobre isto, faz um tempo, mas é
o criar de uma ideia, que ouvi Estevão e Fabio Ricardo conversando,

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o problema é que as ideias de Estevão iam para a reciclagem, e as
do Fabio iam para a imensidão de um assunto deste para a serie A.
Micaela olha serio para João e fala.
— E vai atrair eles para cá?
— Preciso começar algumas coisas, e quero conversar com
eles antes de fechar a ideia, pois eu gosto da ideia de começar as
Roupas ainda este mês, pois roupas criadas e executadas, de Maio a
Janeiro, fazem toda a diferença.
— Certo, acha que eles conseguem um grande resultado? –
Roberto olhou João serio.
— Roberto, eu os propus isto, eles vão a escola conversar, lá
no novo escritório, amanha, os dois, uma ideia, e quero definir cada
carro, cada ideia, e ir incrementando, quero eles pensando, fazendo
e correndo, para eles, é como se eu estivesse convidando para por 3
escolas na avenida, para cada um, e quero ver o que eles falam.
— E o que acha que não seria um caminho?
— Se eles acharem fácil, não serve, eu gosto de desafios que
tiram as pessoas do chão, eles vão palpitar nos carros, dizer o que
querem, e eu vou os desenhar, se não vou começar todos juntos,
pois eu encomendei a estrutura baixa já pronta, e sobre esta estru-
tura pronta que vamos montar os carros.
— Estrutura pronta? – Roberto.
— Estão entregando as primeiras hoje na Cidade do Carnaval,
uma ideia que encomendei para a volvo, um veiculo, baixo, que tem
48 rodas, que é visto de cima aproximadamente isto.

Roberto olha o esquema e João fala.


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— É uma estrutura que as laterais entram abaixo da estrutu-
ra, elas podem chegar a 11 metros, mas encolhidas no todo, podem
ter 6 metros, rodas independentes e elétricas, capaz de girar em
torno do eixo base, mas uma base com projeto mecânico total da
estrutura do carro.
Uma estrutura para continuar a mudar as coisas e Roberto
pergunta olhando.
— Quantas destas comprou?
— 12, 4 destes fazem os dois acoplados, e cada sobra, é um
carro a parte, apenas eles conseguiram aprontar os oito primeiros
até agora, então vamos começar por ai.
— Eles devem estar olhando as estruturas chegarem.
— Sim, e vamos ter entrada de recursos Roberto, pois eu
vendi parte da estrutura que tínhamos de carros para a Ponte, parte
para a Bangu.
— Certo, e vai por estrutura nova e fazer os rapazes fazerem.
— Quando falei em 250 metros quadrados, é pensando nes-
tas estruturas na posição de 10 por 25, mas quero elas com pelo
menos o dobro da área, e ainda estou pensando em cada um dos
carros, e para isto, vamos sentar e conversar Roberto.
— Então se eles achavam os carros seguros, vai a algo mais
seguro.
— Como vem de fabrica Roberto, eles fizeram em padrões
que podemos chegar a usar se cuidando, 10 anos as estruturas.
— E pelo jeito quando os demais viram as regras pensaram
em encolher.
— Eu falei em avaliar pela obra, não que encolheria, eu estou
jogando nas nossas costas mais peso Roberto, mas eu não pretendo
deixar os joelhos dobrarem, e sim, com este peso, sambar pelos 800
metros da Sapucaí.
— Certo, uma lei que pode nos considerar pesados, mas quer
passar com algo grande.
— Como falei, 60 alas, pois não tem como eu contar algo mi-
nimamente com 60 alas, eles fariam com 30, eu quero tentar 60
alas, quero por 10 carros, quero um carnaval de 5400 componentes,
a muito não se vê uma escola assim na Marques, isto que quero.
— E vai falar disto quando?
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— Internamente, sempre, declarações, a partir de amanha,
mas feitas pelos carnavalescos, com dois deles, não vão nem nos
encher o saco.
— Certo, e vai ainda fazer toda a movimentação da comuni-
dade?
— Isto é mais importante que carros grandes, isto faz as pes-
soas quererem ganhar Roberto, terem orgulho da escola, uma coisa
é eu ter uma festa anual, ou uma festa na quadra cada fim de se-
mana, e os mesmos irem, outra, eu estar atraindo gente de toda a
comunidade a volta e até da cidade para documentas as festas.
— E vai tomar a região?
— Quem sabe toda a baixada. – João falou sorrindo, e Rober-
to sorri, ele não era de projetos pequenos, sabia que Micaela e ele
financiavam a Chatuba, sabia que a estrutura que ele criou, fazia
duas grandes escolas e não uma, sabia que ele queria o crescimento
do grupo de Acesso e do pessoal dos demais grupos.
Roberto abraça Micaela e pergunta.
— Pelo jeito estão querendo algo diferente.
— Pai, temos empresas, elas tem de apoiar a cultura, a lei
existe, mas precisamos de projetos culturais, para apoiar, os desfiles
não entram no projeto, mas recursos para baterias, escolas de ade-
recistas, escolas de porta bandeiras e mestre sala, para escolas mi-
rins, escola de corte e costura, cursos de reciclagem de materiais,
geram recursos e descontos de impostos que inevitavelmente te-
remos de pagar.
— E como nosso carnaval ganha com isto?
— Pai, sabe que financiamos o carnaval, estranho como o que
João está falando, está nos valores, mas obvio, quando se fala em
conseguir recursos, é ele pensando em carnaval profissional, com
pagamentos em dia, com estrutura, e obvio, ele desafia, mas como
ele fala, amanha começamos o carnaval. Pois alguns pensam que 12
milhões é uma fortuna, vamos gastar metade disto em pessoal pai,
então é obvio, ele quer recursos de transmissão, de publicidade, de
apoios locais, estaduais e federais.

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Micaela olha João ajeitar as crian-
ças, sorrir, as vezes é difícil para Micaela
entender como João parece mais leve.
Se todos tem desafios, ela sabe
que ele está com a cabeça fervendo, as
vezes ele exagera, mas ela entende que
este sorriso é de quem quer fazer algo
forte, que ele quer dizer que é algo mais
livre, mas obvio, ele pressionou para dar
liberdade para os desfiles, os demais,
querem usar para diminuir o custo e
João quer ampliar isto.
João olha Micaela e fala.
— Vamos?
— Vamos, não sei o que pretende.
— Discutir e confirmar a ideia.
No novo barracão, João olha as
armações, separa os materiais e espera
os dois carnavalescos chegarem, en-
quanto João olha os demais barracões
vazios, ainda em pré instalação, ele cumprimenta Estevão e olha
para Fabio Ricardo e fala.
— Podemos conversar antes?
— Não entendi a ideia Mayer. – Estevão.
Micaela olha João cumprimentar Fabio e falar.
— O convite é para os dois, uma dupla de carnavalescos, e
obvio, vocês assinam, mas eu vou estar no trio, pois eu gosto disto,
e sei que fica mais fácil entendendo o que vocês querem, liberar os
materiais.
— Mas porque dos dois?
— Estevão, eu quero a sua visão de reciclagem, mas eu quero
falar sobre real reciclagem, não aparente, e Fabio eu gosto da sua
visão de montagem de enredo, e quero os dois escrevendo o que
pretendem com este enredo, e vou sentar junto, para os assustar
com a ideia do enredo.
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— Vamos de 8 carros? – Estevão.
— Não, vamos de um acoplado de inicio e um de final, 3 tri-
pés, e oito carros intermediários, o que vamos criar aqui, é um en-
redo profundo, a ideia, por isto quero muitos pensando, é algo que
esteja contando o Brasil, em 60 pedaços, 60 alas de 90 pessoas,
media de 100 pessoas por carro, ou mil pessoas sobre os carros,
uma bateria poderosa, baianas encantadoras, para um desfile, co-
mo nenhum outro que vai entrar na avenida.
— Imponente e imenso?
— Imponente, imenso e leve.
— Qual o tamanho dos carros?
— Isto que quero mostrar para vocês, mas a ideia, a maquina
ao fundo, transforma todo o plástico que usamos no ano passado
em flocos, para usar nas injetoras, estaremos transformando plásti-
co em placas para fazer esculturas, vamos criar as nossas plumas, os
nossos acetatos, mas antes, quero discutir o enredo.
— E quer um enredo em qual rumo? – Fabio.
— Lembrei daquela conversa do ano passado, referente ao
Brasil, lá em casa, no churrasco.
— Acha que daria um bom enredo? – Fabio.
— Isto que quero conversar, pois a ideia, dividir a escola em
10 partes, seis alas por parte, e cada uma delas, mostrar um Brasil
que deu certo, mas que na visão nacional, não demos, destacar a
ideia de que nos vemos como patinhos feios até hoje, e aceitamos a
ideia de pobres muito fácil, e não somos uma nação pobre.
— E quer isto através do que?
— Eu acho uma boa ideia, mas ainda não tenho um fio condu-
tor do enredo, eu acho que podemos estabelecer os 10 pontos, e
tentar algo que possa caminhar por estes pontos.
— E quer discutir estas partes?
— Quero um aceito dos dois antes.
— Eu aceito. – Fabio que olha Jorge.
— Aceito, um desafio pelo jeito imenso.
— A proposta, é por o meu maior carnaval na avenida, e se
der certo, tentar fazer 4 carnavais incríveis.
— E vai bancar 4 mesmo que não de certo?

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— Não, a proposta é deu certo, sabe que terá o ano seguinte,
odeio ganhar um carnaval como o do ano passado, 3 concorrentes
se sabotando, deste ano, um carro apagando pois faltou combustí-
vel, eu não entendo, e não aceito este tipo de erro, se eu lhe dei
estrutura, quero ela funcionando, o que vê a volta, é a base de 6
carros, dois acoplados e 4 normais, devem entregar mais 4 normais,
e estou revisando a estrutura de dois tripés, estou pensando que
talvez tenha um a mais para a comissão de frente, mas cada ideia,
quero trocar, mas eu, agora como quem preside este escola, não
quero carnavais preguiçosos, e o que tratarmos, tratamos aqui den-
tro, e se alguém duvida, vou apresentar a ideia inteira depois.
Estevão olha João e fala.
— E quer reciclagem a que nível.
— Vamos subir a sala de reunião e falamos melhor.
Os carnavalescos olham em volta, todos nos demais barra-
cões deveriam estar olhando assim, nos barracões vizinhos, mas
oito andares acima, entramos naquela sala e os dois veem que teri-
am salas, que ali a direção funcionaria, e viram o senhor Roberto
que os cumprimenta.
— Bem vindos, a aposta deste ano é alta, e vejo que é dife-
rente do que os demais pensam.
— Obrigado pelo convite senhor. – Estevão a Roberto.
— Agradeça a Mayer, pelo que entendi, ele quer por o maior
desfile já colocado na avenida, e pelo que entendi ele já mediu tudo
isto, mas estamos aqui para conversar.
Os dois sentaram e ouviram João olhar para eles, Micaela
olhe o pai curioso, viu o pessoal da comissão de frente, uma aquisi-
ção de nome para fazer conjunto com Marcelo, o pessoal das baia-
nas, o pessoal da bateria, direção de barracão, das costureiras, to-
dos ali para a reunião, e João toma a palavra.
— Bom dia a todos, hoje estou aqui para apresentar os carna-
valescos deste ano, Guilherme Estevão e Fabio Ricardo, sei que al-
guns estranham e estão se situando na nova estrutura, mas espero
que ajeitem as devidas estruturas, que agora no começo de Junho,
vamos começar uma corrida, para por a escola na rua, eu sou por
costurar com calma e com qualidade, montar a estrutura com calma
e qualidade, testar tudo antes, então aproveitem a semana para
18
colocar as coisas em dia, vamos começar na primeira quinzena de
junho fazer todos os prospectos de fantasias, vamos também fazer
os prospectos de carro – ele olha Rodney e fala – marca com a ala
de compositores, quero expor a ideia toda para eles, para come-
çarmos antecipadamente a pensarem no samba.
João olha para Estevão e fala.
— A ideia, “Brasil, Gigante pela própria Natureza”, pode pare-
cer fácil, mas pensa em um carnaval dividido, em Cultural, Racial,
Riquezas Naturais, Politica, dividida em 5 regiões, sei que parece
fácil, mas não quero os desfiles do passado, se fosse isto estaria
reeditando Joãozinho, a ideia, uma visão para influenciar o futuro,
eu quero algo pra cima, quando falo em cultural, cada região Brasi-
leira tem uma estrutura, mas não quero quebra de andamento, não
quero um carro do sul e depois um do sudeste, dividindo, quero
cada parte, expressando o todo, pensei em usar como ligação, a
língua, e para isto, vamos precisar do samba, onde eu possa usar
termos do sul, do sudeste, no nordeste, do norte, sei que tem enre-
dos lindos sobre Negros, mas a minha ideia, é nação, não separação,
eu quero integração, quero o negro presidente, o negro deputado,
o negro industrial, não apenas sambista de terreiro, quero o índio
na mesma situação, o branco eu não preciso por nisto, pois ele já
tem isto, então quero o branco no samba, o branco no terreiro.
— Um novo enredo nacionalista?
— A ideia, um enredo que fale com todas as letras, somos
grandes, mas insistimos no discurso de coitadinhos, somos ricos,
não precisamos de favor, temos cultura, não precisamos importar
isto, e sim exportar nossa alegria de ser.
— E quer uma divisão da escola como? – Roberto.
— A tela ainda esta em branco, e agora vamos por cor, a ideia
inicial, começar com um tripé, na comissão de frente, a mesma vai
se apresentar embaixo do mesmo, então obvio, um tripé para ser
visto dos dois lados da avenida, tem de estar muito acima do ponto
de vista superior, ainda vou verificar, mas uma dança sobre uma
nação construída, rica, que insiste em ser o patinho feito, hora de
virar a rainha da passarela mundial.
— Algo que nível. – Fabio.

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— Fabio, eu construo conversando, e quero ideia, obvio, al-
guém me fala, uma escultura frontal, linda, se eu posso a ter a 20
metros, não a faço a 12, mas espero as ideias, pois está na hora de
começar a produzir as melhores ideias, mas eu gosto de ideias com-
plexas, não simples.
— Complexas.
— Como querem que conte uma historia com 18 alas?
— Certo, mas muitas alas confundem.
— Sim, não quero confundir, mas eu quero algo contado,
nem sempre ganhamos, o carnaval do ultimo ano, era para terceiro
ou quarto, mas é nossa obrigação entrar para ganhar, sempre.
— E pensa em disputar um quarto lugar?
— Existiam enredos melhores, mas não fomos nós que o exe-
cutamos, se eu pegar um enredo como o do ano da Mocidade, eu
tento o fazer campeão.
— E sabe qual o enredo deles? – Roberto .
— Eu converso com amigos Roberto, Lousada vem de “Preci-
sa-se de um Príncipe!”, mas não se engane com o nome, nele está a
pegadinha, ele quer traduzir “O príncipe” de Maquiavel na avenida,
algo cultural, algo que ele colocou aquele Fabio Fabato para fazer a
sinopse do enredo, e pelo que soube, a Mocidade vai vir com um
segundo enredo que ninguém olha antes da Sapucaí.
— Não entendi, vão defender a volta dos reis? – Estevão.
— Não, eles vão dizer que precisamos de um líder, baseados
em um livro histórico de Maquiavel, é levantar uma historia, e a
trazer para a avenida, atualizada. – João, Micaela lembra dele falan-
do disto com Lousada, e sorri por dentro, pois João ainda queria
fazer dinheiro com o carnaval, mas o tornando cultural mesmo.
— Não entendi a dinâmica.
— Eles vão tentar o que tentaram o ano passado, fazer um
carnaval sem interferência, que quando na avenida encanta, isto
que temos de ter em vista.
— E vamos fazer um carnaval sem saber o lado que vamos
desfilar? – Roberto.
— Viadutos nunca foram problema, e tudo que vamos fazer,
não é apenas grande, como sabem, adoro por a mão em uma alego-
ria, e não adianta dizer que não, que Janeiro para mim é a diversão.
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— E vamos falar de enredo quando?
— A partir de hoje, até inicio de Junho, mas a ideia, é todos
pensando em um carnaval grandioso, grandioso como nunca colo-
camos na avenida, isto quer dizer, superar meus maiores carnavais
na avenida.
— Quer um carro maior que o da Mocidade?
— Dinâmica maior, posso não ter um carro a 28 metros de
asas abertas, mas posso ter uma serie de carros que seu ponto alto
esteja a 32 metros.
— Porque tão alto?
— Um mastro pode estar a esta altura, mas a ideia, ainda es-
tamos pensando, é que eu quero um carro para ser visto da avenida
inteira, não apenas na frisa, um carro que independente do ângulo,
se entenda a historia.
Os carnavalescos olham Roberto que olha João e pergunta.
— E qual a premissa do desfile?
— Vamos começar com uma encenação, embora alguns vão
chamar de Tripé, é um veiculo de 20 metros, que tem 5 pés, 5 arvo-
res de pau-brasil, e sobre seus galhos, vamos desenvolver algo –
João olha para o pessoal da comissão de frente.- A ideia ainda é
básica, e estamos trocando ideias, é que as vezes o que penso inici-
almente não acontece, e a ideia que tive é meio infantil, mas preci-
saria de acrobatas, e ainda não falei com os carnavalescos.
João coloca uma pequena maquete a mesa e fala.

— Sei que alguns me acham incisivos, mas gostaria de pedir


aos dois carnavalescos para tentarem me entender, e melhorarem
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tudo que eu falar, mas estava estes dias brincando com minha filha
referente a massinha de modelar e fiz este pequeno material, a
ideia, 5 Arvores de Pau Brasil, galhos de intercessão, as folhas altas
tenho como dispor tecnologicamente em um momento para serem
a bandeira do Brasil, outro, a bandeira da escola, mas as vezes eu
tenho ideias bobas, e tinha de expor.
Fabio pega a escultura e olha para Estevão.
— Qual a dinâmica que faria um carro destes, já que estamos
falando em reciclagem?
— Acho que pelo que entendi, algo imenso, mas acredito que
as bandeiras deveriam surgir, não ficar acima, não seria visível.
Micaela olha João, ele prestava atenção, ele olha os dois e
espera Fabio falar.
— Pelo que entendi, vamos fazer um enredo sobre o que fa-
lamos e quer discutir cada frase?
— A ideia, frase como “Brasil, País do Futuro”, desculpa, so-
mos a sétima economia do mundo, temos um dos agronegócios
mais consistentes do planeta, temos cultura própria, temos historia
própria, temos ganhos acima de muitos países mundiais, e não pos-
so assinar embaixo de algo assim.
— E quer ir por quais lados?
— Uma frase para a produção, acho que Brasil, país do futuro,
é algo que entra nisto, mas o que falava, qual o ponto que podemos
por de cada região, não quero por um gado, não quero por um tu-
rismo, não quero por uma indústria de eletrônicos, quando se fala
nisto, que cada parte do Brasil mostre sua posição contraria.
— Pensou em dividir a escola por região, em cada um destas
frases, pois falou em 60 alas, numa divisão de 10 partes, daria 5
para cada e como temos 5 regiões? – Fabio.
— Acho que podemos começar a pensar por ai, mas quero al-
go mais profundo, eu posso por as alas com algo local, mas também
quero um diferencial em cada.
— Diferencial?
— Eu posso afirmar que o Brasil é um país do hoje, que já deu
certo, mas teria de rebater a critica e projetar um futuro ainda me-
lhor, sei que eu peço muito, mas a ideia, é fazer cada ala, ser uma

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leitura de um pedaço de nossa historia, e para cada ala, vamos fazer
um descritivo bem elaborado dela.
— E porque começar com as arvores? – Fabio.
— Foi uma ideia, mas a arvore se chama Pau-Brasil, a arvore
símbolo do Brasil, hoje talvez exista mais no Brasil do que no desco-
brimento, por simples ignorância do povo referente a qual seria o
pau-brasil.
— Quer começar com algo que não é fácil ligar a historia, e
vamos ter de falar sobre isto. – Fabio.
— Bem o que estamos fazendo.
Fabio sorriu de não ser uma ideia fechada e pergunta.
— Já definiu os carros?
— Nenhum, mas queria definir as 60 frases, das alas e as 10
frases referente aos carros.
Roberto olha João e pergunta.
— Que tantas frases falaram?
João olha Roberto e fala.
— A conversa estava regada a cerveja, e nestas horas as vezes
boas ideias surgem, mas frases como “Viva o Brasil, onde o ano
inteiro é primeiro de abril!”, frase de Millôr Fernandes, nos impõem
um pais sem ordem, mas não é real, existem países bem piores que
nós, que se dizem, ordeiros.
— Quer dar a conotação dos países opostos do argumento? –
Fabio.
— Se não ficar confuso. – Joao.
Fabio anota algo, e parecia que um dos carnavalescos estava
perdido a mesa e outro começava a pensar no enredo, Fabio olha
João e pergunta.
— Poríamos o “No Brasil o fundo do poço é apenas uma eta-
pa!”.
— Eu gosto de algumas, assim como podemos usar aquela,
“No Brasil quando o feriado é religioso, até ateu comemora!” do Jô
Soares para falar das coisas que não param, da produção e da pouca
dedicação religiosa do Brasileiro nos feriados religiosos.
— Tentando falar disto em 5 regiões? – Fabio.
— Sim, sempre em 5 regiões.

23
— Acha que conseguimos fechar um enredo assim? – Este-
vão.
— Acho que a dinâmica do discurso, é bem mais pesada, mas
como falei, temos de achar um fio condutor para isto, e uma das
possibilidades, é dispor do beija flor, para unificar esteticamente,
podemos dispor dos tipos de beija-flores, por região, mas é o pegar
de frases como a do “Talvez o Brasil já tenha acabado e a gente não
tenha se dado conta!”, ou “Não sou especialista em Brasil, mas uma
coisa que estou habilitado a dizer, não creiam que mão-de-obra
barata ainda seja uma vantagem.”. Pois o Brasil subsiste com cultu-
ra própria até em outras nações, o Brasil não tem mão-de-obra ba-
rata, eu acho que temos de a melhorar, mas não vou a criticar, e
quem fala isto, são nações que hoje produzem tudo na China.
Roberto sorriu, era um enredo bem ao estilo João, não ao es-
tilo da escola, mas como João conseguia por gente a modelar um
carnaval ao modelo da escola, aquele sorriso disse que Roberto
começava a gostar da ideia.
— E poderíamos ter nestes pontos ainda criticas?
— Devemos, quando se fala, não somos assim, somos desta
outra forma, podemos dizer, mas podemos ser melhores e fica dife-
rente. Ser os dois.
Fabio anota mais alguma coisa e Estevão olha para Fabio.
— Acha que fechamos uma ideia, você disse que era algo
muito grande para um enredo.
— Acho que em si, é um enredo pesado, acho que – Fabio
olha para João – poderíamos fazer um descritivo bem fechado do
que seria o desfile, e quando eles acharem que sabem o que vai
passar, serem surpreendidos por algo impecável.
— Bem fechado? – João.
— Um exemplo, comissão de frente, apresenta o Brasil, com
15 trapezistas que mostram que não somos a propaganda que nos
incutem, apresentam a escola e iniciam o enredo. Temos a primeira
parte da dança remetendo ao extrativismo, a segunda a exploração,
e a terceira a colonização, e livres e produtivos após. Com descrição
de significado de cada apresentação.
João olha para a comissão de frente e os mesmos falam.
— Pelo que entendi, vamos de trapezistas? – Debora.
24
— Vamos conversar sobre isto, mas é uma ideia, e nem sem-
pre temos um presidente de escola que apoia as loucuras da comis-
são de frente. – Fabio.
— Eu sou geralmente a ideia fora da curva, então quero vocês
pensando nisto, a ideia, vamos construir, mas acho que consegui-
mos definir todo o andamento da narrativa. – João.
— E a ideia é algo grande, temos como gerar algo assim? - Es-
tevão olhando Roberto – Pois sabemos o custo de algo assim.
Roberto olha para João e pergunta.
— Acha que o caixa está bom?
— Acho, mas estamos aqui para mostrar quais as estruturas e
métodos que vamos usar, estamos em instalação, mas algumas
coisas vamos experimentar este ano, quando você olha as pilhas de
sacos na parte baixa, de plástico, é o que usamos no ano passado e
foi reciclado, as injetoras estão disponíveis, e temos como produzir
pelo menos 28 tipos de plumagens, no fundo vamos ter um recicla-
dor de alumínio, e vamos fazer tanto chapas como canos de alumí-
nio para armações de fantasias, todo o acetato do ano passado,
vamos reciclar ainda, estamos ainda terminando de desmontar al-
gumas roupas, pois parte temos como usar, como as pedrarias, en-
tão queria pedir a todos – João olha todos, sorri para Micaela e con-
tinua – para ajeitarem os seus departamentos, vamos dedicar junho
para fazer todos os protótipos de fantasias, e tentar fechar os pro-
tótipos de carros, eu sei que alguns acham que exagero, eu acho
que exagero, e entre meus exageros está dois novos palcos de
show, pois não sei pensar pequeno, mas quero todos me dando
ideias, ano passado eu estava sem criatividade, então eu abusei de
estrutura e movimento, junto com tecnologia para encantar, mas
não dá para fazer isto todos os anos.
Fabio olha João e anota mais uma coisa.
— Mas tem algo contra um carnaval grande?
— Um que se tenha como terminar, eu estabeleci meta, dois
acoplados, primeiro e ultimo, e 8 intermediários, dois de 50 metros
por 12 de largura, 8 de 25 metros por 12 de largura, base baixa dos
carros, vai ocupar três mil e trezentos metros quadrados de piso
deste barracão, mas este ano, quero investir em mais segurança,
mais reciclagem, mais luxo, então quando se fala em construir 10
25
carros que correspondem a 12, a meu estilo, em 7 meses, e fazer
todo resto, é corrido, se estou falando serio agora, é porque vamos
começar antes e vamos terminar depois deles.
Fabio olha todos, olha João e fala.
— Sabe que tenho receio de algo tão grande, nunca fiz algo
tão grande assim.
Estevão olha serio e fala.
— Sabemos que o convite é serio, mas não posso dizer que
não seja algo que assuste, quer que façamos um prospecto que
impressionaria João Mayer?
João sorri e fala.
— Que o encante, se o fizerem, podemos até não ganhar um
carnaval, mas vamos encantar na avenida.
João olha Roberto e levanta.
— Agora vamos começar por apresentar a casa aos dois no-
vos membros, e não esqueçam, hora de ter ideias, compartilhar
internamente e prepararmos um grande projeto.
Joao convida todos a descer ao térreo e mostra uma das ar-
mações, estava na base, os dois rapazes olham as estruturas, esta-
vam recolhidas em 6 de largura, mas eram bem baixas, Fabio sobe
sobre uma delas e pula, ele queria saber o jogo, olha as travessas e
pergunta olhando João.
— Quem produz isto?
— Volvo, sobre encomenda, a parte do comando ainda não
está pronto, mas na região do motorista, fazemos uma central de
comando, para isto ir a Marques sem enroscar em nada.
— E parece ter muitas rodas.
João chega a região do motorista, e apenas destrava a parte
para os lados, e o rapaz viu a parte baixa girar os pneus e andar
lateralmente, transformando a base de 6 de largura, para 12 de
largura, ele passa para a nova altura mais baixa ainda e olha em
volta, não era uma daquelas, estava com 8 bases daquela ali.
— Os famosos quadrados de João Mayer? – Fabio.
João sorriu, ele estava parecendo querer dar liberdade, mas
olha para Fabio e fala.
— Esta é a estrutura básica, temos 12 de largura, que se torna
6, temos na base, 24 de cumprimento, eu sei que as vezes fica com
26
30, mas a base da ideia, é esta, temos nas partes internas, prepara-
do, para por 4 geradores, na parte central, passa toda a fiação bási-
ca, dos dois motores base, que alimentam as 48 rodas independen-
tes, elétricas, é um veiculo que se por todas as rodas em sincronia,
gira sem sair do lugar, mas temos as primeiras 8 bases, vamos ter 12
delas, e para isto que estou convidando os dois, a pensar no como
transformar o que todos viram entrar pela porta, como algo estra-
nho e baixo, em carros, este ano mais seguro, pois na base, esta a
frente, devem ver os espaços para os geradores, para os tanques
dos geradores, para os tanques de agua para contrapeso, e toda a
estrutura básica já veio de fabrica, vamos daqui a frente.
Roberto chega ao lado de Micaela e fala.
— Ele está assustando os dois para ver a posição deles.
— Ele pelo jeito pensou nisto antes, e estranho algo que pode
se mover fácil e encolher laterais.
— Ele pelo jeito quer algo muito bem pensado.
— Esta altura do barracão, dá a sensação de um espaço quase
aberto, mas ele gosta de tirar o chão das pessoas, para elas se situa-
rem após, uma coisa é eu dizer, vamos fazer um projeto e vemos
onde colocamos depois, ele já faz o contrario.
— Ele faz da forma dele, lembro do primeiro carro.
— Carros que dão a sensação inicial de ir a uma estrutura
muito antes dos demais.
João chega ao fundo e olha para Estevão e fala.
— Este forno foi feito sobre encomenda, ele é feito para plás-
ticos brancos, e transformamos em grandes blocos de 4 metros de
altura, o pessoal coloca os plásticos, no forno, ele vai a 180graus, o
teto aperta os tornando planos e vamos apertando até ter um bloco
como este ao fundo.
Estevão chega ao lado e pergunta, estavam diante de uma
placa de dois por dois e quatro de altura.
— E o que faz com isto?
João sorriu e fala.
— Eu posso fazer uma escultura neste material, é pesado,
mas uma escultura que duraria muito tempo, eu posso também
cortar em fatias.

27
João olha uma fatia daquele material ao fundo, algo na pro-
porção da altura do bloco, então uma placa de dois por quatro.
— Assim que fica quando cortado.
Todos olham a cara de Roberto e de Estevão, que toca o ma-
terial e fala.
— Parece Mármore. – Estevão vendo que aquilo estava cor-
tado em placas de um centímetro. Ele bate no material, a textura
parecia de plástico, e pergunta.
— Acabamento de carros?
— Sim, mas se eu esculpir, posso ter estatuas de mármore, e
posso no ano seguinte, usar todo material na fachada da escola,
mudando a cara do lugar.
Fabio toca o material e pergunta.
— E vai nos proporcionar material reciclável?
João sorriu e fala.
— A maquina a frente, pega o acetato que usamos no ano an-
terior e o disponibiliza novamente em placas finas.
Fabio viu que era serio, eles queriam baratear algumas coisas.
— Pensei que não usaríamos acetato.
— Eu gosto dele um pouco mais rígido, para forjar vidros, mas
as maquinas a frente, cada uma delas tem uma função, que varia de
penas, de placas de alumínio, de placas de compensado, sei que por
isto chamam meu carnaval de industrial, mas acho um crime ter de
comprar compensados, tendo tanta sobre da madeira, mas a ideia é
começar com as ideias, enquanto isto, vou providenciando e reci-
clando o carnaval anterior, para se pensar no que podemos fazer.
João apresenta a costura, as estruturas, o próprio pessoal es-
tava se acostumando com o espaço, e por fim, sobem para os dois
pisos elevados, os dois olham o local e Estevão fala.
— Local para criação?
— Sim, para escultura, para modelagem, para as coisas altas,
todas as escolas terão espaços assim, então espero que elas criem
grandes carnavais, pois agora se pode reciclar melhor, criar maior e
tentar se superar.
Os dois carnavalescos se afastam. Roberto viu que eles fica-
ram assustados, mas tinha muita coisa ali.
Fabio olha Estevão e fala.
28
— Preciso de um calmante.
— Entendeu a ideia?
— Estevão, o convite, veio de Mayer, para fazer um carnaval,
assunto, aquele maluco que discutimos, “Brasil, grande por Nature-
za”, mas eu sempre pensei em não o realizar, pois é algo imenso,
dai ele fala, não sejam preguiçosos, pode ter até umas 65 alas, no
mínimo 60, 10 carros, 3 tripés mais comissão, ele está nos convi-
dando a fazer o maior carnaval que já fiz, que já vi, que já ouvi falar.
Estevão olha Fabio.
— Acha que conseguimos?
— Eu vim com uma ideia, e entendi que Mayer quer nos tirar
os pés, mas sabemos que ele é parte, viu que Roberto passou todas
as perguntas a Mayer, e tudo que sabemos, é a ideia, não entendi a
pretensão dele com a comissão de frente? – Fabio.
— Pelo que entendi, um show, rápido, continuo, mas temos
de pensar no todo, viu aquela placa?
— Algo que remete a Mármore Branco, ainda sem os acaba-
mentos, apenas não vi onde por no enredo. – Fabio.
— Nas riquezas. – Estevão.
— Vamos ter de aprender, pelo que vi, eles fazem muito mais
reciclagem do que falam.
— Eles tem uma fabrica, para somar em coisas, sei que tenho
de aprender, pois se eles reciclam todo plástico, todo o acetato, eles
pegaram o lixo das demais e tem mais acetato que as demais.
— Vamos ter de conversar com Mayer.
— Quero pensar um pouco antes, vou pesquisar e por os
prospectos, para ver o que conseguimos.
João olha Micaela e pergunta.
— Acha que eles conseguem?
— Estavam com medo, mas você quer eles com medo, acho
que todos sabem o quanto você é exigente, e você não disse, vamos
fazer um pequeno carnaval, disse, vamos fazer um imenso carnaval.
— Tem de ver que somos investidores na Beija Flor, e o mun-
do ver nossa nação como rica e que pode mais, é algo que precisa-
mos passar a frente.
— E vai falar com eles?

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— Vou conversar com algumas pessoas, as vezes é bom dei-
xar eles pensarem.
— E vai deixar todos livres para pensar.
— Eu assusto eles, e nem sempre eles falam algo possível.
— Certo, você faz, presa pela segurança, e por si, mas o que
pretende.
— Estou pensando, quero aprender, mas agora estou fazendo
algo mais especifico, verificando como ficou a obra, como estão as
maquinas, quais já entregaram, e pensando em como fazer um car-
naval lindo este ano.
Os dois entram em uma sala e João olha para Bira e fala.
— Tem um tempinho Bira?
— Urgente?
— Nada que não possa esperar. – João que não forçava, mas
depois não reclamassem.
— Tenho um tempo.
— Disposto a fazer algo maior com a TV Beija-Flor?
— Maior quanto?
— Documentar a reciclagem, os projetos, as fantasias, os ma-
teriais, girar em torno de cada carro, da armação agora até a véspe-
ra do desfile.
— Algo a mais do que faço?
— A proposta Bira, é você montar um grupo, as filmagens vão
sair apenas em nossa TV, mas que vai mostrar um ano de trabalho.
— E começo por onde?
— Reúne você e mais 3, que queiram e entendam disto, a
primeira coisa, anuncio oficial, dos carnavalescos do ano.
— Antes de todos?
— Ainda hoje, se der. – Joao era incisivo, mas Bira sorriu e fa-
la.
— Eles estão onde?
— Na sala deles lá encima, sobe, conversa, faz um vídeo rápi-
do, tenta ser eficiente e dentro de regras, para não precisarmos
cortar, então este é o desafio numero um do carnaval 2025. O se-
gundo, fazer com as câmeras dos carros, uma sequencia, para dis-
por na Internet, da nossa visão do desfile, da armação a dispersão,
sei que dá trabalho, e enquanto o pessoal faz isto, verifica algo so-
30
bre o anunciar amanha, da comissão de frente da Beija Flor para o
ano que vem.
Bira sai e Micaela viu ele sentar a sala, ele nunca fora ali, ele
estava se situando com a sala da presidência, para ele algo estra-
nho, mas ele pega os nomes e liga para algumas pessoas, e Micaela
viu ele passar a mão no braço dele e falar.
— Vamos falar com os artistas.
Os dois vão a sala da comissão de frente e João estica a mão a
Debora e fala.
— Bem vinda ao barco.
— Pelo jeito quer algo acrobático.
— Acho que ninguém imagina algo de pouco impacto para
uma comissão de frente, mas a ideia, algo limpo, que se veja dos
dois lados, e faça algo simples, apresentar a escola, o enredo, base-
ados em uma frase. ”Desmatamos uma cidade de São Paulo por
Ano”.
Marcelo olha João e fala.
— Pelo jeito quando fala em carnaval, vamos a mais um ano
incrível.
— Este ano com calma, o ano passado foi muito corrido e
cheio de interferência, mas o que acharam da maluquice. - Apon-
tando a maquete que estava a mesa de Marcelo.
— Algo que teria de entender o tamanho para palpitar.
— A ideia, talvez ajustável a partir do samba, ou da ideia do
samba, mas uma entrada de parar a Marques, independente da
posição de desfile, eu quero quebrar uma sina, pois quero ganhar
um carnaval desfilando no Domingo.
— Algo para todos se mexerem?
— Eu ajudei e indiquei caminhos, mas temos de ter uma qua-
lidade não padrão da escola, e nisto, vamos de chapelaria nova,
vamos de tecidos novos, de acabamentos novos, de descrição de
cada evento, bem detalhado, mas estar detalhado, não quer dizer,
eles veem a surpresa, a surpresa tem de ser na hora.
— E teríamos o carro para pensar numa comissão?
— Sim, mas o problema de um carro de malabaristas, com
tudo visível, é que teríamos no máximo dois conjuntos de pessoas,
que teriam de aguentar a avenida inteira.
31
— E quando vai nos dispor desta alegoria? – Debora.
— Tenho de ter certeza antes, os carnavalescos ainda não
tem esta certeza, eu dei ideias, e sei que os dois começam hoje,
então tem muita coisa a fazer ainda. Mas se ouviram a ideia, é apre-
sentarmos frases em cada ala, e a resposta a frase, se a da comissão
de frente, que tem a função de apresentar algo de nome Brasil, a
escola, e a frase, ”Desmatamos uma cidade de São Paulo por Ano”,
na contrapartida “Plantamos seis cidades de São Paulo ano, em
arvores, e vamos cortar cada vez mais arvores, plantar mais arvores,
crescendo.”
— Não entendi as escolhas do ano para carnavalescos, pensei
que iria de um nome mais forte, ou apoiar Gabriel. – Marcelo.
— Primeiro precisamos de gente que faça enredos fechados,
sei que eu forço vocês correrem depois, mas todos os olhos não
estarão sobre nós este ano, não inicialmente, mas vamos aos pou-
cos puxar eles para nós, A TV Beija-Flor vai fazer duas exposições
semanais, pelo menos 8 por mês, a partir de Julho, eu quero a Mar-
ques Lotada para nos assistir, independente de quando desfilarmos.
— E vai mostrar muito?
— Se não verem tudo, sempre ficarão curiosos, e este ano
vamos pesados a Marques.
— Pesados?
— Beija Flor sendo Beija Flor, comunidade bem vestida, can-
tando, sambando, opulenta em fantasias, impressionando nas ale-
gorias.
— Mas porque acha que as arvores seriam o caminho? - Mar-
celo olhando Mayer.
— Não arvores, 5 Arvores de pau-brasil, interativas, que per-
mitam índios, brancos, negros, em um bailado, pode ser de piso,
pode ser de malabarismo, pode ser de escalada, mas algo que
quando as arvores interagirem, 10 visíveis, quando paradas, 15 visí-
veis, tendo o grupo superior, o grupo inferior, e estou pensando se
daria para ter o intermediário. A arvore central, vai ser cortada, e
desabar na avenida, já que ganhamos o nome pois os índios vendi-
am a arvore a Franceses. Mas em uma encenação continua, a arvore
central ainda nem sei se vai funcionar. Eu vou pedir um momento
no samba para a bateria ter um grande ruído de queda.
32
— Uma evolução de apresentação de quantos minutos?
— Algo entre 25 e 30 minutos, entre o entrar e sair da aveni-
da, evoluções que permitam eles se apresentarem aos jurados, ago-
ra aos dois lados da avenida, e mesmo assim continuarem, algo
sequencial, nada de preparação para os módulos e depois fica con-
fuso, quero algo evolutivo, pela avenida inteira.
Debora olha para João e fala.
— Uma peça de interação, que se repita e não se sinta?
— Pode ser, teria de saber qual o tempo entre cada cabine,
para dispor de algo que evoluísse do ponto zero ao 30, com tempos
que estabelecem bem os percursos.
Debora olha Marcelo e fala.
— Uma peça de uns 8 minutos, com entrada mais forte, o ini-
cio se começa a frente da comissão um, caminha até a dois, começa
de novo na dois, evolui até a 3 e começa novamente, e quando
vermos estamos na ultima cabine, pois não esquece, comissão de
frente as vezes não se apresenta onde não tem seus jurados, e aca-
bamos perdendo em harmonia. – Debora parecendo pensar sobre
as próprias palavras.
Marcelo sabia que Debora tinha muita experiência em apre-
sentações duradouras, um incremento para o ano, e viram Micaela
olhar para os dois e falar.
— Tentem uma ideia intermediaria, sabemos que precisamos
exatar o que faremos, e somente com o samba fechamos exata-
mente o prospecto.
— Podemos contratar quantos para a comissão? – Debora.
— O que for preciso! – João.
Debora sorriu e fala.
— E a fantasia?
— Pede o que precisa, desenhamos e fazemos, quero duas ou
três fantasias, para ensaiarem em janeiro com a fantasia e poder-
mos ter uma novinha para o desfile.
— Certo, pelo jeito quer algo perfeito. – Debora.
— Que vocês imaginem algo bonito, e que aconteça na ave-
nida como vocês imaginaram.
João e Micaela saem e Debora olha Marcelo.
— Ele tem como bancar isto?
33
— Este rapaz, que todos chamam de João Mayer, é de ideias
malucas, como a do ano passado, mas pode ter certeza, se precisar,
fala com ele.
— Pensei que Roberto ainda mandasse aqui?
— Mayer e a pequena Mick estão assumindo, e tem gente
que ainda vai palpitar. Mas pelo que entendi, ele quer arvores vivas,
aquela ideia que encerrou um desfile, agora a frente, puxando to-
dos já de cara, para apresentar o Brasil.
— Ele tem razão em algo, eu não conheço o Pau-Brasil, tenho
e estudar ele, ver se as sementes não podem ser usadas, ou algo a
somar no prospecto.
— Somar? – Marcelo.
— Ele quer algo, e se tivéssemos algo em raízes, para crescer
outra arvore, ou mudar, da central a volta, durante a apresentação,
não sei se é possível.
Marcelo sorri e anota, teria de falar com João, mas era o tipo
da ideia que sabia que Mayer gostava.
Os dois olham o prospecto e começam a pensar no que pode-
riam fazer.
João entra com Micaela na sala de Sergio, com um canudo de
desenho na mão e pergunta, ele estava debruçado na mesa.
— Podemos falar Sergio.
— As vezes demoro para me acostumar com um espaço tão
amplo, mas pelo jeito quer conversar.
— Sim, pensei em colocar dois rapazes para pensar no enre-
do, mas preciso de gente para administrar o todo, eu sei que preciso
de ajuda.
— Pelo jeito quer algo grande?
— Eu não pensei no prospecto ainda, mas pensa, 60 alas com
90 pessoas, dá 5400 fantasias, 12 divisões de carros, com 120 pes-
soas, dá 2400 pessoas, destas divididas em 120 tipos de fantasias,
isto gera parte da corrida, pois são 7800 fantasias, e isto fica aqui
dentro por enquanto.
— Acha que conseguimos passar em 88 minutos?
— Acho que daria para ir e voltar, mas ai seria na corrida, mas
é que eu quero algo que faça os demais pensarem em algo grande.
— E não quer algo pequeno! – Sergio.
34
— Eu sei que duas escolas a volta, querem ganhar seu primei-
ro e seu segundo titulo, e todos não estão olhando para elas.
— Quem? – Micaela.
— Chatuba e Vizinha Faladeira, eles tem a estrutura que sei
que deixei lá, a Mocidade também tem estrutura, Ponte tem estru-
tura, então não é para bobear, e todos vão olhar pouco para eles,
mas aqui, quero chamar os olhos.
— E como faremos este ano?
João pega o desenho que pegara na sua sala e colocara den-
tro do canudo de transporte e estica a parede, na sala lateral do
local e fala.

— Tamanho definido, quadro em branco, então eu sei o que


quero na avenida, podemos mudar a disposição, a ordem das coi-
sas, mas se querem saber o que quero fazer para este ano, o proje-
to inicial para pensar é algo assim.
Sergio chega perto e fala.
— Sabe o risco de acabar com um carro acoplado?
— Sei que é arriscado Sergio, mas eu não quero um carnaval
pequeno, quero algo que a pessoa que pagou para estar lá, diga,
valeu cada segundo.
— E isto é definitivo?
— Não, posso tirar alguns tripés, para por alas de pessoas,
mas este tamanho é desfilar com 60 alas e 10 carros.
Sergio olha para a porta e Gabriel entrava, a cara de poucos
amigos fez João olhar para Sergio e falar.
35
— Mas o que espero Sergio, é que você e Gabriel, deem o
caminho para os dois carnavalescos, eles tem de entender, projetos
na Beija-Flor, passam por minha mão, pela do Roberto, pela sua e
pela do Gabriel, eles tem liberdade de criação, mas tem de nos con-
vencer, pois se eles tem argumentos para convencer nós 4, gente de
4 estilo de pensamento, tem como convencer os chatos dos jurados.
Gabriel olha intrigado, pois pensou que ele estaria fora, e olha
para João.
— Pensei que tivesse me excluído.
— Gabriel, você vai apoiar o Bira, e você vai estar sempre
aparecendo nas cenas, mais do que os carnavalescos, não vamos
falar que fazemos, vamos induzir as pessoas.
— Não entendi a ideia do Bira? – Sergio.
— Temos material gravado do desfile do ano passado, que dá
para passar quase um ano inteiro, mas vamos mostrar os nomes da
comunidade, do barracão, da organização, vamos mostrar o peso de
uma comunidade.
— Transformar em algo mais explicativo?
— Sim, mostrar nosso esforço e pré projeto de chapelarias,
mostrar nosso sistema de reciclagem de plásticos, nossa forma de
reciclar alumínio, nossa engenharia em um carro simples.
— Quer por todos olhando de novo, mas agora controlado
por um ponto interno? – Gabriel.
— Eu posso pressionar para a partir de Novembro se falar de
Carnaval, mas quero o pessoal falando de Carnaval o ano inteiro.
Gabriel sorri e fala.
— Pensei que estava me isolando.
— Quero depois, eu, você, Sergio, seu pai, e os carnavalescos,
dentro de uns 3 dias, sentamos e resolvemos o que vamos fazer, o
que acabo de por na parede, vou passar um para você e um para
Roberto, os 4 vão ter isto a parede, projeto que nós queremos, e
que eles vão ralar para pensar e nos dar ideias.
— Vai querer sugar toda a ideia?
— A ideia começa pelo dispor de 60 frases, e nossa resposta a
frase, então é o dialogar com uma ideia, feito através do que está a
parede, se as demais querem encolher, vamos com tamanho de três
escolas a avenida Gabriel.
36
João pega um papel e fala.
— Estas frases, vão estar divididas, em Frases Politicas, Frases
Econômicas, Frases Religiosas, Frases Discriminatórias, Frases de
Aparente Apoio, Frases Racistas, Frases que Denigrem nossa Língua,
Frases que denigrem nossas riquezas, Frases que denigrem o Brasi-
leiro em si, e por fim que denigre nossa cultura. São dez divisões de
enredo, onde para cada divisão tem no mínimo 5 alas, então a ideia,
que passei aos rapazes, e que espero eles pensando, é como por um
enredo desta magnitude na avenida, talvez não vendamos nenhuma
ala este ano, pois quero o povo gritando o samba.
— 100% Comunidade?
— Sim, ou pode ser que vendamos de forma diferente, duas
fantasias a mais por ala, podendo chegar a 4, mas isto estou pen-
sando ainda, algo para vender não mais de 220 fantasias, mas ai
seria vender no máximo de 4 fantasias por ala, não sei se é positivo,
mas não quero uma ala inteira com turistas, então Sergio, se puder
falar com o pessoa de cada ala, seus diretores e propor algo assim,
para ver se aceitam.
— Acha necessário?
— Pensa, você disponibiliza apenas 4 fantasias, por ala, e co-
bra pelo menos 700 dólares por fantasia, daria para somar 150 mil
dólares em acabamentos de outras fantasias.
— Oferecer pouco, mas o que mostraríamos no Site?
— A fantasia que venderíamos.
— Maluco. – Sergio sorrindo.
— Acha que não daria certo? – Gabriel olhando Sergio.
— Não disse isto, uma fantasia cara, estabelece o preço, e
quando se fala em dólares, mas isto quer dizer, vender algo bonito,
mas dispor da maioria das nossas fantasias na internet, por isto usei
o termo maluco, pois estaríamos mostrando cada uma das nossas
fantasias, e conhecendo Mayer, ele vai mostrar algo, entregar mais.
João sorriu e olha para Micaela.
— Sou tão previsível já?
Ela o abraçou e olha Sergio.
— Sabe que estamos pensando na escola como uma fabrica,
e poucos gostam disto, mas a parte industrial, não é a de criação, é
a parte de transformação.
37
Fabio olha para Roberto entrar na sala dos dois, com sua mu-
leta, as vezes ele usava, para apoiar-se.
— Sei que não nos conhecemos meninos, mas queria dizer
que são bem vindos, e que não se assustem, João Mayer coloca
medo em pessoas como Franco, como eu, então é normal ele por
medo nas demais pessoas, com suas ideias grandiosas.
— Ele tem todo apoio da comunidade presidente? – Pergunta
Estevão.
— Sim, ele tem apoio de todos nós, mas ele é das pessoas
que não aparecem, não esqueçam, falam dos carros no estilo Ma-
yer, mas ele assina pouco, ele deixa as honras, e saibam que ele não
os convidou para um carnaval de segundo lugar, ele no dia, vai estar
lá na armação, cobrando, fazendo, erguendo, pois ele coloca a esco-
la na avenida como poucos, assim como controla um barracão como
poucos, então ele está apostando em vocês, e ouvi que ele já pas-
sou para todos, o desafio de pensar em algo melhor para o ano se-
guinte.
— As vezes me assusto com a ideia de 10 carros, não me con-
venci da necessidade. – Estevão.
— Ele não impõem isto, mas ele gosta de desafiar, e ele mais
que muitos, muda de ideia, ele apresentou uma ideia inicial, geral-
mente, quando ele nos apresenta uma ele diz que pode crescer até
o final, nesta ele falou que pode diminuir, então mesmo ele, não
tem a ideia formada, ele está dizendo, pensem no melhor, e se o
melhor precisar de todo este tamanho, colocamos na avenida.
— Acha que é uma ideia inicial.
— Saibam apenas uma coisa, Mayer odeia carnavais pregui-
çosos, então o que o coloca em destaque, são carros impossíveis,
coloca ai o teatro do carro de 2019, e o carro final de 2019, coloca ai
o abre alas da Imperatriz 2020 e os Manipuladores da Alegria tam-
bém em 2020, Orun na Ponte através da Briga entre os Humanos e
Olorum, e Orun, Ogum e a Iemanjá da Alegria em 2021, dai ele se
afasta 2022, a pequena Mirian nasce, e volta em 2023 com aquele
demônio Frontal na Chatuba de Mesquita, e o avião de 28 metros
de envergadura na Mocidade, chega a 2024, este ano, ele volta a
Beija-flor, e resolve assumir o barracão, para a ideia de meu filho,
vocês devem ter visto os carros.
38
Fabio olha para Roberto.
— Seu filho deu as ideias?
— Ele deu as ideias do Abre Alas, e em que parte iria cada
carro, juro que eu sento e fico olhando o nosso desfile deste ano, e
a cada vez que o vejo, tem coisas diferentes, e não sei o que sentem
quando veem o desfile.
— Algo impecável em acabamentos, em dinâmica de grupo,
em fantasias, tivemos outros grandes desfiles, eu achei dos anos
mais incríveis que já assisti, juro que quase vi uma estreante ganhar
o titulo.
— Pensa que alguns falam que Mayer tem apoiado algumas
escolas, através da Beija-Flor de Nilópolis, entre os apoios, está Vizi-
nha Faladeira, Chatuba de Mesquita, a parceria de Mayer e Leandro
no confeccionar do carro 2 da Mangueira, o apoiar de vocês dois, no
carnaval da Unidos de Padre Miguel.
— As vezes vemos alguém pela fama, ele quando olhamos de
perto, parece com ideias boas, mas acha que ele vai se manter
apoiando as demais?
— Não sei, ele apoia muita gente, e tem gente reclamando,
pois estamos falando de 14 escolas no especial, por enquanto não
se tem cedido espaço, mas algumas estão incomodadas, mas pelo
jeito ele quer revolucionar o mercado.
Estevão olha Roberto e fala.
— Ele revolucionou senhor, pois se antes o especial contrata-
va 12, agora contrata 14 carnavalescos, o mesmo no acesso, e ainda
deu visibilidade a outras 20 escolas bem estruturadas pelo desfile
de Jacarepaguá.
— Nisto ele realmente superou muitos, mas para não disper-
sar, saibam que temos estrutura para pagá-los e para prover as lou-
curas de João Mayer, e tentem entender ele, tentem pensar grande,
pois o grande de vocês, pode não ser o tamanho que ele quer, vol-
tamos a desfilar 12 horas, então antes estávamos confortáveis, ago-
ra temos duas escolas desfilando pela manha, 88 minutos cada,
podendo desfilar no mínimo em 60 e no máximo em 88, muitos
apostam em 70 minutos, Mayer aposta que Chatuba, Vizinha e nós,
vamos nos esforçar para não estourar o tempo.
— Acha necessário algo tão grande senhor Roberto? – Fabio.
39
— As vezes vamos encolhendo e as pessoas não mudam, en-
colhemos e perdemos espaço, hora de crescermos.
— E pelo jeito novamente um enredo crítico?
— Ele gosta de misturar cultura e critica, capricho e grandio-
sidade, então tentem entender ele, ou o deem um limitador ou uma
ideia para os carros, e vejam onde ele chega.
— Pelo jeito gosta do estilo dele.
— Brigamos muito, mas hoje ele se fez respeitar, e saibam,
ele não está no cargo apenas por ter casado com minha filha, ele
merece esta presidência, ele por si, conseguiu este novo espaço,
tentem entender ele e tudo se resolve.
Roberto deixa os dois ali e olha Sergio debruçado nos papeis,
João já havia se retirado.
— Problemas Sergio?
— Não, mas Mayer quer desfilar com cinco mil e quinhentas
pessoas no chão e mais dois mil e quatrocentas nos carros, perto de
8 mil fantasias, ele não quer algo fácil, novamente.
— Pelo jeito ele leva a serio até se superar?
— Ele me passou a ideia a pensar, e quer deixar todos pen-
sando até daqui a 3 dias, e sabe que daqui a pouco começa a corre-
ria.
— Ele quer começar com o que este desfile?
— Sei lá, pelo que entendi ele começa com a critica politica e
termina com a critica a nossa cultura, o carnaval em si, mas isto é
um acho, não tenho certeza, mas ele colocou isto a parede – Sergio
apontando a parede e continua – um projeto para começar agora, e
terminar em Fevereiro, e sei que ele deve ter pensado bem no
prospecto, ele quer vender 220 fantasias, em 55 alas, e arrecadar
150 mil dólares com isto.
— Pelo jeito ele continua querendo mudar as coisas.
— Ele não quer passar com um grupo que não sabe o samba,
então distribui os turistas em meio a 55 alas, vantagem, não some
ala no desfile das campeãs, não dá muita visibilidade a poucos sem
cantar, e garante algum dinheiro extra a costura.
— Ele sabe se tem dinheiro para isto.
— Já ouvi dele varias vezes, coisas feitas para dar prejuízo pa-
rece para ele coisa de preguiçoso.
40
Roberto sorriu e pergunta.
— E o que tanto olha?
— Apenas os dados de reciclagem.
Do outro lado da cidade Guimarães olha a publicação da TV
Beija-Flor anunciando os dois carnavalescos, estranha, pois jurava
que seria uma comissão para João mandar e olha a secretaria.
— Entendeu isto?
— Não, mas estranho a própria TV deles dar o furo antes de
qualquer pessoa.
— Tinha ouvido que os dois estavam tentando vaga nas esco-
las do Especial, mas pensei em cada um numa, a Beija-flor tira em
uma cartada os campeões do acesso do ano passado, do mercado e
todos junto com os nomes da Beija Flor, sinal que vão fazer algo
grande.
A secretaria olha para Guimarães e fala.
— Pelo jeito a Beija-Flor muda até a forma de anunciar, algo
filmado por terceiro, Bira não saia na imagem.
Guimarães olha a imagem e fala.
— Eles disseram que vão anunciar o enredo no inicio de Ju-
nho com toda a equipe, meio atrasados, mas sinal que vem algo
finalmente da Beija-Flor. – Guimarães.
João estava em sua sala, Micaela foi a sala do pai e Fabio e Es-
tevão batem na porta e pedem para conversar.
— Podemos trocar uma ideia? – Fabio.
— Sim.
Os dois olharam o projeto a parede e Fabio pergunta.
— Precisa ser tão grande?
— As vezes, eu penso em algo que daria dois carros e consigo
uma ideia e coloco as duas ideias em um único.
— Certo, então o que esta ai é a ideia.
— Sim.
— Teria um ponto para partirmos?
— É um enredo, eu gosto de contar ele através do nosso sím-
bolo, então temos os 5 tipos de Beija-Flor, representando as 5 regi-
ões Brasileiras, não falo para fazerem assim, mas eu gosto da ideia
de mostrar a diversidade através de símbolos, um beija-flor vestido
de gaúcho, um boiadeiro, um com chapéu de palha, um com um
41
gibão, e um indígena, criar 5 personagens que caminham pelo enre-
do, mas para isto, preciso das 60 frases, antes de qualquer coisa.
— Sei que nos deu o desafio, mas já pensou em como come-
çar o desfile?
— Não, pensei apenas nas ideias, mas queria terminar com a
frase, Gigante pela própria natureza, mas o problema que sempre
tenho, eu começo uma ideia e acabo com outra. Então a ideia, co-
meço com Brasil, na Beija Flor, e termino com Gigante pela própria
natureza, na Beija-Flor.
— Certo, e o que seria este fim?
— Pensando ainda, um carro que começasse em praia e ter-
minasse em praia, mas um começa na praia com pampas, monta-
nhas, vales, florestas, catingas, restingas e termina em praias com
florestas.
— Um carro com quantos metros?
— Como viram, prefiro o primeiro e ultimo acoplado, mas eu
acoplo antes da curva, então é apenas um carro maior, e ele tende a
ter muitos cheiros, muita natureza, muita coisa bonita e o seu povo
em toda sua grandiosidade, do Gaúcho ao Indígena, passando por
todos os prospectos de raça e cultura.
— Fechar com um símbolo realmente nacional?
— Na verdade eu penso em carros, eu sou bom em carros,
não em algumas coisas, eu gosto de desafiar, devem ter visto aquela
entrada da bateria do ano passado, muita gente ficou esperando, e
quando viu, já estavam no recuo, pior que poucos viram o efeito,
pois o carro alegórico ao fundo, foi encostando, enquanto a bateria
entrava invertida, o fundo primeiro, e os demais após, estranho
como uma ideia apresentada muda a dinâmica do desfile, não preci-
samos inverter a bateria, não precisamos nem parar parte da bate-
ria, e quem viu se encantou, quem piscou, quase perdeu.
João pega um papel, ele as vezes precisava passar o que ele
queria para que as pessoas evoluíssem, as vezes ele achava que
demoravam para o entender e fala.
— Quando eu apresento um carro na parede assim.

42
— Eu tô pensando nele assim!

— Sempre olhando por cima? – Estevão.


— Acho que eu defino ele por cima antes de o dar altura, se
ele encaixar, posso dispor a 10, a 14 ou a 28 metros, depende ape-
nas de contrapeso e estrutura.
— E qual seria este carro? – Fabio.
— Apenas começando a pensar na estrutura do carro, o que
teríamos, as vezes não uso nele, mas sei que existe no estoque, as
vezes eu relaxo montando protótipos, para ver se é possível.
— Vai dizer que existem protótipos.
João sorriu e fala.
— Teria de mostrar com calma, mas sim, todos os carros do
ano passado tem protótipo em escala.
— E guarda isto onde?
— Eu não sei se doo eles para o museu do Sambódromo ou
construo o meu museu particular de ideias.
— E teria onde o fazer?
— Espaço se cria, mas as maquetes devem estar no meio da
bagunça da mudança para cá.
Fabio olha a maquete das arvores e pergunta.
— O que teria isto de incrível?
João chega a mesa, apenas escorrega ela na mesa, mostrando
que tinham rodas na proporção, poucos sabiam que elas funciona-
vam, ele pressiona de cima para baixo, e os dois carnavalescos vi-
ram as arvores ficarem na altura das copas das arvores, encolhendo
toda a estrutura.
Fabio chega perto e fala.

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— Tem sistema interno?
— Se não funciona na maquete, não vai nem chegar perto de
funcionar na realidade, pois aqui, é sem peso, sem vigas reais, peso,
componentes.
Estevão pega na mão e fala.
— E quando se olha parece apenas arvores?
— Eu tenho desenvolvido meios de esconder conexões, divi-
sas, encaixes, a ideia, é olhando de cima, de frente ou lateral não se
ver o encaixe.
— E acha que seria assim mesmo o elemento da comissão de
frente? – Pergunta Fabio.
— Começar com a palavra Brasil, e a arvore que nos induz a
isto, é um começo.
— E seria como esta maquete?
— Não. – João olhando os dois.
— Porque um não tão convincente.
— Estas árvores não tem vida, não se mechem.
— Quer começar encantando? – Fabio
— Sempre, já fiz isto antes, mas agora, é uma peça teatral de
30 minutos de duração, com repetições, que induzem o caminhar a
frente, e toda a avenida vê.
— E no que acha que teria de diferente?
— Rapazes, a ideia, é raízes vivas, então os troncos surgem na
avenida, e não tem meio, é algo que está no todo ali, eu terei de
fazer um modelo de dois de altura para explicar para Rodney e Jesse
o que quero.
— Então acha que começamos com uma apresentação abaixo
das arvores, as vezes não consigo pensar em algo assim.
— A ideia, a comissão de frente, é a frase. ”Desmatamos uma
cidade de São Paulo por Ano”.
— Não entendi. – Fabio.
— Fabio, se eu desmatasse apenas uma cidade de São Paulo
por ano, não seria problema, nós desmatamos mais que isto, mas as
pessoas não tem noção do tamanho do Brasil, mas temos plantado
para corte, 6 vezes a cidade de São Paulo ano, então cortamos mais
que o que desmatamos, apenas em arvores produtivas, mas esta-
mos crescendo nisto, é uma frase e uma resposta, então sei que
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estou deixando vocês pensarem, a comissão pensar, mas vou fazer
uma replica e ver o que eles pensam, e por isto gostaria de vocês
me passando o que gostariam de cada ala.
— Para que isto?
— Quero apresentar aos compositores uma ideia bem real do
que vamos apresentar este ano, para ver o que eles desenvolvem
para o samba.
— Você parece querer nos complicar com este enredo, mas
estamos escrevendo as frases, vamos pensar nas mesmas, pelo jeito
quer começar com uma e terminar com outra.
— Na verdade eu quero pensar em cada frase e dispor ela no
enredo, de forma a provocar, eu sempre digo que não faço um car-
naval para ganhar, mas para dar o melhor show, ai tem de alguém
conseguir fazer um melhor e ganhar de nós.
— E pelo jeito quer algo critico?
— Eu posso mudar de ideia, mas é que a ideia é uma contra-
dição em si.
— Como uma contradição.
— Frases como “Brasil, país do Faturo!” que é uma critica a
propaganda do governo “Brasil, país do Futuro”, em si é uma con-
tradição, pois Brasil é hoje, não ontem e nem amanha, e porque nós
penalizamos tanto o ganhar neste país? Pensa em você ler uma
frase, e discordar dela e da critica dela.
— E quer um enredo nisto?
— Sim, quero um enredo nisto, um enredo que por si, tem de
ser explicado, talvez mudado de nome, estava pensando, não sei se
conseguimos usar, mas Brasil, que país é este? Talvez de uma cono-
tação melhor do que quero falar.
Fabio que ouvia senta-se a frente e fala.
— Nacionalista, critico, o que mais?
— Cultural, levantando o problema geral, e as forças que en-
frentam este problema geral, somos uma nação de pensadores, sem
cultura, então geramos teorias malucas, geramos gênios, e geramos
loucos.
Fabio vai anotando e pergunta.
— Acha que frases como “Que país é este?” Se consegue por
em um carro alegórico?
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— Pensou em algo? – João.
— Você falou em 10 carros, com 10 carros eu conto uma his-
toria, seja ela mal contada ou não, mas ela pode ser evolutiva, ela
pode ser didática ou pode ser apenas carnavalesca, sei que quando
falei isto o ano passado na Padre Miguel você me perguntou, por-
que não ser as 3 coisas, concordo que as vezes conseguimos, mas
precisamos por a primeira ideia, para depois construir outros pros-
pectos do enredo.
— Pelo jeito não achou um fio condutor? – João.
— Não, procuro por um, mas não achei.
— Então vamos pensar juntos.
— Acha que a ideia do Beija-Flor local pode ser uma ideia? –
Estevão.
— Pensa em um fato, eu posso usar os beija flores, como a
parte didática do enredo, pois eu coloco 5 tipos de beija-flores que
existem nas 5 partes do Brasil, e posso por o Beija-Flor Negro, posso
por o Beija-Flor de topete, e tantos outros, para contar historias
próprias, mas isto é nos carros, não nas alas.
— Pensou em algum tripé, algo para nos dar um ponto? - Es-
tevão
— Pensei em um único ainda, frase, “Somente 4 classes de
pessoas não gostam de Governo Militar: Os terroristas, os militantes
comunistas, os políticos corruptos e os bandidos”. – João olha para
os dois serio – Um tripé, um soldado com uma arma na mão as cos-
tas, manifestantes, comunistas, políticos e bandidos sendo metra-
lhados, por outros policiais, um muro e as costas do muro, uma
mãe, com a criança ensanguentada nos braços.
Fabio respirou fundo, pensa e fala.
— Uma imagem para meio de desfile?
— Uma imagem para ser vista apenas no desfile.
Estevão sorri e fala.
— Este é o carnavalesco falando, não o dono da escola.
— Esta escola tem patronos, não donos, sei que as pessoas
não entendem a diferença, mas se deixarem eu fazer, eu faço o
prospecto, mas eu quero as ideias, eu fui pensando em fantasias,
Fabio que tinha colocado aquela “Eu quero um país Melhor!” e não
sei, eu sou péssimo em esquematizar fantasias, eu sou daqueles que
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deveria ficar apenas nas ideias, eu faço melhor na pratica que no
desenho. – João pega um esboço e fala. — A ideia, sei que alguns
não gostam disto, mas ainda estou pensando nas plumas, no resto
da fantasia, mas são bonecas que agora são de reprodução barata e
compradas em quantidade na China, que parecem crianças reais e
conseguimos programar os lábios delas e gestos dos braços, e eu
gostaria de por uma ala com o nome, “Eu quero um país Melhor!”.
João coloca aquele desenho primário na mesa e fala.

— Sei que parece estranho, mas quero a sensação em uma


ala de 90 pessoas, que tenhamos 360 crianças olhando para as ar-
quibancadas e pedindo, quero um Brasil Melhor.
Fabio olha o desenho e fala.
— Pelo jeito quando todos acham que você encerrou as idei-
as, vem com muitas delas.
— Acho que o problema é fazer com o capricho e o acaba-
mento que não nos tire notas. – João.
Estevão olha o desenho e sorri.
— Começamos a ter alguma coisa Fabio, disse que ele tinha
pego nossa ideia e a evoluído, ele pega uma frase secundaria, e dá
uma conotação em uma fantasia, as crianças pedindo a todos a
volta, que querem um país melhor, temos de dispor na logica onde
cada uma delas vai, mas como no ano anterior, parecia tudo desco-

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necto e no fim, gerou aquele desfile incrível. – Estevão olha para
João e pergunta. — Sei que é difícil responder, mas nossa ideia era
critica, e nos passou a primeira sensação de que era um enredo
nacionalista, e agora parece ser critico novamente, as vezes fico na
duvida do caminho.
— Ele é critico, frases estrangeiras sobre nós, criticamos com
respostas rápidas, frases nossas, com interpretações, as politicas,
com pedidos de melhora, as nacionalistas, com o verdadeiro nacio-
nalismo, pois falar que ama a nação, não é roubar ela, lembra da
pandemia de 2020?
— Vai pegar no pé deles?
— Sim, fazem 5 anos e estamos ainda com consequências, al-
guns dizem que eu cresci na crise, mas eu não olhei para o proble-
ma, eu apenas caminhei por ele dando o meu melhor.
— Então ainda estamos pensando sobre o enredo?
— Como falei, algumas vezes Fabio, eu desenvolvo o enredo
conversando, e vendo ele onde ninguém o vê.
— Certo, e tem ideias assim com esta fantasia?
— Fantasia para gente da comunidade, forte, e que seja ani-
mada e cante, pois é uma fantasia forte, que vai ficar mais forte, se
bem acabada e bem estruturada, não me adianta uma boneca incrí-
vel, que comece a cair na avenida, que chegue no meio da avenida
totalmente destruída.
— Vamos fantasiar os empurradores?
— Empurradores, cada carro com um tipo de beija-flor, e to-
da a direção da escola em beija-flores, até os carnavalescos, bateria
com metade da fantasia como malandro, a outra metade com 8
tipos de trabalhadores, variando de acordo com o tipo de instru-
mento que toca.
— Tem certeza que não quer assumir o carnaval? – Fabio.
— Não. Mas a bateria vem da frase, “Sambista é tudo vaga-
bundo!”.
— Certo, você vai encaixando as coisas, e quer saídas.
— Eu posso ajudar, mas se repararam, estou dispondo sobre
as frases que vocês citaram a 6 meses.
— Certo, você pega uma frase simples e está a dispondo na
avenida.
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— Na verdade eu sempre digo, que sou maluco suficiente pa-
ra fechar um enredo desconecto, mas por isto preciso que definam
as frases, e se tiverem ideias melhores, não esquece, o que eu colo-
co como bateria, pode ser a velha guarda, mesmo os apoios, vão ter
de vir fantasiados, o desfile é completo, do começo ao fim.
— Sabe o problema disto?
— Sergio está na sala dele pensando como nos prover quase
9 mil fantasias, então sei o problema.
— E pelo jeito quer soluções?
— Sei que devem estar pensando em quais frases escolher,
então temos de escolher o caminho que vamos caminhar, sei que
muitos acham estranho, mas se fecharmos o caminho, temos como
estabelecer o caminho.
— Você estabeleceu que começamos com Brasil, e termina-
mos com, gigante pela própria natureza, temos em algum ponto
uma fantasia de nome eu quero um Brasil melhor, num ponto, um
tripé, “Somente 4 classes de pessoa não gostão de governos milita-
res”, que podemos ter uma fantasia, “Sambista é tudo Vagabun-
do!”, você tinha estabelecido que começávamos por Politicas, va-
mos a parte Econômica, passamos pela parte Religiosas, falamos da
Discriminatórias, falamos das frases de Aparente Apoio as masti-
gando, passamos pelas Racistas, pela parte que Denigre nossa Lín-
gua, depois a parte que denigre o povo brasileiro, vamos ao que
denigre o Brasil em si, e por fim que denigre nossa cultura, mos-
trando que somos maiores que tudo isto. – Fala Fabio olhando as
anotações, ele olha o papel e continua, João começava a gostar da
conversa.

Fabio estava com uma planilha, João dá uma olhada e fala.


— Acha que conseguem fechar esta ideia, sei que já palpitei
demais.

49
Estevão viu que era algo imenso e que precisava de uma su-
per coordenação para por na avenida.
— Isto é um desafio de dar dor de barriga.
João sorriu e fala.
— As vezes parece fácil, mas não é.
— Isto não parece fácil. – Fabio.
— Mas entenderam o tamanho do desafio?
Fabio olha serio para Mayer e fala.
— Vamos ver onde colocar cada coisa, falou em alas de 90
pessoas?
— Sim.
— Eu quando separei pelas cores, era para saber se teria co-
mo dividir como você falou em 10 partes, dá, então vou começar a
pensar na disposição que colocou, pode ser que mude a disposição,
mas entendi a ideia, vou estudar os beija-flor, Brasil é algo bem
dinâmico, temos como proposta, dispor analises sobre o que se fala
do Brasil, e o que é real. Pelo que entendi deu os parâmetros bási-
cos e quer que coloquemos no papel as coisas.
Estevão olha para Fabio e depois Mayer.
— O que quer dizer com frases de aparente apoio?
— A contradição em si, Betinho já dizia, “Só a participação ci-
dadã é capaz de mudar o país!”, todos concordam com a frase mas
não se mechem, pois somos um país que só valoriza o numero um,
ou como Senna falava, “Brasileiro só aceita titulo se for de campe-
ão, e eu sou Brasileiro!”.
Fabio parece numerar duas frases naquela lista imensa de
frases que ele tinha no papel.
— As vezes a coisa é complexa demais para uma fantasia. –
Fala Fabio.
— Sei disto, por isto temos 7 outros tripés e 10 carros, e não
esqueçam, cada carro é uma frase, assim como todo carro, surge de
uma frase, mas pode ter mais de uma.
— O que pensou para o carro que Denigre o Brasil? – Estevão
tentando por as ideias de Fabio em ordem.
— Eu queria vocês fazendo, pois eu faço de forma diferente.
— Fala, sei que estou perdido Mayer. – Fabio.
João olha em volta, pareciam precisar de uma ideia inteira.
50
— Eu faria o carro sobre a frase de Diogo Manardi, “O Brasil é
um prato cheio para o Sarcasmo e a avacalhação”.
Fabio viu que João não olhava frases, parecia saber de cabeça
e fica intrigado.
— Parece ter 60 frases já escolhidas.
— Eu quero algo de vocês, não as 78 frases que eu usaria, sei
que não pensaram tanto sobre isto, mas deixa eu ir, tenho ainda
uma reunião na antiga cidade do samba.
— O que fará lá?
— Eu vou falar com os carnavalescos do grupo de Acesso, e
ver se eles querem ir para lá.
— E porque eles não iriam querer?
— Eu tenho de reformar, teve escola que saiu até com parte
das paredes de lá.
— As vezes as pessoas esquecem que competir saudavelmen-
te é melhor.
— Acho que se as pessoas pensassem em seus carnavais, eles
seriam melhores, muitos o fazem, mas ainda sobrevive gente
olhando os outros, no lugar do próprio carnaval.
João se despede e sai, olha para os demais e olha para Micae-
la e chega a sala de Roberto.
— Vou dar um pulo na cidade do samba, já retorno.
— Vai fazer o que lá? – Roberto.
— Ruy quer assinar com os demais, e nas demais categorias,
ter uma única liga, estamos quase no ponto de ter uma única regra
para todo o carnaval do Rio de Janeiro.
— Isto que ninguém vê, você foi unificando, mas acha que os
rapazes conseguem?
— Roberto, eu preciso aprender todo ano, o que ninguém en-
tende, eu posso ter uma empresa, ser presidente de uma escola,
mas eu não tenho segundo grau, vou tentar mudar isto, mas ideias
complexas precisam de mais cultura.
— Alguns dizem que você entende de leis como poucos.
— O problema é que no Brasil, cheio de regras independen-
tes, existe Leis Judiciais, Leis Portuárias, Leis Fiscais, é tanta lei, que
mesmo entendendo um pouco, se precisa ter grau superior para
não ser preso.
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— E acha que vamos anunciar o carnaval do ano que vem
quando?
— Dentro de 4 dias, quero anunciar o enredo, dentro de 11
dias, uma semana depois de anunciado o enredo, falar com todos os
compositores da escola, sobre o que pretendemos apresentar este
ano.
— Acha que vai dar um samba bom? – Roberto.
— Acho que terei de dar caminhos, pois o samba tem de dar
o caminho do desfile.
João se despede, sobe e na cobertura pega um helicóptero
para a cidade do samba, parando sobre o estacionamento, onde
olha Pereira olhar para ele.
— Não entendi a ideia, sei que me convidou para fazer parte,
mas o que precisa.
João olha o rapaz e fala.
— Preciso de um administrador geral do complexo, pois são
grupos independentes de outras estruturas, e que precisam ser
tocados, dois sambódromos, um Parque na Ilha do Fundão, e a ad-
ministração dos Barracões da Cidade do Samba, e preciso de alguém
que saiba se posiciona sem entrar em conflitos, os Patriarcas das
Escolas, adoram uma confusão.
— Certo, então estaria acima dos locais, providenciando as
coisas?
— Administrando e coordenando, parece fácil, mas vai ver
que tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.
— Estranhei Ruy não saber de minha função.
— Ruy esta em uma missão, damos estrutura para ele, mas
ele nos compra estrutura, a partir das escolas que ele toca.
— Estamos acima dele?
— Não é sua parte discutir com Ruy, isto sempre deixa com a
confusão em pessoa, eu, pois eles adoram atirar pedras e depois
dizer, foi um descontrole momentâneo.
Os dois descem e João caminha com Pereira até a construção
em frente, e fala.
— Estamos reformando a frente, para trazer mais duas esco-
las para cá, e uma mais a frente, a negociação terminou hoje do
imóvel a frente, e vamos instalar aqui a nova sede da Lierj, eles não
52
sabem ainda, mas isto é um acordo entre eu e o Ruy, o prédio a
frente, vai ter duas sedes, a Lierj e esta empresa que estamos crian-
do, e que vai tocar a direção destas coisas, vamos ter uma sede
aqui, uma em Jacarepaguá, uma na Marques de Sapucaí, uma na
Ilha do Fundão e a direção no prédio central da MD.
Os dois entram na reforma e o senhor viu que estavam re-
formando e pergunta.
— E hoje o que faremos?
— Hoje é só assistir, amanha conversamos na sede da MD.
O senhor viu João chegar ao chefe de obras, conversar sobre
a construção e toda a obra a volta, olha para os rapazes e Pereira
ouve.
— Os barracões laterais estão quase prontos, agora falta a re-
forma, mas os materiais estão ai.
João sorri.
— Vamos então terminar isto, dá para prometer até fim de
Junho?
— Acreditamos que sim, eu confirmava para inicio de Julho,
somente para não sermos surpreendidos.
João pega o prospecto e fala.
— Hora de por esta imagem na fachada.
— A prefeitura está colocando uma para o lado do porto.
— Bom, sinal que já podemos fechar as ruas? – João.
— Sim, embora parte da obra não vai ser tão rápida.
— Liberamos os barracões para trabalho, eles não precisam
ficar tirando coisas todo tempo e terão uma forma de trabalhar
direito. – João.
João sai para fora e caminhou dando a volta e olha a placa da
prefeitura, caminha para a parte interna da proteção que estava a
toda volta e viu o prefeito ali, João as vezes estranha quando pesso-
as não estão onde ele previa.
— Veio verificar a obra senhor Mayer.
— Acabo de saber que autorizou parte das obras, pensei em
algo ainda sem isolar a área prefeito.
— Embora alguns aliados não gostem da sua forma de fazer
as coisas, agora chegando perto da próxima eleição eles querem paz
com este empresário Curitibano.
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— Bom saber que ainda é só politica prefeito, que eles não
acordaram para a grandiosidade disto.
— A maioria pesa contra, sabe disto, mas as secretarias que
não lhe ouviam, parecem agora me passar seus projetos como algo
a apoiar.
— Já falamos disto prefeito.
O prefeito viu o presidente que assumia agora e unificava to-
das as demais Ligas na Lierj, chegar a eles.
— Boa Noite senhor Mayer. – Ruy.
— Não precisa de formalidade Ruy. – João.
— Acha que teremos o local pronto quando?
— Primeira fase, onde eles podem se ajeitar aos barracões,
inicio de Julho.
Ruy sorriu e pergunta.
— E fecharam mesmo o prospecto da ampliação?
— Sim, o Diretor da DIC me confirmou hoje a aprovação, mas
vi que já estão com as placas laterais, sinal que já estava decidido
antes, talvez esperando algumas aprovações finais, mas vamos pri-
meiro mudar do contorno, levantando os barracões, mudando das
ruas, são 4 fases, duas demoradas, mas vamos primeiro dar condi-
ção de trabalho as escolas, a ampliação é para poder por aqui as 14
escolas e um ano para sai para as que caírem.
— 17 Barracões, não está sobrando muito barracão? – Rui.
João olha que outros chegavam e fala.
— Como foi a reunião?
— Eles querem estrutura, mas não sabem se a prefeitura
concorda, é uma área da prefeitura.
— Este é um dos pontos, a manutenção desta parte veio a
MD com o Sambódromo, apenas isto vem ao conhecimento do gru-
po de Acesso agora, e numeramos os espaços de um a 14 e preci-
samos do sorteio, o 15 já está escolhido, então tem de ser no sor-
teio, a aparente sobra é apenas aparente, pois a administração vai
ter um barracão e teremos um para gravações e festas.
— E que numeração vamos usar?
— A do projeto inicial da prefeitura com soma de 3 espaços. –
João alcançando um papel para o presidente da Lierj.

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Ruy olha o prospecto e viu João alcançar aos a volta, seria
sorteado o local de cada uma delas, o prefeito que parara a entrada
olhando o desenho na entrada, para entender o problema ou a
ideia, se depara com a capa do projeto, o que o fez olhar o secreta-
rio de obras chegando ao fundo com outros, e João foi alcançando
um prospecto para cada presidente e olha o pessoal da Globo ao
fundo, ele olha Ruy e fala.
—Podemos falar a sós antes?
Ele olha em volta e apenas acena a cabeça e todos ouvem
Mayer falar.
— Apenas um momento, Ruy quer me passar as determina-
ções para que passe para a direção do local.
Os dois apenas se afastam um pouco, alguns pensaram em
seguir, mas a segurança de Ruy os afastou.
— Sei que sempre lhe coloco no problema Ruy, mas a ideia
está ai.
Ruy olha o prospecto e pergunta.
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— E o todo entregue até quando?
— Dezembro, mas é que tem uma parte subterrânea que re-
quer buraco e estrutura, dai inauguramos tudo, com Museu e tudo,
coberto e com sistema de condicionamento interno.
— E pelo jeito todos pensando em uma grande disputa para
saber quem iria ficar fora daqui, já que todos falam, temos vaga
para 14, pelo jeito pensou nisto antes.
— A ideia, com o tempo, passando por qualquer lado, a pes-
soa saber sem perguntar, é a Cidade do Samba. E é a primeira am-
pliação, depois vamos elevar as alturas.
— Certo, esquecem que você gosta de identificarem as coisas,
mas acha que dá tempo?
— Sim.
Ruy olha o prospecto novamente.
— Estoque?
— Tem de entender o que a LIERJ vai oferecer a quem quiser.
— O que?
— Reciclar os plásticos, metais, vidros, acrílicos, madeiras.
— Quer mesmo os forçar crescer.
— Estabilizar, eu não quero fazer todos os carnavais, quero
me surpreender a cada ano com historias incríveis.
João começa a retornar e Ruy guarda o prospecto e voltam ao
grupo, o prefeito olha João e pergunta.
— Quando vão fazer a obra de afundar a rua Rivadavia?
— Primeiro reformamos as ruas laterais de desvio, e somente
depois, começamos a obra, que vai inicialmente manter um sentido
de fluxo de carros.
— E acha que o grupo de acesso vai crescer?
— Sim, todos os grupos vão crescer.
Ruy foi conversar com os demais, e leva os prospectos e fari-
am a eleição, João sabia que eles sempre foram mesquinhos, mas
agora, sabia que alguns estavam impressionados, com a exceção de
quem subiu do Grupo B.
João viu que a imprensa estava chegando e se afasta, vendo
como estava a reforma dos barracões.
Ele olha em volta, era uma mudança, que ele esperava ser pa-
ra melhor, para o todo das escolas do Acesso.
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Ele volta ao estacionamento e pega o helicóptero para a regi-
ão Sul, entra em casa e abraça a filha que parecia sorrir.
Micaela veio de dentro e perguntou.
— Muitos me perguntam o que faremos referente a Cidade
do Samba, porque estamos gastando uma fortuna com isto.
— Sei lá, eu não estou gastando tanto assim.
Micaela lhe dá um beijo e João foi a um banho.

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Três dias se passam, e João olha
para os carnavalescos, eles pareciam
escrever a parede frases, ele olha as
mesmas, e viu Fabio falar.
— As vezes parece fácil escolher,
mas quando chega-se ao fim, tem de se
mudar uma frase e isto muda toda a
dinâmica.
— Pelo jeito está difícil – João
conta as linhas e as colunas – Tem mais
de 200 frases ai.
Fabio sorri e fala.
— Sim, estamos terminando de
escolher e pensar na ideia, pois queria
propor algo João.
— Sabem que tem reunião hoje
com Roberto, Sergio, eu e Gabriel, para
estabelecer o que precisamos e fare-
mos.
— Sabemos disto, mas as vezes
gosto de ouvir sua ideia sobre o assunto, e estava trocando uma
ideia com Estevão, e pensamos, o carro final é o “Grande pela pró-
pria natureza!”, o Inicial, o tripé se chama Brasil, mas a frase é Cor-
tamos uma São Paulo por dia de Floresta, dai veio uma ideia, e não
sei se aplica-se.
— Não precisa ter medo de falar, e não leve a resposta a mal
se não gostar, eu falo mesmo.
— Estávamos pensando em unificar o desfile através da frase
final, pois o que transforma o cortarmos uma São Paulo por dia em
nada é sermos Gigantes pela própria Natureza, então a ideia, esta-
belecer isto no todo, e justificaria até o tamanho da escola este ano,
pois somos Gigantes pela própria natureza.
João olha serio, ele gostara, fora surpreendido finalmente, e
após olhar em volta sorri.

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— E vão conseguir fechar isto hoje ou precisam de mais tem-
po, pois Gigantes gera as vezes um ritmo mais lento.
— Na verdade em si, sim, somos na aparência lentos, mas
somos diversificados, então somos grandes, lentos e rápidos.
— Começo a gostar da ideia, preparem o prospecto, e preci-
sando de coisas, avisem.
— Estamos estudando as ultimas frases, estamos analisando
frases que dão boas alegorias, as vezes, a mesma frase muda uma
virgula e se alto explica.
João sorriu e sai pela porta e Fabio olha Estevão.
— Ele não se opôs.
— Ele quer uma saída, a ideia que nos trouxe foi termos to-
mado aquela cerveja e falado com ele, alguns pensariam em tomar
a ideia, ele a quer ver implementada, uma ideia que se dizia impos-
sível, e nas regras do ano passado, seriam impossível, e agora, va-
mos por o impossível na avenida.
— Acho números impossíveis, mas pediram um projeto gran-
de, fizemos, agora vamos ter de nos superar amigo.
— Sim, algo assustador, estamos falando em por como Mayer
falou, 3 escolas na avenida, apenas neste desfile.
— Ele vai nos dar estrutura, eu não confiaria em por algo tão
grande na avenida.
— Tudo tem seus riscos, mas sabe a correria que seria isto?
— 7 meses para fazer 20 carros, 210 dias para fazer 8300 fan-
tasias.
— Vamos propor, não sei como fazer, a ideia ficou grande,
mas foi a proposta, então vamos ver o que eles acham.
— Vamos terminar de anotar, quantas pessoas a comissão de
frente vai usar?
— 45, três grupos de 15.
— E eles falaram algo sobre a ideia de Mayer?
— Eles vão encenar algo de 8 minutos, repetidamente na
avenida, 3 minutos cronometrados, e 5 de interação com o publico.
Fabio olha os prospectos e fala.
— Deus nos ajude este ano.
— Acha que eles vão topar?

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— O problema vai ser fechar as fantasias, estamos colocando
as ideias iniciais, dai vamos ter que ir criando os prospectos e eles
vão acelerando, eu achei que fugimos do enredo, mas não teria
como ficar nele, mas é uma ideia.
João chega a Gabriel e pergunta.
— Como esta a organização?
— Todos tensos, mas como estão parados, não sabem o que
vamos fazer.
— Vamos a minha loucura, se falhar, sei que seu pai e seu tio
me tiram da presidência no segundo seguinte.
— E não vai querer algo simples?
— Minha proposta, tentar 4 campeonatos seguidos, estava
pensando, e vou esperar os rapazes fazerem as fantasias, para co-
meçar a palpitar.
— Porque disto João?
— Eles já sabem que o farei, eles me viram pouco o ano pas-
sado e via a tensão toda vez que aparecia.
— Certo, mas tem ideias?
— Como são frases, vamos por na cabeça, uma reprodução
da cabeça do autor da frase, e vamos distribuir beija-flores por toda
a escola.
— E pelo jeito vai começar a mexer onde os demais não en-
xergam, mas precisa que faça o que?
— Tenta ouvir as reclamações a partir de agora, e dá apoio
logístico ao Bira, ainda não temos nada de mais para filmar, mas
vamos começar.
— Quer começar com o que?
— Desmontagem de fantasias para reciclagem.
— Uma matéria de quanto tempo?
— Uns 15, no máximo 25 minutos.
— Certo, quer que registre as maquinas reciclando e expli-
cando o que fazemos.
— Sim, explicando que estamos na parte de forjar materiais
para depois os artistas os transformar em arte.
— E o que vai fazer com as coisas?

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— Vou pensar em cada carro que eles proporem, não sei ain-
da o que vamos criar, eu induzi o fim, mas não o começo, então
ainda sem saber por onde avançar.
— Acha que eles lhe surpreendem?
— Eles devem estar pensando em como fazer tudo isto, sei
que exagero, mas no fim pode ser que nem precisemos de tanto.
João olha para o corredor e faz sinal para Bira.
— Chega aqui Bira.
— Problemas?
— Não, mas vamos fazer uma reunião, você filma apenas as
pessoas, não a conversa, e por fim, vai fazer o lançamento do enre-
do da Beija-Flor, acho que vamos de Brasil, Gigante pela própria
natureza, todos sabem que este é o tema, mas isto é para todos
terem de onde ter conteúdo.
— Certo, o que mais?
— Amanha terminamos de asfaltar, pintar e calçar toda a vol-
ta da Quadra em Nilópolis, se puder fazer uma colocação sobre isto
também seria bom.
— Se duvidar vamos ter novidades diárias.
— Conversamos após, acho que sim, mas vamos primeiro es-
tabelecer qual o caminho que vamos trilhar.
João viu Micaela chegar e foram almoçar.
Micaela volta com João e foram a sala de reuniões, João ten-
tava não olhar ainda os demais barracões, embora toda vez que ele
entrava ali, muitos ficavam olhando.
Todos sentam-se e os dois carnavalescos viram que era uma
reunião fechada, viram Roberto sentar a ponta, João nunca se preo-
cuparia com isto, e Fabio fala.
— Boa tarde a todos, sei que as vezes parece complicado co-
meçar a falar, já que estamos diante de um prospecto que somado,
deve ser maior do que os últimos três carnavais que fiz, mas está-
vamos pensando inicialmente na sequencia, pois ainda temos de
estabelecer após aprovado, as fantasias de cada ala, com comissão
de frente, ficaram 60 alas, mais 10 carros e 8 tripés, não sabemos
exatamente a dinâmica para por tudo isto em funcionamento e a
proposta inicial é esta. – Fabio estica uma tabela para Roberto, que
olha e alcança a João.
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João olha com atenção, eles realmente terminara o caminho
para cada fantasia.
— Pensaram em uma linha mestre?
— Estávamos pensando, os carros vão sempre entre a afirma-
ção e o somos gigantes para enfrentar ter as contrapartidas.
João olhava as frases sem ver uma linha mestra, talvez nova-
mente sobrasse para ele inventar uma linha mestre, mas olha os
rapazes e pergunta.
— Tem um prazo para desenho das fantasias?
— Precisamos de dois meses para todas as roupas.
— Tem certeza que conseguem em 2 meses? – João.
— Sim, pensei que iria forçar algo mais curto.
— Eu nem comecei a dar pitacos, para vocês reclamarem
muito, e alguns já acham que influenciei demais.
— Certo, mas precisamos de ajuda para por tudo isto em
operação, pois será uma corrida de 7 meses.
João olha os demais quietos, Roberto olha João e fala.
— Sabe que nunca fizemos algo tão grande, se algo enguiçar
vamos ao grupo de acesso.
— Sei, mas também sei que se conseguirmos, mesmo que
não ganhemos, provamos possível.
— E como pretende ajudar eles. – Roberto.
— Complicando as fantasias. – Sorri João.
— Complicando as fantasias? – Fabio.
— Sim, e ninguém precisa saber disto, mas para isto preciso
que vocês comecem as roupas, eu vou passar aos rapazes o que
fazer nos carros, e vamos começar a comprar material, ainda é ape-
nas o projeto, mas vou pensar nas alegorias, de acordo com o que
vocês colocarem no papel, é um começo, sei que parece muita coi-
sa, mas vamos organizar e ver o que conseguimos.
— Quais pontos podemos começar? – Estevão.
— Definam roupa a roupa, uma vez definido, compramos os
tecidos e verificamos as estruturas, pode parecer fácil, mas uma vez
começado, vamos ter de fazer na media geral, conseguir terminar
duas alas a cada 5 dias, é media, mas para isto temos de saber o que
vamos fazer, e quando cada prospecto estiver pronto, vamos in-
crementar a roupa enquanto a produzimos e costuramos.
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— E os carros?
— Preciso da descrição deles no enredo, para começar a er-
guer, já vi tirarem pontos de um carro apenas porque tinha uma
palavra errada no enredo, que não se encaixava com uma escultura
do carro, ficava mais mastigado e perdemos ponto por isto.
— E pretende começar por quais?
— Qual a ideia com um carro com nome Saudades?
Estevão sorriu e falou.
— Sentimos, ou inventamos um sentimento, palavra que o
Português permite, mas todo resto do mundo, não sente. Sei que é
complicado, mas a ideia de lembrar das coisas boas distantes, da
infância, do amor distante.
João pega uma folha e anota algumas coisas.
— Que País é este?
— As diferenças do Brasil.
— Sei que a frase é forte, vou pensar em algo, e no O pro-
blema do Brasil é o Brasileiro.
— A nação é rica, mas não abraça o Brasileiro.
Joao pensa na frase e anota mais uma coisa e pergunta.
— Você é da cor do Pecado.
— Falar de racismo, cor para branco é bronzeado na zona sul,
nas comunidades é cantada de mulher da vida.
João anotou e olha o papel, as vezes ele se confundia, e per-
gunta.
— Posso começar a projetar, mas vou fazer um prospecto e
lhes apresentar, não esqueçam, as pessoas olham os carros e pen-
sam que estamos indo com muito mais carro, mas menores, o me-
nor carro do ano passado teve 40 metros, o maior, 84, então acho
que dá para fazer, apenas vou definir, pois sei que todos me olham
como maluco, mas ano passado fomos com 4 mil metros quadrados
de carro a avenida, este ano, vamos com uns 3500, mas melhor
dividido, obvio, não estou contando os tripés, mas o bruto, é o bru-
to, e sei o quanto dá trabalho para fazer.
Fabio lembra os carros imensos do ano anterior, Mayer esta-
va falando que tudo que está olhando ainda é menos do que o ano
anterior, e nem tinha tudo ali ainda.
João olha Roberto e pergunta.
64
— O que quer perguntar?
— Ainda é inicio para por a colher, mas vi que sabe cobrar,
pensei que não pegaria pesado, mas esqueço que você brigava por
ideias, e parece mais uma maluca.
— Gabriel?
— Quando vamos ter um prospecto geral, para acompanhar e
conseguir ajudar, pois sabemos que vai ser corrido.
— Tem coisa que não se fala, mas com calma chegamos lá.
— Sergio, algo?
— Sei que vai ser corrido, preciso saber o que vão precisar
costurar, para por em ordem, não sei se vai tocar o barracão?
— Vamos, mas as compras devem ter chego, e vamos come-
çar ver o que fazemos.
— Comprou algo já? – Estevão.
— Fibra, ferro, madeira, estrutura, isopor, malha de ferro.
— E vai começar por onde? – Roberto.
— Carro 2, o terceiro carro da escola, e vou pensar nos de-
mais, vou ter pelo jeito carros de todos os tipos este ano.
— Pelo jeito quer construir algo grande. – Roberto.
— Eu havia definido um tripé, mas pedi as esculturas, e quero
ver os rapazes fazerem, 10 esculturas para um tripé parece um exa-
gero.
— Para você é pouco. – Micaela quieta ao canto.
Roberto sorriu e fala.
— Então começamos o carnaval finalmente?
— Vou tentar pensar em cada carro e começar a fazer os
prospectos Roberto, sei que as vezes vou ter de me segurar para
não ir para baixo de um carro.
— Tenta com força. – Roberto.
João sorriu, olha os carnavalescos e fala.
— Tem algum prospecto de roupa?
— Alguns.
Fabio passa para ele uma pasta e João foi olhando e passando
as imagens de 8 alas, que havia desenhado e tinha ali duas que ele
tinha proposto, então tinha um caminho para 10 alas.
— Me deem um momento.

65
João saiu e foi a sua sala, no dia anterior, tinha chego um pe-
dido da China, e ele pega 10 modelos e 6 modelos injetáveis e volta
a sala.
Roberto falava.
— Então temos o começo finalmente.
— Sim. – Estevão.
João entrou com aquela sacola e chega a seu lugar e fala
olhando para Fabio, que desenhara até os prospectos das duas idei-
as que dera e pergunta.
— A pergunta é simples, ficaria muito complicado, somar em
cada fantasia, uma placa nas costas com a frase, e a cabeça do autor
da frase olhando para trás, e em cada ombro de cada fantasia da
Beija-Flor, termos um destes.
João coloca na mesa uma placa de PP prensada, com a frase,
Queremos um país melhor, e a cabeça de varias pessoas para aque-
la frase, e os 10 modelos de Beija-Flor na mesa, um beija-flor de 40
cm em uma espécie de pena, fez Estevão pegar um e Fabio outro.
Os dois olham os detalhes e Roberto pega um deles e fala.
— Quer por isto em algumas fantasias?
— Não, quero por dois destes em cada fantasia.
Fabio olha Estevão e pergunta.
— Teríamos de mudar as ferragens, mas não vejo problema
na maioria das fantasias.
— Também não, pelo jeito tem estes 10 modelos, mas tería-
mos como por em todas, são quantos destes? – Olha para João que
sorri sem graça e fala.
— Se usarem eles pelo menos não terei de por nos carros to-
dos eles.
— Sabe o trabalho que dá isto.
— Sim, mas temos 60 modelos, 190 de cada modelo, e não
sei Roberto, mas achei que as fantasias, estavam minguadas, sei que
as vezes pego pesado, mas eu quero 90 pessoas ocupando espaço
de 100 pessoas, e não de 80.
— Acha que temos de melhorar?
— As bonecas para a ala final, e os 11.400 beija-flores estão
no estoque, mas sei que as frases estão ainda no bruto, precisam de
cor, de brilho, pedrarias, mas acham que daria uma visão de fundo
66
das fantasias, é que eu gosto de fantasias que se veja uma coisa de
frente e uma de costas.
— Alguma dica a mais?
— Sei que as vezes não se usa muito no acesso isto, mas cos-
teiros com plumas e acetato, transformam as roupas em mais espe-
ciais, e isto faz elas não perderem tantos pontos em fantasia.
— Então quer cabeças, costeiros, placas e beija-flores nestas
fantasias. – Fabio.
— Se for possível, estamos falando de 60 tipos de beija-flores
que tem neste país, naturais ou endêmicos, então eu apenas dou o
palpite, nem que voando em hastes de carbono a 3 metros da fan-
tasia.
— Certo, quando não der para por no enredo, quer o por na
escola de samba.
— Sim, ainda me parece meio solto demais este enredo, mas
posso não ter entendido ele direito ainda.
Fabio sorriu e fala.
— Era o que falávamos a 6 meses.
— Vamos dar um jeito. – Estevão.
João olha o desenho do tripé que falou, e mostra para Rober-
to que para na visão do mesmo e fala.
— Começo a entender sua escolha por eles, um tripé?
— Sim, um tripé para ser visto apenas na avenida.
— Certo, algo para chocar na hora.
— A fantasia final, de numero 77 na planilha, está toda en-
comendada Roberto, mas vamos começar a isolar parte do andar
superior, eu vou comprar 190 manequins, quero ver as fantasias
inteiras antes de embalar, odeio dizerem que tem um rasgo em
parte da fantasia tal, e não ter visto antes dos jurados.
— Esqueço que você lê aquelas criticas.
— Leio o que se aproveita, não invenção, duas pessoas inven-
taram motivos, mas sinal que poderíamos estar melhor ainda.
— E acha que podemos entrar com tudo isto?
— Ainda não é tudo isto, na parte baixa vê apenas bases, será
tudo isto quando aquelas bases estiverem com 20 de altura.
— Certo, aquilo ali é coisa para a base, mas quer acelerar por
um lado e começar?
67
— Se terminar Junho com 10 alas feitas, sinal que estaremos
no caminho Roberto.
— E vai fazer aquele tripé mesmo?
— A policia local me ama mesmo, qual o problema?
— E tem ideias para os demais carros?
— O ultimo vou tentar não exagerar.
— Certo, porque?
— O carro dois do ano passado, dava duas destas armações, o
carro 1, dava quase 3 e meio de uma armação desta, então o que
parece muito Roberto, é a base.
— Certo, você quer dizer que o que tem ai, não supera o ano
passado, lembro de ver aquilo entrar abaixado e encolhido para por
os espelhos, algo que montamos apenas na armação, as pessoas
falam, aquele carro tem 100 metros, você fez um de 85 que todos
olharam.
— Sim, e esta tecnologia lá embaixo, está dentro da condição
de não acoplados nos intermediários, mas a ideia, é não os crescer
para frente e para traz, e sim, espalhar na avenida, quando falo que
ano passado em alegorias tínhamos mais na avenida, é serio Rober-
to.
Fabio que ouvia olha para João.
— Acha que entra então?
— Deixar claro a todos, a maior dificuldade é dispor de 5 mil e
quatrocentas pessoas entre as alegorias, se eu coloco duas mil pes-
soas sobre uma alegoria, a alegoria passando, quem dita o ritmo
somos nós.
— E acha possível?
— Roberto, a muito tempo desfiles em 88 minutos aconte-
cem, a vantagem, ou objetivo, é o crescer do carnaval, estamos
encolhendo, se eles querem encolher, talvez olhando as três escolas
que apoio da baixada, somando 15 mil pessoas na avenida, soman-
do o elenco de 5 escolas, em 3 delas, faça eles acordarem, pois o
carnaval encolhe, as escolas encolhem, e depois ficam reclamando.
— Sabe que tem de priorizar.
— Sei, sua filha que vai negociar com elas, mas as pessoas
tem de entender, encolhemos, perdemos espaço, eu não quero
perder espaço, quero o ganhar.
68
— E pretende crescer e apoiar outras a crescer? – Fabio.
— Acho que ninguém mesmo me entende, eu quero o carna-
val crescendo, quando chegar ao tamanho que quero, que as esco-
las escolham pessoas que querem o crescimento da escola, não o
crescimento pessoal, quando pego parte e invisto na rua em Nilópo-
lis, na quadra em Nilópolis, na comunidade em Nilópolis, eu quero o
crescer da comunidade, da escola, alguns dizem que cresço politi-
camente assim, mas como falo a todos, não sou candidato, dizem
que quanto eu quero eu tomo na marra, não me vejo tão eficiente
assim, mas as escolas estão começando a andar por conta, Berger
voltou a Ponte, o presidente eleito pediu a conta, depois de um ano
desastroso, Marcos voltou a presidência da Alegria, Lucas assumiu
seu pedaço na Mocidade, dando apoio a outra escola coirmã, Bruno
eu consigo conversar na Chatuba, alguns dizem que estou criando a
base de uma candidatura no carnaval do Rio, mas como eu falo, eu
gosto é de estar embaixo do carro, não numa mesa falando merda.
Roberto olha para João, ele estava crescendo mais do que os
demais viam, e isto que muitos amigos não compreendiam, ele
crescia a passos gigantes, quando ele soube da reforma da Cidade
do Samba, já estava aprovada, quando soube de Jacarepaguá, já
estava erguida, quando soube da Ilha do Fundão, já estavam inau-
gurando, quando pensou que sua filha estava se envolvendo com o
rapaz, já vinha uma nova herdeira a caminho.
— E acredita que estamos no caminho? – Estevão.
— Sim, mas precisamos de muita coisa, não esqueçam, são 60
roupas das alas, vou desenhar e pensar nos carros, pois podem exis-
tir mais 60 modelos ai para desenhar.
Fabio respira fundo.
— Fala serio em por uma escola com 120 modelos de roupas
na avenida.
— Sim, e os puxadores, vão de beija-flores, estes basicamente
eu compro quase prontos da China.
— Eles não podem saber disto.
— Eu não estou comprando fantasias que existem Roberto,
eu pedi para fazer sobre encomenda.
— Algo exclusivo?

69
— 10 tipos de beija-flores, teremos um para cada carro, como
não chegou ainda, não sei se vou usar o que comprei, sabe quando
a promessa é boa demais para o preço?
— Qual o medo? – Fabio.
— Que venha para tamanho Chinês, e não de empurrador de
carro alegórico.
Fabio sorriu.
— Estes não precisamos pensar?
— Por 15 dias não, e depois disto, apenas ajustes ou mudança
total de projeto.
— Certo, o que precisa sobre os carros?
— Entender frases, mas as vezes tenho de pesquisar antes de
falar algo.
— E vai começar por onde? – Roberto.
— Pelas esculturas do tripé, que vai ser feito na MD, lá no
porto.
— Não quer mostrar mesmo antes? – Fabio.
— De forma alguma.
— Não sei se podemos pedir para adiantar algo? – Estevão.
— O que precisam? – João.
— Todas as fantasias vão ter cabeça, então podemos ir fazen-
do as cabeças e as armações de ombro.
— Algo mais? – João.
— Sabe o problema da comissão de frente que pediu? – Fa-
bio.
— Sim, não esfriar a escola após, então entramos com uma
ala após ela, depois o casal, 4 alas, baianas e dai o carro abre alas.
Roberto entendeu, iriam entrar com gente antes de carros
desta vez.
— Vou providenciar os tecidos para estas roupas e para estas
alas, vamos ver se conseguimos sair do zero. Alguém tem duvidas? –
João olhando todos.
O pessoal foi sair e João olha para Gabriel e Sergio e fala.
— Precisamos conversar.
Roberto sai, Micaela sai junto e seu pai pergunta.
— Ele quer mesmo aquele tamanho?
— Como ele falou pai, estamos menores que o ano passado.
70
— E o que ele pretende ali?
— Sergio que administra a costura, sabe disto pai, e tem coisa
que pelo jeito ele vai falar com cada parte.
João olha Sergio e fala.
— Consegue estes tecidos? – Passando uma lista para Sergio.
— Sim.
— Gabriel, consegue que o pessoal da ferragem comece a fa-
zer a ferragem destas 10 roupas?
— Sim, pelo jeito vai por todos a correr.
— Temos de falar sobre a ampliação daquela ideia dos cama-
rotes, ficaram bons, mas não parecem ter dado o retorno que eu
imaginei que dariam.
— Acha que dá para incrementar?
— Gabriel, eu ganhei 3 vezes mais no meu camarote que você
no seu, porque?
Gabriel sorriu e fala.
— Dizem que você pensa em custos melhor que o economista
que eu controlei.
— Eu não sou economista, mas tem de considerar que gastei
metade em marketing que você, e tive 3 vezes mais vendas anteci-
padas.
— E quer me ajudar nisto?
— Sim, você nos ajuda aqui e eu lhe ajudo lá, já que pelo jeito
para produção você não serve mesmo. – João falando serio.
— Certo, tentou duas vezes e mesmo sem entender como,
você refez seus planos, eles pensam que você vai por um lado e
você avança em 3 lados.
— Como digo, este prospecto a parede, parece imenso, e ain-
da é menor do que o do ano passado, então preciso o por em prati-
ca e o fazer grande, sei que todos olham assustados, mas preciso de
ajuda este ano, e é serio pessoal.
— Ajudamos, mas não entendi o que pediu para a China.
— Na minha sala tem caixas, numeradas de 1 a 60, são 60 ti-
pos de beija-flor, vou deixar um de cada com os carnavalescos, para
eles verem em quais fantasias ficam melhor, eles me passaram o
nome dos autores das frases e as frases, então vamos começar a
fazer cabeças e placas dos fundos.
71
— O que quer mais? – Gabriel.
— Tenta que aquela menina dos Drumond nos entregue os
tecidos a tempo, e os calçados a tempo.
— Certo, vai de roupa de baixo este ano?
— Esperando os carnavalescos, já que tem uma ala que fala
de índio, não sei o que terá nela.
— Certo, e vamos acelerar um pouco pelo jeito. – Sergio.
— Sim, e vamos pensar nos passos a frente.
— Quer que o que Bira gravou estabeleça o que?
— Que agora temos o enredo. – João pega um papel e passa a
Gabriel que olha serio.
— Quer que fale isto?
— Sim, e coloca as imagens, não precisa cortar nada, já que
tudo que se mostrou hoje é apenas um pré-protótipo.
Gabriel sorriu e falou.
— Eles olham, param as imagens e começam a falar mal?
— Sim, eles não entenderam ainda as coisas. Só não mostra
nada sobre o tripé.
— Certo, aquilo quer segredo.
— Sim, edita a parte, não precisam nem saber que foi corta-
do.
— Certo, e pelo jeito começamos o projeto agora.
— Sim, agora é uma correria até Fevereiro do ano que vem.
O grupo sai e João pega uma folha e começa a rabiscar, ele
gostava de rabiscar as coisas,

72
João estava pensando quando Estevão e Fabio entram pela
porta, pedindo permissão para entrar.
— Podemos conversar?
— Sim, mas vamos a minha sala e conversamos.
— Pensando no que fazer? – Fabio apontando os desenhos?
— Sim, as vezes queria ser melhor desenhista, sei o que que-
ro, mas as vezes preciso de gente como vocês para os desenhar, as
vezes eu faço todo o projeto e como não tem uma visão desenhada
do carro, as pessoas não tem ideia do que vai sair antes de ficar
pronto.
O grupo foi até a sala de Mayer que pega em cada uma das
caixas um beija-flor e fala.
— Tem estes 60 modelos, acho que não dá para por um bran-
co numa cor negra, quer dizer, nem entendo disto bem, mas assim
vocês tem noção da ideia em si.
Estevão olha João por cada um dos modelos e olha para Fa-
bio.
— Disse que ele tinha algo na manga.
João tira do fundo uma das bonecas e Fabio viu que tinha um
controle e uma pequena voz.
— Não sei se tiramos o alto falante, mas a ideia é usar estas
bonecas, tem só 400 delas.
João tirou 4 tipos, e os dois viram que não eram apenas bo-
necas brancas, tinham 4 tipos.
— Queria trocar uma ideia sobre os carros João. – Fabio.
— Qual a duvida?
— Não sei, parece que vai criar carros mais leves?
— Não se enganem, sempre digo que meu carnaval termina
na avenida, vantagem de ter um presidente de honra é que ele vai a
frente da escola, e eu fico na armação.
— Mas acha que dão bons carros?
— Eu acho que “Você é da cor do pecado!” para mim é um
tripé, mas posso pensar no contesto, pois estatuas gigantes, para
mim são tripés.
— E não teria como ser apenas um tripé?
— Pode, já que vocês no “Que país é este?” vão me permitir
fazer novamente o que eles odeiam.
73
— O que eles odeiam? – Fabio.
— A estatua do Cristo redentor no topo de um carro de 8 me-
tros, onde a frente tem a cidade, ao fundo as favelas, mas eu sem-
pre me tentei a por o cristo redentor na proporção que ele tem, 30
de altura por 28 de mão a mão.
Estevão sorri e fala.
— Uma cidade grande a frente, Cristo imenso e uma bela fa-
vela aos fundos?
— Sim, mas como se diz, apenas um pedaço, para se dispor
muita gente as ruas, as janelas, as lajes, as ruelas da favela.
— Algo bem realista?
— Sim, mas a nível fantasia, não roupa normal.
— Certo, vai querer chocar de novo?
— Não vou fazer um Cristo com cara de João, se a pergunta é
esta, já que poucos viram o cristo sem plástico, por isto ele é famo-
so, não por outro motivo.
— O que quer dizer com isto?
— O símbolo preto com a faixa, é mais marcante do que um
cristo com a cara do Joãozinho Trinta, que era a ideia.
— Certo, ninguém viu, todos falam, mas realmente não teria
sido algo tão incrível.
— Uma coisa que eu gosto, é manter o foco das pessoas na
escola, então o primeiro carro tem de ter o impacto do ultimo, e
todos do meio, seja em designer, em movimento, em ideia, pois o
que pensei para este ano, dois carros de 52 metros, dois de 34, um
de 38, dois de 30, dois de 29 e um de 25. Os tripés serão todos fei-
tos fora daqui, assim como o ensaio da comissão de frente.
— Gosta da surpresa?
— Sim, que graça tem em mostrar tudo antes?
— E acha que dá para por uma cabeça na bateria que não in-
comodasse?
— Temos de testar uma inteira, ver se adapta-se a bateria, fa-
zer eles usarem.
— E vamos ter entrada especial no recuo este ano?
— Vamos tentar fazer uma passagem e voltar com ela na
avenida este ano.
— Não gosta de se repetir? – Fabio.
74
— Esta forma muita gente fez, mas quero formas que eles en-
saiando, não se perca ritmo, uma coisa é dizerem que fizemos certo,
isto que importa.
— Mas esperam sempre algo especial de você.
— Vocês são os carnavalescos, não eu.
— E pelo jeito quer entrar com um Cristo de 30 metros?
— Ele no pedestal tem 38 metros, 28 de mão a mão, então se
deixarem vou por isto a avenida, dividindo zona sul a frente, favela
a Norte.
— Aquelas coisas que dizem ser fácil fazer e que todos já fize-
ram, acha que não nos tiram pontos?
— Eu não me preocupo com eles pessoal, eu me preocupo
com o povo na arquibancada, podem reclamar, mas referente ao
carro “Saudades!” eu pensei em um senhor no topo do carro, com
uma daqueles balões de pensamento, e a baixo dele, divisões que
contam parte de sua historia, festas, amor, primeira casa, brigas,
sorriso, 12 espaços criados, com o mais incríveis detalhes, as pesso-
as vão estar nas funções de coisas do carro, como bule, livros, esta-
tuas na estante, já que para um carro de 18 metros, com os perso-
nagens tendo 5 metros, somos coisas pequenas no carro.
Fabio olha para Estevão e fala.
— Disse que ele tem uma forma diferente de ver as coisas, as
vezes pensamos em uma frase como forte e ele faz em uma palavra
algo mais forte.
— Não vi ainda a conexão pessoal, eu faço, mas tem de ter
algo que una a historia.
— E pensou em que? Pois estamos nos batendo nisto. - Gui-
lherme.
— Pensando ainda, como algo de nome Brasil, quero por um
símbolo da cidade em cada carro, desta vez, por prédios que exis-
tem em Copacabana, por coisas que remetam ao país.
— E vai começar por estes?
— Eu tenho de pedir algumas esculturas, mãos de 3 metros,
cabeça de 4,5 metros de altura, tecido que vista uma estrutura, que
vai com 5 metros a avenida.
— Algo que no barracão vai ficar em que tamanho?

75
— As pessoas vão ver a cabeça, a estrutura encolhida, poucos
vão ver ele de pé, pois eu preciso da estrutura externa que jogado
um tecido por cima, pareça a estatua, então é um carro leve, pelo
menos esta parte.
— E não teme que vire.
— A base dele vai ter 100 pessoas a frente e 100 pessoas ao
fundo, muito peso para virar.
— Pelo jeito pegou uma ideia e a desenvolve.
— Eu quero que novamente falem do Cristo na Avenida.
— Certo, mas pretende algo a mais neste carro?
— Ainda pensando, vou fazer os protótipos para ver as possi-
bilidades.
— Pelo jeito está começando a pensar?
— Pensando como por 200 mulheres seminuas em um carro
de nome, da cor do pecado.
Os dois carnavalescos se olham assustados e João sorriu.
— Está falado serio? – Estevão.
— Não, apenas é que a ideia que me veio é fraca, então estou
tentando alimentar ideias, pois uma mulata descomunal, e uma
branquela pegando praia, não é algo que gere impacto, por isto falei
em tripé.
— Mas podem ser esculturas altas?
— Tamanho apenas por tamanho, não gosto. – João.
Os dois sorriem sem graça.
— Calma, vão pensando nas roupas, no prospecto final, que
quero passar a primeira parte para a confecção e começar a montar
ala a ala.
João olha os demais, diz que agora tinha outras coisas a fazer
e os rapazes saem, indo a sala dos dois, para verificar os prospectos.
João passa na sala de Roberto e olha Micaela.
— Vai ficar por ai?
— Sim, daqui a pouco pego as crianças na mãe.
— Vou dar um pulo no prédio da MD.
— Certo, ligo para você.
João sai e Roberto olha para a filha.
— Como estão?

76
— Ele é especial pai, mas as vezes tenho recaídas, as vezes
duvidas, e não sei, o problema nunca foi ele.
— Acha que nos precipitamos pondo ele na presidência? –
Roberto olhando a filha.
— Vai ver ele fazer em um ano pai, o que muitos não fazem
em uma vida, ele não para, quem o viu a 6 anos, como o senhor,
sabe disto.
— Uma aposta que nem faria, sei que fui mesquinho, um dito
empresário me pediu se poderia atrair ele a cidade filha.
— E não fala muito disto pai?
— Não, mas as vezes acertamos errando, pois talvez tivesse
perdido minha princesa se não o tivesse feito.
Micaela abraça o pai.
João chega a sala da MD, e olha para a secretaria.
— Quem confirmou?
A senhora passa os nomes, e João fez reuniões rápidas com
presidentes de algumas empresas, pois tinha show a administrar,
uma importadora para administrar, um porto para tocar, e começa-
va a olhar a obra ficar maior, e sabia que quando em Dezembro
começassem as inaugurações, seria um dia após outro, poderia não
estar lá, mas queria tudo bem feito.
Ao fim de 12 reuniões ele olha a secretária.
— Eu sempre disse que odiava reunião, deve ser praga.
A senhora sorriu.
João pede um helicóptero e voa a Niterói, um porto que de-
veria ter liberação a dois meses, somente agora se liberava, pois
teria de ter controle do estado, e para isto precisava contratar, pre-
parar e por a funcionar, João chega a sede e olha para o presidente
na Marítima.
— Como estão as coisas?
— Prontos para funcionar, acesso pronto, aqueles forneci-
mentos foram acertados, o pessoal está esperando para começar.
— Quem vem a inauguração?
— Governador, prefeito, ministro dos transporte e presiden-
te.
— Sabe que você que representa a empresa, então apenas
mantem aquele discurso de crescimento e vamos a frente.
77
— Vai olhar de longe?
— Sim, querem se fazer de amigos e seguram dois meses o
trabalho, digo que não sirvo para ser falso.
— E acha que vamos começar com o que?
— Fechamos com 12 importadoras europeias, dá um fluxo fi-
xo de quase dois navios por dia, temos outros dois chineses e um
americano, ainda não lotamos o cais, mas já dá para começar, eles
vão estar chegando já no fim da tarde, para levar a Europa e a China
os primeiros carregamentos.
— Certo, então estamos começando realmente a funcionar.
— Sim, o descarregar vai ser mais calmo, mas chegamos lá.
João sai dali e foi a Barra ver como estava as obras finais para
o Rio In Earth. O coração de João não queria chegar em casa, e não
estava falando nada, ele tentou fazer o dia normal, mas sabia que
Micaela iria falar algo. Ele sobe e chega perto como todo dia, ela
coloca a mão em seu peito e fala.
— Temos de conversar João.
João a olha sério.
— Problemas?
— Sim, não sei como falar.
— Falando. – João que nunca soube ser diferente.
— Você não vai me entender.
João olha a aura de Micaela, ele não a vigiava mais, ele acha-
va que ninguém merecia viver vigiada, mas isto fazia ele não saber
mesmo o que estava acontecendo, e pior, a pessoa a frente achava
que ele sabia.
— Deixar bem claro Mick, eu não lhe vigio, então não sei o
que não vou entender, estou aqui sempre, estive antes de nos acer-
tarmos, sabe disto, o que não tenho como entender.
— Eu não sei o que você é capaz de fazer, eu me sinto presa
nisto, não no vigiar, você larga com uma facilidade que não é nor-
mal.
— Temos 3 crianças, elas não existiam antes Mick, isto não é
para mim, para você, é por elas, mas se quer liberdade, fala, eu saio,
mas não precisamos brigar para isto, não precisamos ser inimigos,
quem nos põem um contra o outro nunca fui eu, quer dizer, uma
vez o fiz, pensando que você se acertaria com aquele Delegado.
78
— Não consigo dizer não a ele, que parece mais centrado.
João apenas olha a filha entrar na peça e fala.
— Vou pegar umas roupas, não quero atrapalhar, mas se pre-
cisar, eu levo as crianças.
— Não quero que saia por mal.
— Não estou saindo por mal, apenas não sei como me portar,
toda vez que não abro a porta, me sinto mal, e se preciso sair, eu
saio.
Micaela segura a mão e João e fala seria.
— Não precisa sair agora a noite.
— Se é para sair, não existe melhor hora Mick, então me situ-
ar fora é melhor do que sonhar dentro.
— Mas... – João põem a mão na boca de Micaela com um de-
do, para ela não continuar e termina.
— Já é doido sem mas, lhe ligo amanha.
João sobe, vai ao quarto e pega duas mudas de roupa, algu-
mas coisas, pega o celular e pede um helicóptero.
Voar entre a Zona Sul entre os dois prédios, foi rápido demais
para que João pensasse.
João olha para o mar ao fundo, senta-se a sala e fala.
— Deve mesmo ser algo ditado.
Se João não vigiava a esposa, os filhos, sempre teve uma alma
ali olhando por elas, João não sabia o que fazer, e não queria fazer
nada naquele momento, para quem queria chegar em casa e termi-
nar uma maquete, senta a sala tentando achar como ser diferente,
ele não sabia ser diferente, e para ele, a culpa sempre era dele, não
conseguia ver como não sendo sua a culpa. Na internet ia o anuncio
preliminar do enredo da Beija-Flor, e muita gente olha a reunião,
era algo narrado, mas era obvio que tinham determinado muita
coisa. Guimarães, assim como muitos na internet, olham a reporta-
gem, Paulínia da Sambarrozo faz um vídeo, depois foram surgindo
outros comentando. Guimarães estava tentando algo diferente, e
liga para João, com tudo sendo gravado.
— Boa noite senhor Mayer.
João olha o telefone, a cabeça não estava para confusão,
imaginou algo rápido e fala.
— Boa noite, quem?
79
— Paulo Guimarães, poderia nos dar sua posição sobre o que
foi anunciado hoje como enredo, me pareceu confuso.
João respira fundo e se levanta e olha pela sacada.
— Qual parte achou confusa?
— O vídeo em si não explica o enredo.
— O descritivo sai em Outubro Guimarães.
— Mas ficou muito confuso, Brasil, Gigante pela própria natu-
reza é muito confuso.
— Sei que é, qualquer enredo passando pelo Brasil, tem de
tomar um caminho, estou deixando os Carnavalescos determinarem
os caminhos, então eles sabem por onde vai, eu estou ainda con-
templando o trabalho dos dois.
— Não vai assinar um carnaval este ano?
— Agora sei que está gravando, bem pegadinha para usar pa-
lavras e alterar, mas tudo depende de como a semana acaba, hoje a
resposta é não.
— Mas é presidente da Beija-Flor, como quer assinar um car-
naval?
— Assinar um carnaval, é até fácil, difícil é o por na avenida.
— E não se negaria a assinar um concorrente.
— Eu não disse que assinaria um concorrente, existem outras
categorias, não precisa ser no especial.
— Porque não se contenta em ser presidente?
João desliga o telefone, e Guimarães olha em volta, demora a
perceber e fala.
— Ele acaba de desligar na minha cara.
Como algo ao vivo na internet começam a jogar pedra na es-
cola, e obvio, o telefone de João tocou novamente.
— Fala Roberto.
— Estão me ligando para saber que merda falou na imprensa.
— Roberto, eu não estou bem para discutir agora, liga ama-
nha de manha.
— Mas...
— Me liga amanha de manha, por gentileza.
João desliga o telefone, toma um banho e vai para a cama.

80
João acorda e olha para a cama,
vazia, ele não queria perder, e não sabia
se portar, as vezes as pessoas não sa-
bem dizer a palavra certa, e as vezes a
palavra certa não existe, e juntar os dois
gera o que João estava pensando, ele
olha o relógio, não era 5 horas ainda,
toma novamente um banho, põem uma
roupa simples e vai ao barracão da MD,
ele pega uma estrutura e começa a por a
ferragem nela, ele queria queimar ener-
gia, começa a fazer a estrutura de um
carro e começa a por os hidráulicos,
acomodando as partes, e fica fazendo
isto até dar 7 da manha e liga o telefone.
Ele olha as mensagens, responde,
depois liga para Patrick Guimarães.
— Bom dia Patrick.
— Problemas senhor Mayer.
— Sim, só avisando, não quero,
mas se terminar o dia perdendo dois milhões de reais por que não
segura seu filho, vou ter mesmo a contra gosto, de procurar alguém
diferente, pois sinto que eu estou alimentando a boca quem me
trai.
Patrick estava chegando no seu cartório, olha o motorista e
fala.
— Encosta. – Pensa rápido e fala – Mantem a calma senhor
Mayer, pelo jeito meu filho continua pegando pesado.
— Manipulando gravações, ou eu posso também o processar
por calunia, sairia mais caro, as vezes achar um parceiro é difícil,
mas não dá para ficar quieto a eternidade senhor Guimarães.
— Vou falar com ele, tenta não por fogo na relação senhor
Mayer, é um bom cliente.
— Tentando há algum tempo relevar seu filho.
— Vou por ele na parede hoje.
81
João desliga e liga para Roberto.
— O que queria falar ontem Roberto, sua filha tinha acabado
de me por para fora, e me liga, não me quer ai também?
Roberto demorou para absorver a frase inteira.
— Bom dia Mayer, brigaram ontem?
— Ela disse que vai tentar com aquele delegado de novo,
chego em casa aquela merda do Guimarães me liga, e depois você,
não estava para discussão ontem, mas o que precisa?
— Tem de pensar antes de falar as coisas.
— Se não pensava antes, não vou mudar, e sabe disto, presi-
dente de escola de samba que segura a língua, não se mantem no
cargo Roberto.
— E está onde?
— Na MD dando os caminhos do dia, quem sabe no fim não
viram finalmente duas empresas, acho que uma hora o burro de
carga cansa.
— Tenta manter a calma, ela estava insegura ontem.
— As vezes acho que ela nunca me amou, isto que é o grande
problema Roberto, mas referente a Guimarães desta vez eu não vou
deixar barato, e sei que alguns vão falar mal de mim.
— Saiba que ainda é presidente, e que merece o cargo, não
sei como minha filha vai se virar, mas me deste uma neta e dois
netos, então já é da família.
— Assim que terminar aqui, vou lá dar uma olhada, tem coisa
chegando e preciso acompanhar se está tudo em ordem.
João desliga e viu que era Guimarães ligando, desliga o tele-
fone.
João olha o carro e dirige até a Cidade do Carnaval.
João chega ao barracão, Sergio olha para ele e pergunta.
— Já falou com Roberto?
— Sim, algum problema Sergio?
— Não, mas estão falando horrores de você na internet.
— Sei disto.
João estava na entrada do barracão, pelo jeito todos estavam
falando disto, e apenas disca para Oliveira e fala.
— Como está doutor Oliveira?
— Problemas?
82
— Todos juntos, mas primeiro ouve para mim o que Paulo
Guimarães falou ontem após eu desligar o telefone, ele colocou ao
vivo na internet, e se tiver algo que possa ser processado, pode
transformar o cara em pobre.
— De novo isto?
— Talvez tenha de mudar os cartórios de nossos processos,
mas primeiro me verifica isto.
— Cansou pelo jeito.
— A gente trabalha, e um vagabundo fala o que bem entende
e eu que sou errado.
João falou alto, todos a volta ouviram, mesmo sem querer e
Oliveira fala do outro lado.
— Vou verificar para você.
João olha o telefone e tinha ligação de Guimarães e de Micae-
la, ele pensa se não ligava para ela.
— Fala Mick?
Micaela olha para fora e fala.
— Queria saber se está bem?
— Sim, se ligar a internet no assunto carnaval, sou noticia, si-
nal que ninguém tá fazendo nada hoje, mas estou bem.
— Não precisava sair ontem, sabe disto.
— Não Mick, não sei, mas estou bem, se cuida.
— Está onde?
— Chegando na Cidade do Carnaval.
— Nos falamos.
João desliga e passa para a secretaria o celular e fala.
— Anota as ligações da manhã que depois eu retorno.
Sergio viu que João nem ficou com o celular, ele sobe a sua
sala e vê na internet a reportagem de Guimarães, sorri e olha os
comentários, estranho como tinha gente que ainda odiava ele.
João pega um papel e apenas anota os comentários que lhe
afetavam, e liga o computador e começa a pensar no todo daquele
carnaval, ele ainda procurava um ponto para puxar a historia, ele
anota cada frase do esquema e ao lado foi colocando a visão de
Brasileiro.

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Começa a pensar no carnaval, anotar, e confirmar os recebi-
mentos no estoque de isopor, fibra, e começa a pensar no carro
final, ele fez algo imenso e não parecia nem chamar atenção.
Estava desenhando no computador quando entra Roberto pe-
la porta, viu que João estava pensando nas compras, nos carros e
pergunta.
— É seria a briga?
— Daqui a pouco ela está ai para conversar.
— Aquele delegado de novo?
— Sim. – João sem tirar os olhos do monitor.
— O que tanto olha ai?
— Temos material para 7 dos 10 carros, assustador isto.
— Pelo jeito não estaremos tão grandes?
— Estaremos gigantes Roberto.
— E acha que temos material para quase 7 carros?
— Sim, logico que acabamento e escultura, muda, mas ferra-
gem, motores, parte da fibra, parte do isopor, parte dos acetatos,
parte dos hidráulicos.
— E não vai atender ao telefone hoje?
— Não vou dar corda a eles hoje, pois não sei por onde tenho
de falar ainda, não estou nem ai para Guimarães e companhia, o
cara deve cheirar algo, pois um dia quer o bem do carnaval, no ou-
tro por Like ele detona todo mundo.
— Vê se não larga tudo, liguei e nem sabia que estava brigado
com minha filha.
— Eu as vezes não entendo ela, mas daqui a pouco eu vou
passar ao pessoal o que tem de construir, e vamos começar a sair
do nada, para a estrutura, e para quem viu, sabe que é o começo,
mas para quem nunca viu meus carros, acha que estamos indo ao
acabamento.
— Certo, mas pensou nos carros?
— Primeiro e final já eram para ser grandes, os intermediários
vamos pensando, mas acho que dá para começar a fazer alguns, o
hidráulico de alguns é semelhante, embora o efeito seja todo dife-
rente.
João desce para receber o material, isopor, fibra, tinta, mode-
los de injetáveis, alguns materiais de corte, ele separa, e foi a cada
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carro, e fala com o responsável dele e coloca um desenho básico a
parede e pede para executarem, se nos dias anteriores estava quie-
to, agora iriam modelar a base de 6 carros.
Ele sobe e fala com o pessoal das esculturas, e pede para rea-
lizar apenas as 62 que eles já tinham projetado.
Roberto foi acompanhando João que chega as costureiras e
Sergio viu ele passar os desenhos que precisavam de moldes.
Desce a injeção de plástico e passa para os rapazes vinte e
dois moldes que fariam cabeças.
Chegou ao pessoal desmontando as roupas e olha os tecidos
usados e pensa no que poderia fazer com aquilo, teria de pensar.
As pedrarias sendo separadas para reuso, custos altos sendo
reduzidos.
Ele volta a sua sala e lá estava Micaela.
— Saiu e nem falamos.
— As vezes não estou para discutir, tem hora que sair é mais
fácil, não quero ouvir você falando de alguém como Douglas.
— Mas vai ficar bem, me preocupo, sei que eu me afasto e as
coisas desandam.
— Eu vou me cuidar, não estava olhando, e pelo jeito dei es-
paço demais para você e ele se encontrarem de novo, e sei que o
problema sou eu, o burro de carga.
— Não fala assim, você é mais que isto.
— Apenas uma coisa, saiba que estou aqui, para lhe apoiar, se
precisar dou um jeito para ficar com as crianças, mas saiba, sempre
quis seu melhor, e sei que não entende, mas ver você com ele ma-
chuca, antes era mais fácil, hoje não é tão fácil assim.
— Eu tenho de tentar João.
— Se cuida, sabe o que está fazendo, apenas se cuida.
— Mas...
— Eu não estarei olhando, então se cuida, olhar vai me ma-
chucar mais ainda.
Micaela sai, olha ele serio antes de sair, e João olha pela jane-
la para fora, para o mar ao fundo, respira fundo, volta a sentar e fica
tentando rabiscar algo novo e viu que não estava funcionando.
João olha os projetos e fica batendo o lápis sobe o desenho
do carro 7, ele não sabia o que remetia aquilo, mas sua cabeça não
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conseguia ficar no “Saudades!”, então a ideia de algo imenso sobre
o carro, requeria uma estrutura, os quadros abaixo, com lembran-
ças boa, felizes, de pessoas que já foram, daquele sabor de infância,
da pessoa amada, da adolescência, começa a anotar e repara que o
carro espelhado teria de ter bastante espaço, ele não era de fazer
algo pequeno, e era apenas uma palavra que definia aquele carro.
Ele sobe e olha o pessoal das esculturas e passa mais uma, e
aproveita que o pessoal dos painéis estava chegando e foi passar
para ele o que precisaria, o pessoal viu que agora era para valer,
João pedindo coisas.
Desce e olha para o pessoal do carro 7, passa para eles o que
era para começar, e coloca a parede o primeiro esboço aéreo do
carro e os rapazes viram que não seria algo normal.

Os rapazes foram separar material e hidráulicos, e João olha o


chegar de um pessoal de uma construtora que ele pedira para falar,
ele mudaria paredes, não estava querendo algo simples, e ele iria
mudar algumas coisas.
Roberto olha para Sergio na parte alta e pergunta.
— O que ele pretende.
— Viu o esboço de manobras internas finais?
— Não entendi aquilo.
— Ele vai mudar as paredes baixas, ele pensou nisto pelo jei-
to, mas é para ter espaço de evolução dos carros.
— Ele fechou algo?
— Ele está serio hoje, não sei se sabe de algo? – Sergio.
— Ele não teve um dia bom ontem, mas vi que Magalhães ti-
rou tudo da internet e João não está atendendo o telefone. A secre-
taria me pergunta o que fazer, mas ele não quer se distrair, e pelo
jeito espera algo de alguém, pois não parou ainda.

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— Ele tinha dado caminho a alguns, agora coloca o pessoal do
carro 7 para trabalhar, mais um daqueles carros que você olha o
desenho inicial e não entende nada.
— Este é o João, lembra dele trabalhando, ele nem falava
com ninguém, ele sempre ia a frente, ele vai fechar o carnaval na
cabeça dele, pelo jeito ele já teve a ideia.
— Ele parece ainda construir o desfile, mas se as pessoas es-
tavam calmas agora vão ao primeiro desfile com ele presidente.
— Acha que ele dá conta Sergio?
— Ele está tentando mostrar que ele pode até ser presidente,
mas são todas as pessoas que fazem o desfile.
— Os carnavalescos?
— Eles foram a um programa que reuniu os carnavalescos das
3 primeiras para uma conversa, devem estar gravando.
João corre para por as coisas em funcionamento, faz a TV Bei-
ja-Flor filmar todo o processo de reciclagem de plásticos, ele salien-
tou que se usava agua da chuva para isto e ela era filtrada antes de
devolvida ao ambiente.
João estava observando ao longe quando Sergio chega ao la-
do e pergunta.
— Como estão as coisas?
— Odeio levantar um carnaval e não estar gostando dele,
acho que este é o meu maior desafio sempre, gostar do carnaval
que crio.
— E o que é aqueles carros ali.
— Acho que apenas o 7 eu fechei na cabeça, mas os demais
tem coisas que podem ser feitas, que fazem parte da ideia geral.
— Tem os temas das fantasias de luxo do carro 7?
— Sim, temas Saudades de Um Amor, Saudade da Infância,
Saudade dos amigos e lembranças boas.
— Alguma dica de tamanho?
— Algo que não desapareça em um carro de altura media de
15 metros por 30 de cumprimento.
Sergio sorriu, pois isto era o que queria, um carnaval grande,
e começa a saber que apenas um dos carros que vão fazer, tem o
tamanho do ano passado, seriam 10 deles.

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— Eu gosto de seus carnavais grandes, tem gente que tem
pavor disto, direção de carnaval sempre.
— Eu tenho medo das minhas ideias Sergio, mas saiba, talvez
eles peçam novamente para reduzir depois, mas toda vez que me
permitirem algo grande, eu o farei.
— Então o 7 não é um carro alto?
— Ele tem dois pontos altos, mas na maioria o carro estará
em degraus, de 5, 10 e 15 metros, dai tem uma escultura sobre isto,
e um tecido girando no fundo, ambos devem chegar a 20 metros.
— Um quadrado estilo João Mayer? – Sergio provocando.
— Sim, mas deixa eu ir ao refeitório e comer alguma coisa.
— Vai passar a comer aqui?
— Sim.
A TV Beija-Flor coloca o sistema de reciclagem de plástico que
estavam desenvolvendo na internet e até pessoas que não falam de
Carnaval começam a olhar aquilo, era transformar lixo em alegorias,
e Bonifácio olha para a assistente na Globo, e pergunta.
— Não teria espaço para coisas assim naquele programa de
Sábado pela manhã?
— Vou passar para o pessoal, acha que teríamos algo produ-
tivo ai senhor Bonifácio?
— Sim, ensinar o país que sacola plástica não é lixo, é dinhei-
ro, que custa dinheiro.
Guimarães estava almoçando com um amigo e liga o celular e
olha para a reportagem da Beija-Flor.
— Porque tirou a publicação de ontem Guimarães, amarelou?
Guimarães olha em volta e fala.
— O escritório da MD Advogados entrou com um processo
hoje, por calunia, sei que falei o que bem entendia, mas antes ele
não parecia preocupado, esqueci que agora ele é presidente de uma
escola de samba.
— Acha que eles ganham?
— Não sei, mas evitei problemas, e sei que ele não ficou feliz
com o que foi ao ar ontem.
— Como você sabe. – O rapaz.

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Guimarães não iria falar que seu pai, sua irmã, até sua mãe li-
gou para ele o puxando a orelha, ele tentou ligar para fazer uma
retratação, mas João não atendeu.
João olha a secretaria da entrada lhe trazer o celular e todas
as ligações anotadas.
João retorna 3 ligações para as empresas e olha para Sergio.
— Acha que exagerei desta vez?
— Você sempre exagera.
— Eu as vezes fico pensando no que por em um carro, geral-
mente é metade disto, então estou meio perdido, sei que apostei
nos meninos, mas é que preciso de gente fazendo, se você olhar
Sergio a ideia do carro 3, é de assustar.
— Muito comprido?
— Não, mas eu não quero uma estilização do Cristo Redentor
na avenida, eu quero o Cristo Redentor.
— Não entendi.
— Trinta de altura e vinte oito de mão a mão.
Sergio olha em volta e fala.
— Quer por o cristo em que proporção.
— No tamanho original, dentro da Sapucaí.
— Isto que todos se assustam.
— Agora pensa em eu ter poucas coisas a cabeça, mas estas
coisas levam ao carnaval, e obvio, a ideia do carro da comissão de
frente, tem carro que acho que será um tripé, não um carro.
— Certo, mas em quantidade assusta eles.
— Todo carnaval está começando Sergio, e quando chama-
mos atenção na reciclagem, é que tudo que reciclamos ali, iria ao
lixo, sei que dá trabalho para separar, mas vale a manutenção do
pessoal e os materiais por si.
— Pelo jeito eu pensando que você iria por um carnaval sim-
ples na avenida e vais por um imenso.
— A ideia em volta já mostra que a pretensão é grande, a úni-
ca diferença é que agora montamos eles inteiros antes de qualquer
coisa, verificamos os erros, e vamos tentar não errar novamente, as
vezes não é não vencer, é não cometer erros bobos.
João caminha até o refeitório, agora os restaurantes seriam
longe, então ele iria aderir a algo que as pessoas estavam acostu-
89
mados, comer no barracão, João queria entrar nesta parte também,
já que agora tinha uma cozinha melhor e mais equipada, com uma
região de alimentação que ele iria reduzir, mas que mesmo assim,
era grande.
João se serve e muita gente comendo a volta, Confusão senta
a mesa e fala.
— Pelo jeito este ano vamos o ano inteiro trabalhando.
— Espero que sim, mas olhem bem as especificações, não
quero refazer nada este ano.
— Estamos cuidando, e dai, já definiu o que vamos fazer no
todo?
— Todo é algo que demora para ficar pronto, e uma coisa eu
sei, estilizar carnavalescamente uma favela parece que todos já
fizeram.
— E vai por outra na avenida? – Sergio.
— Na verdade apenas uma estilização, mas sei que alguns
acham legal isto, eu acho um desafio, já que eu quero mudar a cara
disto, e não a idolatrar, mas talvez a ultima vez que definimos favela
como algo ruim.
— Dizem que investe uma fortuna nas favelas, moro no Can-
tagalo e sei que você investe uma fortuna lá. – Confusão.
— Acho que enquanto não tiver agua para todos, luz para to-
dos, comida para todos, residência para todos, não seremos uma
cidade, seremos um amontoado de pessoas.
— Mas investe pesado nisto.
— Sabe que sim João – Lembrando que Confusão tinha este
primeiro nome – mas é que acho que ali que cai a agua da cidade,
esta agua escorre muito rápido para o mar, e todos ficam sem agua.
— Dizem que está construindo grandes reservatórios para o
pessoal da zona sul.
— Vocês estão na Zona Sul! – Mayer olhando o rapaz.
— Certo, mas tem gente reclamando.
— Sei que o trafico fica difícil se os meninos virarem adultos,
mas não consigo ver motivo para alimentar alguém que quer morrer
aos 26, na parte mais útil e produtiva, eu os quero velhos e com
dores, e não morrendo a bala porque um idiota pega uma automá-

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tica e dispara contra as pessoas, matando inocentes em volta, pois
vai ter revide.
— Certo, mas vai por uma favela na avenida? – Sergio.
— Zona Sul, a frente, Cristo Redentor e Favela ao fundo, é
carnavalesco, não é proporcional a parte baixa.
— Não teria como por à 100 metros. – Sergio tirando sarro.
— A cobertura está a 65 metros, mas o problema é uma base
de 12 de largura com 30 de cumprimento, tem de ser leve para er-
guer e tem de ser seguro.
— Certo, mas poderia por a 40 metros. – Confusão.
— Acho que não dá, mas os engenheiros não me deram limi-
tes ainda, e tem de considerar que tem de chegar a Marques de
Sapucaí, e podemos ter de passar segundos antes no viaduto.
— Certo, não sabemos nem que lado vamos desfilar ainda,
mas isto semana que vem saberemos. – Sergio.
— Sim, desfilar em quarto é bom no Domingo, mas tem o vi-
aduto, mas acho que vão nos mandar em terceiro no Domingo.
— Certo e quer quebrar esta escrita, vencer desfilando no
Domingo. - Sergio.
— Tentar por quatro anos seguidos.
— Certo, ganhar, ganhar e ganhar? – Confusão.
— Porque não, acho que as vezes eles estão parando, quero
eles falando mal da escola, mas se esforçando mais.
— E acha que eles vem forte? – Confusão.
— Sei que outras 4 vem forte, as pessoas não entenderam
ainda, mas a disputa vai começar a ser forte para subir e para não
cair.
— Você as vezes parece sempre surpreender.
— Eu não sei ainda o que vai ser o abre-alas, não sei o que se-
rá todo resto, mas com calma chegamos lá.
— E quer fazer o que este ano?
— Pensei em somar uma frase ao Abre Alas, e como ainda
não falei com os carnavalescos ainda, vou me conter.
— E qual frase o fez pensar? – Sergio.
— Somos uma Roda Gigante de Emoções. Mas somente se
fossemos numero impar do desfile, não teria como por em posição
passando pelo viaduto.
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— Certo, algo para chocar de cara?
— Eu estarei entrando com a escola, e pode ter certeza, a
ideia, básica, tentar chamar a atenção em pelo menos 10 pontos do
desfile.
João se dedica ao prato com calma e olha as pessoas estra-
nhando ele ali, mas ele queria fazer isto parte do seu dia a dia.
Ele olha a TV ao fundo e nada de anormal, ele olha o pessoal
começar a sair, pega um pouco mais de comida, senta novamente e
come com calma.
Estava com a cabeça longe dali, mas não conseguia se conde-
nar por isto, pois agora que perdera pensava em a ter ali, mas nor-
malmente ele estaria trabalhando pesado.
João olha Sergio a frente e fala.
— Vou terminar de pensar o desfile, e vamos ver como faze-
mos isto, pois para dar certo, quando o ultimo carro entrar na ave-
nida, o segundo carro tem de estar saindo da dispersão.
— Vai ao risco mesmo.
— Como disse, eu começo um projeto simples, e eu mesmo
me complico.
João termina, vai a cozinha e verifica se as coisas estavam
bem, se faltava alguma coisa, anota algumas coisas e Sergio ao lado
fala.
— Gosta de detalhes?
— Sim, sou alguém que vive uma única vez a vida, mas sei
que deveria ser menos tudo ou nada.
— E vai ficar por ai o dia inteiro?
— Vou terminar os esboços, demora bem mais que um dia is-
to. Mas sim, vou ficar por aqui.
João sobe e começa a olhar o que deveria definir de cara,
uma das coisas que gostaria, é que os impactos fossem se manten-
do, mas as vezes fica difícil.
João faz algumas considerações e olha para os Carnavalescos
voltarem e entrarem em sua sala.
— Como foi a reunião?
— Pelo jeito agora teremos a noção do que é ser carnavales-
cos do grupo especial. – Estevão.

92
— Espero que sejam no ano que vem, carnavalescos campe-
ões do Grupo Especial, dai o negocio vai pegar fogo.
— Por mais que tente falar muito deste enredo Mayer, pare-
ce que é incompleto. – Estevão.
— Sei disto, pensei que dariam um caminho com as frases,
deixaram mais aberto possível.
— As vezes tememos ideias. – Fabio.
— As vezes isto é estranho, mas sabemos que não podemos
avançar em sentidos, não o demos e não sabemos como falar. –
Estevão.
— Falando.
— As estruturas são boas, mas não entendemos as suas idei-
as.
João os olha sério, estavam muito calmos, e muito seguros.
Não condiziam com as palavras faladas, e tinha um pequeno ocultar
de algo.
João não estava entendendo a conversa, mas vinha bomba.
— Qual o problema meninos, estão me enrolando.
— Não sentimos que estamos fazendo algo, estamos seguin-
do o que você quer, não o que queremos, sei que estranha, mas
nossa ideia era bem menor.
— E...? – João dando corda para o pulo.
— Não estamos felizes com este caminho e antes de avançar
mais, queremos pular fora.
João olha os dois decepcionados, e fala.
— Acham que aceitaram antecipadamente sem estar prepa-
rados, ou o problema é muita ingerência?
— Toda hora tem alguém palpitando.
— Palpite é para lhe fazer ter certeza do caminho, não para
pular fora.
— Mas decidimos que vamos nos afastar.
— Quando?
— A partir de hoje.
João se levanta e estica a mão para Fabio e fala.
— Espero que saibam o que estão fazendo, pois não entendi,
mas boa sorte, nos cruzamos de qualquer forma por ai.

