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OS RECURSOS NATURAIS DE QUE A POPULAÇÃO DISPÕE:

USOS, LIMITES E POTENCIALIDADES

2.4 Recursos marítimos II


Atividade piscatória em Portugal
A importância da pesca

➢ A pesca continua a ter alguma


relevância económica…

Fig. Recreação da Arte Xávega –


sobretudo nas áreas costeiras
onde, por vezes, assume um papel

Espinho (FACE)
importante

principalmente se consideradas
outras atividades que se lhe
associam

indústria transformadora do pescado;


serviços de apoio à comercialização;
formação profissional, etc.

O mar como fonte de riqueza – EV- F. Geo.8-4.53min.


https://app.escolavirtual.pt/lms/playerteacher/resource/797701/E?se=&seType=&coId=1270064&bki
d=15576758
Fatores físicos que influenciam a atividade
pesqueira
Correntes
A plataforma marítimas Upwelling
continental

Temperatura
Oxigenação

Iluminação Salinidade

A abundância de peixe depende das


condições de temperatura, iluminação,
salinidade e oxigenação das águas.
Estas são mais favoráveis na plataforma
continental, nas áreas de confluência de
correntes marítimas e nas zonas de
upwelling.

A plataforma continental
Fatores que influenciam a
atividade pesqueira

1. A plataforma continental

Em Portugal, a plataforma continental


não é do ponto de vista biológico, muito
rica, devido:

À sua reduzida extensão, a sua


largura, de um modo geral, varia entre
30 e 60 km, por isso é limitada em
termos de recursos biológicos, não
havendo grande quantidade de bancos
de pesca.

À exploração intensa de espécies


piscícolas..

Fatores físicos que condicionam a pesca em Portugal – GPS 1.28min


https://app.escolavirtual.pt/lms/playerteacher/resource/1045769/E?se=&seType=&coId=7694239&bkid=15576493
Fatores que influenciam a atividade pesqueira

2. As correntes marítimas

As correntes marítimas são também um importante fator no desenvolvimento da


vida marinha. As mesmas permitem uma constante oxigenação das águas e
arrastam consigo elevadas quantidades de plâncton.

É nas áreas de contacto entre correntes quentes e frias que se concentra a


maior quantidade e diversidade de espécies piscatórias, devido:

À grande agitação e oxigenação das águas;

À abundância de plâncton;

À diferença de temperatura e de salinidade.


Fatores que influenciam a atividade pesqueira
2. As correntes marítimas

Fig. Correntes marítimas no mundo


Fatores que influenciam a atividade pesqueira
2. As correntes marítimas em Portugal:
Corrente de Portugal (quente)
A deriva do Atlântico Norte é uma
ramificação da Corrente Quente do
Golfo do México, de águas pobres em
nutrientes, atinge a costa portuguesa já
em deslocação para Sul, tomando a
designação de corrente de Portugal.
Desfavorável à abundância de
pescado.

Corrente das Canárias (fria)


Tem uma direção norte-sul, prolongando-
se até Cabo Verde.
A sudoeste de Portugal a corrente de
Portugal encontra-se com esta.
Favorável à abundância de pescado.
Fatores que influenciam a atividade pesqueira
3. O upwelling

Além das áreas de contacto entre correntes


quentes e frias, as áreas onde ocorre o
fenómeno de upwelling, são também
importantes áreas em recursos piscícolas,
como acontece ao longo da costa
portuguesa, sobretudo no verão.

A ascensão de águas profundas e frias que arrastam


consigo uma elevada quantidade de nutrientes,
favorece a abundância de determinadas espécies,
como a sardinha ou o carapau.
Favorável à abundância de recursos piscatórios.
Fatores que influenciam a atividade pesqueira

4. A temperatura

A temperatura da água, na generalidade, diminui em profundidade, havendo águas


mais quentes e águas mais frias.

A temperatura da água é importante para determinar as espécies existentes em


determinadas zonas pesqueiras. Cada espécie tem características próprias
relativamente à temperatura em que se melhor se desenvolve.
Assim, existem:

Espécies de águas frias como por


exemplo a truta, o bacalhau ou a Espécies de águas quentes como
sardinha. por exemplo a dourada ou o atum.
Tipos de pesca

➢ Considerando as áreas onde é


praticada, a classificação das
embarcações utilizadas e as
técnicas de captura, podem
distinguir-se três tipos de pesca:

•a pesca local – realizada perto da


costa;

• a pesca costeira, efetuada


habitualmente entre as 9 e as 12
milhas marítimas;
• a pesca longínqua ou do largo –
praticada nas principais áreas de
Fig.
Fig.
Fig. Pesca
Pesca
Pesca dolocal
de arrasto
largo
pesca mundiais.

