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Fonte: VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil- Vol. I- parte Geral. Edição 2013. Cap. 23.

DOLO
É artificio, artimanha, engodo, encenação, desejo maligno tendente a viciar a
vontade do destinatário, a desviá-la de sua correta direção. Induz o declaratário a erro,
mas provocado pela conduta do declarante. O erro participa do conceito de dolo, mas
é por ele absorvido.

Dolo tem em vista o proveito ao declarante ou a terceiro. Não integra a noção


do dolo o prejuízo que possa ter o declarante, geralmente, ele existe, logo a ação
anulatória pode vir com indenização de perdas e danos, se houver prejuízo.

Erro X Dolo

Erro é a vista de todos, com representação errônea da realidade, mas se


diferem que o erro vem da convicção intima do agente, enquanto no dolo há o
induzimento ao erro por parte de outros ( erro é espontâneo e dolo é provocado).

O dolo essencial, assim como erro essencial, são aqueles que afetam
diretamente a vontade, sem os quais o negócio jurídico não teria sido realizado.

Dolo X Fraude

A fraude consiste em procedimento astucioso e ardiloso tendente a


burlar a lei ou convenção preexistente ou futura. O dolo, por seu lado, surge
concomitantemente ao negócio e tem como objetivo enganar o próximo. O dolo
tem em mira o declaratário do negócio. A fraude, que na maioria das vezes se
apresenta de forma mais velada, tem em vista burlar dispositivo de lei ou
número indeterminado de terceiros que travam contato com o fraudador.

Requisitos do dolo

 intenção de induzir o declarante a praticar o ato jurídico;


 utilização de recursos fraudulentos graves;
 que esses artifícios sejam a causa determinante da declaração de
vontade, ou seja, seja dolo essencial;
 que procedam do outro contratante ou sejam por este conhecidos como
procedentes de terceiros.

Dolo essencial X dolo acidental

 Essencial/ Principal: é o que torna o ato anulável, existindo vicio de


consentimento, sendo que o negócio existe a partir dele.
 Acidental: esse incide sobre partes secundárias do negócio, obrigando
apenas a restituição de perdas e danos.

Dolus bônus X dolus malus


 Bônus: é o menos intenso, o tolerado, é certo dolo já esperado pelo
declaratário. Ex: a atitude do comerciante que elogia, exageradamente
sua mercadoria, em detrimento dos concorrentes (deve ser melhor
analisado de acordo com o CDC) .
 Malus: é o dolo com intenção de prejudicar, dolo exorbitante. Ex:

Dolo negativo X Dolo Positivo

 Positivo: é uma ação comissiva dolosa.


Ex: o dolo daquele que faz imprimir cotação falsa da Bolsa de Valores
para induzir o incauto a adquirir certas ações.
 Negativo: é dolo por ação omissiva, ausência maliciosa.
São seus requisitos: intenção de levr outro contratante a se desviar de
sua real vontade, de induzi-lo ao erro; silêncio sobre circunstância
desconhecida pela outra parte; relação de essencialidade entre a
omissão dolosa intencional e declaração de vontade; ser a omissão do
próprio contraente e não de terceiro.
Ex: O silêncio intencional de um dos contraentes sobre a circunstância
de se achar insolúvel e, portanto, em situação de absoluta
impossibilidade de cumprir a obrigação de pagar o preço.

Dolo de terceiro

Art 148, CC: ''Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro,
se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em
caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por
todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou”.

O dolo de terceiro para ocorrer exige ciência de uma das partes dos
contratantes.

Só ocorre se a vitima não tomou prévio conhecimento do artifício a ser


perpetrado. Se o contratante não souber, o autor do dolo responde por ato
ilícito.

Art. 154, CC: “Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se
dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a quem aproveite, e esta
responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.”

Dolo do representante

Art. 149, CC : "O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o
representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se,
porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá
solidariamente com ele por perdas e danos. "
É a forma justa de tratar, pois o representante legal é imposto pela lei, e
se atuam com malícia, não tem culpa o representado.

Já a representação convencional acarreta em culpa in eligiendo, pois a


escolha do representante é voluntária, logo existe vontade, e cria o risco para
si.

Dolo de ambas as partes

Se ambas as partes agem d=com dolo, há igualdade na torpeza. (art.


150) Pois se oo dolo e bilateral, não há boa- fé a se defender.

Não se fala em compensação, mas sim indiferença, pois ambas as


partes foram maliciosas.

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