93
Os dois viram que João encerrou a conversa, os dois saíram e
levaram todas as coisas, João liga para Sergio, e Roberto que sobe.
— O que agora. – Roberto entrando.
— Algo urgente, tem coisas chegando. – Sergio.
— Manda recolherem, mas preciso trocar uma ideia, os dois
carnavalescos acabam de pular fora após uma confraternização que
desculpa, não é normal.
Roberto olha Sergio e senta.
— E qual o problema real?
— Eles viram parte das ideia, não sei o que vão levar com
eles, mas preciso de ideias, já que estava achando que a ideia ia
começar a andar e os dois carnavalescos pulam fora, estavam muito
alegres e soltos antes de falarem comigo, alguém fez uma proposta
melhor, mas como não podem falar isto, vão pelo jeito para outro
lugar após darmos um caminho aqui.
Sergio pede um momento e pede para Bira subir, e para achar
Gabriel e subir também.
Roberto olha João como se esperasse algo, mas não queria fa-
lar muito naquele dia.
— Não tem haver com o que Guimarães falou ontem?
João pensa no que falou, nada parecia neste sentido, mas en-
tendeu a ideia, ele olha Roberto e pergunta.
— Estou ingerindo tanto assim?
— Menos que eu, mas parece que eles ficaram com a sensa-
ção de que no fim você assinaria o carnaval daqui.
João olha Sergio que fala.
— Talvez eles não tenham gostado da forma que fazemos,
eles dão o modelo e construímos o modelo.
— Isto é uma ajuda, não um problema Sergio.
— Mas tem gente que soma um extra ai. – Sergio.
— Falem, não precisa pular fora, será que é tão difícil assim
trabalhar em equipe, em organização e organizadamente, pois é
onde está minha ingerência.
Sergio olha em volta, senta e fala.
— O que faremos?
— Acha que precisamos de um carnavalesco de que estilo? –
Roberto olhando para Bira e Gabriel.
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João olha Bira e fala.
— Antes de uma hora, quero que de um jeito de por no ar
que a Beija-Flor acaba de trocar de carnavalesco.
— Mas...
— Pularam fora a segundos. – João – Apenas temos de definir
quem, eu não quero um nome tradicional, eu queria formar uma
dupla campeã, mas parece que alguém nos atravessou. – João.
Gabriel olha para João e pergunta.
— Pode ter algo haver sobre esta grande confraternização
puxada pelo pessoal dos Sambistas da Depressão, dizem que todos
cobririam isto, mas Bira não conseguiu autorização de ir, eu estra-
nhei isto a 4 dias, mas parecia apenas uma conversa com os Carna-
valescos.
— Quem foi lá?
— Não sabemos, mas com certeza as 3 primeiras foram con-
vidadas.
João pega o telefone e disca para Richard da Chatuba de
Mesquita, e fala.
— Boa tarde Richard.
— Boa, pelo jeito algo aconteceu.
— Foi a festa do pessoal dos Sambistas da Depressão?
— Sim, e você me ligando é quase confirmação que aquele
cercar de Horta aos dois carnavalescos deu merda.
— Algo mais especial aconteceu?
— Aquele Guimarães tomou um porre e foi contido pelos ra-
pazes, ele queria bater em alguém, tive a sensação que o problema
foi com Estevão, mas não sei, pelo jeito vai precisar de alguém.
— Apenas queria saber quem cercou os rapazes, mas temos
de conversar depois.
— Me liga.
João desliga e olha para Roberto.
— Horta de novo. Mas alguém tem alguém a indicar?
— Todos se definiram, não sei para que lado ir. – Roberto.
João olha para Sergio.
— Tem poucos nomes neste ramo, mas sempre tem alguém.
Os olhos foram a Gabriel que fala.
— Não sei João.
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João olha para Bira e pergunta.
— E você Bira, conhece alguém solto no mercado.
— Um monte de gente, mas disponível, tem de ver, pois tem
um empresário que fez faltar carnavalescos este ano no mercado,
que saiba tem aquele rapaz que estava no B, Jorge Caribé.
João lembra de Caribé, boas ideias repetitivas, e pega o tele-
fone, acha o contato e disca para Jorge.
— Bom dia, o Jorge?
— Quem?
— João Mayer.
— Eu, o que o empresário do ano quer, pois está me ligando.
— Tem escola para o ano que vem?
Jorge se ajeita a cadeira, olha a esposa, pede para ela baixar o
som, olha em volta e fala.
— E para qual escola está procurando um Carnavalesco.
— Deixar claro que o problema que tenho Jorge, é que eu
palpito demais no carnaval, e alguém me apresentou um prospecto
para o carnaval da Beija-Flor e acaba de pular fora.
Jorge se perde nos pensamentos e fala.
— Está me convidando a ir para a Beija-flor de Nilópolis?
— Sim, para um carnaval que vai lhe tirar o sono e que já foi
iniciado, não tenho como lhe dizer por telefone mais, mas a hora de
aceitar é agora.
— Aceito, mas como acertamos isto?
— Pega o básico e um aplicativo para cá, se der fechamos
ainda hoje.
— Está falando serio.
— Não brinco com isto rapaz.
Jorge desliga o telefone e olha em volta, para a esposa e fala.
— Pega minha carteira, pode ser que tudo que pensei que se-
ria um ano calmo, vai virar correria?
— Beija-Flor? – A moça.
— Sim, Mayer me ligando pessoalmente, sinal que algo acon-
teceu e ele vai dar a mudança antes de ser fofoca.
João olha para Bira e fala.

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— Faz um texto, faz um prospecto, e vamos começar a por
tudo em ordem, pois mudamos de carnavalesco, e vamos anunciar
isto antes de alguém falar que os dois saíram.
— Não quer esperar eles pensarem?
— Se eles não sabem onde estão e com quem falam Roberto,
que pensem quando alguém os chamar de volta, eles já deveriam
estar pensando nisto antes, pois eles não tinham assinado o contra-
to ainda, e estavam trabalhando, sinal que os dois pensaram em
não assinar aquilo.
Gabriel olha que João poderia desviar, mas não estava gos-
tando, ele olha para a porta e viu um rapaz olhar para ele.
— Fala Ronaldo. – Gabriel.
— A Tijucas está anunciando a chegada da Dupla de carnava-
lescos daqui lá. – Ronaldo.
— Calma, eles acabam de sair, mas o que falaram?
— Que eles tinham de conter custos e por isto mandaram a
comissão anterior, que fez os últimos 5 anos, embora.
— Algo que não condiz com o que eles estão fazendo, mas
tudo bem, algo mais?
— Todos esperam o que vamos falar.
Gabriel olha João e responde.
— Jorge Caribé deve estar chegando ai, deixa avisado na por-
taria, para ele entrar direto.
O grupo fica a falar e João põem a parede o prospecto inicial
e fala enquanto aguardavam.
— Estava pensando em os por a parede referente a dinâmica
deste desfile, como se faltasse algo que unisse todo o desfile, pare-
cem ideias muito soltas, mas dentro disto, fui colocando as estrutu-
ras, para começar a pensar, e talvez eu coloque um bom abre alas
para começarmos o desfile, para começar a dar o ritmo do desfile
um tripé critico, então sei o que quero no carro abre-alas, no carro 3
e 4, e nos carros 7 e 8, e o que fechará nosso desfile.
Roberto olha o prospecto e fala.
— Está deixando o grande em gigante?
— Não serão todos os anos que eles nos permitem isto Ro-
berto, e quando o fizerem, mostrarmos que vamos com a regra,

97
mas a ideia, é ter algo que os choque, tamanho choque que eles se
percam.
João viu o rapaz a porta, fez sinal para entrar, o cumprimenta.
— Bem vindo, antes de qualquer coisa, as condições são as
que estão aqui escritas.
Roberto viu que desta vez João não deixaria sair fácil.
O rapaz olha as clausulas, sorri pelo salario, olha os prospec-
tos e pergunta antes de assinar.
— Posso saber a bomba que estou entrando, pelo que enten-
di, tem um enredo que poucos entenderam, e pelo jeito não era
algo fácil de entender, pois nem os que a bolaram entenderam.
João passa o prospecto que os dois assinaram, as frases e a
proposta, o rapaz olha e pede uma caneta, faz algumas anotações e
depois assina o papel, João assina também e passa para o rapaz
registrar e guardar.
O rapaz olha para João.
— Posso mudar algo?
— Sim, temos algumas ideia que caminharam e que estáva-
mos começando a fazer e ensaiar, comissão de frente, temos uma
floresta de arvores e apresentamos a escola, o enredo e a sinopse
ainda não foi apresentado a LIESA, temos algumas ideias, que esta-
vam sendo elaboradas, mas tem de entender a loucura que eu pro-
pus para os dois carnavalescos que pularam fora.
— Ali fala em 60 alas.
— Sim, 60 alas de 94 pessoas.
— A maior escola com certeza.
— Sim, a ideia básica, abre alas e fecha alas acoplados, oito
carros intermediários e mais 7 tripés.
— E pelo jeito tinha ideias elaboradas.
— Sim, o carro da comissão de frente será aproximadamente
isto – João passando a replica do carro da comissão, e o rapaz olha e
fala.
— Pau-Brasil na entrada da escola?
— Sim, uma segunda ala com cortadores de arvores - Esta-
vam ainda elaborando os prospectos, e os que eles entregaram foi
apenas as 10 primeiras alas.

98
João passa as frases, os prospectos das fantasias, e o rapaz
pega a fantasia das Baianas e fala.
— Podemos mudar estas frases?
— Sim, eu tinha posto algumas exigências, mas se achar que
não deve usar, fala.
— Quais queria?
— Como cada frase ou é de alguém ou de uso geral, sem au-
tor, queria em cada fantasia a cabeça do autor da frase, e nas costas
a frase, podendo ser discreta ou grande, e toda fantasia teria, cada
uma delas, dois beija-flores, um modelo para cada fantasia.
— Tem modelo dos beija-flores.
— Sim, temos eles prontos.
— Certo, algo mais?
— Tínhamos definido a estrutura dos 6 carros iniciais, e três
dos tripés.
— Certo, vocês estavam caminhando e não entendi o que
aconteceu, juro que pensei que eles estavam em destaque.
— Foram para a Tijucas ao fundo, mas não vou comentar isto
lá fora, o que me interessa é o interno, e tem de saber, como o que
assinou, que damos apoio, então como existem vários apoios, as
vezes eu, as vezes Roberto, as vezes Sergio, as vezes Gabriel pergun-
ta como as coisas estão indo, sempre digo que com 4 olhando um
erro não passa desapercebido tão fácil.
— Certo, pelo jeito um prospecto imenso.
— Um prospecto para tentar não estourar os 88 minutos, um
prospecto para passar mais de cinco mil e oitocentas pessoas bem
vestidas, ao solo, mais 500 auxiliares de pista e uns dois mil e qua-
trocentos componentes nas alegorias.
Jorge olha serio João e fala.
— Um desafio imenso.
— Sim, sempre digo, os demais escolheram encolher, nós
queremos passar com tamanho máximo, beleza máxima, capricho
máximo dentro das regras estabelecidas.
Jorge olha o quadro as costas de João e pergunta.
— Estas partes que subdividiram?
— Como disse, na parte de baixo, estamos levantando estes 6
primeiros carros, os tripés lhe mostro onde vamos erguer, é que
99
embora alguns acham grande o espaço, inventei um carnaval que
não cabe aqui.
— Tripés? – Jorge.
— Esculturas para somar, nada que tenha um integrante, é
para somar, não para denigrir.
— E o que seria este carro Abre-Alas inicial.
João olha o desenho por cima e fala.
— Um trem no centro, que atravessa todas as composições,
na primeira aos lados temos a estilização da catedral da Sé, na parte
central a catedral do Rio, na parte baixa tem as pessoas na plata-
forma de embarque, nossa senhora a frente, passa para 3 divisões
que terão 3 grandes rodas gigantes, a primeira, tem os povos do
país, abaixo as divisões, e diferenças, na segunda, as religiões do
Brasil, e na terceira os bens industriais brasileiro, dai o trem passa
por uma cidade, seguida de uma floresta, e por fim uma favela típi-
ca de beira de ferrovia, quase usando a ferrovia com via principal, e
o fim é o trem inclinado para fora de um trilho, meio saindo dos
trilhos.

Roberto olha o desenho, um monstrinho João Mayer.


Roberto sorriu e olha para Sergio.
Jorge olha o desenho e fala.
— Um desafio já de cara, pelo jeito tem mais.
— O próximo é o carro que eles tinham definido era o carro
três como, “Que país é este!”, eu estava querendo passar ele para

100
quarto carro, mas ainda não havíamos falado disto, mas este carro
se resume a praia a frente, prédios da Zona Sul a frente, um túnel
de cada lado entrando na montanha, sobre a montanha um cristo
redentor, e as costas as favelas do Rio de Janeiro, na frente temos
praia limpa, calçadas cuidadas, no fundo um rio não manilhado ter-
minando o carro, mas o que fará todos olharem é a ideia, um Cristo
Redentor colocado na avenida com o tamanho original.
— Não entendi, o Cristo é imenso.
— 30 de altura, e braços que tem 28 metros de lado a lado.
— Está falando serio que tem como fazer algo assim?
— Isto que conversávamos, aproveitar as vezes que eles per-
mitem. Mas depois deste teria a frase “Você é da Cor do Pecado!”,
eu pensei em três homens babando diante de uma mulata de 18
metros, dois turistas e um sambista negro, dai tem uma encenação
a frente disto, é como se fosse um a festa, gente a frente na festa,
gente ao lado nos convites, mas na encenação das costas, existem
sempre um caminho único com a mulata, e com as branquinhas
outro caminho, algumas vão a região sul e a demais, motel, e nas
costas do carro, de um lado a Negra Gravida sentada, feliz, e ao lado
da Branca em seu vestido de noiva, olhando o infinito.
— Você descreve carros incríveis que juro que a frase seria di-
fícil de encarar.
— Sei que eu narraria apenas o que está pronto, mas pensou
em algo?
— Se temos nossa senhora no carro inicial a frente, colocava
uma frase, nem sei de quem é, “Orar é ter o prazer de falar com
Deus!” e jogava elas como nossa senhora.
— Uma boa ideia, mas no sincretismo poderíamos ter metade
delas como nossa senhora, e metade como Mães de Santo!
Jorge anota e fala.
— Gosto de quem não tem medo de sincretismo, esqueci,
que é ai que você se destaca, mas é uma boa ideia, certo que cres-
ceria em um tipo a mais de fantasia.
— Sim, sabemos que é loucura querer por mais de 9 mil pes-
soas fantasiadas na avenida.
— Se podemos mudar e dar um caminho melhor, qual o pro-
blema com os meninos, eles são bons nisto.
101
— Eu pedi uma linha mestre para seguir, eles escolheram as
frases, mas pelo jeito não acharam um caminho a seguir.
— Um carnaval de 120 tipos de fantasias é coisa grande, en-
tendo que eles devem ter sentido a pressão, mas eu topo senhor
Mayer, pelo jeito quer algo oficial, pois já me fez assinar.
— O Bira vai fazer uma inserção para a TV Beija-Flor, para ofi-
cializar você aqui.
O rapaz sorriu, João foi acompanhar a gravação, e mantinham
o caminho, mas agora com carnavalesco novo, e isto vai ao ar.
Guimarães no outro lado da cidade, olha o anuncio, estava
com dor de cabeça, seu pai o ligara para saber se conseguira falar
com Mayer, sabia que ele não estava o atendendo, lembra da briga
e pensa no quanto aquilo poderia ser entendido errado.
Se os rapazes foram para a Tijucas, a reação rápida da Beija-
Flor dá até a sensação que era esperado.
Ele segura os dedos para não comentar nada, as vezes ele es-
quecia que um dia o rapaz iria se cansar.
Tentativas de ligar sem resposta, e como tinham mudado de
carnavalescos, obvio que estava uma corrida.
Jorge olha as estruturas que estavam montando e olha uma
delas e pergunta.
— Qual a ideia desta?
— O Cristo vai ser basicamente um tecido pesado, branco, em
uma estrutura com sua forma, então quando endireitarmos ele na
pista, o controle vai ligar e ele começa – João toca o botão no painel
e aquilo começa a subir reto, e Jorge olha a base e fala.
— E estes tanques na parte baixa?
— Ele vai precisar de lastro, e uma das melhores coisas para
fazer lastro é agua.
Jorge olha as estruturas e fala.
— E quando falam que vão fazer algo assim, alguns duvidam.
— O que minha cabeça está queimando para saber como fa-
zer é as rodas gigantes, a ideia é boa, mas não sei se é praticável.
— Certo, uma coisa é alguém fazer uma roda gigante simples,
você quer por pelo jeito imensas rodas gigantes.
— As rodas gigantes que pensei em comprar, elas tem 18 me-
tros de altura, como são círculos, 18 de largura também.
102
— E tem como levar isto a avenida?
— Vi um projeto, mas é que amanha que se define que lado
desfilamos, se for do lado do viaduto, eu com certeza não farei elas
tão altas.
— E o Cristo?
— Ele encolhe inteiro, não tem problema de altura ou largura.
— Você pelo jeito leva a serio esta coisa de limites.
— De transporte sim, eu sempre falo que gosto de carros
pouco compridos e sempre a ideia fica grande demais, tínhamos 3
formas de fazer, mas resolvi fazer da forma que sei que o computa-
dor de bordo manobra fácil para entrar na avenida.
— Está falando sério? – Jorge.
— Sim, este é um dos pontos, mas ainda não tenho um pron-
to para lhe mostrar como funciona.
João foi mostrar cada parte do barracão, tinha coisas que tal-
vez nem usassem este ano, mas estavam reciclando, mas João sem-
pre acreditava que suas ideias as vezes cresciam.
E no fim do dia, viu todos saindo e ligou para o senhor Patrick
e fala.
— Como estamos senhor Guimarães?
— Meu filho pelo jeito não falou com o senhor.
— Não vou falar com ele, meus negócios são com o senhor, e
parece que ele tirou as coisas que tinham contra mim da internet, a
pergunta, se tirar o processo contra ele, ele devolve para lá, ou fi-
camos de boa a partir de agora.
— Faço ele se comportar senhor Mayer, sei que deve ter tido
problemas com algumas pessoas, e não entendi ainda a briga dele
com o Carnavalesco na sua escola.
— Aquele rapaz já não trabalha para mim, acho que foi uma
provocação para ele falar mais merda, mas não funcionou e não vou
dar mais atenção a isto, mas vou dar uma carta de confiança ao
senhor, pois fomos sempre bons parceiros, sei que fui rude hoje
cedo, mas brigas com a esposa, com os carnavalescos, e ainda che-
go na Cidade do Carnaval e discuto com Roberto, acabei falando
demais.
— Se estamos bem, melhor, as vezes tudo vem ao mesmo
tempo, mas vou tentar segurar ele um pouco.
103
— Melhor para ele senhor, ele está se metendo em encrenca.
João se despede e desliga, ele olha para a porta e ali estava
Micaela, que lhe olha.
— Podemos conversar.
— Sabe que sim. – João.
Micaela senta-se a frente de João e pergunta.
— As vezes parece calmo, mas está tenso.
— Tem dias que parece que tudo vai desandar, estes dias tu-
do fica tenso, muito tenso.
— E pelo jeito resolveu discutir com Magalhães ontem a noite
— Ele ligou logo após você, pensei que você tinha ligado de
novo, mas acabei falando merda, e parecia que tudo estava enca-
minhado para dar merda, perdemos dois ótimos carnavalescos, pois
eles não querem fazer minhas loucuras.
— Não entendi.
— Estevão tinha falado algo numa entrevista para Guimarães,
algo que fez ele me ligar, mas ele usando o que Estevão falou me
descascou na internet, então ele se dá mal e vai tirar satisfação de
Estevão, que o xinga e bate de frente, acredito que Estevão achava
que Guimarães iria publicar algo a mais contra mim, justificando a
saída dele da Beija-Flor, dai os dois voltam, estava pensando nos
carros e eles pedem para sair, deveria os ter feito assinar antes, mas
confiei, tinha ajudado eles o ano passado.
— E vamos com Jorge Caribé?
— Sim, acho que conseguimos que ele nos leve a uma boa
disputa.
— Sabe que estou enrolando? – Micaela.
— Sei, quando não se vigia alguém, tem de esperar ela parar
de enrolar, para saber o que aconteceu?
— Ele me quer longe dos meus filhos?
— Quer que cuide deles, dou um jeito. – João tentando ser
pratico, embora não gostasse das próprias palavras.
— Não disse isto, eu não entendo ele, uma hora amigável,
quando falo que você saiu de casa, que podemos tentar, quer que
vá para o apartamento dele, parece mesmo querer sempre me
complicar com você, quando o faz, quer voltar a ser a pessoa que
ele já não é.
104
— Sabe que não entendo os dois, ele põem uma coisa que se
você realmente quisesse tentar, teria como fazer, você anda meta-
de do tempo, de motorista, sabe disto, e eu cuido das crianças, mas
parece temer voltar a começar do nada.
— Eu vejo nele uma inercia, que não é dele, você é acelerado,
você tocaria a Delegacia dele e mais dez coisas, ele parece se cansar
de fazer só aquilo.
João a olha e pergunta.
— Quer fazer o que?
— Sabe que somos um casal, talvez isto que não consiga mais
com ele, você tomou espaços e detalhes que não me fazem sentir
bem ao lado de outro.
— Não tentou nem 24 horas, não lhe entendo?
— Esqueço que você não vai correr atrás, você acredita que
eu e ele estamos ligados por algo mais forte, então não vale, e
quando você recua, ele perde interesse, as vezes realmente parece
que o ciúmes dele é de você, não é algo consciente, mas ele faz
como se por automático.
João levanta-se e para a frente de Micaela e fala.
— Sabe que estou longe quando me mandar ficar longe, e
não precisa pedir para que volte, é só me levar de volta. – João.
— Sabe que esta sua forma de prontidão me deixa mais con-
fusa, mas sei que você não vai discutir, e saiba, não era para sair
ontem a noite, olha as merdas que deu?
— As vezes acontece, e as merdas não aconteceram porque
sai, e sim porque cansei de deixar para lá, as vezes levamos sorte, e
hoje mesmo tenso, foi um dia de sorte.
— Porque acha que trocar os carnavalescos vai ser positivo?
— Porque é algo a adaptar, quando temos a pessoa fora da
área de conforto, tem duas formas de agir, deixar rolar, ou encarar,
os dois anteriores estavam deixando rolar, alguém entrou hoje e já
foi falar com o pessoal da comissão de frente, com as costureiras,
com o pessoal da harmonia, com os montadores dos carros, ele em
um dia se enturmou mais que os dois anteriores.
— Certo, alguém que veio trabalhar, você gosta de gente que
transforma suas ideias em reais.
— E vai lá para casa hoje? – João.
105
— As vezes esqueço que este Mayer tem mais de uma casa, e
não tem medo de sair, mas pelo jeito evitou ficar fora de vista hoje.
— Sim, uma coisa é ser chato, mas estar a vista um dia intei-
ro, outro a disposição da policia.
— E não vai voltar para casa?
— Sabe que se for, o seu Delegado vai estar a porta.
— Acha que ele vai estar lá?
— Sim, nem deve estar lá ainda, deve estar naquela central
dele, querendo saber onde você está, se for sozinha, ele nem apare-
ce, eu também não entendo ele Mick.
— Não quero você longe hoje.
— Sem problema, pegamos um helicóptero e vamos com as
crianças para minha cobertura.
— Parece leve mesmo tenso, as vezes não lhe entendo.
— Tenho ainda de fazer parte das maquetes, pensar no enre-
do e não sei, ainda falta muito para o fim do dia.
— E aceita companhia.
João a abraça e fala.
— Sabe que é sempre bem vinda, ainda mais aqui, na sua se-
gunda casa.
— Ampliou minha segunda casa.
— E projetei algo que não cabe aqui.
— Todos pensando que é um carnaval imenso e pensa em al-
go que não cabe aqui?
— Sim, quer dizer, talvez caiba, mas tenho de pensar no como
dispor.
— Mas acha que não cabe?
— Não cabe, apenas isto, mas podemos encolher as coisas e
elas caberem.
— Ou colocarmos parte na MD Produtos Carnavalescos?
— Sim, o barracão do lado está vazio, e devo construir 7 tri-
pés lá, mas talvez tenha de criar 3 divisões do abre-alas lá.
— Três partes?
— Três das 6 partes, meu carinho abre alas de 100 metros de
comprimento por 22 de altura.
— Um teatro?

106
— Não, um trem rápido, que passa por São Paulo, pela parte
diversificação, seja cultural, religiosa ou de produção, e que passa
também por cidades, matas e favelas.
— Certo, um carro cumprido, mas não sabe criar coisas bai-
xas?
— Se eles me barrarem este ano, talvez eu realmente me
contente apenas em tocar a escola, mas somente se estiver ao lado,
me sinto um intruso se não estiver aqui.
— E não abandonaria algo no meio do caminho?
— Eu estou mostrando o caminho, e poucos estão ouvindo.
— E os que estão, vão crescer.
— Sim, mas deixa ir a sala de projetos.
— Vai trabalhar ainda?
— Sabe que esta parte que não sei mudar.
Os dois vão a parte dos projetos e João começa a tentar criar
os protótipos do abre alas, Micaela viu que ele tinha comprado al-
gumas peças prontas, como aquele brinquedo na forma de trem e
as três rodas gigantes.
— Acha que eles nos deixam na parte impar?
— Acho, pois eles acham que carnavais que desfilam cedo, os
primeiros, não ganham. O primeiro a desfilar é por regra quem su-
biu, a segunda a vice do ano anterior, e depois a campeã, acho que
nisto eles não mudam as regras neste ano.
— Certo, e como faria algo deste tamanho chegar lá?
— Isto que estou pensando, tive a ideia hoje sedo, nem che-
guei a trocar ideia com os carnavalescos e eles já tinham pulado
fora, mas o trem, é para parecer sair de um túnel, e o montaremos
inteiro, as armações sobre esta base, que fazem o todo encaixando
parte a parte do que vai subir, como uma catedral, como a Igreja da
Sé, como uma nossa Senhora.
— Começa pelo religioso?
— Um dia vamos ter de falar em um enredo porque se achava
tantas estatuas de santas nos rios?
— Nunca entendi isto mesmo.
— Se usava de forjar em madeiras nobres brasileiras, santas,
ocas, dentro delas se colocava pedras preciosas e mandava-se a
Roma, uma forma de desviar os impostos, mas as vezes os religiosos
107
não gostavam da estatua, ou ela não servia para o que foi indicado,
ou mesmo, tinha sido roubado no meio do caminho.
— Certo, uma historia a contar.
— Não achei uma historia para contar isto sem chocar, então
ainda não propus um enredo destes.
João começa a montar a maquete com calma, ele foi mon-
tando parte a parte do que ele pensara, era perto das 3 da manha
quando ele voltou para casa com Micaela.

108
5 dias se passaram, e João chega
no barracão, ele olha como eles estavam
separando as partes que foram unidas
no ano anterior, pois não poderia ser
acoplado, mas a frente, ele queria uma
forma diferente de união das partes, e
ali estavam 4 das partes, e ele queria
aquele carro com 6 partes.
Jorge chegou um pouco depois e
fala.
— Um dia chego antes do presi-
dente.
— Bom dia. – João.
— O que olha?
— Eu estava tentando fazer o
prospecto deste carro, mas fico sempre
na indagação técnica, e quero ver hoje
se é possível.
— A parte técnica?
— Pensa em algo que para chegar
na área de desfile, tem de passar por baixo de muita coisa, e fazer
muitas curvas e na minha forma de fazer, chegar o mais completo
possível.
— Algo de que altura?
— Uns 26 metros.
— Naquela proporção da maquete?
— Sim, sei que as vezes assusto os carnavalescos, o fazia já
como apenas rapaz do barracão.
— Certo, quer levar 3 grandes rodas gigantes no carro abre
alas?
— Tem de considerar que o fazer do trem, o fazer das estru-
turas, o fazer das rodas, tudo isto está sendo feito em paralelo, e
tenho de remodelar os prédios, da quinta divisão, pois os hidráuli-
cos já existem, apenas dimensionar no que quero, e a parte artística
de tudo, uma vez estruturado, ter de esculpir cada carro.
109
— Pensei sobre aquele carro 1, aquele nome não está pare-
cendo lhe facilitar.
— Quando eu discordo e não consigo um símbolo.
— E não quer mudar a frase?
— Acho que está no lugar certo, mas não achei ainda o que
por ali, e como a armação não está ai, não estou tão apressado, mas
sei que isto deixa as pessoas tensas.
— Porque não conseguiu um carro.
— O povo é o pobre, o rico, o politico, o ladrão e o honesto,
eu não vejo este país pelo lado ruim, não vivi em outro, mas ele é
bom para viver, sei que arapucas surgem em cada caminho, mas sei
que apontar a diferença não quer dizer, é ruim, é dizer, poderia ser
melhor, neste ponto que não achei o caminho.
— E sua ideia seria o que?
— Um politico com vales, cestas básicas, dentaduras, pro-
messas, e abaixo o povo sorrindo e votando, ao fundo, o mesmo
senhor agora com roupas caras, o povo a rua, e ele prestes a viajar
para fora, com dinheiro publico. – João pensa – Mas a frase é mais
profunda que um carro assim.
— Não entendi as frases, parecem algo que desconecta tudo.
— Sim, as vezes penso em usar elas como caminho, mas não
as citar no desfile.
— E qual o prospecto de desfile que pensou?
— O Fecha Alas tem de estar entrando na avenida com 68
minutos de desfile.
— Sabe que é apertado.
— Sim, se ele entrar entre o 68 e o 73, não teremos correria,
mas se entrar depois disto, vai ser corrido.
— Você determina quando cada parte vai entra na avenida?
— Sim, da hora da bateria ir a avenida, a hora de estar ao re-
cuo, e hora de voltar a avenida, mas a ideia, é todos se divertirem,
como se fala, uma coisa é você se divertir um dia inteiro e terminar
com um desfile preciso, outra é tudo sair errado do começo ao fim.
— E quer por carros imensos a avenida?
— Estou com 6 deles a nossa frente, pois sei que a ultima
reunião se faz hoje, sobre regras adicionais.
— E teme eles mudarem as regras?
110
— Temo de ter de juntar dois destes em um, 8 virar 4, e o car-
ro final ficar menor.
— E a altura?
— Sim, eles são por regras menores, eu sou por regras maio-
res, mas se eles insistirem nisto, vou bater em fim das quantidades
mínimas, que seja mantido o tempo mínimo maior, e que todos se
preparem para um desfile feio.
— Agora não vai aceitar fácil.
— Eles não sabem, mas eu tenho acordo de 6 votos em 14,
posso chamar a discussão mais 6 agremiações, mas como a reunião
é daqui a pouco, e tenho de ir, vim ver os carros.
— Certo, está fazendo, mas pode ter de mudar tudo.
— Sim, mas vai pensando nas fantasias.
— Gostei daquela final, me falaram que você que a dese-
nhou!
— Vai ver que penso no impacto, e temos de terminar, estra-
nho um desfile que deveria ser feliz, ser muito didático, e ao mesmo
tempo, eu não gostei do desfile, acho que isto que me difere de
alguns, raramente eu gosto do desfile que vou por na avenida, e vou
tentar até a armação, concertar todos os prospectos, compramos
alguns manequins, e as costureiras vão por nos manequins todas as
vestes, este ano quero olhar todas as fantasias, achava que estava
bom e tenho de olhar na armação algo péssimo e não tenho como
concertar ali, ou até tentamos, mas coisas improvisadas não duram
uma Marques inteira.
— Certo, vou verificar, entendi o que está pensando referen-
te aos carros, mas os carros ficariam maiores do que nossa estrutu-
ra.
— Eles já são maiores que a nossa estrutura, apenas ninguém
viu isto ainda.
— Certo, acha que aquela roupa para a Bateria ficou boa?
— Sim, passa para a costura para elas começarem a fazer as
medidas, elas passam para os demais o que vai precisar.
— Fazem uma fantasia guia?
— Sim, inicio de agosto queremos já ter muita coisa pronta.
— Certo, você quer fazer algo grande, precisa de todo tempo.

111
— Todo tempo na velocidade que os outros trabalharão de-
zembro e Janeiro.
— E pode precisar unir ideias?
— Odeio juntar ideias, pois eu teria de mudar todo prospecto,
pois um carro que está na posição x, teria de encostar mais a frente,
mas isto só vou pensar se tiver problema.
João acerta as coisas e foi ao prédio da LIESA, que tinha na
própria estrutura, e viu alguns lhe cumprimentarem, Roberto chega
ao lado e pergunta.
— Acredita que vão mudar as regras?
— Eu vou ouvir primeiro senhor.
Eles se sentam e o presidente da LIESA pega a palavra e fala.
— Bom dia aos membros, estamos aqui para terminar de fina-
lizar e dar como ciente as posições de desfile decidida a 4 dias, e
salientar as regras totais, havíamos dado uma geral para aliviar as
escolas, mas alguns querem um adendo de máximo, que não tí-
nhamos antes.
João levanta mão e o senhor pergunta.
— Fala senhor Mayer.
— Quem e o que pediu senhor, pois estávamos montando um
carnaval baseado nas regras anteriores, e se for para por regras
máximas, eu que sou defensor de exatar mínimos também, pois
regra de preguiçoso que quer acabar com o carnaval estranho.
Os olhos do presidente foram a Horta, e fala.
— O presidente Fernando Horta quer estabelecer máximos
para haver coerência de desfile.
— Coerência, desculpa, esta palavra não se encaixa na dinâ-
mica do carnaval senhor.
— Deixar claro senhor Mayer, o que for decidido terá de aca-
tar, somos uma Liga seria.
— Séria não mudaria de regras para salvar duas vezes a esco-
la do senhor Horta senhor, e depois não encarando o mesmo para
salvar mais a frente a Imperatriz, o que se fala é dinheiro, e pelo
jeito nem isto ele tem.
— Esta me desacatando.
João não respondeu e começou uma conversa paralela e o
presidente fala alto.
112
— Ordem pessoal, mas a proposta é redução de carros a 6
carros, tempo a 75 minutos e limitar tripés a 3 e altura a 18 metros.
— Eu voto contra, já de cara. – Fala João encarando o presi-
dente Horta.
— Argumento?
— Ele não argumentou para pedir para reduzir senhor, vamos
a votação, pois eu sei que se for para mudar a regra sempre no
meio da disputa, talvez seja a hora de fechar a Liga, já que ela re-
presenta minorias.
Um tumultuo se fez, João não falou nada, Roberto olha os
demais votarem a favor, 4 deles, e os demais começam a votar pelo
manter da regra, João nem fez esforço e 10 grupos votaram pelo
manter da regra, ela estava colocando pesos iguais a grandes e pe-
quenos, e trazer os grandes a tamanhos menores, fazia o pequeno
parecer muita preguiça.
O senhor terminou a votação e fala.
— Podemos nos reunir semana que vem para assinar esta
proposta e irmos ao carnaval.
— Um adendo senhor presidente. – João.
— Sim.
— Redigimos hoje e assinamos hoje, para que esperar uma
semana?
— Mas...
— Se tinha o prospecto anterior, já pronto, redige o novo, as-
sinamos a saímos sabendo as regras, pode parecer fácil por uma
escola na avenida, mas mudando de regra, toda vez que alguém
tem dor de barriga, eu acho inaceitável, por sinal, aquela já estava
assinada, se não me engano, precisamos apensa uma ata das posi-
ções de desfile, dos limites e o concordar em manter das regras já
votadas senhor. – João.
O presidente da Portela concordou e o da Mangueira tam-
bém, o presidente olha para Horta, eles tinham um acordo informal,
mas não dera certo, e todos queriam começar de verdade o carna-
val.
Os presidentes assinam e Horta para a frente de João e fala.
— Acha que pode me desacatar.

113
— Não senhor Horta, e se este ano tiver fogo no nosso barra-
cão, como da ultima vez que começou comprando nossos carnava-
lescos, não vai ser o seu barracão que vai queimar, e se acha certo
comprar para ganhar, sai deste mundo, aqui é para quem tem san-
gue frio de perder com o melhor desfile.
— Acha que vai se dar bem?
— Uma ameaça senhor Horta? Vai fazer o que, sabotar nos-
sos carros, queimar nosso barracão, comprar nossos carnavalescos,
tudo isto desviamos, se for o caso, mas saiba, não sou de não revi-
dar, e terá de provar que revidei.
— Se achando. Vai se dar mal.
— Todos sabem que vou me dar mal, mas eu não vejo moti-
vos para este seu pedido, a não ser ter perguntado para dois carna-
valescos, cercados e comprados, o que iriamos fazer, mas mudamos
todo o desfile, a vantagem de estar no começo, é que mudamos
tudo.
— Vai se dar mal.
Roberto chega ao lado e olha para o senhor que fala.
— Antes tínhamos respeito Roberto.
— Cuidado Horta, Mayer não é de recuar!
Os demais viram que todo aquele papo de carnavalescos
saindo da Beija-flor era em parte tentativa de roubar uma ideia.
João olha para Roberto e fala.
— Espera para dentro antes de sair.
— Por quê?
— Apenas um aviso, eu aguento uma bala Roberto.
— Isto é covardia.
— Sim, isto é covardia, se batemos somos presos, se apa-
nhamos, fracos, neste momento, não quero dar uma de muito fra-
co.
Os demais foram saindo, alguns cumprimentando na saída e
João esperou uma brecha e sai pela porta, todos ouvem os 3 dispa-
ros, João olha para onde estava o atirador, e deixa o corpo cair para
traz, Roberto que estava para dentro pega a bengala e dá na cabeça
de Horta e fala.
— Se ele morrer, se enterra Horta.
O presidente olha Horta se encolhendo e ouve Roberto falar.
114
— Tem até amanha para pedir a saída da presidência da LI-
ESA, pois cumplice de tentativa de assassinato não quero na presi-
dência de uma Liga que já foi melhor para os demais.
Roberto olha os dois seguranças e olha para João ao canto,
ele toca o colete e senta-se, Roberto olha os seguranças e fala.
— Isola a área, a policia está chegando, quero saber quem
atirou e a mando de quem. – Roberto.
Horta viu que o rapaz não morrera, e pior, colocou Roberto
nisto, ele estava com a marca da bengala, o segurança olha para
Horta, sabia que a briga era grande, mas João caído, e esperando,
era algo que demoraria, João não olha para os rapazes, mas sabia
que no telhado de um barracão a frente tinha alguém atordoado.
A policia chegou e um helicóptero da policia identificou um
atirador num telhado, e a policia corre toda para aquela cobertura,
o rapaz detido na cobertura, com uma arma de precisão, o colete de
João não seguraria aquela bala, mas a policia pega as balas para
balística.
João olha para Horta sair pelo fundo e olha Roberto.
— Pelo jeito o acertou direito.
— Covarde.
— Calma, vamos nos proteger.
Roberto entendeu, olha João lhe esticando o celular e liga pa-
ra a segurança da casa, e reforça a sua segurança.
João viu alguns chegarem e perguntar se estava bem, ao lon-
ge se via gente assustada, todos ouviram os tiros, e obvio, algo que
não se justificava, mas se via muito no carnaval do Rio, todo ano
alguém morria, é só olhar as noticias, Vice Presidente aqui, Presi-
dente ali, então algo que era normal mas ainda assustava as pesso-
as.
Caminha calmamente até o barracão da escola e a noticia nas
demais TVs davam o atentado ao presidente da Beija-Flor, na saída
da reunião que definiu os desfiles do ano seguinte.
João senta a cantina e pede uma agua com açúcar, pede um
colete novo para o segurança, e tira a camisa, troca o colete, colo-
cando o novo, ali no refeitório.
Roberto olha para João e fala.
— Eles não sabem com quem lidam.
115
— Covardia deveria deixar de existir neste mundo Roberto,
mas sem nos encolher, eles vão tentar outras coisas, mais um ano
na tensão.
Jorge chega a mesa e pergunta.
— Tudo bem senhor Mayer?
— Bem, os custos de defender o manter das regras.
— Então estamos naqueles prospectos ainda?
— Sim, numero impar, então vamos desfilar do lado do Cor-
reio, e vamos ser a terceira escola a desfilar.
— Vai jogar este ano com informação? – Roberto.
— Sim, mas ainda pensando na frase, temos grande chance
deste ano a campeã sair do primeiro dia de desfile, estará ali, nós,
Vizinha Faladeira, Chatuba, Mangueira e Mocidade.
Roberto sorriu e fala.
— Quer dar um nó na cabeça dos Jurados?
— Eles tem de rebaixar uma, que não seja nós.
Roberto fecha a cara, e viu Micaela entrar e olhar João.
— Está bem?
— Nada que não supere.
— Quem? – Micaela.
— Horta, ele deixou bem claro para os outros me ameaçando,
que ele que faria, ele não escondeu Mick, por isto todos estão ten-
sos, e não tenho como me posicionar sem a polícia me atacar.
— Você leva o tiro e eles lhe acusariam? – Jorge.
— Ele não tentou um acordo, ele quer mesmo me tirar daqui,
e não sei, as vezes levamos sorte. – João olhando Micaela.
Micaela olha o pai e pergunta.
— Horta parece estar dando queixa de algo.
Roberto olha para ela e fala.
— Avisa seu primo, posso precisar, já que vocês me passaram
a perna nesta parte de ter um escritório de advocacia melhor.
João sorriu.
Horta olha o policial que pergunta.
— Senhor Fernando, qual a acusação que quer fazer?
Horta ainda estava na duvida se o fazia, iria ficar bem claro o
que ele fizera.

116
— O senhor... – Horta cai desacordado, e os seguranças o
ajudam sentar, e o mesmo olha em volta e ouve em sua mente –
“Acha que ele não o fará recuar senhor Horta?” – O senhor olha em
volta, procurando quem falara e pergunta – Quem falou isto? – Ele
assustado. – “Eles não me ouvem, mas se quiser, podemos lhe
complicar mais, é só não parar agora senhor Horta!”.
— O senhor Mayer me ameaçou antes de sair pela porta.
O delegado olha o senhor, sabia onde aquilo acabaria, mas o
senhor teve de perguntar.
— O senhor tem algo haver com o atentado na porta senhor
Horta, pois desavenças não se resolve na bala.
— Não disse isto, mas...
— Melhor pensar senhor Horta, não está pensando, e sei que
não é bom o por nisto, mas pensa na burrada, sei que não vai con-
fessar, mas Mayer se fosse fácil matar já estaria morto.
Horta olha o senhor sair e pergunta ao segurança.
— O que deu errado.
— Não sei do que é aquele colete que o senhor Mayer usava,
mas segurou as balas presidente.
— Ele desconfiava?
— Talvez seja como o investigador falou senhor, Mayer é co-
nhecido por não ser fácil de matar, e se você colocar ai que ele nem
fez uma indagação sobre o mudar das regras, ele apenas fez ques-
tão que todos soubessem, ele era contra.
— Muitos o seguem.
— Gente mais violenta que o senhor, com certeza.
— Quem acha que é mais violento?
— João Lucas, Capitão, entre outros.
Horta olha o segurança e fala.
— As vezes algo dá errado, pensei que eles demorariam para
por outro no lugar e conseguiram um rápido.
O segurança não comentou nada.
Na entrada do barracão da Tijucas Fabio olha Estevão.
— O que acha que aconteceu?
— Horta tentou uma regra nova, para reduzir a Beija-Flor, eu
acho que eles não passam em 88 minutos com aquele tamanho,
mas as vezes as pessoas ficam temerosas.
117
— Pensei que teríamos mais possibilidades aqui Estevão.
— Menos trabalho e sem a pressão de vencer, sabe que isto
facilita em muito.
— Horta não lhe ouça.
Estevão olha o senhor vindo e fala.
— Ele não precisa ouvir, pagando está bom.
João sobe a sua sala e o segurança perguntou se receberia,
um engenheiro mecânico, na entrada.
João espera o senhor subir e olha ele entrar logo após, com a
moça da recepção, para o rapaz não se perder.
— Boa tarde, deve ser João Mayer?
— Sim, deve ser Sergio?
— Sim, estávamos estudando a ideia, temos como reduzir por
sistemas de encaixes o sistema para 4,5 metros, não sei se é sufici-
ente.
— Quatro e meio, tenho de garantir que a base onde ele esta-
rá com hidráulicos não tenha mais que 50 centímetros.
— Não entendi para que quer uma Roda-Gigante de 18 me-
tros com 10 cadeiras, que se reduza a 4,5?
— Estamos em uma escola de samba, mas o que fazemos
aqui, vai a desfile na Marques de Sapucaí, e existe telefonia, viadu-
tos, um monte de limitadores, e a pergunta, consegue me entregar
isto, 3 destes até quando, tem de ser este ano ainda.
— Nos valores que falamos?
— Sim, nos valores que falamos, 3 vezes aquilo, mas teria de
entregar este ano, se não conseguir me fala, pois tentaria outra
solução.
Sergio pensa no projeto e fala.
— Consigo, vai ser apertado, mas quer funcionando perfeita-
mente?
— Sim, e com dispositivo de montagem e desmontagem em
um botão.
— Conseguimos, vai ser corrido mais consigo.
— Consegue a medida das cabines da Roda-Gigante?
— Passo para o senhor, algum motivo?
— Temos e as transformar em carnavalesca.
— Com cintos de segurança?
118
— Sim, mas quero dentro das especificações de segurança.
— Bem seguro senhor.
— Como fechamos este pedido?
— Uma entrada de 30%, e o resto na entrega.
— Sem problemas, apenas faz o seu pedido com a descrição e
as partes estabelecidas e vamos vendo o que vamos fazer.
O senhor agradeceu e saiu.
Roberto olha para o rapaz saindo e pergunta.
— Problemas?
— Não, vamos por uma roda-gigante o ano que vem na qua-
dra em Nilópolis.
— Acha preciso?
— Acha mesmo que não vou usar ela antes Roberto?
— Uma Roda Gigante de que altura?
— 18 metros.
— Certo, o que coloca os demais em pânico.
— Eu começo com os projetos normais, a eterna primeira
dama da escola já tem seu lugar, mas ainda estou pensando se colo-
co mais coisas no abre alas.
— Mais coisas?
— Tem carro que ainda não tem um beija-flor, mas espaço
para eles existe, mas tem de ver quando reduzidos onde colocar, é
um carro de 90 metros nosso abre alas Roberto.
— Eles nem imaginam isto porque saíram antes daqui. E pro-
jetou algumas coisas já?
— Uma mulata com movimentos de 18 metros no carro 3, no
dois Cristo Redentor, no Abre-Alas uma roda Gigante de 18 Metros
no ponto de oito metros do carro, no carro 7 um Saudosista na par-
te alta, chegando a 25 metros, mas ele só tem 10 de altura, no carro
8 um avião a jato, a 15 metros, pouca coisa definida ainda.
— Quer cada carro com um impacto?
— Porque não?
— Isto que eles ficaram com medo?
— Sei lá, as vezes não entendo estes carnavalescos.
— Entendo você, eles projetam para dar impacto, você quer
algo que vá e volte, mas pelo jeito quer algo a mais?

119
— Vou tentar pensar em cada parte Roberto, mas precisava
da confirmação dos fabricantes que conseguiam uma roda gigante
que coubesse encolhida em quatro metros e meio.
— E agora que sabe que tem como fazer, vai a outra parte?
— Eles conseguem me entregar ela em Dezembro, então já
sabemos que o abre-alas vai parecer incompleto até chegar.
— E acha que consegue que chegue lá com 5,5 metros?
— Tentando os 5, mas vai ser difícil este ano, as vezes as idei-
as, somando camadas de estruturas, não se tem como encolher
mais, o problema é que eles falam em quatro e meio, e acham nor-
mal entregar com uns 4,75 ou 5, para eles parece não mudar nada,
mas para quem tem de enfeitar e encolher, muda tudo.
— E não mudaria de ideia?
— Se eles falassem que não dava, pedia menor.
— A ideia manteria, mas mudaria o tamanho, mas parece
ainda estar pensando nos carros?
— Sei que alguns estranham, mas primeiro crio, depois marco
os carros, e nem sempre as coisas funcionam como deveriam.
— Espera algo de efeito?
— Sim, efeitos recorrentes, mas temos de testar eles.
— Pelo jeito segredo?
— Na verdade é um efeito, para dar certo, tem de resistir se-
quencial uma hora de testes, e voltar a funcionar uma hora depois,
e se não funcionar, não aparentar o problema.
João via as horas avançando, não havia comido, então desce a
cozinha e pergunta se sobrou algo do almoço, come um pouco e fica
a olhar os demais.
Confusão chega ao lado e fala.
— Tem gente querendo revidar.
— Mantem a calma Confusão.
— Não vai dar o troco?
— Eu não sou de dar troco, eu sou de parar o outro lado, por
isto calma, eles que pensem que vão se dar bem.
— Uma batida na hora certa?
— Sim, agora seriamos acusados, deixa o Horta fazer a próxi-
ma merda, para não parecer que fomos nós.
— Acha que ele vai fazer?
120
— Tentar.
— Mas Roberto reforçou a segurança.
— Ele e a pequena Mick reforçaram a segurança, mas é que
não queremos incêndio, ou coisas assim.
— Certo, mas não entendi porque separamos todas as antigas
conexões do abre alas.
— Sei disto, mas agora o encaixe será maleável, pois quero
encaixar todos apenas na armação.
— Encaixar e entrar encaixado, ou na reta do desfile.
— Na Presidente Vargas, com certeza.
— Sabe que poucos acompanham uma escola tão de perto,
você parece querer ir para baixo do carro.
— Em janeiro se vocês não derem conta.
— E que altura terá este carro.
— Eles se prendem a altura no desfile, e o desafio é manter
nos 5 metros, lembra disto?
— Sim, as vezes parece impossível, e vamos tendo ideias, e
reduzindo.
— Temos de cuidar do carro 7, pois as laterais vamos por na
Presidente Vargas, eu sei que ninguém gosta disto, mas é que as
vezes o maluco do carnavalesco superam suas próprias regras.
— Certo, vai por algo sobre as partes encolhíveis?
— Sim, 8 de cada lado.
— Sabe que isto não é problemas Mayer?
— Digamos que são sistemas com giro, então tem de encaixar
direito, e para sair para a rua, tem de ser feito com ele montado,
pois tem dois carros atrás dele, maiores ou do mesmo tamanho.
— Certo, está pensando no antes e no depois, mas acha segu-
ro algo pesado rente as calçadas.
— Vamos montar os carros com as suspensões em posição de
erguidas, vamos baixar somente quando endireitar.
O rapaz sorriu e voltou ao trabalho, João termina de comer e
a moça recolhe o prato para terminar de limpar o local, ele olha os
prospectos e pensa no que fazer, ele após terminarem de desmon-
tar em 4 pedaços o sistema inicial, recolhe as partes laterais, pede
um grupo de batedores, desmontado e encolhido era um ônibus

121
bem baixo para andar as ruas, mas ele queria manter as regras, e
tiram isto dali, indo no sentido dos portos, para a MD.
João projeta para fazer ali, parte trem, parte da cidade, da
floresta e da favela aos fundos, ele em si, iria fazer as três partes das
roda-gigante, nos barracões da MD. Teriam mais 7 tripés feitos na
MD, então o carnaval completo, somente na avenida novamente.
João sobe e olha os prospectos e Jorge entra pela porta e lhe
entrega o prospecto parcial de todas as fantasias, estava ali as cabe-
ças, os beija-flor, algumas estavam com a frase, algumas sem, Jorge
queria algo mais intuitivo, que desse o rumo do desfile.
— Temos um desfile, que apresenta o Brasil, pelo Econômico,
Religioso, Politico, com suas partes Racistas e Discriminatórias, um
país Rico, com uma língua própria, que gera Cultura Própria, em si
forma o Brasileiro, que somente Brasileiro entende. – Jorge.
João sorri pela primeira vez, tirando as frases, colocando as
interações, pareceu finalmente um enredo.
Jorge mostra as fantasias, as frases estavam ali, mas tinha
mais coisas, na dos madeireiros, tinha as costas as riquezas vindas
da natureza, no do fundo do poço, tinha as costas o ouro e a agua,
pois fundo de poço poderia ter um bom lado, as roupas começavam
a ficar pesadas, e bem ao estilo Beija-Flor, João pensa em agua para
os componentes, e que teria de reforçar algumas coisas.
Roberto entra na sala e João o chama a olhar as fantasias, e
viu que tudo evoluiu, 5 dias antes tinham 10 fantasias, agora tinham
elas melhoradas e finalmente 72 fantasias para o chão o modelo de
outras vinte e duas para os carros.
Roberto olha o que seria de sua esposa e fala.
— Ela vai adorar esta fantasia.
— Bom que gostou senhor. – Jorge.
— Vejo que as vezes saber para onde atirar faz a diferença
rapaz, as vezes a sorte também ajuda.
— Obrigado pela oportunidade.
— Se alguém falar a verdade, não vai acreditar! – João.
— Verdade?
— Dois carnavalescos haviam saído pela porta, na sala eu,
Roberto, Sergio, Gabriel e Bira, todos perdidos, acha que quem indi-
cou seu nome?
122
— Não sei.
— Bira, o resto não sabia para onde correr, a diferença desta
escola, é que perguntamos a todos, e como Roberto falou, e con-
cordo com ele, as vezes levamos sorte.
O rapaz sorriu.
— Sinal que não esperavam a saída, embora foi a impressão
dada.
— Sim, não esperávamos, mas vi que tem coragem de somar
em tudo, e isto que importa, a ideia deste ano, vender 4 fantasias
por alas não essenciais, por isto as 100 fantasias que falamos por
ala, eu sempre priorizo o conjunto, e para isto, tem que ter fantasias
reservas, então projeto 4 para venda, 90, para a comunidade, e 6 de
reposição, mas isto nós vemos na hora, na armação.
— Está falando que vai espalhar os turistas pela escola?
— Sim, teve anos que se vendeu uma ala inteira, ela passa
quase muda na avenida, sabe que isto nos custa na pontuação geral.
— Certo, mas gostou das fantasias?
— Absorvendo ainda, mas gosto do seu estilo rapaz, gosto
quando não tenho de repetir que quero beija-flor em tudo, que
quero cabeça em todos, não sei se viu como fazemos isto?
— Estava olhando, parece rápido, mas uma vez feita, começa
uma correria entre pintura, acabamentos, furos de fixação escondi-
dos, vi apenas um costeiro sendo feito e entendi que vão sempre
montar uma peça chave para copiar.
— Sim, e vamos por todas elas nos manequins antes de em-
balar, mas ainda é cedo para terminar tudo.
— Certo, acha que facilita fechar o desfile assim?
— Ele está fechado, o carnaval que não está, tem acordos e
compras que sempre assustam as pessoas, vi gente olhando o andar
superior, com estatuas sendo revestidas, com fibra, e novas sendo
feitas, os rapazes são bons, e criam incansavelmente um carnaval,
estranho como a ideia vai se materializando.
— Porque pretende segurar as roupas?
— Roupas podem ser feitas antes, mas tem de estar usáveis
em 8 meses, e fica mais fácil fazer a parte estrutural, a parte costura
e começar a fechar as com menos tecidos, mas entendeu que na
aparência nosso carnaval é pesado.
123
— Sim, bem pesado, estava falando com os presidentes de
alas, tem 30 deles, sabe que temos de formar novos presidentes de
alas, já que vamos dobrar o contingente. – Jorge.
— Sim, vamos formar eles, sei que algumas alas vão ter de
mudar de estrutura, pois tínhamos tamanhos diferenciados, mas
acho que controlar 94 é melhor que 200, pois tem escola entrando
com 3500 componentes e 12 ou 14 alas, eu acho que a escola se
perde nisto.
— Certo, aumenta a escola, mas aumenta as alas, acha que
devemos fantasiar as direções? – Jorge.
— Acho, eu colocaria primeiro as fantasias normais, para fa-
zer, e depois pensava no resto, mas a ideia mudou, se separou em
áreas, se cada área tivesse uma fantasia de comissão.
— Como assim?
— A Econômica, Correntista de Pregão da Bolsa, Religiosa,
com alguma roupa ligada as religiões, Politica, uns políticos ganan-
ciosos, e assim por diante.
— Uma forma de unificar o discurso? – Jorge.
— Sim, e não ter gente fora de suas áreas. – João.
— E os apoios? – Roberto.
— Juro que não entendo Apoio que quer aparecer, mas não
quer desfilar Roberto, ele quer estar ali, mas não quer uma fantasia,
se quiserem, fazemos fantasia para eles. – João olhando Roberto.
— Eles não gostam de sair de seus camarotes antes! - Rober-
to.
— Então que fiquem neles apoiando Roberto.
— Alguns vão falar em apoiar outras. – Roberto.
— Problemas com isto Roberto? – João.
Roberto sorriu, pois sabia que João não batia leve, e falava o
que pensava, mas entendia o pensamento do rapaz, se eles não
queriam fazer parte, e na maioria das vezes, nem um grande apoio
era, já que João colocava todos os empurradores e pessoal do bar-
racão a empurrar carros, na verdade estavam ali para ser o pessoal
da força, mas ele pensava com tudo em não usar.
— Não, mas vai ter problemas com Gabriel.
— Eu acho que eles nos camarotes consomem mais, parte do
lucro é consumo Roberto.
124
— E não quer encerrar com eles?
— Eles não ajudam a dar o clima, uma bateria sim.
— Certo, termina com a bateria?
— Com um carro imenso as costas da Bateria, com mais de
400 pessoas.
— Uma ala inteira para animar ou esfriar. – Jorge.
— Sim, mas gente cantando, dançando e sorrindo.
A conversa vai aos detalhes que se passaria para cada parte
da confecção, e João decide comprar um estoque que tinha de ma-
nequins, para ter mais de 6 alas a disposição, já que iriam instalar as
plumas, mas os adendos de mão, seriam passados no dia, para não
se estragar, João escaneia cada desenho de fantasia e coloca a dis-
posição do pessoal do site, ele passa na área de encomendas e colo-
ca o preço de cada um deles, entregas mais para fevereiro, mas
queria em 3 dias, ter o nome das alas e uma imagem ainda sem
realismo de frente e verso da fantasia, quantidade por ala, 4 delas,
então obvio, se alguém queria desfilar em grupo, não teria como,
limites faziam parte das regras internas.
Micaela chega ao fim do dia e abraça João e fala.
— Vai trabalhar um pouco mais?
— As vezes tinha de lhe dar mais atenção?
— Pensando em que?
— Começa hoje o Music in Earth!
Micaela sorriu e foram ao carro e foram aproveitar o dia em
um camarote de um show que fazia a cidade correr a zona sul, en-
quanto os dois se divertiam, Gabriel e o amigo se juntaram ao gru-
po, viram o show do dia, e o local cheio fazia João entender o quan-
to o ser humano gostava de uma festa.

125
Quando Agosto começa, tem a
entrega no local agora reformado mais
duas estruturas, e muitos olhavam aqui-
lo, um barracão que recebia coisa quase
todo dia, parecia que o carnaval seria
grande, e no Barracão mais a frente
Leandro olha o presidente e fala.
— Eles vão vir no tamanho que
impressione, mas a nova regra nos per-
mite separar alas com tripés, pelo jeito
Horta tentou os tirar os carnavalescos
de novo.
— Quando eles tinham comissões,
eram mais difíceis de abraçar por outros,
mas acha que eles vem como?
— Viu as fantasias deles na inter-
net?
— 60 alas na área de vendas, não
entendi.
— Também não, mas eles coloca-
ram aquilo a venda, e não sei se foi para provocar, pois algumas alas
pareceram lotar muito rápido, e eles não tem como estar fazendo
uma escola inteira vendendo ela inteira, pelo menos não uma cam-
peã.
— Alguns falam que eles colocaram para vender, apenas para
dizer, estamos com tudo vendido e vamos preparar agora.
— Vi que eles novamente estão agitando, toda semana tem
aquele girar em torno dos carros daquele Bira.
— Eles estão provocando os demais, pior que Horta entrou na
provocação, e parece ter recuado, mas sinal que vem merda ai.
— Ele quer o que, ganhar sem disputar?
— Não sei, mas vamos ter de caprichar nas fantasias este ano
Evandro, viu elas.
— Pior que se for como o ano passado, parecem pesadas,
mas permitem evoluir, dai eles vem compactos e cantando e jogam
126
aos demais a pressão, sabe que uma muito boa no começo, joga o
peso nas demais.
— Sobre pressão muitos erram, e pior, muitos olham o pró-
prio carnaval e desacreditam.
Leandro concordou com a cabeça.
João recebe as duas estruturas e começa a reunir o pessoal,
iria colocar o pessoal do carro 1 e do 4 também em funcionamento,
e isto gerava sempre mais gente, mais organização e mais divisão de
áreas comuns, serralheria era uma área de confrontos que João
tentava amenizar, ainda não tinham pressa para tanto.
O dispor do carro 4 atravessado precisou manobrarem e o um
entrou na parte ao fundo, na nova área, então estavam ainda com
dois corredores abertos, já predizendo onde entrariam os demais.
A reunião de duas equipes a mais, e quais as funções de cada
um deles, estabelecia que uns eram ajudantes agora e inverteriam
de posições a cada etapa da construção.
O engenheiro contratado para a parte estrutural deu OK para
6 carros, e o engenheiro mecânico confirmou a sua parte também,
então teriam de construir toda uma estrutura.
E os dois começariam a avaliar o que João passara para ser
feito nos dois próximos carros.
João passa nas costureiras e depois sobe com as fantasias, em
um carrinho de empurrar, onde parte das roupas estavam pendura-
das.
Ele olha a roupa da primeira ala após a comissão, e olha para
os acabamentos, uma das costureiras subiu junto e montam as 100
roupas, nos 100 manequins, algo que pode parecer rápido na des-
crição, mas não foi nada rápido. Começam a verificar cada detalhe,
João foi somando os costeiros, as cabeças e olhando se algo estava
fora do lugar, em 8 pede para reforçar a costura, a moça viu que
João não deixaria passar nada, ele pediu para cortar alguns fios sol-
tos, sabia o que acontecia se o componente resolvesse na armação
puxar o fio para não ficar pendurado, poderia perder um lado da
costura.
Ele demorou um dia para fazer todos os acertos daquelas
roupas, chamaram 4 ajudantes e foram colocando cada roupa em
um cabide especial, que depois recebia duas camadas de plástico,
127
por cima, inteiros, se levava ao grande armário ao fundo e as pen-
durava, e fechava os plásticos embaixo, para não entrar pó, João viu
que o que parecia rápido, na teoria, demoraria mais do que pensou.
A costureira desce e a moça que administrava tudo pergunta.
— Porque da demora?
— Ele pediu para tirar todos os fios extras e refazer algumas
costuras.
— Tenho de falar com ele, preciso de você aqui.
A moça não falou nada, pois basicamente colocou ela para
aquele lugar, ela apenas acatou.
João olha os pedidos, as ideias e começa a pensar no que se-
ria a correria, ele estava começando a pensar no que não cabia ali, e
para não caber ali, ele tinha exagerado.
Ele olha para Micaela no andar de baixo e faz sinal para ela
subir e ela entra curiosa.
— Problemas?
— Preciso de autorização sua para fazer este carnaval.
— Minha, tá brincando.
— Exagerei, vai faltar espaço.
— Está falando serio?
— Sim, infelizmente sim.
— E porque não reduz?
— Se eu tirar dois carros não cabe.
Micaela olha para baixo e sorri.
— Está dizendo que as duas estruturas não chegaram, mas
não caberia?
— Sim, e não acho que ficou impossível, mas é que mudei a
forma de pensar no carro abre-alas e no fecha alas.
— Sabe que libero.
— Sei, mas avisando que vou usar o barracão 3 e 4 do Porto.
Micaela olha ele e pergunta.
— Precisa de tanto espaço?
— Acha que se fosse apenas a estrutura da MD não estava
tranquilo? Eu nem sei se preciso de tanto, mas preciso avisar que
vou precisar do espaço.
— João Mayer tentando se complicar?
— Sim, tentando com toda força me complicar.
128
Ela o abraça e fala.
— E o que tanto vai fazer que não cabe no barracão?
— Tem parte que não é questão de não caber, mas preparar
para fazer longe dos olhos, pois montar 3 rodas-gigantes, que se
desmontam, é trabalho delicado e de mecânicos, não daria para por
no meio dos demais carros.
— Certo, o que mais?
— Eu pretendia por duas divisões soldadas, aquelas que cha-
mávamos de 4, no fecha alas, mas quando desenhei ele ficou com 5
divisões, então comecei a pensar nos 7 tripés, 3 divisões do carro
abre alas, e mais duas do fecha alas.
— Certo, para carnavais vizinhos, um carnaval inteiro.
— Sim, algo neste tamanho.
— Você exagera sempre, eles não entendem que um dia vão
lhe por rédeas.
— Sim, um dia sei que serei até tido como amado, e olha que
já devem saber quem eu sou agora.
— O nome, não a pessoa, mas eu te amo seu bobo!
João a beija e os dois vão para casa.

129
A reunião final estabelecido todo
o caminho, era um dia de metas e para
saber quem faria o que, começo de Se-
tembro e tinha muita coisa a fazer, se
reúnem na escola e cada parte ia pas-
sando o ponto que estavam, obvio que
nem tudo estava naquele barracão, e
obvio que quando João colocou o pros-
pecto na parede e perguntou para cada
um como estavam, Roberto chega perto.

Roberto olha a filha e pergunta.


— Parte está na MD?
— Sim, todos os pequenos e parte dos dois gigantes estão lá,
como ele fala, uma escola inteira está lá.

130
Após a apresentação eles tinham o anuncio das fantasias, era
uma confraternização com muitos repórteres do ramo.
O pessoal se divertiu um pouco, todos sabiam que aquilo co-
meçaria a acelerar dali até fevereiro, as pessoas começavam a falar
de carnaval e eles já estavam a pelo menos 3 meses em um ritmo
acelerado, João parecia que não iria mudar os carros desta vez, mas
teriam de olhar eles nos mínimos detalhes.
Mas era bom ver o pessoal da bateria ensaiando, e os rapazes
dos sambas começarem a mostrar seus melhores trabalhos, a ideia
do ano foi sendo assimilada, blogs de noticia, Globo, outras TVs,
vários canais no YouTube, todos ali para registrar, principalmente as
fantasias, e a parte que viam, a parede em tamanho real o prospec-
to de cada ala, de cada ideia, e muitos falam do enredo da Beija-
Flor, obvio que a critica veio pesada, e João não esperava menos.
João sabia que era arriscado, mas o prospecto estava ali sem
as cabeças, sem as costeiras, a imagem apenas de frente, se alguém
queria falar mal ele não ligava.
Os carros estavam cobertos, e obvio, mesmo cobertos, pare-
cia um carnaval imenso, as pessoas tentavam entender a logica que
estava na parte baixa, embora a recepção estava sendo dada na
parte bem alta, pois era uma região aberta, com espaço para muita
gente e que comportava uma festa, João olhava as pessoas olhando
pelo buraco mais ao centro do espaço, que dava para transpor as
coisas para baixo, e como viam um andar anterior, com isopores, e
depois os carros bem abaixo, alguns tentavam entender o que fora
mostrado.
Os painéis com 60 fantasias a toda volta do salão, poderia pa-
recer que impressionava, mas era difícil alguém dizer em uma ponta
se ali não tinham roupas repetidas.
João olhava ao longe, muita gente cercando o carnavalesco, e
toda a proposta ali, na quadra, na avenida reformada de Nilópolis, e
os ensaios em Jacarepaguá e na Ilha do Fundão.
Bira chega ao lado e pergunta.
— Podemos registrar parte?
— Registra o que der, tudo não vai dar mesmo.
— Acha prudente?

131
— Faz melhor, abre uma Live ao vivo da festa de confraterni-
zação, depois vemos o que sai e o que não sai.
— Sem controle?
— Se controle, o resto, não tem nada que eles não possam
registrar mesmo.
João viu Micaela ir falar com a mãe e a tia, e o inevitável esta-
va se formando, Guimarães achando uma forma de chegar perto.
João olhava o salão quando ouve ao lado.
— Poderíamos conversar? – Guimarães.
João faz cena olhando em volta e pergunta.
— Qual deles é seu câmera escondido?
Guimarães olha em volta e fala.
— Qualquer um, mas podemos conversar Presidente?
— Não sei, juro que não sei.
— Queria pedir desculpas pelas reportagens irresponsáveis
que fiz, sei que as vezes não medimos o caminho.
João estava a fim de dar um frio, e deveria estar segurando-se
para não responder, apenas olhava ele, como se esperando a bom-
ba, já que não tinha motivos para voltar a falar com ele.
— Sei que deve desconfiar da minha conduta, mas vou me
comportar, senhor Mayer.
Guimarães se afasta e João viu que ele foi até um rapaz, não
conhecia, mas uma vivencia ao lado ouve ele falar.
— Pelo jeito este não vai mais me dar furos, achou algo?
— Tudo bem apresentado, bateria afinada, ainda estamos nos
sambas anteriores, já que o deste ano começou a disputa agora.
— Acha que eles vem forte? – Guimarães.
— Os demais estão com seus 5 no máximo 6 estruturas para o
desfile, eles tem 10 ali embaixo.
— Um carnaval imenso, acha que eles vem para tentar o bi-
campeonato?
— Eles vem com um assunto que alguns falam que eles já fa-
laram a 5 anos, alguns até falam que é a reedição daquele “Brasilei-
ro, um povo de Garra!”. – O rapaz.
— Brasil, gigante pela própria natureza parece mais voltado
ao país, mas talvez ele esteja tentando uma formula que deu certo.
— Ainda não entendi a saída dos carnavalescos.
132
— Eu sei que briguei com um deles, não entendi na época
que eu cai na arapuca, que ele me provocou para que falasse merda
do presidente da Beija-Flor, o rapaz quando era apenas o rapaz do
barracão, não reagia, mesmo tendo empresas milionárias, isto não o
afetava, mas pelo jeito ele me culpa pela saída dos carnavalescos.
— Acho que os dois tremeram com as ideias dele, tocar o bar-
racão quando o rapaz era apenas do barracão já diziam dar medo
nas pessoas, imagina ele falando o que quer, dando um mínimo,
quando sair o Livro Abre-Alas da Beija-Flor destes ano, vai ser algo
que dizem ser de assustar.
— Quem lhe confirmou isto?
— Eles estão com três historiadores, mais de 60 livros de re-
ferencia, dizem que ele pediu uma explicação para cada fantasia,
baseado em um livro ou discurso.
— Discurso?
— As vezes você ouve alguns políticos falando, que “Negro é
tudo folgado!”, eles não vão escrever isto porque seriam processa-
dos, mas tem vídeos, dai eles defendem cada fantasia, mas estava
tentando uma imagem de cada uma destas fantasias, eles não estão
mostrando a fantasia em recortes mal detalhados, eles fizeram uma
imagem de qualidade e imprimiram ela com 4 de altura, eu tentei
ver se tem repetida, mas não achei uma repetição, em casa confir-
mo, mas são 60 fantasias, e não estão ai as rainhas de bateria, e
nem as madrinhas dos carros, pois tudo que temos a parede, são
fantasias pesadas.
Guimarães olha para o rapaz.
— Fotografou todas elas José?
— Sim, mas são as imagens que tem no Site, acho que tem
umas 4 que não estão no site, baianas, bateria, velha guarda e ala
infantil.
— E pelo jeito eles vem pesado?
— Sim, e estão confraternizando, eles estão unindo as pesso-
as, e pelo que ouvi agora a pouco, o presidente reuniu os 72 grupos
interessados em fazer o samba, ele fez uma apresentação minuciosa
do que irão desfilar e fazer, e espera que eles façam grandes sam-
bas para concorrer este ano.
João olha para Rodney da bateria chegar ao lado e pergunta.
133
— Como vai ser amanha?
— Tem saída da Quadra em Nilópolis, e vamos desfilar inau-
gurando a avenida toda reformada, desfilando por ela.
— Uma festa para a comunidade a mais?
— Sim, mas fizemos as 3 festas Juninas, e as 3 Julinas, mas a
avenida não estava toda pronta, agora que vamos dar mais desta-
que ao samba, mas a feijoada tradicional de almoço, depois a reuni-
ão do pessoal, vamos definir as alas e quem vai desfilar onde, para
começarmos a ensaiar, e depois fazemos a inauguração da avenida.
— E acha que vamos começar fazer ensaios mais frequentes?
— Assim que definirmos o samba, temos pelo menos 4 luga-
res para ensaiar.
— Bom, ensaiar é bom.
João olha para os repórteres e fala.
— Preferia quando podia ficar embaixo do carro alegórico.
Rodney sorriu e se afastou.
Milton Cunha para ao lado e fala.
— Uma festa para todos se ligarem ao carnaval da Beija-Flor?
— Boa noite, não, amanha é mais importante, pois tem feijo-
ada, sorteio das fantasias, nomeação de todas as rainhas e madri-
nhas, definição de todo pessoal das comissões, e dai inaugurar a
avenida reformada, para terminar o dia em festas amanha.
— Pelo jeito enquanto os demais se afastam da comunidade,
você está se aproximando de lá?
— Sim, tentando me sentir em casa em algum lugar.
— E algum furo de noticias?
— Não sei se tem furo, mas as 60 fantasias a volta, são das 60
alas da escola, que vem dividida em 10 partes, 10 carros é maluqui-
ce, mas vamos mostrar que o carnaval, mesmo que não ganhe, tem
de crescer.
— Quantos desfilantes?
— Acho que cinco mil e quinhentas.
— Querem voltar a fazer desfiles imensos?
— Enquanto nos permitirem.
— Certo, e alguma novidade imensa?
— Acho que já falei demais.
— E estará tudo no Descritivo?
134
— Sim, bem detalhado, eu gosto de complicar as pessoas,
mas, não sei como determinar ainda na planilha que me passaram
as fantasias das alegorias, mas vou por todas lá.
— Quer que saibam antes de tudo?
— Tudo não, mas descritivos bem explicados, de cada peça
em cada carro, porque está ali.
— Não quer perder ponto por detalhes bobos?
— Este pessoal a frente nem imagina o trabalho que dá, eles
olham os desfiles e criticam, como se fosse algo fácil de fazer.
— E qual o prospecto da Liesa com a Globo?
— Não negocio isto, quem decide é a Liesa.
— E não vai intervir?
— Alguns não entenderam ainda quem está do outro lado
disto, se eles não pressionarem para aumentar os recebíveis, por-
que eu tenho de pagar mais? – João.
— Para fazer um carnaval maior.
— O Carnaval de Beija-Flor é lucrativo.
— E apostaria em quem para este ano?
— Tem uma grande chance de sair o campeão do primeiro
dia, pois sei que Nós, a Vizinha Faladeira, a Mangueira e a Mocidade
vem no primeiro dia brigando forte.
— E no segundo dia apostaria em quem?
— Em quem quase ganhou o ano passado, passamos eles
apenas na Bateria, nas ultimas notas.
— Acha que a Chatuba vem forte?
— Acredito que sim.
— Então acha que a campeã pode sair do primeiro dia de des-
file?
— Garanto que se não perderem o melhor desfile, com certe-
za vão perder um dos maiores desfiles da Marques de Sapucaí da
historia.
— Não menos que isto?
— Não, eles acham que sou maluco, acho que somente os
que sonham alto, alcançam o premio maior.
— E qual a pretensão do ano?
— Bicampeonato, o que mais?
Milton sorriu e fala.
135
— Estes barracões melhoraram em muito as escolas, e tem
gente que ainda reclama.
— Ainda bem que nunca fico ouvindo as reclamações, isto fi-
ca para a imprensa, que tem de documentar dor de barriga, mas
entendo em parte as reclamações, alguns ainda acham que carnaval
cai do céu.
Outros repórteres chegam junto e Paulínia do Sambarrozo,
olha João e fala.
— Poderia nos responder algumas perguntas Presidente?
— Presidente ainda parece pesado, fala Paulínia.
— Alguns dizem que metade disto não vai estar na avenida,
não sei se ouviu algo?
— O Ozzner, ele está ali ao fundo, pergunta para ele de onde
ele tirou esta fofoca.
— Então vão com este tamanho, sabe os riscos João?
Milton ao lado entendeu, os dois se conheciam, mas as vezes
chegar a pessoa depois que ela subiu, tem de cuidar.
— Sei que o risco é não ser campeã, mas eu defendo o voltar
a crescer da importância do carnaval do Rio de Janeiro, então eu
sou por colocar a escola, com toda garra, mostrando o que é o car-
naval do Rio de Janeiro.
— E amanha será no mesmo nível?
— Amanha é comunidade, é mais descontraído.
— Dizem que está com o carnaval adiantado?
— Garanto, vou precisar de todos os segundos de Fevereiro
para terminar o abre-alas, sei que o barracão parece que está adian-
tado, mas falta muito ainda.
— E porque parece que faltam fantasias a parede? – Ela pen-
sa um pouco – São muitas e parece faltar fantasias.
— Sempre digo que invisto em minhas loucuras e na dos car-
navalescos, não estão nas paredes fantasias de comissão de frente,
mestre-sala e porta bandeira, madrinha de bateria, madrinhas dos
carros alegóricos, velha guarda, e a maioria das roupas das alegori-
as.
— E não vai mostrar estas?
— Estava falando com o presidente da Liesa, antes de ontem,
no descritivo tem apenas o descritivo do carro alegórico, mas não
136
tem das roupas das alegorias, e elas fazem parte do carro, elas que
dão vida ao carro.
— E vão por no descritivo? – Milton.
— Sim, ele propôs no final definir cada carro e todas as fanta-
sias, já que na ordem normal de colocação dos desenhos só tem os
referente ao desfile.
— E serão muitas fantasias por carro?
— Varia de carro para carro, na base de 10 por carro, mais os
destaques.
— Quantos modelos de fantasias?
João conta nos dedos e fala.
— Deve dar menos do que falei, deve ter outras 60 fantasias.
Paulínia sorriu e perguntou.
— Mas já definiram as fantasias?
— Elas dependem dos carros, então estamos fechando as ul-
timas ideias dos carros e depois verificamos isto.
— E não terminaram as ideias ainda? – Milton.
— As vezes achamos que sim, dai alguém pergunta se não da-
ria para por algo a mais, que passasse pelos carros, estamos pen-
sando ainda, as vezes a ideia parece fácil, mas num carro acoplado,
algo passar da parte um a dois, é complicado. – João.
— E vai somando até quando?
— Sempre digo que as pessoas acham que é pensar em algo e
aquilo se realiza, mas tudo bem, vamos fazer ajustes até o fim deste
mês nas ideias, depois vou tentar não palpitar até fevereiro.
O som da bateria voltou, o que em si, acabava com a conver-
sa, Micaela chega ao lado e fala.
— Pedi para o Rodney tocar mais duas, para dispersar os fo-
foqueiros.
João a olha e sorri.
— Estava evidente minha irritação?
— Você odeia responder sobre o carnaval antes da hora, eles
não entendem, mas pelo jeito quer complicar o carnavalesco, e tem
muita gente lá querendo uma entrevista com ele.
— Sei que é a parte chata, estamos fechando todas as descri-
ções e motivos de cada fantasia e vem gente querendo saber os
porque, se fosse para dizer tudo ninguém precisava desfilar. – João.
137
Os dois saíram dali e foram a um evento na Barra, alguns que
ali estariam na Bienal do Rio, lançando o “Faça Você Mesmo - Car-
naval” – a reunião de 12 profissionais de barracão mostrando os
seus talentos e suas criações, de chapelaria a costeiros, de base de
carros alegóricos a esculturas de 20 metros, algo que mostrava vá-
rios elementos de uso normal no carnaval do Rio de Janeiro.
O lançamento era por uma editora, e vendido em encartes,
de cada uma das 12 profissões, Micaela olha aquilo e adquire um e
coloca na bolsa.
— 12 não cabem.
— Não tenha pressa, mas as pessoas esquecem que cultura, é
algo mais profundo do que um desfile, e aos poucos estamos falan-
do disto, incrementando, mas estranho ter quase toda a semana na
cidade, pelo menos 6 eventos em pontos que criei, hotéis que gra-
ças aos eventos não param vazios, acho que tivemos o pior dia, 42%
de ocupação, estranho como aquilo que criei para fortalecer o car-
naval local, com cursos voltados ao Carnaval, tem salas de 30 pes-
soas lotadas o ano inteiro, nos 22 cursos, tem atraído gente do Bra-
sil inteiro, e estamos com nosso porto avançando, acredito que será
a grande inauguração de Dezembro a nossa divisão local do Porto,
Janeiro temos a inauguração do lado de Niterói, Fevereiro São Gon-
çalo, Abril aeroporto Reformado e remodelado, Maio, o total da
nossa parte do porto, Junho, 3 estaleiros e hotéis da Ilha do Fundão,
então estranho ter coisas a fazer no próximo ano inteiro, e este é
um mundo que não domino.
Micaela sorri de ver João falar dando um giro, eram muitos
escritores, muitas coisas a ver ou comprar, ele deu duas voltas fa-
lando, ela sorri e fala.
— Calma, são apenas escritores.
— Enquanto isto não subir os morros, não estarei feliz.
— E pelo jeito pensando em tudo?
Algumas pessoas chegaram os cumprimentando, alguns fo-
ram ver como ficou o material, outros passear no local, e João olha
Micaela lhe olhando e fala.
— Tava lendo o comentário daquela repórter ali a frente,
dando autógrafos, que tiramos a identidade do Morro da Providen-

138
cia, que era inadmissível empresários, remodelarem as favelas e
tirar toda a identidade dela.
Micaela olha a moça e fala.
— Falar mal faz parte.
— Ela deve ter falado terríveis coisas sobre João Mayer, mas
vamos comprar um livro dela, e apenas ver o que ela escreve.
— Por quê?
— Existe uma coisa que as pessoas não entendem, nem eu,
mas funcionam, se eu falar o que ela fala, concordar com ela, acaba
com o discurso, pois podemos refazer o pouco que tiramos de iden-
tidade, mas não temos como voltar ao ponto anterior.
Os dois ficam na fila, após comprar um livro, nome, “Estamos
perdendo Identidade!.
João espera sua vez, alcança para ela o livro e ela olha para
ele e pergunta.
— Qual seu nome?
João sorri e responde.
— João Mayer!
A senhora olha ele serio, não poderia ser, mas olha ao lado
dele, sim, Micaela David, ela escreve algo e ficou obvio que ela não
falou mais nada, João abriu a dedicatória, aquelas coisas que escre-
viam em todos os livros, as vezes temia virar gado assim.
Micaela olha o livro e pergunta.
— Algo interessante?
— Algo que não conseguiria criar, eu nas mesmas 300 folhas,
crio um curso sobre confecção avançada, ela narra 12 subtítulos, e
este título dá um enredo de escola de samba.
Micaela sorriu e fala.
— E faria algo assim?
— Eu não, mas as vezes, vejo gente querendo saber sobre o
que vou fazer para o ano seguinte, e nem sempre serei coerente.
— E a moça ficou olhando para nós?
— Como falo, nome conhecido, rosto quase ignorado, não sei
por que, mas sim, eles me veem e parecem não me ver.
Voltaram ao lançamento, quando já tinha gente ali e come-
çam a agitar, os dois saem dali.

139
Rute, a moça que os dois comentavam, chega ao local, ela
não sabia o que estavam lançando ali, mas pegou um único e viu
que eram cursos de Carnaval, mas que davam a base da Costura,
antes de falar de Carnaval, davam a base de elétrica, antes de fala-
rem de carros alegóricos, ela fica a olhar os demais, nem sabia que
iriam lançar aquilo.
Rute chega em casa e estava a olhar um dos prospectos, so-
bre o “Faça você Mesmo – Carnaval – Elaboração de textos e enre-
dos!”, sua companheira olha o texto e pergunta.
— O que está olhando?
— Um grupo da Abril, lançou um conjunto de cursos para a
comunidade, um livro que ensina a fazer textos, enredos e coisas
afins! – Ela deixando o livro de lado e beijando sua companheira.
— Mas o que tem de anormal nisto, tens vários livros!
Rute pega o livro e fala.
— Quanto você venderia um livro destes?
A moça de nome Carla, pega o material, capa dura, costurada,
tamanho B4, folhas brilhosas.
— Um livro de uns 60 reais.
— Estão vendendo a 5 reais!
— Como?
— Patrocínio, para uma edição.
— Nisto que estava pensando, um patrocínio?
— Meu livro estou vendendo a 60, com um meu você compra
os 12 livros da coleção “Faça você Mesmo – Carnaval”.
— Colocaram do seu lado no pavilhão?
— Não, está uns 50 metros de nós, mas mostra o poder fi-
nanceiro de alguns, eles querem todos apenas comprando o que
eles querem falar.
Rute se irritou, talvez ela não entendesse tanto de João Ma-
yer, mas estava afim de falar algo, mas não poderia desmerece o
trabalho sem o ver, e isto fez ela pegar o material de novo, Carla
chegar ao lado e falar.
— Um curso que passa por vários pontos!
Rute olha o texto e pega outro livro na biblioteca dela, olha
para os dados, não era o mesmo texto, mas falava a mesma coisa,
mas mais detalhado.
140
— Juro que não sei se falo bem ou mal disto?
— É educativo Rute, não é algo para profissionais, é para ini-
ciantes, incentivo a escrever, a coordenar as ideias.
— Sim, financiado por João Mayer, da Marítima.
— Seu problema com ele parece pessoal.
— Ele foi lá, comprou um livro meu, ficou na fila, não falou
nada, e pior, só me toquei que era ele quando perguntei o nome
para o autografo.
— Ele falou algo?
— Nem tinha notado ele, nem saiba que eles estavam lan-
çando algo assim lá, são 12 feitos, mais 12 programados para o fim
do ano.
— 24 livros destes?
— Sim, lembra que ele enquanto modifica morros, para por
empresas dele lá, ele incentiva o carnaval, isto entra naquele pacote
de ideias que põem ele como investidor na cultura, ele constrói
portos, e limpa a baia, ele faz as coisas contraditórias, estava vendo
a obra da antiga Cidade do Samba, que reinaugura totalmente a
semana que vem, é assustador pois ele muda de uma forma a não
deixar a marca anterior, e ao mesmo tempo, é a mesma cidade do
samba ampliada.
— E ele estava sozinho, alguns falam que aquela esposa dele
está por ai tentando algo com aquele delegado da federal?
— Estava ao lado dele, estranho pois eu olho ele e não consi-
go o reconhecer, acho que é daquelas pessoas que você vê nas fo-
tos das reportagens sobre a Marítima, sobre os portos da MD, fabri-
cas da MD, reportagens sobre reciclagem, mas quando se olha ele,
não se vê aquele ser das fotos.
— Ele parece estar comprando a cidade?
— Ele está reformando 100 comunidades, não tem prefeito
na cidade que o fez, sei que bato nisto, mas as comunidades estão
adorando ter como subir seus moveis, adorando as sedes comunitá-
rias, com postos de saúde e armazéns de comida a preço de custo,
sistema triplo de transporte, então obvio que muitos adoram ele,
mas os mesmos, não parecem o ver naquele rapaz, ele passa desa-
percebido, mas sim, ele está colocando uma empresa baseada em
produtos recicláveis em cada comunidade, a MD emprega em me-
141
dia, 150 pessoas, na comunidade da Providencia, ele tem 3 empre-
sas, que contratam 50 pessoas em cada, dizem que ele quer por
mais uma por ali, pode parecer nada, mas ele gera na comunidade,
200 empregos diretos, ele em media, tem duas empresas por co-
munidade, 10 mil funcionários, em regiões que não havia emprego,
sei que eu pego pesado com ele, mas ele não está comprando a
cidade, ele esta reformulando como ele quer, passamos a ter dois
dos prédios mais altos do mundo o ano que vem, o que escreve RIO,
e o da Recicla Rio, ele investiu nos portos, mas principalmente na
despoluição da agua da baia, lembro que tinha gente que falava que
o prospecto dele era para 40 anos, ele não fez tudo ainda, mas ele
entrou com força, não sei, sabe aquelas pessoas que todos falam,
ou bem ou mal, mas que vai a uma Bienal, e se não olharem a me-
nina dos David do lado, nem ligam ele a algo famoso, ele lá de tênis
e camisa polo, calça simples, daqueles que conquistaram seu espeço
e tem a paz.
— Algo lhe mordeu, você falando bem de João Mayer?
— Eu apenas estou pensando, pois todos falando dele que-
rendo um desfile histórico na Marques de Sapucaí, mas todos sa-
bemos, há um ano não temos enchentes naquela região, ele inves-
tiu em estrutura, e poucos veem isto, mas pensa, ele tem a pachor-
ra de ter mais funcionários em comunidades pobres do que alguns
ditos empresários da cidade.
— E porque do ódio?
— Acho que ele vê de forma diferente o que é cultura, sei que
se falar dele como quem recicla, gera emprego, fala e faz recupera-
ção de áreas, é uma coisa, mas ele vem com estas historias de faz
de conta nos seus parques temáticos, em seus hotéis, desviando a
nossa cultura para o que ele quer.
Carla sorri e fala.
— Pelo jeito ele lhe tirou as palavras?
— Nem sei se ele sabe que falo mau dele, ele foi lá comprar
um livro, ele saiu lendo, não sei o que ele pretendia, ele não se im-
pôs, não falou nada, apenas deu o nome e saiu, lendo meu livro.
— Acha que ele não sabe?
— Se sabe, não demonstrou, e fui ver este livro, apenas por-
que ele estava lá, conversando com as pessoas, mas vou ver o que
142
tem nos demais, não é todo dia que se compra um livro deste por 5
reais.
— Aquilo que se fala, algo feito para se dar de graça, sei que
não gosta disto Rute, mas o foco de algo assim, é escolas que ensi-
nem, ou pessoas que peguem e sigam como uma cartilha, sei que
poucos olham como cultura, mas ele é de fazer, não ficar discutin-
do, sabe que alguns falam mau dele, pois ele passa como um com-
pressor sobre as pessoas, quando quer algo.
— Sim, ele instalou ruas em comunidades que diziam impos-
sível, ele pôs um bonde elétrico nestas vielas, então todos que fala-
vam mal primeiro, depois entenderam que eles poderiam descer e
subir, ele fez nas comunidades que entrou, sempre no alto, um pos-
to de saúde, com área comunitária e posto de distribuição de comi-
da, e de segurança, dizem que estes locais, retém agua quando cho-
ve, e só liberam agua quando as caixas estão cheias, então antes
tínhamos agua descendo o morro, gerando erosão e destruição,
agora ele está os retendo, dependendo da comunidade, em até 4
alturas da comunidade, ainda é agua para uso geral, não potável,
mas alguns o chamam de santo das causas impossíveis,
— Ele deve rir disto.
Rita olha Carla e pensa, sorri e fala.
— Sim, alguém da Umbanda, ainda tem isto, um branco da
Umbanda, que defende suas ideias, em um enfrentamento de cultu-
ra com os cristãos, pior, o melhor secretario que o atual prefeito, já
teve, e ele mesmo não o defendeu.
— Alguém que só mostra seu lado politico, quando chamado
a participar, ele reformou o sambódromo, ele fez um segundo local
de shows, em Jacarepaguá, ele reformou algumas favelas, sei que
não gostou do que ele fez na Providencia, mas os moradores não
estão reclamando.
— Acha que ele termina as obras do porto?
— Todos falam que se ele fizer a ligação subterrânea entre o
Rio e Niterói, ele muda o transporte da região, já que estão falando
em passar ali uma linha do metro, seria o integrar das duas cidades,
mas ele neste instante tem apoio dos dois lados, que querem os
empregos, a propaganda que isto gera, mas o senhor deve estar
crescendo muito com isto.
143
Rute ouve e fala.
— Certo, alguém que posso bater e ele nem notar, ele deve
ter coisas mais urgentes a olhar.
— Como lançar um material que provavelmente vai usar em
algum curso que ele criou.
Rute pensa e fala.
— Certo, isto pode ser material didático daqueles cursos que
eles aplicam no Sambódromo, algo que é mais profundo do que
aquilo, mas que vou dar uma olhada.
— Porque lhe interessou?
— Tem uma frase, eu estava folhando enquanto vinha ao
centro, na parte que ele define, o que escrever nas narrativas do
Abre-alas, um documento que eles entregam para os julgadores, e a
frase atribuída a ele, “Se não tem como justificar, não coloque, seja
em um texto, em um documento ou em um Abre-Alas, pois se nem
você consegue justificar, quem conseguiria entender.”
— E o que tem de importante nisto?
— Meu texto, tem muita coisa que eu escrevi, mas eu não te-
nho como justificar a opinião, gosto não é opinião, ele tem razão
nisto, pois posso não gostar de alguém, mas se não sei justificar,
pode ser racismo, falta de cultura ou algo pior.
— Sabe que dizem que este rapaz não tem segundo grau em
formação escolar.
— Ele pode não ter grau superior Carla, mas ele contrata os
melhores, ele não construiu o novo porto, ele contratou, dizem que
contratou dois escritórios um inglês e um holandês para os prédios,
pois não tinha nenhum nacional que topou o desafio.
— Alguns falam do ego deste empresário querendo por sua
marca na cidade.
— Eu falei isto muitas vezes, mas ele pessoalmente, não apa-
renta isto, isto que estranhei, parecia um rapaz normal comprando
um livro, não o empresário mais rico da cidade.
— Do país alguns falam.
— É dele a afirmação de que quer um país onde os netos se-
jam milionários, e não um chinês ou americano.
— E pelo jeito o senhor passaria mesmo desapercebido.

144
— Sim, mas vou ver referente ao que é os demais faça você
mesmo, parece que alguém resolveu financiar mais alguém.
No outro canto da cidade, Jose pega as imagens e compara
uma a uma, 60 fantasias, estava ali com um mundo de fantasias, ele
olha o prospecto alto dos carros, era obvio que isto era uma apre-
sentação para dizer, vamos vir grandes, mas 60 alas, 10 carros, 8
tripés, isto era imenso, não grande, ele começa a por em uma ima-
gem que ele usaria de fundo do texto que leria e começa a fazer a
reportagem do que foi a apresentação das fantasias da Beija-Flor.
João e Micaela voltam a Cidade do Carnaval e João pede para
falar com Gabriel e Bira e os dois sobem.
— Fala João?
— Como foi o fim da recepção?
— Muitas perguntas, muitas indagações, ainda bem que não
sabia as respostas, para não me tentar responder. – Bira.
João olha Gabriel.
— Alguns estão falando da apresentação das fantasias da Bei-
ja-flor, um dos rapazes se deu ao trabalho de fotografar cada fanta-
sia e comparar elas, para ter certeza que eram 60 fantasias, e todos
falam que é loucura entrar com 60 alas.
— Queria pedir uma coisa, e não sei se é possível, mas ama-
nha, vamos apresentar as mesmas fantasias para a comunidade,
sorteando quem vai desfilar em que ala, queria ver se é possível
filmar cada uma delas em um 360°, e por em anexo a descrição das
fantasias na internet, aquela que a maioria já está vendida.
— Quer eles olhando os detalhes? – Gabriel.
— Vamos definir cada botão, cada costeiro, cada cabeça, cada
tecido das fantasias, então se eles olharem, eles podem não enten-
der, mas vamos justificar cada detalhe.
— Certo, e quer por todos em polvorosa e correndo atrás?
— Sim, a descrição não vai aparecer agora, mas vai por todos
olhando as fantasias.
— E vamos filmar amanha também? – Bira.
— Uma Live novamente, da apresentação das fantasias. De-
pois se for o caso editamos o vídeo e modificamos ele.

145
— Certo, vou preparar o material, não sei o que esperar de
toda esta confusão, mas vi que tivemos audiência, para algo não
anunciado, foi legal. – Bira.
Gabriel olha para João e pergunta.
— E se afastaram antes do fim?
— Tinha o lançamento do “Faça você mesmo!” – João.
Gabriel olha para João, como se não soubesse do que ele es-
tava falando e fala.
— Certo, esqueço que vocês tem eventos fora do carnaval, as
vezes eu esqueço que os dois adoram uma confusão, não fogem
apenas por não estar animado.
Micaela sorriu e viu os dois saírem e pergunta.
— Faz tanta coisa que eles se perdem no caminho.
— Na verdade dar caminho a todos é para todos sentirem-se
parte, mas nem todos acompanham o todo.
Os dois saem e vão para casa.

146
Setembro ia ao fim e João olha
para os olhos longe de Micaela, ela esta-
va tentando lhe omitir algo, e ele não
queria cobrar algo, ele trabalhava muito,
ela queria começar a estudar de novo, e
sabia que ela queria o ramo do Direito,
João não palpitaria sobre isto, mas ela
falava como se fosse algo que fosse li-
berdade.
João estranhava, mas ela estava
começando nos intervalos de adminis-
tração do que criaram, a estudar para
um vestibular, João pensou em fazer
junto, mas não queria parecer evasivo,
mas quando ela insistia em ele fazer
com ela as provas, parecia um caminho
que ele não sabia se queria.
João para fazer terceiro grau, teria
de terminar o segundo grau, e foi fazer
uma prova de conhecimentos, primeiro
para ter o diploma de segundo grau, depois para ir a frente.
Micaela queria ir para o direito, e o que atraia João era ou a
Sociologia ou o contrario disto, as engenharias, as universidades
melhores, não era a deles ainda, mas ambos foram fazer o teste do
ENEM, pois precisavam desta nota para qualquer das faculdades, já
que por cota não entraria, João estranha pois ele não estudou, e
aquela coisa de experiência de outros, lhe deu as respostas, ele sai
da prova achando que ou acertara tudo, ou errara tudo, pois lhe
pareceu fácil demais.
Micaela olha para ele na saída, ele foi dos últimos a sair e
pergunta.
— Acha que foi bem?
— Ou fui muito bem, ou não entendi nada.
Ela sorri e fala.
— Cansativo isto.
147
— As provas sequenciais para me dar o diploma de segundo
grau foram mais desgastantes, mas a dificuldade é a mesma.
— E vai tentar para que? – Micaela olhando João seria.
— Estava entre a engenharia mecatrônica, ou a civil.
— Sabe que quero fazer direito.
— Gosto é gosto, assim como não me vejo fazendo nem me-
dicina e nem direito, entendo os que o querem fazer.
Os dois vão a um lanche de fim de tarde e Micaela pergunta.
— Mas acha que foi bem?
— Sim, mas se as notas vão fazer eu me sentir burro depois,
faz parte da minha cultura.
Ela olha ele mastigando um X-Tudo, ele olha para o seu san-
duiche e tenta não parecer perdido, sempre pensara que estas pro-
vas eram mais difíceis, então ele achava que ele fizera tudo errado.

148
Outubro nos mostra João na beira
do cais, olhando a chegada das rodas-
gigantes, duas delas, uma ainda viria,
João olha todos os papeis, e todas as
exigências, e com todo cuidado, após
toda a burocracia, colocam no barracão
3 da MD aos portos, ele olha o enge-
nheiro lhe perguntar onde montariam
aquilo e João aponta para o carro a fren-
te.
O rapaz achou que ele estava
brincando, mas olha em volta, ele não
sabia onde estava, mas nitidamente os
rapazes não explicaram ao rapaz onde
ele o faria e quem comprara.
João apresenta o pessoal e as pes-
soas começam a ajudar, veio todo des-
montado, e iriam montar ela já na estru-
tura, para não precisar ter de erguer
depois.
Um trabalho de demoraria dias, mas João sabia que pelo me-
nos duas ele teria.
Sai dali e entra no escritório, passando todos os pedidos de
plumagem falsa, e olha Micaela entrando.
— Já olhou o resultado do ENCCEJA?
— Não.
— Se entendi direito, deve ter tirado a maior nota, ou quase
isto, perdeu 0,5 em historia e 0,5 em redação.
— Então agora posso dizer que tenho segundo grau? – João
olhando Micaela.
— Sim, pediu os históricos da sua cidade?
— Pedi, deve chegar semana que vem, dai dou entrada nisto,
mas no barracão do lado, começam a montar duas das três rodas-
gigantes.
— Vai montar já sobre os carros?
149
— Sim, mas se adiantaram duas, vamos ter menos problemas
em Janeiro.
— Certo, e pelo jeito as vendas de plumas está entre as coisas
que mais saem daqui?
— Sim, muitos injetáveis também saem.
— E acha que as vendas aceleram mais ainda?
— Sabe que as plumagens reais chegam em Dezembro, dai
começa a correria das roupas de luxo.
— E o que temos para este mês de novidade?
— Este mês, mesmo não estando pronto, teremos o prédio
mais alto do país.
— Certo, acha que eles ficam prontos quando?
— O Rio, fica pronto em Dezembro, quero ver se o da Recicla
fica pronto com o porto.
— Certo, símbolos de uma mudança?
— Sim, vamos ter muita coisa a carregar entre partes do Bra-
sil, e vamos tentar manter o cronograma, mas está muito apertado,
as vezes o todo parece acelerado, e sabemos que estamos atrasa-
dos.
Micaela o abraça e fala.
— O empresário que ninguém vê.
— Olhando parece que estamos bem? – João a perguntando.
— Estamos bem, porque da duvida?
— As vezes acho que estou deixando passar algo, e não sei, as
vezes entendo a ideia de voltar a estudar, mas tenho medo de me
sentir deslocado.
— Eles não saberiam quem é você.
— Tem chamada nestas coisas.
Micaela sorri e fala.
— Primeiro tem de passar no vestibular.
— Ou conseguir uma vaga em nossa universidade.
— Verdade, mas ai teria de usar a nota do ENEM.
— Acho que mesmo que me saia mal no ENEM, eu consigo a
vaga, mas é que as vezes me sinto perdido, quero poder assinar
algumas coisas, e tenho de explicar para um engenheiro o que que-
ro e como ele é o formado, tenho de pagar para ele assinar.
— E teria de pagar por uns 5 anos ainda.
150
— Mas um dia se não quisesse pagar eu assinaria, embora o
assinar deles é mais cômodo as vezes.
Micaela olha João, ainda abraçada a frente dele.
— Não vale desistir agora de fazer vestibular.
João sorriu, ele não pretendia desistir.
João no fim da tarde olha as peças em montagem da roda-
gigante, ele olha os rapazes montando, o rapaz primeiro achou que
era brincadeira, mas entendeu, algo que se encolhesse, João vai ao
fundo e olha para a escultura do tripé dois, aquele rapaz raquítico
carregando o banqueiro pesado as costas, já estava na fibra, ele
mede a escultura, começa fazer o buraco bem ao centro dela, e
coloca uma estrutura no centro daquela escultura, prende bem na
estrutura, e testa o deitar daquilo, ele olha que inclinado o tripé
quase virou, ele coloca um veiculo de socorro a parte dos fundos e
viu a escultura deitar ali.
Ele olha para a mesma, a ergue novamente, e começa a pin-
tar a escultura.
Os rapazes ao longe olham João fazendo e o rapaz pergunta
ao que lhe ajudava.
— Quem é este que manda no escritório de compra e pinta
uma escultura?
— Não conhece o senhor João? – O rapaz.
— Não, deveria?
O rapaz olha o outro e fala.
— O dono disto tudo.
— Mas isto não é da MD Importadora?
O rapaz olha o outro ao longe e fala.
— Sim. – Apenas isto e pergunta. – A engrenagem é reforçada
para fazer este encolher em quanto tempo?
— Demora perto de 12 minutos para encolher totalmente?
— 12 minutos? – O rapaz.
— Sim.
— Erguer?
— Os mesmos 12 minutos.
O rapaz olha para João ao longe e fala.
— Senhor Mayer, viria aqui um momento?

151
O rapaz olha o assistente, demorara para entender quem era
João e o assistente o chama, sinal de algum problema.
João olha para o rapaz, lava as mãos e chega ao local.
— Problemas Carlos?
— Não sei, segundo o rapaz, o sistema demora 12 minutos
para erguer e 12 minutos para encolher.
— E qual o medo Carlos?
— Se ele sair, com 18 metros de largura, ele passa no vão de
saída? Entre o Arco e tudo mais.
João estava pensando em outra coisa e as vezes demora para
cair a ficha e fala.
— Teríamos de desembarcar já na Frei Caneca, pois não terí-
amos 12 minutos entre a saída dele, e a saída do carro dois. – João
lembra da Frei Caneca e pensa se conseguiria. – Vou pensar nisto,
bom ver que estão pensando no todo, mas nem que precisemos
descer as pessoas já na Frei Caneca, sei que é um dos problemas do
desfile o passar deste carro, e temos de reforçar que as pessoas vão
ser desembarcadas depois da curva de entrada na rua, ou conseguir
continuar a rodar, elas saem, e começamos a descer elas.
João anota nas coisas e o rapaz ficou mais tranquilo, e o rapaz
que fizera a pergunta sobre quem era o rapaz, pensa se poderia ser
ele mesmo.
João termina de pintar aquela escultura, que iria deitada a
avenida, testa desta vez o deitar com o contrapeso cheio de agua, e
ele gosta do resultado, era mais pratico do que cortar e como re-
queria algo mais largo acima que abaixo, ficava difícil de ter bons
encaixes.
Ele sai daquele tripé e vai verificar as esculturas em isopor,
verifica as posições no tripé que fariam parte e começa a fixar as
bases que segurariam aquilo, um carro simples, um muro, 9 escultu-
ras, e muita arte.
O piso ele ainda iriam pensar no que faria, mas a ideia de algo
baixo, era poder por um detalhe apenas de piso, calçada, arvore,
esgoto, asfalto, balas no chão, no oposto ao muro de tapumes, bar-
ro, grama baixa, uma bola, e na saia do veículos, crânios esmagados
por todo lado, para João, a sociedade se construíra sobre mortes.

152
O rapaz que dava as dicas de como construir, viu João por fi-
bra sobre todas as esculturas ainda fixadas no chão, e forjar em
metal toda estrutura da base, primeiro passando uma fibra base,
depois começar a pegar uma escultura de isopor na mesa ao fundo,
colocar na saia e por a fibra de vidro sobre ela.
Para quem nunca vira se montar um carro alegórico, ele esta-
va vendo o rapaz a fazer com cuidado, uma escultura.
João depois de um tempo lava as mãos e volta para casa, es-
tava cansado e precisando descansar um pouco.
Micaela olha ele com as mãos todas sujas de fibra e sorri.
— Não resistiu muito tempo.
— Me facilita pensar fora dali, fazer estas coisas, sei que a
maioria não entende.
Micaela o fez massagem, ele toma um banho caprichado e cai
na cama.

153
15 dias a mais, e João olha o rapaz
mostrando como seria o processo de
erguer aquela roda gigante.
João olha atento as dicas, e olha o
mecanismo, o rapaz parecia tenso
quando João estava por perto.
João entendeu a demora, existiam
as travas de segurança, e cada uma que
subia, tinha de travar antes da próxima,
João não sabia se era pratico, mas
quando o rapaz saiu, ele olha os rapazes
e fala.
— Vamos transformar isto em
uma alegoria agora.
Carlos chega ao lado e fala.
— O que faremos?
— Medir as partes de encaixe, e
vamos começar a por as coisas ai e veri-
ficar se funciona.
— As coisas?
João foi para a parte interna e pega uma estrutura em fibra,
feita na medida da cesta da Roda-Gigante, esta estava com os sím-
bolos Judaicos, e coloca no local, ajeita, ele passa em cada uma das
cestas e colocou uma representação de uma religião local, no espa-
ço em metal que omitia o mecanismo, ele coloca de cada lado a
cabeça de um beija-flor, nas divisórias, ele foi medindo e colocando
acabamentos que omitiam o metal, eles trabalharam o dia inteiro
colocando estas coisas, depois ele atravessa o metal de estrutura do
chão e fixa ao piso alto da alegoria, ele testa o erguer e Carlos olha
aquilo e fala.
— Não vai estar a altura do chão?
— Não, a base vai a oito metros de altura.
— Entendi, uma em cada sentido?
— Sim, a próxima é como esta, no sentido oposto ao carro,
são duas assim e uma no sentido do carro.
154
— Certo.
João aciona o erguer, era lento, mas ele queria ver se iria su-
bir, ele com calma foi ajeitando algum enrosco e fala para Carlos.
— Os cintos de segurança chegaram?
— Sim.
— Vamos fixar eles antes de fazer o ultimo acabamento in-
terno nas cestas, pois na costeira vou por um tecido para omitir as
engrenagens, e vou medir isto, para por um sistema de fibra que
cubra toda a estrutura lateral, quero parecer um brinquedo, não
uma roda-gigante, tem de dar um ar carnavalesco.
— Sabe que muitos preferem da outra forma. – Carlos.
— Sei, mas ele tem um motivo no enredo, sempre digo que
após o carnaval vamos ter 3 roda-gigante, duas eu sei que vou por
na sede da Beija-Flor, um tempo pelo menos, e uma terceira que
não sei ainda para onde levar.
Eles foram medindo a primeira e João verifica o prender de
todos os cintos de segurança, foram colocando pesos de 70 quilos,
dois deles por cesta e foram testar novamente a Roda Gigante.
Ele ergue ela na altura máxima e deixa girando com os pesos,
enquanto começa a fazer as estruturas baixas, onde iriam por as
encenações, e as representações religiosas.
Carlos viu João ligar os prospectos de luz que haviam coloca-
do no carro e o beija-Flor, assim como as cestas estilizadas come-
çam a brilhar, ele termina de fazer as representações baixas, e testa
o giro para parte abaixo da Roda Gigante, pois não teria como estar
ali antes de subir, e teria de ser pratico, não estava pratico, então
ele muda de ideia, faz sinal para Carlos e fala que iriam reforçar a
base a roda-gigante, e que fariam lateralmente aquilo, aquilo giran-
do a cabeça parecia ainda frágil, e João queria testar aquilo, Carlos
sabia que as ideias as vezes mudavam, mas era evidente o mexer da
estrutura do carro com o giro, e este estava no sentido oposto, o no
mesmo sentido teria menor equilíbrio ainda, e ainda estava testan-
do com pesos, não com gente encenando e se mexendo.
— Não parece feliz. – Carlos.
— A engenharia diz que aguenta, minha intuição diz que vai
dar merda, então vamos recolher, parar o giro, reforçar toda a es-
trutura, na base das divisões que vamos por as roda gigante, vamos
155
por tanques para agua para fazer lastro, bem presos, para dispor de
equilíbrio, após isto vamos erguer e testar de novo.
— Certo, entendi, quer diminuir o balanço?
— O problema é que as pessoas ainda não estão sambando
sobre o carro, e ele já está balançando.
— E não quer acidente no percurso.
— Sim, não quero acidente, sei que o rapaz que coordenou o
erguer não entendeu o que vamos fazer, quando vier montar a pró-
xima, talvez ele ache maluquice isto, mas vamos agora deixar enco-
lhida, e reforçar as hastes hidráulicas que sobem isto, vamos por um
auxilio no hidráulico na parte baixa, duas bases a mais, erguemos
com duas, quero quatro embaixo e dois reforços, um para frente e
um para o fundo, isto no modelo dois vai ficar lateralmente, dai
vamos naquele, por quatro reforços em cada lado, com trava de
segurança, uma vez no topo, sem destravar não desce.
— Está pensando em travar para valer.
— Sei que entende isto Carlos.
O rapaz sai e João olha a estrutura da segunda, começa a pe-
gar as peças que iriam na cesta da segunda roda-gigante, as bases
econômicas do Brasil, e foi colocando as cestas e ajeitando cada
uma delas, foi colocando os pesos, fixando os cintos de segurança, e
quando coloca para erguer, viu o tender calmo para os dois lados,
baixou novamente e antes de qualquer teste iriam por os reforços.
Cansado e com aquele problema João termina aquele dia.

156
Começo de dezembro e chega a
ultima roda-gigante, o receber no cais
foi feito por Micaela, que olha o enge-
nheiro que novamente iria verificar a
montagem, eles colocam para dentro e
o senhor olha aquelas duas rodas giran-
do em teste.
Ele chega ao lado, pois ela estava
a 8 metros do chão, se via toda a estru-
tura que erguia aquilo omitida, se via
cada cesto diferente e com uma repre-
sentação, o beija-flor e olha para Micae-
la.
— Isto que vão fazer?
— Sim, é parte do abre-alas da es-
cola de meu pai e meu marido, então
estamos testando, tivemos 15 dias de
ajuste, mas parece que agora ela esta
estável.
O rapaz olha os detalhes em volta
do carro, e pergunta.
— Posso fotografar.
— Não, este é um segredo até fevereiro.
— E trabalham escondido até lá.
— Quando se fala em engenharia, eles não gostam muito no
carnaval, mas como eu posso chegar com algo assim, que vai estar o
topo a 26 metros, em ruas que tenho de obedecer os cinco metros e
meio, sem engenharia.
— Mas está bem acima disto.
— Pode ter certeza, se a sua roda-gigante encolher no tama-
nho, todo resto, encolhe também.
— E não é muito nova para ter casado? – O rapaz.
Micaela sorriu e fala.
— Nova e mãe de três lindas crianças.
— E quem é o sortudo de ter uma belezura destas?
157
— Menos rapaz, não foi contratado para cantar alguém aqui e
sim para montar isto dai.
O rapaz olha para Micaela se afastar e olha o rapaz, que já sa-
bia o nome.
— Quem é a gracinha ali?
Carlos olha para Micaela e sorri.
— Caixão para quem não sabe se conter.
Carlos começa a erguer as armações para a terceira, com au-
xilio do guindaste local, e começam a por as peças no lugar, não iria
dar corda para o engenheiro, mas era evidente que ele ficou inte-
ressado, mas como se diz, uma vez avisado, não pode depois recla-
mar das coisas.
Micaela sobe e olha João chegando.
— Problemas que ficou retido no Sambódromo?
— As vezes não entendo para que tanta câmera se os segu-
ranças nem se dão ao trabalho de olhar, fomos fazer a primeira
revisão para começar o ajuste para o desfile do ano que vem, como
limpeza, e as câmeras pegam gente roubando um freezer a dois
meses, mas os seguranças não viram, não deram falta, e não estava
lá, mas as câmeras pegam os infratores.
— As burocracias de dar queixa e coisas assim, para o seguro
pagar?
— Sim, e dai, a terceira roda gigante chegou?
— Sim, este engenheiro é atiradinho. – Micaela.
— Se ele passar do ponto apenas avisa que coloco ele no lu-
gar, mas o rapaz fez a primeira parte bem minuciosa, então vamos
dar uma chance a ele antes. – João.
— Ele parece ter ficado assustado com a ideia das roda-
gigante, mas perguntou se poderia fotografar e falei que não.
— Sinal que ele vai fotografar, mas tudo bem.
— Não tem medo?
— Aquela ideia me assusta, pois é grande, requer engenharia,
e requer treino.
— Definiu o carro finalmente? – Micaela.
— A pergunta, quer desfilar no abre alas?
— Logico.
— A 6 metros ou a 18?
158
— Minha mãe não vai topar de novo 18, eu topo.
— Certo, então está definido o desfile do abre alas.
— Pelo jeito números assustadores.
— No final ficou com 94 metros, não é o maior carro já colo-
cado na avenida, 18 de largura, na maioria esta com doze e meio,
mas as roda-gigante chegam a 18, 26 metros de altura, 422 pessoas,
em 145 modelos de fantasias, e dez destaques.
— Um carro para mostrar o peso, de uma escola grande, pelo
jeito se dividir o carro teria uma escola de samba?
— Sim, seis carros em 6 temas, bem possível de fazer.
— Isto para começar?
— Para me complicar, se fosse do lado do viaduto teria de ter
mudado de ideia.
— Por quê?
— A montagem automática, pela segurança de algo assim,
requer quase 12 minutos.
— E a dispersão?
— Vamos terminar ela na Frei Caneca, isto que falava, um
carro para ser treinado, ensaiado e cruzar os dedos.
— Se desafiando aos limites?
— Sim.
— Mas acha que vale o risco?
— Eu quero tentar, o carnavalesco vem hoje ai para ver a
ideia, passei para ele e parece não acreditar.
Micaela sorri e fala.
— Vi que mudaram um dos prospectos do carro abre alas,
eles estavam tirando as taperas do fim do carro.
— Mudar de ideia as vezes, as vezes temo ideias que ficam
rasas demais, então somamos gente, um morro de favela, então
temos a favela baixa e a alta, se emendando, e sobre a montanha
uma capela, e um destaque sobre a Capelinha.
— Estranhei um trilho a frente também?
— Esta parte a ideia foi do carnavalesco, com as riquezas cul-
turais, religiosas e econômicas passeando a volta do carro.
Estavam conversando quando Jorge chegou e João o recebe
na parte baixa.
— As vezes tenho medo de ideias assim senhor Mayer.
159
— As vezes até eu tenho.
— Posso ver em que fase está isto?
João caminha com o carnavalesco para o barracão ao fundo, e
o mesmo para naquela visão da roda gigante, ele dá a volta, olha os
detalhes e sorri, bom, ele olha os detalhes que João havia descrito,
mas falar era outra coisa.
— Qual a altura?
— 26 metros na parte alta.
O carnavalesco olha os detalhes, nas divisões das duas que
estavam prontas, entendeu o que fariam na frontal que estava na
cidade do samba, uma estação de trem, ele olha para João, tinha
muitas duvidas e pergunta.
— Isto vai pronto?
— Desacoplado, para chegar ao local, já que temos de abaixar
e duas delas inverter baixada na estrutura, antes de a fechar.
— Está dizendo que vai cada parte separada.
— Sim.
O carnavalesco olha os detalhes e as divisões, encaixes ante-
riores, e viu que era serio, ele olha a escultura deitada ao fundo
coberta e pergunta.
— E o que está deitado ali?
João chega ao canto e pede ajuda para descobrir, Jorge viu
João chegar ao lado e estabelecer de pé, ele conhecia aquela ima-
gem, um pobre carregando um banqueiro gordo as costas, mas
aquela escultura era alta.
— Qual a altura?
— 16.
— Então aqui o negocio esta andando?
João mostra o carro ao fundo, todas as esculturas deitadas,
ele as ergue, o muro era uma soma de encaixes que se erguem, e o
senhor olha o segundo tripé, e olha o terceiro ao fundo, ainda de
pé, uma família de retirantes.
— As coisas estão andando aqui, mas pretendem montar ago-
ra a terceira divisão da roda-gigante, sinal que está começando a ter
o começo da escola pronta.
— Assim que terminar o desfile deste, lá em fevereiro, vou re-
laxar Jorge. – Fala João.
160
— Agora entendo quando falam que você faz os carnavales-
cos não dormirem, mas pelo jeito eles montam e depois enfeita-
mos?
— Sim, a primeira reformamos toda a estrutura, agora já es-
tão construindo sobre uma estrutura reforçada, então espero que
seja mais rápido, pois o conseguir do equilíbrio disto que é o desa-
fio.
— Mesmo com laudos não acredita?
— Eu sou por evitar Jorge, tem gente que levaria como ela es-
tava, antes mesmo de com gente, ela dançava na estrutura, eles
dizem que aguenta, mas se não aguentar, o que fazemos com uma
roda gigante caindo sobre o publico?
— Entendo, agora está estável?
— Sim. – João chega ao comando e apenas aciona o parar,
depois o encolher, e o rapaz ao fundo viu que foi lento, mas ela
começa a se preparar, as laterais se afastam e aquilo foi reduzindo
de tamanho e quando chega a altura dos 5 metros, inverte de senti-
do, e as laterais que haviam se afastado um pouco, voltam ao local.
Jorge olha o carro agora a pouco mais de 5 metros e fala.
— Os segredos dos carros que você assina.
— Eu gosto de chegar lá inteiro, ou o mais inteiro possível,
tem muito acabamento, mas eu sei que este esperava terminar em
Janeiro, se terminar em Dezembro, é um ganho.
— Sabe que o numero de fantasias deste carro assustam?
João começa a erguer o carro novamente, e fala caminhando
ao outro carro.
— Tem de entender, que a parte religiosa, tem 9 espaços em
cada lado, representando cultos, e coloquei apenas 3 pessoas por
culto baixo, dai tem 9 tipos de produções industriais, ou agroindus-
triais, e teremos 9 representações de povos, quando se passa para
as partes que você tem acima – eles caminham até a altura que era
a base da Roda-Gigante – nesta parte alta, em cada carro, vai ter as
representações altas, 8 para cada roda gigante, dobrado para ter
sempre algo de cada uma delas para um dos lados, e no piso, aqui,
teremos pelo menos 32 pessoas fantasiadas, naqueles dois pontos,
teremos um destaque de cada lado, na parte ao fundo do carro, o
que estão refazendo na Cidade, quero 18 tipos de roupas, carnavali-
161
zar o personagem da favela, não ele puro, nos prédios, também
teremos pelo menos 18 tipos de pessoas, nas arvores, depois da
cidade, teremos os trapezistas, fantasiados de vários tipos de ani-
mais, tentando os personificar.
O piso alto, parecia granito, era feito pelo material que com-
pactaram e cortaram em fatias no barracão, o carnavalesco toca o
piso e fala.
— De perto parece de verdade.
— Estamos terminando de acabar os carros, o ao lado já esta-
vam criando os espaços, pois eles sabem o que irá ali, o primeiro
sempre demora mais, mas o terceiro é o que tenho de ficar mais
encima, eles acham que sabem como fazer e relaxam.
— Três tripés quase prontos?
— Sim, vamos terminar o ao fundo e vamos aos 3 próximos,
para ter uma meta realizável.
— Juro que lembro de subir em carros com medo, os seus pa-
recem mesmo firme, porque está testando as Roda-Gigante?
— Cada uma das cestas está com dois pesos de 80 quilos, es-
távamos testando com 70 e me recomendaram subir um pouco,
então estamos testando se a engrenagem está funcionando.
Os dois estavam descendo e o rapaz estava tentando algo
com Micaela e João a olha e fala.
— Vamos Amor, temos ainda de verificar as criações hoje.
O engenheiro se calou, olhou em volta, Micaela sorriu, pois
João a chamava sempre de Mick, o recado não foi para ela, e sim
para o rapaz ao lado.
— Vamos, está ficando lindo.
O carnavalesco sai a frente e os dois saem depois e Carlos ao
carro sorri e fala.
— O rapaz ficou sem saber o que falar, acho que ele não en-
tendeu de quem é o local onde trabalha, mas não vou falar nada.
O rapaz ao lado sorri e fala.
— Este nosso chefe conquistou a princesa da cidade, o que
podemos fazer, o cara foi pelo caminho que ninguém acreditava ser
possível.
— Eu lembro dele no barracão e todos falando mal dele no
primeiro ano, lembro que ele quase morreu no primeiro ano, ele
162
não tomou um caminho, mas ele fez um projeto para o carnaval que
todos queriam dizer impossível, e o transformou em campeonato,
mesmo muitos odiando ele no fim daquele ano, sei que ele passou o
que o diango amassou naquele ano.
— Certo, mas ele coloca medo nos olhos com carros como es-
te que estamos fazendo.
— Sim, ele coloca coisas impossíveis na avenida, para nin-
guém dizer, é fácil, ele olha cada canto, cada lâmpada, repinta um
carro duas ou três vezes se ele não gostar, então ele antes de ter
conquistado a menina, ele conquistou o respeito e ódio de muitos.
— E pelo jeito ele vai aprontar mais uma vez.
— Pensa no pessoal entrando com algo normal e entrarmos
com 3 roda-gigante, para representar os altos e baixos de uma na-
ção chamada Brasil, para começar o desfile.
O engenheiro olha eles falando e chama atenção.
— Vamos voltar ao trabalho!
O grupo volta a prender a segunda parte giratória.
Roberto olha o fim do dia chegar e o carnavalesco chegando
com João e sua filha, e os demais saindo, e o carnavalesco pergunta.
— Como se termina um carro como este?
João olha o carro e pega o celular e liga para a costura e per-
gunta se o tecido estava pronto, e fala.
— As vezes, temos de mudar de ideia, mas vamos ver se idei-
as fáceis dão certo.
Roberto chega ao lado e viu João erguer a parte central do
carro, olha para o pessoal pela abertura para o andar superior, co-
meçar a descer um tecido, preso, e com o comando do guincho
chega sobre a parte alta, e olha colocar o tecido sobre o topo, ele
pega um pedaço de tecido mais comprido que chegava a parte bai-
xa, e puxa ele com cuidado e o tecido desceu sobre a estrutura toda
feita, ele pega o controle do carro e os braços recolhidos começam
a esticar para o lado, entrando no tecido, e o carnavalesco olha
aquela escultura imensa e pensa em como poderia estar quase
pronto e fala.
— As vezes queria ter ideias simples assim. Vi e fico olhando
isto, lembro da primeira vez e ainda parece incrível.
— Simples? – João.
163
— Sim, estava pensando em como se fizéssemos ele, não fica-
ria as diferenças de altura das emendas, você não pensou em
emendar, e – o carnavalesco chega ao tecido e pergunta – que teci-
do é este?
— Feito em camada tripla, com duas camadas, o que quer di-
zer, meu medo vem agora!
João encolhe a grande estatua, e o carnavalesco viu que some
tudo naquele centro do carro e ouve Roberto ao fundo.
— Um marco, com certeza, pensei que queria algo represen-
tativo, você deixou o representativo para frente e para o fundo, não
para a imagem, sabe que todos que fazem um Cristo fico tenso.
João olha Roberto e fala.
— Vilipendio não é legal, mas às vezes eles mesmo assim não
gostam. – Joao olha o como o tecido ficou, e fala.
— Meu medo é agora.
Ele começa a levantar de novo e Jorge olha que engata em
uma das pontas e rasga uma lateral. João marcou os locais que en-
roscou, ele anota as três ameaças.
Roberto entendeu, era algo mais pratico, mas teriam de cui-
dar dos cantos no subir.
Jorge olha para João e pergunta.
— Tem outro?
— Lógico, e se não tivesse, faríamos outro. – João.
— E vai testar longe dos olhos?
— Sim, poucos precisam ver o que é a verdadeira surpresa
deste carro, e como uma armação encolhida, parece algo que não
está perto de estar pronto.
— E se rasgar no dia?
— Teremos de costurar, o que mais?
— Certo, mas estaremos preparados para isto?
— Sim.
Roberto olha para Jorge e pergunta.
— Viu o que ele está escondendo no outro barracão?
— Sim, três roda-gigante de 18 metros, no carro abre alas, al-
go que se não visse, não acreditava ser possível ser feito.
Roberto olha João e fala.
— Um gigantinho?
164
— Quando acoplado, vai ter 94 metros, mas não aqueles car-
ros de 94 metros que passam e você nem entendeu o que está
acontecendo, acho que é uma solução divertida e informativa, so-
mos um conjunto de coisas, e quando se fala nos carros parece que
somos só carro, somos um conjunto de coisas, e uma delas é as
roupas e pessoal, o samba este ano está indo bem, e encaixa no
enredo, as vezes escolhemos algo que ninguém entende.
— O samba deu um caminho, não posso negar. – Jorge.
— Juro que as vezes este pessoal da Beija-flor me surpreende
Jorge, era para terminarmos certas coisas em Fevereiro e que vão
terminar Dezembro prontas. – João.
— E todos estes carros?
— Entra naquela semana daqui a pouco que eles sempre que-
rem me deter em algum lugar, e acabo embaixo de um carro alegó-
rico, mas talvez este ano não tenha tempo para isto, mas se precisa-
rem de ajuda, é só chamar. – João.
— Teve um ano Jorge, ele desmontou um carro inteiro entre
24 de dezembro e 5 de janeiro, remontando ele todo. – Roberto.
— Não vai fazer isto este ano?
— Eu estava inspirado.
— Certo, este ano não está?
— Não, acho que sou o cara mais chato com meu próprio des-
file, e sei que estou evitando passar muito perto de alguns, mas
estamos com as esculturas dos 7 tripés, tem de pintar o três, depois
montar os demais e começar a por os acabamentos.
— E as duas partes finais do carro final, esqueci de olhar eles.
— Esqueci de mostrar, tava no barracão ao lado.
— Tá pronto?
— Está sendo acabado.
— Sendo acabado? – Roberto desconfiando.
— Quando você coloca um urubu de 9 de altura, e uma Har-
pia segurando sua cabeça, de 18 metros, tem de ver que cada um
dá trabalho dobrado.
— E as penas serão feitas do que? – Roberto.
— Estão feitas, mas tem de se por tudo no lugar. – João.
— Vai cobrir como aqui? – Jorge.

165
— Amanha vemos como estamos fazendo, falta apenas a par-
te baixa da Harpia, então não me parece ser o que vai dar nem mais
e nem menos impacto.
— Mas qual o tamanho deste fecha alas? – Roberto.
João mostra na parede e fala.

— Um carrinho de 91 metros.
— Carrinho? – Roberto.
— Como falamos, padrão Beija-flor, carros na media de 30
metros, e um grande a frente e um grande as costas.
— E termina com o que?
— O carro começa com Copacabana e termina com os man-
gues, passa por fabricas, campos de gados, campos cultivados, tipos
de criações, dai as fabricas, transformando as coisas, na intercessão
da divisão três para quatro, tem um urubu, o quatro são as produ-
ções, e na divisa do quatro para o cinco, tem uma harpia, que era
uma ave comum no Brasil, segurando a cabeça do urubu, uma criti-
ca bem modesta, após a harpia, uma arquibancada para cada lado,
da marques, e na parte baixa tem a pista onde passam as 14 bandei-
ras das escolas do grupo especial, e terminamos em um mangue
conservado, com dois siris entrando no mangue.
— Terminamos com o que exatamente? – Roberto.
— O enredo, “Brasil, gigante por natureza!”. – João.
Jorge anota e fala.
— E teremos aves estilo João Mayer no carro final.
— Não, teremos um carnaval gigante de Jorge Caribé! – João.
— E pelo jeito vai precisar de gente em todos os carros, esta-
va olhando o prospecto de fantasias do abre-alas, aquilo assusta.
— Sim, como falava com Mick, um carro que tem 145 mode-
los de fantasia, e 422 pessoas, realmente assusta, sem contar que
ali está a esposa de Roberto, e a minha Jorge. – João olhando ele.
— Certo, um carro que vai mostrar o tamanho da escola, al-
guns vão falar mal, mas quer dizer a todos, somos grandes.
166
— Como Mick fala, o carro inicial e o final, são do tamanho de
alguns carnavais, se eu separar o primeiro faço um desfile, se fizer o
mesmo com o final, o mesmo, se desfilar apenas os tripés, faço um
desfile, se por 4 carros em um desfile e outros 4 em outro, fazemos
um desfile, então o desafio Jorge, é conseguir por tudo isto, entrar e
sair em 88 minutos, eu projetei para sair em 82 minutos, e sou de
cumprir isto.
— E pelo jeito toca mais do que uma presidência fácil?
— Mick me pegou embaixo de um tripé estes dias.
— Certo, você se distrai, mas como está o prospecto de na-
tal? – Roberto.
— 500 comunidades, agora bem estruturadas com suas arvo-
res, com sua festa de confraternização marcada, estamos aos pou-
cos erguendo as ruas da Maré, então com as inaugurações do Porto,
vamos dar residência a 12 comunidades as reformando, mas pela
primeira vez temos uma comunidade baixa quase reformada, pois
são as mais difíceis, pois temos de erguer tudo, rua, casa, estrutura.
— Alguns estão achando que a área está valorizando, que-
rendo vender e mudar de comunidade.
— Sei que temos problemas ali, mas faz parte do progresso,
tem gente que insiste em viver de falcatruas, e as vezes são os que
mais me atrapalham.
— E vai ao natal lá na quadra este ano? – Roberto.
— Vou, desta vez tenho de aparecer. – João.
— Sim, mas pelo jeito andou prometendo coisas lá, não sei se
é verdade?
— Roberto, para os 9 mil integrantes do desfile, vamos forne-
cer uma cesta básica, e um brinquedo para cada criança da comuni-
dade, então obvio, a distribuição do dia 24 é esperada pela pessoal
em volta.
— Você vai transformar o ser presidente da Beija-Flor impos-
sível a partir do ano que vem.
João fez uma cara de o que falo, sem ofender e Micaela ao
lado fala.
— Estamos apenas dando força a comunidade pai, ele faz isto
a mais de 4 anos, apenas agora ele é presidente e não pode dar
prioridade aos que não fazem parte da escola, sabe disto.
167
— Certo, mas que ele nos complica, isto complica.
João sorriu e Micaela falou.
— Ele já tem as coisas separadas este ano pai, ele comprou
de uma fabrica de carrinhos de compra, destes de feira, um milhão
de carrinhos, então enquanto a cidade se prepara para o natal e ano
novo, a MD se prepara para distribuir em 500 pontos da cidade, um
milhão de cestas reforçadas de natal, e mais um milhão de brinque-
dos, pode parecer muito, mas não dá duas mil cestas por comuni-
dade, e obvio, é muita coisa, quando se espalha parece pouco,
quando se reúne, parece muito.
Roberto olha para João e fala.
— Por isto que os políticos começam a tentar não bater em
você, mas sabe o problema disto?
— Eu tenho nas mesmas comunidades Roberto, perto de 50
mil funcionários, diretos, e sei lá quantos indiretos, eu investi em
transporte, em acesso, agua, luz, sei que alguns querem sempre
mais, mas cadastramos as duas mil famílias mais pobres em cada
comunidade, e quando se fala em um carrinho de feira cheio de
comida, pode parecer pouco, mas soma um milhão de vezes isto,
um milhão de sacos de 5 quilos de arroz, açúcar, 4 quilos de feijão,
fubá, farinha, óleo, 1 frango, uma bandeja de ovos, tudo multiplica-
do por um milhão, é complicado de administrar, mas faz parte de
ter um natal para muitos.
— E alguns ainda falam mal de você! – Jorge.
— Falar mal é fácil Jorge, eu caminho nas comunidades e
poucos me reconhecem, então eu não me preocupo, eu não estou
dando para ficar na foto, os malandros Noéis, estão virando tradi-
ção nas comunidades, isto que importa.
— Vai fazer mesmo 500 comunidades, alguns falam em 100?
– Roberto olhando para João.
— Eu tenho obra em mil comunidades Roberto, tenho 500
quase prontas, e eles só veem as mais visíveis, as 100 mais famosas,
mas isto para mim facilita, há um ano, eu queria abranger 200 até o
fim deste ano, mas as coisas andaram bem, e todo Natal, tento doar
10% do que recebi no ano, às vezes não o faço em cestas, mas em
projetos, como a reformulação de comunidades.

168
Jorge fica pensando no tamanho da influencia do rapaz, e ao
mesmo tempo, gente que falava bem das obras, falava mal dele, e o
rapaz não estava preocupado.
Vitor, o engenheiro da roda gigante, quando estava no Rio,
sempre passava na casa da irmã, Rute, e ela o cumprimente e fala.
— Pelo jeito muitos trabalhos na cidade?
— Mesmo cliente, as vezes não temos muito o que fazer,
apenas olhamos, mas inventaram de pedir para a empresa 3 roda-
gigante desmontáveis.
— Parque itinerante? – Rute.
— Escola de samba!
— Não entendi.
— 3 roda-gigante que se montam na avenida, desfilam e
desmontam.
— E quem encomendou?
— MD produtos Carnavalescos!
— João Mayer novamente. – Fala Rute olhando a companhei-
ra olhar para ela.
— Problemas com ele mana?
— Ele nem sabe quem sou, mas sinal que vão vender algo pa-
ra uma escola, ou é para a escola do sogro?
— Do sogro. – Vitor olha em volta e fala – Como uma menina
linda daquelas escolheu um qualquer como aquele rapaz?
Carla chega perto e pergunta.
— Um qualquer?
— Quem olha aquele rapaz no barracão, parece o empregado
mais dedicado, o que não pode perder o emprego de jeito nenhum.
— Então viu ele trabalhando? – Rute.
— Nem sabia quem era, os rapazes lá não falam muito, mas
aquela moça é um encanto, como resolveu ficar com um rapaz da-
queles, pode ter dinheiro, mas é um qualquer.
— Cuida com este rapaz mano, ele é qualquer coisa menos
inocente, e como falava estes dias para Carla, ele tem a pachorra de
ser natural, e se manter natural.
Vitor olha a irmã e pergunta.
— Mas ele pelo jeito deu o golpe, de casar com alguém que
todos já falavam ser rica.
169
— Não entendo a relação dos dois, estes dias viram ela com
um delegado, que ela namorou antes de se acertar com ele, mas
parece que ele tolera os pulos da moça, pode ser pelo dinheiro. –
Rute olhando Carla.
O olhar para Carla fez Vitor olhar ela.
— Pelo jeito discorda disto. – Vitor.
O apartamento das duas era em Botafogo.
— Eu não o conheço para opinar, mas quem conhecia a Co-
munidade de Santa Marta a uma vida, e o que a pessoa, seja ele ou
quem faz usando ele como vitrine, fez ali, não foi uma obra fácil,
não foi uma reforma normal, ele reformulou toda a comunidade,
hoje tem bondinho que vai daqui da orla até o Cristo Redentor, su-
bindo pela Santa Marta, a comunidade de lá usa para chegar aqui, e
muitos turista para subir, e para quem nasceu ali, foi uma reforma
de bilhões, e todos falam que quem fez foi João Mayer.
— Mas obras para pobre não se mantem. – Vitor.
— Como disse não conheço ele, mas quem se importa, as
obras acontecendo, quem se importa se ele tem ou não, não serão
eles que vão pagar.
Vitor olha para fora, se via o hospital a frente, ele olha para a
companheira de sua imã.
— Apenas alguém bonita, as vezes gente bem tratada e boni-
ta passa a nossa frente, mas este rapaz levou sorte.
— Dizem ser dos pontos mais fortes dele, mas falou que eles
vão levar rodas gigantes a avenida, mas como se coloca isto em um
carro?
— A empresa foi contratada para entregar 3 equipamentos
que se montassem sozinhas, entre 5 metros e a altura total de 18
metros, eles desenvolveram pensando em vender uma e a MD
comprou três delas, o que montei da primeira vez, eles já transfor-
maram em um carro alegórico, pelo que entendi, as religiões exis-
tentes no Brasil.
— E registrou isto? – Rute.
Vitor olha a irmã e fala.
— Sim, mas que eles não saibam, perco o emprego, pois é pa-
ra ser segrego até o carnaval.
Rute chega ao lado, viu as imagens no celular do irmão e fala.
170
— Está dizendo que eles querem que isto chegue ao desfile?
— Sim, nunca vi um desfile destes que não fosse pela TV, mas
o carnavalesco foi lá hoje olhar, e ficou impressionado, sinal que
ficou como ele havia pensado.
Fim de dia, João foi verificar como estavam as obras do cais
do porto, estavam erguendo 6 grandes guindastes na parte ao fun-
do, ele caminha pelo porto verificando os detalhes, pega um barco
da Empresa e atravessa para a Ilha do Fundão e olha o Estaleiro já
com os tanques vazios e começando a ser ajeitados para começar a
produção, passa nas partes verificando o andamento das coisas,
caminha até a universidade, olha terminarem os acabamentos de
mais um bloco, pega o barco novamente e vai a região que antes
era mar, mas mais ao fundo era o Museu Náutico e a central de
barcas, que estava a direita agora, olha para o outro lado e vê as
pessoas pintando uma das pistas novas do aeroporto. Olha a região
de construção, estavam secando um dos tanques, para começar a
fazer um navio a mais ali, caminha até a parte que seria da Marinha,
e dali caminha até a Cidade do Carnaval.
João passando pelo todo da cidade, a cruzando a pé, parecia
algo impensável, mas muitos olhavam para ele, e o olhar de alguns
ao longe estabeleciam que não falaria ali com ninguém.
Os barracões encerrando seus dias, Natal se aproximando e
embora alguns estivessem acelerados, alguns relaxavam, então a
calma era maior, João sabia que a correria começava em Janeiro, e
ele este ano queria algo diferente.
Ele cumprimenta o segurança, olha o carnavalesco que fala.
— Problemas nas janelas do carro 1.
João olha o carro, pega um prumo, chega ao carro, encosta
um carro de elevação ao lado, se ergue aos 2 metros, mede para
baixo a inclinação, desceu encostado o tempo inteiro, ele vai a parte
dos fundos e faz o mesmo, ali estava certo, distanciamento se man-
tendo naquele lugar, ele dá a volta ao carro e fala olhando para
cima.
— Confusão, quem soldou este carro?
— Marquinhos e Ferreirinha.
— Tira todos do carro agora.
Jorge chega ao lado e João faz um calculo alto e fala.
171
— Quase 12 graus de tendência para este lado, por isto as ja-
nelas não param, embora deveriam parar, mas primeiro vamos en-
direitar e depois vou verificar o material que chegou.
João desce a estrutura, olha o colocar das bases, solda duas
mal feitas, troca dois parafusos, parafusados em alturas diferentes,
somando erro a erro gera estas coisas.
João pega uma janela e coloca a parede e olha para ela, força
ela para fora com força e ela vem a sua mão.
Ele olha os encaixes e olha Carlinhos no fundo.
— Carlinhos, traz a furadeira aqui, e vamos reforçar todas as
alturas.
Jorge olhou João tirar todas as janelas e colocar uma a uma,
andar a andar, ele fazia 4 metros, subia este e fazia outros 4, e as-
sim foi fazendo, era perto da meia noite quando Jorge viu o primei-
ro estilizar do prédio subir direito e com as janelas no lugar.
João passou o que deveriam verificar no outro, verificando o
prumo e as inclinações, que ali não poderia ter inclinação, esta fica-
va para a avenida, ele pediu para reforçarem todas as soldas, e su-
biu, Jorge fica a olhar Confusão e fala.
— Ele faz sempre assim?
— Ele sabe fazer, isto que muitos não entendem, ele pede al-
go que sabe possível, quando ele falou em erguer anos atrás carros
com esta altura, um prédio de vidros de 20 metros, muitos o cha-
maram de louco, ele faz como se fosse a coisa mais natural do mun-
do.
— Eu ainda estranho, pois temos no abre alas, dois prédios de
20 metros, e no fecha alas, 4 prédios de 20 metros. E o pior, não são
as coisas que mais vão chamar atenção nos carros.
— Bem vindo a casa de coisas incríveis, da Beija-Flor de Niló-
polis.
— Conhece ele desde quando? – Jorge olhando para Confu-
são, ele estava entrando agora.
— Eu fui dos convidados a ajudar um carnavalesco que vinha
de Curitiba a 6 anos, que iria fazer o carro 3 da escola.
— Então conheceu ele quando nem famoso ele era?
— Acho que ele ainda não é famoso, talvez o nome, João Ma-
yer, faça mais efeito do que ele caminhando na orla.
172
— Mas ele sabe ser firme quando quer?
— Ele sabe o que quer, ele não fica perguntando ou criando
discussão quem fez isto, discutindo que perdemos tempo com tal
coisa, ele vai a frente, ele olha e sabe onde tem de ter o problema, e
uma vez concertado, ele apenas faz o que todos estavam com difi-
culdades de fazer.
João chega a sua sala e confirma as posições das obras com o
presidente da Marítima e da MD Importadora, ele sabia onde esta-
vam os atrasos, mas como os discursos estavam coerentes com o
que viu, sinal que teria de desmarcar tudo para dia 20 de Dezembro,
sabia que teria de fazer sala, e ainda se batia com isto.
Olha os prospectos das cestas básicas, apenas as partes pere-
cíveis ainda estavam no freezer, então estava tudo encaminhado,
ele olha as ultimas compras para a escola de samba, e as compras
para a Universidade.
Ele estava pensando no dia seguinte, fazer vestibular pela
primeira vez, dois dias para a UFRJ e mais dois para a UFF, então
semana cheia por dois vestibulares.
Ele passa em cada bancada e coloca o que precisava, e vai pa-
ra casa, chega e vê Micaela revisando algo, pega a filha no colo e viu
os dois meninos entrar na sala correndo, agarrando em suas pernas,
a moça que cuidava deles entrou correndo após e ficou mais tran-
quila ao ver João ali.
Micaela desvia os olhos do exercício, era tarde e os dois fo-
ram dormir, já tarde.

