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Fundamentos da

Administração
Módulo 9

Meio ambiente em suas múltiplas e


complexas relações
UNIVERSIDADE POSITIVO
Superintendente – Paulo Arns da Cunha

Reitor – José Pio Martins

Pró-Reitora Acadêmica – Márcia Teixeira Sebastiani

EQUIPE TÉCNICA

Gerente de EAD – Manoela Pierina Tagliaferro


Coordenadora Pedagógica – Camile Gonçalves Hesketh Cardoso
Coordenadora de Desenvolvimento de Conteúdo – Marcia Rotenberg
Supervisora de Desenvolvimento de Conteúdo – Josiane Cristina Rabac Stahl
Analista Administrativo – Fabieli Campos Higashiyama
Autora – Rosangela Souza Araujo
Analista de Conteúdo – Lincoln André de Sousa
Designers Instrucionais – Danieli Valle, Elen Priscila Ribeiro Barbosa e Roberta Galon Silva
Ilustradores – Thiago Sihvenger e Valdir de Oliveira
Diagramador – Valdir de Oliveira
Revisora Ortográfica – Gislaine Stadler de Oliveira Coelho

Copyright Universidade Positivo 2013


Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 – Campo Comprido, Curitiba-PR.
CEP 81280-330
Sumário
Apresentação | 4
A sociedade humana no planeta Terra | 5
Consciência planetária | 7
A eficácia dos tratados | 7
Responsabilidade socioambiental | 10
Sociedade e natureza | 11
Política e gestão ambiental | 14
Sustentabilidade e educação ambiental | 15
Gestão ambiental empresarial | 18
Glossário | 20
Respostas dos exercícios | 21
Referências | 23
Fundamentos da Administração 4

Apresentação

Caro Aluno,
O Centro de Educação à Distância (CED), visando qualificar o processo de aprendizagem das dis-
ciplinas do Núcleo de Formação Humana (NFH), elaborou este material para que você possa ter o
conteúdo on-line, bem como uma versão que possibilite a impressão.
Embora o conteúdo on-line seja similar a este, indicamos que inicialmente estude o on-line, pois
conta com recursos audiovisuais que podem facilitar o processo de aprendizagem.
Bons estudos!
Módulo 9 – Ética e responsabilidade social empresarial
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A sociedade humana no
planeta Terra
Há dezenas de milhares de anos, sociedades
arcaicas‡, de caçadores e coletores se espalha-
ram pela terra. Com a distância e o tempo, elas

© Alexander Raths / photosync / Pinkcandy / Shutterstock


foram se diferenciando culturalmente, mas cons-
tituíam um tipo primário de sociedade de Homo
sapiens. Hoje, quando essas sociedades são des-
cobertas em florestas e desertos, exploradores e
prospectores as aniquilam. Estão sendo definiti-
vamente assassinadas, salvo raras exceções, sem
que tenham assimilado a parte mais importante
dos saberes milenares guardados ali.

O que chamamos de história antiga ou Antiguidade ocor-


reu por todo o globo, “mas até o século XIV de nossa era,
ela não havia se tornado planetária” (MORIN, 2005, p. 18). É,
portanto, no que chamamos de tempos modernos, final do
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século XV, que tem início a Era planetária, conceito tratado


por Edgar Morin em seu livro Terra-Pátria.

As novas conquistas territoriais se davam por meio do controle das rotas terrestres, fluviais e marí-
timas. Alimentos são introduzidos, mestiços são gerados, animais e vegetais são levados e trazidos e
doenças se multiplicam. Partes do globo passam por adaptações culturais tão radicais que chegam
a assumir essas novas culturas.
Fundamentos da Administração 6

O desenvolvimento das tecnologias e das


ciências, na I Revolução Industrial entre 1760
e 1830 e a partir de 1930 com o início da II
Revolução Industrial, marcou definitivamente a
história da humanidade modificando principal-
mente o papel do homem em relação à natureza
e fascinada pela produtividade com base na

© Hein Nouwens / Nicku / Shutterstock


força humana, a humanidade acompanhou o
aumento do consumo.
Quando tudo se tornou objeto a ser consu-
mido, tornamo-nos uma sociedade de consumo,
com uma economia caracterizada pelo des-
perdício, onde as coisas devem ser extraídas,
transformadas, produzidas, transportadas, nego-
ciadas e descartadas tão rápido quanto surgiram.

