Você está na página 1de 62

Cursos

CP

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................. 3

CLASSIFICAÇÃO DA CRIAÇÃO DE PEIXES


QUANTO A SUA FINALIDADE......................................................... 5

CLASSIFICAÇÃO DA PISCICULTURA QUANTO


AO SISTEMA DE CRIAÇÃO.............................................................. 7

ESPÉCIES DE PEIXES CULTIVADAS NO BRASIL............................... 10

CONSTRUÇÃO DE TANQUES E VIVEIROS....................................... 18

A QUALIDADE DA ÁGUA NA PISCICULTURA................................. 30

MANEJO PRODUTIVO NA PISCICULTURA..................................... 34

MORFOLOGIA E FISIOLOGIA BÁSICA DOS PEIXES........................ 45

ENFERMIDADES............................................................................. 49

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Introdução
I N T R O D U Ç ÃO

A piscicultura é um tipo de exploração animal que vem se tornando cada


vez mais importante como fonte de proteína para o consumo humano.
Atividade em grande ascensão dentro do setor agropecuário, seus altos
índices produtivos vêm atraindo cada vez mais investidores na área.

Porém, como qualquer outra atividade que envolve uma cadeia produtiva
elaborada, é necessário que antes de implantada, o projeto seja bem
planejado e avaliado, garantindo assim segurança ao sistema de produção;
caso contrário, a atividade ao invés de prosperar pode vir a apresentar
prejuízos, e por consequência, levar ao desestímulo e até mesmo ao
abandono da atividade.

Sabe-se que o custo de implantação de uma unidade produtiva em viveiros


escavados é muito elevado, por isso é necessário a elaboração de projetos
com uma engenharia moderna, baseada em informações científicas,
ecológicas e tecnológicas confiáveis.

Deste modo, consegue-se otimizar os custos de implantação e melhorar


a produtividade. O planejamento da atividade dará confiança ao produtor,
mostrando se o empreendimento é ou não viável economicamente.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Contudo, não basta somente que o projeto de implantação seja aplicado de


forma correta. É necessário também que o produtor adote boas práticas de
manejo, que estabeleça procedimentos adequados como:

............ Qual Densidade de estocagem;


............ Boa qualidade de água;
............ Boa prática de manejo alimentar;
............ Utilização de ração de boa qualidade;
............ Aplicação de fertilizantes químicos ou orgânicos de forma correta;

............ Medidas preventivas contra doenças; e


............ Técnicas de despescas que minimizem o aporte de efluente ao
meio ambiente.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Introdução
1 CLASSIFICAÇÃO DA CRIAÇÃO DE
PEIXES QUANTO A SUA FINALIDADE

Cria ou Produção de Alevinos

Exploração em que os peixes são passados a terceiros para serem


recriados ou usados em povoamentos e repovoamentos de águas
públicas ou particulares.

É considerada a fase mais lucrativa; entretanto, exige demanda


favorável por alevinos na região, maior dedicação por parte do
produtor, maior ocupação de mão de obra especializada e instalações e
equipamentos mais complexos.

Recria, Engorda ou Produção de Pescado

Explora-se a capacidade de ganho de peso e crescimento dos animais,


englobando a fase de alevinagem até o abate.

Menos lucrativa que a anterior; entretanto, caracteriza-se por exigir


menor dedicação do piscicultor, necessita de menor ocupação de mão
de obra, sendo essa menos qualificada, necessita de instalações e
equipamentos menos complexos, podendo ser realizada em represas
rurais, arrozais inundados, represas ou viveiros com ou sem integração
com outras explorações agropecuárias e, por ser dependente da oferta
de alevinos, demanda e preço de pescado na região.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Exploração Mista de Cria e Recria

Produz alevinos para uso próprio ou para terceiros.

Outros Tipos de Exploração:

Para fins de lazer (povoamento de represa e pesque-pague). Para fins


sanitários (controlar a proliferação de insetos ou animais vetores de
doenças).

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

2 CLASSIFICAÇÃO DA PISCICULTURA
QUANTO AO SISTEMA DE CRIAÇÃO

2 .1 S istem a E x te n s i vo

Este sistema caracteriza-se por ser realizado em represas construídas,


utilizando-se a declividade do terreno, apenas barrando a água, ou em
lagos naturais, não havendo a intenção de esgotar totalmente a água nem
tão pouco a introdução de espécies exóticas à região.

Essa condição é encontrada na maioria das propriedades rurais do Brasil,


nas quais essa coleção de água ainda serve de bebedouro para outros
animais, para lazer ou subsistência do proprietário e raramente é explorada
no aspecto econômico.

Quando se encontra essa situação, pode-se obter uma produção anual de


200 a 400 kg de pescados por hectare de área alagada. Deve-se dizer que
essa produção será afetada pelas condições climáticas e geográficas da
região e pela qualidade da água.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

2.2 S istem a Se mi -i nten s i vo

É o mais difundido no mundo todo.

No Brasil, esse sistema é encontrado em mais de 95% das


pisciculturas e se caracteriza pela maximização da produção de
alimentos naturais (fito e zooplâncton, bentos e macrófitas) para
servir como principal fonte de alimentos dos peixes.

Outra restrição é que a alimentação de água do viveiro deve ser


somente para repor a água perdida por evaporação e infiltração, sem
que ocorra renovação. Isso porque a adubação dos viveiros implica
em custos, e a renovação de água, por sua vez, implica em perda
desses nutrientes.

2.3 S istem a Inte n s i vo

Esse sistema é aplicado para espécies que podem ser criadas em


monocultivo (uma só espécie), que aceitem bem o alimento artificial
(ração) e que possuem tamanho de mercado abaixo de 1 kg.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

2.4 S istem a Su p e r i nte n si vo

No desenvolvimento da criação de peixes, uma importância


considerada para um aumento de produção é dado na utilização
máxima dos recursos de água disponíveis.

Com a inovação e a construção dos chamados sistemas de fluxo


contínuo, a área de lâmina de água passa a não ser importante e sim
a quantidade de água como fator limitante na produção.

Nesse sistema, os peixes são estocados em alta densidade em um longo


tangue que exige contínuo fluxo de água. Aqui a densidade de estocagem
não é considerada por unidade por m² e sim biomassa por m³.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

3 ESPÉCIES DE PEIXES CULTIVADAS


NO BRASIL

As espécies de peixes cultivadas no Brasil variam conforme as condições


ambientais de cada região. No Brasil, diferentes espécies de pescado são
cultivadas, porque elas variam de acordo com as condições geográficas das
regiões.

A seguir, conheça as características das principais espécies de peixes


cultivadas em água doce no Brasil:

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

TILÁPIAS
Também conhecida como Nilótica, St. Peter, St.
Pierre, Chitralada, Vermelha.

Origem: áfrica.

Hábito alimentar: podem ser onívoras, herbívoras ou fitoplanctófagas,


dependendo da espécie.

Sistema de cultivo: pode-se cultivar tilápias em viveiros escavados, race-


ways ou em tanques-rede.

Aspectos produtivos: chamada de “frango d’água”, a tilápia é cultivada em


24 dos 27 estados brasileiros. É a espécie de água doce mais cultivada no
país desde 2002. Os machos crescem mais que as fêmeas. Por este motivo,
os cultivos intensivos buscam a reversão sexual. As fêmeas incubam os ovos
na boca. Estes peixes superam variações de temperatura e se adaptam a
altas concentrações de sal.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

C A R PA C O M U M
Também conhecida como Carpa Espelho, Carpa Capim
e Carpa Cabeça Grande.

Hábito alimentar: onívora, herbívora e zooplanctófaga. Tamanho/peso: podem


chegar a mais de 100 kg. São normalmente comercializadas de 2 a 6 kg.

Sistema de cultivo: são cultivadas em sua maioria em viveiros escavados


e, em muitos casos, consorciadas com outros animais ou culturas agrícolas,
como o arroz.

Aspectos produtivos: foi a primeira espécie introduzida no Brasil


para repovoamento e cultivo. Devido ao clima, os cultivos de carpas se
concentram na região sul e sudeste.

Algumas espécies de carpas, também, são muito utilizadas na aquarofilia e


em ornamentações.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

TA M B A Q U I
Origem: bacia Amazônica.

Tamanho/peso: podem chegar a 45 kg e medir 90 cm de comprimento.

Hábito alimentar: na cheia, alimentam-se de frutos e sementes. Na seca,


de zooplâncton. Na aquicultura consomem ração balanceada.

