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haroldo de campos
METALINGUAGEM
&OUTRAS METAS
ENSAIOS DE TEORIA E CRÍTICA LITERÁRTA
Equipe de realização - Revisáo: Afonso Nuncs l-opes e Maria Prata; EDITORA PERSPECTIVA
Produçáo: Ricardo W. Neves e Sylüa Chamis.
SUMÁRIO
..
EBnÁcroÀrnnotÇÁo. 11
llEnÁctclÀ+uePtÇÁo.... L3
!âEtg l; METALINGUAGFM 1s
L7
l, A Nova Estética de Max Bense '
l, Dr Trrdução como Criação e como Crítica ' ' ' ' 3t
4. edição reústa e ampliada 49
l, Btummond, Mestre de Coisas
57
l, A Llnguagem do Iauaretê
65
t, Mulllu c o Mundo Substantivo
Ü, 0 {leômctra Engajado. . .
77
Direitos rcservados à
EDITORA PERSPECTIVA S.A.
89
Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 3025 ?. Llrlrrn,, c ParticiPação. . . .
ller-rcn BeNlaun
231
minadâmente, a da possibilidade de uma literatura experi- Marx e Engels: "Err lugar do antigo istúatrrento das provín-
mental, de vanguàrda, $um país srrbdesenvolvido, foi por cias e das naçóes bastando-se a si próprias, desenvolvem-se
uritn enfocada, nu:rt trabalho de L962l, com auxílio de uma relações universais, unra interdependência universal de
reflexão de Engels sobre o probleura da divisâo do trabalho ilaçõôs. E o que é verdaileiro quanto à produção material o
em filoso{ia, contida numa famose carta a Conrad Schmidt é também üo tocânte às produções do espírito. As obras in-
(27 out. 1890): "Enquauto domínio determinado da divisão telectuais de uma na$o tornam-§e a propriedade comurn
do trabalho, a filosofia de cada época supõe uma documen- de todas. A estreiteza e o exclusivismo nacionais tornam-se
tação intele ctual (Gectlukerutmteríal) determinada, que lhe dia a dia mais impossíveis; e da multiplicidade das literatu-
é transmitida por seus predecessores e da qual ela §e servs ras nacionais e locais nasce uma literatura universal"3. A
como ponto de partida. Isto explica porque pode acontecer ictéia goetheana da l|leltliterofiff oncontra, nesse texto, uma
.que paíres economicamente retardatários possam, não obs- íeleitura em Íermos do que se poderia definir como unrâ
tânte, tocaÍ o primeiro violino em filosofia". A supremacia prítis interserniótica: é o mundo das comunicações, a
dr: ecorrômico, para Engels, aqui, não se registra diretâmen- pressáo di alógica tla com u nicaçáo intersubj étiva gen e r aliza'
te, mas nas "condiçóes prescritas pelo próprio domínio inte- ,1u, qr" preordena e conÍigura o signo literário universal ;uÊ-gJ"*,"':. --1.-
co*o "signo ideológico" (no serrtido eln que Volochinov - 'lYleqt iy:*l.- ftltn*
ressâdo", ou seja, ildireramente, mediada pelo material fur- r__.-.,
telectual transrnitido. Àqueles que não eram capazes de e/ou Bakhtin -, tros anos 20, iria tentar formular a sua a-
cotlsiderar a coniploxidaile ciosse movimeüto no plano cul- "semiótica sociológica", de base gq5!ry)t&"t"jryu- lnaciaa-r líi/!â§r
tural, Engels reprovavâ, afirmando: "O que falta a essôs §e- zamento de discursos, diálogo neces§ário e nâ<l xenofobia
nhores é a dialàtica'. É de Engels, também, a imagem do nronológica, paralelogratna de forças em âtrito dialético
"grupo infinito de paralelog:amas de forças"' do qual resul- e não equação a unra incógnita mimótico-pavloviana' Assim,
d"-Pr>',§§\,
toda reãução mecanicista, todo fatalisrno autopuuitivo, se-
ta o evento histórico, e que' não obstante a postulada de-
terminaião econômica em
tírltinra instância, não poderiam gundo o qual, a um país não descnvolvido econonticamente C,.-Í^'.^*QF *d
iambém áeveria caber, por reflexo condicionado, uma lite- a-\lr{dr *
ser objeto de uma análise simplista, mecânica, como se so de
raturâ subdesenvolvida, sempre me pareccü falácia so-
tratasie da mera'resolução de uma "equação de prirneiro -{rrruxrflê (.&*-â'
grau" {carta a Joseph Bloch, 21 set- 1890). Pareceu-me eiologismo ingênuo.
