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Os aviões pousavam em Porto, tinha dia que se tinha pouso de quatro companhias, fora o Correio

Aéreo Nacional que fazia a integração também né, governamental.

Então o processo já vinha de longa data, de emancipação?

Eu vou pegar pra você um momento que eu lembro agora, historicamente, a gente sabe que isso
começou com o grupo de Teotônio, que era um advogado português, e aí eles fizeram uma rebeldia
com Goiás. Fizeram uma ruptura de dividir a comarca de Goiás, que falava comarca né, pegando
com a comarca do norte, porque? Porque se percebia o seguinte, que o ouro que era arrecadado, que
ia pro município de Portugal, então se cobrava assim, um posto muito alto, mais alto que o de
Goiás, o sul de Goiás. Então começou por aí, e surgiu um representante da coroa portuguesa, mas
na realidade, o que o Siqueira pegou aí (inaudível)... Ele era um cara da coroa, tinha interesse na
força política. Ele foi eleito aqui em algo semelhante a deputado federal, representante da coroa, e
depois voltou à Portugal. Então ele liderou, e quando tiveram a rebelião, não sei se você ouviu falar,
eles primeiro começaram lá na divisão de Goiás, depois eles vieram pra Paraná, e aí depois eles
perceberam que não tava muito bom por causa da questão de distâncias, aí eles vieram pra
natividade. E o Dom João criou a ideia de localizar o núcleo de liderança político-administrativo e
Dom João dá duas barras... Era muito isolado, marcou que era a tese do governo português, que era
pra evitar o fluxo do ouro via Belém. Eles queriam que vinha à Salvador. Então mais ou menos a
tese é essa, isso só pra você ter uma ideia, o primeiro núcleo urbano da região de natividade, 1742,
se não me falha a memória, e depois virou a minha cidade, em 1746.