173
Amanhecer cedo, João e Micaela
saem de casa no sentido cada um de seu
colégio de prova, eles se despedem, era
algo demorado e que requeria calma,
João pela primeira vez fez uma prova
realmente difícil, demorada, então
quando ele entregou a prova, faltando
dois minutos para encerrar o tempo,
toda a sala estava vazia, ele entendeu o
que era cansar fazendo uma prova de-
morada.
Sai dali e foi comer alguma coisa,
marcou com Micaela que o encontra no
restaurante na Ilha dos Caiçaras, ela o
abraça e fala.
— Terminou quando?
— Uma meia hora atrás.
— Foi até os últimos minutos?
— Se esta parte é demorada, co-
mo vai ser a discursiva na área pretendi-
da? – João.
— Pode ser mais fácil, mas pelo jeito acha que foi bem?
— Foi bem difícil, ao contrario da prova do ENEM que parecia
coisas que se usa diariamente, ali é coisa mais seria, mais exata.
— Eu acho que dá para defender uma boa nota, estava mais
tensa antes de fazer a prova.
— Come algo, tem de fazer uma boa digestão para a prova de
amanhã.
Ela come e fala.
— E como estão as coisas referente ao Natal?
— A minha parte se monta quase no automático, o prefeito
fica com frescura, não será ele o reeleito, então ele não se importou
muito este ano, já que quem vai desmontar o Natal é o prefeito
futuro.
— E com certeza ele vai estar na inauguração do dia 20.
174
— Sim, governador, presidente, prefeito, deputados, verea-
dores, tudo que acha importante.
— E parece não estar preocupado.
— Existem presidentes da Marítima e da MD para estarem lá,
eu estou preocupado com a obra, não sei se o presidente da MD
hotéis vai estar lá, mas tudo indica que sim.
— E tudo depende do que ficar pronto?
— MD Residencial também deve estar lá, já que devemos
terminar as 2 mil residências da Ilha do Governador, então é um
conjunto de gente, e obvio que nesta hora todos aparecem.
— Os mesmos querem aparecer nas comunidades e não tem
dado espeço.
— Eles vendo menos, temos menos resistência Mick, eles
querem saber onde estamos, mas se fossem bons políticos saberi-
am.
João termina de comer, estava com o celular a mesa e ele to-
ca, ele olha, pensa e atende.
— Fala Jorge?
— Tem um pessoal do ministério publico, aqui, referente a
uso de imagens, que tem uma determinação para que não colo-
quemos na avenida.
João olha o relógio e fala.
— Estamos indo para ai, manda aguardar.
João pede a conta e liga para o helicóptero e sobem, sobem
no helicóptero e vão para a região da Cidade do Carnaval, João des-
ce e Micaela olha o pai e pergunta.
— O que aconteceu pai?
— Não sei ainda.
João desce e pergunta.
— No que posso ajudar?
— Precisamos falar com o responsável.
— Então falem. – João olhando para os senhores, eles pareci-
am procurar outra pessoa e o senhor fala.
— Mas quem é você?
— O presidente desta escola de samba, qual o problema se-
nhor, já que proibir algo que em teoria, ninguém nunca viu, eu es-

175
tranho, mas se quiser, tiramos a Nossa senhora da frente do carro
ali, se quiser tiramos a capela do fim do carro, mas o que precisam.
O rapaz estava enrolando e João pega o telefone e disca para
Paulo Oliveira.
— Onde está Paulo?
— Tem uma barreira de pessoas a entrada, policia proibindo a
entrada.
João estranha e olha para a segurança.
— Põem para fora, se eles não estão aqui e não sabem o que
vão falar, põem para fora.
O senhor foi falar alto e João ignora pegando o celular.
— Paulinho, manda reforço para a Cidade do Carnaval, de he-
licóptero que tem uns pseudo Ministério Publico aqui, mas que pa-
recem cordeiros, procurando o que barrar.
O rapaz olha querendo se impor.
— Mas quem é você que acha que pode nos desautorizar.
— Já falei, o presidente desta escola, perguntei o que você
queria que não desfilasse, temos pouca coisa religiosa este ano, a
Nossa Senhora, estamos pensando se fazemos um Cristo no topo do
morro do carro três, mas nem pensamos ainda se vamos fazer, mas
você parece estar procurando algo, e se vai entregar uma intimação,
é para mim, e o barrar dos demais a entrada, mostra que não queria
que nós chegássemos.
O rapaz olha os seguranças descendo, não via o heliporto
acima, com 3 helicópteros.
João olha Jorge e fala.
— Sobe, e verifica as coisas.
Jorge olha para os seguranças chegarem de todos os lados e
um olhar para João.
— Problemas?
— Não sei, dizem ser ministério publico, mas a entrada é poli-
cia civil, os senhores são investigadores, mas não entregaram ne-
nhuma intimação, e como não sabemos a pretensão, reforça a segu-
rança e põem todos não identificados para fora.
Os dois rapazes se olharem e o que não se posicionara fala.
— Temos uma intimação para João Mayer.
— Entreguem na casa dele. – João.
176
— Ele não se encontra?
— Ele se encontra, mas não é a casa dele, então se não for
indicado a Escola de Samba, não é o lugar para se entregar uma
intimação, de qual delegacia que é a intimação?
— Quarta! – O rapaz.
João pega o celular e disca para Paulo e fala.
— Verifica se tem algo na quarta DP da Civil.
O rapaz não entendeu, ou fez que não entendeu, e Paulo fala.
— Intimação?
— Não vi ainda, mas se for para João Mayer, aqui não é a casa
dele, e o reter do advogado na entrada, não parece algo oficial.
O rapaz olhava João, mas ele de roupa mais simples do que o
normal, de quem havia feito uma prova e colocara algo bem confor-
tável, deixava ele mais fora da posição de presidente.
— Se ele não se apresentar daremos ele como fugitivo.
— Quem disse que ele não vai se apresentar? – João.
— Está o escondendo aqui, vamos pedir reforço.
— Pede, pois esqueceu só uma coisa.
— Esqueci?
— Perguntar meu nome, investigador Caio, da quarta DP da
Civil da cidade, pois não sabe nem onde está, inventou uma coisa
para o carnavalesco, agora está falando outra.
— Acha que vamos entregar uma intimação para qualquer
um? – O rapaz olhando para João.
João se vira para a câmera e fala.
— Fica registrado, eles não querem me entregar a intimação
porque eles querem outro João Mayer.
O rapaz olha para onde João olhou e Paulinho no fundo sor-
riu.
— Você não pode ser João Mayer.
João olha os seguranças e fala.
— Põem para fora, eles não querem nada.
O telefone de João toca.
— Fala Paulo.
— Uma intimação sobre algo que aconteceu hoje, as duas da
tarde, problemas João.
— Fala.
177
— Alguém deu um tiro em Douglas Camargo.
— Ele está como?
— Estou verificando.
João olha para Paulinho e fala.
— O que aconteceu com teu afilhado?
Paulinho não entendeu e perguntou.
— Não entendi.
— Parece que alguém deu um tiro em Douglas, hoje perto das
2 da tarde, e a intimação é referente a isto, mas não sei como ele
está, deixa eu ir para a Delegacia, pois é serio.
João olha para Paulinho e fala.
— Descobre o que aconteceu, vou falar com Mick, e vou para
a delegacia.
O rapaz não entendeu, pois pareciam perdidos, e Paulinho li-
ga para Serginho, era da Delegacia da Federal e pergunta.
— O que aconteceu Serginho, soube agora.
Serginho na frente da Delegacia fala.
— Alguém usou uma lancha para atirar nele, não sei, alguns
dizem que foi João Mayer.
— Quem o está acusando Serginho, pois eu estava na segu-
rança dele a tarde inteira, e todos os candidatos que estavam na
sala dele viram ele lá as duas da tarde, e desculpa, João Mayer não
precisaria dar um tiro em Douglas para o matar.
— É serio Paulinho.
— Quem Serginho, ultima vez que pergunto.
— A acusação vem de Pereirinha.
João sobe e olha para Micaela e fala.
— Alguém deu um tiro em Douglas hoje as duas da tarde, e
obvio, quem é o culpado mais fácil?
— Ele está bem?
— Não sei, Paulinho tá levantando isto, vou a quarta DP e dá
um jeito de o ajudar. – João olhando Micaela.
Ela olha serio João, ele não temia Douglas, ela olha serio e fa-
la, parecia meio perdida.
— Vou verificar, vai onde?
— Por uma calça, uma camisa e ir a Delegacia.

178
Roberto olha João, sim, eles achariam que era pouco caso,
mas talvez João não fosse ao segundo dia da prova.
João sobe para a cobertura, o helicóptero desce na entrada,
Paulo sobe, eles vão a cobertura, João se troca e vão no sentido da
delegacia, João entra na delegacia, a atendente olha João e pergun-
ta.
— Urgência?
— Me apresentando, tem uma intimação para comparecer
nesta delegacia no sistema da Policia Estadual. – João.
— Nome?
— João Mayer.
A moça olha seria e olha para dentro, o delegado recebe na
sala que João Mayer estava ali, e sai a entrada, a secretaria olho
para Paulo lhe apresentar a identificação da OAB, ela anota e agora
sabia que o rapaz se apresentara antes de qualquer coisa, João olha
para a mensagem e sabia que Micaela acabara de chegar a Santa
Casa, ela chega ao local, João sente uma alma e ela vai a região, ele
teria de descobrir o que aconteceu.
Micaela olha Douglas na UTI, ela subornou para estar ali, ela
toca na mão dele, ele sente a bala sair, a dor sumir, ele abre os
olhos e olha Micaela ali, não sabia onde estava e fala.
— Onde estou?
— Descansa, precisava de ajuda, mas se cuida.
— Obrigado.
— Teimoso.
Ela sai e o medico chega ao lado, o rapaz acordado já era um
bom sinal, olha o local da operação, vê que tinha outra bala sobre o
peito, viu o rapaz olhar e perguntar como ele chegou ali.
Micaela passa a mensagem que Douglas estava bem, e que
era uma bala de 38, não teria como alguém atirar de longe e atingir
ele.
João mostra a mensagem para Paulo que sorri.
O delegado olha para João ali e fala.
— Senhor João Mayer?
— Sim.
— Onde estava hoje as 14 horas.

179
— Numa sala da UFRJ, ali na Barra, fazendo vestibular, com
outras 40 pessoas a sala.
— Vai fazer faculdade?
— Sim, se passar vou, mas porque senhor?
— Tem gente lhe acusando de ter acertado Douglas Camargo.
— Sou o cara odiado por ele, não o odeio, porque faria isto?
— Ele ter tentado cantar e tirar sua esposa?
— Eu vim para cá quando soube que ele levou um tiro, e ela
foi a Santa Casa para ver se ele estava bem, mas isto não me torna
quem atirou, quem me acusa.
— Estamos investigando, mas se tinha álibi desta vez, mas
vamos verificar se não mandou alguém fazer.
— Acho que é uma tentativa de deixar o criminoso fugir se-
nhor, pois quem me dá segurança, é o padrinho de batismo de Dou-
glas, eu não o quero mal, e meu segurança não atiraria no próprio
afilhado, mas me apresentei pois mandou gente a Cidade do Carna-
val que pareciam não acreditar que eu era João Mayer, e se recusa-
ram a me entregar a intimação, então apenas vim.
— E não tem motivos para matar o senhor Douglas Camargo?
— Nenhum, sempre digo que não sou possessivo, e se fosse
para a felicidade de quem amo, aceitaria a ver sair pela porta.
— Saberia de alguém que tivesse motivo no porto de o atingir
pelas costas?
— Não senhor, e não é região que tenha balas perdidas, pelo
menos não na parte que tenho meus barracões, não sei qual a de-
nuncia que ele foi verificar no porto.
O senhor olha os dados e depois de poucas perguntas libera
os dois, e pede para não saírem da cidade sem avisar.
João voa para o barracão de novo e Paulo desce enquanto o
helicóptero voltava e João senta-se ao telhado, sente as almas a
volta as energias, e sente Micaela chegar as suas costas.
— Descobriu quem?
— Não, mas como ele está?
— Frágil, as vezes não lhe entendo.
— Eu eles não deixariam chegar até ele.
— Certo, não o quer mal, ele lhe odeia e não o quer mal.

180
— Sim, e aquela bala era 38, não se atira de longe com uma
38, alguém do grupo dele tem de ter visto ele ser atingido.
— E todos apontam para você, isto que não entendi.
— Eles vão ser colocados a depor, e mentir em depoimento é
crime, mas não sei ainda quem o fez.
Micaela o abraça e fala.
— Vamos estar acabados amanha.
— Já vamos para casa. O dia acabou, em plena tarde.
Os dois passam as dicas e retornam para casa.
Na delegacia os investigadores chegam sem a intimação en-
tregada e o Delegado olha os dois e pergunta.
— Qual o problema pessoal.
— Tinha um rapaz lá se passando por João Mayer, e não iria
entregar a intimação para qualquer um.
— Então da próxima vez, me avisa que não vai entregar o que
pedi para fazer, mas agora vai ao pessoal da federal que depôs que
foi ele e intima a vir aqui.
— Problemas?
— Sim, e vê se não da uma de autoritário, pois agora é policia
do outro lado, e alguém está mentindo.
O delegado recebe os dados e fala.
— Tiro pelas costas, calibre 38, a própria balística mostra que
a historia está errada, e alguém está mentindo, a pergunta, quem?
O investigador olha para o delegado, e fala.
— Acha que alguém dos dele deu o tiro?
— Pensa, versão dos rapazes, alguém passou de lancha, ati-
rou três vezes, dois tiros atingiram e nenhum de raspão, dois certei-
ros, a lancha sai e eles dizem que reconhecem alguém que estava
em outro local com outras 40 pessoas, sinal que não foi assim, e o
tipo da bala mostra que não foi, pois não teria penetrado profundo
se fosse um 38 em uma lancha distante.
— Certo, alguém mentiu, se mentiu, está encobrindo algo.
— Sim, pelas costas Douglas nem deve ter visto o que o atin-
giu, mas sei quem pode me dar a posição.
— Sabe? – O investigador.
— Me traz os 3 investigadores da federal.
O investigador saiu e o delegado ligou para Pedro Tabajara.
181
— Podemos falar amigo?
Tabajara olha o telefone e fala.
— Fala Zé, problema.
— Quero saber se tem como me ajudar sobre o evento com o
delegado Douglas hoje no cais?
— Depende, quer a verdade ou vai ser corporativo Delegado.
— As vezes a briga é grande?
— Ainda tem o mesmo e-mail Delegado?
— Sim.
— Abre ele e olhe, sabe que não pode ser usado como prova.
O delegado olha para o e-mail e abre, olha os 3 rapazes as
costas do delegado, viu aquela moça chegar, o delegado olha para
ela e fala alguma coisa, se vê a dor nos olhos dos tiros, e a moça
olha os três e não fala nada, apenas sai dali.
Uma vivencia de João ao fundo do delegado viu a imagem,
eles não deixariam Douglas falar.
João pega o telefone e disca para Paulinho.
— Fala Mayer.
— Reforça a segurança do hospital que está Douglas, pois foi
um dos investigadores de Douglas, mas o problema, é que ele esta-
va diante de Priscila de Sena, e um dos rapazes atirou pelas costas.
— Certo, gente que não vai querer ele falando, sabe que es-
tes são mortais.
— Tenta o proteger, mas se cuida também.
Micaela olha para João e pergunta.
— Quem foi?
— Não sei o nome completo, Serginho é o nome que todos o
chamam.
— Paulinho confia em Serginho.
— Vou deixar uma alma a entrada com autonomia.
João passa uma mensagem para Paulinho, se ele acreditaria
não saberia, mas avisar era sua função.
Os policiais estranham a diligencia para os acompanhar ao
quarto DP, eles olham em volta quando entram na Delegacia.
Delegado José Gomes olha os três e pergunta.
— Boa tarde, cada um vai depor separado, para não deixar-
mos um bandido fugir por não seguirmos a norma.
182
Os três concordaram, e a versão deles era redonda demais, o
delegado pergunta se tinha mais alguém no cais para testemunhar,
eles dizem não lembrar de ninguém, modelo da lancha, eles dão até
o prefixo, então eles sabiam que João ou a Marítima tinha uma lan-
cha com aquele prefixo.
O delegado faz as advertências padrão, já que sabiam que es-
tavam acusando um grande empresário local, para tomarem cuida-
do e qualquer problema relatarem.
O Investigador olha para o delegado e pergunta.
— Vai mandar deter o suspeito?
— Não, vamos deixar eles se mexerem um pouco, não temos
provas para o incriminar, e o Delegado ainda está internado, se
sobreviver é um inquérito, se morrer um mais serio.
— O senhor pode fugir se não o prender.
— Tenta não se envolver nisto, que vai feder para todos os
lados, acho que algumas coisas depõem contra a historia dos polici-
ais, mas eles podem apenas estar com medo de algo.
— Certo, acha que tem mais alguém ai.
— Não sei de nada, mas vamos descobrir. – O delegado ven-
do que o investigador queria uma posição de para onde iria a histo-
ria.
O rapaz sai e o delegado liga para o investigador que mandou
ao Hospital.
— Jaime, me confirma a situação?
— Começa a ficar estranho senhor.
— Estranho?
— O enfermeiro de plantão falou que Douglas estava muito
mal, dai a menina dos David, deu um jeito de chegar ao delegado,
ele relatou que ela tocou na mão dele, um brilho tomou o corpo, e
uma bala, a terceira, saiu do corpo, o rapaz pareceu estabilizar e
acordar após isto.
— Colocaram a menina nisto, e o que mais?
— Paulinho da Rocinha está dando segurança ao local, não
entendi, eles não foram acusados?
— O que passa desapercebido da maioria, quem é o padrinho
de batismo do Delegado, mas relata, só tira que o rapaz brilhou do
relatório.
183
— Certo, não vamos por coisas que não se prova, mas eu es-
tranho, como deixar a segurança na mão de um dos acusados Dele-
gado.
— Se tirar Paulinho dai e algo acontecer ao afilhado dele, não
quero estar no caminho. – O delegado vendo alguém entrar na por-
ta e desliga o telefone.
O delegado olha a secretaria que entra após e fala.
— Tudo bem.
Ele olha para Priscila de Sena e fala.
— O que alguém conhecida por não aparecer faz a minha
frente, ainda mais após um atentado na cidade?
— Não ouvi que teve um atentado, mas gostaria de falar com
o senhor, Delegado.
— Fale, pelo jeito estou em um caso maior, e parecia apenas
uma tentativa de apagar um Delegado da Federal.
— Chama isto de apenas?
— Três tiros pelas costas, para não atingirem o coração, tem
de ter sido dados de baixo para cima sem puxar a arma na altura da
cintura, se considerar que a versão dos policiais é que estavam as
costas do delegado, um deles atirou.
— A balística deu isto, e como vai ser este inquérito, pois
pensei que apontaria para outro lado, e queria esclarecer aquilo.
— Veio depor?
— Sim, o delegado havia me chamado lá para conversar, ele
queria saber algo sobre como João Mayer tinha crescido tanto sobre
coisas que em teoria, eram de outras pessoas no cais do porto, co-
mo Moreira, estávamos conversando quando ouvi os três tiros, e o
policial federal mandou eu sumir e esquecer tudo que tinha aconte-
cido ali.
— Sabe quem atirou?
— Sergio Ramalho Filho.
— Serginho do Vidigal?
— Sim, muitos o conhecem assim.
— Faria um depoimento oficial?
— Vim aqui para isto.
O delegado não entendeu, muito menos João sentado ao
apartamento observando através de uma das almas.
184
Micaela olha para ele e pergunta.
— O que descobriu?
— Priscila de Sena está na Delegacia falando que estava no
local, e que conversava com o Delegado quando Serginho do Vidigal
deu 3 tiros no delegado pelas costas e mandou ela sumir dali esque-
cendo o que viu.
— O que acha que é o problema?
— O trafico no Vidigal é dos que mais está reclamando das re-
formas na comunidade, é uma das possibilidades.
— E o que Douglas teria haver com isto?
— Verdade, pode ser outra coisa.
O delegado no fim do dia, com base nos depoimentos, manda
ordem de prisão aos três policiais federais, um problema se faz na
execução da ordem e o corregedor da policia federal vai a delegacia
para falar com o Delegado, ele coloca os depoimentos, e as contra
provas, e o corregedor fala que eram circunstanciais as provas.
O delegado coloca o depoimento de Priscila Sena a mesa e o
delegado entendeu que tinham uma testemunha.
— Mas um depoimento contra três policiais. – O corregedor.
— Quer ser detido corregedor, por tentar interferir em uma
tentativa de assassinato de um Delegado da Federal?
— Não estou interferindo.
— Certo, amanha vou pedir para um amigo, as câmeras da
região, e vou saber qual das versões são reais, e mesmo não poden-
do ser tidas como provas, elas podem auxiliar nas investigações, e
se aparecer alguém as costas do delegado, este atirou, e os dois
outros serão os cumplices.
— Acredita que existe câmera no local.
— Existe, são câmeras sem áudio, mas vai dar bem para ver
se teve lancha, que lancha foi, como foi, se a senhora estava lá, e
pode ter certeza senhor, nem sempre é tão fácil desvendar tentati-
vas de assassinato, mas as no porto, estão sendo facilitadas pelas
câmeras, elas não são usadas como prova, mas facilitam saber como
aconteceu e quem prender.
O senhor sai pela porta e disca para um rapaz.
— Priscila detonou o Serginho.
O rapaz do outro lado olha para os rapazes e fala.
185
— Hoje morre uma lenda.
— Quem é o alvo?
— Priscila de Sena.
Os rapazes se olham e um fala.
— Porque Robyn, pois vai dar merda?
— Está amarelando?
— Não, apenas alertando, a cidade vai virar praça de guerra
se Priscila morrer, tem certeza?
— Não vamos deixar um dos nossos facilitadores cair porque
ela resolveu falar o que aconteceu lá.
Os rapazes saíram, em um prédio beira mar na orla da Barra
da Tijucas, Priscila olha para a entrada e viu Carlos.
— Problemas? – Sena.
Ele sacode afirmativamente a cabeça e faz sinal para os rapa-
zes se ocultarem, Priscila olha a policia parar discreta do outro lado
da rua, e faz que vai ao elevador.
Priscila faz sinal para o atendente se esconder, o mesmo não
entende, até olhar outros 4 carros pararem a rua.
Ela estava a porta do elevador, quando 6 rapazes entram na
peça e começam a atirar, Priscila deixa o corpo cair e os rapazes
saem rápido do lugar.
O atendente assustado ia pegar o telefone e ouve com al-
guém segurando sua mão.
— Calma, nada aconteceu. – Carlos.
Priscila se vira, as balas saindo e fala.
— Isto dói.
O atendente olha assustado e pergunta.
— Está bem senhora Sena.
— Este colete é dos bons, mas doí.
— Quer que chame a policia?
— Não, esses eram os aliados de Moreira, entendo o como
eles eram de confiança, e se não me respeitam mais, hora de deixa-
rem os novos tomarem o poder, pois eu não vou mais defender este
grupo. – Fala Priscila olhando Carlos – Tira a segurança e verifica
quem deu a ordem.
Carlos liga para Renata que fala que uma ligação do Correge-
dor para alguém de nome Robson Ferreira Lima no Cantagalo.
186
— Sabe quem é Robson Ferreira Lima? – Carlos olhando Pris-
cila, a esticando a mão, para ela levantar.
— Robyn do Cantagalo.
— Ele recebeu a ordem do Corregedor Mota, de sua morte e
deu encaminhamento. Não sei o que quer fazer.
— Observar, tira a segurança daquele Corregedor, e me põem
ele a disposição Carlos.
Carlos olha os rapazes e parte deles sai, Priscila pega o telefo-
ne e liga para Paulinho, sabia que as vezes tinha de acabar com par-
te do problema.
— Senhor Paulo?
— Sim, quem?
— Priscila de Sena, apenas ouve.
— Fala.
— Corregedor Mota pediu minha morte pois depus, então
eles querem mesmo a morte do rapaz que está dando segurança,
apenas avisando, ele, Robyn e aquele Sergio Filho, são os que sei
estarem envolvidos, mas estamos mandando reforço de segurança
ao Hospital, apenas não se matem.
— E quer proteção?
— Não, apenas se mantem ai, que não se complica.
Paulinho olha em volta, sabia que tinha gente tentando che-
gar perto, sabia que Mayer já tinha apontado para Serginho, ele só
não conseguia ver onde estava o problema.
Priscila sobe, pega duas pistolas, coloca as costas, já não era
mais uma criança, mas ainda tinha seu charme, joga um vestido
solto sobre o corpo, uma peruca loira, uma bolça simples com al-
gumas coisas, entre ales óculos de visão noturna e muita munição,
Carlos a deixa a entrada do Cantagalo, ela olha o novo teleférico,
pega um e sobe, ela não conhecia as novas obras, mas viu que esta-
va tudo muito quieto, e talvez ali estivesse parte do problema.
Gente sendo colocada para fora, eles tomando o local que
deveria ser para o convívio para fazer um comercio próprio, ela
passa por eles como se fosse para a comunidade, talvez a cor deves-
se ter chamado a atenção, mas estavam maltratando um senhor e
não prestaram atenção.

187
Priscila desce e olha a laje do Robyn, já tomara uma cerveja
com aquele rapaz, negro, forte, bom de tiro, usava uma capa as
costas, ele criara o próprio apelido, então não estava preocupado
com o que os demais falavam dele.
Noite, deveria ser próximo da meia noite, quando ela entra
atirando na casa, crianças chorando, em meio a corpos e ela engati-
lha a arma a cabeça de Robyn e pergunta.
— Porque Robyn, esperava no mínimo respeito.
— Você é passado, novos tomam o lugar.
— Verdade.
Dois tiros, um de cada pistola atravessam a cabeça do rapaz.
A correria para parte baixa vindo do Teleférico fez alguns ou-
virem tiros para cima e se protegerem, ela se posiciona na laje da
casa de Robyn, puxa de uma bolsa simples, o óculos de visão notur-
na e começa a atirar.
Quando parou de vir gente, ela desceu a viela, Carlos a espe-
rava angustiado, ela entra no carro, tira a peruca, põem as armas
em uma bolsa e saem dali, calmamente.
Num terreno em Guaratiba ela e Carlos chegam ao local, ela
olha aquele senhor enterrado e senta-se a frente da cabeça do se-
nhor enterrado apenas com a cabeça de fora.
— Porque pediu minha morte?
— Não sei o que está falando senhora?
— Priscila de Sena para o senhor, mas escolhe como vai ser,
falar ou morre sem falar.
— Não pode fazer isto, sou um agente publico.
— Agentes públicos não pedem para traficantes matar al-
guém, eu quero saber por que?
— Acha que vou falar, se falar estou morto.
— Então está morto, podem cobrir a cabeça dele.
Um rapaz joga uma pá de terra e o senhor olha assustado e
fala rápido.
— Eu falo, eu falo.
— Estou esperando.
— Um grupo de traficantes se uniu a parte restante dos Mili-
cianos e querem tomar uma a uma as favelas que estão reformadas,
e não vai ser uma senhora que vai conseguir os deter.
188
— Por acaso é aquele Carlos Naro?
— Sim.
Ela apenas olha para o rapaz as costas que saca uma arma e
dá um tiro na cabeça do senhor, a cabeça cai para o lado e o rapaz
ao lado termina de cobrir o buraco.
Priscila olha em volta e disca para Paulinho.
— Me ligando muito senhora?
— Mandante Carlos Naro.
Priscila desliga e sai dali, ela agora iria descansar um pouco.

189
Quando o delegado da quarta
chegou ao trabalho, João e Micaela já
estavam na segunda hora da prova, co-
mo o Cantagalo estava um agito, ele mal
chegou e se depara com as fotos dos 32
mortos numa ação que ninguém viu, no
morro, se as coisas estavam ruins iriam
piorar.
Os policiais presos juram inocên-
cia, e o delegado apenas determina pri-
são temporária, para não atrapalharem
nas investigações.
Ele foi ao caso do Cantagalo como
se fosse um outro caso, já que nada
ligava os dois casos, ele estava entrando
na peça que Robyn foi encontrado mor-
to, ele olha a cena, alguém entrou ati-
rando, não ficou testemunha, mas sem-
pre alguém viu algo, e a descrição, uma
moça loira, com um vestido solto, es-
tampado, munida de duas armas, foi o que se conseguiu.
Ele olha a parede e olha a descrição do cais, tinha pontos de-
marcados, e isto estava na área do outro crime.
Ele fotografa e não sabia em quem confiar na Federal, então
registra tudo, isola tudo, fica sabendo que os traficantes tinham
colocado o pessoal da UPP e do controle para fora, com a morte dos
traficantes estes estavam retomando seus postos.
Muito pé de chinelo olhando de longe, mas ninguém sabia o
que estava acontecendo. Registra tudo e volta a delegacia.
O delegado viu que uma comissão da corregedoria federal es-
tava o esperando, ele estranha, mas olha os senhores e passa os
dados para os rapazes e espera o pessoal falar.
— Bom dia delegado, viemos pois desde ontem, o Corregedor
Mota, esta sumido, dizem que você foi dos últimos a falar com ele.

190
— Ele veio aqui referente ao deter de 3 suspeitos, que são
policiais federais que tive de mandar prender ontem.
— Teve?
— Quando você diz que alguém vem de lancha ao longe e ati-
ra em um Delegado, e os tiros foram de arma de pouco alcance e os
3 tiros acertaram as costas, todos abaixo das costelas, estabelece
tiro pelas costas senhor.
— E resolveu os deter para levantar os fatos.
— Sim, mas estava esperando ele voltar hoje, mas pelo jeito
algo aconteceu, alguém tem como rastrear ele?
— Celular e roupas, surgiram boiando na Barra da Tijucas.
— Celular boiando?
— Sim, como se fosse uma dica, mas não achamos o corpo, e
não sabemos qual o motivo dele vir aqui?
— Como toda vez que prendemos um policial corrupto ou
mal intencionado, vocês vem como se fossemos nós os errados.
— E porque acha que eles mentem?
— Tenho já uma segunda testemunha, afirmando o que acon-
teceu, quem eles acusam estava do outro lado da cidade em uma
prova de vestibular, com outros 40 na sala, então a versão não ba-
tia.
— Mas o senhor pode ter mandado.
— Afirmaram que o viram na lancha que atirou, isto não é di-
zer, ele poderia ter mandado atirar, eles colocaram o senhor no
local que não estava. – O delegado olhando os 4 integrantes.
— Mas quem são as testemunhas?
— Acho que estou abrindo demais esta investigação senho-
res, referente ao senhor Mota, não sei o que aconteceu, tive uma
nova chacina no Cantagalo e tenho o que fazer senhores.
— Chacina?
— 32 mortos.
— E pelo jeito pegamos o senhor em um dia corrido.
— O delegado saiu da UTI, então não é mais assassinato, mas
tentativa, tenho alguém que cometeu, 32 assassinatos.
— Vamos nos informar sobre o caso, mas os policiais preci-
sam de seus direitos mantidos Delegado.

191
— Sim, tem o direito de todos senhor, não descumprimos leis
aqui, e não sei onde esta o senhor Mota, espero que ele não tenha
se metido em encrenca.
A manhã avança, o Delegado viu que as versões se mantive-
ram, ele pensa em uma operação, talvez tivesse de esperar um pou-
co, as coisas não mudam por motivos bobos como morte de um
traficante, mas por algum motivo estava parado ali, o Delegado não
entendia o funcionamento do porto, e via que neste momento não
teria como mexer nisto.
Segundo dia de provas, novamente João entregou por ultimo
a prova, ele estava saindo, cansado e com fome e olha aquela se-
nhora a sua frente, não tinha boas recordações de uma das conver-
sas que teve com ela.
— Podemos falar senhor Mayer.
— Se não for levar um tiro por isto?
— Queria saber como me livro de algo que me colocaram, e
parece que você sabe o que esta acontecendo mesmo parado em
uma sala de aula, ou pelo menos todos me passaram que você sa-
beria.
— Quer paz?
— Sim.
— Põem a policia do exercito nisto, você conhece gente, e
apoia o Delegado da Civil, pois ele não pode fazer uma operação
onde quem manda é a Policia Federal, eles ainda lembram de você,
eu a maioria odeia mesmo.
— E saberia o que aconteceu?
— Tabajara já tinha passado o vídeo do porto, o Delegado
pensava que você fazia parte até você aparecer lá, mas não entendi,
algo referente ao trafico da cidade, um carregamento em meio a
um porto de espera, com 22 contêineres, que para sair tem de pas-
sar pelo raio X.
— E não está em seu barracão?
— Ainda não tenho tanto assim.
— Certo, mas não sabe o que tem lá?
— Deve ser drogas, ou algo de valor, pois parece que tem
uma chacina no Cantagalo de pessoas envolvidas.
— E o que eles saberiam no Cantagalo.
192
— Quer mesmo me testar?
— Sim.
— Os mandantes do atentado que em teoria você sofreu on-
tem, e que nem foi relatado o cumprimento e já estavam todos
mortos.
— E pelo jeito este seu jeito de parado, é apenas aparência.
— Mais alguma coisa que possa ajudar?
— Me diria onde Joaquim está?
— Não, esta informação vale a minha vida, e não a quero
perder.
— E pelo jeito quer passar, pois os demais saíram rápido?
— Sou muito burro, tenho de pensar em cada pergunta.
— Vou falar com o Delegado, mas se cuida, estamos apenas
em uma trégua.
— Se alguém segurasse o seu Amado, eu até falava onde ele
está, mas ele viria sobre mim com força.
Sena sai dali, e os seguranças chegam ao fundo, João olha o
helicóptero e vai ao Caiçara novamente.
O delegado Jose Gomes, olha para Priscila se anunciar e en-
trar, ele não esperava ela ali.
— Vai mudar de versão?
— Não, mas me falaram que o motivo da operação no Porto é
uma carga que não sei o que tem dentro, e sei que você não tem
como mexer lá Delegado e resolvi oferecer ajuda.
— E como ajudaria?
— Marinha pode fazer a operação, além da Federal, e não
precisa nem fazer uma operação, é apenas por os contêiner para
caminhar, eles passando pelo Raio X saberemos o que escondem.
— Porque acha que este é o motivo?
— Apenas uma dica, se quiser ajudo.
O delegado olha ela serio.
— Se não quer se cuida, é gente do Carlos Naro que está por
trás de tudo isto Delegado.
O delegado olha para ela e pergunta.
— E se não tiver nada lá.

193
— Senhor, por algum motivo eles queriam trocar o Delegado
da Federal que cuida daquilo, estas coisas não acontecem por que
alguém teve vontade e puxou o gatilho.
— Certo, mas quem poria nisto?
— Almirante Rosa.
— E teríamos como verificar isto quando?
— Antes de que suma aquilo, pois eles vão tentar de novo
contra aquele delegado, mas dizem que ele mexe com coisas violen-
tas, pior que acho que armaram para parecer que eu tinha envolvi-
mento, para pesar contra a investigação.
O delegado viu que ela ligou para o Almirante, depois para al-
gumas pessoas, e por fim o Delegado afirma que iriam a uma opera-
ção, ele se tocou que eles queriam algo a mais, pois eles não fica-
ram com o crime, mas uma grande operação se fez no cais do porto,
e o passar das cargas no raio X, eram caixas, estava tudo embalado,
tiveram de abrir a primeira, armamento pesado, o segundo, drogas,
o terceiro, drones de precisão, com armas embutidas, mais droga, a
apreensão começa a ficar imensa, o Almirante viu que tinham mui-
tos equipamentos de primeira ali.
A policia federal mesmo não querendo, teve de documentar e
registrar ao longe.
Se alguns queriam que desse certo, estava ficando evidente o
motivo da operação, e tirar aquelas armas de milícias deixava o
delegado mais tranquilo.
A apreensão estava sendo feita quando o pessoal da Policia
Federal parou a operação na entrada do porto, para não sair as
mercadorias.
O Corregedor Geral da Policia Federal a frente dizia que não
era área para o pessoal da Civil e que a Marinha estava saindo de
sua função.
O delegado da Civil pensou que iriam conseguir o intuito de
desviar a carga, já que eles tiraram do ponto que estava e separa-
ram para as pessoas.
O Delegado da Civil estava pensando em o que fazer quando
o repórter da Globo surge em meio ao pessoal e pergunta para o
Almirante Rosa.

194
— Nos consegue confirmar a apreensão das drogas Almiran-
te? – O almirante olha o repórter, normalmente não falaria, mas era
a forma de terminar a operação e fala.
— Sim, estamos apreendendo drogas e armas, estávamos es-
perando para ver quem reclamaria da apreensão, temos um depu-
tado ao fundo, pressionando a Policia Federal, o deputado eu não
posso prender, mas o Delegado da Civil vai encaminhar o
Corregedor para depor, pois esta carga é o motivo de uma tentativa
de assassinato de um delegado Federal, e se o Corregedor e o Depu-
tado estão envolvidos, vamos verificar, mas sabíamos que a carga
estava ali a 8 dias, quando o Delegado anterior estava prestes a
verificar o motivo daquela carga isolada, foi atingido pelas costas,
por um dos seus rapazes, e o tal Corregedor, não consegue me ex-
plicar porque a carga foi desviada para o pátio interno da Policia
Federal mas não passou por analise, e o que nos trouxe a esta apre-
ensão foi uma tentativa de assassinato.
O delegado da Civil olha os rapazes da Federal e chega as cos-
tas do Corregedor e fala.
— O senhor e os rapazes que estão lhe dando cobertura es-
tão convocados a comparecer na Delegacia da 4DP para esclareci-
mentos.
O Deputado entra no carro ao fundo e faz sinal para sair rápi-
do dali, o delegado não teria como deter o deputado, mas era ob-
vio, ele saiu assustado.
Mayer olha para a reportagem vir ao ar, já era próximo das 7
da tarde, indo para noite, e Micaela olha para ele.
— Problemas?
— Não sei, ainda não sei.
— Acha que eles vão tentar desviar aquilo?
— Não sei exatamente o que é, mas com certeza, Tabajara vai
se interessar.
— Certo, ele vende armas, mas pelo jeito eles não esconde-
ram, eles esperavam que não passasse pelos controles.
— 22 contêineres cabe muita coisa.
— Um contêineres de cocaína lota a cidade de drogas, as ve-
zes fico pensando se não iriam separar, e embarcar parte novamen-
te.
195
— Pode ser, mas pelo jeito alguém resolveu intervir antes. –
Micaela com uma cara de ciúmes.
— Ciúmes, dei motivo para isto?
Ela sorri e fala.
— Verdade, não deu!
João a abraça e fala.
— As vezes temos de nos posicionar, e precisamos ficar em
local bem visível.
— Se posicionar?
— As vezes as pessoas tem de lembrar que não somos saco
de pancada.
— Tem de cuidar que é isto que eles querem.
— Sei disto.
Na casa do Deputado Naro, ele olha o segurança e pergunta.
— Não conseguiram nem matar o Delegado e agora tem gen-
te do Exercito querendo aquelas armas.
— Mantem a calma deputado, eles não tem como esconder
tudo aquilo, e sumir algo já para fora é mais fácil do que para dentro
do porto.
— Acha que conseguem?
— Precisamos, este Mayer está crescendo e colocando gente
facilmente para cima dos morros, se subimos fácil, um contingente
maior sobe também.
Quando os rapazes se preparam para uma ação na região da
favela do Caju, eles queriam retomar aos poucos, e agora aquele
ponto era essencial.
João olha a entrada do Restaurante e um delegado pergunta
por ele na entrada, e o mesmo caminha até a mesa, distração, pen-
sou João, Micaela olha as vivencias saírem, primeiro para proteger a
família, depois para verificar o resto.
O delegado chega a mesa e fala.
— Podemos conversar senhor Mayer.
— Sim, sente-se.
O senhor olha em volta, um restaurante com muitas teste-
munhas, senta-se, os dois rapazes ficam ao fundo, como para se
impor, João sorria disto.
— Precisamos de sua colaboração senhor Mayer.
196
— No que posso colaborara, Delegado Gomes.
— Algumas pessoas o acusam de ter participação na tentativa
de morte do Delegado da Federal, sabemos que tem evitado ficar
em locais sem testemunha, mas temos a imagem do senhor falando
com alguém que estava na cena do crime.
João olha o Delegado, ele estava ali, para não se envolver, is-
to que parecia errado.
João acha a operação e mesmo sem os demais notarem, mais
de 100 vivencias saíram do rapaz, e se dirigem ao Caju.
— Não sei quem falei que estava lá senhor, pois não entendi
ainda o que aconteceu.
— Priscila de Sena lhe fala algo?
— Sim, por infelicidade já levei tiro desta senhora.
— Ela fala com o senhor e vai me oferecer ajuda, parece não
combinar com a descrição que fazem da relação dos dois.
— Digamos que eu não tenho relação com aquela senhora.
— Certo, e o que ela queria saber?
— Delegado, eu evitei olhar em volta para não me complicar,
mas sei que quando meus desafetos, os dois lados, estão um contra
outro em uma operação, aconteça o que acontecer, alguém vai me
acusar.
— Dois desafetos?
— Sim, mas no que posso ajudar Delegado?
— Não imagina o que pretendo aqui?
— Se a noticia for real da TV, ficar longe da confusão, lavar as
mãos e deixar eles se matarem, eu estou nesta posição, não tenho
nada a favor nem de Sena e nem de Naro, então que se matem.
Os dois investigadores olham para João e o delegado olha pa-
ra o local, e pergunta.
— E não vai se preocupar se desviarem aquelas armas?
— Acho que não entendeu senhor, aquela droga não deveria
ter saído do porto, provavelmente o desespero do Deputado, é co-
mo devolver o dinheiro que já recebeu para embarcar aquilo para a
Europa.
— Acha que eles não queriam tirar de lá?
— É um acho, mas nesta cidade tudo é possível, e não sei
quem são os compradores, pois dependendo do destino final, é
197
guerra na certa, entre o deputado e alguém de fora, teria de ver
quem vai chegar a cidade se esta droga não embarcar.
— E por isto fica apenas observando?
— Nem olhar eu vou, para não me complicar.
— Alguns falam horrores dos dois a mesa. – O delegado olha
para Micaela.
Micaela sorri apenas.
João olha o garçom e pede a sobremesa, João raramente co-
mia a sobremesa, mas ele sabia que na entrada do prédio em Copa-
cabana um grupo forçava a entrada, um espirito olha para a peque-
na Mirian, e fala.
“Vai subir gente armada!”
Mirian olha para a empregada ir para a sala e apenas olha o
carrinho do irmão e com calma vai com ele para a cobertura, Pauli-
nho olha a menina chegando a cobertura e ela fala.
— Alguém subindo.
Paulinho pega o celular e disca para a segurança a frente e
um rapaz fala.
— 8 policiais bem armados, alguém autorizou a subida.
Paulinho olha para a menina e pergunta.
— O que seu pai faria?
— Manteria a calma, deixa eles entrarem e vemos o que ele
fará. – A menina chegando a parte dos fundos da área superior,
onde tinha uma cobertura, o helicóptero não estava ali, Paulinho
olha o segurança e fala.
— Apenas protejam as crianças, vamos ver se alguém é malu-
co suficiente.
Na sala o policia olha a empregada e fala.
— Assim seu filho não sofre na nossa mão senhora.
O grupo foi entrando e a senhora viu o corregedor entrar de-
pois e olhar os policiais.
— Quero as crianças vivas, este senhor tem de recuar agora.
Os senhores entraram e um espirito toca na senhora que cai
desacordada.
O grupo se olha, eles não sabiam o que aconteceria, mas até
este momento estava tudo fácil, Paulinho chega a câmera do tercei-

198
ro andar e olha para os rapazes do outro lado da rua e disca para
baixo, quem estava na segurança externa era Marcolino.
— Desarma os 4 rapazes que ficaram aos carros, discreta-
mente, e prepara para tirar corpos.
O rapaz faz sinal para os demais, e um deles toca o pescoço e
olha aquele mini dardo, ele sente a vista turva, e cai, os demais ca-
em, os rapazes os colocam nos carros, e preparam os carros para
sair.
O espirito sente aquela presença, e olha em volta, tinha algo
a mais ali, ele apenas alerta João que pega o telefone e pede um
Helicóptero, o investigador estranhou quando ele deu o endereço
de um apartamento em Copacabana, João olha para Micaela e pega
o celular e disca para Paulinho.
— Paulinho, só ouve, sei que a Mirian tá com vontade de to-
mar um sorvete, acompanha ela até aqui com os meninos, o heli-
cóptero deve estar parando ai em segundos.
Micaela olha para João, ele disse que estavam os distraindo, e
que tinha algumas operações na cidade.
— Ela vai adorar, ela gosta deste lugar. – Micaela olhando Jo-
ão e termina – Mas o que acha que vai acontecer o que hoje?
— Temos vestibular amanha cedo, lembra?
— Sim, eles parecem querer que os estudantes entrem em
parafuso fazendo um vestibular após o outro.
— Acho que pensar não cansa, ficar tentando adivinhar, isto
cansa, acho que as vezes nos deixa pensando meio dia sobre o que
fizemos, mas como as provas amanha vão ser em Niterói, dormimos
na cobertura em Icaraí, fica bem mais perto.
— Esta é uma ideia boa, pois evita muito agito pela manha.
— Sim. – João olha o policial e pergunta. – Bebem algo?
— De serviço.
João pede uma cerveja e olha para Micaela.
— Não entendi aquele resultado do ENEM?
— Aquilo que você omite, você fez uma prova que eles lhe ti-
raram nela toda meio ponto, e foi na redação, eles devem estar
usando sua prova para corrigir as outras.
— Não exagera. – João.
— Mas entendo você, não teremos como estar nas cotas.
199
— Sim, mas as crianças já chegam, dai vamos direto a Icaraí e
não nos preocupamos com o transporte amanha.
No prédio, os policiais todos caídos, nem sentiram os rapazes
tirarem eles dali, eles acordam a empregada, que olha eles tirando
os corpos dos policiais, ela não sabia o que havia acontecido, mas
vai a sala que as crianças deveriam estar, ela não sabia o que estava
acontecendo, e ouve Marcolino falar.
— Relaxa, na segunda eles estão ai de novo, só preciso saber
uma coisa Marlene?
— O que?
— Onde eles pegaram seu filho?
— Sabia?
— Você não pediu ajuda as pessoas certas, estes, depois ma-
tavam você e seu filho, pois ninguém poderia depor.
— Eles queriam que ele desse o caminho de entrada do Caju.
João olha para Paulinho chegando no restaurante, Mirian
olha o pai, olha desconfiado os policiais.
João pede um prato para a filha, e olha os policiais.
— Vão ficar me olhando até quando?
— Parece saber muito para estar calmo?
— Amanha me complicam por alguma historia inventada, mas
eu começo a pensar se vou intervir nesta briga.
Micaela olha para João.
— Porque intervir?
— Pegaram o filho da Marlene, o pressionam ameaçando a
mãe e os irmãos, para ele dar caminho para entrada do Caju.
— Ela está bem? – Micaela.
— Preocupada.
Micaela apenas olha para Paulinho, e ele olha o celular e fala.
— Vou verificar, eu me afasto 5 minutos algo acontece, mas
precisando é só ligar. – Paulinho olhando para Micaela.
— Cuida que Douglas, pode ser alvo também.
Paulinho ouve isto e ouve João discordar.
— Não se preocupa com Douglas nesta hora Paulinho.
— Porque não?
— Se acontecer algo lá hoje, melhor não ter ninguém por per-
to, pois Carlos Guerra, está pessoalmente cuidando disto.
200
O delegado olha para João e pergunta:
— Quem é Carlos Guerra?
João sorri, como responder, não precisava e fala.
— Não sou o investigador aqui Delegado, mas Paulinho en-
tendeu, então acalma Paulinho, referente a Douglas.
Paulinho saiu e os rapazes também, eles sobem pela parte
privativa e se ouve o helicóptero sair ao norte, o delegado pergun-
tou algumas vezes onde ele foi, João disse que não sabia uma vez,
as demais, levantou os ombros, hora pegou a filha, hora brincou
com os pequenos, e depois de um tempo, saem dali.
Na região do Caju, no inicio da subida, um rapaz, de nome
Caio, era forçado a subir, e o rapaz falava.
— Mostra direito, senão sua mãe morre.
Caio não sabia o que fazer, ele era alguém que trabalhava no
centro, morava no Caju desde a infância, mas ele não era ligado ao
trafico, mas a ignorância de alguns, fazia acharem que todos ali sa-
biam os pontos de entrada.
Caio não tinha como argumentar, ele estava subindo aos
poucos, a entrada que sempre usava, para ir para casa, do ponto da
sua casa para cima, ele evitava, sua mãe sempre dizia para não o
fazer, e sabia que ele iria passar direto pela casa dele, pois ali tinha
mais duas crianças, e não queria piorar as coisas.
Caio subia com medo, os rapazes pareciam querer algo, mas
eram milico, e Caio não queria subir com eles, pois ficaria marcado,
e os senhores não estavam preocupados com isto, mas somente ele
ia no centro da escada, os demais, pareciam todos sempre encolhi-
dos, alguns moradores fecham a porta, um senhor é empurrado
quando passam por ele, Caio não entendeu, pois uma hora ele esta-
va subindo e viu tudo escurecer, como se faltasse luz, viu aquele ser
com forma de cão a sua frente, brilhoso, ele mostrava os dentes, os
policiais olham estranhando, um foi atirar para ver se era real, outro
fez sinal para não, pois chamariam atenção.
Caio sente o ser lhe tocar, e ouve em sua mente.
“Quando eu mandar, se joga no chão!”
Caio ficou na duvida e ouviu.
“Agora!”

201
Ele ficou tenso, um segundo sem saber se fazia e ouve o pri-
meiro tiro e se joga no chão, e cobre a cabeça.
Ele ouviu gente atirando de todo lado, crianças chorando ao
fundo, gente resmungando, ele estava esticado ao chão da escada
de acesso e não tinha o que fazer, ouvia os tiros, já viveu isto dentro
de casa, mas ali ele estava apavorado e não tinha nem como levan-
tar a cabeça para olhar.
Os policiais ouvem o tiro, veem o rapaz se atirar no chão e
começam a ouvir tiros vindo da parte de cima, pensam em recuar e
ouvem tiros vindos da parte de baixo.
Caio estava ali estático quando alguém lhe toca as costas, ele
tenta ouvir se vinham tiros ainda e não ouviu nada, se vira e viu
aquele senhor, alto, negro lhe esticar a mão.
— Tem de aprender a confiar nos a volta Caio.
— Eles estão com a minha mãe.
— Ela já está bem. – Pedro do Tabajara que olha os rapazes e
fala – Deem fim nestes corpos.
Todos baixam as mascaras, para não serem reconhecidos e
começam a arrastar os corpos pelas escadas abaixo.
Caio chega em casa assustado.
Os policiais que observavam Mayer resolvem que já era tar-
de, então não iria acontecer algo ali, não naquela noite.
Uma leva de policiais entra no hospital, todos encapuzados e
mostrando as carteiras, entrando na força, eles chegam a porta do
quarto e entram, Douglas olha aqueles rapazes entrando, reparou
na feição de quem lhe apontava a arma.
— Covarde que nem mostra o rosto Sergio?
O rapaz tirou a mascara e fala.
— Está morto delegado, não tem como escapar.
Douglas olha para o rapaz, alguém que ele confiava suas cos-
tas, pensa em falar algo e apenas sente os rapazes caírem.
Sergio olha assustado, ele ainda pontava a arma para Douglas
e destrava a arma.
Um grupo de pessoas entra pela porta e Sergio fica na duvida,
e olha o senhor entrando, não conhecia.
— Não se metam.
— Tu não sais vivo se atirar rapaz, a escolha é sua.
202
O rapaz fica na dúvida, mira em Carlos que falara, sacudindo a
arma.
— Me deixa sair ou morre.
— Acho que não entendeu nada Serginho. – Fala Douglas.
Carlos aproveitou a distração, se aproxima rápido e puxa a
trava, depois bate na arma que vai ao chão, o rapaz olha assustado
e ouve Carlos.
— Tira eles daqui, não é hora de visita.
Serginho olha para o rapaz o algemar pelas costas e depois
colocaram cada um num saco e começam a sair do hospital. Levan-
do os mesmos nas costas.
Douglas olha Carlos e fala.
— Obrigado Carlinhos.
— As pessoas não entendem menino, pessoas como você, seu
pai, deveriam ser respeitadas e mantidas vivas, mesmo quando só
fazem merda.
Carlos saiu e Douglas olha para as paredes, um enfermeiro
veio ver se ele estava bem, mas não falou nada.
No breu da falta de luz de parte do porto, um grupo de pes-
soas separa os 22 contêineres e os pinta, e os põem em local de
embarque, então na surdina da noite aparentemente os contêineres
desapareceram, e estavam a menos de 200 metros, pintados e com
nova identificação.
Marlene chega em casa, pensou que teria más noticias, mas
viu seu filho a esperando a entrada, os dois se abraçam e Caio fala
que não entendeu o que aconteceu.

203
Amanhecer em Niterói e Micaela
e João vão juntos a região que os dois
fariam prova.
Do outro lado da Baia, o Delegado
da Civil é chamado a região da Favela do
Caju, e encostado no muro de uma casa
abandonada, estavam 12 policiais fede-
rais, 4 traficantes locais e mais 2 mora-
dores que teriam de levantar a ficha.
Ele olha em volta e olha o investi-
gador.
— O negocio foi violento.
— Sim, as armas sumiram, não
temos testemunhas, dizem que se es-
conderam quando ouviram os tiros.
— Nada?
— Pessoas encapuzadas, bem ar-
madas, tiroteio, arrastam os corpos para
a parte baixa da comunidade e somem a
rua.
— Tenta com a PM a imagem da avenida.
— Faltou luz geral na região senhor, ontem.
— Tenta algo, pois não tem como não ter ficado algo, sempre
fica algo.
O delegado olha os corpos, apenas encostados, teria de ver se
alguém deixou uma digital, mas provavelmente não, olha em volta,
teria de fazer um levantamento do sangue que começava a escorrer
ao chão, lavado pela pequena garoa que caia na cidade.
O Almirante Rosa chega a sua sala e um auxiliar não militar
entra pela porta e fala.
— Alguém sumiu com os 22 contêineres.
— E o pessoal que estava cuidando?
— Dizem que sentiram uma picada ao pescoço e adormece-
ram, não sei o que aconteceu, mas algo derrubou a luz da região por

204
menos de uma hora, o suficiente para tirarem de lá todos os contêi-
neres.
Era perto das duas da tarde quando Micaela vê João entrar no
Restaurante Cheiro de Mar, ele a beija e fala.
— Como foi?
— As vezes parece fácil, as vezes, não entendo nada. - Micae-
la olhando em volta, muita gente comendo ali, muita gente com
cara de vestibulando.
— Então não fui só eu que achei que a prova estava cheia de
pegadinha? – João.
— Acho que as vezes eles capricham demais nas pegadinhas e
esquecem o conteúdo acadêmico.
Os dois comem algo e voltam ao apartamento.
Estavam chegando ao apartamento quando o telefone de Jo-
ão toca.
— Boa tarde, quem?
— Sena, saberia o que aconteceu ontem na região do Caju,
todos falando que nada aconteceria, e parece que algo aconteceu.
— Sempre digo que muita coisa acontece todo dia, mas nem
sempre eles estão olhando.
— E não saberia o que?
— Nem quero saber, não comercializo drogas para me inte-
ressar, e tenho apenas duas mãos, não preciso de um estoque de
armas.
— E não se preocupa?
— Não.
João se despede e sobem para o apartamento, na Av. Jorna-
lista Alberto Francisco Torres, de frente a praia, de cobertura, João
as vezes nem entende como chegou a isto, as vezes, sabe que não
pode nem tocar no assunto.
Duas da tarde os dois pegam um helicóptero e voltam ao Rio,
e Micaela foi ver como Douglas estava, João olha Marlene e fala.
— Tem de confiar mais Marlene.
— Não entendi o que aconteceu ontem?
— Sei que não, a Mick pediu para um dos seres alertar seu fi-
lho do perigo, sei que ele deve estar estranhando.
— E não falam disto em qualquer lugar?
205
— Alguém acreditaria?
— Me senti mal ontem, pensei que iria me mandar embora
hoje, e nem falou nada.
— Tem de considerar como fazer uma segunda vez, a primei-
ra, sabemos que as pessoa acham nossos pontos fracos, mas em
breve a comunidade do Caju já vai estar melhor, sei que nem todos
tem calma para melhoras.
— As vezes me acho uma covarde.
— A vida é dos covardes, sei que não ouviu isto muitas vezes,
mas os mais valentes, brigões, heróis, morreram e não deixaram
descendentes, nós os covardes que deixamos descendentes.
Ela olha a porta e viu Paulinho entrar.
— As vezes temo pela Mick.
— Quer grudar nela não se preocupa Paulinho.
— Achei que era para ficar longe.
— A dica foi para ontem à noite, pensa que tiraram 10 polici-
ais federais nos ombros pela porta da frente do hospital e ninguém
narrou nada, acha que se fosse nós lá, estavam falando o que?
— Certo, e por aqui?
— Vou pega as crianças e vou para a Cidade do Carnaval.
— Algo importante lá?
— Inauguramos as duas arvores de natal na Entrada e depois
uma sobre a Cidade do Samba.
— E vai precisar de meus serviços? – Marlene.
— Verifica como está seu filho, as vezes temos de cuidar dos
nossos.
A senhora sai, João prepara as crianças, desce e ajeita elas no
carro e vai a Cidade do Carnaval, estaciona o carro e olha os demais,
viu a moça da recepção vir ajudar, pois ele chegou sozinho e com as
três crianças.
Roberto olha para João e pergunta.
— Está tudo bem?
— Sim, mas o dia de ficar com as crianças hoje é meu.
Roberto sorriu e fala.
— Veio para a inauguração das arvores?
— Logico, fomos nós que colocamos ali Roberto, eles querem
o destaque, mas são pão duros com o que atrai os olhos.
206
— Esta atraindo olhos sobre eles, já que estamos no fundo.
— Roberto, eles acreditarem que nós queremos a atenção é
algo positivo.
— Este lugar as vezes me assusta, mas pelo jeito o negocio
ontem foi violento, muitos me ligaram.
João sorri e não fala muita coisa.
No outro lado da cidade, o Delegado Jose Gomes olha uma
comissão de inquérito, tinha muita gente interessada naquilo, e era
obvio, mesmo ele sem fazer nada, tinha as mortes, esta parte era
com ele, e não sabia o que aconteceria, mas ter ficado em local
publico e com testemunhas também o deixava mais calmo.
— Problemas senhor, algo mais além desta confusão?
Os rapazes olham o delegado, cheio de fichas de mortos, lau-
dos tendo de ser feitos, o dia com cara de inverno, mesmo estando
quase no verão, dava um clima diferente naquele dia.
— Pelo jeito muitas mortes? – França do Ministério Publico.
— Mortes, gente que não sei se está viva, gente que não de-
veria estar onde foram achados mortos, contêineres que ainda bem
não são minha investigação sumidos, muita confusão para uma
noite, que para a cidade parecia calma, para esta delegacia, muito
agitada.
— Conseguiu verificar o comportamento de João Mayer na
noite de ontem? – França.
— Não entendi porque me mandaram vigiar alguém que não
se mexeu enquanto mortes aconteciam na cidade. – O delegado.
— Não mandamos, sugerimos. – Um dos acompanhantes.
— Então saibam, ele apenas ficou em um restaurante 6 horas,
apenas comendo, bebendo, se divertindo com os filhos.
— Não entendemos, todos diziam que eles fariam segurança
do Delegado Douglas e ninguém viu eles lá? – França.
— Palavras de Mayer, pediu para Paulinho não se meter que
Carlos Guerra iria providenciar a segurança naquele dia.
França olha serio para Gomes e pergunta.
— Acha que a segurança de Douglas Camargo foi feita pela
Guerra Segurança? Não faz sentido.
— Isto que o senhor sentado no restaurante falou.
— Pelo jeito não conseguiu nada contra este Mayer.
207
— Não entendo o porque o ministério publico está querendo
pegar este senhor, e ignora os demais?
— Não estamos ignorando nada delegado, se contenha. –
França falando alto.
— Foi uma ameaça Desembargador França, o senhor tem al-
go haver com estas mortes, pois se tiver, vamos descobrir, e quando
descobrir, pode gritar, se estiver por traz destas mortes, eu descu-
bro.
O Desembargador queria pressionar o delegado e pergunta.
— E quem vai ouvir um incompetente como o senhor?
— Pelo que entendi, senhor Desembargador, me colocaram
onde eu não entendia, para não me meter, então parem de mandar
mortos para mim, pois é triste ter de recolher 12 policiais federais
mortos em uma operação que não está no sistema, pois se tivesse,
alguém teria dado cobertura, e calma, enquanto conversamos, De-
legado Douglas Camargo, recebe alta, e ele vai querer saber quem
atirou nele pelas costas.
O Desembargador achava que dariam fim no Delegado de
qualquer forma, então não estava preocupado.
João estava com os demais presidentes na entrada da cidade
do samba, agora com uma arvore enfeitada em cada praça interna e
uma na entrada, com as programações de natal.
Na região da Barra, o deputado Claudio Naro estava reunindo
6 lideres dos Milicianos, e dois tesoureiros dos mesmos.
Os rapazes discutiam como retomariam os pontos que Mayer
estava reformando, e Naro ouve um deles falar.
— Tem de segurar seus rapazes Naro, deixa aquele rapaz
terminar as obras, uma vez reformado, pelo que entendi a ideia
dele, é fornecer agua, luz, comida, moradia e transporte, todos no
morro pagam e vivem bem, quem não paga, não vive bem.
— Acha que ele vai se impor lá?
— Se ele não o fizer assim, como ele preparou, nos dará isto
de brinde, pois a estrutura que ele colocou, vai transformar em
comunidades lucrativas, e não em casas desabando.
Naro não queria assim e fala.
— Estão quase idolatrando o rapaz.

208
— Não Deputado, estamos deixando ele gastar o dinheiro de-
le em obras que nos facilitam subir, dominar, extorquir e até vender
drogas, mas parece que não nos quer crescendo nisto?
— Vocês parecem estar gostando do que ele fez, ele avacalha
com todo nosso pessoal. Ele está crescendo demais pessoal.
O pessoal decide que ele estava crescendo de mais, e que
tentariam começar a retomar comunidade a comunidade, e que
usariam os jovens gananciosos das comunidades para começar esta
guerra.
O grupo sorri.
Naro achou ouvir um barulho de tiro e olha para o segurança.
— Verifica se está tudo bem.
O rapaz saiu, o condomínio de casas de luxo, começa a ouvir
tiros, as pessoas assustadas começam a ligar para a policia em vá-
rios pontos, os senhores ouvem o tiro a sala, ao lado, e se armam, o
silencio foi cortado por um recipiente de gás lacrimogênio entrando
pela porta, eles não viam quem atirou.
Os senhores começam a se armar, os olhos a arder, sabiam
que teriam de sair dali.
No corredor deitada ao chão estava Priscila, esperando os se-
nhores saírem, as costas 12 seguranças mortos, o primeiro sai, ela
espera os demais se posicionarem, pois o gás estava por todo lado,
e o bloqueador de sinal, acabava com a chance de chamarem refor-
ço.
Quando os senhores foram saindo, Priscila dispara contra as 7
pessoas e as vê cair, coloca eles todos na sala e acende o gás da
casa, ela sai pela porta do fundo, que dava no lago interno, e cami-
nha calmamente até a cerca viva bem aparada no fundo do terreno,
passa por ela e aciona o controle a mão e se ouve a casa estourar as
costas.
Calmamente ela olha para Carlos que fala.
— O que acha que vai dar isto?
— Sei lá, mas eles queriam começar uma guerra nas comuni-
dades da zona sul, apenas para assumir locais reformulados, uma
hora a gente se enche destes malucos.
— Acha que alguém sobreviveu ali?

209
— Não vi ninguém vivo quando sai, mas sempre pode ter al-
guém, mas nestas horas não é bom nem olhar.
Carlos olha para Priscila entrar na casa ao fundo, uma daque-
las casas que um dia pertenceu ao grupo, Priscila era o que sobrou
daquilo, e como era no mesmo conjunto de casas de luxo, os demais
nem desconfiaram.
O delegado estava com o grupo a lhe olhar quando o investi-
gador entra pela porta.
— Problemas? – Gomes.
— Alguém acaba de explodir a casa do Deputado Claudio Na-
ro.
— Alguém morreu?
— Ainda não confirmaram se o Deputado estava na casa, mas
parece que os vizinhos estavam chamando a policia porque tinha
som de tiros vindo da casa, e de uma hora para outra a casa explo-
diu.
— Prepara a viatura que lá vamos nós.
França entendeu, se eles achavam que tirar o rapaz do cami-
nho era fácil, quem financiava a tirada de Mayer do caminho, pode-
ria ter acabado de morrer.
Uma vivencia de João na região, sente as almas, e as conduz
no sentido de Mayer, que sente aquelas almas entrando nele e olha
em volta.
— As vezes levamos sorte Roberto.
— Problemas?
— Deputado Naro acaba de morrer na Barra.
Roberto olha em volta e pergunta.
— Sabe quem?
— Quase certeza, mas não tenho provas.
— E saberia o motivo?
— Alguém pede para lhe matarem, a pessoa não morre, e vê
como única forma de parar a ameaça, eliminar a ameaça.
— E acha que vão lhe acusar?
— Acho que agora eles estão pensando melhor, mas sempre
é possível, ainda mais que a briga começou pelas reformas nas co-
munidades.

210
— Certo, então eles querem parar aquilo que parece jogar di-
nheiro no lixo.
— Acho que gosto de reciclar lixo, mostrar o verdadeiro valor
destas coisas, e os políticos em volta, gostam de que precisem de-
les, não é questão de querer melhorar, se eles melhorarem, perdem
os eleitores, pois o discurso teria de ser mais profundo.
— E por isto marcou as inaugurações, ficar visível, mesmo
que com cara de poucos amigos, as pessoas em volta não podem
dizer que não esteve aqui.
— Uma coisa que não entendo muito, mas falar mal deste Jo-
ão Mayer, dá IBOP, e eu ganho com isto Roberto.
— Eles nem desconfiam disto.
— Eles desconfiam, mas ainda não entendem que a minha
parte empresarial, é muito maior que eu em si.
— E esta inauguração?
— Daqui a pouco vou pegar as crianças e acompanhar a inau-
guração da Arvore da Cidade do Samba.
— Aquilo ficou bonito.
— Vocês que tem de decidir se querem que cubra, acho que
as formas curvas de lá, tem mais cara de carnaval do que aqui, tudo
muito retinho.
— Mas aqui é bem mais espaçoso. – Roberto.
— Sim, mas falta ainda a vida de alguns campeonatos.
— E pretende ter o museu?
— Sim. – Na mente de João ele fez a parte mais rápida, e fun-
cional, e deixou o problema correndo.
— Roberto, a pista para desfile ao lado, está quase pronta, o
prédio ao fundo, é um museu carnavalesco, então eles olham para
um lado, e acabam fotografando o que queremos.
Roberto olha em volta, estavam em uma ponta de uma obra
que ia baia a dentro, ele olhava aquele prédio imponente e cheio de
curvas, pensando no que seria ali, sorri e fala.
— E olham apenas para os morros?
— Eles olham para onde mandamos olhar.
— E pelo jeito a maioria nem esperava novamente o Carnaval
investindo no Natal.

211
— Eles não entendem, marketing de 3 meses, nos deixa na
sombra o resto do ano, temos de ter marketing 365 dias por ano.
— E pretende este ano fazer o que?
— Estava falando com o novo prefeito, e pretendemos fazer a
maior festa Junina do Planeta, teremos shows paralelos por 4 se-
manas, aqui ao lado, no Sambódromo, em Jacarepaguá, e nos 3
pontos de Shows que temos, na ilha do Fundão, a maior fogueira
Junina, e uma linha de bailes ao ar livre.
— Investir no Junino também?
— Já investimos, mas agora fazer uma festa de encher os
olhos e os corações.
— E quando todos olham para as arvores, sua cabeça está em
Junho?
— Não, ainda está em Fevereiro.
O delegado olha o estrago, os bombeiros ainda estavam apa-
gando o fogo, e os bombeiros começam a afastar as pessoas, o de-
legado não entendeu, mas começaram a ouvir o detonar de varias
munições, e aquilo disparava em todo sentido.
Os bombeiros tiveram de recuar, aguardam o fim da queima
de uma munição que nem sabiam onde estava, e voltam a apagar o
fogo.
Quando depois de mais uma hora o delegado e os investiga-
dores chegam a sala, corpos carbonizados, seria difícil identificar, e
começam a tirar os corpos, teria de ser no DNA.
Os investigadores perguntam para os vizinhos se tinha al-
guém diferente, a informação de que outros 6 senhores tidos como
empresários, estavam na casa, com seguranças, fez os rapazes olha-
rem melhor o rescaldo da casa de três pisos que agora era um
amontoado de estruturas.
Dezenove corpos a mais e o Delegado olha os Investigadores.
— Alguém viu alguém sair?
— Não, ninguém saiu, os carros ainda estão ai, sabemos que
temos não uma morte, mas 7 mortes que mudam as coisas na cida-
de, as vezes queria entender o que eles queriam. – Investigador.
— Sabe o que eles querem.
— Mas então porque não prendemos o senhor Mayer.

212
— Ninguém viu ele aqui, não é o estilo dele, e de seu pessoal,
este pessoal não enfrentou João Mayer, eles enfrentaram algo mais
violento e menos discreto.
— Desconfia de quem?
— Desconfianças não vão me ajudar, apenas mais gente vai
morrer por isto, então vamos fazer nosso trabalho, bem feito.
Na Globo vinha a reportagem sobre as boas coisas que o de-
putado Naro havia feito, e que um legado da família se apagava com
a morte de Claudio, e que a sociedade queria saber, quem tirara
aquela família de bons políticos da vivencia, porque o mataram?
O assunto vira nacional, pois era uma reunião entre amigos,
não narrando o que realmente eram, mas os envolvidos entende-
ram.
Rodrigo estava em Nilópolis quando olha para o seu pessoal
preocupado, ele passar ordem de se armarem e se protegerem, pois
as vezes as pessoas reagiam para o lado errado.
João chega a inauguração da Arvore de Natal da Cidade do
Samba, as pessoas subindo na parte alta, um piso de vidro a 30 me-
tros, com aquela arvore de mais 20 metros, o acender dela naquele
fim de dia, chamava a atenção sobre a região.
João estava saindo quando Micaela liga perguntando onde
ele estava, e os dois marcam no restaurante da Gamboa.
Micaela entra e olha João e as crianças, chega a mesa, um
beijo rápido e fala.
— Tem gente querendo falar com você?
— Quem?
— Rodrigo.
— Eu falo com ele, mas sabe que podemos com isto por ele
em evidencia e me colocar em encrenca.
— Ele teme pelos rapazes dele.
João olha o garçom ao fundo e faz sinal para ele trazer um te-
lefone, João pega o numero que estava e passa para Rodrigo por
mensagem, para ele ligar para ele, de um publico.
Rodrigo atravessa a rua, já não existiam muitos telefones pú-
blicos, eram mais raros do que moscas brancas.
Rodrigo entra na lanchonete a frente, e faz sinal que iria usar
o telefone, e disca para João.
213
— Pode falar? – Rodrigo.
— Sim, deixar claro que não fomos nós, foi gente da Guerra
Segurança, mas não quero entrar em guerra com eles, então nem
vou comentar, mas qual o problema?
— Quando a cúpula cai, alguns querem tomar o lugar, e nesta
hora tentam mostrar valentia.
— Vamos fazer de uma forma calma, sei que eles não enten-
dem, mas fecha os pontos por um dia, sei que pode pesar depois,
mas é para se posicionar, e deixa eles comigo.
— Deixar contigo?
— Sim, entendeu.
Rodrigo desliga, ambos não falaram nomes, não estabelece-
ram nada de mais, e 890 agrupamentos humanos tocados pelo ra-
paz, mais de 4 mil pontos de drogas, ele passa uma mensagem para
todos, a maioria não duvidava, e se eles estavam achando que Ro-
drigo não se mexeria, para a maioria, Azul iria a guerra, e não queri-
am estar no caminho.
A noite foi caindo, e 8 grupos de Milicianos se posicionam em
4 comunidades, e o rapaz a frente fala.
— Fecharam, acham que não vamos tomar apenas porque
eles não estão ali, amanha detonamos todos.
Os rapazes começam pela operação frustrada do dia anterior,
Caju, eles param seus carros, e se ouve as buzinas dos rapazes cain-
do para a frente nos volantes, e um morador da entrada chama a
policia.
O delegado Gomes estava quase saindo quando as novas
mortes na comunidade do Caju o colocam em direção ao local.
22 mortos sem nada, apenas caíram mortos.
O investigador olha para o delegado.
— Sim, agora é mais estilo Mayer, mas isto fica difícil de pro-
var, mal súbito vai surgir nos relatórios, eu odeio isto, mas quem
são?
— Paquito e seus rapazes.
— Isola, recolhe os corpos e os carros, pelo jeito o que pare-
ceu violento ontem, hoje vai ser pior.

214
O Delegado sabia que aquilo era defesa, e nunca entendeu
aquele tipo de morte, morro acima, Tabajara olha os policiais tiran-
do os corpos e fala ao rapaz ao lado.
— Agora a proteção dos Azuis entrou em campo.
— Como eles matam tão rápido?
— Quando se fala em não ter inimigos como Azul e Mayer, é
que os dois fazem isto muito facilmente, e não entendo nada disto,
mas é evidente que é uma morte aparentemente mais calma, mas é
muito agitada.
Em outras 3 comunidades, Pavãozinho, Rocinha e Maré, mor-
tes iguais, o que deixava o pessoal correndo com corpos para todo
lado, o delegado entendeu que agora não deixariam os pequenos se
mexerem.
Era duas da manhã quando o delegado conseguiu ir para casa,
e sabia que começaria uma nova guerra em todos os pontos.

215
Micaela e João vão ao segundo
dia de provas da Federal Fluminense,
enquanto nas entradas das comunida-
des, uma leva invisível de seguranças
cuidava das entradas.
O Delegado da Federal Vitorio,
chega ao trabalho, olha os rapazes a
conversar e um fala.
— Que lado vai ficar Delegado?
— Lado, da lei.
— Fala serio Delegado, o pessoal
do Paquito foi morto na entrada do Ca-
ju.
— E querem tomar a lei pelas
próprias mãos?
— Sabemos que tem de ter sido o
Tabajara.
— Acho que não entendem o
quanto aquele senhor é calmo, e não se
mete em encrenca por pouco, mas que
saiba, Caju é Azuis, e não vou mandar ninguém a morte ali.
— Mas Delegado...
— Sou eu que tenho de ir as suas esposas falar que estavam
em uma operação e morreram, mas entendo que algo ali aconte-
ceu, alguém deu fim nos contêineres e ninguém me deu a posição
das armas e drogas.
O delegado olha para uma investigadora de nome Sandra e
pergunta.
— Tem algo?
— Uma ligação sem nomes, do telefone publico em frente a
quadra em Nilópolis, pelas vozes pode ser Azul e Mayer.
— Algo interessante?
— Não entendi, Azul pergunta se podem falar, e Mayer fala
que sim e deixa bem claro a Azul que não foi ele, e sim o pessoal da

216
Guerra Segurança, o tom de Azul é de quem temia algo, e Mayer
fala para ele fechar os pontos por um dia, e deixar com ele.
O delegado olha os rapazes e fala.
— Acham que entenderam, eu não entendi, mas que hora foi
esta ligação?
— Próximo das Oito. – Sandra.
O delegado olha para o rapaz e fala.
— Colocaram lendas a rua, e agora não sei quem está fazendo
o que, mas com certeza, vamos ter uma guerra.
— Por quê?
— Provavelmente Paquito chegou em um momento ruim,
pensa em ter Azul de um lado com apoio de Mayer, Tabajara de
outro e ao fundo a Guerra Segurança.
— Não sei quem é esta Guerra Segurança.
— Vou falar com o Delegado da Civil, pois desconfio que é
aquilo que falaram outro dia, que Paquito falou para todos que Na-
ro tinha pedido a cabeça de Priscila de Sena, e pelas balas sabere-
mos se despertaram uma lenda ou o companheiro dela tomou as
dores.
— Mas quem é Priscila de Sena.
— To dizendo que estou velho para isto. – Delegado Vitorio.
O delegado sai no sentido da Delegacia da Civil, ele pede para
falar com o Delegado que estranha um senhor da Federal ali.
— Problemas Vitorio? – Delegado Gomes.
— Teria como me informar como está a balística da casa do
Deputado, pois desconfio que despertaram uma lenda, e não estão
olhando ao lado.
— Acha que despertaram quem?
— Priscila de Sena, quero saber se foi ela, se foi vai ter um ti-
ro por corpo, não mais que isto, todos na altura da cabeça, tiros de
arma de precisão e com balas de alto poder de impacto.
O delegado olha para Vitorio e pergunta.
— Porque acha isto?
— Mantemos uma leva de telefones grampeados, e um no
bar a frente da quadra de Nilópolis, pegou uma ligação com a voz de
Azul, ligando para Mayer, Azul parecia com receito, Mayer garantiu

217
que não tinha sido ele e sim pessoal da Guerra Segurança, pediu
para Azul fechar todos os pontos por um dia, e deixar com ele.
— Mayer acha que o pessoal da Guerra que fez a operação da
casa do Deputado?
— Não temos autorização para aquela vigia delegado, mas
sim, é o que acho.
— As mortes na frente de 4 comunidades, são típicas de Ma-
yer, as pessoas apenas caíram mortas, sem um tiro, pararam os
carros e morreram neles, como se apenas passassem mal, então
temos ai três grupos delegado Vitorio, pois os tiros na noite anterior
no Caju, tinha jeito de gente do Tabajara, vou verificar os tiros, mas
acha que esta senhora seria tão mortal assim?
— A ficha desta senhora foi apagada pelo exercito Delegado,
mas os que falam sobre estes relatos falam que ela segurou um
esquadrão do exercito por 12 horas, antes de receber ajuda.
— Alguém com treino de terrorista? – Gomes.
— A única pessoa que o sumido Joaquim Moreira, falava ter
tiro semelhante aos dele. – Vitorio.
— Por isto o exercito a protege?
— O porte de arma dela é do Exercito, então ela tem porte
em qualquer ambiente, não apenas em casa Delegado. – Vitorio.
— E acha que Mayer entrou na proteção dos pontos de Azul,
parece fantasia isto. – Gomes.
— Apenas alertando, a balística vai dizer se foi um ou três ti-
pos de enfrentamentos.
O delegado olha o investigador e fala que vai dar uma saída.
Os dois delegados vão ao IML, eles chegam a Bangu e olham
os rapazes na mesa e o delegado pergunta a perita, Rita.
— Algo de anormal nestes casos senhora Rita? – Gomes.
Ela olha os dois delegados ali e fala.
— Estranho, pois eu vi tiros assim a dois dias, vindos do Can-
tagalo, com a mesma precisão, um tiro a cabeça e a marca de im-
pacto do corpo ao chão, então temos na casa do Deputado, mortos,
entre eles o Deputado, o DNA vai confirmar, a arcada já confirmou,
mas vamos ser detalhistas nesta hora, mas temos na casa deste
senhor, o mesmo tipo de morte que houve no Cantagalo a 2 dias.
Gomes olha para o delegado da Federal e pergunta.
218
— E como acusamos alguém de ter o feito?
— Teríamos de ter digital, uma imagem, algo que a ligasse ao
problema, mas o exercito iria pressionar para não tocarmos nesta
senhora Delegado. – Vitório.
— Mas se ela matou um Deputado.
O delegado Federal olha para a Moça e pergunta.
— E os mortos desta noite, o que deu? – Gomes.
Ela olha em volta e fala.
— Odeio quando tenho de escrever Mal Súbito no atestado e
tenho mais de 80 pessoas que tem todo jeito de ter sido esta a cau-
sa morte.
O delegado olha para os corpos, a moça continuava e pergun-
ta, para terminar as desconfianças.
— Que tipo de arma foi usada no primeiro confronto no Caju?
— Todas de alto calibre, ali foi briga de traficantes bem ar-
mados e que pelo jeito não queriam ser interrompidos naquele dia.
O delegado da Civil olha o Federal.
— Então temos uma lenda trazida da aposentadoria, temos
Tabajara, temos a milícia morta e toda uma linha de contraventores
na casa do Deputado também mortos, e Mayer.
— As vezes acho que Azul é Mayer, mas as vezes parte dos
rapazes desmentem isto, outros dizem que estes dois se conhecem
a muito tempo, mas dai seria outro curitibano, e não tenho quem
encaixa nesta descrição, curitibano, Oliveira, e que atire bem. - Vito-
rino olhando a moça olhar mais um corpo e pergunta. – Está verifi-
cando o que?
— Se eles tem algum hematoma, que não seja o do toque ao
chão, se tem algum produto químico nas veias, respiratórias, no
estomago ou no sangue, depois desmontamos cada corpo, verifi-
cando se tem inchaços de parada cardíaca, e vamos verificando os
pontos que nos dariam a causa morte, e os 12 que abri, não tem
causa morte, o corpo deles parou de funcionar, morte sem um grito
de dor, uma hora estavam vivas, no segundo seguinte, mortas. –
Rita olhando o delegado, sabia que este era o tipo de morte que
não se conseguia provar que alguém fez.
O delegado da Federal olha para Gomes e fala.
— Estes não vamos nem conseguir provar que foi alguém!
219
— Estes são os piores casos, mas com certeza, tem gente que
vai crescer no fim de tudo. – Gomes – Pois os poucos grupos ligados
à milícia que tinham sobrado, estão caindo agora.
— Tem gente da Federal que apoiava Paquito.
— Eu tirava eles da linha, pois vai perder gente que não en-
tende, eu era sub Delegado da quarta DP, quando Saldanha resol-
veu se vender ao irmão falecido do Deputado, o problema é que
estamos falando de alguém que ainda não saiu as compras, todos
estes que se dizem a favor de Paquito, se tivesse dinheiro na conta
Delegado, estariam olhando para o outro lado.
— Nem todos são assim.
— Sim, um Delegado da Federal recebeu um tiro pelas costas
por não ser assim. – Gomes.
— Precisam de mais alguma coisa Delegado. – Rita.
O delegado olha a moça e fala.
— Não, pelo jeito temos muito presunto.
— O segundo turno entra daqui a pouco, mas temos eu e
mais 4 fazendo isto, e está corrido.
— Se tiver novidade coloca nos descritivos.
— Sim.
Os delegados voltam à delegacia.
João estava saindo da prova, sente Micaela o abraçar e falar.
— Está levando a serio isto.
— Sim, eu não sei nem se preciso disto, mas como foi?
— As vezes não entendo a pegadinha, e no fim acho que fiz
errado, mas sinal que terei de esperar o resultado inicial.
— Sim, a parte discursiva, segunda fase, ai vai pegar. – João.
Ela sorri e os dois vão almoçar algo.
Paulinho estava discreto do outro lado da rua, quando passa
uma mensagem para os dois, João olha o celular e olha Micaela e
fala.
— Muita gente em volta.
Ela sorri sentido aquelas vivencias saindo do marido a frente,
ele continua a mastigar, e ela sorri.
— Eles podem entrar atirando.
— Sei disto, mas tem repórter na entrada, então – João passa
um recado para Paulinho – temos de nos virar.
220
— E o que faremos?
João sente os rapazes saindo dos carros a frente, eles olham a
segurança, alguém se daria mal de qualquer jeito, então ele olha
Micaela e fala.
— Me aguarda.
João se levantando, fez um rapaz ao fundo deixar visível o ce-
lular que os filmava, ele acelera a porta e olha o segurança.
— Protege os de dentro.
O rapaz não entendeu e João olha aqueles policiais e fala.
— Quem lidera vocês?
— Não entendeu que vai morrer.
João olha em volta e apenas sente os presentes, sente as
energias ao longe, tinha atirador ao fundo.
Micaela se levanta e vai ao banheiro, sente uma moça pegar
em seu ombro quando entra no banheiro.
— Vai morrer moça. – A policial.
Micaela viu que não foi uma boa ideia, mas sente a alma da
senhora e puxa para ela, a senhora cai atirando para o lado, e um
agito se fez dentro, e os rapazes olham para dentro.
— Falta só você agora. – O policial a frente, a paisana, olha
para fora e fala.
— Apenas depois os detêm e que apodreçam na cadeia.
O rapaz não entendeu, todos ouviram, João avança um pou-
co, pois onde estava eles metralhariam muitos inocentes, ele olha
para o Egumgun e fala.
— Um dia pensei serem seres de controle, são a serpente do
pecado, o ódio sem limites.
João olha as mãos e sente o primeiro tiro, se encolhe e ouve
muitos tiros, o segurança entendeu, ele era o alvo, não sabia quem
era, mas os policiais descarregaram a arma, e ao fundo o pessoal da
corregedoria federal, não os detêm, apenas registaram, e deixaram
eles saírem.
João sente a alma fora do corpo, sente as vivencias, e elas fo-
ram a cada ser que esteve ali, eles iriam voltar ao Rio, pela ponte.
Em alma toca seu corpo, o segurança e viu as balas saindo e
fala para o rapaz.
— Chama uma ambulância.
221
— IML?
— Ambulância. – O segurança olhando aquela moça chegar a
ele e olhar para o lado do corpo e falar.
— O corpo.
João a olha, ele sabia que as balas estavam saindo, o nível de
dor e adrenalina estava grande, ele volta ao corpo e as balas termi-
nam de sair, sente o choque do toque de Micaela e sente o coração,
dor, e grita ao chão, as pessoas chegando se assustam e veem João
se mexer ao chão.
João abre os olhos, ajeita o corpo e com dificuldade senta-se.
Os policias em carros não oficiais, alguns até roubados, sen-
tem algo estranho, o sair de suas almas, e carros começam a bater
no caminho de volta, e as almas vem no sentido de João, que sente
as energias, suas forças voltam e ele em plena uma da tarde brilha
ao chão, ele olha as feridas se fechando e olha para o segurança.
— Tem uma policial mal no banheiro feminino, chama a poli-
cia, ela parece ter passado mal.
O olhar foi a Micaela e fala.
— Isto dói.
Ela o abraça e fala.
— Eles não param.
— Cada vez que isto acontece, crescemos, e se a policia do
exercito e federal as costas, apenas registrando minha morte, não
nos servem de proteção, temos de nos cuidar.
Micaela olha em volta, os senhores ao fundo começam a sair
do carro, João se levanta e volta para dentro, ele entra, acerta a
conta e pede um helicóptero, e na praça a frente Paulinho fecha a
rua, e eles saem dali.
João cansado, com muita energia chega a Copacabana com
Micaela. Vai a um banho, se lava e olha para o corpo cheio de tiros
que lhe atravessaram, ele sente a dor daquilo voltando ao normal,
toda a parte interna repuxando, coloca uma roupa nova, estava
chegando a sala, corre ao lavabo e tudo que havia comido, vomita,
o estomago revoltado com o esticar e se recuperar.
Micaela viu que foi grave, ele senta-se e fala.
— Vou sentar um pouco, está doido, e preciso comer algo.
Ela o abraça e Mirian entra e olha para o pai e o abraça.
222
— Quem fez mal para ti pai?
— Mortos. – João olhando a filha, que deveria se assustar,
mas sorri.
Na Delegacia da quarta DP, o delegado da cidade recebe a li-
gação do delegado de Criminalística de Niterói.
O delegado Gomes atende.
— Boa tarde Delegado Gomes!
— Problemas?
— Temos uma serie de policias Federais mortos hoje por vol-
ta da uma da tarde, após algo que não sei se vai vir a publico, mas
fomos chamados a interferir numa tentativa de assassinato na regi-
ão do Restaurante Cheiro de Mar, as câmeras de segurança pegam
os rapazes mortos, atirando com tudo em João Mayer, a corregedo-
ria federal está as costas e não faz nada, pareciam querer a certeza
da morte de Mayer.
— Ele morreu?
— Não, mas dizem que o delegado Vitório está o acompa-
nhando em um caso hoje.
— Sim.
— 18 dos 22 policias mortos, é da delegacia dele, e a câmera
não pega, mas as testemunhas dizem que a esposa de Mayer chega
ao corpo, as balas saem do corpo, o corpo sente algo, como se ti-
vesse levado um choque e volta a vida, com todas as marcas de
tiros, em sua roupa.
— E os policiais morreram como?
— Estavam pela direção, voltando todos para o Rio, e em vá-
rios pontos, apenas parecem morrer, alguns bateram forte os carros
pelas velocidades, outros, mesmo parados em um semáforo, mor-
rem.
— Mal súbito?
— Parece.
— E Mayer está onde?
— Pegou um helicóptero e se mandou para o Rio.
— Nem prestou queixa.
— Ele não ficou lá muito e já estão falando que foi mais um
milagre da Protegida dos Anjos.

223
— Certo, o casal, mas vou falar com o Delegado e vamos para
ai, pelo jeito algo não está certo.
— Tenta chegar na região do Restaurante, depois vou para lá.
Gomes desliga o telefone e fala.
— Pelo jeito seus rapazes tentaram acabar com a vida de João
Mayer hoje.
— E pelo jeito ele revidou.
— Não entendi, mas vamos para lá, acho que sua delegacia
vai precisar de reforço Delegado.
— Eu acabo com este Mayer.
— Entendo sua revolta, mas o delegado falou que os seus,
atiraram com tudo que tinham contra o rapaz, ele não reagiu, ele foi
fuzilado por agentes da lei Delegado.
— Vai o defender?
— Se fosse fácil o matar, ele estaria morto, mas 22 pessoas
para uma operação contra uma pessoa, vai dizer que coisa de gente
de bem delegado.
— E o que deu errado?
— Vamos lá descobrir.
Os dois saem e Micaela pergunta.
— Vamos ter problemas?
— Sim, deixa eu pegar uma imagem, que Paulinho me passou
e vou passar a Bonifácio com um texto.
Micaela viu João passar um recado por e-mail para Bonifácio
e este liga para a direção da Globo, estavam quase indo ao final com
o Jornal e entra o Extra, direto de Niterói e a informação que a ima-
gem era pesada, e mostram os policiais, na imagem se via que tinha
muito mais policia ali, apenas olhando e o rapaz chegar a porta e ser
fuzilado, e o rapaz fala. Olhando a imagem.
— A pessoa que foi fuzilada, por incrível que pareça não mor-
reu, mas foi João Mayer, presidente da Beija-Flor e maior acionista
da Marítima e da CTBA Bank. Quando tivermos informação sobre o
estado de João Mayer, maiores informações a qualquer momento
em nossos plantões.
O delegado da Federal viu que os pontos de mortes eram tão
longe um do outro, que ficava difícil de incriminar uma única pes-
soa, mas chegando a parede que tinha as marcas de sangue, as ba-
224
las, o delegado Vitorio olha a imagem passando na TV ao fundo e
sabe que não teria como mudar a versão, a técnica tirava as balas, o
delegado apreendendo armas nos carros, que depois teria a pericia
para dizer quem atirou, mais pessoas filmaram aquilo, e muitas
coisas se falava na internet, e o delegado Vitorio olha para a Policial
Cristina Finn, sentada ao fundo, chega a ela e fala.
— Que merda fizeram Cris?
A moça olha para o Delegado e fala.
— Aquela Moça me desacordou, nem entendi como?
— Com posso ter gente tão incompetente no meu grupo? – O
delegado olhando a moça.
— Não entendi, a noticia diz que o rapaz não morreu, como?
— O problema Cris, é que apenas você das pessoas que fize-
ram esta operação, está viva.
— Mas como?
— Sempre se diz, que não se entra em campo sem entender o
adversário, parece um bando de amador, o que fariam depois, pro-
curariam cada pessoa no restaurante para dar um fim?
A moça viu que o delegado estava falando para ela, e nin-
guém estava por perto.
— Sabe que o pessoal sempre se defende.
— E como eu lhe defendo Policial, pois é nítido na imagem
que foi ao ar, que as costas da Policia, tinha apenas olhando, policia
do Exercito, policia Federal Especial, e Agentes da Inteligência, e
todos, apenas assistiram a execução e nem se posicionaram.
— E qual o problema disto Delegado.
— O problema, é que pelo jeito, vocês não entenderam,
aquele que vocês querem matar, toca mais de 230 mil empregos
entre as duas cidades, alguém que tem mais que o narcotráfico
local, era alguém para se cooptar e não para se matar.
— Mas ele matou dos nossos.
— Todos como estes que morreram hoje, em uma operação
que não existe, pior, alguns saíram tranquilos daqui, e pararam para
comprar uma comida, morreram a 4 quadras daqui, tem gente que
estava quase no pedágio da Ponte, e temos 11 carros neste percur-
so, cada um em um local. Gente que morreu entrando em uma lan-
chonete, gente que quase se lançou na baia de Guanabara, gente
225
que morreu esperando o sinal abrir, e como posso culpar alguém, se
nem as mortes foram no mesmo lugar?
— Está falando serio que algo matou todos Delegado.
— Algo que todos falam, e ninguém leva a serio, que está
dentro daquele que eles fuzilaram ali na entrada, algo que não en-
tendo, mas que deveria tornar o rapaz um aliado, e não um fuzilado
apenas para omitirem suas pegadas.
— Mas...
— Mas se prepara Cristina, o Delegado Camargo, voltou a de-
legacia dele, e quer saber porque o tentaram matar, vocês matam
até entre vocês e querem se dizer santos.
— O Delegado já deveria estar morto.
— Sim, mas não está, eu e você se tomássemos três tiros pe-
las costas, estaríamos mortos, ele, saiu do hospital como se não
tivesse sofrido nada.
— E pelo jeito está corrido.
— Alguém antes de darmos nossa versão, vazou na Globo a
imagem dos policiais atirando, a delegacia da Civil não tem como
não comparar com as armas dos mortos, e isto vai pegar fogo.
— E a corregedoria que estava apenas olhando?
— Eles queriam não ter saído na foto, mas ficou evidente que
todos sabiam e ninguém fez nada para parar as pessoas.
— E acha que eles não tem como ajudar na versão?
— Tem que ver que olhando agora, poderíamos por algumas
versões, mas nenhuma seria boa para nós.
— Mas perdemos o nosso pessoal.
— Sim, mortos e achados com as armas da tentativa de assas-
sinato, tento achar como se faz isto, eu não sou adepto de super
poderes, nós não entendemos o que foi feito, mas algo tem de ter
sido, não quero por paranormalidade nisto, pois não vai colar.
João olha os dados e olha para Micaela.
— Vou tentar ficar um pouco em casa.
— Não quer aparecer?
— Eles acabaram de por seu querido Delegado no caso, para
tentar algo que nos incrimine.
Micaela olha em volta e fala.
— Eles sempre vão dizer que não precisava ter matado todos.
226
— Sim, e agora estariam na portaria subindo para tentar de
novo.
— E como ajudo?
— Se cuidando, eu não entendi tudo, mas sabia que teria rea-
ção, e todos sabemos que alguns acham que eles nos matarem é lei,
nós nos defendermos, crime.
João senta-se na sala, o corpo dolorido, se recuperando, ele
esperava algo, e sabia que não atenderia o telefone.
Micaela olha João e pergunta.
— Como paramos isto, esta ficando insuportável.
João não sabia, mas entende o problema, ele pensa em todos
os problemas, olha a filha, a abraça e fala.
— Podemos passar uns 5 dias em Curitiba. – João.
— Pensando em que? – Micaela.
— Me recuperar, as vezes eu estranho, mas dia 20 vamos ter
de estar aqui, e não foi legal hoje.
Micaela o abraça e fala.
— Tem certeza.
— Não, mas sabe quando você acha que tem de falar com al-
gumas pessoas e sabe que se o fizer, eu jogo alguém na fogueira?
— E acha que não podemos fazer nada?
João olha para Micaela e fala.
— Acho que todos sabem o que aconteceu, todos sabem que
o peso vem sobre mim, e todos sabem, quem fez o que, mas não
quero arriscar.
O casal prepara as coisas e no fim da tarde, deixa seu advo-
gado informado e voam para Curitiba.

227
O delegado da civil tenta um con-
dução para depoimento de Mayer e o
advogado o informa que estão em Curi-
tiba, e que se fosse intimado ele compa-
receria.
No morro da Providencia, encos-
tado na Cidade do Samba, um rapaz do
barracão da Escola de Samba Bangu,
aparece morto a porta de entrada.
Um grupo de pessoas armadas,
invade a Cidade do Samba atirando, as
pessoas se protegendo e aquilo virando
noticia.
A polícia cerca o local, e pelas por-
tas externas, parte do pessoal se retira,
parte de dois barracões eles põem fogo,
e muita confusão, que acaba em um
bandido morto, um policial ferido e mui-
ta confusão naquele dia.
O desviar do foco, e a barbarida-
de, espoe um ódio a escolas de samba, que não fica visível sempre,
apenas quando elas chamam muita atenção.
As escolas oferecem apoio as duas que perderam um ano de
trabalho, e em meio a crise, ninguém consegue explicar porque de
tal investida, já que não parecia fazer sentido.
Na Beija-Flor Jorge, o carnavalesco olha Roberto olhar para
ele serio e perguntar.
— Consegue avançar enquanto João se recupera?
— Ele está bem senhor?
— Sim, mas as vezes tem de se recuperar para estar inteiro.
— Vou tentar ajudar ao máximo, ele deixou muita coisa en-
caminhada, estamos acelerando as fantasias, as revisando uma a
uma, e parece que os carros começam a ganhar acabamento.
Roberto foi falar com os demais, verificar como a direção da
escola estava.
228
A Policia Federal no fim daquele dia fala que João Mayer era o
responsável por 22 mortes de policiais em Niterói e pede a prisão
dele.
João em Curitiba, recebe a ligação de Paulo, o advogado e
olha para Micaela.
— Nem um dia aqui, esta cidade não gosta mais de mim.
— Problemas?
— Me acusaram das 22 mortes, sem provas, mas se não com-
parecer viro fugitivo.
— Quer que faça o que?
— Voltamos ao Rio, você tem de escolher se fica em casa ou
vai a Petrópolis.
João no final daquele dia retorna a cidade, e não era 6 da tar-
de, quando ele chega a delegacia de Policia Federal, obvio que ele
anunciou para Bonifácio que estaria lá, para ser registrado.
João olha Paulo a entrada e entram na cede, já que o decreta-
ram culpado sem um inquérito fechado.
O Delegado Vitório, olha para João, chama o escrivão, ele iria
o prender de qualquer forma, e não interessava se as imagens fo-
ram ao ar, ele queria defender os demais.
João viu que já estava decidido, e olha para Paulo e fala antes
de começar o interrogatório.
— Apenas não se desgasta, pede as provas e as conclusões,
apenas tenta me tirar antes do natal.
O delegado sabia que não teria provas, mas emitiu um pedido
de prisão temporária, mesmo assim.
Paulo viu que era corporativismo, mas não teria o que fazer,
João não tinha grau superior, então seria transferido para alguma
penitenciaria do estado.
O delegado começou com as perguntas básicas, e na profis-
são, se era para irritar, Presidente de Escola de Samba.
— O que o senhor teria a justificar os motivos das mortes dos
policiais executados a seu mando em Niterói no dia de ontem.
— Não mandei ninguém matar um rato ontem senhor.
— Respeito rapaz.
João olha o delegado e fala.

229
— Se está falando dos policiais que atiraram em mim, com
conivência até deste senhor a porta da Corregedoria da Policia Fe-
deral, pois ele estava lá, não os matei, não tive chance.
— Sabe até quem foram mortos.
— Quer os nomes, na sua lista a frente, dos que atiraram em
mim, pode ser que erre algum, mas sei que 18 deles, era seus rapa-
zes, por acaso, mandou eles me matarem e covardemente ficou a
frente de um delegado da Civil, para não ser investigado senhor
Delegado Vitorio Reginaldo Santos. – João encarando o Delegado,
uma coisa João não tinha medo, era de arcar com as consequências.
— Não sou eu que estou encrencado.
— Ainda não, quer dizer.
Paulo viu que João estava provocando, e isto era sinal que o
senhor a frente não deveria ter quase nada, e ele queria ficar preso.
— Sabe que desacato pode o manter preso.
— O senhor já assinou minha detenção, mesmo sem provas,
mesmo o Corregedor as costas ter visto os seus atirarem em mim,
então não é justiça que está querendo, é vingança.
— Se levou tiros, como está vivo então?
— Boa pergunta, ainda dói o corpo por baixo do colete, e
mesmo assim, não vou depor, pois iria feder mais, mas agora eu sei
que alguns que se faziam de “Parceiros”, e nisto coloco prefeito de
Niterói, Governador do Estado e Presidente, me querem morto,
então talvez, é um talvez, após responder a esta tentativa infantil de
incriminar quem levou os tiros, eu ache um lugar melhor para viver,
que não seja nesta cidade de malucos.
— Achou que alguém interferiria por um marginal? – O Cor-
regedor as costas.
— Não, pelo senhor ninguém pediria nada não! – João.
O senhor olha furioso e o delegado fala.
— Onde estava ontem as 2 e 35 da tarde.
— Chegando em meu apartamento em Copacabana.
— Tem testemunhas.
— O piloto.
— Saberia o nome dele.
— Assim que ler a acusação, não quero um bom piloto morto
por seus rapazes Delegado.
230
— Esta me ofendendo.
— O senhor está me ofendendo, me acusando de ter matado,
a imprensa falava em 22 mortes, numa declaração sua, de pessoas
que atiraram em mim, a delegacia de Niterói está levantando a ba-
lística da tentativa, o senhor acha que fui eu, estes malucos falam
que faço coisas incríveis, um colete com três camadas de proteção
fazem o milagre, e eles inventam aos montes.
— Se não colaborar teremos de convocar sua esposa.
— Se quer tornar isto mais complicado e irreversível, faça,
não devemos, apenas não morremos, por sinal, levei sorte.
— Qual o motivo que levaria policiais federais a atirarem em
você, isto não faz sentido.
— Verdade, não faz sentido um policial federal, que ganha
bem mais que as pessoas normais, se deixarem cooptar por milícias,
eles me culpam por não ter conseguido algo na comunidade do
Caju, eu nem estava lá, e eles me culpam.
— Alguns lhe acusam de ter coordenado o atentado ao Depu-
tado Naro.
— Não tenho nenhuma desavença com o Deputado.
— Dizem que o senador, irmão do Deputado lhe acusava de
ladrão e que devia dinheiro para ele.
— Eu não tenho nenhum processo vindo do falecido Senador
Naro contra mim, ele falava que tinham roubado ele referente a
ações que ele vendeu, mas era apenas discurso politico. E por pala-
vras de alguém que morreu, e ouvi até absurdos que eu tinha sabo-
tado o avião, parece apenas achismo.
— Estou alertando seu advogado, que pedimos sua prisão
preventiva para analisar o caso e para levantar os fatos.
João não comentou nada, Paulo olha o senhor e fala.
— Apenas para depois não dizerem que fomos intransigentes
senhor Delegado, pois não existe inquérito referente as mortes, as
mortes não são de competência da policia federal, existem policiais
ligados ao senhor em uma operação e mesmo assim o senhor insis-
te em o prender?
— Temos nossos prazos e não vamos deixar de averiguar as
mortes e deixar alguém tido como perigoso solto por ai.

231
O Delegado fala às palavras que estava determinando a pri-
são temporária de João e que se cumprisse.
O advogado lê a entrevista, que foi apenas uma conversa que
não levou a nada, e João assina, Paulo pega o telefone na entrada e
pede para entrarem com um recurso e explicações plausíveis refe-
rente ao deter do senhor Mayer.
João não fala muita coisa, mas uma existência para ao lado de
Micaela e fala.
“Desculpa, acabei preso!”
Ela olha ele e olha em volta.
— As vezes parece que estou sendo vigiada!
“Liga para seu primo e diz para ele se cuidar!”
Micaela pega o telefone, quase que adivinhando que estava
grampeada, mesmo ilegalmente.
— Primo, apenas alertando, sei que tem ensaio da Bateria ho-
je, mas Mayer não vai, eles acabaram de prender ele.
Rodrigo olha em volta e fala.
— E como ele está?
— Deve estar tentando entender o que aconteceu, ele leva ti-
ro e quem deu os tiros vira inocente e ele culpado.
— Vamos tentar ensaiar mais, para ele não reclamar depois.
Rodrigo sai do Morro do Alemão e olha em volta, olha para a
comunidade e passa alerta de atenção máxima.
Micaela informa o pai, o tio, o carnavalesco, os presidentes
de 3 empresas, ela senta-se a sala e Mirian a olha a porta e fala.
— Onde o pai tá?
— Foi preso.
— Ele não tava bem para se preso!
Micaela abraça a filha e fica a pensar no que faria.
João é detido temporariamente nas celas da delegacia fede-
ral, e senta-se a olhar em volta.
Ele olha a cama e deita nela, ele parecia não querer dormir
ali, mas pelo jeito não teria jeito.
João sente as existências, coloca uma parte delas para fora,
para tentar entender o acontecido.
As vezes muita gente tentando algo, não dá em nada, João
estava achando que não teria mais nada, quando viu através de
232
uma existência em um restaurante em Copacabana, o Delegado
Vitório, Medina e Roberto Marinho, a existência olha aquilo, e para
ao lado, ele precisava saber o que estava acontecendo.
— Acha que consegue algo contra ele?
— Não temos nada Medina, tem coisa que não entendo, as
mortes, mas amanha deve sair a soltura dele, estamos esperando
ele fazer alguma burrada para o manter lá.
— E acha que ele fará algo?
— Não sei, mas temos de ter calma, e sabemos que tudo que
acusamos ele, não temos como provar, mas a corregedoria filmada
na operação contra ele, quer que as pessoas olhem para outro lado.
Roberto olha Medina.
— Pelo jeito um dinheiro gasto a toa?
— Eles acreditaram que era o rapaz, aquela ação na Cidade
do Samba, pensei que alguém deles interviria, mas não, e os pontos
continuam fechados, e tem muita gente se contendo, não entendi
toda a confusão, mas ele basicamente transformou o meu maior
ganho na cidade em um showzinho. – Medina.
Roberto Marinho olha para Medina e fala.
— Não, ele tinha aberto as portas para você fazer um show lá
Medina, e achando que ele não abriria mão de milhões, ficou saca-
neando ele na Marques de Sapucaí, esqueceu ainda de conter a
língua na boca, seu fraco, perdeu alguém competente, para a con-
corrência, pior, alguém que não tem medo de empatar dinheiro,
pois tenho de fonte certa que os 4 primeiros eventos dele, foram
projetados para dar pouco lucro, mas para divulgar os locais mundi-
almente, para possibilidade de grandes shows.
— Quem seria maluco de jogar pela janela 125 milhões de re-
ais?
— Você, pois seu show lá daria muito mais que esta diferen-
ça, então para de chorar. – Roberto que olha para o Delegado. — E
não existe como o manter preso?
— Na semana que o judiciário dá indulto de natal a todo mar-
ginal, fica difícil Roberto.
— E pelo jeito nada para este rapaz? – Roberto.
— Ele se dá ao luxo de gastar com o que quer, mas ele entra
em locais simples e faz suas refeições, a ação dos policiais tinha
233
tudo para ser uma grande merda, pois eles foram com uma ideia
fixa na cabeça e não olharam em volta, se o rapaz não sai do lugar,
eles tinham matado mais de 20 pessoas, e fica difícil defender gente
assim Roberto, sei que quero ele preso, mas preciso de provas, e
não provas criadas, que eles desmontam, preciso de algo real.
— E se alguém morresse de verdade, para o incriminar. - Me-
dina olhando o Delegado.
O delegado olha para Marinho e fala.
— Depois explica para seu amigo com quem está falando, por
menos que isto já prendi gente.
O delegado sai dali e Medina olha Roberto.
— Mas...
— Tem de saber o que vai falar, e como falar, não se induz
um policial a isto, em um local que nem se sabe se alguém está gra-
vando Medina.
— Mas como paramos este rapaz?
— Pensando, pois incrível que pareça, eu sou o cabeça dura,
que o chama de sem berço, ele assume 45% da empresa que foi de
meu pai, troca a presidência, e sobre nova direção minhas ações
hoje valem 10% a mais, do que valiam antes de vendar os 4% que
vendi, ele pode não ter cultura Medina, mas se cerca dos bons, você
jogou na mão dele um dos melhores rapazes de conteúdo da cida-
de, ele já fez 8 shows históricos na cidade, não sei quem me disse
que para bater neste rapaz, tem de ter certeza de que se vai ganhar,
eu achei que falava com qualquer um, me dei mal, você sabia que
ele poderia lhe tirar de um prospecto de bilhão para casa dos mi-
lhões novamente, e não recuou, sei que fiz merda, mas pelo menos
estou capitalizando para quando ele der bobeira.
Uma das existências de Mayer acompanha o delegado que
chega a Delegacia, voltando ao trabalho no lugar de ir para casa.
O delegado estava com algo a cabeça e disca para o delegado
Gomes.
— Já descansando Delegado?
Delegado Jose Gomes estava na entrada da favela da Provi-
dencia e fala.
— Verificando o começo do problema na cidade do samba,
problemas delegado?
234
— Teria como verificar para mim quem pagou para matarem
este rapaz ai?
— Desconfiança?
— Alguém deu a entender que foi uma armação para ver se
Mayer interviria, uma arapuca, mas como ele estava longe, não
caiu.
— E não teria como falar quem?
— Como se acusa um empresário como Medina, de algo as-
sim Delegado, sem provas.
— Prendeu um mais poderoso com bem menos prova dele-
gado Vitorio, sabe disto.
— Vai o defender?
— Sei que se eu ou você estivéssemos naquela parede, esta-
ríamos mortos, então todos os mortos, tentaram um assassinato,
pior, se eles tentaram com Mayer, eles tentariam Tabajara e depois
Sena, e isto não acabaria bem de qualquer jeito.
— Mas sabemos que foi ele.
— Deduzimos pelo tipo de morte, não sabemos, pois descul-
pa Delegado, se eu soubesse como matar um marginal, sem tocar
nele e deixar provas, garanto, esta cidade estaria mais limpa.
— Mas é um aviso, Medina pagou para fazerem algo ai, se
pagou para fazer tudo não sei, mas nitidamente colocaram fogo
apenas em duas escolas.
O delegado olha os barracões, Tradição que havia subido e
Alegria da Zona Sul, que estava tentando se reorganizar.
O delegado sabia que João teve seus dias na Alegria, então
poderia ser algo neste sentido, e não sabia para quem perguntar.
Ele olha os seguranças, faz perguntas referente ao ano ante-
rior, quais os grandes apoios, e ficou obvio que era algo para provo-
car João Mayer, mas teve uma morte, e obvio, três pessoas pressio-
nadas e aparece o nome de Medina, dinheiro, transferência e algo
que não estava nos planos de Mayer.
João olha para as celas e pensa no que fazer, as vezes era
uma oportunidade, as vezes não.
Uma vivencia olha para Micaela no apartamento, fala algu-
mas coisas e ela pega o telefone e liga para Roseli, e depois para
Rafaela, presidente da escola e oferece a ajuda de reconstrução da
235
organização e apoio pessoal de Mayer aos carnavais, pois era uma
injustiça ter na volta ao sambódromo não ter o melhor da escola.
Nos rescaldos do que sobrou, um dos rapazes olha para a
presidente e fala.
— As estruturas do ano passado pegaram fogo, como vamos
fazer.
— Vamos aceitar ajuda e nos superar, se demoramos para
subir, não é agora que vamos deixar as coisas desandarem.
— E temos como? – O rapaz.
— Mantem a calma, pelo menos acho que dá para fazer algo,
vai ser corrido, mas não vamos desistir, deu para tirar parte das
fantasias, e vamos contabilizar amanha o que precisamos, vou ter
de conversar com algumas pessoas, mas sei que vamos dar nosso
melhor.
Roseli olha para o pai e fala.
— Sacanagem, pelo jeito a briga era com Mayer e nos saca-
nearam. – Roseli olhando em volta.
— Foi bem proposital, mas acha que reerguemos filha?
— Micaela ligou oferecendo ajuda, este casal sabe o que
acontece, as vezes eles apenas não conseguem intervir.
— Dizem que eles estavam em Curitiba, chegam e Mayer foi
preso.
A moça olha em volta e fala.
— Vai dar trabalho.
João deita na cela e adormece, sabendo que as coisas ainda
estavam complicadas.

236
Os barracões que pegaram fogo,
começam o dia com a entrada do pesso-
al da organização, tirando tudo que po-
diam do local, lavando com jato de
areia, refazendo instalações, um traba-
lho que feito com eficiência e 2 grupos
de 20 pessoas, começa a mudar a cara
do local.
As pessoas viram que a perda dos
carros foi total, e as duas estariam entre
as escolas que com certeza se esforçari-
am para não cair.
As petições de Paulo Oliveira che-
gam a 3 juízes, ele não queria perder
tempo, mas foram 3 indagações, cada
qual a um juiz, e todas pedindo a soltura
de Mayer.
Os Juízes pareciam descontentes,
ou pressionados a não assinar, então
estavam com as petições de soltura
apenas largadas as mesas e começam a analisar outras petições.
O delegado Jose Gomes, pede a prisão provisória de Medina,
o que foi um choque para os demais, alguém respeitado, acusado
de pagar por um assassinato e para por fogo em dois barracões, o
delegado coloca os depoimentos, a morte, os prejuízos e o pedido,
mesmo o Juiz querendo ignorar, teve de assinar.
O senhor Medina estava em sua casa, por volta das oito da
manha quando um grupo de policiais chega a casa para aprender
computadores, celulares, e levarem ele para interrogatório.
Medina foi levado a delegacia, perguntas, se conhecia, se ti-
nha ligado para certas pessoas, sua posição sobre a afirmação de
que tinha pago para eles porem fogo, se tinha motivos para o fazer,
se aquele numero era dele, se aquela conta era dele, se ele lembra-
va do motivo das transferências, o delegado determinar sua prisão
temporária, se até aquele momento ele estava achando que sairia,
237
viu que estava complicado, o advogado apresenta os documentos
de formação de Medina o que estabelecia que ele teria de cumprir
em cela especial.
João estava terminando o café da manha na cela, quando viu
o senhor ser colocado na cela ao lado.
João fez que não reparou, sabia que a avaliação do seu caso
estava sendo retido, então talvez tivesse de ficar mais uma noite ali.
Medina parecia perdido ali, João olha no fim de tudo para ele
e fala, talvez Medina não esperasse falar com João.
— Podemos conversar Medina?
— Não tenho nada a falar com você.
— Tudo bem, os dois estão perdendo, se quer continuar a
perder, sem problemas.
João volta a seu lugar e ouve ele falar.
— Você me ferrou rapaz, não tenho nada a falar com você.
João olha o senhor, ele falava com sua aura afirmando que
ele acreditava naquilo, ele em momento algum duvidou de que ele
estava com a razão na frase.
João apenas deita e espera o dia passar.
Em Copacabana, a pequena Mirian olha para a mãe e pergun-
ta seria.
— Papai tá bem?
— Sim filha, problemas?
— Ele faz falta.
Micaela abraça a filha e fica pensando no que fazer.
No barracão da Mangueira, Leandro olha Turco e pergunta.
— Como estão os carros?
— Faltam acabamentos em todos os 6 carros, mas estão to-
dos muito bem estruturados e no cronograma.
— O presidente quer saber se damos conta, eu falo que sim,
mas ele não parece convencido.
— Marca com ele que mostramos como está o carro 4, e ele
vai entender que o que está na parte baixa, é o que podemos mos-
trar agora.
Leandro olha para Turco e foi falar com o presidente.
Na Portela, o presidente olha para os diretores e pergunta se
eles eram a favor de ajudar uma escola que foi divergência daquela,
238
que poderiam por uma pedra sobre o passado aproveitando aquele
momento.
A maioria concorda em ajudar, e o presidente liga para a pre-
sidente da Tradição oferecendo 4 chassis que não usariam este ano,
e parte do material, para eles não começarem do nada.
Rafaela agradece e aceita a ajuda, ela não sabia ainda como
reerguer, estava vendo o pessoal jatear as paredes, e pelo menos o
cheiro sumir daquele lugar, e com o colocar para fora das coisas
queimadas, o espaço vazio onde a dois dias tinha pelo menos 3 car-
ros em estado de acabamento e 3 carros pelo menos estruturados.
João estava quieto quando ouve.
— Acha que sai da cadeia fácil assim, vai acabar em Bangu.
João olha para o senhor, ele estava quieto tentando saber o
que aconteceria com seu processo, e fala.
— Nunca entendi este ódio, juro, o desviei para não precisar
brigar, referente à armação que montou para tocar algo que ignora-
va a complexidade, aquilo em si já era um crime, não sei, você pare-
ce acreditar que pode mandar matar, subornar, e nada o vai acon-
tecer, eu sei que vocês tem motivos para me odiar, ouvi até você
reclamando que transformei seu Rock In Rio em um showzinho.
— Você o reduziu a um nada.
— Fala serio Medina, você arrecadou duas vezes e meia a
mais no ultimo Rock In Rio, ou você não sabe conter dinheiro, ou
está fazendo propaganda dos meus shows, se é propaganda para
mim, obrigado, pois sei que não teve um ano ruim.
— Acha que vou deixar você se dar bem.
— Eu posso me dar mal Medina, sei que não tenho sua cultu-
ra, sei que levei sorte, mas ia propor uma trégua para os dois ga-
nharem mais, mas parece me odiar ainda.
— Não tem o que me oferecer.
— Certo, então quando eu sair daqui conversamos. – João
provocando, sabia que o policia estava vindo para o levar a sala do
delegado, e que sua soltura fora decretada por dois juízes, então
era apenas provocação.
O policia chega, João é conduzido a sala, ele ouve o Delegado
afirmar que foi lhe concedido liberdade provisória, e que deveria se
apresentar toda vez que fosse convocado.
239
João concorda, não teria como discordar e sai pela frente da
delegacia, ao lado do advogado, ele pede para Paulo o deixar na
Cidade do Samba, ele como alguém da organização, entra no local e
caminha até os barracões destruídos e oferece pela organização
todo apoio possível.
João vai a direção e liga para alguns presidentes de escolas do
grupo de Jacarepaguá, e verifica se eles tinham ainda algumas es-
culturas, já que eram dentro do projeto que estava sendo feito na-
queles dois carnavais, reaproveitamento, e pede para eles separa-
rem, ele iria ajudar as duas a não saírem do zero.
Após acertar estas coisas, caminha até o cais e de lá para a
Cidade do Carnaval.
João entrando a pé pela frente, sendo o barracão da Beija-flor
o de numero 15, na parte ao fundo da estrutura, passando por to-
dos, fez muitos olharem ele chegando.
Alguns o cumprimentam e Micaela desce a entrada e o abraça
a frente do barracão.
— Acha que eles vão pegar pesado?
— Não entendi, Medina foi preso. – João mentindo.
Micaela olha para a aura e fala.
— Você não presta mesmo, mas o que pensou referente as
duas escolas que foram sabotadas?
— Estou tentado conseguir esculturas que tinham haver com
os enredos das duas, tenho mais 6 esculturas no barracão anexo da
direção de Jacarepaguá, tenho esculturas da escola de um homem
só, então vamos fazer com que não saiam do zero, vai ser corrido,
mas pelo menos eles não começam do zero e obvio, os dois grupos
vão precisar de ajuda na costura.
— E como podemos ajudar? – Micaela.
— Eles tem recursos para isto Mick, mas fala que podemos
conseguir que uma fabrica em Caxias ajude na produção, teriam de
pagar as costureiras e os materiais.
— Certo, usar o pessoal que pararam por conta do fim do
ano, e por elas para fazer fantasias.
— Sim, como digo, temos de mostrar que é nesta hora que
apoiamos e que ganhamos.
Os dois entram e João olha Roberto.
240
— Vendo a cela da Policia Federal, me motiva mais ainda a fa-
zer uma faculdade.
Roberto sorriu e fala.
— E como está o processo?
— Sem um único laudo que me incrimine, os laudos da policia
de Niterói me coloca como alvo e não como assassino, e os juízes
mesmo a contra gosto tiveram de me libertar.
— E a alegação do delegado?
— Não entramos ainda contra o delegado, pois não queria o
tirar de lá ainda, pois ele parece ser destes que quer fazer o certo,
mas não quer dizer que ele consiga fazer o certo.
— E este papo de ajudar as duas escolas que tiveram proble-
ma no acesso.
— Roberto, somos a organização do desfile do Acesso, então
obvio, somos nós que temos de dar respaldo ao acidente, pior, algo
aconteceu propositadamente, já que o ataque foi sobre duas esco-
las que em teoria, a MD Produtos Carnavalescos tinha maior conta-
to e acordos este ano.
— Eles não sabem que não nos preocupamos com isto? - Mi-
caela olhando João.
— Acho que eles nos acham pessoas vingativas, vingança não
leva a nada, embora as vezes nos livre de futuros problemas.
— E acha que eles vão manter o processo sobre você? - Ro-
berto olhando João.
— Acho que é uma tentativa frustrada de transferir para mim
a culpa senhor, mas já que eles anteciparam o problema, deixa eu
olhar como estão ficando os carros.
João olha Jorge e fala.
— Como está o carro 8, o do Brasil é um feriado!
— Ele está bem avançado.
— Hora de mostrar o projeto final e começar a acabar o carro
Jorge.
— Vai querer mexer em quais carros.
— Terminar primeiro o 8, depois o 2 seguido do 3!
— E o que vamos somar no carro 8?
— O jato sobre ele, os painéis de todos os andares, 3 escultu-
ras ao fundo e duas a frente.
241
— Escultura?
— A ala 73, é parte deste carro Jorge, eles estão a frente em
uma fantasia e ao fundo em outra.
— Não entendi.
João chega a bancada e mostra um desenho.
— Estamos com ele indo para este desenho.

Ele abre a pasta e olha a imagem final e fala.


— E vamos para algo assim!
Roberto olha o desenho e pergunta.
— Com gente a toda volta?
— No intervalo, na frente e no fundo. Para após isto termi-
narmos o carro e chegarmos a este ponto. – Joao abre a ultima fo-
lha e Jorge sorri.

— Ali que vai parte das arvores?


— Sim, os índios a frente do carro são as duas estatuas de ín-
dios felizes e dançantes, que tem lá no penúltimo andar, eles esta-
rão ligados ao carro por uma armação, e os do fundo são os índios
estilizados de carnavais passados, sobre cada arvore destas teremos
242
um beija-flor, e o avião em seu ponto mais alto, está a 26 metros,
ele tem no projeto final, 26 por 17. O carro não medi ainda.
Roberto viu João olhar o carro 2 e abrir a pasta ao lado e fala
olhando Jorge.
— Sei que eu forço as coisas, o pessoal da coordenação de
carnaval dizem que tenho de terminar, mas eu vou fazendo de
acordo com o que fica pronto, na visão superior, não se tem noção
do que são estes carros, e este ano vamos fazer um prospecto com
toda a definição do carnaval, sei que digo que não quero mostrar
tudo, não o quero mesmo, mas no prospecto estará toda a defini-
ção, até do que não esta na imagem.
— E o que somaremos no carro 2?
João olha o prospecto e fala.

— Estamos neste ponto do carro 2, parece algo definido, os


prédios a frente estão quase prontos, os prospectos de luz estão
todos ali, mas falta parte do prospecto, a ala frontal e dos fundos do
carro, fora as estilizações laterais na rocha exposta, onde vai ter os
rostos felizes, os rostos sofridos, a dor e a alegria, em rostos distri-
buídos. – João coloca o desenho do que queria naquele carro.

243
— Na parte frontal as esculturas dos cariocas da zona sul, ao
fundo, os cariocas verdadeiro, das comunidades, na frente temos as
palmeiras bem cuidadas, no fundo, as arvores tortas, que se manti-
veram por teimosia, temos duas cidades, sei que alguns se chocam,
mas estamos falando de Brasil, e não temos como falar de Brasil
sem falar das diferenças.
— Certo, então carro 8 e dois crescem.
— O que você olha a frente e ao fundo, são hidráulicos que
afastam as esculturas e no seu entremeio se vê o tecido com os
detalhes bordados, a frente, um mar com aparência de vida, ou
quase vida, e no fundo, a sujeira dos mangues, dos morros, da vida.
Roberto sorriu e fala.
— Isto no carro do Cristo?
— Sim, lembra quando não viram as mulheres nuas?
— Lembro, mas desta vez não quer que não olhem?
— Alguns não vão ver, tenho certeza.
João abre a terceira pasta e fala.
— Já o carro 3, está assim.

— E vai ficar assim!

Jorge olha o projeto e fala.


— E todos achando que o carnaval está imenso, e você pen-
sando em algo maior.
— Estava tentando me convencer se adiantava o carro final,
para terminar com a bateria, pois vai esfriar, as pessoas tem razão,

244
não vai dar para manter o clima com um carro daqueles, e ainda se
precisar acelerar o fim, temos alas, e não um carro de 95 metros.
Roberto olha Jorge olhar o carro.
— Na dinâmica da apresentação não muda quase nada, ape-
nas temos de justificar de acordo com a posição, mas nitidamente
se preocupou com o carro final. – Jorge.
— Se vai manter o clima mais alto, não vejo problema - Ro-
berto olhando os desenhos. – Você adora continuar criando, e pelo
jeito se deixar vai até o dia do desfile.
— Prometo me conter o ano que vem Roberto.
— Certo, pelo jeito vamos com um carnaval imenso mesmo a
avenida, muito maior do que você já mostrou, e eles acharam imen-
sos.
— Eu estou ainda olhando os carros, pior, quanto mais eu não
gosto de um carro, mais eu penso nele, acho que o 3, era dos que
mais tinha receio, acho que já começa a aparecer com um carro.
Jorge sobe com João e começam a descer as esculturas dos
carros que iriam incrementar, obvio que a soma nos 3 carros, dava
uma dinâmica diferente, e o refazer de todo piso do carro 3, para
por as luminárias, fez muitos lembrarem do carro do ano anterior.
Quando eles começam a erguer as esculturas do carro 8 para
refazer também a base do carro, ficou bem claro que estavam indo
para o final daqueles carros, ainda mais porque enquanto eles fazi-
am o carro 8 o pessoal do carro dois começa a empacotar, reduzir e
cobrir para olhar agora apenas nos ensaios.
As arvores entrando e depois saindo, para serem numeradas
e guardadas, pois muito do que ia além dos 8 metros de largura,
ficava para recolocar na avenida.
Jorge olha João e pergunta.
— Acha que as roupas ficaram de acordo?
— Eu gostei, estamos perdendo tempo revisando cada grupo
de fantasias, e sei que demora para ficar pronto, mas terminamos
as 60 alas, o problema são as fantasias dos carros, são em quantias
as vezes menores, as vezes maiores, mas são muitas, sempre digo
que não sei pensar em uma historia pela metade.
— E como vamos realmente ao desfile?

245
João pega um arquivo e coloca a tela do computador da parte
de criação, no andar das esculturas, ele sabia o que queria, mas as
vezes parecia que tinha de ser bem claro.

Jorge olha o prospecto e fala.


— 4 carros mais largos que a passarela?
— De 10, menos da metade. – João.
Jorge sorri e fala.
— Eles não fazem um, você põem 4, sempre provocando.
— Eu acho que falta algo no carro final, mas tudo bem, eu
prendi uma ala a frente do carro final, coloco uma ala nas arquiban-
cadas finais, e talvez eu some algo a mais no carro final.
— Quer mesmo somar algo lá?
— Eu gosto de provocar, e falta duas coisas, e sei que eles
odeiam quando faço isto.
— Não acha que está imenso?
João pega um prospecto alto e fala.
— Se der tempo.

246
— Não quer fechar pequeno?
— Não, o que não entrou na parte do fundo do Fecha alas, é a
região dos balcões da Marques de Sapucaí, estilizados, para os dois
lados, e na frente, uma cobertura com frutas, verduras, em uma
espécie de parreira lateral, que sobe e toma o carro, pendurando as
coisas lateralmente.
— Algo para dar o impacto final?
— Sim, algo para dizer, somos grandes em todos os sentidos,
mas estas partes estamos montando, elas tem de conseguir se en-
colher, e isto é engenharia da pesada Jorge.
— Certo, tem de chegar lá, e você quer chegar com um carro
que está com que tamanho?
— Abrimos com 100 metros e fechamos com 91 metros, a
largura dos dois é próximo dos 19,5 metros, nas duas partes.
— Altura?
— Perto de 24 metros estes carros.
— E pelo jeito do desenho, muito acabamento nestes carros.
— Sim, com 192 pessoas, e 18 modelos de fantasia, apenas
no carro final. Mais as fantasias das demais escolas.
— Eles nem sonham este tamanho.
— Eles esperam algo grande, sabem que não sei fazer algo
pequeno, mas eu sempre digo que se o acabamento não estiver
bom, não vai.
— E não se preocupa em perder algo assim?
— Logico que me preocupo, mas se reparou nos carros que
estamos terminando, primeiro fizemos o básico, todos os carros já
tem o básico, depois, somamos a base com iluminação e todas as
esculturas, vou pressionando agora para as fantasias.
— Quando vi os carros seus, nunca pensei no sobrepor de
acabamentos, deixa mais profundo, mais dinâmico, e não para an-
tes de ficar ótimo.
— Eu quero conseguir passar a frente esta forma de fazer,
não é querer mudar, é deixar minha contribuição, acho que tem
gente muito melhor que eu, mas que as vezes esquece, acabamento
não é o caro, é o capricho, as vezes vejo carros ricos, com proble-
mas de acabamento, e pior, eles levam as notas pelo caro, não pelo
acabamento, e vejo gente muito boa em acabamento, mas por ser
247
mais barato, perderem pontos, eu sempre digo, colocamos plumas,
espelhos, tecidos, para ter pontos, não que precisasse.
Os dois começam a descer as arvores do carro 8, e as luminá-
rias, João queria ver se poderia ir a frente, e para ele, o caminho
estava bem encaminhado, pois estava prestes a dizer estou quase
com tudo encaminhado.
João para a parede anotando o que faltava e Jorge para ao la-
do, ele coloca um prospecto e fala.

— O que apresentamos e o que pretendemos tem um pouco


de diferença, e de agora ao desfile, a ideia dos carros, é sair do pon-
to que falamos, para o que vamos desfilar.
— E pelo jeito vai somar muito, pois o andar superior ainda
tem muita escultura.
— Como digo, quando se define o carro abre alas, tem uma
soma de painéis, de arvores, de carros, de barracos, a escultura da
santa, as representações religiosas, pior que cada carro, vai ser co-
mo os que começamos a terminar hoje, vamos por cada detalhe
antes de empacotar, e quero ter uns 15 dias de ensaio em cada
carro, para podermos entrar um pouco menos tensos.
— Você parece às vezes olhar tenso tudo.

248
— Tensão faz parte, mas ainda não estou tenso, estou crian-
do, e queria que tentasse assumir isto como pessoal.
— Como pessoal?
— Meta de evolução, tentar pensar o carnaval inteiro e imen-
so, pensando o que pode dar errado, o que pode dar efeito, e o que
pode dar muito certo. Eu geralmente deixava o Livro Abre-Alas para
lá, mas este ano, colocaremos lá a definição e a foto das 64 alas, e a
definição de cada carro, com imagem, fantasias, descritivo, explica-
mos cada ala, bem mastigado.
— E a surpresa?
— A surpresa está no canto, na garra, nos acabamentos, mas
a ideia, é tentar tirar o medo das pessoas, eu não faço esforço a
mais ou a menos para criar um carro de 26 metros, é o mesmo tra-
balho, mas obvio, se eu tinha de ter cuidado com acabamentos nos
10 metros, agora tenho de olhar atento, 26 metros, se eu demorava
para fazer um carro, 4 meses, eu preciso de 8 meses, a verdade o
esforço é da equipe, e gero mais emprego, mais tempo emprega-
dos, e acho incrível que chegamos agora no fim de dezembro, se
fossem carros normais, estariam quase prontos.
— As vezes dá medo.
— Não é para olhar como os demais Jorge, é para olhar como
alguém de dentro, pensa no carro do Cristo, qual o peso do Cristo.
— Quase nada.
— Os prédios a frente do Cristo?
— Bem mais estrutura.
— Sim, a estrutura frontal, dos prédios, é pelo menos 12 ve-
zes mais forte, pois tem gente, e engenharia, para levantar plástico
na forma de janelas dos 4 aos 20 metros, mas qual a força que se
faz?
— Para construir, não para testar, se é neste sentido.
— Sim, se estiver funcionando, vai aos 20 metros sem esfor-
ço. O que quero ressaltar. Entra na avenida, faz a curva, se ergue e
não pesa, se for para pesar, não coloque.
— De alguém que quer por quantos metros de carros na ave-
nida, 400 metros? Parece difícil aceitar.
— Se não me engano, dá mais de 550 metros, somando todos
os carros, mas como digo, este é um dos enredos maiores que já
249
nos propomos a por na avenida, a ideia não era minha, eu chamei
os dois que tiveram a ideia, e eles pularam fora.
— E nem viram deste tamanho.
— Talvez a única vez que me permitam fazer este desfile, po-
demos não ganhar, mas vamos encantar, vamos tentar não errar, e
jogar a bomba para as demais.
— Certo, primeiro dia, eles vão tentar encontrar algo igual.
— Igual não vai ter.
— E pelo jeito acredita neste desfile.
— Temos erros de enredo, vamos estar pesados, se parte da
escola parar de cantar, nos arrastamos, se qualquer coisa pifar, nos
damos mal.
— E não se preocupa?
— Não, fazemos carnaval para ser campeões, mas campeões
arriscam, e isto, gera perigos, mas eu testo todos os prospectos, sei
que não me viu numa armação, mas sou chato, intransigente, e se o
carnavalesco correr por um lado, e eu por outro, podemos conse-
guir por a escola inteira a avenida.
— Uma escola imensa?
— Eu quero voltar a ter o brilho de antigamente, sei que pou-
cos o querem, e isto, me faz pensar em por 5640 fantasias no chão,
bateria com mais 300 pessoas, 200 baiana, 1600 pessoas nos carros,
100 na ala dos compositores, então a base da escola é sete mil e
oitocentas pessoas, e outras 300 pessoas para a por na avenida.
— Você fez uma regra que permite que entrem com duas mil
pessoas e sejam julgadas de igual para igual e quer por 4 vezes isto
na avenida?
— Sim, sei que exagero em quase tudo, de exposição a cria-
ção, que eu pressiono os carnavalescos a criarem o que eu quero,
estranho pois é como aquela câmera, sabe aquela câmera ali.
— Sim.
— Coisas que aprendi com calma, a Globo paga para transmi-
tir por ali 24 horas por dia, mas no fundo, tem 6 produtos que usa-
mos normalmente, de solda, da Telwin, mas eles nos forneceram
maquinário novo e mais um montante para ter os equipamentos
dele ali, nem damos destaque, para a Globo não pedir para tirar, e
eles falam que é um super marketing.
250
— Detalhes que reforçam o todo? – Jorge.
— Sim, pois as roupas dos trabalhadores, são todas patroci-
nadas, todo o conjunto de coisas aqui, que posso baratear através
de um parceiro comercial eu faço, dizem que eu toco isto como uma
empresa, acho que não é possível fazer isto, eu dou meus pitacos,
mas não mais que isto.
Eles começam a por o Jato sobre os hidráulicos, João testa
aos 4 metros o abrir das asas, e coloca aquele placa translucida de
PP, com vincos de alumínio, para manter a firmeza, a leveza, e po-
der por os encaixes.
Ele ergue o avião a 14 metros e acende as luzes, aquele avião
brilhoso brilha no barracão, João desce o mesmo e instala o sistema
de fumaça ao fundo do avião, termina e testa o equipamento, dai
ele pega um dos carros elétricos que colocaria no trilho abaixo do
carro, sobe nele e dá uma volta inteira, lentamente, vendo e ano-
tando os problemas, aproveita e olha os painéis, a base e a cada
estrutura a mais em painéis, o avião ia subindo mais, os rapazes do
barracão viram que era um super carro.
João faz sinal para os rapazes começarem a descer os peque-
nos veículos que davam a conotação de varias marcas sendo produ-
zidas, nenhuma nacional, mas eram todos diferentes, e ele testa os
marcadores de distancia, pois os carros teriam de girar normalmen-
te, sem ninguém os dirigir.
E começa a girar, os rapazes terminam de por os painéis mais
baixos, aquelas torres que se erguiam do piso, a meio metro, a 12
metros, depois eles colocam sobre esta parte no alto, arvores de 8
metros, que giravam, e sobre estas arvores, acima, se via o avião,
com suas asas abertas, chegava a 18 metros de largura, começam a
testar o giro das arvores que ficariam na parte que recuava para
baixo do carro, quando encolhia, um grupo colocava as luzes baixas,
e começam a por as armações que se estenderiam a frente e o teci-
do, onde as pessoas se colocariam, e o piso baixo, para parecer que
elas estavam sobre o chão, mas estariam sobre o carro, os índios a
frente, em pinturas e rostos feitos em cabeceiras, para representar
algumas tribos.
João sobe com Jorge e descem as 5 esculturas, duas a frente e
3 aos fundo, índios reais e alegres a frente, índios estilizados e car-
251
navalescos ao fundo, e foram colocando os pisos, esticam o tecido a
frente e ao fundo do carro, que cobria a armação que ia a pouco
mais de 30 centímetros do chão, começam a prender a madeira que
serviria de piso para as pessoas que fariam a frente e o fundo do
carro. João testa o reduzir da armação, que corre para os lados,
encolhe e quando com 7 de largura por 5 de altura, se ergue a fren-
te e a o fundo do carro, as bases que seguravam as esculturas, dos
índios a frente e ao fundo, encolhem em altura e se aproximam do
carro.
Jorge vê o comando do carro esticar tudo novamente, as ar-
vores colocadas novamente nas pontas, o subir do carro, o acender
do carro, um carro de 50 metros, com certeza quem olhava pela
câmera deveria pensar que era o carro final, ou algo assim, as arvo-
res iluminadas e girando, a arvore na parte central que se erguia a
20 ,metros, uma pequena coluna de luz e a armação do avião sobre
o carro, os painéis mostrando os índios adoecendo na parte da fren-
te, fugindo na parte do fundo, virando símbolo bem ao fundo.
Ele faz sinal para um rapaz e descem uma escultura que pare-
cia pesada, Jorge tinha duvida de onde colocariam aquelas duas
frases.
“O Brasileiro é um Feriado!”
“Sorrir é genético, não dos Brancos!”
Os rapazes desceram aquilo e João chega a frente do carro,
coloca ao chão e pega uma ponta, onde tinha um balão interno
encolhido, mas que só deixava aquela parte para fora, era uma frase
com 8 de largura, 1 de altura, como se fosse solido, aparência de
madeira, mas era fibra, ele enche com gás quente e Jorge olha
aquela frase flutuar, João prende uma a frente e uma ao fundo do
carro e olha para Jorge.
— Pensando em por a ala 70 entre o tripé e o carro 8, em al-
gumas alas, colocar umas frases sobre elas, não sei se dá tempo de
fazer umas 20 alas, pois quero fazer duas frases por carro, que vão
flutuar.
Jorge ergue aquilo e fala.
— Sempre me falaram que você desafia o todo, eu vim, juro
que o que era grande em Julho, parece um detalhe agora, você

252
mostra que a ideia já está toda ai, e estas frases flutuando, parece
quase magia.
— A ideia, é colocar fitas como se fossem carnavalescas pen-
duradas, dai colocamos duas cordas para as segurarem, e duas para
segurança, encobertas por estas fitas.
— Em quais carros?
— Tem de ver que inicial, final, alguns a mais, alguns são fra-
ses muito grandes.
João olha Bira e fala.
— Consegue uma foto, para por no Livro Abre Alas?
Ele concorda e Jorge fala.
— Eles querem saber o que vai estar lá, você vai por tudo?
— Tudo e mandar uma copia para Milton Cunha.
— Uma narração sabendo os detalhes.
— Sim.
João prende a do fundo, e olha para as arvores finais girando
e olha para Paulinho.
— Não acendeu.
Paulinho olha para o carro e fala.
— Vamos verificar.
Eles desligam as arvores do fundo, tiram uma e olham que ti-
nha energia, eles olham o encaixe e Paulinho foi verificando cada
ligação, com o movimento uma das linhas de energia parava de
passar, parecia gerado pelo movimento, depois de verificado se vê
que a Energia que deveria manter com o sistema de giro, o contato
entre a parte interna e a externa, por engano, tinham tirado uma
das linhas de contato, passava apenas uma fase, então não ligava.
Colocam o contato nas 8 arvores que não haviam acendido, e
era próximo da uma da manha, quando eles religam e Jorge senta
ao fundo e fala.
— Um carro lindo.
João sorriu e Roberto chega ao lado e fala.
— Terminou mais um?
— O terceiro terminado Roberto.
— Você cria coisas imensas, mas não dá para dizer que não
pensa nos detalhes.
— Este carro, o 2 e 3, precisamos começar a ensaiar Roberto.
253
— A hora que tudo ganha vida? – Roberto.
— A hora que muita gente ve o que queremos.
— E pelo jeito vai acelerar?
— Tem muita coisa para ser feita, então vamos desempacotar
amanha os carros, agora ajeitados em cantos que me permitam
ensaiar, vou mandar as partes do abre-alas e do fecha alas para a
MD, terminar de montar, o que nos dará espaço para ensaiar aqui
os que aqui ficarem. Vamos trazer de lá 5 dos tripés, para por as
frases, e por fim, terminar lá, aqui e ensaiar tudo.
Roberto olha em volta e fala.
— Mas tirando os grandes vai sobrar espaço?
João pega o prospecto e fala.
— Vamos ajeitar segundo este prospecto Roberto!

Roberto olha o prospecto e sorri.


— Está falando serio que o carnaval não cabe no barracão.
— Roberto, juro que os próximos serão menores.
— E pelo jeito sua ideia é mostrar tudo.
— Sim, tudo que estiver aqui, mas com o Cristo encolhido, e o
Avião Recolhido, as estatuas altas encolhidas, as calhas altas enco-
lhidas, as árvores encolhidas, as luzes apagadas, pois o todo, não
queremos mostrar, e todos que olharem, verem grande quantidade
de carros, mas não esquecendo, para por os dois carros a mais aqui,
eu precisaria de 4 divisões a mais, três das maiores e uma como o
carro 7.
Roberto olha o desenho de novo e fala.
254
— Então se mostrar tudo, teríamos ainda um terço escondi-
do?
— Aproximadamente sim.
— E pretende trazer parte dos carros, até os tripés todos para
cá?
— Trazer os tripés, para eles não verem que vamos ensaiar o
pessoal da comissão de frente no carro aqui.
— Eles estão conseguindo? – Jorge.
— Eles estão se preparando fisicamente, pior, estamos prepa-
rando dois grupos para um funcionar, pois se qualquer um faltar,
teremos um reserva.
— Um grupo reserva? – Roberto.
— Sim, estou pensando se vou somar algo a mais, mas tudo,
até este momento, me estabelece que as frases vão ficar prontas no
próximo mês, estas coisas vamos pondo aos poucos.
— E como estão as fantasias? – Roberto.
João olha para Jorge que fala.
— Estamos com as alas ao chão, prontas, estamos com as
numerosas dos carros, com metade pronta, e outra quantidade em
acabamento senhor. – Jorge.
— Um exercito de gente?
— Estas fantasias são volumosas em detalhes, não em peso,
ideias que as vezes somam ao todo.
Micaela chega a parte baixa e abraça João.
— Vão tarde hoje?
— Já está na hora de descansar um pouco.
João se despede dos dois e Roberto olha Jorge.
— Acha que estão se entendendo?
— João Mayer cria coisas como aquela frase que é um balão
em peso, detalhes que as vezes penso que ele vai usar em uma saia
de carro, e ele coloca flutuando a frente do carro, entre duas arvo-
res.
Roberto olha o carro 8 e fala.
— Sim, ele faz estas coisas estranhas, mas este estilo que se
vê a frente, é o que chamam de estilo João Mayer, ele cria as escul-
turas, as paredes contam o que ele quer, nestes painéis, ele dese-
nha o carro na forma que ele quer, coloca mais luz do que todos os
255
demais carnavalesco, movimento, altura, brilho, espaço para muita
gente, esculturas vivas, então quando se fala de carnaval de Mayer,
este carro é bem o que ele faz.
— E pelo jeito os demais saíram, pois queriam assinar a ideia.
— Ele ouviu uma ideia, eles deram as frases, eles montaram o
prospecto, mas obvio, cada arvore desta tem um beija-flor, em toda
a base a volta, tem esculturas de beija-flores e de detalhes do carro,
ele não faz um carro simples, ele coloca na saia do carro escultura,
ele coloca painéis de 4 metros de altura, contando historias, ele
coloca gente a frente em fantasias que representam as esculturas,
ele fala um valor, e faz sempre maior.
— Acha que ele me daria a chance de um carnaval para o ano
que vem, bem estruturado?
— Se o convencer, com certeza. – Roberto.
— Estou pensando em um bem difícil de fazer, e parece que é
o que vocês gostam aqui.
— Enredos fortes ficam mais fáceis para gente que gosta de
trabalhar.
Micaela abraça João chegando em casa e pergunta.
— Cansado hoje?
Ele sorri a abraçando.

256
Cinco dias se passam, a inaugura-
ção de parte do porto, não encontram
Mayer lá, embora tivesse o presidente
da Marítima, tivesse alguns departa-
mentos e empresas envolvidas, Mayer
não estava, Micaela não estava, e os
mesmos não atendem o telefone, pois
se todos viraram as costas, para que ele
morresse, sinal que eles não serviam aos
dois.
Enquanto a cidade se volta ao
Porto com as inaugurações do dia, João
olha para o barracão da Tradição e olha
a presidente e pergunta.
— Sei que não é muito, mas acha
que dá para começar?
Rafaela olha as estruturas e escul-
tura, e fala.
— Assustador algo assim, mas
sim, dá para começar.
— Precisando avisa, pois é hora de correr com os projetos.
— Dizem que está fazendo um super carnaval na Beija-Flor.
— Tentando não parecer menor que o acesso.
A senhora sorriu e João caminha entre as duas instalações
carnavalescas, ele olha a cidade mudando, mas ele chega a entrada
da Cidade do Carnaval, era dia do programa referente à Beija-Flor,
os carros encolhidos, a dinâmica que vira com outras escolas, mas
que mostrava parte do que fora feito, obvio que ver os repórteres
olhando, perguntando, dava uma conotação que não era real, como
presidente, dava para João observar mais de longe.
Ouvir as perguntas para o carnavalesco, que mostravam parte
do carro “Que país é este?”, com aqueles 3 prédios a 15 metros,
com uma praia a frente, com uma orla, Milton e o carnavalesco
diante de um carro que parecia estarem na orla, tamanho detalhe,
sorri, pois esta era a ideia, passar parte, não passar o todo.
257
A comunidade cantando, a alegria de um carnaval que parecia
ir ao fim, mas para Joao, requeria acabar cada carro, eles iam evolu-
indo, e agora estavam indo para as partes finais.
João estava pensando em fechar o carnaval, e estranhava ter
exagerado de mais, estranha a dinâmica de um carnaval que ele
queria recuar e não teria mais como, “Brasil. Gigante pela própria
Natureza”, estava ficando pesado para João, e faltando menos de
dois meses, não teria como recuar.
Micaela o abraça no quarto andar, ele olhando para baixo e
pergunta.
— O que lhe faz ter medo!
— Exagerei, apenas isto.
— E quando você não exagera?
— As vezes eu temo por todos a volta, eu exagero, mas antes,
eu não tinha a responsabilidade.
— Sabe que os carros estão lindos.
João olha para Micaela e fala.
— Lembra quando criei aquele desfile de 600 metros de car-
ros, para desfilar na Escola de Samba de um Homem Só!
— Sim.
— Este carnaval tem em carros, o mesmo tamanho, mas ain-
da tem 8 mil pessoas no meio.
— E isto lhe dá medo?
— Sim, pensamos cada fantasia, cada placa, cada escultura,
explicamos e esmiuçamos cada detalhe, eu montei um prospecto
pôs carnaval sobre este desfile, para mim, talvez minha última cria-
ção, mas não sei, eu não posso fazer apenas um carnaval Mick.
— Acaba pondo tudo em uma única escola?
— Sim. Este foi o carnaval mais demorado, difícil, e ao mesmo
tempo, estamos a 20 de Dezembro, sem querer por mais coisas, eu
pensando em tirar coisa, e isto é difícil.
João caminha a mesa e Micaela olha o Livro Abre-Alas pronto
e pergunta.
— Colocou tudo?
— Descrevendo as ultimas alegorias e fantasias de alegorias.
— Falta muito?
— Não, apenas relendo para ver se não ficou dubio.
258
Micaela abre o livro e começa a olhar as descrições, as ima-
gens, as descrições e pergunta.
— Terminou então?
— O projeto, não a execução.
— E não vai ser fácil?
— Tenho de terminar de montar 5 carros, os que faltam as fo-
tos, tem apenas o descritivo, tenho apenas o projeto inicial ainda,
pois são imensos, então temos de terminar o Abre-Alas.

— Terminar o carro Fecha Alas.

— O carro 1!

— O carro 4!