Sistema de cultivo: o sistema mais utilizado para o cultivo dessa espécie é


o viveiro escavado, mas também são cultivados em tanques-rede.

Aspectos produtivos: comporta-se bem no policultivo desde que seja a


espécie principal.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

PA C U
Também conhecido como Caranha e Piratinga.

Tamanho/peso: podem chegar a 20 kg e medir 80 cm de comprimento.

Hábito alimentar: onívoras com tendência a herbívora. Alimentam-se de


frutos, sementes, folhas, algas, raramente peixes, crustáceos e moluscos.
Na aquicultura consomem ração balanceada.

Sistema de cultivo: o sistema mais utilizado para o cultivo dessa espécie é


o viveiro escavado, mas também pode ser cultivada em tanque-rede.

Aspectos produtivos:comporta-se bem no policultivo desde que seja


a espécie principal. A região Centro-oeste destaca-se como a principal
produtora do país.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

TA M B A Q U I
Origem: é uma espécie híbrida (fêmea de tambaqui e macho pacu).

Tamanho/peso: podem chegar a 30 kg e medir 80 cm de comprimento.

Hábito alimentar: ração balanceada.

Sistema de cultivo: o sistema mais utilizado para o cultivo dessa espécie é o


viveiro escavado, mas pode ser cultivada em tanques-rede.

Aspectos produtivos: o Tambaqui por ser uma espécie híbrida, supera as


expectativas, ultrapassando suas origens no caso do Pacu.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

PIRARUCU
Hábito alimentar: carnívoro.

Peso: podem chegar a mais de 200 kg e 3 m de comprimento.

Sistema de cultivo: o sistema mais utilizado para o cultivo dessa espécie é o


viveiro escavado, mas já existem alguns experimentos em tanques-rede.

Aspectos produtivos: seu cultivo ainda é insipiente. Nos primeiros


experimentos, chegou a crescer mais de 6 kg/ano. Apesar de ser uma
espécie carnívora, aceita bem ração com altos índices de proteína, desde
que seja feito corretamente o acondicionamento alimentar. Sua carne não
tem espinhos em “y” e é comercializada em mantas de pura carne. Apesar
do grande interesse, o seu pacote tecnológico ainda não está totalmente
definido, porém é uma das espécies mais promissoras da aquicultura
brasileira.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

3 .1 Como E s co l h e r a s Es p é c ie s p a ra o C u l t i vo

As espécies de peixes para os cultivos intensivos e semi-intensivos


devem apresentar as seguintes características:

............ Sejam adaptados ao clima da região;

............ Apresentem crescimento rápido de cultivo;


............ Reproduzam-se naturalmente em cativeiro: de preferência, ou sejam
passíveis de se obter a propagação artificial (hipofisação);
............ Aceitem alimentos artificiais com bom índice de conversão
alimentar.;
............ Suportem elevadas densidades de estocagem.;
............ Sejam resistentes ao manuseio e às enfermidades; e
............ Sejam de boa aceitação comercial.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

4 CONSTRUÇÃO DE TANQUES E
VIVEIROS

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

4 .1 Con d i çõ es d a Lo ca l i za çã o

A viabilidade da implantação de uma unidade de piscicultura, como


de qualquer outro negócio, está condicionada a uma análise mais
detalhada dos aspectos de localização.

No caso específico da piscicultura, os fatores determinantes de uma


escolha são aqueles que levam em consideração: a topografia do
terreno; a análise quantitativa e qualitativa da água disponível para
abastecimento dos viveiros; e as funções determinantes gerais do
negócio.

4 .1.1 Top og raf i a

A topografia é, em grande escala, a demarcadora do volume


financeiro investido. É ela que determina o volume de terra a ser
movimentado na construção das instalações. A movimentação
de terra é um dos principais itens dos investimentos fixos do
empreendimento. A topografia condiciona ainda: o tipo, a forma,
a superfície, e até o número de viveiros possíveis de serem
construídos.

Com o objetivo de se buscar um melhor posicionamento dos custos


variáveis, deve-se observar a distância e a cota (diferença de nível)
entre o ponto de captação de água e a localização dos viveiros de
modo que a captação esteja numa cota mais elevada do que o ponto
máximo do nível da água dos viveiros.

Para a drenagem, a cota do manancial (riacho) também deverá estar


em cota inferior à cota do sistema de drenagem do viveiro, a fim de
que todo o processo de abastecimento e drenagem de água seja
feito por gravidade. É extremamente recomendável que na etapa
de elaboração do projeto e construção dos viveiros haja assistência
técnica de um topógrafo para a demarcação ideal das áreas. A
declividade do terreno deve ser inferior a 3%, evitando grandes
movimentações de terra nas construções dos viveiros.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

4.1.2 S olo
O tipo de solo mais apropriado para a construção de viveiros é
aquele cuja composição tenha 40% de argila e 60% de areia, além
de não possuir afloramento rochoso, ou raízes de grandes árvores
que dificultem o processo de escavação.

Terreno muito argiloso é desaconselhável, pois além de ser mais


difícil de ser escavado também favorece o aparecimento de
rachaduras quando esvaziado. Terreno muito arenoso não possui boa
retenção de água, favorecendo as infiltrações e, consequentemente,
demandando um maior volume de entrada de água.

Considerando-se as grandes diferenças entre os índices de acidez


encontrados, é necessário que se faça também uma análise de
solo para possíveis correções desta acidez. Para tanto, é utilizado o
calcário, a fim de ser mantido com um pH em torno de 7,3.

Granulometria: os solos para piscicultura devem, de preferência,


apresentar maior porcentagem de argila e silte, pelo menos 35%
de argila e, no máximo, de 60% de areia. As argilas são compostas
por grãos extremamente finos. Suas principais características que
interessam nas construções de viveiros são: impermeabilidade,
plasticidade e coesão. Quando essas características são atendidas, a
água tem maior dificuldade de infiltração e, por consequência, menos
água será perdida.

Aspecto e consistência: a plasticidade é a capacidade que o solo


possui de se deixar moldar em diferentes formas sem variação de
seu volume. Uma massa de argila seca se torna dura e não moldável.
Se receberem água em quantidades proporcionais, ela se torna
plástica, possibilitando sua moldagem.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Uma maneira prática de verificar se o solo apresenta características aceitáveis para a


construção de viveiros é coletar uma amostra de solo e comprimi-la nas mãos, fazendo
uma bola compacta. Depois, arremesse-a de uma altura de aproximadamente 50 cm do
solo. Se ela se manter coesa (firme), indica que há grandes chances de possuir quan-
tidade de argila suficiente. Se esfarelar, o solo possui muita quantidade de areia. Outro
método consiste em coletar uma amostra de solo e fazer um rolinho e juntar as pontas
formando uma “rosquinha”. Se nesse processo a amostra não se partir, indica que o
solo pode apresentar boas características para a construção de viveiros.

Permeabilidade: a permeabilidade é a característica que o solo


possui de permitir o escoamento da água ou ar por meio dele. A
permeabilidade pode variar com a temperatura ou a quantidade
de material argiloso ou arenoso no solo. É medida em função da
velocidade do fluxo de água durante um determinado período de
tempo.

O movimento da água dentro do solo vai carregando as partículas de


argila até um momento que se formam bolhas vazias em forma de
tubos. Isso pode apresentar sérios problemas com a desestabilização
do aterro. É normal que em viveiros novos as perdas por infiltração
sejam maiores. Com o tempo, ocorre sedimentação de uma película
de argila que praticamente impermeabiliza o fundo do viveiro.

Compactação: é importante que na construção dos viveiros seja feita


uma compactação bem firme, a fim de evitar o máximo de perdas
por infiltração. Para isso é necessário que se usem maquinários
apropriados para fazer a compactação do solo. Contudo, para uma
boa compactação é fundamental um teor de umidade apropriado.
Deve-se ter o cuidado para que esse teor de umidade não seja
elevado demais, dificultando o transporte e a compactação.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

4 .1.3 Ág u a
A água é fator crucial para planejamento da atividade. Isso se explica
pela sazonalidade dos períodos de chuva e de seca, onde, no
período de seca, a redução da vazão nos locais de captação pode
ser insuficiente para atender as exigências mínimas de quantidade
de água no sistema de produção.

Quando se trata de piscicultura, a água a ser utilizada deve atender


parâmetros de qualidade e quantidade suficientes para garantir a
viabilidade do cultivo e sanidade dos peixes.

Por isso, é importante conhecer a origem da água, a vazão mínima,


e as propriedades físico-químicas e biológicas da água, observando
se essas características proporcionam condições necessárias para o
cultivo de peixes.

