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TÉCNICAS DE

PRODUÇÃO AUDIOVISUAL

TV - IMAGEM
INTRODUÇÃO
 Imagem em audiovisual = sucessão de imagens paradas,
que reproduzem o movimento dos objetos e pessoas.

 Frame: cada "foto", cada quadro que compõe a imagem


> principais sistemas existentes: de 25 a 30 frames por
segundo (FPS)

 Imagem e foto só existem em função da luz


INTRODUÇÃO
 Câmera eletrônica (diferentemente do olho humano) não
consegue organizar as cores percebidas do exterior >
controle de branco como princípio básico de
funcionamento (bater o branco) > deve ser acionado toda
vez que ligamos a câmera e toda vez que mudamos de
ambiente.

 View-finder (presente nas câmeras eletrônicas): permite


saber se está gravando ou não; acompanhamento
instantâneo da imagem que está sendo gravada; revisão
do material gravado (na ausência do monitor).
Câmera é instrumento de
captação de luzes refletidas
Imagens

Foto
Filme
Vídeo
IMAGEM

Referem-se a resultados de processos de registro, gravação,


‘escrita’ através da luz.
LUZ
 Onda eletromagnética
 Visão: Uma luz atinge um objeto e em seguida, reflete
para nossos olhos
 Formação de uma imagem
 Luz é fundamental para a captura da imagem

 Pupila, Iris, Retina = Iris (Diafragma), Obturador


(Shutter), Sensor
ÍRIS (Diafragma)
 Regula a quantidade de luz que vai entrar na câmera
 Normalmente medida em frações de F: f/2.8, f/5.6,
f/8, etc.
 Quanto maior o número, menos luz entra na câmera.
 Quanto menor o número, mais luz entra na câmera.
OBTURADOR (Shutter)
 Regula a quantidade de luz que vai entrar na câmera
 Normalmente medida em frações de F: f/2.8, f/5.6,
f/8, etc.
 Quanto maior o número, menos luz entra na câmera.
 Quanto menor o número, mais luz entra na câmera.
SENSOR
 Superfície onde a imagem será formada
 ISO / ASA / dB: Recursos para ajustar eletronicamente a
sensibilidade do sensor à luz.
 Vantagens:
 Quando a informação / momento são primordiais, ainda se
consegue um nível de vídeo para se registrar.
 Desvantagens
 Quanto maior a sensibilidade do sensor, mais ruído digital
vai aparecer na imagem, muitas vezes inutilizando o take.
ILUMINAÇÃO

 Iluminação deve contribuir tecnicamente e criativamente.

 Iluminação deve dirigir a atenção do espectador para


aquilo que se quer mostrar.

 Buscar iluminação mais natural possível – áreas de


sombra da “vida real” devem permanecer em cena.
ILUMINAÇÃO
 A luz normal do dia é suficiente para os olhos, mas não
para o vídeo.

 Externas: luz natural

 Internas: podemos e devemos modificar a luz

 A iluminação realça, cria o ambiente, dá profundidade.


ILUMINAÇÃO
 Atenção à profundidade: veja se a iluminação está
tornando a imagem tridimensional

 Luz mista: a luz do dia é azulada; a luz artificial é


amarelada. Se tivermos luzes mistas em cena, o
iluminador terá que instalar filtros nas lâmpadas ou nas
janelas (o que diminui o nível de iluminação e a área que
pode ser iluminada) – tentar evitar isso fechando as
cortinas ou mudando para local afastado da janela.

 Iluminação em estúdio deve ser planejada em detalhes.


ILUMINAÇÃO
 Iluminação forte apropriada para ação que contenha
inversões súbitas, surpresas, clímax intenso e personagens
exageradamente caracterizadas.

 Iluminação suave é usada para ações mais delicadas e


menos dramáticas.

