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Procrastinação: Por Que Deixamos Tudo para Depois?
Procrastinação: Por Que Deixamos Tudo para Depois?
A procrastinação, como você pode notar, não é característica dos dias de hoje. Fernando
Pessoa já escrevia sobre esse tema e as condições emocionais decorrentes dele em 1928! Esse é um
indício de que a procrastinação seja um fenômeno muito humano. Muita gente procrastina. Mas será
preguiça. Quando nos debruçamos para desvendar as condições que nos produzem preguiça como
sentimento encontraremos com muita certeza que temos pela frente uma tarefa que vai nos exigir
Imagine, por exemplo, ir a um show numa cidade como São Paulo, que demandará que
saiamos 4 horas antes, passarmos por um congestionamento complicado e agressivo, pegarmos uma
fila enorme e sem lugar pra sentar, ainda com o sol a pino (pode ser também debaixo de uma chuvinha
insistente), depois assistir a um show de mais 3 horas e novamente esperar por mais pelo menos duas
horas para sair do estacionamento. Se for um show de artista que você gosta muito, você é bem capaz
de passar por tudo isso. Mas se for um artista de quem você gosta medianamente, dificilmente você
passaria por essa verdadeira “maratona”. E provavelmente sentiria e expressaria seus sentimentos:
“preguiça”...
Mas, vamos deixar a situação um pouquinho mais complicada. Seus amigos de quem você
gosta tanto e que são muito zelosos da sua amizade gosta do tal do artista que você não vai lá muito
com a cara e reclamam a sua presença. E insistem que você vá. Talvez a presença de seus amigos indo
ao show possam colocá-lo em outra situação em que habitualmente adiamos a decisão... Não dizemos
de pronto que não iremos, e “vamos vendo” como está nosso humor na hora última de comprar ou
não o ingresso. E mesmo assim, com ingresso comprado, é bem possível que deixemos de ir na hora H,
Outra situação que costuma produzir procrastinação é quando temos uma tarefa que não
queremos, mas devemos fazer. Ou, novamente, até queremos, mas custa tanto!!! É o que acontece
com trabalhos longos, em geral, tais como trabalhos acadêmicos de conclusão de curso, monografias,
dissertações e teses. São trabalhos longos, que necessitam de muitas horas de dedicação cujo
resultado, se trabalharmos com disciplina e afinco resultará... em algo que sabemos que podia ter
ficado melhor. O pior de tudo é que cada uma das micro etapas da confecção do trabalho concorrem
com mil outras coisas mais agradáveis de se fazer e de efeitos imediatos: ir a uma festa, plantar flores
fazer” nessas situações e que não têm a menor importância na vida. E sentimos que estamos nos
boicotando, porque a tarefa importante não está sendo feita, não está andando...
Mas não é boicote. É resultado de contextos que estamos vivendo. Veja bem: de um lado, a
tarefa multi exigente, de pequenos passos, distante do resultado final que é incerto (sempre tem um
monte de gente que pretensamente sabe mais que você e vai avaliar seu trabalho – com frequência
“detonando” o que você fez), versus uma tarefa bem fácil, ali, na sua mão, mais prazerosa, que
depende só de você e de resultado imediato... mesmo que esta segunda tarefa não tenha lá grande
importância, o “apelo” que sentimos para fazê-la é bem marcante. Com estas concorrências,
mesmo que importante, e optamos por fazer as tarefas de resultado imediato, mais prazerosas, mesmo
que de intensidade pequena. E vamos sentindo culpa, estresse, pressão pelo tempo que vai
Daí, na última hora, passamos uma madrugada inteira, ou mesmo nos “internamos” em casa,
no escritório, ou quando temos recursos como alguns autores de livros “vamos a Paris” para acabarmos
de escrever um livro que a editora está cobrando. E temos certeza que o resultado poderia ter sido
melhor.
E poderia mesmo... Se tivéssemos feito “direito”. Mas como nos controlarmo-nos no dia-a-
dia? Sabemos o que temos que fazer, mas não sentimos força para fazer.
Algumas dicas da análise do comportamento têm ajudado a realizar tarefas. Aí vão algumas
delas:
para um concurso e tem um material enorme para ser estudado, separe para deixar em sua
mesa de trabalho apenas aquele que você vai ler agora. Esconda (literalmente) de você o
3) Deixe à sua vista o material que vc “já venceu”, ou seja, deixe marcas claras daquilo que você
já cumpriu. Costuma ser uma injeção de ânimo muito grande saber que a montanha já está na
metade e que agora faltam alguns poucos metros para chegar ao pico.
4) Intercale a essas pequenas etapas algumas atividades rápidas que você costuma curtir. Um
telefonema para a namorada, uma espiada rápida na internet, uma visitinha à geladeira... mas
tudo isso, só depois que a micro etapa estiver cumprida e que você tenha cumprido seu
pequeno objetivo. Pode ser por exemplo: “agora eu vou ler as cinco páginas que acabam este
capítulo e depois vou levar o cachorro para dar a volta ao quarteirão”. Depois volte e proponha-
se a fazer um resumo de um parágrafo das cinco páginas que acabou de ler. Terminado isso,
5) Programe de quando em quando uma revisão do seu processo na consecução da tarefa até aqui
e faça uma avaliação do quanto já andou e o quanto ainda tem que ser percorrido. Isso ajuda a
planejar melhor e dá maior segurança do que ficar contando cabeças de quimeras que nem
existem. Certamente, na nossa contagem fantasiosa, contamos 3 vezes pelo menos cada uma
diferente e bem rápido. Retome depois a atividade de algum ponto anterior (por exemplo,
releia as duas últimas páginas que já havia lido para ultrapassar um trecho que está complicado
em um texto).
7) Antes de terminar e entregar a tarefa, reveja-a por completo. Se sentir necessidade,
Com essas dicas, você será capaz de aceitar que a procrastinação é um fenômeno natural dessas
situações descritas e que você pode vencer se planejar da maneira certa. Vamos tentar? Qual é seu
próximo objetivo? Pensou? Agora pense: qual é o primeiro passo? Pensou? Esse, a partir desse
momento é sua próxima e importante tarefa. Os passos seguintes só encare quando este estiver dado.
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