sempre que, em matéria de trabalho literário, tarnbém Mais tarde, encontrei em Octavio Paz (Coniente Alter' aÇit*-g^* ) v&úc\'-
ocorria essa lei complexificadora da transurissáo do legado na, 1967), no çstudo "Invención, Subdssarrollo, Moderni-
dad", observações iluminadoras, que, pa'tintlo de um gran- à;f'db
b-ç
cultural, à qual nâo se podia furtar a produção poética e que
pernritia identificar o surgimento do novo aincla nas con- de intelectual de outro país latino-americâno, o México, li- '? '
Í1,'TDJ?'
nhanr conflrmar-me nas reflexões sobre o problema da si-
dições de urna economia subdesenvolvida2. Morrrlente na
ópoca atual, com a verificação factual daquela previsão de tuaçáo do poeta brasileiro perante o universal: "Algunos
críticos ,n**i.unot emplôarr la palabra 'subdesarrollo' para
jan--jun, 1986; em Írâncê§, Leilrú ittemot;otale, Paris, n" 20, printemps 1989; cm ita- algurn em lelaçáo com
determinados períodor de lloresciruento não estão de modo
liauo, Leuem internaziotule, Ronra, no 20, prinravera 1989; em alenâo, Letrre inter geral da sociedade' nen, couseqüentcmenlê' com a base nrate-
o dasenvolvimento
nilíonal, Berlirn, n! 11, Winter 1990; republicailo Bô Br§il oa Dolaín Bíbliognlfco' os Gttgos conrpa-
ria! a ossaturq pot *ttin dizeç r3e tul orgnniração Por exempto'
Bibtioreca Mário de Árdrade. São Paulo, v. 44, no 14' jan.-dee. 19E3. ainda, Shakespearc"'
rados aos Éoderuo§, ou,
l. Haroldo de Crmpos, "A Poesia Concrela e a Reatidade Naciooal", 3- Trecho do "ManiÍeslo Conunista" {184E}'
Tendáncia nê 4. B€lo Horizonte, !962; ídern, "Avangutrclia e Sincronia nella LetÍera- ja4'ka'
4, Refiro-me, eru especiul, à otrra <le Volochinov, i[a*simr ífilosoJí-w
tura Brmilianr Odiema", .4ul /íut n{ }09-t10, lv{ilano, Lampugnani Nígri Etlitore, ern 1929, e atritruída por alguns êsiudio§i]s a ]r'Í' It{' Bakh-
prrbliada em [-eningrodo,
1969.