 Nas entrevistas: uma luz principal (para revelar


características faciais), uma luz complementar (para o lado
do rosto mais afastado da luz principal) e uma contraluz
(para dar profundidade e acrescentar brilho aos cabelos).
ILUMINAÇÃO DE TRÊS PONTOS
 Luz chave ou principal: principal fonte de luz; posicionada perto
do eixo ótico (linha câmara-entrevistado), à direita ou à esquerda;
pode estar afixada num tripé ou segura pelo iluminador, dirigida
de cima para baixo, para evitar sombras nas paredes

 Contraluz: dirigida de trás do entrevistado, de cima para baixo

 Luz atenuante: também posicionada perto do eixo ótico, só que


sempre do lado contrário à posição da luz principal; sua lâmpada
é de intensidade menor que a luz principal e pode, dependendo
da situação, estar suportada em tripé ou pelo iluminador
principal.
ILUMINAÇÃO
 OBS: No Jornalismo: é comum, em reportagens externas,
a iluminação ser feita por uma só fonte luminosa, devido
à escassez de tempo, economia de equipamento e
recursos humanos > cruzeta (equipamento com quatro
lâmpadas de 500/600 watts que funciona à base de
energia elétrica, o que limita a mobilidade da equipe) ou
sun-gun (refletor de um só ponto de luz, com lâmpada de
250 watts, que funciona com bateria portátil)
PLANOS
 Se o ambiente der significado à tomada, mostre-o.

 Um detalhe pode exprimir determinado significado com


mais eficiência.

 Escolha de cada plano é condicionada pela clareza


necessária à narrativa.
PLANOS
 Enquadramento: composição do conteúdo da imagem >
o quanto se deixa mostrar da cena

 Decidir qual o centro de interesse principal na imagem e


enquadrar de tal forma que a visão do espectador seja
conduzida para ele.

 Qual parte do sujeito mostrar: concentre-se no que


realmente interessa, sem mostrar coisas demais (para não
difundir a atenção sobre elementos sem importância).
PLANOS
 O plano é mais próximo quanto menos coisa há para ver e
quanto maior for sua importância dramática e sua
significação ideológica.

 Tamanho do plano, em geral, determina sua duração,


pois é preciso dar ao espectador tempo para perceber o
que está sendo mostrado (depende do valor dramático).
TIPOS DE PLANOS OU TOMADAS
 Plano Geral (PG) – mostra a pessoa inteira e algo do
cenário de fundo

 Grande Plano Geral (GPG) – mais abrangente que o PG

 Plano de Conjunto (PC) – corta o corpo na altura dos


joelhos

 Plano Médio (PM) – corta abaixo dos cotovelos


TIPOS DE PLANOS OU TOMADAS
 Meio Primeiro Plano (MPP) – enquadra logo abaixo dos
ombros (padrão de conforto visual para as entrevistas)
(não chega a ser intruso)

 Primeiro Plano ou Close Up (PP) – enquadra na altura da


gola (o plano torna-se íntimo)

 Primeiríssimo Plano (PPP) – sensações de intimidade e


confronto ficam mais fortes. Recurso para causar
impacto.
ÂNGULOS DE FILMAGEM

 Normalmente justificados por situação ligada à ação.

 Fazer um roteiro para a câmera.

 Evitar ângulos de câmera incoerentes.


ÂNGULOS DE FILMAGEM

 Cuidado com movimentos desnecessários de câmera!

 Mostrar onde os novos sujeitos estão localizados em


relação aos sujeitos vistos anteriormente.

 Introduzir o sujeito da próxima tomada durante a tomada


atual.
ÂNGULOS DE FILMAGEM
 Alguns podem adquirir significação psicológica precisa:

- Plongée (filmagem de cima para baixo) – tende a


apequenar o indivíduo, a esmagá-lo moralmente, a deixá-lo
fraco e inferior; ou servem para colocar o espectador em
posição de superioridade

- Contra-plongée (filmagem de baixo para cima) –


impressão de superioridade, exaltação, triunfo, poder e
domínio
ÂNGULOS DE FILMAGEM

- Enquadramentos inclinados – a câmera oscila em torno de


seu eixo óptico – pode materializar aos olhos do espectador
uma impressão sentida por um personagem (uma
inquietação, por exemplo)

