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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE ESTUDOS SOCIIAS APLICADOS


ESPECIALIZAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL, POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITOS
SOCIAIS

IRINA MENDES

A PRESENÇA DA CULTURA AFRICANA NO CEARÁ: UM ESTUDO SOBRE A


INSERÇÃO SÓCIO-CULTURAL DE INTERCAMBISTAS AFRICANOS E
CEARENSES

FORTALEZA-CEARÁ
2016
IRINA MENDES

A PRESENÇA DA CULTURA AFRICANA NO CEARÁ: UM ESTUDO SOBRE A


INSERÇÃO SÓCIO-CULTURAL DE INTERCAMBISTAS AFRICANOS E CEARENSES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Especialização em Políticas
Públicas, Serviço Social e Direitos Sociais, de
Centro de Estudos Sociais Aplicados de
Universidade Estadual do Ceará, como
requisito parcial à obtenção da certificação de
Especialista em Serviço Social, Políticas
Públicas e Direitos Sociais

Orientador (a): Profª Drª. Maria Zelma de


Araújo Madeira

FORTALEZA-CEARÁ
2016
RESUMO

Com a globalização, os intercâmbios vêm ganhando força na atualidade, principalmente em


função da existência de convênios entre diferentes países que favorecem o intercâmbio para a
educação. Assim, com a ampliação dos fluxos migratórios, as trocas culturais tem sido
intensas; a atuação do Brasil nesse programa de convênio tem favorecido a inserção de vários
estudantes africanos nas Instituições de estudos superiores (IES) públicas e privadas do País.
Considerar a relevância desse novo tipo de intercâmbio com população local, bem como as
novas características dos atores envolvidos. Assim sendo, o objetivo geral desse trabalho em
forma de projeto de pesquisa ampliado, analisar as relações de trocas interculturais entre os
intercambistas Guineenses e os estudantes Cearenses nas Universidades Federais do Ceará-
UFC e UNILAB. Portanto as instituições em cima citadas constituem os “locais de pesquisa”
por excelências dessa análise. As inspirações teóricas do estudo trazem contribuições
interdisciplinares, no sentido de realizar um passeio por várias áreas do conhecimento:
(Antropológico, Educação, sociológico, histórico etc). Assinalando as contribuições de Dallari
(2004); Fonseca (1999); Fleury (2005); Freire ( 1992) ; Garcia( 1985), dentre outros. A
metodologia a ser utilizada para a construção desse trabalho guiou-se, por uma abordagem de
natureza qualitativa, sendo adequada a realização das seguintes pesquisas: pesquisa
bibliográfica, a pesquisa de campo (exploratória) e a Pesquisa documental. Durante a
Pesquisa de campo, serão utilizadas várias técnicas para coleta de dados, ou seja: observação
participante entrevistas semi-estruturadas, grupo focal tendo em vista realizar a análise a partir
das informações obtidas pelos instrumentos de pesquisa na coleta de dados com estudantes
africanos e brasileiros. Enfim o projeto de pesquisa será submetido à apreciação do Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Estadual no Ceara- UECE.

Palavras- chave: Educação. Cultura. Intercâmbio e PALOP.


ABSTRACT

With globalization, exchanges are gaining strength today, mainly due to the existence of
agreements between countries favoring exchanges for education. Thus, with the expansion of
migratory flows, cultural exchange has been intense; Brazil's role in this partnership program
has favored the inclusion of a number of African students in institutions of higher education
(IHE) public and private in the country. Considering the relevance of this new type of
exchange with local people as well as the new features of the actors involved . Therefore, the
aim of this study in the form of extended research project, analyzing the relations of cultural
exchanges between the exchange students Guineans and Cearenses students in the Federal
Ceará- UFC and UNILAB Universities. Therefore the institutions mentioned above are the
"research sites" for excellences of this analysis. The theoretical inspirations study brings
interdisciplinary contributions, to conduct a tour of various areas of knowledge:
(Anthropological, education, sociology, history etc). Noting the contributions of Dallari
(2004); Fonseca (1999); Fleury (2005); Freire (1992); Garcia (1985), among others. The
methodology to be used for the construction of this work was guided by a qualitative
approach is suitable to carry out the following research: bibliographic research, field research
(exploratory) and documentary research. During the field research, will be used various
techniques for data collection, ie participant observation semi-structured interviews, focus
group in order to perform the analysis from the information obtained by the research
instruments for data collection with African students and Brazilians. Finally the research
project will be submitted to the Ethics Committee of the State University in Ceara- UECE.

Key words: Education. Culture. Exchange and PALOP.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 7
2 PROBLEMATIZAÇÃO DO OBJETO.......................................................... 9
3 JUSTIFICATIVA............................................................................................. 14
4 OBJETIVOS..................................................................................................... 16
4.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................... 16
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................. 16
5 REFERENCIAIS TEÓRICOS........................................................................ 17
5.1 GLOBALIZAÇÃO.............................................................................................. 18
5.2 INTERCÂMBIO EDUCACIONAL................................................................... 20
5.3 CULTURA.......................................................................................................... 24
5.4 INTERCÂMBIO................................................................................................. 34
6 METODOLOGIA............................................................................................. 39
6.1 LÓCUS DE PESQUISA.................................................................................... 40
7 CRONOCRAMA.............................................................................................. 43
REFERENCIAS.................................................................................................. 44
7

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo abordará a temática da presença da cultura africana no Ceará:


um estudo sobre a inserção sócio-cultural de intercambistas guineenses e cearenses. Visto
que, com a globalização a tendência das ondas migratórias vem aumentando cada vez mais,
no caso especifico intercâmbios no sentido de adquirir conhecimentos formais, titulo de
formatura em diversas áreas, que acaba por suscitar as trocas de saberes e culturas. Portanto, o
ponto a seguir a ser tratado, trouxe embutido na sua bagagem histórica a sistematização dos
fenômenos e as lacunas que envolvem a sua complexidade.
A globalização como fenômeno desdobrado, teve os seus fundamentos nas idéias
capitalistas, onde os focos não se resumiam aos simples transações mercadológicas e o livre
comércio, no ponto de vista econômica a sua importância é extrema uma vez que permite as
transações e os estabelecimentos das parcerias entre os governos principalmente no que diz
respeito aos setores primários e o secundários dos países cujas parcerias são armadas; mas por
outro lado, esse fenômeno também nos revela o outro lado preocupante a medida que ele
diminui as distâncias antes existentes, facilitando o crescimento econômico das grandes
potencias mundiais. Esse fato é percebido melhor nos países que têm um sistema político
democrático consolidado. Mas, também incluí na sua essência outro fator importante a ser
abordado a seguir; que é a migração. O segundo fator, que é a migração, não deixa de ser um
assunto complexo a se tratar; há medida que envolve fatores como herança histórica “da
colonização” 1, o envelhecimento da população mundial, as guerras, e outros flagelos que

1
Colonização é o ato de colonizar, ou seja, quando pessoas de um determinado país ou região vão para outra
região (desabitada ou com nativos) para habitar ou explorar. No processo de colonização, ocorre a influência ou
transferência cultural dos colonizadores para os colonizados e vice-versa. Existem dois tipos de colonização: de
exploração e de povoamento. No Brasil, por exemplo, a de exploração foi a que predominou, pois os portugueses
vieram para o nosso país, a partir de 1500, para retirar recursos naturais e minerais (pau-brasil, ouro, diamantes)
ou para produzir açúcar, levando o lucro para Portugal. Os portugueses não estavam interessados em desenvolver
o Brasil. Este mesmo tipo de colonização ocorreu nos países da América que foram colonizados pela Espanha.
Na colonização de povoamento, os colonizadores buscam desenvolver a região colonizada. Criam leis,
organizam, investem em infra-estrutura e lutam por melhorias. Como exemplo, podemos citar a colonização
inglesa nos Estados Unidos. Exemplos de colonização na História: Colonização Americana: Os Estados Unidos
foram colonizados por ingleses. O Canadá foi colonizado pelos ingleses e franceses. O Brasil foi colonizado
pelos portugueses. Os países de língua espanhola da América (Argentina, México, Peru, Bolívia, Equador,
Venezuela, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Chile, entre outros) sofreram colonização espanhola. Colonização da
África: os países africanos foram colonizados pelos europeus (colonização de exploração). Portugal, por
exemplo, colonizou Angola, Moçambique e Cabo Verde. A África do Sul foi colonizada pelos ingleses.
Marrocos e Argélia foram colonizados pela França. Colonização da Oceania: tanto Austrália quanto a Nova
Zelândia foram colonizadas pela Inglaterra. (RECLUS ELISEE).
8

afetam as nossas sociedades modernas. Recentemente, tem se ouvido e noticiado nas mídias
em geral sobre o deslocamento de uma massa de população de oriente médio precisamente da
Síria para Europa e da África para Europa. Mas, antes de prosseguirmos na sustentação dessa
tese, vale à pena deixar claro que o intuito desse estudo não é abordar questões da migração
no sentido macro, mas sim restringimo-nos á migração estudantil entre a África e o Brasil.
Portanto, dividiu-se para tal, o trabalho em partes fundamentais: na primeira parte,
começará a discutir sobre o objeto de estudo em detalhes; problematização; a trajetória da
pesquisadora e a justificativa de escolha desse tema; na segunda parte, os objetivos do estudo
em detalhes; na terceira parte o referencial teórico, trata-se de categorias teóricas basilares
dessa pesquisa: Globalização, Educação Internacional, Cultura e Intercambio. Na
globalização, aborda-se uma discução sobre extensão da globalização em todo parte do
mundo principalmente no ensino superior, e as intensas mudanças mundiais na modernidade,
aceleradas pelos processos de globalização, capitalismo informacional, modificações nas
conexões entre tempo e espaço, trocas transnacionais, aceleração dos deslocamentos
mundiais, fluxos de estudantes e de imigrantes, vêm mudando as paisagens urbanas das
grandes metrópoles. O papel das universidades, as atribuições docentes, os conteúdos, dentre
outros. Intercâmbio Educacional expor-se sobre o desenvolvimento do ensino superior nos
últimos anos; os processos de deslocamento e inserção dos estudantes guineenses nos espaços
sociais intra e extras universitários. Cultura aborda-se a ação cultural, os pressupostos
socioculturais que privilegiam uma ação voltada ao desenvolvimento da cidadania na
perspectiva do desenvolvimento humano. Em fim sobre Intercâmbio apresenta-se o real
significado de intercambio estudantil internacional. E a parte fina apresenta-se cronograma de
atividades em um programa de mestrado e os referencias bibliográfico que subsidiaram a
produção desse projeto de pesquisa ampliado.
9