— E o carro 5

João apontando os projetos altos, pois ainda não tinha mon-


tado um para fotografar e Micaela fala.
— Pelo jeito as pessoas acham saber o que será este desfile.
— Quem olha o carro 5 ali, 8 metros, é uma serie de fabricas,
mas como uma fabrica, é uma reprodução, uma repetição, eu repito
o carro 3 vezes em três tamanhos, justifico, reproduzo e cresço,
259
pequeno não faz sentido, então é algo grande, algo alto, algo que
pode parecer fácil fazer, mas está na parte alta os prospectos, Jorge
começa a olhar para as partes que não falo, mas está ali, se eu em-
parelhar apenas os carros, sem os tripés, preciso de 555 metros de
avenida para por os carros, se multiplicar pela largura de preparo,
os 12 metros, 6600 metros quadrados de base, se somar 5640 pes-
soas ocupando um metro quadrado com suas fantasias, outros 5640
metros quadrados, a avenida tem 12200 metros quadrados, de área
de apresentação, estamos se encostados um nos outros, fora os
tripés, com 12750 metros quadrados, dai eu somo comissão de
frente, bateria, baianas, tripés, mestre sala e porta bandeira, vamos
todos tensos, todos compenetrados, se colocar uma pessoas sobre
o carro as vezes desanda, colocar 1600 pessoas sobre carros, dificul-
ta, e ainda posso somar no carro 5.
— Não para?
— Eu montei três estruturas para o carro da comissão de
frente, todas com pequenas diferenças, mas tinha de decidir qual a
mais prática, escolhido, estou ali com as estruturas prontas.
— E faria o que com o carro 5?
— Deixar claro que não era o carro mais curto, o menor dos
carros é o carro 6, com 32 metros.
— Tem Abre-Alas deste tamanho.
— Sim, pior, você sabe mais como está o carnaval dos demais
que eu, nem ideia do que fizeram com as ideias na Mangueira, vi
algo na Mocidade, discuti com Bruno os carros da Chatuba, queima-
ram 4 bons carros na Alegria, fiz a base dos carros da Vizinha, ajudei
com ideias em 16 outras escolas, mas quando penso em 3 destas
escolas, e o que pensei para a Beija-Flor bate 3 delas juntas, me dá
um receio, se não exagerei.
— Mas faria o que com o carro 5?
— O problema, é que um carro que se aumenta, as vezes é
apenas mais espaço, mas a ideia, me faz precisar de 200 pessoas a
mais num carro que era pequeno, e passa a ter mais de 60 metros,
então ainda penso se vou fazer, como digo, estou segurando as
ideias, quem manda eu exagerar.
— E se conteria?

260
— Quem sabe em fevereiro tire do prospecto! – João colo-
cando o dedo no desenho ao fim. – Podendo ter dois pontos de
parada.

— Algo a chamar mais atenção?


— As vezes temo deixar maior, já está imenso.
— E teria como fazer sem somar aqui?
— Sim, montaria as partes no barracão da MD, nem o pessoal
do carro 5 veria antes de ir a Marques.
— E enquanto pensa nos seus medos, pensa no andamento
do desfile?
— Sim, pensa em eles registrarem o carro ali, oito metros de
altura, 32 de cumprimento, dai chega na avenida com 34 metros de
altura, com 65 metros de cumprimento.
— Não entendi este carro?
— Terá um letreiro nas laterais dos andares, passando a frase,
“Se controlamos nossa riqueza seremos ricos, se somos controlados
pela riqueza, certamente seremos pobres”. A frente uma floresta de
Pau-Brasil, as costas, de pinus replantado, a frente a encenação dos
animais locais, no fundo, das pragas descontroladas, no andar um
do carro, as produções baseadas na indústria, na parte dois, um
misto de evolução, e no topo, fabricas de eletrônica, a base tem
uma arvore baseada no real, no segundo piso, arvores típicas de
natal, e no terceiro, arvores de placas de energia solar.
— Então não é apenas um carro para nos alertar das fabricas,
é um carro para descrever evolução?
— Sim, dai temos as roupas mudando de andar a andar, e
terminando de colocar sobre a estrutura, arvores de 8 metros, me-
talizadas, todas giratórias, iluminadas.

261
— E tem duvida se soma a parte frontal e final?
— Está no enredo, mas nos complica o tamanho.
— Pelo jeito não acredita em carnavais pela metade mesmo.
— Sabe que agora vou pensar nestas coisas, no abre alas, te-
nho 14 ônibus girando, e cada um deles, é uma homenagem a uma
escola do especial.
— Você faz como quer, eles não viram isto, e pelo jeito quer
algo a mais?
— Sim, mas só vou fazer se der tempo.
— E faria mesmo assim?
— Agora são detalhes internos a estes gigantes, o ultimo gi-
gante que estou pensando é o carro 5, para fechar o prospecto e
começar a fazer acabamentos, mas amanha quero começar a mon-
tar a parte central do carro 5, o carnavalesco falou para Milton e o
pessoal da Globo que ainda estávamos montando os carros, obvio,
ver o carro oito com o avião a 10 metros, as arvores a 5, apenas um
painel posicionado, e as esculturas frontais e finais, parece que está
na posição de desfile, mas longe de estar, ainda mais girando assim.
— Na aparência mostramos muita coisa.
— Sim, e nem terminamos ainda.
— Vai somar muito?
João pensa.
— Terminar o que pensei, apenas isto.
Micaela não tinha ideia do que era isto.
— E pelo jeito esta parte final lhe deixa mais tenso.
— Se colocar o carnaval como está ali embaixo, acha que dis-
putamos algo?
— Se chegar inteiro.
— Então hora de terminar e pensar em uma forma de chegar
a Sapucaí.
— E quer o que com isto?
— O ano passado ficou a sensação que estávamos no grupo
de Acesso, desculpa, mas eu posso estar nos dois, mas a Beija-Flor,
está no especial.
Micaela sorri e fala.
— E pelo jeito vai ter problemas ai dentro?

262
— Qualquer coisa com mais de 55 metros tem problemas
aqui dentro. – João conta nos dedos e fala. — 4 destes ai em baixo,
teriam mais de 55.
— E como se resolve isto?
— Tensão na armação, pois teremos de montar alguns lá pela
primeira vez.
— E odeia isto.
— Sim, mas este ano estou me contradizendo, talvez gerando
o que todos sempre quiseram, minha derrota, estabelecida por
minha arrogância.
— Eles não tem coragem de lhe chamar assim.
— Eles chamam de Soberba, excesso de confiança, altivez dis-
farçada, palavras sinônimas, e olha que o inculto aqui sou eu.
— E qual seria a sequencia de Carros, sei que deve ter todos
eles bem estabelecidos.
João sorri e fala.
— Sou tão transparente assim?
Micaela sorri e fala.
— Você olha com se tivesse muito a fazer ainda, e todos lá
embaixo pensando em estar pronto.
João vai para dentro e pega uma pasta com 10 visões altas
olhando Micaela.

263
João sorri e fala.
— Quem olha meus rabiscos de começo de ano, e depois
olham aquele monstro estilo João Mayer no barracão da MD, deve
se assustar. Mas mesmo este prospecto não é completo.

264
Micaela olha os prospectos, lembra da maquete seca, que da-
va os encaixes, e fala.
— Olhando seus rabiscos devem pensar em algo pequeno.
Os dois esperam o dispersar e chegam a Jorge e João fala.
— Vamos ver o carro 10, quer dar uma olhada? – João olhan-
do Jorge serio.
— Vou, pelo jeito acha que consegue nos surpreender.
— Odeio a ideia de ganhar por preguiça dos outros.
Saem dali indo no sentido dos barracões da MD, Jorge entra a
frente e olha para o carro final, olha as bases e passa ao lado, olha
para cima, aquela imensa trepadeira, com tomates, com ervilhas,
outras pequenas verduras e frutas, todas entrelaçadas, olha para
cima, era alto, olha em volta, viu os rapazes fixando as partes, colo-
cando arvores, colocando esculturas, olha os prédios a frente do
carro, 4 deles, a praia, a estilização dos 12 andares de Copacabana,
as palmeiras, a areia, o mar, olha aquilo, quando se vê fazer uma
vez, é uma coisa, quando se faz, somente naquele carro, 4 vezes, e
todas diferentes, olha a armação que subia a mais de 26 metros,
que estilizava a riqueza da agricultura, mas obvio, era imenso, e as
folhas em formato de folhas de PP, davam um brilho, transparência,
e os rapazes estavam colocando na parte alta.
Micaela chega ao lado e fala.
— Sempre fazendo os demais tremerem, até os diretores da
escola.
João olha para o grupo que estava trabalhando ali naquele
dia, já que estavam com o barracão meio parado na outra parte,
olha os rapazes colocando as verduras, um tomate de seu tamanho
e que pendurado a parede não parecia grande.

265
Ele olha Jorge e fala.
— A parte frontal é a cidade e a proximidade das hortas em
seus cinturões, depois temos as frutíferas na primeira divisão, de-
pois os grãos e depois os animais de criação, sobre os animais de
criação temos um corvo imenso e uma Harpia sobre o corvo, dai
vem a Marques de Sapucaí, e por fim, os mangues.
— O carro que não gostou? – Jorge.
— Apenas queria trocar uma ideia Jorge.
— Sei que está com medo de notas negativas, mas qual a
ideia, sei que tem muitas?
— A ideia, trazer as frutíferas para a parte de ligação do carro,
após, dispor de 3 andares de culturas de cidade, no topo e na base,
uma festa ligada ao campo, na segunda divisão de carro, por uma
fabrica, por as grandes plantações na terceira parte e mais uma
festa típica, novamente uma fabrica, com o corvo sobre ele, as cria-
ções na quarta parte e a representação dos rodeios na parte baixa
do carro, e sobre ele a Harpia, que também estará pisando sobre
uma fabrica, e por fim a festa, a nossa festa, o sambódromo com
gente ligada as demais escolas, com bandeiras das mais de 70 esco-
las de samba da cidade. E para acabar, um mangue com dois imen-
sos siris, representação do novo Canal do Mangue, voltados a ala Eu
quero um pais melhor, e da bateria.
Jorge olha para João e fala.
— Acha que dá tempo?
— Acho que tempo existe, mas quero saber se não fica mais
complicado.
Jorge olha o carro e fala.
— E se não desse?
— Serio, eu quase vendi o carro para a Tradição, eles separa-
riam as 5 partes e mudariam o enredo do ano, mas a direção disse
que não dava mais tempo de ter um novo samba.
— Fala sério.
João sorri, olha o carro e fala.
— Pode ter certeza, quando vou crescendo o carro é porque
eu não achei uma forma de fazer.
— E acha que as festas podem ser a saída? – Micaela.

266
— A musica fala que somos unidos pela cultura, festas e lín-
gua, então estamos atravessando o país, das cidades aos campos,
mas falta algo. – João olhando Jorge.
— Sabe que não sou a favor de aumentar este carro.
João sorriu e fala.
— Nem viu ele montado ainda.
— Sim, mas você falou em 91 metros.
— Sim, mas a ideia não é por algo a mais e sim fechar o enre-
do, uma justificativa mesmo fraca, para fechar, eu acho que eles me
colocaram em uma encrenca, fazemos um desfile, e não contamos
nada. – João.
Micaela olha Jorge e fala.
— E se colocasse um tripé, giratório, no fim, com cenas do
passado e cenas do hoje, e num lado estivesse “Brasil, País do Futu-
ro” e do outro “Brasil, País do Hoje”.
João a olha serio e pergunta.
— Tripé como?
— Como você gosta, giratório, com dois ou três andares, qua-
drados de 8 por 8, 4 de altura por andar, uns 3 ou 4 andares.
Jorge olha para Micaela e pergunta.
— Acha que daria o contexto?
Ela sorri e fala.
— Uma ideia, sei que João está tentando achar uma forma de
fazer, mas recuava um ala a mais para o fundo do carro fecha alas,
podia ser aquela “Dai demos o nosso Jeitinho!”.
João olha para o carro e fala.
— A ideia é boa, mas tenho de me segurar.
Micaela sorriu e pergunta.
— Por quê?
João olha os carro e fala.
— Apenas pensando, talvez tenhamos um enredo. – João
olhando Jorge.
— Teve uma ideia?
— Quase todos os carros mostram a frase, o contrario da fra-
se e a posição nossa, é uma evolução, a critica, a verdade e nossa
posição, toda roupa tem as três posições, então se faltar algo, te-
mos de pensar, mas acho que é apenas detalhe de discurso. – João.
267
— E defendemos isto como? – Jorge.
— Somos tão grandes, que são apenas 3 visões possíveis so-
bre as milhares possíveis. – João.
Jorge sorriu e fala.
— E pelo jeito teremos mais um tripé?
— Pensei em algumas coisas, mas são apenas detalhes a mais
em carros já prontos, não vamos somar em tamanho, mas conteú-
do, e todos sabem que as vezes eles querem ver novamente o que
fizemos, e estaremos em evolução.
Jorge olha o andar dos dois carros, dos tripés que não foram
para o outro barracão e pergunta.
— Sabe que vou ter de mandar alguns tripés para cá?
— Sim, parte dos carros crescem agora e sei que ficará aper-
tado lá, aqui e vamos ter de tomar todo cuidado no transporte.
— Acha que terminamos de montar estes dois gigantes?
— Dia 15 de Janeiro devem estar terminados Jorge.
— O pessoal dos carros tem de fazer os ensaios.
— Sim, e se reparar estamos em um barracão bem maior que
eles.
— Sim, pensei que iria trazer mais coisas para cá.
— Tem os que estão centrados, mas a ideia, é o pessoal trei-
nar a curva, damos o espaço para o carro virar 90 Graus, então as
pessoas entram no carro, reduzido em parte, fazem a curva monta-
dos e começam os ensaios.
— Vai ensaiar a curva?
— Sim, estes são gigantes e temos de ensaiar os rapazes que
vão conduzir os carros.
— E pensou em que, não complique. – Jorge.
— Tem duas coisas a mais no carro 9, tem esculturas em qua-
se todos os carros, vamos fazer esta fase, melhorar aquele prospec-
to que coloquei na parede um pouco, acho que parte das estruturas
estão prontas do carro que chamava de oito e agora está no es-
quema como 9, talvez tenhamos de terminar ele aqui e somente
levar para lá depois de ensaiado.
— Não entendi a ideia toda ali.
— Sei disto, mas – João pega o prospecto e fala. — Eu não ti-
nha pensado que precisava apenas uma narrativa, estava tudo ali
268
mesmo. – Pagando um papel amaçado ao fundo – Pensei em não
fazer tão assim.

Jorge olha que o que ele pensava ser um carro grande, João
tinha pensado bem maior e pergunta.
— Qual foi a ideia que tinha abandonado.
— A parte frontal e painéis, do primeiro andar, contariam a
historia do índio, o segundo andar, a evolução do negro, mas tinha
pensado em por um 14 bis a frente, e depois um avião de passagei-
ro e 3 caças no final, para contar a historia da aviação, os carros
girando contam a historia do automóvel.
— E tinha abandonado a parte alta?
— Achei que estava exagerando.
— E pelo jeito tirou algo dali?
— Tinha a ideia de ter a ala, inventamos o avião de passagei-
ro, não a catapulta.
Jorge olha para João e pergunta.
— E não poria esta ala a mais?
— Vou pensar em um adendo ao carro, não a ala, mas na
ideia anterior.
— Certo, está tentando fechar a historia.
— Se precisar mexer um pouco em cada carro, faremos, a
ideia, vencer, e se para isto, precisamos mudar o carro, fazemos.
— E criar um final.
— Sim, esqueci, temos de pensar no tripé final.
Eles passam a olhar o abre alas e João olha os detalhes e o
pessoal começando a por a primeira linha de veículos, três cami-
nhos, o subir dos 4 prédios, nos intermédios subia as duas curvas
269
para lançar a ideia de Brasília, começavam a por as arvores, iria mui-
to tempo ainda, mas estava avançando, João olha para os rapazes,
estavam se dedicando, pensar que ele esboçava aquilo tão rapida-
mente e o olhar para ele de Micaela o fez perguntar.
— Duvidas?
— Sim, tem coisas que não parecem fazer sentido.
— O que não faz sentido? – João.
— Tem coisas ainda sendo colocadas, muita coisa, não parece
caber tudo isto.
— Sei disto, mas entra naquela ideia de um carro que mude
todos os conceitos, temos 126 carros girando em 3 andares, um
andar girando 14 ônibus, temos 50 arvores neste carro, temos 2
balões neste carro, 6 helicópteros, 24 ambientes de encenação, três
rodas gigantes, duas catedrais, um trem imenso no meio, mais de
60 barracos.
Jorge olha o carro e pergunta.
— Entendo o que Micaela perguntou, onde vão estes helicóp-
teros, sobre os prédios?
— Não, entra eles e os balões, são estilizações, mas cheios de
ar quente voam, e teremos dois balões voando a frente e 6 helicóp-
teros no fundo.
— Tá no esquema? – Jorge querendo saber como acompa-
nhar aquilo.
João tenta achar um papel, pois o fim ele deixava sempre a
parte, aquilo que se veria na avenida.
— Um esboço de quando tive a ideia.

Micaela olha o desenho e fala.


— Este não vão poder dizer que é quadrado.
— Eles não olharam de cima ainda.
Jorge olha o esboço e fala.
— Abrir o desfile assim?
270
— Sim, mas o problema de abrir com algo assim, é o manter
do impacto, e deve entender que o fazer a curva de algo assim, é
fundamental ser ensaiado.
— E quer ter surpresas no carro final, pois isto é um supercar-
ro, entra naquela frase que atribuem a você, não compras carros de
200 mil reais, constrói carros de 1 milhão de dólares. – Jorge.
João sorri olhando o esquema inicial do carro final.

Micaela olha o carro e fala.


— Você parece não saber o que quer João, mas sabe exata-
mente onde quer chegar, mesmo no projeto inicial.
Jorge olha o rascunho e olha o carro a frente e fala.
— Sim, dois gigantes, e pelo jeito é o que gosta de fazer, pois
pensa não num carro, e sim numa obra de arte, ai nem está como o
a frente, com os animais na divisão 4, as plantações na divisão 3, a
soma de culturas na dois, as frutas do carro 1, os pássaros são es-
pectros do que está a nossa frente, as arvores, 10 tipos, 40 arvores,
olhando de lado não se vê a frente do carro, uma praia, com 4 pré-
dios, e pelo jeito ainda tem os acabamentos que não vimos.
João olha o carro, olha os detalhes e fala.
— Falta parte da pintura, os acabamentos, parte das arvores,
a limpeza, parte da luz, colocada, mas não ligada, tem muita coisa a
fazer nos próximos 10 dias Jorge.
— Isto que falávamos, você sobrepõe acabamentos, e se du-
vidar daqui a pouco entra algo a mais?
— Nada de mais, 40 beija-flores de 2 metros, com motorzinho
para por sobre as coisas altas, batendo as asas a 80 batidas por mi-
nuto.
— Vai fazer de novo? – Micaela.
— De novo? – Jorge.

271
— Ele uma vez deu uma ideia de abre alas, ele nem estava na
escola, de por beija-flores batendo as asas, tiveram de por contra-
peso para não voar.
— Estão falando serio que aquele abre-alas foi mais um dos
carros não assinados de Mayer? – Jorge.
— Passado, mas a ideia, aquela que se olhar todos os carros,
tem, todos saberem qual a escola está passando.
— Você coloca isto na escola inteira. – Micaela.
João foi verificar a parte elétrica do carro, a parte de acopla-
gem, pois este carro tinha um jogo, que permitia ter partes inteiras
presas em um chassi, a parte a frente fazia a curva com as fabricas ,
parecia fazer parte do meio, mas estava ligada apenas a parte fron-
tal, o peso do carro estava grande, mas em certos pontos, muito
pouca base, quem olhava as aves pareciam prezas a dois pontos,
pesadas, mas eram apenas aparência de peso, não ele em si.
João olha as caixas de passagem, mede as amperagens, olha
os acabamentos e Jorge olha para ele.
— Esta parte eu nunca entendi.
— Se quiser ficar na família, convido a fazer o curso de elétri-
ca que temos no Sambódromo.
Jorge sorri e fala.
— As vezes nos prendemos num caminho já trilhado.
— Eu quero sempre trilhar novos caminhos, e sei que nem
todos aceitam caminhos novos.
— E acha que eles vão nos tirar onde pontos?
— Não penso neles, penso no que quero passar, e isto que
importa, as vezes nos prendemos a eles e perdemos o foco, eu que-
ria um fim, se definimos um, temos de terminar os carros, se prepa-
rar para tudo dar errado, sei que o que aprontei vai fazer ter gente
querendo redução pois a nossa colocação na avenida empurra car-
ros para muito ao fundo, eles vão odiar isto. – João.
— E pelo jeito não se preocupa.
— Eu quero que todos cresçam, vou ter de lembrar quando
alguém montar algo assim a minha frente no futuro.
Micaela sorri e fala.
— E pelo jeito a ideia do carro 5 está quase pronto?

272
— Os coreógrafos primeiro me pediram para por um tablado
para o movimento ser sobre ele, depois pediram se não dava para
fazer com mais arvores, e por fim, decidiram que a melhor evolução
era o ao chão e como falei no inicio.
— E resolveu alterar isto assim naturalmente?
— Eu ia colocar mais arvores nos tripés e desculpa Jorge, mas
vendi 40 arvores para a Tradição.
Micaela sorri e fala.
— Sabe que você ajudando eles, quem os sabotou vai ficar
mais puto da cara. – Micaela.
João a abraça e fala.
— Quem sabe eu não paro embaixo de um carro alegórico es-
te ano para não aparecer.
— Acho que com a quantidade de carros, você vai desfilar se-
gurando um cabo de energia embaixo de algum.
João chega ao lado e fala.
— Se coubesse algo embaixo, com certeza.
João olha mais uma caixa e olha as fiações e chama um rapaz
e pede para testar e isolar aquilo, estava dando choque.
Jorge viu que este Presidente de Escola de Samba, iria olhar
os detalhes.
João puxa uma folha e começa a pedir para os rapazes come-
çarem a montar o tripé final, ele olha o desenho básico e sorri dele.

Na outra ponta da cidade as inaugurações terminam, o presi-


dente da Marítima cumprimenta todos, alguns estranhavam a não
estada ali de Mayer, mas todos viram o atentado, e se os políticos
acharam que Mayer não reparara no virar as costas, eles podem

273
não ter a certeza, mas começava a passar a ideia de que Mayer não
estaria ali.
Bonifácio ao fundo, no furgão da empresa olha para o apre-
sentador e fala.
— Se alguém viu Mayer me avisa.
— Ninguém viu, parece que ele não veio.
— Sinal que o caso em Niterói foi maior do que se falou.
— Acha que abriram para acontecer?
— Se duvidar alimentaram palavras soltas, na cabeça de ca-
beças sonsas.
— Poucos dariam falta dele. – Uma moça.
— Sim, mas se olhar a imagem do presidente da Marítima, ele
esperava Mayer ali, muita gente que nem conhecemos, como reitor,
como diretor dos Hotéis MD, por sinal não tinha ninguém da família
David por perto? – Bonifácio.
— Não vi, sinal que não estavam por perto.
— Algo que dê noticia além de inauguração e emprego?
Todos se olham com aquela cara de nada, e o furgão saiu dali.
O governador olha o secretario de segurança e pergunta.
— Acha que ele desconfiou de algo?
— Não sei Governador, mas para sua imagem ficou muito
bom, não sei para os demais?
— O problema é que sem quem financia de verdade isto, pa-
rece que estamos uns fazendo sala aos outros.
— Ele poderia ter morrido governador, seus amigos da poli-
cia, assim como o do presidente ao fundo, nos tiraram de lá, para
algo acontecer, isto poderia estar nem sendo inaugurado se ele
tivesse morrido, pois seria uma corrida de novo pelas ações.
— Alguns acham que o dividir isto entre alguns, é melhor do
que dar poder a uma única pessoa.
— Ele nem está ai governador, ele não quer cargo.
— E pelo jeito mesmo o presidente achou que ele não repa-
rou, pois me perguntou 3 vezes se Mayer não viria.
O secretario de segurança não falou nada, mas era evidente,
a obra interessava, gente fazendo politica, mas era fim de ano, e
muita coisa mudando, o prefeito dos dois lados saindo, já com um
reeleito e outro deixando para a oposição o cargo.
274
João foi ao desfile da Beija-flor do Amanha, os 4 pequenos
carros, o primeiro ensaio, o começar de toda uma nova estrutura
para os jovens, ele queria já os atrair bem jovens a escola, e quem
sabe formar todos aqueles em duas coisas, as ligadas ao carnaval e
as coisas ligadas ao futuro de cada uma.
Dali eles vão a um especialista em fogos, pois este ano ele
queria apenas fogos com efeito azulado, não queria algo que não
remetesse a escola.
João e Micaela depois dele olhar cada detalhe, voltam para o
apartamento e descansam.

275
Quatro dias e Micaela abre o
grande barracão no porto, os carrinhos
portáteis de feira, todos cheios, as pes-
soas foram entrando e separando de
duas mil em duas mil, e um caminhão
frigorifico acompanharia cada um dos
grupos, com as partes perecíveis.
Micaela olha Rodrigo parar ao la-
do e lhe sorrir.
— Para quem não gostava de me-
ninos, achou um bem encrenqueiro.
— Ele tem evitado aparecer mui-
to.
— Toda vez que fazemos isto mui-
tos ficam tensos.
— Até eu fico, sei que muita gente
quer atrapalhar, mas é o crescer politico dos Azuis
nas comunidades, sabe disto.
— Sim, Mayer tem crescido em todo sentido,
e muita gente nem está olhando para as comunidades.
— Olhando ele, sempre parece parado. – Micaela.
— Ele nos desafia a crescer Mick, pois uma coisa é fazer uma
festa em um Copacabana Palace, outra em mil comunidades, pou-
cos viram isto, e cada comunidade acha-se especial, pois não teria
como eles verem as mil comunidades, não são laterais, não são
poucas.
— Acha que não vai ter confusão? – Micaela.
— Ele fez o cadastro das duas mil famílias mais pobres por
comunidade, o que chamamos de cesta básica não cabe em uma
cesta, é um adendo, mas em 600 comunidades, sem falar muito,
furamos poços artesianos e colocamos agua potável em mais de
dois milhões de residências, esticamos também a energia elétrica a
estes locais, demos acesso as pessoas, o comercio se espalhou em
mais pontos, pois apenas o baixo tinha estrutura, dois milhões de
cestas prima, cobrem mais de 8 milhões de pessoas, e ele não está
276
dando, ele esta retribuindo, lembro que no começo do ano falamos
e ele apenas perguntou se estaria dentro ou fora, hoje, mesmo eles
não sabendo quem sou de verdade, sou alguém respeitado, tem
gente que parece mais feliz, sei que falta muito, mas é como o por-
to, ele faz aos poucos, como a baia, faz aos poucos, este seu marido
fez o que todos falavam impossível.
Os dois acompanham o encher dos caminhões, estavam indo
a mil pontos, as vezes parecia pouco, as vezes, impossível, mas Ro-
drigo chega a região da Tijucas e começam a distribuir para as famí-
lias cadastradas, eles não fizeram fila, eles foram de porta em porta
distribuindo.
O convite para a festa a noite na sede da comunidade, girava
as comunidades, a arvores sobre o centro comunitário dizia onde
seria, e para lá também subia as carnes, as comidas, a lenha para o
fogo de chão, o feijão, arroz, saladas, brinquedos, para cada comu-
nidade, algo para ser uma festa, e obvio, muitas escolas de samba
das regiões, tinham shows para aquele dia, então enquanto a zona
sul preparava suas festas familiares, as comunidades preparavam os
Natais comunitários.
O secretario de segurança olha os pedidos de operação e can-
cela todos, não queria confusão, sabia que teria marginalidade, mas
teria muito trabalhador nestes lugares.
O prefeito em seus últimos dias na prefeitura, olha os asses-
sores, os mais intransigentes já tinham sumido em Outubro, uma
confraternização na igreja que ele fazia parte, e viu o mestre de
obras olhar para ele.
— Foram 4 anos incríveis prefeito.
— Sei que apenas vimos alguém crescer, mas acha que tere-
mos algo a mais?
— Sabe que aquela imagem do atentado contra Mayer pare-
ce que o fez não aparecer muito. Mas ele ainda está vivo.
— Sei, eu e você estaríamos mortos, mas o que quer dizer
com isto?
— Ele quer tentar inaugurar a primeira passagem, de ida a Ni-
terói agora dia 28, mas ele não falou nada, pois é interno, ele não
anunciou, mas os pedágios começam a ser instalados, o fantasiar do
local parece algo que vai ser liberado este ano, mas se considerar
277
toda a posição de governador e presidente, parecem não querer
eles nisto.
— E ninguém falou nada.
— Ele mandou um convite fechado prefeito, se quisermos
aparecer, mas sem dar destaque.
— E pelo jeito ele não vai aparecer.
— Hoje tem festa em mil comunidades, as ruas estão calmas
pois a maioria das comunidades está se preparando em casa, não
nas ruas, então obvio, enquanto o senhor Mayer sopra para as fes-
tas natalinas na zona sul, ele faz em mil comunidades, dizem que ele
vai inaugurar uma linha de moradias para moradores da Ilha da
Conceição, na nova parte do porto, tinha muita gente reclamando
que agora está adorando ele em Niterói.
— Ele não tomou uma cidade, ele investiu onde ele queria, o
secretario de segurança disse que tivemos no ultimo ano, uma re-
dução de mais de 30% nos homicídios, tem gente que nem sabe
quem é este rapaz e ele tomou o que queria.
— Se quiser aparecer lá como sua ultima aparição seria posi-
tivo prefeito, os urubus já pularam para cima da próxima carniça.
— E pelo jeito não foi anunciado.
— Não é uma inauguração oficial.
João estava olhando a obra, olha para o engenheiro, holan-
dês, olhar para ele e falar em inglês que estavam colocando as ca-
madas de pedras sobre os últimos sistemas, que estavam com o
sistema de asfalto no segundo sentido pronto, e convidou ele a
olhar, João começa a andar por aquela avenida, que fica mais larga
e desce, ele olha a descida, e as luzes acesas, caminha olhando os
detalhes, 6 pistas indo, 6 vindo, uma linha de serviço a esquerda e a
direita das avenidas, e uma linha para o metro ao centro, ele olha os
detalhes, pergunta sobre o sistema contra incêndios, o sistema de
entrada de ar, de segurança, e o engenheiro foi explicando, param
ao lado de um carro a frente e João faz sinal para o mestre de obras
se dava para dar uma carona, ele entra com o engenheiro e foram
verificando os detalhes, chegam a subida do outro lado, João desce
e olha a imensa praça que estavam prestes a inaugurar, olha o novo
cais das balsas, dois teatros, uma biblioteca, dois museus, e uma
praça.
278
Ele olha os detalhes de cada obra e olha para o engenheiro,
olha o sistema de cobrança de pedágio de passagem, e passam no
outro sentido, param para ver as saídas de emergência, as duvidas
de João sendo tiradas por um engenheiro, sempre era melhor expli-
cado.
Quando voltam ao lado do Rio de Janeiro, João foi verificar a
nova sede do Museu Marítimo, das balsas, o novo museu Carnava-
lesco, e toda a obra da praça a frente, as arvores sendo plantadas,
as coisas tomando forma, caminha com o engenheiro ate a base da
Marinha e olha as novas instalações, e as novas docas secas, para
reforma e construção de novos navios, olha a reforma da Ilha Fiscal,
e caminha até a parte da Marítima, ele olha os detalhes e as instala-
ções, crescendo ainda, mas ali ele queria por 3 super-navios para
construir por vez, dois de contêiner e um graneleiro, olhar a estru-
tura pronta para inaugurar estabelecia o começar a produzir ali,
iniciar ali com 4 mil funcionários, era a evolução que ele queria.
O engenheiro olha o todo, e João acompanha a conversa do
engenheiro com outro rapaz, em alemão, em parte, em Holandês
em outra, eles estavam discutindo o fim da obra, e João apenas
ouvia olhando para a doca, para não parecer intromissão, e não
parecer entender, mas os dois estavam confirmando cada parte, se
estava tudo bem adiantado, ele ouve o rapaz falar que estavam
colocando as ultimas 12 partes da ligação com Charitas, em Janeiro,
olha os dois e repete em Holandês.
— Conseguem para Janeiro mesmo?
Os dois se olham, pois foi tão natural que os rapazes sorriram
e o engenheiro fala.
— Sim, temos de liberar parte para começar as duas outras
partes da travessia, embora uma evoluiu bem abaixo da estrutura
do porto, uma maior ainda vai nos gerar muito serviço.
— Bom, deixa eu parar de atrapalhar.
Os dois olham João se afastar e um pergunta.
— Ele sempre entendeu?
— Dizem ser um dos donos, mas este é o mais simples.
Os dois sorriram.
João olha os detalhes da direção e caminha até o barracão da
Beija-Flor, senta-se ao refeitório vazio e viu Roberto olhar para ele.
279
— Perdido aqui?
— Estava olhando as obras que vão ser inauguradas este ano
ainda.
— Qual parte fica pronta este ano ainda.
— A nova doca das balsas, o museu da Marinha, dois teatros,
dois outros museus, uma doca a mais da Marítima ali a frente, e a
travessia de carros entre Rio e Niterói, por baixo da baia.
— Está falando serio.
— Sim, e soube que o para Charitas, fica pronta antes do car-
naval, o que me facilita desviar o transito para os Lagos.
— E as pessoas se preocupando com carros alegóricos.
— Roberto, acho que preciso aprender a me dar limites,
quando a direção o faz, me forço a carnavais mais pensados, talvez
este seja o meu maior carnaval, de todos que fiz e farei, mas sabe se
Mick está no cais?
— Disse que tinha de verificar a saída das cestas básicas, algo
sobre ter de garantir a logística, não entendi.
João não falou nada, pega o carro que deixara no estaciona-
mento e vai a MD no cais e olha os caminhões finais saindo.
Micaela o abraça e fala.
— Apareceu?
— Sim, as vezes respirar fundo e acalmar a alma, faz a gente
olhar as pessoas tralhando. – João.
— E pelo jeito ainda segurando-se para não ir para baixo de
um carro alegórico.
— Hoje não é dia, estava apenas tentando não fazer nada.
— E sabe não fazer nada?
— Logico que não, comprei o presente da Mirian e dos meni-
nos, presente para parte das pessoas, e obvio, sempre tenso com
esta coisa de festa.
— Sabe que um dia seremos nós a dar a festa.
— Sei, você que não quis fazer, mas sabe que a família é sua,
a minha não existe.
— Todos perguntam isto, não imagina quanto.
— Se eles imaginassem o quanto dói falar disto, não pergun-
tavam! – João olhando para Micaela.

280
— Vi meu pai no Barracão, ele achava que você estaria lá, não
sei, todos param olhando o barracão, se perguntando, para que algo
tão grande.
João sorri e a abraça.
— Que horas no sitio da tua tia?
— A partir das 8.
— As crianças estão como?
— Minha mãe está lá babando um pouco.
— Alguém que tenho de evitar na festa? – João.
— O governador talvez passe lá, eu estranho gente que deve-
ria ter mais locais para passar o natal aparecer lá.
— As vezes isto me deixa mais tenso ainda.
Micaela sorri e olha em volta.
— Eles querem o apoio politico que você significa.
— As vezes queria não ter de dar nada, as pessoas quando
podem com seus recursos, são mais naturais.
— E acha que as festas vão ser normais?
— Vamos ter todas as festas começando perto das 6 da tarde,
programação até às 10 da noite, para tentar dispersar próximo da
meia noite.
— Sabe que poucos estão olhando para lá?
— Sei, imagina ter mil shows em comunidades no Natal, e as
pessoas estarem olhando o especial do Rei na Barra, deixa as pesso-
as se distraírem, sempre espero que as coisas caminhem bem.
— E acha que será um dia bom?
— As obras estão parando agora, dia 27 retomam e param 4
dias a mais depois, e estaremos no ano novo.
— E pelo jeito quando todos querem parar, você quer acele-
rar.
— Dia 25, 26, 27,28 e 29, inauguramos um ganho a mais, en-
quanto todos estão parando, estamos crescendo, e as pessoas di-
zem que os errados somos nós.
Micaela sorri e fala.
— Acha que é um ganho de quanto?
— Temos de recuperar o investimento, e as vezes os números
não batem, mas é que nunca recuperei um investimento por pedá-
gio, a concessão assinada é de 100 anos, eu não acredito estar aqui
281
em 100 anos, mas não quer dizer que não vá tentar recuperar isto
em bem menos tempo.
— E vai fazer uma concorrência com a ponte? – Mick.
— Não, nosso preço vai ser igual ao deles, o que as pessoas
não entendem, não será gratuito, pois todos viriam para este cami-
nho, e não queremos acabar com o centro da cidade, por que resol-
veram economizar 5 reais.
— Certo, e não vai entrar em discussão deste nível.
— A ideia é integração, sei que alguns estranham, mas são
duas cidades, e quero que ela funcionem quase como uma, minha
previsão de fluxo de caminhões para o porto de Niterói, pela ponte,
é superior ao que circula de carros hoje.
— E isto você não fala.
— Não, pois um único navio básico de contêiner, vamos ter
em Niterói capacidade de receber 20 deles, cada um vai ter 12 mil
contêiner, se eu escoar tudo por trem, falta trilho, se for por cami-
nhão, falta caminhão, e a ponte hoje em dias de fluxo alto, passa
perto de 200 mil carros, estou falando em escoar perto de 240 mil
contêiner, se metade disto for a caminhões, teremos em receita
para a ponte mais que hoje.
— E teremos o fluxo do lado de cá?
— Mick, eu quero apenas nas nossas empresas, ter em pro-
dução mais de 3 trilhões de dólares em produtos e serviços, o esta-
do hoje, tem perto de 1 trilhão de reais, então obvio, estamos fa-
lando em chegar a números que assustam, mas deveriam estar nos
querendo como aliados, e nos viram as costas.
— Quer faturar alto?
— Quero com este estado, ultrapassar em duas vezes o valor
de São Paulo, e estamos investindo lá também.
— Certo, e pelo jeito eles não entendem você, as vezes pare-
ce que está doando muita coisa.
— Eu me propus a doar 10% do que eu ganhasse, mas não
para uma igreja, uma crença, e sim para o todo a volta, então eu
estou considerando as passagens entre as duas cidades, parte dos
recebíveis que pretendo ganhar ainda, não teria como fazer isto,
cobrando isto, é integração, não lucro.
— E pelo jeito quer chegar a números grandes.
282
— Em 5 ou 6 anos, o estruturar, gera dinheiro lá na frente, e
quando facilitar a saída de coisas vindas de Minas, Mato Grosso,
Interior do Brasil, este porto vai ficar obsoleto, as industrias locais
produzirem mais do que ele pode distribuir apenas para o Brasil, eu
encaro que a única forma de crescer no Brasil é não depender da
economia global, pois ninguém virá para cá, enquanto nós não qui-
sermos ficar aqui.
Os últimos grupos saem daquele barracão e Micaela e João
vão ao apartamento de Copacabana, João toma um banho, pega um
saco de Papai Noel com os presentes dentro, descem e vão para a
chácara, da Mãe de Rodrigo, era festa em família, e João via muitos
apenas nestes dias.
Os dois chegam, João pega os filhos no colo, Mirian sorri ao
lado, era um churrasco, com bebida, João estava a cada dia beben-
do menos, poucos da família pareciam o querer por perto, Rodrigo
chega ao lado, apresenta sua mãe, seu pai ele não conhecera, ela
sorri com a contradição da aura, quase perguntando porque esta-
vam ali, João não falou nada, quando ela se afasta apenas ouve
Micaela falar.
— Tenta não ver auras, não é saudável para nós, eles acham
que ser simpático é suficiente.
— As vezes queria ser hipócrita suficientemente para isto
Mick, o governador chegou com a esposa e estão lá o bajulando,
seu pai, bajulando, mas sei que minha presença gera esta coisa
ruim, ainda mais em um local regado a cerveja e conversa solta.
— Tentamos ficar o mais que der.
— Acho que o governador vem ai.
Joao estava de costas para a entrada e olha o governador e a
primeira dama, dois filhos do senhor e suas esposas, vindo no senti-
do deles.
Mick sorri e fala.
— Tenta ser politico.
— Estou sendo eu, eles que tem de ser políticos Mick.
Ela sorri sem graça e João ouve.
— Senhor Mayer, bom ver alguém conhecido nesta festa.
João olha o senhor, estiva a mão, olha a senhora e fala.
— Boa noite Governador.
283
— Alguns falam que não está tão bem, mas parece até dis-
posto. – O governador.
João bate no colete e fala.
— Levei sorte governador, nem sempre vou levar.
— Estamos apurando para ver quem foi, mas parece que a
federal quer ocultar parte dos acontecimentos, mas estamos inves-
tigando. – A frase cheia de mentiras, fazia João sorrir e fala.
— As vezes eles não entendem Governador, conversar gera
menos desgaste, as vezes eles querem parar algo antes de estar
pronto, como falava com a minha esposa, referente a reclamação
do consorcio que controla a ponte Rio-Niterói, que eles não tem
noção do que seria necessário apenas para fazer o porto funcionar
direito em Niterói, ficam reclamando que vai cair o movimento na
ponte, enquanto a ideia, é aumentar o movimento.
— E conhece todos a volta? – O governador.
— Estou apoiando Rodrigo Oliveira, ele é um forte candidato
a Deputado Federal na próxima eleição.
— Muitos indicam o nome dele, juro que as vezes não sei on-
de estou pisando, pensei em algo mais elaborado.
— Eu estranho mesmo o senhor aqui, eles devem estar
achando que é uma grande consideração a Rodrigo, mas este é o
mundo que eu gosto, natural, onde dá para tomar uma cerveja e
não vai sair na coluna social no dia seguinte, que posso falar alto e
ninguém vai me encher a paciência.
— Mas conhece eles?
— Minha família está aqui, se eles me conhecem não interes-
sa governador, Natal é interno, é pessoal e familiar.
— Pensei que estaria no show que promoveu na Barra.
— Não estou bem para tomar mais um tiro senhor.
— Certo, dizem que tem se recolhido mais do que o normal,
mas espero apoio para continuarmos a crescer no estado.
João sorriu e fala.
— Se estiver atrapalhando, avisa governador, não precisa
abrir a porta aos atiradores, apenas viro a cabeça para o outro lado.
— Acho que se engana em achar que faço parte.
— Não disse isto governador, apenas as pessoas as vezes es-
quecem, eu não toco empresas, eu sou apenas um acionista, as
284
coisas não param, eu posso morrer e nada muda, pior, eles se des-
gastam, pois não entendem, quem está as minhas costas, e não vou
declarar isto nem bêbado governador.
O governador olha em volta e fala.
— E acha seguro aqui?
— Sei lá, eu ando as ruas, ninguém nem me vê, eu sou invisí-
vel a maioria, se perguntar para as pessoas a volta, ninguém sabe
quem eu sou, e isto não me preocupa Governador, estranho quan-
do querem me jogar a publico, eu não quero, perda de tempo que-
rer me por em destaque, pois eu sou contra.
Rodrigo chega ao local e viu o governador desviar a conversa
para Rodrigo, João sai e o governador olha para Rodrigo.
— Conhece João de onde?
— Barracão da Beija Flor, no primeiro ano dele na cidade.
— Ele é um mistério para mim, muita gente quer ele como
aliado e muitos o querem fora.
— Governador, ele está fora, quem mais dá destaque a ele, é
os que tentam parar obras que o estado ganha com isto.
— E não teria problemas com estas obras?
— Eu ganho com isto Governador, mas não vou explicar a ba-
se da minha popularidade, e talvez alguns não gostem de mim, mas
não quer dizer que vou entrar em guerra apenas para um pé rapado
de um Policial, ou um Senador, que se tirar ele da politica, não so-
brevive, sentir-se poderoso.
— Alguns temem este Mayer.
— Ele não os teme, eu não temo Mayer, eu temo o tirar da
cidade bem quando ele coloca um projeto governador, para no seu
ultimo dia de mandato como Governador, estar sendo o estado
mais produtivo do país.
— Alguns acham que é só marketing.
— Mesmo que fosse, seria positivo governador, porque estes
não querem que aconteça.
— Tem gente que emprega muita gente que não gosta dele.
— Gente?
— Os Marinho.
— Globo?
— Sim.
285
— Não vou comentar isto senhor, estes empregam menos
pessoas do que o rapaz ao fundo em comunidades, ele gera um dos
eventos que mais gera dinheiro para a Globo, então é apenas papo,
aquele de gente que não tem berço, eu e o senhor para eles não
temos berço.
— Acha que a Globo tenderia para o lado do rapaz?
— Ele prefere gente falando mal dele, bem das empresas de-
le. Ele não ganha com fofoca senhor.
— E acha que ele não pesaria contra?
— Não entendo esta posição governador, quer o dinheiro de-
le e não o quer por perto?
— Tem gente que acha ele perigoso.
— Ouvi apenas duas pessoas falarem para não mexer com
ele, quer dizer, três, Moreira, Azul e aquele Carlos Guerra.
— Acha que este papo dele ser um rapaz de Moreira é real?
— Não sei, mas não dá para esquecer que quando atacaram a
família Paz, atacaram Moreira e ele também.
— Certo, as pessoas esquecem que a forma de agir, é de gen-
te que não precisa aparecer, Moreira fazia assim.
Rodrigo olha em volta e fala.
— Deixa eu fazer sala Governador, pois poucos conhecem to-
dos os convidados.
João olhava ao longe e Micaela pergunta.
— Acha que teremos problemas?
— Não, apenas gente chegando de confraternizações em suas
áreas de conforto, obvio que os seguranças do Governador vão ficar
tensos, mas para dentro, tudo tranquilo. – João.
— E vamos fazer o que?
— As crianças parecem cansadas.
— Vou as por para dormir um pouco.
— Vou assumir a churrasqueira e tentar tomar uma cerveja.
— Se cuida.
João a beija e foi no sentido do rapaz que estava assando e
pergunta se ele queria ajuda, começa a por mais lenha nos interva-
los das costelas ao chão.
João ajuda e encosta ao fundo e o rapaz chega ao lado e fala.
— Obrigado, não nos conhecemos, sou Paulinho.
286
— O responsável por eu estar ao Rio a mais de 5 anos, prazer.
— Não entendi, eu responsável por você vir?
— Roberto disse que você falou que tinha um carnavalesco
em Curitiba que fazia carros pequenos mas incríveis.
O rapaz olha João e fala.
— Mayer em pessoa me ajudando a churrasqueira?
— Sim, sou mais de ficar ao fundo apenas olhando mesmo.
— E pelo jeito minha mãe não sabe quem é você?
— As vezes se apresenta alguém como João, mas não sei o
que sentem quando me veem, sei que estranham.
— E todo este agito?
— Seu irmão promoveu festa de Natal em mil comunidades,
os lideres de lá, tendem a passar por ai, agradecendo.
— Ele tem crescido politicamente, economicamente, quando
se fala de Mayer, na Marítima, se esquece que meu irmão estrou
nisto, nem eu entendi como, mas sei que ele hoje graças a uma
ideia estranha, reerguer uma empresa que todos falavam estar de-
sandando, virou empresário no sentido maior da palavra.
— Como falava com ele no ano passado, se não for para me-
lhorar as comunidades, não se precisaria ganhar tanto.
— E os dois entram de cabeça, dizem que as comunidades es-
tão mudando de cara.
— Tem lugar que demora para mudar de cara, mas um terço
da Comunidade da Maré, é um senhor trabalho, 80% da Rocinha,
um imenso trabalho, 100% da Santa Marta, nos faz acreditar no
caminho.
— Disto que falam, vocês estão mudando a cara da cidade, e
muitos olham meu irmão como um líder novo, o governador ai, é
prova disto.
— Eles querem saber outra coisa, sabe disto. – João olhando
o rapaz.
— Sobre isto ninguém fala nada senhor Mayer.
— Sei disto, de mim não sai nada a respeito.
— Acha que o governador está ai querendo algo assim?
— Financiamento de campanha, apenas isto.
— E vai se esconder ao fundo?

287
— Mick foi por as crianças para dormir, para estarem bem
quando resolverem fazer a confraternização.
— E esta historia de Confraria Atlética? – Paulinho.
— Quando você tem um local de apoio físico, em mil pontos
da cidade, precisamos de um nome.
— E resolveram por uma marca?
— Sim, apenas fala baixo que o governador ao fundo nem
desconfia, estamos comprando uma guerra, mas uma hora temos
de nos fixar e mudar, não dá para ficar como estava e mudar, não
dá, de que adianta eu mudar toda uma comunidade e deixar o trafi-
co retomar e matar a vontade, apenas para dizer, mando.
— E não querem facilitar.
— O governador quer ficar sobre o muro, mas não sabe onde
está enfiado.
João corta uma ponta de costela depois de tirar os ossos que
saíram fáceis, e coloca em uma travessa, apareceu muita gente para
comer, e obvio, na churrasqueira ninguém procurava ele.
Rodrigo olha João a servir as pessoas e viu ele pegar um boné
da Confraria, e sorri, pois no boné tinha um símbolo.

João pega na mão de Micaela um boné a alcança para Pauli-


nho, ela coloca um e continuam a servir.
As pessoas olham aquilo, quem entendia, sabia que era uma
provocação interna, mas com aquele boné, ninguém procuraria
Mayer ali, e ele não estava mais querendo aparecer, alguns ficaram
pouco, mas João viu Rodrigo distribuir o boné, era uma provocação,
que sairia dali, para todas as comunidades, embora estivesse a por-
ta da associação atlética de cada comunidade, agora alguns iriam
falar que era uma mudança total de estilo, as contravenções indo
para a legalidade.

288
Era perto das 23 horas quando o governador saiu dali, e Ro-
berto chega a churrasqueira e olha João a tomar uma cerveja e co-
mendo uma carne.
— Se enfiou na churrasqueira.
— O governador me perdeu em uma festa destas, sorrio dis-
to, mas festa é para se divertir.
— Está bebendo, vê se cuida com o carro.
— Qualquer coisa deixo o carro e volto de helicóptero.
— Certo, eu nem apareci enquanto o governador estava por
ai, não aguento aquele papo de porque apoiamos este Mayer?
— Ele quer se livrar de mim, e não entendi por que.
— Pressão da Globo.
— Não, pressão do Marinho, não da Globo Roberto.
— E como pode garantir isto.
— Roberto, o que não falo, que Mick não fala, é que 45% da
Globo é nossa, em ações, nós colocamos Bonifácio na presidência,
então não é a Globo, acho que é discurso, apenas discurso de algo
que tem algo a mais oculto.
— E não está preocupado?
— Vou fazer uma propaganda minha neste fim de ano, e des-
culpa o governador e presidente, eles não nos querem ali.
— E pelo jeito vai aprontar?
— Não, vou apenas me por no holofote, e tentar apagar a
publicidade do governador e presidente.
— E como fará isto?
— Ainda montando o problema, mas calma Roberto, apenas
inaugurações, três hotéis, um marco turístico, uma divisão da Marí-
tima, uma nova doca de travessia, 3 museus, dois teatros, muito
espaço cultural, como uma praça, que é ao lado da Cidade do Car-
naval, o término da Cidade do Samba, o complexo Olímpico Confra-
ria Atlética, então entre dia 26 e dia 30, temos umas 12 inaugura-
ções de peso.
— E o governador não foi convidado?
— Estas são obras que saíram do meu bolso, eles não me
querem nas inaugurações, então eles não querem inaugurar o que
eu fiz Roberto.
— E a pressão?
289
— Eu cresci em influencia diante do Exercito, da sociedade
menos abastada a volta, em muitos pontos, e diante de mim não
reclamam, apenas quando viro as costas.
A festa foi para a distribuição de presentes, foi para a confra-
ternização familiar, e depois da uma da manha, João pede um heli-
cóptero e se manda para casa com a família.
Paulinho chega ao lado de Rodrigo e pergunta.
— Porque parece que alguém se escondia aqui?
— Mano, se aparecemos nestas horas, os aliados ficam com
seus brios feridos, e Mayer ainda me é uma incógnita, pois sei que
se olhar para ele pelo visual, pela simplicidade, vou achar que é
apenas mais um.
— E porque acha que ele não é?
Rodrigo olha em volta, tinha coisa que não era bom falar, en-
tão ressalta apenas um dado.
— Existem ditos ricos na cidade, que não teriam o dinheiro
que ele investiu nas comunidades, ele o fez e nem ficou para o
agradecimento.
— A mãe fala que você está gastando uma fortuna nisto, que
teria de economizar.
— Mano, eu, Mick e Tabajara, colocamos juntos, o que Mayer
colocou, então o que todos me falam, é que ele está gastando mui-
to.
— E acha bom alguém esbanjando tanto?
— Ele todo natal, desde que chegou a cidade, distribui uma
pequena fatia do que ganhou no ano, ele tem erguido comunida-
des, estranho voltar a ver a associação das costureiras da Manguei-
ra produzirem as fantasias da escola, o mesmo estar acontecendo
em Madureira, parte dos artesãos das comunidades, fazendo o que
estava virando trabalho nas estruturas de carnaval, ele montou algo
que teria como surgir amanha, 300 escolas de samba a mais, e as
pessoas nem viram isto.
— Gosta dele pelo jeito, todos falam mal.
— Ele é este rapaz que põem um boné na cabeça, começa a
servir as pessoas para que não olhem para ele.
— Alguém que dizem que não se impõem, sabe que falam.

290
— Estranho, os mesmos que chamam os empresários de ar-
rogantes, quando estes não são, reclamam que o rapaz não se im-
põe, mas sei de uma coisa mano, ele sabe ser exigente quando
quer, apenas não fica discutindo fofocas.
Micaela ajuda João a por as crianças para dormir, e olha ele
sorrindo, ela estranha e pergunta.
— As vezes não lhe entendo.
— Em qual parte, pois algumas nem eu me entendo.
Ela apenas o abraça e sorri.
Dia 25 começava do lado de fora, ruas calmas, enquanto os
dois se entregam.

291
As primeiras horas do dia de uma
noite curta, pegam João levando a Mica-
ela um café na cama.
Ela olha ele e pergunta.
— Vai sair correndo?
— Vamos.
— Vamos?
— Sim, inauguração do Hotel na
Ilha do Fundão, pela manha, pedra fun-
damental da ligação da Linha Vermelha
na altura do Galeão a Ribeira, na Ilha,
Inauguração dos Novos Estúdio Globo na
Ilha do Fundão, um pequeno parque
temático, o inicio da operação da Marí-
tima na Ilha do Fundão, os prédios doa-
dos a UFRJ pela Marítima, e o conjunto
residencial Galeão.
— No dia de Natal?
— Sim, qual o problema de entregar 1200
moradias do acordo de remodelação da Comunidade do Galeão, no
natal?
— Acordo da Marítima?
— Da MD Empreendimentos.
— Pelo jeito quer fazer sem alarde.
— Sem pressão.
Os dois tomam café, arrumam as crianças com cara de sono,
pedem um helicóptero e voam no sentido da Ilha do Fundão.
O secretario de obras da prefeitura estava lá, o reitor da UFRJ,
o Almirante, a reportagem da Globo.
Uma manha corrida, mas que ao meio dia, a família já estava
ao apartamento recebendo a família de Micaela para o almoço de
Natal.
O prefeito olha o secretario e pergunta.
— Como foi pela manha?

292
— As vezes este rapaz avança rápido, em pontos que nem sa-
bia, mas ele terminou as instalações da PACIF, entregaram mil e
duzentas casas para o pessoal da Favela do Galeão, eles inaugura-
ram um novo estúdio da Globo no local, um pequeno parque temá-
tico, um novo hotel da MD, lançaram os prospectos das 14 embar-
cações que vão criar na sede do Fundão da Marítima, entregaram 7
prédios novos para a UFRJ.
Na Globo ia cada uma das reportagens a parte, e a ultima, a
inauguração dos novos estúdios de gravação na ilha do Fundão,
Roberto Marinho olha a reportagem e olha o irmão.
— Não sabia desta obra.
— Pelo jeito esta nova administração está investido, espero
que saibam onde estamos gastando nossos recursos irmão.
Roberto olha José e fala.
— Uma coisa estou começando a entender, este rapaz não
aparece todo dia, hoje ele fez questão de aparecer, sinal que era
uma provocação a inauguração que ele não fez questão de ir.
— E não tivemos hoje nenhum politico.
— Mais de 6 inaugurações, com políticos duraria o dia inteiro.
— E pelo jeito ele continua crescendo.
— Destratamos alguém que poucos conhecem irmão, sei que
não gosto da sensação que ele nos passa, mas hoje ele a frente,
estava ali apenas para ser citado, não para aparecer, ele tem feito
seus hotéis, seus projetos, dizem que a parte porto publico, vai de-
morar talvez 10 anos para ficar pronto, a parte que ele ganha como
contrapartida, para o fazer, fica pronta em menos de 4 anos.
— Não entendi ainda a ideia toda deste senhor?
— Ele não parece estar em um plano, ele está crescendo, ouvi
o governador falar que ele queria colocar o estado do Rio de Janeiro
na posição de mais produtivo do país.
— Acho que ele não tem noção do que seria isto.
— Ele tem sua meta, o governador ficou falando sem enten-
der, um trilhão de reais a mais, e sei que isto é muita estrutura,
talvez muito patrocínio, mais empresas podendo investir em Marke-
ting, se olhar os portos, cheios de turistas, uma baia mais limpa,
hotéis que são ponto de referencia, toda aquela nova área onde

293
eram os trilhos, virando um parque publico, o Rio mudando, e mu-
dando para melhor.
— Algo lhe mordeu Roberto?
— Algo está acontecendo, pois o governador fica dizendo por
ai que temos de ser contra Mayer, e ouvi alguns falarem que nossa
TV é contra Mayer, mas eles nem tem noção da verdade.
— E pelo jeito tem mais coisas por ai?
— O problema do Carnaval, é que ele em si é a parte de tudo,
soube que Mayer não fez questão de forçar a negociação do carna-
val, não pelo lado do pagamento direto as escolas, mas a direção do
espetáculo se propôs a pagar o mesmo que nós para cada escola,
parece muito, mas dizem que a Beija-Flor Joias, investe 12 milhões
na escola de Nilópolis, e sabemos quem é dono desta Joalheria.
— Ele usa os destaques, como vitrines, dizem ser um merca-
do de mais de 100 milhões ao ano Roberto.
— Agora pensa no carnaval que foi filmado, as escolas cor-
rendo para acabar o carnaval, e aquela imagem do Barracão da Bei-
ja-flor, com 8 carros aparentemente prontos, com acabamentos
primorosos, e a calma do povo, como se estivessem prontos para
mais um show, enquanto as demais correm por todo lado.
— E todos falam, que Mayer esconde as coisas. – José.
— Sim, mas ele está motivando a escola, obvio, ele esconde
as coisas, se duvidar o que estava a 8 metros, vai a 20 metros, mas
se olha as saias dos carros acabadas, eu posso não gostar dele como
quem desafia, mas como carnavalesco, sempre foi de atrair muita
gente a avenida.
— E o que acha destas inaugurações?
— Ele tem alguns pontos, o prefeito não deu bola, o governa-
dor no começo até pareceu interessado, mas ele conseguiu trazer a
cidade uma representação da ONU, ele está a cada ano com a baia
mais limpa e mais produtiva, ele parece que vai somar a emissora
12 pontos de gravação, no que ele considera a cidade, mas está no
Rio e na região, isto quer dizer, produzir mais, ter mais produtos
para venda, pior, a atual direção está atraindo as pessoas que esta-
vam afastadas, e as dando projetos, pelo que entendi, temos para o
ano que vem, 10 novelas para o canal aberto, outras 10 para canais
fechados, os prospectos de 30 series, não entendi, mas é algo sobre
294
criar algo dentro das estruturas, contando historias, que passariam
parte no canal aberto, parte no fechado, investimento em 10 pro-
gramas culturais, o prospecto do ano que começa daqui a pouco, é
de produção, sei que o prospecto para a ilha do Fundão tem 3 gran-
des barracões de cenografia, dizem que ele vai inaugurar um ponto
de shows de transmissão em Niterói, para programas normais de
sábado, a direção esta seguindo em uma linha que vai nos por em
todos os conteúdos, tem coisa que tenho de olhar mais de perto, se
antes achava que ele iria vender a rede, ele está a ampliando, não
sei ao certo o que ele vai fazer, mas tem aberto programações sobre
eventos externos na Globo Play.
— E pelo jeito teremos de olhar de perto.
— Estamos crescendo José, não sei como vamos ficar, mas ele
não veio nos encolher, ele veio para por o jeito dele de fazer, e não
sei ainda o que vai ser isto.
O governador olha a reportagem e pergunta ao assessor.
— Não foi algo programado?
— Pelo que entendi, foi apenas uma confirmação de obras
que já tínhamos entregue.
— Pelo jeito Mayer nem queria estar lá, ou a Globo conseguiu
algo, pois Marinho não me falou sobre esta nova sede.
— As vezes para não ser atrapalhado governador, tem de
considerar que as vezes temos de nos fazer de aliados.
— Ainda não entendi toda a ideia, mas tem gente grande
querendo confusão, eu preciso do investimento em minha campa-
nha, se por um lado ganhamos com as obras, tem gente querendo
nos garantir os recursos da reeleição.
O assessor saiu e o governador pega o telefone.
Uma existência de João, estava a alguns dias seguindo umas
poucas pessoas chaves, estava ali e ouve o governador falar.
— Bom dia senhora Emmanuela, como estão as coisas?
— Bom dia governador, temos nosso acordo?
— Sim, não entendo o que pretendem, mas não quero pro-
blemas para a vida com a CIA.
João estava sentado a sala, Mirian olhava para ele como se
perguntasse o que estava acontecendo, ele pega ela no colo e vai a
sacada, ele olhava pensando de onde viria o próximo problema.
295
Quando se faz algumas coisas, se coloca pessoas que não co-
nhecia, teria de estudar, Micaela chega ao lado e pergunta.
— O que aconteceu?
— Ficou muito evidente?
— Você parecia em transe, Mirian lhe serviu de cobertura.
— O governador tem como pressão contra ele, a atual presi-
dente da CIA, o que não entendi?
Micaela olha em volta e fala.
— Dai que vem a pressão?
— Sim, eles tinham parte naquela ação de armas para a Síria,
mas pode ser coisa de Moreira, rescaldos, não esquece que ele bri-
gou com todos para sair.
— E pretende fazer o que?
— Amanha vou sozinho a inauguração.
— Sabe do risco?
— Não quero nossos filhos nisto Mick.
— Sei disto, mas ficar longe não é mais arriscado?
João a olha, tinha lógica, mas todos próximos seriam postos
em risco, novamente teria de ver de onde vinha o risco, aquela vi-
vencia na frente do governador, olha ele sorrir, e isto o deu medo,
como alguém poderia ficar quieto.
— Quantos sabem desta recepção?
— Muita gente, não escondemos, apenas fizemos.
João olha em volta, sente as pessoas, sente a rua, sente o que
estava por ali, novamente algo querendo o testar, pois os Egunguns
estavam por ali e estavam ocultos, então era algo sempre sobre
influencia ou por teste.
Mirian ao colo fala.
— Aquele rapaz com muitas correntes tá lá embaixo pai.
João olha a filha e pergunta.
— E quem mais?
— Muitos cãezinhos.
— Quantos?
— Só uns – ela conta no dedo – 7, 8, 9,10!
João pega o telefone e disca para Paulinho na entrada.
— Boa tarde Paulinho.
— Boa, vão descer?
296
— Acho que talvez, se cuida, aqueles carros negros no outro
lado da rua, é CIA.
Paulinho olha e fala.
— Não são iguais aos que os seguranças de Moreira usava,
quando veio dos mortos a ultima vez?
João para na frase e pensa, poderia ser, um apoio informal
que coloca mais gente nisto.
— Se for se cuida, eles iriam vir para cá da ultima vez quando
foram parados.
— Vamos tomar cuidado.
João olha para dentro e Micaela fala.
— Acha bom mudarmos de caminho?
— Não, eles devem ter pensado nas saídas rápidas, e não
quero morrer com todos a volta.
— E fazemos o que?
— Vamos trapacear, mas sempre digo, estrago as festas e
eles me culpam depois.
— Faço o que?
— Liga para o heliporto, pede um helicóptero na cobertura do
seu pai.
— Mas...
— Não vamos voar Mick, mas vamos desviar.
— E as crianças.
— Vamos descer, eu saio a frente, tem uma coisa que vamos
fazer naturalmente, convida seus pais para conhecer o novo parque
que estamos construindo na Barra, uma tarde de descontração.
Micaela vai a sala e João olha a pequena Mirian.
— Cuida dos seus irmãos um pouquinho.
Na parte baixa Emmanuela olha os rapazes e com o comuni-
cador na mão confirma.
— Me informem.
— Alguém pediu um helicóptero.
— Desconfiaram?
— Não, a esposa do rapaz esta falando em mostrar um par-
que temático na Barra. – O agente da CIA.
— Olha o entorno, a segurança deve estar se mexendo.
— Sim, parte subiu, e parte está se mexendo.
297
— Não faz sentido.
A senhora olha o helicóptero passar e parar em outro prédio
e pergunta.
— Não era o deles?
— Não tenho como saber, mas parece ter parado a dois pré-
dios daqui.
Micaela olha o pai e fala.
— Espera a segurança se postar.
— Problemas?
— Não sabemos, CIA na parte baixa do prédio neste instante.
João chega a porta e chama o elevador, ele desce antes, Pau-
linho olha em volta e olha para João.
— Problemas?
— Verifica se tem alguém filmando.
João chega a porta e olha no sentido do carro que Emmanue-
la estava.
— Podemos conversar senhora Emmanuela?
A senhora no carro olha aquele senhor falar, estranha ter ou-
vido tão claramente dentro do carro e o rapaz ao lado pergunta.
— O que ele falou? – O rapaz não havia ouvido nada.
Emmanuela sai pela porta, os agentes olham para João e co-
meçam a sair de seus carros e ela pergunta.
— E porque teria de conversar?
— Apenas para ter certeza, que quando eu morrer, alguém fi-
cou sabendo quem foi, e não vai ter esta historia de não sabia, não
queria, foi por engano.
— Não discutimos ordens?
— Alguém superior a você mandou me matar? Duvido.
— As vezes não superior, mas com interesses diferentes.
— E esta pessoa não sabe conversar, tem de ser na base da
traição e morte?
— Quando se quer tudo, não se conversa.
— Então apenas alertando senhora, não a quero mal, mas a
próxima vez, que vier para atirar, podem não sair vivos.
As costas de 32 pessoas, entre elas a senhora, uma alma as
toca e João olha todos caírem quase que simultaneamente a toda
volta.
298
João olha o carro onde Micaela estava parar a frente e entra,
pois enquanto ele os distraia foram todos aos carros.
Emmanuela é ajudada assim como um monte de pessoas, a
policia ao fundo estava querendo a identificação daquelas pessoas
armadas a rua, ela olha o policial, olha em volta e pega o comunica-
dor.
— Como ele saiu?
— Não sei senhora, todos caíram juntos, até eu.
— Quem é este rapaz, não me alertaram que era alguém difí-
cil de matar.
— Se não leu a ficha dele Senhora, não nos culpe.
Emmanuela olha em volta, a única coisa que olhou foi a con-
firmação de que o rapaz não era um Fanes, então para ela, apenas
um humano a mais, nada de mais.
Ela olha em volta e olha o Delegado a olhar e falar.
— Identificação senhora.
Ela pega a identificação e o delegado Gomes olha em volta e
conta com os olhos e fala.
— Heitor, pega o nome dos 32, pelo menos se aparecerem
mortos sabemos com quem mexeram.
Emmanuela olha o delegado.
— Acho que não entendeu quem somos?
— CIA, estranhei a secretaria de segurança mandar virar as
costas a acontecimentos nestas duas quadras, eu pensei que vinha
recolher os corpos, mas se não entendeu moça, que pegou alguém
calmo, no Natal, por sinal, alguém que vem em uma operação de
morte no Natal, é bicho, não vou chorar por nenhum de vocês.
Emmanuela olha o Delegado olhar os demais e fala.
— Melhor não matarem ninguém com estas armas, podem
ter porte, mas não licença para matar no nosso país.
O delegado apenas registrou os nomes, e liberou, não teria
como deter agentes estrangeiros, teria de ser a federal para o fazer.
João viu o pessoal entrando no parque e olha Roberto.
— As vezes é tanto maluco neste mundo que saem atirando
apenas porque um senador americano que é do ramo Náutico, não
gostou do nosso crescimento.
— E não arriscou.
299
— As vezes é apenas uma confusão, e não sei, as vezes eu
queria apenas ignorar.
— E não consegue? – Roberto.
— O governador abriu a porta para este grupo chegar a nós
Roberto, alguém que me quer morto, não consigo não pensar.
— Então a confusão não é pequena desta vez.
João sorriu e foi apresentar o parque, na região da área de
Shows, haviam criado 4 parques, um Parque Aventura, e 3 parques
temáticos, criando a volta do ponto de shows uma forma de obter
mais publico na região.
Roberto viu que era serio, e pergunta.
— Inaugura isto quando?
— Amanha.
Roberto sorriu e olha em volta e fala.
— Ampliando a ideia?
— Sim, tentando fechar uma ideia completa, para ir às próxi-
mas, e eles pensando em nos parar lá no passado.
— Está tomando a cidade de alguns.
João sorriu, e foi apresentando as ideias e se divertindo com
os filhos e esposa.
No centro, Emmanuela olha a gravação da operação, estranha
pois ninguém interferiu, viu os seguranças ao fundo, e não a frente,
e todos caindo, parecia muito cronometrado, pior, se ver acordada
e desabando, era estranho.
O rapaz ao lado olha ela e fala.
— Não sabemos o que defende o rapaz, mas ficou obvio que
estávamos cercados e não reagiram, eles sabiam que não entraría-
mos, eles nem se preocuparam.
Emmanuela olha o rapaz e fala.
— E foram para onde?
— Dizem que ele tem uma inauguração para amanha de um
parque temático, foram para lá.
— Mais segurança que na porta do prédio? – Emmanuela.
— Hoje sim, amanha podemos nos infiltrar senhora.
— Mas como ele se defendeu é que preciso saber.
— Não temos ainda esta informação, acha que o que o dele-
gado falou é um alerta?
300
— Sim, pois se todos estivessem ao chão e quisessem nos ma-
tar teriam feito fácil, fácil.
O grupo fica estudando o prospecto e na frente do prédio,
Ogum olha para os Egunguns e pergunta.
— Ainda este rapaz?
— Não pode deixar alguém fazer isto, não pode estar na re-
gra.
— Vejo que é quase pessoal o problema com ele, sei que hu-
manos são poucos que se desenvolvem, a maioria é gado, poucos
são especiais, não vejo porque matar um especial, vocês parecem
querer provar o que não foram criados para provar, se preocupam
com um humano, e deixam o Mar do Esquecimento desandar.
— Ele o fez desandar.
— Se um escolhido é mandado antes da hora ao Mar do Es-
quecimento, temos milhares de formas de enfrentamento, mas vejo
que ele irrita vocês, e insistem em o querer lá, sabendo que aquilo
não o prendera novamente.
— Mas podemos o silenciar.
— Não lhes é permitido mexer nas regras.
— Mas...
— Eu observo, pois vocês não conseguem com a filha dele, e
os meninos estão ainda crescendo, uma família de força, capaz de
mudar os mundos, surgiu, e não entendo o motivo de o quererem
mal, e sei que o problema com ele, surge quando ele se aproxima
de alguém que vocês davam cobertura.
Ogum some dali com os Egunguns.
O dia vai ao fim, helicóptero leva Roberto e a família para ca-
sa, enquanto João olha para Micaela.
— Eles vão tentar amanha.
— E pelo jeito não tem como parar eles.
— Acho sempre mortes inúteis que geram mais mortes inú-
teis, pior que tudo que eu fizer, ou não fizer, gera pesos.
— E não sabe o que fazer.
— Vamos para casa, as vezes não sei o que fazer.
— Barra? – Micaela.
— Pode ser.

301
O acordar na Barra, fez João olhar
para Micaela a cama, sorri de estar ali,
temia perder tudo, sabia que seus sen-
timentos eram contraditórios, e ao
mesmo tempo, não teria como parar
antes.
Micaela olha João e fala.
— Me olhando a muito tempo?
— Sim, a parte boa do dia.
— Quer que faça o que?
— Pega as crianças e vai para Pe-
trópolis.
— Se cuida?
— Sim, mas as vezes temo este
caminho, e sei que ainda me observam,
ontem desviei os Egunguns, chamando
de longe as existências, algo nos observa, algo que
nos força crescer ou mudar de caminho, mas tenta
ficar segura, quero almoçar com você em Petrópolis
hoje.
— Lhe espero.
João viu Micaela e as crianças saírem de helicóptero, desce e
pega o carro, a segurança indo a frente e ao fundo, ele chega a regi-
ão dos novos parques temáticos, e começa a apresentação e inau-
guração do parque, depois o complexo de empresas em Jacarepa-
guá, a nova sede da Globo em Vargem Pequena, com uma cidade
cinematográfica, um hotel cinematográfico, uma região de shows, e
uma vila encrustada na montanha, para alguns programas e series.
Estavam inaugurando aquilo, registrando a inauguração,
quando se ouve o estampido, todos se jogam ao chão, e se viu
aquela bala parada no ar, a frente de João, ele olha a bala, quase
parando na observação, olha o sentido da mesma, sua cabeça, se
saísse do caminho, acertaria alguém ao fundo, mas alguém ainda
iria atirar, ele olha o atirador, os observadores ao longe e sente sua
aura crescer, e ouvindo o som voltar, a bala parar, sente a segunda
302
parada e viu a terceira, todos olham para o local de onde vinha a
bala e João pega a bala final.
As pessoas se ocultando, a segurança se voltando para onde
alguém atirava, João sente o rapaz e uma vivencia o toca, ele desa-
corda, ele olha todos a volta, e sente as outras 21 pessoas, elas ca-
em ao fundo, estavam longe e poucos viram.
João se encolhe e pega o celular olhando para Bonifácio que
estava ao palco.
— Edita, não quero a imagem vazando.
— Certo, mas quem foi?
— Não sei ainda, mas já saberemos.
Joao acha o caminho, estranho como vivencias e almas, podi-
am ser rápidas, uma para a frente de um senador em Washington e
o atravessa, o mesmo sente o coração parar e desaba, a correria,
João só faz o sinal com a mão e sente a alma de volta, ele olha em
volta e sente onde estava Micaela, as crianças, Paulinho dando se-
gurança, seu medo era ser sobre o todo, já que não era apenas ele o
sócio.
João estava olhando os demais e olha quando Rodrigo sai da
casa da mãe e aquele tiro o atinge. Pega o telefone e disca para
Micaela e pede apoio para Rodrigo.
João passa recado para Tabajara que na sua cobertura acessa
as câmeras e viu que tinha gente na recepção, era contra os sócios
da Marítima a investida.
Micaela sente a existência em Petrópolis e uma alma ao lado
de Rodrigo o toca e olha ele e fala.
“Tem de voltar para o corpo Rodrigo!”
Rodrigo olha aquele ser com cara de cão falando com ele, um
misto de medo e dor, ele volta ao corpo, Micaela olha o atirador e
apenas o atravessa, com outra alma, o mesmo com os 4 ajudantes
que caem mortos, a alma toca o corpo e o mesmo começa a expelir
as balas e Rodrigo abre os olhos, os seguranças chegando, ele olha
em volta, não via mais a alma de Micaela ali, mas olha para onde
deveriam estar os atiradores e fala.
— Me tragam os atiradores.
Os rapazes avançam, mas o achar deles mortos, mostrava
bem o que a maioria não entendia.
303
Rodrigo entra novamente e sua mãe o abraça, olhando as
marcas de sangue.
— Está bem filho?
— Preciso saber quem quer minha morte mãe.
Rodrigo olha em volta e liga para João.
— Pode falar João?
— Estou ainda protegido, alguém tentou me atingir com 3 ti-
ros de precisão.
— Sabe quem?
— CIA, um morto em Washington, o governador pelo jeito foi
ai para marcar o lugar.
— Tem certeza?
— Ainda não, mas como está?
— Acho que doeu muito, mas vou verificar por aqui.
João olha os seguranças trazerem pessoas desacordadas, e
chamarem a policia.
As existências de João chegam a região do prédio de Pedro do
Tabajara e atravessam os agentes, que morrem aos carros e a rua,
Pedro atende o telefone e apenas ouve.
— Já é seguro.
Os policiais do 31º chegam a região, apreendem as armas, e
chamam a balística, João olha para a senhora, novamente, não sabia
como parar isto, mas não adiantava matar todos sem parar a or-
dem, então ele procurava na alma do Senador os mandantes, ele
chega a 4 nomes, as vezes a frieza, mas eram os inimigos, e mais 4
mortos do coração.
A policia federal foi chamada, o delegado não parecia querer
se meter, mas eram estrangeiros, a embaixada querendo os direitos
dos detidos.
Bonifácio chega ao lado de João e pergunta.
— O que fazemos?
— Não sei, é CIA, a senhora ao fundo, a atual Diretora Geral
da CIA, mas faz uma coisa Bonifácio.
— O que?
— Levanta todos os podres do atual presidente e do atual go-
vernador, se eles abrem portas para nos parar, temos de os parar
também.
304
— Sabe que estávamos segurando tudo, mas pelo jeito quer
por fogo nas coisas.
— O governador vai ter problemas, mas levanta os problemas
e cobra esta coisa de agentes da CIA em operação de Guerra no
Brasil.
Bonifácio foi falar com o pessoal e o Delegado olha para João
e pergunta.
— Me disseram que teríamos mortos aqui hoje.
— Eles não conseguiram mais uma vez, se queria vir recolher
meu corpo Delegado, não foi desta vez. – João.
— Acha que alguém vai ter pena de você?
— Pedi pena? Não.
João olha as coisas longe dali, e olha a senhora e fala em Gre-
go, para apenas a senhora entender.
— Tem de considerar que não revidei ainda, uma hora me
canso senhora.
Ela olha João, alguém falando em grego era raro, e sabia que
poucos a volta entenderiam e responde.
— E como se mata algo que aparentemente resiste uma se-
quencia de balas.
— Nem todos não reagem senhora, vai ter de procurar outros
10 agentes, que não vieram para cá, e ninguém vai achar, eu posso
estar calmo, mas nem todos são.
— E como saberia?
— Se alguém falar que um senador morreu do coração hoje,
não estranhe, as vezes acontece.
A senhora olha a conversa sem pé nem cabeça e olha os de-
mais e fala.
— Acha que pode matar a gente assim? – Em português.
— Eu não atirei em vocês, foi o contrario senhora Emmanue-
le! Gente que nem sabe onde está, mas que mata porque um sena-
dor e 4 empresários norte americanos no ramo Náutico no lugar de
trabalhar, pagam a morte de 4 pessoas no Brasil, pelo jeito terei de
comprar a empresa destes malucos.
O delegado entendeu, era algo maior, e olha para João.
— E vai dizer que não sabe nada.
— Eu falo, você me acusa de não ter morrido Delegado.
305
João se afasta e o delegado fica a ver João ir ao fundo, era
uma parte da Globo, uma área de crescimento, Roberto Marinho ao
fundo olha o irmão e fala.
— Não entendi o que aconteceu.
— O delegado falou que os rapazes presos são CIA.
— E pelo jeito alguém pagou caro pela morte de Mayer, e
olha que este estúdio e área, é muito boa, quando falaram ontem a
noite que iriamos ter uma inauguração pensei em algo pequeno.
— Como você mesmo falou Roberto, estamos crescendo.
No outro lado da cidade, Rodrigo dá sumiço nos corpos e tu-
do que aconteceu, fica retido entre poucos.
Micaela sente dois atiradores e sente suas almas e as puxa,
ela não queria morrer ou ver alguém morrer, ela chama um helicóp-
tero e volta ao Rio de Janeiro.
As noticias de um novo atentado contra Mayer, agora vindo
da CIA, fez um problema diplomático.
O governador estava sentado em um restaurante com a famí-
lia em Copacabana, quando dois carros param a porta, o segurança
fica tenso, os seguranças do governador são rendidos e um rapaz
com uma toca escura chega a mesa e olha o governador.
— Um aviso único Governador, Azul disse que você abril ca-
minho para a morte de Rodrigo Oliveira, estamos levantando, se for
real, pode correr, mas não vai fugir das nossas balas, pois covarde,
não merece o ar que respira.
Os rapazes começam a sair, o governador olha em volta, não
saiba se Rodrigo morrera, pois ninguém noticiara, e aquela ação ali
na zona sul, mostrava que ele entrara na mira de alguém que ele
não sabia que rosto tinha.
A esposa olha o marido e governador e pergunta.
— O que ele quis dizer com isto amor?
O governador estava vendo os seguranças chegando a ele, ele
iria falar algo, e viu a Globo ao fundo dar a imagem dos tiros, do
pessoas se recolhendo, e a noticia agora da Globo com imagens
internas do atentado e do deter de 21 pessoas.
O senhor coça a cabeça e os seguranças olham ele pegar o te-
lefone e falar.

306
— Carlinhos, que confusão aconteceu que alguém me manda
um recado de Azul enquanto eu comia.
O secretario se segurança olha o telefonema e fala.
— Sabe bem o que aconteceu Governador, mas pelo jeito es-
tes atiradores da CIA não são tão bons quanto nos filmes.
— Sabe se Rodrigo está bem?
— Não entendi, Rodrigo? – Secretario.
— Que saiba Mayer era apenas um alvo, Rodrigo, a menina
dos David e Tabajara, os demais alvos, eu quero saber se algo acon-
teceu.
A morte de empresários americanos não era noticia no Brasil,
muito menos de senador, isto passa desapercebido do povo em
geral no Brasil.
João chega em casa e viu que Micaela havia voltado, estava
pensando em subir a serra, a abraça e ouve ela falar.
— Como enfrentamos malucos?
— Não sei.
Os dois ficam abraçados, a pequena Mirian chega a eles e
abraça uma perna de cada.
A tarde foi estranha, burocracias e coisas do gênero.

307
Dia 27 começa com inaugurações
em Niterói, mas agora era a parte porto
da MD, a parte produtiva da Marítima,
uma nova base da Marinha, duas áreas
de alocação de moradores, em duas
áreas novas, três áreas de filmagem da
Loucura, dois Hotéis na cidade, um par-
que temático, dois Museus, o que fez
novamente ter gente lá para a inaugurar,
agora era o prefeito de Niterói em meio
a coisas que mudavam a dinâmica do
porto e o nível de produção do porto.
Quando João volta ao Rio, os Ame-
ricanos começavam a ser soltos, então a
inauguração foi tranquila.
Todas as TVs mostravam as inau-
gurações, o prefeito olha o secretario de obras e
fala.
— Mayer resolveu realmente fazer um fim de
ano de conquistas, se pensar que ontem todos falavam do atentado
dele, hoje, todos falam dos 3 blocos de filmagem da Loucura, ele
pelo jeito vai produzir muita coisa, ele somou as peças de Niemayer
em Niterói, ele começa a ter o maior porto do estado, e longe de
estar pronto, viu aquelas estruturas começando a ser montadas, ele
vai fazer super transatlânticos.
O senhor sorriu e falou.
— Tem de considerar que tudo que ele fez, foi projetar estas
partes este ano prefeito, o construtor de carros alegóricos, agora
constrói transatlânticos.
— E pelo jeito alguns não entenderam o prospecto.
— Os vereadores aprovaram, na ultima seção do ano, a pou-
co, os prospectos das novas ligações da cidade, para o começo das
obras, tem 5 novas linhas de metro, novas ligações para as partes
que ele construiu, as linhas de ligação, se todos acham que as obras
agora são o objetivo prefeito, parece o inicio de um grande projeto.
308
— Vou estar amanha lá, nem sei como será, mas pelo jeito
mais um grande evento.
— As inaugurações do lado de cá e pelo jeito os prospectos
de novas obras.
— Vi que os demais canais estão cobrindo.
— A inauguração amanha é pela tarde.
— Motivos?
— Todas as demais foram pela manha. – O secretario de
obras.
— Despistando, mas pelo jeito a ideia é grande.
— As vezes parece que mesmo assim muitos querem o desa-
fiar, alguns falam que ele encarou a diretora da CIA ontem, e muitas
perguntas sem respostas estão sendo feitas.
No outro lado da cidade, o governador olha o assessor e per-
gunta.
— Ele não parou por um atentado.
— Fez longe da cidade, alguns falam que era a única coisa que
ele não teria como adiar.
— Ele chamou pela primeira vez a atenção sobre ele, ele em 3
dias, inaugurou mais que muitos empresários no país tem, e parece
que ele projetou isto, e alguém quis parar ele, sei que abri a porta,
mas tenho de pensar, me confirmaram que Rodrigo, a menina e
Tabajara não foram atingidos.
Na Barra, um grupo de agentes da CIA, olha os carros, prepa-
ra as armas e olham um agente da policia Federal chegando ao lo-
cal.
Emmanuele olha para Paulo Cortes, já trabalharam juntos em
outras situações, no mesmo país.
— O que tem para nós Paul?
— Pelo jeito não me ouviram. – Paulo.
— Como quer que acredite que algo protege aquele humano
patético?
— Não sei, mas estranhamente, 5 pessoas bem longe daqui
morreram ontem, não sei quem se mexeu, mas o governador tirou
o apoio a operação. – Paulo.
— Não entendi por quê?

309
— Um dos lideres do trafico da cidade, mandou um recado
para ele, que não gostou da posição dele de ontem referente ao
rapaz que parece terem acertado, mas que depois deu sumiço dos
seus rapazes.
— Pensei que o governador mandasse aqui?
— Ele é um instrumento eleito, estes são manipuláveis no
Brasil, não os mandantes.
— Tem gente mandando abortar a operação, mas não gosto
de passar a sensação de fraqueza.
— Talvez consiga Emmanuele, mas tem de saber, todos que
tentaram, se deram mal, este João Mayer parece ter realmente algo
que lhe protege.
— Crendice popular, era apenas um colete reforçado.
Paulo não fala nada, pois sabia que CIA não atirava no peito e
sim na cabeça.
— Apenas alertando, mas o que precisa? – Paulo.
— Dizem que ele anda por ai, preciso do esquema de ama-
nha.
— Dizem que ele vai fazer uma inauguração amanha a tarde
do lado de cá da Baia, e que vai ter muita gente, é lugar mais aber-
to que ontem.
— Vamos esquematizar algo, não acredito nestas crendices
que vocês estão criando.
João no meio da tarde vai ao barracão e olha o abre-alas
montado, pela primeira vez algo pronto, ou a caminho de estar
pronto.

Ele olha os detalhes, olha o pessoal chegando para ensaiar,


para verificar o funcionamento, Jorge chega ao lado e fala.
— Este está muito bonito, sei que me assusto, mas termina-
ram de por os 4 andares de carros, estão ensaiando as pessoas, do
310
entrar e se colocar no mesmo, um carro que tem encenação, que
tem muita coisa, outro que está quase pronto, é o fecha alas.
João passa ao lado e chega ao fim do barracão, olha o carro
final, olha o pessoal ensaiando e outros colocando os últimas escul-
turas balão, ele senta-se a olhar, estavam testando os drones.

Jorge chega ao lado e fala.


— Você não sabe fazer coisas pequenas, o pessoal está ensai-
ando, o pessoal dos grupos destes carros estão falando deles, a
pintura e os acabamentos estão ficando incríveis.
— Acha que dá um bom impacto quase final?
— Sim, se alguém achava que o carro abre alas iria dar pro-
blema no andamento, estamos olhando cada carro Mayer, e eles
estão ficando ótimos.
João olha Jorge e fala.
— Sei que preciso de ajuda, eu chamo este desfile de o maior
que já fiz e provavelmente farei no Carnaval do Rio.
— Algo tão grandioso que as pessoas nem acreditam se falar
o que vamos por lá.
— Sei disto.
— Você foi crescendo os carros, este no final, tem 500 pessoa
sobre ele, o engenheiro estava explicando os reforços, 40 toneladas
apenas de pessoas sobre o carro, pior, se não o tivesse, pareceria
vazio, um carro que é como falam, vivo, quando erguemos a Harpia,
ela chega a 40 metros, ensaiamos o descer e o subir, quando se fala
em carros Mayer, acho que entendi, você cria um carro destes, com
criatividade e detalhes assustadores.
— Entendeu o problema de enguiçar algo assim?

311
— Sim. Dá um frio na barriga, mas todos os carros dão, esta-
mos transferindo o carro 9 para cá, e vamos começar a por os deta-
lhes finais, se as vezes as coisas parecem assustadoras, esta ideia de
coisas flutuando, dão muito medo, mas se der certo, é histórico, se
der errado, um senhor problema.
— Temos de ter calma no dia, para revisar tudo.
— Tem gente da comunidade falando destes dois carros, e
obvio, isto levantou muito a comunidade, e eles nem viram como
estão agora.
Jorge olha ao fundo e fala.
— Você está tornando cada carro em um abre alas, 10 carros
que seriam destaques em qualquer escola.
João olha a montagem do carro 2, o primeiro depois do abre
alas ao fundo, ele caminha a ele, e para na entrada do barracão
olhando a estrutura ainda não pronta do carro.

— Ficou com quanto de altura? – João.


— 30.
— Exagerei pelo jeito.
— Pegou um carro simples, e parece faltar algo.
— Sim, mas primeiro vamos terminar esta parte?
— E faltaria o que?
— Um monte de detalhes, mas este teste é o começo.
— E só entra se der?
— Sim, pois temos de ensaiar este carro, tem 280 pessoas
neste carro, e as vezes temos de cuidar para não sairmos do enredo
por um efeito.
— Sei que você fica dando os palpites, mas as fantasias estão
ficando prontas, e a serie de encenações, estão todas prontas, a

312
discrepância de algo deste tamanho, que parece apenas uma frase,
e pior, ela pisca ali, para todos verem.
— Jorge, eu apostei em uma ideia, os dois criadores da ideia
pularam fora, mas vamos entrar na avenida para dar nosso melhor.
No cais um pouco a frente, se plantava arvores, se colocava
grama, se estabelecia as placas, organizavam as coisas.
João sai do barracão da MD e vai ao barracão da Cidade do
Carnaval, estaciona no fundo e olha para as obras do Hotel Rio, en-
tra e olha o gerente lhe cumprimentar e falar.
— Estamos começando a receber turistas, a inauguração ofi-
cial é amanha e já temos a casa cheia.
— Como estão as coisas, tem de cuidar dos detalhes.
— Aqui estamos bem, o senhor está bem, muitos se pergun-
taram se não foi atingido ontem.
— Levei sorte, mas começo a me encher desta coisa de desvi-
ar balas o tempo inteiro.
— E as inaugurações de amanha?
— Começa pela inauguração das vias. Da praça, da travessia,
dos museus, da base da marinha, da Marítima, e por fim, o show de
luzes e fogos promovida pelo Hotel Rio, ao anoitecer, com um show
de frente a baia, transmitido ao vivo pela TV, pela internet, para
começar a festa de passagem de ano.
O senhor sorriu e viu João caminhar até os barracões das es-
colas de samba, ele entra, estavam terminando a cobertura da parte
interna, ele olha o barracão e olha para Paulinho e fala.
— Reduz o carro 9, vamos transferir para o outro barracão
hoje a noite.
— Sabe que toda vez que sai algo daqui eles ficam em polvo-
rosa.
— Polvorosa, precisamos de espaço aqui, e temos de começar
a terminar os carros Paulinho.
— Acha que os que lá estão já terminaram?
— Não disse isto, mas vamos terminar de montar os 3 que es-
tão lá e montar o carro 9.
João olha os acabamentos e fala.
— Como está o montar dos carros?
— Não entendi porque está mandando coisas para lá.
313
— Sabe este teto?
Paulinho olha para cima.
— Vai dizer que montou algo maior que isto?
— Por enquanto apenas o carro fecha alas.
— E pelo jeito quer algo que chega aos 32.
João olha em volta e fala.
— 35.
Paulinho sorri e fala.
— Um novo avião na Marques?
— 7 que vão do 14Bis ao um Jato Moderno.
— Isto que não entrou ainda?
— Sabe que tem estrutura de hidráulicos colocados ali.
— Sim, mas como tem estrutura de uma arvore, pensei em
uma escultura.
— Também, mas os painéis começam a ficar pronto, o por
dos indígenas frontal e traseiro na altura real, testar os encaixes,
erguer os meios e os encolher, colocar os carros, o trem a vapor e o
moderno, e os aviões.
— Hora de por os detalhes finais?
— Sim, se terminarmos 4 lá, 4 aqui, já estamos quase na ave-
nida. E olha que ajeitar tudo isto na avenida vai ser foda.
Paulinho sorriu e falou.
— Dizem que vamos ser só nos desfilando no domingo.
João sorriu.
Ele olha cada detalhe dos carros que estavam indo para o
acabamento, e olha para o carro do Cristo recolhido e fica vendo as
pessoas a ensaiar.
Era próximo das 19 horas quando ele retorna para casa.
Mirian abraça o pai e fala.
— Algo tá estanho pai?
— Estranho?
— As coisas não tão onde deveriam.
João olha Micaela entrar com as crianças e fala.
— Amanha pelo jeito vai ser barra.
— Não entendi ainda, eles já receberam ordens de abortar a
missão e continuam ai.
— E o que vai fazer?
314
— Eu quero terminar este ano como alguém que fez algo, es-
tou assim evitado estar embaixo de carros alegóricos.
— Acha seguro sair amanha?
— Onde estiver, terá problema.
— Temo pelas crianças. – Micaela.
— Se acha melhor ficar, eu entendo.
Os dois se abraçam, sabendo que os problemas iriam vir em
levas.

315
João acorda perto das 3 da ma-
nha, voa para a Cidade do Carnaval, e
olha os rapazes prontos para o transpor-
te do carro para o outro ambiente.
Numa Cidade do Carnaval vazia,
eles tiram um dos carros do barracão, e
começam a ajeitar um novo lugar para
por os carros, para colocar este 4º carro.
5 da manha João olha a roupa de
serviço, troca de roupa e começa a me-
xer no carro, primeiro ele testa todos os
hidráulicos erguidos, depois ele coloca a
luz no piso, de todo o carro, faz o aca-
bamento das partes de encenação, e
começa a por os painéis, descendo e
subindo para testar todas as partes.
Termina esta parte e olha o reló-
gio, a calma do local, pois era o último
dia de trabalho ali no ano, depois reto-
mariam nos primeiros dias do ano.
Ele troca de roupa novamente, olha as unhas, sorri e sai no
sentido da região das inaugurações.
Ele sente as existências e as manda a frente.
João vinha pela rua, caminhando, as pessoas em pontos de ti-
ro, esperavam qualquer coisa, menos aquele rapaz caminhando
pela região.
João sente os atiradores, antes deles o acharem nas miras,
suas vivencias os atravessam, e a toda volta uma porção de pessoas
começa a desacordar.
João olha para o colocar da placa final de inauguração da Ci-
dade do Carnaval, as pessoas chegando para aquela inauguração.
Ele inaugura com as empresas e o prefeito a Cidade do Car-
naval, depois o estaleiro da Marinha, após isto o novo Museu da
Marinha, depois o Hotel Rio, Museu do Carnaval, a travessia, o pre-
feito sorriu de estar entregando aquilo ainda no seu mandato, os
316
dois prefeitos, os carros sendo liberados para passar por ali, a co-
brança do pedágio de 5 reais, a nova base das Balsas, dois outros
museus, inauguração final do Aeroporto Santos Dumont, a sede
local da ONU, um novo museu, o das Cidades, as vias de acesso, e
por fim a sede da Marítima naquele ponto.
Uma tarde de inaugurações, com pessoas desacordadas nos
telhados, nos carros.
João parecia solto, mas estava sempre tenso, e no fim da tar-
de, volta ao barracão da MD, e liga para Micaela, ela voa para lá
com as crianças, ele coloca um carvão e uns aperitivos para assar, e
começa a erguer os aviões, eles eram cheios de ar quente, para ficar
mais leves, mas ele começa a erguer eles e colocar no lugar, depois
as arvores, 42 arvores em 5 tamanhos, o repor das estatuas.
Micaela chega com as crianças, viu João a ajeitar o carro e
olha para aquilo, algo imenso, ele estava sobre uma armação a 18
metros, e ajeitando as asas de um dos aviões, desce e coloca os 12
carros, dai ele ergue o 14 bis a frente.
Ele olha as crianças olhando para ele e desce um pouco, beija
Micaela que fala.
— Qual o tamanho disto?
João ergue os hidráulicos e fala.
— Quase pronto agora.
— Falta muito?
— O ensaio das pessoas, alguns acabamentos.
Mirian caminha ao lado do carro e fala.
— Lindo.
Joao sorri e termina de erguer o carro olhando-o.

Micaela olha o carro e sorri.


317
— Está realmente exagerando este ano, quantos metros tem
este carro?
— 35 metros de altura, as asas tem 36 de ponta a ponta, e 56
de cumprimento.
Micaela dá um volta no carro, e João coloca os carros para gi-
rar, o metrô a girar, e aquelas maquinas a vapor, um carro que na
base era grande, com movimento e Mirian fala.
— Lindo pai.
João viu Roberto entrar com a esposa e Gabriel, obvio que o
olhar sobre o carro, depois sobre Joao com roupa de Barracão.
Roberto olha o carro, olha para cima, olha os giros, e sorri.
— Isto é um abre alas. – Roberto.
— Sempre desafiando tudo. – Gabriel olhando em volta, ele
não ia naquele barracão a uns 15 dias, e a direita tinha o abre alas, a
esquerda o fecha alas, a sua frente o carro 9 e as costas o carro dois,
e todos com mais de 28 metros.
Roberto vendo o filho olhar em volta, presta atenção aos de-
mais e sorri.
— Está transformando algo como o a frente, em pequeno?
— Não, hoje precisava descarregar energia, e não queria ficar
aos olhos.
— Este carro está lindo, não dá para negar que os projetos fi-
caram imensos, está querendo mesmo mostrar que podemos ser
maiores, mas pelo jeito todos pensando que lá está grande, e esta-
mos escondendo esta parte? – Gabriel.
— Tentando fechar algo, eu tenho de pegar um carnavalesco
o ano que vem, que tenha uma ideia fechada.
— Deu corda e abandonaram no meio. – Roberto.
— Não fizeram questão de assumir Roberto.
— E pelo jeito um carro com tudo que pensou nele.
— O carro se chama, “O brasileiro é um feriado!”, temos a
frente a ala “Inventamos o avião, e não a catapulta”, dai temos os
índios, na frente, festando, um chão de índios, dançando, dai en-
tramos nas carreatas, metade dela é religiosa, metade é final de
campeonato, as encenações são “Sofremos mas não deixamos de
sorrir”, andar dois, “festamos em cada plataforma”, andar terceiro,
“nos divertimos criando” e nos pés dos aviões, “adoramos uma via-
318
gem”, terminamos o carro com o “transformamos tudo isto em
carnaval”.
Roberto olha o carro e fala.
— Justificado e com fantasias em cada parte?
— Sim, o índio da frente é alegre, o índio as costas, fantasias
de carnaval, o avião é para dizer vamos rápido ou devagar, mas
vamos a festa.
— E quer chocar com mais este carro? – Roberto.
João chega ao fundo e liga o carro um e fala.
— As vezes o carro começa a tomar forma somente agora.

Roberto olha o carro dois e fala.


— Você apenas com o que está neste barracão já choca, e
ainda tem a parte que lá está.
— A ideia de não perder impacto.
— E como você define este carro?
— Deixar claro que começo explicando porque coloquei bran-
cos segurando, empurrando, fazendo força, para os acontecimen-
tos, pois se colocasse Negros, seria estabelecer que isto era função
de negro, já que dificilmente, eu conseguiria dar impacto nas perso-
nalidades retratadas acima, nas encenações, nas montagens de
esculturas com negros, dai nós começamos com uma terra rica, as
arvores estabelecem isto, a natureza a volta, estabelece isto, mas a
base do carro, tem pessoas segurando e fazendo força para manter
tudo impávido, bonito, dai tem os quadros, que representam atores
nacionais e estrangeiros, depois os ricos, os que deram certo, a cari-
catura brasileira do século passado, através de Zé Carioca, tudo
colocando o povo brasileiro como folgado, mas o povo, é forte, de-

319
terminado e competente, ele é apenas explorado e vetado de cultu-
ra, e o carnaval mostra isto.
Roberto olha o carro e fala.
— Você está tentando de todas as formas novamente, esta-
tuas vivas, estatuas paradas, o beija-flor, muita gente na base,
quantos vão neste carro?
— Quatrocentas e oito pessoas.
Micaela abraça João olhando o pai que fala.
— Ele coloca tanta estrutura e depois soma gente?
— Sim pai, a ideia de um carro, ou ele gira, ou ele tem muita
gente, ou giram e tem muita gente. – Fala Micaela olhando o abre
alas com aquelas imensas rodas gigantes.
— Mas este está imenso.
— Sim, tem 90 metros, mas ele tem altura para quem olha da
apoteose, ver o Cristo, apenas quando ele se erguer, sei que exage-
rei Roberto, mas todo carro tem sua descrição, e toda a fantasia
também, o carnavalesco me convenceu a por uma ala de 14bis a
frente do carro 9, então o ajuste ao enredo, está acabado, agora
temos de terminar os carros e os levar ao desfile.
— Isto fica com menos de 5 metros? – Roberto.
— Sim, é um complexo de ideias de hidráulicos testadas e tes-
tadas incansavelmente antes de colocar os acabamentos.
— E falta quantos para ficar pronto?
— Estamos acabando estes, para faltar o acabamento de me-
tade deles Roberto.
— E todos achando que está pronto. – Roberto.
— Este carro Roberto, estava com a parte central quando no
barracão, tínhamos de somar a parte traseira e frontal, colocar os
beija-flor, as arvores e as estatuas.
— E vão ensaiar quando?
— A partir da segunda semana de Janeiro.
A família faz um churrasquinho e no fim do dia, João e Micae-
la vão para casa, João olha Micaela no voo e fala.
— Mantem a calma, não queria ter de matar mais alguém,
ainda mais alguém que pode inverter o pedido de não interfiram.
— E continuam.
— Sim, mas tenta manter a calma, sei que é difícil.
320
João desce e Micaela sente ele ir ao elevador e descer ao
apartamento, rapidamente, ele chega a porta e a destrava, Micaela
ouve o telefone.
— Não sei quem são Mick.
— Tenta evitar que mais deles entrem, discretamente.
Paulinho faz um sinal e os rapazes chegam rápido desarman-
do os agentes.
Paulinho liga para o afilhado e pergunta o que fazer, todos es-
trangeiros e armados.
João olha para as existências e senta-se a poltrona e a inverte
para a porta, ele esperava eles chegarem, deixara a porta aberta,
faz sinal para a empregada subir, e olha aquela senhora entrar pela
porta, os rapazes sacam as armas, apontando para João.
— Demorou!
Emmanuela olha João e fala.
— Acha que escapa.
— Pensando se mato todos, ou os deixo sair do país, dei a
chance de saírem duas vezes, disposto a tentar uma terceira, para
não ter problemas com a CIA, mas se temos uma diretora da CIA,
que leva para o pessoal algo, será que ela serve para diretora da
CIA? – Fala João olhando os rapazes olhando em volta, um foi avan-
çar e caiu disparando para o chão.
— Não autorizei avançarem. – João – Isto serve para qualquer
um que colocar o dedo no gatilho.
João encara a senhora que fala.
— Não podemos deixar gente como você solta rapaz.
— Motivo?
— Es uma arma.
— Moreira pode apenas por ser amigo pessoal da senhora?
— Ele se ateve a me respeitar.
— Saiba que é a única ainda viva, em todas as realidades pa-
ralelas, em todas as demais, ele a matou e nem se preocupou com
isto, já que traição, é traição.
— E como você saberia isto?
— Alguém me soprou isto ao ouvido.
A senhora olha em volta, parecia ter pensado em algo, mas fi-
cou dúbia a reação.
321
— E como paramos isto? – Emmanuela.
— A ordem já foi dada para recuar senhora, estão pensando
que todos estão tomando sol ao sul, única desculpa para não voltar
para Washington hoje, frio do pesado lá hoje.
— E parece saber mais do que fala.
— Acho que eu não gosto de aparecer muito, mas as vezes, as
pessoas exigem que se apareça, sei que se não forem embora, ama-
nha na inauguração, teremos novamente pessoas desacordadas, um
dia alguém morre por acidente e lá vem mais guerra.
— Eu não entendi como você faz isto.
— Não fiz.
— Mas então tem um monte de gente lhe cobrindo as costas?
— Sim, muita gente, como agora.
— Se acha engraçado?
João estala um dedo no outro e Emmanuela olha todos a vol-
ta caírem, ela não via ninguém ali, mas ficou olhando descrente.
Os rapazes acordam ao chão e João fala.
— Poderia dizer que é magia, mas não é.
Emmanuela olha para João sem entender e fala.
— Então não tem nada de anormal?
— Não vou entregar o segredo, mas pode ter certeza, uma
hora senhora, me encho, dai eu apenas saberei que terei uma guer-
ra a mais a frente, a escolha é de vocês.
Emmanuela olha os rapazes e fala.
— Estamos de saída.
Os rapazes começam a sair, Emmanuela chega na parte baixa
e olha a policia federal pedindo os documentos dos rapazes, ela
apenas afirma que estavam de saída, e que se o delegado não atra-
palhasse, estariam fora da do pais antes do fim do dia.
Micaela olha para João e pergunta.
— Acha que ela nos deixa em paz?
João a abraça e fala.
— Ainda não sei.
Os dois foram deitar, João estava cansado, mas muita coisa
estava encaminhada.

322
Amanhece dia 29 com o Bom dia
Rio, falando do novo caminho para Nite-
rói, o repórter entra ao vivo.
— Estamos aqui na entrada da
passagem subterrânea por baixo da baia,
para quem está no centro, agora fica
mais fácil chegar ao centro de Niterói do
que na ponte, vejo como uma obra fun-
damental, entregue ainda este ano, an-
tes das grandes saídas do Rio de Janeiro
no começo do ano.
As imagens perto das 5 da manha,
amanhecendo, mostrava os carros en-
trando e saindo por aquele caminho.
Muita gente via como uma grande
obra, a muito não se tinha algo deste
gênero, encobrindo todas as demais.
João acorda cedo e sai sedo no sentido do
barracão da Cidade do Carnaval, com a família, ele
olha o esquema do carro dois, barracão ainda sem gente, Micaela e
as crianças lhe davam um clima muito bom.
Micaela chega ao lado e pergunta.
— Qual a ideia que parece lhe preocupar.
— Alguns problemas, a luz, o giro, os tecidos frontais e ao
fundo, a dinâmica das estatuas que ainda não tenho como por aqui,
e não vou passar para o outro barracão.
— Não consegue? – Micaela.
— Na parte que avançamos o carro no sentido de parte do
antigo refeitório, ali tem 5 metros de altura, as estatuas desta parte
tem oito metros.
— E quer colocar elas ali.
— Sim, encolhidos, já que elas vem em duas partes de 4 me-
tros da parte alta.
— E pelo jeito é daquelas que tem gente dentro.

323
— Sim, o tecido da parte do fundo, está pronto, depois vou
descer ele, e começar a verificar as coisas.
Micaela olha João subir a estrutura onde o Cristo iria ficar, ele
sobe e prende a estrutura do Cristo nos guindastes de teto, e o er-
gue encolhido, tira da área do carro, deixando pendurado, depois
disto ele desce e fixa uma estrutura e coloca sobre o carro, liga a
fiação, e algo girou, ela não entendeu, mas sabia que João não era
de meio efeito.
Ele ajeita e desce a estrutura novamente, prende na base que
colocara, desce parte da altura, pois não iria arriscar, e ergue o Cris-
to, Micaela olha o Cristo com 30 metros, a base bem abaixada, girar
na plataforma, um Cristo que girava, de braços abertos para toda a
sociedade, não apenas o rico, não só o centro.
João ergue os prédios, que estavam voltados para dentro, en-
tão quando eles se erguem, ficam próximos as estruturas das saca-
das dos andares, parou antes do total, pois eles estariam enroscan-
do nos braços da estatua que girava.
Micaela olha a base abaixo dos prédios, olha João sorrir e bai-
xar algo que era comprido, ela só entendeu que eram dois vagões
de metrô, ele ajeita na estrutura, e começa a por acabamento nas
partes internas, os detalhes que não tinham ainda.
Era próximo do meio dia quando Micaela viu o pessoal do en-
saio da comissão de frente chegar, o coreografo olha para cima e
fala.
— Sempre exagerado, mas sinal que temos um grande carro?
— Sim.
João começa a baixar as estatuas, era próximo da uma quan-
do Micaela pediu algo para comer, e João começa a por as estatuas
do fundo e da frente, os do fundo, que estavam voltadas a porta,
foram deixadas do lado de fora do carro, João estica o tecido, ao
chão, prendendo ele, entra em pelo menos doze dos buracos, ele
coloca na altura do ombro e fecha o mesmo.
Micaela entendeu que teria um chão vivo a frente do carro e
ao fundo, após ajeitar isto, ele começa a por as estatuas na parte do
fundo, estatuas de 8 metros, e as vestir, ela olha ele colocar os deta-
lhes da favela, uma parte central ainda sem estrutura, e as pontas,

324
com mais estrutura, e aos pés do Cristo ele coloca uma reprodução
do que ele montara nas comunidades.
João vai a parte de onde haviam tirado o carro 8 e viu como
estavam as arvores, as marcadas para o carro 2, o terceiro a desfilar,
olha as arvores e começa as separar e vai pondo ao lado do carro,
ele sabia o que queria, e estava na hora de dar o caminho para os
demais terminarem o carro.
As palmeiras a frente da avenida, uma representação de uma
arvore com suas folhas representando o planeta, as arvores da es-
trutura que estava baixada, para o Cristo poder girar, as arvores ao
fundo mais escurecidas, Micaela viu que as arvores frontais eram na
área que dava para por, viu ele subir e descer outro tecido, por a
frente do carro, onde não conseguia por muita coisa, mas testou as
mesmas coisas, parou perto das 3, todos já tinham comido, apena
para beliscar algo.
O coreografo para ao lado do carro, com os rapazes e os
mesmos falam.
— Agora parece que vamos ao acabamento.
— Bom ver os carros assim. – Um rapaz.
Os mesmos saíram, João olha Jorge entrando e olhar para ele.
— Perdidos aqui? – Jorge.
— Terminando mais um projeto.
Jorge entra e olha o Cristo rodando e olha para ele, viu que
estava recolhido, ele pensou que o Cristo estava em teste, ele olha
o que tinha nos buracos baixos dos prédios, viu os metrôs que esta-
vam no ultimo andar, viu parte das esculturas, parte das arvores, viu
o giro de algumas, olha aquilo e sorri.
Jorge olha o tecido frontal, ele falara sobre isto, mas olha co-
mo ficaria, sobe e pega algumas cabeças que eram basicamente a
fantasia de 100 pessoas a frente do carro e outras 100 ao fundo, ao
fundo, era um rio escuro, com poluição, com ratos, urubus, caran-
guejos, na frente, peixes mortos, água-viva, poluição, então ele pe-
ga na parte alta um modelo de cada cabeça e trás para a parte bai-
xa, Jorge olha as fantasias de cada ala e pensa em onde iriam as
pessoas, verifica os nomes para aquele carro, e teria de por pessoas
alegres e comprometidas naquele carro.
Chega a bancada e olha o desenho colocado ali por Mayer.
325
Jorge sorriu e olha para João chegando ali de novo.
— Pelo jeito não resistiu.
— Vou colocar as estatuas frontais, do carro, mas não temos
8 metros ali, para testar no tamanho total.
— Certo, mas está em teste?
— Não, entrei em contato com o pessoal da Arquidiocese,
eles vem ai, para ver o carro, não quero problemas, e se for para
tirar, é agora.
— Certo, e para isto está pondo os detalhes?
— Sim, e a conotação da estatua, abençoando toda a cidade,
não apenas uma parte.
— Certo, vi que esta encolhido, não entendi.
— Se somar dá quase 39 de altura, não dá para ariscar, assim
como não coloquei as arvores do fundo, pois teria de por o carro
mais para o outro lado, e o Cristo não conseguiria girar aqui dentro.
— E os prédios são tão altos?
— São mais altos, mas a estatua sobe mais 9 metros, e os
prédio mais alto, apenas 2 metros a mais.
— Esta testando o carro na altura possível?
— Sim, mas o teste é do equipamento de giro, com o peso,
ele precisa ser testado mesmo.
— E vai fazer qual parte agora?
— Por os barracos, as estatuas reduzidas, as arvores, vi que
quer ver o impacto ao chão das cabeças.
— Sim, cada carro que você criou, é uma obra em si, você não
criou nada fácil de por na avenida.
— Tem coisa que quero marcar, e alguns pontos, ainda não.
326
João caminha até a estrutura do carro final, tripé, e enquanto
esperava um pouco, ele coloca as estruturas, e aproveita para abrir
um espaço, dispondo nas posições, nas estruturas, ele pega as idei-
as, as esculturas ficariam prontas em uns 20 dias, seria o ultimo a
ficar pronto, mas o teste de estrutura, ele faria agora.
João depois de abrir caminho para tirar as ultimas arvores do
canto onde estavam criando parte das esculturas, e tira 16 arvores
do canto, e coloca do outro lado, havia colocado as 16 aos pés do
cristo de um lado, agora colocou as do outro lado, estavam todas
baixadas, na estrutura, mas começava a por elas.
Após isto, testa as luzes a volta, e as altas, começava escure-
cer e acendem as luzes e o pessoal da arquidiocese chega ao local
com o Arcebispo da cidade, ele estranha a calma, e olha o carro, o
Cristo iluminado, a ideia em si, zona sul e norte, todos abraçados
pela Imagem ao topo, ele olha o carnavalesco e fala.
— Boa noite, vejo que criaram uma super estrutura, e vejo
que querem explicar o motivo.
— Boa noite senhor Arcebispo, o carro não tem nu, tem ape-
nas a cidade em três vertentes, a Sul, a norte, e as florestas a volta,
todas abençoadas pela imagem.
O arcebispo e dois rapazes, giram em torno do carro, não era
uma estilização, era uma marca, e o senhor pergunta.
— Qual o tema do carro?
— A diferença, temos da pobreza a riqueza, mas em sua mai-
oria cristã, mesmo com grandes diferenças.
— Entendi agora porque alguns saíram falando que teríamos
de ver o que vocês fariam, mas estão bem fieis.
— Sim, a estatua tem quase a dimensão da real, e não tería-
mos problemas em a doar a arquidiocese ao final senhor.
— Ela é em que material?
— Ela é leve, estranho pois ela é feita para aparentar pesada,
mas é estrutura metálica e tecido tingido sobre o corpo de ferra-
gem.
— E gostariam de uma aprovação da arquidiocese?
— Sim, pois não estamos vilipendiando a imagem, estamos
apenas usando a imagem clássica da cidade do Rio de Janeiro no
mundo. – Jorge.
327
João olha Jorge defendendo e ficou mais distante.
O grupo se reúne, fotografam o carro e o conselheiro da ar-
quidiocese olha para Jorge e fala.
— O arcebispo não vê problema nesta representação, ne-
nhum problema em usa-la, não estão fazendo uma interpretação, se
a preocupação era esta, não nos colocaremos contra.
João ouve ao longe e sorri de poderem usar aquilo, e olha pa-
ra os rapazes chegarem.
— O que pretende João? – Paulinho.
— Testar se sobe na altura máxima, mas para isto teríamos de
sair com ele pela porta. – João.
Os rapazes chegam, eles começam a encolher o carro, eles es-
tabelecem as peças que entrariam, e era próximo das 10 da noite,
quando eles colocam o carro para fora, inteiro, e começam a por os
acabamentos, ele ergue os prédios, em altura máxima, 18 metros, e
dai ergue a base do Cristo, as arvores na ordem, as arvores frontais
começam a girar, as laterais se esticam aos 12 metros, as luzes
acendem e o Cristo começa a subir e chega aos 40 metros de altura,
Micaela olha seu pai estacionar ao fundo e olhar a escultura, giran-
do, na praça interna, poucos a volta estavam trabalhando, mas os
que viram, registraram, o teste foi de 15 minutos, com luzes, o pes-
soal erguendo as peças, depois começam a encolher novamente
com as peças tendo de se encolher, subir e voltar aos pontos mé-
dios, João anota algumas coisas e Jorge chega ao lado.
— Você tem mais experiência nisto, o que reparou?
— Olha a solda do Cristo, inclinou a direita, bem pouco, mas
isto pode ser um erro estrutural.
— Se você queria por todos em polvorosa, agora eles vão fi-
car.
— Se tem uma coisa que entendi, é que temos de fazer certo,
as vezes carnavais assim, não acontecem, mas temos de tentar, e
vai pensando em algo para o ano seguinte, sei que as pessoas estra-
nham coisas assim, mas quando pensei no novo Sambódromo foi
para me permitir algo assim.
— E quer distrair eles!
— Sim, pensa neles vendo algo de quase 60 metros de com-
primento, que tem 40 metros de altura, que tem largura de 28 me-
328
tros na parte alta, no giro, isto tem cara de abre alas, sabe disto
Jorge, e é o maior carro que ficou nesta divisão do carnaval.
— E pelo jeito quer eles falando disto.
— Sim, uma coisa é alguém falar, vou por um Cristo de 12
metros, outra ter a aprovação da arquidiocese e ser uma reprodu-
ção do original, girando em um carro.
Lucas estava numa reunião de enredo quando viu a movi-
mentação, ele e Louzada foram a parte de baixo e olham aquele
Cristo girando.
— Este é Mayer, ele não vai por um carnaval fácil. – Lucas.
— Mais um carro para marcar na Marques, mas estamos bem
Lucas.
— As vezes acho que ele não faz para vencer, ele faz para for-
çar para cima, viu a altura daquilo?
— Este é Mayer, ele cria algo que não cabe nesta estrutura.
— Verdade, ele tirou para fora para testar os últimos acertos,
pela altura, próximo dos 40 metros. – Lucas.
— Sim, um carro que sai dos 50 centímetros na saia do carro,
a 40 metros na cabeça do Cristo, vi um pessoal religioso antes, sinal
que ele pediu permissão para uso da imagem, eles não querem
problema.
— Era uma favela que estava voltado para cá?
— Parece, mas tinha prédios do outro lado, sinal que temos
dois lados, e pior, ele desenvolveu algo que é bem mais largo que o
carro, que passa pela porta.
Os dois voltam a subir e olham os carros e Lucas fala.
— Mas vamos entrar para disputar este ano.
Lousada sorriu.
Os rapazes colocam o carro para dentro, e João olha a forma
que fizeram a solda, chama os rapazes, desfazem um encaixe, pois
foi parafusado e a diferença da altura, antes da soldagem estava
diferente, e quando desfazem a mesma, desfazer dá trabalho, tive-
ram de soltar toda a lateral, e fazer novamente toda a solda da ba-
se, para começarem a prender novamente.
Era perto das duas da manha quando terminam de soldar e
João se despede de cada um, Roberto olha o trabalho e chega ao
lado.
329
— Eles não entendem, que não é apenas encantar, tem de lhe
encantar, e você olha detalhes que juro, eu não olharia.
— Roberto, pode ser que este problema não gerasse proble-
mas na Sapucaí, mas não sei, parece que quando se deixa algo as-
sim, na hora H, parece pesar contra.
— Entendo você, mas soube que conseguiram autorização da
Arquidiocese, então não temos mais o risco de não desfilar.
— Bem isto.
João lava as mãos e pega os filhos e fala.
— Agora só o ano que vem.
— E a bagunça que armou em Nilópolis?
— Eu quero festa de passagem de ano.
Eles ajeitam as coisas e tiram o combustível, as baterias, os
detalhes, desligam as coisas da forma certa, e João olha para o Cris-
to, deixado erguido a 30 metros, invertido para a porta, e saem.
Micaela olha para João olhar para cima e fala.
— Uma marca, você gosta disto.
— Janeiro é para por todos os olhos em nós, e erguer todos
os detalhes que não estão prontos.
— Pelo jeito espera algo grande.
João apenas sorri, hora de descansar um dia para as festas de
passagem de ano.
A família sai dali sobre o olhar de alguns, e Lucas olha João
saindo e fala.
— Acha que ele vai fazer o que?
— Ele tenta sempre impressionar, ele acha que nenhum dos
títulos era realmente bom, e sempre tem problema em enredo, mas
ele que propõem coisas assim Lucas, ele poderia fazer, mas ele pro-
põem aos demais para ficar no domínio nosso, ele que falava que os
técnicos gostam de falar que examinam apenas o técnico, mas se
for isto, todos podemos empatar em primeiro. – Lousada.
— E pelo jeito ele quer empurrar toda responsabilidade sobre
os demais.
— Eu raramente vejo o desfile dos outros Lucas, sei que ele
também não tem tempo para isto, ele mesmo como presidente, vai
estar ajeitando cada pedaço, cada detalhe, ele quer sempre o me-
lhor, e sabemos que pelo que ouvi, que tem escola que quer por
330
pouco mais de duas mil pessoas na avenida, ouvi que ele quer por
isto apenas sobre os carros que ele criou.
— Acha que aquele carro é o que?
— O que fez alguns tentarem mudar a regra novamente.
— E pelo jeito ele vai arriscar.
— Sim, você e eu já vimos ele por algo inimaginável na aveni-
da Lucas, aquilo é o que ele fez com o avião, aqui nesta escola.
— Sim, tirar o chão de todos, até dos juízes.
— Sim, mas quando se exagera, pode se ter muita coisa que
de errado.
Em outro barracão, Fabio olha o rapaz do barracão e pergun-
ta.
— O que conseguiu ver? – Pietro.
— O que falou que ele faria, um Cristo de mais de 30 metros
de altura, se entendi, eles estavam testando o giro da estatua, para
girar não pode estar nas divisões laterais que são maiores, pela lar-
gura, então eles tiraram para por parte que parecem ter encolhido,
e pela região, eles devem ter aberto a parede para o refeitório, mas
não posso dizer que algo assim não mecha com as pessoas, um Cris-
to de 30 metros na avenida, mas a favela ao fundo estava também
com o símbolo que ele colocou nos morros, o prédio de comunida-
de, todos vão começar a ligar isto ao Rio.
— Sabe onde está Estevão?
— Não entendi, ele estava falando com um pessoal da policia,
não entendi, ele foi conduzido.
— E não pediu nada?
— Não sei, mas deve estar em casa já.
Fabio olha o barracão ao longe e olha para dentro e fala.
— Todos os carnavais estão imensos, até os pequenos.
— Sim, todos tem recursos, mas parece que Estevão não está
levando a serio este enredo.
Fabio não comentou nada.

331
Uma semana se passa e as pessoas
começam a se apresentar aos barracões,
João chega sedo, faz uma reunião com
cada um dos grupos, queria saber como
estavam todos, como toda a estrutura
estava.
Estava a olhar os dados, e confir-
mar a serie ainda não pronta de 100
esculturas, que teriam de ficar prontas
ainda em Janeiro.
Ele depois de algumas reuniões
desce e olha para o carro 6, o sétimo a
desfilar, olha ele, parecia faltar algo, mas
começavam a descer parte das escultu-
ras, ele começa a erguer a estrutura, a
verificar o controle, e obvio que para
quem achou que era um carro baixo, viu aquela
estrutura se erguer, ir aos 30 metros, para João era
dos carros que não ficou bom, ele tinha uma ideia,
mas parecia ainda faltar algo, mas ele queria terminar parte dele
para resolver os problemas finais.
O montar dos dois pisos baixos, as paredes da terceira divisão
que ia dos 9 metros aos 30 metros, vinte um metros que pareciam
vazios, as estruturas estavam se erguendo ainda, e João pega um
banquinho e senta a olhar o carro.
Paulinho olha para ele e pergunta.
— Quer começar por onde?
— Pela luz, dai vamos por as esculturas que estão prontas,
falta muita coisa, as colunas estão no básico, tem gente que deixaria
assim, mas não posso deixar uma coluna de 30 metros sem acaba-
mento, ainda mais 10 colunas.
— Certo, vemos a iluminação, mas parece incompleto ainda.
— Na parte baixa, temos pelo menos 500 metros quadrados
de painéis, que vão criar ambiente para 8 nações, nestas partes
teremos pessoas de grupos tradicionais de 8 nações.
332
— Estão as fazendo? – Paulinho.
— Sim, vamos ter toda parte baixa refeita, mas para isto, te-
mos de ter os painéis, as esculturas altas, acho que ainda está muito
vazio, mesmo vocês colocando boa parte ai.
João olha o carro e viu Bira chegar e fotografar naquela posi-
ção e fala.
— Está ficando grande.
João sorriu ainda pensando no carro.

— Sim, mas este não terá nada de esticar para frente, não
haverá pós estrutura, temos um carro que é um tijolo.
— Um tijolo de 30 metros de altura? – Paulinho.
— Sim, deve estar com 35 de cumprimento, 12 de largura.
— E qual a ideia dele?
— Nos andares baixos, os grupos folclóricos que nos influen-
ciaram, 8 deles, na parte baixa das esculturas altas, um andar com
pessoas vindas dos países bases, e no andar de cima, gente do Brasil
ligado ao samba, de varias descendências.
— Um carro simples?
— Sim, mas caprichado, podem nos tirar pontos em alguns, e
terminarmos em 14º, mas quero fazer o desfile que projetamos.
— Sabe o problema que pode estar encarando?
— Sim, mas deixa a bomba para mim.
Paulinho sorri e olha o carro de numero 4, o terceiro depois
do abre-alas, e fala.
— Acha que os painéis estão prontos?

333
Fala João olhando o outro carro.
— Sim, estão colocando os painéis do outro lado.
João caminha até o carro e sobe nele, olha os painéis e fala.
— Tem de estar tudo bem instalado, para não faltar energia.
— Estamos terminando de por os painéis para testar o giro.
— Bom, as três partes instaladas do giro?
— Sim, estamos testando o giro e depois a luz com giro.
— Bom, as vezes esqueço dos detalhes, mas saiba, estão sen-
do feitos, e o todo apenas no desfile.
— Porque parece que estamos no projeto errado? – Paulinho.
— Porque não existe projeto certo, apenas ideias complexas
de gente tentando se superar.
— E pelo jeito aposta em algo.
— Em tentar errar o mínimo possível.
— Sempre tentando algo a mais?
— Eu ainda não fiz um desfile que eu achasse incrível, e já me
atribuem algumas coisas, e Jorge, estamos falando em criar um
carnaval histórico, talvez o maior carnaval que alguém já fez, em
uma regra que o permita não ficar em ultimo, e ser lembrado para
sempre.
— Não quer vencer?
— Quero, mas não é o que pretendo priorizar, eu acho que o
que precisamos, é nos divertirmos.
Paulinho foi por as pessoas a fazer as coisas, tinham alguns
carros em construção.
João sente Micaela o abraçar pelas costas e falar.
334
— Os colocando para trabalhar?
— Sim, o pessoal da Globo deve passar ai daqui a pouco.
— Vão começar qual parte?
— A serie barracões vai ser mais ampla este ano, e tudo que
eles verem, já está na internet mesmo.
— E o que vai fazer?
— Os rapazes vão abaixar um pouco o Cristo, os prédios, as
arvores, estão pintando as casas da favela ao fundo, dando detalhes
de subidas e descidas, está um caos, quase parecendo uma favela
real, mas está ficando bonita artisticamente falando.
— Certo, e o que vamos mostrar?
— Carros que estão aqui são um carnaval inteiro, mas Jorge
que vai os receber, eu agora fico na posição de articulador.
— Certo, e o que esta pensando, olhando os carros?
João olhava a estrutura do carro 4 ainda todo em estrutura,
alguns chamariam de carro, para ele apenas um esboço.

Micaela olha para o carro e pergunta.


— O que está pensando?
— As esculturas e painéis estão atrasados, e é um carro pe-
quenino, que precisa disto. – João tirando sarro.
— Seus carros deixam todos tensos, e eles não param de
crescer, mas este parece ainda no teste de giro?
— Sim, mas quero ver se semana que vem, começamos o en-
saiar.
— E pelo jeito é mais um carro que todos vão acreditar ape-
nas quando verem.
— Pensa num carro, que vai ganhar esculturas, arvores, beija-
flor, e 240 pessoas.
— Certo, ainda é o esboço, e pelo jeito falta todo ele a nossa
frente.

335
— Todos começam assim, o carro 3 era um carro plano com
uma torre antes das esculturas e dos painéis, arvores, sistema de
giro, tudo muda..
— E agora é quase um carro?
— Sim, pois ainda falta o beija-flor.
Micaela olha o carro três e fala.
— Sim, ainda falta o beija-flor.
João olha as estruturas a toda volta e fala.
— Começando a avançar rápido.
João viu o agito na parte de fora, passou o braço no de Micae-
la a caminham até o refeitório, senta-se e fala.
— As vezes temo o gigantismo que tenho na cabeça.
— Você se esconde ainda João, não sei, parece ainda tentar
se sentir parte.
— Eu tenho receios, parece que espero sempre o problema, e
sei que as vezes pessoas que escolhem as palavras, fica mais eficien-
te.
— O que vão mostrar?
— Trouxemos o carro 2 do barracão e colocamos ali ao canto,
eles vão subir ele, temos o carro do Cristo, o carro 4, e parte do
carro 5 estruturado, temos as esculturas dos tripés, que vieram para
cá, temos o carro 7 parcial ao fundo. – João olha em volta e termina
– temos também a estrutura do carro 8. – João conta nos dedos
falando – 2, 3, 4, 5, 7 e 8, uma boa amostra.
Micaela olha em volta e fala.
— E ninguém tem ideia da ideia toda?
— Ela é assim, complicada de explicar, como a nação que vi-
vemos, é uma incógnita eterna em evolução.
— Sabe que este seu jeito de comandante da bagunça tem
seu charme. – Micaela.
— Comandante da Bagunça, uma boa definição – João sorri
da ideia – bem minha cara.
No barracão o pessoal da Globo chega, e Jorge olha para o
pessoal e fala.
— Estamos com os carros em andamento, falta muito ainda.
Milton ao lado olha para o barracão e pergunta.

336
— Estão gigantes pelo jeito. No fim de ano pareciam mais
prontos que agora.
Jorge olha para Milton e fala.
— Vamos tentar fazer um carnaval lindo, como o presidente
falou, podemos não ganhar, podemos até ficar em 14º, mas vamos
apresentar o carnaval que nos propomos a apresentar.
— Este Cristo deve estar pondo todos acelerados.
— Estranho como este carro foi dos mais rápidos para se
construir, parece que as vezes as coisas conspiram a favor.
Judice que entrava ao fundo olha o Cristo e para na imagem,
aquilo era alto e chega ao lado de Jorge e Milton e pergunta.
— Que altura tem este Cristo.
— A ideia é levar o Cristo no tamanho real a avenida.
— Real? – Milton.
— Trinta de altura, 28 de mão a mão. – Jorge.
Milton olha para cima e fala.
— Isto tem cara de Mayer.
— Sim, ele olha este carro como algo que a ideia foi simples, a
execução nem tão simples.
Milton foi conversando e tentando obter uma descrição de
cada coisa que viu, o filmar do barracão da Beija-Flor por primeiro,
parecia uma consequência do primeiro lugar do ano anterior, e
quando Milton sai, ele olha pela porta e olha para Mariana que foi
quieta e pergunta.
— O que procurava? – Milton olhando para Mariana.
— Pode esperar surpresas Milton.
— Porque acha isto?
— Na apresentação do enredo, tinha um abre-alas de 90 me-
tros, ele não estava ai, e um veiculo de encerramento quase do
mesmo tamanho, também não está ai.
Judice olha Mariana e pergunta.
— Tem certeza, parece imenso o carnaval ali dentro.
— Sim, eu vejo que o carnaval que a beija-flor planejou para
este ano, não cabe no barracão que todos falam ser imenso para as
escolas.
Milton sorri e fala.

337
— Jorge falou que eles não estão preocupados com a posição
de desfile, e sim, com entregar o desfile que eles planejaram.
A reportagem vai ao ar próximo do meio dia.
João e Jorge veem a reportagem no refeitório, com muita
gente, João sempre olhando detalhes, Jorge o encanto, as pessoas a
obra total.
A imagem do Carro “Que país é este?” chama a atenção, e
todos os demais ficam pensando se aquilo enguiçasse, e para João,
Jorge e a comissão de Carnaval, aquele era o menor dos problemas.
Horta olha para os carnavalescos e fala.
— Disto que os dois falavam, algo para impressionar todos.
— Sim, pior que a ideia ali é simples senhor, mas eles tem
pessoas capazes de fazer aquilo.
— Como está nosso carnaval?
— Avançando, está bem adiantado senhor. – Estevão.
Fabio olha para Estevão, algo ainda sem toda a dinâmica de
desfile, mas que crescia, os dois começam dar um ar bonito ao des-
file, se achavam que ali teria sobra de recursos, não estava aconte-
cendo, eles vinham do Acesso onde tiveram mais recursos.
Os barracões estavam um agito geral e todos que Milton con-
versou naquele dia, perguntaram sobre o acabamento do carro do
Cristo.
Milton chega em casa no fim do dia e olha seu companheiro,
de décadas, e fala.
— Mayer os deu um nó de novo.
— Todos falam do Cristo, deve imaginar isto.
Milton olha para o companheiro e sorri, pois até ele viu aqui-
lo. As vezes isto era normal a pessoas envolvidas no carnaval.
— Eles nem viram ele de perto, a sensação é a de estar aos
pés do Cristo real.
— Tão real assim?
— Trinta metros de Cristo, a sua frente, de braços abertos de
28 metros, voltado para a arquibancada.
— Parado?
Milton olha para o companheiro e fala.
— Verdade, não pensei que o Cristo poderia girar, mas se os
barracões forem como este, teremos um grande ano.
338
— Acha que será?
— Isto não é oficial.
— O que?
— Evandro me afirmou que os 5 carros da Mangueira foram
projetados por Mayer, sei que os 7 carros da Chatuba o foram, sou-
be que ele e Lousada falam muito.
— E ninguém fala disto?
— Ano passado ele estava mais fácil de achar, mas agora ele
virou de vez o empresário da cidade, tem gente que o atribui tudo
de bom e ruim que acontece na cidade.
— E acha que eles vem para impressionar.
— Tem carros de 30 metros naquele barracão, sei que nin-
guém mais se atreve a isto, mas é o barracão da Beija-Flor de Niló-
polis tocado por João Mayer na presidência.

339
Uma semana a mais e João chega
sedo ao barracão e viu Paulinho a erguer
uma escultura para o carro 5, ele erguia
e descia e testava isto.
— Não dorme mais? – João.
— Acho que pela primeira vez
cheguei antes do presidente.
— Verdade, mas como estamos?
— A estrutura está sendo testada,
o erguer e descer dos sistemas de giro,
embora soube que vamos encaixar isto
no lugar, sabe que você mesmo não re-
comenda isto.
— Sei disto, mas quando a parte
de giro fica na área entre os dez e 12
metros, nas laterais, dos dois lados, en-
colher isto pode ser mais problemático do que os
encaixar, já que uma engrenagem emperrada e
para tudo.
— Certo, e acha que conseguimos levar tudo isto, parece ain-
da crescendo.
— Não, estamos no projeto final, tentando o acabar.
— Juro que não vi aquele piano ao espaço vazio no carro 7.
— Estão chegando os acabamentos de lá?
— Sim, começamos a por os acabamentos, não entendi ainda
o todo, mas estamos encaixando com ele abaixado, para que as
coisas vão aos locais exatos.
— Bom, as laterais conseguem encolher do carro 7?
— Sim, elas estão encolhendo, algumas coisas abaixam e fi-
cam a 5 metros, como o piano, mas naquela área não tem nada
abaixo, as estatuas cada uma tem seu ponto, os acabamentos estão
entrando, e as estilizações de piano entrando.
— As vezes temo o sair totalmente do contesto, mas vou
avançando, rápido e sem ter tempo de pensar Paulinho, Jorge já
apareceu por ai?
340
— Não ainda.
— As vezes temo estas ideias malucas, mas agora temos de
acabar todas elas.
João olha o carro 7, o sexto carro após o abre alas, chega ao
lado vendo o pessoal erguer as coisas, ajuda em muitas coisas, testa
os sistemas e direção, de luz, de controle dos geradores, verifica os
locais dos extintores, e olha em volta, ele não faria uma loucura a
mais, mas as vezes ele tinha vontade de fazer.
Ele sorri de olhar o carro, era perto do Meio Dia quando Ro-
berto chega ao local e olha João a coordenar a colocação da ultima
peça alta, e olha para o carro, bem diferente agora.
— Dedicando a este agora?
— Todos eles precisam de dedicação, mas vamos acabar um
por um.
João viu os rapazes saírem e testa novamente o erguer e olha
aquele carro se erguer, teve de se afastar de costas para ver o carro
inteiro, Roberto viu que tudo era alto, tudo bem além das dimen-
sões padrões, Mayer não deixaria uma pedra fora do lugar se visse,
e o reparar em cada canto, determinava isto.

Roberto olha os detalhes junto, João entra e liga as luzes e os


movimentos, os detalhes do piano começam a se mexer, como se
341
tocassem todos a mesma musica, não tinha som, mas Paulinho para
ao lado e fala.
— Deu trabalho de por tudo em sincronia.
— Os destaques estão prontos?
— Sim, os frontais de luxo, e os ao fundo, são garotas da co-
munidade, mas as fantasias estão prontas, em fase de ajuste final.
— Bom, os demais grupos estão prontos para ensaiar?
— Sim, as vezes o carro parece fora do contesto.
— Sei disto, a frase vai passar nos quatro andares de letreiros,
para que as pessoas tentem entender, em 4 línguas, cada um em
uma, um painel alto vai passar o samba nosso, com imagens frontais
da avenida e bela acima, a frase mais visível, alguns não vão enten-
der, mas não vou mudar, sei que algumas coisas estou tentando
acostumar, e uma delas, que vamos perder ponto em Enredo.
Roberto olha o carro e fala.
— E não vai tirar nada mesmo assim?
— Roberto, eu quero fazer um desfile que fique na memoria
de quem ver, e mesmo que cheguemos em 12º lugar, que seja o
assunto da quarta feira.
— Certo, algo que nunca vi, você está em cada carro se supe-
rando, e quem olha os carros antes, nem viram nada.
— E quando que não faço isto Roberto?
Roberto sorriu e fala.
— Todos já sabem do Cristo agora.
— Hora de terminar os carros Roberto.
João sabia que o carnaval no inicio de Março, estabelecia que
tudo parecia ter tempo, mas ele sabia que Janeiro adorava correr
nesta época, mesmo com dias quentes, tinha uma programação a se
terminar.
O pessoal pegou os acabamentos e começam a passar a ulti-
ma camada de tinta, no carro agora erguido, eles iriam verificar
cada canto, cada espaço que ficara visível.
Enquanto isto João sobe para o andar das esculturas e come-
ça a ajudar no encaixar das partes de um planeta rachado seguro
por duas mãos, escultura de 11 metros que iria sobre um carro,
então ela teria de se reduzir, e ficam ali a testar estas coisas.

342
Os rapazes do movimento começam a testar algumas coisas
ao fundo, enquanto eles desmontavam as partes para começar a
descer aquilo.
João coordena o descer de uma estrutura, que iria sobre o
carro, as estatuas, as arvores, os painéis, as janelas, toda a estrutura
que poria naquele carro.
Micaela que chega naquela hora, olha o pai e pergunta.
— Que agito é este pai?
— Pelo que entendi, o resultado de uma semana preparando
dois carros, sabe como ele faz.
Micaela olha descerem muita coisa e começarem a por no
carro que era apenas estrutura girando a uma semana, os painéis
coloridos primeiro, depois as imagens ao fundo das janelas, a esta-
tua dos fundos, as arvores, o descer daquela estrutura e prenderem
sobre o carro, depois descer das esculturas que já foram sendo ajei-
tadas sobre a estrutura, dava o trabalho que daria, os rapazes foram
soldando, depois colocando a fibra na base alta, o pessoal da elétri-
ca colocava na parte baixa as instalações, os holofotes, os tecidos,
as estruturas no fundo que nem aparecia, que tinha a escada para
que o pessoal subisse em cada divisão, o pessoal começa a se con-
centrar naquele carro, muitos nos andares superiores olhavam que
as coisas evoluíam, e quando começavam a descer as escultura, elas
tinham seus lugares específicos.
O dia corre e perto da uma da manha, parte já tinha ido, pou-
cos ainda ali a ajudar João e Jorge que olha o carro e fala.
— Você constrói e entendemos a grandiosidade quando ve-
mos, não antes. Não entendo a programação dos beija-flor na fren-
te.
— Eles são pequenos drones, eles tem autonomia de 3 horas,
então antes do desfile temos de trocar suas baterias, para garantir
que vão estar todos funcionando.
— E os balões?
— Estamos começando a subir agora.
Jorge olha o subir, Roberto chega perto e João liga os moto-
res, as luzes e o controle dos beija-flores,

343
João sai do comando e olha para o carro, o carro 4, quinto no
desfile, estava quase pronto.
Micaela abraça o marido e fala.
— Quando se vê a quantidade de coisas nos perguntamos
onde as coisas vão, dai você transforma em algo assim, lindo.
Roberto e Fabiola chegam ao lado e o senhor fala.
— Mais um carro em fase de acabamento, para quem duvida-
va se dava para terminar, está ai mais um.
— As vezes tenho de ver terminado para ver se gosto Rober-
to.
— E pelo jeito gostou deste.
— É uma provocação, 80 encenações, em um carro que se
apresentar um desenho assim, no livro Abre-Alas, deve parecer
pequeno.
— E pelo jeito este ficou bem iluminado, dois estilos de carro,
pois o 7 tem um tipo de movimento, este outro. – Roberto.
— Espero conseguir chegar com tudo isto na Marques.
Roberto sorriu, e viu que João foi lavar as mãos e Micaela
olha o pai.
— Acha que agora está de acordo?
— Filha, temos 4 carros prontos no outro barracão, temos 4
prontos neste barracão, ele pretende montar um a mais lá e um a
mais aqui, para ter os 10 carros, Juro que esperava isto para fim de
Fevereiro, mas isto me dá mais medo do que eles não darem tem-
po, ele vai ter tempo de olhar os carros.

344
Micaela sorri e viu João ir ao carro alegórico, desligar as luzes,
baixar o carro, tirar o combustível dos tanques, e travar bem os
freios, fez isto nos dois carros que estavam mexendo, o pessoal do
ensaio do carro do Cristo termina o ensaio, toda a segurança de
fechar o barracão. O segurança faz o sinal da cruz olhando o Cristo e
o rapaz ao lado fala.
— A tensão está no ar.
— Problemas?
— Temos de cuidar para não bobear, muitos viram este Cris-
to, e começaram a pensar em os tirar do páreo.
— Acha que tentariam algo tão sujo?
— Os dois rapazes do outro lado da praça coberta, passaram
o dia inteiro olhando para cá.
O segurança olha e fala.
— Então vamos cuidar, pois eles tem sucesso e nos perdemos
o emprego.
O rapaz sorriu e ficaram a olhar os rapazes.
João chega em casa e Micaela viu o telefone dele tocar.
— Fala Louzada?
— Pode falar Mayer?
João pensa no problema e uma alma dispara no sentido do
local e olha o senhor olhando assustado alguém.
— Fala Lousada, quem está a sua frente?
Lousada olha o senhor, estava no viva voz, o senhor olha em
volta e fala.
— Alguém nos vigia?
— Não sei senhor. – Um dos 4 seguranças apontando para
Lousada, João passa mensagem para Lucas, e espera Lousada res-
ponder.
— Mandaram lhe ligar, algo sobre lhe ligar ao nosso carnaval
e acabar com você.
João sente os rapazes, o combustível ao fundo, eram barra-
cões cheios de coisas, um incêndio ali acabaria com dois carnavais
no mínimo.
Um rapaz ao fundo sente a vivencia entrar nele, e começa a
sair com os combustíveis, João passa mensagem aos seguranças,

345
passa um recado para o pessoal da segurança do hotel, e do porto,
esperando a cartada.
— Sabe bem que nos apoiamos Lousada, ele deve estar ou-
vindo no viva voz, não precisa confirmar, apenas observa.
O senhor não entendeu e viu os 4 seguranças desabarem a
volta e o senhor assustado pegar na arma.
Lucas entra pela porta e fala.
— O que faz aqui senhor Cardoso.
Cardoso olha Lucas ali, estranha, todos falaram que ele havia
saído e os seguranças as costas mostravam que estava cercado.
— Desarma os ao chão e chama a policia, sem pegar nas ar-
mas. – Lucas.
Lucas encara o senhor e fala.
— Não vai responder, pois fogo no nosso carnaval neste mo-
mento, e pior, querendo ainda ligar Lousada e Mayer nisto, é bem
sujo senhor Cardoso.
— E como sabe que ele não pagou?
— Se fosse isto não estava pedindo para Lousada ligar para
João, para depois rastrearem as ligações, mas os dois se falam todo
dia a mais de 6 meses.
João sente os rapazes ao fundo, tinham outros alvos e todos
desabam ao mesmo tempo o que fez seguranças chegarem aos
rapazes que pareciam carregar uma carga, mas estavam com muito
combustível ali.
João não ouvindo nada termina de falar no telefone.
— Agradece a Lucas por ter ouvido o alerta Lousada.
Cardoso olha para Lucas e pergunta.
— Não pode acreditar cegamente neste senhor.
— Quem tá pagando Cardoso?
— Mayer.
— Talvez você não conheça Mayer senhor Cardoso, mas vir
destruir um carnaval que o pode derrotar, entendo a sua lógica, mas
pensa no que vai falar, pois sem provas, não vai convencer ninguém,
e ou você apostou neles, ou alguém apostou.
— E porque não seria ele?
Lucas sorriu e falou olhando o segurança.