- Enquadramento desordenado – filmadora sacudida em


todos os sentidos
ÂNGULOS DE FILMAGEM

 OBS: Algumas sequências dramáticas exigem ângulos


subjetivos, com a câmera assumindo o ponto de vista das
personagens > espectador, assim, pode se identificar
mais intimamente com a experiência da personagem >
Câmera subjetiva
MOVIMENTOS DE CÂMERA
 Que envolvem movimento da câmara:
- Travelling: a câmera se desloca para a direita ou para a
esquerda

- Dolly: a câmera se desloca para cima ou para baixo

- Aproximação: a câmera se desloca para frente

- Afastamento: a câmera se desloca para trás


MOVIMENTOS DE CÂMERA
 Que utilizam a câmara:
- Panorâmica (Pan): a câmera gira sobre seu próprio eixo para a
direita ou para a esquerda, para cima (Pan vertical para cima)
ou para baixo (Pan vertical para baixo).

- Zoom in: lente aproximando

- Zoom out: lente afastando

 OBS: Trajetória: movimento que mistura travelling e


panorâmica indeterminadamente, feito com auxílio de grua.
OBJETIVAS
 Zoom: a mais encontrada nas câmeras de TV, cinema e
vídeo; capacidade de variar a distância focal

 Macro: permite super close-up sem perder o foco.

 Grande angular: capaz de dar um plano de muito efeito


em espaços limitados; resultados excelentes também em
paisagens

 Teleobjetivas: são objetivas pouco luminosas – precisam


ser usadas em dias ensolarados
CAPTAÇÃO DE IMAGENS

 Usar tripé sempre que possível

 Fazer planos de corte

 Em entrevistas: gravar as perguntas em contraplano; lente


da câmara ao nível dos olhos
CLAQUETE
 Forma mais correta, simples e confiável de identificar as
tomadas e sincronizá-las.

 Usar a claquete no início de cada take, em todas as


tomadas.

 1ª função: identificar os takes na fase de edição (economia


de tempo)

 2ª função : providenciar um ponto de sincronismo para a


gravação de som feita à parte.
ÁUDIO
 As imagens não existem sozinhas > são acompanhadas
dos sons correspondentes à ação captada > importante
gravar o som ambiente

 Muitas informações e entretenimento alcançam a


audiência através dos ouvidos – cuide do áudio!

 Os espectadores devem poder ouvir claramente, sem


esforço > atenção à qualidade do áudio

 Vozes das personagens não devem ser abafadas.


ÁUDIO
 Som deve ser suficientemente alto e uniforme > deve-se
evitar variações de volume imotivadas (mesmo uma fala
íntima deve ser ouvida com clareza pelo espectador)

 Conservar os atores ao alcance dos microfones (sobretudo


do boom)

 A audiência deve ser protegida contra distúrbios sonoros


– som não adequado vira ruído!
ÁUDIO
 Previnir:
- barulhos feitos pelos intérpretes

- barulho de vento

- barulho de ventilador ou ar condicionado

- interação de microfones

- feedback (parte da saída de um sistema retorna à sua


entrada)
ÁUDIO
 Ruído proveniente de uma fonte não visível é um dos
maiores problemas de som na locação – equipamentos de
som captam todos eles e o tornam mais altos >
alternativa: fazer a fonte do ruído aparecer na imagem.

 Microfones não conseguem escolher o que captar –


captam todo o som que estiver ao alcance > por isso
precisam ser cuidadosamente escolhidos.
ÁUDIO
 Câmeras equipadas com microfones direcionais, mas
outros são utilizados, de acordo com o local, as condições
do tempo e a disponibilidade de colaboradores (auxiliar,
repórter):

- Microfones multidirecionais ou omnidirecionais – captam


sons de todos os lados

- Microfones unidirecionais ou direcionais – captam o som


somente da direção para onde estiver apontando (exclui
ruídos indesejáveis)
ÁUDIO
- Microfones bidirecionais – captam os sons que vêm da
frente e de trás

- Microfones de lapela – ótimos para entrevistas paradas,


mas podem captar ruídos de roupas se entrevistado se
movimentar. Com fio e sem fio.