ii* 6e tratt. brusiüiru, Maxismo e Fílosofa do Linguugerry Sáo Paulo'- HuciÍec'
2. Poder-se-ia confrontar, si$dâ, esta Passageil! de Marx, em 1857, no Íinul da
Inrroduçdo a {Jnn Crttica da Econonúa Polítictt: "Com rellçáo à âr{c, §sbe-sÊ que
1e7e)
2,j
2i2
priação coulo de expropria$o, desierarquização, descons-
describir la situación de las artes y las lctras hispanoanrcri-
i.ução. Todo passadó que nos é "outro" rnerece ser rregado'
canâs: nuestra cultura está'subdesarrollada', la obra dc fu-
Vale dizer: mercce seicorniclo, devorado' Com esta especi-
lano rompe el 'subdesarrollo de la novelística naciÔnal', etc'
ficação elucidativa: o canibal era um "pÔlemista" (do grego
Creo que con esa palabra aluden a ciertas corrientes que no
oólenws = lutâ, combate), mas também üm "atttologista":
son de su gusto (ni del mío): nacionalismo cerrado, acade-
,ó ,lruoruuu os inimigos que consiclerâva bravos' para deles
mismo, traãicionalismo, etc. Pero la palabra'subdesarrollo'
tirar proteína e tutano para o robustecimento e a rerrovação
pertence a la economía y es un eufemismo de las Naciones
de sras próprias forças naturais-.. Exemplo: Oswald de An-
tJnidas para rlesignar a las naciones atrasadas, con un bajo
drade inipiio,r-"* ató certo ponto no cubismo poemático-
nivel de vida, sin industria o con una industria incipiente' La
itinerante de Blaise Cendrars (sobre gÚem, por outro lado'
noción de 'srtbdesarrollo' es unâ excrecencia de Ia idea de
não deixou também de exercer influência no período herÓi-
progresso económico y social. Aparte de que me Ícpugna
co da criação da chama<la "poesia pau-brasil", 7923'7924)'
reOlcir ta pluralidacl cle ciülizaciones y el dcstino mismo dcl
No entantã, ao invés da "kodak" excursionista do "pirate du
hombre a un solo modelo: la sociedad industrial, dudo que
lac Leman", preocupada em registrar o pitoresco e o exÔti-
la relación entre prosperidad económica y excelcncia artíst;-
co nas suas airrlanças por terras brasileiras, o "camerâ-eye"
ca sea la cle causa y efecto. No se puede llamar 'subdesar- pat-
do peema-minuto oswaldiano deflagra, nÔ meramente
rollados' a Kavafis, I3orges, Unamuno, Reyes, a pesar de la um registro satírico
.ugilii.o, um ele:nento crítico, câpta
situación marginal de Crecia, Espaía y América Latirra' La do*s costumes nacionais estratifica<los, detona
uma cápsula
prisa por 'desarrollarse', por lo demás, me hace pensar en <le humor dessacralizanto, que não eucontranlos
nos turístit
ilna dLsenfrenada carrera para llegar tnás prontos que los
otros al infierno". já
de Route. Com Oswakl, na dócada de 20, estamos mais
ereio que, no Brasil; com a "Antropofagia" dc Oswald próximos, por antecipação, do antiilusionismo da
poesia
L de Anclradá, nos anô§ ?0 (retonrada depois, em termos de (os poemas escritos
fuac- '»UA iacônica áo nr""t t do final dos anos 30
cosmovisão filosófico*existôncial, nos aÍ]os 50, na lesç A Cri'
em basic German e aguçâdos de farpa'crítica) do
que da
se da Fílosofla 1r'{essiânica), tivemos um sentido agudo dessa
cromotipia descomprometitla de Cendrars' O suíço
pensou
necessiclade de pensar o nacional sm -relaciongrngl!9-dêlq o amigo brasi-
qr, ,iI11" r*d"s.oú,to o Brasil e escaldado
glço-g-diqlÉtisg-con, o'ffiãl- A "Antropofagia" oswal- Oswald pediu-
leiro ,r,rora panela de "fondu" cosmopolita-
ãiana - jfifor*,.leiãAffilugaÉ - éopensamentoda â gen-
lhe emprestãda a nráquina fotográficae retribuiuJhe
IVÇTLçAL deroração crítica do Iegaclo cultural universal, elaborado
UM tileza iomendo-o. Sutilezas do morubixaba Cunhambebe:
não a pirtir da perspectiva submissa e reconciliada do "bom .,Lá vem a nôssâ comida pulando", como diziam os tupi-
,elvagem" (ideátizaào sob o modelo das virt'des europóias tem certo
nambás à vista do europeu Hans Staden' O caso
no domantismo brasileiro tle tipo nativista, em Gonçalves Posta entre pa1ên-
Dias e José de Alencar, por exemplo), mas seguntlo o Ponto futal*to na relação ffuidobro/Reverdy'
cle vista desabusado do "mau selvagem", devorador dc
t".". u ociosa pólê*i"u cle prioridades, que poema Re-
de
verdg ern forçà e originatidade, equivale, na poesia con-
brancos, antropófago. I3la não envolve uma submissão (uma
temporânea, à sítrtese aeroépica <IaÁliazor?
