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IRINA MENDES
FORTALEZA-CEARÁ
2016
IRINA MENDES
FORTALEZA-CEARÁ
2016
RESUMO
With globalization, exchanges are gaining strength today, mainly due to the existence of
agreements between countries favoring exchanges for education. Thus, with the expansion of
migratory flows, cultural exchange has been intense; Brazil's role in this partnership program
has favored the inclusion of a number of African students in institutions of higher education
(IHE) public and private in the country. Considering the relevance of this new type of
exchange with local people as well as the new features of the actors involved . Therefore, the
aim of this study in the form of extended research project, analyzing the relations of cultural
exchanges between the exchange students Guineans and Cearenses students in the Federal
Ceará- UFC and UNILAB Universities. Therefore the institutions mentioned above are the
"research sites" for excellences of this analysis. The theoretical inspirations study brings
interdisciplinary contributions, to conduct a tour of various areas of knowledge:
(Anthropological, education, sociology, history etc). Noting the contributions of Dallari
(2004); Fonseca (1999); Fleury (2005); Freire (1992); Garcia (1985), among others. The
methodology to be used for the construction of this work was guided by a qualitative
approach is suitable to carry out the following research: bibliographic research, field research
(exploratory) and documentary research. During the field research, will be used various
techniques for data collection, ie participant observation semi-structured interviews, focus
group in order to perform the analysis from the information obtained by the research
instruments for data collection with African students and Brazilians. Finally the research
project will be submitted to the Ethics Committee of the State University in Ceara- UECE.
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 7
2 PROBLEMATIZAÇÃO DO OBJETO.......................................................... 9
3 JUSTIFICATIVA............................................................................................. 14
4 OBJETIVOS..................................................................................................... 16
4.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................... 16
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................. 16
5 REFERENCIAIS TEÓRICOS........................................................................ 17
5.1 GLOBALIZAÇÃO.............................................................................................. 18
5.2 INTERCÂMBIO EDUCACIONAL................................................................... 20
5.3 CULTURA.......................................................................................................... 24
5.4 INTERCÂMBIO................................................................................................. 34
6 METODOLOGIA............................................................................................. 39
6.1 LÓCUS DE PESQUISA.................................................................................... 40
7 CRONOCRAMA.............................................................................................. 43
REFERENCIAS.................................................................................................. 44
7
1 INTRODUÇÃO
1
Colonização é o ato de colonizar, ou seja, quando pessoas de um determinado país ou região vão para outra
região (desabitada ou com nativos) para habitar ou explorar. No processo de colonização, ocorre a influência ou
transferência cultural dos colonizadores para os colonizados e vice-versa. Existem dois tipos de colonização: de
exploração e de povoamento. No Brasil, por exemplo, a de exploração foi a que predominou, pois os portugueses
vieram para o nosso país, a partir de 1500, para retirar recursos naturais e minerais (pau-brasil, ouro, diamantes)
ou para produzir açúcar, levando o lucro para Portugal. Os portugueses não estavam interessados em desenvolver
o Brasil. Este mesmo tipo de colonização ocorreu nos países da América que foram colonizados pela Espanha.
Na colonização de povoamento, os colonizadores buscam desenvolver a região colonizada. Criam leis,
organizam, investem em infra-estrutura e lutam por melhorias. Como exemplo, podemos citar a colonização
inglesa nos Estados Unidos. Exemplos de colonização na História: Colonização Americana: Os Estados Unidos
foram colonizados por ingleses. O Canadá foi colonizado pelos ingleses e franceses. O Brasil foi colonizado
pelos portugueses. Os países de língua espanhola da América (Argentina, México, Peru, Bolívia, Equador,
Venezuela, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Chile, entre outros) sofreram colonização espanhola. Colonização da
África: os países africanos foram colonizados pelos europeus (colonização de exploração). Portugal, por
exemplo, colonizou Angola, Moçambique e Cabo Verde. A África do Sul foi colonizada pelos ingleses.
Marrocos e Argélia foram colonizados pela França. Colonização da Oceania: tanto Austrália quanto a Nova
Zelândia foram colonizadas pela Inglaterra. (RECLUS ELISEE).
