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Fonte: VENOSA, Silvio de Salvio. Direito Civil- Vol. I- Parte Geral. 2013. Capitulo 27.

ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO

São elementos que podem estar presentes dependendo da necessidade


ou interesse das partes e modificar os negócios jurídicos. São facultativos, mas
após inscritos por vontade das partes, ou pelo ordenamento, se tornam
essenciais, indissociavelmente ligados a ele.

CONDIÇÃO

Subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto, sendo


estes seus É a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das
partes, elementos essenciais: futuridade e incerteza do evento.

Ela deve se referir a fato futuro, sendo presente e passado impossíveis


de serem condicionados. As condições impróprias (não podem ser
consideradas verdadeiras condições), pois o fato já ocorreu e não pode ser
condicionado. Deve ela se relacionar a fato incerto. Se o fato for certo- ex,
morte de alguém- é termo.

Enquanto não realizada a condição, o ato não pode ser exigido.

Há certos atos que não comportam condição no negocio, são os direitos


de família puros e direitos personalíssimos. Além disso os negócios unilaterais
que devem gerar efeitos imediatos, como abdcativos ou renúncia de direitos,
também não a admitem.

Condição licita X condição ilícita

 Licitas: dispõe o art 122, sendo elas todas que não são contrárias à lei.
 Ilícitas: atentam contra proibição expressa ou virtual do ordenamento
jurídico. São imorais-atentam contra a moral e os bons costumes- e/ou
ilegais-incitam o agente à prática de atos proibidos por lei ou a não
praticar o que a lei manda-.

Condição perplexa X condição potestativa

O art. 122, segunda parte, estipula que "entre as condições defesas se incluem
as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro
arbítrio de uma das partes".

o Perplexas: não fazem sentido e deixam o intérprete perplexo, confuso,


sem compreender o propósito da estipulação.
o Potestativas: dependem da vontade de um dos contraentes, uma das
partes com o poder de provocar ou impedir sua ocorrência. Nem todas
elas são ilícitas, sendo anuláveis só aqueles com o puro arbítrio da
parte, com nenhum fator externo influenciando. Diferenciam-se, logo:
o Potestativas simples: não há vontade apenas do interessado, mas tem
também interferência de ato exterior. Ex: se eu me casar.
o Puramente potestativas: dependem exclusivamente do interessado. Ex:
se eu quiser.

Condição impossível

Uma condição pode ser impossível para uns, mas não para outros. A
condição fisicamente impossível poderá ser relativa. Assim, a condição de
qualquer indivíduo viajar para a Lua é impossível; não o será, no entanto, para
um astronauta da Nasa ... Importa, aí, o exame de cada caso concreto.

No que diz respeito às condições juridicamente impossíveis, invalidavam


elas os respectivos atos a que acediam. Atente para a diversidade de
tratamento: as condições fisicamente impossíveis tinham-se por não escritas;
as juridicamente impossíveis invalidavam o ato. O Código de 1916 foi criticado
pela diferença de tratamento.

Condições que invalidam o nj

(art.123) "Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:

I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;

II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;

III - as condições incompreensíveis ou contraditórias."

O atual código especifica que essa nulidade ocorre apenas que a


nulidade ocorre se a condição for suspensiva. Se for resolutiva, o nj já possuía
plena eficácia, não sendo tolhida pela condição ilegal.

Condição resolutiva X Condição suspensiva

 Suspensiva: (art 125.: Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à


condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá
adquirido o direito a que ele visa.) o nascimento do direito fica em
suspenso, a obrigação não existe durante o período de pendência da
condição, apenas existindo mera expectativa, sendo sitação jurídica
condicional.
 Resolutiva: faz cessar os efeitos do ato ou negócio jurídico, sendo que
enquanto ela não se realiza, vigora o ato jurídico, sendo este válido e
exercível desde seu início, mas o nj acaba no momento que a condição
se realiza. Ex: pagar pensão enquanto estudar.

Muitas vezes essa distinção é impossível de ser feita, devendo recorrer as


regras de interpretação de vontade.
Se a condição não se realiza, é como se o nj nunca tivesse existido.