2 PROBLEMATIZAÇÃO DO OBJETO

No tocante do desenvolvimento econômico e mundial, surgem-se vários pólos e


vertentes que norteiam esse estudo, sendo assim a educação no seu sentido pleno é a força
motora para o crescimento cientifico, econômico, sociocultural de qualquer nação. O início do
século XXI ficou caracterizado pelo surgimento das inquietações pertinentes com as questões
da miséria, fome e pobreza mundiais e, por conseguinte, com a cooperação internacional para
o desenvolvimento no campo de educação, no sentido de minimizar as desigualdades sociais
que colocam em causa a dignidade de muitos povos do planeta, por isso foi firmado, em 2000,
um dos mais simbólicos acordos internacionais que estabeleceu responsabilidades aos países
mais desenvolvidos, no sentido de reunirem esforços para a promoção do desenvolvimento e
eliminação da pobreza dos países mais vulneráveis até 2015 (DECLARAÇÃO DO MILÉNIO
DAS NAÇÕES UNIDAS, 2000).
E sobre os quais a Guiné-Bissau, como estado membro das Nações Unidas,
assumiu o compromisso de atingi-los até 2015, apesar disso, devido ao atraso demonstrado
por alguns países - incluindo a Guiné-Bissau – essa meta já tenha sido alargada para 2020.
Portanto arrazoar sobre a cooperação brasileira na área da educação com os Países da Língua
Oficial Português - PALOPs encontra-se inserida no contexto da Lusofonia e este não deve
ser considerado apenas um conceito geográfico, todavia, proporcionando relevância à questão
da partilha de uma língua comum, não oponente este ser um aspeto de elevado relevo no
referir representação. Por tanto, a presente pesquisa pretenderá se cruzar o olhar sobre
realidades diversas e distantes, propostas pela dupla relação entre Brasil e Guiné Bissau, no
sentido de dar a entender a presença de estudantes Africanos no Brasil especialmente no
Ceará.
A presença de jovens africanos no Brasil e seus deslocamentos visam estabelecer
aproximações e distanciamentos entre lances fazem portadores de características específicas
próprias da cultura dos diferentes grupos – cabo-verdianos, guineenses, angolanos,
moçambicanos, santomenses – e ainda, de condições tribais2 originárias e tradicionais.
As deslocações de pessoas sempre foram uma realidade e constituem desde há
milhares de anos uma estratégia de sobrevivência e uma forma de procurar melhores
condições de vida. (NUNEZ, 2014)

2
Tribais é um termo relativo à tribo. Já tribo é um conjunto de pessoas agrupadas por uma cultura, língua,
história e costumes comuns. Cada tribo possui seus próprios costumes: Dança, cânticos, instrumentos musicais,
rituais, artesanato, pinturas e outros elementos que são reconhecidos como pertencentes a uma tribo.
(DICIONARIO INFORMAL, 2009)
10

Deste modo, trata-se, portanto, de um olhar e uma reflexão sobre intercâmbio


buscando estabelecer a natureza das relações sociais entre sujeitos relativamente iguais ou que
são assumidos como tal, no plano das ideias e no pano de fundo da história contemporânea.
Ao mesmo tempo, procurando compreender a mobilidade dos povos em época de
globalização. Discutindo, ao mesmo tempo as diferenças sociais e a pluralidade cultural de
diferentes povos. Visto que, com a globalização diminui as distancias antes existentes entre os
povos, facilitando o crescimento econômico das grandes potencias mundiais. Ao mesmo
tempo, acresceu a integração global em termos econômicos, de capitalismo globalizado e de
uma dita sociedade do conhecimento.
Pois, os processos de formação de quadros de nível superior e de políticas entre
países diversos colocam em mobilidade jovens africanos de diferentes nacionalidades e
origens que buscam formação acadêmica, qualificação profissional e se beneficiam dos
acordos bilaterais entre países. (GUSMÃO. 2006)
Com crescente integração global em termos econômicos, de capitalismo
globalizado e de uma dita sociedade do conhecimento, nascem nos últimos anos processos de
deslocamento de estudantes com uma alta qualificação, ou em busca de qualificações
acadêmicas elevadas, muitas vezes, enquadrados por programas estatais ou transnacionais.
Uma vez que, a tendência das sociedades globalizadas é homogeneizar tudo.
Adotar os valores e normas comuns a todos, ignorando as diferenças culturais e incentivando
que todos ajam e pensem do mesmo jeito independentemente da sua etnia. (MARQUES,
2014. p.120). Ainda para autora, uma educação verdadeiramente democrática e cidadã
deveriam considerar as mais variadas culturais que convivem num mesmo espaço geográfico.
Portanto, o trabalho em questão nos encaminha a uma problematização; que é
analisar a relação intercultural entre dois povos distintos (Guiné Bissau e o Brasil), em termos
culturais, mas unidos pela mesma língua considerando suas variações, onde um não
desprendimento da sua língua vernácula e outro consideram estranho o que ouviu sobre o
outro, nessa mesma visão tratamos o desconhecido como estranho, na maioria das o não
conhecer o outro, nos leva a esse vértice do ângulo; de procurar explicar, narrar, e interpretar
o contexto distante e tirar amostras de tais. O que chamar-se aqui de “estranho” diz respeito à
admiração, perguntas banais e sem cabimento, mais que faz com que entendemos o grau de
desconhecimento de um povo sobre o continente africano; isso num país cujas raízes são
africanas.
Por exemplo, quando se questiona sobre a sua morada com os animais, perguntas
destituídas de conhecimento sobre África como continente, ainda vista como pais, e sobre a
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forma como se consegui vestir-se bem, a forma de chegar aqui no Brasil, a relação inter
pessoal; como tais, o homem andar de mãos dadas com o individuo do mesmo sexo e vice
versa, essas premissas básicas que parecem bobagens mas que possui um significado enorme
da sociedade cearense, isto se tratando da cidade pioneira em libertar os “escravizados”em
1884 antes da lei Aurea de 1888, e ter características de uma sociedade machista e sexista,
certamente concebe como estranho essa postura entre os homens.
Esses fatos mostram outras facetas da educação brasileira, e suas dificuldades em
abordar questões como inclusão e a abordagem da história Africana de uma forma séria nos
projetos pedagógicos, apesar dos esforços que o governo tem feito em criar e elaborar as leis
que regem essa pauta, como é a lei 10.639/2003 e a Lei 11.644/2008 que tornam obrigatório o
ensino da história e da cultura Africana, dos Afro-brasileiros e dos indígenas nos currículos
escolares, bem como da Lei 12.711/2012 chamada lei das cotas no ensino superior, a ser
adotado nas universidades e Institutos de Educação Superior (IES) federais , tornando
obrigatório que até 2016 50% das vagas desses estabelecimentos sejam ocupadas pelos
cotistas oriundos de escolas publicas, validando os critérios republicanos, socioeconômico e
por pertença racial.
Essa desconstrução ideológica que se construiu ao longo da história permitindo
assim o fim extermínio cultural e da noção pejorativa de ver os africanos como o elo mais
fraco da corrente, o centro das desgraças e calamidades, e sobre tudo dos flagelos que assolam
as sociedades africanas; mas do que se questiona? De que África estamos a falar? Essas
perguntas perseguem o continente, uma vez que trata de uma África plural dentro daquela
singular. Quando se faz certos questionamentos sobre a África e seus filhos, descendentes, é
natural que se faça certas perguntas; mais essas perguntas de caráter refletivo normalmente
gera impacto nas pessoas quando as escuta, mais aí, é o assunto de um outro estudo. O
espanto perceptível das pessoas ao se depararem com tais questionamento revela a
obscuridade da nossa história humana e da sua manipulação, essa preocupação não se
resumem só as narrativas históricas, administrativas, políticas, mais principalmente das que
envolvem os aspectos educacionais e a capacidade intelectual dos indivíduos que
freqüentemente se deparam com dúvidas a respeito de suas capacidades baseadas nas
tonalidades tegumentares da pele.
A África tem atualmente 1 Bilhão de população onde desses somente 100 milhões
estão sofrendo com essas calamidades de guerra e fome e outro 900 milhões estão se vivendo
bem e em grandes metrópoles africanas e que cresce 5 % ao ano mais do que qualquer
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continente; o que chamo aqui de desconstrução ideológica.(ENTREVITA A CARTA


CAPITAL, CARLOS LOPES, SECRETÁRIO GERAL ADJUNTO DE ONU, 2015)
A África nunca foi um lugar dos coitadinhos como se vende a sua imagem,
sempre foi um continente com seus impérios e suas divisões sociais e castas, mas com a
invasão dos Europeus criou-se uma nova história para encobrir as que já existiam; paradigmas
esses que perseguem o continente e os seus filhos até hoje.
Como por exemplo, alguns estudiosos do séc. XV, XVI, e XVII entre os quais se
destaca o Frederick Eigelsou Engels considerado pai da historiografia, que afirmou que a
África não detinha de história, e tudo que ali se encontrava não prestava; essa afirmativa, este
preconceito foi tomado como base para sustentação das teses dos imperialistas na época , mas
que continua sendo armas a ser usadas para ataques preconceituosas e racistas que persegue
todos os africanos e seus descendentes tanto pela cor da pele assim como pelo seus traços
físicos e psicológicos e etc.O estudo em questão não tem como objetivo defender África, mas
abordar esses assuntos sob a ótica diferente, e uma analise critica sistêmica.
Ao fazermos uma análise profunda sobre a situação do continente africano, é
possível sentir e perceber também as lacunas deixadas pelos problemas hereditários. Os
problemas aqui relatados como hereditários diz respeito ao relativismo cultural lingüístico,
político, e educacional em todas suas esferas; esse problemas teoricamente inofensivos tem
preços altos para a sociedades africanas; dentre esse problemas destaca-se o preconceito e
outras formas de discriminação. Eu parto do princípio de que o “preconceito é o alimento do
ignorante para saciar a fome da insegurança”.
Segundo Madeira (2014) O problema do racismo atinge inúmeras pessoas em
diferentes países e é um dos maiores desafios para as sociedades contemporâneas. Torna-se
hoje oportuno repensar a especificidade do racismo existente no Brasil, racismo de marca,
racismo cordial, o preconceito de ter preconceito. O racismo é materializado principalmente
pela cor da pele, e não por uma herança genética, como o verificado nos EUA e na África do
Sul: é biologicamente tênue o sustentáculo do racismo brasileiro. O racismo brasileiro,
independente das considerações biológicas, é exercido em função da “cor”, numa gradação
cromática – quanto mais próximo da pele branca, menor é a discriminação e vice-versa. Essas
considerações certamente irão impactar nas praticas cotidianas desses africanos em
intercambio no Brasil.
Vale ressalvar, que o Brasil possui forte ligação com a África, a herança africana
encontra-se em expressões presentes no vestir e comer, nas palavras cotidianas, nos funerais,
nas irmandades, nas folhas sagradas. A “descrição seria interminável, pois tais procedimentos
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permeiam o mundo visível e invisível dos simbolismos brasileiros”. Sendo assim, a


sociedade brasileira não é diferente da sociedade guineense, uma vez que, a sociedade
guineense, é a par do que acontece com muitas sociedades do Continente Africano, é
caracterizada por uma estrutura social fortemente heterogênea relacionada com a existência de
uma pluralidade de etnias e, com estas, uma variedade de culturas, hábitos, línguas, tradições,
etc. que habitam numa área territorial comum. Para melhor compreensão do fenômeno, vale
primeiramente explicar que existem recentemente na Guiné-Bissau três grupos religiosos
distintos: os animistas (indígenas africanos), os muçulmanos (influência árabe) e os
cristianizados (influência européia).
Por outro lado, do ponto de vista histórico, na formação social, econômica, política
e, sobretudo cultural, do Brasil, o fenômeno da imigração, sempre esteve presente
desde as imigrações “forçadas” dos africanos, às migrações continentais
“estimuladas” onde os europeus constituíram o terceiro grande continente de
migrantes que marcaram nossa história. (ZAMBERLAM, 2004)