8
afetam as nossas sociedades modernas. Recentemente, tem se ouvido e noticiado nas mídias
em geral sobre o deslocamento de uma massa de população de oriente médio precisamente da
Síria para Europa e da África para Europa. Mas, antes de prosseguirmos na sustentação dessa
tese, vale à pena deixar claro que o intuito desse estudo não é abordar questões da migração
no sentido macro, mas sim restringimo-nos á migração estudantil entre a África e o Brasil.
Portanto, dividiu-se para tal, o trabalho em partes fundamentais: na primeira parte,
começará a discutir sobre o objeto de estudo em detalhes; problematização; a trajetória da
pesquisadora e a justificativa de escolha desse tema; na segunda parte, os objetivos do estudo
em detalhes; na terceira parte o referencial teórico, trata-se de categorias teóricas basilares
dessa pesquisa: Globalização, Educação Internacional, Cultura e Intercambio. Na
globalização, aborda-se uma discução sobre extensão da globalização em todo parte do
mundo principalmente no ensino superior, e as intensas mudanças mundiais na modernidade,
aceleradas pelos processos de globalização, capitalismo informacional, modificações nas
conexões entre tempo e espaço, trocas transnacionais, aceleração dos deslocamentos
mundiais, fluxos de estudantes e de imigrantes, vêm mudando as paisagens urbanas das
grandes metrópoles. O papel das universidades, as atribuições docentes, os conteúdos, dentre
outros. Intercâmbio Educacional expor-se sobre o desenvolvimento do ensino superior nos
últimos anos; os processos de deslocamento e inserção dos estudantes guineenses nos espaços
sociais intra e extras universitários. Cultura aborda-se a ação cultural, os pressupostos
socioculturais que privilegiam uma ação voltada ao desenvolvimento da cidadania na
perspectiva do desenvolvimento humano. Em fim sobre Intercâmbio apresenta-se o real
significado de intercambio estudantil internacional. E a parte fina apresenta-se cronograma de
atividades em um programa de mestrado e os referencias bibliográfico que subsidiaram a
produção desse projeto de pesquisa ampliado.
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2 PROBLEMATIZAÇÃO DO OBJETO
2
Tribais é um termo relativo à tribo. Já tribo é um conjunto de pessoas agrupadas por uma cultura, língua,
história e costumes comuns. Cada tribo possui seus próprios costumes: Dança, cânticos, instrumentos musicais,
rituais, artesanato, pinturas e outros elementos que são reconhecidos como pertencentes a uma tribo.
(DICIONARIO INFORMAL, 2009)
10
forma como se consegui vestir-se bem, a forma de chegar aqui no Brasil, a relação inter
pessoal; como tais, o homem andar de mãos dadas com o individuo do mesmo sexo e vice
versa, essas premissas básicas que parecem bobagens mas que possui um significado enorme
da sociedade cearense, isto se tratando da cidade pioneira em libertar os “escravizados”em
1884 antes da lei Aurea de 1888, e ter características de uma sociedade machista e sexista,
certamente concebe como estranho essa postura entre os homens.
Esses fatos mostram outras facetas da educação brasileira, e suas dificuldades em
abordar questões como inclusão e a abordagem da história Africana de uma forma séria nos
projetos pedagógicos, apesar dos esforços que o governo tem feito em criar e elaborar as leis
que regem essa pauta, como é a lei 10.639/2003 e a Lei 11.644/2008 que tornam obrigatório o
ensino da história e da cultura Africana, dos Afro-brasileiros e dos indígenas nos currículos
escolares, bem como da Lei 12.711/2012 chamada lei das cotas no ensino superior, a ser
adotado nas universidades e Institutos de Educação Superior (IES) federais , tornando
obrigatório que até 2016 50% das vagas desses estabelecimentos sejam ocupadas pelos
cotistas oriundos de escolas publicas, validando os critérios republicanos, socioeconômico e
por pertença racial.