Tipos de pesca em Port.- EV-GPS- 2min


https://app.escolavirtual.pt/lms/playerteacher/resource/1045770/E?se=&seType=&coId=7694
239&bkid=15576493
Tipos de pesca

• Opera em águas interiores e perto da costa;


• Utiliza diversas artes de pesca (muitas vezes ainda artesanais).
• Sai por curtos períodos de tempo (por vezes, opera apenas
Pesca local

sazonalmente).
• Captura, sobretudo, espécies de maior valor (robalo, linguado, polvo,
e choco).
• Ocupa maior número de pescadores.
• Usa embarcações de pequena
dimensão (inferior a 9 metros e na
sua maioria de madeira).
Tipos de pesca

• Atua, geralmente, entre 9 e as 12 milhas náuticas de distância da


costa, podendo operar em áreas mais afastadas, além da ZEE
nacional.
Pesca costeira

• Usa alguns meios modernos de deteção de cardumes e


conservação do pescado e técnicas de captura como o cerco e o
arrasto.
• Tem maior potência motriz e autonomia
de navegação.
• Embarcações com mais de 9 metros e
até 33 (as maiores podem permanecer no
mar por duas ou três semanas).
Tipos de pesca

• Opera para lá das 12 milhas náuticas da linha de costa, nas


águas internacionais ou em ZEE estrangeiras.
Pesca do largo/longínqua

• Pode permanecer no mar durante longos períodos (podem ser de


meses).
• Utiliza técnicas modernas de deteção (sondas, satélite, etc.) e
captura de cardumes (redes de cerco e arrasto, etc.).
• Equipada com meios de conservação e transformação do
pescado (apoio de um navio congelador – congelação do pescado,
após preparação, seguida de acondicionamento)…
• …ou de um navio-fábrica (transformação
(filetagem, esfola, etc.), embalagem ou
acondicionamento e refrigeração ou
Congelação).
As principais áreas de pesca

• A regularidade da linha de costa • condicionantes que têm sido


compensadas, pelas capturas:
• e a reduzida extensão da
plataforma continental
em águas internacionais, das quais se
destacam:

• a zona NAFO (Organização das • a zona NEAFC (Comissão de


Pescarias do Noroeste Atlântico); Pescarias do Atlântico Nordeste).

NAFO NEAFC
As principais áreas de pesca

Fig. Principais áreas de pesca da frota portuguesa


e volume de capturas.
As principais áreas de pesca
As principais áreas de pesca- espécies mais importantes

Fig. Zona NAFO - Atlântico


Noroeste
As principais áreas de pesca- espécies mais importantes

Fig. Zona NEAFC - Atlântico


Nordeste
Frota de pesca (pesqueira)

Frota pesqueira- conjunto de embarcações destinadas à pesca


Frota de pesca (pesqueira)

➢ A frota nacional tem vindo a decrescer…

• em número de embarcações,
• arqueação bruta e potência motriz,

refletindo a reestruturação da frota (necessidade


de adequação aos recursos atualmente disponíveis)

…dada a vulnerabilidade dos


stocks,

…bem como o aumento das restrições nas


áreas de pesca onde Portugal exerce esta
atividade.
Frota de pesca (pesqueira)

➢ Simultaneamente, verifica-se:

• uma reestruturação da frota de


pesca • no sentido de fazer uma
gestão adequada e
sustentável dos recursos
• a definição de regras e quotas, a piscícolas.
nível comunitário,
As espécies capturadas

• Cavala principal espécie capturada (volume);


• Polvo 1º lugar em valor;
•Carapau segundo lugar em quantidade;
• Sardinha 3º lugar em quantidade e 2º em valor;
•…
Portos com maior volume de pescado
descarregado

Nos portos com maior volume


de desembarque de pescado,
em 2016, foram os de Olhão,
Sesimbra, Matosinhos, Aveiro
e Peniche tendo sobressaído:

• a cavala, em Sesimbra e
Olhão;
• o carapau, em Aveiro e
Peniche;
• a sardinha, em Matosinhos.
Mão de obra

➢ O número de pescadores matriculados tem oscilado e verifica-se que se tem


registado:
• abandono da atividade,
• reforma,
• modernização funcional da frota.
Mão de obra
• maioritariamente homens,

➢ Profissionais da pesca
• grande proporção dos níveis
etários acima dos 45 anos.