Então esse movimento foi aí que começou, isso tem mais de 200 anos, até quando veio a
emancipação e a constituinte em 1988. Mas aí eu vou centrar agora, no vivencial meu, que é o
Siqueira né. É o seguinte, em 54 eu saí da fazenda e fui estudar em Porto Nacional, e naquela época
existia um grupo de pessoas em Porto Nacional que eram os intelectuais, eles criaram a Associação
Tocantinense de Imprensa. Então aí tinha um professor chamado Fabrício César Freire, tinha um
gráfico, João Matos Grinaldi, o telegrafista Joaquim Costa e tinha também o farmacêutico, o
químico Osvaldo Ayres da Silva, que era filho do famoso Francisco Ayres da Silva de Porto
Nacional, foi formado em farmácia lá em Ouro Preto. Então esse pessoal, Ayres nesse período,
chegou em Porto e disse que eram juízes de direito. Então um cidadão de Anápolis casado com uma
senhora de uma cidade do sudoeste de Goiás. E ele empolgou com esse negócio de Tocantins, virou
uma liderança, juiz de direito naquele tempo. Era a figura mais destacada da cidade. Então o que
eles decidiram: “Vamos criar em Porto Nacional, o dia do grito de pro-criação do Tocantins, vai
ser 20 de maio”. Então nesse 20 de maio, tinha desfiles cívicos igual do 7 de setembro, com
discursos inflamados das principais diferenças, pra criar o estado do Tocantins. Então naquele
tempo, no grupo escolar, já existia essa discussão, aí eu fui entrando nesse negócio, e minha família
é muito grande, então o casarão que era da minha vó reunia ali, toda noite lá, e começava. E aí foi
ficando envolvido com isso, foi crescendo e crescendo, aí quando foi mais ou menos em 56,
chegaram dois padres, filhos de Porto Nacional, da família Maia, parentes nossos também. Então o
Antônio Luís Maia, que foi senador no começo de Tocantins veio de Roma, estudou seis anos. Ele
chegou e era doutor em teologia, nem ele não sabia o que era direito, porque ele virou professor,
largou a batina, se casou e foi pra Goiás, fez concurso da UFG. Então quando nós fomos
enquadrados (inaudível) aí a UFG mandava traduzir os diplomas, que eram em latim. E o outro era
o Rui Rodrigues da Silva, que foi o secretário de educação de dois governos, um de Goiás e outro
do Tocantins, de Goiás Mauro Borges, de 61 a 64, e depois o Avelino, que foi o segundo governo
do Tocantins, de 91 a 94. Então essas duas pessoas, influenciaram muito criando toda a discussão e
criando assim ações, estimulando ações pra , desenvolver a parte cultural, criar o aeroclube de Porto
Nacional, foi uma ação de piloto, foi a cidade que mais formou piloto, até hoje tem o aeroclube lá.
E as freiras, que vieram junto com os padres para Porto Nacional, então primeiro eles ficaram lá, e
nesse período que eu cheguei eles estavam construindo a atual sede do colégio, das irmãs
dominicanas. Só pra você ter uma ideia, esse colégio tinha em média internas, 300 moças. Na
construção desse colégio tem um grande (inaudível) veio do Paraná em um avião da FAB, que as
freiras mandaram, Dom Alan era um bispo francês, de família nobre, mas assim um grande líder.
Então essa discussão a gente começou.... Eu me lembro direitinho do grupo escolar, a gente
começou a incorporar essa ideia, a ideia era clara: dividir Goiás porque a maior parte dos “bifes”
eram feitos no sul, não eram feitos no norte. Então tinha estudos que levantavam, e isso ficou muito
claro na criação do estado do Tocantins, que na constituinte foram feitos vários estudos, que eu
participei... Então primeiro você participava dos movimentos, dos núcleos escolares, depois eu fui
pro ginásio, lá tinha um centro acadêmico que já discutia essa questão. Era dividir o estado e criar o
estado do Tocantins e criar uma universidade federal. A tese central... Aí nós temos a Cenog, casa
de estudante do norte goiano, tinha a seccional em Goiânia e seccionais no Porto, Pedro Afonso... E
esses padres, o Toni Maia se tornou o vigário de Porto Nacional, diretor do ginásio que depois virou
colégio de segundo grau em 62. E o Rui, como é o bispo, teve uma dificuldade, porque chegaram os
dois, tudo a mesma família né, e o bispo era muito forte assim né, deslocou o Rui pra Pedro Afonso.
Foi ser vigário em Pedro Afonso e se tornou diretor do colégio Cristo Rei. Na visita que o Mauro
Borges fez como pré candidato a governador em 60, tinha um líder político muito forte ligado ao
PSD sobre José Souza Porto, e aí ele escalou o Rui pra saudar o Mauro, e o Rui era um grande
orador né. Aí ele fez um discurso daquele jeito, não era comício, era uma reunião que eles discutiam
a liderança né. E aí quando terminou a reunião, o Mauro chamou o Rui no canto e conversou com
ele, ficou impressionado com o discurso. Falou, olha, se eu for eleito você vai ser meu secretário de
educação. Aí aconteceu, revolucionou, criou-se centro de formação de professores... Por exemplo,
quando eu estudava meus professores no ginásio, no meses de janeiro e fevereiro, iam para Goiânia
fazer curso. Em julho eles iam de novo. Então quando o professor Rui instalou essas coisas... Um
exemplo muito claro que eu tenho na minha cabeça, que a minha professora de matemática foi da
primeira até a quarta série, e eu nunca fiquei em vácuo na matemática, então eu fui vendo que a
Cenog ia funcionando, e aí tinha várias coisas. Então a Cenog, ela foi muito importante, até o
regime militar de 64, que extinguiu tudo. (…) Na Cenog, aonde hoje é o campus da UFT central,
que era UFG, ali foi uma arrumação dos estudantes, que construíram a Cenog com o apoio dessa
liderança. Então criou-se um centro cultural... E faziam assim, tipo umas promoções, leilões, pra
arrecadar fundos, e aí o médico que se suicidou, e o outro, o doutor Borges, que era um baiano,
arrematava um boi pra preços astronômicos né.

Mas como que se deu a divisão territorial, como é que se deu?