O território onde acontecem essas transformações culturais de produção e progresso passa a


receber um valor. Portanto, os recursos naturais‡ disponíveis e os recursos construídos por meio do
trabalho e potencializados pela técnica não seriam produzidos sem o espaço. É no espaço que se
desenvolvem as relações sociais e consequentemente organizacionais. Devemos notar que o desen-
volvimento geograficamente desigual acontece por que o que é produzido em um lugar, ao ser
distribuído em função de estratégias políticas, financeiras e econômicas, fica mais valorizado. Assim,
os mecanismos comerciais se tornam mais complexos porque o que é produzido em uma área de
produtividade elevada é transferido e passa a ser acumulado em uma área de baixa produtividade,
dando assim novo valor à produção.

O desenvolvimento das técnicas de comunicações, da economia e da participação das novas colô-


nias no comércio, na política e na soma cultural determinava também o crescimento demográfico.
Os fluxos migratórios transformaram as economias regionais com o comércio multinacional entre
1863 e 1873, tendo Londres como capital. Aí surge a adoção do ouro como padrão das moedas prin-
cipais. A mundialidade demográfica, econômica, técnica, ideológica, de concorrências e conflitos
está ligada à expansão mundial do capitalismo. A ideia de humanidade surgida no século XIX traz o
progresso como grande lei da evolução e da história humana. O progresso se dá no uso e conquista
territorial e no desenvolvimento da ciência e da razão, reunindo seus fragmentos.
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Exercício 1
Do século XV ao século XX, as mudanças territoriais no globo marcaram uma relevante domina-
ção técnica e militar. As conquistas territoriais se davam por meio do controle das rotas terrestres,
fluviais e marítimas. Esse período ficou conhecido como o início da era planetária. Analisando o
mapa animado apresentado na aula, marque V (verdadeiro) para as afirmações corretas e F (falso)
para as afirmações erradas.
( )
A movimentação territorial realizada serviu para reduzir a população no planeta.
( )
As cargas transportadas nesse período pouco influenciaram no desenvolvimento cultural dos
continentes envolvidos.
( )
A mundialidade demográfica, econômica, técnica, ideológica, de concorrências e conflitos
está ligada à expansão local do capitalismo.
( )
O controle de rotas marítimas, fluviais e terrestres acelerou as conquistas territoriais.

Consciência planetária
Na segunda metade do século XX, há um esboço de consciência planetária que dá forma à cons-
ciência ecológica planetária. A consciência planetária pode ser entendida quando cientistas e líderes
sociais afirmam que é necessária uma mobilização mundial, um gigantesco esforço para reduzir a
emissão dos gases estufa, para substituir o carbono fóssil, para interromper o envenenamento do ar.
O objeto da ciência ecológica é cada vez mais a biosfera, considerando seu conjunto em função do
processo de multiplicação das degradações e poluições em todo o globo e da ameaça à vida detec-
tada entre os anos 1940 e 1980. Em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, foi manifestada a consciência
progressiva da necessidade vital para a humanidade inteira de preservar a integridade do planeta
Terra.

A eficácia dos tratados


Foi o Fórum Global da Eco-92/RIO-92, organizado pelas Nações Unidas, que apresentou um con-
junto de propostas e soluções para a crise social e ecológica, aprovando uma série de tratados e
estabelecendo bases científicas, políticas, econômicas e culturais. Mas esses acordos ainda não
foram suficientemente explorados ou colocados em prática.
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Tempo real

Entretenimento Realidade virtual

Automatização Era da informação Internet

Robótica Internacionalização

Educação à distância
Fonte: a autora.

Hoje, os problemas sociais e ambientais aparecem com mais intensidade nos meios de comu-
nicação. Por outro lado, vivemos agora a era da informação, em tempo real, consequência da
globalização da economia, da realidade virtual, da internet, da quebra de barreiras entre nações, da
educação à distância, da robótica, da produção automatizada e do entretenimento em massa con-
forme apresentado na imagem anterior.