Essa desconstrução ideológica que se construiu ao longo da história permitindo
assim o fim extermínio cultural e da noção pejorativa de ver os africanos como o elo mais
fraco da corrente, o centro das desgraças e calamidades, e sobre tudo dos flagelos que assolam
as sociedades africanas; mas do que se questiona? De que África estamos a falar? Essas
perguntas perseguem o continente, uma vez que trata de uma África plural dentro daquela
singular. Quando se faz certos questionamentos sobre a África e seus filhos, descendentes, é
natural que se faça certas perguntas; mais essas perguntas de caráter refletivo normalmente
gera impacto nas pessoas quando as escuta, mais aí, é o assunto de um outro estudo. O
espanto perceptível das pessoas ao se depararem com tais questionamento revela a
obscuridade da nossa história humana e da sua manipulação, essa preocupação não se
resumem só as narrativas históricas, administrativas, políticas, mais principalmente das que
envolvem os aspectos educacionais e a capacidade intelectual dos indivíduos que
freqüentemente se deparam com dúvidas a respeito de suas capacidades baseadas nas
tonalidades tegumentares da pele.
A África tem atualmente 1 Bilhão de população onde desses somente 100 milhões
estão sofrendo com essas calamidades de guerra e fome e outro 900 milhões estão se vivendo
bem e em grandes metrópoles africanas e que cresce 5 % ao ano mais do que qualquer
12
Bem como enfatiza Ramos (2003; p.02): A sociedade brasileira caracteriza-se por
uma pluralidade étnica, sendo este produto de um processo histórico que inseriu num mesmo
cenário três grupos distintos: portugueses, índios e negros de origem africana. Esse contato
favoreceu o intercurso dessas culturas, levando à construção de um país inegavelmente
miscigenado, multifacetado, marcado pelo antagonismo.
Portanto, devido à ampla dimensão deste fenômeno, torna-se necessário analisá-lo
de perto, considerando que esse fato é muito mais do que deslocamento de estudantes para
outros países, porém, um intrincado de políticas educativas, num sentido mais limitado, mas
do Estado e desenvolvimento, num sentido mais extenso, uma comparação cultural entre o
Brasil e Guiné-Bissau, destacando as principais manifestações que os aproximam e os
distanciam (culturas), trajetórias, fluxos, e entre outras exterioridades.
Portanto, em busca de alcançar o propósito comum desse estudo faz-se a seguintes
perguntas: De que forma se dá ou acontecem às relações de trocas interculturais entre os
intercambistas guineenses e os estudantes cearenses nas universidades federais do Ceara UFC
e UNILAB? Quem são essas intercambistas? Como é que é a convivência com a sociedade
cearense? Como são recebidos pelas universidades? Como se da a sua inserção nas
instituições brasileiros?
14
3 JUSTIFICATIVA
as que os distanciam também. De fato, há uma carência de literaturas sobre essa temática aqui
em fortaleza. Assim, iniciar essa pesquisa é tarefa que nos coloca frente a inúmeros desafios
e ansiedades os mais diversos problemas. Trata-se, pois, de um exercício que nos coloca
frente ao outro, criando a possibilidade de aproximação, melhor compreendê-lo e, no limite,
compreender a nós mesmos.
O estudo é de extrema importância, a partir do sentido de somar aos poucos
existentes. Visto que, a problemática dos alunos africanos nas instituições brasileiras não tem
sido objeto de reflexão acadêmica e científica metódica. Determinados estudiosos e, muitas
vezes, os próprios estudantes africanos adotam a experiência de viver no Brasil como temática
dos seus trabalhos (monografia, dissertações e teses, no interior do mundo acadêmico). Na
verdade, as instituições ensino superior (IES) brasileiras, maioria das vezes desconhecem
realidades dos estudantes africanos e de seus países de origem.
Portanto, como estudante Africana (guineense) pesquisar esse assunto, é
prazeroso, pois ao arrazoar sobre tal, é como se fosse estar a discorrer de si mesmo. As
experiências, as dificuldades, os desafios vivenciadas durantes esses anos no Brasil etc. Deste
modo, tanto para o individuo, como para o coletivo, a experiência vivida no processo de
intercâmbio fora do país será a matéria prima por excelência de construção de uma
consciência de si, daquilo que se é. Apesar disso, ao mesmo tempo, daquilo que se pratica
como ação e como profissão decorrente da qualificação que permite operar a realidade no
interior das sociedades de origem, para os que lá ficaram e, também, para aqueles que
retornam após a experiência internacional.