346
— Tira eles para fora, se eles forem vistos para dentro, da
próxima vez atira para matar que omitimos os corpos, pois covarde
posso dar uma chance na primeira merda, mas na segunda, vai virar
comida de peixe.
Os seguranças tiraram aqueles e mais 12 rapazes para fora e
o senhor Cardoso olha para os lados do lado fora e fala.
— Me falaram que ele saiu.
— Ele voltou, alguém ligou para ele senhor.
— Onde estão as câmeras, pois tenho a sensação de que Ma-
yer estava nos vigiando.
— Ou alerta, ele provocou, sabe disto senhor.
Cardoso pega o telefone olhando em volta e fala.
— Não deu resultado!
Horta ouve e olha os seguranças, pensa e fala.
— Pelo jeito algo que não previu?
— Lousada parecia saber que aconteceria, Mayer e Lucas, os
seguranças e não entendo, vi todos meus seguranças caírem juntos.
— Esta dizendo que Mayer parece ter defendido eles, a ponto
que não conseguir fazer.
— Não sei se viu o barracão da Mocidade, mas eles estão em
um carnaval tão grande como o que apareceu na reportagem da
Beija-Flor, eles estão falando em vencer Mayer na Marques.
— Não entendi o enredo deles, mas esqueço que os jurados
gostam de carnavais com conteúdo, mas e os demais?
— Tudo parece ter desabado junto, mas a segurança de Lucas
lá, estabelecia que ele sabia.
— Pela segunda vez não deu resultado o que tentei, dois car-
navalescos e pelo jeito nada para este Mayer.
— Alguns falam que ele não tem um carnaval campeão.
— Sei que falam isto, mas ele está ali girando e pensando,
forçando para que gastemos muito nos carnavais.
— Sei que não gosta dele, mas tenta conversar Horta, pelo
jeito ele sabia mais de nossa ação do que nós mesmos.
— Ele tem aquele jeito estranho, não sei como Roberto con-
segue conversar com ele.
— Todos falam que bater nele é complicado Horta, tenta uma
aproximação.
347
Horta estranha a conversa e pergunta.
— Pelo jeito alguém lhe colocou a parede.
— Lucas me colocou a parede sim, ficou obvio que estava
mentindo, e que estava lá para algo que acabaria com o carnaval
dele, e sabe que ele não é de deixar tentar um segunda vez.
— Certo, mas não abriu a boca?
— Tentei jogar para cima de Mayer, mas a impressão é que
Mayer que o alertou de que estaria lá.
— Mas pode ter colocado uma pulga na mente de Lucas?
— Acho que você me colocou na evidencia, pode ser que te-
nha uma pulga, mas obvio, que eu não conheço Mayer, ele é al-
guém, dos poucos, que não compra amigos nesta cidade, ele vive
em um mundo quase a parte na cidade.
— Tenho de pensar sobre isto, mas pelo jeito eles nos vigiam
mais do que os vigiamos.
— Ainda tem estas coisas estranhas, quando se fala de Ma-
yer, como seguranças armados desabarem todos juntos, ele atender
o telefone e parecer saber o que esta acontecendo, ele perguntou
quem estava a frente de Lousada antes de Lousada falar algo, a
forma que aconteceu, pareceu que ele estava ao lado.
— Sei que este rapaz é diferente Cardoso, mas pelo jeito terei
de ignorar ele ou o tratar como normal, ele não o é.
— Sabe que entendi que você não conseguiria alguém que co-
locasse fogo no Cristo, eles lhe linchariam após, mas estranho pois a
Mocidade está quieta e tem carro lá dentro que parece ter 20 me-
tros, eles vão a guerra Horta, eles não estão assustados, eles estão
trabalhando, talvez por isto a segurança.
— E pior, ficamos visível, mas vou pensar sobre o que me fa-
lou, as vezes temos de nos contentar em recuar um pouco.
Na Cidade do Carnaval Lucas olha para Lousada e pergunta.
— O que Cardoso falou?
— Que ou ligava para Mayer, ou ele colocava fogo em tudo.
— Sabe que isto é desespero, alguém pagou, o problema é
que eles estavam se posicionando para por fogo, independente da
ligação, e isto estabelecia lhe tirar da frente Lousada, vou por gente
lhe cobrindo as costas.
— Não entendo como os seguranças caíram?
348
— Isto que Mayer faz Lousada, sabe disto, ele parece reagir
em uma velocidade que força as pessoas serem inimigas dele, esta
ideia que eu perguntei, que eu duvidei, é um dos carnavais mais
belos que já vi nesta escola, se sei que ele vai querer criar um car-
naval pesado na Beija-Flor, ele parece querer jogar todo peso para
os desfiles do segundo dia.
— Não sei, todos falam da imagem do Cristo, sei que ela é
forte Lucas, mas ele é de chamar a atenção e tudo que olhamos, ser
apenas uma parte.
— Ele deixa todos tensos e tentando seu melhor, a ideia do
ano passado foi bem executada, mas temos de cuidar no transporte,
na condução dos carros.
— Isto ele também faz, ele com certeza estará lá colocando
os carros na avenida, olhando cada detalhe, este barracão nos per-
mite ver o carro inteiro, o ano passado teria de ver apenas na arma-
ção os encaixes e como o solucionar.
No barracão em frente Bruno olha para o carro sendo termi-
nado e pergunta.
— Espero que isto seja apenas parte do carro.
Cristian sorri e fala.
— Logico, acha que vamos mostrar tudo antes.
Bruno sorriu e olhando para cima fala.
— Vamos deixar a meia altura, para não termos todos os
olhos sobre nós, e temos de testar as luzes incansavelmente e cui-
dar dos detalhes de desfile.
— Estamos acelerando, as imagens do carnaval da Beija-Flor
me parecem apenas o básico, com certeza Mayer está escondendo
parte, e sabemos que aquele Cristo tem perto de 40 metros, então
temos apenas de cuidar para fazer bem feito.
Os dois dão a volta no abre alas e Bruno fala.
— Este abre-alas vai nos tirar o sono, até a dispersão.
— Sim, esta é a ideia. – Cristian.
Micaela abraça João no apartamento e pergunta.
— Problemas?
— Tem gente que uma hora vai ter de parar de sacanear e fa-
zer o carnaval do ano.
Os dois se abraçam.
349
Mais uma semana corre, e o fim
de Janeiro se aproxima, e pela primeira
vez, Jorge e João medem cada carro,
estavam tentando exatar o que cada
pessoa iria fazer, onde cada pessoa ia,
para terminar a descrição do desfile,
João olha o prospecto e olha para Jorge.
— Com certeza o maior desfile
que já fiz.
— Sabe que os painéis do carro 8
estão atrasados.
— Sim, mas vamos os ensaiando e
verificando as fantasias, quero elas todas
prontas até o ultimo dia deste mês, sei
que falta pouco.
— O que lhe preocupa? – Jorge.
— Tudo, estranho ter promovido coisas este
ano, e mesmo assim, faltar muita coisa.
Joao estava pensando no todo, mas Jorge en-
tendeu como na escola, e realmente faltava o grande desfile.
— E acredita que ensaiamos até quando?
— Até ultima semana de Fevereiro, sexta de carnaval é feve-
reiro, entramos em Março já no Carnaval.
— E acredita que este carro a frente precisa de que?
João sorriu e fala.
— Acho que quando se fala que meu carnaval fica pronto na
avenida, é que sempre tem mais coisas, sempre, e ninguém enten-
de.
Jorge sorri.
— E o que será deste a frente?
— Este tem pouca coisa agora para terminar, a parte que re-
presenta Brasília já está acabada, a divisão em 5 regiões, cada qual
com sua cultura, em suas encenações, a Catedral do Rio e a da Sé, já
estão bem acabadas, temos de testar os tecidos, nos intervalos,
350
verificar a dinâmica de entrada e toda a engenharia deste carro, ele
vai entrar com tudo que temos, é o nosso cartão de visita.

Jorge olha o abre-alas a frente e fala.


— Tem acabamento que parece que não vamos acabar nun-
ca, mas tenho de concordar que está muito bom, mas é de dar um
frio na espinha este carro.
— Sim, o ultimo carro que ainda não está pronto aqui é o de
numero 6, este falta as partes dos quatro prospectos de produção,
dos prospectos de diferenciação, fabricas que são basicamente se-
cadoras e embaladoras, dai a confecção básica, depois a industrial e
por sinal a de ultima geração.

Jorge olha o carro ao fundo e fala.


— Quando se transforma isto nos prospectos mais tranquilos,
nos faz ter dor de barriga senhor Mayer.
— Entendo, não é todo dia que alguém testa um disco voador
num carro, tem em dois deles, neste o objeto metade é de verdade
e metade de brinquedo.
— Acha que conseguimos evoluir com ele, as vezes a parte de
produção me parece atrasada.

351
— Elas são a parte complexa, mas passível de ser feita, a ideia
é chegarmos a algo mais ou menos assim.

Jorge olha e fala.


— Pensei que faltava mais?
— Não, vamos pintar as arvores também, mas isto é no deta-
lhe final, e as vezes é apenas uma impressão lateral.
Começam a olhar o carro final e Jorge fala.

— O tripé está pronto, e pelo jeito os acabamentos finais do


desfile faltam agora pouco.
— Sei que exagero, sei que acabei carro a carro e os acaba-
mentos do abre-alas ainda faltam, a pintura de algo assim demora,
mas estamos avançando, e quando pintamos a favela deu a impres-

352
são que eu queria, as vezes fica melhor no original que na minha
cabeça, e adoro quando os rapazes se superam.
— Sabe que alguns falam que temem enguiçarmos no meio
do caminho?
— Até eu temo isto Jorge, não é questão que não ter medo, é
uma questão de chegar lá e fazer como nós queremos, não como
eles querem.
— Certo, você não vai se preocupar com o campeonato?
— Ele pode vir, mas não quer dizer que seja o objetivo princi-
pal, o principal tem de ser nos divertirmos e mostrarmos o valor da
comunidade de Nilópolis.
Eles começam a verificar os carros ali e era por volta das 4 da
tarde quando vão para o barracão e começam a olhar os demais
carros, os tripés, os acabamentos e chegam ao lado do carro 8, e
começam a colocar os últimos detalhes naquele carro, tinham pes-
soas ensaiando os movimentos, e os giros, enquanto eles erguiam o
carro, para a posição de desfile, se desce uma serie de discos voado-
res do ultimo andar e começam a encher eles de ar quente, e Ro-
berto olha para a parte baixa, e olha aqueles discos começarem a
subir, e quase encostarem no teto, sorri e Sergio chega ao lado.
— Quando pensamos que ele vai sossegar ele tira mais um
coelho da cartola.
— Ele parece forçar para dar errado, não sei a ideia dele, mas
o desfile é tão imenso, que se der certo deu, se começar a desandar,
esquece. – Roberto.
Jorge olha o colocar mais baixo do que o limite, e olha para os
encaixes, sobe as esculturas, terminam de por os últimos detalhes e
olha para João, olhando para cima, se alguém tinha duvida que ele
queria impressionar, estava ali mais uma pequena amostra.
Confusão ao fundo olha o carro e Paulinho fala.
— Sim, vamos a um desfile de nervos este ano.
— Um desfile lindo quer dizer. – Confusão (João).
Todos param olhando o erguer do ultimo carro, agora sim, es-
tavam a um passo, dos acabamentos do desfile.

353
Micaela chega no corredor que dava o visual do barracão, e
viu João erguer os demais carros, ele queria verificar o que faltava,
se as pessoas estavam pensando que era algo pequeno, estavam
começando a ver que tudo montado, era uma super estrutura.
Jorge foi anotando o que faltava, Paulinho acompanhou, Ser-
gio desce e acompanha cada detalhe que faltava, os nomes para
cada carro, para cada alegoria, para o conjunto de coisas, era muita
coisa incutida nisto.
Roberto olha a esposa parar ao lado.
— Disto que você e Ricardo falavam, alguém capaz de fazer
carnavais memoráveis, e que vai dar um frio na barriga.
— Sim.
João passa as instruções, sobe, olha Micaela e apenas sorri,
eles saem dali e vão a quadra da Beija-Flor de Nilópolis, muita gente
indo para lá, era ensaio, desfile na rua, e confirmação dos últimos
detalhes.
Os ensaios na rua pareciam sempre algo impreciso, ainda
mais alas que sabiam que estariam sobre um carro, e faziam movi-
mentos coordenados, ensaiados.
No barracão da Tijucas, Fabio viu Estevão discutir alto com
Horta, algo não estava certo, e parecia que Horta não estava gos-
tando, embora tivessem um carnaval caprichado ali.

354
As vezes discussões que não se precisava em momentos erra-
dos geravam um stress desnecessário.
João para diante dos dois mestres da bateria e Rodney con-
firma com João e começam a tocar o samba, a rainha da bateria, o
casal de mestre sala, todos começam a evoluir, era uma apresenta-
ção, entre tantas, até estarem bem firmes em suas funções.
A festa se arrastou até as 11 da noite, as pessoas precisavam
descansar, João olha Micaela que sorria, as crianças começavam a
se animar naquele barulho.
Os barracões estavam agitados nas três estruturas para desfi-
le, a cidade começava a se preparar para o carnaval, e os hotéis
começavam a receber muitas reservas.
O projeto de discutir carnaval como cultural, como profissão,
como arte, fez mais turistas se mobilizarem para vir ao carnaval, não
apenas os de sempre.

355
Duas semanas a mais, meio de fe-
vereiro, João começa a separar os grupos
de montagem e começa a empacotar os
carros, ele reduz todos os tamanhos, e
na parte dos fundos, onde dava para o
hotel e tinha os estacionamentos reser-
vados a escola, ele começa a montar
uma estrutura de cobertura, para trazer
tudo que pudesse para aquele espaço.
João parecia querer estar com tu-
do ali quando fossem transportar para o
sambódromo.
Dois dias de montagem e transfe-
rem para ali via balsa os dois acoplados,
o abre alas dividido em 6 partes e o fe-
cha alas em 5 partes, mais os dois carros
e os demais tripés, ficou evidente que a estrutura
estava grande, mas como eram carros empacota-
dos para transporte, não se diria o que eram antes
da hora. Os caminhões que levariam os discos, as estruturas que
iriam desmontadas começam a ser preparados para o transporte,
João olha detalhes que nunca o fez.
Os ensaios e as preparações se faziam diariamente, o treino,
as alas, a distribuição das fantasias, o levar para a região de dois
ônibus vestiários e dois de maquiagem, para os preparar para os
apoiar no dia do desfile.
João foi a ultima reunião antes do desfile e entrega o Livro
Abre-Alas, a direção sempre distribuía um para cada jurado e para a
TV que apresentaria o desfile.
As câmeras que acompanhavam o movimento do barracão da
Beija-flor começam a ficar muito paradas, pois tudo que tinham de
fazer eles já tinham feito.
Quando Fatima e Milton recebem o prospecto do Abre-Alas
de todas as escolas, Milton fica olhando a descrição de cada escola,
até chegar a Beija-Flor, ele olha atento e olha para Fatima.
356
— Eles pretendem mesmo desfilar o que está neste Abre-
Alas? – Milton que olhara o carnaval, esperava uma surpresa, mas
não uma de 100 metros com tantos detalhes e definições.
Fatima olha Milton e pergunta.
— De qual está falando?
— Beija-Flor, definição do carro abre-alas, é maior que a defi-
nição do carnaval da Grande Rio.
Fatima avança nas paginas e olha aquela estilização do carro
abre-alas e as definições, modulo um do carro, lê a definição, dai ela
vai a cada modulo, a cada fantasia, a cada especificação do carro e
olha para Milton.
— Isto é serio, esta é a definição de um carro alegórico?
— Um que não vimos.
— Se ele vier com algo assim somado ao Cristo, o que seria
deste desfile?
— Um risco muito grande, imenso, carro com 99 metros, sei
que as pessoas passam com coisas grandes, mas quando se fala em
grande com 99 metros e põem, projetado pelo presidente da escola,
estabelece carro que vem grande, largo e alto, carro João Mayer.
Milton continua, cada carro, cada fantasia, cada adereço, ca-
da definição de carro e tripé e ao fim da descrição da Beija-Flor ele
para e fala.
— Vou dar um tempo, é um livro de definições apenas o en-
redo da Beija-flor, não sei se precisa de algo tão grande assim.
— O que diz aqui é que eles vem com 10 carros mais 9 tripés
contando com o da comissão de frente.
— Sempre me perguntei o que João Mayer queria com esta
nova regra, todos falavam em poder afrouxar as regras, mas ele
com certeza queria isto, algo para desafiar todos os demais, lendo a
definição do Carro do Cristo, é dos mais simples que tem em defini-
ção, embora tenha mesmo assim, 12 grupos de fantasias sobre o
carro.
Os dois ficam discutindo todos os desfiles.
João olha Micaela entrar pela porta e lhe esticar o celular, ele
não entendeu até ler seu nome, passara na UFRJ, engenharia Civil,
ele olha para ela, sem saber o que falar.
Ele acessa Direito e viu o nome dela e fala.
357
— Passou também, agora vamos estudar em meio a tudo isto,
mas será que consigo?
— Acho que você deve ter tido uma excelente nota, mas vou
ter de cuidar para não achar uma menininha mais bonita na Facul-
dade.
— Não fiz vestibular para casar, sabe disto.
— Temos de levantar os documentos para a matricula.
João olha os documentos exigidos, a abraça e fala.
— Eu não sei se isto é bom ou ruim, se vou me formar, mas as
vezes acho que temos de nos especializar em algo.
— E como está o carnaval?
— Todo esperando para ser remontado na armação.
Micaela olha João, ela estava pensando em comemorar, e Jo-
ão estava ali, estático.
João viu que ela queria agitar, talvez o vestibular tivesse um
significado para cada, um querendo formação, outra, agito.
Ela diz que ia a casa dos pais, e obvio, ele a beija sabendo que
ela queria festar, e não teria como tirar dela esta festa e ele estava
pregado.

358
Duas semanas a mais e estamos
na sexta de carnaval, muita coisa voa
nestas horas, e os desfiles do grupo de
Acesso, estavam lindos, os desfiles de
Jacarepaguá, destaques para os sambas,
as festas paralelas todas com estrutura,
e os dias avançam, João tentando se
manter longe para evitar problemas,
mas na sua cabeça estava chegando o
dia que parecia que tudo poderia dar
errado.
Desfile da Escola de um homem
só, estabelecendo loucuras daquele ano.
João tentava não pensar nos pro-
blemas, mas sabia que tinha criado um
grande problema de estrutura que preci-
sava agora ser conduzido até o fim.
Sexta e sábado voam e João acompanhando
a evolução dos negócios ligados ao Carnaval, dá
aquela parada sábado de madrugada, já era Domingo, vai ao barra-
cão, terceira a desfilar, segunda no lado do Correio, o grupo para
execução estava grande, estavam todos descansados, quando na-
quela madrugada, após sair os carros das duas primeiras, começam
a tirar os carros do barracão, todos a volta veem o sair de estrutura
e mais estrutura, parte estava em caminhões, os ônibus de maquia-
gem e vestuários, toda a estrutura, e quando João começa a encos-
tar o carro abre alas, logo após os carros da Estácio, ele com o pes-
soal do barracão começa a acoplar o abre alas, e começa a por em
posição de espera, o espalhar dos carros na avenida, davam mais de
800 metros de avenida, prontos para atrapalhar todo resto.
Começam a por os acabamentos e os detalhes em todos os
carros, começam a testar luz, João fez Paulinho verificar todos os
tanques, todos os contatos de fios, todas as baterias, e começa a
montar o carro dois, depois o Cristo, quando eles erguem o Cristo,

359
muita gente começa a olhar para a armação, do outro lado da ave-
nida, estavam na parte da tarde e tinha muita coisa a fazer ainda.
João foi montando carro a carro, peça a peça, o encaixar dos
sistemas de giro do carro 8, deram problema, somente depois de
uma hora de esforço, começam a encher os discos voadores de gás,
eles iriam abaixados uma parte, teriam de passar da Prefeitura para
se erguer.
Na transmissão, os apresentadores começam a narrar as duas
primeiras escolas, enquanto o tempo parecia voar na armação, to-
dos em seus lugares, começam a avançar os carros, a escola dois do
outro lado começa a entrar, e isto estabelecia que poderiam erguer
toda a escola, as pessoas começam a entrar em seus lugares, come-
çam a se posicionar, e os carros começam a ficar na ordem de desfi-
le.
As arquibancadas gratuitas na Presidente Vargas, começam a
encher de curiosos, e com a entrada do ultimo carro, da escola a
frente, a bateria se posiciona na armação, o carro da comissão faz a
curva ainda sem entrar na avenida, e quando a bateria entra no
recuo, todos veem aquele carro, imenso fazer a curva, se erguendo,
os prédios no fundo, os veículos girando nas partes baixas, as pes-
soas se preparando para as encenações nas 6 partes do carro, e na
sala de apresentação do desfile, Fatima olha para Milton e pergun-
ta.
— Acha que a Beija-Flor vem como?
— O atual presidente disse querer quebrar o tabu de não ga-
nhar no Domingo. Ele deixou todos tensos com o Cristo.
— Vamos com a Mariana Gross na armação.
Mariana olha para o abre alas e fala.
— Ai vem um carro que tem movimento, carros girando, ôni-
bus que parecem homenagear as 14 escolas do grupo especial, 3
rodas gigantes, aqueles balões que embora pareçam balões, pare-
cem ter sido construídos para o desfile, este carro é longo. - Maria-
na estava na arquibancada popular, então não teria como olhar
mais de perto.
Fatima olha para Escobar e pergunta.
— O que acha deste samba?

360
— Um dos mais tocados do ano, Pretinho pode falar mais so-
bre isto.
— Esta cadencia, vem forte, 350 ritmistas, vem com o peso de
uma bateria sempre bem afinada. Mestre Rodney vem com um fila
de surdos de segunda para deixar bem firme a batida.
Milton para na visão lateral do carro abre-alas, olha aqueles
balões, o giro da roda-gigante, sobre parte das frisas, olha para o
fundo e vê os prédios altos, mas parecia ter algo a mais.
Fatima olha para onde Milton olhava e aciona um repórter na
armação.
— Conta dai como está entrando a Beija-Flor Carlos?
Carlos olha o carro e fala.
— Um carro imenso, muito bem acabado, tem as rodas gigan-
tes que representam as religiões, as pessoas e as riquezas, abaixo
do movimento dos carros, tem 5 divisões, cada uma representando
uma região do Brasil, na frente temos a Catedral da Sé e a do Rio de
Janeiro, e um imenso trem que atravessa tudo isto, ao fundo, temos
uma favela, e sobre a favela, sobrevoando a marques de Sapucaí,
seis helicópteros.
Eles começam a descrever ala a ala, comissão de frente, com
a encenação, o derrubar da arvore central, o cantar forte da escola
a palavra “Madeira”, quando a arvore cai, e o brotar da mesma
após, uma encenação que deixa todos encantados, puxando todas
as arquibancadas ao desfile.
Primeira ala, que tinha os serralheiros e os plantadores de
mudas, somados aos matutos na mesma fantasia quase integravam
a comissão de frente.
Dai começa a escola com Mestre sala e porta bandeira, duas
alas, baianas, abre-alas, Milton olha aquele carro e no fim fala.
— De uma coragem, não sei como isto vai sair da Sapucaí.
Mas se vê o encanto nos olhos do publico, e a escola mais uma vez,
vem cantando com força. Acho que este carro em si, é uma escola
de samba.
— O que quer dizer com isto? – Escobar.
— Um carro com 6 divisões, seis chassis, com quase 600 ale-
gorias, é de uma coragem e uma organização, só o abre alas, gera
na armação uma organização incrível para passar assim, lindo.
361
As alas intermediarias, e as frases, citadas uma a uma, fazen-
do eles comentarem toda a dinâmica.
— Eles explicaram aos jurados estas fantasias a 4 meses, uma
a uma, e as fizeram com um capricho incrível. – Milton.
— Muita pena artificial.
— Sim, eles manteriam este visual mesmo se estivesse cho-
vendo.
Entra o primeiro tripé.
— As vezes vemos carros que apagam, os tripés da Beija-Flor
este ano tão brilhando muito. – Milton.
Depois o carro dois, e ficou obvio a todos que a escola vinha
alta.
Fatima olha para a escola vindo, olha e compara ao que havia
visto ainda, e fala.
— Luxuosa e muito alta, temos uma escola que realmente
começa a chegar na apoteose e está visível a todas as arquibanca-
das. Eles vem rápido ou é impressão minha.
Pretinho da Serrinha olha o ritmo e fala.
— Eles vem cadenciados, mas é nítido que eles vão passar um
pouco mais rápido que a maioria, a cadencia vem forte e a escola
vem bem compacta, não se vê os espaços entre as alas ou entre os
carros e alas. Temos de olhar atentos para ver a organização, pois
vem fantasiada, com 10 fantasias.
Milton olha o entrar do Cristo ao fundo, e fala.
— A Beija-Flor parece ter desenvolvido um método todo dela
para entrar na avenida com carros imensos.
O pessoal da Mais Carnaval estava transmitindo da armação e
viu o Cristo fazer a curva e se viu a comoção da arquibancada, era
uma cidade a frente, alta, deveria estar a 16 metros, e tinham o
Cristo logo após girando de braços abertos.
— Um capricho e engenhosidade, temos um Cristo no tama-
nho original, entrando na Sapucaí.
Milton na cabine de transmissão fala.
— O carro mais alto da avenida, eles vem em media com du-
zentas alegorias por carro, carros reforçados para aguentar toda
este peso a mais.

362
Carro a carro, tripé a tripé, ala a ala, o entrar da bateria, en-
trando a parte do fundo primeiro e depois as partes do meio e fron-
tal, dando mais uma manobra a se tentar copiar, os carros foram
entrando, o Abre Alas começa a embicar na saída, o reduzir da parte
frontal e o girar da grande roda fez o mesmo ir para a Rua Frei Ca-
neca e começar a encolher, Jorge coordenava a passagem e Joao a
entrada, os carros foram entrando, o assombro e o povo gritando o
samba, fazia até as pessoas mais contidas, cantarem o samba, o
carro 4 chega ao meio da avenida, enquanto a Saudade entra na
avenida, o espanto, o assombro estava nos olhos, quando o carro 9
entra na avenida com aquele avião de asas abertas a tomar o espa-
ço, e todos olham para cima, para os índios, para os detalhes, as
alas começam a avançar e veem aquele veiculo gigante fazer a cur-
va, estavam em 62 minutos e o carro começa a entrar na avenida, o
estouro do pneu se ouve longe, João acessa o rebocador que estava
por baixo do veiculo e ergue a parte que abaixara e começa a en-
trar, quem não ouviu o estouro não reparou no problema.
A bateria volta a avenida após o carro fecha alas e o tripé final
vem fechando o desfile. No centro da ala final.
Um desfile pesado, alegre, empolgante, que desgastou João,
que conduz os carros ao barracão, Milton olha para o fim do desfile,
algo imenso, algo grandioso, de acabamentos precisos, e começa as
entrevistas.
As entrevistas, os destaques e Jorge se junta ao grupo para
recolher a escola.
João nem curtiu muito, Jorge chega ao lado e fala.
— Nem sei se fomos bem.
— Este é meu grande problema, somente agora tenho como
ver se fomos bom, meio bom, ou péssimos.
— Entramos e saímos em 87 minutos, para quem temia isto
desde o começo, foi um bom desafio. – Jorge.
João normalmente ia ao camarim e via as demais escolas,
mas naquele dia ele estava muito cansado, até voltou, mas depois
de pouco tempo ele voa para casa.
Micaela fica com o irmão e os pais no camarote do irmão, en-
quanto João descansava em casa.

363
João acordou e já era tarde de Se-
gunda, Micaela o abraça, ele não a viu
chegar.
João foi sair da cama e ouve-a fa-
lar.
— Descansa um pouco.
João se vira para ela e fala.
— Apaguei ontem, foi muito es-
tressante.
— Tenta relaxar, pois quem sabe
se não teremos de desfilar de novo no
Sábado.
— As vezes tenho de me conter.
Micaela o abraça e ele se deixa le-
var nos braços de sua menina, que lhe
deu um sentido diferente a vida.
Próximo das 4 da tarde ele levanta e faz um
café, ele evita ouvir noticias, mas sabia que iria ao
desfile no inicio da noite, mas agora era apenas
diversão, enquanto um exercito de pessoas o faziam ganhar mais
dinheiro.
Liga para o barracão da MD e confirma se os 3 carros da Beija-
Flor do Amanha estavam prontos, isto o deixa mais calmo, somente
agora sabia de compromissos que nunca nem olhara.
Verifica como estavam todos os pontos de show que ele por
si tocava, ou suas empresas, e sabe que está com 30% a mais de
movimento, 28% a mais de vendas, ocupação total nos hotéis, que
tinham 212% a mais de vagas este ano, os números estavam bons,
os resultados positivos e todo o novo esquema de saída da cidade,
fazia ele ganhar dinheiro até de quem odiava carnaval.
Micaela olha ele aos cálculos e pergunta.
— Não para um momento?
— Apenas verificando se alguém precisava de ajuda, para mi-
nha felicidade não.
Micaela o abraça e fala.
364
— Sabe que o desfile de ontem, foi algo muito quente, não
sei o que você achou?
— Acho que a sensação de todos os desfiles, que arrasamos,
depois que vemos os defeitos.
— Meu pai disse que você é especial, cria coisas incríveis e
nem se preocupa se os demais vão arrasar.
— Verdade, tinha o desfile da Mangueira e da Mocidade, mas
estava muito cansado, vi a Mangueira e não lembro de nada.
Micaela o abraça e os dois por volta das 8 horas almoçam al-
go e saem com as crianças para o sambódromo.
João estranha muitos o cumprimentarem, mas ele agora co-
mo presidente de uma escola, sabia que chamaria mais atenção, ele
olha o desfile do segundo dia, ele achou algumas apresentações
muito boas, mas também acompanhou os desfiles de Jacarepaguá,
ele as vezes queria estar menos acabado, mas estava ao lado da
família e Gabriel chega já perto das 5 da manha, ultima escola desfi-
lando e pergunta.
— Vai continuar arrasando sempre?
João não achou que arrasou, mas era uma possibilidade, co-
mo algo que determinava o fim do carnaval adulto naquele ponto,
ele vai para casa, feliz e com a sensação de que nem vencer mais
era importante.

365
Na Terça feira muitos descansa-
vam, ele antes descansava, mas tinha a
Beija-Flor do Amanha, e tinha feito 3
pequenos carros, e fantasia para duas
mil crianças, e ele foi a Marques de Sa-
pucaí, Micaela o abraça, ela não vira
esta parte, sabia que seu pai convocara
pessoas, mas ouvindo a bateria de 200
ritmistas, as 80 mini baianas, as passis-
tas, as 12 alas, sorri, João estava se di-
vertindo, e esta diversão passava pelo
ver que tinham 20 escolas infantis, e isto
agradou João, ele parecia querer investir
nisto.
A Direção, os pais, todos viram o
capricho das fantasias, e toda a organi-
zação daquele grupo.
Obvio que algumas pessoas que não viam
aquele desfile, ficam sabendo que enquanto os
demais se preparam para o dia seguinte, João Ma-
yer faz um super desfile com as crianças da Beija-Flor na Marques
de Sapucaí.
Não valiam notas, mas sempre tinha um incentivo, e a LIESA
através de uma julgadora olha para o auxiliar e fala.
— Isto é covardia, eles arrasaram as demais.
— Eles não vieram competir, eles vieram se divertir, se vê o
presidente da escola ali se divertindo.
A moça olha João e pergunta.
— Tem certeza que aquele é João Mayer?
— Sim.
— Falam que eles vão tentar vencer novamente.
— Talvez o que se veja aqui, algo tão acima das demais, que
fica difícil de julgar na mesma regra.

366
João olha as crianças da comunidade, cuida do voltar aos ôni-
bus das crianças, e somente após a saída no sentido da Nilópolis
que ele e Micaela vão para casa.
Vai depois com a família ao desfile em Jacarepaguá, e depois
de assistir uma noite de desfiles muito bons, jantam na região e vão
descansar um pouco.

367
Acordar na quarta feira com gente
lhe passando mensagem fez João olhar
para Micaela e perguntar.
— Que tumultuo está acontecen-
do?
— Não sei, mas meu pai disse que
encomendou o chope.
— Acha que temos chance?
— Já vamos saber, sabe disto. –
Micaela sorrindo.
— Certo.
João e a família vão ao Terreirão
para a apuração, começam pelos quesi-
tos obrigatórios, todos cumpriram estes,
uma leva de pessoas queriam falar com
João que soube que tinha algo errado, e
provavelmente mudariam as regras novamente.
Micaela ao lado olha o Jornal que seu pai co-
loca a mesa e olha João.
— Sabe que isto não acontece normalmente.
— O que? – João.
— 10 Estandartes de Ouro para a escola.
João olha em volta e viu sorrisos dos componentes, entende-
ra, eles se superaram, e fala.
— Vamos ser rebaixados então?
Micaela sorriu e fala.
— Já leu o artigo do Jornal o Globo?
— Não.
Micaela vira para João e lá estava.
“O carnaval renasce no Rio de Janeiro!”
João não gostava muito de elogios, ele administrava melhor
criticas do que elogios, mas leu, algo talvez estivesse totalmente
errado, ele termina de ler e a frase, “a Beija-Flor, levantou o valor
do samba, o valor da comunidade, o valor das baianas, em um desfi-

368
le grandioso, incrivelmente leve, que quando acabou, fiquei com
gosto de quero mais!”.
João não via isto com tão bons olhos, mas entendeu porque
Roberto encomendara o Chope.
Na quadra em Nilópolis muita gente começa a chegar para a
apuração, e sorteiam os quesitos, e fica para desempate final Bate-
ria.
João viu Jorge chegar e falar.
— Vai aceitar uma ideia para o ano que vem?
— Que ideia teve?
— Algo simples de pensar, difícil de fazer.
— Enrolando.
— “Memorias!”. – Jorge olha para João, entende que foi bem
superficial – Contar as agruras de uma vida, através de memorias,
mas pensei nisto a alguns anos, a memoria dos colonizadores e dos
índios contando a historia, a dos políticos e dos pobres, dos religio-
sos e dos pagãos, contar uma historia de 500 anos, através de pon-
tos específicos da memoria, mostrando três lados para cada ideia,
dois lados narrando e o que ficou na historia.
João olha para Jorge e fala.
— Me entrega ele daqui a 15 dias e vamos pensar nisto, as
vezes desafios assim fazem grandes historias.
Jorge sorriu.
As notas começam, no começo perdem dois décimos em en-
redo, e depois disto, começam uma sequencia de 10, até a quinta
nota, estavam atrás, eles encostam e vão mais 3 notas, a frente pelo
desempate, e na ultima abrem dois décimos da Mangueira e um
décimo da Mocidade, ainda na frente pelo desempate da Chatuba, e
estranhamente, novamente, João sente o sabor da vitória, Chatuba
pelo segundo ano, ficara bem perto, mas dava a conotação que
alguns temiam, João somente neste momento pensou em rever o
desfile, para ver o que os demais viram.
João vira para Jorge e fala.
— Pensa bem neste Enredo, pois vamos tentar o tricampeo-
nato o ano que vem.
Jorge sorriu.

369
As pessoas começam a ser chamadas para a entrega do titulo,
pela primeira vez João não poderia apenas sair, ele teria de ir rece-
ber o titulo.
As pessoas a volta olhavam ele estranho, mas ficou obvio que
mesmo escolas como Mangueira, veio a briga com grandiosidade, o
olhar de Horta chegando perto, fazia João ficar tenso.
— Tenho de admitir, você nos deu um nó, todos falam do res-
surgir do Carnaval ao nível dos anos 80, parabéns. – Horta.
As pessoas vinham o cumprimentar, e obvio, a alegria nos
olhos dos seus, davam o clima, no barracão a festa, na comunidade
as pessoas viam o comentário dos comentaristas, quando Milton
falou.
— A Beija-flor conseguiu tomar o campeonato, desfilando por
terceiro, um desfile que apenas quem viu, sabe a grandiosidade, um
teatro real passando a frente, uma grandiosidade que nem os anos
80 tinham, uma opulência e capricho, que pode nos remeter a João-
zinho, que pode nos lembrar dos grandes carnavais do Fernando
Pinto, que nos remete a parceria com Lousada, ao capricho de Le-
andro, pior, forçando eles a se superarem, vemos uma Mocidade
forte, com carnavais incríveis a dois ano, Leandro correndo atrás das
novidades, vemos escolas novas com carnavais incríveis, a Chatuba
chega pela segunda vez bem perto do titulo, e destacar que embora
a Beija-Flor tenha perdido dois décimos de pontos em Enredo, ela
ganhou o Estandarte de Ouro do Jornal o Globo no mesmo quesito,
as vezes é apenas a forma de ver uma nação, que distorce a nota, e
nem todos absorvem criticas diretas tão bem.
Começam a passar as imagens e Milton fala.
— Temos já na comissão de frente, o primeiro estandarte de
Ouro, uma explanação teatral sobre Brasil, tamanho e riqueza. Uma
das imagens do carnaval, quando a arvore central é cortada e tom-
ba na avenida, eles dispuseram ao fundo, 10 aparentes mudas que
fechavam o carro, e avançavam aquilo, que crescia no tempo do
avançar do samba, formando outra arvore, e uma nova cresce nos
próximos 3 minutos de apresentação, uma nação extrativa desde o
inicio.
A imagem passa para o abre alas e Milton continua.

370
— O abre-alas tira o pé do chão de todos, se você esperava
algo maior após isto, não teve, se esperava algo mais caprichado,
não teve, um carro, que tem a religião, a separação em 5 dinâmicas
de nação, a diferença de ricos, pobres, trabalhadores, Judeus, cris-
tãos, Mulçumanos e Umbandistas, um carro que poderia pesar con-
tra, pela grandiosidade, que tinha quase 600 pessoas sobre ele, para
não tirar continuidade ou animação.
A imagem passa rápida pelo primeiro tripé e segundo carro e
para na imagem frontal do Cristo, filmado de baixo, na lateral e fala.
— Desculpa se não vamos passar o desfile total, mas pode o
ver totalmente no Globo Play, mas o terceiro carro, o Cristo, muda
toda a concepção de representação, eles não interpretaram, eles
trouxeram um carro, com o Cristo, quase nos remetendo ao real,
muitas imagens na internet tem a imagem dele.
A imagem vai para os carros seguintes.
— Dai vem estatua, animação, frases clássicas desmistifica-
das, e vamos das criticas ao pouco retorno do capital ao povo, ao
racismo, as diferenças religiosas, no Carro Neguinho é tudo folgado,
tem uma serie de encenações que são um desafio aos racistas, ve-
nham e façam melhor.
A imagem vai ao dois outros carros, e Milton continua.
— As vezes um carnaval que lhe informa, lhe faz pensar, lhe
mostra a diferença, nos faz evoluir como sociedade. Os carros esta-
vam imensos e lindos, uma execução primorosa.
A imagem vai para os dois carros seguintes e Milton sorri.
— Dai teremos abdução na Marques, em um carro moderno
que nos levava a lembranças de infância, nos colocando o contradi-
tório, lembramos das partes boas ou ruins, mas toda historia tem
seus contrapesos e viver entre eles, e ver a parte bonita, nos ensina
a sorrir, dai vem o carro que mostra a evolução do carro, do avião,
do trem, do índio, da alegria da criação.
A imagem vai ao carro final, os tripés passavam tão rápido
que nem se foi dado detalhes a eles, mas Milton sabendo que o
tempo para as conclusões eram curtas fala.
— Dai vamos ao campo, novamente um monstro, e temos
uma harpia que chega a 45 metros de altura voando na Sapucaí, se
todos achavam que já tinham visto tudo, eles encerram com aquela
371
sensação, tem mais? Quando? Um tripé para encerrar o enredo, e a
sensação de extasiados na Marques, eles passaram em 87 minutos,
o maior desfile que vi na vida, um capricho incrível, mesmo quem
não viu o desfile, foi comparado ao desfile, pois eles puxaram a
comparação para cima, e obvio, todas as demais, tiveram de ser
comparadas a inicial, fica difícil de falar em grande, depois da Beija-
Flor.
A imagem mostra o fim, com o fechar das asas da Harpia, no
encolher do carro fecha alas.
— Sim, quem viu nos telões, viu ainda a águia fechando as
asas e se recolhendo para passar na região da dispersão, e sim, eles
passaram no tempo, com paradinha da bateria antes de sair da ave-
nida.
Em Nilópolis João e Roberto entram na quadra, com a taça de
campeões, João viu muitos o cumprimentarem, ele estava saindo da
posição de um desconhecido para o presidente que trouxe o cam-
peonato, a chegada dele na quadra é coberta por varias emissoras e
no fim da tarde, alguns repórteres chegam a ele e perguntam.
— Senhor Mayer, o que tem a dizer sobre este titulo.
João sorriu, ele pensou em uma frase e por dias não a conse-
guiu terminar, agora estava diante do microfone.
— Boa tarde, queria agradecer a toda comunidade, ao presi-
dente Emérito da escola, a todo pessoal que realizou este grande
sonho, agradecer aos carnavalescos Guilherme Estevão e Fabio Ri-
cardo que criaram este enredo, agradecer muito a Jorge Caribé, que
me ajudou a entender a ideia dos carnavalescos anteriores e por na
avenida este grande enredo.
— Senhor, já tem ideia de se mantem o grupo para o ano que
vem, alguma ideia?
— Cedo para falar disto pois não falei com eles ainda, mas
por mim mantemos o grupo, reforçamos alguns pontos, e encara-
mos mais uma tentativa de nos sagrar campeões, pois a Beija-Flor
de Nilópolis, depois do desfile das campeãs, vai descansar uns 15
dias, nós merecemos, mas depois, vamos correr atrás do tricampe-
onato.
Roberto ao fundo sorriu, sentindo sua filha o abraçar.
— Como ele está se saindo pai?
372
— Tentando não chutar ninguém, mas pelo jeito ele vai co-
meçar a pensar no carnaval do ano que vem.
O repórter olha para João e pergunta.
— E teria o tema para o ano seguinte?
— Caribé nos apoiou este ano, então estamos estudando uma
proposta que ele fez para o ano que vem.
— Alguma dica sobre o que vem por ai?
João olha para o repórter e fala.
— Provavelmente mudaremos o nome, sempre acontece,
mas a ideia inicial, “Memorias!”.
— Então já têm carnavalesco para o ano seguinte?
— Sim, Caribé está mantido para o ano que vem. Agora deixa
eu comemorar um pouco, curtir um pouco esta vitória.
Caribé olha todos os repórteres virem para seu lado, ouvira,
mas sinal que tinha um emprego, e que tudo que ele fizesse, seria
visto de uma forma diferente.
João olha para Micaela, sobe e para a frente do telão da sua
sala e baixa os vídeos do desfile, feitos pelas próprias câmeras, ele
queria jogar isto na internet, algo próprio e que tinha uma visão
toda diferente, não um vídeo de duas horas, e sim, um vídeo que
começava no transporte e terminava na volta ao barracão, se ele
saiu do barracão as 5 da manha, e retornou as 3 do dia seguinte,
eram 22 horas para se editar de vídeo, feitos por 10 pontos, com 10
câmeras por ponto. 2200 horas de gravação a editar.
João olha a transmissão ao fundo, ele coloca para passar no-
vamente, começa a olhar pela comissão de frente e olha a reação
do povo gritando o “Madeira!” junto com o samba, enquanto a ar-
vore desabava na avenida, depois olha a apresentação do casal de
porta bandeira e mestre sala, foi muito boa.
Sorri ao rever a apresentação da comissão de frente, algo que
finalmente saiu como ele imaginou.
Ele olha as imagens do carro abre-alas, e nem viu Roberto e
Ricardo entrarem, eles olham João e Ricardo fala.
— Pelo jeito sempre procurando a perfeição?
João olha para trás, não reconhecera a voz de cara, olha os
dois irmãos ali e fala.

373
— Correr atrás não é conseguir, e tudo indica que terei este
peso, este carnaval a carregar por anos.
— E vendo os defeitos?
— O encanto nos olhos, estranho pois não se tem no final o
famoso “É Campeã”, pois estão todos de boca aberta, vendo o sair
da escola, ninguém queria perder um segundo, acho que isto pesou
a favor, e contra, mas ano que vem pretendo fazer um carnaval
mais leve.
— Mais leve?
— Quem sabe um carnaval de apenas 3 carros.
— Três carros imensos? – Roberto.
— Impecáveis, talvez nem precisem ser tão grandes, mas so-
mente o prospecto inicial vai dizer.
— Menos integrantes?
— Não, isto tem de se manter.
A festa foi até altas horas naquela quarta feira, amanhecendo
na quinta.
João ao fim da festa, senta-se ao fundo, olhando o pessoal
acabado, sendo carregado, alegres, bêbados, e sente Micaela sentar
ao lado.
— O que tanto pensa?
João a abraçou, pensa em como responder, mas apenas sorri
e fala.
— As vezes, quero apenas olhar.
Ele olha para o fim da bagunça e termina.
— Desfile das campeãs e depois temos 15 dias para viver, pa-
ra depois começar tudo de novo.
Micaela olha serio para João e fala.
— Então vai ser todinho meu por 15 dias?
— 15 dias, 15 meses, 15 anos, 150 anos, você que escolhe.
Micaela sorri e os dois ficam olhando todos saírem.

374
15 dias e João a cozinha do apar-
tamento, fazendo um café olha a filha
entrar na cozinha sorrindo.
Ele sente o abraçar da perna e sor-
ri.
Termina de fazer o café, vai com a
filha ao quarto, serve Micaela que sorri.
— Já de pé?
— Dizem os entendidos que o ano
está começando, mas acho que está na
hora de saber como as coisas estão na
soma de coisas diante da vida. E começar
a pensar no ano que vem.
Micaela sorri e pergunta.
— Não entendi o enredo do ano
que vem?
— Nem eu, isto é bom.
Ela sorri e serve o café, Mirian sorri e abraça
o pai.
João sai cedo, primeiro uma sessão de aulas
na universidade, uma manha de estudos, depois vai a empresa e
começa os preparativos de um ano que ele queria que fosse corrido,
ele programara para aquele ano um grande show que teria trans-
missão ao vivo, inicialmente por rede fechada, do “Primeiro de
Maio”, uma festa em 4 estruturas, que teria concurso de bandas
marciais, de 24 estados, teria shows em 3 palcos, teria desfile mili-
tar do dia do trabalhador, sobrevoo de esquadrilha da fumaça e da
aviação do exercito, ele começava a pensar em mais um dia festivo,
ele iria este ano para seu segundo ano da festa de São João, que
era uma festa muito maior que esta, mas que gerava muita repre-
sentatividade cultural e religiosa.
Ele estava acertando os detalhes quando a secretaria anunci-
ou que Pereira esta ali.
O rapaz entra e estica o prospecto.
— As vezes tenho de trocar uma ideia senhor Mayer.
375
João olha o prospecto, 30 eventos em um ano, mais de dois
eventos por mês, e na cabeça de João vinha números absurdos, e
isto fazia ele pensar em cada possibilidade.
Ele passa os olhos e pergunta serio.
— Qual o marketing para estes eventos?
— Ainda estamos no padrão do ano anterior, quer aumentar?
— Quero fazer um teste, pois tenho de saber o retorno da
publicidade, e fico na duvida.
— Que teste?
— Escolhe um aleatório, e não faz nenhum marketing fora do
nosso sistema de vendas online, e programação de redes sociais, e
verifica como vai ser a procura.
— Sabe o risco?
— Sim, mas tenta fazer sem escolher, apenas pega um dia
que seria bom normalmente com marketing e não o faz, para ver-
mos quanto da roda está funcionando sem publicidade.
— Acredita que esta programação está boa?
— Sim, e como está se relacionando referente aos demais or-
ganizadores em festas paralelas?
— Assustador saber que o que para alguns é concorrência, in-
ternamente é dinheiro.
— Acho que é entretenimento, não apenas dinheiro.
Pereiras sorri, terminam a reunião e João desce a recepção e
sai a caminhar na rua, ele olha para uma lanchonete a duas quadras
e senta-se, as vezes ele parecia querer voltar a ser mais simples, e
muita gente dependia dele agora.
Ele toma um suco, liga para o motorista que o traz um carro,
ele parecia pensativo quando entra na Quadra em Nilópolis.
Cumprimenta todos e vai a sua sala, ele olha os projetos, e as
programações para o ano na cidade, fala por mensagem com muitos
colaboradores, fechando o ano de eventos.
Ele sai para quadra, vazia de pessoas em um dia de semana,
olha para Ricardo chegando com Jorge.
Jorge olha João e pergunta.
— Sabe que fico pensando em algo, e olho para você e penso,
o que você faria?
Ricardo sorriu e perguntou.
376
— Vamos mesmo de Memórias?
João olha Jorge como se a pergunta era para ele.
— Não sei, as vezes uma ideia parece maluca.
— Maluca? – João – Estas são as melhores.
— Parei naquela pergunta que você me fez a 5 dias, qual par-
te das Memórias iriamos contar, pois temos de ter um começo, um
meio e um fim.
— E escolheu um caminho?
— Pensei em fazer apenas sobre o ultimo governo.
— Não entendi. – Ricardo.
— Algo recente, contar 4 anos de historia, mas ela tem a vi-
são do falecido presidente, dos seus seguidores, da propaganda
governamental, da oposição, dos países vizinhos, e do resto do
mundo. – Jorge.
— Complicado algo assim, tinha entendido que viriamos da
descoberta até agora, 4 Anos me parece um pouco forçado, pois
não teremos oposição, e vai parecer politicagem, mas me apresenta
a ideia fechada para palpitar. E 4 anos quase ouço os críticos falan-
do de carnaval preguiçoso. – João.
— Sim, mas a ideia simples que não é fácil de materializar se
fecharia com 4 carros, e pelo menos 40 alas, com 40 tripés ou ba-
lões como os do ano passado.
Ricardo olha assustado e João sorri.
— Então teríamos um enredo fora dos padrões anteriores e
maior que a maioria? – João.
— Sim, estava pensando, pois cada ala requer pelo menos 2
fantasias, e em cada uma delas 3 visões do evento. – Jorge.
— Está falando em 40 alas que aparentem 80?
— Definidas como 40, pois elas falam de uma ideia, e os 6
pontos de visão mínimas do assunto.
— Pensou em 2 fantasias por ala, sabe o problema? – Ricar-
do.
— Sim, mas ainda pensando, pois alas coreografadas, poderi-
am ter 6 fantasias, mas as normais, duas fantasias.
— Algo a somar no chão da escola? – Ricardo.
— Estou trabalhando a ideia.
João olha a incerteza na aura de Jorge, quase um medo e fala.
377
— Subimos e me explica o que pretende.
Os três sobem e começam a discutir o carnaval do ano se-
guinte, e no fim do dia, João passa na sede da Chatuba, acerta a
transferência do terreno para a escola, e confirma o apoio, tinha
gente querendo crescer, e João no inicio da noite volta para casa.
A pequena Mirian sorria a sala.
João a pega no colo e senta-se a sala.
Micaela entra sorrindo e fala.
— Já se mandando para Chatuba?
— Tentando os deixar voar sozinhos.
— Meu pai perguntou se a ideia de Jorge não é muito oposta
a este ano?
— Acho que ele está pensando na ideia ainda.
— Certo, mas como ficaria isto?
— Ele está pensando, se entendi, uma escola que em teoria
teria ente 33 e 40 alas, e que na verdade, seriam 101 ou 120 alas.
— Como assim?
— Conjuntos de 3 alas por vez, como se cada ala representas-
se uma forma de ver as memórias, dai ele põem 33 alas o que soma
99 fantasias de chão, 56 fantasias por modelo, 168 pessoas por ala.
— Um complexo de fantasias novamente?
— Sim, mas no fim ele falou em 4 carros, não entendi ainda a
ideia, e uma leva de tripés e balões que acompanhem a escola, as
alas.
— Um desfile diferente?
— Um desfile que ainda não entendi. – João.
— E vai dar corda?
— Sim, a maioria nem está pensando nisto, começamos a
desmontar os carros agora, mas vou pensar nas ideias quando ele
definir realmente o que vamos narrar.
— Acha que seria um grande enredo?
— Eu começo a pensar no assunto, e obvio, não vou deixar o
Carnavalesco na área de conforto.
— Acha que ele ficaria no conforto onde?
— Ele veio com a ideia de falar dos últimos 4 anos, mas ima-
gina pegar o Naro, o Moreira e o Inácio, e fazer não 4 anos, mas 12

378
anos de historia, começando com os 3 na comissão de frente, e
narrar a semelhança dele, seria uma critica ao todo.
— Não entendi?
— Quem aceitava tudo que o Inácio fazia, sai falando mal de
tudo que Moreira e Naro faz, quem falava bem de Naro, falava mal
de Inácio e Moreira, e os três tem adoradores, gente que não admi-
te que se fale dos seus candidatos, nem uma virgula para o lado
critico.
— Entendi, mas narrar por onde?
— Se eu pegar 3 candidatos, e dividir cada mandato em 4
anos, eu teria 12 divisões, se eu dividir cada parte em três grandes
eventos por ano, teria 36 divisões da escola, se cada uma delas tiver
3 fantasias, teríamos 108 fantasias, se fizer 58 fantasias em cada
modelo, tenho 6264 desfilantes ao chão, é um começo. Mas estou
achando preguiçoso este caminho.
— E usariam a escola dividida em quantas partes?
— Em 4 partes, com 4 grandes carros, e muitos tripés e ade-
reços de ala.
— Acha que daria um bom visual?
— Acho que sim, mas vou deixar ele montar a estrutura, eu
forcei a barra no anterior e os carnavalescos saíram correndo.
Os dois viram Mirian entrar sorrindo, aquela menina transmi-
tia uma paz que os pais ficavam radiantes quando ela sorria.

379
Um mês se passou e uma festa a
mais em Nilópolis, com a inauguração na
área da Quadra de um Rode Gigante, a
segunda eles montaram na praça em
frente ao barracão e uma foi para um
parque temático.
Roberto viu que João somava
sempre na comunidade, e o que antes
era uma simples capela para São Jorge,
ganha uma estrutura sobre ela e fixam
ali a estrutura do Cristo Redentor, a
quadra da Beija Flor passa a ser um pon-
to turístico da cidade de Nilópolis.
Se a avenida que ligava ao centro
com calçadão e reformada antes tinha
pouco movimento, agora tinha gente
todo dia, tanto nos novos comércios
como de turistas querendo ir ver o Cris-
to de Nilópolis, avenida coberta, com
calçadas largas e reformadas, comercio
e iluminação transformando o local em dia, mesmo nos dias mais
feios e escuros.
Jorge chega a João e fala.
— Ainda não sentamos para falar do desfile do ano que vem.
— Acha que consegue fazer como falei?
— Não quer algo preguiçoso, mas entendi a ideia, 3 pontos de
vistas reais, cada seguidor fala mal do outro através de suas convic-
ções, e todos se atacam, mas isto somaria em fantasia?
— Sim, no mínimo 108 fantasias.
— E vamos conversar quando?
— Se quiser hoje está calmo.
Jorge olha em volta e fala.
— Isto é o calmo?

380
João entra e vai a sua sala na sede em Nilópolis, e olha para o
salão, estranha que a bateria estava treinando, estes eram incansá-
veis.
Jorge olha para João e fala.
— Sei que você deixa todos inseguros senhor Mayer.
— Eu tento não o fazer, mas o que gostaria, e dentro disto,
você estabelece o que quer, temos de ter uma comissão de frente,
os três candidatos, e mais 4 componentes de apoio a cada candida-
to, não sei qual obra, mas eles discutiram algumas obras, e sei de
pelo menos 4 que os 3 inauguraram.
— Certo, algo assim para começar.
— Começar no impasse, não na solução, mas apresentando a
escola de samba, dai preciso saber, quer quantos carros?
— Pensei em dividir a escola em 4 partes, e as vezes fico na
duvida se 4 carros não fica pouco.
— Sempre, mas com uma escola dividida em 4, se colocar um
carro a frente e um ao fundo, ficam 3 intervalos entre os carros, 12
alas para administrar entre cada carro, nos volumes que falou, uma
escola de samba inteira em cada intervalo, mais de duas mil pesso-
as, temos de ter algo nestes meios Jorge.
Jorge olha João, estranha a forma de pensar do rapaz, enten-
de o que ele queria dizer, e fala.
— Quer por mais carros? Entendo que um carro e duas mil
pessoas, ficam intervalos que podem perder o impacto.
— Não disse isto, apenas falei que precisamos de algo, seja
um tripé, seja alegorias de ala, algo, pois ficaria muita gente nos
intervalos.
— As vezes parece uma ideia errônea.
— E não sabe como a trazer a verdade?
— Sim, parece uma critica geral.
— São políticos, não santos, todos erram, mas eles também
tem seus acertos, mesmo Naro tem acertos.
— Pelo jeito não gostava dele.
— Não comento fofocas, mas eu não votei nas ultimas 10
eleições, paguei uma multa estes dias, para regularizar meu titulo
para me inscrever na Universidade.
— E faria como?
381
João pega um prospecto, coloca a mesa.

— Eu não sei, mas eu coloco as coisas a parede, para pensar,


não para fazer, as pessoas as vezes não entendem, mas nunca o
primeiro prospecto é o que faço, e eles acham que é para se fazer.
Jorge olha para o prospecto e pergunta.
— 10 Tripés?
— Sim, dividindo as estruturas da escola, mas não sei se pre-
cisamos usar isto, eu quero mudar isto, é que as vezes penso no que
eu faria, e desculpa, estou tentando opinar menos este ano.
— Mas vai ajudar nos carros? Preciso de ajuda.
— Se o carnavalesco quiser ajuda.
— Preciso, eu vi você coordenar aquele carro abre alas do
ano passado, seus abre-alas são de tirar o sono, pois sei que já fiz
carnavais inteiros menores que aquele carro.
— Não exagera Jorge. – João.
— Já fiz Intendente senhor Mayer, aquilo era muito menor
que aquilo, mas sei de escolas que se arrastam um ano para fazer
apenas o correspondente daquele carro, e aquele era apenas o co-
meço.
— E Pelo jeito este ano quer algo calmo.
— Sei que quer o tricampeonato, e não sei por que, mas
acredito que eles vão tentar nos jogar para o Balança Mais não Cai.
— Sem problemas.
— As vezes tenho medo de ficar abaixo da sua pretensão Ma-
yer, sei que parece infantilidade.
— Quer palpite pelo jeito.
— Sim.
João coloca outro prospecto a mesa e fala.

382
— Estando próximo disto, não reclamo Jorge.
Jorge olha o prospecto e pergunta.
— O que seriam estes 19 círculos.
— Algo sobre as alas.
— Algo?
— Não sei ainda o que posso por, não pensei nisto muito ain-
da Jorge, mas se olhar o desenho, algo sobre as alas, tripés a frente
das regiões, cada carro ser um carro acoplado, 4 deles, que vou
tentar não exagerar este ano.
— Você no pequeno é assustador Mayer,
Mayer sorri e fala.
— Estou lhe dando espaço para pensar, mas o que pensei
acima das baianas, é um balão, com uma baiana, nas vestes de bai-
ana, de uns 12 metros, flutuando na avenida.
— Provocar de novo?
— Um carnaval que cabe no barracão da escola.
— Igualar no tamanho?
— Sim, mas sem mostrar as fantasias este ano.
— Uma forma diferente de fazer?
— Sim, mas pensa no que propôs, quero pensar em algo que
não criei, sei que vocês se assustam depois, mas montar algo que
outro projetou, é muito bom. – João olha Jorge e Rascunha algo, e
Jorge pergunta.
— Pensou em algo?
— Uma pergunta, quais as maiores publicidades destes can-
didatos, o que todos batem no peito, e falam, eu fiz, e como seria
uma fantasia, com estes 3 temas.
— Pensando em que? Alas?

383
— Não, uma ideia, apenas pensa no enredo, acha que conse-
gue algo quando?
— As vezes imaginamos algo como bom, e no fim não é tão
aplicável assim.
— Teria algo?
— Eu as vezes vejo a responsabilidade, mas é que estou ab-
sorvendo o que falou, algo menos preguiçoso, as comparações dos
3, entendo a ideia, mas estou tentando aplicar a ideia anterior, que
era comparar a visão referente as obras, obvio que estou adaptan-
do, mas como falou, estou andando ala a ala, pensei em começa-
mos com a promessa, antes tinha a primeira promessa, de um can-
didato, agora tenho 3 delas, todos prometem educação, segurança
e crescimento econômico, mesmo os que não sabiam como o fazer.
Mas isto me remete a historia, a ideia inicial, começar na invasão,
com os portugueses, os europeus, e os índios, um achando o paraí-
so, outro de olho nas riquezas, e alguém sendo invadido.
João anota, ele estava querendo começar de uma vez, e pare-
cia que o carnavalesco sentia a pressão de falar com ele.
— Tenho as 10 primeiras alas, pensadas, mas estou pensando
nas fantasias, sei que é o ponto inicial, as vezes são os detalhes que
nos impomos no caminhar, ano passado vi que tudo se decidiu de-
pois das alas.
João continua a olhar e viu ele passar as imagens das 4 pri-
meiras alas, e pergunta.
— Vai querer por beija-flor em toda fantasia?
— Acho que não, eles iriam dizer que usamos os mesmos,
mesmo não sendo, mas gosto – João colocando uma imagem que o
rapaz colocara a mesa – de fantasia que fica clara a ideia, plumagem
para não dizerem barata, costeiros altos, bem desenhadas.
Jorge sorriu, ele estava temeroso, e olha João olhar os dese-
nhos e pergunta.
— Podemos começar a fazer as peças base destas 10 alas, são
30 fantasias. – João.
— Sim, as vezes fico temeroso no caminho.
— Gostei desta Baiana, vou tentar apoiar a criatividade do
carnavalesco, mas tenho de pensar, sei que falo em coisas grandes,
mas 4 carros que não quero maiores de 60 metros de cumprimento,
384
então estou pensando, pois para quem entrou pesado em um ano,
quero dar a sensação de pesado, mas estar leve.
— Acha que teremos problemas nas representações?
— Quem sabe não promova a paz através do carnaval.
— As alegorias não estão leves para não nos picharem.
— Qual a ideia que teve? – João.
Jorge pensa e fala.
— E se a ideia fosse maluca, não um Abre alas, mas 4 deles,
no lugar de terminar com um, começar cada uma das 4 divisões
com um abre-alas, e uma parte que pode estar do meio para o fim é
as promessas, temos um que prometeu educação, igualdade, união
e no fim, separou em grupos, não unificou, dividiu para dominar.
— Certo, mas a ideia?
— Pensei em 3 grandes esculturas, com os candidatos em su-
as vestes de campanha, onde se promete até que sabem não poder
realizar.
— Tamanho? – João.
— Ainda não pensei, mas algo que ficasse na ordem de elei-
tos, começa por Inácio, passa por Moreira e vai a Naro, algo que o
primeiro está com a carteira de trabalho, o segundo, as industrias e
o terceiro, armas.
— Um começo bom. – João.
— A comissão de frente poderia ser santinhos, de cada candi-
dato, levados pelos correligionários, em uma evolução, vou pensar
em algo, entendi a ideia, começamos pelas promessas, que para se
eleger vale tudo. – Jorge.
— O quanto eles se parecem no discurso, mas as pessoas as
costas, mostram que são bem diferentes.
— Certo, nunca entendi quem mantinha Moreira no poder.
— Narcotráfico, atiradores de elite, ele impunha-se no medo.
— Poucos o veem assim.
— Sei disto, mas não vamos acusar, vamos induzir ao crime,
não queremos perder pontos por uma visão pessoal.
— E vamos manter o pessoal da comissão de frente?
— A Débora assinou ontem, então temos coreografa e ela
quer uma ideia para começar.
João olha para o carnavalesco e olha os desenhos e pergunta.
385
— Se tivermos 3 esculturas de 20 metros no carro da frente,
com movimento, com santinhos, com o jeito de cada candidato,
pedindo votos, cada qual pisando em ovos, a volta os eleitores, em
tamanhos menores, cada qual cercado dos seus, separo os acopla-
dos em 5 partes de 10, e começamos a erguer o abre alas.
Jorge sorriu e fala.
— Sempre acelerando e no fim ainda corremos.
— Este ano quero tentar algo mais intuitivo, mas nem sempre
é fácil ser intuitivo.
— Pelo projeto inicial estamos maior que a segunda colocada
do ano passado.
— Disse menor, não pequena.
— Certo, menor que o ano anterior.
— Sim, mas o que pensou para o segundo setor, o após?
— Segunda etapa, Conchavos, uma vez eleitos, parte das
promessas são esquecidas com a desculpa da governabilidade, se na
primeira parte o eleitor era o alvo, o objetivo, agora ele fica de lado,
ele fica deixado ao canto, e entram os parentes, os afilhados políti-
cos, os conchavos com quem colocou o dinheiro na campanha.
João não entendeu bem por onde ele queria levar, mas se era
um texto com nome Memórias, teria de ter três lados nisto, e pelo
jeito, teriam mais lados.
— Cuidado para não sair do nome. – João.
Jorge olha as anotações e fala.
— Estou pensando, mas talvez você tenha dado o caminho,
pois na memoria do candidato, ele lembra apenas do que quer fa-
zer, da oposição, do que ele prometeu fazer, e o eleitor, as vezes
nem lembra quem prometeu o que.
— Confuso, mas iria por que dinâmica isto?
— Inácio se alia ao PL, Moreira a Esquerda, e Naro aos malu-
cos e ao Exercito. Os conchavos feitos nestes grupos, reduz o gover-
no de todos eles.
— O que fez o governo do Naro subir, foi a porta aberta para
o exercito no governo Moreira. – João.
— Muitos discordam disto.
— Sei disto, mas as vezes penso no que fazer, deste ponto iria
para que ponto?
386
— Iriamos a propaganda, a visão que alguns tem delas, e a
verdadeira obra. Os políticos compram a mídia e se convencem do
que ela fala, mesmo os que falam não comprar.
João pensa na frase e fala.
— Tem gente que vai me tirar o fígado, mas terminaríamos
como?
— Este é o problema, reeleição, fanatismo, idolatria, e ne-
nhuma mudança.
João sorriu, tinha um enredo, tinha uma historia, e anota al-
gumas coisas.
— Tenta por este caminho, vamos evoluindo, as vezes algo
acaba sendo citado antes, então temos um caminho.
— Acha que consegue algo assim?
— Vou ter de alimentar a cabeça! – João pega o computador
pessoal, abre e começa a jogar imagens e fala. – É nesta hora que
tenho de começar as coisas menores e não maiores, pois eu me
complico depois de acabar os carros.
Jorge levanta-se e olha João colocar algumas coisas, ele esta-
va apenas copiando e colando, ele queria uma ideia e Jorge olha
aquilo, muito maior do que João falou inicial, mas bem básico ainda,
da vez anterior viu o projeto feito, agora estava vendo o mesmo do
inicio.

— Não faria com 5?


— Tenho de pensar, olhar a maquete, as vezes depende do
tamanho, não da ideia, mas algo menor do que os do ano anterior,
387
apenas quero a ideia inicial, e as vezes, fazer o melhor desfile, não é
vencer o campeonato. Mas parece ter duvida se estará a frente,
mas podemos fazer algo diferente.
João muda a dinâmica do desenho.

— Certo, não pode querer ganhar sempre.


— Sim, não preciso ganhar sempre, mas pretendo sempre en-
trar com um carnaval campeão.
— Deram bobeira ganha?
— Sim, temos dois campeonatos seguidos, pois o primeiro os
demais deram bobeira.
— E pelo jeito acha que dá para ganhar com o enredo que fa-
lei.
— A primeira palavra me remeteu a algo totalmente diferen-
te do que estamos, quando olha as coisas sobre as alas, é que você
falou em memorias, para mim veio aquela imagem de pensamento
em caricatura, que tem as nuvens, e ali o pensamento, mas ainda
não pensei sobre isto, quando alguns falam em carnaval leve, eu
não sei fazer algo leve, mas infláveis, eu coloco no andar das escul-
turas e fica lá até o dia do desfile.
— Vou pensar sobre isto, entendi, as memórias, olha que não
tinha pensado nisto. – Jorge.
— Nisto? – João.
— O fim de cada mandato deixa as lembranças, tenho de
pensar o que cada um deles deixou. – Jorge sentando novamente e
anotando algumas coisas.

388
— Temos um começo Jorge?
— Sim, não vamos mostrar as fantasias este ano?
— Como vamos vender apenas 8 fantasias por ala, 36 alas,
quem sabe mostramos 36 fantasias. – João.
Jorge sorriu e fala.
— Um terço das fantasias?
— Sim, um terço antecipado, para venda, ano passado ven-
deu rápido, e como campeões, vamos manter os 700 dólares, ten-
tando manter os 200 mil dólares de investimento em roupas, vindos
dos turistas, e novamente, não dar espaço de ter uma ala sumindo
na avenida.
Jorge sorriu, já tinham o inicio de um carnaval, e estavam em
Abril ainda, sabia que João estava correndo dentro de uma ideia
que todos inicialmente pareceram achar estranho, mas com dois
locais de desfile, onde cada grupo de bandas marciais iria desfilar no
inicio do mês seguinte, uma semana de comemoração do dia do
trabalhador.
Ele olha os prospectos e pensa no quanto o prospecto era
grande, e pergunta para o presidente Mayer, tinha de perguntar.
— Vamos então com 4 carros?
— 4 Carros acoplados, para todos ficarem preocupados.
— Acha que quantos tripés fica bom?
— Pensa em pelo menos 10 tripés, e 18 balões de lembran-
ças, sei que a ideia vai ficar pronta em Fevereiro, mas é para ter um
carnaval opulento, diferente.
— As vezes não entendo esta ideia?
— Certo, qual a fantasia das baianas?
— “Prometo comida a todos!”
João pega uma imagem e fala, amontoando elas no Corel, e
fala.
— Isto é apenas uma representação, nossa baiana não é esta,
mas seria algo neste sentido. – Joao coloca a imagem a tela.

389
Jorge olha a ideia e olha serio para João.
— Acha que se mantem algo assim, não sei o impacto de algo
assim?
— A opulência de algo sobre a ala, mas desta vez quero basi-
camente flutuando, mas teremos uma haste, ela vai dar ângulo para
as pessoas olharem, e tem de ser testada, para não gerar problemas
com as baianas embaixo delas, por isto os testes, mas algo que seja
leve, que flutue, e que tenha em um ponto ao centro de massa do
objeto.
Jorge anota algo e pergunta.
— Quer dividir as baianas este ano?
— Com certeza, mas temos de ter cuidado de ter em cada di-
visão a quantidade mínima das baianas, sabe que interpretação é
algo que temos de cuidar.
— Certo, o ano passado dividindo por dois não ficou perto do
mínimo, mas entendo, verifico isto atento.
— Pelo jeito vamos ajeitando as coisas, uma a uma, gosto de
um desfile que choque, e na parte das promessas, eu queria propor
uma, para o carnavalesco. – João.
— Algo especial? – Jorge.
— Eles prometem até chuva nestas eleições.
— Não entendi.
João pega uma segunda imagem e fala.
— Uma ideia boba, mas que queria fazer. – João virando o
computador portátil para Jorge para mostrar a tela.

390
Jorge sorriu e fala.
— Disto que eles tem medo, você não para em uma ideia, vai
a ampliando, entendi a ideia, pelo jeito realmente quer algo diferen-
te.
— Não sei, as ideias são iniciais, e cada coisa que for colocan-
do vou falando com quem assina as fantasias e as ideias, se for con-
tra, fala, as vezes preciso de alguém que me diga, não dá.
Jorge sorriu e viu Roberto entrar pela sala e olhar para João.
— Vamos ter algo especial, agora todos querem saber se va-
mos encolher?
— Vamos nos manter, e tentar impressionar novamente.
Roberto era bom em cobrar, estranho todos chamarem de
exagerado, mas no começo sempre queriam algo maior, e depois
ficam perguntando se não dava para ser menor.
— Sabe que muitos querem bater a gente agora, e sabe que
as vezes acontece de ser superado.
— Estamos ainda pensando no carnaval Roberto, estava pen-
sando com Jorge como vamos começar o carnaval, sei que alguns
estranham, mas é que como falava a pouco, estamos começando a

391
pensar no carnaval, e vamos começar a construir 4 carros acopla-
dos, alguns tripés, e surpresas.
— Acha que com 4 carros não ficamos pequenos?
— Roberto, a pergunta, se colocar qualquer 4 carros do ano
passado, não seriamos a menor escola, como falei com Jorge, é
fazer diferente, e não pensa que não vamos entrar para disputar o
tricampeonato, pois é o que todos esperam de nós, muita gente viu
nosso desfile apenas no desfile das campeãs, e sabe que sem pres-
são é diferente.
— Sei, e falam do gigantismo, da genialidade, da coragem, e
agora, vai fazer o que?
— Pensamentos, memorias, são algo quase divino, então va-
mos tentar passar algo divino.
— Divino? – Jorge.
— Sabe que estamos começando, e como sabe, são 4 acopla-
dos, pelo menos 40 metros por carro, começamos sempre assim. –
João olhando Jorge – dai colocamos aqueles 10 tripés, dai jogamos
coisas flutuando sobre a escola, e por fim, talvez os beija-flor.
— Vou pensar na ideia, entendi que menor não é pequeno,
tenta não fazer 4 acoplados de 90 metros como os do ano passado,
aquilo tirou os neurônios do lugar no dia do desfile. – Jorge.
Roberto sorriu, esqueceu que João poderia querer por 4 car-
ros de 90 metros, isto seria imenso.
— Certo, esqueço que mudar o prospecto não quer dizer en-
colher. – Roberto.
— O que estamos pensando Roberto, é passar mais pausado,
mas sambado este ano, mais compacto, e mesmo assim, imensos. –
João olhando Roberto.
— Pelo jeito novamente começamos antes de todos. - Rober-
to olhando Jorge.
— Sim, mas as pessoas não entenderam o nome, a ideia é cri-
tica, mas usar luxo na critica. – Jorge.
— Critico? – Roberto.
— Memórias pelo lado de três grupos políticos e do povo, a
ideia senhor Roberto, é que cada parte do Brasil lembra da historia
de uma forma, os últimos 3 presidentes fizeram seguidores, e cada
qual, idolatra o seu candidato e condena os demais, então temos 3
392
visões de um mesmo quadro, e temos a visão do povo, que é o que
aconteceu, mas começamos pelas promessas, depois vamos a ma-
racutaia, todos esquecem dos seus defeitos, promessas e começam
a por parentes, amigos, todos para dentro da politica.
— E cada um com suas memórias? – Roberto. – Como vão fa-
zer isto, esta é minha pergunta.
— Começamos a achar uma forma de o fazer senhor Roberto,
estamos pensando nisto, as vezes precisamos trocar ideias para
entender o prospecto do ano, e talvez enquanto a cidade entra nes-
ta festa do dia do Trabalhador, eu consiga terminar o prospecto
inicial.
João sorriu e Roberto pergunta serio.
— Mas vamos com garra?
— Quando colocarmos 500 pessoas em cada carro, vamos
terminar o prospecto de novamente por oito mil pessoas a avenida
Roberto, 6200 pessoas na avenida, duas mil sobre carros, nos torna
uma escola imensa a por na avenida. – João.
— As vezes esqueço que pegamos um presidente que não
tem medo de enfrentar, ele quer uma escola imensa. – Roberto.
— Sempre digo que quer participar da nossa escola, compa-
reça na escola, participe da escola, venha aos ensaios, acho que no
fim da semana que vem, vou reinaugurar algo no Caiçara.

João mostra o desenho para Roberto e fala.


— Vamos retomar os ensaios também no Caiçara, agora
aprovado e regularizado pelo novo prefeito, e com área para os
ensaios, para shows, para um museu histórico da cidade, uma bibli-

393
oteca nova, e espaço para novas quadras de Tênis, para termos os
melhores do país ali.
— Enquanto os demais pensam em uma cidade estacionada,
você investe e pelo jeito acertou com o novo prefeito antes mesmo
da eleição.
— Vou ter uma concessão para construir mais 6 linhas de me-
tro na cidade, e começamos agora para terminar quanto antes, mas
que vai mudar a dinâmica de transporte entre toda a região da
Grande Rio, alguém podendo chegar de São Gonçalo aos 5 locais de
shows que tenho na cidade, as vezes quero algo melhor a todos
Roberto, e nosso carnaval talvez não ganhe este ano, mas eu come-
ço a pensar nos números primeiro da Mangueira e depois da Porte-
la, em campeonatos.
— As vezes as pessoas esquecem que você sonha alto, mas
sinal que teremos um local a mais coberto na cidade.
— Sim, local que terei concurso de tiro, de vôlei, de tênis, e
partidas de Basquetebol, referentes a algo que não conversamos
ainda.
— Mais ideias malucas?
— Clube Beija Flor, teremos times de vôlei, basquete, tênis,
náutico, atlético e de regatas, se alguém acha que não vou querer
dar caminho aos nossos jovens, não entendeu Roberto.
— E vai ampliar o Caiçara para isto?
— Sim, as vezes as pessoas esquecem que podemos descon-
tar impostos pela lei nacional apoiando isto, e com isto, investir no
que nos interessa.
— Pensando em investir quanto nisto? – Roberto.
— Vamos ter nossa escola de futebol, basquete, vôlei, han-
debol, futebol americano, tênis, canoagem, atletismo, filho de clas-
se media paga para ter aulas, filho de pobre, conseguimos investi-
mento para os manter aqui, e no fim, fazemos um grande projeto
que vai se fechar em 10 ou 12 anos.
— Enquanto alguns vão parando vai acelerando.
— Eu não tenho saída Roberto, todos a volta não entendem,
são 5 anos para deixar o prospecto referente ao porto, redondo, e
não é por motivos fúteis, e sim, por precisar de algo que funcione, e
não posso depender de interferência governamental para isto.
394
— Acha que o atual governador, que assumiu após cassarem
o anterior, vai apoiar as suas ideias?
— Eu estou tentando conversar, precisamos de 5 mil quilô-
metros de ferrovias no estado.
— Mas qual foi a proposta que vi alguns me perguntando so-
bre isto e não entendi.
— Estatizar as ferrovias novamente, reformar e liberar para
empresas o uso das mesmas, precisamos de mais empresas usando
a malha ferroviária, o governo fica no controle dela, mas sem em-
presa de transporte, apenas de controle, assim como a ideia da
parte navegável do rio Paraíba do Sul.
— E vem para a escola pensar nisto? – Roberto, Jorge voava
na conversa nesta hora, mas se tocava que João não era apenas o
presidente da Escola de Samba, ele era um dos empresários mais
respeitados do país.
— Estava pensando no caminho que Jorge vai tentar, e se al-
guém perguntar, pode dizer que vamos tentar um ano diferente,
com mais tripés, menos carros alegóricos, mas com a mesma quan-
tidade de pessoas.
— E conseguiram chegar a algo? – Roberto olhando Jorge.
— Mayer falava em fazer uma ala com uma nuvem negra
cheia de efeitos sobre uma ala, quando o senhor chegou.
Roberto olha João e pergunta.
— Não fazendo chover, pois sabe do problema?
— Eu quero apenas dar um tom menos pesado a um desfile
que vai ser uma critica a forma “eu de pensar” e aos últimos 3 pre-
sidentes.
— Vai jogar mais um enredo politico? – Roberto.
— Tudo que faço acaba parecendo politico, mas estou dando
espeço para Jorge desenvolver o enredo, uma vez pensado nele,
vamos incrementando, como sempre, aos poucos.
Roberto sorri, estavam começando o carnaval.

395
Micaela olha o marido chegando
da Universidade e pergunta.
— Como vai ser este fim de sema-
na?
— Eu atravessando a produção da
cidade, mas teremos demonstração de
armamento nas bases do Exercito, Mari-
nha e Aeronáutica, vamos de desfiles de
234 bandas marciais, de todos os esta-
dos, vamos ter gente nos três palcos do
carnaval, e vamos promover após as
apresentações, shows, em toda a cida-
de, 5 palcos, 10 shows por palco, por 6
dias, ou como alguns estão falando, um
dos maiores festivais de shows gratuitos
do país, 300 shows, teremos também o
desfile das baterias de escolas de sam-
bas, as 70, desfile militar nos 3 palcos,
dia primeiro, e sobrevoo da Aeronáutica
nos 3 palcos, uma festa Nacionalista,
Trabalhista, Cultural, e Sonora.
— Juro que quando falou o ano passado disto, pensei em um
dia de festa, não 6 dias, temos 80% das vagas dos hotéis cheias, e
temos toda uma linha de ganhos nos locais de festas.
— O atual prefeito está assustado com esta festa, gente de
esquerda que tem medo dos militares, eu não entendo.
— Não sei qual sua ideia? – Micaela.
— Estamos fundando em Magé e Guaratiba duas divisões de
Caças e aviões de carga da Aeronáutica, são perto de 30 mil empre-
gos, até a conclusão da implementação em 5 anos, estamos inaugu-
rando em Niterói, Rio e São Gonçalo, implementando 3 divisões da
Marinha para construção de porta-aviões e contratorpedeiros, para
proteção do espaço marinho nacional, perto de outros 30 mil em-
pregos, e 4 fabricas de blindados e armamentos, em Mauá, gerando

396
mais 30 mil empregos, então não é uma festa apenas trabalhista, é
uma festa militar, e sei que alguns não entendem.
— Alguns começam a lhe respeitar no exercito, o que faz de
alguns mais temerosos.
— Sempre digo que se posso vender vida, vendo, se posso
vender segurança e respeito, vendo, festas, vendo, cultura, vendo, e
vamos investindo.
— E como está na universidade?
— Tentando manter o que sempre fui, um desconhecido com
o nome de alguém famoso.
Micaela sorri e olha para fora pela sacada.
— O pai parou de perguntar do Carnaval, não entendi.
— Ele quer me prender lá, mas é difícil parar em uma sala de
aula, imagina num escritório de escola de samba.
— E como está Jorge?
— Correndo atrás das ideias.
João foi ao escritório da MD e viu um senhor todo paramen-
tado entrar pela porta após se anunciar e esticar a mão para João,
talvez sempre esperando alguém diferente.
— Boa tarde, Major Mariano.
— Boa tarde, não sei se quer desenvolver isto Major, estamos
nos preparando para ter um prospecto maior do exercito, mas pa-
recem temerosos ainda.
— Alguns ainda nos temem.
— As vezes temos de mudar a visão do povo referente aos
seus militares, mas é o comportamento dos militares em si que gera
isto, Major, não adianta eu fazer todo um Marketing e no fim al-
guém estragar tudo com discursos de ódio.
— Sabe a pressão que vem de cima?
— Não estamos nos armando para uma guerra senhor, isto
que poucos entendem, mas parece que ninguém concorda com
minha forma de pensar. – Joao.
— Alguns leram sua proposta, audaciosa, tem deputados jul-
gando a proposta, sem entender ela realmente, mas internamente
muitos concordam, mas alguns poucos ainda discordam.
— Sei que parece extremista, mas foi baseado em estudos
mundiais, o estender o alistamento a todos os brasileiros com idade
397
de 18 anos, estabelece estarmos prontos para isto, estou pensando
a nível Brasil senhor, toda a mulher ter treinamento para se defen-
der de um agressor, todo desregrado, colocado em uma regra, mos-
trando parte da regra, e se analfabeto, estabelecer dois anos inter-
namente para que ele saia no mínimo alfabetizado e com noções de
cidadania, é um remendo ao que deveria não passar lá na infância
desapercebido, e passa.
— Alguns ainda são relutantes, mas muitos acreditam que é
uma forma de crescer como nação, então estão dispostos a apoiar,
mas obvio que faltara recursos.
— Sim, é algo a implementar, algo a dispor de material hu-
mano interno para isto, estrutura interna para isto, pois isto não se
estabelece por decreto, não é apenas dizer quero e vai funcionar, é
uma ordem estabelecida, implementada e colocada em funciona-
mento, dois anos no mínimo para por em funcionamento.
— Acha possível?
— Eu acho, não fui selecionado, e olhando para trás, teria es-
capado de boas ciladas da vida se tivessem me mostrado um siste-
ma de ordem, de respeito.
— Acha que conseguiríamos recursos?
— Sim, e a lei teria de passar integral, não remendada com
furos para filhinho de deputado se esquivar Major Mariano.
— Acredita que eles vão tentar tirar alguns?
— Eles vão fazer buracos, mas falei com poucos deputados e
expliquei que é nas atribuições que está a pegadinha, eles podem
por adendos, mas se a atribuição for dada ao Exercito, quem esco-
lhe é vocês, então as vezes o que eles chamam de pegadinhas, nos
dá o tempo de implementação, não esquece que não teremos como
passar a chamar 100% das pessoas no primeiro ano, teremos de
estabelecer aos poucos.
— E acredita que teremos que repercussão neste feriado que
transformou em festa do dia dos Trabalhadores.
— As vezes temos de criar coisas que destaquem duas vezes
por ano, o nacionalismo, o amor a pátria, e temos o dia do Traba-
lhador e o dia da Independência, marcados já nos nossos calendá-
rios, substituindo um dia Sindical, para ser um dia patriótico.

398
— Vim conhecer pessoalmente, sabe que falam coisas terrí-
veis sobre o senhor, e parece um senhor simples. – Major.
— Eu sou quase invisível como pessoa, obvio, eu sou simples,
vim da parte simples da sociedade, mas acredito senhor, que se
queremos crescer, passa pela vontade de ser brasileiros, e orgulho
de ser brasileiro.
— Vamos coordenas parte das festas, é bom ver uma reunião
nem que informal, de agrupamentos de mais de 230 bases, o que
transforma em uma confraternização de todo exercito Brasileiro,
alguns ainda temem ficar visíveis, mas entendo que começar pelas
bandas marciais e poderio de desfile, estabelece mostrar o que o
povo fica admirado.
João estica a mão e se despede, o senhor saiu olhando em
volta, talvez a simplicidade do local sempre remetesse a algo mon-
tado a pouco.
A secretaria entra pela porta e entrega um papel a João lê e
olha pela janela, pensando em todo agito que fizera a cidade.
João senta-se e olha Pedro Rosa entrar pela porta e olhar pa-
ra ele.
— Bom dia rapaz. – João.
— Não entendi a ideia?
— Não sei se você concorda, mas eu acredito que o futuro es-
tá na ordem, e isto depende de controle, nas nossas mãos, não na
de estrangeiros.
— Muitos discordam, mas eu concordo.
— Então preciso saber, teríamos como ter um servidor efici-
ente neste país, que controlasse via satélite pessoas no país inteiro?
— Como controlasse?
— Em dois anos, pretendo que o congresso aprove o Alista-
mento Obrigatório para todo cidadão com 18 anos, os alistados,
homens e mulheres, terão retina registrada, digitais registradas,
DNA registrado e um microchip instalado e registrado, eu gosto de
controle, mas isto é para poucos saberem, mas se alguém morrer,
precisamos saber quando, como e onde, ter um banco de dados que
nos forneçam provas, facilita.
Pedro Rosa olha João Mayer e fala.
— Sabe quantas leis estaria ferindo?
399
— Sim, sei que estaria ferindo leis, que defendem o direito de
você me matar e fugir, de mentir em júri sobre onde estava, eu não
gosto da ideia, mas as vezes, temos de pensar em uma forma de
educar este povo, que acha que pode tudo.
— As vezes tem muita gente que gostaria de controlar o todo,
mas sabe que muita gente reclamaria disto.
— Sei disto, mas preciso saber se é possível, são dois anos pa-
ra implementar, e nada disto nos serve, se precisar salvar tudo, e
não tiver onde salvar.
— Sabe que não teríamos como salvar muito tempo?
— Por isto precisamos de um judiciário rápido, eles demoram
para levantar os dados, e a lei acaba sendo atropelada pelos prazos.
— Alguns tem medo de um país mais justo.
— Eu também tenho, mas entre minha vida e a melhora para
meus filhos, tenho de pensar neles.
— E acha que o exercito toparia isto?
— Um sistema de controle de recrutas, que vai continuar ati-
vo após eles saírem, mas ai não é mais com eles, algo a implementar
somando a outras coisas, como controle de chips de celular, mas
acho que gosto de controlar os outros, adoro viver solto.
— Contradições da vida.
Pedro e Mayer trocam ideias, enquanto a cidade se agitava,
naquela sexta feira, que teria desfile de 26 bandas marciais por pal-
co naquele dia, nos 3 locais, desfiles que teriam outras apresenta-
ções no sábado e domingo, e as finalistas desfilariam na Marques de
Sapucaí no dia do Trabalhador.
A cidade agitada, para os shows pós-apresentações, e nova-
mente iriam ter um agito imenso, com baterias, com shows de esco-
las de samba, de nomes locais, em todos os estilos musicais.
O agito do cobrir o evento pelo Globo Play, em três endere-
ços, e tudo preparado para cobrir os shows em cinco endereços.
João sai do escritório e olha para o segurança o alcançar a
chave do carro, entra num Landau Azul Escuro, flocado, pega o car-
ro e vai a direção do Sambódromo da Sapucaí, e verifica todos os
andamentos, estava ali a falar com Bonifácio quando o prefeito, que
João falara muito pouco, chega ao local e o cumprimenta.
— O empresário mais difícil de falar da cidade.
400
— Problemas prefeito?
Ele olha em volta e fala.
— Não, mas teria um tempo para conversar senhor Mayer?
João olha para o prefeito e fala.
— Sim, só um momento. – Olha para Bonifácio e fala – Coloca
ao vivo nos 5 canais na internet, o termos conteúdo exclusivo, gera
um aumento de contratos firmados.
— Sem problema, vim ver se estava tudo ok aqui, as vezes es-
ta coisa de tocar duas empresas me deixa confuso. – Bonifácio des-
conversando, João olha o prefeito e sorri.
— Ser disputado no mercado gera isto, deixa eu fazer politica,
sabe que odeio política. – João tirando sarro.
Eles descem e vão a praça de alimentação do local, o prefeito
olha o agito e João senta-se e o prefeito olha para o assessor e sen-
ta-se ao lado.
— Boa tarde, sei que não nos conhecemos senhor Mayer,
mas as vezes é bom saber o que um empresário pretende na nossa
cidade. Passamos prospectos que acho positivo, mas as vezes é bom
conhecer o empresário por traz disto.
— Boa tarde, empresário geralmente quer ganhar dinheiro,
as vezes perdemos, mas tentamos sempre ganhar dinheiro.
— Os institutos ambientais estão me pressionando para tirar
as licenças ambientais do porto, e não sei qual seria sua reação.
— Perderia dinheiro, com certeza. Embora estejam todos dis-
postos na legislação atual.
— E como posso ajudar para que não perca dinheiro senhor
Mayer? – Um assessor, atravessando a conversa.
— Eu cumpri todas as exigências legais para instalação do
porto, se me tirarem as autorizações, primeiro tento me colocar nas
regras, depois, vou saindo da cidade aos poucos, não tenho apenas
este porto a tocar, e talvez tente em outro lugar.
— Não aceita ajuda, não entendi. – O rapaz.
— Eu cumpro leis rapaz, e a lei equipara empresas, mas você
me oferece algo, alguém interpreta que foi um favor, eu sou proces-
sado criminalmente e o prefeito vai a corte especial para analise,
então eu evito, sou apenas um Brasileiro que sonha alto, mas um

401
dia, espero mesmo que este país seja um local com empregos, com
pessoas felizes, e menos burocrático.
O prefeito sorri, gostava desta posição.
O assessor olha para João, e fala baixo.
— Mas podemos garantir a continuidade das obras, apenas as
vezes precisamos de apoio mutuo. – O rapaz.
— Apoio mutuo? – Mayer.
— Uma ajuda de campanha, um agrado, sabe do que estou
falando. – O rapaz fala baixo, a cara de assustado do prefeito, dizia
que ele não fora ali para isto.
João olha serio para o rapaz e fala.
— Não, não sei do que está falando, começo a me arrepender
de ter colocado dinheiro na campanha – ele olha para o prefeito –
do senhor, mas eu obedeço a lei, se o instituto ambiental forçar a
barra e tirarem minha licença de funcionamento do porto, eu ape-
nas escolho outro porto, o Brasil é imenso, e se a ideia é pedir pro-
pina para não atrapalhar, eu não pago, já disse porque, e se acham
que não querem minhas empresas nesta cidade, vocês são o poder
executivo, é só dizer que não me querem aqui.
— E não pararia? – O assessor.
— Mudaria de endereço, parar eu não consigo, nem que ten-
te, sem me arrastar algum tempo na avenida da vida que construí,
isto é reflexo da velocidade que tomamos, mesmo quando pisamos
no freio, demoramos para parar, mas se era este tipo de conversar
prefeito, não perca tempo, e se acha que estou atrapalhando, eu
escolho outro lugar para transformar em minha casa.
O assessor parecia não querer desistir e fala.
— Mas assim nos força a não querer o senhor na nossa cida-
de, as vezes vocês tem de entender quem manda.
O prefeito olha o assessor e fala.
— Quer dizer, quem obedece, pois não manda rapaz.
João apenas faz sinal para Paulinho na ponta e se levanta e
estica a mão para o prefeito.
— Deixa eu sair antes de discutir com seu assessor, passar
bem prefeito.
João se retira, deixando uma vivencia ali, o assessor olha para
o prefeito e fala.
402
— Um nada se achando grande coisa.
O prefeito olha em volta e fala.
— Ele está longe de ser um nada Silvino, e não se ameaça um
empresário. Não é nossa função atrapalhar, nem ameaçar.
— Não sei porque insistir nestes pé-rapado ligados ao carna-
val prefeito.
— Ele não é um pé-rapado, mas vi que escolhi a forma errada
de trazer este senhor para o nosso lado.
O assessor olha João subir ao fundo e pergunta.
— Ele pensa que vai onde?
— Ele tem a concessão deste lugar por 10 anos, ele vai a dire-
ção, mas vamos a prefeitura, ainda não entendi tudo que este se-
nhor vai fazer este ano.
O prefeito se retira e João sobe a direção, pega a gravação da
conversa com o prefeito e salva no seu servidor, fica a olhar todo o
agito de pessoas chegando ao local.
João sabia que estava prestes a inaugurar mais duas passa-
gens para Niterói por baixo da baia, já tinha duas e queria ter mais
duas, ele olha o agito no porto, com muita gente, cartazes, carros,
palavras de ordem, palavras que parecem bonita, a primeira vista,
mas que tinham nitidamente a intensão de parar tudo.
João liga para Bonifácio e pede para cobrirem com toda a mí-
dia local as manifestações nos portos.
Bonifácio nem sabia do que se referia, e foi com um dos gru-
pos para o porto, e um segundo grupo chega a eles, e faz toda a
reportagem, gente ligada ao Partido Verde e ao Partido dos Traba-
lhadores e a uns grupos ambientalistas Mundiais.
A reportagem no intervalo das duas novelas, do jornal esta-
dual, dava destaque ao agito na cidade e a manifestação e a afirma-
ção de que a empresa não retornou.
João olha a reportagem, os senhores sendo destacados, e to-
da a linha de pessoas que eram contra aquela obra, as afirmativas,
as considerações e a colocação do secretario de meio ambiente do
município que fala que iriam estudar as reclamações.
João sobe para o heliporto e se manda para a região sul, des-
ce na cobertura de Micaela e vê ela olhando ele sorrindo.

403
— As vezes você agita tanto que alguns querem aparecer a
nossas custas.
— O prefeito foi pedir apoio – João olha ela e levanta a mão
esfrega o polegar no indicador – e logo após começa a manifesta-
ção, mas ainda não quero bater.
— E vai fazer o que?
— Esperar eles se mexerem, a nossa parte está em funciona-
mento, mas eles fizeram a manifestação na parte publica do porto,
ali não tem nada funcionando, ao fundo se vê o porto nosso em
funcionamento sem parar.
— E se não o pararem não vai falar muita coisa?
— Acho que eles não entenderam, a concessão foi dada, os
alvarás liberados, a parte jurídica disto é bem mais complicada do
que apenas o caçar de uma concessão, eles nem falaram dos pontos
piores, como Ilha do Fundão.
Micaela abraça ele e pergunta.
— Vai a bagunça?
— Pensando em pedir algo para comer e dormir cedo hoje.
Ela o abraça e fala.
— Cuido de você.
Mayer sorri e curte em família aquela noite.

404
Duas semana e meia se passam,
João olha para fora pela janela do prédio
e Micaela o abraça as costas.
— Pensando?
— Tentando manter os pés no
chão.
— Acha que eles vão pegar pesa-
do?
— Pensando, mas temos show na
ilha do fundão que podemos ter de
transferir, eles querem pegar pesado
naquilo.
— E vai fazer o que?
— Esperar a entrega da determi-
nação.
João olhava o relógio, era madru-
gada para os demais, para ele, 8 da ma-
nha ele já estava cansado de esperar.
Paulo recebe a determinação e li-
ga para João, antes de qualquer coisa.
— Estão pedindo o cancelamento das licenças de funciona-
mento da empresa na Ilha do Fundão, obras em andamento do por-
to, estudos ambientais dos prospectos de travessia subterrâneo.
— Todos?
— Sim.
— Espera o fim do dia para entrar com prospecto de tempo
de adaptação e recorrer das determinações.
— Sabe o problema?
— Sim.
João liga para 22 pessoas, e era próximo das 9 da manha
quando fecham a passagem para Niterói, as duas prontas, param a
circulação de uma linha de metrô que passava por baixo da baia, os
caminhões que entravam e deixavam os resíduos de plástico na ilha
do fundão para reciclagem, começam a fazer fila, no site de um
show do fim de semana seguinte, a informação de cancelado, que
405
estavam devolvendo os ingressos já vendidos, o mandar de gente
para as obras e a pararem, estabelecia parar o porto do lado da
Capital.
Deu meio dia, e o Jornal Estadual entra ao vivo com o tumul-
tuo no Ponte Rio Niterói, e a frase na entrada dos dois lados, com a
determinação, com o nome do Juiz que determinou, pedido por
quem pediu.
O juiz viu que o parar daquilo, gerou problemas de muitas
perguntas, e obvio, o prefeito que apoiou, começa a ver o tumultuo,
e ele olha o assessor.
— E agora?
— Eles não podem fazer isto Prefeito.
— Vocês querem pressionar alguém que não está nem ai para
vocês, pior, o juiz e o secretario, vão precisar dizer a que vieram,
pois é fácil dizer, pare, ele para. – Prefeito.
— Acha que eles não vão recuar?
— Eles vão pedir juridicamente, mas eles pararam, pior, é que
vou ter de pensar no que vocês querem antes de continuar.
— Mas...
— Vocês que se resolvam, eu não vou assinar embaixo, e ob-
vio, amanhã eu vou ter de ver qual a minha posição, pois isto vai
feder.
O assessor viu o prefeito sair e olhar dois rapazes ao corredor
e pergunta.
— O que eles querem?
— Não sabemos, mas o que fazemos prefeito.
— Entra com representação contra a determinação da secre-
taria de meio ambiente, não era para parar o que pararam.
— Não entendi.
— Quando o secretario do Meio Ambiente e Conservação
atender meu telefone, eu faço algo, pois ele não está me respon-
dendo, vamos ter problemas.
— Não entendi.
— Eu quero os alvarás de funcionamento amanha cedo resta-
belecidos, se alguém me falasse que eles iriam parar a coleta de
plásticos e reciclagem deles, e a passagem subterrânea entre os
dois lados, eu tinha os detido ontem.
406
O rapaz entendeu, algo que era positivo e não era uma boa
briga a tomar.
O prefeito passa na secretaria de Meio Ambiente e Conserva-
ção, o pessoal disse que não sabiam onde o secretario estava, então
ele apenas passa um recado para o secretario.
“Nem precisa aparecer amanha, já terá outro no seu lugar, se
para fazer merda está disponível, para atender ao prefeito não,
então nem aparece amanha, pois amanha não preciso mais de você
aqui, nem precisa esvaziar as gavetas, isto fazemos por você!”
Os rapazes veem o pessoal entrar na sala e começar a por em
gavetas e trocar o nome na porta, os servidores olham desconfia-
dos, mas muitos tinham birra com Mayer.
O prefeito olha o rapaz chegando e foi conversar com ele, e
que precisava que entrassem em contato com a empresa MD
Transportes e passasse a nova determinação.
João estava em casa novamente, quando recebe a ligação do
rapaz da empresa dizendo que o Secretario de Meio Ambiente caiu
e que os alvarás obtidos anteriormente eram validos, e que o atual
Secretario considerava todas ativas.
O prefeito olha para os rapazes na prefeitura, fim de dia, vai
para casa, e se prepara para o dia seguinte, gente querendo parar
algo que lhe daria receita, ele não entendia, todos deveriam estar
contentes com o crescimento tanto industrial como turístico da
cidade e continuavam indo contra.
O prefeito chega em casa e olha a esposa.
— Problemas amor?
— Eu dei corda para algumas pessoas, e alguns resolveram
por no pescoço e pular.
— Está falando de quem?
— De assessores e secretários, que deveriam priorizar a cida-
de e estão querendo fazer politica com isto.
— Ouvi um monte de critica.
— Sei disto, mas amanha vou tentar verificar de perto.

407
O Bom Dia Rio começa sedo e o
repórter mandado a região da Ilha do
Fundão, onde havia as filas de cami-
nhões para estrega no dia anterior, esta-
va normalizado, e o repórter chama o
repórter que apenas fala.
“Bom Dia Roger, estamos aqui na
entrada da entrada da Recicla Rio na Ilha
do Fundão, aparentemente voltou a
funcionar e não temos ainda a posição
da direção, mas as filas de reciclagem já
não tomam as ruas.”
O apresentador na direção res-
ponde.
“Quando tiverem a posição da
empresa, voltamos com você ao vivo!”
Na direção da Globo Bonifácio liga para Ma-
yer e pergunta.
— Teremos uma posição Mayer?
— Sim, manda alguém para a prefeitura.
— Não entendi.
— Eu nem pedi nada ainda Bonifácio, mas caiu o secretario de
Meio Ambiente e Conservação, e é bom saber quem por holofote,
atrapalhariam a cidade. E alguém passou sobre suas funções, pois
analise não é caçar licença de quem tem permissão de funciona-
mento.
— Sabe quem é o novo secretario?
— Ainda não.
— Duvido.
— As vezes não olho para não saber, a surpresa é boa as ve-
zes, e pode ter certeza. Agora tenho de desligar.
João desliga e entra para a aula, na Universidade.
O diretor do Bom Dia Rio olha Bonifácio ali cedo e para ao la-
do dele e pergunta.
— Sabe o que está acontecendo Boninho?
408
— Pelo que entendi, ontem fim da noite o secretario de Meio
Ambiente foi trocado, um juiz tinha entrado junto a secretaria pe-
dindo a analise das licenças, e o secretario simplesmente caçou as
licenças sem olhar os processos, isto parou a travessia, parou o por-
to, parou a Recicla Rio, parou até eventos que estavam marcados
para ontem a noite na PACIF.
— Então acha que o prefeito cedeu a pressão do empresário?
— Eles nem se falaram ainda, ele cedeu a pressão das pessoas
que perderiam emprego com o parar das empresas.
O rapaz estava tomando um café em um copinho de plástico
e fala.
— Mas eles tem de se adaptar as regras, eles não podem
apenas destruir a natureza e ninguém fazer nada. – O redator do
jornal da manha.
Bonifácio pega o copinho da mão dele e fala.
— Então aprende a reciclar este copinho, pois gente que se
diz ecologista, tem de dar o exemplo redator.
O redator olha atravessado e pergunta.
— Não entendo porque as vezes batemos forte e as vezes nos
contentando em apenas narrar, ele comprou espaço aqui dentro
por acaso Bonifácio? – Redator Rogerio.
Bonifácio riu e falou.
— Se Mayer estivesse a sua frente Redator, ele iria lhe irritar
nesta hora, perguntando se comprou seu diploma, se é filho do
dono, se realmente pensa assim ou repete sem pensar acusações
vazias.
— Parece o conhecer direito, sei que trabalha também para
uma empresa de marketing dele, mas minha formação não está em
discussão.
— Certo, perguntas básicas da cidade, quem despoluiu a La-
goa Rodrigo de Freitas?
— A prefeitura.
— Não, a Recicla Rio, em apoio a prefeitura. Quem recicla ho-
je, 84% do plástico usado na cidade?
— A empresa do rapaz.
— Quem brigou com ambientalistas e tirou toneladas de su-
jeira da Baia de Guanabara?
409
— Dizem que não foi tanto assim.
— As dragas na Recicla Rio tiram ainda hoje, 18 toneladas
semanais de lixo da baia, e estão a 3 anos fazendo isto. Quem im-
plementou a mudança de toda a iluminação da cidade para Led,
com uso do Sol e do Vento como grandes fornecedores de energia.
— Isto não foi ele, foi a Secretaria de Meio Ambiente e Reci-
clagem.
— Quem produziu as 7 milhões de lâmpadas com controle de
gastos e de luminescência, foi a Recicla Rio, que por sinal usa o
mesmo sistema para gerar Réguas, Estojos, Canetas, Lápis e Mochila
para 45 mil estudantes da rede municipal. Mas quem investiu na
reforma de mais de 100 comunidades pobres na cidade.
— Está querendo falar que foi a empresa daquele rapaz, mas
isto não dá direito a poluir por isto.
— Certo, tem certeza que não está recebendo dinheiro de
ninguém para odiar o rapaz Rogério?
Rogério olha assustado.
— Me acusando?
— Se tem formação, sei que não é filho de um dos donos para
ser indicado, só pode ser econômico.
Rogério olha atravessado.
— Sabe que não manda tanto aqui Bonifácio, pode ter sido
indicado presidente, mas estou nisto a mais tempo que você e sei
meu papel aqui.
— Então corra atrás das informações, iria lhe facilitar, mas se
acha que sabe tudo, corre, pois está perdendo a noticia da manha.
Rogério olha Bonifácio se afastar e pergunta para a moça ao
lado o que ele quis dizer.
Ela olha Bonifácio e fala.
— Ele teve a pachorra de ligar para o senhor Mayer e pergun-
tar a posição pessoal dele, não ouvi a resposta, mas ele perguntou
depois se ele sabia quem seria o secretario, não sei o que o senhor
Mayer falou, mas a ligação foi tão rápida que não saberia nem se o
senhor não desligou do outro lado.
O redator olha para Bonifácio saindo, e pensa que ele come-
çara falando que o secretario caiu, a retomada das coisas estabele-
cia isto, ele olha os rapazes e pergunta para o que estava em conta-
410
to com o repórter a frente da moradia oficial do prefeito se ele ti-
nha algo.
A reportagem pega o prefeito saindo da residência oficial e
um rapaz pergunta, da Band.
— Senhor prefeito, o que teria a falar sobre o dia de ontem,
falam que cassaram as concessões da Recicla Rio?
— Ontem alguns não me atenderam, até o fim do dia tentei
falar com o secretario de Meio Ambiente e ele não me retornou,
fiquei sabendo que foi determinação a cassação das concessões, o
Judiciário mandou avaliar os processos e as concessões, não caçar e
parar obras, a contra gosto troquei ontem no fim da tarde o secre-
tario de Meio Ambiente, cancelei as determinações dele referente a
coleta e tratamento de lixo, referente a ligação subterrânea entre a
cidade do Rio e Niterói, referente ao funcionamento de 12 parques
temáticos, 3 hotéis, duas linhas de produção naval, e da PACIF, des-
culpa mas quem foi eleito fui eu, não o secretario, para ele tomar
uma decisão arbitraria, que gera acumulo de lixo em ruas, praças,
rios, quer se dizer Meio Ambiente e conspira para voltarmos ao
estado anterior ao sistema atual de coleta de recicláveis?
—E quem será o novo secretario?
— Estou com um temporário, que subiu da Rio Luz, mas de-
vemos determinar o novo secretario ainda pela manha.
— Não tem um nome escolhido ainda?
— Talvez não seja um nome, e sim um grupo estabelecido pa-
ra cuidar do andamento desta pasta, muito importante para a cida-
de.
O repórter da Globo olha o prefeito e pergunta.
— Qual a pressão do empresário Mayer nesta sua tomada de
atitude prefeito.
O prefeito sorriu e respondeu.
— Não consegui falar com ele ainda, para explicar o mal en-
tendido, se vocês são contra uma empresa que gera empregos,
obras e limpeza na cidade, o meu governo não tem nada contra isto,
e duvido que qualquer Carioca, tenha.
— Esta afirmando que não houve pressão?

411
— Sim, estou afirmando que não precisa de pressão para se
fazer o certo, estranho prefeituras que precisam de pressão, para
manter os empregos em suas cidades.
— Pretende falar com o senhor Mayer?
— Acredito que ele seja uma pessoa mais ocupada que eu,
pois ele gere discretamente, duas das 5 maiores empresas do país,
uma escola de samba, e o terceiro maior grupo de educação do
país, eu sou apenas o prefeito do Rio de Janeiro.
O assessor que foi com o prefeito ao sambódromo, tentando
uma conversa, chega ao local de trabalho e viu que tinham trocado
o secretario, que o colocara ali, fica a esperar o prefeito, e um rapaz
olha para ele e fala.
— Silvino, sabe o que aconteceu?
— Não entendi, Thiago estava firme no cargo ontem pela
manha, mas parece que o prefeito o colocou para fora.
— O secretario não leu as próprias determinações, o prefeito
não tinha como não agir rápido Silvino, parar as duas novas passa-
gem para Niterói, gerou um tumultuo gigantesco ontem.
— Mas o que uma coisa tem haver com a outra?
— Pelo jeito não o assessorou, apenas ficou olhando, a con-
cessão de toda a obra referente a ampliação do aeroporto, constru-
ção do prédio da Recicla Rio, aterro da Ilha do Fundão, nova ponte
Rio Niterói, duas outras passagens subterrâneas para Niterói e São
Gonçalo, estão na mesma concessão dos hotéis MD e dos portos da
Marítima.
— Mas como secretaria do Meio Ambiente, temos de defen-
der a conservação, em prol do futuro da cidade.
O rapaz que pensou que Silvino não tinha parte nisto, mostra
que tinha e era favorável ao caos, não comenta e fala.
— Sei que o prefeito pretende reunir um grupo de pessoas
hoje, para tocar o todo da Secretaria, já que é nítido que é um dos
gargalos da cidade.
João assiste as aulas pela manha, alguns olham ele e como ele
evita falar de quem é, o nome ficou apenas como um João a mais, e
com o tempo ninguém se prende ao sobrenome.
Isto fazia João passar desapercebido em meio a muita gente,
lembra que começava a entender mais de calculo, pelo menos en-
412
tender a logica que algumas vivencias usavam para calcular aquilo
em sua mente.
João estranha ter gente em sua turma que tinha motorista
particular, carros chiques, e como os novos prédios da Engenharia
ficavam na Ilha do Fundão, ele deixava seu carro nos barracões da
Escola de Samba de um Homem Só, e caminhava até a universidade.
Talvez por seu jeito simples, alguns poucos lhe cumprimenta-
vam, e as vezes, ver nojo em auras, irritava.
João sai da aula quase Meio dia, e ao contrario de alguns, vai
ao Restaurante Universitário, para comer.
De sua sala, apenas 6 rapazes dos 60, almoçavam ali, ele lem-
bra da época do reformatório, as vezes a simplicidade facilita a vida.
Micaela no Curso de Direito, no centro, começava a formar
sua turma de amigas e amigos, qualquer distraído na cidade sabia
quem era Micaela David.
Enquanto ele almoçava no RU, ela almoçava com as amigas
no centro, e rapazes interessados tinham alguns.
Micaela senta-se em um restaurante próximo do prédio de
Direito e dois rapazes e uma moça estavam juntos e um dos rapazes
pergunta direto.
— Sério que alguém tão inteligente e dinâmica, vai se conten-
tar em ficar presa a um casamento.
Micaela sorri, ela não queria discutir, mas ver auras também
fazia ela ver o interesse, e sorri.
— Dinâmica me acho um pouco, inteligente... – ela para um
pouco pensando – ...acho que tenho de estudar muito para conse-
guir este titulo.
A moça ao lado pergunta.
— Serio que é casada?
— Tenho 3 filhos, por mais que as vezes pareça fácil, são
meus maiores tesouros, e casamento que é uma prisão, não é um
casamento.
— Mas dizem que seu Marido é um Carnavalesco. – O rapaz
de nome Carlos.
— Meu marido, é meu marido, se vai casar com alguém por
grau social, não seria comigo também, pois sou filha de Bicheiro.

413
O rapaz viu que Micaela colocou seu pai nisto, e não queria
discutir, mas sabia que o rapaz queria algo, e ouve ele falar.
— Seu pai conquistou o respeito da sociedade a volta, não
entendo, sei que as vezes é fofoca, mas falam que você casou com
um rapaz do Barracão do seu pai.
— Deixar claro que nossa união não é formal, e sim, João Ma-
yer, foi construtor de carros alegóricos, mas falar dele apenas por
esta parte, acho falta de caráter.
— Desculpa a arrogância Micaela, mas falam que ele deu um
senhor golpe do baú.
Micaela olha para o rapaz, tentou conversar, mas já era a ter-
ceira vez que o assunto voltava a isto, e não estava querendo conti-
nuar isto.
— Golpe do baú, juro que não entendo esta agressividade de
vocês com ele, mas eu não tenho nada ainda do que meu pai tem,
este golpe deve ter sido feito bem feito então. Só sabe falar sobre
isto, assunto chato. – Micaela.
A moça ao lado sorri e o rapaz parece querer ainda conversar,
parecia um caminho de alguns, Micaela as vezes cansava disto.
Micaela olha para a reportagem ao fundo, pega seu celular e
coloca na reportagem e assiste e sorri, pois dali não ouviria a repor-
tagem, Carlos olha para ela e pergunta.
— Dizem que seu Marido destruiu toda a dinâmica da Baia de
Guanabara.
— Quer dizer eu fiz? Meu pai fez? Pois estranho quando na
acusação é ele, nas glorias, nada.
— As vezes parece saber o que esta acontecendo, mesmo pa-
recendo descontraída.
Micaela sorri sem olhar para a porta, onde Paulinho dava se-
gurança, ela termina de comer, se despede e o rapaz pergunta.
— Não quer uma carona?
— Não precisa. – Micaela se levanta, olha para Paulinho a en-
trada que faz sinal que era seguro, dois rapazes surgem a calçada,
um carro para, Paulinho abre aporta para ela, ela entra e um carro a
frente e um ao fundo do carro de Micaela saem.
Carlos olha para Roberval ao lado e fala.
— Pelo jeito ela achou o assunto chato.
414
Roberval olha para o amigo, já do cursinho e fala.
— Tem de falar de outra coisa que não seja o marido dela.
— Meu pai diz que o rapaz é um zero a esquerda, sem classe.
Ketlen a mesa olha Carlos e fala.
— Garanto, o acionista majoritário da Recicla Rio, da Maríti-
ma, sócio em 50% da MD Inc. seria um senhor bom partido, poucos
o conhecem para dizerem que ele é um zero a esquerda. – A moça
olhando Carlos.
— Muitos dizem que todo este dinheiro é da família da moça
ali, dizem que ele é um administrador, não um sócio.
Ketlen que viu a amiga sair pois o assunto estava chato, sorri,
já ouvira nos poucos meses de aula, muitos falarem isto de alguém
que nem conheciam.
Micaela chega em casa, e João logo após, ele sorri e ela fala.
— As vezes me irrito com estes rapazes.
— Problemas?
— Me olham como uma mina de ouro, não com respeito, e fi-
cam falando mal do meu companheiro.
— As vezes queria mudar as coisas, mas se inaugurando no
fim do ano passado o maior complexo naval do país, muitas coisas,
eles não mudaram a forma de me olhar, não sei o que fazer.
— Sabe o que aconteceu na prefeitura?
— Não, tentando não olhar.
— Mas a noticia diz que estamos funcionando normalmente.
— Acho que tem alguns lá na prefeitura que me respeitam,
mas alguns, criaram ódio por mim.
Na prefeitura o Prefeito olha os diretores dos 3 grupos que
tocavam a Secretaria de Meio Ambiente e Conservação e fala.
— Boa tarde, queria apenas deixar uma coisa clara, e sei que
alguns não entendem, mas sou Carioca, e não entendi porque da
ação anterior vinda desta pasta, contra empresas locais, que geram
impostos na cidade, e não tenho nada contra gerar recursos inter-
namente, afastei o Secretario Thiago, pois a determinação era veri-
ficar a legalidade das concessões, não para cancelar o maior inves-
timento na cidade do Rio de Janeiro dos últimos 100 anos.
— E quem pretende colocar na direção da Secretaria.

415
— Achei que estávamos no caminho, pois estávamos com a
obra no Caiçara com a parceria com o clube entregando mais um
mês de Lagoa no verde, estávamos com os prospectos de ilumina-
ção publica terminando de substituir as ultimas um milhão de lâm-
padas das ruas para Led, estávamos firmando os acordos da Rio Luz,
com 300 comunidades que teriam as ruas iluminadas e teríamos a
sobra de energia cedida as comunidades, a parte de reciclagem de
plásticos e poda, gerando cadernos, lápis, réguas, com retorno posi-
tivo de algo que me falaram quando era candidato e não acreditava,
que teríamos como ganhar dinheiro com o lixo da cidade, e não
entendi, alguém sabe porque do acontecido?
Todos na sala se olham e Silvino que estava ao fundo fala.
— Tudo isto por uma parada de meio dia prefeito.
— Acha só Silvino?
— Tomando as dores de um empresário.
— Deixar claro a todos, Silvino é assessor de Thiago e não faz
mais parte da secretaria, pois ele não tem para cobrir o rombo de
ontem, e se não entenderam, tínhamos um show na PACIF que foi
cancelado, 300 mil ingressos na media de 190 reais, o ISS apenas
deste evento, nos tira dos cofres da prefeitura, mais de um milhão e
setecentos mil reais, e não podemos ter pessoas que pesam contra
a cidade como assessores, e se não entendeu Silvino, é burro, outro
dia dei corda, para ver onde vocês iriam, mas pensei em algo que
passasse na minha mesa antes de vocês pararem dos tuneis, um
show, um dia de funcionamento da Marítima deve ter dado mais do
que isto em prejuízo, tanto para eles como para nós, foram 12 porta
contêineres que desembarcaram em Niterói, sei que foi mais de 13
bilhões de dólares em produto que desembarcaram e embarcaram
na cidade ao lado, fluxo diário deles, quando falam que eles trans-
portam ali 4 trilhões de dólares em produtos ano, atrapalhamos um
dia, e não poderia deixar a irresponsabilidade atrapalhar mais que
isto.
— Mas e a preservação da Baia. – Silvino.
O prefeito olha para o segurança e fala.
— Poderiam retirar este senhor, com educação, estamos em
uma reunião para resolver o problema gerado, não para continuar
em uma birra de analfabetos econômicos.
416
Silvino olha assustado, o prefeito o colocando para fora, ele
pensou que não chegaria a isto, mas os demais viram que era serio.
— Se mais alguém acha que deixar o povo deteriorando e jo-
gando o lixo onde bem entende, no lugar de o reciclar, dar emprego
aos povo, para eles não deteriorarem matas da cidade, em prol de
um marketing pessoal fala agora, não vamos voltar ao antes, leva-
mos sorte de alguém transformar este problema em lucrativo, e
sem o problema, não vou voltar a ele.
Todos estavam olhando o prefeito, pareciam pensar, e o sub
secretario da FPJ olha o prefeito e pergunta.
— Não entendemos o problema ao todo prefeito.
— Não existe o problema, não para o nosso governo, toda a
legislação que permite a obra e os investimentos, foram feitos pela
prefeitura anterior, então espero que não atraiam o problema para
nós, está funcionando, e temos de ir do ponto que está para algo
melhor, não pior.
— Alguns estranharam o aprovar da obra no Caiçara.
— Quem e o que estranham?
— A disposição da obra, alguns falam que é um dispêndio
muito grande para apenas Carnaval.
— Aquilo não é carnaval Guto, o projeto é de implementação
de um clube desportivo, que terá seu time local de Vôlei, Basquete,
Futebol Americano, Tênis, Natação, Futebol, Canoagem e Atletismo,
a instalação ali, tem área de cobertura vegetal equivalente a área
que ocupa, um sistema de retenção de líquidos na chuva, a soltando
após a chuva.
— Está falando que o Clube Caiçara vai ter tudo isto?
— Eles criaram o Clube Recreativo Beija Flor, na Ilha do Caiça-
ra, eles estão naquele projeto pessoal de Mayer e Micaela, de am-
pliação do leque que abrangência deles, por eles terem colocado
este nome, poucos leram o prospecto Guto.
Guto olha a determinação e o prospecto e fala.
— Vamos ter um museu e uma biblioteca no local?
— Também.
— E referente os sistemas nas comunidade, referente a luz
elétrica? – Secretario Jacson da Rio Luz.

417
— Estamos com um sistema em implantação, eu estranho a
forma que este pessoal age pessoal, mas temos 4 favelas que eram
basicamente na altura do mangue que tinha lá, e gostaria que
olhassem atentos estas obras, pelo que entendi, eles vão erguer
perto de 7 metros as ruas, e preciso que me observem, mas não
parem se for positivo, pois temos problemas de enchentes e muitas
doenças nestas regiões, que 7 metros acima, podem nos facilitar.
O secretario da FPJ olha para o prefeito e fala.
— Vi a parte que eles começaram, alguns chamam de Veneza
Brasileira, mas eles geraram uma linha alta, de concreto, onde as
bases estão sobre o mangue e acima disto levantaram predinhos
simples, mas de 4 piso, não sei se eles terminam prefeito, mas 70%
da favela da Maré, agora é bairro da Maré.
— E acha que teremos problemas ambientais ali?
— Parte do mangue deve voltar a se estabelecer por baixo da
estrutura, eles colocaram tanto controle para enchentes, como sis-
tema de captação de esgoto, os prédios estão cobertos de placas de
captação de energia, e algumas estruturas parecem se erguer, ainda
sem implementação, mas parece que vão por sistemas para energia
Eólica lá também.
O prefeito olha para Jacson e pergunta.
— Sabe qual a pretensão?
— Alguns corredores baixos das bases, eles colocaram siste-
mas que enchem nas marés e sobem na saída da agua, o prospecto
que eles entregaram para a Rio Luz fala em 20 mil residências com
sistemas de captação por painéis fotoelétricos, mil sistemas de cap-
tação de energia Eólica, postes com duplo sistema, eólicos e fo-
tovoltaicos, em todas as ruas, e este sistema que funciona como se
fosse obtenção de energia por maré.
— Uma fabrica de ideias?
— Uma região quase autônomo a nível de produção e gastos
de energia. – Jacson.
— Algo irregular? – Prefeito.
— Não, eles estão dando possibilidade de controle sobre uma
área que era totalmente descontrolada.
— Alguém sabe o que o antigo secretário queria?

418
Ninguém fala, tinha naquela pasta uma atenção reforçada a
cada ano, por economia, ecologia e reciclagem.
O prefeito olha os demais e fala.
— Vou tentar entrar em contato com alguém que pode assu-
mir, se aceitar a Secretaria, e deixar novamente claro, não tenho
nada contra quem de uma forma empresarial, ajuda no melhorar da
nossa cidade.
— Acha que eles vão avançar por onde?
— Pelo que entendi do cronograma, final de ano, eles come-
çam com a inauguração da segunda ponte, provavelmente eles vão
inaugurar o total do porto deles em Dezembro, e 40% do aumento
do porto publico, junto com a ponte a terceira passagem subterrâ-
nea da baia, temos obras desta empresa, em mil comunidades, ouvi
alguns falando que depois de anos, mil comunidades iriam virar mil
vilas ou bairros a mais na cidade.
— Vamos verificar as coisas, o senhor pretende definir o novo
secretário até quando?
— Até o fim do dia.
João estava sentado a sala da cobertura de Micaela, olhando
para fora quando Micaela olha para ele.
— Problemas?
— Mais um prefeito tentando se aproximar.
— E acha que não dá para ajudar?
— A Faculdade tem tirado a manha, e as empresas e barracão
parte da tarde e noite, quando é a pergunta?
— Certo, mas já falou com ele?
— Ele queria uma coisa, mas pelo jeito deu a entender a pre-
tensão de aproximação para um grupo interno do partido dele, que
tentaram me afastar, primeiro tentando me subornar, depois ten-
tando nos parar.
— E não leva ao pessoal mesmo.
— Não ganho nada levando para o pessoal, de pessoas que
não me conhecem Mick, eles não sabem quem sou para ser pessoal.
— E o que acha que o Prefeito quer?
— SECONSERMA. Mas estou mais para SMDEI!
— Ou Urbanismo?
— Urbanismo acho muito para mim!
419
— E não quer voltar ao Meio Ambiente?
— Não tenho mais ideias novas neste sentido, pode ser, mas
entra na forma que tocamos as coisas Mick, temos as ideias e colo-
camos para funcionar, não ficamos fazendo o dia a dia.
— Você faz o dia a dia.
— Eu trabalho com as mãos, para pensar no que preciso que
os demais façam.
O telefone de João toca e era Camargo da Marítima.
— Fala Camargo.
— Liberaram o funcionamento, mas o prefeito quer conversar
com você, em local neutro.
— Existe isto? – João.
— Não sei, mas não entendi a ideia.
— Também não, qualquer coisa marca onde ele achar me-
lhor.
Camargo desliga e liga para o Prefeito.
— Boa tarde, prefeito, não sei qual a ideia?
— Ele teria tempo?
— Tempo se abre na agenda, geralmente tem sido a tarde,
ele colocou na cabeça que quer fazer faculdade, e tem tentado com
vontade.
— As vezes as pessoas querem evoluir, mas onde acha que fi-
ca melhor?
— Escolha o local prefeito.
— Ele vai sozinho?
— As vezes é bom conversar antes de ter gente tentando
atravessar as coisas prefeito, mas ele conversa prefeito, mas indi-
que um local e quando?
— Teria como ser hoje, na residência oficial as 5 da tarde?
Camargo olha o relógio e fala.
— Vou tentar, não sei prefeito, mas ligo para o senhor na se-
quencia.
O prefeito marca e João pega o helicóptero e voa até o local,
uma coisa era chegar de carro, outro chegar de helicóptero, ele é
recebido pelo prefeito que o conduz a sala de reuniões daquela
casa, João estava apenas com um pequeno computador na pasta e
seus prospectos ainda em andamento.
420
João olha o prefeito e estica a mão.
— Não entendi o que pretende prefeito?
— Não sei se tem interesse, mas estava lendo o prospecto da
empresa que propôs ao antigo prefeito, e a câmera dos vereadores
não aprovou, você desviou e todos os planos colocou em uma em-
presa que ganhou destaque mundial, e a pergunta, teria interesse
em retomar aquele projeto?
— Retomar? As vezes avançamos e perdemos o tempo de al-
gumas coisas, mas em que sentido ficou interessado naquele pros-
pecto, já que parte dele, como revitalizar e reviver as lagoas, estão
já prontas, apenas em manutenção, a reciclagem de plástico, assumi
como ponto pessoal, muito do que desenvolvemos, foi baseado em
prospectos de estudo e trabalho dos últimos 2 anos.
O prefeito olha João, ele era simples e pergunta.
— Pretende mesmo terminar todo o investimento nos portos,
sei que alguns acham maluquice isto.
— Sim, boa parte dos recursos que me transformam em in-
vestidor, saem desta obra, que poucos veem, mas que pretende se
tornar a maior empresa de construção náutica do mundo, o conjun-
to de portos, deve tornar a parte local, o maior porto do país, com
fluxo anual próximo aos 6 trilhões de dólares ano, mas para isto
tenho de acabar o prospecto, vejo que o governo do estado não
quer terminar a parte que lhes cabe, as vezes estranho ter espaço, e
estarem usando como estacionamento e estoque para contêineres.
O prefeito olha João e continua.
— Pelo que entendi, do prospecto, era a criação de uma em-
presa que transformaria a cidade em cidade ecológica, ruas arbori-
zadas, plásticos reciclados, transformação de passivos permanentes
em ativos permanentes, com projeto de ensino sobre reciclagem,
sobre ecologia, sobre futuro sustentável.
— A ideia era estruturar a cidade para crescer, ela estava pa-
rada, sem conseguir evoluir, pois apenas fantasiavam os problemas.
— Quer dizer que o prospecto era para gerar uma mudança?
— Eu coloquei hotéis voltados a baia, pois é possível agora,
antes cheirava a agua parada a baia.
— E acha que aquele prospecto não teria como ser continua-
do, vejo que parte do pessoal quer parar as coisas, e estamos eco-
421
nomizando com luz, estamos em uma curva que queria ir a frente, e
não voltar.
João pensa e fala.
— Sei que minha forma de pensar, é econômica, e isto é
transpassado para minha vida prefeito, eu gosto de prospectos de
crescimento, e obvio, metade deles pode ser preservação, outra
metade, industrial da pesada, então as vezes eu ando na corda
bamba de algo projetado para melhorar o meio ambiente e o cons-
truir de coisas pesadas, que requerem poluir.
— E acha que passou do ponto de implementar aquilo?
— Prefeito, o próximo prospecto era criar um segundo imen-
so porto em Guaratiba. Quando eu falo em prevenção, em manter
parte da cidade conservada tem de ver que acredito que manter as
pessoas trabalhando, é parte de manter as coisas.
— E acha que comportaria algo lá, sei que preciso de um
prospecto de crescimento, e parece que enquanto todos olham
para a Baia de um lado, pensa na outra?
— Prefeito, sempre dizem que para mim, o que importa é a
ideia, eu enquanto o prefeito anterior, tinha vários secretários que
não faziam nada, eu falava apenas com Paulinia, enquanto ela este-
ve lá, tivemos natal, tivemos muita evolução, mas em meio a uma
tentativa de desvio de recursos, acaba a afastando pensando que
ela me passava algo, as vezes as pessoas tem de entender, eu não
fico olhando, eu tenho muito a fazer, mas a ideia quando se fez o
prospecto, daquela empresa, era algo que começasse com o estru-
turar das divisões da secretaria de conservação e meio ambiente,
tinha um prospecto para puxar ideias de parcerias da secretaria com
o Urbanismo, com a educação, com a Infraestrutura, e com o Trans-
porte, pois o subir dos morros, o criar de estrutura onde ninguém
tem coragem, era um dos projetos, e é mais demorado do que criar
um porto a mais, pois são mil comunidades prefeito.
— Dizem que tentaram invadir dois terrenos que você criou e
deixou lá parado.
— Digamos que para os portos funcionar, eu preciso de por-
tos secos, os locais onde a carga que sair vai ser colocada, e onde a
que chega na cidade, possa ser colocada rapidamente em um trem
e despachada, sei que todos acham que a estrutura está grande,
422
mas tem de considerar que quero tirar pelo porto, próximo da pro-
dução atual nacional, em 10 anos.
— E acha que vamos crescer mesmo?
— A ideia, começarmos a mudar os prospectos, para modelos
como os três sambódromos, eles tem mais áreas verdes, do que
área local ocupada, o mesmo acontece na praça criada, todas as
regiões que criamos, estamos criando formas de atrair aves locais,
estranho que eu não acho que fiz muita coisa, mas fiz o que dava
para ser feito, todos falam que eu investi fortunas, eu faturei fortu-
nas, fazendo algo que todos achavam impossível fazer. Mas como
falo prefeito, o problema da cidade do Rio, é criminalidade gerada
por desigualdade social, o rapaz na Zona Sul nível mar, acha que o
mundo é um paraíso, o rapaz zona Sul colina acima, um inferno,
então quando falo em integração, é fazer o rapaz da parte chique,
achar que colina acima é um paraíso, dai estaremos numa cidade
boa, se eu estou na parte baixa, as pessoas são tão legais, que se eu
não falar com ninguém, continuo um desconhecido, se estiver coli-
na acima, se não falar com ninguém, nem subo, então temos duas
cidades, uma rica e uma pobre, uma isolada socialmente e uma
integrada socialmente, então eu acho que a saída está na integra-
ção das secretarias, para isto existe o prefeito, pois elas estão ali,
somente eu, no ultimo ano, somei em arrecadação para a prefeitu-
ra, próximo a um bilhão de reais, então eu peço apenas para não
atrapalharem, mas com certeza, se não colocaram as dividas ainda
em dia, é por não quererem.
— Pelo jeito o prefeito se deixou levar no ultimo ano por mui-
to dinheiro na conta.
— Assessores felizes, apoios felizes e povo contrariado, pior,
ainda acham que o ultimo ano foi de conquistas, pois muitas em-
presas fizeram milagre no ultimo ano.
— E não teria intensão de voltar a prefeitura?
— Tenho problemas de tempo, preciso crescer culturalmente,
sei que muitos acham que cultura se compra, eu acho que cultura
requer tempo, mastigar a informação. E preciso deste tempo, quan-
do se tem manha ocupada, tarde ocupada, fins de semanas ocupa-
dos e a noite tem muitas coisas a organizar, posso ajudar, mas ir
para uma secretaria acho impossível.
423
— Pelo jeito planos altos, não entendi, falou em algo em Gua-
ratiba?
— Eu pedi a liberação primeiro da ampliação das criações de
camarão, instalando como minha esposa fala, minha segunda fabri-
ca de camarão da Malásia, deixar claro que está em instalação, 500
tanques de camarão, tudo para nos garantir um tanque dia de ex-
tração, pedi o estudo através da Marítima a instalação de um porto
de contêineres na região.
— Um pequeno porto?
— Não, um porto que – João pensa um pouco e fala – devo
ter uma progressão do que seria – João pega o computador pessoal
e abre em uma pagina e fala mostrando a imagem.

— Sei que o estudo quer algo grande, mas é um porto para


receber ao mesmo tempo, até 37 navios.
O prefeito olha a imagem e fala.
— A parte em azul é os tanques?
— Sim, mas a ideia, ter fluxo e interligação, não perder um
carregamento por não ter por onde receber, mas um pouco a fren-
te, temos também o prospecto da AR, Aviações Rio, empresa que

424
tem como motivação a construção de aviões, helicópteros, mono-
motores, bimotores, jatos de pequeno, médio e grande porte.
— E onde iria instalar isto?
— Uma parceria que estamos assinando com a Aeronáutica,
como contrapartida, construir caças para a Aeronáutica.
— E onde seria esta construção.
— Este os prospectos estão mais básicos ainda. – Fala João
mudando de pagina.

O prefeito olha o prospecto e fala.


— Quer dizer que enquanto as pessoas olham o projeto da
baia de Guanabara, avança já no segundo sentido?
— Em parte, as vezes mesmo eu me assusto o sentido do que
andamos, mas a AR é uma empresa que surge agora, e ainda não
425
temos empresas de transporte, mas a ideia é termos tecnologia
para construirmos de caças a cargueiros, de monomotores a aviões
de 300 pessoas.
— Então vão a mais um mercado?
— Sim, vamos a um mercado diferenciado, quando se fala na
Marítima, ela quer construir Porta-Contêineres de 16 mil contêine-
res, a capacidade de construção na baia de Guanabara é de 30 su-
percargueiros ao mesmo tempo, como cada um é orçado próximo
de 130 milhões de dólares, é um mercado de 3,9 bilhões de dólares
a cada 40 meses, estamos nos protótipos ainda que venderemos no
ramo Aéreo, mas queremos conseguir pelo menos 10 ramos que
nos gere perto disto.
— E todos pensando em lhe parar de um lado, mas vão des-
poluir a baia de Sepetiba também?
— Sim, as empresas já avançam até Itaguai, a produção até
Angra, mas temos de avançar seguros.
— E teria o estudo do porto em Guaratiba?
— Sim, eu estranho quando falam que não posso produzir
tanto, e estou investindo em mercados deficitários no Brasil.
— E vai criar mais produção de camarão?
— Sim, estranho como os métodos de produção estabelecem
que não dava para criar, e somente nos tanques que estamos colo-
cando em Guaratiba vai sair 50 toneladas dias de camarão.
— Mais um prospecto de produção?
— Alguns, estamos gerando ao lado da base aérea uma linha
de mais de 20 mil tanques de criação de três tipos de mariscos, ten-
tando fazer com os mariscos o que fizemos com o camarão, mas
ainda estamos desenvolvendo os métodos, e tem muita gente estu-
dando as melhores formas, mas se der, vamos fornecer no mercado
mais este produto, mas este ano é o começar do fechar do prospec-
to da Baia de Guanabara e começar os investimentos em Sepetiba.
— Vai investir muito em Sepetiba?
— Sim, mas nem eu tenho ideia de quanto prefeito, são pros-
pectos sequenciais, mas temos um prospecto de venda de submari-
nos para a Marinha, porta Aviões para a Marinha, caças para a Ae-
ronáutica, e começarmos a tentar desenvolver o prospecto de in-
vestimento, vamos criar uma área de restrição aérea, e vamos ten-
426
tar ano a ano, a partir do ano que vem, uma altura maior, enquanto
os demais países investem em foguetes, queremos tentar, algo re-
volucionário, como o erguer do primeiro elevador espacial, mais isto
será já em parceria internacional, hora de sairmos do ponto de pa-
tinhos burrinhos e feinhos, para a posição que nos é parte.
— E pelo jeito pretende não apenas revolucionar o local, quer
um destaque mundial?
— Prefeito, tens uma representação que é sua indicação, na
ONU, quem conseguiu fui eu, tens uma cidade ecologicamente ca-
minhando, mas que ainda falta muito para ser perfeita.
— E quer mudar algumas coisas?
— Produzir faz parte, mas estávamos pensando estes dias,
em criar no Esqueleto, que tem na floresta da Tijucas, compramos o
imóvel e gostaríamos de somar ali um museu a Oscar Niemayer, e
se não permitirem, terão de deixar implodir, pois aquilo se não for
concertado, vai cair sobre a encosta em 6 anos e talvez a Casa Ca-
noa, que fica no caminho, seja destruída.
— Está falando em fazer ali um museu?
— Sei que a estrada é precária para grandes montantes de
pessoas, mas a ideia é ter um sistema bem abaixo na encosta, pre-
parado para subir ao local, sem entradas locais, apenas na parte
baixa da Montanha, pois não adianta resolver algo e acabar com
outro patrimônio.
— Certo, vou passar ao pessoal a proposta, pelo jeito alguns
acham que você vai parar e não tem pretensão.
— Prefeito, eu não tenho dinheiro para reformar todas as mil
comunidades carentes ao mesmo tempo, então estou tentando
fechar prospectos, mas preciso de mais de 20 anos para fazer tudo,
apenas nas comunidades, mas para que eu faça, preciso que as em-
presas deem lucro.
— Certo, e não teria interesse em ajudar a cidade.
— Eu tenho ajudado prefeito, eu investi nas comunidades nos
últimos 3 anos, mais que o governos local e estadual nos últimos 30
anos, mas sei que as vezes irrito ambientalistas, eu sei que parte do
prospecto não tenho como fazer, pois não é função da iniciativa
privada o fazer.
— E pelo jeito quer um ano a mais de conquistas?
427
— Prefeito, quando falei em iniciar a limpeza da Baia de Gua-
nabara, você chegava ao lado do Museu do Amanha após as chuvas
e via aquela leva de plástico, hoje, tem dia que se vê golfinhos cin-
zas, mas ainda falta limpar muito a baia, quando se fala na quantia
de plástico que temos, ainda na Baia, é imensa.
— Certo, e tem gente que quer parar isto.
— Quando começamos a incomodar, sinal que estamos co-
meçando a pisar em calos preguiçosos prefeito.
— E teria alguém que indicaria para fazer o trabalho, de man-
ter a ordem ecológica do município e não entrar em conflito com o
empresário do ano na cidade?
— Não me acho o empresário do ano, e acho que o problema
é fazer um prospecto de funcionamento e metas prefeito, pois eu
projetei partes que o prefeito executou e nem sabia ou lembrava
que foi prospectos de 3 meses que estive na prefeitura, mas tem de
ter alguém bom na Secretaria da Educação, alguém bom na Cultura,
alguém bom na Infraestrutura e Habitação, alguém bom no Urba-
nismo, e todos bem lincados com a secretaria de conservação e
meio ambiente.
O prefeito sorriu e fala.
— Você parece ter nascido para isto, estranho gente que faz
parte do meu grupo e nem sabe da existência destas secretarias,
mas não quer indicar alguém ao meio ambiente?
— Eu não conheço tantas pessoas prefeito, as vezes tem de
entender, muitos na cidade me chamam de inculto, de novo rico,
como se fosse errado ser um novo rico, mas poucos me conhecem,
e conheço poucas pessoas na cidade, eu me impus na prefeitura e
indiquei Paulínia na ultima vez e vi que isto pesou mais contra ela
que a favor, mas se me perguntar se poderíamos conversar sobre
metas, sejam elas na educação, seja elas na Cultura, seja ela na In-
fraestrutura e Habitação, seja no Urbanismo, seja no Meio Ambien-
te, sempre converso.
O prefeito sorriu e fala.
— Entendo, você funciona em metas, e pelo jeito quer uma
meta para o ano. Pois parece ter projetos.
— Minhas metas são impossíveis, por isto alguns acham que
estou crescendo, pois quero produzir no estado do Rio de Janeiro,
428
como meta de um ano, daqui a 4 deles, investindo em estrutura,
produzir um trilhão de reais ano em produtos, mas é que são muitos
caminhos a tomar, se eu vendo 10 transatlânticos, e parece uma
fortuna, quando comparado ao todo, é quase nada, quando se co-
meça a por os lucros da empresa de Mariscos como pequenas, e
elas estão na casa dos 20 milhões ano, mas é a meta, e posso não a
conquistar, mas é a meta que me faz crescer, é pensar no todo, e
como falava com alguns poucos amigos, se não der para subir os
livros pelas colinas da cidade, se não der para Urbanizar o caos das
favelas, se não der para melhorar um pouco a vida destas pessoas,
para que ganhar tanto.
— E pretende mesmo investir nas comunidades?
— Eu terminei poucas, pois ter feito 50 colinas totalmente,
não é suficiente, sei que parece muito, mas tenho participação na
obra de 1037 comunidades, 897 apenas na capital, mas não tenho
capital para solucionar tudo, talvez nunca o tenha, então a meta do
ano, terminar mais 48 comunidades, mas metas grandes, conquistas
grandes.
— Certo, entendi onde a Infraestrutura, educação e cultura
precisam estar conectadas, sabe que alguns estão reclamando da
prioridade as comunidades.
— Então usa as palavras certas prefeito, a prefeitura não está
priorizando, quem o está fazendo é um empresário Curitibano que
eles odeiam mesmo.
— E teria como me passar as pretensões, sei que preciso de
um programa que parece ter ficado pela metade, pois vi que a es-
trutura que montou está a terminando mesmo sem ser pela prefei-
tura, alguns não gostam disto, mas entendo que tentou fazer parte
por dentro da prefeitura e ela pulou fora.
— Prefeito, a minha parte eu implantei, mas pelo menos 80%
do prospecto ainda tem de ser realizado.
O prefeito olha curioso e pergunta.
— Não entendi, pensei que tinham feito quase tudo.
— Fizemos a parte rápida, pois o prefeito anterior pulou fora,
mas se quiser passo os prospectos, não sei se ficou algo na prefeitu-
ra, mas era um livro de mais de 800 paginas em A4 de metas para
implementar, e cada meta, gerava outro livro de mais paginas, pois
429
era um projeto para tirar o Rio da condição que ainda está de ter
bairros sem estrutura nenhuma, somar na área industrial de Santa
Cruz, mas o prospecto é de tentar serem empresas com grande
capacidade produtiva e alto valor agregado.
— As vezes todos querem um caminho fácil, os seus caminhos
as vezes me fazem se perder, mas se puder me passar, tento não
atrapalhar, sei que as vezes é difícil, mas obrigado por vir conversar,
mas vou me situar e me posicionar, e qualquer coisa entro em con-
tato.
João se despediu, poucos viram a reunião e o prefeito vendo
o João sair, ouve as costas.
— Quem é o rapaz, que resolveu receber aqui e aparente-
mente sem assessoria.
— As vezes temos de saber para onde atirar, e aquele rapaz
simples, é o maior empresário do estado.
— Não exagera amor. – A esposa.
— Aquele é João Mayer amor.
— E pelo jeito resolveu eliminar os atravessadores.
— Sim, todos pensando que ele está pensando em intervir na
baia de Guanabara e ele está já pensando em Sepetiba.
— Não entendi.
— Nem eu ao todo, mas vou fazer algumas ligações e verificar
se podemos mudar algumas coisas, sei que tem secretario querendo
sair de partes e vou tentar ganhar politicamente com este senhor,
que pelo jeito, não quer entrar novamente na prefeitura, e muitos
pensavam que ele teria de ser afastado, ele nem quer mais voltar.
O prefeito liga para Paulinia e depois de insistir ela topa tocar
a Conservação e Meio Ambiente, marca com ela para o dia seguinte,
ele liga para os secretários da Infraestrutura, Educação, Urbanismo,
para uma reunião no dia seguinte no fim do dia.
João voa para a sua cobertura e marca com os presidentes da
MD Inc, da Marítima, estavam puxando um rapaz novo para o gru-
po, formação aeronáutica e mecânica, e iriam verificar se ele estava
pronto para o prospecto, marcaram com Paquito, que iria para a
direção da Alimentícia, pois com as reformas, eles teriam produção
vindo de vários locais, mas eles queriam alguém que não tivesse
medo de por a mão na obra, e tivesse formação, Paquito estava se
430
formando em Agronomia aquele ano. Por sinal Paquito era apelido,
agora João tentava chamar ele pelo nome, Dante Voi, então estava
ainda acostumando a ideia.
Micaela olha o chegar de Camargo, que veio com aquele ra-
paz, Vitor Ramos, sim, o engenheiro que facilitou a montagem da
Montanha Russa, ele estava serio, pois sabia que o convite veio
através do presidente da Marítima, ele não entendeu a ideia ainda,
mas viu o rapaz chegar junto, Dante, alguém simples, depois Maria-
no, que tocava as importações e exportações da MD.
Micaela olha João e fala.
— Problemas?
— Não, apenas temos de nos organizar Mick, sei que a maio-
ria não entende, mas são perto de 300 empresas, e dois mil terre-
nos produtivos, temos hoje, perto de 1200 produtos para venda, e
precisamos da estrutura da Marítima e da MD funcionando perfei-
tas para conseguir organizar a Exportação, deve estar chegando
mais uma pessoa e iniciamos a reunião na sala superior.
— Pelo jeito quer começar a avançar?
— Eu preciso de estrutura, estamos criando duas empresas,
uma de produção aeronáutica, outra de produção de Blindados, eu
pretendo somar isto no prospecto da Moreira, eles chamam de NM
Inc. e vamos manter os prospectos e quero saber se existe proble-
mas.
O rapaz chegou, John Helier chega e cumprimenta Camargo, e
olha Mayer e fala em inglês.
— Boa Noite, prazer, John Helier.
— Boa Noite, como estão os prospectos do ano? – Mayer em
inglês.
— Contratos firmados, mas não entendi a reunião?
— Existe uma proposta do governo Brasileiro, de comprar
submarinos e porta aviões, nucleares, mas isto precisa de um acor-
do internacional, e não quero divisão de tecnologia, apenas vender
e controlar, mas primeiro queria saber se existe a possibilidade de
instalação de uma sede no Brasil para estas produções, segundo,
um acordo de não agressão e de vigilância do Atlântico entre nós e
os Norte Americanos, parceiros em vigilância, como se estivéssemos
nos unindo nesta função.
431
O senhor viu que era complicado e pergunta.
— Contrato de quanto?
— 20 submarinos e 4 porta-aviões para os próximos 10 anos.
— Uma super compra, mas sabe que depende de acordos?
— Sim, mas a pergunta é se teríamos como a estabelecer,
pois não seremos o governo de lado algum, seriamos a empresa que
estará construindo, para nós não é politica, é economia.
— Certo, nossa parte seria a construção e a venda, mas os
acordos precisam saber se teríamos como fazer?
— Eles vão fazer tomada de preço, mas conheço apenas nós
que fazemos, existem os chineses e indianos que também produ-
zem isto, mas é uma tomada de preço legal, com cartas de acordo
que teria de ser uma empresa Norte Americana para a produzir, dai
entramos nós e nós.
— Certo, e quer construir onde isto?
— Num estaleiro que construiremos na Baia de Sepetiba.
— Temos como o fazer? – Helier.
— Sim, temos.
— E vamos firmar isto quando? – Helier.
— Tenho uma reunião com o Ministro em 5 dias, ele está nos
Estados Unidos para o acordo.
— Certo, então a visita que pensei que seria algo apenas bási-
co, terá uma encomenda grande.
— Sim, vou passar o prospecto da obra para você, e assim
que chegar o prospeto, passo para me verificar prazos.
João olha para Dante e pergunta.
— Como está o prospecto da empresa?
— A Alimentícia sai do papel com 1325 produtos, alguns em
mais de uma marca, e não sei a ideia?
— Você vai estar na comitiva de Empresários que vão a China,
Vietnam, Coreia e Japão, para estabelecer os prospectos de vendas
para estes locais, e você vai como representante de um complexo
de empresas, com o catalogo e apresentação, tendo o material,
vamos fazer uma listagem do que está em estoque todo dia, e va-
mos vender ao nosso preço.
— Um mercado de quanto? – Dante.
— De próximo a 1 trilhão de dólares ano.
432
— Um senhor mercado, pelo jeito enquanto eu me formava
fazia um império no silencio.
João sorriu e olha para Victor e fala.
— Boa noite, bem vindo ao barco, foi indicado por ter forma-
ção Aeronáutica e Mecânica, dominar bem o Inglês e fala um pouco
de Chinês, mas estamos fundando a AR, abreviação de Aviação Rio,
estamos instalando dois barracões de montagem e nove de cons-
trução da empresa em Sepetiba, preciso de alguém que domine o
assunto e tenha coragem, pois vai tocar uma empresa que vai ven-
der de Monomotor a Jatos Militares, de Cargueiros a aviões de pas-
sageiro, vamos ter inicialmente 20 produtos, estamos montando a
empresa, em parceria com o Exercito Brasileiro, temos 100 caças
que vamos produzir e 30 aviões de carga para eles, e fora disto,
vamos vender isto fora do Brasil.
— Sei que lhe conheci num momento diferente, mas pelo jei-
to estavam construindo algo grande.
— Amanha Dante lhe mostra o local, pois ao lado da base te-
remos uma nova instalação de produção alimentícia.
João olha para Camargo e pergunta.
— Como está a construção dos portos?
— Avançando, não entendi a ideia?
— Temos o estudo, e se deixarmos para depois vai sair mais
caro, e vou tentar a liberação de um porto privado de Contêineres
em Guaratiba, se aprovarem, vamos construir ali mais um porto de
exportação, não esquece, eu quero vender 1 trilhão de dólares em
comida ano para o mundo.
— Certo, mesmo que tudo desandasse ainda teria o fluxo de
vendas, e pelo jeito quer ganhar mais?
— Junto com a AR, vamos montar um kits de aeronaves e
vamos vender, assim como vamos vender helicópteros, monomoto-
res, bimotores, e isto precisamos entregar.
— Certo, aeronaves maiores vão voando, mas as pequenas
vão via Marítima.
— Sim, e temos as entregas locais, pois não vamos conseguir
vender tudo externamente e nem é a ideia.
— Certo, fala em 1 tri externo, pensei que queria vender tu-
do.
433
— Querer e ter os pés no chão de ser possível, é diferente, te-
remos cargas para transportar no Brasil, estamos levantando nossas
bases em 12 portos nacionais, de Rio Grande a Manaus, então tenta
manter os dois caminhos abertos, o interno e o externo. – João
olhando Camargo.
— Certo, crescemos internacionalmente e surgimos local-
mente, mas quer dizer que teremos no Rio um porto da empresa?
— Sim, vou tentar estabelecer o crescimento da nossa cons-
trutora, mas ainda estou estudando, preciso de uma cidade nova, e
apenas eu construindo não dá.
— E pretende fazer o que? – Micaela.
— A Ponto vem a patrimônio do Grupo semana que vem, e
vou por ela para estruturar as obras, mas com custos calculados,
não chutados.
Helier olhava o grupo, ele estava entendendo, por um tradu-
tor ao ouvido, que o dava as posições.
João olha para Mariano da MD e fala.
— Vamos começar a somar numa frota própria da MD para
carregar algumas coisas, vamos estruturar ela para carga interna, e
vamos entrar no ramo ferroviário, e vamos começar uma obra, que
vai mudar alguns lugares, mas a carga entre os locais e os portos, vai
ser feita pela MD, e temos de cuidar para ter o mínimo desperdício,
quando falo em nova frota, frotas especificas para o produto que
transporta, tentar perdas no máximo em um por cento.
— Estamos terminando as bases de portos secos em 20 esta-
dos, locais para estocar antes de ir aos portos ou as cidades, tudo
que temos estamos colocando no sistema, com hora, quantidade e
estado, e se entendi, vamos por no mercado interno, 20 trilhões de
reais em produtos?
— Sim, não temos ainda compradores para os montantes que
queremos exportar, mas eu estou investindo em crescer, e quando
se fala neste ponto, é terminar de fechar o prospecto de dois anos
atrás, para o deixar redondo, se a 6 anos alguém me falasse que
estaríamos neste patamar, eu riria, e todos sabem, não sou fácil de
mostrar os dentes.
O grupo olha João passar os prospectos para o grupo e passa
um para o prefeito, era próximo da meia noite e ele começa a olhar,
434
quando ele olha os prospectos entendeu, crescimento, e o que João
não falava, ele precisava de mercado para seus produtos, mas o
prefeito olha o prospecto, foi dormir quando sua esposa o chama a
descansar.