Após o enchimento dos viveiros, a entrada de água nos mesmos


deve atender exclusivamente a três situações: recuperar as perdas
com infiltrações, recompor o volume evaporado, e/ou melhorar o
nível de oxigenação.

Dada a natureza do projeto, e do produto final, é essencial


a observação de determinadas normas básicas de higiene e
fitossanitárias mínimas para implantação do empreendimento, por
exemplo:

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

A) Localizar o empreendimento longe de fontes poluentes como


mananciais sujeitos a despejos de indústrias químicas, ou de
resíduos agrotóxicos, utilizados em plantações; e

B) No caso de utilização de esterco animal para a fertilização dos


viveiros e para a alimentação dos peixes, deve-se tomar cuidados
adicionais com as medicações dadas aos animais pelo simples fato
de resíduos das medicações poderem ser transferidos aos peixes.

Propriedades Qualitativas da Água

Dentre as propriedades qualitativas da água podemos citar: as físi-


cas, as químicas, e as biológicas. Dentre as características físicas,
temos a temperatura, a turbidez, o odor, a transparência e os sólidos
de suspensão. As características químicas, citamos o pH, o oxigênio
dissolvido, a alcalinidade, a dureza, a amônia, o nitrito, o nitrato, a
demanda bioquímica de oxigênio (DBO), o dióxido de carbono (CO2),
dentre outros. Já as propriedades biológicas, temos a qualidade e
densidade de microrganismos, espécies e quantidades de parasitas.

Propriedades Quantitativas da Água

A quantidade de água necessária para a atividade de piscicultura


depende de vários fatores como: espécie cultivada, sistema de
cultivo, clima, altitude e práticas de manejo.

As fontes de água mais utilizadas são nascentes ou pequenos


riachos (córregos). Quando a captação for de pequenos córregos,
é recomendável fazer um açude-reservatório fora do curso d’água
para a captação da água. É importante que este reservatório seja
construído de modo que o nível de água de operação esteja, pelo
menos, 30 cm acima do nível máximo de água dos viveiros de
produção, para que a água caia por gravidade, por meio de um canal
de derivação e abastecimento.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

O volume de água deverá ser suficiente para repor as perdas por


infiltração, por evaporação e renovação da qualidade de água. Em
alguns sistemas de cultivo, quando bem manejadas, a renovação de
água se torna praticamente irrisória no melhoramento da qualidade,
precisando apenas repô-la por perdas, por infiltração e evaporação,
que até podem chegar a valores significativos no verão.

Considera-se que o tempo necessário para enchimento de um viveiro


de 1 hectare (100 m x 100 m x 1,2 m) é aproximadamente de 15 a 20
dias. Deste modo, a vazão de água deve variar em torno de 5 a 10
L/s/ha da área alagada.

Vazão: o conceito de vazão é a razão do volume de líquido (água) em


um determinado tempo. Pode ser expresso pela fórmula: Q= volume /
tempo.

Medidas de vazão: é fundamental conhecer a vazão das fontes de


onde vai se captar a água para o cultivo, para que se possa planejar
e dimensionar com segurança a atividade. Nos períodos de seca, a
vazão pode ser muito baixa e em períodos de chuva a vazão pode ser
mais alta. Deste modo, é necessário que se conheçam as vazões em
pelo menos alguns períodos distintos.

Método direto para medida de vazão: este método consiste em


coletar toda a água por meio de uma tubulação em um recipiente de
volume conhecido. Determinando-se o tempo necessário para encher
todo o recipiente em um determinado tempo, tem-se a vazão em
litros/segundo (L/s).

Recomenda-se que se repita a medição pelo menos 3 vezes e se


faça uma média dessas medições. O tempo mínimo é de 5 segundos.
Então, de acordo com a quantidade de água que se deseja medir é
necessário que o volume do recipiente seja proporcional, ou seja,
medições de vazões de até 3 L/s. Pode-se utilizar, então, um balde de
20 L. Se a vazão é de até 10 litros, tem-se que utilizar uma caixa de
pelo menos 80 a 100 litros.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

4.1.4 Deter m i n a çõ es Gera i s

Outros fatores que devem ser levados em consideração para a


escolha do local de instalação de uma piscicultura, são: existência
de uma infraestrutura mínima de rede de energia elétrica; estradas
em bom estado de conservação; relativa proximidade dos mercados
consumidores; e, climáticas minimamente favoráveis.

A construção de tanques e viveiros de uma maneira adequada é de


fundamental importância para o manejo dos peixes. De uma maneira
geral, existem os seguintes tipos de tanques:

Tipos de Tanques e Viveiros

Viveiros de terra (escavados): os viveiros feitos de terra apresentam


condições próximas às naturais dos peixes. São construções menos
arenosas, mas necessitam de manutenção e reparos constantes.
Suas paredes devem apresentar inclinação máxima de 45 graus e ter
suas bordas gramadas para evitar desmoronamentos.

Viveiros de alvenaria: os tanques de alvenaria possuem paredes


revestidas de tijolos com fundo de terra, exigindo menos reparos, mas
são caros.

Outros: podem ser construídos de concreto, cimento-amianto, fibra de


video, lona plástica, entre outros.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Formas e Dimensões dos Viveiros

A forma e dimensões dos viveiros variam de acordo com a espécie


criada, topografia e formato do terreno, disponibilidade de água, tipo
de exploração e criação.

Os viveiros retangulares são os que apresentam melhor forma, tanto


para o manejo como para o bem-estar dos peixes. Viveiros muito
pequenos (menor que 400 m²) aumentam os custos e viveiros muitos
grandes (acima de 600 m²) inviabilizam um bom manejo de criação. A
profundidade pode variar de 0,80 a 1,50 metros.

Outras Características Importantes na Construção dos Viveiros

O local escolhido para a construção deve ser totalmente limpo,


retirando-se toda a matéria orgânica (restos de raízes, folhas, galhos,
entre outros), pedras, enfim, tornando o terreno mais estável e
evitando problemas de infiltração. Os viveiros devem ser construídos,
de preferência, escavados ou com levantamento de diques
aproveitando o máximo da topografia existente.

A compactação do fundo e das paredes é prática obrigatória para


evitar desmoronamentos, erosão e infiltração (se necessário
construir núcleos de argila nas paredes para mais segurança e
durabilidade); o fundo deve ter uma inclinação (declividade) de no
mínimo 1,5% em direção ao sistema de escoamento.

Taludes: os taludes de um viveiro de terra devem ser bem


construídos para garantir durabilidade e impedir infiltrações e
erosões. Na construção do mesmo, o ideal é fazê-lo em camada,
colocando 20 cm de terra, malhando e compactando, repetindo estes
passos até completar a altura total do talude (entre 0,8 m e 1,5 m).
Estes valores são referências para o tipo de solo próprio para viveiros
de terra (argiloso).

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Em qualquer caso o ponto mais alto do talude deve ficar 50 cm


acima do nível da água (borda livre) para evitar problemas como
transbordamentos. A largura da crista do talude depende muito do
tipo de empreendimento e do tamanho dos viveiros. Se os viveiros
forem muito grandes, a crista do talude deve ter 4 m para suportar
movimento de caminhões de despesca. Se os viveiros forem
pequenos, basta um trator para a despesca, logo o talude pode ser
mais estreito, na faixa de 2 m.

Entrada de Água e Canal de Abastecimento

O abastecimento dos viveiros pode ser feito com cano de PVC e


registro para regular a vazão. Importante, se possível, fazer a água cair
de uma altura de aproximadamente 50 cm, o que ajuda na oxigenação.
Lembrar de colocar pedras na região onde a água atinge o
fundo do viveiro, para evitar danos de erosão e ressuspensão de
material argiloso. A água de captação deve ser de boa qualidade,
apresentando as características físico-químicas que atendam a
espécie cultivada. Seu volume deve ser suficiente para atender as
renovações diárias (5 a 10 L/s/hectare).

Cada viveiro deve ter seu abastecimento individualizado. Nunca


abastecer um viveiro com água de outro viveiro em operação, com
água de baixas qualidades. Geralmente, para abastecimento geral
dos viveiros, é construído um canal em concreto, ou manilhas de
concreto. Para cada viveiro se constrói uma caixa de derivação, para
então derivar a água por um tubo de PVC para abastecimento do
viveiro.