Bem como enfatiza Ramos (2003; p.02): A sociedade brasileira caracteriza-se por
uma pluralidade étnica, sendo este produto de um processo histórico que inseriu num mesmo
cenário três grupos distintos: portugueses, índios e negros de origem africana. Esse contato
favoreceu o intercurso dessas culturas, levando à construção de um país inegavelmente
miscigenado, multifacetado, marcado pelo antagonismo.
Portanto, devido à ampla dimensão deste fenômeno, torna-se necessário analisá-lo
de perto, considerando que esse fato é muito mais do que deslocamento de estudantes para
outros países, porém, um intrincado de políticas educativas, num sentido mais limitado, mas
do Estado e desenvolvimento, num sentido mais extenso, uma comparação cultural entre o
Brasil e Guiné-Bissau, destacando as principais manifestações que os aproximam e os
distanciam (culturas), trajetórias, fluxos, e entre outras exterioridades.
Portanto, em busca de alcançar o propósito comum desse estudo faz-se a seguintes
perguntas: De que forma se dá ou acontecem às relações de trocas interculturais entre os
intercambistas guineenses e os estudantes cearenses nas universidades federais do Ceara UFC
e UNILAB? Quem são essas intercambistas? Como é que é a convivência com a sociedade
cearense? Como são recebidos pelas universidades? Como se da a sua inserção nas
instituições brasileiros?
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3 JUSTIFICATIVA

A globalização e todo o seu contexto econômico permitiram à união dos povos, e


aproximação das nações antes distantes. Nessa ótica, a parceria estabelecida entre os governos
Brasileiro e Guineense permitiu que os estudantes guineenses passassem a ingressar nas
universidades brasileiras. No cenário atual e no que concerne a essa temática a nível mundial,
sua importância é extrema. Nessas mesmas perspectivas fez crescer o interesse pelo estudo da
referida temática, tentando entender as suas facetas do ponto de vista dos estudantes.
O cenário internacional do século XXI faz com que os Estados procurem novas
formas de representatividade no plano externo, ultrapassando a utilização das formas
figuradas do diplomata e do soldado, sem, no entanto, negligenciá-las. Sob essa óptica, o
conjunto de interações promovidas para a consolidação da política externa é um meio de
fornecer respostas adequadas às novas realidades. Pois, com o avanço teórico contemporânea
da economia política internacional surgem novos elementos em diversas áreas principalmente
na educação, assim como,convênio de poder mundial, já que, o cenário contemporâneo é de
grandes mudanças na estrutura do sistema de poder no mundo.
A partir de década de 1990, com aceleramento da globalização, novos desafios
surgiram para países de língua oficial portuguesa, apostando na necessidade de novas formas
de inserção da educação na arena internacional para todos os países, mas, especialmente para
os sem - periféricos. Assim, a cooperação entre esses países seria um mecanismo inovador de
independência com vistas minimizar os riscos imediatos ao processo de globalização e
maximizar as oportunidades sucedidas desse processo. Os Países da língua oficial portuguesa
- PALOP analisaram que, na área política e econômica, protestasse cada vez mais a ações de
nível internacional na tentativa de encontrar soluções satisfatórias para os problemas de
dimensão planetária.
As mudanças das políticas igualitárias e educacionais seguem, por sua vez, os
novos desafios buscando promover o crescente de intercâmbio estudantil, bem como à
centralização de novos problemas sociais em territórios específicos como ocorre nos
aparelhamentos universitários. Sendo assim, a experiência de conhecer e viver na cultura do
outro permaneceria requerendo um crescimento dos sujeitos participantes do Intercâmbio
entre o Brasil e Guiné Bissau.
Por isso, a escolha em abordar essa temática, parte do pressuposto da quebra de
paradigma do relativismo cultural que envolve estudantes cearenses e os estudantes
guineenses resididos no estado, destacando as principais manifestações que os aproximam e
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as que os distanciam também. De fato, há uma carência de literaturas sobre essa temática aqui
em fortaleza. Assim, iniciar essa pesquisa é tarefa que nos coloca frente a inúmeros desafios
e ansiedades os mais diversos problemas. Trata-se, pois, de um exercício que nos coloca
frente ao outro, criando a possibilidade de aproximação, melhor compreendê-lo e, no limite,
compreender a nós mesmos.
O estudo é de extrema importância, a partir do sentido de somar aos poucos
existentes. Visto que, a problemática dos alunos africanos nas instituições brasileiras não tem
sido objeto de reflexão acadêmica e científica metódica. Determinados estudiosos e, muitas
vezes, os próprios estudantes africanos adotam a experiência de viver no Brasil como temática
dos seus trabalhos (monografia, dissertações e teses, no interior do mundo acadêmico). Na
verdade, as instituições ensino superior (IES) brasileiras, maioria das vezes desconhecem
realidades dos estudantes africanos e de seus países de origem.
Portanto, como estudante Africana (guineense) pesquisar esse assunto, é
prazeroso, pois ao arrazoar sobre tal, é como se fosse estar a discorrer de si mesmo. As
experiências, as dificuldades, os desafios vivenciadas durantes esses anos no Brasil etc. Deste
modo, tanto para o individuo, como para o coletivo, a experiência vivida no processo de
intercâmbio fora do país será a matéria prima por excelência de construção de uma
consciência de si, daquilo que se é. Apesar disso, ao mesmo tempo, daquilo que se pratica
como ação e como profissão decorrente da qualificação que permite operar a realidade no
interior das sociedades de origem, para os que lá ficaram e, também, para aqueles que
retornam após a experiência internacional.
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4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL


Analisar as relações de trocas interculturais entre os intercambistas guineenses e
os estudantes cearenses nas universidades federais do Ceará UFC e UNILAB.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Compreender o cotidiano de estudantes guineenses nos trajetos da diáspora,


focalizando os seus processos indenitários em construção nas suas trajetórias
como alunos estrangeiros no Ceará.

 Analisar os processos de deslocamento e inserção dos estudantes guineenses


nos espaços sociais intra e extras universitários a partir das informações
obtidas pelos instrumentos de pesquisa na coleta de dados;

 Refletir sobre a relevância da educação na construção de uma nação, em uma


realidade muito heterogênea em termos culturais e étnicos.
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5 REFERENCIAIS TEÓRICOS

O presente estudo pretende-se analisar as relações de trocas interculturais entre os


intercambiastes guineenses e os estudantes Cearenses nas universidades federais do Ceara
UFC e UNILAB. Por tanto, as categorias basilares desse projeto de pesquisa são essas a
seguir: Educação – Cultura – Globalização – Intercâmbio. Deste modo, em busca de alcançar
o propósito comum desse estudo, dialogará com os especialistas para explicitar teoricamente
as categorias desse trabalho. Pois, diante dos diversos desafios do futuro, uma das categorias
desse estudo, a educação internacional surge como um trunfo imperativo à humanidade na sua
constituição de ideais da paz, da liberdade e da justiça social; essa tríade que se tem como
base a da revolução francesa tornou-se esse assunto ainda mais relevante no cenário
internacional. Essas categorias serão retratadas em seguida.
Visto que, nos últimos anos, o contexto do desenvolvimento da educação cresceu
de tal forma que os trabalhos analíticos deste gênero são cada vez mais necessários. Os
governos esforçam-se por reduzir a pobreza e cumprir os Objetivos do Milênio para o
Desenvolvimento3; e a comunidade internacional está empenhada em dar o seu contributo no
esforço de fornecer o apoio financeiro necessário para a implementação de planos setoriais
credíveis para o desenvolvimento do sistema educativo. Portanto, vive-se atualmente numa
sociedade de informação e conhecimento, em que o ambiente mais intenso da transformação é
a extensão cultural da pessoa no seu contexto social. A globalização4 acentua a importância da
preocupação com o futuro. Nesse sentido, o ensino superior passa a ter um papel essencial na
formação de aptidões transformadoras como elementos ardilosos para o desenvolvimento
tecnológico, cultural e socioeconômico.

3
As metas milênio foram estabelecidas pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) EM 2000, com o apoio de
191 nações, e ficaram conhecidas como Objetivos de Desenvolvimento de Milênio (ODM. Os Objetivos
representam uma parceria entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, tendo em vista criar
um clima, tanto a nível nacional como mundial, que conduza ao desenvolvimento e à eliminação da pobreza.
(RELATORIO NACIONAL DE ACOMANHAMENTO, 2014).
4
O termo globalização, de acordo com os autores contemporâneos, recebeu vários significados, que entre as suas
mais variadas expressões, objetivam expressar um mundo sem fronteiras, que possibilite uma economia global
para os mercados internos já saturados, visando sobremaneira aproximar as nações umas das outras, tudo isto,
associado à expansão do capitalismo no mundo. A globalização atual faz parte de um processo histórico de
dominação econômica e da expansão planetária do capitalismo. Esta época consolida-se depois da queda do
Muro de Berlim em 1989 e com a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1991.
Estes fatos simbólicos marcam o fim de um mundo bipolar e o inicio da imposição do modelo econômico
capitalista no âmbito mundial.
18

Com o advento do Neodesenvolvimentismo 5por volta das últimas décadas do


século XX, houve a necessidade dos países inovarem em seus modelos de mercado para
manterem-se integrados no circuito econômico global. Essas novas exigências em escala
global geraram uma verdadeira reformulação no sistema educacional, tendo em vista atender
aos requisitos do mercado (CASTRO e CABRAL NETO, 2012).
Do ponto de vista liberal, a educação ocupa um lugar central nessa inovação na
sociedade e, por isso, precisa ser impulsionada. De acordo com o Banco Mundial em 1990 são
duas as tarefas relevantes ao capital que estão colocadas para a educação: a) ampliar o
mercado consumidor, apostando na educação como geradora de trabalho, consumo e
cidadania (incluir mais pessoas como consumidoras); b) gerar estabilidade política nos países
com a subordinação dos processos educativos aos interesses da reprodução das relações
sociais capitalistas (garantir governabilidade). (BANCO MUNDIAL, 1990)
Portanto, a política do neoliberalismo acaba influenciando também na educação
de um modo geral. Para atender as necessidades do mercado é necessário que as escolas se
modernizem, adequando os métodos de ensino também a uma mentalidade inserida na
globalização. As instituições de ensino então precisam incorporar novas técnicas, as mais
recentes inovações da informática e da comunicação, financiamentos pelas universidades, a
criação de laboratórios para pesquisas que atendam a produtividade, entre outras inovações.

5.1 GLOBALIZAÇÃO

A extensão da globalização tem ocorrido em todo parte do mundo e a ensino


superior passa por um grande debate, que envolve o papel das universidades, as atribuições
docentes, os conteúdos, dentre outros. E as intensas mudanças mundiais na modernidade,
aceleradas pelos processos de globalização, capitalismo informacional, modificações nas
conexões entre tempo e espaço, trocas transnacionais, aceleração dos deslocamentos
mundiais, fluxos de estudantes e de imigrantes, vêm mudando as paisagens urbanas das
grandes metrópoles.
Os meios de comunicação eletrônicos e as migrações constituem a marca do
mundo presente, no qual as imagens, os textos, os modelos e as narrativas que chegam pelos