E é nessa sociedade da informação que o desenvolvimento das tecnologias cria uma cultura
flexível às diversidades das fontes de conhecimento e do saber. Os problemas atuais que nos são
apresentados, causados por nossa maneira de viver, devem ser compreendidos e transmitidos, reo-
rientando o comportamento humano. Consciente da era da informação, a Agenda 21 produzida na
Eco-92/Rio-92, aprovada e assinada pelas 175 nações presentes, detalha um programa de ação com-
posto de 40 capítulos, dividido em 4 seções.

As seções da Agenda 21 são:


a. Dimensões sociais e econômicas, abordando políticas internacionais de estratégias de com-
bate à pobreza e à miséria e da introdução de mudanças nos padrões de produção e consumo;
b. Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento, dando atenção ao manejo dos
recursos naturais e dos resíduos e substâncias tóxicas;
c. Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais, indicando ações necessárias para pro-
mover a participação, principalmente das ONGs;
d. Meios de implementação, tratando dos mecanismos financeiros e instrumentos jurídicos para
a implementação de projetos e programas de desenvolvimento.
Módulo 9 – Ética e responsabilidade social empresarial
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SAIBA MAIS

A Agenda 21, por ser um documento político, tem como objetivo final a promoção de um novo
modelo de desenvolvimento. Na prática, a forma que a Agenda 21 vem sendo trabalhada, implica,
para os países desenvolvidos, repassar mais tecnologia para os países em desenvolvimento. De
acordo com Gadotti (2000, p. 112), evitou-se abordar o tema da formação de consciência, para trans-
formar o documento em objeto de barganha comercial, desvalorizando o processo educacional,
evitando falar do modelo econômico e da questão política objetivamente.

Aponta-se aí o motivo da inação. Ao identificar os proble-


mas localmente, programas globais mostram-se ineficientes,
pois a degradação do meio ambiente dá-se principalmente
cotidianamente, fruto de hábitos e costumes do consumo
© akiyoko / Shutterstock

exagerado.

TEXTO COMPLEMENTAR

Felizmente outras tentativas aconteceram antes e depois da Eco-92, unindo fontes de conhe-
cimentos diversas incluindo: ecologia, reconhecimento dos direitos humanos, tradições religiosas
e filosóficas do mundo, a prática dos povos que vivem de forma sustentada, ética global, o meio
ambiente, e outros documentos intergovernamentais e não governamentais relevantes. Um exem-
plo de novo documento constituído a partir daí é a Carta da Terra, criado de forma colaborativa e
internacional, por meio de aprendizagem local, nacional, regional e mundial e revisto periodica-
mente em consultas globais. Outro bom exemplo a ser citado é a organização sem fins lucrativos
Greenpeace que, em 1971, passou a atuar no mundo todo em defesa do meio ambiente.
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Exercício 2
A Agenda 21, aprovada na Eco-92, teve por objetivo final a promoção de um novo modelo de
desenvolvimento, sendo dividida em 4 seções. Quais são essas seções?
a. Ética global, o meio ambiente, tradições religiosas e filosóficas do mundo, fortalecimento do
papel dos principais grupos sociais, instrumentos políticos e jurídicos.
b. Dimensões sociais e econômicas, conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento,
fortalecimento do papel dos principais grupos sociais, meios de implementação.
c. Economia global e regional, conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento, for-
talecimento de líderes comunitários, financiamento direto e indireto.
d. Dimensões sociais e econômicas, educação ambiental e ecologia, fortalecimento de ONGs,
meios de implementação.
e. Dimensões sociais e econômicas, preservações de espécies e sub espécies, fortalecimento do
papel dos principais grupos sociais, meios de implementação.

Responsabilidade socioambiental
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Na reorganização de ações socioambientais propostas na Carta da Terra, são verificadas as rela-


ções que envolvem a organização do poder na sociedade. Submeter à marca de uma empresa,
uma imagem ética e socialmente responsável é um fator estratégico de competitividade moderna.
Com o compromisso ético da empresa, os processos e sistemas comprometem-se com suas con-
sequências. Em 2006, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) comprovou que 69% das
empresas realizavam de forma voluntária ações sociais para o atendimento da comunidade nas
áreas de saúde, educação, alimentação, esporte e assistência social, entre outras. Mas hoje o bem-
-estar humano começa a ser percebido como derivado do bem-estar do planeta e o desempenho
social da empresa compreende também a preocupação ambiental, gerando o conceito de respon-
sabilidade socioambiental.