catequesc), mas uma transculturação; melhor ainda, uma
"trarisvaloração": uma visâo crítica da história como função
rregativa (no sentido de Nietzsche), capaz tanto cle apro- 2. N a c ír» w listncs l{ o cta I Versus N a ci a n a lí tt w O n
s t o ló gic o
nãora leituraile Oi:tavio Paz. em Sor Juona Inés de ía Cruz o Las tamqas e um
nhece nele elementos arquetípicos de matriz folclórica
de la íe
Barcelana,SeixBanal,lgS2;Paediscuteecriticâose'\cessosdeinterprekçáo"psi-
cosomátics" <le Phndl; a "mvilaçâo", pÔr eremplo, ao contrírio dÕ
que pensâ o es- fermento vivo de realismo popularesco. Renroto ç mo-
tr.tdioso alemáo, sefia efeito, náo **u, do "tempcranrento nrelancólim" de Sot derníssimo, o gênero se faz reprcsentar no Brasil' prirnei-
"
Juana,
24i
'>,1')
râmente, pela obra Menzóias de wn Sütgefito ríe tÍítí- to. Um terto de textos. Univcrsal e difercncial. paródico.
cias (1852-1853), de Manuel Aptonio de Almeida, desloca- Paralelográfico. LJm .,canto parâlelo,, de tradutor/A*oorr_
da, quase rrma antiÇuâllra, na série romanesca preferenciat dor: descentrado, excêntrico.
de nosso Romantismo canônico (a que vai de Joaquim N{a-
nuel de Macedo a José de Alencar). Não à toa essa nova 5. A Poesía CancreÍa: [fifla Outra Constelaçiio
possibiüdade de leitura da tradiSo ocorreu ao crítico no
momento da revalorização dos ronrances-invenções de Os- Na poesia brasileira contemporâneâ, a poesio concreÍa
u,ald de Andrade, sobretudo do Serufinr ponte Grande, Lg33 pode também reclamar essa tradição ..antinormativz,,,,
(experimeuto de transgressão serniolírgica da ordcm, de po,
uma ôutra e peculiâr redistribuição dos elementos
configu_
contestaSo da legalidadp e da legibilidade estatuírias, pela radores disponíveis. Há de ser constituída igualmenr"
tlesordem perene, pela versatilidade anárquiqa),r. Iances, por Íelarces. De Gregório a SousândÃde: i*
do ,.Bo.a
Na medida em que tradição "mâlandra,, seria um outro do fnferno" da Bahia barroca ao Rornânti.o *urunhr*"
üome pâra "carnavaliz-a$o", ela retroage ao Barroco, ao "maudit", cântor d,e O Infunro de íIlall.Írreet (1870). De
Barroco visto por Severo Sarduy como fenômeno bakhti- Gregório a Sousândrade e deste a Osrvald: do àerriár
da
nialo par excelência: espaço lúdico da polifonia e da lin- nobreza do "sangue tatu,' ac oficiante do Tafiürtre,
ra (nrissa
guageur convulsionadat3. Nâo esqrieçamos que euevedo, o negra dos índios do Amazonas), ao recontador pau-brasílico
Quevedo dos souetos concsitistas. é o mesmo autor da da crônica da descobertaia. De Oswald a Drur*nrond e h,{u_
Históría. de la vida del Buscôtt, llanrut[o Don pablos, ewnr rilo. De todos eles a João Cabrai de Mslo Neto, engenhsiro
plo de vagabwtdos y espejo de tqcafios (1626). Nosso primei- de estruturas "ruondrianescâs,). fjm outro dese'hlo. Urna
ro "herói" (anti-herói) nialqndro é o artropófago Gregório sutra constclação. O antidiscurso geometrízando a prolife_