5
O neoliberalismo como um conjunto de idéias políticas e econômicas capitalistas que defende a não
participação do estado na economia. De acordo com esta doutrina, deve haver total liberdade de comércio (livre
mercado), pois este princípio garante o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um
país.Globalização e neoliberalismo estão estreitamente ligados, uma vez que o consumismo exige que se
busquem novos mercados e um aumento de produção. Esse aumento de produção, dentro da globalização,
também exige que novas tecnologias sejam implantadas, criando um círculo vicioso.
19

meios de comunicação de massa marcam a diferença entre as migrações do passado e as


atuais. (APPADURAI 2004)
É nesse contexto transnacional que estudantes africanos emergem nas
universidades, faculdades particulares, ruas e outras instituições públicas e privadas de
Fortaleza, colorindo com suas roupas, cabelos e tons de pele a etno paisagem dessa cidade do
nordeste brasileiro. (LANGA, 2014)
Nesse sentido, com a globalização a educação internacional pode colocar-se como
fenômeno de conexão, buscando sempre a diversidade dos indivíduos e dos grupos humanos,
procurando por imediato, permanecer a ser um fator de exclusão social. Enfim, apesar da
pluralidade dos talentos individuais, a educação carear-se com a riqueza das expressões
culturais dos vários grupos que compõem a sociedade.
O fenômeno da globalização se caracteriza pela consolidação de um sistema
econômico mundial, que provoca impactos em toda a sociedade, com a adoção de políticas
transnacionais com relações de interdependência que ultrapassam as barreiras das nações.
(CARVALHO, 2014)
Neste contexto, a educação superior é associada ao desenvolvimento econômico,
uma vez que se torna preponderante na atual sociedade do conhecimento. Assim, as mudanças
provocadas pelo processo de globalização chegaram à educação superior impondo novas
posturas. A instituição como produtora de futuros profissionais precisa estar atenta à
adaptação constante de seus sistemas educativos e às competências exigidas pelo mercado.
Com a intensificação da globalização, tendo no centro a economia e o capital, tem
ocorrido um enfraquecimento dos estados nacionais, em detrimento aos interesses econômicos
das grandes corporações. (CARVALHO, 2014)
Dentro desse contexto, a educação superior adota então, o papel de formadora e
qualificadora da força de serviços para a melhoria da eficiência e da produtividade, em
contraponto à formação plena do indivíduo como cidadão crítico e reflexivo.
Visto que, com a globalização, a internacionalização da educação superior se
tornou pauta fundamental para países de língua oficial português (PALOP). Uma vez que, os
acordos de cooperação técnico-científica, acadêmica, cultural e tecnológica das universidades
brasileiras com os países africanos de língua oficial português, designadamente os PALOP,
Guiné Bissau, Cabo Verde, Moçambique, Angola e São Tomé e Príncipe norteados no
contexto da globalização, principalmente na luta contra a pobreza, a desigualdade e a
exclusão, o desenvolvimento sustentável e para o estreitamento das relações políticas e
econômicas como dimensão prioritária da cooperação.
20

Particularmente no século XXI a presença de estudantes estrangeiros nas


universidades Brasileiro aumentou um número significativo, sobretudo oriundo de diversos
países africanos, devido convênios assinados com diversos organismos internacionais e
universidades desses países. Através do Programa de Estudante Convênio de Graduação
(PEC-G), vinculado aos Ministérios das Relações Exteriores (MRE) e da Educação (MEC).
Em busca de educação de qualidade para poder proporcionar contribuição efetiva
ao crescimento econômico como um dos fatores chave para o bem estar das pessoas;
Contribui para a redução das desigualdades sociais, transformando-se num verdadeiro canal
de mobilidade social; Ajuda a combater a discriminação cultural, a exclusão social, prevenir a
violência e a corrupção; pode contribuir para maior coesão social e para o fortalecimento dos
valores democráticos, ampliando as opções para viver com dignidade, valorizando a
diversidade e respeito aos direitos humanos (UNESCO, 2008, p. 11).
Para Batista e Souza Pinto, dentro dessa ótica a Universidade deve buscar
caminhos para se atualizar e oferecer uma formação adequada aos seus estudantes e
professores. (BATISTA E SOUZA PINTO 2004)
Ainda autor cabe as Instituições de Ensino Superior, pelo seu caráter milenar e
pelas suas funções de acesso, produção e disseminação do conhecimento, participar e analisar
todas as transformações, procurando se adaptar e, ao mesmo tempo, por meio da formação e
capacitação de profissionais, da realização de pesquisas e de sua interação com a sociedade,
intervir-nos vários aspectos desse processo, por meio de uma avaliação reflexiva e consistente
que permita sugerir caminhos alternativos, e entre um destes apresenta-se à cooperação e
parcerias inter instituições nacionais e internacionais como uma alternativa importante.
Sendo assim, a caracterização de cooperação internacional e as inegáveis
vantagens deste processo para as instituições que desejam preparar uma força de trabalho
moderna mais global.

5.2 INTERCÂMBIO EDUCACIONAL

Nos últimos anos, com o desenvolvimento do ensino superior, as IES iniciaram


ações que visam expandir as suas atividades e sua interação social, assim impulsionando e
criando acordos entre instituições nacionais e internacionais (SCHWARTZMAN, 2000). Na
maioria das vezes visando o crescimento acadêmico e institucional são criadas estratégias
diferentes para cada acordo de cooperação interinstitucional, de modo a beneficiar ambas as
instituições.
21

O ato de internacionalizar uma instituição de ensino superior pode ser equiparado


a qualquer outro processo de negócios internacionais. Ou seja, para fazê-lo é necessário
planejamento, estudo de possibilidades e capital. (LUNA, 2000)
Contudo, a educação deve ter como objetivos o pleno desenvolvimento da
personalidade humana e o fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas
liberdades fundamentais. (UNESCO, 2008). Pois, uma educação de qualidade pode
proporcionar contribuição efetiva ao crescimento econômico como um dos fatores chave para
o bem estar das pessoas; contribuindo para a redução das desigualdades sociais,
transformando-se num verdadeiro canal de mobilidade social. Auxiliando no combate à
discriminação cultural, a exclusão social e prevenir a violência e a corrupção. Como também
pode contribuir para maior coesão social e para o fortalecimento dos valores democráticos,
ampliando as opções para viver com dignidade, valorizando a diversidade e respeito aos
direitos humanos. Ela deve promover a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
nações e os grupos religiosos e raciais. (UNESCO, 2008,)
Nesse sentido, a educação internacional pode colocar-se como fenômeno de
conexão, buscando sempre a diversidade dos indivíduos e dos grupos humanos, procurando
por imediato, permanecer a ser um fator de exclusão social. Enfim, apesar da pluralidade dos
talentos individuais, a educação carear-se com a riqueza das expressões culturais dos vários
grupos que compõem a sociedade.
Diante desse contexto, nos últimos anos, percebem-se aproximações do Brasil
com diversos países Africanos, e a intensificação da cooperação existente entre nações. Vale
lembrar que, esse desejo de aproximação é anuncio pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva,
em 1° de Janeiro de 2003, no qual são reafirmados laços que unem o Brasil e o continente
Africano. (MARTINS, 2010)
Por meio das ações de Cooperação Educacional, a Política externa Brasileira age
em pelo menos três vertentes: Economicamente, a educação relaciona-se diretamente à
qualificação da mão de obra de um país, interfere no desenvolvimento econômico. No cenário
de globalização, a habilidade de uma economia em atrair capitais, investimento e tecnologias.
Politicamente, a cooperação educacional representa parte de uma agenda positiva da política
externa ao promover a aproximação entre estados por meio de seus nacionais.
Culturalmente a convivência, o aprendizado do idioma e a troca de experiências
contribuem para o estreitamento de laços entre sociedades. Com isto tem-se a formação de
uma cultura de integração de conhecimento mutuo das realidades de outros países.
(ITAMARATY, 20014)
22

Segundo Laus (2004, p.2)

a cooperação internacional entre academias é uma prática há muito tempo


desenvolvida. Os acordos bilaterais e multilaterais, os programas
internacionais e os convênios institucionais vêm permitindo uma ampla
gama de modalidades de inserção internacional para as universidades
brasileiras, que vão desde a formação dos recursos humanos no exterior ao
intercâmbio de pesquisa, publicação conjunta, etc.”

No caso específico da Guiné-Bissau, desde a sua independência jurídica de


Portugal em 1974, não alcançou empreender políticas capazes de suplantar a deficiência na
esfera educacional e na formação de quadros capazes de contribuir eficazmente no processo
de desenvolvimento e superação da pobreza. Ao longo dos anos vem estreitando laço de
Cooperação Educacional com outros países, enviando estudantes para se qualificarem nas
instituições de ensino superior e ensino técnico profissional, como também recebe assistência
técnica nesse domínio.
Guiné-Bissau possui algumas semelhanças no plano educativo com a evolução
histórica e estrutural da educação em Angola. O país não dispõe de instituições de ensino
médio e superior que datam desde período colonial e, nesse contexto, há uma estrutura
recente, com base no ensino profissional para atender as necessidades da população. (GOMES
1996)
Atualmente o país possui uma Instituição Pública, a Universidade Pública
Amílcar Cabral, consagrada em 2004, a Faculdade de Direito de Bissau criada em 1990 e o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), criado em 1984 para gerar capacidade de
pesquisa nos áreas de conhecimento em ciências humanas e também nas áreas de preservação
histórica e patrimônio cultural do país. Em 2003, uma Associação denominada Grupo de
Apoio ao Desenvolvimento Cultural e Científico da Guiné-Bissau cria a Universidade Colinas
de Boé, a primeira instituição universitária independente do país.
Portanto, há nesses países uma espantosa carência de acesso à universidade e o
ensino superior é direito de poucos e não um direito a todos, um fenômeno de exclusão e um
apontador de acrescentamento de desigualdade social neste país. Desta configuração, torna-se
cada vez mais imperativa para muitos jovens guineenses que desejam continuar sua formação.
Em colaboração com essa realidade, Brasil vem atuando de maneira significativa
na área educacional Guineense, através da formação e qualificação dos quadros guineenses,
concessão de bolsas de estudos (Programa de Estudantes-Convênio de Graduação e de Pós-
graduação, PEC-G e PEC-PG,); construção de escolas de ensino profissionalizante (SENAC-
Bissau), entre outras. Brasil e Portugal são os principais parceiros na cooperação para a
23

melhoria do ensino, tanto no nível profissionalizante bem como na formação superior,


concedendo bolsas de estudos para os jovens santomenses.
Consequentemente, as políticas de cooperação, sobretudo desde os anos oitenta
tem sido um mecanismo importante para impulsionar o desenvolvimento através da formação
de recursos humanos, principalmente para os países em vias de desenvolvimento. Um
componente importante para a expansão da sociedade do conhecimento e a inclusão no
mundo global de países menos desenvolvidos que tem sido a intensificação da
internacionalização dos sistemas de educação superior e de maneira geral, do mundo
acadêmico (PELLEGRINO, 2002).6
Deste modo, a parceria adota pelos países em desenvolvimento como políticos de
promoção social, é aliado forte para lutar contra pobreza e etc. Pois, a política pública
educacional de qualidade é capaz de arremessar, de refletir e de determinar a formação das
pessoas que a sociedade necessita. Seus objetivos é que definirão a sociedade que se está
buscando e o ser humano que a compõe. Embora muitos países a colaboração educacional não
consiste simplesmente uma opção, mas uma necessidade, tendo em vista que em muitos
países africanos os aparelhos de educação superior são incapazes de concentrar boa
componente da população que precisam entrar nas Universidades.
Dessa maneira, reafirmo a importância da referida parceria, no sentido de firmar
os laços linguísticos, econômicos, culturais e, sobretudo acadêmicos; sendo assim, a
aproximação desses dois vertentes permitirá uma contribuição efetiva no desenvolvimento de
todo continente africano e principalmente dos seus países de origem.
É neste sentido que, a educação é ponto fundamental para desenvolvimento da
pessoa humana, como enfatiza (DALLARI 2004), a educação é um processo de aprendizagem
que ao mesmo tempo favorece e propicia o desenvolvimento da pessoa humana, sendo

6
Vale ressaltar que o histórico das relações internacionais dos acordos sobre cooperação entre Brasil e países
do continente africano, tem raízes datadas nas duas primeiras décadas do século passado, tanto no âmbito das
estratégias políticas como da Cooperação Cultural, Educacional, Científica e Técnica. Esses acordos têm como
base fortalecer os laços comuns de amizade e promover as relações no campo da cultura, da ciência, das artes,
tornando efetiva essa cooperação no âmbito da educação, especificamente no campo da formação universitária e
da promoção de igualdade social. (DESIDÉRIO, 2006). Vale lembrar também que, antes de Cooperação de
Países da língua oficial Português PALOP, jovens guineense deslocava para estudar em Portugal, inclusive
Amílcar Cabral um dos membros e fundador de Partido Africano para Independência de Guiné e Cabo Verde foi
um dos jovens universitários que se formaram em Portugal antes da independência. Após a independência de
Guiné Bissau de Portugal em 1974, verificou-se que muitos jovens universitários diminuíram números de
estudantes guineense na Universidade do Império e em outras universidades lusas, como as tradicionais Coimbra
e Lisboa. Pois, abriu-se um novo caminho migratório de caráter acadêmico guineenses nas décadas posteriores,
particularmente para os países asiáticos e sul americano entre eles Cuba e o Brasil, devido aos acordos e tratados
de cooperação científica, tecnológica, cultural e econômica do partido governista.
24

reconhecida como direito fundamental de todos e devendo ser assegurada em condições de


igualdade.