Exercício 3
Na pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) de 2006 foi constatado que 69%
das empresas realizavam de forma voluntária ações sociais. Sobre esse resultado leia as afirmações
a seguir e marque V (verdadeiro) para os conceitos corretos e F (falso) para os conceitos errados.
( )
As ações sociais voluntárias são voltadas para o atendimento da comunidade nas áreas de
saúde, educação, alimentação, esporte e assistência social, entre outras.
( )
Ações sociais voluntárias devem ser realizadas apenas para os funcionários da empresa.
( )
O desempenho econômico e ambiental da empresa não é medido através das ações sociais
voluntárias.
( )
A política da empresa deve refletir no comportamento dos funcionários que são obrigados a
realizar atividades voluntárias socioambientais.

Sociedade e natureza
Avançamos então para as concepções das relações sociedade-
-natureza. Na medida em que usamos a natureza, para atender o
propósito da ciência de dominá-la e controlá-la, ao invés de coo-
perar com a natureza, nos afastamos dela.
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Com isso, apresenta-se uma contradição entre os princípios


que regem o desenvolvimento, o progresso e o equilíbrio do
meio ambiente. O fato do homem viver da natureza tem um sen-
tido biológico e social.
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O processo de trabalho é um processo social, atuante sobre


a natureza, produzindo mudanças nas formas das matérias e

© Mikulich Alexander Andreevich /


também mudanças sobre o trabalhador. Condenar a ciência e a
tecnologia não evitará o desequilíbrio da natureza, mas mudan-
ças nas relações entre os homens serão eficazes se, de forma

Shutterstock
crítica, reformularem como a vida está organizada para aten-
der suas necessidades e como as organizações podem e devem
cooperar.
Ao transformar a natureza de acordo com sua necessidade, humanizando a natureza, o homem
também se naturaliza, em um processo de manutenção da vida. E ao tomar a natureza para si, fica
evidente que essa apropriação acontece de forma social.
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Com o intercâmbio realizado entre sociedade e natureza,


fica claro que existe um raciocínio de que a natureza dá opor-
tunidade à produção de valor e à articulação do espaço. Uma

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produção que gera desperdícios torna-se condição fundamental
para que ocorra a troca regular de valores de uso, ou seja, aquilo
que é necessário em um determinado momento pode valer mais
do que aquilo que não é indispensável.
E essa produção só é valorizada dentro da sociedade. No processo de acumulação em escala
mundial, a relação com a natureza passa a ser uma relação de valor de troca, determinando o que é
extraído pela lógica do valor de troca.
Como membros de uma sociedade de consumidores, na atual fase do capitalismo, presenciamos
a economia caracterizada pelo desperdício, onde todas as coisas surgem e desaparecem. Na reali-
dade não desaparecem simplesmente, podem ser destinadas para locais irregulares e até mesmo
desconhecidos.
O que é importante entender é que o ciclo de vida do produto
e sua análise, que entende e identifica as fases que envolvem a
comercialização de algo, é uma ferramenta que constata e dá real

© Celso Pupo / Shutterstock


noção dos impactos causados pela produção e consumo. As fases
desse sistema normalmente são: da extração e transformação de
matéria-prima, transporte, produção industrial, venda, uso, e o
descarte e estão melhor detalhadas na imagem ao lado.
Na atual fase capitalista, a prática econômica ganha destaque em relação a outras práticas sociais,
modifica o espaço na lógica do valor de troca. Essa transformação acontece no contexto dos interes-
ses dos dirigentes da forma de produção fundamentada no progresso técnico.
O espaço modificado é um produto desse processo e cada diferenciação social predetermina e
precede a diferenciação ecológica.
O aumento da força produtiva, constatado após a Segunda Guerra Mundial, institucionalizado
pelo progresso técnico e científico, não se limita a intervir na natureza e passa a criar uma “outra
natureza”.
Portanto compreende-se que quando possibilidades técnicas
são viabilizadas e realizadas negativamente, transformam-se em
forças destrutivas. Na atual fase capitalista, a prática econômica
ganha destaque em relação a outras práticas sociais, modifica o
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espaço na lógica do valor de troca.