16
4 OBJETIVOS
5 REFERENCIAIS TEÓRICOS
3
As metas milênio foram estabelecidas pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) EM 2000, com o apoio de
191 nações, e ficaram conhecidas como Objetivos de Desenvolvimento de Milênio (ODM. Os Objetivos
representam uma parceria entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, tendo em vista criar
um clima, tanto a nível nacional como mundial, que conduza ao desenvolvimento e à eliminação da pobreza.
(RELATORIO NACIONAL DE ACOMANHAMENTO, 2014).
4
O termo globalização, de acordo com os autores contemporâneos, recebeu vários significados, que entre as suas
mais variadas expressões, objetivam expressar um mundo sem fronteiras, que possibilite uma economia global
para os mercados internos já saturados, visando sobremaneira aproximar as nações umas das outras, tudo isto,
associado à expansão do capitalismo no mundo. A globalização atual faz parte de um processo histórico de
dominação econômica e da expansão planetária do capitalismo. Esta época consolida-se depois da queda do
Muro de Berlim em 1989 e com a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1991.
Estes fatos simbólicos marcam o fim de um mundo bipolar e o inicio da imposição do modelo econômico
capitalista no âmbito mundial.
18
5.1 GLOBALIZAÇÃO
5
O neoliberalismo como um conjunto de idéias políticas e econômicas capitalistas que defende a não
participação do estado na economia. De acordo com esta doutrina, deve haver total liberdade de comércio (livre
mercado), pois este princípio garante o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um
país.Globalização e neoliberalismo estão estreitamente ligados, uma vez que o consumismo exige que se
busquem novos mercados e um aumento de produção. Esse aumento de produção, dentro da globalização,
também exige que novas tecnologias sejam implantadas, criando um círculo vicioso.
19
6
Vale ressaltar que o histórico das relações internacionais dos acordos sobre cooperação entre Brasil e países
do continente africano, tem raízes datadas nas duas primeiras décadas do século passado, tanto no âmbito das
estratégias políticas como da Cooperação Cultural, Educacional, Científica e Técnica. Esses acordos têm como
base fortalecer os laços comuns de amizade e promover as relações no campo da cultura, da ciência, das artes,
tornando efetiva essa cooperação no âmbito da educação, especificamente no campo da formação universitária e
da promoção de igualdade social. (DESIDÉRIO, 2006). Vale lembrar também que, antes de Cooperação de
Países da língua oficial Português PALOP, jovens guineense deslocava para estudar em Portugal, inclusive
Amílcar Cabral um dos membros e fundador de Partido Africano para Independência de Guiné e Cabo Verde foi
um dos jovens universitários que se formaram em Portugal antes da independência. Após a independência de
Guiné Bissau de Portugal em 1974, verificou-se que muitos jovens universitários diminuíram números de
estudantes guineense na Universidade do Império e em outras universidades lusas, como as tradicionais Coimbra
e Lisboa. Pois, abriu-se um novo caminho migratório de caráter acadêmico guineenses nas décadas posteriores,
particularmente para os países asiáticos e sul americano entre eles Cuba e o Brasil, devido aos acordos e tratados
de cooperação científica, tecnológica, cultural e econômica do partido governista.
24
5.3 CULTURA
de culturas diferenciadas com o somatório daquilo que anteriormente existia. Para ele, a
globalização que se verificava já em fins do século XX tenderia a uniformizar os grupos
culturais, e logicamente uma das consequências seria o fim da produção cultural, enquanto
gerador de novas técnicas e sua geração original. Isto refletiria, ainda, na perda de identidade,
primeiro das coletividades, podendo ir até ao plano individual. (SANTOS, 2006)
É inquestionável e inegável dizer que a cultura é a identidade de um povo, mas ao
contrário do que se vê a multiplicidade que deveria ser o motivo de soma tornou-se motivo de
preocupação, do relativismo cultural, da supremacia de um povo, e do extermínio histórico
embasado de preconceitos enraizados; apesar dos esforços latentes em busca de uma
integração desejada.