Peraí, vamos chegar lá


(…)

Um momento marcante da criação, o Siqueira Campos, a partir de 72, se candidatou a deputado


federal, ele começou lá em Colinas, como vereador, e tinha um negócio de madeireira, ele era
polêmico e foi preso por isso. Mas aí em Goiânia ele fazia aquele slogan muito inflamado, uma
candidatura que ia defender a criação do estado do Tocantins. A luta bisecular. Ele foi deputado
federal por quatro ou cinco mandatos, por toda a vida ele agia no congresso, câmara. Inclusive ele
teve um projeto na câmara, e o Sarney vetou. Segundo a história o Sarney não queria que criasse o
estado do Tocantins, só se fosse assim, um estado que reunisse o sul do estado de Goiás, o sul do
Maranhão e o Sul do Pará. Então esse projeto de lei do Siqueira não contemplava isso. Nesse
intervalo de tempo, mais ou menos em 78, nós reunimos os estudantes de então, de várias cidades.
A gente começou a discutir, tinha um engenheiro, que era irmão desse senador Maia, e que era um
grande engenheiro. Ele trabalhou um pouco e construiu uma empresa, a Construtins. Então ele se
tornou empresário da construção civil, e aí ele tinha um grande espaço que ele fazia licitação. E aí
veio a ideia de criar a comissão de estudos do norte goiano, Conorte. Ele foi presidente por dois
mandatos dessa entidade. Então essa entidade estimulou a todas as pessoas que tivessem
conhecimento sobre a viabilidade de criação do estado. Alguns estudos que foram feitos,
constataram que além da região ser muito pobre, nem o que era arrecadado lá era investido nela.
Então, o José Carlos, quando ele assumiu, na época da constituinte, aí ele criou todo o marco da
criação do Tocantins, e o Siqueira, que era deputado federal, entrou com um projeto de
emancipação via constituinte. Então esses estudos foram reunidos, e apresentados à comissão de
transição da constituinte, e aí o Siqueira entrou com um outro projeto embasado em estudos. Existia
um ministro, lá em Minas Gerais, Ronaldo Costa Couto, ele era ministro do interior na época, e
então esse cidadão se tornou muito importante pra acolher as manifestações da Conorte. Então
existia um trânsito muito forte. Então, quando foi chegando a constituinte, deu um estalo, criaram
um comitê, procriação do Tocantins. E o presidente desse comitê, era o juiz federal, de
Tocantinópolis. Ele teve vários cargos políticos, então ele criou esse comitê, e o comitê que fazia
toda essa... Quer dizer, o que houve? Houve várias dessas audiências constituintes, o grupo
organizado, com documentos... Então na realidade, através de uma ação estudos e de argumentos
muito convincentes, todos foram convencidos. O único estado da história brasileira que foi criado
por uma constituinte foi o Tocantins. Então a ruptura foi essa.

Agora após 89, com a divisão do estado, a criação do estado, na sua percepção, houve um
desenvolvimento na área de saúde, na área da educação, segurança... Houve investimento na
infraestrutura básica professor?