Essa transformação acontece no contexto dos interesses dos
dirigentes da forma de produção fundamentada no progresso
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técnico. O espaço modificado é um produto desse processo e


cada diferenciação social predetermina e precede a diferencia-
ção ecológica.

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O aumento da força produtiva, constatado após a Segunda
Guerra Mundial, institucionalizado pelo progresso técnico e
científico, não se limita a intervir na natureza e passa a criar uma
“outra natureza”. Portanto compreende-se que quando possibilidades técnicas são viabilizadas e
realizadas negativamente, transformam-se em forças destrutivas.

Exercício 4
Como forma de garantir a sobrevivência, a sociedade transforma o meio em que vive. Interpretando
essa relação transformadora do homem na natureza qual alternativa a seguir descreve as caracterís-
ticas da fase atual de produção e consumo?

a. Criação cultural para atender as necessidades sustentáveis da ciência.


b. O aumento do desperdício em prol do meio ambiente e prática das políticas sociais.
c. A transformação de cidades em pontos isolados de consumo sem modificar o espaço com a
lógica do valor de uso e troca.
d. A economia caracterizada pelo desperdício, para que ocorra a troca de valores entre os produ-
tos indispensáveis e os dispensáveis dentro da sociedade.
e. A economia modificada pelo espaço físico devido ao avanço das forças produtivas, à criação
de cultura através das necessidades da ciência e à Segunda Guerra Mundial.

Política e gestão ambiental


O processo de formulação e implementação de políticas ambientais no Brasil pode ser dividido
em três momentos. De 1930 a 1971, foi marcado pela ação do Estado que centralizou a definição
de códigos regulatórios do uso dos recursos naturais e a falta de leis para tratar da proteção à natu-
reza. De 1972 a 1987, quando as políticas ambientais se apresentam influenciadas pela consciência
da crise ecológica e por políticas modernas de desenvolvimento econômico. E em 1988, até os dias
de hoje, com a promulgação de uma Constituição influenciada pela descentralização das decisões,
manejo de recursos naturais e democratização e conceitos de desenvolvimento sustentável.
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1930 a 1971 1972 a 1987 1988 a 2012


Ação do Estado que Políticas ambientais se Promulgação de uma
centralizou a definição de apresentam influenciadas Constituição influenciada
códigos regulatórios do uso pela consciência da crise pela descentralização das
dos recursos naturais e a ecológica e por políticas decisões, manejo de
falta de leis para tratar da modernas de recursos naturais e
proteção à natureza. desenvolvimento democratização e conceitos
econômico. de desenvolvimento
sustentável.

Analisando três políticas ambientais recentes, a Política nacional de recursos hídricos, a Política
nacional de resíduos sólidos e o Processo de criação de reservas extrativistas, revela-se um novo
paradigma influenciando a formulação de políticas ambientais no país. Baseadas em uma estraté-
gia conservacionista‡ de proteção da natureza, são dominantes as ideias de manejo cooperado,
de espaços ou gestão participativa visando reformar os mecanismos que regulamentam o uso dos
recursos naturais (CUNHA, 2007). Na base da ecologia política estão as condições e relações dos
processos socioculturais, político-econômico-espaciais e ecológicos ou biofísico-químicos. Ou seja,
a forma como acontecerão as interações entre o homem e o espaço natural.

EXEMPLO

Para perceber a reforma que está proposta nas novas leis e políticas ambientais para aumentar
a conservação da natureza, utilizaremos como exemplo a política nacional de resíduos sólidos de
2010. A política procura defender não só a ideia de redução dos resíduos como também de dar des-
tino, finalidade e valor para os resíduos já existentes.