Com tendências de integração reveladas em práticas mercadológicas e ideologias
homogeneizantes, de outro, a conscientização da fragmentação do planeta em uma miríade de
diversidades culturais. A globalização, quando definida em termos políticos e econômicos,
aponta para uma submissão da civilização mundial às práticas do mercado com a prevalência
do modelo centro-periferia (VASCONCELOS, 2010)
A cultura brasileira reflete os vários povos que constituem a demografia desse
País: indígenas, europeus, africanos, etc. Como resultado da intensa miscigenação e
convivência dos povos que participaram da formação do Brasil surgiu-se uma realidade
cultural peculiar, que inclui aspectos das varias culturas. A cultura africana chegou através
dos povos escravizados trazidos para o Brasil num longo período de escravidão. Por isso, a
diversidade cultural africana contribuiu para uma maior heterogeneidade do povo brasileiro.
Os próprios escravos eram de etnias diferentes, falavam idiomas diferentes e tinham tradições
distintas.
Assim sendo a construção social dos conceitos: raça, etnia e cor no Brasil sempre
causa inúmeras contestações, visto que, a área biológica confirmou que as diferenças
genéticas entre os seres humanos são mínimas, por isso não se admite mais que a humanidade
é constituída por raças.
Para Munanga (1986, p.88) as primeiras utilizações do termo estiveram
vinculadas as classificações de espécies animais e vegetais por parte da Zoologia e da
Botânica. Uma denotação biologicista e naturalista acompanha genealogicamente. O termo,
desde suas primeiras utilizações, se liga a um designativo daquilo que é caracterizado por
constituir-se a partir da diferença e da classificação. Raça está profundamente intricada e, por
vezes, até confundida com as noções de descendência, linhagem, raízes e origens, termos
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constituídos nas ciências da vida e que lançaram as bases para o entendimento social da noção
de raça.
Conceito de “raça” não dá mais conta das complexidades contemporâneas
existência social da “raça”biologicamente insustentável. Para Hall, ‘raça’ é uma construção
política e social. É a categoria discursiva em torno da qual se organiza um sistema de poder
socioeconômico, de exploração e exclusão – ou seja, o racismo. Como prática discursiva, o
racismo possui uma lógica própria (HALL, 1994). “Tenta justificar as diferenças sociais e
culturais que legitimam a exclusão racial em termos de distinções genéticas e biológicas, isto
é, na natureza” (HALl, 2003).
No entanto na década de 1970, o Movimento Negro Unificado e os teóricos que
defendiam a causa, ressignificaram o conceito de raça como uma construção social forjada
nas tensas relações entre brancos, negros e indígenas. Muitas vezes simulados como
harmoniosos, não tinha relação com o conceito biológico de raça cunhado no século XIX, e
que hoje está superado.
O termo raça usado nesse contexto, tem uma conotação política e é utilizado com
freqüência nas relações sociais brasileiras, para informar como determinadas características
físicas, como cor da pele, tipo de cabelo, entre outras, influenciam, interferem e até mesmo
determina o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira. (BRASIL,
2004)
Já o Carneiro define raça como a subdivisão de uma espécie, formada pelo
conjunto de indivíduos com caracteres físicos semelhantes, transmitidos por hereditariedade:
cor da pele, forma do crânio e do rosto, tipo de cabelo etc. Raça é um conceito apenas
biológico, relacionado somente a fatores hereditários, não incluindo condições culturais,
sociais ou psicológicas. Para a espécie humana, a classificação mais comum distingue três
raças: branca, negra e amarela. (CARNEIRO, 2003)
Como se pode ver, Carneiro considera a raça pelo viés da fenotípica e da biologia,
desconsiderando a construção social do termo. Por tanto, o conceito de raça ao ser usado com
conotação política permite, aos negros então valorizar a característica que difere das outras
populações e romper com as teorias raciais que foram formuladas no século XIX e até hoje
permeia o imaginário popular.
Desse modo, as formas de manipular esse sistema de classificação não se dão,
entretanto, por acaso. Há certas regras de classificação que deixam entrever um complexo
jogo de relações de poder.
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uma exigência religiosa. Além disso, o cabelo está muito conectado com a identidade de cada
um e de como cada pessoa se vê no mundo. Algumas culturas fazem tranças, moicano, ou
cortam bem curtinho. O jeito de cortar, pentear e pintar o cabelo são maneiras expressar a
ousadia, juventude, liberdade, sedução e poder de cada pessoa. (GONÇALVES, OLIVEIRA
E SILVA, 2001).