de Matos (como o a,Jmite, desse novo ângulo de visaCa, o raso harroca- o Padre vieira e lúaila*né.: ambos eixa<Iris-
próprio Arrtonio Candido, numa guase-apostila à sua For- tas da linguagem, ambos ,.syrtexiers,,. A poesia sonorista
mação, onrle Gregório, barrado pela clausura do argumento tupi e o elogio da concisão (a vocaçâo rle haicai japcnês)
sociológico, não tem vez neln üa de ace.sso). A ..rnusâ nos Manifestos oswaldianos:
crioula", a '(musâ praguejadora". O prirneiro antropófa-
go-malandro. Nâo falo de uma biografia. Falo dt: um bio- Cátiti Câtiri
grafema preservado na tradiçáo oral e disperso em códices Imara Notiá
i
il
de bibliote-
nasuniversalia'a São bárbaros alexandrino§, aprÔvisionados
Yoko! - o Oriente...) Mais uma vez, porém'
caseaóticasedefichárioslabirínticos.ÂBihliotecadeBa-
,liferença- Ouça-selra çá Aznl,de Caetano"'
ú"i poa" chamar-se Biblioteca Muaicipal Miguel Cané e§-
e
num modesto quarteirão de
Álexandittos: Redevoração Planetáia
t* proriaotiamente instalada e tristonha' ao
6- Os Bárbaros íu"'"ot Aires f'urna localidade pardacenta
Borges serviil como obscuro
r"ao".i" da càade"), onde
funcionário, e em cujo porão costumava refugiar-se
da
Desenraiuda e cosmopotita' a liter«tura hkpa-
*r.qri*"á coddiana, o- se fu-úivam ente a leituras
no-americana é regresso e procura de unta tradição' ãntregand
na "capilla"
Áo ProcuráJ4 a inveruo-" irrtirrit"t... Ou, então, acomodar-se, plenária'
do Móxicq uma bi-
OcÍÂvto PAz (1961, Puertas al Campo) iurifo.** de Alfonso Reyes, na cidade
de vinte aÍlosr cÔIE
-Es iç ein Verswh, sich gleichsam a posteriori
túoátu onde se ericlausurou,,por Çerca
e insaciável'"'
eine Vergangenheit zu gebeq aus der man stafiTnletl
,u* *ur,"s copiosas, um leitor viajadfusimo no Bairro
mochte,im éegr:nsot' zu der aus der matt stamnú'"
õ;ain;r, ** dão Paulo, nâ rua Ep"l chaves' lt-
J;b;rrr-Érnda, onde Mário de Andrade preenchia suas
margens das pági-
E unn tentaliva dq por assint tlizer' nos outorSa' .ü*ã"l"i "ra L rendilhava de notasdeãs Súoenberg e Stra-
' fios ttm passado a Posterio{ do qual poderíanos ;;;q;" compulsava, entre partituras e futuristas ita-
provir, em lugar daquele oulro' dQ qual efeti'anrente ,ir.ü, ."f*aireas de e*pressiottislu* {111":
somos Provenienes' It^nos, torrro, de Freuà e *atados folclóricos"'
Ou' Íinal-
Ntulzscl{E Vieja' ali mes-
,r*nt", proliferar numa casa de La Hatrana
de um mcrgulho
;;;;',1; o "Êtrusco" l-nzamalima' depois
Creio que o "Coup de Dents" d".9Yld
cle Andrade' girar sua
il;;;. desvâosclos alfarrabistas cubauos' fazia
.uu Jiaeiiá "marxitar:'.(marx
+ maxilar)'8' maneira de
na
il** armilar de leitura' descentrada, cambiante,
legado civiliàcional europeY (a primeira
data
;;il;; seria o
".feru
fabulosa, c(lmo uÍR orbe hieroglífico
incubado pelo Pássaro
de sua revolu$o antrofofágica na
História do Brasil
;; á" devora$o ao àitpã Sardinha' fato dignitário catequista ^--;
Roca...
