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RELAÇÃO DE ORDEM
Pedro Sá
Questão Inicial
Para respondermos esta questão é necessário que façamos uma análise do nosso
conceito de ordenação.
Normalmente quando pensamos em ordenar objetos, pessoas ou utensílios
fazemos por meio de critérios lineares como idade crescente, idade decrescente, altura
crescente, altura decrescente, ordem alfabética, peso crescente, peso decrescente ou
ordem de chegada. Nestes casos quase sempre as relações utilizadas são “ser menor ou
igual” ou “ser maior ou igual” ou “preceder”.
Assim podemos concluir que as relações mais utilizadas no dia dia para ordenar são
relações que tem as seguintes propriedades: reflexiva, anti-simétrica e transitiva.
Desse modo podemos generalizar a idéia de ordenar por meio da seguinte definição
Definição:
Seja R uma relação sobre o conjunto A. Diz-se que R é uma relação de ordem
em A, se for reflexiva, anti-simétrica e transitiva simultaneamente.
Exemplo 01
A relação R definida por xRy n ℕ|x = y+n , sobre o conjunto dos números
naturais é uma relação de ordem.
2
Pois, para todo x pertencente ao conjunto dos números naturias temos que x R x
devido x = x + 0,xℕ . Logo, R é uma relação reflexiva.
Dados x, y pertencentes ao conjunto dos números naturais tais que xRy e yRx temos
que x= y+n e y= x+m, onde m, nℕ. Substituindo x= y+n em y=x+m obtenos y= y+ m
+ n . O que implica em m = -n. como me n são núeros naturias entãpom = n = 0. O que
mostra que R é uma relação anti-simétrica.
Dados x, y e z pertencentes ao conjunto dos números naturais. Supondo que xRy e
yRz então x = y + n e y = z + m, onde m, nℕ . Substituindo y = z + m em x = y + n
obtemos x= z + m + n. Como m, nℕ então m+nℕ . Então, x = z + k, onde k=
m+nℕ. Portanto, xRz. Isto mostra que R é uma relação transitiva
Devido R ser uma relação reflexiva, anti-simétrica e transitiva então R é uma
relação de ordem no conjunto dos números naturais.
A relação de ordem R definida por xRy n ℕ|x = y+n , sobre o conjunto dos
números naturais é muitas vezes de nomida de ordem natural ou ordem habitual.
Em relação à ordem habitual dados dois números naturais quaisquer xe y só duas
possbilidades xRy ou yRx.
Exemplo 02
A relação R definida por xRy xy (x divide y) , sobre o conjunto dos números
inteiros positivos e uma relação de ordem.
Pois, para todo x pertencente ao conjunto dos números inteiros positivos temos que
x divide x . Logo, R é uma relação reflexiva.
Dados x, y pertencentes ao conjunto dos números inteiros positivos. Supondo que
xRy e yRx temos que x divide y e y divide x. Logo, x = y. O que mostra que R é uma
relação anti-simétrica.
Dados x, y e z pertencentes ao conjunto dos números inteiros positivos. Supondo
que xRy e yRz então x divide y e y divide z . Logo, x divide z. Isto mostra que R é uma
relação transitiva.
Devido R ser uma relação reflexiva, anti-simétrica e transitiva então R é uma
relação de ordem no conjunto dos números inteiros positivos.
A relação de ordem R definida por xRy xy (x divide y) , sobre o conjunto dos
números inteiros positivos é denominada de ordem da divisibilidade.
Em relação à ordem da divisibilidade temos que 2R4 porém 2R3. O que mostra que
para relação de ordem de divisibilidade é possivel que dois elementos não se
relacionem.
Exemplo 03
Dado um conjunto A e 𝒫(A), o conjunto das partes de A, a relação R sobre 𝒫(A)
definida por XRY XY é uma relação de ordem.
Como X 𝒫(A) temos que XX, o que implica em que XRX, X 𝒫(A). O que
garante que R é uma relação reflexiva.
Sejam X,Y 𝒫(A) tais que XRY e YRX, então XY e YX. Logo X=Y. O que
mostra que R é uma relação anti-simétrica.