Entendido como uma forma de expressão, o uso estilístico do cabelo remete às
raízes africanas, embutidas inconscientemente na cultura cearense. Do mesmo modo, esse uso
estilístico do cabelo, que remete às raízes africanas tem em seu bojo um desejo de auto
afirmação de identidade cultura, que se manifesta no sentimento de liberdade em alguns
jovens afros descendentes, quando usam o cabelo no estilo Black, rastafári, trancinhas
amaradas e soltas.
Vale lembrar que, essa afinidade cultural entre os intercambistas guineenses e
muitos afro descendentes de Fortaleza detém aposição estilística do uso do cabelo. Ela se
estende a outras manifestações culturais, como ao universo da dança. Aqui é impressionante a
aproximação entre a dança do maracatu e a dança feminina chamada Kussundé, da etnia
Balanta, de Guiné-Bissau.
De modo óbvio, no que concernem as expressões do maracatu, seria mais
prudente se falar de uma ponte não somente entre o Ceará e Guiné-Bissau, mas de uma ponte
entre a cultura cearense e a africanidade, pois, como é sabido, o maracatu é oriundo dos Reis
de Congo, a partir do século XVIII. É uma manifestação cultural da música
folclórica pernambucana afro-brasileira. É formada por uma percussão que acompanha um
cortejoma instituição que compreendia um setor administrativo e outra, festivo,
com teatro, música e dança. A parte falada foi sendo eliminada lentamente, resultando em
música e dança próprias para homenagear a coroação do rei Congo.
Na história do carnaval em Fortaleza registra-se um expressivo número de grupos,
muitos deles já extintos, como é o caso dos maracatus Rancho Alegre Nação Africana, Rei de
Espada, Rei dos Palmares, Nação Uirapuru, Nação Gengibre, Nação Verdes Mares e Rancho
de Iracema. As riquezas dos maracatus se estendem como se vê nas palavras de (MARTINS
2008)
No âmbito religioso-místico, existe outra tradição significante que é praticada na
sociedade brasileira, em particular no Ceará:A macumba. O macumbeiro ou tirador de loas,
que se chama em Guiné-Bissau “Djidius”, é quem canta as toadas, nas quais são geralmente
enfocados temas ligados à cultura, à religião e à história da África e do Brasil. Apesar de uma
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negro no Brasil, como, a história do tráfico negreiro, a história do povo quilombola, a rebeldia
negra, a sociedade escravista, o processo de abolição da escravatura. (SANTOS, 2010).
Ainda Autora, além disso, é digno de notar que o sistema educacional brasileiro
tem se voltado para o exame do papel negro, a partir de sua inserção na literatura brasileira, na
formação da identidade nacional, procurando entender como as questões sobre os negros se
colocam na contemporaneidade cearense, discutindo o porquê e o como a escola deve
trabalhar tais questões. Vem ao encontro dessa nova postura da escola brasileira a seguinte
concepção de (SANTOS 2010).
Do mesmo modo, auto reafirma que, a universidade como instituição social, é
responsável pelo processo de socialização dos sujeitos que a ela recorrem, a exemplo das
crianças, e, nesse sentido, é através dela que se estabelecem relações com crianças de
diferentes núcleos familiares e, inevitavelmente, de diferentes matrizes culturais. Esse contato
entre diferentes poderá fazer as universidades e faculdades (escolas) o primeiro espaço de
vivência das tensões raciais. Portanto, Universidade tem um importante papel a cumprir na
desconstrução dos estereótipos criados para o negro pela sociedade.
5.4 INTERCÂMBIO
Essa palavra “intercâmbio” parece tão bonita, divertida e educativa, mas, muitas
das vezes, não é encaixado no seu propósito, devido ao comportamento da sociedade local. O
Intercâmbio denota o conhecimento de forma recíproca e de oportunidade, entre viajantes e
estudantes dos diferentes lugares, de privilegiar o contato com uma nova cultura, a relação de
permuta comercial, intelectual ou desportiva entre povos e culturas, a partir do que se pode
alcançar, por exemplo, os cursos de idiomas ou colegial no exterior. Atualmente, os
estudantes podem ir para o exterior para cursar o ensino médio, aprender um idioma, realizar
cursos profissionalizantes e pós-graduações ou trabalhar por um período.