vem
novo no relacio- mandíbula devoradora desses nâüos bárbaros
nortusuês. em Ú56), apo;h para um muito uma herança cul-
os europeus' já a esta al- manducantlo e "arruinando" desde
ffi;il L;'"pVr-áii"l-AmÊrica:
bárbaros ;;;;üà, vez mais planetária' em relaçâo.à
qual sua inves-
,*^, ie* de apienttet a cônvivsr com o§ novos * desconstrutora funciona com o ímpe-
cÔntexto outro e alternativo' os e§Íão úia-*"rgtrrf
exceot.ificado,a
oue há muito, num L da antitradição carnavalesca' dassacraliz;nte'
ã;;";à;" iá*nao deles carne de sua cârne e osso de seu por-Bakhtin em.contraparte à estrada
qr" ha muito os estão ressintetizando quimicamente ;;;;;;r, "uo*au literatuia monológi-
".-", real da positivismo épico lukácsi":' t
e irrefragável metabolismo da diferença'
por um impetuoso
clrlne; ."]J"ú" ,*rrada e uní'oca' Ao invós' o policulturalisma
(E não só a europeus: ingráientes orientais' hindus' ."*Ui*álo elúdico, a transmuta$o,-paródica de sentido
à* iupon"u"r, iênt "nãudo no alambique "synrpoético" são os dispo-
ããior"r, a hibridizaçao aberta e multiliugüe'
" ,r"u-atqri*istas: em Tablada e Octavio Paz; nos
ã*u.t" e realimentação
J."oa"ro, bifúcados" de Borges e nos ritos iniciáticos do sitivos que respondem pela alimentação
baroquista: a transenciclopédia
Elizondo de Farabr.lrtf', em Lezama e Severo
Sarduy; em ;;;;r;"t .lessà aln''ag"ito
onde tudo pode coexistir
carnavalizada ,Jos nouãs bárbaros,
ói*ufa e na poesia cãnueta brasileira, por exemplo') que esmagam a matéria da tra-
com tudo. São mecanismos
tropical' convertendo ta-
aiçao ,o*o dertes de um e"!'enho
sumoso' Lez-ama crioli-
Oswâld d€ Afidrudc a§i- los e tegumentos ern bugaço ã caldo
18. Sob o pscudônimo tlocadilhcíco de "Marxilar"'
(f928'1929)'
nou attigos em sun Rdísta deÁnrroPoÍa7'a 251
250
za Prousf e itlteÍcomunica
Mallarrné com Gõugora: suas
tações sâo truncad* ci- tavarn-se para o
* up*d;;;;.
rtigesráodítuvtatradár;B;;;r.r;:à""iffJfr
simbolista nrarginal: todos
T"ll"
viarn diversamenre _ ina"p"nã"oil;;;r" reescre_
(com sua .,viaje a la :ril*Jffi coucluso poeüa universal...