Sustentabilidade e educação ambiental


Aquecimento global, efeito estufa, enchentes, incêndios, desmatamento,
falta de água, contaminação do solo, são temas preocupantes que propiciam
o surgimento de um novo paradigma para a gestão de negócios. O sentido de
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educar na sociedade de hoje vai além de sensibilizar a população para a crise


socioecológica. É preciso superar a noção de sensibilizar, pois só a compreen-
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são da importância da natureza não é o bastante para preservá-la. É preciso a mudança de atitude
em uma nova visão de mundo, incorporando razão e emoção, em uma ação solidária que inclui o
sentimento de amar, ter o prazer em cuidar, de doação e integração com a natureza.

Nessa educação política voltada para a transformação, ocorre uma ação reflexiva de intervenção
em uma realidade complexa; é coletiva; seu conteúdo está na realidade socioambiental em busca
da sustentabilidade‡ e não apenas nos livros dentro de sala de aula. Com a expressão de desenvol-
vimento sustentável, Mazzini e Vezzoli (2005) referem-se às condições sistêmicas segundo as quais,
em nível regional e global, as atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais os quais
se baseiam no que a resiliência‡ do planeta permite e assim não empobrecer seu capital natural‡.

ATENÇÃO!

O ponto fundamental aqui definido é que a sustentabilidade ambiental é um objetivo a ser atin-
gido e não uma direção a ser seguida. E nem tudo que apresentar melhorias em temas ambientais
pode ser considerado sustentável.

Para ativar um processo de soluções sustentáveis, é comum serem utilizadas metodologias


de capacitação e educação ambiental de profissionais dentro de uma empresa. A proposta de
Bordignon (2011), por exemplo, para a Universidade Positivo (UP), envolveu ações desenvolvidas no
campus da UP, com o propósito de incentivar o uso sustentável de energia, a redução na geração de
resíduos e a maximização do volume de resíduos sólidos. Para isso, foi realizado um inventário de
consumo da energia elétrica e da geração de resíduos no campus entre 2006 e 2010. Para garantir a
efetividade das ações, foram realizadas atividades envolvendo toda a comunidade acadêmica, com
o objetivo principal de estimular a participação e conscientizar os funcionários envolvidos sobre os
problemas de resíduos e uso de energias.

Como forma de estimular a participação de todos os frequentadores


do campus da UP, incluindo também alunos, foi idealizada e implemen-
tada a campanha “Cada coisa em seu lugar”. Durante a campanha, ficaram
© kongsky / Shutterstock

expostos banners e cartazes em diversos pontos da universidade. As lixei-


ras de resíduos sólidos foram adesivadas com imagens que demonstram
como os materiais devem ser separados e foram distribuídos nos portões
de acesso do campus panfletos e sacolas de lixo para serem utilizadas em
Módulo 9 – Ética e responsabilidade social empresarial
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automóveis. Adesivos foram fixados nos interruptores de luz, espelhos dos banheiros e vestiários e
ainda distribuíram brindes como ecobags e bótons com a logomarca da campanha. Tudo para lem-
brar os usuários dos cuidados a serem tomados com a separação de resíduos e o uso sustentável de
energia e água.

REFLEXÃO

As ações de educação ambiental podem ter contribuído com a redução de 11,98% do consumo
de energia, e a redução dos resíduos orgânicos com o aumento da separação correta dos resíduos
sólidos. Certamente, essa ação dentro da Universidade Positivo sensibilizou e conscientizou alunos
e funcionários, tornando-os cidadãos multiplicadores da educação ambiental e formadores de opi-
nião. A página de internet da campanha está on-line e traz mais informações: <www.up.com.br/
cadacoisaemseulugar/>. De maneira indireta, a ação contribuiu para a proteção dos recursos natu-
rais e passou a atender os primeiros requisitos para obter a certificação ambiental ISO 14001. É
importante entender que certificações voluntárias como as da série ISO podem estar inseridas em
programas de educação ambiental.