Fig. Estrutura etária da população empregada na pesca, em Portugal e por regiões


(2016).
Mão de obra

A estrutura etária ajuda


a explicar:

• os reduzidos níveis de
escolaridade

• largo predomínio dos que


concluíram apenas o
ensino básico, a maioria
até ao 1.º ciclo.

Fig. Níveis de instrução da população ativa na pesca,


por NUTS II (2016).
Mão de obra
➢ A adesão às ofertas de
formação tem sido irregular.

• A fraca procura poderá


•dever-se:
✓ condições pouco
aliciantes da atividade
(perigosa e nem sempre
bem remunerada),

✓ incertezas face à
concorrência externa,

✓ fatores como o custo


dos combustíveis,

✓ e ainda à insuficiência de
apoios à frequência.
Mão de obra

➢ Elevar os níveis de

Fonte: FOR-MAR
escolaridade da mão de obra

é importante para o
desenvolvimento da pesca

• a evolução tecnológica das


embarcações,

• as longas permanências no mar, • exigem maior qualificação


profissional
• a necessidade de aplicar normas
• e capacidade de formação e
comunitárias que visam a aprendizagem ao longo da vida.
sustentabilidade do mar e a
regulação da atividade
Alguns indicadores referentes à atividade piscatória
As infraestruturas portuárias

➢ Para que a atividade piscatória se possa


desenvolver:
• necessário que existam
infraestruturas em terra:

✓ que permitam descarregar o pescado de


forma rápida;
Fig. Lota de Matosinhos

✓ em condições de higiene e frescura;

✓ e garantir a sua conservação e


colocação no mercado.

Fig. Porto de Peniche


As infraestruturas portuárias

Fig. Equipamentos e serviços dos portos de pesca que fazem


parte da rede de lotas Docapesca, no Continente (2016).
➢ Muitos portos:

disponibilizam instalações
para comerciantes e industriais

os mais importantes detêm também


serviços de apoio

escritórios, armazéns, abastecimento


de combustíveis, bancos e
restaurantes.

• Porto de Matosinhos é o que dispõe


de maior número de equipamentos.
A aquicultura

• forma alternativa de obtenção de


pescado

ajuda a reduzir a pressão sobre os


stocks marinhos

permitir recuperar espécies em risco de


extinção

e repovoar os habitats naturais.


A aquicultura

Regime extensivo Regime semi-intensivo Regime intensivo

Utiliza apenas Associa alimentação A alimentação é


alimentação natural. natural e artificial. sobretudo artificial.

Produção de bivalves Criação de peixes como a Produção em viveiros


(amêijoa, ostra, dourada e o robalo, de espécies de água
mexilhão berbigão), sobretudo em viveiros de doce, como a truta,
maioritariamente com águas marinhas. a mais importante, e de
métodos tradicionais, águas marinhas, como
em viveiros ou o pregado.
estruturas flutuantes,
em águas salobras e
marinhas.

Produção em aquacultura -Tipos


https://www.youtube.com/watch?v=6mRrqdeLHzA&list=PLjoyimelHp_qyfEaiZ_gfJHGjOfJkDaR-
&index=22
A aquicultura

➢ Em Portugal: • a aquicultura cresceu até 2010, a partir daqui tem tido


oscilações;
• predominam os estabelecimentos de água salobra e
marinha.
A aquicultura

A produção de aquicultura
em:
▪ águas doces - regime
intensivo;
▪ águas marinhas e
salobras - mais de
metade provém do
regime extensivo
(sobretudo na cultura de
bivalves).

O aumento da produção
extensiva deveu-se à
conversão de muitos
estabelecimentos de peixe,
em que predomina o regime
intensivo, para produção de
bivalves, em regime
extensivo.
A aquicultura
➢ As espécies mais produzidas são:
• pregado, amêijoa, mexilhão, dourada, ostras e robalo (águas marinhas e
salobras)
• e a truta, em água doce.