Outro fato extraordinário nesse processo de intercambio altera profundamente a
maneira de descobrirem o mundo, uma vez que, estão sendo inseridos em um universo
diferente daquele que deixaram e, além disso, permanece um período relativamente curto
quatro ou cinco anos para obterem o título de bacharel e/ou licenciado no país anfitrião, mas
carregado de novidades resultantes de sensações, de cobranças, de sonhos, de angústias, de
contatos e de conhecimentos novos que propiciam a constituição de novos sujeitos
socioculturais, históricos e psíquicos, na medida em que se transformam paulatinamente
diante do alude de informações científicas, midiáticas e hormonais que os faz cada vez mais
35
Sendo assim, a palavra intercambia é utilizada para descrever uma pessoa que vai
estudar por um período em outro país. Mas levando sempre em consideração que o ponto
principal é aprimorar as relações com outros povos, outras culturas e melhorar a compreensão
entre os povos de vários países.
No entanto, às motivações que podem determinar a procura de ensino superior no
exterior, são bastante peculiares e, nessa perspectiva o documento indica que estes estudantes
saem de seus países por diversas razões onde se incluem: a experiência de estudar e de viver
no exterior com propósito de se tornar mais globalizado, pela falta de opções de acesso à
ensino superior em seus países de origem ou à falta de opções de carreiras, de instituições
públicas ou a oportunidade para a instrução de qualidade melhor do que aquela oferecida em
seu país.
Apesar disso tudo, estudar em um país estrangeiro é desafiante, principalmente no
início, quando não se conhece ninguém e se sabe muito pouco sobre os mitos e a cultura local.
Em geral os Cearenses já ouviram falar sobre intercambiastes africanos (guineenses), mas será
que todos sabem o que se passa seus dia a dia deles? Não só nas escolas, mas também nas
ruas.
Além das trocas do conhecimento, existem recentemente, a partir de 2013, outros
tipos menos conhecidos de Intercâmbio Cultural, na Universidade federal do Ceará (UFC),
que são altamente adequados a estilos e objetivos específicos de futuros intercambistas,
realizados pelo Projeto de Extensão da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e
Contabilidade (FEAAC), em parceria com a Coordenadoria de Assuntos Internacionais, da
Universidade Federal do Ceará (CAI-UFC), como se lê no FAQ do Processo Seletivo do PAI,
2013:
Portanto o propósito do intercâmbio é oferecer aos participantes, a convivência
com outra cultura e o desenvolvimento do idioma do país. Geralmente, os estudantes se
alojam em casas de família, tendo assim, a oportunidade de conhecer bem a cultura, os
hábitos e as rotinas. As famílias que hospedam os estudantes são selecionadas por
coordenadores regionais. São sempre voluntárias, isto é, não recebem remuneração pela
hospedagem oferecida. “Pode ser considerada apta a receber um estudante estrangeiro se for
formada por pelo menos duas pessoas, vivendo sob o mesmo teto”. (FAQ do Processo
Seletivo do PAI, 2013).
Essa iniciativa de apadrinhamento do Projeto de Apoio aos Intercambistas - PAI,
na Universidade Federal do Ceará (UFC), é uma excelente oportunidade para se lidar com
novas experiências acadêmicas, fazer novas amizades, saber envolver-se de corpo, alma e
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coração com o próximo. Tudo isso, além de o PAI se sentir responsável pelo bem-estar do
afilhado, também vai contribuir para o desenvolvimento de programas internacionais de
intercâmbio entre a UFC e universidades estrangeiras. Além disso, o PAI 7 ajuda o recém-
chegado na integração dos aspectos humanos, como auxílio no resgate da autoestima e no
combate á solidão, fazendo com que o intercambista se sinta amado e valorizado.
Infelizmente, o apadrinhamento não aconteceu com nenhum dos intercambistas
guineenses no Estado do Ceará, em Fortaleza, o que significa que a transição sociocultural
não foi gradativamente atenuada.