Sejam X,Y,Z 𝒫(A) tais que XRY e YRZ, então XY e YZ.Logo XZ, o que
implica que XRZ e garante que R é uma relação transitiva.
Devido R ser uma relação reflexiva, anti-simétrica e transitiva então R é uma
relação de ordem no conjunto 𝒫(A) das das partes de A.
A relação de ordem R definida por XRY XY sobre 𝒫(A) é denominada de
relação por inclusão.
3
O fato de ser possível em uma dada ordem existirem elementos que não se
relacionem estimula a seguinte definição.
Definição
Seja R uma relação de ordem sobre um conjunto A. Os elementos x,y A são ditos
comparáveis se x y ou y x.
Exemplo 05
Os números 2 e 3 são comparáveis em relação à ordem habitual sobre os números
naturais mas, não são comparáveis em relação à ordem da divisibilidade.
Definição
Se R é uma relação de ordem sobre um conjunto A tal que todos os elementos de A são
comparáveis por meio de R dizemos que R é uma relação de ordem total sobre A.
Do contrário dizemos que R é uma ordem parcial sobre A.
Exemplo 06
A ordem habitual sobre os números naturais é uma ordem total. Pois todos os
números naturais são comparávis em relação à ordem habitual.
Exemplo 07
A ordem da divisibilidade sobre os números inteiros positivos é uma ordem parcial.
Pois, 2 e 3 não se relacionam por meio da ordem da divisibilidade.
Exemplo 08
O conjunto dos números inteiros positivos é parcialmente ordenado pela ordem da
divisibilidade. Pois, 2 e 3 não se comparáveis pela ordem da divisibilidade.
Exemplo 09
4
O conjunto dos números naturais é totalmente ordenado pela ordem habitual. Pois,
todos os números naturais são comparáveis pela ordem da divisibilidade.
Questões
01)Verifique se a relação R definida por xRy n ℤ|x = y+n , sobre o conjunto dos
números inteiros é uma relação de ordem.
02) Verifique se a relação R definida por xRy n ℚ|x = y+n , sobre o conjunto
dos números racionais é uma relação de ordem.
03) Verifique se a relação R definida por xRy n ℝ|x = y+n , sobre o conjunto
dos números reais é uma relação de ordem.
06)Sejam A={ 2,3,4,5,.....} e R uma relação sobre AxA definida por (x,y)R(z,t) x|z e
t|y. Verifique se R é uma relação de ordem em AxA.
08) Seja R uma relação de ordem em um conjunto A. Verifique se R-1 é uma relação de
ordem em A.
11) Sejam A ℝ e f:A →ℝ uma função e T uma relação em A tal que xTyf(x) f(y).
Demonstre que T é uma relação de ordem se e somente se f é injetora.
12) Sejam f:A →B uma função e R uma relação de ordem em B. Verifique se a relação
T em A definida por xTy f(x)R f(y) é uma relação de ordem em A.
DIAGRAMA SIMPLIFICADO
4
6
2 3
Questões
a) habitual.
b) da divisibilidade.
36
12 18
4 6 9
2 3
b) Com base no diagrama anterior quais são os elementos de E tais que todos os
elementos da A os precedem?
Resposta:
A observação do diagrama permite concluir que os elementos de E tais que
todos os elementos de A os precedem são os elementos 12 e 36.
Os elementos 12 e 36 são denominados de limites superiores do conjunto A em
relação à ordem em questão. Vejamos a definição de limites superiores.
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Definição:
Seja E um conjunto parcialmente ordenado, A ≠ um subconjunto de E, um elemento
L E é denominado limite superior de A se qualquer elemento de A precede L.
Exemplo
Exemplo
c) Com base no diagrama anterior quais são os elementos de E tais que todos os
elementos da A são precedidos por eles?
Resposta: O s elementos de E tais que todos os elementos de A os precedem são
os elementos 1 e 2.
A observação do diagrama permite concluir que os elementos 1e 2 são
denominados de limites inferiores do conjunto A em relação à ordem em
questão.
Vejamos a definição de limites inferiores.
Definição:
Seja E um conjunto parcialmente ordenado, A ≠ um subconjunto de E, um elemento
L E é denominado limite inferior de A se qualquer elemento de A é precedido por L.