Produção sustentável de aquacultura | Jerónimo Martins


https://www.youtube.com/watch?v=uU_QyVONS8s&list=PLjoyimelHp_qyfEaiZ_gfJHGjOfJkDaR-&index=26
Piscicultura Off-shore Armona 1.29 min. – espécies criadas e como
https://www.youtube.com/watch?v=wfGcr-cO5as&list=PLjoyimelHp_qyfEaiZ_gfJHGjOfJkDaR-&index=25
A indústria transformadora do pescado

A indústria transformadora
dos produtos da pesca e
aquicultura

tendência de crescimento
tanto ao nível da produção
como das vendas.

Fig. Evolução recente da produção da indústria


transformadora do pescado (2015).
A indústria transformadora do pescado

Subsetor das conservas e


preparados

Produção baseia-se na sardinha,


atum e cavala

aposta fortemente na exportação

importância crescente no mercado


nacional

imagem de tradição e bem fazer

peso na balança comercial dos Fig. Balança comercial dos produtos da


produtos da pesca e aquicultura. indústria transformadora da pesca e
aquicultura (2016).
A indústria transformadora do pescado

Subsetor da preparação e transformação


de pescado congelado

subsetor mais recente desta indústria


transformadora
adequação à forma de vida
produtos cada vez mais procurados (filetes,
segurança alimentar que
marisco, etc.)
proporcionam

Fig. Filetes de paloco


absorve uma boa parte da matéria-prima
nacional, embora recorra à importação.

congelados
papel relevante na balança comercial.
A indústria transformadora do pescado

Subsetor da salga e
secagem:

tradicional implantação no nosso


país
Fig. Praia da Nazaré

depende quase exclusivamente


do bacalhau

quotas de pesca são reduzidas.

Portugal é o maior consumidor


mundial de bacalhau salgado seco
representa cerca de metade do
consumo nacional de peixe e 40%
das importações. Fig. Bacalhau a secar ao sol
Salicultura

➢ Em Portugal Continental,
(costa atlântica, sobretudo no sul)

condições naturais favoráveis à


produção de sal marinho por
evaporação solar.

40 salinas ativas, em 2011.

(22) localizava-se no Algarve,

que detém 94% da


produção nacional.
Fig. Número de salinas e respetiva produção, por
NUTS II e zona de salgado (% do total regional), em
Portugal Continental (2016).
Salicultura

➢ Trata-se de uma atividade com tradição no nosso país, que decresceu com:
• encerramento de muitas salinas…
✓concorrência de países com mão de obra muito barata

✓colocam o sal comum no mercado a preços com que Portugal não


pode competir.
Salicultura

➢ A obtenção de sal e produtos de sal com características específicas de


elevada qualidade, como a flor de sal…
• forma de recuperação e revitalização da salicultura,

• importância ambiental para a avifauna de zonas húmidas, como a


reserva natural de Castro Marim.

Fig. Salinas na reserva natural de Castro Marim – Algarve (2012).


Em síntese…
Pesquisa
Mar, a Terra Prometida - Episódio 1 – Mar –Potencialidades do litoral
https://www.youtube.com/watch?v=ZmTRrUedHk4&list=PLjoyimelHp_qyfEaiZ_gfJHGjOfJkDaR
-&index=8
Mar, a Terra Prometida - Episódio 2 – Aquacultura 7min. Espécies em aquacultura -7 .12min.
www.youtube.com/watch?v=drKHPQ0snD8&list=PLjoyimelHp_qyfEaiZ_gfJHGjOfJkDaR-
&index=9
Programa Bombordo - Episódio 10 - Mar de Aquacultura -25 min.
https://www.youtube.com/watch?v=gq9Z8yR86Q4
Os portugueses são os terceiros maiores consumidores mundiais de peixe e o país importa metade do pescado que consome..
Para tentar inverter este cenário, há uma nova aquacultura a crescer em Portugal, a aquacultura em mar aberto ou off-shore. Este
programa visita instalações na costa sul onde se produz peixe em jaulas, mas também ostra e mexilhão em cabos submersos.

Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa- EV-GPS -2.34 min.


https://app.escolavirtual.pt/lms/playerteacher/resource/797612/E?se=&seType
=&coId=7694239&bkid=15576493

https://observador.pt/especiais/nao-pode-pescar-sardinha/

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