Saída de Água e Canal de Deságue

Um dos fatores importantes no cultivo de peixes é poder esgotar


totalmente um açude ou viveiro, visando a despesca, manutenção,
adubação e principalmente a desinfecção feita pelo sol.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Para isso, existem algumas alternativas para se alterar, quando for


necessário, o nível da água de um viveiro ou açude. Quaisquer que
sejam as estruturas de saída de água implantadas, essas deverão
estar localizadas na parte mais baixa do viveiro, para que o mesmo
possa ser totalmente drenado.

É importante a retirada de água do fundo dos viveiros, uma vez que


essa água apresenta menor qualidade e, níveis baixos de oxigênio.
Para isso são propostos monges ou tubulações que utilizam sistema
de sifonamento.O canal de deságue pode ser feito similar ao canal
de abastecimento, utilizando calhas e os tubos de PVC, que levam a
água até o tanque de decantação ou estabilização.

Estrutura: o “Cotovelo ou Joelho”É a estrutura mais barata, sendo


muito utilizada atualmente para tanques ou açudes com menos de 2 ha.
Essas estruturas são de PVC rígido (canos) e são fixados em uma base
de concreto ou alvenaria, variando de tamanho conforme as dimensões
do tanque. Existem dois tipos: os fixos ou móveis:

• Fixo: a estrutura de PVC rígida é fixada em um muro de concreto


ou cimento. Os níveis da água podem ser alterados, retirando-se os
diferentes tubos segmentados (também em PVC) existentes. Na par-
te superior do tubo por onde é drenada a água, coloca-se uma tela
de malha condizente com o tamanho dos peixes em cultivo, para se
evitar a fuga dos mesmos.

• Móvel: análogo a sua estrutura anterior quanto à sua implantação. A


diferença é que essa estrutura não apresenta segmentações e o ní-
vel da água é alterado, baixando-se a estrutura (tubo de PVC) para
um lado ou para o outro. Das existentes, é a mais barata e mais
adotada atualmente em todo Brasil.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Estrutura: monge

É a melhor estrutura desenvolvida para a saída de água de um


tanque e é considerada de primeira qualidade. Porém, é a mais cara
e mais complexa, podendo ser utilizada para qualquer dimensão
de viveiros ou açude. O monge é uma estrutura feita de concreto
armado, por meio de um molde de madeira e que tem a forma da
letra “U”. Essa estrutura é construída na saída de água dos viveiros,
na sua parte mais baixa.

Na sua porção interna, pode apresentar de duas a três ranhuras,


onde serão inseridas pequenas tábuas ou tabiques, serragem e telas
de proteção, que irão impedir a fuga dos peixes de cultivo.

Tanque de Decantação ou Estabilização

O tanque de decantação ou estabilização é recomendável para


melhorar a qualidade da água depois de ser utilizada na piscicultura,
e assim devolvê-la ao meio ambiente. Tem a finalidade de reciclar os
nutrientes e metabólitos em excesso, providos de restos de rações,
excretas dos peixes, entre outros, e, também, decantar os materiais
em suspensão.

É exigido uma área de 20% da soma da área total alagada dos


viveiros de cultivo. As características deste tanque são as mesmas de
um viveiro de produção.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

5 A QUALIDADE DA ÁGUA
NA PISCICULTURA

Alguns fatores são extremamente importantes para a qualidade da água.


Atentando para eles o piscicultor irá manter seu negócio saudável e
lucrativo.

A qualidade da água inclui todas as características físicas, químicas e


biológicas que interagem individualmente ou coletivamente, influenciando o
desempenho da produção.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

A perda do equilíbrio do ecossistema aquático acarreta diretamente na perda do


equilíbrio econômico da atividade, trazendo como consequência a diminuição
da produtividade e decorrente prejuízo. As características que mais limitam a
produção de peixe em tanque-rede são:

»» Temperatura.

»» Transparência.

»» Oxigênio.

»» Gás carbônico.

»» pH da água (acidez ou alcalinidade).

»» Amônia.

Há outros fatores que também interferem na qualidade da água e no resultado da


criação de peixes. Os fatores acima relacionados são os mais críticos e de mais
fácil monitoramento, os quais podem e devem ser feitos pelo próprio produtor.

Temperatura

É um importante fator limitante para produção de peixes tropicais, já


que estes são pecilotérmicos, ou seja, têm a temperatura corporal
variando em função da temperatura da água. As espécies de peixes
nativos, em geral, toleram limites de temperatura de 22ºC a 32ºC,
sendo que a de melhor desempenho se situa na faixa de 24ºC a 30ºC.

Transparência

É um fator importante na produção de peixe, principalmente porque a vida


dentro da água necessita de luz. Se a transparência se apresenta reduzida,
a luz penetra poucos centímetros na coluna de água, não provendo calor e
condições necessários ao desenvolvimento do fitoplâncton, diretamente ligado
à produção de oxigênio.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Oxigênio

A quantidade de oxigênio é considerada a variável mais crítica de


qualidade de água, sendo medida em miligrama por litro (mg/l). Depende
diretamente da temperatura da água, altitude e salinidade. Quanto maior
a altitude ou a temperatura da água, o nível de saturação de oxigênio é
menor. Isso significa que em temperatura de 30ºC em 1.000 m de altitude,
não adianta colocar aeradores, sopradores, pois o oxigênio dissolvido vai
ficar no máximo em 6,6 ppm (partes por milhão) - nível de saturação.

Os organismos aquáticos têm limites máximos e mínimos de tolerância


para teores de oxigênio dissolvido (od). Os peixes tropicais, em geral,
exigem concentração acima de 5mg/l. Exposição contínua a níveis
inferiores a 3mg/l pode levar ao estresse, com consequente diminuição da
resistência, aumentando, assim, a incidência de doenças e mortalidade.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Dióxido de Carbono

O dióxido de carbono se encontra na forma de gás dissolvido, bicarbonatos


e carbonatos. A formação desse gás está relacionada a respiração das al-
gas, peixes e a processos de decomposição de matéria orgânica.

pH

É uma medida que fornece o grau de acidez da água e varia de 0 a 14. O


pH 7 é considerado neutro, acima alcalino e abaixo ácido. Para produção
de peixes, os valores mais adequados estão na faixa de 6,5 a 8.

Valores de pH menores que 4 e acima de 11 podem ser letais para


algumas espécies de peixes. Os principais fatores determinantes do pH
são o dióxido de carbono e a concentração de sais em solução.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Amônia

É uma medida que fornece o grau de acidez da água e varia de 0 a 14. O


pH 7 é considerado neutro, acima alcalino e abaixo ácido. Para produção
de peixes, os valores mais adequados estão na faixa de 6,5 a 8.

Valores de pH menores que 4 e acima de 11 podem ser letais para


algumas espécies de peixes. Os principais fatores determinantes do pH
são o dióxido de carbono e a concentração de sais em solução.

6 MANEJO PRODUTIVO NA
PISCICULTURA

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

6.1 Fluxogra m a d o P ro c e sso Prod u t i vo

Preparação dos Viveiros Escolha dos Alevinos e Povoamento

Alimentação / Tratamento Acompanhamento Despesca

Seleção Pesagem

6.2 Descr i çã o d o P ro c es so Prod u t i vo

O processo de engorda de peixes é relativamente simples consistindo


basicamente na preparação dos viveiros; escolha dos alevinos e
o povoamento; alimentação e tratamento; acompanhamento da
evolução do crescimento; e, despesca, seleção e pesagem.

6.2.1 P rep a ra çã o d o s Vi ve i ros

A preparação dos viveiros consiste basicamente na calagem e nas


adubações do terreno.

Calagem e Adubação de Viveiros

Colagem dos Viveiros

A calagem é a primeira coisa a ser feita e depende da análise de solo do


viveiro. Tem como objetivo controlar a acidez do solo, aproximando o pH
à 7 (com a análise de solos, têm-se condições de atingir esse valor).

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Os terrenos arenosos geralmente exigem uma calagem mais leve do que


terrenos argilosos. Os terrenos turfosos (presentes em locais baixos e com
coloração escura) necessitam de uma calagem mais pesada (de 5 a 7 ton/
ha) por serem muito ácidos (pH entre 4 e 5);

Uma boa calagem deve ser realizada três meses antes de se colocar
água no tanque (tempo necessário para o calcário reagir com o solo).
Esse tempo pode ser menor caso o calcário tenha uma textura mais fina
ou se utilize cal virgem (diminui o tempo para 45 dias; entretanto, esses
produtos são mais caros). O calcário tem que ser incorporado no solo
(pelo menos no fundo) a uma profundidade de 15 a 20 cm (usar enxada
ou grade).