5.3 CULTURA

A palavra cultura é de origem latina. Deriva do verbo colere (cultivar ou instruir)


e do substantivo cultus (cultivo, instrução). Etimologicamente tem muito a ver com o
ambiente agrário, com o costume de trabalhar a terra para que ela possa produzir e dar frutos.
Ainda hoje se costuma usar a palavra cultura para designar o desenvolvimento da pessoa
humana por meio da educação e da instrução. Disso vem o termo culto e inculto, usado no
gíria popular com uma carga de preconceito e de discriminação, considerando uma cultura
(especialmente a letrada) superior às outras. Contudo, não existem grupos humanos sem
cultura e não existe um só indivíduo que não seja portador de cultura.
Desse modo, a definição de cultura sofreu vários arranjos e aprimoramentos ao
longo do tempo e cada escola antropológica ou doutrina filosófica apresentou sua definição
para o termo cultura.
Sobre Isso, (CUNHA, 2012) traz importantes reflexões que podem embasar uma
articulação entre os conceitos de cultura. O autor destaca inicialmente o conceito de cultura.
Para ele, cultura seria àquela ligada às manifestações que tem origem na língua, com suas
variações dadas pelos comportamentos sociais ou hábitos do cotidiano, ficando mais
evidentes nas criações artísticas ou artesanais populares.
Sendo assim, cultura é aquilo a que se atribui uma espécie de essência espiritual,
que distingue e provoca um sentimento de pertencimento étnico ou nacional. Isto,
recentemente, daria origem à reivindicação atual pelos direitos culturais de um determinado
povo. (CUNHA 2012)
Ao abordar a ação cultural, Cunha discorre sobre os pressupostos socioculturais
que privilegiam uma ação voltada ao desenvolvimento da cidadania na perspectiva do
desenvolvimento humano.
Sobre a contemporaneidade do tema, Autor complementa afirmando que a
perspectiva dos direitos culturais ou do multiculturalismo vinculados às noções de diferença e
identidade, é muito presente no pós-modernismo. (CUNHA, 2012)
Pois, hoje em dia vivemos numa sociedade intercultural, a questão da
interculturalidade vem ultrapassando os limites dos países hegemônicos a partir do final do
séc. XX com o crescimento dos processos globalização comerciais operados por instituições
25

transnacionais e a diminuição do poder dos estados-nações. A influência do meio


constantemente modifica, mundo está repleto de inovações e características temporárias, os
chamados "modismos".
Tradição e cultura remetem a uma identidade compartilhada por parte de grupos
clânicos, aldeias e conjuntos de aldeias que formam um coletivo que podemos nomear de
sociedade bororo. Isso pressupõe um reconhecimento de formas de sociabilidade que se
expressam nas relações de troca e reciprocidade e também a um compartilhar de um mesmo
sistema cosmológico, o que significa, portanto referir-se a um conjunto simbólico comum.
(CARNEIRO DA CUNHA, 2006, p.4)
No passado as identidades eram mais conservadas devido à falta de contato entre
culturas diferentes; porém, com a globalização, isso mudou fazendo com que as pessoas
interagissem mais, entre si e com o mundo ao seu redor. Uma pessoa que nasce em um lugar
absorve todas as características deste, entretanto, se ela for submetida a uma cultura diferente
por muito tempo, ela adquirirá características do novo local onde está agregada.
Cultura é uma preocupação contemporânea, bem viva nos tempos atuais. É uma
preocupação em entender os muitos caminhos que conduziram os grupos humanos às suas
relações presentes e suas perspectivas de futuro. O desenvolvimento da humanidade está
marcado por contatos e conflitos entre modos diferentes de organizar a vida social, de se
apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la.
(SANTOS, 2006)
Ainda autor, cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo
a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Quando se considera as culturas
particulares que existem ou existiram, logo se constata a grande variação delas. Saber em que
medida as culturas variam e quais as razões da variedade das culturas humanas são questões
que provocam muita discussão.
Em “Cultura com aspas”, Cunha desenvolve uma investigação acerca das
maneiras com que a noção de cultura pode refletir os modos de organização da experiência e
da ação humana em universos discursivos distintos: tanto para a organização da experiência e
da vida social entre os indivíduos de um mesmo grupo étnico, comunidade, sociedade ou
nação, quanto para a organização da experiência e da vida social através de conhecimentos
universais que possibilitem a ocorrência de diálogos ou intercâmbios sócio-culturais entre
diferentes grupos étnicos, comunidades, sociedades ou nações.
Para o teórico Milton Santos, o conhecimento e o saber se renovam do choque de
culturas, sendo a produção de novos conhecimentos e técnicas, produto direto da interposição
26

de culturas diferenciadas com o somatório daquilo que anteriormente existia. Para ele, a
globalização que se verificava já em fins do século XX tenderia a uniformizar os grupos
culturais, e logicamente uma das consequências seria o fim da produção cultural, enquanto
gerador de novas técnicas e sua geração original. Isto refletiria, ainda, na perda de identidade,
primeiro das coletividades, podendo ir até ao plano individual. (SANTOS, 2006)
É inquestionável e inegável dizer que a cultura é a identidade de um povo, mas ao
contrário do que se vê a multiplicidade que deveria ser o motivo de soma tornou-se motivo de
preocupação, do relativismo cultural, da supremacia de um povo, e do extermínio histórico
embasado de preconceitos enraizados; apesar dos esforços latentes em busca de uma
integração desejada.
Com tendências de integração reveladas em práticas mercadológicas e ideologias
homogeneizantes, de outro, a conscientização da fragmentação do planeta em uma miríade de
diversidades culturais. A globalização, quando definida em termos políticos e econômicos,
aponta para uma submissão da civilização mundial às práticas do mercado com a prevalência
do modelo centro-periferia (VASCONCELOS, 2010)
A cultura brasileira reflete os vários povos que constituem a demografia desse
País: indígenas, europeus, africanos, etc. Como resultado da intensa miscigenação e
convivência dos povos que participaram da formação do Brasil surgiu-se uma realidade
cultural peculiar, que inclui aspectos das varias culturas. A cultura africana chegou através
dos povos escravizados trazidos para o Brasil num longo período de escravidão. Por isso, a
diversidade cultural africana contribuiu para uma maior heterogeneidade do povo brasileiro.
Os próprios escravos eram de etnias diferentes, falavam idiomas diferentes e tinham tradições
distintas.
Assim sendo a construção social dos conceitos: raça, etnia e cor no Brasil sempre
causa inúmeras contestações, visto que, a área biológica confirmou que as diferenças
genéticas entre os seres humanos são mínimas, por isso não se admite mais que a humanidade
é constituída por raças.
Para Munanga (1986, p.88) as primeiras utilizações do termo estiveram
vinculadas as classificações de espécies animais e vegetais por parte da Zoologia e da
Botânica. Uma denotação biologicista e naturalista acompanha genealogicamente. O termo,
desde suas primeiras utilizações, se liga a um designativo daquilo que é caracterizado por
constituir-se a partir da diferença e da classificação. Raça está profundamente intricada e, por
vezes, até confundida com as noções de descendência, linhagem, raízes e origens, termos
27

constituídos nas ciências da vida e que lançaram as bases para o entendimento social da noção
de raça.
Conceito de “raça” não dá mais conta das complexidades contemporâneas
existência social da “raça”biologicamente insustentável. Para Hall, ‘raça’ é uma construção
política e social. É a categoria discursiva em torno da qual se organiza um sistema de poder
socioeconômico, de exploração e exclusão – ou seja, o racismo. Como prática discursiva, o
racismo possui uma lógica própria (HALL, 1994). “Tenta justificar as diferenças sociais e
culturais que legitimam a exclusão racial em termos de distinções genéticas e biológicas, isto
é, na natureza” (HALl, 2003).
No entanto na década de 1970, o Movimento Negro Unificado e os teóricos que
defendiam a causa, ressignificaram o conceito de raça como uma construção social forjada
nas tensas relações entre brancos, negros e indígenas. Muitas vezes simulados como
harmoniosos, não tinha relação com o conceito biológico de raça cunhado no século XIX, e
que hoje está superado.
O termo raça usado nesse contexto, tem uma conotação política e é utilizado com
freqüência nas relações sociais brasileiras, para informar como determinadas características
físicas, como cor da pele, tipo de cabelo, entre outras, influenciam, interferem e até mesmo
determina o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira. (BRASIL,
2004)
Já o Carneiro define raça como a subdivisão de uma espécie, formada pelo
conjunto de indivíduos com caracteres físicos semelhantes, transmitidos por hereditariedade:
cor da pele, forma do crânio e do rosto, tipo de cabelo etc. Raça é um conceito apenas
biológico, relacionado somente a fatores hereditários, não incluindo condições culturais,
sociais ou psicológicas. Para a espécie humana, a classificação mais comum distingue três
raças: branca, negra e amarela. (CARNEIRO, 2003)
Como se pode ver, Carneiro considera a raça pelo viés da fenotípica e da biologia,
desconsiderando a construção social do termo. Por tanto, o conceito de raça ao ser usado com
conotação política permite, aos negros então valorizar a característica que difere das outras
populações e romper com as teorias raciais que foram formuladas no século XIX e até hoje
permeia o imaginário popular.
Desse modo, as formas de manipular esse sistema de classificação não se dão,
entretanto, por acaso. Há certas regras de classificação que deixam entrever um complexo
jogo de relações de poder.
28