435
O prefeito se reúne com Paulínia
e pergunta se teria como voltar a ter a
atuação anterior, ela diz que dependia
de acordo com a Recicla Rio.
Quando na metade da manha o
Prefeito anuncia Paulínia Teixeira para a
Secretaria de Conservação e Meio Am-
biente, alguns estranham, mas era evi-
dente a posição do prefeito.
O prefeito olha para o secretario
de Infraestrutura e pergunta.
— Qual os problemas técnicos pa-
ra aprovação de um porto na baia de
Sepetiba?
— Pensando em abrir algo ali?
O prefeito coloca o prospecto que
Mayer queria para a região e fala.
— Quero tirar parte do fluxo pe-
sado de dentro da Baia de Guanabara e
colocar na de Sepetiba, investimento de
bilhões, colocando a concessão em aprovação, para gerir mais re-
cursos.
O secretario olha o prospecto e fala.
— Atrair o empresariado para nosso lado prefeito?
— Alguém está tomando a cidade, e enquanto ele estiver so-
mando a cidade, não tenho porque ir contra, ele quer produzir mais
na cidade e ter por onde exportar.
— E pelo jeito escolheu uma secretaria para acenar com uma
mudança de atuação.
— Sim.
No Botafogo, Victor olha para a irmã que pergunta.
— Vai trabalhar na cidade mesmo?
— Pelo que entendi, terei uma residência em um prédio em
Ipanema assim que for efetivado.
— Com moradia, evoluindo bem mano?
436
— Eu ainda estou tentando entender, vão começar a anunciar
a empresa em um mês, mas tenho de conseguir isto, mesmo que
minha maninha passe a falar mal de mim.
— Porque o faria?
— A MD inc., a Marítima e a NM inc., estão querendo fundar
uma empresa chamada Aviação Rio, AR, na abreviatura, e me cha-
maram para tentar por ela em funcionamento, uma empresa que
vai construir cargueiros, caças, helicópteros, aviões comerciais, es-
tranho como alguém simples como aquele Mayer, manda mesmo
nas empresas, ver gente como Camargo, como Mariano, como
aquele John Helier ouvindo e anotando os prospectos de evolução
da empresa.
— Conheceu ele pessoalmente?
— Fui indicado por Camargo, não entendi, mas eles queriam
alguém com formação semelhante a mim, e vou ter de me superar.
— Pelo jeito até meu irmão se vendeu ao senhor?
Victor sorriu e ela fala.
— Certo, um emprego, mas não entendi, falou em produzir
Caças?
— Sim, pelo jeito ele firmou um acordo com o atual governo
que quer melhorar o potencial do exercito, mas ele fala como quem
vai produzir para eles, não fazer parte dele, e sei que alguns que
odeiam o atual governo vão falar bem dele, e gente que falava bem,
vai começar a falar mal.
— Por quê?
— Investir em Armamento do Exercito, parece não ter senti-
do para uma nação que falta educação.
— E vai se envolver nisto?
— O que Camargo falou, é que quando vamos comprar um
caça Frances ou Americano, preço, perto de 2 milhões de dólares, se
formos produzir para o exercito com margem, ele não custa 380 mil
dólares.
— Mas não custaria mais caro, produzir um?
— Sim, mas a proposta que estou assumindo, o governo que-
ria comprar 4 caças, com preço de dois, construímos 10. Dai sai um
acordo para construir 100, não 10.

437
— Está falando em investimento no exercito, e ganhar dinhei-
ro, mas entendi, a educação precisa de mais dinheiro.
— Sim, e desenvolver algo para venda no mercado mundial,
quando pensei que eles iriam fazer isto para reforçar o exercito,
eles, nós, tenho de mudar a pessoa do verbo, estamos desenvol-
vendo tecnologia, e vendendo isto, a ideia é uma fabrica em Guara-
tiba que tenha capacidade de produzir dois bilhões de dólares em
produtos ano.
— E vai tentar trabalhar lá?
— Sim, pois ser engenheiro e ficar montando Rodas Gigantes
não dá motivação.
João assiste a aula de Calculo, que fechava o dia, olha os ra-
pazes tentando combinar algo, ele era o mais velho da turma, e isto
o deixava a parte das conversas, ele sorri, alguns poucos falavam
com ele, os mais dedicados e nitidamente menos abastados.
João estava saindo pela porta e atende o telefone.
— Fala prefeito?
João vira-se para dentro e não viu que alguns ficam olhando
para ele, pois estava tentando ouvir o telefone.
— Coloquei Paulínia novamente na Secretaria, mas não sei
como ela poderia voltar ao prospecto anterior, precisaríamos de
uma parceria com a Recicla Rio.
— O prédio da Secretaria na Ilha do Fundão está no mesmo
lugar, acho que apenas teríamos de limpar, pois ficou quase dois
anos fechado, mas teríamos de assinar uma parceria novamente, o
prefeito anterior a cancelou.
— Vou verificar, mas teria problema em voltar ao prospecto?
— Não, fica mais fácil, mas qualquer coisa falo com Paulínia.
João desliga e vê que três rapazes olhavam para ele, mas
apenas passou por eles e foi ao RU.
Um dos rapazes olha para ele sentando a mesa.
— Entendi certo, você faz parte da prefeitura?
— Não, não faço parte.
— Mas o prefeito lhe liga direto?
João não comenta nada e começa a comer, estranha pois um
outro rapaz sentou a mesa e perguntou.

438
— Dizem que você é rico, não entendi, ricos não comem no
Restaurante Universitário.
João era simples e olha o rapaz.
— Pelo que sei todos comem pela boca.
— Mas uma moça falou na sala, na de Física que você era fa-
moso e rico, ela disse que o pai dela trabalhava para você.
João olha o rapaz e fala.
— Acho que quando se analisa as pessoas por dinheiro, se
perde a essência das pessoas.
— Mas então não é rico?
João olha para o rapaz e pergunta.
— Faz diferença?
— Sim, tem um monte de gente que é filho de gente rica, na
nossa turma, e estes não parecem lhe conhecer.
— Mas que diferença faz?
— Eles...
— Eu não estou interessado neles, a pergunta foi para você,
não para gente que nunca nem falou comigo.
— Interesse, pois você é simples e não parece rico, e não pa-
rece querer chamar atenção, mas tenta entender as logicas das
aulas, se dedica, e se fosse rico, porque se dedicar.
— Porque estes que não prestam atenção, depois não tem
coragem e formação para assinar um prédio como o da Recicla Rio,
que acaba tendo de contratar um engenheiro Inglês, pois ninguém
no país teve coragem.
— Eu pretendo construir coisas menores, não prédios de mais
de 80 andares.
João sorriu e termina de comer, ele não queria chamar aten-
ção por um nome, e sim por motivos acadêmicos.
João sai e Ricardo pergunta para José.
— Acha que ele é rico?
— Sei lá, ele estava falando com o prefeito, mas não lembro
deste rapaz, a alta sociedade está sempre em destaque.
João caminha até a sede do barracão onde as pessoas esta-
vam desmontando a Escola de Samba de Um Homem Só, vai a sala e
começa a pensar no assunto do ano, depois foi caminhar.

439
Na prefeitura Paulínia olha o acordo, que chegou a ela assi-
nado pelo prefeito e vai a Ilha do Fundão e viu que estava apenas
empoeirado, mas o segurança a deixa entrar e sobe a sala que fora
sua, até o nome ainda estava lá.
Ela olha para a porta e viu João entrando.
— Voltando a casa?
— As vezes me assusto com gente como você, faz de uma
forma diferente de interferência.
— Certo, mas a dica, vai apresentar o prospecto dos próximos
4 anos para o prefeito.
— 4 Anos?
— Tenho de terminar a Baia de Guanabara e começar a Baia
de Sepetiba.
— Pelo jeito quer algo grande?
— O mesmo controle sobre os córregos que vão para lá, um
porto a mais lá, empresas, e obvio, um prédio para fazer parte dos
símbolos da Marítima. – João coloca um desenho a mesa e fala. –
360 metros de altura.
Paulínia olha e fala.
— Vai imprimir a marca em um prédio.
— Isto não é uma marca, é uma letra, tem gente calculando o
prédio, não será o maior nem da cidade, mas é uma forma de dife-
renciar a cidade de outras.
— E terá um prédio usando isto?
— Eu estou começando a base deste prédio esta semana se o
prefeito aprovar o projeto.
— Certo, pelo jeito o rapaz da Secretaria de Conservação e
Meio Ambiente está cada vez mais poderoso.
— Invisível.
— E pretende mudar isto?
— Não, apenas avançar um pouco mais, para fechar o pros-
pecto.
— E pelo jeito vai avançar para Sepetiba.
— Sim.
João sai dali e vai para a Cidade do Carnaval.
Jorge olha ele entrando e sorri.
— Acha que tem como irmos como lhe passei?
440
— Boa Tarde, vou olhar com calma agora, mas se entendi, um
super carnaval?
— Se for possível ser realizado.
Os dois sobem, na parte baixa estavam terminando de des-
montar parte das esculturas, parte ia para a sede da Beija-Flor em
Nilópolis, para tomar as paredes por um ano, do lado de fora ti-
nham colocado a frente da escola, na praça interna a Roda Gigante
com a Diversidade de Povos, a religiosa foi para a Quadra, e a final
foi para um parque na entrada da PACIF. Mas estavam ficando as
bases, e o olhar de João foi a Jorge.
— Preciso que organize a montagem, este ano tudo vai ser
montado aqui, pelo menos pelo que entendi, cabe aqui.
— Por enquanto sim, mas como você fala, mas parei de pen-
sar preguiçosamente como você fala, e voltei a ideia básica, e alguns
não vão entender, mas começamos com a “Descoberta”, depois
vamos para a “Escravocrata”, vamos passar pela “Politicaria”, e
terminamos pela “Anacrônica”.
— E em que tamanho?
— 4 carros de 80 metros, e 10 tripés, e mais 10 balões de ala,
45 alas, que correspondem a 133 alas fantasiadas, em um Enredo
que se bem executado vamos disputar o titulo.
João sorriu e fala.
— Bom, mas termina de desenhar, eu vou estar em um ano
que vai ser corrido.
— Estou desenhando as roupas, estou me apegando a descri-
ções históricas e humanistas, mas a ideia é terminar com a parte
“Anacrônica” pois eu não tinha pensado na visão Portuguesa daque-
la época, e quando falamos em fomos explorados pelos Portugue-
ses, esquecemos que na época, nos éramos os portugueses. É que
estamos olhando para trás, mas não existia esta visão na época,
então terminamos com as visões Anacrônicas, colocando as coisas
nos devidos lugares, e nem todos vão gostar do fim.
— As vezes falar o que se quer, nos tira o titulo, mas não va-
mos mentir para os agradar.
Jorge sorriu, João estava o dando liberdade, e isto as vezes
era perigoso.
— Vou precisar de auxilio no montar dos carros.
441
— Vemos isto com calma, termina de desenhar o que você
colocaria na avenida.
— Pelo jeito corrido?
— O projeto do ano anterior foi tão grande que estão ainda
desmontando ele, mas não esquece, todo carro, pensa em um mo-
vimento, bem visível, uma estrutura que chame a atenção sobre ele,
depois começamos pensar na melhor execução disto.
— Vamos anunciar o enredo quando?
— Assim que você tiver o apresentado para mim, Roberto,
Sergio e Gabriel.
— Certo, vou pensar bem nisto. – Jorge sorrindo, mas tenso.
Roberto olha João e chega ao lado.
— O que teremos para o ano que vem?
— 4 carros de 80 metros e 10 tripés.
— Mudar o foco?
— Mostrar para o resto que o que importa é o canto, a co-
munidade, o que somamos, as pessoas estranham como eu penso,
mas vamos fantasiar a quadra em Nilópolis, e o próximo evento será
nossa festa Junina.
— Você realmente quer sempre o agito.
— Eles não me veem mesmo.
Na prefeitura a reunião começa e o prefeito fala.
— Boa tarde a todos, mas pelo que entendi, vamos fazer um
prospecto de 4 anos, e se der resultado podemos tentar ficar mais
quatro, mas para isto, preciso que funcionem em sincronia.
O secretario de Cultura olha o prefeito e pergunta.
— Qual a prioridade?
— Vamos ter acesso a dois centros de gravação para fazer as
produções da RioFilmes, vamos ter uma programação de eventos da
Riotur para o ano inteiro, se passamos pelo dia do trabalho, agora
teremos a maior festa junina do país, e vamos entrar com enfeite na
cidade inteira, vamos fazer via a secretaria de Conservação e Meio
ambiente, um prospecto de uso do plástico reciclado, para termos a
cada evento, uma cara para a cidade.
O secretario de Cultura olha para o prefeito.
— E teríamos para bancar isto?

442
— Estava falando com um empresário do ramo de hotelaria
da cidade e ele me explicou que se colocarmos os hotéis da cidade
em ocupação apenas nos hotéis dele, seria mais de 3 milhões em
ISS, então estamos defendendo uma prefeitura com mais recursos,
o pensar da prefeitura como geradora de renda, através do crescer
da cidade em volta.
— Certo, esta arrecadação seria de quanto tempo?
— 5 dias, se tivermos como gerir festas, organizadas, acaba-
mos ganhando com isto. – Prefeito.
— E qual a programação anual.
— Estamos no fim de Maio, mas a programação vai ser apro-
ximadamente esta.
O prefeito passa para cada um deles, e ali tinha eventos todo
mês, pelos 12 meses seguidos e o atual presidente da Riotur sorri.
— Vamos tentar ampliar a abrangência anterior?
— Vamos tentar terminar um prospecto de 10 anos, que o
prefeito anterior abandonou, este prospecto, é responsável pelas
obras na Baia de Guanabara, mas temos as obras na baia de Sepeti-
ba, temos a criação de símbolos novos na cidade, ampliação de todo
o sistema de coleta e reciclagem, quando convidei Paulínia a se jun-
tar a nós, é que enquanto ela esteve na Prefeitura chegamos a 85%
do plástico do município reciclado, quando o governo anterior ter-
minou, já tinham caído para os 65% atual, e quero chegar ao 100%,
aceito uma defasagem acidental, nos colocando as vezes com 98%,
mas a meta é sempre o total.
O prefeito olha Paulínia e pergunta.
— Qual o estado das instalações na Ilha do Fundão?
— Limpando e trocando alguns materiais, mas 5 dias pode-
mos estar novamente produzindo.
— Poderia nos resumir qual a pretensão com aquela sede, sei
que algumas coisas parecem apenas propaganda.
— A prefeitura, para manter a cidade viva, tem de fazer as
podas, os cortes de mato, as coletas de sofás, madeiras e derivados
das ruas, isto nos gera diariamente, próximo de 5 toneladas de deje-
tos orgânicos propícios a produção, este material, se torna, lápis,
cadernos e um material que denominamos MAA, Material de Alta
Absorção, algumas regiões colocamos este material para segurar
443
água, e requer ser substituído a cada 5 anos, então produzindo isto
que geramos o elevado sobre os trilhos na Praça da Central do Bra-
sil, temos os tecidos que alguns são recicláveis, outros, precisam ser
isolados, temos a captação dos dejetos orgânicos, bosta, do sistema
de esgoto, que transformamos em energia nas duas sedes de pro-
dução de energia, apenas a da Ilha do Fundão fica na cidade, com os
materiais reciclados, geramos os postes que geram energia, que
tem em toda orla, mas ainda falta muito para se instalar tudo.
— E tudo isto vinha daquela sede?
— E porque o prefeito abandonou isto? – Prefeito.
— Ele queria prejudicar o senhor Mayer, no esquema de car-
naval para que Medina ganhasse a concessão da Marques de Sapu-
cai, não entendi bem, mas sei que existe um processo sobre sigilo,
que está levantando compra de favores por Medina na prefeitura
do Rio de Janeiro.
— Acredita que isto vai terminar em que?
— Não sei o que foi feito, sei que pela secretaria de Conser-
vação e meio ambiente, baseado no prospecto, sobra dinheiro, e o
prefeito por não ter como o desviar, pois entrava em obras, em
material, em reformas e limpezas da cidade, não em recursos, ele
abandonou.
— E pelo jeito o que parecia uma convivência pacifica com o
prefeito anterior com Mayer era aparência.
— Pensa que o governador caiu pois abriu caminho para ten-
tarem matar Mayer, o prefeito não conseguiram provas, mas tam-
bém estava no acordo.
— E o que acha deste empresário? – Presidente da Riotur.
— Ele não obriga ninguém a ouvir suas propostas, mas pode
ter certeza, se ele fala que vai fazer um porto, ele tem pelo menos 3
pontos para o fazer, em cidades diferentes.
— E o que acha aplicável no prospecto que foi abandonado. –
O prefeito olhando Paulínia.
— O prospecto era termos os serviços públicos todos, com
independência de energia elétrica, as comunidades que não conse-
guimos cobrar as contas, independentes, com capacidade própria
de produção, mas ainda faltava a implementação de metade dos

444
prospectos, e as empresas foram fazendo e assumindo parte do que
era parte da prefeitura, mas ainda falta muito prefeito.
— E qual o prospecto, pois parece fantasioso.
Paulínia pega a pasta a frente dela e coloca a mão do prefeito
o prospecto completo e fala.
— Investimentos na casa de 30 bilhões de dólares, em pre-
servação, por ano, investimento a fundo perdido, através da ONU e
de Instituições Internacionais de Preservação, mas todos os acordos
foram feitos pessoalmente por João Mayer, quando o prefeito o
afastou, este dinheiro parou de entrar.
— Está dizendo que o prefeito anterior não apoiou, e mesmo
assim o povo acha que ele o fez, e que poderia ser melhor?
— Todo o sistema, que ele está implementando nas comuni-
dades, era para ser mais profundo e não estar saindo do bolso par-
cialmente de Mayer, pois deveria ser um investimento a fundo per-
dido na cidade.
— Obras para quanto tempo?
— A parte educacional, requer 25 anos, pois não se conserta
uma geração sem a viver.
— E acha que Mayer vai nos apoiar?
— Ele apoia as suas ideias, não a dos demais, se não atraves-
sarmos suas ideias, ele nos apoia, e o que poucos falam, poucas
pessoas empregam mais de 200 mil pessoas na cidade, ele em parte
é responsável pela redução dos desempregados na cidade.
— E olhando ele não se fala.
— Ele irrita os ricos, ele coloca uma camisa polo e um Jeans, e
vai ao Copacabana Palace, os riquinhos da cidade se irritam com
coisas assim.
— As vezes olhar para ele falar, nos dá a ideia, ele está pedin-
do a liberação de um porto em Guaratiba, da Marítima, eu pergun-
tei para ele o que pretendia, ele me deu um prospecto que preten-
de se tiver o porto ali, exportar um trilhão de dólares por aquele
porto.
— Está dizendo que os planos dele são de exportações em
porto próprio.
— Sim, ele sabe que a entrada e saída, ainda será controlada,
mas uma vez para dentro, eles agilizam os métodos. – Prefeito – Por
445
isto queria vocês estudando estes prospectos, e se tiver laudo am-
biental, se for aplicável, não barrarem, estamos falando em alguém
querendo produzir na cidade, bilhões em produtos, isto nos faz ser
uma cidade, não apenas um amontoado – ele olha Paulínia e per-
gunta – acha que dá para voltar a ter estes prospectos de investi-
mentos?
— Vou perder uma semana para verificar o que está feito, o
que está em funcionamento e qual o caminho, mas se tenho como
fazer, vou começar por me situar, já que tinha alguns prédios que
deveriam ser nossa implementação e não sei como estão.
— Certo, me confirmem as coisas, pois se vamos ter empre-
gos na cidade, comunidades melhores, mais produção de energia,
mais reciclagem, mais cadernos e lápis produzidos através do lixo.
Victor chega ao prédio da empresa, olha em volta, imenso,
um prédio de pé direito de 50 metros, a largura de mais de mil me-
tros, para o fundo, mais de 300 metros, ele vai a sala e olha os pros-
pectos de inicio, ele iria começar uma empresa do zero, e tinha
apenas segurança, limpeza e maquinário em instalação, ele olha o
projeto e olha para fora, estavam construindo os barracões meno-
res e um de mesmo tamanho ao lado.
Ele tinha na mesa o nome dos projetos e os engenheiros que
estariam na parceria vindos da Aeronáutica Brasileira e parte da
Embraer.
Ele recebe os senhores, a construção estava sendo feita, e te-
riam de contratar e verificar os prospectos, e pela primeira vez ele
viu o projeto que já seria no município ao lado, um prospecto de 4
anos de treinos e testes, para começar a erguer um teste de eleva-
dor espacial.
Victor olha aquilo e sorri, uma empresa que estava pensando
no Brasil como ele nunca pensara.
Mayer olha os prospectos da semana seguinte, ele iria acom-
panhar a instalação do enfeitar no dia seguinte das ruas de Nilópo-
lis, aos poucos ele estava asfaltando toda a cidade, com criação de
calçadas.

446
João amanhece Sábado olhando
Micaela, ela sorri de o ver a olhando,
encantado.
— Está linda.
— Às vezes o assedio me irrita,
pensei que não seria tão chato estes
ditos metidos a rico, que querem ser
advogados.
— Vai comigo hoje?
— O que vão fazer?
— Fizemos prospectos de fibra na
forma de caipiras, de fogueiras, de ba-
lões, e vamos colocar em todas as 6 ruas
que vamos fazer a festa. – João.
O casal prepara as crianças e vão
de carro para Nilópolis, João chega a
quadra e viu os painéis colocados as
paredes, a roda gigante ao fundo, o cris-
to sobre a parte coberta da capela na
quadra, estranho ideias bobas que gera-
vam pessoas as ruas a volta.
Os rapazes começam a sair e colocar nos postes os enfeites,
no começo da tarde começa a festa, com barracas de comida típica,
com grupos de musica, era um teste, pois era ultima semana de
Maio, mas a pretensão era ir até Julho com festas diárias as ruas.
Quando o agito começa, João, a esposa e os filhos, voltam ao
Rio, deixam as crianças na casa de Fabiola, mãe de Micaela, pois
eles tinham o desfile de roupas no sambódromo, e quando eles
chegam lá, Micaela viu um rapaz parar ao lado de João e perguntar.
— Perdido aqui João? – Ricardo, estudante de engenharia Ci-
vil da sala de João.
— Tentando entender a bagunça. – João.
Um rapaz para ao lado de Micaela, e olha Ricardo e pergunta.
— Colega de faculdade maninho? – Carlos, colega de Micaela
na faculdade de direito.
447
João olha para Carlos e fala.
— Não rapaz, e que papo é este de ficar dando encima de mi-
nha esposa? – João encarando o rapaz, Carlos o mede e fala.
— Acho que você é uma enganação, e deu o golpe do baú.
— E quer tomar o lugar?
Ricardo olha João, nunca ligaria ele a João Mayer, mas sabia
quem era a moça ao lado, seu irmão ficava falando que ela era in-
crível e que não entendia a escolha dela.
João era bem mais velho que Micaela, ele sabia, e as vezes is-
to o dava insegurança, mas Carlos encarava João e Micaela fala.
— Sem brigas amor, temos de verificar as coisas aqui ainda.
João olha Simone chegando, o pai dela morrera no começo
do mês anterior, sabia que ela estava enfiada na confecção desde
então e parecia meio perdida.
Micaela ficava insegura diante de João, sabia que era ciumen-
ta, mas ali era profissional, e João olha o rapaz da segurança e per-
gunta.
— O comando está funcionando?
— Sim senhor Mayer.
— Deixa eu verificar como estão as coisas Mick, que temos
ainda aquela reunião em Guaratiba.
— Vai, mas está agitado, pelo jeito será uma tarde lucrativa.
João sobe para a direção e Carlos olha ela serio.
— Isto é seu marido?
Simone olha para Micaela e fala.
— O tirou do mercado, foi mais esperta que eu.
Carlos não conhecia Simone, mas esta sim se vestia como ri-
ca, e tinha segurança, e Micaela pergunta.
— Como estão as vendas?
— Bem, deve subir uns 30% nos lucros, este ano.
— Bom, e como está sua mãe, soube da morte de seu pai.
— Ele não sofreu, mas nos deixou, infarto fulminante, mas a
mãe está tentando mostrar-se forte, para nos manter no caminho.
— Acha que a Ramos Confecção está redonda?
— Sim, vai acompanhar o desfile?
— Sim, o camarote está funcionando?

448
— Sim, quando Joao falou em usar o Camarote como local pa-
ra receber compradores maiores, achei que era uma ideia boba,
mas está dando para dar uma atenção diferenciada a eles.
— Acha que chegamos a que capacidade com este aumento
de venda?
— Ainda perto de 60% da capacidade, sei que João queria al-
go nos forçando abrir uma linha a mais, mas estou tentando me
manter no caminho, as vezes parece loucura tocar isto.
Micaela se despede dos rapazes e sobe para o camarote com
Simone e Carlos olha o irmão e pergunta.
— Conhece João Mayer e não me falou?
— Juro que não pensava nele como João Mayer, apenas co-
mo João, o estudante mais velho e dedicado da turma.
— Ele parece simplório.
— Andou cantando a mulher dele?
— Ela é linda, não tenho sangue de barata.
Ricardo olha para a moça que se afastava e fala.
— Aquilo pareceu um clima entre as moças. – Ricardo.
— Não conheço a moça. – Carlos.
— Simone Drumond lhe fala algo?
— Estes tomaram a cidade, mas não entendi, Mayer tem par-
te da Ramos Confecções?
— Nem ideia, mas este local coberto ficou outro lugar, tem
tido evento aqui quase todo fim de semana.
Ricardo olha Mayer ao fundo, ele não sabia até aquele mo-
mento, entendeu a conversa, ele não destacava quem era, mas
ficou evidente os seguranças, tenta lembrar da imagem que ele
fazia de João Mayer e não a tinha, apenas o nome, aqueles nomes
poderosos sem rosto.
— Mas conhece este Mayer de onde? – Carlos.
— Minha sala de calouros!
— Deve estar cheio de gente puxando o saco dele lá.
— Ele nem fala sobre quem é, diria dos rapazes mais isolados
da turma, e entendo ele, pois ele deve ter mais engenheiros como
funcionários, do que aquela sala de aula.
— Acho que ele deu o golpe do baú! – Carlos.

449
— Acho que isto é uma desculpa para dar encima da moça,
nada além disto, mas entendo onde quer chegar Mano, mas não
esquece, tanto ele como ela, são conhecidos por coisas estranhas.
— Crendice, ela é apenas uma moça linda, e todos devem in-
ventar motivos para chegar perto.
— Disto não discordo.
João olha os prospectos de segurança, de controle, e verifica
os dados, sim, mais um prospecto lucrativo, ele tinha um projeto de
crescimento, para a linha de tecidos, com maquinário que produ-
ziria através do algodão tecidos para peças e vendas, mas isto era
para ficar pronto mais para o fim do ano.
João chega ao camarote e Micaela o abraça.
— Aquele é um dos chatos, mas pelo jeito o rapaz ao lado não
sabia mesmo quem era você.
— Eu sei ser invisível.
— Se cuida, estes Cariocas são malucos.
— Cariocas de ambos os sexos são malucos! – João.
Ela sorri e fala.
— Como está a Ramos Confecção?
— Vamos começar a transformar até o fim do ano, o algodão
que produzimos no Mato Grosso do Sul e na Bahia em tecidos.
— Certo, agregar valor.
— Sim, hora de ajeitar alguns mercados.
— Certas pessoas tem de se apoiar, acha que Simone conse-
gue, está longe, as vezes me assusta isto.
— Todos um dia temos de crescer Mick.
— E vamos quando?
— Assim que chegar o helicóptero.
— Certo, daqui a Guaratiba de carro é uma viagem.
João e Micaela voam a Guaratiba e participam da primeira
reunião da AR, onde os dois como financiadores e proprietários, de
uma empresa ainda não colocada no mercado de ações, estabelecia
que eles eram os donos daquilo, e se antes alguns achavam eles
perigosos, agora, estavam ficando.

450
Duas semanas e as provas chegam
e João estava saindo da sala, por ultimo
novamente, ele estava tentando acertar
e ter mais tranquilidade para o fim do
ano.
Ele olha para o professor olhar a
prova e perguntar.
— É serio que você é o famoso Jo-
ão Mayer?
— Faz diferença professor?
— Você teria dinheiro para uma
faculdade fora do país melhor que a
nossa.
João não comente e foi ajeitar su-
as coisas.
Ele sai, alguns passaram a falar
com ele, mas não parecia fazer parte
daquilo, muita gente que queria o levar
para festas, para reuniões que ele não
tinha interesse de ir.
Alguns começavam a achar que embora alguns falassem que
era, não era ele esta pessoa, e como João não confirmava e nem
desmentia, ficava sempre sobre um muro largo olhando para os
dois lados, e caminhando sobre ele, gerava a duvida.
Ele chega ao quadro e olha as notas, teria de melhorar um
pouco em Calculo, maior nota da turma e mesmo assim ele não
queria depender da ultima nota para passar.
Jose e Ricardo param ao lado dele e José fala.
— Tem as melhores notas João, as vezes não entendo como
fazer alguns cálculos, não sei como está estudando?
João olha o rapaz e fala.
— Fazendo toda a linha de exercícios do livro, eu erro muito,
até entender a logica, mas uma vez pego a logica das mais difíceis, a
parte fácil da prova fica mais rápida, mas este professor não consi-
dera meio acerto, então como ele deixa sempre o calculo mais difí-
451
cil, valendo um terço da prova, enquanto não a acertar, não estarei
com a nota que quero.
— Estava falando com Ricardo em fazer um grupo de estudos,
para Calculo, pois suas melhores notas, vão dar final, temos de me-
lhorar para passar.
João concorda e fala.
— Pela logica dos exercícios, ele pegou os dois mais difíceis
do livro e jogou com pequenas alterações nas duas provas, então
temos de fazer e entender os exercícios do livro, sei que saber a
resposta não é saber como chegar a ela.
— Não entendi a conversa sobre a primeira prova, ele lhe deu
7, mas disse que colar não valia, e ficaram discutindo o resultado e
ele não aceitou o seu calculo que chegou ao resultado.
— O problema é que ele escolheu um calculo difícil, para a re-
solução, mas se integrasse direto, se sabia o resultado, sabia o re-
sultado, e me perdi na conta, ele não aceitou o calculo e com toda a
arrogância de alguém que pelo jeito fica pensando em como ferrar
com a turma, falou que tinha colado, mas colado de quem?
Ricardo não entendeu nada da afirmação enquanto José olha
para João e fala.
— Vai tentar passar?
— Sim, um 7 e um 6,6 me deixa abaixo dos 7 que preciso para
passar, mas é que ele faz baseado em resultados quebrados, para
ferrar com os estudantes, mas para quem achava que seria mais
difícil, estou me esforçando para passar.
João caminha até o refeitório, e viu uma moça sentar a mesa
e olhar ele.
— Meu pai falou que você é patrão dele.
— Não sei quem é seu pai. – João.
— Victor Ramos.
— Sim, presidente da AR.
José que sempre via João desviar a conversa soube que pela
primeira vez ele confirmara algo.
— Ele parece temer perder o emprego.
— O mundo dá voltas, mas ele já trabalhava para uma em-
presa minha, antes, apenas ele não sabia que era minha.

452
— Ele quer tentar voltar por cima para a cidade, quando saiu,
na separação dos meus pais, ele parecia não querer voltar.
João não queria entrar no problema pessoal e apenas usa o
garfo para parar de falar, mastigando ficava mais difícil.
— Eu não entendo o que é esta empresa, alguns falam que
será grande, mas não entendi, porque ele está encantado.
— Por motivos estranhos, empresas pagam salario de partici-
pação no lucro, e isto faz ter dados que não parecem fazer sentido.
— Dados? – Jose.
— O professor de calculo ao fundo, acha que ganha um bom
salario, ferra com muita gente se achando a laranja doce da cesta, e
pessoas que ele tentou ferrar, mas passaram, chegam a empresas
como a AR, que se, isto é um se, não é real ainda, paga aos funcio-
nários parte do lucro da empresa, se o pai de Rose, fizer ela funcio-
nar, ele terá um salario fixo, que é maior do que o salario do profes-
sor ali, durante 30 anos, em apenas um ano, mas para o ganhar,
tem de convencer o inverso do professor ali, que as pessoas são
capazes, calcular uma forma de fazer, e entregar pessoas evoluindo,
não regredindo.
— Não entendi, como meu pai ganharia o salario do professor
de 30 anos? – Rose.
— Presidente da AR, tem salario internacional, 2,5 milhões de
dólares ano – ele olha para José – que é quanto o engenheiro do
prédio da Recicla Rio vai receber pelo calculo e projeto, saber fazer
coisas maiores e melhores, geram salários bons, ou pode ser profes-
sor e ganhar 25 mil ao mês e se achar especial.
— Está dizendo que uma empresa sua paga 2,5 milhões de
dólares de salario para um presidente? – Ricardo.
— Primeiro a AR, é apenas metade minha, a outra metade e
da minha companheira, segundo, é uma empresa projetada para
vender perto de 4 bilhões ano, então é obvio, se ele se adaptar ao
cargo, é um bom salario.
José sorriu e pergunta.
— Mas o que faz esta AR?
— A Aeronáutica Rio, vai produzir de monomotores a Jatos
militares, de Cargueiros a Aviões comerciais, capacidade de fazer 30
produtos, então é uma empresa que firmou contrato com o exerci-
453
to, com empresas de transporte de passageiro, é um mercado com
muita concorrência, mas de bom valor agregado.
José olha para Rose e pergunta.
— Qual a formação de seu pai?
— Engenharia Mecânica e Mestrado em Engenharia Aeronáu-
tica em Harvard.
Jose sorriu e fala.
— Certo, gente que calcula como os demais sobrevivem em
aviões, responsabilidade alta, mas sinal que você é mesmo João
Mayer. – Jose.
João olha em volta e fala.
— Todos a volta sabem José, apenas não saio por ai falando
disto, metade desta ilha, a parte nova, me pertence, e tem gente
que estuda aqui, e nem sabe disto, digamos que acho chato ficar
falando pela manha sobre dinheiro.
— Mas escolheu meu pai por quê?
— Não escolhi, o presidente da Marítima o indicou, não sabe-
ria que o rapaz que construiu as rodas gigantes do carro abre alas
da Beija Flor do ano passado, era engenheiro Aeronáutico.
Ricardo sorriu e pergunta.
— Não deve imaginar o que falam pelas costas de você?
— Não me faz diferença, eu em casa, ganharia quase o mes-
mo que ganho hoje trabalhando, pois as empresas principais tem
presidentes e administradores, então se falam mal de mim, não faz
diferença para as empresas.
— E pelo jeito enquanto os demais festam, você trabalha.
— Aproveitem a juventude e estudem, para com a minha
idade, com a idade do pai de Rose, vocês terem caminhos fáceis na
vida.
— E porque acha que temos de estudar?
— Ainda não consegui um engenheiro nacional, para nenhum
dos prédios que vou construir na cidade com mais de 70 andares.
Rose sorriu e pergunta.
— E quantos engenheiros você tem como funcionários?
— Poucos, dos mais de 200 mil funcionários, apenas uns 300
são engenheiros.
José sorriu e olha Rose.
454
— E tem gente que acha que o que importa são as roupas e
os amigos ricos.
— Pessoal, o assunto está chato, mas para ter uma ideia,
apenas para o Carnaval, eu contrato 12 engenheiros, metade civil e
metade mecânico, mas tá na hora do burro de carga trabalhar.
— Certo, você faz carros famosos. – Rose.
João termina de comer e fala.
— Deixa eu caminhar um pouco.
— Caminha sempre? Vai para onde que sai sempre andando?
– Rose olhando João.
— Tem a sede da Recicla Rio, os barracões da Escola de um
homem só, os parques temáticos, a sede da PACIF, a sede da Loucu-
ra comunicação, isto apenas na ilha.
— E vai para qual hoje? – Rose.
— Hoje tenho de firmar uns acordos na PACIF. – João pegan-
do a bandeja e saindo.
José olha João saindo e olha Ricardo.
— Pelo jeito ele começou falar sobre quem é.
— Ele é uma incógnita para mim, ele parece lento, e ao mes-
mo tempo, não liga para o que os demais falam.
— Ele parece fazer com calma, não lentamente Ricardo, se for
analisar o que falam dele, meia sociedade fala em ter a Recicla Rio
como símbolo, e a Marítima como financiadora, falam maravilhas
deste tal Mayer, mas aquele rapaz ao fundo, saindo caminhando,
tem uma Universidade nesta ilha, mas ele não está preocupado em
aparecer, por sinal, ele usa apenas roupas de sua marca própria, são
naturais, não simples, Ramos Confecções tem crescido na cidade.
Ricardo olha João e fala.
— Meu irmão acha que ele deu o golpe de baú, o que acha?
Rose olha para Ricardo e fala.
— Que saiba, ninguém na cidade tinha o que ele tem, tinha
aquele Moreira, parece que ele assumiu parte da estrutura que
apostavam contra, mas para dar um golpe destes, alguém teria de
ter este baú.
— As vezes fica difícil de acreditar. – Ricardo.
— Talvez por isto ele fale pouco, não adianta falar, vocês não
acreditariam mesmo.
455
João a dois mil metros entra na direção da PACIF, teria que fa-
lar com a direção, parte das festas de Julho iriam se passar naquela
estrutura.
Na direção da Cidade do Samba, Roberto acompanhava o sor-
teio da ordem de desfile, novamente desfilando em terceiro no
primeiro dia.
Micaela chega ao barracão e olha para a mãe, com Mirian no
colo, e sorri.
— Todos por aqui?
— Seu pai queria acompanhar o sorteio das escolas, eles pa-
recem querer proibir acoplados fora do abre alas novamente.
— João um dia se enche destes mãe.
— Seu pai e Jorge estão lá acompanhando as discussões, mas
estão a 3 horas discutindo, seu pai nem comeu ainda.
— Acho que João não vai entrar nesta provocação este ano,
ele acha que eles facilitam sua vida, gerindo regras.
— E ele faria o que se eles fizessem regras novas?
— Obedeceria mãe, se eles encolherem, ele vai se dedicar as
demais categorias, ganhamos dinheiro com isto, ele criou o proble-
ma, está sobrando dinheiro no grupo de acesso, faltando no especi-
al pois eles querem encolher as regras.
— E como ficaríamos?
— O que poucos falam, as 6 melhores escolas do ano passa-
do, tinham entradas particulares na base dos 14 milhões de reais. As
vezes eles pegam no ponto errado, e não entendem, João está
mesmo desmotivado, e sei que ele gosta de desafiar, mas somente
se for permitido, ele parece ter nascido para respeitar regras mãe,
mas não quer dizer que ele não reclame.
— E o que seria do nosso carnaval.
— Ele tinha pensado em 4 carros este ano, imensos carros,
mas uma infinidade de tripés.
Roberto viu alguns presidentes pressionarem para a volta aos
6 carros e 3 tripés, sem adereços de mão, embora os 6 melhores
colocados, do ano anterior votando pelo manter da regra, os demais
queriam a volta da regra anterior, e 77 minutos de desfile por esco-
la..

456
Eles votam e Roberto olha os sorrisos, como se tivessem ven-
cido, Jorge não ficou feliz, teria de refazer os prospectos, a cara de
desgosto dele, contrastava com a cara feliz de alguns, mas talvez
eles aprendessem a ler no próximo ano, no ano anterior, com libe-
ração das regras e com o tempo de 88 minutos, foi feito o adendo
da organização, que os pagou 6 milhões de reais, ou 68.182 reais
por minuto de prospecto apresentado, e se eles estavam encurtan-
do para 77 minutos, o valor por apresentação já de cara cai para
5,25 milhões, Leandro a ponta olha para o presidente e sorri.
— Não lhe entendo Leandro.
— Presidente, as 6 escolas que votaram para manter a regra,
tem recursos próprios na casa de 12 milhões cada, mas vamos ver
quando eles lerem o prospecto da direção, pois eles o aprovaram,
mas lá está estabelecido a liberdade de desfile de 88 minutos, que
se paga por minutos de desfile, contratados, mas eles reduziram em
750 mil reais de recebíveis e acham que está tudo bem.
— Eles querem por o dinheiro na conta.
— Eles precisam voltar a se dedicar ao carnaval, enquanto em
Nilópolis, a escola transforma cada fim de semana, do ano, em festa
que gera dinheiro, eles acomodados acham que vão ganhar com o
trocado que ganhamos.
— Acha que Mayer vai reclamar?
— Eles marcaram pela manha de hoje, algo sobre ele ter pro-
vas na Universidade hoje, e não poder vir, mas eles não entende-
ram, ele faz na regra presidente.
Era perto das 2 da tarde, quando João entra no Barracão da
Beija Flor e viu Jorge sobre os rabiscos.
— Problemas?
— Eles colocaram 6 carros como limite, apenas o primeiro
acoplado, e 20 metros de altura máxima.
— Tripés?
— Três mais comissão de frente, outra coisa, 77 minutos.
João olha os rascunhos e fala.
— Certo, então vamos partir do proposto, mas sem acopla-
dos, nenhum deles.
— Vai encolher o carnaval?

457
— Não, mas – João faz sinal para subirem, entram na sala e
ele coloca na tela ao fundo a imagem do seu computador e começa
a projetar uma base, e fala.
— Base principal, 12 por 50, com 10 metros a mais na frente e
ao fundo, gerando em 20 metros de altura, uma estrutura como
esta aproximadamente.
João olha o desenho mostrando para Jorge.

João estava pensando nas 6 possibilidades e fala.


— Eu começo sempre com um quadro em branco, sabe que
as vezes refaço carnavais, mas não me estresso com crianças que
tem pelo menos 40 anos a mais que eu.
Jorge olha para João e pergunta.
— De qual carro será este?
— Como digo, base é isto.
— Não entendi.
João sorri e fala mudando algo no teto.
— Estou falando da base de 6 carros, que podemos mexer,
que quando entrar na avenida, não vão lembrar o que está no pa-
pel.

Jorge olha o prospecto e fala.


458
— Dentro disto colocarmos o que queremos?
— Sim, se iriamos usar 4 carros, e 10 tripés, temos de pensar
na divisão da escola, mas temos ela dividida, no seu prospecto, en-
tão nos intervalos, do carro 3 e 4 colocamos um carro, que tenha os
4 tripés do enredo, entre o 2 e 3, colocamos outro carro com o con-
teúdo de 4 tripés, e mantemos os dois tripés frontais, teremos de
verificar os balões, eles vão querer proibir, mas as vezes, eu coloco
uma ideia na gaveta e espero quando posso a usar.
— E como ficaria o esquema? – Jorge apontando o esquema
na parede.
João ajeita e manda para a impressora ao fundo e coloca na
mesa o novo prospecto e fala.
— Tento fazer algo pequeno, eles não me deixam. – João.
Jorge sorri olhando o prospecto.

— Minha única duvida está ai, se acoplamos ou não o abre


alas, mas se reparar, para mim, não muda muito.
— Certo, você sabe fazer isto, eles ficam de frescura, mas pe-
lo menos neste esquema, conseguimos realizar o prospecto anteri-
or.
— Se eles confirmaram o esquema, assinaram ele?
— Sim, não queriam pressão após.
— Talvez tenhamos de encolher a escola um pouco, tempo é
parte que me preocupa, mas já passei uma escola grande em 55
minutos, acho que consigo o ritmo de passagem.
Roberto entra pela porta e olha João.
— Soube?
— Sim, pede para Bira subir, e vamos jogar estes cabaças du-
ra conta a parede.

459
— O que vai fazer?
— Vamos publicar as nossas imagens das nossas 120 fantasi-
as, e não vamos explicar, que eles fiquem pensando no que vamos
por na avenida, mas vamos por detalhadas, como foi desenhadas e
produzidas as primeiras peças Roberto.
— Se eles pensam que você vai parar por isto, não vai.
— São fantasias caras, no enredo e no capricho da Beija Flor
Roberto, não temos meia fantasia, temos elas completas.
Bira sobe, sai e começa a fotografar cada uma das fantasias,
em 4 ângulos, vai a sala do rapaz da internet e passa os nomes, pe-
quena descrição e as 4 imagens, mas sem sequencia, apenas as
imagens.
Era 4 da tarde, quando o Capitão olha o presidente da Portela
e fala.
— Porque disto Edilson?
— Ele tem de parar de ganhar.
O capitão vira o computador pessoal para o presidente e fala.
— Vocês ficam de mesquinharia, ele coloca na internet as 120
fantasias do desfile do ano que vem, não entendi toda a dinâmica,
pois parece que colocaram fora de ordem, mas fantasias lindas,
dinâmicas e contando uma historia, vocês ficam pensando em mes-
quinharia, mas esquecem, ele sabe fazer carros de 14 metros, não é
o que importa, e novamente um desfile de preguiça, pois encolhe-
ram o tempo de novo.
— Fica mais fácil administrar os recursos com redução das es-
colas em si Capitão.
Leandro na Mangueira olha as imagens e sorri, o presidente
olha ele olhando e pergunta.
— O que aconteceu?
— João Mayer acaba de autorizar Bira a colocar a imagem das
fantasias de teste, as 120 fantasias no site.
— Mas que tamanho eles vem?
— Provável que tenha fantasias de alegorias, mas ele estava
deixando quieto o ano, eles provocaram, ele apenas fez o que sabe
fazer, provocou dizendo, vão trabalhar que nós estamos trabalhan-
do.

460
— Eles já tem as peças bases, as pessoas pensando em redu-
zir tempo, carros, eles estão pensando nas fantasias.
— Desfile, ele deve estar pensando em como passar em 77
minutos, o tamanho do ano passado não passaria.
João sabia que chamara a atenção sobre ele e pede para Pau-
linho descer as três esculturas de Presidente do ultimo andar para a
estrutura frontal, faz o pessoal fixar na estrutura e fica ali, a entrada
do barracão, sabia que se eles queriam que não tivesse mais de 20
metros, ele colocaria a 3 esculturas de 18 metros a um metro do
chão, Jorge entendeu que a ideia era provocar e olha Roberto.
— Ele vai deixar todos em polvorosa?
Roberto viu João na parte baixa falar com Bira, que começa a
gravar filmando a volta do carro de acordo com o texto que João
havia passado.
Paulinha e Guimarães estavam em um evento sobre o lança-
mento das regras do especial do ano, quando Paulínia olha o carro e
Bira falar.
— O presidente me autorizou mostra um pedaço do carro 4,
ainda apenas na base, mas como confirmaram que não teremos
mais de 20 metros este ano, acho que estas esculturas dos últimos 3
presidentes, com 18 metros cada, estabelecem que ele parecia adi-
vinhar o que eles iriam fazer.
Guimarães olha a imagem e pergunta.
— Pelo jeito Mayer não leva problemas para casa, os escanca-
ra para deixar os covardes tremendo.
— Sim, ele colocou o prospecto sem a ordem do desfile, de
120 fantasias, o pessoal pensando que ele iria bate para ser ouvido,
não o conhecem, ele faz na regra, eles esquecem que ele vai come-
çar os carros agora.
— Começar, parecem prontos. - Guimarães.
— Como ele me falou um dia, você vê a base em fibra? Não,
vê as luminárias, não, o comando do carro, não, as esculturas no
carro, não, então sabe o que vai entrar ainda.
Guimarães olha o carro e fala.
— Apenas uma provocação?

461
— Ele estava pensando em fazer um carnaval com 10 tripés e
4 carros, ele junta os tripés, em dois carros a mais e apenas tem de
estabelecer a ordem de desfile.
— As vezes é difícil acreditar que ele encolheria.
— Ele não queria encolher, ele queria fazer na nova regra,
mas eles voltaram para aquela ideia de 5 no mínimo, 6 no máximo,
Vieira que fala que este formato engessa o desfile.
— E acha que estes a volta vão fazer o que?
— Terminar de encolher as regras.
— Acha que ele não se preocupa?
— Guerreiros de Chatuba estão no Grupo B, ele se propôs a
fazer a Alegria da Zona Sul este ano, mas o grupo A não tem limites,
se duvidar ele vai financiar um desfile de carros de 30 metros no
acesso, eles vão desfilar em 80 minutos como o fizeram o ano pas-
sado.
— Depois os mesmos vão falar que ele os sacaneou.
— Ele não se preocupa com isto Guimarães, ele faz por gos-
tar, a diferença de alguns, que viraram empresários do carnaval, ele
é um empresário no Carnaval, ele faz porque gosta.
Paulínia olha eles terminando de por as poucas coisas que es-
tavam prontas e a imagem lateral do carro, fica a olhar e Guimarães
e alguns rapazes também olham.

Roberto viu o agito a volta, ele pensa se João não estava mos-
trando de mais, chega na parte baixa, entendeu que o ângulo na
imagem da internet dava uma conotação, e olha para ele colocar a
parede um desenho e olhar para Paulinho.
— Vamos começar por este, enquanto montamos a estrutura
das demais, ele vai ficar bem menor do que pretendia, mas parte do

462
que estamos montando no piso superior vai vir para cá, para não
dizer quase tudo.
Roberto olha o desenho e sorri.

Jorge olha o desenho e ouve João falar olhando Confusão.


— Vamos por neste ponto para começar a tirar tudo e fazer o
acabamento da base e dos painéis, aqui é teste se tudo cabe e a
base para ver como vai ficar, vamos por tudo, fazer funcionar, pois
vamos ter 5 rodas gigantes de 15 metros, 4 carrosséis altos, mas
colocando aqui, temos tempo de fazer as esculturas dos demais
pontos, e vamos acelerar, os políticos, eu queria no carro a 20 de
altura, mas se o carro vai ter altura máximo onde queria por a base
dos políticos, vamos agrupar, e fazer cada carro, e como todo ano,
começamos dando a sensação que mostramos muito, e no fim, lá
em Janeiro, montamos tudo.
Confusão sorri e olha o prospecto e fala.
— Algo com muito movimento entrando na avenida?
— No prospecto até agora, esse carro comporta 270 pessoas,
então temos de fazer com uma base bem firme.
— Certo, movimento e gente, e pelo jeito as esculturas da ba-
se ainda não pensou.
— Pensei, mas elas vão ficar prontas apenas na execução, as
saias vão ser feitas pelo povo triste e sofrido, as partes altas, de
políticos felizes e ricos, e o meio, os palhaços, com sorrisos doidos,
mas temos de por as bases dos demais para que eu comece a dese-
nhar a ferragem de base e depois encaixar placa a placa do prospec-
to, e quando em Janeiro este ficar pronto, será apenas mais um dos
6 carros que vão entrar na avenida.
Jorge viu Roberto parar ao lado e perguntar.

463
— Qual este carro?
— Política no Brasil, Politicaria, temos a visão dos correligio-
nários, do povo, dos políticos, e externo, todos escancarados, a ba-
se, as vezes falo para Mayer qual a ideia, ele fala que tudo bem, mas
ele queria por mais coisas neste carro do que vai por, mas se era um
carro que imenso ficaria leve, pequeno, si é que dá para dizer que
isto é pequeno, 70 metros por 14, com 20 de altura, mas ele queria
por mais coisas e não sei se ele vai por ou mudar de ideia, já que ele
está refazendo uma ideia na cabeça dele, eu pensei que ele reagiria
tentando fazer os demais voltarem atrás, mas eles assinaram a re-
gra, ele acha melhor assim do que ficar no meio do caminho.
— Ele mostra uma coisa e vai deixar outra visível.
— Não esquece, o primeiro a frente era conhecido por apoiar
os ecologistas, mas era financiado por matadores de índios, que
extraiam ouro, o ao fundo, apoiava o desmatamento e era apoiado
por malucos, que eram capazes de queimar uma mata apenas para
demostrar apoio.
Roberto olha o carro e fala.
— Sinal que o desenho final ele não fez ainda.
— Deve ter feito, mas ele mostra os pontos que quer chegar.
Esta leve para carros Mayer, mas ele está tentando dizer que não se
abalou, mas duvido que algo não fique dentro dele tentando uma
saída.
— O problema Jorge, é que ele projeta e passa para os adere-
cistas um monte de serviço, as pessoas não veem, mas ele deve
contratar mais de 6 vezes as pessoas que trabalham internamente,
em serviços prestados a escola, e se falou com ele sobre o prospec-
to, ele deveria estar pensando nas esculturas, nas ferragens, nas
rodas gigantes, realmente não parece um esboço Mayer, parece
que está tudo amontoado, e ele não é de amontoar as coisas no
começo.
— Sei que ele tem uma serie de favelas que estava nomeado
como carro 3, este é o projeto que era do carro três, politicaria.
— E teria estes esboços? – Roberto.
Jorge olha o prospecto do carro e na parte em construção es-
tava algumas coisas e a imagem com as descrições, ele mostra a
Roberto.
464
Roberto olha as construções e olha o carro e fala.
— Ele deve estar pensando, pelo jeito o carro era mais alto?
— 32 metros, agora com 20, ele vai acumular, e era um aco-
plado, ele perde em dois sentidos.
— E Pelo jeito o que vemos a frente é o que ele faz antes, o
prospecto mecânico e estrutural.
— Não duvido, o ano passado só soube o que iria desfilar re-
almente duas semanas antes do desfile.
João chega ao lado e olha o desenho que Roberto e Jorge es-
tavam olhando e fala.
— O problema Roberto, Jorge, que do primeiro, as taperas de
madeira, estão em construção 8 divisões desta, era uma favela
grande, os demais, pelo menos dois de cada, então eu olho, e para
mim, este carro vai ficar bem poluído.
Roberto olha os desenhos de novo e fala.
— Você pelo jeito quer algo grande mesmo.
— Vou repensar cada parte, aquele sistema imitando uma es-
cavadeira, foi pedido 20 deles, teria 10 de cada lado.
Jorge olha e fala.
— E está pensando no como fazer?
— Sim, apenas acho que podemos novamente perder um
carnaval, se não soubermos dispor de tudo que tínhamos projetado
corretamente e com capricho, este carro é um complexo de ideias,
que pode não dar resultado algum.
— E não vai esconder ele.
— Eu acho que vou refazer o desenho e desenhar cada parte
da evolução dele, para entender onde cada parte vai. Você deu a
ideia Jorge, eu apenas estou tentando remodelar as ideias, mas
pensa no carro final e nos dois carros a mais, pois vamos precisar.

465
Jorge sorriu.
João foi ao computador e foi separando peça a peça e foi re-
colocando no carro, Jorge e Roberto ficaram olhando, Sergio chegou
junto, Bira, João estava tentando resolver o problema, e olha os
prospectos de cada detalhe, ele foi colocando parte encima da es-
trutura, foi colocando as quantidades, os detalhes, fica a olhar o
local e o papel, tão longe na ideia, que não via que 5 pessoas já
olhavam para ele.
Começa a montar peça a peça, detalhe a detalhe no compu-
tador, coloca os cálculos de estrutura, as estruturas de viga, a me-
tragem de fios, a quantidade de geradores que precisaria, e faz o
primeiro prospecto e olha em volta, vendo as pessoas finalmente.
João olha sem graça e imprime o papel e fala.
— Vai ficar bem poluído, e parte não vai caber, terei de por
em outro lugar ou guardar.

Roberto olha o amontoado e fala.


— Ficou realmente poluído.
— Sei disto, mas um carro de 70 metros, por 14 de largura e
20 de altura, com mais de 300 pessoas, com 8 geradores, vai ser um
prospecto que somente quando estiverem realmente ai vamos sa-
ber o que fazer.
Roberto pega o papel e fala.
—E vai montar isto quando?
— Na frente da câmera da Globo, Vamos montar a favela, re-
cuar ela ao ponto, as partes moveis, as esculturas, cada uma das
construções, as disponibilizando, logico, pessoalmente vai ficar me-
lhor.
— Acha que fica bom?
466
— Roberto, é um esquema, que não está com 12 brinquedos
girando, que não tem 3 estatuas de 16 metros para mexer com o
publico, que não está com os 300 neguinhos se divertindo, e é ape-
nas o primeiro carro definido, também não tem luz.
Roberto olha o prospecto, mais um carro de meio que era
tamanho abre alas.
— Eu esqueço que fico provocando, e depois inventa estas
coisas, que são para provocar.
— Eu coloquei Moreira atrás da favela, e vão ter nas taperas
altas a frente dele, representações de seres que diziam ser Moreira,
não vamos afirmar, mas o povo falava que Alemão era Moreira.
— Vai provocar também?
— Este carro é apenas um carro grande, não é grande coisa
Roberto, não me faz perder o sono na justificativa, apenas na exe-
cução.
João começa a pedir coisas, eles terminam de montar a base
baixa, colocam as armações e começam a testar os sistemas girató-
rios, e João chega ao Bira e fala.
— Vamos fazer uma provocação, e para não dizer que foi mal
entendido, eu vou gravar hoje, e você vai por no ar.
— O que precisa?
João escreve o script e começa imprimir algumas coisas, e
olha para Paulinho e fala.
— Vamos fazer uma encenação, eles não tem como saber,
mas vamos a guerra.
Bira sobe e os rapazes colocam uma chamada para uma Live
ao vivo na Beija Flor, João liga para Milton Cunha, para Neguinho,
para o pessoal da bateria, casal de mestre sala e porta bandeira,
passa mensagem para os conhecidos que narravam o carnaval nos
meios de comunicação e começa a pensar no que faria de verdade,
marca o inicio da bagunça para as 20hs.
Era 19 horas e os repórteres de varias partes recebiam o con-
vite de Mayer para suma apresentação, referente a dinâmica de um
carro, e que pretendia o fazer carro a carro, nos 6 que iriam a ave-
nida.
Milton chega e olha eles montando um carro e olha Roberto.
— Tudo bem presidente?
467
— Pelo jeito ele vai forçar eles a tomarem ele como inimigo,
pois eles encurtam o tempo e as regras ignorando que estamos
pensando no que faremos em 2 carros, pois o projeto era de 4 e
tripés.
— Mayer está onde?
— Na sala dele. Lhe acompanho até lá.
Sobem, na parte baixa Bira ajeitava cadeira com o pessoal, na
frente do carro a armação com as 4 roda gigantes, alguns outros
brinquedos, os movimentos, Rodney ajeita a bateria, o pessoal de
movimento coloca gente nos 3 bonecos.
Paulinho sobe e começa a descer divisões e colocar no fundo,
ele não tinha muita coisa ainda, mas não sabia o que iriam fazer,
mas João iria por em polvorosa todos os demais.
As demais armações, ainda na base, estavam sendo ajeitadas,
apenas os comandos e pintura base, o carro 3 era o mais evoluído.
As pessoas começam a chegar, eles começam uma Live no
barracão, as pessoas chaves da escola, começam a surgir, e os re-
pórteres começam a olhar o carro a frente.
Milton Cunha acertou com João o que faria e chega a parte
baixa e fala.
— Boa noite a todos, estamos em um teste, o presidente Ma-
yer falou em tentar este ano, apresentar em parte o prospecto do
ano, e através dele, tentar mostrar as evoluções.
Todos se ajeitem.
Milton faz sinal para a bateria, enquanto João antes de apare-
cer, coloca também a câmera que ia ao vivo para a Globo no Globo
Play, focada no pequeno palco, com a visão ampliada.
João aparece e fala.
— Boa noite a todos, para quem não me conhece, João Ma-
yer, presidente da Beija Flor de Nilópolis, quando a um mês pensa-
mos neste dia, era para algo de 4 apresentações.
João abre um dos papeis as costas, que ele imprimira.
— O carro as costas, seria o carro 3, vai ter de virar o carro 5,
pois vão novamente nos forçar a por dois carros a mais, mas eu
nunca fui contra a regra, não nego que este carro ficaria melhor
com 35 metros, mas é um carro básico, como todos veem uma ba-
se, que tem as partes recolhíeis, mas que ampliada assim tem 14
468
metros de lado, e 70 metros de comprimento, rodas independentes,
que fazer ele em uma rua larga, conseguir girar no próprio eixo.
João sorriu e fala.
— Este carro, vai se chamar Politica.
João faz sinal para a bateria e Rodney começa a tocar baixo,
ele olha Paulinho, e ele ergue a estatua do Lula as costas e coloca
sobre a estrutura.
— Vamos ter no carro três presidentes.
O erguer acima das estruturas girando e descer acertado, e fi-
xarem o mesmo, fez as pessoas olhando a estrutura.
— Na saia do carro, teremos o povo, sofrido, alegre, despro-
vido, no Brasil, Politica é festa de palavras, uma roda gigante de
ideias e prospectos que parecem sempre em alta na eleição, mas
que vai chegar ao topo da discussão sempre 4 anos depois, nunca
durante o mandato.
João olha Paulinho colocar Moreira enquanto ele falava.
— Os prospectos deste carro, são de um povo que precisa de
muito, antes de lhe darmos uma arma, educação é uma delas.
João olha para o carro e estavam erguendo Bolsonaro para o
fundo, a fixam enquanto a bateria dava o ritmo e continua.
— O problema do Brasil, é que temos uma nação onde a clas-
se media, tem direitos, tira férias, viaja, vai a parques e festas,
shows, suas casas boas.
Da parte do fundo, veio as estruturas das casas junto a estru-
tura, e começam a fixar ela, Milton olhava aquilo como uma provo-
cação, talvez já estivesse planejado.
João olha para o pessoal e fala.
— Mas a única diversão de pobre, ou das poucas, é o boteco
da esquina, aquele que ele vai tentar esquecer os problemas.
A bateria fazia os tempos das estruturas descendo, as pessoas
estavam olhando o capricho, embora o piso ainda estivesse no bási-
co da forma.
— Mas para a infelicidade, uma gama dos brasileiros, não
consegue viver em uma casa digna.
Começam erguer a junção das duas estruturas de favela que
estavam prontas, colocando na parte alta.

469
— Temos os empresários que insistem em sobreviver neste
país, nos fazendo um país onde mesmo os com oportunidade, não
chegam ao patamar de grandes, ficamos todos nas micro empresas.
Ao fundo Paulinho desce duas estruturas e coloca as mais a
frente ao palco.
— Mas ainda temos muito a construir, a aprender, a sobrevi-
ver, então nas divisas do carro, temos os trabalhadores, que deter-
minam o futuro do pais e seu funcionamento.
João falava e colocavam as costas parte das saia do carro, e
começam a colocar a escultura do pobre dando comida na boca do
rico e ele termina.
— E as vezes não adianta apenas se chocar com a imagem de
que o rico explora o pobre, pois todos querem os ricos fazendo isto,
e quando não o fazem, a própria sociedade a volta não respeita.
João ouviu a bateria algumas passistas sobem no carro, e ele
termina.
— Estamos trabalhando para fazer um carnaval digno a tradi-
ção do carnaval Carioca, mas como Roberto fala, eu faço projetos
para construir um carro, e ele parece varias vezes estar pronto, mas
meu maior medo, é que o que vai nos carros, acaba ficando poluído,
mas estamos nos divertindo, e convidamos vocês para esta pequena
apresentação e vamos tentar fazer com cada carro que evoluir no
barracão.
Fica aquela representação parcial a frente de todos.

João olha Milton que fala.


— Vamos abrir as perguntas, conforme o pequeno sorteio
que houve antes.

470
Roberto ao fundo viu que as pessoas registravam aquele car-
ro, muitas fotos, mas como foi feito, o resto desligado, dava a sen-
sação de que estavam apenas nas estruturas, mas aquelas rodas
gigantes, aqueles carrosséis altos, o carro se mexia mesmo sem
ninguém nele.
João viu que as perguntas foram apenas sobre o que achou
da regra, se repete algumas vezes que não era sua função determi-
nar as regras, que se falassem em 10 metros, teria as mesmas coi-
sas, apenas menores.
Mesmo os demais falando que não olhariam aquilo, todos os
demais viram aquele carro, era uma provocação, e obvio, se alguém
achava que Mayer iria com pouco, viram que não, as vezes ele se
enxia destas frescuras.
O fim da apresentação as 23 horas, fez todos os demais irem
as suas bases para fazer algo sobre aquilo, sobre suas impressões, e
obvio, muita gente falando que estavam na base, mas João não
estava preocupado ainda.
A imagem na internet, dava material para quem não viu as
coisas, e muitos ficam pensando no que colocar.
O +Carnaval entra próximo da meia noite e meia com a diva-
gação sobre o que viram.
A imagem começa com uma volta ao redor do carro, e depois
o que era a imagem do carro há duas semanas e Helio olha a câme-
ra e fala.
— O carro é o mesmo, mas a Beija Flor da sua forma, veio a
publico dizer, vamos fazer de acordo com a regra, mas é evidente,
eles tinham as estatuas a 30 metros, as mesmas olhando o carro
agora, estão escondidas nos carros, mesmo quando se perguntou o
que eles tinham a falar sobre a nova regra, o presidente, que rara-
mente aparece, mas estava ali, fala que não é altura, é projeto, não
é 10 carros, é projeto, e que teriam de ampliar o projeto, pois eles
pretendiam ter 4 carros grandes em meio a um mar gente, mas
sempre tentavam respeitar as regras.
Hélio coloca as imagens ao fundo e fala.
— Eles começam o dia mostrando que estão com os prospec-
to de roupas prontas, imagino ter de pensar em realocar alas, pes-
soas, porque novamente alguns insistem em apequenar a festa.
471
— Uma coisa fica bem visível nos carros da Beija Flor, o aca-
bamento é notório já no criar, sabemos onde vão ter as surpresas
pois as estruturas estão ali, a toda volta, estruturas como a nossa
frente, mas ainda na base, e realmente ali tinha apenas 4 bases
grandes como aquela a nossa frente, mas é nítido que agora eles
vão se adaptar as regras, sabemos que o que era carro 3, vai virar
carro 5, sabemos que o que deveria estar, e as imagens da volta ao
redor do carro 3, mostra ele agora bem mais baixo, infelizmente a
ideia de diminuir o carnaval, volta a imperar entre os diretores de
escolas, estranho ver um acabamento de piso, lindo em amarelo,
brilhoso, e sabe que aquilo é produzido com lixo, estranho ver como
uma escola coloca sobre um carro estruturas de um parque de di-
versão inteiro, mas se alguém lhe falar, o grupo especial vem pe-
queno, não esquece, no primeiro dia, vem a Beija Flor, e se pergun-
tarem o que ela pretende. – O rapaz coloca o vídeo, de Mayer fa-
lando.
— ... pois vamos tentar o tricampeonato o ano que vem!
Hélio termina o comentário, todos os demais blogs de Carna-
val falam sobre o evento, todos os demais tentam algo diferente,
mas aquele carro tinha qualquer coisa, menos a palavra pequeno
associada a ele.

472
José foi a uma prova de reforço
de notas, olha Ricardo olhando a en-
trevista e o vídeo, João não iria naquele
dia, era prova de Programação, e esta-
va com nota máxima naquela matéria.
— O que olha?
— Que João fez uma apresenta-
ção ontem de um carro da Beija Flor,
estranho saber que é ele, e mesmo
assim, não parecer ele.
José olha o vídeo e fala.
— Eles pelo jeito vão começar o
carnaval agora em Junho.
— Estava ouvindo os comentá-
rios sobre carnaval, ontem eles reduzi-
ram as regras do especial, e parecia
provocação.
João vai a escola sedo, ele queria
ver como estavam algumas coisas e
uma delas, ele chega a divisão que
estava com o abre alas, e viu os rapazes
prendendo a replica da Nau Portuguesa no brinquedo, ficou olhan-
do eles o fazerem, tinham três grupos ali fazendo isto, e ficou ob-
servando.
Roberto chega ao lado e fala.
— Todos querendo minha posição.
João não sabia sobre o que.
— Sobre?
— Porque os sites estão chamando a Liesa de conservadora
de mais, e porque induzimos a isto.
— Não induzimos Roberto, você viu a apresentação ontem,
nada do que falamos vai de encontro a isto.
— Mas os sites estão descascando.

473
— Não vi ainda, mas na nossa pagina no Youtube, tem o
prospecto inicial do carro 3, e o atual, obvio que aquilo que eles
queriam proibir de desfilar, então do que estão reclamando?
— De termos aberto parte do enredo.
— É proibido isto?
— Não.
— Então não temos o que falar Roberto.
— Pediram para avisar que vão fazer uma reunião agora pela
manha, mas eles não o esperam lá.
— Bom saber que a Liesa não me quer lá Roberto, pois eu não
recebi nenhuma convocação.
— E vai hoje?
— Que horas vai ser?
— Perto das 10, marcaram as 10.
— Vou, apenas vou acompanhar a montagem da estrutura
das ondas para o abre alas, e as naus.
— Vai por isto na avenida?
— No abre alas, eu gostei da ideia, apenas tenho de cuidar
para não exagerar este ano.
Roberto estava prevendo trovoadas, João via isto na aura do
senhor, e não queria complicar ninguém.
Ele começa a erguer as esculturas do carro 3, e subir tudo, se
apresentaram no dia anterior, agora iria pensar em cada peça, como
por no carro.
João viu quando chegou perto da hora, ele vai a parte interna,
lava as mãos, olha Roberto e fala.
— Vamos, acho que não me falou o que eles pretendem?
— Vamos descobrir juntos.
— As vezes acho que eu atraio apenas problemas.
Roberto olha os seguranças, e obvio, quando João entra ao
lado de Roberto, os olhos fora a ele, uma coisa era fazer uma reuni-
ão e não ter o rapaz para se defender, mas João não feriu ao seu ver
nenhuma das regras.
O presidente olha os presentes e fala.
— Alguns presidentes pediram uma explicação referente a
ação de ontem da Beija Flor, recomendando uma retratação.

474
Roberto viu alguns olhos sobre ele, mas o presidente era Jo-
ão, Roberto olha o presidente e pergunta.
— Retratação sobre o que?
— A posição de que somos a favor do encolher da festa.
João olha os demais e pergunta.
— Primeiro, por que eu não fui convocado para esta reunião,
se vão passar convites tem de ser formal, eu não o recebi, segundo,
quem reclamou, quero nomes, terceiro, não temos problemas de
retratar nada do que foi falado ontem, pois nada do que falei, foi no
sentido da frase que falou, se temos imagens na internet da preten-
são anterior, já a tiramos de lá, mas não fomos nós que falamos
senhor presidente.
João estava calmo e o senhor falou.
— Convocamos como os demais, pelo telefone, não formal-
mente.
— Então anota ai meu telefone presidente, eu estaria no bar-
racão ao lado e não viria por não saber da reunião.
O presidente olha ele, sabia que não tinham ligado.
— A proposta vem de 6 escolas, e eles querem a retirada do
ar do evento de ontem, e a retratação, e uma multa para a Liesa do
que está no estatuto, 125 mil reais.
— Então já esta decidido? – João.
— Tem de...
— Já, 6 escolas mandam aqui, é isto?
— Não, mas eles são os mais tradicionais, e consultei os de-
mais presidentes, e 12 deles concordaram.
— Sem defesa, através daquele vídeo que em nada tem de
acusatório? Apenas confirmando senhor, para depois não dizerem
que entendi errado.
— Eles acharam bem ofensivo.
João não olhou os demais, mas o presidente confirmou com
os presidentes presentes a condenação e o sigilo daquela reunião, e
João apenas sai, ele faz a transferência para a Liesa da multa e Ro-
berto olha para João.
— Eles estão passando do ponto João, não entendi tudo.
— Nem vou tentar entender, pois teria de reagir, e talvez eu
esteja atrapalhando mais do que resolvendo as coisas.
475
— Você não foi convocado.
— Isto não me preocupa, apenas 4 presidentes que estão ali
pois eu apoiei, votaram contra mim Roberto.
João pega o telefone e liga para Bonifácio e fala.
— Podemos falar Bonifácio?
— Problemas?
— Estou tirando a câmera que deixa nosso barracão visível,
não que não gosto da resposta, mas a Liesa me acionou em uma
multa baseada no estatuto, baseado naquelas imagens, então estou
falando que vamos parar de ter aquela imagem e preciso saber co-
mo estabelecemos o encerrar deste contrato.
— Algo grave?
— Não, apenas gente querendo que faça burrada, e não es-
tou a fim de o fazer.
João olha Micaela a porta, ela sorri e a aura dele falava que
ele não sorriria.
— Fizeram algo contra nós? – Micaela olha o pai.
— Nos multaram e querem uma retratação referente ao
evento de ontem, eu não sei o que retratar de ontem. – Roberto
olhando Bira que parecia querer uma posição.
— Fala Bira?
— Porque temos de tirar o evento de ontem?
— Apenas porque Live, é ao vivo! – João – Então não é para
ficar lá, apenas isto. – João estava pensando.
João olha para Micaela e pergunta.
— Acha que o mercado da Importadora gera quanto em re-
torno este ano?
— Não entendi?
— Tô a fim de mudar a sede para São Paulo e vender apenas
lá os produtos, e transformar o local em um prédio moderno a mais,
hotel da linha MD.
— Mas...
— Nossa parte nós vamos fazer de qualquer jeito, mas como
ainda não começaram as compras, e vai ainda 4 meses para eles se
tocarem que não estaremos ali, a hora de tirar dali é agora.
Roberto viu que João iria pegar mais pesado do que os de-
mais queriam.
476
— Vai querer sair desta parte?
— Se eles não me querem ali Roberto, hora de sair, mas não
quer dizer que vou sair daqui, mas vamos registrar tudo, mas faze-
mos como alguns anos, tudo oculto, vamos mostrar as festas na
comunidade, vamos fechar o barracão para interação externa, e
começar a fazer apenas carnavais que caibam nesta estrutura.
— Tem de acalmar João. – Roberto.
— Estou calmo, e vou começar a desmontar os carros, dei-
xando cada um deles, separado, temos de fazer todas as esculturas,
se ontem queria montar algo a frente da câmera, hoje, quero ocul-
tar tudo.
— E o que vai fazer depois?
— Se o show diminui, os recursos das escolas diminuem,
quando eles forem negociar com a Globo, este ano não vou deixar
pagarem mais, pois eles diminuíram o show.
— E as fantasias? – Bira.
— Isto está nas regras de vendas de fantasias, nós podemos
as mostrar e vender.
— Tiro todos os vídeos do ano da internet? – Bira.
— Deixa apenas os de reciclagem, os que mostram nós traba-
lhando, mas sem os resultados finais.
João olha para fora, e sente Micaela o abraçar.
— Estamos aqui, se desarma um pouco.
— Odeio me sentir um estorvo, e é como me sinto quando
eles fazem isto, era para uma reação positiva, não negativa, se sou-
besse que seria assim, teria realmente falado o que queria ontem.
Roberto foi a sua sala, ele não gostara daquilo, gente nova-
mente se voltando contra a festa.
João sobe após, e Micaela senta-se a frente dele, e fala.
— O que vai fazer?
— Uma hora acordaria para o fato daquela empresa dar mais
lucro nas partes não voltadas ao Carnaval.
— E acha que eles vão para que lado.
— A empresa em Curitiba nem sabem ser nossa, mas ela vai
subir os preços, por falta de concorrência, mas odeio ajudar e ser
traído, mas eles acham que agora sou o inimigo da escola ao lado.

477
Micaela viu João ligar para o contador e para o diretor da MD
importação, falando da mudança de endereço e do foco da empre-
sa, como para quem estava dentro era a sensação de crescimento, o
rapaz achou normal.
João olha para Micaela e fala.
— As vezes queria ser mais calmo, não sei ser.
— E não vai falar nada referente a empresa?
— Eu não estou ainda entendendo a interferência, e isto não
é bom.
— Certo, mas não precisa jogar tudo para cima.
João a abraça, ele não queria se posicionar, mas obvio, quan-
do começam a mudar a fachada da empresa naquele dia, alguns
nem se deram conta, não estavam a frente do local.
João olha as repercussões na internet, e viu o anuncio do fim
do contrato que cobria o Barracão da Beija Flor 24 horas.
João passa um pedido por escrito dos pontos que a Liesa que-
ria que fossem retratados, ele queria algo oficial, e obvio, do outro
lado não sabiam exatamente, mas o grupo estava feliz, pois a câme-
ra na Beija Flor deixava de ser referencia.
O dia começa atravessado e João desce e começa a fazer a
ferragem do carro abre alas, sem ninguém ver aquilo, então ele
começa a fazer algo que lhe agradasse, ele faz sequencias de curvas,
que seriam as ondas, depois as que seriam terra e montanha, e vai
soldando aquilo no carro, talvez ele ali, a gastar energia, fosse algo
que mostrava que algo não estava bom, mas ele apenas se dedica
naquilo que lhe acalmava, ele solta as existências para saber as po-
sições e fica ali a fazer força, ele apenas faz com calma, Roberto
olha a filha no terceiro piso e fala.
— Ele vai fazer força para não estourar?
— Nada do que estava lá, era motivo para isto pai, ele fica
sentindo-se um intruso, e o único lugar que ele não sente-se assim,
é fazendo o que ele sabe fazer.
— Eles devem ter pensando que ele discutiria, que estouraria,
os dando motivos, ele apenas acatou, e eles ainda não responderam
o prospecto de quais argumentos queriam que ele retratasse, se
eles queriam olhar de novo para ver o que ele falou, não está mais
lá para eles consultarem, então ele faz força em um carro que não
478
entendo, mas é uma base, ele nem está se esforçando para fazer
aquelas ondas.
— Pai, ele vai fazer uma escultura, daquelas que ele gosta, no
mar vão ter os seres do mar, fazendo as ondas, e na terra, os índios
e seres da terra se encontrando, com os estranhos que navegavam
pelos mares.
— Não entendi os barcos ao fundo.
— Eles vão sacudir nas ondas, é uma escultura com gente
dentro das naus.
— E pelo jeito ele pensa enquanto ele faz aquilo.
— Ele está afim de parar a empresa de Produtos Carnavales-
cos Pai, é uns 50 milhões ano em vendas.
— Parar aqui?
— Sim, aqui e surgir uma empresa em São Paulo, e reforçar
os estoques na de Curitiba, e obvio, sem nós para fornecer, os de-
mais, vão subir os preços novamente.
— Acha uma boa ideia?
— Pai, eles multaram-nos em 125 mil reais, que cada carnaval
a volta paguem no mínimo isto em custos a mais do carnaval, se
eles já acham certo sacanear com quem os facilitou nos últimos
anos, que paguem mais.
— Vocês dois se entendem de uma forma que assusta os de-
mais.
— Quando se vê Portela e Mangueira se voltar para o outro
lado, sinal que eles queriam nos ferrar, então que arquem com os
custos maiores, eles tem recursos, que nos paguem este recurso.
— E não vão se preocupar com isto?
— Conhecendo ele um pouco, ele vai fazer as bases dos 6 car-
ros, os 3 tripés e testar as partes mecânicas e hidráulicas, mas todo
resto, vai ficar nas divisões superiores até inicio de fevereiro.
— As vezes ele me assusta com a forma que ele age, todos
esperavam ele estourando hoje, ele foi bem calmo, tão calmo que
os demais devem estar mais tensos ainda.
Micaela viu que João estava tentando pensar, pois ele ficou a
fazer ferragem, sabia que ele estava criando, e olha para Paulinho,
que chega a ele e pergunta.
— O que pretende?
479
— Sabe aqueles rostos que estavam em escultura na parte
dos fundos, referente a sereias, e seres aquáticos?
— Sim.
— Separa eles e faz um molde com aquela escultura, vamos
usar elas como estrutura para fazer estes 530 metros quadrados de
curvas e aclives no mar, se cada uma das esculturas tem aproxima-
damente 4metros quadrados, vamos precisar de 132 deles para
fechar aproximadamente isto, vamos os colocar nos mares, os late-
rais são painéis maiores, onde tem diferenças maiores.
— Certo, então quando o painel lateral ficar pronto vai querer
ele em fibra?
— Não, vamos precisar de um molde, para fazer as duas late-
rais, mas vamos fazer em PP, apenas vamos fazer os cristais finos, e
vamos os esquentar aos poucos para eles grudarem no molde, van-
tagem é que ficam translúcidos, fazemos dois para cada lado, e co-
locamos luz no intervalo deles, para este cristal brilhar.
— Mais uma obra de arte?
— Sim, mas vamos montar as bases dos 6 carros, mesmo no
carro 5, ergue todas as esculturas, e deixa apenas as bases mecâni-
cas, e vamos colocar os acabamentos no final de Janeiro.
— As vezes parece que pensa melhor quando está tentando
não pensar nos problemas. – Paulinho.
— Eu não quero discutir, mas se eles me querem longe, e
Bruno votando para que fosse multado, Lucas votando para que
seja multado, eles que se virem este ano.
— E o que pretende fazer este ano?
— Tentar o tricampeonato, empatado com outra escola.
— Sabe que não se controla as coisas assim.
— Sei, mas as vezes queria apenas respeito.
— Eles parecem querer lhe tirar daqui de qualquer jeito.
— Sei, mas hora de tentar passar a vocês o que vão fazer,
sem aparecer muito aqui.
— Você longe eles tentam sacanear da mesma forma.
— Vai fazendo as bases, deixa todas as esculturas na condição
de perfeitas, mas com o pessoal, vamos ter dois andares inteiros de
esculturas, tenta organizar, qualquer coisa, abrimos lugar em outros
andares, mas ai é para os detalhes, como as esculturas a volta do
480
carro 5, do abre alas, de toda a estrutura vou passar cada ponto, e
vamos construir toda a estrutura, e que tudo fique como se estivés-
semos desmotivados, mas isto sem transmitir para a comunidade.
— Acha que eles vão tentar algo?
— Vou deixar eles se darem mal, sei que hoje estou evitando
fazer as coisas, ia fazer merda, e não quero o fazer.
O telefone de João estava tocando e ele não atendeu nin-
guém, alguns queriam a posição de João, mas se até a reunião foi
sigilosa, que tudo ficasse no sigiloso.
Micaela viu ele fazer toda a estrutura do abre alas, e fica a
olhar, sabia que ele queria descarregar energia.
Paulinho começa a por a fibra na forma e João foi colocando e
tirando, ainda sem cura total e foi colocando de cima para baixo,
Sergio no segundo piso olha Roberto, olha para toda a estrutura e
toda a estrutura, e viu Jorge chegar ao lado de João, Jorge parecia
contrariado.
— Fala, sei que hoje todos estão querendo pesar contra.
— Eu morro numa casa locada, o proprietário pediu a casa e
tive de perder um tempo nisto senhor Mayer.
— Tem para onde ir?
— Ainda não sei, mas me viro.
— Tem de entender Jorge, as vezes pedir ajuda, não é pedir
esmola, mas é serio, tem onde ficar?
— Estou indo para a casa da minha sogra momentaneamente.
— Se quiser, tenho uma casa no Irajá vazia.
— Não quero atrapalhar.
João olha para Confusão e fala.
— Consegue uns rapazes, e chama dois caminhões, e ajuda
Jorge a fazer a mudança dele para casa no Irajá.
Jorge sorriu, nem sabia como se virar, quem conseguira a ca-
sa anterior era o presidente da Portela, como estava em dia não
esperava ser despejado, sem nem desconfiar que era tudo interliga-
do, mas ele sai e Roberto pergunta.
— Problemas com o carnavalesco?
— Seu amigo, presidente da Portela, pediu a casa do nosso
carnavalesco, apenas para gerar transtorno no dia de hoje, mas
vamos ajudar para poder fazer isto com calma.
481
— Vai fazer quanto deste piso?
— Vamos fazer os 120 metros quadrados que temos de fibra,
quase nada neste carro.
— E vai por este carro como, pelo jeito quer pensar?

— Apenas a base do Abre-Alas, eu o queria diferente, mas se


vamos ter de esconder um carnaval inteiro, serão bases bem feitas
e nada praticas.
Roberto olha os barcos ao fundo e fala.
— Vai por aqueles brinquedos no abre alas?
— Sim, eles vão fazer o movimento, mas sei que eles podem
vir a tentar nos prejudicar Roberto.
— E não quer pesar contra?
— Eu sei que as pessoas sentem-se incomodadas comigo, as
vezes penso se não deveria me esconder e esquecer tudo.
João continua a fazer, ele iria até o fim do material naquele
dia, ele não tinha pedido mais, pois não pretendia fazer aquilo na-
quele dia.
Fim de dia, João viu Micaela entrar com a filha ao colo e os
meninos, que já estavam andando.
Ele pega os dois no colo e olha Micaela.
— Finalmente algo bom no dia.
— Não entendi, Amanda me ligou e perguntou se você brigou
com Lucas.
— Não, eu não briguei com ninguém.
— Pedro Rosa pediu a casa deles.
— Sei lá, eu apenas trabalhei Mick.

482
Micaela viu que João estava falando a verdade em sua aura, e
estranha, pois todos diziam que ele deveria ter interferido, mas ele
estava trabalhando.
Lucas não ligou para João, então para João ele não precisava
de ajuda, mas ele olha para Amanda.
— Acha que foi ele?
— Dizem que ele está lá trabalhando para não fazer merda,
não sei o que vocês acham que ganham com isto, pois a multa é
uma ninharia, pelo menos para ele, o colocar da Beija Flor fora da
negociação do ano, vai ser como ano passado, a direção vai impor
quanto paga, encolher o show, encolhe os recebíveis Lucas.
— Sei disto, mas não queria brigar com alguns, as vezes te-
mos de mostrar fazer parte de algo, já que como falou é trocado,
dizem que ele pediu por escrito as partes que teria de fazer a Retra-
tação, eles se tocam que ele pediu para tirar tudo da internet, até
quem tinha copiado trechos, recebeu do Youtube aviso de copyrigt
se não tirassem os vídeos.
— Acho que vocês continuam dando tiro no pé e depois re-
clamam, falam que querem ele ajudando, fazendo algo, mas todos
tem medo da falta de medo dele.
— Eles assinaram as regras, de repente eles se lembraram
que o carro que lança o que chamam de estilo Mayer, tinha apenas
20 metros, mas para Mayer isto nunca foi problema, ele não acopla
na Marques, ele monta o carro na armação, pior que ele deixa bem
claro que pretendia fazer algo menor, e todos duvidaram, certo que
o pequeno dele é imenso, mas é reação a empáfia dele de querer
mostrar parte ontem.
Amanda saiba que teriam de sair daquela casa, eles se acos-
tumam com o bom, mas era obvio, um dia aconteceria.
Jorge se instala na casa de Mayer e a esposa fala.
— Esta casa é das boas.
— As vezes temo pedir algo, ele nem se informou, e quando
soube já providenciou, esqueço que Mayer não se faz de rogado, ele
estava lá fazendo a base de um carro, dizem que ele tirou tudo que
fez ontem da internet, e todos estão receosos, pois todos que fala-
ram algo na internet, foram pressionados para mudar a posição,
mas todos ficaram parados, esperando o movimento de Mayer, e
483
não sei, ele é como alguns falam, aquela pessoa que aparenta não
estar fazendo nada, mas é só impressão.
Milton Cunha chega a um bar na Zona sul, ao fundo se via as
novas arquibancadas da Ilha do Caiçara e ouviu um rapaz.
— Sabe o que está acontecendo Milton? – Hélio.
Milton olha Hélio e fala.
— Não entendi, Mayer ontem mostrou um carro, foi educa-
do, foi até anfitrião, algo que ele não faz normalmente, não tinha
nada na reportagem que desse para dizer que foi agressivo, e não
entendi, fizeram uma reunião sigilosa, e pelo que entendi, pediram
para ele tirar aquilo da internet, ele tirou, ele ligou para a Globo e
pediu o rescindir do contrato da câmera que tínhamos lá 24 horas, e
se poderíamos tirar o material do ar, a direção não queria discutir e
retirou, mas é como se todos vissem como uma censura, vinda da
direção da Liesa.
— Todos estranhamos, pois materiais assim, faz vermos os
membros, a evolução, o clima na escola, estava um dia bom, e aca-
bou em tempestade.
— Desconfio que eles tentariam algo a mais, ou ainda vão,
mas Mayer é destes que faz por gostar, ele é a pessoa que colocou a
ideia da Escola de um Homem só na cabeça e a realiza porque ele
quer fazer, mas hoje foi um dia estranho.
— Acha que vão reduzir mais ainda?
— Não sei, mas ele é de batidas fortes, as vezes únicas, para
parar a concorrência, as demais Ligas, aprovaram as regras iguais a
do ano anterior, então o Especial novamente não será Especial,
Pedro Rosa colocou João Lucas para fora da casa, Jorge Caribé mu-
dou para a Casa de Mayer no Irajá, todos foram colocando as man-
gas de fora e mostrando de que lado estão.
— O que Pedro Rosa tem haver com Mayer?
— Ele fornece os diamantes que vão aos colares da Beija Flor
Joias, e dizem gerar um mercado de 130 milhões ano em vendas.
— Então a Portela despejou Caribé?
— Sim, mas é infantilidade isto.
— Dos dois lados.
— Sim, mas nada disto tem cara de João Mayer.
— E teme algo? – Heitor.
484
— Ele me chamou a apresentar lá, algo que iria fazer com ca-
da carro, mostrando as bases que viravam grandes carros, que era
uma forma de mastigar os carnavais e atrair mais gente.
Milton olha em volta e fala.
— As vezes não entendo as pessoas, elas fizeram o mesmo
com outros, os brios dos carnavalescos não podem chamar mais
atenção que um bando de velho, e sou eu os chamando de velho,
mas toda vez que eles pressionam demais, Mayer pula fora, ele não
gosta de discussão vazia, então o conjunto de coisas pode o tirar do
carnaval, e os demais não veem, ele no carnaval, é algo que nos
mantem em destaque.
— Não entendo quem ganha com isto?
— Também não, e não adianta sair perguntando, não agora,
pois todos se farão de ofendidos.
Milton olha Bonifácio chegar a mesa e falar.
— Sabe o que aconteceu?
Milton olha em volta e fala.
— Fizeram uma reunião com ata secreta, e sigilosa, então não
vai ser falada, mas um passarinho me assoprou que multaram a
Beija Flor em 250 mil reais por aquela apresentação, baseados no
estatuto que não é nunca declarado das escolas, que aquilo dene-
gria as escolas e foi o intuito da apresentação, 12 presidentes assi-
naram o multar e o pedir de uma retratação, Mayer está na escola
desde então, pelo que me falaram, erguendo a base de um carro
para não fazer merda. – Milton.
— Mas não vi material que denegrisse, não sei você? - Boni-
fácio.
— Eles queriam outra reação, como não teve, eles mudaram
o enfoque, como mesmo assim, Mayer ainda não bateu de volta,
parecem estar começando a ficar tensos.
— Aquele carro parece grande. – Bonifácio.
— A base que todos não conseguem fazer, e ele acha peque-
na, 14 de largura, por 70 de cumprimento, a base tem na verdade
13, mas como sempre tem algo projetado para os lados, os carros
dele arrastam os penetras para frente.
— E acha que ele iria por o que naquela base? – Heitor.

485
— Uma favela frontal e uma final, um parque inteiro de diver-
são, criticas as diferenças, os trabalhadores, os funcionários públi-
cos, e os ricos, os funcionários são os rapazes nos brinquedos, vi-
vendo a ilusão de serem especiais, e os políticos e ricos, separados
de todos, ele queria por isto para cima, mas pelo jeito ele vai mudar
o projeto.
— Pelo jeito mais um carro grande.
— Sergio falou que estavam tentando não deixar muito polu-
ído, pois estava quase tudo na mesma altura.
— Mais um carro para todos olharem? – Heitor.
— Ele nunca mostra tudo, todos sabemos disto, mas aquele
carro sem mostrar tudo, seria assustador, quando se fala em 20
metros, os carros da Beija Flor são sempre a referencia.

486
João acorda abraçado a Mick, as
vezes ele queria sumir, e estava naquele
dia de duvidas, aqueles dias que ele se
achava apenas alguém que procurava o
fim.
Senta a cama, apoiando os braços
nas pernas e cobre o rosto com as mãos,
pensando no que faria.
João levanta e vai ao escritório, as
primeiras horas do dia clareando, num
dia de céu azul, mar calmo, ele olha para
os documentos e faz as ordens de trans-
ferência, parte da empresa MD indo
para barracões em Niterói, parte para
São Paulo, ele olha os estoques e passa
ordem de transferência deles para outro
barracão no porto, e parte para a Beija
Flor, tanto a sede na Cidade do Carnaval
como na sede em Nilópolis.
João passa o prospecto do terreno
para a construtora MD, e pede o estudo de um prédio, tripla função,
hotel, residência, shopping.
Olha as determinações da empresas, a liberação do novo por-
to, para que briga pequena, vai a um banho e põem uma roupa
caprichada mas simples.
— Vai onde? – Micaela o abraçando.
— Vou tentar um acordo de execução de uma ferrovia para a
MD com a Siderúrgica Nacional.
— Qual a importância?
— Investimos em terrenos que não valem quase nada hoje
em Mangaratiba, mas eles tem uma ferrovia que passa entre a areia
e as casas, as vezes separando parte das praias, se eu tirar a ferrovia
dali, ganhando para isto, pois receberíamos para faze, ganharíamos
em duplo sentido.
— Acha que vale o investimento?
487
— Eu sou de investimentos duvidosos, lembra?
Micaela sorriu e pergunta.
— E como fica a escola?
— As festas continuam, na comunidade, a comunidade é mais
importante que eu.
— Parece estar desanimado.
— Vou tentar falar de negócios para não falar de escola de
samba, não sei exatamente o que está acontecendo, mas não quero
colocar a comunidade nesta briga.
— Pensando em fazer o que?
— Pensando em perder o campeonato para ser feliz.
— Pensando em perder para sentir-se melhor?
— Não, para eles sentirem-se melhores, não eu, mas é uma
ideia boba, e não a declaro em lugar algum.
— E como se perde um campeonato?
— Não disse que iriamos perder, disse que tentaria perder,
mas entraríamos com garra, com determinação, e muita força.
João foi a Ilha da Madeira, numa das sedes, e fez a proposta,
era abrir um buraco por baixo da elevação local, chegar a região,
esticar uma linha de ida e uma de volta, fazendo do transporte mais
seguro, e sem problemas de trafego e de interferências humanas.
João queria junto com isto, jogar parte da pedra retirada na
montanha a beira das praias, e sobre estas areia, para ampliar as
praias locais.
Ele na volta olha os projetos e para a beira da região onde es-
tavam tirando areia para fazer o novo porto, tinha manifestações
contra, mas ele não pararia, ambientalista de classe media que nun-
ca passou fome ou teve de trabalhar, não lhe incomodava.
João olha as dragas ao fundo, ele esperava que o projeto do
outro lado desse retorno, e espaço para esta areia.
João sai dali e vai a sede da empresa no centro, e olha as de-
terminações, ele não estava olhando os dados, estava apenas ba-
tendo a caneta na mesa, não estava conseguindo passar, ele olha o
retorno da Liesa e liga para Bonifácio e fala sobre uma ultima ima-
gem, no sábado seguinte, sem explicar, ele marca com Milton para
sábado seguinte, com as pessoas do carro, ele desmonta tudo que
estava e pede para prepararem as 10 partes da favela.
488
Paulinho começa a desligar os testes da roda gigante, começa
as encolher, e por na parte ao lado cada parte que iria subir nova-
mente.
Roberto viu que estavam desmontando o carro e viu o anun-
cio da Entrevista do Presidente da Beija Flor, no sábado seguinte,
explicando e se retratando junto a Liesa, por seus atos.
O Presidente da Liesa liga para João que estava a olhar o mar.
— Não pode citar que foi pressionado, está nas regras.
— Eu não assinei aquelas regras, mas se querem minha retra-
tação, terão, e só saberão no Sábado o que faremos, quem sabe eu
não deixo vocês livres de mim finalmente.
— Mas não pode...
João coloca a gravação da voz do senhor falando isto e fala.
— Não posso, pode ser, mas quero vocês também na berlin-
da, quer me ferrar presidente, a vontade, mas mexer com a minha
escola de samba, vai ter troco.
João desliga e olha para todos os lados e deixa as vivencias sa-
írem dele, sente as pessoas e olha para os presidentes reunidos na
Liesa e ouve o presidente da Portela falar.
— Ele vai fazer a retratação, ele não pode fazer assim.
— Ele pelo jeito vai se afastar da Beija Flor, mas vai ser custo-
so a imagem, se antes não foi, agora vai ser, quer multar ele, sabe
que ele paga presidente, mas esteja pronto, deixa os rapazes falan-
do mal de Mayer já de antes.
— Acha que ele vai fazer o que?
— Não sabemos, passamos a determinação do que deve ser
feito, ele não é previsível senhor, como vocês.
João sente que ligaram até para Roberto, que manda eles li-
garem para o presidente, não para ele, Micaela olha pai e pergunta.
— O que está acontecendo pai?
— João marcou para sábado a retratação, não sei o que ele
pretende, mas passou regras para tirarem tudo do carro 5, eles co-
meçaram a desmontar até a roda gigante lá fora, parece que seu
marido está querendo pular fora.
— Ele não sabe ficar no meio do caminho pai, sabe disto, mas
ele pelo jeito quer aliviar para a escola.

489
João liga para Gabriel, que era o vice da chapa que o elegera a
presidente da escola, ele não sabia qual caminho tomar, mas para
ele estava preparado realmente uma saída.
Gabriel chega ao pai e pergunta.
— Que papo é este de Mayer falar que vai se afastar da presi-
dência pai?
— Quem falou isto? – Roberto.
— Ele, que eu como vice da chapa, estivesse pronto para as-
sumir a sina da família.
— Tenho de falar com ele.
— Tenta não piorar as coisas pai. – Gabriel.
— Sei que ele tem seus motivos, ele queria fazer um grande
carnaval e pelo jeito, eles não aguentam ele perto, então ele vai
tentar ajudar de outra forma.
O olhar de Roberto sobre Micaela foram de pergunta.
— O que ele pretende?
— Ele falou em fechar a MD Produtos Carnavalescos, ele não
sabe fazer de conta pai, eles querem voltar aos antigos custos e
carnavais feios, quando até Bruno assinou aquela petição, estabele-
cia que todos queriam ele fora.
— Certo, se até pessoas e escolas que ele favoreceu, como
Chatuba e Mocidade estão querendo ele mal, entendo que ele deve
achar que fez tudo errado. – Roberto.
— Ele sabe mais que a maioria pai, e ele não sabe ficar no faz
de conta, as pessoas podem achar que carnaval é faz de conta, mas
como ele falou quando fez o Prédio em homenagem a Bruxa de
Piraquara, ele apenas me falou, Dalma Campos existe, não é porque
outros não acreditam, que ela deixa de existir.
— Está dizendo que mesmo as fantasias maiores dele, saíram
baseadas em algo, que ele não teria como contar, mas pode trans-
formar em uma dica a quem caminha.
— Em parte, mas ele tem como grande problema, sentir-se
isolado e odiado, isto o magoa internamente pai, ele não sabe dis-
farçar, ele já teria pulado fora, e não saberíamos como estaríamos
se ele tivesse feito.
— Pelo jeito ele não vem hoje?

490
— Ele tinha um acordo de milhões com a Siderúrgica Nacio-
nal, então não o condenem pai.
Gabriel foi falar com Sergio, Paulinho, Jorge, sobre como es-
tavam as coisas, e Paulinho explicou que a apresentação do sábado
vai ser feita no mesmo lugar, mas agora sem bateria, sem luzes es-
peciais, apenas as 10 divisões da favela que está no ultimo andar,
erguidas a 16 metros, as costas, o que ele vai falar não sabia.
— Ele vai se retratar, e alguns não vão querer isto saindo pela
porta, então tentem manter a calma. – Gabriel.
— Retratar? – Paulinho.
— Fomos multados e temos de nos retratar pelo que foi feito
neste barracão, não sei o que ele pretende, mas ele não é de pegar
leve, e pode ter certeza, ele não vai falar com os que não conhece,
para ele não interessa em presidente da Portela, Tijucas, ou tantas
que ele não faz parte, ele vai com certeza se desculpar aos que
ofendeu, e eu não ouvi ofensa, então não tenho como adivinhar o
que ele vai fazer.
Paulinho volta a tirar as coisas, João iria falar algo, ele passou
uma ideia, Confusão chega ao lado de Paulinho e pergunta.
— Porque todos estão falando que João vai pular fora.
— Eles pediram uma retratação pela apresentação de Sába-
do, multaram a escola, então agora vão ver que somos uma comu-
nidade, preciso que apoie a mudança das luzes do barracão para a
apresentação de Sábado, diz que estão chegando coisas ai.
Roberto viu trazerem uma armação completa, não entendeu
até tirarem a cobertura, de um lado um tripé com o Mestre Sala e
Porta Bandeira da Escola de Samba de um Homem Só, do outro a
bateria da Escola de Samba de um Homem Só.
Micaela olha o pai e fala.
— Ele não vai envolver ninguém.
— Pelo jeito ele vai aprontar das deles.
Micaela não sabia o que João faria.

491
Micaela viu que João fechou o
acordo com a SN, em mais um prospecto
de crescimento, enquanto alguns queri-
am ele falando sobre o que faria no sá-
bado, João não apareceu, se eles queri-
am ele fora, eles conseguiriam.
Algumas pessoas tentam falar
com Mayer e ele não atendeu, se eles
para ferrar com ele não o ligaram, agora
ele não queria falar com ninguém.
A semana voa, e no sábado, as
pessoas começam a chegar ao barracão
da Beija Flor, o site da Globo coloca ao
vivo, o barracão, estava tudo muito es-
curo, apenas parte das cadeiras onde as
pessoas sentariam estavam visíveis, o
Milton olha João e pergunta.
— Porque disto João?
— Ninguém me quer aqui mesmo,
então vamos por os pingos nos is, e aca-
bar com a boa vizinhança.
— Não faz besteira.
João não falou nada, Milton cumprimenta os demais e chama
ao palco João Mayer, ele sai da estrutura da favela as costas e aque-
la divisão de 10 partes de favela vão acendendo as costas, ele chega
ao microfone e fala.
— Boa noite a todos, hoje é apenas um desabafo rápido, pois
na vez anterior, dei espaço a vocês perguntarem, e quem foi multa-
do pelas demais escolas foi minha escola, pior, coisa de covardes,
que pegam um documento assinado pelas escolas na década de 80,
e exigindo sigilo, me multam e pedem retratação sobre coisas que
nem falei, mas tudo bem, não tenho nada contra presidentes que
reduzem escolas de tradição a bloco de rua, pois isto que o atual
presidente da Portela está fazendo, enfiando o dinheiro de colabo-
radores no bolso e reduzindo o carnaval, e a culpa, minha, espero os
492
processos, agora reais, também não vou falar sobre presidentes que
pagaram para me matarem, minha indignação, é com presidentes
que ajudei, como Bruno, da Chatuba, Lucas, da Mocidade, poderia
citar cada um que considerei uma facada pelas costas, mas eles
sabem, eu não os atendo a uma semana, e se para me ferrar não
precisavam falar comigo, agora não preciso falar com eles.
João olha em volta e aciona a bateria ao lado baixa, e a ence-
nação mecânica do mestre sala e porta bandeira.
— A 4 anos, pensei em mostrar que isto a volta, não é escola
de samba, é encenação sem emoção e coração, mas pelo jeito, mui-
tos querem que nosso carnaval seja uma apresentação de carros
com flores, para isto nem precisa de uma bateria, nem de uma ban-
dinha, as caixas de som servem.
João olha a favela acessa as costas e fala.
— Eu sai de uma favela em Curitiba, e pelo jeito isto magoa
alguns a volta, talvez esteja na hora de voltar as minhas origens, se
um bando de presidentes, me quer longe, eu me afasto, juro que
pensei que estava tentando reerguer o carnaval, mas pelo jeito
apenas eu acreditava nas minhas palavras, cansei de gritar, e esta
reunião é para pedir uma retratação, sem falar que é retratação, é
muito falta de moral, coragem, hombridade destes que o fizeram, e
desculpa, a Beija Flor de Nilópolis, está envergonhada por eles, não
por mim, somos uma comunidade, que faz o Carnaval com raça, não
com venda de espaços para famosos, não imploramos dinheiro pu-
blico, e se me multarem novamente, desta vez, eu vou com o pro-
cesso até o fim, eu paguei leve para ver o que fariam, até pediram a
casa que era locada por nosso carnavalesco, apenas para mostra-
rem suas índoles.
— Eu as vezes me sinto falando com parede, e cansei de o fa-
zer, hoje estou me afastando da presidência da Beija Flor, deixando
o meu vice, Gabriel David, na presidência, a MD Produtos Carnava-
lescos, foi fechada na Segunda, se não me querem como carnava-
lesco, também não quero fornecer coisas a concorrência, se era
contra a escola, eles terão de deixar isto bem claro agora, se era
contra mim, podem considerar que estou fora da presidência, pois
realmente é covardia, entrar com uma escola com pessoas serias,

493
comprometidas, que amam a escola, contra crianças de barba, que
se acham o ultimo biscoito do pacote.
João desliga tudo e fala.
— Obrigado, era penas isto.
João sai por onde entrou, cruzando o carro e Micaela o espe-
rava no outro lado e fala.
— Não precisava isto.
— Deixa eu sair, eu não falei tudo Mick, então não vou falar,
mas deixa eu sair.
Micaela viu que ele omitia algo, ela não tinha entendido até
aquela hora, dá a mão para ele e saem pelo fundo, enquanto os
repórteres se olhavam sem saber o que falar.
Roberto olha todos os olhares vindo para ele, Gabriel no an-
dar de cima, entendeu que tinha mais coisas ali, João não iriam con-
tra todos, e se alguns presidentes sorriram no começo, se vinha ao
ar as indagações do que pediram para o presidente da Beija Flor
fazer, e era obvio, ele não abriu nada, pois não tinham fatos, e os
apaixonados por outras agremiações começam a falar mal de Ma-
yer, achando que alguém queria ele ali.
Lucas olha para Lousada e fala.
— Não entendi.
— Entendeu, ele nos deu condição de quase ganhar dois
campeonatos, perdemos para nós mesmos, ele cansou de tentar
fazer o que ninguém quer que se faça, apenas isto.
— Mas ele fechou a MD?
— Pelo que entendi, fechou a parte Carnavalesca.
Amanda olha Lucas e fala.
— Ele se irritou mesmo, e não conseguiu disfarçar, ele não
deixou ninguém da escola lá, ele colocou os carros do Carnaval de
um Homem Só.
Roberto olha o filho e fala.
— Está pronto para assumir assim?
— Não entendi ainda porque ele saiu, pelo jeito a coisa é mais
suja do que ele conseguiu falar pai.
Roberto não fala nada, mas Gabriel já desconfiava, muita gen-
te sai falando mal de Mayer, Milton olha para os rapazes e olha
Gabriel e pergunta.
494
— O que não entendi?
— Talvez ele faça o que todos sempre dizem para ele fazer,
dedicar-se a ganhar dinheiro.
— Pelo jeito ele não gostou mesmo.
— Tem mais coisa ai Milton, ele saiu sem falar, ele apenas
olhou meu pai e encerrou, tem mais coisa ai, ele não quer rachar a
escola, apenas isto.
Todos os blogs de carnaval davam a saída de João Mayer da
presidência da Beija Flor, alguns até para não falar do problema,
falam que Mayer Amarelou.
João senta-se numa lanchonete, Micaela ao lado, e apenas
abraça e fala.
— Talvez vocês estejam todos certos, eu amarelo.
— Pelo jeito não quer discutir, está fugindo.
— As vezes quero sumir.
Micaela o abraça, era evidente que ele estava segurando sua
raiva, e não sabia como ajudar, pois ele não abriu o problema, mas
ele já dera todo o caminho.

495
Duas semanas e estavam indo pa-
ra o fim de Julho, Micaela viu que nem
Gabriel foi conversar, que seu pai não
insistiu, que todos se isolaram deles,
João tentava não sair muito de casa,
mas as pessoas ainda não estavam pen-
sando em carnaval.
Micaela olha para as noticias, pro-
testos sobre construção de novo porto,
reportagem sobre obras faraônicas,
muita coisa sendo falada e pouca gente
se posicionando a favor, mas poucos
indo contra, estavam deixando as coisas
rolarem.
Micaela olha João olhando para
fora, como todo dia, e o abraça, ela sa-
bia que ele não queria se afastar, mas
ele não deu chance de que pedissem
para ele voltar, ele realmente fechou
uma porta, ele não a deixou aberta.
Quando da negociação da apresentação com a direção do
sambódromo, o mesmo fixou nos valores de ingressos e no valor do
ano anterior, já que eles reduziram o show, então por hora show, o
valor subiu.
As demais escolas não teriam como dizer que não foi pensado
naquilo, estava lá no prospecto assinado a dois anos, Roberto não
falou com Mayer como falara que faria, e não sabia como estava o
esquema do financiamento, não queria dar o braço a torcer, e não
parecia fazer sentido a posição dele, mas isto o fazia ter de tirar
dinheiro do bolso.
O valor da Globo se manteve, e estavam com o valor estabe-
lecido dos carnavais, mas sem o estardalhaço que João fazia.
Ele olha os prospectos de Shows e de evolução das obras, ele
estava terminando a comunidade de numero 100, agora com obras
em andamento em 1025 comunidades.
496
João estava evitando aparecer, e se por um lado se falava de
outras escolas, se via sempre que se falava em Beija Flor, os carros
nas bases, Gabriel olha Jorge e fala.
— Vamos manter o prospecto.
— Seu pai sabe disto?
— Ele não fez questão de trazer João de volta, e temos todos
os prospectos dos carros, as roupas sendo feitas, toda a loucura de
um carnaval de 6 carros com toda a pompa.
— As vezes tenho medo deste tamanho, entramos e saímos
mas ele nos dá a segurança, soube que estourou um pneu apenas
quando de volta no barracão, e não entendi a discussão.
— Nem eu Jorge, mas está de pé o carnaval, e se alguns acha-
vam que iriam apenas nos prejudicar, não entendem o quando João
é sistemático, ele fechou a empresa de produtos carnavalescos an-
tes de falar algo, ele nos facilitou a vida tanto, que somente agora
alguns vão começar a procurar como fazer as coisas.
Nos demais barracões as coisas ainda estavam calmas, mas
era obvio o descontentamento de alguns.
Na Mangueira chega a armação de 6 carros, já com os pré-
projetos de hidráulico, prontos.
Turco olha os carros e sorri, se estava tenso até aquele mo-
mento, agora sabia que iria a estrutura do que eles estavam mode-
lando, no fim da mesma tarde, entregam estruturas na Vizinha Fa-
ladeira, e apenas isto, todos os demais sabiam que aquela era estru-
tura nos modelos da MD, mas não entendiam o que estava aconte-
cendo, e quando no fim daquele dia, Lousada pergunta para Vieira
de onde vieram as estruturas, ele fala que de uma empresa de Curi-
tiba, que fazia sobre encomenda, as estruturas, aproveitando já
estarem ao lado da Fabrica da Volvo.
As vezes as pessoas queriam saber para onde correr, mas vi-
ram que os preços eram mais específicos, e o veiculo viria desmon-
tado, parte da montagem seria feito na escola.
As escolas entram com uma representação de que fosse reti-
rado a obrigatoriedade dos engenheiros, que voltasse a valer a libe-
ração do Corpo de Bombeiro.
A exigência era algo que poderia gerir problema, João não
queria ceder, mas baseado em uma determinação anterior, que
497
estabelecia que a responsabilidade e controle das alegorias era fun-
ção do estado, e não da organização, mudam a norma.
João via o seu projeto ao longe se desfazer, se dedicara e não
daria para manter as rédeas.
João estava na decepção, e isto não era bom, ele não estava
vendo as pessoas se voltarem as suas ideias e estava querendo
mandar uma proposta ao grupo de Medina, explicando quanto ti-
nham de financiamento e passando a ele a direção do sambódromo.
Ele só não o fizera pois Micaela disse para ele pensar melhor,
era algo lucrativo, e nisto ela tinha razão.
João estranha até o sumir dos processos, ele invisível, nin-
guém nem o processara.
João começa a exatar os portos que faria, estabelecer o que
construiriam para a Marinha, para o Exercito, para a Aeronáutica, e
toda a gama de projetos, os tanques da segunda e terceira leva de
camarões começava a ficar pronto.
As vezes ele ficava ao escritório, no apartamento, pensando e
colocando as ideias no papel, e Micaela entra pela porta.
— Este silencio deles me assusta João.
Ele se levanta e chega ao lado dela e fala.
— As vezes estranho como o agito vicia, mas não posso ser
culpado por tudo, e não quero ser o culpado por tudo, então eles
estão negociando como se eu não fizesse parte, seu pai nem per-
guntou sobre os recursos que colocamos na escola, eu juro que não
entendi.
— Acha que apostaram contra?
— Não, mas não vou perguntar, eu não perguntei para eles se
poderia pular fora, então não me sinto bem em perguntar mais
nada.
— E fica a rabiscar o que ai?
— Temos portos em 14 estados, alguns como Rio e São Paulo,
temos pelo menos 3 portos.
— Estão falando dos estragos ambientais irreversíveis feitos
por João Mayer.
— Irreversível é a burrice deles, se nos matarmos todos, a na-
tureza a volta acha uma forma de evolução novamente.
— E como estão os processos?
498
— Não estão, seu primo está estranhando, eles esqueceram
das partes jurídicas ou não estamos vendo eles o fazerem.
— E vai continuar a olhar pela janela.
— Depois de Amanha volta as aulas, talvez nós precisemos
deste tempo, talvez seja o que tudo isto indica.
— E acha que alguém vai mudar referente a você?
— Eu pensei em ficar mais visível, dois dias depois estavam
todos se virando contra mim.
— E vai deixar a Beija Flor sem seu controle?
— Mick, eles estão fazendo o carnaval, estranho seu pai que
sempre ficava me cobrando, não estar os cobrando, mas eles estão
fazendo, colocaram fibra em mais dois carros, fizeram muitas escul-
turas que estão no piso alto.
— Os controla sem olhar?
— Eles não me querem lá, deixa eu em paz, mas as aulas vol-
tam, os negócios andam, e estranho como ideias bobas são capazes
de gerar até gente apoiando, os ambientalistas me odeiam, as co-
munidades odeiam a mim, mas amam minhas obras, os carnavales-
cos me odeiam, mas adoram os cursos que criei, até os presidentes
de escola de samba me odeiam, mas amam a ideia de por um tro-
cado no bolso vindo da organização do espetáculo.
João viu Mirian e os meninos entrarem andando pela porta e
sorri, as vezes era um tempo para ser pai, como não conseguira na
primeira vez.

499
Gabriel viu que seu pai não estava
nem falando de carnaval, João ali ele
estaria pressionando, estavam já no fim
de Agosto, os grupos apresentando seus
sambas, e embora o agito do barracão
fosse grande, indo no prospecto, Jorge
correndo com as coisas, parecia que algo
estava errado.
Gabriel sabia que o ultimo andar
estava cheio de esculturas, que tinha
muita coisa a fazer ainda, mas o silencio
parecia começar a ser cortado em ou-
tros barracões, mas talvez fosse a forma
de ver as coisas, Sergio estava correndo
com as costuras, Jorge com toda a har-
monia, com os sorteios de alas, com os
nomes de alas, toda a organização esta-
va funcionando.
Gabriel sobe e via que estava com
muita coisa encostada a parede do fun-
do, cada dia tinha mais esculturas, mais coisas, mas as vezes parecia
que nada estava funcionando. Ele olha as contas da Escola, ainda
tinha as entradas de capital, e pensa em como investir aquilo.
Micaela voltava de mais uma aula e viu sua mãe a frente do
prédio, estranha e pergunta.
— Perdida aqui mãe?
— Vim ver as crianças, estão tão distantes?
— Estudando, os dois estão aproveitando que ninguém nos
quer por perto para nos dedicarmos a nos mãe.
— Sabe que sempre é bem vinda filha.
Micaela não discutiu, subiu e Mirian olhava para fora e quan-
do Micaela chega ela parece se assustar, olha para a mãe e sorri.
Micaela sorri para a filha e olha a sacada, a porta para lá esta-
va fechada, mas se via para fora, ela teve a sensação de ter algo ali,
algo ruim, ela olha para filha que olha a vô e fala.
500
— Vovó.
Micaela sorriu assim como a senhora.
João chega após a uma da tarde, e olha para fora e olha Mi-
caela.
— Tudo bem?
— A mãe passou por ai, mas algo nos observa.
João olha a filha que fala.
— Cheiro doce.
— As vezes é difícil entender estas coisas.
— Problemas na faculdade?
— Não, mas o que sua mãe falou?
— Que sonhara com mortes, não conhecia, mas tinha muitas
pessoas mortas. Tudo respingado de sangue.
— E porque um Arcanjo de All nos observa?
Micaela olha para fora e pergunta.
— Como o vê?
— É só olhar para ele por uma vivencia interna.
Micaela olha aquele anjo, olhando para dentro, para sua filha
e pergunta.
— O que ele quer com nossa menina?
Mirian olha a mãe e fala.
— Ele fala uma língua estranha, sem mexe a boca, parece na
cabeça mãe. – A menina aponta a cabeça.
— E o que ele está falando filha?
— Que eu não posso existir, que ele vai fazer as coisas acon-
tecerem para que deixe de... – Mirian não termina a frase.
João ao lado faz sinal para a empregada pegar os pequenos e
ir para fora, Micaela sente a alma ao lado olhar para ela e falar para
pegar Miriam e saírem, ela olha a filha e o ser pareceu sorrir, mas
Micaela viu João abraçar pelas costas e correr a escada e começar a
descer rápido, eram 14 andares, João sente pela visão do espirito o
ser começar a falar, ele segura todos rápido e corre pela escada,
segundos, um tropeção controlado de 14 andares, estava na parte
baixa, as pessoas veem o grupo surgir na escada, faltavam poucos
metros e sente o meio começar a mudar, achando eles não chegari-
am a entrada, faltava pouco.

501
Estavam a metros da saída, João toma folego, suas forças es-
tava no limite, quando sentem aquele som atravessar eles e o pré-
dio as costas se tornar sal e começar a desabar.
João segura a mão de Micaela e da empregada e força para
fora, com a velocidade que as vezes tomava parando, do outro lado
da rua, ele olha o anjo acima, através de uma alma, e o prédio ao
fundo caindo inteiro.
João não parou para olhar, fez sinal para andarem, todos ou-
vindo o ruído alto e olhando o prédio, João sabia que pessoas pro-
vavelmente morreram por eles não terem nem tempo de reação,
entre eles Paulinho, entre eles os seguranças na entrada, ele não
olha para trás, caminham duas quadras e liga para a empresa de
carros e pede um, esperam ali e entram no mesmo sem falar nada,
João para na ilha do Caiçara, pede um helicóptero e foram a Angra.
O Arcanjo de nome Gabriel estava diante do prédio, ainda
olhando as almas se levantando, João olhava por uma alma do ou-
tro lado da rua e pega em Angra o Telefone e disca para o diretor da
empresa de construção, tanto da MD quanto da Ponto, e passa a
dica, haviam pessoas sobreviventes nos escombros, teriam de che-
gar com calma, não sabia o que havia acontecido.
João olha o celular e disca para Paulinho, que com dificuldade
atende.
— Fica imóvel ai Paulinho e deixa o telefone ligado, vamos
rastrear.
Paulinho olha os dois rapazes ao fundo, não sabia se poderia
falar algo, mas deixa ligado, sabendo que estavam tentando os
achar.
João deixa Micaela ali e pega o helicóptero para a cidade no-
vamente.
João sente onde as pessoas sobreviventes estavam e começa
a coordenar o isolar e o procurar dos sobreviventes, João viu que a
visão do Arcanjo ficou sobre ele, mas quando Paulinho e dois segu-
ranças, saem vivos, e mais 12 corpos que não tiveram como salvar,
fica claro que houve muitas mortes, chega o IML, o corpo de bom-
beiro, o tirar de sobreviventes já era uma boa noticia, e aquele pré-
dio caindo, filmada por um turista ao acaso quando filmava a amada
com os prédios ao fundo, tomavam as noticias nacionais e mundiais.
502
Pedro Rosa na casa no Morro do Macaco, sente aquele que-
rubim o tocar, e olha a mesma imagem, dai vendo o arcanjo ali, a
derrubar o prédio.
Pedro pensa “Porque?”
Pedro viu uma leva de seres que pareciam cães humanizados
a volta e ouve em sua mente.
“Este não é Gabriel, este é apenas um agente de All de mes-
mo nome, as pessoas tomam os nomes superiores, assim como lá
terá um Beliel, mas são apenas seres de existência, é só notar que
eles tem aura visível.”
“E o que eles querem?”
“Os Cães quando renasceram, parte ficou na fila de renasci-
mento de All, e parece que o rapaz deixou seres em All sem passar
pelo controle deles, então unindo as duas coisas, eles queriam o fim
do rapaz, mas se deparam com a filha do rapaz, os seres não a que-
rem viva, pois os torna seres de existência mesmo antes de mor-
rer!”
“E quem seria a menina?”
“De tempos em tempos, nasce um ser que poderia ser cha-
mado a ser como eu Pedro, mas quando nascem no sexo feminino,
não são selecionadas, pois primeiro ela não tem a idade para o ser,
segundo, elas tem um instinto que desafia até meu Deus!”
“Então toda a revolta dos Egunguns era para o não nascimen-
to dos herdeiros de João e Micaela?”
“A maioria dos controles é para não ter gente mais poderosa
que os seres que se acham Deus.”
“E porque eles seriam contra a menina?”
“O senhor pai delas, não vê auras em mim, pois seria uma vi-
são em infravermelho, ela vê até estas auras, ela torna seres como
eu em mortais, para mim isto é uma felicidade, para os seres que
querem se dizer imortais, não!”
“Quer dizer que tudo tem começo meio e fim?”
“Graças a esta regra de existência, sim!”
Pedro sorriu, pois o termo que o Arcanjo usou era o equiva-
lente ao “Graças a Deus” dos humanos crentes em Deus.
Pedro pede um helicóptero e foi para o local.

503
João estava olhando os sobreviventes, ajudando algumas al-
mas voltarem aos corpos, e as reanimando, quando viu Pedro che-
gar ali.
João olha ao lado de Pedro e viu aquele vulto de energia,
muito mais forte do que o ser ao fundo e pergunta.
— O que o ser ao lado falou que veio a mim?
— Que algumas vezes, alguns tem de saber se conter em seus
mundos!
João não viu, mas o pequeno Beliel deixa seu corpo crescer,
sua aura ficar mais forte, e com suas asas negras chega a frente do
Arcanjo de All, o toca e mudam de lugar e Beliel fala.
— O que faz aqui falso Arcanjo?
O arcanjo se vendo diante de um verdadeiro baixa a vista e
fala baixo.
— Não queremos seres evoluindo assim.
— Então renuncie a sua existência covarde, não admitimos
eventos que ficam gravados, se tem uma coisa que fazemos mais
que qualquer outra, é a interferência em ações que não são passi-
veis de falarmos como foi feita.
— Mas...
Beliel toca o arcanjo de All que vê suas asas sumirem e ouve.
— Uma chance a voltar a sua função Arcanjo de All, a segunda
vez, não terá esta chance. – Gabriel vê seu corpo surgir em Eon, o
paraíso de All, e outros olham ele assustado, ele se recolhe, teria de
pensar sobre o que aconteceu.
Beliel surge a rua invisível aos olhos, mas todos os Egunguns
apenas ouvem.
“Do pó ao pó!”
Ninguém viu os seres se tornando energia e correrem ao
chão, os humanos a volta ouviram apenas um zunido que foi rápido.
Pedro faz sinal para as pessoas se afastarem, os bombeiros
não entenderam, mas viram o rapaz tocar no sal ao chão, começam
a ouvir os estalos e o prédio voltando a ser prédio, subir como se
fosse magia, muitos olham assustados aquilo, até João, uma coisa
era ouvir uma historia, outra a estar vivendo, e ver o prédio ressur-
gir mostrava o poder, embora algumas coisas não se usaria até se
testar como os elevadores, mas Pedro olha para o bombeiro e fala.
504
— Sobreviventes em quase todos os andares, mas estão bem
feridos, recomendo as escadas.
Os bombeiros se assustaram, mas foram entrando e o que era
um trabalho que se perderia pessoas por não terem tempo de esca-
var em sal tudo, gera mais sobreviventes, mas mesmo assim, mais
de 40 mortos.
Beliel toca Pedro e fala.
“Tem de evitar demonstrações assim!”
Pedro apenas sorri e começa sair do local.
João vendo o prédio, sentiu que estava cansado, pede um he-
licóptero e vai para Angra novamente.
Micaela o abraça e pergunta.
— Qual o problema?
— Se entendi direito, Pedro Rosa foi lá, para que o pequeno
anjo ao seu lado colocasse o outro para correr, mas não entendi, eu
acho que não entendo tanto disto, mas o que aquele ser na casca de
Pedro Rosa pode fazer Mick?
— Acho que tem gente que acha que é a imagem invertida,
pois as coisas voltam a forma anterior.
— Tudo havia se tornado sal, algo de um poder imenso.
— Acha que é seguro?
— Com certeza vão fazer vistoria antes de liberar.
João e Micaela foram descansar e pela primeira vez João falta
a aula naquele ano.

505
Dois dias para voltar a irem a aula,
mudaram para a Barra, o que deixava as
coisas mais longe, João meio desligado
chega a aula, ele foi a mais uma aula de
Física, estranho como cada matéria es-
tava somando em sua cultura.
Ele assiste a aula ignorando que
alguns olhavam para ele, talvez por
acharem que ele estava morto, o que
dava a eles mais uma posição de não ser
João Mayer, ele cansou de tentar dizer
quem era, e naquelas semanas, estava
cada segundo mais dedicado ao futuro,
e a dois dias a cabeça ficava lembrando
a sensação do som passando por eles, a
vontade de sobreviver, ele tenta lem-
brar dos segundos que passou pela es-
cada, descendo rápido e sem parar, ele
pensou que não daria tempo, ele estava
tentando prestar atenção, mas as vezes
se pegava apenas em pensamentos internos.
João olhava para o professor sem ouvir, estava apenas longe,
na cabeça dele a pergunta porque de tudo, e não se encaixava, as
proteções não eram de Orun, eram sobre ele.
O anotar as coisas silencioso, fez ele continuar isolado, Jose
para a sua frente e pergunta.
— Está bem, dizem que o prédio que estava caiu a dois dias?
João não sabia o que responder e apenas fala.
— Estou tentando continuar, apenas isto.
João guarda o material e foi ao restaurante, muitos sabiam
que João estava a cada dia mais isolado, e quando ele chega a porta
do refeitório estava lá Douglas, talvez ele estivesse voltando aos
vivos, pois ninguém nem olhava para eles nos últimos dias.
— Está vivo mesmo? – Douglas.
— Sabe que sim, problemas Delegado?
506
— Alguns estão pedindo sua cabeça.
— Uma hora eu morro, sei disto Delegado, os da lei, não a
cumprem, então não me adianta ela existir.
— Dizem que você está fora de tudo, não entendi, todos fa-
lam em lhe excluir de tudo.
— No carnaval não estou mais, nas empresas, nunca estive,
então obvio, estou fora de tudo.
— Não parece você isto.
— Como digo, vocês nunca se deram ao trabalho de me co-
nhecer, então se um dia morrer, são até capaz de inventar coisas
boas atribuídas a mim, esquece, eles não me conheceram.
— E resolveu estudar?
— Experimentei a cela da policia federal, não me condene.
— Estou de olho em você.
— Isto que estranho, até você não estava olhando, acho que
estou tão invisível socialmente, que morreria e falariam 3 dias após.
João passa e vai a fila, para comer, entra e começa a comer,
ele não olhava em volta, e não veria as pessoas o apontando e fa-
lando dele, algo estava mudando e João não sentia a mudança.
João caminha até o barracão da “Escola de Samba de um
Homem Só!” Ele queria tentar uma motivação e não a tinha, estava
olhando o prospecto vazio a parede quando Micaela liga para ele.
— Oi Mick. – João.
— Estão falando na TV que tem uma determinação de prisão
para você, e não entendi, Paulo disse não ter nada no sistema.
— E falaram o motivo?
— Sonegação de impostos!
— Certo, alerta Rodrigo e Pedro, pois se o processo for pelas
empresas, vão chamar todos, até você Mick.
— Certo, alerto eles, mas não entendi, o Pai não me ligou
após o evento, a mãe parece tentar falar algo e não consegue.
— Mantem a calma.
João desliga e liga para Paulo e pergunta.
— Qual a bombas doutor Oliveira.
— Não achei nada ainda, não sei por onde verificar.

507
— Um momento e descubro. – João sente as vivencias saírem
dele, acha o Delegado Douglas ainda ao fundo, detendo o padrinho
de batismo, e fala no telefone. – Verifica a Delegacia de Douglas.
Paulo entra no sistema e olha a petição, não era uma deter-
minação ainda, e estava na TV, João sente a imprensa ao fundo e
fala antes de desligar.
— Me encontra na delegacia que chego lá conduzido.
Paulo viu que não era algo no sistema geral, era para não te-
rem a informação antes e pega a carteira e aciona os advogados e
liga para a prima.
— Estou acionando os advogados, estão com o processo fora
do sistema, então eles estão verificando algo ainda, mas vou ter lá
representação para os 4 conduzidos.
— Porque disto Paulo?
— Não tenho ideia.
João sai para fora e fala alto, para todos olharem.
— Sabem onde estou, não precisa disto Douglas, quer mesmo
perder respeito até do próprio padrinho?
Ele olha as armas apontadas para ele e fala.
— Se vão me matar, melhor escolher um lugar melhor rapa-
zes. – João sente os rapazes e apenas olha Douglas – Tem o numero
do processo pelo menos, ou vai nos facilitar a vida Doutorzinho
Camargo.
Douglas queria algo fora das câmeras, e João olha eles afasta-
rem Paulinho e a segurança, e ouve o primeiro disparo.
As existências chegam a todos os lugares que iriam conduzir
as pessoas, e os policiais nos demais locais antes de atirarem são
atravessados por elas e caem mortos, os assistentes olham os rapa-
zes ao chão e pega na arma para apontar em Micaela e ouve a me-
nina ao lado falar.
— Do pó ao pó.
O senhor viu as energias sumirem e cai a frente, Micaela olha
a segurança tentando ser afastada, Pedro viu os policiais caindo, e
viu sua segurança colocar o policial a parede, se iam matar pessoas
não seria fácil assim.
João olha para a região de onde sentia o ser de correntes, não
o via, mas conseguia o sentir, não havia Egunguns presentes, ele
508
apenas olha as balas paradas a frente do corpo, os corpos dos poli-
ciais caíndo todos ao fundo, mortos, ele puxa para ele as almas, se
antes Ogum não o temeu, agora ele viu ele matar e absorver as
almas, em um tempo entre o atirarem e as balas chegarem a João,
que olha Douglas e fala.
— Onde naquela determinação fala, mata todos?
— Acha que pode comigo João? – Douglas.
— Não, eu apenas não posso o matar, não sei se sua sorte ou
seu azar Douglas, mas as vezes, queremos fazer parte de algo, e
ninguém quer que façamos parte, mas se Ogum me quer morto,
sinal que Orum não será meu destino, se Gabriel me quer morto,
sinal que Eon não é meu destino, mas se eles queriam pessoas sain-
do de suas fés, eu estou saindo da minha, pois morrer por traição,
aceito, por dor de barriga de um ser que viveu mais que eu, não, e
você Douglas, bom estar na sua delegacia quando eu chegar lá, já
que tenho as imagens dos seus rapazes atirando em mim.
João olha Paulinho ao fundo e fala.
— Vamos a Delegacia do rapaz ali e vamos ver se esta briga
acaba hoje, pois eu me enchi dela.
Douglas olha João passar, olha os rapazes ao chão, ele chega
a eles e chama o IML, estavam mortos, ele olha em volta, somente
ele vivo, e não sabia como estavam os demais, mas era nítido que
João se encheu daquilo.
Douglas liga para o delegado Vitorio e este fala.
— Não sei Douglas, não tenho respostas.
— Aqui me sobrou corpos.
— Ele reagiu.
— Eles atiraram, falei para não fazer assim, vocês não enten-
dem, mas se a ordem foi atirar antes Delegado Vitorio, manda o IML
para lá.
— Ele não pode fazer isto.
— Ele não é alguém para se tratar como trata marginais Dele-
gado, sabe disto, tem de pensar antes de fazer, vi que a ordem era
execução quando ouvi o primeiro tiro, mas estou recolhendo corpos
enquanto ele vai a minha delegacia.
— Eu cuido dele. – Vitorio sabendo que deu Merda, chama
um rapaz do ministério publico, olha os prospectos, e no meio de
509
tudo, viu os 4 alvos chegarem a delegacia, cada qual com seu advo-
gado e pedir explicações sobre a condução.
Vitorio olha os 4 chegarem, não havia nem processo, junto
com eles chegou a corregedoria, pois tinham convocado pessoas,
sem processo no sistema, e por algum motivo, eles morreram na
operação que não era oficial.
Vitorio parecia querer novamente o que antes tentaram, ma-
tar os 4, e chega ao corregedor.
— Vai acreditar que eles são inocentes Corregedor?
— Pela descrição e vídeos que me chegaram, se eles fossem
inocentes estariam mortos, com aquela frase linda.
“Resistiram a abordagem!”
O delegado olha o grupo que chamara e fala.
— As acusações são serias corregedor.
— Crimes financeiros, não são resolvidos na Delegacia da Po-
licia Federal, e sim na Receita Federal, não se manda gente armada,
para conduzir a uma delegacia, pessoas que não tem processo no
sistema, e saiba que terei de quebrar seu sigilo bancário, fiscal e
telefônico Delegado, mesmo não querendo, e está afastado até
saber qual a intensão do dia, e ainda vão ter de determinar o que
este pessoal que mandou, tomou, pois todos passam mal juntos, eu
não acredito em paranormalidade em 4 lugares ao mesmo tempo
Delegado, com gente que não é conhecida por usar este tipo de
coisa.
O Corregedor informa a delegacia que o atual delegado esta-
va afastado e que uma corregedoria estava sendo instalada naquela
delegacia para analisar o funcionamento.
João estranha, pois não foram ouvidos e foram liberados,
soube mais a frente que este corregedor foi o usado para o afastar
de Pedro quando ele era policial, por interesse de outros, ele não
queria voltar a cometer este tipo de erro.
Douglas chega a delegacia e é informado que está afastado
para analise de suas funções e atribuições, a informação da morte
de mais de 30 policiais entra junto com a determinação, não parecia
fazer sentido, mas alguém tomou as dores do grupo, não de João
Mayer, Douglas sai e olha para a moça que estava namorando olhar
ele e falar.
510
— Não entendi o acontecido?
— Nem eu, mas desta vez eles não deixaram nem testemu-
nha do acontecido.
Douglas liga para algumas pessoas e sai dali indo para Copa-
cabana.
Paulo lê a determinação, os 4 a sala olhavam ele, querendo
uma posição e ele fala.
— O prefeito interviu, para não serem presos, e pelo jeito
desta vez terá repercussão.
Pedro olha Paulo e fala.
— Repercussão é para vivos doutor Oliveira, eles não foram
nos conduzir, foram nos executar, foram parados, pois tentariam de
novo, as vezes, as pessoas se enchem de ser alvo.
Paulo olha João que parecia meio alheio, e pergunta.
— Acha que a pressão vem de onde?
João estava procurando as pessoas, olha onde estava Morei-
ra, no mesmo lugar, ele para um momento e olha em volta, não, ele
mudara o lugar, estivera distraído, ele conseguiu falar com alguém
fora e olha as ligações e as interferências e fala.
— Lá vem um morto de novo. – João.
Micaela olha para João.
— E como enfrentamos mortos?
— As vezes as pessoas tem de saber o que querem, as vezes é
interferência, mas preciso saber, quem é Paula Carson!
Os olhares não estavam achando ninguém e ouvem alguém
as costas.
— Xô.
João olha Pedro Rosa entrando e pergunta.
— Não entendi?
— Existem seres de existência, abaixo de Deus, que se acham
Deus, se denominam de Xi e Xô, milhares de existências formam o
universo, mas estamos na de Xi e Xô, e Paula Carson, uma menina
que deve estar com uns 20 anos, cara de 15, e está isolada em 70
dos 72 mundos desta existência, é a encarnação de Xô.
— E o que este ser quer? – João.

511
— Ele não pode interagir neste mundo, pois a Paula Carson
daqui já foi isolada, ela quer o fim das existências, para começar
tudo de novo, do zero.
— Está falando daquele conto Fanes? – João.
Pedro sorriu e fala.
— Alguns não acham ser um conto.
— E como ela pode interferir libertando alguém em nossa
existência?
— Quem ela libertou? – Pedro do Tabajara.
— Joaquim Moreira. – João.
— Vem guerra ai pelo jeito! – Paulo.
— Alguém está jogando Egungum neste mundo para me vigi-
ar, pode ser ela, alguém convenceu Gabriel a transformar nós e
nosso prédio em sal, alguém distorceu tudo a volta.
— E fazemos o que? – Micaela.
— Nos protegemos, não vou morrer antes da hora, apenas
porque a criadora de tudo a volta quer, sei que parece pretensão
estas palavras, mas que saída temos? – João.
Pedro do Tabajara olha Pedro Rosa e pergunta.
— Como está afilhado?
— Bem, mas pelo jeito esta ação da Federal tem jeito de Mo-
reira. – Paulo.
João para uma existência ao lado de Moreira, e viu que ele
forjara um lugar escuro, que parecia a gruta, mas estava na casa
acima, ele estava a olhar o Notebook e as ações, e começa a passar
recados para os acionistas, que eram parte do seu esquema e o
espectro de Paula surge ao lado e fala.
— Eles começam a desconfiar.
— Eles não conhecem os prospectos que montei, desta vez
vou usar a cabeça, não a força, certo que algumas pessoas vão mor-
rer para dar sentido as coisas, mas tenho de retomar o respeito.
Paula some e Moreira olha em volta, e continua a passar as
coordenadas.
João chega ao computador e coloca a senha de Moreira e viu
as ordens sendo feitas e fala.
— Ele acha que entendeu algo, mas vamos ter de cuidar do
que ele está fazendo.
512
Pedro do Tabajara olha as ordens e fala.
— Ele quer retomar o controle acionário, mas pelo jeito não
se inteirou de todo o crescimento.
— Deixa ele fazer, ele vai vender, eu compro o pouco que fi-
cou ali, e esperamos a reação.
— Acha que ele vai tentar forjar que estamos com proble-
mas? Sabemos que a roda é demorada para rodar. – Tabajara.
— Temos de cuidar, pois vai ter uma guerra nas ruas, sabe
que se morrêssemos não teria, não na região deles, apenas morro
acima, então vamos nos cuidar e vou observar Moreira.
O telefone de Micaela toca, e uma lagrima lhe corre ao rosto,
alguém havia entrado no apartamento dos pais dela e atirado no pai
dela e levado sua mãe e seus dois irmãos mais novos.
João olha para ela esperando ela falar, mas as vivencias co-
meçam a procurar e acham em uma casa na Ilha do Governador,
dois meninos muito quietos ao canto e a senhora amarrada ao cen-
tro, João olha para fora e depois para Micaela.
— Vamos, as mortes começaram, temos de defender os nos-
sos, prospecto Moreira, ataca as famílias, vamos as defender.
Micaela sente João a abraçar e fala.
— Talvez a guerra comece, mas não sei como parar isto Mick,
Douglas e o irmão estão num barraco na Comunidade do Galeão,
seus dois irmãos mais novos, estão muito quietos e sua mãe ainda
está viva.
Pedro liga para casa e reforça a proteção, Judith pega a arma
ao armário, esta não morreria quieta.
Rodrigo manda dar proteção a sua família, e sai no sentido da
comunidade.
Duas almas se postam na porta, do barraco que Douglas e o
irmão estavam, eles saem e caem mortos, João estava tentando não
pensar no problema que poderia estar gerando, mas uma batida no
cativeiro acham a senhora amarrada e os dois meninos mortos, o
delegado Gomes entra na peça e viu os dois Camargo mortos, reco-
lhe os corpos, a senhora abraça os corpos mortos dos dois meninos,
e o policial a conduz para casa, onde estavam tirando os corpos de 4
seguranças e do marido.

513
Ela olha a filha e Gabriel entrarem e abraçarem ela, a infor-
mação de mortes na família David, vinham ao ar.
João olha o celular, olha as pessoas passando os pêsames, ele
não sabia o que fazer, mas eles atacaram tudo junto, métodos Mo-
reira, estavam muito confiantes e parados, foram pegos de surpresa
e as perdas estavam grandes.
Micaela reparou que João não subiu e ele na parte baixa olha
para Paulinho e fala.
— Desculpa, não tive como segurar tudo desta vez.
— Não entendi.
— Os Irmãos Camargo mataram Roberto e os dois meninos, e
estavam ameaçando a senhora David, sinal que a iriam matar tam-
bém, pois eles se mostraram para ela.
Paulinho olha João, talvez não tivesse entendido direito.
— Eu mato este desgraçado, sinal que iriam me matar depois
de o matar.
— Não vai ter esta chance, mas todos saberão que fui eu Pau-
linho, então reforça a segurança.
— Quem?
— Moreira de novo.
Moreira estava em Tijucas do Sul, olha a casa ainda com a
placa de vende-se, as lembranças eram doidas, toda a felicidade que
vivera naquela casa estava morta, e olha em volta, e viu os rapazes
chegando, e fala.
— Vamos retomar o que me pertence, a força mesmo.
Moreira olha o grupo armado chegar, mais de 50 pessoas, se
armando, entrando nos carros, e um único espirito, com a sua velo-
cidade natural, atravessa todos, e por fim Moreira, que cai de joelho
e viu todos caírem mortos.
Ele olha em volta e fala.
— Paula Carson.
A moça aparece a sua frente e olha os mortos e pergunta.
— Problemas Moreira?
— Quem é este desgraçado, que mata assim, sem fazer nada,
como ele faz isto?