O pH baixo causa

»» Menor produtividade dos viveiros;

»» Impede a reciclagem de nutrientes (reduz a atividade de decomposição


da matéria orgânica);

»» Maior vulnerabilidade dos peixes às doenças (muco e brânquias); e

»» Menores taxas de fertilização e sobrevivência de larvas e alevinos.

Em média, são utilizados: calcário (CaCO3); e/ou, cal virgem ou cal


hidratado (CaO) em pó, nas quantidades:

»» 200 g/m³ de calcário dolomítico, ou;

»» 100 g/m³ de cal virgem ou cal hidratada.

Adubação dos Viveiros

A adubação dos viveiros pode ser orgânica ou inorgânica (química),


tendo a mesma finalidade que na agricultura. É feita para aumentar
a produção primária da água de cultivo, aumentando deste modo a
produtividade final.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Adubação Orgânica

Os adubos utilizados para a piscicultura são os estercos de aves, de


bovinos, de suínos e outros.

Modo de aplicação do adubo orgânico:

»» Colocar uma lâmina de água de 20 cm no viveiro. Aplicar o esterco


espalhando-o em sua superfície uniformemente.

»» Viveiro seco, a aplicação deve ser a lanço no fundo do viveiro.

Obs.: Evite a adubação em dias nublados e monitore a qualidade


da água, quando o viveiro já estiver povoado. Deve-se espalhar
principalmente no fundo e, se estiver muito seco, jogar uma camada de
terra entre 2 a 3 cm para que o esterco não boie.

Adubação Química

São utilizados adubos químicos empregados normalmente na agricultura,


contendo bases de nitrogênio, fósforo e potássio (N2PK), nas proporções
de 4/8/2. Aconselhamos a aplicar unicamente o fósforo, sob a forma de
superfosfato simples ou tripo.

Devem-se dissolver os adubos previamente em água. Nunca jogar


diretamente na água principalmente os adubos a base de fósforo, pois o
solo os retém com facilidade.

Modo de aplicação do adubo químico:

»» Colocar uma lâmina d’água de 20 cm no viveiro;

»» Dissolver o fertilizante (1 parte de adubo para 10 ou 20 partes de água);

»» Deixar descansar por 1 a 2 horas;

»» Aplicar o fertilizante espalhando na superfície do viveiro.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Obs.: É importante que a adubação, após o peixamento, seja feita em


três dias consecutivos, de preferência na presença de solo, momento
este em que as algas estão em alta atividade fotossintética. A
quantidade aplicada deve ser proporcional ao número de dias em que
a mesma será realizada.

Escolha dos Alevinos e o Povoamento

O povoamento dos viveiros deverá ser feito na relação de 01 (um)


alevino por m² de lâmina de água. Considerando um viveiro de 5.000
metros quadrados, com um altura média de 1,5 metro, devem ser
colocados 5.000 alevinos.

Os peixes para povoamento dos viveiros deverão ser adquiridos


de estações de pisciculturas especializadas.Os alevinos devem
ser colocados nos viveiros com muito cuidado para que não sejam
machucados. Deve-se evitar tocar os alevinos com as mãos, a fim de
não retirar a fina camada de “muco” que os protegem.

Outro cuidado importante é com a temperatura da água. O saco


plástico que transporta os alevinos devem ser colocados em contato
com a água que irá recebê-los. Quando a temperatura da água do
saco plástico, se igualar à temperatura da água do viveiro, os filhotes
podem então ser soltos aos poucos e devagar. A melhor hora para
soltar os alevinos nos viveiros é pela manhã ou ao entardecer, ou
ainda, nos dias nublados a qualquer hora.

Alimentação e Tratamento

A engorda de peixes em escala comercial é o que determina as


alimentações artificiais por intermédio de rações balanceadas,
fareladas ou granuladas, complementadas por outros nutrientes.

Na hipótese de cultivo semi-intensivo, com tecnologia de alimento à


base de ração, para sustentar um povoamento de 1 (um) peixe por
metro quadrado, o alimento deve ser administrado duas vezes por dia,
em períodos fixos.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

De preferência no início da manhã e no final da tarde. É importante


lembrar que a maioria dos peixes possui hábitos alimentares
diferenciados, consequentemente uma exigência nutricional também
diferenciada. Quanto mais carnívoros forem os peixes cultivados,
maior a porcentagem de proteína bruta na ração.
Exigências de porcentagem de proteína bruta e tamanho do pellet de rações
comerciais para algumas espécies de peixes
Peso Vivo Tilápia Redondos Piauçu Matrinxã Pintado

45% 45% 45% 45% 45%


Até 5 g
Pó Pó Pó Pó Pó

40% 40% 40% 40% 40%


5 - 25 g
1,7 mm 1,7 mm 1,7 mm 1,7 mm 1,7 mm

36% 36% 36% 36% 40%


25 - 50 g
2 - 4 mm 2 - 4 mm 2 - 4 mm 2 - 4 mm 2 - 4 mm

36% 28% 28% 36% 40%


50 - 100 g
4 - 6 mm 4 - 6 mm 4 - 6 mm 4 - 6 mm 4 - 6 mm

32% 28% 28% 36% 40%


100 - 200 g
6 - 8 mm 4 - 6 mm 4 - 6 mm 4 - 6 mm 4 - 6 mm

28% 28% 28% 28% 28%


200 - 500 g
6 - 8 mm 6 - 8 mm 6 - 8 mm 6 - 8 mm 6 - 8 mm

28% 28% 28% 28% 28%


500 - 750 g
6 - 8 mm 6 - 8 mm 6 - 8 mm 6 - 8 mm 6 - 8 mm

28% 28% 28% 28% 40%


750 - 1000 g
6 - 8 mm 6 - 8 mm 6 - 8 mm 6 - 8 mm 6 - 8 mm

28% 22% 22% 28% 40%


1000 - 1500 g
6 - 8 mm 14 - 20 mm 14 - 20 mm 6 - 8 mm 14 - 20 mm

28% 22% 22% 28% 40%


1500 - 2000 g
6 - 8 mm 14 - 20 mm 14 - 20 mm 6 - 8 mm 14 - 20 mm

Acima de 22% 22% 28% 40%


-
2000 g 14 - 20 mm 14 - 20 mm 6 - 8 mm 14 - 20 mm

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

A idade dos peixes influencia diretamente na quantidade de ração


consumida. Quanto menor a idade dos peixes, maior a quantidade
de ração fornecida em relação à biomassa corporal. Alevinos de
0,5 a 25 gramas chegam a consumir 10% de ração em relação
à biomassa corporal do dia. Os alevinos de 25 a 100 gramas
consomem aproximadamente 6% de ração em relação à biomassa
corporal do dia. Juvenis consomem de 6 a 3%. Peixes adultos
consomem de 3 a 2% de ração em relação à biomassa corporal do
dia.

A metodologia mais utilizada para a determinação da quantidade


de ração a ser lançada nos viveiros é a que guarda uma relação da
ração com a biomassa dos viveiros. A quantidade de ração a ser
lançada por dia deve corresponder ao índice de % da biomassa
existente no viveiro de acordo com a idade dos peixes, isto é,
quantidade total de peixes vezes seu peso médio, sempre dividido
na quantidade de vezes que os peixes serão alimentados ao dia.

O cálculo dessa biomassa deve ser feito de 15 em 15 dias, e


consiste em: primeiro, coletar uma amostra aleatória de peixes com
rede ou tarrafa. Em segundo lugar, os peixes são então pesados
para um acompanhamento de seu crescimento evolutivo, e então
realizar o cálculo de seu peso médio necessário para a estimativa
da biomassa. Desta forma, a biomassa do viveiro é igual ao peso
médio dos peixes coletados na amostra, vezes o número de peixes
estimados no viveiro.

A quantidade e horários de alimentação dependem de vários


fatores, por isso é válido se basear em tabelas. Contudo, sempre
usando o bom senso.

Os peixes deverão ser alimentados exclusivamente durante o dia.

A alimentação no período noturno pode acarretar queda brusca


na quantidade de oxigênio da água, prejudicando a respiração e o
metabolismo dos peixes.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

A frequência de arraçoamento é o número de vezes que os peixes


devem ser alimentados por dia; isso varia com: a temperatura, a
espécie, o tamanho ou a idade dos peixes, e a qualidade água. E
o fornecimento das rações deve ser sempre nos mesmos horários,
para condicionar os peixes a buscarem o alimento nessas horas.
Geralmente, eles alimentam-se nas primeiras horas do dia ou, então,
ao entardecer.