Implemento ou não das condições por malicia do interessado. Frustação da


condição.

(art 129: "reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição, cujo
implemento for maliciosamente obstado pela parte, a quem desfavorecer,
considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente
levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento")

O código pune, em ambas as situações, quem impede e quem força, a


realização de evento em proveito próprio.

Se a parte não age com dolo, mas por negligencia ou imperícia, nem por
isso deixa de ser aplicável a regra da responsabilidade decorrente da violação
das obrigações, traduzindo-se em ressarcimento das perdas e danos, mas não
se aplica o art. 129 , pois este exige o dolo.

É, em qualquer caso, à parte prejudicada que cabe o ônus da prova,


mas à outra é facultado provar que, mesmo sem sua intervenção, se verificaria
ou não a condição, conforme o caso.

TERMO

Eficácia de um negócio jurídico fixado no tempo, sendo o dia do início e


do fim da eficácia do negocio, podendo ser inicial ou final. É a modalidade que
tem por finalidade suspender a execução ou o efeito de uma obrigação ate um
momento determinado ou advento de um evento futuro e certo.

 Inicial suspende a eficácia de um negócio até a sua ocorrência, sendo a


partir daquele dia ou evento que ele pode exercer seu direito
 Final: resolve seus efeitos, terminando a produção de efeitos do negócio
jurídico.

O termo é inexorável e sempre ocorrerá, sendo direito futuro mas diferido,


não impedindo sua aquisição, mas apenas suspendendo-a.

Termo determinado X termo indeterminado

 Determinado: é o termo que tem data certa para acontecimento.


Ex: vencimento da dívida dia 30 de outubro.
 Indeterminado: quando não se estipula exatidão no termo.
Ex: falecimento de uma pessoa.

Termo convencional X termo de direito X termo judicial

 Convencional: vontade das partes


 Direito: disposição legal
 Judicial: decisão judicial.

Atos que não admitem termo

Quando o direito for incompatível com o termo, dada a sua natureza,


bem como nos casos expressos em lei. Há incompatibilidade com direitos de
personalidade puros, relações de família e direitos de execução imediata.

Prazo

É o lapso de tempo decorrido entre a declaração de vontade e


superveniência do termo. É também o tempo que medeia entre o termo inicial e
o termo final.

O termo é o limite, quer inicial, quer final, aposto ao prazo. E o tempo


que decorre entre o ato jurídico e o início do exercício ou o fim do direito que
dele resulta. Diz-se que o prazo é certo se o ato é a termo certo, e incerto se o
ato é a termo incerto.

(art. 132)"Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se


os prazos, excluindo o dia do começo, e incluindo o do vencimento.

§ 1 º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o


prazo até o seguinte dia útil.

§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.

§ 3º. Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início,


ou no imediato, se faltar exata correspondência.

§ 4º. Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. "

ENCARGO/MODO

Restrição imposta ao beneficiário de liberalidade. É um ônus que diminui


sua extensão. Pode ser ao estabelecer uma finalidade ao objeto do negócio, ou
impor uma obrigação ao favorecido, mas sempre se configurando em
contraprestação, não contrapartida. Ninguem é obrigado a aceitar o encargo.

Ex: doação de instituição impondo o engarco de prestar determinada


assistência a necessitados.

O encargo deve estampar obrigação licita e possvivel, a ilivitude/


impossibilidade torna-o não escrito, valendo a liberalidade como pura e
simples. Se o ato é fisicamente irrealizável, tem-se, da mesma forma, por não
escrito.

O encargo é coercitivo, mas não suspende a a aquisição ou o exercício


do direito, salvo quando expressamente imposto no nj.
A conjunção se serve para indicar que se trata de condição, enquanto as
expressões para que, a fim de que, com a obrigação de denotam a presença
de encargo( é um critério falível de interpretação).

O encargo ilícito ou impossível somente viciará o negocio, se for motivo


determinante da disposição, o que deve ser examinado no caso concreto.

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