514
— Ele enfrentou um Arcanjo de frente, um Dragão, um Egun-
gum, não sei ainda, mas pelo jeito nesta existência, que vai se travar
a guerra pelo fim da existência.
— Fim da existência?
— Acha que quero um bando de macaquinho se achando es-
peciais, é hora de extinguir a todos, e recomeçar.
— E os Fanes?
— Temos de recomeçar, acho que você não entende Moreira,
você entrou ao lado da extinção, e não foi de hoje, mas em duas
existências, este Pedro Rosa me desafiou totalmente, agora ele se
junta a este Mayer, mas meu problema é com este Pedro, e parece
que você não consegue nada contra ele.
Moreira olha os corpos, e pela primeira vez teve duvida se era
uma ação do rapaz ou do pequeno querubim, olha Paula que per-
gunta.
— O que pensou?
— E se as mortes vierem de Beliel, ele é inferior ou superior a
você moça?
Moreira estava analisando os gestos da moça e olha ela pen-
sar, ela teve medo, e isto era sinal que ela não sabia como enfrentar
algo assim, olha Moreira e fala.
— Cuida deste Mayer que cuido do resto.
Moreira a olha e a vê sumir dali, ficando translucida.
João olha pelo espirito Moreira e pensa no que fazer, viu o
senhor ligar para uma empresa aérea e reservar um voo ao Rio de
Janeiro.
O acompanhar do senhor estabelecia o caminho que tentaria,
e o tirar de Moreira do ponto que estava, estabelecia que ele tenta-
ria algo pessoalmente.
Fabiola olha a filha e fala.
— Quero falar uma coisa filha, seu pai falou para não falar,
mas pelo jeito a ideia dele não foi como pensou.
— O que quer falar mãe?
— Seu pai disse que ameaçaram ele e a família, para ele não
dar proteção a seu marido, sempre perguntava e minha filha e ele
falava que eles não se atreveriam a tocar em você, mas os meninos
morreram, ele morreu, e não parece que vai parar.
515
— O pai nunca entendeu, estas coisas não se resolve assim,
mas porque ele achava que era o caminho?
— O Drumond disse que não faria o acordo e foi morto.
— Não foi enfarte?
— Seu pai desconfiava que não, ele estava bem e morreu as-
sim, sem mais nem menos na tarde que disse que não faria o acor-
do.
— E nos venderam para quem mãe, não sabemos quem nos
ataca, sabemos que vai ter guerra, e não será das pequenas, pois
para lhe tirar de lá, Douglas Camargo, morreu, se os Eguns não se
meteriam, agora vão intervir.
— Os dois estavam discutindo, não entendi, algo sobre não
estar no acordo Douglas matar os meninos, Douglas não me poupa-
ria filha.
— Sei disto, e nesta hora é melhor não deixar tentar de novo.
— Achei que estava morta, só relaxei quando o Delegado en-
trou e me soltaram, só ai entendi de quem estavam falando que não
era o acordo os matar.
João olha os contatos de Moreira, ele pressionou todos para
lhe ferrar, eles queriam algo que justificasse uma ação contra ele,
sabia que os donos de escolas se achavam perigosos, então Moreira
estava colocando todos contra Mayer.
Moreira chega ao Rio e foi a casa que fora deles no condomí-
nio da Barra, ele não entendeu os pedidos de confirmação pois
eram bons negócios que estariam saindo, ações que não cairiam
mesmo com eles vendendo.
Moreira pede um helicóptero e resolve ver o que falavam,
quando ele sobrevoa a região da baia de Sepetiba e olha aquele
imenso porto e pergunta se aquilo fazia parte das obras da Maríti-
ma, olha aquele prédio em M sendo erguido.
Ele pede para dar uma volta e viu que era um porto imenso e
que tinha a marca de uma empresa que ele criara, virando símbolo
em um prédio, ele pensando que eles estavam encolhendo, viu que
tinham mais coisas, sobrevoaram no sentido leste e quando chegam
sobre a Baia de Guanabara ele olha aquele porto, aquela mudança,
ele ficou pensando em quanto tempo ele ficou isolado.

516
Ele desce em Niterói, olha o novo sistema que passava por
baixo da Baia, ele olha os navios entrando e olha ao fundo, o que foi
observar, as novas instalações da Marítima, ele conta os 20 grandes
navios que estavam construindo ao longe e pensa no quanto esta-
vam evoluindo.
Talvez pela primeira vez Moreira pensou no porque alguns
não queriam entrar contra isto, pensava que era apenas fantasia,
mas estava olhando algo que nem ele pensara, entendeu o prospec-
to finalmente, e olha para seu passado, ele não queria parar, ele
queria ser o que fora, e não sabia como o fazer.
Renata olha ele já bem menos inchado olhar para ela.
— Como está, ninguém sabia o que fazer quando sumiu.
— Pelo jeito eles entenderam os prospectos de senha, pois
assumiram com estrutura.
— Eles não deixaram morrer a ideia, lembra do pessoal que
pediu para tirar a menina do mercado?
— Os gringos?
— Sim! Estão todos mortos.
— Eles me colocaram ali para me dar mal?
— Eles tentaram os matar, todos, aquela Emanuelle veio pes-
soalmente tentar matar eles, e saiu sem o objetivo.
— O que mais eu perdi?
— Eles despoluíram a baia a sua frente.
Moreira olha para Renata e pergunta.
— E como deixar este ódio para trás?
— Não sei se eles vão deixar para trás, acaba de mandar ma-
tar duas crianças Alemão.
— Humanos.
— Crianças, o velho era um empecilho, mas as crianças não,
sinal que a ordem era matar todos, até a senhora.
— O que deu errado?
— Dizem que João Mayer espera problemas direto de Orum,
pois Douglas Camargo e o irmão, morreram por esta tentativa.
— Pensei que ele falava serio em não matar Douglas.
— Você deu a ordem, Douglas matou as crianças, Mayer per-
deu a paciência, e entendo ele.
— Vai o defender?
517
— Ele era alguém a deixar do nosso lado, mas parece que as
vezes você quer por o animal em forma e cria resistências como
este rapaz, ele pode parecer fácil de matar, mas pode ser algo como
nós Moreira, uma hora saímos.
— Mas como passar por cima do ódio que sinto.
— Dois lados odiando, vai dar mais merda, sabe disto e conti-
nua, aquele Pedro Rosa, pelo jeito se juntou aos planos do rapaz.
— Este é outro que dizem ser problema, tem uma Fanes o
querendo morto.
— Então está é outra em um problema grande, pois ele tem
aura de Imortal Alemão.
— E pelo jeito enquanto alguns correm fazendo coisas as em-
presas crescem.
— O patrimônio da Marítima, está próximo da 2 trilhões de
dólares, ela nunca antes teve este valor, e vão por mais 14 portos
no Brasil a funcionar, portos da iniciativa privada, da Marítima, en-
tão eles vão ter em 10 anos, a maior estrutura naval particular do
mundo.
— Pelo jeito o rapaz sabe administrar as coisas.
— Quem olha despreocupado diz que ele não está fazendo
nada, mas ele acaba de fechar um acordo com a SN de ampliação do
porto na Ilha da Madeira, e na Ilha Guaíba, com ligação nova entre
os dois pontos, ele está fazendo fortunas, e sendo estrutura para
algumas empresas nacionais, quando se fala em Marítima hoje, com
todas as manifestações contra, mais de 90% dos Cariocas aprovam
as obras.
— E porque não o adoram?
— Ele é quase invisível aos demais, ele não tenta aparecer, e
toda vez que aparece, vem os problemas, mas ele no fim de ano
passado apareceu quase por 10 dias nas noticias, e se perguntar
para alguns qual a imagem dele, não sabem.
— Alguém que se morrer, alguém pode se passar por ele e
ninguém falaria nada?
— Alguém que tem 51% da Marítima, eles compraram 98%
da empresa antes de a fazer girar, então tem dois por cento ai que
valem hoje quase o que valia metade da empresa.
— E pelo jeito alguns o respeitam.
518
— A palavra empresário, sócio da Marítima, dá a duas outras
pessoas um patamar politico que não existia na cidade, e um deles é
Pedro do Tabajara, outro que você fez questão de jogar do outro
lado a mais de 10 anos.
— E este Mayer abraçou a todos estes?
— Sim, ele criou uma lenda, pois Azul é uma lenda, ninguém
sabe quem é, parece bem o Alemão que você criou nas comunida-
des, alguém que não sabem quem é, apenas ser um Oliveira, e ne-
gro, que comanda agora 871 comunidades, que estão em reforma.
— Os Naro estão achando o que disto?
— Mortos.
— Pelo jeito teve muita violência.
— Os Naro mandaram matar Priscila, ela matou pessoalmen-
te o ultimo Naro da cidade.
— Pelo jeito eles resolveram achar inimigos onde não deveri-
am ter inimigos.
— Eles fizeram em 5 anos, milagres na cidade, existem comu-
nidades como Rocinha e Santa Marta que são outras hoje.
— Pelo jeito eles tomaram a cidade.
— Como nunca a tomamos, eles estão usando a Marítima pa-
ra reformar a cidade inteira, isto estabelece transformar a cidade do
Rio de Janeiro, em algo que ela nunca foi.
— E o resto dos negócios?
— Não sei por qual dos rapazes que eles tiveram acesso aqui-
lo que nem eu tinha, os códigos de transferência e de comando das
empresas, baseados nisto que eles resolveram criar os portos em
todo o país, eles tem a maior frota náutica no país, e começaram a
reforçar as defesas do país.
— Emanuelle deve estar assustada.
— Eles vieram tentar fazer o que você tentou pela tarde e não
deu resultado.
Moreira vai para a casa na Barra novamente e fica a olhar o
que faria, sabia que algo o vigiava, não sabia o que, no seu interior
começava achar que era o pequeno Beliel, então um misto de medo
e precaução o tomou.

519
A noticia das mortes na família David, coloca todos os demais
presidentes de escola atentos, pois não era o trato, e pelo jeito algo
deu errado.
Lucas olha Amanda e fala.
— Moreira as vezes é animal de mais.
— Acha que foi ele?
— Distraiu os demais tentando os matar, era uma tentativa
de os matar e distrair, sequestra a senhora David, e as crianças,
mata as crianças, sinal que iriam tentar matar toda a família, coisa
de animal, disto que os presidentes das escolas tentaram escapar,
após a morte do Drumond.
— E não fala disto?
— Não tenho orgulho disto, mas sabe que somos alvo sem-
pre, e não gosto destes atiradores do Moreira.
— O delegado Camargo não vai tentar mais.
— Sim, as vezes os da lei, sei que já fiz parte disto, se acham
acima da lei.
Em Nilópolis abrem a quadra para o que seria um velório pu-
blico de Roberto e os filhos mais novos.
Gabriel abraçou a mãe, não sabia se estivesse no apartamen-
to não teria morrido, parecia que a ordem era matar a todos, e olha
para todos comovidos, a muito tempo seu pai tocava aquilo e agora
seria entre ele e os tios.
Paula surge no velório, olhando em volta, viu aquela família,
estava procurando Mayer, e viu Pedro Rosa ao lado de um senhor e
olha para ele.
Paula chega a frente e fala.
— Acha que vai vencer.
— Não pretendo vencer menina.
— Sabe que não sou uma menina apenas, já estou uma moça,
e não pode comigo.
João entra e viu aquela moça a falar alto ao fundo com Pedro,
ele chega ao lado e pergunta.
— Problemas Pedro?
— Apenas lembra deste rosto Mayer, se o ver, ou esta aura,
saiba que é uma ameaça.
Mayer olha Paula Carson e fala.
520
— Fanes animais é o que mais tem neste mundo.
— Não sou um Fanes, sou mais que isto.
João olha em volta, a moça falava alto, chamando atenção.
— Verdade, você é energia de criação, que não sabe criar,
precisa que uma criação sua, o faça, um ser de criação que não sabe
criar é inferior aos animais Fanes. – Mayer a encarando.
— Acha que pode comigo?
João sente a inexistência as costas criada por Paula, esticando
a mão para trás e olha Paula, a pega pelo colarinho e apenas a joga
no local que ela criara, e olha para Pedro.
— Estou sem paciência para negociar com gente assim.
Todos olham a moça sumir, não entenderam, mas João nem
dá atenção aos demais.
Pedro sorriu e fala.
— Daqui a pouco surge ela de novo.
— Porque isto não a prende? – João.
— Prende, mas tem de considerar que eram 72 delas, agora é
apenas uma.
Mayer não sorri, mas caminha até a senhora e deseja os pê-
sames, e se afasta ao fundo.
Mayer saíra da escola e muitos achavam que ele amarelou,
estar ali, era algo que ele estaria de qualquer forma, lembra dos
rostos revoltados do enterro de Nuno, agora era Roberto e os filhos,
e os mesmos que antes não lhe respeitavam, continuavam ali, ape-
nas agora ele sabia ser uma minoria.
Mayer sabia pela mensagem que vinha uma condução a dele-
gacia para explicações, talvez fosse a hora de todos saberem que ele
defendia os seus, e olha para Micaela.
— Mantem a proteção alta, mais distração.
— O que acha que vai acontecer.
— Moreira querendo me olhar aos olhos, sei que da ultima
vez ele achou que iria se dar bem e foi um tempo preso.
Ela o abraça e fala.
— Me cuido se tomar cuidado, sabe que te amo meu maluco
predileto.

521
— Nem vou perguntar quem são os malucos não prediletos,
mas me cuido, apenas vou esperar lá fora, para não ter todo o
stress da condução em meio a um funeral.
João estava chegando do lado de fora e viu as 5 viaturas da
civil pararem a rua e um monte de armas apontadas para ele.
A imprensa registrando e muita gente vendo, fez os rapazes
conduzirem, mas João sabia o que estava acontecendo e Rodrigo
chega ao lado de Micaela e pergunta.
— O que está acontecendo?
— Fora a alma do pai ao lado do caixão olhando como se ten-
tando entender o que vai acontecer, João conduzido a delegacia
para averiguação, onde Moreira vai estar, e todo este clima que
esta hora gera, não sei.
Micaela viu Mirian vir de dentro e olhar para a avó, chega a
ela e lhe dá a mão, foi visível o olhar de Fabiola irem aos olhos de
Roberto, ela não sabia se era uma miragem e ouve a neta falar.
— Ele nos ouve, mas não tem mais como nos falar, não en-
tendemos, mas ele vai descansar vó.
Roberto em alma olha para Fabiola e sorri, ela sorri de volta e
fala silencioso, com os lábios, “Te amo”.
Ele sorriu e Micaela viu aquela luz surgir a toda volta do seu
pai e ele sumir dali, poucos iam ao paraíso, aquela imagem fez Mi-
caela sorrir e olhar para mãe.
— Ele agora vai nos esperar mãe.
Fabiola abraça a filha e fala baixo
— Às vezes queria ter coragem de falar dos problemas antes,
talvez ele ainda estivesse vivo.
Micaela não fala nada, apenas deixa uma lagrima escorrer ao
rosto e sentem a pequena Mirian abraçar a perna das duas.
João chega a delegacia, Paulo chega junto e olha o delegado
mandar ele aguardar do lado de fora, João olha Paulo e fala.
— Calma.
João entra e olha aquele senhor agora menos inchado a sua
frente e fala.
— Pelo menos para você fez bem estes dias isolado.
Moreira olha Mayer e fala.
— Sabe que não tenho como parar?
522
— Sei que não quer, não inventa, você se meteu nisto por
vontade própria, então dizer que não pode parar é desculpa para
pedir para mais gente para matar seus desafetos. Um Fanes fazendo
o trabalho da sua criadora, bem cômico.
O delegado não entendeu, mas ficou quieto.
Uma alma toca o ombro do delegado que apaga a mesa e Jo-
ão olha para Moreira.
— Sem testemunhas.
— Não sei quem é você.
— Quem você sabe, conheceu meu pai, minha mãe, naquele
dia mostrando bem o comportamento de matar filhos, a logica tor-
pe de animais, não deixar brotar uma vingança.
— Acha que escapa?
— Não tinha me tocado, que teria de ficar quieto, eu lhe dei a
arma para avançar, eu ressaltei sem pensar que eras Alemão, mas o
que quer me trazendo aqui, distrair de novo para seus meninos
tentarem o que não vão conseguir Moreira.
— Estudou meus métodos, pelo jeito cresceu mesmo.
— Sim, deve estar estranhando como em 2 anos se faz tanto.
— Não entendi no que se tornou o pequeno Pedro, vi a ima-
gem do prédio voltando a forma, estranho seres como você e ele,
que não temem os seres angelicais.
— Se vou a uma guerra para restituir a ordem em um Outra
Vida, paralelo, não é um paraíso como alguns pensam, por motivos
fúteis de um Fanes Imortal, que nem posso matar, as vezes é bom
morrer, queria este direito, nunca corri atrás da imortalidade, pois é
onde o problema existe, um infinito de vida até o fim dos tempos,
imagino o nosso sol explodindo e você não tendo direito a morte,
mas a cada evento, um aprendizado, ou um recomeço, não quero
seu futuro senhor Moreira, eu prefiro a morte.
— E se recusa a morrer.
— Luto pela pouca vida que terei, você viveu mais historias
que eu, e continua na função de destruir historias.
— As vezes fazemos acordos, e ele passa por sua morte, fazer
o que senhor Mayer. – Fala Moreira colocando a mão as costas, na
arma, ele estava na duvida.
— Ainda está nesta briga idiota, mas tudo bem.
523
Moreira não sentiu o ser tocar em suas costas, e ele cai sem
forças, olha João olhar o Delegado abrindo os olhos e falar.
— O que precisa delegado.
— Pensei que conversariam. – Delegado Gomes.
— Ele tem um acordo com uma Fanes, imortal, que agora é o
grande problema, mas tenho de agradecer a Moreira novamente,
ele me apontar uma saída.
Moreira olha para ele descrente, não entendera, mas o dele-
gado queria perguntar.
— Saberia quem matou o senhor David.
— Grupo da região do Alemão, tocados por um falso senhor
se passando por Alemão, senhor Moreira a frente de Joelho.
— Ele está bem?
— Ele está tentando puxar a automática as costas, para me
acertar, normal para ele, mas ele não conhece quem me tornei,
apenas quem fui, me avalia pelo que era meu pai e minha mãe, que
ele apenas sacou a arma e deu um tiro em cada, deveria ter pensa-
do nisto já na hora, ele não conseguiu mirar em mim, pois ele deu
três tiros, e nenhum a cabeça, como meus pais, não entendo o que
aconteceu aquele dia, mas o despertar de algo, que agora é apenas
passado.
— Mas ele está bem?
— Ele vai voltar a passar mal, eu chamava uma ambulância.
O delegado olha para Mayer serio.
— E quem matou os meninos dos David?
— Douglas Camargo.
— Pelo jeito continua a se defender.
— Neste instante Delegado, um grupo tenta invadir um fune-
ral, para terminar o serviço, coisa deste animal Fanes a nossa frente,
que acha que nós Humanos, ele pode matar como ratos.
— E como vai os defender?
— Não vou confessar um crime para um delegado da homicí-
dio senhor.
— Dizem que você é responsável pela maior revolução desta
cidade, e não posso reclamar.
— Maior, de qual está falando?

524
— Mesmo com todos os mortos que provavelmente surgirão,
estamos com 36% a menos de homicídios, e já havia decaído mais
de 50% no ano anterior.
— No que mais posso ajudar.
Moreira desacorda e o delegado pede para chamarem uma
ambulância, João é dispensado e Moreira internado novamente.
João olha Paulo a entrada e faz sinal para andarem, pega o
celular e disca para Rodrigo, ele sabia que era encrenca, mas se iria
assinar algo, que fosse todos ouvindo.
— Ouve Azul, Moreira se passando por Alemão, mostra para
estes impostores que Alemão morreu infelizmente.
Os atendentes olham assustado e o delegado olha para os in-
vestigadores e fala.
— Prepara uma diligencia.
— O que vai acontecer?
— Desconfio que nos mandaram tirar Mayer de lá, para ten-
tarem invadir o funeral, se o fizerem vai ter morte aos montes.
João sorriu e olha para Paulo discando para Pedro Rosa.
— Me responderia uma coisa?
— Se souber?
— Teria uma forma de jogar Moreira na Inexistência?
— Sabe que seria um problema ao futuro, aos herdeiros.
— Pelo que entendi, não sabe se podemos nos desfazer da ul-
tima Paula, vai ser uma grande confusão este futuro.
— Não sabemos se não é o que ela quer, pois parece provo-
cação, mas entendi a ideia de Moreira.
João olha para as almas na entrada do funeral, era muita gen-
te para diferenciar quem era quem, mas olha para uma alma olhar a
pequena Mirian que fala.
— Acalma pai, nem todos são ruins.
— Mas não a quero perder.
Mirian sorriu.
Moreira acorda no hospital, olha para a entrada e olha os po-
liciais.
— Como vim parar aqui?
— Passou mal na Delegacia.

525
— Odeio este hospital. - Moreira tira os soros dos braços e
senta a cama, respira e fala. — Sal na veia deveria ser proibido por
lei. – O atendente chega a porta, iria falar algo, mas Moreira apenas
olha para o policial. — Me consegue uma roupa.
Moreira odiava sentir-se assim, desafiado, a empáfia de al-
guém o querer parar o irritava.
Moreira pega o telefone e um espirito ouve ele falar.
— Que horas invadimos o funeral?
— Estou indo para lá.
João sabia que não teria como defender tudo em um funeral,
e passa uma mensagem para Gabriel levar seu tio para a parte alta
da Quadra da Escola, onde estavam velando Roberto.
Ele liga para Micaela e fala.
— Moreira vai atacar ai.
— Não o parou ainda?
— Ainda não.
João desce no heliporto novo da quadra, Paulinho ainda esta-
va se recuperando, então não o colocou em campo, ele sente as
pessoas presentes, Mirian olha em volta e fala para Micaela.
— Tira a Vó e os manos daqui mãe.
Micaela fez a mãe ir descansar um pouco, Rodrigo viu que ti-
raram ela dali, ele estava ao segundo andar olhando a quadra.
Moreira com uma toca a cabeça e uma camiseta com uma
suástica, se passando por Alemão, entra e olha para todos e dá um
tiro para cima.
— Quero a família David, se me entregarem não preciso ma-
tar a todos.
Micaela olha a quadra, e de uma hora para outra, todos caí-
ram desacordados, Moreira olha assustado e os rapazes se armam,
olha João saindo da parte do fundo.
— Para de encenação Moreira, este personagem você matou
há alguns anos!
Moreira olha todos ao chão e fala.
— Acha que não os mato porque os desacordou?
— Logico que mata, animal como você, poucos se fizeram,
não entendo estes humanos ai, defendendo você, mas se eles que-
rem morrer, vieram ao local certo hoje.
526
— E acha que escapa.
— Se você conseguir, eles já estarão mortos mesmo antes de
você tentar os matar.
João sente as existências vindo a ele, como se recuassem,
Moreira não entendeu, mas sentiu aquilo passando por ele, sente o
gosto de ferro a boca, mal via a frente, sente os rapazes ao fundo
estranhos, como se olhando para suas mãos, olhando as armas,
uma nevoa toma o local, um repórter que cobria o enterro, e havia
saído, volta e sente como se não estivesse mais em seu mundo.
João sente o mar do esquecimento e coloca lá todas as viven-
cias que tinha nele.
Ele não sabia o que aconteceria, mas viu a pequena Mirian
caminhar até ele e lhe esticar a mão.
“Não se meta menina!” – Ogum.
— Se quer matar minha família, vou...”
Moreira não conhecia a menina, mas viu ela passar a mão ao
ar e todos os desacordados, surgem fora da quadra, acordando, e as
portas se fecham.
“Poupa estes fracos!”
— Um dia foi mais fraco que alguns presentes. – Mirian.
“Me chamou de que...”
— Não é surdo e nem esquecido. – Mirian.
Micaela desce pelas escadas ao fundo, não sabia se chegaria a
filha, mas queria estar próxima.
Micaela estava com muitas almas, embora visse que João sol-
tou as suas almas. Ogum solta suas correntes, que começam a enro-
lar em João, o cão de Ogum tenta avançar e Mirian fala.
— Peças para reciclagem no mundo!
Ogum viu seu cachorro se desfazer em milhares de peças de
metal.
Mirian olha o pai e fala.
— Não vai enfrentar pai?
— Cuidado com Ibeji disfarçados ao fundo.
Mirian olha a parede e os seres saem dela, os gêmeos, olhan-
do em volta, eles não viam os filhos de João dali e isto parecia os
agradar.

527
João sentia as correntes o começarem a apertar, ele não es-
tava fazendo força, ele não desafiara nenhum deles.
Os rapazes apontam para João e Moreira nem viu quando
disparam no sentido das correntes.
A corrente de Ogum que não entendera que eles tentaram
agredir João, não Ogum, disparam para trás, Moreira se joga ao
chão e viu os rapazes serem rasgados por aquela corrente.
Moreira olha os rapazes mortos e olha a corrente apertando
Mayer, estranha achar que Mayer estava os distraindo.
Mayer olha Moreira e fala.
— Está perdendo a chance de sair correndo.
Ele olha em volta e sente alguém fazendo força na porta ao
fundo, vai a ela e força no sentido oposto.
João olha a filha e fala.
— Protege seus irmãos.
— Mas...
— Tem de entender filha, eles não gostam de verdades, então
nunca ouvira deles o medo que tem de você, apenas a arrogância.
Mirian recua, os Gemeos sentem a mão da irmã que chega ao
fundo com eles e Micaela olha que estavam bem.
— O que faço filha?
— Eles não vieram pelos meus irmãos.
Micaela olha o corpo dos irmãos, e do pai, no meio aquela
confusão, eles ainda estavam presos aos corpos, ela olha para João
e fala.
— Tenta não os machucar João.
Ogum olha a moça com raiva, e os Ibeji olham intrigados e
Ogum olha João.
“O que fez ser estranho!”
— Não lembro de o ter convocado ou desafiado, então estou
esperando sem saber o que fazer.
— Você matou um protegido dos Eguns.
— Se seus protegidos, matam crianças, tem de morrer.
João viu as costas de Ogum materializar um Egun, Douglas,
talvez disto que ele se afastava, eles preferiam os mais cruéis, os
mais desapegados.
— Me deve a vida senhor Mayer.
528
João fecha os olhos e fala.
— Se falas a verdade, que assim seja.
Micaela olha assustada, mas sabia que João não teria como
enfrentar preso as correntes de Ogum, Moreira consegue destravar
a porta e os policiais entram e recuam, vendo Ogum com Mayer
preso as correntes, haviam mortes, mas o Delegado entendeu que
ali o negocio estava mais violento, viu Moreira sair, os rapazes esta-
vam com medo e Mirian olha o Delegado.
— Segura os demais para fora Delegado.
O delegado olha a menina, estava pensando no que fazer e os
rapazes começam a sair, ele não sabia o que estava acontecendo.
João olha a porta fechar e olha Douglas.
— Esperando o que para tomar a vida que diz que devo a vo-
cê, já que se a divida é contigo, não precisaria as correntes de Ogum
para me segurar.
Ogum parecia irritado. João sente as correntes o apertarem.
— Não entende disto mesmo. – Douglas.
— Desculpa, não morri ainda.
Douglas chega perto e se viu uma nevoa cercar João, que sen-
te aquela nevoa lhe entrando pelo nariz e boca, ouvidos, estranha,
mas não parecia ir além do aparente, ele sente-se feliz, e isto era
estranho, não era uma sensação ruim, e pensa no como seria deixar
este pessoal vencer, seus filhos, as palavras de Mirian, ele sente a
energia, as existências a volta surgem pelas paredes, olhando em
volta, e Douglas olhava João e fala.
— Pensei que era forte.
João sorriu em alma, e isto fez sua alma brilhar, e a nevoa se
dissipar, João sente as mãos dilatarem, ele senta a força de Ogum e
apenas solta os braços e olha para Douglas, seu rosto saindo da
nevoa que se dissipava.
João sente as correntes e fala.
— Ogum, se apresente.
Douglas achava que estava no comando, mas viu aquele ser
imenso surgir ao lado do que estava ali, ele olha os mortos ao chão,
olha as correntes e fala olhando o ser.
— Vocês não tem permissão de se passar por mim.

529
Uma leva de seres correram para os Ibeji e Ogum os olha e fa-
la.
— Isto vai gerar problema sério.
Os Gêmeos saem dali, recuando em uma nevoa, e Douglas
olha para Ogum e fala.
— Ele me deva a vida, não pode intervir.
— Egun atrevido.
Douglas sentindo as correntes some dali, Ogum olha em volta
e fala olhando Mayer.
— Eles não entendem o peso que carrega, para o querer.
Para quem viu, pareceu algo leve, mas não foi, João quando
Ogum some, as portas se abrem e o delegado viu João de joelhos,
exausto, e olha os mortos, olha em volta e fala.
— Tudo bem senhor Mayer.
— Não sei, juro que não sei.
Micaela chega a ele e fala.
— Problemas eternos pelo jeito.
João apenas sente o abraço e tenta se recompor.
Ricardo no segundo piso olha aquilo e fala.
— E tem gente que quer enfrentar ele.
— Uma coisa é se dizer Umbandista, do Candomblé, e nunca
ter visto Ogum, ele pessoalmente é muito mais incrível tio. – Gabriel
olhando João subir e ir a sua sala, ele estava exausto, e João olha
Mirian chegar a ele e estica a mão e ela sente aquelas duas existên-
cias e pergunta.
— Não preciso pai.
— Seus tios precisam de um lar.
Mirian sorriu e Micaela sente o abraço de Mirian aos dois, ti-
nha muita energia em algo assim.
O retirar dos corpos, as pessoas olhando o sair daquele pes-
soal que entrou armado, não tinha explicações, e João sabia que
iriam jogar nele, não se aceitaria a verdade em depoimento mais
uma vez.
Moreira chega em casa e olha para Renata, estava respingado
de sangue, assustado e Renata pergunta.
— O que aconteceu?

530
— Hora errada para uma ação, não sei como as noticias estão
chegando de Nilópolis?
— Que todos deveriam estar em uma alucinação coletiva,
pois viram uma entidade, e que alguns presentes, foram mortos
pelas correntes de Ogum.
— Mayer sobreviveu?
— Dizem que sim.
— Como alguém enfrenta Ogum e sai vivo Renata?
— Está falando serio.
Moreira olha para fora e fala.
— Ele ainda me alertou que era hora de sair, todos os meni-
nos que levei, foram atravessados pela corrente de Ogum, morte
tão rápida como sangrenta.
Moreira foi a um banho, ele não era deste tipo de enfrenta-
mento, ele estava assustado.
— Eu pensando que ele estava exagerando quando falou que
a morte de Douglas o colocaria em uma Guerra.
— E entrou lá no meio da guerra?
— Um pouco antes, não sabia e ninguém sabia disto.
João sente as almas no Mar do Esquecimento e as puxa de
volta para ele.
As almas vão do desgosto ao alivio, o viver de horas no mar
do esquecimento, se veem dentro de um caminho diferente, e isto
fez algumas almas se acalmarem e acalmarem João também.
Um funeral a continuar, em meio ao tirar dos corpos, o IML e
muita gente fazendo perguntas que não se queria responder.
Depois de um tempo o velório continuou, dando saída do
corpo as 10 da manha seguinte para enterro.
Funeral mesmo com uma bateria de escola de samba, é triste,
o descer do caixão com a bandeira da escola, com toda a comuni-
dade a volta, com jornalistas, com toda a gama de pessoas que não
sabiam o que acontecera.
João depois acompanha o enterro dos gêmeos, e por fim, dos
seguranças mortos, uma cerimônia triste, longa, de alguém que não
dormira, que sentia os músculos doidos.
A imprensa destacava mortes, atentados, uma serie de mor-
tes ainda em investigação.
531
O delegado da civil, Gomes, olha os dados das mortes dos po-
liciais, novamente policiais que atiraram contra algo, que surgem
mortos, pior, membros da mesma leva de policiais, os Federais,
contra as mesmas pessoas.

532
João convida a sogra a passar uns
dias no apartamento deles na Barra,
então o terminar do dia anterior, foi de
ajustes, lembranças tristes, gente que-
rendo entender.
João foi a aula, faltara muitos dias
ultimamente, e começava a perder as
sequencias de matéria.
João estava saindo da aula as
11:30hs e viu policiais federais o aponta-
rem e lá foi ele conduzido a delegacia da
Federal.
João cansado, físico, mental e
emocional, senta a sala esperando o
advogado, todos estavam cansados.
Um delegado Interventor chega a
sala e pega o depoimento de João sobre
os eventos na Escola de Samba, João
estranha, pois não era caso para a poli-
cia federal, eles queriam motivo, mas
ele afirma não ter visto quase nada, parecia uma miragem em meio
a muito efeito especial, que não entendia o que aconteceu.
João sai da Delegacia e viu a imprensa, não sabia o que esta-
vam narrando, mas ele passa sem responder nada, no carro aten-
deu o telefone e fez sina para Paulo ir para a Cidade do Carnaval.
Ricardo e Gabriel o recebem e João não sabia se queria voltar,
ele sabia que quando soube que Roberto queria ele longe, eles con-
vidaram e fizeram sua votação, então eles o colocaram lá, se eles
não o queriam mais lá, ele não ficaria, e nem discutiria.
— Podemos conversar João? – Gabriel.
— Sim, sei que pulei fora sem falar e olhar para trás, mas é
que não entendi quem me queria morto.
— Sei que meu pai não fez esforço de o manter, ele nem in-
sistiu para mudar de posição, estranho sempre como meu pai se

533
portava diante de sua obra e de você, ele queria a obra, mas tinha
receio de você.
— Sei que não sou fácil Gabriel.
Ricardo olha João e fala.
— Precisamos de você aqui João, sei que nem eu entendi o
que meu irmão queria, ele parecia com medo, deveríamos ter pres-
tado mais atenção, mas é estranho como alguns mandam demais
nesta cidade.
— Não sei ainda o que faço, Gabriel sabe que tudo está an-
dando, sei que preciso ajeitar algumas coisas ainda, e Moreira ainda
está solto por ai tentando nos matar, então não sei se é a melhor
hora de mudar as posições.
— E como realizar tudo que pensou? – Gabriel.
— Quem pensou desta vez foi Jorge, eu apoiei, ele sabe onde
vai cada peça, mas tem de fazer bem feito, sei que alguns chamam
meus carros de impossíveis, mas é a calma estrutural que os faz
fortes Gabriel, e depois o montar de cada detalhe, mas preciso ter-
minar esta guerra antes.
— Pelo jeito o que tentou antes não deu resultado.
— Consegui um problema, dois, a mais neste enfrentamento,
um nem sei quem é, outro um Egun que vai tentar distorcer tudo.
— E acha que teria uma posição ainda sobre isto? – Ricardo.
— Todos a volta estão felizes de eu estar fora Ricardo, eles
não entendem, não se ganha antes, depois, se ganha naqueles mi-
nutos na Marques, são eles que dizem se vamos vencer ou perder.
— Mas não teria como voltar? – Ricardo.
— Hora de apoiar Gabriel, posso voltar em Janeiro e colocar
cada carro deste na condição de carro Alegórico, e não esquece,
vamos tentar o tricampeonato, mesmo eles não nos querer ga-
nhando.
— E acha que esta confusão se consegue ganhar?
João olha para fora, que dava a estrutura dos carros na parte
bem baixa e se via as 6 bases, grandes, mas apenas base e sorri.
— Não está uma confusão Ricardo, não está.
Ricardo olha as estruturas e pergunta.
— Está dizendo que estamos no caminho?

534
— Sim, mas pensa, cada uma daquelas estruturas lá embaixo,
vão ter pelo menos 30 esculturas por carro, dois brinquedos adap-
tados por carro, 200 alegorias, com suas fantasias, fazendo movi-
mento e dando sentido aos carros.
— Juro que não vejo o carnaval como você! – Ricardo.
— Apenas mantem as esculturas dos últimos dois andares em
funcionamento, as fantasias em funcionamento e todos os ensaios e
estruturas da escola, que tento voltar em Janeiro.
— Acha que lá encima está o segredo?
— Não, o todo é o segredo, pior, se fizerem uma reportagem
sobre nosso barracão este ano, vão falar que está tudo muito atra-
sado Ricardo, mas tem escultura de 3 carros prontas, não estão dos
4 carros, pois mandaram na regra criarmos mais dois carros e esta-
mos pegando esculturas de tripés e colocando em carros, nem sem-
pre isto dá certo.
— Como posso olhar uma base como aquela e dizer que está
pronta? – Ricardo.
— Não está pronta, é a base, em cada um dos quatro pontos,
estará uma estatua de 18 metros, com movimento, a montanha que
está a 10, vai a 20 metros, teremos tuneis para dentro extração de
ouro escravo, a cada um quarto da montanha, será um tipo de ex-
ploração, teremos maquinas de extração, na forma de dois carro-
ceis, a frente e ao fundo, e a frente tem duas estatuas de gente bem
vestida e contando dinheiro, tem toda a montanha de exploração,
com 200 pessoas, ao fundo, tem um riacho e os índios morrendo a
beira do rio, poluído por mercúrio.
— Isto neste carro que parece um nada?
— Eles estão construindo todas as partes do carro, quem pro-
jetou ele foi Jorge, que precisa de apoio, pois ele deve estar pen-
sando que com a morte de Roberto as coisas podem mudar.
— Vamos tentar entender aquele prospecto, vejo que você
longe sabe o que é que aqui. – Ricardo.
— Deixa eu ir, ainda não está na hora de festarmos Ricardo.
— E pelo jeito será algo maior.
— Com certeza eles vão odiar o carro final, e não vou falar
nada dele ainda.
— Porque vão odiar?
535
— Porque ele surgiu ontem Ricardo, seu irmão precisa de
uma homenagem, e vamos o fazer no carro final, se alguns olhavam
ele como bicheiro, outros como gente rica, a escola o via como um
pai, exigente mas por querer o bem do filho.
Ricardo sorriu e fala.
— Eles tem medo de você, mas entendo a homenagem, mas
vai com calma.
— Vou convidar todos os que fizeram parte da escola um dia
a participar da homenagem final.
— Se vão aceitar não sabe, mas entendo, tentar unir os ve-
lhos de novo.
— Estão cada um por si, todos contra todos, isto vai minando
o carnaval, mas obvio, eles não precisam ver o tamanho que vamos
a avenida. Mas agora deixa eu voltar para casa.
Ricardo e Gabriel veem João sair, ele saindo deixa alguns
olhando o local, mas Jorge nem viu ele ali, estava trabalhando, ten-
tando acompanhar cada ala.

536
Agosto e Setembro passam, e Ou-
tubro começa, muita coisa andando,
muitas obras, muito trabalho, e mesmo
sem fazer esforço, Mayer chama aten-
ção, era impossível não chamar, as vezes
ele precisava sair rápido do local, e um
helicóptero era mais pratico, as vezes
tinha um evento na cidade, as vezes
uma inauguração que ele acabava apa-
recendo, antes ninguém nem ligava,
agora muita gente já prestava atenção
naquele senhor tentando passar desa-
percebido ao lado.
Inicio de Outubro, e o lançamento
de 3 transatlânticos da Marítima, gerava
sempre um evento, e mesmo os ditos
ricos, começavam olhar para Mayer,
pois era evidente que ele passaria direto
no primeiro ano, e alguns começavam a
ter problemas de notas.
João olha no edital a nota de calculo e o professor deu 9,5,
não existia como ter esta nota, mas ele nunca dera um 10 e não
seria a primeira vez. João sabia que teria de estudar para ultima
prova, um 5 e teria passado, mas ele queria tentar um 10, ele por si
pensava que se você não tenta vencer, você não chega em terceiro.
José ao lado viu que João teve uma boa nota, a ideia de cria-
rem um grupo de estudo, acabou por ser abandonada em meio a
impossibilidades de muitos lados, mas Ricardo chega ao lado e
olhando as notas via que era João e mais dois que tinham alguma
chance de passar sem final.
— Ele continua se dedicando.
— Sim, dizem que o professor de calculo alivia um pouco no
ultimo trimestre para alguns passarem, mas pelo jeito teremos de
estudar isto a fundo para passar.

537
João não mudava suas rotinas muito fácil, ele almoça no res-
taurante e sai a porta falando com Ruy sobre como estavam os pre-
parativos para o Carnaval do ano seguinte e mesmo sem pensar
direito em carnaval, João sempre ficava bem atento as escolas, e
quando dava para ajudar, ele ajudava, tinham outros grupos, se o
especial não o queria, os demais ainda o respeitavam um pouco.
João caminha até o Barracão da Escola de Samba de Um Ho-
mem Só, e olha os carros, fantasias novas, alegorias novas, mas
começava a ficar repetitivo, talvez a hora de parar de brincar de
bonecos automáticos.
Ele ajeita as coisas e vai para o apartamento na Barra, a sogra
olha para ele e pergunta se iria almoçar, era sempre a mesma coisa,
mas ele já tinha almoçado, e logo após as indagações se estava tudo
bem, João não acostumava com ter gente olhando para ele, isto as
vezes o incomodava, mas estava fazendo sua parte.
Ele vai ao quarto e toma um bom banho, ajeita uma roupa
mais social, e olha para Micaela entrando ao quarto, ele se prepa-
rando.
— Pelo jeito é serio o dia de hoje? – Micaela sorrindo.
— As vezes, acho que é um momento especial, vai comigo?
— Sim, as vezes estes caminhos seus até eu me perco.
— Todas as partes estão divididas, e nem tudo sei como fazer,
mas espero conseguir montar um pouco das coisas este ano.
— E começa pela Mayer?
— Sim, Mayer Elétrica Automobilística.
— E pretende investir quanto neste mercado?
— Temos apenas na cidade, 90 pontos de recarga, a ideia,
começar pela cidade, ir ampliando pelo estado, e aos poucos, ga-
nhando espaço, tem um prospecto para o ano que vem, para inau-
gurar a cada 15 dias uma capital do país, temos de fazer com calma,
mas a minha eterna calma. Mais ódios, pois vendemos um carro
elétrico, e fornecemos no preço de compra, 10 anos de recarga nos
pontos da MEA.
— E pelo jeito começa hoje com um acordo com a prefeitura
da cidade.

538
— Sim, um prospecto que havíamos tentado com o antigo
prefeito, substituir todos os 2570 carros na prefeitura por carros
elétricos.
Micaela sorri, pois João não sabia pensar pequeno, e aquilo
em si era uma revolução.
Ela se veste e os dois saem no sentido da Ilha do Fundão, on-
de iriam inaugurar a primeira fabrica de veículos elétricos 100%
nacional, e com tecnologia nacional. Junto com uma imensa fabrica
de baterias.
Um evento que tinha prefeito, governador e presidente atual,
João não iria ao palco na inauguração, mas assistiria na parte eleva-
da na fabrica, de frente ao palco.
O prefeito já sabia que Mayer não estaria pessoalmente, mas
com o presidente da empresa, inaugura a obra e falam da parceria
da prefeitura e na inauguração de 90 pontos de recarga na cidade, e
a aquisição da prefeitura de dois mil e quinhentos veículos elétricos
para substituir sua frota de carros. No projeto de tornar a Cidade do
Rio de Janeiro, em uma cidade mais ecológica.
Ele nomeou as secretarias que teriam acesso, e Educação e
Segurança foram destacados.
O governador fala, depois o presidente de mesmo sobrenome
que a empresa ao fundo.
O prefeito ao fim da inauguração vai a parte interna onde ti-
nha a recepção aos convidados, a Globo registrava a inauguração e
os empregos, e a nova linha de carros.
Quando terminam a apresentação o prefeito para ao lado de
Mayer e fala.
— Mais uma grande empresa, agora colocando o nome na
marca, saindo da sombra?
— Não, apenas criando uma marca a mais, mas como estão
as coisas prefeito?
— Vi que não aparece mais nas inaugurações.
— Olhando ao longe, para evitar um maluco atrapalhar a
inauguração por não gostar de mim.
— Não tem vindo muito a inaugurações.
— As importantes começam agora, trabalhamos um ano in-
teiro para termos as empresas em ponto de inauguração, aqui te-
539
remos a Mayer, dai inauguramos finalmente a AR, depois a Blinda-
dos, seguido do porto da Marítima, e por fim, a representação local
da NM.
— Tem parte na NM? – Prefeito.
— Ações, tentando atrair empresas que sou acionista, nem
que minoritário para a cidade.
— Um polo industrial e turístico que não tínhamos, e pelo jei-
to crescendo.
— Tentando fixar raízes.
Micaela viu que poucos o olhavam, mas João estava impecá-
vel naquele dia, e mesmo assim poucos o cumprimentavam, ser um
desconhecido em meio a uma empresa que saiu de sua cabeça, e
que tinha seu sobrenome.
João olha as recepções e depois de um tempo vai para casa,
ele ainda se batia em ficar naqueles lugares.
Micaela viu que saíram como entraram, pela parte reservada
e direto de helicóptero, poucas pessoas vendo eles, quando o presi-
dente da empresa o procurou com os olhos ele já havia ido.
Micaela olha para João chegando em casa e pergunta.
— Não parece feliz.
— Na verdade eu estou criando uma empresa que vai se de-
dicar a fornecer não apenas carros, é uma marca que tende a abra-
çar pequenas marcas as lançando como algo maior, mas isto de-
pende de criar para cada central de produção a estrutura e os pro-
dutos que venderemos.
— E por acaso colocou ali propositalmente?
— Sim, apoiar projetos de graduação e pós graduação, que
possam nos dar retorno financeiro.
— O empresário que ninguém leva a serio.
— Não fui lá para ser visto, mas me vesti para me sentir bem
lá, e não chamar atenção, pois é uma conquista pessoal.
— E vai tentar mais conquistas pessoais.
— Sim, nem todo dia será de ideias, então enquanto as te-
nho, avanço.

540
Moreira a um tempo tentava
apoio a suas ideias, viu que até parte do
exército não queria tirar Mayer do ca-
minho, pois ele estava apoiando ideias
que eram bem aceitas.
Moreira tentava acordos e não es-
tava conseguindo grande coisa, as vezes
via que mesmo os trocados que lhe so-
brava das empresas, eram fortunas,
estranho que começavam a lhe agrade-
cer apoio, pensando ser ele o responsá-
vel por certos prospectos.
Estava ele tentando com um Almi-
rante e ouviu que o acordo entre a NM e
o governo Brasileiro, iria gerar um gran-
de salto qualitativo nas embarcações
nacionais.
Ele olhava os números e olha Re-
nata entrar na sala.
— Ainda pensando em como re-
tomar?
— Mayer nem toca as empresas, ele apenas da as metas, ele
assumiu a minha forma de administração, estranho pois ele usa o
método que eu desenvolvi, e amplia ele com retiradas de capital,
cada retirada de capital ele abriu uma super empresa, e pior, ele
não administra as empresas criadas, ele coloca metas e prospectos
e tenta fazer os presidentes das empresas assumirem aquela meta,
ele faz de uma forma a alimentar o negocio, ele estes dias colocou
uma empresa nova de carros elétricos, eu chamaria de eletroele-
trônico com reaproveitamento de energia, ele fez um carro que
qualquer funcionário dele, tem condição de comprar uma unidade,
então ele consegue fabricar algo a um preço aparentemente acessí-
vel, usando a tecnologia de ponta, para gerar produtividade e pro-
dutos altamente competitivos. Poucos entenderam a ideia da em-
presa, mas pensa Renata, você comprar um veiculo, pode parecer
541
até mais caro que os demais, mas a empresa que lhe vendeu, lhe
fornecer 10 anos de reabastecimento no preço, ele não está en-
trando em um mercado, se der certo, ele toma o mercado.
— Um CEO invisível? – Renata.
— Ele consegue fazer as coisas mais invisíveis do que eu.
— E parou de o atacar?
— Ele tem evitado presenças que o coloquem em destaque,
amanha tem mais uma das loucuras dele, e não sei o que o mundo
vai falar.
— Qual loucura?
— Tentar lentamente, erguer uma estrutura presa a terra e
por aos poucos um objeto em orbita, eles querem tentar por o pri-
meiro elevador espacial ali em Itaguaí.
— Investimento que muitos acham sem proposito.
— Isto que parece não fazer sentido, mas ouvi um dos direto-
res da empresa dele falar, que não adianta revolucionar uma cidade
e um estado, e não deixar uma marca na historia.
— Acha que eles conseguem?
— Pensa num projeto que a NASA colocou dinheiro.
— Todos querem aprender nem que seja com os erros?
— Sim, mas a pergunta que todos se farão? Vamos deixar os
brasileiros serem os primeiros no mundo a fazer isto?
— Está falando que vai gerar uma corrida tecnológica?
— Ouvi falar que Elon Musk andou vindo falar com Mayer.
— Um visionário querendo saber se é possível?
— Ele ainda não conseguiu lançar seus foguetes para Marte, e
se o caminho for facilitado por um elevador espacial?
— Acha que ele vai conseguir investimento para esta emprei-
tada?
— O prefeito do Rio comprou os primeiros 2500 carros elétri-
cos que ele fabricou. Ele consegue que a prefeitura disponibilize
através da Secretaria de Conservação e Meio Ambiente, os primei-
ros 110 milhões em vendas, ouvi que os vendedores das empresas
elétricas, estão fechando com governos estaduais, começar a trocar
todas as frotas, que fecharam mais de 100 cidades no país desde a
inauguração que não faz um mês, dizem que eles já firmaram acor-
dos na casa de mais de um bilhão de reais em vendas depois da
542
inauguração, quando se fala neste empresário sem rosto e com uma
forma muito discreta de ser, se fala de coisas assim, ele pretende
vender 25 mil carros mês a partir do ano que vem, acho que ele não
chega a isto, mas que ele projeta para isto ele projeta.
— E o que seria ele se ele conseguisse estes números?
— Uma empresa que vende 2,7 bilhões de dólares ano.
— O município iria adorar isto.
— Sim, impostos sempre são bons para o município.
Renata olha para Moreira e pergunta.
— Então está deixando ele se instalar?
— Tentando entender como ele consegue administrar tudo
isto sendo um humano, eles não são bons nisto.
— Certo, mas tem certeza dele ser um humano?
— Sim, ele é um humano.
Moreira olha os prospectos e tenta entender onde acabaria
aquilo, pareciam metas impossíveis.

543
Era uma sexta feira normal, para o
resto do mundo, e em Itaguaí a impren-
sa mundial começa a chegar, pouco se
via ainda, um terreno imenso, 1,2km de
lado e de profundidade, sistemas nas
pontas, segurando um objeto ainda ao
chão, parecia uma pirâmide invertida,
coberta de placas solares, estavam car-
regando o combustível liquido, pren-
dendo os cabos em fibra alto resisten-
tes, que tinham a cada metro, um refor-
ço em metal, que os daria mais resistên-
cia, novamente prefeito, agora da cida-
de vizinha, governador e presidente,
uma estrutura leve encaixada invertida
em um local de encaixe, de onde se des-
se resultado, sairiam os elevadores es-
paciais, toda a dinâmica explicada, e
uma câmera 24hs por dia, a partir deste
dia acompanharia a subida lenta deste
objeto, rápida para alguns prospectos, lentas em velocidade, um
quilometro por dia, de 900 m², algo grande para um experimento
inicial, maior do que a maioria das coisas colocadas ao espaço.
O lançamento daquilo não tinha grande impacto, pois iria su-
bir aos poucos, primeiro com gás na parte alta, daquela pirâmide
invertida que na concepção inicial era um balão. Depois ele tinha
reforço de motores, pouco para algo tão grande, era para tentar
estabilidade e manter a subida estável, uma central de controle
cuidava do pessoal e dos dados.
O subir daquilo estabelecia uma tentativa que nunca fora fei-
ta, e o mundo se volta para o evento.
Micaela ao lado de João, observando ao longe fala.
— Uma ideia das mais malucas que teve?

544
— Estabelecemos aqui, pois se vier a se soltar, o movimento
lança sobre a baia ao lado ou sobre o oceano mais ao fundo, então
estamos desafiando o mundo a pensar no assunto.
— As vezes parece tão frágil.
— É frágil, mas a aparente fragilidade, também gera coisas
impensáveis, se um avião atravessar um dos cabos, a tensão é tão
maior no cabo do que na carenagem no avião que ele cortaria o
avião como uma faca passando em uma manteiga, estranho como
parte destes cálculos aprendi este ano.
Ao fundo os repórteres do mundo olham o subir daquele ba-
lão na forma de uma pirâmide, algo que deveria subir lentamente,
com a fixação dos reforços a cada metro, um trabalho constante e
que terminaria ou no fracasso ou em 200 mil metros, subidos de
1000 em 1000 metros, 200 dias para chegar ao ponto de teste total,
obvio que era algo audacioso, 200 dias de trabalho sequencial, 4
grupos trabalhando sequencialmente, sem feriado, sem fim de se-
mana, sem parar, a subida lenta era para fixar os cabos de resistên-
cia, os instrumentos estavam todos preparados, e tinha até um sis-
tema de implosão, pois estavam erguendo junto daquilo, tanques
de hélio e hidrogênio liquido, quem achava que a evolução estava
sendo apenas aparente, vendo aquela ideia, ficam pensando no
potencial daquilo.
Enquanto os demais olham aquilo, João pensava nos prospec-
tos que trocara com empresários americanos e NASA, criar na Ilha
da Marambaia, um sistema de lançamentos e testes foguetes de
propulsão, uma base da Marinha, próximo, gerando um polo pró-
prio de lançamento de foguetes, e as pessoas as vezes estranhavam,
se falava em elevador espacial, e foguetes, mas estavam ainda em
um prospecto comprado, e queria algo próprio em tecnologia.
O Almirante Rosa, para ao lado e fala.
— Eles não estão entendendo a ideia.
— Acho que parte nem eu entendi Almirante, pois somente
fazendo as pessoas pensarem na engenharia disto, fará com que
formemos engenheiros de verdade.
— E pretende ter a estrutura lá feita mesmo?
— Estamos fechando a baia da ilha, a tornando em uma área
plana do tamanho do centro do Rio de Janeiro, que teremos três
545
torres de lançamento, 3 barracões de produção e estudo de propul-
são, já na vila de Marambaia, teremos uma universidade aeroespa-
cial, formações em áreas que não temos grande destaque hoje, mas
em 10 anos começamos a ter senhor.
— Um prospecto de evolução que deixa todos tensos a volta.
— Como falei Almirante, eu não sei pensar pequeno, se te-
mos de evoluir, evoluímos nem que na marra.
— E vai criar uma área onde ninguém está olhando ainda?
— Sim, eu aproveito e aprofundo todo o canal de entrada da
baia, e com isto, tenho um corredor de entrada larga para meus
navios para meu porto.
— Obras que se somam, como estão as ferrovias.
— Pensando em por uma linha nova sobre a restinga que liga
Marambaia ao Continente.
— Sabe os problemas?
— Sim, estão estudando, mas o problema maior é o forneci-
mento de material, trem transforma em mais pratico, e nos dá duas
formas de chegar ao local.
— Não entendi a ideia em São João da Barra? – Almirante.
— Em Marambaia faremos os testes, mas se eu laçasse um
foguete daqui, e ele desse errado, ele cairia sobre a cidade do Rio
ou em Niterói, em São João da Barra, cai sobre o mar.
— Entendi, aqui sendo o local de teste e fabricação?
— Sim, teste dos motores, todos os testes locais, mas quando
for para lançar algo, será de lá, e lá instalaremos a segunda base de
tentativa de um elevador espacial.
— Quer mesmo entrar nisto?
— Almirante, quando se propõem a fazer coisas que ninguém
fez, se desenvolve mentes brilhantes, materiais melhores, ideias e
equipamentos que funcionam em outras coisas.
— E quer entrar nesta corrida?
— Sim, o que ninguém entende, quando se fala em mandar
pessoas a Marte, é que não vamos levar além dos instrumentos
básicos, não é como ir ao continente ao lado, pois no mar tem co-
mida, no espaço, faltou algo, é morte, então temos de ter sistemas
que constroem com o que tem lá, com os líquidos que tem lá, com

546
os materiais que existem lá, e precisa-se construir tudo que seja
essencial à vida.
— Entendi, está considerando que a ida a Marte, revoluciona
a indústria local?
— Sim, pois tudo que fazemos no planeta Terra é consumir a
riqueza que temos e não retornamos nada ao meio, lá seremos o
contrario, nós precisaremos de tudo do meio, para gerar a vida que
lá não existe, e esta ideia de que descobriremos vida em Marte,
esquece, quando o primeiro humano pisar lá, ele leva algo daqui
que vai aniquilar o pouco que existiu lá, se existir ainda algo.
— E não se preocupa com isto?
— Ninguém fala em colonização de Marte e Lua por bem, se
hoje acontecesse uma catástrofe no planeta terra, poderíamos em
uma era de evolução nos extinguir, se tivermos uma base indepen-
dente podemos sobreviver como espécie.
— E vai por dinheiro nisto?
— Eu não gastei um centavo para erguer isto Almirante.
O almirante olha Mayer, todos falando dos gastos milionários
e o rapaz acaba de dizer que não gastou nada.
— Como?
— Quando tem 4 bilionários no mundo, que precisam que is-
to aconteça, quanto se tem recursos e um maluco se propõem ten-
tar e dividir a tecnologia disto, eles colocaram dinheiro.
— E não tem problemas de dividir tecnologia?
— Eu estou absorvendo mais tecnologia do que comparti-
lhando, pois cada um entrou com uma parte da ideia e estamos
erguendo um sonho maluco.
— E se der certo?
— O manter disto é importante, se chegar, nem sempre será
na primeira tentativa Almirante, mas enquanto eles nos sabotavam
em planos espaciais, mudamos o foco.
— Acha mesmo que é aplicável
— Vamos descobrir na pratica, e estamos começando a pen-
sar no segundo ponto.
— E pelo jeito quer nos por como polo tecnológico?

547
— Sim, enquanto temos de comprar tudo de fora, nunca se-
remos grande coisa tendo de acatar exigências externas sobre tec-
nologia de comunicação.
O almirante sorriu, João parecia no discurso bem nacionalista,
as vezes via pessoas falando em fazer algo, mas sempre outros co-
mo modelo, ele queria ser o modelo.

548
Novembro se apresente e a inau-
guração do prédio da Recicla Rio, um
imponente prédio, de 650 metros, 130
andares, do maior prédio do Brasil, co-
mo era inauguração oficial de um prédio
da Recicla Rio, João foi acompanhar de
perto, as coisas estavam prontas para
uma super inauguração, e antes da
inauguração do prédio, tiveram de criar
duas pistas de pouso a mais no Aeropor-
to Santos Dumont e depois, inverter o
ângulo de aproximação das antigas pis-
tas.
Junto com isto a faculdade Aero-
náutica e Náutica do Santos Dumont
ganha estrutura e ampliação.
Mas diante da grandiosidade do
prédio e da obra, parecia que nada que-
ria atrapalhar o andar das obras. João
estranhava o quanto as pessoas não
gostavam da presença dele, mas adoravam as obras e o nome dele.
A inauguração do prédio mais alto da América, colocava o Rio
de Janeiro em mais uma foto mundial, aquela garrafa torta fazia
tudo parecer mais irreal ainda, João as vezes parava no andar de
numero 100 onde ele tinha sua nova base na cidade e via os aviões
passarem a frene do prédio para descerem no Santos Dumont.
A inauguração era mais um marco para a cidade, para a em-
presa, e um símbolo que começaria a ser usado nas 120 sedes mun-
diais da empresa.
Nem tudo era flores, mas aquela era uma multinacional, que
ganhava apoio de dezenas de países, governamental, apoio em
transformar o lixo de nações, em dinheiro, mas muitas nações viam
apenas como tirar o lixo dali, não o potencial do negocio.
Então pela manha, do centésimo andar, ele, Micaela e os fi-
lhos olham para baixo olhando a inauguração, se via toda a praia do
549
Flamengo a frente, ao fundo começavam a levantar a arvore da
Marina da Gloria.
João abraça Micaela que fala.
— Você está mudando toda a cidade, não é atoa que alguns
lhe amam e outros odeiam.
— As vezes acho que exagero, e as vezes acho que as pessoas
não precisam de tanto.
Rute do seu prédio no Botafogo, olha para aquele prédio e fa-
la para a companheira.
— Lá vem mais uma marca.
— Este não para em uma ideia, as pessoas estranham a pou-
cos dias estavam falando de um investimento sem pé nem cabeça
para fazer algo totalmente desprovido de função, aquele elevador
espacial, agora ele faz o símbolo de uma empresa que é mundial,
pois a Recicla Rio é mundial, e dizem que a guerra começa após a
inauguração do Porto de Guaratiba.
— Ele compra apoiadores, difícil acreditar na propaganda de
alguém que destrói um mangue como proprietário da Recicla Rio,
mas com certeza ele nem se preocupa com isto.
Carla sorriu e fala.
— Ele pode ser alguém sem cultura, mas adorei aquela res-
posta que ele deu em um twiter eu acho, que “o universo nos quer
destruídos e congelados, e vem ambientalista falar de mangue, a
ordem da evolução diz, que os fracos perecem, os fortes morrem e
tudo vira gelo.”
A cara de desgosto de Rute fez Carla sorrir.
— Sei que é para provocar, ele vem com tiradas que as pes-
soas odeiam, sei que ele tem uma linha de raciocínio, sei disto Carla,
como aquela “a ciência prega a evolução, como humanista, gero
emprego, em parte a deficientes físicos, que a evolução, deixaria
morrer ao campo!”.
— Sim, ele faz como ele quer, ouvi depois que ele falou em
elevador espacial, 20 nações começam seus projetos de elevador
espacial, podemos falar mal, mas ele está empregando mentes ge-
niais, e desenvolvendo materiais revolucionários, a Secretaria de
Conservação e Meio Ambiente tem até uma patente de material,
aquele MAA, ele suja o visual, com suas ideias, pior que dizem que
550
ele está sempre soprando para um outro lado, sem olhar as obras,
para não atrapalhar, e não sei, as vezes parece propaganda, mas
aquele prédio, é o mais alto da América Rute.
— Tem gente falando que o elevador espacial não pode ser
considerado uma construção, e tem gente batendo nisto, pois o
elevador já está a 10 mil e quinhentos metros. Meu irmão falou que
vão fazer uma inauguração da AR, com anuncio dos primeiros 10
caças para a Aeronáutica, 20 helicópteros BR1 e 10 cargueiros, de-
vem marcar na semana que vem, ele avança para todo lado.
— Está dizendo que já estão prontos?
— Não, eles vão anunciar a construção destas unidades para
o exercito através de um acordo financeiro. A AR está assumindo
parte da função nacional da Embraer.
— E aquele papo de 4 pistas de corridas na cidade? – Carla.
— 10 pistas, tem gente que não consegue pensar em uma pis-
ta, ele pensou em 10 circuitos na cidade, o primeiro na ilha do Fun-
dão ele já tinha, está construindo uma pista em Guaratiba, uma em
Sepetiba, a pista de Vargem Grande, a da Ilha do Governador, a de
Belford Roxo, Lagoa da Tijucas, Sambódromo Jacarepaguá, Sambó-
dromo da Marques, dizem que ele quer fazer uma a volta da Lagoa.
— 10 pistas, para que isto?
— Uma aposta para o ano que vem, modelos iguais de carros
com motor da Mayer, em um campeonato de 20 corridas, por 10
meses, gerando mais uma atração, a cidade das corridas de carro
elétrico do país.
— Acha que vai dar em algo?
— Ele quer usar isto para desenvolver algo, pensa em ter
atração para industriais, para gente que gosta de musica, para gente
que gosta de corridas, o prefeito começa a gostar dele, pensa em
alguém que consegue falar com os últimos dois prefeitos.
— Agua e vinho?
— Falam em suborno, mas ninguém provou nada.
— E acha que ele chega a tanto?
— Ele tem parte pronta, ele parece querer algo que ninguém
tem coragem de fazer, duas pistas totalmente cobertas, alguns fa-
lam que ele pretende fazer duas corridas noturnas, eu não duvido,
mas só mostra o quanto alguém assim comprou a cidade, ele faz do
551
maior show de samba ao maior de rock, ele produz de carros a avi-
ões, de barcos a jatos, ele quer produzir 20 corridas ano na cidade,
em meio a outros eventos, e se ele tiver pistas, outros eventos vão
vir.
— Não entendi como ele desviou o problema em Belford Ro-
xo? – Carla.
— Tinha gente querendo fazer na área militar local, que é
uma reserva florestal, ele olha ao lado e faz no Parque Atlético, uma
pista que dizem ser das mais difíceis do mundo de correr.
— Mais difícil?
— Dizem que Mayer queria um diferencial, e temos uma cur-
va que começa em subida e termina em descida, fazendo quase um
8 passando por baixo da estrutura que sobe, a parte baixa do inicio
da subida está a 80 metros do nível do mar, a parte alta da curva
está a 150 metros do nível do mar, e quando termina o meio oito
está a 70 metros do nível do mar, então eles projetaram uma curva,
de alta, pois a pista tem 18 metros de largura, logo após a largada,
que começa em subida, faz um quase oito já em descida. – Rute
olhando Carla.
— Você interessada em corrida?
— Estão pensando em promover uma corrida da Formula 1
daquelas de apenas uma corrida fora do contexto normal, no circui-
to, algo para uma corrida diferenciada, mas mantida pela Mayer
Automobilística, pensa em uma empresa que está firmando corridas
no Rio com F2, F3, Mundial de Motociclismo, 3 corridas da Stock, sei
que falo mal deste Mayer, mas ele realmente está mudando o clima
da cidade, e enquanto eu pensava em Carnaval, ele pensava em ser
símbolo mundial de velocidade, enquanto falavam de porto, ele
reformou 100 comunidades, quando se falava em deformação dos
mangues de Guaratiba, ele recria um mangue quase do tamanho do
Aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, sei que falo mal dele,
mas se o pessoal do carnaval não o quer lá, a cidade em volta o
quer, os ricos não o querem, o povo quer, estava vendo aquele gru-
po de C-Pop, gravando na Rocinha, no bondinho de subida, juro,
aquilo não parece o Rio de Janeiro que cresci.
— Tá doente? – Carla a abraçando.

552
— Não, sei que sou das resistências que falo mal dele, mas
soube algo estranho, fui convidada a algo estranho.
— Estranho?
— Lembra do livro que criei criticando a ação dele na comu-
nidade da Providencia?
— Sim.
— Lousada me ligou, e perguntou se não gostaria de tornar
no ano seguinte, o livro em enredo de escola de samba.
— Vai levar a critica ao empresário dono da cidade para a
Marques de Sapucaí, casa do senhor?
— Não é isto, eu perguntei para Lousada sobre porque o fa-
zer, e ele falou que tem parcerias culturais na Cidade, e que Mayer
o deu o livro de presente e falou que mesmo sendo uma critica a
ele, dava um bom enredo.
— Está dizendo que Mayer leu seu livro, presenteou Lousada,
e disse que daria um bom enredo, parece fantasioso demais. – Carla
sorrindo.
— Sim, estranho, pois eu ficava falando dos carnavais cultu-
rais da Mocidade nos últimos 3 anos, e soube por Lousada que fo-
ram ideias de Mayer e Lousada, enredos fortes, que precisa de cul-
tura para se entender, estranho alguém que pensei não saber quem
eu era, saber, ter lido o livro, não apenas comprado, sabe que criti-
co estes que compram apenas para por na prateleira.
— Vai virar enredo de escola de samba?
— Sim, pior que fiquei sabendo que o que achava ser uma fal-
ta de cultura de Mayer, criando seus personagens, para seus par-
ques e hotéis, não são ideia dele, apenas de um escritor que nunca
li, de Curitiba, que tem mais de 70 livros escritos.
— Está falando que são historias escritas que ele usou para
criar os hotéis?
— Sim, mas estranho alguém que realmente está mudando a
cara da cidade, a um ano parecia propaganda o transformar das
comunidades, hoje, uma meta.
— E vai aceitar transformar em enredo seu livro?
— Tenho de pensar, não é para este que vem ai, e sim para o
próximo, estranho eles já estarem pensando no próximo.
— E acha que Mayer não volta para a Beija-Flor?
553
— Ele é temido lá, eles não tem coragem de enfrentar ele,
desconfio que ele saiu para dar chance aos demais.
— Alguns falam que ele no carnaval é covardia.
— Sim, mas dizem que ele está apenas esperando alguém o
chamar, mas ninguém chamou.
As duas se abraçam e olham aquele prédio que agora era visí-
vel em qualquer parte do centro, da região que estavam, e vizinhas,
pois era um imenso prédio.
Micaela e João vão ao Vidigal, tinham a inauguração do bon-
dinho e da sede alta, estavam finalmente entregando a sede comu-
nitária do Vidigal, e a festa da inauguração parecia mais sincera.
Os dois saem dali e vão a região do porto em Guaratiba, esta-
vam prestes a inaugurar o segundo maior prédio do país, com a
forma de um M, com 450 metros, voltados a baia de Sepetiba, veri-
ficam o andamento dos acabamentos, vão as culturas de camarão
ao fundo e depois olham aquela pista de corrida disposta entre os
dois terrenos de produção de camarão.
Os box estavam em construção, os sistemas de segurança, a
pintura da pista.
— Não entendo sua ideia João. – Micaela.
— Eu quero começar a pensar em algo maior, a cidade do Rio
de Janeiro, é maior que alguns pequenos países no mundo, então
estava lendo sobre estas nações, suas economias, seus desafios,
primeiro que temos de produzir mais que todas elas, segundo,
transformar em cada diferencial uma atração, e ter uma indepen-
dência financeira, se o imposto que é do município é o ISS, este
imposto tem de gerir a cidade, alguns falam em IPTU, mas isto não
aumenta, eu tenho um teto e isto se mantem.
— Você está tomando a cidade, alguns ficam nervosos.
— As pessoas não confiam em mim, então eu fico tentando
ser o que não sou, e acabo gerando desconfiança, mas acho que
nasci para burro de carga, não para salões da nobreza, uma trilha de
pedras faz mais meu estilo, do que um salão com lustres de cristal.
Micaela sorri e fala.
— A bela e a fera.
João sorriu, ele não se achava tão feio assim, e nem tão bravo
que se encaixasse nesta descrição, mas sorri.
554
— E pretende fazer o que ainda, parece ter pressa hoje. – Mi-
caela olhando João olhar em volta.
— Eu tenho comprado mais guindastes de porto do que eles
conseguem me entregar, mas é bom ver que a pista já está asfalta-
da, depois vou dar uma caminhada por ela.
— Quer mesmo criar coisas assim?
— Sim, vou usar a pista de Belford Roxo para plantar 30 mil
mudas de arvores na região.
— Eles odeiam este seu lado que os confunde.
— Sim, eles tentam não me odiar, e as vezes, eles tem razão,
eu sou uma contradição em pessoa.
— E pelo jeito tenta não ficar no holofote mais.
— Eles não me querem no Holofote, teve até um programa
de TV que quis dizer que estavam querendo uma entrevista e era só
tentar me tornar um palhaço, mas eles desistiram antes de me fazer
propaganda de graça.
Micaela e João saem dali e foram para o Botafogo, entrada do
Santa Marta, GRES Mocidade Unidos da Santa Marta, eles estavam
terminando a reforma da escola e muita gente falando daquela via
estreita, fazendo um caminho torto, estranho subindo até a região
do mirante, fazia muita gente usar o local para ir ao Cristo, para ir
ao mirante, mas João estava apenas terminando de se instalar ali,
uma linha de costura, uma de reciclagem e os sistemas no topo de
serviços essenciais a comunidade.
João estranhava o quanto ele ainda conseguia ser invisível, a
namorada de Rodrigo, Marina, os dois estavam morando juntos a
uns dois anos, mas Rodrigo ainda não oficializara a relação, a moça
chega ao lado e olha Micaela.
— Nunca entendo o que ganham com isto?
Micaela olha em volta e fala.
— Nós nada, para eles, um mundo novo ao alcance das mãos.
— As vezes lembro daquela menina que olhava as meninas na
rua de Nilópolis, cresceu e virou a empresaria da cidade, e tem gen-
te que não entende o quanto Rodrigo cresceu.
— Ele está seguindo a onda, um dia viramos passado, mas se
der para estabilizar a vida até lá, aproveitamos um pouco.

555
Mayer olhava em volta, tudo muito calmo, e após a inaugura-
ção das 3 empresas comunitárias os dois vão a região alta, pegam
um helicóptero na cobertura do centro comunitário e saem.
Um policial ao fundo olha os dois saindo e fala.
— Este tomou a cidade, não uma comunidade.
— Não conheço, a menina parece conhecida.
— João Mayer e Micaela David, eles são a estrutura da cida-
de, tem gente querendo ele fora, mas ele nem faz força para apare-
cer, e dizem que ele cresce bem pela invisibilidade.

556
Dois dia a mais, e João estava em
Belford Roxo e olha aquela subida, aqui-
lo parecia assustadora para fazer, ele
olha os promotores que já faziam a cor-
rida do inicio do ano da Stock, o grupo
veio pensando em um traçado como o
que tinham na Ilha do Fundão, que era
bom, mas não era uma pista isolada e
preparada para corridas, era quase de
rua, o senhor estica a mão para João.
— A pista que todos querem
olhar, demos uma volta, não sei o que
eles vão achar, mas a linha de subidas e
descidas, com uma reta em descida, que
termina em uma curva que os leva ao 8,
faz um desenho interessante.
Na mão dos rapazes se via o pros-
pecto da pista, ainda o básico. Alguns
ainda o observavam.

O prospecto não dava a noção de subidas e descidas da pista,


o engenheiro responsável veio com um carro, entraram todos nele e
fizeram uma volta completa, o promotor olha aquela reta oposta,
557
que começava em subida e terminava em descida, e voltava a subir,
ele olha João e pergunta.
— Estão mesmo pretendendo cobrir?
— Cobri e iluminar se possível, para ter a possibilidade de
uma corrida noturna, seriam três prospectos de corridas noturnas
na cidade, estamos na região da montanha, e aquela curva em oito,
se tiver chuva, seria um teste de pneu e habilidade, pois aqui não
chove pouco, e imagina estar na chuva, entra em um túnel em des-
cida que inevitavelmente encheria de fluxo de agua, no fluxo das
rodas dos carros.
— Certo, mas vi que colocaram arquibancadas, não sei a qua-
lidade?
— Somente olhando, são arquibancadas com banco, que tem
parte comercial nos fundos, tem camarotes para transmissão, tem
camarotes até para festas paralelas.
— As medidas?
— Pista de cinco mil, oitocentos e dois metros, largura de 16
metros, mais oito metros para cada lado de área de fuga em todo
percurso, ponto mais baixo da pista está a 70 metros do nível do
mar, o mais alto, a 152 metros do nível do mar, arquibancada para
42 mil pessoas sentadas em cadeiras, mais camarotes e área de
imprensa.
O carro entra na área do box na volta e param nas divisões
das equipes, e se via o M da Mayer Automobilística, que era a em-
presa que iria patrocinar aquela corrida.
O conjunto de pessoas começa a olhar as instalações e fe-
cham o prospecto para uma corrida anual da Stock Car dos próxi-
mos 10 anos, naquela pista.
Na imprensa especializada, falavam da vinda da Stock para a
pista nova em Belford Roxo a colocando no calendário anual.
Moreira olha a reportagem e fala olhando o General Rosa.
— Como ele consegue administrar tudo isto?
— Ele não tem medo de perder dinheiro, então ele ganha,
lembra você jovem Moreira.
— Estava olhando os prospectos dele para o país, ele tem es-
te ponto fraco, ele se fixa aqui.
O general sacode negativamente a cabeça e fala.
558
— Não está olhando Moreira, sei que quer uma saída, mas
neste momento não seria a morte deles, pois você perderia nova-
mente as empresas.
— Quem se preocupa com as empresas? – Moreira.
O general olha ele e fala.
— Verdade, quem não se preocupa, com seus empregos, com
os demais, apenas com o umbigo.
Moreira olha revoltado, e ouve o general sorrir.
— Pelo jeito ele conquistou adeptos?
— Ele propõem Moreira, nem pressiona, se a pessoa diz sim,
ele entra com a ideia inteira, se disser não, ele nem discute, nem
fica bajulando, ele irrita Brasília, você sabe o quanto eles gostam de
mandar nas coisas.
— E como ele desvia eles?
— Não desvia, ele encara na lei, pois ela é para todos, então
todos a volta, tem ela como limitador, ele apenas abraça como cus-
to o que é custo, e não parece se preocupar se paga impostos.
— Um maluco, mas dizem que ele criou um personagem co-
mo eu, este Azul.
— Ele em si é o que as pessoas nas comunidades chamam de
retaguarda deste Azul, ele não se nega a dizer que o conhece, mas
nunca declara quem ele é.
— Acha não ser ele?
— Temos certeza, mas as vezes parece ser mais de uma pes-
soa do outro lado, eles as vezes induzem que seria aquele Rodrigo,
mas é apenas despiste.
— Porque acha despiste?
— Um musico, que não tem treinamento de tiro, que não tem
segundo grau, não parece caber na descrição que dão dele.
— Um chamariz?
— Algo assim, e pelo jeito ele resolveu transformar a cidade
do Rio de Janeiro em algo que nunca foi, uma cidade desenvolvida,
socialmente mais justa e com produtividade superior ao resto do
estado.
— Nuca entendi como ele está fazendo isto Rosa.
— Ele compra produções inteiras do estado e estados vizi-
nhos e produz algo que é vendido, ele faz isto em mais de 300 pro-
559
dutos, os comodatos dele são superiores em alguns produtos, aos
vendidos a China.
— E surge o empresário num rapaz de barracão, isto que não
entendo.
— A moça ao lado, aos 14, já tinha mais empresas que o pai
dela, por sinal mais uma merda estilo Moreira a morte de Roberto.
Moreira olha atravessado, mas sabia que foi ele e que era
vingança, mas não conseguiu o que queria, pior, seus apoios se re-
duziram em muito.
— Um velho.
— Pior do que envelhecer na idade, é na cabeça Moreira, não
adianta virar imortal, se vai se comportar como uma criança nas
birras e como velho nas ideias.
Moreira olha o general saindo e olha Renata ao fundo.
— Este Mayer está os subornando com estrutura.
— Soube que ele mesmo invisível, é o nome mais poderoso
da América Latina, passou dois Mexicanos.
— E o que faço, ficar olhando não é minha forma de ser.
— Você se propôs a sair dos morros, colocou um preço e
quem está lá pagou Moreira, você queria uma guerra, eles não en-
traram na sua intenção, e estão tocando.
— Até você o defendendo?
— Sabe que não o defendo, apenas tem de pensar, não en-
tendi a conversa entre Pedro Rosa e Mayer, eles tem uma forma de
o parar, e não entendi qual, enquanto você não avançar, eles não
vão se posicionar.
— Porque acha isto?
— A pergunta de Mayer para Rosa, se tinha como lhe jogar na
Inexistência.
— O que seria isto?
— Em algumas existências, aquela moça que você estava fa-
lando, jogou peças chaves a existência, na inexistência, pelo que
entendi, um atalho temporal, você entraria em um local onde não
envelheceria um segundo, mas sairia numa curva temporal a frente,
eles fizeram isto com a Paula Carson desta existência, que tinha
jogado Peter e toda a linha familiar de Peter Carson na inexistência,

560
então não temos nesta, a presença neste instante de Peter, e toda a
gama de Fanes com dons, e pelo jeito, eles sabem como o fazer.
— Está dizendo que eles estão me deixando em paz enquanto
eu não avanço, mas se for isto porque eles não fizeram antes?
— Não sei, eles podem estar descobrindo o caminho agora,
mas está falando de alguém que tem a pachorra de enfrentar Ori-
xás, Eguns, Anjos, Criadores, então obvio, eles não são pessoas
normais Moreira.
Moreira olha para fora, ficando a olhar mais um supercar-
gueiro entrar na baia.
O prefeito do Rio e de São Gonçalo, vem o palco da obra, a li-
gação da rodovia por baixo da baia, ligando São Gonçalo a Ilha do
Governador e por fim a Linha Vermelha, eles atravessam, estanho
alguém estar inaugurando sequencialmente as coisas, entre elas a
proteção ativa da baia, uma proteção com passagens, que flutuava
na baia, mas que retinha coisas que flutuavam de ir para o interior
da baia, após a inauguração da ponte, teve a inauguração final das
Docas da Marítima em São Gonçalo, os portos de São Gonçalo e
duas vilas inteiras com 8 mil moradias para pessoas em regiões de
risco da cidade, o que gerava mais uma daquelas partes da obra que
eram tão mais dinâmicas que as propagandas, que muitos olhavam
sem entender metade dela.
Depois das inaugurações oficiais, Mayer e Micaela vão a inau-
guração da base nova da Marinha em São Gonçalo, com espaço
para construção de 20 embarcações por vez, em paralelo, das gran-
des, ele estava chamando atenção novamente sobre a Baia de Gua-
nabara, pois estava com dragas, com bate-estaca e fechava uma
área com areia, sabia que era área do Exercito, mas também sabia
que não queria os olhos lá enquanto isto acontecia.
Guimarães olha o pai e pergunta.
— Acha que Mayer ainda está bravo?
— Filho, não meche com quem está fora, vocês pegaram tan-
to no pé do cara, que ele saiu do carnaval, você diz gostar do carna-
val mas vive de ferrar com quem transforma aquilo em show.
— As vezes Mayer parece alheio as coisas pai, não entendo o
porque apoia ele.

561
— Digamos que a prefeitura de São Gonçalo precisava regula-
rizar 8 mil imóveis, e não havia um cartório para a região, pois ela
não existia antes, Mayer me passou o contato a prefeitura que abriu
licitação, a maioria não entendeu uma licitação para um cartório
onde não havia nada, era baia, concorremos sozinhos e abrimos
nosso primeiro cartório em São Gonçalo e ele é responsável pela
legalização e documentação de toda a área dos portos de São Gon-
çalo.
— Está falando serio pai.
— Sim, a prefeitura nos pagou a regularização das 8 mil mo-
radias que foram entregues hoje.
— As vezes caio nesta propaganda de alguns que Mayer não é
dono de nada.
— Ele não se preocupa em ser dono de algo, ele é uma das
pessoas que tem mais metros quadrados nos municípios do Rio de
Janeiro, Niterói, Nilópolis, São Gonçalo, então ele por si tem movi-
mentos anuais em imóveis, próximo ao que as pessoas tem na vida,
diria que ele tem 10 vezes mais do que as pessoas tem na vida, por
ano.
— Alguns colunistas de Carnaval querem saber a posição de-
le, referente ao carnaval do ano que vem, e ele está inacessível.
— Ninguém se posicionou a favor filho, seus amigos o escra-
charam, como se ele tivesse amarelado, quem Amarela não é ele,
pois quando se fala, João vai assinar um carnaval, vi isto pessoal-
mente na entrega do sambódromo, os demais tremem, mas vocês
no lugar de o apoiar, o escracharam, reclamam pois sabem que ele
lá, é mais visibilidade aos eventos.
Guimarães olha o pai, entendera, todos jogaram contra e
agora estavam com receio da redução de procura, pois quando em
alta as publicidades e publico aumenta.
Era fim de dia e uma comissão da FIA ia ao Autódromo, e dão
uma volta completa, eles viam o local começar a ser coberto, era
noite e a iluminação acesa dava visibilidade incrível.
O coordenador das Pistas da MD Empreendimentos Automo-
bilístico, estava ali, e iria nos próximos 3 dias, mostrar os 12 locais
que eles estavam projetando para ter 12 corridas, mas como algo

562
que pretendia estar em regras internacionais, precisava saber o que
eles achariam.
A comissão dá uma volta no autódromo, na reta dos box ti-
nham a pista com 18 metros de largura, nas curvas a 16 e na curva
oposta a 20 de largura, asfalto pouco abrasivo, o grupo olha os box,
áreas de saída, toda estrutura para equipes e organização, sistemas
de controle, locais de publicidade, painéis de Led programáveis que
davam a publicidade que fosse da corrida, as sinalizações da pista,
quando eles nos carros da organização fazem a curva de alta em
oito, param em meio a curva, pequena inclinação, olham as drena-
gens, entenderam finalmente porque cobririam, olham todos os
sistemas de proteção.
Os rapazes da FIA aprovam aquele autódromo, teriam um lo-
cal diferente, não se faziam mais pistas novas, mas parecia que a
cidade do Rio teria algo que eles não tinham em nenhum local do
mundo, 12 pistas de corrida.
As perguntas referente a porque daquilo estabelecia que uma
empresa de carros elétricos nacional, era dona daquela pista, que
seria usada para testes e provas de resistência.
Foram a segunda pista, esta já havia corridas internas, era
noite e eles veem a pista mista da Ilha do Fundão, eles pararam a
estrutura interna para aquela demonstração, estranham existir lo-
cais assim que eles não conheciam.

563
Fim de Novembro, João saindo da
ultima prova de calculo, única matéria
que precisava de nota para ir ao segun-
do ano da faculdade, muita gente
olhando ele por saberem que era dos
poucos que não estariam ali nas finais.
João olha as demais notas no
quadro de notas, algumas coisas evoluí-
am, algumas pareciam continuar na
mesma linha por anos, olha o 10 em
Física, o que lhe dera uma media de 9,5
na nota final, ele as vezes não se achava
tão especial, e aquelas notas estavam o
colocando em destaque.
Ele olha a entrada e Paulinho vi-
nha chegando a eles.
Se os demais não tinham certeza
de quem era João, ouvem Paulinho fa-
lar.
— Precisamos conversar.
— O que fizeram?
— Um tiro em Jorge Caribé, na entrada do Barracão da esco-
la, Gabriel tentou o puxar para dentro e levou um tiro no Braço.
— Estão onde?
— Vieira Souto!
João olha o segurança e fala.
— Vou para lá, dá segurança aos demais, descobriram quem?
— Não ainda.
João nem olhava os demais olhando ele, disca para a empresa
e pede um helicóptero da Marítima, olha Paulinho e fala.
— Vai, não sabemos quem são os atacados, mas covardes
tem aos montes neste mundo.
João viu Paulinho saindo e viu o helicóptero da Marítima pa-
rando ao fundo, se alguns duvidavam, aquele imenso helicóptero da

564
Marítima parando a frente do RU, pegando João, estabelecia que
ele não precisava daquilo.
Ricardo e José olhavam ele sair e viram um rapaz da turma,
que era tido como o mais esnobe da turma olhar para os dois
olhando o helicóptero sair e falar.
— Este é dos caros. – Pierre Iria.
— Deve ser, quantos cabem num helicóptero daqueles.
— 22 pessoas, a Marítima tem alguns destes, para apoio as
operações, mas quem da Marítima estava por ai?
Ricardo olha para Jose e fala.
— Mayer.
— Conhecem Mayer? – O rapaz.
— Pouco, ele não é muito sociável, uma moça da nossa turma
fala que a alta sociedade local não o aceita, então ele não dá bola
para este.
— Ele é um inculto, dizem ser um macumbeiro.
— Direito de credo Pierre.
— Mas pelo jeito temos algo a mais acontecendo?
Jose não comentou, viu o helicóptero do rapaz parar ao fun-
do, se até aquele momento achava que o rapaz era rico, era eviden-
te a diferença, helicóptero para 4 pessoas é imensamente menor do
que um Helicóptero de 22 lugares.
Ricardo olha Pierre sair e fala.
— Eles não o conhecem mesmo, e se eles não o querem co-
nhecer, não quero confusão com quem pode ser nosso empregador
mais a frente José.
— Ouviu algo?
— Se entendi o fim, Gabriel David levou um tiro na entrada
da Escola de Samba.
— A parte que ele largou.
João chega ao barracão, pousa na cobertura e olha em volta,
senta a cobertura e sente as vivencias saírem dele, e olha em volta,
ainda tinha gente na cobertura superior, ele sente uma vivencia
chegar as costas do ser e o empurrar, ele sente a alma e as ordens,
o ser estava revoltado por demorar entender que tinha morrido.
João liga para Micaela e fala.
— Cuidado, estamos sobre ataque.
565
— Quem?
— CV.
— Está onde, estou saindo de uma prova.
— Espera Paulinho se posicionar para sair, depois eles recla-
mam que estamos crescendo sobre eles.
O Comando Vermelho, tinha parte dos seus lideres, presos
em Bangu II, uma hora estavam conversando no segundo seguinte,
a correria, todos mortos, estes João nem absorveu, que fossem ao
mar do esquecimento.
Na entrada de 32 comunidades, pessoas armadas desabam,
gente ainda querendo brigar por ninharia.
João olha pelas vivencias os atiradores na frente da casa de
Rodrigo, não falou nada, apenas os atravessou com vivencias, des-
prendendo as almas dos corpos que caiam mortos.
O delegado Gomes chega a Bangu II e pergunta para todos o
que havia acontecido, não sabiam, eles apenas morreram.
O assistente olha para ele e fala.
— Alguma desconfiança?
— Alguém atirou em Gabriel David, se foi o Comando Verme-
lho, vai surgir gente morta por todos os lados.
— Eles vão terminar de dominar as comunidades assim Dele-
gado.
— Eu sempre digo, deixa eles quietos, embora legalmente
eles não podem ser culpados destas mortes.
— Sabe que vai dar merda, parte da Civil tem parte no Co-
mando, eles vão tentar algo.
— Pelo jeito as pessoas esquecem do básico, não se meche
com quem está quieto, já falei isto, queria poder fazer o que dizem
este Mayer tem como fazer, mas ele se atem a ficar na dele, mas
seria ótimo acabar com a violência, em um ato.
Micaela chega ao hospital, consegue chegar a CTI, onde Jorge
estava se recuperando, ela viu ele entubado e sedado, toca ele e
sente a ferida fechando, o corpo se recuperando, a ferida se curan-
do de dentro para fora.
Ele estava inconsciente, então não viu nada, ela vai ao quarto
do irmão, lhe dá a mão e ele vê as dores sumirem e a olha.
— Quem?
566
— Não entendi, Comando Vermelho, mas não estávamos em
guerra com o comando.
— E pelo jeito teremos problemas?
— João está chegando ai, mas como está?
— Nunca levei um tiro, estranho a adrenalina em alta, a ener-
gia em baixa e sem entender o que aconteceu.
— Se cuida mano, estamos ampliando sua segurança.
— Pelo jeito nem vocês sabem o que nos ataca?
Micaela não comenta, pelo menos ela via o irmão bem.
João olha Ricardo chegar a sede da Escola que estranha João
ali.
— Descobriu quem foi? – Ricardo.
— As vezes saber quem atirou, não quer dizer saber quem
mandou, e sei que algumas coisas não estão certas.
Em Curitiba, Pedro Rosa olha para Moreira parar a sua frente
e o olhar serio.
— Acha que vou aceitar assim Pedrinho?
Pedro sente o senhor sacar a arma, ele não queria este cami-
nho, mas não morreria apenas para um senhor dizer que não en-
tendeu direito no futuro.
Pedro sente a inexistência, ele pensa nas palavras de Pietra, e
sem sorrir, enquanto Joaquim sacava a arma, aquele escuro surge
rápido as costas de Moreira, Pedro puxa para ele, uma hora Joa-
quim estava ali, segundos depois, o senhor não estava mais ali, sa-
bia que aquilo era um caminho que não entendia direito, usar algo,
defendendo-se, Pedro olha os dois policiais ao longe olharem para
ele e virem olhar onde estava Joaquim, mas para Pedro, ele não
estaria por perto quando ele ressurgisse.
João olha a policia chegando ao local, ele faz sinal para Ricar-
do subir, e olha o rapaz chegar a frente e falar.
— Precisamos falar com o responsável.
— No hospital, posso ajudar? – João.
— Hospital?
— Carnavalesco e presidente da escola levaram tiro na frente
da escola, sinal que não é policia local, pois saberia.
— Temos uma ordem de condução para este endereço?
— Num barracão de escola de samba?
567
— João Mayer, ele se encontra.
— Eu, posso comunicar meu advogado, de que delegacia vo-
cês são?
O senhor estava todo simpático, mas ouvir que o rapaz era
João Mayer fez ele e alguns puxarem as armas e um falar gritado.
— No chão, agora.
— Assim que me falar para que delegacia vão me conduzir e
eu avisar meu advogado.
— Se não o fizer agora, atiramos senhor.
João olha os rapazes e fala.
— Se qualquer pessoa que não seja eu for atingida policialzi-
nho de merda, se enterra, pois aqui é tudo gravado.
Os seguranças as costas olham o policial e o clima ficou tenso,
João olha o rapaz e fala.
— Posso ver a Condução? – João se referindo ao papel.
— No chão, já disse. – O rapaz as costas.
Todos as costas caem ao mesmo tempo, um até dispara con-
tra o chão, pois estava com o dedo no gatilho e mirando em Joao,
que olha a mão do policial a frente, pega a condução e olha para o
rapaz.
— Delegacia da Federal em Curitiba? Fala serio.
— Cumprimos ordens.
João faz sinal para Paulinho, entra e sobe para a cobertura,
onde tinha o helicóptero.
O policial olha os seguranças enquanto os demais acordavam
ao chão.
— Onde ele pensa que vai?
— Pegar um jatinho e chegar em Curitiba em no máximo duas
horas.
— Não acredito em você! – O policial esticando a arma para
Paulinho, que apenas dá as costas para o policial e fala.
— Você não tem de acreditar policial. – Paulinho olha os ra-
pazes e fala – isola a região, e pega o nome destes, pois eles iriam
atirar em João Mayer novamente.
Os policiais queriam dar uma de autoridade, e o rapaz grita.
— Vamos revistar tudo.

568
— Assim que o papel mandar revistar rapaz, você não está
nem na sua cidade, se acha que gritar algo adianta, não entendeu
nada. – Pedro na entrada, com seguranças armados, ele olha Pauli-
nho – Qual o problema?
— Algum Delegado em Curitiba o convocou, tem cara de Mo-
reira isto.
— E qual o problema?
— Segundo seu afilhado, Moreira não é o problema.
— E quem seria?
— Não sabemos ainda.
Micaela com segurança vai a Cidade do Carnaval e olha para o
tio.
— Onde João se escondeu?
— Convocado a ir a Curitiba?
Em Curitiba um Delegado da Federal recebe a ligação dos ra-
pazes falando que Mayer afirmou estar indo para a policia para es-
clarecimento, ele chama o escrivão, gente do ministério publico, e
por fim, gente da imprensa.
João chega com Paulo a Curitiba, pegam um helicóptero e se
mandam para a sede da Policia Federal a norte da cidade.
João chega a entrada e entrega a intimação, a moça olha e viu
que o rapaz estava ali, a imprensa ainda não havia chego, ela olha
para os dois e pede para aguardarem.
João pega o celular e liga para Bonifácio e fala.
— Prepara o furo da noite Bonifácio?
— Está onde, teremos inauguração?
— Não, um Juiz de Nome Sergio vai me deter em Curitiba,
não sei qual a acusação, mas manda gente para a porta da Delega-
cia.
— Qual?
— Aquela que o Lula ficou preso.
— Está indo para lá?
— Aguardando na recepção o Delegado.
A moça olha para os dois, não comentou, mas Paulo olha João
e pergunta.
— Não entendi a sua ideia?

569
— Que saiba, eu não tenho quase nada no sul do país para ter
um caso da Policia Federal na quarta região, mas as vezes eles que-
rem apenas mostrar serviço, e o pessoal foi ao Rio com os dedos
afiados no gatilho.
João é conduzido para dentro, deixam os celulares na entrada
e chegam a uma sala.
Um delegado olha para João, tinha 4 rapazes do ministério
publico, dois juízes adjuntos, uma linha de 7 acusadores, e João
entra sorrindo.
O Juiz que comandava o inquerito viu que João mediu cada
um e pergunta nome, profissão, o estudante, era para irritar, já que
ele não estava empregado em local algum naquele momento.
Um rapaz da acusação do ministério publico pega a palavra e
começa falando.
— Estamos levantando lavagem de dinheiro senhor Juiz, e
temos indícios fortes de enriquecimento ilícito e lavagem de dinhei-
ro no crescimento de João Mayer.
O Juiz olha João, alguém simples, colocara uma camisa e um
sorriso no rosto.
— Quais indícios e quais as pergunta ao convocado?
O rapaz olha João e fala.
— Ele tem patrimônio hoje na casa dos 18 bilhões de dólares,
e a 5 anos, tinha um único imóvel na cidade de Curitiba.
João ouvia, ele estava olhando os papeis através de vivencias,
e sabia as perguntas antes de qualquer coisa.
— O que o senhor tem a falar sobre este enriquecimento se-
nhor João Mayer? – Leonardo do ministério Publico.
João olha Paulo e depois o Juiz e fala.
— Primeiro que não existe neste país, crime em enriquecer,
os seus dados estão defasados, mas não existe crime em nenhum
dos meus negócios, teria de ser mais especifico. Eu nasci pobre, até
os 18 anos em uma instituição de menores, não nasci em berço de
classe media que estuda para virar funcionário publico, e acha que
qualquer pessoa que ganha mais de 300 mil ao ano rico.
— Existe a ausência nos seus recebíveis da declaração da
compra do banco CTBA.

570
— Como já respondi isto, este banco é Suíço, faz parte da mi-
nha declaração apenas a parte no país, que movimenta em 7322
sedes, atendendo os pouco mais de 9 milhões de clientes nacionais,
mas tem de considerar que é um banco Suíço, e tenho apenas na
Europa o dobro de correntista, mas não existe nenhuma irregulari-
dade no processo.
O juiz acaba de saber que o rapaz simples a frente era dono
de um banco multinacional, não parecia, João Mayer se ligava a
Carnaval e Marítima.
— Mas sua declaração não explica a compra da empresa.
— Não foi realizada através do Brasil, não é uma empresa Na-
cional, e não teria porque declarar internamente algo que tenho
apenas parte do banco, de um banco que não é nacional, e que foi
comprado com recursos provenientes de outra empresa não nacio-
nal, a Náutica Moreira, mais conhecida como NM Inc, empresa Cali-
forniana, então me desfiz de parte da ações da NM, e comprei a
CTBA, mas nada disto é interno ao país.
O rapaz olha a planilha e fala.
— E quer dizer que alguém sai do nada a bilionário em 5
anos?
— Pouco mais de 5, acho que já são quase 7 anos, mas eu
trabalho das 5 da manha a próximo da meia noite diariamente, de
domingo a domingo, para as empresas darem certo, as pessoas não
entendem de produção e falam que é impossível, digamos arrisca-
do, foram 7 anos arriscando, meu primeiro negocio lucrativo, foi a
empresa de produção de Camarão da Malásia, quando no primeiro
ano terminei o prospecto, eu estranhei, juro, quando você passa a
tirar diariamente, o que não ganhara na vida, em produtos, as coi-
sas mudam de foco, deixar claro, os dados de 7 anos atrás, não po-
dem ser considerados mais, pois não entenderiam os números, na
época, tirávamos 50 mil reais dia de camarão, hoje somamos mais
12 locais de produção semelhante, então a empresa que me fez
sonhar em ser algo, me pagava por mês, o que muitos brasileiros
não ganham por ano, alguns na vida.
— E quanto esta empresa geraria hoje em dia?
— Hoje ela gera próximo, a minha parte, metade da empresa,
próximo de 110 milhões em frutos do mar, mas estamos levantando
571
mais 4 pontos de produção até o fim do ano, o que tende a ser mai-
or a produção no ano que vem.
— Com isto não viraria bilionário. – O rapaz do ministério pu-
blico.
— Deixar claro senhor Juiz, hoje meu patrimônio no Brasil, o
que vou declarar em Março do ano que vem, vai estar próximo de
945 bilhões de reais, isto é então meu patrimônio, não está em 18
bilhões, está próximo a 189 bilhões de dólares, deixar claro isto,
pois senão me chamam o ano que vem e falam, mas como você
cresceu de 18 para 189, se vocês não tem todos os dados, não pos-
so fazer o serviço de vocês, minha declaração de renda, é baseada
em alguns prospectos, pelo valor de compra, eu comprei a Marítima
por ninharia, ela pode valer bilhões hoje, mas quando comprei, não
valia e ninguém queria por dinheiro limpo lá, então a discrepância, é
que a lei nacional afirma que tenho de declarar pelo valor de com-
pra, e a valorização, mas se acompanharem a evolução, somente
este ano, a Marítima chega a passar o valor acionário que tinha, as
ações que compramos a 12 centavos o lote de mil ações, hoje, estão
valendo 22650 reais o mesmo lote de ações.
O Juiz olha o rapaz do ministério publico, pois o rapaz acabara
de responder uma das indagações na planilha do Juiz, sem ser per-
guntado.
— E quanto daria isto?
— Onde está a maioria dos meus recursos, quase 750 bilhões
de reais, e não sou eu que falo isto, são ações, mas eu nunca vi este
dinheiro em espécime, pois eu gastei quatro milhões de reais para
comprar estas ações, trabalhamos, não foi fácil, mas obvio, olhando,
parece milagre, mas foi apenas funcionários dando o sangue para a
empresa que tinham orgulho, não falir.
O rapaz do ministério publico olha João e pergunta.
— E o resto foi comprado com que dinheiro?
— Eu fiz acordos, deixar claro, eu paguei com dividendos
quem me emprestou o dinheiro, poderia ter pago com ações, mas
não o fiz, pois a ideia era crescer, não falir.
— E a afirmação de que roubou Joaquim Jose Moreira?
João sorri e fala.

572
— Fazemos uma acareação, ele sabe que me vendeu parte,
ele sabe que recebe dividendos, ele sabe que estamos valorizando a
parte que ele não quis vender.
— Gostaria de pedir a prisão provisória de João Mayer senhor
Juiz, para averiguar os dados sem pressão.
O juiz olha João e pergunta.
— Quais as ultimas ordens que deu referente a Marítima,
CTBA e NM?
— Elas tem presidentes senhor Juiz, eu não administro ne-
nhuma empresa estável, vivo de rendimentos, reinvestindo na cida-
de que escolhi para viver.
O Juiz olha o rapaz do ministério publico e fala.
— Não mostrou nenhum indicio, todos que me apontou, fo-
ram respondidos, e você tem como verificar a realidade dos dados,
pois pelo que minha calculadora calculou, eles transformaram uma
empresa que todos esperavam falir, em um investimento, os dados
que ele apresentou, foram o que indagamos, ações em queda e sem
valor, aqueles, menos de 3 centavos de dólares o lote das ações,
tivemos a valorização das ações e do dólar, aquele dado que tens
em planilha Procurador, de 4426,26 dólares hoje o lote de ações,
ele mesmo corrige o valor do patrimônio, não existe motivos para
esta detenção.
João estranha.
— Mas ele pode atrapalhar as investigações.
— Se houvesse um crime, um indicio de crime, faria sentido
procurador apenas se ele tocasse as empresas, mas prender inocen-
tes por 7 dias, para estabelecer que as provas são inconclusivas, é
abuso, já que não tem indícios ainda.
Paulo também estranha, ele não precisou impetrar o pedido
que tinha deixado encaminhado para soltura.
O Juiz encerra o prospecto e João sai, uma vivencia fica a sala
e ouve o Procurador falar.
— Amarelou Juiz?
— Não, mas os dados que ele falou, bate com os que temos,
você tentou o induzir para baixo o patrimônio dele, ele deixou bem
claro, estou crescendo, e referente a Moreira, pega o depoimento,
antes de qualquer coisa, pois não temos a acusação ainda.
573
— Estranho que ele deveria ter sido conduzido.
— Ele não se deixou irritar, veio direto, pior, terminamos aqui
e seus rapazes ainda estão no Rio de Janeiro.
João pega o jatinho e volta para o Rio, ele para na ilha do Cai-
çara e olha o movimento na sequencia de quadras, vai ao restauran-
te ao fundo e olha Micaela lhe sorrir.
Ao lado estava Ricardo que lhe estica a mão.
— Problemas?
— Estranho quando alguém não compra a propaganda dos
que me odeiam.
— Gabriel quer que você reconsidere o voltar a presidência,
você foi eleito e ele precisa de ajuda.
João olha Micaela e fala.
— Às vezes tenho medo de atrapalhar Ricardo.
— Meu irmão não dividiu os problemas e o perdemos, pois
nem vimos o ataque.
— O problema é que nem sempre estarei inspirado Ricardo, e
sou por montar o carnaval aos poucos, e se Jorge fez o caminho,
deve estar caminhando bem.
— Mas parece que só tem armações, nada pronto.
— Sempre digo, sou pela surpresa, mas era para ser 4 carros,
se tem a armação de 6 deles, estamos imensos.
— Tem coisa que não sei o que vai ser.
— O que deu referente aos balões?
— Precisaria ser alegoria de mão, sem base.
— As vezes temo ideias que podem nos complicar.
— Por quê?
— Se eu soltar algo, passa dos 20 metros.
— Certo, mas acha que daria impacto?
— Não sei, eles não me querem lá mesmo Ricardo.
— Sei que eles estão tensos, ainda mais com gente atirando
em nós.
— Porque estariam tensos, nós que temos de o estar.
— Dizem por ai, que todos os ingressos do acesso e de Jaca-
repaguá estão vendidos.
— Exageram, mas as vendas estão boas. – João.

574
— Eles querem você longe, depois lembram que você não
implora nada, avança em outros eventos, tem gente que diz que
você vai acabar com a importância do carnaval.
— Eles não sabem o que falam.
João não se compromete, vai sedo com Micaela para casa,
pois os dois tinham faculdade ainda na manha seguinte.

575
No sábado Jorge recebe alta, es-
tranha sair como se tivesse recuperado
suas forças, ele as vezes temia o cami-
nho que estava, os médicos não sabiam
como ele ficara tão bem em tão pouco
tempo, ele passa em casa, a esposa o
abraça, ele não sabia ainda como as
coisas estavam, mas nem chegou em
casa sua rede social perguntava como
ele estava, e desejando melhoras, e uma
entrevista.
Jorge liga para Gabriel e pergunta.
— Como estamos Gabriel?
— As vezes estranho a calma, mas
bem, mas se recupera.
— Temos muito a fazer.
— Sei disto, mas se vier, tem de se
cuidar, trás a esposa e os filhos, vamos
fazer uma carne simples e conversar.
— Não entendi.
— Marquei com Mayer lá, vamos
tentar o induzir a nos ajudar Jorge, sei que está tentando, mas sei
que o desafio está grande.
Jorge fala com a esposa e vão a Cidade do Carnaval, Ricardo
chega e viu que estavam preparando uma feijoada para o pessoal e
um churrasco ao fundo.
Gabriel chega a ele e falou.
— Vou tentar entender o problema tio.
— E quem vem?
— Todo o pessoal da organização das alas, da comunidade, da
harmonia, bateria, comissão de frente, o carnavalesco, e algumas
pessoas a mais.
— Convidou Mayer?
— Convidei.
— Acha que ele aceita?

576
— Tio, eu acredito que ele fez um carnaval para caber neste
lugar, mas nem eu e nem Jorge conseguimos colocar ele inteiro aqui
dentro.
— Sempre os tamanhos absurdos.
— Sim, e não entendi algumas coisas, mas pode ser que este-
jamos quase lá no entender do problema, as costureiras estão cor-
rendo, tem coisa chegando que estamos colocando nos andares
superiores e nem sabemos ao todo onde vão, aquela coisa de pare-
cer que não cabe, até colocarmos no carro e parecer que temos um
super carro.
— Modelo Mayer não é para qualquer um.
— Isso, ele constrói e todos olhando ele fazer falam, fácil, de-
pois ele dá as costas e todos ficamos pensando, não vai caber.
Micaela olha João e pergunta.
— Sabe que eles querem você lá de novo?
— As vezes queria estar lá, mas tenho medo de os prejudicar,
sei que a maioria nem liga para isto.
— Sabe que você desafia todos, alguns estão avançando, ou-
tros parece que se acomodam demais.
João a olha e fala.
— Deixar claro, tenho os dois medos, não apenas de prejudi-
car ajudando, mas de prejudicar não ajudando, as vezes eu temo
mais a inercia do que o trabalho.
— E como está com as notas? Na faculdade.
— Acho que já tenho notas para pensar no ano que vem.
— E pelo jeito ainda é um desconhecido lá.
— As vezes acho que não sou um desconhecido, eu apenas
não fico lá para jogar conversa fora, eles falam de coisas que não
entendo, então as vezes é melhor ficar longe.
— Mas esteja pronto para dar uma resposta hoje.
— Vou lá comer algo e tentar descontrair, estou chateado
com alguns e não sei ao certo como as coisas estão, eu quando me
afasto, sabe que foco em outras coisas.
— Sim, eles nem viram todos os demais pontos.
— Pelo jeito querem alguém de barracão de novo. – João.

577
— Eles não lhe entendem, juro que quando subo aos andares
altos, onde você criou divisões para cada carro baixo, parece uma
confusão, eles devem pensar em onde tudo aquilo vai entrar.
— Eu tento fazer algo simples, e não tenho conseguido.
— Gabriel e o tio estão meio perdidos, minha mãe falando
depois de anos em não desfilar, todo um clima que não era para ser
assim João.
— Sei disto, pior que toda vez que bobeamos temos surpre-
sas desagradáveis.
— E acha que podemos ganhar este ano?
— Escola de samba é uma incógnita, mas vamos lá e desco-
brimos como as coisas estão.
— O tio fala que falta espaço e não está tudo lá ainda.
— Então tem algo errado, este ano, deveria caber tudo lá, e
nem começamos a descer as peças dos andares superiores.
— Muita coisa?
— Abre alas, deve ter 3 caravelas na parte superior, enquanto
testam as estruturas que as vão permitir o balanço do mar, a volta
teremos sereias, e a frente duas sereias de 18 metros, parte dois, a
visão do índio, gente estranha chegando, a visão histórica, a santa
missa, a versão real, alguns brancos desertam, gerando a primeira
mistura, a terceira parte, em meio a floresta, os portugueses avan-
çam a procura de escravos, esposas e ouro, a quarta parte, a morte
trazida pelos europeus, gerou a extinção de muitos indígenas, que
nem chegaram a ser registrados.
— Isto é o abre alas.
— Isto é o que sei que estão fazendo.
— E teria algum esboço disto? – Micaela.
João olha para ela, eles tinham a base na escola, não sabia se
tinha algum esboço ali, procura nas imagens do celular e fala.
— A base seria esta, mas isto é apenas a ideia.

578
— Algo simples parar ser tido como algo de João Mayer.
— Este ano o carnaval é de Jorge Caribé.
— Certo, mas vai dar seus pitacos.
— As coisas tem de começar a ficar prontas para que pense
em algo a mais, e 20 metros sempre dá medo de passar, mas ainda
estamos abaixo disto. E não tem padrão de cor, já falei isto, mas
ninguém me ouve.
— Certo, estava tendo a ideia ainda.
— Eu sempre a evoluo, acho que a descrição, do começo ao
fim pelas fantasias, está primorosa, mas não pretendíamos fazer
dois carros a mais este ano.
— E fugiu de lá?
— Sim, poderia ter ficado, mas não adivinhei de onde vinha a
ameaça, sei que seu pai morreu por isto, e me culpo por isto, eu as
vezes me acho o patinho feio e as pessoas não entendem.
— Você se dedicou a faculdade, eu ainda preciso me esforçar
para passar e você já se livrou do primeiro ano.
— Acho que tudo que faço, é complicar os demais, a visão
que sempre choca, eles me olham e não me veem fazendo nada,
não sou de ficar no holofote, mas de ter ideias, e as vezes, quando
ninguém tá vendo, olhar um projeto de mangue ser implementado,
ir lá e pegar duas mil mudas e com ajuda de algo que os demais
usam para plantar arroz em grandes alagados plantamos em uma
semana, o que falavam que não daria para fazer em dois anos, mas
sabe que não ficou discutindo, eu apenas faço como eu quero.
— Eles dizem que você industrializa tudo.
João apenas sorri, termina de arrumar os meninos e saem no
sentido da cidade do samba.
João viu que estava todo o pessoal da organização, cumpri-
menta a maioria e olha para Gabriel, Jorge chegava naquele mo-
mento e João foi perguntar como ele estava.
— Bem, não entendemos o que aconteceu, as vezes dá medo
de voltar, mas é bem o que eles querem.
— Conseguindo administrar a bagunça?
— As vezes olho os prospectos e acho que não vai caber.
— Eu também não, mas quando começarem a por os acaba-
mentos, dai começa a tomar forma.
579
— Sei que está afastado, mas se quiser ajudar, sabe que é
bem vindo. – Jorge.
— As vezes fico olhando as coisas e me assusto com a minha
forma de olhar os carros.
João olha Gabriel e pergunta.
— E você, antes somente eu tomava tiro por aqui.
— Não entendi nada do acontecido. – Gabriel.
João olha Ricardo e fala.
— Pelo jeito Gabriel está tomando jeito.
— Ele sempre fica reclamando que tenho de falar com quem
entende de acabamentos, pois ele olha os carros e fala, falta aca-
bamento, estes acabamentos são caros, não tem como fazer dife-
rente, cadê o especialista em economizar dinheiro.
— Quem ele está pensando? – João.
— Um tal de João Mayer. – Ricardo falando serio.
— Este é encrenqueiro, não teria outro? – João sorrindo.
— Pros acabamentos que ele quer, parece difícil.
João olha para Gabriel, ele ainda parecia frágil, estranha
aquela festa, talvez as pessoas estivessem pedindo proteção, aquilo
parecia um pouco de medo de cada um.
Ele cumprimenta as pessoas, estende a mão para pequena
Mirian que sorri e caminha ao barracão, para olhar as alegorias,
João sorri pois novamente, estava ocupado todo o espaço, se
olhassem desapercebidos, pareceria novamente ter 8 alegorias, ele
queria ter deixado parte disto em tripés, agora o carnavalesco esta-
va estudando emendas de enredos, mas ele olha ao lado e viu as
três divisões do abre alas, que estava com a quarta divisão na parte
7 do barracão, dali ele nem conseguia ver direito, as estruturas es-
tavam ali, e a dinâmica de pouco movimento no abre alas ainda
incomodava João.
Ele sabia que na parte final tinha uma águia que não terá a
abertura que ele queria de asas, ter de ficar no 14 de largura as
vezes chateava João.
Ele com a filha sobe na primeira parte do carro, as ondas e os
navios, ele olha embaixo da estrutura dos navios e viu um sistema
de balanço hidráulico, sorri, finalmente algo com movimento, os
barcos iriam navegar nas ondas estáticas a volta, ele olha as posi-
580
ções, o pessoal estava caprichando, os pontos das demais esculturas
estavam ali, das embarcações estavam ali, embarcações que deveri-
am estar no ultimo andar, três caravelas e uma Nau Portuguesa, ele
caminha nos intervalos das ondas, e chega a frente, onde a estrutu-
ra de duas imensas sereias estavam dispostas, olha para cima, 17
metros de sereias, chega a frente em bico, e olha os locais da outra
escultura que não estava ali, olha que naquele local eles já haviam
fixado as estruturas de apoio que disporiam acima de cada escultura
um biscoito para o integrante desfilar.
Ele chega a frente e desce com a filha, olhando os escudos
portugueses a frente, sendo colocados, após o acabamento em on-
da da saia do carro.
Jorge chega ao lado e pergunta.
— Acha que esta andando?
— As vezes tenho medo de palpitar e atrapalhar.
— Não gostou?
— Gostei, mas não vi a parte elétrica, isto apagado não vai
dar impacto.
Jorge sorriu e falou.
— Eles passaram a fiação antes do atentado e vamos começar
a por os holofotes baixos ocultos e os peixes com led em suas bocas,
seguidos dos holofotes que dão rajadas de luz, ainda falta os ca-
nhões de gelo seco, mas é muito cedo para eles, e testamos os ba-
lanços dos navios por quase 20 dias.
João sorriu e olha a filha.
— Tá ficando bonito?
— Sim, bonito.
— As vezes temos de voltar para casa, mas está bem mesmo
Jorge, o pessoal tem de ser antes do comercial.
— Ficar em casa, não vai me ajudar, sai do hospital e não pa-
rece que vou conseguir dormir antes de ver estas alegorias prontas.
— Este carro é imenso, ele vai ter 80 metros na avenida, 52
metros nesta parte, mais 28 na outra divisão.
— A outra é a mais pesada, estas viram algo critico devido
aquela parte, quem olha isto parece uma adoração ao paraíso.

581
— Paraiso mutilado, dentro dos medos, das imposições, das
leis impostas em Roma, somos portugueses por isso, então ainda
penso neste seu enredo. – João.
— Um enredo que gerou boas alas, e estamos transformando
em um imenso carnaval, sei que estava melhor dividido, e pior, os
poucos que viram nosso barracão dizem que estamos atrasados,
sem nada e perdidos em um tamanho que não tem como ir para a
avenida este ano.
— Ouça eles atentos Jorge, as vezes eles estão com a razão,
mas não os ouça para desanimar, e sim para provar, que estávamos
trabalhando, não apenas fofocando, as vezes estar atrasado é posi-
tivo, pois temos esculturas que estamos dispondo em carros que
nem queríamos fazer.
— Verdade, mas alguns falam em reduzir alas, para passar no
tempo.
— O que Gabriel falou?
— Para manter o esquema, mas se perguntassem, que está-
vamos meio perdidos no enredo. Ele é mais pão duro que você no
liberar da grana.
— Terminou de desenhar as roupas deste carro?
— Sim, 49 modelos de fantasias e 4 roupas de luxo.
João pensa em propor algo e para no elaborar da frase.
“Você não manda aqui João, calma!” – João falando com seus
próprios pensamentos. As vezes ele tinha duvida de ser os dele.
João olha o carro dois, na sua cabeça era uma coisa, na con-
cepção algo totalmente diferente, ele olha o carro atento, talvez por
estar em meio a uma criação dúbia, nem todos seus carros são re-
almente fáceis, e obvio que nem tudo é fácil de transformar em
carro alegórico.
Jorge olhava João, Gabriel para ao lado e pergunta.
— O que ele está olhando?
— Ele está apenas olhando, pensando em como ele faria, ele
sempre me surpreende, ele sabe cada veste que vai no abre-alas,
tem gente daqui que fez as 348 fantasias que não sabem que aque-
las são de alegorias do carro abre-alas, ele sabe.
Gabriel olha João passando a mão na escultura, e fala.

582
— Ele cria coisas para chamarem atenção, sei que ele queria
algo maior ainda, mas nos barraram.
— Ele parece deslocado, não sei, convidou ou deixou no ar o
convite Gabriel.
— Não sei como fazer, pois ele renunciou a Presidência, eu
como Vice da chapa assumi, mas não tenho como desfazer algo
registrado em ata, legalmente ele renunciou ao cargo e não sei se
ele toparia tocar um barracão.
— Ele se colocou como intruso, é o que está falando.
— Eles multaram a escola, ele, por algo que ele não fez, sabia
que a pressão iria ficar insuportável, meu pai não se posicionou na
época, não sei o que realmente aconteceu.
— Tenta descobrir antes, mas não sei Gabriel, ele está niti-
damente olhando onde estamos e onde vamos parar.
— Tem coisa no andar superior que nem sei onde vai, estão
nomeados como carro abre-alas, mas juro que não parece fazer
sentido.
Jorge sorriu e João olha a filha.
— Como está filha?
— Feliz.
João olha em volta e pensa no quanto estava realmente atra-
sado aquilo, mas eles teriam de o convidar a participar, pois ele, não
fora convidado novamente ainda e não sabia exatamente se queri-
am ele ali.
A contradição de ser como era, o fazia sempre imaginar que
as pessoas queriam seus braços, não sua direção, ele se afastou por
atrair com isto uma parte não agradável das pessoas, a inveja.
Gabriel olha João entre o carro dois e 5 e chega ao lado, olha
ele e pergunta.
— Não quer voltar para casa?
— Não sei se querem eu aqui, eles estão se virando bem.
— Eles precisam, nós precisamos de você João, sei que saiu
para não pesar, mas eles parecem mais perdidos quando você está
longe do que quando está perto.
— Temo pelo desfile deste ano.
— Por quê?

583
— Pensa em algo que eles não estavam gastando, os enge-
nheiros, eles acabaram com esta obrigatoriedade, eram 3 anos sem
mortes, mas tem gente que parece querer as mortes.
— Aprovaram apenas para dizer que mandavam.
— Pior, gente que achava terem interesses no crescimento do
carnaval, votam pelo tirar dos engenheiros, pior, tínhamos os enge-
nheiros e tínhamos o ministério publico sobre nós, os dispensamos,
o ministério publico esquece as escolas.
— E aceitaria voltar?
— Precisa de mim aqui Gabriel?
— Sim.
— E me precisa onde, pois sei que eu renunciei!
— Esta escola precisa de você João, este barracão foi você
que projetou, e parece não caber o nosso carnaval do ano.
— E quem está de acordo com isto?
— Sempre se achando o patinho feio.
— Não, é que evito atrapalhar, sei que as pessoas acham que
podem ofender e não podemos nos sentir ofendidos.
— Preciso de um Coordenador de Carnaval, é bem acima de
apenas o Barracão.
— Se não atrapalhar, aceito.
Gabriel sorri e fala.
— As vezes acho que vai dizer não e diz sim.
— Eu sai porque eles não me queriam aqui Gabriel, nem seu
pai queria, mas não vou falar dele, as vezes é bom ver alguém ir
acima, como seu pai, as vezes o que todos acham ruim, é o mostrar
que ainda existe algo acima, poderoso e que salva os bons.
Gabriel olha em volta e pergunta.
— E o que não gostou?
— Sou tão transparente assim?
— Sim, você olha os defeitos mesmo não querendo.
— Aceito, mas vejo o que posso fazer a partir de amanha.
Gabriel sorriu, João pega a filha no colo e começa a voltar.

584
Primeiro dia de Dezembro, João
chega cedo no barracão e olha os pros-
pectos e começa olhar os dois carros
adiantados, sobe ao ultimo andar, olha
as esculturas, pede ajuda a dois rapazes
e começa a descer parte do carro abre
alas.
Ele começa a desce as partes, dá
as coordenadas e foi a parte frontal,
muda parte que estava na parte oito da
divisão para as divisões do carro e co-
meça a colocar as esculturas do mar,
ainda estava tudo abaixo de 5 metros.
Começa a por a fiação de ligação
das 3 partes frontais do abre alas e dos
dois encaixes, ele começa a por as estru-
turas sobre os escudos frontais, onde
iriam os integrantes, depois foi descen-
do as 8 esculturas das sereias frontais,
as encaixando nas estruturas, e colo-
cando os biscoitos de desfile acima deles.
João estava a colocar as ondas intermediarias quando Jorge
chega e olha João ali, sorri e fala.
— Vai montar este?
— Tem muita coisa para fazer, então vamos terminar os dois
que estão com as esculturas prontas, este e o 5, os dois maiores até
agora, depois vemos o resto.
— Vai fazer qual parte hoje?
— Fixar as partes prontas, divisão a divisão.
João coloca as estilizações de onda, foi demorado, quando ele
coloca o ultimo, com calma baixa a estrutura da Nau da divisão
frontal e a coloca sobre o balanço mecânico que a faria navegar,
desce as três Caravelas e foi almoçar.
Muitos olhavam ele como um intruso, mas João não olhava
muito isto, ele come e volta ao carro, desce o grande painel tridi-
585
mensional que tinha dois lados, depois começa a descer as canoas,
uma a uma, as fixa e por fim as duas metades de duas Naus, e olha
para o carro.
Sorri, era perto das 6 da tarde e olha para Micaela o abraçar e
falar.
— Vai mostrar que tem algo pronto?
— Sim, eles não entenderam metade do carro.
João faz um lanche e olha para as esculturas da divisão e co-
meça a por o segundo painel tridimensional para os dois lados, e
após isto, as arvores, que desceram encolhidas, desce os beija-flor,
as araras, as onças, os jacarés, os lobo Guará, e mais arvores, quan-
do ele fixa as coisas no lugar, era perto das duas da manha.
João para e olha o carro e Micaela sorri.
— Você sabe exatamente onde quer cada coisa.
João senta-se afastado e olha para o carro, parte dele.

Ricardo olha do alto, muitos naquela madrugada estavam


além de seus horários, mas olhar parte de um carro pronto, fez mui-
tos sorrirem e Gabriel fala olhando o tio.
— Pensar que tudo isto estava lá encima.
— Ele sabe onde cada peça vai, ver ele montar, parece fácil,
mas ele não para perguntando as coisas, ele vai avançando.
— Tem a ultima parte deste carro, a parte que choca, está até
é bonitinha, si é que dá para definir algo assim. – Gabriel.
Ricardo olha o carro e fala.
— E nem ligou ainda.
— Verdade, tem os geradores e lâmpadas, mas hoje ele pare-
cia querer abrir espaço lá encima.

586
— Vejo ele montar algo assim, parece fácil sobrinho, mas ele
pelo jeito mandou fazer a base e os painéis, aquelas naus lá encima
estavam encolhidas, aqui elas ganham tamanho e fica didático, di-
zem que ele faz isto e somente quando olhamos se entende.
— A parte frontal, a visão dos portugueses, iriam pela coroa,
descobrir o que tinha lá, a parte dois, o paraíso, sendo aos poucos
escravizado, e a terceira parte, que não está ainda ai, o resultado de
tudo isto.
— Tem uma parte final? – Ricardo.
— Parada na divisão sete do barracão.
Ricardo olha para a divisão 7, era apenas uma escultura de
chão, ainda nada, e pergunta.
— Este é o abre-alas?
— 80 metros de abre-alas, ele faz em 80 metros o que as pes-
soas iriam por no carnaval inteiro, mas ele não muda, os demais
achando que ele estava querendo algo pequeno, ele não sabe pen-
sar pequeno, e vimos isto já no primeiro carro.
Ricardo olha João ao fundo, abraçado a Micaela e fala.
— Ele entrou para a família, mas Roberto não conseguia o ver
como parte dela.
João abraça Micaela e volta para casa, cansado.

587
João amanhece terça feira, toma
um banho e vai a sua ultima aula do ano,
ele viu que as pessoas em parte ainda
estudavam, em parte, já tinham desisti-
do.
Ele no fim da manha passa no bar-
racão da Escola de Um Homem Só, veri-
fica o andamento, passa no barracão em
anexo, onde construíam peças para três
hotéis temáticos que estavam em cons-
trução, de esculturas a acabamentos, se
montaria a parte difícil ali e iria quase
pronto, muitos olhavam os prédios fi-
cando prontos e não entendiam o como
ele preparava tudo, mas era organiza-
ção, estava sendo feito ali, as estatuas
de entrada, os chafariz, os acabamentos
de salas comuns, estavam ali também
moveis que seriam montados no local,
luminárias, tomadas, ele tinha ali basi-
camente o acabamento de 3 hotéis, e verificar se tinha tudo, facili-
tava depois.
Sai dali por volta das duas da tarde e foi ao barracão da Beija
Flor, pela primeira vez em meses, se viu João Mayer ali, no dia ante-
rior ele entrara antes de todo mundo e saíra quando todos já dor-
miam.
Ele caminha calmamente até o barracão, nem olha em volta,
as vezes era bom começar a fechar portas, ele não era assim, mas as
vezes tentar ser, parecia machucar mais ele que os demais.
Ele entra no barracão da Beija-Flor e começa a preparar o
descer das coisas, troncos de arvore, caveiras, uma escultura de
chão de caveiras que tinha 5 metros, Paulinho e Confusão começam
a administrar aquilo e João olha Jorge.
— Definiu os demais carros ou não? – João.

588
— Sim, pelo jeito quer terminar algo para por em pratica ou-
tra coisa.
— Os acabamentos do abre-alas tomam muito espaço nos
dois andares, sabe disto, os trazer para baixo e por gente para fazer
os demais acabamentos e começar outros.
— Certo, vai dispor das favelas onde deste carro?
— Se temos corte de madeira, e as favelas criadas são de ma-
deira, na parte final do carro.
— Agora vai por o carro em que composição.
— Vamos ver se o diretor de barracão pensou direito neste
carro, acho que falta muito, mas vamos fazer o inverso este ano,
terminar o abre alas antes de qualquer outra coisa. – João olha em
volta pede – Paulinho, abre a parte central do carro, temos aquela
estrutura alta, que ergue todo o chão dos 50 centímetros a um me-
tro e meio.
Paulinho sorriu, João sempre na meta dos cinco metros e cin-
quenta, ele e Confusão marcam a parede ao lado o cinco e meio
para depois testar o encolher.
Uma parte que parecia fácil, mas tinha de ter estrutura, 110
pessoas iriam apenas nesta divisão, então o testar do hidráulico e
tirar dos pesos que os testaram, era o começo por um lado, e come-
çar a descer e prender do centro para as bases todas as esculturas,
Ricardo do andar superior olha Gabriel.
— Ele vai tentar terminar o abre-alas?
— Sim.
— Onde vão estas esculturas de morte?
— Não sei, este desenho não está no prospecto, acho que ele
nem tinha terminado o projeto ainda, mas ele deixou nós fazermos
do nosso jeito tio.
— Seu pai faz falta, sabe disso.
— Minha mãe fala que ele trabalha assim independente de
estar na escola, por isto ele cresce tio.
— Poucos ligam ele ao nome que ele criou.
Gabriel sorriu.
Eles viram o descer das 72 caveiras prateadas, com suas bola-
chas já colocadas e os acabamentos de segurança, olham João ir as
divisões e começar a fazer andares nos intervalos, era colocar do
589
hidráulico e subir, ele desce todos eles, o que era uma lateral de
painéis se torna plano, então a altura de dois metros ele coloca em
cada lado 38 caveiras de um metro e meio de altura, ele testa o
subir daquilo antes de qualquer coisa, Jorge olha Paulinho e pergun-
ta.
— Sabe o que ele pretende?
— Ele colocou os hidráulicos, então agora ele vai colocar as
peças sobre os hidráulicos, eles estão colocando naqueles troncos
maiores pinos hidráulicos internos, então algo vai entrar ali, o tecido
induz que algo vai estar entrando ali e também terá uma alegoria
nelas, mas a altura do tronco, está a cinco metros, então todo este
carro, tem de estar naquela altura para transporte.
Os dois estavam falando e veem descer naquela altura, ao
fundo uma das estruturas que remetiam a favelas de madeiras, eles
olham chegar ao local, Confusão solda a estrutura, e prende os pis-
tões hidráulicos, e aquela estrutura de 10 metros reduz a 5 metros,
deixando uma base hidráulica alta visível, reduzem a base a um
metro e descem mais uma estrutura inteira, que entra naquela es-
trutura, estavam montando a primeira das 4 estruturas destas, era
trabalho pesado, e sequencial.
O sair de parte disto do andar superior, libera um imenso es-
paço, onde começam a montar os manequins para começar a verifi-
car todas as roupas, então em uma parte superior, também se cor-
ria para deixar o espaço preparado.
João foi falar com as costureiras enquanto desciam os hidráu-
licos e soldavam as partes.
Jorge olha aquela favela se erguendo e sorri.
— Eu falo em fazer uma favela, ele monta uma super favela.
Paulinho olha ele e fala.
— Entendi a ideia, as vezes fazer a primeira nos facilita visua-
lizar o todo, estas favelas tem 15 pessoas, e todos os locais de esta-
da estão delimitados.
João volta ao local e começam a fixar as esculturas de Morte,
e por fim, descem as 4 gaiolas grandes, e as 10 menores, não pe-
quenas, cabia uma alegoria, um sambista dentro de cada uma delas.
Ele começa a por nos troncos menores, como esta parte fica-
va em parte nas laterais, poderiam ir a parte.
590
Começam a descer as caveiras maiores, e uma grande águia
de rapina, começam a ajeitar as esculturas das mortes, mas ainda
estava tudo encolhido, estavam trabalhando entre dois e 5 metros,
então estava um amontoado de coisas, descem esculturas de des-
cendentes de indígenas, para por na parte baixa da favela, e as es-
culturas da parte frontal do carro, para João ainda faltava alguma
coisa, mas teria de pensar nos demais, antes de pensar em mudar
algo, e colocando as coisas começariam a passar todos os cabos de
energia, este carro teria de brilhar na avenida.
Era perto da meia noite quando o carro começa a tomar for-
ma, Micaela chega com as crianças, e começam a descer os painéis
das saias do carro, ali ainda faltava muita coisa, mas para João ele
teria de pensar o carro a partir de um ponto, e o colocar daqueles
crânios a volta, baixa, deu uma sensação pessoalmente, que no
desenho não dava.
Confusão olha como estava ficando o carro, testa os hidráuli-
cos das caveiras novas e viu elas subirem, teriam de testar cada uma
delas, caveiras de 4 metros, que entravam para dentro dos troncos,
as pessoas ficavam olhando a engenharia daquilo, algo que poderia
ir escondido a avenida, este era um estilo Mayer de Carros alegóri-
cos.
Começam a por a águia no hidráulico que ia a frente quando
tudo abaixava, testar o descer de tudo e o baixar da estrutura colo-
cando a águia, deixava mais impreciso o que era o carro, mas aque-
las caveiras a toda volta, fazia as pessoas temerem o carro.
Confusão chega ao lado de João e fala.
— Este carro dá medo.
— Problemas?
— Não, apenas é um pulo grande do ponto a frente, em ver-
de, para este ponto, este carro dá medo, e pelo jeito não está aca-
bado.
— Bom ver que ainda esperam minha opinião final.
— Quem já lhe chamou de Alemão, sabe como você cria car-
ros Mayer.
— Mas calma, este é apenas o abre alas, falta muito.

591
João encosta o acoplador da parte dianteira e começa a por
as ligações, mais troncos cortados, mais animais enjaulados, mais
espaço para duas arvores inteiras.
João acopla na parte final e começa o acabamento.
As vezes parecia que estava pronto e lá vinha mais pequenos
detalhes, ele olhava os limites e finalmente acha uma posição que
gostou da águia, estava querendo algo diferente, e que muitos fa-
lassem mal, mas não estava preocupado.
O descer da águia e o prender da gaiola com um beija flor no
bico da águia, parecia provocação, deu duas da manha e João senta
a olhar a obra.
Gabriel olha o que se tornou aquilo em dois dias, e sorri, ago-
ra tinham um abre alas.
Micaela olha as caveiras subindo e descendo a águia balan-
çando as asas, pequenos detalhes e sorri.
Eles prenderam a lateral, mas teriam de as recolher nova-
mente, João estava olhando para saber se mudava algo.

Ele olha Paulinho e fala.


— Temos de tirar as laterais, pois está mais largo que a porta,
e inviabilizaria trabalhar no carro ao lado.
— Tiramos, mas pelo jeito esta pensando em algo.
Jorge para ao lado e João pergunta.
— Acha que as roupas deste carro vão somar em algo?
Jorge olha o carro.
— Na parte baixa que vão aquelas ultimas 24 fantasias que
pediu ontem?
— Sim.

592
— Vai dar um ar diferente, somente acoplando para saber se
vai ficar bom.
— Tem toda a parte elétrica ainda a fazer.
— Sim, estava pensando se não daria para inverter a ala ao
fundo, por a das nuvens logo atrás. – Jorge.
João sorriu e falou.
— Manda fazer mais oito daquelas mortes ali, e colocamos
sobre as nuvens.
Jorge sorriu e falou.
— Assim a coisa anda e deixa todos mais tensos.
— Sim, estava pensando em como por algo ao fundo que di-
minuísse a altura, mas se colocarmos as nuvens ali, eles nem podem
reclamar da alegoria, colocamos uma corda de segurança presa ao
carro, o que evita de voar, e transforma em parte do carro, não
podendo ser considerado alegoria a parte. – João.
Os demais não estavam entendendo, então João pega o com-
putador, faz umas inserções, salva algumas coisas e fala.
— Parte inicial da escola foi projetada e poderia ficar assim.

Micaela olha e fala.


— Inicio da escola?
— Tem a comissão de frente e mestre sala antes disto.
Jorge olha para João e fala.
— Um começo que tem de se manter.
— Por isto pergunto do resto, pois sei que só temos o carro
abre alas até agora e as fantasias, os balões estão sendo feitos, mas
eu pedi a ideia inicial, e pelo que vi, estão a realizando, pois eu
montei o abre alas sem muita dor de cabeça, agora começa a parte
chata, pensar em como passar 5 mil componentes em 77 minutos.
João olha a cara de cansado de todos e fala.
— Mas isso fazemos amanha, hoje tá na hora de descansar.
O pessoal foi descansar, pois tinham cumprido mais um pe-
daço da ideia.

593
João chega perto das oito da ma-
nha de quarta, todos estavam ainda
descansando quando ele olha as duas
partes do carro numero 5, ele queria
montar o que parecia pronto nas peças,
para partir para outra parte.
Ele começa a descer as esculturas
e as retroescavadeiras, depois as prote-
ções laterais e os locais dos destaques,
as replicas de construções que eram
apenas fachadas, as partes de segurança
dos brinquedos, as estatuas das alegori-
as, as favelas inteiras, ali elas eram mais
cinzas, como se o tempo, a madeira do
primeiro carro tivesse perdido cor e
resistência.
João estava pensando enquanto
fazia força, e começa a por as replicas
nos lugares e soldar, ele verifica se as
soldas da estrutura estavam boas e sol-
da uma estrutura na outra, casas de dez metros que a parte superi-
or encolhia, ele estava testando os hidráulicos quando Confusão
chega e os rapazes começam a ajudar.
— Dormiu ai?
— Ainda não, mas se puderem trazer para baixo tudo que es-
tá anotado no andar superior como 5 traço 1 agradeço.
Os rapazes sobem e começam a descer, tinha muita coisa,
mas começava a ter espaço superior para os demais, acabamentos
bobos as vezes fora do lugar tomavam até 3 vezes mais espaço que
no carro alegórico.
Confusão começa a ajudar a soldar as residências e depois a
prender as retro escavadeiras, eles colocam as laterais no lugar, mas
era outra coisa que teria de ir desmontado, então eles verificavam
os encaixes se estavam firmes.
João olha o sistema de encaixe e olha Confusão.
594
— Melhor que o do ano passado?
— Bem melhor, este apenas encaixa. – Confusão.
João foi montando o carro, sabia que em pouco tempo mais
gente entraria pela porta e ele não queria conversar, talvez o ser
presidente, lhe tirava a liberdade de se esconder.
E para João não era por querer se esconder, era por se qui-
sesse não precisasse aparecer.
Ricardo chega com Gabriel e olha o tumultuo no carro 5.
João parou um pouco ao meio dia para comer, mas já tinha
colocado gente para olhar as duas partes do carro 5.
Gabriel chega ao lado e pergunta.
— Acha que qual é o melhor lugar para a reportagem de
amanha?
João olha em volta e fala.
— Muita coisa por fazer ainda Gabriel, não sei, agora cabe a
você administrar isto, e assumir a sina de seu pai, tocar a escola de
samba do coração.
— E pelo jeito quer terminar mais uma parte.
— Este carro demora mais do que um dia para terminar, mas
é que quero deixar ele no ponto da elétrica, os testes dos equipa-
mentos foram feitos com rede de energia normal, vamos ter de
testar eles com seus próprios geradores.
— E não teria uma ideia?
— Não, deixa a politica com vocês.
— Tem gente querendo saber como você está?
— Quem?
— Lucas?
— Decepcionado, mas perdemos seu pai por esta inercia, não
era para ninguém morrer na calmaria de um dia normal, mas quan-
do todos se fazem de cegos, pessoas morrem.
— Você não engoliu a historia ainda.
— Quem pagou não me preocupa mais, mas temos de cuidar,
para não cair em armações, mas eu não sei ainda o que fazer ao
todo.
Gabriel saiu e Bira chega a mesa.
— Pediu para falar comigo Mayer?

595
— Sim, pega com as costureiras uma peça de cada fantasia do
carro abre alas e coloca na internet, “Fantasias do Abre Alas da Beija
Flor de Nilópolis”.
— Bem vindo de volta, faz falta estas ideias malucas.
João sorriu e fala.
— Apenas não descreve, coloca lá sem falar onde vão, mas
coloca um adendo, fantasias das 372 composições do carro.
— E são quantas fantasias?
— 50 modelos.
— Eles querendo fazer uma fantasia e teremos 50 modelos
apenas no carro abre alas?
— Sim, teremos também 7 destaques, mas não sei ainda
quais serão então não colocamos ainda.
— Certo, vou verificar com as costureiras.
João sai junto e volta ao carro 5, Fabiano estava olhando o
carro e fala.
— Mais uma favela?
— Representações de pobreza, não de favela. – João olhando
em volta, fazendo trejeitos, o que fez Fabiano sorrir.
— Certo, mas tem gente que reclama.
— Eles reclamam se ficar bonito e se ficar feio, então paciên-
cia, reclamam que está ficando pequeno e depois que exageramos,
que é muito confuso, e quando passa, vira didático demais.
Fabiano olha o carro e fala.
— Este ano eles vão dizer que poluímos tudo.
— Com certeza este ano poluiremos a Marques de Sapucaí.
— Não tem medo mesmo.
— Medo de que, ser tricampeão?
Fabiano sorri e fala.
— Eles odeiam isto, mas o que faremos hoje?
— Começa a administrar a segunda parte, começa a descer as
coisas, tem muita coisa, estamos abrindo espaço para começar a
pensar nos demais.
Fabiano foi olhar as coisas da segunda parte, chega na parte
alta, olha as divisões e começa a olhar as partes, ainda plastificados,
pede ajuda e começa a descer a segunda parte, tinha muita coisa
para fazer ainda.
596
João começa a descer as saias da parte frontal do carro, de-
pois as estilizações de parede.
João desce e ajeita os pontos de encaixe de casa parte daque-
las favelas, e começa a por nos lugares, seria um trabalho demora-
do.
Ele para perto da meia noite ao lado de Jorge e pergunta.
— Está como deveria estar a 3 meses. – João.
— Você lembra de detalhes que me passavam desapercebido,
como os espaços de contrapeso e dos geradores, quem olha parece
que tudo está solto, mas estamos na metade do carro e pelo jeito
está querendo terminar os dois primeiros.
— Usando o que sei fazer Jorge, sabe que estávamos come-
çando a pensar quando as coisas desandaram, as vezes queria ser
menos tudo ou nada, mas não seria isto.
João senta-se e olha a parte que ficou pronta.

João olha o amontoado ao lado e fala.


— Amanha vamos prender estas partes ai.
Jorge olha a outra parte do carro e pergunta.
— E onde acha legal filmar para a Globo.
— Pergunta se Milton não quer ver como é desfilar no topo
de um carro. – João apontando a gaiola no fundo do carro 5.
Jorge sorriu e pergunta.
— Tem como chegar lá?
— Logico, mas tem de ver se ele está bem, é uma senhora su-
bida pela escada.
Jorge olha para cima e fala.
— Não teria outra forma?
— Logico que tem, mas que graça teria?
597
Jorge olha o carro e lembra que aquilo ficava a cinco metros,
sorri e fala.
— As vezes eles se assustam com suas ideias.
— A águia deveria ter 28 de asa a asa e estar a 30 metros.
Jorge olha a águia do abre alas e sorri novamente, ele nem
pensara naquilo a 30 metros e muito maior.
João se lava e vai para casa, abraça Micaela e fala.
— As vezes pareço precisar descarregar energia.
— Sei que você pega pesado, alguns cairiam na cama uma
semana depois de um dia como você encara, mas tenta manter os
pés no chão.
— Tô tentando, e queria lhe propor algo.
— Fala.
— Fiz uma oferta pela casa no morro do macaco de Pedro Ro-
sa, as crianças precisam de espaço, fiquei tenso destes dias ter che-
go na sacada e ter visto o pequeno David.
— Ele está sempre olhando para cima, entendo sua preocu-
pação, mas acha que lá é seguro.
— Estou pensando em reformar as piscinas, para serem ape-
nas espelhos de agua, e lá teríamos como dispor melhor um lugar
para sua mãe.
— Eu aceito morar lá.
— Sabe que isto muda totalmente nossa vida? – João.
— Saída especifica ou helicóptero, sei disto.
João a abraça e passa um recado para Pedro confirmando a
compra, ele não investia dinheiro assim, mas as vezes ele tinha de ir
para um lado.

598
Amanhece quinta e João nova-
mente cedo, ele começa a por as coisas
da divisão dois do carro 5 no lugar, e
começa a prender as estruturas, agora
parte já estava ali, ele testa o gerador
subindo e descendo, instala os 3 outros,
e liga os prospectos de giro, e começa a
por as casas a volta, ele olha para o lu-
gar e começa a montar o meio de uma
das paisagens, e sorri, aquilo não pare-
cia o barracão e estava dentro de um
carro.
Ele coloca as coisas no lugar, nem
tudo estava preso, mas quando o pesso-
al chega começam a fixar, João viu o
pessoal da Globo chegar ao fundo e
apenas continuou e próximo das 11 da
manha Jorge e Milton chegam onde ele
estava, dentro do carro 5 na divisão de
traz, na passagem baixa, que tinha pa-
redes imitando fachadas dos dois lados, e do lado de fora, dois ba-
res, com cadeiras, após a passagem de nível que passava um trenzi-
nho que não estava girando, a roda gigante de um lado e mais a
frente as casas frontais, e as retroescavadeiras, isto para os dois
lados, sorri, aquele lugar era uma visão que somente o integrante
teria.
Milton chega ao lado e olha o local e fala.
— Vi isto no começo, mas pelo jeito evoluiu e ficou mais pe-
sado ainda.
Jorge olha o local e fala.
— Um lugar para sentar e ter ideias, dentro de um carro que
ninguém consegue ver no barracão, pois é metade dele isto.
Milton olha João e fala.
— Escondido aqui?
599
— Me escondendo.
O reporte ao fundo chegava apenas agora, e via as rodas gi-
gantes girando, as coisas se mexendo em teste e João continua a
colocar aquela estilização de fachada na parede.
Milton não sabia que João estava ali, lhe disseram que ele
não viera, e acha ele fazendo uma parede do carro, estranha e per-
gunta.
— Vai voltar a escola?
— Eu renunciei para não ter de responder perguntas Milton!
— E pelo jeito ainda pensando grande.
— Era para ter apenas 4 carros, pior que não tenho ideia para
mais dois carros, e estamos com armações vazias, dois construídos,
dois menores projetados e nada mais.
João olha Confusão e fala.
— Paramos um pouco, hora da gravação.
Confusão sorri e João sai dali, ele não ficaria fazendo sala,
Jorge olha que João não queria aparecer.
João entra e foi se limpar, fala com Confusão e saem para al-
moçar, não era dia para ficar por perto e o carro cinco já estava
andando.
Os dois se juntam a Paulinho e Fabiano e vão ao Gamboa Fru-
tos do Mar, dali era um pouco mais longe, bem mais longe, mas de
helicóptero foi um pulo.
João senta ao canto e pede para ligarem uma das TVs, e na
hora da reportagem direto da Cidade do Carnaval, ele para olhando
a reportagem, e Confusão pergunta.
— Problemas com a Globo?
— Não, apenas evitando o inevitável.
João olha a reportagem, Milton de dentro da alegoria 5 cha-
mando Mariana Gross na parte externa, onde a bateria esquentava,
onde os grupos se reuniam, mas a imagem em si falava, acabamen-
to primoroso, e Paulinho fala.
— Vamos terminar aquele carro hoje?
— Tentar, quero ver a repercussão, tem gente da Mais Carna-
val que vai estar por lá a tarde, e não quero aparecer.
— Se escondendo mesmo?
— Eles me querem longe, paciência.
600
— E não se preocupa? – Confusão.
— Eu vou aparecer longe dali, e vou estar ali, então eles que
se preocupem com outra coisa, pois sei que vou por a direção e o
carnavalesco a correr, aquele carro precisa no minimo 398 pessoas
para entrar na avenida, então estamos dando estrutura, para coisas
que vão novamente levar uma escola de samba sobre elas, pois
duas mil pessoas espalhadas em 6 carros, é muita gente para admi-
nistrar, mas é questão apenas de ter um diretor para cada setor do
carro, assim como tem para as alas.
— E pelo jeito o que falam de carnaval gigante é mesmo sua
cara Mayer. – Confusão.
— Eles nem viram o prospecto e falam que é grande, mas Ro-
berto vai fazer falta este ano, ele era um símbolo que a escola per-
deu e o respeito.
Todos veem a reportagem voltar, e apenas olham a anima-
ção, na verdade não tinha muita coisa, a primeira chamada de 4 que
fariam nas escolas aquele ano.
Primeira na serie Barracões e ultima na parte Quase Lá.
O grupo volta para a escola e João pede para falar com Jorge
enquanto os demais iam para a produção do carro 5.
Jorge entra na sala de João e pergunta.
— Problemas?
— Quero saber o que pretende com cada carro, me afastei e
estou meio deslocado, estou nos dois que pareciam exatamente o
que tínhamos falado.
— Tínhamos colocado estruturas e o carro final, você falou
em mudar, e não sabia exatamente o que fazer.
João pega uma escultura rotativa de Roberto, o pai, o bichei-
ro, o carnavalesco, e fala.
— Pensei em por esta escultura a frente do carro 6, mas o
carro é ainda uma incógnita, pois eu penso em algo, mas não parece
que faça sentido. As vezes me desligo da ideia, e tenho de voltar a
ela, sei que parece estranho, mas é que para mim carnaval se cons-
trói aos poucos.
— As vezes você coloca medo, pois entra fazendo, mas en-
tendi, você fez o que sabe o que vai a avenida, mas pelo jeito tem
um prospecto de ideias.
601
— As vezes não penso nisto, falar serio, vou ajudar aqui Jorge,
mas a ideia é sua, eu tenho algumas coisas para fazer este ano, e
não é descaso não, tenho de terminar algumas coisas.
— Certo, mas os carros estavam projetados, mas você trans-
forma um carro simples como o 5 naquele complexo de coisas.
— Ali foi algo que queria somar, e juro, as vezes eu me atra-
palho, pois o tripé que vinha afrente deles, era algo simples, e de
repente, não consigo pensar em somar tudo ali.
— Sei que as vezes as coisas nos parecem fácil, mas também
não sei, ficou a base do carro 4 ali, e é basicamente a base que usa-
ríamos no tripé, mas maior.
— E se mantivéssemos Jorge, algo simples.
— Como algo simples? Não cabe algo simples.
— Manda convite para 100 pessoas ligadas a religião indíge-
na, 100 ligados a religião cristã e 100 ligadas a Afro religiões, e colo-
camos as três esculturas, tamanho 18 metros cada, e a volta, as
pessoas, todos unidos, com mãos dadas, cantando nosso samba,
união, todos olham as demais como divergências, mas cada uma, é
a fé de um povo, mas elas não precisam se odiar por isto.
Jorge olha João e pergunta.
— E como faríamos algo assim?
— Algo simples. – João pega as 3 imagens, joga no computa-
dor, e dispõem sobre a base que tinham já no andar inferior e fala.
— Algo assim, lá embaixo tá mais bonito.