É mais seguro errar por falta do que por excesso de ração. O excesso
de ração provoca desperdício, mortalidades e poluição ambiental. A
falta de ração apenas retarda o crescimento, a não ser que a falta seja
significativa, acarretando doenças e até mortalidade.

EXEMPLO

Para um viveiro com área de 1000 m² e profundidade media de 1,20


m, tendo uma população de 1.000 peixes com peso de 200 gramas
cada, adotando a proporção de 3% de ração, em relação ao peso vivo
da população. Duas alimentações diárias. Calcular a quantidade de
ração por dia e em cada alimentação.

Fórmula para cálculo de ração diária = (número de peixes X peso X


proporção utilizadas) / 1000

Total = (1000 px X 0,2 Kg X 3%) / 100 = 6,0 kg de ração / dia

Logo, utilizaremos 3 kg pela manhã e essa mesma quantidade à


tarde.

O armazenamento da ração deve ser de acordo com o fabricante:


local seco; fresco; arejado; apoiados sobre estrado; sem contato
direto com o chão e protegido contra animais oportunistas (ratos
e pássaros). É importante verificar alteração de cor e/ou cheiro da
ração, que pode indicar problemas de qualidade da mesma.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Semanalmente deve ser feito testes para apurar os níveis de acidez,


temperatura e oxigenação da água, e caso sejam encontrados
parâmetros fora dos aceitáveis, medidas imediatas de correção devem
ser tomadas para manter o bom equilíbrio do ecossistema e assim
garantir os índices de eficiência técnica do empreendimento, se for o
caso, suspender o arraçoamento.

Despesca

A despesca consiste na retirada dos peixes de dentro do viveiro,


ou para troca de tanque, ou para o abate. O manejo da despesca
representa um fechamento de um ciclo de produção e o início da
fase de processamento do pescado. Portanto, a despesca deve ser
feita de forma ágil e ao mesmo tempo suave, com equipamentos
apropriados e pessoal treinado. Esse procedimento correto é para
manter toda qualidade nutricional, apresentação desse pescado e vida
de prateleira.

O primeiro passo para a realização da despesca é a retirada de uma


amostra de peixes para pesagem e medição. Caso se confirme uma
média de peso dentro das expectativas, deve-se iniciar o processo de
esvaziamento do viveiro, que deverá ser feito de forma gradativa.

A despesca deve ser precedida de um jejum de 24 a 48 horas e de um


posterior esvaziamento. É passado uma rede de malha que pode variar
entre 25 e 40 mm entre os nós, para a coleta dos peixes que inicialmen-
te vão para reservatórios menores com água.

Depois de retirado os peixes, deve-se esperar a decantação dos sóli-


dos e da matéria orgânica em suspensão, liberando em seguida e gra-
dativamente a água para o tanque de decantação. Este procedimento
evitará a liberação de água de baixa qualidade ao meio ambiente. Após
a despesca, o pescado deve ir para o gelo o mais breve possível, para
ocorrer a morte por choque térmico e a seguir para o processamento o
quanto antes.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

»» TIPOS DE REDES PARA DESPESCA

Rede de arrasto: as redes de arrasto devem ser fabricadas sem nós,


para não machucarem os peixes.

Existem redes com malhas apropriadas para cada tamanho de


peixe, sendo algumas desenvolvidas especificamente para algumas
espécies, como no caso de tilápia e redondos.

Na alevinagem, use malha de 0,5 cm entre nós para alevinos de 0,1


a 0,5 g. Acima desse tamanho, passe para uma malha de 1 cm (para
não machucar o peixe).

Para captura de alevinos com 0,1 g, também, pode-se adaptar uma


tela de mosquiteiro a uma rede de 1 cm de malha. A rede vai na frente,
segurando toda a sujeira, com mais de 1 cm, e os alevinos são retidos
pela tela de mosquiteiro.

Os manejos de despesca para alevinos menores de 1 g, mencionados


acima, são mais comuns em larviculturas.

Obs.: O tamanho das redes devem ter duas a três vezes a largura do
viveiro e 1,5 m a 2 m de altura. Os peixes devem ficar o menor tempo
possível fora da água. Para isso, você deve, primeiramente, planejar
a ação e dispor os equipamentos de maneira que não se perca tempo
entre a captura e a colocação dos peixes em recipientes como caixas
de isopor, baldes, puçás, sacos de coleta ou outro recipiente com água
limpa para receber os peixes capturados.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Seleção e Pesagem

Esta etapa caminha de acordo com os compromissos, com o mercado.


Os peixes são selecionados entre aqueles que vão para o abate
destinado ao consumo direto (mercado consumidor) e aqueles que
seguirão em tonéis com água e oxigênio com destino aos pesque-pague.

Tempo Atividade Objetivo


Deixar secar o viveiro
vazio ao sol até rachar
Eliminar pragas e doenças
o solo, se ficar poças de
15 dias e aumentar a produção
água, aplicar cal virgem.
primária (Plânctons).
Depois, fazer adubação
orgânica ou inorgânica.
Evitar problema no
talude, verificação de
Colocar água nos viveiros
2 - 4 dias vazamentos e crescimento
aos poucos.
de macrófitas (plantas
aquáticas).
Aclimatar os alevinos Evitar mortalidade em
1 hora no viveiro, conforme massa por choque de
protocolo próprio. qualidade de água.
Engorda para
6 - 8 meses Ciclo propriamente dito.
comercialização.
Melhorar a qualidade do
24 - 48 horas Jejum pré-despesca
pescado.
Esvaziamento de 70% da
24 horas Despesca.
água do viveiro.
Despesca e conservação Conservação e
4 horas
no gelo. comercialização.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

7 MORFOLOGIA E FISIOLOGIA
BÁSICA DOS PEIXES

7.1 Anato mi a E x ter n a

Os peixes se apresentam divididos em duas partes: a cabeça e o tronco.


O seu corpo pode ser recoberto por escamas e/ou couro. Os órgãos
responsáveis pela propulsão e equilíbrio do peixe na água são as
nadadeiras.

A grande maioria dos peixes de água doce, tanto de escamas quanto de


couro, como o dourado, o lambari, o pintado e o jaú, possuem nadadeiras
pares, peitorais e pélvicas, e ímpares, dorsal, adiposa e caudal.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

A maioria das formas marinhas que ocorrem no litoral brasileiro não


possui a nadadeira adiposa, a não ser o bagre da família Arridae.

A nadadeira caudal é a principal geradora do impulso que desloca o


peixe na água, empurrando seu corpo para frente. As demais têm a
função de manter o corpo na posição vertical, como a dorsal e a anal, e
de efetuar as manobras de subida e descida e de rolamento, como as
peitorais e pélvicas.

A cabeça abriga três importantes sistemas: a boca que é a entrada para


o trato digestivo, responsável pela apreensão e ingestão dos alimentos;
as brânquias, ou guelras, que funcionam como pulmões, realizando as
trocas gasosas na maioria dos peixes; e o cérebro, principal órgão do
sistema nervoso, que, junto com os hormônios, integram todos os outros
sistemas, coordenando o organismos como um todo.

As maxilas estão providas de diversos tipos de dentes, que variam de


um grupo para outro.

Nos dourados, tem a forma de cones, são afiados e cortantes, usados


para prender e cortar peixes de que se alimentam; nas anchovas,
espadas e cavalas a diferença é que os dentes são triangulares e
também muito cortantes; nos pacus são molariformes e servem para
triturar as frutas, sementes e folhas; os dentes laterais do pargo e do
marimbá servem para triturar algas e pequenos crustáceos; no pintado
e jaú estão dispostos em placas, são pequenos e numerosos e servem
para abocanhar e prender as presas, como na betara branca, no olhete e
no olho-de-boi.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

7. 2 Anato mi a Inter n a

Abaixo, veja a descrição de alguns órgãos internos e suas funções


representados na figura acima:

Coração: é o órgão que bombeia o sangue de forma que circule no corpo de


todo o animal.

Brânquias: ou guelras (termo vernáculo) são os órgãos da respiração, ou


seja, é nelas que ocorrem as trocas gasosas entre o sangue ou linfa, dos
seus portadores, e a água.

Bexiga natatória: é um órgão que auxilia os peixes a manterem-se a


determinada profundidade por meio do controle da sua densidade em relação
à da água.

Rim: é o órgão responsável pela filtração do sangue e excreção.

