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1. INTRODUÇÃO
A integração do réu à relação jurídica processual, por meio da citação,
permite que o mesmo tenha ciência da existência da demanda movida contra
ele. Ao mesmo tempo, realiza-se a intimação ao réu para que, querendo,
apresente sua resposta no prazo legal. Dessa forma, a conjugação de citação e
intimação traduz, de forma bastante clara, o fenômeno do “contraditório” no
processo civil: informação da existência da demanda judicial e abertura de
possibilidade de reação.
Tradicionalmente, a resposta do réu constitui um ônus processual,
considerando-se que o réu somente se manifestará se essa for sua vontade, que
determinará também a forma de reação. A inércia do réu, algo absolutamente
admissível no processo civil, gerará em regra sua revelia, fenômeno ligado à
inexistência jurídica de contestação, com as limitações previstas no art. 345,
CPC.
Para além da contestação e da reconvenção, há outras formas que
precisam ser destacadas, como a nomeação à autoria, chamamento ao
processo, denunciação da lide, reconhecimento jurídico do pedido, impugnação
ao valor da causa e impugnação à concessão dos beneficiários da assistência
judiciária, desde que manejadas pelo réu e no prazo de defesa. Também pode
se considerar espécie de resposta do réu a alegação de litisconsórcio
multitudinário.
5. RECONVENÇÃO
É o exercício do direito de ação do réu dentro do mesmo processo em
que primitivamente o autor originário tenha exercido o seu direito de ação.
Em regra, o réu só se opõe às alegações do autor, ou seja, somente se
defende; entretanto, em alguns casos, o réu poderá formular uma pretensão em
face do autor (“contra-ataque”), exercendo o direito de ação, passando a figurar
como se fosse um verdadeiro autor.
A reconvenção é uma mera faculdade, podendo o réu que deixar de
reconvir e ingressar de forma autônoma com a mesma ação que teria ingressado
sob a forma de reconvenção.
✓ Observações:
6. REVELIA
A revelia é um ato-fato processual, consistente na não apresentação
tempestiva da contestação.1 Em outras palavras, ocorre a revelia quando o réu,
citado, não aparece em juízo apresentando sua resposta, ou, comparecendo ao
processo, não apresenta sua resposta tempestivamente.
A revelia produz os seguintes efeitos:
a) Efeito material: presunção de veracidade das alegações de fato
formuladas pelo autor (art. 344, CPC);
b) Os prazos contra o réu revel que não tenha patrono nos autos
fluirão da data de publicação do ato decisório no órgão oficial (art.
346, CPC);
c) Preclusão em desfavor do réu do poder de alegar algumas
matérias de defesa (ressalvadas aquelas previstas no art. 342,
CPC;
d) Possibilidade de julgamento antecipado do mérito da causa, caso
se produza o efeito material da revelia (art. 355, II, CPC).
1
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral
e processo de conhecimento. 17. Ed. – Salvador: Ed. Juspodivm, 2015.
ATAME EDUCACIONAL LTDA. | CNPJ: 06.043.448/0001-79
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Em regra, todavia, cabe ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos
do seu direito. Nem mesmo quando há revelia do réu há a procedência
automática dos pedidos, podendo o juízo examinar se as alegações formuladas
na inicial encontram o mínimo de verossimilhança para considerá-las
verdadeiras. (AREsp Nº 1.002.761 - MT (2016/0276803-7), Relatora: Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, julgado em 01/02/2017, DJe 03/02/2017)
Assim, “a revelia, que decorre do não oferecimento de contestação,
enseja presunção relativa de veracidade dos fatos narrados na petição inicial,
podendo ser infirmada pelos demais elementos dos autos, motivo pelo qual não
acarreta a procedência automática dos pedidos iniciais.” (REsp 1335994/SP,
Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
12/08/2014, DJe 18/08/2014) – grifo nosso.
8. ÔNUS DA PROVA
A doutrina costuma dividir o estudo em 2 partes: ônus subjetivo da
prova e ônus objetivo. No primeiro, analisa-se o instituto sob a perspectiva de
quem é o responsável pela produção de determinada prova, ao passo que, no
segundo, o instituto é visto como uma regra de julgamento a ser aplicada pelo
juiz no momento de proferir a sentença no caso de a prova se mostrar inexistente
ou insuficiente. No aspecto objetivo, sendo obrigado a julgar e não estando
convencido das alegações de fato, aplica a regra do ônus da prova.
O ônus da prova é, portanto, regra de julgamento, aplicando-se para as
situações em que, ao final da demanda, persistem fatos controvertidos não
devidamente comprovados durante a instrução probatória. Mas também é regra
de conduta das partes, porque indica a elas quem potencialmente será
prejudicado diante da ausência ou insuficiência da prova.
O aspecto subjetivo só passa a ter relevância para a decisão do juiz se ele for
obrigado a aplicar o ônus da prova em seu aspecto objetivo: diante de ausência
ou insuficiência de provas, deve indicar qual das partes tinha o ônus de provar e
colocá-la numa situação de desvantagem processual.