- Microfones externos de mão (cardióide). Com fio e sem


fio.

- Boom
ÁUDIO
 OBS: Microfones sem fio – maior liberdade de
movimento. Equipados com microtransmissor que fica
oculto, permitem andar dentro dos limites deste
microtransmissor sem cabos aparecendo. Boa recepção a
até 150 metros.

 Trilha musical: deve se harmonizar com o conteúdo do


programa.
UM POUCO DE HISTÓRIA
 1960: chegou ao Brasil o equipamento de videotape - TV
Tupi SP foi a primeira a utilizar: gravou a festa de
inauguração de Brasília no dia 21 de abril e exibiu a
gravação em várias cidades

 OBS: 1) Revolução do VT: economia de custos e de


tempo, racionalização da produção, melhor qualidade dos
programas
UM POUCO DE HISTÓRIA
 OBS: 2) VT: grande impulso às telenovelas (primeira feita
ao vivo foi Sua vida me pertence, de Walter Forster, na TV
Tupi, com capítulos de 15 minutos, duas vezes por
semana, em 1951; primeira telenovela diária foi 2-5499
Ocupado, na TV Excelsior, com Glória Menezes e
Tarcísio Meira)

 1962: Programa Chico Anysio Show, na TV Excelsior,


passou a ser gravado – sequencia de cortes e montagem
inovadores para a época.
REFERÊNCIAS
 LEWIS, Colby. Manual do produtor de TV. São Paulo:
Cultrix, 1971.
 MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. São
Paulo: Brasiliense, 1990.
 SQUIRRA, Sebastião Carlos de M. Aprender
telejornalismo: produção e técnica. São Paulo:
Brasiliense, 2004.
 WATTS, Harris. On Camera. O curso de produção de
filme e vídeo da BBC. São Paulo: Summus, 1990
 YORKE, Ivor. Telejornalismo. São Paulo: Roca, 2006
POLISSEMIA DAS IMAGENS
 Sociedade contemporânea = sociedade da imagem.

 Debray (1993): vivemos no mundo da videosfera, com


predominância absoluta da imagem em relação à palavra
falada e/ou escrita.

 A visão não requer qualquer esforço. É um sentido que


adapta-se a distâncias espaciais e que pode ser
interrompido a qualquer momento, uma vez que os olhos
têm pálpebras.
 “A visão não serve apenas de ouvido. Pode também
tornar-se ‘boca’ e prestar-se a um dizer”. (DAYAN, 2009,
p. 234) – portanto, imagens ligadas a categorias do
discurso.

 A imagem é performativa – realiza um ato quando é


pronunciada.

 “Tal como os discursos ideológicos, as imagens traduzem


gestos e posturas: estar com ou em frente de. Estar perto
ou longe. Incluir, abranger, ou excluir, rejeitar.”
(DAYAN, 2009, p. 238).
 Jogo de regras relativo às imagens: o perto é próximo e o
longe é distante.

 Imagens comunicam, significam, são polissêmicas. Por


isso, devem ser analisadas.

 “Se a imagem contém sentido, este tem de ser ‘lido’ por


seu destinatário, espectador: é todo o problema da
interpretação da imagem.” (COUTINHO, 2005, p. 339).
REFERÊNCIAS
 COUTINHO, Iluska. Leitura e análise da imagem. In:
DUARTE, Jorge; BARROS, Antônio (org). Métodos e
técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005.
p. 330-344.

 DAYAN, Daniel. Quando mostrar é fazer. In: DAYAN, Daniel


(org.). O terror espetáculo. Terrorismo e televisão. Portugal:
Edições 70, 2009.

 DEBRAY, Régis. Os paradoxos da videosfera. In: DEBRAY,


Régis. Vida e Morte da Imagem, uma história do olhar no
ocidente. Petrópolis: Vozes, 1993. p. 293-323.

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