Gônada: é a glândula sexual responsável pela produção de gametas


masculinas ou femininos e também pela produção de hormônios.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Estômago: é a víscera responsável por parte da digestão dos alimentos.

Intestino: é a víscera responsável pela absorção dos nutrientes após


digeridos no estômago.

Ânus: é o orifício na extremidade terminal do intestino, pelo qual se


expelem os excrementos.

Poro genital: é o orifício na extremidade terminal das gônadas, pelo qual


se expelem os gametas.

Fígado: é responsável por armazenar e metabolizar as vitaminas, fazer


a síntese das proteínas plasmáticas, desintoxicação de toxinas químicas
produzidas pelo organismo e desintoxicação de toxinas químicas externas
ao organismo.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

8 ENFERMIDADES

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

8.1 P reve n çã o

A melhor maneira de lidar com enfermidades é evitá-las na medida do


possível. Para isso, basta seguir todas as recomendações dos sistema de
manejo descrito nesse material e consultar um profissional na área. Os
parâmetros mais importante para a saúde dos peixes é a qualidade da água,
principalmente o oxigênio dissolvido.

Os principais fatores que afetam o oxigênio são:

Temperatura da água: quanto maior a temperatura, menor o oxigênio


dissolvido;

Biomassa: quanto maior a biomassa, maior o consumo de oxigênio;

Arraçoamento: quanto mais sobras de ração, maior o consumo de oxigênio;

Fitoplâncton: quanto mais algas microscópicas na água (água verde), maior


o consumo de oxigênio durante a noite.

Outro fator que geralmente pode causar problemas é a ração, que deve ser
de boa procedência e do tipo certo, conforme o peixe e suas necessidades.

Outras fontes de enfermidades e controle

Água do abastecimento: se possível, usar filtragem de areia;

Alevinos/reprodutores de outro local: adquirir alevinos de fornecedores


idôneos, entrada e saída de água dos viveiros independentes entre si;

Pessoas que circulam em várias pisciculturas: permitir acesso aos


tanques somente com as roupas próprias à piscicultura ou impedir acesso;

Peixes já enfermos: retirar do tanque e enterrar o mais breve possível,


longe dos viveiros;

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Rede de despesca: se possível, usar uma rede para cada viveiro;

Predadores em geral: espantar;

Ciclos anteriores: desinfetar o viveiro antes de cada ciclo.

8.2 Como Id enti f i ca r a s E nfe r m i d a d e s?

Determinar se um peixe está ou não com uma enfermidade faz parte de um


procedimento onde avalia-se principalmente o comportamento e a fisionomia
do animal.

Aspecto a considerar Peixe sem enfermidade Peixe com enfermidade


Irregular, errático, com
Normal (característica de
Natação afundamento no lado da
cada espécie)
superfície
Característica voracidade. Nenhum alimento
Pegam alimento na ou consumir muito
Ingestão de alimentos superfície ou no fundo, pouco, ficando a ração
estimulando a alimentação acumulada nos cantos do
de rotina tanque
Reação de fuga Responde à estimulação
Sem resposta ao ruído
do ruído
Pigmentação definida de Com cor muito clara, ou
Coloração
acordo com a espécie muito escura
Suave, sem hematomas, Descamação aparente;
Pele com pequena secreção de feridas ou contusões;
muco hipersecreção de muco
Córneas transparentes e
Olhos Opacos
brilhantes
Cor anormal (rosa pálido,
Com uma cor vermelha cianótico, hemorrágica,
Guelras brilhante e lamelas entre outras). Lamelas
completo com lesões óbvias ou
parasitas
Com lesões e/ou lesões
Integras, sem hemorragias
Rins aparentes e presença de
subcutâneas, ou parasitas
parasitas ligados
Sem sangramento ou Saída com sinais de
Ânus e Papilas Genitais
congestionado hemorragia

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

8.3 P rincip a i s D oen ça s n a Pi sc i c u l t u ra

Existem algumas doenças que perturbam, sobremodo, o cultivo de


peixes. Abaixo são descritas algumas enfermidades e seus respectivos
tratamentos.

O uso de produtos químicos e as dosagens devem ser indicadas por um


técnico responsável após a identificação do problema.

Deve ser evitado o uso indiscriminado desses produtos, pois existem


diferenças de tolerância de doses entre as espécies. As larvas e alevinos
são mais sensíveis a produtos químicos que peixes adultos.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

8.3.1 Bacté r i a s

Aeromonas hydrophila e Pseudomonas fluorescens

Tanques com alta carga de material orgânico e com água de má qualidade


facilitam sua ocorrência que pode aumentar nos períodos de primavera e
outono.

O peixe perde o apetite, reduz a atividade, apresenta natação vagarosa e


tende a se posicionar nas áreas mais rasas do tanque; apresenta erosão
nas nadadeiras, lesões circulares ou irregulares do tipo úlceras pelo corpo,
hemorragia nas bordas das lesões e na base das nadadeiras, olhos saltados
de aspecto opaco e hemorrágico, abdômen distendido e presença de fluído
opaco ou ligeiramente sanguinolento na cavida abdominal, fluído amarelado
ou sanguinolento no intestino, hemorragia nos órgãos internos como o
fígado, hiperplasia (aumento do tamanho) de órgãos como o fígado, baço
e rins; fígado de coloração pálida ou ligeiramente esverdeada e pontos
hemorrágicos na parede interna da cavidade abdominal.

Flexibacter columnaris

Causadora da Columnariose ou doença da boca de algodão ou da cauda


comida, como é popularmente conhecida, esta bactéria coabita os sistemas
aquáticos, normalmente em equilíbrio, até ao momento em que, ou por má
nutrição, ou por má qualidade da água ou mau manuseio, ela se manifesta
instalando-se em lesões causadas por ferimentos ou por parasitas. A
transmissão ocorre de peixe para peixe facilitada com o aumento da
densidade de estocagem, da temperatura e das injúrias físicas.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

8.3.2 Fun go s

Saprolegnia parasítica

É um dos fungos, branco ou cinza claro, com aspecto de algodão,


causadores da infecção. Nutrição inadequada e injúrias físicas propiciam
a infestação. Transporte e manejo de espécies tropicais como as tilápias,
pacus, tambaquis e tucunarés, entre outras, sob condições de baixa
temperatura de inverno e de início de primavera podem favorecer as
infestações.

A doença se manifesta inicialmente com despigmentação de áreas na pele


dos peixes seguida da multiplicação e elongação das hifas (filamentos)
formando os típicos “tufos de algodão”. Peixes mortos devem ser retirados
dos tanques.

8.3.3 P rotozo á r i o s

Ichthyophthirius mutifilis

Doença conhecida como “Doença dos Pontos Brancos” ou Ictio, se


caracteriza pela presença de pontos brancos visíveis a olho nu, espalhados
pelo corpo, principalmente sobre as nadadeiras. O peixe apresenta
excessiva produção de muco e fica se raspando no substrato, em plantas
e outros objetos presentes nos tanques. O parasita normalmente se
instala nas brânquias dificultando a respiração, a excreção nitrogenada e a
osmorregulação dos peixes.

Outros protozoários parasitas, como o Episttylis, a Ambiphtya, a Trichodinas


e o Trichophrya, também se fixam ao peixe na pele, nadadeiras e
brânquias e se alimentam filtrando o material orgânico na água. Quanto
maior o acúmulo de resíduos orgânicos nos tanques de produção, maior a
população destes parasitas.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

8.3.4 Tremáto d o s

Os tremátodos monogênicos fixam-se ao hospedeiro por meio de parelhos


de fixação (haptores) com ganchos ou ventosas. Normalmente encontrado
no corpo, nadadeiras, nas brânquias dos peixes. Os Trematodos Digêneos
possuem aspectos similares a pequenos vermes, normalmente encontrados
na forma de cistos na pele, órgãos internos, como o fígado e nos olhos dos
peixes.

8.3.5 C ru stá c eo s

O Argulus é comumente conhecido como “Piolho de Peixe”. Importantes


vetores de doenças virais e bacterianas. Apresentam corpo achatado e oval,
se fixam na pele e nas nadadeiras por meio de ventosas e se alimentam dos
fluídos dos peixes. O Ergasilus sp. é outro microcrustáceo frequentemente
encontrado nas brânquias dos peixes. Ocasionalmente podem aparecer na
parte interna da boca dos peixes.

Os peixes podem apresentar sintomas de asfixia mesmo sobre condições


de oxigênio dissolvido adequadas. As Lemaeas fixam-se aos peixes com
auxílio de ganchos especiais com formato de âncora, localizados na cabeça
da parasita que penetra na musculatura do peixe, deixando a região caudal
com o formato de um verme. Causam severa anemia e mortandade aos
alevinos e não raro os peixes adultos.