Cunha (2002: 115) corrobora esse posicionamento ao apontar que, no Brasil, as


expressões relacionadas à cor e à raça são construídas de modo relacional e situacional.
Segunda a autora, a utilização de termos como negro, mais escuro, preto, mulato ou termos
vexatórios, como crioulo, é relacionada a afinidades existentes entre os interlocutores, à
posição social, à faixa etária e a valores, como respeito e autoridade.
O Brasil adota segundo Oliveira (2006: 11), o racismo mais eficaz do mundo:
aquele que não tem um padrão, não é evidente. Ele é sofrido e praticado todos os dias, mas
não pode ser mensurado, porque não é evidente.
Ainda autora, o “racismo de marca”, no qual características como cor da pele e
textura do cabelo são usadas para definir se o sujeito é ou não negro. Assim temos um
“racismo em gradação”, que atinge em maior escala aqueles que mais se aproximam do
fenótipo negro. Esse sistema é motivado por fatores históricos, sociais e políticos.
Vale lembra que, à contribuição da cultura negra na construção da identidade
nacional é fundamental destacar a eleição do samba como símbolo da cultura brasileira,
passando a representar a mesma tanto no Brasil como no exterior, segundo Vianna este fato é
resultado das mediações entre os diversos grupos culturais ocorridas desde o fim do séc. XIX
(VIANNA, 1995).
Já o termo étnico é geralmente, marca as relações tensas por causa das diferenças
na cor da pele e nos traços fisionômicos que caracterizam a raiz cultural plantada
ancestralidade dos mais diversos grupos, que difere em visão de mundo, valores e princípios
de origem indígena, européia ou asiática. O termo étnico é fundamental para demarcar que
individuo pode ter a mesma cor da pele que o outro, a mesmo tipo de cabelo e traços culturais
e sociais que os distingue, caracterizando assim etnias diferentes. (BRASIL, 2004),
Tem-se visto, de modo inegável, a afinidade cultural entre os intercambistas
guineenses e muitos afro-descendentes de Fortaleza, algumas técnicas de pentear, alguns
penteados, festas, ritmos musicais, danças, manifestações folclóricas e entre outros.
Sobre essas técnicas de pentear e penteados, convém que se esclareça que essa
afinidade e coincidência entre os intercambistas de Guineenses e muitos afros descendentes
de Fortaleza não toca somente ao exterior do corpo, mas se reporta a antigos valores culturais,
ainda que inconscientes. É assim que o cabelo sempre teve um papel importante não só na
África como um todo, mas também na história de vários outros povos, como observa
(GONÇALVES E SILVA2001):
Em algumas culturas, mostrar ou esconder o cabelo está relacionado com ser
solteiro ou casado. Em outras, quando o marido morre, as viúvas devem cortar o cabelo como
29

uma exigência religiosa. Além disso, o cabelo está muito conectado com a identidade de cada
um e de como cada pessoa se vê no mundo. Algumas culturas fazem tranças, moicano, ou
cortam bem curtinho. O jeito de cortar, pentear e pintar o cabelo são maneiras expressar a
ousadia, juventude, liberdade, sedução e poder de cada pessoa. (GONÇALVES, OLIVEIRA
E SILVA, 2001).
Entendido como uma forma de expressão, o uso estilístico do cabelo remete às
raízes africanas, embutidas inconscientemente na cultura cearense. Do mesmo modo, esse uso
estilístico do cabelo, que remete às raízes africanas tem em seu bojo um desejo de auto
afirmação de identidade cultura, que se manifesta no sentimento de liberdade em alguns
jovens afros descendentes, quando usam o cabelo no estilo Black, rastafári, trancinhas
amaradas e soltas.
Vale lembrar que, essa afinidade cultural entre os intercambistas guineenses e
muitos afro descendentes de Fortaleza detém aposição estilística do uso do cabelo. Ela se
estende a outras manifestações culturais, como ao universo da dança. Aqui é impressionante a
aproximação entre a dança do maracatu e a dança feminina chamada Kussundé, da etnia
Balanta, de Guiné-Bissau.
De modo óbvio, no que concernem as expressões do maracatu, seria mais
prudente se falar de uma ponte não somente entre o Ceará e Guiné-Bissau, mas de uma ponte
entre a cultura cearense e a africanidade, pois, como é sabido, o maracatu é oriundo dos Reis
de Congo, a partir do século XVIII. É uma manifestação cultural da música
folclórica pernambucana afro-brasileira. É formada por uma percussão que acompanha um
cortejoma instituição que compreendia um setor administrativo e outra, festivo,
com teatro, música e dança. A parte falada foi sendo eliminada lentamente, resultando em
música e dança próprias para homenagear a coroação do rei Congo.
Na história do carnaval em Fortaleza registra-se um expressivo número de grupos,
muitos deles já extintos, como é o caso dos maracatus Rancho Alegre Nação Africana, Rei de
Espada, Rei dos Palmares, Nação Uirapuru, Nação Gengibre, Nação Verdes Mares e Rancho
de Iracema. As riquezas dos maracatus se estendem como se vê nas palavras de (MARTINS
2008)
No âmbito religioso-místico, existe outra tradição significante que é praticada na
sociedade brasileira, em particular no Ceará:A macumba. O macumbeiro ou tirador de loas,
que se chama em Guiné-Bissau “Djidius”, é quem canta as toadas, nas quais são geralmente
enfocados temas ligados à cultura, à religião e à história da África e do Brasil. Apesar de uma
30

origem comum, o significado de macumba apresenta algumas alterações no cotejamento


cultural entre Guiné-Bissau e Fortaleza.
O conceito de macumba está tão arraigado na cultura popular brasileira, que são
comuns expressões preconceituosas como "xô macumba!" (Umbanda) e "chuta que é
macumba!” para demonstrar desagrado com a má sorte. As superstições nesse sentido são tão
grandes, que até mesmo para a Copa do Mundo foram criados sites para espantar o azar. São
também muito comuns amuletos que vão desde adereços até objetos que remetem aos
utilizados nos cultos religiosos. “O real significado de macumba é a de um antigo instrumento
musical de percussão, uma espécie de reco-reco, de origem africana” (FERREIRA, A. B. H.
Novo Dicionário, 2004).
Ainda nesse campo místico-religioso, a diferença que existe entre a cultura
africana geral e o Brasil, em particular Ceará, são algumas formas diferentes de nomear ou
pronunciar alguns termos. Por exemplo, existe uma paisagem de uma árvore chamada Baobá,
com nome cientifico Adansônia Digitada, mas o nome muda de acordo com a língua de cada
país. Em Guiné-Bissau, denomina-se pé dipolon, em Fortaleza, Baobá.No Ceará, existem
poucos Baobás catalogados, que foram trazidos por sacerdotes africanos, escravos, viajantes e
aventureiros que por aqui aportaram.
Ainda no campo linguístico, a independência recente de Portugal deixou marcas
que aproximam Guiné-Bissau mais do português europeu do brasileiro. Guiné-Bissau e
Fortaleza têm diferenças de significado de algumas palavras, por exemplo: Sapatilha e
(Tênis), em Fortaleza é o calçado das bailarinas; camisola (camiseta) camisola, em Fortaleza o
que as mulheres usam para dormir; fila de pessoas na guiné é “bicha”.
Apesar de tudo relato em cima sobre algumas semelhanças culturais existente
entre cearenses e guineenses, os cearenses não reconhece a existência dos negros no estado.
Contudo não é necessário nenhum esforço lógico para se perceber tais mitos do senso comum,
bastando se fazer o seguinte questionamento: Se não há negros no Ceará, então, porque existe
o registro oficial da abolição da escravatura, ocorrida em 1884, em Redenção? Na verdade a
abolição no Ceará foi um dos fatos de maior projeção na história do Estado. A expressão
"Ceará - Terra da Luz", uma dos principais epítetos arquitetados em torno de uma identidade
local, surge segundo o site Portal Galo Vermelho, a partir daí, sendo encaixada atualmente
com fins mercadológicos para o turismo local.
Apesar do Brasil mostra-se uma sociedade familiar e ao mesmo tempo diferente,
aos olhos dos estudantes africanos. Familiar devido aos aspectos que o ligam aos países
africanos, como a língua portuguesa, a culinária, a religiosidade e cultura negra trazidos pelos
31

escravos. Mas diferente devido à existência de preconceito e discriminação raciais, com


expressões próprias, em graus e formas distintas das suas nações de origem. (LANGO, 2014)
Ainda autor, a presença de estudantes africanos em Fortaleza gera distintas
percepções e representações entre a população local, cujas interações são muitas vezes
perpassadas de preconceito racial, pela condição de negros e origem africana.
Vale lembrar que, a maioria dessa população não reconhece sua própria
identidade, antes, chega, até inconscientemente, a ocultá-la, alisando ou amarrando o cabelo,
e, inclusive, não se vem de negros, mas morenos. Como a maioria dos afro-cearenses não tem
a consciência viva de sua herança cultural, levantam-se algumas indagações: O que lhes
significa ser negro? Como se pode resgatar a herança cultural dos ancestrais africanos aqui no
Ceara?
Deste modo, que ficou patente que uma das dificuldades em reconhecer a
existência da cultura afro descendente no Ceará era resultado de uma construção ideológica
que negava a história real do Estado. Sustentava a negação da existência de população negra
baseada nos fatos de que, no Ceará, não havia produção açucareira e que o Estado teria
abolido o escravismo quatro anos antes do restante do país e, com isso, teriam ido embora
todos os negros (SANTOS Apud CUNHA JUNIOR, 2007).
Santo faz uma observação de que, em muitos Estados brasileiros, a atividade
econômica escravista esteve ligada a outras culturas que não a da cana, como a do cacau,
algodão e coco (sobretudo a fibra de coco). Ou então as atividades da pesca, da navegação,
das atividades urbanas e a mineração. Exemplos importantes muito bem estudados são da
economia da carne de charque no Rio Grande do Sul (GUTIEREZ, 2001), (CORSETTI,
1983) e da mineração nos estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Mato Grosso
(GUIMARAES, 1996), (PAIVA, 1999), (MOURA, 2007), (Apud SANTOS e CUNHA
JUNIOR, 2010).
Vale lembrar também que, ser negro no Estado do Ceará pode ser um verdadeiro
exercício de paciência na relação social. Quase todos santos dias como costumam os andar em
grupo, sempre alguém para, e pergunta: “vocês não são daqui?”; “de onde vocês são”? “Vocês
vivem com animais”? “Muitas pessoas morem de fome no país de vocês?”; “de que vocês se
alimentam”? e, ainda, “vocês vieram do navio”? Outros perguntavam se não há escola no meu
país? Ou se vive na selva? Como se fosse um ser diferente.
Enquanto guineense, negra, no Ceará, muitas vezes escuta-se as perguntas em
cima citadas, e sem falar dos olhares fixados em intercambistas de forma admirável. Estes
32

olhares admirados e questionamentos me levaram a uma reflexão: Existem negros no Ceará?


Existem negros no Brasil?
Muita embora na marca desse entrosamento, a questão da negritude não se limita
só à cor da pele, antes, envolve todos os valores culturais e históricos dos povos africanos e de
seus descendentes, valores esses que, na maioria das vezes, são infelizmente neutralizados,
quando não completamente negados pela sociedade Cearense (Brasileira). Nesse contexto, ser
negro e assumira negritude com os seus marcadores culturais, o que pressupõe, por parte dos
afros descendentes no Brasil, coragem e autoestima.
Esses comportamentos de desvalorização humana parece ter se iniciado desde a
escravatura, até nossos dias, quando, na teoria, a humanidade prega a igualdade entre os
homens, mas só prega, pois, na prática, há um dito no não-dito – e nem por isso menos
dolorido – que aponta para a formatação da conservação de um mundo de castas, no qual
umas têm mais direitos do que outras; mais acesso a todos os avanços tecnológicos e sociais
do que outras; umas são mais iguais do que outras.
Sendo assim, a igualdade deve ser consecutivamente um objeto de reflexão, em
toda sociedade, principalmente naquelas em que perdura ainda a falta de um estabelecimento
claro dos direitos e dos deveres de seus cidadãos. Nessa relação entre direitos e deveres dos
cidadãos, não se deve perder de vista que qualquer prioridade social baseada em fatores como
raça, cor, nacionalidade, dentre outras diferenças, não é apenas um direito do cidadão, mas
também um dever de o Estado promover a todos o acesso ao crescimento econômico, social e
cultural.
Ultimamente têm aumentado debates sobre identidades culturais n Brasil e suas
eficácias. Discussões mediadas pelas novas formas culturais vividas entre o mundo e o local,
nessa conjunção de debates étnico-raciais, inserem-se as discussões sobre africanizardes,
sobre herança africana, na expectativa da população negra Brasil. De tal modo, os debates em
torno da diversidade sociocultural e das questões étnico-raciais Brasil ampliaram-se ao longo
do século XX pelos movimentos sociais, em especial o Movimento Negro, culminaram com a
admissão da Lei 10.639, em janeiro de 2003, que estabelece o ensino obrigatório da História e
Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica.
A Lei 10.639 gerou um movimento em direção a ressignificação de práticas
educacionais, no sentido de pautá-las na valorização da imagem da população negra e
reafirmar as suas contribuições na formação nacional. Porém, os direitos sociais das
populações negras no Brasil têm sido postos em discussões ou em contestação quando se
afirma não existirem no cotidiano da sociedade identidades brasileiras. Questionar quem é o
33

negro, o que é negro, mostra a dificuldade de reconhecimento da identidade negra (SANTOS