REVISÃO

No caso que acabamos de conhecer da campanha “Cada coisa em seu lugar” percebemos que
o que motivou o projeto foi a proteção ambiental e a ideia de educar todos os envolvidos com a
universidade. A contribuição da educação ambiental engajada, não apenas atuando de forma social-
mente responsável, mas preocupada em formar gestores que compreendem seus papéis de líderes
em uma sociedade em transformação, é incalculável e será sentida agora e ainda pelas gerações
futuras. Enquanto os efeitos da educação ambiental começam a aparecer em forma de economia
e proteção ao meio ambiente, o reconhecimento do mercado por essas ações ganha força e valo-
riza as atividades e produtos da empresa que as desenvolve e põe em prática. É o caso da gestão
ambiental empresarial.
Fundamentos da Administração 18

Exercício 5
O sentido de educar na sociedade de hoje vai além de sensibilizar a população para a crise socio-
ecológica. É preciso superar a noção de sensibilizar, pois só a compreensão da importância da
natureza não é o bastante para preservá-la. Verifique as afirmações abaixo, assinalando V nas que
forem verdadeiras e F para as que forem falsas em relação à afirmação de Mazzini e Vezzoli (2005)
sobre o desenvolvimento sustentável.
( ) 
Mazzini e Vezzoli referem-se à sensibilização incorporando razão e emoção.
( ) 
Mazzini e Vezzoli referem-se às condições sistêmicas segundo as quais, em nível regional e
planetário, as atividades humanas não devem provocar fenômenos irreversíveis de degra-
dação ambiental e assim não empobrecer seu capital natural.
( ) 
Os autores afirmam que tudo que apresentar melhorias em temas ambientais pode ser con-
siderado sustentável.
( ) 
Os autores referem-se à capacidade biodinâmica de transformação das atividades produti-
vas, rumo ao desenvolvimento sustentável.

Gestão ambiental empresarial


A gestão ambiental empresarial deve abordar o controle e a prevenção da poluição e incorporar
questões ambientais na estratégia empresarial. Assim a gestão tem como
objetivo a minimização dos problemas ambientais por meio de novas
atitudes dos administradores e empresários, com tomadas de decisões
conscientes e relativas ao meio ambiente, adotando propostas tecno-

© ra2 studio / Shutterstock


lógicas e administrativas para que os problemas se tornem parte das
soluções. Assim, estrategicamente surgem os seguintes fatos: melhoria
da imagem institucional, renovação do portfólio, produtividade aumen-
tada, maior comprometimento dos funcionários, criatividade e abertura
de novos desafios, melhora da relação com a comunidade, autoridades
públicas e ONGs e ampliação de mercados.

Para implementar uma abordagem de gestão ambiental, a empresa deverá realizar atividades
operacionais e administrativas dentro de um modelo que reúna: planejamento de política interna,
objetivos, metas e procedimentos; execução do que foi definido no planejamento; verificação dos
resultados em acordo com o que foi planejado; e implementação de ações corretivas e melhorias.
Para comprovar a abordagem do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) aplicada pela empresa, é pos-
sível solicitar uma certificação ambiental voluntariamente. Trata-se da ISO 14001, que passa pelas
seguintes etapas: solicitação da certificação e seu registro, revisão da documentação do SGA da
Módulo 9 – Ética e responsabilidade social empresarial
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empresa; revisão preliminar do local que será certificado; auditoria de certificação da empresa e dos
funcionários; determinação da certificação.

Após determinada a certificação a empresa entra em um processo contínuo de melhoria, por


meio de auditorias de avaliação que são executadas periodicamente dentro das conformidades e
etapas dos padrões ISO 14001. Para finalizar falaremos dos benefícios internos e externos da certifi-
cação ambiental que empresas podem obter, sendo os internos:

• Redução de custos e melhoria na eficiência das operações com maior retorno de investimentos.
• Disciplina organizacional.
• Reconhecimento, compreensão e flexibilidade na legislação ambiental vigente.
• Proteção dos investimentos no Sistema de Gestão Ambiental, auxiliando a manutenção de seu
sistema com redução de custos na manutenção.
• Melhoria do desempenho ambiental da empresa.
• Redução de riscos socioambientais.

Os benefícios externos que uma empresa pode passar a possuir são:

• Expansão de mercados e da base de clientes. Maior competitividade. Satisfação das necessida-


des contratuais.
• Melhora da imagem para clientes, fiscalização, funcionários, investidores, comunidade local e
outros atores envolvidos.
• Maior permanência do produto no mercado. Atualmente, facilidade na obtenção de financia-
mentos e créditos para expansão do negócio.