Se eu falar pra você que a educação e a saúde, nucleada em Porto Nacional, que era um polo muito
forte, ela foi muito melhor. Quando o pessoal atuava lá na fundação Sesp por exemplo, a saúde era
muito melhor do que hoje. Tem um fato interessante pra isso aí, o Mauro foi derrubado pelo regime
militar, e o Mauro tinha construído o hospital de Porto Nacional. Quando o Otávio Lages, o
primeiro governador que foi o primeiro governador eleito pós revolução, então o Otávio Lages, que
foi uma pessoa nucleada em Goianésia, ele tinha um grande projeto político, depois virou
governador. Então tinha um engenheiro que tinha uma visão de interior. Por exemplo, em Goianésia
ele era empresário, prefeito, diretor de colégio, professor de matemática... Quando o Mauro caiu,
que o Mauro era governador e ele tinha um governo tecnicista, premiava a tecnocracia, a
meritocracia. Então quando o Mauro era governador, ele atendia muito o Otávio, como prefeito de
Goianésia. E quando o Mauro caiu, que passou esse processo aí dos interventores, que o Otávio foi
o primeiro governador eleito depois do regime militar. Então ele mandou, foi identificando e
chegando em Porto Nacional ele viu a estrutura que tava montada, o hospital. E aí ele começou a
discutir né, e resolveu identificar um grupo de médico que quisessem assumir aquele hospital. O
hospital tava construído, aí ele ocupou o hospital, e aí dentro ficou um grupo de médicos, que eu
acho que você vai ter que ouvir esse casal, lá em Porto Nacional. Eles tinham um projeto de ir pro
interior, estavam recém-formados. Vieram três casais, eles assumiram e depois vieram outros
médicos. Eles desenvolveram um trabalho magnífico na saúde, magnífico. E aí a parte de ensino,
seguiu um ritual, empurrou-se um gigante como secretário, então aí estimulou muito a formação dos
professores, a organização... E existia o que? O gérmen dos padres e irmãs dominicanas. Que na
parte de 1904 eles chegaram e começaram a estimular as famílias, mandavam os filhos mais
maduros para o Rio de Janeiro, São Paulo pra estudar. Eu considero assim, que a saúde e a
educação na realidade era muito melhor, porque depois desse processo que eu to falando, esses
médicos que eu falei, eles tiveram um trabalho magnífico e foram completamente maltratados pela
política de Goiás. A partir de um certo momento, o secretário que foi designado professor da UFG,
Cordovil Azevedo imprudiu o trabalho desses médicos, porque eles viam um movimento de
esquerda. Teve essa desarticulação, e com a criação do estado tem a dificuldade de implantação,
então eles tinham um sonho, que o Tocantins fosse um estado que fosse enxuto na gestão. Voltando
pra o que você falou, de mudança, claro que melhorou muito, em termos de infraestrutura
principalmente. Melhorou muito... E a tese antiga que existia é que a capital deveria ser constituída
no centro geográfico da região, que foi a coisa certa, aconteceu aqui mesmo, o Siqueira abraçou
essa tese de construir a capital aqui, no epicentro geográfico. Então aí, se for considerar tudo o que
aconteceu em termos de estradas, mesmo a ferrovia, que tá nessa lentidão aí, foi assim muito
importante, sem dúvida. Bom, eu sou um profundo crítico da forma de gestão, quando nós, a
comissão discutimos, na época da constituinte nós pedimos audiência com o governador Henrique
Santillo, que era de Goiás, pra ver se ele apoiava o movimento. E ele respondeu pra nós o seguinte:
“Mas eu não posso fazer isso pra vocês porque eu fui eleito pra governar o sul e o norte de Goiás”.
Aí nós tentamos um plebiscito, nós nos antecipamos, a Conorte. Se fez um movimento de instalar
bancas, de adesão ao movimento de separação nas principais cidades. Pegava o nome da pessoa, a
identidade, o título de eleitor e a posição, favor ou contra. Ouvimos mais de 90% dos eleitores,
levamos pro Santillo. “Tá pronto, não precisa de plebiscito, vocês já fizeram o trabalho”. Então ele
passou a apoiar, mas o Santillo disse: “Vocês tem que ter cuidado com uma coisa, porque vocês são
idealistas, técnicos, então pode aparecer um político oportunista e tomar a bandeira”. E já
sabíamos quem era, era o Siqueira. Então começou assim, reconhecer que a ação do Siqueira como
implantador do estado e da capital, e de muita... Quando criou, quando se decidiu criar a capital
aqui, ele percebeu que existia a possibilidade da oposição ganhar a mudar a capital. (…) Agora que
você me perguntou se melhorou a educação, a saúde né, o avanço, claro que melhorou, hoje tem
Universidade Federal, se tem Universidade Estadual... Houve um fato, o Siqueira convidou a ex-
reitora da Universidade Federal de Goiás, pra ser a reitora de implantação da Universidade do
Tocantins. Só que ela veio com a ideia de desenvolver um projeto de criar uma fundação na
Universidade do Tocantins, mas nesse tempo o presidente era o Collor. Então ela percebeu que não
dava, convenceu o Siqueira de criar uma fundação estadual, a Unitins. Criou-se a fundação. E lá no
governo Avelino, eles resolveram transformar essa fundação em uma (inaudível) estadual. E aí
criaram, e quando o Siqueira voltou de novo, ele chamou o cidadão de Santa Catarina, e privatizou.
Passaram a cobrar dos estudantes. Você tem consolidado aqui, depois da separação, a Universidade
Federal que é um sonho, de todas as juventudes e lideranças que se via falar na década de 50:
“Vamos criar o estado do Tocantins e uma Universidade Federal”. Depois você tem aqui a
implantação da Universidade Estadual e foi uma boa coisa, sem dúvida. E com o projeto de lei pra
criar a Federal, que foi um projeto unicampi assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso,
era um projeto de campi em Palmas. Aí outra coisa que a gente conhece bastante, porque o Paulo
Mourão, que também foi deputado federal no começo dos quatro mandatos, foi o relator do projeto
de lei no congresso nacional. Estávamos presentes em uma reunião conjunta nas comissões de
educação, ciência e tecnologia. Então nessa reunião, o ministro de educação Paulo Renato de Souza
entregou o projeto publicamente pro Paulo Mourão e aí tinha a decisão do presidente da comissão
de educação. Aí eu assessorei o Paulo Mourão em toda essa reflexão. Aí nós desenvolvemos uma
discussão com os técnicos do MEC, que eles tinham a verdadeira ojeriza pela ideia de universidade
multicampi. Mas a Unitins tinha dez campus, então era um problema mais difícil. Aí fomos
conversando lá com a equipe, até que a gente chegou numa conclusão que a gente devia ter mais
campus, não só em Palmas. Então eles falaram: “Vamos fazer o seguinte, vamos pensar que um
campus do outro tenha no mínimo 100km”. Então foi aí que surgiu a possibilidade de ter campus
em Palmas, Araguaína, Gurupi e Arraias. E Porto Nacional? Porto Nacional tá há 60km. Então eles
pensaram em deixar Porto Nacional como um subcampi de Palmas. Então aí a gente trabalhou né,
Paulo conseguiu convencer que Porto Nacional com as suas tradições que eu te falei, devia ter um
campus. (…) Então a criação desses campi foram um avanço imenso para a população.