2010).
A visão de mundo predominante do povo fortalezense parece ainda continuar com
o mesmo modo de viver a desigualdade da escravatura, de forma acrítica, sem perceber que o
racismo e o preconceito não são naturais, antes, são aprendidos culturalmente no senso
comum da sociedade. Perante esse quadro, parece não haver outro caminho de ampliação da
cultura popular senão o caminho da educação libertadora de todas as ilusões criadas pela
sociedade.
Como preparação para essa comparação, é mister que se entenda que a
historiografia oficial e tradicional, ainda praticada no sistema educacional brasileiro, se
encarregou de produzir uma imagem estereotipada nas redes sociais, nos livros didáticos,
sobre a cultura africana, imagem essa que desvela uma perspectiva branca de ver o mundo,
ignorando todas as culturas não brancas. A construção de tal imagem histórico-cultural não é
sem consequência, mas, antes, contribui para a formação de uma opinião pública que não
reserva nenhum espaço digno para se assumir a negritude, longe de qualquer complexo de
inferioridade cultural.
Se o espaço legítimo de propagação dessa historiografia oficial e tradicional é a
escola, é precisamente aí onde se deve começar o repensar sobre o que significa ser negro e
como se pode resgatar a herança cultural dos ancestrais africanos, não só para os afro-
cearenses terem orgulho de sua origem, mas também para os cearenses não afros
descendentes entenderem que o mundo é feito da diversidade na unidade.
Para esse salto qualitativo não só na informação dos cidadãos cearenses, mas
principalmente na formação da visão de mundo deles, urge que a escola cearense invista na
elaboração de material didático e na preparação didático-pedagógica de seus professores. Em
direção à diversidade cultural, a elaboração do material didático centrados nas realidades
particulares dos grupos pode ser situada na luta pelo reconhecimento de uma educação
diferenciada e autônoma que diversas identidades civis vêm gerindo, desde fins da década de
70 (PALADINA, 2001).
Para além desse esforço do Brasil no âmbito da educação formal, é
importantíssimo destacar o avanço do país no âmbito jurídico, no qual podem ser penalizados
todos aqueles que desrespeitarem algum cidadão por questões étnicas e raciais. Hoje no
estado de ceara é notável que as escolas procurem não só investigar vários aspectos da
contribuição do negro para cultura brasileira, como, língua, religião, culinária, música,
capoeira, danças, mas também tecer uma visão crítica sobre vários momentos da história do
34

negro no Brasil, como, a história do tráfico negreiro, a história do povo quilombola, a rebeldia
negra, a sociedade escravista, o processo de abolição da escravatura. (SANTOS, 2010).
Ainda Autora, além disso, é digno de notar que o sistema educacional brasileiro
tem se voltado para o exame do papel negro, a partir de sua inserção na literatura brasileira, na
formação da identidade nacional, procurando entender como as questões sobre os negros se
colocam na contemporaneidade cearense, discutindo o porquê e o como a escola deve
trabalhar tais questões. Vem ao encontro dessa nova postura da escola brasileira a seguinte
concepção de (SANTOS 2010).
Do mesmo modo, auto reafirma que, a universidade como instituição social, é
responsável pelo processo de socialização dos sujeitos que a ela recorrem, a exemplo das
crianças, e, nesse sentido, é através dela que se estabelecem relações com crianças de
diferentes núcleos familiares e, inevitavelmente, de diferentes matrizes culturais. Esse contato
entre diferentes poderá fazer as universidades e faculdades (escolas) o primeiro espaço de
vivência das tensões raciais. Portanto, Universidade tem um importante papel a cumprir na
desconstrução dos estereótipos criados para o negro pela sociedade.

5.4 INTERCÂMBIO

Essa palavra “intercâmbio” parece tão bonita, divertida e educativa, mas, muitas
das vezes, não é encaixado no seu propósito, devido ao comportamento da sociedade local. O
Intercâmbio denota o conhecimento de forma recíproca e de oportunidade, entre viajantes e
estudantes dos diferentes lugares, de privilegiar o contato com uma nova cultura, a relação de
permuta comercial, intelectual ou desportiva entre povos e culturas, a partir do que se pode
alcançar, por exemplo, os cursos de idiomas ou colegial no exterior. Atualmente, os
estudantes podem ir para o exterior para cursar o ensino médio, aprender um idioma, realizar
cursos profissionalizantes e pós-graduações ou trabalhar por um período.
Outro fato extraordinário nesse processo de intercambio altera profundamente a
maneira de descobrirem o mundo, uma vez que, estão sendo inseridos em um universo
diferente daquele que deixaram e, além disso, permanece um período relativamente curto
quatro ou cinco anos para obterem o título de bacharel e/ou licenciado no país anfitrião, mas
carregado de novidades resultantes de sensações, de cobranças, de sonhos, de angústias, de
contatos e de conhecimentos novos que propiciam a constituição de novos sujeitos
socioculturais, históricos e psíquicos, na medida em que se transformam paulatinamente
diante do alude de informações científicas, midiáticas e hormonais que os faz cada vez mais
35

diferentes e estranhos diante de um cotidiano multifacetado, plural e altamente dinâmico, em


decorrência dessas perspectivas que os mobiliza para estarem física e sentimentalmente em
Guiné Bissau e no Brasil.
Os africanos saem de seus países com expectativas acadêmicas em relação ao
Brasil, devido ao maior desenvolvimento econômico, tecnológico e educacional, alimentando
esperanças de facilidade de inserção por conta da língua e culturas em comum. (LANGA,
2014)
As tendências globais na mobilidade de estudante internacional apontam para um
aumento cada vez mais expressivo de pessoas que desejam estudar fora do seu país. De tal
modo, de acordo com as estatísticas da UNESCO (2006), “em 2004 pelo menos 2,5 milhões
de estudantes superiores se encontravam fora de seus países de origem, comparando com os
percentuais dos cinco anos anteriores que era de 1,75 milhão apenas, representando um
aumento de 41% desde 1999”.
Apesar disso, o documento destaca que o aumento de intercambio estudantil pelo
mundo precisa ser analisado ao mesmo tempo pode ser considerando a expansão geral da
educação superior. Porém, o documento nos desperta a atenção, sobre esse aumento do
número total de estudantes estrangeiros no mundo não significa que as pessoas estão
estudando cada vez mais no exterior, mas sim que estão buscando cada vez mais elevar o
nível de sua instrução no geral.
De modo geral, a cooperação internacional é mais bem caracterizada pela prática
do intercâmbio, é necessário e fundamental para a sinergia e a diversidade de culturas e trocas
qualitativas para a educação. (ZABOT E MELLO 2002)
Normalmente os programas de intercâmbio são definidos pela instituição
receptora, ou seja, fatores como duração, período, quantidade de disciplinas, alocação do
estudante, já estão pré-definidos antes da partida do acadêmico. Isso beneficia o estudante,
pois pode minimizar riscos quanto à adaptação e bom andamento do programa. Usualmente
também são estabelecidas as considerações quanto às formas de avaliação e de convalidação
que deveram ocorrer para os estudos serem validados na instituição de origem (KRAUS;
CRUZ; KRAUS, 2004).
Quanto ao auxílio financeiro, este pode vir de forma a ajudar a instituição ou o
acadêmico. Quando o auxílio visa o acadêmico, este pode ser da instituição de origem ou da
instituição receptora, e, em alguns casos, de organizações governamentais. Pode-se citar como
fontes de auxílio financeiro, a Comissão Européia e a CAPES, que oferecem bolsas para nível
de pós-graduação incentivando o estudo no exterior (MEC, 2009).
36

Sendo assim, a palavra intercambia é utilizada para descrever uma pessoa que vai
estudar por um período em outro país. Mas levando sempre em consideração que o ponto
principal é aprimorar as relações com outros povos, outras culturas e melhorar a compreensão
entre os povos de vários países.
No entanto, às motivações que podem determinar a procura de ensino superior no
exterior, são bastante peculiares e, nessa perspectiva o documento indica que estes estudantes
saem de seus países por diversas razões onde se incluem: a experiência de estudar e de viver
no exterior com propósito de se tornar mais globalizado, pela falta de opções de acesso à
ensino superior em seus países de origem ou à falta de opções de carreiras, de instituições
públicas ou a oportunidade para a instrução de qualidade melhor do que aquela oferecida em
seu país.
Apesar disso tudo, estudar em um país estrangeiro é desafiante, principalmente no
início, quando não se conhece ninguém e se sabe muito pouco sobre os mitos e a cultura local.
Em geral os Cearenses já ouviram falar sobre intercambiastes africanos (guineenses), mas será
que todos sabem o que se passa seus dia a dia deles? Não só nas escolas, mas também nas
ruas.
Além das trocas do conhecimento, existem recentemente, a partir de 2013, outros
tipos menos conhecidos de Intercâmbio Cultural, na Universidade federal do Ceará (UFC),
que são altamente adequados a estilos e objetivos específicos de futuros intercambistas,
realizados pelo Projeto de Extensão da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e
Contabilidade (FEAAC), em parceria com a Coordenadoria de Assuntos Internacionais, da
Universidade Federal do Ceará (CAI-UFC), como se lê no FAQ do Processo Seletivo do PAI,
2013:
Portanto o propósito do intercâmbio é oferecer aos participantes, a convivência
com outra cultura e o desenvolvimento do idioma do país. Geralmente, os estudantes se
alojam em casas de família, tendo assim, a oportunidade de conhecer bem a cultura, os
hábitos e as rotinas. As famílias que hospedam os estudantes são selecionadas por
coordenadores regionais. São sempre voluntárias, isto é, não recebem remuneração pela
hospedagem oferecida. “Pode ser considerada apta a receber um estudante estrangeiro se for
formada por pelo menos duas pessoas, vivendo sob o mesmo teto”. (FAQ do Processo
Seletivo do PAI, 2013).
Essa iniciativa de apadrinhamento do Projeto de Apoio aos Intercambistas - PAI,
na Universidade Federal do Ceará (UFC), é uma excelente oportunidade para se lidar com
novas experiências acadêmicas, fazer novas amizades, saber envolver-se de corpo, alma e
37

coração com o próximo. Tudo isso, além de o PAI se sentir responsável pelo bem-estar do
afilhado, também vai contribuir para o desenvolvimento de programas internacionais de
intercâmbio entre a UFC e universidades estrangeiras. Além disso, o PAI 7 ajuda o recém-
chegado na integração dos aspectos humanos, como auxílio no resgate da autoestima e no
combate á solidão, fazendo com que o intercambista se sinta amado e valorizado.
Infelizmente, o apadrinhamento não aconteceu com nenhum dos intercambistas
guineenses no Estado do Ceará, em Fortaleza, o que significa que a transição sociocultural
não foi gradativamente atenuada.
Contudo, além disso, o fato dos universitários estrangeiros percorrerem várias
nações permite experiências linguísticas, culturais e sociais muito diferentes, que põem
grandes desafios para a educação e para a sociedade que os acolhe. Num mundo cada vez
mais globalizado o universo plural impõe constantes desafios para a convivência de pessoas
valorizadas distintamente de acordo com a sua etnia, classe social, gênero, idade, religião e
nacionalidade (SOUSA, 2004, P.2). Apesar de todos estes grupos terem trazido suas línguas e
culturas, passaram em maior ou menor grau por desafios nos processos de assimilação.
Nesse contexto, cursar o ensino superior no estrangeiro proporciona os alunos
uma série de desafios, tanto pessoais como profissionais, que exige aptidões e agilidades
talvez não utilizadas antes. Sobre essa questão (ALEMIDA E SOARES, 2003) nos chamam a
atenção para a vulnerabilidade experimentada neste período que pode afetar a saúde dos
jovens e comprometer o seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Por conseguinte, o período vivenciado pelo estudante universitário durante o seu
curso de graduação configura-se em um momento de muitos desafios, mudanças e
dificuldades a serem superadas. Trata-se de um momento bastante peculiar na vida do
indivíduo, pois é geralmente sincronizado com as mudanças e adaptações próprias da
transição da adolescência para a vida adulta (POLYDORO, 2000).