Contudo, além disso, o fato dos universitários estrangeiros percorrerem várias
nações permite experiências linguísticas, culturais e sociais muito diferentes, que põem
grandes desafios para a educação e para a sociedade que os acolhe. Num mundo cada vez
mais globalizado o universo plural impõe constantes desafios para a convivência de pessoas
valorizadas distintamente de acordo com a sua etnia, classe social, gênero, idade, religião e
nacionalidade (SOUSA, 2004, P.2). Apesar de todos estes grupos terem trazido suas línguas e
culturas, passaram em maior ou menor grau por desafios nos processos de assimilação.
Nesse contexto, cursar o ensino superior no estrangeiro proporciona os alunos
uma série de desafios, tanto pessoais como profissionais, que exige aptidões e agilidades
talvez não utilizadas antes. Sobre essa questão (ALEMIDA E SOARES, 2003) nos chamam a
atenção para a vulnerabilidade experimentada neste período que pode afetar a saúde dos
jovens e comprometer o seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Por conseguinte, o período vivenciado pelo estudante universitário durante o seu
curso de graduação configura-se em um momento de muitos desafios, mudanças e
dificuldades a serem superadas. Trata-se de um momento bastante peculiar na vida do
indivíduo, pois é geralmente sincronizado com as mudanças e adaptações próprias da
transição da adolescência para a vida adulta (POLYDORO, 2000).
7
Trata-se de um projeto de Apoio aos Intercambistas, ou melhor, é um projeto de extensão da Faculdade de
Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC) realizado em parceria com a Coordenadoria de
Assuntos Internacionais da Universidade Federal do Ceará (CAI-UFC). O projeto tem como intuito auxiliar,
integrar e orientar estudantes de mobilidade acadêmica internacional na UFC nos seus primeiros momentos em
Fortaleza e na Universidade e, em contrapartida, proporcionar aos estudantes da UFC a troca de experiências
culturais e acadêmicas. O PAI foi criado em 2010 por dois monitores de projetos de graduação da FEAAC em
parceria com outro aluno da FEAAC, aluno esse que vivenciou a experiência de intercâmbio a partir da
bolsa Erasmus Mundus e começou, ainda que de maneira informal, a auxiliar os alunos estrangeiros assim que
retornou ao Brasil.
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Por outro lado, o regresso dos estudantes pode se tornar inquietante para os que
encaram longos períodos fora de seus mercados de trabalho e de seu país de origem, já que,
universitários estrangeiros não podem trabalhar no estrangeiro com visto de estudantes, e as
expectativas de vida podem ser frustrantes. Porém, o desenvolvimento de uma cultura de paz
por meio de vasta ascensão ao conhecimento, só poderá ser atingido mediante uma
metodologia educativa que dá valor ao indivíduo em sua totalidade.
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6 METODOLOGIA
estudantes e etc.) Por tanto se tem a proximidade com os estudantes que serão entrevistados
nessa pesquisa.
O grupo focal é uma técnica de pesquisa qualitativa que pode ser utilizada pelo
pesquisador no entendimento das percepções, atitudes, sentimentos, valores e crenças de
determinado grupo social. Autores como Carlini-Cotrim (1996), Westphal, Bógus e Faria
(1996) e Iervolino e Pelicioni (2001) afirmam que ela não é adequada para os estudos de
freqüência com que determinados comportamentos e opiniões ocorrem. As entrevistas serão
realizadas através de jogos de perguntas e respostas com os estudantes pelo meio de roda de
conversas, na qual as perguntas serão formuladas e respondidas oralmente.
A entrevista semi-estruturadas é um dos principais instrumentos que o
pesquisador utiliza na pesquisa social com abordagem qualitativa. Triviños (1987) privilegiou
a entrevista semi-estruturadas porque, segundo ele, ela valoriza a presença do pesquisador e
também oferece oportunidades para que os participantes alcancem liberdade e
espontaneidade, enriquecendo, assim, a investigação.
A coleta de dados será feita na UFC e UNILAB, com os estudantes africanos e
brasileiros que estudam nestas instituições, os quais serão convidados a participar do estudo.
Aqueles que aceitaram participar e assinarão o termo de consentimento informado, e serão
entrevistados, com base em um questionário estruturado.
7 CRONOCRAMA
REFERÊNCIAS
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“Cultura” e cultura: conhecimento tradicionais e direitos intelectuais.
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