O peixe desenvolve uma forte reação à penetração do parasita o que


lhe confere mau aspecto, bastante inflamado, apresentando uma lesão
avermelhada e escurecida, onde infecções secundárias por fungos,
bactérias e vírus se desenvolvem provocando a morte massiva dos peixes.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

8.3.4 Verme s

Vermes parasitas incluem inúmeros representantes das classes Cestoda


(lombrigas), Nematoda (vermes arredondados) e Acantocephala (vermes
de cabeça espinhosa) bem como da classe Hirundinea (sanguessugas).
Normalmente, estes vermes usam os peixes como hospedeiros
intermediários. Se ingeridos crus, podem representar riscos à saúde
humana.

8.4 Forma s d e Trata m ento

As formas de tratamento mais empregadas são:

»» Tópico: aplicação do terapêutico diretamente nos locais de infecção;


evitando contato direto dos produtos com as brânquias.

»» Injeção: principalmente de antibióticos em peixes de grande valor, como


reprodutores, peixes ornamentais, entre outros.

»» Ração medicada: geralmente com antibióticos.

»» Banhos rápidos: consiste na exposição dos peixes a uma elevada


concentração do terapêutico, porém de curta duração (segundos a
minutos).

»» Banhos prolongados ou fluxo contínuo: os peixes são submetidos a


uma baixa concentração do terapêutico por períodos mais longos (minutos
a horas).

»» Tratamentos por tempo indefinido: os peixes ficam expostos a uma


baixa concentração terapêutica por tempo indeterminado. Esta forma
de tratamento é bastante empregada em tanques e viveiros de maiores
dimensões.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

8.4.1 Verme s

Sal Comum: o sal é um produto barato e bastante seguro no tratamento


de alguns parasitas e bactérias externas. O sal pode ser usado sem maior
cuidado ou restrição no tratamento de peixes destinados ao consumo
humano.

Permanganato de Potássio (KMnO4): este produto é bastante eficaz no


controle de bactérias externas como a F. Columnares, alguns protozoários
e crustáceos parasitas e fungos, neste caso com soluções tópicas.

Azul de Metileno: é um corante com ação bactericida e parasiticida.


Pode ser usado no controle de protozoários e fungos.

Formalina (40% Formaldeído): é um terapêutico bastante usado no


controle de fungos e protozoários. A aplicação pode causar a redução dos
níveis de oxigênio dissolvido na água de tanques e viveiros.

Sulfato de Cobre (CuSO4.5H4O): pode ser usado no controle de


protozoários, trematados monogêneos, fungos e bactérias externas. No
entanto, o sulfato de cobre é bastante tóxico aos peixes, principalmente
em águas com alcalinidade abaixo de 30 mg de CaCO3/L. A dose de
sulfato de cobre a ser aplicada é calculada dividindo a alcalinidade total
por 100.

Triclorfon: este inseticida é bastante utilizado no controle de crustáceos


parasitas (Lernaea, Angulus e Ergasilus), Trematodos monogênicos e
sanguessugas, bem como na erradicação de ninfas e insetos aquáticos.
Pode ser tóxico em água com baixa alcalinidade total, menor de 30 mg de
CaCO3/L, principalmente em dosagens acima de 0,25g/m2. O produto não
deve ser aplicado em água com pH acima de 8,5.

Verde Malaquita: este produto é bastante eficaz no controle de muitos


patógenos e parasitas, no entanto seu uso é importante no controle do
Ictio e no controle de fungos como a Saprolegnia. Peixes que receberam
o tratamento podem apresentar filé com coloração esverdeada, após
armazenamento sob refrigeração ou congelamento.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Veja a seguir a tabela com os produtos e tratamentos usados na Prevenção


e Controle de Parasitas, Fungos e Bactérias:

Produtos Tratamento Concentração Organismo Alvo


Banhos de 5 min 30g/L Parasitas/Bact.
Sal Comum (NaCL) Externas
Banhos de 30-60 min 2 - 10g/L
Parasitas/Bact.
Banhos de 20-30 min 10g/m2 (ppm)
Externas
Permanganato de
Parasitas/Bact.
Potássio Indefinido 2g/m2 (ppm)
Externas
Tópico Solução 1% Fungos
2-3 g/m2 (ppm) Fungos/Paras.
Azul de Metileno Indefinido
Externos
Banhos de 30-60 min 120 - 250 mL/m2
Banhos de 24 hr 25 - 30 mL/m2 Fungos e Parasitas
Formalina
Banho ovos de 20 min 600 mL/m 2 Externos
Indefinido 15 - 25 mL/m2
Sulfato de Cobre Indefinido TA/100=g/m2 Parasitas Externos
Indefinido 0,13 a 0,25 g IA/m2
Lernaea, Angulus e
Triclorfom Banhos prolongados 1 - 2,5 g IA/m2
Ergasilus
Banhos de 1 a 3 min 10 g IA/L
Oxitetraciclina ou Na ração 10 a 14 dias 250 a 1800 g/ton Bactérias
Clorohidrato de Sistêmicas e
Tetraciclina Banhos prolongados 20 g/m2 Externas
Fungos/Parasit/
Indefinido 0,10 mg/L (ppm)
Bactérias
Fungos/Parasit/
Verde Malaquita Banho de 30-60 min 1 - 2 mg/L (ppm)
Bactérias
Fungos/Parasit/
Tópico Solução 1%
Bactérias

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

8.5 Diagn ó sti co e Tratam e nto

No caso de uma doença contagiosa se instalar no tanque não há o que


fazer a não ser despescar imediatamente. Geralmente, as doenças de
peixes não afetam a saúde dos consumidores, porém podem prejudicar a
comercialização do produto pela má aparência que podem causar. Em alguns
casos muitos raros os peixes podem se recuperar, mas depende do tipo da
doença e da saúde prévia dos mesmos antes da instalação da enfermidade.

Gostou? E, quer saber mais?

Esperamos que tenha gostado do E-book Criação de Peixes em Viveiros


Escavados. Se você se interessou pelo assunto e quer saber mais sobre a
criação de peixes, conheça o Curso a Distância Criação de Peixes - Como
Implantar uma Piscicultura.

Neste Curso, você aprenderá sobre a gestão da água, do solo e do


ambiente, passando pela escolha dos peixes, construção das estruturas
necessárias às diversas etapas de criação e pelas regras de manejo,
alimentação, controle de plantas invasoras, despesca, abate, processamento
até a comercialização.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Fontes:

Resende, Giovanni. Curso CPT Criação de Peixes – Como Implantar uma Pis-
cicultura. Viçosa – MG; CPT – Centro de Produções Técnicas, 2016. 486 p.

CRIAR E PLANTAR. Sistemas de Cultivo. Disponível em: <http://www.criare-


plantar.com.br/aquicultura/lerTexto.php?categoria=52&id=141>. Acesso em 28
Dez. 2016.

SLIDESHARE. Apostila de Piscicultura Básica em Viveiros Escavados. Dispo-


nível em: <http://pt.slideshare.net/mariolgr/apostila-de-piscicultura-basica-em-
-viveiros-escavados>. Acesso em 28 Dez. 2016.

GRUPO ÁGUAS CLARAS. Espécies de Pescado Mais Cultivadas em Água


Doce. Disponível em: <http://www.grupoaguasclaras.com.br/especies-de-pes-
cado-mais-cultivadas-em-agua-doce>. Acesso em 29 Dez. 2016.

ECOFARM. Importância da Qualidade da Água na Piscicultura. Disponível


em:<http://ecofarm.com.br/importancia-da-qualidade-da-agua-na-piscicultu-
ra/>. Acesso em 30 Dez. 2016.

SCRIBD. Anatomia Externa do Peixe. Disponível em:<https://www.scribd.com/


doc/314780833/Anatomia-Externa-Do-Peixe>. Acesso em 05 Jan. 2016.

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000


Cursos

CP

Centro de Produções Técnicas e Editora Ltda.


Rua Doutor João Alfredo, 130
Bairro Ramos, Caixa Postal 1
36.570-000 - Viçosa - MG
Tel.: (31) 3899-7000
www.cpt.com.br
vendas@cpt.com.br

Todos os direitos reservados


Este exemplar é um BRINDE

É PROIBIDA A VENDA DESTA OBRA

(31) 9.9294-0024 31 3899 - 7000

Você também pode gostar