7
Trata-se de um projeto de Apoio aos Intercambistas, ou melhor, é um projeto de extensão da Faculdade de
Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC) realizado em parceria com a Coordenadoria de
Assuntos Internacionais da Universidade Federal do Ceará (CAI-UFC). O projeto tem como intuito auxiliar,
integrar e orientar estudantes de mobilidade acadêmica internacional na UFC nos seus primeiros momentos em
Fortaleza e na Universidade e, em contrapartida, proporcionar aos estudantes da UFC a troca de experiências
culturais e acadêmicas. O PAI foi criado em 2010 por dois monitores de projetos de graduação da FEAAC em
parceria com outro aluno da FEAAC, aluno esse que vivenciou a experiência de intercâmbio a partir da
bolsa Erasmus Mundus e começou, ainda que de maneira informal, a auxiliar os alunos estrangeiros assim que
retornou ao Brasil.
38

Por outro lado, o regresso dos estudantes pode se tornar inquietante para os que
encaram longos períodos fora de seus mercados de trabalho e de seu país de origem, já que,
universitários estrangeiros não podem trabalhar no estrangeiro com visto de estudantes, e as
expectativas de vida podem ser frustrantes. Porém, o desenvolvimento de uma cultura de paz
por meio de vasta ascensão ao conhecimento, só poderá ser atingido mediante uma
metodologia educativa que dá valor ao indivíduo em sua totalidade.
39

6 METODOLOGIA

A metodologia de pesquisa, para Minayo (2003, p. 16-18) é o caminho do


pensamento a ser seguido. Ocupa um lugar central na teoria e trata-se basicamente do
conjunto de técnicas a ser adotada para construir uma realidade. A pesquisa qualitativa
responde a questões muito particulares. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados,
dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de
fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se
distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e
a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes. (MINAYO 2010, p. 21).
Portanto, perante a necessidade básica desse estudo procurou-se, abordar e seguir
seguintes técnicas de pesquisas e natureza; desde modo, o estudo utilizar-se-á de uma revisão
bibliográfica buscando os estudiosos que fala sobre esse estudo a fim de dar suporte à
comprovação do problema inicialmente levantada, assim como a análise dos resultados
encontrados.
Também o estudo terá como base a natureza qualitativa para permitir a maior
compreensão do fenômeno. A pesquisa qualitativa preocupa-se menos com a generalização e
mais com o aprofundamento e abrangência da compreensão de um grupo social (MINAYO,
2004), portanto com um critério não-numérico.
E com relação à coleta de dados, usará pesquisa de campo, (exploratória), e a
Pesquisa documental. Nessa pesquisa também usar-se-á os seguintes documentos: Gravador,
Celular, Câmera fotográfica e Computador. De tal maneira, utilizar-se-á das técnicas a seguir:
observação participante, grupo focal, entrevistas semi-estruturados.
A observação participante é uma técnica de coleta de dados que não consiste em
apenas ver ou ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar. É
um elemento básico de investigação científica, utilizado na pesquisa de campo como
abordagem qualitativa. Uma observação é considerada científica quando é sistematicamente
planejada e está relacionada a proposições mais gerais, em vez de ser apresentada como uma
série de curiosidades interessantes. (SILVA, 2008, p. 29). Tornou se adequada o objeto do
estudo, devido o desconhecimento de realidades dos estudantes africanos e de seus países de
origem. Como intercambistas guineense, participo-me das atividades com os conterrâneos,
tanto os da UNILAB assim como os da UFC (reuniões de associações, encontros de
40

estudantes e etc.) Por tanto se tem a proximidade com os estudantes que serão entrevistados
nessa pesquisa.
O grupo focal é uma técnica de pesquisa qualitativa que pode ser utilizada pelo
pesquisador no entendimento das percepções, atitudes, sentimentos, valores e crenças de
determinado grupo social. Autores como Carlini-Cotrim (1996), Westphal, Bógus e Faria
(1996) e Iervolino e Pelicioni (2001) afirmam que ela não é adequada para os estudos de
freqüência com que determinados comportamentos e opiniões ocorrem. As entrevistas serão
realizadas através de jogos de perguntas e respostas com os estudantes pelo meio de roda de
conversas, na qual as perguntas serão formuladas e respondidas oralmente.
A entrevista semi-estruturadas é um dos principais instrumentos que o
pesquisador utiliza na pesquisa social com abordagem qualitativa. Triviños (1987) privilegiou
a entrevista semi-estruturadas porque, segundo ele, ela valoriza a presença do pesquisador e
também oferece oportunidades para que os participantes alcancem liberdade e
espontaneidade, enriquecendo, assim, a investigação.
A coleta de dados será feita na UFC e UNILAB, com os estudantes africanos e
brasileiros que estudam nestas instituições, os quais serão convidados a participar do estudo.
Aqueles que aceitaram participar e assinarão o termo de consentimento informado, e serão
entrevistados, com base em um questionário estruturado.

6.1 LÓCUS DE PESQUISA

O estudo será feito nas seguintes Universidades: Universidade Federal do Ceará


UFC e UNILAB Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira. A
Universidade Federal do Ceará (UFC) é uma instituição de ensino superior pública brasileira,
mantida pelo Governo Federal do Brasil, localizada no Estado do Ceará. A UFC é uma
autarquia vinculada ao Ministério da Educação. Em 2013, foi considerada uma das mais bem
avaliadas instituições do país pelo ranking do Índice Geral de Cursos (IGC) do Ministério da
Educação, no qual obteve o conceito, que indica o status "bom". Alguns de seus cursos
figuraram na lista dos mais bem avaliados do país, colocando-a como segunda melhor
instituição de ensino superior do Nordeste.
O Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) oferece
oportunidades de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o
Brasil mantém acordos educacionais e culturais. Desenvolvido pelos ministérios das Relações
Exteriores e da Educação, em parceria com universidades públicas - federais e estaduais - e
41

particulares, o PEC-G seleciona estrangeiros, entre 18 e preferencialmente até 23 anos, com


ensino médio completo, para realizar estudos de graduação no país. (FARIAS, 2012)
E em relação aos estudantes africanos, os estudantes saem de seus respectivos
países com expectativas acadêmicas em relação ao Brasil, devido ao maior nível de
desenvolvimento econômico, tecnológico e de produção acadêmica, alimentando esperanças
de facilidade de inserção por conta de uma língua e culturas em comum – a língua portuguesa,
a culinária, a religiosidade a cultura Negra trazida pelos escravos a permear a vida brasileira.
(LANGA, 2012)
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB) é uma instituição de ensino superior pública sediada na cidade de Redenção,
Ceará, Brasil. A cidade de Redenção foi escolhida por ser a primeira cidade a abolir a
escravidão no Brasil. A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-
Brasileira, de acordo com a sua Lei de criação, tem como objetivo ministrar ensino superior,
desenvolver pesquisas nas diversas áreas de conhecimento e promover a extensão
universitária, tendo como missão institucional específica formar profissionais e cidadãos para
contribuir com a integração entre o Brasil e os demais estados membros da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os países africanos e Timor Leste, bem
como promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional.
(UNILAB, 2013)
Segundo documento de Departamento de Policia Federal, de 01 janeiro de 2015 a
30 de junho de 2015 se encontra 123 estudantes guineenses na UNILAB, equivalente a
20,33% dos alunos nessa instituição. A universidade busca construir uma ponte histórica e
cultural entre o Brasil e os países de língua portuguesa, especialmente os da África,
compartilhando soluções inovadoras para processos históricos similares. A vivência na
universidade entre os funcionários, estudantes e professores fortalece o objetivo da integração,
proporcionando um enriquecimento cultural que é parte da formação dos estudantes.
(UNILAB, 2013).
Vale lembrar que, Universidade Federal do Ceará (UFC) é a instituição de ensino
superior que mais recebe estudantes africanos no Brasil, através do Programa de Estudantes-
Convênio de Graduação (PEC-G). (FARIAS, 2012). Como instrumento de coleta de dados,
aplicará os questionários semi-estruturados, tendo como objetivo compreender esse
fenômeno.
42

A pesquisa incorporará os pressupostos da Resolução 196/96 - Diretrizes e


Normas Reguladoras da Pesquisa envolvendo seres humanos da Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa. A Resolução 196/96 assegura a todos os participantes de uma pesquisa
O projeto será submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade de aprovação desse projeto de pesquisa.
43

7 CRONOCRAMA

Os planejamentos das atividades previstas para o desenvolvimento do


estudo estão descritas no quadro a seguir:

Atividade 1°Semestre 2°Semestr 3°Semestre* 4°Semestre*


* e*
Cumprimentos de X X
créditos obrigatórios
Reelaboração do X
projeto de pesquisa
Submissão do projeto X
de pesquisa ao comitê
de ética na pesquisa
Revisão Bibliográfica X X X
da literatura
Elaboração dos X X
Instrumentais de
Pesquisa
Encontro com X X X X
Orientador –
orientações
Coleta de dados – X X
pesquisa de campo
Tabulação, X X
Sistematização e
Análise dos dados.
Redação preliminar do X X
texto de qualificação
Elaboração de Artigos X X X X
Científicos
Participação em X X X X
Eventos, Congressos e
Simpósios na área
desenvolvida.
Revisão e Redação X
dos capítulos da
dissertação
Apresentação e Defesa X
da Dissertação
44

REFERÊNCIAS

ÁFRICA “na passagem”. Identidades e nacionalidades guineenses e cabo-verdianas.


Dissertação de Mestrado. Fortaleza – CE – Universidade Federal do Ceará, 2006.

AGENCIA Brasileira de Cooperação (2013). A Cooperação Técnica do Brasil para a


África.Disponível
em:http://www.abc.gov.br/Content/abc/docs/CatalogoABCAfrica2010_P.pdf. Acesso em: 18
de Agosto de 2015.

ANDRADE, A.M.J. DE & TEIXEIRA, M.A.P. Adaptação à universidade de estudantes


internacionais em um estudo com alunos de um programa de convênio. Revista Brasileira
de Orientação Profissional 10 (1): 33-44, 2009.

Banco Mundial. Política Urbana y desarollo económico: un programa para el decenio de


1990. Washington, 1991, p. 05

BRASIL. Lei, 10.639/03 E 11.645/08. Anais do XX EPENN – Educação, Culturas e


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MEC/SEPPIR/SECAD, 2004.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro


de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e
dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2003.

BAUNGARTEN, M. “Comunidades ou coletividades? O fazer científico na era da


informação”. Política e Sociedade. Revista de Sociologia Política. Programa de Pós-
Graduação em Sociologia Política, UFSC. Florianópolis, Cidade Futura, Nº 4, abril de 2004,
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