Para tanto é preciso trabalhar em conjunto com lideranças de todas as áreas da empresa, dese-
jando a mudança de atitudes, posturas e valores dos gestores e seus funcionários.
Fundamentos da Administração 20

Glossário
Arcaico: Antiquado, antigo, obsoleto, que caiu em desuso.
Capital natural: É o conjunto de recursos não renováveis e das capacidades sistêmicas do
ambiente de reproduzir os recursos renováveis. Mas o termo também se refere à riqueza genética,
isto é, à variedade das espécies existentes no planeta.
Conservacionista: Estratégia que chama atenção para as relações entre o subdesenvolvimento,
as instabilidades institucionais e políticas de um lado e a degradação dos ecossistemas de outro.
Que advoga ou age para a proteção e preservação do meio ambiente e da vida selvagem.
Ethos: Jeito de ser, características do espírito de uma cultura, era ou comunidade como manifes-
tado em suas crenças e aspirações.)
Recursos naturais: Materiais ou substâncias como minerais, água e terra fértil que ocorrem na
natureza e podem ser usadas para ganhos econômicos. O desenvolvimento humano é dependente
dos recursos naturais para o fornecimento de alimentos, água e combustíveis além da regulação do
mundo natural através dos serviços de estocagem de carbono e purificação da água.
Resiliência: A resiliência de um ecossistema é sua capacidade de sofrer uma ação negativa sem
sair da forma irreversível de sua condição de equilíbrio. Esse conceito, aplicado ao planeta inteiro,
introduz a ideia de que o sistema natural em que se baseia a atividade humana tenha seus limites de
resiliência que, superados, provocam fenômenos irreversíveis de degradação ambiental.
Sustentabilidade: O conceito de desenvolvimento sustentável foi introduzido no debate inter-
nacional pelo documento da World Commission for Environment and Development Our Common
Future. Este foi a base da conferência Rio-92/Eco-92 que se desenvolveu no Rio de Janeiro.
Módulo 9 – Ética e responsabilidade social empresarial
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Respostas dos exercícios

Exercício 1
(F) A movimentação territorial realizada serviu para reduzir a população no planeta.
(F) As cargas transportadas nesse período pouco influenciaram no desenvolvimento cultural dos
continentes envolvidos.
(F) A mundialidade demográfica, econômica, técnica, ideológica, de concorrências e conflitos está
ligada à expansão local do capitalismo.
(V) O controle de rotas marítimas, fluviais e terrestres acelerou as conquistas territoriais.

Exercício 2
b) Dimensões sociais e econômicas, conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento,
fortalecimento do papel dos principais grupos sociais, meios de implementação.

Exercício 3
(V) As ações sociais voluntárias são voltadas para o atendimento da comunidade nas áreas de
saúde, educação, alimentação, esporte e assistência social, entre outras.
(F) Ações sociais voluntárias devem ser realizadas apenas para os funcionários da empresa.
(F) O desempenho econômico e ambiental da empresa não é medido através das ações sociais
voluntárias.
(F) A política da empresa deve refletir no comportamento dos funcionários que são obrigados a
realizar atividades voluntárias socioambientais.

Exercício 4
d) A economia caracterizada pelo desperdício, para que ocorra a troca de valores entre os produ-
tos indispensáveis e os dispensáveis dentro da sociedade.
Fundamentos da Administração 22

Exercício 5
(F) Mazzini e Vezzoli referem-se à sensibilização incorporando razão e emoção.
(V) Mazzini e Vezzoli referem-se às condições sistêmicas segundo as quais, em nível regional e pla-
netário, as atividades humanas não devem provocar fenômenos irreversíveis de degradação
ambiental e assim não empobrecer seu capital natural.
(F) Os autores afirmam que tudo que apresentar melhorias em temas ambientais pode ser consi-
derado sustentável.
(F) Mazzini e Vezzoli referem-se às estratégias organizacionais de educação ambiental empresarial
responsável.
(F) Os autores referem-se à capacidade biodinâmica de transformação das atividades produtivas,
rumo ao desenvolvimento sustentável.
Módulo 9 – Ética e responsabilidade social empresarial
23

Referências
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