* um rnesno in-
oscura.Cüa" de cacodelprria"),
obscuro ,.nefelibata,, Uaiaoo
m nlr.ii, pedro Kilfuerry, ura
à
.o*;*,a. .}iuo Çcftáz.ardiulosa,"d il_;il;*e irlandêq mulato
diversos, .o* o.tt:or",
*
G;;",.Ii;:.f#::;rffi"; aos 32 *'o',
marca da circunstância
argentiía iil;, ü#d"X]t[fl"'morto "* 1e17, de urrra
Cortázar, transmigradu, quando, no
Jo* no*)ü".s poÍtenhas, caso de gig*tio,ã::.'l*".'-,ll'*:ffi ;tln,:t:ffiltmU_li
parjs da Rive para Túta.u Corbiêre
,
Gauch")-'o B;;;;;"ão a
oo* rrru Tistes Ti_ lau ir"*rru ffirgJ ..cotoquial_irônica,,
ges de Cabrera I^1|1t
oruoor^-ãÇelho de t-ewis
roll para mnfraternizar-se com ,.*elanti"ista,, Car- ^0,*^.lrar*")
smla,
e corn i.,o
gue o aproxima, pioneiro
J*.r""ffi;"
dicção especialís_
o
Dumpry e corn Sh"r, The penman.Diongfo I{umntv e.que.i,lo,,ro;ãil;,"
Os Ratos, rcfaz o dia de
ilp"H;l"j; Machado, àm :tr[r;3:j;rên.io". rlai sutirezas JJ rio.,çao
d. ;; ;;;:
pois bem: todo
en divi d ada de um rao_, i-,{r"ei
anos 30 (um ,razar.en
i ffi
i"?'1: i?;: i::
a azaraiorNaáazenq Iutando
"â:l esse borborigmo de digesto,
ruminação f1..rgo11 e ancestral toda essa
quejá se perde nos arcaflos
te-nosso_de-cada-dia..-). pelo lei, do ternpo, não podia pe.*o,,e.*iinãefinidamente
neiro de veredas
c ri*i.a*ãil
criva o serrâo rni- ignorada
rnerr'rrri*.ir*,iffi;é urn Fausro
da Europa. A bbom, f"nO*"uo
..."rü'" ao ní_
fistofi Íologicc, atrism ado me- vel dos nzriss-nted,ía, serviu de "piaérmico,
I{ ei d e gger cabo clor.. n
nas tramaJdu'lirgrrrg"*
qual um espantado e tarüo
ut*.r, J*áun atório * entre
' Llosa se poderia dizer "
C-u.p"o t'ü
ôu'* o, Fu en r es, V a rga s norre-americânos,r;id;i:;-"#1,::T§J:}::T?:ff
outro tanto: outrasdecocções, :
am áIgarn ar, diversas
e sinsula res
outros de mastiga$o cultural,
.,pesadero àogünuçõ"*. ^ "X"Ooirr'r,"i* O_ Ez.a pound
o da Írisrbria-, p*;;;;;:tp;;_ será o exernplo mais caracterí$ico
em nossos dias, como
I*tino-americanos, .1- escrirores foi no pas-sado o
;][1,; I*[,,"*, nos rempera* o ecumenismo de Wrii-wiituran).
mertos mú militartes, de 1ra" assornbrado e aüso aos navegantes De alerta
partJJprça"._ de empenho, incautos, para com a
sido um barroco e obscssivo tem turbulôncia Iarvarla e explosivid"
ao paroxismo oxirroresco
p_;.d.j;; escrírura (levado gica que se vinla descnvolvenO"
u*u ,iuo rêIa$o dialó_
quando se satre em convivio *'U""prf"iamente,
esca-
çado e doloroso ** for- moeteada pela suficiência nronolingüe
I mundo sem l"t as de grandes con_ dos usuarios de Iín-
ti'gentes populacionai, guas "imperiais,' ícomo
francês,ãar-r"rl""i;;,
ainda comerá o biscoiro rrrilJ;;"'ãão*ro;.
..Á. o ;"rr;:
ri"" r". r.Ur#:i _ varicinavamassa glês, cada vez rriais), uma
que estava minando e
-retação cor-
rvald de Andrade, n,* os_ roendo as bases da koin.é literãria
,ro*ãino lJãrao
.,prinzip
pelo ,.mais i."a"Ària, em termos de
, Iiteraturas velhas,, e ,.maio.ãs,iã" lioor.os,,, .,galhos
.TlfXilí";,ifiI",:;r" -rlreparal
a rnedura nutrienre, a;; principais" e "esgalhos secundários,,.
