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O picolé da bicharada

Sorvete está presente no cardápio dos animais do zoológico do


Rio de Janeiro
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NOTÍCIAS - 23-03-2009   

Os orangotangos Tanguinha e Else deliciam-se com picolés de melancia (fotos: Esther


Nazareth/RIOZOO).
Dia de sol, temperatura nas alturas, nada como um picolé para refrescar. Mas você
sabia que tomar sorvete não é privilégio dos seres humanos? Outros animais
também degustam essa delícia. Que o digam a ursa Trina, os orangotangos
Tanguinha e Else, o chimpanzé fêmea Cássia e outros moradores do zoo do Rio
de Janeiro. Essa iguaria faz parte do seu cardápio. Mas por quê?
Estímulo no palito
Animais que vivem em cativeiro podem ficar estressados e entediados, pois esses
lugares não oferecem muitos estímulos para eles. Afinal, os bichos estão fora do
seu ambiente natural, não caçam mais para se alimentar, o espaço que têm à
disposição é o da área em que são mantidos…
Diante disso, os animais podem ficar deprimidos, o que é capaz de deixá-los mais
suscetíveis a doenças. Assim, os biólogos usam técnicas que tornam o ambiente
mais estimulante. Uma delas é oferecer o alimento de uma forma diferente da que
o bicho está acostumado. E é aí que entra o picolé!

A ursa Trina e seu sorvete. Essa delícia gelada serve como um desafio e um passatempo para
o animal.
Sorvete de frutas
Para surpreender os animais na hora da comida, pode-se mudar o horário de
servi-la, a quantidade e o tipo de alimento oferecido e até mesmo escondê-lo ou
congelá-lo. Essa última opção é a que faz a festa dos moradores do zoo do Rio de
Janeiro. Lá uma das receitas de sorvete usadas é simples: várias frutas são postas
em um recipiente cheio de água, que é congelado. Uma vez pronto, o sorvete é
lançado para bichos como os ursos-pardos, tornando-se um desafio e um
passatempo para esses animais. “Para ter acesso às frutas que estão no meio da
água congelada, o animal tem que raspar, morder, até conseguir retirá-las ali de
dentro. Além disso, em dias muito quentes, ele fica lambendo o sorvete, o que
contribui para que continue hidratado”, explica a bióloga Débora Boccacino,
responsável por introduzir essa técnica no zoológico carioca.
Chimpanzés como Cássia conseguem segurar o picolé pelo palito graças à habilidade que têm
com as mãos.
Quem vai querer picolé?
Entre a macacada, porém, o sorvete servido é o tradicional picolé. Feito de suco
de frutas sem açúcar, ele vem com palito e tudo. Afinal, esses animais, ao
contrário de bichos como os ursos-pardos, conseguem segurar essa delícia gelada
pelo palitinho, igual a nós, já que têm muita habilidade com as mãos. Aliás, é
justamente por terem essa característica que os macacos ganham picolés mesmo
e não a outra receita de sorvete, servida para os ursos, por exemplo. “Assim,
estamos estimulando a percepção tátil desses animais, não só da mão, mas
também da língua, já que eles percebem uma textura e uma temperatura diferente
no alimento”, conta Débora Boccacino.
Delícias mais do que especiais
Mas será que saber que os animais tomam sorvete permite que você ofereça a
eles o picolé que comprou? A resposta é não – e vale para qualquer tipo de
comida. Sabe por quê? Nós comemos muitos alimentos industrializados, que têm
conservantes, corantes, enfim, uma porção de produtos químicos que podem
causar alergias ou mesmo fazer mal. Não só para os animais, mas também para a
gente, já que uma alimentação natural é mais saudável. Por isso é que o picolé
que tomamos não serve para os bichos. Já o deles, acredite se puder, até a gente
poderia tomar. Afinal, eles são feitos de suco de fruta sem açúcar congelado,
principalmente de manga, laranja ou melancia. Portanto, não têm chance de
causar reação nos simpáticos moradores do zoológico carioca e nem mesmo na
gente!
Mara Figueira, Instituto Ciência Hoje/ RJ
http://chc.cienciahoje.uol.com.br/o-picole-da-bicharada/

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