Jorge sorri e fala.


— Com 300 pessoas das religiões nos carros.

602
— Sim, todos no respeito. Estatuas de 9 metros sobre estru-
tura que terá embaixo e dispor de símbolos de cada religião e brin-
car com quem acredita em cartas, sorte e bruxas.
— Tudo no mesmo carro?
— Tivemos de juntar as partes, mas precisamos das pessoas
no carro.
— Vou falar com algumas pessoas, algo simples mesmo, al-
guma ideia sobre isto?
— Deixar a armação ali vazia até duas semanas para o desfile,
deixar as esculturas lá encima.
— Algo simples, mas na surpresa?
— Sim, e bem acabado.
— E como resolveríamos os outros dois tripés.
— Balões, sobre as alas. – João.
— As vezes você põem as coisas como fáceis, mas aquela re-
gião frontal da escola está assustadora.
— Eles vieram e exploraram a terra sem parar, eles fazem isto
até hoje, os herdeiros dos que vieram, os muito ricos, e acham nor-
mal avançar e continuar a destruir, não é ação de muitos, mas eles
justificam com empregos, mas manter as terras saudáveis e produ-
tivas gera mais emprego do que avançar, extrair e destruir.
— Certo, você já bateu nesta ferida muitas vezes, eles não
gostam deste seu lado critico, mas entendo, temos de fazer pensar,
e a ideia deste enredo, é bem, fazer pensar, que a pessoa se colo-
que na posição da outra para ver o mesmo problema.
— Sim, mas não entendi o carro dois.
— Eu estou me batendo em pensar no prospecto que ficasse
clara a ideia, pois fica tudo muito poluído.
— Perde o medo Jorge, estamos em uma escola que tem re-
cursos, e que não precisa implorar coisas.
— Você ali era mais fácil, você colocou as peças que estão ai,
tudo anda mais calmo, as pessoas reagem diferente quando um
Gabriel pede e quando você pede.
— Certo, eu coloco pilha, eu não sei pensar em algo pequeno,
sinal que parte está sem vir?
— Não sei, Sergio libera a maioria das coisas, mas ainda falta
muita coisa João.
603
João olha as coisas, e fala.
— Vou verificar como estão as coisas, mas precisava abrir es-
paço, e sei que algumas coisas, vão ficar na parte alta, pois os encai-
xes lá embaixo, vão ali, mas voltar para lá na Marques.
— Acha que dá tempo?
— Pelo jeito quando pensam não vai dar, me chamam de vol-
ta, mas estava meio arisco a voltar, eu soltei, sei disto.
— Você pulou fora e muitos ficaram preocupados.
— Eu não me considero mais coirmã de nenhuma escola Jor-
ge, eles viram que daria merda, viram a morte de Roberto como
ganho, eu dando apoio a Imperatriz para não sentirem a morte do
presidente lá, e armam para a morte aqui, e queriam minha morte
junto, desculpa, posso sorrir, mas nunca mais como antes para eles.
— Até eu levei tiro este ano, Gabriel entendeu que era mais
profundo agora, quando fomos atacados, mas eles esquecem que
você quieto, na escola é mais seguro.
— Eu seria o mesmo aqui ou fora daqui, mas eles pelo jeito
queriam algo, e com certeza, teremos problemas, pois somente os
vivos sofrem processos.
João viu Jorge sair e Sergio entrar, ele olha ele e pergunta.
— Como estão as coisas Sergio?
— Não entendi as imagens de ontem, do Abre-Alas, onde vão
aquelas fantasias?
— Este é um dos assuntos, preciso de pessoas para os dois
carros que estamos terminando – João passa a lista para Sergio –
372 pessoas para o Abre-Alas, 402 para o carro 5, estava discutindo
com Jorge, que vamos precisar de 300 pessoas para o carro 4, então
preciso que alguém separe estas pessoas e as convoque.
Sergio olha o prospecto e fala.
— As vezes Ricardo me pergunta se Fabiola vai desfilar a fren-
te.
— Pensei em por ela no carro 6, pois tem uma homenagem a
Roberto ali, e nada melhor que ela para estar ali.
— Uma homenagem?
— As três formas que se olhava para ele, e digo que nenhuma
delas o definiam, o bicheiro, o pai, o carnavalesco.

604
— Certo, algo a por no carro final, mas pelo jeito estão pen-
sando nos carros ainda.
— Tem coisa que não está pronto Sergio, porque seguraram
os pedidos, Jorge colocou no papel algo para se fazer até fevereiro,
tudo que não pediram, vai atrasar.
— Gabriel acha que o gasto está grande demais.
— Eu não vou discutir, vou pedir, e se não comprarem, não
vou pedir uma segunda vez Sergio, pois a parceria com a escola, já
colocou na conta os 12 milhões, então se não querem comprar, não
vai a avenida.
Sergio saiu e João viu que a aura estava achando exagero, en-
tão ele apenas desce e vai ajudar os rapazes, e olha para a base do
carro 4 e fala para Hermes, um rapaz da estrutura, e pede para re-
forçar as estruturas de rodas, pois aquele carro pequeno, vai com
300 pessoas.
Ele olha o projeto do carro 2 e começa a pensar nele.
Gabriel olha para Sergio pedindo coisas e fala.
— Vai pedir sem passar por mim?
— João disse que vai pedir uma vez, se não pedirmos, ele não
vai pedir de novo Gabriel, e não vai a avenida.
— Mas os gastos.
— Quer que ele tire o dinheiro que ele colocou na escola, vai
por ai menino, pois ele sabe que este dinheiro está na conta.
Gabriel olha descontente e fala.
— Pede, mas quero saber dos gastos.
— Ele já tinha pedido isto a 4 meses, então estamos 4 meses
atrasados, e pelo que soube, ele simplificou o carro 4, sinal que o
que ele pediu para ele, não dá mais tempo de fazer.
Gabriel olha os pedidos cancelados e entendeu que João es-
tava encolhendo, no que eles pediram, então se o gasto estava pró-
ximo dos recursos da parceria, ficaria abaixo disto, mas sinal que
João pensaria sobre este recurso.
Os ensaios não estavam acontecendo no Clube Caiçara, pois
ninguém pediu para ir para lá, o pessoal dos demais grupos, tinham
Jacarepaguá, então João não estava forçando.
Ele estava no barracão mas sentia que eles não queriam o
que ele queria, e isto fazia ele querer se afastar.
605
Micaela chega perto das 5 e abraça João.
— Pelo jeito começou a não gostar de algo, sinal que teremos
um grande carnaval.
— Seu irmão está segurando os gastos, então parte do que
deveria estar pronto, não foi nem começado, algumas coisas, nem
dá mais tempo de fazer, então na minha cabeça, estou mudando as
bases dos carros 2, 3, 4 e 6.
— E não gosta disto?
— Mick, nós colocamos este dinheiro na escola, se ele não vai
a gastar, não adianta colocar, pois é destaque para as Joias, mas que
parece estar servindo para coisas que não são escola, e sim, gastos
que não são essenciais.
Micaela olha o carro e fala.
— Vai terminar mais um?
— Pensando nele, como fazer algo barato que possa ajudar,
mas eles pararam até as maquinas de reciclagem, que nos gerava
acabamentos de cabeça, para economizar combustível.
— E isto você não gosta, carnaval pela metade.
— Como digo, eles querem por meio carnaval na avenida, co-
locamos, mas depois não me encham o saco.
— E não vai discutir?
— Vou terminar os carros, e deixar tudo na mão de quem faz,
mas isto quer dizer, as fantasias estarão prontas em Janeiro, o resto,
talvez em Maio.
— Certo, você não vai forçar, e pelo jeito já falou demais, pois
a cara do meu irmão lá encima mudou.
— Eles me querem embaixo de um carro, este ano, estarei, e
não serei visto aqui, mas daqui a pouco vamos descansar.
— Esperando o que?
— Este a frente ficar pronto na montagem, falta parte da luz
dos carros, e pedi, espero que chegue, pois seria triste entrar apa-
gado com algo assim na avenida.
— Certo, todos falando que faltava pouco, você está pensan-
do no todo.
— Sim, estes dois carros são acordos, então eles saem de
acordos, por isto vieram as peças, as coisas, mas como eu me afas-

606
tei pensando que Gabriel tinha entendido que carnavais grandes
atraem dinheiro, pequenos apenas desandam.
João fica a olhar o carro ser feito e perto das 11 da noite ele
olha o carro ficar no ponto que poderia ficar.

Micaela olha João olhando o carro e o projeto e sorri. Um su-


per carro alegórico a frente e parecia que as pessoas nem sabiam
que tudo isto já estava ali, mas entendeu que sem luz, ficava morto,
a ideia era muita luz.
João e Micaela saem e Gabriel olha Ricardo e fala.
— Ele começa a por as mangas de fora tio.
— Se não queria isto, não o tivesse atraído, ele estava meio
desconfiado e não querendo vir, reparei que tudo que parecia mui-
to, era dois carros, sinal que ele queria muito mais coisas pronta.
— Terei de olhar o que ele pediu hoje, ele riscou algumas coi-
sas, sinal que ele ou mudou de ideia ou não vai por na avenida.
— Sabe que ele odeia carnaval preguiçoso sobrinho.
Gabriel olha as duas metades do carro e fica pensando no que
teria de fazer a mais, viu o pessoal tirar o combustível, tirar as late-
rais e levar para cima, eles guardariam parte, e pelo jeito era um
carro imenso.
João olha para Micaela e pergunta em casa.
— Vai comigo amanha?
— Vou, não entendo o que faremos?
— Apenas olhar de longe.
— Você continua a somar.
— Sim.

607
Amanhecia no Rio e o Bom Dia Rio
chamava a atenção com as imagens do
cais em Guaratiba, com o prédio ao fun-
do e o repórter falando, ainda amanhe-
cendo, clareando aos poucos.
— O pessoal corre ao fundo para
ajeitar tudo, devemos hoje, com a che-
gada dos 4 primeiros cargueiros para
inauguração do porto de Guaratiba, ao
longe dois barcos que esguicham agua,
estão prontos para receber os 4 primei-
ros cargueiros, hoje inauguram aqui, um
porto que emprega 24 horas por dia, 6
mil pessoas começando hoje neste em-
preendimento da Marítima e da MD
Empreendimentos, a inauguração é pró-
ximo das 9 da manha, e temos todo
pessoal correndo para ajeitas as coisas e
os dois primeiros cargueiros já chegam
ao fundo.
As imagens do porto, a noite acesso, e pronto para funcionar,
vira noticia, e 6 mil empregos, gera os políticos querendo aparecer.
O prefeito olha os assessores e um fala.
— Quem viu eles pedindo, parecia uma obra para anos e va-
mos inaugurar no primeiro ano.
O prefeito que havia olhado a obra no dia anterior fala.
— Temos de estar lá, as 7, primeiro para a inauguração de es-
trutura, depois teremos a apresentação local, se o anterior inaugu-
rou parte, estamos na sequencia, e sabemos que temos muita gente
começando hoje, o porto já está funcionando, pois as cargas já es-
tão lá para serem carregadas, mas é uma obra com pros e contras,
então não falamos nada sobre os contras.
Os assessores concordam enquanto na região do porto um
grupo de manifestantes se prepara para tentar aparecer na foto. O
prefeito chega a região passando pela manifestação.
608
O bom dia Rio volta a região com a reportagem, que olha a
câmera e fala.
— Ao fundo, o prefeito e o governador inauguram a nova li-
nha de metro, que liga a região ao centro, passando pela zona sul,
girando em torno da zona Norte e com parada a entrada do novo
cais do porto.
A imagem da inauguração estabelecia que o metro já funcio-
nava, estavam inaugurando uma linha que agilizaria a chegada ao
local, e depois vão a inauguração da região de entroncamento do
novo sistema de ferrovia que trazia a região, contêineres que chega-
riam em quantidade e sairiam também rapidamente.
O prefeito anuncia que estariam inaugurando junto a estrutu-
ra, os novos sistemas de produção da MD Camarões, da Mayer Em-
preendimentos, da Marítima e da MD Industrial, gerando na região
um polo de produção industrial.
No prédio ao fundo, João e Micaela olhavam a obra, acompa-
nhavam a inauguração total pela Globo News, e obvio, não era todo
dia que se inaugurava um sistema que lhes gerariam bilhões, e
aquela estrutura tinha esta pretensão.
Micaela olha o local e olha ao fundo, onde se via os prédios
imensos ao fundo da AR, sorri e fala.
— Vamos pelo jeito um final de ano de inaugurações.
— Sim. – João com os meninos ao braço e olhando para a
obra e fala.
— Eles não imaginam os planos Mick, vamos em inaugura-
ções por 20 dias, daqui andando no sentido da saída da Baia.
— E tem coisas que não se inaugura ainda?
— Acho que eu forço o crescer, mas quero com qualidade, fa-
zer apenas uma vez.
Micaela de mãos com a pequena Mirian, abraça João olhando
as inaugurações, perto das 10 da manha, eles pedem um helicópte-
ro e vão a Cidade do Carnaval.
João passa no estoque e começa a pegar os cabos, fios e lu-
minárias do primeiro carro, não sabia se tinha tudo, mas ele olharia
os detalhes, e testaria as luzes.
As vezes ele tentava não ir além do que lhe determinaram,
mas ele passa os pedidos novamente dos demais carros, se era para
609
acabar em fevereiro os pedidos teriam de ser feitos agora, e Sergio
viu João ir fazer a parte elétrica do abre-alas, e passa para Gabriel os
pedidos.
João foi colocar as canaletas, isto ele tinha para todos os car-
ros, tinha geradores para todos os carros, tinha parte da iluminação,
então ele teria trabalho, enquanto a cidade falava das inaugurações
da MD e Marítima, João estava embaixo do carro.
Ricardo chega ao barracão e viu a sobrinha e os sobrinhos ne-
tos, e olha Micaela.
— Todos falam que deveria estar com seu marido em Guara-
tiba, problemas?
Micaela olha o carro e fala.
— Saímos de lá as 10 tio.
— E onde ele está escondido então?
— Embaixo de alguma parte deste carro ai a frente, colocan-
do canaletas de energia.
— Todos achando que ele está por lá.
— Deixa pensarem tio, não precisamos falar que estamos
aqui, as vezes é mais fácil fazer coisas demoradas, mas ele está em
algum lugar embaixo deste carro ai. – Fala ela apontando o carro a
frente.
Ricardo sobe e olha Gabriel olhando os pedidos e fala.
— Vai continuar segurando os pedidos? – Ricardo.
— São gastos imensos.
— Se não ia soltar o dinheiro que ele mesmo colocou na con-
ta, não o chamasse sobrinho, já que para ele é trocado, mas ele não
é de por dinheiro duas vezes na mesma coisa.
— Sabe onde ele está?
— Embaixo do Abre-Alas passando condutos de energia.
— Ele não pediu isto?
— Tem de sobra no estoque, ele vai passar o que tem e de-
pois pedir algo a mais, ele não gasta o que tem sobrinho, se acha
que ele pediu demais, não via os pedidos de alguns carnavalescos.
João sai debaixo do carro próximo da uma da tarde, e com
Micaela, os filhos, come na cozinha da escola, aquele dia estava
meio parado.
João come com calma sobre o olhar da filha que lhe sorria.
610
Volta a passar agora cabos de energia, colocar os tanques de
lastro, os tanques de combustível, os isoladores, depois os gerado-
res.
João monta a cabine de comando e a liga, agora tinha as ima-
gens laterais, e os sistemas de desacoplagem, já que o fundo do
carro, era um acoplado estrutural, ia todo desacoplado.
Ele separa as partes, olha os sistemas e encolhe a parte fron-
tal, onde as ondas se aproximavam, e recuavam dos 13 metros para
os 8 metros, ele testa o inclinar frontal das sereias, que deitam ao
chão, o abaixar da parte do fundo, com o descer da águia, e o abai-
xar de toda a favela do fundo.
Ele olha os comando, teria de verificar algumas coisas, mas o
sistema já estava ali, agora era por as luzes, os canhões de gelo se-
co, os holofotes, as linhas de led, os caminhos de chegada de todo
carro.
Ele começa a por os acabamentos da parte final, e olha Mica-
ela olhando ele.
— Esqueço da vida aqui.
— Você sabe o que quer, eles não entendem, carro alegórico,
tem de ser alegórico, não apenas um carro.
— Este carro é dos poucos que consigo ir do começo ao fim,
então eu vou ao fim, e depois vou por os geradores do carro 5, e
verificar a pintura do carro 4, mas ainda falta muito.
— Parece desiludido?
— O barracão deveria estar em condição de me perder aqui
60 dias, o que tem, não termino o ano aqui dentro.
Micaela sorriu e fala.
— E não vai insistir.
— Talvez eles tenham razão, precisamos de algo mais natural,
menos pesado, e não sei, este ano não vou por a escola na avenida
Mick, já que eles não me querem lá.
— Acho que eles querem.
— Não vou insistir este ano Mick.
— Sabe que eles podem lhe culpar.
— Se eles não me querem, e parece apenas discurso de me-
do, o me reaproximar, não vou bater, mas as vezes até me canso
disto.
611
— A eterna contradição de Mayer, ele quer fazer como ele
quer, não como eu ou Gabriel, ou meu falecido pai queria.
— Estou talvez os dando motivo para me detonarem.
— Querendo sair da família Beija-Flor.
— O que não entendi ainda, as vezes me acho mais Beija-Flor
que a maioria, um desconhecido por alguns, um conhecido na co-
munidade de Nilópolis, alguns podem me odiar lá, mas pelo menos
sabem que sou, aqui, apenas o pessoal ligado ao carnaval, execu-
ção, sou alguém chato, não fico fazendo sala.
Micaela o abraça e fala.
— Vai até tarde?
— Não, amanha cedo tem a inauguração oficial da AR, então
vamos descansar um pouco.
— Eles pensando que você vai estar embaixo de um carro, e
está pensando em amanha.
— Sem aparecer muito ainda.
— Ainda?
João apenas sorri, eles sobem e saem no sentido da Barra da
Tijucas.
Nos barracões em volta, muitos falavam que João Mayer foi
visto no barracão por Milton Cunha, Lucas olha Louzada e pergunta.
— Ele trocou ideias?
— Apenas ideias sobre um tema para o ano que vem, ele não
parece estar preocupado, e todos falam que Gabriel é mais contido
em gastos, ou que está faltando dinheiro ao lado.
Eles olham o imenso carnaval que estavam fazendo, e olham
toda a estrutura.
Os carnavais andando, o programa do dia tinha sido na Cha-
tuba de Mesquita, e no dia seguinte seria Vizinha Faladeira, e todos
olhavam barracões maiores.
Mas a família foi primeiro ao Caiçara, se divertiram com as
crianças e depois foram a apresentação oficial da casa para as crian-
ças, da casa no Morro do Macaco.
As crianças foram descobrir onde as coisas estavam, a mãe de
Micaela olha encantada e pergunta.
— Esbanjando?

612
— Mudando o foco mãe, mas a casa é boa para varias coisas,
entre elas, descontrair, e ficar longe das fofocas.
— Esta é das caras, não é uma casinha, é uma super casa on-
de nem sabia existir uma, mas pelo jeito estavam querendo o local.
— João perguntou se achava bom e apenas concordei.
A família volta a Barra, onde cada parte ajeitaria as coisas pa-
ra a mudança, a vida mudando de foco.
João olhava para fora e Micaela o abraça.
— Pensando longe?
— As vezes temo o futuro, ainda mais quando não dá para me
posicionar, e sabe que acabo me posicionando.
— Certo, tenta bater leve.
— Tem gente ainda falando mal de mim, então eu apenas es-
tou querendo não atrapalhar mais do que o normal.
— E parece pronto a pular fora de novo. – Micaela olhando
ele serio.
— Não me entenda errado Mick, eu não quero pular fora, eu
não vou pular fora, mas não dá para por 12 milhões em um acordo
de financiamento, e ter de tirar do bolso os acabamentos do carna-
val, não é pular fora, é fazer de forma diferente, já que eu e você
não fornecemos mais material, eu e você, não estamos ganhando
vendendo para as escolas, elas queriam pagar mais, então que pa-
guem, mas não é por isto que vou dar de graça as coisas.
— Pelo jeito está faltando de tudo.
— Começamos o ano, fazendo propaganda dos sistemas de
reciclagem de material, a primeira coisa que seu irmão fez quando
assumiu, foi parar a reciclagem.
— Sabe que muita gente fala horrores da reciclagem, apenas
por desconhecer ela.
— Sei disto, mas eu fui para dentro pensando em acelerar, e
não estou conseguindo.
— Eles acham que você fez milagre em uma semana.
— Eu montei o que estava pronto, para dar a real dimensão
do que falta, era para os andares superiores ainda estarem lotados
de coisas.
— Certo, você olha o todo, mas tenta não brigar e nem pular
fora desta vez.
613
João a abraça e fala.
— Vou tentar com força.
Os dois se beijam, enquanto do outro lado da cidade, Milton
Cunha olha Jorge Caribé.
— Como estão as coisas na Beija Flor Jorge?
Jorge olha em volta, não tinha câmera e fala.
— Tudo atrasado.
— Problemas internos?
— Apenas desentendimentos, uma morte, e ter levado tiro,
nada que entenda a fundo.
— E está bem?
— Sim, mas as coisas estão quentes lá.
— Mayer colocando as asas de fora?
— Não, Gabriel é quem está liberando o dinheiro e parece ter
retido tudo, e sabe que Mayer sem material, não trabalha.
— Mas Mayer tem dinheiro.
— Sim, mas a parceria da Beija-Flor Joias já colocou dinheiro
lá, ele não vai por mais dinheiro.
— Entendi, ele não quer gastar mais do que já gastou, e pou-
cos o veem lá.
— Ele foi lá e em dois dias, montou o que tinha para montar,
agora é esperar o milagre.
Milton se afasta e olha para o companheiro.
— Beija Flor pelo jeito não decola este ano.
— Pelo jeito o investimento não entrou?
— Pelo que entendi, entrou e Gabriel torrou.
— Pior ainda.

614
Mais um dia iniciando e agora o
anuncio da inauguração da AR, com seus
barracões e seus 4 mil empregos diretos,
fazia muita gente continuar a olhar para
a região da Baia de Sepetiba, em Sepeti-
ba, novamente as pessoas olhando os
empregos, vendo que naquela região
também tinha uma estação de metro, a
apresentação das instalações deixam
todos encantados.
João acompanha Micaela e pegam
as crianças e colocam em um carrinho
que normalmente seria de golfe, mas ali
era transporte interno, pois os espaços
eram imensos.
Enquanto o prefeito inaugurava a
parte frontal, estação do metro, Mayer e
a família davam uma volta no local, os
barracões, ele aproveita e para na reta
da pista de decolagem, os barracões
mais baixos que a pista, ele olha a disposição e olha em volta, não
se diria que uma imensa base se ocultava abaixo das arquibancadas
e da pista.
Ele olha os detalhes e Micaela pergunta.
— Qual a intensão real daqui?
— Apoiar testes caros, como o primeiro avião elétrico brasi-
leiro a dar uma volta ao mundo, como ponto de partida da primeira
corrida nacional de carros elétricos, e uma base abaixo dos pés, que
seja reforço a Aeronáutica nacional, com local para 300 caças.
— E na aparência uma fabrica com uma base da Aeronáutica
e uma pista de corrida?
— Uma super fabrica, não qualquer uma, e vamos ter uma
pista que vai ser 300 dias do ano pista, e alguns dias, podem ser
base em Guaratiba do Carnaval, em Setembro, base da festa da
Independência, e as vezes, pista de corrida, então é um espaço mul-
615
ti função, uma base a mais para usos gerais, mas o acordo aqui é
entre nossa empresa e a Aeronáutica, e a AR, se eles pularem fora,
vai ser muito mais perda a eles, não mais para nós.
— Certo, agora os está forçando convivência, e pelo jeito al-
guns começam a entrar nos planos.
— Tem um barracão ao fundo, que cabe 10 cargueiros em
construção por vez, temos dois barracões, os menores são para
caças, helicópteros, monomotores, bimotores, ao fundo teremos
um cais de porto para embarques diretos ou para receber peças
maiores vindas de outras divisões.
— Você faz parecer fácil pensar em algo assim João, mas você
constrói uma estrutura, que pelo jeito nem quem está inaugurando
sabe o tamanho?
— Teremos hoje primeiro os eventos aéreos, depois as inau-
gurações das divisões da AR, depois a inauguração da pista de corri-
da, e lançamento do desafio a grupos nacionais, para desenvolve-
rem o avião elétrico que dará a primeira volta ao Globo saíndo da-
qui e voltado para cá, e o anuncio da compra dos caças e cargueiros
da Aeronáutica pelo presidente.
— Quem vê pelo jeito não entende o todo.
Eles estavam parados no meio da pista, e vão a uma entrada
lateral e João fala.
— Abaixo dos nossos pés tem uma base de dois andares, que
cabe 80 caças, então obvio, teremos de formar pilotos de caça.
— Eles não sabem se te amam ou te odeiam mesmo.
— Hoje são todos amores, amanha viram todos inimigos.
Micaela sorriu e os dois observam ao longe as inaugurações.
Próximo das 11 da manha, a família volta a Cidade do Carna-
val, João sobe a sua sala e viu Gabriel entrar pela porta.
— Podemos conversar João.
— Fala, sei que não paro muito para trocar ideias.
— Acho que fiz merda.
— O que fez, parece preocupado.
— Investi parte dos recursos na bolsa, e somente depois sou-
be que não teria como retirar o dinheiro assim, que o ganho é mais
a longo prazo e fico com esta cara de bunda de quem não está pe-
dindo as coisas.
616
— As ações são boas?
— São de empresas conceituadas de um tal de João Mayer,
mas cai na arrogância e inexperiência deste tipo de mercado.
— Muito dinheiro?
— Metade do que entrou da parte de Joias.
— Quer ajuda, pede Gabriel.
— Eu sei que parte disto eu pulei fora, achando que era uma
fortuna, vocês nem discutiram naquela época.
— Ações são coisas boas para investir, se tens calma de espe-
rar ou as vezes uma sorte, não normal para ações, elas valorizam
aos poucos, e as vezes, parecem estáveis, até perdendo valor, mas
elas geralmente sobem cobrindo bem acima da inflação.
— Certo, mas como faço?
— A parte da Globo já entrou?
— Entra em 8 dias.
— Se eu adiantar esta parte em compras me deposita este
dinheiro e avançamos Gabriel.
— Certo, me comprometo a depositar, e referente as ações?
— Agora o ideal é vender, dependendo das ações, depois da
declaração de lucros e dividendos de Abril, antes disto pode até não
perder dinheiro, mas não vai ganhar montantes bons.
— Vi que você acaba mostrando que parte do que não com-
prei era preciso, e não entendi ainda todo o complexo.
— Eu vou montando de acordo com o que chegar, um que
deve chegar deve ser o carro Religiões, que tem a parte alta, quase
pronta, e agora falta todo resto.
Gabriel olha João e pergunta.
— E como seria este carro, vejo apenas aquelas três escultu-
ras na parte alta.
— Deixar claro que ali em baixo, vai continuar a base dele,
como se não tivéssemos nada ainda.
— Certo, mas qual a ideia? – Gabriel
João pega um rascunho e coloca a mesa.

617
— O que temos e não foi cortado nos custos e você pediu, vai
dar para desfilar mais ou menos assim.
Gabriel viu o esboço e olha para fora, sabia que tinha uma
armação ali em baixo, mas nada disto na armação, entendeu que as
esculturas iam acima, e que teria um grupo embaixo.
— E acha que consegue pelo menos colocar neste ponto?
— Tinha mais painéis e esculturas para este carro, mas não
me confirmaram se conseguem e nem pedi ainda, então depende
de pedir e eles terem tempo de entregar.
— Certo, este seria o carro 4?
— Sim, Carro com 18 metros.
— Vou liberar tudo que conseguir, e tentar ajudar, as vezes
esqueço de perguntar para os ao lado o que fazer, e o pai vai fazer
falta.
— Tem de assumir esta parte também.
— Mas acha que conseguimos?
— Vou olhar, pois algumas coisas vão ficar sem a estrutura
que eu queria, mas vou tentar fazer o máximo que conseguir.
— Tinha de lhe ser sincero.
— Bom, as vezes evita a fofoca, já que todos falam que está
faltando dinheiro aqui, apenas não havia perguntado para não
ofender Gabriel, sei que as vezes tento evitar briga.
— Certo, e vai fazer qual parte hoje?
— Ajeitar o barracão.
— Muita coisa a fazer pelo jeito?
— Desisti de algumas ideias, algumas coisas não vão chegar,
mas algumas vão, então vou tentar pensar em uma forma de fazer.
João vai a sua sala e olha para Jorge entrar e sorrir.
618
— Não sei o que fez, mas vi que os pedidos foram feitos.
— Vou tentar pensar no que podemos terminar, como estão
as fantasias?
— Não gostou de algo?
— Uma das maquinas que produzia plumas falsas, está desli-
gada, e sei que em Janeiro precisamos de plumas para umas 30 alas.
— Vou verificar, esqueço que você olha detalhes que para al-
guns passa desapercebido.
— Sei disto. Outra coisa, eu pedi para cada aderecista olhar
nos seus contatos, quem eles conheciam que fazia isto e estava
desempregado, então devem se apresentar ai algumas pessoas,
vamos fechar 30 grupos de aderecistas, 5 por carro, eu queria mais,
mas acredito que não conseguimos trabalhar internamente com
tanta gente, pois estamos falando em 300 pessoas trabalhando em
dois andares, fazendo próximo de 70 esculturas por carro, para ten-
tar não chegar muito incompleto na Sapucaí.
— Falou com Gabriel?
— Sim, então vamos acelerar, vou pedir reforço para a cozi-
nha também, pois são bocas a mais para trabalhar, a ferragem vai
correr, estamos ainda com parte das ferragens sem fazer.
—E quer uma correria até o carnaval?
— Eu vou testar algumas coisas neste carnaval, e vamos abu-
sar de luz.
— Você falando em abusar vai deixar alguns tensos.
— O Carro 3, eu tinha pedido, não sei se foi cancelado ou con-
firmado, 72 mil metros de correntes de led.
Jorge entendeu que algo assim precisava de muita energia.
— Quantos geradores?
— 8 apenas no carro 3, temos os geradores, temos de testar e
colocar para funcionar, mas não é tão preocupante assim.
— E porque tanto?
— Eu não terminei a ideia do carro 3, assim como do carro 6,
você me deu ideias e colocamos no complexo, mas a dica, vamos ter
5 alas entre a parte da frente e a parte do fundo do carro 3.
— Mas qual a ideia, parece para mim o carro mais incompleto
ali.

619
— Sim, a ideia era algo simples mas bem feito, as muralhas a
volta estão ali, mas para dentro da parte frontal, terá as coroas, e o
castelo, a frente os ricos evoluindo, e as costas os ricos evoluindo, e
no centro, as favelas e os trabalhadores, na parte frontal temos o
exercito do rei mantendo o povo de fora, na parte ao fundo, temos
a policia mantendo o povo de fora.
— Mas como não ser tido como dois carros?
João ainda não tinha esta certeza, ele pega os prospectos de
compra de um quebra cabeça de peças, que seriam montadas a
parte, levadas a parte, e que naquele carro ficaria sobre o mesmo,
para não ocupar espaço e para facilitar o transporte, então ele esta-
va pensando no todo, fazer e transportar, e pega um pequeno ras-
cunho e mostra para Jorge.

Jorge olha o esboço, pensa no caro na parte baixa e pergunta.


— Quanto teria este carro de comprimento?
— Próximo de cento e sessenta metros.
— Quer por as pás giratórias a frente e ao fundo?
— Sim, é a parte mecânica que está em teste, as esculturas
deitam, as laterais se soltam, e a ponte entre as duas partes, sobem,
novamente desafiando a regra.
— Quantas pessoas entre os carros?
— A ideia é ter um tecido com partes entre as duas partes pa-
ra não existir forma dos componentes não andarem com o carro,
pois estariam todos juntos.
— Certo, uma forma de não arriscar, mas que gera uma evo-
lução duvidosa.
— Sim, e que vão ensaiar fora do carro e só entenderão o
problema na avenida.
— Quer se complicar de novo.
— Quero tentar me divertir um pouco este ano.
Jorge sorriu e pergunta.
620
— E com certeza pretende por algumas coisas a mais?
— Sim. Isto é só um esboço, ainda falta representações que
não pensei ainda.
— Como quais?
— Os pobres, os ricos, os políticos, ai é só um esboço, to pen-
sando neste carro ainda. Depende do que ficar pronto.
— Certo, quer ele mais pesado.
— Mais dinâmico, pois este é o prospecto básico, e se pensar
que este básico me coloca 418 pessoas sobre o carro, mais 450 no
intervalo dos carros, é muita gente para controlar num pequeno
espaço.
— Nem tão pequeno, mas entendo, você faz pedaço a pedaço
na cabeça, você pega uma ideia que damos a você e a amplia na
execução, na ideia em si, tínhamos colocado dois tripés, os reis, os
servos, e os apadrinhados do rei, que seria na segunda visão o go-
vernante, o povo e os empresários favorecidos, e por fim, a classe
media, tida como rica, o trabalhador, tido como bem de vida e o
pobre, sem nada.
— Sim, as 5 alas internas, uma frontal e uma ao fundo, falam
disto.
— Um complexo de 7 alas, mais de mil pessoas.
— Se eu ajeitar 6 partes de mil eu termino a escola.
Jorge sorriu.
— E acha que aquele carro 5 está bom?
João olha em volta e fala.
— Logico que não, mas vamos separar cada divisão dele em 5
partes de dois metros e meio, vamos fazer os acabamentos de cada
parte, integrais, e quando chegar a hora, montamos na armação
algo fácil, as 25 partes do carro unindo-as na Presidente Vargas.
— 25 partes, não entendi.
— Tem de chegar lá, e as vezes, quero tentar uma forma de
fazer diferente, estava pensando antes de voltar Jorge.
— E quantos metros ficaria isto, já estava grande.
— Um carrinho de 120 metros.
— 120 por quanto?
João conta nos dedos e fala.
— Próximo de doze e meio.
621
— Altura?
— 19, talvez 19 e meio, mas isto é uma ideia a mais.
— Então o carro 5 acha que fechou? – Jorge
João olha o prospecto e coloca na tela do computador.

Jorge olha o carro, lembra do projeto e fala.


— Bem mais sua cara, mas tem um monte de detalhes que
não lembro de ver nele.
— Lembra que vamos por muita gente para corre, os beija
Flor deste carro vão ser em fita de led e recortes de espelho, sobre
estruturas de alumínio, um sistema de giro redondo em um sentido
e um quadrado superior no sentido oposto.
Jorge olha os detalhes e fala.
— Quando falam em fazer algo grande, você sempre tenta se
superar, vamos por imensos carros de novo?
— Sim, e não consegui fechar a ideia do carro final, talvez por
ter colocado uma coisa a cabeça, então estou segurando ele, en-
quanto penso, mas não quer dizer que não vamos entrar com ele.
— Definiu então 3 carros?
— 5. Embora quero por acabamentos a mais no 3.
Jorge olha intrigado e João fala.
— Abrimos com – João aponta o carro.

— Fazemos toda a linha frontal e vamos ao segundo carro.

622
João pensa um pouco, ele queria fechar a ideia, então estava
tentando que o carnavalesco assumisse o caminho, e isto queria
dizer, 3 carros imensos, e alguns menores, mas isto não era ser pe-
queno, pequeno para João, não para os demais.
João pega a ideia mais avançada que teve para o carro 3 e fa-
la.
— A ideia está mais ou menos nisto do carro 3

Jorge olha que a ideia sempre ampliava e entendia, as vezes


João mudava de ideia, e talvez mudasse de novo, mas fazia parte de
montar coisas grandes.
João olha o prospecto e fala.
— O carro 4 é o das religiões.

João olha para Jorge.


— Mas o ultimo, ainda está apenas na tela vazia, a ideia era
uma, mas como tivemos de mudar algumas fiquei na duvida, e é o
mais complicado de fazer.
— Então o menor carro ficou qual? – Jorge.
623
— O dois, tem apenas 43 metros de comprimento.
— Apenas?
— Este é o carro que deixei mais poluído, e olhando ele e o
carro 5, já não se vê as armações básicas que foram a base de saída
do carro.
Jorge olha os carros e fala.
— Você não faz carros alegóricos, faz uma serie de carros em
um, e entendi, algumas esculturas estão prontas, a maioria não, os
vasos do carro 5 estão, estas luminárias baixas são para o carro 5
pelo jeito?
— Tem modelos para alguns carros, tem de ir com calma e
separando, o carro 3 ainda tem acabamentos que nem pensei neles,
mas preciso que ande em alguns sentidos para pensar nos acaba-
mentos, e isto que as vezes me tira a calma em Fevereiro.
Jorge olha os projetos quase finais dos carros e fica a olhar o
carro 2, parecia o menor, mas era um projeto imenso, ele olha para
cada detalhe e fala.
— Uma vila inteira na avenida, 4 prédios e um prédio arvore,
quando penso que um projeto será mais simples, você soma em
cada detalhe, vou acelerar o pessoal, pois entendi, você tinha pen-
sado em carros grandes, tinha me falado isto, mas pelo jeito as coi-
sas serão gigantes novamente.
João não comentou fecha o computador e foi falar com as
costureiras, perguntar se estava faltando algo, pega todos os pros-
pectos de fantasia, as que estavam prontas, as quase prontas, e
tudo que faltava para cada uma delas, as fantasias haviam andado,
e Sergio chega ao lado.
— Verificando se está de acordo?
— Preciso que faça o pessoal ensaiar bem o desfile Sergio,
temos 77 minutos, e podemos chega a ter 7 mil componentes.
— Acha que conseguimos?
— Vamos fazer, não é questão de querer, projetamos um
carnaval para tentar o tricampeonato, e vamos o colocar na aveni-
da, alguém bobeou e ganhamos.
Jorge sorri e fala.

624
— Isto que poucos falam, você sempre fala em vencer, talvez
seja o que motiva as pessoas a volta, mesmo eles não gostando, na
hora H entram com toda a garra.
— Eles não entendem, que eu compreendo eles, me dar limi-
tes, me facilita a criação, ano passado fui colocando coisas em cada
carro que quando sai da Marques que consegui respirar, vencemos,
mas arriscamos, se eles tornam nosso risco mais moderado, eu acho
positivo, a única coisa que não gostei foi voltarem atrás em regras
que me permitiam um show maior a nível de tempo.
— Certo, mesmo isto sendo um risco a mais?
— Sim, onde mais estou preocupado é nos 77 minutos, então
estamos fechando esta semana o ritmo de passagem, seja a comis-
são de frente, seja da bateria, seja de cada carro, qualquer empeci-
lho, temos de ter gente comprometida a até reduzirem alas para o
tricampeonato Jorge.
— Você encara as coisas bem serias quando é competição.
— Eles não me querem aqui, mas eu quero sempre estar
aqui, se me afasto é por querer bem a escola, não por bobeira, mas
as vezes as pessoas esquecem disto.
Eles sobem para as divisões e João olha Paulinho e fala.
— Vamos dividir este e o andar de baixo em 6 divisões, cada
divisão se refere a um carro, e terá dois andares de alegorias e ade-
reços sendo feitos a partir de hoje, tendo cada divisão, 3 grupos de
aderecistas.
— Vai acelerar.
— Sim, temos esculturas e adereços encomendados em ou-
tros 30 locais, me propus a acabar, vou acabar.
João chega a uma serie de 3 acabamentos, e fala.
— Temos pedestais de alegoria do carro 2, que são o que está
em condição de produção, então Paulinho, se puder dar um empur-
rão por aqui, pois o azul, são 64 unidades, e tem de estar feitos,
instalados os Led e testados, se estão firmes, pois a base é fixa ao
chão em uma haste única.
— Verifico. – Paulinho vendo que tinha 3 modelos, uma era
apenas uma luminária, e um outro que era uma cabine de telefone
modelo inglês.

625
— As cabines também são do carro dois, elas e a luminária
baixa, são 46 unidades, então é fazer, do começo ao fim, e não es-
quecer, todos tem de ser testados.
Paulinho chega as peças, maiores que ele e fala, girando a
volta delas, olhando onde estavam os pedaços, iriam a uma monta-
gem, não a uma criação.

— Verifico se as peças estão todas ai e começamos a monta-


gem, sei que tem de estar tudo bem feito para não pifar nada.
João passa o prospecto de cada um dos carros e fala.
— Sei que quando entra lá embaixo no carro, tudo se encaixa,
mas aqui encima, sempre falta espaço, pois cada uma destas casas
precisa de acabamento, cada uma das residências, dos pisos, das
estruturas, este carro tem a estilização de 4 prédios finos a frente, e
uma arvore imensa no fundo, tem as residências superiores, tem
acabamento que não entrou no prospecto, mas é um carro para 3
geradores, então sabe que se der para isolar parte a parte, eu acho
bom, não quero algo apagando na avenida.
— Verifico.
— E não esquece, o carro 2, é o menor na avenida.
Paulinho sorriu e falou.
— Pelo jeito voltou de vez?
— Quero tentar chegar ao desfile das campeãs, mas para isto,
temos de não errar.
Jorge sabia que João colocava fogo no barracão, mesmo sem
aparecer, logico que começariam a falar do local, pois o estar ali
dele, muitos falariam.

626
Quando deu uma hora, ele sobe deixando Micaela ali e voa
para a residência oficial do prefeito da cidade.
Aquele helicóptero da Marítima dava sempre a sensação de
poder, e João começava a gostar disto.
O prefeito olha João e fala.
— Boa tarde, pelo jeito é serio que não vai aparecer nas inau-
gurações.
— Tem presidente das empresas para isto prefeito.
— O que gostaria de propor, li mas não entendi.
— Isto é uma soma, quando no meio do século passado, se
aproximava o carnaval, muita gente vinha para ver os enfeites da
cidade, a cidade mudava de cara, e esta parte ainda não implemen-
tamos, os painéis de enfeite das avenidas centrais e locais dos blo-
cos principais, gerando um clima de carnaval na cidade.
— Querendo fazer no carnaval o que faz no Natal?
— Em parte sim, eu acho que daria para ter um palco em Co-
pacabana com Shows, já que teremos shows este ano no Fundão,
em Jacarepaguá, nos sambódromos, e na Lagoa, as ruas já estarão
isoladas para as festas, precisa apenas fantasiar prefeito, uma forma
de ganhar mais dinheiro para a prefeitura.
— Mas não gastaríamos mais?
— Cada placa de publicidade que se coloca na cidade, tem um
preço prefeito, se o senhor através da RioTur, disponibilizar publici-
dade nas ruas fantasiadas, facilita o controle dos mijão, disponibiliza
locais para publicidade, e isto gera dinheiro no caixa de uma prefei-
tura que precisa ser autossuficiente.
— Certo, acha que isto geraria dinheiro para a RioTur?
— Para a prefeitura, através da RioTur, a RioTur não precisa
de recursos prefeito, ela deveria ser algo para obter dinheiro, não
para gastar dinheiro, no máximo para administrar dinheiro vinda de
eventos para realizar eles e a sobra ir a prefeitura.
— Sempre dizem ser deficitário.
— Prefeito, acredite, você precisa olhar os números, e os gas-
tos, e verá que desviam demais.
— E pelo jeito quer ampliar os recebíveis do carnaval.
— Como digo prefeito, antes você investia na Marques de Sa-
pucaí e nunca sobrava dinheiro, eu entrei lá e pago pela direção
627
algo que eles diziam impossível, então eu quero crescer, o carnaval
voltou a atrair turistas internacionais, agora quero atrair para a ci-
dade o que considero o pico da curva, mas não quer dizer que a
quero ver cair, e sim, se manter um pouco, e cair um pouco, mas
servindo de propaganda para todo resto de eventos da cidade.
— Eu não tenho nada contra, por sinal, aquele lançamento da
AR hoje assustou até a imprensa, aqueles barracões com 10 carguei-
ros em construção e outro com 10 aviões comerciais de 250 pesso-
as, estabelece que querem algo grande, mas pelo jeito gosta do
carnaval.
— Eu me divirto no carnaval, estamos desativando a bomba
relógio que estava esta cidade, mas ainda falta muito prefeito.
— Certo, vou passar para o presidente da RioTur, e vamos fa-
zer o prospecto, pelo jeito investe em todos os lados, uns pensando
em AR e você no Carnaval.
— Estão terminando de instalar os últimos enfeites de natal,
o senhor já inaugurou boa parte das iluminações, mas a ideia, para
o carnaval, é algo maior que o natal e ano novo, onde temos de ser
contidos.
— E Acha que teríamos uma super festa de carnaval?
— Sim, e incrementamos o calendário do ano que vem, tere-
mos as 12 corridas elétricas, teremos uma corrida experimental da
Formula 1, teremos 3 corridas da Stock Car, e vamos incrementan-
do, mas em cada um dos pontos, criei um prospecto de novos atle-
tas, e vamos tentar crescer aos poucos também nos pódios de atle-
tas do mundo prefeito.
— Dizem que você vai tomar a cidade para você? O que acha
disto?
— Eu dou gargalhada, pois que graça teria ter uma cidade
apenas minha, muito chato.
O prefeito sorriu e pergunta.
— Mas afirmam que está comprando muita coisa?
— Prefeito, se os planos derem certo, a baia de Guanabara
será o maior polo de vendas do país, apenas isto.
— Mas como?
— O Brasil é um polo de produção de comida, eu estou com-
prando esta comida, a industrializando e vendendo, então antes a
628
comida saia em estado bruto, agora parte dela sai industrializada, a
Mayer deve inaugurar antes do fim do ano, a maior indústria ali-
mentícia da América, em Magé, então somando as 4 empresas que
inauguraremos em Magé, tendemos a empregar apenas ali, 20 mil
pessoas.
— Mas não entendo como?
— Americanos não vendem milho, eles vendem flocos de mi-
lho, ou o transformam em Uísque.
— Certo, mas acredita que isto dá dinheiro?
— Acho que eu arrisco muito, mas acontece, as vezes erra-
mos, mas sabe que o que parece um investimento muito caro em
carros, mas existem carros que a prefeitura gasta mais ao ano em
gasolina do que o valor do carro, ai estará a economia.
— Você quer tomar realmente o mercado?
— Quando se fala com um grande empresário mundial que
veio ver como estávamos fazendo os prospectos de vendas dos car-
ros elétricos, as centrais de abastecimento, e os sistemas caseiros,
estabelece que pessoas que tem a empresa e Veículos mais cara do
mundo, como empresa, investiram nas nossas ações, isto quer di-
zer, estamos correndo para um local em comum.
— E como estão as comunidades?
— Prontas para o natal, algumas ainda estão com obras, mas
é que são muitas.
— Aqui fala em festas comunitárias no Carnaval?
— Ai fala em festas de Clube, nas 12 sedes do Grêmio Recrea-
tivo Beija Flor, em 3 palcos públicos, a praia, e em 100 comunida-
des, eu não posso querer apenas os bailes populares, eu quero vol-
tar a ter bailes de gala.
— E quando se fala em Carnaval, quer uma cidade bem estru-
turada.
— Sim, hoje eu tenho 200 mil quartos, com quarto de casal e
das crianças, ou mais especifico, comporto hoje, 800 mil turistas,
em hotéis próprios, e os demais não estão reclamando de me ver
crescer. Eu pago geralmente a cada ano, e este deve dar próximo de
48 milhões em impostos municipais apenas pelos 12 dias de carna-
val vindo dos hotéis, então eu não entendo prefeito que quer parar
o carnaval.
629
— Certo, recebíveis são sempre bem vindos, ainda estamos
tentando entender todos os recursos que estas festas geram nos
caixas, sabemos que hotéis, festas, geram muito dinheiro, mas
quando o IPI começa a chamar atenção, alguns olham desconfiado.
— Mantem os pés nos freios referente a gastos enquanto não
entender o que é real prefeito, mas conseguiu algo referente ao
prédio abandonado ali na Tijucas?
— Eles estão estudando o prospecto, tem pressa?
João não respondeu, anotou um “não” na planilha e fala.
— Agora deixa eu trabalhar um pouco prefeito.
João sai e o prefeito olha para ele saindo e o pessoal chegan-
do, reparou que João não pedira nada a mais, olha o prospecto, não
seria o empresário implementando, seria a prefeitura.

630
Quando amanhece dia 15 de De-
zembro, Micaela sai para a ultima final
do ano, João passa mensagem referente
as inaugurações nas comunidades, e
olha para a MD Alimentícia, sendo
anunciada a inauguração oficial do com-
plexo de Magé, muitos não entendiam o
complexo de coisas, mas era pegar pro-
dutos agrícolas e de pecuária de corte e
transformar em 450 produtos, de 10
mega empresas, o foco inicial era o mer-
cado nacional, com a apresentação ao
mercado mundial, mas sem mostrar
interesse na venda externa, apenas
apresentação.
João estava em casa ainda, e na-
quele dia ele não iria no barracão da
escola, sorri do motivo de não ir, mas
era apenas conseguir terminar o ano e
se preparar para um carnaval a mais,
que correria pelos dias iniciais do ano.
João confirma os valores dos prêmios de Tênis e da Stock Car,
estava preparando o inicio do ano, enquanto as ruas eram tomadas
por turistas que vinham ver o Natal do Rio de Janeiro.
Micaela chega e os dois vão a Magé, acompanhar de longe a
inauguração.
Na cidade do samba, o pessoal da Globo estava a olhar os
barracões, para saber o que teriam, viam carnavais imensos, e
quando chegam ao barracão da Beija Flor, a sensação de parado e
com tudo muito no básico, parecia não combinar com a afirmação
de que João Mayer estava ali, vendo tudo parado fica como uma
fofoca, e não como uma realidade.
Na saída Milton olha Mariana e pergunta.
— Viu algo que não vi?

631
— Parece que estão menores do que naquele dia da apresen-
tação de João Mayer.
— Vim olhar todos, mas a Beija Flor parece totalmente fora
do contesto, as demais acelerando, pior, falando que eles contrata-
ram muitos aderecistas, mas parece apenas justificativa para o que
fizeram antes.
Mariana olha em volta e fala.
— Alguns falam que Mayer está ai dentro, eu não vi.
A fofoca de que o barracão da Beija Flor estava parado e va-
zio, fazia alguns sorrirem, alguns poucos ficaram preocupados.
Turco olha para Leandro e pergunta.
— Acha que Mayer precisa de ajuda?
— Todos a volta escolheram os ferrar, estão preocupados pe-
lo índice de vendas do segundo dia, Domingo está quase lotado e
Segunda que geralmente é mais fácil vender, meio vazio, estranho
ainda o como mesmo sem ele ali, o nome Beija-flor cresceu, e pior,
alguns falam que ele passa por ai, mas a MD novamente faz inaugu-
rações no estado inteiro no fim de ano, pior, não sei como oferecer
a Mayer auxilio.
— Acha que eles se viram?
— Acho, mas dificilmente vem para disputar este ano, pior, is-
to faz os demais relaxarem, o que para eles é bom.
— Certo, eles vem sempre com uma bateria que além de fir-
me, tem vindo com novidades, quem tentou imitar eles, perdeu em
harmonia, bateria e evolução no ultimo ano.
— Eles as vezes podem voltar a fazer o clássico, e mesmo as-
sim, garantir os 10 pontos.
— Mas é triste ver uma campeã, novamente com problemas,
pior, eles forçaram com tudo para eles se darem mal.
Os demais barracões falam do que o repórter da globo deixou
escapar, que o barracão da Beija-Flor estava apenas nas armações, e
que pareciam parados internamente.
Lucas olha para Lousada e pergunta.
— Acha que eles precisam de ajuda?
— Acho que Mayer pode até se dar mal, mas não vai baixar a
cabeça para ninguém Lucas, pior é que sei que eles contrataram
aderecistas, mas parece que não está fluindo esse ano.
632
— Acha que teremos um carnaval campeão?
— Não podemos perder nos detalhes, eles tem vencido nos
detalhes, quer dizer, no ultimo ano eles venceram em quase tudo,
mas foi isto que fez as demais recuarem.
Algumas escolas aceleravam para tentar ganhar tempo para
imprevistos, mas tinha muita gente pensando no que viram antes,
se antes tinham as imagens que davam a posição da Beija Flor, ago-
ra não tinham.
João, Micaela e os filhos, olham ao longe a inauguração, e no-
vamente empregos, a sequencia neste dia era das inaugurações da
divisão de Comida, da MD, depois a de Blindados da Mayer Blinda-
dos, a parte da Mayer Automação, a divisão da Mayer Aérea, e da
ligação nova entre Magé e o Rio de Janeiro, por via Marítima, por
trens e uma rodovia totalmente remodelada.
Jorge na parte de criação da Beija-Flor olha as pilhas de coisas
que estavam começando a ficar prontas, mas ainda faltava muita
coisa, mas todo dia, cada grupo somava em coisas prontas, então
quando se tem 30 grupos deixando algo pronto, gerava algo que
estava ficando aparentemente desorganizado, mas ele começa a
por no andar superior as peças prontas e usar o andar abaixo para
continua a fazer, pois todo dia, tinha coisas sendo feitas.
Ele estava administrando isto, quando chega as luminárias do
carro Religião, ele olha os acabamentos, e coloca na parte superior,
ele teria de verificar se vieram bem feitas e passar para a elétrica
para por os Led internos.
Gabriel olha as luminárias e pergunta.
— De que carro é estes?
— Mayer pediu, mas não sabia se teriam como fazer, mas é
do carro 4, vou mandar para elétrica para verificar se todos estão
funcionando, pois eles fizeram a toque de caixa, tem alguns que
estão com problemas de pintura, mas as coisas começam a somar e
uma hora teremos de remontar os carros.
— O pessoal da Globo ficou preocupado.
— Eles parecem acreditar na própria propaganda Gabriel, to-
dos viram que contratamos 300 aderecistas, obvio que estamos
acelerando, mas eles somam todo dia, adereços para cada carro,

633
então obvio, eles veem eles entrando, eles saindo, não entendo eles
acharem que eles ficam coçando o saco neste tempo.
— Mayer falou que não viria hoje, ele e a mana inauguram
hoje, 14 empresas em Magé, 20 mil empregados começam lá hoje,
então calma que eles devem vir ai depois. – Gabriel.
— Ele parece querer sempre se complicar, quando se vê o
prospecto de criação das bases do carro 5 em 20 divisões, assusta-
dor algo assim.
— Ele quer chegar o máximo inteiro, sabe disto.
— Sim, ele sabe que tem coisa que vai ser colocado apenas
no local, mas ele fez o pessoal colocar e tirar umas 10 vezes, até
ficar um encaixe sem problemas. Mas aquela parte baixa vazia as-
susta quem entra.
— Ele vem hoje e pediu tecido para por em todos os vidros
frontais, ele vai cobrir tudo, e daqui até o ultimo programa da Glo-
bo, vamos em total silencio.
— Ele vai pelo jeito começar a montar as coisas? – Jorge.
— Ele ontem fez as moças revisarem todas as roupas de 4
alas, que ele não havia gostado do acabamento da perna, as vezes
estranho, ele parece saber fazer aquilo, as costureiras ficaram bra-
vas e ele apenas falou calmamente, que não seriam campeões per-
dendo pontos em fantasia.
— Elas odeia esta coisa de ganhar ou ganhar.
— Sabemos que ele não sabe entrar para brincar Jorge, sa-
bemos que ele vai querer por a escola para vencer.
— Ele dividiu a escola em 6 grandes blocos, o frontal está
pronto, o final, nem começado, mas ele parece querer avançar as
demais partes, para pensar no fim, não entendi o problema, sinal
que ele quer algo que não sabe por a avenida. – Jorge.
— Algo grande?
— O maior é o carro 3 em cumprimento, largura é quase a
mesma, e altura, aquilo de medir a parede os 20 metros.
— Pelo jeito vamos grandes de novo.
— Iriamos com 4 abre alas para avenida, agora vamos com 6
deles.
— Eles provocam e João aceita a provocação, mas pelo jeito
ele está com problema de encerrar o desfile.
634
— O problema, é que ele fica pensando em como passar isto
Gabriel, estranho alguns falarem que tem como, e a maioria, impos-
sível, eles não reduziram as quantidades para dizer, se deem mal,
mas ele parece não ter onde ensaiar, o pessoal que via a Roda Gi-
gante, vinha descontrair, olham para a ausência dela, alguns até
perguntam se estamos precisando de ajuda, mas é que eles sabem
que João não aceita ajuda, ele oferece ajuda.
— Ele sabe o que está fazendo, mas pelo jeito eu atrapalhei
mais do que ajudei assumindo o lugar dele.
— Sei lá, ele tinha um prospecto maior, talvez tenha sido
bom, mas com certeza ele quer sempre vencer, isto ele não muda,
nunca, eu viu um modelo que ele vai colocar na Escola de um ho-
mem só, acho que ele queria por isto aqui, mas não deixaram.
— Algo a que nível?
— Já viu aqueles brinquedos europeus, que erguem a pessoa
a uns 40 metros e soltam eles com paraquedas?
— Sim.
— A Escola de um homem só tem no abre alas, 3 destes.
— Ele queria usar aqui, é o que pensou?
— O abre alas ou no carro 5, mas então teremos um carro de
40 metros na escola de samba de um homem só, e nada comparado
aquilo aqui.
— E ninguém viu nada ainda?
— Ele nunca mostra nada antes, daquele desfile, é um dos
grandes eventos do carnaval, estranho algo que foi feito para mos-
trar a diferença, estar em tanto destaque, mas ele está usando aqui-
lo para formar cenógrafos, e aderecistas, mas a maioria não enten-
deu isto ainda.
— Querem sempre diminuir as coisas?
— Ruy hoje tem uma força no grupo especial, que nunca pen-
sei que ele teria, acho que é a aposta de Mayer.
— Não entendi. – Jorge.
— Ruy é ligado a uma das possíveis escolas que sobem este
ano, dai ele vai tentar o que tentou em cada subida, unificar as Li-
gas.
— Uma regra só?

635
— Ele hoje tem mais influencia do que o atual presidente,
mas a influencia é nas que deveriam ser pequenas, mas se tiver 5
escolas em apoio o ano que vem, depende de apoios, e com certeza
Mayer gostaria de uma disputa declarada assim, pois seria coloca as
pessoas na parede, elas teriam de mostrar os dentes.
Jorge sorriu e fala.
— Mayer deve estar tentando pensar nas empresas e parece
que poucos estão tão acelerados como ele.
— Ele tem pretensões que não entendo, mas quando se fala
com o prefeito de Nilópolis hoje, ele fala maravilhas de Mayer e da
minha irmã, quando se fala com o prefeito do Rio, encanto, como se
ele estivesse fazendo milagre, quando se fala com o prefeito de
Angra, maravilhado, com o de Magé, este os considera deuses, pois
os projetos dos dois para Magé, a colocam como a cidade com pro-
duto per capto maior do país.
— Não entendi.
— Nem eu, mas é o que o prefeito de lá fala.
— Eles estão crescendo e tem gente ainda odiando eles.
— Sim, inveja mata.
Jorge sorri e fala.
— Vamos trabalhar pelo jeito. – Vendo João e a família en-
trando vindos da parte alta, sinal que vieram do helicóptero, e des-
ce para ver o que eles fariam.
João chega ao lado de Paulinho e fala.
— Pega aquele tecido com Led que chegou, e coloca nas por-
tas frontais, janelas, em qualquer lugar, mas como não queremos
dizer que estamos escondendo, pede para os rapazes montarem a
arvore de natal na cobertura da armação frontal, eles não usaram e
nem pediram este ano.
— Quer eles pensando o que?
— Que estamos escondendo tudo, e o tudo, é tudo.
— E vai acelerar?
— Preparar cada carro para receber os acabamentos, vocês
vão fazendo e vamos montando, em teoria cabe tudo no barracão.
— Tem certeza? – Paulinho.

636
— Não, e a junção do carro 3, eu vou testar na Ilha do Fun-
dão, algumas coisas vamos fazer lá, mas coisas pequenas, como os
meios dos carros.
— Vai começar a fazer algo surpresa? – Gabriel.
— Eu ainda não fechei a ideia para saber se teremos surpresa
ou não, mas com certeza, quero uma surpresa, mas começo a pen-
sar que já fiz tudo.
— Tentando ter uma ideia nova?
— Uma ideia nova com no máximo 18 metros.
— Certo, limitaram. – Gabriel.
João acompanha de longe o colocar da arvore de natal, aca-
baram colocando onde antes estava a roda gigante, colocaram
aquele tecido negro com milhares de Led nas janelas do barracão
por dentro, com programação de pisca, o que dava a sensação de
ser um enfeite de natal.
Todos pensando no carnaval e a Beija Flor desviando para o
Natal, dá um clima de confraternização, estranha confraternização.
João olha o barracão e fala para Paulinho.
— Vamos ter de nos apertar aqui dentro.
Paulinho sorriu, pois estava aparentemente tudo vazio e para
João já faltava espaço.
— O que precisa que façamos?
— Odeio quando a ideia de alguns carros ultrapassam o plau-
sível, o pessoal começa a montar na parte externa, com aparência
de cassa de papai Noel, voltado para o hotel, o espaço que monta-
mos o ano passado para colocar as partes que vieram do cais o ano
passado.
Paulinho entendeu que João iria abrir espaço e ouve ele falar.
— Começamos montando o carro 5, ali fora assim que termi-
narem de montar o local.
— Vai abrir espaço interno?
— O problema é que o carro 5 ficou com 130 metros, o que
tomaria quase 3 divisões internas, desacoplados, mais espaço ainda.
— Certo, algo mais?
— Vi que estão evoluindo bem no carro Dois, como ele tem
50 metros, vamos colocar ele numa das pontas e começar a montar,
assim como na oposta vamos começar a montar as esculturas das
637
pessoas de 18 metros do carro 3, para testar os movimentos, e a
escultura do carro 6, que vai ficar no centro, com a escultura para a
porta, vamos isolar todas as baias, com tecidos, que o do lado não
saiba o todo, e vamos deixar no centro o carro que eu ainda não
pensei, e vamos montar todo resto, para ver o que esquecemos.
— Acha que esqueceu algo?
— O abre alas, tem acabamentos que não chegaram, eu sei
que vocês acharam que ele ficou bom, mas falta pequenos detalhes
que não foram feitos, e quero tentar acabar.
— Certo, entendi, a entrada central deixamos a escultura do
Roberto para a porta sobre o carro e o carro ali vazio, e isolamos
todo resto?
— Sim, hoje é organizar, a partir de amanha, sigilo total de
barracão, as pessoas lá encima não vão saber o que faremos com os
carros, e vou abusar um pouco, vou por cada um dos grupos a fazer
algo a mais.
— Algo a mais?
— Enfeite para a rua de acesso ao sambódromo, a cidade do
carnaval, vamos enfeitar a rua, mas é para as pessoas ficarem na
duvida se não estamos desviando o foco, e sabe, vou chegar antes e
sair depois Paulinho.
— Certo, quer os dar um nó.
— Eles sabem que contratamos aderecistas, mas eles não vi-
ram nada ainda, então vamos desviar os olhos, e parte, eles já fize-
ram, e vamos aos poucos montando cada carro.
João começa a montar algo do lado de fora, e as pessoas do
barracão pareciam quietas, mas novamente montando coisas, ele
estava pensando montando apenas um pedaço do carro 5, e fica a
colocar os detalhes, o piso, as luzes, as estruturas, e quando ele por
volta das 10 da noite, termina uma pequena parte, sente Micaela
sorrir ao fundo e a sorri.
— Gosta disto.
— Este carro, tem 20 partes equivalentes a esta, e poucos
entenderam.
João olha a parte que ele fizera.

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Micaela olha aquela parte, sorri e fala.
— Um gigantinho?
— Algo que estou separando em partes para aliviar o peso, e
para ficar menos poluído, mas é um carro de mais de 100 metros.
— Está os fazendo se superar, mas sinal que quer um carnaval
campeão.
João sorriu, e o pessoal começa a chegar e todos veem nos
demais barracões João ali, mas eles enchem caminhões, apenas
parte saiu do barracão, mas pareceu que tudo saiu dali, eles com
armações pré-montadas colocam enfeite de carnaval a frente da
Cidade do Carnaval, da avenida de ensaio a frente do Museu Carna-
valesco, parte na praça, a cidade em clima de Natal e João coloca a
região da Cidade do Samba no clima de Carnaval.
Alguns estranham, parecia mesmo que a Beija-Flor estava
prestes a sofrer uma derrocada.
João chega em casa e Micaela que fora do barracão para casa,
sem por enfeites de carnaval em parte da cidade, olha para ele.
— Tem gente da comunidade, perguntando se vão desfilar,
que todos estão falando que a Beija Flor está quase fora do carna-
val.
João a abraça e fala.
— Sei que eles acham que não vamos desfilar, mas fala para
eles, que vamos por um carnaval muito bonito na avenida.
— Muito bonito quanto?
— Provavelmente o maior, o mais luxuoso e espero que o
mais bonito.
— Mas olhei o barracão hoje, parece que estamos em clima
de natal, não de carnaval.

639
— Sei que comecei a remontar o carro 5 hoje, mas vou tentar
manter o mais fechado possível o carnaval, sei que isto as vezes
atrapalha, mas quando que falar demais ajudou algo?
— Mas tem gente preocupada.
— Sendo da comunidade, diz que estamos acelerando para
entrar lindos na Sapucaí, não é da comunidade, estamos ainda nos
reestruturando após a morte do seu pai.
— Sabe que eles vão falar merda.
— Que falem.

640
Amanhece 16 de dezembro e mui-
tos a volta veem que a cidade do Carna-
val está fantasiada, e alguns se pergun-
tam quem fez aquilo e a resposta veio
da Beija Flor, e que eles apenas coloca-
ram adereços a rua, vindos do barracão
deles.
O prefeito anuncia pela manha, a
ideia de voltarem a ter os carnavais an-
tigos, com incentivo a bailes públicos,
populares, de clubes e iram fantasiar a
cidade, para o carnaval como o fazem
para o Natal.
Então o prefeito falando isto e os
inicios dos preparos junto a Cidade do
Carnaval, faz alguns acharem que Mayer
estava se aproximando da prefeitura
novamente.
Mayer estava a duas horas no
barracão, preparando cada parte do
carro 5, quando Gabriel chega e olha a parte externa, aquele con-
junto de pedaços dispersos.

Gabriel olha tudo aquilo, aquela bagunça, era muita coisa tra-
zida para baixo de novo, mas agora em acabamento, mas tudo em
pedaços, era nítido que estavam em pedaços desconecto.
No barracão da Portela um dos aderecistas olha para o presi-
dente que pergunta.
— Tem certeza disto.
641
— Meu primo falou que o que foi a avenida a frente, foi parte
do que ele fez.
O senhor olha para dentro e fala.
— Mayer fazendo politica, não sei se isto vai dar resultado,
mas sinal que as contratações não são todas para o carnaval deles.
— Pelo que entendi do meu primo, eles estão acumulando
varias coisas nos andares superiores, mas que parte foi colocado em
caminhões ontem e meu primo disse que estranhou parte do que
ele fez, estar fantasiando a avenida de ensaios de bateria, para ele
estavam fazendo o carnaval da Beija Flor.
— Pegamos pesado, o carnaval na cidade está andando e
muitos nos olham como inimigos.
— Acha que a Beija Flor se recupera.
— Mayer não fala mais com ninguém, ele nos culpa da morte
de Roberto, Roberto era Macaco Velho, se deixou enredar como
nós, mas Mayer parece ter desistido da nossa parte do carnaval,
alguns acham que é ruim para o carnaval, eu não acho grande coisa
os carnavais dele, que sempre exagera, encarece e industrializa as
coisas, ele é bem destas coisas, quer enfeitar ruas, faça, perda de
tempo.
Alguns falam dos enfeites, enquanto João corria com as peças
para a parte montada ao fundo, e que parecia apenas uma provoca-
ção, como ela ficava voltada para o Hotel Rio, poucos na cidade do
Carnaval viam aquilo.
Paulinho coloca o carro 6 a entrada principal e desce a escul-
tura de Roberto deixando a entrada do barracão.
E com calma ajuda a baixar as coisas que iriam sair para a par-
te ao fundo, e começam a descer as estruturas hidráulicas do carro
2, e as soldar, uma soma de acabamentos iniciais, os rapazes colo-
cam toda a estrutura baixa, enquanto parte começava a por a fibra
de vidro do fundo para frente.
Então enquanto o grupo de aderecistas continuava a criar de-
talhes, o carro 5 começa a ser remontado, e o dois, começado da
base, até o topo, vantagem do barracão maior, é que os troncos das
arvores do carro eram feitos inteiros, depois fariam as divisões, mas
dava para caprichar no inicio, ainda sem pintura.

642
Um dia inteiro de correria, para apenas colocar no lugar as
peças do carro 5, e isto ainda era apenas uma ideia desmontada,
João começa a por as coisas em ordem, ele queria testar os encai-
xes, ligar o sistema de controle, e tentar uma curva.
O pessoa dos adereços já havia saído, quando João termina
de por as laterais agora com iluminação, Gabriel olha para o carro
na entrada, ao lado dele estava Sergio que fala.
— O carro que ele já mostrou.
— Juro que parece outro. – Gabriel olhando o carro.
João termina de instalar os beija-flores altos, e começa pri-
meiro testando a luz, depois o giro invertido, Gabriel e Sergio olham
aquilo e Sergio fala.
— Os detalhes, da saia do carro a luz a 18 metros, esta é a di-
ferença, ele não se contenta com meio carro Gabriel.
— Sei disto, ele mandou por fibra no carro dois, agora tem
hidráulicos, sala de comando e fibra, agora vamos a um carro que
não vi ainda.
Micaela chega ao lado olhando o carro 5, sorri, ela acreditou
na propaganda que não tinham nada e ali estava, o carro 5, ela sa-
bia que começaram a por a fibra no dois, mas as vezes tinha de se-
car bem.
Hora de descansar, João e Micaela saem dali de helicóptero,
João na casa no Morro do Macaco, ficava mais inacessível do que o
normal.

643
Pouco menos de uma semana, a
cidade entra no Natal, João enquanto os
demais iam para suas casas, folga até dia
3 já do ano seguinte, ele olhava as
obras, haviam pintado e ajeitado os
hidráulicos do carro dois, ele pega a
pequena caneta e marca onde cortaria,
pois os troncos estavam inteiros até 19
metros, ele olha os pontos e começa a
cortar.
Micaela na casa no Morro do Ma-
caco olha a mãe.
— Está bem mãe?
— Não sei se Gabriel está pronto
para assumir o local do seu pai, ele é
sempre imaturo.
— Calma, ele consegue mãe.
— Alguns falam que a escola esta
toda atrasada.
— Temos até este momento, ape-
nas um carro totalmente pronto mãe, e sabe que João é culpado
por isto, ele não sabe fazer carro de 15 metros.
— Mas acha que vai ficar pronto?
— Ele está pensando em uma estilização ainda para o carro
final, ele não terminou o projeto, as fantasias estão quase prontas,
e se antes estava tudo na internet, agora não tem mais nada, se não
salvaram, não acham nada lá, sei que Gabriel achou que era apenas
por em ações e ficar rico, mas estamos no caminho mãe, e come-
çamos a somar os carros.
— As vezes temo este ano.
— Continuaremos sendo uma família, mesmo que perdendo
feio mãe.
— Certo, seu marido sempre ajudou a todos, mesmo os que o
queriam mal, conseguindo investimentos e recursos, alimentando

644
as comunidades, levantando a historia e a contando, e tudo que
ganhou foi um chute na bunda, eles queriam algo diferente.
— Ele não leva para o pessoal mãe, mas as vezes é pessoal, o
pai morreu por esta pressão idiota, por não confiar em nós, as vezes
acho que somos os normais e vocês os especiais negando isto, mas
João sempre vai dizer que vai entrar para ganhar, ele acha que to-
dos deveriam entrar com isto a mente.
— Então vamos entrar para ganhar? – Fabiola.
— Sim mãe, vamos entrar para ganhar, ou como o ano passa-
do, para arrasar.
— Eles se assustaram com o ano passado, todos ficaram de
boca aberta, sabe disto filha.
— Sim, sei disto.
João olha os detalhes e encolhe o carro dois, passa a linha de
5 metros acima, sorri, e olha para a linha de acabamentos, começa a
descer eles, e parte ainda estava sendo feita, mas ele termina um
dos lados e olha para o carro, poluído diria ele, mas estava bonito.
Ele se afasta um pouco, sobe e começa a pegar os acabamen-
tos de cada andar tanto da arvore como do prédio e coloca em um
carrinho elétrico e desce tudo junto.
Ele começa a colocar os acabamentos e olha para a entrada e
viu Gabriel olhando ele.
— Perdido ai?
Gabriel olha o carro, sorri e fala.
— Não deveria estar se preparando para a recepção na sua
casa?
— Eles esperam lá aquele João Mayer, não eu.
— Você é João Mayer, sabe disto, coisas como o que está a
frente, saem da sua cabeça.
— Montei o lado de cá, mas falta toda a metade de lá, o pes-
soal vai correr para acabar tudo.
Gabriel dá a volta e olha os pontos de luz instalados, mas o
que era acabamento de um lado, era ausência do outro.
— Fica mais evidente o quanto é especial o carro.
João sorri, ele termina de por os quadros, as luminárias, os
moveis dos quatro prédios abertos, dois para cada lado, depois vai
ao fundo e coloca os acabamentos das arvores e para olhar.
645
Gabriel olha para João e pergunta.
— Pelo jeito um carnaval bonito, mas não tem movimento em
tudo como o ano passado.
— Era para ser algo mais clássico, este carro não existia Ga-
briel.
Gabriel sorriu.
João desliga o carro, tira a gasolina, coloca no estoque e so-
bem, indo ao helicóptero e saindo dali.
Natal em casa, com pouca gente, algo família, uma festa mais
intima, mais da família.

646
Uma semana e 3 dias a mais, João
em casa tentava desenhar o carro 6, os
detalhes, quando Gabriel liga para ele.
— Problemas Gabriel?
— Tem gente querendo falar com
você?
— Quem?
— Três presidentes.
— Quem?
— Edilson, Simone e Horta.
— Motivo, sabe que não sou a pe-
ça principal ai.
— Eles querem detalhes sobre o
que o prefeito falou ontem.
— Não falei com o prefeito e nem
vi noticias, não tem como festar no fim
do ano se ligarmos nas noticias.
— Ele mostrou um prospecto para
enfeitar toda a cidade.
— E o que temos haver com isto
Gabriel.
Gabriel sorriu e fala.
— Eles viram que enfeitamos a rua.
— Isto não tem haver com aquilo, fala serio Gabriel.
— Eles perguntaram se poderiam falar com você, concordei,
mas se não quiser, desmarco.
— Se eles querem falar comigo, hoje será na MD Inc., tenho
coisa a fazer lá hoje.
— Sabe que horas ficaria melhor?
— Depois das 17 horas.
João volta ao desenho e olha Micaela.
— Gente querendo saber onde estou.
— E não vai ao barracão hoje?

647
— Temos encomenda de produtos chegando hoje, vão todos
para a distribuidora de Niterói, tem muita gente querendo este
material, então quero a garantia da entrada segura.
— Certo, mas vai com calma.
— Acho que vou trabalhar um pouco hoje a noite.
Micaela sorri, o abraça e olha para cima, lhe beijando.
João não conseguia fechar o carro final, tudo que ele pensava
não fazia parte do enredo, era dubio, ele olhava o papel e Micaela
pergunta.
— Quantos rabiscos?
— Não consigo pensar no carro final, um carro para perder o
carnaval.
— O que o trava?
— Todas as ideias que tive, não consigo transformar em um
carro, e ao mesmo tempo, não quero tirar seu pai dali, então estou
quase fazendo um carro para perder o campeonato.
Micaela olha os rabiscos e pergunta.
— Pelo jeito a ideia não se resolveu.
— As vezes acontece.
— E pelo jeito isto está lhe travando.
— Sim.
João foi ao escritório, ele não tinha nada para fazer lá naquele
dia, mas se eles queriam falar com ele, seria lá, ele continuava na-
quela sala vazia, mas estava na hora de mudar um pouco, ele vai a
entrada, o prédio ainda vazio pois alguns tiravam férias naquela
época mais calma, ele chega a região dos ploter de desenho e im-
prime 4 projetos inteiros, pede uma placa de pvc e uma de acrílico,
com laterais de alumínio, ele monta um para cada parede, e coloca
ali os projetos da Mayer Automobilística, da Marítima, e dos Portos
MD, seguidos dos hotéis MD.
As paredes foram tomadas pelas imagens, João desce e atra-
vessa a rua, e num antiquário, escolhe algumas coisas, apenas para
montar a sala, algo que nunca fizera, pois não ficava ali.
Ele sobe novamente e coloca algumas coisas no lugar, liga o
computador e fica pensando no carro, parecia que seria um campe-
onato apenas para competir.

648
Ele aproveita o dia ali e coloca todos os prospectos do ano em
dia, e passa o prospecto de decoração de carnaval para o prefeito,
fica a trocar uma ideia, e chegam a um formato e um sentido, uma
homenagem e toda a decoração seria uma homenagem ao Cacique
de Ramos e todos os seus integrantes, ou compositores que de lá
saíram para o mundo.
Perto das 5 da tarde a secretaria chega, ela veio apenas para
a reunião, olha a sala e estranha, mas prepara algumas coisas e
quando os três chegam os anuncia.
Os três entram e Mayer olha eles observando as paredes, e
fala.
— Problemas, para querer falar comigo?
Simone que assumira a Imperatriz, olha João e fala.
— Estão falando que você vai abandonar o carnaval, e alguns
ficaram preocupados. – Simone.
— Eu nem que quisesse teria como abandonar, toco 2 com-
plexos voltados ao Carnaval, mas não entendi, qual a urgência?
Edilson olha João e fala.
— Eu acho que os dois estão exagerando, pois estão todos
querendo você de volta, e querem uma bandeira de paz.
João olha para Edilson e fala.
— Não quer paz e vem aqui, não entendi senhor?
— Eles querem voltar aos planos anteriores, e não vejo ganho
nisto.
João olha serio para Edilson e fala.
— Posso até um dia voltar senhor Edilson, mas não vou es-
quecer pessoas como você, que abriram caminho para a morte de
Roberto, ao atentado contra Gabriel e Jorge, posso estar longe, para
não os prejudicar, mas pode ter certeza, eles vão por alguém na
cadeia, se cuida, pois esta arrogância, no Bangu 2 vai virar piado de
pintinho molhado.
Simone viu que João não estava para paz, pensou que ele não
levara para o pessoal, mas entendeu, que o negocio foi mais violen-
to.
— Deve estar confundindo as coisas? – Edilson.
— Não sou policia senhor Edilson, todos me viraram as cos-
tas, até multaram a minha escola, mas não entendi, eu não vou
649
voltar lá, não como presidente ou carnavalesco, como apoio, sem-
pre, mas apenas isto, mas não entendi a urgência.
— O atual presidente do instituto que criou para tocar o
Sambódromo, reduziu o valor de auxilio, e se recusa a negociar. –
Edilson.
— Quem reduziu o tempo, tendo assinado um prospecto que
se paga pelo show, por minuto, foram vocês, não o senhor Oto, ele
cumpre o que está assinado, reduziram o show, para manter presi-
dentes na folga, o que eu tenho haver com isto, já que nem convo-
cado para esta reunião fui, a que decidiram isto, e na época eu era
presidente da escola.
— Mas não tem como ajudar nisto? – Horta.
— Não, quando me colocaram aquela multa, e pediram retra-
tação, eu fechei minha empresa carnavalesca, eu me afastei da pre-
sidência, e todos vocês, ficaram felizes, eu me afastei, na época, se
não fosse minha esposa me convencer a não jogar tudo para cima,
teria vendido para Medina a direção da Marques de Sapucaí, pois
vocês não me querem lá, não no especial, então não vejo motivos
para esta conversa.
— Mas você industrializou o carnaval. – Edilson.
— Espero que ninguém morra este ano, por terem tirado os
laudos que vocês nem pagavam dos carros da regra, pois se alguém
morrer, pode ter certeza, vou por todos os presidentes que votaram
naquilo um processo de assassinato, nem que sem intensão, mas
podem ter certeza, eu sai, mas não porque queria, vocês continua-
ram a bater em egos, pois falar em segurança e tirar segurança, é
coisas de preguiçosos.
— Mas queremos algo menos industrializado.
— Então não me querem lá, e se não me querem lá, o que vi-
eram falar, pois estou perdendo tempo.
— Sempre conversou a favor do carnaval, não nos culpe por
tentar João. – Simone.
— Sei disto Simone, mas quando em Fevereiro prenderem
Edilson e você descobrir que quem envenenou seu pai foi aquele
Miltinho, da Portela, vai entender minha raiva.

650
Horta olha Edilson, todos pensaram em Moreira, mas foi al-
guém de dentro, Simone olha para o senhor que desvia o olhar e
fala.
— Ele quer por todos contra mim.
— Não confunda as coisas, presidente, eu não quero por nin-
guém contra você, para mim, algumas coisas são coisa de covarde, e
mortes de desafetos, uma senhora covardia, e se o barracão da
Beija Flor está parado, pois atentaram contra Carnavalesco e novo
presidente, mesmo quanto eu não estava mais lá, é para intimidar,
eles ficaram com medo, mas como digo, melhor ficar longe, pois
alguém tropeça nestas horas e a culpa é minha.
— Vamos, não conseguimos o intuito. – Edilson.
Simone olha Edilson e depois para João.
— E fica apenas olhando de longe?
— Estava tão ocupado que nem vi armarem contra Roberto,
estranho gente que se faz de inofensivo, cheirar a morte, mas com
certeza seu pai e Roberto estão lá curtindo enquanto nós temos de
aguentar estes falsos presidentes.
O grupo saiu, Simone olha a forma que o senhor olhou para
Miltinho, que os esperava do outro lado da rua.
— Espero que não tenham entrado na conversa dele.
Simone chega ao rapaz e o toca e sente uma vivencia entrar
no ser e olha para Edilson e fala.
— Tem até amanha para renunciar, depois, melhor ter feito
um seguro de vida.
Horta olha a moça fazer sinal para o segurança e caminha até
um carro e Miltinho fica a olhar ela sem entender o que estava
acontecendo.
Horta olha Miltinho e fala.
— Ela só parece inofensiva Edilson.
Cada qual para seus carros e Edilson olha para Miltinho e fala.
— Preciso de um servicinho a mais.
— Qual senhor?
— A morte de Horta e Simone, depois vamos nos livrar deste
Mayer, ele realmente está fora, mas está fuçando muito.
— No que ele está fuçando senhor?
— Na morte de Drumont e David.
651
Miltinho olha para o senhor como se entendesse, mas Simone
liga para Horta e fala.
— Se cuida, ele acaba de pedir para Miltinho nos matar.
— Pelo jeito ele queria algo?
— Confirmar que Mayer estava fora, todos sabemos que ele
está sempre meio fora, meio dentro, mas pelo jeito ele está indo
para dentro de mais um prospecto da prefeitura, além de tocar 4
empresas bilionárias.
— Vou me cuidar.
Horta chega ao segurança e pergunta se Miltinho estava na
região no dia do atentado contra Jorge e Gabriel.
O mesmo confirma e pede para cuidar, pois desconfiava que
ele era alvo, pior, um alvo para complicar Mayer, pois se ele mor-
resse, todos pensariam que foi Mayer.
João pega o helicóptero e voa para a cidade do carnaval e
começa a verificar a pintura do carro 4, da parte dos fundos, estava
com o carro em três partes, ele pede para os rapazes colocarem
para a parte do fundo as duas primeiras partes do carro e começa a
fazer os acabamentos da ultima parte, colocando e pintando cada
detalhe, ele parecia querer correr com aquilo, mas era para não
pensar no problema.
Ele e as pessoas começam a por as divisões finais e começam
a erguer as paredes da igreja sobre a parte do fundo, a escadaria e
da região do tapete de flores.
Sergio olha o carro e confirma onde iriam cada pessoa, e as
fantasias a mais daquele carro.
João começa a tirar para o fundo o carro 4, assim teria espaço
para todo resto na parte interna.
Ele começa a juntar as partes e montar o carro, as coisas su-
bindo e ainda faltavam coisas, mas estava na hora de terminar al-
gumas coisas.
João tinha algumas duvidas referente ao carro 4, que alguns
não olhariam, mas para ele estava ainda faltando algo, ou algumas
esculturas que não sabia se ficaria pronto, mas se não ficasse, teria
de por algo ao fundo do carro.
Era perto das duas da manha quando João abraça Micaela,
pede um helicóptero e vão para casa.
652
Jorge olha o carro e sorri, com Sergio chegando ao lado.

— Outro gigante. – Sergio.


— Tirando da parte superior as partes do fundo deste carro e
as do carro 2, começamos a evoluir e ter espaço para terminar o
carnaval, estranho algo assim, ter tanto detalhe, ele estava colocan-
do esta saia, que parece algo sem graça, mas é cheia de Led, para
brilhar como diamante na avenida.
Sergio chega perto e fala.
— Os detalhes começam a parecer estilo Mayer.
— Ele nitidamente queria estes carros com 30 metros, mas 20
é bem grande, e ele sempre se supera, novamente colocando um
carnaval imenso na avenida.
— Estão falando que o presidente da Portela pediu seu afas-
tamento, não sei, Gabriel fala que ele queria falar com Mayer, e no
fim do dia pede para se afastar, vão falar merda.
— Mas o que aconteceu?
— Aquele Miltinho, parece que suicidou-se hoje no fim do
dia, logo a seguir o presidente pede para sair.
— Estranho estas coisas, mas Mayer tentou ficar onde tinha
muita gente, o dia inteiro.
— Ele quase adivinha que vai dar merda.
Os dos sorriem.

653
João acorda e Micaela o abraça.
— Hoje é dia de ficar em publico.
— Problemas?
— Tem gente nesta cidade, que
acha que pode matar a todos e nunca
ninguém vai ver, então quando alguém
sente-se ameaçado, toma a frente e lá
foi mais um para o caixão, temo o dia
que alguém tenta fazer isto comigo, mas
sei que no Carnaval, as pessoas acham
normal isto.
— Quem morreu? – Micaela.
— Não sei o nome, todos chama-
vam de Miltinho, em teoria ele se suici-
dou, após Edilson ter pedido para ele
matar Horta e Simone, não sei quem
reagiu, mas algum deles o fez.
— Certo, ficar em publico, mas te-
remos algo hoje?
— Vamos tentar estabelecer o
carro que nos vai tirar o campeonato.
— Tem tanta certeza disto?
— Não, estamos colocando 6 carros na avenida, o menor tem
61 metros, um gigante, o carro final ainda não sei, tenho uma ideia
básica e preciso por as coisas no lugar, mas teremos um beija flor de
18 metros neste carro, painéis de Led frontais e finais passando as
memorias de Roberto, e 3 sistemas giratórios grandes falando das
Anacronias da historia, contada do hoje ao passado.
— Nunca entendi este termo.
— Anacronismo é algo definido fora do tempo, exemplo,
chamar cristo de Comunista, o comunismo foi criado no inicio do
século 20, ou quase 20 séculos após a vida de Cristo, então isto é
uma definição anacrônica, usamos um termo atual, para definir
alguém que não sabe o significado disto, outro exemplo é o termo

654
Brasil Imperial, pois o Brasil só existe após a Independência, então
éramos um estado Português de Ampliação Territorial, não Brasil.
Micaela sorriu e fala.
— Agora entendi o quanto é difícil um carro destes, você quer
falar isto através de um carro alegórico.
— Que começa por uma homenagem a seu pai, que também
era visto como Contraventor, e como Padrinho da Beija Flor, mas
então o difícil é por tudo isto em um carro de 90 metros, pode ter
menos, que vai contar através de painéis esta historia.
— Certo, algo a mais?
— De cada lado, tem 25 representações menores, giratórias,
falando de anacronismos.
— E não consegui fechar ele ainda?
— Vou ter de montar ele e ver se a ideia é razoável, e encima
disto começar a fazer os acabamentos, o que me chateia no carro 6,
é que não consegui pensar no acabamento ainda, então talvez mon-
te, olhe e tenha de desmontar e fazer toda a base.
— Certo, estilo Mayer, lembro disto. – Micaela sorrindo.
Os dois se juntam a sogra, empregada e vão de helicóptero
para a Cidade do Carnaval.
João olha para baixo, a aparente calma, seria cortada em bre-
ve, mas não estava disposto de brigar naquele dia.
O carro 6 não caberia numa divisão, então ele pensa nos pe-
daços, mas o tirar para parte do fundo de dois carros, grandes, o
carro dois parado na divisão um, isolado, dali não se via ele, os de-
mais carros todos em fibra agora, e começaria a por as coisas no
carro 6, primeiro ele instalou as laterais, colunas quadradas imitan-
do as colunas do Copacabana Palace, o pessoal foi trazendo os aca-
bamentos, e começam a testar o subir e descer da parte frontal,
logo as costas da estatua de meio busto de Roberto, de 18 metros,
começam a instalar a parte alta, que era uma estilização do Copaca-
bana Palace, as partes baixas, os salões do Copacabana, a volta to-
das as colunas e acima delas, começam a por bandeiras.
João para a frente do carro, abraça Micaela, pois ela estava
com uma lagrima nos olhos.
— Você não vai deixar passar desapercebido o evento.

655
Eles começam a montar as partes do fundo, uma com um
quadrado formado por laterais com a bandeira da escola atual, nas
pilastras estava a bandeira antiga.
João olha o erguer das paredes do Hotel Cassino Copacabana
Palace, ele tinha ainda algumas ideias, mas teria de fazer a parte,
pois as coisas as vezes tem de andar passo a passo.
Ele olhava as duas partes sendo feitas, vai ao fundo e viu co-
mo estava duas esculturas com um beija flor em meio a um R.
Tudo andando, partes sendo feitas, olha Paulinho acionar as
cortinas internas e cada divisão ficou isolada.
Se antes se via as duas partes, agora apenas a que estava a
sua frente.
Foco no que está fazendo é essencial a quem tem prazo aper-
tado, e uma montanha de coisas a fazer.
As cortinas tinham uma marcação, de cinco metros, em toda
ela, para terem ideia de que tamanho eles teriam de ter.
No barracão da Portela, o Capitão olha em volta e pergunta
para um rapaz.
— Não entendi o que aconteceu, mas o presidente parecia
todo fora de si, quando soube da morte de Miltinho.
— O que ele foi fazer ontem?
— Ele trabalhou o dia normal, mas tinham pedido para Gabri-
el marcar algo com Mayer, não entendi, algo sobre o tentar negoci-
ar o valor anterior, do ano passado.
— Ele foi sozinho?
— Não, Horta e a pequena Simone foram.
— Miltinho?
— Sim.
O Capitão faz força e se levanta, ele caminha até a entrada,
olha para os barracões, todos agitados, com uma exceção, pelo
menos na aparência, olha Horta olhando para fora, não para o outro
lado, mas para ali, teria de saber o que aconteceu, o presidente saiu
e não falou nada, apenas saiu e se afastou, parecia com medo, mas
do que?
Capitão olha o segurança e faz sinal para ele emprestar o ce-
lular, o mesmo o alcança, ele entra nas redes sociais, passa uma
mensagem para Mayer e pergunta se poderiam conversar.
656
João pergunta o assunto e o senhor fala o sair assustado do
presidente da Portela, fugido.
João olha para o andar superior e olha para Gabriel e fala.
— Posso usar a sua sala?
— Quem vem conversar?
— Capitão da Portela.
— Pode, problemas?
— Não, mas vou a sua sala.
João pede um helicóptero, e passa uma mensagem para Capi-
tão falando que se quisesse conversar, estaria em minutos, chegan-
do de helicóptero no Barracão da Beija Flor.
O capitão olha o segurança e fala.
— Vou ate a Beija Flor, se alguém perguntar.
— Quer proteção?
— Sei que tem algo que não combina, e uma foi o tiro em
Jorge, teria de ser de um dos barracões que dão frente para lá, nós
somos uma possibilidade.
— Acha que...
— Acho que terei de observar melhor, pois Edilson foi quem
nos colocou na Briga com Mayer, ele e Horta queriam algo, e pelo
jeito conseguiram, eles parecem calmos demais.
— Alguns ficam mais nervosos, Gabriel mandou reerguer o
espaço que fizeram o ano passado ao fundo do barracão para dispor
das alegorias grandes, isto deixou alguns pensando que Mayer po-
deria fazer na parte dele da Ilha do Fundão e dar um jeito de trazer
para cá encima da hora.
— Digo que Mayer fez com eles algo que queria saber fazer,
ele entra em algo, todos temem e fogem.
O senhor olha o helicóptero descer na parte alta do barracão
da Beija Flor e caminha pelo pátio interno, aquela arvore parecia
uma provocação.
Ele chega a entrada e a moça da recepção confirma se Mayer
estava e chama Bira, para ajudar o senhor.
Capitão entra e olha aquele busto de Roberto, olha para cima,
imenso, deveria estar no limite da regra, olha o carro, diziam que
eles não estavam fazendo nada, mas uma vez entrado no barracão,
ele viu as divisões isoladas e aquele carro em construção, Bira o
657
conduz a sala, que o senhor viu que era a sala de Gabriel, que o
cumprimenta no corredor e olha Mayer ali olhando um protótipo de
enfeite.
— Pensando no Carnaval? – Capitão.
— Boa tarde, não entendi o problema, pois Capitão me ligan-
do é problema.
O senhor sorriu e João encosta a mesa o protótipo, era de
uma luminária de rua.
— Queria saber se saberia porque o presidente da minha es-
cola saiu correndo?
— Acredito que seja algo referente a um processo na 4ª DP.
— Não entendi.
— Digamos que a policia convocou Miltinho ontem no final da
tarde a um depoimento na Delegacia, algo referente a morte do
Vice da União da Ilha em 2019, que levou a mais 6 mortes, entre
elas o envenenamento do Drumond e o atentado ao nosso carnava-
lesco, mas pensei que ele estava fazendo serviço, não que seu pre-
sidente estivesse por traz disto senhor?
— Está afirmando que Drumond foi envenenado?
— Sim, não entendo disto, mas foi achado um sal no canal di-
gestivo, que provoca ataque cardíaco.
— E soube disto quando?
— Já sabia, mas como a justiça neste país é lenta, pensei que
iria pelo caminho de perderem os prazos.
— E foi disto que foram falar ontem?
— Não, eles querem mais dinheiro, não entendi, tá faltando
Capitão?
— Não, parecem sempre querer mais, mas pelo jeito este pa-
po de parados é apenas para os demais.
— Cansei deles ficarem com medo, e pulei fora, Gabriel disse
que iria tentar levantar o carnaval com calma e sem chamar aten-
ção, é chato ver medo nos outros Capitão, você ajuda 10 escolas,
elas por medo, lhe tiram do caminho, você ajuda, elas erram e eu
que sou o problema.
— Tem de ver que o carnaval do ano passado colocou medo
nos demais.

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— Sabia que iriam encurtar depois daquilo, mas Gabriel está
fazendo um carnaval maior do que eu faria, pois tínhamos 4 carros
projetados para este ano e os tripés, mas nos obrigaram a por dois
carros a mais.
— E não dá palpite?
— Logico que dou, minha Joalheria coloca dinheiro aqui den-
tro, então obvio, dou palpite sim.
— Alguns tem medo deste tipo de carnaval?
— Que tipo?
— Que visa lucro
— Eu viso lucro, a escola, títulos, mas estou pensando em vol-
tar o ano que vem a escola, este ano não vai dar.
— Não vai dar?
— Estou fundando 4 multinacionais este ano, fica difícil.
— Certo, você está no mundo empresarial, Roberto era do ilí-
cito, você sempre foi pelo licito, uma soma que realmente colocava
medo, mas sinal que ainda pretende fazer carnavais.
— Entende que Gabriel tem mais o que tocar, e ainda não
tem as manhas do pai.
— Certo, você ajuda de um lado, ninguém esperava esta mor-
te, mas pelo jeito o vão homenagear.
— Com imagens históricas, familiares e empresariais, Roberto
fará falta, ele me trouxe a cidade Capitão, eu não estaria aqui, na
posição que estou se ele não tivesse me convidado a tentar.
— E pelo jeito tomou gosto pelo lado que ele não gostava, o
licito e organizado.
— Ele tinha uma organização primorosa senhor.
— Acredita que é desfecho de um processo então esta corrida
do presidente.
— Eu me preparava para dizer que um homem fora da lei,
não representa as cores da sua escola, e que condenam este tipo de
comportamento.
Capitão olha João e fala.
— Não parece ter raiva, estranho.
— Eu sempre digo, não levo para o pessoal, mesmo quando é
pessoal, mas me tirarem daqui, me fez fazer acordos que me tor-
nam sócio dos 4 maiores bilionários do planeta, hoje acho que pos-
659
so quase me dizer rico, pois acredito que se parasse hoje, minha
neta seria rica, então falta pouco para poder me divertir um pouco
na vida.
— Dizem que vai trazer algo de fora na ultima hora, como da
ultima vez.
— Da ultima vez, eu podia por o que quisesse, desta vez, exis-
te regra, desta vez tenho até preparado se vier a ter um juiz maluco
de ultima hora, limitadores prontos e bem feitos, mas no que posso
ajudar mais, pois quero fazer uma reunião com Gabriel e tenho mais
coisas a fazer.
— Vai sair correndo.
— Sim, amanha tem uma inauguração de peso, a primeira fa-
brica da NM fora dos Estados Unidos.
— E quer preparar tudo, entendo que alguns nem entendem
o como você ganha dinheiro.
— Sei disso, mas trabalho, eles ficam olhando os demais, dei-
xam seus afazeres e querem que as coisas aconteçam.
João se despede do senhor e sai olhando o pouco que conse-
gue, se via aquele carro a frente, ainda sem muitos acabamentos,
mas teriam de trabalhar muito para deixar pronto.
O Capitão sai e Gabriel pergunta.
— O que ele queria saber?
— O motivo do sair correndo do Presidente da Escola ao lado,
se não tinha nada haver com a reunião de ontem.
— E tem?
— Não, apenas não sei como foi feito, não tinha me tocado
de uma coisa.
— O que?
— Que Edilson pode ter feito o serviço, para não ser ligado
aos demais, enquanto levantam se foi ou não suicídio, ele foge.
— Certo, se existiam crimes ai, e o único que poderia falar era
o rapaz, as vezes se faz este tipo de serviço.
— Disto não faço questão nem de saber.
João olha o prospecto do carro e olha a saia, teria de ter uma
ideai, e não poderia ser algo repetido.
Ele olha para Gabriel e fala.

660
— Tenho uma ideia referente ao carro final, mas preciso de
permissão dos filhos, esposa e irmão para o fazer.
— Porque, algo grave?
— Somente mostrando para explicar.
João começa a descer, Gabriel desce junto, chegam a frente
de Micaela.
— Gostaria de trocar uma ideia Mick.
— Problemas?
— Eu queria um efeito neste carro, mas preciso de autoriza-
ção da família.
Micaela olha desconfiada e fala.
— O que gostaria de por aqui?
João olha para Paulinho e pergunta.
— Instalou as luzes?
— Sim.
— Gerador ligado?
Paulinho alcança o controle para João, ainda não estavam fa-
zendo de dentro, mas isto ficaria sobre controle de alguém que
andaria com o carro.
João liga o gerador, e o carro acendeu a parte da frente, os
holofotes focados no busto de Roberto, acender, ele aciona o co-
mando dois, e a impressão de que a estatua estava subindo, mas
era apenas uma holografia, as luzes a volta desviam para fora do
carro, a parte interna apaga e os holofotes ficam fortes para cima,
fazendo um cone de luz, que começa a girar no piso, e o holografico
sobe até chegar aos 40 metros, todas as luzes focam o teto, gerando
muito brilho em um ponto e a holografia se desfaz, na parte baixa,
tinha apenas uma base. Que com o parar do girar da luz, começa a
erguer de dois em dois metros o busto de Roberto novamente.
Gabriel sorriu, Micaela olha para João que fala.
— Sei que preciso que vocês autorizem, não é nada denigrin-
do, mas sei que pode ser tido como uso indevido de uma tragédia.
Micaela olha o tio que viu aquilo do segundo piso, e chegava
ali.
— Eu não teria nada contra, pois sei que é uma homenagem,
e um desejo de que ele tenha sido aceito.

661
João não fala, mas sabia que vira isto, ele nunca vira isto an-
tes, e isto lhe fez ver a morte de Roberto como uma anunciação de
que alguns ainda eram salvos, pois até aquele momento ele achava
que todos iam para o mar do esquecimento.
— Teria de falar com a mãe. – Micaela.
— Só faremos se todos forem a favor, não quero neste caso
democracia, quero todos de acordo. – João.
Se os demais não entenderam todo o trabalho até aquele
momento, agora sabiam o que seria o fechar do desfile da Beija
Flor.
Capitão chega ao barracão e olha o vice presidente e fala.
— Prepara um discurso de posicionamento, se for o que Ma-
yer falou, temos de dizer que não sabíamos de nada.
— O que ele acha?
— Um processo criminal que está sendo investigado na 4ª,
que tem mortes de presidentes e vice presidentes de escolas e o
atentado ao carnavalesco da Beija Flor.
— Está dizendo que Edilson fez isto?
— Pelo que entendi, Miltinho fazia, mas parece que a mando
do presidente, então se vier a publico, temos de falar que vamos
colaborar e esperamos as provas, mas se as provas indicarem que
eles são os mandantes e executores, não somos a favor disto.
O vice entendeu, acusações de assassinato.
Capitão chega ao barracão e olha as alegorias, caminhando,
nada com o tamanho do busto de Roberto, eles tinham desenvolvi-
do um método, isto que diferenciava, eles sabiam fazer.
Ele chega ao lado do chefe do barracão e pergunta.
— Porque nossas esculturas sempre parecem apenas deta-
lhes comparadas as alegorias da Beija Flor?
— Viu algo?
— Um busto do falecido Roberto, de 19 metros de altura.
— Eles tem um curso que ensina fazer aquilo, mas Edilson
não deixou os rapazes terminarem o curso.
— Motivos?
— Não sei, ele apenas não pagou mais e disse que precisava
eles aqui.

662
O senhor olha os rapazes, estranha pois a mesma estrutura
que colocava medo, colocara técnicos para ensinar a fazer imensas
esculturas, e quase ninguém estava usando.

663
Janeiro voa, e os barracões conti-
nuavam agitados, mas o silencio do bar-
racão da Beija Flor era para alguns ape-
nas não fazerem estardalhaço, os barra-
cões todos correndo e chega o dia da
terceira reportagem no barracão da
Beija Flor, Milton cunha chega e olha
para o carnaval, apenas exigência de
filmar pouco, e Gabriel escolhe fazerem
o programa na divisão do meio do carro
5, Milton tinha visto outra parte, a roda
gigante a frente, as 12 janelas com inte-
grantes as costas, todo um capricho na
alegoria, agora encaminhada, ele come-
ça entrevistando o carnavalesco.
— Como estamos Jorge, vi que
correram para acabar as alegorias.
— As vezes em ano confuso, te-
mos de nos superar.
— O que temos aqui neste carro
que desse para mostrar?
Jorge faz sinal para eles entrarem em um trenzinho, pega o
controle e liga todo o carro, faz sinal para o cinegrafista entrar no a
frente e com o carrinho girando, ele fala.
— Um passeio no mundo da fantasia dos políticos do Brasil,
quem está aqui não vê a crise, a pobreza, as mazelas, é tudo diver-
são, como se o mundo fosse apenas diversão.
Milton olha que depois de uma altura se via a favela, se via as
outras construções, mas entendeu, para muitos sempre estava óti-
mo.
Ele passa para Mariana Gross que fala.
— Depois quero dar uma volta desta Milton, mas estou aqui
com Rodney, que vem com um samba forte, e que tem sacudido a
comunidade.
Rodney apenas sorri e Mariana pergunta.
664
— Vai nos mostrar algumas surpresas?
O rosto de talvez, não sei dele fez Mariana falar.
— A Beija-Flor está fazendo jogo duro este ano, e você Fabio
Judice, tá conseguindo algo ai na comunidade?
— A comunidade está toda enlutada pela morte do Patrono
da escola, mas muitas coisas foram feitas na comunidade este ano,
como a reforma de todas das ruas a volta da quadra, temos uma
quase procissão semanal para o Cristo que foi colocado sobre a
capela da quadra da escola.
Eles começam a falar com o povo e acabam com aquele pas-
sear pela câmera na área coberta criada para esta apresentação no
primeiro espaço aberto.
Milton olha os carros e fala com o pessoal, estavam quase
acabados, mas pareciam apenas carros, nada de mais, talvez quises-
se algo diferente, mas não viu nada muito diferente.
Milton olha Mariana e pergunta.
— Viu algo excepcional?
— O acabamento está primoroso, eles vem num daqueles en-
redos que o povo não entende, as vezes nem os jurados, mas está
bem caprichado.
— As vezes esperando algo mais.
— Tá querendo o impossível Milton? – Mariana sorrindo.
— Certo, eles passeiam por um carro, mas é que aquele carro
eu já tinha visto, talvez as divisões do barracão não nos dão uma
visão geral dos carros, teremos de ver na avenida, mas para o que
se falava, que eles estavam sem nada, eles tem 6 carros, não enten-
di a comissão de frente, parece algo muito simples, mas é que sem
fantasia e sem entender não se diz o que farão.
— Um barracão que está trabalhando ainda, mas carros já
com esculturas, com saias, com pinturas, eles vem brigar de novo
Milton.
— Certo, eles vem com a qualidade que tem sido característi-
ca, que vira referencia, sei que sou chato, mas terei de rever as ima-
gens, aquele carro que eles chamam de 5, parece um abre alas.
— Por sinal, eles colocaram lá nos fundos para o montar intei-
ro, juro que não sei como eles levam aquilo para a Marques. – Ma-
riana olhando o cinegrafista.
665
— Este é o problema das demais, eles estão na regra e pare-
cem maiores da mesma forma.
João que não estivera nem no local para não aparecer, chega
após a saída deles e olha a mãe de Micaela, olhando o carro e auto-
rizando o uso, João já estava pensando em não usar, quando ela
resolve autorizar.
Começam a pensar nas ultimas partes do carro numero 6.
João olha Jorge que fala.
— Não entendi a ideia?
— Vamos tentar montar esse carro na parte do fundo, pois o
6 era para ser apenas um carro final, está grande e vazio ainda.
— Você não sabe pensar pequeno mesmo.
— Terminaram o vídeo?
— Sim, os exatos 3 minutos e 22 segundos da duração do
samba, vamos tensos no samba do começo ao fim.
— Autorizados, pensei que usaríamos ele apenas de passa-
gem, mas deixa eu programar a luz, e vamos montar o carro inteiro
na parte onde montamos o carro 5, o desacopla e colocamos para
dentro, e começamos a juntar todas as partes do carro 6, e testar se
a loucura do Carnavalesco com o palpiteiro do Mayer vai dar certo.
– Fala João olhando Jorge.
— Certo, vamos fazer.
Eles começam por manobrar o carro 2 para a divisão do fun-
do, depois eles trazem as partes do carro 5 separadas, as 20 partes
separadas, ai eles começam a separar as partes do carro 6 e levar
para parte do fundo, pela primeira vez, estavam colocando os dois R
nas pontas, depois eles colocam as partes de base, e era perto das
11 da noite quando eles colocam o samba e os dois mestres da ba-
teria veem que o carro final funcionava no ritmo do samba, mas o
vídeo passando a frente, ao fundo e em dois pontos médios, davam
o nascer, o crescer, o primeiro campeonato, o tricampeonato em
79, o crescer de uma escola, de uma comunidade, se unindo, a his-
toria leva lagrimas a alguns olhos, quando chega a morte, as luzes
do resto do carro param, e aquela luz forte sobre o busto, da saia a
toda volta, uma cortina sobe, cobrindo de negro o carro, deixando
apenas os dois R e os vídeos passando, enquanto a holografia chega
a 40 metros, e aquela luz alta desfaz, e a cortina volta ao local, o
666
busto não estava mais ali, e recomeça a passar o vídeo, e o busto vai
se formando, novamente.
Micaela abraça a mãe e fala.
— Ele vai aprovar mãe.
— Se a ideia era chocar, encerramos com algo que juro, nun-
ca vi na avenida filha, seu pai era por chocar, seu marido tem este
poder.
Plinio e Rodney olham o carro e se olham. — Temos de garan-
tir a precisão.
— Sim, ouvi Mayer falar varias vezes que era o carro que po-
deria nos tirar o campeonato, sim, ou o vencer, temos de acertar.
Os dois sorriem e Ricardo chega ao lado e fala.
— Uma ideia imensa para chamar todos os olhos sobre o car-
ro, não sei se na avenida dará este efeito.
— Ninguém sabe, mas podemos verificar isto, mas acha que a
homenagem está a altura?
— Sim, um carro de 20 metros, que projeta luz a 40 metros, é
algo que eles vão reclamar, mas entendo que quer fazer e não sou
contra não.
Gabriel seca os olhos e fala. — Vamos ter de segurar as lagri-
mas no dia.
— Convidou todos os nomes que falei?
— Sim, talvez tenhamos uma presença que vai agitar a cidade
no carro final, mas convidamos e temos a confirmação. – Gabriel.
— Quem vão trazer para agitar?
— O príncipe que se deixou encantar! – Gabriel.
Ricardo sorriu e fala. — Pelo jeito quando pensam que vamos
reduzir, ampliamos.
— Sim, Roberto Carlos e o filho confirmou, logo após saber
que o príncipe viria.
— Agora os demais vão começar a confirmar. – Gabriel.
João sorri, ideia boba, era apenas para convidar, mas alguém
resolve aceitar. Ele para olhando o carro finalmente pronto.

667
Micaela o abraça e fala.
— O carro que nos tira do enredo?
— Nos tira do enredo, nos coloca com a bateria em eterna
tensão, e qualquer cortina, qualquer coisa que falhar, perdemos.
— E mesmo assim não parou de pensar nele.
— Tem parte do enredo ali, faltam ainda as esculturas que es-
tão atrasadas, tem vinte cinco pedestais pequenos de anacronis-
mos, mas é que são 25 animais no jogo do bicho, mas só colocamos
se todos ficarem prontos.
— Certo, parece pensar em mais alguma coisa.
— Estamos tentando preparar para o beija-flor subir junto ao
fundo, com uma tarja de luto, mas a holografia não está pronta, e
bem no meio, vai subir uma tela para continuar a passar a historia,
mas o tecido não chegou ainda.
— Carros João Mayer?
— Jorge Caribé.
— Não entendi toda o esquema de segurança?
— Um príncipe inglês com seus dois filhos, companheiras e fi-
lhos, vem ao carro final, com Roberto Carlos e alguns temas da es-
cola, mas já tínhamos um esquema pesado, pois a rainha de bateria,
vem com um colar de 350 milhões no pescoço, mas ela nunca vai
saber o valor.
— Certo, tinha um esquema pelos diamantes, mas pelo jeito
o negocio vai ser corrido.
— Sim, já reservei carro com sistema blindado, já reservamos
o presidencial ao fundo, e um helicóptero direto.
— Você faz parecer fácil.
— Nada fácil, este carro a frente, é o mais azul da escola, e no
minuto 3 ele fica negro, com uma holografia sobre ele e dois R nos
extremos.
— Pelo jeito enquanto as pessoas pensam que não temos na-
da, quer impressionar.
— Sim.

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Fevereiro chega e as festas de
carnaval, com a cidade fantasiada e pre-
parada, anunciam a diferença, pois era o
primeiro carnaval com tempo do prefei-
to, o anuncio dos polos de carnaval, com
os enfeites e o aeroporto do Rio lotado
de voos chegando, quando na quinta
antes do Carnaval, a cidade registra 4,5
milhões de turistas, a imprensa mundial
começa a falar da cidade, ainda mais
com a presença do príncipe Inglês na
cidade.
Milton Cunha estava na repartição
da Globo se preparando para ir para o
sambódromo para transmissão do grupo
A quando Mariana Gross o para e fala.
— A segurança no sambódromo
está insuportável.
— Beija Flor dando o nó em todos,
a 15 dias todos falavam que a Beija Flor
estava fora, juro que vimos os carros, mas quando anunciam que
entre os que viriam para estar no carro final, em homenagem a
Roberto, o príncipe, todos os meios mundiais olham para a cidade.
— Isto tem cara de João Mayer.
— Sim, e provavelmente iremos a sequencia de maiores
shows da marques, nós transmitimos interna e para o mundo pelo
Globo Play, algo que tem cara de ser os maiores desfiles, o Acesso
da Sapucaí.
— Dizem que Mayer vai tentar ajudar a por os carros na ave-
nida este ano, da Cubango.
— Ele sempre metido em outras escolas, mas pelo jeito é a
aposta do ano.
— Ele tem subido as escolas que ele quer, mas ele esteve
bem mais fora do que o normal.
— E o que sabe da Portela?
669
— Prenderam ontem o antigo presidente, ele havia viajado
para a Espanha, e a Interpol o pegou ontem lá.
Milton olha a descrição das escolas e para na da Cubango,
talvez tivesse passado mais rápido antes, mas o ouvir que Mayer iria
por ela na avenida, fez ele olhar com atenção, fantasias lindas, e 6
carros que pareciam uma incógnita, sempre ele falava que Mayer
colocava ali, e depois descobrissem o incrível ao vivo.
A cidade agitada, no barracão João verifica todos os carros da
Beija Flor, e todos os nomes de cada carro, o ritmo que iriam passar,
onde cada uma das alas teria de estar na avenida, ele reúne o pes-
soal e um relógio com a programação para entrar, quando fosse
dado o sinal, de entrada, para todos apertarem o relógio, que ele
daria se estavam adiantados ou atrasados.
Todos prontos, nomes de cada pessoa, roupas revisadas e dis-
tribuídas, olhar cada gerador, cada luz, cada coisa que poderia faltar
na hora, uma dia longo, que próximo da meia noite, ele vai a Sapu-
caí e ainda ajuda a por a Cubango na avenida.
Ele ajuda a concertar uma roda, em plena armação, duas liga-
ções elétricas, 6 bêbados tirados de alegorias, dia calmo até.
Milton olha o desfile e fala.
— Realmente uma Cubango bem estruturada, mas estes car-
ros com 28 metros, com luzes impecáveis, com certeza voltam no
desfile das campeãs do acesso, se ganha, ainda é cedo para dizer,
pois tem muita gente boa vindo.
Milton tenta ver se via Mayer, mas não viu, então não comen-
ta, João sabia ser invisível quando queria.

670
O sábado João tira para a família,
e para descansar, já que desfilariam no
Domingo, e quando na manha de Do-
mingo eles tiram os carros desmontados
em pedaços, não se diria o que iriam
desfilar, mas não estavam preocupados,
para a maioria Beija Flor iria apenas
desfilar, isto para todos era bom, eles
criaram seus carnavais sem a pressão, e
estavam todos prontos.
João começa a montar o abre-
alas, quando aquilo sobe a 19,5 metros,
as pessoas nas arquibancadas da Presi-
dente Vargas começam a ter curiosos,
ainda faltava muito para o desfile.
O anunciar das celebridades na
Beija Flor, enchem as arquibancadas, e
João foi montando carro a carro, se al-
guém achava que eles viriam pequenos,
ficou evidente o tamanho, e quando eles
viram a primeira do outro lado, segunda a desfilar passar a linha de
desfile, começam a ajeitar as coisas, Milton olha a armação da Beija
Flor e fala.
— Ai vem a atual campeã, todos estão com a frase do antigo
presidente, que vinham para tentar o tricampeonato, mas algumas
tragédias abraçaram a beija flor este ano.
Fatima Bernardes fala.
— Eles vem com 6 carros, quantos componentes?
— Eles vem como a maior escola, no prospecto fala em 8 mil
componentes, 2600 sobre carros e 5600 na avenida, para 77 minu-
tos, bem temerário. – Pretinho da Serrinha.
O olhar de Fatima a Milton o fez falar.
— Todos falam que a escola cresceu, até as que tinham cres-
cido o ano passado, não fizeram o mesmo trabalho para este ano,
mas a Beija-Flor, manteve o grupo, e vem com o que eles chamam
671
de 35 alas, com 160 componentes com três tipos de fantasias, três
visões de uma ideia, este ano não teve a festa de apresentação das
fantasias, as intrigas fizeram até Mayer sair da presidência, depois
um assalto que mata Roberto e os dois meninos mais novos de Ro-
berto, o ano foi de perdas na Família Beija Flor.
— Sabe se Mayer vem apoiar hoje?
— Ele estava na armação ajudando até agora a pouco. - Mil-
ton.
— Acha que eles vem com força?
— Acho que são uma incógnita, eles encheram as arquiban-
cadas do dia para as pessoas verem a família Imperial Inglesa num
carro alegórico.
— Dizem que a segurança está reforçada em tudo.
— Sim, mas dizem que a Marques de Sapucaí é dos poucos
lugares, no Brasil, que permitem este tipo de evento com presenças
famosas, pois a segurança é bem reforçada.
João acompanha o começar do desfile, aquele tripé com três
presidentes, onde tinha um representante que fazia cada um dos
três presidentes, e 4 assessores, e cada qual só via os erros dos de-
mais, uma encenação perfeita, mas que gerava rizada da plateia.
O estavam transmitindo quando veem aqueles balões acima
das baianas e chamam a armação, e se deparam com a visão lateral
do carro abre alas, e começam a narrar, a descoberta, do paraíso ao
inferno. E vem aquelas nuvens altas parecendo fazer raios nelas e o
publico olha encantado e Fatima sorri e fala.
— Ai vem uma escola defender o titulo de campeã.
Milton não havia visto em lugar algum aquilo, e entra quase
acoplado ao carro abre alas, e sorri, pois entravam na visão baixa,
chuva, bom para a plantação, problemas de enchente, problemas
com raios, os Deuses do trovão.
Milton olha lateralmente a Beija Flor filmada de cima e fala.
— Esquecemos que Mayer não projeta carnavais normais, e ai
vem uma para se dizer, especial.
O publico começa a cantar o samba, o ritmo estava aparente
normal, mas era acelerado, cada conjunto olhando o verde nos re-
lógios, e mantendo o ritmo, vem o segundo carro, e Milton viu que
o capricho e o estilo, a escola vinha num ritmo rápido, mas não cor-
672
rido, e obvio, se via a alegria e a tensão nos olhos, mesmo que pare-
cendo natural, veem a bateria vir e aquele carro um pouco atrás,
imenso, chamam da armação, e Mariana fala.
— Temos um carro que tem três alas no intervalo dele, en-
trando na marques, se queriam carros grandes, este foi o maior que
vi este ano na Marques.
Milton olha que vinham todos bem explícitos, Beija-flor, mas
no limite da altura.
João estava se divertindo na armação, a confirmação da che-
gada dos convidados e entrando no carro final, a segurança dele
reforçava os empurradores, e as vezes um colete a mais, segurança
nunca é demais.
Quando aquele carro faz a curva, a Bateria entrava no recuo,
com uma ala saindo do carro as costas e tomando a avenida.
Sempre uma forma diferente, desta vez eram cavaleiros me-
dievais, tomando a avenida, sambando.
Quando pela primeira vez, o carro final pisca, todos olham pa-
ra o fim do desfile, pois o fleche foi imenso.
Passam para Mariana que olhava o carro voltando abaixar as
laterais mostrando os convidados, e fala.
— Acabamos de ver um carro novamente parar a avenida, só
olhando para entender.
Eles mostram ao longe, não parecia grande coisa, mas quan-
do chegam perto, Milton vendo a reprodução da vida de Roberto,
os convidados de todas as escolas, e aquela hora que tudo apaga e
aquela holografia chega ao teto e pisca todas as luzes, uma lagrima
lhe corre o rosto e fala.
— Isto não se faz Beija-flor. – Milton enxugando com a manga
o rosto, todos estavam parados na imagem e Fatima fala.
— Eles vem para brigar de novo, e vemos convidados de vá-
rios campeonatos, de varias escolas, um carro que falar sobre é
fácil, realizar é outra coisa.
Milton olha os demais, todos parados na imagem e ouvem
Pretinho da Serrinha falar.
— Uma apresentação a cada 3 minutos e 22 segundos, quan-
do se fala em ser preciso, é o que a bateria está fazendo do começo
ao fim, para justificar o encerramento.
673
Milton estava com a garganta apertada e fala.
— Roberto vai fazer falta, mas recebeu uma homenagem, as
três formas de o ver, o pai, o padrinho de escola de samba, o con-
traventor, e os anacronismos, que podem passar despercebidos no
carro, mas estão ai, se analisa os pais, pelas lembranças de infância,
não pela realidade, se analisa os contraventores pelas leis atuais,
onde os direitos são diferentes dos da época, e o Carnavalesco,
quem olha eles hoje, não imaginam eles subindo, primeira escola
que não era do Rio de Janeiro capital vencer, hoje, todos encaram
Nilópolis quase como um bairro a mais, quando se fala de carnaval.
Ainda temos 25 representações de anacronismo nas laterais do
carro, que vão de coisas pesadas, a leves, pois Jesus não poderia ser
nem Comunista e nem Gay, pois são duas ideias que não existiam
na época de Cristo.
A bateria sai e João ajuda ao fundo, e se ouve o Campeã pela
primeira vez no carnaval do Rio, se ninguém estava preocupados,
agora começavam a se preocupar.
Os desfiles não são acompanhados por João, que conduz os
convidados especiais a um balcão especial, e se recolhe, ele não
queria aparecer muito naquele carnaval.

674
João se recolheu, e nem acompa-
nhou as demais escolas, estava pensan-
do se deveria voltar, ele gostava de fa-
zer, mas já não se motivava tanto com
as apurações.
Talvez fosse o cansaço, mas quar-
ta feira, ele foi a apuração, ele queria
saber quem ganharia, ele não esperava
ser campeão, mas Gabriel reservou o
chope, pois 3 estandarte de ouro, não
era um ano passado batido.
As notas mostravam o que os de-
mais fizeram, não o que eles fizeram,
erros básicos, erros estruturais, ele nem
viu o acidente que matou 4 pessoas no
carro da Portela, triste, mas eles insisti-
ram no tirar daquela regra, os carros
dele continuavam tendo engenheiros.
Quando ele ouve Micaela falar
campeã ao lado, ele estava olhando
detalhes dos demais, ele estava longe, mas sinal que teria de olhar
tudo de novo, e Ricardo chega a ele e fala.
— O rapaz que nasceu para fazer isto, eles lhe odeiam pois
não conseguem ser como você João.
João ainda não gostava de elogios, mas ele na teoria não fez
nada, e Jorge olha ele e fala.
— E o que faremos agora?
— Tentar o Tetra?
Micaela sorri e Ricardo também.
Milton ao fundo olha para João ao longe e fala para Mariana.
— Ele fez de novo, estranho pois o carnaval tinha todo jeito
de Mayer, mas com as cores de Jorge, mas ele fez de novo, ele sem
avisar, deixou todos calmos e na regra, fez um carnaval imenso, com
balões, com carros imensos, com mais de oito mil pessoas, passan-

675
do na marques como se fosse fácil, a Portela estourou o tempo e
com certeza vão segurar tudo para não descer a Portela.
— Eles fizeram um carnaval incrível, e aquele carro final de-
les, não teve nada igual na avenida, vinha após um carro cheio de
movimento e critica social, e todos param naquele carro, muitos
dizem que para criticar aquilo, dizem que aquilo não é assunto de
carnaval, mas é por não ter o que falar, estanho como alguém estica
um tecido negro na avenida, e ninguém tem o registro disto, apenas
do todo, mas agora eles vão tentar reaproximar Mayer ou vão ten-
tar o afastar de vez Milton? – Mariana.
— Não sei, todos pegaram pesado, pior que a presença do
Capitão no carro final da Beija Flor, induz que eles querem se rea-
proximar.
— Todos tem a dualidade de sentimentos com Mayer, ódio e
amor, mas ele fez a homenagem, e mesmo tentando se fazer a par-
te, todos estão indo o cumprimentar, da escola.
— Ninguém o viu, pior, soube que o colar que a Raissa usou
no desfile, foi vendido por 380 milhões de reais.
Mariana abre a boca e fala.
— Quanto?
— Isto que todos falam, beija flor não é apenas luxo aparen-
te.
Mariana sorri e fala.
— A escola abraçou a comunidade, hoje se for a Nilópolis, é
outro lugar, uma cidade que tem empresas, tem turismo, tem uma
escola de samba, e de lá que vem João Mayer, abraçando a cidade
lá, depois aqui e parece querer abraçar a tudo a volta.
Milton começa a reapresentação do desfile o comentando
enquanto João abraça a filha, olha em volta e Gabriel e Ricardo che-
gam a ele.
— Vai voltar?
— Meu medo é virem novamente contra a escola Gabriel,
mas se quiserem, damos um jeito.
— Teria uma forma? – Ricardo.
João olha Ricardo e fala.
— Sabe que sim, se considerar que com permissão da Beija
Flor eu tenho uma Joalheria e uma Grêmio Recreativo, mas teria de
676
ser chamada uma nova eleição, poderíamos vir a perder, mas seria a
forma mais fácil.
— Acha que alguém seria contra? – Ricardo.
— Deixar claro que eu não me sinto adorado Ricardo, o que
para mim, é mais cômodo, eles gostam deste João Mayer, de minha
pessoa, alguns ainda não gostam.
— Gabriel não quer sair a vice, e não entendi.
— Ele tem as prioridades do pai, entendo, mas se aceitarem
uma indicação, eu indico o vice.
— Quem? – Ricardo.
— Rodrigo Oliveira, e nem falei com ele ainda.
— Certo, dois nomes da comunidade, e que são do grupo,
embora alguns vão estranhar. – Ricardo.
João não comenta, mas estava lançado um projeto de come-
ço de outros 4 anos, e talvez uma historia maior, mas João sabia que
teria de acalmar a alma, para criar os filhos, as empresas estavam
abraçando grandes comodits nacionais, e ele não via como parar
aquilo, e se antes eram empresas desconhecidas,
João vai com a família para a Cidade do Carnaval e muitos
olham ele olhando o espaço a frente da escola, ele já estava pen-
sando em onde colocaria algumas coisas, mas ele senta-se ali, Mica-
ela senta ao lado, as crianças corriam a volta, João sorria novamente
por fora e por dentro, não sei via a segurança a volta, mas ele esta-
va feliz, depois de anos estava voltando a sorrir.
Ele olha em volta, pensa nos desafios e Micaela o abraça.
— Bem vindo de volta.
— Sabe que todos a volta nos aturam, tenho de pensar em
uma forma de fazer a escola de um homem só evoluir, aquilo é algo
ainda invisível, a nível de fabricação, mas me toma tempo.
— E pensou em algo?
— Sim, aquilo é uma junção de arte plástica, mecânica, elétri-
ca e eletromecânica tudo no mesmo projeto.
— Um desafio que o faz pensar nos problemas daqui?
— Sim, mas estou pensando em diminuir o tamanho e fazer
uma apresentação no sábado anterior, ao carnaval, com 3 ou 4 con-
correntes.
— Diminuir o tamanho e aumentar o show.
677
— Sim, e entrei em contato com um rapaz que é da cidade,
mas está em São Paulo, para verificar uma ideia maluca.
— Ideia maluca?
— Já viu aquelas competições de carrinhos de destruição, que
se enfrentam em um ringue?
— Sim.
— A ideia é fazer uma competição, com equipes que viriam
do mundo, e teriam sistemas de 100 quilos se enfrentando.
— Algo bem maior?
— Sim, e coloca tudo isto na semana anterior ao Carnaval.
— Sua cabeça não para mesmo?
João sorri e ela o abraça, com muitos a volta olhando aquela
família ali a conversar.
O Capitão no barracão da Portela olha os dois e fala para o
presidente da escola.
— Ele tinha razão, pior, teve mortes.
— Alguns querem baratear, sabe disto, o artesanal.
— Artesanal nunca chegaria ao carro final deles, uma home-
nagem pura a uma Bicheiro da cidade, que pela genialidade, nem
levam isto pelo lado negativo, pior, gente da escola presa, acusa-
ções serias, e o rapaz ali, sentado como se fosse apenas um rapaz
deslocado de seu plano, simples, e ao mesmo tempo, todos falam
que Ricardo vai forçar uma nova eleição pois Gabriel não quer ficar
no ponto que se leva tiros, e vão jogar Mayer para cima de novo.
— E quem vão por na vice?
— Alguém ligado aos Azuis.
— Eles vem para a guerra, com calma.
— Sim, pois se pensar na chapa que me falaram, estamos fa-
lando de gente que tem mais dinheiro que todos a volta juntos,
Mayer e Rodrigo Oliveira.
— O candidato a deputado Federal?
— Sim, o futuro pé federal dos Azuis, eles cresceram, é o ca-
minho, alguns querem ficar parados, eles tem ali ao lado, o maior
empresário do estado, vindo do barracão, e um provavel deputado
federal, vindo da bateria da escola de samba.
— Acha que precisamos nos aproximar?

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— Na estrutura que estamos, não quero arriscar passar um
ano sequer no grupo atual de acesso, seria passar lá uns 5 anos.
— Certo, vi a Cubango, ela sobe imensa, e alguns falam no-
vamente em o parar.
— Ele não é o problema, é a forma que tratamos ele, soube
que pararam os cursos dos aderecistas no meio, porque?
— A presidência anterior não queria dar valor a isto.
— Sim, temos de repensar em algumas coisas, e a segurança
é uma delas, outra é formar nossos rapazes, para eles saberem fazer
aquele tipo de alegoria.
— Certo, podemos não querer fazer, mas se tiver como, fazer.
— A ideia é a base, se olhar o carro inicial deles, muitos co-
meçam falando de mal gosto, ele sai do medo do mar ao medo do
futuro, passando pelo paraíso sendo destruído, em um carro, ele vai
ao segundo, o menor deles, maior que nosso maior, ele coloca o
nível de acabamento e de criação no máximo, ele repete algo incan-
savelmente num carro, mas as pessoas começam a mudar de ideia,
já que todos começaram rindo na comissão de frente, dai vem o
carro maior, algo simples, mas juro, não sei como ele coloca um
carro não acoplado, fazendo a curva, um carro com 180 metros,
uma ideia simples, o povo continua trabalhando, e muito poucos
chegam ao comando, o recado era para nós, eles estão na parte
alta, e nós insistimos em estar na parte baixa, novamente 3 formas
de ver, o que explorou o mundo, o novo dono e o povo, ele vai so-
mando na ideia, cada fantasia, viu aquelas fantasias?
— Sim, e eles passam 8 mil integrantes no tempo, nós com
três enguiçamos e atrasamos.
— Sim, mas o compromisso, eu estava no carro, não vi as rea-
ções, mas quando ressurgimos, os aplausos estabelecia, eles fizeram
de novo, estranho pois eles provocam, e se tentar achar Mayer,
não se vê no desfile, mas ele estava na armação recebendo todos,
falando com os ingleses, trocando ideias, vendo ele falar, era evi-
dente que os deixou mais tranquilos, estavam todos tensos, mas
eles desfilam fortunas no desfile da Beija-Flor, pior, fazem fortunas,
dizem que os colares dos destaques dos carros, e da Madrinha de
bateria já foram vendidos, eles pagam com isto o carnaval, isto que
as pessoas não veem, eles não precisam mais de nós, e pior, eles
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este ano trabalharam quietos, mas a pressão vem após, não daqui,
eles veem o desfile, todos queriam a certeza de que a Beija Flor de
Nilópolis não seria incrível para desfilarem tranquilos, e quando
veem aquela perfeição, todos ficam tensos, eles conseguem uma
evolução em cada carro, do samba inteiro em 3 minutos e 22 se-
gundos, as paradinhas e colocações da bateria, foram o tempo intei-
ro, eles transformam nossa bateria em imatura presidente.
— Por isto querem o parar Capitão.
— Temos de melhorar, vocês não entenderam, todos que su-
biram, não desceram mais, pois o acesso está mais pesado que nos-
so desfile, quem sobe, vem pronto para nos enfrentar, estamos
vendo as escolas começarem a cair, e temos de pensar nisto.
— Teme o acesso?
— Com este pensamento pequeno, sim.
— Não acha que eles podem nos manter?
— Temos o problema de estar com 14 escolas, isto deixa difí-
cil, pois seria desfilar com 15.
— Certo, o show está imenso, e mais lucrativo, não era hora
de errar.
— Se olhar eles, parecem o que não existe neste mundo, uma
família, heterossexual, natural, isto que muitos não gostam, e todos
estamos colhendo o não enxergar, aquele rapaz, está ali porque
gosta disto, não porque precisa, ele veio a cidade e a tomou, o rapaz
que saiu do buraco do Alemão, lembro disto, ele com aquela gola
alta, com todos a volta olhando ele com nojo, e assumindo aquele
carnaval confuso daquele ano, parece que faz uma vida que ele
entrou ali, mas aquele rapaz, tem 4 campeonatos na Beija Flor, um
na Mocidade e um na Imperatriz, sendo o terceiro lugar
com a Zona Sul, um dos melhores carnavais que já fez.
— O admira?
— Ele faz o que precisa para ser campeão, precisamos de pes-
soas assim, ele se afasta meio ano da Beija Flor, mas para ele, é
fazer dinheiro fora daqui, mas o principal, eles fizeram algo que não
temos em outra escola, e temos de correr atrás.
— O que acha o diferencial?
— Pensa que aquele rapaz, e bilionário, isto que ninguém vê,
você pode não ver, mas ele tem segurança a toda volta, por sinal, os
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dois, ele e a menina, são bilionários, fazem porque gostam, eles tem
um provável futuro Deputado Federal, que desfila na Bateria da
Escola de Samba deles, o prefeito de Nilópolis desfila na escola, dai
tem todos os nomes da escola, que são destacados, provavelmente
aquele rapaz estava empurrando o carro final, sendo que ele era a
pessoa mais rica daquela escola.
— Alguns duvidam disto.
— Por isto ele continua a crescer, ou conhece qualquer pes-
soa no mundo, capaz de desfilar 10 colares de diamante, todos ava-
liados em mais de 300 milhões, e na quarta de cinzas, já terem feito
a venda online dos 10 colares e terem colocado no bolso, 3,8 bi-
lhões de reais.
— Vira covardia.
— Ele disponibiliza pela organização engenheiros, continuam
lá, nós não usamos, algumas escolas continuam a usar, e isto sai do
bolso da organização, ele dá segurança na região, de forma a ter-
mos um príncipe desfilando com toda a segurança e não termos
problemas, hora de crescer presidente.
— Acha que conseguimos?
— Ele a 8 anos não tinha nada, hoje ele dominou muita coisa,
mas ele entrou em nossas comunidades presidente, ele hoje em-
prega mais gente nas comunidades pobres que todos nós somados,
sabe que a costura melhorou, pois as costureiras da comunidade
voltaram a ser valorizadas, isto é coisa daqueles dois ali, mas como
isto não gera fleche, muitos ignoram, temos de assumir nossa parte,
já que eles estão fazendo a parte deles.
— Mas como os tirar de lá Capitão.
— Não entendeu o que presidente, ele não está lá para refor-
çar ou fazer algo contra ou a favor, ele está investindo em comuni-
dades, para nos posicionar, não precisamos tirar eles de lá, isto seria
parar para voltar atrás, temos de ir daqui a melhor, sem guerra,
quando eles investem, eles não estão investindo no carnaval deles,
e sim na cidade, aqueles ao fundo, basicamente conquistaram a
cidade presidente, eles não compraram, eles conquistaram, pois
eles não entraram onde havia alguém, e se pensar que eles larga-
ram mercados milionários como a MD Carnavalesca, garanto, gas-
tamos mais por isto, largaram pois nós fizemos eles largarem, todos
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a volta, queriam eles fora disto, eles saíram, e muitos gastaram for-
tunas a mais, pois não queriam dar dinheiro a eles.
No outro estremo da cidade, o prefeito recebe o governador
que fala.
— Sabe que não tenho como apoiar isto prefeito.
— Então avisando, vamos fazer uma linha de modificação de
modelo energético da cidade, com pontos de recarga elétricos, e
todos os ônibus da cidade, quero os alterar para elétricos em 2
anos, e todo ônibus da região metropolitana, que não for elétrico e
usar pontos da cidade, vai pagar imposto sobre o Monóxido de car-
bono que deixar a cidade.
— Mas vai encarecer as coisas assim.
— Quero uma cidade inovadora, e se tenho uma fabrica local
que me permite sonhar em ser inovador, vou apoiar, a escolha é sua
governador, podemos fazer em parceria ou como resolver, mas eu
quero ter uma cidade mais limpa.
— Se bandeando para a Mayer, vai se dar mal prefeito.
— Se foi uma ameaça governador, saiba que isto acaba de fi-
car registrado, se foi apenas um alerta, vou cuidar para não entrar
em pegadinhas contratuais, mas pode ter certeza, vou tentar modi-
ficar a matriz energética da cidade, e vou tentar melhorar o Rio
assim, não vou ficar de braços cruzados vendo a cidade piorar.
— Tem de considerar que é um gasto desnecessário.
— Posso garantir governador, todas as empresas de ônibus
adoraram a ideia, custo toda mudança tem, mas é hora de interligar
e modernizar a cidade, estranho ter gente falando que podemos ter
ganhos com isto, e poucos, apostam contra.
O governador não tinha estudos a respeito, e politico antigo,
apostava no clássico, já o prefeito, voltando a cidade depois de anos
fora, queria novamente apostar em visões revolucionarias da cida-
de.
O prefeito olha o governador saindo e olha para o secretario
de infra estrutura e pergunta.
— Fez aqueles estudos?
— O preço da energia elétrica, fica em um terço do preço do
diesel a cada 300 quilômetros rodados.
O prefeito sorriu e fala.
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— E pelo jeito alguém fez estes cálculos.
— Sim, mas pelo jeito quer uma rede diferenciada.
— Sim, pensar em uma rede para pedestres, uma para bici-
cletas, uma para carros, ampliar o metro, e fazer uma linha elétrica
elevada de baixa complexidade, para deslocamentos menores e
mais lentos com veículos elétricos, e tentar aos poucos integrar
tudo isto.
— Sabe dos lobs neste sentido prefeito?
— Sei, eles apoiaram a concorrência, mas não é prejudicial a
eles, quanto mais a cidade for dinâmica, mais ganham, vou copiar
umas ideias, e tentar implementar outras, os polos industriais, que-
ro tentar os manter ligados a rede de transporte 24 horas, então
modelos que usam mais energia, funcionarem em horários de me-
nor consumo de energia, que se alguém quiser funcionar 24 horas
por dia, com 3 turnos, tenham como fazer, os portos vão funcionar
assim, teremos dois extremos da cidade funcionando assim, e se
forneço uma forma para dois extremos da cidade funcionarem 24
horas, eu interligo a cidade.
— Pelo jeito andou lendo o prospecto daquele rapaz, quando
foi secretario de meio ambiente?
— Sim, pensa que eu achava que o prefeito anterior tinha im-
plementado a ideia, ela foi feita apenas na casca, com certeza se o
prefeito anterior tivesse lido aquilo, talvez tivesse indicado seu su-
cessor, com folga.
— E qual a ideia do projeto de lei prefeito?
— Transformar em plano diretor aquela ideia, pois se for
aprovado um plano diretor de diretriz energética, ecológica e de
comunicação, mesmo que não nos reelejam, colocamos as metas da
continuação que vai mudar a cidade.
O senhor anotou as ideias, a prefeitura começava a alimentar
uma ideia que nem era do atual prefeito, mas o mesmo viu o poder
politico daquilo.
O prefeito do Rio de Janeiro se reúne no fim do dia com pre-
feitos de toda região metropolitana e aprovam internamente algu-
mas mudanças e linhas de interesse, como distribuição de portos,
regras para transporte para ser implementados, com dois anos de
intervalo, e uma diretriz de transporte para toda região via metro e
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pela primeira vez após isto, o prefeito se reúne com os prefeitos de
24 municípios e coloca a proposta de uma união dos 24 municípios,
ligando da divisa norte litorânea a oeste litorânea, por trem rápido,
gerando a facilidade de idas e voltas, e interligando a região, geran-
do um primeiro caminho, turístico, junto com o crescimento de uma
linha de transporte.
Os prefeitos saem olhando os dados, era uma forma de inves-
timento em municípios se interligando, alguns que nem saíram da
primeira reunião, e já estavam na segunda, vendo que a ideia vinha
do prefeito do Rio, não do governador, mostrava que alguém estava
se lançando, querendo crescer politicamente e interligação, gera
crescimento.

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Uma semana se passa, e João e
Rodrigo vão a presidência e vice da Bei-
ja-Flor de Nilópolis, e João se reúne com
os presidentes de 5 escolas, ele não iria
mais apoiar fácil, mas era de alimentar
ideias.
O presidente das escolas se reú-
nem na sede da Liesa, e primeiro o co-
municado oficial da volta de Mayer a
presidência da Beija Flor, segundo, a
proposta de voltarem a ter regras com
engenheiros, somente assim daria para
apoiar um ano sem queda, mantendo a
Portela no grupo especial.
A Portela e outras viram que foi
burrada, novamente 4 escolas com pro-
blemas com carros, a Beija Flor crescia
todo ano, e João pergunta se iriam con-
tinuar o facilitando a vida.
João estava em uma reunião in-
formal, estavam ali as maiores campeãs do Carnaval Carioca, e na
ideia de João, uma competição que ele chamava de Carnaval sem
Magia, e a proposta era alimentar as 5 escolas em uma apresenta-
ção na semana anterior na estrutura da PACIF, segunda proposta,
alimentar com escolas especificas e estruturas, as escolas mirins,
formando Carnavalescos Junior, Mestres de Bateria Junior, Mestre
Sala e Porta Bandeira Juniors, com formação em Costura, Escultura,
Pintura, Estilismo, Elétrica e Mecânica aos participantes destas esco-
las Juniores, e que a apresentação das escolas Junior, fosse transfe-
rido para o Sábado Seguinte ao Carnaval para a Marques de Sapu-
caí.
O Capitão que não vira este lado de Mayer, viu o quanto o ra-
paz era perigoso, entendeu onde ele estava investindo, no futuro
das escolas, quando se olhava para Nilópolis, se via isto, quando se
via a Beija Flor do Futuro, ela era de uma perfeição e capricho, que
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deixava todos os demais muito abaixo, mas uma coisa era ter uma
bateria de Escola de Samba, outra, ter duas, uma reserva e crescen-
do, que iria aos poucos substituindo os que cansavam ou morriam.
Mayer sai e o Capitão olha para o presidente da Liga e fala.
— Porque o odeiam tanto presidente?
— Ele in...
— A verdade presidente, pois eu não tinha ouvido ele falar
antes, ele está investindo em estrutura da escola em Nilópolis, se
ele investir na formação de novos carnavalescos, músicos e artistas,
investir recursos da Beija-Flor Joias, e unir isto através de um desa-
fio que não tinha entendido, ele estava formando pessoas naquela
escola de um homem só, todos ridicularizando, mas ele testa lá,
antes de mandar a Sapucaí, então ele está investindo no crescimen-
to da escola que o trouxe a cidade, mas se ele investir pesado, ou
acompanhamos, ou ele vai imperar no carnaval.
— Acha certo isto?
— A resposta está a volta, ninguém investia no Carnaval, es-
távamos em declínio, hoje temos duas cidades do Samba, temos 3
locais de desfile, dois oficiais, temos um parque Carnavalesco na
cidade, e tudo isto, ele tirou do bolso presidente, ninguém viu, mas
ele o fez.
— Mas continuo achando que ele industrializa o carnaval.
O Capitão não discutiu, e enquanto alguns poucos se apoia-
vam na ideia de tentar segurar Mayer, alguns conspiravam mesmo
sem o ver das armações, para uma mudança mais significativa.
Enquanto Capitão chamava Ruy para conversar, João come-
çava a por 5 brinquedos do carro 5 na praça a frente do barracão,
esta era a diferença, eles investiam e cresciam, parte dos equipa-
mentos iriam para um parque em Nilópolis, e começam a desmon-
tar os carros.
João com a esposa e os filhos, em casa, sorri e olha para a fi-
lha sorrir brincando com os irmãos e Micaela o abraça.
— Pensando em que?
— Volta as aulas, parece ainda ter um sabor de infância, de
amargo por lembranças que aos poucos ficam apenas no passado,
mas sabe aquela coisa de sentir algo como bom, mesmo com as
lembranças tristes.
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Os dois se abraçam, João sorri de parecer construir uma his-
toria a partir deste momento.
Interminável...

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