.ú ; ; ;iilJ,:, i: i}Íüi II H:J:rx j:.,, j"Êã :I
monrando
Éorg"u p"tri*"oor, o europeu
"o*mais escrever
dia
A urn
d"*"brtfflX:t:ff§:
às prinreiras Aa."Ourt"rtJ'Jj"ulo, a sua prosa dà mundo ssm
uma convergência insuspeit*da -r*ilunt*;vislumbrou cada vez rnais avassatadoi da
o contributo
dif".";;;;;J,ruau
pound e Eliot .,descolxiár;;; , enquantô pelos
f;;;tror*"
mentavanr dele, de sua ..togopf,i^; e se ati_
'ora_
;à;;i";para a renovaSo
da poesia dc rínsua ingrcü, , A
pôesiâ dispersa e
r-rgour, li.
recalhidas postuÍsamente e anarhadas
espârsa de pedro Kilkcny
(l885-t9i7) foram
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Braál and Hispanic ÂmeÍica", TriQuarteell', nq 38 ("In the
zes bárbaros alexandrinos. Os üwos que lia já não podiarn
rvake of tbe!Vake"),1977 -
seÍ os mesmos, depois de manducados e digeridos pelo cego Escrever, hoje, na América Latina como rta Europa,
homeríada de Buenos Aires, quô ousara até mesrro rees-
significará, cada vez mais, reescrevôr, rema§tígar. Hoi btár-
crever o Quijote, sob o pseudônimo de Pierre Menard...
bãroi. Os vândalos, há muito, já cruzararn as fronteiras e
Que haveria de novo, sem Borges, no nouveau roman dç tumultuam o se*ado e a ágara, como preflunciado no poe-
Robbe-Grillet? Quem poderá agora ler Proust sem admitir
ma de Kaváfis. Que os escritores logocêntricos, que se ima-
lxzama Lima? Ler Mallarmá, hoje, sem considerar as hipó- ginavam usufrutuários priülegiados de uma orgulhosa korirá
teses intertsxtuais de Trthe de Vallejo e Blanco de Octavio
ãe mao únicq preparem-se pârã a tarefa cada vez mais ur-
Paz? Ou contribuir para o "poema universal progressivo"
gente de reconhecer e redevorar o tutano diferencial dos
" sem redeglutir a poesia concreta brasileira do grupo Noí-
" gandres'! Nathalie Sarrautq uma vez, em meados dos anos iovos bárbaros da politópica e polifônica civilização pla-
netária. Afinal, não custa repensar a advertência atualíssima
60 (lembro-me que Ungaretti, o relho lJngaretti, carregado do velho Goethe: '-Eine iede Literatur ennuyiert sich zuletzt
de reminiscências brasileiras, em visita a Sáo Paulo, partici- in sich selbst, wenn sie nicht durch fremdç Teilnahme wie-
pava da mesma reunião), observou-me, em conversa, que a der aufgefrischt wird" ("Toda literatura, fechada em si
índole da escrita francesa não comportava um expe,rirnento mesma, acaba por definhar no tédio, se não se deixa, reno-
à Joyce. Perguntei-lhe, de troco (vivos em miúa memória, va<lamelte, üvificar por meio da contribuição estrangeira")'
igrral e tanto quanto neolatina, os exemplos do À{aama{nw A alteri<iade á, antes de rnais uada, um necessário exercício
de Mário de Andrade e do Grande Senão de Guimarães de autocrítica'
Rosa), se não considerava Rabelais um escritor francôs.
Desde 1963, eu havia pri+cipiado â escrever e a publicar as
minhas Galáias, uma "trarrouca mortopopéia ibericafra"
entoada, a contracanto, no "fcldorado eldorido latinoamar-
go". Desde a segunda metade dos aaos 60 ("Sur Góngora",
L966), Severo Sarduy começâra a barroquizar, por ato de
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