Terceira parte - Professor, agora eu queria saber, a sua opinião sobre quais setores da economia
poderiam estar fortalecendo o Tocantins?

Outra coisa marcante nessa divisão, com a montagem da infraestrutura, foi a expansão do
agronegócio. É uma coisa fantástica. Essa história que (…)

Então o desenvolvimento pra quem conhece aqui, realmente foi uma coisa fantástica. E eu quero
dar uma deixa, a liderança da Kátia Abreu na federação da agricultura, influenciou demais o
desenvolvimento. E a parte da agricultura mecanizada, a soja, o milho, o pessoal do sul do Brasil,
descobriram essa área aqui. E hoje temos lavouras com propriedades expressivas e com o advento
de você ter integração do sistema de transporte rodoviário, fluvial e da ferrovia norte-sul, que o
nosso produto vai se deslocar para o porto de Maranhão, isso representa uma redução de custo, em
relação ao porto de Santos, fantástica.

Então nesse contexto, o estado ia assentar numa explosão. É tão provável que segundo eu vi
recentemente, o levantamento do IBGE, o Tocantins foi o estado que mais cresceu no Brasil nos
últimos tempos, comparativamente com a média nacional. Outra coisa, você começa a ter, na parte
da pecuária, um trabalho de integração com a agricultura, porque você tem o seguinte processo...
Como nós temos um período chuvoso, que teoricamente começa em setembro e vai até março ou
abril, se colhe a soja. A integração, você coloca na soca e na área que você colheu a soja você
coloca os animais. E tem o que, além da boiada tem os grãos que se perde. Então o animal engorda
assustadoramente. Hoje por exemplo, tem frigoríficos que já tem uma articulação com os
plantadores de soja. Colheu a soja, eles compram o animal, coloca lá e em 120 tá abatendo os
animais gordos. E outra coisa fantástica, é o trabalho de melhoramento genético. Hoje nós temos
animais que foram sensivelmente melhorados geneticamente. O que precisamos agora é consolidar
a hidrovia do Tocantins, pra consolidar o tal do sistema modal de transporte.

Pra terminar, qual a sua perspectiva pro Tocantins daqui a dez anos?

Nós precisamos na realidade, encontrar uma forma de gestão pública mais séria. O grande gargalo
que nós temos com a criação do Tocantins, infelizmente é um mal nacional, mas a falta de seriedade
dos gestores. Então isso é um aspecto muito ruim. A gente tem uma expectativa que o novo
governador, que a gente possa ter uma administração séria que não atrapalhe o desenvolvimento. Se
você andar nas cidades do Tocantins, por exemplo, Porto Nacional, é uma explosão, o que tá
existindo em termos de crescimento, grandes empresas chegando. Então se você for em Gurupi
você percebe a mesma coisa. Nós recebemos do estado pessoas que vieram pra cá antes de criarem
o estado, que são empreendedores. Então temos uma esperança muito grande, eu sou otimista. Mas
assim, tivemos uma perturbação de ordem administrativa e gerencial, que infelizmente não é um
privilégio só do Tocantins, é do Brasil inteiro.

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