Exemplo
Exemplo
Exemplo
Exemplo
Exemplo
Exemplo
f) Com base no diagrama quais são o(s) elemento(s) de A tal que o único elemento
de A que é precedido por ele é ele mesmo?
Resposta:
A observação do diagrama nos indica que não existe um elemento no conjunto A
tal que os elementos de A que soa precedidos somente por eles mesmo são os
elementos 4 e 6.
Neste caso dizemos que 4 e 6 são os elementos maximais do conjunto A.
Vejamos a definição de elemento maximal de um conjunto.
Definição:
Seja E um conjunto parcialmente ordenado, A ≠ um subconjunto de E, um elemento
de A é denominado elemento maximal de A se o único elemento de A que é precedido
por ele é ele mesmo.
Exemplo
Exemplo
g) Com base no diagrama quais são o(s) elemento(s) de A tal que o único elemento
de A que é precede ele é ele mesmo?
Resposta:
Da observação do diagrama o elemento 2 é o único elemento de A que quem o
precede é ele mesmo.
Neste caso dizemos que 2 é o elemento minimal do conjunto A.
Vejamos a definição de elemento minimal de um conjunto.
Definição:
Seja E um conjunto parcialmente ordenado, A ≠ um subconjunto de E, um elemento
de A é denominado elemento minimal de A se o único elemento de A que é o precede
é ele mesmo.
Exemplo
Exemplo
Exemplo
Exemplo
Definição:
Seja E um conjunto parcialmente ordenado, A ≠ um subconjunto de E, um elemento
de E é denominado ínfimo de A se o primeiro dos elementos inferiores de A.
Exemplo
Exemplo
Exemplos:
B
0 1
B
0 1
Exemplo
Para o conjunto A = {1, 2, 3,....., 100} todo subconjunto de A possui um
elemento com relação a ordem habitual dos numeros inteiros.
Exemplo
Para o conjunto ℕ ={0,1,2,3,4,......} todo subconjunto de ℕ possui um mínimo
em relação a ordem habitual dos numeros naturais.
Exemplo
Para o conjunto ℤ− ={......., -5, -4, -3, -2, -1, 0} nem todo subconjunto de ℤ−
possui um elemento mínimo em relação a ordem habitual dos numeros inteiros.
Exemplo
1 1 1
Para o conjunto A={......., 𝑛,...., 3, 2, 1} nem todo subconjunto de 𝐴 possui um
elemento mínimo em relação a ordem habitual dos numeros racionais.
Exemplo
Para o conjunto 𝑃={{a}, {a,b}, {a,b,d}, {a,b,c,d}} todo subconjunto de 𝑃 possui
um elemento mínimo em relação a ordem de inclusão.
O fato de que dado um conjunto ordenado pode ou não ocorrer de que todo
subconjunto do conjunto possuir um elemento mínimo estimulou a seguinte definição
que foi proposta em 1883 por Georg Cantor.
Definição
Seja A um conjunto ordenado. Diz-se que A é bem ordenado se todo
subconjunto não vazio de A possui um elemento minimo.
Exemplo
O conjunto A = {1, 2, 3,....., 100} é um conjunto bem ordenado pela relação a
ordem habitual dos numeros naturais.
Exemplo
O conjunto ℕ ={0,1,2,3,4,......} é bem ordenado pela relação a ordem habitual
dos numeros naturais.
Exemplo
12
Para o conjunto 𝑃={{a}, {a,b}, {a,b,d}, {a,b,c,d}} é bem ordenado pela relação
a ordem de inclusão.
Como vimos o conjunto ℤ dos números inteiros não é bem ordenado. Entretanto,
todo subconjunto S de ℤ de elementos não negativos possui um mínimo. Este fato é
conhecido como princípio da boa ordenação em ℤ.
f g
d e
a b c
21) Construa um diagrama dos elementos de E = {2, 3, 5, 6, 10, 15, 30} com a ordem da
divisibilidade. Determine os limites superiores, limites inferiores, o supremo, o ínfimo,
os elementos maximais, os elementos minimais, o máximo e o mínimo, quando
existirem, de A = {6,10}.
23)Demonstre que entre dois inteiros consecutivos não existe um número inteiro.